REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 20 – MAIO – 2019
AINDA OS 40 ANOS DA SEDEL...
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE REVISTA DO LEO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076
CAPA: Elir de Jesus Gomes, Zezé Cassas e Cláudio Alemão
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino, Especialista em Lazer e Recreação, Mestre em Ciência da Informação. Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado; Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e de Pesquisa e Extensão); Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros publicados, e mais de 250 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Comissão Comemorativa do Centenário da Faculdade de Direito do Maranhão, OAB-MA, 2018; Recebeu: Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM; Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; ALL em Revista, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, vol 1, a vol 4, 12 16 edições. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
REVISTA DO LÉO NÚMEROS PUBLICADOS
2017 VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017
2018 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 – MARÇO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 – MAIO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20? VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018
https://issuu.com/…/docs/3ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201
2019 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019 VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019
VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019
EDITORIAL A “REVISTA DO LÉO”, eletrônica, é disponibilizada, através da plataforma ISSUU https://issuu.com/home/publisher. É uma revista dedicada às duas áreas de meu interesse, que se configuraram na escolha de minha profissão – a Educação Física, os Esportes e o Lazer, e na minha área de concentração de estudos atual, de resgate da memória; comecei a escrever/pesquisar sobre literatura, em especial a ludovicense, quando editor responsável pela revista da ALL, após ingresso naquela casa de cultura, como membro fundador.
Continuamos com as comemorações dos 40 anos de criação da SEDEL-MA. Nesta edição, vamos fazer um resgate da memória dos esportes e do lazer, em especial os antigos publicados na Revisa DESPORTOS & LAZER, nos números que tenho disponíveis, emprestados pelo ex-secretário Elir Jesus Gomes; minha coleção o cupim comeu... Nos três anos em que a Revista foi editada – Sebastião Jorge e Laércio Elias Pereira os responsáveis – pesquisadores de renome nacional publicaram artigos na mesma, alguns especialmente escritos para ela; professores da UFMA e da UEMA também, além de técnicos da própria SEDEL. Vamos compartilhar, também, as matérias veiculadas dos vários eventos, sejam eles de caráter permanente, como os especiais, tanto do desporto como do lazer, para que se percebam as ações que eram realizadas, frente aos últimos anos, que basicamente só fazem os Jogos Escolares – se bem que numa dimensão maior, envolvendo, hoje, mais de 100 municípios maranhenses, em suas etapas municipal, regional e estadual, e que são, hoje apenas uma etapa dos jogos nacionais, nas suas diversas versões, classificatórios. Alguns dos eventos realizados, da Coordenação de Eventos Especiais do Lazer, embora destinados ao uso sadio do tempo livre tinham, também, um caráter de gerar renda à uma parcela da população, como as Feiras de Plantas e as de Artesanato. Ao mesmo tempo em que propiciavam espaços de visitação, aos expositores geravam renda. Até mesmo os festivais de Pássaros geravam rendas aos criadores, pois havia um intenso comércio de espécimes canoros... Uma pergunta que faço: seria possível, nos dias atuais, passados esses 40 anos de atuação, a realização de alguns dos eventos que eram inovações na oferta de atividades ‘lazarentas’, como diz o Giuliano1? Refirome, claro, à realização das Gincanas e Ruas de Lazer, espaços públicos em que se atuavam, junto aos mais diversos públicos, conjugando atividades recreacionais com as culturais... Os tempos modernos, com suas tecnologias, permitiram esse tipo de atividade? A Internet e o uso de equipamentos eletrônicos isolam as pessoas, e a interação se dá pelos “zapzaps” da vida... e com o uso apenas dos dedinhos... Que tipo de adaptação teria que ser feita? Jogos Eletrônicos? Busca na nuvem? Nossos recreadores de hoje, estariam preparados para esse tipo de atuação? Ou ainda estão naqueles tempos heroicos??? Outro aspecto que chama a atenção foi dotar o Estado de uma infraestrutura para as práticas de atividades esportivas e de lazer... Nunca se construiu tanto quanto naquela primeira gestão!!! Lembrando que à época, eram 116 municípios apenas – hoje, 217... Nos JEMs participavam, além da Capital, apenas uns municípios mais próximos, como São José de Ribamar, e Santa Rita – com o Tomás Pesão, delegado e professor de educação física... Nesse quesito, após a implantação de inúmeras praças de esportes, começa a haver um trabalho melhor e a participação vai, aos poucos, aumentando, com Imperatriz, Caxias, até as mais de 100 representações municipais de hoje... Mas a equipe continua quase a mesma... E quando esse pessoal se aposentar? O que se observa que os inúmeros eventos – sempre com as duas coordenações atuando juntas – deixaram de ser realizados, sendo apenas pontuais, um ou outro, ali ou acolá, e que no apoio às federações quase inexiste. A não ser alguma participação em algum evento de interesse do ‘secretário de plantão’ junto com seus apoiadores politicos. Virou um balcão de negócios politico-eleitoreiro, ao contrário do que acontecia no passado... 1
Aqui, me refiro ao Giuliano Pimentel, uma das maiores lideranças no campo do Lazer, hoje, no Brasil, que atua em Maringá-PR. Uns tempos atrás, cogitou-se sua vinda para o Maranhão, o que não foi possível. Se se tivesse concretizado essa mudança de endereço, certamente o Maranhão viria a liderar, novamente, as experiências e o aprofundamento dos estudos na área, como ele fez em Maringá, tornando aquela cidade um polo de desenvolvimento e dissiminação das pesquisas... quem sabe?
