REVISTA DO LÉO, MARÇO 2019

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REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536

SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 18 – MARÇO - 2019


A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE REVISTA DO LEO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076

CAPA: Leopoldo Gil Dulcio Vaz conduzindo a Tocha Olímpica em São Luis-MA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino, Especialista em Lazer e Recreação, Mestre em Ciência da Informação. Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado; Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e de Pesquisa e Extensão); Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros publicados, e mais de 250 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Comissão Comemorativa do Centenário da Faculdade de Direito do Maranhão, OAB-MA, 2018; Recebeu: Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM; Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; ALL em Revista, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, vol 1, a vol 4, 12 16 edições. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.


REVISTA DO LÉO

NÚMEROS PUBLICADOS

2017 VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017

2018 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 - MARÇO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL - MARÇO 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 - MAIO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 - EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 - SETEMBRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20?


VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018

https://issuu.com/…/docs/indice_da_revista_do_leo_-_2017-201

2019 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019 VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019


EDITORIAL

A “REVISTA DO LÉO”, eletrônica, é disponibilizada, através da plataforma ISSUU https://issuu.com/home/publisher. É uma revista dedicada às duas áreas de meu interesse, que se configuraram na escolha de minha profissão – a Educação Física, os Esportes e o Lazer, e na minha área de concentração de estudos atual, de resgate da memória; comecei a escrever/pesquisar sobre literatura, em especial a ludovicense, quando editor responsável pela revista da ALL, após ingresso naquela casa de cultura, como membro fundador. Estou resgatando minhas publicações disponibilizadas através do “Blog do Leopoldo Vaz” – que por cerca de 10 anos esteve na plataforma do G1/Globo Esporte/Mirante, retirado do ar, quando da reestruturação daquela mídia de comunicação; perdeu-se o registro, haja vista que o arquivo foi indisponibilizado. Quase a totalidade do que ali foi publicado apareceu, também, no Centro Esportivo Virtual – CEV -, http://cev.org.br/ , https://www.facebook.com/cevnauta/: e nas Comunidades que administrava e/ou participava, em especial: - Educação Física no Maranhão, http://cev.org.br/comunidade/maranhao, https://www.facebook.com/search/top/?q=cev%20educa%C3%A7%C3%A3o%20f%C3%ADsica% 20no%20maranh%C3%A3o - História dos Esportes, https://www.facebook.com/search/str/cev+hist%C3%B3ria+da+educa%C3%A7%C3%A3o+f%C3 %ADsica+e+dos+esportes/keywords_search - Atletismo, https://www.facebook.com/groups/cevatletismo/ - Capoeira, https://www.facebook.com/groups/cevcapoeira/ e agora, no Facebook, https://www.facebook.com/groups/cevefma/. Do “Atlas do Esporte no Maranhão” colocarei os capítulos no atual estado-da-arte, e sempre que houver algum fato novo, a sua atualização: http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ No campo da Literatura Ludovicense/maranhense, permanece aberta às contribuições, em especial, a construção da “Antologia Ludovicense”. http://all.org.br/all_em_revista.html Com novos colaboradores, internacionaliza-se, com os Lusofonos... Esta, a proposta... Está totalmente aberta às contribuições... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR


SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER CLÁUDIO VAZ, O ALEMÃO – E O LEGADO DA GERAÇÃO DE 53 – capítulo(s) de livro 1. Prefácio 2. Cláudio Vaz QUERIDO PROFESSOR FIMAS – capítulo(s) de livro 1. Apresentação 2. Recordar é viver EDMILSON SANCHES. ESTÁDIO MUNICIPAL, 53 ANOS ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO GUIMARÃES BASQUETEBOL MASTER LIVRO ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA EXPOSIÇÕES DAS BIOGRAFIAS DOS MESTRES DE CAPOEIRA DO ESTADO DO MARANHÃO Abertura da Semana da Capoeira realizada pela Federação Maranhense de Capoeira FMC MESTRE ARY MESTRE UBIRACI MESTRE JORDILAN MESTRE GUDA MESTRE MÃO DE ONÇA MESTRE BETINHO

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ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES LE LUDIQUE ET LE MOUVEMENT AU MARANHÃO/ - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O QUE ESTÁ HAVENDO COM A “IMPRENSA”? - JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS A PROFISSÃO “EDUCAÇÃO FÍSICA” – INCLUI O CAPOEIRA

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NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE

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HISTÓRIAS DE SÃO LUÍS - O FILIPINHO E AS MUDANÇAS SOCIAIS - HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO LUSOFONIA CONHEÇA A OFERTA FORMATIVA DO COP O PENSAMENTO DO JORGE BENTO O MEU BRASIL PRESTAÇÃO DE CONTAS MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO: ‘PONTÍFICE’ DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL POETANDO CÍVICA E DESPORTIVAMENTE… TENTATIVA DE AGRADECIMENTO DA MINHA ORIGEM E IDENTIDADE EDUCAÇÃO E DEFORMAÇÃO PRO OU POR VOCAÇÃO EDUCAÇÃO MORIBUNDA DO IMAGINÁRIO BRASILEIRO NOTAS

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MEMÓRIA DA EDUCAÇão FÍSICA, ESPORTES E LAZER Artigos, crônicas, publicadas nas diversas mídias – jornais, revistas dedicadas, blogs – pelo Editor, resgatadas... Serão replicadas na ordem em que escritas e divulgadas.

MESTRE INDIO MARANHÃO E MESTRE PIRRITA BRAGA DIVIDINDO O MESMO PODIO


Foto 2 – Delegação Maranhense, JUB’s de 1950, Recife-PE. Fotógrafo: Raul Guterres.


CLAUDIO VAZ, O ALEMÃO - E O LEGADO DA GERAÇÃO DE 53

"Sou a mãe e o pai do JEMs. Os JEMs são a minha vida." Cláudio Vaz dos Santos.

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ


PREFÁCIO “Sou a mãe e o pai do JEMs. Os JEMs são a minha vida." Cláudio Vaz dos Santos.

Tem já algum tempo que venho me dedicando à escrita da memória do esporte, da educação física e do lazer no/do Maranhão. Temos o “Atlas do Esporte no Maranhão” i, o livro de memórias “Querido Professor Dimas” ii, o Blog do Leopoldo Vaz, dentre outros já disponibilizados, e outros ainda em construçãoiii... Contar a vida de alguém requer pesquisa, entrevistas e despojamento de idéias pré-concebidas. Pela quantidade de questões que levanta, o tema é um sem fim de perguntas... Ao depararmos com um personagem emblemático, que influenciou toda uma geração, temos um bom argumento para contar uma História de Vida (FUKELMAN,2015) iv. A advertência de Coriolano P. da Rocha Junior – pertinente - (2015) v de que estudos sobre a história do esporte, normalmente, associam seu surgimento, sua constituição aos elementos da modernidade, e tendo por referências as pesquisas feitas a partir de cidades como São Paulo (SP) e mais ainda, o Rio de Janeiro (RJ). Para Coriolano: [...] o cuidado deve estar em não querer analisar outras localidades a partir da realidade destas duas. É preciso entender as peculiaridades de cada uma, suas especificidades, que dão a elas maiores ou menores possibilidades de assumirem o esporte como uma prática cotidiana. E aqui, os estudos históricos são centrais, justo por nos darem a possibilidade de compreendermos a forma como se estabeleceu, ao longo dos tempos, o fenômeno esportivo em cada espaço. Ainda seguindo Coriolano Rocha Junior (2015), é importante ressaltar que: [...] a investigação a partir da compreensão de um projeto de modernização local, também guarda enormes diferenças em relação a outros estados, mesmo que estes tenham servido de inspiração. As realidades locais fizeram com que houvesse diferenciações, no porte, no tipo, no período de realização e no perfil dos agentes executores. Em “Apontamentos metodológicos: biografias de atletas como fontes” Rafael Fortes (2015) vi, afirma que livros biográficos são uma fonte pouco explorada na história do esporte no Brasil. Para esse autor, as fontes principais continuam sendo jornais e revistas, além de crônicas, obras de literatos etc. As biografias sob a forma de livro são um importante elemento da construção de representações sobre o esporte, embora não tão poderosas quanto o jornalismo periódico e as transmissões ao vivo por televisão e rádio. Faz, então, uma análise de como tais obras poderiam ser enriquecidas pela discussão existente na História a respeito da viabilidade/possibilidade da biografia como trabalho científico. Vale a pena acompanhar este debate, por proporcionar reflexões teórico-metodológicas interessantes: 1. Considerando que as biografias são obras sobre um indivíduo, que elementos são mobilizados para construir, descrever, explicar, narrar etc. sua trajetória (noção por si só rica, em termos de análise), bem como seus resultados, realizações etc.? É possível identificar traços comuns às biografias de atletas de modalidades individuais? E às de atletas de modalidades coletivas? Indo além: é possível perceber semelhanças e diferenças entre as características comuns, considerando tal dicotomia? 2. Quanto à autoria: quem é o autor da obra? O próprio atleta? O jornalista? Ambos? Parece-me haver três principais tipos, do ponto de vista formal:


a) Autobiografias em sentido estrito: o atleta escreve o texto (ou, ao menos, é assim que o livro é publicado: atribuindo o texto ao esportista). b) Autobiografias com um (co)autor (geralmente um jornalista) [...] o "com" ou um "e" seguido do nome do jornalista está estampado na capa. Fico com a sensação de que, nestes casos, o autor é o jornalista e coube ao atleta dar os depoimentos e ajudá-lo com outras informações [...] é impossível saber ao certo que papeis foram desempenhados por cada um. c) Biografias escritas por um jornalista. Neste caso, há a divisão entre "autorizadas" e "não autorizadas". As categorias são discutíveis (como, em parte, ficou evidente o debate travado em certos veículos de comunicação brasileiros há cerca de um ano e meio, a partir do grupo Procure Saber), mas há outros aspectos que podem ser analisados: os objetivos de quem escreve, os interesses da obra para a coletividade, a forma e o conteúdo. Góis Junior; Lovisolo; Nista-Piccolo (2013) vii, ao analisarem a utilização do modelo elisianoviii em problemas de pesquisa no campo da História da Educação Físicaix, e as características teóricas do processo civilizador de Elias, colocam que: “coletivamente, os indivíduos buscam no esporte, vivenciar emoções fortes, liberdade, poder”: O processo civilizador é construído a partir da teoria das configurações sociais, ou seja, como uma configuração inicial de poder político, econômico, social se transforma em outra, e concomitantemente, são transformadas as estruturas de personalidade dos indivíduos. Se não estudamos a relação entre estrutura política, poder e a personalidade dos indivíduos em sua conduta, não estudamos o processo civilizador.(Góis Junior; Lovisolo; Nista-Piccolo, 2013, p. 777). Utilizo-me da História Oralx, designação que se dá "ao conjunto de técnicas utilizadas na coleção, preparo e utilização de memórias gravadas para servirem de fonte primária" (BROWNW e PIAZZA, citados por CORRÊA, 1978, p. 13) xi. Já na definição de Camargo (citado por ALBERTI, 1990) xii, é o "conjunto sistemático, diversificado e articulado de depoimentos gravados em torno de um tema", ou como ensino a própria Alberti (1990), é o "método de pesquisa... que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participam de, ou testemunham, acontecimentos...". A História Oral é legítima como fonte porque não induz a mais erros do que outras fontes documentais e históricasxiii. Alberti (1990) chama-nos atenção da responsabilidade do entrevistador enquanto coagente na criação do documento da História Oral, já que sua biografia e sua memória são outras, e não estão em questão - é a dupla pertinência cultural (Max CAISSON, citado por ASSUNÇÃO, 1988) xiv. Em qualquer pesquisa parte-se da questão de que há algo a investigar. Ao decidir-se pelo emprego da técnica da história oral, como sendo a mais apropriada, estabeleceram-se também os tipos de fonte de dados, tendo em vista que a história oral vale-se de outras fontes, além das entrevistas (SILVA, GARCIA e FERRARI, 1989) xv. Foram utilizados dois tipos de fontes de dados: 1. Reportagens de jornais, crônicas, relatos e literatura acadêmica, que nos permite o estudo do processo de implantação da educação física escolar e o desenvolvimento do esporte moderno em Maranhão; 2. Entrevistas com pessoas que viveram esses processos e tiveram um relacionamento com o Cláudio Alemãoxvi. Para esse item, deve-se verificar se, no universo de estudo, há entrevistados em potencial, se é possível entre vistá-los e se estão em condições físicas e mentais de empreender a tarefa que lhes é solicitada.


Estabelecidos os métodos e os entrevistados, restou-nos definir as entrevistas. Foram estabelecidas algumas categorias simples, que foram surgindo empiricamente, a partir das primeiras, utilizadas como pretexto para o entrevistado se lançar no esforço de rememoração. São perguntas de ordem genealógica, história pessoal, sobre educação, educação física, esportes, pessoas conhecidas, relacionamento com Cláudio Alemão, enfim, lembranças "daqueles bons tempos". Em 2001, realizei 16 entrevistas, com pessoas que conviveram com Cláudio Alemão a partir dos anos 50. O trabalho que se pretendeu foi o de integrar a uma estrutura social elementos e fatos isolados, procurando uma explicação causal, sem esquecer a descrição história (CARDOSO, 1988) xvii. Para Berkoffer Jr. (citado por CARDOSO, 1988, p. 77), "... a História (entendida como explicativa, respondendo aos porquês?) não pode explicar totalmente à 'crônica' (que responde a perguntas do tipo 'o que', 'quem', 'quando', 'onde', 'como'?)". O objetivo é apresentar a História de Vida de Cláudio Vaz, o Alemão, e enfatizar, também, o legado daquela “Geração de 53”, seu principal personagem e seus companheiros na revitalização do esporte moderno no Maranhão, em especial do esporte escolar, a partir dos anos 50, estendendo-se até os anos 70, e a sua influencia, como praticante, como dirigente. Tomamos de José de Oliveira Ramosxviii a seguinte descrição de nosso biografado: Imaginemos o inventor Alberto Santos Dumont criando o 14 BIS sem as "asas". Melhor: imagine uma das mãos sem nenhum dos cinco dedos. Imagine um jogo de futebol sem traves. Imagine uma piscina de Natação competitiva sem as raias. Enfim, imagine o Esporte maranhense sem a luz divina e a criatividade inicial e pioneira - queremos manter a redundância - de Cláudio Antônio Vaz dos Santos. Imagine, também, o Cláudio Antônio Vaz dos Santos, hoje, sem o "Alemão”. (RAMOS, VAZ, 2012)

CLÁUDIO ALEMÃO, ELIR JESUS GOMES E ZEZÉ – 2014


CLAUDIO VAZ, O ALEMÃO

CLUBE RECREATIVO JAGUAREMA


Cláudio Antônio Vaz dos Santos, seu nome de batismo... Nascido em São Luis a 24 de dezembro de 1935, filho de Antônio Rodrigues da Costa Santos e Maria José Raposo Vaz dos Santos.

JORNAL O COMBATE 24 DE DEZEMBRO DE 1935


No dia em que concedeu a entrevista (2001) 1, base desta biografia, se “encontrava divorciado”, pai de oito filhos. Foi casado com Maria do Socorro Bogéa dos Santos:

1 VAZ DO SANTOS, Cláudio (Alemão). ENTREVISTAS. ENTREVISTA COM CLAÚDIO ANTÔNIO VAZ DOS SANTOS, REALIZADA NO DEPARTAMENTO ACADEMICO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - DCS -, DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO MARANHÃO - CEFET-MA, NO DIA 29 DE MARÇO DE 2001, COM INÍCIO AS 09:10 HORAS. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MAS, QUEM É CLÁUDIO VAZ? In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, Por Leopoldo Vaz • quarta-feira, 05 de dezembro de 2012, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2012/12/05/mas-quem-e-claudiovaz/; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. HOMENAGEM A CLÁUDIO VAZ. BLOG DO LEOPOLDO VAZ. 12/05/2013. DISPONÍVEL EM http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2012/12/05/homenagem-a-claudio-vaz-o-alemao/


SHOW DA CIDADE, por Benito Neiva in O COMBATE, São Luis, 29 de setembro de 1965

Fonte: BUZAR, Benedito – O Estado, Roda Viva, 07 de fevereiro de 2016 CLÁUDIO VAZ E SOCORRO BOGÉA VAZ – NO JAGUAREMA (Carnaval)

Fonte: BUZAR, Benedito – O Estado – Roda Viva, 07 de fevereiro de 2015 O apelido de “Alemão” vem de quando era aluno do Colégio Maristaxix; fez exame de admissão - 4º primário -, vindo do Colégio São Luís Gonzaga, da Zuleide Bogéaxx, onde estudou do primeiro ao terceiro ano primário. Iniciou os estudos no Jardim de Infância Antônio Lobo - ao lado da Igreja do Santo Antônio, onde sua mãe era professora; lá estudou até os seis anos de idade, transferindo-se então para o Colégio São Luís Gonzaga, ali na Rua do Sol. Naquela época em que foi para o “Maristas”, morava na Rua Montanha Russa - na casa da Rua Newton Prado 22; ele e seu irmão Janjão - Antônio Carlos Vaz dos Santos2 -nasceram ali. O “Maristas” nesse tempo funcionava junto ao Palácio do Bispo, na Avenida Dom Pedro II. Ao chegar ao “Maristas” já praticava futebol e espiribol. Segundo Cláudio, era um esporte que hoje “parou”, isto é, não se pratica mais.

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nasceu em São Luís a 23 de novembro de 1934


Recorremos a Aymoré de Castro Alvim3 para descrever como era esse esporte, Espirobol: Aymoré Alvim – VERGONHA DAS VERGONHAS. (Do livro: Memórias de um seminarista. A publicar). Era uma quarta-feira, dia de sueto ou folga no Seminário. Pela manhã, após o café, havia jogos de futebol, voleibol e handebol. À tarde, após a merenda, podíamos receber visitas de parentes (de amigos não, pois poderiam vir namoradas no pacote) ou, então, sair para fazer compras do que se precisasse ou mesmo visitar parentes que não podiam ir ao seminário. Mas, sempre acompanhado por um colega mais velho e de confiança. Sozinho, nem pensar. Numa dessas quartas-feiras, eu já me encontrava no pátio com Osmar, Viana, Sarenga, Biné Curau, Salamargo, Quiba e outros aguardando o padre Aloísio escalar as duas equipes de futebol. […]. [Ao que perguntei, em seu Face: Leopoldo Gil Dulcio Vaz] “Confrade, lindo!!! Que ano foi isso? Como eram as praticas esportivas no Seminário? Você fala em handebol; mas só foi introduzido no Maranhão na década de 60, na ETFM, em jogo de exibição, depois no final dos anos 60, inicio dos anos 70; seria o mesmo esporte? Ou seria o espirobol?”. Pois bem, hoje recebo a resposta: Aymoré Alvim “Meu caro confrade, o jogo que chamávamos handebol era mesmo com a mão, mas havia um mastro com uma corda na ponta e na outra ponta da corda uma bola. O mastro ficava no cruzamento de 2 duas retas que delimitavam 4 espaços onde ficava 1 jogador em cada um, distribuídos alternadamente. Dois companheiros quando pegavam a bola faziam de tudo para os outros dois adversários não pegar. Se ocorresse invasão do campo adversário perdia a bola e ponto. Era mais ou menos isso que chamávamos handebol. Quando vi muito depois aqui fora até como esporte olímpico achei esquisito”. Era mesmo espirobol… conforme Moema de Castro Alvim, irmã do Aymoré, as meninas também o jogavam, já, em Pinheiro lá pelo final dos anos 50… O irmão Manuel era considerado o diretor de esportes do Colégio Marista; foi ele quem chamava Cláudio de Alemão, pois nessa época loiro maranhense eram poucos; e começou o Manuel – “Cláudio: - Alemão, Alemão, Alemão”, e fico “Alemão” até hoje; Cláudio diz sentir orgulho de seu apelido de colégio, o que o marcou muito sua vida – “Cláudio Alemão”, que Fontenellexxi, passou a chamar de Cláudio Vaz - o Alemão. Isso, quando passou a ser dirigente esportivo...

EM 2001, ‘PAPEANDO’ COM DISNEY E MICKEY xxii 3

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. BLOG DO LEOPOLDO VAZ. HANDEBOL NO MARANHÃO – já se jogava na década de 50 (??)… disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/08/15/handebol-no-maranhao-ja-se-jogava-na-decadade-50/


Cláudio Alemão estudou no “Maristas” desde o 4º ano primário; no Colégio “Maranhense” e também no “Cearense”, até 1952... Quando começou a praticar esportes... Na época em que estava no “Maristas”, aqui em São Luís - na Rua Dom Pedro II, ao lado da Sé da Catedral - afirma que não havia professor de Educação Física, pois só se praticava esportes: “Na minha época não teve professor de Educação Física, foi ter depois, no Colégio Maranhense, já aqui na Rua Grande, na Quinta do Barão”, informa. Eurípedes Bezerraxxiii, em depoimento4, informou que fora professor do Colégio dos Marista, contratado quando retornou do Curso de Instrutor de Educação Física, feito na Escola de Educação Física do Exército:

EURÍPEDES BERNARDINO BEZERRA - EURIPÃO 5

Em 1942, e fui logo indicado para lecionar no Colégio Marista e Colégio São Luís, do professor Luís Rego e do professor irmão Floriano, do Colégio Marista. Era responsável pela educação física, Diretor da educação física do Quartel [da PMMA) com os meus companheiros auxiliares, Emílio me auxiliava, Sargento Cirino, com serviço prestado, eles ajudavam no Quartel, também o Soares Nascimento, hoje dentista formado. [No colégio Marista, nessa época, o senhor era o único professor de educação física?] Era o único Professor de Educação Física especializado na escola, foi ai que os meus alunos foram, José Sarneyxxiv, Pedro, Dejard Martinsxxv, Mauro Fecuryxxvi, João Casteloxxvii, Ribamar Fiquenexxviii, e tantos outros daquela geração. [Como era a educação física nessa época?] Era o método francês, a modalidade de ensino era: os exercícios preparatórios e propriamente ditos, constituía-se evoluções de marchas e depois os exercícios de saltar, trepar, levantar, e despertar, correr, atacar e defender e volta a calma, exercícios progressivos sem solução de continuidade. Era o mesmo método [da Escola de Educação Física do Exército], trazido pela Colônia Francesa, pela Missão Francesa em 1922, para o Brasil. No colégio São Luís era a mesma coisa, 1943 a 1945. Deu aula no Colégio São Luís por três anos. No Colégio Marista permaneceu 27 (vinte e sete) anos, aposentado como professor pelo INPS.

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BEZERRA, Eurípedes Bernardino. ENTREVISTA. Entrevista concedida a Leopoldo Gil Dulcio Vaz pelo CORONEL PMMA EURÍPEDES BERNARDINO BEZERRA. Entrevista realizada no dia 21/02/2001, na residência do Coronel Eurípides Bezerra, à Travessa Parque Atenas, n° 25. 55 http://futebolmaranhenseantigo.blogspot.com.br/2014/07/coronel-euripedes-bezerra.html


Cláudio insiste – em seu depoimento - que, em sua época de estudante, não tinham professor de Educação Física. Sua geração só teve prática de esportes, comandada sempre pelos irmãos Maristas: Nós não tínhamos professor de Educação Física, nem leigo; nós tínhamos apenas os irmãos Maristas, que nos colocavam para praticar esporte, era: o futebol de campo e o espiribol; o Basquete, o vôlei não existia também; nossa prática maior era o futebol de campo, onde é hoje o [Hotel] Vila Rica, ali era o nosso campinho de futebol, pagávamos 500 réis para o Colégio Marista para participar; depois do almoço arregaçávamos as calças antes de começar as aulas, nós praticávamos esporte de 12h30min até às 13h30minh. Nós saíamos suados, eu me lembro desse detalhe... Passávamos todo dia, nós praticávamos e pagávamos 500 réis, nesse tempo era réis. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

http://futebolmaranhenseantigo.blogspot.com.br/2014_07_01_archive.html Em 1956 Eurípedes Bezerra esteve reunido com um grupo de amigos desportistas no Lítero, dentre eles Gedeão Matos, Rubem Goulart, Nego Braga, irmãos Marista Tárcisio e Pio, Nepumoceno, Cel. Júlio, Ten. Macedo e Cel. Riod.

Próximo àquele local, no início do esporte - futebol – no Maranhão, funcionou o campo do “Onze Maranhense” xxix. Depois foi sede do Casino Maranhense. Para Cláudio, essa quadra faz parte de sua história de vida: Nós tivemos uma quadra, onde eu pratiquei basquete, foi no "8 de Maio"xxx, atrás do Cassino Maranhense; ali era um matagal, o 8 de Maio, comandado por Rubem Goulartxxxi, era o time dos “ERRES”..., Rubem, Ronaldxxxii, Raul Guterresxxxiii ... Ronald Carvalho, nosso amigo inesquecível... Rubem Goulart, que foi o líder; praticava o Paulinho Carvalho, Zeca Carvalho, e foi onde eu comecei a praticar vôlei e basquete. Essa quadra era do ‘8 de Maio’, atrás do fundo do Casino Maranhense hoje. Eu era garoto e esse Alemão já velho, aí também eu era pegador de bola dele quando faltava os primeiros praticantes de futebol de salão do Maranhão. Eu jogava com bola de vôlei, faltava goleiro, eles me improvisavam para goleiro. A bola caia no campinho ao lado, eles diziam: - Alemão; eu olhava para o lado e ia buscar. Eu era o garoto de fazer tudo o que eles praticavam, eu era o mascote deles lá... Um matagal que tinha a quadra de Tênis dos Ingleses. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).


