REVISTA DO LÉO REVISTA (ELETRONICA) EDITADA POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536 EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER & LITERATURA
SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 7 – ABRIL DE 2018
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE REVISTA DO LEO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076
CAPA: Leopoldo Gil Dulcio Vaz conduzindo a Tocha Olímpica/Olimpíadas 2018, em São Luis-MA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino, Especialista em Lazer e Recreação, Mestre em Ciência da Informação. Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado; Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e de Pesquisa e Extensão); Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros publicados, e mais de 250 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Recebeu: Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM; Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; ALL em Revista, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, vol 1, a vol 4, 12 16 edições. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
EDITORIAL A “REVISTA DO LÉO”, eletrônica, é disponibilizada, através da plataforma ISSUU https://issuu.com/home/publisher. É uma revista dedicada às duas áreas de meu interesse, que se configuraram na escolha de minha profissão – a Educação Física, os Esportes e o Lazer, e na minha área de concentração de estudos atual, de resgate da memória; comecei a escrever/pesquisar sobre literatura, em especial a ludovicense, quando editor responsável pela revista da ALL, após ingresso naquela casa de cultura, como membro fundador. Estou resgatando minhas publicações disponibilizadas através do “Blog do Leopoldo Vaz” - por cerca de 10 anos esteve na plataforma do G1/Globo Esporte/Mirante, recentemente retirado do ar, quando da reestruturação daquela mídia de comunicação; perdeu-se o registro, haja vista que o arquivo foi indisponibilizado. Quase a totalidade do que ali foi publicado apareceu, também, no Centro Esportivo Virtual – CEV -, http://cev.org.br/ , https://www.facebook.com/cevnauta/: e nas Comunidades que administrava e/ou participava, em especial: - Educação Física no Maranhão, http://cev.org.br/comunidade/maranhao, https://www.facebook.com/search/top/?q=cev%20educa%C3%A7%C3%A3o%20f%C3%ADsica%20no%2 0maranh%C3%A3o - História dos Esportes, https://www.facebook.com/search/str/cev+hist%C3%B3ria+da+educa%C3%A7%C3%A3o+f%C3%ADsica +e+dos+esportes/keywords_search - Atletismo, https://www.facebook.com/groups/cevatletismo/ - Capoeira, https://www.facebook.com/groups/cevcapoeira/ e agora, no Facebook, https://www.facebook.com/groups/cevefma/. Do “Atlas do Esporte no Maranhão” colocarei os capítulos no atual estado-da-arte, e sempre que houver algum fato novo, a sua atualização: http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ No campo da Literatura Ludovicense/maranhense, permanece aberta às contribuições, em especial, a construção da “Antologia Ludovicense”. http://all.org.br/all_em_revista.html Esta, a proposta... Está totalmente aberta às contribuições... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
REVISTA DO LÉO NÚMEROS PUBLICADOS
VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 - MARÇO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL - MARÇO 2018 VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 -
SUMÁRIO EXPEDIENTE
2
EDITORIAL
3
SUMÁRIO
5 MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O ESPORTE, O LAZER E A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO OBJETO DE ESTUDO DA HISTÓRIA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ TRABALHO, TEMPO LIVRE E LAZER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ LÚDICO, JOGO E ESPORTE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A CORRIDA ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO COLONIAL
7 9 13 21 25 29 35 37 41
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “PERNAS PARA O AR QUE NINGUÉM É DE FERRO”: AS RECREAÇÕES NA SÃO LUÍS DO SÉCULO XIX RAIMUNDO NONATO IRINEU MESQUITA DOS FESTIVAIS AOS JEMs... UM SONHO CONCRETIZADO A MUITAS MÃOS! ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO
65
KARATÊ
67
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ LEONARDO DE ARRUDA DELGADO
49 63
71 NATAÇÃO
LEONARDO DE ARRUDA DELGADO NATAÇÃO EM BARRA DO CORDA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REMO
89 93
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SURF BODYBOARDING HÉLTON MOTA FERREIRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
99
103 SURF NA POROROCA ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ UMA HISTÓRIA DO FUTEBOL NO MARANHÃO – POR SEUS PROTAGONISTAS... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
111 113
SOBRE A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ( revisão)
127
NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE
133
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A “DESCOBERTA” DO MARANHÃO MHARIO LINCOLN OS DÉSPOTAS EM PELE DE CORDEIRO BRUNO TOMÉ NA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS – PH REVISTA 17/03/2018 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SAPO X ZULU – DEU ZULU JUCEY SANTANA NOVA DIRETORIA DA FALMA
135 167 168 170 172
MEMÓRIA DA EDUCAÇ]AO FÍSICA, ESPORTES E LAZER Artigos, crônicas, publicadas nas diversas mídias – jornais, revistas dedicadas, blogs – pelo Editor, resgatadas... Serão replicadas na ordem em que escritas e divulgadas.
MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO1
1. INTRODUÇÃO: A comunidade científica da área da Educação Física e dos Esportes tem vivido, nos últimos anos, uma crise paradigmática. A episteme tem sido motivo de reflexão na tentativa de estabelecer um referencial teórico que torne a "prática" mais "científica" e a conseqüente aceitação da Educação Física como Ciência. Tendo acumulado uma postura voltada para o esporte, fez deste um fim em si mesmo - e seu objetivo principal - esquecendo-se que o substantivo - educação - é mais importante que o adjetivo - física. Parecenos que a educação física precisa descobrir que pertence à cultura do homem. Alguns pensadores - como Manuel Sérgio, Silvino Santin, João Paulo Subirá Medina, João Batista Freire, Lino Castellani Filho, dentre outros, têm-se voltado para os aspectos histórico-culturais - têm "filosofado" sobre a questão do esporte, do jogo, enfim, da importância que o lúdico assume na prática da educação física. Não é fato novo, nem tende a se esgotar. O "corpo" começa a ser descoberto na sala de aula do professor de educação física. A educação só é possível se for de "corpo inteiro". É o que demonstra a recente produção acadêmica, voltada para os aspectos filosóficos, na busca de um referencial para a prática da sala de aula, procurando deixar de lado a concepção de "adestramento" que nossa profissão assumiu. Ainda "pensamos" sobre um modelo "importado" enquanto estudiosos de outros países (DIECKERT & MEHRINGER, 1989, 1989b, 1994) vêm buscar junto aos nossos índios respostas à questões básicas. Algumas dessas questões começam a ser respondidas em 1994, quando o Ministério da Educação e do Desporto - MEC - constituiu Grupo de Trabalho para elaborar a aproximação conceitual de Esporte e Cultura (MEE/INDESP, 1996), iniciando-se, no Brasil, uma discussão sobre “Desporto de Criação Nacional” (SANTIN, 1996; MAGALHÃES PINTO, 1996; Da COSTA, 1996; GUIMARÃES, 1996; SODRÉ, 1996; FERREIRA, 1996; PARAÍSO, 1996; VAZ, 1996a, 1996b). Com a identificação do problema conceitual, se fez necessário desenvolver a dissecação do título. No instante em que se separa a idéia “Esporte” de um lado e “Criação Nacional” de outro, percebe-se a possibilidade de um desdobramento fértil. Enquanto o “esporte” pode ser entendido como um jogo, uma brincadeira, uma dança, um ritual, etc. , o atributo de “criação nacional” por sua vez, pode ser entendido como de “Criação Cultural”, ou com “Identidade Cultural” (SANTIN, 1996). Ao levantarem-se questões sobre a perda dos valores culturais e da identidade cultural, verifica-se que somos um povo mesclado pelas mais diversas influências raciais, cujos traços são refletidos nas mais variadas formas de expressão artística: “Neste aspecto, é importante relembrar que os jesuítas foram os primeiros a transformar os hábitos culturais dos nossos índios, obrigando-os, pelo processo de catequese, a aprenderem os hinos e os sermões da Igreja Católica e, justamente com isso, os falsos preceitos de pecado e moral. “Assim como os índios, nossos irmãos escravos, vindos da África, sofrendo sob as garras da opressão dos senhores de engenho, tiveram de fazer seus cultos e brincadeiras às escondidas, sob a ameaça dos chicotes. Em suma, a cultura ibérica, através dos portugueses, infiltrou-se e aculturou-se na nossa realidade, clima e vegetação.
1
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
“Sobre a questão da perda dos valores culturais, é importante deixar claro que a nossa atitude passiva de receptores de outras culturas é histórico, pois até hoje guardamos o peso dessa herança advinda da colônia que parece ainda não ter passado...”. (SILVA, 1987, p. 20-21)
A perda da identidade cultural traz como conseqüência a minimização da criatividade popular, tornando, assim, a sociedade imitativa e caricaturista de valores culturais estrangeiros (SILVA, 1987). DIECKERT; KURZ & BRODTMANN (1985), consideram que no Brasil deve haver uma educação física brasileira e criticam o modelo internacional do esporte corporal do povo brasileiro, que possui a capoeira como uma das maiores riquezas, além de outros jogos, danças e ritmos. DIECKERT (1987) destaca ainda o quanto é importante que essas manifestações sejam resgatadas, para não se transformarem em peças de museu. Da mesma forma, Manuel Sérgio VIEIRA E CUNHA (1985), ao analisar um tipo de esporte baseado na cultura, enfatiza o significado dos jogos tradicionais das diversas formas de desporto popular e ainda das pequenas agremiações locais, que cedem lugar ao imperialismo do desporto-instituição, reprodutor e multiplicador das “taras do ter”. Para esse autor, a perda desses valores levou a sociedade a explorar o corpo dos cidadãos como se fossem objeto e não sujeito, imprimindo-lhe gestos e movimentos ginásticodesportivos padronizados, reduzindo o acesso às danças e aos jogos da lúdica popular e resultando na perda da ludicidade, que deve ser compreendida como o estado de espírito que dispõe o homem a ser alegre e brincar livremente. O primeiro grande impasse surge quando se pergunta o que se entende por esporte, lazer, e educação física, dada a abrangência dos termos ? Deve-se entender como esporte apenas as atividades lúdicas praticadas sob a orientação da ciência e da técnica ? Apesar do costume vigente de tratar o esporte, o jogo e o brinquedo como três categorias distintas de atividades, não restam dúvidas de que se pode unificá-las sob o manto da criação cultural, embora reflitam valores culturais diversificados (HUIZINGA, 1980; SILVA, 1987; SANTIN, 1996; DAMASCENO, 1997). Procurando esclarecer questões antropológicas e esportivas sobre a origem e o sentido da cultura corporal, do movimento e lúdica e as suas respectivas formas de expressão decidi-me a resgatar e a registrar as manifestações culturais de caráter recreativo e esportivo que se vinculem às nossas raízes etno-culturais. Estas questões aparecem quando, em curso de formação de Professores de Educação Física mantido pela então Escola Técnica Federal do Maranhão - hoje, Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão (CEFET-MA) -, dei-me conta de que os livros que tratam da história do esporte, lazer e da Educação Física do Brasil não fazem referências às atividades físicas, esportivas e de lazer praticadas pelos brasileiros, senão considerar algumas manifestações dos primitivos habitantes e de negros africanos para cá trazidos como tal (MARINHO, (s.d.), 197[?], 1980, 1981, 1984; JORDÃO RAMOS, 1974; GEBARA, 1996). E o que se falar, então, dessas atividades no Maranhão ? Assim, em 1991, em trabalho de pesquisa, resgato a primeira competição de atletismo realizada em São Luís no ano 1907. Em 1992, apresento, durante um Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, outro trabalho de pesquisa, intitulado “Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial” (VAZ, 1992; 1993; 1995a; 1995b; 1996a). Em 1994 retomo os trabalhos que havia interrompido por conta do mestrado, aparecendo, em 1995 , “Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX” - tendo como co-autora a Profa. Delzuite Vaz -, pesquisa ganhadora do Prêmio Antônio Lopes de Pesquisa Histórica, do XX Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, (VAZ & VAZ, 1995a; 1995b; 1995c; 1997). Ainda desse ano, apresento a primeira versão da “Corrida entre os índios Canelas” (VAZ, 1989, 1995c, 1996b), embora desde 1989 estivesse investigando o tema, provocado pelos trabalhos de DICKERT & MEHRINGER (1989, 1989b, 1994). Assumir a história como condutora da reflexão é antes de mais nada tomar partido, é assumir as questões do esporte, do lazer e da educação física como compromisso social e, nesse sentido, “a compreensão da realidade é fundamental para sua transformação” (NUNES, 1996, p. 19). Para esse autor, os quase quinhentos anos de existência da sociedade brasileira não foram suficientes para criar uma consciência do passado, se comparada à outras sociedades, particularmente à européia ocidental. A contribuição que a
história pode trazer para a explicação da realidade em que vivemos “faz com que o historiador parta do presente para o passado, sabendo-se situado no futuro do passado que estuda” (NUNES, 1996, p. 19). Considerar a importância da história para o educador, qualquer que seja sua área de atuação, é contribuir para que ele se mova no mundo de hoje com uma larga consciência de sua significação como sujeito histórico. Nesse sentido, Anísio Teixeira já afirmava: “A Pedagogia é toda a cultura humana ou não é nada” (NUNES, 1996). No entanto, construir esta perspectiva é fruto de um árduo e contínuo trabalho na direção de superar os constrangimentos da nossa formação e das nossas circunstâncias, de forjar uma nova erudição na prática da produção do conhecimento histórico: “... Afirmar-se como educador construindo sua identidade pela pesquisa histórica é, antes de mais nada, partilhar a concepção de que somos historiadores pela prática e pelo projeto intelectual. (...) ela (afirmação) requer, para além da intenção, a ação concreta, o que significa abraçar as lutas da história no campo institucional, no campo da teoria, na identificação de acervos, na preservação e uso social de fontes documentais, na democratização do conhecimento. Implica, sobretudo, uma nova forma de contato com a experiência vivida, com o intuito de adensá-la, de tornar clara a ligação entre a história que o historiador faz e aquela que o produz”. (NUNES, 1996, p. 19-20).
Paul Vayne, discorrendo sobre a historiografia, afirma que: “... a história tem uma crítica, mas não tem método, pois não há método para compreender. Qualquer um pode, portanto, improvisar-se historiador ou antes poderia, se, à falta de métodos, a história não pressupusesse que se tenha uma cultura ... Mas é uma cultura, não um saber; consistem em dispor duma lógica, em poder por-se cada vez mais questões sobre o homem, mas não em saber responder-lhes”. (citado por VEIGA, 1996, p. 50-51).
Ao se discutir questões relacionadas à diferentes metodologias empregadas na escrita da história da educação física e dos esportes, percebe-se que, embora existam tentativas de superação das formas tradicionais da escrita da história, esta ainda permanece ligada à escola positivista, baseada nas histórias dos grandes homens, estadistas, generais ou ocasionalmente eclesiásticos (PILATTI, 1996; CERRI, 1977). O paradigma tradicional diz respeito essencialmente à política, na valorização dos acontecimentos, dos fatos, dos vencedores, das pessoas que fizeram isso ou aquilo. Para se fazer história a partir desta concepção basta juntar um número suficiente de fatos bem documentados, dos quais nasce espontaneamente a ciência da história. A reflexão teórica, em particular a filosófica, é inútil e até prejudicial, porque introduz na ciência positiva um elemento de especulação. A história passou a ser vista como reconstrução do acontecido (PILATTI, 1996; CERRI, 1997). Diversos autores (PILATTI, 1996; CARDOSO e BRIGNOLI, 1983; CARDOSO e VAINFAS, 1997) consideram a história como o produto da reconstrução, da busca de provas de comprovação, da apresentação e verificação de hipóteses. Ao se referir ao lugar que a teoria ocupa na investigação histórica, PILATTI (1996) serve-se de Ribeiro para analisar se a História da Educação Física no Brasil possui objeto e método próprios: “... há pelo menos três enfoques: um, mais antigo, situado na História política de afirmação tradicionalista; outro, localizado na Pedagogia, mais especificamente na pedagogia histórico-crítica; e, finalmente, um que terceiro se encontra na insatisfação com as respostas dadas pelos dois primeiros, mas que ainda não definiu seu referencial teórico”(PILATTI, 1996, p. 85).
No momento atual da produção historiográfica sobre o esporte e a educação física, o Esporte encontra uma maior abertura na História que a Educação Física (PILATTI, 1996; MELO, 1995, 1997, 1997b; GENOVEZ, 1998): “Não por ser considerada a última [educação física] menos importante, senão por ser entendida como um campo específico de conhecimento, talvez mais técnico. Sem dúvidas, é inegável que seu estudo, também, apresenta questões pertinentes” (GENOVEZ, 1998).
A educação física e os esportes são objetos diferenciados que demandam caminhos metodológicos e preocupações teóricas diferenciadas, daí considerar-se o esporte como objeto da Histórica separado da educação física (MELO, 1995, 1997, 1997b; GENOVEZ, 1998). AISENSTEIN (1996) firma que “... conhecer a história da Educação Física e desenvolver com esses dados a consciência histórica dos professores de E.F. (como competência que se apoia nas operações mentais: perceber, interpretar e orientar) pode colaborar na análise e compreensão de nosso habitus profissional (como sentido prático que dirige nossas ações). A investigação em História e a circulação da informação histórica pode ser parte do processo de construção e desenvolvimento da consciência histórica dos professores de E.F. como perspectiva para interpretar a conjuntura e o estrutural na E.F. escolar de hoje”. (AISENSTEIN, 1996).
O objetivo deste estudo é o de, articulando-se o trabalho de investigação e o trabalho de resgate, (a) recuperar e organizar fontes literárias e documentais, procurando reagrupá-las, tornando-as pertinentes, para constituírem um conjunto através do qual a memória coletiva passe a ser valorizada, instituindo-se em patrimônio cultural; e (b) resgatar e registrar as manifestações culturais de caráter recreativo e esportivo que se vinculem às raízes etno-culturais do Maranhão, nos períodos da Colônia e do Império, através da leitura de cronistas de época (fontes primárias) e de historiadores (fontes secundárias). A preocupação está voltada em (c) buscar resolução de problemas teórico-metodológicos, em consonância com o momento historiográfico geral.
2. O ESPORTE, O LAZER E A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO OBJETO DE ESTUDO DA HISTÓRIA2 AISENSTEIN (1996), ao perguntar-se para que serve a história, responde que pode servir aos fins da autolegitimação, apresentando como exemplo paradigmático dessa afirmação a operação de glorificação do movimento independista realizado pelos historiadores após a fundação dos estados nacionais latinoamericanos. Serve-se de Hobsbawn (1988) para afirmar que as tradições se inventam, como parte da referência desta construção de relatos que vão inculcar valores e normas de ação, formar os mitos da nacionalidade ou o ponto de partida e referência na narração da história. “De fato, quando é possível, estas práticas intentam normalmente estabelecer uma continuidade com o passado histórico conveniente” (HOBSBAWN, 1988, p. 3). Da mesma forma, utiliza-se de Riekemberg (1991) para assinalar que a utilização da história tem sido uma operação recorrente na América Latina. Para essa autora, a historia serve também para reconstruir a gênese de um objeto cultural (aquele que estamos tentando conhecer, ou a atividade em que nos desempenhamos), com o objetivo de compreende-lo em seu contexto macro de produção, a partir das variáveis que confluíram na sua construção, dos atores que intervieram, do tipo de práticas que realizaram, etc. Para BORDIEU, a história do esporte é uma história relativamente autônoma que mesmo estando articulado com os grandes acontecimentos da história econômica e política, tem seu próprio tempo, suas próprias leis e evoluções, suas próprias crises, em suma, sua cronologia específica (citado por MEZZADRI, 1994, p. 8). Ao se analisar o momento atual da historiografia brasileira sobre a educação física e o esporte, alguns autores (VERENGUER, 1994; CAVALCANTI, 1994; GEBARA, 1994, 1998; MELO, 1995, 1996, 1997, 1997b; GENOVEZ, 1998) consideram esse último como objeto de estudos da história, separado da educação física, pois compreendem que a educação física e o esporte são objetos diferenciados que vão demandar caminhos metodológicos e preocupações teóricas diferenciadas. Para VERENGUER (1994), qualquer tentativa de reconstruir os caminhos pelas quais passou a Educação Física no Brasil se reveste de dificuldades, dada a amplitude do termo. Estudar e analisar a História da Educação Física no Brasil é tarefa que requer cuidados especiais visto que, sob a denominação Educação Física encontram-se um grande leque de atividades motoras com objetivos e/ou funções bem variadas, pois é possível o termo designando atividades motoras do cotidiano. “Confundir estas atividades com a Educação Física ou com práticas esportivas é comum entre os leigos” (p. 204). Com o que concorda CAVALCANTI (1994) quando afirma que a História da Educação Física no Brasil confunde-se com a história das atividades físicas e esportivas. Entende que a questão da definição do objeto de estudo é fundamental para a definição da história, pois o que se constata é uma pluralidade de histórias. Assim, a soma dessas histórias (História das Atividades Físicas, História dos Esportes, História da Dança, etc.) é o que se convencionou chamar-se de História da Educação Física. Inspirado em SAVIANI (1994), o autor afirma que a produção do conhecimento historiográfico (historiografia) da Educação Física brasileira é quase sempre marcada pela não clareza do seu objeto de estudo e, “...de uma História que venha contemplar em sua unidade e a totalidade as questões relativas a um determinado objeto de estudo” (CAVALCANTI, 1994, p. 62). Ao analisar a historiografia da Educação Física no Brasil, constata que: “ ... em períodos anteriores à década de 80, revelam trabalhos (...) que se caracterizaram pela forma hegemônica e acrítica , os quais limitavam-se aos relatos dos fatos passados, destacando os grandes fatos, marcos cronológicos e/ou vultos políticos. Nesse sentido a História caracterizava-se como uma história factual.
2
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
“A História da Educação Física no Brasil, até então, desenvolveu-se tendo como referência a política, na qual os fatos políticos irão marcar o perfil predominante dos trabalhos produzidos nessa época.“ (p. 60-61).
A História da Educação Física no Brasil esta estruturada em função da periodização dos grandes acontecimentos políticos de cada época. Dentre os autores (historiadores) da Educação Física desse período, destaca-se a figura de Inezil Pena MARINHO (s.d., 197[?], 1979, 1980, 1981, 1984), que emprega a seguinte periodização: Brasil Colônia (1500-1822), Brasil Império (1822-1889), Brasil República (18991979). GEBARA (1992), tratando da periodização na história da Educação Física/Ciências do Esporte no Brasil, considera que o recurso à periodização induz a um duplo equívoco, com os acontecimentos políticos que delimitam tanto a Colônia quanto o Império não tem qualquer relação com a delimitação do objeto em análise – Educação Física. Por outro lado, e mais grave – considera esse autor -, a Educação Física passa a ser vista a partir de relações exteriores a ela mesma, pois “tal postura induz a uma postura metodológica bastante limitada e limitadora, e o objeto se descaracteriza, perdendo sua especificidade própria.” (p. 32). Esse autor periodiza a Educação Física em função do Esporte, instaurando duas balizas temporais (PILLATI, 1995), ao sugerir que a gênese da Educação Física no Brasil corresponde ao início do século XX, com a introdução dos esportes modernos. A outra, ao indicar que esse processo de escolarização da Educação Física no Brasil, “processo que, de forma bastante marcante, acabou por configurá-la no País, perduraria até os anos 60, quando um conjunto de fatos indicaria a configuração de um novo patamar no desenvolvimento histórico da Educação Física” (GEBARA, 1992, p. 22). Com o que concorda PILLATI (1994, 1995), quando afirma que os marcos divisórios utilizados para delimitar períodos são externos à própria Educação Física/Ciências do Esporte, o que acaba por determinar diversas periodizações distintas, pois a adequada periodização se dá em função da pertinência do objeto de estudo à área. Assim, os marcos divisórios devem ser da Educação Física/Ciências do Esporte. Destaca a proposta de GEBARA (1992), onde é encontrada uma periodização (implícita) com o objeto pertinente à área, evitando-se o reducionismo da idéia de Educação Física à Educação Física Escolar, visível quando o objeto é deslocado para a área da educação. PILLATI (1994, 1995) ensina que existem periodizações explícitas e implícitas. Normalmente quando a periodização é explicitada pelo autor, a discussão considera um longo período cronológico. Já na periodização implícita duas formas distintas são possíveis, uma onde o estudo abrange uma determinada faixa temporal e outra onde a distribuição interna da matéria proporciona a periodização. O ensino da História da Educação Física e dos Esportes, nos cursos de Educação Física, se limitam à apresentação dos chamados “conteúdos clássicos”, aparecendo uma série de nomes e fatos considerados como relevantes, enclausurados no interior de períodos consagrados tradicionalmente e importados da História Geral (Grécia antiga, Roma, Idade Média, ...), “ a partir de uma ausente, confusa e não consciente compreensão historiográfica” (MELO, 1997b). Nos Estados Unidos, o estudo da História da Educação Física e do Esporte se encontra bastante avançado, mas os professores de Educação Física que desempenham a docência de disciplinas vinculadas à esta sub-área de estudo “não demonstram ter conhecimentos metodológicos adequados” (PARK, 1992, citado por MELO, 1997b). Tanto CAVALCANTI (1994) quanto PILLATI (1995), chamam-nos a atenção para um período que parece estar se tornando um marco histórico na Educação Física brasileira, considerando-se aquilo que alguns autores (OLIVEIRA, 1983, 1984, 1985; GHIRALDELLI JUNIOR, 1990, 1991; BRACHT, 1992, 1992b, 1995; GOELLNER, 1992; TAFFAREL e ESCOBAR 1994) denominam “salto qualitativo” ocorrido nessa área do conhecimento. A partir da década de 80 firma-se na Educação Física uma corrente influenciada pela discussão que era levada a efeito no âmbito mais geral da pedagogia no Brasil. Começa a refletir o papel social da Educação Física, contextualizando-a no sistema educacional. Essa transformação qualitativa ocorre não somente em relação à prática, mas também quanto aos pressupostos teóricos, dialéticamente produzidos e responsáveis pela superação dessa mesma prática. Assim, GUIRALDELLI JUNIOR (1991), com sua proposta de aprofundar as discussões que estavam ocorrendo nessa área do conhecimento, ao apresentar uma classificação das tendências e correntes da Educação Física brasileira, recorreu à seguinte periodização: Educação Física Higienista (até 1930);
Educação Física Militarista (1930-1945); Educação Física Pedagogicista (1945-1964); Educação Física Competitiva (pós-64) e, finalmente, Educação Física Popular. Ao discutir o problema da periodização da história da Educação Física/Ciências do Esporte brasileira, PILLATI (1994, 1995) afirma que nos trabalhos de investigação da história ou de teor histórico, as questões são normalmente tratadas a partir de divisões do todo específico em diferentes sucessões temporais, ou seja, todo processo histórico é periodizado. Periodizar tem por objetivo descobrir a estrutura interna de uma determinada época histórica, ou seja, dar significado à passagem do tempo, identificando e ordenando seqüências cronológicas (Almeida, 1988, citado por Pillati, 1994, p. 391-392). O grande problema, para não se falsificar a matéria histórica, é especificar onde deverão ser feitos esses cortes. Apresenta, então, dois princípios de periodização, um mais geral, o diacrônico produzido ao longo do tempo, o qual reúne num só conjunto todas as totalidades concretas da produção, cada uma com seus momentos e desenvolvimentos, e outro, mais específico, o sincrônico onde o momento presente é privilegiado de forma a objetivar a situação atual: “No princípio diacrônico a realidade é percebida como totalidade presente, constituindo um universo de significados, colocado e mais ou menos estático. “Neste princípio (sincrônico) o fenômenos são estudados/trabalhados sobre um pano de fundo fixo ou entendidos como um ambiente externo. (Notas de pé de página, Pillati, 1994, p. 392,393)
É nas questões mais gerais que o princípio da periodização deve ser buscado, e no que se refere ao ensino de história tradicionalmente ministrado em nossas escolas, essa divisão se apresenta como História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, correspondente às Idades Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, encontrando-se também divisões por especialidades – História Social, por exemplo. No que se refere à história da educação brasileira, foram localizadas duas tendências: “...sendo uma em que o objeto em exame determina a periodização e, portanto, a postulação de diferentes marcos históricos; e outra em que, independentemente do objeto e da ótica a partir da qual ele é tomado, as periodizações são dadas pelos marcos consagrados na chamada referência “política” – Colônia, Império, Primeira República, Período de Vargas, República Populista e o Pós-64”. (WARDE, 1984, citada por PILLATI, 1994, p. 394)
Na construção do conhecimento histórico da Educação brasileira, os trabalhos aparecidos a partir dos anos 80 se destacam pela problematização de questões relativas à Educação Física, “... contextualizando os diversos momentos da sua história e, em cada um desses momentos a Educação Física parece ter cumprido um determinado papel na Educação e na Sociedade brasileira” (CAVALCANTI, 1994, p. 69). Esse autor crê que, só será possível a concretização de uma História da Educação Física brasileira com a vinculação da Educação Física à educação: “... ao se escrever uma História (unificada) da Educação Física brasileira em seu conjunto, isto é, como totalidade, cremos vir a ser necessário a explicitação da concepção de Homem e de Educação e, ter em conta, o caráter concreto do conhecimento histórico-educacional que se configura em um movimento que parte do todo caótico (síncrese) e atinge, através da abstração (análise), o todo concreto (síntese). “Se a Educação Física, até hoje, não respondeu efetivamente acerca do seu papel no Quadro da educação, provavelmente, deve-se ao fato de ter tentado fazê-lo equivocadamente. O que queremos dizer é que, ao se tentar escrever a História da Educação Física, Quase sempre, acaba-se por escrever a História do Esporte na Escola, isto é, acaba-se privilegiando a questão do esporte em detrimento à questão da educação.” (CAVALCANTI, 1994, p. 70).
A questão que irá responder ao questionamento central destes trabalhos, sem dúvidas encontra-se na resposta à pergunta: qual o objeto de estudo da Educação Física brasileira ?
Ou, neste trabalho, qual o objeto de estudo da História da Educação Física brasileira ? GENOVEZ (1998) pergunta por que o esporte, como objeto da História, não tem conquistado o espaço que lhe corresponde nem mesmo em simpósios de historiadores, já que tem sido estudado por renomados pesquisadores de nível internacional - como MORGAN, ROGEK, HOBSBAWM, e o sociólogo DUNNING. Para explicar tal ostracismo, volta ao início do século, quando a historiografia brasileira se desenvolvia com bases rankianas. Orientada para as abordagens clássicas (década de 30) e influenciadas por abordagens acadêmicas e sociológicas (década de 60), com trabalhos orientados para o negro e a escravidão e, nos últimos anos, para a História social da família, do trabalho, do Brasil colonial e da escravidão e, durante a década de 70, voltaram-se para o “movimento operário” e a “revolução”, além das pesquisas de temas sócio-econômicos, matéria que despertava enorme interesse naquele momento. Neste contexto, “ ... os poucos trabalhos com uma perspectiva histórica do esporte nasciam envoltos, em primeiro lugar, por influência da História tradicional, positivista e, em segundo lugar, por ser considerado assunto secundário em meio a temas como revolução, classe trabalhadora, marxismo e tantos outros”.(GENOVEZ, 1998)
Para MELO (1994; 1995; 1996, 1997, 1997b), os estudos da história da educação física e dos esportes se divide em três fases: na primeira, predominam os livros importados orientados para os aspectos históricos da ginástica; na segunda, ainda que apresentado semelhanças com a fase anterior, já aparece certos desenvolvimentos com o uso documental; na terceira, ainda que busquem ressaltar os aspectos ideológicos da educação física, se apresentam metodologicamente confusos em relação à História. As obras relacionadas com estas três fases apontam para uma bibliografia na qual poucos são os autores que possuem uma formação em História. Pelas dificuldades inerentes à historiografia brasileira e, principalmente, pela afinidade desta com a sociologia, é que se pode compreender o menosprezo da História com o esporte. GENOVEZ (1998) serve-se de DUNNING (1985, p. 17) para afirmar que a percepção da tendência que orienta o pensamento reducionista e dualista ocidental, o esporte é entendido como coisa vulgar, uma atividade de lazer orientado para o prazer, que compreende ao corpo mais que à mente, e sem valor econômico. Como conseqüência disto, o esporte não é considerado como um fenômeno que se vincule com problemas sociológicos de significado equivalente aos que habitualmente estão associados com os temas “sérios” da vida econômica e política: “Sem valor econômico e considerado vulgar, os historiadores, tal como os sociólogos, insistem em perceber o esporte como um objeto de estudo incapaz de mostrar as mais tênues representações das relações sociais que, fora da lógica esportiva, parecem excludentes, como a competição e a cooperação ou o conflito e a solidariedade. É justamente, por abrir esta possibilidade de análise que podemos pensar o esporte como um objeto da História social ou da História cultural.”( GENOVEZ, 1998)
Ainda segundo essa autora, HOBSBAWN (1988, p. 245) nos abre para que se estude o esporte como um instrumento, como tantos outros, utilizado para inculcar valores e normas de comportamento através da repetição: “... Desta maneira, o esporte pode ser um indício, um indicador, das relações humanas e das ações que as legitima, podendo, em alguns casos, colocar-se como suporte da coesão grupal”. Pergunta, então: “Porém, em que podem concretamente contribuir a História social e a História cultural ? Por que o esporte seria, por excelência, o objeto destas duas áreas da história ? Mais que respostas acabadas, o que intentaremos situar são os elementos para futuras discussões. Exatamente, por ser um objeto todavia recente para a História, muitos debates serão necessários para esclarecer cada vez mais as possibilidades metodológicas.” (GENOVEZ, 1998)
Serve-se de FEBVRE (1989), para expor algumas dessas possibilidades metodológicas, referindo-se à História social entendida pelos Annales - nascida para contrapor-se à História factual, centrada em heróis e batalhas – priorizava os fenômenos coletivos e as tendências a longo prazo. A partir da década de 60, a História social se apresentou mais próxima da antropologia, privilegiando as abordagens socioculturais sobre os enfoques socioeconômicos. Além da questão social e de conduta, há também outro aspecto que é o simbólico. Segundo a autora, uma área de investigação pouco explorada pela História cultural, preocupada com a sexualidade e a moralidade cotidiana do período colonial do século XIX, ou também com a mentalidade e a cultura escrava. Sem dúvida, o interesse pelo informal, como festas, crenças, etc., abre para o historiador espaços para o estudo do lazer ou do esporte. Gestos, cores, emblemas ou artifícios que rodeiam as práticas esportivas podem ser objetos de estudo da História cultural. O movimento dos Annales, segundo SILVA (1995), é caracterizado pela substituição da História-narração pela História-problema; pelo entendimento de que a História é uma ciência em construção, que não é apenas política; e que a história não se constrói sozinha e, por isso, necessita de intercâmbios e debates com outras ciências sociais. Com essa nova concepção, há uma ampliação dos limites da História; da noção de fontes; há uma construção da temporalidades múltiplas e a relação passado-presente torna-se mais estreita, reafirmando as responsabilidades do historiador. MELO (1997, 1997b), discute se haveria diferenças significativas entre Educação Física e Esporte para que suas histórias sejam estudadas separadamente. Ou ambos objetos deveriam ser estudados em uma única abordagem ? Coloca que tais discussões não foram precedidas entre os estudiosos brasileiros, que invariavelmente preferem utilizar o termo História da Educação Física e do Esporte. Internacionalmente, porém, tem sido uma questão que merece uma atenção especial. PARK (1992) trabalha com o termo História do Esporte, considerando as práticas esportivas, incluindo a educação física e outras manifestações da cultura corporal. Em principio considera “História do Esporte” uma categoria/expressão que inclui, como mínimo, lutas atléticas, atividades de recreação, e Educação Física (p. 96). Na Grã-Bretanha, a discussão parece orientar-se num sentido diferente, com os historiadores britânicos, em sua grande maioria criticado a ausência de um maior rigor na definição de que pode ou não ser considerado como esporte. Melo situa-se com esta última postura, compreendendo que Educação Física e Esporte são objetos diversos que vão requerer caminhos metodológicos e preocupações teóricas diferenciadas; seus compromissos e sua construção têm sentidos distintos. Ao analisar os estudos da educação física brasileira (MELO, 1994, 1995, 1997, 1997b), os situa em três momentos distintos: uma primeira fase, marcada pelo caráter embrionário do desenvolvimento dos estudos; a segunda, marcada pelo início de uma produção e uma preocupação maior nos estudos históricos tanto nos aspectos qualitativos como nos quantitativos; e a terceira, marcada pela busca do redimensionamento das características dos estudos históricos: “... Independentemente das diferenças entre os trabalhos em suas respetivas fase, o compromisso de todos os investigadores que abordaram a História da Educação Física esteve vinculado à necessidade de entender diretamente a Educação Física e/ou justificar algumas questões e modificações. No que se refere à História dos Esportes, desde o século passado e no início deste século podemos identificar estudos, normalmente desenvolvidos fora dos circuitos acadêmicos tradicionais. Tais estudos foram repetidamente escritos por antigos praticantes e/ou apaixonados por determinados esportes, muitas vezes jornalistas especializados que acompanhavam o desenvolvimento dessas modalidades ... Na obra dos autores vinculados à História da Educação Física, principalmente aos da Segunda fase, os aspectos históricos dos esportes já se diferenciavam dos ligados à educação física...”. (MELO, 1997b, p. 6).
Um reflexo da confusão conceitual no que se refere ao estudo da História dos dois objetos, é que no Brasil a História do Esporte não tem tido um espaço tão significativo, como na Inglaterra, onde estes estudos têm uma preocupação diferente dos estudos de História da Educação Física. Sua preocupação básica não é, nem foi, entender o esporte em si, mas simplesmente recompilar informações sobre os esportes. “Hoje é, fundamentalmente, utilizar o esporte como objeto relevante para entender a sociedade” (MELO, 1997b). MELO (1995), ao resgatar e proceder uma análise da história dos estudos históricos na Educação Física Brasileira, divide esses estudos em três fases:
(1) primeira fase, a que chama de embrionária, baseia-se na utilização de livros importados e marcados por um caráter documental-factual desprovido de análise crítica mais desveladora da realidade. Esta fase vai até o final dos anos 30; (2) segunda fase, marcada por uma produção mais efetiva com os estudos históricos, tendo no professor Inezil Penna Marinho seu maior expoente, dominando a área dos anos 40 até meados dos anos 80. Os autores dessa fase continuam a se limitar ao levantamento de dados e fato; (3) terceira fase, iniciada na década de 80, onde estudiosos retomam uma produção mais efetiva e impregnados pelo marxismo ou de forma mais críticas de interpretação passam a proceder reestudo e a interpretação da História da Educação Física brasileira a partir da emergência atual dos fatos e de uma concepção crítico-dialética. (MELO, 1995). Já FERREIRA NETO (1996), divide a história da pesquisa na História da Educação Física do Brasil em dois momentos: de 1930 a 1980 e de 1980 até hoje e identifica três concepções de história que lhe serve de orientação: (1) História Episódica, que marca o primeiro momento (1930 a 1980), que privilegia os seguintes pontes de interesse: a política, a narrativa dos acontecimentos, a “visão de cima”; é escrita conforme um modelo explicativo linear e pretende ser objetiva (p. 95); (2) Concepção Marxista da História - que marca o segundo momento (1980 até hoje) e convive não pacificamente com a Nova História -. Essa concepção - caracterizada por Ferreira Neto a partir de Sierra Bravo -, possui enfoque totalizador do objeto de investigação, não separando seus elementos; estudo de objeto de pesquisa em suas formas mais acabadas e aspectos dominantes, começando pelo seu elemento mais simples; não se detêm nas aparências sensíveis, mas busca as essências subjacentes; enfoca a realidade em sua gênese e movimento histórico; busca conhecer e compreender a realidade como práxis; observar a unidade entre teoria e prática e considera as idéias como expressão das relações sociais e estas como expressão do modo de produção e das forças produtivas (p. 95); (3) História Nova: se interessa por toda atividade humana (tudo tem história); analisa as estruturas; oferece uma “visão de baixo”; amplia as possibilidades de uso de fontes, inclusive orais e visuais, na recuperação da história; o modelo explicativo admite mediações multidirecionais na explicação do objeto e considera irreal a objetividade absoluta (p. 95-96). FREITAS JÚNIOR (1995), ao proceder a analise dos trabalhos apresentados no I Encontro de História da Educação Física e dos Esportes (1994), constata que a partir da década de 70 a Educação Física passa a ser refletida com mais cuidado, havendo um crescente interesse pelos estudos históricos. Dividindo os grupos de trabalhos apresentados e utilizando de um mecanismo denominado técnica de estatística de agrupamento, encontrando três modelos teóricos, de acordo com a bibliografia central desses trabalhos:
Primeiro modelo: composto por trabalhos clássicos, onde acredita-se que o desenvolvimento da história é um processo evolutivo, que parte de uma simplicidade eriginária (sic) e vai pouco a pouco se complicando: “Buscando na construção mecanicista da teoria do Reflexo, associado ao pensamento positivista que pressupõe uma relação cognitiva, onde não existe nenhuma interdependência entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Nesta concepção denominada résgatae o objetivo do conhecimento atua sobre o aparelho perceptivo do sujeito que é um agente passivo, contemplativo e receptivo; o produto deste processo é o conhecimento, cuja gênese está em relação com a ação mecânica sobre o sujeito, que descreve o objeto”. (FREITAS JÚNIOR, 1995, p. 355)
Para o autor, esse modelo é clássico, e estão aí inseridos Inezil Penna Marinho, Jair Jordão e A. R. Accioly, que até a década de 60 foram as principais fontes geradoras da produção bibliográfica brasileira no âmbito da Educação Física.
O segundo modelo é composto por trabalhos atuais de características sócio-econômicas, onde o conhecimento e o comprometimento do historiador estão sempre condicionados socialmente, neste modelo teórica história passa a existir enquanto produto da atividade do historiador (sujeito) que conhece, sobre o passado (objeto do conhecimento). “A história Rerum-gestarum que é escrita por este modelo, tem na busca de um molde ideal(izado), que pode estar no passado, o seu eixo norteador. Ao escrever esta história devemos adequá-la aos novos tempos, o que de certa forma poderá possibilitar algumas transformações necessárias e pertinentes para a Educação Física atual”. (FREITAS JÚNIOR, 1995, p. 355-356)
Os autores que se servem desse modelo foram buscar na educação suporte para os seus trabalhos, onde o referencial passou a ser e evolução das idéias pedagógicas no Brasil. Destacam-se Lino Castellani Filho e Paulo Ghiraldelli Júnior.
O terceiro modelo é caracterizado pela ênfase dada ao corpo, através da interpretação ativista da teoria do reflexo, onde neste modelo não há preponderância de um dos elementos da relação cognitiva, como no primeiro modelo que é objeto e no segundo o sujeito.
BRUHNS (1991), ao apresentar suas “reflexões sobre o conhecimento do lazer”, afirma que esse conhecimento só pode ser entendido como um processo de relação cognitiva entre sujeito e objeto, a qual pode se efetuar dentro de modelos, nos quais o sujeito pode ser considerado ativo ou passivo, individual ou social, e o objeto, real e concreto ou idealizado. Os estudos sobre a dicotomia lazer/trabalho aparecem com o advento da sociedade industrial, com alguns autores voltando-se de maneira intensa ao estudo do fenômeno lazer, por seu destaque na nova ordem das coisas. Ao analisar os estudos sobre o lazer na sociedade brasileira, afirma existir uma separação de 50 anos entre estes estudos e os estudos efetivados principalmente em Europa, no pós-guerra. Se nos países desenvolvidos, o fato histórico marcante articulador foi o processo de industrialização, no Brasil este marco parece ter sido estabelecido pelo processo de urbanização, efetivada a partir da década de 70, quando houve uma inversão a favor da população urbana. Identifica, nos estudos brasileiros sobre o lazer, quatro vertentes: (1) “romântica”, onde o lazer apresenta-se como o espaço sem conflitos, numa certa “paz social”, propondo o encontro com a felicidade imaginada; aqui incluem-se os estudos voltados para o resgate do tradicional, carregadas de nostalgia pelo passado e denomina-os de “folcloristas”, pois constituem-se de estudo descritivos, estáticos e mecânicos (o conhecimento evidencia-se como um reflexo). Na tentativa de descobrir jogos, festas, danças, realizam um “levantamento”, certos de intenção de preservação da “autenticidade”. Não interpretam nem explicam esses fenômenos sociais, os quais devem ser explicados em relação aos processos de transformação social; (2) “moralista”, notada sobretudo no que diz respeito aos esportes na afirmação de sua adequação para a juventude, pois apropriam-se de um espaço, o qual poderia ser preenchido por perversões sexuais, drogas, roubos e outros; (3) “compensatória”, pois o lazer compensaria o trabalho alienante e insatisfação advinda, como se trabalho e lazer fosse dois fatores separados da existência e a alienação em um deles não tivesse nenhuma relação com a alienação no outro; (4) “utilitarista”, indicando o tempo disponível como recuperação da força de trabalho ou tempo útil para incrementar o consumo supérfluo e a indústria de bens voltados para tal produção. Em suas “considerações para a história do lazer no Brasil”, GEBARA (1997) afirma que as civilizações antigas não tinham um nome para o lazer no sentido que o entendemos hoje, sendo que o jogo e o brinquedo se constituem em fatos tão ou mais antigos do que o homem, baseado em uma afirmação de Huizinga de que
“o jogo é fato mais antigo que a cultura”, pois os animais brincam antes mesmo de os homens os ensinarem a tanto. Identifica, segundo Gilles Provost, duas vertentes que explicam a gênese e a formação do lazer moderno: a primeira, e a mais conhecida, consiste em buscar no passado os fatores históricos, sociais econômicos, entre outros que produziram, de alguma maneira, o lazer nas diferentes sociedades; a segunda tendência a retratar a formação do lazer busca verificar o momento histórico, particularmente no ocidente, em que uma concepção ideológica estruturada se manifestou com relação ao lazer. Tal fenômeno se articularia então a três movimentos históricos: 1. à ideologia do lazer racional na Inglaterra a partir de meados do século passado; 2. ao pensamento social americano do início deste século; 3. às concepções do movimento trabalhista, tendo em vista a redução da jornada de trabalho ocorrida entre o final do século passado e meados deste século: “Do brinquedo, do jogo ao lazer moderno um longo processo ocorreu. Para melhor entendê-lo, torna-se necessário compreender as formas pelas Quais os homens viveram seus múltiplos tempos, em especial o tempo de trabalho e o tempo de não-trabalho. Mais do que isso, torna-se necessário entender como e quando os homens passaram a separar, no seu cotidiano, estes diferentes tempos. (GEBARA, 1997, p. 62).
Em outro estudo, GEBARA (1996) levanta algumas questões metodológicas quanto ao uso de fontes na construção da história, ao criticar dois clássicos da história da educação física do Brasil - Inezil Penna Marinho e Jair Jordão Ramos. Ante a possibilidade da existência do fenômeno esportivo no Brasil anteriormente à segunda metade do século passado, afirma que essas posições (de Marinho e Jordão Ramos) se estabelecem devido a utilização inadequada das fontes históricas, induzindo a percepção de que atividades esportivas teriam existido desde os primeiros momentos da colonização. Apresenta duas questões fundamentais: uma, refere-se a forma pela qual as fontes primárias têm sido usadas por historiadores da educação física e do esporte no Brasil; a segunda, refere-se a multiplicidade dos tempos do historiador, apresentando-se uma relação entre o historiador e suas fontes, na perspectiva da temporalidade da constituição de um determinado objeto de estudo. Referindo-se ao uso de fontes primárias (relato de viajantes), afirma que algumas perguntas devem ser feitas pelos historiadores às suas fontes: quais perguntas fizeram (Marinho e Jordão Ramos) aos documentos ? a leitura do documento autoriza as conclusões afirmadas ? Levanta, ainda, outra questão de ordem metodológica, que se refere à construção temporal: “... um observador externo, um colonizador vive seu próprio tempo, diferente das populações nativas; a construção conceitual do homem do século XVI dificilmente poderia corresponder a um outro processo civilizatório instaurado em outro tempo cultural” (p. 76). A transformação de um documento em fonte histórica é papel do historiador, pois implica em respeitar a fonte em sua integridade constitutiva, em dar coerência as conclusões, ou indícios que estas fontes podem apresentar e, acima de tudo, é preciso ter em mente que todo documento tem um interlocutor, para o qual este documento é produzido.
3. TRABALHO, TEMPO LIVRE E LAZER3
“Economizar tempo de trabalho é aumentar o tempo livre, isto é, o tempo que serve ao desenvolvimento completo do indivíduo. O tempo livre para a distração, assim como para as atividades superiores, transformará naturalmente quem dele tira proveito num indivíduo diferente...” K. Marx, Fundamentos da critica à economia política.
MARX já afirmava que "graças aos lazeres e aos meios postos ao alcance de todos, a redução ao mínimo do trabalho social necessário favorecerá o desenvolvimento artístico, científico de cada um" (citado por DUMAZEDIER, 1979, p. 20). O conhecimento do lazer , ou o lazer tomado como objeto de estudo, deve ser enfocado tomando sua historicidade, a qual está relacionado a processos sociais mais amplos de mudanças relacionadas ao desenvolvimento das forças produtivas e às relações de produção, os quais animam a prática social (BRUHNS, 1991, 1997, 1997b) A palavra lazer provém do verbo francês "loisir", que tem origem por sua vez, na forma infinitiva latina de "licere", que significa o permitido. O francês "loisir" dá origem à expressão inglesa "leisure", que se utiliza tecnicamente para significar tempo livre. Não se encontra em espanhol o termo lazer, mas sim, "ócio" (DUMAZEDIER, 1979; MARINHO, 1979; JIMENEZ GUSMAN, 1986; SUE, 1992). SUE (1992) refere-se às dificuldades de se definir o lazer - lazer ou as recreações ? - sendo mais comum que se pense nestas, e não em lazer como tal. Procurando uma definição, enumera alguns princípios do conceito de lazer. Assim, as recreações são "aquelas atividades eleitas livremente, segundo os gostos e as aspirações de cada um" (p. 7). Incluindo a predominância de certas atividades. Essas atividades são classificadas por DUMAZEDIER (1979) em
lazeres físicos - aqueles que implicam esforço e exercício de tipo corporal;
lazeres práticos - são os que exigem uma habilidade manual e especial;
lazeres intelectuais - que têm que ver com o cultivo do intelecto e da cultura;
lazeres artísticos - que têm a ver com a prática específica de uma arte;
lazeres sociais - são os relacionados com aquelas atividades de diversão, descanso e desenvolvimento, praticadas de uma forma coletiva.
Ao se analisar o sentido etimológico do lazer, detecta-se três tendências: para a primeira, o que caracteriza o lazer é a idéia de permissão para atuar - o lazer seria um conjunto de atividades nas quais predomina a ausência de restrições, de censuras, de proibições, de repressão; para a segunda, derivada do sentido etimológico do lazer, seria a ausência de impedimentos de ordem temporal - o lazer seria, antes de tudo, um tempo livre, sem restrições, sem ataduras, sem compromissos; já para a terceira tendência, seu sentido etimológico radicaria em uma qualidade de ordem subjetiva - o lazer seria constituído por uma série de atividades livremente escolhidas, atividades autônomas e agradáveis, benéficas física e psicologicamente. Para quem busca o sentido de lazer em sua evolução, esse autor as agrupa em duas fundamentadas posições histórico-evolutivas: a noção de lazer se origina na noção grega de "scholé", tempo ocupado por atividades 3
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
ideais e nobres para o ser, por atividades livres como a contemplação teórica, a especulação filosófica e o ócio; para a segunda posição, o sentido atual de lazer provém da noção romana de "otium". O lazer hoje, não seria outra coisa que a transferência corrigida no tempo do "otium" romano, isto é, um fenômeno elitista, carente já de sentido filosófico, diferenciador de classes e ostentatório (JIMENEZ GUZMAN, 1986). O lazer não tem sido o mesmo, nem será, sempre igual, pois cada modelo de organização social lhe imprime suas funções e características, de acordo com o sistema de aspirações, necessidades e valores imperantes nesses momentos e válidas para toda a organização (JIMENEZ GUSMAN, 1986). O lazer tomou a dimensão de hoje após a Revolução Industrial, quando então a jornada de trabalho começou a diminuir paulatinamente, muito embora "os fundamentos históricos do Lazer sejam anteriores à sociedade industrial, porque sempre existiu o trabalho e o não-trabalho em qualquer sociedade" (CAVALCANTI, 1981). A conquista de oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas de lazer marcou o início da humanização do trabalho e transformou a recreação e o lazer como fato um social (MARINHO, 1979, 1984; CUNHA, 1987; OLIVEIRA, 1997; BRUHNS, 1997; GUEBARA, 1994, 1996, 1997, 1998). Com o reconhecimento das horas livres entre uma e outra jornada de trabalho, dos repousos semanais remunerados, das férias anuais e da cessação da vida de trabalho (aposentadoria) - (REQUIXA, 1969, 1976; BRUHNS, 1997, GUEBARA, 1994, 1996, 1997, 1998) - gerou-se, então, tempo de lazer compulsório - (TOYMBEE, citado por MARINHO, 1979, 1984; BRUHNS, 1997, GUEBARA 1998). O problema da relação entre trabalho e lazer é questão que vem suscitando paixões, sejam em relação à sociologia do trabalho, seja em relação à sociologia do lazer (DUMAZEDIER, 1979; PARKER, 1978; OLIVEIRA, 1997). Aristóteles afirmava que "el tiempo libre no es el final del trabajo; és el trabajo el que limita el tiempo libre. Este debe consagra-se la arte, a la ciência y, preferentemente, a la filosofia" (citado por TOTI, 1975). A palavra grega para indicar o tempo livre é significativa: "... e perturba a relação que nos é familiar entre o termo e o sentido que se lhe atribui correntemente. Scholé – traduz o dicionário - significa tempo livre, parada, descanso, ócio, falta de trabalho, pausa, ocupação das horas que se tornam livres do trabalho e dos negócios, estudo, conversação e acaba por significar 'o lugar onde se utiliza este tempo livre', a scholé precisamente, a escola, que hoje se interpreta somente como o lugar na qual o tempo livre é utilizado para ensinar e aprender" (TOTI, 1975, p. 9).
As dificuldades decorrentes da industrialização e da formação de concentrações urbanas, além do esvaziamento das zona rural, gerando imensos problemas (GUEBARA, 1994, 1998), servem de incentivo para a formação de grupos, que se preocupam com o aproveitamento adequado das horas livres para a atividade de lazer (TOLKMITT, 1985; DUMAZEDIER, 1979; PARKER, 1978): "a orientação das atividades nas horas livres tem por objetivo alterar (ou compensar) as condições de vida ... (física, psíquica e emocional) advindas das facilidades e dificuldades com que o indivíduo se ocupa durante as horas de trabalho. (TOLKMITT, 1985, p. 4). Aparece claro, então, que a satisfação do indivíduo durante o trabalho profissional reverte-se de novas características. Horas livres entre uma e outra jornada de trabalho, repouso semanal e férias anuais não são suficientes para o restabelecimento completo do organismo. Jean-Marie Brohn, (citado por CAVALCANTI, 1981, p. 310), numa análise das atividades físicas de lazer na civilização industrial, diz que "há pelo menos duas razões fundamentais que justificam as atividades físicas de lazer como necessidade para o sistema”. CAVALCANTI (1981) apresenta, então, dois pontos de vista, segundo o pensamento de Brohn: um, econômico, que vê as atividades de lazer como uma exigência da sociedade capitalista - que considera o indivíduo como um mero apêndice da máquina, no dizer de Marx -, ressaltando os aspectos de compensação e de reajustamento; o outro, político, visto sob o ponto de vista de "fuga da realidade", quando o sistema promove atividades físicas de lazer para preservar a capacidade do indivíduo para o trabalho, destacando que as atividades de tempo livre, na realidade, constituem a melhor maneira de "neutralizar intelectualmente as massas".
MOREIRA (1985), ainda analisando esse aspecto político das atividades de lazer, no pensamento de Brohn, afirma que o tempo livre ocupado dessa forma leva a uma "despolitização da juventude e das massas" cumprindo, pois, as técnicas esportivas de lazer sua função de neutralizar intelectualmente o indivíduo: "Considerar tempo para o lazer um tempo 'socialmente' permitido após o cumprimento de todas as obrigações do indivíduo para com a sociedade é não levar em consideração que a maioria das atividades sociais do indivíduo, principalmente as de ordem profissional, são deficitárias no que diz respeito à saúde - 'bem-estar total, físico e social'. Se o sistema usufrui da força de trabalho do indivíduo por que então não se responsabiliza diretamente por essa recuperação ? " (CAVALCANTI, 1981, p. 311).
É ainda MOREIRA (1985) quem pergunta como fugir a um lazer, pela atividade física, que contém, em seus pressupostos básicos, "os de compensação e reajustamento do trabalho mecanizado ou de fuga da realidade?", Analisando o conceito de lazer emitido por DUMAZEDIER, afirma que: "... na prática está presente a permissividade ao indivíduo, do lazer enquanto recuperação psicossomática, essencial à saúde do sistema capitalista. O tempo livre é utilizado pelo lazer como forma de compensação, ou melhor dizendo, como mecanismo de compensação criado pela sociedade industrial" (MOREIRA, 1985, p. 18).
As atividades físicas de tempo livre funcionariam, então, como "antídoto contra o tédio causado por um trabalho monótono e enfadonho" (REQUIXA, 1969), havendo necessidade de orientar o jovem para organizar sua vida de forma equilibrada e racionalizada de modo que a recuperação após o trabalho constitua uma preocupação constante no regime de vida cotidiana. LeBOUCH (1983) - citando G. FRIEDMAN -, afirma que a preparação para um lazer mais rico é uma questão pedagógica ou, num sentido mais amplo, de formação, e não dos menores. A nossa civilização tecnológica exige "... que ao assumir a nobre função de educar na plenitude do termo o cidadão, a escola esteja em todos os níveis preocupada em prepará-lo não apenas para o trabalho, mas também e cada vez mais para o lazer". (p. 23). Esse autor considera as atividades ao ar livre e determinadas atividades estéticas à base de expressão corporal como meios de utilizar esse lazer. MOREIRA (1985) destaca, como LeBOUCH (1983), o aspecto do aperfeiçoamento pessoal, pois além de representar uma simples distração ou uma forma de compensar a sedentariedade, elas podem também tornarse verdadeiras atividades culturais. A recreação, pode-se afirmar, é a forma mais ampla de utilizar o tempo livre. Sua energia e seu sentido estão presentes em todas as atividades do Lazer. CORRÊA (1993) afirma serem as recreações o preenchimento - coletivo ou individual - do tempo do não trabalho, pois "nas recreações, há a possibilidade do exercício real da interação social, sob o império de processos associativos, cimentadores das relações comunitárias". Sobretudo, prossegue, há um mínimo de alternativa a consolidar, no âmbito da liberdade de atividades - qual a festa, outra ou aquela, a lúdica, qual o folguedo a desfrutar. Aqui, os termos Recreação/Lazer: “representam a área do conhecimento cuja preocupação central é a vivência de conteúdos culturais que possibilitem aos sujeitos experienciarem o lúdico em sua vida, com chances de se apropriarem do seu desejo de ser e do espaço-tempo e lugar em que vivem. O lúdico, por sua vez, expressa a possibilidade de vivências da liberdade, da gratuidade e do prazer, que precisam ser dimensionados do ponto de vista existencial e cultural (MAGALHÃES PINTO, 1992b, p. 294).
4. LÚDICO, JOGO E ESPORTE4 Dentre as atividades de lazer encontradas em nosso meio sócio-cultural, temos o jogo e o esporte nãoprofissional, havendo dificuldades em diferenciar a atividade lúdica ou jogo, de um esporte: “Partir da premissa de que jogo e esporte são similares, é colocar este último fenômeno dentro de certas restrições pré-determinadas como imposição de regras, modelos, busca de rendimento, recordes, medalhas, juizes, etc., que se por um lado caracterizam o esporte, acabam descaracterizando a atividade lúdica que apresenta componentes como a espontaneidade, a flexibilidade, o descompromisso, a criatividade, a fantasia, a expressividade, etc., com características culturais próprias. “A preferência no uso intermitente do termo “atividade lúdica” é justamente para se tentar fugir da confusão estabelecida entre jogo e esporte, cujo primeiro acaba recebendo uma conotação distorcida e incorporando aspectos do esporte, se bem que a palavra jogo pareça estar mais relacionada à ação e atividade lúdica a um ‘espírito’, com um sentido mais geral.” (BRUHNS, 1991b, p. 10).
O entendimento do jogo, e do lúdico, são essenciais para a compreensão da separação da educação física do esporte. É preciso primeiro resgatar seu significado histórico, uma vez que o movimento do homem não admite separação em essência (DO CARMO, 1990). A medida que a cultura humana foi evoluindo, o elemento lúdico foi gradualmente passando para o plano secundário, sendo absorvido pela esfera do sagrado (HUIZINGA, 1980). Essa secundarização do elemento lúdico torna-se mais clara quando se observa que “... tal como todas as outras formas de jogo, a competição é geralmente desprovida de objetivo. Quer isto dizer que a ação começa e termina em si” (DO CARMO, 1990, p. 9). O lúdico aproxima-se daquilo que GAILLOIS (1990) denominou, em sua teoria do jogo, de paedeia - em um extremo -, correspondendo à improvisação livre ou fantasias sem controle; no outro extremo, tem-se o ludus, com regras, necessidades de maior esforço, desempenho, etc., percebendo-se uma relação permanente entre dois pólos, o da lei e o da invenção. Portanto, a recreação (ou atividade de lazer) trabalhada pela educação física aproxima-se do lúdico, como está aqui sendo tratado. O jogo aparece como um dos componentes pertinentes a essa área específica, pois incorpora, pelo próprio conceito, o lúdico, pois: “... é uma atividade livre (diversão sem caráter de obrigatoriedade), delimitada (espaço e tempo previamente estabelecidos), incerta (sem previsão de resultados), improdutiva (não mantém vínculo com a sociedade de consumo), regulamentada (submissão a regras), fictícia (fundamentada num contexto de irrealidade perante a vida)” (GAILLOIS, 1990, citado por BRUHNS, 1997, p. 39).
Na distinção entre jogo e esporte, o fator tempo entra como determinante (BRUHNS, 1991b; GEBARA, 1994, 1997; PILATTI, 1994; BRIGATTI, 1994, 1994b), pois “o divertimento acaba desaparecendo quando cada minuto é considerado” (BRUHNS, 1991b, p. 10). Alguns autores (DO CARMO, 1990; ZILLIO, 1994; GEBARA, 1994, 1997; PILATTI, 1994; BRIGATTI, 1994, 1994b), consideram difícil precisar quando e como os exercícios corporais utilizados sobre as formas de jogos (tradicionais, populares ou religiosos) tomaram a forma de exercícios corporais de elite (entendidos, por PILATTI (1994), como esportes). Essa passagem designa um fato novo, identificado como um processo complexo diretamente ligado à utilização do tempo: “Até aproximadamente 1650, particularmente na cultural ocidental, a forma de se compreender o tempo estava diretamente ligada aos fenômenos da natureza, o tempo chamado natural determinava o ritmo de 4
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
vida das pessoas. Nesta sociedade, os exercícios corporais eram utilizados normalmente em ocasiões especiais, com a finalidade de celebrar acontecimentos ou simplesmente lazer. “A partir da metade do século XVII a forma de se compreender o tempo, sofre transformações, o tempo dito natural, gradativamente vai deixando de determinar o ritmo de vida das pessoas, em função de um ritmo autômato, determinado pelo relógio. A mudança do tempo social começa a produzir alterações, significativas na sociedade da época, a principal delas foi a mudança na disciplina do trabalho.” (PILATTI, 1994, p. 103)
O termo esporte, em seu significado primitivo utilizado no século XIII tanto na França (desport) como na Itália (disporto), e posteriormente (1440) na Inglaterra sob a denominação de “sport”, era empregado para atividades que tinham como característica um sentido de entretenimento, prazer, divertimento (em inglês, amusement, recreation, diversion, pastimes). Na Inglaterra “sport” referia-se, no início de seu uso, ao esporte feudal, o que o diferenciava dos exercícios populares que eram chamados “games” (jogos); esta diferenciação permite que se pense que esporte era essencialmente uma ocupação de tempo livre dos bens aquinhoados. De qualquer forma, o esporte estava relacionado, de certa maneira, com a ocupação lúdica do tempo (ZILIO, 1994). A separação entre jogo e esporte, ocorreu no século XVIII, quando os jogos de bola de equipes numerosas passaram a exigir equipes permanentes. A sistematização, a regulamentação cada vez maior dos esportes, implica na perda de sua característica lúdica mais pura. O movimento humano, sob a forma de jogo, ou esporte sempre estiveram atrelados as formas de relações estabelecidas entre os homens em cada época: “Assim como o início da troca de mercadorias significou o fim das comunidades primitivas, a sistematização e a manutenção de equipes, significou o nascimento dos Esportes e o fim do jogo e diminuição cada vez maior do lúdico.”. (DO CARMO, 1990, p. 11)
No final do século XIX, o esporte foi formalizado na Inglaterra, que lhe ofereceu o modelo e o vocabulário. BRIGATTI (1994, 1994b) considera que, no primeiro período de sua existência, os objetivos aos quais o esporte serviu, mostram uma relação profunda com os interesses burgueses que se destacavam por toda a sociedade: “A prática dos esportes foi associada à classe média e à burguesia, que o elegeu como um dos critérios para a distinção de seus membros (BRIGATTI, 1994, p. 94): “Parece indiscutível que a passagem do jogo ao esporte propriamente dito tenha se realizado nas grandes escolas reservadas às elites da sociedade burguesa, nas public Schools inglesas, onde os filhos das famílias da aristocracia ou da grande burguesia retomaram alguns jogos populares, isto é, vulgares, impondo-lhes mudanças de significado e função ...” (BOURDIEU, 1983, citado por BRIGATTI, 1994, p. 94)
Ao se diferenciar o esporte do jogo, diferenciava-se também quem praticava um e outro, bem como seus objetivos socias. Por exemplo, no período greco-romano, o acesso ao esporte era privilégio de uma minoria, e o que dominava era o culto a força, a virilidade, a ponto de identificarem os campeões aos deuses do Olimpo. Dando um salto na história, percebe-se que, no período colonial brasileiro, a ginástica era privilégio da classe dominante. O direito ao ócio, ao cultivo do corpo era não extensivo aos escravos e aos párias sociais: “A medida em que o modelo econômico foi modificando face as lutas e pressões da sociedade, a forma de tratar o esporte e a educação física, por parte da classe dirigente, também foi modificando-se substancialmente. Se no período colonial eles eram vistos com certas restrições por parte da elite dominante, na década de (19)30, foram objeto de grande valia às pretensões nacionalistas do governo Vargas e dos higienistas da época. (...)
“... se até a extinção da escravatura negra no Brasil no findar do século XIX, a Educação Física e os Esportes eram privilégio da elite dominante que tinha acesso à educação escolar, funcionando esta como já afirmamos, como complemento à educação intelectual, por outro, com o ‘fim teórico’ do ideário escravocrata em 1888, e o conseqüente início do processo de industrialização a partir de 1930 da economia nacional, bem como a colocação prática do ideário liberal burguês, que defendia o acesso à educação para todos, estes elementos passam então a assumir papel principal na construção dos novos corpos para esta nova relação entre os homens.”. (DO CARMO, 1990, p. 11-12).
Jogo, de acordo com o dicionário, pode significar festa, brinquedo, brincadeira, exercício, trocadilho, estratégia ou plano. Como pode ter: “... o sentido de ocultamento de intenções ou expressão simbólica, manha ou resistência. Esse jogo de palavras tanto pode centrar-se nos interesses dos jogadores do jogo autêntico, como pode servir aos interesses de quem está fora dele. Nesse caso, o jogo passa a ser um jogo manobrado, servindo não ao lúdico, mas aos objetivos moralistas, utilitários ou político-partidários extremistas. Surge daí outra questão: como se caracteriza o jogo lúdico ?” (MAGALHÃES PINTO, 1992a, p. 289).
O jogo lúdico expressa a vivência cultural em que as atitudes dos jogadores demonstram a possibilidade de conquista da liberdade, revelando o sentido da gratuidade e de prazer pela vivência de conteúdos culturais no tempo e lugar de posse dos jogadores (HUIZINGA,1980). GARIGLIO (1995) procurando identificar as características básicas da “lógica” lúdica, serve-se também de Huizinga, que em seu Homo Ludens delimita o universo lúdico em alguns pontos básicos, considerando a maneira pelas quais suas características principais se manifestam: “... a vivência lúdica leva o participante: a) à experiência da liberdade e da gratuidade; b) à construção de uma vivência num espaço e tempo próprio exterior a vida real; c) ao desenvolvimento total e intenso desta atividade; d) à prática da construção da ordem e regras próprias; e) à oportunidade para a formação e convivência com grupos sociais”. (p. 29).
Já MARCELLINO (1990) destaca que as possibilidades de criar e recriar cultura no jogo lúdico permitem a vivência de valores externos a ele. De forma crítica e criativa, o jogo lúdico reproduz papéis sociais vividos no mundo exterior, denunciando, assim, a realidade, da mesma forma que a alimenta. Entendido dessa forma, o jogo lúdico é uma vivência revolucionária. HAAG (1981), falando sobre o esporte e o tempo livre, considera que ambos são fenômenos ou formas de manifestação de nossa vida cotidiana sobre as quais se discute muito mas que são mal interpretados. Para esclarecer a relação entre o esporte e o tempo livre, analisa o que entendemos por esporte: "a palavra provém do verbo latino 'deportare', distrair-se, e logo se substantivou em francês e inglês na forma 'desport' ou 'sport', o que significa diversão" (p. 91). Apoiando-se neste conceito, o lúdico aparece como sua característica básica, visto que: "O termo tinha, então, a conotação de prazer, divertimento, descanso. E, apesar das diversas nuances que o esporte assumiu ao longo de nosso século, as pessoas continuam fieis ao seu sentido original, na medida em que o esporte será sempre um jogo, antes de mais nada." (OLIVEIRA, 1983, p. 75).
Difundiu-se, então, o termo "esporte" com o significado de "qualquer modalidade de exercício físico" (DIEM, 1977). Hoje, compreendemos por esporte, em geral, uma " atividade motriz espontânea originada em um impulso lúdico, que aspira a um rendimento mensurável, e a uma competição normalizada" (HAAG, 1981, p. 95). Sob o ponto de vista sociológico, LUSCHEN (citado por HAAG, 1981) afirma que o esporte se organiza:
1. Informalmente, como esporte de tempo livre; 2. Formalmente, como esporte de competição; 3. Institucionalmente, como parte de outras instituições sociais cujos valores modificam sua orientação (educação física, esportes escolar, ou militar). Já MOREIRA (1985), sob o ponto de vista psicológico, faz referência - após analisar o conceito de Dumazedier -, à função do "desenvolvimento da personalidade" como a que deverá ocupar um papel preponderante na utilização do lazer nas aulas de Educação Física, revertendo as funções de descanso e divertimento "de seu papel educativo-consciente" onde espera, dessa forma, , que "o lazer possa se transformar em aprendizagem voluntária e prática de uma conduta criadora, em se tratando de execução de atividade física" (p. 27). A palavra esporte será estendida a todas as manifestações praticadas com o espírito lúdico, pois o esporte é uma criação cultural (SANTIN, 1996).
5. EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER5
Dentro do pensamento moderno e contemporâneo, a Educação Física brasileira apresenta duas tendências: uma racionalista e outra anti-racionalista, com ambas se contrapondo à Educação Física “Tradicional” (GUIRALDELLI JUNIOR, 1990, 1991), sendo que a primeira dá indicações de se preocupar, primordialmente, com a criticidade e a segunda com a “conscientização” ou mesmo com o “prazer”, “felicidade”, etc.: “As correntes racionalistas souberam, corretamente, identificar no movimento corporal humano, enquanto objeto e instrumento da Educação Física, os elementos de reprodução ideológica, de doutrinarismo, de dominação clássica, etc. De fato, as ‘práticas corporais’, como nos ensinam os estruturalistas, ‘materializam’ a ideologia. Para fins de reprodução e inculcação ideológico-religiosa, por exemplo, mais vale a genuflexão do que a leitura do texto teórico. Todavia, as correntes racionalistas, frente a essa situação, nem sempre conseguem articular uma saída (...) “... Detectando no movimento, na ‘prática corporal’, elementos não desejáveis, acabam por torná-los como a própria e exclusiva essência do movimento e, na seqüência, concluem que é preciso que ‘alguma coisa de fora’ venha acrescentar-lhe criticidade, venha libertá-lo, libertando seu praticante. Essa coisa exterior é o discurso, que pode ter caráter sociológico, antropológico, político, etc. (...) “ As correntes anti-racionalistas também identificaram no movimento corporal humano características favoráveis à acriticidade. Chegaram mesmo a falar que o movimento ‘aliena’ o homem ... O antiracionalismo critica a Educação Física ‘Tradicional’ pela robotização, pelo estereótipo, mas logo inverte a seta e, sem um estudo teórico mais rigoroso que elenque e hierarquize os deteminantes do movimento corporal humano e das técnicas desse movimento, enquanto parametrizado pela sistematização da Educação Física, acaba por fazer apologia de situações espontaneístas. Contra o movimento estereotipado colocam o ‘movimento livre’, as ‘práticas alternativas’, a recreação não sistemática e, não raro, sucumbem a certas psicologias que fazem a inversão entre forma e conteúdo”. (GUIRALDELLI JUNIOR, 1990, p. 197-198)
Ambas as tendências perdem o instrumento e o objeto da Educação Física quando a encontra, pois ao se voltar para o movimento, secundarizando o discurso crítico que se possa fazer sobre ele, cometem um erro fatal: “... os racionalistas dizem que ‘não se entende o jogo jogando, mas sim com uma teorização sobre ele’. Os anti-racionalistas rebatem que não se trata de entender o jogo, mas se trata de ‘vivenciar o jogo livremente’ na busca de uma prática corporal feliz, prazerosa, ....” (GHIRALDELLI JUNIOR, 1990, p. 198). Alguns autores (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1990, 1991; PALAFOX, TERRA & PIROLO, 1997; ROZENGARDT, 1998, 1998b), levantam a hipótese de que o movimento corporal humano no interior da Educação Física possui elementos de reprodução e elementos de superação, pela característica contraditória própria do movimento enquanto atividade social-humana; o movimento corporal humano da Educação Física, enquanto técnica, não é nem neutro nem unidirecional. Todavia para participar dessa contradição que está vigente no interior do movimento em si é preciso não abrir o momento da reflexão teórico-crítica unidirecional (GHIRALDELLI JUNIOR, 1991). Sem captar as determinações últimas do movimento não se pode vislumbrar o que lhe é essencial em cada momento histórico-geográfico e não se pode, portanto seqüenciar uma verdadeira prática onde os elementos transformadores inerentes ao movimento possam vir à tona para subalternizar os elementos meramente reprodutores unidirecional (GHIRALDELLI JUNIOR, 1990):
5
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
“Para além do horizonte teórico colocado pela Pensamento Moderno, onde se fixam o racionalismo e o irracionalismo, a Dialética Materialista pode indicar uma abordagem onde o movimento corporal humano possa ser realmente apanhado concretamente, isto é, como síntese de múltiplas determinações articuladas e hierarquizadas. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1990, p. 198)
Ao apresentar suas “indicações para o estudo do movimento corporal humano na educação física a partir da dialética materialista”, GHIRALDELLI JUNIOR (1990) afirma que não é verdade que a Educação Física “separa corpo e mente”, pois as diversas concepções de Educação Física sempre encontram um ponto comum no fato de buscarem e buscam no e através do movimento corporal humano parametrizado atingir a “mente” pelo “corpo”: “... O movimento, na Educação Física, esteve sempre como instrumento do controle objetivo da subjetividade. Por exemplo, quando no Tiro de Guerra aprende-se a marchar, não se está preparando para a guerra em ato - pois seria inconcebível marchar na guerra moderna, mas se está efetivamente, no uso do movimento enquanto algo que forja indivíduos com subjetividades capazes de se dirigirem ao campo de batalha. Aí o movimento corporal humano está como claro disciplinador da vontade e artífice de uma específica compreensão ‘teórica’ do mundo. O movimento corporal não se aparta da ’mente’, se integra a ela no seu comando e na sua construção. Mas até aí temos uma meia verdade. “De fato, a Educação Física ‘separa corpo e mente’. O movimento corporal humano como instrumento que busca forjar a ‘mente’, o faz construindo uma capacidade, ‘teórica’ e uma vontade determinadas, que não raro estão despojadas de criticidade e, portanto, alienadas de uma qualidade do pensamento humano historicamente desenvolvido, capacidade esta que circunscreve o campo da liberdade – entendida aí como conhecimento e reconhecimento da necessidade”. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1990, p. 197).
Outro autor, GAYA (1994), apresenta-nos duas tendências que expressam a identidade da Educação Física: a primeira, amplamente dominante, pretende configurar a educação física como uma ciência relativamente autônoma - uma disciplina acadêmica e/ou científica; dessa tendência decorrem duas perspectivas: 1. é o caso da ciência da motricidade humana, ciências do exercício, cinesiologia ou cineantropologia, a psicocinética ou praxiologia, que pretendem reunir dentro de um único espaço de investigação as diferentes formas e expressões da cultura corporal: “... querem constituir teorias capazes de abranger o desporto, a dança a ergonomia, o teatro, a expressão corporal, os jogos, as atividades circenses e laborais; além de agregar todas as disciplinas científicas que, num determinado momento, trate desses objetos.” (p. 3). 2. é o caso das ciências do desporto ou ciências do treino desportivo, que embora já limitando a abordagem a uma prática corporal e motora específica, pretendem a criação de um espaço capaz de albergar toda e qualquer disciplina científica que, de alguma forma, trata questões referentes ao desporto. A segunda tendência pretende a educação física como filosofia da corporeidade. Também apresenta duas perspectivas: uma existencialista, que configura a educação física um discurso filosófico da corporeidade, dando ênfase ao lúdico, a sexualidade, as práticas alternativas de expressão corporal; uma culturalista, que prevê a reconstrução da educação física na ótica do lazer, dos jogos populares e tradicionais. A corporeidade, sob o ponto de vista filosófico, não corresponde a um elemento mensurável, mas a uma imagem que construímos na mente (SANTIN, 1987, 1990). Pergunta-se, então: o que significa a palavra corporeidade ? na corporeidade existem aspectos filosóficos, assim como existem aspectos biológicos, mecânicos ou biológicos ? haverá uma realidade específica e concreta que corresponde ao que se denomina de corporeidade? (SANTIN, 1987, 1990, 1992, 1996). Após consultar dicionários e manuais, conclui que estes são ambíguos ao definir o que seja corporeidade: “a qualidade do ser corpóreo”, ou “aquilo que constitui o corpo como tal”, ou simplesmente, como “a idéia abstrata do corpo”. Portanto, “a corporeidade
seria a propriedade básica que nos garante a compreensão do corpo” (SANTIN, 1990, p. 137). Parte de três atitudes, não excludentes entre si, para buscar os aspectos filosóficos da corporeidade: 1. a primeira atitude, ontológica, tem como objetivo específico definir corporeidade como a natureza ou a essência de um ser corpóreo. Lembra que a ontologia é a parte da metafísica que se aplica ao estudo do ser enquanto ser, independentemente de suas determinações particulares. Assim, a corporeidade significaria exatamente aquilo que constitui o corpo como tal (p. 137); 2. epistemológica, que tem como preocupação primeira garantir um conhecimento objetivo e seguro do corpo humano, não baseado em conceitos metafísicos, mas partindo de situações concretas dos corpos, através de sua observação direta. A corporeidade é tomada como a concretude espaço-temporal do corpo humano enquanto organismo vivo. As reflexões filosóficas estão obrigadas a partir das descobertas das ciências experimentais, sendo assumida essa tarefa pela biologia, pela genética, pela anatomia e pela fisiologia, tendo sido desenvolvida uma corrente filosófica denominada vitalista, que defende a idéia da evolução contínua dos seres vivos, inclusive o homem. A partir dos filósofos vitalistas, Santin conclui que a corporeidade não é uma realidade dada, mas um processo de franco e contínuo processo de reorganização seguindo os passos das mutações e das transformações da dinâmica evolucionista (p. 137138); 3. A terceira atitude, que chama de fenomenológica, não está preocupada nem em garantir as bases ontológicas, nem construir uma epistemologia objetiva e rigorosa da corporeidade, mas tentar descrever as imagens de corporeidade que o imaginário humano construiu ao longo da história da humanidade, incluídas também as imagens metafísicas e científicas. Ela tenta captar as possíveis implicações culturais, sociais, educacionais, políticas e ideológicas que tais imagens geraram nos indivíduos e na sociedade. A corporeidade, portanto, sob o ponto de vista dessa atitude, não se constitui num elemento mensurável, ela é apenas a imagem construída na mente a partir da maneira como os corpos são percebidos e vivenciados. (p. 138). O importante não é definir corporeidade, mas compreender as diferentes corporeidades que inspiram e determinam o tratamento dos corpos humanos, desenvolvidos pelas culturas humanas, em geral, e pelas atividades da Educação Física, em especial (SANTIN, 1990), já que as ações humanas se manifestam e se expressam corporalmente quando se pensa na multidimensionalidade do sujeito (ALVES, 1997). Volta-se o olhar, em primeiro lugar, para a corporeidade: “a corporeidade é a condição primeira para que se reinstaure a presença do ser humano. Na corporeidade situa-se o ponto central de encontro do homem consigo mesmo. Ela é a presença e a manifestação do ser humano...”. (SANTIN, 1996, citado por ALVES, 1997, p. 939). TAFFAREL & ESCOBAR (1994), ao analisarem as tendências explicitadas por Gaya, afirmam que a limitação da possibilidade crítica expressa por aquele autor pode ser explicada pela ausência da categoria “atividade” no sentido marxista, explicativa das mudanças trazidas pelo modo de produção capitalista. Citam como exemplo, a atividade lúdica do homem, que deve ser entendida como toda atividade humana, a qual “... aparece como um sistema incluído no sistema de relações da sociedade. A atividade humana não existe em absoluto fora destas relações (...) Quando se analisa a atividade temos que assinalar que a atividade objetiva gera não somente o caráter objetivo das imagens senão também a objetividade das necessidades, das emoções e dos sentimentos (Leontiev, 1979, p. 11-14)”. (TAFFAREL & ESCOBAR, 1994, p. 8).
Todavia, prosseguem as autoras, argumentações como as utilizadas por Gaya explicam-se pela não consideração da Educação Física como produção não material que, em determinados estágios e pela influência de certos fatores próprios do sistema capitalista, sofre o mesmo processo de privação das suas qualidades sensíveis sofrido pela produção material. Marx, no Capítulo Sexto (Inédito) de O Capital, diferencia dois tipos de produto: 1. aquele que é de fato o produto material, e que tem todas as possibilidades de se integrar à lógica do valor de troca e se transformar em mercadoria à medida que se instauram relações sociais capitalistas;
2. aquele que é o produto não material, e que, pela sua própria natureza, coloca resistência à sua integração no âmbito das relações sociais capitalistas à medida que não se adapta à forma de mercadoria tão confortavelmente como o primeiro (citado por GHIRALDELLI JUNIOR, 1990, p. 199): “... O produto material (...) é produzido para consumo posterior. Quanto ao produto não material, aparece uma nova divisão: existem aqueles que podem ser consumidos posteriormente, como o livro, o Quadro, mas existem aqueles que são essencialmente consumidos no ato de produção, como o trabalho clínico do médico, a aula do professor, a efetivação na Educação Física do movimento corporal humano (em forma de aula, jogo, desporto, espetáculo, etc.). Aqui, neste segundo caso, é que o capitalismo e seu processo de mercadodização encontram mais resistência e só as vencem, dentro de certas medidas, alterando profundamente o produto em suas qualidades mais íntimas. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1990, p. 199).
A pergunta pelo que é a Educação Física pode ser interpretada como uma busca do ser da Educação Física, da essência. Mas o que é, então, a essência de algo ou de uma prática social ? BRACHT (1995) entende, como coloca Heidegger, que a essência da Educação Física seria aquilo que a define enquanto tal e concomitantemente a distingue de outras práticas ou fenômenos. Identidade é tomada como aquelas características que distinguem a educação física enquanto uma prática social específica, portanto conjunto de características que definem seu estatuto próprio e ao mesmo tempo a diferenciam (BRACHT, 1992). Buscando uma definição de termos básicos que delimitem, num primeiro momento, concretamente, um campo/objeto, advoga a utilização do termo educação física para se referir a “prática pedagógica que tem tematizado elementos da esfera da cultura corporal/movimento” (BRACHT, 1992, p. 35). Manuel Sérgio VIEIRA E CUNHA (1982), quando fala da “prática e a educação física”, procura-se vincar que a transformação da realidade objetiva é um processo material onde se entrechocam contradições de vária ordem que se torna imperioso superar e resolver, na linha da construção do Homem por si mesmo. Para esse autor, a Educação Física possui um objeto específico: as condutas motoras (p. 30). Mais adiante, ao se referir às Culturas Física e Desportiva, afirma que esta advém daquela, entendendo por Cultura Física o aspecto criativo, subjetivo, original da pessoa, manifestado através da conduta motora do indivíduo. Do ponto de vista antropológico, Manuel Sérgio considera Cultura Física a maneira como os homens exprimem a sua conduta motora, em conformidade com a tradição e o modo de expressão grupal ou societária: “... Se a Cultura, na acepção usada neste passo, é o conjunto de comportamentos e de modos de pensar, próprios de uma sociedade, a Cultura Física não pode compreender-se desinserida de um clima gregário que preservou e perpetuou determinados valores e determinadas técnicas corporais. (...) “Daí que a Cultura Física, sob o ângulo de visão de que nos ocupamos agora, apresente os seguintes elementos culturais: usos e costumes, crenças, a linguagem, as tradições, a música, a dança, os padrões de comportamentos, etc. - e seja, por isso, o veículo transmissor de uma das feições, da conduta motora, que vão dar originalidade às Atividades Corporais de um povo. (...) “E, dessa forma, é possível descobrir na Cultura Física a história motora de uma comunidade e daqui partir em demanda da cultura e das estruturas sociais. A motricidade surge sempre carregada de sentido. Afinal, porque é ela a estar em jogo em qualquer actividade humana. (...) “... a cultura desportiva (...) representa um domínio da cultura física que sintetiza as categorias, as instituições e os bens materiais, criados para a valorização da actividade física, nos quadros da pedagogia, do lazer ou da competição, com o fim do aperfeiçoamento biopsicológico e espiritual do homem...”. (VIEIRA E CUNHA, 1982, p. 62-63).
BRACHT (1992) afirma que: “... a materialidade corpórea foi historicamente construída e, portanto, existe uma cultura corporal, resultado de conhecimentos socialmente produzidos e historicamente acumulados pela humanidade ...” (p. 39).
PEREIRA (1988) fala de uma cultura física como “... toda a parcela da cultura universal que envolve exercício físico, como a educação física, a ginástica, o treinamento desportivo, a recreação físico-ativa, a dança, etc.” (p. 20). BETTI (1992) lembra que Noronha Feio (s.d.) já se referiu a uma cultura física como parte de uma cultura geral, que contempla as conquistas materiais e espirituais relacionadas com os interesses físico-culturais da sociedade. KOFES (1985) afirma que o corpo é expressão da cultura, portanto cada cultura vai se expressar através de diferentes corpos, porque se expressa diferentemente enquanto cultura. Para DAÓLIO (1995) é evidente que o conjunto de posturas e movimentos corporais representam valores e princípios culturais. Ao falar das técnicas corporais, serve-se de MAUSS, que as definiu como as maneiras de se comportar de uma sociedade; esse antropólogo francês considerou os gestos e os movimentos corporais como técnicas próprias da cultura, passíveis de transmissão através das gerações e imbuídas de significados específicos: “Técnicas corporais culturais, porque toda técnica é um hábito tradicional, que passa de pai para filho, de geração para geração. Segundo ele, só é possível falar em técnica, por ser cultural (MAUSS, 1974, v.2)”. (DAOLIO, 1995, p. 26). O termo Cultura Corporal tem duplo sentido: no primeiro, se pressupõe uma técnica sobre o corpo, com a palavra cultura significando sinônimo de treinamento, adestramento do corpo; é nesse sentido que termos como culturismo e fisioculturismo são utilizados. O sentido de Cultura Corporal que utiliza parte da definição ampla de Cultura e diz respeito ao conjunto de movimentos e hábitos corporais de um grupo específico (DAÓLIO, 1995). A prática é a base do conhecimento humano, um processo que no decorrer do seu desenvolvimento faz surgir tarefas cognitivas que originam a percepção e o pensamento: “A atividade humana, na sua forma inicial e básica é sensorial, prática, durante a qual os homens se põem em contato prático com o mundo circundante, experimentam em si mesmos as resistências desses objetos e atuam sobre eles, subordinandose às suas propriedades objetivas (Marx)”. (GOELLNER, 1992, p. 290). A atividade deve ser entendida como uma forma de apropriação da realidade e de modificação dessa, que mediatiza a ação humana na natureza. É, portanto, uma propriedade inerente à vida e que se torna humana quando consciente. A atividade produz a consciência e esta se apresenta como uma linguagem psíquica que revela ao sujeito o mundo que o rodeia. É relevante discutir a apropriação do conhecimento, abordar a questão da internalização, que nada mais é do que a reconstituição interna de uma operação externa, e que não se dá apenas numa transição simples da atividade externa para o plano interior da consciência, mas na formação do próprio plano (GOELLNER, 1992): “... Daí ser possível afirmar que a construção do conhecimento e da cultura se dá, a princípio, num plano social e posteriormente, num plano individual. (...) “[Para Vygotsky (1989, p. 63), a internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas constitui os aspectos característicos da psicologia humana; é a base do salto qualitativo da psicologia animal para a psicologia humana.” (GOELLNER, 1992, p. 290)
As práticas constituem uma expressão sistemática de modos de engendramento da interiorização da exterioridade e da exteriorização da interioridade (que é sempre apropriada como segunda hereditariedade) e que refletem, condicionalmente as condições de existência (DAMASCENO, 1997). Serve-se de Bourdieu (1993), para afirmar que “... Uma prática é, ao mesmo tempo, necessária e relativamente autônoma em relação à situação considerada em sua imediatidade pontual, porque é produto da relação dialética entre uma situação e um habitus”. SOARES (1987), ao refletir sobre o esporte, considerando-o objeto do aparelho cultural num contexto de análise althusseriana, verifica que esta atividade está sempre a serviço das ações e relações sociais subjetivas de aprendizagem dos “saberes práticos” (“dessavoir fair”). Essas ações e relações são veiculadas através de sua prática, e, geralmente, estão em consonância e no contexto da proposta da classe dominante, com igual disseminação de chauvinismo de primeira ordem:
“Então, poderíamos usar de mediação para a transformação, negando um objeto para substituí-lo por outro, ou seja, será negando totalmente o modelo-padrão de esporte elitista que daremos um salto para sua democratização ? Acreditamos que não. Adotando uma linha de pensamento Luckácsiana, não será através da ruptura com a cultura burguesa, em sua totalidade, que se fará emergir uma nova cultura. Mas, com a revisão crítica da cultura burguesa se resgatarão os elementos culturais válidos para qualquer situação de mudança.” (SOARES, 1987, p. 36).
SILVA (1985), em suas “reflexões filosóficas e sociais acerca do desporto”, entende ser a prática o processo capaz de servir para transformar a natureza e as relações entre os homens; devendo se orientar por um conhecimento que sirva de luz para o operar e agir da prática. A unidade teórico-prática deve se constituir numa totalidade dialética, a qual não privilegia nenhuma isoladamente. A prática é fundamental, pois é no concreto das relações sociais que o homem transforma e se transforma.
6. MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO6
CORRÊA (1993) ao comentar carta do padre jesuíta João Tavares a um superior, descrevendo a paisagem da Ilha de São Luís, ante a chegada possível de missionários europeus ao Maranhão, afirma que aqueles religiosos deixariam as delícias da Itália, não pelos trabalhos, mas pelas recreações do Maranhão: "Como na Ilha Grande foi decantada pelo espaço contrário aos trabalhos (os quais, no mínimo, resguardaria) antieticamente haveria de apresentar expressiva contenção de exercícios corporais, enquanto expressão de labuta, de fadiga e de descanso decorrentes de diligência em atividade física. Permitiria – na contrapartida da terra de gente excepcional - a alternativa das recreações para o cultivo e o requinte do espírito. Desdobrado da hipótese das recreações coletivas, o raciocínio desenclausurado outro não é, senão o de que, no Maranhão, seria comunitária a amizade pelas luzes, pela razão, pela sabedoria etc., considerada a educação do pensamento e do sentimento um fragmento indispensável das recreações. ." (CORRÊA, 1993, p. 40).
Para CORRÊA (1993), a afirmativa do padre João Tavares foi riquíssima, porque vaticinou uma permuta as delícias (da Itália) pelas recreações (do Maranhão). Sociologicamente significativa, haja vista que, na substituição, as delícias européias não terminariam trocadas pelos trabalhos americanos. “Ao contrário, o fundamento do intercâmbio seria a validade indicada como vantajosa - a das recreações maranhenses." (p. 39). Ao se estudar fenômenos culturais tais como o lazer, o tempo livre, a recreação e os esportes, torna-se necessário identificar as variáveis que direta e/ou indiretamente determinam e interferem com os mesmos para a devida análise e projeção futura. É preciso perceber que não se pode analisar tanto o lazer como o esporte independentemente do conjunto de suas práticas; é preciso pensar o espaço das práticas como um sistema no qual cada elemento recebe um valor distinto, ou seja, para compreender um esporte, é preciso reconhecer que posição ele ocupa no espaço dos esportes (BORDIEU, 1987, 1990). É preciso, também, relacionar este espaço do esporte com o espaço social, que se manifesta nele, estabelecendo, desta forma, as propriedades socialmente pertinentes que fazem com que um esporte tenha afinidade com interesses, gostos e preferencias de uma determinada categoria social. Em suma, o elemento determinante do sistema de preferências está associada a uma posição social e a uma experiência originária do mundo físico e social, qual seja, o hábitus (DAMASCENO, 1997). O habitus , como “o produto de uma aquisição histórica que permite a apropriação do adquirido histórico” (BORDIEU, 1989) -, é história incorporada, coletiva e individualmente na medida em que propicia formas particulares de manifestações: as práticas nele e por ele forjadas e expressas. Nenhuma prática social escapa ao controle ideológico do sistema de significações da ordem cultural. As invenções esportivas constituem apenas uma das possibilidades destas manifestações culturais. Um esporte é reconhecidamente pertencente a uma ordem cultural quando reproduz, no ato de sua instauração, os valores da cultura que lhe emprestou as condições de sua gênese. Toda sociedade sustenta-se sobre uma construção simbólica - uma representação, entendida como “ ‘ universos consensuais’ criados pelas interações sociais no âmbito das quais as novas representações vão sendo produzidas e comunicadas, passando a fazer parte desse universo como ´teorias´ do senso comum, que ajudam a forjar a identidade grupal e o sentimento de pertencimento do indivíduo ao grupo” (MAZZOTTI, 1994, citado por DAMASCENO, 1997) -, base de um sistema de significações, que dá força e inspiração a toda iniciativa de criação e de invenção. 6
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
É necessário percorrer o caminho da (re)construção da estrutura do espaço do esporte e do lazer enquanto produtos objetivados das lutas históricas tal como se pode apreendê-los num dado momento do tempo, quer dizer, como se dá a formação desses enunciados (construção de novas representações), como eles se organizam entre si para constituírem-se em um novo conjunto de proposições que são aceitas e portanto, apreendidas. Incorporadas pela sociedade que passa a assumir este novo estatuto de representação pois “não há outro modo de compreender as transformações a não ser a partir de um conhecimento da estrutura” (BORDIEU, 1990). O nosso problema se concentra justamente nesse tipo de produto não material que se consome no ato de produção. O movimento corporal humano é singular, se realiza e, concomitantemente, vai sendo consumido por praticantes e assistentes. Não pode ser reproduzido de forma alguma. Um jogo, uma dança, etc., são situações históricas onde transcorrem subjetividades e relações objetivas particulares que jamais poderão se repetir. MARINHO (s.d.) e JORDÃO RAMOS (1974), ao estudarem a história da educação física e dos esportes no Brasil Colonial, apresentam as corridas, a natação, a caça, a pesca, a canoagem, o arco e flecha e a dança praticadas pelos índios como “primeira manifestação do lúdico e do movimento” (DICKERT e MERHINGER, 1989, 1989b, 1994), muito embora fossem essas atividades executadas no seu dia-a-dia, responsáveis por sua sobrevivência enquanto povo. A esse respeito, GEBARA (1994b; 1997, 1998), afirma que a máquina e o relógio transformaram o universo das ações motoras, “os homens não mais definem seu potencial e habilidade muscular” (GEBARA, 1994b; 1997, 1998). Instrumentos externos são introduzidos no sentido de “avaliar mais racionalmente, ou mais produtivamente, a atividade física do trabalhador. Está aí a chave para compreendermos a constituição dos esportes modernos” (GEBARA, 1997, p. 70; 1998, p. 6): “... Não é admissível , dessa maneira, pensar a História do Esporte no Brasil, a partir das atividades motrizes componentes do cotidiano indígena. O remar e o pescar, bem como o uso do arco e da flecha, estão determinados por ritmos musculares autônomos. Os remadores olímpicos de hoje, pelo contrário tem seu treinamento planejado a partir de ritmos cronométricos. A história do esporte, lazer e Educação Física no Brasil, a par das questões teóricas apontadas, implicam ainda um processo de colonização, no qual valores e atitudes foram aqui estruturados, tendo em vista, em muitos casos a iniciativa de colonizadores, e mais freqüentemente de imigrantes...” (GEBARA, 1997, p. 70; 1998, p. 6)
Mas HUIZINGA (1980) considera que “ ... mesmo as atividades que visam a satisfação imediata das necessidades vitais, como por exemplo a caça, tendem a assumir nas sociedades primitivas uma forma lúdica”. O lúdico - ludens - abrange tanto os jogos infantis como a recreação, as competições, as representações liturgias e teatrais e o jogo de azar. Aparece em todas as culturas e épocas, sob a forma de jogo, de festa, manifestação de uma dada cultura (HUIZINGA, 1980) O lúdico, como "forma significante", primária, é compreendido como fator cultural de vida. Em seus aspectos - luta por alguma coisa e representação de alguma coisa - representam, ambas as funções, uma figuração imaginária de uma realidade desejada. O jogo serve explicitamente para representar um acontecimento cósmico: "A palavra celebrar quase diz tudo: o ato sagrado é celebrado, isto é, serve de pretexto para uma festa", ensina HUIZINGA (1980). Esse autor não faz distinção entre "jogo" e "festa", pois ambos implicam uma eliminação da vida cotidiana, onde predominam a alegria; são limitados, ambos, no tempo e no espaço; e possuem regras estritas. Deve-se considerar que existe uma História que explica a esportivização dos jogos e práticas corporais, como existe uma outra História no que se refere a localização dessas práticas em espaços culturais e sócioeconômicos distintos (GEBARA, 1994b, 1997, 1998).
8. A CORRIDA ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS7
A ocupação do território maranhense se deu através de três correntes migratórias - Lácidas, Nordéstidas e Brasílidas, nessa ordem. Embora os traços mais antigos da presença do homem no continente americano datem de 19 mil anos, as teorias mais recentes o dão como procedentes da Ásia a 20 ou 30 mil anos (CORREIA LIMA & AROSO, 1989). Esses autores, ao adotarem a sistemática de Canals-Pompeu Sobrinho, afirmam que caçadores australóides do nordeste asiático - Sibéria, de acordo com AQUINO, LEMOS & LOPES (1990, p.19) - ingressaram no Alasca há pelo menos 36 mil anos e durante os 20.000 anos seguintes consolidaram sua cultura e se expandiram pelo território, tendo seus descendentes atingido Lagoa Santa -MG há 7.000 (mais ou menos) 120 anos. Sander-Marino (citados por CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p. 19) registram entre 40 e 21 mil anos a presença dos superfilos MACRO-CARIB-JÊ, uma das correntes pré-históricas povoadoras das Américas. Para FEITOSA (1983, p. 70) há um consenso quando da "determinação temporal" da chegada dos australóides no Novo Mundo, com as estimativas variando de 20.000 a.C. (RIVET); 28.000 a.C. (CANALS); 40.000 a.C. De acordo com pesquisas mais recentes, realizadas em São Raimundo Nonato Piauí, foram encontrados fosseis com datação de 4l.500 anos (FRANÇA & GARCIA, 1989). Os Lácidas, descendentes dos australóides, atingem o Maranhão. Das famílias lingoculturais suas descendentes, destaca-se a JÊ, grupo mais populoso; de maior expansão territorial; e de melhor caracterização étnica. Os Jês caracterizam-se pela ausência da cerâmica e tecelagem, aldeias circulares, organização clânica e grande resistência à mudança cultural, mesmo depois de contato, como se observa entre os Canelas, ou RANKAKOMEKRAS como se denominam os índios da aldeia do Escalvado (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1994). ABBEVILLE (1975) foi quem primeiro registrou, no Maranhão, as atividades dos primitivos habitantes da terra. Para esse autor é por não terem ambições materiais que os índios da Ilha do Maranhão: "... vivem alegres e satisfeitos ... quando não estão em guerra, passam a vida no ócio, empregando o resto na dança, na cauinagem, na caça e na pesca, mais para alimentar-se do que para juntar riquezas ... A dança é o primeiro e principal exercício dos maranhenses ... além da dança, têm como exercício a caça e a pesca ...(ABBEVILLE, 1975, p. 236).
SPIX e MARTIUS (apud CALDEIRA, 1991) afirmam serem os Jês, habitantes entre os rios Tocantins e Capim, hábeis nadadores. Sobre as atividades de corridas, há registro de serem os Timbiras grandes corredores: "... timbiras de canela fina (corumecrãs) - hordas nômades que se movimentam entre as áreas banhadas pelos rios Mearim, Alpercatas e Itapecurú; famosos pela velocidade na corrida, esses índios enrolavam suas pernas com fios de algodão que acreditavam afinar-lhes as pernas e proporcionar-lhes leveza para correr ...".(p. 77-78).
PAULA RIBEIRO (1841, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989) descreve uma das principais "manifestações do lúdico e do movimento" - para usar uma expressão de DIECKERT & MEHRINGER (1989b, 1994) -, na cultura Jê, referindo-se à música e à dança: "... enquanto as muitas mulheres guizam as comidas, dançam eles e cantam ao som de buzinas, maracás e outros instrumentos ... esta dança e música noturna, melhor repetida depois da ceia, dura quase sempre até às cinco da manhã ..." (p. 39). 7
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de "TIMBIRAS", e dividem-se em dois ramos principais, segundo seu habitat - Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de canelas finas "pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados", conforme afirma TEODORO SAMPAIO (1912, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p. 41), confirmando SPIX e MARTIUS (1817, citados por CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p.59) quando afirmam, sobre os Canelas, "... gaba-se a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.". Ao descrever as atividades da educação física no Brasil colonial, MARINHO (s.d.) afirma serem a "pesca, a natação, a canoagem e a corrida a pé processos indispensáveis para assegurar a sobrevivência de nossos índios". Acreditam DIECKERT & MEHRINGER (1989a, 1989b, 1994) ser "através da criação e da valorização cultural da corrida de toras ... a base para a sua [dos Canelas] sobrevivência física e cultural" . A corrida de toras JUNG & BRUNS (1984) ao analisarem os aspectos rituais das corridas de longa duração em diferentes culturas e épocas afirmam ser " uma outra forma de corrida religiosa ... a chamada corrida do tronco dos índios Jês no Brasil meridional ... A corrida podia ser um rito ou também ter caráter profano. Os participantes podiam ser homens, mulheres ou inclusive crianças". Para esses pesquisadores, baseados em STAHLE (1969), a época das corridas corresponderia ao início das chuvas. DIECKERT & MEHRINGER (1989a, 1989b, 1994) afirmam que as corridas de toras são realizadas durante os cinco diferentes ciclos festivos "que ocorrem na época das secas, de março a setembro". Não descartam o contexto ritualista da corrida, que marcam os "ritos de iniciação, o regresso à aldeia após uma caçada ou também como prova de matrimônio", não havendo surpresa em que essas corridas fossem executadas às vezes diariamente. Segundo os regulamentos, duas equipes, - representação dual da sociedade Canela onde as duas metades da aldeia, a ocidental e a oriental se "opõe" (DICKERT & MEHRINGER, 1989a) - teriam que carregar os troncos de madeira (palmeira buriti) - (DICKERT & MEHRINGER, 1989b) - em uma corrida por um caminho previamente traçado, até uma meta estabelecida, quase sempre fixada na praça da aldeia. BRUNS & JUNG (1984) trazem como distância de corrida 12 quilômetros e o peso do tronco até 100 quilos. DIECKERT & MEHRINGER (1989a, 1989b, 1994) dividem as corridas em longas (20 a 40 km), médias (4/5 km) e "corridas na aldeia" (850 metros). As corridas longas, de acordo com depoimento dos índios, ocorriam antigamente com mais freqüência. Os pesquisadores presenciaram uma corrida longa, de 25 km, no período em que permaneceram entre os Canelas e aproximadamente 20 corridas médias, saindo do cerrado para a aldeia, numa distância de 4/5 km, distância também corrida pelas mulheres. As toras de palmeira buriti pesavam entre 20 e 110 quilos. As "corridas de aldeia" eram realizadas com mais freqüência, sempre por volta das 6 horas da manhã e/ou à tarde, pelas 4 horas, no caminho circular de 850 metros. Cada equipe carrega um tronco que é trocado com freqüência, já que é muito pesado para ser levado por um só corredor durante o longo trajeto percorrido. O tronco é passado do ombro de um corredor para o de outro, repetindo-se a cada 50 a 100 metros: " O objetivo da competição é transportar a tora, fazendo trocas entre os corredores – carregadores - o mais rápido possível, entre a partida e a chegada, onde ela deve ser jogada primeiro. Isso só pode ser feito quando cada membro do grupo dispor tanto de uma boa condição para a corrida como também de uma boa força para o transporte. Além disso deve acontecer uma constante combinação entre os corredores (atitude tática), sobre quando deveria ser feita a troca da tora. Além disso não pode haver perda de tempo na troca da tora de um ombro para outro. Deve-se por esgotamento do carregador ou durante a troca. Assim sendo, sempre se combinam as coisas no grupo antes da corrida ...". (DIECKERT & MEHRINGER, 1989a, p.13).
Verifica-se, pelas regras principais, que se trata de uma corrida de revezamento onde toda a equipe vai correndo atrás de quem leva o tronco, e têm um caráter competitivo entre os dois grupos adversários, onde o
objetivo sério é: vencer (DICKERT & MERINGER, 1989a, 1989b, 1994). No entanto não há nem elogios para o ganhador, nem críticas para o perdedor (JUNG & BRUNS, 1984) pois conforme informou um dos corredores a DIECKERT e MEHRINGER (1989a) "(...) ele sempre procura não correr muito mais rápido do que o adversário. Isso poderia causar inveja e, também, haveria o perigo de um 'feiticeiro' (bruxo curandeiro mau) castigá-lo..." (p. 14). Para JUNG & BRUNS (1984) o significado do tronco já não é mais conhecido pelos indígenas, "... se supõe uma relação com o culto dos mortos, onde o tronco de madeira simbolizaria os mortos. Através de se carregar consigo os mortos, nessas festas, deveria produzir-se uma união das almas dos mortos com as dos jovens, para que a força dos maiores se transferia a eles e estimule seu crescimento". DIECKERT & MEHRINGER (1989a) ao procurarem o significado das corridas, encontram em NIMUENDAJÚ (1946) como sendo uma forma de honrar as almas mortas, o que é interpretado por STAHLE (1969) como "culto da morte", pois "...todas as toras são consideradas 'representantes dos mortos' e a corrida de toras possibilita uma 'ressuscitação das toras como forma de garantia da vida para além da morte para os mortos". Já SCHULTZ (1964) segue a interpretação de NIMUENDAJÚ (1946), em suas investigações sobre os Krass, mas enfatiza também o "caráter esportivo". Os RANKAKOMEKRAS confirmam que a tora seria uma alma dos mortos. Mas "... a alma do morto (megaro) teria se transformada numa moça e agora se encontraria na palmeira Buriti...". As formas de movimento dos índios Canelas se manifestam num contexto de ritual (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b; JUNG & BRUNS, 1984). Por ser uma sociedade dual - onde as duas metades da aldeia se opõe -, o que determina a conseqüente formação de grupos (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b), situações de conflito são resolvidas, por exemplo, com a realização da "corrida de toras" (FEITOSA, 1983). Nela se manifestam os valores e as normas sociais (DICKERT & MEHRINGER, 1989a). São as festas que aproximam os jovens dos valores e normas culturais, que lhes permite "vivenciar" o mundo de acordo com suas leis (DICKERT & MEHRINGER, 1989b). Parece verdadeira a interpretação de ser a corrida de tronco um culto aos antepassados (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b; JUNG & BRUNS, 1984), pois as regras da corrida foram ensinadas 'pelos bisavós' e ainda são respeitadas (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b). Há um sentido mais profundo na realização da corrida pois aquele que "quiser viver como caçador e coletor e também como guerreiro tem que apresentar uma excelente condição física". Por isso, essa "necessidade de sobrevivência" foi formulada "(...) enquanto 'objetivo de ensino' para os jovens, num contexto cultural, a fim de garantir a continuação da tribo." (DICKERT & MEHRINGER, 1989a). Para Dieckert e Mehringer é através da criação e da valorização da forma cultural da corrida de toras que os Canelas fizeram com que os princípios da "individualidade" e da "solidariedade" se tornassem a base para a sua sobrevivência física e social. Em oposição à muitas outras tribos indígenas, que também vivem sobre a influência dos brancos fazem 200 anos, os Canelas puderam conservar de forma admirável grande parte de suas tradições, como também de seus sistemas de normas e de valores. Perguntam: será que a dominância cultural das corridas de toras teria contribuído para tal ?
9. PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO COLONIAL8
A Igreja teve um importante papel no processo de colonização do Maranhão, indo além do mundo espiritual, representando o único freio moral de uma população brutalizada e ignorante. É na igreja que essa população encontra "uma diversão e uma alegria que quebrasse a monotonia desesperada de uma vida prenhe de perigos e vazia" (MEIRELLES, 1977, p. 65).Essa alegria era representada pela beleza litúrgica do cerimonial religioso: "O Te-Deum, a missa, o sermão, a novena, a procissão, o canto coral, a música do cravo no coro, o repicar dos sinos nas torres e a comédia que os noviços representavam em dias de festas, no adro dos templos, eram a única distração e a única alegria que regularmente se concedia àquela gente.". (MEIRELLES, 1977, p.65).
Essas festas eram realizadas em datas consagradas a algum santo. LISBOA (1990) nos relata que a Câmara de São Luís tinha que mandar celebrar, além da procissão de Corpus Christis, quatro festas anuais: "... a saber a de São Sebastião em janeiro, a do anjo Custódio em julho, a da Senhora da Vitória em novembro, e a da restauração de D. João IV, chamado especialmente el-rei, em dezembro ...". Fora essas datas, só se realizavam cerimônias festivas "quando assumia um novo governador ou, depois, quando chegava um novo bispo" (MEIRELLES, 1977). BETTENDORF (citado por LOPES, 1975) nos dá conta que, em 1678, quando da chegada do primeiro bispo ao Maranhão "fizeram-se várias representações de encamisadas a cavalo". D. Gregório de Matos (1679-1689) foi recebido com uma festa que durou mais de oito dias e “foi um verdadeiro carnaval”: "O carnaval já existia no Maranhão a esse tempo, haja vista que BETTENDORF informou, por exemplo, que tendo Pedro César de Menezes governado quase cinco anos sucedeu-lhe Inácio Coelho da Silva, no começo de 1678 pelo entrudo; em outra passagem, referindo-se à Revolta de Bequimão, diz que a primeira conjura do Convento de Santo Antônio foi uma dominga antes do entrudo do ano de 1684, que foi a 15 de fevereiro." (MEIRELES, 1977, p.81).
O entrudo é o tempo do divertimento que compreende os três dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas. “Lembranças das saturnálias, februálias, florais, festas orgásticas assírias, medo-persas, babilônicas, revivem no Carnaval” (CÂMARA CASCUDO, 1972, p. 247): "Nenhuma crônica grega superava essa explosão de vida dionisíaca arrebatada, furiosa e brutal em sua espontaneidade. Juntem-se os aspectos violentos e brutais de pilhéria, denúncia, histórias infamantes improvisadas no momento e gritadas como proclamações radiosas, enfim outro traço evidente da corredela do entrudo português ... Foi, até meados do séc. XIX, o entrudo brutal e alegre ... pelo norte, centro e sul do Brasil, o movimento era igual. Água, farinha do reino, fuligem, goma, ensopando os transeuntes. Água molhando famílias e ruas inteiras, em plena batalha ... depois o entrudo admitiu formas mais doces com as laranjinhas-de-cheiro e borrachas com água perfumada ...". (p. 247).
8
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
Esses tempos de festa serviam para regular o calendário do trabalho (GEBARA, 1994, 1994b, 1997; PILATTI, 1994, BRIGATTI, 1994). Ao contrário do uso do tempo após a revolução industrial, o tempo era regulado pela natureza. O ritmo do trabalho era dado pelo ritmo do homem no comando de ferramentas e instrumentos de trabalho, estes movimentados como extensão dos membros humanos (GEBARA, 1994, 1997). O controle, regularidade e universalização da mediação do tempo, através do relógio, somente acontece com o desenvolvimento do capitalismo industrial. Essa construção dos conceitos de tempo livre e tempo disponível aparecem em Marx, em algumas passagens nos “Grundrisse”, Elementos fundamentais para a crítica da economia política” (GEBARA, 1994, 1997). Uma função essencial do calendário é a de ritmar a dialética do trabalho e do tempo livre. Trata-se de permitir o entrecruzamento do tempo mais disciplinado, mais socialmente controlado, com o tempo cíclico das festas e, mais flexível, do jogo (Le GOFF, 1992, citado por GEBARA, 1994b, p. 183): “... uma das funções do calendário está em articular os tempos de trabalho e de não-trabalho, ou ainda, articular o tempo linear-regular do trabalho com o tempo cíclico da festa, do jogo e, do mesmo modo, do esporte (...) o calendário seria o resultado complexo de um diálogo entre a natureza e o homem; diálogo este não estranho ao lazer, ao esporte e ao jogo”. (GEBARA, 1997, p. 68-69).
BRIGATTI (1994) chama a atenção para a relação que os exercícios físicos e os jogos mantiveram com as festas, “sejam elas de fundo ritual, religioso, recreativo, etc.” (p. 94). De maneira geral, parece que o quadro temporal dos exercícios físicos e jogos, organizaram-se em torno do tempo das festas. Voltemos à festa de D. Gregório. Teve lugar, a seguir, no adro da igreja: "... uma comediazinha ... finda ela, foi D. Gregório para a casa de Manuel Valdez ... onde, por oito dias consecutivos, ou mais, houve representações de encamisadas a cavalo, danças e outros gêneros de demonstrações de festas e alegria." (MEIRELES, 1977, p. 76). As encamisadas constituíam-se, outrora, um cortejo carnavalesco que saía às segundas-feiras, com seus componentes vestidos de longas camisas e mascarados de branco, fazendo momices: "... primitivamente foi ataque de guerreiro, onde os soldados punham camisas sobre as couraças como disfarce. Depois, mascarada noturna, com archotes. Tornou-se desfile, incluído nas festividades públicas" (CÂMARA CASCUDO, 1972, p. 368). A tradição de desfile a cavalo em festas oficiais é imemorial, tendo se tornado indispensável em Roma, durante as procissões cívicas, triunfos e mesmo festividades sacras (CÂMARA CASCUDO,1972, p. 249): "Em Portugal, desde velho tempo a cavalhada era elemento ilustre nas festas religiosas ou políticas e guerreiras. Mesmo nas vésperas de São João havia desfile de que fala um documento da Câmara de Coimbra, citado por Viterbo, aludindo em 1464, 'à cavalhada na véspera de São João com sino e bestas muares'. No Brasil aparecem desde o século XVII com as características portuguesas". (CÂMARA CASCUDO,1972, p. 259).
As manifestações do entusiasmo popular talvez tenham nascido com as atividades recreativa que pipocaram em certos centros, conforme as feições econômicas das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de atração transitória (LYRA FILHO,1974, p. 210): “Maior e mais amplo entusiasmo despertavam as cavalhadas, embora entre os grupos voltados para a cúpula da sociedade ainda em formação. O cavalo que lhes ajudou a ostentação há de ter cruzado sangue andaluz... O hipismo, como denominação genérica, fez viagem para o Brasil trazido pelos portugueses. No século XVIII, sobretudo, contou dias de fortuna e aristocracia ante o olhar do povo enfeitiçado...”. (LYRA FILHO, 1974, p. 222).
CÂMARA CASCUDO (1972) registra o termo "cavalhada" referindo-se a desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas ou de manilha. "Estes jogos foram um produto do feudalismo e da cavalaria", afirma GRIFI (1989), ao referir-se às atividades esportivas do medievo, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas. De acordo com esse autor, os principais e mais famosos jogos cavalheirescos eram: o torneio, o bigorno, a giostra, o carosello, o passo d'arma, a gualdana, a quintana, a corrida dall'anello. ALMEIDA (1928) em sua História de Portugal, tomo V, ao descrever os costumes e aspectos sociais nos anos 1500-1600, registra uma encamisada realizada em 1619: "Encamisadas (cavalhadas) – Jogo das canas. - Em ocasiões de festa, um grupo de cavaleiros, que marchavam a cavalo, cobertos de brancos e com tochas, constituíam a encamisada. Em 1619 projectava-se uma encamisada para a recepção de Felipe III de Espanha em Lisboa..." (citado por VIEIRA E CUNHA & FEIO, s.d., p. 92). As primeiras cavalhadas realizadas no Brasil acontecerem em 1641. MARINHO (s.d.) refere-se à uma realizada em abril, no Recife: "Portugal estava sob o domínio da Espanha e esta em guerra com a Holanda. Os holandeses haviam invadido o Brasil quando sobreveio a trégua entre estes e os espanhóis, a qual, naturalmente, se estendeu às colônias. Para festejá-la, foram organizados torneios eqüestres em que portugueses e brasileiros competiram contra holandeses." (MARINHO, (s.d.), p. 17).
Já CÂMARA CASCUDO (1972) registra uma encamisada realizada em março, no Rio de Janeiro, por ocasião da aclamação de D. João IV, onde: "... foi o princípio das festas uma Encamisada em que passaram mostra alegrando todas as ruas da cidade cento e dezesseis cavaleiros. Descreve Nelson Vianna:' Já na véspera, houvera as impressionantes e tradicionais encamisadas. E os entusiasmados cavaleiros que iam ter a honra de tomar parte nas cavalhadas, haviam percorrido, a luz dos archotes, as principais ruas da cidade, numa demonstração antecipada da magnificência que iriam ostentar as comemorações." (CÂMARA CASCUDO, 1972, p. 368).
Foram encontradas provas de que, além de em São Luís, também em Alcântara se realizavam essas cavalhadas (LOPES, 1975) não havendo informações de até quando foram praticadas no Maranhão: "E nesses torneios do tempo colonial os corcéis eram árdegos, de viçosa estampa e traziam arreios de preço. Os cavaleiros e seus 'peões' vestiam com esmero trajes de cores vivas e os primeiros, montados à gineta ou bastarda, exibiam a sua destreza na arte nobre de bom cavalgar." (p. 49). As cavalhadas foram uma ostentação da vaidade e do poderio de cavaleiros que despendiam recursos de monta na montaria. Naquela época, um cavalo habilidoso, próprio para passeio, custava de vinte a trinta milréis, mas o de corrida variava entre quatrocentos e seiscentos mil-réis (LYRA FILHO, 1974): “... Alguns cavaleiros não se interessavam na retirada da argola, importando-lhes muito mais a pompa da pose e a grandeza da saliência. Os animais participavam das cavalhadas com ricas selas forradas de veludo, bordadas a ouro, e franjas de idêntico metal; os arreios eram de prata. Sobre a sela, uma larga manta - talim - também de veludo e bordados de ouro; as franjas de cada cavalo tinham cores diferentes. O pedestre, seu acompanhante, vestia calção curto, meias compridas, sapatos de entrada baixa com fivela dourada, colete, jaqueta com galão de ouro e chapéu de dois bicos. Os heróis das corridas apresentavam-se em estilo bizarro, com uniformes de veludo e ouro, jogo de pistolas na cinta, gorro finíssimo e lança de madeira trabalhada em prata.”. (LYRA FILHO, 1974, p. 232) Além dos encamisados, "jogaram, decerto, a cana e a argolinha" (LOPES, 1975). A argolinha é encontrada desde o século XV em Portugal e, de acordo com GRIFI (1989), a corrida dall'anello - corrida do arco -
consistia de corrida a cavalo, lançado a galope, durante as quais os cavaleiros deviam enfiar a lança ou a espada em um arco suspenso. Vencia quem conseguia enfiar o maior número de arcos. Originária de antiquíssima justa, desde o século XVI que se corre a argolinha no Brasil: "Pendendo de um arco ou poste enfeitado, uma argolinha deve ser tirada pela ponta da lança do cavaleiro, em desfilada. A argolinha enfiada em lança era oferecida a uma autoridade ou às moças e senhoras, havendo prêmios ... No meio do circo levantam-se dois postes aos quais se prende uma corda ou um arame um pouco frouxo; e deste arame pende uma ponta de um fio ou de uma fita uma pequena argola, mas presa por tal feitio que, sendo tocada ou antes enfiada por uma lança, imediatamente se desprende na ponta da lança. Feito isto, todos os cavaleiros se colocam em fila, defronte e bem longe da argolinha; e cada um por sua vez saindo da fila, firma-se na sela, enrista a lança e fazendo o cavalo disparar, passa entre os dois postes onde está a argolinha e tenta tirá-la." (CÂMARA CASCUDO, 1972, p. 103).
No "Mapa Cultural" do IBGE (1980), encontra-se a descrição de cavalhadas realizadas em Alagoas, Bahia, Sergipe, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba como cortejo e torneio a cavalo em que a parte mais importante consiste na retirada de uma argolinha com a ponta de lança, em plena corrida: " Os doze cavaleiros ou pares são divididos em cordões azul e encarnado". MORAES (1989) ao registrar as festas de São Luís em seu "Guia", informa que "cavalhadas, congadas, fandangos, cheganças e mascaradas, tivemo-los durante o período colonial (...). De épocas mais recentes, apesar de virtualmente desaparecidas, são tambor de taboca, lindéo, caninha-verde (...)" (p. 178). CÂMARA CASCUDO (1972), em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, registra o verbete "Cana-Verde" ou "Caninha-Verde", mas referindo-se a uma dança cantada, originária de Portugal, da região do Minho. Consta de uma roda de homens e mulheres que se defrontam, cantando e permutando de lugares. Não se trata, naturalmente, da mesma manifestação, visto ser a "cana" um jogo do grupo das cavalhadas, conforme registra o Conde de Sabugosa (citado por VIEIRA E CUNHA & FEIO, s.d.), ao referir-se às "toiradas em Portugal": " ... pela transformação da arte militar acabaram as escaramuças, os jogos de canas e os desafios de cartel em que os mantenedores e aventureiros de armas brancas ao som de trombetas, sacabuchas, charamelas, pífanos e tambores defendiam em combates simulados as belas Celindaxas ... Juntamente com a cavalaria a gineta e o trajar pomposo do século passado, morreram as cavalhadas, a argolinha, a cabeça-de-turco e o pato ..." (p. 37).
O mesmo Conde de Sabugosa, citando Garcia de Resende, enumera as virtudes de D. João II - neto de D. Duarte, o autor do "Livro de ensinança de bem cavalgar toda sella": "E as festas eram d'elle com grande veneraçam celebradas, e sempre n'ellas se vestia ricamente, e com grande estado real guardava os antigos costumes dos reys seus antecessores convem a saber, no Natal consoada, na Páscoa Ressurreiçam, dia de Corpus Christi procissão e touros, vésperas de S. João grandes fogueiras, e no dia cannas reaes." (p. 38).
Em "uma toirada de el-rei D. Sebastião", o Conde de Sabugosa descreve uma corrida de touros realizada no ano de 1575: "No dia 24 de junho começaram logo de manhã a encher-se os degraus dos palanques baixos, e todo o recinto destinado ao povo ... Outros relembravam as festas e os jogos da canas dados três anos antes em Santo Amaro pela chegada do Vice-Rei D. Luís de Ataíde, vitorioso dos reis da Índia, e duvidavam que estes festejos pudessem ser mais brilhantes ...
“Evacuada a praça, entrou majestosa e grave a régia comitiva ... tinha então o neto de Carlos V vinte e um anos ... seguiam-no D. António, Prior do Crato ... o Duque de Aveiro ... Cristóvão de Távora ... D. Álvaro de Castro ... D. João de Castro ... Luís da Silva ... o Conde de Sortelha; D. Luís de Menezes; e muitos outros, que se dispuseram em ordem para as cortesias que deviam de proceder as canas reais ... “Dividiam-se em quatro companhias, tendo cada uma à frente o seu guia. Compunham as quadrilhas sessenta e quatro cavaleiros vestidos à mourisca de veludo de várias cores ... Acompanhava cada cavaleiro uma comitiva de oito pagens e oito lacaios, fazendo ao todo um exército de mil e vinte e quatro pessoas ... Separaram-se em dois corpos as quatro fileiras, e começaram com disciplinada ordem a sair dois a dois os combatentes, logo quatro a Quatro, e oito a oito, principiando os conflitos com o arremessar ágil das canas, prontamente aparadas nas adargas com elegância e destreza." (citado em VIEIRA E CUNHA & FEIO, s.d., p. 45-47).
Ao descrever as distrações na Idade Média, em " a sociedade medieval portuguesa", Oliveira Marque ensina que, "uma vez a cavalo, o nobre medieval podia entrega-se a uma série de exercícios desportivos". Dessas, os mais vistosos e conhecidos eram sem dúvida as justas e os torneios, embora seja difícil distinguí-los. Em princípio, a justa travava-se entre duas pessoas, enquanto o torneio assumia foros de contenda múltipla. No dizer de GRIFI (1989), a "giostra" era disputada somente entre dois cavaleiros, diferente do torneio que era combate em times. Eram usadas "armas corteses", isto é, armas desapontadas ou cobertas por uma defesa. O confronto consistia de uma corrida a cavalo de um contra o outro, lança em riste, com o objetivo de desequilibrar o adversário, melhor ainda, de fazer cair, ao mesmo tempo, cavalo e cavaleiro. Em torno do século XIV espalhou-se o mau costume de usar lanças ou armas desapontadas. Variante das justas eram as chamadas canas: "Em vez de lanças, os jogadores, a cavalo, serviam-se de canas pontiagudas com que se acometiam. O jogo possuía as suas regras, evidentemente muito diferentes das que regiam os torneios. Popularíssimos no fim da Idade Média, mostrava-se espetáculo quase obrigatório nos festejos públicos, ao lado das justas e das touradas. Houve canas no casamento de D. Leonor, em 1450, como as houve no do príncipe D. Afonso, em 1490, e em muitas outras festividades." (citado por VIEIRA E CUNHA & FEIO, s.d., p. 84).
Para SOUSA , o "jogo das canas, de antiga tradição nacional" (citado por ALMEIDA, in VIERA E CUNHA & FEIO, s.d., p. 665) , continuou em uso, nos séculos XVII e XVIII, com grande aparato e luzimento, quando nele intervinham pessoas da alta nobreza: " ... Em 1663, entre os festejos que em Vila Viçosa se fizeram, para solenizar o casamento do Duque de Bragança com D. Luisa de Gusmão, figurou um jogo de canas, com aquela solenidade e grandeza que os Duques davam sempre às suas festas: Dividiu-se o jogo – diz o autor da História Genealógica - em duas quadrilhas, cada uma de dezoito cavaleiros. A primeira era de D. Duarte com D. Luís de Noronha, caçador-mor; a segunda, de D. Alexandre com Fernão Rodrigues de Brito, camareiro-mor do Duque. Juntaram-se no campo do Carrascal, donde saindo por Santa Luzia à Rua da Corredoira, entraram na forma seguinte: à frente ia uma bastarda, e seis trombetas, quatro atabales, todos com vaqueiros guarnecidos de passamanes de prata, montados em mulas cobertas com gualdrapas de pano verde, bordadas de cortados amarelos: logo as lanças, e entre elas com divisão três ternos de charamelas, e as do Duque com sua libré; seguiam-se duas azémolas de canas cobertas de reposteiros de veludo com as armas bordadas de ouro e prata com cadilhos de várias cores; as ferragens, arrochos e testeiras das armas eram de prata. "Entraram oitenta cavalos à dextra com jaezes de ouro e prata, os mais deles do Duque; dos últimos eram doze de D. Duarte e D. Alexandre, com jaezes de ouro, pérolas e aljofre, boçais e enceladas do mesmo, cobertas as celas de ricos telizes de várias cores; vinham presos pelos cordões das cabeçadas, que levavam homens vestidos com mariotas de tafetá azul e verde. Foram os padrinhos D. Cristóvão Manuel e D. Antonio de Melo, estribeiro-mor do Duque, que iam montados em soberbos cavalos; seguiase o meirinho da Casa, doze moços da estrebaria e doze da guarda, que levavam no meio D. Duarte e à sua estribeira doze moços da Câmara, um dos quais levava a adarga com a sua empresa, que era de
loureiro verde e quatro coras do próprio suspensas dele, com esta letra: Nondum aruit; e no estandarte da lança levava uma águia com os pés atados e a letra dizia: Semper cadem. "Tanto os desta Quadrilha como da outra quadrilha vestiam à mourisca, com marlotas e capelares de velilho de ouro e azul, franjados de ouro, foros de tafetá azul, barretes vermelhos sem plumas, e suas empresas. Não levava mais diferença D. Duarte, do que ter esporas e tranco de ouro, e aljofres; e o seu cavalo era baio, ia guarnecido com jóias, freio, encelada e boçais de ouro e aljofre. "Os da outra quadrilha vinham com larelotas e capelares de velilho de ouro verde; D. Alexandre montava um cavalo castanho-claro; no mais igualava em tudo com seu irmão, com outros tantos moços da Câmara, estribeiras e guarda: levava na adarga por empresa um sol saindo de uma nuvem escura, com esta letra: Post tenebras spero lucem; e no estandarte da lança uma harpa, com a letra que dizia : Quid erit in Coelo? "Ultimamente marchava um esquadro de duzentos soldados com bandeira, tambor e pífano, governados pelo alferes-mor do Duque, soldado veterano que tinha militado em Flandres, todos com luzidos vestidos, bandas e plumas. "Entram desde Santo Agostinho pela parte do Convento das Chagas: tanto que chegaram à janela em que estavam os Duques, tirando com bizarria as lanças do ombro, com baixar-lhes as pontas fizeram as cortesias, passando a dar princípio às carreiras, e no fim delas às canas, que correram com desembaraço e bizarria, e depois com uma vistosa escaramuça; e acabando ultimamente com carreiras, despediram-se como tinham entrado, o que aplaudiu o castelo com uma salva de artilharia; e saíram a passear as ruas da vila." (In VIEIRA E CUNHA & FEIO, s.d., p. 93-94).
Luiz Edmundo em seu “O Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Reis" descreve assim uma cavalhada: “... surge um corpo de pagens pelo vão da tranqueira aberta sobre a arena. Eles vêm a pé e deverão servir aos cavaleiros em suas escaramuças; embora sem espadas, vestem a indumentária dos tempos idos. Com o tricórnio na mão, cada pagem mostra sua cabeleira presa por um laço a catongan. O grupo vem dos fundos e marcha até o centro do terreno; alí, há uma parada para as cortesias do estilo ao Vice-Rei. Cada pagem recua o pé direito, toca o chão com o joelho, mantendo a cabeça recurvada, e junta o queixo a um dos ângulos do tricórnio posto em massa sobre o peito. O grupo avança, evoluindo em fila singela, para dividir-se ao meio. Agora, são duas metades: uma toma o caminho da direita e outra o da esquerda. Aos compassos da marcha batida, os pagens voltam e saem pelo vão da tranqueira; mas logo ressurgem, acompanhados das alimárias cheias de guisos transportados em largos surrões de couro. Ali estão os apetrechos destinados ao jogo: lanças, postes de argolinhas, cabeças em massa, alcanzias e numerosos outros de tamanhos reduzidos. “Os animais, antes do descarregamento, fazem o circuito da praça seguidos pelos seus guias; a carga é posta no chão, para ser utilizada pelos cavaleiros. Estes surgem, em seguida; são doze, distribuídos em duas filas iguais. Uns se distinguem dos outros pelas cores dos vestuários; os componentes de uma fila exibem vestimentas verdes e os da outra vestimentas cor-de-rosa. Todos os calçados são iguais: na mão esquerda uma luva branca e no tricórnio uma esguia pluma da mesma cor. As botas não ficam à vista: são cobertas por polainas igualmente brancas, altas e de atacar. As selas dos animais pertencentes aos cavaleiros do grupo cor-derosa são vermelhas e as do grupo verde são amarelas; com tais cores combinam as rédeas, as cabeçadas, os rabichos e as pontas das guias. Mas os chairéis, os peitorais e os seus enfeites são uniformes. As ferragens, assim como os copos dos freios e dos estribos, são prateados. “Os cavaleiros trazem nas mãos lanças decontoadas. Logo de entrada fazem marchar a passo as suas cavalgaduras; mas não tiram os chapéus. Vão ao centro do anfiteatro. Majestosos e serenos, olham o camarim do Vice-Rei, perfilados, e fazem a continência dos sete tempos. Esta consiste em destro e elegante manejo executado pela lança, que toma sete posições diferentes até ser arremessada para trás ... os cavaleiros separam-se em dois grupos, em seguida. Então, levantando os cavalos de galope, terçam as lanças ao meio, empunhando-as com a mão direita voltada para baixo. O galope é vistoso; nas passagens dos dois grupos, um junto ao outro, os cavaleiros erguem os braços direitos e se entreolham com simpatia.
“A cavalhada prossegue com a manobra dos círculos, em rodopios. Os cavaleiros da fileira central galopam seus animais ao revés, na ação de retorno para não voltarem o rosto aos componentes do outro grupo, que andam por fora. No desdobramento dos lances, os flagrantes revelam a destreza dos componentes da ambos os grupos e a de suas alimárias. Os lances chegam ao final com a ocupação dos pontos opostos da arena, separados os grupos conforme suas cores simbólicas ... então, os pagens portadores de cabeças de papelão pintado avançam e as vão colocando no chão, onde ficam espalhadas. Elas têm tamanho natural e são presas no solo pela base do pescoço. A arena volta a ser preparada para um novo encontro; as lanças decontoadas são trocadas por outras de ponta fina. A sorte é divertida. . O cavaleiro sai, de arma em riste, com o objetivo de nela trazer o maior número de cabeças... “Voltam os pagens, portadores de novas cabeças, agora colocadas em plintos altos, de metro e meio de altura. Substituem-se as lanças por pistolas. O jogo é simples, basta visar e atirar, que a cabeça, logo, se despenhará. E cabeça por terra, ponto marcado... “...Dois pagens de grupos opostos saem dos castelos rivais, onde os cavaleiros estão encantonados, e caminham em direção ao vulto embuçado ... eis que descidos os panos de damasco, surge à luz do sol o busto esplêndido de um homem de pau, trajado à romana; no braço esquerdo, um escudo e, no direito, um vastíssimo azorrague. A figura assenta um pivot sobre um pedestal robusto, ficando ao solo... “Os cavaleiros já estão em fila para o reinicio das escaramuças. O primeiro combatente sai, levando em riste a lança decontoada; já deu rédea ao cavalo, querendo-o livre na corrida, e, tem firme sob o braço a arma com que haverá de atingir, no centro, o escudo da figura. A expectativa do povo cresce. Na carreira, a lança fere em cheio o blaquel; o choque é rápido. O estafermo gira sobre o pino e lança no ar o azorrague terrível, que arremete contra cavaleiro e cavalo, sem atingi-los. O povo redobra os aplausos. A habilidade do combatente consiste em saber fugir ao látego, de sorte que a montada não o receba nem de leve... “No arremate, o preparo dos postes das argolinhas ... O cavaleiro vai ao encontro da dama preferida e lhe oferece a prenda que a lança recolhe...”. (citado por LYRA FILHO, 1974, p. 227-231). HADDAD (1985) no conto "GAZUL", pertencente ao Romanceiro Mourisco, escritos por poetas espanhóis na Andaluzia nos séculos XVII e XVIII, depois que os mouros foram expulsos de Granada, refere-se, também, ao jogos das canas: "Na praça de Sanlucar, Gazul desce vestido de branco, de violeta e verde. Dirige-se ao jogo das canas em Gelves, onde o governador dá festas pelo dia dos reis (...) Quarta-feira, ao meio-dia, Gazul entra em Gelves; vai logo à praça e toma parte no jogo de canas." (p. 162-163). Para LYRA FILHO (1994), da cavalaria medieval, que durante longo tempo conservou a tradução dos exercícios viris da antiga efebia e cuja decadência foi um dos consectários do aperfeiçoamento das armas, ficou em Portugal, de onde veio para o Brasil com os primeiros Governadores, o gosto pelo jogo das canas: “... As cavalhadas constituíram nos tempos coloniais e no Império um atraente exercício. Embora quase privativo dos jovens afortunados. Ao povo habituado à pasmaceira elas valeram por oferecerem espetáculos ou, como Fernando Azevedo escreveu, ‘memoráveis torneios de opulência aristocrática’. Será preciso distinguir as cavalhadas que os mancebos ricos disputavam daqueles outros jogos que no Rio de Janeiro foram conhecidos como o jogo das manilhas e em tantos outros cantos do país com o jogo das argolinhas. Com este último nome, o jogo chegou a estender-se até meados do século XIX. ............. “... Mas as cavalhadas não preservaram as mesmas características; aquelas que vogaram em Portugal, no tempo de nossa colonização, foram mais difundidas no Brasil; desde o século XVI aqui se corre a argolinha. “A cavalhada tomou vários nomes, dentre os quais desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo das argolinhas ou de manilhas; mas todos os encontros se distinguiram, um dos outros, por
suas peculiaridades. A tradição dos desfiles de cavaleiros vara o tempo e o espaço, alojando-se na Antigüidade remota o seu nascedouro...”. (p. 234-235).
Quanto ao "fandango" e as "cheganças", são originários das tradições portuguesas, com personagens vestindo fardas de oficiais da Marinha, lembrança da odisséia marítima, ocorrendo a presença de mouros que atacam a nau. Vencidos, são batizados. Denominam-se também "Barca" ou "Nau Catirineta" e é um auto do ciclo do Natal, orquestrado. Já a "congada" é um auto popular de origem africana, que rememora a luta da Rainha Ginga contra os portugueses. CÂMARA CASCUDO (1972) afirma ser trabalho da escravaria já nacional com material negro, "tal qual ocorre com o fandango, dança em Espanha e Portugal, e auto no Brasil, ao derredor da Nau Catirineta". Essas manifestações, registradas por MORAES (1989), pertencem a um período mais recente. No século XVII o fandango pode ter sido dançado, em par, como ocorria na Espanha, onde se originou. Essa distinção é necessária devido à controvérsia de quando se deu a introdução do africano no Maranhão, pois há quem registre o ano de 1686. Outros dão notícia do ano de 1680, mas com certeza foi após 1661 e antes de 1671, embora César MARQUES (apud MEIRELES, 1989) a dê em 1761 (sic). Ainda há o registro da "Festa do Divino Espírito Santo" trazida para o Brasil já no século XVI (IBGE, 1980). Em Portugal, a "Festa do Divino" aparece desde as primeiras décadas do século XIV e foi estabelecida pela Rainha D. Izabel (1271-1336), casada com D. Diniz (1261-1325) e começou com a construção da Igreja do Espírito Santo em Alenquer (CÂMARA CASCUDO, 1972). O cerimonial consta de passeio pela cidade, levantamento de mastro enfeitado de frutas naturais, feita por um grupo de caixeiras (tocadoras de caixa) (IBGE, 1980). esta festa até hoje é realizada em Alcântara, com muita pompa e honraria.
10. “PERNAS PARA O AR QUE NINGUÉM É DE FERRO”: AS RECREAÇÕES NA SÃO LUÍS DO SÉCULO XIX9
São Luís do Maranhão na época do Império: ".. Morava na rua da Cruz, próximo ao bêco Escuro, na descida do açougue, os filhos do popular Bazola, célebre pelas festas retumbantes que todos os anos promovia pelo transcurso do 28 de julho [de 1823], data da adesão do Maranhão à Independência”. (VIEIRA FILHO, 1971, p. 170). DUNSHEE DE ABRANCHES (1970), em seu romance histórico sobre a “Setembrada” descreve as várias festas que se realizavam em Maranhão no período de 1822 a 1831. Para esse memorialista, de todas as terras do Brasil, a maranhense sempre foi, e é ainda, a mais aferrada às tradições: “Os costumes dos tempos coloniais e os do primeiro império ali ainda dominam, aperfeiçoados naturalmente pela cultura intelectual, até hoje inexcedível, das classes dominantes. ............. “O Natal jamais deixou de ser em S. Luiz uma festa genuinamente popular. Desde o começo de dezembro, ninguém mais pensa em outra coisa a não ser gosar essas semanas de alegria e de folguedos. ............ “E, de fato, nesses dias faustosos, esquecem-se ódios e dores, aborrecimentos e misérias, e ricos e pobres não aspiram senão partir para os sítios pitorescos que margeiam o Caminho Grande e, por êle, se desdobram pelo Anil, a Maioba, a Vila do Paço e S. José de Riba-Mar. “Os que ficam na cidade, também animadamente se divertem. Por todos os bairros, mesmo os mais miseráveis, armam-se presépios para receber os bandos de pastorinhas...” (p. 27).