Na medida em que a função passa a ser ocupada por políticos sem vinculo com o esporte, servindo apena como barganha politica, a SEDEL passa a ser apenas um cabide de empregos. Opinião compartilhada pela quase totalidade dos cronistas esportivos atuantes... Como observamos, nesses 40 anos tivemos 24 secretários, alguns por poucos nesses, a grande maioria não completou dois anos na função e, a cada mudança, tenta-se reinventar a roda... Com a extinção do Ministério dos Esportes, na atual administração federal, será que haveria lugar para uma secretaria específica, sem função aparente? Apenas para executar os Jogos escolares? Só o tempo dirá... Tentamos, por todos os meios, conseguir o maior numero de depoimentos, tanto da equipes inicial, dos colaboradores e gestores, quanto dos demais secretários. Sem sucesso... nem mesmo para ‘se defenderem’, as suas administrações, a maioria, caótica!!! Claro, daqueles que ainda estão vivos... Mas, enfim, como não se dignaram a responder à algumas questões, como foi a sua administração, os principais eventos e realizações, ficamos com a impressão de que, realmente, não fizeram nada!!! Compare-se com a primeira gestão, a de Elir de jesus Gomes... . LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER Na REVISTA DESPORTOS & LAZER COMO TUDO COMEÇOU JOSÉ DE OLIVEIURA RAMOS UM SECRETÁRIO TÉCNICO PARA O ESPORTE PHIL CAMARÃO – ATLETA, M´DICO E GESTOR PÚBLICO: REVERÊNCIA À QUALIDADE Felipe camarão J. ALVES UMA DÉCADA DE BASQUETEBOL SANDOVAL LUIS DA SILVA O JOGO DE DAMAS NO MARANHÃO A VEZ DO TÊNIS HANDEBOL O MARANHÃO CONQUISTA O TÍTULO DUAS VEZES CAPOEIRA – DE SARNEY A JOÃO CASTELO O JUDÔ NO MARANHÃO OS VELHOS TEMPOS DO BASQUETEBOL A EVOLUÇÃO DA GINÁSTICA OLIMPICA NO MARANHÃO Caruso lembrado na festa do curió A CAPOEIRA DO MARANHÃO EM BRASÍLIA BASQUETE REEAFIRMA PRESTÍGIO NACIONAL FUTEBOL DE SALÃO – SEGUNDO ESPORTE MAIS POPULAR DO PAÍS ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES RODOLFO DE ARAÚJO A VIOLÊNCIA NO ESPORTE HERMAN HEMERS YEVENES RUA ESCOLA CELINA BITTENCOURT MENDONÇA CAMPOS OS BRINQUEDOS DA CRIANÇA ORLANDO FARRACIOLLI FILHO LAZER SINCLAIR DE OLIVEIRA LEMOS NATAÇÃO INFANTO JUVENIL ETHEL BAUZER DE MEDEIROS PIRAÍ – UM PARAISO NA TERRA PAULO ROBERTO TINOCO SILVA A DEFESA DE UMA EQUIPE DE BOLA AO CESTO LINO CASTELLANI FILHO ENSAIO: A MULHER BRASILEIRA FACE À LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO DESPORTO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O PROJETO CLUBE ESCOLAR NO MARANHÃO MARIA IZABEL DE SOUSA LOPES O ESPORTE NA SOCIEDADE MODERNA – UMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA MOACIR DE MORAES SILVA
10 11 12 13 16 20 23 25 26 28 32 34 36 38 39 40 44 46 47 50 52 54 58 60 62 63 67 68
VELA NO MARANHÃO
EVENTOS EXPOSIÇÃO DE PÁSSAROS / FESTIVAL DO CURIÓ AEROMODELISMO DOMINGO EM FAMÍLIA PROJETO “SOL” COLONIA DE FÉRIAS PROCÓPIO FERREIRA
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71 72 74 75 77 79 80 82
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FEIRA DE PLANTAS SALA (CINEMA) RUAS DE LAZER SEMANA DA CRIANÇA ARTESANATO GINCANA CICLÍSTICA FUTEBOL - ESCOLINHAS FESTEJOS PROJETO ELO VELA NO MARANHÃO ACAMPAMENTO DE FÉRIAS
infraestrutura LUSOFONIA JOSÉ NETO CÁTEDRA PROFESSOR MANUEL SÉRGIO NA UNIVERSIDADE CATÓLICA MANUEL SÉRGIO VIEIRA E CUNHA. UMA CÁTEDRA COM O MEU NOME O PENSAMENTO DE JORGE BENTO ENSINAR É CUIDAR EDUCAR: COLORIR EMOCIONALMENTE BURROS TRÁGICOS PORQUE ESCREVO NO FACEBOOK DO ‘CONVERSAR’
