REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 17 – FEVEREIRO - 2019
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE REVISTA DO LEO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076
CAPA: Leopoldo Gil Dulcio Vaz conduzindo a Tocha Olímpica em São Luis-MA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino, Especialista em Lazer e Recreação, Mestre em Ciência da Informação. Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado; Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e de Pesquisa e Extensão); Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros publicados, e mais de 250 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Comissão Comemorativa do Centenário da Faculdade de Direito do Maranhão, OAB-MA, 2018; Recebeu: Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM; Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; ALL em Revista, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, vol 1, a vol 4, 12 16 edições. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
REVISTA DO LÉO
NÚMEROS PUBLICADOS
2017 VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017
2018 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 - MARÇO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL - MARÇO 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 - MAIO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 - EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 - SETEMBRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20?
VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018
https://issuu.com/…/docs/indice_da_revista_do_leo_-_2017-201
2019 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019 VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019
EDITORIAL
A “REVISTA DO LÉO”, eletrônica, é disponibilizada, através da plataforma ISSUU https://issuu.com/home/publisher. É uma revista dedicada às duas áreas de meu interesse, que se configuraram na escolha de minha profissão – a Educação Física, os Esportes e o Lazer, e na minha área de concentração de estudos atual, de resgate da memória; comecei a escrever/pesquisar sobre literatura, em especial a ludovicense, quando editor responsável pela revista da ALL, após ingresso naquela casa de cultura, como membro fundador. Estou resgatando minhas publicações disponibilizadas através do “Blog do Leopoldo Vaz” – que por cerca de 10 anos esteve na plataforma do G1/Globo Esporte/Mirante, recentemente retirado do ar, quando da reestruturação daquela mídia de comunicação; perdeu-se o registro, haja vista que o arquivo foi indisponibilizado. Quase a totalidade do que ali foi publicado apareceu, também, no Centro Esportivo Virtual – CEV -, http://cev.org.br/ , https://www.facebook.com/cevnauta/: e nas Comunidades que administrava e/ou participava, em especial: - Educação Física no Maranhão, http://cev.org.br/comunidade/maranhao, https://www.facebook.com/search/top/?q=cev%20educa%C3%A7%C3%A3o%20f%C3%ADsica%20no %2 0maranh%C3%A3o - História dos Esportes, https://www.facebook.com/search/str/cev+hist%C3%B3ria+da+educa%C3%A7%C3%A3o+f%C3%ADs ica +e+dos+esportes/keywords_search - Atletismo, https://www.facebook.com/groups/cevatletismo/ - Capoeira, https://www.facebook.com/groups/cevcapoeira/ e agora, no Facebook, https://www.facebook.com/groups/cevefma/. Do “Atlas do Esporte no Maranhão” colocarei os capítulos no atual estado-da-arte, e sempre que houver algum fato novo, a sua atualização: http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ No campo da Literatura Ludovicense/maranhense, permanece aberta às contribuições, em especial, a construção da “Antologia Ludovicense”. http://all.org.br/all_em_revista.html A partir deste número, com novos colaboradores, internacionaliza-se, com os Lusofonos... Esta, a proposta... Está totalmente aberta às contribuições... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER REI ZULU – A MAGESTADE NEGRA POR BRUNO TOMÉ FONSECA “WRESTLING” TRADICIONAL MARANHENSE – O TARRACÁ: A LUTA DA BAIXADA - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O SERVIÇO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DOS ESPORTES, DO LAZER E DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO/DO MARANHÃO: CONSTRUÇÃO DE UMA ANTOLOGIA DE TEXTOS DESPORTIVOS DA CULTURA BRASILEIRA: PROPOSTA E CONTRIBUIÇÕES FREI EPIFÂNIO DA BADIA, O FREI BOM DE BOLA - EDMILSON SANCHES 100 ANOS DA “INAUGURAÇÃO DO ‘FOOT-BALL ASSOCIATION’ NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CAPOEIRA: DESENVOLVIMENTO E ASPECTOS HISTÓRICOS - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ANOS 70 NO MARANHÃO - "IMPORTAÇÃO" DE PROFESSORES, TÉCNICOS E ATLETAS – LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (ORGANIZADOR/EDITOR) NATAÇÃO NO MARANHÃO HISTÓRICO VIVA AGUA LIVRO ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA EXPOSIÇÕES DAS BIOGRAFIAS DOS MESTRES DE CAPOEIRA DO ESTADO DO MARANHÃO Abertura da Semana da Capoeira realizada pela Federação Maranhense de Capoeira FMC MESTRE SR. MIYAGE MESTRE ANTONIO BEZERRA DOS SANTOS MESTRE EVANDRO MESTRE CADICO MESTRE JUVENAL MESTRE PALHANO ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES EM DEFESA DO CEFET-MA NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE CLAUDIO VAZ, O ALEMÃO - E O LEGADO DA GERAÇÃO DE 53 CAPÍTULO DO LIVRO INÉDITO – OS ANOS 30 E 40 QUERIDO PROFESSOR DIMAS CAPÍTULO DO LIVRO - FESTIVAL ESPORTIVO DA JUVENTUDE - FEJ -, Precursor dos JEM's A FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO FRENTE À LEGISLAÇÃO DE ENSINO – 1918/1941 LUSOFONIA JOSE MANUEL CONSTANTINO
PERPLEXIDADE... DA COR DA ROUPA: AZUL OU ROSA? DA FUNÇÃO DAS PALAVRAS ACADEMIA BRASILEIORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOTAS
REINCIDIR NO ERRO O PENSAMENTO DO JORGE BENTO
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MEMÓRIA DA EDUCAÇão FÍSICA, ESPORTES E LAZER Artigos, crônicas, publicadas nas diversas mídias – jornais, revistas dedicadas, blogs – pelo Editor, resgatadas... Serão replicadas na ordem em que escritas e divulgadas.
“WRESTLING” TRADICIONAL MARANHENSE – O TARRACÁ: A LUTA DA BAIXADA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ […] ladies and gentlemen, let me introduce you to…Tarracá. It was used by a Vale Tudo fighter who called himself “Rei Zulu” in the early 80´s here in Brazil; he kicked (better yet, throwed around) quite a few asses before getting tapped out by Rickson in 1984. www.bullshido.net Ao buscar a origem do ‘tarracá’ deparamos com alguns termos realcionados às lutas tradicionais portuguesas, introduzidas no período colonial, por migrantes açorianos, que se dedicavam à criação de gado, em especial, na Baixada maranhense – ocidental e oriental. “Wrestling” tradicional (em inglês: folk wrestling; lit. luta tradicional) é denominação geral de várias disciplinas de “wrestling” ligadas a um povo ou a uma cultura, que podem ou não ser codificados como um esporte moderno. A maioria das culturas humanas desenvolveu seu próprio tipo de estilo de “grappling”, único se comparado a outros estilos praticados. Enquanto diversos estilos na cultura ocidental podem ter suas raízes na Grécia Antiga, outros estilos, particularmente os da Ásia, foram desenvolvidos de forma independente. Tubino (2010, p. 20) i ao tratar da ‘origem do esporte’, refere-se aos estudos de Diem (1966) ii para quem a história do esporte é íntima da cultura humana. Ela vem da natureza e da cultura humana (EPPENSTEINER, 1973) iii: “[...] a natureza e a cultura coexistem ao criar um ‘instinto esportivo’, que para ela é a resultante da combinação do lúdico, do movimento e da luta.” Tubino (2010) refere-se que as antigas civilizações já tinham atividades físicas/pré-esportivas em suas culturas, a maioria com características utilitárias, que desapareceram com o tempo; outras se transformaram em esportes autônomos, esportes considerados “puros”, que continuaram a ser praticados ao longo do tempo sem sofrer influência de outras culturas. Quando essas práticas permanecem, mas sofrem modificações de outras culturas, geralmente de nações colonizadoras, passam a ser chamados de Esportes ou Jogos Tradicionais. Dentre as correntes esportivas contemporâneas (TUBINO, 2010, p. 54), encontramos, dentre outros, os Esportes Tradicionais, esportes consolidados pela prática durante muito tempo; os Esportes das Artes Marciais – provenientes da Ásia, inicialmente praticadas militarmente pelos guerreiros feudais, e hoje práticas esportivas: jiu-jitsu, judô. Karatê, taekwondo; os Esportes de Identidade Cultural, que são aqueles com vinculação cultural: no Brasil, a Capoeira principalmente; são identificadas outras modalidades esportivas de criação nacional, de prática localizada nos seus ”lócus”, inclusive as indígenas: Uka-uka, Corrida de Toras, etc., sem preocupações de práticas por manifestação. (p. 56-57): Entre algumas das culturas de luta presentes no contexto brasileiro, tendo algum impacto sobre a luta livre brasileira, podemos considerar wrestling huka huka (dos povos indígenas amazônicos), marajoara wrestling (praticado nas areias da Ilha do Marajó), tarracá (praticado no Maranhão) e capoeiragem (especialmente a partir da tradição praticada no Rio de Janeiro). Enquanto alguns especialistas mais antigos vieram do "greco-romano" wrestling contexto, a luta livre também recebeu algumas de suas influências” Notes on the History of Brazilian Luta Livre)iv (grifos nossos).
Rei Zulú, que praticava um jogo/luta aprendido ainda na infância, e que denominou de “tarracá” é a maior referencia do “Vale Tudo” no/do Maranhão. Nascido Casimiro de Nascimento Martins, em 09 de junho de 1947 é um lutador de Vale-Tudo: “criado em Pontal, no interior do Maranhão. Lá, aprendeu a Tarracá, luta cabocla praticada e ensinada por índios e negros da região. Como seus 17 irmãos, nunca frequentaram a escola. Cresceu forte e brincalhão. Aos 14 anos, mudou-se com a família para a Vila Ilusão (sic), na Ilha de São Luís.” (LAROCHE, 2010) v (grifos nossos). Para justificar seu estilo peculiar – força bruta – e por não ‘pertencer’ a uma escola do então Vale Tudo, ‘inventa’ a tradição de luta aprendida dos índios, TARRACÁ – atarracar, segundo Baé, ou atarracado, segundo Marco Aurélio – que vai se constituir em um estilo - maranhense – disseminado tanto por Zulu, em suas investidas no mundo da luta livre pelo mundo afora, como por seu filho Zuluzinho, quando coloca que seu estilo fora criado por seu pai – quem o treinava - e se chamaria ‘Tarracá’, de tradição indígena e negra, maranhense… É encontrada em diversas regiões do Maranhão, e ainda hoje praticada como luta, recebendo diversas denominações – tarracá, atarracado, atarracar, queda – de origem possível portuguesa, tradicional hoje nas brincadeiras de crianças. Ao se perguntar o que é o TARRACÁ, encontra ser: 1. uma luta indígena praticada em comunidades ribeirinhas. 2. uma manifestação lúdica, uma brincadeira comum entre pescadores da região (Baixada) 3. luta praticada na Baixada que foi “popularizada” pelo Rei Zulú. SENHORAS E SENHORES PERMITAM-ME APRESENTAR-LHE… TARRACÁ. Mestre Baé – da Federação de Capoeiravi – responde e informa sobre o “ATARRACAR” em correspondência eletrônica, Minha família sempre foi voltada para criação de gado e pescaria no interior, quando éramos crianças sempre a gente se atarracava um com o outro na beira do curral ou do rio e até no campo para ver quem era melhor de queda e isso porque a gente via os mais velhos fazerem também, meus avós e tios/avós falavam que isso sempre existiu o nome ATARRACAR e conhecido em vários interiores do Maranhão, mas nunca ouvir dizer que era uma LUTA ou eu tenho lido algo afirmando ser luta, sempre foi o nome dado a forma de nos pegarmos para dar uma queda no outro em um corpo a corpo mais nunca foi denominado como luta até porque era baseada mais na força física e jeito de cada um pegar e arremessar o outro no chão através de uma queda. Luta pelo que eu tenho conhecimento possui técnica, bases, nomenclatura de movimentos, regras e etc.. Então, é uma tradição na Baixada, uma forma de movimento agonístico, em forma de luta, conforme Baé guarda em suas memórias. Este Mestre Capoeira não considera aquela brincadeira como luta, dado seu conhecimento da Capoeira, e sua sistematização. Em outra correspondência, recebida de Mestre Marco Aurélio, em que indaguei sobre a busca da origem do “TARRACÁ”, estilo de luta livre (hoje seria MMA) adotado pelo lutador maranhense Zuluzinho, que aprendera com seu pai, o Rei Zulú; Zulu, criado em Pontal, no interior do Maranhão, onde aprendera uma luta cabocla praticada e ensinada por índios e negros da região: o Tarracávii: Quanto ao Atarracado, desconheço sua presença no centro-sul do Maranhão, apesar de poder haver, mas é uma prática muito comum no centro-norte, pelo menos na região do Pindaré e na
Baixada, nesta última, pelo que já ouvi de alguns capoeiras originários daquela região das águas falarem-me a respeito. No que diz respeito à sua presença na região do Pindaré é fato, pois eu mesmo a praticava bastante, tendo sido ao longo do tempo, na qualidade de menino, e aí vai até meus doze (12) anos, a base de tudo o que sabia nas minhas ”brigas de rua”. Apesar de ter nascido em São Luís, me criei, desde bebê, até os sete (07) anos de idade, na cidade de Pindaré-Mirim, outrora, Engenho Central, e em sua origem, Vila São Pedro. Como toda criança ribeirinha, as brincadeiras eram em torno do rio, dos lagos e igarapés, ou então nas várzeas, e aí, não faltavam os embates. Lembro-me que a minha afinidade com a prática era bastante estreita, talvez, por desde pequenino ter sido corpulento, de maneira que não era muito afeito à briga “corpo fora”, como se dizia, mas, mais no “atarracado“, ou “corpo dentro”, o que se dava a partir de uma cabeçada. A ponto de quando ousava me aventurar pelo “corpo fora”, na maioria das vezes saía perdendo… Foi na Capoeira, que fui aprender o embate, digamos, “corpo fora”, a partir da ginga, de peneirar… – por favor, deixo claro que “corpo fora” e “corpo dentro”, não é nem um tipo de modalidade de luta, mas somente para fins, talvez, de didática, consoante dizíamos no interior. Quanto à origem do Atarracado – Tarracá -, Mestre Marco Aurélio diz: [...] não sei afirmar, se indígena ou africano, quiçá, até mesmo européia, nesta senda, somente pesquisando-se para buscar referências. Posso afirmar, no entanto, o que não quer dizer que a priori seja africana, é que tive oportunidade de ver, em um evento internacional de lutas de origem africana, em Salvador/BA, em 2005, quando levamos daqui, a “Punga dos Homens” viii, uma prática que existe rasteiras e desequilibrantes, no tambor de crioula, um pessoal de Angola/África, apresentar a Bassúla, uma luta, a despeito de alguns golpes diferentes, muito semelhante ao Atarracado, pois imediatamente, quando vi os angolanos praticando-a, eu achei bastante parecida com o Atarracado, impressão esta, também denunciada pelo Mestre Alberto Eusamor, que lá estava comigo, assim como tantos outros, representando o Maranhão. No que diz respeito a uma influência indígena direta, e que é uma brincadeira da região do Pindaré e, acho, da região Norte como um todo, é o “Cangapé”, uma espécie de rabo de arraia e outros molejos que se pratica lançando-se para cima do contrário, na água. Em outra mensagem eletrônica, Mestre Marco Aurélio acrescenta: Falei de como o atarracado tem semelhança com a Bassúla, luta de um país africano (Angola) e, no entanto, não me lembrei, na oportunidade, de falar de uma luta de origem indígena, o que se faz necessário, para ponderarmos, trata-se do Uka-Uka, um embate indígena, que consiste em fazer com que o contrário ponha um dos ombros no chão, hoje, ocorrente durante o “Quarup” um grande evento-cerimonial existente entre os povos do Alto-Xingú. Mas poderiam perguntar o que uma prática existente entre povos indígenas do Alto-Xingú tem a ver com uma prática ocorrente no Maranhão? Segundo Roberto da Mata, desculpem-me não dispor da referência bibliográfica, os povos Krahô e Xavante saíram em uma corrente migratória, a partir do Maranhão, para onde se encontram hoje, respectivamente, Tocantins e Alto-Xingú. Daí há de notar-se que o Maranhão em razão de ser banhado por inúmeras e grandes bacias hidrográficas era e é um celeiro de alimentos, o que deve ter sido berço de inúmeros povos indígenas, entre atuais, extintos e migrantes. Talvez, esse berçário, para os que possuem uma visão míope, e consideram que o maranhense tenha uma cultura ”preguiçosa” é por desconhecerem exatamente esse manancial de alimentos que é e, que outrora, tenha sido ainda mais. Além da correspondência do Marco Aurélio, recebo de Javier Cuervo, lá das Astúrias (Espanha) um comentário, de que no Calahari sub-sahariano, entre os bosquímanos, luta semelhante àquele apresentada
pelo Rei Zulu; mandou-me vídeo via iutube, demonstrando as semelhanças, comparando-se com o da luta de Rei Zulu e Rickson Gracie , nos anos 80…, disponível em vídeo do link anexo: E “Batuque duro” do Kalahari -1930ix. Encontrei, ainda, descrição de luta-jogo semelhante, trazida por vaqueiros portugueses, durante o período colonial, a Galhofa - o “wrestling tradicional transmontano” - que se define como um desporto de combate. É tida como a única luta corpo a corpo com origens portuguesas. Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha. Galhofa é um estilo de luta tradicional da região portuguesa de Trás-os-Montes, que se define como um desporto de combate. É tida como a única luta corpo a corpo com origens portuguesas. O objetivo deste jogo é imobilizar o adversário, mantendo-lhe as costas e os ombros assentes no chão. Quaisquer movimentos mais violentos, como puxões, murros ou pontapés, não são permitidos. A luta começa e termina com um abraço cordial. Outra regra é jogar descalço e de tronco nu, ou usar camisolas justas ao corpo para dificultar ao adversário que se agarre e calças de ganga ou de outro material robusto. Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha. A galhofa foi integrada no currículo das licenciaturas em Desporto e Educação Física - variante ensino, da Escola Superior de Educação em 2008[7]. No Soito, em Sabugal esta luta chamava-se de maluta. Maluta ou Queda é uma forma de luta tradicional, conhecida em quase todo o distrito de Guarda e praticada ainda em várias aldeias. È semelhante à luta Greco-romana, embora tecnicamente mais rudimentar. Ocorre no feno e na palha, no Outono e no Inverno, que os homens das zonas rurais medem as suas forças tentando derrubar o opositor. Também no Verão, na época das malhas, surgem os desafios nas eiras. Na Maluta ou Queda, os dois lutadores agarram-se, passando um dos braços por cima do ombro do adversário e o outro por baixo, entrelaçando os dedos das mãos, assentes sobre as costas do adversário. O único objetivo do jogo é fazer cair o opositor, por forma a que toque com as costas no solo. Conforme o combinado, poderá fazer-se ou não uso da “travinca” (meter a perna para desequilibrar o outro lutador). Trata-se, pois, de lutas saudáveis, em que os participantes continuam amigos depois de medirem forças, independentemente dos resultados e das pequenas mazelas que possam ser originadas pela entrega mútua ao jogo. De Barreirinhas, em conversa com alguns professores de educação física de algumas comunidades do interior daquele município, falaram-me haver por ali, ainda, um jogo/luta semelhante aox descrito, mas que ali, denominavam de ‘queda’. Em depoimento de Álvaro (Vavá) Melo, de Osvaldo Pereira Rocha, e de Edomir Martins, jovens nos seus mais de 80 anos, que quando crianças e adolescentes, costumavam praticar o ‘atarracado’ e o ‘atarracar’, na região da baixada, onde moravam; Osvaldo Rocha, ilustre pesquisador e historiador, disse-me que, embora franzino, costumava ganhar algumas das ‘brincadeiras’, pois o segredo era a agilidade em agarrar a perna do adversário e levá-lo ao chão; tão logo autorizado o combate, a rapidez com que se lançava ao adversário era fundamental. Já Álvaro Mello, Vavá, presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão, cronista do Arari e de São Bento, deu seu depoimento, ressaltando que os embates se davam na beira do rio, e os combatentes saiam cobertos de lama; O mesmo disse Aymoré Alvim – ilustre pesquisador hoje aposentado, da nossa UFMA/Medicina.
O SERVIÇO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO
xi
Na época em que "Tonho" [Prof. Dimas] chega a São Luís -1944 -, com 15 para 16 anos de idade, havia sido criado, um ano antes, o "Serviço de Educação Física" do Estado - SEFE. Em 1942, o Governo Federal distribuíra bolsas para a recém criada Escola Nacional de Educação Física xii e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santanaxiii, convidou o jovem médico Alfredo Duailibexiv para cursar especialização em Medicina Desportiva, juntamente com Rubem Goulartxv, Mary Santosxvi, Maria Douradoxvii e Lenir Ferreiraxviii, estes, para cursarem Educação Física. Um ano antes, o hoje Coronel PM reformado, Eurípedes Bernardino Bezerraxix fora para a Escola de Educação Física do Exércitoxx fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física: “... fui fazer Escola de Educação Física no Rio de Janeiro, na época do Governo de Paulo Ramos, em 1941; a do Exército, do Parque São João, na Urca - [Eurípedes esclarece que não foi "naquela turma" de bolsistas] ... naquela, em 1942, já Zé Rosa [José Rosa], meu amigo Braga [Luis Gonzaga Braga], Rinaldi [Maia], indicados por mim, que cheguei formado. ...fui indicado pelo governo de Paulo Ramos para ir fazer educação física com mais três colegas [- para fazer o curso de monitor de educação física] -, Bartolomeu [Freire], Nonato [Raimundo Nonato Santos] e Papagaio [Emílio Vieira]. Um ano de duração, aí Bartolomeu foi reprovado e eu fiquei sozinho, ele foi fazer o curso das Armas, eu fiquei sozinho, aprovado em Educação Física, do governo Euclides Figueiredoxxi - pai de João Batista Figueiredo, Presidente da República -, Euclides Figueiredo, ia se diplomar nosso monitor, foi licenciado como professor. [Retorna ao Maranhão] Em 1942, e fui logo indicado para lecionar no Colégio Marista e Colégio São Luís, do professor Luís Rego e do professor irmão Floriano, do Colégio Marista. "[Na Polícia Militar] Era responsável pela educação física, Diretor da Educação Física do quartel, com os meus companheiros auxiliares, Emílio me auxiliava, sargento Sirino, com serviço prestado, eles ajudavam no quartel, também o Soares Nascimento, hoje dentista formado." (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas) Ao regressar de seu curso de especialização, o Interventor Paulo Ramos nomeou o Dr. Alfredo Duailibexxii para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública. Propôs ao Prof. Luiz Rêgoxxiii, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física". Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas... O Coronel Eurípedes lembra como foi esse início, e quais eram os professores que atuavam na época: “Alfredo Duailibe... formado em educação física médica, junto com Laura Vasconcelosxxiv, formado no Rio de Janeiro; quando ele chegou, eu convidei ele para ser médico do Marista, reivindiquei ao Marista e o Marista convidou ele, e ele ficou como médico especializado de educação física fazendo os exercícios... Exercícios não, exames biométricos; eu fazia os práticos e ele fazia o exame biométrico e dava para mim, eu tenho a relação de todos os alunos daquela época... . [Perguntado se lembra quando em 1943, foi criado o Serviço de Educação Física do Departamento de Instrução Pública, do Governo do Estado afirmou que] ... Lembro, lembro, me lembro muito bem... Chamaram a Mary Santos, chamaram a Lenissexxv - Mary Santosxxvi era a chefa - [lembrado que o primeiro diretor foi Alfredo Duailibexxvii, disse que ele, Alfredo]... É convidado, ajudando e colaborando com Laura Vasconcelosxxviii e mais tarde Mary Santos e Zé Maria Douradoxxix, que durou pouco e foi emborca para o Rio; e uma menina, prima legítima do Dimas,... Como é o nome dela? A sobrinha dele, professora também, essa é a prima legítima dele, se formou em educação física e se mudou para o Rio de Janeiroxxx.
"[Trabalhando em Educação Física havia poucos professores]... muito pouquinho tinha o professor Bonifácioxxxi, mas era só Sargento do Exército, não tinha curso, a gente marginalizou; agora Eurípedes, Rosaxxxii, Bragaxxxiii, Inaldoxxxiv e Dimasxxxv, já quando chegou, entrou na área de educação física; Luis Aranhaxxxvi ... professor velho ... professor leigo, meu velho amigo no Liceu, trabalhamos juntos inclusive em demonstração dessas festas patrióticas, Dia do Estudante, fazendo passeatas, indo ao 24° BC, fazendo passeatas do quartel, todo mundo junto ia visitar o 24°BC no dia 25 de Agosto, Dia do Soldado...". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Devido às suas constantes missões, como militar, no interior do Estado - foi nomeado delegado de polícia em inúmeras cidades - tinha que se afastar de São Luís constantemente. Nessas ocasiões: "Eu deixava o Júlioxxxvii para dar aula e assinava no final do mês. O Júlio Adis Pereira e Edmundo Soares do Nascimentoxxxviii e José Raimundo Sirinoxxxix; eles davam aula e no final do mês eu assinava por eles, mas vinha sempre todo mês dava a minha participação direta, quase sempre. "No Brejo, no Brejo [uma das cidades em que foi delegado, mantinha turmas de educação física para os jovens] com uma turma com quase 50 alunos de 6:00 às 7: 30 e já vejo alunos até na Aeronáutica, até na América do Norte, até na VASP e em Nova York encontro aluno meu nesse Brasil todinho por aí. No Balsas, por onde passei, fizemos uma Colônia de Férias, Colônia de Férias em Pedreiras, e em Imperatriz e Colônias de Férias em Bacabal e em Japiruí onde passei lá 17 anos; em Cururupú, em Codó, em Pedreiras, essa sociedade todinha são formadas hoje que estamos integrados nos exercícios físicos, conhecer o vigor dos músculos, a potência do cérebro e a jovialidade do espírito." Em todas elas eu colocava Educação Física. Em Cajarí mataram o Prefeito, mataram o Delegado e mataram o Presidente da Câmara, mataram o Presidente do Correio, o homem da oposição, mataram o chefe do destacamento... Fazia tudo isso, e eu fui o delegado, mas nunca deixei de pegar de manhã de 7 às 8, uma turma de 30 a 40 meninos de educação física; quando encontro gente por aí esse filho do Jurivê Macedoxl (Sérgio Macedoxli) foi meu aluno no Bairro de Fátima [Bairro de Imperatriz]. Eu, já eleito Prefeito, dando aula de educação física lá no Bairro de Fátima dando aula para 50, 60, alunos, para ver exercício em prática e atuais e atuais evoluções, jogos e diversões e exercícios individuais e coletivos. (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Essa sua passagem como delegado de Brejo é objeto de notícia pelo jornal "O Esporte" [São Luís, 18 de janeiro de 1948, Domingo, p. 4], que anuncia que Eurípedes pretende continuar seu trabalho com os esportes. "Além de bons quadros de futebol e de basquete pretende desenvolver outras modalidades de esporte, porém não participará do torneio intermunicipal". O Coronel Eurípedes esclarece que Rubem Teixeira Goulart cursou a Escola Nacional de Educação Física no mesmo ano que ele, 1941: "Rubemxlii não, ele já era formado, é da turma de 1941... Para essa escola foi Mendes Santosxliii, Urbano Santos (?), Maria Dourado, Zé Rosa, Inaldo e Nego Braga ... quando eles chegaram, dois foram para a Escola Técnica, eu não foi porque o Governo disse que eu era obrigado a pagar as passagens, o curso lá do Rio, eu era obrigado a pagar senão, senão eu não podia sair da Polícia, só se eu pagasse as despesas do Curso que eu fiz lá todinho, aí eu fiquei na Polícia. Júlio não se formou, foi meu auxiliar, porque era bom praticante nesses exercícios físicos e eu aproveitei nos esportes. O professor Furtadoxliv já é antigo, ele já era professor de corrida, esse também era bom em exercícios físicos, eu convidei para me auxiliar no Colégio Marista; ainda hoje permanece educando Educação Física com 93 anos...". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas).
Em entrevista ao jornal "O Esporte", edição de 23 de abril de 1950, o próprio Rubem afirma que foi para a ENEF em 1942. No Liceu, em 47, Tonho teve o primeiro contato com futebol, e como professor de Educação Física, José Rosa - na época tinha chegado, junto com Rubem Goulart, da Escola Nacional de Educação Física. O professor José Rosa foi quem despertou no jovem Tonho o gosto pela Educação Física: “... quem me despertou [para a educação física] foi o professor José Rosa. Então eu participei até de demonstração de Educação Física que ele fazia; foi quando eu comecei a desenvolver e pegar corpo... [as aulas eram de...] Ginástica Geral e Calisteniaxlv; foi onde eu comecei a me desenvolver, o meu físico, o corpo, tanto que quando ei cheguei no Exército eu já estava formando, já estava com um corpinho já .... no Liceu, só futebol e ginástica de um modo geral. Eles faziam naquela época muitos exercícios acrobáticos, salto, mas não tinha característica nenhuma de ginástica, o nome era esse, ginástica acrobáticaxlvi". (DIMAS, Entrevista) "No Exército foi que eu continuei a minha vocação esportiva, que eu não tinha experiência nenhuma antes, eu passei a me envolver mais com os esportes, participava nas aulas de preparação física, com destaque; jogava futebol, jogava bola militar, mas não cheguei a ser destaque nenhum. Nessa época, a estrela de lá era este Van Lumenxlvii, que o nome dele era cabo Calango... era o destaque, depois ele foi árbitro de futebol e foi jogador também... "Nessa época, os Instrutores de Educação Física eram todos formados, então, a gente tinha um trabalho de preparação física muito boa. "No Liceu, pode-se dizer, que foi os meus primeiros passos na Educação Física, depois continuou no 24º BC [Batalhão de Caçadores], depois continuou na ESA [Escola de Sargentos das Armas]..." (DIMAS, entrevistas). Organização das aulas de educação física Dimas lembra-se de como eram organizadas as aulas de educação física, naquela época: "Eu tive a sorte de, nessa época, estar no Liceu e o professor era José Rosa; ele estava com muito entusiasmo, tinha chegado, então ele levava muito a sério e ele teve muito sucesso naquela época, inclusive eu me despertei para isso, eu fiquei empolgado, me beneficiei bastante, e aquilo certamente, naturalmente ficou enraizado em mim, pois depois eu terminei tomando este mesmo caminho embora na decorrência do tempo; mas eu posso dizer que naquela época o professor José Rosa fazia um bom trabalho, agora parece que era muito pouco, talvez só a nível mesmo de Liceu. [As atividades, eram realizadas] duas vezes por semana, com a duração de uma hora, no próprio Liceu; tinha espaço. A minha experiência com ele foi só ginástica e Educação Física, agora ele ia entre Calistenia e paradas, saltos de obstáculos, saltos acrobáticos. [Quanto aos esportes] se fazia naquela época eu não tive oportunidade de participar, nem via, muito embora houvesse grupos de alunos que se reuniam para praticar esportes, mas isoladamente; então tinha os peladeiros, eu joguei futebol... joguei futebol pelo Liceu; nessa mesma época, nós tínhamos um time que jogava futebol, onde eu - me lembro perfeitamente -, naquela época que o futebol... Era: o goleiro, dois zagueiros, três halfs e cinco atacantes; eu era center-half, Celso Coutinho era half direito e Raposa era half esquerdo... Até hoje eu me lembro disso, era nosso time do Liceu, acho que da segunda série do ginásio ou da terceira mais ou menos, mas isso era... "Era extra curricular, era mais lazer, mais do que aula propriamente dita. Fazia a ginástica acrobática, tive esta experiência aqui no Liceu, com o José Rosa, coisas pequenas, pequenos saltos, não era coisa muito..." (DIMAS, entrevistas).
Aldemir Carvalho de Mesquita, outro "menino do Liceu", também se lembra do Professor José Rosa, com muito carinho, com quem aprendeu a gostar da educação física: “... Eu acho o seguinte, que cada um, inclusive eu, cometi uma falha, ai uma injustiça não citar o nome do prof. Zé Rosa, que foi o diretor de Liceu, e uns dos professores de educação física. Esse foi um dos incentivadores. Quando eu era garoto - 9, 10 anos -, mas eu ouvia falar muito do prof. Zé Rosa - era treinador de basquete daqui dentro de São Luís, no Liceu, Colégio São Luís e era professor de Historia -, foi um dos que foram daquela turma da década de 40, que foi junto com o prof. Braga, Maia... Eu acredito, Léo, que cada um das pessoas vai, vai fazer o seguinte, no meu ponto de vista, cada um deu uma parcela, não tem aquele - eu sou o pai da criança. Vamos usar assim, o braço é de um, a perna de outro, cada um teve sua participação, que nós éramos carentes, aqui não tinha nada. Então, essas pessoas, essas que tem que ser lembradas, tem que ser todo tempo as pessoas que fazem esportes, temos que citar os seus nomes de Mary Santos, Braga, Rubem Goulart ..., enfim todos têm uma parcela, cada um teve sua época e cada um teve sua modalidade de preferência .... Tá entendendo ? No basquete, todo mundo sabia, pelo menos quando cheguei do interior 9, 10 anos, era o Rubem Goulart. Todo mundo sabia a paixão que o prof. Braga tinha pelo boxe. No basquete falava muito bem do prof. Zé Rosa... Então cada um teve sua parcela nesse desenvolvimento do esporte amador em São Luís. Seria uma injustiça falar fulano fez isso, fulano fez aquilo. (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). Antes de estudar no Liceu Maranhense, Dimas estudou no Marista e teve um primo distante, Eurípedes Bezerra, como professor de educação física. Eurípedes, ao retornar do Rio de Janeiro, em 1941, já formado pela Escola de Educação Física do Exército - como Sargento Monitor de Educação Física -, foi indicado para lecionar nos Colégio Marista e Colégio São Luís: "Era o único professor de educação física especializado na escola, foi aí que os meus alunos foram José Sarneyxlviii, Pedroxlix, Dejard Martinsl, Mauro Fecuryli, João Castelolii, Ribamar Fiqueneliii, e tantos outros daquela geração. "[A educação física nessa época] era o método francês, a modalidade de ensino era: os exercícios preparatórios e propriamente ditos, constituía-se evoluções de marchas e depois os exercícios de saltar, trepar, levantar, e despertar, correr, atacar e defender e volta a calma, exercícios progressivos sem solução de continuidade. Era o mesmo método trazido pela Colônia Francesa, pela Missão Francesa em 1922, para o Brasil. [No Colégio São Luís] a mesma coisa, de 1943 à 1945. [No Marista foram] vinte e sete anos, fui aposentado como professor por lá pelo INPS ". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Em 1948, o então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, lança a pedra fundamental para a construção do Estádio Municipal, que levaria o seu nome. Com uma capacidade pata 17.800 pessoas, o estádio seria construído na Vila Passos. Considerava-se uma grande vitória do professor Luis Rêgo, presidente da FMD liv.
APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DOS ESPORTES, DO LAZER E DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO/DO MARANHÃO APRESENTAÇÃO Missão difícil a que me obrigo a de escrever a apresentação do trabalho magnífico do professor Leopoldo Vaz. Duplamente difícil: primeiro, porque do esporte só tive vaga experiência quando aluno do velho Liceu Maranhense; segundo, porque a competência do autor, e ademais sua paixão pela profissão que escolheu, na verdade dispensam apresentação. Trata-se de um profissional de grande gabarito e um escritor que sabe discorrer com elegância e perspicácia sobre o assunto. O que vejo no presente estudo é a minúcia do pesquisador, a preocupação de autenticar os comentários com os documentos comprobatórios, o que atesta a seriedade em estabelecer critérios para acompanhar o desenvolvimento que permita estabelecer uma verdadeira História do Esporte entre nós. Já me encantava a alegria com que o professor Leopoldo sempre discorre sobre o assunto de sua preferência – a educação física e o desporto -, conversa franca e amena, sem a presunção professoral do mestre. Sua boa índole, seu charme pessoal, sua dissertação correta e natural dispõem o ouvinte a escutá-lo com agrado, principalmente porque sempre com ele se está aprendendo algo mais. Agora toda sua ilustração se derrama por dezenas de páginas de instrução e recreio sobre os diversos aspectos da educação física e do esporte em suas várias modalidades, desde os primeiros ensaios dos que, mesmo sem saber, tiravam do exercício os benefícios que ele proporciona. Com o passar do tempo o que se fazia por mera intuição passou a ser estudado com maior carinho e respeito para chegarmos hoje a toda uma técnica de movimentos e acuradas observações sobre a influência do físico sob o psíquico. Quem, como eu, for ignorante dos mistérios da educação física terá no longo trabalho do professor Leopoldo Vaz, não só roteiro ordenado e cuidadoso sobre o assunto, mas, ainda, leitura leve e agradável de lazer. Já para os especialistas e estudiosos da área, traz este trabalho profundos subsídios sobre a tão difícil e importante arte de educar corpo e mente, concretizando a formação do ser integral e preenchendo uma lacuna que já se fazia necessário atender. E tem ainda o mérito adicional de resgatar a memória de esporte, do laser e da ludicidade em nosso Estado e na nossa cultura, descrevendo com precisão jogos e brincadeiras populares que animaram (e continuam animando) a infância de gerações de maranhenses. Ainda na linha do resgate histórico, o autor registra o envolvimento de personagens da nossa história com o esporte revelando facetas por muitos desconhecidas. Aplausos calorosos ao professor Leopoldo Vaz. Carlos de Lima Historiador, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Membro da Academia Maranhense de Letras.
PREFÁCIO Estou a apresentar ao público leitor alguns “Apontamentos para a História dos Esportes, do Lazer e da Educação Física” no/do Maranhão. Uma Coleção que aparece em cinco volumes:
Volume I – Ensaios no tempo - cobre o período do final dos anos 1600 até 1900; Volume II - Outro mergulho no tempo, o período de 1900 a 1930; Volume III - Historia dos Esportes na memória oral, de 1930 a 1990.
Neste quarto volume apresento alguns textos complementares àquilo que já foi publicado. Sem obedecer a uma periodização. São fatos ocorridos desde 1.724 - “BREVE DESCRIÇÃO DAS GRANDES RECREAÇÕES DO RIO MUNI DO MARANHÃO, pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, Missionário no dito Estado, ano 1724” – até os dias atuais. Aprofundamento de alguns relatos já apresentados, quando novas descobertas justificaram sua reescrita. Quase todos eles já foram publicados, em suas várias versões, em eventos científicos, notadamente nos Congressos Brasileiros de História dos Esportes, do Lazer, da Educação Física e da Dança, acontecidos nos últimos vinte anos. Outros, em revistas dedicadas, especialmente na “Lecturas: Educacion Física y Deportes”, revista digital (Argentina). Ou no “Jornal do Capoeira”, revista digital (Sorocaba-SP). Ou na “Revista ‘Nova Atenas’ de Educação Tecnológica”, revista digital do DCS/CEFET-MA (São Luís-MA)... O que procurei foi o resgate e o registro das manifestações culturais de caráter recreativo e esportivo que se vinculam às raízes etno-culturais do Maranhão desde o início da colonização até a época contemporânea, através da leitura de cronistas de época, jornais, de histórias de vida (memória oral) (fontes primárias), e de historiadores (fontes secundárias). Ao elaborar projeto de pesquisa “MEMÓRIA DO ESPORTE NO MARANHÃO” estabeleci como objetivo a recuperação e a organização de fontes literárias e documentais, procurando reagrupá-las, tornando-as pertinentes, para constituírem um conjunto através do qual a memória coletiva passe a ser valorizada, instituindo-se em Patrimônio Cultural. O Prof. Dr. Laércio Elias Pereira, do Centro Esportivo Virtual –CEV -, na apresentação do Volume I, lembra desse trabalho, do qual ele é um dos responsáveis, pela sua orientação segura, longos papos, e muitos puxões de orelhas: “Foi assim nesses trinta anos. Desde as infindáveis fichinhas em que fizemos os índices do “Boletim da Federação Internacional de Educação Física”, da “Revista do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte”, da “Stadium”, da “Desportos & Lazer”, da “Esporte e Educação”, dos “Arquivos” da Escola Nacional de Educação Física, da “Motrivivencia”, da “Artus”, da “Comunidade Esportiva” [...] A que ele deverá referir na seqüência da sua obra, às apresentações em congressos e, especialmente, os textos do Atlas do Esporte no Brasil, em que ele deu forma e vida ao nosso texto sobre o Centro Esportivo Virtual, além de registrar a presença do Maranhão, com a história apurada em longas horas de pesquisa na Biblioteca Pública Benedito Leite e no Arquivo Público do Estado.” Outro amigo, o Prof. Dr. Victor Andrade de Melo - que conheci através de seus escritos quando, ele, ainda estudante na Universidade Federal do Rio de Janeiro e hoje ombreando com os Professores Doutores Lino Castellani Filho (UNICAMP) e Lamartine Pereira da Costa (UFRJ, foi quem me apresentou ao Victor) - e são os três mais importantes pesquisadores de nossa história da educação física, dos esportes e dos lazeres -. Retomando, Victor lembra, na apresentação do Volume II que: “Nas últimas décadas, para bem, muita coisa mudou [...] que cada vez mais o esporte e as práticas corporais institucionalizadas como um todo é considerado como um objeto de investigação [...] relacionada aos estudos históricos, cujos estudos e pesquisadores hoje se espalham por várias áreas acadêmicas (Educação Física, História, mas também outras
relacionadas às ciências humanas e sociais), em eventos, grupos, coletivos em associações científicas. Destaca-se o sensível crescimento de produção bibliográfica ligada ao tema, algo que tem relação com o notável aumento do número de investigações [...] A despeito desses avanços, algumas lacunas persistem. Entre as mais notáveis, podemos situar o fato de que majoritariamente esses estudos referem-se a ocorrências, pessoas, instituições das regiões Sul e Sudeste do país. É certo que esses são contributos fundamentais, mas seria possível compreender esse país continental sem um olhar mais cuidado para outras regiões? [...] a experiência esportiva foi multifacetada: se carrega algo de universal, dialoga notavelmente com o local (e talvez aí se encontre uma chave para entender o sucesso de sua difusão e sua popularidade por todo o planeta) [...] Que venham os ecos ‘sportivos’ maranhenses! “E que todos nós, historiadores do esporte, possamos com acuidade ouvi-los com a disposição de quem deseja compreender que esse país-nação precisa de esforços dessa monta para que possa dar seqüência a seu esforço de auto-entendimento.”. O Lino, assim como o Laércio, dispensa apresentação. Especialmente aos maranhenses, aqueles ligados aos esportes e a educação física. Na apresentação do Volume III assim se posicionou: Quando ouço ou leio notícias sobre o Maranhão, reajo como se por aí ainda estivesse... Quando ouço ou leio amigos falando ou escrevendo sobre o Maranhão, reajo como se dele continuasse a fazer parte... Não poderia ser diferente, pois jamais deixei o Maranhão e nunca abandonei o sentimento de pertencimento construído ao longo dos anos em que nele vivi... [...] E aí, nosso interesse pela História nos manteve próximos. Não tenho dúvidas que Leopoldo é, de fato, o historiador da dupla... Eu nunca me vi como tal, embora assim ele me identifique. De fato, a abordagem histórica está na base do método a partir do qual busco apreender a realidade para nela intervir com mais e maior qualificação, qual seja, o Materialismo Histórico Dialético. Dele, método, não me esqueço de sua base filosófica calcada na filosofia marxista, que me convida a não se contentar em interpretar a realidade, mas sim dedicar-me a nela intervir. [...] Leopoldo parece ter outra relação com a investigação histórica. Prestem atenção: Diferente, sem explicitação de juízo de valor... Dessa forma é que o vejo mais ortodoxamente associado à tradição histórica inerente à Educação Física brasileira, tanto aquela traduzida por Inezil Penna Marinho, quanto por Mário Ribeiro Cantarino Filho. Claro que deve-se dar o desconto da amizade.
ESPORTE & LITERATURA Busca-se identificar entre os diversos autores maranhenses aqueles que se tornaram ‘sportman’ ou que escreveram sobre atividades esportivas e/ou de lazer praticadas em São Luís do Maranhão, resgatando-se a memória dessas atividades.
CONSTRUÇÃO DE UMA ANTOLOGIA DE TEXTOS DESPORTIVOS DA CULTURA BRASILEIRA: PROPOSTA E CONTRIBUIÇÕES1 Através do resgate e do registro de manifestações culturais esportivas na literatura brasileira, procura-se reconstruir a história do esporte, do lazer e da educação física no Brasil. A exemplo do que acontece em França, Itália, Espanha e Portugal, propõem-se reunir textos literários da cultura brasileira, com o objetivo de reconstituir a trajetória do esporte em nosso país, com a construção de uma antologia brasileira de textos esportivos. Palavras-chave: Educação Física. Esportes. Literatura. História Introdução: Em 1994, o Ministério da Educação e do Desporto - MEC - constituiu Grupo de Trabalho (MEE/INDESP, 1996) 2 para elaborar a aproximação conceitual de Esporte e Cultura, iniciando-se, no Brasil, uma discussão sobre “Esporte de Criação Nacional”. Com a identificação do problema conceitual, se fez necessário desenvolver a dissecação do título. No instante em que se separa a idéia “Esporte” de um lado e “Criação Nacional” de outro, percebe-se a possibilidade de um desdobramento fértil. Enquanto o “esporte” pode ser entendido como um jogo, uma brincadeira, uma dança, um ritual, etc., o atributo de “criação nacional” por sua vez, pode ser entendido como de “Criação Cultural”, ou com “Identidade Cultural” (SANTIN, 1996) 3. Silva (1987) 4, ao levantar a questão da perda dos valores culturais e da identidade cultural, afirma que somos um povo mesclado pelas mais diversas influências raciais, cujos traços são refletidos nas mais variadas formas de expressão artística: “Neste aspecto, é importante relembrar que os jesuítas foram os primeiros a transformar os hábitos culturais dos nossos índios, obrigando-os, pelo processo de catequese, a aprenderem os hinos e os sermões da Igreja Católica e, justamente com isso, os falsos preceitos de pecado e moral. “Assim como os índios, nossos irmãos escravos, vindos da África, sofrendo sob as garras da opressão dos senhores de engenho, tiveram de fazer seus cultos e brincadeiras às escondidas, sob a ameaça dos chicotes. Em suma, a cultura ibérica, através dos portugueses, infiltrou-se e aculturou-se na nossa realidade, clima e vegetação. “Sobre a questão da perda dos valores culturais, é importante deixar claro que a nossa atitude passiva de receptores de outras culturas é histórico, pois até hoje guardamos o peso dessa herança advinda da colônia que parece ainda não ter passado...”. (p. 20-21) Considera, ainda, que a perda da identidade cultural traz como conseqüência a minimização da criatividade popular, tornando, assim, a sociedade imitativa e caricaturista de valores culturais estrangeiros, com o que concordam Dieckert; Kurz & Brodtmann (1985) 5 quando afirmam que no Brasil deve haver uma educação física brasileira e critica o modelo internacional do esporte corporal do povo brasileiro, que possui a capoeira como uma das maiores riquezas, além de outros jogos, danças e ritmos. Dieckert (1987) 6 destaca ainda o quanto é importante que essas manifestações sejam resgatadas, para não se transformarem em peças 1
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Construção De Uma Antologia De Textos Desportivos Da Cultura Brasileira: Proposta E Contribuições. IN Congresso Brasileiro De História Da Educação Física, Esportes, Lazer E Dança, VII, Gramado, junho de 2000. Anais... 2 MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DOS ESPORTES. INDESP. Coletâneas: Desporto Com Identidade Cultural. Brasília, 1996. 3 SANTIN, Silvino. Esporte: identidade cultural. Coletânea Indesp - Desporto Com Identidade Cultural, Brasília, 1996, p. 13-26. 4 SILVA, Maurício Roberto da. Resgate da cultura popular na educação: uma perspectiva educacional libertadora no contexto da educação física escolar. Revista Artus, Rio de Janeiro, n. 20, dezembro de 1987, p. 17-25. 5 DIECKERT, Jürgen; KURZ, Dietmar; BRODTMANN, Dietmar. Elementos e princípios da educação física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1985. 6 DIECKERT, Jürgen. A educação física no Brasil.. A educação física brasileira. (in) ESCOBAR, Micheli & TAFFAREL, Celí N. Z. Metodologia esportiva e psicomotricidade. Recife: Gráfica Recife, 1987, p. 2-19.
de museu. Da mesma forma, Manuel Sérgio Vieira E Cunha (1985)7, ao analisar um tipo de esporte baseado na cultura, enfatiza o significado dos jogos tradicionais das diversas formas de desporto popular e ainda das pequenas agremiações locais, que cedem lugar ao imperialismo do desporto-instituição, reprodutor e multiplicador das “taras do ter”. Para Silva (1987)4, a perda desses valores levou a sociedade a explorar o corpo dos cidadãos como se fosse objeto e não sujeito, imprimindo-lhe gestos e movimentos ginástico-desportivos padronizados, reduzindo o acesso às danças e aos jogos da lúdica popular e resultando na perda da ludicidade, que deve ser compreendida como o estado de espírito que dispõe o homem a ser alegre e brincar livremente. O primeiro grande impasse surge quando se pergunta o que se entende por esporte e por lazer, dada a abrangência dos termos. Deve-se entender como esporte apenas as atividades lúdicas praticadas sob a orientação da ciência e da técnica? Apesar do costume vigente de tratar o esporte, o jogo e o brinquedo como três categorias distintas de atividades, não restam dúvidas de que se pode unificá-las sob o manto da criação cultural, embora reflitam valores culturais diversificados (HUIZINGA, 19808; SILVA, 19874; SANTIN, 19963; DAMASCENO, 19979). O esporte, como tema literário, aparece pela primeira vez com Píndaro, embriagado pelos feitos atléticos dos campeões olímpicos: "Durante a realização dos Jogos, desaguavam em Olímpia tudo o que na Grécia havia de artístico, filosófico e desportivo. Os poetas escancaravam o que lhes medrava na alma, os sofistas dialogavam com auditórios eruditos e os atletas competiam entre sí. Enfim, arte, filosofia e desporto num conúbio que muito enriqueceu a literatura grega. Já Homero poetizara as corridas de carros, mas literatura centrada no desporto... foi Píndaro o primeiro" (VIEIRA E CUNHA & FEIO, s.d: 9)7. Depois dele, muitos outros. "E no gaiato tagarelar das ruas de Atenas, o desporto nascia como verdadeiro fenômeno cultural". Virgílio, Horácio, Tíbulo, Propércio, em Roma; Dante e Petrarca, na Idade Média; Rebelais, Cervantes, Camões, Francisco de Quevedo, Jeronimo Mercurialis, Rousseau, na Idade Moderna. Vieira E Cunha & Feio (s.d.)7 justificam a feitura de uma antologia portuguesa de textos esportivos afirmando que o desporto, ao contrário do senso-comum que se tem dessa manifestação, não se resume a "[...] uma atividade meramente corporal que, no setor da ciência, se confunde com a Medicina, no campo da convivência, com a expresso apaixonada da agressividade natural e manifestando o mais redondo desconhecimento pelo mundo da cultura”. (p. 7)7. Afirmam ser o desporto uma pujante afirmação de cultura; uma síntese original de criação artística e de contemplação estética; um meio de educação e de comunicação de excepcional valia; e um "fenômeno social capaz de concorrer à Paz, à Saúde, à Tolerância, à Liberdade, à Dignidade Humana" (p. 8): "Ainda integrado na luta pela compreensão do desporto, permitimo-nos recordar que a Cultura Física é uma Ciência do Homem e como tal deve ser analisada, estudada, praticada, difundida e... defendida! Daí que, ao nível da interdisciplinaridade com outros ramos do saber, não seja demasiado encarecer quanto à educação física e os desportos dialecticamente se relacionam, quer com as outras Ciências do Homem, quer com as Ciências da Natureza e as Ciências Lógico-Dedutivas..." (VIEIRA E CUNHA & FEIO, s.d.: 8) 7. Também na Literatura Brasileira é significativa a presença de escritores a evidenciarem uma simpatia pela prática desportiva. O objetivo deste estudo é o de, articulando-se o trabalho de investigação e o trabalho de 7
VIEIRA E CUNHA, Manuel Sérgio; FEIO, Noronha. Homo Ludicus - Antologia De Textos Desportivos Da Cultura Portuguesa. vol. 1 e 2. Lisboa: Compendium, (s.d.). 8 HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O Jogo Como Elemento Da Cultura. 2a. ed. São Paulo: Perspectiva, 1980. 9 DAMASCENO, Leonardo Graffius. Natação, cultura brasileira e imaginário social. in Revista Brasileira De Ciências Do Esporte, 18 (2), janeiro 1997, p. 98-10
resgate, recuperar e organizar fontes literárias e documentais, procurando reagrupá-las, tornando-as pertinentes, para constituírem um conjunto através do qual a memória coletiva passe a ser valorizada, instituindo-se em patrimônio cultural (FAVERO, 1994) 10. Busca-se identificar dentre autores maranhenses aqueles que se tornaram ‘sportman’ ou que escreveram sobre atividades esportivas e/ou de lazer praticadas em São Luís do Maranhão, resgatando-se a memória dessas atividades. A Atenas brasileira Na literatura dos viajantes, Abbeville (1975:236) 11 foi quem primeiro registrou, no Maranhão, as atividades dos primitivos habitantes da terra. Para esse autor é por não terem ambições materiais que os índios da Ilha do Maranhão têm na dança o primeiro e principal exercício; além da dança, têm como exercício a caça e a pesca. Já Spix e Martius afirmam serem os Jês hábeis nadadores, havendo o registro de serem também grandes corredores: "... timbiras de canela fina (corumecrãs)... famosos pela velocidade na corrida, esses índios enrolavam suas pernas com fios de algodão que acreditavam afinar-lhes as pernas e proporcionar-lhes leveza para correr..." (citados por CALDEIRA, 1991:77-78) 12. A literatura maranhense tem início com o surgimento da imprensa. Ramos (1986) 13, escrevendo sobre o seu aparecimento no Maranhão registra, no período colonial, que "... jornalista era o magnífico João Tavares com sua 'Informação das recreações do Rio Munin do Maranhão'...” 14. No período imperial registra-se o aparecimento de inúmeros jornais políticos e literários, coletâneas de poesia e de peças teatrais, sendo publicados entre 1821 e 1860, 183 jornais (RAMOS, 198613, 199215), a grande maioria de caráter político. Os jornais com objetivo de recrear - de caráter literário, recreativo, científico e/ou instrutivo - foram: a "Folha Medicinal", de 1822; o "Minerva", de 1827; "A Bandarra", 1828. Apenas esses dois últimos, dos 21 jornais do período de 1821 a 1830 dedicaram-se a divulgar literatura. Alguns periódicos tiveram contribuições de Sotero dos Reis, Odorico Mendes, João Lisboa. Ramos (1992)15 ainda registra o aparecimento em 1831, do "Atalaia dos Caiporas"; em 1839, do "O Recreio dos Maranhenses”; 1840, de "A Revista"; "O Jornal Maranhense" aparece em 1841. Periódico oficial trazia como epígrafe uma frase de Tímon: "a verdadeira educação de um Povo livre faz-se nos jornais". De 1842, são o "Museu Maranhense", " O Publicador Maranhense"; de 1845, o "Jornal de Instrução e Recreio",. "O Almazém"; de 1846, "O Arquivo Maranhense", contando com Gonçalves Dias, ainda jovem e interessado em teatro, dentre seus colaboradores. Escreveu em seu primeiro número: "Fiéis ao nosso programa, o nosso fim continua a ser - a Instrução e o Recreio -..." (RAMOS, 1992: 121)15. De 1849, a "Revista Universal Maranhense”. O "Jornal de Tímon", publicado em fascículos de 1852 a 1854, foi, no dizer de Viveiros de Castro (citado por RAMOS, 1992)15, "revista literária, de publicação mensal, na qual João Francisco Lisboa conquistou muito justamente a nomeada de um dos primeiros prosadores da língua portuguesa" (p. 189). Ainda desse ano de 1852, "A Marmotinha". Nos anos seguintes aparece "A Violeta" (1853); "O Botão de Ouro" e "A Sentinela" (1854); de 1855 é o "Diário do Maranhão"; em sua edição de 23.10.1855, número 41, é informado que "tivemos a satisfação de ler um novo jornal recreativo intitulado ‘A Saudade’, dedicado ao belo sexo maranhense". (RAMOS, 1991: 213)15. 10
FÁVERO, Maria de Lourdes Albuquerque, O espaço PROEDES: memória, pesquisa, documentação. IN GOLDFABER, José Luiz (org.). Anais Do Iv Seminário Nacional De História Da Ciência E Da Tecnologia. Belo Horizonte: FAPEMIG; São Paulo: Anna Blaume: Nova Stella, 1994. P. 100-103 11 ABBEVILLE, Claude d'. História Da Missão Dos Padres Capuchinhos Na Ilha Do Maranhão E Terras Circunvizinhas. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975 12 CALDEIRA, José de Ribamar C. O Maranhão Na Literatura Dos Viajantes Do Século XIX. São Luís: AML/SIOGE, 1991. 13 RAMOS, Clóvis. Os Primeiros Jornais Do Maranhão. São Luís: SIOGE, 1986. 14 Ver adiante “Breve descrição das grandes recreações do rio Muni do Maranhão, pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, Missionário no dito Estado, ano 1724”, p. 15 RAMOS, Clóvis. Opinião Pública Maranhense: Jornais Antigos Do Maranhão (1831 a 1861). São Luís: SIOGE, 1992
De 1857 é "A Estrela da Tarde"; de 1858, o "Jornal do Comércio. O "Verdadeiro Marmota", jornal literário, foi saudado, em 1860, nestes termos elogiosos: "reaparece este interessante jornal, depois de ter por algum tempo, pela indolência e lassidão, que geralmente ataca os jornais recreativos nesta província..." (citado por RAMOS, 1992:237)15. Em 1860, contando com uma população de 35 mil pessoas, São Luís tinha matriculado em suas escolas primárias dois mil rapazes e 400 moças e no secundário, 180. Esses poucos números mostram que era muito reduzido o número de pessoas que acediam à leitura. O ensino primário havia se desenvolvido desde a independência. Em 1838 é inaugurado o "Liceu Maranhense", dirigido pelo famoso gramático Francisco Sotero dos Reis. O Liceu passou a substituir os preceptores dos filhos da burguesia comercial e da oligarquia rural (MÉRIAN, 1988)16. No entender de Dunshee de Abranches17, a fundação desse colégio, logo seguido do colégio das Abranches, do Colégio do Dr. Perdigão e de tantos outros, contribuiu para com o progresso da educação mental da juventude, levando o Maranhão tornar-se, de fato e de direito, a Atenas brasileira. Conclusão A literatura ajuda-nos a compreender melhor o mundo que nos cerca, quando descreve a sociedade em que a história se passa. Pode ser usada como fonte de pesquisa, ao se identificar, na narrativa, as manifestações de caráter esportivo, recreativo e de lazer. Buscou-se em dois autores maranhenses18 - Aluízio Azevedo e Dunshee de Abranches - trechos em que se referem à cultura corporal no Maranhão, no século XIX, com o objetivo de reconstituir a trajetória do esporte em nosso país, com a construção de uma antologia brasileira de textos esportivos.
DUNSHEE DE ABRANCHES19 Senhora Presidente, demais Sócios Efetivos deste Instituto, Profa. Dilercy, Padre Meireles, meus agradecimentos por me receberem nesta Casa. Quando aqui estive conversando com a Profa. Eneida e fazendo a entrega de meu currículo, me foi dada a oportunidade de escolher a cadeira que poderia vir a ocupar, caso aceito pelo nobre Colegiado. Dentre aquelas então vagas, estava a cadeira de número 40 que tem como Patrono JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA – Dunshee de Abranches -; e identificados seus ocupantes: JOSÉ DE RIBAMAR PEREIRA, JOSÉ DE RIBAMAR DA SILVA FERREIRA, e PEDRO RATIS DE SANTANA. O que chama atenção, é que todos os ocupantes se destacaram, dentre outras atividades, como Professores. Porque a escolha por essa Cadeira? Quando iniciei minhas pesquisas sobre a memória/história do Maranhão, um dos primeiros autores estudados foi justamente Dunshee de Abranches. Tenho me dedicado ao resgate da Memória do Lazer, dos Esportes e da Educação Física no/do Maranhão. Ao ler “O Captiveiro” 20 – segundo volume da trilogia das memórias de Dunshe de Abranches 21 - depareime com o seguinte trecho:
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MÉRIAN, Jean Yves. Aluísio Azevedo Vida E Obra (1857-1913) - O Verdadeiro Brasil Do Século XIX. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo: Banco Sudameris Brasil; Brasília: INL, 1988. 17 ABRANCHES, Dunshe de A Setembrada - A Revolução Liberal De 1831 Em Maranhão - Romance Histórico. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1970; ABRANCHES, Dunshee de. O Captiveiro (Memórias). Rio de Janeiro: (s.e.), 1941; ABRANCHES, Dunshee de. A Esfinge Do Grajaú (Memórias). São Luís: ALUMAR, 1993; ver, a seguir, “Dunshee de Abranches – discurso de posse...” 18 No artigo original, a partir deste ponto apresentam-se dois autores maranhenses: Aluisio Azevedo e Dunshee de Abranches. Para este Capítulo, apresento não somente esses dois autores, com um texto ampliado, a seguir, como outros maranhenses que se dedicaram a descrever as manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão. 19 Discurso de posse de Leopoldo Gil Dulcio Vaz no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – Cadeira de no. 40 - Patrono: João Dunshee de Abranches Moura; ocupantes: José de Ribamar Pereira; José de Ribamar da Silva Ferreira; e Pedro Ratis de Santana, ocorrida em 03 de setembro de 2008. 20 DUNSHE DE ABRANCHES MOURA, João. O Captiveiro (Memórias). Rio de Janeiro: (s.e.), 1941. 21 As outras duas obras são: “A Setembrada” e “A Esfinge do Grajaú”.
