REVISTA IHGM 39, DEZEMBRO 2011

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REVISTA

DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO

Número 39 – dezembro de 2011

ISSN 1981-7770

Comissão de Comemorações dos 400 anos de Fundação de São Luís PORTARIA 03/IHGM, de 15/12/2010

CICLO DE ESTUDOS/DEBATES

A CIDADE DO MARANHÃO – UMA HISTÓRIA HISTÓRIA DE 400 ANOS 2011 – 2012 SEMINÁRIO II – 25 DE NOVEMBRO DE 2011

DO REINO UNIDO PORTUGUÊS AO IMPÉRIO BRASILEIRO

Edição Eletrônica http://issuu.com/leovaz/docs/


Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, v.1, n.1 (ago. 1926) - São Luís: IHGM, DEZEMBRO DE 2011. n. 39, dezembro de 2011. Edição eletrônica http://issuu.com/leovaz/docs/ ISSN: 1981-7770 1. História – Maranhão – Periódicos 2. Geografia – Maranhão - Periódicos p. 330 CDD: 918.21 CDU: 918.121 + 981.21


ISSN 1981 – 7770 REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO NO 39 – DEZEMBRO – 2011 EDIÇÃO ELETRÔNICA Rua de Santa Rita, 230 – Centro Edifício Prof. Antonio Lopes – 2º. Andar CEP – 65015.430 – SÃO LUÍS – MA Fone (0xx98) 3222-8464 Fax (0xx98) 3232-4766 E.mail: ihgm_ma@hotmail.com Endereço de email do grupo - IHGM@groups.live.com As idéias e opiniões emitidas em artigos ou notas assinadas são de responsabilidade dos respectivos autores. ENDEREÇO DAS EDIÇÕES ELETRÔNICAS http://issuu.com/leovaz/docs/ http://issuu.com/leovaz/docs/revista_01_-_1926b http://issuu.com/leovaz/docs/revista_29_dez_2008 http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm-30 http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm__32_-_mar_o_2010 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_33_-_junho_2010 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_34_-_setembro_2010 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_35_-_dezembro_2010b http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_36_-_mar_o_2011b http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_37_-_junho_2011 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38_-_setembro_2011


“PLANO EDITORIAL DO IHGM”

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“I – O Plano Editorial do IHGM é destinado, exclusivamente para os seus associados, no sentido de: a) Defender e velar o patrimônio histórico e cultural do Maranhão; b) Estimular o estudo e cooperar na publicação prioritariamente, de questões sobre História, Geografia e Ciências afins referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão; c) Cooperar com os Poderes Públicos nas medidas que visem ao engrandecimento científico e cultural do Maranhão. II – O Plano Editorial usará o seu órgão especial – a REVISTA – para as publicações trimestrais de trabalhos previamente selecionados. III – Os Associados poderão usar o PLANO EDITORIAL nas publicações de outros gêneros como romances, peças teatrais, ensaios, críticas, versos, novelas, crônicas, contos e monografias, quando os referidos assuntos forem previamente escolhidos em concursos e promoções realizadas pelo IHGM. IV – Será estabelecido premio anunciado com antecipação, além de medalha de ‘honra ao mérito’, apoio e cobertura da solenidade de lançamentos da obra. V - As inscrições serão feitas de 1o. a 15 do primeiro mês de cada trimestre, com apresentação de original inédito, titulo da obra do nome do autor. VI – A Diretoria do IHGM designará anualmente por portaria três (3) membros de seu quadro de sócios efetivos com três (3) suplentes para comporem a Comissão de Leitura, sendo o julgamento por votação com parecer escrito considerado irrevogável. Os suplentes serão, automaticamente, convocados pela ordem, quando houver impedimento de quaisquer dos membros efetivos da mencionada Comissão. VII – Os casos omissos serão decididos de comum acordo pela Diretoria do IHGM e pela Comissão de Leitura e, em ultima Instancia pela Assembléia Geral do IHGM. São Luís, 05 de outubro de 1984 JOSÉ RIBAMAR SEGUINS Presidente do IHGM.”