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MEMÓRIA DA EDUCAÇão FÍSICA, ESPORTES E LAZER: NA REVISTA DESPORTOS & LAZER
SEDEL – 40 ANOS
CLÁUDIO VAZ DOS SANTOS, ELIR JESUS GOMES, MARIA JOSÉ CASSAS GOMES
ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES
EVENTOS
Quando a SEDEL-MA foi criada, em 1979, sucedeu à coordenação de educação física, esportes e lazer então na Secretaria de Educação e Cultura. As atividades então realizadas se limitavam ao funcionamento das Escolinhas de Esportes, treinamento de seleções estaduais (permanentes), e ao atendimento, através de aulas de esportes, junto às escolas da rede pública. Havia ampla participação de alunos em atividades físicas-esportivas, consubstanciadas em ‘escolinha de esporte’, de onde se retiravam os alunos que iriam compor as seleções esportivas das escolas, que iriam participar dos Jogos Escolares. A participação nos Jogos Escolares àquela época, era esmagadoramente das escolas públicas, tanto municipais quanto estaduais, existindo grande rivalidade entra elas. As disputas eram em duas categorias – Infanto-juvenil: 12 a 16 anos; e Juvenil: 17 e 18 anos, nas classes masculina e feminina. Os professores estavam vinculados às escolas, sendo no Estado - SEDUC – lotados na Coordenação e exercendo a função em uma ou duas, alguns, até res escolas. Na sua maioria, ‘leigos’, isto é, sem formação superior em educação física, e se constituíam, a grande maioria, de ex-atletas que tinham se destacado nas suas modalidades, e que receberam um treinamento para exerce a função de monitoria. Ao tempo de Mary Santos, e carlos Vasconcelos na delegacia do MEC, foram realizados diversos cursos de capacitação desses professores; muitos, nessa época, com alguma formação pedagógica, posto que professores normalistas. Na década de 1960, o MEC/DED passou a ministrar cursos denominados de ‘eficiência’ que formavam esses professores para atuarem na educação física, além de, militares, geralmente sargentos, que havia feito o curso de monitoria nas escolas de educação física militares, em especial a do exército, receberam a equiparação com o licenciado. Quando Cláudio Vaz, o Alemão, assumiu a coordenação de educação física, primeiro do município, depois do Estado, intensificou esses cursos de aperfeiçoamento em esportes, com a ‘importação’ de professores qualificados, em especial de São Paulo, ao tempo em que criava as escolinhas de esportes, funcionando primeiro, no Ginásio Costa Rodrigues, depois, naquelas escolas que dispunham de equipamento esportivo. Houve continuidade nesses programas, quando da criação da SEDEL-MA. Inclusive com o apoio à criação de cursos superiores – no caso, ao do Estado e o da UFMA – além de outras iniciativas, como os cursos em convenio com o MEC/SEED, com o CND, envolvendo a então Escola Técnica federal do Maranhão – hoje IF-MA. Com consultorias a vários especialistas – a primeira, Ethel Bauzer de Medeiros, foram criados diversos eventos na área dom Lazer, outros na área do Desporto, com ações conjuntas das coordenações-fim, além de eventos especiais, como a realização de campeonatos regionais, nacionais e participação em cursos e congressos... Vamos utilizar a caracterização desses eventos, quando explicitados, justificativa objetivos, metas, realizações, divulgados através da Revista Desportos & Lazer... Dá para se ter uma ideia do que era a SEDEL-MA nos tempos de nascimento e primeiras administrações... Como diz o Laércio, oremos... para ver se os atuais dirigentes – SEDEL-MA e SEMDEL/SLZ se inspiram...