"E como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos (...) E, não raras noites, esse grupo juvenil de improvisados athletas e plumitivos patriotas acabava esquecendo os seus planos de conjuração e ia dansar na casa do Commandante Travassos ..”. (p. 187-188 (Grifos meus). Ora, por essa época – inicio dos anos 1980 – a então Escola Técnica Federal do Maranhão – hoje, CEFETMA -, implantava seu Curso de Formação de Professores de Educação Física; uma das disciplinas, História da Educação Física, ficou sob minha responsabilidade. O programa dessa disciplina, em todos os cursos de educação física, trata dos períodos clássicos da História – Antiguidade, muita coisa sobre Grécia e Roma, Idade Média, Renascimento... – e pouca coisa sobre seu surgimento no Brasil. Tínhamos, à época, poucos autores. Destacando-se dois: Inezil Penna Marinho, e Jair Jordão Ramos. E o que dizer do Maranhão? Nada! Dediquei-me, então, a resgatar essa história. E o primeiro achado foi Aluísio de Azevedo, seguido de Dunshee de Abranches... JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA nasceu à Rua do Sol, 141, em São Luís do Maranhão. Seus pais foram o negociante Antonio da Silva Moura - nascido em Portugal e educado desde os cinco até os 21 anos no Havre e em Paris -, e Dona Raimunda Emília de Abranches Moura - filha de Garcia de Abranches, o Censor. Advogado, polemista, historiador, sociólogo, crítico, romancista, poeta, jornalista, parlamentar, internacionalista... Dentre seus escritos, destaca-se a trilogia constituída pelos “A Setembrada”, “O Captiveiro”, e “A Esfinge do Grajaú” (GASPAR, 1993) 22. Em “A Setembrada” 23, escrita sobre a forma de romance histórico, relata de forma viva e humana a face maranhense da Revolução Liberal de 1831. Publicado em 1933, confere uma atuação de primeiro plano a dois ascendentes seus: Garcia de Abranches, seu avô, e Frederico Magno de Abranches, seu tio. Referindo-se ao Fidalgote, como era conhecido Frederico Magno, seu sobrinho relembra que: “... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla de que o Fidalgote era perfeito campeão” (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970:31) (Grifos meus) Em “O Captiveiro”20, escrito em 1938 para comemorar o cinqüentenário da abolição da escravatura e o centenário da Balaiada, é dominado por figuras femininas e pela denúncia da escravidão, com relatos e documentos significativos sobre a sociedade maranhense do século XIX. Baseou-se em apontamentos de sua adolescência, registrados por volta de 1880, quando consultou pela primeira vez a correspondência de sua avó materna - Marta Alonso Alvarez de Castro Abranches (espanhola, 1800-1855) 24 - e entrevistou com impressionante acuidade, numa antevisão dos procedimentos da história oral, Emília Pinto Magalhães Branco (natural de Lisboa - 1818-1888), mãe dos escritores Aluízio, Artur e Américo de Azevedo 25.
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GASPAR, Carlos. Dunshee De Abranches. São Luís: (s.e.), 1993. (Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28.jul.92). 23 ABRANCHES, Dunshee de A Setembrada - A Revolução Liberal De 1831 Em Maranhão - Romance Histórico. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1970 24 O autor não esconde a grande admiração nutrida por sua avó, celebrada educadora de São Luís. Em 1844, fundou o colégio Nossa Senhora da Glória, popularmente denominado colégio dos Abranches, primeira escola feminina de São Luís. D. Martinha está a merecer um estudo acurado sobre sua vida e contribuição à educação maranhense... 25 JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. Balaiada: construção da memória histórica. In História, São Paulo, v.24, N.1, P.41-76, 2005;
Numa das passagens, descreve as lutas entre brasileiros (cabras) e portugueses (puças), republicanos e monarquistas, abolicionistas e negreiros, que para defenderem seus ideais, passam a criar periódicos e grêmios recreativos de múltiplas denominações para defesa de seus ideais. Dessa mania surge a "Arcádia Maranhense", e de uma sua dissidência, a "Aurora Litteraria". Para ridicularizar os membros desta última, aparece um jornaleco denominado "Aurora Boreal": "... só faltava fundar-se o Club dos Mortos. E justificou [Raymundo Frazão Cantanhede] tão original proposta dizendo que, se tal fizéssemos, iríamos além dos positivistas: ficaríamos mortos-vivos e assim seríamos governados por nós mesmos". (ABRANCHES, 1941:174) 20,26. O ‘Clube dos Mortos’ reunia-se no porão da casa dos Abranches, no início da Rua dos Remédios. Nessa mesma obra, Dunshee de Abranches (1941)20 lembra que o "Velho Figueiredo, o decano dos fígaros de São Luís" (p. 155), mantinha em sua barbearia - a princípio na Rua Formosa e depois mudada para o Largo do Carmo - um bilhar, onde "[...] ahí que se reuniam os meninos do Lyceo depois das aulas, e, às vezes, achavam refúgio quando a polícia os expulsava do pátio do Convento do Carmo por motivos de vaias dadas aos presidentes da Província e outras autoridades civis e militares. Essas vaias era quasi diárias [...]". (p. 157). Ainda em “O Captiveiro”, às páginas 39, refere-se ao negro africano Adão, seu “mestre de remo e de caça”. Em “A Esfinge do Grajaú”, também livro de memórias (ABRANCHES, 1993) 27, deparamo-nos com uma abordagem eminentemente política, tendo como pano de fundo as teses republicanas (GASPAR, 1993)22. Lembra dos passeios a cavalo que fazia pelas manhãs, acompanhando o Dr. Moreira Alves, então Presidente da Província: "[...] Adestrado cavaleiro, possuindo um belo exemplar de montaria, incumbira-se ele (Anacleto Tavares) na véspera de conseguir para o ilustre político pernambucano um valente tordilho, pertencente ao solicitador Costa Santos e considerado o mais veloz esquipador da capital. Para fazer frente a esses reputados ginetes, Augusto Porto, meu futuro cunhado e sportman destemido, havia-me cedido o seu Vesúvio [...] Moreira Alves ganhara logo fama de montador insigne [...] o novo Presidente da Província conhecia a fundo a equitação... Para o espírito estreito de certa parte da sociedade maranhense, afigurava-se naturalmente estranho que fosse escolhido para ocupar a curul presidencial da Província um homem que se vestia pelos últimos figurinos de Paris, usava roupas claras, gostava de fazer longos passeios a pé pelas ruas comerciais [...]". (p. 16-17). Dunshee de Abranches também se referiu à Capoeira. Mais especificamente, à atuação da Guarda Negra 28. Em artigo de Carlos Eugênio Líbano Soares e Flávio Gomes sobre “O combate nas ruas pelo Ideal
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Citado em: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas Para O Ar Que Ninguém É De Ferro: As Recreações Na São Luís Do, Século XIX. Concurso Literário E Artístico ‘Cidade De São Luís’, Prêmio ‘Antonio Lopes’ de Pesquisa Histórica, segundo colocado, São Luís, PMSL, 1995; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito In Jornada De Iniciação Científica Da Educação Física Da UFMA, III, São Luís, dezembro de 1995; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. In Congresso Brasileiro De Ciências Do Esporte, X, Goiânia, 1997; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito Aluísio Azevedo E A Educação (Física) Feminina. In Congresso Brasileiro De História Da Educação Física, Esportes, Lazer E Dança, VII, Gramado, junho de 2000; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Construção De Uma Antologia De Textos Desportivos Da Cultura Brasileira: Proposta E Contribuições. IN Congresso Brasileiro De História Da Educação Física, Esportes, Lazer E Dança, VII, Gramado, junho de 2000; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. O “Sportman” Aluisio Azevedo. In Congresso Brasileiro De História Da Educação Física, Esportes, Lazer E Dança VIII, Ponta Grossa, novembro de 2002 27 ABRANCHES, Dunshee de. A Esfinge Do Grajaú. São Luís: ALUMAR, 1993. 28 A Guarda Negra foi formada por José do Patrocínio em 28 de setembro de 1888, como um movimento paramilitar, composto por negros, que tinha passagem pelo Exército e com habilidade em capoeira. O objetivo dele era demonstrar gratidão à família real pela abolição e intimidar republicanos e tumultuar os comícios. A ação da Guarda Negra travava batalhas com os partidários do fim da Republica, sendo classificados como terroristas. In http://negro.www.marconegro.blogspot.com/
Abolicionista” 29, os autores se referem à existência de uma Guarda Negra em São Luís. Como desconhecia o assunto, procurei me informar. Não achei nada! Mandei mensagem eletrônica ao Prof. Líbano, da U.F. Bahia, perguntando de onde obtivera essa informação. Disse-me que consta de “O Negro na Bahia”, de Luis Vianna Filho, obra da década de 40 30. E que este se refere à Dunshee de Abranches... Realmente, Dunshee de Abranches, em suas memórias sobre a escravidão e o movimento abolicionista, se refere à Guarda Negra, naquele episódio que resultou na queda do gabinete Cotegibe: “Voltando logo depois ao Rio [de viagem a São Paulo e Santos], assisti à agitação revolucionária que se fez em torno do gabinete organizado pelo Barão de Cotegipe. Participei dos memoráveis comícios em que, ao lado de Patrocínio, a mocidade das escolas civis e militares resistia heroicamente às investidas da guarda negra. E, em uma dessas reuniões subversivas no Largo da Lapa, um dos quartéis generaes da capoeiragem carioca, terminada em tremendo e sangrento conflitcto, sendo talves o vigésimo orador, que alli falava do alto do chafariz...”. (in DUNSHEE DE ABRANCHES. O Captiveiro (memórias). Rio de Janeiro : (s.e.), 1941, p. 228-229)20. Os acontecimentos a que se refere Dunshee de Abranches aconteceram no Rio de Janeiro, não em São Luís do Maranhão! Aqui, nada encontrei sobre a existência da Guarda Negra 31; encontrei, sim, um episódio relacionado com a participação dos negros no processo de combate à República recém proclamada, denominado de "o fuzilamento do dia 17", e ocorreu como uma manifestação de escravos, recém-libertos, contra Paula Duarte e o empastelamento de seu jornal “O Globo”, conforme informam Mario Meireles, Barbosa de Godois e Milson Coutinho 32. Ainda se referindo aos Capoeiras, em Nota do “Actas e Actos do Governo Provisório”, trabalho organizado por Dunshee de Abranches e publicado em 1907, onde fica evidente o medo que cercava a realização de quaisquer festividades, patrióticas ou religiosas, nos conturbados tempos pós-República, sobretudo à noite quando a multidão de apinhava pelas ruas e praças - de que não ocorressem cenas sangrentas e aviltantes de confronto entre policiais e capoeiristas...33 Como se vê, Dunshee de Abranches relata-nos em sua obra – em especial em sua trilogia - os costumes das diversas épocas da História maranhense. E dentre estes, a prática de atividades físicas e esportivas: caminhadas pela cidade e pelos campos, a pé e a cavalo, prática do remo e da caça, prática de jogos esportivos – como o ‘Jogo da Pela’, atual Tênis, do Bilhar Francês – e podemos considerar, ainda, a existência de uma primeira academia de ginástica (musculação) de São Luís... DUNSHEE DE ABRANCHES - (JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA) nasceu em São Luis, Maranhão, em 02 de setembro de 1867 – daí ter escolhido o dia de hoje, dois de setembro, para minha posse Após os estudos primários em sua terra natal – primeiro, estudando com sua mãe e tias, no famoso ‘Colégio das Abranches’34, onde também deve ter feito os preparatórios para o Liceu Maranhense. Um dos famosos “meninos do Liceu” no dizer de Gonçalves Dias, aos 16 anos de idade, ao concluir seu Curso de Humanidades, foi plenamente aprovado em severos exames de Gramática Portuguesa, Latim, Francês, Alemão, Inglês, Aritmética, Álgebra, Geometria, Trigonometria, Geografia, História, Filosofia e Retórica. 29
SOARES, Carlos Eugênio Líbano; GOMES, Flávio. O combate nas ruas pelo Ideal Abolicionista. In Revista História Viva, São Paulo, edição 25, de novembro de 2005, p. 74-79. 30 VIANA FILHO, Luiz. O Negro Na Bahia. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1946. 31 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Guarda Negra. In Jornal Do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br Edição 52 - de 4/dez a 10/dez de 2005; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Guarda Negra II – O Isabelismo. In Jornal Do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br Edição 53 de 11/dez a 17/dez de 2005; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Guarda Negra III – O Fuzilamento do dia 17. In Jornal Do Capoeira www.capoeira.jex.com.br Edição 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005; adiante 32 MEIRELES, Mário. História Do Maranhão. 2 ed. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980, p. 307; ver também: BARBOSA DE GODOIS, Antonio Baptista. Historia Do Maranhão. São Luís: Mar. Typ. De Ramos d´Almeida & C., Suces., 1904, tomo II, p. 539-540; COUTINHO, Milson. Subsídios Para A História Do Maranhão. São Luís: SIOGE, 1978. 33 LINS E SILVA, Marieta Borges. Capoeiras e Capoeiristas. . In Jornal Do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br 34 “Preliminarmente teve como professoras, além de sua mãe e das tias Amância e Martinha – estas três, fundadoras do Colégio Nossa Senhora da Glória-, também suas irmãs, Emília, Amélia e Helena. Completamente alfabetizado aos 4 anos de idade, aos seis já traduzia francês e aos sete principiava as lições de inglês e espanhol. “ (GASPAR, Carlos. Dunshee De Abranches. São Luís: (s.e.), 1993, p. 22. (Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28.jul.92).
Há esse tempo, precoce, já estudara Desenho com Horácio Tribuzi, Harmonia com Leocádio Rayol, Piano com sua mãe, d. Emília, e Violino com Pedro Ziegler.35 Tornou-se Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais. Antes, porém, foi aluno da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas não concluiu o curso, cursando-o até o quinto ano36. No ano de 1889, aos seis de janeiro, casa em cerimônia celebrada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, nesta cidade, com a Senhorita Maurina da Silva Porto, de cujo consórcio teve filhos: Carmen, Iza, Nadir, Clovis, Hugo, e Maurina Dunshee Marchesini 37. Em 1890, estava na Bahia, retomando os estudos de Medicina, porém ‘tirando a carta’ de Farmacêutico; prossegue os estudos de Medicina e inicia o de Direito (1891). (GASPAR, 1993)22. De volta ao Maranhão, foi enviado pelo Governador da Província, o pernambucano José Moreira Alves da Silva, como Promotor Público, para averiguar os acontecimentos e decifrar o mistério d’ “A Esfinge de Grajaú”27. Decifrar o enigma não era outra coisa, senão uma explicação racional para as tantas brigas sangrentas existentes em Grajaú. (GASPAR, 1993) 22. Nos anos seguintes, o advogado Dunshee tornou-se Deputado Estadual no Maranhão (1904-1909), e integraria depois a bancada de sua Província natal na Câmara Baixa do País, tendo sido eleito mais de uma vez (1909-1917) 38. Viveu boa parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde se torna adepto do Positivismo.
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MORAES, Jomar. Ainda o humanista Dunshee de Abranches. In O Estado Do Maranhão, São Luís, 21 de maio de 2008, quartafeira, p. 6, Caderno Alternativo. Hoje é dia de Jomar Moraes. 36 Informa GASPAR (1993) que não concluiu o curso “em fase de lamentável incidente com um de seus professores, por ocasião de uma das provas do currículo, quando acalorada discussão entre o aluno e o mestre culminou com uma cena de pugilato”. (p. 22). 37 Dunshee de Abranches casou-se com D. Maurina Porto Dunshee de Abranches, filha do filantropo José Maria da Silva Porto; tiveram seis filhos: Carmen, Iza, Nadir, Clovis, Hugo, e Maurina Dunshee Marchesini (in ABRANCHES, Dunshee. Garcia De Abranches, O Censor (O Maranhão em 1822) – Memória histórica. São Paulo: Typographia Brasil Rothschild, 1922, p. 157-158). 38 Na primeira década do século XX, dentre os vultos notáveis do Congresso Legislativo do Estado, consta o nome de Dunshee de Abranches – descendente do grande João Antonio Garcia de Abranches, cognominado ‘O Censor’, o sangue jornalístico do velho Garcia se transmudou para o neto ilustre. Uma extraordinária cultura, dono de uma das mais vastas Bibliografias de que se tem notícia, só rivalizando com ele o não menos extraordinário Coelho Neto. Iniciou sua carreira política no Partido Republicano de Benedito Leite, elegendo-se deputado estadual em 1904. Espírito irrequieto, polemista notável, foi a maior figura da legislatura que integrou no Congresso Maranhense. Para aquela 5ª. Legislatura do Congresso maranhense - 1904/1906 – elegeram-se todos os candidatos de Benedito Leite, não tendo a casa nenhum representante oposicionista. As eleições realizaram-se a 06 de dezembro de 1904, com a recondução de muitos parlamentares pelas suas sólidas bases eleitorais garantidas por um sistema de governo que reagia mecanicamente ao comando do Senador Benedito Leite. Todavia, novos nomes iriam figurar naquela casa, dentre esses se destacaria o afamado polígrafo João Dunshee de Abrantes Moura. Dunshe de Abranches teve 14.807 votos, elegendo-se com a 21ª. Votação. Não participou dos trabalhos daquele ano, mas em 1905 foi o Deputado que praticamente tomou as atenções da Casa, quer por seus trabalhos nas Comissões, quer pelos projetos e discursos proferidos, quer pelos fulminantes apartes dados em seus colegas, chegando a participar da mesa diretora, como terceiro suplente. Numa de suas intervenções, afirma existindo na casa algumas duplicatas de eleições para as Câmaras Municipais, solicitando nomeação de Comissão – a quem coube a relatoria – para apresentar parecer sobre aquelas duplicatas. De seu Relatório, foram anuladas as eleições de Cajapió, Balsas e São João dos Patos. Nessa legislatura, sem dúvida a questão dos limites entre os municípios de Alto Itapecurú e Barra do Corda demandou um amplo estudo, apresentando projeto de lei onde ficaram delimitados os marcos e as linhas a serem fixadas pelo Governo, pondo fim aquela querela que vinha de longo tempo. De seus inúmeros pronunciamentos, o tema que mais debateu refere-se à situação da Instrução Pública, assunto de sua permanente preocupação. Na legislatura seguinte – 1906 – não mais fazia parte da Mesa Diretora, requerendo licença para se ausentar da Capital. Da sexta legislatura, destacaram-se os Deputados Dunshee de Abranches, José Barreto e Clodomir Cardoso; é a partir de 1907 que as Oposições maranhenses tomam posição de combate ao regime de Benedito Leite, há 14 anos governando, ora por prepostos, ora diretamente. Em 09 de dezembro de 1906, novas eleições para a renovação do Congresso Legislativo do Estado e Dunshee de Abranches se reelege no grupo situacionista com a 15ª. Votação, com 10.523 votos. A Oposição elegeu seis deputados, dos 30. Dunshee de Abranches, quando da eleição da Mesa, informa à Presidência da Casa de que não poderia se fazer presente por motivo de moléstia, o que foi lamentado pelo jovem Deputado Clodomir Cardoso (então com 28 anos), que iria desforrar suas mágoas sobre seu colega Dunshee de Abranches, acerca de pronunciamento que fizera ser o Pará, melhor que o Maranhão. Em 1909, ocorreram as eleições para Deputados Federais, e na fórmula ainda traçada pelo falecido Governador Benedito Leite, elegeram-se: para o Senado, o Dr. José Eusébio de Carvalho Oliveira. Para Deputados Federais, Francisco da Cunha Machado e Dunshee de Abranches. Apresentou relatório, nessa legislatura, enviando projeto de lei que fixava a Força Pública para o ano seguinte. In COUTINHO, Milson. O Poder Legislativo Do Maranhão – 1830/1930. São Luís: Assembléia Legislativa do Maranhão, 1981, p. 247-294.
Foi professor de Ciências Física e Naturais, de Anatomia e Fisiologia, de Direito Público e agraciado com o título de Professor Honorário da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, onde recebeu a mais alta condecoração da Cruz Vermelha Alemã. Em setembro de 1929, chefiou a delegação brasileira à solenidade de lançamento da pedra fundamental da Basílica de Santa Teresinha do Menino Jesus, em Lisieux, França. Na ocasião, falaram apenas três oradores: o Cardeal Charost, representante do Papa Pio XI, George Goyau, da Academia Francesa, e Dunshee de Abranches39. Escritor, Jornalista, Político Maranhense. Ensaísta, Pesquisador, Memorialista. Intelectual, Ativista, Produtor Cultural. Idealista. Visionário. Dunshee de Abranches foi sócio de diversas instituições sociais, culturais e de classe de seu tempo, dentre outras, Ordem dos Advogados do Brasil, de que foi membro do Conselho Federal e do Instituto dos Advogados. Presidente da Associação Brasileira de Imprensa - ABI 40. Patrono da Cadeira 40, da Academia Maranhense de Letras. 39
Dunshee de Abranches proclamava-se ateu em sua juventude, convertendo-se ao catolicismo na maturidade. Contradição que, segundo Moraes (em O humanista Dunshee de Abranches, in O Estado Do Maranhão, 21 de maio de 2008, p. 6, Caderno Alternativo) qualificava-o para representar o Brasil, já católico fervoroso, à solenidade de lançamento da pedra fundamental e pronunciar o seguinte discurso: Oração Estas palavras deveriam ser pronunciadas de joelhos! Não é somente um humilde cristão, que se vem postar diante da grande Santinha, cuja intercessão fez em sua família uma cura maravilhosa e uma verdadeira ressurreição, verificados por dois médicos celebres nada crentes, e atestadas por um apóstolo ilustre da Igreja, o Padre Rubilon, evangelista dedicado da sublime doutrina da terna Flor do Carmelo em meu país. É o Brasil católico, posso dizer, o Brasil inteiro, que eu represento neste instante, porque todos os brasileiros são servos fiéis de Deus; é a minha Pátria, ela mesma que junta a sua voz a este concerto magnífico de preces que, de todos os cantos do Universo, convergem para a França, a terra predestinada dos Santos, para exaltar as graças na pequenina, mas, sem dúvida, a mais brilhante das estrelas do firmamento da Igreja. Santa Teresa de Lisieux, dizem na minha terra, é a Santa dos Brasileiros. Ela é também a padroeira bem-aventurada de toda a America do Sul. No Brasil, sobre um vasto território, quinze vezes maior que a França, não há um só lugar, onde, pelas cidades e pelas aldeias, através das florestas virgens, a influencia de nossa Santinha não se tenha feito sentir por favores extraordinários. Um dia, de sua diocese, situada bem longe dos centos civilizados, D. Alberto, o bispo-missionário, pediu-me uma estátua da celeste Carmelita para a sua Catedral. No dia seguinte ao da chegada de seu destino, todos os alunos de uma escola protestante abandonaram o professor para se dirigir ao Catecismo. Desde este momento, a chuva de rosas não cessou de cair sobre essas longínquas regiões. A inauguração do altar da Santa foi celebrada por mais de 17.000 comunhões! No Rio de Janeiro, já possuímos a soberba Basílica de Santa Teresa do Menino Jesus, benta, o ano passado, por D. Sebastião Leme, mui justamente cognominado pelo povo – o Arcebispo da Eucaristia. Em São Paulo, outro templo monumental se levanta. E, por todos os Estados Brasileiros, vê-se sempre nas igrejas, nas capelas e nos lares dos ricos e dos pobres, ao lado do Sagrado Coração de Jesus, a imagem sorridente de sua pequenina esposa do Carmelo. Esta basílica, cuja primeira pedra hoje colocamos, será sem dúvida a cidadela invencível de todos os missionários do mundo. De suas muralhas inexpugnáveis, brancas e imaculadas como a Hóstia, partirão bem depressa, em massa, os pregadores predestinados, os novos evangelistas do Amor de Jesus! Senhores, basta de ilusões inúteis! Basta de vaidades efêmeras! Somente o Amor de Jesus, só ele, poderá realizar o supremo ideal dos povos contemporâneos - A PAZ UNIVERSAL! Santa Teresa do Menino Jesus! O Brasil, a terra de Santa Cruz, está a vossos pés! Salve! (Tradução portuguesa da oração que foi proferida em francês). In MEIRELES, Mário Martins; FERREIRA, Arnaldo de Jesus; VIEIRA FILHO, Domingos (org.). Antologia Da Academia Maranhense De Letras – 1908/1958. São Luís: Academia Maranhense de Letras, 1958, p. 124-125. (Publicação comemorativa do cinqüentenário da fundação da Academia). 40 Ao assumir a presidência da Associação, gozava de boa fama como jornalista, advogado e político (deputado federal à sombra do Barão do Rio Branco). Admirador do modesto confrade Gustavo, foi ele quem lhe trouxe, de uma viagem à França, os dados essenciais para o estabelecimento da Associação (leis e regulamentos de entidades semelhantes e sindicais). João Dunshee de Abranches Moura foi empossado na Presidência da ABI em 13 de maio de 1910, com o apoio integral do grupo que controlava a Associação e prometendo defender a liberdade de pensamento a qualquer custo. Em 1911, foi reeleito para mais dois anos de mandato. Durante sua administração, várias providências foram tomadas, como a reforma estatutária, a mudança de nome para Associação de Imprensa dos Estados Unidos do Brasil, a criação da biblioteca e do cargo de bibliotecário, de congressos de jornalistas, e de um Tribunal de Imprensa, destinado a julgar conflitos da categoria. No mesmo período, foi instituída a carteira de jornalista, como instrumento de identidade e do exercício efetivo da profissão; o distintivo de sócio, e um fundo de auxílio funeral. A Associação ganhou uma sede modesta no primeiro andar de um prédio da Avenida Central (atual Rio Branco), na esquina com a Rua da Assembléia. Devem-se a Dunshee os primeiros projetos da Escola de Jornalismo, reivindicação dos fundadores da ABI. Também lhe ficamos obrigados pela mudança do Estatuto corporativo. Ocupado com afazeres oficiais e particulares, Dunshee renunciou ao cargo. Fora abolicionista, estudava História e Ciência
Não deve ser confundido com outros “Dunshee” ilustres. Faleceu em Petrópolis, em 11 de março de 1941, com 74 anos de idade. Escreveu dezenas de obras 41 entre as quais, “A Setembrada”, “Garcia de Abranches - O Censor”. Encontra-se na “Estante do Escritor Tocantinense”, da Biblioteca Pública, do Espaço Cultural de Palmas.42. Política e dedicava-se à música. Escreveu dezenas de livros. Dele é o pensamento: "Os jornais, de fato e de direito, constituem uma força preciosa, necessária e bem organizada para encaminhamento e solução dos mais sérios e importantes problemas sociais" (1911). A diretora-proprietária do Jornal do Brasil e antiga associada, Condessa Maurina Pereira Carneiro, era filha de Dunshee de Abranches. In ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Disponível em http://www.abi.org.br/; SIGISMUNDO, Fernando. Os 95 anos da ABI. In Observatório Da Imprensa. Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/. 41 Bibliografia de Dunshee de Abranches Moura: 01. ‘Sou a Revolução’, discurso: São Luís, 1883. 02. ‘Selva’, poesias. Tipografia Frias: São Luis, 1885. 03. ‘Transformações do Trabalho’, memória. São Luís: Tip. Pacotilha, 1888. 04. ‘Pela Paz’, poemas. Rio [de Janeiro]: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1895. 05. ‘Cartas de um Sebastianista, sátiras em verso. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1895. 06. ‘Memórias de um Histórico’, 2 vols. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1896. 07. ‘Crítica de Arte’ – o Salão de 1896’. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1896. 08. ‘Como se faz o Jornal do Brasil’. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1896. 09. ‘Papá Basílio’, romance sob o pseudônimo de Ferreira de Andrade. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1898. 10. ‘O ano negro da República’, retrospecto político. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1889. 11. ‘O 10 de abril’, narrativa histórica. Rio de Janeiro: Of. de ‘O Dia’, 1901. 12. ‘Institutos equiparados’, relatório. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1904. 13. ‘Exames Gerais de Preparatórios’, inquérito. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1904. 14. ‘Ensino Superior e Faculdades Livres’, relatório. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1905 15. ‘O Tratado de Bogotá’, memória histórica. Rio de janeiro: Imprensa Nacional, 1907. 16. ‘Atos e Atos do Governo Provisório’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1907. 17. ‘Reforma da Justiça Militar’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1907. 18. ‘Tratados do Comércio e navegação do Brasil’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1909. 19. ‘Necrológio Político do Dr. Benedito Leite’. São Luís: Tip. Frias, 1909. 20. ‘A Lagoa Mirim e o Barão do Rio Branco’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1910. 21. ‘Limites com o Peru’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1910. 22. ‘Associação de Imprensa’, relatório. Rio de janeiro: Tip. Do Jornal do Comércio, 1911. 23. ‘Rio Branco’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1911. 24. ‘O Brasil e o Arbitramento’. Rio de Janeiro: Tip. Leusinger, 1911. 25. ‘O maior dos Brasileiros’, defesa póstuma de Rio Branco. Rio de Janeiro: Tip. Almeida Marques, 1912. 26. ‘Pela Itália’, impressões de viagem. Barceloa, Imprenta Viúva de Luis Tasso, 1913. 27. ‘Lourdes’, conferencia. Rio de Janeiro: Tip. Almeida Marques, 1914. 28. ‘A Conflagração Européia e suas causas’. Rio de Janeiro: Tip. Jornal do Comércio, 1914. 29. ‘Em torno de um discurso’, entrevista. Rio de janeiro: Tip. Almjeida Marques, 1914. 30. ‘A administração da República e a obra financeira do Dr. Rodrigues Alves’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. 31. ‘O A.B.C. e a Política Americana’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. 32. ‘Expansão Econômica e Comércio Exterior do Brasil’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. 33. ‘Brazil and a Monroe Doutrine’, memória. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. 34. ‘A Inglaterra e a Soberania do Brasil’. Rio de Janeiro: Tip. Almeida Marques, 1915. 35. ‘A cultura do arroz e o protecionismo político’, memória. São Paulo: 1916. 36. ‘Código Penal Militar’, projeto de lei. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1916. 37. ‘A Black-list e o Projeto Dunshee’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1916. 38. ‘Ainda a Black-list’, carta ao Presidente da República. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1916. 39. ‘A Alemanha e a Paz’. Rio de Janeiro: Tip. Almeida Marques & Cia, 1917. 40. ‘Contra a Guerra’. Rio de Janeiro: Tip. da Rev. dos Tribunais, 1917. 41. ‘A Ilusão brasileira’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1917. 42. “Candidaturas Presidenciais – Rui e Rodrigues Alves’. Rio de Janeiro: Tip. Da Revista dos Tribunais, 1917. 43. ‘Governos e Congressos da República – 1899-1917’. São Paulo: Tipografia Brasil, 1918. 44. ‘Garcia de Abranches, o Censor – O Maranhão de 1822’. São Paulo: Tip. Rotschild & Cia, 1922. 45. ‘Companhia Brasileira Comercial e Industrial’, relatórios. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1923-1927. 46. ‘O Tratado de Versailles e os alemães no Brasil’. Rio de Janeiro: Casa Vallele, 1924. 47. ‘Minha Santa Teresinha’. Rio de Janeiro: Tip. do Jornal do Comércio, 1932. 48. ‘Dois sorrisos de Maria’. Rio de Janeiro: Tip. do Jornal do Comércio, 1932. 49. ‘A Setembrada’, romance histórico. Rio de janeiro: Tip. do Jornal do Comércio, 1933. 50. ‘Rio Branco e a Política exterior do Brasil’, obra póstuma. Rio de Janeiro: Of. Gráfica do Jornal do Brasil, 1945.
Dunshee de Abranches fez poesia43, ensinou Direito na Alemanha, escreveu romances, militou na imprensa, exerceu mandatos políticos e foi, acima de tudo, memorialista de um longo período da vida maranhense e brasileira44. Dentro da tradição desta Casa, de se apresentar este elogio do Patrono da cadeira que se assume, procurei destacar alguns eventos pouco explorados na biografia desse ilustre maranhense: o de ‘sportman’. Ainda dentro da tradição, reportar-me-ei, em breves palavras, aos ocupantes anteriores desta Cadeira 40, que ora assumo: JOSÉ DE RIBAMAR SANTOS PEREIRA RIBAMAR PEREIRA45 – nascido em São Luís em 17 de setembro de 1897, filho do Dr. Alcides Jansen Serra Lima Pereira (advogado) e da poetisa Cristina dos Santos Pereira. Jornalista, poeta, teatrólogo. Fez seus estudos primários no Instituto Nina Rodrigues, passando depois para o Instituto Maranhense, dirigido pelo Professor Oscar de Barros e, em seguida para o Colégio dos Maristas, realizando exames de preparatórios no Colégio Pedro II da Bahia de Salvador. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Pará em 1925, tendo sido orador de sua escola em todas as solenidades, inclusive nas comemorações do 11 de Agosto (instituição dos Cursos Jurídicos no Brasil). Como orador da Liga Nacionalista falava todos os domingos em praça pública. Em maio de 1920, como sorteado, serviu no 26º. Batalhão de Caçadores, acantonado em Belém, passando a trabalhar na Escola Regimental, que organizou e dirigiu. Fez, na terra guajarina, sua formação espiritual, colaborando intensamente na ‘Folha do Norte’, com Paulo Maranhão; no ‘Estado do Pará’, com Santana Marques e Arnaldo Lobo; no ‘Imparcial’ com Djard de Mendonça e Adamastor Lopes; na “Evolução” com o senador Fulgêncio Simões; e na Revista ‘Guajarina’. Regressando a São Luís, passou a advogar com seu pai, sendo sucessivamente nomeado Colaborador, Praticante e Terceiro Escriturário do Congresso do Estado; Assistente Judiciário ao Proletariado; 2º. Promotor Público da Comarca da Capital. Por treze anos foi consultor jurídico da Caixa de Aposentadoria e Pensões de Serviços Públicos dos estados do Maranhão e Piauí; exerceu o cargo de 1º. Promotor Público da Comarca de São Luís. Em 1924, quando acadêmico, exerceu o cargo de professor de Geografia e História do Brasil, do Curso Ginasial do Liceu Maranhense e, em 1926, de abril a outubro, o cargo de professor de Literatura Brasileira 51. ‘O Golpe de Estado – Atas e atos do Governo Lucena’, obra póstuma. Rio de Janeiro: Oficina Gráfica do Jornal do Brasil, 1954. Dunshee de Abranches deixou ainda, muitas obras inéditas, algumas publicadas em jornais e revistas; traduziu ‘o Crime do Congo’, original de Conan Doyle, e o seu ‘O maior dos Brasileiros’ foi traduzido para o castelhano por Melo Carvalho (El mas distinguido de los brasileños – Imprensa Nacional, Rio, 1913); vários de seus trabalhos foram objeto de mais de uma edição. Sob o pseudônimo de Eurico, o Cirineu, escreveu, ainda, ‘A Ilusão Brasileira’ em séries denominadas de ‘o Livro Negro’, ‘O Livro Verde’ e ‘O Livro Branco’. in MEIRELES, Mário Martins; FERREIRA, Arnaldo de Jesus; VIEIRA FILHO, Domingos (org.). Antologia Da Academia Maranhense De Letras – 1908/1958. São Luís: Academia Maranhense de Letras, 1958, p. 122123. (Publicação comemorativa do cinqüentenário da fundação da Academia). GASPAR (1993) refere-se a 165 obras. Ainda, que sua produção jornalística, pode-se constatar ser ela a maior de todas as que nos legou, haja vista que somente trilhando esse caminho, conforme de refere Gaspar (1993), encontraria espaço para difundir e polemizar suas convicções políticas, voltadas marcadamente para as lutas abolicionistas e republicadas. Colaborou com diversos periódicos de São Luís, e pelo Brasil afora, sempre fiel a seus princípios morais e doutrinários. Foi colaborador, dentre outros, do Federação de Porto Alegre, a República do Pará, A Federação de Manaus, Jornal do Brasil, A Notícia, Jornal do Comércio e O País, do Rio de Janeiro. Muitas das vezes, usava pseudônimos. 42 MARTINS, Mário Ribeiro. Dicionário Biobibliográfico Do Tocantins. Rio de Janeiro: MASTER, 2001. 43 “Polígrafo, e como todo intelectual da época, poeta, interessado pelas coisas da Ciência e do espírito... No começo do século, já tendo escrito os poemas Selva, Cartas de um Sebastianista e Pela Paz, embora fora do Maranhão, toma conhecimento da existência, na província, da sociedade literária Oficina dos Novos e da Renascença Maranhense... Também de importância histórica... a presença de Dunshee de Abranches é forte o suficiente para que o poeta não fique no ouvido e seja também lembrado pelos historiadores, críticos literários e poetas que tiverem interesse pela ‘legião dos atenienses’...” in ASSIS BRASIL (org.). A Poesia Maranhense No Século XX (Antologia). Rio de Janeiro: Imago; São Luís: SIOGE, 1994, p. 49-51. 44 FREITAS, Joseth Coutinho Martins de. Cadeira De No. 40 – Patrono: João Dunshee De Abrantes Moura. IN CANEDO, Eneida Vieira da Silva Ostria de & Outros. Patronos & Ocupantes De Cadeira. São Luís: Fortgraf, 2005, p. 185-188. 45 IHGM – livro de anotações de Sócios Efetivos, p. 39-39v, (s.d). COUTINHO, Milson. Memoria Da Advocacia Do Maranhão. São Luis: Clara, 2007.
do mesmo estabelecimento. Já formado, lecionou História do Brasil no Ateneu Teixeira Mendes, no Colégio São Luís de Gonzaga, na Academia de Comércio do Maranhão e na Escola de Agronomia, tendo sido um dos fundadores destes dois últimos estabelecimentos. Foi redator da ‘Folha do Norte’ e colaborou em ‘O Dia’, “Correio da Tarde’, ‘Tribuna’, e ‘Revista do Norte’, assim como no ‘Jornal Pequeno’, de Recife, ‘A Tarde’, da Bahia, e ‘Tribuna’, de Santos. Pertenceu à Academia Maranhense de Letras, OAB-MA, e Associação Maranhense de Imprensa. Publicou: Discursos Acadêmicos (Faculdade de Direito do Pará); Os dez mandamentos do Operário; Duas Teses (concorrendo a cadeira de literatura do Liceu Maranhense); Alma - livro de versos, com a qual entrou para a Casa de Antonio Lobo. Autor de 214 produções musicais escreveu o Hino a Bandeira Maranhense. Foi presidente de honra da União Artística Operária Caxiense. Morreu em 1948. JOSÉ DE RIBAMAR DA SILVA FERREIRA 46 SILVA FERREIRA nasceu em 03 de janeiro de 1910, nesta cidade de São Luís. Filho de José Vicente Ferreira e Delfina Maria da Silva Ferreira. Casado com Eulina Gomes Duarte Ferreira deixou três filhos: José de Ribamar da Silva Ferreira (médico), Fernando José Duarte Ferreira e Antonio José Duarte Ferreira (ambos, advogados). Bacharel em Direito, pela Faculdade de Direito de São Luís, especializando-se em Direito do Trabalho. Foi funcionário do Ministério da Agricultura; exerceu a advocacia defendendo diversos sindicatos classistas, patronais e de empregados, além de representar inúmeras firmas - Varig, Singer, Lojas Brasileiras, Abraão Skeff, J. Aquino Alencar, e outras. Exerceu a função de jornalista. Foi também Juiz do Tribunal Eleitoral e professor universitário. Faleceu a 25 de julho de 1985. PEDRO RATIS DE SANTANA47 Nascido em São Luís em 26 de abril de 1906. Foi membro da Polícia Militar, galgando os postos de Cabo até Capitão, patente em que se reformou. Fundou o Clube de Sargentos da Polícia Militar. Deve-se destacar que foi o primeiro Oficial da corporação a ter nível superior. Bacharelou-se em Geografia e em História, pela Faculdade de Filosofia de São Luís. Exerceu diversos cargos: Diretor do Liceu Maranhense, do Colégio Municipal Luis Viana, do Ensino Médico do Município (sic), e membro da Comissão Executiva da ADESG – Delegacia do Maranhão. Como Professor, exerceu o magistério nos colégios Batista, Cardoso de Amorim, São Francisco de Assis. Pesquisador publicou inúmeros trabalhos em jornais e revistas, colaborador ativo da Revista do IHGM. Jornalista manteve no Jornal Pequeno uma coluna – Gotas de Luz -, mesmo nome de programa que mantinha na Rádio Timbira. Palestrante se manifestava quando das comemorações de nossas datas históricas. Homem de Fé desenvolveu verdadeira ação religiosa e social na Penitenciaria de Pedrinhas - foi uma das maiores autoridades presbiterianas em São Luís, um dos fundadores da Igreja Presbiteriana do Vinhais. Escritor deixou publicado o livro “Problemas Sexuais à luz da Bíblia e da Ciência” e inédito “ Estudos sócio-políticos e geográficos do Maranhão”. Faleceu em 16 de janeiro de 1990, nesta cidade. Obrigado, Senhores membros do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, pela convocação para essa missão que almejo cumprir com amor e dedicação. Obrigado, caros confrades, por me acolherem para prosseguirmos, juntos, na grande obra iniciada por Antonio Lopes. Obrigado, Senhoras e Senhores, pela muita paciência para ouvir-me... Obrigado...
O "SPORTMAN" ALUÍSIO AZEVEDO48 46 47
CANEDO, Eneida Vieira da Silva Ostria de & Outros. Patronos & Ocupantes De Cadeira. São Luís: Fortgraf, 2005, p. 187 CANEDO, Eneida Vieira da Silva Ostria de & Outros. Patronos & Ocupantes De Cadeira. São Luís: Fortgraf, 2005, p. 187-188
Durante o último Congresso de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança49, realizado em Gramado-RS, discutiu-se as influências britânica e norte-americana na implantação do esporte moderno na América Latina. Considerou-se necessária uma revisão objetiva e mudança no foco dominante no processo de construção da identidade cultural onde essas influências anglo-saxônicas teriam atuado mais como ponto de partida ao qual se seguiram apropriações e autodesenvolvimento por parte das iniciativas locais (DaCOSTA, 2.000)50. Embora Dejard Martins (1989) 51 registre que o nascimento das atividades esportivas em Maranhão se deu pelas mãos de JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS - Nhozinho Santos - e do clube esportivo e social fundado na Fábrica "Santa Izabel", em 27 de outubro de 1907 - o FABRIL ATHLETIC CLUB - para a prática do "foot-ball association", do Tênis, do Cricket, do Crockt, do Tiro, e do Atletismo, VAZ (199152, 199953, 2000a54) e VAZ e VAZ (2000c55, 2000 d56) trazem que manifestações do lúdico e do movimento aparecem em Maranhão desde o período colonial e que já eram praticadas atividades físicas desde a fundação das primeiras escolas, nos anos 1830-1840. Com a movimentação esportiva que se tinha nessa primeira década do século XX, Martins (1989:281)51 afirma que "estávamos começando a experimentar uma época em que a nossa mocidade principiava a entender o quanto era importante praticar esporte e desenvolver a formação física" 57. Observa-se, com certa facilidade, que existe na trajetória histórica do futebol brasileiro determinantes comuns, nas equipes que foram criadas no início deste século (FREITAS JÚNIOR, 199858, 200059), em que uma das matrizes propostas por esse autor repete-se em São Luís do Maranhão, quando da fundação do Fabril Athletic Clube: "... a convivência de estudantes brasileiros em escolas européias, nos quais a prática do futebol era bastante difundida. Quando retornam ao Brasil, estes estudantes apresentam este jogo para 48
Este artigo tem a co-autoria da Profa. Delzuite Dantas Brito Vaz, do "Liceu Maranhense". Uma primeira versão foi publicada em "O Imparcial", São Luís, Domingo, 16 de julho de 2000, Caderno Impar, p. 5; outra versão, em Lecturas: Educación Física Y Deportes, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em www.efdeportes.com; e outra, na Revista Nova Atenas De Educação Tecnológica, São Luis, v.3, n.2, julho a dezembro de 2000 , disponível em www.cefet-ma.br. 49 Coletâneas do VII Congresso Brasileiro de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, Gramado-RS, 28 de maio a 1º de junho de 2.000. Porto Alegre: UFRGS 50 DaCOSTA, Lamartine Pereira. Emergência e difusão do desporto moderno na América Latina - influências britânicas e norteameicana: uma revisão crítica. Congresso de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, VII, Gramado-RS, 29/0501/06/2. 000. Coletâneas... Porto Alegre: UFRGS, 2.000, p. 97-102. 51 MARTINS, Dejard Ramos. Esporte - um mergulho no tempo. São Luís: SIOGE, 1989. 52 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A história do Atletismo no Maranhão. In "O Imparcial", São Luís, 27 de maio de 1991, Segunda-feira, p. 9. Caderno de Esporte Amador. 53 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Atividades físicas feminina no Maranhão Imperial (1823-1889). In Lecturas: Educacion Fisica y Deportes, Revista Digital, año 4, no. 14, Buenos Aires, junio 1999, disponível em www.sportquest.com/revista. 54 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O esporte no Maranhão. In "O Estado do Maranhão", São Luís, 16 de maio de 2000a, Terça-feira, p. 4. Caderno Opinião. 55 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do "foot-ball" em Maranhão. In Lecturas : Educación Física y Deportes, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000b, disponível em www.efdeportes.com. 56 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Aluízio Azevedo e a Educação (Física) Feminina. In Congresso de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, VII, Gramado-RS, 29/05-01/06/2.000. Coletâneas... Porto Alegre: UFRGS, 2.000c, p. 250-255. 57 "Hontem, às 4 horas da tarde, os aprendizes marinheiros, fizeram exercícios de 'foot-ball' na arena do Fabril Athletic Club e um assalto simulado de florete, sob a direção do respectivo instructor da Escola. Os alumnos revelaram-se disciplinados e agiram com muito garbo e desembaraço. Domingo próximo, às 5 horas da manhã, haverá novo exercício no mesmo local". (O Maranhão, 26/12/1907). 58 FREITAS JÚNIOR, Miguel A de. Origens do futebol paranaense: a história do Operário Ferroviário Esporte Clube. In Congresso de história do Esporte, Lazer e Educação Física, VI, Rio de Janeiro, dezembro de 1998. Coletâneas... Rio de Janeiro: UGF, 1988, p. 406-414. 59 FREITAS JÚNIOR, Miguel A de. O futebol profissional e suas conseqüências: estudo de caso de uma equipe do interior do Estado do Paraná. In Congresso de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, VII, Gramado-RS, 29/05-01/06/2.000. Coletâneas... Porto Alegre: UFRGS, 2.000, p. 236-240.
os seus amigos, e mesmo tendo certas dificuldades face às práticas esportivas dominantes na época, o futebol acabou sendo incorporado". (FREITAS JÚNIOR, 2000, p. 237)59. Nhozinho Santos, ao regressar da Inglaterra em 1905 - onde fora estudar para técnico em indústria têxtil, na cidade de Liverpool -, tornara-se um ardoso praticante do "foot ball", e não se esquece de trazer em sua bagagem os apetrechos necessários à prática desse esporte: chuteiras, apitos, bolas, etc., como também para outras atividades esportivas, como o "croket", "crickt", tênis (VAZ, 2000b)55. Assim, naquele final de ano de 1905, reuniram-se na residência dos Santos, na Rua Grande, 1018 (Instituto Zoé Cerveira) além de Nhozinho, seus irmãos Totó e Maneco, alguns amigos e convidados para tratar da implantação do "foot ball association" no Maranhão. Além dos irmãos Santos, estiveram presentes: John Shipton, John Moon, Ernest Dobler, ingleses empregados na Boot Stearship Co. Ld. - Mala Real Inglesa -, Botho & Co. Ld., e os maranhenses Izidoro Aguiar, Edmundo Fernandes, Afonso Gandra, José Ramos Bastos, Antero Novaes, Carlos Neves, Antero Serejo, e outros mais (MARTINS, 1989: 284)51. Ficou estabelecido que na vasta área da Fábrica seria construído um campo para a prática do futebol. Foram sacrificadas algumas árvores, para que tivesse as dimensões necessárias para a pratica do esporte. A princípio houve alguma dificuldade para se arranjar os onze jogadores para se formarem os times. Os treinamentos eram realizados com dois quadros de oito jogadores, cada. As competições no campo do FAC começaram a despertar a curiosidade dos transeuntes, que assistiam às partidas através de aberturas no cercado da Fabril. Ninguém entendia do que se tratava, ao observarem os rapazes correndo atrás da bola, pois havia muita disputa e muita algazarra. (MARTINS, 1989) 51. As equipes eram formadas pelos times do "Black and White": João Mário; A. Vieira e G. Costa Rodrigues; E. Simas, Moraes Rego e Joaquim Ferreira Belchior; F. Machado, John Shipton, John Moon, M. Lopes e C. Gandra. O do "Red and White" era formado por: João Alves dos Santos; Izidoro Aguiar e Alcindo Oliveira; Afonso Guilhon, Aluísio Azevedo e José Ramos Bastos, Antero Novaes, Ernesto Dobler, Carlos Neves, Manoel Alves dos Santos e Antero Serejo. ALUÍSIO AZEVEDO E A EDUCAÇÃO FÍSICA53, 56,60 Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu em 14 de abril de 1857 em São Luís do Maranhão. Em sua infância e adolescência foi caixeiro e guarda-livros, demonstrando grande interesse pelo desenho. Torna-se caricaturista, colaborando em “O Fígaro”, “O Mequetrefe”, “Zig-Zag” e “A Semana Ilustrada”, jornais do Rio de Janeiro. Obrigado a retornar ao Maranhão, em 1878, pela morte do pai, abandona a carreira de caricaturista e inicia a do escritor. Publica em 1879, “Uma lágrima de mulher”. Com a publicação de “O Mulato”, em 1881, introduz o Naturismo no Brasil. Publica, ainda: Memórias de um condenado (1882); Mistério da Tijuca (1882); Casa de Pensão (1884); Filomena Borges (1884); O Homem (1887); O Coruja (1890); O Cortiço (1890); Demônios (1893); A Mortalha de Alzira (1894); Livro de Uma sogra (1895). Em 1895, abandona a carreira de escritor e torna-se diplomata (AZEVEDO, 1996) 61. Um dos fundadores de “O Pensador” (1879), jornal anticlerical, publica várias crônicas onde traça o perfil da mulher maranhense, comparando-as à lisboeta desocupada e denunciando o ócio em que viviam. Considerava que todo o mal vinha do ócio e da preguiça das mulheres e apenas uma mudança na educação e na concepção do casamento poderia permitir a realização da mulher: "Do procedimento da mulher [...] depende o equilíbrio social, depende o equilíbrio político, depende todo o estado patológico e todo o desenvolvimento intelectual da humanidade [...] Para 60
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Aluízio Azevedo e a Educação (Física) Feminina. In Congresso de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, VII, Gramado-RS, 29/05-01/06/2.000. Coletâneas... Porto Alegre: UFRGS, 2.000c, p. 250-255. 61 AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 29 ed. São Paulo: Ática, 1996.
extinguir essa geração danada, para purgar a humanidade desse sífilis terrível, só há um remédio: é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista, que se baseia nas ciências naturais e tem por alvo a felicidade comum dos povos. É preciso educá-la física e moralmente, prepará-la por meios práticos e científicos para ser boa mãe e uma boa cidadã; torná-la consciente de seus deveres domésticos e sociológicos; predispor-lhe o organismo para a procriação, evitar a diásteses nervosa como fonte de mil desgraças, dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente à metiolidade de seus músculos, instruí-la e obrigá-la principalmente a trabalhar... “. (Aluísio AZEVEDO, Crônica, "O Pensador", São Luís, 10.12.1880, citado por MÉRIEN, 1988:166, 167)62. O mesmo tema é retomado quando da publicação de "O Mulato", criando-se enorme polêmica na imprensa, ora acusando o autor, ora vozes se levantando para defendê-lo acerca de sua posição sobre a condição feminina. Dois amigos de Aluísio Azevedo, Paulo Freire e Luís de Medeiros, fazem publicar cartas sob pseudônimo - Antonieta (carta a Julia, "Diário do Maranhão", São Luís, 6.6.1881) e Júlia (carta a Antonieta, "Pacotilha", São Luís, 9.6.1881), respectivamente - falando “de suas impressões e do impacto que o livro lhes causara" (MÉRIEN, 1988:291)62. Julia/Luís de Medeiros faz longas considerações sobre a condição da mulher maranhense, "lastimando-se da educação retrógrada que recebera em sua família e no colégio" (p. 290), onde fora do português, não se ensinava mais nada às moças além de algumas noções de francês, de canto, de piano e de bordado. Para ela, "a falta de exercícios físicos é a origem das perturbações do sistema nervoso que atingem a maioria das moças maranhenses" (p. 290). A preocupação social é um traço marcante na obra de Aluízio, que buscava, com aguda capacidade de observação, compreender cientificamente os elementos determinantes da realidade do Brasil. Em "O Mulato", faz uma descrição permenorizada dos costumes da São Luís nos idos de 1880, época em que aparece seu romance: "As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhangas maternas, as cabeças avermelhadas pelo sol, a pele crestada, os ventres amarelentos e crescidos, corriam e guinchavam, empinando papagaios de papel." (p. 9)62. O "SPORTISTA" Aos doze anos, estudante do Liceu, havia uma coisa verdadeiramente série para Aluísio de Azevedo: "era brincar, estabelecendo-se entre minha divertida pessoa e a pessoa austera de meus professores a mais completa incompatibilidade". Narra as estripulias da época, em companhia dos amigos de infância: "Criado a beira-mar na minha ilha, eu adorava a água. Aos doze anos já era valente nadador, sabia governar um escaler ou uma canoa, amarrava com destreza a vela num temporal, e meu remo não se deixava bater facilmente pelo remo de pá de qualquer jacumariba pescador de piabas." (citado por MÉRIEN, 1988: 47) 62. Aluísio Azevedo, aos 38 anos de idade, submete-se a concurso para a carreira diplomática e torna-se cônsul (1895), abandonando a carreira de escritor. Exerce suas atividades em Vigo, um porto europeu - março 1896 a julho de 1897; em Yokohama (setembro 1897 a 1899); em La Plata, de janeiro de 1900 a março de 1903; Salto Oriental, no período de junho de 1903 a janeiro de 1904; em Cardiff, permaneceu por quase três anos, de abril de 1904 a fevereiro de 1907; de lá, foi para Nápoles, assumindo em março de 1907 e permanecendo até outubro de 1910. Após algum tempo no Rio de Janeiro, assumiu o consulado de Assunção em janeiro de 1911, permanecendo naquela cidade até outubro, indo para Buenos Aires em novembro, ai ficando até sua morte, em 21 de janeiro de 1913. 62
MÉRIEN, Jean-Yves. Aluísio Azevedo Vida e Obra (1857-1913) - O verdadeiro Brasil do século XIX. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo: Banco Sudameris; Brasília: INL, 1988.