As festas são parte indissociável da cultura maranhense, se constitui em "... testemunho da brava resistência de um povo que teve contra si a caturrice opressora e egoísta dos colonizadores, fato continuado após a Independência, durante todo o Império e até a primeira metade deste século, embora em intensidade declinante." (MORAES, 1986, p. 177). São Luís do Maranhão, à época da partida de D. João VI (1816), era uma cidade em crescimento, consolidando e expandindo o conjunto arquitetônico que a opulência maranhense estampou. À sociedade maranhense não faltavam os contornos de relações sociais definidas. De alicerce agrário, com produção em latifúndio e dominação senhorial, conheceu como culturas econômicas o arroz e o algodão - com as peles e os couros, a cana-de-açúcar, a borracha, a pecuária constituindo-se em negócios complementares -, "fabricando centros urbanos de residência de exportação/importação de mercadorias, formulando uma imagem cultíssima de si mesma (resultado da remessa dos filhos à educação européia)" (CORRÊA, 1993, p. 74). Dessa educação dá-se o encontro de duas visões do mundo diferentes, senão opostas: uma dominada pela religião na sua expressão mais doentia, a outra dominada pela certeza da experiência, pelo caminho trilhado à luz do espírito científico, condutora da nova mentalidade.
9
Proposta de Tese apresentado ao CURSO DE DOCTORADO EM CIÊNCIAS PEDAGÓGICAS, CONVÊNIO CEFET-MA/ISPETP-CUBA (INSTITUTO SUPERIOR PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL) - TÍTULO: MANIFESTAÇÕES DO LÚDICO E DO MOVIMENTO NO MARANHÃO: COLÔNIA E IMPÉRIO. Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, SÃO LUÍS – MARANHÃO, OUTUBRO DE 1998
São Luís conhecia então uma renovação cultural importante: Manoel Odorico Mendes, Francisco Sotero dos Reis, João Francisco Lisboa, Trajano Galvão e sobretudo Antônio Gonçalves Dias, deram à Província do Maranhão um brilho que ela nunca conhecera (MÉRIAN, 1988). Os comerciantes formavam uma casta que dominava a economia da província. Eles e os ricos fazendeiros, cujos filhos haviam estudado na Europa, formavam a classe dirigente aparentemente iluminada na convencionalmente chamada "Atenas brasileira". d'ORBIGNY (1853, citado por MÉRIAN, 1988), registrou, quando de sua passagem por São Luís do Maranhão no século passado, a notável elegância e as maneiras da população branca: "Em sua maioria criadas em Portugal, as jovens senhoritas da região traziam consigo o gosto pelo trabalho e pela ordem, recato e comportamento geralmente alheios às nativas... Quanto aos rapazes, quase todos eles vão estudar nos melhores colégios da França ou da Inglaterra". (p. 13). Do encontro daquelas duas visões de mundo, aumentava a atenção sobre o corpo, sobre os gestos, atitudes e movimentos, tornando-se delicado progredir através de qualquer atividade física que ultrapassasse um limiar definido pelo bom tom: “... Este limiar representava uma autêntica linha limite que impedia toda a prática para além do simples passatempo, um recurso a formas agradáveis a que uma pessoa bem educada se devia dedicar no desejo legítimo e louvável de promover a perfeita conservação do corpo. Porém, jamais lhe seria permitido que tais práticas de simples passatempo se transformassem em verdadeiras ocupações.” (HASSE, 1985, p. 27)
Acompanhando a vida, os manuais de civilidade não deixam de assinalar diferentes formas de movimento e atividades diversas, úteis a uma educação correta e consideradas no quadro das recreações, como uma das coisas indispensáveis à vida, na qual ninguém pode prescindir (HASSE, 1985). DUNSHE DE ABRANCHES (1970), em suas memórias, descreve como eram passados os dias de passeio por essa classe formada pelas “gentes de bem”, fazendo o relato de um passeio ao sítio de seu avô, o rico comerciante português Garcia de Abranches - o Censor -, nos arrebaldes de São Luís, quando as famílias dos amigos então se reuniam para passar os períodos de festas e os finais de semana: “... as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irriquietos que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos com frutas, cachos de jussaras e de burutis, flores silvestres, emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos. ........ “Garcia de Abranches tinha a paixão da caça; e , quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas visadas. ........ “... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, [Frederico Magno] trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes. Encantava-as também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda. ....... “A monotonia das noites era sempre suavisada por divertimentos improvisados. Enquanto os três velhos [Garcia de Abranches, Comendador Meireles e Manoel Portinho] , chefes de família, se entretinham em partidas de cartas ou de gamão, com alguns roceiros vizinhos, os moços mantinham-se sempre em constante hilaridade e algazarra a propósito dos jogos de prendas ou iam para o terreiro ouvir os desafios dos cablocos, tocadores de viola.”(p. 28).
Durante séculos, a caça constituíra um direito da nobreza. Em 1823 ainda era defendida sua conservação como restrita a este grupo social, à velha ordem, justificando-se este parecer pelo fato de se considerar que na sociedade não podem andar armados todos os homens, mas apenas alguns (HASSE, 1985). O povo e os eclesiásticos não deviam se ocupar da caça porque isso “apartaria os primeiros do seu commercio e da cultura da terra” e aos segundos porque “são devedores de todo o seu tempo ao povo para, entre outras coisas, lhe ensinar as orações e a instruir na sã moral pelo que devem ocupar-se do estudo e das funções do seu ministério” (HASSE, 1985, p. 27): “... Sabiamente a caça fora destinada, segundo este parecer, àqueles que devem pela lei governar e defender os outros, achando-se entre o descanso e os prazeres nobres que lhes são concedidos. “Para estes, a caça é o meio de adquirir um caráter de força e de paciência que os deve distinguir, uma ocasião de se tornarem diligentes, activos, atentos, prudentes e corajosos, incapazes de temer a fadiga ou a desgraça” ........... “... Porém, quando a actividade da caça é bem dirigida, como um jogo, torna-se um meio eminentemente salutar para o homem hipocondríaco, para aquele que vive na sumptuosidade e na moleza, ou para aquele outro que tem vida sedentária. Desta maneira, a caça seria integrada no quadro geral das práticas benéficas e úteis à sociedade, quadro extenso onde se incluíam diversas atuações”. (HASSE, 1985, p. 27-27).
A caça fora destinada àqueles que devem pela lei governar e defender os outros, “achando-se entre o descanso e os prazeres nobres que lhes são concedidos” (HASSE, 1985, p. 27): “Para estes, a caça é o meio de adquirir um caráter de força e de paciência que os deve distinguir, uma ocasião de se tornarem diligentes, activos, atentos, prudentes e corajosos, incapazes de temer a fadiga ou a desgraça. “Este privilégio, a par de outros, fôra perdido entretanto pelo evoluir das condições econômicas admitindo-se, em 1874, que a caça é uma forma salutar de recreio que oferece determinadas vantagens”. (HASSE, 1985, p. 27).
Os longos passeios pelos arrebaldes permitiam o contato com o ar livre e com a natureza, e se constituíam forma de divertimento salutar, pois reúnem harmoniosamente a solução quanto ao medo de doenças que impedia a vida laboriosa, por um lado, e o medo da crítica que a rígida moral implicava, por outro. Às mulheres, “responsáveis primordiais na criação dos novos seres” (HASSE, 1985), recomendava-se sobretudo os exercícios do corpo que obrigavam a andar ao ar livre, como os passeios a pé ou a cavalo, pois: “ ... além de fortificarem a constituição animavam o semblante, sugerindo-se brandamente a relação favorável entre a saúde e a beleza, forma atraente de promover com delicadeza a aderência a práticas sadias conduzidas pelo desejo de Seguir os conselhos avisados dos médicos” (HASSE, 1985, p. 28). O jogo, enquanto divertimento para os mais jovens, torna-se objeto de atenção, “no desejo de promover desde cedo um conjunto de hábitos e de atitudes favoráveis à transformação de usos caducos” (HASSE, 1985, p. 28). Às exigências de ordem médica, seguem-se as de ordem econômica, para favorecer a orientação adequada às necessidades práticas que vinham ocupando os indivíduos. Nesta linha de reflexão, Hasse conclui que não é possível nem deve ser consentido à mocidade “huma applicação séria todo o dia”, sendo preciso dar liberdade ao corpo e ao espírito. “Este, depois de haver descansado, ficaria em melhor estado para o trabalho” (HASSE, 1985, p. 28): “... Começa a generalizar-se a idéia de que os divertimentos são necessários a todos os homens e, em particular, à mocidade. Esta tem para com eles uma propensão natural e eles servem muitas vezes de hum grande socorro, tornando-se nocivos Quando em excesso, levando o espírito a perder a sua força. .....
“... Os divertimentos, por possuírem um valor determinado ao nível do bom equilíbrio geral, são permitidos e aconselhados desde que mantenham circunspeção.” (HASSE, 1985, p. 28-29
Ainda se referindo ao Fidalgote, como era conhecido Frederico Magno de Abranches, seu sobrinho relembra que “... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla de que o Fidalgote era perfeito campeão ...” (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 31). OLIVEIRA MARQUES ao referir-se às distrações na idade média em seu “A Sociedade Medieval Portuguesa”, refere-se ao jogo da péla, como pertencente ao campo dos desportos violentos: “D. Duarte não o louvava (ao jogo da péla), antes pelo contrário o incluía na lista dos jogos que entretinham a mocidade da sua época, em detrimento dos exercícios de cavalaria. Mas D. João I encarava o jogo da péla como muito útil para o treino das armas: ‘e hoje em neste dia alguns, quando estão folgados e lhes é mister fazerem em armas, jogam alguns dias a péla, porque este jogo lhes faz tender os membros’. Não possuimos descrição deste jogo de bola, que deveria ser de arremessos, talvez com o intuito de derrubar qualquer obstáculo ou simplesmente de atingir um ponto distante.” (citado por VIERIA E CUNHA & FEIO, s.d., p. 85).
FORTUNADO DE ALMEIDA (in História de Portugal, tomo V), ao referir-se aos costumes e aspectos sociais, falando dos jogos desportivos e passatempos diversos, descreve o que seria o jogo da péla: “Nas ruas e outros lugares públicos concorriam muitos eclesiásticos e seculares a jogar e a ver jogar a ‘bola ou mancaes’. O Bispo de Coimbra D. Afonso de Castelo Branco, nas suas constituições de 1591, proibia aos eclesiásticos semelhantes exibições; e proibia em especial o jogo da pela nos jogos públicos, ‘principalmente despindo-se em calças e gibão, como alguns com poucos respeito de seu estado fazem’, No século XVIII chamava-se a este jogo o jogo dos paus. Mancais era o nome que no século XVI se dava aos paus destinados a ser derribados com a bola. “Em Lisboa, jogava-se a péla num pátio descoberto e público em cuja porta esteve este dístico latino: Lude pede, insulta, suda, contende, labora; Si tibi contingat perdere, solve, tace. “Jogavam seus parceiros, três de cada parte, com péla de couro, que se enchia de ar com uma seringa. Jogou-se a princípio com a palma; nos princípios do século XVIII, introduziu-se o uso francês de jogar com raqueta.”. (citado por VIERA E CUNHA & FEIO, s.d., p. 90-91).
GRIFI (1989), ao se referir aos jogos de bola, encontrou que Galeno, “o famoso médico grego”, recomendava tal prática para fins higiênicos e até mesmo escreveu um tratado específico sobre “o jogo da pequena bola”. Mas os jogos de bola, na Grécia, já aparecem nos poemas homéricos (p. 68). Mais adiante, afirma que nos séculos XIV, XV, e XVI destacou-se mais que os outros os jogos da bola, que se fundiu-se às manifestações folclorísticas, no novo contexto das estruturas renascentistas: “Na França, particularmente, a bola (de dimensões maiores da normal), nascido no tardo-medievo, como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos. Os jogos mais conhecidos são a paume, o pallone, a soule, a crosse, aos quais seguiram-se, na Itália, o calciofiorentino, o pallone al bracciale, a pallacorda, a palla al vento, a palla-maglio, o tamburello. “A paume (jeu de paume) consiste em bater a bola com a mão e substituiu os ludus pilae cum palma romano; conhecido já no século XII foi jogado melhor no período sucessivo, até dar vida ao atual tênis. “ (GRIFI, 1989, p. 188).
LYRA FILHO ( 1974), ao discorrer sobre os jogos com bola em diferentes culturas, refere-se ao tlatchtli praticado pelos primitivos mexicanos, numa descrição do Abade Prévost: “o local deste exercício é parecido com o jogo da péla e o instrumento consiste numa pelota feita de goma de uma árvore que se desenvolve em estufas quentes ... não se marcavam chaças como no jogo da péla” (p. 152). Mais adiante, ao referir-se aos costumes dos índios brasileiros, e descrever o jogo de petecas, afirma que esta distingue-se da péla romana (p. 175) A vida social de São Luís procurava manter os foros aristocráticos. À Sociedade Filarmônica sucedera o Clube Familiar. As festas dos Remédios, de Santa Filomena e de Santo Antônio "... serviam de pretexto também para as exibições de modas e de elegâncias ... " (ABRANCHES, 1941, p. 131). A festa dos Remédios tornou o largo onde era realizada famoso. Realizada no mês de outubro, "quando sopravam os ventos gerais e o sol é morno e caricioso" (VIEIRA FILHO, 1971, p. 88), essa festa foi descrita por diversos cronistas e escritores mas nenhum o fez de modo tão feliz, evocador e pitoresco como João Francisco Lisboa. LISBOA (1991) dedica dois folhetins às festas de São Luís - a de Nossa Senhora dos Remédios e à Festa dos Mortos ou A procissão dos Ossos - destacando ser a primeira a "mais popular desta boa cidade de São Luís" (LISBOA, s.d., p. 27), querendo dizer ser esta a mais concorrida pelo povo de todas as classes e condições, "e a que, na variedade das distrações que proporcionava, deixa mais satisfeitos os concorrentes". João Francisco LISBOA (1991), o Tímon, vencendo a feroz misantropoia de que o acusavam propõe-se a narrar "o mais agradavelmente que puder" (p. 307) o que tão agradavelmente presenciou e gozou: "Já um mês ou mais antes do dia da milagrosa Senhora, começa o azáfama da sua festa; as belas e os elegantes perdem o sono, imaginando nos meios de melhor ataviar-se ... Aviados ou não os preparativos, no dia aprazado começam as novenas, anunciadas a girândolas de foguetes, ao estouro das bombas, a toque de zabumba, e a repiques de sinos, ao meio-dia em ponto na ermida da milagrosa Virgem. É de notar que no Maranhão as festas públicas, quer religiosas, quer civis ou políticas, parecem que nada valem sem foguetes, sinos, zabumbas, bandeiras, ariris, acessório obrigatório a quase todas elas.” (LISBOA, 1991, p. 308; LISBOA, s.d., p. 29).
A festa dos Remédios, segundo esse autor, tem a particularidade de se dividir em duas partes, uma externa e outra interna: "Eis a externa. O povo, sem distinção de classe e condições, aflui ao anoitecer de todos os pontos da cidade, e ocupa promiscuamente o Largo dos Remédios, uns de pé, outros sentados em bancos e cadeiras, uns parados, outros passeando, aqueles fumando, estes devorando doces, estes outros simplesmente conversando, e alguns até engolfados em silenciosa e gozosa meditação. Cada um vestido segundo o seu capricho. E a todos a lua ilumina, o vento refresca, e a poeira incomoda sofrivelmente. Reina por toda parte o prazer e a cordialidade, e é quase geral a efusão dos bons sentimentos ... “ No antigo alpender de Nossa Senhora, e numa barraca erguida a poucos passos de distância, tocam alternadamente a música dos Educandos [Artífices], e a banda de cornetas do Corpo Fixo.- Nem escolha nas peças; nem esmero na sua execução; os instrumentos parecem velhos e rachados, e estão certamente desafinados. Será prudente aplicar o ouvido e a atenção a outros objetos ... “Agora a parte interna.- entremos na igreja. É pequenina, e está principalmente atulhada de pretas e mulatas; as brancas, as senhoras, a gente do grande tom, essa ocupa as tribunas, as janelas, e até os púlpitos que das salinhas assobradadas, que estão ao lado da igreja, deitam para o interior dela. Nestas salinhas, há mais fresco, e melhor companhia, e o escrito mais bem disposto, pode melhor entregar-se à devoção e às meditações religiosas ... Silêncio, e a postos ! Os cânticos vão começar ! Toca a encher os melhores lugares. Os nossos cavalheiros, cuja cortesia é aliás digna de um eterno renome, nem sempre dão a precedência às donas e donzelas, como a razão e ordem consertavam. Elas também querem ver e ouvir...". (O PUBLICADOR MARANHENSE no. 1173, 15.out.1851, citado em OBRAS DE JOÃO FRANCISCO LISBOA, v. IV, 1991, p. 308-313).
MORAES (1989) comenta que João Lisboa não fez uma mera descrição da festa, mas de um vasto e movimentado conjunto de quadros, retratos e análises da vida em São Luís (p. 13). Aluízio Azevedo, em "O Mulato", não se furta à tentação de descrevê-la. Refere-se ao folhetim de João Lisboa, quando o Freitas explica a Raimundo que São Luís tem seus encantos, citando "os nossos faustos - A festa dos Remédios !" (p. 50). Após descrevê-la (1881), e compará-la com a descrição que o Tímon fizera (1851), afirma que "- Há também para os moleques, um pau-de-sebo, balanços e cavalinhos. É verdade, o doutor sabe o que é um pau-de-sebo ?" (p. 52). Para Domingos VIEIRA FILHO (1971), a Festa dos Remédios: " Eram três dias de ruidosa alegria, a que não faltavam fartas comesainas, barracas de sorte, leilões de prenda, balões de papel colorido soltos entre a bulha festiva da meninada, palmeiras ariri, de onde pendiam lanterninhas chinesas e luminárias, cadeiras de passeio no largo, e como remate obrigatório, o flirt de moçoilas cruelmente espartilhadas e afundadas num ror intérmino de anáguas e saias, com o repazio despreocupado, casquilho e feliz, a imaginação ardendo em chamas de românticas aventuras." (p. 88-89).
Além das festas religiosas, haviam as profanas, com o carnaval do Maranhão se constituindo desde o período colonial em ponto máximo de atração da cidade. Como hoje, o carnaval de rua dominava soberano: "... e dava gosto participar do movimento do corso e sair pelas ruas engrossando o bando de mascarados e entrudando os encautos. Para o Largo dos Quartéis (Praça Deodoro) convergiam assim todas as brincadeiras de caninha verde, de cheganças e de fandangos, os ursos, os estrepitosos baralhos, os fofões guisalhantes com suas carecas e narizes medonhos, tudo enfim se concentrava numa folia animada, a vez por outra não faltavam entrevero em pauladas e correrias." (VIEIRA FILHO, 1971, p. 66).
CÂMARA CASCUDO (1972) registra em seu "Dicionário do folclore brasileiro" o verbete carnaval: "Foi, até meados do séc. XIX, o entrudo brutal e alegre que Debret pintou e de que todos os velhos recordam. Pelo norte, centro e sul do Brasil o movimento era igual. Água, farinha do reino, fuligem, goma, ensopando os transeuntes. água molhando famílias e ruas inteiras, em plena batalha. Criados, outrora escravos, carregando bilhas, latas, cântaros, para suprimento dos patrões empenhados na guerra... Depois o entrudo admitiu formas mais doces, com as laranjinhas-de-cheiro e borrachas com água perfumada... Era a herança fiel e completa do entrudo português, com suas alacridades absolutas...". (p. 247).
Quanto à "caninha verde", esse autor registra ser dança cantada no sul e centro do Brasil, constando de uma roda de homens e mulheres. Em Portugal é uma das mais populares do Minho. Os negros brasileiros dançavam-na com prazer, com ritmo e maneiras peculiares à raça (p. 232-233). Já as "cheganças" se constituem em auto popular, do ciclo do natal. Em Portugal era dança no séc. XVIII, extremamente lasciva e sensual, tendo se tornado popularíssima, chegando a ser proibida por D. João V em 1745. O "fandango" tem vários sentidos no Brasil. É o bailado dos marujos ou marujada e ainda chegança dos marujos ou barca. No norte-nordeste, é a denominação de uma dança dramática, sinônimo de marujada. Quanto ao "urso", segundo Câmara Cascudo, é símbolo do moleiro, desajeitado, pouco inteligente, intrigante, desleal. Mas essas festas eram as dos "brancos", a minoria beneficiária da estratificação das classes sociais, e em cuja base estavam os negros escravos (CORRÊA, 1993; MORAES, 1986, GEBARA, 1997), privados de tudo - "da alegria da liberdade e da liberdade para suas ricas alegrias" (MORAES, 1986, p. 177). Domingos VIEIRA FILHO (1971), ao traçar a história da Rua dos Apicuns dá-nos notícias de ser local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:
"A esse respeito em 1855 um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís." (VIEIRA FILHO, 1971, p. 36).
O famoso Canto-Pequeno, situado na rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. VIEIRA FILHO (1971) afirma que ali, "alguns domingos antes do carnaval costumava um magote de pretos se reunir em atordoada medonha" (p. 30), a ponto de em 1863 um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato, nestes termos: "Entrudo: - Sobre êste inocente brinquedo, pede-nos um nosso assinante que chamemos a atenção da polícia para a grande algazarra e ajuntamento de pretos, que todos os domingos fazem no Canto Pequeno, a ponto de impedirem o trânsito das famílias". (ed. de 9-1a. 1863. S. Luís)." (p. 30). Além do controle da disciplina do trabalho, implicam também no controle das populações trabalhadoras, escravas ou não. Também em São Paulo os jornais da época pediam “... ver a polícia o inconveniente de se permitirem as chamadas congadas dos pretos” (GEBARA, 1997, p. 74). Pode-se tirar desses fatos algumas indicações possíveis, a partir dessas evidências, relativas ao lazer das populações mais pobres e escravizadas que viviam no Brasil: de um lado a proibição de danças, batuques ou jogos quando deles praticassem escravos (GEBARA, 1994). A explicação dessas proibições vai desde o controle do contato entre escravos, e por extensão entre estes e a população livre, passando pelo controle da mobilidade do trabalho. É possível admitir que o lazer das populações pobres poderia tornar-se delituoso pelo simples fato de existir (GEBARA, 1994, 1997). Da rua do Ribeiro (hoje, Paula Duarte), mandada construir em 1796, costumava sair um cérebre baralho, chamado da praia do Caju, "consignado e ensaiado por nhá Joaquina Rosa Frazão, genitora do crioulo João Boneco, tipo loquaz e benquisto de todos" (p. 148), conforme nos informa Domingos Vieira Filho. E essa grossa negralhada sarapintada de alvaidade ou tapioca, com música de pancadaria, reco-reco, pandeiro, cuícas, etc., saia a percorrer a cidade cantando estes versos: "Arriba, siriba, arriba Minina esses teus olhos "Cajueiro, cajuá, São bonitos, benza a Deus "Arriba siriba, arriba Ninguém lhe bote quabranto "Quero ver, minha Yayá. Que ainda serão meus." (VIEIRA FILHO, 1971, p. 14 9).
O baralho é brincadeira típica do carnaval maranhense do passado, e consistia em grupos de negros "esmolambados e pintalgados de tapioca" (CÂMARA CASCUDO, 1972, p. 139) que percorriam as ruas da cidade, empunhando chapéus de sol e sombrinhas desmanteladas numa atordoada infernal. Informa esse autor que "baralho" era termo depreciativo, e na crônica policial dos jornais antigos volta e meia se fazia menção às "negras do baralho". Das "danças inconvenientes" dos negros já se tentara coibir desde o período colonial, quando o capitão de Infantaria Domingos Duarte Sardinha proibiu, por um bando de 30 de dezembro de 1744, que negros usassem tambores, batuques, violas, pandeiros e outros instrumentos, que façam provocar danças e ajuntamentos. Informa ainda MORAES (1986) que, quase um século depois, é publicado no jornal "A Estrela do Norte do Brasil" veemente protestos contra as manifestações dominicais de regozijo dos pretos. A imprensa, refletindo preconceitos fortemente arraigados, oferece farto registro sobre a repressão contra as festas populares da época: "Danças inconvenientes - pelo Exmo. Sr. Dr. Chefe de polícia foi expedida esta portaria: No. 823 Secretário de polícia do Maranhão, 14 de novembro de 1876./ Recomendo a Vmc. Muito terminantemente, que não consinta que nesta cidade haja de hoje em diante ensaios e danças de
cheganças, congos, fandangos, turés, etc. por deponentes contra a civilização da capital da província, fazendo dissolver esses divertimentos, que nem sequer devem transitar pelas ruas. / Deus guarde a Vmc. - O chefe de polícia da capital. / Idênticas aos subdelegados do 1o. 2o. e 3o. distritos “ O ato acima transcrito, sendo prova de atenção a uma justa reclamação da imprensa e dos que prezam os nossos foros de povo civilizado, merece a aprovação de todos. / Que sejam permitidas essas danças nos três dias de carnaval admite-se, mas com o que ninguém concorda é que tais foliões conservem-nos em carnaval perpétuo, fazendo os seus mascarados percorrerem as ruas todo os domingos. / Bem fez o Sr. Dr. Chefe de polícia." (O PAÍS, edição de 16.nov.1876, p. 3, citado por MORAES, 1986, p. 178)
Conta Rubem Almeida (citado por VIEIRA FILHO, 1971) que na hoje Praça Benedito Leite, "havia nesse terreno casebres que abrigava mulheres de vida airada" (p. 45) e que para desabrigá-las sugeriu-se à Corte a criação no local de um jardim botânico. Ao tempo em que se chamava Largo do João do Vale realizavamse, ali, animadas retretas, conforme lê-se em crônica de Eloy, o Herói, que outro não era senão o nosso Artur Azevedo: "O nosso jardim das plantas está quase despalperado com a derruba que nele fizeram que foi por demais cruel e exagerada. Graças, porém, ao comandante Azevedo, o Largo do João do Vale não é mais um matagal como era dantes, e, graças ao presidente da província, a música dos grilos e cigarras já ali não faz praça como fazia, porque a banda do 5o. tem levado de vencida toda aquela malta bravia por meios de notas afinadas e por afinar". (O Domingo, 26-5-1873, citado por VIEIRA FILHO, 1971, p. 46).
Aluízio Azevedo, em sua obra, e em especial no "O Mulato", faz uma descrição permenorizada dos costumes da São Luís nos idos de 1880, época em que aparece seu romance: "As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhangas maternas, as cabeças avermelhadas pelo sol, a pele crestada, os ventres amarelentos e crescidos, corriam e guinchavam, empinando papagaios de papel." (p. 9). Traça, esse autor, um perfil da mulher maranhense, e sua condição de mulher em uma sociedade escravocrata, cujo papel reservado era apenas o de mãe. Compara a mulher da burguesia maranhense à lisboeta desocupada, denunciando o ócio em que viviam. Como igualmente denunciava "o ócio dos padres que viviam do trabalho de pessoas honestas e crédulas" (MÉRIEN, 1988, p. 158), sendo estes, os padres, também "culpados pelo atraso da instrução pública" (p. 159). Aluísio considerava que todo "o mal vinha do ócio e da preguiça das mulheres" (p. 164) e apenas uma mudança na educação e na concepção do casamento poderia permitir a realização da mulher: "Do procedimento da mulher ... depende o equilíbrio social, depende o equilíbrio político, depende todo o estado patológico e todo o desenvolvimento intelectual da humanidade ... “Para extinguir essa geração danada, para purgar a humanidade desse sífilis terrível, só há um remédio: é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista, que se baseia nas ciências naturais e tem por alvo a felicidade comum dos povos. É preciso educá-la física e moralmente, prepará-la por meios práticos e científicos para ser boa mãe e uma boa cidadã; torná-la consciente de seus deveres domésticos e sociológicos; predispor-lhe o organismo para a procriação, evitar a diásteses nervosa como fonte de mil desgraças, dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente à metiolidade de seus músculos, instruí-la e obrigá-la principalmente a trabalhar... “. (Aluísio AZEVEDO, Crônica, "O Pensador", São Luís, 10.12.1880, citado por MÉRIEN, 1988, p.166, 167).
O mesmo tema é retomado quando da publicação de "O Mulato", criando-se enorme polêmica na imprensa, ora acusando o autor, ora vozes se levantando para defendê-lo acerca de sua posição sobre a condição feminina. Aluísio tinha consciência que parte dos leitores em potencial era constituída pelas mulheres da pequena burguesia portuguesa e maranhense da cidade e pelas filhas dos fazendeiros que encontravam na leitura uma diversão contra o tédio que pesava sobra a vida cotidiana e ociosa que tinham. No entender de
MÉRIEN (1988), os discursos de Raimundo sobre a condição feminina, o papel da esposa e da mãe na educação das crianças, são dirigidos mais a elas do que a Manuel Pescada: "O senhor tem uma filha, não é verdade ? Pois bem ! Logo que essa filha nasceu o senhor devia ter em vista prepará-la para vir a ser útil... dar-lhe exercícios, alimentação regular, excelente música, estudos práticos e principalmente bons exemplos; depois evitar que ela fosse, como é de costume aqui, perder nos bailes o seu belo sono de criança...". (ALUIZIO AZEVEDO, O MULATO, 1881, p. 268-269, citado em MÉRIEN, 1988, p. 288-289). Dois amigos de Aluísio Azevedo, Paulo Freire e Luís de Medeiros, fazem publicar cartas sob pseudônimo Antonieta (carta a Julia, "Diário do Maranhão", São Luís, 6.6.1881) e Júlia (carta a Antonieta, "Pacotilha", São Luís, 9.6.1881), respectivamente - falando "de suas impressões e do impacto que o livro lhes causara" sobre a condição de vida de Ana Rosa, que lembrava a vida que as mocinhas maranhenses levavam (MÉRIEN, 1988, p. 291). Julia/Luís de Medeiros faz longas considerações sobre a condição da mulher maranhense, "lastimando-se da educação retrógrada que recebera em sua família e no colégio" (p. 290), onde fora do português, não se ensinava mais nada às moças além de algumas noções de francês, de canto, de piano e de bordado. Para ela, "a falta de exercícios físicos é a origem das perturbações do sistema nervoso que atingem a maioria das moças maranhenses" (p. 290). Para defenderem seus ideais, puças e cabras, republicanos e monarquistas, abolicionistas e negreiros, maçons e católicos, dentre outros, passam a criar periódicos e grêmios recreativos de múltiplas denominações para defesa de seus ideais. Dessa mania surge a "Arcadia Maranhense", e de uma sua dissidência, a "Aurora Litteraria". Para ridicularizar os membros desta última, aparece um jornaleco denominado "Aurora Boreal": "... só faltava fundar-se o Club dos Mortos. E justificou [Raymundo Frazão Cantanhede] tão original proposta dizendo que, se tal fizéssemos, iríamos além dos positivistas: ficaríamos mortos-vivos e assim seríamos governados por nós mesmos". (ABRANCHES, 1941,p. 174). O Clube dos Mortos reunia-se no porão da casa dos Abranches, no início da Rua dos Remédios, conforme relata Dunshee de ABRANCHES (1941) em suas memórias: "E como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos" (p. 187), com os membros desse clube abolicionista juntando o útil ao agradável: " ... E, não raras noites, esse grupo juvenil de improvisados athletas e plumitivos patriotas acabava esquecendo os seus planos de conjuração e ia dansar na casa do Commandante Travassos ... Apezar de só ter uma filha, agasalhava na sua hospitaleira residência uma parentella basta e jovial, em que superabundava o sexo frágil. Não faltavam pianistas, violinistas, e cantores nesse grupo variegado de moças casadeiras e gentis. Os saraus ali se succediam desde as novenas de N. S. dos Remédios á véspera de Reis. Era que, todos os annos, a família Travassos armava um presépio. Os ensaios das Pastorinhas iniciavam-se desde fins de Outubro; e, depois delles fatalmente seguiam-se dansas até á meia-noite...". (ABRANCHES, 1941, p. 187-188).
HASSE (1985) ao tratar da “disciplina do corpo”, afirma que, atuando como verdadeiro instrumento simbólico, econômico e social, o corpo persiste na contínua afirmação de certo valor individual e coletivo num conjunto de práticas através das quais se acionam dispositivos que enunciam o seu autentico estatuto cultural numa retificação constante, integrando-se, dentro destas práticas, os gestos e comportamentos do cotidiano, conservando uma tênue reminiscência aristocrática, enquanto outros pretendem vincar a diferença face a um poder social decadente como era o da nobreza, ou ainda, firmar certa distinção perante camponeses e operários. A vida, ao se transferir da cidade para o campo, transforma a casa no centro de toda a vida social, “ponto fulcral onde tem lugar a organização, administração e montagem de cada representação individual” (p. 18). Aí, na casa da cidade, têm lugar momentos privilegiados como as reuniões e os banquetes, os bailes e as partidas, ocasiões que alimentam formas de sociabilidade e de ostentação, situações múltiplas propícias a escolhas de futuras uniões.
Considerando o caso concreto dos bailes, a autora firma que a dança desempenha aí uma função particular, pois, ela é a forma de entretenimento adequada a tornar mais elegantes e agradáveis os gestos, soltando vigores em excessos. Entre as diferentes qualidades do entretenimento umas, como aquelas que promovem os exercícios do corpo contribuem para a conservação da saúde outras, tendo por principal objeto a utilidade, prestam-se a tornar os jovens mais agradáveis como é o caso da dança e da música: “... A dança seria a arte de mover o corpo, os braços e os pés com elegância, ao som da música. Representava uma prenda necessária a quem tem de viver no mundo e um exercício verdadeiramente proveitoso. O seu ensino devia ser indicado desde cedo para poder fornecer desembaraço ao corpo e chegar a dançar com graça e a tempo.” (HASSE, 1985, p. 19). No que diz respeito à ginástica, a sua importância estaria sobejamente reconhecida pelo enorme apreço que dela haviam feitos as nações mais célebres da antigüidade. O desporto e a ginástica estabelecem a conciliação entre o contato com a natureza e a promoção de uma disciplina cada vez mais apurada e despercebida. Só a partir do século XIX se torna possível o desenvolvimento da ginástica no sentido de contribuir para o controle e o autodomínio de cada indivíduo tendo em vista o benefício coletivo (HASSE, 1985, p. 32). Através da ginástica procede-se a uma racionalização das atitudes selecionando, organizando e sistematizando novos gestos mais adequados também às representações da nova elegância. Clovis RAMOS (1986), escrevendo sobre o aparecimento da imprensa no Maranhão registra, no período colonial, que "... jornalista era o magnífico João Tavares com sua 'Informação das recreações do Rio Munin do Maranhão'...", e no Império o aparecimento de inúmeros jornais políticos e literários, coletâneas de poesia e de peças teatrais, sendo publicados, no período de 1821 a 1860, 183 jornais (RAMOS, 1986, 1992), a grande maioria de caráter político. Os jornais com objetivo de recrear - de caráter literário, recreativo, científico e/ou instrutivo - foram: a "Folha Medicinal", de 1822, redigida por Manuel Rodrigues de Oliveira - o "Médico do Tijuco"pretensamente voltada para a medicina, tratou somente de política; de 1827, é o "Minerva", folha política, literária e comercial, com fim de instruir o povo, dedicou-se mais à política; "A Bandarra", é de 1828, folha político, literário e comercial. Apenas esses dois últimos, dos 21 jornais do período de 1821 a 1830 dedicaram-se a divulgar literatura. Alguns periódicos tiveram contribuições de Sotero dos Reis, Odorico Mendes, João Lisboa (RAMOS, 1986). No período de 1831 a 1860, RAMOS (1992), no seu segundo volume sobre a "opinião pública maranhense", registra o aparecimento em 1831, do "Atalaia dos Caiporas", periódico político, moral, literário e comercial; em 1839, do "O Recreio dos Maranhenses", folha literária publicada por Francisco de Sales Nunes Cascaes; em 1840, de "A Revista", de propriedade de Francisco Sotero dos Reis. Embora folha política, teve grande significação, estampando artigos de crítica literária e apresentando grandes escritores nacionais. Publica artigo assinado por Gonçalves Dias, entitulado "descobridor de talentos". "O Jornal Maranhense" aparece em 1841. Periódico oficial, trazia como epígrafe uma frase de Tímon: "a verdadeira educação de um Povo livre faz-se nos jornais". Fundado por Sotero dos Reis, contava também com Odorico Mendes como redator. Em 08.10.1841 noticiava a apresentação de um malabar em São Luís. Tratou, nessa mesma edição, da Sociedade Dramática Maranhense, que é o começo do Teatro no Maranhão. Essa Sociedade alugara o Teatro União (hoje, Artur Azevedo), de 1841 a 1845 e sua programação era recebida com entusiasmo, com os incentivos da imprensa. Para ABRANCHES (1941) a "Sociedade Dramática Maranhense", havia dado um novo impulso à vida teatral de São Luís, revelando inúmeros atores. Em 1852 apresentaram-se várias companhias francesas, italianas e portuguesas, com seus espetáculos líricos e peças de teatro. Afirma, em suas memórias que: "... Em certos salões, o luxo e a elegância consorciavam-se com as mais requintadas exibições artísticas. A Sociedade Philarmonica dava mensalmente no salão de festas do Collegio N. S. da Glória, um grande concerto seguido de baile a rigor. No Theatro S. Luiz succediam-se as companhias estrangeiras de opera e nacionaes de comedias." (ABRANCHES, 1941, p. 123-124).
Os bailes e o teatro representavam formas clássicas de entretenimento distinto. Integravam-se, por isso, com enorme facilidade nos costumes da austera burguesia pela familiaridade existentes com estas formas de entretenimento. Em 1844, o "Collégio N. S. da Glória", também conhecido como "Collegio das Abranches", em seus primitivos estatutos, dispunha: "...não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo physico, artístico e moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e aprendiam a declamar." (ABRANCHES, 1941, p. 113-114).
A dança recebia o acordo dos mais renitentes: “ ... que finalizam por considerá-la indispensável a uma pessoa de certo estatuto social. Por outro lado, os bailes que se organizavam e onde a dança surgia como principal motivo de interesse, constituíam excelentes meios de demonstrações quase inesgotáveis de poder uma vez que implicavam imperativos de vulto para uma encenação de grandeza insuperável favorecedora de certa rivalidade”. (HASSE, 1985, p. 19).
Tal circunstância não impedia, porém, que não se desejasse criar em torno elas uma atribuição clara de utilidade que justificasse plenamente o tempo perdido de forma ligeira, preocupação, aliás, constante em múltiplos aspectos da vida do século XIX. A moralidade vigente, “rigorosa e hipócrita”, impedia que fosse de outro modo, sossegando-se consciências inquietas relativamente às atividades, cada vez mais generalizadas, que escapavam nitidamente ao foro do trabalho. Na verdade, o baile e a freqüência dos salões bem como o teatro, seriam sempre obrigações socias desgastantes a que a civilidade e a vida no mundo obrigavam, um costume de fato integrado nos níveis sociais mais prestigiados (HASSE, 1985). Em 1842, aparece o "Museu Maranhense", periódico recreativo e de instrução, destinado à arte do Desenho. Nesse mesmo ano surge o " O Publicador Maranhense", órgão oficial e de interesse geral onde João Lisboa critica o novo regulamento do Teatro, não aprovando a mudança do nome de Teatro União - fundado em 1817 - para Teatro de São Luís depois da reforma por que passou, entregue pronto e aformoseado ao público em 1852. No ano de 1845 aparece o "Jornal de Instrução e Recreio", revista literária, órgão da Associação Literária Maranhense fundada nesse ano. Eram seus colaboradores Luís Antônio Viera da Silva, Antônio Henriques Leal, Pedro Guimarães, Augusto Frederico Collins, Reys Rayol. Informa RAMOS (1992) que além de "muitos artigos de ensino - métodos e sistematizações de estudo - tudo leitura amena, era verdadeiro repositório de trabalhos dignos de maior divulgação" (p. 116). Foi a voz do Romantismo no Maranhão, tendo contado, também, com Gonçalves Dias, Ayres de Vasconcelos Cardoso Homem, Gregório de Tavares Ozório, dentre seus colaboradores. "O Almazém", também aparecido nesse ano de 1845, era jornal de instrução e recreio, onde seus editores queriam "armazenar não provisões de armas do sermão de Vieira, mas os conhecimentos úteis" (RAMOS, 1992, p. 118). Ocupou-se das mulheres e sua educação. No ano seguinte, 1846, apareceu "O Arquivo Maranhense", jornal científico e literário, também órgão da Associação Literária Maranhense, tendo contado com Gonçalves Dias, ainda jovem e interessado em teatro, dentre seus colaboradores. Escreveu em seu primeiro número: "Fiéis ao nosso programa, o nosso fim continua a ser - a Instrução e o Recreio -..." (RAMOS, 1992, p. 121). O "Jornal Caxiense" era interessado em instruir, informar, sem esquecer, contudo, de dar orientação política. O "Jornal da Sociedade Filomática Maranhense" tinha por fim "... o progresso material e moral da Província do Maranhão, ocupando-se de todos aqueles ramos da ciência, das artes, e das letras que forem mais conducentes ao fim mencionado..." (RAMOS, 1992, p, 129). De 1849, é a "Revista Universal Maranhense", dedicada às ciências, agricultura, indústria, literatura, belas artes e comércio. No ano seguinte apareceu "A Marmota Maranhense", folha literária e recreativa. O "Jornal de Tímon", publicado em fascículos de 1852 a 1854, foi, no dizer de Viveiros de Castro (citado por RAMOS, 1992), "revista literária, de publicação mensal, na qual João Francisco Lisboa conquistou muito justamente a nomeada de um dos primeiros prosadores da língua portuguesa" (p. 189).
O "Gabinete Português de Leitura", criado em 1852 por iniciativa do comerciante português David Gonçalves de Azevedo - pai de Aluísio e Artur Azevedo -, tinha como objetivos: "Promover a instrução e recreios pelos meios seguintes: - organizar uma livraria escolhida nas ciências, literatura, comércio e artes; - subscrever os mais acreditados periódicos nacionais e estrangeiros; - quando os interesses da associação o permitirem, coligir as obras de mérito na língua portuguesa, fazer reimprimir os livros raros e imprimir os manuscritos interessantes da mesma língua". (MÉRIEN, 1988, p. 17).
É ainda desse ano de 1852 o aparecimento de "A Marmotinha", semanário literário e recreativo fundado por José Mathias Alves Serrão. Nos anos seguintes aparecem "A Violeta", periódico literário e recreativo dedicado à juventude estudiosa (1853); "O Botão de Ouro", registrado como jornal joco-sério e recreativo e "A Sentinela", periódico literário e informativo (1854); de 1855 é o "Diário do Maranhão" - embora jornal do Comércio, Lavoura e Indústria, publica várias notas sobre a Companhia Lírica - chegada de Gênova Itália, que permaneceu vários anos em São Luís, demonstrando o ardor do maranhense pelo teatro. Em "O Sentinela", edição de 23.10.1855, número 41, é informado que "tivemos a satisfação de ler um novo jornal recreativo intitulado "A Saudade", dedicado ao belo sexo maranhense". (RAMOS, 1991, p. 213). De 1857 é "A Estrela da Tarde", periódico recreativo; de 1858, o "Jornal do Comércio", periódico instrutivo, agrícola e recreativo. "O Século", fundado por Luís Antônio Vieira da Silva, além de órgão político, foi também periódico literário, crítico e recreativo. O "Verdadeiro Marmota", jornal literário, foi saudado, em 1860, nestes termos elogiosos: "reaparece este interessante jornal, depois de ter por algum tempo, pela indolência e lassidão, que geralmente ataca os jornais recreativos nesta província..." (citado por RAMOS, 1992, p. 237). Em 1860, contando com uma população de 35 mil pessoas, São Luís tinha matriculado em suas escolas primárias 2 mil rapazes e 400 moças e no secundário, 180. Esses poucos números mostram que era muito reduzido o número de pessoas que acediam à leitura: "Já que os livros atingiam a minoria da população, já que o teatro era freqüentado e controlado pela burguesia, foi a imprensa que desempenhou um papel de primeiro plano para a penetração de idéias novas em São Luís do Maranhão. Ainda aqui, o movimento de renovação iria interessar essencialmente aos jovens maranhenses, alunos do liceu ou caixeiros." (MÉRIEN, 1988, p. 146).
O ensino primário havia se desenvolvido desde a independência. Em 1838 é inaugurado o "Liceu Maranhense", dirigido pelo famoso gramático Francisco Sotero dos Reis. O Liceu passou a substituir os preceptores dos filhos da burguesia comercial e da oligarquia rural (MÉRIAN, 1988). No entender de Dunshee de Abranches, a fundação desse colégio, logo seguido do colégio das Abranches, do Colégio do Dr. Perdigão e de tantos outros, contribuiu para com o progresso da educação mental da juventude, levando o Maranhão tornar-se, de fato e de direito, a Atenas brasileira. Aluísio AZEVEDO (citado por MÉRIEN, 1988), em conto autobiográfico, afirma que, aos doze anos, estudante do Liceu, havia uma coisa verdadeiramente série para ele: "era brincar, estabelecendo-se entre minha divertida pessoa e a pessoa austera de meus professores a mais completa incompatibilidade". Narra as estripulias da época, em companhia dos amigos de infância: "Criado a beira-mar na minha ilha, eu adorava a água. Aos doze anos já era valente nadador, sabia governar um escaler ou uma canoa, amarrava com destreza a vela num temporal, e meu remo não se deixava bater facilmente pelo remo de pá de qualquer jacumariba pescador de piabas." (p. 47). Dunshee de ABRANCHES (1941), em suas memórias, lembra que o "Velho Figueiredo, o decano dos fígaros de São Luís" (p. 155), mantinha em sua barbearia - a princípio na rua Formosa e depois mudada para o Largo do Carmo - um bilhar, onde "ahí que se reuniam os meninos do Lyceo depois das aulas, e, às vezes, achavam refúgio quando a polícia os expulsava do pátio do Convento do Carmo por motivos de vaias dadas
aos presidentes da Província e outras autoridades civis e militares. Essas vaias era quasi diárias...". (p. 157). Para VIEIRA FILHO (1971), desde 1836 havia um bilhar funcionando junto ao Largo do Carmo, conforme informa o autor da "Breve história das ruas e praças de São Luís". Por essa época, os moradores se recolhiam cedo, pois a cidade mal iluminada e sem vigilância noturna, não oferecia a menor margem de segurança, de sorte que o toque de recolher às nove, era quase desnecessário: "apenas na botica do padre Tezinho, no largo do Carmo, onde havia um bilhar francês, restavam alguns cavaquistas renitentes.”(VIEIRA FILHO, 1971, p. 16) . A botica do padre Tezinho de há muito funcionava em São Luís. Garcia de ABRANCHES (1980) anunciava, em 1826, que os números anteriores de "O Censor" poderiam ser adquiridos naquele estabelecimento: "Na mesma Botica se acha á venda uma interessante Obra intitulada - Economia da vida humana - Obra Indiana traduzida do Inglez, e ultimamente do Francez, serve para instrução da Mocidade; para dirigir as paixões; servindo ao mesmo tempo de Recreio ás pessoas de bom gosto; a 320 réis." (O CENSOR MARANHENSE, no. 10, sábbado, 25 de fevereiro de 1826, p. 178, citado por ABRANCHES, O Censor Maranhense, 1980).
DUNSHE DE ABRANCHES (1931) em seu festejado “a Setembrada”, também se refere à Botica do Padre Tezinho: “Nessa noite de 6 de setembro de 1822, reuniam-se à porta da botica do Padre Tezinho, como aliás era de hábito, algumas figuras mais poderosas e influentes pelos haveres e pela situação social dentre os portuguêses de S. Luiz do Maranhão”. (p. 7) É o Censor - Garcia de Abranches - que relata a existência de um outro bilhar, quando de um passeio por São Luís do Maranhão, ao retornar do exílio a que fora submetido: “Depois de examinar outros edifícios novos e bem formados, também de puças, que aquella praça goarnecem; voltei pela praia grande, e quaze o fundo da calçada divizei noutra rua sobre o lado esquerdo huma formoza caza de cantaria fina com uma larga baranda na frente em mea lua ao gosto da Corte, que me dissero ser de Faustino Antônio da Rocha, e que havia ganhado o jogo aquelle chão a hum herdeiro lá das Perguiças, o que eu não pude crer; e que ainda conservava hum bilhar e hum botequim de que elle se não desprezava, por não ser tolo, e que também era puça, e que não uzava de vara e covado por pertencer á classe de liquidos...". (O CENSOR MARANHENSE, no. 2, sábbado, 5 de fevereiro de 1825, p. 29).
A população de São Luís tinha como atividade de recreação, além das festas religiosas, das danças, dos movimentos literários, os piqueniques como uma das preferidas pelos jovens abastados: "Quase sempre aos sábados, à tarde, ou aos domingos pela madrugada partiam da cidade em busca daqueles e outros sítios pitorescos, onde nas delícias do banho nos riachos, da juçara, dos cajus e mangas e das peixadas, pacas ou tatus com leite de coco e outros pratos saborosos, passavam o domingo, regressando à tarde, quando não o faziam segunda-feira. As vezes levavam damas em sua companhia..." (p. 54).
Outra forma de manifestação do lúdico na São Luís do período imperial se constituía nos passeios a cavalo pela cidade, como ABRANCHES (1993) lembra em seu "Esfinge de Grajaú", relatando os passeios a cavalo que fazia pelas manhãs, acompanhando o Dr. Moreira Alves, então Presidente da Província: "...Adestrado cavaleiro, possuindo um belo exemplar de montaria, incumbira-se ele (Anacleto Tavares) na véspera de conseguir para o ilustre político pernambucano um valente tordilho, pertencente ao solicitador Costa Santos e considerado o mais veloz esquipador da capital. Para fazer frente a esses reputados ginetes, Augusto Porto, meu futuro cunhado e sportman destemido, havia-me cedido o seu
Vesúvio... Moreira Alves ganhara logo fama de montador insigne... o novo Presidente da Província conhecia a fundo a equitação... Para o espírito estreito de certa parte da sociedade maranhense, afigurava-se naturalmente estranho que fosse escolhido para ocupar a curul presidencial da Província um homem que se vestia pelos últimos figurinos de Paris, usava roupas claras, gostava de fazer longos passeios a pé pelas ruas comerciais...". (p. 16-17).
Desde antes de 1854 havia em São Luís quem alugasse cavalos para passeios pela cidade e seus arrabaldes: "E no trecho [da rua Afonso Pena] próximo ao Largo do Carmo os comerciantes Baltazar Pereira e Bemzinho Mendes mantinham as cocheiras de suas seges de aluguel, novidade para a época porque tinham as rodas de borrachas e eram forradas de veludo." (VIEIRA FILHO, 1971, p 28). As cavalgadas para São José de Ribamar, Maioba, Vila do Paço, Turu e outros pontos da Ilha constituíam, de acordo com LOPES (1975) "...divertimento muito de predileção dos homens da melhor sociedade sanluisense". O cavalo se constituiu como meio dessas atividades, como peça importante para as atividades do lazer, então praticadas, até o advento do automóvel, já no século XX: "Não faz muitos anos saíam a passeio aos domingos nas cidades da região dos campos baixos do Maranhão, os rapazes das famílias abastadas, montando em fogosos ginetes ... “Em São Luís, até fins do século XIX e mesmo depois, havia esse costume. De três guapos cavaleiros conservou-se muito tempo a lembrança ... Saíam os três cavaleiros todos os domingos envergando cartolas cor de cinza ..." (p. 51).
No Campo do Ourique [hoje, Parque Urbano Santos] funcionou, em 1881, um pequeno hipódromo, e aí foram realizadas várias e interessantes corridas, promovidas pelo "Racing Club Maranhense".
DOS FESTIVAIS AOS JEMs... UM SONHO CONCRETIZADO A MUITAS MÃOS! RAIMUNDO NONATO IRINEU MESQUITA
1971... 47 anos atrás, “O Juramento do Atleta...” “Juro competir no I FESTIVAL ESPORTIVO DA JUVENTUDE, com ardor e lealdade, defender com entusiasmo as cores do meu colégio, aceitar sem orgulho a vitoria e sem desanimo o desencanto de um revés”... Nasce o embrião dos Jogos Escolares Maranhenses( JEM´s)... I Festival Esportivo da Juventude, nas modalidades de Futebol, Basquetebol, Handebol, Futebol de Salão, Voleibol e Natação. Uma iniciativa arrojada de um grupo de professores capitaneados pela Professora Mary dos Santos, Diretora do Serviço de Educação Física do Município de São Luis e tendo por Diretor Geral o Claudio Vaz, com a Supervisão Técnica do Prof. Antonio Maria Zacarias (Dimas). Era Prefeito Municipal o Dr. Haroldo Tavares e Governador do Estado, o Dr. Pedro Neiva de Santana, e São Luis era uma pequena cidade com pouco mais de 300 mil habitantes, poucas escolas e muita força de vontade, por parte daqueles que se prontificaram a plantar e cultivar a idéia dos jogos, logo abraçada pelas escolas municipais e escolas estaduais e federais como: Colégio Estadual do Maranhão, Conceição de Maria, Instituto de Educação, Santa Teresa, Colégio Agrícola, Sá Valle, Colégio Comercial do Maranhão, SENAC, SENEG, Ginásio Bandeirante, Escola Técnica, Colégio Batista, Colégio Cardoso Amorim, Colégio Ateneu Teixeira Mendes, Centro Educacional do Maranhão, Colégio Marista, Luiz Viana, Nina Rodrigues e Pituchinha, estas eram as principais forças esportivas escolares em São Luis. Mas, o que mais nos orgulha é lembrar os nomes que comandavam as ações à época: Estas pessoas, com certeza, não tinham a dimensão da importância do ato de plantar a semente que daria origem à arvore frondosa, que hoje dá sombra a muitos jovens. Ou teriam? Aquela festa que inicialmente contou com um município, e um pouco mais de uma dezena de escolas, conta hoje com a participação maciça de 118 municípios e mais de 800 escolas, em 3 etapas de competição, sendo 118 etapas municipais, oito regionais e duas etapas estaduais, reunindo ao todo cerca de 12.000 (dez mil) atletas, nas faixas etárias de 12 a 14 anos. Quem diria o sonho arrojado dos jovens idealistas Mary dos Santos, Claudio Vaz dos Santos, Antonio Maria Zacarias Bezerra de Araujo, Fernando Sousa, Edson Vidigal, Benedito Buzar, Cordeiro Filho, Joel Duarte, Celso Cavaignac, Maria Jose Rosa, Dagmar Ribeiro Silva, Odineia Tromps, Djalma Campos, Antonio Pereira, Cel. Jose Ribamar Assis Vieira, Jose Alberto Moraes Rego, Anselmo Barnabé Rodrigues - Sapo, e muitos outros que ajudaram no plantio desta árvore maravilhosa, que ao longo destas décadas agasalhou e transformou sonhos em realidades, abrilhantadas por medalhas e troféus conquistados pelos inúmeros esportistas, frutos deste trabalho que resultou em um dos maiores jogos escolares do Brasil. 47 anos depois, estamos nós, que à época dos festivais, estávamos dando os primeiros passos nas escolinhas, disponibilizadas no Ginásio Costa Rodrigues ou nas quadras existentes no Parque do Bom Menino, nas aulas de educação física, orientados por nossos professores, do CEMA, Centro Educacional do Maranhão. Desta época de estudantes, iniciando nas lides esportiva, e que hoje se destacam na participação e direção dos jogos, dentre os quais citamos: Jose Maranhão Penha, Reinaldo Conceição Cruz, Raimundo Nonato Irineu Mesquita, Jose Henrique Azevedo, Sandow Feques, Jose Ribamar Silva Miranda, Luiz Fernando Figueiredo, Phill Camarão, Paulo Tinoco, Carlos Tinoco, João Sousa Santos, Rubem Nunes Saraiva, Walber França, Hermílio Nina, Eduardo Telles, Osvaldo Telles, Bebeto Telles, Álvaro Perdigão, Evandro Sarney, Joaquim Haickel. E muitos outros que enveredaram por outras profissões e se perderam nos caminhos da memória. Não podemos e nem temos o direito de esquecer, daqueles que partiram para o andar de cima, mas que muito
contribuíram para o crescimento dos Jogos: Major Carlos Alberto Alves, J. Alves, Carlos Alberto Alves Junior (Tainha), Luiz Carlos Mendes Ferreira, Raimundo Nonato, “o Burrinha”, Manoel Furtado, Maxsuel, Luiz Henrique Telles, Abimael Reis Muniz, Jose Pinheiro Silva etc. Algumas pessoas hoje levantam a tese de que os jogos decaíram em quantidade e qualidade, ledo engano! O que acontece é que no inicio éramos poucos e concentrados em um só local, o centro da cidade: Ginásio Costa Rodrigues, Estádio Nhosinho Santos, Ginásio Charles Moritz e Colegio Marista, com a Piscina e quadras. E hoje estamos atendendo 118 municípios e cerca de 1.200 escolas representadas por 12.000 participantes, entre atletas e técnicos, somente nas etapas regionais e estaduais, isto sem contar aqueles que cessam suas participações em suas etapas municipais. Mostrado isso eu pergunto aos pessimistas: Os JEMs cresceram ou não? Os jogos, hoje estão menores que ontem ou maiores? Respondendo à pergunta formulada no parágrafo anterior, afirmo com toda a convicção, os jogos estão maiores, tanto em numero quanto em qualidade técnica e, portanto meus amigos cabem às novas gerações tocar pra frente este evento, não deixando que ele morra, não deixando que ele diminua por imposição de pessoas estranhas ao esporte, que por acaso venham a dirigir esta SEDEL, o que não aconteceu até o momento; ou outro órgão que venha a ser criado, para levar avante o sonho de muitos jovens que é participar desta festa esportiva juvenil do estado. Quanto a nós que assumimos o compromisso nestas, quase cinco décadas, temos a certeza de que outros assumirão quando pararmos, e que ao sonho será dada continuidade, oportunizando às futuras gerações vivenciar as alegrias que nos foram apresentadas através do esporte.
ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO Replicando os capítulos do Atlas do Esporte do Maranhão, em sua versão atualizada, até o presente momento, e ainda em construção. A partir daqui, as atualizações serão acrescidas em postagens adicionais, e depois incorporadas no texto definitivo, na medida em que novas descobertas se apresentarem.
KARATÊ Gustavo - gutoriba@bol.com.br Definições e origens Karatê é uma palavra japonesa que significa “mãos vazias” (kara = vazio, te = mãos) e nomeia uma arte marcial que faz eficaz uso de todas as partes do corpo para fins de auto-defesa. O objetivo síntese do karatê é a perfeição do caráter, através de árduo treinamento e rigorosa disciplina da mente e do corpo. O karatê-ka (cultor de karatê-do) utiliza como armas as mãos, os braços, as pernas, os pés, enfim, qualquer parte do corpo. Além de ser um excelente meio de auto-defesa, o karatê também é um meio ideal de exercício. Ele desenvolve a força, a velocidade, a coordenação motora, condicionamento físico e é reconhecido também por seus valores terapêuticos. Do ponto de vista histórico, entende-se como karatê-do a prática complementar de formação cultural e esportiva baseada no desenvolvimento peculiar dos sistemas de defesa pessoal e evolução interior, característicos de Okinawa (ilha ao sul do Japão) em seus primórdios (século XVIII) e do Japão, a partir do início do século XX. Várias formas de combates desarmados eram praticadas na Índia, na China, em Formosa e em Okinawa. Nesta ilha, as lutas desarmadas foram desenvolvidas em segredo durante muito tempo, devido à influência dos fidalgos japoneses que conquistaram a região, proibindo os seus súditos de carregarem armas. Esta proibição obrigou muitas pessoas a praticar formas de combate sem armas, em segredo. Devido a este fato, variadas escolas e estilos (Ryus) foram desenvolvidos. Hoje existem inúmeras escolas no Japão, sendo as mais destacadas: Shotokan, Goju-Ryu, ShitoRyu e Wado-Ryu, todas com ramificações em diferentes países e continentes. No Brasil, hoje estão presentes escolas e estilos diversos, como também suas organizações dirigentes autônomas com as devidas filiações internacionais. Em resumo, a multiplicidade de entidades dirigentes é um fenômeno internacional que se repete no Brasil, onde a convivência interinstitucional depende de entendimentos e ações do exterior. Do ponto de vista educacional, e conseqüentemente esportivo, o karatê em suas diversas escolas tornou-se entretanto universal: nos últimos anos, foram formuladas regras de combate simulado para se evitar ferimentos graves, com o propósito de introduzir o karatê como um esporte competitivo. O karatê de torneio é um jogo de reflexos que exige tempo, velocidade, técnica, estratégia, camaradagem e controle, em que prevalece a honra, lealdade e compromisso. Nestas condições, o objetivo síntese desta arte marcial consiste hoje na sua inclusão no programa dos Jogos Olímpicos
O karatê chegou ao Brasil com os imigrantes japoneses, no ano de l908 com a colônia que se instalou no interior de São Paulo e na capital. Durante décadas, vindos da terra-mãe, os japoneses, dentre eles o professor Akamine, ensinavam a "arte da mão vazia" aos jovens nipônicos e aos poucos brasileiros que se interessavam. Inicialmente a prática do karate-Dô era desenvolvida informalmente. Só em 1956 o professor Mitsuke Harada organizou a primeira academia na rua Quintino Bocaiúva, no centro da capital Paulista. Seguindo o exemplo de Harada, outros Mestres de Karatê fundaram suas academias: Juichi Sagara, em São Paulo; Yasutaka Tanaka, Sadamu Uriu, no Rio de Janeiro, Higashino em Brasília e Eisuku Oishi na Bahia. O karate ganhou diversos adeptos a partir da fundação da Associação Brasileira de Karatê no ano de 1960, em São Paulo, pelo Professor Shikan Akamine. Precursores do Karate no Brasil Relacionamos os precursores do karate no Brasil, por estilos, data da chegada ao Brasil e data do nascimento: Shotokan - O fundador do estilo foi o Mestre Gichin Funakoshi (1868-1957) 1955 - MITSUSUKI HARADA - chegou ao Brasil para trabalhar no Banco América do Sul, agência em São Paulo, e portava o 5º Dan outorgado diretamente pelo Criador do Estilo Shotokan Gichin Funakoshi. Nasceu na Manchúria em 1928, em 1948 entrou na Universidade Waseda. 1957 - JUICHI SAGARA. Nasceu em Kanagawa/Japão no ano de 1934. Cursou a Universidade de Takudai, onde iniciou a prática do karate Shotokan. No Brasil, juntamente com Yassutaka Tanaka, Sadamu Uriu, e Tetsuma Higashino, todos colegas da Takudai, iniciaram na Vila Prudente em São Paulo de forma organizada o ensinamento da prática do karate.
1961 - EISUKE OISHI - em 1961 mudou-se para a Bahia o japonês Eisuki Oishi, 19 anos, que tinha conhecimento do karate, mesmo não sendo faixa preta, e que iniciou Denílson Caribe na prática do karate, sendo considerado o precursor do karate no estado da Bahia. Gojuryu - O fundador do estilo foi o Mestre Chojun Miyagi (1888-1953) 1958 - SEIICHI (Shikan) AKAMINE - chegou ao Brasil a convite da Okinawa Riukai para difundir o karate, portando a graduação de 8º Dan. Nasceu na cidade de Naha/Okinawa em 1920. Wadoryu - O fundador do estilo foi o Mestre Hironori Otsuka (1892/1982). 1956 - KOJI TAKAMATSU - Nasceu na cidade de Kakogawa/Japão em 1930. Cursou a Universidade de Agricultura de Tóquio. 1960 - TAKEO SUZUKI - chegou ao Brasil no ano de 1960 onde permaneceu até 1973. Nasceu na cidade de Tóquio/Japão em 1937, onde cursou a Universidade de Agricultura. 1964 - MICHIZO BUYO - chegou ao Brasil no ano de 1964. Nasceu na cidade de Okayama/Japão em 1940. Formado pela Universidade de Agricultura de Tóquio. Shorin-Ryu - O fundador do estilo foi o Mestre Choshin Chibana (1892/1969). 1954 - YOSHIHIDE SHINZATO - chegou ao Brasil em 1954. Nasceu na ilha de Okinawa/Japão em 1927. Em 25 de Janeiro de 1954 realizou uma demonstração de karate no parque do Ibirapuera em comemoração ao 4º Centenário da cidade de São Paulo. Kenyuryu 1965 - AKYO YOKOYAMA - chegou ao Brasil no ano 1965. Nasceu na cidade de Tóquio/Japão em 1942. Formado em ciências contábeis e administração. NO MARANHÃO 1968 O primeiro a ministrar aula de Karatê no Maranhão foi o professor Murilo Pinheiro que instalou uma academia na Av. Magalhães de Almeida. Inicialmente muito restrita a poucos alunos, como aos comandantes de aviação Gaudêncio, Edimilson, Pedrada e outros. Década de 1970 - posteriormente houver a chegada do professor José Ribamar Alves “O Prof Zeca” discípulo do mestre Minoru Massu, um dos pioneiros do karate na região Norte do País. A convite do Coordenador de esporte do Costa Rodrigues – professor Cláudio Vaz dos Santos – o Prof. Zeca passou a ministrar as aulas de karate no referido ginásio de esporte, dando acesso a um grande público. Foi tão grande a aceitação que a freqüência chegava a registrar mais de 300 alunos, nos dois turnos. O sucesso na expansão do karate motivou o Prof. Zeca a instalar sua própria Academia, num sobrado da Rua Afonso Pena, no centro de São Luis, transferindo-se posteriormente para a Rua Candido Ribeiro, Praça da Misericórdia, Beco do Palácio e Clube dos Sargentos na Candido Ribeiro. O professor Zeca como era chamado pelos seus alunos, formou grandes discípulos dentre os quais o autor deste trabalho. Existiam também no Maranhão outros lutadores de Karate como o Paulo Gonçalo Monteiro da Cunha que era aluno do Benedito Nelson Augusto dos Santos o “Mão de Ferro”. 1972 em 05 de maio Mestre José de Ribamar Alves instalou a Academia REAL KARATE, iniciando o Karate Shorinji em São Luís do Maranhão, tornado-se o primeiro faixa-preta de karate do Estado. 1973 Professor Joaquim Pedro Almeida Ribeiro idealizou e organizou a 1ª competição de karate do Maranhão – fora da Academia – esta competição, mesmo interna foi realizada em estabelecimento oficial – Ginásio Charles Moritz. 1978 24.11.O mestre ZECA é graduado 1º Dan em 1978 com o mestre Minoru Massu da Federação de Pugilismo do Pará; - o Professor Pedro – como é conhecido pelos karatecas – solicita ao seu mestre, autorização para instalar seu Dojô. Esta autorização foi concedida. Assim nascia o Dojô da Budô-Kan, exatamente em 03 de março de 1978, na Av. Getulio Vargas, em uma sala cedida pelo Professor Reynaldo Farai. No ano seguinte foi transferido para outro prédio na mesma avenida.
1979 Em julho a Academia Budô-Kan, mais estruturada, organiza o I Interclubes Interestadual. Da competição participaram a Associação D. Luis I, de Belém e Budô-Kan, de São Luís. Nos anos seguintes este evento ocorreu já contando, também, com a participação do estado do Piauí. Hoje este evento é reconhecido pela Confederação Brasileira de Karate e incluído no seu calendário. - Os primeiros grandes seminários de karate do Maranhão também foram realizados pela Academia BudôKan. Destes seminários participaram consagrados e reconhecidos mestres, como Minoru Massu, Carlos Benedito, Yoshizo Machida, Sadama Uriu, Ivo Rangel, Takashi Shigueda, Sergio Takamatsu, Koji Takamatsu, Teruo Furusho, Nilson Tavares, Lirton Monassa, Paulo Vieira, José Pereira, Celso Rodrigues e Aldo Lubes. 1985 O Departamento de karate da Federação Maranhense de Desporto, criado em 19.11, teve como primeiro diretor, o Professor Joaquim Pedro Almeida Ribeiro. Nomeado através da portaria nº 056/85. À frente do Departamento de karate, o professor Pedro pode dar legalidade aos exames de faixa dos atletas ligados ao Departamento de karate, assim como legitimar os eventos oficiais, e graças a esse Departamento a primeira equipe maranhense de karate pode participar de um campeonato norte nordeste realizado em Belém – Pará pela Universidade Kokushikan do Japão onde o Maranhão conseguiu o 3º Lugar no Shiai Kumite com uma equipe formada pelos atletas Joaquim Pedro Almeida Ribeiro, Ademar Alerson, Abraão e Antonio Sousa. 1989 03.12. O mestre ZECA é promovido a 2º Dan, conferidas pela Banca Examinadora da Confederação Brasileira de Karate. - em 08.11 Fundação da Federação de karate do Estado do Maranhão, ação empreendedora do Professor Pedro – Diretor Fundador, Diretor Técnico e seu Presidente; idealizada pelo Professor Joaquim Pedro Almeida Ribeiro e amigos como Hilton dos Santos Pacheco, Joel Durans Medeiros, Joaquim Sales de Oliveira Itapary Neto e outros que compuseram a primeira diretoria, teve como primeiro Presidente o comerciante Joel Durans Medeiros, sendo fundadores legais as seguintes entidades: Budô-Kan, Leão Clube de Pugilismo, América Futebol Clube e Sampaio Correia. 1990 Professor Xu implanta o Karate Goju-Ryu no Maranhão. 1992 06.12 O mestre ZECA é promovido a 3º Dan, conferidas pela Banca Examinadora da Confederação Brasileira de Karate. 1994 Em 17 de dezembro, João Raimundo dos Santos funda a Federação de Karate Shotokan do Estado do Maranhão Interestilo. 1996 implantado o estilo Shito-Ryu, através do Professor Robervaldo Ribamar Pereira, resultado de um rápido treinamento na Hayashi-Shito-Ryu do Brasil em São Paulo, na cidade de Jaboticabal. 1997 Sob a égide da Federação de Karate do Estado do Maranhão foi realizado o I Campeonato Estadual da Modalidade, o qual teve como campeão individual no kumite o atleta Antonio José da Costa Lima. Presidente nas gestões 1997 a 2000, 2001 a 2004 e 2005/2008. 1997 O mestre ZECA é promovido a 4º Dan em 06.12.1997, conferidas pela Banca Examinadora da Confederação Brasileira de Karate. 2003 O mestre ZECA é promovido a 5º Dan em 13.12, conferidas pela Banca Examinadora da Confederação Brasileira de Karate. 2010 O mestre ZECA é promovido a o 6º Dan em 30.11, conferidas pela Banca Examinadora da Confederação Brasileira de Karate.
NATAÇÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ LEONARDO DE ARRUDA DELGADO Definição A natação é um esporte aquático que tem como objetivo imediato, para o atleta, vencer uma determinada distância em meio líquido no menor tempo possível. As distâncias oficiais na competição dos Jogos Olímpicos para os nados são as seguintes: provas individuais, nado livre feminino e masculino – 50m, 100m, 200m e 400m, nado livre feminino 800m e nado livre masculino 1500m, nado costas feminino e masculino – 100m e 200m, nado peito feminino e masculino – 100m e 200m, nado borboleta feminino e masculino – 100m e 200m, nado medley feminino e masculino – 200m e 400m. Provas de revezamento também nos Jogos Olímpicos, categorias feminina e masculina: 4 x 100m nado livre, 4 x 200m nado livre e 4 x 100m - 4 nados. Origem Desde seus primórdios, o homem se identifica com o meio aquático. A mais antiga ilustração da arte de nadar foi descoberta no mural de uma caverna na Líbia e estima-se que tenha 9000 anos. Um hieróglifo egípcio descoberto pelo historiador alemão do esporte Carl Diem, datado da Sexta Dinastia Egípcia, 2.500 a.C., mostra um ser humano desempenhando o nado crawl. Isto sugere que há quase 4.500 anos já se nadava por esta técnica. Além disso, as principais correntes explicativas sobre a etiologia das espécies, independente das divergências, possuem entre si um significativo grau de consenso sobre o fato de que a origem da vida animal se deu no meio líquido. Segundo Platão, “cidadão educado é aquele que sabe ler e nadar”, o que indica que a natação situou-se no berço da cultura ocidental. No Brasil, as primeiras notícias das práticas natatórias vêm do século XVI, concernente aos indígenas, que a usavam como meio de sobrevivência e de socialização. A natação esportiva teve início no país no século XIX. Ao final deste período e início do século XX, pelas poucas piscinas existentes, o ensino da natação era realizado em cochos, isto é, flutuadores formados por pranchões de madeira sustentados por tambores. Nos cem anos seguintes, tais condições se aperfeiçoaram tornando a modalidade a segunda preferência esportiva da população brasileira. 1877 Primeiro Campeonato de Natação na Inglaterra, registrando-se para a distância de 100 jardas (91 metros) o tempo de 1m 16s 6. 1881 Registros de jornais citam a travessia da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro-RJ, que aconteceu em disputa realizada entre um jovem de Niterói – RJ, Joaquim Antonio Souza de 19 anos, e um relojoeiro alemão Theodor John de 50 anos, com largada na Ponta da Armação – Niterói e chegada na Praça 15 de Novembro – Rio de Janeiro (as duas cidades ocupam posições opostas na mesma baía). Estas travessias repetiram-se outras vezes pelos nadadores citados e outros, que aderiram à manifestação esportiva. 1885 A primeira piscina brasileira é construída às margens do rio Guaíba, Porto Alegre –RS, a qual se deu o nome de Badeanstalf, ou também basenho, pela Sociedade Ginástica Deutsher Turnverein, usando-se o sistema de pontões. Esta instalação foi construída com a colaboração dos associados, mediante cotas sociais. A piscina foi destruída por um incêndio ocorrido nos armazéns da estrada de ferro de suas imediações, em fins de 1916. A Sociedade de Ginástica construiu uma nova piscina em sua sede social, em 1953. NO MARANHÃO ATLETAS OLÍMPICOS MARANHENSES 1984 NASCIMENTO DE PHILLIP CAMERON MORRISON, em São Luís (MA), em 29 de dezembro. Filho de pai norte-americano e mãe brasileira, Phillip tem dupla cidadania. Começou a nadar no Maranhão, onde conquistou dois títulos estaduais. Em 2001, foi estudar na Luisiânia, nos EUA, onde também nadava e venceu as principais competições de high school. Esses resultados lhe renderam uma bolsa para estudar n Universidade Stanford. Foi aos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, como reserva, no revezamento 4 x 200 metros nado livre. È formado em Earth Systems e, atualmente, trabalha em uma empresa de tecnologia em San Francisco, Califórnia. (RUBIO, 205, p. 231) 10.
10
RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.
PERÍODO PRÉ-COLONIAL - Os índios habitantes do Maranhão tinham profunda intimidade com a água, nela se sentindo à vontade, para o que, por certo, concorria o costume das mães banharem seus filhos logo após tê-los. Não admira soubessem nadar. Os costeiros e os do interior. De todas as idades, mais ainda os meninos e as meninas, moços e moças. Quando da chegada dos primeiros portugueses, relata Vespúcio: “e antes que chegássemos a terra, muitos deles lançaram-se à nadar e vieram nos receber a um tiro de nesta no mar (equivalente a 150 metros), que são grandíssimos nadadores... “Nadam fora de toda expectativa, e melhor as mulheres que os homens, porque os encontramos e vimos muitas vezes duas léguas adentro do mar sem apoio algum iram nadando”. PERÍODO COLONIAL - 1612/14 – de acordo com D’Abeville: ”Vimos maravilhados inúmeros índios se lançaremse a nado (Tupinambá) para nos encontrar e trazer seus agrados. Não eram apenas exímios nadadores. Também sabiam mergulhar. Sobre os índios do Maranhão, como acima a nota de Claude D’Abeville citada, serem os “Tupinambás grandes nadadores e mergulhadores, chegando a nadar três a quatro léguas. Se de noite não tem com que pescar, se deitam na água, e como sentem o peixe consigo, o tomam às mãos de mergulho; e da mesma maneira tiram polvos e lagostins das concavidades do fundo do mar, ao longo da costa (p. 618)... “Eram, os Tupinambás, extremados marinheiros, como os metem nos barcos e navios, onde todo o tempo ninguém toma a vela como eles; e são grandes remadores, assim nas suas canoas, que fazem de um só pau, que remam em pé vinte a trinta índios, com o que as fazem voar...” PERÍODO IMPERIAL 1847 Publicado no jornal O Bem –Te-vi de 06 de dezembro: Lá váe mais verço Dizem, que nhô Quimquim Está tomando cupahiba, São os fructos, que colheu Dos nados da Parahiba. Que progresso! Que função! Usará délla No Maranhão? Leccionando as Bellas nymphas Nas regras da natação Mostrou n´este heróico empenho O seu nobre coração. Que progresso! Que função! Usará délla No Maranhão? A Parahiba seria No nadar a perfeição, Si todas tomar quizessem Uma tão fácil licção. Que progresso! Que função! Usará délla
No Maranhão? A que quizer aprender A arte de bem nadar Dirija-se á Custodinha, Que poderá informar Que progresso! Que função! Já uza délla No Maranhão A vontade não lhe falta De tão bom exemplo dar Mesma na terra que diz Lhe á-de os ossos chuchar Não use, não, Nhô Quimquim, Olhe que tudo A-de ter fim
1849 Jornal O Estandarte, 31 de março “A. Rego – Principais sucessos da história do Maranhão [...] declarou elle com cara de penitente. Isto sim, Sr. A. Rego, isto sim é é que se chama dedicação, afrccto inabalável!! Não sei a razão por que a decentissima folha não lastimou a falta dee coragem do Exmo. Para instituir uma eschola de natação, tal qual foi a da Parahyba, por ele estabelecida na fonte da bica, onde deu tantos exemplos em publico da mais alta [...]
1851 - A primeira notícia que se tem sobre natação em Maranhão, praticada por brancos, e se refere a banho de mar na Praia do Cajú – hoje, Av. Baira-Mar. José Ferreira do Vale, morador da casa de número 1, oferecia “um grande banheiro e seguro, a todas as marés a 40 Rs por pessoa”. (Correio d’Anúncios, ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de 1851). 1861- Na ESCOLA DE APRENDIZES MARINHEIROS DO MARANHÃO, criada pelo Decreto n. 2.725, de 12 de janeiro de 1861, tinha, em seu currículo a disciplina Educação Física, com atividades de Natação, Remo, Mergulho, Aparelhos, Infantaria, dentre outras. 1864 Noticia da morte, por afogamento, de aluno da Escola de Aprendizes Marinheiros, durante as aulas de natação
1869 - é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869). - Aluísio Azevedo – ainda estudante do Liceu, aos 12 anos - havia uma coisa verdadeiramente séria: "era brincar, estabelecendo-se entre minha divertida pessoa e a pessoa austera de meus professores a mais completa incompatibilidade". Narra as estripulias da época, em companhia dos amigos de infância: "Criado a beira-mar na minha ilha, eu adorava a água. Aos doze anos já era valente nadador, sabia governar um escaler ou uma canoa, amarrava com destreza a vela num temporal, e meu remo não se deixava bater facilmente pelo remo de pá de qualquer jacumariba pescador de piabas." (citado por MÉRIEN, 1988: 47). 1884 – Barra do Corda – Colégio de Issac Martins oferecia aulas de natação utilizando-se do Rio, conforme noticia do Jornal Diário do Maranhão:
1893 Neste ano, em São Luís do Maranhão, de acordo com fonte publicada em jornal de 1951, um grupo de nadadores construiu, com patrocínio, um tanque que captava água da cheia da maré e, na baixa, dava aulas de natação às crianças, por uma determinada quantia mensal. (Fonte: Atlas 2, p.6.1) 1889 Anuncio do Colégio Fluminense, publicado na Tribuna Liberal, de 26 de março, oferecendo vagas, e informando as instalações disponíveis, entre os quais tanques para aulas de natação:
1901 – Colégio XV de Novembro – currículo incluía ‘banhos’, isto é, natação:
1903 A CAMPANHA 22 de maio – Traços e troças: fala sobre o salário de professores da Escola Normal – o professor estrangeiro – Miguel Hoerhan – contratado para dirigir a Divisão de Educação Física do Estado, responsável pelas disciplinas de esgrima e natação
1912 Apresentado projeto para nova sede da Escola de Aprendizes Marinheiros em que consta o ‘tanque’ para as aulas de natação:
Década de 1920 - Piscina, para natação, foi a construída – provavelmente – nos meados dos anos de 1920, no Genipapeiro e servia de local de recreação para os jovens esportistas da época, como Simão Félix, um dos construtores. Depois, só na década de 50, em algumas casas particulares. 1930 O Combate de 15 de julho noticia as competições de natação que ocorriam no Genipapeiro, promovida pelo sportman Joaquim Rego
1932 – O Combate anuncia uma demonstração de natação por um esportista de passagem pela cidade
1933 – Banho de mar à fantasia em São José de Ribamar:
1934 – Notícias
1947 Nas comemorações da Semana da Pátria, entre outras modalidades, disputa de um torneio de natação na piscina do Santa Isabel
1949/50 - realizadas as primeiras provas de natação que se tem notícia em São Luís, num tanque que abastecia a Fábrica Santa Isabel; esse tanque, medindo 30 m de comprimento, por 10 m. de largura e três de fundo, servia como piscina; Gedeão Pereira de Matos, em suas memórias, afirma que, acostumado com as travessias da baia de São José, nadar em provas de 30, 60, ou 90 metros, era fácil; Gedeão destacou-se na natação nesta época. 1952 - Cláudio Vaz dos Santos – o Cláudio Alemão (nascido em 1935) inicia sua carreira esportiva, ao ingressar no Colégio de São Luís, do Prof. Luis Rego; nesse ano, participa dos Jogos Olímpicos Secundaristas, organizado pelo jornalista Mario Frias, como atleta de Basquetebol, Voleibol, Futebol de Campo, Atletismo e Natação. - O primeiro professor de natação – dava suas aulas naquelas casas - foi Dimas, como era mais conhecido Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo, e trabalhava em duas piscinas que existiam à época (1953/54); uma, na Rua Grande, em casa de Domingos Mendes; e a outra, do Sr. Almir Moraes Corrêa, no Apeadouro. 1953 - o Clube Recreativo Jaguarema é fundado e construída sua piscina. Os jovens da “geração de 53” deixaram de praticar a natação na casa de Domingos Mendes e passaram a nadar na do Jaguarema. - Rubem Goulart, um dos precursores da natação competitiva, como primeiro técnico do Clube Jaguarema, fundado em 1953; depois dá suas aulas no Grêmio Lítero-Recreativo Português, levando a garotada a participar de diversos torneios, espalhando a novidade para o Casino Maranhense 1956 Crise no futebol ameaça a realização dos Jogos do Verão, promovidos pela ACLEM, incluindo a Natação
1958 – Realização da Olimpíada Secundarista:
DÉCADAS DE 1960/70 - Essa prática - de aulas de natação em piscinas de casas particulares - continua nos anos 60 e 70. Denise Martins Araújo - filha de Dimas - começou a acompanhar o pai, aos 12 anos, em suas aulas naquelas piscinas particulares, cuidando dos alunos de menor idade. Com o pai assumindo outras atividades, passou a se responsabilizar por aquelas aulas, alugando uma piscina para a “sua” escola de natação. DÉCADA DE 1970 – a natação é uma das modalidades disputadas nos Festivais Esportivos da Juventude, precursor dos Jogos Escolares Maranhense; as competições eram disputadas ora na piscina do Colégio Maranhense (Maristas), sem a distancia regulamentar, ora na do Clube Jaguarema. Diversos estabelecimentos de ensino mantinham equipes de natação, que treinavam nas piscinas do Clube Lítero-Recreativo Português, no Jaguarema, e nos Maristas. Nesses clubes chegaram a funcionar “escolinhas de natação”. Nessa época, atuavam como técnicos de natação dos diversos estabelecimentos de ensino Celso Balata Cavagnac (Escola Técnica), Gilson Nina (Maristas), José Lauro Serejo Martins (Escola Técnica), 1979 Os Jogos Escolares de Barra do Corda foram criados pela Prefeitura Municipal, prefeito Sr. Alcione Guimarães Silva, tendo o colégio Nossa Senhora de Fátima, como a primeira escola campeã, dos jogos, onde manteve-se campeã até o ano de 1981, pendendo o titulo para o Centro Educacional Cenecista de Barra do Corda – CNEC. As provas de natação, em Barra do Corda, eram realizadas no Rio Corda, com travessias, geralmente do Porto das Pedrinhas até o Guajajara, percurso de aproximadamente 1.000 m, no período dos Jogos Escolares, agosto ou setembro, promovido pela Prefeitura Municipal. 1980 fundação da Federação Maranhense de Desportos Aquáticos, no dia 25 de Janeiro, por Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Osvaldo Telles; 1983 fundação da primeira escola de natação de São Luís, com piscina própria – a “Viva Água” – pelos professores Denise Martins de Araújo e Oswaldo Telles de Sousa Neto. A Viva Água começou a funcionar em 1984, em São Luís do Maranhão, oferecendo atividades aquáticas para 128 alunos de seis meses a cinco anos. 1986 a Viva Água saiu do Clube AABB, aderindo a um acordo que garantiu o uso da piscina do Clube Maranhão Atlético Clube (MAC). 1988 Em abril, a Viva Água inaugurou sua sede, no bairro Renascença que despontava como um dos mais atrativos no mercado imobiliário de São Luís. 1989 São Luis é sede do Torneio Norte/Nordeste Interfederativo Infantil, Juvenil, Júnior I e Júnior II/Sênior - Copa Cidade de João Pessoa/PB - Troféu Dr. Milton Medeiros.
1990 São Luis é sede do Torneio Norte/Nordeste Interfederativo Infantil, Juvenil, Júnior I e Júnior II/Sênior - Copa Cidade de João Pessoa/PB - Troféu Dr. Milton Medeiros. 1992 São Luis é sede do Festival CBDA/Correios Norte/Nordeste de Clubes Mirim I e II, Petiz I e II - Troféu Kako Caminha. 1993 foi lançado o projeto de construção do Complexo Esportivo Viva Água. Neste tempo, a empresa já oferecia serviços diversificados, entre os quais lutas, alongamento, danças e recreação. A média de idade dos alunos foi ampliada de bebês de três meses aos idosos de 90 anos. 1994 realizada a Clínica de Natação ‘CRIANÇA E NATAÇÃO” pela Escola de Natação Viva Água, com Stephen Langerdorf, da Universidade de Ohio; coordenada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Sinclair Lemos (tradutor), e Laércio Elias Pereira - São Luis é sede do Torneio Norte/Nordeste de Clubes Infantil, Juvenil, Júnior I e II/Sênior - IV Troféu Walter Figueiredo Silva 1995 Fundação da Nina Escola de Natação. - São Luis é sede do Torneio Norte/Nordeste Interfederativo Infantil, Juvenil, Júnior I e Júnior II/Sênior - Copa Cidade de João Pessoa/PB - Troféu Dr. Milton Medeiros 1996 Fundação da Escola de Natação Golfinho. - Vinda de Alexandre Pussieldi (Pussy) para Maranhão – trazido por Duailibe quando da implantação do Complexo Duvel - São Luis é sede do Campeonato Brasileiro Sênior - Troféu Profº Daltely Guimarães e do Campeonato Brasileiro Juvenil de Inverno - Troféu Dr. Arthur Sampaio Carepa 1997 Presidente da FMDA é o Sr° Edvaldo Antônio dos Santos - São Luis é sede do Festival CBDA/Correios Norte/Nordeste de Clubes Mirim I e II, Petiz I e II - Troféu Kako Caminha. - Maranhão é Campeão do Torneio Norte/Nordeste Interfederativo Infantil, Juvenil, Júnior I e Júnior II/Sênior - Copa Cidade de João Pessoa/PB - Troféu Dr. Milton Medeiros em Recife/PE - São Luis é sede do Torneio Interclubes Infantil I e II, Juvenil I e II, Júnior I e Júnior II/Sênior da Região Norte Troféu Leônidas Marques - Copa Amazônia. 1998 1ª Clínica Internacional de Natação do Maranhão, São Luiz, com Ernest Maglicho, com a coordenação Alexandre Pussieldi 1999 È eleita Valdecy Leite, para biênio 1999/2000. 2000 Valdecy é reeleita presidente, para o biênio 2001/2002. - São Luis é sede do Torneio Interclubes Infantil I e II, Juvenil I e II, Júnior I e Júnior II/Sênior da Região Norte Troféu Leônidas Marques - Copa Amazônia. - A Escola de Natação Viva Água é segundo Colocada no Kako Caminha em Salvador/BA 2001 Sérgio Silva ministra clinica de Natação em São Luis, no Colégio Marista, trazido pelo Professor Júlio Monteiro com participação especial de Edvaldo Válerio. - Edvaldo Válerio ministra clínica de natação em São Luis, trazido pelo Professor Chitão. Sérgio Silva ministra clinica de Natação no Colégio Marista. - Pablo Banho vai para os Estados Unidos. - São Luis é sede do Festival CBDA/Correios Norte/Nordeste de Clubes Mirim I e II, Petiz I e II - Troféu Kako Caminha. - Aquanata e Viva Água, são respectivamente segunda e terceira colocadas no Kako Caminha em São Luiz/MA . - Viva Água e terceira colocada no Kako Caminha em Natal/RN 2002 Viva Água e terceira colocada no Kako Caminha em Fortaleza/CE - Phillip Cameron Morrison vai para os Estados Unidos. 2003 Gilson Nina é eleito presidente, para o biênio 2003/2004. - Aquanata é terceira colocada no Kako Caminha em Teresina/PI - Golfinho é terceira colocada no Kako Caminha em Maceió/AL
2004 São Luis é sede do Festival CBDA/Correios Norte/Nordeste de Clubes Mirim I e II, Petiz I e II - Troféu Kako Caminha 2005 Ivan Pereira da Golfinho é eleito, para o biênio 2005/2006. - São Luis é sede do Torneio Norte/Nordeste Interfederativo Infantil, Juvenil, Júnior I e Júnior II/Sênior - Copa Cidade de João Pessoa/PB - Troféu Dr. Milton Medeiros - São Luis é sede do Torneio Interclubes Infantil I e II, Juvenil I e II, Júnior I e Júnior II/Sênior da Região Norte Troféu Leônidas Marques - Copa Amazônia. 2006 Fundação da Escola de Natação AABB/Aquabarra; a natação em piscina de Barra do Corda, tem início, com a implantação da Escola de Natação Aquabarra, nas dependências da Associação Atlética Banco do Brasil. - Campeonato Brasileiro Juvenil de Inverno - Troféu Dr. Arthur Sampaio Carepa - A Federação Maranhense de Natação recebe o Troféu Mirante como melhor Federação do Maranhão. 2007 Daniela Flexa é eleita presidente da federação, para o biênio 2007/2008. - a Federação Maranhense de Natação recebe o Troféu Mirante como melhor Federação do Maranhão. - São Luis é sede do Festival CBDA/Correios Norte/Nordeste de Clubes Mirim I e II, Petiz I e II - Troféu Kako Caminha - Filiação da Aquabarra na FMDA. - São Luis é sede do Torneio Interclubes Infantil I e II, Juvenil I e II, Júnior I e Júnior II/Sênior da Região Norte Troféu Leônidas Marques - Copa Amazônia. 2008 Falecimento da Dra. Valdecy Eleutéria Martins Leite, no dia 10 de novembro, ex-Presidente da Federação Maranhense de Desportos Aquáticos e grande colaboradora da natação local. Vítima de um câncer que se prolongava há anos, Dra. Valdecy foi de grande contribuição para o desenvolvimento dos esportes aquáticos no Estado. - São Luis é sede do Torneio Norte/Nordeste de Clubes Infantil, Juvenil, Júnior I e II/Sênior - IV Troféu Walter Figueiredo Silva. - Phillip Cameron Morrison é o primeiro nadador maranhense a participar de uma Olimpíada. - O nadador Felipe Costa da Cunha, de 17 anos, foi escolhido o atleta do ano pelo júri técnico. 2009 Marcio Cunha é eleito presidente da FMDA para o biênio 2009/2010. - Pela primeira vez na história da natação maranhense, quatro atletas do estado estarão na mesma Seleção Brasileira Juvenil de Natação. Lucas Brito, Lorena Pinheiro, Nilza Helena Costa e Felipe Cunha estão no seleto grupo que irá disputar o Campeonato Sul-Americano de Natação dos dias 27 a 30 de março, na cidade de Mar del Plata, Argentina. - Em abril, São Luis novamente foi sede do Torneio Interclubes Infantil I e II, Juvenil I e II, Júnior I e Júnior II/Sênior da Região Norte - Troféu Leônidas Marques - Copa Amazônia. Fato marcante foi a grande chuva que derrubou a ponte de Peritoró, que causou grande transtorno na volta de atletas de muitos estados. - Em novembro, Felipe Cunha, conquista medalha de ouro nas Olimpíadas Escolares Brasileiras, realizadas no Paraná, vencendo a prova dos 200m medley com o tempo de 02’04”83. - As Escolas Aquaclube de Imperatriz e A&T Aquatic, de São José de Ribamar Filiam-se a FMDA 2011 UNICEUMA e São Vicente, filiam-se a FMDA. Marcio Cunha é reeleito presidente da FMDA, para o biênio 2011/2012. 2012 Curso de atualização técnica em natação, com o Professor Dr. Roberto Pável – RJ, na Golfinho. 2013 Leonardo Delgado faz uma análise do esporte e lazer em Barra do Corda, apresentando o seguinte quadro: MODELO DO SISTEMA ESPORTIVO DE BARRA DO CORDA, onde aparece a Natação no sistema de esporte competiutivo
2015 Julio Monteiro assume a presidência da FMDA. - Dezembro, a nadadora Júlia Nina, do MAC/Nina, vencer as provas dos 400 e 800m livres, no 38º Campeonato Brasileiro Infantil de Natação de Verão, 13 e 14 anos - Troféu Maurício Bekenn, no Sport Club Corinthians Paulista, em São Paulo.
REFERENCIAL LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ. ATLAS DE NATAÇÃO. DISPONÍVEL ON LINE VIA:< http://www.cefetma.br/publicacoes/artigos/atlas/ATLAS%2011%20-%20NATA%c7%c3O.doc > LEONARDO DE ARRUDA DELGADO. HISTÓRIA DA FEDERAÇÃO MARANHENSE DE NATAÇÃO. AQUABARRAA. DISPONÍVEL ON LINE < http://www.aquabarra.com.br/html/resultado.php?id=218>
BOXE - O MAR COMO LAZER JOSÉ RIBAMAR MARTINS Os banhos de mar eram raros. O acesso às praias era difícil. A Ponta d’Areia e o Olho d‘Água eram as de maior freqüência. Á primeira, chegava-se através de pequenos barcos a vela ou em inseguras lanchas a motor pertencentes ao popular “Chocolate”. O embarque e o desembarque eram realizados na Rampa do Armazém, ou Trindade, e Praia do Caju. Frequentemente aconteciam panes no motor e a embarcação ficava à deriva, deixando os passageiros em pânico. À segunda, o acesso fazia-se em caminhões ou automóveis. Qualquer um daqueles transportes era de disponibilidade difícil. A estrada, através do Turu, não dispunha de asfalto, era esburacada e muito arenosa, o que dificultava ainda mais a viagem. Outras próximas, como São Marcos, Calhau, Jaguarema ou Araçagi, eram apenas visitadas por banhistas aventureiros que do Olho d‘Água seguiam a pé até elas. – Aqui vale uma pequena e triste constatação: infelizmente nos, maranhenses, mantemos o triste hábito de ignorar nossas tradições. Podemos mencionar como exemplo a obstinada substituição de antigos nomes de ruas, praias etc., sem mínima justificativa, por outros nomes até já comuns em lugares além de nossos limites. Recentemente temos o caso das praias de São Marcos e do Jaguarema, que a cada dia estão se tornando mais identificadas como Praia da Marcela e Praia do Meio. Isso, ao que parece, conta até com o apoio dos órgãos responsáveis, conforme podemos constatar em placas indicativas existentes. Voltando ao assunto interrompido, uma alternativa era a praia de São José de Ribamar, no balneário de mesmo nome. Apesar de servida de precária linha de ônibus, era de mais fácil acesso. Entretanto, pelos trinta quilômetros que a separam da capital, era muito desfrutada apenas durante as férias de julho , início da estiagem. Como se pode depreender, não era qualquer um que podia gozar das delícias de um banho de mar. Para a garotada agitada das proximidades da Fonte do Ribeirão, essas dificuldades eram superadas quando se aventuravam até as croas em frente à Praia do Caju para jogar bola. Para alcançá-las, forçosamente tinham que nadar. Isso acontecia com a maré baixa, ocasião em que era mais fácil cruzar o canal de navegação. Alguns que ainda não dominavam as técnicas da natação aprendiam à força, quando eram arremessados da amurada da avenida ao mar. Ao sinal de afogamento, eram socorridos pelos melhores nadadores do grupo. Isso se repetia à exaustão até que o peralta superasse suas deficiências. Havia também aqueles que se aventuravam na travessia do Rio Anil, em maré alta, da Praia do Jenipapeiro até à margem em frente ao Asilo de Mendicidade, no São Francisco. Naquelas imediações diziam haver muito tubarão, pois o Matadouro Municipal funcionava um pouco mais à frente, depois da Camboa, de onde despejavam no rio os restos inaproveitáveis do gado abatido. A Praia do Jenipapeiro, cujo acesso se dava pela rua do mesmo nome – continuação da Rua das Hortas, onde existiu pequeno túnel ferroviário – era um local pedregoso, impróprio ao banho, onde ancoravam pequenas embarcações que faziam o trajeto até Vinhais. In SÃO LUIS ERA ASSIM (minha terra tem palmeiras, já nem tantos sabiás) RELEMBRANDO LANCHAS E O MEARIM. Brasília, Equipe, 2007 (Capitulo XV, p. 67-69).
NATAÇÃO EM BARRA DO CORDA Leonardo Delgado http://cev.org.br/biblioteca/natacao-barra-corda/ 1884 – Issac Martins, em seu Colégio Popular, oferecia aulas de Ginástica, de Corridas e de Natação, estas realizadas no Rio Corda, conforme de depreende de anúncios de jornais nos anos 1880 ORIGENS - As provas de natação, em Barra do Corda, eram realizadas no Rio Corda, com travessias, geralmente do Porto das Pedrinhas até o Guajajara, percurso de aproximadamente 1.000 m, no período dos Jogos Escolares, agosto ou setembro, promovido pela Prefeitura Municipal. 2006, MARÇO - A natação em piscina de Barra do Corda, tem início, com a implantação da Escola de Natação Aquabarra, nas dependências da Associação Atlética Banco do Brasil. - JUNHO - iniciado o primeiro projeto social, mediante convênio firmado entre Petrobrás e Prefeitura Municipal de Barra do Corda, atendendo 48 crianças carentes da comunidade cordina. - AGOSTO, 26 - realizado o primeiro festival de natação “Leonardo Delgado”, que contou com mais de 60 alunos, sendo essa a primeira competição de natação segunda as regras adotadas internacionalmente. - Durante o ano de 2006, ainda, ocorrem mais dois festivais internos de natação no dia 12 de novembro, e nos dias 16 – 17 de dezembro, na piscina da AABB de Barra do Corda. - 2007, MARÇO - AABB-Aquabarra filia-se a Federação Maranhense de Desportos Aquáticos. - ABRIL, 21 - Trabalho conjunto com a Associação de Capoeira Flecha, realizou-se o I Festival Seletivo de Natação e Capoeira, visando definir quais seriam os atletas que iriam representar o município no JEM’s (Jogos Escolares Maranhenses). - JULHO, 7 - a Aquabarra participa da 1° Competição a Nível Maranhense, o Campeonato Maranhense de Inverno, com 11 atletas, conseguindo um total de 22 medalhas, sendo 3 de ouro, 11 de prata, 8 de bronze, e a melhor atleta na categoria Infantil Feminino (Raira Pompeu Sousa). - DEZEMBRO, 6 a 8 - segunda participação da Aquabarra no Campeonato Maranhense de verão, com um número maior de atletas (31), consegue 35 medalhas, sendo 2 de ouro, 9 de prata e 24 de bronze. 2008 – FEVEREIRO, 28 A 01 março – participação no Torneio Inicio de Natação debaixo de muita chuva, conquistamos seis medalhas de ouro, dez de prata e seis bronze, colocando doze atletas entre os melhores do estado do Maranhão. - MARÇO, 15 - Aquabarra participa do “I Torneio Mirim Petiz e Aberto A e B”, e novamente debaixo de muita chuva a Aquabarra se destaca com a única escola do interior do maranhão a participar do Campeonato Maranhense de Natação. A competição foi realizada com a participação das escolas Mac/Nina, DM Aquatic, Aquabarra e Bom Pastor, na piscina da DM Aquatic, em São Luís. Essa é a primeira competição em piscina curta de nossos atletas, disputada nas categorias Mirim I(8 e 9 anos), Mirim II(9 e 10 anos), Petiz I(10 e 11 anos) e Petiz II(11 e 12 anos), Aberto A (12 a 16 anos) e Aberto B (maiores de 17 anos). A prova mais emocionante foi a de 100m borboleta categoria petiz, onde o atleta Ilsimar Costa Junior (Petiz I), em uma recuperação extraordinária nos últimos metros, chegando em primeiro lugar, disputado com o atleta da escola DM Aquatic, Marcos Aurélio (Petiz II). Dessa forma, Ilsimar se consagrou, como o melhor atleta maranhense petiz, nos nados de borboleta, costa e crawl. Outra atleta destaque foi Monick Milhomem, com apenas 12 anos competiu com meninas em idade 12 a 16 anos, conseguindo o segundo lugar, na prova dos 100m peito. - ABRIL, 5 - com apenas 3 atletas Ilsimar Costa Junior, Débora Barbosa e Monick Milhomem, a Aquabarra obtém o primeiro grande resultado da escola, na piscina do clube da Alumar, bairro Turú em São Luis. Foram 9 medalhas, sendo 7 de ouro, uma de prata e uma de bronze. MAIO, 2 e 3 - Na capital do Tocantins-Palmas, com 11 atletas, a AABB-Aquabarra outro feito histórico, para o município de Barra do Corda, fomos consagrados como a 7ª melhor escola da competição ganhamos de escolas dos estados do Amapá, Piauí, Pará, Maranhão e Tocantins. Foram 10 medalhas no total, sendo 1 de ouro, 4 de prata, e 5 de bronze. A competição contou com a participação muito especial do treinador Sérgio Silva, da CBDA, uma das pessoas mais importantes da natação brasileira, que nos prestigiou e de um show, na direção geral da competição. Essa viagem só foi possível graças as pessoas como o empresário e pai José Augusto, o responsável pelo transporte; ao delegado Dr. Afonso pela autorização do transporte dos alunos e pais; ao escrivão de polícia, pela autorização de viagem dos menores; ao secretário de finanças da prefeitura (Pedro Teles); secretária de esporte e cultura (Tâmara Pinto) e a professora Neide Bezerra, pela hospedagem da comitiva de Barra do Corda em Palmas.
- MAIO, 16, 17 e 18 - (sexta-feira, sábado e domingo), a Aquabarra participa pela primeira vez, na piscina olímpica do Complexo Esportivo do Outeiro da Cruz, do XXXV Troféu Kako Caminha de Natação, regiões Norte e Nordeste. A competição, disputada nas categorias Mirim (I e II) e Petiz (I e II) envolveu as equipes da AABB/Recife, BNB Clube/Fortaleza, Clube do Remo/Belém, Náutico-Unimed/Fortaleza, Esporte Clube Cabo Branco/João Pessoa, Hedla Lopes Academia/Fortaleza, Nikita-Sesi Clube Português/Recife, MAC/Nina São Luís, Associação Atlética Kako Nadadores/Manaus, Adesef/Belém, Grêmio CIEF/João Pessoa, Colégio Mendel Vilas/Belém, Tuna Luso/Belém, ASSOPBM/Roraima, Aquabara/Barra do Corda-MA, DM Aquatic/São Luís, Complexo Educacional Contemporâneo, Clube Náutico Capibaribe/Recife e Apan/Amapá. Apesar de muitas dificuldades, e com apoio do Deputado Rigo Teles, conseguimos um feito, inédito para Barra do Corda, fomos a melhor escola de natação do estado do Maranhão na categoria Petiz I, com o atleta Ilsimar Costa Junior, se consagrando como o terceiro melhor atleta norte nordeste na prova de 100m borboleta. MAIO - Mais um feito histórico para a natação de Barra do Corda, foi a convocação da atleta Monick Milhomem para compor a seleção Maranhense de Natação, na copa Inter-federativa Troféu Milton Medeiros, que ocorreu em Salvador nos dias 22 a 25 de maio de 2008. - JULHO, 4 E 5 - Campeonato Maranhense de Inverno, marcaram um ano de competições para a Aquabarra, com resultados muito expressivos, foram 3 atletas como mais eficientes, Débora Barbosa categoria mirim 1, Wanderson Araújo categoria mirim 2 e Ilsimar Costa Junior categoria petiz 1, foram 39 medalhas, 8 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze e titulo de 3ª melhor escola do Maranhão. - JULHO, 13 - a Escola de Natação Aquabarra, Prefeitura Municipal de Barra do Corda, secretarias de Agricultura e Meio Ambiente, Esporte e Cultura, realizaram a III Etapa do Circuito Maranhense de Natação em Águas Abertas, a competição contou com a presença das equipes da Aquabarra, DM Aquatic, e Aquamax. Esse competição teve a participação especial da vereadora Nilda Barbalho, como principal incentivadora na câmara do vereadores, dos esportes aquáticos de Barra do Corda. - AGOSTO, 2 e 3 - Seqüenciado o calendário de eventos da Federação Piauiense de Natação, realizado na piscina do Círculo Militar de Teresina, a IV Etapa dos Jogos Abertos da Fundespi – Troféu Vicente Sobrinho que contou com o apoio da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer - Semel. A competição foi disputada em todas as categorias de natação (Mini-Mirim a Master), com provas de 25 a 200m, foi um show de organização, companheirismo e hospitalidade. O evento contou com a participação de 9 clubes da capital piauiense e uma convidada muito especial a Escola de Natação AABB/Aquabarra de Barra do Corda, única representante Maranhense, os destaques da Aquabarra foram de Monick Milhomem e Débora Barbosa, que ganharam tudo o que participaram, só as duas somaram 12 medalhas de ouro, e de Ilsimar Junior 6 de ouro e 1 de prata, no quadro geral de medalhas a Aquabarra ficou em terceiro lugar perdendo apenas para o Circulo Militar e a Ranking do Piauí , mas na contagem geral de pontos obtivemos o 4° lugar geral. Nessa competição a Aquabarra conquista a façanha de 90 medalhas, sendo 45 de ouro, 31 de prata e 14 de bronze, isso tudo, graças a vereadora Nilda Barbalho, principal incentivadora da natação de Barra do Corda. - SETEMBRO, 3 - na sede da AABB-Aquabarra, ocorreu a competição de natação dos jogos escolares do município com mais de 100 atletas, sendo o diocesano campeã com 50 pontos, destaque para as atletas Ângela França, Monick Milhomem, Raira Sousa e Natália Kinoshita, da Aquabarra. - SETEMBRO - 25 a 28 - os atletas da Escola de Natação Aquabarra, participaram do Troféu Walter Figueiredo Silva, na cidade de São Luis/MA. A Aquabarra participou dessa competição com 16 atletas, sendo 11 infantis, 4 juvenis e 1 Junior 1. O Troféu Walter Figueiredo, foi mais um palco de vitórias da natação cordina, que aos poucos vem se consagrado no território regional, os cordinos que treinam em piscina de 18m arrebataram três medalhas - uma de prata, duas de bronze. Destaque para as nadadoras Ângela França, segunda colocada nos 100m nado livre, terceira colocada nas provas dos 50m nado livre e Monick Cardoso, medalhas de bronze nos 100m peito. Essa competição também teve a participação de Joana Maranhão, nadado pelo Nikita/Sesi de Pernambuco. - NOVEMBRO, 21 a 23 - realizado no Circulo Militar de Teresina, o Campeonato Piauiense de Natação. O evento contou com as melhores escolas do estado do Piauí e duas convidadas especiais do Maranhão AABB/Aquabarra de Barra do Corda e AABB de Caxias. Com muita garra e força de vontade a equipe da Escola de Natação AABB/Aquabarra trava duas grandes batalhas e alavanca a segunda colocação no campeonato piauiense de natação. A primeira batalha foi o deslocamento da delegação de Barra do Corda/Ma à Teresina/Pi, que ocasionou a desistência de 7 atletas na última hora quebrando alguns revezamentos e aumentando e muito os gastos com a viagem, a segunda batalha foi na piscina com as melhores escolas de Teresina, o Circulo Militar foi Campeã do Evento, com participações excepcionais dos atletas Vinicius Gabriel, Sthephany Andrade e Camila Ravenna, entre outros. As atletas Débora Barbosa (Mirim I) e Ângela França (Infantil I) receberam os troféus de melhor índice técnico nas provas de 50m livre, sendo que a Débora ainda quebrou 3 recordes, nos 50m livre, 50m borboleta e 50m costas, estabelecidos desde 1997, pela atleta prodígio Teresa Nascimento da Ranking Sport Center. Outro atleta que também quebrou recorde foi Ilsimar Costa Junior, nas prova de 50m
borboleta, recorde que pertencia a Lauro Wilson Filho desde 2004. Os atletas Wanderson Araújo (Mirim 2), Ilsimar Junior (Petiz I), Estefane Sousa (Petiz II), Raira Sousa (Infantil II) e Gerisson Cabral(Junior I), foram os atletas mais eficientes em suas categorias. - DEZEMBRO, 21 - a competição nas águas do Rio Corda, em Barra do Corda, que contou com 60 atletas, das principais escolas de: Barra do Corda (AABB/Aquabarra), Teresina (USMT, CMT e Eugênio Fortes). - Em 2008, o trabalho da AABB-Aquabarra teve uma projeção considerável, em relação ao ano passado. Passou de 57 medalhas para 304. De um melhor atleta para oito. Conseguiu colocar um atleta na seleção maranhense e três medalhista Norte/Nordeste de Natação, Troféus Kako Caminha e Walter Figueiredo.
REMO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Origens O remo, como a roda, é um dos instrumentos fundadores da civilização humana. E como tal, o barco a remo estava presente na expansão e desenvolvimento dos antigos egípcios, gregos e romanos. Mas como esporte, o remo se origina da Inglaterra quando esta atividade encontrou outro significado além do transporte, exploração e conquista. Este início, como em outros esportes originais ingleses, apoiou-se em apostas em dinheiro em competições informais e eventuais que se faziam no rio Tâmisa entre barcos de transporte que eram levados de uma margem para outra. As primeiras regatas organizadas deram continuidade ao passatempo das apostas e em 1716 houve a primeira competição (sculling race) de cinco milhas entre dois bares (pubs) muito populares do rio. No século seguinte, ainda na Inglaterra, as competições progrediram com equipes fixas e com a criação de barcos especiais e mais eficientes para regatas. O primeiro clube inglês de remo – e do mundo – foi Leander Club, fundado em 1817. Assim, a famosa competição universitária de remo Oxford-Cambridge teve início em 1829 e o barco outrigger surgiu em 1846. Entre 1845 e 1865 havia cerca de 30 clubes de remo na Inglaterra. Também no século XIX, o remo, como esporte, teve início em diversos outros países sobretudo da Europa, constituindo inclusive uma base pioneira de organização de outras modalidades esportivas. Nestas condições, a Fédération Internationale des Sociétés d’AvironFISA (Federação Internacional das Sociedades de Remo-FISA) foi estabelecida em 1892, na Itália, constituindo a primeira federação internacional de esporte do mundo. Em 1896, por conseqüência, o remo fez parte do programa dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas, Grécia. Mas condições de tempo negativas inviabilizaram a competição, o que adiou a inauguração do remo olímpico para os Jogos de Paris, em 1900. Por sua vez, o remo feminino somente teria lugar nos Jogos de Montreal, 1976. Neste contexto de marcos de memória, o Brasil é um dos países que mais se sobressaem no esporte de remo, pois o primeiro registro de competição organizada é de 1846; a primeira associação de remo é de 1851; o primeiro campeonato brasileiro é de 1892; a primeira entidade dirigente é de 1894; a primeira coluna especializada na imprensa é de 1895; e a primeira competição feminina é de 1907. E como ocorreu em vários países europeus, o remo serviu de suporte para algumas outras modalidades que vieram a ser adotadas no país a partir do final do século XIX. NO MARANHÃO 1861- Na ESCOLA DE APRENDIZES MARINHEIROS DO MARANHÃO, criada pelo Decreto n. 2.725, de 12 de janeiro de 1861, tinha, em seu currículo a disciplina Educação Física, com atividades de Natação, Remo, Mergulho, Aparelhos, Infantaria, dentre outras. 1900 - Os "sportsmen" maranhenses tentam implantar mais uma modalidade esportiva - desta vez, voltaram-se para o remo, e a utilização dos rios Anil e Bacanga. É criado o "Clube de Regatas Maranhense", instalado na rua do Sol, 36. MANOEL MOREIRA NINA, foi seu primeiro presidente: "CLUB DE REGATAS MARANHENSE Director Presidente - Manoel G. Moreira Nina; Vice Director Presidente - Jorge Brown; Director Secretário José Carneiro Freitas; Director Thesoureiro - Benedicto J. Sena Lima Pereira; Director Gerente - Alexandre C. Moreira Nina; Supplentes: 1º - Manoel A. Barros; 2º - Othon Chateau; 3º José F. Moreira de Souza; 4º Antônio José Silva; 5º - Almir Pinheiro Neves; Commissão d'Estatutos: Dr. Alcides Pereira; Eduardo de A. Mello; Manoel Azevedo; Arthur Barboza Pinto; João Pedro Cruz Ribeiro". (REGENERAÇÃO, 21 de fevereiro de 1900). Essa iniciativa foi efêmera. Os primeiros passos foram dados, para colocar as coisas no rumo certo, mas faltaram recursos para aquisição das embarcações apropriadas e também faltou apoio do comércio e das autoridades constituídas. 1908 - A 13 de setembro voltou-se a falar na implantação do remo, chegando a ser organizada uma competição, envolvendo duas equipes que guarneciam os escaleres "Pery" e "Continental". Os irmãos Santos estavam envolvidos em uma prática esportiva - Nhozinho - como era mais conhecido JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS - como timoneiro, e Maneco - Manoel Alves dos Santos - como voga; A. Lima (sota-voga); B. Azevedo (sota-proa); e A. Vasconcelos (proa), na "Pery". A largada deu-se onde é a ponta do São Francisco, com chegada na rampa do Palácio, sendo vitoriosa a baleeira "Continental", que tinha no timão, F. Oliveira; como voga, J. M. Sousa; voga, J. Sardinha; sota, Maneco Sardinha; e na proa, Raimundo Vaz. Essas atividades, realizadas no rio Anil, começam a se tornar hábito das manhãs de Domingo e feriados, contando com uma boa afluência de público. SIMÃO FÉLIX 1908 - maranhense de Grajaú, onde nasceu em 3 de maio de, praticou o futebol, o basquetebol, voleibol, motociclismo, natação, remo e muitas outras modalidades. Era um autêntico campeão. 1915 - Veio para São Luís em 1915, quando tinha 7 anos de idade, localizando-se na Rua da Palma. Largo das Mercês e Quartel da Polícia [onde hoje é o Convento das Mercês]; foram os seus primeiros locais de diversão. Em tais
locais, começou a chutar "bola de meia" e aprender a correr, em vista de aproximação dos policiais. Depois do futebol, passou a ser remador. Construiu a piscina do Genipapeiro, em companhia de outros colegas e fez daquele local o seu ponto de recreio. Possuía um bom "yole" e remava com relativa facilidade. Como futebolista, jogava pelo Sírio. - Faltava um guardião para o time da Montanha Russa e Simão, que era bamba no basquete e volei, foi encarregado de guarnecer a cidadela do Sírio. No dia da estréia do grêmio árabe, Simão fez defesas espetaculares, chegando a defender três penalidades. O Sírio venceu o Libertador por 1 x 0. Antonhinho, Simão, Fuad Duailibe, Chafi Heluy, César Aboud, Amintas Pires de Castro, Silva e Jaime também colaboraram bastante. Simão disputou várias partidas pelo Sírio, porém devido a seu estado de saúde deixou de praticar esportes por algum tempo, indo para o interior do Estado. Quando não quis mais jogar como goleiro, João Mandareck estava fazendo misérias no arco, Simão passou a zaga, até a extinção do Sírio, abandonando o futebol. Continuou apenas com a prática da bola-ao-cesto, bola ao ar (volei ?), atletismo, motociclismo, tênis, remo e outros esportes. 1947 - Simão Félix deixou de praticar o basquete e o volei em 1947, quando figurou na equipe do Pif-Paf, num campeonato interno organizado pelo Moto Clube. - O crack praticou também o box, tendo disputado uma luta no Éden (cine Éden, onde hoje é a loja Marisa, na Rua Grande) contra um pugilista cearense. - Era louco por corrida de bicicleta e motocicleta. Como também a pé, demonstrando sempre muita resistência. No lançamento do peso, do disco e do dardo era bamba, o mesmo acontecendo nos 100 metros e no salto em extensão. 1909 - Nas comemorações do 28 de julho houve outra prova, tomando parte da mesma militares do 24º BC e da Marinha, sendo utilizado barco a dois remos. A elite maranhense fez-se presente tomando parte ativa, pois atuaram como árbitros da competição: os coronéis Albino Noronha e Carlos, os doutores João Alves dos Santos, Antônio Lobo, Domingos Barbosa, Viana Vaz foram os juizes de chagada; na partida, funcionaram Braulino Lago, capitão-tenente Rogério Siqueira, Dr. Armando Delmare, João José de Sousa, Francisco Coelho de Aguiar e o Dr. José Barreto; como juizes de raia estavam o comandante João Bonifácio, Charles Clissot, Agnelo Nilo e Antônio José Tavares; sendo o diretor de regatas, o tenente Haroldo Reis. A saída deu-se na Rampa do Palácio, tomando parte nos diversos páreos os escaleres: o do comércio, tinha como patrão Antônio da Silva Rabelo; a "Fogo", contava com o mestre João Tibúrcio Mendonça; a "Espírito Santo", tinha como mestre Manoel Joaquim Lopes; "Remedinhos", com Hermenegildo A. de Oliveira; "Alfândega", Bernardo de Serra Martins; "Oriental", João Romão Santos; "São José", Raimundo Alves dos Santos; "Flor da Barra", de Carlos Moraes; participaram ainda, a "João Lisboa"; a "Gonçalves Dias", a "São Luís"; "Nero"; "28 de Julho"; "Correio"; e "Bequimão". O trecho entre a Rampa do Palácio e a Praça Gonçalves Dias estava todo tomado por um grande público. A partir daí, quase todos os anos, no dia 28 de julho, essas competições faziam parte das festividades. Mesmo assim, as regatas foram se arrastando em São Luís, com os abnegados, aqui e ali, aproveitando uma comemoração para realizar uma prova no rio Anil. O "Clube de Regatas Maranhense" chegou a ser fundado novamente, muito embora as condições do rio apresentassem as ideais, pois não oferecia segurança. O mar, em determinadas épocas, ficava muito agitado, temendo-se que uma virada ou o desequilíbrio de um tripulante pudesse vir a ser fatal dado a freqüência dos tubarões... 1910 a 1915 - no período de 1910 a 1915, o esporte no Maranhão entrou em crise, voltando a ser revivido a partir desse ano, graças ao empenho do cônsul inglês em São Luís, Sr. Charlesa Clissot. 1910 Na Alfândega, leilão de objetos, dentre os quais um remo de 18 pés (Pacotilha, 1910); - resultado final da Escola de Aprendizes Marinheiros - remo:
1913 – Publicado artigos sobre educação física em que aparece como uma das atividades a prática do remo (Pacotilha); em dois artigos, publicados em 5 de dezembro, se dá noticias de um novo clube a ser criado, para a prática de esportes, por um grupo de rapazes. O autor fala que o remo não teve continuidade, na baia e nos rios Bacanga e Anil, devido à grande quantidade de peixes (Tubarão?).
1915 em visita à Escola de Aprendizes Marinheiros verificam-se que o remo e a natação eram atividades constantes entre os alunos
1916 - Mesmo com esses contratempos, foram promovidas algumas competições, sempre no rio Anil, como a de 1916, que tinha como objetivo implantar, definitivamente, o remo, inclusive com a criação de uma "Liga do Remo". (MARTINS, 1989, p. 217). Os amantes do "esporte do muque", como era conhecido, adquiriam - no Pará, onde o remo estava plenamente consolidado - duas baleeiras apropriadas, batizadas de "Jacy" e "Alcion". Devidamente equipadas, eram guarnecidas por empregados do comércio, que se apresentavam bem adestrados no seu manejo. No dia 26 de março as duas embarcações fizeram-se ao mar, realizando um "passeio". A "Jacy" - equipe branca - tinha como guarnição J. Nava (timoneiro); Júlio Galas e A. Martins (vogas); A. Santos e Nestor Madureira (sota-vogas); Humberto Jansen e A. Cunha (sota-provas); e S. Silva e J. Travassos (proas); já
a "Alcion" - trajes azuis -, contava com Humberto Fonseca (timoneiro); A. Paiva e Avelino Farias (vogas); e A. Rosa e M. Borges, como proas. As competições realizavam-se isoladamente, no rio Anil, e não se sabe porque, a "Liga do Remo" não se estruturou. Nas manhãs de Domingo, as embarcações realizavam passeios, mais como recreação de que como numa disputa, não obstante os esforços do capitão Melo Fernandes, dos vogas Barão Mota, Agostinho e Manoel Tavares, dos sota-proas Acir Marques e Haroldo Ayres, dos proas Joaquim Carvalho e Francisco Viana e do "crock" Maneco Fernandes. Na Escola de Aprendizes de Marinheiros o remo também era praticado, dispondo de uma guarnição que treinava diariamente. Contava com os vogas Cantuária e Fulgêncio Pinto; como sota-vogas, com Almeida e Abreu; na proa, Belo e Matos; sota-proas, Zinho e Oliveira e o patrão era Fritz. 1917 – o ano enchia-se de esperança para os praticantes dos esportes. No Maranhão, dizia-se, dois esportes marcariam presença definitiva para ficar: o remo e o futebol: "Apesar da guerra, das crises financeiras, do alto custo de vida, etc., a mocidade só pensava no futuro, olhos fixos no dia de amanhã, e, por isso, preparava-se fisicamente. Pensar diferente era ir de encontro à lógica dos fatos que se nos apresentavam diariamente, onde se viam rapazes, que eram incapazes de levantar, como dizia o adágio popular, um gato pelo rabo. Era inadmissível e errônea a educação do espírito sem a educação dos músculos, como dizia Müller. De tudo o homem devia saber. Um organismo raquítico nada valia. Era o importante para suportar uma moléstia, comentavam os críticos. Pregava-se o exercício do remo, porque esse esporte era de uma real utilidade. Esperava-se para breve que, na capital do Maranhão, pudéssemos nos rejubilar da existência de um bom futebol e que o remo se tornasse um esporte definitivo, com prática assídua"... Os esforços foram em vão. Era mais uma modalidade esportiva que fenecia por falta de oxigênio... 1917 O Jornal, edição de 21 de março, noticia o batizado de uma baleeira do lube de remo Strambo
1927 a 1929 - promoveram-se alguns festivais, no rio Anil, sempre com receios de ataques de tubarões, que subiam para desfrutar dos dejetos despejados pelo Matadouro Modelo. Em 28 de julho de 1928, promoveu-se uma regata, em homenagem ao comandante Magalhães de Almeida, tendo a frente os "sportmen" Antônio Lopes da Cunha, sempre envolvido com as coisas do esporte -, Cláudio Serra, Hermínio Belo, Benedito Silva e Gentil Silva. As embarcações não eram apropriadas, usando-se botes de quatro remos para a distância de 500 metros, embarcações de pesca à vela e outras de qualquer espécie, desde que não superiores a dez palmos de boca, embarcações com motores de popa ou internos, lanchas à gasolina, etc. As embarcações tinham os mais variados nomes: "Maranhão", comandada pelo patrão Justo Rodrigues; "Sampaio Corrêa", com Gino Pinheiro, como patrão; o bote "São José", com Horácio dos Santos como patrão. A firma Marcelino Almeida & Cia - proprietária do "Loyde Maranhense"-, colocou os vapores "São Pedro" e "São Paulo" à disposição dos convidados especiais. Para as comissões, foram cedidos os rebocadores "Mero", "Loyd", e "Satélite", gentileza da "Booth Line Co.", do "Loyd Brasileiro" e de "Santos Seabra & Cia". Naturalmente que o homenageado - Magalhães de Almeida - foi o presidente do Júri de Honra, que contou ainda com as presenças de Dr. Pires Sexto, do comandante Martins, do coronel Zenóbio da Costa, Dr., Jaime Tavares, Major Luso Torres, Dr. Basílio Franco de Sá, Dr. Constâncio de Carvalho e João de Mendonça. A "comissão de chegada" era composta por Clóvis Dutra, Agnaldo Machado da Costa, Dr. Horácio Jordão, Dr. Waldemar Brito, e Sr. Edmundo Fernandes; a "comissão de partida e raia", contava com Cláudio Serra, Hermínio Belo, Melo Fernandes e Américo Pinto; o cronista, Gentil Serra e o Diretor técnico da Regata, Arnaldo Moreira. Os dois primeiros páreos homenagearam o coronel Zenóbio da Costa, comandante da Força Pública do Estado, a Associação Maranhense de Esportes Atléticos - AMEA -, na pessoa do DR. Waldemar Brito; o terceiro, foi em homenagem ao aniversariante do dia, o comandante Magalhães de Almeida, então
governador do Maranhão; o quarto, foi em homenagem ao Capitão dos Portos, comandante Moreira Martins, com o quinto, sendo homenageado o Prefeito de São Luís, Dr. Jaime Tavares e, finalmente, no sexto páreo, o homenageado foi o major Luso Torres, comandante do 24º BC. Dado ao êxito da manhã esportiva cogitou-se na criação do "Clube de Regatas Atenas", que teve como incorporadores e fundadores, os esportistas Sílvio Fonseca, José Simão da Costa, Euclides Silva, Herculano Almeida, Carlos Aragão, Dário Gusmão, Anísio Costa, Murilo Viana, Francisco Lisboa, e José Teixeira Rego. Para começar, iria se adquirir uma iole a quatro remos, medindo 11 metros de comprimento - a primeira no gênero a singrar águas maranhenses -; esperava-se que outras fosse "financiadas"... Chegaram a ser realizados treinamentos no Anil, com sucesso, devido ao comportamento da iole. ATUALMENTE - não há registro de prática desde o final da década de 1920.
SURF LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Origens VALÉRIA BITENCOURT, SIMONE AMORIM, JOANA ANGÉLICA VIGNE E PATRÍCIA NAVARRO in DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/98.pdf
Os esportes atuais nas suas origens mais remotas surgiram como uma das relações básicas entre os seres humanos e a natureza. Significativamente, no mesmo local onde se criaram os Jogos Olímpicos – Antiga Olímpia, Grécia – no sétimo século a.C., também se venerava a deusa Gaia (mãe da Terra). E já no final do século XIX, os esportes praticados no países nórdicos da Europa – especialmente os de inverno – foram assumidos como parte da convivência com a natureza além dos clubes, escolas, instalações urbanas e outros meios materiais de prática. O Barão de Coubertin, além da educação, ética, cultura e arte, relacionava explicitamente as práticas esportivas ao meio ambiente. Este restaurador dos Jogos Olímpicos, no limiar do século XX, foi também pioneiro em considerar o praticante de esportes como um protetor da natureza, obtendo dela por outro lado o prazer e a experiência estética da prática esportiva (DaCosta, 1997). Esta percepção somente se tornou comum entre líderes e estudiosos do esporte cinco décadas depois, quando os esportes praticados em praias da Califórnia, EUA, passaram a adquirir identidade própria e a se confundir com formas de estilo de vida. Algo semelhante ocorreu nos anos de 1930 e 1940 sem o mesmo impacto de repercussão na Austrália e no Brasil, países de íntimas relações comunitárias com praias e com a cultura típica daí derivada. Focalizando-se em especial o Brasil, cabe mencionar que a convivência com a natureza já era algo cultivado entre montanhistas do Centro Excursionista Brasileiro da década de 1910 como também entre velejadores da Baía de Guanabara – tanto de Rio de Janeiro como de Niterói – desde este período até os anos de 1950. Neste estágio também ganhou visibilidade no Brasil a pesca submarina com seus adeptos sempre relevando a beleza do ambiente de prática. Há menções esparsas, outrossim, sobre trilhas de caminhadas na Floresta da Tijuca (Rio de Janeiro – RJ), construídas por iniciativa de D. Pedro II, Imperador do Brasil, durante a segunda metade do século XIX. Entretanto, a prática esportiva no meio natural foi assumida como uma modalidade de identidade própria com o aparecimento do surfe, quando então foram surgindo outras denominações como esporte de aventura, de risco e/ou radicais, eco-esportes, esportes californianos, esportes outdoor etc. Estas novas interpretações refletidas pela nomenclatura geraram um novo patamar de compreensão do esporte, levando-o além das suas relações históricas com a natureza e alcançando sua renovação no ambiente urbano. O passo seguinte foi a criação de vínculos com o turismo, uma vertente hoje em plena expansão em escala mundial. No Brasil, em particular, o chamado ecoturismo encontra-se hoje associado à pratica esportiva, revelando suas origens e seu atual direcionamento. A repercussão de maior impacto, contudo, ocorreu na área mercadológica em que novos produtos esportivos foram desenvolvidos em sequencia e renovação, atraindo ao final a atenção da mídia como uma nova faceta de consumo a atender e reforçar. E nestes aspectos de expansão, o surfe manteve seu destaque como uma espécie de experimento piloto dos novos esportes, sejam da natureza, de aventura, de risco ou radicais em face às oportunidades de espetáculo oferecidas pelas novas modalidades. Definições Neste contexto de reinvenção do esporte em escala mundial, com plena participação do Brasil, cabe cogitar que as novas práticas reorganizaram o sistema esportivo tradicional em muito países. Isto implicou numa renovação simbólica e de signos que constituíam o imaginário esportivo até então prevalente. Deste nexo, extrai-se a definição de esporte de aventura, nos quais as mudanças em relação aos tradicionais são mais de ordem dos modos de os Surfe / Esportes radicais. Década de 1930 Uma investigação levada a efeito por Marcello Árias, embasado também em outros dois pesquisadores, Alex Gutemberg e Diniz Iozzi, ressalta o surgimento do surfe brasileiro neste período, mas com duas vertentes. A primeira, entre os anos de 1934/36, pelo americano naturalizado brasileiro Thomas Rittscher e, a segunda, em 1938, no canal l3 de Santos-SP, por Osmar Gonçalves, acompanhado de Silvio Malzoni e João Roberto Suplicy Haffers. A partir de instruções da revista eletrônica americana Popular Mechanics, trazida por seu pai, Osmar retirou ensinamentos para a construção da “tábua havaiana”, que se configurou como a primeira prancha produzida no país. Assim, pode-se creditar a ele também o título de primeiro shaper nacional. Considerando as duas versões, o autor ressalta o pioneirismo de todos os
protagonistas, considerando Thomas como o primeiro estrangeiro a surfar no Brasil, e Osmar como o primeiro surfista brasileiro. NO MARANHÃO 1976/77 na Praia do Olho d’Água aparecem os primeiros movimentos do Surf em São Luis, com Coelho, Café (irmão de R. Cachaça) Pablito (Primo de Roberto Cachaça), Zé do Vale, irmãos Marcos e (?), e Antonio José. 1978/79 Marcelo Bogéa Vaz dos Santos - Piu-Piu acompanhado de seu pai Cláudio Vaz dos Santos começa a praticar surf na Praia do Olho D’ Água utilizando-se de uma prancha de isopor; MARCELO BOGÉA VAZ DOS SANTOS, nascido em 14/09/1965 em São Luís – MA, filho de CLÁUDIO ANTONIO VAZ DOS SANTOS e MARIA DO P SOCORRO BOGÉA; começou por volta de 1978/79 na Praia do OLHO D'ÁGUA; da mesma época - ACIOLY BILLER, ROBERTO CACHAÇA CASTRO, MANOEL CID CASTRO, JOÃO MARCELINO, ROGÉRIO PIOLHO, CAFÉ (CARLOS FERNANDO), ROBERTO MEIRA, JOSE CLÁUDIO "SHELL", FURRUPA, FLORÊNCIO JR., SEBASTIÃOZINHO "SEBÁ", LEPUT E CÁCA, ÉRICO "CALANGO" VAZ, EDUARDO LOBATO E NESTOR. Depois vieram : RICARDINHO ATAÍDE, OS IRMÃS CICIU E FÁBIO MONDEGO, LAUBER CARDOSO, ROBERTINHO BRANDÃO, ROBLEDO MOREIRA; frequentavam também a Praia de São Marcos; em 80/90 usava já sua primeira prancha, uma TUBE/GLEDSON MONOQUILHA (NÃO LEMBRA O TAMANHO, MAS ERA GRANDE). 1979 as lendas vivas Acioly Biller João Marcelino (Chama Maré), Rogério Piolho, Ronaldo, Sebá, Florêncio, Renatinho, Nestor, Marcelo PiuPiu e Sérgio Leput e outros mais praticam surf nas Praia do Olho d´Água; como não havia equipamento a venda em São Luis - Parafina, estrepe e muito menos pranchas - tudo vinha de fora de Estado, encomendando-se parafinas sempre que alguém ia ao Rio ou Fortaleza 1980 primeiro campeonato de surf, disputado no Olho d´Água, vencido por João Marcelino; organizado por Marcelo Piu-Piu Vaz. 1983 Disputa do I Campeonato SUN SURF, organizado por Acioly Biller 1984 Disputa do II Campeonato SUN SURF, organizado por Acioly Biller CARLOS ALEX CORDEIRO AROUCHE, nascido em São Luis em 1971, é formado em Educação Física pelo CEFET-MA (hoje, IF-MA) e é Licenciado em Educação Física pela UFMA. Começou a surfar em 1984, nas praias do Olho d´Água e Caolho aos 13 anos, incentivado por seu irmão Edson Arouche Junior (Magão) que já era surfista profissional; começou nas categorias de base Mirim e Junior, nos campeonatos e já conseguia ganhar medalhas. Com 15 anos (1986) entrou no Open com bons resultados no Circuito Maranhense. Em 2000, assumiu a Associação de Surf Maranhense, e também começou a ensinar. Até hoje dá aulas e em 2016 assumiu a Federação Maranhense de Surf (FEMASURF). 1985 Disputa do III Campeonato SUN SURF, organizado por Acioly Biller Disputa do I Aberto de Surf Upaon-Açú, organizado por Acioly Biller II Aberto de Surf Upaon-Açí, , organizado por Acioly Biller e vencido por Cesar Lima “Picureia”, de Fortaleza-CE Mauro Aranha, da Mano Surf organiza a I Copa Mano de Surf, disputado no Olho d´Água; a final foi entre Marcelo Bogéa Vaz e Estevo ( ) no Olho Dágua. O Estevo venceu. 2014 II Festival de Surf Maranhense, disputadas as categorias Pró-AM, Iniciante, Master, Júnior, Infantil e Feminino. ocorrerá na Praia do Caolho. "Temos aproximadamente mil surfistas em São Luís. Acho que essa competição irá reunir um número considerável de surfistas. Esta será uma competição de alto nível. Esperamos que todos que comparecerem ao evento possam curtir boas manobras. Agradecemos a Prefeitura que nos apoiou e sem ela ficaria difícil para o evento ser realizado", declarou o organizador do evento e presidente da Federação Maranhense de Surf, Alex Arouche. Resultados do 1º Circuito Asboa de Surf 2014 - A competição foi realizada em comemoração aos dez anos da Associação de Surfe Bodyboarder do Olho d’Água (Asboa).; Categoria Júnior: 1ºJuliano Santos – PI / 2º Wilson Neto – MA / 3º Gustavo Silva – MA / 4º Janael Ferreira – MA; Categoria Master: 1º Flávio Marão/ 2º Amaury Oliveira/ 3º Neto Vasconcelos/ 4º Paulo Encarnação; Categoria Open: 1º Flávio
Marão – MA / 2º Juliano Santos – PI / 3º Amauri Oliveira – MA / 4º Thiago Guerra – SP; Grand Máster: 1º Eduardo Lobato/ 2º Paulo Encarnação/ 3º Watercilio Neto/ 4º Marcelo Vaz; Feminino - 1º Gabriela Guimarães/ 2º Tereza Madeiros/ Iniciante: 1º Alexandre de Jesus / 2º Lúcio Martins / 3º Lucas de Jesus/ 4º Ernesto Vandré 2016 Fundada a Federação Maranhense de Surf (FEMASURF) – pelo surfista Alex Arouche ( também conhecido como Alex Selado) proprietário da escolinha ALEX SURF , diretor da ASM ( Associação de Surf do Maranhão) e grande incentivador do esporte no estado do Maranhão; após 30 anos do aparecimento de sua prática nas praias de São Luis. Oficializada junto à Confederação Brasileira no dia 17 de junhocriou a FEMASURF (Federação Maranhense de Surf). Fazem parte da FEMASURF ASM, ASPM, AMEN. ABRASPO, ASBOA, TODAS EM PROCESSO DE FILIAÇÃO,A DIRETORIA E OS SÓCIOS FUNDADORES.
BODYBOARDING, INICIO Praia do Olho d’Água com Dinamarck Araujo, King (Marcelo), Birinaldo (Edinaldo), Isack, Erico Araujo, Elita Oliveira, e outros, locais do Olho d´Água; depois continuando na Ponta do Farol – Praia de São Marcos, onde despontavam Cristiano, Rodrigo - os feras - Léo Guerra e outros; vieram as meninas em companhia de vários outros praticantes; o acesso a essa Praia se dava por dentro do IPEM ainda não havia a Av. Litorânea - ou pela AABB, ou passando pelas dunas, o que faziam; havia vários grupos de praticantes; o pessoal do Surf também frequentava essa praia. 1986 campeonato realizado na Praia do São Marcos organizado pelos irmãos Eduardo e Gustavo da Costa, a final Open foi entre Marcelo Bogéa Vaz e Sérgio Leput,; Lauber Cardoso e Ricardo Ataide fizeram a final, com Alex Arouche em 3º na Categoria Junior 1987 realizado a II Copa Mano de Surf na Praia do Olho D’ Água, o cearense Petrônio Tavares venceu a Profissional, na final outro cearense Cardoso Junior e um surfista do RN - Natal e o maranhense Nestor Martinho. I Circuito Mano de Surf, disputado em três etapas no Olho d’ Água, o vencedor do Circuito foi o Nestor Martinho ? Fundação da ASMAR – Associação de Surf do Maranhão (?), por .... 1991 Fundação da ASM – Associação de Surf do Maranhão, em 15 de agosto de 1991; seu primeiro Presidente foi Marcelo Vasconcelos 2003 – Reorganização do bodyboarding e do surf, com a participação de Alex Arouche, Dino Marcio Formiga e de Clerison Paulino, sendo incluídos nos JONATUR (JOGOS DA NATUREZA) pela SEDEL (ESTADO) na Praia do São Marcos 2004 - Fundação da ASBOA- ASSOCIAÇÃO DE SURF E BODYBOARDING DO OLHO D'ÁGUA.em 10 de fevereiro de 2004. A Associação é reconhecida como uma entidade sem fins lucrativos de caráter desportivo e ambiental. A ASBOA (Associação de Surf e Bodyboarder da praia do Olho D’agua) também atua na área de preservação das praias e do meio ambiente, fazendo limpeza das praias, palestras ambientais, com a sensibilização ambiental e com a monitoração de nossas praias. Suas ações têm servido para o incremento do turismo, trazendo competições a nível estadual e nacional gerando público consumidor para a rede hoteleira e gastronômica. Já, em outra perspectiva, há a promoção da consciência ambientalista e de um estilo de vida saudável ao bom funcionamento psicofísico do atleta praticante, principalmente na infância e na adolescência, onde as funções motoras e mentais necessitam exercitarem-se, canalizando-se energia construtivamente, estimulando o intelecto, a criatividade e a destreza. 2005/2008 Alex Arouche organiza os JOGOS RADICIAS DE PRAIA pela FUMDEL (hoje SEMDELMUNICIPAL) o Surf e o Bodyboarding foram contemplados.
