REVISTA DO LÉO 3 - DEZEMBRO DE 2017

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REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536

SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 3 – DEZEMBRO DE 2017


A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE REVISTA DO LEO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076

CAPA – Leopoldo Gil Dulcio Vaz no INFO 30 – UNICAMP – 28/11/2017, enquanto aguardava a transmissão ao vivo de sua palestra com o tema “Tesauro em Educação Física e Esportes”.

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino, Especialista em Lazer e Recreação, Mestre em Ciência da Informação. Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado; Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e de Pesquisa e Extensão); Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros publicados, e mais de 250 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Recebeu: Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM; Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; ALL em Revista, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, vol 1, a vol 4, 12 16 edições. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.


EDITORIAL A “REVISTA DO LÉO”, eletrônica, é disponibilizada, através da plataforma ISSUU https://issuu.com/home/publisher. É uma revista dedicada à duas áreas, de meu interesse, que se configuraram na escolha de minha profissão – a educação física, os esportes e o lazer, e na minha área de concentração de estudos atual, de resgate da memória; comecei a escrever/pesquisar sobre literatura, em especial a ludovicense, quando editor responsável pela revista da ALL. Estou resgatando minhas publicações, disponibilizadas através do “Blog do Leopoldo Vaz”, que por cerca de 10 anos esteve na plataforma do G1/Mirante, recentemente retirado do ar, quando da reestruturação daquela mídia de comunicação; perdeu-se o registro, haja vista que o arquivo foi indisponibilizado. Quase a totalidade do que ali foi publicado apareceu, também, nas Comunidades do CEV – Centro Esportivo Virtual, http://cev.org.br/ - Educação Física no Maranhão, História, Atletismo, Capoeira, as quais sou administrador, e agora, no Facebook, https://www.facebook.com/groups/cevefma/. Do “Atlas do Esporte no Maranhão”, colocarei seus capítulos, no atual estado-da-arte, e sempre que houver algum fato novo, a sua atualização. No campo da Literatura ludovicense/maranhense, permanece aberta às contribuições, em especial, a construção da “Antologia Ludovicense”. Esta, a proposta... Está totalmente aberta às contribuições...

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR


SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO MEMÓRIA DA EDUCAÇ]AO FÍSICA, ESPORTES E LAZER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CARTA AO RUBEM GOULART, FILHO - novas contribuições à história da educação física maranhense LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; LAÉRCIO ELIAS PEREIRA; LUIZ HENRIQUE LOUREIRO DOS SANTOS PRODUTIVIDADE E ELITISMO NA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 3º ENCONTRO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO 3o. GRAU - RELATO DE EXPERIÊNCIAS: A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO MARANHÃO ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM AÇAILANDIA CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM BACABAL LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CICLISMO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CROQUET LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; DELZUITE DANTAS BRITO VAZ EDUCAÇÃO FÍSICA / GYMNÁSTICA A GYMNÁSTICA NO MARANHÃO LÚDICO E MOVIMENTO NO MARANHÃO COLONIAL ATIVIDADES FÍSICAS NO SÉCULO XIX ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ IV SIMPÓSIO DE CAPOEIRA DO MARANHÃO – MESTRE GAVIÃO - SÃO LUÍS, 28 E 29 DE JULHO DE 2017 O DIFERENCIAL DA CAPOEIRA DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “WRESTLING” TRADICIONAL MARANHENSE – O TARRACÁ: A LUTA DA BAIXADA JOÃO BATISTA FREIRE VIDA LONGA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA E PARA O JORNALISMO NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ LITERATURA LUDOVICENSE CONTEMPORÂNEA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ APRESENTANDO ANTONIO AILTON


MEMÓRIA DA EDUCAÇ]AO FÍSICA, ESPORTES E LAZER Artigos, crônicas, publicadas nas diversas mídias – jornais, revistas dedicadas, blogs – pelo Editor, resgatadas... Serão replicadas na ordem em que escritas e divulgadas.


CARTA AO RUBEM GOULART, FILHO novas contribuições à história da educação física maranhense1 por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Mestre em Ciência da Informação Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão Caro Rubinho, Como é de seu conhecimento, há anos venho tentando resgatar a História da Educação Física e dos Esportes em nosso Estado. Preocupa-me a nossa falta de memória, pois "a cada 15 anos, esquecemo-nos dos últimos 15". Sei que outros colegas têm procurado resgatar a memória da Educação Física, dentro de tarefas acadêmicas realizadas junto à Universidade Federal do Maranhão. Cito os trabalhos do Demóstenes Mantovani e do Vicente Calderoni Filho, infelizmente dado a conhecimento de uns poucos privilegiados. É de vital importância que a UFMA se preocupe em divulgar as pesquisas produzidas por seus Cientistas. Em trabalho publicado pelo jornalista Djard Martins - Esporte, um mergulho no tempo - é-nos dado conhecimento da primeira competição de atletismo realizada em nossa Upaon-Açú, em 27 de outubro de 1907. Em artigo publicado em 1991, demonstro ser esta a primeira competição oficial de atletismo disputada no Brasil. Antes mesmo da "primeira competição disputada por brasileiros, em São Paulo, no ano de 1918", conforme reconhece a própria Confederação Brasileira de Atletismo. Nosso amigo comum, Roberto Gesta - Presidente da CBAt - já recebeu cópia desse trabalho e ficou de tomar as providências cabíveis: reconher a primazia do Maranhão como o local do início oficial do Atletismo no Brasil. Continuando com a " descoberta" de nossa história, apresentei trabalho no XVIII Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, realizado em São Caetano do Sul - SP em outubro de 1992. Nessa pesquisa procuro resgatar as "Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial", onde apresento como primeira manifestação "esportiva" praticadas em terras maranhenses, por brancos, o "Jogo da Argolinha", ainda disputado no interior de Minas Gerais. Anterior ao período colonial, em "A corrida entre os Canelas" descrevo a corrida de toras praticada pelos Rankrakomekrás do Escalvado. Essa competição, do grupo das corridas de revezamentos, é praticada por nossos índios desde há 7 mil anos, contemporânea da sistematização das regras do atletismo feitas pelos gregos. Pode-se considerar, assim, que esta é a primeira manifestação "esportiva" do Maranhão, pois possui todos os requisitos para reconhecimento de um esporte: regras definidas, aceitas pela comunidade que a pratica, e, fundamental, disputada com "fair-play". Na busca de novas informações sobre a Educação Física no Maranhão tenho realizado, junto com o Prof. Laércio E. Pereira - seu professor na UFMa - pesquisa na área da Documentação em Ciências do Esporte. Já fizemos 12 índices de periódicos. Recentemente, chegou às nossas mãos a coleção completa dos "Arquivos da Escola Nacional de Educação Física e Desportos", da antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bem, Rubem, permita-me transcrever, para você, parte do conteúdo da página 129 do volume 1, número 1, publicado em outubro de 1945 dos "Arquivos": "RECORDS DE ATLETISMO DOS ALUNOS DA ESCOLA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

1

Painel apresentado na III Jornada de Iniciação Científica da UFMA, São Luís-Ma, 05 a 08 de dezembro de 1995


100 metros rasos

Rubens Teixeira Goulart

.11"

30/10/43

400 metros rasos

Rubens Teixeira Goulart

54"1

30/10/43

Salto em Altura

Du-Clerc Carvalho

lm70

20/11/41

Rubens Teixeira Goulart

1m70

25/07/42

Salto em Distância

Rubens Teixeira Goulart

6m20

29/07/42

Decathlon

Rubens Teixeira Goulart

5.027 pts

30-31/10/43

Observações: são considerados 'Records' oficiais, toda a performance conseguida em competições internas ou externas, desde que sejam oficiais ou oficializadas." Parece-me que o recorde de salto em distância só foi batido por Ary Façanha de Sá, no início da década de 50. O Prof. Ary Façanha, maranhense de Guimarães, participou da Olimpíada de 1952 realizada na Finlândia. Mas esta é outra história, que também precisa ser contada. Fica, portanto, a "provocação" aos alunos da UFMA para resgatar a "história de vida" do Prof. Rubem, pai, dentro da obrigatoriedade de se redigir monografia de graduação, pois muitos contemporâneos desse ilustre maranhense ainda estão vivos e podem resgatar a memória de nossa educação.


PRODUTIVIDADE E ELITISMO NA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA2 por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Mestre em Ciência da Informação; CEFET-MA LAÉRCIO ELIAS PEREIRA Doutorando em Educação Física - UNICAMP LUIZ HENRIQUE LOUREIRO DOS SANTOS Mestrando em Ciência da Informação - UFMG RESUMO A análise da ciência, através da produção escrita, é objeto de estudo de historiadores, sociólogos e cientistas da informação. A Bibliometria, ou Cientometria, tem por objetivo a análise do tamanho (extensão), crescimento e distribuição da bibliografia e o estudo da estrutura social dos grupos que produzem e utilizam a literatura científica. A relação entre artigos de interesse de um especialista e os periódicos em que possam ocorrer esses artigos foram estabelecidos por BRADFORD, em 1934 (Lei de Bradford). O índice de produtividade de autores foi estabelecido por LOTKA, em 1926 (Lei de Lotka). SOLA PRICE , estudando a Lei de Lotka estabeleceu o Princípio do Elitismo, segundo o qual "toda produção de tamanho N tem uma elite igual a Vn (raiz quadrada de n)". O objetivo deste estudo (em andamento) é: (i) resgatar a memória da produção científica da Educação Física e das Ciências do Esporte disseminada através de periódicos; (ii) caracterizar a produção científica da Educação Física e dos Esportes no Brasil; (iii) determinar os periódicos mais produtivos e a elite de autores na área, identificados através dessa produção. Foram indexados 5.014 artigos, publicados no período de 1936 a 1992 em 13 revistas devotadas à educação física e às ciências do esporte. Os artigos foram caracterizados em três áreas - Biomédica, Humanística e Gímnico-desportiva, de acordo com a classificação dada por GONÇALVES e VIEIRA (1989). Utilizou-se da Lei de Bradford para a determinação dos periódicos mais produtivos e do Princípio de Elitismo, de Sola Price, para a determinação da elite de autores.

Introdução: O sistema de informação científica e tecnológica utiliza fundamentalmente dois canais básicos de comunicação - os canais formais ou de literatura e os canais informais ou pessoais. O principal universo da atividade científica é informação verbalmente codificada (periódicos, anais de congressos, etc.) e seu produto essencial também é informação verbalmente codificada (artigos publicados em revistas científicas, comunicação em congressos), constituindo insumo para outras pesquisas científicas, e assim sucessivamente ( AGUIAR, 1991) . Conhecimento novo, resultado de pesquisa, é registrado na literatura científica. Tanto ARAÚJO (1979) quanto CASTRO (1986), chamam-nos atenção para o fato de, de todos os cientistas registrados até o momento, cerca de 80% a 90% estão vivos. Enquanto em 1760 existiam apenas 10 revistas científicas em todo o mundo, em 1962 haviam 35.000, com uma publicação anual de cerca de um milhão de artigos. Cinco anos após, 1967, estimou-se que haviam 127 mil autores em todo o mundo. Hoje existem 100 mil periódicos em todo o mundo. A análise da ciência através da produção escrita é objeto de estudo de historiadores, sociólogos e cientistas da informação . A Bibliometria, ou cientometria, ocupa-se da análise estatística dos processos de comunicação escrita, tratamento quantitativo (matemático e estatístico) das propriedades e do comportamento da informação registrada (FIGUEIREDO, 1977), oferecendo possibilidades de análise quantitativa da produção literária. Como ciência da ciência, tem um caráter puramente teórico e como 2

Tema-livre apresentado no Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, Belém-PA, setembro de 1993;


finalidade aplicar recursos da ciência na análise da própria ciência; como técnica, tem aplicação no campo da documentação científica (SÁ, 1978). Para LOPES PIÑERO (1972, citado por LIMA, 1986) a bibliometria tem os seguintes objetivos: 1. analisar o tamanho (extensão), crescimento e distribuição da bibliografia; 2. estudar a estrutura social dos grupos que produzem e utilizam a literatura científica. Ainda de acordo com esse autor, é possível trabalhar, no campo da documentação científica, com quatro temas: 1. crescimento e envelhecimento da literatura científica; 2. a dispersão das publicações científicas; 3. a produtividade dos autores científicos e a "visibilidade" de seus trabalhos; e 4. relação entre autores (cientistas), descobrimentos múltiplos e a transmissão de idéias através de publicações (comunicação científica, "gatekeepers", colégio invisível ...). BRADFORD estabeleceu, em 1934, a relação entre artigos de interesse de um especialista e os periódicos em que podem ocorrer estes artigos (LEIMKUHLER, 1970; BROOKS, 1970; PINHEIRO, 1983; CUNHA, 1985). A análise da dispersão da literatura, iniciada por Bradford, permite estabelecer as tendências da pesquisa em diferentes assuntos. O índice de produtividade de autores foi estabelecido por LOTKA, em 1926. Constatou que uma grande proporção da literatura é produzida por um pequeno número de autores (LIMA, 1986). Estudando a lei de Lotka, SOLA PRICE (1965, apud LIMA, 1986) inferiu que 1/3 da literatura levantada é produzida por menos de 1/10 dos autores, levando uma média de 3,5 documentos por autor e 60% dos autores produzindo um único documento. Considerando-se que no ambiente da educação física os periódicos ainda não têm a mesma penetração dos livros (BRACHT, 1992), estabeleceu-se como objetivos deste estudo: (1) resgatar a memória da produção científica da educação física e das ciências do esporte disseminada através de periódicos; (2) caracterizar a produção científica da educação física e dos esportes no Brasil; (3) determinar os periódicos mais produtivos e a elite de autores na área, identificados através dessa produção. Caracterização da produção científica em Educação Física e Ciências do Esporte: FARIA JÚNIOR (1987), em seu trabalho de pós-doutorado, avalia a produção científica da educação física brasileira através das dissertações de mestrado e teses de doutorado, classificando as áreas de pesquisa em Educação Física em: - Médico-fisiológica - Filosófica; - Sócio-antropológica; - Pedagógica; - Técnica (treinamento esportivo) - Biológica.


GONÇALVES e outros (1992), ao analisarem a educação física na perspectiva da saúde/atividade física caracterizam a produção científica nesta área basicamente em três linhas: 1) epidemiologia das lesões desportivas; 2) saúde coletiva e atividade física; e 3) instância da produção do conhecimento em Educação Física/Ciências do Esporte. No âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq -, a Educação Física apresenta-se como componente do setor saúde, o que, "por razões históricas, tem ocorrido também nas Universidades, onde a área normalmente está vinculada ao setor biomédico" (GONÇALVES e VIEIRA, 1989, p. 50). Estes autores procederam à caracterização quantitativa da produção científica na área da educação física e esportes no Brasil no triênio 1984-1986, subsidiada pelo CNPq. Para efeito de classificação, procederam à distribuição dos temas em três segmentos: biomédico, humanístico e gímnicodesportivo. No QUADRO I é apresentada a distribuição dos temas segundo os segmentos: QUADRO 1 DISTRIBUIÇÃO DOS TEMAS SEGUNDO A ÁREA, SUBÁREA E ESPECIFICAÇÃO SEGUNDO CARACTERIZAÇÃO ESTABELECIDA POR GONÇALVES E VIEIRA SEGMENTO BIOMÉDICO

SUBÁREA Medicina Desportiva e Ciência do Exercício

Aprendizagem Motora

Desportos e Genética Cineantropometria Saúde e Nutrição Biomecânica

Psicologia Desportiva HUMANÍSTICO

GÍMNICODESPORTIVO

Pedagogia

Antropologia Filosofia História Ginástica e Dança

FONTE: GONÇALVES e VIEIRA, 1989, p. 55

ESPECIFICAÇÃO Relação Treinamento, Qualidades Físicas Efeitos fisiológicos, Performance Avaliação funcional e Atividade de laboratório Bioquímica Reabilitação Nutrição e Performance Traumatismo Aprendizagem motora e Performance Postura e Locomoção Deficientes e Deficiências individuais Crescimento, Maturidade e Desenvolvimento motor Estudos antropométricos em relação à idade e sexo Fatores de risco Diagnósticos Biomecânica aplicada à Metodologia do Treinamento Desporti vo Formação do Professor Desporto, Exercício, Efeitos Psicológicos Formação do Professor Processo de Ensino Laboratório pedagógico Currículo Antropologia e Educação Ideologia Evolução histórica na Educação Física Estudos genéricos Dança Programa de massa


Metodologia: Foram indexados 5.014 artigos de periódicos publicados no de período de 1936 a 1992 em 13 revistas devotadas à Educação Física e às Ciências do Esporte (TAB. 2). Caracterizou-se os artigos indexados em três áreas - Biomédica; Humanística; e Gímnico-desportiva (TAB. 2), para a determinação do assunto. Quando o mesmo artigo teve que ser classificado em mais de uma área, procedeu-se à caracterização do mesmo em duas ou mais áreas, e o descritor correspondente foi associado à estas áreas de caracterização, associando-o ao(s) autor(es). Utilizando-se a Lei de BRADFORD foi determinado o núcleo de periódicos mais produtivos no período estudado, estabelecendo-se como "tema determinado" as áreas caracterizadas pelo estudo de GONÇALVES e VIEIRA (1989). BROOKS (1970) apresenta a seguinte formulação para a lei de Bradford: "Se periódicos científicos forem dispostos em ordem decrescente de produtividade de artigos sobre determinado tema, pode-se distinguir um núcleo de periódicos mais particularmente devotados a este tema e vários grupos ou zonas que incluem o mesmo número de artigos que o núcleo, sempre que o número de periódicos existente no núcleo e nas zonas sucessivas seja de ordem de 1:n:n2:n3:n4...".(citado por LIMA, 1986, p. 128). Os estudos de SOLA PRICE (1965, citado por LIMA, 1986) baseados na Lei de LOTKA, apontam para o chamado "Efeito Mateus" - da parábola dos talentos, do princípio de que sucesso atrai sucesso e fracasso atrai fracasso -, onde os autores mais produtivos produzem sempre mais. Estabeleceu o "Princípio do Elitismo", segundo o qual "toda a produção de tamanho N tem uma elite igual a VÑ (raíz quadrada de N)" (p. 130). Para LIMA (1986) quando se trata de autores, produtividade e elitismo observa-se que "... a produtividade é mais acentuada em alguns autores que produzem 2/3 da literatura registrada em determinado campo do conhecimento. Este grupo de mais produtivos pode ser a elite quantificável através do Princípio do Elitismo" (p. 130). Análise dos resultados: Produtividade de Periódicos: Foram utilizadas as coleções particulares dos autores; as coleções da Biblioteca da Escola de Educação Física da UFMG; a coleção dos Boletins da FIEP do prof. Herbert A. Dutra; o da KINESIS do prof. Renan Sanpedro, sendo indexadas as coleções completas das revistas: REVISTA ARQUIVOS REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS - antigo BOLETIM TÉCNICO INFORMATIVO BOLETIM DA FIEP REVISTA COMUNIDADE ESPORTIVA REVISTA CORPO & MOVIMENTO REVISTA DESPORTOS & LAZER REVISTA COLETÂNEAS

Das revistas - EDUCAÇÃO PHYSICA; - ESPORTE & EDUCAÇÃO,

EDITOR ESCOLA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DED/MEC FIEP Fundação MOBRAL APEF/SP SEDEL-MA Departamento de Esportes da Escola de Educação Física da UFMG.


não se teve à disposição as coleções completas, indexando-se os números disponíveis. Todas estas já deixaram de ser publicadas. Das revistas REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE

EDITOR Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte CELAFISCS e UNIFEC Palestra Edições Universidade Federal de Santa Maria

BRASILEIRA DE CIÊNCIA & MOVIMENTO SPRINT KINESIS

utilizou-se os números publicados desde seu aparecimento até o ano de 1992. No QUADRO 2 são apresentados os períodos de publicação dessas revistas: QUADRO 2 PERIÓDICOS ANALISADOS TÍTULOS DOS PERIÓDICOS PERÍODO DE PUBLICACÃO PHYS Revista Educação Physica * ARQU Revista Arquivos da Escola Nacional de Educação Física e Desportos ** Boletim Tecnico e Informativo/ RBED Revista Brasileira de Educação Fisísica e Desportos ** Revista Esporte & Educaço ES&E Boletim da Federação Internacional de Educação Física ** FIEP Revista Brasileira de Ciências do Esporte ** Revista Comunidade Esportiva *** RBCE Revista Desportos & Lazer ** COME Revista Sprint DE&L Revista Corpo & Movimento ** SPRI Revista Kinesis ** CO&M Revista Brasileira de Ciência & Movimento ** Revista KINE Coletâneas ** RBCM COLE

1936 a 1943 1945 a 1972 1968 a 1984 1969 a 1971 1977 a 1989 1979 a 1992 1980 a 1986 1980 a 1983 1982 a 1990 1983 a 1985 1984 a 1990 1987 a 1992 1988 a 1990

* Início da publicaçao: 1932, sendo que para este estudo se teve à disposição do vol 6 em diante, alguns volumes; ** Coleção completa *** Comunidade Esportiva até o número 7 apareceu em formato de jornal, sendo indexado a partir do oitavo, em forma de revista. Foram analisadas 13 revistas, publicadas ao longo de 56 anos - 1936 a 1992 -, abrangendo o período de publicação: 27 anos :

Arquivos

16 anos :

Brasileira de Educação Física e Desportos;

13 anos :

FIEP;

9 anos :

Brasileira de Ciências do Esporte;

7 anos :

Sprint (incompleta);

6 anos :

Educação Physica (incompleta); Comunidade Esportiva (fase de revista);

4 anos :

Kinesis;


3 anos :

Brasileira de Ciência e Movimento; Desportos & Lazer; Esporte & Educação (incompleta); Corpo & Movimento; Coletâneas.

Considerou-se todos os artigos publicados - inclusive editoriais, cartas, consultas, normas para publicação, notas, notícias diversas... - de autoria única, múltipla e/ou institucional. Nos artigos de autoria múltipla, no momento da indexação, não foi possível, neste primeiro momento da pesquisa, registrar-se todos os autores, aparecendo, quando mais de três, o termo "OUTROS" em substituição aos nomes. A determinação da produtividade, pela Lei de Bradford, só é possível pelo uso de autores individuais, eliminando-se as autorias múltiplas e coletivas. Na indexação dos 5.014 artigos não se levou em consideração esta regra, aparecendo na TAB. 1 todos os artigos, independente de a autoria ser individual, múltipla ou institucional: TABELA 1 PERIÓDICOS ANALISADOS E SUA PRODUÇÃO DE ARTIGOS, NO PERÍODO DE 1936 A 1992 TÍTULOS DOS PERIÓDICOS PHYS RBCE FIEP RBCM RBED

Revista de Educação Physica Revista Brasileira de Ciências do Esporte * Boletim da FIEP * Revista Brasileira de Ciência & Movimento * Boletim Técnico e Informativo/ Revista Brasileira de Educação Física e Desportos * SPRI Revista Sprint COME Revista Comunidade Esportiva * ARQU Revista Arquivos da ENEFD * ES&E Revista Esporte & Educação DE&L Revista Desportos & Lazer * KINE Revista Kinesis * CO&M Revista Corpo & Movimento * COLE Revista Coletâneas * TOTAL

NÚMERO DE ARTIGOS 1.039 871 566 508 450

% 20,73 17,37 11,29 10,13 8,97

431 310 287 209 110 109 98 26 5.014

8,59 6,18 5,72 4,18 2,19 2,18 1,95 0,52 100,0

* Coleção completa Dos 13 periódicos indexados, oito já deixaram de ser publicados. Na TAB. 2 apresenta-se o "nascimento" dos periódicos analisados: TABELA 2 "NASCIMENTO" DOS PERIÓDICOS ANALISADOS PERÍODO Até 1939 1940 a 1949 1950 A 1959 1960 A 1969 1970 A 1979 1980 A 1989 1990 A 1992 TOTAL

NÚMERO DE TÍTULOS 1 1 2 1 7 13

% 7,70 7,70 15,38 15,38 53,84 100,0


Na TAB. 3 tem-se o total de artigos indexados, por década: TABELA 3 PERIÓDICOS ANALISADOS E SUA PRODUÇÃO DE ARTIGOS, POR DÉCADA PERIÓDICOS PHYS RBCE FIEP RBCM RBED SPRI COME ARQU ES&E DE&L KINE CO&M COLE TOTAIS

1936 A 1939 641 641

1940 a 1949 398 55 453

1950 a 1959 117 117

1960 a 1969 74 105 76 255

1970 a 1979 42 194 271 10 133 650

1980 a 1989 593 372 212 105 376 310 110 96 98 15 .2.287

1990 a 1992 236 296 55 13 11 611

total 1.039 871 566 508 450 431 310 287 209 110 109 98 26 5.014

NO PERÍODO DE 1936 A 1992 Verifica-se que na década de 80 aparecem 45,61% dos artigos publicados e 76,92% das revistas indexadas. Na TAB. 4 aparecem o total de títulos e o total de artigos que cada revista publicou por década: TABELA 4 DISTRIBUIÇÃO DE TÍTULOS E ARTIGOS PUBLICADOS POR DÉCADA PERÍODO 1936 a 1939 1940 a 1949 1950 a 1959 1960 a 1969 1970 a 1979 1980 a 1989 1990 a 1992 TOTAIS

No. DE TÍTULOS 1 2 1 3 5 10 5 13*

% 7,70 15,38 7,70 23,07 38,46 76,92 38,46 207,69*

No. DE TÍTULOS 641 453 117 255 650 2.287 611 5.014

% 12,78 9,04 2,35 5,08 12,96 45,61 12,18 100,0

* Número superior a 100% porque alguns periódicos aparecem ao longo de mais de uma década. Nas TAB. 5, 6, 7 e 8 apresenta-se essa distribuição por área, considerando-se a caracterização estabelecida por GONÇALVES e VIEIRA (1989), adotada para este estudo. Foram excluidas as autorias múltipla e da institucional, aquelas assinadas pelos Editores das revistas. Os artigos foram indexados por até cinco palavras-chave, e o assunto tratado nos artigos classificado em mais de uma área, quando tal o exigiu:


TABELA 5 PERIÓDICOS ANALISADOS E SUA PRODUÇÃO DE ARTIGOS NA ÁREA BIOMÉDICA, POR DÉCADA, NO PERÍODO DE 1936 A 1992 PERIÓDICOS RBCE RBCM PHYS SPRI FIEP RBED ARQU KINE COME ES&E CO&M COLE DE&L TOTAIS

1936 a 1937 135 135

1940 a 1949 103 21 124

1950 a 1959 32 32

1960 a 1969 12 47 5 64

1970 a 1979 39 29 75 3 11 157

1980 a 1989 385 131 137 96 35 44 41 14 3 6 892

1990 a 1992 80 193 33 8 4 318

TOTAIS 504 324 238 170 125 122 103 52 41 16 14 7 6 1.722

TABELA 6 PERIÓDICOS ANALISADOS E SUA PRODUÇÃO DE ARTIGOS NA ÁREA HUMANÍSTICA, POR DÉCADA, NO PERÍODO DE 1936 A 1992 PERIÓDICOS RBCE PHYS FIEP RBCM RBED COME ARQU SPRI ES&E COM&M DE&L KINE COLE TOTAIS

1936 a 1940 a 1950 a 1960 a 1970 a 1980 a 1990 a TOTAIS 1937 1949 1959 1969 1979 1989 1992 16 322 199 537 294 180 474 181 259 440 142 145 287 43 156 66 265 233 233 31 80 61 6 178 133 11 144 45 73 118 90 90 82 82 64 4 68 7 3 10 294 211 80 149 432 1.398 362 2.926


TABELA 7 PERIÓDICOS ANALISADOS E SUA PRODUÇÃO DE ARTIGOS NA ÁREA GÍMNICO-DESPORTIVA NO PERÍODO DE 1936 A 1992 PERIÓDICOS PHYS RBED RBCE SPRI COME FIEP RBCM ES&E ARQU DE&L KINE CO&M COLE TOTAIS

1936 a 1937 378 378

1940 a 1949 145 13 158

1950 a 1959 31 31

1960 a 1969 55 45 30 130

1970 a 1979 207 17 69 75 3 371

1980 a 1989 65 221 230 221 112 82 73 32 36 7 1.079

1990 a 1992 68 35 99 5 7 214

TOTAIS 523 327 306 265 221 181 181 120 77 73 37 36 14 2.361

Observa-se predominância de trabalhos na área Humanística (58,35%), seguindo-se a Gímnicodesportiva (47,08%) e a Biomédica (34,34) TABELA 8 FREQUENCIA DE ARTIGOS PRODUZIDOS POR ÁREA, POR DÉCADA, NO PERÍODO DE 1936 A 1992 ÁREAS HUMANÍSTICA GÍMICO-DESPORTIVA BIOMÉDICA TOTAIS ÁREAS HUMANÍSTICA GÍMICO-DESPORTIVA BIOMÉDICA TOTAIS

1936 a 1939 294 378 135 807 1936 a 1939 432 371 157 960

% 36,43 46,84 16,73 100 % 45,00 38,65 16,35 100

1940 a 1949 211 158 124 493 1940 a 1949 1.398 1.079 892 3.369

% 42,80 32,05 25,15 100 % 41,50 32,00 26,47 100

1950 a 1959 80 31 32 143 1950 a 1959 362 214 328 904

% 55,95 21,67 22,38 100 % 40,15 23,67 36,28 100

1960 a 1969 149 130 64 343 1960 a 1969 2.926 2.361 1.722 7.009

% 43,45 37,90 18,65 100 % 58,35 47,08 34,34 100

OBS. O total é superior à 100% em função de um mesmo artigo ser indexado em mais de uma área. No período de 1936 a 1939 predominou a área Gímnico-desportiva (46,84%), enquanto nos períodos seguintes houve predominância da área: Humanística:

1940 - 49

42,80%

1950 - 59

55,95%

1960 - 69

43,45%

1970 - 79

45,00%

1980 - 89

41,50%

1990 - 92

40,15%


A área Gímnico-desportiva aparece a seguir, na segunda posição quanto ao número de artigos publicados, nos períodos de 1940 - 49

32,05%

1960 - 69

37,90%

1970 - 79

38,65%

1980 - 89

32,03%

enquanto os trabalhos da área Biomédica representaram 16,73%

no período de 1936 a 1939;

25,15%

(1940 - 49)

22,38%

(1950 - 59)

18,65%

(1960 - 69)

16,35%

(1970 - 79)

26,47%

(1980 - 89)

e aparece na segunda posição no período de 1990-92, com

36,28%

Nas TAB. 9, 10, 11 é mostrada a frequência da distribuição dos artigos nos periódicos analisados, por área: TABELA 9 FREQUÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DOS ARTIGOS ÁREA BIOMÉDICA NÚMERO DE TÍTULOS T 1 - RBCE 1 - RBCM 1 - SPRI 1 - PHYS 2 - RBED FIEP 1 - ARQU 1 - KINE 1 - COME 1 - ES&E 1 - CO&M 1 - COLE 1 - DE&L

NÚMERO DE ARTIGOS A 355 261 154 152 118

TOTAL DE TÍTULOS TXA 355 261 154 152 236

SOMATÓRIO DE TÍTULOS {T 1 2 3 4 6

NÚMERO CUMULATIVO DE ARTIGOS { (T X A) 355 616 770 922 1.158

102 52 38 14 13 7 3

102 52 38 14 13 7 3

7 8 9 10 11 12 13 13

1.260 1.312 1.350 1.364 1.377 1.383 1.387 1.387

ZONA

1a. ZONA

2a. ZONA

3a. ZONA

Na área BIOMÉDICA tem-se duas revistas como as mais devotadas - REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE e REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIA & MOVIMENTO -, aparecendo na segunda zona cinco revistas - SPRINT; EDUCACÃO PHYSICA; BRASILEIRA DE EDUCACÃO FÍSICA E DESPORTOS; BOLETIM DA FIEP; e ARQUIVOS -


TABELA 10 FREQUÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DOS ARTIGOS ÁREA HUMANÍSTICA NÚMERO DE TÍTULOS T 1 - RBCE 1 - FIEP 1 - PHYS 1 - RBED 1 - RBCM 1 - COME 1 - ARQU 1 - SPRI 1 - COM&M 1 - KINE 1 - ES&E 1 - DE&L 1 - COLE

NÚMERO DE ARTIGOS A 445 346 319 249 241 169 159 139 65 59 53 26 10

TOTAL DE TÍTULOS TXA 4455 346 319 249 241 169 159 139 65 59 53 26 10

SOMATÓRIO DE TÍTULOS {T 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 13

NÚMERO CUMULATIVO DE ARTIGOS { (T X A) 445 801 1.120 1.369 1.600 1.769 1.928 2.067 2.132 2.191 .2.244 2.270 2280 2.280

ZONA

1a. ZONA

2a. ZONA

3a. ZONA

Na área HUMANÍSTICA tem-se, na zona 1, três revistas (REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE; BOLETIM DA FIEP e EDUCACÃO PHYSICA) como as mais devotadas, aparecendo na segunda zona oito periódicos. TABELA 11 FREQUÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DOS ARTIGOS ÁREA GÍMNICO-DESPORTIVA NÚMERO DE TÍTULOS T 1 - PHYS 2 - RBED 1 - SPRI 1 - RBCE 1 - COME 2 - FIEP RBCM 1 - ES&E 1 - ARQU 1 - KINE 1 - CO&M 1 - DE&L 1 - COLE

NÚMERO DE ARTIGOS A 387 308 247 235 170 150

TOTAL DE TÍTULOS TXA 387 308 247 235 170 300

SOMATÓRIO DE TÍTULOS {T 1 2 3 4 5 7

NÚMERO CUMULATIVO DE ARTIGOS { (T X A) 387 695 942 1.177 1.347 1.647

100 75 37 34 19 14

100 75 37 34 19 13

8 9 10 11 12 13 13

1747 1.822 1.859 1.893 1912 1.926 1.926

ZONA

1a. ZONA 2a. ZONA

3a. ZONA

Já na área GÍMNICO-DESPORTIVA aparecem as revistas EDUCAÇÃO PHYSICA e BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS como as mais importantes quanto ao número de artigos publicados na área (zona 1), seguindo-se - zona 2 - com três revistas, a SPRINT; REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE e COMUNIDADE ESPORTIVA.


4.2. Elitismo: Utilizando-se do Princípio do Elitismo, pode-se determinar que os autores constantes da zona 1 constituem-se a elite da Educação Física e das Ciências do Esporte no Brasil, aparecendo na zona 2 o segundo grupo em importância, na zona 3 o terceiro em importância... Para a determinação da elite de autores, utilizou-se os 5.014 artigos indexados. Quando de autoria única, procedeu-se o registro do autor relacionando-o com os termos de indexação, caracterizados por área. Quando o mesmo artigo exigiu a caracterização em mais de uma área, assim se procedeu. Das autorias múltiplas, foram eliminados aqueles artigos que apareceram como de "E OUTROS", quando no foi possível resgatar o nome de todos os coautores; dos artigos com autoria múltipla foram considerados os co-autores, relacionando-os com os artigos, como se de autoria individual fossem. Das autorias institucionais, foram eliminados os assinados pelos Editores dos periódicos. Daí a diferença nos números totais de artigos apresentados. Na TAB. 12 observa-se a frequência dos autores: TABELA 12 FREQUÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DOS AUTORES MAIS PRODUTIVOS NÚMERO DE TÍTULOS T 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 2 2 4 1 4 4 2 6 4 6 15 15 19 22 21 54 34 28 130 308 7 1615

NÚMERO DE ARTIGOS A 103 89 79 45 42 40 36 33 28 27 25 23 22 20 19 18 17 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 4 3 2 1 1

TOTAL DE TÍTULOS TXA 103 89 79 45 42 40 36 33 56 27 25 23 44 40 76 18 68 60 28 78 48 66 150 135 152 154 126 270 136 112 390 616 7 1615

SOMATÓRIO DE TÍTULOS {T 1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 15 17 21 22 26 30 32 38 42 48 63 78 97 119 140 194 220 256 386 694 801 2.316

NÚMERO CUMULATIVO DE ARTIGOS { (T X A) 103 192 271 316 358 398 434 467 523 550 575 598 642 682 748 776 844 904 932 1.010 1.058 1.124 1.274 1.409 1.561 1.715 1.841 2.111 2.247 2.389 2.749 3.365 3.372 4.987

ZONA

1a.

zona

2a. zona

3a. zona

Na zona 1, dos autores mais produtivos (elite), temos 2,07% dos autores produzindo 46,44% dos artigos. Na TAB. 13 apresenta-se esta elite e na TAB. 14 a distribuição por década:


TABELA 13 ELITE DE AUTORES AUTOR MATSUDO, V.K.R. SANTOS, N. SEURIN, P. CONTURSI, E.B. F.I.E.P. (COMITE EXECUTIVO) ARENO, W. MARINHO, I.P. HOLLANDA LOYOLA DUARTE, C.R. VALE JUNIOR, M.P. DO FRANÇA, N.M. DE JORDAO RAMOS, J. PEREGRINO JUNIOR ANDRADE, D.R. ARAUJO, C.G.S. DE FANALI, O.A.C. TARGA, J.F. FARIA JUNIOR, A.G. DE FIGUEIRA JUNIOR, A.J. LOTUFO, J. MEC R. NETTO, A. BRAMANTE, A.C. MELLO, P.R.B. DE PEREIRA DA COSTA, L. TUBINO, M.J.G. ANDREWS, J.C. GONCALVES, A. PERNAMBUCANO, R. RIVET, R. CANTARINO FILHO, M.R. PEREIRA, M.H.N. ANJOS, L.A. DOS FERREIRA, M. LATORRE DE FARIA, A. MORAES, C.A. SILVA, O.E. VIANA, A.R. CALLEJA, C.C. GUEDES, D.P. MATSUDO, S.M.M. OLIVEIRA, R. AUSTREGESILO, A. D'ALBUQUERQUE, A.T. DIANNO, M.V. PELLEGRINOTTI, I.L. PEREIRA, L.E. SOARES, J.

NÚMERO DE TRABALHOS 103 89 79 45 42 40 36 33 28 28 27 25 23 22 22 20 20 19 19 19 19 18 17 17 17 17 15 15 15 15 14 14 13 13 13 13 13 13 12 12 12 12 11 11 11 11 11 11


TABELA 14 DISTRIBUIÇÃO DA ELITE DE AUTORES POR DÉCADA 30

40

50

60

70

80

90

TOTAL

89 18 15 13 13 11 17 15 4 1 196

2 18 7 9 7 12 58

14 16 14 2 54

15 1 10 7 2 3 1 2 6 49

8 2 3 13 21 7 7 7 4 4 41 2 3 3 11 4 1 4 1 1 147

10 6 11 7 9 8 7 38 26 19 17 64 13 10 10 7 42 17 39 17 3 8 5 14 11 10 2 12 7 6 8 10 473

2 1 35 3 1 1 3 6 10 19 11 10 1 3 3 11 1 5 5 3 1 12 147

89 18 15 13 13 11 19 33 11 19 23 40 36 25 28 20 17 17 14 19 79 28 22 20 12 103 17 15 12 11 42 17 45 27 22 19 15 15 14 13 13 13 12 11 11 11 12 1.124

AUTOR SANTOS, N. R, NETTO, A PERNAMBUCANO, R MORAES, C.A. SILVA, O.E. D’ALBUQUERQUE, A.T. LOTUFO, J. HOLLANDA LOYOLA AUSTREGESILO, A. MEC PELEGRINO JUNIOR ARENO, W. MARINHO, I.P. JORDÃO RAMOS, J. VALE JUNIOR, M.P. DO TARGA, J.F. PEREIRA DA COSTA, L. TUBINO, M.J.G. CANTARINO FILHO, M. FARIA JUNIOR, A.G. SEURIN, P. DUARTE, C.P. ARAUJO, C.G.S. DE FANALI, C.A.C. CALLEJA, C.C. MATSUDO, V.K.R. BRAMANTE, A.C. ANDREWS, J.C. GUEDES, D.P. SOARES, J. FIEP MELLO, P.R.B. DE CONTURSI, E.B. FRANÇA, N.M. DE ANDRADE, D.R. FIGUEIRA JUNIOR, A.J. GONÇALVES, A. RIVET, R. PEREIRA, M.H.N. ANJOS, L.A. DOS FERREIRA, M. VIANA, A.R. OLIVEIRA, R. DIANNO, M.V. PELLEGRINOTTI, I.L. PEREIRA, L.E. MATSUDO, S.M.M. TOTAIS

Nas TAB. 15, 18 e 21 é determinada a frequência na distribuição dos autores mais produtivos por área; nas TAB. 16, 19 e 22 são identificados esses autores enquanto nas TAB. 17, 20 e 23 observa-se a distribuição dessa elite por década:


TABELA 15 FREQUÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DOS AUTORES MAIS PRODUTIVOS ÁREA BIOMEDICA NÚMERO DE TÍTULOS T 1 1 1 1 1 4 4 5 3 9 4 9 14 11 12 20 1 35 34 169 841

NÚMERO DE ARTIGOS A 87 24 22 19 15 12 11 10 9 8 7 7 6 5 5 4 3 3 3 2 1

TOTAL DE TÍTULOS TXA 1 2 3 4 5 9 13 18 21 30 34 43 57 68 80 100 101 136 170 339 1.180

SOMATÓRIO DE TÍTULOS {T 87 24 22 19 15 48 44 50 27 72 28 63 84 55 60 80 3 105 102 338 841

NÚMERO CUMULATIVO DE ARTIGOS { (T X A) 87 111 133 152 167 215 259 309 336 408 436 499 583 638 698 778 781 886 988 1.326 2.167

A elite de autores da área Biomédica - 7,79% - produziu 54,45% dos artigos.

ZONA

1a. zona

2a. zona 3a. zona


TABELA 16 ELITE DE AUTORES NA ÁREA BIOMÉDICA AUTOR MATSUDO, V.K.R. DUARTE, C.R. FRANCA, N.M. DE ARAUJO, C.G.S. DE ARENO, W. GUEDES, D.P. MATSUDO, S.M.M. PEREGRINO JUNIOR RIVET, R. ANJOS, L.A. DOS MELLO, P.R.B. DE PEREIRA, M.H.N. VIANA, A.R. D'ANGELO, M.D. FIGUEIRA JUNIOR, A.J. FRACCAROLI, J.L. GONCALVES, A. SOARES, J. ANDRADE, D.R. DUARTE, M. DE F.S. RODRIGUES, L.O. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE DE ROSE, E.H. NUNES, V.G. DA S. OSES, A. PEREIRA, L.F.R. PIRES NETO, C.S. ROMERO, E. SAMULSKI, D. SEURIN, P. BRANDAO, M.R.F. CAVASINI, S.M. DIANNO, M.V. FONTANA, K.E. GOMES, P.S.C. GUIMARAES, A.C.S. MENDES, O.C. MYIOTIN, E. PELLEGRINOTTI, I.L. PEREGRINO, A. PETROSKI, E.L. PINTO, J.R. VOLP, C.M.

NÚMERO DE TRABALHOS 87 24 22 19 15 12 12 12 12 11 11 11 11 10 10 10 10 10 9 9 9 8 8 8 8 8 8 8 8 8 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7


TABELA 17 DISTRIBUIÇÃO DA ELITE DA ÁREA BIOMÉDICA POR DÉCADA AUTOR PEREGRINO JUNIOR ARENO, W. PEREGRINO, A. FRACCAROLI, J.L. PINTO, J.R. DUARTE, C.R. ARAUJO, C.J.S. DE DUARTE. M. DE F.S. DE ROSE, E.H. OSES, A. SEURIN, P. CAVASINI, S.M. MATSUDO, V.K.R. GUEDES, D.P. SOARES, J. GOMES, P.S.C. MELLO, P.R.B. DE VIANA, A.R. RODRUGUES, L.O. NUNES, V.G. DA S. PEREIRA, L.F.R. FONTANA, K.E. GUIMARÃES, A.C.S. MENDES, O.C. MYIOTIN, E. PETROSKI, E.L. VOLP, C.M. FRANÇA, N.M. DE RIVET, R. ANJOS, L.A. DOS PEREIRA, M.H.N. DÁNGELO, M.D. FUGUEIRA JUNIOR, A.J. GONÇALVES, A. ANDRADE, D.R. AMERICAN COLLEGE PIRES NETO, C.S. ROMERO, E. SAMULSKI, D. BRANDÃO, M.R.F. DIANNO, M.V. PELLEGRINOTTI, I.L. MATSUDO, S.M.M. TOTAL

30 -

40 5 3 8

50 7 6 1 2 16

60 5 6 4 2 17

70 1 4 2 2 3 1 6 1 5 1 4 1 1 1 33

80 3 22 16 8 2 7 3 6 53 10 7 3 11 11 9 8 8 7 7 7 7 7 7 16 11 8 8 9 5 4 3 6 7 6 5 3 5 6 331

90 30 1 2 3 6 1 3 3 1 5 6 6 2 1 2 3 4 2 1 12 94

TOTAL 12 15 7 10 7 24 19 9 8 8 8 7 87 12 10 7 11 11 9 8 8 7 7 7 7 7 7 22 12 11 11 10 10 10 9 8 8 8 8 7 7 7 12 499


TABELA 18 FREQUÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DOS AUTORES MAIS PRODUTIVOS ÁREA HUMANÍSTICA NÚMERO DE TÍTULOS T 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 2 1 2 2 1 5 9 2 8 9 13 5 25 12 25 67 180 1.005

NÚMERO DE ARTIGOS A 73 52 41 38 36 35 32 30 22 19 18 16 15 14 13 12 11 10 9 9 8 7 6 5 5 4 4 3 2 1

TOTAL DE TÍTULOS TXA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 15 17 18 20 22 23 28 37 39 47 56 69 74 99 111 136 203 383 1.388

SOMATÓRIO DE TÍTULOS {T 73 52 41 38 36 35 32 30 22 19 18 64 30 14 26 24 22 50 81 18 64 63 78 25 125 48 100 201 360 1.005

NÚMERO CUMULATIVO DE ARTIGOS { (T X A) 73 125 166 204 240 275 307 337 359 378 396 460 490 504 530 554 565 615 696 714 778 841 919 944 1.069 1.117 1.217 1.418 1.778 2.784

Nesta área, 5,31% dos autores (elite) produziram 49,87% dos artigos

ZONA

1a. zona

2a, zona

3a. zona


TABELA 19 ELITE DE AUTORES DA ÁREA HUMANÍSTICA AUTOR SEURIN, P. SANTOS, N. CONTURSI, E.B. F.I.E.P. (COMITE EXECUTIVO) MARINHO, I.P. MATSUDO, V.K.R. HOLLANDA LOYOLA ARENO, W. JORDAO RAMOS, J. MEC FARIA JUNIOR, A.G. DE ANDRADE, D.R. FANALI, O.A.C. PEREIRA DA COSTA, L. TARGA, J.F. BRAMANTE, A.C. FRANCA, N.M. DE DUARTE, C.R. CANTARINO FILHO, M.R. PEREGRINO JUNIOR ANDREWS, J.C. MORAES, C.A. PEREIRA, L.E. AZEVEDO, F. BRUHNS, H.T. FERREIRA, M. FIGUEIRA JUNIOR, A.J. GONCALVES, A. ARAUJO, C.G.S. DE AUSTREGESILO, A. BOHME, M.T.S. CASTELLANI FILHO, L. DECKER, R. MOREIRA, W.W. R. NETTO, A. RIVET, R. TAFFAREL, C.N.Z. TUBINO, M.J.G. VALE JUNIOR, M.P. DO

NÚMERO DE TRABALHOS 73 52 41 38 36 35 32 30 22 19 18 16 16 16 16 15 15 14 13 13 12 12 11 10 10 10 10 10 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9


TABELA 20 DISTRIBUIÇÃO DA ELITE DA ÁREA HUMANÍSTICA POR DÉCADA AUTOR SANTOS, N. MORAES, C.A. R. NETTO, A. HOLLANDA LOYOLA AZEVEDO. F. AUSTREGESILO, A. MEC PEREGRINO JUNIOR ARENO, W. MARINHO, I.P. JORDÃO RAMOS, J. VALE JUNIOR, M.P. DO PEREIRA DA COSTA, L. TARGA, J.F. CANTARINO FILHO,M.R FARIA JUNIOR, A.G. DE SEURIN. P. FANALI, O.A.C. DUARTE, C.R. ARAUJO, C.G.S. DE DECKER, R. TUBINO, M.J.G. MATSUDO, V.K.R. ANDREWS, J.C. FIEP BOHME, M.T.S. CASTELANI FILHO, L. RIVET, R. CONTURSI, E.B. ANDRADE, D.R. BRAMANTE, A.C. FRANÇA, N.M. DE PEREIRA, L.E. BRUHNS, H.T. FERREIRA. M. FIGUEIRA JUNIOR, A.J. GONÇALVES, A. MOREIRA, W.W. TAFFAREL, C.N.Z. TOTAL

30 52 12 9 15 7 2 1 98

40 17 3 7 5 6 12 50

50 8 12 14 1 35

60 11 1 8 4 3 2 1 5 35

70 8 1 3 13 5 6 7 4 4 39 1 1 1 8 3 1 4 109

80 10 6 7 7 8 7 34 15 13 8 1 6 24 7 38 9 9 9 35 2 12 9 10 5 2 4 3 5 7 312

90 10 1 6 14 3 6 1 5 8 6 7 4 2 75

TOTAL 52 12 9 32 10 9 19 13 30 36 22 11 16 16 13 18 73 16 14 9 9 9 35 12 38 9 9 9 41 16 15 15 11 10 10 10 10 9 9 714


TABELA 21 FREQUÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DOS AUTORES MAIS PRODUTIVOS ÁREA GÍMNICO-DESPORTIVA NÚMERO DE TÍTULOS T 1 1 1 1 1 1 4 4 2 2 3 6 9 1 11 25 1 27 10 67 198 1.006

NÚMERO DE ARTIGOS A 68 39 28 26 18 15 13 12 11 10 9 8 7 6 6 5 4 4 3 3 2 1

TOTAL DE TÍTULOS TXA 1 2 3 4 5 6 10 14 16 18 21 27 36 37 48 73 74 101 111 178 376 1.382

SOMATÓRIO DE TÍTULOS {T 68 39 28 26 18 15 52 48 22 20 27 48 63 6 66 125 4 108 30 201 396 1.006

NÚMERO CUMULATIVO DE ARTIGOS { (T X A) 68 107 135 161 179 194 246 294 316 336 363 411 474 480 546 671 675 783 813 1.024 1.410 2.416

7,70% dos autores (elite) produziram 57,16% dos artigos, nesta área.

ZONA

1a. zona

2a. zona 3a. zona


TABELA 22 ELITE DE AUTORES DA ÁREA GÍMNICO-DESPORTIVA AUTOR SANTOS, N. MATSUDO, V.K.R. SEURIN, P. VALE JUNIOR, 26 LOTUFO, J. PERNAMBUCANO, R. DUARTE, C.R. JORDAO RAMOS, J. MARINHO, I.P. SILVA, O.E. ARAUJO, C.G.S. DE BRAMANTE, A.C. CALLEJA, C.C. PEREIRA DA COSTA, L. HOLLANDA LOYOLA RIVET, R. R. NETTO, A. REEBERG, W. ARENO, W. BROWN, F. SILVA, S.C. DA ANDRADE, M.M. BARROS, N. BATTAGLIA, V. COFRE, M. MEC MORAES, C.A. COFRE, M. MEC MORAES, C.A. BOAVENTURA DA SILVA, A. DANTAS, E.H.M. DIANNO, M.V. KNOPLICH, J. LATORRE DE FARIA, A. MELLO, P.R.B. DE OSES, A. PELLEGRINOTTI, I.L. TARGA, J.F. D'ANGELO, M.D. DE ROSE JUNIOR, D. FANALI, O.A.C. FERREIRA, R. GUERIOS, S.F.M. MOREIRA, W.W. SAMULSKI, D. SOUZA, M.T. TUBINO, M.J.G. VIANA, A.R. VOLP, C.M. WILLIAMS, C.E.

M.P.

DO

NÚMERO DE TRABALHOS 68 39 28 18 15 13 13 13 13 12 12 12 12 11 11 10 10 9 9 9 8 8 8 8 8 8 8 8 8 7 7 7 7 7 7 7 7 7 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6


TABELA 23 DISTRIBUIÇÃO DA ELITE DA ÁREA GÍMNICO-DESPORTIVA POR DÉCADA AUTOR SANTOS, N. PERNAMBUCANO, R. SILVA, O.E. R. NETTO,A. BROWN, F. MORAES, C.A. LOTUFO, J. HOLLANDA LOYOLA WILLIAM, C.E. LATORRE DE FARIA, A. ARENO, W. MARINHO, I.P. JORDÃO RAMOS, J. VALE JUNIOR, M.P. DO BARROS, N. BATTAGLIA, V. FERREIRA, R. GUERIOS, S.F.M. PEREIRA DA COSTA, L. TARGA, J.F. TUBINO, M.J.G. CALLEJA, C.C. REEBERG, W. ANDRADE, M.M. SEURIN, P. DUARTE, C.R. ARAUJO, C.G.S. DE MEC SILVA, A. BOAVENTUR. OSES, A. FANALI, O.A.C. MATSUDO, V.K.R. BRAMANTE, A.C. DE ROSE JUNIOR, D. SILVA, S.C. DA COFRE, M. DANTAS, E.H.M. KNOPLICH, J. MELLO, P.R.S. DE D’ANGELO, M.D. VOLP, C.M. RIVET, R. PELLEGRINOTTI, I.L. DIANNO, M.V. MOREIRA, W.W. SAMULSKI, D. SOUZA, M.T. VIANA, A.R. TOTAL

30 68 15 13 10 9 8 17 4 4 148

40 1 7 2 2 3 4 19

50 5 3 5 2 15

60 2 4 7 3 5 3 4 3 1 1 33

70 1 1 7 19 5 3 3 2 4 4 3 11 10 8 14 1 2 5 4 1 3 1 1 1 114

80 3 5 2 2 14 12 10 3 3 6 3 26 10 4 8 7 7 7 6 6 10 4 6 3 3 4 5 179

90 1 12 1 5 5 1 3 1 3 3 2 1 38

TOTAL 68 15 13 10 9 8 18 11 6 7 7 13 13 26 8 8 6 6 12 7 6 12 10 8 28 13 12 8 7 7 6 39 12 6 9 8 7 7 7 6 6 11 7 7 6 6 6 6 546


Resultados preliminares: A década mais produtiva foi a de 80, em que aparecem 45,61% dos artigos, publicados em 10 periódicos. Na década de 30 a ênfase na produção estava na área Gímnico-desportiva e a partir dos anos 40 passa a ser a área Humanística. A área Biomédica, durante o período de 1936 a 1989 ocupou a terceira posição em importância quanto à produção científica, superando a Gímnico - desportiva apenas nos anos 90. Dos periódicos analisados, pode-se determinar as revistas: BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE; e EDUCAÇÃO PHYSICA como as mais importantes da área, seguindo-se a revista: BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS e um terceiro núcleo com as revistas: BRASILEIRA DE CIÊNCIA & MOVIMENTO, SPRINT, BOLETIM DA FIEP e a ARQUIVOS aparecendo num quarto núcleo. Considerando-se as áreas de caracterização, temos as revistas BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE e BRASILEIRA DE CIÊNCIA & MOVIMENTO como as mais importantes na área Biomédica; na área Humanística, as revistas BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, EDUCAÇÃO PHYSICA e BOLETIM DA FIEP; e na área Gímnico-desportiva as revistas EDUCAÇÃO PHYSICA e BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS. A elite de autores se constitui daqueles que produziram pelo menos 11 artigos. Ao se distribuir essa produção por área temos como pertencentes à elite de autores aqueles como uma produção de no mínimo: - 9 artigos na área Humanística; - 7 artigos na área Biomédica; - 6 artigos na área Gímnico-desportiva.


Encontrou-se, dentre os autores pertencentes à elite, um autor que manteve uma produção ao longo de 50 anos: MARINHO, I.P.

anos anos anos anos anos

40 50 60 70 80

- 12 artigos; 14 artigos; - 1 artigo; - 3 artigos; 6 artigos;

e dois autores que mantiveram uma produção ao longo de quatro décadas: ARENO, W.,

anos 40 - 7 artigos; anos 50 - 16 artigos; anos 60 anos 70 - 15 artigos; 2 artigos;

FARIA JUNIOR, A.G. anos 60 DE anos 70 -

6 artigos;

anos 80 -

7 artigos;

anos 90 -

2 artigos.

4 artigos;

Confirma-se o grupo do CELAFISCS - MATSUDO, V.K.R. à frente com 103 artigos publicados no período - como o mais produtivo núcleo de pesquisadores na área das Ciências do Esporte. Verifica-se que a elite de autores (2,07%) produziu 46,44% dos artigos indexados. Ao se considerar a produção dessa elite por área de caracterização, temos: BIOMÉDICA

7,79% dos autores com

54,45% dos artigos

HUMANÍSTICA

5,31% dos autores com

49,87% dos artigos

GÍMNICO-DESPORTIVA

7,70% dos autores com

57,16% dos artigos.


Referências bibliográficas: AGUIAR, Afrânio Carvalho. Informação e atividades de desenvolvimento científico, tecnológico e industrial: tipologia proposta com base em análise funcional. Ciência da Informação, Brasília, v. 20, n.1, p. 7-15, jan./jun. 1991. ARAÚJO, Vania Maria Hermes de. Estudo de canais informais de comunicação técnica: seu papel na transferência de tecnologia e na inovação tecnológica. Ciência da Informação, Brasília, v.8, n. 2, p. 79-100, jul./dez. 1979. BRACHT, Valter. Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre : Magister, 1992 BROOKS, B.C. Bradford's law and the bibliography of science. in SERACEVIC, Tefko (ed). Introducion to information science. New York; London : R.R. Bonkers Company, 1970, p. 515-520. CASTRO, Cláudio de Moura e. Há produção científica no Brasil? in SCHWARTZMAN, Simon e CASTRO, Cláudio de Moura e. (org.) Pesquisa universitária em questão. São Paulo : Ícone; Campinas : UNICAMP, CNPq, 1986, p. 190-224. CUNHA, Miriam Vieira da. Os periódicos em ciência da informação: uma análise Ciência da Informação, Brasília, v. 14, n. 1, p. 37-45, jan./jun. 1985.

bibliométrica.

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Introducion to

LIMA, Regina Célia Montenegro de. Bibliometria: análise quantitativa da literatura como instrumento de administração em sistemas de informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 15, n. 2, p. 127-133, jul./dez. 1986. LOPES PIÑERO, J.M. El análisis estatístico y sociométrico de la literatura científica. Valencia : Facultad de Medicina, 1972 apud LIMA, Regina Célia Montenegro de. Bibliometria: análise quantitativa da literatura como instrumento de administração em sistemas de informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 15, n. 2, p. 123-133, jul./dez. 1986. PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Lei de Bradford: uma reformulação conceitual. Brasília, v. 12, n. 2, p. 59-80, jul./dez. 1983.

Ciência da Informação,

SÁ, Elizabeth Schneider de. Evoluço bibliométrica. in SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁ°RIAS, 1, Niterói, 1978. Anais...Niterói, 1978. SOLA PRICE, Derek J. de. Network of scientific papers. Science, 149, p. 56-64, jul. 1965, citado por LIMA, Regina Célia Montenegro de. Bibliometria: análise quantitativa da literatura como instrumento


de administração em sistemas de p. 127-133.

informação. Ciência da Informaãço, Brasília, v. 15, n. 2, jul./dez. 1986,


3º ENCONTRO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO 3o. GRAU RELATO DE EXPERIÊNCIAS A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO MARANHÃO3 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ * O Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão - CEFET-MA -, como os demais CEFET's, pertencem à estrutura do Ministério da Educação e têm como objetivo ministrar ensino tanto de segundo quanto de terceiro graus voltados para a formação de profissionais para o setor secundário da economia, tão somente. A disciplina "Educação Física" no CEFET-MA tem a mesma estrutura tanto no segundo quanto no terceiro grau, diferenciando-se apenas quanto à carga horária. Ministradas em regime seriado anual, no segundo grau são dadas três sessões semanais, com carga horária variando de 50 minutos à 2 horas, dependendo de as aulas serem de "iniciação esportiva" ou "educação física" ou "aulas especiais", estas referindo-se às equipes representativas do Centro - turmas de treinamento esportivo. Já no terceiro grau, serão ministradas duas sessões semanais, de 50 minutos cada. "Serão" porque estamos começando neste ano de 1992 nossos cursos superiores. Quanto ao número de créditos, serão de 4 ou 8, dependendo do curso - Licenciaturas em Mecânica, Elétrica, Construção Civil ou Tecnológo em Eletrônica Industrial, respectivamente; no próximo ano iniciaremos os cursos na área das Engenharias, com cinco anos de duração. Abordaremos a questão da Educação Física no CEFET-MA sob os aspectos de "prática" e "administrativo". Em 1983, por iniciativa dos Professores de Educação Física das Escolas Técnicas Federais -ETs- e dos CEFETs, realizou-se um encontro em Manaus-AM, para discutir-se a prática da Educação Física no âmbito das ETs e CEFETs. Decidiu-se que a educação física deveria abandonar o aspecto competitivo, exclusivamente, como vinha acontecendo em todas as escolas e assumir-se como um espaço em que deveria ser dada "OPORTUNIDADE PARA TODOS". Isto é, nenhum alunos poderia ficar sem aula de Educação Física, seja qual o motivo que até então vinha-se utilizando para a "dispensa", seja ela de ordem médica - muitas das vezes sem comprovação de uma deficiência ou estado de saúde que a justificasse - seja por o aluno não se enquadrar no estereótipo do atleta, de preferência olímpico Em 1984 realizou-se novo encontro - Pelotas-RS, desta vez por iniciativa do MEC, onde as mesmas questões levantadas em Manaus foram debatidas, desta vez sob chancela oficial. A então Escola Técnica Federal do Maranhão - ETFM - não mandou representante. Os documentos estudados e discutidos em Pelotas foram-nos remetido e, em função das idéias expostas, o Departamento de Ensino - DEPEN - resolveu que a Educação Física deveria ser reformulada e adotou-se a que as aulas de educação física deveriam ser ministradas exatamente como as turmas eram montadas nas aulas de formação geral e especial, sem divisão por modalidade esportiva, adotando-se o Método Desportivo Generalizado como o ideal para a ETFM. Este sistema foi adotado em 1984/85. 3

Professor de Educação Física - CEFET-MA; Mestrando em Ciência da Informação - UFMG; Bolsista da FAPEMA.


Procurava-se, assim, resolver um problema puramente administrativo - o de falta de pessoal para controlar a freqüência dos alunos, pois as turmas eram redistribuidas pelas diversas turmas de esportes... Ainda em 1984 foram escritos alguns documentos, rebatendo a postura adotada pelo DEPEN, discutindo-se a interpretação dada ao documento-base do Encontro de Pelotas. Durante este ano e no seguinte, vários documentos foram escritos, estabelecendo-se uma discussão acadêmica entre o Chefe do DEPEN e um dos Professores de Educação Física - Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A batalha vencida, em 1986 as turmas de educação física voltaram a ser oferecidas por modalidade, permanecendo assim até hoje, aperfeiçoando-se cada vez mais o sistema. Dispomos de oito espaços - laboratórios-, nossas salas de aula : 1 Ginásio poliesportivo; 1 piscina semi-olímpica; 1 sala de ginástica, utilizada para GRD; 1 pista de atletismo, com 250 metros; 1 campo de futebol, localizado no espaço interno da pista; 2 quadraspolivalentes, para basquete/volibol e handebol/futebol de salão/volibol; 1espaço para aulas de "condicionamento físico aeróbico", apelido que demos à "educação física", para aqueles alunos que não querem praticar um esporte. Contamos, hoje, com 19 Professores de Educação Física lotados no Departamento de Ciências da Saúde, - em 1983, apenas 3 possuíam curso superior; hoje somos 15. Quatro não estão em atividade de sala de aula - sendo que três deles hoje ocupam outras funções na Escola. Do total de Professores, apenas dois são de 20 h/a semanais, os demais ou têm DE ou têm 40 horas. Contamos com 2.400 alunos nos dois campis - São Luís e Imperatriz. Nesta cidade temos dois professores, um com DE e o outro com 40 h/a; quanto às instalações, temos 1 campo de futebol; 1 quadra polivalente; e 1 piscina semi-olímpica. Desde 1979 - inicialmente com o Atletismo, Basquetebol e Handebol - realizamos nossos Jogos Internos - hoje denominado de "JOGOS INTERNOS '23 DE SETEMBRO' - e atualmente incluídos a Natação, GRD, Futebol de Campo e Salão, Volibol, Tênis de Mesa, Xadrez, disputados o ano todo iniciam-se as disputas em Abril e encerram-se em Novembro. Muito embora tenhamos 2.400 alunos, as inscrições ultrapassam as 5.000. Cada aluno pode participar de até três modalidades, sendo uma delas individual. Apenas para exemplificar, nos Jogos de 1991, na modalidade de Volibol Masculino foram disputados 139 jogos para se definir a turma campeã de São Luís. No Futebol de Campo foram realizados 163 jogos. Haviam 17 equipes inscritas no Atletismo Masculino... A Educação Física é vista sob uma "concepção utilitária e social", conforme estabelecido por Celestino Pereira, onde o aspecto recreativo tem preponderância. Nossa escola é uma escola de formação profissional e os aspectos referentes à vida de trabalho de nossos alunos têm que ser levados em conta. Trabalhamos a Educação Física não somente na aulas de Educação Física. Contamos com a colaboração dos Professores de Programas de Saúde, com campanhas e textos vistos em salas de aula sobre a necessidade de uma atividade física nos dias de hoje. A Educação Física é vista sob a perspectiva da saúde.


