REVISTA DO LÉO, 8.1 - EDIÇÃO ESPECIAL - MAIO DE 2018 - FRAN PAXECO: VIDA E OBRA. Discurso na ALL

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REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536

NÚMERO ESPECIAL 8.1

FRAN PAXECO: VIDA & OBRA SÃO LUIS – MARANHÃO – MAIO DE 2018


REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536

NÚMERO ESPECIAL 8.1

FRAN PAXECO: VIDA & OBRA SÃO LUIS – MARANHÃO – MAIO DE 2018


NÚMERO ESPECIAL FRAN PAXECO: VIDA & OBRA EXPEDIENTE REVISTA DO LEO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 NOSSAS CAPAS Fran Paxeco aos 4 e 7 anos (Vieira da Luz, 1957), à época da fuga para o Brasil (Cunha Bueno, 2014), e já cônsul no Maranhão (Machado, 2014) Leopoldo Gil Dulcio Vaz durante sua Palestra, proferia na Academia Ludovicense de Letras, em 19 de maio de 2018. Auditório da Associação Maranhense de Escritores Independentes – AMEI -.

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino, Especialista em Lazer e Recreação, Mestre em Ciência da Informação. Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado; Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e de Pesquisa e Extensão); Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros publicados, e mais de 250 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Recebeu: Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM; Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; ALL em Revista, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, vol 1, a vol 4, 12 16 edições. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.


EDITORIAL A “REVISTA DO LÉO”, eletrônica, é disponibilizada, através da plataforma ISSUU https://issuu.com/home/publisher. É uma revista dedicada à duas áreas, de meu interesse, que se configuraram na escolha de minha profissão – a Educação Física, os Esportes e o Lazer, e na minha área de concentração de estudos atual, de resgate da memória; comecei a escrever/pesquisar sobre Literatura, em especial a ludovicense, quando editor responsável pela Revista da ALL. O presente número é dedicado a Fran Paxeco, meu patrono na Academia Ludovicense de Letras, daí meu interesse... Quando das comemorações do Centenário de fundação da Faculdade de Direito do Maranhão – 1918/2018 – a figura de Fran Paxeco teve um grande destaque, inclusive com a vinda de sua neta, Rosa Machado, à São Luis, onde recebeu todas as homenagens devidas ao ‘Vovô”. A Academia Ludovicense de Letras, depois de perder o bonde da História, com uma decisão afobada e inconsistente no final de 2017, se redime, agora, promovendo uma Palestra em que aborda a “Vida & Obra” desse maranhense, que por descuido geográfico, nasceu em Portugal – oficialmente, maranhense, posto que recebeu o titulo de cidadão honorário; além de muitos outros... Teve uma vida atribulada, fugindo de Portugal, para o Brasil e, depopis, estabelecendo-se na Amazonia – Belém, Manaus e São Luis -, onde se casou com uma maranhense, e só assim sossegou... sua obra, em especial no Maranhão, é das maiores, posto que se integra naquela Academia dos Novos, constituindo-se um dos atenienses... É o que se pode verificar com o material a seguir disponibilizado, nesta Edição Especial da Revista do Léo... Boa leitura...

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR


NÚMEROS ANTERIORES

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SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO NUMEROS ANTERIORES FRAN PAXECO: VIDA E OBRA A FACULDADE DE DIREITO E O INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA – 1918 O INSTITUTO HISTÓRICO AO DEIXAR O MARANHÃO...

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FRAN PAXECO – VIDA E OBRA1

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras – Cadeira 21 Patrono: FRAN PAXECO Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - Cadeira 40 Patrono: DUNSHEE DE ABRANCHES

O que nos motiva estar reunidos, nesta noite, neste templo da modernidade – o ‘shopping-center’ – e neste local - espaço dedicado à cultura literária maranhense, o espaço AMEI -, são as comemorações, neste ano de 2018, do Centenário de Fundação da Faculdade de Direito do Maranhão. Domingos Perdigão e Fran Paxeco se constituem os dois nomes responsáveis por esse fato... O Presidente da Academia Ludovicense de Letras pediu-me para festejar a memória do mais maranhense dos portugueses, Fran Paxeco, o patrono da cadeira que ocupo neste sodalício 2. Quero ressaltar que, naquele momento em que chegou ao Brasil, em seu exílio voluntário, permanecendo por mais de 30 anos, dos quais mais de 20 no Maranhão, intercalados períodos de residência, vivíamos um 1

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ELOGIO AO PATRONO. Discurso de posse na cadeira 21, da Academia Ludovicense de Letras, em 30 de janeiro de 2014. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. FRAN PAXECO E A FUNDAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO. In REVISTA DO LÉO, São Luis, NÚMERO ESPECIAL: A FACULDADE DE DIREITO DO/NO MARANHÃO NO SEU CENTENÁRIO: 1918/2018; SÃO LUIS – MARANHÃO – MARÇO DE 2018. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O LEGADO DE FRAN PAXECO. Palestra proferida na ACSDEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS – ALL – no dia 19 de maio de 2018, na AMEI – Shopping São Luis. MACHADO, Maria Rosa Pacheco. FRAN PAXECO (1874-1952). Folder sobre a biografia de Fran Paxeco, escrito para a exposição sobre a vida e obra de Fran Paxeco, Galeria Municipal 11, 20/12/2014 a 08/03/2015. Setubal, Portugal, 2014 CUNHA BENTO, António. FRAN PAXECO – CONTRIBUTOS A UMA BIOGRAFIA. Palestra, apresentada em power-point, Setúbal, 20.12.2014, para a exposição sobre a vida e obra de Fran Paxeco, Galeria Municipal 11, 20/12/2014 a 08/03/2015. Setúbal, Portugal,. Enviada ao autor em 28 de abril de 2018, em correspondencia eletronica. ITAPARY FILHO, Joaquim Salles de Oliveira. BREVES NOTAS SOBRE FRAN PAXECO. Palestra realizada na data da abertura do II Feira do Livro de São Luís, Em 10 de outubro de 2008. VIEIRA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal; Edições dois Mundos, 1957 http://www.academiamaranhense.org.br/manuel-francisco-pacheco/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Fran_Paxeco http://manuel-bernardinomachado.blogspot.com.br/2015/04/recordar-o-republicano-manuel-fran.html 2 Inicialmente Manuel Francisco Pacheco. O nome foi alterado oficialmente para Manuel Fran Paxeco. Cf. o Diário do Governo n.º 268, de 25 de Novembro de 1905. In CARVALHO, Marcos Antônio de. BEBENDO AÇAI, COMENDO BACALHAU: PERFIL E PRÁTICAS DA SOCIABILIDADE LUSA EM BELÉM DO PARÁ ENTRE FINAIS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX. Tese de doutoramento em História apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto como requisito para obtenção do título de Doutor em História. Orientação: Profa. Doutora Maria da Conceição Coelho de Meireles Pereira. 2011. http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/63200/2/TESEDOUTMARCOSCARVALHO000161479.pdf


momento de glorificação de uma tradição inventada, de uma herança francesa! Período de construção da identidade maranhense – da maranhensidade –, e vem esse português a nos lembrar da nossa verdadeira herança: aquela advinda de Portugal! Contraditória essa (re)construção da Atenas brasileira, de uma raça formada por brancos – europeus de Portugal! -, índios, e negros, que nos singulariza perante o restante da Nação. Vem se juntar, Fran Paxeco, àquele grupo de jovens sonhadores, posto que poetas, escritores, jornalistas, que se autodenominavam “Novos Atenienses” 3. Para todos os lugares, movimentos e intervenções que olharmos, surge esse setubalense como figura central: desde o ressuscitar de uma literatura herdeira daquele Grupo Maranhense, ao seu envolvimento com o ensino das camadas populares até o superior, de uma preocupação com a infância, com as relações comerciais entre o Brasil e Portugal. A instituição dos cursos superiores no Maranhão, em especial daquela pioneira Faculdade de Direito do Maranhão, que nos traz aqui, nesta noite, em que a ALL se integra às festividades do Centenário, honrando a memória desse maranhense que por um descuido geográfico, nasceu em Portugal. A contribuição de Fran Paxeco durante o interregno neo-ateniense foi, sem dúvida, exponencial. Ele representou simbolicamente o elo europeu aqui presente para reanimar energias combalidas. Em sua trajetória pela terra das palmeiras fundou uma obra ancilarmente ligada aos ”problemas maranhenses”, cujo exemplar mais expressivo foi a “Geografia do Maranhão”, publicada em 1923, no contexto das comemorações da adesão do Maranhão à independência do Brasil.( MARTINS, 2002)4 Fran Paxeco5 - inicialmente Manuel Francisco Pacheco, alterado oficialmente para Manuel Fran Paxeco (Diário do Governo n.º 268, de 25 de Novembro de 1905)6 - nasceu em Setúbal7, no antigo Terreiro de São Caetano, freguesia de São Julião, a 09 de Março de 1874; faleceu em Lisboa a 17 de Setembro de 1952; foi um jornalista, escritor, diplomata e professsor português; cônsul de Portugal no Maranhão, no Pará, em Cardiff e em Liverpool8.

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OS NOVOS ATENIENSES: A OFICINA DOS NOVOS & A RENASCENÇA LITERÁRIA Essa agremiação, instalada a 28 de julho de 1900, sob o patronato de Gonçalves Dias, por Francisco Serra, João Quadros e Astolfo Marques, foi a Oficina dos Novos, que ainda hoje se mantém nesta capital, e cuja direção ficou assim composta: Presidente, Francisco Serra; Vice-Presidente, Luís Carvalho; Secretário-Geral, Astolfo Marques; Tesoureiro, Monteiro de Sousa; 1º Secretário e Bibliotecário, Maranhão Sobrinho. (…) O seu quadro social, que se foi sucessivamente alargando, conta hoje 30 sócios efetivos, 40 sócios honorários e 51 sócios correspondentes. A Oficina fez-se representar na imprensa por um periódico: Os Novos, (…). Depois da publicação do primeiro número de Os Novos, isto é – a 16 de agosto de 1900, surgia na imprensa literária da terra, outro periódico – A Atualidade, – dirigido por Luís Carvalho e Henrique Fernandes, com a colaboração de Fran Paxeco, Damasceno Ferreira, Raimundo Santiago, Luís Serra, Maranhão Sobrinho, Viriato Correia, João Quadros e Agostinho Reis. Este último mantivera, anteriormente, outra folha literária, também de publicação periódica, em que haviam colaborado, I. Xavier de Carvalho e A. dos Reis Carvalho. No ano seguinte, isto é – em 1901, desligava-se da Oficina dos Novos, um grupo de moços, para ir fundar uma nova sociedade.: A Renascença Literária, representada logo na imprensa por um mensário – Renascença, que viveu de 1901 a 1902, redigido por I. Xavier de Carvalho, Nascimento Moraes, M. George Gromwell, Otávio Galvão, Rodrigues de Assunção, Leôncio Rodrigues, Leslie Tavares e Caetano Sousa. http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/30/Pagina395.htm 4 MARTINS, Manoel de Jesus Barros. RACHADURAS SOLARESCAS E EPIGONISMOS PROVINCIANOS Sociedade e Cultura no Maranhão Neo-Ateniense: 1890-1930. Recife, 2002, Dissertação e Mestrado em História. 5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Fran_Paxeco 6 In CARVALHO, Marcos Antônio de. BEBENDO AÇAI, COMENDO BACALHAU: PERFIL E PRÁTICAS DA SOCIABILIDADE LUSA EM BELÉM DO PARÁ ENTRE FINAIS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX. Tese de doutoramento em História apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto como requisito para obtenção do título de Doutor em História. Orientação: Profa. Doutora Maria da Conceição Coelho de Meireles Pereira. 2011. http://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/63200/2/TESEDOUTMARCOSCARVALHO000161479.pdf 7 Setúbal é uma cidade portuguesa, capital do distrito de Setúbal e sede de diocese, com 100 000 habitantes no seu perímetro urbano. Situa-se na sub-região de Área Metropolitana de Lisboa. https://pt.wikipedia.org/wiki/Set%C3%BAbal 8 http://www.wikiwand.com/pt/Manuel_Fran_Paxeco


Casa do Terreiro de São Caetano, em Setúbal, onde a 09 de março de 1874 nasceu Manoel Fran Paxeco VIEIRA DA LUZ, 1957, obra citada Chegou a São Luís do Maranhão em 02 de Maio de 1900, sendo autor de diversas obras sobre temas de interesse para a região 9.

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VIEIRA DA LUZ, 1957, obra citada.


A mudança de nome era comum, àquela época, entre os portugueses que migravam para o Brasil. Segundo Cunha Bento (2018)10 e Machado (2018)11, entre os comerciantes, era comum àqueles que chegavam, e homônimos, terem que alterar os nomes, para não se confundirem. Possivelmente Fran Paxeco alterou seu nome, Manuel Francisco Pacheco para Manuel Fran Paxeco devido à uma nota publicada na Gazeta da 10

CUNHA BENTO, Antonio. In Correspondência Eletrônica com Leopoldo Gil Dulcio Vaz, abril de 2018, sobre notícia publicada em Gazeta da Tarde, 7 de outubro de 1900. 11 MACHADO, Maria Rosa Pacheco. In Correspondência Eletrônica com Leopoldo Gil Dulcio Vaz, abril de 2018, sobre notícia publicada em Gazeta da tarde, 7 de outubro de 1900.


Tarde, mencionando um caixeiro portuguĂŞs; a nota foi publicada ao tempo do estabelecimento de Fran no Rio de Janeiro:


v http://4.bp.blogspot.com/u5aRpAZqaDc/VR7fGJceObI/AAAAAAAAs8A/1b7ZqfYQAl0/s1600/b.bmp


No dia de seu aniversário, 09 de março, comemorado naquele ano de 1922 – e ainda no Maranhão -, Mata Roma12 assim se manifestou, destacando as qualidades de coração que caracterizavam a personalidade de Fran Paxeco: "Um nove de março do século passado, decorria placidamente... E lá nas regiões sidéreas, no mais alto e delicioso éden, o criador, do seu trono mirífico, abençoava as criaturas. E todos os anjos e todas as virtudes e, todos os gênios, em coro harmonioso e divino, entoavam hinos ao Onisciente. E achavam-se ali o Amor, a Amizade, a Fé, a Esperança, a Caridade, a Moral, a Modéstia, o Trabalho, a Justiça - todos os sublimes seres espirituais. E, à hora, destinada às preces cotidianas, soa a maviosa sineta, e todos se ajoelham em volta do Senhor, rendendo-lhe graças, queimando-lhe incenso. E o Senhor, lançando um olhar em redor, nota a ausência da Bondade. E pergunta por ela. E todos, que a tinham visto, havia pouco, se entreolham, admirados. E, reciprocamente, interrogam-se. E, à ordem do Senhor, saiu uma formosa legião de anjos a percorrer os mundos, em busca da tresmalhada. E foram e andaram muito. E desceram à terra. E correram países, passearam cidades, visitaram aldeias. E, quando na Europa, rumando para o sudoeste, foram dar com a fugitiva na bela Setúbal, no coração de um recém-nascido. E, ao intimá-la a famosa legião, ela disse: O meu solar é aqui... E os anjos voltaram sozinhos ao Senhor, e a Bondade continuou a viver no coração de Fran Paxeco. 13 Vejamos alguns aspectos de sua vida contada por sua neta, Rosa Machado14: Aos dezasseis dias do mez de Março de mil oitocentos setenta e quatro; ás quatro horas da tarde n’esta Parochial Egreja de Nossa Senhora da Annunciada, Concelho de Setubal, Patriarchado de Lisboa baptizei solemnemente a Manuel, primeiro do nome, que nasceu a nove d’este mesmo mez e anno, ás cinco cinco horas da manhã, n’esta freguesia, filho legítimo de José Anastácio Pacheco, carpinteiro de carros e Carolina Augusta, naturaes d’esta cidade e recebidos na freguesia de São Julião e moradores no rocio de São Caetano, neto paterno de Manuel Maria da Saúde Pacheco e Maria Rita, materno de Joaquim Gomes e Maria Rita; foi padrinho Francisco José Pereira, casado, proprietário, morador na Ponte de São Sebastião e madrinha Theresa de Jesus, solteira, moradora no Largo das Almas. E para constar se lavrou em duplicado este termo, que assigno. Era ut supra. O Parocho Encom.do Francisco Machado Araújo[?]15

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JOSÉ MATA DE OLIVEIRA ROMA, um dos mais ilustre filho de Chapadinha nasceu em 23 de janeiro de 1896. Conhecido como Professor Mata Roma, bacharel em Direito pela faculdade de Direito do Maranhão, da qual mais tarde, foi professor de Direito Civil. http://herbertlago.blogspot.com.br/2008/05/mata-roma-o-tntalo-de-chapadinha.html 13 CUNHA BENTO, 2014, obra citada. 14 MACHADO, 2014, obra citada 15 CUNHA BENTO, 2014, obra citada


Igreja de N. S. da Anunciada de Setubal, na qual, em 16 de marรงo de 1874, com oito dias, foi batizado VIEIRA DA LUZ, 1957, obra citada.


Filho de José Anastácio Pacheco e de Carolina Amélia Pacheco 16, ficou sem pai aos sete anos. No primeiro dia do mes de setembro do anno de mil oitocentos e oitenta ás seis horas da manhã na casa numero doze, loja, da rua de São Caetano d’esta freguesia de Nossa Senhora da Anunciada da cidade e concelho de Setubal, patriarchado de Lisboa, falleceu tendo recebido todos os sacramenttos da Egreja – José Anastácio Pacheco – de idade de trinta e tres annos, de profissão carpinteiro de carros, natural de Setubal, casado com Carolina Amélia, recebidos na freguesia de São Julião d’esta cidade e parochianos d’esta supradita freguesia da Annunciada, filho legitimo de Manuel Maria Pacheco e de Maria Rita Pacheco, também naturaes de Setubal, e recebidos também aqui n’esta freguesia. Não fez testamento, deichou dois filhos menores, e foi sepultado no cemiterio publico d’esta cidade. E para constar lavrei em duplicado este termo que assigno. Era ut supra. O Parocho encomendado Alberto Carlos Cotrim de Miranda.