Apesar de suas andanças pelo mundo, vamos encontrá-lo, em 1907, na sua querida São Luís, participando do grupo de Nhosinho Santos, quando da inauguração do Fabril Athletic Clube. Pertencia ao team "Red and White", formado por João Alves dos Santos; Izidoro Aguiar, Alcindo Oliveira; Afonso Guilhon, José Ramos Bastos, Antero Novaes, Ernesto Dobler, Carlos Neves, Manoel Alves dos Santos e Antero Serejo (MARTINS, 1989: 285)51. Aluísio não praticava só o "foot-ball association", certamente aprendido durante sua estada na Inglaterra, onde permaneceu de 1904 a março de 1907. Nesse mesmo mês, estava em São Luís, e o encontramos participando de uma partida de "law-tennes", defendendo as cores do "Red & White". Muito embora seu biógrafo o dê como tendo assumido seu posto em Nápoles no mês de março de 1907 (MÉRIAN, 1988: 618), vamos encontrá-lo participando da partida inaugural do futebol no Maranhão, em 27 de outubro de 1907. Seu "team", o "Red & White", ganhou por 2 x 0, do "Black & White", ambos, equipes internas do Fabril Athletic Club (MARTINS, 1989) 51. Em setembro de 1908, durante as festas do primeiro aniversário dessa agremiação, lá estava novamente, desta feita defendo as cores do F.A.C, contra o Maranhense Futebol Club. A formação foi: João Alves dos Santos; Aluísio Azevedo e José Ramos Bastos; M. Matias, Afonso Gandra e Manoel Alves dos Santos; A. Vieira, Carlos Nina, Antero Novaes e Joaquim Ferreira Belchior. Aluísio jogava como "full back". Como o jogo terminou empatado em 0 a 0, isso exigia uma nova contenda. A 15 de novembro de 1908, as duas equipes voltaram ao campo da Rua Grande para o desempate. O FAC, com: João Alves dos Santos; Manoel Alves dos Santos e Waldemir Araújo; J. Bastos, J. Mário e Aluísio Azevedo; A. Vieira, J. Santos Sobrinho, Antero Novaes, Carlos Neves e A. Gandra. Aluísio jogou como "Half back". Em dezembro de 1908, o Fabril elegia nova diretoria, e Aluísio é eleito como suplente. No dia 31 de janeiro de 1909 ocorre um encontro entre o Maranhão Foot-Ball Club e o F.A.C., como partida preparatória para o festival de inauguração daquele club: "Fabril Athletic Club "Match de Foot-ball em 31 de janeiro de 1909 "Team do 'Fabril Athletic Club - Goal - J. Santos / Full backs - A. Azevedo, E. Simas / Half backs - A. Vieira, A Soeiro, J. Alvim/ Forwards - A. Neves, Ary Faro, T. R. Dowey, João Baptista, J. Santos, J. Santos Sobrinho /Reserve - R. Martins, F. Ribeiro, M. Neves / "Team do Maranhense Foot-ball Club - Goal - J. Mário / Full backs - J. Torres, J. Ferreira / Half backs - J. Santos, B. Queiroz, D. Rodrigues / Forwards - A. Lobão, R. Nunes, J. Gomes, S. Bello, A. Santos / Reserve - A. Figueiredo, A. Gonçalves... “(O Maranhão, 30/01/1909, grifos nossos) No período carnavalesco, as partidas eram interrompidas, voltando somente após a quaresma, conforme chamada de maio de 1908, conclamando os sócios a comparecerem ao clube, para reiniciarem-se as atividades: "Fabril Athletic Clube "Depois de uma pequena interrupção, haverá uma partida de Foot-ball, para isso estão inscritos os seguintes sócios: "Moraes Rego Júnior - W. Reis - J. Moon - J. Shipton - A. Vieira - J. Prado Costa - A. José Rego Serra - J. Mário - C. Guilhon - Raul S. Martins - Aluízio Azevedo - Antero Novaes - José A. Santos - Alcindo Oliveira - M. Neves - A. Gandra "Começará às 4 1/2 hora da tarde". (O Maranhão, 23 de maio de 1908, grifo nosso). Essas jornadas esportivas não se limitavam à prática do "foot-ball association", apenas:
"Fabril Club "Esteve brilhante a partida realizada hontem. Além de inúmeras famílias e cavalheiros, compareceram à festa a Escola de Aprendizes Marinheiros, que sob o comando de seu hábil instructor Sr. David Santos realisou exercícios de fogo e esgrima de baioneta. "Foi este o esplendido programa cumprido à risca: "Os jogos realisados foram os seguintes: "1.- Corrida com ovos em colheres pelos sócios J. Mário, J. Moon, A. Vieira, J. Shipton, sendo vencedor A. Vieira. "2.- Corrida para enfiar agulhas executadas por C. Neves, J. Mário, A. Santos e A. Azevedo, sendo vencedor C. Neves e seguido por J. Mário. "3.- Exercício de fogo, bayoneta e esgrima pela Escola de Aprendizes Marinheiros. "4.- Crors Cutrey (cross-country) - corrida pedestre com obstáculos por J. Mário, J. Moon, C. Neves, A. Vieira, A. Novaes, J. Shipton, J. Bastos, M. Neves, sendo vencedor J. Mário, seguido muito de perto J. Moon em terceiro logar A. Novaes, C. Neves. "5.- Match de Foot-Ball infantil havendo resultado negativo, por se acharem organizados os teams com força igual. Tomaram parte as seguintes creanças: team Bladi & Whate: Fausto Seabra, José Seabra, Frederico Perdigão, José Lopes, Celso C. Rodrigues, Sylvio Rego, Ruy C. Rodrigues, Antônio Rego, Antônio Santos, José M. Lobo, Lúcio Bauerfeldt. "Team Red & White: João Peixoto, Bráulio Seabra, Luiz Santos, Pedro Paulo R. Araújo, Ivar C. Rodrigues, Acyr Marques, Carlos Perdigão, Gastão Vieira, Justo M. Pereira, Celso Pereira, José Vieira. Servio de Refere M. Shipton". (O Maranhão, Segunda-feira, 08 de junho de 1908, grifos nossos). Em setembro de 1908, era apresentado o programa de uma "matineé sportiva" que seria realizada no Domingo seguinte, na sede do F.A.C., reunindo os "Team Riachuello" - "Estrella Preta" - e o "Team Humaitá" - "Estrella Branca"-, ambos da Escola de Aprendizes Marinheiros, marcada para as 3:45 horas, seguida de outros jogos, como o Concurso gaiato, marcado para as 4:20 horas, sendo concorrentes: A. Novaes, J. Santos Sobrinho, A. Azevedo, A. Vieira; já o Concurso gaiato infantil seria disputado por: Ivar, Luiz, Celso, Bráulio, Soeiro Filho; para a quarta prova do programa, Concurso de Agilidade, estavam inscritos: Franklin, Zuza, Maneco Neves, Gui e Aluísio. Para o "match foot-ball", entre o FAC e o Maranhense, estava inscritos: F. A. Club
M. Foot-ball Club
J. A. Santos
A. Santos
A. Azevedo - J. Bastos
J. Torres - J. Ferreira
J. Santos - M. Mathias - A. Gandra
E. Souza - R. Nunes - B. Queiroz -
M. Santos A. Vieira C. Neves - A. Novaes J. Mário
A. Lobão - A. Guterrez A. Silva - J. Gomes - I. Meireles
- J. Belchior - R. Serra Martins Captain - C. Neves Referee - J. M. A. Santos
- J. Santos - M. Amorim Captain - A. Silva
após a partida de futebol, seria realizada a "Tug of War" (cabo de guerra), inscritos: Fausto - Antoninho Ruy - Zeca - Carlos Alberto - Soeiro Filho - Gastão - Yoyô - Lady - Lúcio - José - Adolpho Salles (O Maranhão, sabbado, 26 de setembro de 1908). Na edição da Segunda-feira seguinte - 28 de setembro de 1908 - esse jornal apresenta o resultado dos "matchs" ocorridos: o jogo entre as duas equipes da Escola de Aprendizes Marinheiros terminou empatado em 1 x 1. Ficamos sabendo o que eram aqueles "concursos gaiatos", em que participaram os "sportemen" ludovicences, a elite econômica e intelectual da Atenas brasileira, Aluísio Azevedo, dentre eles: o primeiro deles - para adultos - foi vestir bonecas, saindo vencedor Anthero Novaes e J. Santos Sobrinho; o concurso infantil - enfiar agulha - foi vencido pelo menino Soeiro Filho, enquanto o concurso de agilidade consistiu de abrir garrafas de cola e beber o conteúdo, obtendo o primeiro lugar Manuel Neves. O jogo de futebol entre os dois clubes também terminou empatado, enquanto no Cabo de Guerra - "Tug of War" - o vencedor foi o lado encarnado. O ano de 1908 é encerrado com um jogo entre o F.A.C. e o Maranhense, em comemoração à proclamação da República, terminando em 2 x 0 para a representação fabrilense. Aluísio Azevedo não participa desse jogo, sendo substituído por J. Alvim. Certamente ainda de luto por seu irmão, Arthur Azevedo, ocorrido trinta dias antes, no Rio de Janeiro. DaCosta (2.000)50 considera que o estudo da influência inglesa ou norte-americana no esporte da América Latina passa pelo risco de simplesmente repetir a interpretação da submissão, imitação ou da dependência cultural ao não se distinguir a atividade esportiva de outros fatos culturais, e que essa tão decantada influência inglesa fixou-se no clube de elite encontrado em quase toda a América Latina. Nhosinho Santos, ao regressar da Inglaterra após seus estudos, "inaugura" o esporte moderno na sua São Luís, criando - nos terrenos da Fábrica Santa Izabel, de propriedade de sua família - um "club social e sportivo" nos moldes ingleses, para a prática não só do "foot-ball association" e de outros esportes "croket", "crickt", "law-tennis" - já praticados pelos súditos ingleses que exerciam suas atividades no Maranhão. Aluísio Azevedo, moço pobre, que teve que exercer a função de caixeiro para poder sobreviver; depois, caricaturista em jornais do Rio de Janeiro - para onde fora levado por seu irmão, Arthur -, é obrigado a retornar ao Maranhão, com a morte de seu pai, passando a exercer a profissão de escritor. Por ser solteiro, consegue sobreviver de seus escritos. Cansado de viver sempre em estado de miséria, procura no serviço burocrático emprego, submetendo-se a concurso para a carreira diplomática - seu pai, comerciante, fora também vice-cônsul de Portugal no Maranhão. Abandona então a carreira de escritor... Certamente, por ter exercido suas funções de cônsul em Europa e Japão e convivido com o corpo diplomático, absorveu certos hábitos, como a prática de esportes, que já lhe era familiar, dada à educação que recebera. Encontra, em uma de suas passagens por São Luís, um ambiente requintado, em que as elites se entretinham em práticas esportivas, sendo o "foot-ball association" a coqueluche da época. Aos 50 anos de idade, vamos encontrá-lo jogando futebol, na posição de "full-back", outras vezes como "half-back", ou praticando o "law-tennis", ou participando de concursos "gaiatos", nas reuniões esportivas e sociais daquele início de século, constituindo-se em um verdadeiro "sportman".
O “SPORTMAN” ANTONIO LOPES DA CUNHA O REMO E AS REGATAS NO MARANHÃO O remo foi implantado no ano de 1900, pelos "sportsmen" maranhenses utilizando-se dos rios Anil e Bacanga. É desse ano a criação do "Clube de Regatas Maranhense", instalado na Rua do Sol, 36: "CLUB DE REGATAS MARANHENSE - Director Presidente - Manoel G. Moreira Nina; Vice Director Presidente - Jorge Brown; Director Secretário - José Carneiro Freitas; Director Thesoureiro - Benedicto J. Sena Lima Pereira; Director Gerente - Alexandre C. Moreira Nina; Supplentes: 1º - Manoel A. Barros; 2º Othon Chateau; 3º José F. Moreira de Souza; 4º - Antônio José Silva; 5º - Almir Pinheiro Neves; Commissão d'Estatutos: Dr. Alcides Pereira; Eduardo de A. Mello; Manoel Azevedo; Arthur Barboza Pinto; João Pedro Cruz Ribeiro".63 Essa iniciativa foi efêmera. Os primeiros passos foram dados, para colocar as coisas no rumo certo, mas faltaram recursos para aquisição das embarcações. Encontramos, nos anos seguintes, algumas iniciativas de se manter essa prática esportiva, sendo realizados alguns eventos nos anos de 1908 (a 13 de setembro voltou-se a falar na implantação do remo, chegando a ser organizada uma competição, envolvendo duas equipes que guarneciam os escaleres "Pery" e "Continental"); em 1909, nas comemorações do 28 de julho64 houve outra prova, tomando parte da mesma militares do 24º BC e da Marinha, sendo utilizado barco a dois remos. A elite maranhense fez-se presente tomando parte ativa. Lembramos que em 1907, Nhozinho Santos funda o Fabril Athletic Clube – FAC -, nas dependências da Santa Isabel, implantando várias modalidades esportivas, como o futebol, o atletismo, o tênis, o cricket, o crocket. Outras agremiações surgem, ao lado de algumas já existentes e que iniciam, também, a prática de vários esportes65. De 1910 a 1915, houve uma grande crise do esporte maranhense, com a implantação, o ressurgimento e a extinção de várias equipes, clubes, esportes... Mesmo com esses contratempos, foram promovidas algumas competições, sempre no rio Anil. A partir de 1915 houve um que renascimento dos esportes, graças à iniciativa de Mr. Clissot, cônsul inglês na cidade. O remo e o futebol estavam entre os esportes de preferência da juventude.66 Nos anos seguintes, e até o final dos anos 20, promoveram-se alguns festivais, no rio Anil, sempre com receios de ataques de tubarões, que subiam para desfrutar dos dejetos despejados pelo Matadouro Modelo. Em 1916 houve uma competição que tinha como objetivo implantar, definitivamente, o remo, inclusive com a criação de uma "Liga do Remo". (MARTINS, 1989, p. 217).67. ANTÔNIO LOPES Antônio Lopes da Cunha nasceu na cidade de Viana – Maranhão -, em dia 25 de maio de 1889 e faleceu em São Luís aos 29 de novembro de 1950. Filho do desembargador (e futuro governador do Estado) Manuel Lopes da Cunha e D. Maria de Jesus Sousa Lopes da Cunha. 63
REGENERAÇÃO, 21 de fevereiro de 1900. in VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Remo no Maranhão – 1900-1929. In DaCOSTA, Lamartine Pereira (Org). Atlas Do Esporte No Brasil. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 3-2. 29. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br/textos/193.pdf 64 Em 28 de julho é comemorada a data da adesão do Maranhão à Independência do Brasil. É também a data comemorativa máxima do IHGM. 65 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Introdução do Esporte (moderno) em Maranhão. VIII Congresso De História Da Educação Física, Esporte, Lazer E Dança. Ponta Grossa, 2002. 66 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Cluster esportivo de São Luís do Maranhão, 1860 - 1910. In DaCOSTA, Lamartine Pereira (Org). Atlas do esporte no Brasil. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 2.7 Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br/textos/10.pdf 67 MARTINS, Djard Ramos. Esporte: Um Mergulho No Tempo. São Luís: 1989
Fez os preparatórios em São Luís. Em 1911, concluído seu curso de ciências jurídicas, na cidade de Recife. Foi durante os seus estudos em Recife que Antônio Lopes deu os seus passos iniciais na atividade literária, ao lançar Litania da Morte68, a primeira obra de sua produção, diversificada em múltiplas facetas, todas de extrema importância. Antes ele já havia fundado, em sua terra, a Revista Vianense, ao lado de Mariano Couto e José Belo Carvalho, “manuscrita, em folhas de papel azul de embrulhar rebuçado”. 69 Retornando à província natal, exerceu o magistério – era professor de Literatura Brasileira no Liceu Maranhense e de Filosofia do Direito na Faculdade de Direito do Maranhão, marcando sua atuação com uma vasta erudição Jornalista, redigia “A Pacotilha” e “O Imparcial”. Em 1938, fundou com Mauricio Jansen e Urbano Pinheiro o “Diário do Norte”, folha que exerceu grande influencia na mocidade intelectual de São Luís, pois acolhia generosamente aos jovens poetas e escritores. Antonio Lopes da Cunha introduziu o Escotismo no Maranhão, apenas dez anos depois de surgir na Inglaterra; o Grupo Escoteiro 18tão, antiga Associação Maranhense de Escoteiros foi instituída em 20 de maio de 1917. 70 Foi um dos fundadores da Faculdade de Dire Busca-se identificar entre os diversos autores maranhenses aqueles que se tornaram ‘sportman’ ou que escreveram sobre atividades esportivas e/ou de lazer praticadas em São Luís do Maranhão, resgatando-se a memória dessas atividades. ito de São Luís (1918), ao lado de Fran Paxeco, Henrique Couto, Domingos Perdigão e outros. A elite intelectual maranhense sempre esteve envolvida com as coisas do esporte. Antonio Lopes não poderia ser diferente... NO ESPORTE CLUBE LUSO-BRASILEIRO Vamos encontrá-lo em 8 de junho de 1919, sendo aclamado o novo Presidente do Esporte Clube LusoBrasileiro, quando de sua reestruturação71. Fizeram parte da nova diretoria, Edgard Figueira, como Presidente de Honra; o Dr. Tarquínio Lopes Filho, na vice-presidência; José Carneiro Dias Vieira, como Diretor de Esportes.
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Bibliografia de Antônio Lopes: - O Feio – conferencia pronunciada no Clube Euterpe, em 1908; - Apreciação crítica – in Padrões, livro de versos de Sales e Silva, publicado em 1911; - Celso Magalhães – estudo crítico e biográfico, in Pacotilha, edição de 10.11.1917; - Celso Magalhães – resposta a um artigo de José Ribeiro de Oliveira in Pacotilha Ed. De 19.11.1917; - As caixas escolares, O ensino da Geografia nas escolas primárias, Relatório sobre a Educação Intelectual, - - Noções sobre: ensino obrigatório, a Instrução Escolar, Os Compêndios, A Instrução Publica Municipal de São Luis em 1919 – trabalhos apresentados no Congresso Pedagógico reunudoi em São Luis, em 1920; - Marília e Dirceu – crítica literária in “Geofgrafia e História no. 1, 1926; - O Dicionário Histórico e Geográfico do Maranhão – idem; - Armorial maranhense – idem; - Comendador João Gualberto da Costa – esboço bibliográfico, 1944; - Topônimos Tupi s no Maranhão – estudo sobre a toponímia tupi do Estado, publicado na Revista de Geografia e História no. 2, junho de 1947; - Topônimos Tupis no Maranhão – idem, no. 3, fevereiro de 1950; - Raimundo Lopes – bibliografia, in Revista de Geografia e Historia, no. 2, 1947; - Para a História do Maranhão – idem, 1947; - A História de São Luis – in Geografia e História, Revista do IHGM no. 1, novembro de 1949; - Uma grande data – idem; - A Capitania de Cumâ – Anais do IV Congresso de História Nacional. 4º. Volume, IHGB, 1950; - Alcântara – Rio 1957; - A Imprensa no Maranhão, Rio, 1957; - Presença do Romanceiro, Rio, 1967; Deixou em jornais e revistas do Maranhão um bom numero de artigos sobre o Folclore no Maranhão, sendo de notar um estudo sobre Santo Antonio e o Folclore. (in LOPES, Antonio. Estudos Diversos. São Luís, Sioge, 1973 – notas na orelha do livro) 69 In GASPAR, Carlos. Antonio Lopes Da Cunha – Um Notável Homem Das Letras. www.vianacidadedoslagos.com.br 70 In http://www.18tao.org.br/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=2 71 O Luso Brasileiro fundado em 24 de fevereiro de 1917
A nova sede do clube localizava-se no tradicional Largo do Carmo, 16 (numeração antiga). Era dotada de extenso salão nobre belamente ornamentado, sala de jogos, salão de bilhar. Destacou-se o discurso, de improviso empolgando a todos, do Dr. Antonio Lopes, fazendo uma homenagem ao ex-sócio João Rego, falecido recentemente, deixando enlutado o mundo esportivo maranhense. O novo Presidente entendeu ser necessária uma melhor organização na formação de novos valores esportivos, especialmente para o futebol, evitando-se a importação de ‘cracks’. Entendia a importância da formação de equipes infantis. Na sua organização foram adotadas algumas providenciam consideradas fundamentais: os sócios-meninos só eram admitidos a partir dos 12 anos completos, com autorização dos pais ou responsáveis. Designou atletas da equipe principal – Lauro Lima e Napoleão – como instrutores responsáveis pela preparação física e ‘foot-ball’. Fixou em 50 o número desses associados. Os treinamentos davam-se as quintas-feiras, de maneira que a garotada não fosse prejudicada nos estudos, pois naquele dia era ‘feriado’ nas escolas. Não eram admitidos, para sócios, meninos analfabetos. Todo sócio-mirim, que no fim do mês não apresentasse caderneta da escola donde concluísse sua freqüência normal e a maioria das notas boas, estava passível de sua participação nos treinamentos e jogos, sustada e a continuação dessa irregularidade determinaria mesmo a sua eliminação (MARTINS, 1989, p. 470-473)67. Foi, também, o fundador e secretário perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão: “Em 1925, tomei a iniciativa de reunir alguns homens de boa vontade na livraria de Wilson Soares, expondo-lhes a minha idéia de se comemorar o centenário do nascimento de D. Pedro II com a inauguração, nesta capital, de um Instituto de História e Geografia. Os que prestaram apoio à idéia foram: Justo Jansen, Ribeiro do Amaral, José Domingues, Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão, José Pedro Ribeiro, José Abranches de Moura, Arias Cruz, Wilson Soares e José ferreira Gomes. Mais tarde incorporou-se a esse grupo João Braulino de Carvalho. Ausentes de S. Luís apoiaram calorosamente a idéia Raimundo Lopes, Fran Pacheco, Carlota Carvalho e Antonio Dias, que também foram considerados sócios fundadores do Instituto.(p. 110) “A 20 de novembro realizou-se a sessão inicial, sendo apresentado, discutidos e votados os estatutos e eleita a diretoria, cujo presidente foi Justo Jansen. José Ribeiro do Amaral foi eleito presidente da assembléia geral. (p. 111)72. “A 2 de dezembro, no Salão da Câmara Municipal, inaugurava-se em sessão magna, em homenagem à memória de D. Pedro II, o Instituto de História e Geografia do Maranhão.” (LOPES, 1973, p. 111) 57 Encontramos, na imprensa local, que em 28 de julho de 1928 promoveu-se uma regata, em homenagem ao comandante Magalhães de Almeida, tendo a frente, dentre outros, o "sportman” Antônio Lopes da Cunha73. OUTROS AUTORES MARANHENSES E A CAPOEIRA DOMINGOS VIEIRA FILHO74 ao traçar a história da Rua dos Apicuns dá-nos notícias de ser local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:
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LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Remo no Maranhão – 1900-1929. in DaCOSTA, Lamartine Pereira (Org). Atlas Do Esporte No Brasil. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, p. 3-2. 29. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br/textos/193.pdf VIEIRA FILHO, Domingos. Breve História Das Ruas E Praças De São Luís. 2a. ed. rev. E aum. São Luís : (s.e.), 1971.
"A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" 75 contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever... ' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís).". O famoso Canto-Pequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. Vieira Filho (1971) afirma que ali alguns domingos antes do carnaval costumavam um magote de pretos se reunirem em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato. JOSUÉ MONTELLO76 em seu romance “Os Degraus do Paraíso”, em que trata da vida social e dos costumes de São Luiz do Maranhão, na passagem do século XIX para o século XX, conforme relato de Mestre Eli Pimenta: “[...] encontrei uma passagem interessante que fala da Capoeira naquela cidade e naquela época. O autor fala da inauguração da iluminação pública de São Luiz com lampiões de gás, ocorrida em 1863, e comenta as modificações na vida da cidade com as ruas mais claras durante a noite: ‘Ninguém mais se queixou de ter caído numa vala por falta de luz. Nem recebeu o golpe de um capoeira na escuridão. Os antigos archotes, com que os caminhantes noturnos iluminavam seus passos arriscados, não mais luziram no abandono das ruas." (grifos meus) Eli Pimenta77 comenta que essa alusão à Capoeira encontrada em “Os degraus do Paraíso” nos passa a idéia de que capoeiristas perambulavam pelas ruas de São Luiz na primeira metade do século XIX, e não deixa de ser uma pista promissora de pesquisa para aqueles que querem descobrir a origem da Capoeira no Brasil. DEJARD RAMOS MARTINS78 aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. Considera que tenha sido praticada antes, trazida pelos escravos bandu-angoleses. Fugitivos, os negros a utilizavam como meio de defesa, exercitando-se na prática da capoeira para apurarem a forma física, ganhando agilidade. JOGO DA CAPOEIRA "Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da Rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (MARTINS, 1989, p. 179)
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ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834, e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836. 76 MONTELO, Josué. Os Degraus Do Paraíso. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1965. 77 PIMENTA, Eli. Capoeira em São Luiz do Maranhão. In Jornal Do Capoeira, acessado em 26 de abril de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/) 78 MARTINS, Dejard. Esportes: Um Mergulho No Tempo. São Luís: (s.n.), 1989.
NASCIMENTO DE MORAES79 em uma crônica que retrata os costume e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utiliza o termo capoeiragem: “A polícia é mal vista por lá, a cabroiera dos outros também não é bem recebida e, assim, quando menos se espera, por causa de uma raparigota qualquer, que se faceira e requebra com indivíduo estranho ali, o rolo fecha, a capoeiragem se desenfreia e quem puder que se salve”. (2000, p. 95) Em outro trecho da obra de Nascimento de Moraes, é mostrada com riqueza de detalhes uma briga, identificada como sendo a capoeira: “Ninguém melhor do que ele vibrava a cabeça, passava a rasteira. Armado de um ‘lenço’ roliço e pesado, espalhava-se com destreza irresistível, como se as suas juntas fossem molas de aço. Força não tinha, mas sabia fugir-se numa escorregadela dos pulsos rijos que avidamente o tentassem segurar no rolo. Torcia-se e retorcia-se, pulava, avançava num salto, recuava ligeiro noutro, dava de braço e pés para a direita e para a esquerda, aparando no ‘lenço’ as pauladas da cabroiera, que o tinha à conta dos curados por feiticeiros de todos os males. Atribuíam-lhe outros, a superioridade na luta, a certos sinais simbólicos feitos em ambos os braços, sinais que Aranha, muito de indústria, escondia ao exame dos curiosos, o que lhe aumentava o valor”.
COELHO NETO Henrique Maximiano COELHO NETTO - nasceu em Caxias, Maranhão no dia 20 de fevereiro de 1864 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 28 de novembro de 1934. Foi para o Rio de Janeiro com dois anos de idade; estudou Medicina e Direito, mas não concluiu nenhum dos cursos. Em 1885 relacionou-se com José do Patrocínio, que o introduziu na relação da Gazeta da Tarde; nesse jornal deu início à sua Lista Abolicionista e Republicana. Em 1891, foi publicada sua primeira obra "Rapsódias", um livro de contos. Dedicou-se a literatura com entusiasmo, publicando obras atrás de obras. Escreveu algumas peças teatrais, mais de cem livros e cerca de 650 contos. Foi também um orador de grandes recursos; em 1909 foi catedrático da mesma matéria. Foi deputado na Legislatura de 1909 a 1911; esteve em Buenos Aires como Ministro Plenipotenciário, em Missão Especial. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Em 1928, foi consagrado como "Príncipe dos Prosadores Brasileiros". De sua extensa obra literária, destacam-se: "A Capital Federal", "Fruto Proibido", "O Rei Fantasma", "Contos Pátrios", "O Paraíso", "Mano", "As Estações", "Sertão", "Mistério do Natal", "Fogo Fátuo" e "A Cidade Maravilhosa". Também poeta, escreveu um soneto que se tornaria famoso: "Ser Mãe"; Coelho Neto é o exemplo de fidelidade e dedicação às letras. Henrique Coelho Netto80, um dos mais destacados intelectuais brasileiros do período, ficou indelevelmente associado ao Fluminense Football Club, do qual foi o grande orador e chegou mesmo a compor seu primeiro hino. Seu fervor de torcedor pode ser comprovado em diversos momentos de sua vida, mas um fato 79
NASCIMENTO DE MORAES. Vencidos e Degenerados. 4 ed.São Luís: Cento Cultural Nascimento de Moraes, 2000
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Filho de um comerciante português e uma índia, Coelho Netto nasceu em Caxias (MA) em 21/02/1864 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 28/11/1934. Fundador da cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras, constituiu-se numa destacada figura do cenário literário brasileiro do início do século, exercendo diversos papéis: professor, político, abolicionista, romancista, contista, crítico, teatrólogo. Prolífico, desde sua estréia (Rapsódias, contos de 1891), publicou mais de 25 obras entre contos, romances, crônicas e peças teatrais, entremeadas pelos períodos em que exerceu cargos públicos, inclusive o de deputado federal pelo Maranhão nas legislaturas de 1909 e 1917.
pitoresco, em especial, é bastante elucidativo de seu envolvimento emocional com o (futuro) clube do pó-dearroz e com o próprio futebol: o então deputado federal foi protagonista, bengala à mão, da primeira invasão de campo que se tem notícia por conta de um pênalti marcado em prol do Flamengo quando placar já era desfavorável em 3X2 ao Fluminense. Acompanhou Coelho Netto, o delegado Ataliba Dutra e boa parte da torcida forçando, dessa forma, a anulação do jogo81. Recurso extremo, cuja utilização só é considerada por aqueles que não admitiam, em hipótese alguma, que sua agremiação fosse injustamente penalizada por árbitros de má fé. E estes já não eram poucos.82 Para Normando (2003)72 apesar de, inicialmente, o literato ter percebido o esporte bretão, como era conhecido o jogo, tão somente como um passatempo dos imigrantes ricos, assumiu-se, alguns anos depois, como um verdadeiro sportsman, um amante dos esportes, um propagador das benesses físicas e morais que estes trariam aos seus praticantes. E mesmo em que pesasse sua paixão clubística exacerbada, Coelho Netto teceu uma série de argumentos para enaltecer o futebol enquanto prática de aprimoramento físico e instrumento de otimização social. Assim, seu papel era: “[...] criar no país uma “nova raça” que deixasse definitivamente para trás a sua malfadada herança cultural. O modo pelo qual isto poderia ser conseguido fica (...) bastante claro: abrindo mão dos interesses pessoais, todos deveriam trabalhar por uma mesma causa, por um mesmo ideal, como o de “pátria” - não por acaso uma das preocupações básicas dos defensores da melhoria da raça brasileira, que faziam da “propaganda cívica uma das estratégias básicas de sua atuação”.83 A percepção era de que uma melhoria de corpos e mentes seria um resultado da prática esportiva e, em especial, futebolística, visto seu senso de coletividade. Segundo esse discurso eugênico, o espraiamento do futebol facilitaria a intervenção no cotidiano de diversos grupos de trabalhadores, propagandeando os “sentimentos nobres” atribuídos as “raças superiores”, como o senso de disciplina, a harmonia social e o amor à pátria. O escritor explicitou esse pensamento em trechos da letra do primeiro hino do Fluminense, em 1915: [...] Lutando em justos de alegria O nosso esforço se congraça Em torno do ideal viril De avigorar a nova raça do Brasil [...]84 Tão certo estava Coelho Netto de que as práticas esportivas eram excelentes formadoras do caráter individual que educou seus filhos dentro do ambiente esportivo do clube do coração, o Fluminense. Fez deles exemplos de sportsmen. O filho Preguinho talvez tenha sido seu maior orgulho, além da melhor personificação de seu pensamento esportivo.
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PEREIRA, L. A. de M. “O jogo dos sentidos: Os literatos e a popularização do futebol no Rio de Janeiro” In: CHALHOUB, S. & PEREIRA, L.A. de M. (org.) A história contada - Capítulos de história social da literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, p. 200. 82 NORMANDO, Tarcisio Serpa. O Futebol como Objeto de Investigação Acadêmica. In Lecturas: Educacion Física Y Deportes, Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 58 - Marzo de 2003, disponível em http://www.efdeportes.com/. 83 PEREIRA, L. A. de M. “O jogo dos sentidos: Os literatos e a popularização do futebol no Rio de Janeiro” In: CHALHOUB, S. & PEREIRA, L.A. de M. (org.) A história contada - Capítulos de história social da literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, p. 201. 84 Coelho Netto apud MATTOS,C. Cem anos de paixão: Uma mitologia carioca no futebol. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p. 54.
Preguinho ou João Coelho Netto nasceu em 1905. Aos oito anos de idade, numa brincadeira com companheiros, foi jogado num rio e, nervoso por não saber nadar direito, atrapalhou-se e afundou como um prego. A anedota que esteve muito próxima de transformar-se em tragédia, além de legar ao garoto o indefectível apelido, colaborou para que o pai lhe possibilitasse uma educação esportiva variada. O jovem assumiu de tal maneira essa educação esportiva que seu desempenho em múltiplas modalidades foi deveras respeitável e, aquela altura, o pior castigo que o pai poderia lhe impor era afastá-lo das atividades clubísticas85. Preguinho foi campeão de basquete nos anos de 1924, 1925, 1926, 1927 e 1931; foi campeão de atletismo em 1931; praticou com destaque o pólo-aquático, o vôlei, a natação e o hóquei sobre patins. Contudo, suas maiores glórias vieram dos gramados: foi campeão carioca em 1933, 1937 e 1938 pelo clube tricolor que defendia desde 1925. Como atacante marcou 184 gols pela agremiação e teve atuações memoráveis que o levaram a seleção brasileira e o convocaram para primeira Copa do Mundo, a do Uruguai em 1930, na qual conseguiu o feito de marcar o primeiro gol brasileiro nessa competição mundial. Seu preparo técnico e físico fez dele nas décadas de 20 e 30 presença obrigatória em seleções cariocas e brasileiras86. Em que pese todo o sucesso, jogou a vida inteira como amador: em 1933 durante o período mais intenso de profissionalização de atletas no Rio de Janeiro, recusou-se a receber dinheiro para defender o clube87. O NOSSO JOGO88 Coelho Netto, “O BAZAR” 1922 "Transcrevendo-o do Correio do Povo, de Porto Alegre, publicou O Paiz em seu número de 22 do corrente, um artigo com o título: ‘Cultivemos o jogo de capoeira e tenhamos asco pelo do Box’, firmado pelo correspondente do jornal gaúcho nesta cidade, Dr. Gomes Carmo. Concordamos in limini com o que diz o articulista, valho-me da oportunidade que me abre tal escrito para tornar a um assunto sobre o qual já me manifestei e que também já teve por ele a pena diamantina de Luiz Murat. A capoeiragem devia ser ensinada em todos os colégios, quartéis e navios, não só porque é excelente ginástica, na qual se desenvolve, harmoniosamente, todo o corpo e ainda se apuram os sentidos, como também porque constitui um meio de defesa pessoal superior a todos quantos são preconizados pelo estrangeiro e que nós, por tal motivo apenas, não nos envergonhamos de praticar. (negrito do Editor) Todos os povos orgulham-se dos seus esportes nacionais, procurando, cada qual dar primazia ao que cultiva. O francês tem a savate, tem o inglês o boxe; o português desafia valentes com o sarilho do varapau; o espanhol maneja com orgulho a navalha catalã, também usada pelo "fadista" português; o japonês julga-se invencível com o seu jiu-jitsu e não falo de outros esportes clássicos em que se treinam, indistintamente, todos os povos, como a luta, o pugilato a mão livre, a funda e os jogos d`armas. Nós, que possuímos os segredos de um dos exercícios mais ágeis e elegantes, vexamonos de o exibir e, o que mais é, deixamo-nos esmurraçar em ringues por machacazes balordos
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Cf. MATTOS, Op. cit., Pp. 52-53. A autora relembra que em 1920, quando da visita do rei da Bélgica, Alberto I, um incidente diplomático envolveu Coelho Netto e Preguinho: ao tentar matar uns passarinhos próximo do Palácio Guanabara, um disparo do jovem Preguinho atingiu a sacada sobre a qual debruçava-se a rainha. Apesar do acionamento da polícia carioca, o episódio foi minimizado pela presença do eminente escritor e pelo desejo do rei em conhecer o garoto que, no dia anterior, cobriu-se de medalhas em provas realizadas em homenagem a Sua Alteza no Estádio das Laranjeiras, de propriedade do time tricolor. Evidentemente seu castigo foi a proibição de freqüentar o Fluminense por um mês. 86 Cf. site oficial da Confederação Brasileira de Futebol (C.B.F.), http://www.brasilfutebol.com/ 87 Esta atitude é, ainda hoje, motivo de orgulho para ala mais tradicional do Fluminense, que o considera “o maior tricolor dos tricolores” e “glória do clube”. Cf. site oficial do fluminense, http://www.flu.com.br/. 88 http://www.capoeira.jex.com.br/
que, com uma quebra de corpo e um passe baixo, de um "ciscador" dos nossos, iriam mais longe das cordas do que foi Dempsey à repulsa do punho de Firpo. O que matou a capoeiragem entre nós foi...a navalha. Essa arma, entretanto, sutil e covarde, raramente aparecia na mão de um chefe de malta, de um verdadeiro capoeira, que se teria por desonrado se, para derrotar um adversário, se houvesse de servir do ferro. Os grandes condutores de malta " guaymús e nagôs, orgulhavam-se dos seus golpes rápidos e decisivos e eram eles, na gíria do tempo: a cocada, que desmandibulava o camarada ou, quando atirada ao estomago, o deixava em síncope, estabelecido no meio da rua, de boca aberta e olhos em alvo; o grampeamento, lanço de mão aos olhos, com o indicador e o anular em forquilha, que fazia o mano ver estrelas; o cotovelo em ariete ao peito ou ao flanco; a joelhada; o rabo de raia, risco com que Cyriaco derrotou em dois tempos, deixando-o sem sentidos, ao famoso campeão japonês de jiu-jitsu; e eram as rasteiras, desde a de arranque, ou tesoura, até a baixa, ou bahiana; as caneladas, e os pontapés em que alguns eram tão ágeis que chegavam com o bico quadrado das botinas ao queixo do antagonista; e, ainda, as bolachas, desde o tapa-olho, que fulminava, até a de beiço arriba, que esborcinava a boca ao puaia. E os ademanes de engano, os refugos de corpo, as negaças, os saltos de banda, à maneira felina, toda uma ginástica em que o atleta parecia elástico, fugindo ao contrário como a evitá-lo para, a súbitas, cair-lhe em cima, desarmando-o fazendo-o mergulhar num "banho de fumaça". Era tal a valentia desses homens que, se fechava o tempo, como então se dizia, e no tumulto alguém bradava um nome conhecido como:Boca-queimada, Manduca da Praia, Trincaespinha ou Trindade, a debandada começava por parte da polícia e viam-se urbanos e permanentes valendo-se das pernas para não entregarem o chanfalho e os queixos aos famanazes que andavam com eles sempre de candeias às avessas "Dessa geração celebérrima fizeram parte vultos eminentes na política, no professorado, no exército, na marinha como " Duque Estrada Teixeira, cabeça cutuba tanto na tribuna da oposição como no mastigante de algum paróla que se atrevesse a enfrentá-lo à beira da urna: capitão Ataliba Nogueira; os tenentes Lapa e Leite Ribeiro, dois barras; Antonico Sampaio, então aspirante da marinha e por que não citar também Juca Paranhos, que engrandeceu o título de Rio Branco na grande obra patriótica realizada no Itamaraty, que, na mocidade, foi bonzão e disso se orgulhava nas palestras íntimas em que era tão pitoresco. A tais heróis sucederam outros: Augusto Mello, o cabeça de ferro; Zé Caetano, Braga Doutor, Caixeirinho, Ali Babá e, sobre todos o mais valente, Plácido de Abreu, poeta comediógrafo e jornalista, amigo de Lopes Trovão, companheiro de Pardal Mallet e Bilac no O COMBATE, que morreu, com heroicidade de amouco, fuzilado no túnel de Copacabana, e só não dispersou a treda escolta, apesar de enfraquecido, como se achava , com os longos tratos na prisão, porque recebeu a descarga pelas costas quando caminhava na treva, fiado na palavra de um oficial de nome romano. Caindo de encontro às arestas da parede áspera ainda soergue-se, rilhando os dentes, para despedir-se com uma vilta dos que o haviam covardemente atraiçoado. Eram assim os capoeiras de então. Como os leões são sempre acompanhados de chacais, nas maltas de tais valentes imiscuíam-se assassinos cujo prazer sanguinário consistia em experimentar sardinhas em barrigas do próximo, deventrando-as. O capoeira digno não usava navalha: timbrava em mostrar as mãos limpas quando saia de um turumbamba. Generoso, se trambolhava o adversário, esperava que ele se levantasse para continuar a luta porque: "Não batia em homem deitado"; outros diziam com mais desprezo: "em defunto". Nos terríveis recontros de guaiamus e nagôs, se os chefes decidiam que uma questão fosse resolvida em combate singular, enquanto os dois representantes da cores vermelha e branca se batiam as duas maltas conservam-se à distância e, fosse qual fosse o resultado do duelo, de ambos os lados rompiam aclamações ao triunfador.
Dado, porém, que, em tais momentos, estrilassem apitos e surgissem policiais, as duas maltas confraternizavam solidárias na defesa da classe e era uma vez a Força Pública, que deixava em campo, além do prestigio, bonés em banda e chanfalhos à ufa. O capoeira que se prezava tinha oficio ou emprego, vestia com apuro e. se defendia uma causa, como aconteceu com do abolicionismo, não o fazia como mercenário. O capanga, em geral, era um perrengue, nem carrapeta, ao menos , porque os carrapetas, que formavam a linha avançada, com função de escoteiros, eram rapazolas de coragem e destreza provadas e sempre da confiança dos chefes. Nos morros do Vintém e do Néco reuniam-se, às vezes, conselhos nos quais eram severamente julgados crimes e culpas imputados a algum dos das farandulas. Ladrões confessos eram logo excluídos e assassinos que não justificassem com a legitima defesa o crime de que fossem denunciados eram expulsos e às vezes, até, entregues a policias pelos seus próprios chefes. Havia disciplina em tais pandilhas. Quanto às provas de superioridade da capoeiragem sobre os demais esportes de agilidade e força são tantas que seria prolixa a enumeração. Além dos feitos dos contemporâneos de Boca queimada e Manduca da Praia, heróis do período áureo do nosso desestimado esporte, citarei, entre outros, a derrota de famosos jogador de pau, guapo rapagão minhoto, que Augusto Mello duas vezes atirou de catrambias no pomar da sua chacarinha em Vila Isabel onde, depois da luta e dos abraços de cordialidade, foi servida vasta feijoada. Outro: a tunda infligida um grupo de marinheiros franceses de uma corveta Pallas, por Zé Caetano e dois cabras destorcidos. A maruja não esteve com muita delonga e, vendo que a coisa não lhe cheirava bem em terra, atirou-se ao mar salvando-se, a nado, da agilidade dos três turunas, que a não deixavam tomar pé. A última demonstração da superioridade da capoeiragem sobre um dos mais celebrados jogos de destreza deu-nos o negro Cyriaco no antigo Pavilhão Paschoal Segreto fazendo afocinhar, com toda a sua ciência, o jactancioso japonês, campeão do jiu-jitsu. Em 1910, Germano Haslocjer, Luiz Murat e quem escreve estas linhas pensaram em mandar um projeto a Mesa da Câmara dos Deputados tornando obrigatório o ensino da capoeiragem nos institutos oficias e nos quartéis. Desistiram, porém, da idéia porque houve quem a achasse ridícula, simplesmente, por tal jogo era... Brasileiro. Viesse-nos ele com rótulo estrangeiro e tê-lo-íamos aqui, impando importância em todos os clubes esportivos, ensinado por mestres de fama mundial que, talvez, não valessem um dos nossos pés rapados de outrora que, em dois tempos, mandariam um Firpo ou um Dempsey ver vovó, com alguns dentes a menos algumas bossas de mais. Enfim...Vamos aprender a dar murros " é esporte elegante, porque a gente o pratica de luvas, rende dólares e chama-se Box, nome inglês. Capoeira é coisa de galinha, que o digam os que dele saem com galos empoleirados no alto da sinagoga. É pena que não haja um brasileiro patriota que leva a capoeiragem a Paris, batisandoa, com outro nome, nas águas do Sena, como fez o Duque com o Maxixe. Estou certo de que, se o nosso patriotismo lograsse tal vitória até as senhoras haviam de querer fazer letras, E que linda seriam as escritas! Mas, se tal acontecesse, sei lá! Muitas cabeçadas dariam os homens ao verem o jogo gracioso das mulheres".
NUNES PEREIRA Manuel Nunes Pereira - Nunes Pereira - (1892 — 1985), nascido no Estado do Maranhão, foi um antropólogo e ictiólogo que viveu grande parte de sua vida em Manaus, e, posteriormente, na cidade do Rio de Janeiro89. Coelho Netto – transformado em uma, nem sempre bem sucedida, agencia de empregos, solicitou a um amigo uma colocação a Nunes Pereira: “Prestes amigo, O portador, Manuel Nunes Pereira, é poeta e do Maranhão, já se vê, filho da oliveira e da cigarra. Dá-lhe tu que o tens, um lugarzinho no posto que és defensor perpétuo e escracha contrabandistas. Se deferires este meu pedido, saberei cantar-te o favor em rimas de ouro, as quais já levam o selo e o coração do teu, Coelho Netto”.90 Nunes Pereira foi veterinário do Ministério da Agricultura até a sua aposentadoria e teve alguns de seus opúsculos científicos editados pela Div. de Caça e Pesca do M.A. (O pirarucu, A tartaruga verdadeira do Amazonas e O peixe-boi da Amazônia, tendo sido este último artigo científico publicado, em 1944, no Boletim do Ministério da Agricultura). Escreveu diversos livros91, sendo a sua obra mais conhecida Moronguetá - um decameron indígena, conjunto monumental de pesquisas, apresentado por Thiago de Mello (dois tomos), onde constam reproduções de páginas de cartas a Nunes Pereira emanadas de cientistas sociais como Roger Bastide e Claude Lévi-Strauss. Com esses estudiosos o antropólogo maranhense-amazonense travou contato pessoal, quando da passagem deles pelo Brasil. Carlos Drummond de Andrade escreveu, no Jornal do Brasil, uma crônica sobre o autor de Os índios maués, um dos primeiros pesquisadores mestiços brasileiros - era cafuzo, descendente de índios, negros e brancos - a obter reconhecimento científico internacional89. Informa Côrrea90 ser o “Prestes amigo” burocrata aduaneiro, que despachou o jovem Nunes Pereira, sem dar-lhe o emprego. Não atendido em sua pretensão, Nunes Pereira pediu o bilhete de Coelho Netto de volta. O “Prestes amigo” mandou-o bater em retirada, afirmando que jamais devolveria um bilhete de Coelho Netto! Desafiado o poeta, havendo perdido o emprego e a oportunidade de ficar no Rio de Janeiro – sonho 89
In http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira CORRÊA, Rossini. Atenas Brasileira – a cultura maranhense na civilização nacional. Brasília: Thesaurus; Corrêa & Corrêa, 2001, p. 149-150 91 Obras de Manuel Nunes Pereira Casa das Minas: contribuição ao estudo das sobrevivências do culto dos voduns, do panteão Daomeano, no Estado do Maranhão. Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, 1947 (2.ed Petrópolis: Vozes, Rio de Janeiro, 1979) Moronguetá - Um Decameron Indígena. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967. 2 vols. (Coleção Retratos do Brasil, nº 50) Panorama da alimentação indígena: comidas, bebidas e tóxicos na Amazônia Brasileira. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1974 Os índios maués. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1954 Curt Nimuendaju, síntese de uma vida e obra, 1946 O sahiré e o marabaixo: tradições da Amazônia. 2ª ed. Recife: Fundação Joaquim Nabuco / Ed. Massangana, 1989 (Série Estudos e Pesquisa, nº 64). Apresentação de Savério Roppa A Ilha de Marajó: estudo econômico-social. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1956 (Série Estudos Brasileiros, n. 8) Barbosa Rodrigues: um naturalista brasileiro na Amazônia O pirarucu. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, Divisão de Caça e Pesca (Opúsculo) A tartaruga verdadeira do Amazonas (resumo informativo). Reedição. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, Divisão de Caça e Pesca, 1954 (Opúsculo) ["Este livreto [A tartaruga verdadeira do Amazonas] de 17 páginas foi elaborado pelo veterinário Nunes Pereira e trata-se uma obra bastante interessante e extremamente difícil de ser encontrada nas bibliotecas e acervos públicos", http://www.omelhordaweb.com.br/imprime_coluna.php?cdColuna=32] O peixe-boi da Amazônia (1944). Boletim do Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro, 33(5):21-95 90
multicor dos maranhenses no passado – decide que, sem o bilhete, jamais ficaria! E o toma de assalto; o “Prestes amigo” fica atonito, em face da força titanica e herculea do poeta na vida prática... Em 1922, ano da Semana de Arte Moderna, Nunes Pereira era um Atlas a arremessar o seu DISCÓBOLO:” 92 Lembra Antnoud, perante os meus olhos de artista, Na graça e robustez da plástica espartana, Se, ao sol, que adusta a gleba e os píncaros conquista, Pisa o fulgido pó do estádio que se aplana. Vai, de um lado – e o outro lado, ao término da pista, A ovação que de um coro uníssono espadana, Lança o disco primeiro... e ei-lo, trepido, à vista, Fulge, dentro da luz como uma oblata humana. Arremessa outro disco... e mais outro... e outros muitos, Numa hercúlea impulsão de braços de granito, Sobem, no ar descrevendo intérminos circuitos. E a alma sonha, a seguir de áureos discos os rastros, Um Titan, que atirasse à mudez do Infinito. Os discos de crystal polychrono doa astros
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In TAVOLA DO BOM HUMOR. Sonetos maranhenses. São Luís: Imprensa Oficial, 1923, p. 125.
FREI EPIFÂNIO DA BADIA, O FREI BOM DE BOLA EDMILSON SANCHES Frei Epifânio da Badia -- que dá nome ao estádio municipal de Imperatriz (MA) -- nasceu em 15 de dezembro de 1916 em uma pequena cidade italiana de menos de 2.500 habitantes. Essa cidade se chama Badia Calavena. É daqui que veio o nome religioso do frade desportista: Frei Epifânio da Badia. Portanto, é assim que se deve escrever o nome religioso do frei: Frei Epifânio da Badia. Não é “Abadia” nem “da Abadia” nem “d’Abadia”. E qual o porquê do nome? Desde antigamente, as pessoas que se devotam ao mundo religioso escolhem ou têm seu próprio nome religioso. É como se “morressem” para o mundo material, secular, e “renascessem” para um novo mundo, o espiritual, com novo nome. Geralmente o novo nome do religioso faz referência ao nome da cidade onde ele nasceu. Cite-se, por exemplo, São Francisco de Assis, da cidade de Assis, Itália. O nome "oficial" de São Francisco é Giovanni di Pietro di Bernardone. Assim também é com Cristo, chamado “Jesus de Nazaré”, pois o Filho de Deus procedia da cidade de Nazaré, em Israel. Maria Madalena, filha da cidade de Magdala (Israel). Paulo de Tarso, o apóstolo, era filho de Tarso, na Turquia. Santa Teresa d’Ávila, padroeira de Imperatriz, era filha de Ávila, cidade da Espanha. E mais uma: Madalena de Canossa, que dá nome a uma escola pública municipal de Imperatriz, era uma rica princesa italiana, da cidade de Canossa, que abandonou tudo para se dedicar aos pobres. Com 22 anos Frei Epifânio foi ordenado sacerdote. Veio para o Brasil em 1947 e chegou ao município de Imperatriz em 10 de outubro de 1952. Ficou em Montes Altos, que ainda era distrito imperatrizense. Foi pároco de Montes Altos (que, após breve período como município, de 1955 a 1957, é extinto pelo Supremo Tribunal Federal, voltou a ser distrito de Imperatriz e, nova e definitivamente, torna-se município em 1958, com instalação em março de 1959). No final dos anos 1960, Frei Epifânio vem para a cidade de Imperatriz, onde morreu em 1982. Frei Epifânio gostava de futebol e o praticava. Era conhecedor de técnicas e táticas. Jogou de batina até conseguir autorização da Igreja para jogar de calção. Foi um frei que prestou muitos serviços para o município de Imperatriz: foi responsável por duas grandes paróquias (São Francisco e Fátima), dirigiu e construiu igrejas, organizou clubes de futebol e, entre outras atividades e realizações, dirigiu o Ginásio Bernardo Sayão.
Fotos: 1) Frei Epifânio da Badia (à direita) com o jovem missionário católico Albé Ambrogio. Segundo o blog "Museu Virtual de Imperatriz" (http://museu-virtual.blogspot.com) a fotografia é do "final dos anos 1960" e foi feita "no grande quintal da Casa Paroquial de Santa Teresa", onde funcionava a CIRETRAN, na Rua 15 de Novembro, Centro antigo de Imperatriz. Oficialmente a rua agora se chama Avenida Frei Manoel Procópio. A foto original está no arquivo fotográfico da Associação Humanitária de Imperatriz Albé Ambrogio.
2) e 3) Frei Epifânio no Formiga Futebol Clube, "recém-chegado à cidade de Imperatriz", segundo Frei Rodrigo (https://freirodrigodearaujo.blogspot.com.br) e no Nacional Futebol Clube, em Imperatriz. (Fotos do blog do Frei Rodrigo).
4) O Estádio Municipal Frei Epifânio da Badia.
100 ANOS DA “INAUGURAÇÃO DO ‘FOOT-BALL ASSOCIATION’ NO MARANHÃO por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação Física do CEFET-MA. Mestre em Ciência da Informação
A primeira partida de futebol no Maranhão, oficialmente, foi disputada no dia 27 de outubro de 1907. Informa-nos o jornalista Djard Martins que ficou definitivamente estabelecido que a data de 27 de outubro de 1907 era a data de fundação oficial da associação fabrilense. O clube, para festejar o evento, promoveu grande festa na sede social, à Rua Grande, 220. Várias atrações foram organizada: concurso de encilhamento, que foi ganho por Serejo. Na corrida, sairam vencedores Joaquim Belchior e M. Lopes. No 'place-kick' E. Dolber tirou o primeiro lugar, ficando Jasper [Moon] em segundo. No concurso de peso, vitória de Jasper [Moon], que lançou o peso à distância de 9 1/2 jardas. Depois, aconteceu o ponto alto das festividades, o jogo de futebol, reunindo as equipes internas do F.A.C.: 'Black and White' 'e 'Red and White', culminando com o triunfo dos 'vermelhos', por 2 a 0". Na imprensa local, o grande acontecimento é noticiado, como sendo a “INAUGURAÇÃO DO FOOT BALL "Realizou-se hontem a grande partida inaugural do Fabril Athletic Club, a qual revestiu-se de maior importancia (...) Na partida de Foot Ball, foi vencedor o partido encarnado (...)A residência do Club está muito bem preparada e a assistência do acto compareceram muitas famílias e cavalheiros da boa sociedade. Serviram de juizes da senha o sr. Edmundo Fernandes pelo Theam Black and Whate e Henoch Lima pelo Red & Whate. É, incontestavelmente, o Foot Ball a melhor diversão que existe no Maranhão. Damos parabéns aos diretores de tão importante club, pelo esforço verdadeiramente louvavel que têm empregado em prol de uma instituição tão útil à saúde e à mocidade maranhense. A solenidade compareceram três bandas de música, as quaes executaram bellos trechos". (O MARANHÃO, 28 de outubro de 1907) Djard MARTINS (1989) em seu "Esporte - um mergulho no tempo" registra que o nascimento das atividades esportivas em Maranhão se dá pelas mãos de JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS Nhozinho Santos - e do clube esportivo e social fundado na Fábrica "Santa Izabel", o FABRIL ATHLETIC CLUB - FAC - para a prática do "foot-ball association". Também foram praticados o Tênis, o Cricket, o Crockt, o Tiro, e o Atletismo: Nhozinho Santos, ao regressar da Inglaterra em 1905 - onde fora estudar para técnico em indústria textil, na cidade de Liverpool -, tornara-se um ardoso praticante do "foot ball", e não se esquece de trazer em sua bagagem os apetrechos necessários à prática desse esporte: chuteiras, apitos, bolas, etc., como também para outras atividades esportivas, como o "croket", "crickt", tênis. Assim, naquele final de ano de 1905, reuniram-se na residência dos Santos, na rua Grande, 1018 (Instituto Zoé Cerveira) além de Nhozinho, seus irmãos Totó e Maneco, alguns amigos e convidados para tratar da implantação do "foot ball association" no Maranhão. Além dos irmão Santos, estiveram presentes: John Shipton, John Moon, Ernest Dobler, ingleses empregados na Boot Stearship Co. Ld. - Mala Real Inglesa -, Botho & Co. Ld., e os maranhenses Izidoro Aguiar, Edmundo Fernandes, Afonso Gandra, José Ramos Bastos, Antero Novaes, Carlos Neves, Antero Serejo, e outros mais. Ficou estabelecido que na vasta área da Fábrica seria construido um campo para a prática do futebol. Foram sacrificadas algumas árvores, para que tivesse as dimensões necessárias para a pratica do esporte.
A princípio houve alguma dificuldade para se arranjar os onze jogadores para se formarem os times. Os treinamentos eram realizados com dois quadros de oito jogadores, cada. As competições no campo do FAC começaram a despertar a curiosidade dos transeuntes, que assistiam as partidas através de aberturas no cercado da Fabril. Ninguém entendia do que se tratava, ao observarem os rapazes correndo atras da bola, pois havia muita disputa e muita algazarra: "Sucederam-se os treinamentos com os 'sportmen' apurando a forma técnica, entendo melhor as regras ... não havia treinamentos físicos. A resistência vinha em decorrência do maior tempo dos coleticos que, às vezes, processavam-se até não ser mais enxergada a bola. Assim, decorreu o ano de 1906, uma ou outra disputa entre as duas formações, usando camisas e chuteiras e as bolas importadas". Em 24 de outubro de 1907 aparece anuncio nos jornais da época, "A direção do Fabril Athletic Club avisa aos seus sócios que ainda não tiraram convite, que os procurem hoje, até 10 horas da noite, na sede do mesmo club". (O MARANHÃO, Quinta feira, 24 de outubro de 1907) Com a instituição do Fabril Athletic Club e a constituição das duas equipes, e por força das sucessivas disputas, criou-se uma rivalidade importante para despertar o maior entusiasmo pela conquista de belos feitos: "O primeiro embate oficializado pelo F.A.C. aconteceu a 28 de maio de 1907. No final, ocorreu a igualdade (2 a 2). Naquele tempo, um jogo empate reclamava logo a realização de outro para conhecer-se o vencedor. Isso ocorreu a 16 de junho de 1907, dessa feita com a vitória do 'Black and White' (1 a 0)". (MARTINS, 1989 : 285). As equipe eram formadas pelos times do "Black and White": João Mário; A. Vieira e G. Costa Rodrigues; E. Simas, Moraes Rego e Joaquim Ferreira Belchior; F. Machado, John Shipton, John Moon, M. Lopes e C. Gandra. O do "Red and White" era formado por: João Alves dos Santos; Izidoro Aguiar e Alcindo Oliveira; Afonso Guilhon, Aluízio Azevedo e José Ramos Bastos, Antero Novaes, Ernesto Dobler, Carlos Neves, Manoel Alves dos Santos e Antero Serejo. Embora Martins registre a data de 28 de maio de 1907 como sendo da primeira partida oficializada, ocorreu uma antes, a 12 de abril daquele ano, entre as equipes internas dos "Pretos" (Black and White) e a dos "Encarnados" (Red and White), com a duração de 50 minutos, com dois tempos de 25, com a vitória dos "pretos", por 1 x 0. O jogo teve prosseguimento, por mais 15 minutos, permanecendo o resultado. Essas equipes disputaram outras partidas: 26.05.1907 - Black and White 2 x Red and White 2 16.06.1907 - Black and White 1 x Red and White 0 25.06.1907 - Black and White 2 x Red and White 2 23.06.1907 - Black and White 1 x Red and White 1 26.06.1907 - Black and White 1 x Red and White 3 07.07.1907 - Black and White 0 x Red and White 2 14.07.1907 - Black and White 0 x Red and White 1 Podemos observar com certa facilidade que existe na trajetória histórica do futebol brasileiro determinantes que são comuns nas equipes que foram criadas até o iníco deste século (FREITAS FILHO, 1998, 2000). Uma das matrizes propostas por esse autor repete-se em São Luís do Maranhão: "... a convivência de estudantes brasileiros em escolas européias, nos quais a prática do futebol era bastante difundida. Quando retornam ao Brasil, estes estudantes apresentam este jogo para os seus amigos, e mesmo tendo certas dificuldades face às práticas esportivas dominantes na época, o futebol acabou sendo incorporado". (p. 237).
Concordamos que a herança inglesa e norte-americana encontrada no esporte latino-americano não é somente paradoxal, como definiu Arbena, mas sobretudo pouco relevante pois foi apenas um ponto de partida. Servimo-nos, uma vez mais, de Dejard Martins: "Houve muita semelhança no procedimento de Charles Müller e Nhozinho Santos. O paulista educou-se em Southampton e o maranhense, em Liverpool, ambas cidades inglesas. Até na idade ambos estavam certos, 21 anos. A diferença estava apenas na facilidade encontrada por Charles Müller para introduzir o futebol, porque já encontrou os ingleses do São Paulo Railway, um clube em franca atividade esportiva. Já Nhozinho, com a ajuda dos parentes, de amigos e de ingleses, aqui residentes, teve que fundar uma associação - o Fabril Atheltic Club - FAC, recrutar os poucos rapazes estrangeiros que trabalhavam em São Luís, no London Bank, Both Line Co., Westers, e que não eram muito amantes do 'foot-ball association'. Charles Müller era 'center-forward' e Nhozinho, 'goal-keeper'.". (p. 143). Mas não se praticava só o "foot ball". Também jogava-se o tênis, todos os dias, depois das quatro da tarde, sendo construida uma quadra regulamentar e "lá os amantes dessa prática deleitavam-se nesse elegante esporte". As festas dançantes, realizadas em seus salões, eram as mais requintadas, assim como realizavamse conferências e representações teatrais. Mas estas, já são outras histórias...
CAPOEIRA: DESENVOLVIMENTO E ASPECTOS HISTÓRICOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhãoi Academia Ludovicense de Letras
Vamos começar por duas citações: A Capoeira é essencialmente dialética e dinâmica; e por ser uma manifestação que se espalhou pelo mundo muito recentemente, recebe milhares de análises em seus diversos aspectos – teórico, técnico, didático, tático, filosófico etc. - e cada uma delas baseada na realidade de cada norteador de um trabalho (entenda-se: Mestre, Professor, Instrutor etc.). Até aqui, vemos a fortaleza da Capoeira: a junção dos diversos pontos de vista que fazem com que ela não seja monopolizada em única verdade; e, sim, descentralizada em diversas faces de uma mesma manifestação. O que não é salutar é a imposição de uma verdade em detrimento de outra, gerando a perda de criatividade e a estabilização dos conhecimentos. Desta forma, é difícil dizer que algo é errado na Capoeira. (Mestre Tuti (Gde. Fpolis, SC, Brasil) in Chamada na ‘Benguela’ 17/11/2011) 93·. João Ubaldo Ribeiro afirma, sobre a Capoeira, que “o segredo da verdade é o seguinte: não existem factos, só existem histórias” 94·. “Eduardo, como já vimos, era um jovem escravo vindo do Maranhão” (CUNHA, 2013, p. 101) QUE CAPOEIRA ERA ESSA?