Os Professores de Português trabalham interpretação de textos utilizando-se de material fornecido pela Educação Física. A Educação Física é discutida em sala de aula. Qual o significado, sua importância, as necessidades de uma prática de atividade física... O corpo - como elemento de expressão - é "trabalho" nas aulas de Educação Artística. Não devemos nos esquecer que, dentro no Núcleo Comum, estamos localizados na área de Comunicação e Expressão. Esta última é representada pelas disciplinas "Educação Física" e "Educação Artística". O trabalho deve, e no CEFET-MA o é, ser realizado em conjunto. Vê-se assim, o aluno em sua totalidade. Quanto ao aspecto administrativo, já nos referimos aos espaços que dispomos para as nossas aulas - e são interpretados como "salas de aula", como "laboratórios". É um espaço conquistado... O aspecto de controle acadêmico, já que "desmontamos" as turmas de aula normais, foi resolvido desenvolvendo-se um programa gerenciador de banco de dados, utilizando-se de um microcomputador. Esse controle acadêmico hoje, serve para toda a escola, quando da informatização do setor de Registros Escolares. Foi uma contribuição da Educação Física. Conquistamos o respeito à custa de uma competência profissional... Temos problemas de coincidência de aulas de laboratório das disciplinas profissionalizantes com a Educação Física. Ambas são realizadas em horário contrário às aulas ditas "normais". Criamos uma "FICHA VOLANTE", em que o aluno escolhe o melhor horário para fazer sua aula. O professor do horário escolhido a data e rubrica e cabe ao aluno, então, a encaminhar ao professor de origem - de sua turma - para o devido registro. O controle é feito pelo Departamento, segundo comunicação da Coordenação de Curso do aluno, de necessidade de usar-se o horário anteriormente escolhido pelo aluno. Devido às dificuldades que muitas empresas têm em aproveitar nossos alunos, - mais de 30% não passam no exame médico -, realizamos um exame acurado. Os casos mais graves são detectados e encaminhados para tratamento, os demais, são tratados na própria escola. Não existe dispensa em Educação Física, a não ser aquelas previstas na legislação. Costumamos dizer que apenas o atestado de óbito isenta o aluno da educação física... Formamos turmas especiais para os casos de defeitos posturais, problemas cardíacos, alérgicos asma -, onde o aluno recebe um tratamento especializado, sob orientação do médico. Casos de defeitos físicos - paraplégicos, por exemplo, - costumamos envolver o aluno em organização de competição, arbitragem, e outras formas de participação... Temos um seguro para nossos alunos, que cobre inclusive as aulas de Educação Física. O seguro cobre os acidentes que possam ocorrer nos laboratórios. A competência profissional de nossos professores, conquistada aos longos desses anos, é verificada hoje quando muitos de nós ocupamos cargos de direção da escola. Exemplos: o Diretor de Ensino corresponde ao Pró-reitor na Universidade - é médico, ligado, antes, à Coordenação de Educação Física; sua Assistente, e substituta eventual, estatutariamente, é Professora de Educação Física; a Chefe do Departamento de Segundo Grau, Professora de Educação Física; o Diretor de Relações Empresariais, já foi professor de educação física e coordenador em um grande colégio da capital; seu ex-Assistente - o "locutor que vos fala" - também é Professor de Educação Física. Como professor de educação física é quem ministra as cadeiras de Ergonomia e de Sociologia do Trabalho, no curso de Técnico em Segurança do Trabalho. Pelo menos estavam "escalados" professores de educação física neste início de período letivo... Temos também aquele que não querem nada com nada, mas esse é um fato que ocorre em todas as instituições de ensino, como se tem verificado nos relatos de todas as escolas presentes neste encontro. Não é privilégio nosso, apenas. Essa é nossa experiência. Estamos à disposição para maiores esclarecimentos. Obrigado.



ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO Replicando os capítulos do Atlas do Esporte do Maranhão, em sua versão atualizada, até o presente momento, e ainda em construção. A partir daqui, as atualizações serão acrescidas em postagens adicionais, e depois incorporadas no texto definitivo, na medida em que novas descobertas se apresentarem.


CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DEFINIÇÕES Por Capoeira deve-se entender “... Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira); assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a “... um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança, esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizandose, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40). “Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ” uma luta dramática”(in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388). “CARIOCA” - uma briga de rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu ‘a capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX. Segundo o Atlas do Esporte no Brasil Origens e Definições A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais, atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à proibição pública, ao longo do século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980, internacional. Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo “capoeira”, cada qual referindo-se a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos esportivos, trata-se de um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco). Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginástica, dança, esporte, arte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica. 1577 Primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do Clima e da Terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada. 1640 Início das invasões holandesas. Desorganização social no litoral brasileiro. Evasão dos escravos africanos para o interior do Brasil. Aculturação afro-indígena. Organização de dezenas de quilombos. Surgem as expressões: “negros das capoeiras”, “negros capoeiras” e “capoeiras”. 1770 A mais antiga referência da Capoeira enquanto uma forma de luta surge neste ano, vinculando-a ao tempo doVice-Rei Marquês do Lavradio no Rio de Janeiro, em que já havia o sentido de “amotinados” aos seus praticantes (Edmundo, 1938).SERGIO LUIZ DE SOUZA VIEIRA in DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS D O ESPORTE N O BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006, disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/1.pdf

NO MARANHÃO 1884 em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o


dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124) 2003 Mestre Mizinho, natural de Cururupu, informa que naquela cidade também se praticava uma luta, semelhante a Capoeira, a que denominavam “carioca”: 2005 Dilvan de Jesus Fonseca Oliveira informa que seu avô, falecido aos 92 anos, estivador do Porto de São Luís – Cais da Sagração, Portinho, Rampa Campos Melo – sempre se referia á “capoeira” como “carioca”, luta praticada em sua juventude. Mestre Diniz, nascido em 1929, lembra que “na rampa Campos Melo, quando eu era garoto, meu pai ia comprar na cidade e eu ficava no barco. Eu via de lá os estivadores jogando capoeira”. - em Codó, entre os antigos, a capoeira é denominada de “carioca”. 1697-1702 Mario Meireles – Historia de São Luis, org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé. Edição póstuma. No capitulo ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (16971702)”, p. 93-99, referindo-se à chegada de D. Timóteo do Sacramento (1697-1702), homem intolerante. Das suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas, destacamos: “[...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.” (p. 98). 1757 encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIOANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. (Porto: Instituto Superior Maia, 1997, p. 5). Encontrei a citação a que se refere o Mestre Baiano, Catedrático de Capoeira da Universidade de Coimbra em Marcos Carneiro de Mendonça (em “A Amazônia na era Pombalina”. Tomo III. Brasília: Senado Federal, 2005, volume 49-C). Trata-se de uma carta de Mendonça Furtado a seu irmão, o Marques de Pombal – datada de 13 de junho de 1757 -, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre a coroa portuguesa e espanhola. Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição era composto daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo por a terra em perturbação grande: [...] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá [...] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores [...] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando [Capitania do Rio Negro] [...] (p. 300). (grifos do texto). 1820 registra-se nesta década referência a “punga dos homens”, jogo que utiliza movimentos semelhantes à capoeira. 1825 Em “O Censor”, edição de 24 de janeiro - Garcia de Abranches ao comentar o posicionamento político do Marques governante – Lord Cockrane – compara alguns portugueses com os desocupados do Rocio – em sua maioria caixeiros – que “pela sua péssima educação, muitos brancos da Europa são tão vis, e tão baixos, como esses mulatos que andam a espancar, a roubar e a matar, pelas ruas da Cidade...” (p. 12-13). Estaria o Censor referindo-se aos capoeiras?

1829 registram-se certas atividades lúdicas dos negros. Nesse ano é publicado no jornal “A Estrela do Norte” a seguinte reclamação de um morador da cidade: Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque


de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? (ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite) 1835 na Rua dos Apicuns, local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís.” (ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834, e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836 in VIEIRA FILHO, 1971, p. 36). - Mestre Militar afirma que a capoeira no Maranhão tem seu inicio em 1835 (Costa, 2009) 4. 1843 o Diretor da Casa dos Educandos Artífices do Maranhão em relato ao Presidente da Província informava que havia “um outro problema”: a segurança dos alunos e do patrimônio da casa, em razão da existência de vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados, o que resultava em atos de violência cotidianos, pela falta de intervenção policial no local. Sobre os Capoeiras reclamava esse Diretor: Capoeiras que nem os donos das tavernas derrubam, nem a Câmara Municipal os constrange a derrubar, apesar das proximidades em que estão a respeito da Cidade cometessem por aqui crimes de toda a qualidade que por ignorados ficam impunes, tendo já sido espancado gravemente um quitandeiro, e já são muitas as noites em que daqui ouço pedir socorro, sendo uma destas a passada, na qual, às nove horas e quinze minutos, estando todos aqui já em repouso, ouvi uma voz que parecia de mulher ou pessoas moças, bradar que lhe acudissem que a matavam, e isto por vezes, indo aos gritos progressivamente a denotarem que o conflito se alongava pelo que pareceu que a pessoa acometida era levada de rojo por outra de maiores forças, o que apesar da insuficiência dos educandos para me ajudarem, atendendo as suas idades e robustez, e não tendo mais quem me coadjuvasse, não podendo resistir à vontade de socorro a humanidade aflita e não tendo ainda perdido o hábito adquirido na profissão que sigo, chamei dois educandos dos maiores e com eles mal armados, sai a percorrer as mediações desta casa, sem que me fosse possível descobrir coisa alguma, por que antes que pudesse conseguir por os ditos educandos em estado de me acompanharem, passou-se algum tempo e durante ele julgo que a vítima foi levada pelo seu perseguidor para longe daqui. Estes atentados são praticados pelos negros dos sítios que há na estrada que em consequência da má administração em que os tem, andam toda a noite pela mesma estrada, praticando tudo quanto a sua natural brutalidade lhe faz lembrar, e se V. Exa. se não dignar de tomar alguma providência a este respeito parece-me que não só a estrada se tornará intransitável de noite, como até pelo estado em que existem só os negros dos sítios e os vindos da Cidade se reúnem, entregues à sua descrição, podem trazer consequências mais desagradáveis [...] o que falo é para prevenir que este estabelecimento venha a ser insultado como me parecesse muito provável em as cousas como se acham. (FALCÃO, 1843). (citado por CASTRO, 2007, p. 191-192). A Casa dos Educandos Artífices estava alojada em um edifício construído ainda no Século XVIII, situado num ambiente de “ares agradáveis, liberdade própria do campo, vista aprazível e fora do reboliço da cidade”, entre o Campo do Ourique e o Alto da Carneira – hoje, Bairro do Diamante, ocupado pelo Ministério da Agricultura. O Autor do relatório, José Antônio Falcão, era tenente-coronel reformado do Exército, e havia assentado praça em São Luís, juntamente com seu irmão Feliciano Antônio Falcão, em 1831, como cadete no Regimento de Linha. Antônio Falcão foi o organizador da Casa dos Educandos Artífices, e seu diretor no período de 1841 a 1853. Já Feliciano Antônio Falcão, seu irmão, comandou a força expedicionária para combater os Balaios em Icatu e comandou a terceira tropa por ordem de Luis Alves de Lima e Silva, depois Duque de Caxias, entre as localidades de Icatu e Miritiba (hoje, Humberto de Campos), até o fim da Balaiada. (CASTRO, 2007, p. 184). Cumpre lembrar que estes alertas foram feitos no ano de 1843, apenas um ano após o término da Balaiada – iniciada em 1838, originada com as lutas dos quilombolas na área de Codó (Distrito do Urubu) como antecedentes à eclosão da Revolta, até a condenação do Negro Cosme, em 18425, estando envolvidos vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados. Seriam esses Capoeiras remanescentes da Balaiada?

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COSTA, C. A. A. História da Capoeira no Maranhão. In: <

http://associaogrupokdecapoeira.blogspot.com/2009/07/capoeira-domaranhao.html>. 5

ARAÚJO, Maria Raimunda (org.). Documentos para a história da Balaiada. São Luís: FUNCMA, 2001


1860 A IMPRENSA - CH RIBEYROLLES. VARIEDADES. A Fazenda (continuação do numero anterior), São Luis, 29 de setembro de 1860, p. 2 publica um artigo, dividido em partes, que apareciam em várias edições, como era costume na época, sob o titulo A FAZENDA:

Jogos e danças dos negros – No sábado à noite, depois do ultimo trabalho da semana, e nos dias santificados, que trazem folga e repouso, concede-se aos negros uma ou duas horas para a dança. Reúnem-se então no terreiro, chamam-se, grupam-se incitam-se, e a festa começa. Aqui, é a capoeira, espécie de dança física, de evoluções atrevidas e guerreiras, cadenciada pelo tambor do Congo; ali o batuque, posições frias ou lascivas, que os sons da viola aceleram ou demoram: mais além tripudia-se uma dança louca, na qual olhos, seios, quadris, tudo fala, tudo provoca; espécie de frenesi convulsivo e inebriante a que chamam lundu. Alegrias grosseiras, volúpias asquerosas, febres libertinas, tudo isto é nojento, é triste, porém os negros apreciam estas bacanaes, e outros aí encontram proveito. Não constituirá isto um sistema de embrutecimento?“. 1861 publicado em A IMPRENSA - OS ILUMORISTAS. PÁGINAS SOLTAS: o Sr. Primo, o Serafim e o Cavallo preto de Sua Excia., p. 4, de 11 de dezembro de 1861 o seguinte: “[...] Serafim é um jovem de cara lavada, moreno, barba a lord Raglan, desempenado de capoeira, e andar de cahe a ré, como marinheiro tonto, ou redactor do Porto Livre, nas horas em que o sol procura as ondas do mar [...]”

1863 Josué Montelo, em seu romance “Os degraus do Paraíso”, em que trata da vida social e dos costumes de São Luis do Maranhão, fala-nos de prática da capoeira neste ano de 1863 quando da inauguração da iluminação pública com lampiões de gás; ao comentar as modificações na vida da cidade com as ruas mais claras durante a noite: "Ninguém mais se queixou de ter caído numa vala por falta de luz. Nem recebeu o golpe de um capoeira na escuridão. Os antigos archotes, com que os caminhantes noturnos iluminavam seus passos arriscados, não mais luziram no abandono das ruas." O que é confirmado por VIEIRA FILHO (1971) quando relata que no famoso Canto-Pequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. Em alguns domingos antes do carnaval, costumavam um magote de pretos se reunirem em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato. Mario Meireles – Historia de São Luis, org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé. Edição póstuma, no capitulo referente ao Serviço de iluminação pública (1863-1918), p. 222-225, referindo-se a falta de iluminação nas ruas, em que era dado toque de recolher às 21 horas, com o repicar dos sinos: “Os que não atendiam ao oportuno aviso dado pelos sinos, corriam o risco, aventurando-se mergulhados nas trevas das ruas estreitas, de ir ao desagradável encontro de animal vagabundo ou de defrontar um capoeira encachaçado, se não de emparelhar com um negro escravo que levasse à cabeça um daqueles fétidos tigres – que iam ser despejados na maré mais próxima.” (p. 222). 1874 – PAPYRO: Reminiscências Livio Daruso:

1877 MARTINS (1989). In ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: (s.n.), aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. "JOGO DA CAPOEIRA


"Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (179). 1883 PACOTILHA – 24 fev. – “Publicações a pedido: Negócios do Maranhão: [...] Outro facto do correspondente Eugenio Pavolide é de um preto capoeira, quem em junho passado, pôz em sobressalto a praça do Mercado e ruas adjacentes. Espancara um pobre homem e também as praças da policia [...]Até lá que viva que viva entregue à defesa dos Pavolides, os quais um deles talvez saldoso, o espera no hotel onde neste momento começou a purgar as suas façanhas de capoeira...” - PACOTILHA - 17 mar. – “(...) Pelas linguagens e pelas expressões de que nos temos servido nas diversas vezes que temos vindo à imprensa discutir negócios daquella sociedade evidencia-se que não temos aprendizagem de capoeira e nunca descemos ao circo de operações physicas.”. PACOTILHA - 25 junho – “(...) Os outros vaiaram no. Afinal accudiram em chusmas. Genibaldo fazia milagres de capoeira, sem conseguir approximar se delles, que o instigavão.” - PACOTILHA – 20 ago. – “(...) No sábbado a noite um marinheiro da “Lamego” fez proezas no largo do Carmo (...) Armando de cacete, fazia trejeitos de capoeira e dizia a uns soldados de policia – que chegasse, que elle queria esbodegar um, dar muita pancada (...)”. - PACOTILHA - 25 set. “(...) sem mais interrogações, pó-se na perna, à frente da tropa, a sacudir o corpo n’ uns movimentos de capoeira, gingando de alegria e enchendo o ar de assovios silvantes.” - A ÉPOCA

- 21 de novembro – A ÉPOCA –


1884 PACOTILA – 31 mar. “ O magarefe Serafim, um crápula de força, cheio de insolência (...) Mas sendo o Serafim um capoeira traquejado, sahiu incólume da pendencia”. - PACOTILHA – 21 jun: “THEATRO SÃO LUIZ 22 DE JUNHO DE 1884 – Terceiro e ultimo espetáculo – função de D. Máxmo Rodriguez, o invencível Sansão do Seculo XX – primeiro Hercules do mundo... terminará o espetaculo com o”

- PACOTILHA – 31 jul. “N’uma estação de urbanos: - Sr. Tenente, tenho seguro um capoeira. – Traga-o a minha presença. – Bem o quero fazer, meu tenente, mas o maldito não me quer largar.” 1885 PACOTILHA – 31 out. – em crônica acerca de estreia de uma peça de Artur Azevedo, no Rio de Janeiro – O mandarim – o comentarista refere-se aos tipos e a interpretação dos artistas: “(...) Barreto não foi infeliz em alguns tipos - o do capoeira e o do Jornal do Commercio optimos”.” - PACOTILHA – 30 nov. – sobre o lançamento da nova obra de Aluizio de Azevedo:


1886 – PACOTILHA – 22 mai. -


1887 PACOTILHA – 17 set.


1888 PACOTILHA - 6 fev.

1889 PACOTILHA 23 jul. -


- No mês de julho desse mesmo ano teriam ocorrido outras duas conferências em que os republicanos foram apedrejados pelos libertos de 13 do maio (denominados capoeiras) insuflados pelos monarquistas. (Fonte: Luiz Alberto Ferreira - Escola Caminho das Estrelas O MOVIMENTO REPUBLICANO NO MARANHÃO - 18881889). 1890 PACOTILHA – 27agosto


1899 PACOTILHA 14 jun, em Carolina


SÉCULO XX 1900 PACOTILHA 15 fev. em Cururupu


1901 PACOTILHA 24 jan – Um conto de Viriato Correa:


- PACOTILHA 20 mai, sobre a passagem de um cometa:

1902 PACOTILHA 21 abr.

- JORNAL A CAMPANHA 20 set, p. 2 in “Sombrinhas – [...] Si tu fores homem, salta pr’á cá, torneou Eudamidas, tirando o palitot, e fazendo gestos de capoeira”.


1903 JORNAL A CAMPANHA 04 set, p. 2 in “Traças e Troças – de Geraldo Cunha: [...] Meus senhores, apesar de minha horripilante figura, do meu gingado de capoeira que faz lembrar o andarzinho do Godois, sempre me soube colocar na sociedade do homem [...]”. - 4 de setembro - A CAMPANHA

1904 PACOTILHA 16 fev. uma crônica: O Travesseiro:


1909 – PACOTILHA 14 jun. JIU-JITZU: Noticia sobre a luta de Ciriaco com Maeda, ocorrida no Rio de Janeiro e adequação da Capoeira como luta nacional:




1911 DIÁRIO DO MARANHÃO 3 mar. PUF

1912 – 25 de janeiro A PACOTILHA – COIZAS...

1915 NASCIMENTO DE MORAES, em uma crônica que retrata os costume e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utilizam o termo capoeiragem: “A polícia é mal vista por lá, a cabroiera dos outros também não é bem recebida e, assim, quando menos se espera, por causa de uma raparigota qualquer, que se faceira e requebra com indivíduo estranho ali, o rolo


fecha, a capoeiragem se desenfreia e quem puder que se salve”. (NASCIMENTO DE MORAES. Vencidos e Degenerados. 4 ed. São Luís : Cento Cultural Nascimento de Moraes, 2000, p. 95). Em outro trecho é mostrada com riqueza de detalhes uma briga, identificada como sendo a capoeira: “Ninguém melhor do que ele vibrava a cabeça, passava a rasteira. Armado de um ‘lenço’ roliço e pesado, espalhava-se com destreza irresistível, como se as suas juntas fossem molas de aço. Força não tinha, mas sabia fugir-se numa escorregadela dos pulsos rijos que avidamente o tentassem segurar no rolo. Torcia-se e retorciase, pulava, avançava num salto, recuava ligeiro noutro, dava de braço e pés para a direita e para a esquerda, aparando no ‘lenço’ as pauladas da cabroiera, que o tinha à conta dos curados por feiticeiros de todos os males. Atribuíam-lhe outros, a superioridade na luta, a certos sinais simbólicos feitos em ambos os braços, sinais que Aranha, muito de indústria, escondia ao exame dos curiosos, o que lhe aumentava o valor”. (in MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís: UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005 1918 O JORNAL – 27 abr. – A ESMO “Não a duvida: o Maranhão conquistou agora um dos elementos civilizadores de que carecia para ser uma cidade genuinamente moderna. (...) Já tínhamos, é certo, muitos outros: a pedra da memória, os bondes, o cais, o sorvete em carrocinha, a guarda noturna, o refresco de maracujá chupado por canudo, etc, etc. (...) No gênero esporte tínhamos já o foot Ball, com jogos adjacentes e diversões anexas,e já tivemos até a luta romana. (...) Faltava o Box. (...) Pois vamos ter o Box! [...] Acho que a coisa ficaria melhor assim: o Smith de maiollot e luvas de coiro, boxando; o João Pedro, de calça arregaçada e chapéu a ré, espalhando-se na cabeçada e na rasteira... Ai sim o meu entusiasmo vibraria, como vibrou quando eu li, nos telegramas da imprensa, aquela excelsa vitoria que, no Rio, sobre um mestre japonez de jiu jitsu, ganhou um capoeira do bairro da Saude, por meio de um genial e glorioso rabo de arraia! [...]” - O JORNAL - 18 jul – Como se conta a História “Há muito o Martiniano Santos apregoava o seu incomensuaravel valor na capoeira, no rabo de arraia, etc. No bairro da Camboa ele era tido e havido como o campeão e, por isso, temido e respeitado em extremo. ([...]” 1920 O JORNAL – S. Paulo e os Jogos Olympicos da Antuerpia – [...] Em todas as (lutas) que conheço, que são, o jiu jitsi, a greco-romana, a livre, as cat-as-catche-can, a turca e até a ... capoeira se quizessem um numero genuinamente brasileiro.[...]” - DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 02 de dezembro – “Nos meandros da politicagem – O Urbano diz que tem medo do Machado e não confia no Domingues, o primeiro porque é um estratégico, o segundo porque é um capoeira...” 1921 O JORNAL – 1 fev - Entreatos “[...] Dei-lhe esperanças, v. avançou, pulou daqui pra acolá, fez capoeira e veio afinal, envergonhado, cair debaixo da verdade. [...] - PACOTILHA 18 OUT – DESPORTOS


1922 O JORNAL – 3 jun – A INCONFIDFENCIA DO ICARAHY – Jil Veloso: “[...] Porque, Oldemar de Lacerda, cedo ou tarde, é fatal, fará de Sansão na tragicomédia reaccionaia. Não a (?) templos, compensal-o á, contudo que desbarate a barricada do messias de Pindotiba, a coices de capeira enfezado...”. - DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 26 de agosto – “Os industriaes de commissões – [...] Já o burocrata, entre apavorado e espavorido, enxugara, por tres vezes, o suor escachoante do rosto e mãos, quando o Chico Páo Pombo aproximando-se-lhe, em requebros de capoeira aposentado, propoz -: Prá que lado qué aderná, seo dotô!? (...) E, estendendo-lhe o braço esquerdo à altura do hombro direito, acurvou-se, rápido, para a direita – joelhos em flexão – e, retezando a perna d’esse flanco, impulsionou-a em sime-circulo para a frente! (...) E quando o pé de Páo de Pombo tocou o artelho esquerdo do misero Sancho, toda a assistência applaudiu, freneticamente, a queda desastrada de seu corpo cevado e flácido como uma bola de borracha... “. - DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 06 out – “Guarda Avançada – Hontem, às 21 horas, os senhores Carlos Burnett e Murilo Serra foram estupidamente agredidos por um guarda civil que terminou por convidar aqueles senhores para um ‘joguinho’ de capoeira ali mesmo na Praça Deodoro onde se deu o facto. (...)”. 1923 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 23 ago – “Um sportmen excêntrico – O quitandeiro da rua dos Affogados, canto com a da Cruz, tem lá as suas excentricidades. A de nosso homem, porém, não é das mais plausíveis, dado o seu gênero: insuflar garotos de pouca idade para “treinarem” o “box” e a capoeira, etc.(...) Hontem, às 18:15 horas tivemos ocasião de assitir um desses desagradaveis “treinos”, em sua casa comercial, por dois pequenos que ali foram comprar kerozsene e outros gêneros. (...) A assistência era enorme e composta dos mais intrangisentes ‘habiutés’. O exercício era um mixto de capoeira e ‘box’ importando em sérias quedas no chão encimentado [...]”. - A PACOTILHA – 05 set – OS DESORDEIROS


1924 – PACOTILHA – UMA REVELAÇÃO



- A PACOTILHA – 02 AGO – UMA TRADIÇÃO QUE DESAPARECE – O ULTIMO CAPOEIRA...





1925 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 31 jan – “LITERATURA – Serenata – [...] Assentados em bancos, numa bizarria interessante, estavam o Militão Gallinha, desdentado e morfanho, o Zezinho Côxo, o compadre Paulo – o Rei da Capoeira -, o Nenê de Adriana, o Paulinho das abacattelas e outros.” 1927 – 08 SET – NA POLICIA E NAS RUAS


1928 – PACOTILHA – 08 MAI

ANOS 30/40 Mestre Firmino Diniz – nascido em 1929 – que é considerado o mestre mais antigo de São Luís, teve os primeiros contatos com a capoeira na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo; Mestre Diniz teve suas primeiras lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís. 1933 NOTICIAS 14 jul – JANUARIO MIRANDA – Junius Viactor:


1935 A PACOTILHA 24 JAN – ‘BOM CRIOULO’ – nascimento Moraes – critica a livro de Adolpho Caminha:

1948 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 23 jul – “A OBRA SOCIAL DO P.S.T. – [...] Essa atitude desprimorosa, que caracterisa antes de tudo a mentalidade de capoeira dos seus autores, vem mostrar ao Maranhão e ao Brasil que aqui, na terra gonçalvina (...)” ANOS 50 –Firmino Diniz conheceu a capoeira ainda na primeira metade do século XX no Maranhão, deu prosseguimento ao seu aprendizado no Rio de Janeiro com o Ms Catumbi, e retorna à São Luís, ainda nos anos 50. Anos depois se tornou um dos maiores incentivadores da capoeira ao popularizar a arte em infindáveis rodas que realizava nas ruas e praças de São Luís (PEREIRA, Roberto Augusto A. Roda de Rua: memórias da capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX. São Luís: EDUFMA, 2009. ANOS 60 “Renascimento” da capoeira em São Luís, com a chegada de ROBERVAL SEREJO no início dos anos 60. Criação do Grupo “Bantus”, do qual participavam, além de Mestre Roberval Serejo (graduado por Arthur Emídio); Mestre Diniz (aluno de Catumbi, de Alagoas), Mestre Jessé Lobão (aluno de Djalma Bandeira), de Babalú; Gouveia [José Anunciação Gouveia]; Ubirajara; Elmo Cascavel; Alô; Patinho [Antonio José da Conceição Ramos]; e Didi [Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida]. 1965 Mestre Paturi (Antonio Alberto Carvalho, nascido em 1946, o Mestre mais velho em atuação, hoje), inicia-se na Capoeira com os Mestres Manoelito e Leocádio, e após a chegada de Mestre Sapo, passa a treinar com este. Foi o primeiro a registrar uma Associação de Capoeira (?). - MONTELO, Josué. OS DEGRAUS DO PARAÍSO. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1965.

1966 Mestre Canjiquinha [Washington Bruno da Silva, 1925-1994], e seu Grupo Aberrê passam pelo Maranhão, apresentando-se em Bacabal, no teatro de Arena Municipal; e em São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da capital; Ginásio Costa Rodrigues. (in REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico. Salvador :Itapuã, 1968). Acompanhavam Mestre Canjiquinha Sapo [Anselmo Barnabé Rodrigues]; Brasília [Antônio Cardoso Andrade]; e Vitor Careca, os três, ‘a época, menores de idade: - Locais das exibições de Canjiquinha fora da Bahia, dentre elas: “1966 – Maranhão – Bacabal, no teatro de Arena Municipal; São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da Capital; Ginásio Rodrigues Costa”. (Rego, 1968, p. 277 citado por MARTINS, 2005) 6. Capoeira no ginázio

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Será, finalmente, hoje, no Ginázio Costa Rodrigues, a exibição de Canjiquinha o rei da capoeira baiana que juntamente com Brasília, Careca e Sapinho formam um discutido quarteto... Entusiasmo do Governador Sexta-feira última Canjiquinha e seus colegas fizeram uma demonstração no Palácio dos Leões para o governador José Sarney e sua família... (JORNAL PEQUENO, 16 de junho de 1966, citado por MARTINS, 2005) 7; FOI SUCESSO ABSOLUTO A APRESENTAÇÃO DOS CAPOEIRISTAS BAIANOS Na noite de ante ontem, foi realizada a primeira apresentação em público dos "capoeiristas da Bahia" que se encontram em São Luís, tendo a apresentação dos mesmos agradado a seleta platéia que compareceu ao ginásio coberto do Campo do Ourique. Aplaudido delirantemente Os "capoeiristas" foram aplaudidos delirantemente pelo público, durante a hora e meia de apresentação de um sem números da luta de "capoeira" e do folclore africano, o que veio demonstrar o alto grau cultural do nosso público, para apresentações dessa espécie, quando <<Canjiquinha>> mais uma vez com seus pupilos brilharam em seus esmerados trabalhos. Nova apresentação Dado o êxito alcançado artisticamente pelos representantes baianos no esporte-folclore da "capoeira", os patrocinadores da referida temporada resolveram fazer nova apresentação, desta vez na noite de domingo vindouro, proporcionando assim que maior número de ludovicenses possam presenciar a difícil arte de luta de <<capoeira>>, que cada dia vem tomando vulto em todo o território nacional, no emprego da defesa pessoal.(O IMPARCIAL, 18 de junho de 1966, citado por MARTINS, 2005)8. 1968 primeira academia de capoeira em São Luís, chamada de Bantu; liderada por Roberval Serejo, um escafandrista da Marinha que aprendeu capoeira no Rio de Janeiro e que veio para o Maranhão nos anos 60. Roberval aprendeu capoeira com um mestre Arthur Emídio, baiano de Itabuna. Desde então, a capoeira deixou de ser praticada em frente ao boteco de cachaça e quitanda, e começou a ganhar novos espaços em escolas, ginásios e academias de ginástica. A academia Bantu funcionou até 1970, ano em que Roberval Serejo faleceu quando mergulhava a trabalho na construção do Porto do Itaqui de São Luís. Depois de Roberval Serejo, Anselmo Barnabé Rodrigues, o mestre Sapo, passou a ser a maior referência na capoeira angola de São Luís, já que os alunos do mestre Roberval passaram a treinar com Sapo (Martins, 2005, pág. 36 in REVISTA CAMBIASSU Ano XVIII, Nº 4 - Janeiro a Dezembro de 2008). - Mestre Sapo retorna ao Maranhão, para ensinar capoeira. Vai se tornar a maior referência da capoeira do Maranhão, formando inúmeros alunos e graduando vários mestres, até sua morte, em 1982: “Mestre Pato pontua que, durante a passagem do grupo de Canjiquinha, denominado quarteto Aberrê, em homenagem ao seu Mestre, Canjiquinha recebeu uma proposta de Alberto Tavares - um membro do Governo na época - e do professor de boxe Tacinho, para que deixasse um de seus alunos na cidade no intuito de implantar a capoeira na capital. Foi então que Sapo (Anselmo Barnabé Rodrigues) voltou com o grupo para Salvador para pedir autorização para seu pai, pois ainda era menor de idade (tinha 17 anos), retornando em seguida a São Luís para ensinar capoeira.” (MARTINS, 2005) 9. ANOS 1970 As rodas de rua de São Luís continuaram acontecendo durante boa parte da década de 70, lideradas pelo Mestre Diniz e freqüentada pelos capoeiras remanescentes da Bantu e pelos alunos mais velhos e experientes do Mestre Sapo, como: Jessé, Alô, Loirinho e Manuel Peitudinho. Segundo Mestre Pato, Mestre Sapo proibia seus alunos mais jovens de participarem das rodas de rua, pois os que a freqüentavam eram os que já tinham mais autonomia. As rodas de rua aconteciam em vários pontos da cidade, como o Parque do Bom Menino, Madre Deus e Praça Gonçalves Dias, mas o local preferido era a Praça Deodoro. Segundo Mestre Patinho, essas rodas eram muito violentas e havia uma estreita relação de alguns participantes com a criminalidade. Daí a preocupação do Mestre Sapo em relação à participação de seus alunos nessas rodas. A partir de 1970, Mestre Sapo começou a formar seu grupo de capoeira, passando a ministrar aulas em uma academia de musculação localizada na Rua Rio Branco; é também nesse ano que se dá a morte de Roberval Serejo; seus alunos, da academia Bantú, passam a treinar com Mestre Sapo: 7 8 9

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“[...] faziam parte do grupo os alunos Manuel da Graça de Jesus da Silva (Manuel Peitudinho), “Alô”, “Elmo” e Antônio José da Conceição Ramos (Patinho), de acordo com o testemunho de Mestre Patinho”. Seu Gouveia contou que a academia Bantu funcionou até aproximadamente 1970, data suposta em que o Mestre Roberval Serejo faleceu, enquanto mergulhava a trabalho na construção do Porto do Itaqui.” (MARTINS, 2005)10. 1971 a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, através do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER/SÉC – coordenado por Cláudio Antônio Vaz dos Santos, criou um projeto que consistia na implantação de várias escolinhas de esportes no Ginásio Costa Rodrigues. Dentre as atividades esportivas, estava a capoeira, e o Mestre Sapo fora convidado para ministrar as aulas. A partir desse momento, houve um crescimento muito grande do número de praticantes de capoeira em São Luís. Havia várias turmas que funcionavam com aproximadamente 30 alunos cada. Mestre Sapo deu aula nessas turmas até o seu falecimento em 1982, mesmo com as trocas de Governos e Coordenadores: Mestre Sapo passou a dar um caráter esportivizante à capoeira ensinada no supracitado ginásio, minimizando sua conotação enquanto manifestação da cultura popular. Atribuiu-se a esse processo de esportivização, dentre outros fatores, os objetivos do projeto e o contexto no qual estavam inseridos o mundo da educação física e o esporte, em que eram realizadas várias outras atividades como futsal, vôlei, handebol, basquete e caratê. Diante desse contexto, Mestre Sapo passou a sistematizar as aulas, adotando o uso de uniformes, e deu muita ênfase à preparação física dos alunos. Segundo Mestre Índio (Oziel Martins Freitas), ele utilizava exercícios como corrida, polichinelo e flexões para essa preparação. Mestre Sapo se ele se definia como angoleiro ou regional, encontramos o seguinte: 9 alunos responderam angoleiro e os outros 6 responderam que ele não se definia unicamente como angola ou regional, pois ensinava as duas vertentes. De acordo com Antônio Alberto de Carvalho (Mestre Paturi), ele falava em capoeira de angola, mas ensinava misto, ou seja, angola e regional. Segundo o Mestre Pato, ele se definia somente como capoeira e que ensinava “as três alturas, as três distâncias e os três ritmos”. Nestes aspectos, ele se referia ao jogo alto, baixo e médio; ao longe, perto e o médio; e aos toques de angola (lento), São Bento pequeno (médio) e São Bento grande (acelerado). Acreditamos que esses fundamentos em capoeira que Mestre Sapo praticava são heranças de seu Mestre (Canjiquinha) que também os usava, de acordo com a confirmação de Mestre Pato. Além dessas influências, Mestre Sapo utilizava alguns movimentos da Capoeira Regional que ganhou muito mais projeção na década de 70 do que a de angola. (MARTINS, 2005) 11 Em uma de suas viagens, no final dos anos 70, Mestre Sapo, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília. Foi quem o graduou Mestre. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. Mas quem o iniciou na capoeira foi Mestre Pelé de Salvador [Natalício Neves da Silva, nascido em 1934] 1972 Mestre Índio: “Quando eu comecei em 1972 até 1984, a capoeira era marginalizada dentro de São Luís, que todo capoeira era vagabundo, marginal, maconheiro, desordeiro”. (in SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A capoeira em São Luís: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. 72 f. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002) 1976 A CAPOEIRA e sua origem. O Imparcial. São Luís, 20 fev. 1976. 1977 - Academia de Capoeira Angola Tombo da Ladeira. Regis de Sá Almeida conhecido como “Gavião”, é o responsável pela Academia. O estilo de capoeira adotado pelo grupo é a capoeira angola, justificado pelo uso dos fundamentos e a tradição dos movimentos. Gavião nasceu e cresceu no bairro do Desterro e, em 1977, juntamente com um grupo de jovens da Igreja do Desterro, conheceu a capoeira. A trajetória de Gavião na capoeira é parecida com a de muitos mestres e professores daqui de São Luís. Já foi aluno de Mestre Sapo64 e Mestre Patinho65, viajou para Rio de Janeiro, São Paulo, e Salvador em busca de novos conhecimentos. 1978 Mestre Sapo, juntamente com o seu discípulo Pato, participaram do primeiro troféu Brasil, o que seria o primeiro campeonato brasileiro de capoeira, promovido pela Confederação Brasileira de Boxe (CBB). Ambos foram vice-campeões em suas respectivas categorias, sendo que o resultado do Mestre Sapo foi muito contestado pelo público e pelos Mestres presentes, fazendo com que a organização do evento lhe homenageassem com uma medalha de ouro. Nesse período, já aconteciam várias competições de capoeira pelo Brasil, assim como encontros, simpósios e seminários, com o objetivo de organizar e regulamentar a capoeira e suas competições. O Mestre Sapo, por sua 10 11

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vez, sempre viajava para esses eventos e sua participação nesse movimento trouxe mudanças para a capoeira ao longo dos anos 70 e início dos anos 80. - Mestre Sapo criou a Associação Ludovicense de Capoeira Angola com o intuito de oferecer uma melhor estrutura física e organizacional à capoeira em São Luís. No depoimento de José Ribamar Gomes da Silva (Mestre Neguinho), nos anos seguintes a 1978, Mestre Sapo, através da referida Associação, na qual era presidente, passou a realizar uma série de competições em São Luís. 1979 Mestre Robervaldo Sena Palhano funda, no bairro da Alemanha, a “Associação Cativos de Capoeira”, com estilo e características próprias, com o objetivo de divulgar e motivar a prática da capoeira; atualmente, possui as seguintes filias e locais de treinamento: São Luís – Mestre Murilo; Paço do Lumiar – Instrutor Genivaldo; Imperatriz – Mestre Miguel; Porto Franco – Instrutora Luiza; Bacabal – Instrutor Fábio; Buriti de Inácia vaz – Instrutor Roberto; Araguaina (TO) – Formado Pessoa; Cachoeirinha (TO) – Instrutor Pedro; Resende (RJ) – Mestre Ricardo; Penedo (RJ) – Mestre Ricardo; Porto Murtinho (MS) – Mestre Robervaldo; Correspondente na Suiça – Aluno URS. - No final dos anos 70, Mestre Sapo, em uma de suas viagens, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília, que o graduou Mestre. Essa graduação não se deu de forma comum, ou seja, através de um Mestre para o seu discípulo, e sim através de cursos e exames para avaliar os seus conhecimentos. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. A adoção do sistema de graduação para a capoeira foi um fenômeno comum nos anos 70 influenciado pelas artes marciais do oriente.

DÉCADA DE 1980 1981 realizado o 1° CAMPEONATO MARANHENSE JUVENIL DE CAPOEIRA CLÁSSICA): Capoeira clássica juvenil terá campeonato dia treze A SEDEL, juntamente com a Federação Maranhense de Pugilismo e ALCA, Academia Ludovicense de Capoeira Angola, estarão promovendo na próxima quarta-feira, dia 13 de maio, no Ginásio Costa Rodriguas, o 1° CAMPEONATO MARANHENSE JUVENIL DE CAPOEIRA CLÁSSICA, em comemoração ao aniversário da Abolição da Escravatura. Poderão participar quatro componentes e mais um técnico em cada representação. A competição começará às 20 horas e membros do Conselho Técnico de Capoeira farão o julgamento dos participantes da competição. (O Imparcial, 06 maio de 1981). - inserção nos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), tornando realidade um dos principais objetivos do Mestre Sapo.

1982 Morte de Mestre Sapo. Encerra-se um ciclo na capoeira no Maranhão, inciado por ele: [...] poucos dentre [seus] alunos tornaram-se capoeiras de fato, o que é muito comum. Desses que se tornaram capoeira, três discípulos já estavam dando aulas quando do falecimento de Mestre Sapo: Pato (Antônio José da Conceição Ramos), Raimundão (Raimundo Aprígio Mendes) e Neguinho (José Ribamar Gomes da Silva). Enquanto outros alunos ficaram organizando as rodas da Praça Deodoro, a roda de rua mais tradicional da cidade. Dentre eles, Alberto (Alberto Pereira Abreu), Rui Pinto (Rui Pinto Chagas) e De Paula (Francisco de Paula Bezerra). E, assim, a capoeira do Mestre Sapo continuou a ser disseminada por São Luís. Posteriormente, outros alunos começaram a dar aulas, como o próprio Alberto Euzamor e Paturi. (MARTINS, 2005) 12 1985 fundado o Grupo de Capoeira Filhos de Ogum por Mestre Indio Maranhão, na Casa de Minas Mãe Angela. 1987 o Grupo de Capoeira Filhos de Ogum muda de nome para Associação Cultural de Capoeira São Jorge, sob a coordenação do Mestre Indio Maranhão ANOS 90 1990 em 26 de julho é fundada a Federação Maranhense de Capoeira, pelo Mestre Robervaldo Sena Palhano, com as seguintes associações fundadoras: Cativos da Capoeira; Filhos de Aruanda; Capoeira Cordel Branco; Grupo de Apoio à Capoeira. Sua primeira diretoria foi assim constituída: Presidente: Robervaldo Sena Palhano; Vice: Jorge Luis Lima de Sousa; Primeiro Secretário: Roberto Edeltrudes Pinto Cardoso; Segundo Secretário: Antonio Alberto Carvalho. - Após a primeira gestão, assumiram a Federação: Jorge Luis Lima de Sousa e depois Evandro Costa. 12

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– a Capoeira volta aos Jogos Escolares Maranhenses por interveniência de Mestre Robervaldo Sena Palhano, da Associação Cativos de Capoeira; 1997 - A Escola de Capoeira Angola Mandingueiros do Amanhã nasceu em 12 de abril de 1997, no Bairro da Madre Deus. Surgiu a partir de um trabalho voluntário com a capoeira realizado em plena praça pública pelo seu fundador Kleber Umbelino Lopes, o “Bamba”. Na época, foi realizado junto à comunidade um trabalho de “resgate” das raízes culturais com o objetivo de difundir e preservar a filosofia da capoeira de angola e realizar projetos que pudessem beneficiar crianças e adolescentes. Os Mandingueiros do Amanhã vem dedicando seus trabalhos à educação através da capoeira angola com crianças e adolescentes. Essas atividades envolvem a pedagogia do esporte priorizando o resgate da cultura negra e o ensino do respeito entre as pessoas, diz Bamba. A escola encontra-se na Rua Portugal, Praia Grande, desde junho de 2008, e divide o espaço com a Academia de Capoeira Angola Catarina Mina. Os dois grupos dividem o mesmo casarão, sendo que a Escola Mandingueiros do Amanhã ocupa a parte superior do casarão e a Academia de Capoeira Angola Catarina Mina fica na parte inferior do prédio. Bamba criou a “Orquestra de Capoeira Angola Mestre Patinho”, que engloba diversos ritmos maranhenses com o som de berimbaus, e com grande repercussão na mídia local e nacional. E nesse ano, foi aprovado um projeto de Bamba, que leva o mesmo nome da orquestra promovido pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), com patrocínio da Petrobras, idealizado pelo Ministério da Cultura. O “Projeto Capoeira Viva”, que tem se dedicado a fomentar políticas públicas para a valorização e promoção da capoeira como bem constituinte do patrimônio cultural brasileiro, está apoiado na diretriz de política cultural da atual gestão do Ministério da Cultura, encaixou o projeto de Bamba na Categoria de Apoio a Ações Sócio-educativas 1998 - A Escola de Capoeira Angola Cortiço do Abelha, fundada em 11 de julho é uma entidade civil que congrega angoleiros sob a responsabilidade de Júlio Sérvio Coelha Serra, o “Abelha”. Criado no bairro da Madre Deus, o Cortiço tem como referência a preservação dos aspectos culturais, filosóficos e sociais que envolvem a capoeira angola, referência esta, seguida do ensinamento do Mestre João Pereira dos Santos ou "João Pequeno de Pastinha", o qual foi o grande tutor que batizou a escola. A escola teve vários endereços no Centro Histórico, na Rua João Vital de Matos, no Beco da Pacotilha e atualmente, no Casarão do Saber, sendo que este último também agrega outras atividades culturais em um mesmo espaço. O Cortiço do Abelha tem 66 A A escola teve vários endereços no Centro Histórico, na Rua João Vital de Matos, no Beco da Pacotilha e atualmente, no Casarão do Saber, sendo que este último também agrega outras atividades culturais em um mesmo espaço. O Cortiço do Abelha tem 66 A escola já foi considerada academia de capoeira, mas mudou para escola por ser mais educacional no sentido de preservação dos fundamentos. desenvolvido trabalhos em outras escolas da Europa, mais precisamente em Itália, na cidade de Milão, Torino e Palermo, França na cidade de Perpignan e Holanda em Amsterdã, Leiden, Maastricht e Helmond, na Suíça, em Basel; Bélgica, em Bruxelles; França, em Lille; e na Itália, Milão, por meio de workshops e oficinas com outros grupos. Aqui no Brasil, Abelha já ministrou oficinas e workshops em Belém, Fortaleza, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Teresina. Além das aulas e fundamentos da capoeira angola, Abelha fabrica e comercializa instrumentos com outros grupos no exterior, sendo que o mais solicitado é o berimbau decorado com a ajuda de um pirógrafo, instrumento elétrico que serve para decorar o berimbau. Abelha criou o chamado berimbau do futuro, um berimbau constituído em três partes, facilitando o transporte do instrumento sem grandes riscos de danificação. 1999 - Escola de Capoeira Angola Acapus recebeu este nome em homenagem a uma árvore, da qual partiu a sigla ACAPUS, cujo significado é Academia de Capoeira Angola Pequeno Urucum da Senzala. Fundada em 09 de Setembro de 1999, na Rua dos Acapus bairro Renascença, mudou-se para um prédio na Rua Portugal, Praia Grande no Centro Histórico e seu responsável é Luís Augusto Lima, conhecido como “Senzala”, pelo seu estilo de jogo. Senzala pratica capoeira há vinte anos. Trabalhou em projetos sociais como: Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) e, atualmente, pretende levar as aulas de capoeira para dentro dos quilombos maranhenses. A Escola de Capoeira Angola Acapus possui convênio com uma academia de capoeira na Europa (Associação na Espanha – Murcia), onde alunos mais avançados da escola de São Luís ministram aulas fora do Brasil. - Mestre Abelha realiza 1ª Clinica de Capoeira Angola em São Luis do Maranhão com a presença do meu Mestre, Jõao Pequeno e a sua neta Nane. ANOS 2000 2000 NASCIMENTO DE MORAES. VENCIDOS E DEGENERADOS. 4 ed.São Luís : Cento Cultural nascimento de Moraes, 2000 - Fundada em maio a Associação Nação Palmares de Capoeira; vem desenvolvendo um trabalho forte na capital e em várias outras cidades do Estado. Principalmente na Baixada Ocidental maranhense, onde se concentra a maioria de suas unidades de ensino. Fundada através da união de oito professores e contramestres, atualmente sob a coordenação geral do Contra-Mestre Jota Jota, a Nação Palmares de Capoeira atravessou as fronteiras do Estado e do país se instalando na França, na Bélgica. Núcleos no Maranhão: Barreirinhas (Formado: Feiticeiro); Paulino


Neves (Formado: Feiticeiro); São Mateus (Estagiários: Cinô e Paturi); Viana (Formado: Zequinha); São João Batista (Formado: Zequinha); Pindaré-Mirim (Formado: Ventania). - A Academia de Capoeira Angola Catarina Mina surgiu como projeto da Companhia Catarina Mina. Instituição sem fins lucrativos, de caráter sócio-cultural e educacional, localizada em um casarão na Rua Portugal, morada 302, Praia Grande. Foi fundado pelo professor de capoeira e dançarino popular Ivan Madeira e pela arteeducadora e dançarina popular Zayda Costa. De acordo com Ivan Madeira, o Catarina Mina tem desenvolvido vários trabalhos de “resgate” da cultura popular maranhense. Desde sua abertura, a capoeira já estava nos planos da Companhia, mas ainda não desenvolvia atividades nesta modalidade em decorrência da parceria com outra academia de capoeira angola, o Cortiço do Mestre Abelha. Em 2004, a Capoeira Angola foi incluída no quadro das oficinas da Companhia, passando a denominar-se “Escola de Capoeira Angola Catarina Mina” dirigida pelos professores Luciano Serra “Caracol” e Carla Lima “Índia”. O grupo de capoeira Catarina Mina desenvolve, concomitantemente, oficinas com confecções de instrumentos, e já realizou oficina de capoeira com grandes personalidades da Capoeira Angola aqui na cidade, que foram a I e a II Oficina Catarina Mina de Capoeira Angola trazendo Mestre Valmir (FICA – Fundação Internacional de Capoeira Angola), Mestre Jogo de Dentro (Grupo de Capoeira Semente do Jogo de Angola) e Mestre Poloca (Grupo Nzinga de Salvador). 2001 VAZ, Leopoldo Gil Dúlcio. O LÚDICO E O MOVIMENTO NO MARANHÃO. Lecturas: Educacion Física y Deportes - Revista Digital. Buenos Aires, v. 7, n. 37, jun. 2001. - VAZ, Leopoldo Gil Dúlcio. - LE LUDIQUE ET LE MOUVEMENT AU MARANHÃO/ O lúdico e o movimento em Maranhão (Brasil). Disponível em www_capoeira-infos_org Le Ludique et le mouvement au Maranhão.htm 2002 SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: DINÂMICA E EXPANSÃO NO SÉCULO XX DOS ANOS 60 AOS DIAS ATUAIS. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002 - AZEVEDO, Luis Augusto R. A DIVERSIFICAÇÃO DA CAPOEIRA E DESENVOLVIMENTO, HISTÓRICO DA ABADÁ-CAPOEIRA DE (SÃO LUIS – MARANHÃO). http://www.flogao.com.br/augustoabadacapoeira/84044433 - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Ponta Grossa - Pr, 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa : UEPG, 2002. Publicado em CD-ROOM.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO – A CAPOEIRA. IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, REVISTA ELETRÔNICA, Volume 05, Número 01, jan/jun/2002. www.cefetma.br/revista 2003 SANTOS, Darliete Barbosa. ESCOLA DE CAPOEIRA ANGOLA MANDIGUEIRA DO AMANHÃ: UMA PERSPECTIVA DE CIDADANIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BAIRRO DA MADRE DE DEUS. São Luís, 2003 (Monografia para o grau de Licenciatura em Educação Artística) Universidade Federal do Maranhão.

2005 BRITO, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS, monigrafia de graduação em Educação Física orientado pelo Prof° Drdo. Tarciso José Melo Ferreira. - PIMENTA, Eli. CAPOEIRA EM SÃO LUIZ DO MARANHÃO. In JORNAL DO CAPOEIRA, acessado em 26 de abril de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. Jornal do Capoeira Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM E A GUARDA NEGRA: Parte I. Jornal do Capoeira - Edição 52 - de 4/dez a 10/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+e+a+guarda+negra+parte+i - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM, GUARDA NEGRA & ISABELISMO: Parte II. Jornal do Capoeira Edição 53 de 11/dez a 17/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+guarda+negra+isabelismo+parte+ii - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM, GUARDA NEGRA & O FUZILAMENTO DO DIA 17 : Parte III. Jornal do Capoeira Edição 54 de 18/dez a 25/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+guarda+negra+o+fuzilamento+do+dia+17+parte+iii


- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. Jornal do Capoeira Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGADA DOS HOMENS & A CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - MESTRE BAMBA, do Maranhão. Jornal do Capoeira - Edição 41: 8 à 14 de Agosto de 2005 http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pungada+dos+homens+a+capoeiragem+no+maranhao - CORRÊA, Dinacy. GALERIA DE ANÔNIMOS ILUSTRES (MESTRE BAMBA). In JORNAL PEQUENO, São Luís, Sábado, 14 de junho de 2005, p.8. www.jornalpequeno.net - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PESQUISA: A CAPOEIRA NA ECONOMIA. Jornal do Capoeira - Edição 40: 2005 http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pesquisa+a+capoeira+na+economia - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A PUNGA DOS HOMENS - CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+punga+dos+homens++capoeiragem+no+maranhao - HAICKEL, Marco Aurélio. BREVES OBSERVAÇÕES SOBRE TAMBOR DE CRIOULA. Jornal do Capoeira Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/breves+observacoes+sobre+tambor+de+crioula - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. AINDA SOBRE A PUNGA DOS HOMENS – MARANHÃO. Jornal do Capoeira Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/ainda+sobre+a+punga+dos+homens+-+maranhao -

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+no+maranhao

-

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA NO MARANHÃO http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao+-+parte+ii. -

NO

MARANHÃO. -

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA NO MARANHÃO - ANGOLA OU http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao+-+angola+ou+regional+

PARTE

II.

REGIONAL.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - PARTE IV - CAPOEIRA ANGOLA. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+no+maranhao+-+parte+iv+-+capoeira+angola - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. PARTE V - "CAPOEIRA REGIONAL". http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao 2006 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. In X CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER, EDUCAÇÃO FÍSICA E DANÇA, e II CONGRESO LATINOAMERICANO DE HISTÓRIA DE LA EDUCACIÓN FÍSICA. Curitiba-PR, 30 de maio a 04 de junho de 2006, ANAIS: UFPR, 2006... - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ARTUR EMÍDIO E A CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO. IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 9, Número 01, jan/jun/2006 www.cefet-ma.br/revista

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO (A) - “PUNGA DOS HOMENS” - IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA,Volume 09, Número 02, jun/dez 2006 www.cefet-ma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES: Nassau atacou os Palmares! IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 9, Número 01, jan/jun/2006 www.cefet-ma.br/revista - GOUVEIA Poliana Coqueiro. A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO: O Projeto “Mandigueiros do Amanhã” como exemplo de inclusão social (1995 a 2002). Monografia apresentada ao curso de História da Universidade Estadual do Maranhão, para obtenção do titulo de Licenciada em História. Orientador: Prof. Ms. Paulo Roberto Ribeiro Rios. http://www.outrostempos.uema.br/curso/monopdf2006/monopoliana.pdf - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L . RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006. http://atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf


- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O VÔO DO FALCÃO. Jornal do Capoeira - Edição 74 - de 21 a 27 de Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/o+voo+do+falcao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CAPOEIRA NOS CONGRESSOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA. Jornal do Capoeira - Edição 73 - de 14 a 20 de Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/a+capoeira+nos+congressos+de+historia+da+educacao+fisica+es portes+lazer+e+danca - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES. Jornal do Capoeira - Edição 71 - de 30/Abril a 06/Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/os+holandeses+e+os+palmares - PEREIRA, Irapuru Iru. CAPOEIRA EM CONSTRUÇÃO: Sobre a construção coletiva da capoeira do "Grupo Angoleiros da Barra" - GABA - Maranhão, que conta com a participação especial dos Índios Guajajaras. Jornal do Capoeira Edição 69 de 16 a 22 de Abril de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+em+construcao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DAS TRADIÇÕES & CAPOEIRA E CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. Jornal do Capoeira Edição 64 de 12 a 18/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/atlas+das+tradicoes+capoeira+e+capoeiragem+no+maranhao - PEREIRA, Irapuru Iru. E A CORDA, QUEM INVENTOU? Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/e+a+corda+quem+inventou+ - PEREIRA, Irapuru Iru. ANGOLEIROS DA BARRA. Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/angoleiros+da+barra - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DA CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO: Conversando com Antônio José da Conceição Ramos, o MESTRE PATINHO. Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/atlas+da+capoeiragem+no+maranhao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ANGOLEIROS EM BARRA DA CORDA (MA). Jornal do Capoeira - Edição 59 - de 05 a 11/Fev de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/angoleiros+em+barra+da+corda+ma+ - assume a Federação Maranhense de Capoeira -“gestão volta ao mundo” – como Presidente: Murilo Sérgio Sena Palhano (988806 54 89); Vice: Cláudio da Conceição Rodrigues; Primeiro Secretário: José Antonio de Araújo Coelho; Comunicação Social: Genivaldo Mendes; Diretor Técnico: Juvenal dos Santos Pereira; Tesoureiro: Márcia Andrade Sena Palhano; Diretor de Arbitragem: Jorge Luis Lima de Sousa. Associações filiadas: Cativos da Capoeira; Filhos de Aruanda; Jeje Nagô; Mara Brasil; Amarauê; Art Brasil; Sheknah. 2007 A Associação Maragñon Capoeira nasceu na comunidade de Pedrinhas "zona rural de São Luís" através do Mestre Ribaldo Branco que percebeu a falta de políticas públicas na comunidade que lhes proporcionasse uma opção de esporte, cultura e lazer. O grupo Maragñon surgiu através do Mestre Ribaldo Branco, com a finalidade educativa após ter observado um grande vazio que existia entre as crianças, jovens e adolescentes da comunidade do bairro de Pedrinhas. Hoje vem buscando cada vez mais o conhecimento e educação de todos para que possa divulgar o seu grande trabalho. O primeiro trabalho do grupo foi realizado no pátio da escola do bairro com o intuito de divulgar mais e mais a arte da capoeira.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CAPOEIRA NO/DO MARANHÃO: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 10, Número 01, jan/jun/2007 www.cefet-ma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 10, Número 02, jul/dez/2007 www.cefetma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA (GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... WEBARTIGOS\Capoeira (Gem) em São Luis do Maranhão.htm 2008 MENEZES, Giselle Adrianne Jansen Ferreira de. A INDÚSTRIA CULTURAL DA CAPOEIRA ANGOLA NA CIDADE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO. REVISTA CAMBIASSU, Publicação Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA - ISSN 0102-3853 São Luís - MA, Ano XVIII, Nº 4 - Janeiro a Dezembro de 2008.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 11, Número 01, jan/jun 2008 www.cefet-ma.br/revista


- primeiro CD de capoeira do estado, intitulado de ‘Capoeira do Maranhão – Mestre Patinho’, com sete faixas de sua autoria e mais seis de grupos da Escola de Capoeira Angola do Laborarte. 2009 PEREIRA, Roberto Augusto A. RODA DE RUA: MEMÓRIAS DA CAPOEIRA DO MARANHÃO DA DÉCADA DE 70 DO SÉCULO XX. São Luís: EDUFMA, 2009.

2010 PEREIRA, Roberto Augusto. O MESTRE SAPO, A PASSAGEM DO QUARTETO ABERRÊ POR SÃO LUÍS E A (DES)CONSTRUÇÃO DO “MITO” DA “REAPARIÇÃO” DA CAPOEIRA NO MARANHÃO DOS ANOS 60, revista Recorde: Revista de História do Esporte Volume 3, número 1, junho de 2010 - 11 e 12 de setembro de 2010, 1 INTERCAMBIO INTERESTADUAL DE CAPOEIRA DO MARANHÃO com as presenças dos mestres: Marcão (CE), Sabiá (BA), Jabiraca (PI) e Beto (PA), e também a presença de vários mestre maranhenses. Durante o evento ocorreu varias oficinas, intercambios, roda de mestres e professores.

2011 - BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIOCULTURAIS. In III ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS - CULTURA & SUBJETIVIDADES – Processos e Conexões. São Luís – 16 a 18 de novembro de 2011. Mesa redonda 1: CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIO-CULTURAIS – debatedores: Leopoldo Gil Dulcio Vaz (IHGM); Alberto Greciano (Univ. Autonóma/ES); Bruno Pimenta (PGCult); Gabriel Kafure (Crisol/UFMA). AUDITÓRIO DO JORNAL O IMPARCIAL. - 16 e 17 de julho 1º. ENCONTRO DE BAMBAS DA CAPOEIRA NO MARANHÃO. - 20 setembro I CAMPEONATO DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO, I Jogos Especiais de Capoeira, IV Encontro Maranhense das Entidades, Apoio: Prefeitura de São Luís/ Secretaria Municipal de Desporto e Lazer (Semdel); Entidades: Abadá-Capoeira; Escolinha da Semdel; Programa PPD (Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social) CDPAE; AMA; Pestalozzi; Associação São Benedito (Bairro de Fátima); Escolinha Comunitária Cazulo (João de Deus); Escolinha do Ipase (Vila Cristalina e Japão); Escola Nossa Senhora de Aparecida (Monte Castelo); Programa Escola de Vida; Unidade Integrada Julio de Mesquita; Unidade Integrada Ercilda Ramos; Unidade Integrada Helena Hantipoff; Unidade Integrada Arnaldo Ferreira;


Organizador: Luís Augusto Rabelo. Fonte: http://kamaleao.com/saoluis/1512/i-campeonato-de-capoeira-desao-luis-do-maranhao#ixzz2jcIzMSPp

2012 - SILVA, Adalberto Conceição da (Zumbi Bahia); e SANTOS FILHO, José Alípio Assis dos. A RELIGIOSIDADE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO. IN REVISTA SAPIENTIA. Edição IV, vol IV, nº 4, ano 3. abril/2012. - VAZ, Delzuite Dantas Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – A CARIOCA. in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGA MALGACHE? in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - VAZ, Delzuite Dantas Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO CAPOEIRO EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - Na capital maranhense existem vários grupos de capoeira, atuais, onde o estilo é variado, porém a modalidade predominante ainda seja o de Angola, entre as associações existentes que se pode citar: Associação de Capoeira Angola Maré de Chão – Marinheiro Academia Companhia do Corpo Centro de Treinamento Herança Brasil Capoeira Associação Grupo "K" de Capoeira Associação Cultural de Capoeira São Jorge Centro Cultural Arte de Capoeira Escola Tradicional de Capoeira Angola - Grupo Brinquedo de Angola Escola de Capoeira Angola do Laborarte Grupo Comunitário Semente da Esperança Grupo de Capoeira Nova Vida Grupo de Capoeira Filhos de Ogum Grupo de Capoeira Irmãos da Beira-Mar de Angola (SILVA; SANTOS FILHO, 2012) 13. - A Secretaria de Estado da Cultura (Secma) apresenta projeto contemplado no Edital Universal de Apoio à Cultura, na categoria Artes Populares, denominado "Capoeira Angola: Arte e Cultura", representado por Júlio Sérvio Coelho Serra, conhecido como Mestre Abelha. O projeto visa inserir os jovens na cultura capoeirista, tendo como públicos-alvo adolescentes acima de 15 anos. Segundo Mestre Abelha, o projeto tem como objetivo redirecionar os adolescentes ao livrá-los do ócio, das más companhias e ambientes propícios à violência, os levando aos caminhos da capoeira. O Mestre enfoca a importância de um projeto como tal preocupado em recuperar a educação não recebida por esses jovens no ambiente familiar. Como parte da programação do projeto "Capoeira Angola: Arte e Cultura" estão aulas práticas e teóricas de Capoeira Angola, oficinas musicais e de Berimbal, confecção dos instrumentos Caxixi, Berimbau, Baqueta e Reco-Reco, Exibição de filmes e documentários sobre a Capoeira Angola, além de avaliação a aplicação de texto sobre a História do Brasil e do Negro na Capoeira Angola. O programa disponibiliza ao aluno todo o material didático necessário para as atividades, além de lanches para os adolescentes. 2013 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dants Brito. A CARIOCA. in III SIMPOSIO DE HISTORIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA, Grupo de Pesquisa, Diretório CNPq - Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO), São Luis, UEMA, 2013.

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SILVA, Adalberto Conceição da Silva (Zumbi Bahia); SANTOS FILHO, José Alípio Assis dos. A RELIGIOSIDADE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO. REVISTA SAPIENTIA. Edição IV, vol IV, nº 4, ano 3. abril/2012.


- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dants Brito. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868 in III SIMPOSIO DE HISTORIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA, Grupo de Pesquisa, Diretório CNPq - Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO), São Luis, UEMA, 2013 - VAZ, Delzuite Dants Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – A CARIOCA. In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p. 67-78. ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES – International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGA MALGACHE? In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p.173-202, ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES – International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - VAZ, Delzuite Dants Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO CAPOEIRO EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p. 203-208, ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES – International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - MESTRE PATINHO – CAPOEIRA – Jogo e Fundamento. Documentário sobre a Capoeira: MESTRE PATINHO – o novo no velho sem molesdtar raízes. DVD. 2013 - 22 a 24 de outubro SEMINÁRIO RODA DE CONVERSA COM QUEM ENTENDE DA HISTÓRIA - Projeto de Extensão A Capoeira como elemento formador do indivíduo, do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Maranhão, UFMA no Auditório Mário Meirelles (Auditório A), do Centro de Ciências Humanas, CCH. O objetivo do evento é compartilhar com a Universidade e o público o conhecimento dos antigos mestres que começaram a jogar capoeira há aproximadamente 50 anos, com a presença do mestre Patinho, do grupo Laborarte; presentes o mestre Paturi, da Associação Capoeira Angola do Maranhão e mestre Zumbi Bahia, que é considerado patrimônio Imaterial da Humanidade, da Oficina Afro; encerramento com a presença dos mestres Manuel Peitudinho, Curador e Jacaré. Os organizadores do evento são: o aluno do curso de Ciências Sociais da UFMA, Washington Luiz, e o professor do Departamento de Sociologia e Antropologia, Cláudio Zanonni. Segundo Washington Luiz, todos os mestres que estarão no Seminário, com exceção do mestre Zumbi Bahia, foram formados pelo mestre Sapo, que chegou a Maranhão em 1966 e é considerado uma referência da Capoeira no Maranhão. http://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=42445

- VI ENCONTRO NACIONAL DE CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO - Assoc. Cultural de Capoeira São Jorge comemorando seus 26 Anos de existencia sob a coordenação do Mestre Indio Maranhão tem a honra de convidar todos os Mestres e seus discípulos para o VI Encontro Nacional de Capoeira em São Luis do Maranhão que será realizado nos dias 29, 30 de Nov e 01 de Dez de 2013. - início previsto do CURSO DE CAPACITAÇÃO DE MESTRES DE CAPOEIRA DO MARANHÃO; parceria da Fundação Cultural de São Luis – FUNC /Fórum Permanente da Capoeira no Maranhão /UFMA/NEPASDEF; nasceu de um desafio feito pelo NEPAS ao Fórum da Capoeira em 2008; ao longo destes anos este curso foi discutido e enriquecido com ideias e propostas. Curso ministrado a 25 mestres, previamente escolhidos em reuniões do Fórum da Capoeira. https://www.facebook.com/CapoeiraMaranhense/posts/475531545825676 http://saojorgerj.blogspot.com.br/ http://www.corticodoabelha.com/br/Site_2/Biografia.html


2014 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O CHANSON/SAVATE INFLUENCIOU A CAPOEIRA? XIII Congresso Brasileiro de História do Esporte, Lazer e Educação Física. Londrina-Pr, 19 a 22 de agosto de 2014. Anais... 2016 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A MARINHA E A CAPOEIRAGEM. Revista NAVIGATOR, vol. 23 – Dossiê


CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM AÇAILANDIA

1996 o introdutor da Capoeira em Açailândia foi Roberth Francisco de Sousa Cruz (Piabão); vem fazendo, desde então, um trabalho de divulgação da modalidade junto às crianças de várias escolas locais; 1997 outubro Piabão representou Açailândia na cidade do Rio de Janeiro. [Nascimento informa, em seu livre, a pág. 147, quando se refere à introdução da Capoeira, que esta é “uma modalidade esportiva que surgiu na Bahia, em 1649. Naquela época, Vicente Ferreira Pastinha juntou-se em uma capoeira com os negros africanos que vieram para o Brasil, fazendo uma luta disfarçada de dança, para defender suas colônias e aldeias. Daí originou-se a dança Abada-Capoeira e a Maculelê.”.]. Fonte: NASCIMENTO, Evangelista Mota. AÇAILÂNDIA E SUA HISTÓRIA. Imperatriz: Ética, 1998


CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM BACABAL 1974 o professor João José da Silva Montou uma academia de capoeira na Praça Silva Neto no centro da cidade de Bacabal. Capoeirista por opção e Engenheiro Agrônomo de profissão, trabalhava na empresa EMAPA e em suas horas vagas ensinava a arte da capoeira. Com o decorrer dos anos a academia deixou de existir. 1979 inaugurado o Centro Social Urbano de Bacabal (CSU); entre suas atividades educativas incluía-se a capoeira, com as aulas ministradas por João José, único professor de capoeira, e contratado para ministrar aulas de capoeira neste Centro, o ensinamento ocorreu sem problemas nos anos que se seguiram. 1980 surgimento do Grupo de Capoeira Escravos de Angola, do Sr. Roberto (?). O grupo tinha 08 pessoas que treinavam na casa do Instrutor Roberto, que ficava na Rua Osvaldo Cruz, enfrente a fábrica do Café Bacabal. O principal objetivo do grupo era compor músicas, tocar, cantar e fazer farra nas suas apresentações; participaram do ultimo Festival de Musica Popular de Bacabal. 1981 chegou de São Luis – MA o Sr. Almir dos Santos, aluno de Capoeira do Professor Neguinho, que na época ensinava nos Centros Sociais Urbanos de São Luis. Chegando a Bacabal se instalou na casa de sua avó, na Rua da Mangueira, e com o passar do tempo começou a ensinar capoeira aos seus vizinhos e conhecidos no quintal da casa. Foi então que veio a conhecer o professor João José que através do mesmo veio também a ser contratado para ensinar capoeira auxiliando-o no Centro Social Urbano de Bacabal. 1982 chegava a Bacabal o senhor Mariano Pereira Lopes, baiano, Se instalou na casa de seus pais e começou a por em prática a sua experiência na arte da capoeira, tentando formar grupos de capoeira na cidade e assim permaneceu por vários anos, mas devido a seu péssimo gênio não chegou a lugar algum com seus grupos. 1984 por um tempo os mestres locais se ausentaram da capoeira em Bacabal; neste período, os discípulos destes professores formaram o Grupo de Capoeira CORDÃO DE OURO, composto por quatro pessoas: Antonio dos Reis Machado, Arapoã Evangelista Lopes, Iralde Ferreira da Costa, e Isabela da Silva. Realizaram várias apresentações de Capoeira pela cidade, com a intenção de divulgar o esporte. Mais tarde o grupo fora desarticulado por falta de estrutura e apoio das autoridades. Algum tempo depois alguns capoeiristas deste grupo se destacaram com trabalhos individuais dentro e fora da cidade, como foi o caso de Antonio dos Reis Machado – Mestre PINTA - que fundou a Escola de Capoeira Zâmbi, na Rua 10, casa 74, Bairro Vila São João e Iralde Ferreira da Costa – BIRIMBAL - que após ter tentado fazer alguns trabalhos em Bacabal, como o caso do grupo que montou no pátio do Colégio Nossa Senhora dos Anjos e em sua casa que durou pouco tempo por causa de sua profissão que o obrigava a viajar muito, em dessas viagens parou na cidade de Paulo Ramos – MA onde fundou o grupo SUCURI, que mais tarde veio para Bacabal ficando localizado no G.N.P.R., mais durou pouco tempo fechando suas portas após pouco mais de um ano. - O Grupo de Capoeira Zâmbi surgiu com a finalidade de difundir e divulgar a cultura e a arte da defesa pessoal, a capoeira. Nesta época, os treinamentos eram realizados no campo do Conjunto Habitacional Aracati, nos horários das 16:00 às 18:00, todos os dias; era constituído de 14 pessoas. O grupo durou cerca de um ano e se extinguiu temporariamente. 1985 ressurgimento do Grupo Zâmbi, no bairro da Areia, com sede provisória no CSU sendo o instrutor Antonio dos Reis Machado convidado pela senhora Maria José “ZEZE,” diretora na época do CSU, para que ele ensinasse capoeira no Centro. O grupo tinha 20 integrantes e resistiu por um período de seis meses, quando então o instrutor precisou viajar, assim sendo o grupo se extinguiu por mais um período. 1986 - retomada do Grupo Zâmbi, no Clube Recreativo Icaraí, quando Antonio dos Reis Machado foi convidado pela diretora do clube a lecionar capoeira juntamente com os professores de ginástica e karatê. O programa da instituição durou pouco tempo e também por motivos particulares, como emprego, viagens o instrutor teve que abandonar por mais algum tempo o ensino da capoeira. 1987 18 de janeiro - O Grupo de Capoeira Zâmbi volta nesse ano, agora com mais experiência e maturidade, e inaugura sua sede oficial, no antigo Clube Imperial na Rua 10, Casa 74, Bairro Vila São João. A inauguração foi feita pelo Grupo Cordão de Ouro, constituído pelos srs: Almir dos Santos, Iralde Ferreira da Costa, Arapoã Evangelista Lopes, Mariano R. Sousa e Antonio dos Reis Machado – PINTA -, na função de Instrutor e Coordenador geral do grupo. Na época o grupo contava com 15 participantes que divulgavam a capoeira em Bacabal. - participação no aniversario do Frei Evaldo, Diretor do Colégio Nossa Senhora dos Anjos. O grupo se apresentou no palco do auditório do CONASA com a participação de vários alunos da escola que aproveitaram para homenagear o seu diretor. - Abril - Após quatro meses de treinamento, participaram da “1ª AMOSTRA DE CAPOEIRA DO MARANHÃO“ no Ginásio Costa Rodrigues, com o objetivo principal de mostrar qual dos grupos de capoeira se apresentava melhor no Jogo Regional e Angola. - Agosto, 21 e 22 - a primeira apresentação do Grupo Zâmbi, em Bacabal, durante a EXPOABA; a Terceira Roda Aberta de Capoeira de Bacabal; houve outra apresentação no pátio do Colégio Nossa Senhora dos Anjos; com ajuda da Prefeitura de


Bacabal foram trazidos vários integrantes dos Grupos de Capoeira Aruandê, e Cascavel, de São Luis, com a participação da Casa de Cultura de Bacabal. - Agosto, 29 o Grupo de Capoeira Zâmbi participou do 3º MOVIMENTO PRÓ CAPOEIRA DO MARANHÃO que se realizou no Teatro Itapicuraíba, no bairro do Anjo da Guarda, em São Luis – MA. O evento foi coordenado pelos grupos de capoeira Aruandê e Filhos de Aruanda, com a participação do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN). - setembro, 27 - o Grupo de Capoeira Zâmbi integra-se oficialmente ao movimento negro em Bacabal, patrocinado pelo GNPR - Grupo Negro Palmares Renascendo. O evento aconteceu na Praça Chagas Araújo, onde teve várias apresentações culturais como: “a canga”, peça teatral realizada pelo grupo de teatro de São Luis, bumba-meu-boi de Piratininga, afoxé pelo grupo local “Geafro”, show de musica com o cantor Negro Hamilton do CCN, e capoeira pelos Grupos de Capoeira Zâmbi e Sucuri, de Bacabal, e Raízes de Palmares, de São Luis – MA. outubro - convidado a participar dos Festejos de São Francisco, no Povoado do Copem, no município de Bacabal; o grupo se apresentou no dia 30 no salão de festas do povoado, onde o instrutor falou da importância da capoeira na comunidade. - primeiro evento oficial, o 1° TORNEIO DE CAPOEIRA CLASSE EXTREANTES, que aconteceu entre os primeiros integrantes do grupo, onde se destacaram os seguintes alunos: Antonio Carlos da Silva (1° lugar individual, categoria médio juvenil), Antonio Carlos Andrade da Silva (2° lugar individual, categoria médio juvenil) e Charles Augusto França (3° lugar individual, categoria médio juvenil). 1994 Em 23 de outubro Associação de Capoeira Zâmbi realiza o 1° FESTIVAL REGIONAL DE CAPOEIRA DE BACABAL, realizado no GNPR, com a participação do Núcleo de Cultura, representantes de Imperatriz e Comissão Julgadora de São Luis, constituído por Mestre Pirrita, Mestre Índio, Mestre Patinho, Mestre Jorge, Mestre Evandro e Mestre Roberval Seno. 1995 em meados de 1995, o grupo se dissipa; motivo: uma discussão entre Mestre Pinta e seu aluno formado Raimundo da Silva Reis, conhecido como Ratinho. Ratinho monta um outro grupo em Bacabal, de nome Aruanda, composto por seus companheiros de treino e seus alunos, para quem já dava aulas nos bairros de Bacabal. O grupo era independente, sem sistema de graduação, e funcionava no GNPR, situado no bairro Madre Rosa. - Outra discussão, desta vez no Grupo Aruanda, faz também o mesmo se dividisse. Os instrutores desta divisão começaram a se filiar com outros grupos de fora, para obterem um sistema de graduação, algo inexistente no grupo que participavam. 2000 dezembro, 19 – é formado o Grupo Escravos Brancos quando Irlan Alves Veloso (Facão) se filiou a este grupo de Teresina – PI, de Mestre Albino. Antes, Irlan treinava na ACZ, hoje é estagiário no grupo Escravos Brancos, e treinam no Clube da AABB, com 45 alunos, ministrados por ele e seus instrutores. 2002 inicio das atividades do Grupo Guerreiros do Quilombo com uma filiação de João Filho (Filão), ex-aluno de Ratinho e Jose Filho Marcos (Marcio), este ex-aluno de Irlan, com o grupo de Delmar (Zumbi) aluno formado por uma junção dele com o grupo Escravos Brancos para obtenção de graduação. O grupo iniciou seu treinamento no Centro Comunitário no Bairro Alto do Assunção; atualmente está instalado na sede provisória do Clube Melhor Idade Anos Dourados, no centro de Bacabal.Conta com 28 alunos; 2005 a Associação de Capoeira Zâmbi, instalada na Rua Santa Terezinha, liderado por Mestre Pinta e seu aluno formado Huston (Caverna), tem alunos espalhados por toda Bacabal, totalizando mais de 80.


CICLISMO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Definições Um encontro comum de todos os que pesquisam a bicicleta como veículo de transporte e de atividade física e esportiva, é com o notável artista e inventor Leonardo da Vinci (1452 – 1519), que viveu no Renascimento italiano. Da Vinci, ao combinar meios de transmissão de força em roldanas, desenvolveu o princípio da corrente que até hoje impulsiona todas as bicicletas. 1790 O conde Méde de Sivrac, da França, que construiu o primeiro veículo movido a duas rodas, dando início efetivo à história da bicicleta, adotando a denominação de celerífero, derivado das expressões latinas celer (rápido) e fero (transporte). Tratava-se de um veículo muito primitivo, em que as duas rodas eram ligadas por uma trave de madeira e movidas por impulsos alternados dos pés sobre o chão. 1816 5 DE ABRIL Surgiu então um aperfeiçoamento por iniciativa do barão alemão Karl Friederich von Drais que adaptou uma direção ao celerífero e demonstrou seu invento, batizado de Draisiana, no Parque de Luxemburgo, em Paris. Com o novo veículo von Drais percorreu o trajeto entre Beaun e Dijon, na França, numa velocidade média de 15 km/h, dando origem, assim, ao primeiro recorde ciclístico da história. 1820, o escocês Kikpatrick McMillan desenvolveu novas soluções para o veículo, adaptando ao eixo traseiro duas bielas, ligadas por barras de ferro que funcionavam como um pistão, acionadas pelos pés. Dessa maneira, era possível girar as rodas traseiras, possibilitando que o condutor tirasse os pés do chão para se movimentar. A partir daí a bicicleta encontrou seu caminho definitivo. Século XIX – SEGUNDA METADE consolidou a bicicleta como veículo de transporte, lazer e prática esportiva. 1885 O avanço de maior destaque foi produzido pelo francês Ernest Michaux e seu filho que aperfeiçoaram o velocípede, introduzindo pedais colocados na roda dianteira. No entanto, o veículo mostrou-se muito pesado para seu propósito. Porém, na França, cresceu o número de entusiastas do novo veículo, sendo necessária a criação de ciclovias na capital, Paris. 1862, finalmente, acontece o impulso industrial do invento: Ernest Michaux consegue fabricar 142 unidades em 12 meses e, três anos depois, sua fábrica já produzia rodas metálicas, às quais se aplicava uma camada de borracha maciça. 1868 Nestas circunstâncias, era inevitável o uso do veículo numa disputa esportiva, o que aconteceu com o inglês James Moore, no Parque Saint Cloud, em Paris, ao vencer a primeira prova masculina com biciclos. 1869, houve outro fato histórico: a realização de uma prova de bicicletas entre Paris e Rouen, na distância de 123 km. - Neste mesmo ano, a bicicleta foi reinventada no Brasil, como em alguns outros lugares: o ciclista brasileiro, Alfredo Dillon, voltando dos Estados Unidos para São Leopoldo Rio – RS trouxe em sua bagagem uma bicicleta chamada de “cavallo de ferro”. Nesta oportunidade, Adolpho Pompílio Mabilde, ao conhecer esse velocípede, modo como então se chamava a bicicleta, resolveu produzir um exemplar do veículo. Para isso, associou-se a Pedro Petersen e ambos montaram uma oficina em Colônia de Santa Cruz-RS (área de colonização alemã), e deram início à produção. 1869, portanto, constitui o marco de memória do uso e fabricação da bicicleta no Brasil. Origens A versão esportiva da bicicleta teve um marco no ano de 1870, na Europa, com a criação em Londres, da primeira agremiação esportiva ciclística: o Pickwick Bicycle Club. 1878, também na Inglaterra, funda-se o Cyclist Touring Club, que relacionou ciclismo, esporte e excursão de lazer, uma tendência hoje ressurgida e se tornando dominante. Século XIX – NO FINAL - o ciclismo – ou velopedismo – já era um esporte popular em várias cidades da Europa e das Américas, incluindo velódromos em Porto Alegre-RS, São Paulo-SP e Manaus-AM, no Brasil. Note-se que tanto o Barão de Coubertin como Santos Dumont eram velopedistas à época e mantinham relações pessoais. Tal versão popular hoje se define por simples passeios em cidades ou estradas, em grupos ou por praticantes individuais, com propósitos de lazer e/ou turismo, como também na feição de atividade física para a saúde. 1896 impulso de maior significado no âmbito esportivo foi a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas. Este evento contou com a participação do ciclismo cujas provas, diferentemente da maioria das modalidades do programa olímpico neste estágio, sofreram poucas alterações. Velocidade, estrada, perseguição e


corrida contra o relógio, provas que estiveram nas primeiras edições do ciclismo, existem até hoje. As inovações, no caso, ocorreram por adições em Olimpíadas posteriores. Assim disposto, as provas atuais olímpicas do ciclismo são 10 masculinas e 8 femininas. GIANNINA DO ESPÍRITO-SANTO. IN DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS D O ESPORTE N O BRASIL . RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006, disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/355.pdf MODALIDADES Prova de Estrada é o tipo mais antigo de competição de ciclismo, existindo em vários formatos, incluindo provas de etapas, eventos de um dia e provas contra o relógio. Prova de resistência individual masculino: 240 km (195km) e feminino: 120 km (70km). Provas contra o relógio masculino: 45km e feminino: 20km. Mountain-bike possui quatro modalidades, mas apenas uma é disputada em Jogos Olímpicos, o cross country, na qual o ciclista que completar primeiro o percurso com diversos obstáculos naturais, vence a prova; masculino: 48,7km e feminino: 31,9km. O Downhill é modalidade mais radical do mountain bike: é a decida de trilhas íngremes, no meio da mata com vários obstáculos embora já esteja sendo praticada em ladeiras de asfalto com vários obstáculos. Velódromo as corridas são disputadas em pista de madeira ou concreto, cobertas de resina, com 250m de extensão e inclinação de 41º nas curvas. Velocidade Pura os atletas com menor tempo vão se classificando em baterias. Masculino e feminino – 200m. Quilômetro contra o relógio é simplesmente uma arrancada até a linha de chegada; masculino: 1000m e feminino: 500m. Perseguição individual apenas dois ciclistas disputam a perseguição, cada um larga de um ponto marcado na metade das retas opostas da pista; vence quem ultrapassar o adversário ou completar o percurso em menos tempo; masculino: 4km e feminino: 3km. Meio Fundo é uma mistura de resistência e velocidade; apenas uma bateria com 30 atletas e a cada três voltas, se marca o sprint; o vencedor é o quem tiver o maior número de voltas no menor tempo, com a maior pontuação masculino – 50km e feminino – 30km. Velocidade Olímpica disputado por equipes com três ciclistas cada uma; vence a equipe que fizer em menor tempo os 1000 metros; apenas homens disputam. Perseguição por equipe quatro ciclistas largam de lados opostos, completando 14 voltas; vence a equipe que terminar primeiro o percurso com três atletas ou aquela cujo terceiro componente ultrapassar o terceiro da equipe adversária; masculino: 4km. Madison é uma corrida de equipes de dois ciclistas que se alternam na pista, enquanto um descansa pedalando no alto, o outro corre em baixo; durante uma hora, as duplas tentam completar mais voltas do que as rivais, pontuando a cada 20 voltas; vence quem somar mais pontos, sendo disputada apenas por homens. Keirin estreou nos Jogos Olímpicos de Sydney, 2000; a modalidade é disputada em oito voltas, com os ciclistas pedalando atrás de uma motocicleta nas primeiras cinco voltas e meia; a moto dita o ritmo da corrida em 25km/h, gradualmente acelera até 45km/h e deixa a pista quando faltam duas voltas e meia para o final; os atletas partem para um sprint final até que o primeiro cruze a linha de chegada. BMX (bycicle moto cross) o bicicross mescla técnicas do motocross e do ciclismo em pistas de barro ou terra, formando um circuito fechado com obstáculos que simulam pequenos morros/montes com ondulações variadas em extensões entre 300 a 420m (campeonatos oficiais), mas podendo ser praticado também em outros ambientes. Esta prova foi incorporada no programa olímpico em 2003, com início marcado para os Jogos de Beijing, em 2008.

NO MARANHÃO 1900 2 de setembro eram iniciadas as atividades da "União Velocipédica Maranhense", com seu velódromo instalado no Tívoli - Bairro dos Remédios, no local onde era o Colégio de São Luís, até pouco tempo -. O ciclismo, que se iniciava em São Luís, era, além de lazer: "...um esplêndido exercícios na educação dos músculos; a ginástica e a esgrimagem, um meio excepcional para desenvolver todo o corpo de forma racional e


completa. Tudo isso era muito importante, e até era um princípio filosófico, porque ensejaria a formação do um corpo bem desenvolvido, proporcional e harmonioso. Para isso, antes de dedicar-se a qualquer gênero de esporte, dever-se-ia procurar educar e desenvolver, por meio de um método de ginástica racional, de um prepara preliminar metódico, os músculos, de cuja rapidez, pujança, resistência e rigidez, um bom atleta não podia prescindir...". (MARTINS, 1989, p. 229-30). Dada à grande aceitação do público, os seus idealizadores tiveram que proceder a novos melhoramentos para maior conforto dos freqüentadores do velódromo. 25 de novembro o velódromo apresentava-se dotado de excelentes arquibancadas de madeira de lei; a pista, melhorada, bem como todas as dependências, sendo instalados restaurante, bar, local para a troca de roupas. Para entrar no Velódromo, era necessário adquirir ingresso, com os preços variando de um 1$000 (gerais) a 2$000 (arquibancadas). Tudo à altura das exigências para a prática do esporte, pois a sociedade marcava presença, para assistir às acirradas disputas dos "bons de pedal". As provas eram realizadas nas distâncias de 800, 1000, 2000, 3000, e até 4000 metros, com os participantes usando pseudônimos, como "Hamlet", "Guarani", "Netuno", Júpiter", "Lilás", "Apolo", "Pimpão", "Rivil", "Velmington", "Ribamar", etc. Os mais renomados nomes do nosso meio social, os jovens do comércio e da indústria, compareciam ao Tívoli, com alguns tomando parte na formação da diretoria; outros, como árbitros: de partida, de chegada, de confirmação, de registro, diretor de corrida, árbitros de raia. Identificavam-se com as competições, Luís Ory, Luís Pereira Santos, José Ribeiro de Farias, José Antônio R. Júnior, Joaquim Maria Serra Martins, Eduardo Sales, e o médico Manoel Vieira. A freqüência feminina era enorme - e incentivada, pois não pagavam ingresso - e dava um toque todo especial de requintada beleza. Como não poderia deixar de ser, lá estava Nhozinho Santos - como era conhecido Joaquim Moreira Alves dos Santos. De acordo com MARTINS (1985, p. 231-32), a participação desse ilustre maranhense amante dos esportes, esteve envolvido na introdução de quase todas as modalidades em nosso estado. Pela primeira vez, depara-se com seu nome envolvido, já, com esporte. Assim, na disputa do dia 19 de dezembro de 1900, no Tívoli, Nhozinho serviu de "Diretor de Corridas", juntamente com outros nomes de destaque, como José Francisco de Sá e Manoel José Vinhaes. 1901 Para MARTINS (1989), "Lamentavelmente já se haviam tornado um hábito, no Maranhão, esses rompantes de fim melancólico. No começo, muito entusiasmo, vamos! vamos! Depois a coisa degringolava e tudo ia por água abaixo. E não foi diferente no caso do Velódromo. Extinguiu-se a União Velocipédica Maranhense, que teve assim, pouca duração. Tentaram-se outras promoções, mas elas tinham deixado de reunir o grande público, como nos áureos tempos. Quando 1901 desabrochou, já encontrou nosso velódromo agonizante...". (p. 232). Passada essa primeira fase e o apego à difusão do "esporte do pedal", a bicicleta, deixou de ser utilizada para a competição, tornando-se uma forma de lazer, pois possuir uma 'máquina" era tarefa afeita às pessoas de boa situação econômica (MARTINS, 1989). SIMÃO FÉLIX 1908 maranhense de Grajaú, onde nasceu em 3 de maio de, praticou o futebol, o basquetebol, voleibol, motociclismo, natação, remo e muitas outras modalidades. Era um autêntico campeão. 1915 Veio para São Luís em 1915, quando tinha 7 anos de idade, localizando-se na Rua da Palma. Largo das Mercês e Quartel da Polícia [onde hoje é o Convento das Mercês]; foram os seus primeiros locais de diversão. Em tais locais, começou a chutar "bola de meia" e aprender a correr, em vista de aproximação dos policiais. Depois do futebol, passou a ser remador. Construiu a piscina do Genipapeiro, em companhia de outros colegas e fez daquele local o seu ponto de recreio. Possuía um bom "yole" e remava com relativa facilidade. Como futebolista, jogava pelo Sírio. - Faltava um guardião para o time da Montanha Russa e Simão, que era bamba no basquete e volei, foi encarregado de guarnecer a cidadela do Sírio. No dia da estréia do grêmio árabe, Simão fez defesas espetaculares, chegando a defender três penalidades. O Sírio venceu o Libertador por 1 x 0. Antonhinho, Simão, Fuad Duailibe, Chafi Heluy, César Aboud, Amintas Pires de Castro, Silva e Jaime também colaboraram bastante. Simão disputou várias partidas pelo Sírio, porém devido a seu estado de saúde deixou de praticar esportes por algum tempo, indo para o interior do Estado. Quando não quis mais jogar como goleiro, João Mandareck estava fazendo misérias no arco, Simão passou a zaga, até a extinção do Sírio, abandonando o futebol. Continuou apenas com a prática da bola-ao-cesto, bola ao ar (volei ?), atletismo, motociclismo, tênis, remo e outros esportes. 1947 Simão Félix deixou de praticar o basquete e o volei em 1947, quando figurou na equipe do Pif-Paf, num campeonato interno organizado pelo Moto Clube. - O crack praticou também o box, tendo disputado uma luta no Éden (cine Éden, onde hoje é a loja Marisa, na Rua Grande) contra um pugilista cearense. - Era louco por corrida de bicicleta e motocicleta.


Como também a pé, demonstrando sempre muita resistência. No lançamento do peso, do disco e do dardo era bamba, o mesmo acontecendo nos 100 metros e no salto em extensão.

1929 eclodiu novo movimento renovador de uso da bicicleta em competição, sob a responsabilidade dos esportistas Zairi Moreira, Carlos Cunha e Menandro Gonçalves, com a criação do "Velo Club". Chegaram a promover alguns treinamentos, inscreveram associados, e promoveram algumas provas isoladas, como a corrida de 7 de setembro de 1929, como parte das comemorações da Independência. A corrida foi do Largo do Carmo à Vila Maranhão, com passagem pela Vila do Anil, uma grande distância em que, além da velocidade, reclamava muita resistência dos concorrentes: Joaquim Leonor, Manoel Santos Castro, Raimundo Raposo, Henrique Gago, Manoel Marçal, Joaquim Sousa e Lázaro Jorge. Os árbitros - Passos Filho e Arnaldo Moreira - acompanharam toda a corrida de automóvel. 1932 De acordo com MARTINS, só se voltou a tomar conhecimento do uso da bicicleta como esporte de competição, com o Ciclo Moto Clube de São Luís; Zairi Moreira estava, outra vez, envolvido ... 1952 23 de dezembro – O COMBATE – CICLISMO – HIPISMO - REGATA - Alcides Franco


Fonte: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ e DELZUITE DANTAS BRITO VAZ. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO IN VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, Ponta Grossa – Paraná (Brasil), 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa-Pr : UEPG, 2002. ( Publicado em CD-Room). Ver, também, “O lúdico e o movimento em Maranhão”, VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. In Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, ano 7, no. 37, junho de 2001, disponível em www.efdeportes.com.


CROQUET LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 1910 25 DE JANEIRO – A PACOTILHA


EDUCAÇÃO FÍSICA / GYMNÁSTICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DELZUITE DANTAS BRITO VAZ Desde o século XVIII, encontram-se propostas precursoras de um tipo de Educação Física que se tornaria em modelo pedagógico para os séculos seguintes: a gymnastica, constituída como um conjunto de exercícios organizados com o objetivo de cuidar do corpo (Finocchio, 2013) 14. Dentre seus precursores temos: Basedow15, que incluiu a ginástica no currículo de sua escola-modelo Philantropinum, em Dessau, Alemanha. Anteriormente ao emprego da ginástica, eram desenvolvidas atividades físicas junto aos alunos do Philantropinum oriundas das práticas medievais, como a equitação, a natação, a esgrima, a dança e os jogos. Posteriormente, seriam acrescidos os exercícios como correr, saltar, arremessar, transportar e trepar, componentes básicos da Ginástica “natural”. (in Finocchio, 2013). Guts Muths16 desenvolveu as regras para as práticas da educação física, introduzindo um sistema de exercícios nas grades escolares, com os princípios básicos da ginástica artística. Em 1793, publicou Gymnastik für die Jugend, o primeiro livro escrito sistematizado da ginástica. Sete anos mais tarde, seu livro fora traduzido para a língua inglesa e publicado, na Inglaterra - onde se tornou referência no meio -, sob o título de Gymnastics for youth: or A practical guide to healthful and amusing exercises for the use of schools. Vieth17 atribuía importância à prática do exercício físico para a formação moral e física do indivíduo e insistia na obrigatoriedade de Educação Física nos âmbitos da escola e da universidade. Afirmando que os exercícios físicos deveriam visar ao aperfeiçoamento completo do corpo humano, os classificava de acordo com as diferentes partes do corpo, em exercícios simples e combinados. Preferia, entretanto, classificá-los em exercícios passivos (exercícios de oscilação, atitudes, fricções e massagens, banho e exercícios de endurecimento) e exercícios ativos, que se dividiam em exercícios para os sentidos e para os membros, como marchar, corridas, exercícios de trepar, saltos, dança, exercícios de tração e de repulsão, lançamentos, lutas, esgrimas, volteios e transporte de fardos, além da patinação, do tiro, da equitação e de jogos diversos. Friedrich Ludwig Jahn18 - pedagogo e ativista político -, por volta de 1809 adotou um princípio educacional realista, e desenvolveu um tipo de ginástica com valorização da luta. Criou aparelhos que se constituíam em representações de obstáculos naturais, o Turnen, que teve grande aceitação da classe dominante, adquirindo caráter 14

FINOCCHIO, José Luiz. A inserção da Educação Física/gymnastica na Escola Moderna – Imperial Collegio de Pedro II (18371889). 2013. 258f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Linha de Pesquisa: História, Políticas e Educação. Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2013.

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Johann Bernard Basedow (1723-1790) como grande admirador de Rousseau, incluiu a ginástica no currículo de sua escolamodelo Philantropinum, em Dessau, Alemanha. À disciplina deu-se o mesmo status das disciplinas intelectuais. Anteriormente ao emprego da ginástica, eram desenvolvidas atividades físicas junto aos alunos do Philantropinum oriundas das práticas medievais, como a equitação, a natação, a esgrima, a dança e os jogos. Posteriormente, seriam acrescidos os exercícios como correr, saltar, arremessar, transportar e trepar, componentes básicos da Ginástica “natural”. (in FINOCCHIO, 2013). 16 Johann Christoph Friedrich Guts Muths (Quedlinburg, 9 de agosto de 1759 - Waltershausen, 21 de maio de 1839) foi um professor e educador alemão. http://pt.wikipedia.org/wiki/Guts_Muths 17

Gerhard Ulrich Anton Vieth (1763-1836) publicou o primeiro de três volumes de sua obra “Ensaios de uma Enciclopédia dos Exercícios do Corpo” (Versuch einer Enzyklopädie der Leibesübungen), Vieth tornou-se o primeiro professor de ginástica a demonstrar a necessidade de se proporcionar ao exercício físico uma base anátomo-fisiológica tendo em vista a sua preparação científica, que lhe permitia compreender e delinear os efeitos biológicos e higiênicos da ginástica, como também estabelecer uma relação de causa e efeito entre a atividade física e as suas influências sobre o corpo. (in FINOCCHIO, 2013). 18 Friedrich Ludwig Christoph Jahn (Lanz, Prússia, 11 de agosto de 1778) estudou teologia e filologia na Universidade de Greifswald. No ano de 1811, sistematizou a prática da ginástica e a transformou em modalidade esportiva. Durante esse tempo, criou as associações Turnwerein – clubes de ginástica - para jovens praticantes e interessados. Por conta disso, é considerado o pai da ginástica. Com o passar do tempo, seus centros foram considerados abrigos de discussões políticas, pois lá se cultivavam a força moral e a exaltação patriótica. Foi influente na organização do movimento de Burschenschaft, que promovia os ideais nacionalistas entre estudantes da universidade alemã. Morreu em outubro de 1852, aos 74 anos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Ludwig_Jahn


militar e patriótico, e constituindo-se em uma primeira forma de instrução física militar destinada as massas, que corresponde às necessidades práticas da burguesia (Rouyer, 1977, citado por Finocchio, 2013) 19. Além de criar aparelhos e novas formas gímnicas, fundou, em 1811, o primeiro ginásio ao ar livre de Hasenheide, Berlim. Daí nasceu o termo "Turnkunst" pelo qual ele substitui a palavra "Gymnastik". A ginástica de Jahn, com um conteúdo mais social e patriótico, rapidamente superou as ideias pedagógicas de Guts-Muths, tendo por objetivo formar homens fortes para defender a pátria 20. Embora já houvesse várias formas de ginástica, acrescentou aos exercícios já conhecidos, as barras e a barra alta. Para Coertjens, Guazzdelli e Wasserman (2004) 21 a utilização dos ‘turner’ entre o discurso nacionalista e a prática esportiva nos pequenos estados que, anos mais tarde, formaram o Estado alemão: “[...] Nesse período, as noções de unidade pátria e povo foram idealizadas, entre outras coisas, através do esporte. Isso aconteceu com o objetivo de fomentar a resistência ‘alemã’ contra as invasões napoleônicas e, mais tarde, intensificar o processo de unificação do Estado alemão. Considerava-se que o exercício físico regular contribuía para o processo de disciplinalização e militarização da sociedade, principalmente, dos jovens. Esse ponto de vista ficou conhecido sob o nome de ‘Turnen’, ‘ginástica’, inserindo-se perfeitamente o esporte num contexto social e político mais complexo.”

A ginástica (turnen) se transforma em uma escola de patriotismo, educação para se preparar para a guerra de libertação; seu curso visava o "despertar da identidade nacional" (construção de uma nação). John Locke (1632-1704) 22, um dos mais importantes teóricos do liberalismo, sintetiza suas concepções educacionais: formação do gentleman e dos “sem propriedades”. A educação dos que possuem a propriedade privada e posses deveria ser feita por preceptores capacitados e cultos, em local aprazível e com boas condições higiênicas, com ênfase nos saberes clássicos e na preparação do jovem como bom administrador dos negócios da família, para assumir posições de comando no estamento estatal e na guerra. Aos “despossuídos” de bens cabia uma educação fundamentada na religião e nas artes manuais, capacitando-os para o trabalho (citado por Finocchio, 2013) 23 . Para a nobreza e a burguesia, propõe uma escola da vida, que se afaste da escolástica, ainda presente nas Universidades. Diz que o fundamento de uma boa educação está no desenvolvimento da civilidade, dos bons costumes, na formação da personalidade, no equilíbrio entre caráter e inteligência. À educação física, retomando o

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FINOCCHIO, 2013, obra citada. http://vamos_fazer_educacao_fisica.blogs.sapo.pt/10679.html COERTJENS, Marcelo, GUAZZELLI, Cesar Barcellos; e WASSERMAN, Cláudia. Club de Regatas Guahyba-Porto Alegre: o nacionalismo em revistas esportivas de um clube teuto-brasileiro (1930 e 1938). In Rev. bras. Educ. Fís. Esp, São Paulo, v.18, n.3, p.249-62, jul./set. 2004, disponível em http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rbefe/v18n3/v18n3a04.pdf

John Locke (Wrington, 29 de agosto de 1632 — Harlow, 28 de outubro de 1704) foi um filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, sendo considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social. Locke rejeitava a doutrina das ideias inatas e afirmava que todas as nossas ideias tinham origem no que era percebido pelos sentidos. A filosofia da mente de Locke é frequentemente citada como a origem das concepções modernas de identidade e do "Eu". O conceito de identidade pessoal, seus conceitos e questionamentos figuraram com destaque na obra de filósofos posteriores, como David Hume, Jean-Jacques Rousseau e Kant. Locke foi o primeiro a definir o "si mesmo" através de uma continuidade de consciência. Ele postulou que a mente era uma lousa em branco (tabula rasa). Em oposição ao Cartesianismo, ele sustentou que nascemos sem ideias inatas, e que o conhecimento é determinado apenas pela experiência derivada da percepção sensorial. Locke escreveu o Ensaio acerca do Entendimento Humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a natureza do conhecimento. Suas ideias ajudaram a derrubar o absolutismo na Inglaterra. Locke dizia que todos os homens, ao nascer, tinham direitos naturais - direito à vida, à liberdade e à propriedade. Para garantir esses direitos naturais, os homens haviam criado governos. Se esses governos, contudo, não respeitassem a vida, a liberdade e a propriedade, o povo tinha o direito de se revoltar contra eles. As pessoas podiam contestar um governo injusto e não eram obrigadas a aceitar suas decisões. Dedicou-se também à filosofia política. No Primeiro Tratado sobre o Governo Civil, critica a tradição que afirmava o direito divino dos reis, declarando que a vida política é uma invenção humana, completamente independente das questões divinas. No Segundo Tratado sobre o Governo Civil, expõe sua teoria do Estado liberal e a propriedade privada. http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke 23 FINOCCHIO, 2013, obra citada.


conceito de mens sana in corpore sano (Juvenal, Sátiras X), recomenda a esgrima, a equitação e passeios ao ar livre, visando a desenvolver o corpo e o espírito fortes:

Em Pensamentos sobre Educação (1693), Locke dá ao termo físico dois sentidos: physis, referindo-se ao estudo da natureza e vinculado à vida corporal, física. Precursor do empirismo moderno procura conciliar a teoria do racionalismo de Descartes e do empirismo de Bacon. Sobrepõe-se às tradições humanísticas e, sob a influência do antropocentrismo, mais apropriadamente do empirismo, deposita, em seu projeto educacional, além da boa formação do caráter, uma preocupação com a capacidade de desenvolver, com o conhecimento obtido pela experiência sensível, a transformação da natureza. Daí sua recomendação de uma escola para a vida, na qual se desenvolvam as virtudes práticas, vindo a educação física a obter uma importância sem precedentes na Idade Moderna, ressaltando a educação do corpo no fortalecimento moral. (citado por Finocchio, 2013).

Na formação do gentil homem, de Locke, a educação física tem grande destaque, voltada à formação moral, além do corpo e da higiene, com o emprego de jogos e do treinamento ao ar livre. Para ele, a educação física, sob a inspiração do modelo grego, conduziria o homem à sua formação civilizada. A formação do gentleman inglês passaria, necessariamente, pela educação física. Immanuel Kant (1724-1804) propôs o fortalecimento das escolas públicas, em relação às domésticas, sob a consideração de que são mais propícias ao ensino de várias habilidades, e formadoras do caráter. Recomendava ainda escolas experimentais, que dariam direcionamento às várias escolas elementares. Em síntese, tinha como plano educativo 24 uma educação pela moralidade, o fortalecimento das escolas públicas e o desenvolvimento de uma experimentação educativa. A educação era entendida como a disciplina e a instrução com a formação do homem que o afastava da condição de bruto e selvagem. Com esse propósito, Kant estabeleceu uma visão unificada de ser humano, concebendo a educação como meio de desenvolver no homem todas as suas disposições naturais. Para Kant: A atividade educativa divide-se depois em “física” e “prática”. A educação física é “negativa” quando enuncia conselhos para criar os bebês (aleitamento), fazer adquirir hábitos (ao que Kant se opõe), realizar o “endurecimento” (pense-se em Locke), regular a liberdade a ser concedida às crianças e às intervenções para “vencer a teimosia”. A educação física é, pelo contrário, “positiva” quando visa à cultura, ou ao “exercício das atividades espirituais”. Nesse campo, segundo Kant, um papel fundamental é assumido pelo “jogo” (como movimento do corpo e exercício “da habilidade”) e pelo trabalho (“é sumamente importante que as crianças aprendam a trabalhar, “porque o homem tem necessidade de uma ocupação, nem que seja acompanhada de um certo sacrifício”). A instrução deve, depois, valorizar a memória ao lado da inteligência e iniciar também a educação moral através da adaptação da conduta às “máximas” que devem tender para a formação do caráter [...].(Cambi, 1999, citado por Finocchio, 2013) 25.

Para Finocchio (2013) em suas propostas de formação do ser humano, a burguesia pensava a educação como essencial à formação plena da personalidade do indivíduo, incluindo aí a educação do corpo como uma necessidade. A gymnastica consistia na metodização da educação do corpo, imprescindível à formação do homem, não só fortalecendo o corpo, mas enriquecendo o espírito e enobrecendo a alma. Francisco de Amorós y Ondeano26 (1770-1848) é conhecido por ser um dos fundadores da Educação Física moderna. Em razão de suas ideias liberais e do apoio a José Bonaparte I, em 1814 exilou-se na França e aí 24 25

KANT, Immanuel (1724-1804). Sobre a Pedagogia. Trad. Francisco Cock Fontanella. Piracicaba: Unimep, 1996.

FINOCCHIO, 2013, obra citada. 26 Francisco Amorós y Ondeano (Valência, 1770 – Paris, 1848) foi um professor e militar espanhol, naturalizado francês. Iniciou seu trabalho na Espanha, e em 1814, desenvolveu suas ideias no contexto da ginástica. Seu trabalho consolidou-se na França, no século XIX, na Escola de Ginástica Francesa. Em 1818, criou o Ginásio Militar, no qual deu origem a ginástica eclética, que misturou as técnicas e ideias de Guts Muths e Jahn. Após, idealizou uma série de itens que considerava essencial para sua obra, entre eles, a ênfase à resistência à fadiga, o andar e o correr sobre terrenos fáceis ou difíceis, o saltar em profundidade, extensão e altura, com ou sem ajuda de materiais, a arte de equilibrar-se em traves fixas, o transpor


desenvolveu a Escola Francesa de Ginástica. Seu método, de inspiração pestalozziana e fundamentado em Locke e Rousseau, defendia a “educação integral”. Contudo, em sua ginástica prevalecia o lado militar sobre o educativo, tal como se pode notar em seu tratado Nouveau Manuel d’Education Physique, Gymnastique et Morale, no qual propõe um soldado da Pátria e um benfeitor da Humanidade. A Educação Física na Inglaterra tomou aspecto diverso de outras nações europeias; desenvolvida ao final do século XVIII e início do seguinte, de caráter nacionalista, e visando à disciplina e ao treinamento físico, bem como à defesa nacional; seu destaque não se deu na ginástica, mas no Esporte, em estreita relação com as transformações socioeconômicas resultantes das alterações produzidas pela Revolução Industrial, iniciada em 1760. Ainda que adotasse a gymnastica nas escolas básicas, como meio da educação do físico, era no ensino secundário, destinado à aristocracia e à burguesia, que se aprimoravam o cuidado do físico e o cuidado da formação moral, empregando os esportes. No começo do século XIX, o clérigo Thomas Arnold se utilizou de uma forma de ócio da classe dirigente, os jogos populares, para criar um novo modo de educação. O desporto, naquele momento, teve por função propor às classes dirigentes enriquecidas, mas em estado de degradação física e moral, uma formação mais adequada, em relação à tradicional. Apesar de grande reação religiosa e dos meios intelectuais, o desporto foi adotado para responder às conveniências práticas do imperialismo britânico (Rouyer, 1977, citado por Finocchio, 2013)27. A partir da segunda metade do século XIX houve, ao seu final, uma biologização da educação física (Paiva, 2003) 28, ocorrendo a migração da preocupação com a abrangência da formação humana para o estabelecimento de sua especificidade, biológica:

“[...] a educação physica, aquela ampla e integrante do projeto de educação integral, é submetida a uma dupla reconversão: a) foi preciso reduzi-la à gymnastica, codificando-a como disciplina escolar e a ela impondo os trâmites e procedimentos próprios dessa operação – organizar seus tempos e seus espaços, suas metodologias, seus processos de avaliação, a materialidade de suas práticas, etc.; e, b) foi preciso ressignificar, também reduzindo, educação física e gymnastica à ginástica, isto é, aos procedimentos metódicos de exercitação corporal sistematizada visando o ganho de aptidão física.” ( p. 421).

A educação física na escola, por força da influência médica, foi pensada como ginástica em seu sentido de cuidado com o corpo, principalmente com preocupações higiênicas de aptidão física. Para Finocchio (2013) 29 a sociedade burguesa estabeleceu um perfil biológico de homem:

“[...] Sob essa perspectiva a educação física, inicialmente como ginástica, adotou uma perspectiva dominante, anátomo-fisiológica. Sob os ideais burgueses buscou-se a formação de uma sociedade constituída de homens fortes capazes de produzir e gerenciar riquezas. A Inglaterra do final do século XIX ilustra o pensamento liberal exemplarmente: utilizando-se de uma educação diferenciada, inseriu na educação básica a ginástica para a formação do homo habillis e o esporte para a formação do gentleman”. O método ginástico de Ling (1776-1839) 30, fundamentado em estudos anátomo-fisiológicos, com um viés médico higiênico, é composto por uma série de movimentos segmentados, com uma série racional de movimentos.

barreiras, o lutar de várias maneiras, o subir com auxilio de corda com nós ou lisa, fixa ou móvel, a suspensão pelos braços, a esgrima e vários outros procedimentos aplicáveis a um grande número de situações de guerra ou de interesse público geral. Amoros faleceu em 1848, aos 78 anos de idade. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Amoros 27 FINOCCHIO, 2013, obra citada. 28 PAIVA, Fernanda Simone Lopes de. Sobre o pensamento médico-higienista oitocentista e a escolarização: condições de possibilidade para o engendramento do campo da Educação Física no Brasil. 2003. 475 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003. 29 FINOCCHIO, 2013, obra citada.


A consideração do processo de instituição do pensamento burguês é fundamental, pois, associada à estrutura política e socioeconômica do Segundo Reinado brasileiro, nos permite identificar, por meio do exame da organização dos Planos de Estudos da Escola Secundária (Imperial Collegio de Pedro II), como aquelas propostas educacionais de gymnasticas, originadas na Europa com o desenvolvimento da sociedade burguesa, aqui são efetivamente colocadas em prática e a que função davam atendimento. De acordo com Cancella (2012; 2014) 31; Cancella e Mataruna (2013); e Finocchio (2013) 32 a prática esportiva em meio militar foi intensificada na virada do século XIX para o XX sob o argumento de que para a estruturação das Forças Armadas era fundamental o desenvolvimento físico do pessoal militar. Estas atividades eram consideradas importantes para a formação não somente de militares mais preparados, mas também de potenciais “soldadoscidadãos” e “cidadãos-marinheiros” entre os praticantes civis. Por isso, as atividades físicas e esportivas foram gradativamente incorporadas aos currículos de instituições de ensino do país, iniciando este processo pelas escolas militares. Para Silva e Melo (2011),

A defesa pela ampliação da educação física no sistema de ensino baseava-se nos benefícios que trariam para o corpo e mente dos jovens. No meio militar, esta defesa era reforçada pelas observações dos cuidados de FFAA de outros países com os processos de preparação do corpo dos combatentes, considerando os exercícios físicos como um dos melhores instrumentos para a manutenção da forma e da disciplina das tropas. Com o crescimento da prática da ginástica nas instituições militares ao longo do oitocentos, muitos de seus membros passaram a atuar no meio civil como instrutores de ginástica nas escolas, uma vez que ainda não existiam escolas de formação em Educação Física no país naquele momento e os militares eram os principais promotores destas práticas no Brasil.

Finocchio (2013) entende que não tenha sido casual a designação, em 1860, do primeiro mestre de gymnastica da Escola da Marinha, o civil Pedro Orlandini (Professor italiano de diversos saberes: gymnastica, esgrima, dança, língua inglesa, francês e italiano) e, em 1861, o Alferes Pedro Guilherme Meyer, do Exército. A contratação de um especialista em gymnastica foi feita em atendimento às necessidades militares de proporcionar um aprimoramento na formação das forças armadas, por meio do desenvolvimento físico. Esse processo de profissionalização do Exército, com o treinamento militar para menores, implicou a inserção da gymnastica em suas escolas. Finocchio (2013) emprega essa terminologia – gymnastica - para se referir a uma prática educacional em construção no século XIX:

Os termos gymnastica ou exercícios gymnasticos foram utilizados no interior do Collegio de Pedro Segundo para fazer referência às práticas corporais – esgrima, jogos e exercícios ginásticos propriamente ditos – que eram oferecidos aos seus alunos. (Gondra, 2000, p.125) 33. 30

Pier Henrich Ling, militar e instrutor de esgrima na Universidade de Luna, desenvolveu um método sob uma concepção anatômica, com exercícios corretivos, com base nos preceitos e princípios científicos incorporados ao sistema de educação e, portanto, à gymnastica.

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CANCELLA, Karina. A defesa da prática esportiva como elemento de preparação dos militares por meio das publicações institucionais “Revista Marítima Brasileira” e “Revista Militar”. Anais do XV ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA DA ANPUHRIO, 2012. Disponível em http://www.encontro2012.rj.anpuh.org/resources/anais/15/1338498190_ARQUIVO_ANPUH2012_KarinaBarbosaCancella.pdf

CANCELLA, Karina. O ESPORTE E AS FORÇAS ARMADAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA – das atividades gymnásticas às participações em eventos esportivos internacionais. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2014. 32 CANCELLA, Karina Barbosa; MATARUNA, Leonardo. Liga Militar de Football e a Liga de Sports da Marinha: uma análise comparativa do processo de fundação das primeiras entidades de organização esportiva militar do Brasil. In HOFMANN, Annette; VOTRE, Sebastião (organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho, 2013, p. 119-132. FINOCCHIO, 2013, obra citada. 33 FINOCCHIO, 2013, obra citada.


A GYMNÁSTICA NO MARANHÃO34 A ginástica é um conceito que engloba modalidades competitivas e não competitivas e envolve a prática de uma série de movimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental. Tem sua origem no grego, gymnastiké - da palavra grega “gymnos” (nu) pelo fato de, na antiguidade clássica, os exercícios se praticarem com o corpo nu. É o conjunto dos exercícios corporais sistematizados, para esse fim, realizados no solo ou com auxílio de aparelhos e aplicados com objetivos educativos, competitivos, artísticos e terapêuticos, etc. A prática só voltou a ser retomada - com ênfase desportiva e militar - no final do século XVIII, na Europa, com a influência de vários pensadores que se debruçaram sobre as vantagens da prática do exercício físico, destacandose o contributo de Jean-Jacques Rousseau 35 na obra pedagógica "Emílio", em que o autor se refere à necessidade da pratica física como meio para atingir a razão. 1771 em Portugal, sob o balizamento da Universidade de Coimbra, se estabeleceu que as atividades físicas como conteúdo educacional, atendia aos pressupostos da nova educação. As “Artes Liberais” nos Estatutos do Collegio Real de Nobres da Corte, e cidade de Lisboa eram a Cavalaria, Esgrima, e Dança. Apesar de contar ainda um sentido cavalheiresco (educação dos nobres), essa introdução se deu através das ideias burguesas. 1775 surgiram várias correntes, que encontraram eco na Alemanha 36 com Johann Bernard Basedow37, pedagogo e educador, que conseguiu assimilar e transformar os princípios orientadores de Rousseau e impulsionou a ginástica, tendo para isso criado em 1775 o pentatlo de Dassau, no seu "Philanthropicum", constituído por provas de corrida, saltos, transporte, de equilíbrio e de trepar. Foi o primeiro pedagogo, desde a Antiguidade, a defender que o exercício físico deveria fazer parte dos programas das escolas primárias. 1784 Christian Gotthlif Saltzmann38, pedagogo e educador, abre outro "Philanthropicum", em Schneppenthal. 1785 Johann Christoph Friedrich Guts-Muths39, professor e educador, inicia sua obra com um novo conceito de ginástica. Foi um impulsionador da educação física obrigatória; utilizou o "Philanthropicum" de Schnepfenthal, incluindo a par da corrida, saltos, lançamento, luta e natação, os exercícios de trepar e de equilíbrio. 34

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “Pernas para o ar que ninguém é de ferro”: as recreações na São Luís do Século XIX. In CONCURSO LITERÁRIO E ARTÍSTICO CIDADE DE SÃO LUÍS – PRÊMIO “ANTÔNIO LOPES” DE PESQUISA HISTÓRICA, 1995.

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “Pernas para o ar que ninguém é de ferro”: as recreações na São Luís do Século XIX. In CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, X, Goiânia, 20 a 15 de outubro de 1997... ANAIS vol. II, p. 1005-1016 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATIVIDADES FÍSICAS FEMININAS. NO MARANHÃO IMPERIAL (1823-1889). In Lecturas: Educación Física y Deportes Revista Digital, Buenos Aires, Año 4. Nº 14, Junio 1999, disponível em http://www.efdeportes.com/, VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATIVIDADES FÍSICAS FEMININAS. NO MARANHÃO IMPERIAL (1823-1889). In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luís, Volume 03, Número 01 - jan/jun/2000. 35

Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de 1712 — Ermenonville, 2 de Julho de 1778) foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo. 36 http://pt.wikipedia.org/wiki/Gin%C3%A1stica 37 Johann Bernard Basedow (1723-1790) estabeleceu sua escola-modelo – Philanthropinum, em Dessau, Alemanha, onde a ginástica estava incluída no currículo escolar e possuía o mesmo status que as disciplinas intelectuais. Inicialmente, nessa instituição eram praticadas atividades originárias dos tempos medievais como a equitação, o volteio, a natação, a esgrima, a dança e os jogos, posteriormente, foram acrescentados exercícios naturais como o correr, saltar, arremessar, transportar e trepar. http://www.ahistoria.com.br/esportesjogos/educacao-fisica-escolar.html 38 Christian Gotthilf Salzmann (1744-1811), pedagogo e educador alemão, criou um estabelecimento semelhante ao de Basedow, localizado, também, na Alemanha, na cidade de Schnepfenthal. Era, nele, acentuada a importância da educação sensorial para a formação física, para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da capacidade intelectual do educando, como também, desenvolvido o interesse educativo do esforço, que deveria ser executado de acordo com as possibilidades dos alunos. http://www.ahistoria.com.br/esportesjogos/educacao-fisica-escolar.html 39 Johann Christoph Guts Muths (1759-1839), educador alemão, iniciou a lecionar como professor de Ginástica no Instituto de Schnepfenthal, fundado por Salzmann, e lá permaneceu por 54 anos. A Educação Física para Guts Muths possuía, então, o objetivo de exercitar uma ação educativa destinada a harmonizar o corpo com as forças espirituais e morais e desenvolver, na criança, qualidades e capacidades que lhe permitisse superar obstáculos de caráter físico. Observa-se, também, a sua preocupação em proporcionar às mulheres atividades físicas, fundando a primeira escola de ginástica feminina onde os exercícios físicos eram adaptados ao sexo, como, também, possuía a consciência do valor que o esporte oferecia à formação física e da personalidade da juventude.. http://www.ahistoria.com.br/esportesjogos/educacao-fisica-escolar.html


1861/1871 verifica-se a presença de alunos de nacionalidade brasileira no Philantropinum40, sediado em Schnepfenthal41; dentre esses alunos vamos encontrar: NOME LOCAL E ANO NASCIMENTO

PERÍODO DE ESTUDOS

de La Roque, Jean Pará, 1850

1861 – 1866

de La Roque, Auguste Pará, 1851 1861 – 1867 de La Roque, Henri Pará, 1849 1861 – 1864 de La Roque, Guilherme Cametá, 1853 1863 – 1869 De La Roque, Luiz Pará, 1856 1865 – 1871 de La Roque, Carlos Pará, 1857 1865 – 1871 Temos a existência da Família LaRocque no Maranhão. Os LaRocque - importante família estabelecida no Pará, procedem de dois irmãos: I - HENRIQUE de LaROCQUE (c. 1821 – Porto ?), que deixou geração do seu casamento, em 1848 – Pará , com Matilde Isabel da Costa ( ? – 1919); e II – LUIZ de LaROCQUE (c. 1827 – Porto ?), que deixou geração de seu casamento, em 1854 (Pará) com sua cunhada Emília Ludmila da Costa. Ambos, filhos de JOÃO LUIZ de LaROCQUE (c. 1800 – a. 1854) e de Rosa Albertina de Melo. Entre os membros dessa família registra-se o senador HENRIQUE de LaROCQUE ALMEIDA, advogado diplomado pela Faculdade Nacional do Rio de Janeiro (hoje, UFRJ).42 No Dicionário, é dada como sobrenome de origem escocesa, o que é contestado por Henrique Artur de Sousa, para quem a família LaRocque estabelecida no Brasil é de origem portuguesa, da cidade do Porto – encontrou uma primeira referência no início da colonização do Brasil, nos anos 1500, em São Vicente ... -, o que parece ser a versão verídica, haja vista que o falecimento de dois membros dessa família – os irmãos Henrique e Luís, filhos de João Luís de LaRocque e sua mulher Rosa Albertina de Melo – se dão na cidade do Porto, no século XIX... (vide Dicionário...) Efetivamente alguns LaRocque se estabeleceram no Maranhão, a partir de 1832. Henrique Artur de Sousa genealogista estabelecido em Brasília encontrou documentos no Arquivo Público do Estado do Maranhão “firmados de próprio punho” de três membros da família LaRocque, quando de sua chegada, “de que haviam estudado na Alemanha”, numa cidade chamada Schnepfenthal ! Filhos de Jean Francoise de LaRocque: Carolina – depois Baronesa de Santos; Henrique de La Rocque; Guilherme de LaRocque; João Luís de LaRocque; Luís de LaRocque; Rosa; Amélia; Antônio de LaRocque.

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Em janeiro de 1999, o Prof. Dr. Lamartine Pereira Da Costa fez um anúncio através do CEV (Centro Esportivo Virtual www.cev.org.br): “Permitam-me iniciar o ano de 1999 fazendo um anuncio importante para o desenvolvimento da Historia do Esporte no plano nacional e internacional, como também mobilizar os amigos da Lista e fora dela para que sejam iniciadas pesquisas no tema que se segue.”. 41 Fonte: Preisinger, M. (Arquivos de Schnepfenthal – 1998) 42 in DICIONÁRIO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS, vol. II, BARATA, Carlos Eduardo de Almeida; CUNHA BUENO, Antônio Henrique da. Arquivos da Biblioteca Pública “Benedito Leite”.


Desses irmãos, quatro estudaram na Alemanha; Henrique de LaRocque Júnior, e seus irmãos João e Augusto, também podem ter estudado na Alemanha ... Henrique de LaRocque Júnior - viria construir o Mercado de Ver-oPeso, em Belém do Pará -, vem a ser avô do Senador LaRocque... 1829 No início do século XIX foram encontradas, no Maranhão, algumas formas de atividade física43: ... as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irrequietos que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos com frutas, cachos de jussaras e de buritis, flores silvestres, emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos . (DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970, p 28)44.

- a primeira aula de dança de que se tem notícia data de 1829, como se vê de anúncio publicado em “O FAROL”: Carlos Carmini, de nação italiana, recentemente chegado a esta cidade, faz saber aos ilustres habitantes da mesma que ensina tôda e qualquer dança, segundo o gosto moderno, tanto em sua casa (que ao presente é na rua da Palma, no. 10), como também pelas particulares para que seja chamado; prestando-se ao ensino das ditas danças, tanto a pessoas grandes como para meninos... (In “O FAROL MARANHENSE”, 25 de agosto de 1829, citado por VIVEIROS, 1954, p. 376)45. Além desses passeios, praticava-se a caça, como o fazia Garcia de Abranches - o Censor 46 -: "e , quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas visadas". Seu filho, Frederico Magno de Abranches - o Fidalgote 47 - era ... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes. Encantavaas também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda. (Dunshee de Abranches, 1970, p. 28)

Os longos passeios pelos arrabaldes permitiam o contato com o ar livre e com a natureza, e se constituíam forma de divertimento salutar, pois reúnem harmoniosamente a solução quanto ao medo de doenças que impedia a 43

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “Pernas para o ar que ninguém é de ferro”: as recreações na São Luís do Século XIX. In CONCURSO LITERÁRIO E ARTÍSTICO CIDADE DE SÃO LUÍS – PRÊMIO “ANTÔNIO LOPES” DE PESQUISA HISTÓRICA, 1995. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “Pernas para o ar que ninguém é de ferro”: as recreações na São Luís do Século XIX. In CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, X, Goiânia, 20 a 15 de outubro de 1997... ANAIS vol. II, p. 1005-1016 44 ABRANCHES, Dunshee de A SETEMBRADA - A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1831 EM MARANHÃO - romance histórico. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1970. 45 VIVEIROS, Jerônimo de. HISTÓRIA DO COMÉRCIO DO MARANHÃO – 1612+1895. São Luís : ACM, 1954 46 JOÃO ANTÔNIO GARCIA DE ABRANCHES - Garcia de Abranches, o Censor - nasceu em 31 de janeiro de 1769, em Macieira, freguesia de Sant'Iago, junto à vila de Cêa, bispado de Coimbra, em Portugal. É filho do Capitão José Garcia de Abranches e de D. Maria dos Reys. Seu apelido - Censor - deve-se ao jornal que escrevia, o Censor, no período de 1825 a 1830, em defesa das liberdades, da Independência e do Imperador, fazendo oposição ao jornal de Odorico Mendes; e ao Lord Cochrane, o que lhe valeu o exílio para Portugal, onde se bateu pela restauração de D. Pedro ao trono português. Garcia de Abranches aportou a São Luís do Maranhão em 1789, construindo fama e fortuna, embora procedesse de uma das maiores famílias portuguesas. De seu casamento com D. Anna Victorina Ottoni, falecida em 1806, nasceram-lhe três filhos: Frederico Magno de Abranches ; João e Antônio, estes dois, falecidos antes de 1812. O primeiro, conhecido como 'O Fidalgote', teve vida longa, representando papel importante na política e no jornalismo. Garcia de Abranches, aos 52 anos, casa-se com a fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, com 17 anos à época. 47 FREDERICO MAGNO DE ABRANCHES, o Fidalgote, nasceu em São Luís do Maranhão em 1804; professor de Phylophofia Racional; Secretário da província do Maranhão; deputado geral de 1835 a 1838; Cônsul geral em Cayenna, onde veio a falecer em 1880.


vida laboriosa, por um lado, e o medo da crítica que a rígida moral implicava, por outro. Às mulheres, recomendavase sobretudo os exercícios do corpo que obrigavam a andar ao ar livre, como os passeios a pé ou a cavalo. Ainda se referindo ao Fidalgote - Frederico Magno de Abranches -, cabe lembrar que praticava também, o tênis: ... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla 48 de que o Fidalgote era perfeito campeão... (Dunshee de Abranches, 1970, p. 31). 1841 primeiro registro encontrado onde aparece a palavra “ginástica” conforme anúncio no “JORNAL MARANHENSE” 49 sob o título de:

“THEATRO PUBLICO “Prepara-se para Domingo, 21 do corrente huma representação de Gimnástica que será executada por Mr. Valli Hércules Francez, mestre da mesma arte de escola do Coronel Amoroz em Paris; e primeiro modelo da academia Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro, que terá a honra de apresentar se pela primeira vez diante d’este Ilustrado público, a quem também dirige agradar como já tem feito nos principais Theatros de Europa , e deste Império. “Mr. Valli há contractado o Theatro União, para dar sua função, junto com Mr. Henrique, e tem preparado para este dia um espetáculo extraordinário que será composto pela seguinte maneira: - Exercícios de forças, Agilidade e posições Acadêmicas - Exercícios no ar e muitas abelidades sobre colunnas assim como admiraveis sortes nas cordas “Nos intervalos de Mr. Valli, se apresentará Mr. Henrique, para executar alguns exercícios de fizica, em quanto Mr. Valli descansa.” - 16 de novembro50, sob o mesmo título, em que eram anunciadas as novas atrações do programa a ser apresentado:

Theatro Publico Domingo 21 do corrente 1841, 1ª apresentação gimnastica dirigida por Mr. Valli, Herculez Francez, que tem a distinta honra de apresentar-se diante deste ilustre publico para executar seis noites de divertimentos: 1ª noite – exercícios gimnasticos, malabares, fizica 2ª dita – grande roda gyratoria 3ª dita – jogos hydraulicos como existem em Europa 4ª dita – a grande luta dos dois gladiadores. - Ainda nesse mesmo ano, aparecem anúncios 51 de aulas de esgrima:

Annuncios Diversos Manoel Dias de Pena, se dispõe a encinar com toda a prefeição o jogo de espada, e assim roga a todos os Snrs. que quizerem aprender esta Arte, tão útil a mocidade, se diriga a esta Typographia que se dirá aonde mora o annunciante.

- Ao mesmo tempo, e logo abaixo deste, outro anunciando a venda de espadas: 48

49

O jogo da péla - jeu de paume - consiste em bater a bola com a mão e substituiu os "ludus pilae cum palma" romano. Na França, a bola, nascido no tardo-medievo como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos Em Portugal, no início do século XVIII, foi introduzido o uso francês de jogar com raqueta. Conhecido já no século XII foi jogado melhor no período sucessivo, até dar vida ao atual tênis.] ,

JORNAL MARANHENSE , São Luís, n. 36, 12 de novembro de1841 JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 37, 16 de novembro de1841 51 JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841, n. 49 50


Vendem – Antonio Joaquim d’Araújo Guimarães & Sobrinhos tem para vender... espadas com copos dourados.... (in JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 49, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841).

- O Prof. Antônio Joaquim Gomes Braga, diretor do Colégio de Nossa Senhora da Conceição, localizado Rua do Desterro, ao apresentar o Plano de Estudos para o ano de 1842, informa que as aulas de “Dansa e Muzica para os internos serão pagas à parte”. (in JORNAL MARANHENSE, 1º de outubro de 1841) 52. 1843 - outro colégio particular anuncia em seus planos de estudos as aulas de dança para seus alunos, aberta à comunidade: AULA DE DANÇA, começará em Novembro próximo a ter exercícios no Colégio de N. S. dos Remédios na rua do Caju em os dias feriados, isto é, duas vezes por semana das 9 as 11 horas da manhã. Os que já frequentam outras aulas do Colégio são admitidos mediante o premio de 3:000 rs. mensais; porém os que não estão neste caso concorrerá com 4:000 reis. Também haverá outra aula, que principiará com a noite na 3ª e 6ª feiras para as pessoas que não podem ir de dia, os quais farão despesa de 5:000 reis. Nestes serão ensinadas as danças nacionais e estrangeiras, tanto simples, como dobradas, e etc. O diretor do Collégio está convencido de que os pais de familias tendo no seu devido apreço esta prenda não deixarão de promover, que ele não falte a educação de seus filhos: muito principalmente não alterando esta aula no Colégio a introdução dos meninos, por ser somente nos feriados. Collegio de N. S. dos Remédios, 24 de outubro de 1843. (A REVISTA, n. 207, Quarta-feira 8 de novembro de 1843) 1844 fundado o primeiro colégio destinado exclusivamente às moças, em São Luís, as atividades físicas faziam parte do currículo: ... não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo physico, artístico e moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e aprendiam a declamar. (Abranches, 1941, p. 113-114)53.