SOBRE O PROJETO “SOL” Elaborado por mim e pela Socorro Araújo – éramos os responsáveis pela elaboração dos projetos, sendo que eu pela Coordenação de Desportos e ela, pela de Lazer. Pensamos no objetivo da SEDEL-MA, os espaços que dispúnhamos, o pessoal técnico das duas coordenações, e o hábito do ludovicense de ir às praias... Uma Secretaria de Estado deve prestar um serviço à população; considerávamos o termo maior, Lazer, quem englobava tanto a recreação publica quanto o esporte não competitivo. As inúmeras possibilidades... então veio-nos a ideia do “SOL” – uma sigla, de SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO PARA O LAZER”... Os espaços, seriam aqueles mais caros aos ludovicenses: as praias; elegemos a mais popular – Ponta d´Areia, a do à época, IPEM – hoje Marcela, um trecho, Litorânea, qem tinha dois acessos – pelo IPEM, quase que exclusiva para seus associados, e a parte denominada de Caolho, entre o Calhau e o Caolho... em frente ao IPEM e AABB era o local mais propicio; e a Ponta d´Areia, com possibilidades do Araçacy... buscamos patrocínio, para a construção dos equipamentos destinados à prática de esportes na praia – adaptados, além das atividades de ginástica e recreação para as crianças, com jogos e brincadeiras; os esportes, seriam o futebol de praia, basquetebol, handebol, voleibol... Todos com orientação dos recriadores e técnicos esportivos da SEDEL-MA; a adaptação e horários de realização seriam em conformidade com a maré baixa, quando se tem grandes extensões de areia... Quando fomos à então Difusora – àquela época, Globo – para o anuncio das atividades e o convite à população, levamos um texto por escrito: “Evento: SOL – e a explicação, atividades, horários, etc... para a produção do anuncio. No dia em que seria veiculado lá vem a locução: ´” É Vento e Sol”... Conseguimos patrocínio da Coca-Cola – Eduardo Lago – para o Calhau – frente ao IPEM, hoje Litoranea... onde depois seria instalada a barraca do JC, que deu continuidade as atividades de Volei de Praia... para o Olho d´Agua, com a Antarctica – esta, não teve duração, pois pensavam que seria apenas um evento, durante o verão, férias escolares, e não permanente. Para nossa surpresa, terminada as férias escolares –ocorriam todos os dias – pensamos na sua continuidade, aos finais de semana, apenas, no restante do ano. A Mirante, então, “comprou” a ideia, e passou a realizar os Jogos de Verão, buscando a parceria com a SEDEL, no IPEM – hoje Litorânea – e acabou o projeto SOL... Tempos depois, ficamos sabendo que houve uma conspiração para acabar com o projeto da SEDEL-MA, por parte de um dos ‘aspones”, que ‘vendeu” a ideia, levando o patrocínio, w, claro, com a concordância de vários dos professores, pois passariam a receber pelo dia de trabalho, para organizar as atividades, como os torneios de futebol, vôlei, basquete, handebol e os aulões de ginástica... as atividades voltadas para as crianças, esquecida, e o evento da SEDEL-MA viu-se esvaziado, pois realizados em praias distantes, sem a badalação de transmissões e aparição na TV...
INFRAESTRUTURA
Lusofonia ESPAÇO DESTINADO A DIVULGAR O QUE SE PASSA NO MUNDO LUSÓFONO, - EM ESPECIAL O PENSAMENTO DO MESTRE JORGE OLIMPIO BENTO – E OUTROS PENSADORES DE LÍNGUA PORTUGUESA, EM ESPECIAL DE OUTROS PAÍSES QUE ADOTAM A LÍNGUA COMUM.
CÁTEDRA PROFESSOR MANUEL SÉRGIO NA UNIVERSIDADE CATÓLICA ESPAÇO UNIVERSIDADE 17-03-2019 00:20 Por JOSÉ NETO Foi com muita emoção que assisti neste dia 13 de Março à formalização da Cátedra Professor Doutor Manuel Sérgio na Universidade Católica, como contributo da vasta obra literária pelo catedrático produzida ao longo da vida. Embora tenha tido conhecimento como objeto de estudo do pensamento literário, na qualidade de estudante de licenciatura referente ao 1º curso de Educação Física lecionado na Universidade do Porto (1976/81), no entanto conheci verdadeiramente o Professor por intermédio de outra figura notável que persisto em cultivar na memória, constituída de ternura, afeto e gratidão – o senhor José Maria Pedroto, que me perguntou nos inícios da década de 80 se eu conhecia o Professor, alguém que referia que não havia Educação Física, etc, o que muito me inquietava essa reflexão, vinda de quem vinha. Até que um dia o senhor Pedroto resolveu convidar o Senhor Professor a jantar connosco num estágio do F. C. Porto no Hotel Tivoli Jardim (Lisboa) e no decorrer do encontro me fui apercebendo da mensagem extraordinária que brotava do seu reportório: “ olhem amigos efetivamente não há educação de físicos … há sim educação de pessoas no movimento intencional de transcendência. Não há preparação de bestas esplêndidas, mas do corpo em ato onde emerge a carne, o sangue, o desejo, o prazer, a paixão, a rebeldia, as emoções, o sentimento – tudo isto visando a transcendência ou a superação. O homem atleta que tem que ser analisado à lupa de cinco dimensões: corpo, mente, desejo, natureza e sociedade”!... A doutrina do Professor