Para António Bento, deve haver lapso na idade, dado que, segundo o assento de casamento, em 20 de Abril de 1873, teria então 31 anos. 17 Fez os estudos primários em escola pública, no antigo Convento de São Francisco18; Concluidos os estudos primários, passou a estudar em colégio jesuita. Referindo-se a esta escola, anos mais tarde, deixará um testemunho pouco abonatório da sua passagem por ela:

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José Anastácio Pacheco (natural de Setúbal) casado com Carolina Amélia Pacheco pais de: Joaquim Pacheco ( natural de Setúbal) e de Manuel Francisco Pacheco - conhecido como Fran Paxeco * (natural de Setúbal); Joaquim Pacheco casado com Deolinda Baptista Pacheco e teve 4 filhos: Isabel; Óscar Paxeco (jornalista); Clóvis; Maria de Jesus. Esta última filha casou com António Sousa Franco ( Gouveia), formado em medicina, trabalhava num laboratório, sendo pois os pais de António Luciano Pacheco de Sousa Franco, que não teve filhos biológicos. Fran Paxeco, escritor, jornalista, diplomata, casou com Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco (natural de S.Luis do Maranhão) e tiveram uma filha: Elza Fernandes Paxeco Machado (S. Luis do Maranhão ), que casou com José Pedro Machado (Faro ) e teve três filhos: Maria Helena, João Manuel e Maria Rosa Pacheco Machado (que sou eu, e tenho uma filha que se chama Inês...). A minha Mãe faleceu em 1989 e o meu Pai vai completar 90 anos no próximo mês de Novembro. MACHADO, Rosa, in https://geneall.net/en/forum/68924/prof-sousa-franco/ 17 CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


O Rato”, de 12Jul1891

FRAN PAXECO AOS 4 e aos 7 ANOS – Vieira da Luz, 195719

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CONVENTO DE SÃO FRANCISCO: A Igreja e Convento de São Francisco - A primeira noticia sobre este convento dão conta do mesmo ter nascido em 1410, sendo naquele tempo propriedade da Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves. Esta foi provavelmente a primeira ordem religiosa a estabelecer-se em Setúbal. A sua construção deveu-se a D. Maria Anes Escolaris, filha de João Gonçalves Escolar, vedor da fazenda de D. Fernando senhora que ofertou o terreno e outros bens com a finalidade de contribuir para a sua edificação. A protecção ao Convento foi prosseguida pelo seu neto que reedificou a capela mor. Nesta construção de estilo renascentista com elementos decorativos barroco, esculpidos no frontispício da capela, há notícia de em 1619 ali se ter hospedado o rei Filipe III da Castela, aquando da sua visita a Setúbal.Passados anos, vamos encontrar as instalações do Convento bastante degradadas e, por isso, entre 1747 e 1749 ali são executados trabalhos de recuperação. Porém, em 1755, o violento terramoto que destruiu Lisboa, volta a danificar fortemente o convento. Em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas os frades são daqui expulsos e o Estado toma posse destas instalações, vendendo-as posteriormente em hasta pública, acabando as mesmas por ser arrematadas por Joaquim O'Neil.O ano de 1840 chegou e veio encontrar o convento de novo já em ruínas, tendo então a família Tordales O'Neil mandado demolir a maior parte das instalações.Em 1874, Francisco José Pereira comprou o convento a João O'Neil e mandou-o reconstruir.Um ano depois de o ter adquirido, e já com algumas obras efectuadas, o edifício apresentava-se com melhor aspecto, pelo que o seu proprietário tratou de o vender, aos Padres da Companhia de Jesus que as concluíram, reedificando a igreja e adaptando o edifício para o estabelecimento de ensino. https://www.facebook.com/notes/amizades-de-inf%C3%A2ncia/convento-des%C3%A3o-francisco-set%C3%BAbal/273855106334620/ 19 VIEIRA DA LUZ, 1957, obra citada


Depois, ingressa na Casa Pia de Lisboa20 - destinada aos órfãos de pai -, para prosseguir o ensino secundário, entre Novembro de 1883 e Outubro 1888. Voltou para Setúbal aos 14 anos, começando a trabalhar como “escrevente” na Conservatória da Comarca de Setúbal, onde conheceu o diretor da “Gazeta Satubense” - segundo ele, “a Gazeta Setubalense foi, no período áureo, uma escola de jornalistas e de artes gráficas. Uma grande parte dessedentou-se nessa fonte.” -, e aí inicia a sua carreira de jornalista: Começava assim a aventura intelectual de uma das mais instigantes personalidades da cultura luso-brasileira. Com pouco mais de vinte anos, Francisco Pacheco já exercia atividades regulares na imprensa de sua cidade natal e havia cumprido o serviço militar obrigatório, passando aos quadros da reserva do exército. (ITAPARY FILHO, 2008) 21 Aos 16 anos, funda “O Elmano”, em 6 de março de 1890, de que só saiu esse número, mas ressurgiu em 7 de março de 1893, e prolongou-se por bastantes anos: “Num impulso juvenil, empreendemos a impressão do Elmano. Nasceu e morreu a 6 de Março de 1890. Foram tantas as picardias que, antes de vir para a rua, já resolvêramos morfinizá-lo.”

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A Casa Pia - formalmente CASA PIA DE LISBOA, é um organismo do Estado Português que tem por missão a promoção dos direitos e a proteção das crianças e dos jovens. Atualmente, a Casa Pia tem o estatuto de instituto público e funciona sob tutela do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social. A instituição remonta à fundação da Real Casa Pia de Lisboa (Lisboa, 3 de julho de 1780), por Pina Manique, intendente-geral da Polícia sob o reinado de Maria I de Portugal. Destinava-se à educação de órfãos e à recuperação, através do trabalho, de mendigos e vadios. https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Pia 21 ITAPARY FILHO, 2008, obra citada.



Assentou praça como voluntário em 12 de maio de 1890. Ao se alistar, submete-se a “exame de admissão”22

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CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


Antònio Bento acredita que a carreira militar não terá sido uma fase brilhante da sua vida, apesar da rápida progressão. Ao fim de cinco meses era promovido a 1º Cabo e, passados mais quatro meses, era 2º Sargento. A sua ideologia republicana aliada ao pendor “revolucionário”, não lhe facilitaram a vida. A folha de matrícula é reveladora do seu inconformismo: foi punido com detenções - “por ser visto trajando à paisana”, “por faltar à formatura”, “por se ter dirigido a um camarada em termos inconvenientes” – e, por fim, a prisão por “insubordinação e por ofensa, por meio de escripto a superior”. Pena é que não se consiga localizar o processo que deu origem à sentença. 23 Promovido a 1º Cabo 24 de Outubro de 1890. ● Promovido a 2º Sargento em 16 de Fevereiro de 1891. ● Punido com 10 de detenção. ● Em 10 de Novembro de 1891 colocado na Companhia de Correcção nº 1. ● Recolheu ao Regimento de Infantaria nº 2 em 4 de Fevereiro de 1892. ● Preso para Conselho de Guerra em 30 de Janeiro de 1892. ● Solto em 6 de Dezembro de 1892, por efeito da sentença. ● Passou ao Regimento de Infantaria nº 2, em 14 de Dezembro de 1892. ● Passou à Reserva em 17 de Março de 1894. Foi domiciliar-se na freguesia de S. José, de Lisboa, 2º Bairro. ● Baixa em 12 de Maio de 1902. ● Reserva Territorial em 1919.

23

CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


Passando à reserva em 17 de março de 1894. Segundo deixou registado no opúsculo “Pelo ministério dos estrangeiros”, Pará, 1926, não faltaram os convites de oficiais seus superiores, graças, certamente, ao valor demonstrado24: o tenente coronel Rio de Carvalho, do último regimento referido, quis convencê-lo a permanecer nas fileiras, garantindo-lhe que obteria do ministro da guerra, o general Pimentel Pinto, a dispensa das suas faltas. Recusou a fineza. O capitão de fragata Nuno de Freitas Queriol, chefe de Gabinete de Hintze Ribeiro, insistiu para levá-lo como ajudante de ordens, para o distrito do Congo, de que estava nomeado governador. Fá-lo-ia promover a 1º sargento e a alferes. Também não aceitou esses obséquios, apesar de paupérrimo. E porquê? Porque desejava consagrar-se, de corpo e alma, livre das gargalheiras duma disciplina anacrônica, embora necessária, às ideias republicanas. Entrara no primeiro vinteno de existência. Ainda nas fileiras, foram motivo de uma ação criminal uns artigos republicanos, insertos na "A Liberdade Popular"25, semanário de Cantanhede. Orientava-o Albano Coutinho, sendo seu proprietário e redator Carvalho Neves. Esses artigos valeu-se-lhe uma ação criminal 26.. Ainda durante o Serviço Militar acentua a sua vertente de crítico de assuntos locais e de atualidade política, como acérrimo defensor dos ideais republicanos. São exemplos dessa atividade a colaboração em “O Rato”, na secção “A Sério – Traços sobre Setúbal”, sob o pseudónimo Flamino Nás, e na “Liberdade Popular”, de Cantanhede, onde lhe “querelaram dois artigos entusiásticos”, de que não se conseguiu, ainda, consultar nenhum exemplar, conforme informa António Bento 27. A propósito de “O Rato”, disse: “No intervalo, sustentámos, com Henrique de Santana, hoje professor da Escola Normal do Porto, O Rato,que pertendia ser humorístico.”. “Sumiu-se” a 20 de Agosto de 189128.

24

CUNHA BENTO, 2014, obra citada. Que durou de 14 de Junho a 4 de Outubro de 1891, conforme Cunha Bento, 2014, obra citada 26 Ação essa que vem a provocar sua fuga de Portugal, vindo a ter no Brasil, para escapar à prisão; segundo Rosa Machado, não foram estes artigos que fizeram Fran Paxeco fugir de Portugal, mas sim o artigo da Vanguarda, publicada em Janeiro de 1895. 27 CUNHA BENTO, 2014, obra citada. 28 CUNHA BENTO, 2014, obra citada. 25


Em 1 de Abril de 1894, assume um dos postos na redação política de "A Vanguarda"29, o mais independente e inflamado jornal da época, dirigida por Narciso Rebelo Alves Correa30. Teve como camaradas, aí, os drs. 29

A Vanguarda / dir. Alves Corrêa. - A. 1, nº 1 (9 mar. 1891) - a. 21, nº 7627 (22 out. 1911). - Lisboa : Ellydio Analide da Costa, 1891-1911. - 52 cm. Biblioteca Nacional Digital – Portugal, disponível em http://purl.pt/14330


José Benevides e Fernando Martins de Carvalho, Faustino da Fonseca, Sousa Vieira, Carlos Calisto, França Borges, etc.

30

ANTÓNIO NARCISO REBELO DA SILVA ALVES CORREIA - Nasceu em Vila Real em 25 de Maio de 1860. Inicialmente desempenhou a profissão de farmacêutico, mas porque mostrou aptidões para a escrita, começa a colaborar nos jornais. Adopta então a profissão de jornalista e colaborou em inúmeras publicações periódicas, especialmente ligadas ao Partido Republicano. Destaca-se a sua colaboração na Folha do Povo, no Trinta, no Século, Os Debates, A Vanguarda e, finalmente, O País. Neste último jornal, foi o fundador em 1895 e dirigiu-o até à sua morte, provocada pela tuberculose, em 5 de Janeiro de 1900.Segundo o professor Oliveira Marques, foi iniciado na Maçonaria em 1882, na Loja Cavaleiros de Nemesis, em Lisboa, adoptando o nome simbólico de João Huss. [A. H. Oliveira Marques, Dicionário da Maçonaria Portuguesa, vol. I, Editorial Delta, Lisboa, 1986, col. 413.]Foi um jornalistas republicanos mais em destaque no seu tempo, envolvendo-se em várias polémicas, chegou a ser agredido e preso.


Discute nesse jornal, entre outras questões, o esbulho de Quionga31, que o Tratado de Versalhes nos restituiu. Era também redator político dos hebdomadários “A Montanha”, de Trancoso, e “O Cezimbrense”, que representou, no congresso partidário de 1895.” Como nos diz em “Pelo ministério dos estrangeiros” 32.

Promove em igual data, com seu querido condiscipulo Alfredo Serrano, o jubileu do soberbo lirico João de Deus33. Em Agosto e Setembro de 1894, publica em “O Século” dois artigos intitulados “A Cidade de Setúbal” e outro “Bocage (Elmano Sadino)”

31

Em 1886, a Alemanha e Portugal tinham acordado no rio Rovuma como a fronteira oficial entre a então África Oriental Alemã (atual Tanzânia) e a colônia portuguesa de Moçambique. Em 1892, contudo, os alemães afirmaram que os portugueses não tinham nenhum direito na parte norte do cabo Delgado, a aproximadamente 32 quilômetros ao sul da foz do Rovuma. Em virtude disso, em 1894 a marinha alemã tomou Quionga, e as forças desse país ocuparam seu interior, forjando o que viria a ser chamado «triângulo Kionga» (uma área de cerca de 395 quilômetros quadrados). Na Primeira Guerra Mundial, esse território foi reanexado pelos portugueses, e nos termos do Tratado de Versalhes tornou-se a única aquisição territorial de Portugal nessa guerra. https://pt.wikipedia.org/wiki/Quionga . 32 CUNHA BENTO, 2014, obra citada. 33 João de Deus de Nogueira Ramos (São Bartolomeu de Messines, 8 de Março de 1830 — Lisboa, 11 de Janeiro de 1896), mais conhecido por João de Deus, foi um eminente poeta lírico e pedagogo, considerado à época o primeiro do seu tempo, e o proponente de um método de ensino da leitura, assente numa Cartilha Maternal por ele escrita, que teve grande aceitação popular, sendo ainda utilizado. Gozou de extraordinária popularidade, foi quase um culto, sendo ainda em vida objecto das mais variadas homenagens. Foi considerado o poeta do amor e encontra-se sepultado no Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Deus_de_Nogueira_Ramos



Por esta altura, Fran Paxeco envolve-se na primeira polémica da sua vida, com Francisco Paulino de Oliveira34. Diz-nos ele em “Setúbal e as suas celebridades”, Setúbal, 1930: “«O Mez – chronica da vida setubalense» irrompe em Novembro-1894. Estamparam-se mais dois folículos em Dezembro-1894 e Janeiro-1895. Num deles chasqueou dum nosso artiguinho, inserto no Elmano. Ocupávamo-nos do excesso de largos irregulares em Setúbal. 35

34Escritor e poeta português, nasceu em 1864, em Setúbal, e morreu em1914, em São Paulo, no Brasil, país onde se exilou após a revolta de 31 dejaneiro de 1891 (tentativa de implantar a República em Portugal). Paulino de Oliveira, quando ainda morav a em Setúbal, foi jornalista em publicações republicanas. Já no Brasil, dedicou-se à poesia e literatura infantojuvenil, neste último caso em parceria com a mulher, a escritoraAna de Castro Osório. Nos seus primeiros anos de esc ritor usou o pseudónimo Anúplio de Oliveira. Ainda no Brasil, Paulino de Oliveira foi cônsul de Portugal em São Paulo,entre 1 911 e 1914. https://www.infopedia.pt/$paulino-de-oliveira 35 CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


Em janeiro de 1895, “A Vanguarda” publica artigo: “O comando da 1ª Divisão militar”, no qual se reverberam o rei D. Carlos36 e o general de brigada Antonio Abranches de Queirós, comandante das guardas municipais37. Pretendiam torná-lo substituto do general Moreira, no cargo de comandante daquela divisão. Esse artigo originou um grande alarido, foi considerado injurioso e o governo mandou processar Fran Paxeco (ALDEIA, 2006, BENTO, 2014) 38. 39

36

Carlos I (Lisboa, 28 de setembro de 1863 – Lisboa, 1 de fevereiro de 1908) foi o Rei de Portugal e Algarves de 1889 até ao seu assassinato. Era filho do rei Luís I de Portugal e sua esposa a princesa Maria Pia de Saboia. Nascido em Lisboa, foi cognominado "o Diplomata" (devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos reis Afonso XIII de Espanha, Eduardo VII do Reino Unido, do imperador Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa Émile Loubet), "o Martirizado" e "o Mártir" (em virtude de ter morrido assassinado), ou O [3] Oceanógrafo (pela sua paixão pela oceanografia, partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco). https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_I_de_Portugal Influenciado por ideias de renovação política e cultural que se alastravam em toda a Europa, difundindo-se em Portugal principalmente a partir de Coimbra, adepto de correntes de pensamento contrárias à monarquia decrépita, segundo Itapary Filho, 2008. 37 https://pt.wikipedia.org/wiki/Guarda_Nacional_Republicana 38 ALDEIA, João. Setubal na Rede. Disponível em http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=7659, acessado em 16 de janeiro de 2014 39 CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


Volta a referir-se ao fato. Em 16 do mês citado, o suposto ofendido procura Alves Corrêa40, na redação, e tenta agredi-lo.. No dia imediato, um irmão daquele ataca o diretor da Vanguarda, em pleno Teatro de S. Carlos…

40

http://arepublicano.blogspot.com.br/2010/10/vanguarda-dia-2-de-outubro-de-1910.html


As perseguições prosseguiram… Alves Corrêa desafia para um duelo o mais velho dos irmãos do imaginário ofendido.. Serviram de padrinhos os Drs. Magalhães de Lima e José Benevides. Mas o desafiado negou-se ao encontro. Alves Corrêa amedronta-se e pede a Fran Paxeco que se demita de “A Vanguarda”. 41

41

CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


Segundo Bento (2014) 42, de seguida “A Montanha” publica uma áspera narrativa do escândalo, em resultado do que lhe é instaurado um processo judicial. Diz ele referindo-se ao caso: “A querela baseou-se em preadivinhadas injúrias à loura pessoa de sua majestade fidelíssima. O chinfrim promanou de hipotéticos agravos ao rubicundo comandante das augustas guardas municipais. Tudo reles e mesquinho, como vedes. O jornal acusado dá pelo nome de Montanha e penetra nas mercearias dos beirões penhascos de Trancoso; o indivíduo peado pelas justiças pseudodenominava-se em Brissos Calvão. O monarca chama-se Carlos Simão de Bragança, afora o restante; o general é conhecido por António Abranches Queiroz…”

Ouvida a opinião de amigos advogados, foram unânimes: por se encontrar sujeito ao foro militar, incorria numa pena de um mínimo de cinco anos de prisão. 42

CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


O conselho foi: “Arranje a mala e safe-se!”. O processo, até agora, encontrado no Arquivo Histórico Militar resume-se a um conjunto de documentação relacionada com o aludido processo judicial. Trata-se de pedido do Tribunal de Trancoso às autoridades militares para envio de documentos autógrafos de Fran Paxeco, no sentido de ser identificada a letra do autor do escrito que deu origem ao processo. Presume-se, contudo, que os documentos enviados não terão sido aceites pelo Tribunal. Razão pela qual o processo, possivelmente, não terá tido continuidade43

AOS 20 ANOS Sujeito ao foro militar, no caráter de reservista, decide exilar-se dois meses mais tarde. Parte do terreiro do Paço a 28 de março de 1895, via Algarve, donde se transporta a Málaga, e dai ao Rio de Janeiro, onde chega em 8 de maio.