José Geraldo Menezes de Mendonça6, aluno interno no Seminário Santo Antônio aos nove anos de idade, transfere-se para o Colégio dos Maristas, onde foi aluno do Eurípedes Bezerra, e a equipe de Educação Física contava, também, com o Cel. Júlio, além de um Coronel do Exército, que depois foi embora (reformado, mora em São Luis). Essa época a Educação Física era voltada para a ginástica calistenica, como eles chamavam:

Á lvar o Perd igão e José Geraldo Nós fazíamos mais era exercícios de... Corrida, saltos, era vamos dizer assim flexões, agilidade houve ate um episódio nessa época que aconteceu no Colégio Marista o Cel Eurípedes Bezerra mandou os alunos subirem em uma arvore e pular, e um dos alunos quando pulou quebrou a perna era o ex-deputado Ricardo Murad. Aí isto gerou uma polemica muito seria no Colégio Marista por causa do aspecto do tipo da educação física, então era uma educação física assim é... Subir uns canos, numa armação de madeira que havia, e era a educação assim um poucochinho puxado para o lado militar.

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MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. ENTREVISTA. Concedida a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, no dia 09/10/01 com inicia às 9h e 40min, no Centro Federal de Educação Tecnológica no Departamento Acadêmico de Ciências da Saúde.


Dimas7 se lembra de sua passagem pelos Maristas, quando retorna do Rio de Janeiro, e fala de uma demonstração de ginástica, realizada no Estádio Nhozinho Santos, em 1955: A minha passagem pelo Marista foi o seguinte - era professor do Marista o Coronel Eurípedes Bezerra, que foi meu professor de Educação Física no Marista, no ano em que eu estudei lá [...] Ele fez o mesmo curso que eu fiz, e ai ele me convidou para preparar uma demonstração de Educação Física no Marista - era uma escola de padrão, onde tinha instalações esportivas adequadas e já tinha um trabalho melhor -, lá eu preparei esta demonstração para ele, apresentei no [Estádio Municipal] Nhozinho Santosxxxiv, ginástica calistenica e pista de obstáculos com saltos acrobáticos... Só com alunos dos Maristas; isso já deve ter sido em 55... No segundo ano eu já uni Batista e Marista e fiz outra demonstração também muito bonita... (DIMAS, Entrevistas). Cabe lembrar que os Irmãos Maristas instalaram escolas no Maranhão em duas épocas: o Colégio ‘São Francisco de Paula’, em 02 de abril de 1908, funcionando onde hoje é um hotel, ao lado da Catedral, até 1920. Retornam em 1937, quando inauguram o “Colégio Marista Maranhense”, funcionando no mesmo local que o anterior. É nele que Cláudio começa seu estudo, próximo de sua casa, localizada na Rua Montanha Russa. Depois, o colégio muda-se para a Quinta do Barãoxxxv.

JOSÉ ROSA, Professor do Liceu Maranhense e da ETFM, jogava no ‘8 de Maio’

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ANTONIO MARIA ZACHARIAS BEZERRA DE ARAÚJO – PROFESSOR DIMAS – E A EDUCAÇÃO FÍSICA MARANHENSE – UMA BIOGRAFIA (AUTORIZADA). ENTREVISTAS. Entrevista no. 1 - Prof. ANTONIO MARIA ZACHARIAS BEZERRA DE ARAÚJO (DIMAS). Entrevistadores: Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Denise Martins de Araújo. Entrevista realizada dia 04 de fevereiro de 2001, na Escola de Natação Viva Água, localizada à rua das Gaivotas, quadra 2, lote 1, Conjunto Renascença II, na cidade de São Luís – Estado do Maranhão. Utilizou-se um gravador mini cassete de marca Panasonic, modelo. RQL10. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins de. QUERIDO PROFESSOR DIMAS: (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense: uma biografia (autorizada). São Luís: EPP, 2014.



APRESENTAÇÃO Em uma das minhas inúmeras visitas à Escola de Natação "Viva Água", em conversas com a sua diretora pedagógica, Profa. Denise Martins de Araújo, esta me demonstrou sua preocupação com seu pai, o Professor DIMAS - como é mais conhecido Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo -, que vinha apresentando alguns problemas de saúde e já estava com 72 anos de idade... Esses comentários surgiram devido a dois acontecimentos recentes - falecimentos do Prof. Ronald da Silva Carvalho (06 de novembro de 2000) xxxvixxxvii e do jornalista Dejard Ramos Martins (07 de novembro de 2000)xxxviii, e a perda que representavam para a memória da educação física e dos esportes maranhenses - assim como a morte de Mary Santosxxxix, de Rinaldi Maiaxl, de Cecília Moreiraxli, de Rubem Teixeira Goulart xlii -, sem que fosse ouvidos sobre o período de implantação da Educação Física escolar em Maranhão. Lamentávamos que professores e alunos do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão - UFMA - ainda não se tenham percebido da importância em resgatar essas Histórias - suas monografias de graduação não estão voltadas para esse aspecto da Educação Física e dos Esportes -; e estávamos perdendo nossa memória viva ... Surgiu, então, a ideia de ouvir o Professor Dimas - sua história de vida - ao mesmo tempo em que resgatássemos esse período da História da Educação Física, dos Esportes e do Lazer em Maranhão. Como de há muito venho me dedicando a esse assunto - e já chegara ao período em que os esportes modernos haviam sido implantados no Maranhão, no início do século XX (VAZ e VAZ, 1995) -, para falar sobre o Dimas e sua importância no processo de implantação - melhor, reimplantação - da educação física escolar e do ressurgimento dos esportes - mais uma vez - em Maranhão, precisaria dar um salto de 30 anos. A vantagem desse corte cronológico é de que se poderiam ouvir algumas das personalidades que viveram esse processo. Discutimos, então, o método de trabalho que usaríamos. Naturalmente que se se partisse da história de vida do Dimas, a técnica seria a da História Oral - que vem sendo muito utilizada, ultimamente, para a reconstrução da História da Educação Física, dos Esportes, do Lazer e da Dança (MELLO, 1994)... História Oralxliii é a designação que se dá "ao conjunto de técnicas utilizadas na coleção, preparo e utilização de memórias gravadas para servirem de fonte primária" (BROWNW e PIAZZA, citados por CORRÊA, 1978, p. 13). Já na definição de CAMARGO (citado por ALBERTI, 1990), é o "conjunto sistemático, diversificado e articulado de depoimentos gravados em torno de um tema", ou como ensino a própria ALBERTI (1990), é o "método de pesquisa... que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participam de, ou testemunham, acontecimentos...". A História Oral é legítima como fonte porque não induz a mais erros do que outras fontes documentais e históricasxliv: ALBERTI (1990) chama-nos atenção da responsabilidade do entrevistador enquanto co-agente na criação do documento da História Oral, já que sua biografia e sua memória são outras, e não estão em questão - é a dupla pertinência cultural (Max CAISSON, citado por ASSUNÇÃO, 1988). Em qualquer pesquisa parte-se da questão de que há algo a investigar. Ao decidir-se pelo emprego da técnica da história oral, como sendo o mais apropriado, estabeleceram-se também os tipos de fonte de dados, tendo em vista que a história oral vale-se de outras fontes, além das entrevistas (SILVA, GARCIA e FERRARI, 1989). Foram utilizados dois tipos de fontes de dados: 1. Reportagens de jornais, crônicas, relatos e literatura acadêmica, que nos permite o estudo do processo de implantação da educação física escolar e o desenvolvimento do esporte moderno em Maranhão; 2. Entrevistas com pessoas que viveram esses processos e tiveram um relacionamento com o Professor Dimas, no período de 1939 - data em que tomou o primeiro contato com um esporte - até os dias atuais.


Para esse item, deve-se verificar se, no universo de estudo, há entrevistados em potencial, se é possível entrevistá-los e se estão em condições físicas e mentais de empreender a tarefa que lhes é solicitada. Estabelecidos os métodos e as entrevistados, restou-nos definir as entrevistas. Foram estabelecidas algumas categorias simples, que foram surgindo empiricamente, a partir das primeiras, utilizadas como pretexto para o entrevistado se lançar no esforço de rememoração. São perguntas de ordem genealógica, história pessoal, sobre educação, educação física, esportes, pessoas conhecidas, relacionamento com o Professor Dimas, enfim, lembranças "daqueles bons tempos". Foram realizadas 16 entrevistas, com pessoas que conviveram com o Prof. Dimas a partir dos anos 50. O trabalho que se pretendeu foi o de integrar a uma estrutura social elementos e fatos isolados, procurando uma explicação causal, sem esquecer a descrição história (CARDOSO, 1988). Para Berkoffer Jr. (citado por CARDOSO, 1988, p. 77), "... a História (entendida como explicativa, respondendo aos porquês?) não pode explicar totalmente à 'crônica' (que responde a perguntas do tipo 'o que', 'quem', 'quando', 'onde', 'como'?)". Assim, "QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense : uma biografia (autorizada)" procura interpretar as contribuições desse professor para a educação física - e os esportes - maranhense e reinterpretar concepções históricas a partir de sua percepção e vivência. Optamos por utilizar o mesmo título dado por Biguá e Tânia, em reportagem publicada no jornal "O Estado do Maranhão", quando apresentaram a trajetória esportiva e educacional desse pioneiro da educação física e dos esportes maranhense.

Leopoldo Gil Dulcio Vaz Professor de Educação Física Mestre em Ciência da Informação Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Sócio Fundador da Academia Ludovicense de Letras


RECORDAR É VIVER Para KOWALSKI (2000) no surgimento dos rituais comunitários, responsáveis pelas transformações de sensações encadeadas por impulsos amplos, que vêm de fora: do remo, do futebol, as corridas de carro, o carnaval, o espetáculo da emoção e o delírio das multidões, estabeleceu-se uma sintonia entre a quebra da identidade colonial e a construção da identidade nacional, coletiva, cultural, brasileira. O esporte é então concebido como uma escola de coragem e de virilidade, capaz de ajudar a modelar o caráter e estimular a vontade de vencer, que se conforma às regras, que adota uma atitude exemplar - o fair-play -, jogo justo e honesto, comportamento cavalheiresco: "Por outro lado, as exigências econômicas e culturais para praticar as novas modalidades esportivas... reforçariam ainda mais a conotação de que esta prática cultural se afirmava como um signo de distinção social". (p. 393). É nesse sentido específico que certos esportes aparecem como elemento de diferenciação do estilo de vida. A prática esportiva torna-se um indicativo de pertencimento social, tendo em vista que a prática de certas modalidades (tênis, crickt, crockt, remo) estava condicionada, em Maranhão, à participação em associações esportivas (os clubs), enquanto outras (foot-ball) vinham alcançando uma maior difusão social, irradiando-se por todos os lados. Emblemático, desse período romântico do esporte maranhense - e em especial do futebol - é a biografia esportiva de vários "sportman" e "cracks" do futebol da época - que abrange os anos 15 a 45. Tomamos por base as matérias publicadas no jornal "O Esporte", nascido no ano de 1947, - "órgão puramente esportivo" - que tinha por objetivo "incentivar ainda mais a prática dos desportos na capital maranhense, para que possamos manter a posição de prestígio que ocupamos no cenário esportivo nacional, depois das vitórias de 1946". Fundado, dirigido e escrito por José Ribamar Bogéa, sua primeira edição circulou no dia 21 de julho de 1947 e sobreviveu até 1951... Em uma sessão denominada "Recordar é Viver", são oferecidos aos leitores biografias de vários "sportman" e de cracks do futebol, em que se pode traçar como se deu o desenvolvimento do esporte em terras maranhenses, após a implantação na primeira década dos "novecento" (1900). As primeiras biografias referiam-se a atletas em atividades, em atuação nos diversos clubes da capital Moto Clube, Sampaio Corrêa, Maranhão Atlético, e Tupan, responsáveis pelas conquistas naquele ano de 1946. Em 10 de setembro de 1947, com o título "um clube que honra o patrimônio esportivo de nosso estado" é anunciado o 10º aniversário do glorioso Moto Clube, o poderoso rubro-negro de Santa Izabel. O garboso Moto Clube, por ocasião de seu 10º aniversario - 13 de setembro - estava passando por uma crise em seu departamento de futebol, por falta de... Técnico. No relatório da diretoria, César Aboud xlv prestava contas de sua gestão iniciada em 14 de setembro de 1944, e falava que as exigências técnicas, cada vez mais prementes, fizeram com que o clube abraçasse o profissionalismo, investindo soma apreciável na aquisição de atletas, mas os resultados foram compensadores - foram conquistados três campeonatos de futebol - 44, 45 e 46. No basquetebol, também fora campeão em 46 e vice no Voleibol. No Atletismo, o Moto participou de algumas provas, destacando-se a Corrida de São Silvestre, tendo conseguido o primeiro lugar, por equipes. Era o início do profissionalismo no futebol maranhense, com a importação de atletas de nível, especialmente do Ceará e Pernambuco. Reinicio, na verdade, pois em 1910 o FAC começa a contratação de jogadores de outros estados e foi Nhozinho Santos - e não César Aboud -, quem começou essa prática, muito embora antes do Moto Club se profissionalizar, o Sampaio Corrêa já iniciara as importações e, o Moto - segundo se depreende do relatório de atividades de seu decimo aniversário -, fez apenas se ajustar naquilo que vinha acontecendo, para não ficar atras, tecnicamente. Já naqueles anos reclamava-se dessa importação desenfreada, em detrimento da "prata da casa". Barbosa Filho, em reportagem publicada dia 28 de julho de 1947, apresenta-nos a "biografia de um crack": ZUZA, conhecido como "o professor", meia canhoto do Moto Clube e considerado o melhor meia do norte em sua posição. José Ferreira Filho, seu nome de batismo, nasceu em 16 de agosto de


1916, tendo começado a jogar futebol em sua cidade natal, Caruarú, ingressando no quadro infantil do Central; em 1935, passa para o quadro de aspirantes e em seguida, para o de titulares. Em 1937, conquista o vice-campeonato do torneio intermunicipal. No ano seguinte, o Caruaru participa do campeonato da primeira divisão, mas não vai até o final, licenciando-se; Zuza passa a integrar, então, o time do América. Em 1938, está no Ferroviário, atuando por duas temporadas. Nos anos de 1941 a 1945, vamos encontrá-lo no Ceará Sporting Clube. Como o Ceará fora suspenso pela FCD, o Moto Clube vai buscá-lo - naquele ano, o Moto Clube forma seu time com profissionais -. Além de Zuza, vem também Rui. Zuza participou daquele cérebre jogo entre Mineiros 3 x 7 Maranhenses ... (O Esporte, São Luís, 28 de julho de 1947, p. 2.) Outro atleta que vinha se destacando, também importado, era REGINALDO do Carmo Menezes; nascido no Recife, em 16 de julho de 1915, começou com o futebol aos 12 anos, no Norte América e depois, no Oceano, quadros "dos pés descalços" do subúrbio de Santo Amaro. Reginaldo passa a jogar bola em troca de algumas cambadas de peixe, doadas pelo presidente do Norte América; passou também pelo Íbis. No ano de 1947, REGI já defendia as cores do Sampaio Corrêa e seu maior prazer era vencer o MAC (O Esporte, São Luís, 03 de agosto de 1947, p. 2.). Comentado até os dias de hoje, GEGECA - Argemiro Martins foi outro pernambucano a ingressar no Sampaio Corrêa. No seu primeiro treino, demonstrou muita classe e entusiasmo. Também veio do Íbis, como Reginaldo. Gegeca nasceu no Recife, em 27 de junho de 1920, sendo seu primeiro clube o Maurití, do Porto da Madeira, passando para o Encruzilhada, onde atuou ao lado de Orlando, China e outros grandes azes do futebol nacional. Aos 17 anos deixou de jogar com os "pés descalços" e ingressou no Santa Cruz, jogando até 1940, quando se transferiu para o Íbis. Em 1943, estava de volta ao Santa Cruz, retornou ao Íbis, lá permanecendo até receber a proposta do Sampaio Corrêa (O Esporte, São Luís, 10 de agosto de 1947, p. 2). AREL - "ele aprendeu na mesma escola de Expedito e Ubaldo"- a reportagem começa exaltando o fato de o MAC, apesar de não ter grandes títulos, tem a fama de celeiros de cracks. Isso, já em 1947! Já era tido como uma grande "fábrica" de elementos que se destacavam no cenário nacional, como Expedito e Ubaldo, que brilhavam naquele ano no Rio de Janeiro e São Paulo e que haviam defendido o Sampaio Corrêa em 1943. Outro elemento que poderia estar entre os grandes azes do futebol nacional era o médio Arel. Tendo passado pelo Maranhão Atlético Clube em 1938, depois jogou peladas no campo do Luso Brasileiro, do Vasco da Gama e no Tupan. Foi campeão pelo MAC em 1943. Era natural do Pará, embora tido como maranhense (O Esporte, São Luís, 13 de agosto de 1947, p. 2). HAROLDO Almeida e Silva nasceu em 25 de março de 1922, no Rio de Janeiro. Aos 15 anos já jogava futebol nos campos das Laranjeiras, mesmo bairro onde nasceu. Jogou no Castelo Branco, clube de bairro, passando para o São Cristóvão, até 1945, quando veio para o Moto Clube, indicado por um senhor Soares, da Federação Metropolitana. Em 1947, estava sem contrato e desejando voltar para o Rio de Janeiro. Motivo - vida cara e ordenado pequeno (O Esporte, São Luís, 17 de agosto de 1947, p. 2). COELHO - José Coelho Neto nasceu em Fortaleza em 12 de abril de 1922. Começou a jogar pelo Cruzeiro de Camocim, para onde seu pai - funcionário público - foi transferido, em 1935. Em 1939, seu pai volta a Fortaleza e Coelho - já com fama de bom centroavante - passa a defender as cores do Realengo, time do bairro de Aldeotas. Em fins de 1940, deixa o time de João Bombeiro e transfere-se para o Riachuelo, onde joga até 1942, sagrando-se vice-campeão da 2ª divisão. Em 1943, esteve no Baependí e em 1944, ingressou no Fortaleza, como ponta-direita. Depois de vários jogos, inclusive um campeonato brasileiro, veio para o MAC, chegando aqui em 9 de dezembro de 1945. - o avante do MAC contava com apenas três anos de profissionalismo (O Esporte, São Luís, 24 de agosto de 1947, p. 2). GALEGO - jogador do Moto Clube, não se saia bem nos jogos locais, mas nos fora da cidade... Chegou a ser cogitado até para a seleção brasileira... Natural de Belém do Pará, onde nasceu em 26 de julho de 1921, começou a jogar futebol no juvenil do Paissandú, em 1937. Troca o Paissandú pelo União e em 1940 passa para o Tuna Luso Comercial. Transfere-se para o Recife, onde joga no América. Com saudades de casa, volta a Belém e, sem contrato, retornou para Recife, contratado pelo


Santa Cruz. Passa a jogar pelo Maguari e quando este é extinto, vem para São Luís, jogar pelo Moto Clube (O Esporte, São Luís, 31 de agosto de 1947) Mas esses eram os cracks da bola, importados de outras plagas e que iniciaram a profissionalização de nosso futebol, ganhando exclusivamente para jogar. Muitos maranhenses tiveram destaque, não só no futebol, mas em outras modalidades. O ano de 1946 foi considerado o de maior destaque para os esportes maranhenses, em especial, para o Futebol, com os clubes locais ganhando inúmeras partidas por esse Brasil todo - Ceará, Belém, Recife, assim como de clubes de outras partes, quando vinham para São Luís, se apresentar, sofriam derrotas sem explicação, como aconteceu com o Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo... Também no Basquetebol o Maranhão teve destaque em toda a região norte-nordeste, assim como no voleibol e alguns atletas apareceram no Atletismo... A biografia esportiva de RAIMUNDO ROCHA dá-nos idéia de como foram aqueles primeiros tempos, após a inauguração do futebol e a introdução dos esportes modernos em Maranhão, após a fundação da Associação Maranhense de Esportes Amadores - A.M.E.A. DICO, como era conhecido, além de ter sido campeão várias vezes, como futebolista, alcançou outros títulos sugestivos como campeão regional de Atletismo, Voleibol, Basquetebol, etc.: era um atleta completo. Nasceu a 11 de fevereiro de 1903 em Barro Vermelho, município de Viana. Ainda pequeno, veio para São Luís, vindo a residir na Rua da Manga, 46. Junto com um amigo, Elízio, formou o Paissandú - um clube dos "pés descalços" - que nos dá a exata dimensão de como esses clubes eram formados: quatro forquilhas serviam como áreas e era transportado para os locais escolhidos para as lutas - Desterro, Madre Deus, Largo de São Pantaleão, Santiago. Logo que a turma chegava, tratava de fazer os buracos e enterrar as forquilhas, para que fossem iniciadas as disputas. Nessa época, Dico era auxiliar de alfaiate e era quem confeccionava as bolas. Arrumava bexiga de boi no Matadouro e fazia de taboca de mamão a respectiva bomba para encher a esfera. Depois de cheias, as bexigas eram cobertas de lona, para ficarem mais resistentes; fazia sempre cinco a seis bolas de cada vez, prevendo o aparecimento dos policiais e a prisão das esferas, pois quando os soldados apareciam ninguém se lembrava da bola que estava em jogo. Todos tratavam de arrancar as forquilhas e correr para voltar depois e armar o campo, a fim de que a luta fosse reiniciada, com nova bola. A primeira posição de Dico foi ponta-direita. Em 1918, ele já figurava no Fênix e atuava como médio; em 1919, já era goleiro de fama e estava jogando no Luso, sagrando-se campeão maranhense. Nessa época, o time de Antero Novaes formava com Negreiros, Cantuária, Cabral, Sezão, Kepler, Santa Rosa (o velho Santa Rosa dos Correios e Telégrafos...), Santana, Dantas, Joãozinho, Rochinha e outros. Com esse time, o Luso foi bi-campeão, em 1920. Dico foi para Fortaleza, a convite do Guarani, pois iriam participar pela primeira vez de um campeonato brasileiro e precisavam de um bom guarda-metas. Jogou por três anos. Após a temporada em Ceará, Dico volta a São Luís, para o mesmo Luso, jogando uma temporada, quando o time foi extinto pelo Dr. Tarquínio Lopes... Terminado o Luso, Hermínio Bello formou o América. Dico ficou pouco tempo, passando-se para um novo clube - o Sírio Brasileiro, onde também teve destaque como guarda-metas. O time da Montanha Russa tinha em sua diretoria Silvio Tavares, Chafi Saback, Antoninho, Simões, Jamil Jorge, Pires de Castro, Fiquene, Benedito Metre e outros; dentre os jogadores, destacavam-se Stelman Porto, César Aboud, Ferdinando Aguiar, Toninho, Osvaldo, Amintas, e outros. Após ser campeão pelo Sírio, Dico transfere-se para o MAC, em conseqüência da cisão que houve no grêmio dos árabes e que deu origem ao aparecimento do grêmio atleticano. Seus companheiros eram: Enes, Adolfo, Filemon, Stelman, Bombom, Babí, Silvio, Antenor, Chaves, Driblador, etc. Depois, Dico abandonou a prática de futebol, dedicando-se ao cargo de técnico do próprio MAC, até o dia em que César Aboud tomou conta dos "cracks" maranhenses. Um ano depois, Dico figurava como técnico do FAC, em uma excursão vitoriosa à Teresina. Na volta, passou a ser treinador do Moto Clube. Não esse Moto Clube que conhecemos, cheio de valores e elementos importados - esta reportagem foi escrita em 1947... -; quando Dico treinava o Moto Clube, o grêmio da Fabril contava apenas com Mourão, Jabá, 91, Zequinha, Barbado, Veloz, Barata...