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O Autor, ao analisar as ocorrências policiais havidas naquele inicio da capoeiragem em São Paulo – Capital e algumas cidades do interior – inicia seu trabalho com a análise de duas dessas ocorrências, uma, no ano de 1831, ocorrida no distante subúrbio do Brás, envolvendo ‘africanos capoeiras paulistas’ e ‘africanos capoeiras cariocas’, com estes desafiando aqueles para um confronto. O segundo caso, ocorreu entre os ‘pequenos do chafariz’, já na capital, no ano de 1864. Adão dos Santos Jorge – africano congo liberto 93
To: capoeiranaescola@googlegroups.com Cc: fabiano caviquio ; Marcelo ; jeferson batista ramos ; capoeiramestrepop@gmail.com Sent: Saturday, September 17, 2011 1:04 AM Subject: Chamada na 'Benguela' 94 Jorge Bento, citando João Ubaldo Ribeiro, in ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. (Porto): Instituto Superior Maia, 1997, p. 7 95 CUNHA, Pedro Figueiredo Alves da. CAPOEIRAS E VALENTÕES NA HISTÓRIA DE SÃO PAULO (1830-1930). São Paulo, Alamedara, 2013. 96 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. UM CAPOEIRA MARANHENSE ENTRE OS ‘PEQUENOS DO CHAFARIZ’ – SÃO PAULO-SP, 1864. In REVISTA DO LÉO, 15, janeiro de 2019 (no prelo) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio UM CAPOEIRA PIAUIENSE CHEFE DE POLICIA NA CÔRTE. . In REVISTA DO LÉO, 15, janeiro de 2019 (no prelo) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio MENINO, QUEM FOI TEU MESTRE? . In REVISTA DO LÉO, 15, janeiro de 2019 (no prelo) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675 98 CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004 97
agride a Eduardo – preto escravo, quando se encontravam naquele local, caminho do centro para o subúrbio... Local de ajuntamento de pretos... Eduardo era escravo de Carlos Mariano Galvão Bueno – um advogado e professor na Escola de Direito, escritor e poeta conhecido, subdelegado de policia. O Autor nos chama atenção do fato de o agressor, Adão, ser africano livre, registrado no Livro de Matricula de Africanos Livres, dado que a lei de abolição do tráfico de cativos da África de sete de novembro de 1831 dava emancipação àqueles entrados após esta data, por força de convenções internacionais, para acabar com o tráfico no Atlântico; mesmo assim, deveriam servir pelo prazo de quatorze anos a concessionários particulares ou a instituições públicas. No processo que se seguiu, Eduardo disse ser escravo “do pai de Paulino Coelho de Sousa, que se achava ausente desta cidade tendo ido para o Maranhão” 99. Então, deveria estar prestando serviços ao nominado Galvão Bueno. Com 24 anos de idade, disse ser filho de José e Sabina - escravos do mesmo senhor -, natural do Maranhão, sem ofício (p. 94). Em seu depoimento, disse que Adão “começou um jogo ou gritos de correr jogar capoeira com este declarante e soltou-lhe uma tapa nas costas...” (p. 94). Eduardo foi ferido com uma navalhada. Alegava o autor da agressão que o fizera por também ter sido ferido, em outro encontro – não com Eduardo – com duas anavalhadas no abdome. Eduardo avocou outros escravos, como sua testemunha da agressão que sofrera desafiado que fora por Adão. Todos frequentavam o chafariz de Miguel Carlos, e possivelmente fora para marcar território, demonstrando sua valentia, caso pretendesse dominar tal espaço; isso explicaria porque Adão “começou um jogo ou gritos de querer jogar capoeira” (p. 100).
https://www.google.com.br/search?biw=1920&bih=969&tbm=isch&sa=1&ei=PMztW5fFLITGwAS3krbwAw &q=rugendas+%2B+chafarizes&oq=rugendas+%2B+chafarizes&gs_l=img.12...134530.140765.0.143128.37. 18.0.0.0.0.0.0..0.0....0...1c.1.64.img..37.0.0....0.Hp1BshBj7Cw#imgrc=0WNpMwjol-YmXM: IN CUNHA, 2013, P. 97 Pedro Figueiredo Alves da Cunha pergunta-se: que capoeira era essa? Adão estava a conversar com outros negros, no chafariz, quando Eduardo chegou e passou a brincar com Adão jogando capoeira. Depois de ‘brincar”, pediu para parar; como não foi atendido, disse que ‘poria a navalha nele’. Adão achara uma navalha na rua – essa explicação que deu ao delegado – e Eduardo, com um pauzinho, passou a provoca-lo, dizendo que cortasse o mesmo com a navalha, para mostrar destreza. Acabou por ferir a Eduardo, só
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Paulino Coelho de Sousa consta como aluno na Faculdade de Direito, no ano de 1863, http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_02&pesq=Paulino%20Coelho%20de%20Sousa&pasta=ano%2 0186
percebendo quando viu sangue em sua mão, cortando-lhe um dedo com a navalha... só depois viu que também o atingira no peito. Cunha chama atenção para o uso de pau, de navalha, e o uso de facas e navalhas, e de cacetes, pelos capoeiras; mais, que as autoridades deram pouca importância à prática da capoeira, em si, mas sim à desordem e agressão física, que ocorrera: se fosse na Corte, seria diferente, pois a capoeira era duramente reprimida. Diz ainda, o autor, que parecia haver um pacto de silencio quanto à prática da capoeira, por parte de todos os envolvidos: agressor, agredido e testemunhas, no sentido de não demonstrar a prática do jogo-luta. O uso de arma branca, o gestual, o uso de pau, faz lembrar, ao autor da tese, uma modalidade de luta que ocorria na África Central denominada ‘cafuinha’, caracterizada como um ritual, de demonstração de valentia, com o uso de armas brancas, que exigia habilidade corporal, com uso de saltos, acompanhado por pancadas (percussão), berrarias (canto) e assobios, muito próximo à capoeira que se descrevia, como praticada em São Paulo, àquela época. Eduardo, nascido no Brasil, também dominava o gestual de demonstração de valentia, naquilo que se denominava capoeira. Soares (2002, A capoeira escrava) 100, assinala que a década de 1830 foi caracterizada por um agravamento das ações desses indivíduos (os capoeiras), pois ‘ao invés de pequenos grupos furtivos, típicos da era joanina [...] agora grandes maltas se embatiam diretamente com o repressor’(CUNHA, 2013, p. 46-47). Referindo-se ao primeiro episódio, do enfrentamento de ‘capoeiras cariocas’ e ‘capoeiras paulistas’, Cunha (2013) coloca que estes deveriam usar reminiscências de suas terras de origem para criar estratégias de domínio espacial. O desafio fazia parte de um jogo de demonstração de valentia, com seus rituais e símbolos próprios, “ecos específicos” de um passado africano. Dentre estes símbolos podem estar os ‘barretes vermelhos’, usados pelos líderes dos capoeiras paulistas, pois o uso de barretes, chapéus e fitas de cor, em especial nos tons vermelho, amarelo e branco, entre capoeiras, têm registro desde a primeira década do século XIX. Esses ornamentos eram geralmente exibidos como sinal de distinção de determinados grupos, servindo ainda para marcar domínio de uma determinada área. Da mesma forma, o uso de assobios e assuadas eram formas de desafiar os oponentes, estratégia que ressoava de forma especial entre grupos africanos. Como a cabeçada, o assovio se tornou uma faceta exclusiva da capoeira escrava carioca (Soares, 2002). Ao analisar estes dois casos, Cunha (2002) afirma que: A capoeira foi desenvolvida no Brasil por africanos, inicialmente que reproduziram ou adaptaram estratégias de vivencia e sobrevivência de suas terras de origem, dentro de um processo de troca de saberes com iguais e desconhecidos através do ‘fluxo e refluxo’ interno, proporcionado por atividades comerciais ou mesmo de tráfico dentro do Brasil. (p. 59). Quando do reconhecimento da Capoeira como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro foi considerada: “Arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta”: Expressão brasileira surgida nos guetos negros há mais de um século como forma de protesto às injustiças sociais, arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta, a capoeira foi reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira. A decisão do Instituto do
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SOARES, Carlos Eugênio Libano. A CAPOEIRA ESCRAVA E OUTRAS TRADIÇÕES REBELDES DO RIO DE JANEIRO (1808-1850). 2 ED. Campinas: Editor da UNICAMP, 2002.
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi concretizada terça-feira (15) [de julho de 2008] no Palácio Rio Branco, em Salvador (BA).101 sendo definida como uma arte multidimensional, um fenômeno multifacetado - ao mesmo tempo dança, luta, jogo e música - que tem na roda o ritual criado pelos capoeiristas para desenvolver esses vários aspectos. Quero chamar a atenção para o entendimento de que as práticas culturais, como a Capoeira, não estão paradas no tempo e, por isso mesmo, a transformação constante é inevitável. As necessidades e os problemas dos (as) Capoeiras de outrora não são os mesmos de hoje. A cada dia se joga uma Capoeira diferente. A Capoeira de hoje é diferente da Capoeira de ontem e da de amanhã – esse exemplo de constante transformação demonstra suficientemente bem que a cultura está em permanente mudança. Por Capoeira deve-se entender “indivíduo (s) ou grupos de indivíduos que promoviam acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos dos centros urbanos ou área de entorno”? (p. 65), conforme a conceitua Araújo (1997) 102, ao se perguntar “mas quem são os capoeiras?“; e por “capoeiragem” como: “a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado”? (p. 69); e capoeirista, como sendo: “os indivíduos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidas como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva”? (p. 70). Ou devemos entendê-la como: Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira); assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a “... um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40). Considera-se como prática do desporto formal da Capoeira sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino-aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação indumentária por uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem.
101 Capoeira é registrada como patrimônio imaterial brasileiro - África 21 - Da Redação - 16/07/2008 http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/16/capoeira-e-registrada-como-patrimonio-imaterial-brasileiro/ 102
ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. Maia: Instituto Superior de Maia, 1997. Série Estudos e Monografias.
Considera-se como pratica desportiva não-formal da Capoeira sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo Artigo anterior, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes. Capoeira – “jogo atlético de origem negra, ou introduzida no Brasil por escravos bantos de Angola, defensivo e ofensivo, espalhado pelo território e tradicional no Recife, cidade de Salvador e Rio de Janeiro, onde são reconhecidos os mestres, famosos pela agilidade e sucessos. Informa o grande folclorista que, na Bahia, a capoeira luta com adversários, mas possui um aspecto particular e curioso, executando-se amigavelmente, ao som de cantigas e instrumentos de percussão, berimbaus, ganzá, pandeiro, marcando o aceleramento do jogo o ritmo dessa colaboração musical. No Rio de Janeiro e Recife não há, como não há notícia noutros Estados, a capoeira sincronizada, capoeira de Angola e também o batuque-boi. Refere-se, ainda, à rivalidade dos guaiamus e nagôs, seu uso por partidos políticos e o combate a eles pelo chefe de Polícia, Sampaio Ferraz, no Rio de Janeiro, pelos idos de 1890. O vocábulo já era conhecido, e popular, em 1824, no Rio de Janeiro, e aplicado aos desordeiros que empregavam esse jogo de agilidade.” (Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore) 103 Do Atlas do Esporte no Brasil104: “Origens e Definições A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais, atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à proibição pública, ao longo do século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980, internacional. Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo “capoeira”, cada qual se referindo a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos esportivos, trata-se de um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco). Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginástica, dança, esporte, arte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica.” (Sergio Luiz De Souza Vieira In DaCOSTA, Lamartine (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 1.44-1.45) “Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ” uma luta dramática”(in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388).
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CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972. DaCOSTA, Lamartine (Org.). A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 1.44-1.45. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br
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“CARIOCA” - uma briga-de-rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu ‘a capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX. Para a capoeira, apresentam-se três momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte. CAPOEIRA ANGOLA - a proposta explícita da capoeira Angola é tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos” ensinados pelos antigos mestres. Está intimamente ligada a figura de Mestre Pastinha – Vicente Ferreira Pastinha -; aprendeu a capoeira antes da virada do século XIX (nasceu em 1889) com um velho africano. CAPOEIRA REGIONAL - é a partir do final da década de 1920 que Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – desenvolveu na Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do nome, foi a primeira modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Bimba partiu de uma crítica da capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas então no Brasil. CAPOEIRA CONTEMPORÂNEA – o panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexa que é impossível, atualmente, distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional, pois surgiram estilos que se pretendem intermediários e que têm sido denominados de “Contemporânea” ou mesmo “Angonal”: - CONTEMPORÂNEA – é a denominação dada por Mestre Camisa a capoeira praticada no Grupo Abadá, com sede no Rio de Janeiro; - ANGONAL – neologismo que representa uma tendência na capoeira atual que funde elementos da Capoeira Angola com a Capoeira regional, criando um estilo intermediário entre essas duas modalidades; é, também, o nome de um grupo, do Rio de Janeiro – Mestre Boca e outros; - ATUAL – denominação que seria usada por Mestre Nô de Salvador, para designar esta terceira via (Vieira e Assunção, 1998). Para Mestre Gil Velho105, ainda hoje muito se discute sobre as origens da capoeira, com as perspectivas do debate atreladas aos diversos discursos que vestem sua imagem moderna, a esportiva: “Parte-se de ideias construídas, e não de práticas sociais espontâneas. Assim, a capoeira carioca está historicamente imbricada às maltas de capoeiras da cidade e à “filosofia da malandragem carioca” dos anos 1800. A baiana, por sua vez, está ligada à cultura negra baiana e especificamente ao candomblé. No Recife, ela se manifesta nas gangues de rua Brabos e Valentões. Esse autor considera que para a análise da essência da capoeira, tem-se que voltar no tempo e considerar o contexto da realidade sociocultural de espaços com registros identitários e territoriais dela, destacandose dois loci: Rio de Janeiro e Recife. Estes dois centros urbanos eram, no século XIX, os maiores pontos de comunicação com o resto do mundo, onde mais circulava gente, ideias, comércio. As zonas portuárias permitiam a troca de ideias entre nichos socioculturais semelhantes. A capoeira do século XIX, no Rio, com as maltas de capoeira106, e em Recife, com as gangues de rua dos Brabos e Valentões, foram movimentos muito semelhantes aos das gangues de savate (boxe francês)107 em 105
Gil Cavalcanti, o Mestre Gil Velho, geógrafo, é coordenador do Projeto Memorial da Capoeira Pernambucana, do Programa Capoeira Viva, do Ministério da Cultura, 2008
Paris e das maltas de fadistas108 de Lisboa do século XIX. Chama atenção é que os gestuais dessas lutas também são parecidos, ou seja, os golpes usados na aguerrida comunicação gestual eram análogos: Por outro lado, as perspectivas identitárias e territoriais próprias dão a cada movimento sua sócio-fronteira, com espaços personalizados dos atores em seus próprios contextos sócioculturais. A capoeira marca sua presença em grupos de sócio-fronteiras a partir de meados do século XIX, no Rio de Janeiro com as maltas e no Recife com as gangues. Nessas cidades, os grupos disputavam os espaços demarcados identitariamente e tinham suas próprias manifestação Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira. Letícia Vidor de Souza Reis109, baseada em Câmara Cascudo, afirma que o "batuque baiano" era uma modalidade de capoeira que irá influenciar muito Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, na elaboração da Capoeira Regional Baiana110: Em entrevista ao Jornal Diário da Bahia, na sua edição de 13 de março de 1936111, na matéria: “Titulo Máximo da Capoeiragem Bahiana”, Bimba, dá uma longa entrevista acerca de seus desafios públicos na divulgação da chamada Luta Regional. Da mesma destacamos o seguinte trecho: “Falando sobre o actual movimento d’aquele ramo de lucta, genuinamente nacional uma vez que difere bastante da Capoeira d’angola, o conhecido Campeão (Bimba) referindo-se a uma nota divulgada por um confrade matutino em que apparecia a figura do Sr. Samuel de Souza. Do Bimba, de referência aos tópicos ouvimos: Ao som do berimbau não podem medir forças dois capoeiras que tentem a posse de uma faixa de campeão, e isto se poderá constatar em Centros mais adiantados, onde a Capoeira assume aspectos de sensação e cartaz. A Polícia regulamentará estas exibições de capoeiras de acordo com a obra de Aníbal Burlamaqui (Zuma) editada em 1928 no Rio de Janeiro... . Nesta reportagem existem alguns itens que merecem uma atenção mais detalhada: (a) A confirmação da influencia de Zuma no trabalho implantado por Mestre Bimba; (b) O reconhecimento de Bimba ao trabalho de Zuma;
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As Maltas eram grupos de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX. Compostas principamente de negros e mulatos (os brancos também se faziam presentes), as maltas aterrorizavam a sociedade carioca. Houve várias maltas: Carpinteiros de São José, Conceição da Marinha, Glória, Lapa, Moura entre outras. No período da Proclamação da República havia duas grandes maltas, os Nagoas e os Guaiamús. http://pt.wikipedia.org/wiki/Malta_(capoeira) 107 O Savate ou boxe francês, é um desporto de combate, desenvolvido na França na qual os pés e as mãos são utilizados para percutir os adversários e combina elementos de boxe com técnicas de pontapé. Um praticante de savate é chamado savateur e uma praticante de savate é chamada savateuse. http://pt.wikipedia.org/wiki/Savate VER: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “Chronica da Capoeira(gem): O “Chausson/Savate” influenciou a Capoeira?”.in PAPOÉTICO 29 de setembro de 2011, debate ocorrido no Sebo do Chiquinho, promovido pelo jornalista Paulo Melo. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA(GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?” REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 22 108
SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira. In Análise Social, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713 disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf 109 REIS, Letícia Vidor de Sousa. O MUNDO DE PERNAS PARA O AR: A CAPOEIRA NO BRASIL. 2. ed. São Paulo: Publisher Brasil/ FAPESP, 1997. v. 1. 110 in http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf 111 (Fonte: Rego, op. cit., 1968. pág. 282 e 283; Diário da Bahia. Salvador 13 de março de 1936; Da Capoeira: Como Patrimônio Cultural - Prof. Dr. Sergio Luiz de Souza Vieira - PUC/SP 2004)
(c) A afirmação de Bimba existia Centros mais adiantados em Capoeira que a Bahia, no caso, a Cidade de Rio de Janeiro; (d) O interesse de Bimba pela prática desportiva da “Luta Nacional”; (e) A integração de seu discípulo nesta inovação; (f) A adoção do regulamento de Zuma pela direção do Parque Odeon, onde se realizavam tais apresentações; (g) A liberação pela polícia, daquela forma de luta já existente no Rio de Janeiro. A afirmação traz um significado especial por tratar do batuque baiano na formação de Mestre Bimba, da qual seu pai era campeão na modalidade, porque implicava num jogo agressivo de pernas contra as pernas do oponente, já como uma forma característica de luta acompanhada por cânticos e instrumentos. Também há apontamentos de que o batuque se disputava entre "pernadas" durante os carnavais cariocas112. Quanto a Anibal Burlamaqui - Zuma113 - foi um importante inventor desta nova capoeira carioca e afirmou que vários golpes foram extraídos dos “batuques” e “sambas”, como no caso do “baú”. Trata-se de um golpe dado no adversário com a barriga, sendo similar aos movimentos do “samba de umbigada”. O “baú” também era usado durante os “batuques lisos”, segundo Zuma, os mais delicados. O “rapa” havia sido um golpe usado nos “batuques pesados”. Ele também explica os golpes de “engano”, que serviam somente para burlar o adversário.114 Fregolão (2008) 115 considera que toda a pluralidade cultural imbricada na constituição destes elementos pode significar manifestações culturais diferentes, conforme a região em que ocorrem. Mestre André Lacé116, a esse respeito, lembra que a capoeira tradicional, na Bahia e pelo Brasil afora, tinham a mesma convivência com o batuque. Além do mais há registros autorizados jurando que a Regional nasceu da fusão da Angola com os melhores golpes das lutas europeias e asiáticas117. 112 FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008 disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf 113
http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf - A Capoeira Desportiva é o mais antigo segmento organizado da Capoeira. Surgiu no Rio de Janeiro após a Proclamação da República, no Brasil, em 1889. É resultante do reaproveitamento da corporalidade da antiga capoeiragem, em seus gestos e movimentos, para a construção de um método ginástico caracterizado por uma forma de luta sistematizada. Em 1904 surgiu um livreto anônimo, sob o nome: Guia do Capoeira ou Gymnastica Brazileira, com algumas propostas deste reaproveitamento, no qual se encontram as letras ODC, que significam “ofereço, dedico e consagro”, no caso “à distinta mocidade”. Foi somente em 1928 que a Capoeira Desportiva foi metodizada e estruturada por seu precursor, Annibal Burlamaqui, conhecido pelo nome de Zuma, o qual elaborou a primeira Codificação Desportiva da Capoeira, sob o título de: Gymnastica Nacional (Capoeiragem) Methodizada e Regrada. Sua obra. 114 http://4.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SWfpDlAQZ6I/AAAAAAAAC68/mfXW2md8_IM/s1600-h/punga.gif, in Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA 115 FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008. Nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009, disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20-%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf 116
LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro,2004 LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO E NO MUNDO. – histórias & fundamentos, Administração geral, administração pública, jornalismo. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição elertrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2004. LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. 2 ed. Amp. E list. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro, 2005 LACÉ LOPES, André Luiz. L´ART DE LA CAPOEIRA À RIO DE JANEI, AU BRÉSIL ET DANS LE MONDE. Littérature de Cordel. Rio de Janeiro, 2005 LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. 4 ed. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro, 2007. LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição eletrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2006. 117 LACÉ LOPES, André. Correspondência eletrônica enviada em 20 de agosto de 2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz.
O batuque, também chamado de pernada, é mesmo, essencialmente, uma divisão dos antigos africanos, com especialidade dos procedentes de Angola. Onde há capoeira, brinquedo e luta de Angola, há batuque, que parece uma forma subsidiária da capoeira.118 Para Lacé Lopes (2006) 119, a origem africana, entretanto, é evidente e incontestável. Comprovada não apenas pelo perfil étnico predominante dos capoeiras brasileiros do passado, mas, sobretudo, pela existência na África, há séculos, de práticas similares. O Moringue no Oceano Índico – Ilha de Reunião, Madagascar, Moçambique etc.120 – sem dúvida, é um bom exemplo. O mesmo raciocínio pode ser ajustado ao berimbau africano, instrumento musical que, no Brasil, acabou fortemente associado ao jogo da capoeira. Cada vez menos, mestres de capoeira e pesquisadores tendem a divergir quanto a esses aspectos. Da mesma forma que está surgindo um consenso sobre a utilização do nome “capoeira” para rotular o ensino e a prática do jogo com acompanhamento musical (cantoria e ritmo: berimbau, pandeiro, caxixi, reco-reco, agogô, atabaque), e a utilização do nome “capoeiragem” para a prática da capoeira como uma espécie de briga abrasileirada de rua, em desuso, na qual, no máximo, batiam-se palmas e cantavamse versos curtos (samba duro, pernada carioca etc.). Já em Portugal encontrou-se o chamado fado batido, que surgiu no início do século XIX como dança de umbigadas semelhante ao lundu. Popularizou-se primeiro no Rio de Janeiro e depois na Bahia. Na década de 1830, já existiam em Lisboa inúmeras casas de fado, onde moravam as fadistas, jovens que cantavam, tocavam e "batiam" o fado num ambiente de bordel. Por volta de 1840, o canto ganhou especial importância, o que parece haver coincidido com a substituição da viola pelo violão121. José Ramos Tinhorão (2001), no capítulo "Os negros na origem do fado-canção em Lisboa" revela ter havido rodas de fado que funcionavam como as rodas de pernada dos crioulos do Brasil: era o chamado ‘fado batido’, clara referência à antiga umbigada africana e em que um dançarino ‘batia’ (aplicada a pernada) e o outro ‘aparava’ (procurava neutralizar o golpe para não cair).122 Fregolão (2008) 123 informa que na página 61 dos Códigos de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Desterro [Florianópolis], de 10 de maio de 1845 no artigo 38 há a proibição dos ajuntamentos de escravos ou libertos para formarem batuques, sob pena de castigos conforme a lei para os cativos e para os libertos multa ou cadeia. O código de posturas da cidade de Salvador proibia "os batuques, danças e ajuntamentos em qualquer hora e lugar sob pena de prisão". A expressão "batuque", repleta de significados, podia representar diversas expressões culturais. Câmara Cascudo registra por "Batuque" a dança com sapateados e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor quando é de negros ou também de viola e pandeiro "quando entra gente mais asseada". Batuque é denominação genérica de toda dança de negros na África. Batuque é o baile. De uma descrição de um naturalista alemão, em visita às Gerais, em 1814/15, ao descrever a dança, fala da umbigada [punga].
118 CARNEIRO, Edison. FOLGUEDOS TRADICIONAIS. 2 ed. Rio de Janeiro: FUNARTE; 1982., 1982 (p. 109), nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009 119
LACÉ LOPES, André. Capoeiragem. In DACOSTA, Lamartine (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, p. 10.2-10.4, disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf 120 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA(GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?” REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 22 121 http://www.casadobacalhaupb.com.br/v2/fado.php, referencia de Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA 122
TINHORÃO, José Ramos. HISTÓRIA SOCIAL DA MUSICA POPULAR BRASILEIRA. Rio de Janeiro: Editpora 34, 2001, disponiverl em http://books.google.es/books?id=8qbjll0LmbwC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f =false 123 FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008. Nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009 disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20-%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf
Edison Carneiro124 ao fazer uma espécie de etimologia do batuque, cita que Macedo Soares considerava a palavra produto do verbo bater, mas cita também “Esta palavra, na sua acepção mais lata no Brasil, aplica-se ao conjunto de sons produzidos por instrumentos de percussão, em especial se considerados desarmônicos ou ensurdecedores. Também em sentido lato, a toda e qualquer dança ao som de atabaques dá-se, depreciativamente, o nome de batuque. Especificamente, batuque designa um jogo de destreza da Bahia, uma dança de umbigada de São Paulo – que se filia ao batuque africano – e dois tipos de cultos de origem africana correntes na região amazônica e do Rio Grande do Sul.” José Ramos Tinhorão (1988) 125 aponta para o problema do uso genérico do termo batuque: Na verdade, tal como o exame mais atento das raras informações sobre essas ruidosas reuniões de africanos e seus descendentes crioulos deixa antever, o que os portugueses chamaram sempre genericamente de batuques não configurava um baile ou um folguedo, em si, mas uma diversidade de práticas religiosas, danças rituais e formas de lazer. Com o nome de "batuque" ou "batuque-boi" há uma luta popular, de origem africana, muita praticada nos municípios de Cachoeira e Santo Amaro e capital da Bahia, uma modalidade de capoeira. A tradição indica o batuque-boi como de procedência banto, tal e qual a capoeira, cujo nome tupi batiza o jogo atlético de Angola.
BATUQUE - Johann Moritz Rugendas (Augsburg, 29 de março de 1808 — Weilheim, 29 de maio de 1858) foi um pintor alemão que viajou por todo Brasil durante 1822-1825 e pintou povos e costumes. Date 1822-1825. Fonte: Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA É descrita por Edson Carneiro (Negros Bantos): a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Dos golpes, cita o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar à posição primitiva. 124 CARNEIRO, Edison, DINÂMICA DO FOLCLORE, Rio de Janeiro:O Autor, 1950.Citado por FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008. 125 TINHORÃO, José Ramos. OS SONS DOS NEGROS NO BRASIL: CANTOS, DANÇAS, FOLGUEDOS: ORIGENS. São Paulo: Art Editora, 1988.
Augustus Earle “Negroes fighting. Brazils” (Nègres combattant. Brésils) aquarelle sur papier, 16.5x25.1 cm, date approximative 1821...1823 Catunda (1952) 126 ressalta que na capoeira baiana [...] Não é como a capoeira carioca, na qual um dos comparsas se mantém imóvel, em atitude de defesa, enquanto só o outro ataca, dançando em volta do inimigo, assestando-lhe golpe sobre golpe. Em comentário de pé-de-página consta o seguinte: “A descrição da capoeira do Rio relembra a do batuque ou da pernada carioca por Edison Carneiro 1950 127, [...] Edison Carneiro descreveu a capoeira bahiana em Negros Bantus em 1938”. Câmara Cascudo128 informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro. Diziam os marinheiros, que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Em “Dinâmica do Folklore” (1950) Edson Carneiro129 afirma que o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo. O batuque na Bahia se chama batuque, batuque-boi, banda, e raramente pernada - nome que assumiu no Rio de Janeiro... Ficaram famosos como mestres na arte do batuque, Angolinha, Fulo, Labatut, Bexiga Braba, Marcelino Moura... No verbete "punga", Câmara Cascudo130 se refere à dança popular no Maranhão, capital e interior; que é a mesma "dança do tambor". A punga é também chamada "tambor de crioula". Há também referencia a grafia "ponga", que como se sabe é um jogo. Crê que punga é um termo em uso apenas no Maranhão e significa, na dança em questão, a umbigada, a punga. A punga seria uma dança cantada, mas sem versos próprios, típicos. Geralmente são improvisados na hora, quando as libações esquentam a cabeça e despertam a "memória" do "tiradô" de versos. Após descrever o que seria a dança do tambor-de-crioula, informa que pong provirá do tupi “soar, bater, ou antes, soar por percussão. "O que fervia era o lundum, e estalavam as umbigadas com o nome de "pungas"" (p. 742-743). Remete a Tambor:
126 CATUNDA, Eunice, Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, Fundamentos—Revista de Cultura Moderna, nº30, São Paulo, 1952, pp. 16–18. 127
CARNEIRO, Edison, DINÂMICA DO FOLCLORE, Rio de Janeiro: O Autor, 1950 CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972 129 http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=629 130 CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972 128
"... mas a autonomia dos tambores indígenas e sua existência pré-cabralina parecem-me indiscutíveis no Brasil. Dança do Tambor, Tambor-de-Mina, Tambor-de-Crioulo. As danças denominadas "do Tambor" espalham-se pela Ibero-América. No Brasil, agrupam-se e são mantidas pelos negros e descendentes de escravos africanos, mestiços e crioulos, especialmente no Maranhão. [grifos meus]. Conhece-se uma Dança do Tambor , também denominada Ponga ou Punga que é uma espécie de samba, de roda, com solo coreográfico, e os Tambor-de-Mina e Tambor-de-Crioulo, [chamo atenção novamente para a grafia, em masculino], série de cantos ao som de um ferrinho (triangulo), uma cabaça e três tambores, com danças cujo desempenho ignoro." (p. 850-851). O lundu ou lundum131 é um gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, uma certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim. O lundu veio para o Brasil com os negros de Angola, por duas vias, passando por Portugal, ou diretamente da Angola para o Brasil. Informa o ilustre pesquisador, ainda, que uma missão cultural colheu exemplos das músicas utilizadas tanto no Tambor-de-Mina quanto no de Crioulo, em 1938. Estão ligados esses tambores-de-mina-e-decrioulo às manifestações religiosas dos "terreiros", ao passo que: "... a punga (dança e batida) parecem alheias ao sincretismo afro-brasileiro na espécie... o Tambor-de-Crioula é o Bambelô do Maranhão, mas com a circunstância de que só dançam as mulheres. Passa-se a vez de dançar com a punga, que é um leve bater de perna contra perna. Punga é também espécie de pernada do Maranhão: batida de perna contra perna para fazer o parceiro cair.. às vezes o Tambor-de-Crioula termina com a punga dos homens.". (p. 851). Por "Punga", registra: jogo ginástico, brincadeira de agilidade, entre valentões, malandros e capadócios. É uma simplificação da capoeira... Sua descrição, assemelha-se à da "punga dos homens", do Tambor-deCrioulo(a) (p. 709). Já "bambelô" é descrito como samba, côco de roda, danças em círculo, cantada e acompanhada a instrumentos de percussão (batuque), fazendo figuras no centro da roda um ou dois dançarinos, no máximo. O ético é o vocábulo quimbundo mbamba, jogo, divertimento em círculo (p. 113). Soares (2005) 132, em “Capoeira no Pará: resistência escrava e cultura popular, 1849-1890”, ao referir-se a acontecimentos na Corte, compara-o à situações vividas em Belém, no ano de 1849. Refere-se, mais adiante, a recente trabalho de Vicente Salles (A defesa pessoal do negro: a capoeira no Pará, 1994) 133 que revela a antiguidade da capoeira paraense, seu enraizamento, sua proximidade com a capoeira praticada no Rio de Janeiro e Bahia, e sua peculiaridade regional. Soares (2005) 134, se referindo a acontecidos nos anos de 1890, discorre:
131 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lundu 132
SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Capeira no Pará: Resistência escrava e cultura popular (1849-1890). In COELHO, Mauro Cezar; GOMES, Flávio dos Santos; QUEIROZ, Jonas Marçal; MARIN, Rosa E. Acevedo; PRADO, Geraldo (Org). MEANDROS DA HISTÓRIA: trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005, p. 144-160. 133 SALLES, Vicente. A DEFESA PESSOAL DO NEGRO: A CAPOEIRA NO PARÁ. Micro-edição do autor, 1964, citado por SOARES, 2005, op. Cit. 134 SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Capeira no Pará: Resistência escrava e cultura popular (1849-1890). In COELHO, Mauro Cezar; GOMES, Flávio dos Santos; QUEIROZ, Jonas Marçal; MARIN, Rosa E. Acevedo; PRADO, Geraldo (Org). MEANDROS DA HISTÓRIA: trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005, p. 144-160.
“Sintomático também em Belém, muito precocemente, também fosse palco da Carioca, como nos mostra ofício […] descreve uma patrulha na região de Ver-O-Peso: ‘estive em patrulha […] quando vimos alguns individuos pulando jogando carioca.” 135 Para Albuquerque136, o êxito da economia paraense atraiu para a região amazônica, entre 1890 e 1910, trabalhadores nordestinos e imigrantes europeus, principalmente portugueses. A interação entre esses trabalhadores levou à incorporação pela capoeira paraense de armas próprias às lutas portuguesas, assim como golpes e hábitos dos capoeiristas baianos, cearenses e pernambucanos. No Rio de Janeiro, essa convivência entre negros, imigrantes pobres e migrantes de diversas regiões do país nas ocupações braçais, principalmente na estiva, ampliou, ainda mais, os tipos sociais que praticavam capoeira. Entre os praticantes estavam portugueses, espanhóis e italianos que trabalhavam no porto, operários nordestinos, soldados, brasileiros brancos e pobres. Não eram apenas os negros que podiam ser facilmente identificados como capoeiras pelo andar gingado, as calças de boca larga e a argolinha de ouro na orelha, sinais de valentia. Soares (2005) considera que a repressão desencadeada em 1890, a criminalização no novo código penal da República, teria obrigando os praticantes a encontrar novas formas de dissimulação, para ocultar-se da atenção das autoridades. Nos últimos anos do século XIX, no Rio de Janeiro teria aparecido a chamada Pernada Carioca, que consistia de golpes da capoeira tradicional, como a rasteira, camuflados em nova roupagem. Miltinho Astronauta, ao referir-se à Pernada de Sorocaba137, na Capital Paulista, e à outra "espécie de capoeira", a Tiririca, comenta que, aparentemente, com a repressão de algumas manifestações (ai inclui-se a Capoeira, o Batuque e até mesmo a Religião Candomblé), o povo era obrigado a mascarar suas práticas, mudando formas de execução e nome de tais práticas. Refere-se ainda ao Folclorista Alceu Maynard Araújo (1967) que relata que foi encontrada capoeira no interior paulista entre o final do século XIX e início do século XX. Trata-se de levas de capoeiras soltas nas pontas dos trilhos da Sorocabana, que tinha como destino final a cidade de Botucatu. Na verdade eram capoeiras desterrados do Rio em consequência do Código Penal de 1890 138. Na Bahia, o batuque era o escalão inicial para a capoeira; no Rio de Janeiro, era e é a pernada, banda ou batuque a forma de ataque e defesa preferida pelo carioca; no Maranhão, a punga, associada ao tamborde-crioula, parece preencher a mesma função. Já no Recife, a capoeira, desaparecida em consequência de vigorosa reação policial, se transfigurou no passo.139 Soares (2005) 140 considera que a identificação da ‘capoeira’ como ‘carioca’, simplificação de ‘pernada carioca’ acontece pela dissimulação dos praticantes para fugir aos rigores da repressão do chefe de polícia Sampaio Ferraz, quando da criminalização da prática da capoeira, pelo Código de 1890. Gil Velho coloca que a capoeira do século XIX morre com o advento da República. Inimiga da capoeira, ela chega com uma proposta de reformas sociais e urbanas, criticando a organização e a expressão popular da 135
(AE. Secretaria de Segurança Pública. Autos-Crimes, 22/09/1892). ALBUQUERQUE, Wlamyra Ribeiro de. UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL, nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa Internacional FICA el 8/19/2009, disponível em http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/uma%20historia%20do%20negro%20no%20brasil_cap09.pdf 137 CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Pernada de Sorocaba. In JORNAL DO CAPOEIRA, 29 de outubro de 2004, disponível em http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=3 138 MILTINHO ASTRONAUTA, CAPOEIREIRO Capoeira, Pernada & Tiririca na Terra da Garoa in http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=713 136
139
CARNEIRO, Edison in Folguedos Tradicionais disponível em http://www.capoeirainfos.org/ressources/textes/t_carneiro_capoeira.html 140 SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Capeira no Pará: Resistência escrava e cultura popular (1849-1890). In COELHO, Mauro Cezar; GOMES, Flávio dos Santos; QUEIROZ, Jonas Marçal; MARIN, Rosa E. Acevedo; PRADO, Geraldo (Org). MEANDROS DA HISTÓRIA: trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005, p. 144-160.
sociedade brasileira, principalmente no que diz respeito à mestiçagem étnica e cultural. Sua proposta alternativa seria baseada no modelo cultural europeu republicano – e positivista - e qualquer coisa que estivesse fora desses princípios era desconsiderada: Essas mudanças alteraram os nichos e a geografia culturais da cidade. Espaços de expressões culturais foram perdidos, desarticulando a forma de organização urbana e quebrando a dinâmica interativa das comunidades que a compunham. Assim, com a alteração de elementos essenciais do contexto social da capoeira, o processo que a personalizava se alterou. Desaparecidas, as maltas são substituídas pela solitária figura do malandro. Malandro é um indivíduo e a malta, um grupo social. [...] “(CAVALCANTI, 2008) 141.
Negros que vão levar açoutes Briggs del. Litho. R.B. Rua do Ouvidor nº 118. Source: Biblioteca Nacional, acervo de gravuras sobre escravatura
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CAVALCANTI, Gil. Do lenço de seda à calça de ginástica. Ter, 17 de Junho de 2008 16:44 Gil Cavalcanti (Mestre Gil Velho), disponível em http://portalcapoeira.com/Publicacoes-e-Artigos/do-lenco-de-seda-a-calca-de-ginastica
ANOS 70 NO MARANHÃO - "IMPORTAÇÃO" DE PROFESSORES, TÉCNICOS E ATLETAS "Quando o Cláudio Vaz começou a trazer esse pessoal de fora, em 74 ou 76, Laérciolv, Marcãolvi, Biguálvii, Vitchélviii, então nessa época eu passei o Handebol praticamente para eles; então eu já vinha trabalhando em Ginástica Olímpica e passei a me dedicar mais à Ginástica Olímpica; trabalhava como professor de Educação Física - nessa época eu trabalhava muito com Natação também, principalmente em aulas particulares, em piscinas particulares - e o Laércio praticamente continuou o meu trabalho no Handebol no Maranhão, e aí eu passei a me dedicar mais à Ginástica Olímpica, à natação e às outras coisas...". (DIMAS. Entrevistas). Sobre a vinda desses professores - "os paulistas" - o Prof. Dr. Laércio Elias Pereira esclarece que, após voltar das Olimpíadas, com vários cursos de Handebol, foi convidado a dar cursos pela Brasil pela ODEFE - organização com a qual já tinha contato, através da Revista Esporte e Educação, onde escrevia uma coluna chamada Rumorismo. Houve um circuito de cursos que incluía Maceió, São Luís e Manaus: "Era 1973, e eu treinava a seleção paulista feminina que ia para os JEB's [Jogos Estudantis Brasileiros]. Acertei com o namorado de uma das minhas atletas (que ia apitar os JEB's) para cuidar de alguns treinos enquanto eu ia dar os cursos. Dei o curso em Maceió e, em São Luis, enquanto dava o curso, ajudava a treinar o time de handebol que ia para os JEB's. "Deu problema no curso de Manaus e o Cláudio Vaz pediu que eu ficasse treinando o time o tempo que estaria em Manaus. Depois pediu para que eu acompanhasse a equipe nos JEB's, em Brasília. Eu disse que não podia porque tinha compromisso com a seleção paulista. Quando voltei para São Paulo, o meu substituto tinha conseguido me substituir totalmente. "Liguei para o Cláudio Vaz e acertei a ida para Brasília. Conseguimos classificar o time para as quartas de finais mas, no dia que ia começar essa fase, o Basquete levou todos para jogar o campeonato em Fortaleza, e ficamos em oitavo. "Em setembro do mesmo ano, fui convidado, junto com o Biguá, para apitar os jogos de Handebol dos JEM's. A final foi Maristas e Batista. Duas equipes treinadas pelo Prof. Dimas. "Voltei em janeiro de 1974, para morar no Maranhão. Resolvemos, Cláudio e eu, chamar o Prof. Domingos Salgadolix para montar o processo de criação do curso de Educação Física na Federação das Escolas Superiores [do Maranhão - FESM -, hoje, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA], o que aconteceu com o empenho do secretário Magno Bacelar e o Assessor João Carlos, ainda em 1974. "Fiquei sem emprego e o Heleno Fonseca de Lima batalhou uma bolsa pelo antigo CND [Conselho Nacional de Desportos]. Fui assessor da Secretaria de Educação e, como estava demorando em andar o curso no Estado, teve a iniciativa da Profa Terezinha Rego, do ITA, para montar o curso particular, com os professores que já tínhamos arrastado para o Maranhão. "Aqui cabe um estudo mais apurado sobre quem trouxe quem, mas é bom juntar a listagem dos “paulistas”: Biguá, Viché, Horáciolx [?], Domingos Fraga Salgado, Demostheneslxi, Nádia Costalxii, Jorelza Mantovanilxiii, Marcos Gonçalves, Sidney Zimbreslxiv, Lino Castellanilxv, José Carlos Contilxvi, Zartú Gigliolxvii, (tem um dessa turma que eu esqueci o nome), o Paschoal Bernardolxviii... O Sidney deve ter todos os nomes. "(PEREIRA, Laércio Elias, Entrevistas).
O Prof. Sidney Zimbres esclarece a questão de quem trouxe quem, nessa época, para o Maranhão: "... [Meu] Contato com o Maranhão foi com o Marcos [Marco Antônio Gonçalves], que me trouxe; o Marcos não terminou o curso [de Educação Física, da USP], veio embora... quem trouxe o Marcos foi o Laércio; o Marcos ficou trabalhando aqui, ele me escreveu perguntando se eu não tinha a intenção de vir para cá, ai eu falei - me leva para dar um curso, para eu ver como é que é. Foi em 19... em outubro vim aqui, no JEM’s em 1975, eu vim para dar um curso de voleibol; dei o curso de voleibol em outubro, ai eu coordenei o voleibol nos Jogos Escolares, e ai eu fiz um contrato de três meses... me lembro bem disso... para ver se ia dar certo, na época quem estava à frente do DEFER era o Carlos Alberto Pinheiro; já havia saído o Cláudio Vaz, o Governador do Estado era o Nunes Freire...o primeiro ano dele... ai foi quando ele implantou, fez aquela reformulação do Serviço Público, criando [a função de] Técnico de Nível Superior - TNS -; foi que eu recebi o convite e eu fui contratado pela Secretaria de Educação em [19]76, entrei como TNS, técnico em nível superior, nível 3. "... então era Laércio, eu e Lino; Lino já tinha vindo para cá; o Marcos me trouxe; eu trouxe o Lino; depois eu trouxe o Zartú; ai o Marcos ainda trouxe o Júlio, que veio antes do Zé Pipa... Júlio... o sobrenome eu não me lembro mais, não é difícil de pegar... Julinho ficou pouco tempo aqui e foi embora, teve um problema no pulmão até numa aula minha... depois veio o Zé Pipa, que era José Carlos [?], que trabalhou no futebol, no Sampaio Correia, era repórter da TV Bandeirantes... esporte... então ai nos criamos o curso de Educação Física no ITA...". (ZIMBRES, Sidney. Entrevista). Marcão fala sobre sua vinda para o Maranhão, de como foi o trabalho inicial, de implantar as escolinhas de esportes, trazer as pessoas para assumir os diversos cargos e funções e os primeiros jogos: "Eu, já cansado de São Paulo, e tendo trabalhado com Laércio do SESI de São Caetano e Santo André - a mesma equipe que fazia os esportes do SESI -, eu decidi sair de São Paulo, quando de um JEB's que a gente apitou em Brasília, acho que handebol; em Brasília, e o Laércio estando por aqui em São Luís, nos convidaram para visitar; eu como já tinha intenção de sair de São Paulo não agüentava mais aquela cidade danada, acabei vindo visitar São Luís e em duas semanas como diz outro, fechei a conta e vim embora... como eu me encontrei com o Laércio, que já estava aqui no Maranhão, em Brasília com a delegação do Maranhão. Ele nos fez esse convite para vir para conhecer São Luís foi à época de julho, eu vim; inclusive na época eu vim com Júlio, Júlio do Gás lxixJulinho, não sei se tu já fizeste algum detalhe sobre o Júlio também, foi a primeira vez que nós viemos para cá; viemos de ônibus de Brasília para São Luís e aqui nós ficamos duas semanas passeando e quando eu voltei para São Paulo, já voltei com alguma coisa acertado, na época com Carlos Alberto Pinheiro Barroslxx; então, eu não vim para apitar o JEM's, vim já para trabalhar no antigo Departamento de Educação Física (DEFER, de São Luís-Maranhão) juntamente com o diretor na época o Carlos Alberto Pinheiro de Barros ... Cláudio Vaz tinha saído para entrada de Carlos Alberto Pinheiro Barros e o governo de Nunes Freire e o Carlos Alberto; encontrei a assessoria, vamos dizer, assim de trazer elementos, que foi tendo a incumbência, vamos dizer assim, de trazer elementos que pudessem reforçar toda a equipe de trabalho e o trabalho em si ... Quem estava aqui, efetivamente, era o Laércio, era Viché, Biguá, Horácio, o Júlio veio, mas volta, não veio, não ficou junto comigo; ele veio para passear junto comigo, mas voltou porque ele ainda era estudante em São Paulo, voltou para concluir o curso, também nunca concluiu, igual a Biné, seria bom detalhar isso na minha biografia, porque já diz que eu não sou formado, mas eu concluo, conclui não, fui ate o ultimo ano da escola e por ter vindo praça, eu optei por não concluir porque o trabalho aqui é muito mais importante.
Então eram somente elementos que estavam aqui, depois é que, através de Laércio, e de vir é que nós fomos trazendo todo esse pessoal, que foi Zartú, que foi Levylxxi, que foi Júlio, que foi José Carlos Fontes, Sidney, toda a equipe se formou aqui, Demóstenes já estava. Demóstenes estava chegando à mesma época que eu... Domingos Fraga, já estava aqui também. Só que não no Departamento de Educação Física do Estado. Aquele período eu que foi vice-campeão brasileiro, que só perdia para São Paulo, porque São Paulo dificilmente se ganha, então o Maranhão, foi vice-campeão e ninguém, quando a gente comenta isso em outros lugares, ninguém acredita, acha que isso é um sonho e o basquete feminino surgiu, o voleibol cresceu demais, todos os esportes de uma forma geral, atletismo também, ofereceu vários atletas á nível nacional, então todos os esportes cresceram de uma forma conjunta, não foi um trabalho direcionado para uma modalidade, ou para dizermos assim, enfatizar algo que a gente gostava, foi realmente é multiplicado. Eu lembro que na época não se trabalhou muito o futsal, infelizmente agora não esta nesse mesmo nível que estava na época... "Na verdade, a proposta que me fizeram para vim ao Maranhão, não tinha direcionamento nenhum. O que Laércio me propôs na oportunidade era que viesse para São Luís do Maranhão, onde já conheciam meu perfil, já conheciam o meu trabalho da época que nós estivemos juntos no SESI, conforme eu já disse - SESI São Caetano e Santo André, e lá ele era coordenador do SESI São Caetano e eu do Santo André; Nós já nos conhecíamos e ele sabia que ele podia contar comigo em qualquer frente de trabalho, né. Então, é como eu administrativa essa parte esportiva em Santo André e ele acreditava que eu pudesse me assenhorear dessa função aqui em São Luís do Maranhão, ele me convidou; mas lembro bem que a gente deixou claro que a gente teria que fazer um pouco de tudo, como nós acabamos fazendo realmente e assim os outros também, assim os outros foram convidados por mim, Sidney, Zartú, Lino, eles não vieram direcionados para algum emprego, vamos dizer assim, para algum setor, eles vieram e aqui nós fomos procurando como encaixá-los em algum lugar; então apareceu como, por exemplo, o Lino, apareceu alguma coisa no Maranhão [Atlético Clube], ele foi lá como preparador físico, recémformado, como preparador físico do MAC, mas também trabalho em outros setores, na parte administrativa do JEM's, que a gente passava noites e noites, hoje a gente vê aí, todos os avanços que houve, né, no JEM's até o boletim é feito a nível de computador, etc. e tal. Na época a gente fazia era com mimeógrafo a álcool e dormindo debaixo da mesa, para poder o boletim ficar pronto no dia seguinte; então o Lino, nos ajudou em todos os sentidos; o Sidney também veio, a principio ficou conosco no Costa Rodrigues, com a escolinha de futebol e assim fomos todos, vindo sem um direcionamento efetivo. A gente veio para trabalhar, aonde, não sabia, onde tivesse lugar a gente ia se colocando e auxiliando e dinamizando de todas as formas, o esporte no Maranhão." (GONÇALVES, Marcos Antônio. Entrevistas) Biguá foi um dos pioneiros, junto com o Laércio, e comenta como se deu a sua vinda para o Maranhão, e em que circunstâncias: "Laércio Elias Pereira, em 1973, dez de... para ser preciso ele contatou comigo no dia 08 de setembro de 1973, foi contato maluco... eu queria era aventura, eu queria conhecer, eu tinha assim paixão, loucura para conhecer, viajar, eu sempre tive. Aí Laércio virou, dia 08 de setembro, virou para mim e disse: "Quer ir para o Maranhão?” - Virei, "como?" "Vai ter os Jogos - primeiros JEM’s 73 -, e eu preciso levar uns caras para apitar, ai tu vai apitando Handebol, tu queres ir?" Aí eu disse, "quando?" ele disse
"Depois de amanhã nós teremos que estar lá, não dá nem tempo de tu pensares!" Ai eu disse: "tô nessa". Eu nunca tinha andado de avião, nunca! Eu disse: "como é que nós vamos?" "não, o cara vai mandar passagem, tudo de avião." "De avião!?" Porra, eu não queria nem saber quanto eu ia ganhar, se eu não ia! eu queria era andar de avião, né. Eu digo "tô no clima", aí que é interessante... foi que eu cheguei em casa, ai eu disse para minha mãe, para minha mãe e meu pai. Olha eu vou embora, vou passar 15 dias no Maranhão, lá, 15 dias". Eu sei que no dia 10, eu estava aqui com o Laércio, desceu eu, Laércio ... Eu, Laércio, o rapaz, o professorzinho de... Milton usava uns óculos pequeninho - o nome completo dele, eu não lembro. Milton, Laércio, eu, Milton, Laércio... Uns três, nós três, ai descemos; o primeiro cara que manteve contato comigo, foi o J. Alves (José Faustino Alves, jornalista esportivo, aposentado - ver entrevistas), chegamos e lá estava J. Alves com um fusquinha da Difusora, fazendo reportagem, já dando em primeira mão, que nós tínhamos chegado, ai chegamos aqui, coincidentemente eu fazia aniversário no dia 25 de setembro e o JEM’s estavam rolando, foi a primeira demonstração de carinho do Cláudio Vaz, comigo, aí o Ginásio Costa Rodrigues lotado, lotado, lotado, ai ele parou o jogo e me deu um agasalho completo do Maranhão, me fez de presente, o ginásio inteiro cantando parabéns à você e eu, eu comecei a me agradar desde o começo, porque eu vim apitar handebol, mas de tanto eu me envolver com esporte, os caras chegavam aqui, pôr tem que colocar o Biguá, porque eu estava, eu impunha respeito, mas respeito não era imposição, eu apitava independente, eu não sabia o que falavam A ou B ou C, para mim eu estava lá apitando, colaborando com todo mundo, eu acabei apitando as 3 finais de handebol, final de basquete e final de voleibol. Eu não vim para jogar Handebol, eu vim para arbitrar o JEM’s em setembro; ai aconteceu o fato interessante, no último dia de JEM’s...nós tomamos conhecimento que iria ter o primeiro Campeonato Brasileiro de Juvenil de Handebol, até então - presta atenção -, em julho deste mesmo ano que eu cheguei. Ai é que quando o Laércio disse assim: "vai ter o primeiro Campeonato Brasileiro de Handebol Juvenil, vai ser em Niterói, vai ser final de novembro, em Niterói. Nós estávamos em setembro." “Aí, por, tu queres ficar para jogar?... Ai o Laércio disse, "você não topa ficar?" "Não, Laércio, eu trouxe pouca roupa, eu não trouxe nada para ficar aqui, eu não tenho nada para ficar aqui". Ai Alemão - Cláudio Vaz -, disse, "não seja por isso, eu te dou toda roupa, te dou tudo, vamos te dar tanto por mês, te damos comida, tudo o que quiser a gente te da". "Só que nós temos que trazer mais, só você não vai dar para segurar essa barra, porque o seguinte, em julho no JEB's em Brasília, a Seleção Paulista foi campeão Brasileira e o Maranhão foi 18o com todos os gatos que você possa imaginar, com os Rubinhos da vida (Rubem Teixeira Goulart Filho), Gafanhoto (José de Ribamar Silva Miranda), Paulão (Paulo Roberto Tinoco da Silva), Carlos (Carlos Roberto Tinoco da Silva, irmão de Paulo) e Ermílio (Nina), todos os gatos que você possa imaginar, nós conseguimos 18o lugar." "Ai Laércio disse: "Como é que a gente faz?”“. Eu disse: "Faz o seguinte, me arruma passagem e vou até São Paulo, eu vou conversar com meus pais e eu trago o Turco e Dugo que eram meus companheiros na General Motors. Laércio disse: " bem pensado". O Viché (Vicente Calderoni, professor de handebol da UFMA, hoje), nessa época jogava no Juvêncio, não jogava com a gente não. Ai Laércio disse: "Legal, legal". Ai, eu fui para São Paulo, contei a história para meu pai e minha mãe - eu vou voltar para o Maranhão -, convenci o Turco e Dugo. Ai o que acontece, o seguinte, eu vim na frente e eles ficariam de vir depois, eles estavam estudando - nós estudávamos no mesmo colégio, era no Colégio Barcelona, já nessa fase-, aí eles vieram; aí, nos fomos para o Brasileiro. Laércio, técnico; quando nós chegamos lá, para nossa belíssima surpresa, nós conseguimos o 3º lugar do Brasil. Você sai do 18º em julho, em novembro você em 3º lugar no Brasil; ficou São Paulo, Minas e
Maranhão, daí que começou a força do Handebol no Maranhão; ai onde entra o Laércio, com o Viché, eu fui para ... Eu sai daqui, antes de ir para o Campeonato Brasileiro, para encontrar com os caras em Niterói, eu fui para São Paulo: "Pô precisamos arrumar um cara para trabalhar para gente, como técnico", porque o Laércio sempre foi uma pessoa de idéias, sempre foi uma pessoa de execução, então ele nunca gostou de ser técnico de handebol, ele sempre em todo lugar que ele passou, o seguinte, ele monta uma equipe de handebol, ele vê quem é o liderzinho, quem é o cara que pode botar para frente, ele larga e vai embora; ele sempre foi de projetos; ai eu estava conversando com ele, ele disse: "P..., a gente podia trazer Viché para cá, aquele cara do Juvêncio, aquele cara sabe, conhece as coisas"; "Quando eu for agora em São Paulo, eu convido ele". E quando eu fui para São Paulo, para me encontrar com a Seleção lá em Niterói, ai eu falei com Viché, falei olha: "É assim, assim,... nós vamos disputar um campeonato, agora, você esta a fim de ir para o Maranhão?"; Viché vinha passando por uma serie de problemas, lá na família dele e com ele próprio também, nessa época e foi interessante ele ter saído de São Paulo, ele estava envolvido em barras pesadíssimas em São Paulo, pesadíssimas a ponto de matar, de morrer; aí surgiu exatamente o lido, ele falou - "P... eu vou", aí ele veio comigo para Niterói; ele já começou a ajudar o Laércio na parte técnica, e de Niterói ele já veio com a delegação do Maranhão para cá e eu e Laércio fomos para São Paulo; fomos para não voltar mais, eu fui para não voltar mais, já conhecia a Tânia, com cinco dias que eu estava aqui, já eu estava namorando Tânia, mas eu tinha dito para ela... "Olhe, não sou daqui, não pretendo ficar aqui" "mas eu deixei bem claro - eu acho que por isso ate que ela gostou da minha sinceridade... acredito...” não pretendo ficar aqui, agora, se você quiser que a gente fique namorando, a gente vai namorar, agora não tem, não posso de dar esperança nenhuma, ai, quando chegou nessa época que eu fui para São Paulo. Ai já não era mais a minha praia. Ai não era, não era, nem eu tinha telefone na época na minha casa, nem Tânia tinha. Quando começamos a trocar, é... dezembro inteiro, ai veio janeiro cara não dá é mais isso para mim, ai eu já achava. Já não tinha nada haver comigo. Eu saia para conversar com meus colegas e eu achava que o papo era muito vazio, eu já não era mais aquele negocio para mim. Ai de repente Cláudio Vaz me liga, ele ligou, ele ligou, eu tinha desse meu tio que era vereador que ficava uns 400 metros da minha casa, então a pessoa ligava para lá e dizia - "Olha, fala para ele estar ai dentro de uns 10 minuto que eu ligo de novo", né, eu lembro ate o numero do telefone ate hoje 442-6778, hoje não existe mais esse numero, ai foram me avisar e eu fui lá, esperar o telefonema dele. Ele disse, "Olha, nos estamos com um projeto aqui de trabalhar firme no Handebol, estamos querendo que você venha, você vai trabalhar com as escolinhas" - e era tudo que eu queria né, só que eu, eu não sei to passando por dificuldade, e ele de novo abriu, me favoreceu tudo." (In ENTREVISTA) Laércio considera que foi uma espécie de catalisador, ajudando a desenvolver, a princípio, o Handebol e, depois, batalhando a vinda de muitos professores, com o apoio do Cláudio Vaz -"a gente chamava para apitar os JEM's e, quando o professor chegava, já tinha alguma coisa”. Entrou e saiu da Escola Técnica mais de uma vez, para abrir vagas nesse processo. Na UEMA também. "Procurei colocar o Maranhão no Mapa...". Para ele, o que garantiu o apoio - e as refregas que levaram a algum progresso - foi a grande dedicação e o sucesso das equipes de Handebol, com participação decisiva do Viché e Biguá, alem dos “professores” que ajudávamos a treinar: Lister [Carvalho Branco Leão]lxxii, Álvaro [Perdigão]lxxiii, Mangueirão [?]lxxiv... (PEREIRA, Laércio Elias, Entrevistas). Lino Castellani Filho - outro "paulista" - lembra de quando começou a trabalhar no Maranhão, em 1976, trazido pelo Sidney Zimbres:
"Foi através do Sidney, que tinha ido para o Maranhão antes de mim na época eu estava, eu estava trabalhando em Ribeirão Preto, no Botafogo de Ribeirão Preto, e eles estavam montando equipe de trabalho no Maranhão: o Sidney estava empolgado, de férias em Atibaia, cidade onde ele morava, os familiares moravam, onde nós nos conhecemos, enfim. Ele fez alusão ao Maranhão, e me convidou para conhecer o Maranhão, e foi por ele então que eu fui no primeiro momento. Lá, montaram um esquema de visitas, todo ele sedutor, e eu fui totalmente seduzido pelo Maranhão. Foi em 76, começo de 76. Eu cheguei ao Maranhão, eles fizeram uma proposta, me colocaram algumas possibilidades de trabalho, nesse jogo de sedução, em janeiro de 76; eu voltei, desvinculei os compromissos que eu tinha em Ribeirão Preto e fui para lá, definitivo em Fevereiro, Março de 76; e os meus primeiros trabalhos no Maranhão foram no MAC, Maranhão Atlético Clube, como Preparador Físico; eu dava aula no CEMA, Centro Educacional do Maranhão, em primeiro e segundo grau, e logo naquele mesmo ano eu me envolvi na construção de um projeto para Educação Física, na Educação Superior, na... hoje UEMA, naquela época FESM; não tinha curso de Educação Física, tinha o setor de prática esportiva, por conta da implementação daquele decreto, daquela lei 6251 de 75 que já apontava, para a regulamentação de 77 que veio, que veio depois, e falava da parte esportiva obrigatória; e eu, o Zartú, que trabalhamos em torno do projeto. O Zartú era o coordenador na época, e eu tive essa associação. Eu entrei na Universidade Federal do Maranhão em 78, não era administrativo não, era um cargo técnico era... Técnico em Assuntos Educacionais, ligado a um projeto de desenvolvimento do esporte universitário vinculado a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis. O DAC era o Departamento de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão, mas eu estava ligado ao DAE, Departamento de Assuntos Estudantis; e depois fui para o outro departamento, de Interiorização, que me levou a desenvolver projetos coletivos de políticas públicas pelo interior do Maranhão; Nesse meio tempo eu já fiz parte, mesmo como técnico em assuntos educacionais, do primeiro corpo docente, da criação do curso de Educação Física da UFMA; eu já assumi, de cara, a responsabilidade por duas disciplinas lá, lembro que uma delas era organização esportiva; a outra eu não sei, não lembro qual era; e todo processo de criação do curso, lá, eu me envolvi desde o primeiro momento, com o grupo; mesmo em eu formalmente na função de técnico, mas, eu, Mary, Sidney, Laércio, desenvolvemos a criação do Curso Educação Física do ITA, depois virou MENG né?; Hoje OBJETIVO, mas na época, o curso funcionou na época do ITA; tinha a Terezinha Rego, que era a dona do ITA; mas aí na época do Márcio já não tinha mais o curso, nós ficamos um pouco, e o curso cutucou o pessoal da Universidade Federal, a correr atrás do processo de criação do curso da Federal. Eu praticamente desenvolvi o projeto, mas eu, propriamente não trabalhei, eu só me envolvi no projeto, já naquela época a FESM, eu acho que foi um pouco depois da minha chegada não foi em 76 não, foi já em 77 depois do decreto 80.228, que sistematiza a questão do esporte Universitário, o que eu fiz quando eu cheguei, além do MAC, do CEMA, foi trabalhar no SESC, e foi aí o meu primeiro contato com o Dimas por que o Dimas era professor do SESC; Eu praticamente entro no lugar dele. (CASTELLANI FILHO, Lino. Entrevista). Aldemir Mesquita, professor de educação física da antiga ETFM, onde dava aulas de futebol de salão e handebol, fala da importância desses professores "estrangeiros" para o desenvolvimento do esporte em Maranhão “... chegava uma pessoa aqui em São Luís, que praticava esporte, que treinava, chegava - eu sou professor de Basquete - começava a trabalhar ... [Prof. Ronald] dava oportunidade nessa época para ele aqui no CEFET, na Escola Técnica; arranjava um contrato provisório de dois meses, três meses ele vinha treinava e nós tínhamos professor de basquete, às vezes nós tínhamos treinador de vôlei, mas ele convidava, como se fosse em vez do professor sair daqui
para fazer uma especialização lá fora, seria mais difícil ele tirar uma pessoa daqui para fazer uma especialização lá fora. Chegava um professor, um professor desse aqui em São Luís, na hora que ele chegava ele via a qualidade do rapaz ele fazia um contrato de prestação de serviço com a escola... Aconteceu com vários professores que eu conheci, inclusive era colega nosso, mas eu sempre dizia assim - nós vamos aprender com esse pessoal, nós não temos oportunidade de sair daqui, eles estão trazendo conhecimento para nós. Então achava como a pessoa chegava aqui era estrangeiro, era aquilo, aquilo outro, havia aquela critica muita das pessoas desinformadas às vezes falava isso, mas fui o único que defendi isso, era o conhecimento para ter uma visão melhor do esporte. O professor [Ronald] fez muito isso, deu oportunidade dentro da Escola Técnica, nem uma vez para tomar o lugar de ninguém. (MESQUITA, Aldemir carvalho de. Entrevistas). Marcão faz referência à importância de Dimas, naquele momento de implantação de toda aquela estrutura, muito embora não tenha participado desde o início. Para Marcos Antônio, Dimas: "... sem dúvida nenhuma, quando nós chegamos aqui, era uma referencia. O Dimas ainda estava no DEFER na época que eu vim só que trabalhando com Ginástica Olímpica. Já não tinha mais, digamos assim, uma abrangência maior no setor, e talvez isso tenha até feito com que o Dimas se desgostasse de algumas coisas; ele sempre teve importância no esporte maranhense e quando nós chegamos aqui, o Dimas estava, vamos dizer assim, um pouco que restrito somente á Ginástica Olímpica, e isso a gente percebia claramente que não o satisfazia, ele tinha - como tem até hoje, tanto é verdade que nós o convidamos para fazer parte da Federação das Escolas -, tinha condições de se doar mais, de ter uma abrangência maior por causa de seus conhecimentos e sua capacidade; Eu, particularmente, sempre conversei com o Laércio, sempre conversei com o Carlos Alberto, para que a gente aproveitasse da melhor forma possível o Dimas, e quando eu tinha oportunidades, por exemplo, na chefia que me cabia, na ligação do Maranhão e JEB's ou outras competições, eu sempre procurei ter o Dimas do meu lado, próximo, até para conselhos, até para equilíbrio; o Dimas sempre foi muito equilibrado, para equilíbrio das nossas decisões, e a gente, isso era uma característica minha, sempre reunia os professores e mais particularmente, o Dimas, para a gente efetivamente tomar decisões bem próximas da realidade do Estado; por ele ser um maranhense, tinha muito mais condições de nos dar subsídios, para que agente pudesse errar menos, vamos dizer assim. "O Dimas sempre foi uma pessoa equilibrada, ele ficou - vamos dizer assim -, entre dois fogos, porque ele era uma referência; os outros professores, que tinham resistência à vinda de pessoas... Veja bem, vamos deixar bem claro, as pessoas não tinham resistência ao trabalho, todos sabiam que precisava ser feito o trabalho, mas tinham resistência aos elementos que estavam chegando, mesmo porque - a verdade tem que ser dita -, houve passagem de alguns outros elementos, anteriores à nossa vinda, que deixaram uma má impressão no trabalho realizado aqui; então esses elementos, essas pessoas, que passaram anteriormente a essa equipe, prejudicaram os que vieram depois, por conta da falta de compromisso com a causa, com a falta de compromisso com o projeto, porque, na verdade, vieram para ganhar dinheiro; quando perceberam que não iam ganhar tanto quanto imaginavam então se ausentaram, deixando o trabalho feito sempre pela metade, sem ser realizado e o que é pior, alguns até ficando negligentemente, quer dizer, ao invés de trabalhar, ao invés de se dedicar àquilo que vieram fazer, deixaram a coisa correr solta, sem muita preocupação em fortalecer todo esse trabalho, então tivemos essas resistências até por conta disso também;
Então voltando ao assunto, o Dimas ficou entre o pessoal da terra que, vamos dizer assim, não aceitava a vinda de tantos paulistas, no caso ou de outros Estados, para tomarem a frente de uma coisa que eles deveriam estar, mas na verdade quem veio e agente sempre conversou muito claro isso com todos, que veio, veio para trabalhar, o dinheiro ficou em segundo plano, a família ficou em segundo plano, tudo realmente ficou em segundo plano, foi até verdade que depois de estarmos aqui a um bom tempo, é que as pessoas foram trazendo suas namoradas, suas esposas para cá, depois de um bom tempo, que já estavam mais ou menos engatilhadas. Então o Dimas foi importante para ambos os lados, tanto para aqueles que estavam chegando, que foi digamos assim, um elemento que não embandeirou uma causa contrária e ao mesmo tempo foi muito bom para os recém profissionais da educação física, aqui do Maranhão, porque foi lhes dando uma noção mais equilibrada do que é que a gente veio fazer aqui e que eles tivessem a paciência necessária para poder assimilar o que a gente trazia e futuramente, é vamos dizer assim, tomar conta, como aconteceu depois. (GONÇALVES, Marcos Antônio. Entrevistas). Biguá também fala daquele momento: “... a missão nossa não era só jogar, era propagar a nossa modalidade e espalhar o handebol pelo Brasil, a oportunidade surgiu aqui no Maranhão - ai um pouco de história de Dimas -, quando Dimas trouxe para cá o Handebol e que foi bem aceito pela comunidade, Laércio, quando chegou, encontrou esse movimento, ele se sentiu responsável para poder propagar isso. Qual seria a melhor forma? - Que você jogasse, atraísse o público e que você trabalhasse isso e ai vem, porque que deu certo aquele trabalho e hoje não dá certo? eu vou dizer claramente, eu sempre tive mesmo limitações técnicas e não conhecimento, o meu conhecimento didático, eu não era formado, eu era um ex-atleta, eu não tinha, eu não estava preocupado, eu dizia sempre dizia isso - até disse isso, a ultima vez para o Victorlxxv, lá em São Caetano -, a minha preocupação, enquanto técnico de escolinha, não é ser professor! É como técnico de escolinha, em primeiro plano era fazer com que o atleta - a pessoa que procurasse o handebol -, gostasse de handebol; eu sempre discuti isso com eles, depois que ele gostasse da modalidade, que um profissional fosse trabalhar a parte física, a parte... você entendeu? Eu continuo achando até hoje isso, eu acho que quem vai para uma escolinha, a primeira intenção dela é ver se gosta da modalidade, qualquer que seja ela, ai sim, gostou da modalidade? Decidiu - É isso que eu quero!? Ai eu acho que essa pessoa deva partir para uma... Fazer teste físico, fazer uma avaliação, teste de não sei o quê, então eu por ter essa facilidade de fazer amizade, de conquistar as pessoas, eu sempre gostei de trabalhar com escolinhas. Inicialmente quando um garoto ou uma garota se destacava na minha escolinha, nós tínhamos um técnico, que é o técnico até hoje, que é o Viché, Viché é detalhista, Viché é aquele cara que o pivô, tem que ficar com um pé todo plantado no chão e o outro só na ponta do pé, para ganhar mais intuição, ele tinha esses detalhes que eu não tinha e o Laércio não era nenhum, nem outro, era de organização, Laércio era daquele cara que você ia para o Estádio Nhozinho Santos, para preliminar de Sampaio x Moto, com jogadores de Handebol de campo, naquela época - e em 15 minutos se montava um campo de handebol dentro do Estádio -, se jogava, todo mundo aplaudia, a gente tirava tudo e voltava o segundo tempo, começava e disso ele mandava a noticia para a "Folha de São Paulo", para o "Jornal do Brasil"; de repente, o Maranhão começou a aparecer como a grande cidade... São Luis, como a grande cidade do handebol do nível nacional;... Eu, por exemplo, fui responsável direto por implantação do handebol no Colégio Zoe Cerveira, no colégio Rosa Castro, no Colégio Santa Teresa, vários colégios pequenininhos, entendeu? Eu fui responsável por implantar, ai comecei a dar uma de Laércio, que eu era instruído por ele, aonde você ia, passava seis meses no colégio, ai você pegava aquela pessoa
e deixava, por exemplo, Zoe Cerveira? Ficou o Mangueirão, que até hoje sobrevive do handebol; no Luís Viana, ficou o Rubilota... Cada lugar a gente foi deixando um, criando um técnico, o que aconteceu até chegar de a gente conquistar o Campeonato Brasileiro ..." (BIGUÁ, Edivaldo Pereira. In ENTREVISTA).
aTLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO Replicando os capítulos do Atlas do Esporte do Maranhão, em sua versão atualizada, até o presente momento, e ainda em construção. A partir daqui, as atualizações serão acrescidas em postagens adicionais, e depois incorporadas no texto definitivo, na medida em que novas descobertas se apresentarem.
Colocamos à disposição do público o ”Atlas do Esporte no Maranhão”, Volume V da “Coleção MEMORIA(S) DO ESPORTE, LAZER, E EDUCAÇÃO FÍSICA DO MARANHÃO”. É um documento de memória142 e não de história143:
Volume I – “Ensaios no tempo” se constituem em apontamentos para uma história do esporte, abrangendo o período 1600-1900; Volume II – “Um novo mergulho no tempo” vai dos 1900 até 1930, período de implantação do ‘sport’ na São Luís do Maranhão, especialmente; Volume III – “Memória oral” abrange os anos 30 até os 90; caracteriza-se pela consolidação do esporte moderno, de responsabilidade de duas gerações de ‘sportman’ – a dos “ERRES” e a de “53”; Volume IV – em “Outros Escritos” são apresentados os apontamentos que detalham alguns aspectos dessa história/memória, mais pontuais...
O “Atlas do Esporte no Maranhão” (versão reduzida e complementar do Atlas nacional de 2005144, editado por Lamartine Pereira DaCosta145) reúne capítulos dedicados a São Luís e a alguns outros municípios maranhenses, com maiores detalhes do que o Atlas nacional. Houve adição de capítulos com temas de maior significado para o Maranhão, específicos, readaptação/atualização local de temas já encontrados no nacional. Estes Atlas se organizam em princípio para uso em formatos eletrônicos, porém optamos como na primeira versão do nacional, em ter uma versão em papel.
Aqui se trabalha com marcos histórico, mas não se faz história 146. Oferece-se base para o trabalho de historiadores, e se constitui num banco de dados com registros a serem interpretados por terceiros com interesses múltiplos e que está proposto para contínua revisão de dados. Quando de minhas primeiras contribuições como pesquisador-associado do Atlas... o objetivo fora de resgate das primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão, limitando-me até à década de 70 do século XX. Pretendia que alunos e professores do Curso de Educação Física da UFMA abraçassem o projeto e dessem continuidade a esse levantamento. O que não aconteceu... Registro aqui que nesses anos de pesquisa contei com a colaboração de meus alunos dos Cursos: Seqüencial de Educação Física, da UEMA; e Licenciatura em Biologia, disciplina Educação Física, do então CEFET-MA, ministrados em São Luís; Bacabal; Dom Pedro; Mirinzal; Guimarães... onde houve trabalho de pesquisa desses alunos, constam como os autores do capítulo; outros profissionais também colaboraram, então como co-autores, e registrados nos locais onde se deu essa colaboração. Obrigado a todos... Servi-me também da ampla produção literária produzida no Maranhão, autores consagrados nacionalmente em sua maioria – memórias, histórias, contos, romances... Artigos de jornais especialmente a série “Onde anda você?” do Edivaldo e da Tânia Biguá. O padrão geral de formato dos capítulos sugere uma listagem cronológica de fatos relevantes que tiveram conseqüências no desenvolvimento (crescimento, mudança de direção, estagnação e/ou retrocesso) do esporte 147 ou de manifestações relacionadas à educação física ou atividade física de lazer e/ou de saúde. 142
Memória - registros descritivos e datados; não é diagnóstico nem plano. (www.atlasesportebrasil.org.br.)
143
História - processo de interpretação sob forma de narrativa com base temporal. (www.atlasesportebrasil.org.br).
144
Sistema de Informações e Gestão em Esporte e Atividades Físicas (em organização): Oferta pública de informações produzidas por voluntários, abrangendo atividades físicas esportivas, de educação física, de saúde e de lazer, usando a Internet como meio de acesso principal e outros meios eletrônicos (CD, DVD etc.) que possam ampliar a oferta de conhecimentos e facilitar a gestão de empreendimentos nas atividades descritas e analisadas. O objetivo principal das descrições e análises do Atlas é observar os significados econômicos e sócio-culturais do esporte em suas diferentes manifestações no Brasil. (www.atlasesportebrasil.org.br). 145 DaCOSTA, Lamartine Pereira (org). Atlas Do Esporte No Brasil. Rio de Janeiro: SHAPE, 2005 146 DaCOSTA, Lamartine Pereira; NOGUEIRA, Heloisa; BISPO, Evlen. Padrões Para A Elaboração Dos Atlas Estaduais, De Regiões E Cidades, 3ª. Versão. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br, em correspondência pessoal ao autor, em 22 de agosto de 2005. 147 Expressão genérica, eventualmente completada com palavras de significados congêneres – em especial das áreas de lazer, saúde e educação física -, usada no Sistema Atlas como síntese das atividades físicas praticadas como manifestação pessoal, grupal e comunitária, ou como promoção de instituições privadas e públicas. Por padrão, esta expressão adota a grafia mais comum de ser encontrada no Brasil: “esporte” (sem o “d” da palavra “desporto”). In www.atlasesportebrasil.org.br
Portanto, a base de conteúdo é a ordem cronológica dos fatos descritos começando por referência ao ano (s) do acontecimento, há décadas se o período focalizado é mais longo, ou até mesmo século(s) em casos excepcionais. Ano, década e século são subtítulos no Atlas. Em sua abordagem se evitam as criticas ou denúncias diretas a pessoas ou instituições. Alguns capítulos já aparecem nas duas versões do Atlas do Esporte no Brasil – em papel (SHAPE, 2005) e a versão eletrônica (CEV/SISTEMA CONFEF-CREF, 2006)148. Aqui, atualizadas, revistas, ampliadas, e não são exaustivas. O que significa que a obra está aberta a novas contribuições – e é o que se espera... 4
A Editora Ética se compromete a manter o banco de dados a disposição para atualizações, acréscimos, e principalmente a novos autores. Pelo sistema de sua constituição, todos aqueles que apresentam uma contribuição viram autor... Cabe a mim, ao Laércio e ao Lamartine a coordenação desse trabalho. Mão à obra. Ou como diz o Laércio, “oremos”... O Autor (ou Coordenador?)
ATLAS DO ESPORTE149 Lamartine DaCosta, Heloisa Nogueira e Evlen Bispo. ORIGEM e DEFINIÇÕES Em correspondência eletrônica o Prof. Dr. Lamartine Pereira DaCosta150 enviou-me os “PADRÕES PARA A ELABORAÇÃO DOS ATLAS ESTADUAIS, DE REGIÕES E CIDADES”, 3ª. Versão (de 22 de agosto de 2005), propostas por: Lamartine DaCosta, Heloisa Nogueira e Evlen Bispo. De acordo com os proponentes, os padrões para elaboração do Atlas Estadual seguem o do “Atlas do Esporte do Brasil” na versão nacional, livro lançado em dezembro de 2004 e datado para publicação em 2005. As adições e reformulações ora propostas estão estipuladas de modo a atender à elaboração dos Atlas de Estados, regiões e cidades do Brasil, como também dar formato básico ao ATLAS - Sistema de Informações e Gestão em Esporte e Atividades Físicas composto de vários segmentos e caracterizações. ATLAS Sistema de Informações e Gestão em Esporte e Atividades Físicas: Oferta pública de informações produzidas por voluntários, abrangendo atividades físicas esportivas, de educação física, de saúde e de lazer, usando a Internet como meio de acesso principal e outros meios eletrônicos (CD, DVD etc.) que possam ampliar a oferta de conhecimentos e facilitar a gestão de empreendimentos nas atividades descritas e analisadas. O objetivo principal das descrições e análises do Atlas é observar os significados econômicos e sócio-culturais do esporte em suas diferentes manifestações no Brasil. “Atlas do Esporte, Educação Física e Atividades Físicas de Lazer e Saúde no Brasil” (2005): Livro que atua como ponto de partida e modelo experimental do Sistema ATLAS de Informações Esportivas, produzido por 410 autores voluntários e 19 editores (14 voluntários), abrangendo três centenas de temas relacionados com as atividades físicas em suas diversas modalidades de prática, de gestão em esporte e de produção de conhecimento. Esta publicação em papel está próximo ao limite do formato livro com 924 páginas tamanho duplo, com 4,8 kg de peso, indicando a necessidade de desenvolvimentos futuros por meios eletrônicos ou por livro de partes selecionadas do Sistema ou dos Atlas de Estados, regiões e cidades. (ver www.atlasesportebrasil.org.br “Perguntas mais freqüentes”)
148
Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br. www.atlasesportebrasil.org.br 150 Coordenador do Atlas do Esporte no Brasil. 149
Atlas Estadual: Versão reduzida e complementar do Atlas nacional de 2005 (dados de 2003/2004) que focaliza um Estado em particular, reunindo basicamente capítulos dedicados a municípios com maiores detalhes do que o Atlas nacional, com adição de capítulos com temas de maior significado para o Estado em foco, seja específico ou de readaptação/atualização local de temas já encontrados no nacional. Estes Atlas se organizam em princípio para uso em formatos eletrônicos, porém poderão ter versão em papel de acordo com interesses e possibilidades locais. Atlas regional e de cidades: Versões que seguem os padrões dos Atlas estaduais, mas focalizam partes de determinado Estado. FreeAtlas: Processo de gestão de pesquisa científica exercida basicamente com voluntários cujos resultados são de domínio público e impedidos de uso para obtenção de lucro (patentes freeware internacionais requeridas). Este processo de gestão foi gerado a partir do projeto Atlas em rotinas, formatos e programas planejados e testados inicialmente no Brasil e por autores brasileiros. O FreeAtlas inspirou-se no software Linux quanto ao seu desenvolvimento contínuo por voluntários, distinguindo-se entretanto por ter objetivos de geração autônoma de conhecimento, deixando os seus produtores livre de pressões institucionais e imposições ideológicas e acadêmicas. Sendo uma ferramenta de gestão com responsabilidade social, o FreeAtlas segue o princípio ético da participação voluntária visando a benefícios coletivos e da remuneração justa no trabalho para entidades privadas e governamentais. Para a elaboração dos Atlas regionais não há necessidade de se usar inicialmente os roteiros do FreeAtlas em face as orientações simplificadas e práticas que formam os presentes padrões.
O Atlas é um documento de memória (registros descritivos e datados) e não de história (processo de interpretação sob forma de narrativa com base temporal). Daí não caber digressões nem análises pormenorizadas. Ou seja: trabalha-se com marcos histórico, mas não se faz história. O Atlas, em resumo, oferece base para o trabalho de historiadores embora seja focado para a gestão do esporte e atividades similares. Há que então reduzir ou evitar juízos de valor do autor (es) sobre o tema enfocado, isto é, comentários de que algo é bom ou mau no presente ou para o futuro contextualizado do tema. Outra abordagem a evitar é a de criticas ou denúncias diretas a pessoas ou instituições, que não são próprias de um banco de dados com registros a serem interpretados por terceiros com interesses múltiplos e que está proposto para contínua revisão de dados. A base de conteúdo de cada capítulo é a ordem cronológica dos fatos descritos começando por referência ao ano (s) do acontecimento, a décadas se o período focalizado é mais longo, ou até mesmo século(s) em casos excepcionais. Não se usa hífen depois da data na abertura de cada fato examinado: ano, década e século são subtítulos no Atlas. O padrão geral de formato dos capítulos sugere uma listagem cronológica de fatos relevantes que tiveram conseqüências no desenvolvimento (crescimento, mudança de direção, estagnação e/ou retrocesso) do esporte ou da manifestação relacionada à educação física ou atividade física de saúde e/ou lazer. O parágrafo inicial de cada capitulo também é padrão, levando o título de "Origem(s) e Definição (ões)" ou Definições primeiro e depois Origens. Se aceita também a separação entre "Origem" e "Definição", pois às vezes há maior clareza quando há dois enfoques. Ao final da ordem cronológica temos "Situação Atual" que não deve ser conclusão. O Atlas não trabalha com conclusões, mas, sobretudo com tendências. Em síntese, "Situação Atual" refere-se a um conjunto de dados que oferece uma idéia de como se desenvolve presentemente o tema examinado no capítulo. Em certos casos é tolerável uma pequena interpretação dos dados destacados, ou alguma crítica que possa explicar uma determinada situação. Não se pode priorizar, entretanto a crítica porque os capítulos devem ser bem mais descritivos do que analíticos, dando pouca margem a interpretações pormenorizadas. Em termos do modelo Atlas para orientação de conteúdos, a crítica não é própria porque se lida com um banco de dados de amplo acesso e consultas variadas. O Atlas, assim sendo, oferece bases para críticas,
mas evita aprofundamentos críticos, não se tratando de um espaço de discussão acadêmica, política, religiosa ou ideológica. Contudo, a margem válida de interpretações dos autores incide sobre etapas selecionadas do desenvolvimento no tempo do esporte, atividade ou área de saber ou de suporte de atividades físicas. Este tipo de analise deve ser bem resumida e bem objetiva, posta no texto com titulo de parágrafo "Décadas de tal a tal - Interpretações" ou mesmo "Interpretações das décadas de tal a tal", se assim for opção do autor (es). O Atlas não é diagnóstico nem plano, portanto não cabem nos capítulos sugestões ou projeções para o futuro. As abordagens projetivas são responsabilidades das pessoas que consultam o Atlas para trabalhos diversos. Porém, algumas interpretações trazem à luz evidências e tendências, e estas, se resumidas, podem ser mantidas uma vez que se referem a interpretações do desenvolvimento. Nesta opção de roteiro de redação não se deve eliminar dados numéricos mesmo que aparentem inconsistência, pois estes constituem um dos objetivos principais do Atlas (base para estudos econômicos na área esportiva). Assim, aceitam-se estimativas rotulando-as sempre como provisórias. Note-se que todos os dados são submetidos a cruzamentos e revisão continuamente nas diferentes versões do Atlas, o que oferece segurança no trato quantitativo dos temas. As revisões e atualizações deverão progressivamente melhorar a base de dados, tendo a versão livro de 2005 uma função demarcadora. Comentários sobre o grau de fidedignidade de certos dados são pertinentes, sobretudo quando são provenientes de fonte confiável (geralmente especializada e identificada) e há condições de se verificar o modo de coleta, organização e/ou tratos estatísticos. Cada capítulo ou Box, por padrão, termina com o subtítulo “Fontes”, excetuados aqueles que constituem experiência pessoal, descrição direta ou levantamento e pesquisa presencial produzidos pelo(s) autor (es) do texto (levantamento de academias ou clubes em determinado município, por exemplo). Como o Atlas é um repositório de memória em contínua revisão, as fontes incluem testemunhos pessoais e indícios em objetos, edifícios, monumentos etc., além de documentos, jornais, livros e outros meios de fidedignidade mais evidentes. As fontes são relacionadas nos capítulos por qualquer meio de referenciação ou normatização, sugerindo-se, entretanto sempre que possível seguir os padrões ABNT (nacional) e o APA (internacional). As fontes de testemunhos pessoais são relacionadas pelo(s) nome(s) do(s) informante(s) e data da obtenção da informação. A referenciação dos Atlas regionalizados como unidade de publicação (site, livro, CD etc.), entretanto, deve seguir a ABNT e a APA, tendo seus editores ou organizadores citados em conjunto com o título “Atlas do Esporte no Rio Grande do Sul” (assumindo-se o exemplo do primeiro Estado a produzir uma versão local). Padrões do Atlas: Referências gerais ou específicas para elaboração de contribuições para o Sistema Atlas, sujeitas a reformulações sucessivas de acordo com necessidades surgidas na editoração das informações, nos procedimentos de programação visual e nos ajustes à mídia de cada versão em preparo (formatos e softwares). Dados do Atlas: Informações produzidas por fonte identificada que são re-elaboradas em forma, mantidas no seu conteúdo e verificadas sempre que necessário, e possível pelo Sistema Atlas. O propósito básico é de coletar e expor informações como memória e para uso seletivo de interessados, constituindo basicamente um meio de gestão. Direitos autorais: O Sistema Atlas tem como marcos conceitual a legislação em vigor no Brasil sobre direitos autorais e sobre a atuação de voluntários conforme descrito no Atlas livro, versão 2005, página 6. Cevatlas: Lista de discussão do Centro Esportivo Virtual - CEV (visitar em www.cev.org.br) que opera como ponto de encontro dos participantes e dos interessados no ATLAS - Sistema de Informações e Gestão em Esporte e Atividades Físicas, cuja primeira manifestação foi o livro “Atlas do Esporte no Brasil” e que na fase atual se desdobra em outras mídias e diversos segmentos de localização geográfica, memória e temas de abordagem. A inscrição no Cevatlas é feita via http://listas.cev.org.br/mailman/listinfo/cevatlas
Esporte: Expressão genérica, eventualmente completada com palavras de significados congêneres – em especial das áreas de lazer, saúde e educação física -, usada no Sistema Atlas como síntese das atividades físicas praticadas como manifestação pessoal, grupal e comunitária, ou como promoção de instituições privadas e públicas. Por padrão, esta expressão adota a grafia mais comum de ser encontrada no Brasil: “esporte” (sem o “d” da palavra “desporto”). TEMAS Em linhas gerais, os temas abordados pelos Atlas estaduais, regionais e de cidades são os mesmos do Atlas nacional, edição 2005, porém respeitando-se a especificidade local está prevista a adição de novos temas nestas novas versões do Atlas no caso de existir informações suficientes para um capítulo próprio. Como a base dos Atlas estadual é constituída de municípios, as informações sobre determinada atividade / esporte ou meio de geração de conhecimento (Ensino Superior de Educação Física, associações científicas, áreas de saber etc.) podem ser alocadas nos municípios onde acontecem se não houver condições de se organizar um capítulo próprio. Inovações locais na prática de esportes, invenções de equipamentos e protocolos, biografias de atletas de renome regional, história de cursos locais de formação em educação física, memória de clubes e de entidades esportivas, e outras formas de resgate da identidade local esportiva são exemplos a realçar para a pauta de trabalhos de um Atlas regionalizado. CAPÍTULOS A unidade básica dos Atlas de Estado, região ou cidade, é o ‘capítulo’ tal como acontece no Atlas nacional em livro, cujo conteúdo é mantido na versão na Internet que dá formato básico ao Sistema ATLAS. Porém, ao contrário do Atlas nacional que se regulou por tamanho padrão (10.500 – 10.700 caracteres contando espaços), os seus desdobramentos seguintes poderão ser maiores ou menores. Tanto a expansão como e a redução apóiam-se na experiência do projeto Atlas original pelo qual se demonstrou a existência de alguns temas cujo tamanho padrão limitava ou excedia em demasia sua compreensão; outro motivo prende-se ao fato de que na Internet não há limitações de tamanhos de texto como no formato livro. Assim, o capítulo nos Atlas regionalizado possui tamanho variado dependendo da existência de conteúdo e disponibilidade de autoria e editoração. E o padrão, nestas circunstâncias, é ditado por um texto mínimo que possa dar validade à criação de um capítulo e atribuir importância ao tema focalizado, ou seja: 10.500 caracteres contando espaços. Os complementos de cada capítulo adotam o formato Box (caixa) e podem se desdobrar na medida em que surjam atualizações e reajustes. A disposição dos capítulos em seções temáticas tal como encontrada no Atlas nacional, pode ser seguida nas versões regionalizadas, contudo a especificidade de cada Estado, região ou cidade, indica a pertinência de flexibilidade nestes temas e da adoção do município como base. Nestes termos, por padrão, a seção principal do Atlas de cada Estado e de região, inclui todos os municípios pesquisados (cada município, um capítulo), numa composição similar às seções “Lazer – Cidades e Regiões” encontradas no Atlas nacional de 2005. Os capítulos relacionados a municípios incluem dados sobre clubes, instalações esportivas, academias, locais para atividades físicas de lazer e de saúde, registros históricos sobre atividades e instituições esportivas e de lazer locais, levantamentos e estimativas de número de participantes, faculdades de educação física e outras circunstâncias também mapeadas na seção “Lazer – Cidades e Regiões” do Atlas nacional. Além de documentos e registros, os dados coletados serão aqueles disponíveis no município ou estimados por dirigentes, líderes, técnicos, professores, atletas veteranos e outras pessoas com experiência de vida no esporte e lazer locais. Para auxiliar esta pretendida coleta, um dos futuros documentos de padrões será orientado como roteiro para obtenção de dados no município (Base: estudos de Antônio Carlos Bramante – SP e Ademir Muller – RS). A única ilustração permitida em cada capítulo é o mapa do município, da cidade ou da região focalizada em seus vários municípios, consolidando padrão já adotado no Atlas nacional. Por sua vez, as fotos e figuras coletadas serão incluídas numa seção final à parte, denominada de “Quem fez acontecer – Fotos e figuras” (ver seção original no Atlas nacional), que no Sistema Atlas via Internet aglutinarão as fotos e figuras por Estado, destacando-se regiões e cidades quando apropriado. A prioridade absoluta, neste caso, pertence a fotos e figuras de mais de 50 anos na temática esportiva, de educação física, lazer e saúde, que constituem os registros de maior possibilidade de perda na atualidade.
ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL Edição ‘on line’, 2006, disponível em www.atlasesportebrasil.org.br
NATAÇÃO NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
PERÍODO PRÉ-COLONIAL - Os índios habitantes do Maranhão tinham profunda intimidade com a água, nela se sentindo à vontade, para o que, por certo, concorria o costume das mães banharem seus filhos logo após tê-los. Não admira soubessem nadar. Os costeiros e os do interior. De todas as idades, mais ainda os meninos e as meninas, moços e moças. Quando da chegada dos primeiros portugueses, relata Vespúcio: “e antes que chegássemos à terra, muitos deles lançaram-se à nadar e vieram nos receber a um tiro de nesta no mar (equivalente a 150 metros), que são grandíssimos nadadores... “Nadam fora de toda expectativa, e melhor as mulheres que os homens, porque os encontramos e vimos muitas vezes duas léguas adentro do mar sem apoio algum iram nadando”. PERÍODO COLONIAL - 1612/14 – de acordo com D’Abeville: ”Vimos maravilhados inúmeros índios se lançarem-se a nado (Tupibambá) para nos encontrar e trazer seus agrados. Não eram apenas exímios nadadores. Também sabiam mergulhar. Sobre os índios do Maranhão, como acima a nota de Claude D’Abeville citada, serem os “Tupinambás grandes nadadores e mergulhadores, chegando a nadar três a quatro léguas. Se de noite não tem com que pescar, se deitam na água, e como sentem o peixe consigo, o tomam às mãos de mergulho; e da mesma maneria tiram polvos e lagostins das concavidades do fundo do mar, ao longo da costa (p. 618)... “Eram, os Tupinambás, extremados marinheiros, como os metem nos barcos e navios, onde todo o tempo ninguém toma a vela como eles; e são grandes remadores, assim nas suas canoas, que fazem de um só pau, que remam em pé vinte a trinta índios, com o que as fazem voar...” 1851 - A primeira notícia que se tem sobre natação em Maranhão, praticada por brancos, data de 1851 e se refere a banho de mar na Praia do Cajú – hoje, Av. Baira-Mar. José Ferreira do Vale, morador da casa de número 1, oferecia “um grande banheiro e seguro, a todas as marés a 40 rs por pessoa”. (Correio d’Anúncios, ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de 1851). 1869 - é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade, seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869). - Aluísio Azevedo – ainda estudante do Liceu, aos 12 anos - havia uma coisa verdadeiramente séria: "era brincar, estabelecendo-se entre minha divertida pessoa e a pessoa austera de meus professores a mais completa incompatibilidade". Narra as estripulias da época, em companhia dos amigos de infância: "Criado a beira-mar na minha ilha, eu adorava a água. Aos doze anos já era valente nadador, sabia governar um escaler ou uma canoa, amarrava com destreza a vela num temporal, e meu remo não se deixava bater facilmente pelo remo de pá de qualquer jacumariba pescador de piabas." (citado por MÉRIEN, 1988: 47). DÉCADA DE 1920 - Piscina, para natação, foi a construída – provavelmente – nos meados dos anos de 1920, no Genipapeiro e servia de local de recreação para os jovens esportistas da época, como Simão Félix, um dos construtores. Depois, só na década de 50, em algumas casas particulares. DÉCADA DE 40 1949/50 - realizadas as primeiras provas de natação que se tem notícia em São Luís, num tanque que abastecia a Fábrica Santa Isabel; esse tanque, medindo 30 m de comprimento, por 10 m. de largura e três de fundo, servia como piscina; Gedeão Pereira de Matos, em suas memórias, afirma que, acostumado com as
travessias da baia de São José, nadar em provas de 30, 60, ou 90 metros, era fácil; Gedeão destacou-se na natação nesta época. DÉCADA DE 1950 - 1952 - Cláudio Vaz dos Santos – o Cláudio Alemão (nascido em 1935) inicia sua carreira esportiva, ao ingressar no Colégio de São Luís, do Prof. Luis Rego; nesse ano, participa dos Jogos Olímpicos Secundaristas, organizado pelo jornalista Mario Frias, como atleta de Basquetebol, Voleibol, Futebol de Campo, Atletismo e Natação. - O primeiro professor de natação – dava suas aulas naquelas casas - foi Dimas, como era mais conhecido Antonio Maria Zacarias Bezerra de Araújo, e trabalhava em duas piscinas que existiam à época (1953/54); uma, na Rua Grande, em casa de Domingos Mendes; e a outra, do Sr. Almir Moraes Corrêa, no Apeadouro. 1953 - o Clube Recreativo Jaguarema é fundado e construída sua piscina. Os jovens da “geração de 53” deixaram de praticar a natação na casa de Domingos Mendes e passaram a nadar na do Jaguarema. - Rubem Goulart, um dos precursores da natação competitiva, como primeiro técnico do Clube Jaguarema, fundado em 1953; depois dá suas aulas no Grêmio Lítero-Recreativo Português, levando a garotada a participar de diversos torneios, espalhando a novidade para o Casino Maranhense DÉCADAS DE 1960/70 - Essa prática - de aulas de natação em piscinas de casas particulares - continua nos anos 60 e 70. Denise Martins Araújo - filha de Dimas - começou a acompanhar o pai, aos 12 anos, em suas aulas naquelas piscinas particulares, cuidando dos alunos de menor idade. Com o pai assumindo outras atividades, passou a se responsabilizar por aquelas aulas, alugando uma piscina para a “sua” escola de natação. 1983 – fundação da primeira escola de natação de São Luís, com piscina própria – a “Viva Água” – pelos professores Denise Martins de Araújo e Oswaldo Telles de Sousa Neto.
HISTÓRICO VIVA AGUA A História da Natação maranhense se confunde com a história da Família Araújo [“Querido Professor Dimas”] e com a própria História da “Escola de Natação ‘Viva Água’” [www.atlasesportebrasil.org.br ]. Em 1983, os Professores de Educação Física Denise Martins de Araújo e Oswaldo Telles de Sousa Neto com uma proposta de aproximar o homem de sua origem - criaram a ESCOLA DE NATAÇÃO “VIVA ÁGUA”, tendo como missão institucional: “EDUCAR ATRAVÉS DO MEIO AQUÁTICO”. A criação da “Viva Água” – hoje sinônimo de ensino de Natação com Qualidade no Maranhão – foi o ponto máxime de um processo histórico que se desenvolveu desde a década de 1950, com o retorno do Prof. Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo – mais conhecido como Professor Dimas - à sua terra natal – o Maranhão – após temporada na cidade do Rio de Janeiro, para estudos. Valemo-nos do “ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL”, in DaCOSTA, Lamartine Pereira (editor); Rio de Janeiro: Shape, 2005; e de sua segunda EDIÇÃO “ON LINE” (2006): “DÉCADA DE 1950 - O primeiro professor de natação – dava suas aulas naquelas casas - foi Dimas, como era mais conhecido Antonio Maria Zacarias Bezerra de Araújo, e trabalhava em duas piscinas que existiam à época (1953/54); uma, na Rua Grande, em casa de Domingos Mendes; e a outra, do Sr. Almir Moraes Corrêa, no Apeadouro. "Nessa época também comecei a dar aula em duas piscinas que existiam aqui no Maranhão na época; era uma aqui perto do Costa Rodrigues era da família Domingos, na Rua Grande mesmo, um pouco antes de dobrar para direita, tem um sobradão grande e onde é hoje um cursinho; e a outra piscina era do senhor Almir Moraes Corrêa, perto da Igreja de São Vicente de Ferrer, que existe ate hoje ... bem ao lado da Igreja, aquela casa bem da esquina foi aonde eu dei as primeiras aulas ... (DIMAS, entrevistas). 1953 - o Clube Recreativo Jaguarema é fundado e construída sua piscina. Os jovens da “geração de 53” deixaram de praticar a natação na casa de Domingos Mendes e passaram a nadar na do Jaguarema. "também já trabalhava no Jaguarema ... ele já estava nascendo, eu fui o primeiro professor de natação do Jaguarema, em 55 ou 56. Lá foi a primeira escola de natação, era o diretor o doutor Orlando Araújo, médico, criador e fundador do Jaguarema ... foram os meus primeiros alunos ... os três Moreira Lima - Dr. Antônio Augusto, Bento Moreira Lima e Carlinhos Moreira Lima; e os Vieiras da Silva - Fabiano, Marcos e Paulo -, foram os primeiros alunos de uma escolinha de natação do Jaguarema, ... DÉCADAS DE 1960/70 - Essa prática - de aulas de natação em piscinas de casas particulares - continua nos anos 60 e 70. - Denise Martins Araújo - filha de Dimas - começou a acompanhar o pai, aos 12 anos, em suas aulas naquelas piscinas particulares, cuidando dos alunos de menor idade. - Com o pai assumindo outras atividades, passou a se responsabilizar por aquelas aulas, alugando uma piscina para a “sua” escola de natação. 1983 – fundação da primeira escola de natação de São Luís, com piscina própria – a “Viva Água” – pelos professores Denise Martins de Araújo e Oswaldo Telles de Sousa Neto.”.
Como se vê no Atlas do Esporte no Brasil, a construção da Escola de Natação “VIVA ÁGUA’ se constituiu em um projeto de vida da Professora Denise, tendo como referência a história de vida de seu pai, Dimas. Quando começou a acompanhar seu pai - aos 12 anos de idade, naquelas aulas de natação, do início dos anos 1970, responsabilizando-se pelas crianças menores, instintivamente utilizava-se de jogos e brincadeiras, adaptando-as para o meio líquido – o que seria a base de seu método, desenvolvido após os estudos universitários. Com os inúmeros compromissos assumidos pelo pai – junto aos Departamentos de Educação Física do Estado e Município, implantação da Educação Física na UFMA -, passa a assumir cada vez mais a responsabilidade pelas aulas dadas em piscinas daquelas casas particulares, até que alugou uma piscina no Renascença, núcleo de sua futura Escola de Natação. Depois, passou para a AABB, Nesse período, mais de 25.000 alunos - de 0 a 80 anos - viveram com os mesmos festas, competições e títulos com muita alegria. Como resultado desse trabalho, e após anos de estudo e pesquisas na área de Natação para Crianças, desenvolveram um método próprio de ensino de natação – o MÉTODO VIVA ÁGUA. MÉTODO VIVA ÁGUA DE ENSINO DE NATAÇÃO Esse método de ensino concebe a aprendizagem na água e pela água, distinguindo-se dos demais pelo seu caráter evolutivo. Baseando-se em dados científicos, leva em conta o estado de adiantamento das ciências humanas e das ciências físicas e seu nível de assimilação pelos educadores. Por ter feito da Natação um objeto de estudo, evoca a sua especificidade (da Natação), demarcando-a com certas fronteiras; ultrapassando as aparências para evidenciar a sua estrutura e acompanhar sua evolução histórica. A natação só será verdadeiramente uma atividade humana a serviço do homem quando a sua Pedagogia se libertar da rotina e se comprometer ativamente com a atitude experimental, daí nossa missão institucional: “EDUCAR ATRAVÉS DO MEIO AQUÁTICO”. Para nós, da VIVA ÁGUA, saber nadar é ter resolvido no meio aquático em cada eventualidade, qualitativa e quantitativamente, o triplo problema: equilíbrio, respiração, e propulsão, componentes básicas inerentes ao ato de nadar, e cujo domínio é necessário para garantir um comportamento ajustado na água. Todavia, para se alcançar estes objetivos é necessário efetuar ajustamentos sucessivos que se realizam através e na presença das seguintes condições: freqüentar com assiduidade o meio aquático e PRATICAR NATAÇÃO, isto é, ter o gosto e a possibilidade, ou ainda a obrigação de expressar-se no elemento líquido, dentro de certa periodicidade, tomando consciência das próprias limitações e capacidade de progresso, propondo-se um ou mais objetivos, e escolhendo a maneira de executá-los. Nossa proposta - estudada desde antes da criação da Escola - fundamenta-se no crescimento e desenvolvimento da Criança. Para uma aprendizagem bem estruturada em Natação enfatizamos três pontos básicos na realização das atividades aquáticas:
Afeto e contato - fatores primários no desenvolvimento do organismo e da saúde. Eles levam à aquisição de maior segurança e confiança, promovendo uma situação favorável ao crescimento e desenvolvimento
Brincadeiras e jogos - responsáveis pelo desenvolvimento nos processos de criatividade e socialização
Estímulos aquáticos - um ambiente que permita à criança explorar e descobrir todas as potencialidades de movimento que as atividades aquáticas podem lhe oferecer e permita o aflorar do desenvolvimento natural
Nosso referencial teórico baseia-se em Sarmento e Montenegro (1992), resumido no quadro abaixo: ADAPTAÇÃO TRASMISSÃO E SEGURANÇA
EXPLORAÇÃO DO MEIO
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RELAÇÃO AFETIVA Contato corporal Contato verbal Formas de comunicação
AUTONOMIA MOTORA deslocamentos nos espaços manipulação de objetos situações
SATISFAÇÃO DE NECESSIDADES Novo código de comportamentos Conforto
AUTONOMIA AFETIVA separação pai/mãe-filho poder de decisão dar tempo
SARMENTO & MONTENEGRO, 1992, p. 37
O QUE PREOCUPA AS CRIANÇAS: NOVO AMBIENTE FÍSICO E HUMANO Vestiário (ter conforto para despir e vestir) Recinto (fechado, úmido, ruidoso)
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a água (temperatura, extensão, clareza) as pessoas (outras crianças, outros adultos)
DESCONHECIDO
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insegurança transmitida pelo ambiente ou pelo acompanhante que pode projetar na criança a sua própria insegurança.
FACILITAR A SEGURANÇA É:
respeitar o ritmo da criança as crianças não têm todas a mesma evolução e, por isso, há que aceitar os avanços e recuos no processo adaptativo evitar as situações inesperadas evitar a sobrecarga de estímulos (barulho, confusão) evitar exigir demais da criança motivar atos lúdicos de prazer e não utilizar a ‘chantagem afetiva’
AUTONOMIA “... implica que a criança consiga deslocar-se no meio aquático com ‘à vontade’ suficiente para não se afogar. para isso há que desenvolver o conhecimento da água à superfície em profundidade, o que inclui necessariamente a realização de algumas tarefas (SARMENTO & MONTENEGRO, 1992, p. 27). AJUDAR A CRIANÇA A SER AUTÔNOMA É:
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NÃO TER PRESSA em que ela adquira técnica e domine a água NÃO PREGAR PARTIDAS INESPERADAS, de modo a que a criança não perca a confiança na segurança que os pais lhe oferecem NÃO QUERER QUE A CRIANÇA SE SEPARE DA MÃE/PAI rapidamente. Pode atrasar mais a autonomia, forçando uma separação (embora, neste caso, a criança continue a visualizar a mãe/pai)
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NÃO DRAMATIZAR AS SITUAÇÕES que eventualmente possam acontecer (beber água, engasgar-se, ter água nos olhos, nos ouvidos...) e devolver a segurança à criança, através da calma, dos carinhos e do riso DEIXAR A CRIANÇA CONDUZIR A SUA AÇÃO através das brincadeiras e do prazer que a água proporciona
Assim, nosso Método pode ser explicitado no quadro abaixo, debaixo dessas teorias: NÍVEIS DE APRENDIZAGEM E SEUS OBJETIVOS (continua)
NÍVEL I INICIANTE
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ADAPTADO
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I AVANÇADO
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II
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III -
ADAPTAÇÃO BÁSICA Adquirir segurança e confiança no meio aquático Executar a submersão, saltos e deslocamentos, com controle visual, fazendo uso de materiais Apresentar bem estar e satisfação no desenvolvimento das atividades Demonstrar independência no meio aquático, distinguindo as fases da respiração Executar flutuação Executar deslocamentos, saltos, giros e rolamentos Apresentar bem estar e satisfação no desenvolvimento das atividades Executar deslocamentos em posições e direções diversificadas Desenvolver o equilíbrio Executar flutuação com mudanças de decúbito Executar cambalhotas e saltos na horizontal Apresentar bem estar e satisfação no desenvolvimento das atividades Adquirir habilidades de equilíbrio, flutuação e deslocamentos, em diferentes situações Apresentar bem estar e satisfação no desenvolvimento das atividades Deslocar-se em diferentes situações, com e sem vestimentas, realizando saltos na posição aerodinâmica com hiperextensão do corpo Executar as pernadas dos quatro estilos
FORMAÇÃO TÉCNICA
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IV -
APLICAÇÃO
Consolidação e desenvolvimento das aquisições anteriores Aprendizagem de “crawl” rústico e pernadas de costas
Nadar o estilo crawl com respiração bilateral Executar a pernada de costas com braços no prolongamento do corpo Consolidação e desenvolvimento das aquisições anteriores; Nadar crawl e costas, com saídas e viradas Vivências de situações de aplicação com Nadar os quatro estilos, com saídas e viradas Conhecer e identificar as regras oficiais da natação Conhecer e aplicar as
Caráter desportivo e utilitário Adaptação das técnicas às características de cada situação Adaptação significativa do organismo ao
técnicas de salvamento V
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Conhecer e identificar as regras oficiais da natação Conhecer e aplicar as técnicas de salvamento
esforço Treino de Base Treino de Alto Rendimento Especialização na Técnica e na distância
LIVRO-ÁLBUM
MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO
EXPOSIÇÕES DAS BIOGRAFIAS DOS MESTRES DE CAPOEIRA DO ESTADO DO MARANHÃO Abertura da Semana da Capoeira realizada pela Federação Maranhense de Capoeira FMC
MESTRE SR. MIYAGE
JOSÉ ANTONIO DE ARAUJO COELHO (1981) Colinas, 23 de setembro de 1975
ANTONIO BEZERRA DOS SANTOS
MESTRE EVANDRO
MESTRE CADICO
MESTRE JUVENAL
MESTRE PALHANO
ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES Nesta sessão, publicadas as novidades: os novos artigos, a partir deste outubro de 2017, data da fundação da Revista do Léo. Os artigos do Editor, de colaboradores, com espaço aberto aos pesquisadores que desejem fazer uso deste espaço. Não restrito aos esportes, educação física e lazer, mas também à História/Memória do Maranhão.
EM DEFESA DO CEFET-MA Leopoldo Gil Dulcio Vaz Licenciado em Educação Física Mestre em Ciência da Educação Departamento Acadêmico de Ciências da Saúde
POLÍTICAS E AÇÕES PARA O ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Deve-se traçar um Diagnóstico das áreas de atuação, estabelecendo-se um Plano de Ações, após análise do comportamento do mercado na absorção de nosso alunado, com base na oferta de estágio e de emprego; e expedição de diplomas. Quando se trata de melhoria do processo ensino-aprendizagem, no âmbito de um Centro Federal de Educação Tecnológica, como é o caso do CEFET-MA, as ações não se restringem, e não podem se restringir, apenas na análise da graduação. Por ser uma instituição de ensino que oferece ensino técnico - nas modalidades básica, técnica e tecnológica, além do ensino médio -, nosso modelo pedagógico deverá ter como pressuposto básico: (1) visão mais abrangente da ciência e sua conexão com a tecnologia visando a aplicações práticas no sistema produtivo; (2) conceituação de área acadêmica como um campo abrangente de conhecimentos científicos e tecnológicos, que possibilita a formação do educando em uma das habilitações profissionais que podem dela derivar, tendo em vista responder às demandas do sistema produtivo; (3) formação técnica levando em conta perfís profissionais correlacionados com conteúdos curriculares, e considerando de forma especial as novas relações econômicas, tecnológicas e sócio-culturais que se processam na sociedade dita pós-moderna; (4) interdisciplinaridade dos diversos campos do saber, a ser levada em conta na formação técnicoprofissional e na integração horizontal dos conteúdos curriculares das várias áreas e habilitações; (5) visão da educação como um processo contínuo que não se esgota simplesmente com o término de um curso regular de estudos, mas que se relacionam com as crescentes demandas que ocorrem no setor produtivo em função do avanço tecnológico e das transformações a ele inerentes; (6) integração vertical dos cursos técnicos com os cursos superiores correlatos, dentro da concepção abrangente da moderna Educação Tecnológica; (7) flexibilidade de organização e gestão acadêmica, com racionalização de custos e de utilização dos recursos de infraestrutura.(in PROPOSTA DE UM NOVO MODELO PEDAGÓGICO E DE FORMAÇÃO DE DOCENTES PARA O ENSINO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO, MEC / SEMTEC, 1994). O aprimoramento do ensino técnico - nas suas três modalidades -passa por oferecer melhor infraestrutura de apoio às atividades didáticas. As mudanças, já implementadas e a serem introduzidas, vão desde o conforto térmico das salas de aula (ventiladores, iluminação e acústica); disponibilidade de equipamentos básicos (giz, lousas, retroprojetores e carteiras adequadas) e implantação de um certo número de salas de aulas mais sofisticadas. Deverá ser iniciada a avaliação dos docentes, e espera-se chegar até à adequação curricular, face às novas realidades do mercado. Com essas medidas, o Diretor de Ensino poderá melhorar a qualidade do ensino, formando profissionais competentes. Para isso, o desempenho dos alunos deverá ser acompanhado mais de perto pelos docentes, propondo-se, àqueles com aproveitamento baixo, um programa de atividades
suplementares nos horários disponíveis, com aulas de reforço, através de um programa de monitoria, a ser implantado. O Plano de Ações que se necessita desenvolver não deve se restringir à melhoria da infraestrutura e ao acompanhamento do aproveitamento dos alunos. Deve abranger uma avaliação do próprio desempenho dos docentes em sala de aula. A avaliação dos docentes, feita por alunos, tem mostrado que esse faz uma análise madura do trabalho do professor, atribuindo não só nota alta quando o professor é considerado simpático, pois não confunde a avaliação quando o item didática ou contribuição para o aprendizado. Da mesma forma que se estará avaliando o trabalho do professor em sala de aula e o desempenho dos alunos, procurando identificar as disciplinas que mais reprovam nos primeiros semestres, e indicar para essas disciplinas professores com melhor didática, a conclusão do programa de Avaliação Institucional das IFES dar-nos-á maior suporte para a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Deve-se dar continuidade à análise de mercado de trabalho, com o objetivo de traçar o perfil profissiográfico do profissional da área tecnológica para o ano 2.010, estendendo-se até 2020. Já foram ouvindos alunos, professores e administradores da instituição, além de egressos. Essa pesquisa - realizada pela professora Marize Andrade, em seu Mestrado em Políticas Públicas, deve ser revisitada e revista, dando-se continuidade ao trabalho, para se traçarem ações para atacar os principais problemas evidenciados. O programa de qualidade total, atualmente paralisado, deve buscar, com base nos pressupostos do modelo pedagógico, uma definição da própria missão do Centro, dentro de uma nova realidade conceitual à qual a escola não está suficientemente adaptada. O que se busca, com o programa de qualidade total, é uma escola continuamente inventada pela própria comunidade acadêmica, em sintonia com o mundo e a sociedade que ela pretende servir. Procurando mecanismos que possibilitassem a abertura de campos de estágios para os alunos dos técnicos e dos cursos superiores, uma das alternativas que deve ser implementada é a da Extensão, estendendo-se à comunidade - não só ao setor industrial - seus serviços. A Extensão no CEFET-MA tem início com a reestruturação do Sistema de Educação Técnica, ainda na década de 1940. Os alunos prestavam serviços, mediante remuneração. Tanto que o Decreto-Lei 8590/46 concedeu-lhes contagem de tempo de serviço para efeito de aposentadoria, do tempo em que estudaram nas Antigas Escolas Técnicas. Isso vai até 1962, quando é implantada nova Lei - de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Os serviços eram prestados, então, pelos alunos, remunerados através de bolsa de trabalho, a nível interno, não mais de prestação de serviços à comunidade. Com a autorização para ministrar cursos superiores, em 1989, e a transformação da então ETFM em Centro Federal de Educação Tecnológica (Lei n. 7863, de 31 de outubro de 1989), foi criada a Diretoria de Relações Empresariais - DRE - , com os seus Departamentos de Pesquisa e Extensão e de Integração EscolaEmpresa. Além do ensino tecnológico - nível superior -, criaram-se mecanismos para o desenvolvimento da pesquisa e de prestação de serviços à comunidade - extensão. Desde então, o CEFET-MA vem se dedicando à ministrar cursos de qualificação profissional e educação continuada - básicos - principalmente às industrias. Além desses cursos, o CEFET-MA integrou-se a programa de complementação educacional, implantado por algumas industrias, com o objetivo de melhor qualificar seu quadro de funcionários. As diretrizes para a Política de Extensão Universitária visam propiciar a participação da comunidade universitária na vida da sociedade em que está inserida, privilegiando ações integradas com as administrações públicas e com as entidades da sociedade civil. Buscando formas de ações que possibilitassem iniciar suas atividades de extensão - o terceiro elo do tripé de sustentação do ensino universitário -, chega-se à conclusão de que haverá necessidade de se buscar formas de atuação junto às comunidades já formadas, com algum grau de envolvimento com ações comunitárias, habituadas a receber pessoas estranhas para desenvolvimento dessas ações conjuntas (Linha de Ação I ). Dentro da Linha de Ação II, o CEFET-MA deve buscar parceiros junto ao sistema público de ensino Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Escola Agrotécnica Federal de São Luís (AGROTÉCNICA) e Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC) -, além de sua Unidade de Ensino Descentralizada de Imperatriz (UNEDI-ITZ), com definições de propostas para o ensino tecnológico, onde as exigências de
nosso tempo demandarão esforços na geração de diretrizes, metas e ações para que o sistema de ensino tecnológico responda aos desafios que se fazem presentes, frente as mudanças estruturais e da conjuntura econômica. Ainda dentro do Programa de Extensão, deve-se buscar recursos para implantação de nosso tão sonhado Laboratório de Informática Educacional, voltado para a formação de uma massa crítica, envolvendo os professores do próprio CEFET-Ma, da Unidade Decentralizada de Ensino de Imperatriz - UNEDI -, sendo um voltado para o desenvolvimento de software educativos, e o outro voltado para uso dos alunos. Dentro do programa de melhoria do ensino, está a conclusão da reestruturação da Biblioteca "Tibiriçá de Oliveira", adequando-a as novas exigências do ensino de graduação e da pesquisa tecnológica, além da atualização e ampliação do acervo. Uma das falhas evidenciadas no processo de ensino foi a pouca experiência de alguns professores na iniciativa privada, o que causa um distanciamento entre teoria e prática. Deve-se procurar oferta de estágio a docentes, para vivenciarem o processo produtivo em indústrias; a prestação de serviços; e a extensão. Essas alternativas possibilitarão diminuir distância, entre as teorias acadêmicas e a prática profissional. Sabe-se ser necessário e urgente que o CEFET-MA repense o seu saber e modifique sua atuação. A sociedade que se avizinha será a sociedade do conhecimento. O ensino tecnológico praticado nos CEFETs tem muito a contribuir nessas novas necessidades de mercado produtivo e de educação competitiva. O CEFET-MA tem ainda que se adaptar e se modificar se quiser galgar o estágio de alavancador dessa nova sociedade e ser considerado como centro de referência da educação profissionalizante no Estado do Maranhão. Adaptar-nos a auxiliar na construção de um novo modelo de sociedade, é superar o paradigma do ensino tecnológico tradicional e mecanicista, do modelo Fordista-Taylorista e criar um novo referencial centrado nas atuais necessidades e nas perspectivas futuras (CONDITEC, 1995). Muitos recursos de tempo, dinheiro e de pessoas são desperdiçados quando a instituição de ensino não sabe distinguir o secundário do essencial e passa a agir como se tudo fosse igualmente importante. E o que é essencial do ponto de vista da qualidade da escola ? (MEZOMO, 1994): - De que adianta concentrar esforços na transmissão de conhecimentos "acabados" se o que o aluno precisa é "aprender a aprender"? - O que adianta concentrar esforços na capacitação técnica dos alunos, para torná-los "mão-de-obra" qualificada, se não se lhes indicam as dimensões éticas e sociais do conhecimento e do trabalho? - O que adianta cumprir um calendário escolar se o essencial, a aprendizagem, não foi garantida e, às vezes, nem possibilitada? - O que adianta, também, "avaliar" a escola por índices que não medem sua qualidade mas apenas a quantidade de sua produção: número de professores, titulados ou não; regime de dedicação; relação professor-aluno; relação custo/aluno; teses ou trabalhos publicados, e coisas do gênero? - O que adianta aprimorar a estrutura, se os processos não são avaliados e redesenhados e se os resultados não são confrontados com a missão da escola? Evidencia-se a necessidade de se "reeducar" a escola para o essencial, para aquilo que a diferencia, para aquilo que a valoriza, para aquilo que lhe dá sentido e legitimidade e para aquilo que lhe garante a otimização de resultados. A "reeducação da escola" importa na substituição de suas "certezas" e do "conhecimento acabado" pela busca permanente de novas respostas às suas "dúvidas" sem, contudo ter a pretenção de esgotá-las de forma definitiva (MEZOMO, 1994). A escola que é preciso inventar é aquele que possibilita uma formação tecnológica, humanista e ética e que educa as pessoas para a aprendizagem permanente e interminável. Como afirma MEZOMO (1994), "nada, portanto, ... de desânimo diante da crise, que nada mais é do que um tempo de aprendizado, de experiências e de reformas" (in UNIVERSIDADE, v. 5, p. 258). A administração do CEFET-MA tem, e deve buscar, como essencial para a sua qualidade: - UMA VISÃO CLARA DA SUA MISSÃO E O O CUMPRIMENTO DESSA MISSÃO;
- CONHECIMENTO DE SEUS CLIENTES (INTERNOS E EXTERNOS) E SUAS NECESSIDADES E PROCURA ATENDÊ-LOS DE MANEIRA SEMPRE MELHOR; - UMA GERÊNCIA COMPROMETIDA COM A MELHORIA DA QUALIDADE; - DISPOSIÇÃO PARA MUDAR E DECIDIR PELA MUDANÇA; - UMA VISÃO DE FUTURO - SEREMOS O MELHOR CEFET DO BRASIL.
NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/ MARANHENSE ESTA SESSÃO É DESTINADA AOS ARTIGOS SOBRE LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE, E O REGISTRO DE SUA MEMÓRIA
CLAUDIO VAZ, O ALEMÃO - E O LEGADO DA GERAÇÃO DE 53
"Sou a mãe e o pai do JEMs. Os JEMs são a minha vida." Cláudio Vaz dos Santos.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
CAPITULO DO LIVRO INÉDITO OS ANOS 30/40...151 Na década de 1930, o voleibol era bastante praticado em São Luís, no meio escolar, como lembra o Sr. Glacymar Ribeiro Marques. Chegado à cidade em 1937, passou a jogar voleibol no Colégio de São Luiz, participando das Olimpíadas Intercolegiais, ao lado de Rubem Goulart; Alexandre Costa; José Carlos Coutinho; coronel José Paiva, e Raimundinho Vieira da Silva.