43

CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


Em “ O Sangue Latino”, Lisboa, 1897 44, faz-nos um relato pormenorizado da sua partida, em 28 de Março de 1895, para o exílio no Brasil; Como ele mesmo narra:

OLIVEIRA GOMES, 1898 45 [...] roupas enlaçadas, livros cintados, sob o codinome de Viegas Guimarães, Francisco tomou o primeiro navio que lhe apareceu e rumou para a Espanha, donde, também sem perda de tempo, escapou rumo ao Brasil. Aportou no Rio de Janeiro a 8 de maio de 1895, com 21 anos de idade, e empregou-se no comércio. Com pouco tempo no Rio, em dezembro daquele ano, seria despedido do emprego por haver fundado um jornal chamado “A República Portuguesa”. O Sangue Latino, de 1897 é, em parte, um livro de viagens, aonde Fran Paxeco vai retratando as terras por onde passou, e particularmente Sevilha. Mas é igualmente um livro de reflexão política sobre Portugal.46 “A Gazeta de Petrópolis”, ed. 75 21/06/1898, ao comentar o aparecimento de “Sangue Latino” 1897, nos traz um pouco das aventuras de Fran Paxeco, de sua fuga de Portugal: Do Algarve passa a Espanha, dá um salto a Ceuta, embarca em Málaga, no navio Provence, chegando ao Rio de Janeiro a 1 de Maio seguinte. Em 8 do mesmo mês está empregado na “Casa Souto Maior”.

44

CUNHA BENTO, 2014, obra citada. OLIVEIRA GOMES, Novas Literárias. In A GAZETA DE PETRÓPOLIS, ed. 75, 21/06/1898 46 ALDEIA, João. Setubal na Rede. Disponível em http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=7659, acessado em 16 de janeiro de 2014 45


OLIVEIRA GOMES, 1898 47

Tomou parte dos atos comemorativos do centenário da morte de Basílio Gama48, prefaciando o seu poema “Uruguai”49 e foi um dos promotores da “Nova Revista”.

47

OLIVEIRA GOMES, Novas Literárias. In A GAZETA DE PETRÓPOLIS, ed. 75, 21/06/1898 JOSÉ BASÍLIO DA GAMA foi um poeta luso-brasileiro que escrevia sob o pseudônimo Termindo Sipílio. Célebre por seu poema épico O Uraguai, de 1769, e investido como patrono da cadeira 4 da Academia Brasileira de Letras. Wikipédia 49 O Uraguai é um poema épico escrito por Basílio da Gama em 1769, conta de forma romanceada a história da disputa entre jesuítas, índios (liderados por Sepé Tiaraju) e europeus (espanhóis e portugueses) nos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul. O poema épico trata da expedição mista de portugueses e espanhóis contra as missões jesuíticas para executar as cláusulas do Tratado de Madrid, em 1756. Tinha também o intuito de descrever o conflito entre ordenamento racional da Europa e o primitivismo do índio. Esse poema é também um marco na literatura brasileira representando uma quebra com o modelo clássico do poema épico. O Uraguai é composto por apenas cinco cantos (ao invés dos dez cantos de Os Lusíadas) e apresenta 1377 versos brancos (sem rima) e nenhuma estrofação. Outra característica que diferencia O Uraguai dos outros poemas épicos é o fato de narrar um episódio histórico muito recente. https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Uraguai 48


50

OLIVEIRA GOMES, 1898 51 Nos principios de dezembro de 1895, parte para Belém do Pará, onde chega a 17. Nesse mesmo mês, sem perda de tempo, embarcou-se para o Pará, onde saltou a 17. Já em Belém, associou-se na publicação de um jornal intitulado “Folha do Norte”, cujo primeiro número sairia menos de um mês após a sua chegada, exatamente no dia 1º de janeiro de 1896. Fran Paxeco (Que passou a abreviar nome de Francisco e grafar o sobrenome com x) era um dos redatores. Em 96, 97 e 98 trabalhou em jornais daquela cidade, onde também organizou a biblioteca do Grêmio Português, lecionou em escolas privadas e, em março de 1898, expôs à venda o seu primeiro livro: “Sangue Latino”. Neste jornal publica um conjunto de artigos sobre a descoberta do Brasil que gera viva polémica, ainda que consiga fazer prevalecer a sua versão. É também neste periódico que, a partir de 9 de Março de 1896, publica um conjunto de seis artigos sobre Bocage52. Trata-se de uma versão revista e melhorada do artigo que publicou inicialmente em “O Século”, de 16 de Setembro de 1894. 50

ADOLFO FERREIRA DOS SANTOS CAMINHA (Aracati, 29 de maio de 1867 — Rio de Janeiro, 1 de janeiro de 1897) foi um escritor brasileiro, um dos principais autores do Naturalismo no Brasil. Colabora também com a imprensa carioca, em jornais como Gazeta de Notícias e Jornal do Commercio, e funda o semanário, Nova Revista. Já tuberculoso, lança o último romance, Tentação, em 1896. Morre prematuramente no Rio de Janeiro, no dia 1º de janeiro de 1897, aos 29 anos.https://pt.wikipedia.org/wiki/Adolfo_Caminha 51 OLIVEIRA GOMES, Novas Literárias. In A GAZETA DE PETRÓPOLIS, ed. 75, 21/06/1898 52 Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de setembro de 1765 – Lisboa, Mercês, 21 de dezembro de 1805) foi um poeta nacional português e, possivelmente, o maior representante do arcadismolusitano.[1] Embora ícone deste


Colaborador da “Folha do Norte”, saindo em maio de 1896, e em junho organiza o catálogo da biblioteca do Gremio Litarário Portugues.

movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.[2] Era primo em segundo grau do zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage. https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage


Prefacia o libreto do “Guarani”, quando uma companhia ali apresentou essa opera, em 03 de dezembro de 1896. Dá aulas até 1897, que deixa para se tornar sócio solidário da papelaria Silva. Organiza homenagens a Mousinho de Albuquerque53, pelas vitórias contra os vátuas. Encontramos uma primeira referencia a Fran Paxeco – já assinalado assim seu nome – no jornal “O Pará”, edição de 18 de dezembro de 1897, como um dos responsáveis pela “A Revista”:

No Diário do Maranhão, edição de 31 de julho de 1897, era informado que Fran Paxeco assumira a direção do jornal amazonenses “Diário de Notícias”; e já em agosto, começa a polemica com Arthunio Vieira, exredator daquele jornal (Diário do Maranhão, 02 de agosto).

Em setembro (O Pará do dia 18) uma nota sobre o que se passava em “Manaus”, envolvendo novamente Arthunio Vieira e Fran Paxeco; tratava o colunista sobre a questão do Acre.

53

Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque foi um oficial de cavalaria português que ganhou grande fama em Portugal por ter protagonizado a captura do imperador nguni Gungunhana em Chaimite e pela condução ... Wikipédia


Em A FEDERAÇÃO (08 outubro), órgão oficial do Partido Republicano Federal, e no Commercio do Amazonas (10/10) informa-se que o colaborador do Jornal Diário de Noticias encontrava-se enfermo.


No dia seguinte (em O Pará de 09 de outubro) novamente Arthunio Vieira assaca contra Fran Paxeco, em sua coluna “Manaus” (publicada a 03 de outubro). Pertencia também, já a essa época, à “Mina Litterária”, grupo de jovens literatos conforme se depreende de noticia veiculada nesse mesmo jornal a 27/12/1897, em que se anunciava, além da ordem do dia, o lançamento de “A Revista”:

No ano seguinte, 1898, prosseguiam as reuniões literárias da Mina – e dos mineiros, como eram chamados seus membros (O Pará, 11/01/1898). Segundo o “O Pará”, de 19 de março de 1898, haveria a recepção aos novos associados; Fran Paxeco não se fez presente, justificando a ausência por achar-se adoentado. Membro da comunidade lusitana em Belém fazia parte da Comissão do Centenário Indiano, em comemoração aos 400 anos da descoberta do Caminho para as Índias. Foi Luciano Cordeiro, secretário perpétuo da Sociedade de Geografia de Lisboa, que o incitou a interessar a colônia nas comemorações do centenário indiano. Redigira já, em Julho daquele ano, o manifesto das associações portuguesas acerca desse fato histórico. Elegeram-no secretário-geral da comissão executiva.


Em março de 1898 (O Pará, 08/03) saia o segundo numero de A Revista, com a colaboração de Fran Paxeco, escrevendo sobre Teófilo Braga:

Na edição seguinte, aparece nota sobre seu aniversário e anunciado o lançamento de seu primeiro livro – Sangue Latino, no Pará


Em “O Pará” edição de 19 de março de 1898, Fran Paxeco propõe a mudança de nome de “Mina Literária” para “Centro Litterário Paraense”. E em 1898 principia a colaborar na “Provincia do Pará” e publica “O Álbum Amazônico”. Em meados de Dezembro o jornal “O Pará” noticia: É um facto innegável que o meio litterário augmenta progressivamente no Pará… Os livros são raros por que raro é também por enquanto o público que lê… ainda assim a publicação augmenta… Os srs. Alfredo Silva & Cª que se têm arvorado em paladinos da profusão da ideia tiveram a louvável lembrança de tentar a publicação de um revista… Junte-se à garantia de bom exito, [nomes dos colaboradores], os de Fran Paxeco e Alfredo Silva, directores litterario e thecnico da «Revista» e cada um de per si julgará se é ou não justificado o enthusiasmo que a publicação está despertando.” A revista tinha uma longa lista de colaboradores, citam-se, por exemplo, entre os portugueses: Teófilo Braga, Gomes Leal, Teixeira Bastos, Cândido de Figueiredo, Guerra Junqueiro, Magalhães de Lima, Manuel Maria Portela, “e outros”.


Ao que parece, terá sido nesta revista que Fran Paxeco assinou os primeiros artigos com o seu “novo nome”.


“Declaro que, desde o anno de 1897, residindo nessa data no Estado do Pará, República dos Estados Unidos do Brasil, mudei o nome de Manuel Francisco Pacheco, para o de Manuel Fran Paxeco, que de então para cá tenho adoptado em todos os actos publicos. O motivo desta alteração consistiu em existirem na cidade de Belém do Pará quatro pessoas com o nome Francisco Pacheco, exercendo uma delas a profissão de comerciante. E sendo praxe ali, quando appareciam negociantes com nomes eguaes, mudar o seu aquelle que surgia depois do já conhecido, tive que realizar essa transformação, ao entrar no commercio paraense. S. Luiz do Maranhão, 12 de outubro de 1905”

Manteve-se o nosso ilustre conterrâneo na Direcção Literária da “Revista” desde o nº 1 (Janeiro/1898) até ao nº 7 (Julho/1898), altura em que é anunciada a sua substituição “visto retirar-se para a Europa o nosso confrade Fran Paxeco”. 54 54

CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


Em “O Pará” edição de 19 de março de 1898, Fran Paxeco propõe a mudança de nome de “Mina Literária” para “Centro Litterário Paraense”.

Seu livro recebeu algumas críticas, desfavoráveis ao autor, como se vê na coluna Livros, de “O Pará”, edição de 20 de março de 1898, escrita por Arthunio Vieira55. Nessa mesma edição, na Coluna CATURRICES Ambrosio de Jesus e Paiva também o critica por querer mudar o nome da “Mina Literrária”; Fran Paxeco continuava nos quadros da Mina, participando ativamente de seus saraus, e pronunciado palestras, como se pode ver nesta nota de 05 de junho de 1898;

Em 1898, volta a Portugal e em 1899 já está no Brasil, a subir o Amazonas rumo a Manaus, onde é diretor do “Diário de Notícias” e secretário-geral da Associação de Imprensa Amazonense (1900). Em 1899, em Manaus, é atacado pelo empaludismo. De volta a Belém do Pará escreve “A Questão do Acre”. 55

Arthunio Vieira, que foi redactor http://www.ceara.pro.br/cearenses/listapornomedetalhe.php?pid=33329

do

Jornal,

de

Fortaleza..


O “Diário do Maranhão”, edição de 06 de março de 1899, dá-nos conta de Fran Paxeco residindo ainda em Belém, em reunião da Mina Literária, ao mesmo tempo em que são anunciados novos números de A Revista, com a colaboração de Fran Paxeco.


Em O Pará de 11 de fevereiro de 1899 consta que ainda residia em Belém, quando do lançamento do “Álbum Amazônico”, de autoria de Arthur Caccavoni, que teve a tradução do italiano para o português por conta de Fran Paxeco.


Na edição de O Pará de 03 de março, Emilio Zoilo ao comentar artigo sobre regras ortográficas do português refere-se ao estilo de escrita de Fran Paxeco.

No mês de abril, em O Pará edição do dia 18, é descrita mais uma reunião da Mina Literária, na qual Fran Paxeco teve ampla participação. As propostas de Fran Paxeco foram aceitas e encaminhadas através de oficio às autoridades; ele passou a fazer parte das comissões que se estavam formando, para se comemorar o descobrimento do Brasil. Propunha ele que se desse o nome de Pedro Álvares Cabral a uma rua, ou a uma praça, em Belém do Pará; e mais, que fosse feito um congresso nacional comemorativo aos 400 anos do descobrimento.


Em 04 de maio, Fran Paxeco estava às voltas com os preparativos do Centenário do Descobrimento, ainda em Belém do Pará. O jornal “Commercio do Amazonas” em sua edição de 21 de junho de 1889 publica uma crítica assinada por J. Brandão sobre o “Sangue Latino”, de Fran Paxeco

Deve-se ressaltar que Fran Paxeco tivera intensa participação na vida literária de Belém antes de assumir a função de redator do Diário de Notícias, em Manaus; esses artigos publicados em Manaus eram replicados em Belém pelo “O Pará”.


Em nova publicação (O Pará, 21 de outubro), Arthunio Vieira novamente se refere à Fran Paxeco, em sua coluna; embora datada de 15 de setembro, chega à redação d´O Pará somente a 20 de outubro (nota da redação). Nesta nova publicação, Arthunio refere-se ao fato de há um ano Fran Paxeco o substituir na redação do Diário de Noticias.


Não obstante os ataques entre os redatores do Diário de Notícias de Manaus – o atual (Fran Paxeco) e o ex (Arthunio) – vamos encontrar Fran Paxeco envolvido na constituição da Associação de Imprensa amazonense, atuando como secretário da assembléia de fundação (A FEDERAÇÃO, 07/11/1899).

No dia seguinte, uma nota sobre noticia publicada em outro jornal, envolvendo Fran Paxeco (A FEDERAÇÃO, 08/11); E a 10/11/1899, outra nota. O que teria havido? Segundo o jornal “Commercio do Amazonas”, edição de 07 de novembro de 1899 um funcionário da Casa Souza & Cia – Almeida Pimentel – tinha agredido a Fran Paxeco.


O motivo?