Manuel Sérgio, como referi num testemunho que muito me honrou partilhar acerca de 2 anos na Sala do Senado da Assembleia da República, quando para tal foi mais uma vez homenageado pelo Governo da Nação, era para a época e para alguns peregrinos da verdade contra os arautos do azedume (eles ainda anda por aí), um corte radical de tal forma que o senhor Pedroto acabou de por me confessar que estávamos perante um profeta, tal era a visão deste Mestre Treinador também tão adiantado no tempo que também me dizia: “ olha para o jogo que ele te dirá como deves treinar” … e o Professor Manuel Sérgio completava: “ olha para a vida que ela te dirá como a deves viver” e aliás até concluía mais tarde, citando também Víctor Fankl: “correr dá saúde? … caminhar dá saúde? … nadar dá saúde?... pode ser que sim. Mas nunca esqueças que o mais importante para ter saúde é que a vida tenha sentido para nós”!... O Professor Manuel Sérgio reformulou assim a partir dos finais da década de 70 o próprio conceito de treino desportivo ao dizer que não pode haver preparo físico independente do modelo de jogo, adiantando que na preparação física, técnica, tática, fisiológica, psicológica … o todo é uma referência constante pela sua complexidade, onde a ciência e consciência não se podem limitar aos gastos neuromusculares e energéticos, tendo as suas ideias dado origem a uma nova ciência, da motricidade humana em que não se investiga um movimento qualquer mas movimentos intencionais com significado e sentido e que ao logo do tempo nos vai confiando: “o conhecimento científico nasce da dúvida e alimenta-se da incerteza e … não há teoria sem prática, nem prática sem teoria. Se bem que a prática seja mais importante do que a teoria, esta só tem sentido, se for a teoria duma determinada prática”!... Doutrina agora exponenciada como Cátedra de uma das mais notáveis Universidades deste País. Curioso … e logo numa Universidade onde não lecionam os Cursos de Educação Física, Motricidade Humana, Desporto ou Gestão de Desporto. Curioso … ou talvez não!... Aproveito para anunciar que para o próximo ano letivo irá ser por mim lecionada no meu Instituto Universitário da Maia (breve Universidade da Maia), uma disciplina que foi objeto de aprovação pelo Conselho Científico – Desporto, Transcendência e Felicidade em substituição de Introdução à Educação Física no Curso Superior de Gestão de Desporto em honra e no dever de continuar a homenagear pela palavra e sentimentos o nosso querido Professor e por ter tão próximo de nós como nunca, a marca da gratidão.
Foi na Biblioteca Papa João Paulo II, perante “gente grande e inteira”, muitos dos quais, não posso dissociar da minha relação de estima e afeto, como o Professor Monge da Silva ( o primeiro metodólogo de treino desportivo campeão em Portugal); o senhor Secretário de Estado Dr. João Paulo Rebelo; Dr. José Lima (responsável pelo Plano Nacional de Ética no Desporto); Dr. Fernando Gomes ( Presidente da FPF, campeão dos campeões que para além de ter entrado no executivo da UEFA, também já entrou no coração de todos os portugueses); o catedrático Professor Gustavo Pires; bons amigos Vítor Serpa e Fernando Guerra (Ilustres Diretor e sub Diretor do Jornal “ A Bola”; Dr. José Couceiro (Diretor Técnico Nacional); o senhor Presidente do Benfica Luís Flipe Vieira e seu fiel capitão Luisão; o Professor Doutor Antunes de Sousa ( que espalha o seu saber pelas universidades da América Latina); o Presidente do IPDJ Dr. Vítor Pataco; Professora Doutora Isabel Capeloa Gil (Magnífica Reitora da Universidade Católica); Professor Doutor Alfredo Teixeira ( Diretor da Faculdade de Ciências e Humanas da Universidade Católica); o magriço inesquecível campeão António Simões; familiares do Professor e tantos outros que pelas mensagens de conteúdo afetuoso se envolveram em espírito de presença que num final de tarde até ao cair da noite o Desporto se reconstruiu como bandeira onde se vislumbraram os traços de cidadania, cultura, vida e … festa. Querido Professor Doutor Manuel Sérgio … desde 1982 que o descobri através de outra figura marcante da minha vida e desde essa data jamais o haverei de perder, pelo tanto que nos envolve e com a notável e sempre atual reflexão crítica que o legado da sua obra nos ensina!... Ainda trago no peito a repetida imagem dos seus olhos a verterem lágrimas quando concluí o meu doutoramento e pela dádiva com que de forma única e para tal tanto se empenhou!... Por isso termino voltando a referir o que jamais deixarei de expressar o que muitas vezes nos confia, citando Hegel: ” a ave de Minerva, (sabedoria), só levanta voo ao entardecer”… Coloco os meus olhos no infinito e sinto como é linda a ternura do seu voar, anunciando um Desporto renovação, capaz de funcionar como catalisador privilegiado para a defesa duma consciência em liberdade … como brisa que sopra, no tempo que passa, no olhar que abençoa e também no amor fraterno que aconchega… quando cruzamos as nossas vidas!...