O COMBATE, 11 de outubro de 1931
O Esporte Clube Sírio Brasileiro fora fundado por descendentes da colônia libanesa no Maranhão. Alguns dissidentes do Onze fundam o Luso-Brasileiro e, de uma dissidência deste, surge o Sírio... anos mais tarde, alguns dissidentes, não concordando com a mudança de nome, fundam o Maranhão Atlético Clube. Nesse novo clube – o Sírio -, além do futebol, desenvolveram-se também outras atividades esportivas, como o basquetebol, o voleibol, o tênis, o crocket, o bilhar, o boliche, o ping-pong (tênis de Mesa), e o xadrez:
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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. JOGOS ESCOLARES NO MARANHÃO. In LECTURAS: EDUCACION FÍSICA Y DEPORTES, Revista Digital, Buenos Aires, n. 61, junho de 2003, disponível em www.efdeportes.com; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. In REVISTA DO IHGM, São Luis, N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 86-107 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ASPECTOS HISTÓRICOS DO ESPORTE E DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO; in REVISTA DO IHGM, No. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 124 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38_-_setembro_2011
1933 - Atletismo
1933 - Boxe
A juventude maranhense responde aos anseios de uma vida esportiva, com várias iniciativas que vão resultar em um desenvolvimento do esporte em especial o ludovicense, conforme noticiam os jornais da época com suas colunas destinadas à movimentação esportiva. Os alunos do Lyceu Maranhense estavam se organizando, em torno do Grêmio ‘8 de Maio’, fundado em 1932, liderados por Tarcísio Tupinambá Gomes. Fundado como entidade representativa dos estudantes junto à direção do Liceu, foi um fracasso, por falta de interesse da rapaziada, que só queria se divertir. Os outros fundadores, dentre eles Paulino Rodrigues De Carvalho Neto lxxvi e Dílio Carvalho Lima resolveram levar o Grêmio para o esporte, com o intuito de jogar Voleibol, pois as opções de esportes para os jovens da época eram, além do futebol, o voleibol. O pessoal do “8 de Maio” também se envolvia com o Basquetebol.
O Combate, de 18 de maio de 1933 anuncia a (re)introdução do ‘ping-pong’:
Em 1934, temos o registro de um campeonato de Atletismo:
A LEA – Liga Esportes Atleticos – anuncia seu primeiro campeonato de Atletismo (Pacotilha, 6 de setembro de 1934):
Os cronistas esportivos incitavam os dirigentes dos diversos clubes e da AMEA a se dedicarem Ă outras modalidades esportivas, alĂŠm do foot-ball e do basquetebol, conforme e vĂŞ de nota de maio de 1935:
Os estudantes do Liceu Maranhense jogavam Voleibol na quadra existente na Rua do Sol - onde é hoje o Sindicato dos Bancários, e pertencia a um senhor de nome Bandeira -, foi construída pelos alunos do Liceu Maranhense, sob o comando do Professor Mata Roma. Além dessas, havia a quadra do próprio Liceu, localizado, nessa época, à Rua Direita, esquina com 28 de Julho. As jovens estudantes do Colégio Santa Teresa, costumavam jogar Voleibol na praia da Ponta d´Areia, durante as férias escolares; a rede do primeiro jogo foi arrematada em um leilão realizado na casa do Cel. Anacleto Tavares. Nos anos 40, os jogos das estudantes já eram realizados na quadra do Liceu Maranhense. Sem dúvidas, o nome a ser sempre lembrado é o de “Costa Rodrigues”, do médico Antonio Euzébio, nascido em 1915. Tendo concluído o secundário no Liceu Maranhense em 1932, seguiu para Belém onde se graduou em Medicina em 1938; retornando à São Luis, paralelo à sua atividade profissional, seguiu carreira política, sendo secretário de educação e saúde no período de 1947/48152.
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SANTOS, Herbert de Jesus. Centenário do dr. Costa Rodrigues: é a história que conta e muito bem!. IN Jornal Pequeno, São Luis, 29 de maio de 2015, Caderno e Turismo, p. 3, coluna Sotaque da Ilha. SANTOS, Herbert de Jesus. 100 anos de Costa Rodrigues: é a própria história exitosa que conta. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luis, 2 de junho de 2015, Caderno Alternativo, p. 5
ANTONIO EUZÉBIO DA COSTA RODRIGUES
Quando Prefeito de São Luis (1948/1950; 1963/1965), destacou-se como promotor do esporte, construindo o Ginásio de Esportes atrás do Liceu, que depois recebeu seu nome: Ginásio Costa Rodrigues. Inaugurou o Estádio Municipal Nhozinho Santos em 1º de outubro de 1950. Foi membro do Conselho Nacional de Desporto (CND) no período de 1955/59. Pela sua atuação em beneficio do esporte maranhense recebeu a Medalha do Mérito Esportivo. Em 1937, a equipe do ‘Oito de Maio’ era formada por: Zé Rosa, Manolo, Zé Heitor Martins, Reinaldo Nova Costa, Raposo, Rubem Goulart, Paulo Meireles, Zé Carvalho, Zé Meireles. O grupo representou o Maranhão em um Campeonato Brasileiro de Basquete disputado em Belém do Pará em 1938; viajaram de navio. Paulino largou tudo em 1942, deixando o Grêmio “8 de Maio” para a nova geração, liderada por Rubem Goulart e Zé Rosa... Rubem Goulart e Zé Rosa tornam-se professores de educação física, formados pela Escola Nacional, nos anos de 1941 e 1942... Desde antes da década de 1920 o Basquetebol já era praticado em São Luís; SIMÃO FÉLIX maranhense de Grajaú, onde nasceu em 03 de maio de 1908 -, um dos um dos grandes atletas do passado, praticava, além do futebol, basquetebol, voleibol, motociclismo, natação, remo, e muitas outras modalidades. Simão veio para São Luís em 1915, quando tinha 7 anos de idade, localizando-se na Rua da Palma. Como faltava um guardião para o time da Montanha Russa era encarregado de guarnecer a cidadela do Sírio; e quando não quis mais jogar como goleiro, continuou apenas com a prática da bola ao cesto, vôlei, atletismo, motociclismo, tênis, remo e outros esportes. Deixou de praticar o basquete e o vôlei em 1947. Em 1939 ocorre a disputa de um Torneio Intercolegial, envolvendo os alunos do Liceu Maranhense e dos Maristas; outras escolas participavam com suas equipes, como o Colégio Cisne, com a equipe do Brasil, formada por Ronald da Silva Carvalho. Na década de 1940, foi criada a Colônia Agrícola Nacional do Maranhão, em Barra do Corda. Seu administrador, Eliézer Moreira, manda construir escolas em cada um dos núcleos agrícola que contasse com
50 crianças em idade escolar; foram criadas escolas nos núcleos do Naryu, Barro Branco, Unha de Gato, Cateté de Cima e Cateté de Baixo, Canafistula, Passagem Rasa, Suja Pé, Seridó, Uchoa, Conduru, Mamui, Centro do Ramos, e outros. Em períodos certos de tempo concentrava na sede do município os alunos das escolas da Colônia para as Olimpíadas Escolares da CANM. O Maestro Moises Araújo era um dos coordenadores do evento. Centenas de crianças e de jovens disputam na velha Praça da Matriz – Praça Melo Uchoa, hoje – jogos de Voleibol, Futebol, Atletismo em suas várias modalidades, e brincadeiras tais como corrida de saco, cabra cega e outras. A cidade parava para apreciar tais competições. Essas Olimpíadas iniciava-se sempre com um grande desfile das escolas que contava com a ajuda das irmãs capuchinhas (MOREIRA FILHO, 2008, p. 97/98). Em 1942, o Governo Federal distribui bolsas para a recém-criada Escola Nacional de Educação Física e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana, convidou o jovem médico Alfredo Duailibe para cursar especialização em Medicina Desportiva, juntamente com Rubem Goulart, Mary Santos, Maria Dourado e Lenir Ferreira, estes, para cursarem Educação Física. Um ano antes, o hoje Coronel PM reformado, Eurípedes Bernardino Bezerra fora para a Escola de Educação Física do Exército fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física. Ao regressar de seu curso de especialização (1943), o Interventor Paulo Ramos nomeou o Dr. Alfredo Duailibe para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública, propondo ao Prof. Luiz Rêgo, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física". Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas... Joaquim Itapary Sales de Oliveira tendo chegado de São Bento em 1946, quando o pai Joaquim Itapary assumiu o cargo de Secretário de Estado e Chefe de Polícia no governo Saturnino Bello; veio para estudar nos Maristas (aos 10 anos) e logo no ano seguinte estava no São Luís; Joaquim viveu na nova escola a prática da educação física como saúde; depois dos exercícios físicos, quem tinha alguma aptidão para algum esporte passava à prática e aprimoramento em aulas específicas, como Voleibol, Basquetebol, Atletismo e Boxe; Joaquim optou pelo Basquete, enturmando-se com os atletas da equipe escolar do São Luís e do Liceu: Janjão e Cláudio Alemão, Zé Couto, Eliézer Moreira, Vancrílio Gonçalves, Valoyzinho, Lázaro, Pacheco, Estrelinha, Pará, Luis Alvim, Hugo Fonseca, Murilo Gago... Criaram o time Os Milionários, que mais tarde, como clube, viria a disputar competições estaduais; considerando-se jogador fraco, dedica-se à arbitragem. Foi um dos maiores árbitros de Basquete que o Maranhão teve; começou a carreira de árbitro no início dos anos 50, aos 18 anos. Em 1947, surge no cenário esportivo maranhense um jornal - "órgão puramente esportivo" - que tinha por objetivo "incentivar ainda mais a prática dos desportos na capital maranhense, para que possamos manter a posição de prestígio que ocupamos no cenário esportivo nacional, depois das vitórias de 1946". Tratava-se do "O Esporte", fundado, dirigido e escrito por José Ribamar Bogéa. Sua primeira edição circulou no dia 21 de julho de 1947 e sobreviveu até 1951...
Professor Rinaldi Maia (primeiro em pé) com o Moto Club de 1966153
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http://futebolmaranhenseantigo.blogspot.com.br/2012/07/rinaldi-lassalvia-lauletta-maya-um.html
Emblemático, desse período romântico do esporte maranhense - e em especial do futebol - é a biografia esportiva de vários "sportmen" e "craks" do futebol da época que abrange os anos 15 a 45, como se depreende do destaque que um ainda jovem atleta tinha na sociedade, e que vai se tornar, mais tarde, um dos companheiros de Dimas em sua jornada de soerguimento do esporte e da implantação da educação física em Maranhão. Trata-se de Rinaldi Maia. Em matéria publicada no jornal "O Esporte", edição de 25 de outubro de 1947, na sessão "Relembrar é viver", saiu uma reportagem sobre o jovem Rinaldi Maia, em que é traçado seu perfil esportivo: Rinaldi Lassalvia Lauleta Maia - nasceu São Luís do Maranhão no dia 05 de fevereiro de 1914, filho de Vicente de Deus Saraiva Maia e de Júlia Lauleta Maia. Iniciou-se na carreira esportiva como crack de futebol, no América - clube formado por garotos do 2º ano do ginásio, e que praticava o futebol com os pés descalços. Em 1939, o jovem atleta já era jogador do Liceu Maranhense, sagrando-se bicampeão estudantil invicto, nos anos de 1941 e 1942. Apesar de jogar no Liceu, Rinaldi figurava em quadros da 1ª divisão da Federação Maranhense de Desportos - FMD -, primeiramente no Vera Cruz (o clube que nunca perdeu no primeiro tempo...), onde fez "misérias" ao lado de Sarapó, Genipapo, Cícero, Sales, etc. Depois, figurou na equipe do Sampaio Corrêa. No "Bolívia", Rinaldi foi elemento destacado, muito embora jogasse ao lado de um Domingão. Foi considerado "O Menino de Ouro" da "Bolívia". Em 1941, Rinaldi começa a praticar o Basquetebol, tendo com Gontran Brenha e Eurípedes Chaves e outros, defendendo as cores do Vera Cruz. Nessa época, não havia campeonatos de bola ao cesto, contudo, era público e notório que o Vera Cruz era o campeão da cidade. O grêmio do saudoso Gontran apenas tinha como adversário perigoso o quadro do "Oito de Maio". Nas disputas de Vôlei levava sempre a pior, porém, vencia todos os encontros de bola ao cesto. O Vera Cruz era um campeão autêntico... O melhor ano do esporte para Rinaldi foi 1942. Nessa temporada o jovem atleta conquistou nada menos de três títulos sugestivos: campeão invicto de futebol pelo Sampaio Corrêa; campeão invicto de futebol, pelo Liceu Maranhense; e campeão de basquetebol pelo Vera Cruz. Em 1943, coberto de louros, Rinaldi embarcou-se para o Rio de Janeiro, a fim de cursar a Escola Nacional de Educação Física. Na Cidade Maravilhosa, o filho de Vicente de Deus Saraiva Maia conseguiu seu objetivo, formando-se como Professor de Educação Física. Rinaldi voltou a São Luís em 1945. Muita gente julgou que Rinaldi ainda fosse um crack da esfera. Contudo, mero engano! O jovem atleta apenas apareceu em campo, no dia de seu desembarque, para satisfazer o pedido de amigos, mas fez ver que havia abandonado o futebol em definitivo. Seu esporte predileto passa a ser a bola ao cesto. Em 1946, Rinaldi figurava na equipe de basquetebol do Moto, sagrando-se campeão do "Torneio Moto Clube". Quando da visita do "five" rubro-negro a Belém, Rinaldi teve oportunidade de brilhar na capital guajarina e colaborou naquela magnífica campanha dos motenses. No ano de 1947, Rinaldi tomou outra decisão. Deixou o Moto Clube e tratou de reorganizar o Vera Cruz, seu antigo clube. O seu sonho foi realizado, uma vez que o Vera reapareceu e hoje figura na liderança do campeonato de basquetebol da cidade. E Rinaldi é figura destacada no grêmio cruzmaltense. Atua na guarda, aonde se vem destacando, juntamente com o professor Luiz Braga, outra grande figura do basquete maranhense. Cabe ressaltar que o Vera Cruz foi campeão naquele ano154. O Prof. Dimas – como é mais conhecido Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo lxxvii, chegando do interior a São Luís em 1944, para estudar, lembra-se de como eram organizadas as aulas de educação física, naquela época: Eu tive a sorte de estar no Liceu e o professor era José Rosa; ele estava com muito entusiasmo, tinha chegado [do curso de educação física], então ele levava muito a sério e ele teve muito sucesso naquela época... [As atividades, eram realizadas] duas vezes por semana, com a duração de uma hora, no próprio Liceu; tinha espaço. A minha experiência com ele foi só ginástica e Educação Física, agora ele ia entre Calistenia e paradas, saltos de obstáculos, saltos acrobáticos. Quanto aos esportes nas escolas, Dimas informa que não era praticado:
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O Esporte, São Luís, 25 de outubro de 1947, p. 2. Recordar é Viver.
[...] se fazia naquela época, eu não tive oportunidade de participar, nem via, muito embora houvesse grupos de alunos que se reuniam para praticar esportes, mas isoladamente; então tinha os peladeiros, eu joguei futebol... Joguei futebol pelo Liceu; nós tínhamos um time que jogava futebol, era: o goleiro, dois zagueiros, três halfs e cinco atacantes; eu era center-half, Celso Coutinho era half direito e Raposa era half esquerdo... Até hoje eu me lembro disso, era nosso time do Liceu, acho que da segunda série do ginásio ou da terceira mais ou menos... (DIMAS, entrevista). Mas não era só na capital que havia um movimento de ‘reinvenção’ do esporte moderno. Em São Bento, por exemplo, desde a década de 20 o futebol fora introduzido pelo estudante João Hermógenes Matos, ao trazer, em suas férias estudantis, uma bola; em 1922 (?) esse mesmo estudante, em sua segunda vinda de férias à cidade, trouxe um time de futebol formado por ele – que jogava de half – e seus colegas escolares; o jogo deu-se na Praça da Matriz. Nesse ano já existiam os times: São-bentuense, de Bernardinho Sena Martins Trinta, Dr. Urbano Pinheiro e Marçico Barros; o Tupan, de Mundico Barros, João Câncio e Isaac Lobato; o Fluminense, de Salomé Azevedo, Fernando Serrão e Augusto Comte; e o 420, dos drs. José Machado, João e José Matos. Os árbitros eram: Dr. Carlos Reis, Antenor Coelho de Sousa e Mundoca Silva. Para esse progresso do futebol, contou com a participação de Newton Bello e Pimpo (primeiros sambentuenses a jogarem em São Luís), Florêncio Soares, Barnabé de Campos, Fernando Viana e o apoio diretivo de Bibi Muniz, Maciço Corrêa, Ignézio Corrêa, José Egídio Teixeira, os irmãos Jafé e Heitor Mendes Nunes, José Cupertino, Zezico Mururu; logo após, os esportistas Fernando Serrão, João Silva, Benedito Cirqueira, Rocio Brito, Augusto Comte e Felipe Ata fundaram mais duas equipes. Até que em 1926 surge o São Cristóvão; em 1928 no dia 21 de abril, jogou em São Bento o Sport Club Sírio Libanês, vencendo o São Cristóvão por 4×1 e na revanche, dia 23/04, por 3×0; o vice-presidente do clube de São Luís era o Dr. Carlos Reis e o representante, o estudante Newton de Barros Bello. Em 1929 aparece o Santa Cruz, o Tupy Gia; depois, apareceu o Carioca, no Bairro da Outra – Banda, atual quadra do Clube dos Jovens; de responsabilidade de Zezico Mururu. Nas décadas posteriores estiveram em atividades os times: Sambentuense, América, Maniçoba, o novo Carioca. Nessas onzenas foram revelados os craques: Zé Rosa, Alemão, Suçu, Zeno, Cascavel, Zé Silva, Baé, João Pretinho, Vicente pretinho, Benedito Tarciso, Tororó, Benizard, Dedê Pacheco, Reinaldo Pinheiro, Tolho, Zé Técnica, Bengala, Walbert Penha (jogou no Moto). Em 1945 o Moto Clube de São Luís, em 16 de março, jogou em São Bento, levado por seu diretor Ignézio Corrêa, dedicado esportista de São Bento; por não haver conseguido permissão para essa partida, o Moto jogou com o nome de “Mobel”. Além do Moto, jogaram em São Bento o Sampaio Corrêa Futebol Clube, o Canto do Rio e outras equipes menores; alunos da Escola Técnica comandados pelo professor Urbano Pinheiro e o estudante Walter Reis Pinheiro. Em 1947, com a realização do 1º. Torneio Intermunicipal, São Bento jogou no estádio Santa Izabel em 8 de julho, contra a seleção de Rosário, perdendo por 4×1; no ano seguinte, com a realização do 2º. Torneio Intermunicipal, São Bento volta a participar, novamente perdendo para Rosário, por 5×0 na prorrogação; no tempo normal, empate em 3×3. Em 1951, estreou a equipe ”Lindo Encantado da Outra – Banda” – depois alterado para Carioca – fundado por Carrinho de Mestre Bento. Reativado em junho desse ano, quando a seleção são-bentuense sagrou-se vice-campeã do 3º. Torneio Intermunicipal; inexplicavelmente, o esporte rei parou na cidade… Já o Voleibol é introduzido no inicio da década de 30 - 1931 ou 35 – quando chega à cidade o Padre Osmar Palhano de Jesus, natural de Codó. Fundou o voleibol com duas equipes. De acordo com Vavá Melo, na página 365, ao tratar especificamente do voleibol, a introdução deu-se em 1935, com a construção de uma quadra, nos fundos da Igreja Matriz. Em 194(3) o Padre João Batista Costa, natural de São Vicente de Férrer, ordenado em 1º. de janeiro de 1943, incentivou os esportes, reintroduzindo o Voleibol com a reconstrução da antiga quadra no fundo da igreja. Em 1956, novamente o Voleibol é reativado, com a inauguração do Casino Sambentuense, com as equipes do Casino, dos Padres e Outra – Banda (bairro de São Bento); posteriormente, com o Vitória do Mar, de Tomaz Choairy e a da Petrobrás. Em 1957 chegam a São Bento os padres Italianos da Sagrada Família de Nazaré; dentre os padres chegados, estava o Padre Lourenço Franzoni; este padre, no verdor de sua mocidade, com o apoio de muitos, principalmente do seu amigo Thomaz de Aquino Pereira Choary deu ênfase ao esporte e à recreação. Nesse ano, sobressaem-se em São Luís, no Voleibol estudantil: Helena Garrido e Luis Rodrigues Bittencourt.
Eurípedes Bezerra, oficial da Policia Militar, com curso de Sargento Monitor de Educação Física pela Escola de Educação Física do Exército exerceu várias atividades, ligadas à sua condição de militar, dentre elas a de professor de educação física. Em suas andanças pelo interior do Estado, cumprindo suas missões, introduziu não só a educação física, mas a prática esportiva, em especial o Basquete, em vários municípios, nos anos 1940: Em todas elas eu colocava Educação Física. Em Cajarí mataram o Prefeito, mataram o Delegado e mataram o Presidente da Câmara, mataram o Presidente do Correio, o homem da oposição, mataram o chefe do destacamento... Fazia tudo isso, e eu fui o delegado, mas nunca deixei de pegar de manhã de 7 as 8 uma turma de 30 a 40 meninos de educação física; quando encontro gente por aí esse filho do Jurivê Macedo (Sérgio Macedo) foi meu aluno no Bairro de Fátima [Bairro de Imperatriz]. Eu, já eleito Prefeito, dando aula de educação física lá no Bairro de Fátima dando aula para 50, 60, alunos, para ver exercício em prática e atuais e atuais evoluções, jogos e diversões e exercícios individuais e coletivos. Eu deixava o Júlio para dar aula e assinava no final do mês. O Júlio Adis Pereira e Edmundo Soares do Nascimento e José Raimundo Sirino; eles davam aula e no final do mês eu assinava por eles, mas vinha sempre todo mês dava a minha participação direta, quase sempre. No Brejo, no Brejo com uma turma com quase 50 alunos de 6:00 às 7: 30 e já vejo alunos até na Aeronáutica, até na América do Norte, até na VASP e em Nova York encontro aluno meu nesse Brasil todinho por aí. No Balsas, por onde passei, fizemos uma Colônia de Férias, Colônia de Férias em Pedreiras, e em Imperatriz e Colônias de Férias em Bacabal e em Japiruí onde passei lá 17 anos; em Cururupú, em Codó, em Pedreiras, essa sociedade todinha são formadas hoje que estamos integrados nos exercícios físicos, conhecer o vigor dos músculos, a potência do cérebro e a jovialidade do espírito. Eurípedes Bezerra em sua passagem como delegado de Brejo (1948) é objeto de notícia pelo jornal "O Esporte", que anuncia que ele, Eurípedes, pretendia continuar seu trabalho com os esportes; enfermeiro, em 1941 foi para o Rio de Janeiro cursar Educação Física, na Escola do Exército, a mando do Interventor Paulo, Ramos; na volta, passa a ser o responsável pela educação física na Polícia e torna-se professor dos colégios Marista e São Luís. Já em Bacabal, até 1950, e de acordo com o Sr. Raimundo Sérgio de Oliveira – poeta trovador e escritor – nascido em 24 de junho de 1924, em Alto Bonito, município de Chapadinha, e que chegou a cidade para se fixar, ainda na década de 1950, encontrando apenas o Futebol de Campo como prática esportiva de caráter recreativo. É a partir dessa época que essas atividades – esportivas e recreativas – passam a ter uma organização maior, incentivada por dois jovens esportistas: Francisco de Paula Filho – o DePaula – e José Correia. Este é considerado o maior jogador de futebol que Bacabal já teve. O Estádio Municipal leva seu nome “Correião”. Em Dom Pedro, nos anos 40 nasce o ‘Tiradentes Futebol Clube’, tendo como Presidente Nemésio Fernandes Rocha, e o ‘15 de Novembro’ (1943). Destacam-se os jogadores José Nogueira e Abreu, que passam a jogar pelo Nacional de Codó; e Onorino, que também foi jogar em Codó. Já nos anos 50 surge o ‘Comercial Clube’, dos comerciantes da cidade, que posteriormente passou a chamar-se ‘Arsenal Futebol Clube’, equipe das elites, fundado para desbancar o velho ‘Tiradentes’, mas nunca lograram êxito. Outro esporte, Futsal, só é introduzido nas décadas de 1960/70 em duas escolas particulares, que funcionavam em prédios públicos, promoviam intercolegiais, organizados pelos Grêmios estudantis das mesmas: Colégio Dom Pedro, sob a direção de Ilzer Cordeiro, funcionava no prédio da Escola Ana Izabel Tavares; e o Colégio Rui Barbosa, sob a direção de Marlene Costa, funcionava na Escola Estado da Paraíba. Nessa época, destacou-se como melhor jogador José da Silva Lemos. Em Guimarães, o Futebol aparece lá pelos anos 1950, organizado por Felinto Goulart de Araújo e outros articuladores. Foram formadas duas equipes: o América Futebol Clube, formado por atletas negros e o Guarapiranga, formado por brancos, elementos da elite vimarense; havia muita rivalidade entre as duas equipes. O primeiro estádio de futebol recebeu o nome de Felinto, e atualmente está extinto e o espaço físico foi cedido a construção do prédio Paulo Freire. Em 1956 Guimarães torna-se campeão do Torneio Intermunicipal, vencendo a seleção de Bacabal; os jogadores foram: Enéas, Hélio, Curuçá, Celso Coutinho,
Orlando, Arnaldinho, Juquinha Goulart, Leudes Campos, Lourival, Mário Veloso, autor dos gols que levaram a vitória; o goleiro era Camundá; e em 1957 sagra-se vice-campeão do Torneio Intermunicipal, jogando contra São Vicente de Ferrer. Dizem que na partida final, o árbitro, Antonio Bento, não encerrava a partida mesmo o tempo ter-se esgotado, só o fazendo com o empate de São Vicente; na disputa por pênaltis, vence a partida, e Guimarães fica em segundo.
Guimarães deu-nos ARY FAÇANHA DE SÁ, nascido em 1º de abril de 1928. Foi atleta da Seleção Brasileira de Atletismo - e do Fluminense, do Rio de Janeiro, recordista sul-americano do salto em distância, participou de duas Olimpíadas, de 1952 e 1956. Foi Professor de Educação Física, formado pela Escola Nacional, introdutor do Interval-training no Brasil, assim como um dos idealizadores dos Jogos Escolares Brasileiros. Ainda nos anos 40, em São Luís, cursou o ginasial no Colégio de São Luiz, do prof. Luiz Rego criador dos Jogos Intercolegias -, por onde disputava as provas de 100 e 200 metros, além do salto em distância; consegue a espantosa marca de 5,00 metros. Em 1949 foi para o Rio de Janeiro estudar - levado pelo irmão, ingressa no Fluminense Futebol Clube, como atleta. Em 1950, ingressou na Escola Nacional de Educação Física. E em 1952 tornou-se recordista sul-americano de salto em distância, com 7,57 m, o que lhe valeu a convocação para a Olimpíada de Helsinque, tendo conquistado o 4º lugar no salto em distância. Em 1955, bateu o recorde pan-americano, com a marca de 7,84 metros, a quarta marca do mundo.
O COMBATE, 28 DE JULHO DE 1952
Também de Guimarães é JOSÉ FAUSTINO DOS SANTOS ALVES, mais conhecido como J. Alves, nascido no ano de 1944, em Águas Belas, povoado de Guimarães, hoje, Cedral, em 15 do fevereiro. Na década de 60 inicia sua carreira na Rádio Timbira, redação comercial; e em 1962, entra na Rádio Difusora, e aí sim começa a desempenhar a função de repórter; no jornalismo esportivo, que começou na mesma época.
J. Alves se refere aos esportes na década de 60, onde já havia “Olimpíada Estudantil”, promovidas por Carlos Vasconcelos e Mary Santos:
Inclusive, com o Carlos Vasconcelos, dirigindo essa competição, nós tivemos a honra de ser vicecampeão olímpico, pelo Liceu, na modalidade de Futebol, disputando como sempre com a Escola Técnica Federal; hoje CEFET... a competição para sua época era, o que é a competição que hoje se realiza, que são os Jogos Escolares Maranhenses, ela tinha a mesma importância que o JEM’s tem agora, agora o número de participantes era muito menor, também não poderia deixar de ser, não poderia ser diferente, é hoje a coisa cresceu se modificou, principalmente quando o Cláudio Vaz assumiu a Coordenadoria de Esporte de Prefeitura, foi que começou a mudar, porque ele tirou essa história de olimpíadas e colocou Jogos Esportivos da Juventude, realizou dois e a partir do segundo apareceu, um moço chamado professor Dimas, que já vivia no meio a muito tempo e graças a uma viagem que ele fez a Belo Horizonte se não me falha a memória, para assistir aos Jogos Brasileiros foi, viu, trouxe a informação possível dessa competição Nacional, que era promovida pelo Ministério da Educação e a partir da sua volta no ano seguinte, já foram realizados não os terceiros jogos esportivos da juventude, mas sim os primeiros Jogos Escolares Maranhenses, em cima da sigla da competição Nacional que é JEB’s, então eles só tiraram o B de Brasil e botaram M de Maranhão, nos Jogos Escolares Maranhenses, aliás Jogos Estudantis Maranhenses, que era Jogos Estudantis Brasileiros, depois Jogos Escolares Brasileiros (risos) passou para Jogos Esportivos da Juventude e hoje já tem um monte de confusão, cada ano eles mudam. Hoje tem Olimpíada, tem jogos da Juventude, tem mais não sei o que.
Outro atleta, pertencente à Geração de 53, nascido em Guimarães, é PALMÉRIO CESAR MACIEL DE CAMPOSlxxviii – POÉ. Nasceu em 1938, e em 1954, aos 16 anos, a família transferiu-se para São Luís, onde fez contato com o esporte. Jogou Futebol de Campo, Futebol de Praia, depois Futsal e Basquete, sempre se destacando como craque de bola. No ano de 1957 passa a jogar futsal pelo Santelmo – recém-criado -, convidado por Cleon Furtado e João Rosa e que contava, ainda, com Raul Guterrez, Murilo Gago, Biné (Benedito Moraes Ribeiro), Mouzart (de Sá Tavares), Ivaldo. Com esse time, foram campeões de 1958 e 1959. A final do campeonato desse ano foi entre o Santelmo e o Próton, decidida em melhor de cinco pontos; a primeira partida, disputada no Casino, o Próton venceu por 5 x 2; o segundo jogo, na AABB (sede da Rua Grande, depois vendida aos Maristas), o Santelmo saiu vencedor, por 3 x 0; e a terceira partida, também no Casino, empate em 2 x 2; e a Quarta e última, disputada no Lítero, 5 x 1, para o Santelmo. Em 1960 estava no Próton, convidado pelo Prof. Pedro Santos, jogando ao lado dos irmãos Cassas, Coronel Vieira, Cadico, Canhotinho, César Bragança. O Santelmo conquistou o tetracampeonato – 58, 59, 60, e 61. Em 1962 o Santelmo e o Próton foram extintos, fundando-se o Cometas, formando uma verdadeira seleção: Poé, Lobão, Enemê (goleiro) Dunga, Nonato e Elias Cassas, Coronel Márcio (Matos Viana Pereira), Luisinho, Canhotinho, César Bragança, Murilo Matos, e Vavá. Essa formação jogou de 62 a 66 sem conquistar nenhum título... No final de 66, deixa de jogar futsal. Os times da época eram bons demais: Graça Aranha, Atenas, Drible, Sampaio. Segundo Poé, o futsal viveu duas fases; a primeira foi da espontaneidade, onde tudo era nativo, não existindo tática, só técnica; a segunda iniciou depois que um time cearense, dirigido por Francisco Lerda, passou por aqui e ensinou tática. Juntaram técnica e tática. Outro nome a se destacar é o de RUBEM TEIXEIRA GOULART, também nascido em Guimarães, em 1920. Um dos pioneiros da Educação Física, chegou a São Luís em 1935, iniciando sua carreira esportiva no Colégio de São Luiz, do professor Luís Rego. Em 1942, ingressou na Escola Nacional de Educação Física, junto com José Rosa, Rinaldi Maia e Valdir Alves. Na Escola Nacional de Educação Física conquistou títulos retumbantes, participando de todos os esportes ali praticados, tendo o seu lugar efetivo nas equipes de volley-ball, basket-ball e atletismo. Foi campeão interno de volley nas competições efetuadas na ENEF; vice-campeão de Halterofilismo, peso médio, além de ter participado das Olimpíadas Universitárias de 1942, nas representações de volley, basket, futebol e atletismo. Alcançou os seguintes lugares nas provas de Atletismo: -
2º lugar nos 100 metros rasos, com a marca de 11,2s; 2º em salto em distância num espaço de 6,25 metros; 2º no salto em altura com 1,70 m (igualou também o record); obteve lugar em arremesso do peso com 12 metros; sagrando-se ainda campeão por equipe no revezamento 4 x 100 metros.
Em 1943, durante as Olimpíadas Universitárias e diversas competições atléticas no Rio, defendendo as cores do Fluminense, saindo-se vice-campeão do decatlo, com 5.007 pontos: 100 metros rasos Salto em distância Arremesso do peso Salto em altura
11,0s 6,19m 10,23m 1,70m
827 pts. 620 pts. 463 pts. 661 pts.
400 metros rasos 110 m. s/ barreiras Lançamento do disco Salto com vara Lançamento do dardo 1.500 metros rasos Total
54,1s 19,5s 30,16 m 2,70 m 29,25 m 5m29,0s
665 pts. 422 pts. 404 pts. 397 pts. 278 pts. 270 pts. 5.007 pts
Em São Luis Gonzaga desde a década de 50 o futebol é a atividade esportiva preferida da população. Lembrança dos anos 50,60, e 70, que se constituem na fase brilhante do esporte na região, quando personagens históricos como Ferro Ramos, seu A., e mais tarde Lamba Ramos registraram seus relevantes feitos prestados ao esporte local. No ano de 1956 a seleção ipixuense chegou às semifinais do Torneio Intermunicipal, desclassifica por Anajatuba pelo placar de 2x1; em 1958 conquistou o titulo de vicecampeão do Torneio Intermunicipal, perdendo a final para a seleção de Cururupu; a seleção possuía como base o destacado time do Palmeiras Futebol Clube, e contava com Walter Bandeira, Santo Reis como seus colaboradores; quando em São Luís, contava com a ajuda substancial do empresário César Aboud (Moto Clube de São Luís). Alguns destaques do Palmeiras que atuavam na seleção gonzaguense: goleiro: Pingüim; zagueiros: Zé Catita, Lamba, Albino, Seu A., Alcides, Salu, Humberto, Cabaça; atacantes: Cabo Neves, Alemão, Vavá, Ernildo, Seu Bé, Zé Pretinho. Já na década de 60 um desentendimento entre Ferro Ramos e Lamba, contra os irmãos Seu A e Seu Bé resultou na dissidência destes últimos, do clube do Palmeiras; juntaram-se a outros jogadores criando o Floresta Futebol Clube. Em sua primeira formação, o Floresta era dirigido por Seu A, Damião, Leontino, Antonio Carlos de Nilza e Genésio Caetano; era composto pelos jogadores: Zé Aquino (o Gago), Seu A, Frank, Seu Bé, João de Chica, Leontino, José de Salmato, Genésio Caetano, Maçaranduba, Raimundo Bezerra, Raimundo Nanem, Zé de Neco, Essias, Raimundo, Tontonho, João Baixinho, João Mandi. Em Cantanhede, desmembrada de Itapicuru em 1952, na década de 1950 a cidade foi palco de grandes jogadas de futebol, com muitos nomes destacando-se como craques; existiu um negro (sobrinho de Vovó Josina) de nome Hermano que jogava de lateral-direito, e era observado com admiração por toda a torcida, pois jogava descalço; nas tarde de jogo, João Capa-Bobe ia com a orquestra para a beira do campo e a fogueteira explodia! Benedito Buzar, jornalista político, no prefácio do livro de Abraão Teixeira (fonte) lembra que ainda estudante secundarista, aproveitava as férias de julho, para com outros colegas e contemporâneos de Itapecuru organizar um time de futebol para jogar contra a seleção cantanhedense. Existiam duas equipes de futebol: o Onze Amigos e o Bagaço; Zuilio, Chico Preto, Lúcio, Vadico, Pedro Lopes, Manduca, Martinho Lopes, Baixinho, Bernardo Caldas, Hermano, José Rego, Andreíno, Luiz Souza, Padeirinho, Paraguaçu, Dico Nere, Manoel Guarda-Fio, Quinzinho, Raul, Alexandre Lopes, João Baima, etc. De Codó, em referencia ao esporte, e segundo Machado, 1999, p. 172/175) temos a informação de possui um dos melhores futebóis do Estado; - possui o Estádio Municipal René Bayma, e o Ginásio de Esportes Deolindo Rodrigues. Em 1928 é fundado em 28 de novembro o FABRIL - Sociedade Recreativa Fabril entre seus fundadores, Palmério Cantanhede, Anadilino José Bayma, Sebastião Archer da Silva, Deolindo Rodrigues, Raul Serra Martins (Bigodão); e outros; Em 1947 surgiu em 15 de agosto o NACIONAL – Sociedade Esportiva Cultural Nacional – fundadores: Walter Zaidan Gonçalves, Jamil Murad,José Merval Cruz, Emílio Murad, Antonio Muniz, Reinaldo Zaidan e outros; o Nacional, como clube esportivo, tem obtido os maiores êxitos; sacrou-se pentacampeão em campeonatos intermunicipais; Outros clubes de destaque: América, Cruzeiro. Paralelamente ao futebol, vem se desenvolvendo o Voleibol, Basquetebol, Handebol; Codó ainda tem a Capoeira, que alguns dos antigos chamam de “carioca”.
Vasco da Gama 1929: em pé: Tinoco, Brilhante, Itália, Jaguaré, Fausto e Mola; agachados: Pascoal, Oitenta-e-Quatro, Russinho, Mário Mattos e Santana http://pt.wikipedia.org/wiki/Fausto_dos_Santos
FAUSTO SANTOS – o Maravilha Negra, nascido no povoado Eira, em 28 de janeiro de 1905, filho de José de Deus Belford e Maria José de Jesus; tinha como irmãos Raimundo Nonato Belfort, Rufino Nonato Belfort, Maria de Jesus Muniz, e Maria Angélica Belfort; em companhia de sua tia Rosa Elvira Giudice dos Santos muda-se para o Rio de Janeiro; apaixonado por bola, jogava pelada com os amigos de rua, quebrando vidraças das casas; seu primeiro contrato deu-se com o Esporte Clube Bangu, como meia-direita; do Bangu, transferiu-se para o Vasco da Gama, como centroavante. Em 1929 Fausto Santos torna-se campeão carioca, pelo Vasco da Gama, que além do codoense, contava com Jacaré,Brilhante, Itália,Tinoco,Moises, Pascoal,Oitenta e Quatro,Russinho,Mário Matos e Santana; Em 1930 participou da Copa do Mundo, chamando a atenção, recebe propostas para jogar na Europa; percorreu toda a Europa, participando de grandes eventos esportivos, fixando-se na Espanha, atuando pelo Barcelona; deslumbrado com os prazeres da vida noturna de Barcelona, colheu sérios problemas físicos que lhe abalaram a saúde. 1934 Fausto regressa ao Brasil, contratado pelo Flamengo, porém não toma parte da Copa de 1934; dirige-separa a República do Uruguai, onde é contratado para defender o Nacional de Montevidéu; o pulmão já estava comprometido; volta ao Brasil, jogando no Flamengo como zagueiro central, ao lado de Domingos da Guia e Jarbas. Em 1939 Fausto morre na cidade mineira de Santos Dumont, em 28 de março; fora em busca de recuperação física e da saúde perdida. Voltando a São Luis dos anos 50, eram disputados os Jogos da Primavera, na quadra do Casino Maranhense. E em 1952, tem-se a realização dos Jogos Olímpicos Secundaristas, organizado pelo jornalista Mário Frias. LUÍS CARLOS MOTTA, nascido em 1941, é considerado, até hoje, um “mestre do futsal”. Estudante do Colégio Ateneu de 1952 a 1956 (ganhou uma bolsa de estudos, pela sua habilidade com a bola), passou para o Liceu Maranhense, foi sete vezes campeão do Campeonato Maranhense de Estudantes – tetra pelo Ateneu, e tri pelo Liceu. Sua habilidade técnica como pivô valeu um convite para ingressar no Drible (1959), time dos irmãos Saldanha, recém-inaugurado (1958). Em 1961, deixa o Drible e passa para o Santelmo, sagrando-se campeão naquele ano; retorna ao Drible (1962), após uma temporada, conquistando diversos títulos, como o de campeão invicto do Torneio Carneiro Belfort (62); do Torneio do Jaguarema (63); além dos Torneios Major Mota e do “3º aniversário do Elmo” (65). Pelo Drible, foi ainda, heptacampeão – 66 a 72 -, ano em que o Drible encerrou suas atividades. Motta, em 1974, abandona os esportes, devido a um acidente – foi atropelado por um ônibus. A Federação Maranhense de Basquetebol foi fundada em 1950, tendo Ronald da Silva Carvalho como um de seus fundadores. Ronald foi um exímio jogador de Basquete - esporte que praticava desde 1939; fundou ainda a Associação Atlética do curso de Direito (1951), base para a Federação Atlética Maranhense de Esportes – FAME. Mas a primeira referência que se tem da prática do Basquetebol em São Luís deve-se ao jornalista Dejard Martins (1989), quando fala sobre a fundação do “ONZE MARANHENSE”, em 1910, de uma dissidência do FAC.
Outro presidente da Federação Maranhense de Basquetebol foi Cesar Alexandre Aboud - nasceu no Acre, na cidade de Cruzeiro do Sul, em 23 de fevereiro de 1910, filho de Júlia Drubi (viúva) e de Alexandre Aboud (com quem casa em segundas núpcias). Quando contava dois anos, a família muda-se para São Luís; aqui, foi alfabetizado por dona Santinha e mais tarde passa a estudar no Colégio dos Maristas, onde fez o curso primário. Com o falecimento do pai, Alexandre Aboud, a família muda-se para Buenos Aires, em 1920; na Argentina, César estudou na Escola Bartolomeu Mitre e, aos 11 anos, estava trabalhando na firma de José Gasard, como transportador de mercadorias. Em 1922, a família está de volta a São Luís, passando a estudar no Colégio Gilberto Costa, e, com 14 anos, empregou-se na firma Chames Aboud. Após anos de trabalho, já se transformara em um comerciante sólido e industrial, vindo a adquirir a Fábrica Santa Izabel, de Nhozinho Santos, em 1938. A devoção de César pelo esporte encontra-se em sua infância, quando começou a formar sua personalidade de esportista. Em Buenos, dedicava-se ao boxe, chegando a ser pugilista de renome. Quanto ao futebol, aos 14 anos de idade (sic) já tinha organizado em São Luís um time - o Botafogo - que saia pela cidade a desafiar a garotada. Na adolescência fez parte do Esporte Clube Sírio Brasileiro, formado à base de descendentes libaneses, do qual foi dirigente e jogador. Anos mais tarde, depois de liderar uma dissidência do Sírio Brasileiro, fez-se técnico do Maranhão Atlético Clube. Faleceu em 1996. Em 1939, Cesar Aboud recebe convite do capitão Vítor Santos para dirigir o Moto Clube de São Luís (fundado em 1932) uma de suas maiores paixões, tendo sido seu presidente por 15 anos. Procedeu às mudanças no clube, começando pela camisa, que mudou a cor, de verde e branca para vermelha e preta por causa do Flamengo. Reestruturou o clube, ampliou o quadro associativo, criou os departamentos de Voleibol, e Basquetebol. Em 10 de setembro de 1947, com o título "um clube que honra o patrimônio esportivo de nosso estado" é anunciado o 10º aniversário do glorioso Moto Clube, o poderoso rubro-negro de Santa Izabel. O garboso Moto Clube, por ocasião de seu 10º aniversario - 13 de setembro - estava passando por uma crise em seu departamento de futebol, por falta de técnico. No relatório da diretoria, César Aboud prestava contas de sua gestão iniciada em 14 de setembro de 1944, e falava que as exigências técnicas, cada vez mais prementes, fizeram com que o clube abraçasse o profissionalismo, investindo soma apreciável na aquisição de atletas, mas os resultados foram compensadores - foram conquistados três campeonatos de futebol - 44, 45 e 46. No basquetebol, também fora campeão em 46 e vice no Voleibol. No Atletismo, o Moto participou de algumas provas, destacando-se a Corrida de São Silvestre, tendo conseguido o primeiro lugar, por equipes. De 1950, o desafio de Jiu-Jitsu; voltamos a ouvir falar dessa modalidade em São Luis, iniciada já na primeira década dos 1900:
Ainda em 1956, estavam ocorrendo esses encontros:
1956 – Vale tudo
Abertura da temporada de 1957
FESTIVAL ESPORTIVO DA JUVENTUDE - FEJ -, Precursor dos JEM's
Para alguns depoentes, Dimas, em parceria com o Cláudio Vaz, foi o grande mestre do Festival da Juventude, que virou JEM's em 1973. As equipes de Handebol treinadas pelo Dimas já tinham tido sucesso nos dois primeiros JEB's. (PEREIRA, Laércio Elias. Entrevistas). Dimas vai a Belo Horizonte, vê o que são os JEB's e na volta encontra Cláudio Vaz no DEFER. Ele já tinha idéia de fazer uma espécie de jogos estudantis, então com o relatório de Dimas... "O Cláudio Vaz - ele foi um grande incentivador de esporte, temos que reconhecer isto -, tanto que ele fez o Festival Estudantil, os FEJ - e entrou com força total, muito bem apoiado politicamente, e era um desportista nato, desde criança e ele entrou pode se dizer com sangue novo, ele entrou, abraçou a causa com toda convicção. Então ele chegou e encontrou esse dilema de JEB's. [Como não tinha uma estrutura montada]... Eu acredito que ele encontrou um problema; o Maranhão não tinha participado ainda dos JEB's, já ia para os terceiros JEB's, os quartos JEB's e o Maranhão já tinha perdido três, sem condições de participar; então eu suponho que ele tenha chegado e encontrado o problema.". (DIMAS, entrevistas). Cláudio Vaz dos Santos conta como tudo começou: "... Jaime Santana, que eu me esqueci de citar da nossa geração, era um dos nossos praticantes de esporte, tanto volei como o basquete, futebol de campo, futebol de salão, nós jogávamos tudo é que toda essa geração jogava tudo, ninguém jogava futebol de praia, futebol de salão, futebol de campo, Jaguarema então era o nosso celeiro. Foi o grande Jaguarema na época, então o que a gente praticava de esporte era direto... Jaime Santana, "... nós tivemos um problema em 1970, Zé Reinaldo também atleta, Zé Reinaldo, governador; "Então, Jaime Santana, em 1970 - o pai dele ainda não era governador -, nós precisávamos da quadra do Costa Rodrigues para treinar nossa seleção de basquete, para, em 1970, irmos para Porto Alegre, mais precisamente, Santa Cruz do Sul; e nós precisamos do Ginásio, o técnico era o Chico Cunha - Cearense -, era mineiro mas trabalhava no Ceará, e veio trabalhar com a gente aqui, na época do governo Sarney; nós fomos pedir; não podia ceder o Ginásio para nós treinarmos nossa seleção porque estava tendo jogral; aí depois do jogral, não podia porque ia ter um reunião - não vou declinar o nome da pessoa que dirigia, não interessa, só interessa o fato -, não podia porque tinha que fazer silêncio, porque ia ter uma reunião, e o Ginásio não podia ser ocupado para treino porque ia ter uma reunião na sala de reunião, e o barulho ia prejudicar “... então nós ficamos do lado de fora do Costa Rodrigues sem poder treinar... - Mas isso vai acabar, Alemão, te prepara que isso vai acabar; quando em 1970, Neiva Santana assumiu o Governo, Jaime me chama: - olha, tu vai ser Coordenador de Esporte da Prefeitura; Haroldo Tavares - nós começamos primeiro na Prefeitura, foi nosso primeiro passo -, foi na Coordenação de Esportes, Haroldo Tavares, Prefeito de São Luís... então foi criada a Coordenação de Esporte da Prefeitura que eu fiz, procurei ... O Carlos Vasconcelos era da Coordenação de Educação Física, aí foi criada a Coordenação de Esporte, na área estudantil, era o ... na área do esporte aberto sem limites foi a Coordenação de Esportes; nós tivemos o direito de agir com a Ildenê, a gente fez esse trabalho, trabalhava só com esporte escolar. Por sinal, era o mesmo problema, era muito limitado, ele, o esporte escolar no Maranhão... " ... Fomos funcionar onde é o Parque do Bom Menino; tem um açougue ali em baixo, ali que era a coordenação, alugamos de Antônio o prédio e fomos fazer a explanação, primeira medida, eu fiz uma equipe muito boa, foi Geografia, Fernando Sousa, Jaime Sampaio e
Fernando Sousa, jornalista, Diretor Técnico; bom, foi minha diretoria, ai eu convoquei os professores; fiz o levantamento de quem é que podia ser útil, quem é que eu tenho para trabalhar, porque eu tinha o direito de formar escolinhas, que não tínhamos nada nesse sentido, de formação de atleta. Então veio o Dimas, veio o Major Alves, professoras... as duas professoras ... Maria José e Tarcinho; Odinéia; Maria José, Ildenê Menezes, Dinorah e Celeste Pacheco... Tinha uma que era funcionária do Ipem, era eu não sei o nome dela na memória, faz 31 anos, a professora eu não me lembro, mas eu sei que é de nome conhecido ... Graça Helluy, voleibol; viajou comigo para o primeiro JEB's em 72, ela foi a técnica; nós já fomos para os JEB's em Maceió, em 1972; em 71 foi que nós fizemos a escolinha com esse trabalho e criamos o primeiro FEJ. FEJ foi Prefeitura "O FEJ foi a Coordenação de Esporte da Prefeitura de São Luís, em 1970. O primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude), a Mary Santos fazia Jogos Intercolegiais do interior, ela nunca fez uns jogos na capital; ela fazia Jogos Intercolegiais, em que eu fui árbitro Roseana jogava; Carlos Vasconcelos era do MEC, tinha uma rivalidade com ela e fazia os jogos dele, ele fazia o dela, eram jogos isolados. Com o pessoal da capital, e a gente trazia o pessoal do interior; A Mary Santos era do Estado, da Secretaria de Educação e Cultura, onde tinha uma Secretaria de Esporte, Secretaria de Educação Física do Estado, era serviço de Educação Física do Estado. Carlos Vasconcelos que pertencia ao MEC; A Mary estava no Estado, a Ildenê, no Município. A Ildenê era Secretaria de Educação e a Mary era de Educação Física, era diretora do Serviço de Educação Física "Foi ai que eu entrei, fui dirigir pela primeira vez... muito bem, isso foi em 71, nós entramos no Governo, se não me engano, foi em março ou por aí; em setembro, nós tivemos o primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude) - Semana da Pátria, onde o Colégio de São Luiz foi o primeiro campeão do FEJ, onde eu trabalhei; "aí foi que o Dimas começou, trabalhamos juntos, nós acumulávamos, nós éramos árbitros, técnicos. Tudo nós fazíamos, tanto o Dimas quanto o Laércio, já me ajudou, nessa época; foi o primeiro que veio para cá; o pessoal criou muito problema comigo porque eu estava enchendo de paulista, muito fácil de explicar: não tinha Professor de Educação Física no Maranhão e eu queria fazer um trabalho de nível; eu tinha de pensar, primeira coisa que tinha de ter era o professor, tanto para quem quisesse transferir conhecimento; então eu não tinha nada acadêmico, nada elevado nessa área aqui, só tinha professor já superados, dois que já não trabalhavam; Braga, que era professor daqui e não sei se era formado, era Braga, Zé Rosa, Rinaldi Maia...[Dimas] já é outra [história...], já é de quem trabalhou comigo; o pessoal que tinha já não era mais da ativa... o Eurípedes nunca foi formado...., Major Júlio, todos esse foram formados na Escola de Educação Física do Exército ... eles vieram de lá mas eu não trabalhei com eles; o Eurípedes trabalhou comigo assim, mas não tive nenhuma participação efetiva dele, ele nunca assumiu ... "na época eram os leigos, eu faziam curso de reciclagem e tal, mas dentro da área mesmo, com conhecimento de nível universitário, era o Dimas, o Laércio. "71, eu estava só na Coordenação de Esporte na Prefeitura, e nós fizemos o primeiro FEJ; aí teve o segundo FEJ, foi quando o Jaime criou o Departamento de Educação Física e Desportos; Pedro Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos; já foi no governo de Pedro Neiva, com Haroldo Tavares - que agora é que tu vais entender -, eu entrei primeiro na Prefeitura - que Haroldo Tavares era cunhado de Pedro Neiva, irmão da mulher de Pedro Neiva, que é a mãe de Jaime Santana -, então para que eu pudesse assumir o Estado, nesse tempo podia acumular então, criaram o Departamento de Educação Física e Deporto do Estado; saiu o Serviço para Departamento. Nesse tempo, na Secretaria de Cultura, o nível do Departamento era mais acima de Serviço, então para que eu fosse para o Estado... foi criado o Departamento de Desporto do Estado, para que eu pudesse assumir acabar o Serviço; então era novo o cargo e aí que eu fui para o Estado, eu acumulei Coordenador de Esporte da Prefeitura e Diretor do Departamento de Educação Física e Desportos do Estado, ligado à Secretaria de Educação, do professor Luis Rego - era o Secretario na época -, professor Luís
Rego, primeiro Secretario que eu trabalhei, depois eu trabalhei com o Magno Bacelar, que foi o Secretario, depois com o Pedro Rocha Dantas Neto, que também foi secretario; "Já em 72, fui nomeado Diretor do Departamento, onde foi que ficou o Departamento ? Lá no Costa Rodrigues... ai eu transferi a Coordenação, acumulei no Costa Rodrigues, eu levei tudo para lá, ficou a Coordenação... Eu era Coordenador e Diretor do Departamento de Educação Física do Estado, e Presidente do C.R.D. "Isso em 72, como era cargo, quem era Diretor, era Presidente do C.R.D automático, não tinha vínculo político nisso, era uma tradição de desporto ligado ao C.N.D (Conselho Nacional de Desporto), onde era o Brigadeiro Jerônimo Bastos; "... ai foi que eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte principal, quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72, seria em setembro, Dimas foi a Belo Horizonte... ai Dimas trouxe toda a informação, e o Maranhão podia participar do JEB's em 72; ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe... Dimas me trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do Handebol, primeira equipe que nós viajamos para o JEB's; Ginástica Olímpica e Handebol, o Dimas; Coronel Alves, basquete; voleibol, Graça Hiluy; Coronel Alves - antes era Major -, foi isso para dar coletivo; que eu levei foram 52 pessoas que eu levei; não levamos atletismo, natação, não levamos nada; muito bem, com o que Dimas me trouxe, me presenciei muito ao DED. "Muito bem, aí eu já tinha uma parte ativa comigo, porque eu precisava do Dimas, não só como técnico, mas também como conselheiro, porque como eu te falei eu não sou formado, eu sempre procurava olhar uma pessoa que tivesse um conhecimento acadêmico para poder me orientar; "... e uma de nossas iniciativas foi justamente essa de criar esse jogos escolares; foi o primeiro e o segundo, e depois nós o transformamos em JEM's, o primeiro JEM's foi em 73, sempre tem essa dúvida; o pessoal não guarda isso mais, o primeiro FEJ foi em 71. o segundo FEJ, em 72; e o primeiro JEM's, em 73, porque? Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, mas por bem achamos melhor mudar para JEM's - Jogos Estudantis Maranhenses -, foi que veio ... nós já tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso, com a mudança, com a formação das escolas, a conscientização, que é a primeira coisa a nascer numa escola, era a força, a Educação Física através dos esportes, foi a maneira que nós encontramos de valorizar o professor de Educação Física, ele que era praticamente um esquecido dentro da área educacional, achava-se que era desnecessária a Educação Física, onde não se praticava nem a Educação Física, nem os esportes; nós criamos esses jogos para provocar nos colégios essa necessidade de se formar atletas, assim como também transmitir Educação Física e valorizar o professor, porque nós não tínhamos campo de trabalho para eles, e passou a ter; esse foi o ponto marcante do nosso trabalho, que realmente hoje o que tem, começou ai, onde nós provocamos...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). Geraldo, Coordenador de Esportes dos Maristas, nessa época, conta como foi aquela fase de implantação dos FEJ - depois, JEM's -: “... Bom essa fase de implantação... olha o Cláudio Vaz levou o mérito mais na realidade quem montava as estruturas por fora, era o Dimas, e depois não muito distante, chegou o Laércio que... fortaleceu mais ainda; o mérito do Cláudio foi a ter trazido Laércio, eu acho que foi o Cláudio quem trouxe o Laércio para cá... com a chegada do Laércio, quer dizer, o Dimas deu o pontapé inicial... "Como o Dimas não tinha experiência muito longa de organização desses jogos, nós tivemos alguns percalços, como por exemplo, protesto, negócios de idade, jogador que não era aluno, aquela estória toda; quando o Laércio chegou, aí o cunho mais profissional do trabalho foi dado, aí o Laércio deu toda ênfase de uma competição aos modos de que hoje a gente tem aqui, o que se faz hoje aqui não é nada mais do que repetir o que o Laércio implantou junto com o Dimas há alguns anos atrás.