Esse colégio - o "Collegio das Abranches", como era conhecido o Collégio N. S. das Glória -, foi fundado por D. Marta (Martinha) Alonso Veado Alvarez de Castro Abranches 54 - educadora espanhola nascida nas Astúrias provavelmente por volta de 1800 (JANOTTI, 1996) 55 –, e pela sua filha D. Amância Leonor de Castro Abranches, e tinha, ainda, como professora, D. Emília Pinto Magalhães Branco, mãe dos escritores Aluizio, Artur e Américo de Azevedo. 1851 Os banhos de mar também faziam parte dos costumes da época, conforme se depreende deste anúncio: BANHO Público – na praia do Caju, em que um grande banheiro e seguro, a todas as marés a 40 rs por pessoa trata-se com Jozé Ferreira do Valle no mesmo lugar casa no. 1. (CORREIO D’ANNUNCIOS, Ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de 1851) 52

º

JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 1 de outubro de 1841, n. 24 53 ABRANCHES, Dunshe de. O CAPTIVEIRO. Rio de Janeiro : (s.e.), 1941 54 A fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, casou-se com Garcia de Abranches, o Censor, quando tinha 17 anos. Foi a fundadora do primeiro colégio destinado ao sexo feminino em Maranhão - o “Colégio Nossa Senhora das Graças”, mais conhecido como o Colégio das Abranches - junto com sua filha Amância Leonor, em 1844. Foi - ela, ou uma das filhas - a primeira professora de educação física do Brasil 54. 55 JANOTTI, Maria de Lourdes Monaco. Três mulhes da elite maranhense. In REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA, São Paulo, v. 16, n. 31 e 31, p. 225-248, 1996


1852 Cabe lembrar que Antônio Francisco Gomes propunha além da ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella para ambos os sexos (CUNHA JÚNIOR, 1998, p. 152)56 1861 já se tinha, no Maranhão, a cadeira de Ginástica, conforme se depreende desse anúncio do Instituto de Humanidades:

Ao que indicam as notícias publicadas em nossos periódicos – 180 referencias apenas no A Pacotilha – o Sr. Alfredo Bandeira Hall lecionava inglês (1861), tendo inclusive publicado uma gramática adotada pelo Lyceo Maranhense, e exerceu a função de Inspetor de Ensino, atuando em vários exames da 2ª Freguesia. Antes, no ano de 1860, aparecia como agente de leiloes na cidade, conforme anúncios em O Publicador Maranhense. Remédios para bexigas, importados da Inglaterra por Alfredo Bandeira Hall também estavam à disposição do público, em algumas farmácias da capital (1883). No guia de profissionais, do Almanaque do Maranhão, aparece como Professor de Esgrima e ginástica Alfredo Hall, residente na Rua do Alecrim, 17:

1853 No “O Observador”, edição de 25 de abril, o Inspetor da Instrução Pública publica seu relatório, na parte em que trata das escolas particulares de primeiras letras e médio da capital, constata que nos dois colégios existentes não havia aula de Ginástica:

56

CUNHA JÚNIOR, Carlos Fernando Ferreira da. A produção teórica brasileira sobre educação physica/gymnastica no século XIX: questões de gênero. In CONGRESSO BRASLEIRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSCA, VI, Rio de Janeiro, dezembro de 1998. COLETÂNEA... . Rio de Janeiro : Universidade Gama Filho, 1998, p. 146-152.


PERÍODO PRÉ-COLONIAL As primeiras referências sobre a prática de atividades lúdicas e de movimento que encontramos em Maranhão datam do período de ocupação do território maranhense. Ao se fazer uma análise do trabalho desportivo, considerase que nesse mundo, antes da chegada dos brancos, a sobrevivência exigia qualidades atléticas, exercícios constantes, com descanso e repouso intercalados, de duração sumamente variável. Por isso, os índios se tornavam atletas naturais, para sobreviver, pois tinham que, em terra, andar, correr, pular, trepar, arremessar, carregar, e, na água, nadar, mergulhar e remar, também realizar trabalho-meio, autolocomotor, com suas próprias forças, apenas e/ou, também, com auxílio de instrumentos primitivos, para obtenção de produtos necessários. Entre a infância e a puberdade, e a adolescência e a virilidade ou maioridade, entre os 8 e 15 anos, a que chamamos mocidade, os kunnumay, nem miry nem uaçu, tomavam parte no trabalho dos seus pais imitando o que vêem fazer. Não se lhes manda fazer isto, porém eles o fazem por instinto próprio, como dever de sua idade, e já feito também por seus antepassados. Trabalho e exercício, esses mais agradáveis do que penosos, proporcionais à sua idade, os quais os isentava de muitos vícios, aos quais a natureza corrompida costuma a prestar atenção, e a ter predileção por eles. Eis a razão porque se facilita à mocidade diversos exercícios liberais e mecânicos, para distraí-la da má inclinação de cada um, reforçada pelo ócio mormente naquela idade”.

LÚDICO E MOVIMENTO NO MARANHÃO COLONIAL – 1678 Do período Colonial informam-nos os cronistas de que já se praticavam algumas formas de atividade física, quando da chegada do primeiro Bispo ao Maranhão. Realizaram-se, como costume da época, as famosas cavalhadas – desfiles a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas. Produtos do feudalismo e da cavalaria - do tardio medievo português, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas, essas manifestações do entusiasmo popular talvez tenham nascido com as atividades recreativa que pipocaram em certos centros, conforme as feições econômicas das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de atração transitória. 1681 Os jesuítas mantinham uma casa para recreio dos padres e dos estudantes na Praia de São Marcos, onde havia uma fazenda dos jesuítas adquirida de Maria Sardinha, provavelmente antes de 1700. Informa José Coelho de Souza que Antonio Vieira comprara uma propriedade em 1681 no São Francisco, onde se construiu uma pequena casa de residência com sua varanda para o mar e que servia de casa de descanso nos dias de folga (dias de sueto). 1713 Os jesuítas fundaram, em Maranhão, a “Casa dos Exercícios e Religiosa Recreação de Nossa Senhora da Madre de Deus”, em São Luís. Localizada na Ponta de Santo Amaro, era destinada à recreação e descanso dos religiosos e dos alunos do Colégio Máximo do Maranhão, nos fins de semana; ou ainda para realização dos exercícios espirituais; além dos religiosos, recebiam pessoas do povo, para os exercícios espirituais– hoje, seriam os retiros. A Quinta já existia desde 1713, quando o Capitão-Mor Constantino de Sá requisitou à Câmara a utilização de certos materiais existentes nessa ponta de Santo Amaro para uma ermida que estava erguendo a “Nossa Senhora da Madre de Deus, Aurora da Vida”. Os padres compraram a Quinta para Casa de Campo dos Mestres e estudantes do Colégio do Maranhão, no qual havia, em 1731, estudos gerais de Teologia, Filosofia, Retórica, Gramática, e “ultimamente uma escola de ler, escrever e contar”. A este primeiro destino – casa de campo, a tal casa de recreação -, veio juntar-se, anos depois, o de servir para Casa dos Exercícios Espirituais. A casa ficou juridicamente dependente do Reitor do Colégio, mas com administração autônoma, sob a regência de um Superior próprio. 1760 a Casa constava de dois corredores: um que era a frontaria a par do frontispício da nova igreja, com 10 aposentos, cinco em cada andar, “para hospedagem dos exercitantes seculares e habitação dos religiosos da casa”; outro corredor, de norte a sul, com outros tantos cubículos, destinados ao repouso e recreação dos estudantes.


ATIVIDADES FÍSICAS NO SÉCULO XIX No início do século XIX, foram encontradas outras formas de atividade física, como as caminhadas. Além desses passeios, praticava-se a caça, como o fazia Garcia de Abranches - o Censor. Seu filho, Frederico Magno de Abranches - o Fidalgote - era “... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes. Encantava-as também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda.”. 1829 -primeira aula de dança de que se tem notícia data de 1829, como se vê de anúncio publicado em “O FAROL”: “Carlos Carmini, de nação italiana, recentemente chegado a esta cidade, faz saber aos ilustres habitantes da mesma que ensina tôda e qualquer dança, segundo o gosto moderno, tanto em sua casa (que ao presente é na rua da Palma, no. 10), como também pelas particulares para que seja chamado; prestando-se ao ensino das ditas danças, tanto a pessoas grandes como para meninos...” (In “O FAROL MARANHENSE”, 25 de agosto de 1829, citado por VIVEIROS, 1954, p. 376). Sobre as atividades lúdicas dos negros é publicado em “A Estrela do Norte”, em 1829 a seguinte reclamação de um morador da cidade: “Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? “. A GYMNÁSTICA 1841 O primeiro registro encontrado onde aparece a palavra “ginástica”, conforme anúncio no “JORNAL MARANHENSE” sob o título de: “THEATRO PUBLICO - Prepara-se para Domingo, 21 do corrente huma representação de Gimnástica que será executada por Mr. Valli Hércules Francez, mestre da mesma arte de escola do Coronel Amoroz em Paris; e primeiro modelo da academia Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro, que terá a honra de apresentar se pela primeira vez diante d’este Ilustrado público, a quem também dirige agradar como já tem feito nos principais Theatros de Europa , e deste Império. “Mr. Valli há contractado o Theatro União, para dar sua função, junto com Mr. Henrique, e tem preparado para este dia um espetáculo extraordinário que será composto pela seguinte maneira: Exercícios de forças, Agilidade e posições Acadêmicas Exercícios no ar e muitas abelidades sobre colunnas assim como admiraveis sortes nas cordas “Nos intervalos de Mr. Valli, se apresentará Mr. Henrique, para executar alguns exercícios de fizica, em quanto Mr. Valli descansa.” 1842 O Prof. Antônio Joaquim Gomes Braga, diretor do Colégio de Nossa Senhora da Conceição, localizado rua do Desterro, ao apresentar o Plano de Estudos, informa que as aulas de “Dansa e Muzica para os internos serão pagas à parte”. (in JORNAL MARANHENSE, 1º de outubro de 1841). 1843 outro colégio particular anuncia em seus planos de estudos as aulas de dança para seus alunos, aberta à comunidade: “AULA DE DANÇA, começará em Novembro próximo a ter exercícios no Colégio de N. S. dos Remédios na rua do Caju em os dias feriados, isto é, duas vezes por semana das 9 as 11 horas da manhã. Os que já frequentam outras aulas do Colégio são admitidos mediante o premio de 3:000 rs. mensais; porém os que não estão neste caso concorrerá com 4:000 reis.“Também haverá outra aula, que principiará com a noite na 3ª e 6ª feiras para as pessoas que não podem ir de dia, os quais farão despesa de 5:000 reis. Nestes serão ensinadas as danças nacionais e estrangeiras, tanto simples, como dobradas, e etc. “O diretor do Collégio está convencido de que os pais de familias tendo no seu devido apreço esta prenda não deixarão de promover, que ele não falte a educação de seus filhos: muito principalmente não alterando esta aula no Colégio a introdução dos meninos, por ser somente nos feriados. “Collegio de N. S. dos Remédios, 24 de outubro de 1843.” (A REVISTA, n. 207, Quarta-feira 8 de novembro de 1843) 1844 fundado o primeiro colégio destinado exclusivamente às moças, em São Luís, as atividades físicas faziam parte do currículo: "...não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo physico, artístico e


moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e aprendiam a declamar." (ABRANCHES, 1941, p. 113-114). Esse colégio - o "Collegio das Abranches", como era conhecido o Collégio N. S. das Glória -, foi fundado por D. Marta (Martinha) Alonso Veado Alvarez de Castro Abranches - educadora espanhola nascida nas Astúrias provavelmente por volta de 1800 –, e pela sua filha D. Amância Leonor de Castro Abranches, e tinha, ainda, como professora, D. Emília Pinto Magalhães Branco, mãe dos escritores Aluizio, Artur e Américo de Azevedo. 1861 já se tinha, no Maranhão, a cadeira de Ginástica, conforme se depreende de anúncio do Instituto de Humanidades:


- No guia de profissionais, do Almanaque do Maranhão, aparece como Professor de Esgrima e ginástica Alfredo Hall, residente na Rua do Alecrim, 17:

1853 No “O Observador”, edição de 25 de abril, o Inspetor da Instrução Pública publica seu relatório, na parte em que trata das escolas particulares de primeiras letras e médio da capital, constata que nos dois colégios existentes não havia aula de Ginástica:

- na legislação de ensino da época, já constava o de ginástica, dentro do núcleo das Belas Artes, que compreendia o desenho, música, dança, esgrima, e ginástica:


1869 é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade, seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869). 1876 Aulas de Ginástica na Escola Agrícola são criticadas pelos pais de aluno: :

1877 em comentário do dia 1 de setembro, no Jornal Diário do Maranhão, dentre as novidades de São Luis, evidenciando a chegada do progresso, temos a instalação de clubes de ginástica; nesse mesmo jornal apareciam avisos das aulas:


1880 - Aluísio Azevedo, tanto em "O Mulato" - publicado em 1880 -, como em uma crônica publicada em 10.12.1880, propõe uma educação positivista para as mulheres maranhenses: "... é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista ... é preciso educá-la física e moralmente ... dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente ...". 1886 aparece um artigo sobre Educação Física


1899 18 de outubro anunciado a aprovação do estatuto do Clube de Ginática e Esgrima e sessão para eleição de sua diretoria

- 23 de outubro anuncio de atividades relacionadas à esgrimas e á ginástica

1900 “... um esplêndido exercício na educação dos músculos; a ginástica e a esgrimagem, um meio excepcional para desenvolver todo o corpo de forma racional e completa. Tudo isso era muito importante, e até era um


princípio filosófico, porque ensejaria a formação do um corpo bem desenvolvido, proporcional e harmonioso...". (MARTINS, 1989, p. 229-30). - 5 de fevereiro convocação de reunião do Club de Ginástica e Esgrima, ficando-se sabendo do local de sua sede, na Praça do Carmo:

- 26 de março O Jornal A Pacotilha anuncia que recebera o Estatuto do Clube de Ginástica e Esgrima, e a relação de seus principais dirigentes:

- 4 de abril convocação da reunião (mensal) do Clube de Ginástica e Esgrima,

1901 o “Regimento para as Escolas Estadoaes da Capital” (Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901; NASCIMENTO, 2007a, 2007b,) 57, instituía, no seio de suas diretrizes gerais, questões referentes a “inspecção e asseio” 57

REGIMENTO PARA AS ESCOLAS ESTADOAES DA CAPITAL, a que se refere o Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901. In: Collecção das leis e decretos do Estado do Maranhão de 1912. Republica dos Estados-Unidos do Brazil. Maranhão: Imprensa Official, 1914.

NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. A EDUCAÇÃO HIGIÊNICA EM SÃO LUÍS NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2007b. (Graduação em Pedagogia).


normatizando desde a entrada dos alunos em que caberia às professoras proceder á uma revista do asseio dos mesmos “tomando as providencias necessárias em ordem a estarem todas as condições regulares de limpeza de mãos, unhas, rosto e penteado do cabello, no momento de serem iniciados os exercícios escolares” (REGIMENTO, 1901, p.80) conforme a classe a que pertence o estudante. Percebem-se nítidos traços de influência militar em termos de linguagem e recomendações na modelagem deste corpo escolarizado, quando instituem os exercícios abaixo descritos: “a) Os da primeira classe constarão de marchas e contramarchas com variações apropriadas a darem facilidade de movimento dos alumnos; b) Os da segunda versarão sobre movimentos em varios tempos, com e sem flexão dos membros, desacompanhados de instrumentos; c) Os da terceira se comporão dos mesmos exercicios das segunda, mas com instrumentos; d) Os da quarta de exercicios de barra de extremidades esphericas, barra fixa, apparelhos gyratorios.” (REGIMENTO, 1901, p.80, grifos nosso).

NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. PELAS CRIANÇAS DESVALIDAS: o Instituto de Assistência à Infância do Maranhão nas primeiras décadas do século XX. São Luís: Universidade Estadual do Maranhão, 2007a. (Graduação em História).


1903/1910 registra-se a passagem do professor de GinĂĄstica Miguel Hoerhan pelo MaranhĂŁo:


Djard MARTINS (1989) registra em seu já clássico “Esporte, um mergulho no tempo” 58 o nascimento das atividades esportivas no Maranhão e traz Miguel Hoerhann como o primeiro professor de Educação Física, atuando na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física: "E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense..." (MARTINS, 1989). É o próprio Miguel quem confirma essa condição 59, em nota publicada no jornal “O Paiz” em 21 de novembro de 1909, no Rio de Janeiro: ‘EDUCAÇÃO PHYSICA CARTÃO COMEMORATIVO DE 20 ANOS DE TRABALHO NO BRASIL Mens sana in corpore sano; vita non este vivere; sede vivere Miguel Hoerhann, capitão-tenente honorário da armada nacional, professor de educação física da Escola Naval, Colégio Militar, Externato Aquino, e professor de ginástica e esgrima do Automóvel Club do Brasil – Exprofessor dos colégios Brasileiro-Alemão, Abílio Rouanet, João de Deus, Instituto Benjamin Constant, e Instituto Nacional de Surdos Mudos, no Rio de Janeiro. Ex-professor dos colégios São Vicente de Paulo, Notre Dame de Sion, Ginásio Fluminense e Escola Normal Livre; sócio-fundador e 1º. Turnwart do Turnerein Petrópolis, em Petrópolis. Ex-professor da Escola Normal e grupos escolares Menezes Vieira e Barão de Macaúbas e do colégio Abílio, em Niterói. Ex-diretor do serviço de Educação Física; ex-professor da Escola Normal, escola modelo Benedito Leite; Instituto Rosa Nina, Liceu Maranhense, e escolas estaduais e municipais; fundador e 1º presidente e 1º diretor dos exercícios do Club Ginástico Maranhense; em S. Luis do Maranhão. Exprofessor do Ginásio São Bento e ex-secretário do I. e R. Consulado da Áustria e Hungria, em São Paulo. 20 anos de devotado trabalho no Brasil (de 24 até 44 anos de idade, desde 1889 a 1909). Ex-Instrutor da imperial e real marinha de guerra da Áustria, condecorado com a medalha militar de bronze, conferida por sua imperial e real majestade apostólica Francisco Jose I, Imperador da Áustria-Hungria (desde 15 até 23 anos de idade, 1880-1888).

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MARTINS, Dejard. ESPORTE, um mergulho no tempo. São Luís: SIOGE, 1989. Prezado Sr. Leopoldo Vaz, boa noite. Tomei a liberdade de lhe contatar quando soube de suas dúvidas, pelo pessoal do Arquivo Histórico de Ibirama - SC, acerca de Miguel Hoerhann, meu tataravô. Resido em São José, cidade vizinha de Florianópolis, capital de Santa Catarina e recém doutorei-me em História. Justamente trabalhei com a nacionalização dos Xokleng, comunidade indígena de SC, a qual o filho de Miguel, Eduardo Hoerhann dedicou toda a sua vida. Eduardo Hoerhann nasceu em Petrópolis em 1896. Filho de Miguel, (no anexo você consegue algumas informações sobre ele) e de Carolina, sobrinha-neta do Duque de Caxias. Alguns dados do Museu estão equivocados.

Há uns anos, vi que os senhores disponibilizaram digitalizado, o livro Esgrima de Baioneta, de autoria do Miguel Hoerhann. Fiquei muito contente descobrir isso, e uma pena que ainda não consegui imprimi-lo em capa dura, mas parabéns pelo capricho. O sr enviou para a sra. Aparecida um diploma assinado pelo Miguel. Há possibilidade de enviar para mim numa resolução maior? Está ilegível em 9 k. No mais, espero poder ter ajudado em algo. Infelizmente, muitas informações se perderam. Cordialmente, Rafael Hoerhann. Disponível em educacao-fisica/

http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/02/27/miguel-hoerhan-nosso-pioneiro-professor-de-


1904 primeira referencia que se tem desse professor de educação física é de um diploma dado a diversas autoridades e intelectuais, dentre os quais a Fran Paxeco, Cônsul Honorário de Portugal no Maranhão; consta ‘aos propugnadores da educação physica’ e está assinada por Miguel Hoerhann, Diretor da Educação Physica, e foi passado em 18 de maio de 1904:

. Miguel Hoerhann foi instrutor de artilharia do império austro-húngaro, professor de esgrima e ginástica sueca nos estados do Maranhão e Rio de Janeiro. Nesta cidade, a ginástica era voltada para o treinamento militar dos novos cadetes e oficiais da Marinha Brasileira e do Colégio Militar. Miguel tem vasta produção de artigos em periódicos e é autor do livro Esgrima de Baioneta, publicado no Maranhão em 190460:

60

O livro digitalizado está disponível no link:

http://www.cultura.ma.gov.br/portal/bpbl/acervodigital/Main.php?MagID=37&MagNo=68


Ao Excelentíssimo Senhor Coronel Alexandre Colares Moreira. Digníssimo Governador do Estado do Maranhão. Respeitosamente oferece o autor

Fica-se sabendo que se trata de reimpressão de edição de 1896:


De acordo com Dagnoli (2008); e Gomes (2009): “[...] Miguel Hörhann (Miguel Hoerhann) nasceu na Áustria e faleceu no Rio de Janeiro; foi instrutor de Artilharia na Imperial e Real Marinha de Guerra da Áustria até 1884, e CapitãoTenente da Armada Nacional. Sua mãe, Carolina de Lima e Silva Aveline, pertencia à aristocracia militar do Estado do Rio de Janeiro, neta do Duque de Caxias.” 61, 62,63. 1903 anuncio informando sua nomeação em 1903, como professor de ginástica da Escola Normal de Niterói:

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DAGNONI, Cátia. O CHOQUE ENTRE DOIS MUNDOS O CONTATO ENTRE O ÍNDIO E O BRANCO NA COLONIZAÇÃO DO VALE DO ITAJAÍ – um estudo sobre a interpretação do imigrante europeu a respeito dos Xokleng 1850 – 1914. Blumenau, 2008, Dissertação de Mestrado, Universidade Regional de Blumenau http://proxy.furb.br/tede/tde_arquivos/3/TDE-2009-0218T080906Z-442/Publico/Diss%20Catia%20Dagnoni.pdf 62 http://pagfam.geneall.net/2762/pessoas.php?id=1168057 63 GOMES, Iraci Pereira. OS XOKLENG E A COLONIZAÇÃO DO VALE DO ITAJAÍ: ANÁLISE DE UMA CARTA DE EDUARDO DE LIMA E SILVA HOERHANN - ENCARREGADO DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS (SPI) IV Congresso Internacional de História, 9 a 11 de setembro de 2009, Maringá. http://www.pph.uem.br/cih/anais/trabalhos/748.pdf


- Gazeta de Petrópolis, edição de 15 de setembro de 1903, informa-se que Miguel Hoerhann estava em São Luis, nomeado que fora Diretor da Educação Physica, conforme a edição 204 de “A Pacotilha”, da capital do Maranhão:

- Na edição de 19 de maio de 1903, de A Pacotilha – Jornal da Tarde – é anunciada a chegada do Sr. Miguel Hoerhann, contratado pelo Governo do Estado para reorganizar o serviço de educação física, voltado para o Liceu, Escola Normal e Modelo, escolas estaduais e do município:


- No Diário, de 19 de maio também e anunciada a chegada do novo professor de Ginástica:

- No dia 20 de maio, as aulas têm início:

- Em maio, a educação física é tornada obrigatória em todos os estabelecimentos de ensino, não apenas no Liceu e Escola Normal, e Escola Modelo:



- Logo a seguir, são distribuídas as aulas de ginástica para as diversas escolas do município:


- Em 6 de julho ĂŠ anunciada a chegada de sua famĂ­lia :


- Em 11 de agosto, o Professor Miguel recebe os aparelhos de ginástica, solicitados para o Liceu Maranhense, conforme oficio:

- 04 de junho de 1903 aparece anuncio n´A Pacotilha em que Miguel Hoerhann, como já fizera em Petrópolis e Niterói, oferece seus serviços como professor particular de ginástica:


- Logo no dia 05/06, anuncia o inicio das aulas:

- A 30 de junho, outro aviso, convocando os alunos inscritos:

- No mês de agosto novo anuncio em A Pacotilha, do dia 31, já assinado como Diretor da Divisão de Educação Física do Maranhão, sobre a realização de um concurso poético, tendo por tema a Ginástica. Verifica-se que se referia ao Turnen64, haja vista a citação dos “4 Fs”, como a divisa da ginástica:

64

Turnen: expressão do idioma alemão traduzido como “ginástica” por Tesch (2011), mas que além da ginástica com aparelhos (atual ginástica artística) englobava a corrida, jogos, esgrima, entre outras práticas. MAZO, Janice Zarpellon; PEREIRA, Ester Liberato. PRIMORDIOS DO ESPORTE NO RIO GRANDE DO SUL: os imigrantes e o associativismo esportivo. IN GOELLNER, Silvana Vilodre; MÜHELEN, Joanna Coelho von. MEMORIA DO ESPORTE E LAZER NO RIL GRANDE DO SUL. Porto Alegre, 2013. Vol. 1. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/83615/000906885.pdf?sequence=1 TESCH Leomar. Turnen: transformações de uma cultura corporal europeia na América. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011


“Abre-se aos cultores das musas uma produção poética, em que entrem as palavras que constituem a divisa da gymnastica: FIRMA, FORTE, FRANCO, FIEL, e que tenha por tema a glorificação da abnegação, do trabalho perseverante e nobre, do vigor do espírito como consequência dos exercícios physicos [...]”

- O anuncio se repete nos meses seguintes, sendo que a 26 de setembro aparece um poema exaltando a ginástica, de autor anônimo. Conforme a redação, não querendo participar do concurso, mesmo assim faz seu poema: - outubro de 1903, reabria as aulas de ginástica:

1904 Pacotilha de 11 de fevereiro Fran Paxeco escreve sobre o concurso que Miguel Hoerhann instituira, como primeiro ato na função de Diretor do Serviço de Educação Física do Estado do Maranhão – concurso de


poesia65. O artigo louva a iniciativa de Miguel Hoerhann em promover o concurso poético, e divulgando a ginástica entre a juventude: RASPÕES CRITICOS FORÇA E POESIA: - o estimulo da educação física pelas criações literárias. O Sr. Miguel Hoerhann, em boa hora nomeado pelos poderes públicos para dirigir o serviço da educação física na capital do Maranhão, abriu um concurso poético entre os literatos maranhenses. O seu tema é a glorificação dos exercícios ginásticos, dentro destas e daquelas bases. Não discutiremos se o esforçado professor procedeu avisadamente, ao demarcar esses limites, pois configura-se-nos que bastava determinar a orientação geral dessas composições. Mas cremos que os concorrentes, descingindo-se das minúcias desses liames, não encontrarão o mínimo repudio por parte do júri. O Sr. Hoerhann, que encara as suas funções oficiaes como um apostolado, não contente com as suas palestras e artigos de propaganda e com as suas aulas particulares, a que ocorreram muitos moços, pensou bizzaramente, ao inaugurar o edificante incentivo dos concursos poéticos. Os três eleitos desse duplamente aprezivel certamen serão galardoados com coroas, já expostas nos Armazens Teixeira, - uma de louro, de ouro, outra de louro, de prata, e uma terceira, de folhagem verde, artificial. Deseja depois o Sr. Hoerhann, que encerra o concurso no dia 18 do corrente, fazer uma entrega solene dos prêmios aos escolhidos, num dia próximo, talvez lá para março, quando “os ares,que uma nuvem escurece” retomarem a sua limpidez habitual. E não haveria então oportunidade para efetivar, conjuntamente, o seu anclo de uma festa ginástica – em aparelhos -, no próprio edifício da Escola? Acrfetiamos que os jovens poetas do Maranhão não hesitarão em associar-se às belas intenções do ilustrado e indefesso propugnador da educação física. A Beletristica, em qualquer dos seus departamentos, é hoje a grande filtradora das conquistas ontidas peça sciencia. Com os seus dixies, transvertendo essas verdades cruas em alegorias acessíveis às multidões, que se deixavam arrastar mais pela imaginação do que pelo raciocínio, a poesia, o romance e o drama, assimilando as conclusões dos laboratórios e da filosofia, converteram-se em inespugnáveis instrumentos de aperfeiçoamento social. A arte pela arte evolou-se. Só os palavrosos, inanes e resiveis, é que ainda hoje a cultivam. E que melhor missão poderiam ambicionar os beletristas que ai despontam do que a de contribuir, cantando, idealizando, para o robustecimento dos seus coestadanos?... Não há presentemente – nação ou homem de governo, higienista ou simples publicista – quem não faça incidir os seus intuitos de regeneração da humanidade sobre este ponto basilar – o da instrução física, para que o corpo suporte prazenteiro a sobrecarga dos que-fazeres espirituaes que a civilisação lhe impõe, no seu infreavel galoupar. Nas sanguisedentas eras do regimen militar, franco e exclusivo, a seleção operava-se no campo da batalha. E a Grecia não trepidava até em enganar os que nasciam valetudinários. Dos seus ginásios saíram os artistas, os beletristas, os scientistas, os filósofos, os estadistas, os guerreiros. Mens sana in corpore sano. Respirava-se Força e Poesia por todos os poros. Executava-se, no alvorecer da fecunda ocidentalidade, a divisa de Camões – “braço à armas feito mente às musas dada”. As guerras, século em fora, foram rareando. As sociedades foram-se capacitando de que era mais enobrecedor viver do trabalho livre do que da pilhagem desbragada. Nisto, empolgado o militarismo pelo industrilismo, descortina-se um novo alvo: as aventuras da vida canibalescamente belicosa transmutam-se na relativa placidez das expedições marítimo-comerciaes. Há combates, ainda, mas já como um meio, não como um fim. E, neste interregno bendito, o vigor vae-se submergindo, entorpecendo-se as gerações, que ficam lassas. A riqueza atrofia – e nessa época era-se luxuosamente rico ou pensava-se em sê-lo. É neste momento de fausto que a Inquisição, desesperado arranque do catolicismo, manietado pelo jesuitismo, vibra a mais profunda machadada dos povos que a toleraram. Uns foram despenhados nas fogueiras nos conventos. Não aconteceu o mesmo aos paizes protestantes, onde as idéias de liberdade hastearam e manutiram o equilíbrio do organismo individual e coletivo. O seu gênio esportivo, exercitando nos vagares recreativos os furores que antigamente se aplicavam ao tropel mavortico, é que os previlegiou com o nervo da resistência que os abroquela. E 65

Publicado no Blog do Leopoldo Vaz em 10/01/2016, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/01/10/fran-paxeco-e-a-introducao-da-educacao-fisica-no-maranhao-novosachados/ Publicado no CEV, Comunidade Educação Física no Maranhão, disponível em http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/fran-paxeco-e-a-introducao-da-educacao-fisica-no-maranhao-novos-achados/


foram as suas provas que serviram de espelho aos latinos, os quaes tiveram na França, em Edmond Damolins, o seu maior campeador. O mundo caminha para a paz, - di-lo a evolução humana. (Não nos aparteiem com a contenda russa-japoneza, porque ela concretisa exatamente o principio do fim, ou seja o desarmanento universal, ujma vez resolvida a partilha da Turquia e da China). É necessário, portanto, desaparecidos os derivativos bélicos, que avigoravam as nacionalidades, prover e prever a organisação duma sociedade ginástica pedagógica, estudando as as paragens em que ela se houver de exercer e aclimar. É uma tese a tratar, em tal presuposto, a da influencia da educação física nas regiões tropicaes. E é este o caso do Maranhão. O que ninguém refuta é que todo aquele que, em criança, se privou dos exercícios ginásticos, se mais tarde se embrenha por profissões puramente inteletuaes, permanece eternamente engoiado. O seu ser – ou se esgota prematuramente ou degenera a breve trecho. Só as inúmeras variantes do esporte dos nossos dias podem outorgar aos pacíficos cidadãos do século XX a harmonia que falece as suas anemiadas faculdades. E concorrer para a realisação deste fito, pela palavra ou pela Penna, é concorrer para o advento do reinado ideal duma Fôrça altruísta e duma Poesia consoladora. Porque ser forte é ser bom e belo! Fran PAXECO.

- O Governador do Estado, em mensagem ao Congresso do Estado, apresenta seu relatório de atividades do exercício do ano anterior, e refere-se à Educação Physica:


- As aulas de Ginástica são suspensas nas escolas municipais

- Em setembro, convocam-se os sócios do Clube Ginástico Maranhense. Nota-se o símbolo dos “4 Fs” :

O Governador do Estado, em mensagem ao Congresso do Estado, apresenta seu relatório de atividades do exercício do ano anterior, e refere-se à Educação Physica: - Ao que parece, em 1911 Miguel Hoerhann já estava no Rio de Janeiro, conforme o (Diário Oficial da União (DOU) de 12/08/1911), Pg. 14. Seção 1) - Miguel Hoerhan ministrava “exercícios de gymnastica sueca, de esgrima, de espada e florete” no Colégio Militar – Rio de Janeiro. É listado junto com outros professores – “dirigidos pelos instructores professor Miguel Hoerhan, tenente Migrel Ayres e capitão Valério Falcão” – durante visita dos membros do Conselho Superior de Ensino.


1904 - A "gymnástica" era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende desse anúncio, publicado em 1904: "PARA OS ALUMNOS DE AULA PARTICULAR DE GYMNÁSTICA. "A Chapellaria Allemã acaba de despachar: "camizas de meia com distinctivos; Distinctivos de metal com fitas de setim e franjas d'ouro; Distinctivos de material dourado para por em chapéus; Chapellaria Allemã de Bernhard Bluhnn & Comp.; 23 - Rua 28 de julho – 23. (A CAMPANHA, 6ª feira, 8 de janeiro de 1904, p. 5). 1907 - o nascimento das atividades esportivas no Maranhão se deu pelas mãos de Nhozinho Santos - Joaquim Moreira Alves dos Santos -, quando foi fundado, em 1907, o Fabril Athletic Club. Nessa primeira década do século XX, a juventude maranhense estava principiando a entender o quanto era importante praticar esportes e desenvolver a formação física. Miguel Hoerhan foi nosso primeiro professor de Educação Física, tendo prestado relevantes serviços à mocidade ludovicense, como professor na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física.: "E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense..." - O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época: "CURSO ANEXO - Foi este o resultado dos exames de hontem: GYMNÁSTICA - Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10. Faltaram 12". (O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907). - No dia 26 de dezembro é registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação física nas escolas: "Aprendizes Marinheiros: Hontem, às 4 horas da tarde, os aprendizes marinheiros, fizeram exercícios de 'foot-ball' na arena do Fabril Athletic Club e um assalto simulado de florete, sob a direção do respectivo instructor da Escola. Os alumnos revelaram-se disciplinados e agiram com muito garbo e desembaraço.Domingo próximo, às 5 horas da manhã, haverá novo exercício no mesmo local". (O MARANHÃO, 26/12/1907). 1908 - Em um outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica" avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta feira" (em O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257). - o FAC fez as reformas de seus estatutos, para incluir o manejo de armas - prática do tiro - entre suas atividades, com o fim de prestar um serviço às juventude, valendo-se da Lei do Sorteio Militar. Com a ajuda do então tenente Luso Torres, foi fundada uma seção de Instrução Militar, a fim de preparar os sócios que nela quisesse tomar parte e gozar dos favores da referida lei. 1909 - Talvez para se beneficiar dessa Lei, e livrar os jovens da elite maranhense da instrução militar, o Tiro Maranhense informava que já chegava a 120 o número de pessoas inscritas naquela Sociedade. Em 10 de abril é anunciada a posse da diretoria, na Câmara Municipal. (O MARANHÃO, sábbado, 03 de abril de 1909). 1910 - No início da década desaparece o hábito de repousar nos fins de semana, substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. Essas atividades, divulgadas pelos jornais, começaria a apresentar seus primeiros sinais de mudança ainda nas últimas décadas do século XIX, com o surgimento e fortalecimento gradual dos esportes. 1911 Fran Paxeco publica em Pacotilha, Maranhão – segunda-feira, 14 de agosto de 191166: A EDUCAÇÃO FÍZICA Transmite uma lenda que, em idades imemoriais, o fantástico Hercules instituiu os jogos helênicos. Alguns mitógrafos aventam que “houve, em Piza, o rei Anomacs, que tinha uma filha. Claro quem linda, e muito requestada pelos príncipes de cem léguas em redor. Reuniram-se quinze, nada menos, está visto que apolíneos, sedutores. A princesa uzava o rebarbativo nome de Hipodameia. Surge, no meio disto, a profecia dum oráculo – o pajé daquelas épocas soberbas. E era que o monarca morreria às mãos do jenro. Anomaos, tremulo, alvitrou que os apaixonados se batessem com ele. O triunfador, em premio, receberia a joven e os correlativos tezouros. Esquecia-nos dizer que a 66

Publicado no Blog do Leopoldo Vaz, em 09/01/2016, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/01/09/contribuicoes-de-fran-paxeco-a-introducao-da-educacao-fisica-e-dosesportes-no-maranhao-brasil/ Publicado no CEV/Comunidade Educação Física no Maranhão, disponível em http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/contribuicoes-de-fran-paxeco-introducao-da-educacao-fisica-e-dos-esportes-nomaranhao-brasil


formozura apetecida se ufanava com uns olhos de pervinca. Deu-se o repto. Os namorados, um a um, expiaram o mseu devanio, na luta com o jigante. Mas o resultado seria fatal. As pitonizas não se enganavam. E, num dia de sol gloriozo, irrompeu um novo pretendente – pelops, filho de Tántalo e chefe dos lídios. Anomaos foi fulminado e a cortejada Hipodameia passou a pertencer ao musculozo mancebo. Elis estabeleceu, depois, a noroeste do Peloponezo, a cidade de Olimpia. Dos primeiros jogos, que nela se realizaram, derivou a célebre designação. Os louros dos gladiadores consistiam num delicado ramo de oliveira. Os atletas de hoje, sabe-se, exijem muito mais. Essas estimulantes provas de amor à robustez caíram em dezuzo, na faze da mitolójica batalha de Tróia. Restabeleceram-se, perto de nove séculos antes da era vulgar, e tomaram um considerável impulso, no ano de 776, também anterior à nossa era.Os gregos principiaram, nesta data, as suas olimpíadas. Chamaram olimpíadas ao intervalode 4 anos, transcorrido entre duas celebraçõis consecutivas dos jogos, e serviam-se desse período prá contajem dos tempos. De tal homenajem ao vigor fízico dimanou a imorredoura grandeza do pequeno povo da Hélada, - paradigma da civilização ocidental. Provado mesmo, pelos entendidos, que a vida nos quartéis atrofia o organismo, e tendo o invento da pólvora submerjido a bravura individual, os pensadores, os hijienistas e os governos trataram de organizar a educação do corpo, aparelhando-a com variadissimos métodos. A Suiça, por ex., tão digna de estudos, em tanta coiza, efetua uma concorrida festa nacional, todos os anos, a que vão numerozissimas massas dos seus populosos 22 cantõis. Avultam, nesse tocanhte culto cívico, os exercícios de tiro e destreza. A renovação dos trabalhos em prol do prezervamento corpóreo vem do sueco Pehr Henrik Ling, nascido em 1776. Indo a Copenhague, em 1799, dedicou-se às línguas modernas. Permaneceu ali 5 anos, com interruçõies, devidas a viajens, pela França, Inglaterra e Alemanha. Aprendeu esgrima com uns emigrantes francezes. E notando que os assaltos esgrimisticos lhe produziam um rápido alivio, num braço gotozo, rezolveu, ato contínuo, consagrar os seus cuidados a semelhnate ramo de conhecimentos. “Logo percebeu que não era somente um meio para robustecer a saúde – escreve o Sr. Miguel Hoerhann, a quem o Maranhão deve um enorme esforço nesse sentido -, mas ainda uma importantíssima disciplina para a educação da mocidade, carecendo, porém, para esse fim, de baze científica.” Ling dividiu a materia em quatro partes essenciais: - jinástica pedagógica, pela qual a criatura alcança o domínio do corpo; jinástica militar, com que, pelas armas, ou pela própria força fízica, viza subjugar outrem; jinástica médica, que procura, por poziçõis e movimentos adequados, minorar as dores e curar as moléstias anormais; jinástica estética, por que se tenta manifestar o ser intimo, o sentir, os pensamentos. O notável poeta e mestre de enerjia transformou os moldes educacionais da sua pátria. Fundou, em Estocolmo, coadjuvado pelo governo, o Instituto central de Jinástica, que dirijiu, pçor espaço de 25 anos. O seu processo propagou-se pela Escandinávia inteira. Introduziram-o, obrigatoriamente, no exército , na marinha e em todos as cazas de ensino do paiz. A jinástica médica – terapêutica -, conhecida por jinástica sueca, divulgou-se pelo universo. O custeio anual do afamado Instituto orça por 45 contos, moeda brazileira. A maioria dos freqüentadores compõe-se de oficiais de terra e mar, que se matriculam nele, assim que deixam as respectivas escolas Concluido o curso de professores de jinástica, ou jinastas-médicos, solicitam uma licença de 3 anos, sem vencimentos, e seguem prá Inglaterra, Canadá, Russia, Arjentina, Estados Unidos, etc., a exercer a jinástica pedagógica ou médica. O jinásta, nos bons coléjios, opéra sob indicações dum médico, conhecedor da especialidade. Os poucos médicos suecos, ou estudantes de medicina, que se devotam à quinesiterapia, vão-se apresentar no Instituto de Jinástica Ortopédica. Existem outros estabelecimentos de egual espécie, equipardos aos da Suécia. Dêstes saem, anualmente, centenas de pessoas, de ambos os sexos, que se propõem dezempenhar o seu mister em diversas terras. O desporto assumiu uma feição intrincada. Temos o pedestrianismo ou estradismo, o alpinismo, o ciclismo, a natação, as regatas, o hipismo, o atletismo, o jiu-jitsu, os campeonatos de sabre, de esgrima, de tiro ao alvo, o football, etc. O dinamarquêz J. P. Muller abranje, com a denominação de atlética, todos os torneios corporais. “Por desporto – afirma -, entendo todos os movimentos e exercícios que se executam, titando a distração, pra ser mais hábil do que os outros, em certa especialidade, ou pra se obter prêmios em concursos. Chamo jinástica a todo mo trabalho executado com a intenção consciente de aperfeiçoar o corpo e aumentar a saúde, a fôrça, a ajilidade, a rezistência, a lijeireza, a astúcia, etc.”. (O meu sistema, trad. Portugueza, pajs. 23).


E, já agora, ouçam um pedacinho de Marcel Prévost: - “os desportos ensinam ao espírito a sinceridade e a modestia, a emulação e a vontade, e ainda uma coiza mais relevante, prá saúde moral e prá felicidade humana: criam a confiança e a esperança, que brotam, espontâneas, na enerjia disciplinada”. Neste assunto, ninguém o ignora, há pano pra mangas. Fran Paxeco. - A 17 de agosto, desse ano de 1911, escreve outro artigo, também publicado n´Pacotilha67: O culto da saúde A verdadeira pedra filozofal está simplesmente numa vida regrada. Assim no-lo prega o dinamarquêz Muller, no livro o meu sistema, traduzido em mais de uma dúzia de línguas. O afamado apóstolo da cultura fízica leciona e executa. Obteve, em diversos campeonatos, 130 e tantos prêmios. É perito nas corridas de velocidade e rezistência, salto em comprimento, remo, natação, mergulho, jogo do martelo, lançamento da bola de 16 libras inglezas, luta Greco-romana, alteres, jogos da bola de 56 libras, disco, dardo, lutas de tração, de cinco e dez pessoas. Sai-se perfeitamente no box e no foot-ball. Leu, muito moço, obras de fiziologia e jinastica. Um artigo sobre pedestrianismo, visto depois, ensinou-o a correr nos bicos dos pés. Travou conhecimento, a seguir, dos volumes do austríaco Vitor Silberer, que introduziu o gosto do desporto em sua terra. Caiu-lhe sob os olhos, a breve trecho, um guia popular de saúde . Esperimentou , após, todos os sistemas jinásticos, incluzive o sueco, então em voga. “Mas foram os exercícios em caza – confessa -, organizados por mim só, e as corridas ao mar livre, que transformaram a criança doente, que era, num rapaz robusto e sadio”. Refere-se ao processo de Sandow, que se divulgou bastante. “MO método é bom, pra produzir bicipetes salientes; mas como se sabe, a fôrça vital não está no braço. – Acho preferível ter coração, pulmõis, pele, dijestão, rins e fígado normais a bons bicipetes. Condena Sandow, porque “despeza completamente a boa atitude jeral do corpo”, exibindo os seus educandos “com o dorso e as pernas arqueados”. Ling “conduz ao escesso oposto” e abandona muitas coisas úteis. Declara, por fim, que o seu sistema “conjstitue uma média, entre estes dois estremos”. Chegai à concluzão, acentua o sr. Muller – de que os pontos por onde a maioria dos corpos humanos se afasta do mideal da saúde e da beleza são a pele e o ventre. 90% dos reprezentantes da nossa espécie necessita de exercícitar os nusculos e os órgãos abdominais e tratar da pele. O manual do bravo jinasta, elucidado por ilustraçõis, dispensa outro indicador. Qualquer, seguindo-lhe o rejimem, poderá enrijar-se e prevenir moléstias. Promanon da esperiencia de séculos a solida ciência da nossa época. Assim, das contraprovas do atletismo, proveiu a remodelação e aperfeiçoamento dos órgãos do reino humanal. Os fiziólogos intervieram, no momento psicolojico, - deixam passar o chacoteante chavão -, com as suas teorias, completando, nos laboratórios, o que a prática dos curiozos desnudára. Mas, antes de Mosso, Lombroso, Demeny, Toulouse, Marey, Desfosses e uma lejião doutros se manifestar. Gladstone, aos 80 anos, pra que o vigor se lhe não entorpecesse, rachava os mais pétros carvalhos, Tolstoi e Zola amavam o ciclismo, Brieux ostentava-se um belo jinasta, Prévost adora os jogos ao ar livre, mPaul Adam e Pierre Mael são atletas. Etc. O dr. Tissié e o professor Demeny profligam os torneios e voltas preconizados por Ling, proclamando a jinastica hijienica, afim de equilibrar, no meio-termo, o evolver corpóreo. Ao tenaz sueco todavia, não se deve negar o grande méritode atrair as almas prá sistematização, nos tempos modernos, do que fora um hábito instintivo dos antigos. Muller e Demeny, marcadamente, evanjelizam a jinastica racional, ou educativa, harmonizando o que metodizam com os movimentos naturais, sem sacrifício da compleição particular de cada um. Num dos paragrafos de seu livro, G. Demeny afirma-nos que a influencia psíquica do exercício se consegue, em conjunto, na dansa associada à múzica, nos jogos em comum, nas aplicaçõis úteis, exijindo iniciativa, coragem, audácia. Os desportos de todas as categorias, as lutas, os assaltos, os combates – são a melhor escola do caráter e da personalidade. Depara-se ai o laço da solidariedade e da dsciplina, junto à maior independência. É preciso rebater, pelos jogos livres, a sensaboria e a rijidez duma jinastica escluziva. Pode ser-se regrado, sem tais inconvenientes. Os efeitos somáticos dos movimentos não são os únicos dezejaveis. Menosprezar as conseqüências psíquicas – alegria, entuziasmo e as qualidades éticas mais altas do individuo – é truncar a educação, reduzir-lhe disparadadamente o 67

Publicado no Blog do Leopoldo Vaz, em 09/01/2016, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/01/09/12321/ Publicado no CEV/Comunidade Educação Física no Maranhão, disponível em http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/nova-contribuicoes-de-fran-paxeco-introducao-da-educacao-fisica-e-dos-esportesno-maranhao-brasil-1


alcance. Vê-se que os motivos de reputado professor francez se estribam em irrefragáveis doutrinas, hoje aceitas pelos sabedores e pelos ignorantes. O dr. Toulouse, que alcançou numa nomeada mundial, com o seu escrito, sobre o ciclópico romancista de RougonMacquari, enviou ao pariziense Excelsior, o jornal-revista da moda, um lúcido artigo acerca do debatissimo surmenage. Conta-nos que os neurastênicos pejam mnos consultórios médicos e os azilos, ameaçando aniquilar ou pelo menos, dimunuir o valor da raça. Começa por nos descrever um homem rico, seu conhecido, que contraiu uma séria perturbação nervoza, por se ocupar em demazia, e sem ordem, duma pequena serie de raridades livrescas, a cujo exame, bibliografia e classificação só se entregava – quando lhe dava na gana. Divide em duas classes o labor mental. Um é fácil, espontâneo, como quando meditamos em assuntos pouco nítidos, sonhos ambiciozoz, lembranças do passado, reflexõis dissemilhantes. O espírito divaga, passeia, regressa ao ponto central, evade-se, ao sabor de mil pequenos ajentes, não domináveis. Esta atividade é a menos fatigante. Um trabalho, em que aq criação seja o elemento preponderante, toma a maior parte das vezes esse aspeto, embora isto sorprenda muitas criaturas, que respeitam as elevadas especulações inteletuais. Eis porque os artistas, os sábios, os inventores,, os homens de negócio são capazes de conservar horas a fio no seu posto, sem pestanejar. A segunda face do labor mental é voluntária. A alteração consciente é constante e mantem o espírito num limite estreito, de que não pode arredar. O esforço rezulta penozo. Há serviços maquinais, que fatigam com facilidade, ainda que o gasto inteletivo ou muscular na seja intenso. Os afazeres voluntários demonstram-se como os mais exaustivos. Aconselha que se crie o costume de ter tanto menos pressa quanto mais houver que fazer. Já Franklin assim reciocinava, ao esternar que – “os homens ocupados são os que teem mais tempo”. Quando houver trabalho em barda, cumpre que se descanse mais e se moderem os jestos, que se relacionam diretamente com o pensamento. Não se deve concentrar a atenção em vários assuntos. Mas, quando mo campo em que ela se exerce é muito estrito, há num novo perigo, - objeta ainda o0 considerado médico francez. Se se não varia uma tarefa esgotante, chega-se depressa ao estado em que a só idéia dessa tarefa basta para neurastenizar. O ramerão do serviço diário possue outra desvantagem: abate o interesse, sem o qual a boa vontade se some e a canseira sobrevem rapidamente. A mesma incongruência aparece, quando ocorre o contrário, - quando o interesse é demaziado, passional, caraterizando-se pela angustia do sucesso, o receio sw peoceder maL, o escesso de amor próprio. Como reconhecer, pergunta o dr. Toulouse, que o trabalhar nos alenta? Basta um sinal, esclarece. O trabalho não será demais, se o espírito, ao repouzar, estiver izento de preocupacõis, não se fizar na faina que tem entre mãos, se o sono for tranqüilo, inabalável. Com este avizos, secos e precizos, somente maltratará o organismo quem de todo se recuzar a súber a suave escada, prescrita pelos jinastas e fiziolojistas. Topar-se-á, no cimo dela, o gôzo duma razoável saúde. Fran Paxêco. 1915 - ao mesmo tempo em que era anunciada a criação de um clube para a prática dos esportes, "UM CLUBE ESPORTIVO - Fundado um club esportivo - Club Zinho - com o fim de proporcionar aos seus associados diversão como sejam passeios maritimos, pic-nic, exercícios físicos, ginástica pelos processos mais modernos. Presidente: Hilton Raul - Vice presidente: Guilherme Matos".( O JORNAL, 05 de maio de 1915) - O F. A. Club é (re)inaugurado - agora, como Foot-Ball Athletic Club. Foi realizado a tradicional soireé, ao som de polkas e valsas, e antes, aconteceu o jogo (match) de foot-ball. As senhoritas presentes vibravam com as jogadas de seus "sportman" favoritos, destacando-se Guilhon, Gallas, Paiva, Anequim, Ribeiro, Cláudio, e Schleback. Ainda ao "Red" coube a vitória da "luta de tração", tendo vencido o grotesco "maçã em água salgada" o Travassos, e Nava a disputa da "quebra potes cheio d'água, com olhos vendados". 1916 - Dos chamados "concursos grotescos" - no início das atividades do FAC, em 1907, eram chamados de gaiatos constava: frutas em água salgada - que deveriam ser tiradas com a boca, ganhando com conseguisse cinco primeiro -; boxe com olhos vendados (disputado em um tempo de cinco minutos; quebrar potes cheios de água com os olhos vendados. Constavam ainda provas de Atletismo, o place-kick (chute à bola) e a luta de tração (cabo de guerra) (Jornal O ESTADO, 02 de fevereiro de 1916) - Nas datas importantes, o jogo de futebol aparece como parte das programações, como as comemorações da Batalha do Riachuelo, pela Escola de Aprendizes Marinheiros, quando seriam executadas "Gymnástica Sueca com armas, Gymnástica sueca sem armas, corridas com três pernas, corrida do sacco" e uma partida de futebol, entre os "teams" "Marcílio Dias" e um formado por representantes do F. A. Club. (Jornal O ESTADO, 10 de junho de 1916).


- No final de 1916, é anunciada para o dia 3 de dezembro a inauguração do Bragança Sport Club, contando a programação com uma regata entre as equipes 1 e 2, a se realizar no Rio Bacanga, às 7 horas da manhã. Às 15 horas, estavam programados exercícios militares pelos alunos do Instituto Maranhense; às 16 horas, haveria um "Momento Literário", com recitação de poesias e monólogos, pelos sócios, e, às 17 horas, a partida de foot-ball entre os teams 1 e 2. Às 19 horas, a sessão solene de inauguração, seguida de soireé dançante. "Como um novo sol refletindo nas paragens longínguas do azul, appareceu o Club Sportivo 'José Floriano'", fundado por um grupo de rapazes de nossa terra com o fim único de "cultivar o physico e revestir de ganho e belleza todas as linhas plasticas do corpo". (Jornal O ESTADO, 30 de novembro de 1916). 1917 Fundação do Clube José Floriano em São Luís, em homenagem ao maior dos mestres da cultura física do país: "inflamando-se de enthusiasmo e de energia para combater o enfraquecimento de uma geração e dar vida e armonia aos músculos, admirados com embevecimento, nos grandes athletas e nas antigas estátuas de mármore guardadas nos velhos museus de Roma e Grécia", dizia F. de Souza Pinto, ressaltando o quanto era importante a boa forma física em Grécia e Roma antigos, nos Estados Unidos e na Alemanha atuais, como exemplo de uma raça: "E o Brasil, a terra verdejante de palmeiras e bosques floridos tem também os seus representantes e mestres de luta e acrobacia em que figura como principal elemento de nossa raça o afamado José Floriano Peixoto, cujo nome cercado de sorrisos e de feitos foi escolhido por patronimico do club, que acaba de apparecer nesta terra tristonha do norte, que há-de um dia figurar nos campeonatos, tendo para saudar as suas victórias a música melodiosa dos cântigos cheios de saudade e poesia dos nossos queridos sabiás". (F. de Souza PINTO, in "O ESTADO", 15 de fevereiro de 1917). DÉCADA DE 1920, havia debates sobre a educação escolar higiênica, bem como do exercício da cultura física representada nas atividades lúdicas (jogos e brincadeiras) e na chamada ginástica pedagógica como meios de desenvolver a mente e corrigir possíveis desvios do corpo escolarizado. (COUTINHO e NASCIMENTO) 68.

Logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) ocorreu no Brasil muitas mobilizações para discutir publicamente e fortalecer a identidade nacional - a republicana. O debate sobre a identidade nacional tornou-se pauta comum entre os políticos e intelectuais brasileiros, foi considerado como uma necessidade pública para estabelecer ordem e progresso à Nação. E no Estado do Maranhão não foi diferente! Iniciativas particulares e filantrópicas começaram a mobilizar a grande massa analfabeta dos centros urbanos até mesmo em cursos noturnos (OLIVEIRA, 2012) 69. Para Rosangela Silva Oliveira (2012)59, a instrução pública no Estado do Maranhão, na Primeira República, adestrou comportamentos e sentimentos aos interesses do governo liberal republicano: Discuti-la publicamente alimentava o sonho popular de sair da escuridão das trevas do espírito (o analfabetismo) e trazia o crédito eleitoral e influência política ambicionados por muitos profissionais urbanos. Sempre secundarizada em favor de outras ações governamentais, ficava em evidência somente em momentos de crise política quando suas fragilidades eram expostas para desviar a atenção pública de outras mazelas sociais (OLIVEIRA, 2004) 70. - Fran Paxeco idealiza e organiza o Primeiro Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início de 1920: Por estes dias, reunidos em sessão pedagógica da Faculdade de Direito, o diplomata português Fran Paxeco, presidente administrativo do Instituto da Assistência à Infância, diretor-geral do jornal local “A Pacotilha”, professor da Faculdade de Direito no Estado do Maranhão e lenthe da Congregação do Lyceu Maranhense, propôs aos colegas bacharéis e docentes do Instituto Superior acima mencionado a realização de um Congresso Pedagógico para apresentar teses e reflexões sobre a instrução pública maranhense, suas limitações e possibilidades. (OLIVEIRA, 2012)59.

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COUTINHO, Adelaide Ferreira; NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. IDEÁRIO NACIONAL, DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO E CONTROLE NA PEDAGOGIA HIGIÊNICA EM SÃO LUÍS NO LIMIAR DO SÉCULO XX. Disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012

OLIVEIRA, Rosângela Silva. FRAN PAXECO, LENTHE DA REVITALIZAÇÃO PEDAGÓGICA MODERNA NO ESTADO DO MARANHÃO, ORGANIZADOR DO 1º CONGRESSO PEDAGÓGICO EM 1920. IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação – Rituais, Espaços e Patrimónios Escolares, Lisboa, 12 a 15 de julho de 2012, ANAIS IX COLUBHE 2012. http://colubhe2012.ie.ul.pt/ , disponibilizado por Dra. Rosa Paxeco Machado através de correspondência eletrônica pessoal em 12/10/2012 http://sn125w.snt125.mail.live.com/default.aspx#n=1557179640&fid=1&fav=1&mid=4b2f82ba-1480-11e2b36f-00215ad9df80&fv=1 70 OLIVEIRA, R. S. Do contexto histórico às ideias pedagógicas predominantes na escola normal maranhense e no processo de formação das normalistas na Primeira República. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Universidade Federal do Maranhão, 2004


Nos Anais do 1º Congresso Pedagógico no Estado do Maranhão consta que no dia 18 de agosto de 1919, em reunião pedagógica presidida pelo vice-diretor desta Faculdade, o Dr. Henrique Couto, secretariado por Domingos de Castro Perdigão, os docentes Godofredo Viana, Manoel Jánsen Ferreira, António José Pereira Junior, António Lopes, Leôncio Rodrigues, Alcides Pereira, Costa Gomes, Lemos Viana, Abranches Moura, António Bona, Fabiano Vieira e Raimundo Lopes ouviram de Fran Paxeco o convite para realizarem um Congresso Pedagógico em fevereiro do ano vindouro (1920). A proposta foi aceita por unanimidade e imediatamente elegeram uma comissão organizadora, formada pelos drs. Godofredo Vianna, Fabiano Vieira, António Bóna, António Lopes e o próprio Fran Paxeco (MARANHÃO, 1922, citado por OLIVEIRA, 2012)71. - carta-circular datada de 12 de janeiro de 1920 expedida pela Comissão Organizadora, destinada às escolas oficiais, aos colégios particulares e demais interessados em participar e/ou inscrever trabalhos, apontou os ramos de educação adotados e abertos para o diálogo pedagógico. Foram eles: I – Educação Física: Jogos e brinquedos. Canto Coral. Despórtos. Recreios. Higiene Escolar e Doméstica. Inspècção médica. Assistência aos estudantes pobres. Caixas escolares. Cantinas. Balneários. Colónia de férias. II – Educação Intelètual: A) Música. Desenho. Lingua materna. Escrita e leitura. Aritmética e geometria. Sciéncias naturais. Geografia. História. Algebra e trigonometria. B) Astronomia. Fisica e química. Linguas estranjeiras. Psicologia. Filosofia. C) Trabalhos manuais. Agricultura. Economia. III – Educação técnica: Relações do ensino primário, secundário e superior com o ensino agrícola, veterinário, médico, jurídico, industrial e comercial. IV – Educação moral: Sentir, pensar, proceder. Culto da casa, da família, da pátria, da humanidade. Pais e professores. Deveres e direitos dos cidadãos. Consciéncia. Espirito Solidário. Toleráncia. Altruismo. V – Educação Estética: Arquitetura, mobiliário, decoração dos edifícios escolares. Conforto do lar e da aula. Simpatia pelos objetos e pelos estudos. Influxo das artes plásticas, na estrutura física, afetiva e mental dos sères humanos. Teses especiais sòbre: Faculdades, escolas de pedagogia, licèus. Educação vocacional. Atribuições pedagógicas e financeiras da União, dos estados e dos municípios. Organismos de técnicos, para superintender na escolha de horários, ortografia, livros, material, casas, etc. Estatística. Taxa escolar. Exames e promoções. Nomeação de professores. Escolas móveis ou ambulante (primárias e agrícolas). Exposições e museus. Bibliotecas infantis. Código do ensino: leis, decretos e regulamentos. Construções. Colégios particulares. Equiparações. Artes e ofícios. Colónias correcionais. Intercámbio de catedráticos das escolas superiores. (MARANHÃO, 1922 p. 4-5, citado por OLIVEIRA, 2012)59, 61. O regimento interno elaborado para o Congresso Pedagógico apresentou como objetivo geral de “obter e apreciar quaisquer estudos ou informações, preocupando-se designadamente com a instalação da escola, os métodos educativos, a escolha de compêndios e o preparo técnico dos professores” (MARANHÃO, 1922 p. 19) em oito sessões plenas: uma de abertura, uma de entrega das teses e da sua distribuição aos relatores, três para ao debate das matérias contidas nas cinco sessões, uma para as teses separadas, uma para a leitura das conclusões e de encerramento, com a obrigatoriedade de publicar os trabalhos apresentados. (OLIVEIRA, 2012)59. A terceira sessão, em 24 de fevereiro, presidida pelo prof. José Ribeiro do Amaral, presidente da Academia Maranhense, recebeu um público de treze professores, três alunas da Escola Normal, dois professores maristas, os quintanistas de medicina Domingos Perdigão e Mário Carvalho. Fran Paxeco registra a ausência de professores da rede municipal nas atividades do Congresso Pedagógico, abariu o debate sobre a primeira parte do programa Educação Física e recebeu as seguintes contribuições: duas indicações didáticas para a área temática de Jogos e Brinquedos, a indicação coletiva de sugerir oficialmente às autoridades governamentais um dia letivo específico para ensaios de hinos escolares e patrióticos, a proibição de ginástica em aparelhos para menores de dez anos, a solicitação de inspeção médica como medida de uma boa Higiene Escolar e Doméstica, também reclamaram a necessidade de um debate amiúde sobre a assistência aos estudantes pobres. (OLIVEIRA, 2012)59. A oitava sessão do Congresso Pedagógico, presidida pelo coronel Frederico Figueira, presidente da Comissão de Ensino do Congresso Legislativo, no dia 29 de fevereiro com um público de vinte e cinco professores e uma 71

Maranhão. Trabalhos do I Congresso Pedagógico. São Luis: Imprensa Oficial, 1922, in OLIVEIRA, 2012.


quartanista da Escola Normal, se constituiu de debates e reflexões sobre as condições estruturais das escolas primárias, a superlotação das salas de aulas, destacando as vantagens dos jogos e brincadeiras para o infante maranhense. (OLIVEIRA, 2012)59. Uma nona sessão ainda foi realizada, dia 1 de março, para a leitura dos Relatórios com as conclusões na área de Educação Física relatado por Luiz Viana, Educação Intelectual por Antonio Lopes da Cunha, Educação Moral por Rosa Castro e rápidas considerações sobre Educação Técnica, Educação Estética e Teses Especiais: Contou com a visita-surpresa do governador do Maranhão, o dr. Urbano Santos que expressou em discurso as desvantagens do ensino clássico e livresco, incentivando os professores presentes a deixarem ridículas verbiagens e aplicarem em sala de aula, com constância, a virtude da vontade de aprender. Fugir da parolajem inútil de conteúdos abstratos, idéia pedagógica moderna de Pestalozzi e Froebel. (OLIVEIRA, 2012)59. Entre as teses apresentadas, anexadas por Fran Paxeco nos Anais deste Congresso Pedagógico estão diretrizes pedagógicas importantes à instrução pública no Estado do Maranhão. Na primeira seção do 1o Congresso Pedagógico estão as teses especiais sobre educação ou cultura física onde os principais assuntos são apresentados pelo professor maristas Paulo Domingos. Ele reflete sobre as vantagens de realizar jogos no colégio. Ele não apoia muito o esporte “football” na escola, mas aprecia jogos recreativos no pátio da escola. “Dos jogos no Colégio” do Prof. marista Paulo Domingos ‘É preciso que os alunos brinquem, se distráiam, dispendam em passatempos inocentes a exuberáncia de seiva, a vivacidade do humor, o ardor do sangue que néles corre. Faz-se indispensável o ar, o espaço, o sol, o movimento, o barulho, para o crescimento do seu sèr e o desenvolvimento de suas energias (MARANHÃO, 1922 p. 43). Em outra comunicação a Prof. Rosa Castro chega a explicar didaticamente como realizar os jogos e brincadeiras. Sobre a “Cultura Física”, da Profa. Hermindia Augusta Soares Ferreira- Quando um aluno estiver inactivo, deve-se inspeccioná-lo, porque, doente o físico, enfèrmo ficará o espírito (MARANHÃO, 1922, p. 51). A aplicação dos jogos merece, entretanto, um especial cuidado dos professores ou, melhor, dos inspectores médicos, a quem incumbe a verificação da capacidade física e mental dos alunos e consequente separação, entre os normais e os anormais, calibrando, de acordo com este critério, a prática dos exercícios. Também é digna de interesse a racional classificação dos jogos, afim de se conseguir a sua gradação pedagógica ( ibid, p. 52). Luiz Viana, o relator desta seção aponta o francês Tissier (Philippe Tissiê iniciador da educação física na França) 72 como a influência pedagógica aceita pelos professores normalistas, mas não ignora a classificação de Courmont, Desfosses. A fines del siglo XIX, una importante fracción del campo intelectual europeo intuyó que sobre su época se cernía la sombra de la decadencia. Una falta de pujanza embargaba al espíritu fin-de-siècle y una palabra reflejó la situación: fatiga. Phillipe Tissié (1914), publicista francés de la gimnasia racional, anotó: "La presente generación ha nacido fatigada; es el producto de un siglo de convulsiones" (p.45; traducción libre) (ROLDÁN, 2010).73 1935 – anuncio de professor de ginástica sueca – A PACOTILHA, janeiro

72 (http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html ). 73 ROLDÁN, Diego P. Discursos alrededor del cuerpo, la máquina, la energía y la fatiga: hibridaciones culturales en la Argentina fin-de-siècle. HIST. CIENC. vol. 17 no.3 - Manguinhos saude Rio de Janeiro 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S010459702010000300005


ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES Nesta sessão, publicadas as novidades: os novos artigos, a partir deste outubro de 2017, data da fundação da Revista do Léo. Os artigos do Editor, de colaboradores, com espaço aberto aos pesquisadores que desejem fazer uso deste espaço. Não restrito aos esportes, educação física e lazer, mas também à História/Memória do Maranhão.


CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE74 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Existe uma Capoeiragem (Tradicional) Maranhense/Ludovicense!!! A capoeira do Maranhão, genuína, singular, com uma prática quase bicentenária - tal qual nos outros locais onde surgiu, como o Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Temos indícios de sua prática em São Luis do Maranhão a partir da segunda década dos 1800, embora menções de que de há muito ocorriam essas práticas da lúdica e do movimento dos negros aqui encontrados ocorriam na zona rural ou semi-urbanas. Abrindo parente: uso o termo “negros’, e não ao politicamente correto ‘afro-descendentes’, haja vista que para cá vieram não só africanos escravizados, mas também negros oriundos de outras províncias, traficados, a partir de algumas das revoltas e fugas em massa ocorridas no Brasil – e digo Brasil, pois por muito tempo tivemos dois estados coloniais – o Maranhão e o Brasil, até a chegada da família real, no 1808 e a anexação do Maranhão ao Império Brasileiro, em 1823... fecha o parente... Concordamos com Kafure (2012) 75, quando trata do processo de “desconstrução da capoeira maranhense”, de que no início tudo – aqui - era uma coisa só: capoeira, batuque, punga, tambor de crioula, tambor de mina, bumba-meu-boi – e frevo, samba, cangapé, etc. alhures... Por desconstrução, entenda-se que [...] o tipo de transformação [...da] capoeira começou a se formar a partir da repercussão dessa arte supostamente vinda da Bahia, com os mestres Bimba e Pastinha. Esse autor se propõe: [...] em nível do Maranhão analisar a história da linhagem de mestres da capoeiragem de Patinho e suas metodologias, bem como as ligações com religiosidade, musicalidade e filosofia. (KAFURE, 2012).

Esse autor reconhece a existência de uma “Capoeiragem Ludovicense”, pois [...] é o nome denominado pelos mestres da cidade de São Luís - MA para um jogo que mistura a Capoeira Angola com a Capoeira Regional, uma síntese das modalidades e estilos de capoeira. Essa miscigenação propiciou a caracterização do jogo maranhense de uma maneira singular, muito semelhante a uma capoeira antiga em que não havia uniformes ou obrigatoriedade do sapato. Outro estudioso, Greciano Merino (2015) 76, refere-se a uma característica, singular, de ‘maranhensidade77, que a mesma teria, em relação às Capoeiras Regional e Angola. Em sua hipótese de pesquisa considera ser a capoeira um jogo popular de interação comunicativa e caráter cultural que veicula um modelo de cidadania e expressa esteticamente como as relações entre o indivíduo, seu grupo e a comunidade na que se inserem podem gestar conhecimento social e sabedoria individual. Ao apresentar suas hipóteses, afirma que uma aproximação antropológica da visualidade na capoeira ‘maranhense’ permite delimitar aquelas dinâmicas sensitivas e sensoriais que, gestadas no devir das ecologias tecno-culturais, configuram um complexo imaginário social cuja fenomenologia é uma das mais influentes de nossa cultura. Esse autor caracteriza a capoeira maranhense como sendo aquela capoeira que se realiza na cidade de São Luis, capital do estado do Maranhão, em torno da comunidade representativa que se forma ao redor de Mestre Patinho – herdeiro de Sapo – e a metodologia de estudo desenvolvida por ele.

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, CHRONICA DA CAPOEIRAGEM. São Luis: Ed. Do autor, eletrônica, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_leopoldo_g VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, CHRONICA DA CAPOEIRAGEM. São Luis: Ed. Do autor, eletrônica, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_issuu 75 ROCHA, Gabriel Kafure da. AS DESCONSTRUÇÕES DA CAPOEIRA. In http://procaep07.blogspot.com.br/2012/03/texto-asdesconstrucoes-da-capoeira.html, publicado em segunda-feira, 5 de março de 2012 76 GRECIANO MERINO, Alberto. IMAGEN-CAPOEIRA - UNA FENOMENOLOGÍA HERMENÉUTICA DE LA INTERFAZ EN LAS RODAS DE CAPOEIRAGEM DE LA ‘MARANHENSIDADE'. Tesis de doctorado: UNIVERSIDADE AUTONOMA DE BARCELONA. FACULTAD DE CIENCIAS DE LA COMUNICACIÓN. DEPARTAMENTO DE COMUNICACIÓN AUDIOVISUAL Y PUBLICIDAD. PROGRAMA DE DOCTORADO EN COMUNICACIÓN AUDIOVISUAL Y PUBLICIDAD. Dirigida por el catedrático Josep Maria Català Domènech. Año 2015. 77

BARROS. Antonio Evaldo Almeida. “A TERRA DOS GRANDES BUMBAS”: a maranhensidade ressignificada na cultura popular (1940-1960). Caderno Pós Ciências Sociais - São Luís, v. 2, n. 3, jan./jun. 2005


Os Mestres Capoeira participantes do Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão, organizado pela UFMA/DEF 2017, concordam com a existência de uma Capoeira genuinamente maranhense/ludovicense. E que esta se caracteriza pela forma de jogar, de se adaptar e não se define por ‘estilo’; a maior diferença da Capoeira Maranhense para a Angola, Regional, ou Contemporânea é a metodologia de ensino tradicional praticada no Maranhão, com suas influencias da cultura do Maranhão; exemplos: Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, Punga78. É o jogo solto, com floreios e movimentos oscilantes, jogo alto e rasteiro obedecendo ao toque do berimbau79. Esse jogo é executado nos três tempos (embaixo, no meio, e em cima); musicalidade e o seu espírito de jogo80. Portanto, concordam com a existência de uma Capoeira Maranhense, e tem uma característica própria, pois a mesma é jogada de forma diferenciada, sempre seguindo os toques executados. A Capoeira Maranhense se diferencia da Angola, Regional, e/ou Contemporânea porque é jogada de forma diferente, não seguindo as tradições das mesmas81, pois é jogada nos três tempos (ritmos): Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande; o que a diferencia são as influencias muito fortes da mossa cultura e da nossa região 82. Cinco, dos seis grupos formados, responderam que existe uma Capoeira Maranhense. Um dos grupos concorda com a existência de uma Capoeira Ludovicense: [...] praticada na Ilha de São Luís, caracterizada pela ginga e aplicação de golpes e movimentos diferenciados da Capoeira Angola tradicional, da Capoeira Regional, e da Capoeira Contemporânea, por exemplo: não se tinha ritual, nem formações de bateria eram usados toques da capoeira Angola, São Bento Pequeno de Angola, São Bento Grande de Angola, e samba de roda.83 Mestre Baé (2017) 84, em correspondência pessoal, informou-me de que, em reunião, a maioria dos Mestres Capoeira, sobretudo os que se declaram como estilo praticado a capoeira/capoeiragem mista, que de ora em diante passarão a adotar “Capoeiragem Tradicional Maranhense”... Estudos demonstram que a Capoeira – no Brasil - tenha surgido – como a entendemos -, e com esse nome, lá pelo final dos 1700, quando aparece o nome do Tenente Amotinado - João Moreira 85, e de um negro chamado Adão, pardo, escravo, preso por ser “capoeira”, em 12 de abril de 1789 86, embora desde o ano anterior - 1788 - as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis 87. Cabe, neste momento, definir o que se entende por Capoeira: a) “Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada”. Federação Internacional de Capoeira – FICA88

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O Grupo 1 é formado pelos Mestres: ANTONIO ALBERTO CARVALHO (PATURI); JOÃO PALHANO JANSEN (CURIÓ); FLORIZALDO DOS SANTOS MENDONÇA COSTA (BAÉ); JOÃO CARLOS BORGES FERNANDES (TUTUCA); e ROBERTO JAMES SILVA SOARES (ROBERTO). 79 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: CARLOS ADALBERTO ALMEIDA COSTA (MILITAR); JOSÉ TUPINAMBÁ DAVID BORGES (NEGÃO); MÁRCIO COSTA CORTEZ (CM MÁRCIO); LUIS AUGUSTO LIMA (SENZALA); AMARO ANTONIO DOS SANTOS (MARINHO). 80 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: ALCEMIR FERREIRA ARAÚJO FILHO (MIZINHO); EVANDRO DE ARAUJO TEIXEIRA (SOCÓ); JOAQUIM ORLANDO DA CRUZ (CM DIACO); ANTONIO CARLOS DA SILVA (CM BUCUDA); JOSÉ NILTON PESTANA CARNEIRO (NILTINHO). 81 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: VICENTE BRAGA BRASIL ( PIRRITA); RUI PINTO CHAGAS (RUI); GENTIL ALVES CARVALHO (TIL); EVANDO DE ARAUJO TEIXEIRA (SOCÓ); LUIS GENEROSO DE ABREU NETO (GENEROSO). 82

O Grupo 6 é formado pelos Mestres: JOSÉ MANOEL RODRIGUES TEIXEIRA (MANOEL); FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA NETO (LEITÃO); HÉLIO DE SÁ ALMEIDA (GAVIÃO); SILVIO JOSÉ DA NATIVIDADE FERREIRA CRUZ (CM FORMIGA ATÔMICA). 83 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE LUIS LIMA DE SOUSA (JORGE NAVALHA); CLÁUDIO MARCOS GUSMÃO NUNES (CACÁ); PEDRO MARCOS SOARES (PEDRO); NELSON DE SOUSA GERALDO (CANARINHO); REGINALDO PEREIRA DE SOUSA (REGINALDO). 84 BAÉ, Mestre – in Correspondência eletrônica pessoal, para Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 26 de setembro de 2017 85 LIMA, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por VIEIRA, Sérgio Luis de Sousa. CAPOEIRA – ORIGEM E HISTÓRIA. DA CAPOEIRA: COMO PATRIMÔNIO CULTURAL. PUC/SP – Tese de Doutorado – 2004. disponível em http://www.capoeira-fica.org/. 86 In CAVALCANTI, Nireu. O Capoeira, JORNAL DO BRASIL, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr/histor) 87 CARNEIRO, Edson. Capoeira. In CADERNOS DE FOLCLORE 1. Rio de Janeiro: MEC/FUNARTE, 1977 88 Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia


b) ) “um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança, esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (VIEIRA, 2005)89.

A “regulamentação” da Capoeira como atividade física dá-se nas primeiras décadas do século passado – os 1900. Segundo Reis (2005) 90, e Vidor e Reis (2013) 91 foram nos anos 30 e 40, em Salvador, que se abriram as primeiras "academias" com licença oficial para o ensino da capoeira como uma prática esportiva, destacando-se dois mestres baianos - negros e originários das camadas pobres da cidade -, Bimba - criador da Capoeira Regional Baiana, não verá nenhum inconveniente em "mestiçar" essa luta, incorporando à mesma movimentos de lutas ocidentais e orientais (tais como Box, catch, savate, jiu-jítsu e luta greco-romana -, e Pastinha - contemporâneo de Bimba e igualmente empenhado na legitimação dessa prática, reagindo àquela "mestiçagem" da capoeira, afirmando a "pureza africana" da luta, difundindo o estilo da Capoeira Angola e procurando distingui-lo da Regional. Para Reis (2005) 92, e Vidor e Reis (2013) 93, Bimba e Pastinha elaboraram, através da Capoeira, estratégias simbólicas e políticas diferenciadas que visavam em última instância, ampliar o espaço político dos negros na sociedade brasileira e propõem dois caminhos possíveis para a inserção social dos negros naquele momento histórico.: Quando do reconhecimento da Capoeira como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro94 foi considerada: Arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta. Sendo definida como uma arte multidimensional, um fenômeno multifacetado - ao mesmo tempo dança, luta, jogo e música - que tem na roda o ritual criado pelos capoeiristas para desenvolver esses vários aspectos95. Compreender a Capoeira como sendo uma prática cultural representa um salto qualitativo para além das visões essencialistas, que, por vezes, apelam para um mito de origem reivindicando a pureza ou a tradição de certo antigamente da Capoeira. Quero chamar a atenção para o entendimento de que as práticas culturais, como a Capoeira, não estão paradas no tempo e, por isso mesmo, a transformação constante é inevitável. As necessidades e os problemas dos (as) Capoeiras de outrora não são os mesmos de hoje. A cada dia se joga uma Capoeira diferente. A Capoeira de hoje é diferente da Capoeira de ontem e da de amanhã – esse exemplo de constante transformação demonstra suficientemente bem que a cultura está em permanente mudança96. O que é ‘capoeira’? Verniculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi; no Dialeto Caipira de Amadeu de Amaral: Capuêra, s.f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado. Data de 1577 primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) 97. Por Capoeira deve-se entender “individuo(s) ou grupo de indivíduos que promovião acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001. 89 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40. 90 REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). 91 VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa. CAPOEIRA – HERENÇA CULTRAL AFRO-BRASILEIRA. São Paulo: Selo Negro, 2013 92 REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). 93 VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa, 2013, obra citada 94 CAPOEIRA É REGISTRADA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL BRASILEIRO - África 21 - Da Redação - 16/07/2008 http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/16/capoeira-e-registrada-como-patrimonio-imaterial-brasileiro/ 95 CORTE REAL, Márcio Penna. A CAPOEIRA NA PERSPECTIVA INTERCULTURAL: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004 96 CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004 97 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40.


dos centros urbanos ou área de entorno“? conforme a conceitua Araújo (1997) 98 ao se perguntar “mas quem são os capoeiras? e por capoeiragem como: [...] a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado? (p. 69); e capoeirista, como sendo: os indivíduos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidas como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva? (p. 70). Ou devemos entendê-la como: [...] Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira) 99; assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a [...] um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e recoreco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40) 100. “Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ”uma luta dramática” (in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388)101. “Carioca” uma briga de rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu à capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX. 102 Para a Capoeira, apresentam-se três momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte. A Capoeira(gem) praticada no Maranhão é singular, aparece no Estado desde o período colonial, recebendo a denominação ora de ‘batuque’, ‘punga’, ‘carioca’, ‘capoeiragem’, finalmente, ‘capoeira’, tão somente... Pode-se identificar que a Capoeira do Maranhão tem quatro fases: (1) de sua aparição, pelo início dos anos 1800 até meados da década de 1930; (2) desse período até a década de 1950; (3) da década de 1960 até por volta de meados de 1980; (4) e daí, até os dias atuais. Mestre Euzamor (2006) 103 comenta que até 1930 só existia capoeira ou capoeiragem (palavreado maranhense). Era considerado esporte marginalizado devido à prática e ação de como era jogado. Mário Martins Meireles (2012) 104 traz – embora se questione o uso da palavra capoeira em seu texto – que, por volta de 1702, [...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.[...] (p. 98), referindo-se à chegada do Bispo D. Timóteo do Sacramento (1697-1702) - homem intolerante -, e às suas brigas com a população,

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ARAUJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPÓLIGAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA – de uma actividade guerreira para uma actividade lúdica. (S.L.): PUBLISMAI – Departamento de Publicações do Instituto Superior Maia (Porto), 1997. Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001. 100 PEREIRA DA COSTA, Lamartine. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Belo Horizonte: SHAPE, 2005, VIEIRA, Sérgio Luis de Sousa Capoeira - http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/1.pdf; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf LOPES, André Luis Lacé. Capoeiragem -http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf também disponível em http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf; http://www.atlasesportebrasil.org.br/escolher_linguagem.php; 101 LOPES, André Luis Lacé. Capoeiragem -http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf também disponível em http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf 102 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A CARIOCA. in BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (préprint). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In JORNAL DO CAPOEIRA, disponível em www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira ? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, em DC 103 MESTRE EUZAMOR in VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Livro-Álbum dos Mestres Capoeiras do Maranhão, ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, em DC (anexo II) 104 MEIRELRES, Mário. ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (1697-1702)”. In HISTORIA DE SÃO LUIS (org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro). São Luis: Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé, póstuma, p. 93-99. 99


excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas. Segundo Coelho (1997, p. 5) 105 o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem lingüística portuguesa (1712), não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani. Em 1757 é encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5) 106, em correspondência do então Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará e o Ministro de D. José I. Marcos Carneiro de Mendonça107 em “A Amazônia na era Pombalina”, traz-nos carta de Mendonça Furtado108 a seu irmão, o Marques de Pombal, datada de 13 de junho de 1757, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Mundinha Araújo109 fala de manifestação de negros em São Luís, através da prática do Batuque, aparecido lá pelo início dos 1800, referencia que encontrou no Arquivo Público do Estado, órgão que dirigiu. Perguntada sobre o que havia sobre ‘capoeira’ no Arquivo, respondeu que, além do ‘batuque’, encontrara apenas uma referência sobre a Capoeira: no Código de Posturas de Turiaçú, do ano de 1884: 1884 - em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124, grifos meus) 110.

Encontrei, ainda que, em 1829, era publicada queixa ao Chefe de Polícia: Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d”elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém?“(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite; grifos meus).

Para Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel), desde 1820 têm-se registros em São Luis do Maranhão de atividades de negros escravos, como a “punga dos homens”. Esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade passa a ser dançada por mulheres, apenas. De acordo com Mestre Bamba do Maranhão, jogo que utiliza movimentos semelhantes aos da capoeira. Encontrou no Povoado de Santa Maria dos Pretos, próximo a Itapecurú-Mirim, uma variação do Tambor-de-Crioula, em que os homens participam da roda de dança – “Punga dos Homens”. Para Mestre Bamba esses movimentos foram descritos por Mestre Bimba - os "desafiantes" ficam dentro da roda, um deles agachado, enquanto o outro gira em torno, "provocando", através de movimentos, como se o "chamando", e aplica alguns golpes com o joelho - a punga111: Para Ferreti (2006) 112, a umbigada ou punga é um elemento importante na dança do Tambor de Crioula113. No passado foi vista como elemento erótico e sensual, que estimulava a reprodução dos escravos. 105

ARAÚJO, 1997, obra citada. ARAÚJO, 1997, obra citada, 107 MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A AMAZONIA NA ERA POMBALINA. Tomo III. Brasilia: Senado Federal, 2005, volume 49-C. 108 Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 — 1769) foi um administrador colonial português. Irmão do Marquês de Pombal e de Paulo António de Carvalho e Mendonça. Foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtado 109 Mundinha Araújo é fundadora do Centro de Cultura Negra do Maranhão (1979) e, desde então, vem desenvolvendo pesquisas sobre a resistência do negro escravo no Maranhão (fugas, quilombos, revoltas e insurreições); Coordenou o Mapeamento dos povoados de Alcântara” (1985-1987) e foi diretora do Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), de 1991 a 2002. In Nota de orelha de livro, ARAUJO, Mundinha. NEGRO COSME – TUTOR E IMPERADOR DA LIBERDADE. Imperatriz: Ética, 2008 110 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CARIOCA. In REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, n. 31, p. 54-75, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009 111 http://www.jornalexpress.com.br/ 112 FERRETI, Sérgio. Mário De Andrade E O Tambor De Crioula Do Maranhão. (Trabalho apresentado na MR 07 - A Missão de Folclore de Mário de Andrade, na VI Reunião Regional de Antropólogos do Norte e Nordeste, organizada pela Associação Brasileira de Antropologia, 106


Hoje a punga é um dos elementos da marcação da dança, quando a mulher que está dançando convida outra para o centro da roda, ela sai e a outra entra. A punga é passada de várias maneiras, no abdome, no tórax, nos quadris, nas coxas e como é mais comum, com a palma da mão. Em alguns lugares do interior do Maranhão, como no Município de Rosário, ou em festas em São Luís, com a presença de grupos de tambor de crioula, costuma ocorrer a “punga dos homens” ou “pernada”, cujo objetivo é derrubar ao solo o companheiro que aceita este desafio. Algumas vezes a punga dos homens atrai mais interesse do que a dança das mulheres. Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira. Mestre André Lacé 114 lembra que a capoeira tradicional, na Bahia e pelo Brasil afora, tinham a mesma convivência com o batuque. Além do mais há registros autorizados jurando que a Regional nasceu da fusão da Angola com os melhores golpes das lutas européias e asiáticas115, 116. Neste primeiro momento da História da Capoeira do Maranhão, encontramos várias referencias em jornais publicados em São Luís, e em outras cidades do interior, que fazem referencia ‘aos capoeiras’, sempre relacionados com distúrbios em locais públicos, que exigiram a interferência da polícia; também em alguns contos e crônicas publicadas, nesses mesmos jornais, ao descreverem-se alguns tipos, são descritos aqueles que se identificam como ‘praticantes de capoeira’; outra forma que aparece, é a desqualificação de algum político, indicando-se ser ele individuo de má índole, portanto, ‘capoeira’. Mas, já por essa época, a Capoeira recebi um tratamento como “esporte”, como se vê de notícias de jornais, assim como consta de livro sobre a História do Esporte no Maranhão, do grande jornalista esportivo Dejarde Martins: 1877 MARTINS (1989). In ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO117. São Luís: (s.n.), aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. "JOGO DA CAPOEIRA - Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (179).

Ou anúncio, de 1884, em que havia um desafio entre um “Sansão do século XX; cabe ressaltar que era comum, desde a fundação de nosso teatro, a apresentação de espetáculos de força nos palcos, com ‘artistas’ se apresentando, identificando-se como discípulos de Amoros

UFPA/MEG, Belém 07-10/11/1999. In REVISTA PÓS CIÊNCIAS SOCIAIS - São Luís, V. 3, N. 5, Jan./Jul. 2006, disponível em http://www.pgcs.ufma.br/Revista%20UFMA/n5/n5_Sergio_Ferreti.pdf 113

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O Tambor de Crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de negros no Maranhão em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração. Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos. Não existe um dia determinado no calendário para a dança, que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no carnaval e durante as festas juninas. Em 2007, o Tambor de Crioula ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Tambor_de_crioula".

LACÉ LOPES, André Luiz. A VOLTA AO MUNDO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM - Ação Conjunta com o Governo Federal – Estratégia 2005 - Contribuição do Rio de Janeiro - Minuta de André Luiz Lace Lopes, com sugestão de Mestre Arerê (ainda sem revisão). LACÉ LOPES, André Luiz. In RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, Sorocaba-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados) LACÉ LOPES, André. Capoeiragem.in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 386388 LACÉ LOPES, André Luiz. PÁGINA PESSOAL : http://andrelace.cjb.net/ LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição eletrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2006. 115 LACÉ LOPES, André. Correspondência eletrônica enviada em 20 de agosto de 2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz. 116 SILVA, Vagner Gonçalves da (org.), ARTES DO CORPO 0 MEMÓRIA AFRO BRASILEIRA. São Paulo, Selo Negro Edições, 2004. 117 MARTINS, Dejarde Ramos. ESPORTE: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís, s/e, 1989(?)


NASCIMENTO DE MORAES118, em uma crônica que retrata os costume e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utilizam o termo capoeiragem (in MARTINS, 2005) 119.

A segunda fase – que identificamos – é a dos anos 30/40, indo até meados dos anos 50. Não existem evidencias de que fosse ainda praticada, a não ser algumas que dizem ser os estivadores da Rampa Campos Melo praticantes da “carioca”, assim como lembranças de que em Codó – sem precisar-se o período, também era praticada com esse nome; Cururupu também é mencionada, como cidade onde se praticava “a carioca”, nas palavras de um senhor, negro, à época da declaração, com mais de 80 anos: praticava na juventude, mas não era conhecida, aquela manifestação do movimento, como capoeira... Mestre Diniz diz que via os carregadores, no porto, praticando ‘capoeira’, quando vinha à cidade, junto com seu pai para fazerem compras; ficava na canoa, o aguardando; tinha, conforme dizia, entre 7 e 9 anos; como nascido em 1929, deveria ser lá pelo final dos anos 30: 1936/1938. Mestre Firmino Diniz teve os primeiros contatos com a capoeiragem lá pelos seus 7-9 anos de idade, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista daquela época: Caranguejo; depois, Mestre Diniz vem a ter lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís, lá pelos anos 1950. Greciano Merino (2015)120, referindo-se às perseguições que a Capoeira recebera do período da Proclamação da República até mesmo o Estado Novo, não obstante a sua ‘legalização’ através das atitudes de Getúlio Vargas, afirma que no Maranhão esta hostilização foi além do período do Estado Novo (19371945), mantendo a Capoeira no ostracismo até entrando nos anos 60. Como podemos observar, há uma ‘primeira fase’ da Capoeiragem praticada no Maranhão, de seu aparecimento, no inicio dos anos 1800, e que vai até os anos 30/40, quando aparece no relato de alguns dos, hoje reconhecidos, Mestres mais antigo, em especial verificado pela ‘história de vida’ de Mestre Diniz, que se refere aos seus tios, e a outros capoeiras que vira ‘jogar’ em sua infância. Parte dos Mestres participes do Curso da UFMA/DEF 2017 desconhece, ou têm pouca informação, sobre a capoeiragem praticada antes de chegada de Serejo, do Grupo Aberrê, e logo em seguida, Sapo. A maioria tem algum conhecimento, embora restrito, e na maioria das vezes, se limita ao ‘ouvir dizer’, de antes das Rodas de Rua organizadas pelo Velho Diniz, ou mesmo Caranguejo. Kafure (2017) 121 não sabe dizer quem eram os líderes daquelas rodas de rua, mas sabe “[...] que existiam as práticas do Tarracá122 e da Pernada ou Punga dos Homens123”. Podemos estabelecer que, naquele final dos anos 50, quando da chegada de Roberval Serejo de volta à cidade, que o Velho Diniz já

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NASCIMENTO DE MORAES. VENCIDOS E DEGENERADOS. 4 ed. São Luís : Cento Cultural Nascimento de Moraes, 2000. MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís: UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005 120 GRECIANO MERINO, 2015, obra ciatada. 121 ROCHA, Gabriel Kafure da. DEPOIMENTO a Leopoldo Gil Dulcio Vaz através de mensagem eletrônica, datada de 25 de agosto de 2017. 122 Ver: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “WRESTLING” TRADICIONAL MARANHENSE – O TARRACÁ: A LUTA DA BAIXADA. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO... Palestra apresentada no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em 27 de abril de 2011; publicado na Revista do IHGM 37, março 2011. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. REI ZULU E SEU ESTILO DE MMA – O “TARRACÁ” VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. . SAPO x ZULU. DEU ZULU... 123 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “PUNGA DOS HOMENS” VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. SOBRE A “PUNGA” – VISITAÇÃO A CÂMARA CASCUDO VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO(A) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CADA QUÁ, NO SEU CADA QUÁ – A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOEIRA(GEM) REVISITANDO A PUNGA: “QUENTADO A FOGO, TOCADO A MURRO E DANÇADO A COICE” VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “QUENTADO A FOGO, TOCADO A MURRO E DANÇADO A COICE": Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão. In Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=609 Disponível também em http://www.capoeiravadiacao.org/index.php?option=com_content&view=article&catid=10%3Abiblioteca&id=46%3Apunga-dos-homenstambor-de-criouloa-qpunga-dos-homensq&Itemid=38 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, 14/08/2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+punga+dos+homens+-+capoeiragem+no+maranhao 119


mantinha suas ‘rodas’ em alguns lugares da cidade. Para Boás (2011) 124, a capoeira começou realmente a dar as caras na década de 1960, aparecendo vários praticantes que ficaram conhecidos: Nessa época começou a circular pela cidade o nome de Roberval Serejo, que estava de volta a São Luís, pois estava servindo a Marinha no Rio de Janeiro, e lá aprendeu capoeira com o mestre baiano Arthur Emídio. Com o tempo, Serejo foi reunindo amigos e admiradores e formou um pequeno grupo de capoeira, que fazia seus treinamentos nos quintais de suas casas e na rua mesmo. O grupo foi crescendo e, em 1968, criou-se a primeira academia de capoeira de São Luís, chamada Bantu. Esse grupo contava com Roberval Serejo, o Capitão Gouveia (sargento da polícia militar), Babalu, Bezerra, Ubirajara, Jessé Lobão, Patinho, dentre outros. A primeira sede do grupo foi o Sítio Veneza, onde hoje funciona a Guarda Municipal, no bairro da Alemanha. Depois se mudou para a casa de Babalu, na Rua da Cotovia, próximo a Igreja de São Pantaleão. Roberval Serejo era escafandrista e morreu em 1971, quando trabalhava mergulhando, durante as obras do Porto do Itaqui. Com a sua morte, muitos de seus alunos deixaram de treinar, mas outros continuaram e o que mais se destacou e continuou a dar aulas foi o Sargento Gouveia. Segundo ‘Seu’ Gouveia [José Anunciação Gouveia] esse pequeno grupo [de capoeira, liderado por Roberval Serejo], não tinha um local nem horário fixo para seus treinamentos, sendo que, por volta de 1968, criou-se a primeira academia de capoeira em São Luís, denominada Bantú, quando passou a contar com vários alunos, como Babalú, Gouveia, Ubirajara, Elmo Cascavel, Alô, Jessé Lobão, Patinho e Didi. (MARTINS, 2005, p. 31) 125. Greciano Merino (2015)126 ao discorrer da (re)introdução da capoeira no Maranhão faz referencia às mudanças conjunturais sócio-politicas que acometiam o Maranhão naquele período, com a substituição das oligarquias dominantes – Vitorinismo 127 e depois, pelo Sarneysmo128 – e a ‘formação de um Maranhão Novo”: [...] En esa coyuntura socio-política la capoeira, desde el campo de las representaciones y del imaginario, encuentra su espacio dentro de las dinámicas, conflictos e interacciones de los procesos que modelan, adaptan y transforman la identidad maranhense. Souza (2002)129, Martins (2005)130, Vaz (2005)131 y Pereira (2009)132, destacan la figura de tres capoeiras como los principales responsables por esa reconstitución: Roberval Serejo, Firmino Diniz (Mestre Diniz) y Anselmo Barnabé Rodrigues (Mestre Sapo).

Mais adiante, sobre os pioneiros dessa tradição da implantação da capoeira nos anos 60, coloca que: 124

BOÁS, Marcio Aragão. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. São Luís 2011 125 MARTINS, 2005, obra citada. 126 GRECIANO MERINO, 2015, obra citada 127 VITORINISMO - Sistema político-administrativo que dominou o Maranhão de 1945 a 1965, que teve no senador Vitorino Freire a sua figura de realce. BUZAR, Benedito. EU E O VITORINISMO, domingo, 23 de novembro de 2014. In Blog do Buzar, https://www.blogsoestado.com/buzar/2014/11/23/eu-e-o-vitorinismo/ Para CALDEIRA (1978, p, 60) “o vitorinismo, com efeito, foi um coronelismo. Das suas formas de ação excluiu-se a propensão para a dominação econômica. Nesse caso (ao nível de Estado), essa dominação se processava de forma indireta, ou seja, por meio do apoio que dispensava às suas bases de sustentação, através da concessão de garantias específicas. No plano político propriamente dito – esfera exclusiva do interesse do vitorinismo – a sua ação se centrava em torno do controle dos partidos políticos e das sub-lideranças políticas com ele identificadas que, juntamente com os coronéis do estado davam a configuração real do vitorinismo”. CALDEIRA, José de Ribamar. Estabilidade social e crise política: o caso do Maranhão. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 46, p. 55-101, 1978. 128 SARNEISMO Sistema político-administrativo que dominou o Maranhão de 1965 até os dias atuais, que teve no Presidente José Sarney Costa a sua figura de realce. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Sarney http://atlas.fgv.br/verbete/4909 A era Vitorinista perdurou até 1965, quando entra em voga o nosso próximo monarca: Sarney, que toma posse em 1966 no Governo do Estado. A era Sarney iniciou-se em 1965, no entanto, o crescimento do seu nome começou na eleição de 1960 com a ascensão de Newton de Barros Belo, eleito governador pelo PSD-PTB-UDN. Nesta época, Vitorino começa a perder prestígio junto ao governo de Jânio Quadros e cresce o de José Sarney. Assim, Sarney passa a ser o principal interlocutor entre Newton Belo e o Palácio do Planalto. http://blogdocontrolesocial.blogspot.com.br/2012/06/um-breve-relato-da-historia-oligarquica.html 129 SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A capoeira em São Luís: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002. 130 MARTINS, 2005, obra citada. 131 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf 132 PEREIRA, Roberto Augusto A. Roda de Rua; Memoria da capoeira do Maranhão da década de 70 do seculo XXI. Edufma, São Luís, 2009.


Pioneros de la tradición. Roberval Serejo era oriundo de Maranhão pero aprendió Capoeira en Rio de Janeiro con un maestro bahiano llamado Artur Emídio133 durante la época en que sirvió a la Marina de Guerra. Al retornar a su tierra natal, en 1958, comenzó a entrenar y a enseñar Capoeira para un grupo de amigos en el patio de su casa. Ese grupo sería el embrión de lo que vendría a constituirse como el primer grupo de capoeira en Maranhão, la ‘Academia Bantu’ 134. A pesar de definirse como academia, el Bantu, era simplemente un grupo de personas que se reunían para practicar capoeira. Es decir, no poseía ‘organización’ ni estructura formal, como existe actualmente, ese será un rasgo bien característico de la Capoeira local en esa época. (GRECIANO MERINO, 2015)

Esse pesquisador caracteriza a capoeira praticada nessa época, que não possuía ‘organização’, apesar de ser definada a Bantu como ‘academia’, pois esta não tinha uma estrutura formal, como as atuais escolas/academias e/ou grupos/núcleos de Capoeira: La capoeira era practicada de una forma empírica sin metodologías definidas ni lugares preparados, surgía en los patios de las casas, en la sala de estar de algún iniciado o iniciante y en espacios de la calle apartados de lugares muy transitados. (GRECIANO MERINO, 2015).

A Capoeira, por essa época, era marginalizada, conforme já dito em diversos depoimentos. Afirma Greciano Merino (2015): No debemos olvidar que la capoeira estaba todavía bastante discriminada y existía un amplio prejuicio a su alrededor. En este sentido el Maestro Til (Gentil Alves) afirma que “(...) en aquella época entrenábamos casi escondidos, porque a la policía no le gustaba, decían que era cosa de delincuentes”135; o como afirma el Maestro Indio: “Cuando comencé en 1972 y hasta 1984, la capoeira era marginalizada dentro de São Luís, todo capoeira era considerado vagabundo, marginal, ‘porrero’, alborotador”136. La capoeira, como se percibe a través de estos testimonios, no despertaba el interés de una población aprensiva y estaba lejos de cualquier reconocimiento por parte de los poderes estatales y de las autoridades. Por eso, la intención de Serejo al formar este grupo sería realizar exhibiciones públicas “con pantalón, camiseta y calzado (conga) de la misma forma que había aprendido con el maestro Artur Emídio en Rio de Janeiro”137. (GRECIANO MERINO, 2015).

O desconhecimento de uma história da capoeira no Maranhão, antes da chegada de Roberval Serejo – final dos anos 50 – vem de criar o ‘mito’ de que esse “Renascimento” da capoeira em São Luís se dá justamente com a sua chegada e, logo após, a criação do Grupo “Bantus“ (PEREIRA, 2010; KAFURE, 2012, GRECIANO MERINO, 2015) 138, do qual participava além do próprio Mestre Roberval Serejo, graduado por Arthur Emídio, os Mestre Diniz (aluno de Catumbi, de Alagoas), Mestre Jessé Lobão (aluno de Djalma Bandeira), de Babalú; Gouveia [José Anunciação Gouveia]; Ubirajara; Elmo Cascavel; Alô; Patinho [Antonio José da Conceição Ramos]; e Didi [Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida].139

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599 Capoeira de Itabuna, al sur del Estado de Bahía, que se trasladó a Rio de Janeiro a principio de los años cincuenta donde desarrollaría un importante liderazgo en el desarrollo de la capoeira de vertiente mas deportiva. (GRECIANO MERINO, 2015)

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Según el sargento de la policía militar Gouveia, el grupo estaría Integrado en ese primer momento por el propio Roberval Serejo, Bezerra, Fernando, Ubirajara, Teixeira y Babalú. Véase: Pereira, Roberto Augusto A. Roda de Rua; Memoria da capoeira do Maranhão da década de 70 do seculo XXI. Edufma, São Luís, 2009, p. 5. (GRECIANO MERINO, 2015) 135 Véase: Pereira, Roberto Augusto A. O mestre Sapo, a passagem do quarteto Aberrê por São luís e a (des)construção do “mito” da “reaparição” da capoeira no Maranhão dos anos 60. Recorde: Revista de História do Esporte, Vol. 3, número 1, junio de 2010, p. 6. (GRECIANO MERINO, 2015) 136

Véase: Sousa, Augusto Cássio Viana de Soares. A capoeira em São Luís: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. 72 f. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002. p. 50. 137 Pereira, Roberto Augusto A. Op. Cit., 2009, p. 6. 138

PEREIRA, Roberto Augusto A. O Mestre Sapo, A passagem do Quarteto Aberrê por São Luís e a (Des)Construção do “Mito” da “reaparição” da capoeira no Maranhão dos anos 60. In: RECORDE: REVISTA DE HISTÓRIA DO ESPORTE. Vol. 3, n. 1. Rio de Janeiro, 2010.

ROCHA, 2012, obra citada GRECIANO MERINO, 2015, obra citada. 139

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CRONICA DA CAPOEIRAGEM. São Luis: edição do autor, 2013; 2015 (2ª Ed. Revista e atualizada), disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao ; issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_leopoldo_g SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: DINÂMICA E EXPANSÃO NO SÉCULO XX DOS ANOS 60 AOS DIAS ATUAIS. 72 f. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002.


Mestre PATURI, em depoimento relata que: Comecei no Judô e Luta Livre em 1962 e Logo em seguida passei para a CAPOEIRA, Comecei a treinar com MANOELITO, LEOCADIO E AUBERDAN, Vivíamos treinando pelo Rio das Bicas, Bairro de Fátima, Parque Amazonas, DEPOIS Passamos a treinar atrás da Itapemirim no bairro de Fátima e foi chegando Lourinho, Zeca Diabo, Fato Podre, Ribaldo Preto, Alô, Babalu, e as vezes Ribaldo Branco; também treinamos no Sá Viana e sempre participavam Cordão de Prata, Butão, Romário e Curador. (ANTONIO ALBERTO CARVALHO , 2017, Depoimentos) 140. Firmino Diniz, conhecido também como Mestre Diniz ou Velho Diniz também serviu a Marinha no Rio de Janeiro e seu Mestre foi o alagoano Catumbi. Alguns capoeiras que treinavam com Serejo e posteriormente com Gouveia passaram a freqüentar as rodas realizadas pelo Mestre Diniz. Com isso, o Mestre deu grande impulso para a popularização da capoeira, conseguindo instrumentos e organizando as rodas: (...) quando o Mestre Diniz chegou por aqui, as rodas eram feitas por poucas pessoas, sem uniforme, ao som de palmas, ou de no máximo, um pandeiro para marcar o compasso do jogo. Quem tinha instrumento nesse tempo? Atabaque era coisa rara, berimbau era mais difícil ainda de encontrar. (PEREIRA, 2009, p. 12) 141 . Augusto Pereira (2010) 142 destaca, ainda, como antecessor de Mestre Sapo, Firmino Diniz, aluno de Mestre Catumbi, no Rio de Janeiro. Posteriormente, tornar-se-ia um dos expoentes mais expressivos e fomentadores da capoeira em rodas de rua realizadas em praças da capital.143 Grciano Merino identifica os freqüentadores dessas rodas promovidas pelo Velho Diniz, segundo depoimentos que colheu: Sargento Gouveia, Babalu, Alô, Ribaldo Branco, Leocádio, Ribaldo Preto, Ribinha, Sururu, Alan, Gordo, Theudas, Mimi, Raimundão, Sansão, Pavão, Naasson (‘cara de anjo’), Faquinha, Valdeci, Curador, Paturi, Rui Pinto, Alberto Euzamor, Elmo Cascavel, Patinho, Bambolê, Manoel Peitudinho, Cural, De Paula, Didi, Miguel, Joãozinho (Wolf), Cordão de Prata, Esticado, La Ravar... entre otros. (GRECIANO MERINO, 2015). Sem dúvidas, que Diniz foi figura fundamental porque conseguiu inserir a capoeira no sistema de pensamento da cidade. Em 1966, um quarteto baiano denominado Aberrê fez uma demonstração de Capoeira no Palácio dos Leões – sede do governo estadual. Desse grupo participavam Anselmo Barnabé Rodrigues – Mestre Sapo -, o lendário Mestre Canjiquinha, Vítor Careca, e Brasília. Após essa apresentação, receberam convite para permanecer no Estado, para ensinar essa arte marcial brasileira:144 Mestre Canjiquinha [Washington Bruno da Silva, 1925-1994], e seu Grupo Aberrê passam pelo Maranhão, apresentando-se em Bacabal, no teatro de Arena Municipal; e em São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da capital; Ginásio Costa Rodrigues. (Acompanhavam Mestre Canjiquinha Sapo [Anselmo Barnabé Rodrigues]; Brasília [Antônio Cardoso Andrade]; e Vitor Careca, os três, ‘a época, menores de idade: - Locais das exibições de Canjiquinha fora da Bahia, dentre elas: “1966 – Maranhão – Bacabal, no teatro de Arena Municipal; São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da Capital; Ginásio Rodrigues Costa”. (Rego, 1968, p. 277 citado por MARTINS, 2005) 145.

Em 1966, Mestre Sapo, incentivado por Alberto Tavares, aceita o convite e, em 1967 Mestre Sapo retorna a São Luis para trabalhar na construção civil, e posteriormente na Secretaria de Agricultura. Em 1972, começou a dar aulas de capoeira, no ginásio Costa Rodrigues, e depois em diversos pontos da cidade.

MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. 58 f. Monografia (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA, 2005. 140 MESTRE PATURI – ALNTONIO ALBERTO CARVALHO. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, para o Livro-Álbum dos Mestres Capoeira do Maranhão, durante o Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão, UFMA/DEF 2017. 141 PEREIRA, 2009, obra citada. 142 PEREIRA, 2010, obra citada 143 ALLEX, Fábio. O CAPOEIRA. POETA DAS EXPRESSÕES CORPORAIS. Publicada no JORNAL PEQUENO em 11 de fevereiro de 2012), disponível em http://fabio-allex.blogspot.com.br/2012/02/o-capoeira-poeta-das-expressoes.html 144 In RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes 145 REGO, Waldeloir. CAPOEIRA ANGOLA: ENSAIO SÓCIO-ETNOGRÁFICO. Salvador: Itapuã, 1968)


Mestre Sapo formou uma geração de capoeiristas, como Mestre Euzamor e Mestre Patinho, que preservam a linhagem de Mestre Aberrê e Cajiquinha. Mestre Sapo morreu no domingo, 30 de maio, de 1982, em São Luis, vítima de atropelamento.146 De acordo com Kafure, a história da capoeira no Maranhão está ligada principalmente a um mestre que foi discípulo de Pastinha, o conhecido Mestre Canjiquinha. Este foi responsável também por uma desconstrução da capoeira, a chamada capoeira contemporânea, que é uma mistura das modalidades regionais e angola. Canjiquinha ficou famoso por falar que dançava conforme o ritmo do berimbau, se ele tocava rápido era regional e se tocava devagar era angola. Essa era a sua ideologia que ao mesmo tempo reduzia a uma função rítmica as modalidades da capoeira, quando regional e angola eram distintas por muitos outros fatores tais como principalmente a nivelação social, já que os alunos de Bimba eram "brancos" enquanto os alunos de Pastinha era composta por proletários da região portuária, geralmente estivadores, pessoas que carregavam o peso das cargas que chegavam e embarcavam nos navios. Logo, Canjiquinha mesmo sendo considerado aluno do Mestre Pastinha, era tido como um bastardo. Já que as diferenças atuais entre a regional e a angola estão principalmente no discurso de que a angola é mais tradicional e que foi essencialmente seguida pelos principais alunos de Pastinha, os mestres João Grande e João Pequeno, este último veio a falecer agora no final de 2011. Considerando então uma capoeira desconstruída, a capoeira baiana no Maranhão é trazida pelos discípulos de Canjiquinha, sendo caracterizada pelo termo "capoeiragem". (KAFURE, 2012) 147 Patinho, em depoimento a Martins (2005) 148, diz que conheceu Sapo através do Professor Dimas, quem o recrutou para a Ginástica Olímpica, procurando pessoas para essa modalidade entre alguns capoeira que a praticavam no Parque do Bom Menino – Raimundão estava entre eles... -; acontece que Dimas só vem a implantar a Ginástica Olímpica em 1972/73149... O Grupo de Mestres (seis, conforme divisão para os depoimentos, em comum), assim se manifesta sobre esse período de transição, dos anos 60 – chegada de Serejo e Sapo – até o meado dos anos 80, já com a morte de ambos: Quanto à definição: Era Capoeira de Rua (fundo de quintal) 150; Capoeira de Rua151; Nesse período definimos como ‘capoeiragem’, com as características de realizações de rodas de rua, praças e praias e logradouros152. Quanto às características: o jogo era feito ao som do disco vinil na porta de casa153; se caracterizava como capoeira objetiva (luta) 154; Como a capoeira maranhense ficou a característica de Angola e da Capoeiragem155; Como uma capoeira educativa, sua característica: a inclusão de floreios acrobáticos, uma formação de bateria e seus cânticos156. Quanto às principais lideranças: a partir da Escolinha do Mestre Sapo157; Praticada por Serejo e seu Grupo Bantu158; os principais líderes: Sapo, Serejo, e Diniz159; tendo como principal liderança o Mestre Sapo160. Podemos falar, a partir daí, de uma Capoeira do Maranhão – ou Maranhense e/ou Ludovicense -? Não161. sim, com certeza: a partir dessa época temos dados que comprovam a organização e formação da Capoeira do Maranhão162. Sim, podemos dizer que a partir daí surge uma capoeira ludovicense163 Kafure (2017) 164, em correspondência pessoal, confirma a existência de uma capoeiragem maranhense, mas que não se trata de uma modalidade (estilo?) mas sim, uma identidade; afirma: Pelo o que 146 147

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ROCHA, 2012, obra citada MARTINS, 2005, obra citada 149 VAZ, ARAÚJO, 2014, obra citada. 150 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 151 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 152 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 153 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 154 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 155 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. 156 O Grupo 6 é formado pelos Mestres: MANOEL; LEITÃO; GAVIÃO; CM FORMIGA ATÔMICA. 157 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 158 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 159 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. 160 O Grupo 6 é formado pelos Mestres: MANOEL; LEITÃO; GAVIÃO; CM FORMIGA ATÔMICA. 161 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 162 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 163 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 164 ROCHA, 2017, obra citada. 148


eu entendo existe a capoeiragem maranhense, que não é uma modalidade da capoeira, mas sim uma identidade. Nesse sentido, a capoeiragem maranhense é como se fosse uma camada da realidade da capoeira no Maranhão, é como se ela sempre existiu e continua existindo, mas fica por trás das segmentações de angola, regional ou contemporânea. Ou seja, ela existe na maneira do capoeirista lidar com o outro e expressar o seu próprio amor pela cultura capoeirística. Prossegue: Eu acredito que existam três ou quatro períodos, basicamente o antes de Sapo, o de Sapo, o de Patinho e o de depois de Patinho. Por essa via, não sei dizer como está atualmente, mas a atividade da capoeira, pelo menos no centro de São Luís, esteve muito ligada ao Tambor de Crioula e a boêmia que envolvia esse círculo de pessoas (KAFURE, 2017) 165 As rodas de rua de São Luís continuaram acontecendo durante boa parte da década de 70, lideradas pelo Mestre Diniz e freqüentada pelos capoeiras remanescentes da Bantu e pelos alunos mais velhos e experientes do Mestre Sapo, como: Jessé, Alô, Loirinho e Manuel Peitudinho. Segundo Mestre Pato, “Mestre Sapo proibia seus alunos mais jovens de participarem das rodas de rua, pois os que a freqüentavam eram os que já tinham mais autonomia”. Mestre Rui lembra de que nesse período, como aluno do Mestre Sapo, participavam de diversos campeonatos, tendo como parceiro, amigo e irmão de capoeira Alberto Euzamor, Marquinho, Didi, Curador e outros, [...] onde compartilhávamos as rodas celebradas nas festas religiosas como a do Divino Espírito Santo, na Casa das Minas, seguido de 13 de Maio na casa de Jorge Babalaô, 8 de dezembro na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na praça Deodoro, onde era de costume se reunir as sextas- feiras a partir das 17:00 até as 23:00 horas. E não nos restringíamos a essas datas, tínhamos o período carnavalesco na Deodoro, Madre Deus, Praça da Saudade, Largo do Caroçudo, também no dia da Raça, 05 de setembro e Independência do Brasil, 07 de setembro, tradicionalmente em todas essas datas era realizada uma roda.Em 1979 aos 18 anos, entrei para o Exército, e mesmo servindo a pátria, continuei com os amigos anos encontrar para jogar, e nessa mesma época reencontrei amigos como D’Paula, capoeirista que tornou-se cabo do Exército, e Roberval Sena que tornou-se sargento do Exército, grande capoeirista da época166. A partir de 1970, Mestre Sapo começou a formar seu grupo de capoeira, passando a ministrar aulas em uma academia de musculação localizada na Rua Rio Branco; é também nesse ano que se dá a morte de Roberval Serejo; seus alunos, da academia Bantú, passam a treinar com Mestre Sapo. Kafure (2017) 167 acredita que Sapo – da linhagem de Canjiquinha – acabou desenvolvendo um trabalho de re-educação das lutas e ritos primitivos dos ‘valentões da ilha’: Eu já ouvi os mais velhos falarem, de como Sapo veio da linhagem de Canjiquinha e que conseqüentemente acabou escolhendo se estabelecer no Maranhão, onde desenvolveu um importante trabalho de uma re-educação das lutas e ritos primitivos dos valentões da ilha, por assim dizer. Em 1971, a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, através do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER/SÉC – coordenado por Cláudio Antônio Vaz dos Santos168, criou um projeto que consistia na implantação de várias escolinhas de esportes no Ginásio Costa Rodrigues. Dentre as atividades esportivas, estava a capoeira169 , e o Mestre Sapo fora convidado para ministrar as aulas. A partir desse momento, houve um crescimento muito grande do número de praticantes de capoeira em São Luís, com várias turmas funcionando com aproximadamente 30 alunos cada. Mestre Sapo deu aula nessas turmas até o seu falecimento em 1982, mesmo com as trocas de Governos e Coordenadores. Mestre Sapo passou a dar um caráter esportivizante à capoeira ensinada no supracitado ginásio, minimizando sua conotação enquanto manifestação da cultura popular. Atribuiu-se a esse processo de esportivização, dentre outros fatores, os objetivos do projeto e o contexto no qual estavam inseridos o mundo da educação física e o esporte, em que eram realizadas várias outras atividades como futsal, vôlei, handebol, basquete e caratê.Diante desse contexto, Mestre Sapo passou a sistematizar as aulas, adotando o uso de uniformes, e deu muita ênfase à preparação física dos alunos. Segundo Mestre Índio (Oziel Martins Freitas), ele utilizava exercícios como corrida, polichinelo e flexões para essa preparação. Mestre Sapo se ele se definia como angoleiro ou regional, encontramos o seguinte: 9 alunos responderam angoleiro e os outros 6 responderam que ele não se definia unicamente como angola ou regional, pois ensinava as duas vertentes. De acordo com Antônio Alberto de Carvalho (Mestre Paturi), ele falava em capoeira de angola, mas 165

ROCHA, 2017, obra citada. RUI PINTO, Mestre Rui. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres capoeira do Maranhão, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 167 ROCHA, 2017, obra citada. 168 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. CLÁUDIO VAZ, O ALEMÃO e o legado da geração de 53. São Luís, 2017 (inédito) 169 VAZ, ARAÚJO, 2014, obra citada. 166


ensinava misto, ou seja, angola e regional. Segundo o Mestre Pato, ele se definia somente como capoeira e que ensinava “as três alturas, as três distâncias e os três ritmos”. Nestes aspectos, ele se referia ao jogo alto, baixo e médio; ao longe, perto e o médio; e aos toques de angola (lento), São Bento pequeno (médio) e São Bento grande (acelerado). Acreditamos que esses fundamentos em capoeira que Mestre Sapo praticava são heranças de seu Mestre (Canjiquinha) que também os usava, de acordo com a confirmação de Mestre Pato. Além dessas influências, Mestre Sapo utilizava alguns movimentos da Capoeira Regional que ganhou muito mais projeção na década de 70 do que a de angola. (MARTINS, 2005) 170 Mestre Rui Pinto lembra que a maioria dos praticantes de capoeira, freqüentadores das escolinhas, seja do Costa Rodrigues, seja nos diversos estabelecimentos de ensino, que participavam dos Festivais da Juventude, depois Jogos Escolares Maranhenses, faziam, também outras modalidades; ele mesmo praticava Handebol. Mestre Gavião171 lembra dos diversos lugares em que a ‘escola’ de Sapo passou, quando o acompanhou nas aulas de iniciação: [...] ficamos sabendo que o Mestre Sapo dava aula na Escola Alberto Pinheiro e no antigo Costa Rodrigues, e fomos olhar a aula. Quando chegamos lá, para nossa surpresa a aula era escola de elite, só estudava quem tinha uma boa condição financeira. A sala era toda no tatame e cheia de alunos jogando de 2 em 2. E movidos pelo ritmo da música de capoeira do Mestre Caiçara; sem sermos convidados, começamos a jogar. Logo chamamos atenção de todos por ter o jogo desenrolado e cheio de floreio. Estávamos fazendo bastante movimentos no jogo, quando o mestre Sapo nos abordou perguntando se éramos alunos da escola. Dissemos que não, então ele nos disse que não poderíamos jogar mais. No outro dia, curiosamente, Mestre Pato apareceu na minha casa conversando com meus pais para que me liberassem para treinar capoeira. Desde então comecei a treinar com mestre Pato que na época ainda era contramestre e eu tinha por volta de oito anos de idade.Treinamos na Rua Cândido Ribeiro, na antiga academia Real de Karatê do professor Zeca, e passado um tempo mudou-se para o antigo Lítero. Depois, mudamos para Rua da Alegria, e na Deodoro fazíamos bastantes rodas de apresentação com Mestre Sapo e M. Pato. Essas rodas reuniam todo o grupo. Esse tempo foram três anos de treinos e depois a academia acabou. No ano de 1978, Mestre Sapo, juntamente com o seu discípulo Pato, participaram do primeiro Troféu Brasil, o que seria o primeiro campeonato brasileiro de capoeira, promovido pela Confederação Brasileira de Boxe (CBB). Ambos foram vice-campeões em suas respectivas categorias, sendo que o resultado do Mestre Sapo foi muito contestado pelo público e pelos Mestres presentes, fazendo com que a organização do evento lhe homenageasse com uma medalha de ouro. Segundo Mestre Pato172: Como a capoeira era mal vista na época e cheia de preconceito, parti para a Ginástica Olímpica, volto para a capoeira e participo com o Mestre Sapo do 1º e 2º Troféu Brasil e fomos campeões, eu no peso pluma e Sapo no peso pesado. Identifiquei-me pela capoeira e fui para Pernambuco, Bahia e São Paulo, estudar capoeira. Eu recebi muita influência de Mestre Sapo, Artur Emídio, Catumbi e Djalma Bandeira que todos foram alunos de Aberrê. Quando eu conheci Sapo, eu me defini no estilo Capoeiragem da Remanecença (sic), fundamentada. Eu vivo do fundamento de que, apesar de ser baixo, mas na capoeira se vive pela altura. Existem três alturas, três distâncias e três ritmos. Ainda nesse ano de 1978 que Mestre Sapo criou a Associação Ludovicense de Capoeira Angola com o intuito de oferecer uma melhor estrutura física e organizacional à capoeira em São Luís. No depoimento de José Ribamar Gomes da Silva (Mestre Neguinho), nos anos seguintes a 1978, Mestre Sapo, através da referida Associação, na qual era presidente, passou a realizar uma série de competições em São Luís. Nesse período, já aconteciam várias competições de capoeira pelo Brasil, assim como encontros, simpósios e seminários, com o objetivo de organizar e regulamentar a capoeira e suas competições. O Mestre Sapo, por sua vez, sempre viajava para esses eventos e sua participação nesse movimento trouxe mudanças para a capoeira ao longo dos anos 70 e início dos anos 80. Ao final desses anos 70, Mestre Sapo, em uma de suas viagens, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília, que o graduou Mestre. Essa graduação não se deu de forma comum, ou seja, através de um Mestre para o seu discípulo, e sim através de cursos e exames para avaliar os seus conhecimentos. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. A adoção do sistema de graduação para a capoeira foi um fenômeno comum nos anos 70, influenciado pelas artes marciais do oriente.

Com a morte de Anselmo Barnabé Rodrigues – Sapo – encerra-se um ciclo da Capoeira do Maranhão.

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MARTINS, 2005, obra citada. MESTRE GAVIÃO – HÉLIO DE SÁ ALMEIDA. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão – UFMA/DEF 2017, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 172 MESTRE PATO – ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS. Depoimento dado a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, para o LIVROÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS DE SÃO LUIS, 2006. 171


Com a inclusão da Capoeira no sistema de educação física escolar – escola formal – foi preciso uma adaptação de seu ensino, criando-se uma ‘metodologia de ensino de capoeira’, adaptada às exigências de disciplina curricular, com seus sistemas de promoção (avaliação escolar). Começa a profissionalização do capoeira, com o surgimento de um mercado de trabalho, para atender aos estabelecimentos de ensino, como uma demanda que se apresenta nas então surgentes academias de ginástica e/ou de musculação. É dessa fase que se busca uma ‘identidade’, uma padronização: [...] padronização dos uniformes, admissão de graduações internas, organização dos grupos e eventos, intercambio estaduais e a fundação de Federação173 [...] contudo houve a expansão da Capoeira através do surgimento de vários grupos. Através desses grupos eram realizadas rodas em praças públicas, amostras e competições174. A Capoeira do Maranhão se expandiu com a criação de vários grupos, em São Luis. Com a criação de grupos, a capoeira passou a ser mais praticada em recintos fechados, como: escolas, associações, terreiros de Mina. Retorna com uma padronização de uniformes, instrumentação e disciplina. Implantação do sistema de graduação pelo Mestre Pezão, na década de (19)90175. [...] os capoeiristas buscam uma nova organização, criando grupos, academia e começam a divulgar a capoeira mais freqüente176. Após a morte de Sapo, começou o movimento de surgimento de grupos de capoeira, sim, a capoeira saiu das ruas, começou a se organizar, passando a ser desenvolvida em espaços fechados, como escolas, academias e clubes. O período de 80/85 a 90/95 caracteriza a organização da Capoeira do Maranhão 177. A partir de 1985, com a formação de grupos, apresentando-se nos bairros, praças e locais públicos. Nos anos 90/95 foi a explosão da Capoeira Maranhense na mídia, tendo muita repercussão pelas emissoras de televisão 178. De acordo com Greciano Merino (2015)179 , Sapo vai se aplicar na ‘construção’ de um método educativo, desportivo, baseado em uma férrea disciplina de índole rústica e autoritária: [...] que sintonizaba con las formas que la dictadura militar proyectaba en el seno de la sociedad180 . La rigidez de ese método, según explican sus alumnos 181, se aplicaba a través de una fuerte preparación física182622 y de la incesante repetición de secuencias de movimientos. El alumno para demostrar que había asimilado el fundamento de esos movimientos debía aplicarlos correctamente en la roda, y si no era capaz de cumplir con las exigencias de su grado la respuesta inmediata era un golpe correctivo que le alertase de que debía depurar aún más su jogo. Debido a la dureza de los entrenamientos mucha gente abandonaba las aulas, lo que propiciaba una amplia rotatividad de alumnos en la escuela y que ésta estuviese separada en dos grupos diferenciados: los iniciantes y los veteranos. Esa división propiciaba, a través de un estímulo competitivo, que los primeros se esforzasen por conquistar un lugar en el grupo de los avanzados y que éstos mantuviesen una gran tensión para mantenerse como los referentes del grupo.

O “Método Desportivo Generalizado” aparece no contexto educacional brasileiro a partir da década de 1950. Elaborado por professores do Institut National des Sports (França) na década de 1940, o Método Desportivo Generalizado tem por preceito a educação integral de jovens e adultos através de jogos e atividades desportivas. Para tanto, quatro princípios estabelecidos pelos autores tornam-se fundamentais na aplicação desta metodologia: Educação Física para todos; Educação Física orientada; Prevenção do mal e Aproveitamento das horas livres. Os jogos e as atividades desportivas, baseadas em tais princípios, proporcionariam aos educandos a possibilidade de apreenderem

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O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 175 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 176 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. 177 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 178 O Grupo 6 é formado pelos Mestres: MANOEL; LEITÃO; GAVIÃO; CM FORMIGA ATÔMICA. 174

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Debemos destacar que durante el período dictatorial brasileño se refuerza ese proceso que impulsó la capoeira en los años 30, o sea, el gobierno pasa a estrechar los lazos con los practicantes de la capoeira. Así, en 1972, la capoeira es reconocida oficialmente como deporte por el Ministerio de Educación y Cultura, incluyéndose en un proceso de institucionalización y burocratización que busca promover la homogeneización de esta práctica a nivel nacional. Dos años después se crea en São Paulo la primera federación de capoeira de Brasil, procurando difundir la capoeira como arte marcial brasileña. Este hecho es cuestionado por algunos segmentos que entendían que ese proceso de “marcialización” de la capoeira infringía principios básicos de esta práctica. En 1975, se realiza, en São Paulo, el primer torneo nacional de capoeira, para su realización se construye un reglamento técnico [...] (GRECIANO MERINO, 2015) Informaciones extraídas deI “Encuentro de Mestres”, evento organizado por la Associação Centro Cultural de Capoeiragem Matroa, el día 1/04/2013. Con la participación de Antonio José da Conceição Ramos “mestre Patinho”, Jose Ribamar Gomes da Silva “mestre Neguinho”, João José Mendes da Silva “Mestre Açougueiro”, Nasson de Souza “Cara de Anjo”. (GRECIANO MERINO, 2015) Que Sapo definía como Educación Física Generalizada, en la que integraba aparatos de gimnasia como el plinto y las colchonetas. (GRECIANO MERINO, 2015).


noções de trabalho em equipe, altruísmo, solidariedade, hábitos higiênicos para além do desenvolvimento físico (FARIA JR, 1969, CUNHA, 2014) 183. [...] ‘Educação pelas atividades físicas, esportivas e de lazer’, de 1979, foi escrita originalmente em francês por Listello e traduzida pelo então professor da USP Antonio Boaventura da Silva e colaboradores. Esta obra parece ter sido uma adaptação do MDG para a realidade brasileira, pois foi publicada após quase duas décadas de contato com o Brasil e em parceria com uma universidade brasileira. (CUNHA, 2014?)184.

A esse respeito, cumpre informar que Sapo foi beber direto na fonte: com o Prof. Dr. Laércio Elias Pereira185, que veio para o Maranhão em 1974 integrar a equipe de Cláudio Vaz dos Santos, quando da implantação das escolinhas esportivas, no Ginásio Costa Rodrigues. Dentre elas, estava a de Capoeira, sob a responsabilidade do prof. Anselmo – Sapo. Na época, vários esportistas foram selecionados para ficar à frente dessas escolinhas de esportes, pois o Maranhão não dispunha de um numero suficiente de preofessores de Educação Física. Esse ‘monitores’ foram selecionados e receberam treinamento para – no dizer de Laércio – falarem muma ‘linguagem única’, base de estabelecimento de uma tecnologia, que se estava implantando. Essa metodologia de ensino estava baseada no livro de Listello, do qual Laércio foi um dos tradutores e responsável pela sua implantação no Maranhão (VAZ e PERIERA, 2016) 186 Há o retorno dos - agora reconhecidos - Mestres mais antigos, em torno dos quais a Capoeiragem de São Luís orbitava; as rodas de rua são revitalizadas, assim como há um movimento surgindo com novos grupos, novos nomes, nos bairros periféricos, e a retomada dos antigos locais de suas apresentações: (seu retorno se deu) através de Mestre Diniz, foi que continuou as Rodas (Mestre Paturi); as rodas de ruas (Deodoro, Olho D´Água, Gonçalves Dias [...]187; Através desses grupos eram realizadas rodas em praças públicas, amostras e competições [...] 188 . Para Kafure (2017)189, é possível dizer que a capoeira em São Luís passou por um grande processo de marginalização, e isso teve dois aspectos: 1 - os mestres treinavam escondidos no quintal de casa e desenvolviam uma identidade bem singular, 2 - houve uma grande descontinuidade por conta desse período, e muita gente boa se perdeu no meio do caminho, entregue principalmente a marginalidade e a pobreza. Patinho se apresenta como o herdeiro de Sapo, e o principal artífice da sistematização dessas ‘nova capoeira’, com característica genuinamente maranhense, fundando a sua própria escola de capoeira... Bem eu fundei a primeira escola de capoeira do mundo, que a capoeira ‘tava’ na academia e eu sempre me senti, insaciei (sic) com essa questão da academia porque eu já sentia ser restrito só a questão do corpo; então eu fui, fundei a primeira escola do mundo da capoeiragem, inclusive é o segundo grupo de capoeira angola registrado no mundo. Que o primeiro é o GECAP, dirigido pelo mestre Moraes190, que é 183

FARIA JR. Alfredo Gomes de. INTRODUÇÃO À DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Rio de Janeiro: Honor Editorial Ldta. 1969. CUNHA, Luciana Bicalho da. A Educação Física Desportiva Generalizada no Brasil: primeiros apontamentos. IN apontamentos de estudo de doutoramento, iniciado neste ano de 2014 no Programa de Pós Graduação da Faculdade de Educação da UFMG. Disponível em https://anpedsudeste2014.files.wordpress.com/2015/04/luciana-bicalho-da-cunha.pdf 184 CUNHA, 2014, obra citada 185 LAÉRCIO ELIAS PEREIRA - Professor de Educação Física da UFMG, aposentado. Mestrado na USP (dissertação: Mulher e Esporte) e doutorado na UNICAMP (a tese foi o CEV); membro do comitê executivo da Associação Internacional para a Informação Desportiva - IASI. Coordenador Geral do Centro Esportivo Virtual- ONG CEV. http://cev.org.br/qq/laercio/ Atuou no Maranhão por 30 anos, como professor de handebol, e da Universidade Federal do Maranhão. 186 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. LISTELLO E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, 03 de março de 2016, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/03/03/12670/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. LISTELLO E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA. In CEV/COMUNIDADES/EDUCAÇÃO FISICA MARANHÃO, 03 de março de 2016, disponível em http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/listello-e-a-educacao-fisica-brasileira/ ; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. LISTELLO E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA. ALL EM REVISTA, vol. 3, n. 2, abril a junho de 2016. 187 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 188 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 189 ROCHA, 2017, obra citada. 190

MESTRE MORAES - PEDRO MORAES TRINDADE é um notório mestre e difusor da Capoeira Angola pós-Pastinha. Seu pai também era capoeirista praticante de Capoeira Angola. Começou a treinar por volta dos oito anos na academia de Mestre Pastinha que já cego e sem dar aula, passou o controle da academia para seus alunos. Moraes foi aluno de Mestre João Grande, que junto de João Pequeno eram grandes discípulos de Pastinha. Por volta dos anos 80, na intenção de preservar e transmitir os ensinamentos de seus mestres, fundou


da Bahia; mas o GECAP foi fundado no Rio de Janeiro, e hoje em dia em Salvador, onde o coordenador e diretor é o mestre Moraes, que é uma pessoa muita querida e desenvolto também nessa questão da musicalidade, e dos fundamentos da capoeiragem, e a Escola de Capoeira Angola que eu criei no LABORARTE191, que é o segundo grupo de capoeira angola registrado no mundo, dos mais antigos. E a primeira como escola, porque escola? Porque a gente não só trabalha a questão do corpo, a gente trabalha a história, a geografia, essa questão da musicalidade, a pesquisa e tal, e no intuito de formar pessoas com capacidade pra trabalhar com a capoeira como a educação escolar. (BOÁS, 2011) 192.