Em 20/12/1899, Fran Pacheco começa a escrever, em Manaus, notas sobre escritores e filósofos portugueses, e de brasileiros que se destacam em Portugal. A Pacotilha de 03 de janeiro de 1900 registra a publicação desses artigos:


Vai ao Rio de Janeiro onde colabora no “O País” e em 2 de maio de 1900 chega a São Luis do Maranhão.(MACHADO, 2014) 56. Da chegada de Fran Paxeco ao Maranhão, Humberto de Campos faz referencia em sua obra “Memórias Inacabadas”57:

56

MACHADO, 2014, obra citada CAMPOS, Humberto de. MEMÓRIAS E MEMNÓRIAS INACABADAS. São Luis: Instituto Geia, 2009 SAMUEL, Rogel. Fran Paxeco segundo Humberto de Campos. In ENTRE-TEXTOS, publicado em 20/11/2011, disponível em http://www.45graus.com.br/fran-paxeco-segundo-humberto-de-campos,entre-textos,86963.html 57


“Fran Paxeco, escritor português, discípulo e devoto de Teófilo Braga, chegara ao Maranhão, procedente de Manaus, onde o seu temperamento combativo lhe havia criado grandes e aborrecidas incompatibilidades. Idólatra do seu mestre saíra a defendê-lo de Sílvio Romero, que o acusara de gravíssima desonestidade literária. [...] Aportando ao Maranhão, Fran Paxeco viveu aí como na sua terra. São Luís era, aliás, por esse tempo, uma cidade portuguesa, e em que dominava, ainda, o reinol. O diretor de uma das folhas mais vibrantes da cidade era o português Manuel de Bittencourt. À frente do diário que defendia o Governo estadual, estava o português Carvalho Branco, a que o Partido oficial, reconhecido pelos serviços relevantíssimos que ele lhe prestara nos trabalhos de alistamento eleitoral, havia dado, numa recompensa expressiva, o privilégio para fabricar caixões de defunto. O comércio era, quase todo, português. De modo que, estabelecendo-se na capital maranhense, Fran Paxeco se sentia tão à vontade como se tivesse desembarcado no Porto ou em Lisboa. As vantagens que ele trazia, com a sua vivacidade e com o seu entusiasmo, justificavam, aliás, a cordialidade do acolhimento. Habituado a olhar o português como gente de casa, a mocidade maranhense, que saía do Liceu, e se iniciava nos cursos superiores fora do Estado, saudou Fran Paxeco à chegada, e proclamou-o um dos seus guias e mestres. E o hóspede se identificou de tal maneira com ela, que olvidou a sua condição de estrangeiro, e passou a participar da atividade social da terra generosa com uma solicitude bárbara, mas que era, em tudo, de uma sinceridade intensa e profunda. Miúdo e barbado, era, todo ele, nervos e cérebro. Mais tarde, tirou as barbas. “Mas conservou inalteráveis o temperamento, o espírito e o coração, até o dia em que Portugal o removeu para Cardiff, como vice-cônsul, isto é, em um posto equivalente ao que o Brasil dera, ali, anos antes, a Aluísio Azevedo”. Vindo do Rio de Janeiro, desembarca em São Luís, capital do Estado do Maranhão, em 2 de Maio de 1900. ● Em 28 de Julho seguinte, conjuntamente com outros escritores maranhenses, dá início a um movimento de renovação literária com o nome de “Oficina dos Novos”, tendo como Patrono o Poeta Gonçalves Dias. ● Na sequência do livro “Uma esperteza – Os Cantos e os Contos populares do Brasil e o Sr. Teófilo Braga. Protesto”, de Sílvio Romero, Fran Paxeco contestou “de modo algo sacudido os doestos de um dos chefes da intelectualidade brasileira”, assumindo a defesa de Teófilo Braga. Publica, então, “O Sr. Sílvio Romero e a literatura portuguesa”, S. Luís, 1900. A crítica foi-lhe bastante favorável e o próprio Sílvio Romero ao reeditar o seu livro “eliminou quase tudo quanto lhe profligara”. ● Em 1901 apareceu a Revista do Norte, que contou desde o início com o trabalho de Fran Paxeco. Publica o primeiro artigo com o título “O Porvir Brasileiro” , com os subtítulos: as finanças, a economia, o ensino e a política. Joaquim Vieira da Luz diz a propósito: “Fran Paxeco não abordava os assuntos pela rama, analisáva-os sob todos os ângulos, penetrando-os a fundo.” ● Em 14 Agosto promoveu uma conferência em que abordou o assunto da ligação do caminhode-ferro entre São Luís e Caxias que viria a constituir o ponto de partida para a concretização daquele importante meio de desenvolvimento. Terminou aqui a primeira passagem de Fran Paxeco por São Luís do Maranhão. Na edição de 09 de julho de 1900 do “Diário do Maranhão” aparece a “estreia” de Fran Paxeco num evento literário em São Luis, na primeira palestra realizadas no salão do Centro Caixeiral, conforme anunciado. Presentes, Sousândrade, Pedro Nunes Leal, José Maria Correia de Frias, e o Major Sergio Vieira. Tomou a palavra o Sr. Firmino Saraiva, e após Antonio Lobo; a seguir Fran Paxeco fez seu pronunciamento; igual registro faz o jornal “A Pacotilha”


A palestra de Fran Paxeco repercutiu na imprensa maranhense, merecendo várias citações, elogiando a erudição do mesmo e a forma como expos seus pensamentos. Especial atenção que dedicou às senhoritas elegantes, presentes ao salão do Centro Caixeiral... A segunda palestra seria realizada a 12 de julho, tendo por tema O teatro brasileiro e Artur Azevedo. Na edição de 13 de julho de “A Pacotilha” aparece longa crítica ao promunciamento de Fran Paxeco, com um resumo da mesma e elogiando sua erudição; em outra coluna parace o anuncio de uma revista da qual Fran Paxeco seria um dos responsáveis.


A segunda palestra seria realizada a 12 de julho, tendo por tema O teatro brasileiro e Artur Azevedo:

A Pacotilha aparece longa crítica ao pronunciamento de Fran Paxeco, com um resumo da mesma e elogiando sua erudição;

em outra coluna aparace o anuncio de uma revista da qual Fran Paxeco seria um dos responsáveis:

Nas edições de 25 e 28 de julho é anunciada nova palestra de Fran Paxeco nos mesmos salões, ocasião em que seria inaugurada um retrato de Teofilo Braga. Também bastante elogiada, como se vê nos jornais dos dias seguintes. Em “A Pacotilha” de 31 de julho de 1900 aparece longo texto de Fran Paxeco rebatendo algumas criticas que recebera de sua palestra sobre Teofilo Braga... estava se iniciando, tal como em Manaus, debates através da imprensa sobre a participação de nosso biografado nas lides literárias...


Aparece novo anuncio de palestra, desta vez abordando a via e obra de “Eça de Queiroz e o romace portugues” (Diário do Maranhão, 1º agosto 1900); também merecendo aplausos, por parte dos presentes e da imprensa. Fran Paxeco aparece entre doadores de livros à Biblioteca Pública Benedito Leite... A 7 de agosto aparece noticia de que Teofilo Braga, instado por Fran Paxeco, publicaria as obras completas de João Lisboa Na edição do Diário do Maranhão de 31 de agosto de 1900 um “A.A”.58 escreve que recebera correspondencia de Fran Paxeco enviada ‘de seu saudoso Maranhão’ em que este comunicava que aproveitava o ócio da convalescença de molestia que há seis meses o acometia e, em São Luis, estava tão agradavel que pensava mesmo em lá permanecer: “sou-me tão grato que estou quase que capaz de me deixar ficar aqui”, escrevia. Mais, que aproveitando o tempo, estava a escrever um volume de 200 paginas sobre Silvio Romero e a literatura portuguesa. Se refe às palestras que vinha ministrando junto com “um inteligente rapaz, o Antonio Lobo, Diretor da Biblioteca Pública”:

Na sequência do livro “Uma esperteza – Os Cantos e os Contos populares do Brasil e o Sr. Teófilo Braga. Protesto”, de Sílvio Romero, Fran Paxeco contestou “de modo algo sacudido os doestos de um dos chefes da intelectualidade brasileira”, assumindo a defesa de Teófilo Braga. Publica, então, “O Sr. Sílvio Romero e a literatura portuguesa”, S. Luís, 1900. A crítica foi-lhe bastante favorável e o próprio Sílvio Romero ao reeditar o seu livro “eliminou quase tudo quanto lhe profligara”.Em 29 de outubro é noticiado que Fran

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Em correspondência eletrônica (13/12/2013), a Dra. Rosa Machado, neta de Fran Paxeco informa: “O AA que escreve sobre Vôvô julgo ser Alfredo de Assis (p 36). Davam-se muito bem; casou com uma prima de Vóvó, de nome Filomena. Faleceu com muita idade, e correspondia-se com minha Mãe e meu Pai.”


Paxexo estava de volta após viagem ao litoral do Norte. E a 14 de dezembro aparece o livro sobre Silvio Romero59:

Na edição de 31 de dezembro de 1900 do “Diário do Maranhão”, por ocasião das homenagens ao Coronel Manoel Dias Vieira que deixava a presidencia da Camara dos Vereadores, Fran Paxeco pede a palavra e ressalta que não estranhassem um estrangeiro falar naquela ocasião, mas se pronunciava para agradecer a acolhida que recebera do homenageado, quando chegara a São Luis. O que se nota que esses pronunciamentos nas mais diversas ocasiões, sejam homenagens, saraus literários, encontros, apareciam publicados na imprensa, em forma de livretos, e distribuidos aos mais diversos públicos, em especial encaminanhados aos jornais, que fazima a divulgação de que os mesmos estavam a disposição do grande público; Fran Paxeco começa a ter seus trabalhos publicados no Maranhão:

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SÍLVIO VASCONCELOS DA SILVEIRA RAMOS ROMERO (Lagarto, 21 de abril de 1851 — Rio de Janeiro, 18 de junho de 1914) foi um advogado, jornalista, crítico literário, ensaísta, poeta, historiador, filósofo, cientista político, sociólogo, escritor, professor e político brasileiro. nasceu em Lagarto, em Sergipe, em 21 de abril de 1851. Cursou a Faculdade de Direito do Recife entre 1868 e 1873, diplomado em 1873, contemporâneo de Tobias Barreto.[1] Nos anos 1870 colaborou como crítico literário em vários periódicos pernambucanos e cariocas. https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADlvio_Romero


Fran Paxeco fixa-se mesmo em São Luis. Tendo vindo passar uma temporada, conforme ele mesmo afirma, para se restabelecer de doença, após seis meses na cidade já pensava em deixar-se ficar por aqui. Sua aceitação por parte dos intelectuais maranhenses, e os constantes convites para se pronunciar nos diversos eventos literários que ocorriam na cidade, constituiram motivo para tal. Em março de 1901 sai nota no Diário do Maranhão. Nesse ano, 1901, apareceu a Revista do Norte, que contou desde o início com o trabalho de Fran Paxeco. Publica o primeiro artigo com o título “O Porvir Brasileiro” , com os subtítulos: as finanças, a economia, o ensino e a política. Joaquim Vieira da Luz diz a propósito: “Fran Paxeco não abordava os assuntos pela rama, analisáva-os sob todos os ângulos, penetrando-os a fundo.” Nosso Patrono continuava a participar das mais variadas sociedades literárias que apareciam em São Luis – assim como colaboração nas revistas literárias, como exemplo a Revista do Norte - , conforme anuncio de mais uma palestra, desta vez na Associação Cívica Maranhense, durante posse de novos ‘funcionários’ eleitos. Em 14 Agosto promoveu uma conferência em que abordou o assunto da ligação do caminho-de-ferro entre São Luís e Caxias que viria a constituir o ponto de partida para a concretização daquele importante meio de desenvolvimento. Em abril de 1902 Fran Paxeco publica uma serie de artigos – “Comunicado: o catão Bethencourt”60, sobre uma polemica surgida entre o ilustre – e vetusto – professor e Antonio Lobo61, na qual Fran saiu em defesa deste. Há inclusive, uma carta esclarecendo uma briga que houvera em um dos bondes da cidade, com agrassões mutuas, a qual Fran presenciara – sem se envolver. Em 26 de junho de 1902 é anunciado uma serie de artigos intitulados “O Maranhão e seus recursos”.

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Sobre MANOEL DE BÉTHENCOURT, diz Dunshee de Abranches no livro de memórias O cativeiro, que “escandalizara a boêmia da terra, envergando calças de quadros largos, colete vermelho, gravata multicor, fraque de abas até a barriga das pernas, cartola ao lado da fronte, fumando dois charutos ao mesmo tempo, trazendo pendentes ao pescoço três monóculos e brandindo pelas ruas duas bengalas.” http://www.academiamaranhense.org.br/inacio-xavier-de-carvalho/ 61 Nasceu em São Luís, a 4 de julho de 1870, e faleceu na mesma cidade, a 24 de junho de 1916. Jornalista, poeta, romancista, professor, tradutor, publicista e polemista compulsivo. Dirigiu a Biblioteca Pública, o Liceu Maranhense e a Instrução Pública. Diretor d´ARevista do Norte (1901/1906), periódico ricamente ilustrado,e do jornal A Tarde(1915/1916); colaborou em diversos outros órgãos da imprensa maranhense. Antônio Lobo é, sem favor nenhum, uma das mais importantes figuras de sua geração. Amigo da mocidade, foi o principal agitador de idéias de seu tempo e o entusiasta da renovação mental do Maranhão. Um dos fundadores da Academia, onde, curiosamente, não teve papel relevante, ali instituiu a Cadeira Nº 14, patrocinada por Nina Rodrigues. http://www.academiamaranhense.org.br/antonio-francisco-leal-lobo/








Em Maio de 1904, dirige-se a Manaus, de onde parte, em Agosto, a convite do, então, Coronel Taumathurgo de Azevedo62, para o Alto Juruá, como seu Oficial de Gabinete, mesmo depois da recusa de se naturalizar para tal fim. Assiste, em 28 de Setembro de 1904, à fundação da cidade do Cruzeiro do Sul, e o seu nome figura na Ata da Fundação da Cidade, que foi depositada no monumento que ficou a assinalar o evento. As suas funções incluíam a Direção do “Cruzeiro do Sul”, órgão oficial da Prefeitura. Escreve a letra do hino de Cruzeiro do Sul.

62 Gregório Taumaturgo Azevedo (Barras, 17 de novembro de 1853 — Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1921) foi um político brasileiro. Filho de Manuel de Azevedo Moreira de Carvalho e de Angélica Florinda Moreira de Carvalho. Sentou praça no Exército aos 15 anos de idade, como segundo cadete do 1º Regimento de Cavalaria. Em 1870, ingressou na Escola Militar no Rio de Janeiro, então capital do Império, e em 1874, tornou-se alferes. Ao concluir o curso de engenharia militar, passou a servir nas fortalezas de Santa Cruz, da Laje e de São João. Em 1879, foi nomeado secretário da Comissão de Limites do Brasil com a Venezuela, chefiada pelo barão de Parima. Em 1883, voltou ao Rio de Janeiro e foi condecorado pelos governos do Brasil e da Venezuela. Já no posto de capitão de engenheiros serviu no Arquivo Militar, onde iniciou a confecção da Carta Geral das Fronteiras do Brasil. Em 1884, foi para o Amazonas como comandante-geral das fronteiras e inspetor de secas e fortificações. Algum tempo depois, foi enviado a Pernambuco como engenheiro da estrada de ferro entre Recife e Olinda e perito do prolongamento que ligava a capital à cidade de Petrolina. Nesse período ingressou na Faculdade de Direito do Recife. Foi governador do Piauí, de 26 de dezembro de 1889 a 4 de junho de 1890. Governou também o Amazonas, de 1 de setembro de 1891 a 27 de fevereiro de 1892. É fundador do Município de Cruzeiro do Sul no Acre. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 29 de agosto de 1921 aos 67 anos de idade. https://pt.wikipedia.org/wiki/Greg%C3%B3rio_Taumaturgo_de_Azevedo


Em junho de 1905, está em São Luis do Maranhão de férias, para visitar a noiva e os amigos, quando na volta, em outubro, é alvo de grandes perseguições por parte do novo prefeito, inimigo do anterior. O dr. Dr. Virgulino Alencar não entendeu uma resolução dada e anulou um contrato que classificou de clandestino e criminoso. Fran Paxeco toma-se como ofendido e solicita a sua exoneração, já que tinha sido ele que lavrara o dito, com a devida autorização do coronel, já de partida para o Rio de Janeiro. O novo prefeito diz-lhe que semelhantes qualificativos apenas se dirigiam ao ato de seu antecessor, mas Fran Paxeco acha que qualquer injuria feita àquele distinto brasileiro é como se fosse para si próprio. Nega-lhe a demissão e dois dias manda-o prender, instaura-lhe um processo, sendo julgado incorretamente. É sujeito a diversas sevicias inconcebíveis que provocam disturbios psiquicos graves, pelo que é internado no hospício de Manaus, em março de 1907. Os seus amigos de São Luis do Maranhão, procuram desfazer este equivoco publicando na Pacotilha e outros jornais o seu protesto pela injustiça que estava acontecendo em Juruá. São mais de 130 pessoas que subscrevem os artigos e, em simultaneo a colonia portruguesa do Maranhão faz chegar junto do Governo Federal, documento onde pede a reposição da verdade.


Nessa luta foi muito importante o esforço e espirito coordenados de sua noiva, Isabel Eugênia de Almeida Fernandes, que consegue todo o apoio das amigas e seus familiares que a acompanham em toda a luta que vai encetar. É um fato invulgar para a época em que a familia tradicional com principios bastante rigidos vedava qualquer movimentação de donzelas sem acompanhamento de pai (já falecido) ou irmão (ausente no Rio de janeiro). Foi um belo e dignificante exemplo à mulher maranhense. Fran Paxeco em maio vai para o Rio de Janeiro tratar-se devidamente e passa pelo porto de São Luis muito doente e ainda preso. Em junho, o Supremo Tribunal Federal decide pela sua inocencia, responsabiliza os juízes e o prefeito é demitido. É libertado e processados os juízes.

Em 31 de Agosto de 1907, ainda em profunda melancolia, está de volta a São Luís do Maranhão para descansar e recuperar-se daquela armadilha. Dá início a uma intensa atividade cultural. Entre Janeiro e Setembro de 1908 profere várias conferências. A 10 de Agosto de 1908, a Oficina dos Novos, de que faz parte, funda a Academia Maranhense de Letras. A 10 de Dezembro de 1908, parte para a 2ª viagem a Portugal. A 21 de Março está em Setúbal, onde apadrinha um seu sobrinho. Por coincidência, ou não, um mês depois reúne na sua terra natal o Congresso Republicano. A 25 de Abril de 1909 está de volta a São Luís. Dá aulas, faz conferencias na Universidade Popular Maranhense. Continua a escrever na Pacotilha. A 8 de Setembro de 1910, casa com a sua noiva, a maranhense Isabel Eugénia de Almeida Fernandes passando a residir no casarão da família dela, na Rua da Palma nº 38, (hoje 360) onde também foi o Consulado de Portugal. Dá início a um período de grande calmira na sua atribulada vida. Menos de um ano depois é nomeado Cônsul de Portugal no Maranhão. Mantém a sua ligação ao jornalismo, passando a ser o Redator da Pacotilha.É professor no Liceu Maranhense, dando aulas de História Universal e do Brasil, Geografia e Francês.