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SEGUINS, José de Ribamar. Plano Editorial do IHGM. In Rev. IHGM, São Luís, ano LIX, n. 07, dezembro de 1984, p. 83-84


INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO Fundado em 20 de novembro de 1925, registrado no Conselho Nacional de Serviço Social sob no. 80.578/75, de 14 de setembro de 1955 Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Estadual no. 1.256, de 07 de abril de 1926 Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Municipal no. 3.508, de junho de 1996 Cartório Cantuária Azevedo – Registro Civil de Pessoas Jurídicas – reg. no. 180, registro em microfilme no. 31063, São Luís, 23 de agosto de 2007 GESTÃO 2010/2012

Presidente de Honra: JOSÉ DE RIBAMAR SEGUINS CHAPA ANTONIO VIEIRA

Presidente: TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Vice-Presidente: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 1º. Secretário: JOÃO FRANCISCO BATALHA (até Fevereiro de 2011) RAIMUNDO GOMES MEIRELES (a partir de março de 2011) 2º. Secretário: RAIMUNDO GOMES MEIRELES (até Fevereiro de 2011) WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE (a partir de junho de 2011) 1º. Tesoureiro: WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE (até maio de 2011) DILERCY ARAGÃO ADLER (a partir de junho de 2011) 2º. Tesoureiro: DILERCY ARAGÃO ADLER (até maio de 2011) AYMORÉ DE CASTRO ALVIM (a partir de junho de 2011) Diretor de Patrimônio: ÁLVARO URUBATAN MELO Diretor de Divulgação: MANOEL SANTOS NETO CONSELHO FISCAL Titulares: JOSÉ RIBAMAR SEGUINS JOSÉ RIBAMAR FERNANDES ILZÉ VIEIRA DE MELO CORDEIRO Suplentes: OSVALDO PEREIRA ROCHA ESTERLINA MELO PEREIRA KALIL MOHANA (até novembro de 2010 – falecido) RAUL EDUARDO CANEDO VIEIRA DA SILVA (a partir de junho de 2011)

Editor da Revista do IHGM LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ


PLANO DE TRABALHO 1. Rever a situação do quadro societário, aplicando as recomendações da Comissão formada para tal, ainda na administração anterior; 2. Incentivar os sócios ao retorno das atividades inerentes ao IHGM, especialmente a produção de estudos acadêmicos nas áreas da História, Geografia, e Ciências afins; 3. Dar mais visibilidade às ações do IHGM junto aos próprios sócios, à sociedade, à mídia, e aos entes acadêmicos; 4. Elaborar o Regimento Interno; 5. Completar o quadro de sócios; 6. Buscar soluções para a acessibilidade às instalações do IHGM; 7. Organizar a Biblioteca; 8. Buscar outras fontes de recursos financeiros para sustentação do IHGM; 9. Buscar meios para publicação, em papel, da Revista do IHGM; melhorar a edição eletrônica; 10. Criar comissão para as comemorações dos 400 anos de São Luís, em 2012.

CALENDÁRIO DE REUNIÕES - 2011 APROVADO EM REUNIÃO DE DIRETORIA DIA 18/01/2011

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

19 26 28 31 09 11 23

Reunião de Diretoria ASSEMBLÉIA GERAL Posse de Antonio Noberto Posse de Márcio Coutinho Reunião de Diretoria Posse de Clenia Posse de Ronald

25

ASSEMBLÉIA GERAL

25/11 a 04/12

FEIRA DO LIVRO DE SÃO LUIS

02

ASSEMBLÉIA GERAL

09 14

Posse de Eudes Reunião de Diretoria Posse de Joana Bittencout Posse de Roque Macatrão Posse de Clenia Revista 39

15 22 26

Palestra Rufino Palácio Cristo Rei Auditório Jaracati Medical Center IHGM (transferida 22/12) IHGM (transferida 22/12) Aniversário do IHGM SEMINÁRIO 400 ANOS Praça Maria Aragão Lançamento de Livros de Sócios Estande do IHGM FEIRA DO LIVRO – INSTALAÇÃO IHGM Transferida para 20/01/2012 CRM IHGM