Kafure considera que o modelo de capoeira baiano foi talvez a condição de sobrevivência da prática da ética da malandragem: [...] então assim, eu acho que foi um período de reunião de adeptos. Logo, na minha concepção, a capoeira sempre existiu e é possível falar de capoeira antes desse período tanto no maranhão quanto em tribos indígenas pelo Brasil e mesmo na África. O que ocorre, ao meu ver, é o processo de síntese de ritos primitivos pela capoeira baiana. Contudo, podemos dizer que o movimento inverso, de análise e desmembramento dessa própria capoeira sintética é super importante para ressaltar os valores de identidade da capoeira de acordo com sua regionalidade. Logo, acredito que a capoeira maranhense realiza um movimento de retorno a sua ancestralidade principalmente com o Mestre Patinho, ele foi o grande estudioso da relação entre corpo X musicalidade X cultura, em outras palavras, ele deu o ritmo da capoeiragem maranhense (KAFURE, 2017) 193 .

A partir da inclusão da Capoeira entre as atividades do LABORARTE, que se dá a aproximação da capoeiragem do Maranhão com a Capoeira Angola, de Pastinha. Como ele mesmo afirma, “[...] eu criei no LABORARTE (...) o segundo Grupo de Capoeira Angola registrado no mundo”: [...] a escola funciona no Laborarte, nós temos nove pontos, pra você entender melhor nós temos aqui a nossa árvore genealógica (...) olha, aqui está a minha trajetória, a raiz vem ser onde eu comecei, quem foram meus netos e tal... e aqui nos temos aqui a Escola de Capoeira do Laborarte e hoje eu estou aqui no Centro Cultural Mestre Patinho, então quem são as pessoas que estudam no centro cultural, quem está dando aula, quem são os alunos formados, que aqui é sobre a minha trajetória. É a árvore genealógica dos nossos trabalhos, hoje aqui nós somos sabe quantas escolas no Maranhão? somos nove escolas no Maranhão regidas pela escola do Laborarte... 194 [...] Aí você vai ver aqui Mandingueiros do Amanhã; quem é, Escola do Laborarte quem é? Nelsinho, e todos eles vão passando, Escola Criação quem é o cara? Mestre Serginho; Aí aqui, Centro Matroá? Marco Aurélio e contra-mestre Júnior, então assim tu vai vendo aonde agente ‘tá’ aqui no Maranhão, e lá fora uma mestra Elma que trabalha em Brasília, Florianópolis e Rio Grande do Sul, e também a galera nossa que está dando aula lá fora como o Bruno Barata que está no Rio de Janeiro, que está trabalhando com a capoeira, aí tem uma galera da gente que ‘tá’ trabalhando aí, e a gente que mora em São Luís, que vai nos Estados Unidos e volta, em Portugal e volta, mas não fazemos questão de estarmos lá, porque o importante é que a gente estude a capoeira no Brasil ‘pra’ entender o que é jogar capoeira,’

o GCAP - Grupo de Capoeira Angola Pelourinho - na tentativa de resgatar a filosofia da capoeira em suas raízes africanas, que havia perdido seu valor para o lado comercial das artes-marciais. Atualmente vive em Salvador, Bahia e divide seu tempo entre lecionar Inglês e Português numa escola pública, e presidir os projetos culturais da GCAP. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Moraes 191

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O LABORARTE é um grupo artístico independente, com 35 anos de trabalhos culturais desenvolvidos no Maranhão, produzindo nas áreas de teatro, dança, música, capoeira, artes plásticas, fotografia e literatura. O grupo está sediado num casarão colonial no centro de São Luís e desenvolve atividades culturais permanentes: oficina de cacuriá, oficina de teatro, oficina de ritmos populares do Maranhão, além de manter uma escola de capoeira angola. Anualmente realiza o "Iê! Camará- Encontro de Capoeira Angola". http://www.iteia.org.br/laborarte

BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf 193 ROCHA, 2017, obra citada. 194 In BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf


pra’ depois ir lá fora fazer uma oficina porque vai ser difícil ‘pra’ ver o que vai ser mal empregado lá fora 195 .

Mestre Alberto Euzamor196 fala que se desconhecia a existência de estilos de capoeira. Explica que: Capoeira Regional que era praticado apenas no estado da Bahia e difundindo-se para as demais regiões, era jogada mais por pessoas que tinham certo poder aquisitivo; a Capoeira de Angola; Memoriza na Capoeira de Angola a existência de três tipos de ritmo mais jogado hoje: Angola (fase de preparação, aquecimento), São Bento Pequeno (fase intermediária) e São Bento Grande (fase de roda). Mestre Rui197 confirma que não se conhecia, por aqui, a divisão da Capoeira por estilos: Angola e Regional, pois Quando eu aprendi não tínhamos o entendimento de que existia dois estilos de capoeira, e sim que existia vários ritmos. Só passamos a ter informação de capoeira angola e regional com o tempo e viagens.Estilo é capoeira Maranhense, nós na época não aprendemos estilo, tínhamos a informação que angola é um toque seguido de um jogo em baixo (no chão), que significa mais lento e cadenciado, com malícia e molejo. Regional, um toque com jogo rápido, com velocidade dos movimentos com muita malícia e molejo, jogo em cima. O mesmo diz Mestre Socó198, pois para ele desenvolvíamos uma capoeira chamada: “encima – embaixo”, um jogo no qual não era nem Angola nem regional, era conhecido como “Capoeiragem. Entre os praticantes mais novos, como Mestre Roberto199, não havia conhecimento de estilos na capoeira praticada no Maranhão, pois afirma: Não tínhamos estilo determinado para jogarmos capoeira e sem nenhum fundamento e conceito daquela capoeira jogada na época; sentindo a necessidade de evoluir com os demais grupos da época, comecei a ler mais sobre a Capoeira, pois éramos muito fechados e não recebíamos visitas. Para Mestre Índio, [...] a capoeira no Maranhão teve uma mudança já dos anos 80 pra cá, após a morte do Mestre Sapo “Anselmo Barnabé Rodrigues”, vários capoeiras que estavam isolados, criaram seus grupos, eram grupinhos mesmos só para treinar, eu mesmo criei o meu nessa época. Antes disso se o Sapo soubesse que tinha capoeira ou roda de capoeira, ele ia lá e dava porrada em todo mundo. Por que ele queria ser o centro das atenções, capoeira era só ele, e o resto era o resto. E após a morte, vitima de um atropelamento em 29 de maio de 1982, após uma confusão muito grande que ele arranjou, enquanto ele foi em casa buscar um revolve, na travessia dele um carro em alta velocidade lhe deu uma trombada, e ele veio a óbito no dia 1 de junho sendo sepultado em 2 de junho, para esperar alguns parentes que moravam em outro estado. Como eu disse, após isso surgiram vários grupos, eu criei o meu que na época se chamava Filhos de Ogum, e tinha o Gayamus, Filhos de Aruanda, Aruandê, Cascavel, Escola de Capoeira Laborarte e outros que eu não lembro os nomes nesse momento. (Mestre Índio do Maranhão, in Entrevista, 2015) 200 Por não ter um estilo definido, ou não se filiar aos estilos hoje reconhecidos: Angola, Regional e/ou Contemporânea, foi perguntado aos Mestres como eles chamariam, ou definiriam a capoeira praticada, hoje, no Maranhão e o que é “jogar nos três tempos”, e se essa era a principal característica da Capoeira do Maranhão: - a denominaria “Capoeira Tradicional Maranhense”, com seu: “jogo baixo, intermediário e em cima”, as três alturas ou as três distancias, considerando ser essa a sua principal característica. “É definida em grupos, associações, Federações, sendo que cada um tem seu estilo de jogo e sistema de graduação”. a denominam como “capoeira mista”, ou seja, incutir o novo no velho sem molestar as raízes: “Jogar em um determinado toque as três alturas - Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande”. 195

In BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf 196 MESTRE ALBERTO EUZAMOR - ALBERTO PEREIRA ABREU. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, quando da construção do Livro-Álbum Mestres de Capoeira de São Luis, 2006 197 RUI PINTO, Mestre Rui. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão – UFMA/DEF 2017, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 198 MESTRE SOCÓ – EVANDRO DE ARAUJO TEIXEIRA. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres capoeira do Maranhão, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 199 MESTRE ROBERTO – ROBERTO JAMES SILVA SOARES. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres capoeira do Maranhão, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 200 ENTREVISTA COM MESTRE ÍNDIO MARANHÃO, disponível em http://www.rodadecapoeira.com.br/artigo/Entrevista-com-Mestre-IndioMaranhao/1. Publicado em 19/11/2015, enviado por: jeffestanislau


Como a Capoeira Maranhense se joga nos três tempos e joga no toque de Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande de Angola - jogo em baixo, no meio, e em cima -, essa é a característica maranhense. ’Capoeira mista’, jogada nos três tempos, que significa os três toques do berimbau, Angola, S.B. P. de Angola, e S.B.G de Angola” . [...] uma capoeira mista, por assim ser jogada em três tempos: jogo de chão, malícia: 2º no São Bento pequeno, que um jogo de muita acrobacia e destreza e, 3º o São Bento Grande, que é um jogo em cima rápido e de combate. Patinho201 sintetiza a Capoeira do Maranhão: [...] buscando sempre a forma indígena que tem na capoeira, pois estudei com os índios samangó - só o berimbau dos instrumentos participa e tem uma só batida de marcação iúlna (sic) - a batida do berimbau é mudada e tem uma formação de entrada dos instrumentos. O Mestre chama, colocando ritmo e ordenando a entrada de cada instrumento - agogô, atabaque, berimbau contrabaixo, berimbau viola, berimbau violinha, reco-reco e pandeiro; entra também as palmas. Santa Maria - uma batida que diferencia das outras duas é que tem duas batidas de marcação, sempre acompanha com as palmas. Marvana - com três palmas Caudaria - com dois toques e três batidas Samba de roda - neste ele explica que não precisa tocar bem, pois cabe a cada um o seu interesse pelo aperfeiçoamento. Angola - é mais compassada e cheia de ginga. Cabe ressaltar que a "iúna" é destinada a recepção de pessoas na roda e momentos fúnebres. Ladainha - é uma louvação a Deus e as formas de vida e espírito que queiram citar.

Segundo Greciano Merino (2015) 202, o Maranhão se caracteriza por ser um território afetado por fortes insurreições de negros e por uma vasta diversidade de rituais ligados à cultura popular (Tambor de Mina, Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, Festa do Divino Espírito Santo, Bambaê de Caixa, Festa de São Gonçalo, etc.) que foram fomentados principalmente durante a constante reorganização dos quilombos ou ‘Terras de Preto’. Antonio José da Conceição Ramos, mas conhecido como Mestre Patinho, se inicia na Capoeira em 1962 e vem desenvolvendo seu trabalho de una forma ininterrupta; por isso, na atualidade se o considera o praticante mais antigo desta atividade em São Luís de Maranhão: É ainda Greciano Merino (2015) que nos dá maiores explicações sobre essa simbiose entre a capoeira maranhense e as demais manifestações folclóricas que ocorrem no Maranhão: Algunos maestros de la capoeira ‘maranhense’ como Patinho, Tião Carvalho, Alberto Euzamor o Marco Aurelio indican dos personajes del cortejo del bumba meu boi como paradigmas que celan la expresión corporal de la capoeira durante esos años de fuerte represión: el ‘caboclo de pena’ y el ‘miolo del boi’. Los ‘caboclos de pena’ son una figura emblemática, imponente e impresionante; que situados al frente del cortejo despliegan una danza circular vigorosa abriendo espacio y anunciando la llegada del grupo. Los capoeiras, por su conocimiento de técnicas de lucha y guerra, habrían sido destinado a ocupar esas posiciones para proteger al grupo de los embates de otros grupos rivales. El ‘miolo del boi’ es como se designa a la persona que manipula la figura del boi, y su papel sería entrenar y mantener alerta a los integrantes del grupo a través de su cabezadas y coces. El maestro Patinho, durante la conferencia de apertura del VIII Iê Camará524 (2014)203, expresaba que: “El caboclo de pena rescata la mandinga, la picardía y la malicia de la capoeira a través de la rasteira de mano. Y del miolo de boi destaca que tiene que tener una malicia y una ginga para inserir la cabezada y la coz, ésta última desde su opinión es la chapa de costas de la capoeira. Otro aspecto que en su opinión comparten estas manifestaciones serían las improvisaciones de los cánticos que relatan 201

MESTRE PATO – ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS. Depoimento dado a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, para o LIVROÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS DE SÃO LUIS, 2006. 202 GRECIANO MERINO, 2015, obra citada. 203 Evento nacional de capoeira organizado por el grupo de Capoeira Angola Laborarte


acciones del momento en que están ocurriendo los acontecimientos”204. En ese mismo acto, el maestro Marco Aurelio Haikel reforzaba que: “dentro del mosaico cultural brasileño los capoeiras eran guerreros temidos y admirados; necesarios como protectores lo que les permite participar y ser miembros de varias y diversas manifestaciones. Ese ‘lleva’ y ‘trae’ de informaciones quizá sea una de sus grandes contribuciones dentro de la cultura popular.Pues se convierte en el eslabón que conecta y agrega esas informaciones y esa profusión de ritmos”205. El tambor de crioula es una danza genuinamente maranhense que, como señalábamos anteriormente, forma parte de las expresiones que surgen de la diáspora africana. La forma en que se despliega el ritual del tambor, la cadencia batuques”. Durante una semana se organizaron charlas, mesas redondas, presentaciones y diversas rodas de capoeira, tambor y samba donde se trató de profundizar sobre las vicisitudes de este mosaico cultural.

Prossegue: En este sentido, el profesor Leopoldo Vaz 206 se hace eco de las posibles relaciones que se establecen entre ambas manifestaciones a través de la punga dos homens, que es un juego de lucha practicado dentro de los rituales del tambor207. Para ello, indica que la punga dos homens en Maranhão vendría a ocupar la misma función que la pernada carioca en Rio de Janeiro, el batuque en Bahía o el passo en Pernambuco. Todas estas manifestaciones serían formas complementarias donde se diluiría la capoeira. Pues, las medidas restrictivas que imponía el nuevo código penal de la República habría obligado a sus practicantes a encontrar nuevas formas de camuflar su práctica para ocultarse de la atención de las autoridades. Asimismo, Vaz trata de este carácter profano puede resultar paradójico cuando su manifestación se ejecuta como agradecimiento y promesa por las peticiones realizadas a San Benedito208. Asimismo adquiere un aspecto religioso cuando se ejecuta dentro de un terreiro de Mina provocando el trance de los Voduns o Caboclos, Gentis, Orixás.

Kafure (2017) considera que essa característica de jogar nos três tempos é gananciosa, mas não deixa de ser o ideal de um "super capoeirista": [...] e isso para mim é impossível. Justamente porque a vida tem três tempos, a infância, a maturidade e a velhice e o ritmo de cada um desses tempos é diferente. Então assim, eu acho que o tempo da capoeiragem maranhense é o tempo médio, pois nem é devagar demais nem rápida demais, como se encontra em alguns grupos na Bahia (lá existem bem visível os extremos). Eu acho que uma das grandes belezas e riquezas da capoeiragem maranhense é a multiplicidade de grupos e rodas em um território pequeno. Pelo menos quando eu morava em São Luís, quase todo dia era dia de roda, pelo o que eu me lembro, de quarta à sábado (curioso que no domingo quase nunca tinha). Enfim, geralmente nas capitais do Brasil, roda de capoeira é de sexta à domingo. Então acho que essa pluralidade de rodas, mesmo com os zumzumzum entre grupos e mestres, ainda assim dava uma perspectiva muito boa de aprendizado para alguém que realmente queira aprender a ser um bom capoeira.

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Ramos, Antonio da Conceição. Batuques locais e suas influencias entre capoeiras. En VIII Iê Camará: Dialogo de Batuques, LABORARTE, São Luís do Maranhão, 2014.

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Haikel, Marco Aurelio. Batuques locais e suas influencias entre capoeiras. En VIII Iê Camará: Dialogo de Batuques, LABORARTE, São Luís do Maranhão, 2014.

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VAZ, Leopoldo y VAZ, Delzuite. A Carioca. Actas del III Simposio de Historia do Maranhão Oitocentista. Impressos no Brasil no seculo XIX. Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), São Luís, 2013. Extraído el 15 de marzo de 2015 dehttp://www.outrostempos.uema.br/oitocentista/cd/ARQ/34.pdf En la década de 1950, el folclorista Camara Cascudo lo describirá de esta manera: "Las danzas denominadas ‘do Tambor’ se esparcen por Ibero-América. En Brasil, se agrupan y se mantienen por los negros y descendientes de esclavos africanos, mestizos y criollos, especialmente en Maranhão. Se conoce una Danza de Tambor, también denominada Ponga o Punga que es una especie de ‘samba de roda’, con solo coreográfico, (...) Punga es también una especie de pernada de Maranhão: batida de pierna contra pierna para hacer caer al compañero, a veces el Tambor de Crioula termina con la punga dos homens.". Camara Cascudo, Luis da. Diccionario do Folclore Brasileiro.Tecnoprint, Rio de Janeiro, 1972, p. 851.

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Este carácter profano puede resultar paradójico cuando su manifestación se ejecuta como agradecimiento y promesa por las peticiones realizadas a San Benedito. Asimismo adquiere un aspecto religioso cuando se ejecuta dentro de un terreiro de Mina provocando el trance de los Voduns o Caboclos, Gentis, Orixás.


Sapo não definia sua metodologia nem como Angola nem como Regional; de sua perspectiva de ensino, a capoeira estava formada por uma serie de fundamentos de jogo que se aplicavam em função das circunstancias que a roda requeria 209. Su capoeira se enfoca hacia un aspecto más deportivo, pasando a examinar a sus alumnos a través de series de movimientos secuenciados que se correspondían con una escala de cuerdas de colores, como ocurre en las artes marciales. Participó en eventos, simposios y torneos nacionales en diversos Estados e incentivó a sus alumnos para que completasen su formación participando de los cursos de arbitraje y viajasen a Rio de Janeiro para estudiar con Inezil Penna Marinho210. Asimismo, batalló mucho para conseguir que la capoeira formase parte de los Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s) como un deporte de competición. Todo eso sin dejar de explorar ese lado folclórico de la capoeira que le había llevado hasta São Luís211. Por tanto, su profunda dedicación al estudio del arte de la capoeira212627 le llevan a convertirse en un profesional de reconocido prestigio por la sociedad. Ese reconocimiento unánime motivó que asumiese el papel de celador de la capoeira en São Luís, mostrando su intolerancia hacia las rodas de calle (que no fuesen las suyas o las del maestro Diniz) y hacia la abertura de grupos que no fuesen suyos. (GRECIANO MERINO, 2015)

Em meados dos anos 80, para frente, após a morte de Sapo, começa uma movimentação para ‘restituir’ a Capoeira ao seu lugar – a rua. Esse movimento começa a partir da formação de grupos, em lugares considerados periféricos, como o eixo Itaqui-Bacanga. Para os Mestres-alunos, O movimento ‘prócapoeira’ surgiu na área Itaqui-Bacanga através dos grupos ‘Aruandê’ do Mestre Pirrita, ‘Filho de Aruanda’, do Mestre Jorge, como forma de apresentações individuais dos grupos que fizeram parte desse movimento, entre eles ‘Cascavel’, ‘Filho de Ogum’, ‘Unidos dos Palmares’, e outros. Esse movimento teve como objetivo uma maior organização da Capoeira, pois a mesma se encontrava no anonimato; com a realização do movimento pró - capoeira surgiu, em São Luis, vários grupos de capoeira com objetivo de uma maior organização e expansão em toda São Luis213 . Projeto “Capoeira nos Bairros”, e “Movimento Pró-Capoeira”; com os Mestres Jorge e Pirrita; com a mobilização de grupos de capoeira; para a organização e transformação dos grupos em associações, surgindo a partir daí, a Federação Maranhense de Capoeira – FMC -, no ano de 1990 214 . Pela necessidade de revitalizar e divulgar a capoeira, que estava muito dispersa nas periferias dando por sua vez uma nova fase a este movimento, tendo como protagonizadores Pirrita, Jorge, Neguinho do Pró-dança215. As lideranças: Mestres Jorge e Pirrita e Mestre Leles, Madeira, para a divulgação da organização dos grupos de capoeira no Maranhão 216; Foi a Associação Aruandê, com os Mestres Jorge e Pirrita217; Pelos Mestres Pirrita e Jorge, com o objetivo de divulgação da capoeira. Muitos adeptos na prática da capoeira, a popularização da capoeira criando uma boa imagem da capoeira218. ONDE ACONTECEU? QUAIS OS RESULTADOS? Sá Viana, Bairro de Fátima, Anjo da Guarda, Coroadinho, Liberdade, etc.; foi positivo no sentido de fortalecer a interação entre os grupos219; [...] na área Itaqui-Bacanga, no Teatro Itaqui-Cucuiba, e teve como resultado o fortalecimento da Capoeira; a partir daí, 209

El Maestro Sapo seguía una especie de mezcla de las dos vertientes, sus enseñanzas consistían en una práctica que estuviese de acuerdo con el ritmo que dictaba el toque de berimbau: Angola (jogo lento y rastrero), São Bento Pequeno (jogo que mezclaba movimientos altos con rastreros en una cadencia intermedia) y São Bento Grande (jogo practicado encima y en una cadencia acelerada). Los 3 berimbaus tocaban la misma célula. (GRECIANO MERINO, 2015). 210 Inezil Penna Marinho publica en 1945 el libro “Subsídios para o Estudo da Metodologia do Treinamento da Capoeiragem”, esta obra fue explícitamente inspirada en la “Ginastica nacional (capoeiragem) metodizada e regrada” de Aníbal Burlamaqui. (GRECIANO MERINO, 2015). 211 Entre los años 1977-1979 Sapo formó un cuadro folclórico de exhibición con juego de luces que presentaba principalmente en el recinto ferial (EXPOEMA), durante los festejos juninos, y en algunos terreiros durante determinadas fiestas de santo. Entre las actividades que se presentaban destacan el samba de roda y el maculele que se entrenaba con palos de escobas y después se ejecutaba con machetes. . (GRECIANO MERINO, 2015). 212 Cabe destacar que en una época que las informaciones eran escasas debido a los limitados y precarios medios de comunicación, el maestro Sapo poseía un importante acervo de libros discos y recortes de prensa con informaciones de lo que acontecía en varios Estados. . (GRECIANO MERINO, 2015). 213

O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 215 O Grupo 6 é formado pelos Mestres: MANOEL; LEITÃO; GAVIÃO; CM FORMIGA ATÔMICA. 216 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 217 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 218 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 219 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 214


outros grupos da cidade passaram a realizar outros eventos, em prol da Capoeira220;. Foi feito o Pré-capoeira no Bairro do Anjo da Guarda, no Teatro Itapicuraíba221. O movimento ‘pró-capoeira’ surgiu na área ItaquiBacanga [...] com a realização do movimento pró - capoeira surgiu, em São Luis, vários grupos de capoeira com objetivo de uma maior organização e expansão em toda São Luis222. Projeto “Capoeira nos Bairros”, e “Movimento Pró-Capoeira”; [...] com a mobilização de grupos de capoeira; para a organização e transformação dos grupos em associações, surgindo a partir daí, a Federação Maranhense de Capoeira – FMC -, no ano de 1990223. Percebe-se que houve uma evolução no formato, quanto à organização formal dos grupos e núcleos de capoeira existentes, e os formados a partir de meados dos anos 80, no Novecento. Com a interiorização e internacionalização dos Grupos – no dizer de Lacé Lopes, ‘grifes de capoeira’ -, houve a necessidade de uma estrutura legalizada, com estatutos, registro junto aos fiscos federal, estadual, municipal, com obtenção de CNPJ, Alvará de Funcionamento e Inscrição Estadual. Passam a se constituir em empresas prestadoras de serviços, outras, associações esportivas, núcleos artesanais – confecção de uniformes, instrumentos – notadamente berimbaus, caxixis, atabaques, reco-reco... – e uma forte conotação social, de proteção à criança e ao adolescente. Continuam, apesar disso, com a ‘informalidade’ das Rodas de Rua, com a formalidade É ainda em 2001 que se dá a realização do 1º CONGRESSO TÉCNICO DA FACAEMA, na Academia de Mestre Edmundo. Neste congresso que se tomou a decisão de caracterizar, através da formação da orquestra, a Capoeira do Maranhão/Ludovicense: No ano de 2001, reuniu-se na Academia de Mestre Edmundo representantes da Capoeira de vários segmentos, para a padronização de uma bateria, que seria única, nos grupos filiados à FECAEMA. Estavam presentes, da Capoeira Angola: Marco Aurélio, Abelha, Piauí; de outros segmentos: Índio, Baé, Mizinho, Paturi, Ciba, Edmundo. Decidimos cantar no Gunga e no Médio224.

Fonte: Greciano Merino, 2015

Ainda temos a registrar a atuação do “Forum Permanente da Capoeira do Maranhão”. Concordamos com Almeida e Silva (2012) 225, para quem a história da capoeira é marcada por inúmeros mitos e “semiverdades”, conforme nos esclarece Vieira e Assunção (1998) 226 . Esses mitos e estórias dão base às tradições que se perpetuam e proporcionam a continuidade de um passado tido como

220

O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 222 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. 223 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 224 MIZINHO; SOCÓ; CM DIACO; CM BUCUDA; NILTINHO. 225 ALMEIDA, Juliana Azevedo de; SILVA, Otávio G. Tavares da. A CONSTRUÇÃO DAS NARRATIVAS IDENTITÁRIAS DA CAPOEIRA. Vitória; UFES. REV. BRAS. CIÊNC. ESPORTE vol.34 no. 2 Porto Alegre Apr./June 2012. e-mail: julazal@yahoo.com.br 226 VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFROASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118 221


apropriado. Na capoeira, a narrativa oral das suas “estórias” adquiriu uma força legitimadora tão forte que, por muitas vezes, podemos encontrar discursos acadêmicos baseados nelas227. Mestre Gavião já viajou por muitos estados brasileiros a procura de capoeira, e sempre buscou manter suas raízes, só absorvendo o que achava interessante para enriquecer sua capoeira. Certa vez, um mestre em um evento em São Paulo, o viu jogando e perguntou: “Oh Mestre, essa sua capoeira é africana?” Poderia – ou deveria! – ter respondido: “Não, é Capoeira do Maranhão, de São Luis, ludovicense!!!” É a “Capoeiragem Tradicional Maranhense” 228...

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Vieira e Assunção (1998) apontam esse fato no seu artigo. VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118 228 Assim a denominaram os Mestres Capoeiras partícipes do Curso de Capacitação dos Mestres Capoeiuras mdo Maranhão, adeptos da denominada ‘capoeira mista’, após os estudos realizados, passando de ora em diante a assim denominar seu estilo de luta, conforme correspondência pessoal, via Facebook, de Mestre Baé, em 28 de setembro de 2017.


IV SIMPÓSIO DE CAPOEIRA DO MARANHÃO – MESTRE GAVIÃO SÃO LUÍS, 28 E 29 DE JULHO DE 2017 – CONVENTO DAS MERCÊS

O DIFERENCIAL DA CAPOEIRA DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS E DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO

Sinto-me honrado com o convite de Mestre Gavião para participar deste IV SIMPÓSIO DE CAPOEIRA DO MARANHÃO. Obrigado, Mestre... Especialmente quando se dá o batizado de seus discípulos. Considera-se o batizado uma roda de capoeira solene e festiva, onde alunos novos recebem sua primeira corda e demais alunos podem passar para graduações superiores. Tradicionalmente, o batizado é o momento em que o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido, ou nome de capoeira. A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecida na comunidade mais pelos seus respectivos apelidos do que por seus próprios nomes. Apelidos podem surgir de inúmeros motivos, como uma característica física, uma particular habilidade ou dificuldade, uma ironia, a cidade de origem, entre outros. O costume do apelido surgiu na época em que a capoeira era ilegal. Capoeiristas evitavam dizer seus nomes para evitar problemas com a polícia e se apresentavam a outros capoeiristas ou nas rodas pelos seus apelidos. Dessa forma, um capoeirista não poderia revelar os nomes dos seus companheiros à polícia, mesmo que fosse preso e torturado. Hoje em dia, o apelido continua uma forte tradição na capoeira, apesar de não ser mais necessário.229 Ainda, o capoeirista, além de seu nome dentro da arte-jogo-luta, a partir de seu batizado, estará vinculado ao seu Mestre... Portanto, deve sempre honrar seu Mestre, em todos os momentos de sua vida, dentro e fora da capoeira. Lembrem-se sempre disso, desse compromisso que assumem hoje: todo acerto, ou erro, que cometam, terá reflexos na vida de que os está acolhendo – ‘fulano’ é aluno de Mestre ‘Tal’... Mas passemos ao tema deste bate-papo: “O diferencial da capoeira maranhense”. Tenho advogado a existência de uma capoeira genuinamente maranhense, ao longo destes quase 20 anos de pesquisas sobre a capoeira, em especial a praticada no Maranhão. Quero deixar claro a todos que não pratico capoeira, não sou capoeira, sou um simples estudioso, em função de minha profissão – professor de educação física – que escreve para aprender. Dedico-me ao resgate da memória dos esportes, da educação física e do lazer no e do Maranhão. Sou pesquisador-associado do Atlas do Esporte no Brasil, e organizador/editor do Atlas do Esporte no Maranhão. Daí, meu interesse e meus escritos sobre a capoeira do Maranhão.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Capoeira


A capoeira ainda é motivo de controvérsia entre os estudiosos de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento e o início do século XIX, quando aparecem os primeiros registros confiáveis com descrições sobre sua prática. A capoeira ou capoeiragem é uma expressão cultural brasileira que mistura arte 230 marcial, esporte, cultura popular e música . Desenvolvida no Brasil por descendentes de escravos africanos, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.231 Quando do reconhecimento da Capoeira como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro foi considerada: Arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta232. A Roda de Capoeira foi registrada como bem cultural pelo IPHAN no ano de 2008, com base em inventário realizado nos estados da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro, considerados berços desta expressão cultural. E em novembro de 2014, recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.233 Considero, como sua origem e definição de capoeira, a que consta do Atlas do Esporte no Brasil234: A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais, atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à proibição pública, ao longo do século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980, internacional. Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo “capoeira”, cada qual se referindo a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos esportivos, trata-se de um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco). “Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginástica, dança esporte, arte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica.” Para Vieira (2004)235: “[...] data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’.” Mas, ao estudarmos os diversos documentos – oficiais, e alguns tantos trabalhos acadêmicos sobre a origem da capoeira no Brasil, a maioria – senão todos – se referem como tendo surgido na Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco... todos portos de entrada dos africanos escravizados, para cá trazidos... sobre o Maranhão, nenhuma referencia... e no entanto, a capoeira é conhecida, aqui, desde os mesmos períodos que reconhecida naqueles estados... Buscando as origens da Capoeira no Maranhão236, encontrei referencia à prática da “carioca”. Fora proibida, em Código de Posturas de Turiaçú, do ano de 1884: Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que 230

FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 344. «Roda de Capoeira». IPHAN. 232 Capoeira é registrada como patrimônio imaterial brasileiro - África 21 - Da Redação - 16/07/2008 http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/16/capoeira-e-registrada-como-patrimonio-imaterial-brasileiro/ 233 «Roda de Capoeira é declarada Patrimônio Imaterial da Humanidade». ONU Brasil. 234 Sergio Luiz De Souza Vieira In DaCosta, Lamartine (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 1.441.45) DaCOSTA, 2006, , obra citada. p. 1.44-1.45. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br 231

235

VIEIRA, 2004. Disponível em http://www.capoeira-fica.org/ . VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Chronica da capoeira(gem); A Carioca. In XIII CONGRESS OF THE INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT; XII BRAZILIAN CONGRESS FOR THE HISTORY OD PHYSICAL EDUCATION AND SPORT - ISHPES CONGRESS 2012 , Rio de Janeriro, 9 a 12 de julho de 2012… Coletâneas… 236


constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124). Em conversa com Mestre Mizinho, ele informa que em uma de suas apresentações em Cururupu um senhor - já idoso e negro - disse que praticava aquela brincadeira, mas a conhecia como “carioca”, não como “capoeira”. Em aula da disciplina “História do Esporte no Maranhão” referi-me à capoeira e à carioca. Um dos alunos disse-me que o avô, ex-estivador no Portinho, dizia-lhe que já praticara muito aquelas ‘brincadeira’, mas era chamada pelos estivadores de “carioca”. A prática de Capoeira por estivadores é confirmada por Mestre Diniz, nascido em 1929, quando lembra que “na rampa Campos Melo, quando eu era garoto, meu pai ia comprar na cidade e eu ficava no barco. Eu via de lá os estivadores jogando capoeira”. Também em Codó, entre os antigos, a capoeira é denominada de “carioca”. EVIDÊNCIAS DA CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS Tenho colocado que a Capoeiragem, no Maranhão, é tão antiga quanto às do Rio de Janeiro, Bahia, ou Recife... Fato contestado por alguns Capoeiras... Diz o ditado: “mata-se a cobra e mostra-se o pau”; prefiro mostrar a cobra morta... Venho trazendo ao conhecimento dos estudiosos da área várias evidências de que desde o principio dos 1800 já se falava – e se praticava – a capoeiragem por estas bandas. De acordo com Mario Meireles (2012)237 até antes... Referindo-se à chegada do Bispo D. Timóteo do Sacramento (1697-1702) - homem intolerante -, e às suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas: “[...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.” (p. 98). No lançamento do ‘livreto’ “RODA DE RUA – memória da Capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX”, de Roberto Augusto A. Pereira 238, Mestre Patinho239 falava do Renascimento da Capoeira no Maranhão nos anos 1960/70, através de Roberval Serejo e Sapo... Renascimento, porque desde os idos da década de 1820 temos referências sobre a lúdica e o movimento dos povos radicados no Maranhão, especialmente os negros. Mundinha Araújo240 fala de manifestação de negros em São Luís, através da prática do Batuque, aparecido lá pelo início dos 1800, referencia que encontrou no Arquivo Público do Estado, órgão que dirigiu. Perguntada sobre o que havia sobre ‘capoeira’ no Arquivo, respondeu que, além do ‘batuque’, encontrara apenas uma referência sobre a Capoeira, no Código de Posturas de Turiaçú do ano de 1884.241 Encontrei, ainda, que em 1829, era publicada queixa ao Chefe de Polícia: “Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d”elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira/Capoeiragem no Maranhão. In DACOSTA, Lamartine Pereira da (editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf; http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/192.pdf 237

MEIRELRES, Mário. ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (1697-1702)”. In Historia de São Luis (org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro). São Luis: Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé, póstuma, p. 93-99 238 PEREIRA, Roberto Augusto A. RODA DE RUA – memória da Capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX. São Luis: EDUFMA, 2009 239 Antonio José da Conceição Ramos, ‘Antonio” de Santo Antonio; ‘José’, de São José; ‘Conceição’, de N. S. da Conceição, e ‘Ramos’, de Domingo de Ramos – herdeiro de Mestre Sapo - Anselmo Barnabé Rodrigues 240 Mundinha Araújo é fundadora do Centro de Cultura Negra do Maranhão (1979) e, desde então, vem desenvolvendo pesquisas sobre a resistência do negro escravo no Maranhão (fugas, quilombos, revoltas e insurreições); Coordenou o Mapeamento dos povoados de Alcântara” (1985-1987) e foi diretora do Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), de 1991 a 2002. In Nota de orelha de livro, ARAUJO, Mundinha. Negro Cosme – Tutor e Imperador da Liberdade. Imperatriz: Ética, 2008 241 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CARIOCA. In REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, n. 31, p. 54-75, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009


a alguém?“242(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite; grifos meus). Para Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haikel)243, desde 1820 têm-se registros em São Luis do Maranhão de atividades de negros escravos, como a “punga dos homens”. Esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade passa a ser dançada por mulheres, apenas "Há registro da punga dos homens, nos idos de 1820, quando mulher nem participava da brincadeira sendo como movimentos vigorosos e viris, por isso o antigo ditado a respeito: "quentado a fogo, tocado a murro e dançado a coice“. De acordo com Mestre Bamba244, jogo que utiliza movimentos semelhantes aos da capoeira. Encontrou no Povoado de Santa Maria dos Pretos, próximo a Itapecurú-Mirim, uma variação do Tamborde-Crioula, em que os homens participam da roda de dança – “Punga dos Homens”. Para Mestre Bamba esses movimentos foram descritos por Mestre Bimba - os "desafiantes" ficam dentro da roda, um deles agachado, enquanto o outro gira em torno, "provocando", através de movimentos, como se o "chamando", e aplica alguns golpes com o joelho - a punga. Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira. Em 1861 é publicado em A IMPRENSA245, de 11 de dezembro de 1861 o seguinte: “[...] Serafim é um jovem de cara lavada, moreno, barba a lord Raglan, desempenado de capoeira, e andar de cahe a ré, como marinheiro tonto, ou redactor do Porto Livre, nas horas em que o sol procura as ondas do mar [...]” Antes, em 1860246, 247 esse mesmo jornal publica um artigo, dividido em partes, que apareciam em várias edições, como era costume na época, sob o titulo A FAZENDA, na coluna de variedades: “Jogos e danças dos negros – No sábado à noite, depois do ultimo trabalho da semana, e nos dias santificados, que trazem folga e repouso, concede-se aos negros uma ou duas horas para a dança. Reunem-se então no terreiro, chamam-se, grupam-se incitam-se, e a festa começa. Aqui, é a capoeira, espécie de dança física, de evoluções atrevidas e guerreiras, cadenciada pelo tambor do Congo; ali o batuque, posições frias ou lascivas, que os sons da viola aceleram ou demoram: mais além tripudia-se uma dança louca, na qual olhos, seios, quadris, tudo fala, tudo provoca; espécie de frenesi convulsivo e inebriante a que chamam lundu. Alegrias grosseiras, volúpias asquerosas, febres libertinas, tudo isto é nojento, é triste, porém os negros apreciam estas bacanaes, e outros aí encontram proveito. Não constituirá isto um sistema de embrutecimento?”. Meireles (2012)248, no capitulo referente ao Serviço de iluminação pública – implantado em 1863 -, fala da falta de iluminação nas ruas, em que era dado toque de recolher às 21 horas, com o repicar dos sinos: “Os que não atendiam ao oportuno aviso dado pelos sinos, corriam o risco, aventurando-se mergulhados nas trevas das ruas estreitas, de ir ao desagradável encontro de animal vagabundo ou de defrontar um capoeira encachaçado, se não de emparelhar com um negro escravo que levasse à cabeça um daqueles fétidos tigres – que iam ser despejados na maré mais próxima.” (p. 222, grifo meu). Em 1843, José Antônio Falcão, tenente-coronel reformado do Exército, organizador da Casa dos Educandos Artífices, diretor no período de 1841 a 1853, informa ao Presidente da Província que havia “outro problema”: a segurança dos alunos e do patrimônio da casa, em razão da existência de vários

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Jornal ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite; grifos meus). 243 Mestre Marco Aurélio, em correspondência eletrônica, em 10 de agosto de 2005). [Jornal do Capoeira] http://www.jornalexpress.com.br/ 244 http://www.jornalexpress.com.br/ 245 OS ILUMORISTAS. PÁGINAS SOLTAS: o Sr. Primo, o Serafim e o Cavallo preto de Sua Excia. A IMPRENSA, 11 de dezembro de 1861, p. 4 246 OS ILUMORISTAS. PÁGINAS SOLTAS: o Sr. Primo, o Serafim e o Cavallo preto de Sua Excia. A IMPRENSA, 11 de dezembro de 1861, p. 4 247 CH RIBEYROLLES. VARIEDADES. A Fazenda (continuação do numero anterior), São Luis, 29 de setembro de 1860, p. 2 248

MEIRELRES, Mário. Historia de São Luis (org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro). São Luis: Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé,


capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados, o que resultava em atos de violência cotidianos, pela falta de intervenção policial no local249 Cumpre lembrar que estes alertas foram feitos no ano de 1843, apenas um ano após o término da Balaiada – iniciada em 1838, originada com as lutas dos quilombolas na área de Codó (Distrito do Urubu) como antecedentes à eclosão da Revolta, até a condenação do Negro Cosme, em 1842, estando envolvidos vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados.250 O que nos leva à seguinte pergunta: Seriam esses Capoeiras remanescentes da Balaiada?251 Outro fato, PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868 252: “ANNAES DO PARLAMENTO BRASILEIRO” da Câmara dos Deputados, primeiro anno da décima quarta legislatura, sessão de 1869, Tomo 3, Rio de Janeiro, Typografia Imperial e Constitucional de J. Villeneuve & Co., 1869, p. 293-295, referente à Sessão de 24 de julho de 1869, em que o Sr. Gomes de Castro esclarece os acontecimentos ocorridos no ano anterior, durante as eleições de Setembro, em resposta a pronunciamento – sessão de junho -, proferidas no Senado por representantes do Ceará e Piauí, referentes a acontecimentos nas províncias do Piauí e do Maranhão.253

“Tres são os partidos que alí existem e pleiteram as eleicões de Setembro, o partido conservador , o liberal e um terceiro, conhecido pela denominacão de capoeiro, completamente local, grupo volante, sem bandeira definida, que ora se aproxima de um ora de outro, segundo lhe aconselha o interese do momento. “Devo confessar que o chefe desto grupo é um cidadão pacifico; homem rude, mas de boa indole e estimado no lugar. Sempre o tive no melhor conceito. Entretanto, está averiguado, está fóra de duvida, que na véspera da eleição, a 6 de Setembro, este homem entrou na vila de S. Vicente acompanhado de seus sectarios, armados de cacetes, terçados e armas de fogo, e assinalaram-se por atos de inaudida violencia. “Achava-se urna pequena força de guardas nacionais ao lado da igreja para impedir que ela fosse tomada de véspera, como se propalava que era o plano. Esta força era de guardas nacionais, e não de policia, como se tem dito na imprensa, mas comandada por um oficial de policía, o alferes Gonçalves Ribeiro, segundo creio, parente proximo do Sr. senador Nunes Gonçalves. Apenas entrado na vila, o grupo capoeiro investe contra a força, e toma de assalto a igreja, resultando da luta alguns ferimentos. Era o prologo da tragedia que mais tarde se devia representar. A agresâo, como se ve, não partiu da autoridade, não partiu dos conservadores, pelo contrario, foram eles as vitimas. “Não aventuro este juizo sem prova: tenho-a nas indagaçôes a que procedeu o Dr chefe de policia interino; e para não fastigar a atenção da casa lereí apenas um trecho do interrogatorio feito a Marcolino Antonio da Silva, pertencente ao grupo capoeiro, e outro do Dr. Manoel Alves da Costa Ferreira, chefe do grupo liberal, e que como tal não pode ser suspeito ao nobre senador pelo Ceará.

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FALCÃO, 1843, citado por CASTRO, César Augusto. INFÂNCIA E TRABALHO NO MARANHÃO PROVINCIAL: uma história da Casa dos Educandos Artífices (1841-1889). São Luís: EdFUNC, 2007. (Prêmio Antonio Lopes (Erudição) do XXX Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luis, 2006, p. 191-192 250 ARAÚJO, Maria Raimunda (org.). Documentos para a história da Balaiada. São Luís: FUNCMA, 2001 ARAUJO, Mundinha. EM BUSCA DE DOM COSME BENTO DAS CHAGAS – NEGRO COSME – Tuto e Imperador da Liberdade. Imperatr0z: Ética, 2008 ASSUNÇÃO, Mathias Röhrig. A GUERRA DOS BEM-TE-VIS – a balaiada na memória oral. São Luís: SIOGE, 1988 CRUZ, Mago José; CRUZ, Carlos César França. A GUERRA DA BALAIADA (a epopéia dos guerreiros balaios na versão dos oprimidos). 2 ed. São Luis: CCN-MA, 1998 SANTOS NETO, Manoel. O NEGRO NO MARANHÃO – a escravidão, a liberdade, e a construção da cidadania. São Luis, 2004 SERRA, Astolfo. A BALAIADA. 2ª Ed. Rio de janeiro: DEBESCHI, 1946 SERRA, Astolfo. CAXIAS E O SEU GOVERNO CIVIL NA PROVINCIA DO MARANHÃO. 2 ed. Rio de Janeiro, 1944 COELHO NETO, Eloy. CAXIAS E O MARANHÃO SESQUICENTENÁRIO. São Luis: 1990 OTÁVIO, Rodrigo. A BALAIADA – 1939. São Luis; EDUFMA, 1995 251 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS 252 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. Rev. do IHGM, No. 34, Setembro de 2010 – Edição Eletrônica, p. 65-70. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. In XIII CONGRESS OF THE INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT; XII BRAZILIAN CONGRESS FOR THE HISTORY OD PHYSICAL EDUCATION AND SPORT - ISHPES CONGRESS 2012 , Rio de Janeiro, 9 a 12 de julho de 2012… Coletâneas… 253

http://books.google.com/books?id=WyBXAAAAMAAJ&pg=PA293&dq=capoeiro&hl=es&ei=l0A4TLa1D4m6jAfo3MWBBA&sa=X&oi=boo k_result&ct=result&resnum=8&ved=0CEkQ6AEwBzgy#v=onepage&q=capoeiro&f=false


“lnterrogado pelo Dr. chefe de policía, responde Marcolino Antonio da Silva: Que, chegando o partido capoeiro, capitaneado pelo tenente-coronel Lourenço Justiniano da Fonseca, no dia 6 ás 6 horaa da tarde pouco mais ou menos, dirigiu-se a frente da igreja, onde se achava postado o grupo vermelho ; fez um barulho e os vermelhos correram depois do emprego de cacete, etc. > “A confissão não podia ser mais completanem mais franca.A agressão não partiu dos conservadores; eles correram, cederam o campo aos seus adversários. Isto quanto à primeira parte da trama. Quanto à segunda, quando houve mortes e ferimentos graves, a camara vai ouvir, o depoimento do chefe liberal, o Dr. Manoel Alves da Costa Ferreira, parente, creio que sobrinho, do finado Barão de Pindaré, nome grato ao partido liberal. Diz ele, que saindo da casa do vigário, ouvou um movimento de confusão,e dali a pouco estrondos de tiros, partindo da casa de D. Izabel Pinto,onde costuma se alojar o partido capoeiro, e das janelas da igreja;e foi contado a ele respondente por Agostinho José da Costa que da sacristia era de onde o fogo era mais vivo “[...]Vê a camara que a policia de S. Vicente de Ferrer portou-se bem[...] é injusta a a acusação[...] de quatro mortes e onze ferimentos. “E não pode sofrer a menor censura o presidente do Maranhão que então era o Sr. Leitão da Cunha (...)”(grifos nossos) Percebe-se, do episódio que a formação de um ‘partido capoeiro’ – “grupo volante, sem bandeira definida, que ora se aproxima de um ora de outro, segundo lhe aconselha o interese do momento” – lembra a formação de uma “malta”, grupo de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX. Recuemos mais no tempo: 1863 Josué Montelo, em seu romance “Os degraus do Paraíso”, em que trata da vida social e dos costumes de São Luis do Maranhão, fala-nos de prática da capoeira neste ano de 1863 quando da inauguração da iluminação pública com lampiões de gás; ao comentar as modificações na vida da cidade com as ruas mais claras durante a noite: "Ninguém mais se queixou de ter caído numa vala por falta de luz. Nem recebeu o golpe de um capoeira na escuridão. Os antigos archotes, com que os caminhantes noturnos iluminavam seus passos arriscados, não mais luziram no abandono das ruas." O que é confirmado por VIEIRA FILHO (1971) quando relata que no famoso Canto-Pequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. Em alguns domingos antes do carnaval, costumavam um magote de pretos se reunirem em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato. Mario Meireles (2012)254 –no capitulo referente ao Serviço de iluminação pública (1863-1918), referindo-se a falta de iluminação nas ruas, em que era dado toque de recolher às 21 horas, com o repicar dos sinos: “Os que não atendiam ao oportuno aviso dado pelos sinos, corriam o risco, aventurando-se mergulhados nas trevas das ruas estreitas, de ir ao desagradável encontro de animal vagabundo ou de defrontar um capoeira encachaçado, se não de emparelhar com um negro escravo que levasse à cabeça um daqueles fétidos tigres – que iam ser despejados na maré mais próxima.” 1835 na Rua dos Apicuns, local frequentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:- “A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís.” 255. 254

MEIRELES, Mário. Historia de São Luis, org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé. Edição póstuma, p. 222-225 255 In ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834, e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836 in VIEIRA FILHO, 1971, p. 36


Mestre Militar afirma que a capoeira no Maranhão tem seu inicio em 1835 (Costa, 2009)256 . 1825 Em “O Censor”, edição de 24 de janeiro - Garcia de Abranches ao comentar o posicionamento político do Marques governante – Lord Cockrane – compara alguns portugueses com os desocupados do Rocio – em sua maioria caixeiros – que “pela sua péssima educação, muitos brancos da Europa são tão vis, e tão baixos, como esses mulatos que andam a espancar, a roubar e a matar, pelas ruas da Cidade...” (p. 12-13). Estaria o Censor referindo-se aos capoeiras? Vamos avançar, 1877 MARTINS (1989)257. In ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: (s.n.), aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. "JOGO DA CAPOEIRA - Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no

canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". Como descreve nosso mais importante historiador do esporte no Maranhão, com caráter competitivo, aparece, aqui, já no ano de 1877... A partir daí, encontramos uma sucessão de artigos, quase diários, referindo-se a ocorrências policias, todas envolvendo capoeiras... Mas a imprensa nos dá conta que, também, no interior já apareciam essas manifestações, como em Carolina, Itapecuru-Mirim, Barra do Corda, Cururupu... E avançamos pelo século XX, com várias notícias até que, em 1924, deparamo-nos com uma bem interessante, com o seguinte título: em A Pacotilha, edição de 02 AGO – UMA TRADIÇÃO QUE DESAPARECE – O ULTIMO CAPOEIRA... tratava da tentativa do Chefe de Policia em introduzir a capoeira como método de luta na Guarda Civil, e não o conseguiu. E traz o Sr. Mário Aleixo como o ultimo capoeira, que havia incentivado a introdução do jogo-luta não só na Guarda Civil, mas também seu ensino nas escolas; restava-lhe voltar às aulas de Ginástica Sueca às alunas da Escola Normal...

Através dessas noticias, vamos encontrando nomes de pessoas que eram praticantes de capoeira – década de 10, de 20, de 30, de 40, de 50... Mestre Firmino Diniz – nascido em 1929, e que até sua recente morte era considerado o mestre mais antigo de São Luís -, teve os primeiros contatos com a capoeira na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo; Mestre Diniz teve suas primeiras lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís. Firmino Diniz conheceu a capoeira ainda na primeira metade do século XX no Maranhão, deu prosseguimento ao seu aprendizado no Rio de Janeiro com o Ms Catumbi, e retorna à São Luís, ainda nos anos 50. Anos depois se tornou um dos maiores incentivadores da capoeira ao popularizar a arte em infindáveis rodas que realizava nas ruas e praças de São Luís 258 ANOS 60 “Renascimento” da capoeira em São Luís, com a chegada de ROBERVAL SEREJO no início dos anos 60. Criação do Grupo “Bantus”, do qual participavam, além de Mestre Roberval Serejo (graduado por Arthur Emídio); Mestre Diniz (aluno de Catumbi, de Alagoas), Mestre Jessé Lobão (aluno de Djalma Bandeira), de Babalú; Gouveia [José Anunciação Gouveia]; Ubirajara; Elmo Cascavel; Alô; Patinho [Antonio José da Conceição Ramos]; e Didi [Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida]. 1965 Mestre Paturi (Antonio Alberto Carvalho, nascido em 1946, o Mestre mais velho em atuação, hoje), inicia-se na Capoeira com os Mestres Manoelito e Leocádio, e após a chegada de Mestre Sapo, passa a treinar com este. Foi o primeiro a registrar uma Associação de Capoeira. Permitam-me apresentar uma origem da capoeira, conforme o introdutor da Capoeira em Açailândia, no ano de 1996 - Roberth Francisco de Sousa Cruz – “Mestre” Piabão, que fazia um trabalho de divulgação da modalidade junto às crianças de várias escolas locais; quando se refere à introdução da Capoeira, que esta é

“uma modalidade esportiva que surgiu na Bahia, em 1649. Naquela época, Vicente Ferreira Pastinha 256

COSTA, C. A. A. História da Capoeira no Maranhão. In: < http://associaogrupokdecapoeira.blogspot.com/2009/07/capoeiradomaranhao.html>. 257 MARTINS, Djard. ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: s.n, p. 179 258 (PEREIRA, Roberto Augusto A. Roda de Rua: memórias da capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX. São Luís: EDUFMA, 2009.


juntou-se em uma capoeira com os negros africanos que vieram para o Brasil, fazendo uma luta disfarçada de dança, para defender suas colônias e aldeias. Daí originou-se a dança Abada-Capoeira e a Maculelê.”. Fonte: NASCIMENTO, Evangelista Mota. AÇAILÂNDIA E SUA HISTÓRIA. Imperatriz: Ética, 1998, p. 147. Encerrando, quando a primeira aula da disciplina História e desenvolvimento da capoeira, do Curso de Capacitação de Mestres Capoeiras do Maranhão, após inúmeras discussões – por quase três horas com a participação dos Mestres-alunos presentes, e diante das provocações do ministrante, ficou certo que a Capoeira do Maranhão é singular, portanto única, não se enquadrando como Angola e/ou Regional, muito menos Contemporânea. Mestre Índio muito bem definiu como uma capoeira mista... com características das diversas manifestações culturais maranhenses, sofrendo influencia - como preconizava já Mestre Patinho - do Tambor de Crioulo (Punga dos Homens), do Tambor de Crioula, e outras formas de luta maranhense. Que a Capoeiragem - assim é o entendimento da maioria dos Mestres, dada a sua característica de ser luta de rua - dentro de seu tempo de vida na Capoeira, tem três momentos - as rodas de rua que aconteciam na Praça da Misericórdia e na Praça Deodoro, num tempo anterior à chegada de Roberval Serejo e de Sapo; a fase Serejo/Sapo e o Grupo Bantus, introduzindo-se a capoeira bahiana, e a sua 'nacionalização', vamos dizer assim, com a herança de ambos os capoeiristas - um carioca e outro, baiano com os elementos que caracterizavam a capoeira praticada no Maranhão, a partir de Sapo e seu principal discípulo, Patinho; um interregno, pelo meado do inicio dos anos 80, quando da inclusão da capoeira anos 70 - nos jogos escolares e seu ensino sistematizado, através das escolinhas de esportes, dentre eles a Capoeira, que ocorriam no Ginásio Costa Rodrigues e nas escolas, retirando a capoeira das ruas e a conduzindo para o espaço escolar, sistematizando-se seu ensino, para se adequar às exigências da educação física e esportiva curricular; o 'retorno' da capoeira para as ruas, a partir de 85/86, quando os seus praticantes iniciaram um movimento de restauração das rodas de capoeira, em especial na Praça Deodoro, no Largo dos Amores e, em especial, na área Itaqui-Bacanga... É por essa época que Mestres Capoeiras de outros estados começam a visitar o Maranhão, em busca de conhecer aquela Capoeira aqui praticada e levada para as principais competições em outros estados, por Sapo e Patinho, seguido por outros Mestres... Que Capoeira era aquela, do Maranhão?


“WRESTLING” TRADICIONAL MARANHENSE – O TARRACÁ: A LUTA DA BAIXADA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ […] ladies and gentlemen, let me introduce you to…Tarracá. It was used by a Vale Tudo fighter who called himself “Rei Zulu” in the early 80´s here in Brazil; he kicked (better yet, throwed around) quite a few asses before getting tapped out by Rickson in 1984. www.bullshido.net

Ao buscar a origem do ‘tarracá’ deparamos com alguns termos realcionados às lutas tradicionais portuguesas, introduzidas no período colonial, por migrantes açorianos, que se dedicavam à criação de gado, em especial, na Baixada maranhense – ocidental e oriental. Rei Zulú, que praticava um jogo/luta aprendido ainda na infância, e que denominou de “tarracá” é a maior referencia do “Vale Tudo” no/do Maranhão. Nascido Casimiro de Nascimento Martins, em 09 de junho de 1947 é um lutador de Vale-Tudo: “criado em Pontal, no interior do Maranhão. Lá, aprendeu a Tarracá, luta cabocla praticada e ensinada por índios e negros da região. Como seus 17 irmãos, nunca freqüentaram a escola. Cresceu forte e brincalhão. Aos 14 anos, mudou-se com a família para a Vila Ilusão (sic), na Ilha de São Luís.” (LAROCHE, 2010) i (grifos nossos). Para justificar seu estilo peculiar – força bruta – e por não ‘pertencer’ a uma escola do então Vale Tudo, ‘inventa’ a tradição de luta aprendida dos índios, TARRACÁ – atarracar, segundo Baé, ou atarracado, segundo Marco Aurélio – que vai se constituir em um estilo - maranhense – disseminado tanto por Zulu, em suas investidas no mundo da luta livre pelo mundo afora, como por seu filho Zuluzinho, quando coloca que seu estilo fora criado por seu pai – quem o treinava - e se chamaria ‘Tarracá’, de tradição indígena e negra, maranhense… É encontrada em diversas regiões do Maranhão, e ainda hoje praticada como luta, recebendo diversas denominações – tarracá, atarracado, atarracar, queda – de origem possível portuguesa, tradicional hoje nas brincadeiras de crianças. Ao se perguntar o que é o TARRACÁ, encontra ser 1. uma luta indígena praticada em comunidades ribeirinhas. 2. uma manifestação lúdica, uma brincadeira comum entre pescadores da região (Baixada) 3. luta praticada na Baixada que foi “popularizada” pelo Rei Zulú. Tubino (2010, p. 20) ii ao tratar da ‘origem do esporte’, refere-se aos estudos de Diem (1966) iii para quem a história do esporte é íntima da cultura humana. Ela vem da natureza e da cultura humana (EPPENSTEINER, 1973) iv: “[...] a natureza e a cultura coexistem ao criar um ‘instinto esportivo’, que para ela é a resultante da combinação do lúdico, do movimento e da luta.” Tubino (2010) refere-se que as antigas civilizações já tinham atividades físicas/pré-esportivas em suas culturas, a maioria com características utilitárias, que desapareceram com o tempo; outras se transformaram em esportes autônomos, esportes considerados “puros”, que continuaram a ser praticados ao longo do tempo sem sofrer influência de outras culturas. Quando essas práticas permanecem, mas sofrem modificações de outras culturas, geralmente de nações colonizadoras, passam a ser chamados de Esportes ou Jogos Tradicionais. Dentre as correntes esportivas contemporâneas (TUBINO, 2010, p. 54), encontramos, dentre outros, os Esportes Tradicionais, esportes consolidados pela prática durante muito tempo; os Esportes das Artes Marciais – provenientes da Ásia, inicialmente praticadas militarmente pelos guerreiros feudais, e hoje práticas esportivas: jiu-jitsu, judô. Karatê, taekwondo; os Esportes de Identidade Cultural, que são aqueles


com vinculação cultural: no Brasil, a Capoeira principalmente; são identificadas outras modalidades esportivas de criação nacional, de prática localizada nos seus ”lócus”, inclusive as indígenas: Uka-uka, Corrida de Toras, etc., sem preocupações de práticas por manifestação. (p. 56-57): Entre algumas das culturas de luta presentes no contexto brasileiro, tendo algum impacto sobre a luta livre brasileira, podemos considerar wrestling huka huka (dos povos indígenas amazônicos), marajoara wrestling (praticado nas areias da Ilha do Marajó), tarracá (praticado no Maranhão) e capoeiragem (especialmente a partir da tradição praticada no Rio de Janeiro). Enquanto alguns especialistas mais antigos vieram do "greco-romano" wrestling contexto, a luta livre também recebeu algumas de suas influências” Notes on the History of Brazilian Luta Livre)v (grifos nossos). “Wrestling” tradicional (em inglês: folk wrestling; lit. luta tradicional) é denominação geral de várias disciplinas de “wrestling” ligadas a um povo ou a uma cultura, que podem ou não ser codificados como um esporte moderno. A maioria das culturas humanas desenvolveu seu próprio tipo de estilo de “grappling”, único se comparado a outros estilos praticados. Enquanto diversos estilos na cultura ocidental podem ter suas raízes na Grécia Antiga, outros estilos, particularmente os da Ásia, foram desenvolvidos de forma independente. No Brasil, temos o “Uka-uka”, um estilo de “wrestling” tradicional brasileiro dos povos indígenas do Xingu e dos índios Bakairi, de Mato Grosso. O uka-uka faz parte do Jogos dos Povos Indígenas como parte da modalidade luta corporal que é praticada como modalidade de demonstração.vi A capoeira ou capoeiragem é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. Desenvolvida no Brasil por descendentes de escravos africanos, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas. Uma característica que distingue a capoeira da maioria das outras artes marciais é a sua musicalidade. Praticantes desta arte marcial brasileira aprendem não apenas a lutar e a jogar, mas também a tocar os instrumentos típicos e a cantar. Um capoeirista que ignora a musicalidade é considerado incompleto. A Roda de Capoeira foi registrada como bem cultural pelo IPHAN no ano de 2008, com base em inventário realizado nos estados da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro, considerados berços desta expressão cultural. E em novembro de 2014, recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. A “Agarrada Marajoara” é uma manifestação de Identidade Cultural da Ilha do Marajó/Pará. A Agarrada Marajoara é praticada pelos nativos da Ilha do Marajó, especificamente do Município de Cachoeira do Ararí, localizada no oeste do estado do Pará. Esta manifestação cultural contribui assim para o desenvolvimento da qualidade de vida e física do homem do campo marajoara e valorização de raízes e heranças do povo marajoara.vii No Jornal do Capoeira (Ed. 05/06/2005) escreviviii : Já retornei de Caratupera, região do Alto Turi, fronteira com o Pará... Conversei com alguns capoeiras da área - Caratupera e Maracassumé - que estão ligados ao Pará, através do Mestre Zeca... Turiaçu fica bem próximo de Carutapera, na mesma região do Turi... O grupo de Carutapera denomina-se ACANP - Associação Capoeira Arte Nossa Popular - fundada por Mestre Zeca, de Belém do Pará - Jose Maria de Matos Moraes (33 anos); Mantém vários grupos atuando na região do Alto Turi, no Maranhão, e em outras localidades do Pará, alem de Belém. A ACANP é filiada à Federação Paraense de Capoeira - e o estilo praticado é o "Angola com Regional", estando desenvolvendo, em Maracassumé, e introduzindo em Caratupera, o estilo desenvolvido pelo Mestre Zeca, que denominam de "Onça Pintada" - que seria uma fusão da Regional com o Agarre Marajoara. De acordo com Álvaro Adolpho, de Belém do Pará, exdiretor do Departamento de Educação Física do Pará, o "Agarre Marajoara" é uma luta desenvolvida pelos índios da Ilha do Marajó - que guarda certa semelhança com o Aku-Aku havendo registro de sua pratica ha mais de 300 anos. De acordo com o Prof. Álvaro, talvez seja a primeira luta-esporte com registro de sua pratica no Brasil. Jiu-jitsu brasileiro, Brazilian Jiu-Jitsu ou Gracie Jiu-jitsu é uma arte marcial, estilo de judô, desenvolvido pela família Gracie, no início do século XX, que se tornou a forma mais difundida e praticada do jiu-jitsu


(exceto o judô) no mundo, principalmente depois das primeiras edições dos torneios de artes marciais mistas (MMA), o UFC, nos idos da década de 1990. Apesar do nome da modalidade ser jiu-jitsu, na verdade, a modalidade foi desenvolvida como especialização e ênfase das técnicas de controle e luta de solo, ne waza e katame waza, e com menos ênfase às técnicas de luta executadas de pé, tate waza, das técnicas de judô, de Mitsuyo Maeda, representante direto do Instituto Kodokan. Por não serem o foco principal da modalidade, os golpes de ate waza e kansetsu waza, acabam tendo papel coadjuvante e/ou intermédio para a execução de um golpe final de submissão do adversário. O nome do estilo de luta da família Gracie permaneceu como jujutsu, porque na época em que os irmãos Carlos e Hélio Gracie, principalmente, finalizaram seu repertório, o nome "judô" ainda não era de uso comum mas Kodokan jujutsu. O criador do estilo foi, em princípio, Carlos Gracie, que adaptou o judô com especial apreço à luta de solo, haja vista que seu porte físico punha-lhe em severa desvantagem contra adversários de maior porte. Partindo do princípio de que numa luta de solo, quando projeções ou mesmo chutes e socos não são eficientes, mas alavancas, sim, o porte físico dos contendores torna-se de menor importância. Nessa situação, aquele que tiver mais técnica possuirá conseqüentemente a vantagem. Se não foram originais em adaptar uma arte marcial provecta, haja vista que no Japão isso já há muito ocorrera com o aiquidô e o próprio judô, oriundos do Jiu-jitsu, com o caratê, oriundo do tejutsu de Okinawa, ou mesmo no resto do mundo como o krav maga (Israel) ou a capoeira regional (Brasil), Carlos Gracie e depois Hélio Gracie foram originais em criar um paradigma que prima pela efetividade. Comprovado o seu sucesso em competições, o Jiu-jitsu brasileiro serviu de cerne do que viria a ser a modalidade artes marciais mistas. SENHORAS E SENHORES PERMITAM-ME APRESENTAR-LHE… TARRACÁ. Mestre Baé – da Federação de Capoeiraix – responde e informa sobre o “ATARRACAR” em correspondência eletrônica, Recebi seu Email, Com relação ao tema ATARRACAR; posso lhe adiantar o seguinte: desde criança tenho ouvido falar, assim como quase todos que também como eu sou da Baixada maranhense, grande parte da minha família é de Viana, Penalva, e Municípios vizinhos. Minha família sempre foi voltada para criação de gado e pescaria no interior, quando éramos crianças sempre a gente se atarracava um com o outro na beira do curral ou do rio e até no campo para ver quem era melhor de queda e isso porque a gente via os mais velhos fazerem também, meus avós e tios/avós falavam que isso sempre existiu o nome ATARRACAR e conhecido em vários interiores do Maranhão, mas nunca ouvir dizer que era uma LUTA ou eu tenho lido algo afirmando ser luta, sempre foi o nome dado a forma de nos pegarmos para dar uma queda no outro em um corpo a corpo mais nunca foi denominado como luta até porque era baseada mais na força física e jeito de cada um pegar e arremessar o outro no chão através de uma queda. Luta pelo que eu tenho conhecimento possui técnica, bases, nomenclatura de movimentos, regras e etc.. Então, é uma tradição na Baixada, uma forma de movimento agonístico, em forma de luta, conforme Baé guarda em suas memórias. Este Mestre Capoeira não considera aquela brincadeira como luta, dado seu conhecimento da Capoeira, e sua sistematização. Em outra correspondência, recebida de Mestre Marco Aurélio, em que indaguei sobre a busca da origem do “TARRACÁ”, estilo de luta livre (hoje seria MMA) adotado pelo lutador maranhense Zuluzinho, que aprendera com seu pai, o Rei Zulú; Zulu, criado em Pontal, no interior do Maranhão, onde aprendera uma luta cabocla praticada e ensinada por índios e negros da região: o Tarracáx: Quanto ao Atarracado, desconheço sua presença no centro-sul do Maranhão, apesar de poder haver, mas é uma prática muito comum no centro-norte, pelo menos na região do Pindaré e na Baixada, nesta última, pelo que já ouvi de alguns capoeiras originários daquela região das águas falarem-me a respeito.