SURF NA POROROCA HÉLTON MOTA FERREIRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DEFINIÇÃO Pororoca é um impulso positivo, que apresenta basicamente uma série de ondas de propagação a montante e à medida que a onda avança para o interior, impulsionada pela maré, o fluxo do rio é revertido. (LYNCH, 1982; CHANSON, 2001, 2011, citados por FERREIRA, 2015). Pororoca: “estrondo”, em tupi-guarani. A Pororoca é um fenômeno provocado pelo encontro das águas do Rio Amazonas com o oceano Atlântico, acontecendo para isso as marés de sizígia, conhecidas na região como “marés vivas”. Sempre ocorre nos três dias que antecedem ou seguem as luas nova ou cheia. Outra condição fundamental é que as águas do estuário do Amazonas e dos rios estejam cheias. (O Turismo de Aventura na Região Amazônica: desafios e potencialidades Mirleide Chaar Bahia Tânia Mara Vieira Sampaio) Pororoca, macaréu ou mupororoca é a forma como são denominados os macaréus que ocorrem na Amazônia. Trata-se de um fenômeno natural produzido pelo encontro das correntes fluviais com as águas oceânicas. Pororoca origina-se do tupi poro'roka, que é o gerúndio do verbo poro'rog, «estrondar». O fenômeno manifesta-se, no Brasil, na foz do Rio Amazonas e afluentes do litoral paraense e amapaense (rio Araguari, Rio Maiacaré, Rio Guamá, Rio Capim, Rio Moju) e na foz do Rio Mearim, no Maranhão. Esse choque das águas derruba árvores de grande porte e modifica o leito dos rios. Recentemente, o fenômeno tem atraído praticantes de surfe, transformando-se numa atração turística regional amazônica. Em julho de 2015, foi declarado oficialmente que o fenômeno já não ocorre no rio Araguari. A ocupação irregular de áreas nativas para a criação de búfalos foi um dos principais fatores que provocaram o fim do fenômeno da pororoca na bacia desse rio do extremo leste do Amapá. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pororoca São diversas as terminologias utilizadas para descrever a pororoca (Brasil) Aegir, Tidal Bore, Severn Bore, Seven Ghost (Inglaterra); Barre, Flot, Barre de Flot (França); Bahu, Baan/Joar (India); Benak (Malásia); Eagre, Bono (Sumatra, Indonésia); Burro?Barra (México/Colorado); Silver Dragon, Black Dreagon, Guanchão (China); Ibua Ibua (Papua Nova Guiné); Kepala Arus (Indonésia, papua Ocidental); Montant, Masquaret, mascaret, (França); Macareu (Brasil, Guiné Bissal, Moçambique); Refoul (Canadá). É o encontro pouco cordial entre águas oceânicas e águas fluviais. Avalanche de aspecto cataclísmico, como formidável rolo líquido, invadem o leito dos rios para montante, pondo a flutuar instantaneamente tudo que achava encalhado nas coroas de areia. ORIGEM Um conjunto de características é necessário para a manifestação da pororoca, dentre os quais: a foz do rio ter uma forma plana, convergente e a amplitude de maré ultrapassar 6 a 9 metros. Sua existência em vários países, também denominada de furos de maré apresenta de forma geral o mesmo principio de formação. Os melhores furos de maré são documentados de há séculos, destacando-se o do Sena (França) – mascaret - e o de Qiantag (China) – furo Hangzhou; há relatos de pororoca no rio Indus, que teria dizimado a frota de Alexandre, o Grande; as pororocas do rio Amazonas já foram observadas por Pinzon e La Condamine; o furo do Ganges – Hooghly – aparece em relatório do século XIX. As condições para a formação da pororoca passam pela amplitude de maré sendo superior a 4 a 6 metros e pelo direcionamento dos grandes volumes das águas de maré para a foz estreita dos rios, geralmente em forma de funil. Esse fenômeno ocorre em 17 países: Inglaterra (14), França (13),Canadá e Brasil (10), China e Austrália (5), Indonésia (4), Malásia (3), Bengladesh, India, papua Nona Guiné, estados Unidos (2), Guiné Bissau, México, Maçambique, Rússia (1), num total de 17 países e 78 pororocas. São classificadas de acordo com a intensidade; quanto maior a intensidade, melhor para a prática esportiva nas ondas fluviomarítimas: Giga (5: Brasil, Indonésia, Malásia e China); Maxi (12: Brasil, Índia, Indonésia, França, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos); Média (16: Brasil, Guiné Bissau, Indonésia, papua Nova Guiné, França, Inglaterra, malásia, China e Canadá); Mini (27: Malásia, Moçambique, Myanmar, papua Nova Guiné, França, Inglaterra, China, Canadá e estados Unidos); Micro (18: Brasil, Austrália, Bangladeche, Canadá, Índia, México, Rússia e França). Dos 78 rios onde as pororocas ocorrem, cerca de 42% interessam aos surfistas de pororoca, denominados de Masca Riders, pelo fato das características das ondas proporcionarem energia suficiente para ser surfada, indo de giga a médias pororocas. Outras modalidades esportivas por terem a propulsão humana envolvida na atividade auxiliando no deslizar sobre as ondas se adaptam a todas as intensidades de pororocas, alguns exemplos são: o stand up paddle e caiaque.
Na região amazônica a pororoca ocorre nos seguintes rios: Araguari, Sucuriju, Canal Perigoso de Marajó, Capim e Guama, Mearim e Pindaré. Durante a estação das chuvas, entre janeiro e maio, os picos são observados durante as luas cheias e novas, sabendo que setembro e outubro também pode fornecer energia suficiente se a estação não foi muito seca. Em território brasileiro o fenômeno fluviomarítimo, pororoca, transformou-se num sucesso, através da organização de campeonatos estaduais, nacionais em formato de circuito e até internacionais. Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o fenômeno fluviomarítimo ocorre nos estados do Pará (São Domingos do Capim, Olha do Marajó, Amapá (Cutias) e Maranhão (Arari), havendo registro nos estados do Rio Grande do Sul (Tramandaí) e Alagoas (Piaçabuçu). O Circuito Brasileiro de Surf na Pororoca tem etapas no Amapá, Pará e Maranhão. No Brasil, o surf na pororoca aparece em 1997, mas a prática do surf neste fenômeno já existe desde a década de 50 no Reino Unido e na França. Características: No mar o tempo de surf é aproximadamente 8 segundos, enquanto na pororoca, o surfista desliza sobre as ondas por no mínimo 30 minutos. É possível variar a posição em cima da prancha e curtir ainda mais a onda, enquanto no mar não existe essa possibilidade por ser rápido o momento da onda. Para chegar até o local onde nasce a pororoca o surfista navega pelo rio por um bom tempo, podendo admirar as lindas paisagens do local. A velocidade nas pororocas mais fortes pode chegar até 50 quilômetros rio adentro. A pororoca é um fenômeno raro da natureza que garante uma experiência única e emocionante. Diferente da regra do mar, no rio todos devem surfar a mesma onda, o que não influencia em nada na sensação e clima maravilhoso dentro da água. A emoção é intensa, já que existem muitos riscos ao surfar a pororoca e isso aumenta ainda mais a sensação de adrenalina. http://www.akaloko.com.br/blog/surf-na-pororoca/
BOX11 “BREVE DESCRIÇÃO DAS GRANDES RECREAÇÕES DO RIO MUNI DO MARANHÃO, pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, Missionário no dito Estado, ano 1724”. “AS POROROCAS DO MARANHAY “Foi de indústria, por dar gosto a Vossa Revma. que, como tão perito na língua brasílica, folgará lhe diga o que por mim tenho alcançado acerca da etimologia desta palavra Maranhão, ponto em que tenho ouvido alternar por boca e por escritos antigos, sobre nunca assentarem em nada de quanto disseram nada tem fundamento no meu fraco entender. Veja os antigos manuscritos da missão. “O padre Bartolomeu Leão, da Província do Brasil, reformador do catecismo da língua brasílica, me recomendou muito quando vim para o Maranhay, que me avistasse com o padre Ascenso Gago, o mais perito que por então reconhecíamos neste idioma brasílico, soubesse dele o que sentia nesse ponto. Ambos morreram ignorantes do que aqui quero dizer, e nunca o dissera sem ter visto com os meus olhos as pororocas do Maranhay. Pelo que digo que a palavra Maranhay se compõe de dois verbos e de um substantivo. Os verbos são maramonhangá, que significa brigar e anham que significa correr (até aqui atinava o dito Bartolomeu Leão) e o substantivo é a palavra ou letra que significa água, e ainda tirada de Maranhão por corrupção de palavra, assim como estão infinitos nomes da língua brasílica corrupta pela pronúncia dos portuguese. “Nesta palavra não podia atinar o padre Leão sem ver ou lhe disserem o que passa pelo Maranha. Deram os naturais este principal nome a esta terra do que nela mais principalmente avultava que são as pororocas, cujo aspecto é uma briga das águas correndo. Tudo isto diz a palavra Maranhay – água que corre brigando. Perguntar-me-hão pois porque não se chama o Maranhay pororoca; respondo que pororoca é a palavra que explica o que se ouve; pareceme que se compõe da palavra opõe, que significa rebentar de estouro, como o ovo quando rebenta, e da palavra cororan, que significa roncar continuamente, como o mar; ou é palavra simples, feita pela freqüêntativa, tirada sempre do verbo opõe. De qualquer sorte que tomem a palavra pororoca, sempre significa estourar ou estalar, de onde do que se ouve se chama aquela fúria das águas – pororoca; e do que se vê se chama todo este Estado – Maranhão”. (RAMOS, 2001, p. 3-4; MARQUES, 1970, p. 437). Realmente, César Marques àquelas páginas refere-se às pororocas do Rio Munim, mas a descrição é outra, como se observa:
11
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “BREVE DESCRIÇÃO DAS GRANDES RECREAÇÕES DO RIO MUNI DO MARANHÃO, pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, Missionário no dito Estado, ano 1724”. In REVISTA DO IHGM, No. 37, junho de 2011 – Edição Eletrônica, p 176-186 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_37_-_junho_2011
“O Padre João Tavares na carta já alegada dá dêste fenômeno da pororoca uma tão poética descrição, que nos pareceu que sem ela não ficaria bem acabado êste maravilhoso quadro: - ‘Enquanto a maré vaza tudo vai em paz; em enchendo começam a pelejar em um lugar a enchente, que vem do oceano, com a vazante, que vem dos ditos rios (Mearim e Pindaré). O lugar desta peleja dista da barra dos dois rios como vinte léguas. Briga ali a enchente com a vazante, sem a maré passar daquele lugar para diante por espaço de tr6es horas. Nestas três horas toma a enchente fôrça, e nas águas vivas toma maior fôrça; forma grande pé atrás, alteia sobre a vazante à maneira de dois homens, que estivessem forcejando peito a peito, e um dêles vencendo levasse o outro abaixo de costas; assim vence a enchente, que naquele lugar só alterca por três horas, e no instante que cavalga sobre a vazante dá tal estouro, e continua com tal urrar, e corre com tal violência com três marés, ou três serras de águas, lançando para trás a modo de guedelha branca desgrenhada uns fios de água, acometendo a tudo quanto é baixo com tal fúria , que parece vai a ofender a seus contrários, ou a acudir a algum descuido da natureza, arrancando árvores, derrubando ribanceiras e cobre em três horas tudo quanto havia a cobrir nas seis ordinárias de uma maré. Daqui vem vazar a maré até onde se forma a pororoca nove horas, e daí para cima enche em três horas.” (MARQUES, 1970, p. 455). Prossegue César Marques a descrição da pororoca - não encontrada no texto da “Breve descrição...” abaixo transcrita – como se fosse daquela carta. Como a cópia que tenho, em microfilme, é cópia de outra, conforme consta no final do texto12; é de se supor que no original do Padre Tavares houvesse as explicações citadas: “Restava agora examinar a causa desta extraordinária vagância das águas, a qual vi, e repetidas vêzes tornei a ver, sem nunca chegar a perceber a sua verdadeira causa. Ocorria-me que o pêso das águas doces pugnando com as salgadas, depois de grandes pugnas, vinha a vencer a fôrça das águas do mar, e com fôrça do receio que tinha tido naquela pugna, rompia naquele extraordinário ímpeto. Porém contra isto está que em muitos, ou em todos os mais rios não faz êstes efeitos, e só são particulares no Estado do Maranhão, onde os há só aqui e nos rios Mearim e Pindaré perto da cidade de S. Luís do Maranhão; e também se diz há uma pequena pororoca no rio Guamá perto da cidade do Pará e nos mais rios nada, nem nos da Europa e outras partes, e só conta a mesma maravilha no Rio Ganges da Índia. Além do que observa-se no curso da dita pororoca que em muitas partes e rios largos sucede correr primeiro uma margem e depois descer pela outra por modo de redemoinho, correndo ao redor quantas canoas encontra, e acabando isto vai surgir mais acima, continuando o mesmo ímpeto com que principiara, de que se convence Ter outra causa êste movimento tão extravagante. Faz um grande estrondo o mar da pororoca, e se ouve em uma légua de distância; comove também os ares em forma que sempre a precede um grande vento comovido dos mares dela. “Isto é o que observei; deixo a outros o discurso das suas verdadeiras causas”. (p. 455). (SOUZA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1977, p. 5657; RAMOS, Clóvis. OS PRIMEIROS JORNAIS DO MARANHÃO – 1821 - 1830. São Luís: SIOGE, 1986; RAMOS, Clóvis. OPINIÃO PÚBLICA MARANHENSE (1831 a 1861). São Luís : SIOGE, 1992.; RAMOS, Clóvis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Românticos. Niterói : (s.e.), 2001; MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO – GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. 3ª ed. São Luís : (s.e.), 1970; “Esta Relação foi tirada de uma carta que o Padre da Companhia João Tavares, Missionário no Maranhão escreveu ao seu Visitador Geral o Padre Jacinto de Carvalho no ano de 1724. - “Biblioteca Pública Eborence “Códice CV 1 = 7 = a folha 165”. Estas são comentários de João Francisco Lisboa, em seus Apontamentos para a história do Maranhão; de um jornal português, Panorama vol. 3, 1939, retirado da obra Maranhão conquistado a Jesus Cristo e à Coroa de Portugal pelos religiosos da Companhia de Jesus; do livro do padre Manoel Rodrigues, Marañon y Amazonas, dentro outros, que reproduzem estes textos (MARQUES, 1970, p. 437); CARDOSO, Manoel Frazão. Tutóia. In O MARANHÃO POR DENTRO. São Luís : Lithograf, 2001, p. 572-582. Os Autores tomaram conhecimento desse texto de João Tavares quando da elaboração de artigo intitulado “’Pernas para o ar que ninguém é de ferro’- as recreações em São Luís do Maranhão, no período imperial”, estudo segundo colocado do Prêmio “Antônio Lopes” de Pesquisa Histórica, do Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, 1995, quando se referiam aos jornais que se dedicavam ao lazer, instrução, literatura e artes, editados nos primórdios da imprensa maranhense. A primeira referência encontrada foi em Rossini Corrêa, logo depois em Clóvis Ramos; após cerca de 10 (dez) anos de buscas – Biblioteca Pública Benedito Leite, Arquivo Público do Estado do Maranhão, Biblioteca Nacional e no próprio Arquivo Nacional - quando tomou conhecimento da conclusão do levantamento dos manuscritos disponíveis – junho de 2003 – fez nova consulta, dando-se-lhe conta de que havia uma cópia dentre aqueles documentos. Mandaram buscar, então, cópia; adquirida através de suporte em microfilmagem (custo: R$ 40,00), fotocopiada na Biblioteca Pública Benedito Leite (custo: R$ 78,00 !). A transcrição do documento foi feita pelos Autores, e revista por Jairo Ives de Oliveira Pontes, professor de História do CEFET-MA; e Heitor Ferreira Carvalho, professor de História, técnico do Arquivo Público do Maranhão, a quem os Autores agradecem. 12
“Esta Relação foi tirada de uma carta que o Padre da Companhia João Tavares, Missionário no Maranhão escreveu ao seu Visitador Geral o Padre Jacinto de Carvalho no ano de 1724. - “Biblioteca Pública Eborence - “Códice CV 1 = 7 = a folha 165”.
Tororoma – do Tupi, corrente fluvial forte e ruidosa (Jairo Ives de Oliveira Pontes, comunicação pessoal) 1997 - ocorreu a primeira experiência de um surfista nas ondas intensas da Pororoca. Os pioneiros foram os paraenses Noélio Sobrinho e Gilvandro Júnior. - Noélio Sobrinho, Gilvandro Junior, Jorge Sales Junior e Silvinho Santos, surfam a pororoca do Canal Perigoso, no Marajó, no município de Chaves no estado do Pará (SOBRINHO, 2013). - 1ª exibição de matéria no Fantástico da Rede Globo com os surfistas Guga Arruda e Eraldo Gueiros desbravando a pororoca do rio Araguari no Amapá (LAUS, 2006; SOBRINHO, 2013). 1998 - São Domingos do Capim entra no mapa, e nesse mesmo ano Leila Palheta se torna a primeira brasileira a surfar a pororoca (SOBRINHO, 2013). 1999 - Em São Domingos do Capim – PA foi apresentado o surf na pororoca como prioridade turística, de forma incipiente, realizando-se um festival e um campeonato - 1º Campeonato de Surfe na Pororoca realizado no Brasil (LAUS, 2006) no Marajó. Contando com sete surfistas paraenses. - 1º Campeonato Brasileiro de Surfe na Pororoca em São Domingos do Capim. Contou com oito surfistas (SOBRINHO, 2013). - criada a ABRASPO - Associação Brasileira de Surf na Pororoca
2000 - 1º Araguari de Surfe na Pororoca (SOBRINHO, 2013). 2001 – Em São Domingos do Capim o surf na pororoca é apresentado, pelo poder municipal, como uma das possibilidades de desenvolvimento sustentável, e se realiza mais um Festival de surf na pororoca - criado o Festival da Pororoca - o cearense Marcelo Bibita bateu o recorde mundial entrando para o Guinness Book Brasileiro. O surfista conseguiu surfar a pororoca por 19 minutos e 14 segundos sem parar. - O surfista Andrezinho Carioca, paraplégico devido a um acidente de moto realizou o sonho de surfar a pororoca; - 1º Etapa do 3º Campeonato Nacional de Surf na Pororoca e a 2º Bad Boy/Rider de Surf na Pororoca, na Ilha do Marajó. - Surge o Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca com os estados do Pará e Amapá no roteiro dos eventos (LAUS, 2006). - 1ª Expedição à pororoca do Mearim em Arari, estado do Maranhão, com 5 surfistas, dentre eles Jerônimo Junior (MA) pioneiro maranhense entre os esportistas de ondas de maré e responsável pela logística da expedição, participaram também Noelio Sobrinho - PA, Marcelo Vaz - MA, Vinicius Gomes - MA e Adriel Greca - PR este último já falecido. (SOBRINHO, 2013). - criado o Festival da Pororoca em São Domingos do Capim (DIÁRIO DO PARÁ, 2009). 2002 - Em março de 2002 é realizado o Circuito Brasileiro de Surf e Esportes Radicais na Pororoca, ainda sem caráter competitivo (LAUS, 2006). 2003 - primeira competição oficial de surf na Pororoca em Arari-MA. O evento contou com a participação de surfistas de todo o país, ávidos para desfrutar o que chamaram de “a onda perfeita”. - 5º Campeonato Brasileiro de Surfe na Pororoca em São Domingos do Capim. Patrocinadores: Amazônia Celular, TIM, CERPA e Banco do Brasil (NASCIMENTO, 2007). - 1ª Competição de Surfe na Pororoca, no Mearim em março. Surfistas: Noelio Sobrinho, Serginho Laus, Sávio Carneiro, Sandro Buguelo. Após outras modalidades são inseridas, caiaque e longboards (LAUS, 2006). - 1ª vez que o Circuito Brasileiro conta com 3 etapas no Pará, no Maranhão e Amapá (RONDON, 2004).
- Setembro: Adilton surfista cearense Adilton Mariano entra para o "Guinness Book", por possuir o maior tempo em uma onda da pororoca, 34m10s (RONDON, 2004). 2004 - 2º Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca, busca da quebra de Record do maior número de surfistas brasileiros na mesma onda, 30 foram escalados para surfar em Arari (RONDON, 2004). - quatro pontos de surfe formam o Circuito, são eles: incluso a Ilha do Marajó como edição especial, São Domingos do Capim (PA), Rio Araguari (AP) e Rio Mearim (MA) (LAUS, 2006). - O Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca contava com 4 etapas: Rio Capim, em São Domingos do Capim, e Rio Amazonas, na Ilha do Marajó (PA); Rio Araguari, com base de apoio em Cotias (AP); e Rio Mearim e Pindaré, em Arari (MA). Tendo como campeão Sávio Carneiro e vice Sandro Buguelo Rogério (SOBRINHO, 2013). WARAT, Luis Alberto. SURFANDO NA POROROCA: O OFÍCIO DO MEDIADOR. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004. - NASCIMENTO, José Lúcio Bentes do. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO EM SÃO DOMINGOS DO CAPIM – PA A PARTIR DO FENÔMENO DESENCADEADOR ‘SURF NA POROROCA’. UNIVALI, 2004, dissertação de mestrado. 2005 – março: realização do 1º Encontro Internacional de Bore Riders (Surfistas de Marés), que contou com a presença de surfistas ingleses: Steve King, Stuart Ballard e Tom Wright; surfistas franceses: Bruno Boue, Fabrice e Antony Colas; e surfistas brasileiros: Gerônimo Junior, Noélio Sobrinho e Serginho Laus. - abril: etapa maranhense do Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca - 24 de junho: Expedição Guinness Book rio Araguari (AP) foi o carro chefe das ações, sendo concluída com êxito após surfar a distância de 10,1 Km em 33 minutos (LAUS,2006). - setembro: expedição grupo de surfistas Márcio (RJ), Café (PR), Sean (Austrália), além de Serginho Laus e o piloto Glauco Vaz. - criado o Festival da Pororoca de Arari 2006 - Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca (3 etapas) (IMIRANTE, 2006). 2º Festival da Pororoca de Arari (FEPA) - realização Instituto CANOA, ONG Maré Amazônica, ABRASPO e ASPM (SURFCORE, 2006). SOUZA, Jorge Alex de Almeida. NAS ONDAS DA POROROCA: REPERCUSSÕES SÓCIO-ESPACIAIS DA ATIVIDADE TURÍSTICA NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO CAPIM (PARÁ). 2006. 142 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2006. Programa de Pós-Graduação em Geografia. http://www.repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/1875 LAUS. Pororoca: surfando na selva. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. 2007 - Setembro - 1º Campeonato Feminino de Surf na Pororoca (IMIRANTE, 2007) NASCIMENTO, José Lúcio Bentes do. O SURFE NA POROROCA: SUSTENTABILIDADE E TURISMO EM SÃO DOMINGOS DO CAPIM – PA. Belém: EDUFPA, 2007. 2008 - Pela 1ª vez verifica-se a presença feminina no Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca (Etapa feminina). Nesse mesmo ano o Ministério do Turismo aprova recursos para o evento em Arari – Maranhão (SOBRINHO, 2013). - Projeto Pororoca - ABRASPO em 2008 recebe recursos do Ministério do Turismo (MTur, 2008). 2009 - 11ª versão do Surf na Pororoca em São Domingos do Capim (DIÁRIO DO PARÁ, 2009). - Sergio Laus bate Record, records anteriores, na Pororoca do Amapá, rio Araguari 2010 - Maio de 27 a 30 - I Desafio Hugel de Bodyboar na Pororoca de Arari. Patrocínio:Governo do Estado do Maranhão, Ministério do Turismo, AB Propaganda, Trapiche, Prefeitura de Arari, Hugel Surf Wear. Realização foi da ASPM (Associação de surf na Pororoca do Maranhão) e ABRASPO (Associação Brasileira de surf na Pororoca). Além da cobertura: site CRAUD, e site CEARASURF (BIBITA, 2010). - Noélio Sobrinho, sofre o acidente mais grave de sua carreira como surfista de maré, no rio Araguari (Amapá). Tal ocorrência se deu durante gravação do reality radical “Osso Duro” (SOBRINHO, 2013). 2011 - 12º Festival de Surfe na Pororoca (PORTAL ORM, 2011) 2012 abril: 12º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca aconteceu entre os dias 19 e 24 de abril, nas ondas de maré do Rio Araguari, município de Cutias do Araguari, no Estado do Amapá teve como campeão Rogério Barros (Pingo) do Pará e vice Adilton Mariano. Observação: Adilton tem a marca de 37 minutos e 8 segundos registrado pela Rede Globo (SOBRINHO, 2013) - A modalidade esportiva foilboard é inserida na pororoca do rio Araguari (TONSIG, 2012). - realizada uma Expedição no Araguari, tendo como componentes os globais: Luciano Huck (apresentador do Caldeirão do Huck), Rodrigo Santoro, Marcelo Serrado e Marcello Novaes (atores), além Carlos Burle
(surfistas de ondas gigantes). A logística para essa expedição envolveu: 2 iates, 2 helicópteros, 6 lanchas voadeiras, 2 jet skis e uma equipe de 40 pessoas (p. 86). Tal expedição foi o início dos contatos com os chineses para a super produção de transmissão ao vivo para a China do evento direto da Amazônia (SOBRINHO, 2013). - Destinos turísticos do Maranhão recebem apoio do Ministério do Turismo (MTur, 2012). 2013 13º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca, e simultaneamente, o 3º Campeonato Brasileiro de Bodyboard Feminino na Pororoca, entre os dias 24 e 30 de Abril, na pororoca do Rio Araguari, no estado do Amapá,ambos realizados pela ABRASPO - Associação Brasileira de Surf na Pororoca, entidade que há 15 anos promove e divulga o surf na pororoca, realizado em alguns dos lugares mais remotos do planeta. - I Desafio de Stand Up no surf na pororoca em ARARI. realizado pela ABRASPO - A Associação Brasileira de Surf na Pororoca (Abraspo) lança no dia 7 de dezembro, o livro denominado AuêraAuara, 15 anos de surfe na Pororoca. - Expedição de 15 dias de estadia na selva morando em barcos e navios. Sendo que de 10 a 13 de abril ocorreu a transmissão do local do fenômeno pela TV estatal chinesa (CCTV) para todo o continente asiático do surfe na pororoca no Amapá, no rio Araguari. Possibilitando a visibilidade para concretizar a internacionalização, iniciada em 2005, das ações dos envolvidos nessas jornadas de aventura. Os surfistas participantes do evento foram: Marcelo Bibita, Adilton Mariano, Noélio Sobrinho (PA) e Rogério Barros (PA) e Stanley Gomes (AP) (SOBRINHO, 2013). - setembro: os surfistas Noélio Sobrinho, Marcelo Bibita, Adilton Mariano e George Noronha foram encarar a convite dos chineses a Silver Dragon ou Dragão Prateado. Com base na cidade de Hangzhou, com 6 milhóes de habitantes, porém um alerta de tufão impossibilitou a aventura. - surfistas fizeram as malas e foram surfar a Bono na Indonésia, com ondas de 2m, no rio Pakar (SOBRINHO, 2013) SOBRINHO, Noélio. AUÊRA AUARA: A HISTÓRIA DO SURF NA POROROCA: PARÁ, AMAPÁ E MARANHÃO. Belém: Ed., 2013. 2014 - Surfistas confirmam o fim do surfe na pororoca do rio Araguari, no Amapá. Criações de búfalos e construção de hidrelétricas ao longo do rio Araguari seriam as causas para o fim da pororoca. (Ângelo Fernandes e Wellington CostaMacapá, AP) – março: ocorreu o Desafio Internacional de Surfe na Pororoca, no estado do Amapá. Na pororoca de um novo rio, o Livramento, pois no momento a pororoca do rio Araguari já não ocorre. - Circuito Brasileiro de Surf na Pororoca Etapa Arari- Maranhão. Dividido em quatro baterias homem a homem, a ABRASPO junto com ASPM, e contando com o patrocínio do Governo do Maranhão e a Secretaria de Estado Esporte e Juventude realiza sua etapa masculina nas ondas de Pororoca do rio Mearim, no município de Arari, no Maranhão. - Campeonato Feminino de Bodyboard na Pororoca foi transferido para o mês de Maio, agora será realizado o Desafio de Bodyboard na pororoca do Rio Pindaré no Arari, Maranhão. a equipe da ABRASPO, selecionou cinco atletas para desafiar esta mais nova Pororoca. são: Camila Sampaio RJ / Barbára Lima SP / Milena Lima PA / Marilia Alencar CE e Gabriela Garcia SC. - junho: no rio Livramento realizado o 14º Campeonato de Surfe na Pororoca. - Robby Naish uma das lendas vivas dos watersports, participou de uma expedição à Pororoca de Arari, mítica onda de rio no coração do Maranhão. A ação fez parte de uma parceria entre a Red Bull e ABRASPO (Associação Brasileira de Surf na Pororoca) contando com apoio dos governos locais. http://www.gokite.com.br/noticias/robby-naish-encara-a-pororoca-de-arari-ma/ 2015 6° Campeonato Regional de Surf na Pororoca de São Domingos do Capim. A Prefeitura Municipal de São Domingos do Capim e Semtec convidam a população de São Domingos do Capim e demais localidades para evento tem com o objetivo incentivar a prática do surf na pororoca e prestigiar os surfistas locais de São Domingos do Capim. A competição marca a abertura da temporada de surf no fenômeno da Pororoca de São Domingos do Capim. - São Domingos do Capim realizou o XVII Festival da Pororoca e o XV Surf na Pororoca, entre 19 e 22 de março. Surfistas de várias partes de todo o Brasil e até de outros países como França, Suíça e Peru, entre eles o primeiro campeão brasileiro de surf na pororoca, o carioca Ricardo Tatuí, os pioneiros paraenses Noélio Sobrinho e Gilvandro Júnior, os cearenses Adilton Mariano, Hepta Campeão Brasileiro de Surf na Pororoca e Marcelo Bibita, primeiro recordista de tempo de permanência em uma pororoca, além de vários outros “caçadores de pororocas” que fizeram questão de estar presentes na quebra do recorde. A operação durou três dias (19 a 22) e mobilizou cerca de 200 pessoas entre surfistas e profissionais responsáveis pela segurança. Foram utilizados 10 Jet Skis, 5 Bananas Boat, 5 Lanchas Voadeiras e 1 helicóptero. cerca de 140 surfistas que entraram na água, 80 conseguiram pegar a onda com 19 ficando de pé em suas pranchas simultaneamente, estabelecendo assim mais uma marca para o surf brasileiro.
- Quebra do record mundial de surfistas na Pororoca em São Domingos do Capim (PA). - em Arari, no Maranhão, de 05 a 08 de abril, ocorreu o Campeonato Brasileiro de Stand-Up Paddle e o Festival de Surf na Pororoca que reuniu atletas de vários países. - EXPEDIÇÃO POROROCA DO MARAJÓ 2015 – Chaves - Pará, os caçadores de pororoca da ABRASPO desbravando lugares inóspitos e explorando regiões pouco conhecidas. Para a missão foram escalados os surfistas especialistas em pororocas Adilton Mariano-CE, 7x Campeão Brasileiro de Surf na Pororoca e Marcelo Bibita-CE, primeiro recordista de permanência em uma onda, além dos paraenses Gilvandro Júnior, pioneiro do surf na pororoca e Nayson. Para dar apoio aos atletas, uma equipe de peso também foi escalada: Chico Pinheiro, piloto dos mais experientes em operações em pororocas e Cica, comandante com vasta experiência em navegação pelos rios da região amazônica. À frente de toda operação, o paraense Noélio Sobrinho, com a difícil missão de coordenar toda a ação e, além de provar para o Brasil que a pororoca continua viva, apresentar uma nova onda capaz de fazer frente à extinta onda do Rio Araguari-AP. http://www.ondaon.com.br/pgn/2415978/noticias-expedicao-pororoca-do-marajo-2015-chav/ FERREIRA, Hélton Mota. POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARITIMO POROROCA, NO MUNICIPIO DE ARARI-MA. Dissertação de Mestrado, apresentado ao colegiado do PPGTH, Universidade do Vale do Itajaí, Balneário de Camboriu-SC, novembro de 2015.
O surf na pororoca na atualidade em Arari Os eventos esportivos, com apoio governamental, referentes à pororoca no município de Arari – MA, nos últimos três anos (2013, 2014 e 2015) tem sido escassos. Porém algumas ações como expedições e com patrocínios movimentam a cidade algumas vezes no ano, principalmente com atletas amadores que querem conhecer a pororoca e ou atletas de alto nível com o mesmo interesse. Vale lembrar que o município de Arari dispõe de uma excelente logística de acesso. Do centro da cidade até o ponto de apoio dos turistas e surfistas localizado no Povoado Curral da Igreja são cerca de 10 km de estradas percorrida às margens do rio Mearim durante grande parte do percurso. Outro fator fundamental para Arari se destacar como local para as práticas esportivas na pororoca são: a qualidade da onda; a sinuosidade do rio que permite surfar a pororoca em vários trechos diferentes do rio, necessitando para isso de equipamentos de apoio como jetski. É possível chegar da capital São Luís à Arari para surfar a pororoca em apenas 3h. FERREIRA, Hélton Mota Fontes: FERREIRA, Hélton Mota. POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARITIMO POROROCA, NO MUNICIPIO DE ARARI-MA. Dissertação de Mestrado, apresentado ao colegiado do PPGTH, Universidade do Vale do Itajaí, Balneário de Camboriu-SC, novembro de 2015. BIBITA, Marcelo. I Desafio Hugel de Bodyboar na Pororoca de Arari - MA. Disponível em: < http://craud.net/interna.php?c=abraspo&id=170#.VQdG69LF_wk>. Acesso em: 17 ago 2014. DIÁRIO DO PARÁ. Surf na pororoca chega à 11ª versão no Pará. Disponível em: <http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-37436.html>. Acesso em: 04 out 2014. IMIRANTE. Arari sedia última etapa do Circuito de Surf na Pororoca. Disponível em: <http://imirante.globo.com/mobile/esporte/sao-luis/noticias/2006/05/26/arari-sedia-ultima-etapa-do-ciruito-de-surf-napororoca.shtml>. Acesso em: 16 ago 2014. __________. Mulheres fazem bonito na Pororoca em Arari. Disponível em: <http://imirante.globo.com/mobile/esporte/sao-luis/noticias/2007/09/27/mulheres-fazem-bonito-na-pororoca-emarari.shtml>. Acesso em: 14 out 2014. MINISTÉRIO DO TURISMO. Destinos turísticos do Maranhão recebem apoio do MTur. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20121107.html>. Acesso em: 20 ago 2014. MINISTÉRIO DO TURISMO. MTur divulga projetos que receberão apoio em 2008. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/200803272.html>. Acesso em: 20 ago 2014. NASCIMENTO, José Lúcio Bentes do. O Surfe na Pororoca: sustentabilidade e turismo em São Domingos do Capim – PA. Belém: EDUFPA, 2007. NORONHA, George. 14º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca: Adilton Mariano é hepta!. Disponível em: <http://blogs.diariodonordeste.com.br/manobraradical/surfe/14o-campeonato-brasileiro-de-surf-na-pororoca-adiltonmariano-e-hepta/>. Acesso em: 26/09/2014.
__________. Suspense no Igarapé do Inferno. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/waves/competicao/amador/maraca/recebe/etapa>. Acesso em: 18 dez 2014. PORTAL ORM. Fenômeno lunar embala a pororoca. Disponível em: <http://noticias.orm.com.br/noticia.asp?id=522447&%7Cfen%C3%B4meno+lunar+embala+a+pororoca#.VQefQ9LF _wk>. Acesso em: 10 mar 2015. RONDON, José Eduardo. Amazônia faz torneio na pororoca para gringo ver. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0704200409.htm>. Acesso em: 04 out 2014. _____________. Cearense fica mais de meia hora na onda. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0704200410.htm>. Acesso em: 04 out 2014. SOBRINHO, Noélio. Auêra Auara: a história do surf na pororoca: Pará, Amapá e Maranhão. Belém: Ed., 2013. SURFCORE. Seletiva no Maranhão define atletas para a pororoca. Disponível em: <http://www.surfcore.com.br/home/component/content/article/1/3386.html>. Acesso em: 16 ago 2014. TONSIG, Jean. Grupos de surfistas encaram a pororoca de uma maneira diferente. Disponível em: <http://www.territorioeldorado.limao.com.br/musica/mus192519.shtm >. Acesso em: 02 set 2015. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pororoca; http://www.akaloko.com.br/blog/surf-na-pororoca/ ; http://surfnapororoca.pa.gov.br/pororoca-seus-misterios-e-suas-lendas/
Jeronimo Júnior Precisamos fazer algumas correções. Em 2001 foi desbravada a pororoca do rio mearim por surfistas maranhenses e paraenses e em 2003 foi criada a ASPM e o primeiro campeonato de surf na pororoca em Arari vencido pelo surfista pernambucano Savio carneiro e somente em 2005 foi criado o Festival da Pororoca de Arari ok
ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES Nesta sessão, publicadas as novidades: os novos artigos, a partir deste outubro de 2017, data da fundação da Revista do Léo. Os artigos do Editor, de colaboradores, com espaço aberto aos pesquisadores que desejem fazer uso deste espaço. Não restrito aos esportes, educação física e lazer, mas também à História/Memória do Maranhão.
UMA HISTÓRIA DO FUTEBOL NO MARANHÃO – POR SEUS PROTAGONISTAS... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação RESUMO Resgata-se a memória recente do futebol maranhense, através de história de vida dos participantes de curso de formação de técnicos de futebol, promovido pela AGAP-MA/FAAP. Utilizou-se da história oral. FUTEBOL, MARANHÃO, MEMÓRIA
Recentemente, estive envolvido num projeto da AGAP-MA - ASSOCIAÇÃO DE GARANTIA AO ATLETA PROFISSIONAL DO MARANHÃO, em parceria com a FAAP - FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE ATLETAS PROFISSIONAIS. Trata-se do "Curso de Formação de Treinadores de Futebol", promovido por ambas as entidades. A disciplina, HISTÓRIA DO FUTEBOL NO MARANHÃO, sob minha responsabilidade. Pediram-me para abordar o tema, com uma introdução sobre o surgimento do futebol e sua introdução no Brasil, até sua 'inauguração' no Maranhão, vindo até os dias atuais. Ao tratar da memória do futebol maranhense13, deparamo-nos com personagens emblemáticos que influenciaram toda uma geração, temos um bom argumento para contar uma História de Vida. Contar a vida de alguém requer pesquisa, entrevistas e despojamento de ideias preconcebidas. Pela quantidade de questões que levanta, o tema é um sem fim de perguntas... (Fukelman, 2015) 14. Coriolano Rocha Junior (2015)15 ressalta que: [...] a investigação a partir da compreensão de um projeto de modernização local, também guarda enormes diferenças em relação a outros estados, mesmo que estes tenham servido de inspiração. As realidades locais fizeram com que houvesse diferenciações, no porte, no tipo, no período de realização e no perfil dos agentes executores. (grifos meus)
Esse autor adverte que estudos sobre a história do esporte, normalmente, associam seu surgimento, sua constituição aos elementos da modernidade, e tendo por referências as pesquisas feitas a partir de cidades como São Paulo (SP) e mais ainda, o Rio de Janeiro (RJ). Para Coriolano: [...] o cuidado deve estar em não querer analisar outras localidades a partir da realidade destas duas. É preciso entender as peculiaridades de cada uma, suas especificidades, que dão a elas maiores ou menores possibilidades de assumirem o esporte como uma prática cotidiana. E aqui, os estudos históricos são centrais, justo por nos darem a possibilidade de compreendermos a forma como se estabeleceu, ao longo dos tempos, o fenômeno esportivo em cada espaço. (Rocha Junior, 2015). 16 13
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “Futebol”. In ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ‘Futebol no Maranhão: 1905-1917”. In DA COSTA, Lamartine Pereira da. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro, 2006), disponível em www.atlasesportebrasil.org.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A INAUGURAÇÃO DO FUTEBOL NO MARANHÃO. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, Por Leopoldo Vaz • terça-feira, 30 de junho de 2009, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/06/30/a-inauguracao-do-foot-ball-no-maranhao/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O FUTEBOL MARANHENSE É TRIBUTÁRIO DO FUTEBOL INGLÊS…. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, domingo, 28 de junho de 2009, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/06/28/o-futebol-maranhense-e-tributario-do-futebol-ingles/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CONTRIBUIÇÃO DO URUGUAI AO FUTEBOL MARANHENSE. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, sexta-feira, 19 de junho de 2009, disponível http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/06/19/a-contribuicao-do-uruguai-ao-futebol-maranhense/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TÉCNICO ESTRANGEIRO NO MARANHÃO??? JÁ TIVEMOS, ZECA. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, sexta-feira, 17 de julho de 2009, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/07/17/tecnico-estrangeiro-no-maranhao-ja-tivemos-zeca/ CASTELLANI FILHO, Lino. DJALMA SANTOS 8.0… NÓS JOGAMOS COM ELE!. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, quarta-feira, 15 de julho de 2009, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/07/15/djalma-santos-80-nos-jogamos-com-ele/ 14 FUKELMAN, Clarisse (Organizadora). EU ASSINO EMBAIXO: BIOGRAFIA, MEMÓRIA E CULTURA. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2015. 15 ROCHA JUNIOR, Coriolano P. “O esporte em Salvador: a realidade da pesquisa”. IN HISTÓRIA(S) DO SPORT. https://historiadoesporte.wordpress.com/2015/03/02/o-esporte-em-salvador-a-realidade-da-pesquisa/ , publicado em 02 de março de 2015, acessado em 02 de março de 2015. 16 ROCHA JUNIOR, Coriolano P., 2015, obra citada.
Em “Apontamentos metodológicos: biografias de atletas como fontes”, Rafael Fortes (2015) 17 afirma que livros biográficos são uma fonte pouco explorada na história do esporte no Brasil. Para esse autor, as fontes principais continuam sendo jornais e revistas, além de crônicas, obras de literatos etc. As biografias sob a forma de livro são um importante elemento da construção de representações sobre o esporte, embora não tão poderosas quanto o jornalismo periódico e as transmissões ao vivo por televisão e rádio. Faz, então, uma análise de como tais obras poderiam ser enriquecidas pela discussão existente na História a respeito da viabilidade/possibilidade da biografia como trabalho científico. Vale a pena acompanhar este debate, por proporcionar reflexões teórico-metodológicas interessantes: 1. Considerando que as biografias são obras sobre um indivíduo, que elementos são mobilizados para construir, descrever, explicar, narrar etc. sua trajetória (noção por si só rica, em termos de análise), bem como seus resultados, realizações etc.? É possível identificar traços comuns às biografias de atletas de modalidades individuais? E às de atletas de modalidades coletivas? Indo além: é possível perceber semelhanças e diferenças entre as características comuns, considerando tal dicotomia? 2. Quanto à autoria: quem é o autor da obra? O próprio atleta? O jornalista? Ambos? Parece-me haver três principais tipos, do ponto de vista formal: 3. a) Autobiografias em sentido estrito: o atleta escreve o texto (ou, ao menos, é assim que o livro é publicado: atribuindo o texto ao esportista). 4. b) Autobiografias com um (co) autor (geralmente um jornalista) [...] o "com" ou um "e" seguido do nome do jornalista está estampado na capa. Fico com a sensação de que, nestes casos, o autor é o jornalista e coube ao atleta dar os depoimentos e ajudá-lo com outras informações [...] é impossível saber ao certo que papeis foram desempenhados por cada um. 5. c) Biografias escritas por um jornalista. Neste caso, há a divisão entre "autorizadas" e "não autorizadas". As categorias são discutíveis (como, em parte, ficou evidente o debate travado em certos veículos de comunicação brasileiros há cerca de um ano e meio, a partir do grupo Procure Saber), mas há outros aspectos que podem ser analisados: os objetivos de quem escreve, os interesses da obra para a coletividade, a forma e o conteúdo.
Góis Junior; Lovisolo; Nista-Piccolo (2013)18, ao analisarem a utilização do modelo elisiano 19 em problemas de pesquisa no campo da História da Educação Física 20, e as características teóricas do processo civilizador de Elias, colocam que: “coletivamente, os indivíduos buscam no esporte, vivenciar emoções fortes, liberdade, poder”: O processo civilizador é construído a partir da teoria das configurações sociais, ou seja, como uma configuração inicial de poder político, econômico, social se transforma em outra, e concomitantemente, são transformadas as estruturas de personalidade dos indivíduos. Se não estudamos a relação entre estrutura política, poder e a personalidade dos indivíduos em sua conduta, não estudamos o processo civilizador.(Góis Junior; Lovisolo; Nista-Piccolo, 2013, p. 777).
Kátia Rubio 21 ao nos trazer a história dos atletas olímpicos brasileiros cita Jung, para quem: A história de uma vida começa num dado lugar, num ponto qualquer de que se guardou a lembrança e já, então, tudo era extremamente complicado. O que se tornará essa vida, ninguém sabe. Por isso a história é sem começo e o fim é apenas aproximadamente indicado. 17
FONTES, Rafael. “Apontamentos metodológicos: biografias de atletas como fontes”. In BLOG História(s) do Sport - Sport: Laboratório de História do Esporte e do Lazer, UFRJ, POSTADO EM Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2015. Disponível em https://historiadoesporte.wordpress.com/2015/02/23/apontamentosmetodologicos-biografias-de-atletas-como-fontes /, acessado em 23 de fevereiro de 2015. 18 GÓIS JUNIOR, Edivaldo; LOVISOLO, Hugo Rodolfo; NISTA-PICCOLO, Vilma Lení. “PROCESSO CIVILIZADOR: APONTAMENTOS METODOLÓGICOS NA HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA”. In REV. BRAS. CIÊNC. ESPORTE, Florianópolis, v. 35, n. 3, p. 773-783, jul./set. 2013. 19 Segundo GÓIS JUNIOR, Edivaldo; LOVISOLO, Hugo Rodolfo; NISTA-PICCOLO, Vilma Lení (2013), “Os estudos de Elias ganharam maior repercussão na área de Educação Física por influência de artigos que tematizaram o Esporte à luz do modelo eliasiano, sobretudo na Inglaterra. Por exemplo: Eric Dunning (DUNNING; MENNEL, 1998; DUNNING; SHEARD, 1979; DUNNING; MURPHY; WILLIAMS, 1988; DUNNING, 1999; MURPHY; WILLIAMS; DUNNING, 1990), em diversos estudos, Sport Matters: Sociological Studies of Sport, Violence and Civilisation; The roots of football hooliganism; Barbarians, gentlemen and players: a sociological study of the development of rugby football, Football on Trial: Spectator Violence and Development in the Football World, sustentam a tese de que o Esporte, tanto na efetiva prática, como em sua espetacularização através dos veículos de comunicação de massa, formação de torcidas, e consequentes explosões de violência, é explicado a partir da formação do estado e monopólio da violência, e concomitantemente, com a formação de personalidades humanas e mecanismos de autocontrole”. 20 DUNNING, E. SPORT MATTERS: SOCIOLOGICAL STUDIES OF SPORT, VIOLENCE AND CIVILIZATION. London: Taylor & Francis, 1999. ELIAS, N.; DUNNING, E. A BUSCA DA EXCITAÇÃO. Lisboa: Difel, 1992. GEBARA, A. “Norbert Elias e a teoria do processo civilizador: contribuição para a análise e a pesquisa no campo do lazer”. In: BRUHNS, H. T. (Org.). TEMAS SOBRE O LAZER. Campinas: Autores Associados, 2000. p. 33-46 LANDINI, T. S. “A Sociologia de Norbert Elias”. REVISTA BRASILEIRA DE INFORMAÇÃO BIBLIOGRÁFICA EM CIÊNCIAS SOCIAIS, São Paulo, n. 61, p. 91-108, 2006. 21 RUBIO, K. . ATLETAS OLÍMPICOS BRASILEIROS. 1. ed. São Paulo: SESI-SP Editora, 2015. v. 1. 648 p.
E serve-se de Hanna Arendt para explicar que: É isso a imortalidade: mover-se ao longo de uma linha reta num universo em que tudo o que se move o faz em sentido cíclico. Utilizo-me da História Oral 22, designação que se dá "ao conjunto de técnicas utilizadas na coleção, preparo e utilização de memórias gravadas para servirem de fonte primária" (BROWNW e PIAZZA, citados por CORRÊA, 1978, p. 13)23 .
Já na definição de Camargo (citado por ALBERTI, 1990)24, é o "conjunto sistemático, diversificado e articulado de depoimentos gravados em torno de um tema", ou como ensino a própria Alberti (1990), é o "método de pesquisa... que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participam de, ou testemunham, acontecimentos...". A História Oral é legítima como fonte porque não induz a mais erros do que outras fontes documentais e históricas: "... o Programa de História Oral, indissociável da pesquisa documental e arquivística, apostou na estruturalidade da História e na dimensão social dos eventos, da vida e do desempenho de seus protagonistas, tanto quanto no caráter voluntarista e transformador da ação política em sua busca de mudar e atualizar as estruturas ..." (CAMARGO, citado por ALBERTI, 1990, p VIII).
Alberti (1990) chama-nos atenção da responsabilidade do entrevistador enquanto coagente na criação do documento da História Oral, já que sua biografia e sua memória são outras, e não estão em questão - é a dupla pertinência cultural (Max CAISSON, citado por ASSUNÇÃO, 1988) 25. Em qualquer pesquisa parte-se da questão de que há algo a investigar. Ao decidir-se pelo emprego da técnica da história oral, como sendo a mais apropriada, estabeleceram-se também os tipos de fonte de dados, tendo em vista que a história oral vale-se de outras fontes, além das entrevistas (SILVA, GARCIA e FERRARI, 1989) 26. Foi utilizado, neste caso, um tipo de fonte de dados: depoimentos na forma de memorial das pessoas elencadas como pertencentes à "elite" de jogadores profissionais que atuaram no estado do Maranhão, filiados à AGAP-MA, inscritos no Curso de Formação de Treinadores/2016. A listagem foi fornecida pela AGAP-MA, dos inscritos no referido curso - esse, o universo de estudo. São os depoentes em potencial, se é possível que prestem seus depoimentos e se estão em condições físicas e mentais de empreender a tarefa que lhes é solicitada. Estabelecidos os métodos restou-nos definir o depoimento – memorial de vida, estabelecidas algumas categorias simples, pretexto para o depoente se lançar no esforço de rememoração. São perguntas de ordem genealógica, história pessoal, sobre educação, educação física, esportes, pessoas conhecidas, relacionamentos, enfim, lembranças "daqueles bons tempos". O trabalho que se pretendeu foi o de integrar a uma estrutura social elementos e fatos isolados, procurando uma explicação causal, sem esquecer a descrição história (CARDOSO, 1988) 27. Para Berkoffer Jr. (citado por CARDOSO, 1988, p. 77), [...] a História (entendida como explicativa, respondendo aos porquês?) não pode explicar totalmente à 'crônica' (que responde a perguntas do tipo 'o que', 'quem', 'quando', 'onde', 'como'?). O objetivo é apresentar a História de Vida dos componentes da turma do Curso de Formação de Treinadores de Futebol, promovido pela AGAP-MA, em 2016. FUTUROS TREINADORES DE NOSSO FUTEBOL – HISTÓRIAS DE VIDA O objetivo é resgatar a História de Vida dos ex-jogadores e alguns profissionais de educação física inscritos no Curso de Formação de treinadores de Futebol, promovido pela AGAP-MA, no ano de 2016. Durante a exposição dos atos e 22
A História Oral tem sido utilizada desde o século XIX como uma técnica para se escrever História. A motivação maior na recuperação das técnicas orais parte de historiadores que percebem a necessidade de uma nova interpretação da História perante a sociedade (MELLO e FARIA JÚNIOR, 1994). CORRÊA, Carlos Humberto P. HISTÓRIA ORAL - Teoria e prática. Florianópolis : UFSC, 1978 24 ALBERTI, Verena. HISTÓRIA ORAL - a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: FGV/CPDOC, 1990. 25 ASSUNÇÃO, Mathias Rohrig. A GUERRA DOS BEM-TE-VIS: a Balaiada na memória oral. São Luís : SIOGE, 1988. 26 SILVA, M. Alice Setúbal: GARCIA, M. Alice Lima: FERRARI, Sônia C. Miguel. MEMÓRIAS E BRINCADEIRAS NA CIDADE DE SÃO PAULO NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX. São Paulo: Cortez, 1980. 27 CARDOSO, Ciro Flamarion. UMA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA. 7 ed. São Paulo : Brasiliense, 1988. 23
fatos que levaram à ‘inauguração’ do futebol no Maranhão, optamos por contar essa História através da biografia dos primeiros futebolistas e daquela geração que tornou conhecido o futebol maranhense, que atuava na década de 40, sobretudo. A época de ouro do futebol maranhense... A avaliação final da disciplina, ouvido o organizador do Curso, o Presidente de AGAP-MA Janio, ex-jogador e aluno do curso, optamos por um depoimento de cada inscrito, sobre sua História de Vida, dando continuidade a essa História que estamos resgatando. Várias gerações de ex-jogadores, presentes, possibilitará o resgate dessa História, pelo menos nos últimos 30 anos... É o que segue. Optamos como nos capítulos anteriores, pela data de nascimento como referencia, utilizandose da mesma metodologia do Atlas do Esporte no Brasil e do Atlas do Esporte no Maranhão... JOSÉ EUZÉBIO FRÓES – EUZÉBIO - 1947 nasceu em 14 de agosto, em São Luis-MA. Fez o primário no Grupo Escolar Padre Antonio Vieira, no Anil; Ginásio no Colégio São Luiz; Científico no Colégio Getulio Vargas; Graduado em Administração, pela Faculdade Atenas Maranhense. Desde garoto,no bairro Anil, com os colegas, quase todos da mesma idade, onde a maioria chegou à primeira divisão, disputando em agremiações da Capital. Em seu caso, começou no nascente Clube, clube amador do Anil, em 1964 sagrando-se campeões da Liga Anilense, quando surgiu o convite para ir para o Aspirante do MAC. Depois, passou para o time principal, jogando, também, por empréstimo, no Moto Clube durante o Brasileirinho de 1972. Por que Treinador de Futebol? JOSÉ DE RIBAMAR DO NASCIMENTO – NASCIMENTO - 1954 nasceu em 1º de junho, em São José de Ribamar, no Bairro da Maiobinha, onde ainda reside. Filho de Elzita leitão Dinis nascimento e de João de Deus Cardoso Nascimento. Estudou do 1º ao 4º ano do primário no Colégio Estado do Mato Grosso, no Bairro Forquilha; o ginásio, do 5º ao 8º ano, estudou no CEMA; o 2º Grau concluiu no Colégio Henrique de LaRocque, formando-se em Técnico em Química. 1978 sua carreira de atleta profissional aconteceu por acaso, pois nunca teve a intenção de se profissionalizar. Aos 24 anos de idade, foi convidado a disputar o Torneio Intermunicipal, por Barra do Corda-MA, destacando-se como vice artilheiro da competição, sendo, então, convidado a jogar profissionalmente pela S.E. Tupan; em seguida, foi contratado pelo Moto Club de São Luís; no ano seguinte, foi contratado pelo Expressinho, depois Imperatriz, de volta ao Tupan, e a seguir pelo América, de Morrinhos-GO; atuou pelo CRAC, de Catalão; pelo Mineiros, de Goiás; pelo Nacional de Uberaba-MG. E pelo Luziânia-GO. JUVENAL MARINHO DOS PASSOS – JUCA BALEIA28 - 1959 nasceu em 03 de maio, em São Luis-MA, filho de José Pedro Roland dos Passos e de Euzébia Marinho dos Passos. Estudou no Colégio Josué Montello, no Sacavém; depois mudou para a Cohab e estudou no Colégio Julio de Mesquita, onde fez o primário, e começou seu percurso no futebol, montando um time na escola, e jogava como centroavante. Quando foi para o Colégio de São Luis, passou a ju9gar futebol de salão e, depois quando entrou no 2o grau no ‘Coelho Neto’, passou a jogar Handebol e Voleibol; o futebol, jogava em time do bairro da Cohab, o Olaria Atlético Clube, cujo técnico era Arias Barros. Começou como centroavante e, um dia, na falta de um goleiro, ocupou a posição, tornando-se campeão e daí, nuca mais saiu do gol. Hoje, é formado em Educação Física. 1979 foi chamado para jogar no Sampaio Correia, juvenil na época, sagrando-se tricampeão maranhense, iniciando sua carreira no futebol. Do Sampaio, foi para o Expressinho (1979/82), onde jogou por três anos, sendo considerado o melhor do ano, na época, e revelação do primeiro ano; nesse periodo jogou também pelo Bacabal E.C.. 1983 foi para a equipe do MAC, onde ficou por 8 anos, sendo melhor do ano, e seleção maranhense. 1989 passa pelo Tupan. 1990/92 volta para o Sampaio, conseguindo um tricampeonato, e enfrenta os times da Seleção Carioca, Vasco da Gama, Palmeiras, jogando pela Copa do Brasil. 2001 aposenta as luvas, chegando a trabalhar como caminhoneiro. Atualmente, ganha a vida como professor de escolinha de futebol. Presidiu a AGAP-MA. Oliveira Ramos publicou: Nossa Gente 4- Todos no Mesmo Pódio: Juca Baleia; JOSÉ DE RIBAMAR PINHEIRO – PEU, PINHEIRO - 1961 - Nasceu em São Bento-MA, em 02 de novembro, filho de Faustino Anastácio Pinheiro e Maria José Pinheiro. Tem Licenciatura Plena em Educação Física – UniCEUMA -, e Pósgraduado em Treinamento Esportivo – Faculdade Pitágoras/FAMA. 1976 Quando começou a jogar futebol era chamado de “Peu” pelos colegas, assim como já o chamavam de “Pinheiro”. Quando garoto, jogava bola no asfalto, faziam as travinhas e os peladeiros jogavam 3 x 3; Aos 15 anos (por volta de 1976) jogava nas salinas do bairro onde morava, Bom Milagre. Quando a família mudou-se para o Sá Viana, passa a jogar nas salinas daquele bairro, perto de sua casa. Pela manhã, ia para a escola; pela tarde, para as salinas jogar bola. As ‘peladas’ em muito boas, por isso foi se desenvolvendo no futebol, começando a jogar nos times do bairro. Jogou em uma escolinha do bairro, Deja´s, junto com outros garotos bons de bola, como Fuzué, Chita, Hélio, Raimundinho do Coroado. 1979 sua família retorna para o Bom Milagre. Toma conhecimento de iria haver uma ‘peneira’ no Estádio Santa Izabel, então sede do 28
PASSOS, Juvenal Marinho dos. JUVENAL MARINHO DOS PASSOS “JUCA BALEIA”, E SUA TRAJETÓRIS NO FUTEBOL MARANHENSE. São Luis: UniCEUMA/Curso de Educação Física : 2011. Trabalho de conclusão de curso de licenciatura em educação física, do UniCEUMA, como requisito para obtenção do título de licenciado em educação física. Orientador: Carlos Izone de Carvalho.
Vitória do Mar; fez os testes para jogar nos juniores, nas categorias de base do Vitória do Mar. Haviam 200 garotos inscritos e somente 26 foram selecionados, e como se saiu bem, estava entre os 26. Treinando e jogando nas categorias de base, foi chamado para a Seleção Maranhense. Aos 18 anos de idade, fora convidado para o time principal, profissionalizando-se. Jogava como médio volante, mas tinha facilidade de jogar pela lateral direita e de zagueiro, um verdadeiro coringa, com uma marcação muito boa, com saída de passe também boa. Em 1981, é transferido para um time médio a Sociedade Esportiva Tupan. O Tupan fez um grande time naquele ano, dirigido por Pedro Duarte, treinador que gostava muito do futebol maranhense, revelando grandes jogadores: Janio (atual presidente da AGAP-MA), Osvaldo, Dirceu, Gaspar, Malicia, Dicó, Airton Aires, dentre outros. Tornou-se campeão da Taça Cidade de São Luis, Vicecampeão maranhense. Pinheiro ficou dois anos no Tupan, quando em 1983 se transferiu para o Boa Vontade. Conseguira um emprego de dia e à noite ia treinar no Parque do Bom Menino, pois era lá que o Boa Vontade treinava. Jogou por cinco anos nessa equipe, conseguindo a reversão do profissional para o amador, indo disputar o campeonato anilense, da Cohab. Por ter se dedicado ao futebol, e sido atleta profissional, conseguiu um emprego nas Escolinhas de Futebol da então FUMDEL (hoje SEMDEL). Tendo passado a atuar como treinador de futebol das escolinhas de futebol mantidas pelo Município, pensou em voltar aos estudos, para melhor desempenhar a função, graduando-se em Educação Física, e depois fazendo uma Especialização em Treinamento esportivo. Com a graduação, passou a exercer outras funções, como treinador de Futsal, depois de Voleibol – Projeto Viva Voley - e, por ultimo, passa a trabalhar com o grupo de terceira idade – Projeto São Luís Saudável. Ao mesmo tempo, trabalhava com as divisões de base, sagrando-se campeão por Chapadinha, em 2004 e em 2007 pelo Internacional da Vila palmeira, no Sub-17; campeão nos anos de 2010 e 2011 pela categoria Sub-20, tanto como treinador, como preparador físico. Para se manter atualizado, continua estudando e fazendo cursos de capacitação.
OSVALDO MONTEIRO - 1963 nasceu em São Luis, no dia 12 de dezembro de 1963. Estudou na C. E. Força Aérea brasileira (São Cristovão), Escola São Jose, e CEM Colho Neto, onde concluiu o 2º grau. Inicia sua trajetória nas peladas dos bairros da capital, em seguida participando de Campeonatos Estudantis e sendo convocado para a Seleção Maranhense, tanto estudantil, quanto os Juniores. Foi levado para a equipe de Juniorers do Internacional de Porto Alegre – RS, sendo campeão gaucho da categoria. Após a passagem pelo Inter, retorna à São Luis, contratado pelo Tupan, sendo vice artilheiro do Campeonato profissional. No ano seguinte, é comprado pelo Moto Club, um ano e meio depois, vai para Portugal, assinado contrato com o Nacional, da Ilha da madeira, ficando lá por uma temporada. Retorna à São Luis, contratado por quatro meses pelo Vitória do Mar. Retorna à Europa, precisamente na França, onde disputou o Campeonato da 2ª Divisão, iniciando suas andanças por vários países. Jogou na Turquia, Bélgica, Yugoslávia, Marrocos, Israel, estados Unidos... Depois de nove anos, retorna ao Brasil, indo jogar no Sampaio. Depois que parou, seguiu a carreira de treinador, trabalhando como auxiliar no Expressinho, dirigiu o Boa Vontade, São José de Ribamar, e categorias de base, como Uberlândia (MG), Sampaio Correia, ocasião em que dirigiu a categoria principal por três vezes, e também Escolinhas de Futebol. Hoje trabalha como treinador das equipes da OAB. JOSÉ RIBAMAR SANTOS JACINTHO ABREU - 1963 Nascido em São Vicente de Ferrer – MA. Pai: Afonso Gomes Abreu; Mãe: Conceição de Maria S. J. Abreu. 1992 Funcionário Estadual concursado e nomeado pela Sec. De Educação do Maranhão, como professor III. Professor Ed. Física formado graduado em Ed. Física na Faculdade Uni-Ceuma – MA. Fez ainda: 2003 Curso Teoria do Treinamento Desportivo promovido Gerencia de Estado de Esporte e Lazer (GESP), Professor Neiton Salvador Alfano Moura. 2005 Curso de Treinador na SITREPFES (Sindicato dos Treinadores Profissionais de Futebol do Estado de São Paulo. 2007 III Clínica de Arbitragem Eletrobrás Nível I, promovido Confederação Brasileira de Basketball, professor Geraldo Fontana -Arbitro (Fiba). 2008 II Simpósio Multidisciplinar Saúde do Idoso, Coordenador Sebastião Coqueiro; Futsal – iniciação ao treinamento, professor Marcio Cunha. 1º Curso de Férias de Ed. Física na interiorização (Futebol), promovido Departamento de Ed. Física da UFMA (PREXAE). 2009 Curso Natação – Uniceuma – Aprendizado e aprimoramento, professor Maurício Cunha. 2011 - Educação Física e o ENEM (o conhecimento das praticas corporais), promovido pelo grupo Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Educação Física Universidade Federaldo Maranhão Centro de Ciências Biológicas da Saúde em 2011. Ex-jogador de Futebol, começou nas categorias de base: Mesquita FC Rio de Janeiro; Bangu Rio de Janeiro 1981 a 1984. Clubes que jogou: Sampaio Correia – 1984 a 1987; Moto Club: 1988 a 1989; S.E. Tupam - 1989 a 1999; Bacabal E. C. – 1999 a 1996; Coroatá E.C – 1997.Treinador de Futebol - treinou times de Intermunicipais do Estado, pelas cidades de: S. VicenteVice-campeão do Intermunicipal– 2001; Campeão do Corão da Baixada, por São João Batista – 2002. 2006 trabalhou como preparador físico nas categorias do Maranhão Atlético Club –2009 a 2011 Nas categorias de base do Sampaio Correia. Assumiu alguns jogos do Juniores do Sampaio Correia no interior do Estado.
CARLOS SOUSA FERNANDES AZEVEDO - 1964 nasceu em 21 de março em São Luís-MA, filho de Américo Azevedo e Maria dos Remédios Azevedo. 1983 Iniciou sua vida como jogador profissional na Sociedade Esportiva Tupan, onde jogou até 1988; naquele ano de 83, disputou o Campeonato Brasileiros de Juniores, pela seleção maranhense; 1988/89 disputou o Campeonato Maranhense pelo Vitória do Mar. Tendo abandonado o futebol profissional, passou a disputar o Torneio Intermunicipal durante os cinco anos seguintes. MOACIR SANTOS COSTA – MOACIR - 1964 nasceu em 27 de novembro, na Maternidade Benedito Leite, na cidade de São Luís-MA, filho de Ursulina Santos Costa e Marcelino Assunção Costa. Estudou na Escola Felipe Conduru do 1º ao 4º ano, e do 5º ao 8º ano no Evangelsta Rodrigueiro, terminando o 2º grau no Telecurso. 1979 Se interessou pela bola quando a sede do Moto Clube se mudou para o São Cristovão; foi ai que decidiu ser jogador de futebol, participando do Juvenil, e depois para o Juniores, como eram chamados as categorias de base. Depois de dois anos (1981) passou para o profissional, atuando até 1992, participando do elenco do Moto e de outras equipes daqui de São Luis e de fora, como Fortaleza e Goiás. Aposentou-se em 1999, sendo seu ultimo clube o Açailandia, o treinador era Caio, ex-campeão do mundo pelo Grêmio. LUIS CARLOS LIMA - 1964 nasceu em 17 de dezembro, na cidade de Rosário-MA, filho de José Maria Lima e de Escolástica. Iniciou seus estudos no Paulo Ramos, onde fez o primário; em seguida no Raimundo João Saldanha, onde concluiu o Ginásio, ambos na cidade de Rosário-MA. 1982/1984 Mudou-se para São Luis-MA, indo estudar na Escola Agrotécnica federal de São Luis, concluindo o Curso Técnico em Agropecuária. Começou sua carreira no futebol em sua cidade natal, numa equipe chamada Sociedade Esportiva Filipinho, jogando na equipe de base. Mais tarde, aos 15 anos (1979) foi efetivado na equipe principal. Mais tarde, atuou pela Seleção de Rosário, disputando alguns campeonatos Intermunicipais. Na Escola Agrotécnica, já em São Luis, participou de jogos Escolares, quando foi convocado para a Seleção Maranhense de Juniores, para disputar o Campeonato brasileiro de Seleções, despertando, então, o interesse de equipes da Capital, sendo contratado pelo Sampaio Correia, no ano de 1985, sendo campeão maranhense naquele ano, fazendo o gol do título, e escolhido como atleta revelação. Conquistou, em seguida, os campeonatos de 1986/87/88 e os de 1990/91/92. 1994 encerra a carreira, em função de um acidente em um jogo Sampaio x MAC (1991), pelo Campeonato Brasileiro de Futebol, onde teve um traumatismo craniano, em uma disputa de bola com Zé João, do MAC, sofrendo duas paradas respiratórias. ELSO LUIS COSTA FONSECA - 1965 nasceu a 05 de setembro, numa ilha de Cururupu, de nome Caçacueira. Filho de pescadores e domestica, sendo pai Miguel Arcangelo Gomes da Fonseca Filho, e mãe Clenes Lemos Costa Fonseca. Viveu até os 11 anos de idade em Caçacieira, onde começou os estudos no Colégio Grupo Escolar Dr. Henrique de LaRoque. Caçaciera foi onde começou a dar os primeiros chutes na bola. Na porta de sua casa faziam o campinho, sendo uma ilha a areia era fofa e servia muito bem para improvisar uma pelada. 1976 seus pais sentiram a necessidade de se retirar de Caçacueira, pois não queriam e Elso e seus outros irmãos tivessem a mesma profissão. Vieram morar com um tio, irmão de seu pai, em São Luis, na Rua da Cerâmica – João Paulo, onde até hoje mora, mas não na mesma casa. Chegando em São Luis foi matriculado no Grupo escolar Duique de Caxias, onde terminou o primário. O Ginásio fez na Escola José Sarney Costa. Morando no João Paulo, aos 12 anos, na época as ruas não eram asfaltadas, eram todas de piçarradas, e mesmo assim, quando chegava do colégio, lá pelas 5:30, Elso e outros vizinhos armavam uma pelada, ali mesmo na rua, e batiam uma peladinha até por volta das 7 horas, quando as mães – no seu caso, a tia - chamavam para banhar e jantar. Quando chegou, em 76, na rua existia um time com o nome de Ipiranga, que na época só os adultos jogavam; foi quando um morador antigo da rua, chamado Eloi, resolveu fazer um time de garotos para jogar contra os garotos das outras ruas. Esses jogos eram realizados no campo do Quartel do 24º BC 0- hoje BIL -, aos domingos pela manhã. Até então não tinha nome o time, era só o nome da rua, no caso, Cerâmica. Foi aí que começaram a dar um nome para esse time; como tinha flamenguistas, vascaínos, e tricolor (no caso, Elso), para ninguém ficar zangado resolveram colocar o nome de Palmeiras, pois na época o futebol de São Paulo não era bem aceito. Com a fundação do Palmeiras logo surgiram outros times no bairro, e isso fez com que pudessem ser realizados campeonatos. Elso jogou Futebol de Salão por dois anos, pela Escola José Sarney Costa, onde fazia o curso ginasial, disputando os Jogos Escolares maranhenses – JEM´s. 1978 ouvindo um programa esportivo, na hora do almoço, tinha uma chamada do MAC, para garotos de 12 a 18 anos, para fazer uma peneira, atuar em suas categorias de base, na época chamadas de Dente-de-Leite, Infanto-Juvenil, e Juvenil. A peneira foi realizada em um sábado, com muitos garotos comparecendo, lá no Parque Valério Monteiro, no bairro da Cohama. E lá estava Elso.