UMA CÁTEDRA COM O MEU NOME POR: MANUEL SÉRGIO VIEIRA E CUNHA. BLOG DO CEV - 2019 Quando, em finais do ano passado, os professores da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Doutores José Tolentino Mendonça (hoje, a trabalhar no Vaticano, junto do Papa Francisco) e Alfredo Teixeira tiveram a bondade de convidar-me, para um almoço, num dos restaurantes da UCP, nasceu em mim a íntima convicção de que ambos se preparavam para entregar-me a regência de uma disciplina. Teria de rejeitar o honroso convite, pela minha saúde precária e a de minha mulher que, para locomover-se, precisa de apoio constante e solícito. Afinal, mais do que a regência de uma “cadeira”, o Doutor Tolentino Mendonça adiantou-se e afirmou, com uma alegria bem igual à cândida alegria das almas sãs: “O professor Alfredo Teixeira e eu lemos três livros da sua autoria, Para uma epistemologia da motricidade humana e Algumas teses sobre o desporto e O futebol e eu, acompanhamos o que escreve na imprensa e, depois de termos consultado outros universitários de vários ramos do saber, decidimos propor à Doutora Isabel Capeloa Gil, magnífica reitora, que se criasse na UCP a Cátedra Manuel Sérgio. E queremos saber agora se o meu amigo levanta críticas ao que pretendemos fazer”. Vacilei, tremeram-me os lábios, uma lágrima de gratidão aflorou, estremeceu e murmurei: “Só posso agradecer a vossa lembrança. Filho de gente pobre, com 27 anos ingressei na Faculdade de Letras de Lisboa e trabalhando simultaneamente nos armazéns do Arsenal do Alfeite”. E ainda acrescentei, indistintamente: “Nunca me ocorreu sequer que me coubesse, algum dia, tamanha honra. Mas que hei-de eu fazer, senão agradecer e agradecer desvanecido?”. Passados poucos dias, novo telefonema. Desta feita, era o Dr. José Lima, funcionário do IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude) e particular amigo dos professores Tolentino Mendonça e Alfredo Teixelra a informar-me: “A Reitora da UCP concordou com a proposta da Cátedra, ou seja, acrescentou à proposta um nihil obstat”. E, após uma ligeira pausa, rematou: “Podemos começar a pensar na criação da Cátedra Manuel Sérgio”. Porque o Doutor José Tolentino Mendonça estava em vésperas de seguir para Roma, imediatamente nos reunimos, o Tolentino Mendonça, o Alfredo Teixeira, o José Lima e eu, para escrevermos as linhas de investigação da Cátedra… que são estas: 1. Da Epistemologia à Ontologia e a Ciência da Motricidade Humana (CMH), como uma ciência hermenêutico-humana e como pretexto para um novo conhecimento do ser humano. Um corte epistemológico: do físico à complexidade e motricidade humanas, passando por um conceito de movimento demasiado vago e abstrato. 2. O cartesianismo, o cientismo, o positivismo, no treino, no desporto e na dança. Pensando o treino com Edgar Morin. O desporto atual reproduz e multiplica, demasiadas vezes, as taras do economicismo ambiente. E, por isso, onde ninguém ganha porque vale, mas vale porque ganha. 3. A vida e o desporto, como movimento intencional e solidário da transcendência, rumo ao Absoluto. O Padre Teilhard de Chardin e o Padre Manuel Antunes. 4. O desporto, uma práxis física e sapiencial e portanto mais do que científica. Não há educação integral sem desporto. A CMH, numa nova Lei de Bases do Sistema Educativo. 5. A Ética, núcleo essencial da prática desportiva. O desporto não deverá percecionar-se como um “fim-em-si-mesmo”, mas como instrumento ao serviço daqueles valores, sem os quais impossível se torna viver humanamente. A transcendência, no desporto e na dança. 6. A Motricidade Humana (como movimento intencional e solidário da transcendência) e a Dança. Técnicas Somáticas e Práticas Performativas.