No que diz respeito à sua presença na região do Pindaré é fato, pois eu mesmo a praticava bastante, tendo sido ao longo do tempo, na qualidade de menino, e aí vai até meus doze (12) anos, a base de tudo o que sabia nas minhas ”brigas de rua”. Apesar de ter nascido em São Luís, me criei, desde bebê, até os sete (07) anos de idade, na cidade de Pindaré-Mirim, outrora, Engenho Central, e em sua origem, Vila São Pedro. Como toda criança ribeirinha, as brincadeiras eram em torno do rio, dos lagos e igarapés, ou então nas várzeas, e aí, não faltavam os embates. Lembro-me que a minha afinidade com a prática era bastante estreita, talvez, por desde pequenino ter sido corpulento, de maneira que não era muito afeito à briga “corpo fora”, como se dizia, mas, mais no “atarracado“, ou “corpo dentro”, o que se dava a partir de uma cabeçada. A ponto de quando ousava me aventurar pelo “corpo fora”, na maioria das vezes saía perdendo… Foi na Capoeira, que fui aprender o embate, digamos, “corpo fora”, a partir da ginga, de peneirar… – por favor, deixo claro que “corpo fora” e “corpo dentro”, não é nem um tipo de modalidade de luta, mas somente para fins, talvez, de didática, consoante dizíamos no interior. Quanto à origem do Atarracado – Tarracá -, Mestre Marco Aurélio diz: [...] não sei afirmar, se indígena ou africano, quiçá, até mesmo européia, nesta senda, somente pesquisando-se para buscar referências. Posso afirmar, no entanto, o que não quer dizer que a priori seja africana, é que tive oportunidade de ver, em um evento internacional de lutas de origem africana, em Salvador/BA, em 2005, quando levamos daqui, a “Punga dos Homens” xi, uma prática que existe rasteiras e desequilibrantes, no tambor de crioula, um pessoal de Angola/África, apresentar a Bassúla, uma luta, a despeito de alguns golpes diferentes, muito semelhante ao Atarracado, pois imediatamente, quando vi os angolanos praticando-a, eu achei bastante parecida com o Atarracado, impressão esta, também denunciada pelo Mestre Alberto Eusamor, que lá estava comigo, assim como tantos outros, representando o Maranhão. No que diz respeito a uma influência indígena direta, e que é uma brincadeira da região do Pindaré e, acho, da região Norte como um todo, é o “Cangapé”, uma espécie de rabo de arraia e outros molejos que se pratica lançando-se para cima do contrário, na água. Em outra mensagem eletrônica, Mestre Marco Aurélio acrescenta: Falei de como o atarracado tem semelhança com a Bassúla, luta de um país africano (Angola) e, no entanto, não me lembrei, na oportunidade, de falar de uma luta de origem indígena, o que se faz necessário, para ponderarmos, trata-se do Uka-Uka, um embate indígena, que consiste em fazer com que o contrário ponha um dos ombros no chão, hoje, ocorrente durante o “Quarup” um grande evento-cerimonial existente entre os povos do Alto-Xingú. Mas poderiam perguntar o que uma prática existente entre povos indígenas do Alto-Xingú tem a ver com uma prática ocorrente no Maranhão? Segundo Roberto da Mata, desculpem-me não dispor da referência bibliográfica, os povos Krahô e Xavante saíram em uma corrente migratória, a partir do Maranhão, para onde se encontram hoje, respectivamente, Tocantins e Alto-Xingú. Daí há de notar-se que o Maranhão em razão de ser banhado por inúmeras e grandes bacias hidrográficas era e é um celeiro de alimentos, o que deve ter sido berço de inúmeros povos indígenas, entre atuais, extintos e migrantes. Talvez, esse berçário, para os que possuem uma visão míope, e consideram que o maranhense tenha uma cultura ”preguiçosa” é por desconhecerem exatamente esse manancial de alimentos que é e, que outrora, tenha sido ainda mais.


Em resposta ao Mestre Marco Aurélio, coloquei que o Xavante é originário do Maranhão, forçado a migrar, indo para os lados do Tocantins, subiu o Araguaia, se estabelecendo na Ilha do Bananal, forçado pelas ‘guerras justas’ do período colonial. As frentes de penetração, mais modernas, têm forçado essas migrações. É um fato histórico. Sobre o Uka-uka, andando por esses interiores, fui encontrar em Carutapera o estilo ‘onça pintada’, introduzido na região por um mestre paraense – Mestre Zeca – baseado em luta de antiga tradição marajoara – o agarre marajoara; lembrando que muitas das nações indígenas que se estabeleceram na Ilha do Marajó foram ‘desterradas’ do Maranhão durante o período colonial; inclusive, há certa semelhança entre as cacarias encontradas nas estearias do lago Cajari com motivos marajoaras. xii Além da correspondência do Marco Aurélio, recebo de Javier Cuervo, lá das Astúrias (Espanha) um comentário, de que no Calahari sub-sahariano, entre os bosquímanos, luta semelhante àquele apresentada pelo Rei Zulu; mandou-me vídeo via iutube, demonstrando as semelhanças, comparando-se com o da luta de Rei Zulu e Rickson Gracie , nos anos 80…, disponível em vídeo do link anexo: E “Batuque duro” do Kalahari -1930xiii. Encontrei, ainda, descrição de luta-jogo semelhante, trazida por vaqueiros portugueses, durante o período colonial, a Galhofa - o “wrestling tradicional transmontano” - que se define como um desporto de combate. É tida como a única luta corpo a corpo com origens portuguesas. Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha. Galhofa é um estilo de luta tradicional da região portuguesa de Trás-os-Montes, que se define como um desporto de combate. É tida como a única luta corpo a corpo com origens portuguesas. O objetivo deste jogo é imobilizar o adversário, mantendo-lhe as costas e os ombros assentes no chão. Quaisquer movimentos mais violentos, como puxões, murros ou pontapés, não são permitidos. A luta começa e termina com um abraço cordial. Outra regra é jogar descalço e de tronco nu, ou usar camisolas justas ao corpo para dificultar ao adversário que se agarre e calças de ganga ou de outro material robusto. Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha. A galhofa foi integrada no currículo das licenciaturas em Desporto e Educação Física - variante ensino, da Escola Superior de Educação em 2008 [7]. No Soito, em Sabugal esta luta chamava-se de maluta. Maluta ou Queda é uma forma de luta tradicional, conhecida em quase todo o distrito de Guarda e praticada ainda em várias aldeias. È semelhante à luta Greco-romana, embora tecnicamente mais rudimentar. Ocorre no feno e na palha, no Outono e no Inverno, que os homens das zonas rurais medem as suas forças tentando derrubar o opositor. Também no Verão, na época das malhas, surgem os desafios nas eiras. Na Maluta ou Queda, os dois lutadores agarram-se, passando um dos braços por cima do ombro do adversário e o outro por baixo, entrelaçando os dedos das mãos, assentes sobre as costas do adversário. O único objetivo do jogo é fazer cair o opositor, por forma a que toque com as costas no solo. Conforme o combinado, poderá fazer-se ou não uso da “travinca” (meter a perna para desequilibrar o outro lutador). Trata-se, pois, de lutas saudáveis, em que os participantes continuam amigos depois de medirem forças, independentemente dos resultados e das pequenas mazelas que possam ser originadas pela entrega mútua ao jogo. De Barreirinhas, em conversa com alguns professores de educação física de algumas comunidades do interior daquele município, falaram-me haver por ali, ainda, um jogo/luta semelhante ao xiv descrito, mas que ali, denominavam de ‘queda’. Em depoimento de Álvaro (Vavá) Melo, de Osvaldo Pereira Rocha, e de Edomir Martins, jovens nos seus mais de 80 anos, que quando crianças e adolescentes, costumavam praticar o ‘atarracado’ e o ‘atarracar’, na região da baixada, onde moravam; Osvaldo Rocha, ilustre pesquisador e historiador, disse-me que, embora franzino, costumava ganhar algumas das ‘brincadeiras’, pois o segredo era a agilidade em agarrar a perna do adversário e levá-lo ao chão; tão logo autorizado o combate, a rapidez com que se lançava ao adversário era fundamental. Já Álvaro Mello, Vavá, presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão, cronista do Arari e de São Bento, deu seu depoimento, ressaltando que os embates se davam na beira do rio, e os combatentes saiam cobertos de lama; O mesmo disse Aymoré Alvim – ilustre pesquisador hoje aposentado, da nossa UFMA/Medicina.


VIDA LONGA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA E PARA O JORNALISMO POR JOÃO BATISTA FREIRE*

João Batista Freire é professor Livre Docente aposentado da Unicamp, além de ter trabalhado na USP e na Universidade Federal da Paraíba e na Universidade Estadual de Santa Catarina, e autor de diversos livros sobre Educação Física e Esporte.

No jornal “Folha de S.Paulo”, o jornalista Marcelo Coelho mostrou-se entusiasmado com a possibilidade de extinção da disciplina Educação Física. Na proposta de reforma do Ensino Médio, o MEC sugere o término da obrigatoriedade da Educação Física. As lembranças de aulas de Educação Física quando menino foram traumatizantes para Marcelo Coelho e ele vê com entusiasmo o castigo que essa disciplina faria por merecer. Fala do assunto como se praticasse uma tardia vingança. Passei por algo parecido quando fazia Educação Física na escola. Ao contrário do jornalista, recuperei-me do trauma, formei-me professor e tive a oportunidade de participar da construção de um modo de fazer Educação Física que tornou aquela que ele viveu peça de arqueologia, embora ainda existam, entre os professores dessa disciplina, remanescentes do período das cavernas. Tive experiências igualmente traumatizantes com a Matemática, aprendi a odiá-la por algum tempo, e nem por isso me manifestaria com júbilo caso ela fosse ameaçada de extinção; quando muito torceria para que, de maneira geral, os professores de Matemática humanizassem sua pedagogia. Maior trauma sofri, no entanto, com a escola de modo geral. Menino louco por brincadeiras, trancaram-me em salas de aula, imobilizado em carteiras, sem espaço para me mexer, conversar, rir ou chorar durante anos e anos. Todos passamos por essa clausura, impedidos que fomos de ser crianças ou adolescentes.


E nem por isso me entusiasmo com a ideia da extinção da escola. Sou educador e trabalho todos os dias por uma Educação Física melhor e por uma escola melhor. O texto do aclamado jornalista Marcelo Coelho, de quem sou leitor e a quem muito respeito, seria menos grave não fosse ele o formador de opinião que é. Deveria ter consultado pessoas confiáveis da área antes de escrever o que escreveu. Testemunhei, ao longo de minha vida, reportagens catastróficas, indignei-me com manchetes de tablóides, mas não me aventuraria a sugerir medidas para o jornalismo antes de consultar os bons jornalistas. Não é de hoje que a Educação Física é ameaçada. Até porque essa negação vai além da Educação Física. Durante doze anos de escolaridade, crianças e adolescentes são encarceradas em espaços reduzidos de meio metro quadrado, quatro horas por dia, duzentos dias por ano, num total de 9600 horas de seus melhores anos de vida. Isso é exclusão, numa época em que tanto se fala em inclusão. Exclusão do corpo. O corpo não pode ter vez na escola, porque ele nos amedronta, ele cede aos vícios, ele se degrada, ele morre, e não queremos esse destino para nós. Mas ele também é a fonte da felicidade; daí a ansiedade das crianças para sair da sala e ir para a aula de Educação Física. O medo do fim nos leva a negar o corpo, é preciso fazer de conta que ele é uma outra entidade diferente de nós. Mas isso não é possível. Não podemos nos livrar do corpo, porque seria o mesmo que nos livrarmos de nós mesmos. O corpo somos nós, enquanto perdurar esta vida. E uma criança não pode viver como se não fosse corpo, como se não fosse criança. Assim como um adolescente, exatamente num período de vida de tão grandes transformações físicas, não pode viver negando que é corpo. É disso que se trata. Queremos fazer de conta que poderemos nos livrar do corpo para sobreviver ao seu suposto destino final. Marcelo Coelho alinha-se a essa ideia quando afirma seu entusiasmo pela extinção da Educação Física. Antes, ele deveria conhecer o que foi construído em nossa área dos anos 1980 para cá. E até mesmo antes disso, se estudasse os belos trabalhos de nossos pioneiros Inezil Pena Marinho, Fernando Azevedo, Oswaldo Diniz ou Alfredo Colombo. Não se trata, saiba o ilustre jornalista, de ser o esporte ou as brincadeiras os conteúdos mais ou menos adequados. Trata-se de projetos educacionais, de projetos de vida, que carecem de sentido sem a orientação do método adequado ou de uma pedagogia humanizante. Pena ele não ter nos perguntado antes de se entusiasmar com nossa extinção. Teríamos carradas de exemplos de uma Educação Física que ele não teve a felicidade de conhecer. O espaço é pequeno para indicar trabalhos notáveis feitos atualmente por professores e professoras extremamente competentes. Poderíamos descrever projetos muito bons que tornam nossos alunos adolescentes protagonistas de projetos para atuar com a dança, com os esportes na natureza, com esportes radicais, com o conhecimento do próprio corpo, com os primeiros socorros e cuidados com a saúde, com as discussões de gênero, com as drogas, o racismo e a homofobia. Há uma vasta cultura de jogos e exercícios, o que inclui o esporte, a dança, as lutas, o circo, as ginásticas, as brincadeiras populares, entre tantas manifestações do exercício e do lúdico, que nossos jovens precisam aprender a praticar e a compreender, o que jamais será feito caso seja decretada nossa extinção. Marcelo Coelho exultou com nosso fim. Nós, ao contrário, queremos para ele vida longa, pois precisamos, mais que nunca, de seu bom jornalismo.



NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/ MARANHENSE ESTA SESSÃO É DESTINADA AOS ARTIGOS SOBRE LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE, E O REGISTRO DE SUA MEMÓRIA


LITERATURA LUDOVICENSE CONTEMPORÂNEA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras – Cadeira 21 Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – Cadeira 40

Uma advertencia: “Escrevi para aprender”259. A versão oficialmente estabelecida da história da literatura maranhense, com a recente renovação dos debates sobre esse tema, está sendo revista. Lacunas e contradições têm sido apontadas nas investigações históricas até então empreendidas, instigando novos estudos, novas versões, novos olhares – às vezes olhares desconfiados (DURANS, 2009; 2012)260. No Maranhão, já foram publicadas várias antologias, que se tornaram clássicas. Da safra atual, temos: Antologia AML 1908-1958261, de Mário Meireles; Arnaldo de Jesus Pereira; Domingos Vieira Filho (1958); Clóvis Ramos: Nosso céu tem mais estrelas – 140 anos de literatura maranhense (1972); Onde canta o sabiá – estudo histórico-literário da poesia do Maranhão (1972); Roteiro literário do Maranhão – neoclássicos e romanticos (2001); Rossi Corrêa, com O modernismo no Maranhão (1989); Formação social do Maranhão – o presente de uma arqueologia (1993); e Atenas Brasileira – a cultura maranhese na civilização nacional (2001); Jomar Moares com seu Apontamentos de literatura maranhense (1976); Perfis Academicos da AML (1993); Assis Brasil e A poesia maranhense no século XX (1994); Arlete Nogueira da Cruz, com o seu magistral Sal e Sol (2006); José Henrique de Paula Borralho, com Uma Athenas equinocial – a literatura e a fundação de um Maranhão no Império brasileiro (2010) e Terra e Ceu de Nostalgia – tradição e identidade em São Luis do Maranhão (2011); Ricardo Leão: Os atenienses – a invenção do cânone nacional (2011); Dinacy Côrrea: Da literatura Maranhense – o romance do século XX (2015). É de Ricardo Leão que nos utilizamos, no uso do termo atenienses para definir a condição de literatos do Maranhão: “Entende-se por ‘atenienses’ um grupo de intelectuais surgidos durante o século XIX, mais especificamente em São Luis do Maranhão, decorrente do epíteto de ‘Atenas Brasileira” que a cidade recebeu em função da movimentada vida cultural e do número expressivo de intelectuais e literatos ali nascidos ou residentes - depois em parte migrados para a Corte no Rio de Janeiro -, com um papel muito importante na configuração da vida politica e literária do país que tinha acabado de emancipar-se da antiga metrópole portuguesa. Os ‘atenienses’ são, portanto, os vários grupos de intelectuais e homens de letras surgidos em torno da cidade letrada de colonização portuguesa, como São Luis, a qual teria sido um dos poucos centros de intensa atividade intelectual do primeiro e segundo periodo imperial brasileiro. [...]”. (Leão, 2011, p. 33)262.

259

MONTANELLI, Indro. HISTÓRIA DE ROMA. Citado por DORIA, Pedro. 1565 – ENQUANTO O BRASIL NASCIA – a aventura de portugueses, franceses, índios e negros na fundação do País. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012, p. 18 260 DURANS, Patrícia Raquel Lobato. OS NOVOS ATENIENSES E O IMAGINÁRIO DE DECADÊNCIA: as representações em Missas negras, de Inácio Xavier de Carvalho. São Luis, 2009. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Orientadora: Prof. Dra. Maria Rita Santos. Disponível em http://www.geia.org.br/pdf/Monografia_Patr%C3%ADcia_Normalizada.pdf , acessada em 11 de março de 2014. DURANS, Patrícia Raquel Lobato. A LITERATURA MARANHENSE NA HISTORIOGRAFIA LOCAL: representações e contradições. In LITTERA ON LINE, Número 05 – 2012, Departamento de Letras | Universidade Federal do Maranhão, disponível em file:///C:/Users/Leopoldo/Downloads/1270-4439-1PB%20(1).pdf , acessado em 08 de março de 2014 261 MEIRELES, Mário; FERREIRA, Arnaldo de Jesus; Vieira filho, Domingos. ANTOLOGIA DA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS – 1908 – 1958. São Luis: AML, 1958 MEIRELES, Mário; FERREIRA, Arnaldo de Jesus; Vieira filho, Domingos. ANTOLOGIA DA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS – 1908 – 1958. São Luis: AML, 1958. Edição fa-similar comemorativa do centenario de fundação da Academia Maranhense de Letras, AML, 2008. 262 LEÃO, Ricardo. OS ATENIENSES – a invenção do cânone nacional. Imperatriz: Ética, 2011


Reis Carvalho (citado por DURANS, 2012)263 dividiu a literatura maranhense em três ciclos (CARVALHO, 1912, v. 4, p. 9737, 9742 e 9748)264; Mário Meireles265, seguindo e citando a periodização de Reis Carvalho, admite, no século XIX, a presença de três grandes ciclos, embora ressaltando que, no início daquele século, ocorreu um ciclo de transição (1800-1832); no prefácio da Antologia da AML apresenta seis fases, sendo a última a que corresponde ao ciclo do modernismo (inicio da década de 50...). Jomar Moraes é responsável por consolidar a demarcação da literatura maranhense em ciclos, uma vez que se propõe a atingir o objetivo de [...] apreciar a evolução da literatura maranhense, assim como o papel que lhe cabe no contexto da literatura brasileira, examinando a questão sob seus aspectos mais relevantes [...]: o da importância pessoal de certas figuras e o da repercussão que como grupo geracional foi possível alcançar [...]. (MORAES, 1976, grifo nosso)266.

Ramos (1972, p. 9-10)267 afirma que “o Maranhão sempre participou dos grandes movimentos culturais surgidos no Brasil, dando ele mesmo, em muitas ocasiões, o grito de renovação que empolga”. Esse autor classifica nossa literatura em nove fases, sendo, para este estudo, considerada as duas ultimas: 8ª fase – a da geração de 50, que prosseguiu com exito, a renovação modernista, chegando à poesia concretaxv e neoconcretistaxvi , ao mesmo tempo em que parte dela se voltava para o romantismo e o simbolismo, fenomeno que também ocorreu no ambito nacional; 9ª fase – a patir de 1969, de jovens que buscavam, atraves de movimentos como a Antroponáuticaxvii , novas formulas poeticas e, como reação ao modernismo, já concluindo o seu ciclo, o movimento dos trovadoresxviii .

A poesia do Século XX é dividida em “gerações”, começando pela de Sousândrade, presidente de honra da Oficina dos Novos; seguindo-se a geração de Correa da Silva, a de Bandeira Tribuzi, e a de Luis Augusto Cassas (Corrêa, 2010) 268 Rodrigues (2008) 269 afirma com base em Ortega y Gasset e Julian Mariais, que as gerações literárias compreenderiam, grosso modo, um período de 15 anos. Esta seria a escala. Nos anos 50/60, Cruz (Machado) (2006) 270 refere-se à Galeria dos Livros, do emblemático Antonio Neves, onde eram lançados os livros, nas famosas noites de autógrafos. Era Arlete Cruz quem organizava as ‘noitadas’, distribuindo os convites, o coquetel, no espaço cedido, sem custos, para aqueles então jovens literatos, artistas, intelectuais. É nesta mesma época que aparece o Suplemento Literário do Jornal do Maranhão – por um período dirigido por Arlete Cruz (Machado) -, um semanário da Arquidiocese dirigido por José Ribamar Nascimento. Surge o Plano Editorial SECMAxix e o Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”xx, com objetivo de incentivar a produção intelectual e literária de alto nível do Maranhão (Leão, 2008) 271. O Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, foi criado em 1955 por lei municipal, mas realizado somente a partir de 1974 pela Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Cultura (FUNC). 263

DURANS, Patrícia Raquel Lobato. A LITERATURA MARANHENSE NA HISTORIOGRAFIA LOCAL: representações e contradições. In LITTERA ON LINE, Número 05 – 2012, Departamento de Letras | Universidade Federal do Maranhão, disponível em file:///C:/Users/Leopoldo/Downloads/1270-4439-1PB%20(1).pdf , acessado em 08 de março de 2014 264 CARVALHO, Antônio dos Reis. A literatura maranhense. In: BIBLIOTECA Internacional de Obras Célebres. Rio de Janeiro: Sociedade Internacional, 1912. v. 20. (citado por DURANS, 2012). 265 MEIRELES, Mário. PANORAMA DA LITERATURA MARANHENSE. São Luís: Imprensa Oficial, 1955; MEIRELES; FERREIRA; e VIEIRA FILHO, 1958; 2008, obras citadas; 266 MORAES, Jomar. APONTAMENTOS DE LITERATURA MARANHENSE. São Luis: SIOGE, 1976 267 RAMOS, Clovis. NOSSO CÉU TEM MAIS ESTRELAS – 140 anos de literatura maranhense. Rio de Janeiro: Pongetti, 1972. 268 CORRÊA, Dinacy Mendonça. UMA ODISSÉIA NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS. Revista Garrafa 22, setembro-dezembro 2010, disponível em http://www.letras.ufrj.br/ciencialit/garrafa/garrafa22/dinacycorrea_umaodisseiano.pdf 269 RODRIGUES, Geraldo Pinto. A Geração de 45 na poesia brasileira. In POETA POR POETA. São Paulo, Marideni, 2008, disponível em http://www.antoniomiranda.com.br/ensaios/geracao_de_45_na_poesia_brasileira.html , acessado em 09 de março de 2014 270 CRUZ (MACHADO), Arlete Nogueira da. SAL E SOL. Rio de Janeiro: Imago, 2006. 271 LEÃO, Ricardo. Entre Carrancas e Monstros: a jovem poesia e literatura maranhenses. O GUESA ERRANTE, edição de 23 de abril de 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm


Para Borges, Abreu, Garrone e Chalvisnki (2016, os editores da Antologia da Akademia dos Parias 272 A poesia produzida no Maranhão até o final dos anos 1940 permaneceu presa a uma linguagem do final do século 19, predominantemente parnasiana. Foi o poeta Bandeira Tribuzi, voltando de Portugal onde fora seminarista, quem trouxe para São Luís, em 1947, algo do modernismo português de Fernando Pessoa e Almada Negreiros, além de poetas brasileiros da Semana de Arte Moderna de 22, principalmente Mario de Andrade e Manuel Bandeira. Ainda assim, os escritores que começaram a escrever nos anos 1950 na capital maranhense foram muito mais influenciados pela Geração de 45, cuja proposta era combater os ‘excessos’ do modernismo brasileiro. Salvo algumas exceções, somente no começo da década de 1970, com o movimento Antroponáutica (Luis Augusto Cassas, Vieirato Gaspar, Valdelino Cécio e Raimundo Fontenele, entre outros), a poesia maranhense liberta-se da estética do soneto e se aproxima do lirismo, da ironia e do verso livre da escola modernista.

Os anos 70/80, aqui (no Maranhão) convencionados Geração Luís Augusto Cassas: [...] abrem-se com o poeta Jorge Nascimento (1931), continuando com Arlete Nogueira (1936), Eloy Coelho Neto (1924), Cunha Santos Filho (1952), João Alexandre Júnior (1948), Chagas Val (1943), Francisco Tribuzi (1953), Alex Brasil (1954), Adailton Medeiros (1938)... Este último, tendo participação confirmada na vanguarda Práxis, no eixo Rio/São Paulo, sob a liderança de Mário Chamie. (Corrêa, 2010) 273.

O Movimento “Antroponáutica” nasceu no Liceu274 entre 69 e 70, estreando na “Antologias do Movimento Antroponáutico” (1972)275; segundo Jomar Moraes, o ultimo vocábulo de um poema de Bandeira Tribuzi (ASSIS BRASIL, 1994)276. Dinacy Corrêa (2010) 277 diz ser integrado por autores que, mesmo sem terem feito lançamento, comparecem na antologia do citado movimento: Luís Augusto Cassas (1953), Chagas Val (1948), Valdelino Cécio (1952), Raimundo Fontenele (1948), Viriato Gaspar (1952). Tanto Dinacy quando Assis Brasil, afirmam que este movimento iria se completar, em 1975, com a Antologia “A Hora do Guarnicê” 278, – reunindo os poetas da coletânea anterior, acrescida de nomes novos, como João Alexandre Júnior e Rossini Corrêa – que se revela, com livro próprio, na década de 80. Para Mesito279, a antologia Hora de Guarnicê, dos anos 70, corresponde a uma geração muito boa e que projetou nomes como Chagas Val, Valdelino Cécio, Rossini Corrêa, Raimundo Fontenele e Luís Augusto Cassas. A literatura disponível lista os vários componentes desses diversos movimentos. Em contato com alguns deles, afirmam que não fizeram parte, como exemplo, Paulo Melo – Poeme-se apenas - e Lenita Estrela – diz que era do movimento Guarnicê, apenas -, assim como Dilercy Adler, afirmam não terem pertencido ao “Antroponáutica”... Rossini Corrêa, em correspondência pessoal (2014) 280, assim se coloca: Não participei, a rigor, de movimentos literários formais em São Luís do Maranhão. Se se conceber a ideia de movimento literário como obra aberta, difusa e recortada pela convivência, sim, participei, 272

BORGES, Celso; ABREU, Fernando; GARRONE, Raimundo; CHALVINSKI, Marcelo. AKADEMIA DOS PÁRIAS: A POESIA ATRAVESSA A RUA. Teresina: Halley, 2016. 273 CORRÊA, Dinacy Mendonça. UMA ODISSÉIA NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS. Revista Garrafa 22, setembro-dezembro 2010, disponível em http://www.letras.ufrj.br/ciencialit/garrafa/garrafa22/dinacycorrea_umaodisseiano.pdf 274 Escola fundada em 1838, hoje Centro de Ensino Médio “Liceu Maranhense”, onde Sotero dos Reis foi primeiro diretor e professor. 275 ANTOLOGIA POÉTICA DO MOVIMENTO ANTROPONÁUTICA. São Luis: Departamento de Cultura do Maranhão/Secretaria de Educação e Cultura, s.d. 276 BRASIL, Assis. A POESIA MARANHENSE NO SÉCULO XX - antologia. Rio de Janeiro: IMAGO; São Luis: SIOGE, 1994. 277 CORRÊA, 2010, obra citada 278 BORGES, Celso; HAICKEL, Joaquim. (organizadores). ANTOLOGIA GUARNICÊ, ano I. São Luis: Guarnicê, 1984. Publicadas no Suplemento e na revista Guarnicê de agosto de 83 a julho de 84. HAICKEL, Joaquim; BORGES, Celso. GUARNICÊ ESPECIAL, ano II. Ano 1, no. 8, agosto 1984. São Luis: Guarnicê, 1984. LIMA, Felix Alberto e Outros. ALMANAQUE GUARNICÊ 20 anos, 1983-2003. São Luis: Clara: Guiarnicê, 2008 279 MESITO, Bioque. A efervescente poesia da Cidade de Sousândrade. Guesa Errante, 15 de novembro de 2006, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2006/11/14/Pagina836.htm 280 CORRÊA, Rossini. DEPOIMENTO, prestado via correio eletrônico ao Autor, em 05 de março de 2014.


posto que sempre fui um agregador e transformei a casa dos meus pais em um posto necessário de convívio literário de toda uma geração. Não era a única, porém, pois a casa de Maria e Bandeira Tribuzzi, em função do poeta Francisco Tribuzzi, sem dúvida, era o complemento necessário da nossa. Na casa de meus pais, Henrique Corrêa, Couto Corrêa Filho e eu, na altura, recebíamos o próprio Francisco Tribuzzi, Vagalume, Josias Sobrinho, Graça Lima, Joyla Morais, Glória Corrêa, Edmilson Costa, César Teixeira, Trajano Duailibe, Expedito Moraes, Ribamar Corrêa, Cyro Falcão, Antônio Moysés, Johão Wbaldo e muito mais gente do que se pode, em um esforço instantâneo, inventariar. Ambas ficavam na Rua Cândido Ribeiro, a nossa antes e a Francisco Tribuzzi, depois da Fábrica Santa Amélia. Neste sentido, não integrei o Movimento Antroponáutica e, quando nos reunimos na antologia poética Hora de Guarnicê, somamos pelo menos dois blocos, por meio das pontes de contato estabelecidas pela amizade de Valdelino Cécio, em especial, comigo. O poeta e estudioso da cultura popular, que viria a se tornar um dos meus melhores amigos em toda a vida, à semelhança de Francisco Tribuzzi, passara a frequentar o espaço público da nossa convivência diária, nas noites intermináveis da Praça Gonçalves Dias, nas quais salvávamos a humanidade e transformávamos a vida do mundo.

Em outro contato, Corrêa 281confirma: [...] no sentido orgânico, cartorário e formalista, existiram, mas foram poucos, os movimentos. Comprovação da sua existência se encontra no Mojore e no Renascimento Cultural Clube, de que participou o saudoso João Alexandre Viegas Costas Júnior, com os jornais Página da Juventude, A Letrinha e O Balaio, de organicidade, talvez, até maior do que a existente no chamado Movimento Antroponáutica. Entretanto, no sentido aberto, plástico e dinâmico, aqueles reunidos na minha casa, na casa de Francisco Tribuzi e nas noites da Praça Gonçalves Dias, constituíram, sim, um movimento, cujo estatuto estava antes na convivência, no estímulo recíproco e na construção de caminhos, do que na letra fria dos programas. Os nomes são aqueles já declinados, e outros mais, cujo campo de fuga os conduziu para distante dos arraiais literários. Não posso deixar de mencionar novamente aqueles que a memória melhor reencontrou: Francisco Tribuzzi, Couto Corrêa Filho, Vagalume, Josias Sobrinho, Graça Lima, Joyla Morais, Glória Corrêa, Edmilson Costa, Henrique Corrêa, César Teixeira, Trajano Duailibe, Expedito Moraes, Ribamar Corrêa, Cyro Falcão, Antônio Moysés, Johão Wbaldo e muito mais gente do que se pode, em um esforço instantâneo, inventariar. [como você vê esse(s) movimento(s)? percebe-se que vocês participaram de vários desses, a partir dos anos 70... o que significou e por que naquele cadinho, surgiram tantos movimentos tentando revitalizar a literatura/poesia de São Luís? qual a efetiva participação de vocês?] Na minha compreensão, mais ou menos formais, pouco se me deu, pouco se me dá, os movimentos foram os acontecimentos reais, que alimentaram vocações e permitiram que a fidelidade à causa da cultura sobrevivesse no cenário da história do Maranhão. A nossa efetiva participação era simplesmente total. Estávamos congraçados e arrebanhados, como sugeria Bandeira Tribuzzi – ‘mantenham-se arrebanhados’ – e assim permanecemos até que cada um passasse a escrever de maneira singular o seu destino intelectual. Deste cadinho de gente surgiram nomes como os de Francisco Tribuzzi, Couto Corrêa Filho, César Teixeira, Josias Sobrinho, Cyro Falcão, Edmilson Costa, Ribamar Corrêa e outros mais, cujas pegadas deixaram marca na areia, na poesia, na música, na pintura, no jornalismo e nas ciências humanas. A nossa participação era total, porque a agitação literária renovadora passava por todos nós e por todos aqueles que se fundiram e confundiram conosco, como Valdelino Cécio e Alberico Carneiro. Estávamos de ‘a’ a ‘z’, do boi da Madre Deus ao jornal A Ilha; da resistência democrática à poesia de mimeógrafo; dos debates intermináveis à vontade de fazer a diferença, dialogando com gente pulsante como Nascimento Moraes Filho e Bandeira Tribuzzi, que qualificou aquele como o ‘século setentão’.

Cassas desponta em 1981, com República dos Becos, e atinge uma dimensão nacional, promovendo a esse nível os poetas de sua geração, ao lado dos quais se destacam Roberto Kenard e Laura Amélia Damous. Para Corrêa (2010), os mais novos, na trajetória evolutiva da poesia maranhense, transitam entre 281

CORRÊA, Rossini. CORRESPONDENCIA ELETRONICA, destinada a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 20 de maio de 2014.


“... um neo-romantismo de feição já crítica, ora integrando a sua linguagem a um corpus poético já decididamente moderno” (BRASIL, 1994) 282. São eles: Alex Brasil (1954), Ivan Sarney (1946), Luís Moraes (1948), César William (1967), Morano Portela (1956), Bernardo Filho (1959), Luís Inácio Araújo (1968). Concordamos que se deva ser acrescentada nessa fase o grupo do Guarnicê, “nascidos” em 1982, tendo como participes Joaquim Haickel junto com Celso Borges, e coadjuvados por Roberto Kenard, Ivan Sarney, Ronaldo Braga, e Nagibinho (irmão de Joaquim), que produziam e apresentavam o programa “Em tempo de Guarnicê”, levado ao ar pela Rádio Mirante FM; programa que falava de literatura, arte, cultura e tocava música maranhense, se servindo do meio de comunicação de sua época, para discutir a cultura maranhense (VAZ, 2011)283; chegaram a publicar uma Revista – Guarnicê. Seria uma 10ª fase? Sobre o Guarnicê, buscamos tanto em Haickel (2014) 284: “Antologia Guarnicê é uma coisa, Revista Guarnicê é outra... a primeira é do final dos 70 e a segunda foi de 83 até 86; a primeira foi um evento e a segunda foi algo mais permanente”,

quanto em Corrêa (2014) 285, a explicação necessária sobre esse “movimento”: Hora de Guarnicê tem dois blocos e duas autonomias: o bloco do Movimento Antroponáutica (Luis Augusto Cassas, Raimundo Fontinelle, Viriato Gaspar, Chagas Val e Valdelino Cécio); o bloco das Casas da Cândido Ribeiro (Francisco Tribuzzi, Henrique Corrêa, Cyro Falcão, Antônio Moysés, Edmilson Costa, João Wbaldo e Eu) e as autonomias de João Alexandre Júnior e Cunha Santos Filho, os quais trilharam caminhos distintos dos nossos, e tinham organicidade vinculada às páginas literárias do Jornal Pequeno. Depois de Hora de Guarnicê misturamos as águas mais uma vez, quando lançamos a microantologia Sem Pé nem Cabeça, reunindo Cyro Falcão, César Nascimento, Henrique Corrêa, Raimundo Fontinelle, com capa de César Nascimento, o que significa a ponte de Raimundo Fontinelle do Movimento Antroponáutica e o diálogo poético-musical de César Nascimento com o grupo da Cândido Ribeiro (Henrique Corrêa, Cyro Falcão e Eu). Registre-se, finalmente, que nos nossos encontros havia a busca da sintonia intelectual e política com a contemporaneidade do mundo. Sonhávamos em ser militantes cívicos e estéticos, debaixo dos anos de chumbo da ditadura militar, com a qual eu convivi desde os oito anos, com a prisão do meu tio Wilson do Couto Corrêa e na adolescência, quando um livro mimeografado de poemas de Edmilson Costa despertou o 'interesse literário' da Polícia Federal do Maranhão.

O programa Em tempo de Guarnicê, nas ondas da rádio Mirante FM, que estreia em setembro de 1981, dá origem ao Suplemento de O Estado do Maranhão; comando do economista Ronaldo Braga. A Revista Guarnicê, publicada entre os anos de 1983 e 1985, chegou a 45 números: 20 suplementos e 25 revistas, incluindo a devezenquandal, seu ultimo numero286. E teve em seu núcleo não mais que cinco pessoas – Joaquim Haickel, Celso Borges, Roberto Kenard, Paulo Coelho e Érico Junqueira Ayres, e divulgou o trabalho de mais de 40 artistas de São Luis e outros tantos do Rio Grande do Norte, Piauí e Brasília. “Qualquer semelhança com um movimento morto é mera coincidência”, alertavam já na primeira edição do Suplemento Guarnicê, evitando comparações com os integrantes da antologia Hora do Guarnicê (Poesia nova do Maranhão), lançada em São Luis em 1975 pela Fundação Cultural do Maranhão (LIMA, 2003) 287. Hora do Guarnicê foi um livro, uma antologia da jovem poesia da primeira metade da década de 70 no Maranhão, tendo congregado, num ponto de convergência, integrantes do Movimento Antroponáutica: 282

ASSIS, Brasil. A poesia maranhense no século XX – antologia. São Luís, Ma.: Sioge, 1994 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. DISCURSO DE RECEPÇÃO A JOAQUIM ELIAS NAGIB PINTO HAICKEL, Cadeira 47. Proferido em 13 de Setembro de 2011. Revista do IHGM, no. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 47, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38_-_setembro_2011 284 HAICKEL, Joaquim. Em Correspondência pessoal a Vaz, Leopoldo, em 11/03/2014: “Antologia Guarnicê é uma coisa, Revista Guarnicê é outra... a primeira é de do final dos 70 e a segunda foi de 83 até 86; a primeira foi um evento e a segunda foi algo mais permanente”. 285 CORRÊA, Rossini. DEPOIMENTO, prestado via correio eletrônico ao Autor, em 05 de março de 2014. 286 BORGES, Celso. AMOR & RIGOR. In LIMA, Félix Alberto. ALMANAQUE GUARNICÊ – 20 ANOS 1883-2003, São Luis, Clara; Guarnicê, 2003. 287 LIMA, Félix Alberto. ALMANAQUE GUARNICÊ – 20 ANOS 1883-2003, São Luis, Clara; Guarnicê, 2003. 283


Em maio de 1972, ano em que se comemora o cinquentenário da Semana de Arte Moderna, cinco jovens empenhados e emprenhados na/de poesia criam um movimento com o nome de Antroponáutica e lançam de saída uma antologia. O mais novo deles é Luis Augusto Cassas, com 19 anos. Os outros são Valdelino Cécio e Viriato Gaspar ambos com 20 anos; Raimundo Fontenele, 24; e Chagas Val, 28. A Antologia do Movimento Antroponautico trás na capa uma ilustração de Cesar Teixeira.

1984 surge a Antologia Guarnicê, para comemorar o primeiro ano do Suplemento/Revista. Reúne 25 poetas e 60 poemas. De Antonio Carlos Alvim a Wanda Cristina; de Cesar Teixeira a Wagner Alhadef; Francisco Tribuzi a Paulo Melo Souza. Recebe capa e ilustrações de Erico Junqueira Ayres e a seleção dos poemas fica a cargo de Celso Borges e Joaquim Haickel. Nauro Machado, no Caderno Alternativo, publica uma critica implacável à Antologia Guarnicê, que segundo ele, os poemas ali editados representavam “um simples ódio contra o sistema ou a vida”, com a média beirando a “entronização de um compromisso que se pretendendo político consegue apenas baratear a Arte como um produto também cultural”. Recomenda que os poetas se submetam à orientação de alguém experimentado. Não tarda a resposta, dada por Celso e Joaquim... No ano seguinte, a Antologia Erótica Guarnicê. No dizer de Roberto Kenard, o Guarnicê nunca chegou a ser um movimento. Era tão somente uma publicação. Lima (2003) 288 afirma que no vácuo do borbotão que fez brotar o Antroponáutico, surge o LABORARTE – Laboratório de Expressões Artísticas; 11 de outubro de 1972, pessoas envolvidas com dança, música, teatro, literatura e artes plásticas o criaram no sobrado de numero 42 da Rua Jansen Müller, onde está até hoje. Entre os inquilinos, Cesar Teixeira, Tácito Borralho, Josias Sobrinho, Saci Teleleu, Murilo Santos, Sergio Habibe, Regina Telles, Nelson Brito, Aldo Leite, e muitos outros. Em setembro de 1974, surge o jornal A Ilha, criado por Paulo Detoni, Luis Carlos Jatobá e João Gonzaga Ribeiro, circulando até abril de 1977. Entre seus redatores e colaboradores Fernando Moreira, Jomar Moraes, Cesar Teixeira, Clerton Araujo, Edson Vidigal, Cícero da Hora, Nonato Mota Coelho, Cosme Junior, José Chagas, Antonio Carlos Lima, Nilson Amorim, Josemar Pinheiro, Carlos Andrade, Gerd Pflueger, Roldão Lima e Rogério Araujo. Voltado para assuntos de literatura, cinema, turismo e artes plásticas. Os membros desses diversos movimentos são identificados, também, como a Geração Mimeógrafo, iniciada pelo poeta Ribamar Feitosa – natural de Parnaíba-PI -; com o nome de José Rimarvi publica, em 1969, o livro Planície quase minha, impresso no SIOGE. Em 1978, lança – em parceria com José Maria Medeiros – o livro Jo-Zé, datilografado em estêncil e rodado em mimeografo. Depois de alguns lançamentos nesse mesmo formato, e ao lado de poetas estudantes da UFMA, já em 1979, cria a revista Vivência, portaestandarte do movimento Arte e Vivência, e como integrantes, além do próprio Feitosa, Celso Borges, Antonio José Gomes, José Maria Medeiros, Robson Coral, Rita de Cássia Oliveira, Nonato Pudim, Ivanhoé Leal, Luis Carlos Cintra, Euclides Moreira Neto, Cunha Santos Filho, Kiko Consulim. Em 1984, Feitosa aparece nas páginas da revista Guarnicê... Em suas páginas, também aparece João Ewerton, manifestando suas inquietações sobre o futuro das artes plásticas: ele é o presidente da Associação Maranhense de Artes Plásticas, onde transitam, entre os anos 1970 e 1980, Nagy Lajos, Ambrósio Amorim, Dila, Jesus Santos, Antonio Almeida, Péricles Rocha, Lobato, A. Garcês, Rosilan Garrido, Luiz Carlos, Airton Marinho, Ciro Falcão, Fransoufer, Marlene Barros, Rogério Martins e Tercio Borralho, utilizando-se dos mais diversos espaços para suas exposições, como o Cenarte, da Fundação Cultural do Maranhão; Galeria do Beco, de Zelinda Lima e Violeta Parga; Solar Nazeu Quadros, da UFMA; Centro de Arte Japiassu, criando em 1972 por Rosa Mochel, Fátima Frota e Péricles Rocha; Galeria Eney Santana, ateliê de Nagy Lajos, e a galeria da Caixa Econômica Federal. Da geração de artistas que se firmam nos anos 80, Miguel Veiga, Paulo Cesar, Donato, Geraldo Reis, Fernando Mendonça, Cosme Martins, Marçal Athaide. Segundo Lima (2003), os cadernos de cultura, por essa época, ainda eram raros, embora São Luis estivesse vivendo um processo de ebulição cultural, com os seus teatros, músicos, artistas, poetas, escritores e movimentos literários. Mas, diz ele, entre as publicações e periódicos de São Luis, entre 1975 e 1980, circula o suplemento Sete Dias, no jornal O Estado do Maranhão, na coordenação Pergentino Holanda – estreara na poesia em 1972 com Existencial de agosto -, Antonio Carlos Lima e Carlos Andrade. Pelas folhas do tabloide passaram ainda José Cirilo Filho, Walter Rodrigues, Benito Neiva, Leonardo Monteiro, Ivan Sarney, Viegas Netto, Cunha Santos Filho, Evandro Sarney, Ligia Mazzeo, Carlos Cunha, Bernardo 288

LIMA, Félix Alberto. ALMANAQUE GUARNICÊ – 20 ANOS 1883-2003, São Luis, Clara; Guarnicê, 2003


Tajra, Edison Vidigal, Dom Mota, Alex Brasil e Érico Junqueira Ayres. Américo Azevedo Neto inaugura a coluna “Cartas a Daniel”, como destinatário Daniel de La Touche. Sete Dias circulava aos domingos, como caderno de entretenimento, com seções de literatura, crônicas, poesia e musica, além de cinema. Abre caminho para os chamados cadernos de cultura do jornal, surgindo já na década de 1980 o Caderno Alternativo. Nesses anos 1980, Josué Montello continua publicando um livro por ano e chega ao mercado literário da Europa; Lago Burnett, Francklin de Oliveira, José Louzeiro... Entre os mais fecundos, na poesia, estão José Chagas e Nauro Machado... Ubiratan Teixeira, Américo Azevedo, Benedito Buzar, Milson Coutinho, Nonnato Masson, Manuel Lopes, Joaquim Itapary, Chagas Val, Viriato Gaspar, Lenita Estrela de Sá, Elsior Coutinho, Jorge Nascimento, Francisco Tribuzi, João Alexandre Junior, Laura Amélia Damous, Alex Brasil, José Ewerton Neto, Ronaldo Costa Fernandes, Ariel Vieira de Moraes, Rossini Corrêa, Virginia Rayol, Herbert de Jesus Santos, Ivan Sarney e Raimundo Fontenele são outros nomes associados à produção literária dos anos 80 – alguns sob a tutela de planos editorais públicos, como o do SIOGE – conforme Lima (2013)289; e outros de maneira independente. Grande parte da produção intelectual maranhense é veiculada na revista Vagalume, editada por Alberico Carneiro. Bioque Mesito290 respira fundo e desabafa: Ufa! Chegamos à década de 80. O que falar dessa década se até os críticos, professores acadêmicos, literatos fecham os olhos para ela? Nós, não. A poesia das décadas de 80, 90 e início deste século vem com muita felicidade (apesar de todos os contras) honrado, com bastante autoridade, a tradição dos poetas da Cidade de Sousândrade. Sempre quando se trata da poesia dessa época, recai o conceito de poesia marginal, contra o sistema, panfletária. O que não se observa em um primeiro momento é o que de potencial tem esses poetas. Mesmo a “Akademia dos Parias” e suas performances pelos becos do Centro Histórico de São Luís possuiu sua importância nos ditames de nossa literatura.

Bruno Azevedo (2012) 291 ao referir-se à revista/editora Pitomba, criada por ele, Celso Borges, e Rouben da Cunha Rocha assim se posiciona: A Pitomba é uma forma positiva de recusa à calhordice geral, ao amadorismo da oficialidade, devolvendo a ofensa na forma de livros ofensivos, porque ousamos achar que o livro é um troço importante, bonito, tesudo e tal. Também é uma maneira de existir, e qualquer existência fora das paredes das repartições, no Maranhão, é transgressora. Pitomba é uma revista com 44 páginas e tiragem de 500 exemplares. Sem periodicidade, privilegia a produção de artistas contemporâneos das regiões Norte-Nordeste, poetas, prosadores, artistas plásticos, músicos, ilustradores, quadrinhistas e fotógrafos de fora do centro do mapa cultural brasileiro. Editada por Bruno Azevêdo, Celso Borges e Reuben da Cunha Rocha. O projeto gráfico é de Bruno Azevêdo, com colaboração de Celso e Reuben. A revista sai com o apoio da livraria Poeme-se e do Chico Discos.

Os editores da Revista Pitomba eram: Bruno Azevêdo – escritor. Formado em História, faz mestrado em Ciências Sociais. Autor de Hemóstase (2000); A Bailarina no Espelho (2007); Breganejo Blues - novela trezoitão (2009); e Monstro Souza - romance festifud (2010). Em 2009, fundou a editora Pitomba! livros e discos; Celso Borges - poeta e jornalista, publicou 8 livros de poesia, os últimos: XXI, Música e Belle Époque, compõem a trilogia A posição da poesia é oposição, em formato livro CD. Desenvolve projetos de poesia no palco, entre eles Poesia Dub, A Palavra Voando e Sarau Cerol; Reuben da Cunha Rocha – ensaísta, poeta e tradutor, com trabalhos publicados nas revistas Cult, Autofagia e Modo de Usar & Co. Mestre em Ciências da Comunicação pela USP. Tem inédito o livro Guia prático de atentado ao Papa. Lima (2003) faz outro registro importante do período: a coleção Documentos Maranhenses, da Academia Maranhense de Letras, idealizada por Jomar Moraes e com o apoio das ALUMAR. 289

LIMA, Félix Alberto. ALMANAQUE GUARNICÊ – 20 ANOS 1883-2003, São Luis, Clara; Guarnicê, 2003 MESITO, Bioque. A efervescente poesia da Cidade de Sousândrade. Guesa Errante, 15 de novembro de 2006, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2006/11/14/Pagina836.htm 291 AZEVEDO, Bruno. ...PRA NÃO VOMITAR. In GUESA ERRANTE, 30 de junho de 2012, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2012/9/19/pra-naovomitar-1294.htm , acessado em 28/05/2014 290


“Sr. Zaratustra, ligue para 227 1712. Assunto: entrevista”. “Zaratustra ligou!”. O pedido de entrevista era do Guarnicê, publicado em dois suplementos do jornal. Zaratustra escrevia aos domingos no Jornal Pequeno e provocava polemicas com suas criticas sobre o meio artístico maranhense. Era o homem sem face da imprensa local. “Ninguém falaria comigo se eu revelasse a identidade de Zaratustra [...] assim eu posso trabalhar tranquilo”. Vinte anos depois da entrevista, a identidade vem à tona: Euclides Moreira Neto revela que Zaratustra foi o médico Ivanildo Ewerton, ‘na maioria das vezes’. O próprio Euclides vestia a máscara, assim como a cenógrafa Nerine Lobão. Não devemos esquecer a “Akademia dos Párias”. Lima e Outros (2003) 292 confirmam que já em 1985 Celso Borges abrira uma janela na revista Guarnicê para a Akademia dos Párias, que contava em seus quadros com Fernando Abreu, Raimundo Garrone, Ademar Danilo, Sonia Jansen, Antonio Carlos Alvim, João Carlos Raposo, Paulinho Nó Cego, Guaracy Brito Junior, Ronaldo Reis, Gisa Goiabeira, Maristela Sena, Rozendo, Henrique Bóis, entre outros. “Bem vindos, los párias!”, os saudou Celso no lançamento da revista Uns e Outros, em 1984. Os Párias? - Pergunta-se Félix Lima, e responde que recebem influencias variadas: de Ferreira Gullar e Mário Quintana a Lobão e Caetano; de Whitman e Drummond a Leminski e Chacal; e ainda Angela Rôrô, Elomar, Bukovski, Poe, etc. Anunciam o novo e pregam o desregramento e o anti-academiscismo. “Nenhum de nós vai à missa aos domingos”, advertem293. Para Mesito294: É bem verdade que desse grupo [Akademia dos Párias] apenas meia-dúzia escrevia uma poesia de qualidade, séria. Os Parias foi um grupo efêmero e evaporou. Apenas três poetas desse grupo sobreviveram – Paulo Melo Souza, Celso Borges e Fernando Abreu. Este último, apesar de dois livros lançados na praça, não conseguiu empolgar, como no tempo dos Parias, atualmente, faz composições para o cantor Zeca Baleiro. Já Paulo Melo Souza e Celso Borges respiraram outras fontes e levaram a poesia por outras fronteiras. Celso Borges, sempre compromissado com a estética da palavra, em seus poemas parece chegar a gritar com a insatisfação por que passa o momento da poesia produzida no Brasil. Paulo Melo Souza é outro importante poeta dessa época e continua, entre seus poemas, buscando e aprimorando seu estilo, sem se falar que é um combatente exímio contra as politicagens que permeiam nosso Estado. Paulo Melo é um poeta antenado com as modificações do pensamento humano e da literatura.

De acordo com Pedro Sobrinho, em seu Blog295 A AKADEMIA DOS PÁRIAS – A POESIA ATRAVESSA A RUA será lançado dia 19 de maio, às 20h, na Livraria Poeme-se, na Praia Grande, com direito a recital de poesia com os integrantes da Akademia, entre eles, Fernando Abreu, Guaracy Jr, Paulo Melo Sousa, Garrone, Paulinho Nó Cego, Rezende e Celso Borges. O que é quem são os Párias? Nos anos 1980 uma geração de jovens poetas, em sua maioria da Universidade Federal do Maranhão, reúne-se em torno da revista Uns & Outros e formam a Akademia dos Párias. Vestem a roupa da irreverência e assumem uma linguagem que dialoga com a prosa de Charles Bukovski e John Fante, o reggae de Bob Marley e Peter Tosh, a poesia de Leminksi, o rock brasileiro e a geração marginal nascida na zona sul do Rio de Janeiro na década anterior. Politicamente o Brasil vive a agonia da ditadura militar, o fim da censura e o surgimento da geração coca-cola, conforme leitura do compositor Renato Russo (Legião Urbana), que forma, ao lado de Cazuza (Barão Vermelho) e Arnaldo Antunes (Titãs), o triunvirato do melhor da poesia nascida das letras e atitudes incorporadas ao rock e ao mundo pop daqueles anos.

292

LIMA, Félix Alberto, e Outros. ALMANAQUE GUARNICÊ 20 ANOS 1983-2003. São Luis: Clara; Guarnicê, 2003. LIMA e Outros, 2003, obra citada.. MESITO, Bioque. A efervescente poesia da Cidade de Sousândrade. Guesa Errante, 15 de novembro de 2006, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2006/11/14/Pagina836.htm 293 294

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PEDRO SOBRINHO, in Na Mira Pedro Sobrinho, disponível em http://www.blogsoestado.com/pedrosobrinho/2016/05/04/akademia-dos-parias-lanca-livro-dia-19-de-maio/, publicado em quartafeira, 04 de maio de 2016.


Entre 1985 e 1989, principalmente, realizam recitais regados a vinho barato, catuaba e diamba, e espalham pelas ruas, becos e bares da ilha, uma dicção poética até então inédita na cidade. Akademia dos Párias: a poesia atravessa a rua reúne quase 100 poemas dos mais de 420 publicados nas oito edições da revista Uns & Outros, porta voz da Akademia. Na obra estão versos de 25 desses poetas, entre eles Ademar Danilo, Antonio Carlos Alvim, Celso Borges, Fernando Abreu, Garrone, Guaracy Brito Jr, Joe Rosa, Mara Fernandes, Marcelo Silveira (Chalvinski), Paulinho Nó Cego, Paulo Melo Sousa, Rezende, Ronaldão, Ribamar Filho e Suzana Fernandes. – Esta antologia não é um acerto de contas com os Párias. Há, claro, algum rigor na escolha dos poemas, mas também um olhar generoso sobre o que aquilo representou, tanto para as pessoas agentes daquela intervenção como também para o momento cultural e político que São Luís vivia – afirma o poeta Celso Borges, um dos organizadores da antologia ao lado de Fernando Abreu, Raimundo Garrone e Marcelo Chalvinski. Segundo Garrone, boa parte dos poemas escolhidos sobreviveu esteticamente ao tempo. “Outros, em menor número, já envelheceram, mas estão presentes porque têm a cara daquela década”, diz.

Ribeiro (2016)296 em entrevista com os poetas Celso Borges e Fernando Abreu sbre o lançamento de “Akademia dos Párias: a poesia atravessa a rua”, antologia que celebra os 30 anos do movimento poético que agitou a ilha dá como:: O surgimento da Akademia dos Párias se dá no apagar das luzes da ditadura militar brasileira, que assombrou o país por 21 anos. “Coincidiu também com uma abertura gráfica, editoras como a Brasiliense começaram a publicar [Paulo] Leminski, Chacal, John Fante, [Charles] Bukowski”, lista Fabreu. “Caprichos e relaxos, Drops de abril, Pergunte ao pó, Cartas da rua e Mulheres eram bíblias, uma espécie de Pentateuco particular”,

Tanto Fernando Abreu revela ser de São Luís, embora criado em Grajaú: [...] foi estudar piano. A Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo funcionava ao lado de sua casa, na Rua da Saavedra, no Centro da cidade, o que gerou uma pergunta de um desconfiado Gilles Lacroix, então professor do instrumento na instituição: “mas é só por isso que você quer estudar piano?”, referindo-se ao fato de ele morar perto da escola. “Não. Quero estudar piano por que quero ser músico”, respondeu. Foi por pouco: Fabreu, como hoje o jornalista e poeta é conhecido pelos amigos mais íntimos e leitores em geral, não tinha, no entanto, piano em casa, para as lições. Olga Mohana, então diretora da EMEM, orientou-o a procurar dona Maria Eugênia Borges, que morava na Rua da Paz, também no Centro, e tinha um piano em casa. Era a mãe do poeta Celso Borges. Fabreu tinha por volta de 14 anos e CB estava às voltas com o lançamento de Cantanto [ed. do autor], sua estreia na poesia, de 1981. “Uma amizade atávica”, exclama Fabreu, para lembrar-se, logo depois, de que o avô de Celso ajudara seu pai a se estabelecer em São Luís. “Ele ficou anos ocupando um imóvel, sem pagar aluguel. Com a barbearia custeou seu curso de odontologia, depois pagou os aluguéis, mas nada teria acontecido sem aquela força”, agradeceu. As lembranças vão se emendando umas às outras como cigarros acesos nas baganas dos anteriores, embora ninguém fume durante a entrevista regada a água e coca-cola. No Cafofo da Tia Dica, detrás da Livraria Poeme-se, na Praia Grande, converso com os poetas sobre os 30 anos que a Akademia dos Párias, movimento integrado por eles nas décadas de 1980 e 90, completa em 2016, e que será comemorado com o lançamento da antologia Akademia dos Párias: a poesia atravessa a rua. “Eu sou mais ou menos seis anos mais velho que toda a turma”, revela Celso, à época já formado em jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – onde grande parte dos párias se encontrou, principalmente nos corredores do curso de Comunicação Social –, pai de família e com carteira assinada no Sistema Mirante de Comunicação. “Eu tinha completa liberdade na rádio [Mirante FM, inaugurada há pouco], levei Ademar Danilo [jornalista e dj] para fazer o Reggae Night, ele já tinha um conhecimento fabuloso do ritmo”, lembra.

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RIBEIRO, Zema. UMA AMIZADE ATÁVIDA. In JP TURISMO, São Luis, sexta-feira, 6 de maio de 2016. Disponível em https://zemaribeiro.wordpress.com/


“A gente ouvia Bob Marley, Peter Tosh, Jimmy Cliff. Foi através de Ademar que começamos a ouvir outros nomes da Jamaica”, enumera Fabreu. “O estúdio era pequenininho, mas uma vez Celso levou a galera lá, botou a gente sentado no chão, crivou de perguntas e publicou uma entrevista”, conta. O papo saiu na Guarnicê, que era um encarte do jornal O Estado do Maranhão – depois a revista circularia de forma independente –, editada por Celso com Roberto Kenard e Joaquim Haickel. “Outro cara importante foi Ronaldão. Era um cara versado em Bob Dylan, Kraftwerk, Pink Floyd. Encarnou um personagem, sumiu. Ninguém sabe por onde anda. A última vez que eu falei com ele, ao telefone, foi em 1997. Guaracy [Brito Jr.] também já sacava muito de música, Joy Division”, Celso lista outros autores de poemas que estarão na antologia.

ACERTO DE CONTAS, de Rezende. A revista Uns & Outros atrai discípulos e chega à marca de oito edições temáticas, com a ultima circulando em 1995. Ao mesmo tempo, 1985, surge o “Poeme-se” - que deu origem ao famoso sebo do José de Ribamar. Destacando-se além deste, Paulo Melo Sousa, juntando-se a eles: Luis Resende, Wilson Martins, Eduardo Julio, Elício Pacífico, Claudio Terças e Rosa Ewerton. Sua proposta, divulgada em poema-cartaz a partir de fotografia de Mobi, é desenvolver uma poesia social, “tentar fazer da poesia um instrumento de transformação ligado as realidade”, afirma Lima (2003) 297. Mais tarde, o grupo abre mão do engajamento social e parte para a divulgação de uma poesia livre em espaços alternativos: Tínhamos um movimento em prol da Poesia. Eu [Ribamar Filho] e outros amigos. Reuníamo-nos, constantemente, aos fins de semana, pra discutir, planejar, ler, uns pros outros, nossos poemas. E aí tivemos a idéia de escolher um nome para o grupo. Cada um de nós ficou comprometido em sugerir um. E a minha sugestão foi: POEME-SE. Pegou”… Ge-ni-al. Muito criativa, mesmo, essa performance do substantivo em verbo, assim, pronominalizado e nessa força imperativa. Mas, qual a intenção, a mensagem intrínseca do neologismo? “A idéia era exortar a todos a assumir a poesia, a ter uma atitude 297

LIMA e Outros, 2003, obra citada..


poética, vestir a camisa da poesia. E nós fazíamos isso, literalmente. Confeccionávamos (e vestíamos) camisetas, publicávamos posters, vendíamos cartões, divulgando a poesia. [...]

Agora, falemos do POEME-SE. Como tudo aconteceu? “Até 1980, eu costumava frequentar, muito, as bancas de revistas, de livros usados, na Magalhães de Almeida. E aquilo mexia comigo, sei lá… Mas quem me influenciou mesmo, de verdade, nesse ramo, foi Ribamar Feitosa. Em 1984, ele abriu um Sebo na Magalhães de Almeida, o primeiro nesse estilo, aqui em São Luís. Eu ia muito, comprar livros, no Sebo de Feitosa. Havia, também, nesse tempo, um jornal de publicação nacional, só sobre livros, o LEIA – que trouxe uma matéria extensa, a respeito de SEBOS, muito interessante. E eu fiquei com aquela ideia de botar um negócio desses, num local fechado e organizado. Aquele nosso movimento literário, da adolescência, já não existia mais, o Grupo estava disperso, e eu me apropriei do nome. Em 1988, instalei e inaugurei a POEME-SE, numa sala de 20 metros quadrados (antiga sede do PT), na Rua do Sol. Em 1990, transladei-a para a Praia Grande. Em 2001, adicionei, à livraria, um cybercafé. A parte de café decaiu e ficou só a Internet. A Praia Grande foi muito importante. O POEME-SE agregou vários movimentos e atividades intelectuais e literárias aqui do Maranhão: recitais, leitura de poesias, debates, lançamento de livros e teve o seu próprio festival de poesia, por dois anos: Festival de Poesia do POEME-SE ”298

O grupo extingue-se e Paulo Melo Sousa vai criar o “espaço” Papoético! Zeca Baleiro, antes de partir para São Paulo em 1989, publica a revista Undegrau (1988), na linha do Guarnicê, “só que mais irreverente, sem anúncios ou textos oficiais”, informa Lima e Outros (2003) 299. Com Zeca estão: Henrique Bóis, Joãozinho Ribeiro, Sérgio Castellani, e Solange Bayma. A revista fica apenas em seu primeiro número; e teve a colaboração de Itamir, Geraldo Reis, Érico, Mondego, Garrone, Noberto Noleto, Josias Sobrinho, Paulo Melo Sousa, Celso Borges, Lúcia Santos, Francisco Tribuzi, Paulinho Nó Cego, Luis Pires, Marcelo Silveira, Paulinho Lopes, Ribamar Feitora, Emilio, Joe Rosa, Ramsés Ramos, e Edgar Rocha. E esta outra geração (1990/2000...) que agora também exige com vigor seu lugar ao sol, começando com mais ou menos força sua obra, encontrando-se com outras, que hão de se encontrar com outras, sem que sejam necessariamente companheiros próximos ou que tenham a mesma origem, os mesmos fins, os mesmos meios, mas que são familiares às mesmas vozes e vivem mais ou menos as mesmas demandas socioculturais deste momento. Eclética, vai do telurismo existencial ao cosmopolitismo fragmentário, ou às neuroses íntimas e urbanoides. [...] Poetas, professores, artistas, ensaístas que surgiram em torno do Suplemento Literário Vagalume; em torno do bar do Adalberto; dos festivais de poesia falada ou do mundo acadêmico-universitário da UFMA, em torno das oficinas e recitais programados pelo poeta Paulo Melo; dos festivais do SESC; dos concursos da FUNC, em torno do Grupo Curare e do Carranca, que confluíram em riso na alegria dos domingos na casa do jornalista Gojoba e do abraço gentil de sua esposa, Dona Graça; em torno do Concurso de Poesia Nascentes, da USP; do Poiesis ou da Vida é uma festa: Hagamenon de Jesus, Bioque Mesito, Natanílson Campos, Ricardo Leão, Dyl Pires, Antonio Aílton, Rosimary Rêgo, Jorgeana Braga, Geane Fiddan, José Neres, Dílson Junior, Mauro Cyro, Elias Rocha, Natinho Costa, Samarone Marinho, Jorge Leão, Danilo Araújo, Josualdo Rego, Reuben da Cunha Rocha, Bruno Azevedo, César Borralho, Mateus Gato e Daniel Blume, entre outros, e entre companheiros e companheiras que, não escrevendo, fizeram de sua companhia poesia pura.(In GUESA ERRANTE, 2012)300

Aparecem, assim, novos grupos organizados, como o caso do Poeisis, ao qual pertence Antônio Aílton, Bioque Mesito, e pelos poetas co-geracionais Danyllo Araújo, Geane Fiddan e Natinho Costa. Outros nomes que aguardam publicação, possuindo obras inéditas de grande relevo estético, são a poeta Jorgeana Braga (A casa do sentido vermelho, Sangrimê, Cerca Viva), Nilson Campos (o romance A Noite, além de contos e poemas), e a sensível poeta Rosemary Rego, com uma obra lírica surpreendente. Uma geração, afinal, não se 298

CORRÊA, Dinacy. GALERIA DE ANÔNIMOS ILUSTRES – José de Ribamar Silva Filho. In BLOG DA DINACY CORRÊA. Disponível em http://blog.jornalpequeno.com.br/dinacycorrea/2012/05/galeria-de-anonimos-ilustres-15/ , publicado em 30/05/2012, acessado em 10/09/2014. 299 LIMA e Outros, 2003, obra citada. 300 http://www.guesaerrante.com.br/2012/9/27/poesia-nos-400---os-cabos-de-guerra-da-poesia-da-sao-luis-contemporanea-4400.htm


faz somente de poetas publicados e, às vezes, alguns de seus melhores talentos estão entre aqueles inéditos em vida, como é o caso de vários exemplos, como o de Konstantinos Kaváfis, Emily Dickinson e Cesário Verde301. Sobre esse movimento, Antonio Aílton302 deu-me o seguinte depoimento: O “movimento Poesis” iniciou-se em 2006, a partir da iniciativa de Geane Lima Fiddan e do poeta Bioque Mesito, os quais convidaram Antonio Aílton, Rosimary Rego, Hagamenon de Jesus, Paulo Melo Sousa, Raimundo Nonato Costa (Natinho Costa), Daniel Falcão Bertoldo (músico), e Danilo Araújo, grupo que foi crescendo por convites a outros poetas, tais como José Couto Corrêa Filho e César Borralho (este na verdade mais como “participação” em alguns momentos), além de Graziella Stefani, que não escrevia, mas deveria fazer o marketing do grupo. A ideia era promover ações abrangentes de realizar projetos de incentivo à leitura, de criação e encontros literários e, sobretudo divulgação, unindo, nesta divulgação poesia e música erudita através de recitais em locais públicos e significativos de São Luís, com ideia de expansão para o interior do Estado. Foram montados grandes recitais públicos acompanhados de piano, violoncelo, percussão, violão, flauta, gaita, etc., sendo o mais marcantes na Praça Gonçalves Dias, na Escola de Música do Maranhão e no Teatro João do Vale303, o maior e mais importante deles304, o último com direção da Cássia Pires. Foram feitas chamadas pela TV para esses recitais, e foram filmados [registro fílmico]. Receberam certo [e parco] patrocínio particular e público. Pela necessidade de receber patrocínios mais significativos, o que só seria possível como pessoa jurídica, foi criada a POIESIS – ASSOCIAÇÃO DE ESCRITORES, em 19/05/2006, totalmente legal, com registro civil de pessoa jurídica e estatuto próprio, com Antonio Aílton Santos Silva como presidente, Geane Lima Ferreira Fiddan como vice-presidente, Fábio Henrique Gomes Brito [Bioque Mesito] como primeiro secretário, Raimundo Nonato Costa e Rosemary como tesoureiros. Hagamenon e Paulo ficaram no Conselho Fiscal. Na verdade, após a criação da Associação seguiu-se apenas o que já estava programado, isto é, os recitais e organizou-se um projeto de “feira literária”, que não foi em frente porque se soube que a Prefeitura de São Luís começava a organizar a 1ª FELIS, como ocorreu logo depois. Com a dispersão de muitos membros para estudos e saídas do estado, como foi o meu caso, a Associação ficou em latência, cada um realizando projetos individuais até o momento.