Quemk cuidava das categorias de base, na época, era o Dr. Jayron Guimarães, médico pediatra. Foi elequem fez a peneira, e Elso foi escolhido para defender a categoria dente-de-leite do MAC. Foi ai que começou sua carreira. Foi passando de categoria amadora até 1986, quando foi convocado para a Seleção Maranhense de Juniores, para disputar o campeonato brasileiro de Seleções, sendo a sede em São Luis, com a participação do Piauí, Pará e Amazonas, ficando o Maranhão em 2º lugar, fora da competição, pois apenas o campeão tinha vaga para a seqüência do campeonato. 1987 assinou seu primeiro contrato profissional, com o MAC; 1988 fez sua primeira viagem de avião, com o MAC, que fora convidado para uma excursão de 15 dias em Angola; lá fizeram quatro jogos, conseguindo um empate, duas vitórias e uma derrota. 1989 participa de seu primeiro campeonato brasileiro, pelo MAC; em 1990, o segundo, e em 1991 o terceiro. 1992, depois de 15 anos, deixa o MAC para defender o Tupan; 1993 estava no Bacabal Esporte Clube; 1994 foi o ultimo ano contato com o profissional, na Caxiense, da cidade de Caxias-MA. Hoje, trabalha com escolinhas de futebol, no João Paulo. Essa a razão de fazer o Curso de treinadores, para melhorar os seus conhecimentos e aprendizado, para melhor passar esse aprendizado para seus alunos. HILTON SOARES LIMA FILHO – HILTINHO - 1965 nasceu em 05 de junho, em Graça Aranha-MA, filho de Hilton Soares Liuma e de Alaide Araujo Lima. Iniciou os estudos em um pequeno povoado do município de Graça Aranha, denominado Gavião. 1975 sua avó o levou para morar em Imperatriz-MA, onde estudou da 1ª à 4ª séries no Grupo Escolar Tocantins e da 5ª à 8ª séries no Colégio Evangélico Ebenezer. Recorda-se de duas professoras muito educadas, do Grupo Escolar Tocantins: Das neves e Maria das Graças. 1982 inicia sua carreira na equipe Juvenil do Tocantins Esporte Clube, da cidade de Imperatiz, então contava com 16 anos. 1983 sobe para o profissional para a disputa do Campeonato Maranhense, já que o Juvenil disputava o Campeonato amador e foi campeão e artilheiro da competição; retorna a Graça Aranha, sua terra natal, onde inicia o 2º grau, não o terminando por motivos políticos, pois o mesmo foi extinto. Começa a carreira de jogador. 1984 já em Graça Aranha entrou na Segunda Divisão do campeonato maranhense, sendo contratado, naquele ano, pelo MAC, lembra da data: 11 de junho de 1984, quando se apresenta, para disputar o Campeonato Maranhense da 1ª Divisão; como ainda tinha idade de Juniores, sagrou-se bicampeão, dos anos 1984/85. 1986 passou em definitivo a integrar a equipe de profissionais do MAC. 1987 foi emprestado ao Vitória do Mar, equipe pequena de São Luis, onde foi artilheiro da equipe, com oito gols. 1988 retorna ao MAC, ficando até 1990, disputando competições estaduais e nacionais. Em uma dessas competições nacionais, Campeonato Brasileiro de 1990, se destaca, sendo contratado pelo CSA de Alagoas, tornando-se campeão alagoano do mesmo ano; e nesse mesmo ano retorna ao MAC para a disputa do Brasileiro, no segundo semestre, mais uma vez se destacando e o MAC acertou com Rubilota, um empresário, sua ida para o River Plate, da Argentina, para fazer um teste. Estava tudo correndo bem, Daniel passarela já havia dito que seria contratado, quando teve uma lesão durante um treino, antes de assinar o contrato. Retornou ao Brasil – março de 1991, e em maio vai para a Bélgica, assinando com o Turnhout, equipe da 2ª Divisão belga, sendo, mais uma vez, acometido da mesma lesão, no púbis, retornando em outubro daquele ano à São Luis, vindo a se operar com o Dr. Cassas de Lima. 1992 assina com o Moto Clube; 1993 retorna ao MAC, com a equipe quebrando um jejum de 14 anos se títulos. 1994 retorna ao Moto ficando até 1995, quando é contratado pelo Bacabal Esporte Clube. 1996 está no Araguaina, do Tocantins, e no Codó – MA. 1997 retorna para o Araguaina; 1999 está no Ferroviário de São Luis, quando encerra a carreira. ROSENILSON SILVA AMARAL – NENEM - 1966 nasceu em 05 de novembro, na cidade de Olinda Nova-MA. Filho de Roosevelt Penha Amaral e Maria Irineia Silva Amaral. Estudou no Colégio CIPE, dos professores Azevedo, Ferreira e Novaes; seu primeiro professor de educação física e de futebol de salão (futsal) foi Carlos Augusto Alves. 1974 Começou a praticar o futebol aos 8 anos de idade, ainda no povoado Coqueiro, em Olinda Nova. Seu pai, conhecido como Coxo, quando vinha à São Luís, levava para ele e seus irmãos uma bola, para jogar. 1975 aos 9 anos mudaram para São Luís, quando começou a jogar nas famosas peladas de rua e, por ainda ser criança, os adultos não ocolocavam para jogar na linha, somente no gol e a partir daí ‘pegou gosto’ de ser goleiro. 1978 aos 12 anos fez teste no Maranhão Atlético Club – MAC, sendo aprovado. Passou a jogar nas categorias de base de 1980 a 1990, quando se submeteu a duas cirurgias de menisco (1990). Nesse mesmo ano passou a jogar no PAC – Pinheiro Atlético Clube, da cidade de PinheiroMa. 1991 transferiu-se para o BEC – Bacabal Esporte Clube -, da cidade de Bacabal, permanecendo por apenas 45 dias, transferindo-se a seguir para o Expressinho, conhecido como “Furacão da Cohab”, quando fez um excelente campeonato. 1992 foi contratado pelo Moto Clube de São Luís, onde jogou até 1993. 1994 não jogou, voltando em 1995, pela Seleção de Guimarães, por onde disputou o Torneio Intermunicipal de
Seleções. 1996 estava novamente no BEC, onde sagrou-se campeão maranhense daquele ano. Pensa ser, na carreira de treinador de futebol, um treinador organizado, disciplinador. E que o esporte é a melhor maneira de educar as crianças... REGINALDO MENDES DOS SANTOS – REGINALDO - 1966 nascido em 07 de setembro, na cidade de Anajatuba-MA, filho de Francisco de Assis dos Santos e Bernardina Vieira Santos. 1969 a família mudou para Miranda do Norte. Lá, estudou no Colégio Raimundo Abraão Bezerra, até o primeiro ano ginasial, concluindo este ciclo e o 2º grau no Liceu Maranhense, em São Luis. Começou no futebol disputando partidas de futebol nos campeonatos interclasses. Campeonatos amadores, na cidade de Arari, Itapecuru e Bairro Vila Embratel, em São Luis. 1989 tornou-se profissional, jogando pelo Tupan. 1990/95 está defendendo o MAC, sendo campeão nos anos de 93/94/95. Jogou pelo Marcílio Luz-SC e pelo Fortaleza-CE. 1996/97 está no Ceará Sporting Clube, sagrando-se bicampeão cearense. 1997 Academia de Coimbra – Portugal.1998 Sampaio Correia-Ma, bicampeão maranhense e campeão da Copa Norte. 1999 volta para o ceará; 2000 Botafogo de Futebol e Regatas – RJ. 2001/2003 de volta ao Fortaleza Esporte Clube – CE, sendo bicampeão. 2004 submete-se a uma cirurgia de joelho; joga no ‘4 de Julho’ Esporte Clube – PI, Quixada, Limoeiro, Itapajé e 2006 Tiradentes-CE, já com 18 anos como profissional, encerrando sua carreira, aos 41 anos de idade. ROGÉRIO COSTA JANSEN PEREIRA – ROGÉRIO JANSEN - 1966 nasceu a 16 de dezembro, em Bacabal (?), filho de José de Ribamar Jansen Pereira e de Vicência Costa Jansen Pereira. Estudou até o 2º ano do primário, na escola União Artística e no colégio Municipal de Bacabal (1º ano) e no Colégio Leda Tagra (2º ano), ambos em Bacabal-MA. Iniciou sua carreira de futebol a convite de um colega, para participar de um jogo amistoso na equipe amadora da cidade de Bacabal, chamada Internacional, do Sr. José Maria, equipe de garotos nas idades de 12 a 13 anos. Foi formada uma grande equipe, bem competitiva na época, em que se jogava o futebol por amor, prazer e alegria. Em uma partida realizada pelo Campeonato Amador em Bacabal, o Sr. Araújo, dono da equipe do Americano, convidou um ‘olheiro’ para fazer uma avaliação em alguns garotos de sua equipe – era o Sr. Edgar, do Ferroviário do Ceará. Foi relacionado para fazer o teste em Fortaleza-CE na categoria de base do ferroviário, tendo a felicidade de ser escolhido pela Comissão Técnica. 1984 inica minha carreira, disputando o primeiro campeonato amador do Ceará, categoria Sub-20; no mesmo ano fui convocado para Seleção Cearense Sub-20, para disputar a Copa Nordeste. Feliz porque teve uma oportunidade já na equipe profissional do Ferroviário, profissionalizandose; sua posição era centroavante, sendo reserva de Luizinho da Arábia. 1987 retorna à bacabal, por conta de uma contusão; fez o tratamento e voltou ao futebol na equipe do Bacabal E.C, e Americano E.C. disputando o campeonato maranhense profissional e o Intermunicipal, no período de 1988 a 1992. 1992 através do Diretor de Futebol do MAC, recebeu convite para jogar em São Luis, assinando contrato em 03 de março como atleta de futebol profissional. 1994 teve outra contusão, séria, que o afastou dos campos, recebendo da Diretoria do MAC convite para assumir a equipe Sub-20, iniciando sua carreira como treinador de futebol, tendo, no primeiro da nova função, conquistado o titulo de campeão. Foi, então, efetivado como treinador das categorias de base, onde conquistou vários títulos. 2000 assumiu a equipe profissional, para a disputa da Copa Norte e da Copa do Brasil, sendo, até hoje, o único treinador que passou para a 3ª fase da Copa do Brasil, com uma equipe maranhense. Ainda dirigiu a equipe do Miracema-TO, ficando em 3º lugar no geral; 2001 dirigiu a equipe do MAC, sagrando-se vicecampeão, perdendo o tutulo, daquele ano, para o Sampaio Correia. 2004 recebeu convite da AABB para montar a Escolinha e Futebol para os sócios, e trabalhando, também, como treinador de futebol socyte para várias associações no Maranhão, como OAB, AABB e CEF. Hoje, empresário, tem uma empresa de prestação de serviços na área de futebol, na organização de campeonatos e torneios, e uma Escolinha de Futebol, na AABB, que se chama “Ecolinha de Futebol Menino de Ouro”. HELIEZER SEREJO MATOS – HÉLIO MARANHENSE - 1967 nasceu em São Luis-MA no dia 16 de setembro; filho de Balbino Matos e de Faustina Serejo Matos. Na infância, tinha objetivo de estudar e ajudar os pais, pois presenciava o sacrifício que faziam. O primário, fez no Colégio Camelia Costa Viveiros, onde teve uma boa base. O Ginásio, concluiu no Luis Viana, onde começou a praticar Atletismo, por conta de uma paixão por uma colega; anos mais tarde descobriu a importância que o atletismo teria em sua carreira. O 2º Grau fez no Arruda Martins, com muito sacrifício, em virtude dos horários de treiunamento coincidir com o horário do colégio. Considera que sua vida no futebol é igual e diferente, ao mesmo tempo, de tantas outras. Desde quando se entende, tem paixão pelo futebol, a ponto de chorar copiosamente quando seus pais não o deixavam que fosse assistir aos jogos do time do bairro, onde seu irmão jogava como goleiro. Sua
iniciação se deu através dos jogos de travinha, na rua; depois passou para os campinhos de terra, até chegar a oportunidade de participar das categorias de base do Vitória do Mar, uma equipe pequena do futebol profissional de São Luis. Não teve um trabalho de base adequado, onde pudesse aprimorar todos os fundamentos, pois a falta de estrutura era tão grande que só tinham uma bola, mas, em contrapartida, tinham um treinador que os motivava bastante que, na realidade, o futebol maranhense naquela época era aquele, como dizia. Com dedicação e trabalho, conseguiu superar as dificuldades e começou a se destacar em todas as partidas. Em virtude de sua boa estatura e da qualidade técnica, foi protagonista de uma proeza: conseguiu jogar, em uma semana, no Infanto, no Juvenil, no juniores, e no Profissional! 1986 é negociado com um fazendeiro do interior do Maranhão, que doou seu passe para o Moto Clube, onde jogou por vários anos, conquistando títulos e vitórias significativas, sendo considerado, por váwrias vezes, o melhor jogador de sua posição – cabeça de área. 1994 é emprestado para o Clube do Remo – PA, conquistando o titulo de campeão paraense e o do Torneio Pará-Ceará. 1995 é vendido para o Paysandu do Pará, por onde disputou o brasileiro da 1ª Divisão, e provar para si mesmo que tinha condições de jogar em qualquer time do Brasil. Queixa-se de não ter uma pessoa para o assessorar fora do campo. WELLINGTON CARLOS MELONIO DOS SANTOS – WELLINGTON - 1970 nasceu em São Luis, a 08 de agosto, filho de Camilo Batista dos Santos e Maria Faustina Melônio. Tem três irmãos. Estudou até o 2º grau, na Escola Técnica Bacelar Portela. Desde criança gostou de jogar bola; a professora perguntava o que queria ser e sempre respondia que seria jogador de futebol, seu sonho que conseguiu realizar. 1987 aos 17 anos foi fazer teste no MAC, era 17 de fevereiro; passou e ficou no clube até 1991, quando foi para a Bélgica, lá permanecendo por quatro anos; 1995 retorna ao Brasil, indo jogar no Guarani de DavinópolisMG; 1996 está no Taubaté-SP, e nesse mesmo ano vem para o Sampaio; em 1998 passa a jogar pelo Esporte Clube Viana, Ca cidadde de Viana-MA; 1999 vai para o Matsubara, do Paraná; em 2000 está no Asa, de Arapiraca-AL, retoprnando nesse mesmo ano pra o Sampaio Correia; 2001 está no Caxias, no Maranhão; e 2002 no 4 de Julho, no Piauí; 2003, no Imperatriz –MA; 2005 Castanhal, do Pará e a seguir vai para o Araguaina-TO; 2006 volta para o Asa, de Alagoas, onde encerra a carreira de futebolista profissional. ADEVALDO JOSÉ DE OLIVEIRA – VADO - 1970 nasceu em 27 de abril, (Recife-PE ?)filho de Arlindo José de Oliveira e de Eloine Rodrigues de Oliveira. Iniciou sua visa no futebol através de seu pai, que todos os dias, ao chegar do trabalho, o levava para jogar na porta de casa. Adorava aquela prática, até porque, como diz, desde que se entende por gente sempre gostou de futebol. Estudou no mesmo colégio, do Jardim ao Ensino Médio, no Colégio Walt Disney, no Recife-PE. Seu envolvimento com o futebol iniciou aos 12 anos (1982), quando um vizinho de rua o convidou para disputar uma competição da igreja em que freqüentava, pedindo permissão para minha mãe, que me liberou. Lá foi e se tornou campeão, e melhor jogador da comretição, despertando a admiração e o interesse de algumas pessoas, aparecendo um convite para fazer parte da Escolinha do Sport Club do Recife. Dando, assim, o pontapé em sua carreira, passou por vários clubes, teve vários treinadores, conheceu várias culturas e muitas pessoas, conquistando muitos títulos e fez muitos amigos. Hoje, morando em São Luis há alguns anos, fazendo o Curso para ser treinador de futebol. ISMAEL PEREIRA REIS – MAEL - 1970 nasceu em 30 de setembro na cidade de Rosário-MA, filho dee Manoel de Jesus Reis e de Izabel Pereira reis. Com infância complicada, devido à uma paralisiaa infantil, que o deixou alguns anos sem andar. Com ajuda de familiares e de amigos da família, seus pais conseguiram o internar e, com promessas a São José de Ribamar, e devido a vários tratamentos, e à devoção ao santo, curou-se e passou a andar com as próprias pernas. Sua vida, a partir daí, mudou. Devido aos problemas de saúde, não passou pelo Jardim de Infância; seus pais o matricularam na Ecola Joaquim Santos. Quem conhecia sua história, se admirava, porque já começava a jogar suas peladas. Para um menino que mal conseguia andar, já era uma vitória. Saindo do primário, começou a estudar na Escola Raimundo João Saldanha (Colégio Monsenhor Madureira), lá concluindo os estudos. Foi nesse período que começou a se destacar nos Jogos Escolares e, conseqüentemente, no futebol de sua cidade. Sempre acompanhou seu pai nos jogos de times locais; seus colegas não o deixavam jogar, pois era pequeno. 1987 é convocado para a Seleção de sua escola, começando a se destacar, levando a escola a resultado nunca alcançado nos JEMs. Logo em seguida, ainda na cidade de Rosário, foi convidado a jogar em um time local, o Esporte Clube Comercial; ficaram em segundo lugar naquela competição. 1988 é convocado para atuar na Seleção de Rosário, para disputa do Intermunicipal de Seleções. 1989 é convocdo novamente, iniciando sua carreira de jogador profissional. Chamado para integrar a equipe do Moto Clube, por alguns problemas não solucionados, acabou se transferindo para o MAC, onde ficou por um período, de 1990 a 1993. Antes do
término de seu contrato (1993) foi negociado para o Clube Náutico Capibaride (PE), por onde jogou por duas temporadas, retornando para o Moto Clube em 1996. No Moto, ficou até o final daquele ano, sendo transferido, a seguir, para um clube tunisiano – Etoile – Tunísia. Lá, passou num ano, depois passando a jogar por vários clubes no Brasil: 1999: Paulista de Jundiaí; 2000: Clube do Remo e Tuna Luso – PA; transferido para o Ceará Sporting Clube-CE, e em seguida chamado para o Sampaio Correia; 2001: é comprado por um empresário que no transfere para o AL RAYAN, do Qatar. Voltando para o Brasil, em 2002 passa a jogar na Portuguesa Santista-SP, até 2005, quando passa pelo TEC – Tocantins Esporte Clube, encerrando a carreira como jogador profissional e iniciando a de treinador de futebol no J V Lideral-Ma, da cidade de Imperatriz. Como treinador, já atuou pelo JV Lideral, BEC, e Sabiá. SILAS CÂMARA SILVA – SILINHAS - 1973 nasceu em 28 de maio, na cidade de Bacabal-MA, filho de Francisco Cavalcante Silva e Delaildes Câmara Silva. Estudou nos Colégios Nossa Senhora dos Anjos; e Domingos Soeiro. Tem o ensino médio completo. Iniciou no futebol de campo na escola, onde praticou também o Futsal. Com o tempo, passou a receber vários convites para jogar futebol em sua cidade, tendo participado de diversas competições, destacando-se na ponta esquerda. 1995 Depois de atuar no futebol amador, profissionalizou-se com a idade de 22 anos, atuando pelo Bacabal Esporte Clube, por dois anos, sagrando-se campeão maranhense de 1996. WILLIAM MORAIS DOS PASSOS – WILLIAM - 1976 nasceu em 25 de novembro, na cidade de São Luís-MA, filho de Valdeci Sousa dos Passos e de Maria do Socorro Costa Morais. É divorciado, tendo uma filha com Renata Mendes Pinto. 1979 iniciação sua educação infantil na Escola Alto Paraíso, no bairro da Alemanha; 1982 inicia o ensino fundamental na Escola Municipal Luis Viana, concluindo-o em 1990; 1991 inicia o ensino de segundo grau na C.E.M. Coelho Neto, concluindo-o em 1994. 2007 retoma os estudos, cursando o Técnico em Eletrotécnica no CEMP; 2010 começa o curso técnico em Segurança do trabalho, na FAMA. 2014 ingressa no curso de Licenciatura em Educação Física no UniCEUMA, onde cursa, atualmente, o 5º período. 1984 seu envolvimento com o futebol começa aos 8 anos de idade, nos campos de várzea do bairro da Alemanha; o campo era chamado de “Vacaria”, devido ao gado que era criando ao seu redor. Começa a jogar no “Guaranirzinho”, de Guazanir. As partidas entre o Guaranirzinho e seu rival, o Flamengo, tinha a duração de 10 gols Ganhava, quem chegasse à esse placar primeiro. Esses dois times eram conhecidos no bairro, onde também morava o treinador das categorias de base do Sampaio Correia, Gil Babaçú, como era conhecido Gilmar Francisco. 1999 Gil Babaçu fez convite para que fosse para a escolinha do Sampaio Correia – estava com 15 anos de idade.; 2002, aos 18 anos, tornou-se profissional, jogando até aos 25 anos (2009). Em sua carreira passou pelo: 2001 Ituano-SP; 2002 - Maranhão Atlético Clube –MAC, e pelo Ceará-CE; 2003/2005 pelo Moto Clube de São Luís; 2006 estava no Santa Quitéria-MA, finalizando a carreira aos 30 anos. GERCIEL DA CRUZ ALENCAR – GERCIEL – FELEY – FELEIR - 1976 nasceu em 11 de julho, (São Luis ?), filho de Narilda da Cruz Palácio e de Francisco Paulino de Alencar. Caçula de seis irmãos, sempre estudante de escola pública. 1987 aos 11 anos, morador da Vila Itamar, começou a despertar para o futebol. Foi da Escolinha de Futebol da Ponte preta, mas sem recursos para comprar um par de chuteiras ou mesmo pagar a passagem, muitas vezes foi andando para outros bairros disputar campeonatos. Apesar de todas as limitações e dificuldades financeiras, sempre foi um jogador diferenciado, e com alegria para jogar; com isso, despertou o interesse de um ‘olheiro’, que o levou para o MAC, para fazer uma ‘peneira’. De centenas de garotos que lá estavam, foi um dos quatro aprovados. No MAC teve destaque nas categorias de base como Feleir, chegando rápido ao profissional, com 15 anos (1991). Sua estrela, mais uma vez, começava a brilhar; e num jogo amistopso – Marabelga x Fluminense – foi destaque e despertou o interesse do ‘tricolor carioca’, permanecendo por três anos. Com problemas internos no MAC – que o prejudicaram – teve que retornar, pois tinha o passe preso. Foi tricampeão maranhense pelo “Bode”, depois defendendo outros clubes menores e encerrando sua carreira de profissional jogando pelo Boa Vontade. VALBSON CRUZ MORAIS – VALBSON - 1977 nasceu em 12 de outubro (São Luis ?). Seu pai, Valbino Morais, conheceu sua mãe, Luzimar de Sousa Cruz, no bairro Santo Antonio; desse relacionamento nasceram cinco filhos. Fez o maternal I e II na Escola Cirandinha, no bairro do Anil, o maternal III até a 5ª serie na Escola Lar de José “Domingos Perdigão”, e 6ª série no antigo CEMA, e as 7ª e 8ª na Unidade Escolar Luis Viana; o segundo grau, supletivo, na Escola Modelo Benedito Leite. Desde criança já dormia com uma bola, em criança bincou com quase todos os esportes, mas a paixão mesmo foi o futebol. 1994 aos 16 anos foi levado para o Sampaio pelo hoje diretor Batista Oliveira para fazer um teste, permanecendo nessa equipe de 1994 a 2000, quando foi emprestado ao Ituano-SP; 2001 foi emprestado para o Fluminense-
RJ; em 2003 foi para o Gloria, de vacaria-RS e, no mesmo ano, para o Joinville-SC. 2004 estava de volta ao Maranhão, jogando pelo mMoto Clube; em 2005, foi para o ASA, de Arapiuraca-AL; 2006 volta, para o santa Quitéria-MA, eindo para o River, do Piaui; 2007 já estava no abc, de natal-RN, 2008/2009 de volta ao Sampaio Correia, e nos anos 2010/2011 no IAPE- Ma. Atualmente, trabalha como vigilante, mas espera começar uma carreira de treinador, essa sua expectativa em relção ao curso. MARCELO CLÁUDIO MENDES PEREIRA – MARCELO MENDES - 1979 nasceu em 02 de março na cidade de São Vicente Ferrer-MA, filho de Manuel Faustino Pereira e Maria do Carmo Mendes Pereira, sexto de oito irmãos de seu pai com sua mãe; seu pai teve mais três filhos fora do casamento. Os pais já moravam em São Luis quando nasceu, por isso aos 20 dias de idade já estava na capital, morando no Bairro do Lira; depois mudaram-se para a Vila Passos, onde passou a infância e juventude. Estudou no Jardim de Infância Sofia Silva, o primário no Sousandrade, colégio da Vila do Lira, complementando o 1º grau e o 2º grau no Colégio Castro Alves, no Canto da Fabril. O interesse pelo futebol começou cedo, influenciado pelos irmãos Luizinho e Maninho, que jogavam nos Juniores do Sampaio Correia Futebol Clube e Maranhão Atlético Clube – MAC. Os acompanhava nos treinos e jogos desses clubes e também em times amadores de bairros de São Luis, nos finais de semana, acompanhados por outro irmão, Roberto. Foi Roberto que o colocou para jogar em times de bairros. Quando foi passar uns tempos em São Vicente Ferrer, começou a jogar nos times de lá, e com isso foi parar na Seleção do município na disputa do Intermunicipal. Depois de jogar em vários times da região e seleções, retorna à São Luís, indo jogar pelo SIGLAM; 1977 disputava o Intermunicipal por Matinha, se destacando e convidado para o Guarany de Garibaldi-RS, para jogar nos Juniores. 1998 passa a jogar pelo Juventus, de São Paulo, se profissionalizando em 1999; permanece nessa equipe até 2001. 2002/2004 está no Ceará Sporting Club; 2004 no Joinville; 2005 no Campinense; 2006 no Rio Verde; 2006/2007 no Ferroviário e no Horizonte-CE; 2008 no Madureira; mesmo ano em que vem para o Sampaio, permanecendo até 2009; 2010 está de volta no Horizonte; passando em 2011 pelo Ferroviário e pelo São José; 2012 disputa novamente pelo Ferroviário e pelo Imperatriz; 2013 pelo Americano e pelo Boa Esporte-MG, onde encerrou sua carreira de jogador profissional. DIMAS TINOCO ROCHA – DIMAS - 1979 nasceu a 22 de julho, em Rosário-MA. Filho de João Mendes Rocha e Maria Marta Tinoco. Jardim de Infância no Profa. Maluides; logo após o ensino fundamental na Escola Dr. Paulo Ramos, e o 2º Grau na Escola Raimundo João Saldanha. Formado em Educação Física. Iniciou-se no futebol em sua cidade natal, Rosário-MA, no clube amador Comercial Atlético Clube, com o Prof. Romildo. Logo após, vai para a Sociuedade Esportiva Fiulipinho, com o Prof. Luis Carlos, ex-atleta do Sampaio Correia. 1998 vem para São Luís, parafazer uma ‘peneira’ no time profissional do Sampaio Correia, para as categorias de base, peneira que durou três semanas de avaliuação, a maior peneira que tinha sido feita no Estado, com quase 1.000 garotos e, o avaliador, era Cabreira. Aprovado, iniciou sua carreira em um time profissional, com contrato de amador. Logo após, vai para o Moto Clube, ainda como amador. Disputou algumas competições pelo Moto Club, sob a direção de Baezinho. 1999 subiu para o time profissional, com o Prof. Vinicius Saldanha. Saldanha o incluiu na equipe profissional, dando-lhe a oportunidade de disputar seu primeiro campeonato profissional, no ano de 2000, onde teve a felicidade de ser campeão, com o Prof. Brasília, do Rio de janeiro. 2001 vai para o MAC, onde passou algum tempo, indo, logo após, para o time profissional de Chapadinha. Encerra a carreira profissional no estado de São Paulo, quando estava negociando sua ida para o Clube de São Caetano, onde teve que se submeter a três cirurgias no joelho, sem mais condições de voltar aos campos, conforme diagnosticou o dr. José Carlos do Amaral. Encerrou sua carreira de atleta profissional aos 28 anos, em 2006. Ao terminar a Faculdade de Educação Física, não abandionando o futebol, dedica-se às atividsades fora do campo de jogo, como Preparador Físico da Seleção de Rosário, sendo professor de educação física e coordenador de futebol do Municipio. VALDEILSON COSTA LEAL – LEAL - 1979 é o ano de seu nascimento. 2014 inicia sua vida no futebol. Quando aluno do ensino fundamental, realizado no Instituto Divina Pastora, ganha uma bolsa integral para o Colégio Dom Bosco do Maranhão, ainda na rua do Passeio, para jogar Basquetebol. Começa sua carreira esportiva como jogador de Basquete, jogando em alguns clubes de vários estados. Com o tempo, retorna à São Luis e vira treinador de basquetebol na Escola Aprovação, situada no centro de São Luis. Ao9 pesquisar o mercado, e vendo a deficiência das escolinhas de futebol, e ter irmão ex-profissional de futebol, sempre relatando que em nosso bairro (São Cristovão) não existia mais novos e bons jogadores, resolveu criar uma escola de formação de atletas, na modalidade de futebol de campo. 2014, no dia 15 de agosto, é criada a Escola de Futebol Leal Esporte Clube, iniciando os primeiros treinamentos no campo do Tocão, lá
mesmo no são Cristovão. 2015, no mês de outubro, faz seu primeiro curso de formação para treinador de futebol, realizado pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF –obtendo a Licença “C”, sua primeira habilitação como treinador, para as categorias de base. No mês de março, aparece outra oportunidade, desta vez em São Luis-MA, para um Curso de Formação de Treinadores de Futebol, sob responsabilidade da AGAP-MA. Diz ser sua perspectiva, dentro do futebol, profissionalizar-se como treinador habilitado em todas as licenças que a CBF oferece, assim como as licenças que a FIFA oferece, fazendo outros cursos, para se atualizar com as inovações no Futebol. Tem como meta filiar seu clube, o leal Esporte Clube junto à FMF e, num prazo de quatro anos, fazer parte do quadro profissional do futebol maranhense. Não tem experiência como jogador profissional de futebol, mas busca o conhecimento para melhor trabalhar em seu clube, buscando contatos com clubes por todo o Brasil. Conhecido dentro do futebol como Leal, teve experiência como treinador de equipe feminina profissional, treinado o esporte Clube Viana-MA, em três jogos pelo Campeonato Brasileiro de Futebol – Brasileirão, jogando contra as equipes do Bahia, Rio de janeiro, e Pernambuco. Continua na mesma função, preparando a equipe do Sub-20 para o Brasileiro da Categoria. CARLOS ADRIANO PEREIRA DA SILVA – ADRIANO - 1986 nasceu em São Luis-MA, em 17 de janeiro, filho de Pedro da Silva Neto e Joana Pereira da Silva; irmão: Carlos Eduardo pereira da Silva (1981). 1994 iniciou a praticar o futebol nas ruas do Anil, quando tinha oito anos de idade, com o famoso jogo das travinhas. Nessa idde, freqüentava uma escolinha de futebol no campo do Nascente, onde permaneceu até os 13 anos de idade (1999). Nesse ano, passou na seleção para estudar na Fundação Nice Lobão (CINTRA), onde começou a treinar na equipe de futebol, visando a disputa dos Jogos Escolares Maranhenses – JEMs. Também começou a treinar na equipe do Praiano, do Bairro da Vila Palmeira, sendo campeão da Taça ‘Baixinho Bom de Bola’, no Futsal. O adversário foi a equipe do Colégio batista, do João Paulo. No Praiano ficou até os 14 anos. 2000 disputou o Campeonato Maranhense Sub-15 pela equipe do Internacional, da Vila Palmeira. 2001/2002/2003 jogou apenas pelas equipes do CINTRA, nas Seletivas para os JEMs, e nos JEMs. Depois, se dedicou apenas aos estudos, cursando Contabilidade na Faculdade Atenas Maranhense. 2010 foi aprovado no curso para soldado da PM, função que ocupa hoje. 2013 foi aprovado no vestibular para o Curso de Educação Física, da UFMA, curso que sempre pretendeu fazer. Seu retorno ao Futebol aconteceu na filial da Escolinha do Grêmio, localizada no bairro do Vinhais, cujo responsável é o Sr. Marcos. Hoje, faz estágio no MAC, sendo auxiliar do Prof. Raimundo. Faz parte do projeto Universidade Olimpica da UFMA, na modalidade Futsal, treinador das equipes Sub-17 e Sub-20. CLÁUDIO HENRIQUE F. LIMA - Nasceu em São Luis-MA, filho de Célio Matos Furtado Rodrigues e de Maria de Lurdes Ferreira Lima. Estudou nas escolas João de Deus; CEMA Alberto de Campos, na Kennedy, Sadock Costa e Colégio Fernando Perdigão. Começou nas peladas de terrenos baldios e no asfalto de piche de rua. Seu primeiro time foi o Corinthians, do bairro de Fátima, aos 13 anos. Logo depois foi para o Moto Clube, categoria de base, no Juvenil, com Baezinho como técnico, passando para o Junior do Expressinho, sendo Carioca o técnico. Jogou no MAC, sendo técnico na época Rogerio Jansen. Iniciou-se no futebol por causa de seu pai, Célio Rodrigues, de quem acompanhou pouco a trajetória como jogador, pois encerrou sua carreira ainda na década de 1980, quando defendia o Vitória do Mar. Cláudio disputou o Campeonato de Juniores, e como profissional teve carreira curta, com boas oportunidades para sair do Maranhão, porém parou aos 24 anos, para trabalhar em outra profissão. Reiniciou o futebol já como treinador, em Paço do Lumiar, com crianças de 9 a 18 anos, com pouco material para , e sem o apoio da Prefeitura e outros órgãos.trabalhar. ENCONTRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE, I, Campinas-SP, 1993. COLETÂNEA ... Campinas : Grupo de História do Esporte, Lazer e Educação Física / FEF / UNICAMP, 1994 . ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, II, Ponta Grossa-Pr, 1994. COLETÂNEA ... Ponta Grossa : DEF/UEPG; Campinas : Grupo de História do Esporte, Lazer e Educação Física/FEF/UNICAMP, 1994 ENCONTRO NACIONAL DA HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, III, 1995, Curitiba-Pr. COLETÂNEA ... Curitiba : DEF/UFPR; Campinas : Grupo de História do Esporte, Lazer e Educação Física/FEF/UNICAMP, 1995 ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, IV, 1996, Belo Horizonte-MG. COLETÂNEA ... Belo Horizonte : Escola de Educação Física da UFMG, 1996. ENCONTRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, V, Maceió-Al, 1997. COLETÂNEA ... Ijuí : Ed. Da UNIJUÍ, 1997. GRIFI, Giampiero. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE. Porto Alegre : D.C. Luzzatto, 1989. GUTTMASNN, Allen. FRON RITUAL TO RECORD: the nature of modern sports. New York : Columbia, 1978 MARTINS, Dejard. ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís : (s.n.), 1989. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Records dos JEMS’s. DESPORTOS & LAZER, São Luís, 2 (7), maio/junho/julho 1982, p. 22-13.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONCEPÇÃO UTILITÁRIA E SOCIAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA. São Luís : UFMA, 1987. (Monografia de especialização em Lazer e Recreação). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CULTURA DO LÚDICO E DO MOVIMENTO DOS
RAMKOKAMEKRA DE ESCALVADO. São Luís, 1989 (Inédito).
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A HISTÓRIA DO ATLETISMO MARANHENSE. O IMPARCIAL São Luís, 27 de maio de 1991, p. 9. Caderno de Esportes. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial in SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, XVIII, São Caetano do Sul-SP, outubro de 1992. ANAIS ... São Caetano do Sul : CELAFISCS : UNIFEC, 1992, p 27. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial. in CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, VIII, Belém-Pa, setembro de 1993. ANAIS ... . Belém : UFPA, 1993, p 137. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Atividades de lazer no Maranhão - século XVII. ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER, VII, 1995a, Olinda-Pe, ANAIS ... VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Atividades de lazer no Maranhão - século XVII. Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMa, III, São Luís, 1995. ANAIS ..., São Luís : UFMA : NEPAS, 1995b, p. 54 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas - contribuição à história da educação física maranhense. in Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, III, 1995. São Luís, UFMA, ANAIS... São Luís : UFMA : NEPAS, 1995c, p. 55 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Carta ao Rubem Goulart, Filho - novas contribuições à história da educação física maranhense. in Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, III, 1995. São Luís, UFMA, ANAIS..., São Luís : UFMA : NEPAS, 1995d, p. 56 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Contribuições à história do atletismo maranhense. in Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, III, 1995. São Luís, UFMA, ANAIS..., São Luís : UFMA : NEPAS, 1995e, p. 57 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial. COLETÂNEA INDESP - DESPORTO COM IDENTIDADE CULTURAL, Brasília, 1996a, p. 95-105. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A corrida entre os índios canelas. COLETÂNEA INDESP - DESPORTO COM IDENTIDADE CULTURAL, Brasília, 1996b, p. 106-115 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Lo ludico y el movimiento como actividad educativa.in LECTURAS: EDUCACION FÍSICA y DEPORTES , Buenos Aires, ano 3, n. 12, dezembro de 1998, disponível em www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O esporte, o lazer e a educação física como objeto de estudo da história. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, n. 14, junho de 1999, disponível em www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do "foot-ball" em Maranhão. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TÊNIS NO MARANHÃO. In O IMPARCIAL, São Luís, Segunda-feira, 17 de janeiro de 2000, p. 16. Caderno de Esportes VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O ESPORTE NO MARANHÃO. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de maio de 2000, Terça-feira, p. 4, Caderno Opinião VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O NASCIMENTO DE UMA PAIXÃO. In O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 29 de outubro de 2000, Caderno Cidade - Esportes, p. 7. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. O "SPORTMAN" ALUÍSIO AZEVEDO. In O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 16 de junho de 2000, p. 5, Caderno Impar VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX. Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, XX, São Luís, Prefeitura Municipal de São Luís, 1995a. (Ensaio classificado em 2o. lugar no”- Prêmio “Antônio Lopes” de pesquisa histórica). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX. In ENCONTRO NACIONAL DA HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, III, 1995, Curitiba-Pr. COLETÂNEA ... Curitiba : DEF/UFPR; Campinas : Grupo de História do Esporte, Lazer e Educação Física/FEF/UNICAMP, 1995b, p. 458-474. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMa, III, São Luís, 1995h. ANAIS ... São Luís : UFMA : NEPAS, 1995c, p. 58. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX. Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, X, Goiânia – Go, outubro de 1997. ANAIS...,.Goiânia : CBCE : UFGO, 1997, p. 1005-1017. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. O "sportman" Aluísio Azevedo. In LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 25, setembro de 2000, disponível em www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins de; VAZ, Delzuite Dantas Brito. QUERIDO PROFESSOR DIMAS – (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) – e a educação física maranhense – uma biografia autorizada. In LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES – revista digital, Buenos Aires, ano 8, n. 48, maio de 2002. Disponível em www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) em Maranhão. In VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, Ponta Grossa, 17 a 21 de novembro de 2002. COLETÂNEAS ... : UEPG, 2002. Editado em CD-RooM.
SOBRE A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO Como sabem, minha formação básica é em Educação Física. Sou licenciado, pela então Escola de Educação Física e Esportes do Paraná – hoje, UFPR – turma de 1975. Cursava, junto, a faculdade de Direito de Curitiba, bacharelato que abandonei... Depois, fiz duas especializações – Metodologia do Ensino (1977-78); Lazer e Recreação (1986); Mestrado em Ciência da Informação (1992-93); e iniciei um Doutorado em Ciências Pedagógicas. Minha dissertação de mestrado versou sobre produção do conhecimento na área tecnológica; a tese de doutorado – pronta antes mesmo de iniciar o curso – sobre memória/história do esporte, lazer e educação no Maranhão... Mas o que tem a ver com produção do conhecimento? Sirvo-me de artigo publicado hoje, para dar uma ideia do que está por vir nas novas diretrizes da revista do IHGM, segundo o pensamento corrente: Martins e Valentim, em DataGramaZero - Revista de Informação - v.14 n.1 fev/13 publicam um interessante artigo sobre os Indicadores e modos cognitivos de produção da realidade: evidências da aplicação da sociometria na Ciência da Informação. Os autores buscam colocar em cena novos elementos que acreditam terem recebido, até o momento, pouca atenção no campo da Ciência da Informação. Para isto, começam com alguns questionamentos sobre a visão de ciência produtora de um determinado modelo cognitivo que domina esse campo hoje e novas possibilidades de compreensão sobre o saber científico. Na sequência, resgatam uma visão sobre o surgimento histórico da sociometria, as forças que movimentaram a sua história e seus desdobramentos a partir da criação de modelos matemáticos para sua leitura. Por fim, discutem a sociometria no mundo hoje e caminhos que consideram que ela possa seguir. Algumas ideias: sobre Metafísica e a Ciência hoje - é relevante levantar o questionamento sobre movimentos que constituíram a ciência tal como ela é compreendida hoje: Almeida (2005) diz que Heidegger, em sua obra “El ser y el tiempo” (1927/1984), caracteriza o modo do pensamento ocidental compreender o ser como metafísico, vendo na ciência e na técnica moderna suas manifestações mais imediatamente reconhecíveis. Critelli (2007), retomando o pensamento metafísico desde Platão e Aristóteles também a partir do olhar de Heidegger, assinala que foi Aristóteles que estabeleceu uma compreensão do pensar como um processo de produção de ideias, no qual seus procedimentos lógicos seriam seus sistemas de operação e instrumentos. Isto porque, para estes autores, o ser reúne em si mesmo sua substância (forma/essência) e seus acidentes (matéria). A Forma é compreendida como as qualidades genéricas e específicas e, portanto, universais da coisa. A Matéria, por sua vez, é expressa pelos acidentes, correspondendo ao peso, volume, cor, formato, entre outros caracteres da coisa tangível e individual. A Forma, essência, é perceptível pelo intelecto, mediante a abstração de caracteres acidentais dos entes. A essência está na sombra do aparente, pois o que se ilumina à frente da percepção é apenas o individual não universalizado, sem generalização, na sua concretude individual. Nessa linha, Platão e Aristóteles denunciam o mundo sensível e aparente como um mundo enganoso, já que é múltiplo, diverso, mutável e corruptível. O ser como conceito não poderia estar sujeito a estas leis do mundo sensível, a nenhuma degeneração e mutação. Ou seja, a aparência das coisas era vista como extremamente problemática e encobridora do ser, por não o apresentar em sua unicidade, nem na sua estabilidade, nem na sua permanência. O acesso ao conceito, para Aristóteles, seria trabalho do intelecto. Com este autor, fala-se pela primeira vez num método para a conquista do conhecimento verdadeiro do mundo. Este método controlaria o pensamento para que ele cientificamente definisse as coisas em seu “verdadeiro” ser, além de por a prova os juízos já formulados. Critelli (2007), Descartes, posteriormente, apresenta o modelo sobre o qual nossas ciências atuais tomam fôlego. Para o pensamento cartesiano, a substância das coisas é concedida aos homens pela razão mesma dos homens. O que se mostra seguro para este pensador, enquanto procedimento da razão, é a certificação de
certos aspectos da coisa que podem ser precisados mediante um controle baseado na observação, na mensuração, na classificação das coisas. Fora deste controle preciso e metodológico a razão não pode ter segurança de mais nada. Assim, para a metafísica, o critério que põe as coisas e os temas como adequados ou não para o conhecimento, e os identifica como reais ou não, é a sua pureza e capacidade de permanecer ao longo do tempo. E foi especialmente após as indicações de Descartes que a área do saber que se encarrega por responder a questão do ser deixa de ser a Filosofia para ser a Física. Aparece no cenário do pensamento a matematização da natureza, através da física moderna, como aquilo que vai tomar o lugar da filosofia diante desse tema. Nesse movimento do pensamento cartesiano, constrói-se a noção de objetivação. É percebido como objetivo aquilo que está separado do homem, que é coisa em si e que pode ser mensurada, calculada, controlada e, portanto, coisa a respeito da qual a razão se assegura. O que passa a ser importante é o processo de precisão das coisas serem o que são. E é essa precisão que, em sua vulgarização, passa a ser conotada como verdade: a verdade de algo estaria na precisão de sua mensuração. Sendo assim, a precisão metodológica do conceito toma até mesmo o lugar do objeto empírico, em termos de importância para dedicação, pois a representação é muito mais controlável do que o próprio objeto a que ela se refere. A objetividade é, portanto, um atributo da representação e não da coisa em si. A objetividade é conceitual e não da coisa mesma. Essa construção do pensamento produz a não existência do objeto empírico em si mesmo, mas apenas e na medida da sua reconstrução pelo pensamento logicamente parametrizado sobre a base da certificação. Diante desta construção do pensamento metafísico, a fenomenologia se erige como uma genuína alteridade que se estabelece entre uma e outra dimensão epistemológica. A fenomenologia vem trazer uma compreensão de mundo na qual as coisas são o que são na relação com o homem. Para a metafísica, o ser (substância, identidade) das coisas está nelas mesmas e precisa ser descoberto pela técnica mais perfeita. Para a fenomenologia, o ser de tudo o que há está no estar sendo dos homens no mundo, falando e interagindo com os outros. E é por isto que as coisas, para a fenomenologia, só existem quando aparecem para o testemunho dos homens. O jogo do aparecer é um movimento do ente parecer ser tal ou qual, deste ou daquele modo para espectadores e jamais aconteceria sem estes últimos. A Sociometria trata do indivíduo e o grupo social – traçando cartografias grupais; o vocábulo grupo aparece por meados do século XVII e começa a significar reunião de pessoas, o grupo se torna uma instituição - uma composição de linhas que ao se atravessarem produzem campos de saber, redes de poder, especialismos. Taylor - índice de produtividade. Ford - sistema da linha de montagem Western Electric Company - foco as relações humanas. E. Mayo - sentimento de pertencimento a um grupo. Isto inaugura a visão do grupo como fator de rendimento e solução para conflitos que ultrapassam os aspectos físicos-ambientais, detectados pelas propostas tayloristas e fordistas. O trabalho com grupos se configura, então, como uma tecnologia a ser empregada especialmente frente a situações de conflito, criando então técnicos que passam a gerir tais espaços. Moreno - sociometria - mapear as relações de simpatia, antipatia e indiferença estabelecidas entre os seres humanos. O sociograma seria a representação gráfica dessas redes de preferência e rejeição, revelando hierarquias, sistemas de poder.
Kurt Lewin - campo social: a unidade do todo do grupo e as relações dinâmicas estabelecidas entre os elementos que o compõem, cunha o termo dinâmica de grupo. Além disto, cria hipóteses que são até hoje muito fortes no mundo grupalista, tais como: o grupo é mais do que a soma de suas partes; quando há modificação de uma das partes, a estrutura do grupo se modifica; entre outras. Lewin, Alex Bavelas - cálculo dos elementos mais centrais de uma rede de conexão entre pessoas, surgindo daí a ideia e a formalização do cálculo de centralidade de uma pessoa em uma rede: “Ele acreditava que em qualquer organização o grau pelo qual um indivíduo dominava a sua comunicação – o grau no qual ele era central nessa rede – afetava sua eficiência, sua moral e a influência percebida de cada ator em relação aos demais.” (Freeman, 2004) Nota-se que a visão de mundo dá o tom que constrói e desenvolve o indicador matemático que começa a servir de operador de abstração e de construtor de visibilidade de como os grupos se relacionavam entre si. Análise Estrutural de Redes - A análise estrutural de redes surge baseada na premissa de que o padrão de conexão formada por uma estrutura de relacionamentos humanos transmite comportamentos, atitudes, informações e bens, sejam materiais ou imateriais. Teoria dos Grafos - 1736, Leonard Euler publica seu artigo sobre o problema das pontes de Konigsberg. O problema consistia em encontrar uma forma de como atravessar sete pontes que interligavam uma ilha com o continente (ver figura 1) de maneira a atravessar as pontes apenas uma única vez. Essencialmente um problema de topologia, da forma como visto por Euler, que consistia em encontrar uma forma possível de organizar o movimento no território. Figura 1. Pontes de Konigsberg.
Fonte: Wikipedia A inovação na solução proposta por Euler, que acabou dando origem a Teoria dos Grafos, foi a maneira como ele imaginou modelar o problema. Sua modelagem transformou os caminhos em linhas e as pontes em vértices, como apresentado na figura 2.
Figura 2. Grafo das Pontes de Konigsberg.
Fonte: Wikipedia A teoria dos grafos foi útil para a análise de redes sociais nos seguintes aspectos (Wasserman e Faust, 1994, p. 93):
fornece um vocabulário que pode ser utilizado para nomear muitas propriedades das estruturas sociais; fornece um conjunto de operações matemáticas e ideias sobre como essas propriedades podem ser quantificadas e mensuradas; fornece o rigor matemático necessário para a produção de teoremas e simulações relacionadas a padrões que representem estruturas sociais. Rigor matemático dos fenômenos sociais - análise estrutural de redes - indicadores de centralidade e filiação dos nós em uma rede. A forma que permite analisar o número de conexões de cada nó é chamada de centralidade. A medida de centralidade tem por objetivo investigar quais seriam as pessoas “mais importantes” de uma rede. A hipótese utilizada para o grau de importância de uma pessoa é de que quanto mais relações e articulação de relações ela tenha numa rede, mais importante ela é para o padrão estrutural que é denotado pela rede (Wasserman e Faust, 1994, p. 169). Três medidas que são utilizadas para o cálculo de centralidade dos vértices em uma rede: grau de centralidade da rede, grau de centralidade por interposição (betweenness) e o grau de centralidade por proximidade (closeness) (Fellman e Wright, 2008, p. 145). A análise estrutural de redes chama essas relações estabelecidas entre pessoas a partir da adesão aos mesmos espaços sociais de afiliação - expressa arranjos organizacionais e institucionais que podem afetar de forma significativa a estrutura social da qual esses arranjos fazem parte. As pessoas tendem a se filiar a vários desses arranjos organizacionais ao longo de sua vida, seja nas relações de trabalho, de lazer, de voluntariado ou mesmo no local onde moram. Muitas delas acabam por se tornar pontes que conectam diferentes organizações, possibilitando o intercâmbio entre elas, gerando zonas de influência, articulação e potencial mobilização social. O conceito de afiliação está diretamente ligado a uma forma de categorização de grafos a partir de modos, também gerando aquilo que é chamado de redes bipartite. Nos grafos modo 1, os vértices são representados por relações diretas entre os atores na mesma rede. Nos grafos modo 2, os vértices são divididos em dois conjuntos, o conjunto das organizações e o conjunto dos atores que se relacionam a essas organizações. Vemos um exemplo de rede modo 2 na figura 3, onde os vértices em amarelo representam instituições e os vértices em verde representam nomes de pessoas.
Figura 6. Exemplo de rede modo 2.
Fonte: Nooy, Mrvar, Batagelj (2005). Normalmente, os dados de afiliação das pessoas a grupos sociais não são tão difíceis de obter, pois muitos eventos, clubes e organizações registram a participação de seus afiliados. O conceito de afiliação e a utilização de redes modo-2 é utilizado quando desejamos estudar a relação de um determinado grupo social com os arranjos organizacionais nos quais estão inseridos, ou quando desejamos avaliar como um grupo de organizações impacta e produz uma estrutura de articulação social. Os mesmos cálculos estruturais que vimos até aqui podem ser utilizados para as redes modo-2, havendo apenas ajustes necessários na distinção dos tipos de vértices presentes na rede. Dois modos de compreendermos o fazer científico - a metafísica e fenomenologia. a análise de redes sociais mais do que descrever uma determinada realidade de funcionamento de uma rede específica, produz o próprio objeto rede, lhe dá forma, consistência, concretude visual, métrica e matemática, fundindo-se com o próprio objeto empírico, tornando-se a metodologia da própria rede. Desse modo, pode atuar como operador metafísico, servindo ele como estrutura de representação da realidade. Estar atento a esse uso, questionando suas limitações e construindo um uso crítico da metodologia nos parece um passo fundamental nas pesquisas e análises em desenvolvimento na área da Ciência da Informação. Referências Bibliográficas Almeida, F.M. Ser Clínico como Educador. 2005. 221 fl. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Barros, R.B. Grupo: a afirmação de um simulacro. 2a ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. Critelli, D.M. Analítica do sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 2007. Fellman, P. V., Wright R. Modelando redes terroristas. In: O tempo das redes. Duarte, F., Quandt, C., Souza, Q. (orgs). 1ª ed. São Paulo: Perspectiva. 2008. 259p. Freeman, L. C. The development of social network analysis: a study in the sociology of science. 1ª ed. Vancouver: Empiracal Press. 2004. 205p. Martins, D. A emergência da análise de redes sociais como campo de pesquisa: perspectiva da análise da produção científica em português e espanhol a partir do Google Acadêmico. Alexandri@ Revista de Ciencias de la Información, v. 8, p. 17-30, 2011. Maturana, H., Yãnez, X. Habitar humano: em seis ensaios de biologia-cultural. São Paulo: Palas Athena. 1ª ed. 2009. 317p.
Nooy, W., Mrvar, A., Batagelj, V. Exploratory Social Networks Analysis with Pajek. Cambridge: Cambridge University Press, 1st edition. 2005. 334p. Wasserman, S., Faust, K. Social Network Analysis: methods and applications. Structural analysis in social the social sciences series. Cambridge: Cambridge University Press, 1st edition. 1999. 825p. Sobre o autor / About the Author: [1] Dalton Lopes Martins e [2] Gustavo Giolo Valentim dmartins@gmail.com e gus.valentim@gmail.com [1] Doutorando em Ciência da Informação, Universidade de São Paulo. Professor Assistente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo. [2] Mestrando em Psicologia, Universidade de São Paulo.
NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/ MARANHENSE ESTA SESSÃO É DESTINADA AOS ARTIGOS SOBRE LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE, E O REGISTRO DE SUA MEMÓRIA
A “DESCOBERTA” DO MARANHÃO29 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras
FRANCESES NO MARANHÃO A "ilha de Maranhão" e suas cercanias haviam sido povoadas tardiamente pelos Tupinambá, em grande parte originários das zonas do litoral situadas mais a leste. É de 1612 a informação da chegada dos Tupinambá à ilha grande do Maranhão, dada pelos primeiros contatos dos capuchinhos aqui estabelecidos e os índios; estes ainda se lembravam da chegada à região. Claude d'Abbeville afirma haver encontrado testemunhas oculares daquela primeira vaga migratória, ocorrida provavelmente entre 1560 e 1580: "Muitos desses índios ainda vivem e se recordam de que, tempos após a sua chegada na região, fizeram 30 uma festa, ou vinho, a que dão o nome de cauim […]" (ABBEVILLE, 1614, p. 261) .
Alfred Métraux (1927, p. 6-7) 31 cita outras narrativas concordantes com a de Claude d'Abbeville, a fim de assegurar-se do período provável dessa primeira migração (entre 1560 e 1580), especialmente a do português Soares de Souza (Tratado Descriptivo do Brasil) 32 que afirma, em 1587, que a costa atlântica, do Amazonas à Paraíba, era povoada pelos Tapuia. Essa primeira migração é a única que teve como resultado, segundo Métraux, uma nova extensão dos Tupi (DAHER, 2004) 33. Jacques Riffault, Charles des Vaux, David Migan - natural de Vienne, no Delfinado, e Adolphe de Montville, na companhia de centenas de outros navegadores e selvagens de diferentes tribos, se faziam presentes nos mais diversos recantos do Norte e Nordeste brasileiro, entre o Potengi e o Amazonas. Em 1583, dois capitães franceses disseram a sir Walter Ralegh conhecer o Maranhão, mas nunca se saberá se se tratava do Maranhão ilha ou do Maranhão rio. Era tão forte a presença francesa que muitos recantos de nossa costa foram batizados com nomes como Porto Velho dos Franceses e Porto Novo dos Franceses (ambos no Rio Grande do Norte), Rio dos Franceses (na Paraíba), Baía dos Franceses (em Pernambuco), Boqueirão dos Franceses (em Porto Seguro), ou Praia do Francês (próximo à atual Maceió, em Alagoas). Outro ponto no qual os navios normandos ancoravam com muita freqüência era a Praia de Búzios, no Rio Grande do Norte, a cerca de 25 km ao sul de Natal. Ao porto localizado na praia de Búzios podiam “surgir navios de 200 toneladas”. Os franceses usavam o porto da desembocadura do rio Pirangi (aproximadamente 25 km de Natal) para o “resgate do pau” como os portugueses se referiam aos locais de corte e estocagem de pau- brasil. Já em 1594, Jacques Riffault, depois de Natal, veio para São Luis, no Maranhão. Junto com Charles des Vaux aporta na Ilha Grande, atual Ilha de São Luis, no Maranhão 34. O navio de Jacques Riffault naufraga nos baixios da ilha, mais tarde denominada Sant´Ana. 29
Baseado em VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. SOBRE TUPIS E TAPUIAS, publicado no BLOG DO LEOPOLDO VAZ, em 12 de setembro de 2015, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/09/12/sobre-tupis-e-tapuias/ e em VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. FRANCESA, PORTUGUESA... ou FENÍCIA???, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015; FENÍCIOS NO MARANHÃO? http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/09/05/fenicios-no-maranhao/
Publicado no BLOG DO LEOPOLDO VAZ, Por Leopoldo http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/02/28/12649/
Vaz,
domingo,
28
de
fevereiro
de
2016,
disponível
em
ALL EM REVISTA, vol. 3, n. 2, abril a junho de 2016, p. disponível em 30 DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII, HORIZ. ANTROPOL. vol. 10 no. 22 Porto Alegre. July/Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004 31 MÉTRAUX, Alfred. Migrations historiques des tupi-guaranis. Paris: Maisonneuve Frères, 1927 citado por DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII, HORIZ. ANTROPOL. vol. 10 no. 22 Porto Alegre. July/Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004 32 http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me003015.pdf 33 DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII, HORIZ. ANTROPOL. vol. 10 no. 22 Porto Alegre. July/Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004 34 http://pinheiroempauta.blogspot.com.br/2012/09/distribuicao-das-sesmarias-em-cuma.html
Riffault e Des Vaux, aqui desembarcados, fundam um estabelecimento que se tornou o "refúgio dos piratas". Mas para os seus planos, um simples estabelecimento não significava grande obra; pensaram em aí fundar uma colônia: a França Equinocial. Data de 1596 a visita de um Capitão Guérard, que armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste (da nome à atual Camocim) 35 -, – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe36, de La Rochelle37 e de Saint Malo 38. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira39, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba40, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba41, reduto de Migan. Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Gérard. Meireles (1982, p. 34) 42 traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Gérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil. Entre 1603-1604 Jacques Riffault percorre o litoral do Ceará, quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza43 recebeu Regimento, passado pela Coroa ibérica, que lhe determinava: "[...] descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer paz aos gentios" e "fundar povoações e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem". Riffault fora buscar recursos e permissão na Europa, partindo para a França, divulgando as grandes riquezas da terra e facilidades de conquista. Charles Des Vaux ficara em terra conquistando a confiança dos Tupinambá, para aprender a sua língua. 35
Não seria POTE Dieppe ou, na sua forma portuguesa, Diepa[2] é uma comuna francesa na região administrativa da Alta Normandia, no departamento do Sena Marítimo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Dieppe 37 La Rochelle [2] [3] [4] [5] (raramente aportuguesada como Rochela ou Arrochela[6] ) é uma comuna francesa, situada no departamento de Charente-Maritime, na região de Poitou-Charentes.[7] Foi um importante porto no período colonial, junto com Havre, Honfleur e Bordéus. https://pt.wikipedia.org/wiki/La_Rochelle 38 Saint-Malo (Bretão: Sant-Maloù) é uma comuna francesa situada no departamento de Ille-et-Vilaine, na região Bretanha. https://pt.wikipedia.org/wiki/SaintMalo 39 Luís Figueira (1574 ou 1576, Almodôvar, Portugal - outubro de 1643, Ilha de Joanes, Brasil colônia), foi um padre jesuíta de destacada atuação no Brasil colonial. Foi autor de uma das primeiras gramáticas da língua tupi, denominada Arte da Lingua Brasilica. Entre 1607 e 1608, acompanhou Francisco Pinto e 60 índios numa trágica expedição ao Maranhão. Inicialmente chegaram a uma aldeia na Chapada de Ibiapaba (atual Ceará), e dali seguiram à aldeia de Jurupariaçu, onde receberam notícias sobre a presença de franceses e índios hostis. [2] Dali partiram para o Maranhão, mas foram atacados por índios, instigados pelos franceses. O padre Francisco Pinto foi morto pelos indígenas em 10 de janeiro de 1608; Luís Figueira conseguiu escapar e foi depois resgatado por outro jesuíta, Gaspar de Samperes, regressando a Pernambuco. Estes fatos são bem conhecidos pela Relação do Maranhão, escrita por Luís de Figueira em 1609, na qual são descritos em detalhe as peripécias da viagem. https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Figueira 40 O topônimo "Ibiapaba" é oriundo do termo tupi yby'ababa, que significa "terra fendida" (yby, terra + 'ab, cortar + aba . A Serra da Ibiapaba, também conhecida como Serra Grande, Chapada da Ibiabapa e Cuesta da Ibiapaba, é uma região montanhosa que localiza-se nas divisas dos estados do Ceará e Piauí. Uma região atraente em riquezas naturais que já era habitadas por diversas etnias indígenas. Os povos que viviam já negociavam diversos produtos naturais com povos europeus, tais como os franceses, antes mesmos da chegadas dos portugueses. Habitada inicialmente por índios tabajaras e tapuias, como a índia Iracema que se banhava na bica do ipu foi bastante retratada no livro Iracema de José de Alencar. A cidade mais antiga da serra é Viçosa do Ceará, que foi colonizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus a partir do século XVI. Também encontram-se as cidades do Tianguá, Ubajara - onde existe a Gruta de Ubajara. https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_de_Ibiapaba 41 Segundo Capistrano de ABREU , “EUSSAUAP - nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes”. - Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na edição francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uçá, nome genérico do caranguejo, e guaba, particípio de u comer: o que, ou “onde se come caranguejos”. ABBEVILLE, Claude d´. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975 42 MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 43 Pero Coelho de Sousa foi um explorador português, oriundo dos Açores, primeiro representante da Coroa a desbravar os territórios da capitania do Ceará no início do século XVII. Em 1603, requereu e obteve da Corte Portuguesa por intermédio de Diogo Botelho, oitavo Governador-geral do Brasil, o título de Capitão-mor para desbravar, colonizar e impedir o comércio dos nativos com os estrangeiros que a anos atuavam na capitania do "Siará Grande". Após uma série de lutas, conquistou a região da Ibiapaba vencendo os franceses e indígenas. Depois dessa vitória ele tentou entrar mais na região na direção do Maranhão, mas devido à rebelião de seus homens, retornou à barra do rio Ceará onde ergueu o Fortim de São Tiago da Nova Lisboa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pero_Coelho_de_Souza 36
O interior do Maranhão era bem conhecido por eles. O Mearim, Itapecuru, Munim, Grajaú, Tocantins e tantos outros eram vias utilizadas que ligavam o interior maranhense com o litoral e a Europa. Nos outros recantos, a história faz menção a eles no constante comércio com os potiguaras, no porto do Rifoles – na margem direita do Rio Potengi; nos dois ataques à Fortaleza do Cabedelo, na Paraíba, realizadas em 1591 e 1597. Nesta última, Migan foi gravemente ferido, mas sobreviveu. Foram eles que fundaram o núcleo urbano de Viçosa do Ceará44, sendo que a cidade ainda hoje conserva os topônimos do legado francês. O Pará e o Rio Amazonas eram lugares bem conhecidos destes navegadores. Quando Francisco Caldeira Castelo Branco partiu do Maranhão para fundar Belém (1615) levou consigo Des Vaux e Rabeau para auxiliarem na navegação e nos primeiros contatos com os índios de lá. Quando a esquadra de Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy a 6 de agosto de 1612 vêem fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), ali encontraram as feitorias de Du Manoir e do Capitão Guérard. Du Manoir, Riffault, Des-Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue45, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur46 e Dieppe; o Duque de Buckigham47 e o conde de Pembroke48 e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos49.
FORTE DO SARDINHA
Tanto comércio fez com bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba/Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação européia. O porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia). É quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim,
44
Viçosa do Ceará é o primeiro município criado na Serra da Ibiapaba, inicialmente habitada por índios Tabajaras pertencentes ao ramo Tupi, anacé, arariú ecroatá do ramo Tapuia. Viçosa foi antiga aldeia de índios dirigida por padres da Companhia de Jesus(Veja Missão da Ibiapaba). Foi desbravada ao findar o século XVI, quando do contato dos índios com os franceses, vindos do Maranhão entre 1590 e 1604, data em que foram expulsos por Pero Coelho de Sousa, quando este fazia tentativas de colonização portuguesa no Ceará.. https://pt.wikipedia.org/wiki/Vi%C3%A7osa_do_Cear%C3%A1 45 Jan de Moor, burgomestre de Flessingue, dirigia uma companhia de conquista na Amazônia. Jayme I, da Inglaterra, concedia cartas-patentes a John Rovenso, Thomas Challomer e Roberto Marcourt, para o senhoreamento da região entre o Essequibo e o Amazonas. http://www.brasiliana.com.br/obras/pontos-de-partida-para-a-historia-economica-do-brasil/pagina/73 46 Honfleur é uma comuna francesa na região administrativa da Baixa-Normandia, no departamento Calvados. https://pt.wikipedia.org/wiki/Honfleur 47 Os títulos de Marquês e Duque de Buckingham, referindo-se à Buckingham, foram criados várias vezes nos pariatos Inglaterra, Grã-Bretanha, e no Reino Unido. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ducado_de_Buckingham 48 El Condado de Pembroke, asociado con el Castillo de Pembroke, en Gales, fue creado por el rey Esteban de Blois. En varias ocasiones la línea se extinguió y el Condado hubo de ser recreado, empezando la cuenta de nuevo con el primer nuevo conde. El 1 de septiembre de 1533, Enrique VIII, ascendió a su esposa Ana 1 Bolena creando para ella el rango de marqués de Pembroke, en señal de honor, ya que su tío abuelo Jasper Tudor había sido Conde de Pembroke y el padre de Enrique VIII, Enrique VII, había nacido allí. Ana Bolena, reina consorte de Inglaterra por su matrimonio con Enrique VIII y primera marqués de Pembroke. El actual conde también ostenta el título de Conde de Montgomery, creado en 1605, para el hijo más joven del Henry Herbert, II conde de la octava creación antes de que él ascendiera como IV conde en 1630. Los actuales condes ostentan también los títulos subsidiarios de Barón Herbert de Cardiff, de Cardiff, en el Condado de Glamorgan (1551), Barón Herbert de Shurland, de Shurland, en la Isla de Sheppey, en el Condado de Kent (1605), y Barón Herbert de Lea, de Lea, en el Condado de Wilts (1861). Todos están en el rango de nobleza de Inglaterra excepto la Baronía de Herbert de Lea, que está en el rango de nobleza del Reino Unido. La sede familiar está en la Casa Wilton, en Wiltshire. https://es.wikipedia.org/wiki/Condado_de_Pembroke 49 Palos de la Frontera é um município da Espanha na província de Huelva, comunidade autónoma da Andaluzia. https://www.google.com.br/?gws_rd=cr&ei=NLTMVuXUKMTFwASa5I2ICQ#q=Palos
a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville. Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil (1992) apresenta decalque de mapa datado de 1627, cujo original desapareceu, feito em torno de 1615 pelo português João Teixeira Albernaz51, cosmógrafo de sua Majestade, certamente feito a partir daquele que LaRavardiére deu ao Sargento- Mor Diogo de Campos Moreno52 durante a trégua de 1614. O autor chama atenção para os nomes constantes dos mapas, entre os quais muitos de origem francesa, ‘traduzidos’ para o português. Vê-se, na Grande Ilha dentre outros, Migao-Ville, propriedade do intérprete de Dieppe, David Migan, seguramente um psudônimo, no entender de Pianzola: 50
“[...] No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornouse morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá (escreve-se sem “s” mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o “chefe dos negros” (índios) e “parente do governador de Dieppe”. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville[...].(NOBERTO SILVA, 2011).
Fonte: PIANZOLA, 1992
Continuemos com Noberto Silva (2011) 53: [...] Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de 50
PIANZOLA, Maurice. OS PAPAGAIOS AMARELOS - os franceses na conquista do Brasil. São Luis: SIOGE, 1992. João Teixeira Albernaz, também referido como João Teixeira Albernaz I ou João Teixeira Albernaz, o Velho (Lisboa, último quartel do século XVI — c. 1662), para distingui-lo do seu neto homónimo, foi o mais prolífico cartógrafo português do século XVII. A sua produção inclui dezanove atlas, num total de duzentas e quinze cartas. Destaca-se pela variedade de temas, que registam o progresso das explorações marítimas e terrestres, em particular no que respeita ao Brasil. João Teixeira Albernaz I pertenceu a uma destacada família de cartógrafos cuja actividade se estende desde meados do século XVI até ao fim do século XVIII, incluindo o seu pai Luís Teixeira, o tio Domingos Teixeira, o irmão Pedro Teixeira Albernaz e o neto João Teixeira Albernaz, o Moço além de Estevão Teixeira. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Teixeira_Albernaz,_o_Velho 52 Diogo de Campos Moreno (Tânger, 1566 – 1617) foi um militar português. Após ter combatido na Flandres, seguiu para o Brasil em 1602, com o posto de sargento-mor, junto com Diogo Botelho. No Maranhão juntou-se a Jerônimo de Albuquerque Maranhão e a Alexandre de Moura na luta contra os franceses e seus aliados indígenas, estabelecidos na chamada França Equinocial, conseguindo a vitória em 1615. Com base nas suas experiências no Brasil redigiu o "Livro que Dá Razão ao Estado do Brasil" (1612) e a "Jornada do Maranhão" (1614), obras que não assinou. Nesta última, Moreno relata a conquista do território, embora tenha enaltecido os seus próprios feitos. Foi tio de Martim Soares Moreno. https://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Campos_Moreno 51
53
SILVA, Antônio Noberto. O Maranhão francês sempre foi forte e líder. In http://www.netoferreira.com.br/poder/2011/11/o-maranhao-frances-sempre-foi-forte-elider/, 05/11/2011 14h25 05/11/2011 14h25. Ver também: EVANDRO JUNIOR. : Saint Louis Capitale de La France Equinoxiale Riqueza histórica esquecida. IN Jornal O Estado do Maranhão em 18.12.11, disponível emhttp://maranhaomaravilha.blogspot.com/2011/12/saint-louis-capitale-de-la-france.html
duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan.
Quando da implantação da França Equinocial esse complexo passou para mãos oficiais. Uçaguaba/Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e Yves d'Evreux de "o sítio Pineau" em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia.
ANTES DOS FRANCESES ... Bandeira (2013) 54 traz que a ocupação do Vinhais Velho – na Ilha de Upaon-Açú, ou de São Luis, data de pelo menos 3.000 anos:
54
BANDEIRA, Arkley Marque. VINHAIS VELHO: ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA E MEMÓRIA. São Luis: Edgar Rocha, 2013. VER TAMBÉM: BANDEIRA, Arkley Marques. Os registros rupestres no Estado do Maranhão, Brasil, uma abordagem bibliográfica. In http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm BANDEIRA, Arkley Marques. POVOAMENTO PRÉ-HISTÓRICO DA ILHA DE SÃO LUÍS-MARANHÃO: SÍNTESE DOS DADOS ARQUEOLÓGICOS E HIPÓTESES PARA COMPREENSÃO DESSA PROBLEMÁTICA. Anais do V encontro do Núcleo Regional Sul da Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB/Sul. De 20 a 23 de novembro de 2006, na cidade de Rio Grande, RS. http://www.anchietano.unisinos.br/sabsul/V%20-%20SABSul/comunicacoes/59.pdf BANDEIRA, Arkley Marques. A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré-colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 03, p. 18-36 25 BANDEIRA, Arkley M. Um panorama sobre os registros rupestres no Estado do Maranhão. Monografia apresentada ao Curso de História como requisito para conclusão do mesmo. Universidade Estadual do Maranhão. Campus Paulo VI, São Luís, 2003.
As datações obtidas para as ocupações humanas que habitaram o Vinhais Velho possibilitaram construir uma cronologia para a presença humana nesta região da Ilha de São Luis, que data desde 2.600 anos atrás se estendendo até a chegada dos colonizadores (1590-1612?). [...] Essas datações se relacionam com os três períodos de ocupação humana no Vinhais Velho em tempos pré-históricos: ocupação sambaqueira / conchífera, ocupação ceramista com traços amazônicos e ocupação Tupinambá. (p. 75). [...] A presença dos grupos sambaquieiros na região durou até 1.950 atrás, com uma permanência de 650 anos. (p. 76). [...] Em torno de 1840 anos atrás essa região foi novamente ocupada por grupos humanos bastante diferentes dos povos que ocuparam o sambaqui. Esses grupos produziam uma cerâmica muito semelhante às encontradas em regiões amazônicas, sendo prováveis cultivadores de mandioca. (p. 76). [...] Esses grupos habitaram a região do Vinhais Velho até o ano 830 antes do presente, totalizando uma ocupação de 1.010 anos. A provável origem dos grupos ceramistas associados à terra preta é a área amazônica, possivelmente o litoral das Guianas e do Pará. (p. 76). A ultima ocupação humana [...] ocorreu em torno de 800 anos antes do presente e durou até o período de contato com o colonizador europeu, já no século XVII. Trata-se de povos Tupinambás, que ocuparam essa região, possivelmente vindos da costa nordestina, nas regiões do atual Pernambuco e Ceará [...] [...] a ocupação Tupi, a julgar pelas datações durou pouco mais de 800 anos [...] (p. 76).