Dico, em toda a sua carreira esportiva, ganhou 48 medalhas, sendo 35 de ouro: em futebol; corrida rústica; provas de velocidade; salto com vara; arremesso do peso; lançamento de dardo; lançamento de disco; volei; basquete; e boxe. Encerrou a carreira como árbitro de futebol (O Esporte, São Luís, 28 de novembro de 1947, p. 2). Outro atleta de destaque, que nos dá uma idéia de como surgiam os grandes valores do esporte no passado, especialmente do que podemos chamar de "Liga dos Pés Descalços" - as pequenas agremiações que surgiam da vontade de um grupo de garotos em praticar algum esporte - foi PAULO MELADO, como era conhecido Paulo Silva. Nasceu em São Luís em 10 de janeiro de 1912, na Rua do Machado, próximo à Praia do Caju. Começou a jogar futebol no corredor da "Pacotilha", ao lado de Badico e outros veteranos. O corredor da "Pacotilha" não era um campo de futebol, pois era muito estreito e servia apenas para as clássicas partidas de bola de meia. O Leãozinho F. C. da rua Afonso Pena foi o primeiro clube de Paulo Melado; era dirigido por Carlos Moreira e eram seus companheiros: Tunico (irmão de Mourãozinho), Lúcio, Eusébio e outros. Depois do Leãozinho, foi para o Tupi, disputar a primeira divisão da antiga AMEA. Sentiu os efeitos da mudança, pois quando jogava no Leãozinho, as traves tinham apenas 4 metros de largura e uns 2 metros de altura. Entretanto, aos poucos foi se acostumando aos 7 metros - era goleiro - e se tornou ídolo da família 'indígena'. Nessa época, jogavam pelo Tupy: Driblador, Pé de Remo, Café, Cação, João Pretinho e outros. Foram vice-campeões da cidade. Em 1928, transferiu-se para o Vasco da Gama, jogando ao lado de Cecílio, Neófito, Massaricão, João Pretinho, até 1931, quando recebeu convite de Carneiro Maia e foi para o América. Por três anos seguidos foram vice-campeões da cidade: Paulo Melado (gol); Raiol e Grajaú; João Franco, Neófito e Vicente Rego; Santana, Papacina, Veríssimo, Cristóvão e Corea. Em 1934, estava convocado para a seleção maranhense e em 1935, passa para o Sírio Brasileiro, jogando até a sua extinção. Em 1938, após uma passagem pelo Itapecurú - tem uma desilusão amorosa e volta para São Luís, vindo a integrar o quadro do Sampaio Corrêa. Após algumas partidas, transfere-se para Teresina. Em 1941, estava de volta, desta vez para jogar no Moto Clube, formando ao lado de Zezico, Juba, 91, Clímaco, Mojoba, Barata, Mourão, Brandão, Aderson, Valter e outros; o técnico, era o tenente José Ribamar Raposo (O Esporte, São Luís, 30 de novembro de 1947, p. 2). Outro crack do futebol do passado, que nos dá uma idéia de como funcionava a "Liga dos Pés Descalços", nesses primeiros tempos, de consolidação do esporte maranhense e em especial, do futebol - foi TANGA, como era conhecido João Geraldo Pestana; nascido em São Luís em 24 de setembro de 1901, começou a se destacar no campo do XI Maranhense, de Gentil Silva, próximo ao cais. Jogava na equipe do Maranguape, e as partidas terminavam na hora do almoço e prosseguiam à tarde no corredor da Pacotilha. Tanga muitas vezes se encontrou com Dico... O presidente do Fênix, em 1918, fez o convite para defender as cores do clube. A sede do Fênix, nessa época, ficava nos fundos da vacaria de D. Lúcia, na rua da Independência. O amadorismo, nessa época, era um fato, com os jogadores se cotizando para comparem as equipagens e alugar os campos de jogo. Fazia-se o esporte, por esporte... Quando foi para o Fênix, Tanga levou junto o amigo Dico. O mesmo acontecendo em 1919, quando passou para o Luso. Após ter sido campeão, em 1920, seguiu, em companhia de Dico, para o Ceará, para defender as cores do Guarani. Lá, conseguiu um bom destaque, após um período ruim e somente voltou a São Luís quando foi convocado. Ao regressar, passou a defender as cores do FAC. Porém, disputou apenas um jogo: o grêmio "milionário" - pertencia à elite - depois de abater o Fortaleza por 3 x 0, foi sepultado, fincando em liberdade cracks de projeção como Paulo Cunha, Rivas, Astrolábio, Bacalhau, Dávila, Tanga, Guilhonzinho, Enéas. Com a morte do FAC, surgiu o Santa Cruz, clube de elite, contando com Ricardo Costa, Agenor Vieira, Luzico Guterres, Zé Ramos, Aníbal Verry, Zé Joaquim, Bernardino Cunha, Zé Melo, e outros. Após jogar no Santa Cruz, Tanga abandona o futebol (O Esporte, São Luís, 14 de dezembro de 1947, p. 2).


MASSARIQUINHO - Jaime Damião da Costa - nasceu em São Luís no dia 12 de fevereiro de 1906. Começou a jogar bola no 18 de Novembro, de Alfredo da Bateria, equipe do Gazômetro, e contava com o concurso de Paulo Melado e João Canhoteiro; depois, Jaime ingressa no Leãozinho F.C. No dia em que fundaram o Sampaio Corrêa, na casa de Inácio Coxo, na Praça da Alegria, Jaime estava presente, sendo sócio-fundador do tricolor de São Pantaleão. No dia da estréia do Sampaio, compareceu ao campo, mas com a camisa do Leãozinho para jogar contra o Iole, na preliminar - não era bom o suficiente para jogar no clube que ajudara a fundar -; Inácio Coxo, Rochinha, Vítor, João Catá, Nhá Bá e Teodorico também jogaram pelo Leãozinho e venceram por 1 x 0, gol de Jaime. O Sampaio, jogando contra o Luso, também venceu por 1 x 0 e formou com Rato; Zénovais e João Ferreira; Rui Bride, Chico Bola e Raiol; Tunilinga, Mundiquinho, Zezico, Lobo e João Macaco. Jaime só estreou no Sampaio em 1928, contra o Tupan - 7 x 4 para o Sampaio. Prosseguiu com sua jornada no Sampaio até 1937, sendo campeão em 28 e 29; vice em 30 e 31; campeão em 32, 33 e 34; vice em 35. Em 36, não houve campeonato na cidade, devido a uma dissidência. Em 1937, está no MAC, sagrando-se campeão; 38, vice-campeão - o título foi do Tupan -; em 1939, volta para o Sampaio, sagrando-se campeão nesse ano e em 1940; vice em 41; campeão em 41 e vice em 43, ano em que o Moto Clube alcançou o ponto máximo pela primeira vez. Jaime formou na seleção maranhense de 1930 a 1941, sempre com boa atuação, não sendo "barrado" uma vez sequer (O Esporte, São Luís, 14 de janeiro de 1948, p. 2). CARLOS VARELA nasceu em São Luís no dia 1º de novembro de 1906. Começou a jogar futebol nas peladas do Largo da Conceição, conhecido como Estádio Varela, ponto de exibição de Severino, Pé de Remo, Mourão, Agenor Vieira, Carlos Tajra, João Almeida... Depois das peladas do Largo da Conceição, Varela passou a jogar no São Luiz, do Colégio dos Maristas, transferindo-se, em seguida, para o União, de Saladino Cruz, onde tinha a companhia dos cracks Sarrabulho e Almeida. Depois do São Luiz, passou para o Baluarte F.C., se exibindo no campo do Onze Maranhense, no Cais, juntamente com João Almeida, Cabelo de Ouro, Kenard, etc. Em 1922, com 16 anos, Varela ingressou no juvenil do FAC. Em 1924, juntamente com Hilton Monteiro, funda o Dublin F. Clube, contando na estréia com Belmiro, Alemão, Gregório, Zé da Quinta, Valério Monteiro, Severino, Delfim Nunes, Clarindo, e outros. Foi no Dublin que Varela encerrou a sua carreira esportiva em 1927, quando o clube foi extinto (O Esporte, São Luís, 18 de janeiro de 1948, p. 2). VITAL FREITAS nasceu em São Luís e começou a bater bola no campo da Igreja São Pantaleão, contra os times do catecismo do Desterro, Conceição, Carmo, Sé e outras igrejas. Depois, Vital passou a atuar no quintal de Chico Rocha, no Apicum e num terreno de Manduca, à rua do Outeiro, onde nasceu o Sampaio Corrêa. Nos campos da Camboa, Madre Deus, Quinta do Barão, Praça da Alegria, Largo de Santiago, Praça Clodomir Cardoso, ele aperfeiçoou a sua "chuteira”!... E tinha como parceiros naqueles tempos, os cracks Manoel Beleza, Nhá Bá, Virador, Inácio Coxo, Pedro Gojoba, Daniel Rocha, Nemézio, Zé Novais, Valdemar Sá, Coelho, Paulo Lobo, Antônio Benfica e outros. Esses elementos, sob a orientação de Vital e Natalino Cruz, fundaram o Sampaio Corrêa em 1923, inspirados pelo grande feito do aviador patrício Pinto Martins que, com Valter Hilton, fez o "raid" das duas Américas num hidroavião que tinha o nome de "Sampaio Corrêa II". Vital Freitas sentiu-se bem em ter oferecido a primeira camisa em que o esquadrão "boliviano" envergou no retângulo de grama e que tinha a gola verde, todo o corpo amarelo e uma bola vermelha no peito esquerdo. O Sampaio Corrêa estreou em uma partida contra o Luso Brasileiro, à época o líder invicto do futebol maranhense. Foi árbitro o veterano Antero Novais e o Sampaio venceu por 1 x 0. Além de diretor do Sampaio, Vital foi árbitro da AMEA, da qual foi fundador juntamente com Guilhonzinho Coelho e Antônio Carneiro Maia, tendo trabalhado para a fundação do Moto clube, ao lado de Vítor Santos (O Esporte, São Luís, 05 de abril de 1948, p. 2). PAULO KRUGER DE OLIVEIRA nasceu em São Luís em 28 de fevereiro de 1901, no Bairro do Diamante e pertencia à família Ramos de Oliveira. Começou a jogar futebol no Instituto Maranhense, de Oscar de Barros.


Em 1916, na casa de Manoel Guimarães, na Rua Rio Branco, fundou o Barroso Futebol Clube. Este clube tinha entre seus craques Carlos de Moraes Rêgo - irmão do professor Luis Rêgo - e Tasso Serra. Depois que o Barroso terminou, em 1918, Paulo atende convite de Saturnino Bello e Antero Matos e transfere-se para o FAC, ao lado de Agenor Vieira e Joaquim Carvalho. Oliveira passa a jogar no gol da equipe "milionária", ao lado de Cantuária, Roxura, Saracura, Enéas, Carlito, Danilo e outros. Em 1920, Paulo Kruger abandona o FAC, passando a dirigir o Santa Cruz. Três anos depois volta a jogar, até 1925. Abandonando o gol em definitivo. Foi secretário da AMEA e a presidiu em 1930 (O Esporte, São Luís, 29 de fevereiro de 1948, p. 2). ABRAHÃO HELUY - o Abrahão do Bar Garota, hoje em dia (1948) só tem barriga; todavia já foi um craque de bola. Foi goleiro exímio. Nasceu em 3 de julho de 1905 e começou a jogar futebol no time do Chico Gomes. A primeira camisa que vestiu foi a do Onze Maranhense, de Carvalho Branco, em 1914, ao lado de Gentil Silva e Polari Maia. Depois (1916) ingressou no Baluarte, fazendo companhia a Carlos Tajra, Kenard, João Metre e outros. Em 1917, transferiu-se para o América, onde teve como companheiro Palmério. Após breve temporada, passou-se para o juvenil do Luso Brasileiro, onde fazia misérias no arco, enquanto Luiz Vieira, Silva, Raimundo e outros elementos que atuavam na retaguarda, o defendiam contra os assaltos dos adversários. Quando cansou de jogar no Luso, rumou para o FAC, encerrando a sua carreira em 1921 (O ESPORTE, São Luís, 22 de fevereiro de 1948, p. 2). Francisco Tavares - o CHICO BOLA - nasceu em São Luís, à rua do Passeio, no dia 3 de dezembro de 1903. Fã do Sampaio Corrêa, daqueles que gritam em campo quando seu time é prejudicado, começou a bater bola em 1918, no Largo de São Pantaleão, no terreno onde hoje se ergue a Maternidade, ao lado de Zizico e Tutrubinga. O primeiro clube organizado de que participou foi o Cruz Vermelha, do dr. Hamelete Godois, onde jogava no ataque. Depois, ingressou no Oriente, um clube da 2ª Divisão, de Almir Vasconcelos; seu bairro passou a ser, então, o Santiago. Afastou-se por algum tempo do futebol, quando o Oriente foi extinto, retornando para jogar no Sampaio, levado por Almir Vasconcelos, em 1925. Os colegas de bola eram, nessa época, Zé Ferreira, Munduquinha. Lobo, Raiol, Novais, e outros. Em 1926, deixou a Bolívia transferindo-se para o Luso, onde foi campeão em 1926 e 27. Nessa época teve o auge de sua carreira, tendo formado na seleção maranhense por duas vezes; na primeira vez, perderam para o Pará por 5 x 1 e no ano seguinte, fomos eliminados pelos cearenses por 3 x 0. No jogo efetuado em Belém, em 1926, foi a primeira vez que uma seleção saiu para participar de um campeonato brasileiro, formando com Tomaz; Colares e Grajaú; Guanabara, Bola e Jagunço; Tunubinga, Mundiquinho, Zezico, Lobo e Raiol. Chico Bola jogou no Luso até o dia em que o grêmio "azulino' foi extinto. Depois do Luso, formou no quadro do Santa Cruz, abandonando o futebol definitivamente em 1929. A maior emoção de Chico Bola no futebol verificou-se em 1916, quando o Sampaio estreou nos gramados oficiais. O grêmio tricolor viera dos subúrbio, com o concurso de jogadores sem experi6encia. O Luso, ao contrário, possuía grandes craks, como Dico, Negreiros, Wanick, Rochinha e muitos outros. Mas o Sampaio, fazendo alarde de invejável fibra, superou o Luso por 1 x 0. Chico saiu-se a brilhar nesse jogo., Raiol marcou o goal do Sampaio...( O ESPORTE, São Luís, 21 de março de 1948, p. 2). Outro nome que merece ser destacado, como autor de feitos magníficos no passado, no terreno esportivo, é o de SIMÃO FÉLIX, um esportista que chegou a ser perfeito dada a grande quantidade de esportes que praticou e vitórias soberbas que conseguiu alcançar. Simão Félix, maranhense de Grajaú, onde nasceu em 3 de maio de 1908, praticou o futebol, o basquetebol, voleibol, motociclismo, natação, remo e muitas outras modalidades. Era um autêntico campeão. Veio para São Luís em 1915, quando tinha 7 anos de idade, localizando-se na Rua da Palma. Largo das Mercês e Quartel da Polícia [onde hoje é o Convento das Mercês]; foram os seus primeiros locais de diversão. Em tais locais, começou a chutar "bola de meia" e aprender a correr, em vista de aproximação dos policiais. Depois do futebol, passou a ser remador. Construiu a piscina do


Genipapeiro, em companhia de outros colegas e fez daquele local o seu ponto de recreio. Possuía um bom "yole" e remava com relativa facilidade. Como futebolista, jogava pelo Sírio. Faltava um guardião para o time da Montanha Russa e Simão, que era bamba no basquete e volei, foi encarregado de guarnecer a cidadela do Sírio. No dia da estréia do grêmio árabe, Simão fez defesas espetaculares, chegando a defender três penalidades. O Sírio venceu o Libertador por 1 x 0. Antoninho, Simão, Fuad Duailibe, Chafi Heluy, César Aboud, Amintas Pires de Castro, Silva e Jaime também colaboraram bastante. Simão disputou várias partidas pelo Sírio, porém devido a seu estado de saúde deixou de praticar esportes por algum tempo, indo para o interior do Estado. Quando não quis mais jogar como goleiro, João Mandareck estava fazendo misérias no arco, Simão passou a zaga, até a extinção do Sírio, abandonando o futebol. Continuou apenas com a prática da bola-ao-cesto, bola ao ar (volei ?), atletismo, motociclismo, tênis, remo e outros esportes. Simão Félix deixou de praticar o basquete e o volei em 1947, quando figurou na equipe do Pif-Paf, num campeonato interno organizado pelo Moto Clube. O crack praticou também o box, tendo disputado uma luta no Éden (cine Éden, onde hoje é a loja Marisa, na Rua Grande) contra um pugilista cearense. Era louco por corrida de bicicleta e motocicleta. Como também a pé, demonstrando sempre muita resistência. No lançamento do peso, do disco e do dardo era bamba, o mesmo acontecendo nos 100 metros e no salto em extensão (O ESPORTE, São Luís, 11 de abril de 1948, p. 2). RAUL ANDRADE nasceu em Belém do Pará, em 15 de maio de 1891. Estudante do Ginásio Paes de Carvalho, aprendeu a manejar o balão, tendo iniciado sua carreira esportiva aos 12 anos, em 1903. E quando foi fundado o Esporte F. C. em 1908, o crack Raul já dominava bem o balão, atuando na aza média e na zaga. Seus colegas eram Moraes, Coronel Castanha Podre e outros. Três anos depois, o Esporte mudava de nome, passando a ser o Time Negro (hoje, Paissandú). Em 1914, Raul veio a São Luís a passeio (a Primeira Guerra Mundial estava começando...) para visitar sua família e, em companhia de outros esportistas, fundou dois times com os nomes de França F. C. e Alemão F. C., com as camisas dos citados grêmios correspondentes às bandeiras francesas e alemãs. Em 1915, era fundado o Foot-Ball Athletic Club - FAC - o antigo Fabril Athletic Club, com outra denominação, mas ainda funcionando no mesmo local, com as mesmas pessoas. O grêmio "milionário" - pertencia à elite empresarial e comercial ludovicence - possuía dois grandes quadros - o Red Futebol Clube e o Black Esporte Clube. A diretoria era uma só, entretanto sempre existiu rivalidade entre os integrantes do Red e do Black. Nessa época, o futebol maranhense já possuía três bons clubes, que eram os quadros do Red e do Black (FAC) e o XI Maranhense. Nhozinho Santos e Saturnino Belo eram os principais dirigentes. Em 1916, com o concurso de alguns elementos do FAC e alguns esportistas nascia o Luso Brasileiro, vindo então a rivalidade que deu origem aos tradicionais clássicos - Luso x FAC, a maior sensação do futebol maranhense do passado. O Dr. Raul deixou de praticar o futebol quando o Remo fez sua primeira visita ao Maranhão. Ainda enfrentou a turma paraense, jogando pelo Red. Além de ser sócio fundador do FAC, passou a ser diretor e foi tesoureiro da antiga AMEA (O ESPORTE, São Luís, 18 de abril de 1948, p. 2). FILESMON GUTERRES é natural de Santo Antônio, município de Pinheiro, onde nasceu em 22 de novembro de 1909. Seu primeiro clube foi o Red and White, da cidade de Pinheiro. Quando tinha 17 anos de idade, veio para São Luís procurar trabalho e estudar. Passou a morar no Beco da Lapa, 55, na casa de Josimo Carvalho. Após dois meses em São Luís, foi levado por João Baueres para o Sírio Brasileiro. Sua primeira partida foi contra o Luso Brasileiro, de Newton Belo, Chico Bola, Guilhon, Amintas Guterres, Balduíno; enquanto o Sírio contou com Augusto, Fuá (Fuad ?) e Simão Félix; César Aboud, Filemon e Nariz; Sílvio Tavares, Jaime, Pires de Castro e Eupídio. Em 1932, abandonou o Sírio, devido a um aborrecimento e juntamente com outros colegas, fundaram o Maranhão Atlético Clube. O caso é que o sr, Jurandir Sousa Ramos queria mudar o nome do Sírio e muitos associados não concordaram. Em conseqüência, 86 sócios do grêmio da colônia síria abandonaram o citado esquadrão e fundaram o MAC (O ESPORTE, São Luís, 30 de maio de 1948, p. 2).


Outro nome que lembra-nos a glória do esporte maranhense em nosso passado recente foi VALÉRIO MONTEIRO, nascido em Alcântara no dia 1º de abril de 1901. Aos 6 anos veio para a capital. Morando numa vivenda à rua Jacinto Maia, defronte ao antigo Gazômetro, dando suas fugidas para as peladas da Praia do Caju, onde existia, na época, uma verdadeira escola de futebol, tendo conseguido diploma naquela zona atletas como Clarindo, Cabelo, Lucas (Júlio Galas), Beleza e outros. E Valério Monteiro foi um dos elementos preparados na "Universidade Futebolística da Praia do Caju". Valério jogava no Paulistano da Praia do Caju, quando foi comandado pelo Sr, Jacques Vieira para defender o Spark F. Clube, grêmio da primeira usina elétrica que o Maranhão possuiu. Depois, foi levado pelo português David Martins Sousa para o Luso Brasileiro. Após um grande período em que o futebol maranhense viveu em abandono, Valério aparece no Sírio como diretor, jogador de futebol e astro do basquete e volei (O ESPORTE, São Luís, 14 de novembro de 1948, p. 2). Outro astro foi JAIME PIRES NEVES, natural de Pindaré-Mirim (antigo Engenho Central). Viveu dos 3 aos 17 anos na Europa - Espanha, depois Portugal, onde estudou e aprendeu a jogar futebol. Aos 18 anos, vamos encontrá-lo em São Luís passando a jogar pelo Materwel, grêmio interno do MAC. No dia 13 de setembro de 1937, Jaime participou da fundação do Moto Clube de São Luís, passando a ser sócio e atleta do clube das motocicletas. Estreou o Moto em campos oficiais, jogando contra o MAC, com o placar de 2 x 2. Ainda jogou até 1941, quando César Aboud começou a contratar jogadores para o seu onze... (O ESPORTE, São Luís, 26 de junho de 1949, p. 4) LUIZ DE MORAES REGO - é natural do Maranhão. Nasceu em 28 de outubro de 1906, no lar de João Maia de Moraes Rego e Custódia Veloso de Moraes Rego, à rua da Palma, 14, tendo aprendido as primeiras letras na Escola Modelo Benedito Leite. Futebol para Luiz Rego começou muito cedo; ele fazia parte das peladas da Praça Antônio Lobo, em companhia de Antônio Frazão, José Ramos, Júlio Pinto, Marcelino Conceição, Totó Passos, Fernando Viana, e outros. Jogava na ponta canhota e muitos candieiros de gás andaram quebrando com seus violentos petardos. Luiz Rego nunca se esqueceu daqueles tempos de peladas, lembrando que os treinos aconteciam no corredor de um sobradão da Rua da Cruz, entre a rua do Alecrim e Santo Antônio, sob a luz de uma lamparina, às 4 horas da madrugada. Nessa época, tinha 14 anos de idade. Na Escola Normal, jogava no Espartaco, um clube formado exclusivamente por alunos daquele estabelecimento de ensino; seus colegas eram Oldir, Valdir Vinhaes, Carlos Costa, José Costa, José Ribamar Castro, Jaime Guterres, Peri Costa, e outros. E como adversário do Espartaco apareceu logo depois o "João Rego", clube formado por Antônio Lopes, que contava com Frazão, Penaforte, Aragão, Clodomir Oliveira e Luiz Aranha. Quando passou para a Escola de Farmácia, mudou para o time dessa escola, formando com Milton Paraíso, Chareta e Frazão. Em 1927, quando terminou a Escola de Farmácia, o endiabrado crack passou a ser o respeitado Professor Luiz Rego. Foi diretor da Escola Normal entre 1932 e 1936, tendo sido dono da parte da educação no Governo Paulo Ramos (Diretor de Instrução Pública). A fundação de seu colégio data de 1935. No Colégio de São Luiz sempre cuidou do esporte. Incentivava a prática de jogos, organizava clubes e embaixadas esportivas, que muitas das vezes saiam de São Luís a fim de fazer grandes apresentações em outras plagas vizinhas. Graças à disposição do Professor Luiz Rego, o Colégio de São Luiz formou destacados valores do nosso esporte, dentre os quais podem ser citados Rubem Goulart, José Rosa, José Gonçalves da Silva, Luiz Gonzaga Braga, Valber Pinho, Celso Cantanhede, Americano, Sales, David, Ataliba, Tent. Paiva, Rui Moreira Lima, e muitos outros. Inclusive Dimas, que foi aluno, e depois, professor do Colégio de São Luiz... RINALDI LASSALVIA LAULETA MAIA, nascido São Luís do Maranhão no dia 05 de fevereiro de 1914, filho de Vicente de Deus Saraiva Maia e de Júlia Lauleta Maia; iniciou sua carreira esportiva como crack de futebol, no América - clube formado por garotos do 2º ano do ginásio, e que praticava o "futebol com os pés descalços". Em 1939, o jovem atleta já era jogador do Liceu Maranhense,