Outro grupo que surge nessa época, o Grupo Carranca, capitaneado pelos poetas e escritores Mauro Ciro Falcão e Samarone Marinho, comparsas das atividades do Curare - e vice-versa. A partir de 2000, a existência dos dois grupos se encontra praticamente paralelas, e confundidas. Pertencentes a uma faixa geracional um pouco diferente – embora quase coeva –, os membros do Grupo Carranca aceitaram dividir seus espaços e iniciativas, durante algum tempo, com o Grupo Curare. Durante vários anos, as reuniões e encontros do Grupo Curare e Grupo Carranca aconteceram na casa do jornalista Gojoba, sempre com bastante aconchego e diversão. A participação de vários membros do antigo Curare consta das antologias de poemas e contos organizadas pelo grupo Carranca, que agitaram o cenário literário de São Luís entre 1999 e 2002. De lá para cá, os membros de ambos os grupos, agora identificados pelos laços comuns, com seus projetos e propostas definidos, trabalham para construir a identidade da nova literatura maranhense305. Antonio Aílton também se refere a esses grupos, Curare, e Carranca 306: Em relação ao CURARE, é bom ressaltar que os diálogos, discussões e encontros informais determinantes para o impulso e maturação da literatura de muitos de seus membros -, consolidaram uma amizade duradoura entre partes de seus membros, tanto que alguns consideram que um certo ‘espírito’ desse grupo não se extinguiu.

301 LEÃO, 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm 302 SILVA, Antonio Aílton Santos. DEPOIMENTO dado a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 27 de abril de 2014, via correio eletrônico. 303 Geane Lima pode dar informações mais precisas sobre estes recitais, pois ela os organizou mais efetivamente e era quem dialogava com os músicos, sobretudo sobre questões financeiras. 304 Não lembro a data, mas tenho a filmagem. OBS: Da relação “Poiesis” em seu texto, não participaram Jorgeane Braga nem Natanílson Campos. Estes eram sim do CURARE. Também não me lembro de Mobi fazer parte desse grupo, ao menos com esse nome... 305 LEÃO, 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm 306 SILVA, Antonio Aílton Santos. DEPOIMENTO dado a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 27 de abril de 2014, via correio eletrônico


O papel aglutinante desse grupo foi sempre do poeta Hagamenon de Jesus (junto com Antonio Aílton, Ricardo Leão, Dyl Pires, Bioque Mesito). Houve também uma confluência dessa amizade com membros do grupo Carranca (jovens e iniciantes poetas), o qual era encabeçado por Mauro Ciro e Elias Rocha, encontrando-se dominicalmente na residência do jornalista Gojoba, pai de Mauro Ciro. A principal contribuição do grupo (reduzido a um pequeno núcleo) foi ou tem sido, a meu ver, o incentivo e impulso para a busca de uma superior qualidade da produção (poética ou teórica), o incentivo ao crescimento e destaque de cada um – o que pode ser constado nas premiações recebidas pelos membros do grupos (ver relação dos concursos), as quais são motivos de alegria e discussão conjunta.

Leão (2008) 307 – ao comentar os resultados dos concursos de 2007 da SECMA e do Concurso Literário “Cidade de São Luis”, afirma que todos estes novos talentos fazem parte, ao fim e ao cabo, de um mesmo grupo, a maior parte na mesma faixa geracional, outros em faixas diferentes, de poetas, escritores e intelectuais que, lutando por visibilidade e reconhecimento no cenário da literatura maranhense contemporânea: [...] já vêm trabalhando há pelo menos dez anos, quando não mais, no sentido de produzir uma obra capaz de continuar, com dignidade e competência, a tradição de literatura que o precede, com profundo respeito aos grandes autores maranhenses do passado, mas também com ousadia e inovações.

Para Dyl Pires308, a geração de poetas dos anos 90 foi favorecida por algumas pessoas importantes, instituições que ofereciam editais e concursos para publicações, além de lugares onde todos se encontravam. Entre seus livros de formação, estão A Poesia Maranhense no Século 20 - Antologia (1994), organizado por Assis Brasil; o último número da revista publicada pela Academia dos Párias (8º Andar); O Circuito da Poesia Maranhense, livro organizado por Dilercy Adler; as antologias poéticas do Grupo Carranca; o Suplemento Vagalume, de Alberico Carneiro. As figuras do poeta Paulo Melo Sousa e Couto Corrêa Filho e suas respectivas bibliotecas serviram de espaço para que os poetas da Geração 90 tivessem acesso à variadas fontes literárias e também como espaço de encontro. “Couto abria sua casa para nos receber em sábados dionisíacos. Ali era a nossa Movelaria Guanabara”, lembrou. Ele destacou também a importância dos projetos de fomento à produção literária promovidos pela Fundação Municipal de Cultura, a Secretaria Estadual, o Serviço de Imprensa e Obras Gráficas (SIOGE), entre outras instituições. Já Bioque Mesito 309 reconheceu que a geração daquela época foi sendo valorizada quando passou a assinar prefácios de livros e a participar de suplementos literários. Ele ressaltou nomes de outros artistas fora da literatura que contribuíram para a formação da estética do trabalho deles, como o artista visual Binho Dushinka. Assumindo uma postura mais contemporânea, afirmou não ter influência da poesia de Nauro Machado e que nomes como Augusto Cassas, Mauro Portela, Alberico Carneiro, Celso Borges, Chagas Val e Fontenelle foram mais importantes na sua formação como poeta. Estamos diante da GERAÇÃO 90, que tinha entre seus membros, além de Dyl Pires, Bioque Mesito e Sebastião Ribeiro, representantes do grupo de poetas daquela geração, nomes como Agamenon Almeida, Eduardo Júlio, Antônio Ailton, Ricardo Leão, Jorgeana Braga, Mauro Ciro, Lúcia Santos, Marco Polo Haickel, Natan, entre outros perdidos na lembrança. Em 1995, segundo Leão (2008) 310, surge o Grupo Curare com a promessa e a intenção de publicação de uma revista, infelizmente não concretizada, e da organização de eventos literários diversos, a 307 LEÃO, Ricardo. Entre Carrancas e Monstros: a jovem poesia e literatura maranhenses. O GUESA ERRANTE, edição de 23 de abril de 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm 308 ESTÉTICA DA POESIA DOS ANOS 90 É DEBATIDA NA FEIRA DO LIVRO. São Luis, quinta-feira, 3 de outubro de 2013. Disponível em http://www.saoluis.ma.gov.br/frmNoticiaDetalhe.aspx?id_noticia=7254 309 ESTÉTICA DA POESIA DOS ANOS 90 É DEBATIDA NA FEIRA DO LIVRO. São Luis, quinta-feira, 3 de outubro de 2013. Disponível em http://www.saoluis.ma.gov.br/frmNoticiaDetalhe.aspx?id_noticia=7254 310 LEÃO, 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm


fim de divulgar o surgimento de mais uma confraria de amigos, praticantes de uma poesia e literatura sérias, no sentido da constante busca de preparo e erudição, a fim de contribuir com a renovação dos quadros da literatura maranhense: Tratava-se, destarte, de um projeto pretensioso. Porém, não se produz arte literária, sobretudo dentro de uma tradição longa e respeitada como a maranhense, de modo impune e sem grandes pretensões, até mesmo alguma megalomania. É necessário, portanto, recapitular um pouco dessa história, antes que sejamos os únicos que ainda se lembrem dela. [...] O Grupo Curare organizou-se com o intuito de conduzir alguma publicação periódica – a exemplo da revista Uns e outros e das publicações da Akademia dos Párias –, com a qual fosse lançada a pedra fundamental de nossa atividade literária. Após muitas discussões nas ruas e becos da Praia Grande, o grupo percebeu que tinha mais gosto em estar simplesmente reunido para boas conversas sobre literatura, cinema e assuntos de algum modo conectados à arte, do que propriamente elaborar projetos que não saíssem do papel, dada a diferença de temperamentos e opiniões entre todos, além da evidente falta de dinheiro.

Ricardo Leão recorda que a ideia inicial de montar o grupo fora dele e de Dyl Pires, após um encontro ocorrido em 1995 na Biblioteca Pública Benedito Leite, no anexo aos fundos, onde se elaborou uma lista inicial de amigos e conhecidos comuns, constante de uns 25 nomes, entre os quais vários que já se vinham destacando em concursos locais e nacionais. O nome da revista – Curare – foi igualmente sugestão do Dyl, que nos apresentou a todos, porém quem sugeriu a publicação de um periódico foi o poeta e ficcionista Marco Polo Haickel. O encontro havia, pois, acontecido. Como o projeto da revista naufragou após um tempo, faltou um evento que registrasse e existência do grupo (LEÃO, 2008). Antonio Aílton Santos Silva (2014) 311, um dos jovens literatos participe de diversos desses movimentos, em especial do Curare, deu um depoimento muito esclarecedor, ao pedir sua biobibliografia; transcrevo-a em parte - a integra está no devido lugar -, pois muito diz sobre como funcionavam esses movimentos, ou grupos, e esclarece muitos pontos. Vamos aos “FRAGMENTOS SUBJETIVOS DE UMA BIOBIBLIOGRAFIA TRANSITADA DE MUITOS”: As biobibligrafias são uma tentativa de objetivação em forma de fragmentos dispersos de ação e produção, e só podem começar in media res. Começo esta de quando avistei, em certa manhã do final de 1987, o mar cinza São Luís do Maranhão. [...] Apague-se certo momento em que perambulei por prédios velhos da Praia Grande, em São Luís, sustentado por duas mulheres, uma das quais minha irmã reencontrada milagrosamente após cinco ou dez anos sem nos vermos, e à qual fiz um poema muitos anos depois (poema “SVP” - Revista Poesia Sempre, org. Marco Luchesi, 2009). [...] Há um poema significativo e que incrivelmente chama-se BIOBIBLIOGRAFIA (eu acabara de descobrir a roda desta palavra, naquele momento). Eu o tirei da gaveta em 1993, para participar do IX Festival de Poesia Falada da UFMA [...] O Festival aconteceu no Auditório Central da UFMA, e eu recebi o terceiro lugar. [...] Fui convidado pelo poeta Altemar Lima para participar de um grupo dali remanescente, o quase efêmero Sociedade dos Poetas Vivos – mais Edmundo, Kleber Leite, Anne Glauce... Chegamos a fazer recitais e dar entrevistas na Rádio Universidade. Que fim levamos?... [...] Entre uma coisa e outra, sempre tive amizade e o estímulo do poeta visionário Eudes de Sousa, que me levava às reuniões da já ancestral Associação Maranhense de Escritores, da qual ele era quixotescamente o eterno presidente. Conheci através dele e nas últimas reuniões dessa Associação poetas como Jorge Nascimento, Jose Maria Nascimento, e Nauro Machado, [...] além da jovem poeta Rosemary Rego. [...] Na mesma época, conheci o incansável Alberico Carneiro, que era então Editor do Suplemento Vagalume, publicado pelo SIOGE-MA. O Vagalume foi para mim o contato mais fundamental para a poesia que se fazia no Maranhão naquele momento, e para a admiração minha dos nossos grandes ícones, experientes, novos e novíssimos, a quem Alberico sempre soube valorizar e divulgar. A poesia noturna era recitada pelo grupo Poeme-se, Paulo Melo Sousa, Riba, Antonio Carlos Alvim Filho, Cláudio Terças, Elício Pacifico, Rosa... Paulo Melo também promovia oficinas de poesias, de algumas das quais participou o poeta Dyl Pires.

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SILVA, Antonio Aílton Santos. FRAGMENTOS SUBJETIVOS DE UMA BIOBIBLIOGRAFIA TRANSITADA DE MUITOS - DEPOIMENTO dado a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 27 de abril de 2014, via correio eletrônico.


A confluência de grupos e festivais levou-me à companhia e à verdadeira amizade de poetas com os quais depois, somados mais alguns, formaríamos o Grupo Curare de Poesia. O Eudes de Sousa, num de seus projetos na Biblioteca Central, em que me parece só comparecemos três ou quatro, apresentou-me o Hagamenon de Jesus, poeta ludovicense que estava voltando de uma temporada em Brasília. Depois conheci outros: Bioque Mesito (à época, Fábio Henrique), Dyl Pires, Ricardo Leão (à época, Ricardo André), Natan, Marco Pólo Haickel, Jorgeane Braga, Judith Coelho, Rosemary Rego, César Willian, Couto Correa, Gilberto Goiabeira, Dylson Júnior, em cuja casa, no Calhau, passamos a nos reunir. Mulheres poucas para o grupo, queríamos mais. Acho que a morena Itapari andou aparecendo. Muita gente da Antologia Safra 90 (SECMA, 1996). [...] O Curso de Letras rendeu outras confluências: Karina Mualen, Ilza Cutrim, Jô Dantas, Lindalva Barros, Dino Cavalcante e José Neres, este, sobretudo, que eram da turma de Ricardo Martins. Recitávamos e cantávamos nos encontros de Letras Maranhão e Brasil a fora. Substituí (junto com Manoel Rosa Gomes) Dino Cavalcante na presidência do Diretório Acadêmico de Letras por dois mandatos ou quatro anos. A diferença política essencial é que Dino nunca aprendeu o caminho do Bambu Bar, no Sá Viana, batismo sagrado dos estudantes da UFMA, à época. Ascensão total do reggae nas calouradas e em São Luís do Maranhão. Por essa época, recebi um prêmio da Aliança Francesa, o Premier Prix - Concours "Brésil, Terre Latine", Alliance Française/UFMA/Academia Maranhense de Letras. O Curare planejava o lançamento de uma revista com poesia de qualidade, a Sygnos, a cujo nome Hagamenon sugeriu acrescentar “.doc” [Sygnos.doc] porque sugeriria algo de bastante “atual”, na época. Embora, parece-me, o nome do grupo como da revista tenha surgido das ideias de Dyl e Ricardo, é preciso dizer que o grupo não se estabeleceu em torno destes, mas do poeta Hagamenon de Jesus. Em contraste com o espírito vívido e alegre, mas corrosivo e irônico [quase sarcástico, diríamos] do Dyl e a inteligência declaradamente prepotente de Ricardo [fora o fato de que este só bebia refrigerante e não comia nem um fruto do mar], o esteio desse grupo foi sempre a figura do poeta Hagamenon de Jesus, mais equilibrado e carismático, e a cujo olhar crítico confiávamos muitos de nossos poemas ou textos. Basta ver os prefácios dos nossos primeiros livros. O Curare se desfez, mas o seu espírito ficou. Curare: um veneno, ou um espírito. Passamos a nos reunir todo domingo na casa de um dos poetas amigos e finalmente os domingos passaram aos almoços na casa de “Seu” Gojoba (jornalista – responsável pelo Tribuna do Nordeste) e Dona Graça, sua esposa e nossa mãe. Acrescentaram-se os poetas Samarone Marinho e Mauro Ciro (Grupo Carranca), filho de Gojoba. Sem podermos levar adiante os projetos do grupo por pura falta de grana e apoio, passamos a torcer pelos sucessos individuais. Ricardo e Bioque receberam prêmios dos concursos de poesia da Xerox do Brasil, e tiveram seus livros publicados. Dyl, que já ganhara o primeiro lugar no 12º Festival de Poesia Falada da UFMA, recebeu o Prêmio Sousândrade, “Concursos Cidade de São Luís”, com Círculo das Pálpebras (1998), eu recebi o mesmo prêmio por Habitações do Minotauro, no ano seguinte, e também em 2002, com Humanologia do eterno empenho: Conflito e movimento trágicos em A travessia do Ródano de Nauro Machado (Ensaio, FUNC – 2003), ensaio resultante da monografia de graduação em Letras. Posso dizer que ainda é também espírito Curare o Prêmio Sousândrade de 2007, de Bioque, com o anticópia dos placebos existenciais (FUNC, 2008) e a publicação de The Problem e/ou os poemas da transição, de Hagamenon de Jesus (Edição do autor, 2002). [...] Não poderia deixar de citar meu trabalho de parceria com Alberico Carneiro, um intelectual que merece admiração e respeito, além de uma amizade verdadeira, na minha colaboração com o Suplemento Literário & Cultural JP Guesa Errante, desde 2007.

Dilercy Adler (1995) 312 organiza a antologia (a primeira) Circuito de Poesia Maranhense – 100 poemas, 61 autores, contando com a colaboração de José Chagas, Arlete Machado, Alberico Carneiro, Laura Amélia Damous, Luis Augusto Cassas, Paulo M. Sousa, Leda Nascimento, e do grande homenageado, Nauro Machado; as fotos foram de Edgar Rocha. O objetivo era mostrar a produção maranhense de poesias durante a 47ª Reunião Anual da SBPC, realizada em São Luis. Logo a seguir, 1998, começa a organizar as antologias da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, Latinidade313. A SCL-MA tem em sua diretoria, além da Dilercy (presidente), Ana Maria Costa Felix (vice), Roberto Mauro Gurgel Rocha (1º Secretario); Cesar Maranhão (2º Secretário); José Rafael 312

ADLER, Dilercy Aragão. CIRCUITO DE POESIA MARANHENSE. São Luis: UNICEUMA, 1995 ADLER, Dilercy (Organizadora). I COLETANEA POETICA DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. São Luis: Produções, 1998.

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Oliveira (Tesoureiro), e Paulo Melo Sousa (Diretor Cultural). A SCL foi fundada em 1909 na Itália; em 1942, a segunda, em Portugal; o Brasil foi o terceiro país a recebê-la, pelo final dos anos 70, fundada por Joaquim Duarte Batista; no Maranhão foi criada em 25 de junho de 1997, no Palácio Cristo Rei. No ano seguinte, sai a sua primeira coletânea; com periodicidade de dois anos. Foi até a quarta edição, em 2004314. Atualmente, Dilercy dirige a SCL-Brasil, desde 2013, quando do Projeto Gonçalves Dias; a seccional do Maranhão está se reestruturando, já que ela não pode acumular as funções... Em 1996, é publicada uma antologia de jovens poetas - posteriormente chamada Safra 90, que consagrou um bom número dos que faziam parte da configuração original do grupo Curare: Antônio Aílton Santos Silva, Dyl Pires (Eldimir Silva Júnior), Bioque Mesito (Fábio Henrique Gomes Brito), Hagamenon de Jesus Carvalho Sousa, Jorgeane Ribeiro Braga, Nilson Campos (Natanilson Pereira Campos), Ricardo Leão (Ricardo André Ferreira Martins), entre outros: [...] Entretanto, não foi inteiramente um sucesso, pois a antologia surgiu com a proposta de divulgar a jovem poesia de todo o Estado; embora o pessoal do grupo Curare fosse a maioria, a antologia não estava atrelada à existência de um grupo, pois havia outros antologiados que não comungavam de ideias comuns e mesmo pertenciam a faixas geracionais diferentes, como o caso de Ribamar Filho, o “Riba” do sebo Poeme-se, ex-integrante da Akademia dos Párias. 315

Para Mesito316, Os poetas do Safra 90 (nome dado a uma antologia lançada pelo governo local, em 1997, formada por 23 poetas que compunham a cena poética do final do século 20 e início do século 21) poucos, desses poetas que integram esta antologia, ainda demonstram que vieram para ficar. Nomes como Antonio Aílton, Rosemary Rêgo, Hagamenon de Jesus, Bioque Mesito, Dyl Pires, Jorgeane Braga, Eduardo Júlio, Paulinho Dimaré, Marco Pólo Haickel, - estes três últimos nomes, apesar de não fazerem parte do Safra 90, comunicam do mesmo momento literário, e todos já possuem importantes premiações locais e nacionais, além de possuírem seus livros lançados. O que demonstra, para os que fazem vista grossa ou que desconhecem, que a produção maranhense continua muito boa e a renovação está acontecendo com qualidade.

As propostas do Grupo Curare são efetivadas em um evento, no inicio de 1998, quando surge a ideia de uma exposição e recital, intitulada Sygnos.doc, acontecida no Palacete Gentil Braga, promovida pelo Curare com o auxílio do Departamento de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis, principalmente na figura de seu diretor, Euclides Moreira Neto. Esta exposição absorveu muitos esforços, consumindo muito tempo, nervosismo e paciência. O evento, entretanto, finalmente aconteceu, garantindo um marco existencial e histórico para o Grupo Curare, ao qual se somaram novos nomes, como os poetas César William, Couto Corrêa Filho, Eduardo Júlio, Dylson Júnior, Gilberto Goiabeira, Judith Coelho e Rosemary Rego317. Alberico Carneiro 318 tem uma grande contribuição, com o seu Suplemento Literário do Jornal Pequeno: O Guesa Errante319. Vem publicando sistematicamente antologias dos novos poetas. Desde 2002, seus anuários retratam não só o panorama da literatura brasileira, e em especial a maranhense, como dá oportunidade aos novos autores: Um anuário cultural e literário não é tão só um documento de resgate, frio e estanque. Mais que isso é o registro de invenções ficcionais de poéticas de várias linguagens que incluem desde o poema, a prosa e 314

ADLER, Dilercy (Organizadora). II COLETANEA POETICA DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. São Luis: Produções, 2000. ADLER, Dilercy (Organizadora). III COLETANEA POETICA DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. São Luis: Produções, 2002. ADLER, Dilercy (Organizadora) IV COLETANEA POETICA DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. São Luis: Produções, 2004. 315 LEÃO, 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm 316 MESITO, Bioque. A efervescente poesia da Cidade de Sousândrade. Guesa Errante, 15 de novembro de 2006, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2006/11/14/Pagina836.htm 317 LEÃO, 2008, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm 318 ALBERICO CARNEIRO - Poeta e romancista, editor do suplemento Guesa Errante, Suplemento Cultural e Literário do JORNAL PEQUENO. Admirável poeta e professor nasceu em Primeira Cruz, no dia 15 de maio de 1945, e viveu a infância no Arquipélago de Farol de Sant‘Ana, no litoral oriental do Estado. In http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/alberico_carneiro.html 319 Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante. Disponível em http://www.guesaerrante.com.br/


passa pela música, o cinema, o teatro, o folclore, o artesanato e as artes plásticas em geral. [...] É a celebração de um acontecimento raro no panorama da literatura maranhense nos dias atuais [...] Anuário é a biografia e a autobiografia de um raro sobrevivente no mundo das Letras da Atenas Brasileira, o Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante. É um marco do aniversário da poesia em festa e em estado de graça que, em sua força emotiva, nos comove e emociona através das linguagens verbal (do poema, do conto, do romance, do ensaio, da crítica) e não verbal (das artes plásticas, da música, dos semáforos, dos sinais de comunicação gestual e do que há de corpográfico na dança, no teatro, no cinema e no dia-a-dia do Universo. [...] A publicação dos Anuários serve também para constatar que a linha editorial do Suplemento não contempla exclusivamente os artistas consagrados, pois dá destaque aos novos, inclusive aos quase desconhecidos e aos desconhecidos, desde que suas produções apresentem valor no processo evolutivo da criação literária maranhense.320

Também de 2002 é o movimento denominado Poesia Maloqueirista, nascida em São Paulo, do encontro de poetas que veiculavam seus libretos pelas ruas, de identidade mambembe; atualmente, na era digital, o coletivo reforça tais elementos com uma posição artística multifacetada, que mantém a poesia como base de linguagem, porém abrindo o campo de criação e troca de experiências, desenvolvendo saraus, oficinas, publicando livros, promovendo intervenções performáticas e eventos multimídias. Convidados para se integrar ao grupo, os maranhenses Celso Borges, Reuben da Cunha Rocha, Josoaldo Lima Rego, além do cantor Marcos Magah, que participam de uma antologia organizada neste ano de 2014321. A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Maranhão – SOBRAMES-MA – lança, em 2003, sua primeira antologia: Arte de Ser. Cinco anos depois, 2009, aparece a sua segunda – Receita poética322. Em 2011, é realizada a exposição TrezeAtravésTreze323, de poesia e artes plásticas com 26 artistas (13 poetas + 13 artistas plásticos) que dialogam entre si, direta ou indiretamente, apresentando um painel de escritores e pintores maranhenses de um período que cobre os últimos 30 anos: final do século 20 e início do 21. Versos de 13 poetas atravessando os traços de 13 artistas plásticos, poética plástica que vem ocupando salões, galerias e livrarias do Maranhão e do Brasil. A produção é da Galeria HUM e da revista cultural Pitomba! “Poesia não é só poesia e nunca apenas poesia, mas diálogo e atrito com outras formas de expressão”. TrezeAtravésTreze é um exercício, uma possibilidade de aproximação entre artistas maranhenses que nas últimas três décadas se destacam na literatura e nas artes visuais”, diz Celso Borges. Poetas: Antonio Ailton | Celso Borges | Couto Correa Filho | Diego Menezes Dourado | Dyl Pires | Eduardo Júlio | Fernando Abreu | Jorgeana Braga | Josoaldo Rego | Lúcia Santos | Luís Inácio | Paulo Melo Souza | Reuben da Cunha Rocha; Artistas Plásticos: Almir Costa | Ana Borges | Claudio Costa | Cosme Martins | Ednilson Costa | Edson Mondego | Fernando Mendonça | Marçal Athayde | Marlene Barros| Ton Bezerra| Roberto Lameiras | Paulo Cesar | Victor Rego Bioque Mesito escreve em O Guesa Errante324 sobre a 20ª edição do Festival de Maranhense de Poesia (2006), promovida pela UFMA, resgatando um pouco o que foi: [...] Falando, especificamente, do Festival Maranhense de Poesia - evento promovido pela Universidade Federal, juntamente com o seu Departamento de Assuntos Culturais, em suas últimas edições vem perdendo o fôlego. A boa vontade do Diretor do Departamento de Assuntos Culturais, Euclides Barbosa Moreira Neto, é o que ainda impulsiona esse evento. Euclides vem dando chances aos artistas locais com sua política de difusão. O festival de poesia está repleto de poemas de baixa qualidade. Talvez por falta de uma lista de seleção mais rigorosa e também pelo grande número de concorrentes nas eliminatórias. Com certeza, diminuindo o número de participantes nas eliminatórias, o público ganhará com poesias de melhor qualidade e não o que vem acontecendo – poemas muito fracos, em sua maioria. Compreendemos, Euclides, a política que você realiza. O evento deveria ser realizado em apenas uma semana, com palestras, oficinas e debates sobre a literatura maranhense e brasileira. Assim, o Festival só ganharia e 320

http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/24/Pagina17.htm Jornal O ESTADO DO MARANHÃO. LEITURAS DE UMA NOVA LITERATURA MARANHENSE. Caderno Alternativo, São Luis, 13 de março de 2014, p.1. 322 HERBERT, Michel (Organizador). RECEITA POÉTICA – antologia. São Luis: Lithograf, 2009 323 http://ponteaereasl.wordpress.com/2011/12/13/exposicao-de-poesia-e-artes-plasticas-reune-26-artistas-na-galeria-hum/ 324 MESITO, Bioque. 20 edições do Festival Maranhense de Poesia da UFMA. MESITO, Bioque. A efervescente poesia da Cidade de Sousândrade. Guesa Errante, 15 de novembro de 2006, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2006/11/14/Pagina836.htm 321


poderia possuir a estirpe do Maracanto e/ou do Guarnicê – Cine/Vídeo, a maior e melhor realização do Departamento de Assuntos Culturais, coordenado por Euclides. O festival é um evento que aproxima o público da poesia e também serve de intercâmbio entre os poetas. Este ano o Teatro Arthur Azevedo ficou completamente lotado, o que demonstra o valor desse evento e da poesia maranhense. O festival é um dos poucos que ainda privilegia o talento poético em nosso Estado, somando-se, é claro, ao Concurso Cidade de São Luís, da Fundação Municipal de Cultura. Em uma cidade que respira poesia e tem uma efervescência poética, ainda é pouco. Temos, por exemplo, uma Academia Maranhense de Letras que passa quase sua totalidade fechada, sem realizar quase nada em prol dos escritores. Academia de Letras que é de suma importância na fomentação da cultura do nosso Estado, mas, que faz muito pouco, além de não socializar a Casa de Antonio Lobo, fechando-a para os intelectuais e o público em geral. A Academia Maranhense de Letras, esperamos, em sua nova administração, que democratize a Casa de Antonio Lobo e abra as portas para projetos práticos, sem o caldo político que era prática comum na gestão anterior. Sim. Voltando ao Festival Maranhense de Poesia, mais uma vez. Esse festival, ao longo dos anos, serviu para descobrir vários poetas como são os casos de Paulo Melo Souza, Roberto Kenard, Fernando Abreu, Antonio Aílton, Paulinho Dimaré, Rafael Oliveira, Ribamar Feitosa, Rosemary Rêgo, Mauro Ciro, Eduardo Júlio, Maria Aparecida Marconcine, Josoaldo Rêgo, César Borralho, João Almiro Lopes Neto, Francisco Tribuzi, Bioque Mesito, Dyl Pires, Cibele Bittencourt, César William, Junerlei Moraes, Geane Fiddan, Lúcia Santos, Ronnald Kelps, dentre outros.

Dilercy Adler e Leopoldo Gil Dulcio Vaz organizam a Antologia “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS” 325, em 2013, após quase três anos de intenso trabalho. Obra em dois volumes, contendo, o primeiro, 999 poemas em homenagem ao Poeta Caxiense, e o segundo, o poema: “Ilha do Amor – Gonçalves Dias e Ana Amélia”, de Alberico Carneiro326, completando mil poemas. Ainda, um terceiro volume, coletânea sobre a vida e obra de Antonio Gonçalves Dias, reunindo 46 pesquisadores327. E um quarto volume...xxi,328 A Antologia Mil poemas para Gonçalves Dias é a quarta organizada nesse sentido, em todo o mundo. Reuniu poetas do: Brasil, Chile, Peru, Uruguai, Portugal, Equador, México, Canadá, Panamá, Japão, e de Moçambique; dos Estados Unidos América; da Argentina, Bolívia, Venezuela, Espanha, França, Bélgica e Áustria. Do Brasil, diversos estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraíba, Goiás, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, Paraná, Piauí, Sergipe, Alagoas, Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte. Do Maranhão, a cidade de São Luís foi representada por 89 poetas, seguida de Caxias, Esperantinópolis, Guimarães, São Bento, Sambaíba, Carolina, Balsas, Palmeirândia, Pinheiro, Pedreiras, São Vicente Férrer, Vitória do Mearim, Codó, Paraibano, Turiaçu, Lago da Pedra, Coroatá, Pio XII, Dom Pedro, Cururupu, Presidente Dutra, São Francisco do Maranhão, Itapecuru-Mirim, Viana, Barra do Corda, Vargem Grande, São João Batista, São Bernardo, Barão do Grajaú. Há outros participantes sem identificação de país e/ou estado brasileiro. De acordo com Teixeira (2014) 329, um novo grupo se forma: “Marcha pela poesia”, movimento que nasceu numa dessas redes sociais que circulam pela Internet. Vem se reunindo no Centro de Criatividade “Odylo Costa, filho”. O autor da matéria não fala quem são os seus membros, mas trata-se de jovens com idade entre 25 e 30 anos, já com uma vasta produção divulgada através dos meios digitais, que já podem compor uma coletânea. 325

ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS. São Luis: EDUFMA; IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/mil_poemas1a_-_parte_1; http://issuu.com/leovaz/docs/mil_poemas1b_-_parte_2; CARNEIRO, Alberico. ILHA DO AMOR – GONÇALVES DIAS E ANA AMÉLIA. IN ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MIL MPOEMAS PARA GONÇALVES DIAS. São Luis: EDUFMA; IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/livro_alberico_1_ 327 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ADLER, Dilercy Aragão. SOBRE GONÇALVES DIAS. São Luis: EDUFMA; IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/sobre_gd2a_1; 328 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. APRESENTAÇÃO. In ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Organizadores) “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS” DIÁRIO DE VIAGEM. São Luis, 2014, no prelo. 329 TEIXEIRA, Ubiratan. HOJE É DIA DE... POETAS SE REUNEM NO “ODYLO”. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luis, 25 de março de 2014, sexta-feira. Caderno Alternativo, p. 8, disponível em http://imirante.globo.com/oestadoma/noticias/2014/04/25/pagina266627.asp, : Rapazes e moças que formam o grupo maranhense "Marcha pela Poesia" estarão se reunindo hoje no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho para escutar mais um luminar de nossa história literária, desta vez a poetisa, cronista e contista Arlete Nogueira da Cruz Machado e debaterem com a convidada aspectos importantes da cultura literária maranhense, sobretudo aqueles que forem destacados por Arlete ao longo de sua conversa. 326


Novamente Dilercy Aragão Adler e Leopoldo Gil Dulcio Vaz se unem, desta vez para a Antologia “190 poemas para Maria Firmina dos Reis” 330, e a Coletânea “Sobre Maria Firmina dos Reis”331. Em comemoração aos 190 anos de nascimento da primeira escritora (negra) brasileira e maranhense, Maria Firmina, patrona da Academia Ludovicense de Letras. E tem-se o “Catálogo dos Cafés Literários do Odylo”, organizado por Ceres Fernandes, dos quatro anos de palestras, debates, entrevistas e mesas redondas, 30 cafés, editado por Jomar Moraes. Certamente mais um documento de atividades literárias realizadas em São Luís332... Agora, publicado - em 2015 - sob o título “Café Literário – Centro de Criatividade Odylo Costa, filho 2010-2014 – Memória, organização de Ceres Costa Fernandes”.

330

ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, leopol,do Gil Dulcio. 190 POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS. São Luís: ALL, 2015. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ADLER, Dilercy Aragão. SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS. São Luis: ALL, 2015. FERNANDES, Ceres. Correspondência pessoal. Em 11 de março de 2014. Via correio eletrônico. FERNANDES, Ceres. 2015 331 332


APRESENTANDO ANTONIO AILTON LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ333 Antonio Aílton é Poeta, professor, e ensaísta, com formação em Letras pela Universidade Federal do Maranhão, Mestre em Educação (com enfoque em Cultura e Imaginário) também pela UFMA; Especialista em Crítica da Literatura Contemporânea, pela UEMA. Doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco, com estudo sobre poesia contemporânea. É professor de Ensino Médio do Estado do Maranhão e tem ministrado disciplinas modulares (Teoria e Crítica Literária, Pós-Modernismo e Literatura, Semântica e Pragmática, Leitura de Poesia, Filosofia e Sociologia da Educação, na UEMA, UFMA e IESF (Instituto Superior Franciscano). Tutor à distância de Literatura Brasileira e Teoria da Literatura (EaD-UFPE). É Membro da Academia Bacabalense de Letras, cadeira 08. Entre suas publicações tem Compulsão Agridoce (Poesia - Paco Editorial, 2015) 334; Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis (2008, Prêmio Cidade do Recife de Poesia), As Habitações do Minotauro (Poesia, 2001 - Prêmio Cidade de São Luís) e Humanologia do eterno empenho: conflito e movimento trágicos em A Travessia do Ródano, de Nauro Machado. Tem participação em antologias locais e nacionais e na Revista Poesia Sempre (2008). Em 2015, seu livro Compulsão Agridoce foi publicado pela Paco Editorial/SP. Integra os meios culturais e literários de São Luís – MA e colabora no Suplemento Cultural & Literário JP Guesa Errante. Apenas esses pequenos dados biobibliográficos já são suficientes para que justifique sua escolha, em eleição, para membro da ALL... Agradeço a gentileza do amigo em me apontar o dedo, para fazer sua apresentação, ao ingressar nesta Casa de Maria Firmina dos Reis. Esta foi a segunda tentativa; quando em 2014, se abriram vagas remanescentes por indicação dos membros fundadores, conversei com ele, lá em casa, durante suas férias, para que me mandasse seus dados para fazer a indicação. Explico: recém fundada a ALL, entrou em contato para saber mais; foi à minha casa – era inicio de fevereiro – e lá olhando em volta disse lembrar que já estivera ali – será? – e lembrou: Louise (minha filha...); sou amigo de Louise e já vim aqui, algumas vezes... Estava explicado de onde nos conhecêramos, já... Depois de algumas conversas, fiz o convite para ingresso na ALL; infelizmente, a documentação chegou dois dias após o encerramento do encaminhamento das indicações... Já deveria ser nosso Confrade há mais tempo... Mas nesta primeira oportunidade, cá está ele, com a maioria dos votos... Sem chances para os ‘concorrentes’... Sobre sua vasta obra, afirma: “A minha poesia está voltada para o eu, abordando temas do mundo contemporâneo, sem deixar de investir nos temas do campo, trazendo para o texto um pouco da vida rural, das minhas raízes”, explica o poeta. Consigo trazer esses aspectos para boa parte dos poemas do(s) livro(s) 335 . “Idades dos metais”, “Poema para chuva” e “Aqui, mas onde, como” são alguns dos títulos que deixam transparecer essa perspectiva, explorando os versos livres, num misto entre a linguagem erudita e mais popular, contemporânea. Poeta ludovicense, que por descuido geográfico nasceu em Bacabal336 – daí dizer que sua poesia é influenciada pelas suas raízes do campo –, nasceu em 29 de dezembro de 1968. De um dos contatos que mantivemos, mandou-me a sua biobliografia; valho-me de suas próprias palavras para traçar seu perfil, este que prefere: FRAGMENTOS SUBJETIVOS DE UMA BIOBIBLIOGRAFIA TRANSITADA DE MUITOS Para Aílton, as biobibligrafias são uma tentativa de objetivação em forma de fragmentos dispersos de ação e produção, e só podem começar in media res. Começou esta de quando avistou, em certa manhã do final de 333

Membro fundador da ALL, Cadeira 21, discurso de apresentação de Antonio Ailton, no dia de sua Posse na Cadeira... https://www.wook.pt/autor/antonio-ailton/3797454 335 In SANTOS NETO, Manoel. Blogo do Manoel Santos, publicado em 23/07/2009, disponível em http://jornalpequeno.blog.br/manoelsantos/2009/10/23/antonio-ailton-realiza-em-sao-luis-o-lancamento-de-seu-premiado-livro-depoesias/ , acessado em 08/01/2017 336 http://abletras.webnode.com.pt/cadeira-08-antonio-ailton/, acessado em 25/04/2014 334


1987, o mar cinza de São Luís do Maranhão. Seu destino: Escola Agrotécnica [Bairro do Maracanã], na qual só passou três ou quatro meses, e logo foi “dispensado” por falta de recursos financeiros. Tornou-me insustentável para a Escola. É preciso dizer que já trazia a poesia na algibeira, de tempestades e ímpetos juvenis em Bacabal-MA. Apague-se um certo momento em que perambulou por prédios velhos da Praia Grande, em São Luís, sustentado por duas mulheres, uma das quais sua irmã, reencontrada milagrosamente após cinco ou dez anos sem se verem, e à qual fez um poema muitos anos depois (poema “SVP” - Revista Poesia Sempre, org. Marco Luchesi, 2009). Sujeito religioso e proveniente de um mundo mítico-telúrico-infernal (Interior da região do Mearim), fez Teologia por quatro anos. Ailton acredita que alguns poemas de As Habitações do Minotauro (Poesia, FUNC – 2000) têm uma carga inegável de momentos de conflito bruto de um sujeito religiosamente desordenado. Isso não explica o livro nem implica biografismo literário. São vivências. Há um poema significativo e que incrivelmente chama-se BIOBIBLIOGRAFIA, retirado da gaveta, em 1993, para participar do IX Festival de Poesia Falada da UFMA O Festival aconteceu no Auditório Central da UFMA, e recebeu o terceiro lugar. O maior dos ganhos – afirma - foi conhecer vários outros poetas iniciantes e começar integrar-se na vida literária da cidade. Foi convidado pelo poeta Altemar Lima para participar de um grupo dali remanescente, o quase efêmero Sociedade dos Poetas Vivos – mais Edmundo, Kleber Leite, Anne Glauce... Chegaram a fazer recitais e dar entrevistas na Rádio Universidade. Perguntase: Que fim levamos?... O Palacete Gentil Braga e seus Festivais de Poesia Falada passou a ser suas casas (vide antologias desses festivais) de encontros e lembrança de poesia, naquele período. No XI Festival cheguou a receber segundo lugar pelo Poema-Fato ou Fenômeno, interpretado magnificamente por Sandra Cordeiro. Recebeu a amizade e o estímulo do poeta visionário Eudes de Sousa, que o levou às reuniões da já ancestral Associação Maranhense de Escritores. Foi lá que conheceu Jorge Nascimento, Jose Maria Nascimento, e Nauro Machado, além da jovem poeta Rosemary Rego. (Inclinemos nossas cabeças, em pranto e oração, pela sua partida... obrigado) Na mesma época, conheceu o incansável Alberico Carneiro, então Editor do Suplemento Vagalume, publicado pelo SIOGE-MA. O Vagalume foi para Aílton o contato mais fundamental para a poesia que se fazia no Maranhão naquele momento, A poesia noturna era recitada pelo grupo Poeme-se, Paulo Melo Sousa, Riba, Antonio Carlos Alvim Filho, Cláudio Terças, Elício Pacifico, Rosa... Paulo Melo também promovia oficinas de poesias, de algumas das quais participou o poeta Dyl Pires. A confluência de grupos e festivais levou-o à companhia e à verdadeira amizade de poetas com os quais depois, somados mais alguns, formariam o Grupo Curare de Poesia: Eudes de Sousa, Hagamenon de Jesus, Bioque Mesito (à época, Fábio Henrique), Dyl Pires, Ricardo Leão (à época, Ricardo André), Natan, Marco Pólo Haickel, Jorgeane Braga, Judith Coelho, Rosemary Rego, César Willian, Couto Correa, Gilberto Goiabeira, Dylson Júnior, O Curso de Letras rendeu-lhe outras confluências: Karina Mualen, Ilza Cutrim, Jô Dantas, Lindalva Barros, Dino Cavalcante e José Neres... Substituiu (junto com Manoel Rosa Gomes) Dino Cavalcante na presidência do Diretório Acadêmico de Letras por dois mandatos ou quatro anos. A diferença política essencial é que Dino nunca aprendeu o caminho do Bambu Bar, no Sá Viana, batismo sagrado dos estudantes da UFMA, à época. Ascensão total do reggae nas calouradas e em São Luís do Maranhão. Escreveu Carta a Madré 2º Pacote num dia de solidão e angústia DA de Letras da UFMA. Estava morando na “Casa de Estudante Universitário do Maranhão – CEUMA”, na Rua São Pantaleão 198. É dessa época o prêmio da Aliança Francesa, o Premier Prix - Concours "Brésil, Terre Latine", Alliance Française/UFMA/Academia Maranhense de Letras. O Grupo Curare planejava o lançamento de uma revista com poesia de qualidade, a Sygnos, a cujo nome foi acrescentado “.doc” [Sygnos.doc], sugerindo algo de bastante “atual”, naquela época. O Curare se desfez,


mas o seu espírito ficou. Curare: um veneno, ou um espírito. Dos encontros aos domingo na casa de um dos poetas amigos e finalmente os domingos passaram aos almoços na casa de “Seu” Gojoba (jornalista – responsável pelo Tribuna do Nordeste) e Dona Graça, sua esposa e nossa mãe. Acrescentaram-se os poetas Samarone Marinho e Mauro Ciro (Grupo Carranca), filho de Gojoba. Sem podermos levar adiante os projetos do grupo por pura falta de grana e apoio, passamos a torcer pelos sucessos individuais. Em 1999 recebeu o Prêmio Sousândrade, “Concursos Cidade de São Luís”, com Habitações do Minotauro, e também em 2002, com Humanologia do eterno empenho: Conflito e movimento trágicos em A travessia do Ródano de Nauro Machado (Ensaio, FUNC – 2003), ensaio resultante da monografia de graduação em Letras. Em 2006, foi vencedor do Prêmio Eugênio Coimbra Júnior, categoria poesia do “Prêmios Literários Cidade do Recife”, um importante prêmio nacional, naquele momento, e que já houvera premiado dois maranhenses: José Maria Nascimento, em 1976(?), e Couto Corrêa Filho, em 2005. Também em 2006 fui gentilmente aceito para cadeira 08 da Academia Bacabalense de Letras, patroneada pelo Pe. Carvalho e deixada em vacância pelo falecimento do poeta Eduardo Freitas. Seu livro Os dias perambulados & outros tortos girassóis foi publicado então pela Fundação de Cultura Cidade do Recife, em 2008. Ano em que fez especialização em Perspectivas Críticas da Literatura Contemporânea, pela Universidade Federal do Maranhão. Também no mesmo ano iniciou Mestrado em Educação, terminando em 2011 com a dissertação JANELAS DO CONTAR [NA MICROSSÉRIE HOJE É DIA DE MARIA]: Atravessando os limiares entre imagem e educação, narrativa e vida. Não podemos deixar de citar seu trabalho de parceria com Alberico Carneiro - um intelectual que merece admiração e respeito –na colaboração com o Suplemento Literário & Cultural JP Guesa Errante, desde 2007. Em 2013 iniciou Doutorado em Teoria da Literatura na Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, com o projeto de tese A EXPERIÊNCIA LÍRICA ENTRE O MEMORIAL E O IMPREVISÍVEL: injunções de tempo e espaço na poesia contemporânea do Maranhão. Concluiu-o este ano, de 2017, a menos de um mês... BIOBIBLIOGRAFIA337 Hoje mesmo me declaro o empréstimo, também o pó. E a cinza do Holocausto. Criatura do Deus-em-favor-dos-outros, imagem e semelhança dos livros que li, os quais em todos os poemas são a expressão do gozo supremo de meu pai, ao transmitir as dores da mãe que me teve com a sabedoria hebraica das parteiras. Pode-se dizer de minha palavra que sou outro do outro que não se possui. Fica o dito pelo não dito.

Antonio Aílton pertence à geração poética de 90 que legou à literatura maranhense grandes nomes que agora, nos meados desta segunda década do século XXI já dão mostras de amadurecimento – aqui, na ALL, já temos Dilercy Adler, Paulo Melo, Mário Luna Filho, Arquimedes Vale, Daniel Blume, André Gonzalez, Michel Herbert... Sócio-atleta inscrito na geração de poetas, professores, artistas, ensaístas que surgiram em torno do Suplemento Literário Vagalume; em torno do bar do Adalberto; dos festivais de poesia falada ou do mundo 337

Do livro AS HABITAÇÕES DO MINOTURO (FUNC, 2000)/Antologia Poética do XV Festival de Poesia Falada do Norte e Nordeste (UFS, 1996)


acadêmico-universitário da UFMA, em torno das oficinas e recitais programados pelo poeta Paulo Melo; dos festivais do SESC; dos concursos da FUNC, em torno do Grupo Curare e do Carranca, que confluíram em riso na alegria dos domingos na casa do jornalista Gojoba e do abraço gentil de sua esposa, Dona Graça; em torno do Concurso de Poesia Nascentes, da USP; do Poiesis ou da Vida é uma festa. Fizeram poesia pura338. Para José Neres (2009) 339, o fato de Antonio Aílton dividir-se entre a criação poética e a crítica ensaística, que poderia trazer problemas para uma pessoa com poucos recursos intelectuais e argumentativos, transformou-se, para ele Antônio Ailton, numa espécie de arma contra as mesmices literárias: Suas constantes leituras transparecem nas páginas de seus textos e imprimem em cada verso uma dicção própria de quem tem total consciência de seu fazer poético e das conseqüências das palavras impressas no papel. Seus versos não perseguem o lirismo fácil e banal, pelo contrário, estão sempre em busca do inusitado e do aparentemente indizível. Seus poemas não claudicam diante dos obstáculos e seguem em marcha, ora mais lenta, ora mais acelerada, rumo a soluções poéticas que vão além das rimas e da metrificação. Na análise de José Neres, é o ritmo cadenciado imposto por cada situação e a temática a ser desenvolvida, o eu lírico, que age como um flâneur vagando em busca de algo desconhecido até para ele mesmo. É em seu constante observar da realidade que o poeta, como um voyeur consciente de que pode perder a visão a qualquer instante, retira a matéria bruta que será lapidada em forma de poema. Seus textos, rápidos, não dão tempo para o leitor respirar e o sufocam cada tentativa de tomar fôlego. Em suma, seus poemas não são feitos para serem lidos por quem busque apenas lirismo e formas bem comportadas, mas sim por quem tenha coragem de perambular por um labirinto de sensações e de palavras e de onde, às vezes, a única saída é enfrentar algumas verdades para as quais fechamos os olhos no nosso dia a dia. 340 Encerrando, gostaria de transcrever um ‘recado eletrônico’ que recebi de Aílton: Caro Leopoldo, finalmente envio a lista DEFINITIVA dos poemas para a preciosa antologia que estás montando. Estive na correria estes dias, daí o atraso, mas espero que a tempo, pois sei do teu cuidado em agilizar o que realmente precisa ser agilizado. A montagem desses poemas segue criteriosamente meu percurso literário, e espero que me te agrade. São esses os poemas, os quais não vou lê-los: IDADE DOS METAIS Ao amanhecer por entre as ruas o sol tropeçou em dois cadávares.

338

SILVA, Antonio Aílton Santos. Os Cabos de Guerra da Poesia da São Luis Contemporânea. In ALL EM REVISTA, São Luis, n. 3,

vol. 4, out/dez. 2016, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__numero_4 , acessado em 08/01/2017; Texto originalmente publicado no SUPLEMENTO CULTURAL & LITERÁRIO JP GUESA ERRANTE ANO X, Edição 281, 8 de setembro de 2012 , p. 8 e 9 – Sábado, e no site http://www.guesaerrante.com.br/2012/9/27/poesia-nos-400—os-cabos-de-guerra-dapoesia-da-sao-luis-contemporanea-4400.htm, de autoria de Antonio Ailton, apesar de não constar a autoria na página do site.] disponível em https://antonioailton.wordpress.com/ 339

NERES, José. Perambulando pelas habitações. In Blog do José Neres, disponível em http://joseneres.blogspot.com.br/2009/10/antonio-ailton.html, acessado em 08/02/2017. 340 NERES, José. Perambulando pelas habitações. In Blog do José Neres, disponível em http://joseneres.blogspot.com.br/2009/10/antonio-ailton.html, acessado em 08/02/2017.


Sombras da noite inoxidável, a catadora de latinhas tem mais coisas a fazer. Chagas Val Bioque Mesito Bruno Azevedo Felipe Magno Silva Pires

O JARDIM DE PO CHÜ-YI Dizem aí que Fulano é um grande poeta que tem estilo, e até consegue imitar a si mesmo, para conservar sua marca Que é como Picasso depois de Les Demoiselles Quanto a mim, sei que meu pequeno jardim não é como o das grandes casas de portões vermelhos dos poetas que olham desdenhosos o outro lado do bulevar Não é como os planejados para a entrada dos grandes colégios nem como os que embelezam ainda mais os fluxos do sol que rebatem nas vitrines das grandes empresas Em meu pequeno jardim, eu sei, há flores grandes e minúsculas, coloridas e tristes, às vezes perfumadas e há também flores falsas como é natural das plantas flores enjambradas e ervas daninhas que tenho preguiça de tirar, ou não sei como então deixo aos poucos amigos quando vêm beber vinho olharem e dizer: “ô, isso cresceu aí...”, e respondo: “foi mesmo...” Então vamos beber um pouco mais de vinho, e aponto uma velha espreguiçadeira herdada de Po Chü-yi poeta mais sábio que todos nós juntos, e que após ouvir o alaúde perguntava: “Por que suspirar por grandes terraços, açudes quando um pequeno jardim é tudo quanto basta?” [tempo TEMPO e caramujo], inédito.

BIOBIBLIOGRAFIA341 Hoje mesmo me declaro o empréstimo, também o pó. E a cinza do Holocausto. Criatura do Deus-em-favor-dos-outros, imagem e semelhança dos livros que li, os quais em todos os poemas são a expressão do gozo supremo de meu pai, ao transmitir as dores da mãe que me teve com a sabedoria hebraica das parteiras. Pode-se dizer de minha palavra que sou outro do outro que não se possui. 341

Do livro AS HABITAÇÕES DO MINOTURO (FUNC, 2000)/Antologia Poética do XV Festival de Poesia Falada do Norte e Nordeste (UFS, 1996)


Fica o dito pelo não dito. PRAIA GRANDE, In memoriam342 Cada um dos que passeiam arrisca uma saída na ironia insuportável das estradas o feliz, a praça o traído, a taça o saudoso, a traça o poeta, o poema aceso nas paredes azulíricas... Metafísico, o destino se aproxima do Teatro marcando em compassos o suicídio das estrelas tic tac tics glub A história e o sangue tornando-se um só corpo sem retrocesso. E quem tentar fugir da cópula Terá sua identidade estraçalhada entre as pedras, entre as pernas. A RECLUSA343 todos os dias, a reclusa olhava pela fresta da janela e, tecendo o seu tricô, não se importava se os poetas cantam para dentro ou para fora

ESCRITOS ALEATÓRIOS PARA MASCARAS E INCERTEZAS 344 [6]

Flor é a palavra flor, não por dizer, mas por silenciar Flor é o crisântemo aceso, aguardando com ansiedade a visitante tardia Flor é o bicho de Lígia Clark quando você toca e ele se abre Flor é a orelha decepada de tuas obsessões psicossexuais derramando girassóis no ocaso para espantar os últimos corvos 342

Do livro AS HABITAÇÕES DO MINOTURO (FUNC, 2000)/Antologia Poética do XV Festival de Poesia Falada do Norte e Nordeste (UFS, 1996) 343 Do livro OS DIAS PERAMBULADOS & OUTROS TORTOS GIRASSÓIS (Fundação Cultural do Recife, 2008) 344 Do livro OS DIAS PERAMBULADOS & OUTROS TORTOS GIRASSÓIS (Fundação Cultural do Recife, 2008)


(há sempre relações possíveis entre flores e navalhas) Flor: rã de Patrick Süssekind na vulvinha virgem da próxima vítima engolindo insetos e aspirando o hálito ainda quente de um perfume desconhecido Há flores que nascem no estrume das feiras livres de Paris Mas não exagere em arte conceitual, chá de papoula é natureza morta pintada de amarelo

O MOINHO DE ARISTÓTELES345 O movimento endurece, passam as mães passam as irmãs passam as amadas as guimbas da primavera e as floradas de frieira nos pés do inverno O eterno é a regra ou a frieza? Eu o misógeno o insólito amarrador de roupas “aonde vais, blusa arrastada na ausência demasiada?...” Descubro agora ó forma louca ápice do meu movimento que me fixei aos moinhos de vento

Desculpem-me se me alonguei demais; é que o meu amigo, e hoje, meu afilhado nesta casa, merece o tempo despendido em sua já vasta obra e militância. Aos que votaram em Aílton, obrigado – em seu nome – pelos votos, que permitiram tê-lo como mais um Quixote a lutar contra os moinhos imaginários das letras ludovicenses. Seja bem vindo, Aílton!!! Obrigado.

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De Compulsão Agridoce [Deslizes para o livro imperfeito] – à época, Inédito


i

LAROCHE, Marília de. “Conheça Rei Zulu e Zuluzinho, os lutadores do Maranhão, disponível em http://www.divirtase.uai.com.br/html/sessao_13/2010/11/15/ficha_ragga_noticia/id_sessao=13&id_noticia=30972/ficha_r agga_noticia.shtml e em http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=126140

ii

TUBINO, Manoel José Gomes. ESTUDOS BRASILEIROS SOBRE O ESPORTE – ênfase no esporte-educação. Maringá: Eduem, 2010 iii DIEM, Carl. História de los deportes. Barcelona: Corali, 1966 iv EPPENSTEINER, F. El origen Del deporte. In CITIUS, ALTIUS e FORTIUS. Madri, XV, p. 259-272, 1973 v in http://www.facebook.com/topic.php?uid=136381899755284&topic=70 vi https://pt.wikipedia.org/wiki/Huka-huka vii http://www.efdeportes.com/efd157/a-agarrada-marajoara-como-manifestacao-de-identidadecultural.htm viii http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/capoeira+maranhao+agarre+marajoara ix Mestre Baé - FECAEMA – Federação de Capoeira do Estado do Maranhão. Mestre/Presidente do Grupo Candieiro de Capoeira Ver Orkut;Mestre Baé ou baecapoeira@hotmail.com x VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. In Blog do Leopoldo Vaz, disponível em: http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/22/em-busca-do-elo-perdido-historiamemoriada-educacao-fisica-nodo-maranhao/ xi xii

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notícias do Maranhão in JORNAL DO CAPOEIRA – 05/06/2005 – disponível em - http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/capoeira+maranhao+agarre+marajoara

xiii xv

http://salavideofica.blogspot.com/2010/11/1930-c-ernest-cadlewild-men-of-kalahari.html

Poesia concreta é um tipo de poesia vanguardista, de caráter experimental, basicamente visual, que procura estruturar o texto poético escrito a partir do espaço do seu suporte, sendo ele a página de um livro ou não, buscando a superação do verso como unidade rítmico-formal. Surgiu na década de 1950 no Brasil e na Suíça, tendo sido primeiramente nomeada, tal qual a conhecemos, por Augusto de Campos na revista Noigandres de número 2, de 1955, publicada por um grupo de poetas homônimo à revista e que produziam uma poesia afins. Também é chamada de (ou confundida com) Poesia visual em algumas partes do mundo. O poema concreto é um objeto em e por si mesmo, não um intérprete de objetos exteriores e/ou sensações mais ou menos subjetivas. seu material: a palavra (som, forma visual, carga semântica) . seu problema: um problema de funções- relações desse material. fatores de proximidade e semelhança, psicologia de gestalt. ritmo: força relacional. o poema concreto, usando o sistema fonético (dígitos) e uma sintaxe analógica, cria uma área linguística específica - "verbivocovisual"- que participa das vantagens da comunicação não-verbal, sem abdicar das virtualidades da palavra, com o poema concreto ocorre o fenômeno da metacomunicação: coincidência e simultaneidade da comunicação verbal e não verbal, com a nota de que se trata de uma comunicação de formas, de uma estrutura-conteúdo, não da usual comunicação de mensagens. a poesia concreta visa ao mínimo múltiplo comum da linguagem, daí a sua tendência à substantivação e à verbificação : "a moeda concreta da fala" (sapir). daí suas afinidades com as chamadas "línguas isolantes"( chinês) : "quanto menos gramática exterior possui a língua chinesa, tanto mais gramática interior lhe é inerente ( humboldt via cassirer) . o chinês oferece um exemplo de sintaxe puramente relacional baseada exclusivamente na ordem das palavras ( ver fenollosa, sapir e cassirer). http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia_concreta

xvi

Neoconcretismo foi um movimento artístico surgido no Rio de Janeiro, Brasil, em fins da década de 1950, como reação ao concretismo ortodoxo. Os neoconcretistas procuravam novos caminhos dizendo que a arte não é um mero objeto: tem sensibilidade, expressividade, subjetividade, indo muito além do mero geometrismo puro. Eram contra as atitudes cientificistas e positivistas na arte. A recuperação das possibilidades criadoras do artista (não mais considerado um inventor de protótipos industriais) e a incorporação efetiva do observador (que ao tocar e manipular as obras torna-se parte delas) apresentam-se como tentativas de eliminar a tendência técnico-científica presente no concretismo. O movimento neoconcreto nunca conseguiu impor-se totalmente fora do Rio de Janeiro, sendo largamente criticado pelos concretistas ortodoxos paulistas, partidários da autonomia da forma em detrimento da expressão e implicações simbólicas ou sentimentais. O MANIFESTO NEOCONCRETO - No dia 23 de março de 1959, o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil , (dirigido por Reynaldo Jardim, participante do movimento) publicou o 'Manifesto Neoconcreto', assinado por Ferreira Gullar , Reynaldo Jardim , Theon Spanudis , Amílcar de Castro , Franz Weissmann , Lygia Clark e Lygia Pape . http://pt.wikipedia.org/wiki/Neoconcretismo.

xvii

Em 26 de maio de 1972, foi lançada, em Noite de Autógrafos, em São Luís do Maranhão, a antologia poética Antroponáutica, que apresenta poemas de poetas até então inéditos, em livros. Eram eles Chagas Val, Luís Augusto Cassas, Raimundo Fontenele, Viriato Gaspar e Valdelino Cécio. Para eles, alguma coisa estava errada, já que a Semana de Arte Moderna havia acontecido, de maneira ruidosa, há 52 anos antes, em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo e poucos, à exceção de Nascimento Moraes Filho, Ferreira Gullar, Bandeira Tribuzi, Oswaldino Marques, Lago Burnett e José Chagas, pouquíssimos outros dela tomaram conhecimento, decorridas cinco décadas. Era como se São Luís vivesse ainda em plena época do soneto parnasiano sem tomar conhecimento sequer da linguagem revolucionária de O Guesa, de Sousândrade. GASPAR, Viriato. Os Trinta Anos Pós-Antroponáutica. GUESA ERRANTE, Suplemento literário – Jornal pequeno, São Luis, 29 de novembro de 2005. xviii Com a instituição dos Jogos Florais no ano de 1960, o movimento dos trovadores (então sob a égide do GBT, Grêmio Brasileiro de Trovadores) teve um grande impulso, embora ainda incipiente. Com a fundação e o estatuto definitivo em 1966, a entidade passa a multiplicar-se pelo país inteiro. http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Brasileira_de_Trovadores xix PLANO EDITORIAL DA SECMA: PRÊMIO GONÇALVES DIAS DE LITERATURA: “Quando em 1994, a governadora Roseana Sarney extinguiu o Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado, SIOGE, uma instituição que iria completar 100 anos de serviços prestados ao Estado, os artistas se ressentiram de um golpe jamais esperado. Com isso, houve um sensível prejuízo para os Planos Editoriais existentes do próprio Sioge, da Secretaria de Cultura do Estado e da Fundação Cultural do Município de São Luís, já que os livros eram editados na gráfica daquele Órgão. http://www.guesaerrante.com.br/2009/11/19/Pagina1204.htm, 19 de novembro de 2009


xx

Instituído pela Prefeitura de São Luís, através da Fundação Municipal de Cultura – FUNC, atendendo o que rege a Lei Municipal nº 560, de 03/09/1995 e objetivando descobrir, divulgar e premiar valores artísticos e culturais do Maranhão. De caráter competitivo e classificatório, aberto a 6 (seis) gêneros artísticos e literários de obras inéditas (exceção para os trabalhos de jornalismo) em língua portuguesa de autores maranhenses ou comprovadamente radicados a pelo menos 1 (um) ano no Estado. DAS CATEGORIAS: 1 – Prêmio Aluízio Azevedo: para obra de ficção compreendendo novelas, romances, contos, peça teatral e literatura infantil; 2 – Prêmio Antonio Lopes: para obra de erudição, compreendendo crítica literária e pesquisa folclórica; 3 – Prêmio Sousândrade: para livro de poesia; 4 – Prêmio Zaque Pedro: para obra literária na área das artes plásticas, que resgate a memória de artistas, obras ou movimentos artísticos maranhenses; 5 – Prêmio Inácio Cunha: para obra literária na área musical, que resgate a memória de artistas maranhenses; 6 – Prêmio para Jornalismo: para trabalho de jornalismo impresso.

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. APRESENTAÇÃO. “Estava eu no meu canto, saboreando o ‘dulce far niente’ pós ressaca das correrias dos últimos seis meses dedicados integralmente ao Projeto Gonçalves Dias – não conto o ano e alguns meses anteriores a 2013... Quando a Dilercy manda mensagem: Combinamos produzir um ‘Diário de Viagem’. Depois lhe falo melhor do Projeto, combinamos no ônibus. Mas, de um modo geral, é escrever sobre a participação e impressão no/do evento. [...]. O nome proposto é: “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS: diário de viagem.” In ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Organizadores) “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS” - DIÁRIO DE VIAGEM. São Luis, 2014, no prelo.


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