SUMÁRIO PLANO EDITORIAL DO IHGM Diretoria – Gestão 2010 – 2012 PLANO DE TRABALHO CALENDÁRIO DE REUNIÕES - 2011 SUMÁRIO

UMA BREVE AVALIAÇÃO DE 18 MESES DE GESTÃO DA DIRETORIA DO IHGM TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO CALENDÁRIO DE EVENTOS PARA 2012 AGENDAMENTO DO CICLO DE PALESTRAS PARA 2012 APRESENTAÇÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SÓCIOS EFETIVOS – PERFIL LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (Org.) ANIVERSÁRIO DO IHGM – 86 ANOS DILERCY ARAGÃO ADLER QUANTOS ANOS, MESMO, DO IHGM? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ VIAGEM A CAXIAS Relatório de DILERCY ARAGÃO ADLER IHGC COMEMORA SEUS OITO ANOS DE FUNDAÇÃO COM GRANDE FESTIVIDADE

4 5 6 6 7 10 14 15 16 18 79 81 85 86

POSSES

DISCURSO DE ÁLVARO URUBATAN EM RECEPÇÃO AO NOVO SÓCIO ANTONIO NOBERTO ÁLVARO URUBATAN MELO DISCURSO DE POSSE DO ESCRITOR ANTONIO NOBERTO NA CADEIRA DE Nº 43 DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, PATRONEADA POR TASSO FRAGOSO ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA APRESENTANDO ANTONIO NOBERTO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ APRESENTAÇÃO DE MÁRCIO AUGUSTO VASCONCELOS COUTINHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 48, PATRONEADA POR FRANCISCO SOTERO DOS REIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DISCURSO DE POSSE DE MÁRCIO AUGUSTO VASCONCELOS COUTINHO NA CADEIRA 48, PATRONEADA POR FRANCISCO SOTERO DOS REIS - ELOGIO MÁRCIO AUGUSTO VASCONCELOS COUTINHO DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DA SRA. JOANA MARIA BITTENCOURT NA CADEIRA Nº 56, PATRONEADA POR JERÔNIMO DE VIVEIROS; E DA POSSE DO SR. ROQUE PIRES MACATRÃO, NA CADEIRA 38, PATRONEADA POR ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS ÁLVARO URUBATAN MELO DISCURSO DE POSSE - CADEIRA Nº 56, PATRONEADA POR JERÔNIMO DE VIVEIROS JOANA MARIA BITTENCOURT

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DISCURSO DE POSSE - CADEIRA 38, PATRONEADA POR ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS ROQUE PIRES MACATRÃO APRESENTAÇÃO DA PROFA. DRA. CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS PARA OCUPAR A CADEIRA DE N. 28 PATRONEADA POR RAIMUNDO NINA RODRIGUES TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO DISCURSO DE POSSE DA DRA. CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS - CADEIRA DE N. 28 PATRONEADA POR RAIMUNDO NINA RODRIGUES ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL: RETROSPECTIVA HISTÓRICA CÉLIO GITAHY VAZ SARDINHA NOTÍCIA HISTÓRICA SOBRE O RIO MEARIM JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES O MOVIMENTO CULTURAL DE 1920 AYMORÉ DE CASTRO ALVIM QUADRICENTENÁRIO DE SÃO LUÍS - FUNDAÇÃO FRANCESA E OPORTUNIDADES ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LUÍS JOSÉ MOREIRA O PLANO DE MARKETING DE SÃO LUÍS PODERÁ SE TORNAR UM MICO ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA DOENÇAS CRÔNICAS. O DESAFIO DESTE SÉCULO JOSÉ MÁRCIO SOARES LEITE O MARANHÃO FRANCÊS SEMPRE FOI FORTE E LÍDER ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA EVENTOS NO IHGM OSVALDO PEREIRA ROCHA

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CRISOL - III ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS: CULTURA & SUBJETIVIDADES:

CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIOCULTURAIS: Mesa Redonda I – Debatedor: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ BOX - “TRIBUTO AO MESTRE SAPO” LAÉRCIO ELIAS PEREIRA RESPONSABILIDADE COM A EDUCAÇÃO OSVALDO PEREIRA ROCHA POSFÁCIO ao livro “DILERCY ADLER: A TECELÃ DE EROS NOS TRÓPICOS MARANHENSES”, de CAMILA MARIA SILVA NASCIMENTO DILERCY ARAGÃO ADLER PORQUE FUNDAR UM INSTITUTO HISTÓRICO NO OESTE PARAENSE? PADRE SIDNEY CANTO FESTA DO REMEDINHO - SÃO BENTO ÁLVARO URUBATAN MELO PROFESSORA ROSA CASTRO ÁLVARO URUBATAN MELO A SAGA DE UMA GUERREIRA AYMORÉ DE CASTRO ALVIM

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LER E PRODUZIR OBRAS LITERÁRIAS: prazeres vitais para o mundo humano DILERCY ARAGÃO ADLER UM ANO SEM O REI(S) DA MARANHENSIDADE ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA SÃO LUÍS QUATROCENTONA OSVALDO PEREIRA ROCHA FEIRA DO LIVRO – IHGM/FALMA ÁLVARO URUBATAN MELO EM BUSCA DO PADRE ANTÔNIO VIEIRA JOAQUIM NAGIB HAICKEL O NAUFRÁGIO DO POETA GONÇALVES DIAS - Barreirinhas ou Guimarães? ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA CICLO DE ESTUDOS E DEBATES / SEMINÁRIO 2 “A CIDADE DO MARANHÃO: UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS” – DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DELZUITE DANTAS BRITO VAZ DISCURSO DE ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO – SEMINÁRIO 2 DOS 400 ANOS DE FUNDAÇÃO DA CIDADE DO MARANHAO TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO A INDEPENDENCIA DO MARANHÃO: HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA MARCELO CHECHE GALVES “ESTRANGEIROS” FAZEM FORTUNA NO MARANHÃO POMBALINO ANTONIA DA SILVA MOTA IMPERATRIZ NA FORMAÇÃO DO MARANHÃO ADALBERTO FRANKLIN LUZES DA MODERNIDADE: Aspectos da história da Iluminação pública e privada de São Luís e Alcântara DANIEL RINCON CAIRES ALCANCES INTERPRETATIVOS DE UMA SOCIOLOGIA DAS COMEMORAÇÕES HISTÓRICAS: o caso do IV Centenário de São Luís/MA. ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA O CONSELHO PRESIDIAL E A DINÂMICA POLÍTICA PROVINCIAL 1825-1827 RAISSA GABRIELLE VIEIRA CIRINO CIDADANIA E REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA DO CIDADÃO MARANHENSE NO INÍCIO DO SÉCULO XIX ANA LÍVIA AGUIAR DE SENA

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UMA BREVE AVALIAÇÃO DE 18 MESES DE GESTÃO DA DIRETORIA DO IHGM Quando aos vinte e cinco dias do mês de agosto de 2010 fomos eleitos para gerir os rumos do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, percebemos quão complexa e árdua seria a nossa tarefa no sentido de dar contas de uma instituição quase centenária em nosso estado e ao mesmo tempo sermos fieis ao compromisso assumido de zelar pela guarda, zelo e produção do conhecimento histórico, geográfico e de demais áreas do saber humano. Assim, imediatamente resolvemos produzir um guião de ações que nos servisse de bússola para os próximos dois anos, tempo regimentalmente constituído para a permanência de qualquer diretoria eleita por seus pares nesse sodalício. Tal foi nossa preocupação que já na primeira assembleia de homologação da eleição vitoriosa apresentamos nosso plano de trabalho, sob a invocação do nosso patrono: PADRE ANTONIO VIEIRA importante religioso, orador e escritor português do século XVII que atuou, no Brasil, como missionário da Companhia de Jesus, sendo considerado um dos principais escritores e oradores sacros do barroco brasileiro. Dessa forma elegems dez pontos a serem trabalhados nos anos que nos destinam essa diretoria, a seguir: 1. REVER A SITUAÇÃO DO QUADRO SOCIETÁRIO, APLICANDO AS RECOMENDAÇÕES DA COMISSÃO FORMADA AINDA NA ADMINISTRAÇÃO ANTERIOR; AÇÕES DESENVOLVIDAS: Tratamos de analisar caso a caso as situações apresentadas pela referida comissão que tinha como destaque o não cumprimento das obrigações pertinentes ao vinculo societario dos referidos socios efetivos com pendencias, falta de pagamento ou frequencia as assembleias por mais de um ano conforme determinação estatutaria, seja por indicações aprovadas e não efetivadas no praso de seis meses. A seguir expedimos correspondencia a cada um dos implicados via correios na modaldade AR, e em aguardo do prazo determinado levamos a assembleia os resultados para deliberações necessarias. Dessa forma desafogamos algumas cadeiras que estavam comprometidas há bastante tempo e imediatamente as disponibilizamos para indicação de novos pretendentes a socios efetivos. 2. INCENTIVAR OS SOCIOS AO RETORNO DAS ATIVIDADES INERENTES AO IHGM, ESPECIALMENTE A PRODUÇÃO DE ESTUDOS ACADEMICOS NAS AREAS DA HISTORIA, GEOGRAFIA E AREAS AFINS AÇÕES DESENVOLVIDAS:


Para atendimento a essa pauta utilizamos as assembleias gerais para sensibilizar aos nossos confrades e confreiras no sentido de trazer a tona seus escritos antigos ou produções novas para serem apresentadas no âmbito das assembleias especificamente no final das mesmas quando daríamos um tempo para exposição dos trabalhos, a ideia foi bem aceita e no decorrer desse tempo algumas modificações foram agregadas, e atualmente trabalha-se com a perspectiva de termos apresentações deslocada da assembleia para um dia especifico e em local a combinar levando em consideração outros pontos da gestão notadamente a visibilidade do IHGM junto a sociedade civil, deve-se destacar aqui que faltam espaços para apresentações no ano em curso. 3. DAR MAIS VISIBILIDADE AS AÇÕES DO IHGM JUNTO AOS PRÓPRIOS SÓCIOS, A SOCIEDADE CIVIL, A MÍDIA E AOS OUTROS ENTES ACADÊMICOS; AÇÕES DESENVOLVIDAS: Para a execução deste ponto de pauta tratamos de produzir todo um conjunto de materiais informativos como folder institucional, cartazes e banners que informasse a sociedade em geral o que é o IHGM, quem somos nós, quais os nossos objetivos, característica de nosso acervo, como estamos organizados, o que é necessário para integrar o quadro societário, além da relação de nossos patronos. Utilizamos como mote para divulgação a data do aniversario de 85 anos do instituto, evento que foi organizado com muito zelo para comemorarmos nossa contribuição para a historia e a cultura maranhense, para tanto buscamos parcerias e fizemos uma festa digna deste sodalício. 4. ELABORAR O REGIMENTO INTERNO; AÇÕES DESENVOLVIDAS: Este item foi iniciado com a criação através de Ordem de Serviço para uma Comissão formada por três membros do IHGM, a fim de tratarem de analisar outros documentos regimentais e produzirem um esboço de regimento a ser levado a assembleia geral para conhecimento, analise e adequação se necessário a nossa realidade e por fim aprovação, os prazos dados não foram atendidos o que levou a diretoria reunida recentemente a dissolução dessa comissão e a posterior criação de outra comissão que terá a incumbência de em prazo a ser determinado dar conta de levar adiante tal tarefa que de forma ideal deverá estar pronta até o final desta gestão. 5. COMPLETAR O QUADRO DE SÓCIOS; AÇÕES DESENVOLVIDAS: Desde o inicio de nossa gestão temos procurado dar visibilidade e destacar a importância social e cultural do IHGM, através de contatos com escolas, associações congêneres, academias, mídias impressa, televisiva e similar no sentido expandir nossas atividades, divulgando nossas ações através da nossa revista e abrindo espaços para a aquisição de novos sócios sejam eftivos, honorários ou correspondentes, assim de um quadro inicial em torno de 60% das cadeiras, chegamos a 90% hoje e até o final desse mandato fecharemos o total de sessenta sócios ocupantes das 60 cadeiras que compões o