sagrando-se bi-campeão estudantil invicto, nos anos de 1941 e 1942. Apesar de jogar no Liceu, Rinaldi figurava em quadros da 1ª divisão da Federação Maranhense de Desportos - FMD -, primeiramente no Vera Cruz (o clube que nunca perdeu no primeiro tempo...), onde fez "misérias" ao lado de Sarapó, Jenipapo, Cícero, Sales, etc. Depois, figurou na equipe do Sampaio Corrêa. No "Bolívia", Rinaldi foi elemento destacado, muito embora jogasse ao lado de um Domingão. Foi considerado "O Menino de Ouro" da "Bolívia". Em 1941, Rinaldi começa a praticar o Basquetebol, tendo ao lado Gontran Brenha e Eurípedes Chaves e outros, defendendo as cores do Vera Cruz. Nessa época, não havia campeonatos de bola-ao-cesto, contudo, era público e notório que o Vera Cruz era o campeão da cidade. O grêmio do saudoso Gontran apenas tinha como adversário perigoso o quadro do "Oito de Maio". Nas disputas de Volei levava sempre a pior, porém, vencia todos os encontros de bola-ao-cesto. O Vera Cruz era um campeão autêntico... O melhor ano do esporte para Rinaldi foi 1942. Nessa temporada o jovem atleta conquistou nada menos de três títulos sugestivos: campeão invicto de futebol pelo Sampaio Corrêa; campeão invicto de futebol, pelo Liceu Maranhense; e campeão de basquetebol, pelo Vera Cruz. Em 1943, coberto de louros, Rinaldi embarcou para o Rio de Janeiro, a fim de cursar a Escola Nacional de Educação Física. Na Cidade Maravilhosa, o filho de Vicente de Deus Saraiva Maia conseguiu seu objetivo, formando-se como Professor de Educação Física. Voltou a São Luís em 1945. Muita gente julgou que Rinaldi ainda fosse um crack da esfera. Contudo, mero engano! O jovem atleta apenas apareceu em campo, no dia de seu desembarque, para satisfazer o pedido de amigos, mas fez ver que havia abandonado o futebol em definitivo. Seu esporte predileto passa a ser a bola-ao-cesto. Em 1946, Rinaldi figurava na equipe de basquetebol do Moto, sagrando-se campeão do "Torneio Moto Clube". Quando da visita do "five" rubro-negro a Belém, Rinaldi teve oportunidade de brilhar na capital guajarina e colaborou naquela magnífica campanha dos motenses. Em 1947, Rinaldi tomou outra decisão. Deixou o Moto Clube e tratou de reorganizar o Vera Cruz, seu antigo clube. O seu sonho foi realizado, uma vez que o Vera reapareceu e hoje figura na liderança do campeonato de basquetebol da cidade. E Rinaldi é figura destacada no grêmio cruzmaltense. Atua na guarda, onde se vem destacando, juntamente com o professor Luiz Braga, outra grande figura do basquete maranhense. Cabe ressaltar que o Vera Cruz foi campeão naquele ano. (O Esporte, São Luís, 25 de outubro de 1947, p. 2.) RUBEM TEIXEIRA GOULART iniciou-se no esporte no Colégio de São Luiz, do professor Luis Rego. Em 1935, quando veio de sua cidade natal, Guimarães, principiou jogando futebol no "scratch" do seu educandário, permanecendo no time até 1938. Nesse mesmo período, passou a jogar volleyball, no Dourado, melhor agremiação existente naquela época, sendo seus companheiros de "team" Boneca, Dias Carneiro, Furtado da Silva, Sócrates, Manola e alguns outros. Do Dourado, transportouse para as fileiras do União, onde demorou pouco, tendo formado ao lado de Elba, Mitre, Álvaro, Rabelo, etc. Ainda em 1937, foi fundador do Brasil, composto exclusivamente por alunos do Colégio de São Luiz. Nesse mesmo tempo Alexandre Costa criou o Flamengo, o mais acérrimo rival de seu conjunto. Formava no seu "five" elementos do quilate de Mauro Rego, Tenente Paiva, Américo Gonçalves, Boneca, José Alves e Manoel Barros, tendo servido de padrinhos o Dr. Clodoaldo e Altiva Paixão. Encerrando como invulgar brilhantismo o seu curso de ciências e letras, locomoveu-se para a Capital do país, a fim de cursar a Escola Nacional de Educação Física, isto em 1942. Durante dois anos Rubem permaneceu na Cidade Maravilhosa. Seus dias naquele centro esportivo proporcionaram-lhe o ensejo necessário demostrar ao público "guanabarino" o valor de um atleta nortista. Na Escola Nacional de Educação Física conquistou títulos retumbantes. No seio da escola, era um atleta de escola, participando de todos os esportes ali praticados, tendo o seu lugar efetivo nas equipes de volley-ball, basket-ball e atletismo. Foi campeão interno de volley nas competições efetuadas na ENEF; vice-campeão de Halterofilismo, peso médio, além de ter participado das Olimpíadas Universitárias de 1942, nas representações de volley, basket, futebol e atletismo. Alcançou os


seguintes lugares nas provas de Atletismo: 2º lugar nos 100 metros rasos, com a marca de 11,2s; 2º em salto em distância num espaço de 6,25 metros; 2º no salto em altura com 1,70 m (igualou também o record); obteve logar em arremesso do peso com 12 metros; sagrando-se ainda campeão por equipe no revezamento 4 x 100 metros. Depois da brilhante temporada em São Paulo, participou, no ano de 1943, de diversas competições atléticas no Rio, defendendo as cores do Fluminense, saindo-se vice-campeão do decatlo, com 5.007 pontos: 100 metros rasos Salto em distância Arremesso do peso Salto em altura 400 metros rasos 110 m. s/ barreiras Lançamento do disco Salto com vara Lançamento do dardo 1.500 metros rasos Total

11,0s 827 pts. 6,19m 620 pts. 10,23m 463 pts. 1,70m 661 pts. 54,1s 665 pts. 19,5s 422 pts. 30,16 m 404 pts. 2,70 m 397 pts. 29,25 m 278 pts. 5m29,0s 270 pts. 5.007 pts

Regressando a São Luís, ocupou o cargo de Inspetor de Educação Física do S.E.F.E., permanecendo nesse emprego de março de 1944 a março de 1945, quando foi transferido para a Escola Técnica de São Luís. Além de inspetor do S.E.F.E. foi instrutor de educação física do Colégio Estadual (Liceu ?) e do Colégio de São Luís. Preparou fisicamente os atletas de futebol que, em 1944, derrotou o Ceará por 2 x 0. Como professor na Escola Técnica de São Luís prestou sua valiosa colaboração ao Moto Clube, desempenhando a função de preparador físico da equipe de César Aboud (O ESPORTE, São Luís, 23 de abril de 1950, p. 5-6.). É nesse ambiente que Dimas chega a São Luís do Maranhão, em 1944...


ESTÁDIO MUNICIPAL, 53 ANOS EDMILSON SANCHES. edmilsonsanches@uol.com.br

----- Atenção (mais uma vez): O nome oficial é "Estádio Municipal Frei Epifânio da Badia" (repita-se: é BADIA, não é “Abadia” nem “da Abadia” nem “d’Abadia”). * Dia 30 de janeiro completaram-se 53 anos de inauguração do Estádio Municipal Frei Epifânio da Badia, em Imperatriz (MA). Foi inaugurado em 1966, um dia antes de o prefeito Pedro Ribeiro Gonçalves, o Pedro Guarda, encerrar seu mandato. A oficialização do nome do Estádio só veio em 2010, após projeto de lei de Edmilson Sanches, à época vereador. Apresentei o projeto à Câmara Municipal e, após os diversos trâmites, foi sancionado pelo Poder Executivo. Eis o que escrevi na "Justificativa" de meu projeto, transformado em lei em 2010: ** "O nome do campo de futebol municipal de Imperatriz (MA), com suas instalações, arquibancadas e outras obras civis, não foi oficializado até hoje [em 2010]. Pesquisa feita pela Secretaria Executiva da Câmara Municipal de Imperatriz, a pedido do vereador signatário, confirma que desde da década de 1960, a partir da qual existem em arquivo as leis municipais, não se registra nenhuma lei que trate da matéria. Ressalte-se que o projeto de lei que agora [em 2010] se apresenta não mudará o nome da pessoa homenageada (diga-se e reforce-se: homenageada com justiça, pelo pioneirismo de Frei Epifânio e por seu amor ao futebol como esporte, como técnica, como tática, como arte, como prática). A presente proposição apenas oficializará qual das designações será adotada em Lei: “Estádio Municipal Frei Epifânio da Badia” ou “Estádio Municipal Frei Epifânio”. Pela lei, quem oficializa nome em ruas, praças e prédios públicos é o Poder Legislativo, a Câmara. E como a Câmara, em tese, representa o Povo, nada como perguntar à população sobre algo que se relaciona com o esporte de mais paixão do povo brasileiro – o futebol. Para sugestão do nome oficial, foi feita votação entre torcedores, jornalistas desportivos, atletas e dirigentes de clubes, além de populares nas ruas de Imperatriz. Foram visitados programas de rádio sobre esporte e assuntos comunitários, com participação ao vivo de torcedores, populares, jornalistas e dirigentes esportivos. Destes, inclusive, a recomendação ou reforço para que fossem consultados, no Estádio, os torcedores, o que foi feito na tarde-noite do dia 1º de maio de 2010, quando pela primeira vez, após a inauguração das novas instalações, jogaram os clubes profissionais do município JV Lideral e Imperatriz. Assessores da Câmara, colaboradores e o vereador signatário, todos pagantes dos ingressos, distribuíram folheto explicativo sobre a pesquisa e recolheram a sugestão daqueles que se dispuseram a participar. O resultado foi apurado na manhã de quinta-feira, dia 06/05/2010, na Câmara Municipal, em contagem aberta e transparente. * O homenageado, Frei Epifânio da Badia, nasceu em 15 de dezembro de 1916 em uma pequena cidade italiana de menos de 2.500 habitantes. Essa cidade se chama Badia Calavena. É daqui que veio o nome religioso do frade desportista: Frei Epifânio da Badia (não é “Abadia” nem “da Abadia” nem “d’Abadia”).


E qual o porquê do nome? Desde antigamente, as pessoas que se devotam ao mundo religioso escolhem ou têm seu próprio nome religioso. É como se “morressem” para o mundo material, secular, e “renascessem” para um novo mundo, o espiritual, com novo nome. Geralmente esse nome faz referência ao nome da cidade onde a pessoa nasceu. Cite-se, por exemplo, São Francisco de Assis, da cidade de Assis, Itália, cujo nome verdadeiro, oficial, era Giovanni di Pietro di Bernardone. Assim também é com Cristo, chamado “Jesus de Nazaré”, pois o Filho de Deus procedia da cidade de Nazaré, em Israel. Maria Madalena, filha da cidade de Magdala (Israel). Paulo de Tarso, o apóstolo, era filho de Tarso, na Turquia. Santa Teresa d’Ávila, padroeira de Imperatriz, era filha de Ávila, cidade da Espanha. E mais uma: Madalena de Canossa, que dá nome a uma escola de Imperatriz, era uma rica princesa italiana, da cidade de Canossa, que abandonou tudo para se dedicar aos pobres. Com 22 anos Frei Epifânio foi ordenado sacerdote. Veio para o Brasil cinco anos depois, em 1947. Veio para Imperatriz em 10 de outubro de 1952. Aqui morreu trinta anos depois, em 1982. Frei Epifânio gostava de futebol e o praticava. Era conhecedor de técnicas e táticas. Jogou de batina até conseguir autorização da Igreja para jogar de calção. Foi um frei que prestou muitos serviços para o município de Imperatriz: foi responsável por duas grandes paróquias (São Francisco e Fátima), dirigiu e construiu igrejas, organizou clubes de futebol e, entre outras atividades e realizações, dirigiu o Ginásio Bernardo Sayão." Fotos: O Estádio e frei Epifânio.


ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO Replicando os capítulos do Atlas do Esporte do Maranhão, em sua versão atualizada, até o presente momento, e ainda em construção. A partir daqui, as atualizações serão acrescidas em postagens adicionais, e depois incorporadas no texto definitivo, na medida em que novas descobertas se apresentarem.


GUIMARÃES Recentemente, foi lançado mais um livro sobre a História de Guimarães – além dos de Paulo de Oliveira, já em número de quatro... – temos outros dois, recém chegados às livrarias... Também recentemente, em um evento na AMEI, e conversando com duas personalidades vimarenses – vimarense é o gentílico de quem nasce em Guimarães... - referi-me aos livros disponíveis e estranhava que não falam de alguns ilustres filhos da cidade/município...e citei Ary Façanha de Sá... Quem? Não sabiam quem era... Falei de J. Alves... quem? Também não sabiam... Tomo a liberdade de falar de quatro, então, dos vimarenses ilustres, no campo dos esportes: Guimarães deu-nos ARY FAÇANHA DE SÁ, nascido em 1º de abril de 1928. Foi atleta da Seleção Brasileira de Atletismo - e do Fluminense, do Rio de Janeiro, recordista sul-americano do salto em distância, participou de duas Olimpíadas, de 1952 e 19568.

Foi Professor de Educação Física, formado pela Escola Nacional, introdutor do Interval-training no Brasil, assim como um dos idealizadores dos Jogos Escolares Brasileiros. Ainda nos anos 40, em São Luís, cursou o ginasial no Colégio de São Luiz, do prof. Luiz Rego criador dos Jogos Intercolegias -, por onde disputava as provas de 100 e 200 metros, além do salto em distância; consegue a espantosa marca de 5,00 metros. Em 1949 foi para o Rio de Janeiro estudar - levado pelo irmão, ingressa no Fluminense Futebol Clube, como atleta. Em 1950, ingressou na Escola Nacional de Educação Física.

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Ary Façanha de Sá (born April 1, 1928) is a former Brazilian long jumper. At the 1952 Summer Olympics he finished fourth in the long jump. He also competed at the 1956 Summer Olympics. He became South American long jump champion in 1952, won silver medals in 1956 and 1958 and a bronze medal in 1954. He also won a bronze medal at https://en.wikipedia.org/wiki/Ary_de_S%C3%A1 the 1955 Pan American Games and a gold medal at the 1955 World Student Games.  Ary de Sá's profile at Sports Reference.com 1. ^ Athletics - men's long jump 1948-1964 - Full Olympians 2. ^ South American Championships (Men) - GBR Athletics 3. ^ Pan American Games - GBR Athletics 4. ^ World Student Games (Pre-Universiade) - GBR Athletics


E em 1952 tornou-se recordista sul-americano de salto em distância, com 7,57 m, o que lhe valeu a convocação para a Olimpíada de Helsinque9, tendo conquistado o 4º lugar no salto em distância.

Em 1955, bateu o recorde pan-americano, com a marca de 7,84 metros, a quarta marca do mundo.

O COMBATE, 28 DE JULHO DE 1952

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http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=089842_06&pagfis=67164&url=http://memoria.bn.br/doc reader# https://imirante.com/olimpiadas/2016/maranhao-nas-olimpiadas-na-historia/ https://www.les-sports.info/ary-facanha-de-sa-athletisme-spf35201.html


No Atlas do Esporte no Brasil10, consta: Atletismo no Maranhão: biografias de líderes e atletas pioneiros LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ [30/09/2005] Ary Façanha de Sá Atleta e dirigente de atletismo, nasceu em 1º de abril de 1928, no município de GuimarãesMA. Em São Luís, cursou o ginasial no Colégio de São Luiz, do prof. Luiz Rego - criador dos Jogos Inter-colegias – pelo qual disputou as provas de 100 e 200 metros. Além do salto em distância, conseguiu a destacada marca de 5,00 metros. Em 1949, foi para o Rio de Janeiro-RJ estudar - levado pelo irmão, ingressou no Fluminense Futebol Clube como atleta. Em 1950, ingressou na Escola Nacional de Educação Física e Desporto-ENEFD (hoje parte da UFRJ como Escola de Educação Física e Desporto). Em 1952, foi recordista sul-americano de salto em 10

file:///G:/LEOPOLDO%20ATUAL/ALL/ALL%20EM%20REVISTA/176.pdf


distância, com 7,57 m, o que lhe valeu a convocação para a Olimpíada de Helsinque daquele ano, tendo conquistado o 4º lugar no salto em distância. Em 1955, bateu o recorde panamericano, com a marca de 7,84 metros, a quarta marca do mundo. Foi atleta da Seleção Brasileira de Atletismo - e do Fluminense-RJ - e recordista sul-americano do salto em distância, participou de duas Olimpíadas, de 1952 e 1956. Professor de Educação Física, formado pela Escola Nacional, foi um dos introdutores do Intervaltraining no Brasil, assim como um dos idealizadores dos Jogos Escolares Brasileiros-JEBs.

O jornalista José Cruz publicou em sua coluna uma homenagem ao Mestre Ary11: Numa sexta-feira de novembro de 2003 fui escalado para fazer uma reportagem sobre a 25ª edição dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs). Eu trabalhava no Correio Braziliense e, como repórter, frequentava pistas de atletismo, beira de piscinas, quadras de tênis, enfim. Conheci atletas, técnicos e, claro, gente que construiu a história esportiva em centenas de escolas, Brasil afora. Nesse ambiente, não estranhei quando vi na abertura dos Jogos de 2003, em Brasília, um maranhense de 72 anos, formado em Educação Física, no Rio de Janeiro, conduzindo a tocha na solenidade de abertura do evento. Era Ary Façanha de Sá, que hoje merece ser homenageado, sem qualquer favor, como um ícone do Desporto Escolar no Brasil. Ary não foi gestor-idealizador por acaso. Foi, antes, atleta exemplar. Como campeão brasileiro dos “saltos em extensão” – hoje salto em distância –, ele foi aos Jogos Olímpicos de Helsinque, 1952. A medalha de bronze lhe escapou por escassos sete centímetros. Num dos encontros que tive com esse personagem, ele me contou: “Depois do terceiro salto, naquela Olimpíada, a minha melhor marca era 7,23m, o que me garantiria o terceiro lugar. Mas... o húngaro Odon Foldessy partiu para a última tentativa e cravou 7,30m, frustrando o meu sonho de pódio”. Sem lamentos, porque ainda hoje Ary Façanha de Sá está no pódio das homenagens que merece, pelo o que representou para esporte educacional brasileiro. Na história, Ary é reconhecido por ter sido o idealizador da modernização dos Jogos Escolares, hoje Jogos da Juventude. Isso foi em 1970, quando ele era assessor de Desportos Estudantis, do Ministério da Educação. Até então, os Jogos eram mais para congraçamento, mas com a mudança tornou-se evento riquíssimo para a identificação de talentos. Ary faz parte de uma geração que praticava educação física na escola, o que lhe incentivou a se formar em Educação Física. A cultura acadêmica ele juntou ao seu idealismo e levou tudo isso para aplicações práticas no MEC. No Ministério, ele discutia com uma “equipe de elite” os rumos de cada modalidade nos Jogos e, aos poucos, foi formatando as mudanças que tornaram os JEBs marca registrada do desporto escolar. “Nunca fiz nada sozinho”, me disse Ary Façanha, certa vez. Seus amigos me garantem que ele valorizava o trabalho de equipe e que foi, sim, o grande “pensador” e “idealizador” da nova roupagem dos Jogos. “Naqueles tempos”, não faltava dinheiro. Ensino e esporte avançavam juntos, e os Jogos tinham modalidade que hoje passam longe do programa: vela, ciclismo, esgrima, além das tradicionais provas de atletismo, natação etc. A nova roupagem dos Jogos era tão ousada que técnicos alemães que aqui vieram ficaram encantados com a estrutura e dimensões dos JEBs. De tal forma, que essa organização contribuiu para que fosse assinado um convênio do governo brasileiro, permitindo o estágio de técnicos do esporte na Alemanha. Mas, o tempo passou... Assim, nesta data em que se presta justa homenagem aos profissionais de Educação Física, sinto-me orgulhoso, como jornalista das antigas, de prestar esta homenagem a esses profissionais e, em 11

http://cev.org.br/biblioteca/dia-do-profissional-de-educacao-fisica-homegame-a-ary-facanha-de-sa/


especial, ao Ary Façanha de Sá. Homenagem que não é minha, exclusiva, mas de teus amigos, Brasil afora. E sabes, Ary, que são muitos. Sou o portador, Mestre Ary, do abraço de todos os teus colegas de ontem, parceiros entusiasmados de então, velhos seguidores, ainda hoje, dos teus exemplos, de teu entusiasmo e idealismo. São manifestações daqueles que te ajudaram na construção desse espetacular patrimônio esportivo, os JEBs. Eles também não te esquecem e te são muito agradecidos. Assim como foram gratos – me permita essa homenagem – ao nosso querido amigo Mário Cantarino, também idealista e idealizador, teu parceiro de tantas jornadas, e que nos deixou com saudade enorme. Parabéns pelo teu legado, Ary Façanha de Sá. Parabéns por tua valiosa contribuição na obra do nosso patrimônio esportivo voltado, antes, para a educação escolar. Parabéns pelos exemplos, pela grandeza de tua humildade que ainda hoje te acompanha. E, é tudo isso, Ary, que te coloca no pódio do nosso eterno e agradecido reconhecimento. Grande abraço, Mestre. Também de Guimarães é JOSÉ FAUSTINO DOS SANTOS ALVES, mais conhecido como J. Alves, nascido no ano de 1944, em Águas Belas, povoado de Guimarães, hoje, Cedral, em 15 do fevereiro. Na década de 60 inicia sua carreira na Rádio Timbira, redação comercial; e em 1962, entra na Rádio Difusora, e aí sim começa a desempenhar a função de repórter; no jornalismo esportivo, que começou na mesma época. J. Alves se refere aos esportes na década de 60, onde já havia “Olimpíada Estudantil”, promovidas por Carlos Vasconcelos e Mary Santos:

Inclusive, com o Carlos Vasconcelos, dirigindo essa competição, nós tivemos a honra de ser vice-campeão olímpico, pelo Liceu, na modalidade de Futebol, disputando como sempre com a Escola Técnica Federal; hoje CEFET... a competição para sua época era, o que é a competição que hoje se realiza, que são os Jogos Escolares Maranhenses, ela tinha a mesma importância que o JEM’s tem agora, agora o número de participantes era muito menor, também não poderia deixar de ser, não poderia ser diferente, é hoje a coisa cresceu se modificou, principalmente quando o Cláudio Vaz assumiu a Coordenadoria de Esporte de Prefeitura, foi que começou a mudar, porque ele tirou essa história de olimpíadas e colocou Jogos Esportivos da Juventude,


realizou dois e a partir do segundo apareceu, um moço chamado professor Dimas, que já vivia no meio a muito tempo e graças a uma viagem que ele fez a Belo Horizonte se não me falha a memória, para assistir aos Jogos Brasileiros foi, viu, trouxe a informação possível dessa competição Nacional, que era promovida pelo Ministério da Educação e a partir da sua volta no ano seguinte, já foram realizados não os terceiros jogos esportivos da juventude, mas sim os primeiros Jogos Escolares Maranhenses, em cima da sigla da competição Nacional que é JEB’s, então eles só tiraram o B de Brasil e botaram M de Maranhão, nos Jogos Escolares Maranhenses, aliás Jogos Estudantis Maranhenses, que era Jogos Estudantis Brasileiros, depois Jogos Escolares Brasileiros (risos) passou para Jogos Esportivos da Juventude e hoje já tem um monte de confusão, cada ano eles mudam. Hoje tem Olimpíada, tem jogos da Juventude, tem mais não sei o que.

Outro atleta, pertencente à Geração de 53, nascido em Guimarães, é PALMÉRIO CESAR MACIEL DE CAMPOSxlvi – POÉ. Nasceu em 1938, e em 1954, aos 16 anos, a família transferiu-se para São Luís, onde fez contato com o esporte. Jogou Futebol de Campo, Futebol de Praia, depois Futsal e Basquete, sempre se destacando como craque de bola. No ano de 1957 passa a jogar futsal pelo Santelmo – recém-criado -, convidado por Cleon Furtado e João Rosa e que contava, ainda, com Raul Guterrez, Murilo Gago, Biné (Benedito Moraes Ribeiro), Mouzart (de Sá Tavares), Ivaldo. Com esse time, foram campeões de 1958 e 1959. A final do campeonato desse ano foi entre o Santelmo e o Próton, decidida em melhor de cinco pontos; a primeira partida, disputada no Casino, o Próton venceu por 5 x 2; o segundo jogo, na AABB (sede da Rua Grande, depois vendida aos Maristas), o Santelmo saiu vencedor, por 3 x 0; e a terceira partida, também no Casino, empate em 2 x 2; e a Quarta e última, disputada no Lítero, 5 x 1, para o Santelmo. Em 1960 estava no Próton, convidado pelo Prof. Pedro Santos, jogando ao lado dos irmãos Cassas, Coronel Vieira, Cadico, Canhotinho, César Bragança. O Santelmo conquistou o tetracampeonato – 58, 59, 60, e 61. Em 1962 o Santelmo e o Próton foram extintos, fundando-se o Cometas, formando uma verdadeira seleção: Poé, Lobão, Enemê (goleiro) Dunga, Nonato e Elias Cassas, Coronel Márcio (Matos Viana Pereira), Luisinho, Canhotinho, César Bragança, Murilo Matos, e Vavá. Essa formação jogou de 62 a 66 sem conquistar nenhum título... No final de 66, deixa de jogar futsal. Os times da época eram bons demais: Graça Aranha, Atenas, Drible, Sampaio. Segundo Poé, o futsal viveu duas fases; a primeira foi da espontaneidade, onde tudo era


nativo, não existindo tática, só técnica; a segunda iniciou depois que um time cearense, dirigido por Francisco Lerda, passou por aqui e ensinou tática. Juntaram técnica e tática.