Nos anos 1970, outro pesquisador deu visibilidade à ocupação humana pré-histórica da Ilha de São Luís - Mário Ferreira Simões, ligado ao Museu Paraense Emílio Goeldi que realizou o Projeto São Luís. A pesquisa inspecionou oito sambaquis com o objetivo de comparar os sítios residuais de São Luís com os do litoral leste e litoral paraense. Essas pesquisas resultaram nas primeiras datações para os assentamentos humanos pré-históricos do Estado do Maranhão, em torno de 2.686 anos antes do presente 55. Outro associado do IHGM que se destaca e que atuou nas áreas da Antropologia, Arqueologia, Etnologia, entre outros interesses foi Olavo Correia Lima56. O padre António Vieira afirmou que os Tupinambá e Tabajara contaram-lhe que os povos Tupi migraram para o Norte do Brasil: [...] pelo mar, vindos de um país que não mais existia, e que o país Caraíba, teria desaparecido progressivamente, afundando no mar, e os tupis salvaram-se, rumando para o continente. Os tabajaras diziam-se o povo mais antigo do Brasil, e se chamavam de "tupinambás", (homens da legítima raça tupi), desprezando parte dos outros tupis, com o insulto "tupiniquim" e "tupinambarana", (tupis de segunda classe), e sempre conservaram a tradição de que os tupis BANDEIRA, Arkley M..O Sambaqui do Bacanga na Ilha de São Luís-Maranhão: um estudo sobre a ocorrência cerâmica no registro arqueológico. Pré-projeto de dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em arqueologia do MAE-USP como requisito obrigatório para seleção dos ingressantes no segundo semestre de 2005, São Paulo, 2005; BANDEIRA, Arkley Marques. Ocupações humanas pré-históricas no litoral maranhense: um estudo arqueológico sobre o sambaqui do Bacanga na ilha de São Luís – Maranhão. Dissertação de Mestrado, 2008. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-26092008-145347/pt-br.php 55 Canalverde.tv/arqueologia, Pedro Gaspar –ArqPi, Pesquisa de Sambaquis revela Pré-história do Maranhão in http://www.arqueologiapiaui.com.br/noticias/brasil/133-pesquisa-de-sambaquis-revela-pre-historia-do-maranhao http://arqueologiadigital.com/profiles/blogs/pesquisa-arqueologica-de A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré-colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Arkley Marques Bandeira in http://www.outrostempos.uema.br/volume03/vol03art02.pdf 56 CORREIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Ameríndios maranhenses . REVISTA DO IHGM, Ano LIX, n. 08, março de 1985 38-54 CORREIA LIMA, O. Homo Sapiens stearensis – Antropologia Maranhense REVISTA DO IHGM Ano LIX, n. 9, junho de 1985 33-43 CORREIA LIMA, O. Província espeleológica do Maranhão REVISTA DO IHGM Ano LIX, n. 10, outubro de 1985 62-70 CORRIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Cultura rupestre maranhense – arqueologia, antropologia REVISTA DO IHGM Ano LX, n. 11, março de 1986 07-12 CORREIA LIMA, O. Parque Nacional de Guaxenduba REVISTA DO IHGM ano LX, n. 12, 1986 ? 21-36 CORRÊA LIMA, O. No país dos Timbiras REVISTA DO IHGM Ano LXI, n. 13, dezembro de 1987 82-91 CORREIA LIMA, O. Mário Simões e a arqueologia maranhense REVISTA DO IHGM Ano LXII, n. 14, março de 1991 23-31 LIMA, Olavo Correia (1985). Província Espeleológica do Maranhão. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.Ano LIX, n 10, São Luís-MA, p. 6270. LIMA, Olavo Correia (1986). Cultura Rupestre Maranhense. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Ano LX, n. 11-São Luís –MA, p. 7-12. LIMA, Olavo Correia; AROSO, Olair Correia Lima (1989). Pré-História Maranhense. SIOGE São Luís-MA
eram originados de sete tribos; e que o povo tapuia, do povo tupi, eram os verdadeiros indígenas brasileiros (RAHME, 2013) 57.
... OS FENICIOS... 58, 59
Em A Pacotilha (30 de maio de 1925), de autoria de Ludovico Schwennhagen60 é publicado artigo com o seguinte título: MINHAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS NO MARANHÃO. Realizando pesquisas em vários estados do Brasil, deteve-se no Piauí e no Maranhão. Sobre o Maranhão, em seu relato, sustenta a tese de que a cidade de São Luís – como Tutóia - foi fundada por navegadores fenícios: As duas cidades, porém, não eram cidades fenícias; somente os fundadores e organizadores eram gente que chegara ao Mediterrâneo. A grande massa dos habitantes eram tupis: em Tutóia, tabajaras, em 61 Tupaón, tupiniquins. (SCHWENNHAGEN, 1925) .
Chegados por estas terras por volta do ano 1.000 a.C - relacionaram-se com os habitantes da terra – tupis – fundando Tu-Troia – Tutóia – e Tupaón –Upau-açú: OS FENICIOS E OS TUPIS Os fenícios já estavam desde muito tempo em relações com os povos tupis; mas estes não tinham portos de mar, querendo viver só em terras altas e solidas. Entretanto, ficou terminada, no Mediterrâneo, a guerra de Tróia, em 1080 A.C. Caiu em poder dos aliados pelasgo-gregos a grande fortaleza que dominava o estreito dos Dardanelos e a entrada para a Ásia. 57
RAHME,
Claudinha.
Fenícios
descobriram
o
Brasil
antes
de
Cabral?
IN
Gazeta
de
Beirute,
Edição
57,
disponível
em
http://www.gazetadebeirute.com/2013/05/fenicios-descobriram-o-brasil-antes-de.html 58 Os fenícios - Considerado o maior povo navegante da Antigüidade, os fenícios viviam numa área de apenas 400 quilômetros, entre as montanhas e o mar, onde hoje está o Líbano, parte de Israel e da Síria. Segundo Heródoto, era um povo formado por tribos de semitas vindas do Índico. No início, eram pastores, que acabaram empurrados até o mar por tribos mais poderosas. Por vocação ou necessidade, especializaram-se no comércio e na navegação. Foram influenciados por três grandes culturas, das quais eram vizinhos: a egípcia, a mesopotâmica e a cretense. Situada no cruzamento das rotas comerciais, a Fenícia desempenhou importante papel na história do Mediterrâneo, possivelmente desde 4000 a.C. Seu principal produto de exportação foi, por muito tempo, o cedro do Líbano. Mais tarde adquiriram renome na manufatura de tecidos vermelho-escuros, fato que acabou lhes rendendo o nome. É que, em grego, panos vermelhos significavam phoinios, que eram vendidos pelos phoinikes, ou fenícios, do rosto vermelho queimado pelo sol ou dos panos rubros que fabricavam. Além de hábeis artesãos e comerciantes de peso, por volta do século VIII a.C. os fenícios viriam a repassar aos gregos o alfabeto, herdado provavelmente de outro povo semita do Oriente Próximo. /FENICIOS/__%20MUSEU%20NACIONAL%20DO%20MAR%20__.html 59 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Fenícios no Maranhão? In BLOG DO Leopoldo Vaz • sábado, 05 de setembro de 2015 às 11:33 , disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/09/05/fenicios-no-maranhao/ 60 Ludwig Schwennhagen (n. Áustria, fl. 1900-1928) foi um professor de História e Filologia no Nordeste do Brasil, escritor e proponente da Teoria da presença de fenícios no Brasil. Era membro da Sociedade de Geografia Comercial de Viena. Em Teresina se diz que era um alemão calmo e de grande porte, que ensinava História, que bebia cachaça nas horas de folga, que esteve estudando ruínas no Estado do Piauí e outros do Nordeste, e chegou a Teresina no . primeiro quartel do século XX Ludwig Schwennhagen foi sócio do jornal anti-semita de Berlim na Alemanha Staatsbürgerzeitung, pelo qual entrou em conflito [2] [3] com Hirsch Hildesheimer, da comunidade judaica. Schwennhagen publicou artigos na imprensa norte-rio-grandense. Cf. Moacir C. Lopes na apresentação à quarta edição de "Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C.", 'A primeira edição de "Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C." é de 1928, da Imprensa Oficial de Teresina, e menciona sob o título: Tratado Histórico de Ludovico Schwennhagen, professor de Filosofia e História. 'No livro Roteiro das Sete Cidades, de autoria de Vitor Gonçalves Neto, publicado pela Imprensa Oficial de Teresina, para as Edições Aldeias Altas, de Caxias, Maranhão, em 1963 (...) o autor faz o seguinte oferecimento: "À memória de Ludovico Schwennhagen, professor de História e Filologia, que em maio de 1928 levantou a tese meio absurda de que os fenícios foram os primeiros habitantes do Piauí. Em sua opinião as Sete Cidades serviram de sede da Ordem e do Congresso dos povos tupis. Nasceu em qualquer lugar da velha Áustria de ante-guerras, morreu, talvez de fome, aqui n'algum canto do Nordeste do Brasil. Orai por êle!"' Schwennhagen, Ludwig; Hildesheimer, Hirsch. Erklärung des Dr. H. Hildesheimer auf die Privatklagesache des Schriftstellers Ludwig Schwennhagen wider Dr. H. Hildesheimer. s.n., 189?. (ficha em Livros Google) Schwennhagen, Ludwig; Silva, Luciano Pereira da; Associação Comercial do Amazonas. Meios de melhorar a situação e moral da população do interior do Amazonas: Conferencias dos Drs. Ludwig Schwennhagen, da Sociedade de geographia commercial de Vienna d'Austria e Luciano Pereira da Silva, publicista. Typ. de L. Aguiar & ca., 1910. (ficha em Livros Google) Schwennhagen, Ludwig. Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C. Imprensa official, 1928. (ficha em Livros Google) Schwennhagen, Ludwig. Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C.. Quarta edição. Apresentação e notas de Moacir C. Lopes. Livraria Editora Cátedra, Rio de Janeiro 1986. Schwennhagen, Ludwig. As inscrições Petroglíficas de Jardim do Seridó. Em: Medeiros Filho, Olavo de. Os Fenícios do Professor Chovenagua. Edição Especial Para o Projeto Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria. www.colecaomossoroense.org.br https://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Schwennhagen 61 SCHWENNHAGEN, Ludovico. São Luis na Antiguidade. A Pacotilha, 4 de setembro de 1924 SCHWENNHAGEN, Ludovico. MINHAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS NO MARANHÃO. A Pacotilha, 30 de maio de 1925.
Os fenícios, os carios e muito outros povo da Ásia Menor eram amigos ou aliados de Tróia, mesmo as briosas guerreiras e cavaleiras amazônicas, das quais morreram centenas no vasto campo troiano. Os sobreviventes dos povos vencidos andavam em navios dos fenícios, procurando nova pátria, e por isso aparecem, cerca do ano 1000 a.C., em diversos países, cidades com o nome de Tróia Nova ou Tróia Rediviva. Para o norte do Brasil chegaram também sobreviventes da grande guerra e fundaram TuTroia, ajudaram a fundar Tupaón, e os sobreviventes da Amazonas fundaram no Brasil uma sociedade de mulheres montadas amazônicas, que deu finalmente seu nome ao grande rio. Essas são as deliberações que indicam o tempo de 1000 anos a.C. para a fundação de Tutoia e de Tupaón (S. Luis).
(SCHWENNHAGEN, 1925). Segundo Rahme (2013) 62, Schwennhagen, em sua obra “História antiga do Brasil” 63, expôs a teoria da presença de fenícios no Brasil, com base no trabalho de Onfroy de Thoron64 (Gênova, 1869), sobre as viagens das frotas do fenício rei Hirão de Tiro65, e do rei Salomão 66, da Judéia67, no rio Amazonas, entre os anos 993/960 A.C.. E também apresentou outras diversas evidências, em sua maior parte, escritos do alfabeto fenício, e da escrita demótica do Egito, que também foram encontrados; além de inscrições da escrita suméria, antiga escrita babilônica, e também letras gregas e latinas. Schwennhagen ao citar o historiador grego do século I A.C., Diodoro Sículo68, disse que este relatou a primeira viagem de uma frota de fenícios atravessando o Atlântico, e chegando às costas do Nordeste do Brasil, através das correntes marítimas, propícias para a travessia. Nos anos 350 a.C., os cartagineses cunhavam moedas em ouro, com uma imagem no reverso, que muitos julgam representar o mar mediterrâneo, com o continente americano a oeste. Se era o continente americano, de fato, ou não, não se sabe, mas, diversos autores (Ludwig Schwennhagen69, Bernardo de Azevedo da Silva Ramos70, Robertus Comtaeus Nortmannus71, Georg Horn72, Frederic Ward Putnam73, 62
RAHME,
Claudinha.
Fenícios
descobriram
o
Brasil
antes
de
Cabral?
IN
Gazeta
de
Beirute,
Edição
57,
disponível
em
http://www.gazetadebeirute.com/2013/05/fenicios-descobriram-o-brasil-antes-de.html 63
SCHWENNHAGEN, Ludwig. Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C. Piauí, Imprensa official, 1928. SCHWENNHAGEN, Ludwig. Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C.. Quarta edição. Rio de Janeiro: Livraria Editora Cátedra, 1986. Apresentação e notas de Moacir C. Lopes.. 64 Onfroy de Toron (Umfredus de Torum en latin) est un chevalier croisé qui apparaît pour la première fois en 1115 comme vassal de Josselin de Courtenay, prince de Tibériade ; le château de Toron étant construit depuis l’an 1105, il en était probablement le seigneur depuis cette date après avoir participé à la Première croisade. D’une épouse inconnue, il eut Onfroy II de Toron. Onfroy de Toron est probablement un Italo-Normand, peut-être lié à e la famille Hauteville, l’un de ses descendants se déclarant, au XV siècle, issu de Tancrède de Hauteville, tandis que la mythologie familiale se donnait une origine danoise, c’est-à-dire viking. https://fr.wikipedia.org/wiki/Onfroy_Ier_de_Toron 65 Hirão foi rei de Tiro no período de David e Salomão, segundo relatos bíblicos de II Samuel 5:11. Quando David foi constituído rei de Israel, na idade de trinta e um anos, Hirão enviou mensageiros com madeira de cedro, carpinteiros e pedreiros que edificaram a Davi uma casa. Já no período do reinado de Salomão, Hirão manteve boas relações comerciais com Israel, e, em acordo comercial com Salomão, recebeu várias cidades em troca da provisão de ouro e pela madeira de cedro e cipreste que serviu para a construção do Templo de Salomão. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hir%C3%A3o; ver também http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1200002035 66 Salomão foi um rei de Israel (mencionado, sobretudo, no Livro dos Reis), filho de David com Bate-Seba, que teria se tornado o terceiro rei de Israel, governando durante cerca de quarenta anos (segundo algumascronologias bíblicas, de 1009 a 922 a.C.). https://pt.wikipedia.org/wiki/Salom%C3%A3o 67 Hirão participou também com Salomão em outro empreendimento conjunto, no qual este último construiu uma frota de navios no golfo de ʽAqaba, em EziomGéber. Hirão forneceu então marinheiros experientes para tripulá-los junto com os servos de Salomão. Além destes navios, que navegavam nas águas ao largo da costa L da África, Hirão e Salomão tinham outros navios que velejavam até Társis, evidentemente no extremo ocidental do Mediterrâneo. Ao todo, estas extensas operações em alto-mar produziram muitas riquezas — ouro, prata, marfim, pedras preciosas, madeiras valiosas, e raridades tais como macacos e pavões. — 1Rs 9:26-28; 10:11, 12, 22; 2Cr 8:18; 9:10, 21; vejaEZIOM-GÉBER. http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1200002035 68 Diodoro Sículo ou Diodoro da Sicília (em grego Διόδωρος ὁ Σικελός; ca. 90 a.C. — 30 a.C.), foi um historiador grego, que viveu no século I a.C. Diodoro produziu uma única obra, a "Biblioteca Histórica" (também chamado de "História Universal"), que reunia 40 livros escritos em grego comum (κοινὴ διάλεκτος), sendo que somente os livros 1-5 e 11-20 sobreviveram, praticamente na íntegra; dos outros, restam apenas alguns fragmentos. Mesmo assim, é o mais extenso relato sobre a história da Grécia e de Roma que chegou até nós, desde as origens míticas até as últimas décadas da República Romana. Nos capítulos 19 e 20 do 5º livro, ele menciona a viagem de uma frota de fenícios que teria saído da costa da África, perto de Dakar, e navegado pelo oceano Atlântico, no rumo do Sudoeste. Em função desse registro, especula-se a possibilidade desses fenícios terem chegado ao continente americano. https://pt.wikipedia.org/wiki/Diodoro_S%C3%ADculo 69 Ludwig Schwennhagen (n. Áustria, fl. 1900-1928) foi um professor de História e Filologia no Nordeste do Brasil, escritor e proponente da Teoria da presença de fenícios no Brasil. Era membro da Sociedade de Geografia Comercial de Viena. Em Teresina se diz que era um alemão calmo e de grande porte, que ensinava História, que bebia cachaça nas horas de folga, que esteve estudando ruínas no Estado do Piauí e outros do Nordeste, e chegou a Teresina no primeiro quartel do século XX. Ludwig Schwennhagen foi sócio do jornal anti-semita de Berlim na Alemanha Staatsbürgerzeitung, pelo qual entrou em conflito com Hirsch Hildesheimer, da comunidade judaica.[2] [3] Schwennhagen publicou artigos na imprensa norte-rio-grandense. Cf. Moacir C. Lopes na apresentação à quarta edição de "Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C.", 'A primeira edição de "Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C." é de 1928, da Imprensa Oficial de Teresina, e menciona sob o título: Tratado Histórico de Ludovico Schwennhagen, professor de Filosofia e História 70 Bernardo de Azevedo da Silva Ramos (Manaus, 13 de novembro de 1858 — Rio de Janeiro, 5 de fevereiro de 1931) foi um arqueologista, linguista e numismata brasileiro. Foi ainda fundador do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (25 de março de 1917), e um dos fundadores do Clube Republicano do Amazonas. A sua obra mais importante é Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, baseando-se na Hístória Antiga, na lingüística e nas decifrações litográficas. SILVA RAMOS, Bernardo de Azevedo da. Inscripcões e tradiçoes da America prehistorica, especialmente do Brasil. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1932. https://pt.wikipedia.org/wiki/Bernardo_de_Azevedo_da_Silva_Ramos 71 http://atlantipedia.ie/samples/tag/robertus-comtaeus-nortmannus/ ; http://atlantipedia.ie/samples/jochmans-joseph-robert/
Zelia M. M. Nuttall74, Howard Barraclough Fell75) defendem que o Brasil foi visitado pelos fenícios, na antiguidade. As provas disso encontram-se nos diversos registros na forma de inscrições e artefato.76 Diz Guimarães (2009) 77, que em 1100 A. C. o rei Hiram de Tyros, capital da Fenícia, ofereceu aos reis David e Salomão da Judéia, uma aliança para explorar as riquezas do Brasil. Nos anos 995 e 992 navegaram as frotas aliadas dos fenícios e judeus no rio Amazonas, onde elas fundaram uma colônia hebraica, no rio Solimões, chamado assim por honra do rei Salomão. Esse fato prova que os fenícios já tinham circunavegado, entretanto, toda a costa do Brasil e subido todos os rios. Eles procuraram a aliança dos hebraicos, pois eles mesmos, como nação muito pequena, não tinham elementos suficientes para colonizar tão vasto país. Para Ludovico Schwennhagen78, os Fenícios tiveram um forte interesse para levarem ao Brasil muitos imigrantes. Já se referira - no Segundo Capitulo de sua História -, sobre a expedição dos Tirrênios à ilha de Marajó, sobre a aliança do rei Hirã de Tiro com os reis Davi e Salomão, da Judéia, para colonizar e explorar as terras no Alto Amazonas, e sobre a emigração duma parte da nação das Amazonas com navios dos Fenícios. O grande número de emigrantes, porém, saiu dos países cários, inclusive Iônia: Os emigrantes denominaram Ion o litoral maranhense, que mostra com suas centenas de ilhas e penínsulas, uma surpreendente semelhança com o litoral da Iônia asiática: Maran·lon, que quer dizer "a grande Iônia". Os Gurges do Piauí têm irmãos do mesmo nome na Ilíria da Península Balcânica; sobre o nome de Taba-Jaras do Norte do Piauí e da Serra da Ibiapaba já falamos; os Poti-Jaras, que mudou para Poti-Garas e Poti-Guaras, tiraram seu nome de Poti, que significa na língua pelasga um rio pequeno, respectivamente afluente dum rio grande. Nas regiões dos Cários existem muitos rios de nome Poti. No grego mudou a palavra em Pot-amos. Meso-Potânia é a zona entre os dois Pati: Eufrates e Tigre. Colônias e vilas dos Cários foram espalhadas sobre todo o território do Brasil; mas a maior parte dos Cários domiciliou-se no interior do Nordeste, entre os rios Tocantins e São Francisco. Nas serras e sertões do Piauí, Ceará, Paraíba e Pernambuco formaram os Cari e Cariri uma numerosa população branca, cujos descendentes representam hoje ainda a maioria da população. A raça indígena, legítimobrasileira, os Tapuias de cor parda e cabelos lisos e pretos, vivia nas regiões dos Cários, até a chegada dos Portugueses, em malocas, separadas dos brancos Tupis-Caris.
Ludovico Schwennhagen (1928; 1986) 79 informa que “[...] conquistadores europeus encontraram no Brasil numerosas populações que se chamaram: Cara, Carara, Caru, Cari, Cariri, Cairari, Carahi, Carahiba, Caryo e Cariboca.”. E que na língua tupi têm os nomes dos povos a mesma forma no singular como no plural. Diz-se: eu sou Cara; nós somos Cara: 72
Georg Horn (Hammelburg, 22 de Dezembro de 1542 — Hammelburg, 24 de Setembro de 1603)[1] foi teólogo, reformador e historiador alemão. https://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Horn_(te%C3%B3logo) Georg Horn (Kemnath, Oberpfalz, 1620 — Leiden, 10 de Novembro de 1670) foi um geógrafo, teólogo, historiador alemão e professor de história da Universidade de Leiden. Sua obra "Historia ecclesiastica et politica" (Leipzig, 1677), com 442 páginas foi dedicada a Carlos I Luís, Eleitor Palatino (16181680). https://pt.wikipedia.org/wiki/Georgius_Hornius 73 Frederic Ward Putnam (April 16, 1839 in Salem, Massachusetts – August 14, 1915 in Cambridge, Massachusetts) was an American anthropologist. https://en.wikipedia.org/wiki/Frederic_Ward_Putnam 74 Zelia Maria Magdalena Nuttall (6 septembre 1857, San Francisco – 12 avril 1933, Coyoacan, Mexico) fut une spécialiste américaine des cultures mexicaines préaztèques et des manuscrits précolombiens, dont elle identifia deux exemplaires oubliés dans des collections. L’un d’entre eux, le Codex Zouche-Nuttall, porte son nom. Exemple typique des pionniers de l’américanisme aux activités éclectiques, elle s’intéressa également à l’histoire coloniale, aux plantes traditionnelles mexicaines, ainsi qu’à la revitalisation de la culture précolombienne. https://fr.wikipedia.org/wiki/Zelia_Nuttall 75 Barry Fell (born Howard Barraclough Fell) (June 6, 1917 – April 21, 1994) was a professor of invertebrate zoology at the Harvard Museum of Comparative Zoology. While his primary professional research included starfish and sea urchins, Fell is most well known for his controversial work in New World epigraphy, arguing that various inscriptions in the Americas are best explained by extensive pre-Columbian contact with Old World civilizations. His writings on epigraphy and archaeology are generally rejected by those mainstream scholars who have considered them. https://en.wikipedia.org/wiki/Barry_Fell 76 http://www.hebreunegro.com.br/2015/10/a-presenca-dos-fenicio-no-brasil.html 77 GUIMARÃES, Luiz Hugo. O primeiro descobrimento do Brasil. IN www.luizhugoguimaraes.com.br. Disponível em http://universodahistoria.blogspot.com.br/2009/10/o-primeiro-descobrimento-do-brasil.html 78 In COSTA, Leopoldo. A IMIGRAÇAO DOS CÁRlOS AO BRASIL -1100 A 700 A. C.. Texto adaptado de Ludwig Schwennhagen no livro "Antiga História do Brasil de 1100 a.C a 1500 d.C", Rio de Janeiro: Livraria Editora Cátedra, 1986. 79
SCHWENNHAGEN, Ludwig . ANTIGA HISTÓRIA DO BRASIL DE 1100 A.C A 1500 D.C. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial do Piaui; Golden Star Publicadora, Rio de Janeiro, 1928, excertos p.77 a 85, republicado em 1986 pela Livraria Editora Cátedra, Rio de Janeiro. Digitado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa. COSTA, Leopoldo. A IMIGRAÇAO DOS CÁRlOS AO BRASIL -1100 A 700 A. C.. Texto adaptado de Ludwig Schwennhagen no livro "Antiga História do Brasil de 1100 a.C a 1500 d.C", Rio de Janeiro: Livraria Editora Cátedra, 1986.
[...] A mesma regra, existia nas antigas línguas fenício-pelasgas. A língua grega que é mais recente começou a formar o plural pelo sufixo s, cuja regra transferiu-se às línguas romanas. Por isso aplicamos nós como plural as formas: Tupis, Caras, Caris, Cários etc., que não corresponde com a língua tupi. [Continua a explicação sobre os vocábulos] Aos padres portugueses declararam os pajés: Cara, Cari, Cário significa "homem branco". A cor branca é no tupi: tinga, também uma palavra pelasga, de cuja raiz vem nossa palavra tingir. A palavra tupi tabatinga significa "preparada de cal e argila branca". Mais tarde transferiu-se o nome tabatinga à argila dessa cor. A. palavra oca significa "casa" qualquer e pertence também às línguas fenício-pelasgas. No grego mudou oka em oeka, oika oikia- "administração da casa" é, no grego, oiko-nomia.
Para Ludovico Schwennhagen, a palavra tupi tabatinga significa "casa branca"; mas cari-oca é "casa dos brancos", respectivamente dos Cários: Essa curta explicação lingüística contém a prova de que os "Cários brasileiros" são os descendentes dos homens brancos que imigraram para o Brasil, nos navios dos Fenícios, na época de 1100 anos a.C. em diante.
Para esse autor, a pátria desses imigrantes eram os países reunidos na confederação dos povos cários80, a qual abrangia quatro divisões: 1. Caru, que se estendeu desde o promontório Carmel até o monte Tauros; a grande metrópole desse país era a cidade Tur (respectivamente Tiro) o Gregos denominaram esse país Fenícia; hoje é chamado Síria. Caindo sob o domnio do Império Romano a Fenícia foi incorporada à província romana da Síria que, curiosamente, recebeu esse nome pela corruptela da pronúncia grega do nome Tiro. Seus habitantes eram tírios, por conseguinte sírios na região, Síria, usado até hoje. 2. Cari, que abrangia a costa meridional da Ásia Menor, à qual chamaram os Gregos Kilikia, respectivamente Cilicia. Uma das maiores cidades dessa província era Taba, que nos lembra o Tabajaras, que pode significar: senhores de tabas ou cidadãos de Taba. O último significado parece mais razoável. Perto da cidade Taba passa o rio Pinaré, que nos lembra o rio Pinaré (não Pindaré) do Maranhão, onde o lago Maracu mostra ainda hoje as linhas de esteios petrificados, que são os restos dos estaleiros dos Fenícios. 3. Cara ou Caria, com a esplêndida capital Hali-Car-Nassos, cuja situação geográfica rivaliza em beleza com a do Rio de Janeiro, onde os Cários fundaram uma colônia com o nome entusiástico "Dos Cários Casa" (carl-oca). Na placa colossal da rocha, em cima da qual dorme hoje ainda o gigante brasileiro, cravaram aqueles navegantes de Halicarnassos, com letras lapidares seus nomes e a data da sua chegada. 4. Caramania foi o vasto "hinterland" que se estendia atrás de Caru e Cari, até o Eufrates. A capital dessa província era Carmana, e de lá vieram os pequenos comerciantes (Caramanos), que se estabeleceram no interior do Brasil. Esses viajaram nos navios dos Fenícios; mas esses últimos eram mercadores-capitalistas, que não trataram de comércio retalhista. Eis a origem do nome "Carcamano". Amigos e aliados dos Cários eram os reinados Ion e Il-Ion. Os Gregos mudaram o nome Ion para Ionia e Iion para Tróia, como Homero intitulou sua grande epopéia Ilíada. lônia abrangia a maior parte da costa ocidental da Ásia Menor e dominava no Mar Egeu,' sua antiga capital era Éfeso, um grande empório comercial e artístico.
80
Cária (do luvita "Karuwa" - "terra íngreme"; em grego antigo: Καρία - Karia) era o nome de uma região no oeste da antiga Ásia Menor (Anatólia) que se estendia ao longo da costa da Jônia, de Mícale(Mykale) para o sul até a Lícia e para o leste até a Frígia. Os gregos jônios e dórios colonizaram a porção ocidental da Cária e se juntaram à população nativa para formar estados de matiz grega na região. Os epônimos habitantes nativos da região eram conhecidos como "cários" e Heródoto os descreve como sendo de ascendência minoica . Eles falavam uma língua do grupo anatólico conhecida como cário, que não necessariamente reflete uma origem geográfica, pois os anatólios podem um dia terem estado dispersos. Muito próximos dos cários eram os léleges, um termo que pode ser um nome antigo para os cários ou um para um um povo que os precedeu na região e continuou a existir como parte da sociedade cária, supostamente com um status menor. https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1ria
Interessante, que Schwennhagen nos informa que, na nomenclatura Tupi acham-se os nomes Canaã e Aramés; mas em geral encontramos os nomes Cari, Cara e Caru: [...] Caru-tapera, no Maranhão, era um estabelecimento marítimo e comercial dos Caru, entre a foz dos rios Gurupi e Iriti. Nas margens desses rios exploraram os Fenícios as minas auríferas, e a colônia, situada na margem dum canal largo e fundo, que florescia durante muito tempo. Depois, quando os Caru abandonam a colônia, ficou o nome "Taba dos Caru", que era Carutapera. Na chegada dos portugueses estava ainda ali uma aldeia de Tupis, que conheciam bem a existência das minas auríferas.
Para Rahme (2013) 81: [...] a língua tupi pertence à grande família das línguas pelasgas, um ramo da língua suméria82, cujas sete tribos da nação tupi residiam inicialmente, em um país chamado Caraíba, um grande pedaço de terra firme localizado onde hoje fica o mar das Caraíbas, onde eles haviam se refugiado após o desmoronamento de Atlântida. E os chamados "Caris", eram ligados aos povos cários, da Cária, no Mediterrâneo. Segundo a obra “História do Brasil” de Francisco Adolfo de Varnhagen, existe a confirmação de uma migração dos Caris - Tupis da Caraíba, para o norte do continente sul-americano, uma tradição que sobrevive, ou sobrevivia, ainda entre o povo indígena da Venezuela.
Em vários lugares do Brasil, além da Pedra da Gávea, foram encontradas supostas inscrições fenícias gravadas em rochas. Em Pouso Alto, na Paraíba, um conjunto dessas misteriosas inscrições teve a curiosa tradução: 'Somos filhos de Caná, de saída, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano de 19 de Hiram, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion Geber, no mar Vermelho, e viajamos com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por 2 anos, em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos afastamos de nossos companheiros e, assim, aportamos aqui: 12 homens e 3 mulheres. Numa nova praia que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente passam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor'. Fonte: BLOG%20PAIÇANDU_%20Fenício%20no%20Brasil...Chegaram%20antes%20dos%20Portugueses.html
Pressupõem Schwennhagen que a ‘diáspora’ dos Cários/Fenícios começa com a queda de Tróia em 1184 a. C.: 81
RAHME,
Claudinha.
Fenícios
descobriram
o
Brasil
antes
de
Cabral?
IN
Gazeta
de
Beirute,
Edição
57,
disponível
em
http://www.gazetadebeirute.com/2013/05/fenicios-descobriram-o-brasil-antes-de.html 82
Pelasgos (em grego: Πελασγοί, Pelasgoí, singular Πελασγός, Pelasgós) era um termo usado por alguns autores da Grécia Antiga para se referir a populações que teriam sido ancestrais dos gregos ou que os teriam antecedido na colonização do território onde hoje em dia está a Grécia, "um termo abrangente que englobava qualquer povo antigo, primitivo e, presumivelmente, autóctone no mundo grego."[1] No geral, "pelasgo" passou a significar, de maneira mais ampla, todos os habitantes autóctones das terras ao redor do mar Egeu, bem como suas culturas, antes do advento da língua grega.[2] Este não é um significado exclusivo, porém os outros sentidos do termo quase sempre necessitam ser especificados quando utilizados. Durante o período clássico da história grega antiga,enclaves caracterizados como pelasgos subsistiram em diversos locais da Grécia continental, Creta e outras regiões do Egeu. As populações que se identificavam como tal falavam um idioma ou idiomas que os gregos identificaram como não sendo grego(s), ainda que alguns autores antigos tenham descrito os pelasgos como gregos. Uma tradição que afirmava que grandes territórios da Grécia teriam sido pelasgos antes de sua helenização também persistiu no mundo antigo; estas partes geralmente se encontravam dentro do domínio étnico que, pela altura do século V a.C., atribuía-se aos falantes de determinada variante do grego antigo, identificados como jônicos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pelasgos
[...] Schliemann provou, pelos documentos indeléveis de pedras lavradas, que a guerra de Tróia não foi uma lenda, mas um acontecimento histórico de alta relevância, e hoje sabemos, pelas inscrições nas pedras lavradas do Brasil, que as conseqüências da guerra troiana deram o impulso para o primeiro descobrimento do Brasil e a primeira emigração de povos brancos a este continente. Os Gregos, senhores da passagem dos estreitos e da entrada para o interior da Asia Menor, ocuparam todo o litoral da Iônia e Cária e todas as ilhas do Mar Egeu, inclusive a grande ilha de Creta. A ilha Kopros (no grego Kipros, no latim Cyprus, no português Chipre) ficou ainda alguns séculos contestada entre os Fenícios e os Gregos. Assim, o florescente reinado de Ion com Éfeso, Kolofon e muitas outras cidades, e Caria com Halicarnassos, Meandro e Rhodo caíram em poder dos Gregos e foram helenizados. As populações indígenas foram escravizadas ou expulsas. Isso se deu na época de 1150 a 1000 anos a. C. e assim começou a época das emigrações dos povos do Mediterrâneo. Encontramos nas narrações dos antigos escritores muitas informações de que tribos pelasgas e povos Cários emigraram da Ásia e da Grécia para a Itália e Ibéria, e mesmo para as costas do Oceano Atlântico. Depois, os Gregos iniciaram sua expansão colonial para Oeste e ocuparam Sicília e o Sul da Itália, desalojando passo a passo os Fenícios de suas colônias. Por todos esses motivos transferiram estes seu grande movimento marítimo às costas e ilhas atlânticas. Informados pelos Tartéssios e Atlantes sobre a existência duma "ilha enorme", no outro lado do mar, experimentaram os Fenícios a travessia oceânica, desde as ilhas de Cabo Verde para o Nordeste do Brasil, sobre que possuímos o documento histórico de Diodoro da Sicília.
Explica, ainda que: Os Fenícios nunca chamaram sua terra de Fenícia; o nome era - como já explicamos - Cara para o país, bem como para o povo. Existiam também os nomes Canaã para o litoral e Araméia para a parte montanhosa. O nome Fenícios deram-lhes os Gregos aos navegadores de Tiro como apelido, significando "mercadores de tintas da ave fabulosa Fênix". O mestre Antenor Nascentes explica o nome Fenício vindo do grego Phoinikeioi, do latim Phoenicios. O termo grego vem de Phoinix, que significa cor vermelha, púrpura; É fato que na cidade de Tiro fabricavam a famosa tinta de púrpura, obtida das glândulas de um marisco chamado murex e usada como corante de tecidos.[...] A cidade de Tiro teve 300 tinturarias e fábricas de tintas finas, cujos segredos químicos os Gregos nunca descobriram.
Jaime Barossi (2011) 83 considera como achado curioso que nas margens do lago Pensiva, no Maranhão, foram encontrados estaleiros de madeira petrificada, com espessos pregos de bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes84 encontrou utensílios tipicamente fenícios no lugar, na década de BAROSSI, Jaime. Fenício no Brasil...Chegaram antes dos Portugueses. Blog Paiçandu, do Prof. Jaime Barossi, 9 de agosto de 2011. BLOG%20PAIÇANDU_%20Fenício%20no%20Brasil...Chegaram%20antes%20dos%20Portugueses.html . Raimundo Lopes da Cunha nasceu em Viana em 1894 e foi um dos pioneiros na construção do conhecimento sobre o Maranhão, sua territorialidade, geografia, arqueologia, etnografia e outras áreas afins no âmbito natural e cultural. Bacharel em Letras produziu seu primeiro trabalho científico, O Torrão 84 Maranhense, aos 17 anos, logo depois, Uma Região Tropical , através do qual delineou um panorama abrangente sobre aspectos geográficos, econômicos, etnológicos, recursos arqueológicos e particularidades culturais regionais. Lopes localizou os primeiros sítios arqueológicos maranhenses, sambaquis e 84 estearias, servindo sua obra de orientação a todas as pesquisas posteriormente realizadas no Estado . Sua produção científica como pesquisador efetivo do Museu Nacional do Rio de Janeiro foi significativa e seus estudos voltados ao desenvolvimento de ações na defesa e salvaguarda de bens patrimoniais inovadores em sua época. Morreu no Rio de Janeiro, em 1941, pouco após o término do seu último trabalho acadêmico, Antropogeografia CORREA, Mariza. TRAFICANTES DO EXCÊNTRICO - os antropólogos no Brasil dos anos 30 aos anos 60. Disponível em http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_06/rbcs06_05.htm LOPES, Raimundo. O TORRÃO MARANHENSE. Rio de Janeiro: Typ. Do Jornal do Commercio, 1916 LOPES, Raimundo. UMA REGIÃO TROPICAL. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970 LOPES, Raimundo. ANTROPOGEOGRAFIA. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 1956. (Edição fac-similar comemorativa ao centenário de fundação da Academia Maranhense de Letras, São Luis: AML, 2007). http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sede/index.php?page=cphna_noticia_extend&loc=arqueologia&id=10 Raimundo Lopes na Internet: http://www.iphan.gov.br/bancodados/arqueologico/mostrasitiosarqueologicos.asp?CodSitio=5431 http://www.iphan.gov.br/bancodados/arqueologico/mostrasitiosarqueologicos.asp?CodSitio=5434 http://acd.ufrj.br/museu/bibliote/revimn96.txt 83 84
84
Alexandre Fernandes Corrêa (2003, 2009) reproduz texto de Paulo Avelino: ”Resenha de livro raro: Uma Região Tropical, de Raimundo Lopes” , em Teatro de 84 Memória , sobre a obra etno-geológica de Raimundo Lopes: “Escreveu seu primeiro livro, “O Torrão Maranhense”, considerado pelos especialistas o primeiro bom livro de geografia sobre a região. Só que o escreveu quando a maioria das pessoas está pensando em outras coisas que em teorias geográficas – ele o escreveu aos dezesseis anos. E o publicou no ano seguinte, 1916 (nascera em 1899). [...] “Nos anos vinte Raimundo Lopes fez escavações pelo interior do estado, 84 e disso resultaram descobertas responsáveis por duas das três menções ao seu nome que existem na Internet . Uma é a estearia do lago Cajari, no município de
1920. Na ilha de Marajó, foram encontrados tipos de portos tipicamente fenícios, parecidos com muralhas de pedras, iguais aos encontrados na costa do território da antiga Fenícia. No portal São Francisco 85 há um interessante estudo sobre os Fenícios no Brasil: [...] Subindo o rio Mearim, no Estado do Maranhão, na confluência dos rios Pindaré e Grajaú, encontramos o lago Pensiva, que outrora foi chamado Maracu. Neste lago, em ambas as margens, existem estaleiros de madeira petrificada, com grossos pregos e cavilhas de bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes escavou ali, no fim da década de 1920, e encontrou utensílios tipicamente fenícios.[...].86
Pablo Villarrubia Mauso (2006), em As Cidades Perdidas do Maranhão87, refere-se às pesquisas de Raimundo Lopes sobre as estearias maranhenses88: Em 1919, o explorador e arqueólogo Raimundo Lopes iniciou escavações num terreno cheio de lama, no centro do Lago Cajari, durante uma seca jamais vista na região. Isso facilitou suas escavações, já que em alguns trechos a profundidade não ultrapassava 50 centímetros. Contudo, em condições normais, o nível de água é de dois ou três metros, e oculta uma cidade extinta. Algumas centenas de anos antes, o nível do lago e de suas margens devia ser mais baixo que o de hoje. Do barro mole, Raimundo Lopes via surgir grande número de troncos negros de árvores, como um imenso bosque morto. Pouco a pouco, ele foi encontrando restos de cerâmica e objetos de pedra, atribuídos a um povo relativamente numeroso e bem organizado. Mas quem teriam sido seus habitantes? Os poucos vestígios encontrados – as condições de preservação do lago não são as mais propícias –, não dão muitas pistas. No entanto, foram encontrados muitos troncos grandes e fortes, que apóiam a teoria de que ali foram construídas casas que se elevavam acima do nível da água na época das chuvas. No mesmo ano, Raimundo Lopes encontrou outra cidade construída em palafitas no Lago Encantado e, em 1922, no Lago Maiobinha. Em 1923, expôs os resultados de suas escavações durante uma conferência no Museu Nacional do Rio de Janeiro, quando disse que as construções eram palafitas assentadas sobre uma região pantanosa. Embora fragmentada, a cerâmica encontrada na região de Cajari parece ter sido bastante elaborada, pintada em vermelho e preto, com relevos zoomorfos, e seria mais antiga do que a cerâmica da Ilha de
Penalva, no vale do grande rio Pindaré. Estearias ou cacarias eram os nomes que o povo da região dava ao que o quase menino (tinha pouco mais de vinte) professor de geografia descobriu que eram na verdade vestígios de uma aldeia de palafitas de pessoas que habitavam aquele mesmo lugar, sobre a superfície daquele mesmo lago, cerca de dois mil antes de Cristo. Foi uma descoberta importante. Eram as primeiras habitações lacustres encontradas em todo o mundo fora da Suíça. As primeiras no continente americano. Pesquisadores do Museu Nacional e do exterior louvaram esse feito. Depois ele realizou outra descoberta, o sítio cadastrado como MA-SL-4, também chamado de Sambaqui da Maiobinha. Sambaquis são pilhas de conchas, peixes e outros vestígios de povos que viviam á beira-mar. Esse é bem próximo da capital, na estrada entre São Luís e a cidade-dormitório de São José de Ribamar, sítio que o próprio IPHAN classificou como relevância Alta. CORREA, Alexandre Fernandes. A ANTROPOGEOGRAFIA DE RAIMUNDO LOPES SOB INFLUÊNCIA DE EUCLIDES DA CUNHA in http://teatrodasmemorias.blogspot.com/2009/12/antropogeografia-de-raimundo-lopes-sob.html CORREA, Alexandre Fernandes. AS RELAÇÕES ENTRE A ETNOLOGIA E A GEOGRAFIA HUMANA EM RAIMUNDO LOPES. Cad. Pesq .. São Luís. v. 14. n. 1. p.88-1 03. jan.!jun. 2003disponivel em http://www.pppg.ufma.br/cadernosdepesquisa/uploads/files/Artigo%206(16).pdf AVELINO, Paulo. ”Resenha de livro raro: Uma Região Tropical, de Raimundo Lopes”, disponível em http://www.fla.matrix.com.br/pavelino/lopes.htmlfala LOPES, Raimundo. Uma região tropical. Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-fon e Seleta, 1970. 197p. Coleção São Luís, volume 2. ver também: 85
http://www.portalsaofrancisco.com.br/) http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-fenicia/civilizacao-fenicia2.php 87 MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. IN Revista Sexto Sentido, postado em 2010-06-11 13:25, no sitio http://www.revistasextosentido.net/, disponível em http://www.revistasextosentido.net/news/%20as%20cidades%20perdidas%20do%20maranh%C3%A3o/ 88 Estearia: termo que corresponde ao vocábulo italiano palafitti, designativo das habitações lacustres pré-históricas da Europa. No Maranhão, os ribeirinhos do lago Cajari, perto da vila Penalva1, chamam estearia a uns vestígios de moradias lacustres dos caboclos aborígenes. Estudou-os Raymundo Lopes, em 1919, publicando a respeito um trabalho A Civilização lacustre no Brasil no Boletim do Museu Nacional (Vol. 1 N.º 2. Janeiro de 1924), no qual afirma ter visto os referidos vestígios, graças a uma seca que fez baixar consideravelmente as águas do lago. Apresentou-se-lhe a antiga habitação “com seus milhares de esteios, numa perspectiva belíssima, impressionante, esponteando com os seus troncos negros, como se fosse imensa floresta morta, à face argentada das águas”. Volta o ilustrado cientista a tratar do assunto em O Jornal de 27 de novembro de 1927, no qual diz que o termo estearia está consagrado nos círculos científicos brasileiros, falando de novas ‘estearias’, ou ‘esteames’ como também designa, em outros sítios do Maranhão e escreve: “A aldeia — jazida palafítica ou lacustre como a estearia do Cajari, a primeira que observei em 1919, fica em pleno rio e, com o canal deste de permeio, defronta a ponta da ‘Estrela’ oposta à bocaina do Parauá; está coberta de água, mesmo no dezembro adusto em que a visitamos. Mas num fundo de cerca de metro, embora a escassez do tempo, às apalpadelas, na lama cheia de estrepes, sempre em tais pontos se colhe uma massa de fragmentos de cerâmica e pedra que, se nem sempre enfeitam coleções, identificam suficientemente as jazidas”. Informa-nos Jorge Hurley que, no Pará, especialmente no litoral atlântico, há as ‘meruadas’ dos currais de pesca e das feitorias dos pescadores, abandonados, idênticos à estearia do lago Cajari, no Maranhão. (Bernardino José de Souza, in dicionário da terra e da gente do brasil, 1939.) Correspondência eletrônica de Luis Melo a Leopoldo Gil Dulcio Vaz From: luis-mello-neves@hotmail.com To: vazleopoldo@hotmail.comSubject: RE:Date: Mon, 22 Aug 2011 03:37:20 +0000. disponível em http://www.brasiliana.com.br/brasiliana/colecao/obras/116/dicionario-da-terra-e-da-gente-do-brasil 86
Marajó, na foz do Rio Amazonas, uma das mais bonitas do mundo. Contudo, Lopes acreditava que a cerâmica de Cajari não tinha qualquer relação com outras culturas da região amazônica. O arqueólogo não pôde encontrar qualquer figura humana representada nos restos de cerâmica, e tampouco restos de ossos humanos, impossibilitando assim a identificação da raça de seus antigos ocupantes. A descoberta mais importante no lago foi o dos muiraquitãs, amuletos com forma estilizada de rã, como os que foram encontrados na região amazônica de Santarém, e que são atribuídos às míticas mulheres amazonas. Lopes dizia que "... os amuletos do Cajari são semelhantes aos do baixo Amazonas, México e Costa Rica, feitos com uma técnica bastante avançada". Mas, ao contrário da América Central, os muiraquitãs do Maranhão foram feitos de ágata e não de jadeíta.
Informa Rahme (2013) 89 que, em 1872, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil foi notificado por Joaquim Alves da Costa, falando sobre a sua descoberta em Pouso Alto, às margens do Paraíba, de umas inscrições gravadas em uma pedra. Uma transcrição da inscrição foi enviada ao IHGB, e onde a principio, o botânico carioca, Ladislau de Souza Mello Netto, fez uma primeira tradução: [...] historiador francês Ernest Renan, afirmou que as inscrições eram fenícias, e de cerca de 3000 anos. Quase um século depois, nos 60, o professor americano, Cyrus H. Gordon, da Universidade Brandeis, em Boston, um reconhecido e notório especialista em línguas mediterrâneas, confirmou que as inscrições encontradas em Pouso Alto, eram realmente autênticas inscrições fenícias, até então desconhecidas no século XIX, e as traduziu para o português: “Somos filhos de Canaã, de Sídon, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano de 19 de Hirão, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion-Geber, no mar Vermelho, e viajamos com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por dois anos, em volta da terra pertencente à Cam (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos afastamos de nossos companheiros e, assim, aportamos aqui, 12 homens e 3 mulheres. Numa nova praia que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente possam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor”.
Em 1839, uma expedição liderada pelo historiador Manoel Araújo Porto Alegre confirmou a localização dos estranhos sinais. A 89
RAHME,
Claudinha.
Fenícios
descobriram
o
Brasil
antes
de
Cabral?
IN
http://www.gazetadebeirute.com/2013/05/fenicios-descobriram-o-brasil-antes-de.html
Gazeta
de
Beirute,
Edição
57,
disponível
em
surpresa geral veio a público quase um século depois, em 1928, quando o arqueólogo amazonense Bernardo da Silva Ramos (1858–1931) publicou o livro 'Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, Especialmente do Brasil', onde afirma que os sinais são inscrições fenícias, cuja tradução para o português revela: "Tyro, Fenícia, Badezir, primogênito de Jethbaal". Em 856 Antes de Cristo, Badezir sucedeu o pai no trono da cidade de Tiro, capital da Fenícia, e reinou até 850 AC, quando desapareceu misteriosamente. Fonte: BLOG%20PAIÇANDU_%20Fenício%20no%20Brasil...Chegaram%20antes%20dos%20Portugueses.html
Tanto Souza (s.d.) quanto Sodré (2008) informa90 que o Rei Badezir91 foi exilado no Brasil; para a expulsão do território em direção ao exílio, foi constituída uma frota de seis navios, sendo que, nos dois primeiros foi distribuída a corte exilada, da seguinte forma.92: 1º) Badezir, os dois filhos, YET-BAAL e YET-BAAL-BEL, oito Sacerdotes, cujo chefe tinha o nome de BAAL-ZIN (literalmente, “O Deus da Luz e do Fogo”), dois escravos núbios, tripulação e soldados (que deveriam retornar); 2º) Gente do povo e 49 militares expulsos por terem ficado fiéis a Badezir e 222 seres que representavam a elite do povo fenício. O destino da frota de exílio era o Brasil, local de há muito conhecido pelos fenícios. O próprio nome “Brasil”, como ensina o eminente Prof. Henrique, deriva do de “Badezir”... Quando aqui chegaram, formaram duas cortes: a) De natureza Temporal, composta por Badezir, Sacerdotes, militares, e que se estendia do Amazonas a Salvador, Bahia; (Amazonas, do tupi AMAXON, “puras, virgens, sem união sexual”; AMAXÁ, AMAXANA, AMANJÁ, IEMANJÁ – 8 ª das Sereias ou Nereidas (do mar), enquanto o termo XANAS se refere às sereias dos lagos). b) De cunho espiritual, formada pelos Gêmeos YET-BAAL, os 222 seres da elite fenícia e os dois escravos núbios.
Bacari (2013) 93 informa – e pergunta - que em torno de 856 a.C., Badezir ocupou o lugar do seu pai no trono de Tyro, na Fenícia, hoje o Líbano: É a Pedra da Gávea o túmulo deste rei ? A imagem mostra com o que a esfinge teria se parecido quando ela foi feita.
90
SOUZA, Henrique José de. PEDRA DA GÁVEA (6. Rei Badezir). In http://www.adventos.org.br/adventos/pt/peb/GaveaVI.htm SODRÉ, Marcos. Os fenícios no Brasil. In RECANTO DAS LETRAS, 06/02/2008; 09/12/2008, disponível em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/848406 91 BADEZIR foi um Rei fenício, que era viúvo e tinha 8 filhos, tendo vivido por volta do ano 800 A.C. Os filhos gêmeos eram os mais velhos, e eram odiados pelos outros irmãos. Por força desse sentimento, durante algum tempo forjaram a deposição de Badezir, o que veio a acontecer, quando um conluio entre as castas militar e religiosa, destronou o Rei e o expulsou, juntamente com os dois gêmeos, do reino, passando a Fenícia, de Império à República. SOUZA, Henrique José de. PEDRA DA GÁVEA (6. Rei Badezir). In http://www.adventos.org.br/adventos/pt/peb/GaveaVI.htm 92 SOUZA, Henrique José de. PEDRA DA GÁVEA (6. Rei Badezir). In http://www.adventos.org.br/adventos/pt/peb/GaveaVI.htm 93 BACARI, Luiza. A Pedra da Gávea – Uma Esfinge semita no Brasil… Fonte: http://www.viewzone.com - Viewzone Brazil. Posted by Thoth3126 on November 21, 2013, disponível em http://lirapleiadesterra.xpg.uol.com.br/anunnakis.htm
Sobreposição de uma esfinge dos templos assírios/babilônicos, o touro alado com cabeça humana, sobreposta à Pedra da Gávea
Prossegue Bacari (2013)
94
:
Outros sítios arqueológicos foram encontrados em Niterói, Campos e Tijuca que sugerem que os fenícios de fato, a cerca de três mil anos atrás, eles por lá perambularam também. Em uma ilha na costa da Paraíba, outro estado do Brasil muito longe do Rio, pedras ciclópicas e ruínas de uma antiga construção com quartos enormes, corredores e passagens extensas foi encontrado. Segundo alguns especialistas, as ruínas seriam de construções de uma relíquia deixada pelos fenícios, apesar de existirem pessoas que contestam as conclusões desse tipo. Robert Frank Marx, um arqueólogo americano interessado em descobrir indícios de navegação précolombiana no Brasil, iniciou em 1982 uma série de mergulhos na baía da Guanabara à procura de restos de barcos antigos.
Guimarães (2009) 95 informa que durante a década de 20 havia uma acentuada tendência de se debater sobre a descoberta da América. No Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, em 1924, compareceu o cientista Ludovic Schwenhagen, incansável pesquisador da origem ariana dos povos tupis, fazendo uma palestra sobre suas pesquisas pelo nordeste brasileiro. Em sua memorável conferência ele relatou suas idéias sobre o que vira pelo Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e pela Paraíba. Seguiu depois para Sergipe e Bahia, passou também pelo Mato Grosso. O Instituto Histórico da Paraíba nomeou uma comissão para se manifestar sobre esses estudos. Na Revista n° 10, ano 1953, do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, consta que Ludovic Schwenhagen, acompanhado do engenheiro francês Sr. Frot, descobriu na Bahia grandes obras de viação, as quais ele atribuía aos fenícios e egípcios, em uma época de mais de mil anos antes de Cristo. O professor Schwenhagen dirigiu carta relatando suas pesquisas e andanças, que lhe convenceram que a América fora descoberta pelos fenícios há 1100 anos A. C.: “Aracaju, 9 de janeiro de 1926 Mui prezado sr. Paulo de Magalhães Demorei-me muito tempo na Bahia, em cujos sertões viajei com o engenheiro Apollinaris Frot, e copiei muitas inscrições importantes, que tratam todas de explicações de minas. Minhas teorias expostas na Paraíba ficam então um tanto alteradas, mas, parece-me, ganharam em base. Ainda não havia eu encontrado a chave do grande segredo. Hoje, porém, opino de ter chegado ao ponto final, baseado nas indagações importantes que tive a de felicidade fazer no interior dos Estados da Bahia e de Sergipe. Encontrei ali as provas, que a maior parte das antigas inscrições e letreiros que se acham nos rochedos de todos os Estados do Norte e Nordeste são escritas pelos fenícios e engenheiros egípcios que construíram longas estradas terrestres, 94 BACARI, Luiza. A Pedra da Gávea – Uma Esfinge semita no Brasil… Fonte: http://www.viewzone.com - Viewzone Brazil. Posted by Thoth3126 on November 21, 2013, disponível em http://lirapleiadesterra.xpg.uol.com.br/anunnakis.htm 95 GUIMARÃES, Luiz Hugo. O primeiro descobrimento do Brasil. IN www.luizhugoguimaraes.com.br. Disponível em http://universodahistoria.blogspot.com.br/2009/10/o-primeiro-descobrimento-do-brasil.html
através do Brasil, e organizaram ali a exploração de minas. Quase todas as grutas, furnas, corredores subterrâneos e escavações verticais são os restos do antigo trabalho de mineração. A cronologia dos fatos históricos é a seguinte: Em 1250 A. C. fundaram os fenícios, com o consentimento dos tartésios, a estação marítima de Gades, hoje, Cadix, para dominar a estrada do Mar Mediterrâneo. O acordo estipulou que os fenícios podiam fundar colônias e benfeitorias nas costas atlânticas da África e Europa, enquanto os tartésios reservaram para si a navegação às ilhas do Oceano, inclusive os Açores e as Antilhas. Na época de 1250 a 1100 A. C. colonizaram os fenícios a costa africana até Dakar, que significa “Casa do Kar”, sendo Kar o progenitor e organizador dos povos cários.
Em seu livro “História Universal” 96, Haddock Lobo diz o seguinte: “Com suas embarcações leves e resistentes, iam buscar (os fenícios), em praias distantes e desconhecidas dos demais povos asiáticos, artigos que depois vendiam sem o mínimo temor de concorrência”. Foi nessas buscas que eles se instalaram no norte do Brasil, especialmente no delta do rio Parnaíba, onde a penetração do interior era fácil. (citado por BARROS, s.d.) 97
Schwennhagen cita também, Varnhagen - Visconde de Porto Seguro - em História Brasileira, para confirmar a tradição de uma migração dos Caris-Tupis, de Caraiba para o norte do continente sul-americano, tradição que sobrevive ou sobrevivia ainda, entre o povo indígena da Venezuela. Ele relembra o padre Antonio Vieira, que afirmava: os tupinambás e os tabajaras contaram-lhe que, os povos tupis migraram para o Norte do Brasil, pelo mar, vindos de um país não mais existente. O país Caraíba teria desaparecido progressivamente, afundando no mar, e os tupis teriam se salvado, rumando para o continente.98 Naquele ano de 1100 A. C. saiu uma grande frota dos fenícios de Dakar para as ilhas do Cabo Verde e atravessou de lá o Oceano, para o Brasil. O historiador grego Diodoro Sicuto, que vivia durante muitos anos em Cartago e escreveu a história das navegações fenícias e cartaginesas, narra o fato do descobrimento do Brasil assim: Quando os fenícios já tinham fundado muitas cidades e colônias na costa da África, saiu uma frota deles de lá para as ilhas (do Cabo Verde) onde os navios foram levados por fortes ventos e correntezas do Oceano (uma mentira diplomática, por causa do contrato com os cartésios!). Os navegantes andaram durante muitos dias ao alto mar e, depois eles encontraram uma grande ilha com praias lindas, com muitos rios navegáveis, com um clima ameno e uma população pacífica, que vivia nas aldeias em casas bonitas, como nossa gente rica no estio. A ilha era tão grande que os fenícios gastaram muitos dias para circunvagá-la.
Continua Guimarães (2009) 99, relatando os informes de Schwenhagen, que em 950, entraram os fenícios numa aliança com os povos Tupi, que moravam nas Antilhas e no país Caraibia, hoje afundado no Mar Caraibico. Durante 50 anos imigraram os Tupi, que eram um ramo dos povos cários e pertenciam à raça branca atlântico-européia, em navios fenícios para o Norte e Nordeste do Brasil. Em 850, o Senado de Cartago proibiu a imigração para a grande ilha do Oceano, porque ele receava a despovoação do território cartaginês. Esse fato prova que naquele tempo o estado econômico do Brasil era tão florescente, que atraiu muitos imigrantes dos países mediterrâneos.
96
97
LOBO, Haddock. História Universal. Rio de Janeiro: Egéria, 1979. 3 volumes.
BARROS, Eneas. A tese de Ludwig Schwennhagen. (s.d.), acessado http://www.piaui.com.br/turismo_txt.asp?ID=339, BlogPiauí. 98 http://www.hebreunegro.com.br/2015/10/a-presenca-dos-fenicio-no-brasil.html 99 GUIMARÃES, Luiz Hugo. O primeiro descobrimento do Brasil. http://universodahistoria.blogspot.com.br/2009/10/o-primeiro-descobrimento-do-brasil.html
em
25
de
fevereiro
de
2016.
IN
www.luizhugoguimaraes.com.br.
Disponível
Disponível
em
em
Com o auxílio dos Tupi e aproveitando os indígenas Tapuio como trabalhadores, os fenícios e os por eles contratados engenheiros egípcios fizeram trabalhos extraordinários, no interior do Brasil. Como indicam as inscrições escritas em letras fenícias e egípcias, ficou estabelecida a estação marítima principal perto do Cabo S. Roque, na costa do Rio Grande do Norte: Ali existe um lago, hoje chamado de Extremoz ou dos Touros, que é ligado com o mar por um canal, antigamente bem navegável. Dali saiu duas estradas para o interior, uma rumo ao Sudoeste, que foi prolongada até o Paraguai, onde estava o ponto final da navegação dos fenícios, no rio da Prata, e onde o coronel Fawcett procurava as ruínas de uma grande cidade. Esta estrada central, desde Rio Grande do Norte até o limite de Mato Grosso, está indicada por mais de cem inscrições, dando as distâncias com a medida egípcia, como provou o engenheiro francês Apollinaris Frot, que trabalha a 20 anos no interior da Bahia. Esta estrada central tem muitos ramais para as diversas zonas da mineração e era ligada com os portos dos rios Paraíba e S. Francisco. A grande inscrição da pedra lavrada, na Paraíba, representa um mapa da grande estrada com indicações minuciosas, a respeito do rumo, das distâncias e da posição das minas.
Pergunto: seria o Piabiru?100: Os peabiru (na língua tupi, "pe" – caminho; "abiru" - gramado amassado) são antigos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos desde muito antes do descobrimento pelos europeus, ligando o litoral ao interior do continente. A designação Caminho do Peabiru foi empregada pela primeira vez pelo jesuíta Pedro Lozano em sua obra "História da Conquista do Paraguai, Rio da Prata e Tucumán", no início do século XVIII. Outras fontes, no entanto, dizem que o termo já era utilizado em São Vicentelogo após o descobrimento do Brasil pelos portugueses, em 1500. O principal destes caminhos, denominado Caminho do Peabiru, constituía-se em uma via que ligava os Andes ao Oceano Atlântico. Mais precisamente, Cusco, no Peru (embora talvez se estendesse até o oceano Pacífico), ao litoral brasileiro na altura da Capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo), estendendo-se por cerca de 3 000 quilômetros, atravessando os territórios dos atuais Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil. Segundo os relatos históricos, o caminho passava pelas regiões das atuais cidades de Assunção, Foz do Iguaçu, Alto Piquiri, Ivaí, Tibagi, Botucatu, Sorocaba e São Paulo até chegar à região da atual cidade de São Vicente. Ainda havia outros ramos do caminho que terminavam nas regiões das atuais cidades de Cananeia e Florianópolis. Em território brasileiro, um de seus traços ou ramais era a chamada Trilha dos Tupiniquins, no litoral de São Vicente, que passava por Cubatão e por São Paulo, em lugares posteriormente conhecidos como o Pátio do Colégio e rua Direita; cruzava o Vale do Anhangabaú; seguia pelo traçado que hoje é o das avenidas Consolação e Rebouças; e cruzava o rio Pinheiros.[3] Outro ramal partia de Cananeia. Ramificações adicionais partiam do litoral dos atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Schwenhagen (in GUIMARÃES, 2009) 101, informa que a outra grande estrada 102 saia do Cabo S. Roque no rumo do poente, passava Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e Pará e ia até o Acre: Grandes trechos dessa estrada existem hoje ainda e ficam aproveitadas pelos sertanejos dos respectivos Estados. As grandes inscrições do Ceará, do rio Jaguaribe, de Quixadá e de Urubu-Retama são itinerários dessa estrada, da qual um ramal ia às minas de cobre de Viçosa. A estrada principal atravessou a serra da Ibiapaba, na altura de Ipu, onde os engenheiros construíram uma estrada em
100
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caminho_do_Peabiru 101 GUIMARÃES, Luiz Hugo. O primeiro descobrimento do Brasil. IN www.luizhugoguimaraes.com.br. Disponível em http://universodahistoria.blogspot.com.br/2009/10/o-primeiro-descobrimento-do-brasil.html 102 O caminho [Peabiru] tinha diversas ramificações utilizadas pelos guaranis, que, através delas, se deslocavam pelas diversas partes do seu território, mantendo, em contato, as tribos confederadas através de uma espécie de correio rudimentar chamado parejhara que ligava o norte e o sul do Brasil, da Lagoa dos Patos até a Amazônia. Segundo a tradição desse povo, o caminho não foi aberto por eles, que atribuem a sua construção ao ancestral civilizador Sumé, que teria criado a rota no sentido leste-oeste. Através do caminho, era realizada uma intensa troca comercial (na base do escambo) entre os índios do litoral e do sertão e os incas: os índios do litoral forneciam sal e conchas ornamentais, os índios do sertão forneciam feijão, milho e penas de aves grandes como ema e tucano para enfeite, e os incas forneciam objetos de cobre, bronze, prata e ouro. https://pt.wikipedia.org/wiki/Caminho_do_Peabiru
serpentinas, para subir o alto barranco da serra. Os restos dessa obra foram encontrados, quando a nova estrada ali ficou construída por ordem do dr. Epitácio Pessoa. De lá passa a estrada o Piauí e o rio Parnaíba na altura de União; de lá ia a estrada através o Maranhão até o alto Mearim e de lá, pelas cabeceiras do Pindaré, Gurupy e Capim até a confluência do Tocantins e Araguaia, continuando até o Acre. Os delegados das 14 cidades dos Tupynambás do Pará, que chegaram em São Luís, para convidar o padre Antônio Vieira, explicaram bem o rumo dessa antiga estrada. Um ramal, dentro do território maranhense, saiu do Mearim para os rios Tury-Assu, Maracassumé e Gurupy, para encontrar a zona aurífera entre Maranhão e Pará. Os denominados Montes Áureos e as minas de ouro, hoje usurpadas pelo Sr. Guilherme Linden, já foram descobertos pelos fenícios. Essa estrada existe hoje ainda e foi usada, no tempo do Império, como estrada militar. Eu vi mesmo os restos das colônias militares, organizadas por ordem de D. Pedro II, para policiar aquela antiga estrada de minas, indicada pelas inscrições fenícias. Os Tupys escolheram para sua residência as terras férteis da Ilha do Marajó, o litoral do Maranhão com o centro na Ilha de S. Luís, antigamente Tupaón, a Serra da Ibiapaba (o paraíso brasileiro), as serras do Rio Grande e da Paraíba e as serras do baixo rio S. Francisco. Além disso, eles fizeram colônias, tabas fortificadas ao longo das grandes estradas, para segurar as comunicações e os comboios de mercadorias. Os fenícios tinham sempre até 1000 tupy-guaranys (guerreiros da raça tupy) à sua disposição. A ortografia guarany é uma forma moderna. Assim, se explica a larga espalhação dos tupys e a implantação da língua tupy até Paraguai e Bolívia. Os tupys, guiados pelos fenícios e ensinados pelos engenheiros egípcios, fizeram grandes obras de utilidade pública; na ilha de Marajó, na costa do Ceará e nas praias de Sergipe encontrei os longos aterros, para deter as águas do mar. Chama-se sambaqui; mas as acumulações de conchas era só um meio auxiliar. Em muitos lugares encontrei as conchas queimadas, cuja cal dava a ligação do concreto. Na serra da Ibiapaba encontrei dúzias de cascatas artificiais, que levavam a água da serra para abaixo, para irrigar o sertão. No Piauí e Ceará existem muitas antigas represas de água, algumas de grandes dimensões, mas hoje inutilizadas. O Dr. Epitácio, que mandou fazer tantas obras contra as secas do Nordeste, já tinha antecessores há 2500 anos. Na margem do baixo S. Francisco existem restos duma larga irrigação no sistema dos egípcios.
Schwenhagen (in GUIMARÃES, 2009) 103, também relaciona as cidades que teriam origem fenícia: Os fenícios fundaram numerosas cidades marítimas: Macapá, na foz do Amazonas, Tupaón (S. Luís), Tutoya (corruptela de Troja), Camocim e Jericoara, no norte do Ceará, Aracaty na foz do Jaguaribe, Macau, Touros, no Rio Grande (o nome de Touros deve ser corruptela de Tyros), Paraúba e Mamanguape, onde existem tantos subterrâneos, Marim (Olinda), Piaçaba, na foz do S. Francisco, e Aracaju. Os portos do sul não pude eu ainda verificar. Todas essas cidades receberam um certo número de habitantes de origem tupy e trabalhadores da raça tapuya. Em 332 A. C., a cidade de Tyros, a grande metrópole dos fenícios,foi destruída por Alexandre Magno, que mandou, em 326, uma grande frota para apoderar-se do império colonial fenício sul americano. Essa frota naufragou na entrada do Rio da Prata. O almirante grego foi enterrado na costa do Uruguai e seu túmulo foi descoberto no século passado. A espada e o escudo desse general de Alexandre Magno acham-se no museu de Montevidéu; as letras gregas, indicando o nome e grau do general são bem legíveis.
Alguns autores104 nomeiam algumas marcas por vários lugares do solo brasileiro, tais como:
103 GUIMARÃES, Luiz Hugo. O primeiro descobrimento do Brasil. IN www.luizhugoguimaraes.com.br. http://universodahistoria.blogspot.com.br/2009/10/o-primeiro-descobrimento-do-brasil.html 104 . in PEDRA DA GÁVEA (7. Rei Badezir e o exílio no Brasi) Disponível em http://www.adventos.org.br/adventos/pt/peb/GaveaVII.htm . ver ainda Roberto Khatlab, in Brasil – Líbano: Amizade que desafia a distância; Luiz C. Lisboa e Roberto P. Andrade; in Grandes Enigmas da Humanidade; http://www.vidhya-virtual.com; http://www.viewzone.com/gavea.html; www.almacarioca.com.br; http://br.geocities.com/nasaclubebrasil/index.html.
Disponível
em
1. Nordeste - podem-se encontrar ruínas de canais de irrigação e ruínas de outros monumentos, entre elas a título de exemplo a “A Galinha Choca”, em Fortaleza; 2. Vale do Rio São Francisco - o uso das carrancas nas proas das embarcações. 3. Piauí - perto da confluência dos rios Longá e Parnaíba, em um lago - Extremoz, foram descobertos um porto e navios fenícios. 4. Niterói, Campos e Tijuca - Segundo consta, outros túmulos fenícios foram encontrados, os quais sugerem que esse povo realmente esteve aqui. 5. Paraíba - Em uma ilha na costa do Estado da Paraíba, pedras ciclope e ruínas de um castelo antigo com quartos enormes e diversos corredores e passagens foi encontrado. De acordo com alguns especialistas, o castelo seria uma relíquia deixada pelos fenícios, apesar de haver pessoas que contestam essa teoria. 6. Amazônia - inscrições fenícias na Amazônia referentes a reis de Tiro e Sidon. 7. Maranhão também há indícios que corroboram com a tese da presença fenícia no Brasil. Nas margens do lago Pensiva, antigamente chamado de Maracu, existem estaleiros de madeira petrificada com grossos pregos e cavilhas de bronze. Ali, o pesquisador maranhense Raimundo Lopes encontrou, na década de 20, utensílios tipicamente fenícios.