Em 1911 funda, com vários maranhenses, o Centro Republicano Português; o Casino Maranhense e o Instituto de Assistência à Infância. A 24 de Agosto desse ano é nomeado Cônsul de Portugal no Maranhão por Teófilo Braga (Chefe do Governo Provisório da República Portuguesa).


De Novembro de 1913 a Fevereiro de 1914 está no Rio de Janeiro, chamado pelo primeiro Embaixador de Portugal no Brasil, Bernardino Machado (1851-1944), para secretariá-lo. Em 1916, publica "Angola e os Alemães". Segue para Lisboa, aonde chega a 27 de Maio, para ocupar, entre outros cargos, o de secretário particular do Presidente da República, Bernardino Machado, mas continuando como Cônsul de Portugal no Maranhão (tinha sido promovido a Cônsul de 2ª classe em 4 de Julho de 1914). Aproveita para freqüentar a Academia de Ciências de Portugal e a Sociedade de Geografia, de que era sócio. Escreve "A Cortiça em Portugal". Exerce as funções de secretário da Comissão Portuguesa de Acção Económica contra o inimigo e da Comissão de Fomento da Exportação Portuguesa. Volta para S. Luís em Setembro de 1917, onde permanece até 1923. Em 1918, está envolvido com a criação da Câmara de Comércio: E continua as palestras na Universidade Popular


A FACULDADE DE DIREITO E O INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA – 1918

Ainda em 1918, foi o inspirador da Faculdade de Direito do Maranhão e, mais tarde, da Faculdade de Farmácia e Odontologia, do Instituto Ateniense, da Câmara Portuguesa do Comércio... Mário Meireles (1981; 1995), em “O Ensino Superior no Maranhão” 63, afirma que as primeiras tentativas de instalação de cursos superiores no Maranhão surgiram pouco a pouco, a partir da adesão formal à República (18/11/1889), através de unidades isoladas, todas elas, de princípio, particulares, depois de desfazer-se o sonho, prematuro, do poeta Sousândrade. Ao longo da Primeira República (1889-1930), a Atenas Brasileira passa a ser incorporada por uma nova elite de intelectuais, que se auto-intitulavam “novos atenienses”. Este grupo de letrados sucessores dos atenienses do passado, reapropriaram-se do ideário da Atenas Brasileira como estratégia de obterem legitimação, consolidação e consagração. Eles vão se alicerçar a partir de uma nova perspectiva na estrutura do campo intelectual, atravessado por ideias e práticas modernizadoras e pela revitalização do cenário cultural maranhense. Esse legado dá-se por meio de um grupo de intelectuais, herdeiros dos patronos literatos maranhenses. (ROCHA, 2013, p. 5) 64. Na área cultural, surgiu em 1908 um movimento literário liderado pelos intelectuais: Antonio Lobo, Fran Paxeco e Domingos de Castro Perdigão que, na tentativa de manter a tradição de "Atenas do Brasil" para o Maranhão, criou a Academia Maranhense de Letras e, posteriormente, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (1926). Desta elite intelectual partiu a iniciativa de criação e implantação das primeiras instituições de ensino superior no Maranhão (BUZAR, 1982, grifos meus) 65, 66: Nesse sentido, Domingos de Castro Perdigão, integrante do movimento literário e diretor da Biblioteca Pública do Estado, tendo conhecimento da criação e funcionamento de escolas de nível superior em vários Estados brasileiros, não se conformava com o fato de São Luís, em sendo a Atenas Brasileira, não possuir uma instituição de ensino superior. A primeira escola superior isolada foi, de fato, a Faculdade de Direito do Maranhão, que desde 1908 trabalhava nesse sentido Domingos de Castro Perdigão:

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MEIRELES, Mário. O ensino superior do Maranhão; esboço histórico. In DEZ ESTUDOS HISTÓRICOS. São Luis: ALUMAR, 1995, p.. 45-94 64 ROCHA, André Gusmão da. OS NOVOS ATENIENSES: Apropriação do imaginário da Atenas Brasileira na Primeira República. IN III SIMPÓSIO DE HISTÓRIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA, São Luis, UEMA, 04 a 07 de junho de 2013. Ver também: MARTINS, Manoel Barros. OPERÁRIOS DA SAUDADE: OS NOVOS ATENIENSES E A INVENÇÃO DO MARANHÃO. São Luís: Edufma, 2006. http://www.nucleohumanidades.ufma.br/pastas/CHR/2005_2/antonio_barros_v3_n2.pdf. OLIVEIRA, Eduardo Gomes de. Os Novos Atenienses: saudade e poesia como invenção do Maranhão. CIÊNCIAS HUMANAS EM REVISTA - São Luís, v. 5, número especial, junho 2007. Pp. 135-144, 2007. http://www.nucleohumanidades.ufma.br/pastas/CHR/2007_3/eduardo_oliveira_v5_ne.pdf. NASCIMENTO, Dorval do. Nosso céu não tem estrelas: O campo intelectual maranhense na Primeira República. ANAIS DO XXVI SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – ANPUH – São Paulo, julho 2011. 2011. http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1307966101_ARQUIVO_TextoCompleto OCampoIntelectualMaranhensenaPrimeiraRepublica_SNH_2011_.pdf. 65 MEIRELES, Mário. O ensino superior do Maranhão; esboço histórico. In DEZ ESTUDOS HISTÓRICOS. São Luis: ALUMAR, 1995, p.. 45-94 66 BUZAR, Solange Silva. OS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE FED ERAL DO MARANHÃO. Tese submetida como requisito parcial para obtenção do de Mestre em Educação. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS grau INSTITUTO DE " ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO DE SISTEMAS EDUCACIONAIS Rio de Janeiro 1982. Disponível em https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/9338/000049166.pd


[...] com só, de inicio, o incentivo do então deputado federal, e depois Senador, José Euzébio Carvalho de Oliveira; e as dissensões e intransigências da estreita e intolerante política partidária estadual, que talvez tenha concorrido a que não conseguisse o apoio, que pleiteou e não obteve, do Governador Herculano Nina Parga (1814/18) e do Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Lourenço Valente de Figueiredo (1913/18), não o descoroçoaram de todo, até que conquistou um forte e decisivo aliado na pessoa do Cônsul de Portugal no Maranhão, o escritor Fran Paxeco. (MEIRELES, 1981, grifos meus) 67. Joaquim Vieira da Luz (1957) 68, em seu monumental “Fran Paxeco e outras figuras maranhenses”, ao traçar a biografia de Domingos de Castro Perdigão também se refere ao fato de ele acalentar por muito tempo a idéia de criar uma Faculdade de Direito no Maranhão; transcreve a História da Faculdade, relatada pelo próprio biografado: Encontrava assim o desanimo por todos os lados. A esperança de melhores dias conservou no meu espírito essa idéia fixa, que só se tornou realizável com o regresso, em 1917, do ilustre cônsul de Portugal, Sr. Manoel Fran Paxeco. Ao despedir-se, um ano antes, perguntara-me em que parava o projeto da faculdade. Espírito iluminado e laborioso, decidido sempre a servir as causas úteis, trouxe a energia necessária para por em marcha este ideal. Não o procurei. Conhecedor do meu plano, interessou-se pelo mesmo e ali, na Biblioteca Pública, se assentaram, num dia, as bases da nova instituição. (VIEIRA DA LUZ, 1957, p.. 42-43, grifos meus) Adelman Correa (2016)69 em seu festejado ‘Os meus dias de cadeia – origem e memória’, edição de 1926, em seu discurso de colação de grau, orador da turma de 1923, ao falar do inicio da Faculdade de Direito do Maranhão, afirma que, desde 1908 Domingos Perdigão afagava o sonho realizado dez anos depois: [...] Domingos Perdigão nunca descrente de sua ideia, e sempre convicto da sua realização, esperava com perseverança momento que lhe fosse propício. Era que ele com olhar de retrospecto, com olhar que evo9cava os nossos vultos, continuava firme no propósito de trabalhar para a Athenas Brasileira também contasse no seio dela um estabelecimento de ensino superior. Em 1917, desdobram-se as suas esperanças. Vai ao encontro de Fran Paxeco, que regressara da Europa. Fran Paxeco infatigável, cheio de energias, dá o braço a Perdigão e põem mãos à obra, cujo edifício hoje vemos erguido na suntuosidade da sua grandeza. Trocam ambos eles dois, ideias sobre as bases da instituição, na Biblioteca Pública. Mais tarde, ainda eles mesmos e mais os doutores Antonio Lopes, Alfredo de Assis e José de Almeida Nunes, reunidos em comissão, naquele estabelecimento publico, deliberam de forma a que se efetuasse o projeto que já lhes prendia a atenção. De fato, a 28 de abril de 1918, numa assembléia em que tomavam parte diversas classes da nossa sociedade, e que teve lugar no salão de leitura da Biblioteca Pública, foi aprovada a criação da Faculdade de Direito coadjuvada por uma associação. Já outro espírito trabalhador e inteligente, que muito há concorrido para engrandecimento da Faculdade, havia aderido, o dr. Henrique José Couto [...](p. 245246, grifos meus). Solange Buzar (1982) 70 trás, segundo a Revista da Faculdade de Direito: 67

MEIRELES, Mário. O ENSINO SUPERIOR NO MARANHÃO. São Luis: UFMA, 1981 (Comemorativa do 15º aniversário de fundação da Universidade Federal do Maranhão). 68 VIEIRA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal; Edições dois Mundos, 1957. 69 CORREA, Adelman. OS MEUS DIAS DE CADEIA – origens e memória. 2 ed. São Luis: AML, 2016.


A 12 de maio, segundo a Revista da Faculdade de Direito do Maranhão, realizou-se a primeira das sessões de congregação da Faculdade de Direito. Presidiu o dr. José Vianna Vaz secretariado pelo sr. Domingos de Castro Perdigão. Compareceram os professores Henrique José Couto, Godofredo Mendes Vianna, Alfredo de Assis, João Vieira, Filho, Luiz Carvalho, Carlos Augusto de Araujo de Souza Costa, João de Lemos Vianna, Carlos Humberto Reis, Alcides Jansen Serra Lima Pereira, Antonio Lopes da Cunha e José de Almeida Nunes. Lido o projeto do regimento interno, foi deliberado que, depois de revisto por uma comissão especial constituída pelos professores Henrique José Couto, Fran Paxeco, Alfredo de Assis, Luiz Carvalho e Antonio Lopes, fosse impresso para ser debatido por todos os membros do corpo docente. Houve duas outras congregações para analisar o Regimento Interno e nas quais pô-lo de acordo com as foi manifestado leis e decretos nas escolas oficiais, similares do país. Finalmente foi fundada a Faculdade de Direito do Maranhão, em 1 de julho de 1918, com o inicio das aulas do Curso Jurídico e Social, evento funcionamento que foi condignamente comemorado em sessão solene no Teatro São Luís, na qual foram prestadas publicas homenagens ao jurista Ruy Barbosa. (p. 15, grifo meu). Com o título “PELO ENSINO SUPERIOR” aparece em “A PACOTILHA” – edição de segunda feira, 29 de abril de 1918 – a realização, no dia 28 de abril de 1918, de uma reunião ocorrida na Biblioteca Pública Benedito Leite para se decidir se convinha fundar, nesta Capital, uma faculdade livre de direito. A iniciativa coube ao Diretor da Biblioteca Pública, Dr. Domingos de Castro Perdigão, cabendo ao então Secretário de Interior e Instrução o Dr. Henrique José Couto a presidência da reunião – em assembléia de fundação –; fizeram parte da mesa Alfredo de Assis e Fran Paxeco: Como noticiamos, realizou-se ontem, na Biblioteca Pública, uma numerosa e seleta reunião, para se decidir se convinha fundar, nesta capital, uma faculdade de direito. O Sr. Domingos de Castro Perdigão, diretor daquele estabelecimento e autor da iniciativa propôs que presidisse o dr. Henrique José Couto, secretário do interior e de instrução, a quem ladearam os srs. Drs. Alfredo de Assis e Fran Paxeco. A Comissão foi assim constituída: Domingos de Castro Perdigão, Alfredo de Assis, Almeida Nunes, Antonio Lopes e Fran Paxeco. Foi apresentada, por Fran Paxeco, a minuta do estatuto da sociedade então constituída. A seguir, elegeu-se a Diretoria da agremiação: ARTUR BESERRA DE MENESES – Presidente; CÂNDIDO JOSÉ RIBEIRO - Vice-presidente; FRAN PAXECO e DOMINGOS PERDIGÃO Secretários. JOAQUIM ALVES JUNIOR - Tesoureiro. Em 1º de maio, os Diretores da Associação Incorporadora da Faculdade de Direito reuniram-se, tendo comparecido: Domingos Perdigão, Fran Paxeco, Alfredo de Assis, Almeida Nunes, Antonio Lopes. Fran Paxeco leu a proposta que o Dr. Tavares de Holanda fez sobre o fundo patrimonial, que será levada em consideração, quando a proposta de Estatuto for discutida. A seguir, passou-se a discussão de quais professores haveria para as 17 (dezessete) cadeiras dos cinco (5) anos da Faculdade, incluindo os substitutos das 8 (oito) sessões. A sociedade incorporadora manterá dois cursos (a) preparatório; (b) curso livre de direito. Para cada curso, haverá uma diretoria, que responde diretamente à agremiação mantenedora. Quanto ao curso Anexo – preparatório -, foi deliberado que funcionaria todos os dias úteis, das 15 às 18 horas, nas salas do Centro Português, situado na Praça João Lisboa, gentilmente cedidas pela Diretoria. Escolhidos os Professores das Cadeiras de: Latim – Arias Cruz; Inglês – Antonio Lopes da Cunha; Álgebra, Geometria, e Trigonometria – José de Abranches Moura; História Universal – Raimundo Lopes da Cunha;

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BUZAR, obra citada, p. 15


História do Brasil – Fran Paxeco; História natural – Carlos Cavalcante Fernandes71; Física – Genésio de Moraes Rego; Química – Carlos da Costa Nunes; Elementos de Lógica, Psicologia e História da Filosofia – Antonio Bona A direção da comissão da sociedade incorporadora é constituída pelos senhores Abranches Moura, Fran Paxeco, Genésio Rego, Almeida Nunes, Antonio Lopes, Arias Cruz (Padre), Antonio Bona, e Raimundo Lopes. Fran Paxeco, tendo de substituir o professor da cadeira de psicologia lógica e história da filosofia, do curso anexo, publica em A Pacotilha seu “Pontos de Psicologia”, utilizando-se da obra notável pedagogista de Gabriel Compayré72, feita para as escolas normais da França, e que satisfaz o programa de ensino. Dadas as explicações aos alunos, forneceu o sumário das dezoito lições contidas nas 278 páginas do livro Pyschologie, apliqueé á edication. Premiere partie – notions theóries73. Julgando prestáveis tais sumários, decidiu-se a publicá-lo em sua coluna (18/02/1919): Não nos sobre o tempo, agora, nem a Pacotilha nos proporciona espaço, pra discorrer sobre o que seja a psicologia. Contentemo-nos, por isso, em dizer que a palavra se extraiu do grego – psikhé, alma, e logos, tratado. É um termo por demais vago, o de alma. Esta, segundo o justo critério positivista, corporifica a síntese das faculdades afetivas, especulativas e ativas. Nada mais se apura, neste sentido, mesmo e refletindo nos capciosos argumentos dos infinitos dualistas que se embrenham no problema, através dos séculos, e que o gênio de Comte esclareceu naquela irretorquível definição. Resumindo: - a psicologia é a ciência da personalidade. – F.P. I – O fim da psicologia I. A psicologia tem por objetivo estudar os fatos internos que constituem a vida moral do homem, em contrate com a sua vida física. II. A psicologia experimental é uma ciência de fatos. A psicologia racional é uma ciência metafísica, esforçando-se por ligar os fatos a um principio único – a alma, segundo os espiritualistas. III. A alma tem-se entendido, alternativamente, como um principio de permanência e de forma, nos minerais, de vida, nas plantas, de sensibilidade e de movimento, nos animais, como um principio de raciocínio, enfim, no homem. De dia pra dia, a palavra alma converteu-se em sinônimo de principio espiritual, que sente, pensa e quer. IV. O estudos dos fatos psicológicos aparta-se das conclusões que os filósofos admitem sobre a existência e a natureza da alma. V. (Os fatos psicológicos distinguem-se dos fatos fisiológicos: - 1º por serem de pronto conhecidos pela consciência; 2º por não serem, com o os outros, simples movimentos da matéria extensa); 3º porque podem não coexistir com os fenômenos fisiológicos. VI. Os fatos psicológicos interpenetram-se de semelhanças e diferenças que permitem classificá-los num certo numero de categorias ás quais chamamos faculdades da alma. Uma faculdade é apenas o conjunto dos estados de consciência da mesma espécie. VII. Destacam-se três séries de fatos psicológicos: - 1º os afetivos ou sensórios; 2º os fatos intelectuais; 3º os voluntários. Há, por conseqüência, três faculdades, - a sensibilidade, a inteligência e a vontade.