“... é porque ele [Cláudio Vaz] era amigo dos filhos do governador e ele tinha acesso, conseguia os recursos. Agora uma coisa que pesou muito é que se não tinha o apoio dos colégios essas competições não tinham saído. "O que aconteceu, o Cláudio Vaz, inteligentemente, junto com o Dimas e com o Laércio, trouxeram para dentro da equipe os representantes desses colégios. Então por exemplo, da Escola Técnica nós tínhamos o Altamiro Cavalcante, Eldir [Campos de Carvalho], o Jaffé [Mendes Nunes] - que tem nome no escudo do Futebol de Salão do Maranhão ; do Marista, o Dimas já estava lá, eu participei da ... 1º competição que o Maranhão tomou parte em Brasília ... Então o quê que aconteceu, ele trouxe do Liceu o Cel. Júlio, estava no Liceu Maranhense, ai o Cel. Júlio sempre estava lá e fortaleceu, aí o quê que aconteceu... Batista, o Dimas ... E o prof. Figueiredo não desgrudava do prof. Dimas, então o quê que acontece formou-se uma equipe ... A do colégio Dom Bosco, o professor - que foi o fundador, esposo da atual dona do... Prof. Pinho- , Prof. Pinho então o que acontece, então eles faziam, nós apoiávamos, a coisa era executada. "... nós chegávamos no colégio e buscávamos o brilho dos atletas, das equipagens, das torcidas organizadas, da disciplina; ... a coisa foi crescendo... até que chegou o momento em que o numero de atletas superou a expectativa, e aí houve a necessidade da organização, do limite das idades, das seletivas; ai foi que chegou ao nível que hoje está; aí foi a época que eu sai do Maristas e fui convidado para fazer a mesma coisa com os Jogos Universitários, mas aí eu me formei, larguei o esporte porque eu fiquei mesmo na parte de professor de Cálculo da Escola de Engenharia, mas o professor Dimas foi mesmo um esteio". (MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. In Entrevista). É o próprio Cláudio que esclarece como eram aqueles jogos organizados pelo Dr. Carlos Vasconcelos, delegado do MEC no Maranhão: "... eu conheci Carlos Vasconcelos me convidado para apitar os jogos dele, do MEC; mas eram jogos na quadra do Cassino Maranhense, o nível técnico limitadíssimo voleibol, o basquetebol por incrível que pareça o basquetebol era uma (???). As mulheres jogavam de saia, não existia praticamente nada, o voleibol era um pouquinho mais desenvolvido, mas em termos de jogos era mais uma participação, quase uma obrigação em participar, não tinha aquela dedicação espontânea dos colégios em praticar, não praticavam, não podiam participar nos jogos, então quem não praticava o ano todo, não tinha nada para mostrar. Não tinha Educação Física, não tinha desporto, era muito limitado esse trabalho, eu me lembro como se fosse hoje...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). Aldemir Mesquita também se refere àqueles jogos, desde a época em que chegou a São Luís, para estudar (1959), até se tornar professor de educação física e técnico esportivo: [... os jogos que eram feitos pela Mary Santos, pela Prefeitura?]... Os jogos eu realmente não me recordo se era o Município ou o Estado que fazia, mas acontece que esses jogos eram nos principais colégios da capital, outros colégios também participavam, colégios de menos expressão, não tinha realmente, não participavam. Mais era Marista, Liceu, Colégio São Luis, Ateneu, Rosa Castro... Isso era do doutor Carlos Vasconcelos, mas já... mas dona..., a professora Mary Santos, quando ela..., o que, o que eu me recordo ela divulgou essa parte do esporte já..., quando doutor Carlos praticamente já foi abandonando a parte de esporte, ele ficou mais com a parte de medicina esportiva, à parte de exame biométrico, aqueles exames de alunos ... Então essa parte foi ficando com o doutor Carlos e a professora Mary Santos ficou com a criação do Ginásio Costa Rodrigues que veio ai que entrou o Cláudio Vaz de acordo com o trabalhado praticamente... Não me recordo, mas ele veio junto com a professora Mary Santos. A professora Mary Santos praticamente já foi que... Ele que a substitui... Porque na época o prefeito era indicado pelo governador. Então todos dois falavam a mesma língua, eles se entendiam bem, município e estado. O técnico foi através da professora Mary Santos, que ela criou... Estávamos-nos... Aí que entrou o Estado. O que a
gente percebia que tinha que crescer a parte de esporte no Maranhão, então estava com uma deficiência de técnico, então precisava de pessoas para treinar; esse pessoal que trabalhava com esporte e devido isso veio juntamente com Mary Santos, com o professor... Doutor Carlos Vasconcelos que foi em conjunto isso aqui, o diploma que eu tenho tá assinado pela professora Mary Santos e Carlos Vasconcelos. ... Acho que foi esse de suficiência que veio Ari façanha veio. Esses grandes atletas nacionais. (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). O Professor Geraldo também se lembra desses jogos: “... Participava, mas já peguei mais no finalzinho... o Carlos Vasconcelos era um medico de educação física e era o delegado do MEC... o Carlos Vasconcelos já unia os grandes colégios da capital... e mais Escola Técnica... os grandes colégios enfim e fazia uma competição com esses colégios; nessa época não havia limite de idade, então todos os alunos poderiam participar. Então o que acontecia os jogos escolares era assim uma espécie de vitrine do esporte maranhense, por exemplo, os times de futebol selecionavam atletas estudantes para o profissionalismo dessas competições. De onde saiam a grande maioria desses atletas: Escola Técnica, Liceu Maranhense, e alguns do Colégio Marista, muito pouco do Colégio Maristas. Do Colégio Marista saiu: Canhotinho, saiu Adalpe que hoje é juiz em Imperatriz, saiu um que chamavam, um escurinho que chamavam Pula-Pula, a da Escola Técnica saiu Gojoba, Alípio, Alencar, Chamorro, Milson do Liceu Maranhense... Houve época em que o Sampaio Correia era presidido pelo Prof. Ronald Carvalho e os atletas eram ex-alunos ou alunos da Escola Técnica, Liceu Maranhense, Colégio de São Luís e Colégio Maristas; não havia jogador de fora, era a base estudantil.". (MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. In Entrevista). Para Geraldo, foi cometida uma grande injustiça com esse pioneiro da Educação Física: "... Carlos Vasconcelos era um grande batalhador, era um guerreiro, lutava para conseguir dinheiro, lutava para conseguir os espaços para realização dos jogos; "e cometemos uma injustiça muito grande, porque o Ginásio Costa Rodrigues foi iniciado pelo Dr. Carlos Vasconcelos. Pedindo dinheiro daqui da escola, primeiro ele fez uma quadra coberta, e ai ele foi levando, tirando um pedaço ... ali era o fundo do Liceu Maranhense ... ele conseguiu ... construiu a quadra, depois ele cobriu a quadra, e aí foi que no governo de Pedro Neiva, sei lá qual foi, terminaram o Ginásio e deram o nome do Costa Rodrigues, quando poderia ser Ginásio Carlos Vasconcelos.". A participação nos IV JEB's DIMAS dá a usa versão: "Quando eu cheguei dessa viagem, pode se dizer assim que eu cai do céu para resolver o problema, que eu levei para ele a situação e ele teve que cair em campo para a gente preparar as equipes, tanto que dentro de um ano, nós preparamos as equipes todas, para levar, nos IV JEB's; nós levamos tudo, naturalmente quase que só para participar, sem grandes equipes, haja visto que eu levei uma equipe de Handebol, masculino e feminino - olha só quantas coisas eu levei: Ginástica Olímpica, masculina e feminina; e GRD, que eu botava minha mulher para tomar conta, mais quem fazia os treinamentos era eu -, então eu levei, pode-se dizer, cinco modalidades para os IV JEB's.
O Maranhão levou tudo, nessa época levou tudo... nós passamos um ano preparando isso rapidamente; aí já estava acontecendo, os festivais, os FEJ, já estava tendo jogos aqui, os jogos colegiais aqui, Mary Santos já estava fazendo antes, aí ele pegou e fez também, então já estava havendo um movimento, só não tinha uma estrutura maior para ir para o JEB's, mais aqui dentro já tinha movimento razoável...Batista, Marista , Liceu, Ateneu, Escola Técnica, Rosa Castro, ... então, eram poucos colégios naquela época, foi a partir daí, dos IV JEB's, que o Maranhão participou. Em 72, eu peguei o time de handebol, esses meninos jogavam basquete, jogavam volei e jogavam futebol de salão, e eu peguei os melhores... No handebol eu levei Luís Fernando155 hoje, é médico, e é o atual presidente da Federação - Phil Camarão - que também já foi presidente, os dois são médicos -, levei Vandinho - sobrinho de Sarney -, Meireles, Gentil, Vieira, Gibão, Chicão, é..., esses nós fomos destaque, a única coisa que realmente o Maranhão se destacou foi no Handebol; "nós não nos classificamos, mas disputamos... nessa época tinha um torneio consolação, para os que não se classificavam, nós fomos campeão do consolação e tivemos o artilheiro de todos os JEB's, nessa época Luís Fernando foi o artilheiro, mesmo disputando o torneio consolação, então o nosso grande destaque foi o handebol masculino, e no feminino nós também não fizemos feio, nós tivemos também um desempenho, nesse time feminino tinha meninas que jogavam basquete e handebol, para você ver como as dificuldades eram tão grandes e a minha goleira, a Teresa, era também jogadora de basquete, então quando tinha um jogo de basquete e handebol no mesmo dia e no mesmo horário, para completar o time de basquete ela ia e me deixava desfalcado e eu jogava com a goleira reserva que era muito fraca, então nós tivemos nessa época Fátima Calderoni, mulher de Vitché, que era bem novinha, Lilia Figueiredo, irmã de Luís Fernando que era bem novinha, Viviane, minha filha que foi praticamente como mascote, porque eu não tinha 12 jogadoras para completar o time, ela foi bem novinha também, jogava só como uma forma de incentivo, mas no ano seguinte ela já foi como titular. Foi assim que nós participamos dos IV Jogos em Maceió; "levamos uma comitiva muito grande, nessa época dinheiro corria aqui, o Cláudio Vaz teve muito apoio do governador, do Secretario de Finança que era Jaime Santana, que também era atleta, era desse mesmo grupo que fazia tudo... - [A famosa "Geração de 53] que jogava basquete, que jogava tudo e por sinal ele era muito bom jogador, ele era alto, era um dos homens altos e jogava muito bem o voleibol, e o prefeito era Haroldo Tavares, também amicíssimo de Cláudio Vaz, da mesma geração, então ele era bem apoiado pelo Estado e pelo Município, levamos esta grande geração, como se diz, vamos ver para aprender. 155
LUIS FERNANDO BEZERRA FIGUEIREDO - nasceu em 15 de agosto de 1954, filho de Raimundo Soares Figueiredo - o prof. Figueiredo, ex-diretor do Colégio Batista Daniel de LaTouche, um dos grandes incentivadores do esporte escolar maranhense -. Aluno do Batista, começou a praticar Basquetebol com o prof. Rubem Goulart. Aos 15 anos (1969), conheceu o Handebol através do Prof. Dimas. Pertenceu àquela primeira geração - Vieirinha (goleiro), Raul Goulart, Phil Camarão, Wagner, Estevinho, Gentil, Alex, Roberto Chocolate, Alberto Carlos e Zé Carlos - que conquistaram vários títulos; o primeiro, dos FEJ de 1971, contra o Marista - outra equipe treinada por Dimas, e que contava, dente outros, com Álvaro (goleiro), Deusdedith, Nélio Tavares, Godinho, Régis, Chicão. Em 1972, nos JEB's de Maceió - primeira participação do Maranhão - foi o artilheiro do Brasil, com 109 gols - e isso, sem irem para as oitavas de final -. Ainda em 1972, o Batista foi derrotado pelas equipes da ETFM no handebol e no Basquetebol, durante os FEJ: a Escola Técnica formou com Hermílio e Albino Nina, Zeca, Zé Costa, Raul Goulart, Paulo e Carlos Tinoco, e Aurélio (goleiro). No ano seguinte (1973), nos JEB's realizados em Brasília, mesmo sem jogar a Segunda fase, foi vice-artilheiro do Handebol. De Brasília, foram para Fortaleza-CE, disputar o Campeonato Brasileiro de Basquetebol, onde ficaram em 4º lugar: - técnico: Chico Cunha, e o timo formou com, além de Luís Fernando, com Binga, Gafanhoto, Paulo e Carlos Tinoco, Albino e Hermílio Nina, Caruso, Zeca, Zé Costa e Pintinho. Em 1973, entrou para o curso de Medicina, da UFMA, passando a participar do desporto universitário. Em 1974, foi terceiro colocado no Campeonato Brasileiro disputado em FortalezaCE, ao lado de Álvaro e Vieirinha (goleiros), Tião, Phil Camarão, Rubinho Goulart, Zeca, já sob o comando de Laércio Elias Pereira, como técnico. Em 1976, foi campeão brasileiro adulto, no Rio de Janeiro, para onde mudou-se no ano seguinte, para cursar o último ano de Medicina. No Rio, jogou pelo Flamengo F.R. de 1977 a 1983, conquistando vários títulos estaduais. No Flamengo, além de atleta, assumiu a função de médico ortopedista do Departamento de Futebol Amador e, depois, foi membro da Comissão Anti-doping da Confederação Brasileira de Futebol - CBF -. Em 1990, retorna a São Luís, jogando por mais três anos, pela A.A. Alumar.Além do Handebol e Basquetebol, praticou Natação, Xadrez e Voleibol. Atualmente, é Presidente da Federação Maranhense de handebol – FMH. IN BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda Você ? Luís Fernando, o artilheiro do Brasil. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 17 de maio de 1999, Segunda-feira, p. 4. Esportes
"No ano seguinte, já foi em Brasília, a gente já levou uma representação melhor...". (DIMAS, entrevistas). Geraldo, coordenador de Esportes dos Maristas, nessa época, lembra como foi a participação nesses primeiros JEB's: "... inclusive a primeira competição que o Maranhão tomou parte, em Brasília, eu fui como convidado de uma instituição particular, tomando conta do grupo da ala feminina, eu não fui como professor, eu fui como se fosse assim um... um acompanhante, tipo um dirigente, tipo um diretor. Então eu tomava conta de um grupo de alojamento na parte disciplinar, na parte do comportamento, na hora da pratica de esporte não." (MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. In Entrevista). Laércio Elias Pereira, em seu depoimento sobre Dimas, fala daqueles JEB's de Brasília e de um Campeonato de Basquetebol, realizado em Fortaleza: "Cláudio Vaz, depois pediu para que eu acompanhasse a equipe nos JEB's, em Brasília. Eu disse que não podia porque tinha compromisso com a seleção paulista. Quando voltei para São Paulo, o meu substituto tinha conseguido me substituir totalmente. Liguei para o Cláudio Vaz e acertei a ida para Brasília. Conseguimos classificar o time para as quartas de final mas, no dia que ia começar essa fase o basquete levou todos para jogar o campeonato em Fortaleza, e ficamos em oitavo." (in entrevistas). Phil, que esteve naqueles jogos como atleta, dá-nos mais detalhes: "... no JEB’s é sempre importante destacar o seguinte, nós fomos..., perdemos para o Rio Grande do Sul, nos últimos 15 segundos fomos perdendo de 16 X 15, quando eu sai da quadra, porque Luís Fernando era o amador, era o artilheiro e eu era o armador, os outros atletas todos eram super competentes, mas eu armava as jogadas todas e entregava as bola limpa para Luís Fernando com muitíssima competência, uma visão extraordinária e muita força fazer os gols, então foi um acidente porque na hora que eu me machuquei e sai da quadra, sai chorando muito , pode perguntar para todos os atletas, porque eu tinha certeza que o jogo estava ganho, dava para ganhar e nos ficaríamos entre os quatro melhores do Brasil, mas as coisas são coisas que acontecem...". A garra de toda daquela geração - e que os tornaram vencedores - é traduzida pelas seguintes palavras de Phil: “... eu odeio perder"; a outra característica é a amizade, dentro e fora das quadras: "... na minha concepção eu não nasci para perder, então quem joga do meu lado, sofre por causa disso, porque se eu vejo que a pessoas tá com moleza, se eu vejo que vai para o ataque e não volta para defesa, eu realmente reclamo e exijo que venha, é porque se eu estou ali é para ganhar e realmente Marcão me conhece muito bem, então ele sabe como é que eu sempre sou e eu acho que deu certo, é evidentemente que a gente comete algumas falhas e vai tentando corrigir e essas falhas; a gente vai levar para o resto da vida, sempre que a gente erra, a gente vai corrigindo até a gente conseguir o que se quer; então, foi através dessas experiências, eu nunca me esqueço que nos estávamos jogando contra o Rio de Janeiro, nos fomos o 3o lugar do Brasil e Viché me disse – - Camarão eu não agüento mais;
eu disse: - não tem problema, agora pelo amor de Deus, não sai, porque quem tá no banco é Tião, ele não vai me ajudar aqui na defesa; para você ver, um dos maiores atletas de todos os tempos estava no banco, e eu pedi para Viché para não sair, pelo amor de Deus, porque eu ficava segurando a minha parte e a dele, porque eu precisava de Viché dentro da quadra, porque ele que dava aquela visão de como é que se podia explorar a jogada, pela visão que ele tem do handebol e deu certo, eu segurei a minha onda. Eu segurei a minha onda!!!( risos), eu segurei o meu, a pessoa que eu era responsável marcar que era o Pedrinho do Rio de Janeiro e Viché ficava orientando Luís Fernando para segurar Colins e nós fomos o 3o lugar do Brasil, deu certo! "Tião foi é, pela beleza que ele proporcionava dentro da quadra, ele é considerado o nosso grande astro, pela técnica, pela maneira bonita de jogar e Tião é um atleta que merece ser preservado. Eu sou suspeito de dizer, porque é Tião, hoje se você perguntar quem é Phil Camarão para Tião, eu acho que é até melhor ele responder, mas Tião sempre teve o meu apoio, sempre terão meu apoio, desde que ele começou a jogar handebol, foi eu que fui o responsável por Tião ir para o colégio Batista, foi eu que fui o responsável para que ele permanecesse no Colégio Batista, porque ele também, ele era rebelde, depois quando Secretário tentei de todas as formas a ajudá-lo e é hoje, até hoje eu continuo ajudando nossa amizade, evidentemente em caráter pessoal e particular. "Luís Fernando sempre foi um grande amigo meu, sempre fomos muito unidos, agora como São Luís ficou muito grande, nós não temos nos visto muito, mas é como eu falei, né, jogava, quando jogava do lado dele, sempre armando as jogadas para ele, ele conseguiu chegar ao gol e deu certo, viajamos juntos para os EUA, estudamos juntos a vida inteira no Colégio Batista e é um grande amigo." (Phil Camarão, Entrevistas). Sobre aquele jogo de Handebol, entre o Batista - base da seleção maranhense que foi aos JEB's - e a Escola Técnica - no final dos JEM's, Aldemir Mesquita, técnico da ETFM e Phil Camarão, capitão do Batista, dão as suas versões. Aldemir recorda que foi o primeiro técnico de handebol da ETFM, posto assumido depois pelo Prof. Juarez Alves de Sousa e pelo Laércio Elias Pereira. Lembra como começou a prática dessa modalidade na ETFM: "Então ele [Prof. Luiz Gonzaga Braga, então coordenador de educação física da Escola Técnica] acatava qualquer decisão nossa. Qualquer pessoa que diga - professor vamos fazer isso aqui? Então ele dizia - tem time para botar? Então vou me responsabilizar; então ele nos dava autonomia para isso. Então quando criamos, posso até ressaltar ainda essa criação dessa seleção de handebol foi até uma sugestão dos próprios alunos, do Maranhão - [José Maranhão Penha, hoje, um dos maiores técnicos de Handebol do Maranhão] -, quer dizer foram as pessoas que tiveram essa iniciativa, dos atletas, o Albino, Paulo, o Gafanhoto. Foram pessoas que disseram praticamente - vamos botar: vamos jogar; e apenas eu montei o time e "vambora" e o banco é esse; e nós fomos e ganhamos, por incrível que pareça. Eles já tinham, já tinham um fundamenta no basquete, campeão maranhense, campeão brasileiro, eles iam muito bem no basquete. Então eu disse - rapaz se nós montarmos o time de basquete, no time de handebol e não tem o basquete e você pega rápido nós vamos ganhar, e foi isso que aconteceu, quer dizer não teve dificuldade, não.... Isso ai foi zebra, que ninguém contava que a Escola praticava handebol. Não tinha um órgão da imprensa que comentasse nem a vitória da Escola, achava que era uma vitória normal, porque estava acontecendo, mas a vedete mesmo do handebol do Maranhão era o Colégio Batista, esse principalmente dava já contado para ser o campeoníssimo e tudo; era como se fosse o Colégio Dom Bosco hoje, o Colégio Batista em época passada. Então o Batista contava com craques como Gil, o Phil Camarão, Luis Fernando Figueiredo, Carcaça, Chocolate, o menino goleiro que é muito bom que eu esqueço o nome dele, um
escuro, alto, muito bom, por sinal, que chegou a ser da Seleção maranhense e teve também um da seleção brasileira que era...não me recordo o nome dele. Sérgio não! Que chegou a ser da seleção, não competiu, mas o Batista foi o celeiro de craque, hoje como é o Dom Bosco. O Batista foi o celeiro, então como nós fomos jogar com o Batista a imprensa já sagrava dando manchete antecipada que o Batista era campeão. Então isso que foi a zebra da história, nós jogamos com o Batista; o Batista nos primeiros quinze minutos estava dando de 6 x 0 na gente, ai eu conversamos, rapaz a gente virou o jogo... O goleiro parece que trabalha no Banco do Brasil. Alcides, goleiro alto; na ala direita, era Raul Goulart, a esquerda, tinha Zeca, jogava basquete... Outro Zeca. Zeca era canhotinho muito bom, baixinho, chamava de Zeca... Zeca Costa... Parece que chamavam ele era Zé Costa, até trabalha com táxi aqui na praça e faziam o meio Emílio e o Zeca, irmão dele; Eram dois irmãos e tinha também mais o Albino nós tínhamos no banco, deixa-me ver são sete no caso, Alcides, Raul, Zeca Costa. No banco... Antônio Carlos, João Carlos, Denoco... Paulão não chegou a jogar; Gafanhoto era banco, Maranhão era também; Maranhão era banco, mas formou o time do banco como garoto, Maranhão era do time não tinha, mas ele já era do time. Maranhão tinha uma raça danada, recém chegado do interior com uma saúde que Deus lhe deu. Maranhão participava que qualquer seleção da Escola, até em lançamento de peso se botasse Maranhão, ele ia.". (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas) Para Phil, a Escola só ganhou aquele jogo porque todos os atletas do Batista estavam cansados, pois haviam disputado várias finais, naquele mesmo dia: "... e nesse outro caso da Escola Técnica, foi porque eu tinha acabado de disputar a natação, cheguei morto de cansado, ai no mesmo dia fomos disputar o voleibol e por último, no mesmo dia fomos disputar o handebol e num clima de já ganhou, porque Luís Fernando não conseguia nem andar na quadra, Beto Borges não conseguia nem levantar o braço, estava todo mundo..., Gentil e Vieira eram grandes..., Gentil, Estevinho e Vieira eram grandes atletas de futebol de salão, tinham acabado de jogar futebol de salão em outro ginásio de esporte, então estava todo mundo morto de cansado e o principal é que já estávamos e clima de já ganhou, porque era praticamente..., era muito difícil entrar na cabeça da gente que nós perderíamos aquele jogo e a Escola Técnica tinha um quadro muito maior de atletas, porque eram atletas de basquete e entrou com muito mais raça e venceu com Emílio, Albino, Lino, Zeca, Zé Costa, Raul Goulart, Paulo, Carlos Tinoco, Aurélio era goleiro, eles haviam disputado o basquete, só o basquete, alias alguns desses aí disputaram o voleibol mais o basquete, o Gafanhoto também está aí... Ele perturbava a gente lá (risos). Gafanhoto jogava basquete, Gafanhoto era técnico deles, sempre que foi o incentivador, vamos dizer assim... mas era Gafanhoto que fazia a bagunça, que incentivava o banco,... ele era banco e ficou, ele tinha uma, ainda tem né, ele é muito espirituoso e gozador e perturbou um bocado ele, lá na quadra e que incentivava os caras e dizia parte para cima, eles estão cansados, estão mortos, é dá esse cara, dá nesse gordo, que é (risos), ele chamava Luís Fernando de gordo, Luís Fernando sempre era muito forte, isso também Gafanhoto ajudou, mas o básico e que nós tínhamos jogando contra o Marista e contra o Liceu e tínhamos apanhado um bocado, né, porque no Marista tinha um cidadão, um dos caras mais raçudo que eu já conheci na minha vida, que era Deodet, que ele só cismava comigo, porque ele sabia que eu armava para Luís Fernando, ele muito inteligente, então ele me marcava e eu nem conseguia andar na quadra e isso a Escola Técnica, também fez comigo, porque ele botava o Albino, um na frente outro me esperando, depois se eu escapasse de um na frente e o outro me dava porrada e eu também já estava cansado e enfim, mas o que ganhou mesmo foi porque nós entramos em um clima de já ganhou e fomos surpreendidos.". (Phil Camarão. Entrevistas).
O Professor Emílio Mariz, Coordenador de esportes do Batista, acredita que essa foi a desculpa dada pelos jogadores, pois entraram "de salto alto", não acreditando na equipe da Escola Técnica: “Bem, uns alunos, é... apresentaram muitas desculpas; nessa época ainda não estava em moda, é... determinadas drogas estimulantes, mas nessa época a imprensa valorizava muito o JEM’s; e se falou muito nisso, mais eu agora, como, ... professor, não mais um professor na ativa, é o professor torcedor, é, eu digo que houve um pouco de vaidade da parte do Batista, então o Batista veio de lá, veio de lá com Antônio Carlos jogando um Handebol de primeira qualidade, Phil Camarão armando, Luis Fernando, grande artilheiro e.... se esperava que se fosse uma competição, que terminasse em ... em Batista e Marista, quando apareceu a Escola Técnica; por sinal, a maioria dos jogadores da Escola Técnica eram jogadores de Basquete, é, tecnicamente, a altura influi bastante, eles usaram muito a. altura, mais eu acredito que o Batista, é, entrou pensando que ia ganhar e automaticamente terminou num choro. "Eu digo que é vaidade porque sempre antes de cada... competição, de cada partida, cada partida - memoráveis -, aquelas partidas finais nós levávamos os alunos para um lugar reservado; eu e o Dimas conversávamos com eles, realmente era um time de muito conjunto, por três vezes eu tentava reuni-los e automaticamente eles iam dispersando, Luis Fernando: "já estamos campeão", e o Phil ia lá na arquibancada a saldar as meninas da torcida e nunca esperaram que a Escola Técnica surgisse,... para nós, era um time improvisado, não é? a maioria eu conhecia, como Zeca Nina e... - (entrevistador interrompe dizendo: "Hermílio, Paulão, Carlos, Rubinho, Gafanhoto, o mais alto, que estava no banco) - ... então, eu os conhecia como jogadores de Basquete, quer dizer, não esperávamos que a Escola Técnica ia apresentar um jogo daqueles; depois do jogo foi muito choro da torcida e dos jogadores naquele dia - parece que foi recente a morte do professor Braga? - (entrevistador responde que sim) - então eu consegui, peguei o auto-falante, e pedi um minuto de silencio em homenagem ao professor, que eu havia trabalhado com ele lá na Escola -; então a... o ginásio todo atendeu, foi muito bonito, foi uma coisa assim, tudo programado, torcidas separadas, mas só o resultado foi contundente. "Bem, foi uma das desculpas, é... nesse dia eu acompanhei toda a programação, inclusive morava aqui, no Monte Castelo, perto da Escola Técnica; Phil passou por minha casa e me levou para o Costa Rodrigues, porque eu tinha apenas encostado em casa para almoçar, mas outra coisa, o seguinte: nós não tínhamos nos concentrado naqueles elementos que automaticamente era a base da seleção maranhense, nós não tínhamos um banco , satisfatório (interrompe o entrevistador, dizendo: “um banco à altura”) - ... um banco à altura, e ao passo que a Escola Técnica tinha, estava lá o Gafanhoto, é, no banco, com altura estupenda (Interrompe o entrevistador: "Phil diz que provocando Luis Alberto de todo enquanto é jeito, e que ele foi "gerente de banco" e que ele xingava e perturbava, desconcentrando completamente o time do Batista”) - era, sempre que nós nos encontrávamos ele... ele apresentava isso...". (MARIZ, Emílio. In ENTREVISTA) Mas a rivalidade entre Batista e Escola Técnica era antiga, no esporte. O professor Emílio ilustra com uma história que aconteceu entre um jogo de basquete entre Batista e a Escola: "... houve... houve uma época em que as finais do basquete - foi no ginásio recém inaugurado da Escola Técnica -, houve uma partida muito importante, é... entre Batista e Escola Técnica; a Escola Técnica ganhou tinha, é... parece que três alunos do colégio Batista e como nós havíamos ganhado no... JEM’s anterior, eles foram em passeata até o Batista, lá hastearam a bandeira da Escola no mastro do... prédio do Batista, nisso houve uma troca de correspondência, é... amável entre os diretores, mas era uma coisa muito importante, eu sou muito amigo de Álvaro, que era o goleiro da seleção de handebol, é... toda aquela turma da Escola, os irmãos Nina, os irmãos Tinoco, é, Gafanhoto, Chocolate ... todos foram trabalhar
no Batista, né, e ainda hoje nós relembramos aquela época memorável... ". (MARIZ, Emílio. In ENTREVISTA).
A FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO FRENTE À LEGISLAÇÃO DE ENSINO – 1918/1941 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Em 2018 comemora-se o centenário da criação da “Faculdade de Direito do Maranhão”, fato ocorrido a 28 de abril de 1918. Depois de 23 anos de funcionamento, vem notícia de seu descredenciamento, causado por irregularidades, segundo as autoridades de ensino da época, porém nunca explicitadas, causando o encerramento de suas atividades. Dino (1996; 2014)156, comenta que teve inicio já em 1939 um processo de destruição lenta e gradual da velha Faculdade. Pergunta: quando precisamente? Donde começou? Quem assumiu a responsabilidade do processo de cassação da Faculdade de Direito do Maranhão? Para ele, não se sabe... Ninguém quis ou quer assumir oficialmente tal responsabilidade... Esse processo vem de antes de 1939, creio eu. A análise dos fatos dá como causa principal as mudanças políticas em decorrência da instalação do Estado Novo157, e, principalmente as irregularidades que vinham acometendo a administração. Seu inicio, pois, está em 1930, quando o Governo Provisório do Norte decretou o encerramento das aulas; também, como causas, os concursos para professores catedráticos, iniciados naquele ano, que se apresentaram, no decorrer do período, eivado de vícios. Como contribuiu as constantes mudanças na legislação de ensino, principalmente no que se refere ao ingresso de novos acadêmicos, com ginasianos fazendo curso de habilitação complementar ao concluir a quinta série, e após realização de dois anos de Cursos Complementares. Motivo de avisos de irregularidades na sua execução, além do não cumprimento dos prazos, de ingresso, de matriculas, de realização de provas, e de encerramento do ano letivo, constantemente descumpridos, o que era motivo de avisos por parte da Divisão de Ensino Superior. A Reforma “Francisco Campos”158 previa o fechamento dos institutos superiores que não implantassem os Cursos Complementares, para ingresso nos mesmos. Essa reforma, de 1931, [...] foi marcada pela articulação junto aos ideários do governo autoritário de Getúlio Vargas e seu projeto político ideológico, implantado sob a ditadura conhecida como “Estado Novo”. Dentre algumas medidas da Reforma Francisco Campos, estava a criação do Conselho Nacional de Educação e organização do ensino secundário e comercial. Este último foi destinado à “formação do homem para todos os grandes setores da atividade nacional”, construindo no seu espírito todo um “sistema de hábitos, atitudes e comportamentos.” Dessa forma, Francisco Campos havia dividido o curso secundário em dois ciclos de cinco e dois anos, respectivamente, o primeiro fundamental, e o segundo complementar, orientado para as diferentes opções de carreira
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DINO, Sálvio. A FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO (1918-1941). São Luis: EDUFMA, 1996; 2ª edição 2014. Ao se voltar o olhar para a conjuntura da década de 1930, Costa (2017) afirma que esse período inaugura outra etapa do ensino superior no país e, consequentemente, no Maranhão, decorrente das profundas mudanças no cenário político e educacional, resultante do governo Vargas (1930-1945). Surge, então, um aparelho de Estado centralizador no intento de estabelecer seu projeto nacionalista. COSTA, Marcia Cordeiro. A GÊNESE DA EDUCAÇÃO EM NÍVEL SUPERIOR NO ESTADO DO MARANHÃO E POLÍTICA EDUCACIONAL: os embates travados pela sua efetivação e consolidação. VIII JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS. São Luis, 22 a 25 de agosto de 2017, UFMA/Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas Para Cunha (2017), o período de 1937 a 1945 assinalou a nova fase política e educacional do país, caracterizadas por um conjunto de reformas educativas, que ficaram conhecidas como Leis Orgânicas de Ensino ou Reforma Capanema (MARTINS, 2002). CUNHA, L. A. A UNIVERSIDADE TEMPORÃ: O ENSINO SUPERIOR DA COLÔNIA À ERA DE VARGAS. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980; MARTINS, A. C. P. Ensino superior no Brasil: da descoberta aos dias atuais. ACTA CIRÚRGICA BRASILEIRA, v. 17, São Paulo, 2002. 158 Nome da primeira reforma educacional de caráter nacional, realizada no início da Era Vargas (1930-1945), sob o comando do ministro da educação e saúde Francisco Campos. 157
universitária. A lei de 1931 previa, ainda, a criação de um sistema nacional de inspeção do ensino secundário, a ser feito por uma rede de inspetores regionais. (MENEZES, SANTOS, 2001) 159
Somente em 1936 os Cursos Complementares foram criados no âmbito da Faculdade de Direito, embora fosse obrigação do Estado a sua implementação. Houve intensa troca de correspondência entre a Diretoria da Faculdade de Direito do Maranhão e os representantes estaduais na Câmara dos Deputados, solicitando interferência na regularização da Faculdade, haja vista terem implantado o Curso Complementar. Em 1938, em discurso o Sr. Ministro da Educação, referindo-se aos cursos superiores, anunciava que haveria intensa fiscalização nos institutos, em especial os particulares, para sanar as irregularidades constatadas através das inspeções escolares, inclusive, se necessário, com o fechamento dos mesmos. O CASO DA FACULDADE DE DIREITO Rio (19). Voltou a ser discutido, na ultima reunião do Conselho Nacional de Educação o parecer n. 200, da comissão de ensino superior, referente à cassação das regalias que gosa a Faculdade de Direito do Maranhão. Esse parecer conclue pella aplicação da penalidade. [...](O IMPARCIAL, 20/09).
Após interferência do Interventor Federal, a pedido da diretoria da Faculdade de Direito, e de telegramas mandados pelo Diretório Acadêmico a diversas autoridades federais – Ministro da Educação, Presidente da República, e bancada maranhense, Paulo Ramos recebeu o seguinte telegrama: RIO, 3 – Off. Interventor Paulo Ramos. Recebi e li com apreço seu telegramma no. 214 sobre situação Faculdade de Direito do Maranhão. Creio que resolução final votada pelo Conselho Nacional de Educação e por mim homologada permitte encaminhamento satisfactorio assumpto, pois manda submeter Faculdade a fiscalização por funcionário idôneo, designado pelo Departamento Nacional Educação. Resultado dessa investigação manifestara governo a resolver em definitivo. [...]
Note-se, no telegrama, “submeter à fiscalização por funcionário idôneo”, designado pelo Departamento Nacional de Educação. Estava-se colocando sob suspeita o relatório do Fiscal Federal, dr. Soares de Quadros? Aquele que fora nomeado a pedido do próprio Interventor Federal? E que solicitara sua demissão, da função, poucos meses depois de nomeado, quando ‘estourou’ o descredenciamento da Faculdade, por irregularidades? Na nomeação do Sr. Soares de Quadros o próprio Interventor Federal descumpriu a legislação em que se instituía a função de Inspetor Federal, e suas atribuições160·... 159
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete Reforma Francisco Campos. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/reforma-francisco-campos/>. Acesso em: 26 de dez. 2017. 160 O Decreto nº 11.530, de 18 de Março de 1915, que reorganizou o ensino secundário e o superior na Republica, em seu artigo 13 estabelece a figura do Inspetor de Ensino, com as seguintes atribuições: Art. 14. O inspector inquirirá, por todos os meios ao seu alcance, inclusive o exame de toda a escripta do instituto: a) se este funcciona regularmente ha mais de cinco annos; b) se ha moralidade nas distribuições de notas de exames; c) se os professores manteem cursos particulares frequentados pelos alumnos da academia; d) se as materias constantes dos programmas são suficientes para os cursos de Engenharia, Direito, Medicina ou Pharmacia; e) se, pelo menos, tres quartas partes do programma de cada materia são effectivamente explicadas pelo respectivo professor; f) se ha exame vestibular e se é este rigoroso; g) se a academia possue os laboratorios indispensaveis e se estes são utilizados convenientemente; h) se o corpo docente é escolhido pelo processo de concurso de provas estabelecido na presente lei; i) se as rendas da academia são sufficientes para o custeio de um ensino integral, das materias do curso, ministrado por professores sufficientemente remunerados; j) se a quota de fiscalização é depositada na época legal
Há questionamentos quanto a tal versão, atribuindo essa ação a motivações políticas e não a problemas de caráter eminentemente técnico-administrativo. Dino (1996, p. 76-77)161 relata: A chamada História Oficial conta que as razões cassatórias foram de caráter eminentemente técnico-administrativo. [...] Uma outra corrente de pensamento sustenta não se poder buscar as primas causas da cassação da velha Faculdade de Direito sem a análise histórica da presença ostensiva do Estado Novo nos setores cultural, econômico e educacional em terras maranhenses.
A LEGISLAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR E OS CURSOS JURÍDICOS Em Maranhão, já se tentara a implantação de uma Universidade – a Nova Atenas, antes denominada Atlântida -, sonho de Sousândrade, já constante da Constituição de 1890, em seu artigo 84. Depois, não aprovada na nova carta estadual, em 1894 novas tentativas. Dentre os cursos propostos, o de Direito. Certamente Sousândrade estava atento ao disposto no DECRETO N. 1232 H - DE 2 DE JANEIRO DE 1891 - Approva o regulamento das Instituições de Ensino Jurídico, dependentes do Ministério da Instrucção Publica162: O Generalissimo Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brazil, constituído pelo Exercito e Armada, em nome da Nação, resolve approvar, para as Instituições de Ensino Jurídico, dependentes do Ministerio da Instrucção Publica, o regulamento que a este acompanha, assignado pelo General de brigada Benjamin Constant Botelho de Magalhães, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios da Instrucção Publica, Correios e Telegraphos, que assim o faça executar. REGULAMENTO PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO JURIDICO DEPENDENTES DO MINISTERIO DA INSTRUCÇÃO PUBLICA Art. 1º Para diffusão do ensino juridico manterá o Governo Federal as actuaes Faculdades de Direito e poderá fundar ou subvencionar outras que julgue necessarias.
Em seu Art. 2º, diz que, em cada uma das Faculdades de Direito, poderia haver três cursos: “[...] o de sciencias juridicas, o de sciencias sociaes, o de notariado”: Art. 3º O curso de sciencias juridicas comprehenderá o ensino das seguintes matérias: Philosophia e historia do direito; Direito publico e constitucional; Direito romano; Direito criminal, incluindo o direito militar; Direito civil; Art. 15. O inspector apresentará relatorio circumstanciado sobre o que houver visto e colligido a respeito do instituto e, na falta de qualquer dos requisitos enumerados no artigo antecedente, concluirá por aconselhar que se não conceda a pretendida equiparação ás academias mantidas pelo Governo Federal. Art. 16. Não será inspector pessoa ligada por affinidade de qualquer natureza aos directores ou professores da academia, e, quando possivel, não residirá siquer no Estado em que o instituto funccionar. Art. 17. Considera-se terminada a inspecção com o julgamento do relatorio pelo Conselho Superior do Ensino. [...] Art. 19. A nomeação de inspector será annual, embora possa o Conselho designar o mesmo cidadão duas e mais vezes, para inspeccionar varios institutos. Neste ultimo caso receberá tantas quotas quantos forem os institutos inspeccionados. [...] Art. 22. Quando o relatorio do inspector condemnar um instituto, será cassado o direito á equiparação já concedida, não podendo ser de novo requerida dentro de seis annos, embora a academia mude de nome conservando mais de metade do antigo corpo docente. Art. 23. Quando a academia representar contra o inspector ao Conselho Superior e a este parecer que o relatorio foi injusto ou apaixonado, poderá aguardar nova inspecção para aconselhar ao Ministro a applicação da pena comminada pelo artigo antecedente. 161 DINO, Sálvio. A FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO (1918-1941). São Luis: EDUFMA, 1996; 2ª edição 2014. 162 DECRETO N. 1232 H - DE 2 DE JANEIRO DE 1891 - Approva o regulamento das Instituições de Ensino Juridico, dependentes do Ministerio da Instrucção Publica
Direito commercial, incluindo o direito marítimo; Medicina legal; Processo criminal, civil e commercial; Pratica forense; Historia do direito nacional; Noções de economia política e direito administrativo.
Pelo Decreto nº 11.530, de 18 de Março de 1915, é reorganizado o ensino secundário e o superior na Republica: Art. 1º O Governo Federal continuará a manter os seis institutos de instrucção secundaria e superior subordinados ao Ministerio da Justiça e Negocios Interiores, dando-Ihes autonomia didactica e administrativa de accôrdo com as disposições deste decreto.
[...] Art. 5º O Governo manterá uma faculdade official de Medicina no Estado da Bahia e outra no Districto Federal; uma faculdade de Direito em S. Paulo e outra em Pernambuco; uma Escola Polytechnica e um instituto de instrucção secundaria, com a denominação de Collegio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. Art. 6º O Governo Federal, quando achar opportuno, reunirá em Universidade as Escolas Polytechnica e de Medicina do Rio de Janeiro, incorporando a ellas uma das Faculdades Livres de Direito dispensando-a da taxa de fiscalização e dando-Ihe gratuitamente edificio para funccionar. [...] Art. 26. Não podem ser equiparadas ás officiaes mais de duas academias de Direito, Engenharia ou Medicina em cada Estado, nem no Districto Federal; e, onde haja uma official, só uma particular póde ser a Ella equiparada
A constituição do corpo docente obedecerá ao disposto no Decreto de 1915163, que reorganizou o ensino superior: “ CORPO DOCENTE - Art. 36. O corpo docente dos institutos compõe-se de professores cathedraticos, professores substitutos, professores honorarios, professores, simplesmente, e livres docentes. Quando da instituição da Faculdade de Direito do Maranhão a grade curricular ficou assim constituída, relacionando-se os respectivos professores, cuja indicação fora feita pela Associação mantenedora, e aceita pelos lentes catedráticos164: Fica, pois, assim constituída a Grade Curricular, com os respectivos professores:
1º ano Filosofia do Direito – Lopes da Cunha Direito Público e Constitucional – Godofredo Mendes Viana Direito Romano – Raul da Cunha Machado 2º ano Direito Internacional Público – Carlos Humberto Reis 163
Decreto nº 11.530, de 18 de Março de 1915, Reorganiza o ensino secundário e o superior na Republica De acordo com o DECRETO N. 1232 H - DE 2 DE JANEIRO DE 1891, os lentes (professores), eram dividios em :Art. 46. Os lentes distinguemse em cathedraticos e substitutos e serão distribuidos por secções; Art. 47. Os cathedraticos são obrigados a reger unicamente as cadeiras para que forem nomeados; Art. 48. Aos substitutos cabem as obrigações mencionadas nos arts. 11, 12 e 13. Art. 49. Os lentes cathedraticos e substitutos são tambem obrigados a tomar parte nos outros actos das respectivas Faculdades; conforme dispõe este regulamento. Os artigos mencionados se referem: Art. 11. Na falta ou impedimento do substituto de alguma secção, o director convidará para reger a cadeira um dos cathedraticos; si nenhum destes annuir ao convite, chamará um dos substitutos, e por ultimo um dos doutores ou bachareis que tiverem cursos particulares ou forem professores de Faculdades livres. Essa regencia interina dará direito a uma gratificação igual a dous terços dos vencimentos do cathedratico substituido. Quer na classe dos cathedraticos, quer na dos substitutos, deverão ser preferidos os lentes da secção em que se der o impedimento. Nenhum substituto será obrigado a reger mais de uma cadeira. Pela regencia da que lhe competir perceberá uma gratificação igual á do substituído; Art. 12. Os substitutos, além da regencia das cadeiras a que são obrigados, no caso de falta ou impedimento dos lentes, farão cursos complementares sobre as materias que o director designar, ouvido o lente respectivo. Os lentes substitutos não deixarão de fazer taes cursos, ainda quando estejam na regencia de cadeira. Art. 13. Haverá um laboratorio para os exercicios praticos de medicina legal e hygiene publica. 164
Economia Política e Ciência das Finanças – Raimundo Leôncio Rodrigues 2º, 3º e 4º anos Direito Civil – I Cadeira – João Vieira de Souza, filho Direito Civil – II Cadeira – Clodomir Cardoso Direito Civil – III Cadeira – Carlos Augusto de Araujo Costa 3º e 4º anos Direito Comercial – I Cadeira – Luis Carvalho Direito Comercial – II Cadeira – Manoel Jansen Ferreira 3º e 4º anos Direito penal – I Cadeira – Henrique José Couto Direito penal – II Cadeira – Alfredo de Assis Castro 4º ano Teoria do Processo Civil e Comercial – Artur Bezerra de Menezes 5º ano Prática de Processo Civil e Comercial – Aarão A. do Rego Brito Teoria e Prática do Processo Criminal – Alcides Jansen S. L. Pereira Direito Administrativo – João de Lemos Viana Direito Internacional Privado – Antonio Bona De acordo com o Art. 37. “Compete ao professor cathedratico”: a) a regencia effectiva da cadeira para a qual foi nomeado; b) a elaboração do programma do seu curso, afim de ser approvado pela Congregação 30 dias antes da abertura das aulas; c) fazer parte das mesas examinadoras, desde que não haja incompatibilidade legal; d) indicar os seus assistentes, preparadores e demais auxiliares; e) submetter a provas oraes ou escriptas os seus alumnos, na primeira quinzena de junho e na segunda de agosto, e conferir-lhes uma nota quando chamados aos trabalhos praticos, afim de deduzir a média annual, que influirá para a nota do exame final, conforme for determinado pelo Regimento Interno; f) ensinar toda a materia constante do programma por elle organizado.
Quanto aos lentes substitutos, que se refere a legislação, são nomeados: 1ª. Sessão – (Filosofia do Direito e Direito Romano) – João da Costa Gomes 2ª. Sessão – (Direito Público e Constitucional, Direito Internacional Público e Privado) – Raul Soares Pereira 3ª. Sessão – (Direito Civil) – Antonio José Pereira, Junior 4ª. Sessão – (Direito Penal, Teoria e prática do Processo Criminal) – Fabiano Vieira da Silva 5ª. Sessão – (Economia Política, Ciência da Finança, e Direito Administrativo) – Inácio Xavier de Carvalho 6ª. Sessão – (Direito Comercial) – Joaquim Pinto Franco de Sá 7ª. Sessão – (Teoria do Processo Civil e Comercial, Prática do Processo Civil e Comercial) – Raimundo Alexandre Vinhais 8ª. Sessão – (Medicina Pública) – Tarquínio Lopes Filho. Art. 38. Compete ao professor substituto: a) substituir, nos impedimentos temporarios, quaIquer dos cathedraticos da sua secção; b) reger os cursos que lhe forem designados pela Congregação, esgotando os programmas approvados; c) auxiliar, quando necessario, os cathedraticos durante as provas de junho e agosto.
Distribuídas as cadeiras e nomeados os professores, inclusive os substitutos, elegeu-se Diretor da Faculdade o dr. José Viana Vaz, juiz federal; vice-diretor Henrique Couto, Secretário de Interior e Instrução; Secretário, o Sr. Domingos Perdigão, Diretor da Biblioteca Pública. Para a indicação e nomeação dos lentes, é a seguinte a legislação estabelecida: DOS LENTES CATEDRATICOS Art. 87. As cadeiras serão divididas em secções, na fórma do art. 9º 165 Art. 88. Vagando alguma cadeira, será para ella nomeado o substituto da respectiva secção. Art. 89. Vagando uma cadeira em alguma secção, onde se ache tambem vago o logar de substituto e não se tenha ainda aberto o respectivo concurso, poderá o Governo, depois de ouvir a congregação, prover directamente a referida cadeira, nomeando ou contractando, sem concurso, pessoa que reuna os seguintes requisitos: 1º, haver se distinguido nos cursos da Faculdade que frequentou; 2º, ter exercido, com distincção e por mais de tres annos, o magisterio superior, ou ter feito sobre as materias da secção a que pertence a cadeira vaga, publicações importantes, ou ser indicado por dous terços dos membros da congregação; 3º, possuir as habilitações mencionadas nos arts. 96 e 97166. SECÇÃO 2ª - DOS LENTES SUBSTITUTOS Art. 90. As nomeações dos lentes substitutos se farão por meio de concurso. Art. 91. Poderá o Governo, independente de concurso, mas ouvindo a congregação, nomear ou contractar para os logares de substitutos pessoas que reunam os requisitos mencionados nos ns. 1, 2 e 3 do art. 89167.
A Faculdade de Direito do Maranhão foi uma iniciativa particular, acalentado de há muito: desde os princípios do Brasil como Reino Unido à Portugal e Algarves, pois com a presença da família Real no Rio de Janeiro, o Príncipe Regente D. João VI tomou uma série de medidas visando melhorar a situação do ensino no país, inclusive o ensino superior. O regente chegou a prometer uma faculdade ao Maranhão, pela carta régia de 29/12/1815 e “que lamentavelmente não chegaria a se fazer realidade” (MEIRELES, 1995)168. Informa-nos Rossini Corrêa (2017, p. 148) 169: [...] quando da inauguração do ensino superior brasileiro, proibido pelo colonialismo português, e conquistado com a autonomia administrativa, o Maranhão procurou, com obstinação, ser o vencedor da carreira, abrigando, em São Luis, a primeira Faculdade de Direito do Brasil. Para o Autor, foi uma batalha perdida... DOS CURSOS E ESTABELECIMENTOS PARTICULARES Art. 419. E' permittido a qualquer individuo ou associação de particulares a fundação de cursos ou estabelecimentos, onde se ensinem as materias que constituem o programma de
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Art. 9º As cadeiras dos differentes cursos serão distribuidas pelas secções seguintes, cada uma das quaes terá um substituto: 1ª SECÇÃO Philosophia e historia do direito; Direito publico e constitucional; Direito das gentes, diplomacia e historia dos tratados; Explicação succinta do direito patrio constitucional e administrativo. 2ª SECÇÃO Direito civil, duas cadeiras; Direito commercial, duas cadeiras; Explicação succinta do direito patrio civil, commercial e criminal. 3ª SECÇÃO Direito romano; Historia do direito nacional; Direito criminal; Noções de legislação omparada sobre o direito privado. 4ª SECÇÃO Economia politica; Sciencia das finanças e contabilidade do Estado; Sciencia da administração e direito administrativo; Noções de economia politica e direito administrativo. 5ª SECÇÃO Processo criminal, civil e commercial; Pratica forense; Explicação succinta do direito patrio processual. 6ª SECÇÃO Medicina legal; Hygiene publica. 166 Art. 96. Poderão ser admittidos a concurso os brazileiros que estiverem no gozo dos direitos civis e politicos e possuirem o gráo de doutor ou bacharel em sciencias sociaes e juridicas pelas Faculdades federaes ou a estas equiparadas; ou que, tendo esses gráos por academias estrangeiras, se houverem habilitado perante alguma daquellas Faculdades. Art. 97. Poderão tambem inscrever-se os estrangeiros que, possuindo alguns daquelles gráos, fallarem correctamente portuguez. No caso de serem graduados por academias estrangeiras ficam, porém, sujeitos á habilitação prévia, salvo si tiverem sido professores de Faculdades estrangeiras reconhecidas pelos respectivos Governos. 167 Art. 89. Vagando uma cadeira [...]1º, haver se distinguido nos cursos da Faculdade que frequentou; 2º, ter exercido, com distincção e por mais de tres annos, o magisterio superior, ou ter feito sobre as materias da secção a que pertence a cadeira vaga, publicações importantes, 167 ou ser indicado por dous terços dos membros da congregação; 3º, possuir as habilitações mencionadas nos arts. 96 e 97 . 168 MEIRELES, Mário. O ensino superior no Maranhão: esboço histórico. In ____. DEZ ESTUDOS HISTÓRICOS. São Luís: ALUMAR, 1995, P. 45-94 169 CORRÊA, José Rossini Campos do Couto. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO – o presente de uma arqueologia. 2 ed. São Luis: Engenho, 2017. Biblioteca Básica Maranhense – volume II.
qualquer curso ou Faculdade federal, salva a inspecção necessaria para garantir as condições de moralidade e hygiene.
A Faculdade de Direito do Maranhão foi assim constituída, como Faculdade Livre de Direito, conforme o artigo seguinte: FACULDADES LIVRES Art. 420. Aos estabelecimentos particulares que funccionarem regularmente poderá o Governo, com audiencia do Conselho de Instrucção Superior, conceder o titulo de Faculdade livre, com todos os privilegios e garantias de que gozarem as Faculdades federaes. As Faculdades livres terão o direito de conferir aos seus alumnos os gráos academicos que concedem as Faculdades federaes, uma vez que elles tenham obtido as approvações exigidas pelos estatutos destas para a collação dos mesmos gráos. Art. 421. Os exames das Faculdades livres serão feitos de conformidade com as leis, decretos e instrucções que regularem os das Faculdades federaes e valerão para a matricula nos cursos destes. O Conselho de Instrucção Superior nomeará annualmente commissarios que assistam a esses exames e informem sobre a sua regularidade. Art. 422. Em cada Faculdade livre ensinar-se-hão pelo menos todas as materias que constituirem o programma da Faculdade federal. Art. 423. Cada Faculdade livre terá a sua congregação de lentes com as attribuições que lhe forem dadas pelo respectivo regimento. Art. 424. A infracção das disposições contidas neste titulo sujeita a congregação a uma censura particular ou publica do Governo, o qual, em caso de reincidencia, multará a associação em 500$ a 1:000$ e por ultimo poderá suspender a Faculdaade por tempo não execedente de dous annos, devendo sempre ouvir o Conselho de Instrucção Superior. Emquanto durar a suspensão, não poderá a Faculdade conferir gráos academicos, sob pena de nullidade dos mesmos. Art. 425. Constando a pratica de abusos nas Faculdades livres quanto á identidade dos individuos nos exames e na collação dos gráos, cabe ao Governo, ouvindo o Conselho de Instrucção Superior, o direito de mandar proceder a rigoroso inquerito para averiguação da verdade, e, si delle resultar a prova dos abusos arguidos, deverá immediatamente cassar á instituição o titulo Faculdade livre, com todas as prerogativas ao mesmo inherentes. Art. 426. A Faculdade livre que houver sido privada deste titulo não poderá recuperal-o sem provar que reconstituiu-se de maneira a offerecer inteira garantia de que os abusos commettidos não se reproduzirão.
A reforma de 1931170 estabelece a instituição de universidade, no Brasil, mas mantém as escolas isoladas: Art. 6º As universidades brasileiras poderão ser creadas e mantidas pela União, pelos Estados ou, sob a fórma de fundações ou de associações, por particulares, constituindo universidades federaes estaduaes e livres. Paragrapho unico. Os governos estaduaes poderão dotar as universidades por elles organizadas com patrimônio proprio, mas continuarão obrigados a fornecer-lhes os recursos financeiros que se tornarem necessarios a seu regular funccionamento. Art. 7º A organização administrativa e didactica de qualquer universidade será instituida em estatutos, approvados pelo Ministro da Educação e Saude Publica, e que só poderão ser modificados por proposta do Conselho Universitário ao mesmo ministro, devendo ser ouvido o Conselho Nacional de Educação. ( DECRETO Nº 19.851, DE 11 DE ABRIL DE 1931).
O Decreto 1915 estabelece o regime escolar: REGIMEN ESCOLAR - EXAMES 170
DECRETO Nº 19.851, DE 11 DE ABRIL DE 1931 - Dispõe que o ensino superior no Brasil obedecerá, de preferencia, ao systema universitario, podendo ainda ser ministrado em institutos isolados, e que a organização technica e administrativa das universidades é instituida no presente Decreto, regendo-se os institutos isolados pelos respectivos regulamentos, observados os dispositivos do seguinte Estatuto das Universidades Brasileiras.
Art. 73. O anno escolar começará a 1 de abril e terminará a 15 de novembro, comprehendendo cada curso 80 lições. Art. 74. Haverá duas épocas de exames, começando a primeira no dia 1 de dezembro e a segunda a 1 de março. Paragrapho unico. Em caso de grande affuencia de candidatos a Congregação, mediante proposta do director, permittirá que a 20 de novembro comecem os exames da primeira época. Art. 75. A matricula terá logar nos 15 dias que antecedem á abertura, dos cursos, e a inscripção para exames, 10 dias antes daquelle em que devem começar. Paragrapho unico. A data fixada para inicio dos exames, bem como a da abertura dos cursos, não póde ser transferida para mais tarde, senão em caso de calamidade publica reconhecida pela Congregação. Art. 76. Inscrever-se-ão para os exames da segunda época os candidatos que não forem alumnos da academia, os alumnos que não se apresentaram na primeira época por motivo de força maior devidamente comprovada, e os que tiverem sido reprovados ou deixado de ser examinados em uma só materia, na primeira época. Art. 77. Para requerer matricula nos institutos de ensino superior os candidatos deverão provar: a) edade minima de 16 annos; b) idoneidade moral; c) approvação no exame vestibular. Paragrapho unico. Em caso de exame vestibular verdadeiramente brilhante poderá a Congregação permittir a matricula de candidatos que não hajam attingido a edade legal. Art. 78. O candidato a exame vestibular deve exhibir: a) certificado de approvação em todas as materias que constituem o curso gymnasial do Collegio Pedro II, conferido pelo mesmo collegio ou pelos institutos a elle equiparados, mantidos pelos governos dos Estados e inspeccionados pelo Conselho Superior do Ensino; b) recibo da taxa estipulada no Regimento Interno. Paragrapho unico. Nos Estados onde não houver gynmasio mantido pelo Governo, as Congregações dos institutos superiores equiparados aos officiaes podem organizar commissões de examinadores do curso gyinnasial, presidida por um professor da faculdade. Estes exames são validos sómente perante a academia que os instituiu. Art. 79. O candidato que tiver certificado de curso completo de gymnasio estrangeiro, authenticado pela mais alta autoridade consular brazileira da cidade onde o instituto funcciona., e acompanhado da prova official de que o titulo exhibido era acceito pelas academias do paiz, póde inscrever-se para o exame vestibular. Art. 80. O exame vestibular comprehenderá prova escripta e oral. A primeira consistirá na traducção de um trecho facil de um livro de litteratura franceza e de outro de autor classico allemão ou ingIez, sem auxilio de diccionario. Paragrapho unico. E' prohibida a inclusão do titulo dos livros que servirão para exame, no Regimento Interno ou nos programmas dos cursos. Art. 81. A prova oraI do exame vestibular versará sobre Elementos de Physica e Chimica e de Historia Natural, nas Escolas de Medicina; sobre Mathematica Elementar, na Escola Polytechnica, e sobre Historia Universal, Elementos de Psychologia e de Logica e Historia da Philosophia por meio da exposição das doutrinas das principaes escolas philosophicas, nas Faculdades de Direito. Art. 82. O exame vestibular será julgado por uma commissão de professores do Collegio Pedro II ou de instituto estadoal a elle equiparado ou de professores de incontestavel competencia, sob a presidencia de um professor da academia. Art. 83. O exame vestibular terá logar em janeiro.
Logo, em 1926, começam a se alterar a situação dos alunos matriculados: DECRETO Nº 5.121, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1926, Antecipa a 1ª época de exames para os alunos das Escolas Jurídicas do Brasil que devam terminar o curso em 1927: Art. 1º Fica antecipada para a segunda quinzena de julho de 1927, a primeira época de exames para os alumnos das Escolas juridicas do Brasil que terminarem o curso naquelle anno, devendo a collação de gráo realizar-se solemnemente, em 11 de agosto.
§ 1º O inicio do anno lectivo para os mencionados alumnos será igualmente antecipado para 1 de janeiro de 1927. § 2º Os alumnos que prestarem, em segunda época, os exames do 4º anno actual, de accôrdo com as leis em vigor, poderão matricular-se, condicionalmente, no periodo da antecipação, que estabelece o § 1º, na classe immediatamente superior. Art. 2º Os estudantes que pretenderem seguir os cursos de ensino superior e que terminaram o curso gymnasial ou de preparatorios até o anno de 1925, poderão prestar exame vestibular na segunda quinzena de janeiro de 1927 para fazerem exame do primeiro anno, em segunda época, perante as Faculdades cuja lotação de alumnos não estiver completa. Paragrapho unico. A inscripção para exame vestibular será na primeira quinzena do referido mez de janeiro de 1927. Art. 3º As pessoas que exhibirem diploma conferido por faculdade estrangeira, authenticado pelo consul do Brasil e valido para o exercicio da profissão, si quizerem obter a revalidação do diploma estrangeiro por academia, faculdade ou escola brasileira, deverão apresentar theses sobre tres das cadeiras de qualquer dos annos do curso correspondente, sustentando-as oralmente, além de um exame pratico, sempre que fôr possivel. Paragrapho unico. A revalidação do diploma de que trata este artigo, não terá logar si o candidato não lograr approvação na defesa das theses e na prova pratica quando exigida.
Conforme “A Pacotilha” de 03 de janeiro de 1927, o dr. Furtado da Silva, inspetor federal junto à Faculdade de Direito do Maranhão, recebera do Departamento Nacional de Ensino cabograma para ‘cuja leitura chama a atenção dos bacharelandos’: Inspector da Faculdade de Direito do Maranhão, RIO, 31 (Via Western) – Recomendo-vos providencieis no sentido de serem cumpridas as disposições contidas nos artigos 1º e 2º decreto legislativo numero 5.121, de 29 de dezembro do corrente anno, assim redigidos: artigo primeiro, fica antecipada para segunda quinzena de julho de 1927 a primeira época de exames para os alumnos das escolas jurídicas do Brasil que terminarem o curso naquelle anno, devendo a collação de grau realizer-se solenemente, a 11 de agosto. Paragrapho primeiro, o inicio do anno letivo para os mencionados alumnos será igualmente antecipado para primeiro de janeiro de 1927. Paragrapho segundo,os alumnos que prestarem na segunda época os exames do quarto anno actual, de acordo com as leis em vigor, poderão matricular-se condicionalmente, no período de antecipação que estabelece o paragrapho primeiro, na classe imediatamente superior. Artigo segundo, os estudantes que pretenderem seguir os cursos do ensino superior e que terminaram o curso gymnasial ou preparatórios até o anno de 1925, poderão prestar exame vestibular na segunda quinzena de 1927, para fazerem exame de primeiro anno em segunda época, perante as faculdades cuja lotação de alumnos não esteja completa. Paragrapho único, a inscrição de exame vestibular será na primeira quinzena do referido mez de janeiro de 1927. Saudações, Dr. Rocha Vaz.