Basquete da FAME em 1954. Em pé: Raul, Hugo, Bittencourt, Daniel, Rubem Goulart e Almeida e Silva; Agachados: Teopblister, Arruda, Bragança, Ronald Carvalho e Flávio Teixeira

Outro nome a se destacar é o de RUBEM TEIXEIRA GOULART12, também nascido em Guimarães, em 1920. Um dos pioneiros da Educação Física, chegou a São Luís em 1935, iniciando sua carreira esportiva no Colégio de São Luiz, do professor Luís Rego. Em 1942, ingressou na Escola Nacional de Educação Física, junto com José Rosa, Rinaldi Maia e Valdir Alves. Na Escola Nacional de Educação Física conquistou títulos retumbantes, participando de todos os esportes ali praticados, tendo o seu lugar efetivo nas equipes de volley-ball, basket-ball e atletismo. Foi campeão interno de volley nas competições efetuadas na ENEF; vice-campeão de Halterofilismo, peso médio, além de ter participado das Olimpíadas Universitárias de 1942, nas representações de volley, basket, futebol e atletismo. Alcançou os seguintes lugares nas provas de Atletismo: -

2º lugar nos 100 metros rasos, com a marca de 11,2s; 2º em salto em distância num espaço de 6,25 metros; 2º no salto em altura com 1,70 m (igualou também o record); obteve lugar em arremesso do peso com 12 metros; sagrando-se ainda campeão por equipe no revezamento 4 x 100 metros.

Em 1943, durante as Olimpíadas Universitárias e diversas competições atléticas no Rio, defendendo as cores do Fluminense, saindo-se vice-campeão do decatlo, com 5.007 pontos: 100 metros rasos Salto em distância Arremesso do peso Salto em altura 400 metros rasos 110 m. s/ barreiras Lançamento do disco Salto com vara Lançamento do dardo 12

11,0s 6,19m 10,23m 1,70m 54,1s 19,5s 30,16 m 2,70 m 29,25 m

827 pts. 620 pts. 463 pts. 661 pts. 665 pts. 422 pts. 404 pts. 397 pts. 278 pts.

http://cev.org.br/biblioteca/atletismo-os-grandes-nomes-esporte-vimarense/ http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/176.pdf http://cev.org.br/biblioteca/a-introducao-esporte-moderno-maranhao-outras-modalidades-esportivas/


1.500 metros rasos Total

5m29,0s

270 pts. 5.007 pts

Patrono da Cadeira nº 38 do IHGG13 - Rubem Teixeira Goulart - nasceu em Guimarães em 1920. Formado em Ciências e Letras é um dos pioneiros da Educação Física na Escola Nacional de Educação Física (ENEF) no Rio de Janeiro. Vice-campeão de halterofilismo, peso médio e jogador de vôlei, basquete, futebol e atletismo, vice-campeão do declatlo pelo Fluminense. Inspetor de Educação Física no SEFE (1944-1945) de onde se transfere para a Escola Técnica Federal do Maranhão, hoje CEFET. Em sua homenagem o ginásio esportivo do bairro Monte Castelo, em São Luís, leva o seu nome, assim também como Ginásio Poliesportivo na cidade de Guimarães, na Rua Emílio Habibe. O Futebol aparece lá pelos anos 1950, organizado por Felinto Goulart de Araújo e outros articuladores. Foram formadas duas equipes: o América Futebol Clube, formado por atletas negros e o Guarapiranga, formado por brancos, elementos da elite vimarense; havia muita rivalidade entre as duas equipes. O primeiro estádio de futebol recebeu o nome de Felinto, e atualmente está extinto e o espaço físico foi cedido a construção do prédio Paulo Freire. Em 1956 Guimarães torna-se campeão do Torneio Intermunicipal, vencendo a seleção de Bacabal; os jogadores foram: Enéas, Hélio, Curuçá, Celso Coutinho, Orlando, Arnaldinho, Juquinha Goulart, Leudes Campos, Lourival, Mário Veloso, autor dos gols que levaram a vitória; o goleiro era Camundá; e em 1957 sagra-se vice-campeão do Torneio Intermunicipal, jogando contra São Vicente de Ferrer. Dizem que na partida final, o árbitro, Antonio Bento, não encerrava a partida mesmo o tempo ter-se esgotado, só o fazendo com o empate de São Vicente; na disputa por pênaltis, vence a partida, e Guimarães fica em segundo.

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https://www.vimarense.com.br/single-post/2018/07/24/Concei%C3%A7%C3%A3o-Braga-Cuba-toma-posse-naCadeira-n%C2%BA-38-do-Instituto-Hist%C3%B3rico-e-Geogr%C3%A1fico-de-Guimar%C3%A3es-2


BASQUETEBOL MASTER 1994 - Os primeiros jogos de basquetebol de masters no Maranhão aconteceram no ginásio do Uniceuma, no bairro Renascença, idealizados por Mauro Fecury e Jose Reinaldo Tavares. Em seguida a estes se uniram outros pioneiros: Fabiano e Marcos Vieira da Silva, Fernando Sarney, Cláudio Vaz, Miguel e Clovis Fecury, Aziz Tajra, Ricardo Zenni, Hermílio, Zeca e Filomeno Nina, Rubem e Raul Goulart, Eduardo e Antonio Macieira, Joaquim Nagib, Tainha e Paulo D’Ávila, Alexandre Falcão, Gilberto Aroso, Spirro, Luis Fernando Figueirêdo, Olivar, Bernardo e Álvaro Leite. Plantada a semente, de imediato vieram os frutos. A partir de então os encontros das quartasfeiras tornaram-se uma religião. Cada vez mais amigos se juntavam aos primeiros, formando uma nova legião de companheiros, alguns mais jovens, mas apaixonados pelo basquete, resultando na participação como fator primordial para a real necessidade da existência da associação. 1996 – FUNDADA a AMAB em 07 de fevereiro de 1996, com o principal objetivo de promover a prática do basquetebol entre em ambiente de confraternização e amizade, estimulando a iniciação de jovens e incentivando o retorno às quadras de ex-atletas do basquetebol maranhense. 2003 – Campeonatos Norte Nordeste em São Luis 2004 O nível de organização de nossa associação obteve o reconhecimento das demais associações filiadas à FBBM - Federação Brasileira de Basquetebol Máster, a ponto de ser escolhida para sediar, com enorme sucesso, tres importantes Campeonatos Brasileiros, em 2004, 2011 e 2014, além de três Campeonatos Norte Nordeste em 2003, 2009 e 2017, 2009 - Campeonatos Norte Nordeste em São Luis 2010 – Copa Norte/Nordeste 2011 Campeonato Brasileiro 2014 Campeonatos Brasileiros 2017 Campeonatos Norte Nordeste em São Luis Atualmente, a Diretoria da AVABMA vem desenvolvendo as atividades constantes no nosso Calendário Anual, promovendo a realização de Copas e Torneios Internos, além de ter efetiva participação nos Encontros Regionais e Nacionais e colaboração com outras entidades que se dedicam, fomentam e estimulam a prática do Basquete Master em São Luis, como a FMB, AABB, APCEF, IFMA, AMA, ABI e em Imperatriz a AIBM Hoje nossos os encontros acontecem em várias entidades, que reservam dias/horários nos seus ginásios. Aos domingos os encontros são realizados também na Praia do meio, onde é armada uma quadra na areia com tabelas móveis. As características de nossas praias favorecem a prática deste esporte, pois a bola quica normalmente, graças à regularidade da areia. A filosofia do movimento de Basquete Master é participativa, valorizamos a inclusão do maior número possível de pessoas, independentemente da faixa etária e sexo. Nosso espaço é democrático, nele jogam crianças, adolescentes, adultos e idosos, interagindo de forma pacífica e ordeira.


BASQUETEBOL MASTER – HISTÓRICO

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Os primeiros jogos de basquetebol de masters no Maranhão aconteceram no ginásio do Uniceuma, no bairro Renascença, em 1994, idealizados por Mauro Fecury e Jose Reinaldo Tavares. Em seguida a estes se uniram outros pioneiros: Fabiano e Marcos Vieira da Silva, Fernando Sarney, Cláudio Vaz, Miguel e Clovis Fecury, Aziz Tajra, Ricardo Zenni, Hermílio, Zeca e Filomeno Nina, Rubem e Raul Goulart, Eduardo e Antonio Macieira, Joaquim Nagib, Tainha e Paulo D’Ávila, Alexandre Falcão, Gilberto Aroso, Spirro, Luis Fernando Figueirêdo, Olivar, Bernardo e Álvaro Leite. Plantada a semente, de imediato vieram os frutos. A partir de então os encontros das quartas-feiras tornaram-se uma religião. Cada vez mais amigos se juntavam aos primeiros, formando uma nova legião de companheiros, alguns mais jovens, mas apaixonados pelo basquete, resultando na participação como fator primordial para a real necessidade da existência da associação. Nossa associação foi fundada em 07 de fevereiro de 1996, com o principal objetivo de promover a prática do basquetebol entre em ambiente de confraternização e amizade, estimulando a iniciação de jovens e incentivando o retorno às quadras de ex-atletas do basquetebol maranhense. O nível de organização de nossa associação obteve o reconhecimento das demais associações filiadas à FBBM - Federação Brasileira de Basquetebol Máster, a ponto de ser escolhida para sediar, com enorme sucesso, tres importantes Campeonatos Brasileiros, em 2004, 2011 e 2014, além de três Campeonatos Norte Nordeste em 2003, 2009 e 2017, sem falar numa Copa Norte em 2010. Atualmente, a Diretoria da AVABMA vem desenvolvendo as atividades constantes no nosso Calendário Anual, promovendo a realização de Copas e Torneios Internos, além de ter efetiva participação nos Encontros Regionais e Nacionais e colaboração com outras entidades que se dedicam, fomentam e estimulam a prática do Basquete Master em São Luis, como a FMB, AABB, APCEF, IFMA, AMA, ABI e em Imperatriz a AIBM Hoje nossos os encontros acontecem em várias entidades, que reservam dias/horários nos seus ginásios. Aos domingos os encontros são realizados também na Praia do meio, onde é armada uma quadra na areia com tabelas móveis. As características de nossas praias favorecem a prática deste esporte, pois a bola quica normalmente, graças à regularidade da areia. A filosofia do movimento de Basquete Master é participativa, valorizamos a inclusão do maior número possível de pessoas, independentemente da faixa etária e sexo. Nosso espaço é democrático, nele jogam crianças, adolescentes, adultos e idosos, interagindo de forma pacífica e ordeira.




LIVRO-ÁLBUM

MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO


EXPOSIÇÕES DAS BIOGRAFIAS DOS MESTRES DE CAPOEIRA DO ESTADO DO MARANHÃO Abertura da Semana da Capoeira realizada pela Federação Maranhense de Capoeira FMC


MESTRE ARY


MESTRE UBIRACI


MESTRE JORDILAN


MESTRE GUDA


MESTRE MÃO DE ONÇA


MESTRE BETINHO


ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES Nesta sessão, publicadas as novidades: os novos artigos, a partir deste outubro de 2017, data da fundação da Revista do Léo. Os artigos do Editor, de colaboradores, com espaço aberto aos pesquisadores que desejem fazer uso deste espaço. Não restrito aos esportes, educação física e lazer, mas também à História/Memória do Maranhão.


LE LUDIQUE ET LE MOUVEMENT AU MARANHÃO/ O lúdico e o movimento em Maranhão (Brasil) Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Maître en science de l'information http://www.efdeportes.com/ Revue électronique - Buenos Aires / Année 7 - N° 37 Juin 2001

Avant les débuts du footbal, du tennis, de l'athletisme, du cricket, dans la première décennie du 20ème siècle, d'autres activités faisaient parties du divertissement de la jeunesse : (…) la Capoeira, les sports hippiques, l'escrime, le billard et quelques tentatives pour l'implantation des régates. Dejard Martins (1989) considère la Capoeira comme le premier sport pratiqué au Maranhão ayant trouvé référence à sa pratique avec une empreinte compétitive aux alentours de 1877, quand le public pris connaissance d'un événement sportif réalisé le 10 janvier, a travers du journal le Diário do Maranhão: JOGO DA CAPOEIRA"Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeira, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes" Cet auteur considère qu'elle a été la première pratiquée, apportée par les esclaves bantu-angolais, ce qui est confirmé par Domingos Vieira Filho (1971:13) qui, au moment de tracer l'histoire de la Rue des Apicuns, nous livre ses observations de l'endroit alors fréquenté par des "bandes d'esclaves en attroupement infernal qui perturbaient l'ordre public", les quais, à l'abri des bois, reproduisaient certaines réjouissances typiques de leur terre naturelle : À cet égard en 1855, un habitant des environs de l'Apicum da Quinta se plaignit dans les colonnes de l''Écho du Nord" des réjouissances des noirs qui, disait-il, 'font là certaines "brincadeiras" (amusements) à l'habitude de leurs nations, entraînant également aux mêmes fins tous les noirs qui peuvent s'échapper du service domestique de leurs maîtres, de manière telle qu'avec ce divertissement, ils manquent à leurs devoirs... ' (édition du 6 juin 1835, Domingos Vieira Filho 1971: p.36). Dans le fameux Canto-Pequeno, situé dans la rue Afonso Pena, qui fait le coin avec la rue José Augusto Correia, il y était aussi un local préféré des aussi local était préférée des noirs de joug ou de gains les jours de semaine, avec leurs petites rodas capricieusement faites, fallacieuses et bruyantes. Vieira Filho (1971) affirme que là, certains dimanches avant le carnaval un groupe de noirs avait l'habitude de se réunir (…), au point qu'en 1863 un abonné du "Publicador Maranhense" réclame l'attention des autorités pour ce fait. La capoeira fut durement réprimée à l'Annonce de la République, quand dans le Code Criminel Brésilien - Décret n°s 487, du 11 octobre 1890, à son chapitre XII, à article 402, fût traité de l'action des 'flâneurs 'et 'des Capoeiras. Déjà la bourgeoisie, pratiquait la gymnastique suisse pour se maintenir en forme.


O QUE ESTÁ HAVENDO COM A “IMPRENSA”? JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS

Por que raios, algumas pessoas que fazem a “Imprensa” no Maranhão, se “agacham” tanto? Pois, não faz tanto tempo assim, tentando cumprir alguma pauta de trabalho, uma Repórter de uma emissora de televisão foi impedida de entrar numa sala da FMF (Federação Maranhense de Futebol), onde houve uma coletiva do senhor Diretor de Futebol da entidade – de extremo interesse da própria FMF, e, como um todo, do futebol maranhense. Verdade ou mentira, foi isso que foi divulgado em vários veículos que cobrem o dia a dia esportivo desta Ilha, que um dia já foi magnética. E, a divulgação desse fato foi além. Dito e divulgado (repetimos: verdade ou mentira, foi o que foi divulgado) que uma senhora Repórter do Sistema Mirante teve acesso (?????!!!!!!!). A partir dessa afirmação, houve um rebuliço nas redes sociais, com comentários não tão açucarados. Ponto positivo, que nenhum comentário atingiu a honra, o caráter, ou a dignidade da senhora Repórter, que simplesmente aceitou o “privilégio” do acesso – quando deveria, no mínimo, se negar a entrar, se o mesmo direito não fosse dado à sua “colega” de profissão. Ora, todos sabemos que “os tempos são outros”! O entrevero caiu no esquecimento na “terra do já teve” – e nunca se leu, ou tomou conhecimento de um obrigatório “pedido de desculpas oficial” da entidade que vive achando que dirige o futebol maranhense. Respeito entrou pelo ralo. Minimizando o fato sério e atrevido, a emissora da Repórter seguiu em frente, como se nada tivesse acontecido. Quer dizer, “reforçou” a medida do senhor dirigente da entidade futebolística e apequenou-se. Nesta semana que acabou de passar, a coisa ficou mais miúda. Ficou menor, e ao mesmo tempo mais revoltante – porque, literalmente, e sem meias palavras, a “Imprensa” foi mandada à merda! Isso mesmo: à merda! Incrível, que o fato tenha acontecido no espaço interno do time (nunca foi e jamais será um “clube”) de futebol dito mais popular e de maior torcida no Estado. Se essa afirmação de ser o “maior” é verdadeira, será que a “Imprensa” tem algum mérito nisso? Ou a “Imprensa” maranhense atendia apenas pelo nome de Herberth Fontenelle – que Deus o tenha sempre num bom lugar. E por que cargas d´água esse tipo de desrespeito? O que se soube (não lembro que o outro lado tenha sido ouvido – até porque não havia clima para isso) foi que um Repórter encarregado da cobertura diária do Sampaio Corrêa para a Rádio Mirante AM, teria sido proibido de exercer sua função, e mais, teria sido “convidado gentilmente” a se retirar do local onde pretendia “trabalhar”. Como se isso tudo não fosse suficiente, as vísceras do tubarão boliviano ficaram expostas, quando até o Fotógrafo “contratado” pela Assessoria de Comunicação da “Bolívia Querida” também foi proibido de trabalhar. Só faltou ter a máquina tomada e quebrada, como acontecia nos anos de chumbo. Conhecemos Vinícius Bogéa, oficialmente Assessor de Imprensa da instituição jogadora de bola. Sabemos que vai tomar alguma medida, e que um pedido de desculpas à “Imprensa” virá na hora mais adequada. Sim, pois não foi “apenas um Repórter” da Rádio Mirante que foi desmoralizado, mandado à merda. Foi a “Imprensa” como um todo.


Uma nova geração está tomando conta (literalmente) e mudando alguns conceitos de respeito que outros tantos, no passado, lutaram arduamente para conquistar. Está acontecendo um “agachamento” quase unânime – sem que se saiba à troco do que. Imagina-se, apenas! Ora, neste nosso Brasil de tanta hipocrisia, “vulgos” que não têm noção do que seja fascismo, tortura, democracia e acham que essas coisas só existem quando as suas ideias ou teorias são aceitas e respeitadas, vivem a desfaçatez da crítica, apenas porque o que acontece não lhe satisfaz. Imagine, leitor, e relembre a forma de como um “Presidente” dos EUA, da China, do Canadá ou da Rússia ou mandatários da Inglaterra, Alemanha ou França faz seus pronunciamentos e/ou concede entrevistas à Imprensa dos seus países. Pois, compare aquelas imagens com a forma como um Presidente ou Ministro de qualquer instituição atende à Imprensa brasileira. Literalmente, tomando “microfonada” nos beiços, porrada na cara, nos dentes, e, sem o direito de reclamar. Se reclamar, “tá querendo aparecer”, ou é imediatamente rotulado de fascista! A ACLEM – Alguns companheiros que fazem a Crônica Esportiva do Maranhão já se manifestaram sobre o assunto. Equivocadamente (é o que penso) pedem uma providência e uma tomada de posição oficial da ACLEM (Associação de Cronistas e Locutores Esportivos do Maranhão). Sabem quando isso vai acontecer? Nunca! Com a atitude intempestiva, a “instituição” Sampaio Corrêa escreveu com todas as letras, que não precisa da “Imprensa” – a não ser que ela lhe seja submissa. Ou, continue submissa, como acontece nos últimos dez anos, com raras exceções, que podem ser contadas nos dedos da mão, pelos motivos que imaginamos. Quem “determina” e decide se o Sampaio Corrêa vai continuar merecendo o “agachamento” de tantos anos, são os diretores dos veículos (Rádio e Jornal) – e, no caso específico da Rádio Mirante, os colegas que dirigem o Esporte da rádio são os mesmos que há anos comandam a ACLEM. Entenderam? (JOR).


A PROFISSÃO “EDUCAÇÃO FÍSICA” – INCLUI O CAPOEIRA14 Leopoldo Gil Dulcio Vaz Professor de Educação Física do CEFET-MA Mestre em Ciência da Informação A profissão “Educação Física” - regulamentada por determinação da Lei nº 9696/9815 -, é prerrogativa do profissional graduado em Curso Superior de Educação Física (Licenciatura ou Bacharelado), com registro no Sistema CONFEF/CREFs, a prestação de serviços à população em todas as atividades relacionadas à Educação Física e nas suas diversas manifestações e objetivos. É, portanto, um campo profissional legalmente organizado, integrado a área da saúde e da educação. A Resolução CONFEF nº 046/2002, de 18 de Fevereiro de 200216, que dispõe sobre a Intervenção do Profissional de Educação Física e respectivas competências e define os seus campos de atuação profissional dispõem em seu artigo 1º.: “Art. 1º - O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais -, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da autonomia, da auto-estima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo.” (D.O.U. nº 53 de 19 de março de 2002 - Seção 1 - pág. 134). (Grifos meus). No “DOCUMENTO DE INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA” (Resolução CONFEF nº 046/2002, de 18 de Fevereiro de 2002) vamos buscar algumas explicações sobre essa intervenção profissional. O termo “Educação Física” contempla, dentre outros, os significados:  O conjunto das atividades físicas e desportivas17; 14

Por “capoeiras” entende-se os agentes de uma prática cultural oriunda dos africanos no Brasil denominada Capoeira ou Capoeiragem, que passou por um processo de criminalização entre finais do século XIX e início do XX chegando aos dias atuais a ser considerada uma das principais manifestações da cultura afro-brasileira e esporte de caráter nacional, compondo a grade curricular obrigatória dos cursos de Educação Física em algumas universidades brasileiras, como por exemplo as universidades baianas UEFS, UFBA e UCSAL. IN Oliveira, Josivaldo Pires de. BANDOS DE MARGINAIS”: OS CAPOEIRAS NO LIVRO DIDÁTICO HISTÓRIA E CIVILIZAÇÃO. 15 Disponível em http://www.confef.org.br/ 16 in D.O.U. nº 53 de 19 de março de 2002 - Seção 1 - pág. 134, disponível em http://www.confef.org.br/extra/resolucoes/ 17 No âmbito deste trabalho, considera-se: ATIVIDADE FÍSICA - todo movimento corporal voluntário humano, que resulta num gasto energético acima dos níveis de repouso, caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos exercícios físicos. Trata-se de comportamento inerente ao ser humano com características biológicas e sócio-culturais. No âmbito da Intervenção do Profissional de Educação Física, a atividade física compreende a totalidade de movimentos corporais, executados no contexto de diversas práticas: ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais. EXERCÍCIO FÍSICO - Seqüência sistematizada de movimentos de diferentes segmentos corporais, executados de forma planejada, segundo um determinado objetivo a atingir. Uma das formas de atividade física planejada, estruturada, repetitiva, que objetiva o desenvolvimento da aptidão física, do condicionamento físico, de habilidades motoras ou


 A profissão constituída pelo conjunto dos graduados habilitados, e demais habilitados, no Sistema CONFEF/CREFs, para atender as demandas sociais referentes às atividades físicas nas suas diferentes manifestações, constituindo-se em um meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos seres humanos;  O componente curricular obrigatório, em todos os níveis e modalidades do ensino básico, cujos objetivos estão expressos em Legislação específica e nos projetos pedagógicos;  Área de estudo e/ou disciplina no Ensino Superior;  O corpo de conhecimentos, entendido como o conjunto de conceitos, teorias e procedimentos empregados para elucidar problemas teóricos e práticos, relacionados à esfera profissional e ao empreendimento científico, na área específica das atividades físicas, desportivas e similares. Quanto ao Exercício Profissional, o Profissional de Educação Física é aquele que exerce suas atividades por meio de intervenções, legitimadas por diagnósticos, utilizando-se de métodos e técnicas específicas, de consulta, de avaliação, de prescrição e de orientação de sessões de atividades físicas e intelectivas, com fins educacionais, recreacionais, de treinamento e de promoção da saúde, observando a Legislação pertinente e o Código de Ética Profissional e, sujeito à fiscalização em suas intervenções no exercício profissional pelo Sistema CONFEF/CREFs. Na sua intervenção, o Profissional de Educação Física utiliza-se de procedimentos diagnósticos, técnicas e instrumentos de medidas e avaliação funcional, motora, biomecânica, composição corporal, programação e aplicação de dinâmica de cargas, técnicas de demonstração, auxílio e segurança à execução dos movimentos, servindo-se de instalações, equipamentos e materiais, música e instrumentos musicais, tecnicamente apropriados. O exercício do Profissional de Educação Física é pleno nos serviços à sociedade, no âmbito das Atividades Físicas e Desportivas, nas suas diversas manifestações e objetivos. O Profissional de Educação Física atua como autônomo e/ou em Instituições e Órgãos Públicos e Privados de prestação de serviços em Atividade Física, Desportiva e/ou Recreativa e em quaisquer locais onde possam ser ministradas atividades físicas, tais como: Instituições de Administração e Prática Desportiva, Instituições de Educação, Escolas, Empresas, Centros e Laboratórios de Pesquisa, Academias, Clubes, Associações Esportivas e/ou Recreativas, Hotéis, Centros de Recreação, Centros de Lazer, Condomínios, Centros de Estética, Clínicas, Instituições e Órgãos de Saúde, "SPAs", Centros de Saúde, Hospitais, Creches, Asilos, Circos, Centros de Treinamento Desportivo, Centros de Treinamento de Lutas, Centros de Treinamento de Artes Marciais, Grêmios Desportivos, Logradouros Públicos, Praças, Parques, na natureza e outros onde estiverem sendo aplicadas atividades físicas e/ou desportivas. Mas o sistema CONFEF/CREF deixou aberto a participação de “leigos”18 - aqueles profissionais não graduados em curso superior de Educação Física. Esses profissionais deveriam requerer sua inscrição mediante o cumprimento integral e observância de alguns requisitos:  comprovação oficial da atividade exercida, até a data do início da vigência da Lei nº 9696/98, ocorrida com a publicação no Diário Oficial da União (DOU), em 02 de Setembro de 1998, por prazo não inferior a 03 (três) anos.