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Segundo Rosa Machado, em correspondência eletrônica, 15/05/2018, Carlos Cavalcante Fernandes é primo de minha Avó, Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco, esposa de Fran Paxeco; é filho de José Ignacio Fernandes, um dos irmãos de Luis Manuel Fernandes, o meu bisavô, que chamou os irmãos para São Luís. 72 Jules-Gabriel Compayré, né à Albi (Tarn) le 2 janvier 1843 et mort à Paris le 24 février 1913, est un théoricien de la pédagogie et homme politique français. https://fr.wikipedia.org/wiki/Gabriel_Compayr%C3%A9 73 http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k651460 Psychologie appliquée à l'éducation. Notions théoriques / par Gabriel ... Psychologie appliquée à l'éducation. Notions théoriques / par Gabriel Compayré,... -- 1890-1889 --


VIII. É preciso acrescentar, a essas três faculdades essenciais, a atividade física. No que respeita aos fatos afetivos, devemos prendê-los, -, uns á sensibilidade material, outros á sensibilidade moral.

II – A atividade física I. A atividade física é o poder de operar nos músculos, de produzir os movimentos do corpo. II. Antes de ser voluntária e consciente, a atividade física revela-se fatal e cega. Determinam-a causas obscuras e inconscientes, como as excitação dos centros nervosos, a hereditariedade, o instinto, etc. III. Os movimentos da criança mostram-se-nos espontâneos ou provocados. Quando inconscientes, constituem-se o que se denomina ações reflexas. Estas consistem numa excitação nervosa, seguida por uma contração muscular. Aquela excitação pode originar-se num impulso exterior ou num impulso espontâneo dos centros nervosos. IV. Os instintos são sistemas de ações reflexas. Os movimentos a que dão motivo dissemelhan-se dos demais movimentos espontâneos, porque os patenteiam com ordem e regra, tendendo a um fim, e divergem dos movimentos voluntários por se ignorar o alvo que visam. V. Os movimentos instintivos supõem, no entanto, uma certa representação dos meios a empregar, pra se atingir o objetivo: não se manifestam nem tão infalíveis, nem tão invariáveis, como pretendem alguns pensadores. VI. Na criança, produzem-se depressa, ás vezes, movimentos conscienciosos – os que derivam das emoções da sua sensibilidade. VII. Os movimentos intencionais e voluntários também se afirmam cedo: a vontade, por exemplo, exerce um certo papel na educação do andar. VIII. O habito intervém na atividade física, consoante se observa na escrita, na execução musical, etc. III – A sensibilidade física I. Os fatos sensórios são afetivos e os intelectuais são representativos. II. Os fatos sensitivos têm como antecedentes ora um fato fisiológico, ora um fato psicológico. No primeiro caso, chamam-se-lhes sensações, no segundo, sentimentos. As sensações formam a sensibilidade física; os sentimentos, a sensibilidade moral. III. As sensações localizam-se num órgão – a parte do corpo onde se dá o fato fisiológico que as precede. IV. Quer na sensação, quer no sentimento, encontram-se os elementos geradores da sensibilidade: - 1º o prazer e a mágoa; 2º as inclinações. V. O prazer supõe sempre uma inclinação previa, ou consciente ou inconsciente. O prazer é um pendor satisfeito; a magoa, um pendor contrariado. VI. O prazer provem de uma atividade media, conforme a natureza, equivalendo as forças de que a pessoa dispõe. A dor dimana, seja da inação obrigatória, seja da ação excessiva. VII. A inclinação, no fundo, concretiza o amor do bem, a procura da conservação e do desenvolvimento do ser. VIII. As sensações ou comoções da sensibilidade física repartem-se em duas categorias: 1º os apetites; 2º os prazeres dos sentidos. Os apetites correspondem as diversas funções da vida organiza. Os prazeres dos sentidos são medianeiros entre a sensibilidade física e a sensibilidade moral. Fran Paxeco Fran Paxeco idealiza e organiza o Primeiro Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início de 1920:


Por estes dias, reunidos em sessão pedagógica da Faculdade de Direito, o diplomata português Fran Paxeco, presidente administrativo do Instituto da Assistência à Infância, diretor-geral do jornal local “A Pacotilha”, professor da Faculdade de Direito no Estado do Maranhão e lenthe da Congregação do Lyceu Maranhense, propôs aos colegas bacharéis e docentes do Instituto Superior acima mencionado a realização de um Congresso Pedagógico para apresentar teses e reflexões sobre a instrução pública maranhense, suas limitações e possibilidades. (OLIVEIRA, 2012) 74. Nos Anais do 1º Congresso Pedagógico no Estado do Maranhão consta que no dia 18 de agosto de 1919, em reunião pedagógica presidida pelo vice-diretor desta Faculdade, o Dr. Henrique Couto, secretariado por Domingos de Castro Perdigão, os docentes Godofredo Viana, Manoel Jánsen Ferreira, António José Pereira Junior, António Lopes, Leôncio Rodrigues, Alcides Pereira, Costa Gomes, Lemos Viana, Abranches Moura, António Bona, Fabiano Vieira e Raimundo Lopes ouviram de Fran Paxeco o convite para realizarem um Congresso Pedagógico em fevereiro do ano vindouro (1920). A proposta foi aceita por unanimidade e imediatamente elegeram uma comissão organizadora, formada pelos drs. Godofredo Vianna, Fabiano Vieira, António Bóna, António Lopes e o próprio Fran Paxeco (MARANHÃO, 1922, citado por OLIVEIRA, 2012) 75 . A carta-circular datada de 12 de janeiro de 1920 expedida pela Comissão Organizadora, destinada às escolas oficiais, aos colégios particulares e demais interessados em participar e/ou inscrever trabalhos, apontou os ramos de educação adotados e abertos para o diálogo pedagógico. Foram eles: I – Educação Física [...] II – Educação Intelectual: [...] III – Educação técnica: [...] IV – Educação moral: [...] V – Educação Estética: [...] Teses especiais sobre: Faculdades, escolas de pedagogia, liceus. Educação vocacional. Atribuições pedagógicas e financeiras da União, dos estados e dos municípios. Organismos de técnicos, para superintender na escolha de horários, ortografia, livros, material, casas, etc. Estatística. Taxa escolar. Exames e promoções. Nomeação de professores. Escolas móveis ou ambulante (primárias e agrícolas). Exposições e museus. Bibliotecas infantis. Código do ensino: leis, decretos e regulamentos. Construções. Colégios particulares. Equiparações. Artes e ofícios. Colônias correcionais. Intercâmbio de catedráticos das escolas superiores. (MARANHÃO, 1922 p. 4-5, citado por OLIVEIRA, 2012) 76,77. Logo a 1º de setembro, segunda-feira, eram convocados para reunião os drs. Alcides Pereira, Abranches, Fran Paxeco, Carlos Reis, Costa Gomes, da Comissão de Conferencias, Godofredo Viana, Fabiano Vieira, Antonio Lopes, e Antonio Bona, da Comissão Organizadora do Congresso pedagógico; deveria ser apresentado, na ocasião, as bases do programa deste congresso, indicando-se também o grupo dos quatro ou cinco primeiros conferentes.

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OLIVEIRA, Rosângela Silva. FRAN PAXECO, LENTHE DA REVITALIZAÇÃO PEDAGÓGICA MODERNA NO ESTADO DO MARANHÃO, ORGANIZADOR DO 1º CONGRESSO PEDAGÓGICO EM 1920. IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação – Rituais, Espaços e Patrimónios Escolares, Lisboa, 12 a 15 de julho de 2012, ANAIS IX COLUBHE 2012. http://colubhe2012.ie.ul.pt/ , disponibilizado por Dra. Rosa Paxeco Machado através de correspondência eletrônica pessoal em 12/10/2012 http://sn125w.snt125.mail.live.com/default.aspx#n=1557179640&fid=1&fav=1&mid=4b2f82ba-1480-11e2-b36f00215ad9df80&fv=1 OLIVEIRA, R. S. Do contexto histórico às ideias pedagógicas predominantes na escola normal maranhense e no processo de formação das normalistas na Primeira República. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Universidade Federal do Maranhão, 2004 75 Maranhão. Trabalhos do I Congresso Pedagógico. São Luis: Imprensa Oficial, 1922, in OLIVEIRA, 2012. 76 Maranhão, 1922, in OLIVEIRA, 2012. 77 OLIVEIRA, 2012, obra citada http://colubhe2012.ie.ul.pt/ OLIVEIRA, 2004, obra citada


A 13 de setembro (A Pacotilha) anuncio de que as conferencias preparatórias do centenário da Independência teriam inicio, já no dia 20 próximo, com Fran Paxeco falando sobre “o critério histórico”, ligado à sua natural base geográfica. O dr. Carlos Reis, Secretário da comissão das conferencias do centenário envia oficio à Academia de Letras para se associarem à efeméride. E faz convite para a palestra que Fran Paxeco realizaria no dia 20, no Centro Português, sobre “A Geografia e a História”, fixando o papel que lhes compete, no vasto quadro dos conhecimentos humanos. Como também convida a comparecer as autoridades civis e militares, as corporações de classe, os professores e alunos da Faculdade de Direito. Realizada a palestra inicial da série que a faculdade de Direito, com a Academia Maranhense, Fran Paxeco discorreu sobre o tema a geografia e a história, consumindo perto de uma hora na leitura de seu ‘aperçu’, a que se juntarão outros, nos quais versará sobre aqueles dois pontos, mas concretizando-os, acerca da península Luziberica, da America do Sul, do Brasil, e do Maranhão. O auditório, dos mais seletos, aplaudiu e abraçou Fran Paxeco. Em Janeiro de 1920, sai informe em jornal com o titulo de “Dois Congressos” opina-se: As assembléias que a Sociedade Maranhense de Agricultura e a Faculdade de Direito do Maranhão tencionam levar avante, concretizam um vivo anseio de progredir, de se atingir um horizonte mais claro, onde se descortinem indícios de avanço. Os que se dedicam às questões do ensino, técnicos ou amadores, encontrarão no congresso pedagógico um meio acessível de trocar idéias, expondo os seus métodos, as suas práticas, os seus desejos. Uns discretarão sobre a psico-fisiologia das novas gerações, outros acerca das circunstancias a exigir nos prédios escolares, aqueloutros a respeito da monomania programática, quase sempre infecunda, ainda outros da cultura física, da intelectual, da ética, a cúpula de todo o bom sistema educativo. Predominará, porventura, nesses debates sugestivos, a nota das realizações, embora as teorias lhes sejam de ordinário, imprescindíveis. E dessa convergência de esforços talvez irradie um núcleo de princípios eficazes. Mas – primo, vivere... Todos aqueles que se interessam pelos problemas econômicos, inseparáveis dos pedagógicos, devem rejubilar-se com o desejo de acordar as iniciativas dos que nos fornecem o essencial à existência, dos que extraem da terra inexaurível as insondáveis riqueza que nos alimentam, fortalecendo a indústria e o comercio. Os campos maranhenses, antigos abastecedores, em gado e cereais, dos estados amazônicos e de alguns dos vizinhos sulistas, estorcem-se hoje entanguidos, faltos de estimulo remunerativo, trazido pela procura. Sentem-se abandonados por quem deles depende, em tudo e por tudo. E os seus impávidos arroteadores descrêem. Mas, tentando-os o sopro do messianismo, prega das almas cândidas, ao mínimo aceno, tal qual a um falacioso aguaceiro, no período funéreo da seca, logo se voltam, alegres, agradecidos, sem ter de quê. Deparam-se, ao congresso pedagógico e ao congresso dos lavradores, dois temas sintéticos, pilares dos restantes: - Num, o professor e o material. No outro, o braço e o transporte. Porque representam os alicerces do edifício a reconstruir. Em 1920, diversas atividades realizadas, em São Luis e em Belém, pela passagem do natalício de Fran Paxeco. Por vários dias, os jornais noticiam as festividades que aquele ilustre professor recebeu da sociedade ludovicense, em especial de seus alunos da Faculdade de Direito. O discurso de Rubem Almeida: FRAN PAXECO Rubem Almeida, pelos alunos da Faculdade de Direito, pronunciou este discurso: Dentre as vozes que nesta noite aqui se conjugam, sr. Fran Paxeco, para em coro vos trazer o seu amigo saudar, há-de, por certo, a vossa bondade permitir que, sincero, me desobrigue da tarefa cometida, trazendo-vos também, com os mais efusivos prolfaças pela data feliz que em festa hoje decorre, os agradecimentos de uma das classes a que prestais o melhor do vosso trabalho e da vossa dedicação.


Dispensando-me de considerar os outros empregos da vossa modelar atividade, para somente atender à vossa preciosissima ação no estabelecimento, vida e futuro da escola superior que a vós, em grande parete, vos fica devendo o estado, parece-me encontrar nesse afto razão de sobra para explicar, quando outras, que tendes, não tivesse, da homenagem espontanea que vos rendem os moços desta terra. É aque esse moços sentem, como todos, afinal, o valor do vosdso engenho pertinaz, quando posto ao serviço de quaisquer princípios. Quanto maiores os empecilhos, mais se esforça em vencê-los, quando mais profundos os desalewntos, tanto mais se empenha emj esperancá-los; e, assim, num conjugado magnífico de forças, sabeis, como poucos, levar avante os empreendimentos. Assim foi para a nossa Escola de Direito. Havia aspiração, havia boa vontade; faltava um condutor. Foste-lo vós. Metestes, decidido, ombros à empresa, iniciastes a viajem a que se antolhavam os mais difícies obstáculos, a tudo sorristes com o sorriso do homem que conhece as suas forças, e aqui vos tivemos triunfante, mostrando não haver utopia no ideal, simples questão, porém, de audácia, daquela audácia que, na vossa pessoa, reconheceu Teixeira bastos como o bastante para mnos dispensar de apresentações. Pois, como o prefaciador do vosso “Sangue latino”, mais ainda do que ele, quero dizer, julgo dispensar-nos ela, também, de longas e indiscretas considerações. Pelo que, honrado pela incumbencia aqui, feliz, me desobrigo, trazendo-nos, nestas frases laconicas, o saudar do corpo disciente da Faculdade de Direito, o qual faz questão de que vos reafirme, ainda uma vez, todo o seu contentamento pelo dia de hoje, e toda a sua duradoira gratidão e apoio, pelo muito que lhe haveis feito, como amigo, como irmão e como mestre. A 9 de março de 1922, aniversário de Fran Paxeco, diversas homenagens lhe foram prestadas, inclusive com uma edição inteira de A Pacotilha, ressaltando a sua contribuição para a cultura maranhense, e, em especial, a fundação da Faculdade de Direito

Na primeira fila, sentados, da esquerda para a direita: Djalma Sacramento, José Façanha, João Victor Ribeiro, FRAN PAXECO, Humberto Fontenelle, Francisco Mendes dos Reis e Fulgencio Pinto. Em pé, na 2ª fila: Castro e Silva, Ismael Hollanda, José Mata Roma, Zildo Maciel, Othon Mello, José Monteiro, Edison Brandão e Astrolabio Caldas. Na 3ª. Fila: Waldemiro Vianna, João Guilherme de Abreu, Raimundo Eugenio de Lima, Clemente Guedes, Octavio Bandeira de Melo e Arentino Ribeiro. Fonte: VIEIRA DA LUZ, 1957


O GRUPO É CONSTITUÍDO POR DIVERSOS ALUNOS DA PRIMEIRA TURMA DA FACULDADE DE DIRITO DO MARANHÃO. O ORIGINAL, QUE SE ENCONTRA EM PODER DA FAMÍLIA DE FRAN PAXECO, TRAZ A DEDICATÓRIA: “A FRAN PAXECO, O MESTRE, OFERTA DE SEUS DISCÍPULOS, SÃO LUIS, 26 DE MARÇO DE 1922

Dentre as homenagens que já recebera, em anos anteriores, foi conferido a Fran Paxeco titulo de professor honorário da Faculdade de Direito: “Diversos jornais do Rio noticiaram com palavras elogiosas, o fato de haver a Faculdade de Direito do Maranhão conferido o título de seu professor honorário a Fran Paxeco”.

Viera da Luz (1957)78 trás que Fran Paxeco, ilustre lusitano de Setúbal, por sua inteligência e cultura, adquiriu a qualidade de cidadão das letras maranhenses – foi um dos fundadores da Academia de Letras (1908) e do Instituto Histórico e Geográfico (1926), títulos que honrou a vida toda, exercendo infatigável atividade no Maranhão. A Faculdade de Direito teve, em Fran Paxeco, o elemento impulsionador, de ação decisiva para que se efetivasse sua fundação, conferiu-lhe o título de Professor Honorário. Teve em tão alta conta essa deferência que, sendo da Academia de Ciências de Portugal, da Sociedade de Geogrsfia de Lisboa, das Academias de Letras Maranhense, Piauiense e Alagoana, dos Institutos Históricos da Bahia, Pernambuco, Pará, Piauí e do Maranhão, das Associações de Imprensa do Pará e do Amazonas, ao publicar

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VIERA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1957, p. 100-101.


em Lisboa, em 1932, seu importante livro “Portugal não é Ibérico”, fez constar, no alto da página de rosto, simplesmente: FRAN PAXECO Prof. Honorário da Faculdade de Direito do Maranhão

CONGREGAÇÃO – FONTE: ÁLBUM DO MARANHÃO 1923

A 27 de março de 1924 sai nota sobre convites que estavam circulando, para a solenidade de colação de grau, realizada dia 30 de março de 1924: Revestiu-se do máximo brilhantismo a cerimônia da colação do grau aos bacharelandos da primeira turma da Faculdade de Direito.