A Motricidade Humana, como eu a teorizo e estudo, procura fazer um “corte” com a filosofia e a ciência clássicas, realçando no corpo as suas imensas virtualidades, designadamente no movimento intencional e solidário da transcendência. A filosofia da Idade Moderna, que desponta, a partir do século XVII e chegou aos nossos dias, encarnada numa crença férvida e persistente, podemos denominá-la “filosofia da consciência”. O dualismo cartesiano tornou-se, assim, o saber orientador, também para o conhecimento científico. Daí, o biologismo reinante, até finais do século XX, na Medicina e na Educação Física e no Desporto. E ainda no exercício físico e na atividade física: a atividade física definida como “todo o movimento corporal, produzido pela musculatura esquelética e que resulta em gasto energético, acima dos níveis de repouso” e o exercício físico entendido como “uma das formas de atividade física planejada, estruturada e repetitiva, tendo por objetivo a melhoria da aptidão física ou a reabilitação orgânico-funcional” e apresentando ainda níveis moderados ou intensos e natureza estática ou dinâmica. O exercício e o treino são categorias conceptualmente distintas, mas não de natureza diferente, dado que, entre elas, não se vislumbra descontinuidade. Com efeito, exercício e treino são verdadeiramente irmãos. Mas onde o antropossociológico e o espiritual estão presentes em ambos e não só o físico e o biológico. Temos muito a aprender com o universo: assim o ensinou o Padre Teilhard de Chardin. Em toda a sua obra passa a convicção de que a Terra é um superorganismo vivo que, em nós, seres humanos, se transforma em consciência e em transcendência, em comunicação e em linguagem, em oração e celebração. “Jamais devemos esquecer, como o refere o Prof. Leonardo Boff no seu livro A Voz do Arco-Íris, que entramos em cena, quando já 99,98% da história do Universo e da Terra se haviam completado” (pp. 130/131). Mais nos ensina o Universo. É que ele funciona como um sistema aberto e acolhe tudo o que desponta novo e diferente. Outra lição do Universo que importa reter: a solidariedade, pois que todas as criaturas dependem uma das outras. A lei orientadora que regula a evolução dos animais, das mulheres e dos homens não realça a sobrevivência dos mais fortes, mas um equilíbrio dinâmico onde todos caibam fortes e fracos, sãos e doentes, aptos e menos aptos. “Na era das viagens espaciais, o homem também se questionará, quando pondera sobre os espantosos resultados da astrofísica e quando, como sempre o fez, contempla o céu noturno estrelado: o que é tudo isto? De onde vem o todo? Do nada? Mas o nada explica alguma coisa? A razão satisfaz-se com o nada, como razão última? A única razão alternativa séria que a razão pura não consegue demonstrar, porque ela supera o seu horizonte de experiência, mas que tem bons fundamentos para tal, é uma resposta completamente racional: oi todo não provém apenas de uma explosão inicial, mas de uma fonte original” (Hans Kung, O Princípio de todas as coisas, Edições 70, 2011, pp. 137/138). Quer dizer este autor, aliás um esclarecido teólogo que a ideia de um Deus criador é o mais lógico pressuposto de todos os modelos, que se conhecem, do universo. Para mim, onde o próprio caos resulta num “cosmos” organizado, há com toda a certeza uma Inteligência prévia ao universo, reguladora do universo. E, porque o universo tudo acolhe e transforma, dele podemos colher algumas lições: é preciso respeitar todas as mulheres e todos os homens, elementos imprescindíveis da Criação; e respeitar também a natureza exterior (aqui incluo os animais) à humanidade, pois que sem ela não podemos viver, não podemos estar, não podemos ser. Não, não fomos arrancados absurdamente do nada. A vida tem sentido. E, para mim, o sentido é a transcendência. Aqui, começa a “Cátedra Manuel Sérgio”.
O PENSAMENTO DO JORGE BENTO Esta é uma Revista aberta às contribuições... Tomo a liberdade – devidamente autorizado – de replicar aqui o Pensamento do Jorge Bento... O conheci, pessoalmente, em 1992, numa palestra na UFMG. O nosso GuruGeek Laércio o trouxe para falar sobre Lazer... eu estava fazendo meu Mestrado em Ciência da Informação; minha ultima especialização fora em Lazer e Recreação, daí meu interesse, ainda maior, pois se tratava de Jorge Bento!!! Já o conheci, de alguns escritos e livros. Creio que - não sei quem é o maior, mas vamos colocalos na mesma posição, de fora de concurso, pois – se Jorge, Manuel Sérgio ou Silvino Santi os maiores e melhores filósofos da nossa tão combalida Educação Física – prefiro a tradição da denominação, mas aceito a Motricidade Humana e as Ciências dos Esportes... Jorge falou sobre Gilberto Freire... uma palestra em que até hohe recordo algumas das bombásticas expressões usadas, em especial na comparação entre os nossos povos – que ele considera um só, e adota a cidadania luso-brasileira, pois... O português é aquele pçovo trágico, que venera o Cristo crucificado, dolorido, sofrido, sentindo-se abandonado, mas mesmo assim, disposto a todos os sacrifícios, como decorrência de sua sorte e vivência, dai vestirem-se as mulheres sempre de preto, com lenço à cabeça, andar curvado, como se carregassem todos os pecados do mundo, um peso insuportável... já o brasileiro, venera o Cristo menino, a criança brincalhona, e por isso, um povo alegre, vivaz, colorido... isso na interpretação de um artigo escrito por Gilberto Freire, em 193... (2, 9u 9?) e publicado em inglês, numa palestra na Inglaterra, inédito em português, ou no Brasil... gostaria de te-lo reproduzido nestas páginas... Desde então o acompanho mais de perto, trocando correspondência, agora em tempos de redes sociais, e palavras quase diárias. Semprer replico e comportilho suas colocações, em especial quando se referem à Educação e à Educação Física/Motricidade Humana... Aproveitem!!!!