reabilitação orgânico-funcional, definido de acordo com diagnóstico de necessidade ou carências específicas de seus praticantes, em contextos sociais diferenciados. DESPORTO/ ESPORTE - Atividade competitiva, institucionalizado, realizado conforme técnicas, habilidades e objetivos definidos pelas modalidades desportivas, determinado por regras preestabelecidas que lhe dá forma, significado e identidade, podendo também, ser praticado com liberdade e finalidade lúdica estabelecida por seus praticantes, realizado em ambiente diferenciado, inclusive na natureza (jogos: da natureza, radicais, orientação, aventura e outros). A atividade esportiva aplica-se, ainda, na promoção da saúde e em âmbito educacional de acordo com diagnóstico e/ou conhecimento especializado, em complementação a interesses voluntários e/ou organização comunitária de indivíduos e grupos não especializados. (Resolução CONFEF Nº 046/2002, De 18 de Fevereiro de 2002, que dispõe sobre a Intervenção do Profissional de Educação Física e respectivas competências e define os seus campos de atuação profissional., disponível em http://www.confef.org.br/extra/resolucoes/). 18 Resolução CONFEF nº 045/2002 Dispõe sobre o registro de não-graduados em Educação Física no Sistema CONFEF/CREFs, D. O. U. nº 38 de 26 de fevereiro de 2002 - Seção 1 - pág. 29


 a comprovação do exercício, se fará por: carteira de trabalho, devidamente assinada; ou contrato de trabalho, devidamente registrado em cartório; ou, documento público oficial do exercício profissional; ou, outros que venham a ser estabelecidos pelo CONFEF. Deverá, também, obrigatoriamente, indicar uma atividade principal, própria de Profissional de Educação Física, com a identificação explícita da modalidade e especificidade. Já na CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES - CBO/2002 -19, a ocupação “Educação Física” tem como Norma Regulamentadora a Lei nº 9.696, de 01 de setembro de 1998 – que dispõe sobre a regulamentação da profissão de Educação Física e cria os respectivo Conselho Federal e Regionais de Educação Física. São Profissionais da Educação Física (Família 2241): 2241-05 2241-10 2241-15 2241-20 2241-25 -

Avaliador físico - Orientador fisiocorporal Ludomotricista - Cinesiólogo ludomotricista Preparador de atleta Preparador físico - Personal treanning, Preparador fisiocorporal Técnico de desporto individual e coletivo (exceto futebol) - Treinador assistente de modalidade esportiva, Treinador auxiliar de modalidade esportiva, Treinador esportivo 2241-30 - Técnico de laboratório e fiscalização desportiva 2241-35 - Treinador profissional de futebol - Auxiliar técnico- no futebol, Auxiliar técnico- nos esportes, Coordenador de futebol, Professor de futebol Fonte: CBO/2002 Esses Profissionais desenvolvem, com crianças, jovens e adultos, atividades físicas; ensinam técnicas desportivas;realizam treinamentos especializados com atletas de diferentes esportes; instruem-lhes acerca dos princípios e regras inerentes a cada um deles; avaliam e supervisionam o preparo físico dos atletas; acompanham e supervisionam as práticas desportivas; elaboram informes técnicos e científicos na área de atividades físicas e do desporto. Esta família não compreende a ocupação de professor de educação física do ensino superior, classificada na família ocupacional 2344. A família ocupacional de 2391 - professores de educação física escolar que engloba as atividades do ensino formal de educação física exceto professores de nível superior. Para nosso estudo, devemos recorrer as descrições das “Famílias afins” - 3771 - ATLETAS PROFISSIONAIS; e 3772 - ÁRBITROS DESPORTIVOS. 3771-05 - Atleta profissional (outras modalidades) 3771-10 - Atleta profissional de futebol 3771-15 - Atleta profissional de golfe 3771-20 - Atleta profissional de luta - Atleta de judô, Atleta de karatê, Atleta de taichichuan, Jodoísta, Judoca, Karateca, Lutador de aikidô, Lutador de capoeira, Lutador de fullcontact, Lutador de hapkidô, Lutador de karatê, Lutador de kendô, Lutador de sumô, Lutador de taekwondô 3771-25 - Atleta profissional de tênis 3771-30 - Jóquei 3771-35 - Piloto de competição automobilística 3771-40 - Profissional de Atletismo 3771-45 - Pugilista Fonte: CBO/2002 Descrição sumária - Tomam parte como profissionais em competições e provas esportivas. Participam, individualmente ou coletivamente, de competições esportivas, em caráter profissional. 19

http://www.mtecbo.gov.br/index.htm


Verifica-se que nessa categoria, aparece o Atleta profissional de luta, no qual se insere o Lutador de capoeira. Já no quadro de Árbitros, não aparece a capoeira, a menos que se o insira na classe Árbitro desportivo, que é descrito como aqueles profissionais que zelam pela observância do regulamento nas competições esportivas, controlando o andamento das mesmas, registrando as infrações, aplicando as penalidades e fazendo as marcações necessárias para assegurar o processamento desses eventos dentro das normas estabelecidas pelos órgãos desportivos. Procurando pela descrição profissional do Lutador de Capoeira (código 3771-20, temos como condições gerais de exercício os profissionais que trabalham em clubes, agremiações esportivas, academias, órgãos da administração pública afetos aos esportes, no ensino etc. Não há regras comuns para todas as modalidades de esporte. Para obterem a profissionalização seguem, regras específicas das agremiações esportivas a que se vinculam, construindo, portanto, trajetórias diferenciadas, baseadas em diferentes combinações entre tempo de exercício do esporte, participação em jogos e eventos, premiações etc. A maioria trabalha como autônomo, em horários irregulares. Em algumas atividades, alguns profissionais podem estar submetidos a condições especiais de trabalho, como pressão psicológica, ruído intenso e altas temperaturas, bem como permanecer por longos períodos em posições desconfortáveis. Exige, como formação e experiência: escolaridade formal não é précondição para o exercício das ocupações desta família. A formação prática dos atletas profissionais pode se dar tanto por meio de treinos e exercícios realizados individual e/ou coletivamente, em geral, com a supervisão de treinadores ou técnicos, como por meio de participação em provas, competições, jogos e certames. O Regulamento Internacional da Capoeira20 adota o seguinte Sistema Oficial de Graduação, natureza obrigatória para todas as entidades integrantes do Sistema Desportivo da Capoeira, a saber: A- GRADUAÇÃO INFANTIL ALUNOS (03 a 12 anos): 1º estágio - iniciante: sem corda ou sem cordão 2º estágio - batizado: cinza claro/verde 3º estágio - graduado: cinza claro/amarelo 4º estágio - graduado: cinza claro / azul 5º estágio - intermediário: cinza claro/verde/ amarelo 6º estágio - adiantado: cinza claro / verde / azul 7º estágio - estagiário: cinza claro / amarelo / azul B- GRADUAÇÃO PADRÃO ALUNOS (a partir de 13 anos): 1º estágio - iniciante: sem corda ou sem cordão 2º estágio - batizado: verde 3º estágio – graduado: amarelo 4º estágio – graduado: azul 5º estágio – intermediário: verde e amarelo 6º estágio – adiantado: verde e azul 7º estágio – estagiário: amarelo e azul C- DOCENTES DE CAPOEIRA 8º estágio - Formado: verde, amarelo e azul 9º estágio - Monitor: verde e branco 10º estágio - Instrutor: amarelo e branco 11º estágio - Contramestre: azul e branco 20

Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001.


12º estágio - Mestre: branco D- CONSELHO SUPERIOR DE MESTRES: 13º estágio – Mestre Integrante: branco brasão em cobre 14° estágio – Mestre Efetivo: branco brasão em prata 15º estágio – Mestre de Honra: branco brasão em ouro. Em seu Título VI - Da Qualificação para o Ensino da Capoeira, os seus artigos 20 e 21:  A formação e qualificação para o ensino da Capoeira se fundamentará nas competências e habilidades teóricas e práticas necessárias para nossa época, onde o docente de capoeira, de um modo geral, é um empreendedor ou um prestador de serviços, e ocorrerá ao longo de sua vida como capoeirista, desde o estágio inicial até o mais elevado nível de docência.  São consideradas as seguintes competências para os docentes de Capoeira: A- Atenção à Saúde – os docentes, em seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção e proteção da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. B- Tomada de Decisões – fundamentado na capacidade de tomar atitudes visando o uso apropriado e a eficácia para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas. C- Comunicação – primar pela comunicação verbal, não-verbal e habilidades da escrita e da leitura. D- Liderança – estar apto a assumir posições tendo em vista o bem estar da comunidade. E- Administração e Gerenciamento – estar apto a tomar iniciativas gerenciais e administrativas dos recursos humanos, físicos e materiais. F- Ética – possuir princípios morais que se devem observar no exercício profissional ajustandose às normas de relações entre os diversos membros da coletividade, bem como manter confidencialidade de informações na interação com outros profissionais e o público em geral. G- Educação Continuada – os profissionais devem ser capazes de aprender continuadamente, tanto na sua formação quanto na sua prática, devendo desta forma aprender a aprender, tendo a responsabilidade na busca constante de novas informações e o compromisso com a educação Para se atingir as graduações propostas pela FICA, são estabelecidos os seguintes tempos mínimos para promoção, de acordo com o artigo 31 de seu Regulamento Internacional: NÍVEIS DE GRADUAÇÃO

IDADE MÍNIMA

TEMPO DE CAPOEIRA

Aluno do 1° ao 7° estágio (infantil)

03 aos 12 anos

De ano em ano

Aluno do 1° ao 7° estágio (normal)

13 anos em diante

4 anos e 11 meses

8° estágio: Formado

18 anos

5 anos

9° estágio: Monitor

20 anos

7 anos

10° estágio: Instrutor

25 anos

12 anos

11° estágio: Contramestre

30 anos

17 anos

12° estágio: Mestre

35 anos

22 anos

13° estágio: Integrante – CSM

45 anos

30 anos

14° estágio: Efetivo – CSM

55 anos

40 anos

15° estágio: Honra – CSM

65 anos

50 anos


NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/ MARANHENSE ESTA SESSÃO É DESTINADA AOS ARTIGOS SOBRE LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE, E O REGISTRO DE SUA MEMÓRIA


HISTÓRIAS DE SÃO LUÍS - O FILIPINHO E AS MUDANÇAS SOCIAIS HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO A cidade São Luís viveu no último século um processo de expansão urbanístico significativo. O parque têxtil maior empregador privado da cidade em meados do século passado foi o principal responsável pelo tipo de mudança habitacional. Surge as vilas como solução de moradia para os trabalhadores da indústria têxtil. As vilas eram um tipo de moradia comum nas décadas de 1940 a 1960 e foram os embriões dos atuais conjuntos habitacionais, modelo adotado a partir da década de 1970 com a finalidade de solucionar o problema de moradia da cidade. E assim a cidade cresceu com o aspecto de vila ou de conjunto residencial. A Vila Gracinha situada nas proximidades da Rua do Passeio, as residências geminadas habitadas por trabalhadores no Canto da Fabril, as residências com pequenos terraços no bairro do Anil próximo à Fábrica Rio Anil são exemplos de vilas ocupadas por operários da indústria têxtil, que visavam substituir os cortiços, um tipo de habitação popular comum naquela época. Na década de 1950, o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (IAPC), entrega à cidade de São Luís o Conjunto Filipinho, projeto residencial moderno e diferenciado, integrando habitação e funcionalidade. Um pouco depois, na Avenida Getúlio Vargas no bairro do Monte Castelo, foi entregue pela Fundação da Casa Popular, o conjunto residencial conhecido como Populazinho e na Avenida Kennedy casas populares que separavam as duas oreias, a Coreia de baixo e a Coreia de cima, e no bairro da Alemanha o Conjunto Aldenora Belo. O Filipinho foi criado para os trabalhadores do comércio e na década de 1970 em consequência de uma série de mudanças sociais que aconteciam na cidade, principalmente pela extinção dos bondes, o principal meio de condução, e a dificuldade de acesso da população aos meios de transportes automotivos, a classe média emergente começa a deixar o centro da cidade e o Filipinho ganha status de bairro de classe média. O bairro estava próximo ao centro e dos dois principais centros de lazer desta classe social, Clube Litero Português e Clube Recreativo Jaguarema, foi o bairro preferido para esta mudança de estilo de moradia. No Filipinho surgiu a principal churrascaria e sorveteria da cidade. Ponto de lazer e entretenimento, a Churrascaria Filipinho foi pioneira neste tipo serviço. Tempo depois, no mesmo local, surgia uma boate com luz negra que rivalizava com a boate Cedro, situada no então Clube Libanês, atrás do Ginásio Costa Rodrigues. O bairro do Filipinho teve a primeira quadra de esporte comunitária construída pelo poder público e ali pontificavam os amigos Carlito, Braga, Zé Pequeno, Gimba, Tribi, Gildomar e tantos outros. A minha irmã tinha uma casa no Filipinho que servia de ponto de encontro dos amigos e familiares para as festas de carnaval no Jaguarema. Foi nesta casa que comemorei a minha aprovação no vestibular do curso de Medicina e tive minha cabeça raspada como mandava a tradição em uma manhã de domingo pelo meu cunhado Januário. Uma lembrança de São Luís!


Lusofonia ESPAÇO DESTINADO A DIVULGAR O QUE SE PASSA NO MUNDO LUSÓFONO, - EM ESPECIAL O PENSAMENTO DO MESTRE JORGE OLIMPIO BENTO – E OUTROS PENSADORES DE LÍNGUA PORTUGUESA, EM ESPECIAL DE OUTROS PAÍSES QUE ADOTAM A LÍNGUA COMUM.


CONHEÇA A OFERTA FORMATIVA DO COP 7.02.2019 http://comiteolimpicoportugal.pt/conheca-a-oferta-formativa-docop/?fbclid=IwAR1RgN3Hu_6UfUFhe0fNKAYXch0RSeRGCySm9GEwJbr4q749X8vhBKhz7Vs

http://comiteolimpicoportugal.pt/wp-content/uploads/2019/02/Preparar-o-sucesso.pdf

O Comité Olímpico de Portugal (COP) reuniu numa brochura intitulada “Preparar o Sucesso” a sua oferta formativa, disponibilizada a atletas, treinadores, dirigentes, árbitros, juízes e encarregados de formação. Na publicação está identificado o programa “The Olympic Performance”, que envolve as áreas de psicologia, medicina e nutrição, destinado a atletas, treinadores, dirigentes, equipas médicas, árbitros e encarregados de educação; o “Programa Atletas Speakers” e o “Athlete Career Programme”, para atletas olímpicos e atletas integrados no Projeto Olímpico – o primeiro visa torná-los mais habilitados na área da comunicação e o segundo está focado na gestão de carreira e na transição para o mercado de trabalho no pós-carreira. No documento está igualmente explicado o que são as Bolsas de Educação Jogos Santa Casa, cujos destinatários são os atletas integrados no Projeto Olímpico Tóquio 2020 e os atletas do Programa de Esperanças Olímpicas, e que assim são apoiados a na compatibilização da carreira desportiva com a carreira académica. O Programa de Educação Olímpica, para jovens em idade escolar, dá a conhecer temas relacionados com os Jogos Olímpicos e o Movimento Olímpico, os seus valores, símbolos, modalidades e atletas. A brochura explica igualmente o que é o Programa de Integridade, para atletas, treinadores, dirigentes, árbitros, juízes e encarregados de educação, que são habilitados com instrumentos de prevenção e reconhecimento da manipulação de competições. Finalmente, dão-se a conhecer os Prémios Ciências do Desporto, para alunos, professores e investigadores, que têm o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da investigação em Ciências do Desporto.


O PENSAMENTO DO JORGE BENTO Esta é uma Revista aberta às contribuições... Tomo a liberdade – devidamente autorizado – de replicar aqui o Pensamento do Jorge Bento... O conheci, pessoalmente, em 1992, numa palestra na UFMG. O nosso GuruGeek Laércio o trouxe para falar sobre Lazer... eu estava fazendo meu Mestrado em Ciência da Informação; minha ultima especialização fora em Lazer e Recreação, daí meu interesse, ainda maior, pois se tratava de Jorge Bento!!! Já o conheci, de alguns escritos e livros. Creio que - não sei quem é o maior, mas vamos coloca-los na mesma posição, de fora de concurso, pois – se Jorge, Manuel Sérgio ou Silvino Santi os maiores e melhores filósofos da nossa tão combalida Educação Física – prefiro a tradição da denominação, mas aceito a Motricidade Humana e as Ciências dos Esportes... Jorge falou sobre Gilberto Freire... uma palestra em que até hohe recordo algumas das bombásticas expressões usadas, em especial na comparação entre os nossos povos – que ele considera um só, e adota a cidadania luso-brasileira, pois... O português é aquele pçovo trágico, que venera o Cristo crucificado, dolorido, sofrido, sentindo-se abandonado, mas mesmo assim, disposto a todos os sacrifícios, como decorrência de sua sorte e vivência, dai vestirem-se as mulheres sempre de preto, com lenço à cabeça, andar curvado, como se carregassem todos os pecados do mundo, um peso insuportável... já o brasileiro, venera o Cristo menino, a criança brincalhona, e por isso, um povo alegre, vivaz, colorido... isso na interpretação de um artigo escrito por Gilberto Freire, em 193... (2, 9u 9?) e publicado em inglês, numa palestra na Inglaterra, inédito em português, ou no Brasil... gostaria de te-lo reproduzido nestas páginas... Desde então o acompanho mais de perto, trocando correspondência, agora em tempos de redes sociais, e palavras quase diárias. Semprer replico e comportilho suas colocações, em especial quando se referem à Educação e à Educação Física/Motricidade Humana... Aproveitem!!!!


O MEU BRASIL Tem palmeiras, onde canta o sabiá. O falcão está muito ao norte, não tem morada cá. O meu Brasil é azul, verde e amarelo. Pintado de azul pelos artistas do céu. Semeado de verde pelos templários da esperança e da coragem. Colorido de amarelo pelos sonhadores da ventura. O meu Brasil possui o coração aumentado de Portugal. É ameríndio e africano, mas a sua vocação é universal. Não é imitador ou seguidor de quem deseja construir muros, nem anseia conquistar e dominar o mundo com arrogância imperial. Não aprecia as espadas e metralhadoras; prefere as armas das ideias, das canções e da poesia. Assume a forma e os modos de um Cristo de braços abertos e olhar doce. O meu Brasil tem fome e sede de partilha; precisa desta para ter paz. Não há outro jeito de ser o sal e sol da América, e de configuração e expansão da Humanidade. PRESTAÇÃO DE CONTAS Pedro Álvares Cabral, tu não eras letrado em Humanismo, nem um especialista da ética. Mas sabias muito bem o que querias e fazias. Por isso escolheste para capelão da tua armada Frei Henrique de Coimbra, membro da Ordem dos Frades Menores, guiados pelos ideais e modos franciscanos. Não foi, pois, por acaso que trataste amistosamente os índios e eles te receberam do mesmo jeito. Depois seguiste para Calecute, na Índia, cumprindo a missão de que estavas incumbido.Não te seguirei nessa viagem; regresso hoje ao Porto, carregado de Brasil. Levo-o nos olhos, nas mãos, na boca, na alma e no coração. Vou sobrepujado pelos afetos, pela gratidão, pela saudade e pela inquietação. O que farei com este carregamento? Dar-te-ei conta regularmente. Sabes, estando no Porto, estou simultaneamente no Brasil. Todos os dias, no café junto de casa, sirvome do telemóvel/celular ou do computador para trocar mensagens com os inúmeros amigos que tenho nesta Terra. Tu chamaste-a ‘Terra de Santa Cruz’. Agora há quem lhe queira mudar o nome e o ser, a aparência e a essência. Mas, acredito eu, essa gente não vai conseguir vencer a bondade, a dança, a doçura, a graciosidade, o canto e o riso que irrigam este chão. Bastante tempo depois de ti, andou e pregou por aqui o Padre António Vieira. Ele fez profecias sobre o destino desta terra, atribuindo-lhe um papel de humanização e iluminação do mundo. A inquisição da altura quis atirá-lo para a fogueira; e parece que aquela polícia deixou sementes. Porém também não vai lograr os seus intentos. A nau do ‘Quinto Império’, não o das armas, mas o da luz e da concórdia do espírito, poderá ter que abrandar a marcha; ninguém a impedirá de prosseguir no rumo desse futuro, insuflada pelos ventos da bem-aventurança. É sobre isto, Pedro Álvares Cabral, que te prestarei contas com regularidade. Nós que, outrora, em aliança com índios e negros, expulsamos franceses e holandeses, não vamos agora deixar de esgotar o campo do possível para tornar factível a utopia do Padre Vieira, mais tarde reafirmada por Fernando Pessoa. Os portugueses são como os outros povos, uma mescla de defeitos e virtudes. Todavia, jamais um português de verdade trairá o Brasil, faltará à chamada para defender a sua identidade e universalidade. Ergue a tua face para o céu, oh Pátria do nosso deslumbramento, da nossa afeição e paixão!


MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO: ‘PONTÍFICE’ DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL JORGE OLÍMPIO BENTO21 “O acaso é a lei de Deus na ordem do mundo”, definiu o escritor Camilo Castelo Branco (18251890). A definição de Albert Einstein (1879-1955) é idêntica: “O acaso é o atalho que Deus toma para se manter no anonimato.” Creio que o acaso determinou os meus caminhos e me trouxe a este momento de júbilo. Muito haveria, pois, para contar e, sobretudo, para tecer louvores a Deus e a tantas pessoas que me fizeram bem. Muito tempo precisaria para expressar de modo condigno o sentimento de gratidão, para agradecer ao Brasil, à FIEP e ao seu Presidente, ao sistema CONFEF/CREFs e a todos vós que morais no meu coração. Porém, o tempo é precioso e, por isso, quero usá-lo para uma rápida evocação da Pessoa e do Amigo que represento neste cenário de grandeza e solenidade. Manoel Gomes Tubino foi e é Mestre inspirador da nossa profissão e função. Vejo nele o ‘pontífice’ da Educação Física Brasileira, o construtor de pontes e cumplicidades entre os seus obreiros, entre ela e a sociedade, entre o Brasil e o mundo. Cumpriu a sua missão, procurando constantemente criar uma atmosfera de civilidade, de concerto da polifonia, de atração, encontro, diálogo, entrelaçamento, inclusão, troca, colaboração, síntese e genuína integração de diferentes modos de olhar e entender a nossa área. Isto deve ser enaltecido numa conjuntura feita de muros, fraturas e crispações, carecida de perceber as diferenças como traços de identidade e união. Manuel Gomes Tubino praticou convicta e religiosamente o ofício da conciliação. Conhecia bem as ilhas e entregou-se à tarefa de configurar com elas o arquipélago da ‘simpatia’. Incitou-nos a ser universais, juntos e não separados, a compartilhar a paixão pela vida, a exercitar a abertura, a compreensão, a ‘benevolência’ (bem-querer) e a solidariedade autênticas. Quem lê os seus ensaios e obras verifica que ele conjuga autores de matrizes e conceitos aparentemente antagónicos, mas no fundo complementares uns dos outros. Sem essa conjugação, o olhar será vesgo e a visão deficiente. Eis uma lição que ele nos deu de graça, e precisamos de aprender e cultivar, para não ficarmos prisioneiros da cegueira, do fanatismo e irracionalidade que tanto tolhem os nossos atos e passos nesta era de trevas brancas, de adoração de deuses tribais, de escuridão e regressão civilizacional. O ‘pontífice’ Manoel Tubino serviu-se da sua conduta para nos lembrar a obrigação da transcendência, de vestir e sublimar a nudez e a baixeza dos instintos primários, de criar asas, para podermos voar e levitar, ganhar altura, sobrepujar a desídia que puxa para o chão raso da dignidade mínima. Ademais, concitou-nos para cantar o fascínio do corpo: os seus anseios, o amor que nele habita, a chama prometeica que nele arde, a razão que nele labuta contra as traições que o consomem. Mostrounos o corpo olímpico, iluminado por um esplendor que maravilha e atrai para a admiração do céu estrelado, inatingível, mas percetível aos olhos e tangível às mãos e aos pés. Revelou a filosofia que jorra do esforço e suor dos seus braços e pernas, e lhe enche de fulgor a alma e o peito, e de utopias a boca. Enfim, ele espicaçou-nos a perspetivarmos a Educação Física e o Desporto como um estaleiro onde se constroem vias para o absoluto, o impossível e o infinito, como um altar onde se reza ao Divino, ao Superior, ao Humano. Pediu-nos para nunca darmos por concluída essa oração, o aprimoramento dessa imperfeição. Ilustríssimas Autoridades, Caríssimos Amigos:

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Professor Catedrático Jubilado da Universidade do Porto.