O INSTITUTO HISTÓRICO Ambos – Domingos Perdigão e Fran Paxeco - estão naquele grupo, capitaneado por Antonio Lopes da Cunha, que fundou o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão: Em 1925, tomei a iniciativa de reunir alguns homens de boa vontade na livraria de Wilson Soares, expondo-lhes a minha ideia de se comemorar o centenário do nascimento de D. Pedro II com a inauguração, nesta capital, de um Instituto de História e Geografia. Os que prestaram apoio à ideia foram: Justo Jansen, Ribeiro do Amaral, José Domingues, Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão, José Pedro Ribeiro, José Abranches de Moura, Arias Cruz, Wilson Soares e José Ferreira Gomes. Mais tarde incorporou-se a esse grupo João Braulino de Carvalho. Ausentes de S. Luís apoiaram calorosamente a ideia Raimundo Lopes, Fran Pacheco, Carlota Carvalho e Antonio Dias, que também foram considerados sócios fundadores do Instituto. (p. 110, grifos meus)79. Na Revista “HISTÓRIA E GEOGRAFIA - Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão”, anno I - 1926 – num. 1, julho a setembro, encontramos a primeira diretoria, assim formada: Dr. Justo Jansen Ferreira – presidente; Dr. José Domingues da Silva – vice-presidente; 79

LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973.


Dr. Antonio Lopes da Cunha – secretário-geral; Wilson da Silva Soares – tesoureiro; Ainda foram criadas as seguintes Comissões: de Geografia – José Domingues, Abranches de Moura, Justo Jansen; de História: Ribeiro do Amaral, B. Vasconcelos, Ferreira Gomes; de Bibliografia: Domingos Perdigão, Arias Cruz, José Pedro. Não foram preenchidas 13 vagas de sócio e de 13 de correspondentes. Como se observa, foram criadas 30 cadeiras de sócios efetivos e 30 de correspondentes. Após a nominação de cada sócio efetivo, há uma pequena biografia de cada um com sua produção científico-literária. Dos sócios correspondentes, a indicação do estado onde residem e indicação daqueles que são maranhenses. 80 Mas, já em 1918, mesmo ano de fundação de nossa Faculdade de Direito, e través de uma reportagem, onde se indagava onde ficava o Instituto de História e Geografia, dada a chegada de uma correspondência a ele destinado, ficamos sabendo da fundação – a segunda!!! De um Instituto dessa natureza no Maranhão. E Fran Paxeco estava à frente da iniciativa, junto com Domingos Perdigão e outros.81, 82

Chamo atenção para a data de publicação: 21 de dezembro de 1920. Vamos ao outro texto, publicado no dia seguinte – 21 de dezembro de 1920 – no mesmo A PACOTILHA83:

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(in HISTÓRIA E GEOGRAFIA- REVISTA TRIMESTRAL DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAPHIA DO MARANHÃO, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, p. 55 a 59; Ver. Geo. E Hist., ano 2, n. 1, novembro de 1948, p. 148) 81 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. QUANTOS ANOS, MESMO, DO IHGM? REVISTA IHGM n. 39, dezembro 2011, p. 81 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 82 in Jornal PACOTILHA, edição de 21 de dezembro de 1920. 83 in Jornal PACOTILHA, edição de 21 de dezembro de 1920)


O Sr. Simões da Silva – conforma noticia A PACOTILHA edição de 4 de abril de 1917, fora designado pelo IHGB a percorrer diversos estados para preparar o congresso americanista, providenciando a organização de comissões locais:


O Congresso Internacional de Americanistas realizou-se pela primeira vez em Nancy, França, de 18 de junho a 18 de julho de 1875. Iniciativa da Sociedade Americana da França, que o convocou em 25 de agosto de 1874. Desde então, tem sido celebrado.84 No Brasil, o primeiro aconteceu em 1922 – Rio de Janeiro; depois, em São Paulo, no ano de 1954; este ano, será na Espanha, em Salamanca... Reuniones del Congreso Internacional de Americanistas Congreso

Lugar

Año

Congreso XXXI

São Paulo, Brasil

1954

I

Nancy, Francia

1875

Lugar

Año

II

Luxemburgo

1877

XXXII

Copenhague, Dinamarca

1956

III

Bruselas, Bélgica

1879

XXXIII

San José, Costa Rica

1958

IV

Madrid, España

1881

XXXIV

Viena, Austria

1960

V

Copenhague, Dinamarca

1883

XXXV

Ciudad de México, México

1962

VI

Turín, Italia

1886

XXXVI

Barcelona-Sevilla, España

1964

VII

Berlín, Alemania

1888

XXXVII

Mar del Plata, Argentina

1966

VIII

París, Francia

1890

XXXVIII

Stuttgart-Múnich, Alemania

1968

IX

Huelva, España

1892

XXXIX

Lima, Perú

1970

X

Estocolmo, Suecia

1894

XL

Roma-Génova, Italia

1972

XI

Ciudad de México, México

1895

XLI

Ciudad de México, México

1974

XII

París, Francia

1900

XLII

París, Francia

1976

XIII

Nueva York, Estados Unidos

1902

XLIII

Vancouver, Canadá

1979

XIV

Stuttgart, Alemania

1904

XLIV

Manchester, Inglaterra

1982

XV

Quebec, Canadá

1906

XLV

Bogotá, Colombia

1985

XVI

Viena, Austria

1908

XLVI

Ámsterdam, Países Bajos

1988

1910

XLVII

Nueva Orléans, Estados Unidos

1991

Buenos

Aires, Argentina

XVII Ciudad de México, México XVIII

Londres, Inglaterra

1912

XLVIII

Estocolmo-Upsala, Suecia

1994

XIX

Washington D.C., Estados Unidos

1915

IL

Quito, Ecuador

1997

XX

Río de Janeiro, Brasil

1922

L

Varsovia, Polonia

2000

1924

LI

Santiago de Chile, Chile

2003

La

Haya, Países

Bajos

XXI Gotemburgo, Suecia XXII

Roma, Italia

1926

LII

Sevilla, España

2006

XXIII

Nueva York, Estados Unidos

1928

LIII

Ciudad de México

2009

XXIV

Hamburgo, Alemania

1930

LIV

Viena, Austria

XXV

La Plata, Argentina

1932

LV

San Salvador, El Salvador

XXVI

Sevilla, España

1935

LVI

Salamanca, España

Ciudad

de

2012 7

2015 2018

México, México

XXVII

1939 Lima, Perú

XXVIII

París, Francia

1947

XXIX

Nueva York, Estados Unidos

1949

XXX

Cambridge, Inglaterra

1952

Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Congreso_Internacional_de_Americanistas A ideia de fundar-se um Instituto Histórico parte de Fran Paxeco, em reunião da Academia Maranhense de Letras, conforme consta de nota publicada em 12 de agosto de 1918, em O Jornal:

84

https://es.wikipedia.org/wiki/Congreso_Internacional_de_Americanistas


Também em “A Pacotilha”, edição de 13 de agosto daquele ano de 1918 refere-e a pronunciamentos na Academia Maranhense de Letras sobre a necessidade de ter-se instalado um Instituto Histórico:

Em 1919, o Instituto indicou seus representantes para o Congresso de Geografia:


O Jornal, 23 de agosto de 1919 Em “O Diário de São Luis”, edição de 23 de dezembro de 1920, há o seguinte comentário: [...] Fran Paxeco, secretário geral do Instituto Histórico aqui fundado pelo dr. Simões da Silva [...]:

Em 1921, o Instituto estava em pleno funcionamento, com o Sr. Viana Vaz na sua Presidência, conforme consta de nota de 6 de julho de 1921, em “O Jornal”:


A posse da nova diretoria, com o Dr. Viana Vaz à frente, se dera em 25 de janeiro de 1921, conforme noticia o “Diário de São Luiz”:

Logo a seguir, reuniram-se os seus membros para tratar da conferencia americanista (O Diário, 21 de fevereiro de 1921):

Em Março de 1920, assume a gerência interina do Consulado do Pará, para resolver a «Questão dos Poveiros» o que conseguiu com êxito. Em artigo publicado em O JORNAL, 1921, discorre sobre a Estrada de Ferro São Luis-Caxias, que tanto se empenhou na construção:

E em 1925, novamente o IHGM é fundado:


Nos jornais da época, como no caso do Jornal do Povo, edição de 17 de dezembro de 1926 há uma referencia às descobertas de galerias subterrâneas, encontradas nas escavações que se faziam nos terrenos da Prefeitura. Encontradas várias galerias, que apontavam a várias direções, e algumas ossadas e objetos feitos de osso. Pede-se a manifestação do Instituto Histórico... 1926, Antonio Lopes já havia fundado um novo IHGM... O Instituto fundado pelo Dr. Simões em 1918 ainda funcionava em 1921; quatro anos após, ocorre uma nova fundação, do Instituto de História e Geografia... o que aconteceu? Verifica-se que em todos estes acontecimentos, um nome, um homem, temos que ressaltar, pela sua participação, incentivo, iniciativa e execução: o de FRAN PAXECO, meu patrono nesta Academia de Letras...


Do período em que esteve no Pará e no Amazonas, antes de vir para o Maranhão, remeto-os ao meu discurso de posse nesta casa de Maria Firmina dos Reis, assim como nos primeiros anos de suas estadias em São Luis... Primeiro ocupante da Cadeira 14 do IHGM, patroneada por Antonio Bernardino Pereira do Lago, o seu amor pelo Maranhão levou-o a recusar transferências para postos da carreira diplomática muito mais prestigiosos que o consulado de São Luís do Maranhão; de Novembro de 1913 a Fevereiro de 1914 está no Rio chamado pelo primeiro Embaixador de Portugal no Brasil, Bernardino Machado85 para o secretariar; em 1916 publica "Angola e os Alemães" e segue para Lisboa onde chega a 27 de Maio para ocupar entre outros cargos o de secretário particular do Presidente da República, Bernardino Machado, mas continuando como cônsul de Portugal no Maranhão (tinha sido promovido a cônsul de 2ª classe em 4 de Julho de 1914); A 18 de Agosto de 1919, em reunião de professores da Faculdade de Direito do Maranhão, propõe a realização do Primeiro Congresso Pedagógico do Maranhão, o que veio a realizar-se no ano seguinte. Em 8, 28 e 31 de Janeiro de 1920, houve sessões preparatórias. A sessão inaugural teve lugar a 22 de Fevereiro. Em São Luis, no mês de agosto de 1922 recebe Sacadura Cabral, festejando a travessia aérea do Atlântico Sul; em 1923 o encontramos em Belém do Pará como cônsul, lugar que deixa em Junho de 1925, quando volta para Lisboa; em 1927 vai para Cardiff, desempenhar idênticas funções diplomáticas. Escreve "Portugal não é Ibérico". Faz parte da "South Wales Branch" da Ibero American Society, contribuindo para que o nome fosse mudado para "Hispanic and Portuguese Society". Com o cônsul do Brasil consegue abrir e manter no Technical College uma cadeira de língua portuguesa; No ano de 1933 está de volta a Lisboa, ocupando a Direcção Geral dos Serviços Centrais do Ministério dos Estrangeiros. A 24 de Novembro já está em Liverpool a cumprir mais uma missão diplomática onde se mantém até 1935, quando regressa a Portugal, de onde nunca mais saíu. É perseguido pelo Estado Novo, e o Ministério dos Negócios Estrangeiros nunca mais lhe atribuíu nenhuma missão diplomática (graças ao Secretário-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Teixeira de Sampayo, monárquico convicto), o que muito o fez sofrer. 1939, um AVC com graves sequelas: fica sem fala, sem poder escrever e paralítico, as suas grandes formas de comunicação como grande orador e escritor que era. A Biblioteca do Grémio Literário Português em Belém do Pará e a Praça do Comércio em São Luís do Maranhão têm o seu nome. O seu nome se encontra presente nas toponímias de Setúbal, de São Luís do Maranhão e de São Paulo. Foi fundador da Academia Maranhense de Letras, da Faculdade de Direito, da Universidade Popular, do Centro Republicano Português, do Instituto de Assistência à Infância, do Casino Maranhense, da Associação Cívica Maranhense, da Câmara Portuguesa do Comércio, da Oficina dos Novos, da Legião dos Atenienses, participou do revigoramento e reorganização da Associação Comercial do Maranhão, entre outros organismos, todas as iniciativas relevantes. Profere palestras literárias, cortejos e homenagens cívico-culturais, luta por modernos meios de transporte, pelo incentivo à agropecuária, pela criação de um parque industrial, pela melhoria dos serviços de saúde, pela urbanização da cidade. E tudo isso de par com atividades no magistério público e particular, com diuturna atuação na imprensa, com viagens e trabalhos na Amazônia, com a publicação de livros, com idas ao Rio de Janeiro e a Portugal.86

85

Bernardino Luís Machado Guimarães (Rio de Janeiro, 28 de março de 1851 — Porto, 29 de abril de 1944) foi o terceiro e o oitavo presidente eleito da República Portuguesa. Foi presidente da República Portuguesa por duas vezes: primeiro, de 6 de Agosto de 1915 até 5 de Dezembro de 1917, quando Sidónio Pais, à frente de uma junta militar, dissolve o Congresso e o destitui, obrigando-o a abandonar o país; mais tarde, em 1925, volta à presidência da República para, um ano depois, voltar a ser destituído pela revolução militar de 28 de Maio de 1926, que instituirá a Ditadura Militar e abrirá caminho à instauração do Estado Novo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Bernardino_Machado 86 http://www.academiamaranhense.org.br/academicos/fundadores/05.php


Na imprensa maranhense deixou uma colaboração tão diversificada e ao mesmo tempo copiosa, que ainda hoje aguarda e reclama a seleção temática da qual resultarão seguidos volumes de interesse para o estudo da vida maranhense. Tais volumes viriam somar-se às obras maranhenses desse autor de vasta bibliografia que compreende assuntos tão variados quanto foram os campos de interesse de seus estudos: Algumas obras: O Uruguai, prefácio a este poema de Basílio da Gama. Rio de Janeiro, Livraria Clássica de Alves & Comp, 1895. O Guarani, proêmio ao libreto da ópera de Carlos Gomes. Belém-Pará, 1896. O Centenário Indiano, manifesto das associações portuguesas do Pará. Belém-Pará, 1897. O Sangue Latino. Lisboa, 1897. O Album Amazônico. Genova, 1898. Os escritores portuguezes: Teófilo Braga. Manaus, Tipografia do Diário de Noticias, 1899. Jubileu de João de Deus - folheto. Manaus, 1899. Os Escândalos do Amazonas. Manaus, 1900. A Questão do Acre, manifesto dos chefes acreanos. Belém-Pará, 1900. O Sr. Sílvio Romero e a literatura portugueza. São Luís do Maranhão, A. P. Ramos d'Almeida, 1900. Mensagem do Centro Caixeiral do Dr. Teófilo Braga. São Luís, 1900. Juiz sem Juízo, comédia de A. Bisson, versão com Antônio Lôbo. O Porvir Brasileiro (série de longos artigos em vários números d'A Revista do Norte). São Luís, 1901. O Maranhão e os Seus Recursos. São Luís do Maranhão, 1902. O Sonho de Tiradentes, peça num ato. São Luís do Maranhão, 1903. O Comércio maranhense, relatório da Associação Comercial do Maranhão. São Luís do Maranhão, 1903. Os interesses maranhenses. São Luís do Maranhão, A Revista do Norte, 1904, XXVIII.


O Departamento do Juruá. Cruzeiro do Sul, 1906. A literatura portugueza na Idade Média: conferência. São Luís do Maranhão, Universidade Popular do Maranhão, 1909. O Maranhão: subsídios históricos e corográficos. São Luís do Maranhão, 1912. Portugal e a Renascença. São Luís do Maranhão, 1912. Os Braganças e a restauração. São Luís do Maranhão, Tipografia da Pacotilha, 1912. O Maranhão. São Luís do Maranhão, 1913. As normas ortográficas, na Revista da Academia Maranhense. São Luís do Maranhão, 1913. A Língua portuguesa, por Filipe Franco de Sá, organização e posfácio. São Luís do Maranhão, 1915. Angola e os alemães. Maranhão, 1916. O trabalho maranhense. São Luís do Maranhão, Imprensa Oficial, 1916. A escola de Coimbra e a dissolução do romantismo. Lisboa, Ventura Abrantes, 1917. A visão dos tempos. Coimbra, 1917. Teófilo no Brasil. Lisboa, Ventura Abrantes, 1917. Visão dos tempos - epopeia da humanidade: conferência realizada em 21 de Fevereiro de 1917. Lisboa, Academia das Ciências de Portugal, 1917. Separata dos Trabalhos da Academia das Ciências de Portugal A cortiça em Portugal (resumo de informações do ministério dos estrangeiros). Lisboa, 1917. As normas ortográficas, in Revista da Academia Maranhense. São Luís do Maranhão, 1918. João Lisboa: livro comemorativo da inauguração da sua estátua contendo estudos críticos de vários autores (org. da Academia Maranhense). São Luís de Maranhão, Imprensa Oficial, 1918. Portugal e o equilíbrio europeu, conferência, na Pacotilha. São Luís do Maranhão, 1918 (I-XII). Portugal e o Maranhão, folheto. São Luís do Maranhão, 1919. O Pará e a colónia portuguesa, folheto. Belém do Pará, 1920. Geografia do Maranhão. São Luís do Maranhão, 1923. Trabalhos do congresso pedagógico do Maranhão. São Luís do Maranhão, 1923. Cartas de Teófilo Braga (com um definitivo trecho autobiográfico do mestre e duas "confissões" de Camilo) (prefácio e compilação). Lisboa, Tip. da Emp. Diário de Noticias, 1924. O Portugal primitivo, folheto. Belém do Pará, Tip. Grafarina, 1925. Sobre Teófilo Braga, genealogia, folheto. Belém do Pará, 1925. O século português (1415-1520), conferência longa, proferida na capital do Pará e publicada no País, do Rio de Janeiro. 1926. Setúbal e as suas celebridades. Lisboa, Sociedade Nacional de Tipografia, 1930/1931. Portugal não é ibérico (antelóquio de Teófilo Braga). Lisboa, Tipografia Tôrres, 1932. O poema do Amadis de Gaula, conferência lida em 10-11-1932, na Universidade de Cardiff. Coimbra, Coimbra Editora, 1934 (separata da Biblos). The intellectual relations between Portugal and Great Britain. Lisboa, Império, 1937. Casou com Isabel Eugénia de Almeida Fernandes, natural de São Luís do Maranhão, de quem teve uma filha, Elza Paxeco87, primeira senhora doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 87