“O Combate” de 25 de outubro de 1930 publica nota, informando sobre o encerramento das aulas da Faculdade de Direito, por determinação do Governo Provisório do Norte do Brasil171: 171
O Norte e o Governo Provisório: Juarez Távora e os revolucionários nortistas: Durante a campanha presidencial de 1929-1930, a Aliança Liberal recebe rápidas adesões no Norte, ao assumir como uma de suas bandeiras a luta contra a submissão política dos governos estaduais frente ao governo central. Os aliancistas conseguem unir, desta forma, setores sociais de interesses bem diversos e até mesmo contraditórios. É essa situação específica que dá ao movimento de 30 no Norte um caráter bastante amplo e popular, encontrando poucas resistências [...]PANDOLFI, Dulce. A trajetória do Norte: uma tentativa de ascensão político. In: GOMES, Angela de Castro (org.). Regionalismo e Centralização política: partidos e Constituinte nos anos 30. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980, p. 342. Para Lopes (2011), com esse pequeno parágrafo, Dulce Pandolfi consegue resumir bem o que significou o movimento de outubro de 30 na região Norte do Brasil: um movimento amplo, marcado pelo apoio da população, onde os “revolucionários” quase não encontraram resistência por parte dos governistas. A vitória veio através de uma campanha militar que tomou as guarnições militares da região, com alguma participação de voluntários civis. [...] Entendo como Norte a área político-geográfica formada pelos estados que abrangem as atuais regiões Norte e Nordeste, além do Espírito Santo. O Norte, nesse sentido, era compreendido pelo território federal do Acre e por doze estados: Amazonas, Pará, Piauí, Maranhão,
Logo em seguida, saí Decreto172 em que os alunos são ‘aprovados’, melhor, ‘promovidos”: Art. 1º Ficam promovidos, independentemente de exames, á serie ou ano superior imediato, na presente época do atual ano letivo, os alunos matriculados nos cursos superiores oficiais, oficializados e equiparados, bem como nos institutos de ensino artístico superior subordinados ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores, desde que comprovem haver frequentado mais de metade das aulas dadas em cada cadeira. § 1º Para comprovar a frequência a aluno apresentará, conforme o regime escolar a que esteja sujeito, informação da Secretaria do respectivo instituto ou atestado firmado pelo professor ou docente que houver lecionado. § 2º Serão considerados habilitados, para os efeitos da conclusão do curso, os alunos matriculados no último ano de cada instituto, que satisfizerem a condição de frequência exigida neste artigo. Art. 2º Ficam igualmente promovidos ao ano superior imediato os alunos matriculados no Colégio Pedro II, nos institutos a ele equiparados ou em inspeção preliminar, e os alunos do curso seriado ou de preparatórios dos institutos particulares de ensino secundário, que já tenham requerido nomeação de juntas examinadoras, desde que reunam as seguintes condições: 1º, haver frequentado mais de metade das aulas dadas em cada matéria; 2º, haver obtido no mínimo a média anual de 3,50. § 1º No Colégio Pedro II a comprovação da frequência e da média exigidas será feita mediante informação da Secretaria ao diretor. § 2º Nos institutos equiparados ao Colégio Pedro II e nos em inspeção preliminar a comprovação será feita por informação escrita e motivada do diretor ao inspetor do instituto. § 3º Nos institutos particulares que já requereram juntas examinadoras para os seus alunos tanto do curso seriado, como de preparatórios e de admissão, a comprovação será feita por informação escrita e motivada do diretor ao inspetor, especialmente designado para esse fim. § 4º O inspetor designado na forma do parágrafo antecedente verificará nos livros do instituto a exatidão das informações prestadas pelo diretor com referência á frequência e média dos alunos, bem como da regularidade das respectivas matrículas, enviando ao Departamento Nacional do Ensino uma ata autentica, tambem assinada pelo diretor, que servirá de base para expedição, no Departamento, dos respectivos certificados de promoção e habilitação, § 5º As disposições do presente decreto relativas aos institutos particulares de ensino secundário que já tenham requerido juntas examinadoras só serão aplicaveis aos alunos cujos nomes constem das relações existentes e registadas no Departamento Nacional do Ensino. Art. 3º Para os efeitos de promoção e habilitação no último ano do curso das quais trata o presente decreto, os alunos requererão ao diretor do instituto a respectiva inscrição, mediante o pagamento das taxas legais de exame, revertendo essas taxas aos institutos de ensino superior integralmente para o respectivo patrimônio. Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espírito Santo. In LOPES, Raimundo Helio. A Delegacia Militar do Norte e o Governo Provisório: disputas políticas e a nomeação dos interventores nortistas. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 172 Decreto nº 19.404, de 14 de Novembro de 1930, Dispõe sobre a promoção escolar nos institutos de ensino subordinados ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
Art. 4º No período de 3 de outubro a 14 de novembro serão, respectivamente, atribuidas a cada aluno a melhor média mensal e frequência integral.
Em conseqüência, o diretor da Faculdade baixa o seguinte aviso: O Sr. Dr. Director da Faculdade de Direito do Maranhão recebeu do Departamento Nacional de Ensino os seguintes telegramas: RIO, 20 – Communico-vos para os devidos fins que o governo expediu, a 14 do corrente mez, o decreto 19.404, regulando a promoção escolar nos institutos de ensino. De accordo com os parágrafos 1 e 2 do art. 1º desse decreto, são promovidos, independentemente de exame, á série ou anno superior immediatos, na presente época do actual anno lectivo, os alumnos matriculados que comprovem haver freqüentado mais da metade das aulas dadas em cada cadeira. Para comprovar a freqüência, o alumno apresentará, conforme o regimen escolar a que esteja sujeito, informação da Secretaria do respectivo instituto, ou attestado firmado pelo professor ou docente que houver leccionado. Serão considerados habilitados, para os effeitos da conclusão do curso, os alumnos matriculados no ultimo anno de cada instituto, que satisfizerem as condições de freqüência já especificada. No período de 3 de outubro a 14 de novembro será respectivamente attribuida a cada alumno a freqüência integral. Os alumnos requererão ao director do instituto a respectiva inscripção, mediante o pagamento das taxas legaes de exames, revertendo estas, integralmente, ao patrimônio do respectivo instituto. Saudações. (a) Aloysio de Castro. RIO, 18 – Comunico-vos para os devidos fins que, segundo aviso expedido a 14 do corrente, pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores, ficam sem effeito os actos referentes ás inscripções para concurso de livres docentes e professores cathedraticos dos institutos de ensino superior e secundário da República. Saudações. (a) Aloysio de Castro. Secretário Geral. Para deliberar sobre os assumptos de que tratam os telegrammas acima terá logar, ás 9 horas do dia 24 do corrente, uma reunião da congregação dos professores da nossa Faculdade de Direito.
A nova legislação, aprovada em 1931173, previa, para admissão nos cursos universitários Art. 81. A admissão inicial nos cursos universitarios obedecerá as condições geraes abaixo instituidas, além de outras que constituirão dispositivos regulamentares de cada um dos institutos universitarios; I - certificado do curso secundario fundamental de cinco annos e de um curso gymnasial superior, com a adaptação didactica, neste ultimo, aos cursos consecutivos; II - idade mínima de 17 annos; III - prova de identidade; IV - prova de sanidade; V - prova de idoneidade moral; VI - pagamento das taxas exigidas. Paragrapho unico. Ao alumno matriculado em qualquer dos institutos universitarios será fornecido um cartão de matricula devidamente authenticado, que provará a sua identidade, e uma caderneta individual na qual será registado o seu curriculum vitae de estudante, tudo de accôrdo com dispositivos de cada instituto universitario.
173
DECRETO Nº 19.851, DE 11 DE ABRIL DE 1931 - Dispõe que o ensino superior no Brasil obedecerá, de preferencia, ao systema universitario, podendo ainda ser ministrado em institutos isolados, e que a organização technica e administrativa das universidades é instituida no presente Decreto, regendo-se os institutos isolados pelos respectivos regulamentos, observados os dispositivos do seguinte Estatuto das Universidades Brasileiras.
Art. 82. Não será permitida a matricula semultanea do estudante em mais de um curso seriado, sendo, porém, permittido aos matriculados em qualquer curso seriado a frequencia de cursos avulsos, ou de aperfeiçoamento e especialização.
Já para a aprovação dos acadêmicos, são as seguintes as condições gerais: Art. 83. A verificação de habilitação nos cursos universitarios, seja para a expedição de certificados e diplomas, seja para a promoção aos períodos lectivos seguintes, será feita pelas provas de exame abaixo enumeradas e cujos processos de realização serão discriminados nos regulamentos dos institutos universitarios. a) provas parciaes; b) provas finaes; c) médias de trabalhos praticos de quaesquer outros exercicios escolares. Art. 84. As provas de exame referidas no artigo anterior serão julgadas por commissões examinadoras, das quaes farão parte, obrigatoriamente, os professores e docentes livres que houverem realizado os respectivos cursos. Art. 85. As taxas de exame serão fixadas em tabellas annexas aos regulamentos dos institutos universitarios, que ainda deverão discriminar a gratificação a ser concedida aos membros das commissões examinadoras. Art. 86. Os regulamentos de cada um dos institutos universitarios fixarão a época em que deverão ser prestadas as provas exigidas para expedição de diplomas, ou para a promoção dos estudantes.
Mas estas não foram as únicas intervenções; novas notas davam conta de alterações e instruções seguidas, na promoção de alunos, naquele ano atípico, de 1931, como se vê dessa nota de 3 de dezembro, do Inspetor Federal:
Nova nota, recebida pelo Inspetor Federal, de que havia sido deliberado pelo Sr. Ministro, que a freqüência para a remoção nos termos do decreto 20.735 de 30 de novembro ultimo174, ou para inscrição em exames, seria computada em metade, no mínimo, do numero de aulas efetivamente realizadas. Foi permitida ainda a inscrição em exames de segunda época, aos alunos que não tenham freqüência. Em 1936, nova alteração no sistema de ingresso, conforme nota publicada na imprensa local: 174
Decreto 20.735, de 28 de Novembro de 1931 — Regula a dispensa de exame final ou prova oral, no corrente ano letivo, nos institutos de ensino superior.
O dr. Alcides Pereira, director da Faculdade de Direito, recebeu do Sr. Dr. Director Geral de Educação o seguinte telegrama: Somente poderão requerer inscripção para o exame vestibular em 1936 os alumnos que concluíram a 5ª série em 1934, na 1ª ou 2ª época, ou em annos anteriores, os alumnos que tenham completado preparatório em annos anteriores e aquelles que estão fazendo o curso secundário de acordo com o artigo 100 do decreto 21.241, de abril de 1932175 e concluíram a 5ª serie na segunda quinzena de janeiro de 1936. Também lembro que deixou de vigorar no anno lectivo de 1936 a disposição que permettia aos estudantes que tivessem seis ou mais preparatórios prestar os restantes nas escolas superiores. Saudações. – Paulo de Assis Ribeiro, Director Geral Interino.
Os secundaristas e ginasianos são convocados a comparecer na Faculdade, para tomarem conhecimento das novas normas de ingresso: FACULDADE DE DIREITO / CURSO COMPLEMENTAR / SECÇÃO JURÍDICA Os professores encarregados de organizar, pela Congregação da Faculdde de Direito do Estado, a Secção Jurídica do Curso Complementar, creado pelo decreto no. 21.241, de 4 de novembro de 1932176, convidam os alumnos que terminaram, em 1935, a 5ª. Série do curso gynasial, a comparecer á sede da mesma Faculdade, ás 10 horas da próxima segunda-feira, 11 do corrente. RUBEN ALMEIDA / ANTONIO LOPES / GUSMÃO FILHO (PACOTILHA, 09 de maio de 1936)
Já começavam as tratativas para anulação da cassação do credenciamento da Faculdade pelo não cumprimento da Lei, que estabelecia o Curso Jurídico Complementar:
175
DECRETO Nº 21.241, DE 4 DE ABRIL DE 1932 - Consolida as disposições sobre a organização do ensino secundário e dá outras providências: Art. 100. Enquanto não forem em número suficiente os cursos noturnos de ensino secundário sob o regime de inspeção, será facultado requerer e prestar exames de habilitação na 3ª série e, em épocas posteriores, sucesivamente, os de habilitação na 4ª e na 5ª séries do curso fundamental ao candidato que apresentar os seguintes documentos: I. Certidão, provando a idade mínima de 18 anos, para a inscrição nos exames da 3ª série. II. Recibo de pagamento das taxas de exame. III. E, para a inscrição nos exames da 4ª ou da 5ª séries, certificado de habilitação na série procedente, obtido nos termos deste artigo e de seus parágrafos. § 1º Os exames de que trata este artigo deverão ser requeridos na segunda quinzena de janeiro e serão prestados, em fevereiro, no Colégio edro II e em estabelecimentos de nsino secundário equiparados. § 2º Os exames versarão sobre toda a matéria constante dos programas expedidos para o ensino secundário e relativos às tres primeiras séries, para a habilitação na 3ª série, e às duas últimas, respectivamente, para a habilitação na 4ª série e na 5ª série do curso fundamental. § 3º Os exames constarão para cada disciplina, de prova escrita e prova oral ou prático-oral, conforme a natureza da disciplina, salvo o de Desenho, que constará de uma prova gráfica. § 4º Serão nulos os exames prestados pelo mesmo candidato, na mesma época, em mais de um estabelecimento de ensino, ficando ainda o infrator deste dispositivo sujeito à penalidade de não poder increverse em exames na época imediata. § 5º A constituição das bancas examinadoras, o arrolamento das provas escritas, o seu julgamento e o das provas orais ou prático-orais obedecerão, no que lhes for aplicavel, ao disposto nos artigos 38, 39 e 40 deste decreto. § 6º Na constituição das bancas examinadoras não poderão figurara professores que mantenham cursos ou estabelecimentos de ensino, lecionem particularmente ou exerçam atividade didática em estabelecimento de ensino não oficiais, sendo nulos em qualquer tempo os exames prestados com infração deste dispositivo. § 7º Será considerado aprovado o candidato que obtiver, alem da nota trinta, no mínimo, na prova gráfica de Desenho e como média aritmética das notas da prova escrita e da prova oral, ou prático-oral, em cada uma das demais disciplinas, média aritmética igual ou superior a cinquenta no conjunto das disciplinas. § 8º Ao candidato inhabilitado nos exames de qualquer série será permitido, na época seguinte, renovar mais uma vez incrição nos exames da série em que não lograra aprovação. § 9º Os candidatos aprovados na 5ª série, para a matrícula nos institutos de ensino superior, ficarão obrigados à frequência e às demais exigências estabelecidas para o curso complementar respectivo. Art. 101. Será, igualmente facultado requerer e prestar exames de habilitação, nos termos do artigo anterior e seus parágrafos, excluida, entretanto, a exigência da idade mínima, ao candidato que apresentar os seguintes documentos: I Certificado de conclusão do Curso Fundamental de Instituto ou Conservatório de Música, oficial ou oficialmente reconhecido, para a inscrição nos exames da 3ª série, ou certificado de habilitação na série anterior, obtido nos termos deste artigo, para a inscrição nos exames da 4ª ou da 5ª série. II. Recibo de pagamento das taxas de exames. 176 DECRETO Nº 21.241, DE 4 DE ABRIL DE 1932. Consolida as disposições sobre a organização do ensino secundário e dá outras providências
Em nota de José Virgilio Rocha, publicada em “O Imparcial” (06/10), este protestava pela nãorealização da segunda prova parcial que, por Lei, deveriam se realizar no mês de setembro, e conforme constava no regimento interno. Não havia justificativa para tal. A ausência do inspetor federal não era motivo para adiamento das mesmas, conforme o autor da nota. Diz ele que o Departamento de Ensino deveria ter nomeado fiscal substituto, ou mesmo, um representante ‘ad-doc’; o que não podia, por essa falha, serem os alunos prejudicados. A 07 de novembro, em “A Pacotilha”, sai a seguinte noticia, sobre a federalização da Faculdade de Direito do Maranhão: A FEDERALIZAÇÃO DA NOSSA FACULDDE DE DIREITO Tendo o exmo. Sr. Dr. Governador conhecimento do projecto que corre no Senado, em favor da Federalização das Faculdades de Direito dos Estados do Paraná e Pará, dirigiu-se s. Exc. aos senadores Clodomir Cardoso e Genésio Rego, no sentido de apresentarem uma emenda ao dito projecto, pleiteando a concessão de idêntica vantagem á nossa escola superior de Direito.[...]
Nota publicada em “O Imparcial”, de 04/11, informando que os dirigentes da Faculdade de Direito haviam encaminhado correspondência aos nossos representantes na Câmara Federal pedindo apoio para a oficialização da mesma, haja vista que se tornara indispensável para a formação técnico-profissional dos jovens pobres do Estado. Em resposta, o dep. Magalhães de Almeida respondeu que tudo fariam para que se com seguisse a autorização de funcionamento de nossa Faculdade de Direito. Logo no inicio de 1937, chegam comunicados de que havia nova alteração nas normas para ingresso nos cursos superiores; publicadas tanto n “O Imparcial” de 30 de janeiro, como na “A Pacotilha” de 1º de fevereiro, com o título de ‘ensino superior’, o Inspetor Federal junto à Faculdade de Direito do Maranhão, dr. Manoel Francisco da Cunha Junior, informa ter recebido da Diretoria do Ensino telegrama que dava publicidade:
Conforme o despacho minesterial de 15 do corrente (janeiro/37), relativo à decisão do Conselho Nacional de Educação sobre os alumnos cujo curso secundário se fez de acordo com o art. 100 do dec. 21.241, de abril de 1932, communico aos taes alumnos que poderão inscrever-se em exames vestibulares caso concluam a quinta série até fevereiro de 1937, inclusive. As suas inscripções poderão ser acceitas condicionalmente devendos elles apresentar o seu certificado de conclusão da quinta série até a véspera do encerramento das matriculas. Nas mesmas condições poderão ser aceitas as inscrições de candidatos dependentes da apreentação de segunda via de conclusão de curso ou de aprovação em qualquer exame.
Em julho, publicada novas regras para ingresso nos cursos superiores; em aviso do Fiscal Federal junto à Faculdade de Direito do Maranhão, era informado, através do telegrama n. 614.100 que estava à disposição dos interessados o Diário Oficial de 07 de junho, onde estava publicada a Circular 1.200, de 1º de junho, referente ao concurso de habilitação que substituiu o exame vestibular, para a matricula do ano de 1938. A 28 de janeiro, a “Pacotilha” publica discurso do Ministro da Educação, Gustavo Capanema, durante o Centenário do Colégio Pedro II, apresentando um relatório das ações do Governo federal. Sobre o ensino superior:
O Ministro da Educação endereça telegrama ao Interventor Federal, dr. Paulo Ramos, de que fora nomeado, por indicação deste, o Sr. João Soares de Quadros para Inspetor da Faculdade de Direito do Maranhão. A 20/01 o novo Inspetor assume suas funções. (“O Imparcial” de 08/01/1939). Em março, (Pacotilha de 21/03) é publicado telegramas recebidos pelo Inspetor Federal junto à Faculdade de Direito: [...] Rio, 25 de fevereiro... Comunico-vos que a portaria 139, de 1 de dezembro de 1938, do Diretor Geral deste Departamento estabeleceu o seguinte: Os concursos de habilitação aos cursos superiores reger-se-ão no próximo anno, pelo disposto no artigo 47 do decreto 21.241, sem alterações provenientes da lei 9-A, prevalescendo, no entanto, para as inscripções, a media de 40 de conjunto nas disciplinas de 2ª serie Complementar,. Estatuída naquela lei.
Assim sendo, só serão aprovados no referido concurso de habilitação alumnos que tenham média 30 cada disciplina e 50 conjunto. Rio, 3 março... n. 341 – Comunico-vos Ministro da Educação acaba de homologar o parecer do Conselho Nacional de Educação permitindo no presente anno sejam approvados no concurso de habilitação os alumnos que obtiverem 30 em cada disciplina e 40 em conjuncto, ficando assim sem efeito as circualres e actos anteriores fixando em 50 a referida media em conjucto. Rio, 14. N. 418 – Resposta vosso telegrama, communico-vos ser impossível iniciar o anno lectivo antes da terminação do concurso de habilitação conforme a circular 1200. Solicito tomeis urgentes providencias junto diretoria afim de ser terminado o referido concurso cuja approvação obedece a telegramma-circular 341 do corrente mês. Ruy Lima Silva – Director. J. SOARES DE QUADROS – Inspector.
Telegrama publicado a 12 de setembro de 1939 comunicava que a Faculdade de Direito do Maranhão fora desiquiparada pelo Conselho Superior de Ensino. O corpo docente nomeou comissão composta dos catedráticos Luiz Carvalho, Tarquinio Lopes Filho e Oliveira Roma para procurar o Chefe do Governo maranhense, a fim de que sua excelência defendesse junto às altas autoridades do País a causa da Faculdade. O corpo discente, por intermédio do Diretório Acadêmico, resolveu telegrafar ao Diretor do Departamento de Ensino, ao Ministro da Educação e ao Chefe da Nação, pleiteado que seja mantida a equiparação da Faculdade. O CASO DA FACULDADE DE DIREITO Rio (19). Voltou a ser discutido, na ultima reunião do Conselho Nacional de Educação o parecer n. 200, da comissão de ensino superior, referente à cassação das regalias que gosa a Faculdade de Direito do Maranhão. Esse parecer conclue pella aplicação da penalidade. O Conselheiro José da Fonseca apresentou uma emenda que foi aprovada contra os votos dos conselheiros srs. Reynaldo Rocha, Cesario Andrade e Parreiras Horta, para que fique adiada a applicação da cassação de reconhecimento, até o fim do corrente anno, procedendo-se, então, a uma verificação, cujo resultado será enviado ao Conselho, para deliberação definitiva.
Publicada a agenda do Interventor Federal, acusando o recebimento do seguinte telegrama, de parte do Ministro de Educação, Gustavo Capanema: Faculdade de Direito do Maranhão – em resposta de seu telegramma intercendo em favor de nossa Faculdade de Direito, o exmo. Sr. Interventor Federal recebeu o seguinte despacho telegraphico de sua ex. o Ministro da Educação e Saúde: RIO, 3 – Off. Interventor Paulo Ramos. Recebi e li com apreço seu telegramma no. 214 sobre situação Faculdade de Direito do Maranhão. Creio que resolução final votada pelo Conselho Nacional de Educação e por mim homologada permitte encaminhamento satisfactorio assumpto, pois manda submeter Faculdade a fiscalização por funcionário idôneo, designado pelo Departamento Nacional Educação. Resultado dessa investigação manifestara governo a resolver em definitivo. [...]
De acordo com Costa (2017) 177, em 1939, a Faculdade de Direito do Maranhão e a Faculdade de Farmácia e Odontologia foram levadas a encerrar suas atividades. As razões atribuídas pelo Departamento Nacional de Ensino para o fechamento de ambas foram as irregularidades administrativas. Entretanto, há questionamentos quanto a tal versão, atribuindo essa ação a motivações políticas e não a problemas de caráter eminentemente técnico-administrativo. Dino (1996, p. 76-77)178 relata: A chamada História Oficial conta que as razões cassatórias foram de caráter eminentemente técnico-administrativo. [...] No tocante ao arquivo da vetusta Escola Jurídica, ao que se sabe por informações oficiosas, o Dr. Soares de Quadros, então fiscal do ensino federal, quando do seu fechamento, houve por bem de empacotar toda a papelada burocrática e a remeter de navio para o Ministério da Educação no Rio de Janeiro. Na mudança do MEC para Brasília os pacotes e mais pacotes referentes à vida da velha Salamanca foram extraviados ou incinerados. O certo é que, no MEC, já em Brasília, apesar de incessantes tentativas, jamais conseguimos obter qualquer informação satisfatória a respeito. Uma outra corrente de pensamento sustenta não se poder buscar as primas causas da cassação da velha Faculdade de Direito sem a análise histórica da presença ostensiva do Estado Novo nos setores cultural, econômico e educacional em terras maranhenses.
Ao se voltar o olhar para a conjuntura da década de 1930, Costa (2017)179 afirma que esse período inaugura outra etapa do ensino superior no país e, consequentemente, no Maranhão, decorrente das profundas mudanças no cenário político e educacional, resultante do governo Vargas (1930-1945). Surge, então, um aparelho de Estado centralizador no intento de estabelecer seu projeto nacionalista: [...] no Maranhão, [...] a presença de interventores é reflexo do centralismo adotado no governo Vargas que contribuiu imensamente para aguçar os conflitos e consequentemente a instabilidade política no estado. Só entre 1930 a 1937, governaram o Maranhão, sete interventores, cujos mandatos em geral, foram marcados por conflitos e instabilidades.” (BOTELHO, 2007, p. 178 180).
Para Cunha (2017), o período de 1937 a 1945 assinalou a nova fase política e educacional do país, caracterizadas por um conjunto de reformas educativas, que ficaram conhecidas como Leis Orgânicas de Ensino ou Reforma Capanema (MARTINS, 2002)181: Em nome do princípio da autoridade e da disciplina, decisões são tomadas e a autonomia universitária é negada. Entre os objetivos explicitados por esta nova ordenação jurídica e administrativa (Estado Novo), “[...] estavam as perspectivas de ordenamento da educação; a definição de competências entre os diferentes estratos de governo (municípios, estados e união); articulação entre os diferentes ramos de ensino e a implantação de uma rede de ensino profissionalizante”. (CUNHA, 1980, p. 14)182.
Manchete em “O Imparcial” de 22 de agosto de 1941:
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COSTA, Marcia Cordeiro. A GÊNESE DA EDUCAÇÃO EM NÍVEL SUPERIOR NO ESTADO DO MARANHÃO E POLÍTICA EDUCACIONAL: os embates travados pela sua efetivação e consolidação. VIII JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS. São Luis, 22 a 25 de agosto de 2017, UFMA/Programa de Pósgraduação em Políticas Públicas
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DINO, Sálvio. A FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO (1918-1941). São Luis: EDUFMA, 1996; 2ª edição 2014.
COSTA, 2017, obra citada 180 BOTELHO, Joan. CONHECENDO E DEBATENDO A HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luís: Fort, 2007 181 MARTINS, A. C. P. Ensino superior no Brasil: da descoberta aos dias atuais. ACTA CIRÚRGICA BRASILEIRA, v. 17, São Paulo, 2002. Suplemento 3, citado por Cunha, 2017, obra citada 182 CUNHA, L. A. A UNIVERSIDADE TEMPORÃ: O ENSINO SUPERIOR DA COLÔNIA À ERA DE VARGAS. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. citado por Cunha, 2017, obra citada.
NÃO SERÁ FECHADA A FACULDADE DE DIREITO RIO (21) Serviço especial.- o Dr. Oliveira Roma falando ao representante de O IMPARCIAL, declarou que a Faculdade de Direito do Maranhão não será fechada. Essa decisão foi garantida pelo Sr. Abguar Ransut, Diretor do Departamento Nacional de Educação. O dr. Oliveira Roma declarou, igualmente, que foram regularizados os casos dos cursos secundários superiores, do Maranhão, considerados defeituosos.
A 03/10, em nota, “O Imparcial” se referia a insistentes noticias que chegavam, de que saira parecer opinando pelo fechamento da Faculdade de Direito. Até àquela hora, 6 da tarde, não havia sido confirmada a noticia que circulava pela cidade. Então, adveio o Decreto n. 8.085 de 21 de outubro de 1941, que cassou o reconhecimento da Faculdade de Direito. Em conseqüência, foi forçada a fechar definitivamente suas portas, [...] “sendo seus arquivos recolhidos também ao Ministério e garantido, igualmente a seus alunos que se transferissem por escolas similares em outros estados.” (MEIRELLES, 1995, p. 67)183.
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MEIRELLES, Mario M. DEZ ESTUDOS HISTÓRICOS. São Luís: Alumar, 1995.
LUSOFONIA ESPAÇO DESTINADO A DIVULGAR O QUE SE PASSA NO MUNDO LUSÓFONO, - EM ESPECIAL O PENSAMENTO DO MESTRE JORGE OLIMPIO BENTO – E OUTROS PENSADORES DE LÍNGUA PORTUGUESA, EM ESPECIAL DE OUTROS PAÍSES QUE ADOTAM A LÍNGUA COMUM.
REINCIDIR NO ERRO
JOSE MANUEL CONSTANTINO PRESIDENTE COMITÉ OLÍMPICO PORTUGUÊS https://tribunaexpresso.pt/opiniao/2019-01-04-Reincidir-no-erro?fbclid=IwAR3gBC1DF5aUL1hcWp6M75vaCh7MlogyEMY9urdalNOkrbt8aBlxnqAHls
Todas as sextas-feiras, a Tribuna Expresso publica uma opinião em parceria com o Comité Olímpico de Portugal, sobre o universo desportivo no nosso país. Hoje, escreve José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal 04.01.2019 ÀS 8H00
Um grupo de meia centena de adeptos do Sporting invadiu a Academia de Alcochete na tarde de 15 de maio
A segurança no desporto é um tema que não se esgota numa única vertente. Ele contempla a segurança associada às instalações desportivas e aos espaços de jogo e atividade lúdicoinfantil. Envolve a segurança associada à certificação da qualificação profissional de quem ministra as atividades físico-desportivas. Inclui os cuidados a ter com quem pratica desporto com e sem enquadramento técnico dentro e fora dos denominados recintos desportivos. Vai até à segurança física de quem assiste aos espetáculos desportivos perante manifestações de violência.
Cabe ao Estado regular os termos em que estas matérias devem estar salvaguardadas. E cabe igualmente ao Estado garantir que as disposições normativas criadas serão cumpridas. Se faz todo o sentido que a produção normativa e demais obrigações tenha origem na instância governativa que tutela a área do desporto, já é menos compreensível que a responsabilidade pelo cumprimento das leis cridas seja cometida a estruturas da administração pública sem qualquer relação de subordinação com a tutela da área do desporto. E, acrescente-se, sem qualquer cultura, formação ou sensibilidade técnica para as questões que este envolve. A atribuição de competências alargadas em matéria de segurança no desporto à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), cuja missão real e originária é a fiscalização e prevenção do cumprimento da legislação reguladora do exercício das atividades económicas, nos setores alimentar e não alimentar, bem como a avaliação e comunicação dos riscos na cadeia alimentar, é um absurdo. A recém-criada Autoridade Nacional para a Violência no Desporto (que melhor seria se se designasse para a “Segurança no Desporto”, valorizando o bem a proteger e não o mal a combater) foi uma oportunidade perdida para se equacionar o problema da segurança no desporto de uma forma integrada e holística e combater a dispersão do problema por varias instâncias da administração pública, algumas sem qualquer ligação funcional à tutela do desporto. Somos, muitas vezes, confrontados com uma retórica sobre as disfuncionalidades e debilidades das políticas públicas no âmbito do desporto, em matéria de supervisão quanto ao cumprimento das leis. Mas em vez de encontrarmos melhores dispositivos para o seu cumprimento, buscamos na produção de novas leis a resposta à ineficácia das anteriores. Raramente paramos para pensar que o problema pode não estar nas leis e normas existentes, mas apenas nos dispositivos organizacionais existentes para o seu cumprimento. E, a verdade é que, mantendo-os disfuncionais, de que pouco servirão as novas leis. Ora, quando está em discussão, na Assembleia da República, um novo diploma sobre o acesso à atividade de treinador de desporto que comete à ASAE responsabilidades em matéria de supervisão sobre certificação profissional, é reincidir no erro. Um erro cuja leitura, mais uma vez, só poderá ser uma: a lei não será para cumprir.
O PENSAMENTO DO JORGE BENTO Esta é uma Revista aberta às contribuições... Tomo a liberdade – devidamente autorizado – de replicar aqui o Pensamento do Jorge Bento... O conheci, pessoalmente, em 1992, numa palestra na UFMG. O nosso GuruGeek Laércio o trouxe para falar sobre Lazer... eu estava fazendo meu Mestrado em Ciência da Informação; minha ultima especialização fora em Lazer e Recreação, daí meu interesse, ainda maior, pois se tratava de Jorge Bento!!! Já o conheci, de alguns escritos e livros. Creio que - não sei quem é o maior, mas vamos colocalos na mesma posição, de fora de concurso, pois – se Jorge, Manuel Sérgio ou Silvino Santi os maiores e melhores filósofos da nossa tão combalida Educação Física – prefiro a tradição da denominação, mas aceito a Motricidade Humana e as Ciências dos Esportes... Jorge falou sobre Gilberto Freire... uma palestra em que até hohe recordo algumas das bombásticas expressões usadas, em especial na comparação entre os nossos povos – que ele considera um só, e adota a cidadania luso-brasileira, pois... O português é aquele pçovo trágico, que venera o Cristo crucificado, dolorido, sofrido, sentindo-se abandonado, mas mesmo assim, disposto a todos os sacrifícios, como decorrência de sua sorte e vivência, dai vestirem-se as mulheres sempre de preto, com lenço à cabeça, andar curvado, como se carregassem todos os pecados do mundo, um peso insuportável... já o brasileiro, venera o Cristo menino, a criança brincalhona, e por isso, um povo alegre, vivaz, colorido... isso na interpretação de um artigo escrito por Gilberto Freire, em 193... (2, 9u 9?) e publicado em inglês, numa palestra na Inglaterra, inédito em português, ou no Brasil... gostaria de te-lo reproduzido nestas páginas... Desde então o acompanho mais de perto, trocando correspondência, agora em tempos de redes sociais, e palavras quase diárias. Semprer replico e comportilho suas colocações, em especial quando se referem à Educação e à Educação Física/Motricidade Humana... Aproveitem!!!!
PERPLEXIDADE... Tudo está devidamente documentado. Contra isso esbarra a tentativa de adulteração ou branqueamento dos factos. Foram oito anos de defesa cerrada e constante, de 2006 a 2014. O ataque às Faculdades de médio e pequeno porte não dava tréguas, nem consentia desatenções. A equipa reitoral queria pôr fim à sua autonomia, fundilas em agrupamentos tutelados pelas Escolas grandes. Se tivéssemos perdido a luta, as Faculdades em causa não teriam nesta altura órgãos de direção próprios, nem celebrariam o seu dia e identidade. No entanto, os que ontem atentaram contra elas, por ação e omissão, têm hoje palco, púlpito e vénias em sessões solenes. Queixume? De modo algum! Apenas perplexidade, mesmo sabendo que a memória de muita gente não vai além da missa de sétimo dia. Mas a verdade não prescreve. É em nome dela que escrevo e falo, ciente da obrigação de não lhe virar as costas.
DA COR DA ROUPA: AZUL OU ROSA? O regime chinês, na era de Mao Tsé-Tung (1893-1976), determinava o figurino do traje a usar pelos cidadãos da China. Nunca chegou ao ponto de impor a cor das roupas de meninos e meninas, de homens e mulheres. Fosse como fosse, isso foi há muito tempo; faz parte do passado e não se verifica hoje na República Popular da China ou, assim o creio, nalgum país da região. Mas parece haver, no Ocidente, quem queira reeditar aquela imposição em versão mais completa, estipulando a cor do vestuário de cada sexo ou género. Falta saber se a norma abrangerá as peças interiores, por exemplo, a cueca e a calcinha. Eu, heterossexual, macho e portista, aprecio todas as cores, gosto de me ver com camiseta cor-de-rosa e calção da mesma cor ou vermelha; quanto a cueca, tanto me faz, o saco não tem olhos. E esta, hein?! DA FUNÇÃO DAS PALAVRAS As palavras não são ingénuas, não se dizem e circulam à toa. Cumprem uma função de suma importância: comandam o pensamento e a feitura da realidade. Prestem, pois, atenção às que andam nas várias bocas do poder! Umas difundem e inoculam, de modo subreptício, propostas ideológicas retrógradas, sobretudo quando dizem ser contrárias a ideologias. Outras perfazem o alfabeto do mainstream neoliberal em inglês (o novo exército de colonização do português): accountability, competitivity, cluster, coaching, flexibility, governance, management, ranking, startup, sucess, etc. As palavras da novilíngua em curso são muito lindas e encantadoras, não são?! Mas têm consequências: o mundo que concebem é feio; nele somente há lugar ao sol para alguns. Então desconfiem delas, não as pronunciem, nem amplifiquem, por favor! ACADEMIA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA “O acaso é a lei de Deus na ordem do mundo”, definiu Camilo Castelo Branco (1825-1890). A definição de Albert Einstein (1879-1955) é parelha: “O acaso é o atalho que Deus toma para se manter no anonimato.” Creio que o acaso determinou os meus caminhos e me trouxe a este momento de júbilo. Ontem à noite, na sessão solene de abertura do 34º Congresso Mundial da FIEP, em Foz do Iguaçu, fui empossado, juntamente com o amigo João Batista Tojal, como membro efetivo da Academia Brasileira de Educação Física, criada no dia 11.01.2019. Muito haveria para contar e, sobretudo, para tecer louvores a Deus e a tantas pessoas que me fizeram bem ao longo da vida. Muito espaço e tempo precisaria para agradecer condignamente ao Brasil, à FIEP e ao seu Presidente, ao sistema CONFEF/CREFs e a todos vós que morais no meu coração. Quero tão-somente dar a conhecer o facto e agradecer também à família, aos antigos estudantes, aos colegas de verdade e aos amigos, à minha Universidade e Faculdade, porquanto são sujeitos maiores desta história e hora radiosa. Bem hajam em todo o tempo e lugar!
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TUBINO, Manoel José Gomes. ESTUDOS BRASILEIROS SOBRE O ESPORTE – ênfase no esporte-educação. Maringá: Eduem, 2010 DIEM, Carl. História de los deportes. Barcelona: Corali, 1966 iii EPPENSTEINER, F. El origen Del deporte. In CITIUS, ALTIUS e FORTIUS. Madri, XV, p. 259-272, 1973 iv in http://www.facebook.com/topic.php?uid=136381899755284&topic=70 v LAROCHE, Marília de. “Conheça Rei Zulu e Zuluzinho, os lutadores do Maranhão, disponível em http://www.divirtase.uai.com.br/html/sessao_13/2010/11/15/ficha_ragga_noticia/id_sessao=13&id_noticia=30972/ficha_ragga_noticia.shtml e em http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=126140 vi Mestre Baé - FECAEMA – Federação de Capoeira do Estado do Maranhão. Mestre/Presidente do Grupo Candieiro de Capoeira Ver Orkut;Mestre Baé ou baecapoeira@hotmail.com vii VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. In Blog do Leopoldo Vaz, disponível em: http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/22/em-buscado-elo-perdido-historiamemoria-da-educacao-fisica-nodo-maranhao/ ii
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http://salavideofica.blogspot.com/2010/11/1930-c-ernest-cadlewild-men-of-kalahari.html
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Decreto-Lei n. 771, de 23 de agosto de 1943, do governo do Estado do Maranhão, cria o Serviço de Educação Física.
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Decreto-Lei n. 4.029, de 19 de janeiro de 1942, institui bolsas de estudos para a Escola nacional de Educação Física e Desportos; Portaria 357, de 28 de julho de 1943, do Departamento Nacional de Educação, dispõe sobre a concessão de bolsas de estudos instituídas para a Escola nacional de Educação Física e Desportos
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PEDRO NEIVA DE SANTANA - médico; professor da Faculdade de Direito de São Luís; Catedrático da Faculdade de Filosofia de São Luís; Membro da Academia Maranhense de Letras, cadeira n. 39, substituindo Pedro Braga Filho; Reitor da Fundação Universidade do Maranhão (1967); Prefeito de São Luís (Interventoria Paulo Ramos 1937-1945); trabalhou no gabinete de identificação e Médico-Legal da Polícia; Secretário de Fazenda do Governo José Sarney (1966-70); Governador do Maranhão (1971-1974). IN NUNES, Patrícia Maria Portela. MEDICINA, PODER E PRODUÇÃO INTELECTUAL. São Luís : UFMA-PROCIN-CS, 2000.
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ALFREDO DUAILIBE nasceu em 19 de outubro de 1914. Foi o primeiro médico maranhense a ingressar em uma Escola de Educação Física com o objetivo de se especializar em Medicina Desportiva. Deputado Federal, suplente de Senador, Senador, Vice-governador - tendo assumido o governo do Estado por cinco dias, de 25 a 31 de janeiro de 1966, dando posse ao governador eleito, José Sarney; Foi professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, atuando também no Curso de Educação Física, como professor, até se aposentar, em 1984. Faleceu em 2010. in BIGUÁ, Tânia; BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você ? Dr. Alfredo Duailibe. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de abril de 1998, Segundafeira, p. 4. Caderno de Esportes
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RUBEM GOULART – ver biografia apresentação
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MARY SANTOS - ver biografia apresentação
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MARIA DOURADO
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LENIR FERREIRA
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EURÍPES BERNARDINO BEZERRA - nasceu em 17 de dezembro de 1915, na cidade de Curador (hoje, Presidente Dutra); filho de Ludgero Alves Bezerra (cearense) e de Maria Bernardina de Oliveira (maranhense). Maria Bernardina era irmã do º legendário Manoel Bernardino, o Lenine do Sertão. Ingressou na Polícia Militar, como soldado, em 1936; promovido a 3 Sargento, por ter feito curso de enfermeiro; em 1941, foi para o Rio de Janeiro cursar Educação Física, na Escola do Exército, a mando do Interventor Paulo, Ramos; na volta, passa a ser o responsável pela educação física na Polícia e torna-se professor dos colégios Marista e São Luís. Em 1967, é reformado no posto de Coronel PM, após passar pelo Gabinete Militar do Governo Sarney - José Sarney fora seu antigo aluno de educação física, nos Maristas. Foi Deputado Estadual, Prefeito de Imperatriz, Vereador por São Luís; Delegado de Polícia em 105 municípios maranhenses. Por 65 anos prestou serviço público; 55 anos de casamento; 35 de Lions Clube; 40 anos de PTB. Já falecido. In BUZAR, Benedito. Eurípedes Bezerra: o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 6 de agosto de 1995, Domingo, p. 26. Caderno Alternativo; BUZAR, Benedito. EURÍPEDES, uma vida, uma história (o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos). (s.l.; s.e.; s.d.). (edição mimeografada) . BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICINISTAS. São Luís : Lithograf, 2001, p. 175184
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EEFEx - criada, por Getulio Vargas, em 19 de outubro de 1933, através do Decreto 23.252 - pela transformação do Centro Militar de Educação Física - com os objetivos de "proporcionar o ensino do método da Educação Física regulamentar" e "orientar e difundir a aplicação do método". Para tanto, formará instrutores e monitores de Educação Física, mestres-dearmas e monitores de esgrima; proporcionará aos médicos especialização em Educação Física; graduará massagistas esportivos; fornecerá aos oficiais, em geral, os conhecimentos indispensáveis à direção da Educação Física e da esgrima; formará, eventualmente, para fins não militares, instrutores e monitores de Educação Física, recrutados no meio civil;
incrementará a prática da Educação Física e dos desportos; estudará as adaptações a serem introduzidas no método, submetendo-as às apreciações do Estado Maior do Exército. Deve-se ressaltar que a EEFEx não é obra da missão militar francesa - ou sequer recebeu sua influência inicialmente -; é obra de estudantes da Escola Militar, sob a influência da Missão Indígena, que, por sua vez, tem formação segundo a tradição dos "jovens turcos". Os franceses são os fundadores do Centro Militar de Educação Física da Força Pública de São Paulo.in FERREIRA NETO, Amarílio. Escola de Educação Física do Exército (1920-1945): origem e projeto político-pedagógico. In FERREIRA NETO, Amarílio (org.). PESQUISA HISTÓRICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA. Aracruz-ES : Faculdade de Ciências Humanas de Aracruz, 1988, vol. 3, p. 69-95. xxi
O General Euclides Figueiredo era irmão, e não pai do General João Batista Figueiredo, que foi Presidente da República no regime militar
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ALFREDO SALIM DUAILIBE - Médico, Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro (1931-1936): médico, fundador e chefe do Serviço de Educação Física do Maranhão, 1943; médico da enfermaria Santana e do ambulatório de clínica médica, da Santa casa de Misericórdia (1938-1941); provedor da Santa casa (1946-1950); membro do Diretório Regional de Geografia do Maranhão (1947-1950); professor da Cadeira de Biometria, da Escola Normal do Instituto de Educação (1944); professor catedrático de Histologia e Microbiologia, da Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Luís; Membro da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra; Sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Microbiologia; membro efetivo e fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Maranhão; membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia; sócio efetivo, vice-presidente e presidente interino da Liga maranhense de Combate ao Câncer; médico do IPASE; médico do Cotonifício Cândido Ribeiro; membro do Conselho do Centro da FUM; vice-coordenador do Instituto de Ciências Físicas e naturais da FUM; professor de Biometria aplicada à Educação Física, FUM; Diretor Geral de Instrução Pública em 1946, Interventoria Saturnino Bello; Secretário do interior e Justiça e Segurança do Maranhão, nomeado em 1947, no Governo Sebastião Archer da Silva; Deputado Federal (1951-1955); suplente do Senador Vitorino Freire (1954-1962); 1955 assume a Secretaria de Justiça e Segurança no período em que o Governador Matos Carvalho é impedido de exercer o cargo de governador; presidente da LBA do Maranhão (1956-1960); Vice-governador, governo Newton de Barros Bello (1961-1966); Secretário do Interior e Justiça e Segurança do maranhão do governador Pedro Neiva de Santana (1971-1974); Suplente do Senador Alexandre Costa (1970-1978); professor de Medicina do trânsito do Curso Básico de Engenharia do Trânsito FESM, IPR-S (1977). NUNES, Patrícia Maria Portela. MEDICINA, PODER E PRODUÇÃO INTELECTUAL. São Luís: UFMA-PROCIN-CS, 2000 xxiii
LUIZ DE MORAES RÊGO nasceu em 1907. Foi fundador - junto com o Professor Luiz Viana - do Colégio de São Luís, em 8 de setembro de 1934. O Colégio estava localizado na Rua Rio Branco, esquina com a Praça Odorico Mendes e depois, em 1937, mudou-se para o sobradão de número 48, onde hoje está a Vila Iná. Nesse ano (1937) muda-se para o Rio de Janeiro. Luís Rêgo iniciou-se no magistério em 1924, aos 17 anos de idade; ao fundar o Colégio de São Luís, já tinha, portanto, 10 anos de experiência no magistério e era Diretor da Escola Normal do Estado, pois em 1928 fora nomeado professor normalista e, em 1932, no Governo Serôa da Mota, quando é criada a Escola Normal, passa a ser seu diretor, cargo que exerce até 1935. Além do São Luís, deu aulas no Liceu Maranhense, onde prestou concurso público de provas e títulos, em 1933, alcançando a cátedra de Ciências Físicas e Naturais, lá permanecendo até 1950, quando ingressa na Escola Técnica Federal do Maranhão, como professor de Física e, depois como técnico em assuntos educacionais, se aposentando em 1976. No MEC foi, durante muitos anos, Inspetor Regional do Ensino Comercial nos estados do Maranhão e Piauí e, com a extinção do cargo, foi relotado na ETFM como técnico em assuntos educacionais. Além desses, deu aulas nos Colégio Rosa Castro, Colégio Santa Teresa, Centro Caixeiral, Escola Técnica do Comércio do Maranhão (foi seu fundador, em 1926, junto com Mata Roma), Colégio Arimatéia Cisne e Colégio Gilberto Costa. Nos governos Paulo Ramos e Neiva de Santana exerceu o cargo de Secretário de Educação e eleito em 1948, para a Academia Maranhense de Letras. Em 1963, passou a integrar o Conselho Estadual de Educação, quando constituído no Governo Newton Bello, tendo sido reconduzido nos governos Sarney, Pedro Neiva e Nunes Freire, ocupando a presidência por diversas vezes. Luiz Rego despediu-se do magistério em 5 de maio de 1978; já falecido. In REGO, Luis de Moraes. CULTURA E EDUCAÇÃO. São Luís : Sioge, 1980 xxiv
LAURA VASCONCELOS, médica pediatra, mulher de Carlos Vasconcelos; trabalhava junto com este no Serviço de Educação Física xxv LARISSE xxvi
MARY SANTOS – ver nota ...
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ALFREDO DUAILIBE – ver notas ...
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Ver nota 14
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JOSÉ MARIA DOURADO
Refere-se a EUNICE BEZERRA, veio também formada da Escola Nacional de Educação Física; casou-se e foi para o Rio de Janeiro
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BONIFÁCIO
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ROSA – refere-se a José Rosa, professor de Educação Física do Liceu Maranhense
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BRAGA – Nego Braga - como era conhecido LUIS GONZAGA BRAGA, Professor de Educação Física da Escola Técnica Federal do Maranhão - ETFM - e um dos incentivadores e criadores dos Jogos Estudantis do Ensino Industrial - JEBEI - e Jogos Estudantis do Ensino Médio - JEBEM -, na década de 60, nos quais a ETFM conseguiu alguns resultados EXPRESSIVOS.
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INALDO
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DIMAS – refere-se ao Biografado
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LUIS ARANHA – secretário do Liceu Maranhense, um dos grandes incentivadores do esporte estudantil, tendo construído uma quadra de voleibol emk sua casa.
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JULIO ADIS PEREIRA - Conhecido como Nego Júlio – um dos primeiros professores de educação física do estado. Foi oficial da PM
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EDMUNDO SOARES DO NASCIMENTO
JOSÉ RAIMUNDO SIRINO
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JURIVÊ MACEDO – jornalista, em Imperatriz, funddor do jornal O Progresso; ultimamente, escrevia uma coluna para O estado do Maranhão; falecido em 2010
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SÉRGIO MACEDO – filho de Jurivê, também jornalista, secretário de comunicação do segundo governo Roseana (2009-2010)
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Refere-se a RUBEM TEIXEIRA GOULART – ver nota ... MENDES SANTOS
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MANOEL FURTADO DOS SANTOS - natural de Humberto de Campos, onde nasceu a 10 de abril de 1907. Em 1929, foi para o Rio de Janeiro, servir ao Exército. Lá, se destacou no Atletismo, ganhando várias provas - era velocista. Em 1953, já casado, retorna a São Luís - a mulher , também maranhense, não se adaptara ao Rio de Janeiro - e vem a ser professor de Educação Física no Colégio Marista - a convite do Coronel Eurípedes Bezerra -. Doze anos mais tarde, transfere-se para a então Escola Técnica Federal do Maranhão, conquistando vários títulos nas diversas competições escolares que se disputavam; em 1977, aposenta-se da Escola, mas não deixou de atuar como professor de Atletismo, ingressando no SESI. Atua até hoje, com mais de 90 anos de idade. Em 1993, em reconhecimento por seus serviços prestados ao esporte maranhense, e em especial ao Atletismo, recebeu o Prêmio ALUMAR de Esporte; em 1999, o Governo do Estado agraciou-o com a Medalha de Mérito Timbira. A pista de Atletismo do Complexo Esportivo e Social de São Luís leva o seu nome, dado pelo então Secretário de Desportos e Lazer, Phil Camarão." BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda você ? Professor Furtado, um mito do atletismo. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 20 de setembro de 1999, Segunda-feira, p. 4. Esportes).
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CALISTENIA: palavra de origem grega: kalós= belo; sthenos= força; sufixo - ia; ou kalli-sthenes = "cheio de vigor", melhor traduzido por "força harmônica". Tendo por objetivo promover a graça e força corporal por meio de exercícios musculares, é um sistema de ginástica que encontra as suas origens na ginástica sueca e que apresenta, como características, a predominância de formas analíticas, a divisão dos exercícios em oito grupos, a associação da música ao ritmo dos movimentos, a predominância dos movimentos sobre as posições e exercícios à mão livre e com pequenos aparelhos (halteres, bastões, maças, etc. IN MARINHO, s.d., p. 264-265
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GINÁSTICA ACROBÁTICA: é a expressão de um movimento que encontrou campo propício, sobretudo nos Estados Unidos, de onde se transportou a vários países, entre os quais o Brasil e a Suécia. Entre nós, a Escola de Aeronáutica foi a verdadeira introdutora da ginástica acrobática sistematizada, tendo seu Departamento de Educação Física publicado, em 1945, um opúsculo sob o título de "Normas para a Instrução de Saltos e Acrobacias Elementares", calcado no "The Tumbler's Manual". Posteriormente, a ginástica acrobática teve grande aceitação na Escola Nacional de Educação Física (hoje, EEF/UFRJ) e na Escola de Educação Física do Exército, devendo-se a esta última o "Manual de Ginástica Acrobática", adaptado às características do Método Francês de Joinville-le-Pont. A ginástica acrobática, em seu tríplice aspecto - de chão, em aparelhos e pirâmides - fornece a seus instrutores os recursos técnicos necessários à realização do trabalho físico compatível com a finalidade a atingir. IN MARINHO, s.d., p. 312-313
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VAN LUMEN – refede-se a... , um dos maiores árbitros de futebol do Maranhão
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JOSÉ SARNEY, como é conhecido José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, nascido em Pinheiro - Ma, a 24 de abril de 1930, filho de Sarney de Araújo Costa e Kiola Ferreira de Araújo Costa. Iniciou seus estudos no Colégio Mota Júnior, na cidade de São Bento e no colégio do Professor Juca Rego, na cidade de Santo Antônio de Balsas - o pai, promotor público, era constantemente transferido de cidade. Aos 12 anos, veio para São Luís, ingressando no Liceu Maranhense, junto com o irmão Evandro. Com 14 anos, candidata-se a presidente do Grêmio Liceísta, seu primeiro teste nas urnas; após acirrada disputa, elege-se e passa a editar o jornal O Liceu, iniciando-se na carreira jornalística. Em 1945, quando se preparava para a reeleição, acontece a redemocratização do País, engajando-se, como líder estudantil, na campanha, sendo preso várias vezes, a mando do então interventor Paulo Ramos. Enquanto se preparava para ingressar na Faculdade de Direito de São Luís, participa de um concurso de reportagem, promovido pelo jornal O Imparcial, classificando-se em primeiro lugar, e consegue seu primeiro emprego, como repórter. Aos 20 anos, ingressa na Faculdade de Direito, já com fama de intelectual, pertencente àquele grupo formado por Ferreira Gullar, Lago Burnett, Luiz Carlos Bello Parga, Carlos Madeira, o irmão Evandro, Nascimento Morais Filho, Antônio Luis Oliveira, Floriano Teixeira, Pedro Paiva Filho, Cadmo Silva, Reginaldo Telles e Bandeira Tribuzi, grupo de poetas e pintores, que ficaram conhecidos como a "Geração de 45". Antes de colar grau, em 1954, publica seu primeiro livro, de poesias "A canção inicial", e alguns ensaios sociológicos. Ainda nesse ano de 1954, lança-se candidato a deputado federal, pelo PSD, iniciando-se na carreira política que o levou ao governo do Estado e à Presidência da República, após exercer vários mandatos de deputado federal e senador da república. In BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICIONISTAS, São Luís : Lithograf, 2001, p. 281-302
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PEDRO
DEJARD RAMOS MARTINS –
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MAURO DE ALENCAR FECURY, foi prefeito de São Luís, por duas vezes, deputado estadual e deputado federal; foi um dos grandes atletas de basquetebol e voleibol do passado
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JOÃO CASTELO RIBEIRO GONÇALVES - advogado foi governador do Maranhão, deputado estadual, deputado federal, senador; atualmente, é é Prefeito de São Luis (208-2012). Quando governador criou a Secretaria de Desportos e Lazer - SEDEL - e construiu o Complexo esportivo e Social de São Luís, no Barreto.
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JOSÉ DE RIBAMAR FIQUENE - juiz de direito, foi prefeito de Imperatriz, Vice-governador e governador do Maranhão; atualmente, é suplente de Senador, tendo assumido a função por 90 dias. Fundador da Faculdade Atenas maranhense.
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O ESPORTE, São Luís, 07 de março de 1948, p. 1
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LAÉRCIO ELIAS PEREIRA: Doutor em Educação Física; Professor da Universidade Católica de Brasília, onde dirige o Laboratório de Informação e Multimídia em EF-LIMEFE; Coordenador do Projeto Centro Esportivo Virtual Unicamp/UCB; em suas próprias palavras, nascido há mais de meio século (11 de outubro de 1948) em São Caetano do Sul - SP, onde se formou e trabalhou como metalúrgico como quase todo mundo lá; veio para a vida a passeio - e não em viagem de negócios. Cursou Educação Física na USP [Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo - FEF/USP], depois de um vestibular em Sociologia. Passou por várias universidades (São Caetano, Maranhão, Paraíba, Mossoró, Minas Gerais) e foi assessor da SEED-MEC. Atualmente é professor da Universidade Católica de Brasília, onde dirige o Laboratório de Informação e Multimídia em EFLIMEFE, é pesquisador associado da Escola do Futuro - USP, coordena o Centro Esportivo Virtual no NIB-Unicamp e é Coordenador de Projetos Especiais da ESEF de Muzambinho ESEF. Gostou de ter escrito a "Parábola da Aula Final", ter sido secretário da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SEC/MA e presidente do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte - CBCE. Fez doutorado na UNICAMP (a tese foi o CEV) , é membro do Conselho Federal de Educação Física e goleiro de futebol de salão do Antigamente Futebol Clube há 30 anos. Para saber mais, acesse http://www.cev.org.br/grcev/laercio; endereço eletrônico: laercio@nib.unicamp.br; laercio@ucb.br
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MARCÃO, como é conhecido MARCOS ANTONIO DA SILVA GONÇALVES - embora não tenha concluído seu curso de Educação Física, na EEF/USP, foi trazido pelo Laércio devido à sua experiência como administrador esportivo - função que exercia no SESI de Santo André, em São Paulo; atleta excepcional, era da mesma turma do Laércio, e teve importância muito grande na organização dos primeiros Jogos Escolares. Após um período em São Luís - cerca de cinco anos -, retornou para São Paulo, andou pela África, e atualmente, mora em São Luís, onde é vice-presidente e secretário da Federação de Desportos Escolares, recém-fundada
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BIGUÁ, como é conhecido EDIVALDO PEREIRA - foi um dos atletas trazidos para jogar Handebol pelo Maranhão; trabalhou como técnico, como professor de educação física, jogador de futebol de salão, de voleibol; jornalista ... casado com Tânia, atleta de voleibol, hoje, professora de Educação Física e Jornalista, mantêm uma coluna em jornal local, onde traçam as memórias do esporte maranhense
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VICHÉ, como é conhecido VICENTE CALDERONI NETO - outro atleta trazido à época para jogar pelo Maranhão. Trabalhou como técnico de Handebol e professor de educação física. Formou-se em Educação Física pela UFMA. Casado com Fátima Calderoni, sua ex-atleta, hoje, médica, uma das lendas do handebol feminino do Maranhão
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DOMINGOS FRAGA SALGADO foi um professor de Educação Física da UFMA; trabalhou no MEC, na África. Seu genro, Enzo Ferraz, médico ortopedista, atua em Medicina Esportiva, no Maranhão lx
Horácio
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DEMOSTHENES MONTOVANI foi professor de judô, da UFMA; aposentado
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NÁDIA COSTA foi professora da UFMA, mulher do Laércio Elias Pereira (hoje, estão separados); atualmente, mora na França, onde se dedica a criar cabras e a fabricar queijos, e trabalha com Biodança
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JORELZA MANTOVANI era casada com Demósthenes Mantovani, à época. Voltou para sua cidade natal, Ponta Grossa, no Paraná
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SIDNEY FORGHIERI ZIMBRES, professor de educação física na UFMA, hoje aposentado; foi um dos fundadores do Curso de Educação Física. Ver dados biográficos nos anexos, entrevista
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LINO CASTELLANI FILHO, doutor em educação física, hoje é professor da FEF/UNICAMP; sua tese de mestrado, em Educação PUC-SP - sobre a história da educação física, tornou-se um marco de referência para os estudos da educação física no Brasil. Lino era técnico em assuntos educacionais na UFMA, ligado ao Departamento de Assuntos Culturais, e dava aulas no curso de Educação Física. Quando saiu para o Mestrado, após a volta, foi impedido de dar aulas, o que ocasionou sua saída da UFMA, sendo contratado pela Unicamp. Ver dados biográficos nos anexos – Entrevistas
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JOSÉ CARLOS CONTI
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ZARTÚ GIGLIO CAVALCANTE, professor de Voleibol, Doutor
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PASCHOAL BERNARDO
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JÚLIO DO GÁS
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CARLOS ALBERTO PINHEIRO BARROS economista, dirigiu a Coordenação de Educação Física e Desportos, depois Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação, em substituição à Cláudio Vaz.
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Levy
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LISTER CARVALHO BRANCO LEÃO, professor de Educação Física do CEMA/TVE, do Município e da FUNDEL, onde coordena o setor de esportes; atuou por muitos anos no handebol, e ultimamente, vem atuando com o Futebol de Bairros, organizando os campeonatos da fundação do Município; foi coordenador de desportos da SEDEL
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ÁLVARO PERDIGÃO, ex-atleta de Handebol, passou a atuar como técnico, função que exerce até hoje, tanto no Estado como no Município e em diversas escolas particulares
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MANGUEIRÃO, como é conhecido JOSÉ HENRIQUE AZEVEDO, ex-atleta de Handebol, passou a atuar como técnico, função que exerce até hoje, tendo conquistado vários títulos, tanto nos JEM's, como técnico da seleção estadual
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Refere-se a Victor Matsudo, do Laboratório de Aptidão Fúisca de São Caetano do Sul
BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda você ? Paulino, fundador do 8 de Maio. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 8 de ª novembro de 2000, 2 feira, p. 4. Caderno de Esporte. lxxvii VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAUJO, Denise Martins; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Querido Professor Dimas, in LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES, http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 48 - Mayo de 2002 lxxviii Palmério César Maciel de Campos. Corregedor Regional Eleitoral do Maranhão no período de 30/03/1960 a 22/01/1961. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão nos períodos de 04/10/1950 a 01/10/1954 e 11/05/1960 a 30/01/1963. http://www.tremg.jus.br/imagens/fotos/tre-ma-galeria-de-corregedores-foto-02-palmerio-cesar-maciel-de-campos