À figura, que hoje homenageamos, aplica-se, por inteiro, o vaticínio de Johann Wolfgang Goethe (1749-1832): "Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força da sua alma, todo o universo conspira a seu favor". A Manoel Tubino foi confiado um testemunho, e ele levou-o inteiro até à meta, em concordância com a prescrição de Agostinho da Silva (1906-1994): "A única salvação do que é diferente é ser diferente até ao fim, com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade; tomar as atitudes que ninguém toma e usar os meios que ninguém usa; não ceder a pressões, nem aos afagos, nem às ternuras, nem aos rancores; ser ele; não quebrar as leis eternas, as não-escritas, ante a lei passageira ou os caprichos do momento; no fim de todas as batalhas - batalhas para os outros, não para ele, que as percebe - há-de provocar o respeito e dominar as lembranças; teve a coragem de ser cão entre as ovelhas; nunca baliu; e elas um dia hão-de reconhecer que foi ele o mais forte e as soube em qualquer tempo defender dos ataques dos lobos."22 Parafraseando Luís de Camões, o nosso patrono pertence ao escol dos que, por obras valorosas, se libertam da lei da morte e ascendem ao Olimpo. Junta-se aos ‘imortais’ que lá moram; por terem nome, merecem sentar-se na mesa de Zeus. Como disse Jean-Paul Sartre (1905-1980), “a todo o senhor, toda a honra”. Manuel Gomes Tubino é um desses Senhores. Cumpre-nos, portanto, cuidar do seu legado. A melhor homenagem que lhe podemos prestar é persistir em cumprir a nossa sina e condição de Sísifo: recomeçar do zero, tentar de novo, falhar de novo, falhar melhor. Uma e outra vez, sempre! Cansados, exaustos e mesmo descrentes temos que continuar e prosseguir a viagem. Alumiados pela luz do espírito, jamais conheceremos o naufrágio, por mais incertos que sejam os mares. Ao nosso muito querido e saudoso Prof. Dr. Manuel Gomes Tubino assentam como luva as últimas palavras que pronuncio nesta sessão. Tomo-as emprestadas do Padre Manuel Antunes (1918-1985), insigne pensador lusitano: “Aquele que muito viu porque muito pensou, aquele que muito sentiu porque muito sofreu, uma vez a sua experiência expressa de forma adequada, com talento ou génio, passa virtualmente a ocupar todo o horizonte do tempo. A obsolescência é incapaz de o atingir na raiz. Menos ainda a morte…”23

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Agostinho da Silva, DIÁRIO DE ALCESTES (1945), TEXTOS E ENSAIOS FILOSÓFICOS I, p. 218. Lisboa: Âncora Editora, 1999.

José Eduardo Franco e Luís Machado de Abreu (autores e coordenadores), Padre Manuel Antunes, SJ, OBRA COMPLETA Tomo VII Biografia Ilustrada. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.


POETANDO CÍVICA E DESPORTIVAMENTE… Nesta conjuntura de confusão e desilusão, em que tanto nos faltam a clarividência e o fulgor do sonho e da imaginação. Nesta era de trevas brancas, em que a tentação de parar e desistir deve ser um aguilhão para ressuscitar e prosseguir. E em que a incerteza só autoriza a renúncia à fraqueza. Nesta hora de amargura, onde quem nos atraiçoa e intenta derrubar acorda e renova a nossa determinação para recomeçar. E urge soltar o NÃO como brado da indignação. Nestes dias de balanço, onde o tempo passado é património acumulado. Nesta antecâmara de guerra e morte geral, onde ninguém se salva, se o sorriso e a sorte não forem partilha universal. Oh, desporto eu te saúdo e quero imensamente bem, porque nos revelas tudo – mau e bom – o que a gente é e não é, tem e não tem! És o Ser cantante contra o tédio asfixiante. TENTATIVA DE AGRADECIMENTO Aos Presidentes da ABEF-Academia Brasileira de Educação Física e da FIEP (Prof. Dr. Almir Gruhn), do CONFEF-Conselho Federal de Educação Física (Prof. Jorge Steinhilber), do CREF6 de Minas Gerais (Prof. Dr. Claudio Boschi) e da Comissão de Educação Física Escolar do CONFEF (Prof. Dr. Ricardo Catunda de Oliveira) Tenho estado à espera de que baixe um pouco a fervura da emoção, para vos escrever, agradecer e exaltar. E para expressar condignamente a dívida de gratidão que tenho para convosco. Mas os dias passam e a emoção não baixa, nem arrefece. Venho, pois, com o turbilhão de sentimentos e com a alma e o coração nas mãos e nas palavras, dizer-vos o quanto estou profundamente grato à vossa bondade e generosidade. Vocês não imaginam o bem que me têm feito! Nesta ida ao congresso da FIEP e do sistema CONFEF, excedestes todas as metas. O meu ser usufruiu de uma enchente de honrarias e iguarias que a vossa inigualável amizade me concedeu. O que posso eu dizer de tamanha grandeza e solidariedade humanas? Que vós criastes um cenário de milagre, que tomou conta de mim, me inebriou e deu asas para subir nos céus do máximo contentamento e do júbilo radioso. Dizer que estou profundamente reconhecido é pouco. Dizer que vos admiro e tenho em alta conta é insuficiente. Dizer que estou inteiramente ao vosso lado não é bastante. Aceitem-me, portanto, assim como sou: uma ovelha tresmalhada do rebanho, que se sente bem no meio de vós. Eu vos saúdo e bendigo para todo o sempre. Hoje chove aqui. São as saudades que, no coração e nos olhos, trouxe daí. Todavia, o vosso nome é solarengo, faz sol, em todo o tempo, dentro de mim. Recebam o meu abraço comovido e fraterno. Até ao fim da minha caminhada! 19.01.2019 MURO DE LAMENTAÇÕES Eu pecador me confesso! Não me faltam condutas e situações para lamentar. Mas hoje o olhar descentra-se de mim e vai para licenciados, mestres e doutores em Desporto e Educação Física e noutras áreas. Encontro-os no Facebook, debitando comentários acerca de resultados desportivos, que parecem vómitos estomacais e arrotos intestinais. A paixão é a mola da vida; e igualmente do desporto. Todavia, precisa de ser sublimada pela razão. É para isso que serve a formação. Esta impõe a justa medida da contenção e inibição, por mais quente que seja a febre da excitação e aguda a dor da frustração. Entristece-me ver que, muitas vezes, colegas


e antigos estudantes olvidam a obrigação e não se mostram à altura da função. A cor clubista encurrala-os na escuridão. Estudaram para quê? Merecem a pedrada de ter sido em vão. O MELHOR EXERCÍCIO Certamente gostas de te sentir em forma e de exibir uma bela figura. Então, exercita-te! Qual o melhor exercício? - perguntas tu. Depende da finalidade. É para diminuir e eliminar, dos olhos, da alma e do coração, a obesidade e o pesado colesterol dos preconceitos, do fanatismo, do ódio, da indiferença face à dor alheia? Nesse caso recomenda-se o exercício da cidadania. Sabes qual é? O do desassossego, do anticonformismo, da dúvida e inquietude, de atribuir, exigir e assumir responsabilidades. E lê também um pouco; não faz mal algum, ao invés, só faz bem, porquanto ajuda a colocar perguntas éticas e morais à tua conduta e consciência. Vai por mim, este exercício produz efeitos ótimos! DA MINHA ORIGEM E IDENTIDADE Adão e Eva foram criados no paraíso e expulsos dele. Assim diz a Bíblia, e acrescenta que descendemos de ambos. Dava jeito acreditar nesta ficção, porque reduzia, com toque de magia, a busca da verdade a um conto de fadas. A crença é doce, mas tem a perna curta e não passa disso mesmo. No meu código genético não há sinais da origem paradisíaca; a maior parte deles aponta noutra direção. Donde provenho então? Somos feitos uns dos outros, mesmo que nos vejamos como ameaça e suscitemos medo e até raiva. Sem os outros, não teríamos para onde crescer. Logo, são eles que definem a minha forma e identidade. Limito-me a dar-lhes ou tirar-lhes razão, o que não é pouca coisa. EDUCAÇÃO E DEFORMAÇÃO O que não nos falta são deformidades corporais e mentais, físicas e espirituais, gestuais e verbais, comportamentais e morais. Atrapalham-nos o andar e impedem-nos o voar. A educação, sendo boa, ajuda a amenizar as nossas limitações. Mas, sendo má, em vez de formar deforma, condiciona e apouca as possibilidades de locomoção e deslocação do afim e familiar para o Outro, do perto para o distante, do desconhecimento para o entendimento, da ignorância para o saber. Torna a cabeça coxa, e fecha-lhe as janelas para a vida e o mundo, evitando que seja iluminada pela claridade. A má educação levanta uma cercadura, feita de altos e espessos muros de cimento. Lá dentro moram pássaros com asas cortadas, palavras e atitudes em estado de definhação silenciosa. PRO OU POR VOCAÇÃO Dizes-te ‘professor’! És um figurão, gostas de exibir o cartão, mas não de assumir todos os ofícios da função. Contentas-te com o pouco, que é irmão gémeo do nada. Ouve lá, cara de pasmado, não fiques com esse ar cansado, que mais parece de dissimulado! Para a frente são os caminhos da ousadia. Para trás os recuos da cobardia. Cumpre-nos ser criadores de olhos, para nós e para os outros, sim, de olhos de ver e perceber o mundo e a vida! Para não cair na alienação, que leva a dar a um pedregulho o nome de pão. É isto o essencial da nossa missão. Não te agrada? Torna-te burocrata e dedica-te à mamata! EDUCAÇÃO MORIBUNDA A mais longa e simbólica viagem da Humanidade é a de Ulisses a caminho de Ítaca. O herói enfrenta perigos, dúvidas e agruras, resiste a ciladas e tentações, tem dificuldade em encontrar o rumo,


familiariza-se com o desconhecido, recebe auxílio e hospitalidade do estrangeiro, segue o seu caminho e atinge o destino sonhado e venturoso. Odisseu é o modelo do Homem de saber experimentado e ampliado, que, no final da sua errância, tem muito para contar e encantar. Creio que a educação, assente no livro, na copresença e no contacto de pessoas tão distintas, professores e alunos, se inspira na ficção de Homero e numa viagem de exigência semelhante à de Ulisses, visando chegar a um final idêntico. E creio também que o abuso de tecnologias audiovisuais está a matar lentamente o processo e o resultado dessa educação. Pouco a pouco, vai despontando uma criatura conforme aos criadores. As máquinas são desidratadas de sensibilidade, é-lhes indiferente a Humanidade. Parece-te bem isto?! DO IMAGINÁRIO BRASILEIRO Tal como prometido, Pedro Álvares Cabral, venho fazer-te novo relato sobre o papel da nação brasileira na edificação de um mundo melhor. Pouco a pouco, adquiriu contornos o mito do brasileiro como ‘ser cordial’, afável e gentil, transbordante de convivialidade, generosidade, hospitalidade, fantasia, humor, leveza, ludismo, música e poesia. Podia assim contagiar os outros povos. O imaginário ganhou asas e colheu veneração universal. Mas ele vem sendo destruído pela violência das atitudes, e também a das palavras. É uma dor de alma ver o espaço público ocupado pela linguagem do ódio, da ofensa, do palavrão. Pede ao Pêro Vaz de Caminha que escreva uma nova carta, cheia de prescrições. Numa delas deve constar que, em vez de desfazer o imaginário e o mito, é melhor tentar viver à altura do seu conteúdo. Para um Brasil de todos, acima de tudo!


NOTAS

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL; IHGM, 2013. Em CD. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins de. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense: uma biografia (autorizada). São Luís: EPP, 2014. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins de; VAZ, Delzuite Dantas Brito. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) – e a educação física maranhense – uma biografia autorizada. In LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES – revista digital, Buenos Aires, ano 8, n. 48, maio de 2002. Disponível em www.efdeportes.com iii VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ADLER, Dilercy Aragão (Organizadores). SOBRE GONÇALVES DIAS. São Luis: EDUFMA; IHGM, 2013 ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Organizadores). MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS. São Luis: EDUFMA; IHGM, 2013 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ADLER, Dilercy Aragão (Organizadores). SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS. São Luis: ALL, 2015 (no prelo) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS. Sorocaba, JORNAL DO CAPOEIRA, 2003-6, disponível em VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PERFIS ACADÊMICOS: FUNDADORES (Academia Ludovicense de Letras). São Luís: ALL, 2014. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REINALDO, Telma Bonifácio dos Santos. PERFIS ACADEMICOS: OCUPANTES DE CADEIRAS (IHGM). São Luís: IHGM, 2013, edição eletrônica, disponível em VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REINALDO, Telma Bonifácio dos Santos. PERFIS ACADEMICOS: FUNDADORES E OCUPANTES (IHGM). São Luís: IHGM, 2013, edição eletrônica, disponível em VAZ Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. O "sporteman" Aluísio Azevedo. LECTURAS: EDUCACION FISICA y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 25, setembro de 2000, disponível em < www.efdeportes.com > iv FUKELMAN, Clarisse (Organizadora). EU ASSINO EMBAIXO: BIOGRAFIA, MEMÓRIA E CULTURA. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2015. v ROCHA JUNIOR, Coriolano P. O esporte em Salvador: a realidade da pesquisa. In História(s) do Sport. https://historiadoesporte.wordpress.com/2015/03/02/o-esporte-em-salvador-a-realidade-da-pesquisa/ , publicado em 02 de março de 2015, acessado em 02 de março de 2015. vi FONTES, Rafael. Apontamentos metodológicos: biografias de atletas como fontes. In BLOG História(s) do Sport - Sport: Laboratório de História do Esporte e do Lazer, UFRJ, POSTADO EM Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2015. Disponível em https://historiadoesporte.wordpress.com/2015/02/23/apontamentos-metodologicos-biografias-de-atletas-comofontes /, acessado em 23 de fevereiro de 2015. Para saber mais sobre metodologia e história do esporte: MELO, Victor Andrade de. Esporte, lazer e artes plásticas: diálogos. Rio de Janeiro: Apicuri/Faperj, 2009. MELO, Victor Andrade de; DRUMOND, Mauricio; FORTES, Rafael; SANTOS, João M. C. M. Pesquisa histórica e história do esporte. Rio de Janeiro: 7Letras/Faperj, 2013 MELLO, Victor Andrade de. História Oral e História da Educação Física no Brasil - uma possibilidade necessária. In ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, II, Ponta Grossa, 1994. COLETÂNEAS ..., p. 271-284; MELLO, Victor Andrade de. Alberto Latorre de Faria: a biografia como possibilidade de pesquisa para a história e do esporte no Brasil. CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, VI, Rio de Janeiro, 1998. COLETÂNEAS..., p. 541-547 MELLO, Victor Andrade de; e FARIA JÚNIOR, Alfredo Gomes de. ALBERTO LATORRE DE FARIA, HISTÓRIA ORAL E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA. In ENCONTRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE, I, Campinas, 1994. COLETÂNEAS... Campinas: FEF/UNICAMP, 1994, p. 180-185 VAZ, Delzuite Dantas Brito. PARAIBANO NA MEMÓRIA ORAL - da chegada de Antônio Paraibano à região do Brejo Município de Pastos Bons - à fundação da cidade de Paraibano-Ma. São Luís: UFMA, 1990. (Monografia de graduação em História). (Mimeog.). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Os esportes, o lazer e a educação física como objeto de estudo da História. In LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES, Buenos Aires, Revista Digital, VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ASPECTOS HISTÓRICOS DO ESPORTE E DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO; REVISTA IHGM, No. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 124, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38__setembro_2011 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Produção do Conhecimento em Educação Física e Desportos no Nordeste Brasileiro. In REVISTA MOVIMENTO HUMANO & SOCIEDADE, São Luís, v. 2, n. 5... ANAIS DA III JORNADA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFMA, São Luís, 05 a 08 de dezembro de 1995. São Luís: NEPAS, 1995, p. 14-21 vii GÓIS JUNIOR, Edivaldo; LOVISOLO, Hugo Rodolfo; NISTA-PICCOLO, Vilma Lení. PROCESSO CIVILIZADOR: APONTAMENTOS METODOLÓGICOS NA HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA. In Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 35, n. 3, p. 773-783, jul./set. 2013, p. 773-783. ii


viii Segundo GÓIS JUNIOR, Edivaldo; LOVISOLO, Hugo Rodolfo; NISTA-PICCOLO, Vilma Lení (2013), “Os estudos de Elias ganharam maior repercussão na área de Educação Física por influência de artigos que tematizaram o Esporte à luz do modelo eliasiano, sobretudo na Inglaterra. Por exemplo: Eric Dunning (DUNNING; MENNEL, 1998; DUNNING; SHEARD, 1979; DUNNING; MURPHY; WILLIAMS, 1988; DUNNING, 1999; MURPHY; WILLIAMS; DUNNING, 1990), em diversos estudos, Sport Matters: Sociological Studies of Sport, Violence and Civilisation; The roots of football hooliganism; Barbarians, gentlemen and players: a sociological study of the development of rugby football, Football on Trial: Spectator Violence and Development in the Football World, sustentam a tese de que o Esporte, tanto na efetiva prática, como em sua espetacularização através dos veículos de comunicação de massa, formação de torcidas, e consequentes explosões de violência, é explicado a partir da formação do estado e monopólio da violência, e concomitantemente, com a formação de personalidades humanas e mecanismos de autocontrole”. Ver ainda: ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994a. ELIAS, N. O processo civilizador: formação do estado e civilização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994b. DUNNING, E.; MENNEL, S. Elias on germany, Nazism and the Holocaust: on the balance between `civilizing’ and ‘decivilizing’ trends in the social development in Western Europe. British Journal of Sociology, London, v. 49, n. 3, p. 339-358, sept. 1998. DUNNING, E.; SHEARD, K. Barbarians, gentlemen and players: a sociological study of the development of rugby football. Oxford: Martin Robertson, 1979. DUNNING, E.; MURPHY, P.; WILLIAMS, J. The roots of football hooliganism. London: Routledge, 1988. ix DUNNING, E. Sport matters: sociological studies of sport, violence and civilization. London: Taylor & Francis, 1999. ELIAS, N.; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992. GEBARA, A. Norbert Elias e a teoria do processo civilizador: contribuição para a análise e a pesquisa no campo do lazer. In: BRUHNS, H. T. (Org.). Temas sobre o lazer. Campinas: Autores Associados, 2000. p. 33-46 LANDINI, T. S. A Sociologia de Norbert Elias. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, São Paulo, n. 61, p. 91-108, 2006. x A História Oral tem sido utilizada desde o século XIX como uma técnica para se escrever História. A motivação maior na recuperação das técnicas orais parte de historiadores que percebem a necessidade de uma nova interpretação da História perante a sociedade (MELLO e FARIA JÚNIOR, 1994). xi CORRÊA, Carlos Humberto P. HISTÓRIA ORAL - Teoria e prática. Florianópolis : UFSC, 1978 xii ALBERTI, Verena. HISTÓRIA ORAL - a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: FGV/CPDOC, 1990. xiii "... o Programa de História Oral, indissociável da pesquisa documental e arquivística, apostou na estruturalidade da História e na dimensão social dos eventos, da vida e do desempenho de seus protagonistas, tanto quanto no caráter voluntarista e transformador da ação política em sua busca de mudar e atualizar as estruturas ..." (CAMARGO, citado por ALBERTI, 1990, p VIII). xiv ASSUNÇÃO, Mathias Rohrig. A GUERRA DOS BEM-TE-VIS: a Balaiada na memória oral. São Luís : SIOGE, 1988 xv SILVA, M. Alice Setúbal: GARCIA, M. Alice Lima: FERRARI, Sônia C. Miguel. MEMÓRIAS E BRINCADEIRAS NA CIDADE DE SÃO PAULO NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX. São Paulo: Cortez, 1980. xvi Utilizou-se de entrevistas para a construção da biografia do Prof. Dimas. In VAZ, ARAÚJO, 2013, obra citada. xvii CARDOSO, Ciro Flamarion. UMA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA. 7 ed. São Paulo : Brasiliense, 1988 xviii RAMOS, José de Oliveira; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CLÁUDIO VAZ DOS SANTOS – O ALEMÃO. In JORNAL PEQUENO, 28 de fevereiro de 2010, Caderno de Esportes. xix Dom Francisco de Paula e Silva, 23º arcebispo do Maranhão, solicitou ao então Superior Provincial dos Irmãos Maristas, Irmão Damien, a colaboração dos mesmos em solo ludovicense. Vindos de Salvador na Bahia, os Irmãos Marie Amèdéus e Loius Antoine chegaram a São Luís no dia 20 de março. Uniram-se a eles, posteriormente, os Irmãos Réginald, Victor Noel e Sydine O Colégio foi inaugurado no dia 2 de abril de 1908, dia da festa de São Francisco de Paula, cujo nome recebeu, por solicitação do Arcebispo. O prédio do Colégio localizava-se num dos pontos centrais da cidade, tendo na frente a Praça Benedito Leite, dando os fundos para a baia de São Marcos. Inicialmente o Colégio “São Francisco de Paula” funcionou atendendo o Curso Primário e o Curso Secundário ou de seriação ginasial, e desde 1910, este já contava com o regime internato, semi-internato e externato. O Colégio também oferecia o Curso Comercial, no turno noturno, e, tendo em vista o caráter dual da educação na época, deduzimos que sua clientela era oriunda da população carente da Capital. Para as atividades esportivas e recreativas, os alunos dispunham do ginásio, quadra, pátio e campo de futebol. Aos alunos maiores de dezesseis anos era dada a instrução militar, de conformidade com o decreto de julho de 1908. Além dos exercícios de tiro ao alvo, os alunos faziam ginástica com aparelhos e a ginástica sueca. Os educandos organizaram times, como o São Luíz Foot-ball Club, o Azul , o Branco, o Belga e o Francês. O fato é que no ano de 1920 os Irmãos Maristas retiram-se de São Luís do Maranhão, somente retornando em 1937, quando inauguraram o Ginásio Maranhense, hoje Colégio Marista Maranhense, a convite do então Arcebispo, Dom Carlos de Carmello Motta. in NUNES, Iran de Maria Leitão. OS IRMÃOS MARISTAS NA EDUCAÇÃO DO MARANHÃO (1908-1920). Disponível em http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/Tema4/0419.pdf ; acessado em 14 de fevereiro de 2014. xx ZULEIDE FERNANDES BOGÉA (1897-1984), egressa da Escola Normal do Maranhão, criada em 1890; se diplomou em 1913. In MOTTA, Diomar das Graças. Mulheres professoras maranhenses: memória de um silêncio. EDUCAÇÃO & L INGUAGEM, ano 11, n. 18, JUL.-DEZ. 2008, p. 123-135.


xxi

HERBERTH FONTENELLE, radialista esportivo, trazido do Piauí (onde nasceu) para o Maranhão ainda na década de 50 por Mauro Beserra. Desde os 17 anos de idade, três Copas do Mundo no currículo, há 55 anos empresta sua experiência ao jornalismo e à crônica esportiva do Maranhão. xxii REVISTA JOGOS DOS AMIGOS 2002 – XII JOGOS – ANO IV – 14/12/2002 xxiii EURÍPEDES BERNARDINO BEZERRA - nasceu em 17 de dezembro de 1915, na cidade de Curador (hoje, Presidente Dutra); filho de Ludgero Alves Bezerra (cearense) e de Maria Bernardina de Oliveira (maranhense). Maria Bernardina era irmã do legendário Manoel Bernardino, o Lenine do Sertão. Ingressou na Polícia Militar, como soldado, em 1936; º promovido a 3 Sargento, por ter feito curso de enfermeiro; em 1941, foi para o Rio de Janeiro cursar Educação Física, na Escola do Exército, a mando do Interventor Paulo, Ramos; na volta, passa a ser o responsável pela educação física na Polícia e torna-se professor do Marista e São Luís. Em 1967, é reformado no posto de Coronel PM, após passar pelo Gabinete Militar do Governo Sarney - José Sarney fora seu antigo aluno de educação física, nos Maristas. Foi Deputado Estadual, Prefeito de Imperatriz, Vereador por São Luís; Delegado de Polícia em 105 municípios maranhenses. Por 65 anos prestou serviço público; 55 anos de casamento; 35 de Lions Clube; 40 anos de PTB. In Entrevista dada ao Autor dia 21/02/2001, na residência do Coronel Eurípides Bezerra, à Travessa Parque Atenas, n° 25. Para saber mais: BUZAR, Benedito. Eurípedes Bezerra: o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 6 de agosto de 1995, Domingo, p. 26. Caderno Alternativo; BUZAR, Benedito. EURÍPEDES, UMA VIDA, UMA HISTÓRIA (O HOMEM QUE DERROTOU AS FORÇAS DO "GENERAL" BASTINHOS). (s.l.; s.e.; s.d.). (edição mimeografada); BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICINISTAS. São: Luís: Lithograf, 2001, p. 175-184). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense – uma biografia (autorizada). São Luís: EPP, 2014. xxiv