Elza Fernandes Paxeco Machado (São Luís, 6 de Janeiro de 1912 — Lisboa, 28 de Dezembro de 1989) foi professora, filóloga e escritora. Filha de Fran Paxeco, cônsul de Portugal no Maranhão, e de Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco, casada com o filólogo português José Pedro Machado. Prima do jornalista Óscar Paxeco. Estudou no Brasil, na França, na Grã-Bretanha, nas Universidades de Gales, Londres e Lisboa os cursos de Filologia Românica e Germânica (em que foi aprovada com Honours Summa cum Laudes) e Língua e Literatura Inglesa (Master of Arts). Primeira senhora doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1938), com aprovação por unanimidade, onde veio a ensinar, como leitora de francês, tendo leccionado igualmente as cadeiras de Literatura Francesa e de Língua e Literatura


FRAN PAXECO E SUA ESPOSA ISABEL Fonte: VIEIRA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E OUTRAS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1957. Associações científicas de que foi membro  Sociedade de Geografia de Lisboa; Sócio correspondente, admitido em 1 de Fevereiro de 1897.  Academia Maranhense de Letras, de que foi sócio fundador;  Academia Alagoana de Letras; (sócio correspondente);  Academia Piauiense de Letras; (sócio correspondente);  Société Académique d'Histoire Internationale; Medalha de Ouro. Paris, 27 de Junho de 1912.  Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano; Sócio correspondente, eleito em 24 de

Novembro de 1913.  Academia de Ciências de Portugal; (sócio correspondente) eleito em 13 de Janeiro de 1915.  Associação de Imprensa do Amazonas;  Associação de Imprensa do Pará;  Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas (São Paulo);  Grémio Literário e Comercial Português, hoje, Grêmio Literário e Recreativo Português, Belém do Pará;  Instituto Geográfico e Histórico da Bahia;  Instituto Histórico e Geográfico do Pará; Sócio Honorário,eleito em 12 de Maio de 1920. Inglesas. Estagiou no Liceu de Pedro Nunes em 1938-1939. Exerceu de Fevereiro de 1940 a Outubro de 1948, quando foi exonerada a seu pedido. Fez parte de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Representou em Portugal a Associação das Academias Brasileiras de Letras, tendo sido eleita sócia correspondente da Academia Maranhense de Letras. Publicou com seu marido, José Pedro Machado, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964. Sócia Efectiva da Sociedade de Geografia de Lisboa, eleita em sessão de 27 de Fevereiro de 1964. Deixou colaboração dispersa por numerosas publicações nacionais e estrangeiras de entre as quais se destacam as revistas da Faculdade de Letras de Lisboa, Brasília, de Coimbra , Revista das Academias Brasileiras de Letras, do Rio de Janeiro, Revista de Portugal, Ocidente e outras. https://pt.wikipedia.org/wiki/Elza_Paxeco


 Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Sócio correspondente, investido em 20 de Novembro de

1925.  Liga Portuguesa de Repatriação; Belém do Pará: Sócio Benemérito, eleito em 26 de Junho de 1925.  Sociedade Portuguesa Beneficente; Belém do Pará: Sócio Benfeitor, eleito em 26 de Março de 1925.  Associação Dramática Recreativa e Beneficente; Belém do Pará: Sócio Beneficente, eleito em 5 de Julho

de 1927.  Instituto Histórico de Pernambuco;  Instituto Histórico do Piauí;  Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro.

Temos um diploma de mérito concedido a Fran Paxeco “pela propaganda literária que tem feito a favor da Educação Física”.

De suas idas e vindas, ao Rio de Janeiro, a Portugal, a Belém, ao Amazonas, sempre retornando a São Luis: - 1901, o encontramos como colaborador da “Revista do Norte” e na “Pacotilha”; - 1902, convidado para sub-secretário da Associação Comercial do Maranhão; - 1903, organizou um Congresso Literário Luso-Brasileiro...


- 1904, durante uma grande assembléia a 14 de agosto, é o responsável pelas discussões mais séries sobre a construção do Caminho de Ferro São Luis-Caxias – também é responsável pela sua construção... Em maio de 1904, vai para Manaus e de lá, para bom Alto Juruá, ai dirigindo o gabinete do Prefeito, dirigindo a Imprensa oficial e imprimia o semanário “O Cruz euro do Sul”, e em 1906, “O departamento de Juruá” - 1905, está de volta a São Luis, para visitar a noiva e os amigos, retornando ao amazonas em outubro; 1907, maio, vai para o Rio de Janeiro, em tratamento de saúde, passando pelo porto de São Luis;retornando em agosto para descansar e se recuperar, pois estava em profunda melancolia, dado os acontecimentos ocorridos no amazonas, que redundaram em sua prisão. 1908, vai para Portugal, em dezembro, mas retornando a São Luis, já a 25 de abril de 1909. Aqui, dá aulas, faz conferencias na Universidade Popular Maranhense. Continua a escrever na “Pacotilha”. A 8 de setembro de 1910, casa com a sua amada, Isabel. - 1911, funda, com vários maranhenses, o Centro Republicano Português, o casino Maranhense, e o Instituto de Assistência à Infância. A 23 de agosto, é nomeado Cônsul de Portugal no Maranhão por Teófilo Braga. - 1913, novembro, até fevereiro de 1914, está no Rio de Janeiro; vai secretariar o 1º Embaixador de Portugal no Brasil, Bernardino Machado. - 1916, segue para Lisboa, indo ser secretário particular do Presidente da Republica, Bernardino Machado, mas continua como Cônsul de Portugal no Maranhão, promovido a Cônsul de 2ª Classe, em 14 de julho de 1914...; lá exerce várias funções e freqüenta as academias de ciências ; - 1917, setembro, está de volta à São Luis, onde permanece até 1923... - 1918, foi o inspirador da faculdade de Direito do Maranhão, e como vimos, do Instituto de História e geografia 2.0; da Escola de Farmácia e de odontologia; do Instituto Ateniense; da Câmara Portuguesa do Comércio. - 1919, da Legião dos Atenienses; - 1920, do Congresso Pedagógico. Nesse ano vai a Belém resolver a “Questão dos Poveiros”, com êxito... - 1921, do Centro Acadêmico - 1922, da Liga Portuguesa de Repartições; da Escola de Belas Artes; - 1923, recebe o titulo de cidadão honorário de São Luis. Nesse ano vai para Belém, no mesmo posto de Cônsul de Portugal.


Senhores, Senhoras, Confrades Já tomei demais o tempo, e está se tornando cansativo... Reconheço... Agradeço a oportunidade, nobre Presidente, e já encerrando, vamor ver o quye fez depois de deiar o Maranhão!


Retorna à Belém do Pará pela terceira vez. Depois de ter cumprido os seus deveres de testamenteiro literário de Teófilo Braga, partiu para Belém a 22 de Março de 1924. Em Abril, promove a criação de uma Universidade Livre, no Grémio Literário e Comercial Português, com o objetivo de a cultura de ideias gerais, mediante conferências.

Presta colaboração e apoio à ativividade do Grémio Comercial, e promoveu a criação de um Curso de Contabilidade, onde deu aulas de Direito Comercial e Aduaneiro, Geografia Comercial, História do Comércio e ainda pagava do seu bolso a um professor do ensino primário. Em 21 de Novembro, é nomeado para integrar a “Comissão Teófilo Braga”. Faz a catalogação da Biblioteca do Grêmio que, mais tarde, em sua homenagem é denominada “Biblioteca Fran Paxeco”. Sócio efetivo do Grêmio é-lhe, sucessivamente, concedida a condição de “Sócio Honorário”, “Sócio Benemérito” e “Presidente de Honra”. Forte apoiante do movimento Associativo, é admitido como sócio efetivo da Associação Dramática, Recreativa e Beficente É-lhe conferido o título de “Sócio Benemérito “ da Sociedade Portuguesa Beneficente.

A revolução de 28 de Maio88 causa-lhe alguns dissabores e a colónia portuguesa divide-se no apoio e repúdio ao processo em curso. Por saberem que Fran Paxeco não seria um dos apoiantes, alguns (uma minoria) desferem-lhe, na imprensa, alguns ataques, mas a maioria sai em sua defesa e os ânimos sossegam. 88

A Revolução de 28 de Maio de 1926, Golpe de 28 de Maio de 1926 ou Movimento de 28 de Maio de 1926, também conhecido pelos seus herdeiros do Estado Novo por Revolução Nacional, foi um pronunciamento militar de cariz nacionalista e antiparlamentar que pôs termo à Primeira República Portuguesa, levando à implantação da Ditadura Militar, depois autodenominada Ditadura Nacional e por fim transformada, após a aprovação da Constituição de 1933, em Estado Novo, regime que se manteve no poder em Portugal até à Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974.


Assume as funções de Cônsul em Cardiff, em Setembro de 1928. Escreve Portugal não é Ibérico. Faz parte da "South Wales Branch" da Ibero American Society, contribuindo para que o nome fosse mudado para "Hispanic and Portuguese Society". Com o cônsul do Brasil consegue abrir e manter no Technical College uma cadeira de língua portuguesa Em 17 de Setembro de 1930 está em Setúbal, onde profere uma conferência intitulada “Setúbal e a Província do Sado”

Informa-nos Cunha Bento (2014), que Fran Paxeco envia carta, de Cardiff, a Bernardino Machado, em 3 de Março de 1932, quando fala dos seus mais recentes trabalhos literários, entre os quais refere “Setúbal e a província do Sado”, em três volumes. Este trabalho não chegaria a ser editado, tendo-se perdido o original!

A revolução começou em Braga, comandada pelo general Gomes da Costa, sendo seguida de imediato em outras cidades como Porto, Lisboa, Évora, Coimbra e Santarém. Consumado o triunfo do movimento, a 6 de Junho de 1926, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, Gomes da Costa desfila à frente de 13 mil homens, sendo aclamado pelo povo da capital. https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_28_de_Maio_de_1926


Em 24 de Março de 1933, o Diário de Governo anuncia a sua transferência para a Secretaria Geral, por “urgente conveniência de serviço”. Parte de Cardiff em Maio seguinte. Em 1 de Outubro de 1933 vem a Setúbal participar na inauguração da glorieta de Luísa Todi 89 89

LUÍSA TODI, nascida Luísa Rosa de Aguiar (Setúbal, 9 de Janeiro de 1753 — Lisboa, 1 de Outubro de 1833), foi uma cantora lírica portuguesa. Nascida na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada, concelho de Setúbal, era filha de Manuel José de Aguiar (Lisboa, Conceição Nova (extinta), bap. 12 de Janeiro de 1710 - ?), professor de música e instrumentista, e de sua mulher (Setúbal, Nossa Senhora da Anunciada, 4 de Setembro de 1745) Ana Joaquina de Almeida (Setúbal, Santa Maria da Graça, 19 de Fevereiro de 1726 - ?) e irmã mais nova de Cecília Rosa de Aguiar (23 de Agosto de 1746 - ?) e de Isabel Ifigénia


Em 24 de Novembro de 1933 assume a sua última missão diplomática como Cônsul de Portugal em Liverpool, onde se mantém até Maio de 1935. Regressa a Lisboa de onde nunca mais saiu. Fran Paxeco participou, proferindo uma conferência, nas comemorações do dia de Bocage90 – 15 de Setembro de 1935, como se pode verificar através desta fotografia da cerimónia que teve lugar no CineTeatro Luísa Todi.

de Aguiar (5 de Novembro de 1750 - ?), casada com Joaquim de Oliveira, em 1765 já se encontrava a viver em Lisboa. A sua mãe era filha de João de Almeida, sangrador, e de sua mulher Isabel da Esperança (filha de João da Frota e de sua mulher Luísa de Brito) e neta paterna por bastardia de Miguel Pessanha de Vasconcelos, da Casa da Quinta de Santo Estêvão das Areias, termo da Sé de Viseu (filho segundo do 8.º Senhor de Mossâmedes), e de Serafina de Almeida, "a Relojoeira", de Viseu. Luísa Todi, que tinha a capacidade invulgar de cantar com a maior perfeição e expressão em francês, inglês, italiano e alemão, é considerada a meio-soprano portuguesa mais célebre de todos os tempos. No seu Tratado da Melodia, Anton Reicha, considera Luísa Todi como «a cantora de todas as centúrias» melhor dizendo «uma cantora para a eternidade». https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADsa_Todi 90

Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de setembro de 1765 – Lisboa, Mercês, 21 de dezembro de 1805) [1] foi um poeta nacional português e, possivelmente, o maior representante do arcadismolusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte [2] presença na literatura portuguesa do século XIX. Era primo em segundo grau do zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage. Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier L'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era o Almirante francês Gil Hedois du Bocage, que chegara a Lisboa em 1704, para reorganizar a Marinha de Guerra Portuguesa.[2]. Foi seu padrinho de baptismo Heytor Botelho de Moraes Sarmento, 4º Guarda-Mor do Sal de Setúbal, Senhor da Quinta das Machadas, Fidalgo da Casa Real. https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage


O Estado Novo91 não lhe perdoou e, através do Secretário-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Teixeira de Sampaio, um monárquico de fortes convicções, não volta a atribuir-lhe outra 91

Estado Novo foi o regime político autoritário, autocrata e corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante 41 anos sem interrupção, desde a aprovação da Constituição de 1933 até ao seu derrube pela Revolução de 25 de Abril de 1974. Ao Estado Novo alguns historiadores também chamam de Segunda República Portuguesa, por exemplo a História de Portugal de José Hermano Saraiva e a obra homónima de Joaquim Veríssimo Serrão. No entanto, tal designação jamais foi assumida pelo regime Salazarista, bem como nunca foi aceite pelos fundadores da República saída da Revolução dos Cravos, visto que o Estado Novo, apesar de ter conservado a forma de governo republicana, nunca adotou a designação "II República", preferindo designar-se "Estado Novo". Dado o apoio inicial que o Estado Novo recebeu por parte de alguns monárquicos e integralistas, a questão do regime manteve-se em aberto até 1950-1951. Apesar da oposição das Forças Armadas e do Ministro da Defesa Santos Costa a uma mudança de regime, com a morte do Presidente Óscar Carmona em 1951, a restauração da Monarquia chegou a ser proposta por Mário de Figueiredo e Cancela de Abreu, verificando-se então uma decisiva oposição à mudança por parte de Salazar, Marcello Caetano e Albino dos Reis. A designação oficial de "Estado Novo", criada sobretudo por razões ideológicas e propagandísticas, serviu para assinalar a entrada num novo período político aberto pela Revolução de 28 de Maio de 1926 que ficou marcado por uma concepção presidencialista, autoritária e antiparlamentar do Estado. Nesse sentido, o Estado Novo encerrou o período do liberalismo em Portugal, abrangendo nele não só a Primeira República, como também o Constitucionalismo monárquico. Como regime político, o Estado Novo foi também chamado salazarismo, em referência a António de Oliveira Salazar, o seu fundador e líder. Salazar assumiu o cargo de Ministro das Finanças em 1928 e tornou-se, nessa função, uma figura preponderante no governo da Ditadura Militar, o que lhe valeu o epíteto de "Ditador das Finanças". Obtendo enorme sucesso num curto espaço de tempo, ficou posteriormente conhecido como o "Mago das Finanças". Ascendeu a Presidente do Conselho de Ministros em Julho de 1932 e esteve em funções até ao seu afastamento por doença em 1968, nunca chegando a ter conhecimento de que já não era o Presidente do Conselho de Ministros. A designação salazarismo reflete a circunstância de o Estado Novo se ter centrado na figura do "Chefe" Salazar e ter sido muito marcado pelo seu estilo pessoal de governação. Porém, o Estado Novo abrange também o período em que o sucessor de Salazar, Marcello Caetano, chefiou o governo (1968-1974). Caetano assumiu-se como "continuador" de Salazar mas, vários autores preferem autonomizar esse período do Estado Novo e falar de Marcelismo. Marcello Caetano ainda pretendeu rebatizar publicitariamente o regime ao designá-lo por Estado Social, "mobilizando uma retórica política adequada aos parâmetros desenvolvimentistas e simulando o resultado de um pacto


missão diplomática. A pressão a que se achou submetido teve como epílogo um acidente vascular cerebral, em 1939, que o priva da fala, da escrita e totalmente dependente, ainda que consciente. Veio a falecer em 17 de Setembro de 1952. Em Setúbal: figura no triptíco de Luciano dos Santos, existente no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

O Tríptico dos Setubalenses Ilustres no Salão Nobre da CMS

social que, nos seus termos liberais, nunca existiu", mas a designação não se enraizou. Ao Estado Novo têm sido atribuídas as influências do maurrasianismo, do Integralismo Lusitano, da doutrina social da Igreja, bem como de alguns aspetos da doutrina e prática do Fascismo italiano, regime do qual adotou o modelo do Partido Único e, até certo ponto, do Corporativismo de Estado. A Ditadura Nacional (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974) foram, conjuntamente, o mais longo regime autoritário na Europa Ocidental durante o séc. XX, estendendo-se por um período de 48 anos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Novo_(Portugal)


A antiga Rua Direita de Tróino, então chamada de Rua 25 de Março, passou a denominar-se Rua de Fran Paxeco, por deliberação da CMS, de 1 de Setembro de 1953.

Assinaturas

1890

1894

1895 1905

1912 Pseudônimos

O Elmano” – 1890

O Rato” – 1891

O Rato” – 1891

O Elmano” – 1893


A Montanha” – 1893

“Pacotilha”- 1901


Agradeço a paciência, espero ter cumprido a hora – e a honra - que me foi para falar de meu Patrono, Cadeira 21, desta Academia Ludocicense de Letras... Meu muito obrigado...


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