ENSINAR É CUIDAR A fábula de Caio Júlio Higino (64 a. C. - 17) mostra, de maneira engenhosa e sublime, que o ‘cuidado’ constitui o princípio fundador do Ser Humano e da Humanidade. Ora, ‘ensinar’ é uma das modalidades do ‘cuidar’; este implica estabelecer com o carecido do ‘cuidado’ uma ligação emocional, expressa por atenção, bom trato, dedicação, desvelo, empenho, solicitude, zelo. Sem estes traços, o ‘ensinar’ deprecia o teor e o imperativo éticos, implícitos no ‘cuidar’; fica desidratado do sentido que o inspira. Isto não deve ser esquecido em caso algum. O recurso a meios tecnológicos, para ajudar a cumprir as tarefas da educação, não pode empobrecer o relacionamento imanente à copresença corporal; deve enriquecê-lo. Por isso, o ‘ensino à distância’ suscita reservas; a ‘ética do cuidado’ não é a sua principal norma de referência. EDUCAR: COLORIR EMOCIONALMENTE Podemos elaborar várias definições da educação, todas convergentes para o realce da sua finalidade e missão: a Humanização dos hominianos. Ora, Ser Humano equivale à conjugação de um arco-íris de emoções, que exaltem a Humanidade e alicercem a convivialidade dos seus membros. A noção seletiva do bem e do mal, do belo e do feio, do elevado e do rasteiro, do digno e do indecente é a trave-mestra do edifício emocional. Este é projetado e colorido pelas atitudes, palavras, gestos e reações do professor, pelo exemplo da sua conduta e pelos valores que ela irradia. Eis o teor essencial da educação, que as máquinas não conseguem assumir! O professor é insubstituível; o seu agir não se mede pelo que colhe, mas pelo que semeia em cada dia. Só isto garante futuridade. BURROS TRÁGICOS Podem os burros ser trágicos? A pergunta é de Nietzsche (1844-1900); e a resposta também: podem, quando aceitam uma carga que não conseguem transportar e da qual não se livrarão. O leitor já está certamente a ver desfilar na imaginação inúmeros sujeitos que encaixam neste cenário. São da ordem das centenas, dos milhares e milhões. Conheço bastantes, alguns com diploma de mestre e doutor. ‘Burros trágicos’ são os indivíduos 'instruídos', portanto com obrigação de não se deixar enganar pelas falácias e mentiras dos farsantes e vigaristas, seja na política, seja noutras instâncias. Elegem mitómanos e vendedores de ilusões tóxicas. A cegueira, o fanatismo e a falta de vontade da verdade atiram-lhes para cima do lombo a albarda da burrice e o respetivo fardo. Há outro tipo de ‘burros trágicos’: criados e mantidos como analfabetos, para serem melhor manipulados e constituírem a reserva eleitoral dos cabos do obscurantismo, dos interesses escabrosos e da exploração desenfreada. O cúmulo da ‘burrice trágica’ é o de olhar com desconfiança e até com hostilidade quem não aceita a canga e, ao invés, exerce a cidadania e a liberdade, segue a razão e o espírito crítico. É atacado, por perceber e denunciar atempadamente as perversidades e vilanias ardilosamente escondidas. Enfim, muitos ‘burros trágicos’ são cretinos: gostam de o ser, detestam quem lhes mostra o retrato. PORQUE ESCREVO NO FACEBOOK Os livros cumprem a função de ‘livrar’ dos subterrâneos da ignorância e necedade. São ‘livres’, representam um estádio da liberdade, uma forma de a praticar e expandir. Ora, o Facebook é um livro, cuja escrituração está aberta à participação de muitos. Faço dele o diário, onde exponho, aos olhos dos amigos, a exercitação contínua da liberdade. Esta é uma empresa, simultaneamente, individual e coletiva. Edificamo-la em conjunto, partilhando avaliações, olhares e opiniões sobre a conduta do entorno e a nossa. É assim que apuramos a capacidade do juízo e da razão, sem nunca o conseguir de todo. E também nos encorajamos e corrigimos mutuamente na busca e escolha dos caminhos que levam à descoberta e ao
alargamento do sentido da vida. Este atinge a meta e o pódio da culminância, quando acrescenta sentidos às vidas dos Outros. DO ‘CONVERSAR’ Conversar é versar sobre o nada, fazer versos conjuntamente e sem pressa com alguém; e assim alimentar as relações com o oxigénio do tempo usufruído e não medido. Os versos requerem forma, rima, melodia e sintonia, de modo a configurar a beleza e a atração convidativas a abandonar o silêncio e a solidão. Para isso servem-se de palavras; e estas de sílabas e letras. Escolhê-las, conjugá-las e pronunciá-las com a harmonia e o brilho da sedução é o segredo do aroma, da cadência e da música da conversação. Isto não é fácil. São poucas as vogais para encantar. São muitas as consoantes para desafinar. A arte de conversar está quase perdida, é hoje uma raridade em vias de extinção. Porque não fazer dela a trave-mestra da educação?!