JOSÉ SARNEY, como é conhecido José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, nascido em Pinheiro - Ma, a 24 de abril de 1930, filho de Sarney de Araújo Costa e Kiola Ferreira de Araújo Costa. Iniciou seus estudos no Colégio Mota Júnior, na cidade de São Bento e no colégio do Professor Juca Rego, na cidade de Santo Antônio de Balsas - o pai, promotor público, era constantemente transferido de cidade. Aos 12 anos, veio para São Luís, ingressando no Liceu Maranhense, junto com o irmão Evandro. Com 14 anos, candidata-se a presidente do Grêmio Liceísta, seu primeiro teste nas urnas; após acirrada disputa, elege-se e passa a editar o jornal O Liceu, iniciando-se na carreira jornalística. Em 1945, quando se preparava para a reeleição, acontece a redemocratização do País, engajando-se, como líder estudantil, na campanha, sendo preso várias vezes, a mando do então interventor Paulo Ramos. Enquanto se preparava para ingressar na Faculdade de Direito de São Luís, participa de um concurso de reportagem, promovido pelo jornal O Imparcial, classificando-se em primeiro lugar, e consegue seu primeiro emprego, como repórter. Aos 20 anos, ingressa na Faculdade de Direito, já com fama de intelectual, pertencente àquele grupo formado por Ferreira Gullar, Lago Burnett, Luiz Carlos Bello Parga, Carlos Madeira, o irmão Evandro, Nascimento Morais Filho, Antônio Luis Oliveira, Floriano Teixeira, Pedro Paiva Filho, Cadmo Silva, Reginaldo Telles e Bandeira Tribuzi, grupo de poetas e pintores, que ficaram conhecidos como a "Geração de 45". Antes de colar grau, em 1954, publica seu primeiro livro, de poesias "A canção inicial", e alguns ensaios sociológicos. Ainda nesse ano de 1954, lança-se candidato a deputado federal, pelo PSD, iniciando-se na carreira política que o levou ao governo do Estado e à Presidência da República, após exercer vários mandatos de deputado federal e senador da república.] Escritor e político maranhense, exercendo mandatos de: Presidente da república; Governador do Maranhão;-Senador pelo Maranhão e Amapá; Deputado Federal; Deputado Estadual. Por cerca de 60 anos dominou a política maranhense, constituindo o que se denomina ‘Oligarquia Sarney’. BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICIONISTAS, São Luís : Lithograf, 2001, p. 281-302.

xxv

DEJARD RAMOS MARTINS nasceu em 14 de julho de 1923, na cidade de Manaus; filho de Joaquim de Souza Martins e de Analide Ramos Martins (esta, maranhense). Em 1935, a família está de volta ao Maranhão, estabelecendo-se na cidade de Tutóia; o jovem Dejard já estava ligado ao esporte, por influência do pai. Em 1940, foi diretor de futebol do Sampaio Corrêa; em 1944, devido aos seus conhecimentos sobre esportes, inicia a carreira como locutor esportivo, na rádio Timbira, de onde foi diretor; fundador da Associação dos Cronistas Esportivos e Locutores do Maranhão - ACLEM -. No período de 1951 a 1960, promoveu as eliminatórias da Fez o exame de admissão para o 4º primário. Corrida Internacional de São Silvestre, como correspondente do jornal "A Gazeta Esportiva". Foi prefeito de São Luís. É autor xxv de "Esporte - um mergulho no tempo" . [De acordo com BUZAR (2000), o jornalista Dejard Martins foi nomeado pelo governador Newton Bello para o lugar de Costa Rodrigues; Dejard que exercia o cargo de secretário municipal da Administração. Quando assumiu o cargo, a 2 de julho de 1965, supunha-se encerrado o ciclo dos prefeitos nomeados pelos governadores, o que vinha acontecendo desde 1922. Permaneceu no cargo até 16 de outubro do mesmo ano, quando assumiu Epitácio Cafeteira, eleito em pleito direto conforme emenda constitucional de sua própria autoria.] BIGUÁ, Tânia, BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você? O eterno Dejard Martins. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, Segunda-feira, 2 de fevereiro de 1998, p. 3, Caderno de Esportes; MORRE O JORNALISTA DEJARD MARTINS. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 8 de novembro de 2000, Quarta-feira, p. 2. Caderno Cidade. BUZAR, Benedito. Os prefeitos de São Luís no século XX. O ESTADO DO MARANHÃO, 1º de outubro de 2000, p. 12. Caderno Especial.


VAZ, 2013, obra citada; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense – uma biografia (autorizada). São Luís: EPP, 2014. xxvi

MAURO DE ALENCAR FECURY - Nascido no Acre e criado em São Luís, é engenheiro civil; pertence à geração de 53. exerceu a presidência da Novacap, em Brasília; 1979 a 1980 - assumiu a Prefeitura de São Luís a 23 de março por nomeação do governador João Castelo e aprovado pela Assembleia Legislativa. Renunciou em 25 de março de 1980. Foi em sua administração que ocorreu a greve estudantil pela meia-pasagem, em setembro de 1979, que transformou a vida de São Luís em um pandemônio. 1983 - Em 22 de março, assumiu pela segunda vez o cargo de prefeito, agora nomeado pelo governador Luiz Rocha; era deputado estadual; foi em sua segunda administração que inaugurou as "maurotonas", visitas aos diversos bairros nos fins de semana, acompanhado de todo o secretariado, para fiscalizar as obras que realizava. Deputado Estadual, Deputado Federal por várias legislaturas, dedica-se ao ensino, como presidente do UniCEUMA. Realiza, anualmente, os Jogos dos Amigos, em que reúne aquela "geração de 53". Fonte: º BUZAR, Benedito. Prefeitos de São Luís no século XX. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 1 de outubro de 2000, p. 15. Caderno Especial.

xxvii

JOÃO CASTELO RIBEIRO GONÇALVES – foi Governador do Estado, Prefeito de São Luis, Deputado Federal; criou a Secretaria de Desportos e Lazer – SEDEL – em 1979, e construiu o Complexo Social e Esportivo do Outeiro da Cruz.

xxviii

JOSÉ DE RIBAMAR FIQUENE – Juiz de Direito, foi Governador do Maranhão.

xxix

“ONZE MARANHENSE” – fundado por Gentil Silva, em 1910; além do futebol, desenvolveu outras atividades esportivas: tênis, crocket, basquetebol, bilhar, boliche, ping-pong (tênis de Mesa) e o xadrez. Segundo Dejard Martins, a efetiva existência do "Onze Maranhense Foot-ball Club" serviu para despertar o nosso futebol, porque firmar-se-ia a rivalidade entre os dois clubes [Fabril Athletic Club, FAC]. Gentil Braga não concordava com a elitização dos clubes e sai do FAC, junto com um grupo de outros onze dissidentes, que comungavam do mesmo pensamento: "foi, sem qualquer sombra de dúvida, Gentil Silva o responsável pela popularização do futebol em terra maranhense, no momento que, deixando as hostes do FAC, achou oportuno desenvolver a prática do apreciado esporte aos olhos do povo, num campo que, de princípio não possuía cercas". (MARTINS, 1989, p. 332). Novas dissidências entre o FAC e o próprio Maranhense viriam mais tarde formar o "ESPORTE CLUBE LUSO-BRASILEIRO. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do "foot-ball" em Maranhão. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em www.efdeportes.com; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, O nascimento de uma paixão. O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 29 de outubro de 2000, p. 7. Esporte. Dejard MARTINS (1989) em seu "Esporte - um mergulho no tempo" registra que o nascimento das atividades esportivas em Maranhão se dá pelas mãos de JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS - Nhozinho Santos - e do clube esportivo e social fundado na Fábrica "Santa Izabel", o FABRIL ATHLETIC CLUB - FAC - para a prática do "foot-ball association". Também foram praticados o Tênis, o Cricket, o Crockt, o Tiro, e o Atletismo. Nhozinho Santos, ao regressar da Inglaterra em 1905 - onde fora estudar para técnico em indústria têxtil, na cidade de Liverpool -, tornarase um ardoroso praticante do "foot ball", e não se esquece de trazer em sua bagagem os apetrechos necessários à prática desse esporte: chuteiras, apitos, bolas, etc., como também para outras atividades esportivas, como o "croket", "crickt", tênis.]. MARTINS, Dejard. ESPORTE - UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: SIOGE, 1989.

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do "foot-ball" em Maranhão. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em www.efdeportes.com; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, O nascimento de uma paixão. O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 29 de outubro de 2000, p. 7. Esporte. VAZ, 2013, obra citada. xxx

Em 1932, é criado o GREMIO “8 DE MAIO”, por estudantes do Liceu Maranhense, liderados por Tarcísio Tupinambá Gomes. Como entidade representativa dos estudantes junto à direção do Liceu, foi um fracasso, por falta de interesse xxx da rapaziada, que só queria se divertir. Mas os outros fundadores, dentre eles Paulino Rodrigues De Carvalho Neto e Dílio Carvalho Lima resolveram levar o Grêmio para o esporte, com o intuito de jogar Voleibol, pois as opções de esportes para os jovens da época eram, além do futebol, o voleibol. O pessoal do “8 de Maio” também se envolvia com o Basquetebol. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do "foot-ball" em Maranhão. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em www.efdeportes.com; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, O nascimento de uma paixão. O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 29 de outubro de 2000, p. 7. Esporte.

xxxi RUBEM TEIXEIRA GOULART nasceu em Guimarães, no ano de 1920. Foi considerado um dos melhores jogadores de Basquetebol do Maranhão; praticava também o Voleibol, o Atletismo, o Pugilismo. Um dos pioneiros da Educação Física, ingressou na Escola Nacional de Educação Física no início dos anos '40, junto com José Rosa, Rinaldi Maia e Valdir Alves. Ao regressar ao Maranhão, foi contratado como professor da Escola Técnica Federal do Maranhão, hoje, CEFET-MA. Além de Educação Física, foi um dos pioneiros do ensino da natação, dando aulas no Clube Jaguarema, Grêmio Lítero-Recreativo Português, Casino Maranhense. Em 1935 - Veio para São Luís em 1935, iniciando sua carreira esportiva no Colégio de São Luiz, do professor Luís Rego. 1942 - ingressou na Escola Nacional de Educação Física, junto com José Rosa, Rinaldi Maia e Valdir Alves. Na Escola Nacional de Educação Física conquistou títulos retumbantes, participando de todos os esportes ali praticados, tendo o seu lugar efetivo nas equipes de volley-ball, basket-ball e atletismo. Foi campeão interno de volley nas competições efetuadas na ENEF; vice-campeão de


Halterofilismo, peso médio, além de ter participado das Olimpíadas Universitárias de 1942, nas representações de volley, basket, futebol e atletismo. Alcançou os seguintes lugares nas provas de Atletismo: 2º lugar nos 100 metros rasos, com a marca de 11,2s; 2º em salto em distância num espaço de 6,25 metros; 2º no salto em altura com 1,70 m (igualou também o record); obteve lugar em arremesso do peso com 12 metros; sagrando-se ainda campeão por equipe no revezamento 4 x 100 metros. 1943 - durante as Olimpíadas Universitárias e diversas competições atléticas no Rio, defendendo as cores do Fluminense, saindo-se vice-campeão do decatlo, com 5.007 pontos: 100 metros rasos

11,0s

827 pts.

Salto em distância

6,19m

620 pts.

Arremesso do peso

10,23m

463 pts.

Salto em altura

1,70m

661 pts.

400 metros rasos

54,1s

665 pts.

110 m. s/ barreiras

19,5s

422 pts.

Lançamento do disco

30,16 m

404 pts.

Salto com vara

2,70 m

397 pts.

Lançamento do dardo

29,25 m

278 pts.

1.500 metros rasos

5m29,0s

270 pts.

Total

5.007 pts

Em 1953, submeteu-se ao vestibular para o curso de Direito, participando do esporte universitário nas modalidades de Basquetebol, Voleibol e Atletismo, representando o Maranhão nos Jogos Universitários Brasileiros - JUB's. Foi professor do Colégio Batista Daniel de LaTouche; administrador do Ginásio Charles Moritz, do SESC; e diretor do Departamento de Educação Física do Município de São Luís.] BIGUÁ, Tânia. Onde anda você ? Rubem Goulart em memória. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 10 de novembro de 1997, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes. VAZ, ARAUJO, 2014, obra citada. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL; IHGM, 2013. xxxii

RONALD DA SILVA CARVALHO nasceu em 15 de dezembro de 1915. Advogado, educador, dirigiu a então Escola Técnica Federal do Maranhão (hoje, CEFET-MA), por mais de 20 anos, tendo trabalhado na mesma por mais de 44 anos. Um dos grandes nomes da`Educação Física e do Esporte maranhenses, foi um exímio jogador de Basquete esporte que praticava desde 1939, quando abandonou o futebol, por - em uma partida, no Liceu - chocar-se com seu amigo Dejard Martins e lhe quebrar um braço; alguns anos depois, ainda traumatizado, iniciou-se no Basquete; dirigente esportivo, sempre teve seu nome ligado ao Sampaio Corrêa Futebol Clube; fundou a Associação Atlética do curso de Direito (1951), base para a Federação Atlética Maranhense de Esportes - FAME -; foi membro do CRD e do TJD-FMF; em 1958, foi um dos fundadores da Federação Maranhense de Basquetebol.] . BIGUÁ, Tânia e BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você ? Professor Ronald Carvalho. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 24 de novembro de 1997, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes; VAZ, ARAUJO, 2014, obra citada.

xxxiii

RAUL SANTOS BOTELHO GUTERRES – Raul Guterres - nasceu em São Luís, em 31 de outubro de 1926, filho de Heitor Correa Guterres (1881-1956) e Julieta Botelho Guterres (1886-1980); sua família, de origem portuguesa, estabeleceuse em Alcântara; Raul é o caçula, e foi o único dos filho do casal que nasceu em São Luís. Em 1937 concluiu o curso primário no Grupo Escolar Barbosa de Godois; 1942 - iniciou-se no esporte com 15 anos de idade, jogando futebol, pelo Ateneu, sagrando-se campeão intercolegial, como goleiro; Além do futebol, jogava basquete, volei, futsal e praticava o atletismo. 1943 - ingressou no FAC e com a extinção deste, passou para o MAC (1943), quando foi campeão. Raul dedicou a vida ao MAC, inicialmente como atleta, chegando a presidência do clube; clube do coração da família Guterres, seus irmãos foram atletas e dirigentes do clube; deixou o clube na condição de goleiro titular,, ocasião em que fora convidado para atuar em diversos clubes, como o Ceará Sporting (Fortaleza), Clube do Remo (Pará), Juventus e Portuguesa dos Desportos, times da primeira divisão do futebol paulista. O estudo e o quartel não o deixavam penar em futebol para ganhar dinheiro. Paralelamente ao futebol, jogou Basquetebol no “8 de Maio”, time de Rubem Goulart, campeão nos anos de 47/48/49. Era o mesmo time que jogava voleibol. Como estava na casa de João Rosa para fundar o futsal, terminou sendo goleiro da bola pesada, saindo-se campeão pelo Santelmo, nos anos de 48/49/50 (sic). 1945/48 – convocado para o serviço militar, serviu no 24º. BC, ocasião em que fez o NPOR; durante a vida militar dedicou-se a defender as cores do time do 24º. BC, envolvendo-se também com a prática do vôlei e basquetebol; 1950/1955 - Aluno do Curso de Direito (formou-se em 1955), participou dos Jogos Universitários Brasileiros, pela FAME, dos anos de 1950 (Recife); 1952 (Belo Horizonte); e 1954 (São Paulo); além do futebol, basquete e voleibol, e atletismo, nos saltos em altura e distância, assim como no arremesso do dardo. 1966 – dirigiu as seleção de Pinheiro, no Torneio Intermunicipal, saindo-se campeão. In BRANDÃO, Frederico. UM MARANHENSE CHAMADO RAUL GUTERRES. São Luis: Belas Artes, 2005;


BIGUÁ, Tânia e BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você? Raul Guterres, atleta completo. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 20 de outubro de 1977, Segunda-feira, p. 4. Esportes. VAZ, ARAUJO, 2014, obra citada. xxxv

NUNES, Iran de Maria Leitão. OS IRMÃOS MARISTAS NA EDUCAÇÃO DO MARANHÃO (1908-1920). Disponível em http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/Tema4/0419.pdf ; acessado em 14 de fevereiro de 2014.

xxxvii

RONALD DA SILVA CARVALHO nasceu em 15 de dezembro de 1915. Advogado, educador, dirigiu a então Escola Técnica Federal do Maranhão (hoje, CEFET-MA), por mais de 20 anos, tendo trabalhado na mesma por mais de 44 anos. Um dos grandes nomes da Educação Física e do Esporte maranhenses, foi um exímio jogador de Basquete - esporte que praticava desde 1939, quando abandonou o futebol, por - em uma partida, no Liceu - chocar-se com seu amigo Dejard Martins e lhe quebrar um braço; alguns anos depois, ainda traumatizado, iniciou-se no Basquete; dirigente esportivo, sempre teve seu nome ligado ao Sampaio Corrêa Futebol Clube; fundou a Associação Atlética do curso de Direito (1951), base para a Federação Atlética Maranhense de Esportes - FAME -; foi membro do CRD e do TJD-FMF; em 1958, foi um dos fundadores da Federação Maranhense de Basquetebol.in BIGUÁ, Tânia e BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você? Professor Ronald Carvalho. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 24 de novembro de 1997, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes xxxviii

DEJARD RAMOS MARTINS nasceu em 14 de julho de 1923, na cidade de Manaus; filho de Joaquim de Souza Martins e de Analide Ramos Martins (esta, maranhense). Em 1935, a família está de volta ao Maranhão, estabelecendose na cidade de Tutóia; o jovem Dejard já estava ligado ao esporte, por influência do pai. Em 1940, foi diretor de futebol do Sampaio Corrêa; em 1944, devido aos seus conhecimentos sobre esportes, inicia a carreira como locutor esportivo, na rádio Timbira, de onde foi diretor; fundador da Associação dos Cronistas Esportivos e Locutores do Maranhão ACLEM -. No período de 1951 a 1960, promoveu as eliminatórias da Corrida Internacional de São Silvestre, como correspondente do jornal "A Gazeta Esportiva". Foi prefeito de São Luís. É autor de "Esporte - um mergulho no tempo". De acordo com BUZAR (2000), o jornalista Dejard Martins foi nomeado pelo governador Newton Bello para o lugar de Costa Rodrigues; Dejard que exercia o cargo de secretário municipal da Administração. Quando assumiu o cargo, a 2 de julho de 1965, supunha-se encerrado o ciclo dos prefeitos nomeados pelos governadores, o que vinha acontecendo desde 1922. Permaneceu no cargo até 16 de outubro do mesmo ano, quando assumiu Epitácio Cafeteira, eleito em pleito direto conforme emenda constitucional de sua própria autoria. BUZAR, Benedito. Os prefeitos de São Luís no º século XX. O ESTADO DO MARANHÃO, 1 de outubro de 2000, p. 12. Caderno Especial; in BIGUÁ, Tânia, BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você ? O eterno Dejard Martins. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, Segunda-feira, 2 de fevereiro de 1998, p. 3, Caderno de Esportes; MORRE O JORNALISTA DEJARD MARTINS. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 8 de novembro de 2000, Quarta-feira, p. 2. Caderno Cidade. xxxix

MARY SANTOS - professora de Educação Física, graduada pela Escola Nacional de Educação Física, hoje, EEF/UFRJ, da então Universidade do Brasil, hoje, UFRJ, no início da década de '40. Já falecida. Conforme consta em EDUCAÇÃO (CRÔNICAS), de sua autoria, "... Lecionou várias disciplinas, em diversos colégios do Estado. Foi Deputada Estadual. Diretora do Serviço de Educação Física, Recreação e Esportes do Estado, hoje SEDEL, durante o Governo José Sarney. Foi brilhante organizadora, durante 4 anos consecutivos, dos desfiles escolares e dos jogos Inter-colegias, atualmente, Jogos Estudantis Maranhenses, É jornalista filiada à ABI e ao Sindicato dos Jornalistas profissionais de São Luís, tendo º sido agraciada com diversas comendas estaduais e municipais. Representante do Maranhão, junto ao 6 Congresso Nacional de Educação...".] SANTOS, Mary. EDUCAÇÃO (CRÔNICAS). 2 ed. São Luís : Grafite, 1988. p. 8.

xl

RINALDI LASSALVIA LAULETA MAIA - professor de Educação Física, da Universidade Federal do Maranhão; graduado pela Escola Nacional de Educação Física, da turma de maranhenses mandada no início dos anos '40. Já falecido.

xli

CECÍLIA MOREIRA, professora de Educação Física, da Universidade Federal do Maranhão; foi coordenadora do Curso de Educação Física; e Chefe do Departamento de Educação Física; foi Secretária de desportos e Lazer; já falecida

xlii

RUBEM TEIXEIRA GOULART nasceu em Guimarães, no ano de 1920. Foi considerado um dos melhores jogadores de Basquetebol do Maranhão; praticava também o Voleibol, o Atletismo, o Pugilismo. Um dos pioneiros da Educação Física, ingressou na Escola Nacional de Educação Física no início dos anos '40, junto com José Rosa, Rinaldi Maia e Valdir Alves. Ao regressar ao Maranhão, foi contratado como professor da Escola Técnica Federal do Maranhão, hoje, CEFETMA. Além de Educação Física, foi um dos pioneiros do ensino da natação, dando aulas no Clube Jaguarema, Grêmio Lítero-Recreativo Português, Casino Maranhense. Em 1953, submeteu-se ao vestibular para o curso de Direito, participando do esporte universitário nas modalidades de Basquetebol, Voleibol e Atletismo, representando o Maranhão nos Jogos Universitários Brasileiros - JUB's. Foi professor do Colégio Batista Daniel de LaTouche; administrador do Ginásio Charles Moritz, do SESC; e diretor do Departamento de Educação Física do Município de São


Luís.in BIGUÁ, Tânia. Onde anda você? Rubem Goulart em memória. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 10 de novembro de 1997, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes. xliii

A História Oral tem sido utilizada desde o século XIX como uma técnica para se escrever História. A motivação maior na recuperação das técnicas orais parte de historiadores que percebem a necessidade de uma nova interpretação da História perante a sociedade (MELLO e FARIA JÚNIOR, 1994).

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"... o Programa de História Oral, indissociável da pesquisa documental e arquivística, apostou na estruturalidade da História e na dimensão social dos eventos, da vida e do desempenho de seus protagonistas, tanto quanto no caráter voluntarista e transformador da ação política em sua busca de mudar e atualizar as estruturas ..." (CAMARGO, citado por ALBERTI, 1990, p VIII).

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CÉSAR ALEXANDRE ABOUD - nasceu no Acre, na cidade de Cruzeiro do Sul, em 23 de fevereiro de 1910, filho de Júlia Drubi (viúva) e de Alexandre Aboud (com quem casa em segundas núpcias). Quando contava dois anos, a família mudase para São Luís; aqui, foi alfabetizado por dona Santinha e mais tarde passa a estudar no Colégio dos Maristas, onde fez o curso primário. Com o falecimento do pai, Alexandre Aboud, a família muda-se para Buenos Aires, em 1920; na Argentina, César estudou na Escola Bartolomeu Mitre e, aos 11 anos, estava trabalhando na firma de José Gasard, como transportador de mercadorias. Em 1922, a família está de volta a São Luís, passando a estudar no Colégio Gilberto Costa, e, com 14 anos, empregou-se na firma Chames Aboud. Após anos de trabalho, já se transformara em um comerciante sólido e industrial, vindo a adquirir a Fábrica Santa Izabel, de Nhozinho Santos, em 1938. A devoção de César pelo esporte encontra-se em sua infância, quando começou a formar sua personalidade de esportista. Em Buenos, dedicava-se ao boxe, chegando a ser pugilista de renome. Quanto ao futebol, aos 4 anos de idade (?) já tinha organizado em São Luís um time - o Botafogo - que saia pela cidade a desafiar a garotada. Na adolescência fez parte do Esporte Clube Sírio Brasileiro, formado à base de descendentes libaneses, do qual foi dirigente e jogador. Anos mais tarde, depois de liderar uma dissidência do Sírio Brasileiro, fez-se técnico do Maranhão Atlético Clube. Em 1939, já era notória a sua dedicação ao esporte, recebendo convite do capitão Vitor Santos para dirigir o Moto Clube de São Luís, uma de suas maiores paixões, tendo sido seu presidente por 15 anos. Procedeu a mudanças no Moto, começando pela camisa, que mudou a cor de verde e branca para vermelha e preta, por causa do Flamengo. Reestruturou o clube, ampliou o quadro associativo, criou os departamentos de voleibol, e basquetebol, e reformou o estádio do Santa Izabel, em 1942, construindo arquibancadas e dotando-o de condições apropriadas para o exercício do bom futebol que há época se praticava no Maranhão. O plantel de jogadores, da melhor qualidade técnica, era freqüentemente requisitado para apresentações nos grandes centros esportivo do país. Recursos para tal fim eram fornecidos pela fábrica, que mantinha a agremiação esportiva. O falecimento de César Aboud ocorreu em São Luís, a 20 de agosto de 1996 O Esporte, São Luís, 14 de setembro de 1947

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Palmério César Maciel de Campos. Corregedor Regional Eleitoral do Maranhão no período de 30/03/1960 a 22/01/1961. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão nos períodos de 04/10/1950 a 01/10/1954 e 11/05/1960 a 30/01/1963. http://www.tremg.jus.br/imagens/fotos/tre-ma-galeria-de-corregedores-foto-02-palmerio-cesar-maciel-de-campos


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