Mas o que chama atenção é que Robert Frank Marx105, um arqueólogo americano interessado em descobrir provas de navegantes pré-colombianos no Brasil, começou em outubro de 1982, uma série de mergulhos na Baía de Guanabara. Ele queria achar um navio fenício afundado e provar que a costa do Brasil foi, em épocas remotas, visitada por civilizações orientais. Apesar de não achar tal embarcação, o que ele encontrou pode ser considerado um tesouro valioso. Sobre esta procura, O GLOBO106 publicou: Buscando provas da navegação pré colombiana no Brasil, e sugerindo que um navio fenício poderia ter naufragado na baía de Guanabara, o arqueólogo americano Robert Frank Marx iniciou uma série de mergulhos na referida baía, para tentar descobrir embarcações fenícias naufragadas e provar, assim, que o Brasil e sua costa foram visitados em um passado remoto, pelos barcos dessa civilização semita do Oriente Médio, os fenícios de Tiro e Sidon. O navio, supostamente naufragado não estava lá, mas o arqueólogo descobriu algo muito interessante: Ânforas (vasos) e outras peças fenícias! O caso da descoberta dessas ânforas fenícias no leito da baía de Guanabara sempre foi tratado com o maior sigilo pelas autoridades e sua descoberta foi revelada somente em 1978, com vagas informações. O nome do mergulhador que encontrou as três ânforas, junto com outras 12 peças arqueológicas, foi revelado, após a conferência do Museu da Marinha, pelo presidente da Associação Profissional de Atividades Subaquáticas, Raul Cerqueira. Trata-se do mergulhador José Roberto Teixeira, membro da associação que ficou com uma ânfora e entregou as outras à Marinha. O cabo José Tadeu Cabral, com mestrado em Arqueologia Pré-Histórica, que trabalha no Museu da Marinha, disse que as peças, com capacidade para 36 litros, estão guardadas pelo Governo brasileiro,
BACARI, Luiza. A Pedra da Gávea – Uma Esfinge semita no Brasil… Fonte: http://www.viewzone.com - Viewzone Brazil. Posted by Thoth3126 on November 21, 2013, disponível em http://lirapleiadesterra.xpg.uol.com.br/anunnakis.htm Bastani, Tanus Jorge "0 Líbano y los libaneses en Brasil" Parte octava: "Evidencia de los fenicios llegando a Brasil", páginas 155-159. Edición independiente. Río de Janeiro, 1945. Bastani, Tanus Jorge "El Líbano y los libaneses en Brasil" - Octava parte: "Huellas de la llegada fenicia en Brasil", páginas 155-159 edición independiente. Río de Janeiro, 1945. http://www.bibliotecapleyades.net/esp_historia_humanidad.htm#menu http://www.bibliotecapleyades.net/esp_civilandinas.htm#Additional_Information 105 In http://www.adventos.org.br/adventos/pt/peb/GaveaVII.htm http://lirapleiadesterra.xpg.uol.com.br/anunnakis.htm BACARI, Luiza. A Pedra da Gávea – Uma Esfinge semita no Brasil… Fonte: http://www.viewzone.com - Viewzone Brazil. Posted by Thoth3126 on November 21, 2013, disponível em http://lirapleiadesterra.xpg.uol.com.br/anunnakis.htm 106 “O GLOBO”, em notícia publicada em 23 de setembro de 1982
em um local sigiloso, afirmou “O GLOBO”, em notícia publicada em 23 de setembro de 1982. (LUZ, 2014) 107.
Para Rahme (2013) 108, atualmente não há mais dúvidas de que o Brasil está repleto de indícios comprobatórios da passagem dos fenícios, e que eles se concentraram no nordeste: [...] confluência do Rio Longá e do Rio Parnaíba, no Estado do Piauí, existe um lago onde foram encontrados estaleiros fenícios e um porto, com local para atracação dos "carpássios" (navios antigos de longo curso). Subindo o Rio Mearim, no Estado do Maranhão, na confluência dos Rios Pindaré e Grajaú, está o lago Pensiva, que outrora foi chamado Maracu. Neste lago, em ambas as margens, existem estaleiros de madeira petrificada, com grossos pregos e cavilhas de bronze. O pesquisador maranhense, Raimundo Lopes, escavou ali, no fim da década de 1920, e encontrou utensílios tipicamente fenícios. No Rio Grande do Norte, por sua vez, depois de percorrer um canal de 11 km, os barcos fenícios ancoravam no Lago Extremoz. O professor austríaco Ludwig Schwennhagen estudou cuidadosamente os aterros e subterrâneos do local, e outros que existem perto da Vila de Touros, onde os navegadores fenícios ancoravam após percorrer uns 10 km de canal. Na Amazônia, Schwennhagen encontrou inscrições fenícias gravadas em pedra, nas quais havia referências a diversos reis de Tiro e Sídon (datados de 865/887 A.C.).
Schwennhagen acreditava que os fenícios usaram o Brasil como base, durante pelo menos 800 anos, deixando aqui, além das provas materiais, uma importante influência lingüística entre os nativos. Nas entradas dos Rios Camocim (Ceará), Parnaíba (Piauí) e Mearim (Maranhão), existem inclusive muralhas de pedra e cal, semelhantes às muralhas encontradas em Batroun, na costa norte do Líbano, erguidas pelos antigos fenícios. ... E OS TUPIS
Em matéria publicada em 1924, a 4 de setembro, também em A Pacotilha e sob o titulo “São Luis na Antiguidade”, Schwennhagen109 afirma que a Ilha do Maranhão tem um grande passado histórico. Que “Pinson, o companheiros de Colombo, tinha noticias duma grande ilha, que era o centro da nação dos Tupinambás, um trato de terra muito rico e populado”. Chegando às Antilhas, desligou-se de seu companheiro para procurar o continente, situado ao Sul, “onde a Ilha do Maranhão devia ser, conforme as antigas histórias que viviam ainda na memória dos índios, a cabeça de ponte para entrar no continente”. Não sabemos se Pinson realmente esteve nesta ilha, “mas fora de duvidas que a procurou”. Outros tentaram chegar a Ilha do Maranhão, informa, dentre eles Luis de Melo, Aires da Cunha e João de Barros; “a idéia sempre ficou”. Surgiu ainda em projetos a partir de Pernambuco, para descobrir a falada ilha do Maranhão: Pedro Coelho de Sousa e Martins Soares Moreno; as expedições terrestres de Francisco Pinto e Luis Figueira: [...] Entretanto, o instituto marítimo de Dieppe, o centro intelectual da Normandia, tinha por sua vez estudado a questão da ilha afamada do Maranhão, e os veleiros dos normandos franceses procuraram, já desde decênios, esse ponto milagroso da antiga civilização dos povos Tupis, dos filhos de Tupan, do grande Deus. Quando os normando entraram, em 1612, na ilha, estava ela já, desde muitos séculos, em decadência, mas sempre superava de muito todos os outros pontos marítimos dos Tupis, entre Pernambuco e a foz do Amazonas. Os primeiros viajantes europeus que andaram por terra, perto do litoral, de Recife à Ilha do Maranhão, encontraram nessa grande distancia somente oito aldeias de índios, em quanto esta ilha tinha LUZ, Anny. O MISTÉRIO DA PEDRA DA GÁVEA, IN http://numeroastrosflorais.blogspot.com.br/2014/11/o-misterio-da-pedra-da-gavea.html, sábado, 8 de novembro de 2014 108 RAHME, Claudinha. Fenícios descobriram o Brasil antes de Cabral? IN Gazeta de Beirute, Edição 57, disponível em 107
http://www.gazetadebeirute.com/2013/05/fenicios-descobriram-o-brasil-antes-de.html 109
SCHWENNHAGEN, Ludovico. “São Luis na Antiguidade”. A Pacotilha, 4 de setembro de 1924.
27 aldeias bem organizadas, com seus chefes, com casas comuns para suas reuniões, com comerciantes e operários, e com cemitérios. [...] 110
O Padre Abbeville 111 contou em algumas aldeias até mil habitantes, o que nos leva a pelo menos 27 a 30.000 habitantes; mantinha um grande comercio com o interior, de couros, mantimentos e pedras preciosas, etc. Não só Abbeville, mas ao padres português que sucederam aos capuchinhos franceses112, contaram: [...] que os índios da ilha mostravam um alto grau de inteligência e usavam na sua língua as formas duma educação relativamente altiva. Não só com os estrangeiros, também entre eles mesmos usavam sempre palavras cerimoniosas e de respeito. Eles davam a impressão de fidalgos pobres, que tivessem conservado os costumes de sua antiga nobreza.
Para Schwennhagen (1924) Maranhão:
113
todos os momentos geográficos e etnográficos indicam que a ilha do
[...] constituía, na primeira época das grandes navegações, isto é, entre 3500 a 1000 anos antes da era christã, um empório marítimo e comercial. Essa época começou naquele momento em que se completou o desmoronamento do antigo continente Atlantis e que os povos que lá se refugiaram no ocidente, quer dizer na America Central, ou no oriente, nos países ao redor do mar Mediterrâneo. Sabemos que as frotas dos Fenícios navegavam desde 3500 a.C. entre a Europa, a África e a América, e sabemos que também os povos do México e do Norte do Brasil tinham uma extensa navegação. Os mapas marítimos, encravados em grandes placas de pedra calcareas, os quais existem hoje ainda em Paraíba e Amazonas, são documentos inegáveis.
Prossegue: A migração dos povos Tupi ao Norte do Brasil pode ser calculada para a data de 3000 a 2000 a.C. As ultimas levas entraram quando se quebraram as terras do golfo do México e do mar Caraibico. Assim se pode colocar a ocupação e cultivação da ilha do Maranhão na época de 2000 anos a.C., ou 3500 anos antes da chegada dos europeus.
De acordo com Schwennhagen (citado por RAHME, 2013) 114, o continente americano é a lendária ilha das Sete Cidades. Diz o autor que tupi significa "filho, ou crente de Tupã". A religião tupi teria aparecido no Norte do Brasil cerca de 1000/1050 A.C., juntamente com os fenícios, e propagada por sacerdotes cários, da ordem dos piagas. Os piagas (de onde deriva a expressão pajés) fundaram no Norte do Brasil, um centro nacional dos povos tupis, chamando este local de Piaguia, de onde surgiu o nome Piauí. Esse lugar era as Sete Cidades (hoje Parque Nacional de Sete Cidades). A Gruta de Ubajara teria sido fruto de escavações, para retirada de salitre, produto comercializado pelos fenícios. A cidade de Tutóia, no Maranhão, teria sido fundada por navegadores fenícios e por emigrantes da Ásia Menor, que chegavam por navios fenícios, e escolheram o local para construir uma praça forte, de onde dominariam a foz do Rio Parnaíba: Explicando a posição geográfica em que se encontravam inúmeras tribos indígenas, o professor Ludwig acreditava que as sete cidades era o centro da grande região cercada pelos rios Poti e Parnaíba, pelo 110
SCHWENNHAGEN, Ludovico. “São Luis na Antiguidade”. A Pacotilha, 4 de setembro de 1924. D´ABBEVILLE, Claude. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975. 112 MORAES, Pe. José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E PARÁ. São Luís 1759. 113 SCHWENNHAGEN, Ludovico. “São Luis na Antiguidade”. A Pacotilha, 4 de setembro de 1924. 114 RAHME, Claudinha. Fenícios descobriram o Brasil antes de Cabral? IN Gazeta de Beirute, Edição 57, disponível em 111
http://www.gazetadebeirute.com/2013/05/fenicios-descobriram-o-brasil-antes-de.html
litoral piauiense e pela serra da Ibiapaba. Por essa localização estratégica, ali se instalou a sede da Ordem e do Congresso dos povos Tupis. A afirmação parte da premissa de que as próprias formações rochosas de Sete Cidades foram dádivas da natureza, evitando a construção de uma “cidade” e distribuindo a sociedade indígena em seus salões, praças e ruas. Até hoje, inscrições rupestres garantem a passagem de índios e estrangeiros por Sete Cidades, numa demonstração de que em tempos remotos ali foi palco de grande movimentação humana. (BARROS, s.d.) 115.
Prossegue Barros (s.d.) 116: o nome Tupi, que significa Filho de Tupã, foi dado pelos sacerdotes aos povos indígena que habitavam a antiga Atlântida: Eram sete tribos, que fugiram para outra grande ilha, a Caraíba (situada no Mar das Antilhas), em função do desmoronamento da Atlântida. Essa outra ilha teve o mesmo fim, fazendo com que os indígenas fugissem para a região da Venezuela. Segundo Ludwig, a capital Caracas vem da região de Car, trazida pelos sacerdotes que acompanhavam os fenícios. Justifica-se a origem do nome Tupi pela língua dos Cários, Fenícios e Pelasgos, onde o substantivo Thus, Thur, Tus, Tur e Tu significa sacrifícios de devoção. O infinitivo do verbo sacrificar é, no fenício, tu-na, originando tupã. “A origem de Tupã, como nome de Deus onipotente, recua à religião monoteísta de Car”, afirma Ludwig. Ao tomarem conhecimento da existência desses povos na Venezuela, os fenícios conseguiram levá-los em seus navios para o norte do Brasil. Os Tupinambás e os Tabajaras contaram ao Padre Antonio Vieira que os povos tupis se dirigiram ao norte do Brasil pelo mar, vindos de um lugar que não existe mais. Os Tabajaras, que se consideravam o povo mais antigo do Brasil, habitavam a região que fica entre o rio Parnaíba e a serra da Ibiapaba. O local para a ordem e Congresso dos povos Tupis foi batizado pelos piagas (pagés) de Piagui, de onde originou-se Piauhy. Geograficamente, o lugar era Sete Cidades. Para Ludwig, a palavra Piauí significa terra dos piagas, condenando a interpretação de que o nome provém do peixe piau, abundante nas águas do Rio Parnaíba.
Para esse professor do Liceo de Parnaíba, onde está hoje São Luis, ‘devia estar 3000 anos antes a Acrópole da ilha do Maranhão’. Pode ser que navegadores estrangeiros, ‘talvez Fenícios, lhe dessem o impulso inicial para fazer daqui um empório comercial’. Por volta do ano 1.000, os territórios amazônicos haviam sido conquistados pelos movimentos de expansão dos povos tupi-guaranis, aruaques e caribes, principalmente. É por essa época que a Amazônia provavelmente atingiu uma das maiores densidades demográfica. (MIRANDA, 2007, p. 15) 117. Luciara Silveira de Aragão e Frota (2014)
118
afirma que a dispersão da grande família Tupi-guarani parece ter sido das mais remotas. Bem mais remota que a verificada com os Aruaques. Sua origem seria dos protomalaios que, em várias correntes, acostaram no istmo do Panamá 119. Para Thomaz Pompeu Sobrinho (1955) 120: Os tabajaras, diziam-se os povos mais antigos do Brasil, isso quer dizer que eles foram aquela tribo dos tupis que primeiro chegou ao Brasil , e que conservou sempre as suas primeiras sedes entre o rio Parnaíba e a serra da Ibiapaba121. Desse relato é pois de se encaminhar para a conclusão de que os tabajaras foram precedidos pelos cariris no povoamento do Ceará, e antecederam aos potiguares dentro 115
BARROS, Eneas. A tese de Ludwig Schwennhagen. (s.d.), acessado em 25 de fevereiro de 2016. Disponível em http://www.piaui.com.br/turismo_txt.asp?ID=339, BlogPiauí. 116 BARROS, Eneas. A tese de Ludwig Schwennhagen. (s.d.), acessado em 25 de fevereiro de 2016. Disponível em http://www.piaui.com.br/turismo_txt.asp?ID=339, BlogPiauí. 117 MIRANDA, Evaristo Eduardo de. QUANDO O AMAZONAS CORRIA PARA O PACÍFICO. 2 Ed. Petrópolis: Vozes, 2007. 118 FROTA, Luciara Silveira de Aragão e. Os Tabajaras e a Localização de Tribos Circunvizinhas. Os%20Tabajaras%20e%20a%20Localização%20de%20Tribos%20Circunvizinhas.html 119 Exposição feita por Thomas Pompeu Sobrinho in “Pré-história Cearense”, página 99. Refuta ele a hipótese de Paul Radin, levantada in “Índias of South América” (1946), de que os tupi irradiaram-se do Guairá, na região média do Paraná, fundamentando essa hipótese em semelhanças de caráter cultural entre os tupis e os indígenas da América do Norte, com quem teriam estreitas ligações através da corrente antiliana. Possivelmente teriam estes passado ao continente subindo o rio Amazonas, estabelecendo-se na sua parte sul, na região entre o Xingu e o tapajós. SOBRINHO, Thomas Pompeu. HISTÓRIA DO CEARÁ PRÉ-HISTÓRIA CEARENSE.Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1955. página 19 120 SOBRINHO, Thomas Pompeu. HISTÓRIA DO CEARÁ PRÉ-HISTÓRIA CEARENSE.Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1955. 121 Cf.Ludwig Schwennhagen, Antiga História do Brasil de 1.100 a 1.500 A.C. pág. 45.
da divisão denominada de grupo Brasília . Para Ludwig Schwennhagen os fenícios transportaram os tupis, palavra que significa filho de Tupan, de lugar onde está hoje o Mar das Caribas onde havia”um grande pedaço de terra firme, chamado Caraíba (isto é, terra dos caras ou caris). Nessa Caraíba e nas ilhas em redor viviam naquela época as sete tribos da nação tupi que foram refugiados da desmoronada Atlântida, chamaram-se Caris, e eram ligados aos povos cários, do Mar Mediterrâneo...O país Caraíba...teve a mesma sorte que a Atlântida. Todos os anos desligava-se em pedaços até que desapareceu inteiramente afundado no mar. Contam que os tupis salvaram-se em pequenos botes, rumando para o continente onde já está a República da Venezuela... Quando chegaram os primeiros padres espanhóis na Venezuela, contaram-lhes os piegas aqueles acontecimentos do passado. Disseram que a metade da população das ilhas, ameaçadas pelo mar, retirou-se em pequenos navios para a Venezuela, mas que morreram milhares na travessia. A outra metade foi levada em grandes navios para o Sul onde encontraram terras novas e firmes. Varnhagem, Visconde de Porto Seguro, confirma na sua História Brasileira, que essa tradição a respeito da emigração dos Caris-tupis, da Caraíba para o Norte do continente sul-americano, vive ainda entre o povo indígena da Venezuela. O padre Antonio Vieira, o grande apóstolo dos indígenas brasileiros, assevera em diversos pontos de seus livros, que os Tupinambás, como os Tabajaras, contaram-lhe que os povos tupis imigraram para o Norte do Brasil pelo mar, vindos dum país que não existia mais”. Segundo esta tese os fenícios, amigos dos tupis, exigiam como pagamento pelo transporte o fornecimento de soldados para garantirem e policiarem suas empresas no interior. Tupigarani que teria sido modificado pelos padres portugueses para tupi-guarani significaria “guerreiro da raça tupi”. Os primeiros emigrantes teriam aportado em Tutóia e daí se dividiram em três povos: Tabajaras, entre o rio Parnaíba e a serra da Ibiapaba; os Potiguares além do rio Poti, e Cariris que tomaram as terra da Ibiapaba para o nascente. A segunda leva de emigrantes veio dar a um segundo ponto escolhido pelos fenícios: a ilha do Maranhão que denominaram Tupaon (burgo de Tupan) e ali fundaram várias vilas, das quais existiam vinte e sete ao tempo da vinda dos europeus. Os Tabajaras duvidaram da legitimidade de tupi de tais emigrantes pois eles trouxeram antigos indígenas Caraíbas que para eles trabalhavam. Adotaram eles então o nome referencial de Tupinambás. Quanto aos guaranis foram os legítimos tupis e se armaram com armas de bronze que lhes forneceram os fenícios.122
SOBRE TUPIS E TAPUIAS 123 122
SCHEWENNHAGEN, Ludwig . ANTIGA HISTÓRIA DO BRASIL DE 1.100 A.C a 1.500 D.C., apresentação de Moacir L. Lopes, 2ª edição: Rio de Janeiro. Livraria e Editora Cátedra. 1970. STUDART FILHO, Carlos. O ANTIGO ESTADO DO MARANHÃO E SUAS CAPITANIAS FEUDAIS, Biblioteca da Cultura, série b – Estudos Pesquisas – vol. I. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1960. VIEIRA, Antonio. Relação da missão da serra de Ibiapaba pelo padre Antonio Vieira da Companhia de Jesus, REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ. Tomo XVIII (1904) VIEIRA, Antonio; Cópia de uma carta a El-rey sobre as Missões do Ceará, do Maranhão, do Pará e das Amazonas, REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ, Tomo X (1896), 106 – 123 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. SOBRE TUPIS E TAPUIAS. Blog do Leopoldo Vaz, sábado, 12 de setembro de 2015 às 19:33, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/?s=sobre+tupis+e+tapuias
Leopoldo Vaz,
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio FENÍCIOS NO MARANHÃO? Blog do http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/09/05/fenicios-no-maranhao/
sábado, 05 de setembro de 2015 às 11:33, disponível em
Leopoldo Vaz
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Miganville precede a fundação de São Luis… Blog do • sábado, 05 de setembro de 2015 às 16:56, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/09/05/miganville-precede-a-fundacao-de-sao-luis/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios Canelas. In Painel apresentado na III Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, 1995; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In SOUSA E SILVA, José Eduardo Fernandes de (org.). Esporte Com Identidade Cultural: Coletâneas. Brasília: INDESP, 1996, p. 106-111. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In Revista “Nova Atenas” de Educação Tecnológica, São Luís, v.4, n. 2, jul/dez 2001, disponível em www.cefet-ma.br/revista. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas. REV. IHGM 36, MARÇO 2011, p 128. Revisto e ampliado para apresentação no IHGM em 2011.
ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS: CULTURA E SUBJETIVIDADES Mesa-redonda: Comemorações Históricas: São Luís 400 anos: Ciência, Arte e Humanidades 30/05/2011 VAZ, Leopoldo Gil Dilcio. “UM ACHADO ARCHEOLOGICO” – O IHGM E A PESQUISA ARQUEOLÓGICA NO MARANHÃO; Rev. IHGM No. 38, setembro de 2011 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Fundação Do Maranhão São Luis/Vinhais. In II
– Edição Eletrônica, p 94 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38_-_setembro_2011 VAZ, Leopoldo Gil Dilcio. QUEM HABITAVA UÇAGUABA/MIGANVILLE? http ://issuu.com/leovaz/docs/revista_42_setembro_2012
Revista IHGM,
No.
42,
SETEMBRO
de
2012,
p.
221.
XIII Congress of the International Society for the History of Physical Education and Sport and; XII Congress of the Brazilian Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 2012
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas. In
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DE CAMOCIM – CEARÁ.
O termo "tupi" possui dois sentidos: um genérico e outro específico. O sentido genérico do termo remete aos índios que habitavam a costa brasileira no século 16 e que falavam a língua tupi antiga124. Considera-se como Civilização Tupi-guarani todo elemento cultural que esteja de alguma forma relacionado com os idiomas do tronco linguístico tupi125. Tronco tupi é um tronco lingüístico que abrange diversas línguas das populações indígenas sul-americanas126. O tupi ou tupi antigo era a língua falada pelos povos tupis que habitavam o litoral do Brasil no século XVI (tupinambás, tupiniquins, caetés, tamoios). Tapuia é um termo que foi utilizado, ao longo dos séculos, no Brasil, para designar os índios que não falavam a língua tupi. Há diversos entendimentos das origens do termo, mas, em geral, observa-se que seria de procedência tupi e que teria significado semelhante a "forasteiro", "bárbaro", "aquele que não fala nossa língua", "inimigo” 127: O termo "Tapuio" não é expressão designativa de uma etnia. É tão somente "Um vocábulo de origem tupi, corruptela de tapuy-ú – o gênio bárbaro come, onde vive o gentio. [...] É um dos termos de significação mais vária [diversificada] no Brasil. No Brasil pré-cabraliano, assim chamavam os tupis aos gentios inimigos, que, em geral, viviam no interior, na Tapuirama ou Tapuiretama – a região dos bárbaros ou dos tapuias". Tomislav R. Femenick, 2007128 [...] Tapuia significa "bárbaro, inimigo". De taba – aldeia e puir – fugir: os fugidos da aldeia. de Alencar, Iracema, 1865129
José
No período colonial, dividiam-se os índios brasileiros em dois grandes grupos: os tupis (tupinambás), que habitavam principalmente o litoral e os tapuias, que habitavam as regiões mais interiores e que falavam, principalmente, línguas do tronco macro-jê130. O tronco macro-jê é um tronco lingüístico cuja constituição ainda permanece consideravelmente hipotética. Teoricamente, estendem-se por regiões não litorâneas e mais centrais do Brasil 131. Também conhecidos por "Bárbaros", habitavam, dentre outras regiões, os sertões da Capitania do Rio Grande do Norte, divididos em vários grupos nomeados de acordo com a região onde moravam – Cariris (Serra da Borborema), Tarairiou (Rio Grande e Cunhaú), Canindés (no sertão do Acauã ou Seridó), e eram chefiados por vários reis e falavam línguas diversas, e entre os mais destacados eram os reis Janduí e Caracar, cujo poder real não era hereditário. Os Tapuias eram fortes, possuíam semblante ameaçador, corriam igual as feras, por isso eram muito temidos. Eles eram inconstantes, fáceis de ser levados a fazer o mal, eram endocanibalistas, isto é, devoravam até mesmo os de sua tribo quando da sua morte. Os Tapuias eram nômades. Eles paravam onde havia abundância de alimentos e gostavam de viver ao ar livre. Não construíam casa (por isso as suas habitações eram toscas e feias).132 Para Fernandes (2012)133, a origem dos índios brasileiros é controversa e o que é mais aceito, hoje em
dia, é o modelo de origem baseado nas quatro migrações:
BARRETO, Gilton. VIÇOSA DO CEARÁ – História, fatos e fotos. Fortaleza: Pouchain Ramos, 2006 BARRETO, Gilton. VIÇOSA DO CEARÁ sob um olhar histórico. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2012. BANDEIRA, Arkley Marques. VINHAIS VELHO – Arqueologia, História e Memória. São Luis: Ed. Foto Edgar Rocha, 2013. SARNEY, José; COSTA, Pedro. AMAPÁ: A TERRA ONDE O BRASIL COMEÇA. Brasilia: Senado Federal, 1999 Bandecchi, Brasil OCUPAÇÃO DO LITORAL. A CONQUISTA DO NORTE E A PENETRAÇÃO DA AMAZÔNIA. http://www.consciencia.org/ocupacao-do-litoral.aconquista-do-norte-e-a-penetracao-da-amazonia-historia MIRANDA, Evaristo Eduardo de. QUANDO O AMAZONAS CORRIA PARA O PACÍFICO – uma história desconhcida da Amazônia. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2007 MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. IN Revista Sexto Sentido, postado em 2010-06-11 13:25, no sitio http://www.revistasextosentido.net/, disponível em http://www.revistasextosentido.net/news/%20as%20cidades%20perdidas%20do%20maranh%C3%A3o/ 124 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tupis 125 https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Tupi-Guarani/Introdu%C3%A7%C3%A3o 126 https://pt.wikipedia.org/wiki/Macro-tupi 127 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tapuias 128 http://www.tomislav.com.br/artigos_imp.php?detalhe=&id=280 129 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Alencar 130 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tapuias 131 https://pt.wikipedia.org/wiki/Macro-j%C3%AA 132 Os Tapuias - Dialetico.com WWW.DIALETICO.COM/HISTORIA_1/TAPUIAS.PDF 133 FERNANDES, Anibal de Almeida. ESCRAVIDÃO de ÍNDIOS e NEGROS no SÉCULO XVI no BRASIL. www.genealogiahistoria.com.br, Disponível em http://www.genealogiahistoria.com.br/index_historia.asp?categoria=4&categoria2=4&subcategoria=50
# a primeira foi uma migração africana/aborígine, como atesta o crânio da Luzia com seus traços negróides, de 11.000 anos atrás, # as três últimas migrações foram mongólicas vindas pelo estreito de Behring, também a partir de 11.000 anos, que dá o DNA dos nossos índios atuais, # porém a maior das dúvidas/controvérsias retroage há 48.000 anos atrás com as fogueiras da Toca do Boqueirão no Piauí, até hoje não explicadas convincentemente. Pesquisa da revista científica Nature": cientistas analisaram quase 400 mil variantes de uma única "letra" química do DNA, a partir de amostras do genoma de 52 povos nativos, entre eles caingangues e suruís do Brasil, por exemplo. A comparação dessas variantes nos indígenas com as versões de outros povos do mundo permitiu mostrar que, conforme o esperado, a maior parte do genoma dos nativos das Américas foi legado por imigrantes vindos da Sibéria, há pelo menos 15 mil anos. No entanto, os esquimós e outros povos do Ártico parecem ter herdado cerca de 50% de seu DNA de outra onda, mais recente, vinda da Ásia. E um povo canadense, os chipewyan, derivam 10% de seu genoma de uma terceira onda, estimam os cientistas. (FSP: 12/7/12).
Existiam também povos Tapuias em alguns pontos da Região Nordeste do Brasil. Viviam na Amazônia, antes dos Tupis e dos Nuaruaques, provavelmente desalojados por esses grupos, passaram a ocupar o Xingu (região a partir da qual emigraram, atingindo vários Estados brasileiros, como Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Piauí, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e outros) 134. Os estudos indicam que as diversas migrações tenham ocorrido há pelo menos 40.000 anos. Ou mais... Nativos americanos pré-históricos tardios, como os índios, apresentam uma morfologia craniana semelhante à dos homens norte asiáticos modernos; já os crânios sul-americanos mais antigos tendem a ser mais semelhantes aos australianos, melanésios e africanos subsaarianos atuais (morfologia paleoamericana) (MIRANDA, 207, p. 39-40). Povos mongolóides vindos da America do Norte chegaram à America do Sul através do Istmo do Panamá, começando a colonização da Amazônia por norte-americanos de origem, encontrando-se sítios com cerca de 15 mil anos (Venezuela), 11.800 anos (Peru), 11.300 o sitio de Pedra Pintada no Pará. (MIRANDA, 207, p. 39-40). Teoria mais recente levante a hipótese de ter ocorrido também uma migração anterior de povos aparentados com os africanos e aborígenes australianos. De lá, eles provavelmente desceram ao longo do continente americano até atingir o extremo sul da América do Sul. Um desses povos diferenciou-se dos demais e desenvolveu uma língua proto-tupi, no sul da Amazônia, por volta do século V a.C. (provavelmente na região do atual estado brasileiro de Rondônia. Embora uma hipótese alternativa aponte a região dos rios Paraguai e Paraná como o centro original da dispersão tupi-guarani135. Outros estudos demonstram que os tupis teriam habitado originalmente os vales dos rios Madeira e Xingu, que são afluentes da margem meridional do rio Amazonas. Estas tribos, que sempre foram nômades, teriam iniciado uma migração em direção à foz do rio Amazonas e, de lá, pelo litoral para o sul. Supõe-se que esta migração, que teria também ocorrido pelo continente adentro no sentido norte-sul, tenha principiado no início da era cristã. Numa hipótese alternativa, o folclorista Luís da Câmara Cascudo aponta a região dos rios Paraguai e Paraná como o centro original da dispersão dos tupis-guaranis (incluindo os povos guaranis junto com os tupis136. Alguns autores suspeitam que, nesta trajetória, os tupis tenham enfrentado os tupinambás, que já habitariam o litoral; outros sustentam que apenas se tratava de levas sucessivas do mesmo povo, os posteriores encontrando os anteriores já estabelecidos. Certo é que, nesse processo, as tribos tupis derrotaram as tribos tapuias que já habitavam o litoral brasileiro, expulsando-as, então, para o interior do continente, por volta do ano 1000137.
134 135
https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080910142552AAXkxKq CIVILIZAÇÃO TUPI-GUARANI/HISTÓRIA. HTTPS://PT.WIKIBOOKS.ORG/WIKI/CIVILIZA%C3%A7%C3%A3O_TUPI-GUARANI/HIST%C3%B3RIA 136
TUPIS. HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/TUPIS
137
TUPIS. HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/TUPIS
De lá, ele se expandiu no início da era cristã pelo leste da América do Sul, dividindo-se em várias tribos falantes de línguas derivadas desse idioma proto-tupi e que constituiriam o tronco lingüístico tupi: tupinambás, potiguares, tabajaras, temiminós, tupiniquins, caetés, carijós, guaranis, chiriguanos etc.138. Outra proposta 139 considera que a migração no sentido sul dos povos que formariam os guaranis e os tupinambás teria ocorrido em duas levas em separado: [...] a de povos protoguaranis e a de povos prototupinambás. A primeira, dos protoguaranis, teria se dividido algumas vezes. Um ramo entrou na Bolívia. Outro seguiu para o sul até a bacia dos rios Paraná e Uruguai. Deste segundo ramo, alguns grupos acompanharam os rios Paranapanema e Uruguai para o leste, chegando enfim ao litoral. Já os prototupinambás teriam descido o rio Paraguai, mas rumaram para o leste, um pouco mais ao norte do que os guaranis. Eles teriam seguido os rios Grande e Tietê, alcançando o litoral onde hoje é São Paulo, e depois ocupado a costa do sul para o norte. Por essa versão, os povos tupis-guaranis que não saíram da Amazônia migraram para o leste, mas não pelos grandes rios, e sim por seus afluentes (que muitas vezes quase se emendam), chegando ao Maranhão e ao Centro-Oeste (KNEIP, MELLO, 2013).
Ainda seguindo esses autores 140, estudos arqueológicos, por sua vez, apontam para outra direção: A partir da análise de cerâmicas, indicam como centro de origem da família tupi-guarani a região de confluência do rio Madeira com o Amazonas, ainda dentro dos limites daquele que hoje reconhecemos como o estado do Amazonas. A partir desse local, uma cisão teria resultado, grosso modo, em duas rotas de expansão. Um grupo origina os tupinambás. Eles migram em direção ao leste, pela boca do Amazonas, até encontrar o oceano. De lá, descem pela costa até o litoral de São Paulo, ou seja, do norte para o sul. Outro grupo, que daria origem aos guaranis, teria de início subido o rio Madeira para o interior da Amazônia e, então, descido pelo rio da Prata, até chegar ao litoral sul do Brasil. (KNEIP, MELLO, 2013).
Apresentam, então, uma terceira visão, lingüística:
Apesar de Rondônia ter a maior diversidade lingüística do tronco tupi, há apenas um subconjunto tupiguarani, e com línguas bastante semelhantes. A maior diversidade lingüística da família tupi-guarani está mais para o leste amazônico, portanto, seguindo esse raciocínio, teria partido de lá a dispersão. A migração de tupinambás deve ter se dado no sentido norte-sul, novamente, por povoações não muito afastadas umas das outras, formando uma área contínua, em conjunto com outros grupos tupis-guaranis localizados no leste amazônico e no meio-norte. De fato, quando os europeus começaram a povoar a América do Sul, os tupinambás ocupavam cerca de três quartos do litoral que hoje corresponde ao Brasil: do Maranhão até São Paulo. As diferenças lingüísticas entre o norte e o sul eram mínimas, o que sugere uma rápida dispersão. (KNEIP, MELLO, 2013).
138
CIVILIZAÇÃO TUPI-GUARANI/HISTÓRIA. HTTPS://PT.WIKIBOOKS.ORG/WIKI/CIVILIZA%C3%A7%C3%A3O_TUPI-GUARANI/HIST%C3%B3RIA
139
KNEIP, Andreas e MELLO, Antônio Augusto S. BABEL INDÍGENA. REVISTA DE HISTÓRI.COM. IN http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/babelindigena, 1º DE ABRIL DE 2013 140
KNEIP, Andreas e MELLO, Antônio Augusto S. BABEL INDÍGENA. REVISTA DE HISTÓRI.COM. IN http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/babelindigena, 1º DE ABRIL DE 2013
Estudo de 2008 aponta que a saída de índios tupis-guaranis da Amazônia remonta há 2.920 141
anos :
A saída de índios tupis-guaranis da Amazônia não é um evento tão recente como se imaginava. Um novo estudo encontrou evidências do povo na região onde hoje está o município de Araruama, no Rio de Janeiro, há 2.920 anos – mais de mil anos antes do que as evidências indicavam até então. Os resultados do trabalho foram publicados nos Anais da Academia Brasileira de Ciências. De acordo com a primeira autora, Rita Scheel-Ybert, [...] o aparecimento de datas cada vez mais antigas no Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, nos últimos anos, tem mudado o paradigma a respeito da ocupação. Segundo ela, a hipótese mais aceita até o momento, baseada em dados lingüísticos, considerava que a saída dos tupis-guaranis da Amazônia não poderia ter ocorrido antes de cerca de 2.500 anos atrás. “A datação anterior existente para o sítio Aldeia Morro Grande, em Araruama, de 1.740 anos, já era considerada bastante recuada, sendo inclusive a mais antiga para o Estado do Rio de Janeiro. As novas datas, de cerca de 2.900 e 2.600 anos, seriam, por essa razão, completamente inesperadas”, disse à Agência FAPESP. [...] As novas datas, acredita ela, não questionam a origem amazônica dos tupis-guaranis, pois, para isso, seria necessário um número maior de evidências. Nossa hipótese é que a multiplicação dos estudos e um maior investimento em datações, tanto na Amazônia como no resto do Brasil, tenderão a revelar outras datações tão ou mais antigas como essas e permitirão uma melhor compreensão dos processos de ocupação do nosso território”, disse, salientando que outros autores já haviam sugerido que a expansão tupi-guarani a partir da Amazônia possa ter começado há bem mais de 2.000 anos.
Para Neves e Outros (2011) 142 pode-se dizer que a idéia de que esses povos, que ocuparam grande parte do território brasileiro e parte da Bolívia, do Paraguai, do Uruguai e da Argentina, tiveram sua etnogênese na Amazônia e dali partiram para o leste e para o sul, por volta de 2.500 anos antes do presente, é bastante aceita entre os especialistas, embora uma dispersão no sentido oposto, isto é, do sul para o norte, com origem na bacia do Tietê-Paraná, não seja completamente descartada. Entre os arqueólogos que consideram a Amazônia como berço desses povos, alguns acreditam que esse surgimento se deu na Amazônia central. Outros acreditam que a etnogênese Tupiguarani ocorreu no sudoeste da Amazônia, onde hoje se concentra a maior diversidade linguística do tronco Tupi. (NEVES, e Outros, 2011). De acordo com Feitosa (1983)143, não é possível determinar a origem dos primeiros habitantes, havendo várias teorias que supõem o aparecimento do homem com duas hipóteses explicativas: a monogenica (o homem descendente de um único casal original) e a poligenica. Dentre as diversas teorias, temos: Africana, Monogenismo Americano, Australiana, Atlante, Cartaginesa, Chinesa, Egipcia, Grega, Ibera, Irlandesa, Malaio-Polinesia, e por fim a Mista. Ainda a Paleo-Asiática, Viking...144 141
ALCANTARA, Alex Sander. MIGRAÇÃO (BEM) ANTERIOR. IN GENTE DE OPINIÃO, 30/12/2008, DISPONÍVEL EM HTTP://WWW.GENTEDEOPINIAO.COM.BR/LERCONTEUDO.PHP?NEWS=39964 NEVES, Walter Alves; Bernardo, Danilo Vicensotto; OKUMURAI, Mercedes; ALMEIDA, Tatiana Ferreira de; STRAUSS, André Menezes. Origem e dispersão dos Tupiguarani: o que diz a morfologia craniana? BOL. MUS. PARA. EMÍLIO GOELDI. Cienc. Hum., Belém, v. 6, n. 1, p. 95-122, jan.- abr. 2011 143 FEITOSA, Antonio Cordeiro. O MARANHÃO PRIMITIVO: UMA TENTATIVA DE RECONSTITUIÇÃO. São Luis: Augusta, 1983. 144 DOMINGUES, Virgilio. O TURIAÇU. São Luis: SIOGE, 1953 LOPES, Raimundo. A civilização lacustre do Brasil. In COSTA, Cássio Reis. A BAIXADA MARANHENSE, no plano do Governo João Castelo. São Luis: SIOGE, 1982. LOPES, Raimundo. UMA REGIÃO TROPICAL. Rio de janeiro: Cia Ed. Brasileira; Fon-Fon, 1970. LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973. BANDEIRA, Arkley Marques. Os registros rupestres no Estado do Maranhão, Brasil, uma abordagem bibliográfica. In http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm ver também: http://www.naya.org.ar/ - NAYA.ORG.AR - Noticias de Antropología y Arqueología LIMA, Olavo Correia (1985). Província Espeleológica do Maranhão. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. Ano LIX n 10, São LuísMA, p. 62-70. LIMA, Olavo Correia (1986). Cultura Rupestre Maranhense. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. Ano LX, n. 11-São Luís –MA, p. 712. LIMA, Olavo Correia; AROSO, Olair Correia Lima (1989). PRÉ-HISTÓRIA MARANHENSE. SIOGE São Luís-MA. 142
Correia Lima e Aroso (1989) 145 apresenta as correntes migratórias das Américas, segundo CanalsPompeu Sobrinho, em número de cinco: Australóides, Protossiberianos, Paleo-siberianos, Protomalaios, e Protopolinésios. Os australoides deram descendentes em ambas as Américas, sendo que na do Sul, aparecem os Lácidas, Huarpidas, Patagônicos. Os Lácidas, paleossiberianso, atingem o Brasil e o Maranhão; assim como os nordéstidas e os fueguinos, sendo que os primeiros atingem o Brasil e o Maranhão. Durante a expansão dos Tupis-Guaranis – descendentes dos protomalaios, e desembarcados nas costas ocidentais do istmo do Panamá, deslocaram-se para o suleste, atravessando os Andes, e atingindo o Amazonas, onde fizeram seu centro de dispersão. Migravam com muita freqüência, surpreendentemente rápidos. Desceram o Rio Amazonas e se embrenharam em seus afluentes: Madeira, Tapajós, Xingu, Tocantins, Araguaia e ainda Gurupi, Mearim, etc. Passaram ao rio Paraguai e seus afluentes do Paraná, chegando ao Atlântico. Marginaram-se em direção ao Norte, parando no Maranhão, para reencontrar seus irmãos amazonenses. Sua migração pela costa nacional é recente e se fazia sempre ás custas dos velhos ocupantes, notadamente os Lácidas. Os quais eram empurrados para o interior. Deixaram sempre ocupantes por onde passam, a exemplo dos Tupinambás, na Ilha de São Luis. Dos Tupis, hoje, restam os Guajajara – Tenetehára – com uma história longa e suingular de contato, a partir de 1615, nas margens do Rio Pindaré, com uma expedição exploradora francesa. Os Awá-guajá – se autodenominam Awá, também chamados Wazaizara (Tenetehara), Aiayé (Amanayé), Gwazá. O termo Awá significa ‘homem’, pessoa’, ou ‘gente’; sua origem é obscura, acreditando-se originários do baixo Tocantins. Acredita-se que a partir da Cabanagem (1835-1840) tenha inicado a migração rumo ao Maranhão. Já os Ka´apor (Urubu-Kaapor, Kaáporté) surge como povo distinto à cerca de 300 anos, provasvelmente na região entre os rios Tocantins e Xingu. Talvez os conflitos com colonizadpores luso-brasileiros e outros povos nativos, iniciaram longa e lenta migração, por volta de 1870, do Pará ao Maranhão, atraves do Gurupi. Foram pacificados em 1911. 146 Correia Lima e Aroso (1989) 147 trazem que a ocupação do território maranhense se deu através de três correntes migratórias - Lácidas, Nordéstidas e Brasílidas, nessa ordem. Embora os traços mais antigos da presença do homem no continente americano datem de 19 mil anos, as teorias mais recentes o dão como procedentes da Ásia a 20 ou 30 mil anos. Esses autores, ao adotarem a sistemática de Canals (1950) Pompeu Sobrinho (1955), afirmam que caçadores australóides do nordeste asiático - Sibéria, de acordo com CARVALHO, J. B. de. Nota sobre a arqueologia da Ilha de São Luís. REVISTA DO IHGM, Ano VII, n. 6, dezembro de 1956 LOPES, Raimundo. O TORRÃO MARANHENSE. Rio de Janeiro: Typ. Do Jornal do Commercio, 1916 LOPES, Raimundo. ANTROPOGEOGRAFIA. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 1956. (Edição fac-similar comemorativa ao centenário de fundação da Academia Maranhense de Letras, São Luis: AML, 2007). SAMPAIO, Alberto José de. Biogeografia Dinâmica - a natureza e o homem no Brasil. Coleção Brasiliana, vol. 53, 1935 SAMPAIO, Alberto José de. Fitogeografia do Brasil Coleção Brasiliana, vol. 35, 1935 AVELINO, Paulo. ”Resenha de livro raro: Uma Região Tropical, de Raimundo Lopes”, disponível em http://www.fla.matrix.com.br/pavelino/lopes.htmlfala LOPES, Raimundo. UMA REGIÃO TROPICAL. Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-fon e Seleta, 1970. 197p. Coleção São Luís, volume 2. CORREA, Alexandre Fernandes. A ANTROPOGEOGRAFIA DE RAIMUNDO LOPES SOB INFLUÊNCIA DE EUCLIDES DA CUNHA in http://teatrodasmemorias.blogspot.com/2009/12/antropogeografia-de-raimundo-lopes-sob.html CORREA, Alexandre Fernandes. AS RELAÇÕES ENTRE A ETNOLOGIA E A GEOGRAFIA HUMANA EM RAIMUNDO LOPES. CAD. PESQ .. São Luís. v. 14. n. 1. p.88-1 03. jan.!jun. 2003disponivel em http://www.pppg.ufma.br/cadernosdepesquisa/uploads/files/Artigo%206(16).pdf MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. IN REVISTA SEXTO SENTIDO, postado em 2010-06-11 13:25, no sitio http://www.revistasextosentido.net/, disponível em http://www.revistasextosentido.net/news/%20as%20cidades%20perdidas%20do%20maranh%C3%A3o/ EVREUX, Ives d´. VIAGEM AO NORTE DO BRASIL FEITAS NOS ANOS DE 1613 A 1614. São Paulo: Siciliano, 2002. ABBEVILLE, Claude d´. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975 MELLO, Evaldo Cabral de (org.). O BRASIL HOLANDÊS (1630-1654). São Paulo: Penguin Classics, 2010. PAULA RIBEIRO, Francisco de. MEMÓRIAS DOS SERTÕES MARANHENSES. São Paulo: Siciliano, 2002 PROJETO JOGOS INDÍGENAS DO BRASIL. in http://www.jogosindigenasdobrasil.art.br/port/campo.asp#canela PUXADA DO MASTRO AGITA OLIVENÇA. In CIA DA NOTÍCIA, disponível em http://www.ciadanoticia.com.br/v1/tag/derrubada-de-toras/, 08/01/2011, acessado em 23/01/2011 145 CORREIA LIMA, Olavo; AROSO, Olir Corria Lima. PRÉ-HISTÓRIA MARANHENSE. São Luis: Gráfica Escolar, 1989. CORREIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Ameríndios maranhenses. REVISTA IHGM, Ano LIX, n. 08, março de 1985 38-54 CORREIA LIMA, O. Homo Sapiens stearensis – Antropologia Maranhense REVISTA IHGM Ano LIX, n. 9, junho de 1985 33-43 CORREIA LIMA, O. Província espeleológica do Maranhão REVISTA IHGM Ano LIX, n. 10, outubro de 1985 62-70 CORRIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Cultura rupestre maranhense – arqueologia, antropologia REVISTA IHGM Ano LX, n. 11, março de 1986 07-12 CORREIA LIMA, O. Parque Nacional de Guaxenduba REVISTA IHGM ano LX, n. 12, 1986 ? 21-36 CORRÊA LIMA, O. No país dos Timbiras REVISTA IHGM Ano LXI, n. 13, dezembro de 1987 82-91 CORREIA LIMA, O. Mário Simões e a arqueologia maranhense REVISTA IHGM Ano LXII, n. 14, março de 1991 23-31 146 Associação Carlos Ubbiali; Instututo Ekos. OS ÍNDIOS DO MARANHÃO. O MARANHÃO DOS ÍNDIOS. São Luís: Associação Carlos Ubbiali, 2004 147 CORREIA LIMA, Olavo & AROSO, Olir Correia Lima. PRÉ-HISTÓRIA MARANHENSE. São Luís: Gráfica Escolar, 1989.
Aquino, Lemos & Lopes (1990, p.19) 148 - ingressaram no Alasca há pelo menos 36 mil anos e durante os 20.000 anos seguintes consolidaram sua cultura e se expandiram pelo território, tendo seus descendentes atingido Lagoa Santa há 7.000 +/- 120 anos (VAZ, 1995, 1996, 2001, 2011, 2012) 149. Sander-Marino (1970, citados por Correia Lima & Aroso, 1989, p. 19) registram entre 40 e 21 mil anos a presença dos superfilos MACRO-CARIB-JÊ, uma das correntes pré-históricas povoadoras das Américas. Para Feitosa (1983, p. 70) 150 há um consenso quando da "determinação temporal" da chegada dos australóides no Novo Mundo, com as estimativas variando de 20.000 a.C. (RIVET); 28.000 a.C. (CANALS); 40.000 a.C. (VAZ, 1995, 1996, 2001, 2011, 2012) 151. De acordo com pesquisas mais recentes, realizadas em São Raimundo Nonato - Piauí, foram encontrados fosseis com datação de 41.500 anos (FRANÇA & GARCIA, 1989)152. Os Lácidas, descendentes dos australóides, atingem o Maranhão. Das famílias lingoculturais suas descendentes, destaca-se a JÊ, grupo mais populoso; de maior expansão territorial; e de melhor caracterização étnica. Os Jês caracterizam-se pela ausência da cerâmica e tecelagem, aldeias circulares, organização clânica e grande resistência à mudança cultural, mesmo depois de contato, como se observa entre os Canelas, ou RANKAKOMEKRAS como se denominam os índios da aldeia do Escalvado (DICKERT & MEHRINGER, 1989, 1989b, 1994) 153. Para Miranda (2007)154: A partir da chegada dos humanos, cuja data os arqueólogos tendem a multiplicar em diversos eventos, origens e a recuar no tempo, progressivamente o espaço natural da Amazônia passa a ser objeto de uso, controle, acesso, exploração, mudanças, disputa, transferência e até transmissão entre grupos humanos cada vez mais numerosos e organizados, com diferentes histórias e patrimônios culturais.
Uma coisa é certa: a mais antiga e permanente presença humana no Brasil está na Amazônia: Há cerca de 400 gerações, e segundo autores controversos, há mais de 2.000 anos, diversos grupos humanos ocupam, disputam, exploram e transformam os territórios e seus recursos alimentares.(
MIRANDA, 2007, p. 41) Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos que viviam ao longo da costa eram os Tupi. Estes tinham escorraçado os povos de língua e cultura Jê para o interior, vivendo, em geral, na região dos cerrados. Teixeira e Papavero (2009) 155, ao narrarem a “Viagem do Capitão de Gonneville” – viagem de Binot de Paumier ao Brasil (1504) traz um passo curioso, de porque foram os brancos bem recebidos em certas tribos do litoral: 148
AQUINO, Rubim S.L; LEMOS, Nivaldo J. F. de & LOPES, Oscar G.P. C. HISTÓRIA DAS SOCIEDADES AMERICANAS. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1990. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios Canelas. In Painel apresentado na III JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFMA, 1995; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In SOUSA E SILVA, José Eduardo Fernandes de (org.). ESPORTE COM IDENTIDADE CULTURAL: COLETÂNEAS. Brasília: INDESP, 1996, p. 106-111. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luís, v.4, n. 2, jul/dez 2001, disponível em www.cefet-ma.br/revista. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas. REV. IHGM 36, MARÇO 2011, p 128. Revisto e ampliado para apresentação no IHGM em 2011. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas. In XIII Congress of the International Society for the History of Physical Education and Sport and; XII Congress of the Brazilian Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 150 FEITOSA, Antonio Cordeiro. O MARANHÃO PRIMITIVO: UMA TENTATIVA DE RECONSTITUIÇÃO. São Luís: Augusta, 1983. 151 VAZ, obras citadas. 152 FRANÇA, Martha San Juan & GARCIA, Roberto. Os primeiros brasileiros. SUPERINTERESSANTE v. 3, n. 4, p. 30-36, abril de 1989. 153 DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. A corrida de toras no sistema cultural dos índios brasileiros Canelas (relatório de pesquisa provisório). ZEITGSCHIFT MUNCHER BELTRDZUR VULKERKUNDE, julho, 1989. DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. Cultura do lúdico e do movimento dos índios Canelas. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 11, n. 1, p. 55-57, set. 1989. DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. . A corrida de toras no sistema cultural dos índios brasileiros Canelas. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE - v.15 - n.2 - 1994 154 MIRANDA, 2007, obra citada, p. 40-41. 149
[...] Durante os reparos da nau souberam os visitantes que se formara uma espécie de confederação das tribos daquele setor do litoral contra as tribos do sertão que as hostilizavam. Os amigos dos normandos pertenciam, assim como os vizinhos imediatos, ao ramo Tupi, que do Paraguai, segundo dizem especialistas, subiram a costa até além de Pernambuco, e, com interrupções, atingiram a região da marcha do silvícolas do sul para o norte, em que deslocavam outros indígenas e provocavam lutas contínuas [...]. (p. 152).
Correia Lima e Aroso (1989) trazem que os Lácidas foram os primeiros povoadores do Maranhão, como o foram do Brasil. Vieram através de correntes migratórias interioranas e se localizaram de preferencia na parte setentrional e maranhense do Planalto Central do Brasil. Eram representados por um povo, os Tremembé (Tatamembé, Trememmbé) que ocuapava inicialmente a costa maranhense, antes da chegada dos brasílidas. Na época do contato, viviam da fronteira do Pará (Rio Caeté) à do Piauí (Tutóia), sendo sua área preferida o Delta do Parnaíba e a Baia de Turiaçú. Os Nordéstidas chegaram ao Maranhão pela corrente litoranea local, ocupando todo o litoral, sendo os primeiros a usar essa corrente, vindo do Nordeste. Apenas os Muras seguiram para o Amazonas, tornando-se fluviais. Correia Lima e Aroso (1989) ao analisarem as estearias maranhenses, área ocupada pelos brasilidas, que atingiram também o Maranhão através de duas correntes migratórias, interiorana – Nu-Uraques (Uraques), depois os caraíbas, e finalmente os Tupi-Guaranis - e pela litoranea, e às vesperas e durante o contato, chegaram os ultimos Tupis, representados pelos Tupinambás. Com a invasão dos Tupis-Guaranis perderam a Ilha de São Luis e seus arredores. Ainda dos Macro-jê temos os Canelas (Rankokamekrá; Apanyekrá); são remanescentes das cinco nações Timbira Oriental, sendo os Rankakomekrás descendentes dos Kapiekran, como eram conhecidos até 1820. Os primeiros contatos, indiretos, se dão por forças militares no fim do século XVII, ocorrendo incursões contra essas populações na ultima decada do seculo XVIII, dizimados por volta de 1814. Os Krikati se localizam ao sul do Maranhão, com os primeiros contatos por volta de 1814. O Gavião (Pukobyê) teve contato a partir do século XVIII, por volta de 1728. 156 Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de "TIMBIRAS", e dividem-se em dois ramos principais, segundo seu habitat - Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de canelas finas "pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados", conforme afirma Teodoro Sampaio (1912, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p. 41), confirmando Spix e Martius (1817, citados por CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p.59) quando afirmam, sobre os Canelas, "... gaba-se a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.". Os Timbira são um povo física, lingüística e culturalmente caracterizado como da família Jê, que disperso, habitava o interior do Maranhão e partes limítrofes dos Estados do Pará, Goiás e Piauí. Esse povo existe ainda parcialmente, compondo-se hoje das seguintes tribos (NIMUENDAJÚ, 2001) 157: Timbira orientais: Timbira de Araparytiua Kukóekamekra e Kr˜eyé de Bacabal Kr˜eyé de Cajuapára Kre/púmkateye Pukópye e Kr˜ikateye Gaviões Apányekra (Canellas de Porquinhos) Ramkókamekra (Canellas do Ponto) Krahó 155
TEIXEIRA, Dante M.; PAPAVERO, Nelson. A viagem do Capitão de Gonneville.In OS PRIMEIROS DOCUMENTOS SOBRE A HISTÓRIA NATURAL DO BRASIL (1500-1511) – viagens de Pinzón, Cabral, Vespucci, Albuquerque, do Capitão de Gonneville e da Nau Bretoa. 2 ed. Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi, 2009, p. 151-153. 156 Associação Carlos Ubbiali; Instututo Ekos. OS ÍNDIOS DO MARANHÃO. O MARANHÃO DOS ÍNDIOS. São Luís: Associação Carlos Ubbiali, 2004 PREZIA, Benedito; HOORNAERT, Eduardo. ESTA TERRA TINHA DONO. 6 ed. Revs. E atual. São Paulo: FTD, 2000 157 NIMUENDAJÚ, Curt. A corrida de toras dos timbira. MANA v.7 n.2 Rio de Janeiro oct. 2001
Timbira ocidentais: Apinayé Seus parentes mais próximos são os Kayapó do norte, os Suyá e os hoje extintos Kayapó do sul. Hoje, os Tremembé são um grupo étnico indígena que habita os limites do município brasileiro de Itarema, no litoral do estado do Ceará, mais precisamente na Área Indígena Tremembé de Almofala (Itarema), Terras Indígenas São José e Buriti (Itapipoca), Córrego do João Pereira (Itarema e Acaraú) e Tremembé de Queimadas (Acaraú). Originalmente nômades que viviam num território que estendia-se nas praias entre Fortaleza e São Luís do Maranhão. Foram aldeados pelos Jesuítas no século XVII nas missões de Tutoya (Tutóia-Maranhão) 158, Aldeia do Cajueiro (Almofala) e Soure (Caucaia). Foram declarados como não existentes pelo então governador da Província do Ceará (José Bento da Cunha Figueiredo Júnior), após decreto de 1863. Antes disto, em 1854, os índios perderam o direito da terra pela regulamentação da Lei da Terra. Estes ressurgem no cenário cearense nas décadas de 1980 e 1990, quando são reconhecidos pela FUNAI. 159 Retornamos com Schwennhagen160 O MARANHÃO. REPUBLICA DOS TUPINAMBAS Mas o Maranhão existia como a republica dos tupinambás, já antes da fundação de Tupaón. O sete povos tupis, que tomaram posse do norte do Brasil, cerca de 1500 anos A.C., entram pela foz do rio Parnaíba, procurando as serras em ambos os lados desse rio. Do lado oriental ficam os tabajaras, do lado ocidental os tupinambás; os outros cinco povos estenderam-se para o sul e sudeste. Todos os sete povos formaram uma confederação e as Sete Cidades (no Piauí) era a capital federal, isto é, o lugar, onde se reuniam todos os anos o Congresso dos Sete Povos. (SCHWENNHAGEN, 1925). O CONGRESSO DO MULUNDÚS Mas a harmonia não ficou sempre intacta; por quaisquer motivo desligaram-se os tupinambás da confederação e constituíram seu próprio congresso, ao lado ocidental do Parnaíba, em Mulundús. Os tupinambás já eram grandes senhores, tinham ocupado a maior parte do interior do Maranhão, tinham fundado mais de cem colônias no Grão Para, Amazonas e Mato Grosso e precisavam dum centro nacional para conservar a unidade da nação dos tupinambás. Esse centro era Mulundús, onde se reuniam todo ano os delegados de todas as regiões, ocupadas pelos tupinambás. Nas cartas e relatórios do padre Antonio Vieira encontram-se muitos indícios desses factos. Ele relata que alguns dos seus amigos tupinambás lhe contaram que no interior do Maranhão se reúnem os delegados de todas as aldeias que falam a mesma língua geral, e pediram ao padre mandasse para lá um sacerdote católico para celebrar missa, dentro da grande reunião do povo. Assim o antigo congresso de Mulundús ficou transformado numa festa cristã, dedicada à memória de São Raimundo, como ainda agora se faz. Sempre, porém, essa festa conservou o caráter dum congresso popular, para onde vêem de longe, de Goiás, Mato Grosso e Pará amigos, parentes e comerciantes daquelas regiões que pertenciam antigamente ao grande domínio dos tupinambás. Ludovico Schwennhagen
158
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “BREVE DESCRIÇÃO DAS GRANDES RECREAÇÕES DO RIO MUNI DO MARANHÃO, Pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, Missionário no dito Estado, ano 1724”. REVISTA DO IHGM, No. 37, junho de 2011 – Edição Eletrônica, p 176-186 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_37_-_junho_2011 159 http://pt.wikipedia.org/wiki/Trememb%C3%A9s 160 SCHWENNHAGEN, Ludovico, MINHAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS NO MARANHÃO. IN A PACOTILHA, São Luis, 30 de maio de 1925
OS DÉSPOTAS EM PELE DE CORDEIRO MHARIO LINCOLN Presidente da Academia Poética Brasileira.
Acaba de falecer um dos maiores pensadores do Século XX, Stephen Hawking, aos 76 anos de idade. E com ele, certas frases que me marcaram muito, desde a leitura de seu 'O Universo Numa Casca de Noz', de cujo título parodiei para escrever um poema meu chamado de, "O Universo num piscar de nós". Com Stephen, eu também conclui não serem 'inteligentes' aqueles ilusoriamente ligados ao Poder, à Sabedoria 'universal', à Fortuna desmedida, de qualquer jeito. Isso porque, há, sem dúvida, uma força cósmica, quando vista sob o prisma de Deus, onde nos é revelado que, na maioria das vezes, as boas ideias são simples. A simplicidade é a maior força do ser humano. Por isso esse conceito singelo passou a ser a pedra angular do novo arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade. A pedra angular é a peça cunhada na parte mais alta de um arco que prende as outras peças no lugar. Pelo visto, não é a abundância arquitetônica do Arco, em sua beleza racional, a base de tudo. Mas sim, uma peça que lhe dá sustentação. Hawking, sabia disso e cunhou: "Eu não tenho nenhuma ideia de qual seja o meu QI. Pessoas que se vangloriam dos seus QI são perdedores". Na mosca. Tenho lido no Facebook ultimamente inúmeros textos que me deixam assombrado com tanto radicalismo pessoal, intransferível e intransponível. Sobre essa radicalidade (muitas vezes inconsciente ou só por ouvir falar...), Mark Twain já ensinava: "Os radicais inventam as ideias. Quando já as esgotaram de tanto uso, os conservadores adaptam-nas." Isso é triplamente perigoso para quem embarca nessa leva inconsistente de ideias e ações, como se apenas esse tronco frágil descendo uma correnteza fatídica rumo ao abismo profundo da inconsciência, possa lhes salvar o passo. Como vimos, não é a beleza do Arco, mas a pedra angular que soergue e equilibra a ação dos realmente inteligentes ou sábios. Por que me assombro? Mutatis Mutandi: Carl Sagan - autor do maravilhoso "O Mundo Assombrado Pelos Demônios", é claríssimo em sua preocupação com o que ele chamou de 'vírus do analfabetismo', seja ele científico, funcional ou literário; nesta, não obrigatoriamente ler tudo que encontra, mas certas obras universais que levarão o indivíduo a encontrar sua pedra angular de forma consciente e qualitativa. Ele falou (ler e entender). Sagan preocupava-se com explicações místicas e ficcionistas em cima de assuntos reais divulgados em pesquisas sérias, a fim de melhorar determinadas ações sócio-político-científicas. Mas, quando sob influência mítica ou ficcional, deteriora-se, o verdadeiro, na origem. E por mais esforço que se fizesse para consertar, torna-se uma Hidra de Lerna: a cada cabeça cortada, duas nasciam. E nessa tentativa desenfreante de atacar o outro por saber menos, instigar teses do submundo da informação, seguir ideias revolucionárias completamente diferentes do que realmente aconteceu - como a brincadeira do telefone onde o primeiro participante diz uma coisa e ao final, o último participante se surpreende com a transformação da ideia inicial - o Mundo vai seguindo o seu destino, em sua Rotação, em torno de si mesma, e Translação, em torno do sol, sem se aperceber das mesquinhas teorias forjadas na inveja, no desconhecimento funcional e numa das piores qualidades humanas: ser alarmantemente déspota. Por isso, continuo com Stephen Hawking, nesse pormenor: a simplicidade ainda é a maior força do ser humano.
BRUNO TOMÉ É AUTOR DE TRES LIVROS, SENDO DOIS INDIVIDUAIS E UMA COLETÂNEA. SEU PRÓXIMO LIVRO – A QUE JÁ TIVE ACESSO, SERÁ SOBRE A MEMÓRIA DO ESPORTE NO MARANHÃO... SOBRE REI ZULU; A SEGUIR UMA PEQUENA AMOSTRA, JÁ PUBLICADA EM NOSSA REVISTA:
SAPO x ZULU. DEU ZULU... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Tenho em mãos livro – inédito – do Bruno Tomé Fonseca. Um contador de histórias fantástico!!! Procurou-me para saber sobre o tarracá e o Rei Zulu, pois pretendia escrever uma biografia desse fantástico lutador de vale tudo (luta livre)... Pois bem, passei-lhe as metodologias e as técnicas da ‘história oral’ e da ‘história de vida’... surpreendeu-me com uma história sobre a vida de Zulu... Ah, se eu conseguisse escrever dessa maneira... Mas vamos ao que interessa: vou transcrever o que consta de seu livro, breve nas livrarias...
http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=126140
Comecemos pelo título: “A majestade bárbara do Rei Zulu”, o capítulo ‘Caserna’: começa com as lembranças de Zulu dos tempos de guarda-vidas na Praia do Olho D´água, também freqüentada por Sapo – Mestre Sapo – um dos pioneiros da capoeira em São Luis: Por ali, rodas de capoeira comandadas por ele levantavam a areia fina da praia. Sob o olhar pasmo de Zulu, Mestre Sapo fazia apresentações antológicas, efetuando golpes complexos, como o chamado de ‘boca de siri’, em pleno por do sol.
Fonte: Laércio Elias Pereira
É por essa época que Casimiro de Nascimento Martins ingressa no Exército – 24 BC, hoje BIL -; trabalhava, também, como segurança nos fins de semana em que não estava de serviço. Zulu já tinha certo nome nas pugnas de luta livre, forjados no vale-tudo. Certo oficial, acompanhado de um amigo, que se dizia dono de uma emissora, e amigo do Mestre Sapo, da capoeira, comentam sobre quem venceria uma luta entre ambos; o Oficial exaltava Zulu, o amigo, Sapo; começou uma discussão acalorada se capoeira era páreo para vale-tudo, e vice-versa. Lançada a semente de um desafio! Próximo da Semana da Pátria, precisava-se de um evento para animar a tropa e a comunidade. Algo além do tradicional desfile de 7 de setembro... Sem que Zulu soubesse, os comandantes articularem uma luta de portão aberto no quartel: - Zulu está servindo a Pátria, não pode cobrar ingresso – dizia o comandante. Já tinham até providenciado um ringue para sustentar a peleja. Zulu é chamado pelo Comandante, recebendo ordens expressas que não podia sair do quartel. Tinha que ficar arranchado: - Dorme no quartel. De manhã está liberado do serviço. Veste o uniforme de educação física e corre em volta para te preparares. Nada de farra e de bagunça. Tu vais lutar e quebrar um cara pra mim. Ao recruta só restava cumprir a ordem... Só mais tarde soube ser o adversário Mestre Sapo, lamentando a oportunidade de ganhar algum dinheiro escapando pelo ralo: se essa luta fosse fora do quartel, sabia que muita gente iria pagar para assistir. A fama de Zulu e Sapo corria pela cidade, era público garantido! Zulu fica matutando como ganhar algum. Faltando dois dias para a pendenga, ligou para seu irmão Jeco, para que fosse até a casa de Sapo para convencê-lo a não participar da quizila que se estava armando: seria fácil arrumar uma desculpa. Que esperasse Zulu dar baixa do Exército para os dois faturarem bem numa luta fora dos muros do 24 BC: Sapo não quis saber de acordo. Ainda mandou um recado: Zulu que esperasse que iria apanhar no quartel diante de todo o Batalhão. Zulu ficou furioso com a oportunidade perdida de faturar um bom capital. O apetite para a luta fermentou, quando foi chamado para ‘um particular’ por um dos comandantes: quem está lutando aqui não é o Rei Zulu e nem o soldado Zulu. É o batalhão. Se tu perderes, quem perde é o batalhão inteiro. Pensou o soldado Zulu em voz alta: “eu vou matar esse Sapo’. Chegada a hora, ringue armado. Bufando, Zulu deu um ultimato ao adversário estipulando contagem regressiva: - Sapo, tu tens cinco minutos pra fazer alguma coisa comigo e tem dois minutos pra sair daqui pro hospital. O capoeirista ignorou o disparar do cronometro fictício dado por Zulu. Apresentou como cartão de visitas uma meia lua espetacular em direção ao soldado. Zulu conseguiu pegar o contendedor no ar. Ao proteger o corpo da queda com o braço, Sapo acabou por deslocá-lo. Sucumbiu. Fim da luta...
NOVA DIRETORIA DA FALMA JUCEY SANTANA HTTPS://JUCEYSANTANA.BLOGSPOT.COM.BR/2018/02/NOVA-DIRETORIA-DA-FALMA.HTML?SPREF=FB
João Batalha
A Federação das Academias Maranhenses de Letras do Maranhão – FALMA, fundada em 23 de novembro de 2008, é um fórum adequado para discutir os caminhos da cultura maranhense, objetivando a aproximação e o intercambio das entidades acadêmicas regularmente constituídas, incentivo aos seus escritores, ´com a promoção da solidariedade através das letras e artes para a melhoria dos valores literários do passado e da atualidade do nosso Estado.
Clores Holanda - Jucey Santana - César Brito
Dia 8 de fevereiro, corrente, com a presença de representantes de várias Academias de Letras do Maranhão, realizou-se a eleição e posse da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal, para o triênio de 2018 a 2020. O Presidente eleito, o escritor João Francisco Batalha e os demais membros eleitos, discorreram sobre projetos relevantes para a FALMA que pretendem por em prática no triênio. Conselho de Representantes Na ocasião ficou acertado para as próximas Assembleias Gerais a organização do quadro do Conselho de Representantes, composto por dois delegados efetivos e um suplente que representam cada uma das academias afiliadas, com igual mandato da Diretoria, escolhidos segundo critérios da entidade delegante que tem por finalidade o intercambio entre a FALMA e a instituição representada com direito a voz e voto.
Diretoria Executiva PRESIDENTE: JOÃO FRANCISCO BATALHA - Academia Arariense e Vitoriense d Letras VICE-PRESIDENTE: CLORES HOLANDA SILVA -
Academia Ludovicense de Letras
1ª SECRETÁRIA: JUCEY SANTOS DE SANTANA - Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes 2º SECRETÁRIO: ADELSON DE SOUSA LOPES - Academia Maçônica de Letras TESOUREIRO : CARLOS CÉSAR SILVA BRITO - Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Vavá Melo - Dilercy Adler - Ceres Fernandes Conselho Fiscal EFETIVOS: ALVARO URUBATAN MELO - Academia Sambentuense de Letras CERES COSTA FERNANDES - Academia Ludovicense de Letras/ Academia Maranhense de Letras. DILERCY ARAGÃO ADLER - Academia Ludovicense de Letras SUPLENTES: JOÃO MELO BENTIVI - Academia Atheniense de Letras e Artes ROQUE MACATRÃO - Academia Brejense de Letras NICODEMOS BEZERRA - Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes. Ao término do encontro, ficou marcada a próxima Assembleia Geral para 23 de março, no Lítero Recreativo Português, na Praça João Lisboa, às 15 horas, enquanto que a Diretoria Executiva se reunirá quinzenalmente, para organização interna.