nosso quadro societário. Este é um dos pontos mais importante dessa gestão, que salvo engano nunca antes havia sido alcançado. 6. BUSCAR SOLUÇÕES PARA ACESSIBILIDADE AS INSTALAÇÕES DO IHGM; AÇÕES DESENVOLVIDAS: Desde o inicio desta gestão trabalhamos no sentido de sensibilizar as autoridades constituídas do estado e do município no sentido de criar espaço de acessibilidade para nossos sócios que na forma da lei de proteção ao idoso tem preferencia de acessibilidade em qualquer que seja o espaço publico ou privado (§ 1º O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais); para tanto enviamos diversas correspondências ao prefeito municipal e a governadora do estado no sentido de sermos atendidos no que tange a liberação dessa via de pedestre que dá acesso ao IHGM, por parte da prefeitura de São Luís recebemos a visita de um engenheiro de vias publicas que confirmou nossa solicitação, fotografou os espaços e nos prometeu retorno, até agora esperado, enquanto que por parte do governo do estado não obtivemos resposta até este momento. Estes fatos não arrefecem nossos objetivos, continuaremos reivindicando estes espaços para garantir a acessibilidade de nossos sócios, em sua maioria com mais de 60 anos de idade 7. ORGANIZAR A BIBLIOTECA AÇÕES DESENVOLVIDAS: No que tange a organização de nosso acervo, temos um convenio até 2013 com a UFMA que nos habilita cmo campo de estagio dos cursos de graduação daquela instituição, assim jé temos contats para viabilizar a presença de dois estagiários de biblioteconomia para trabalharem na organização do nosso acervo no próximo ano letivo, este item só se concretizará na medida em que no próximo ano teremos recursos advindos na nossa joia mensal que possibilitará o pagamento da bolsa de estagiário no valor mínimo de 300,00 mais auxilio transporte. 8. BUSCAR OUTRAS FONTES DE RECURSOS FINANCEIROS PARA SUSTENTAÇÃO DO IHGM AÇÕES DESENVOLVIDAS: Nesse item temos algumas ações que contaram com a disponibilidade do nosso vicepresidente e de um dos nossos confrades, que estão trabalhando no sentido de carrear para o IHGM recursos institucionais oriundos de emendas parlamentares e leis de incentivo a cultura que certamente serão bem vindos para financiar a publicação impressa de nossa revista e outros eventos institucionais. 9. BUSCAR MEIOS PARA PUBLICAÇÃO, EM PAPEL, DA REVISTA DO IHGM


AÇÕES DESENVOLVIDAS: A publicação das revistas já publicadas nesta gestão na versão online está garantida pela emenda parlamentar dada ao IHGM pelo ex-deputado estadual Joaquim Haickel. 10. CRIAR COMISSÕES PARA AS COMEMORAÇÕES DOS 400 ANOS DE SÃO LUÍS EM 2012. AÇÕES DESENVOLVIDAS: Este ítem está em desenvolvimento desde 25 de julho p/p quando demos inicio ao ciclo de seminários e debates sobre os 400 anos do Maranhão em parceria com instituições de ensino superior, sindicatos, instituições privadas e oficiais, no sentido de contribuir para a reflexão destes 400 anos de nosso estado e cidade.

São Luís, 16 de dezembro de 2011 TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO PRESIDENTE 2010-2012


CALENDÁRIO DE EVENTOS PARA 2012 Reuniões de Diretoria – Hora: início 16:30 horas 2. Ciclo de Palestras – 19:00 horas 3. Assembléia Geral Ordinária - Hora: início 16:30horas 1.

MÊS JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO

ABRIL

MAIO

JUNHO

JULHO

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

DIA ? 11 18 25 08 22 29 14 21 28 11

Posse de Ronald Reunião de Diretoria CICLO DE PALESTRAS ASSEMBLÉIA GERAL Reunião de Diretoria CICLO DE PALESTRAS ASSEMBLÉIA GERAL Reunião de Diretoria CICLO DE PALESTRAS ASSEMBLÉIA GERAL Reunião de Diretoria

12 a 14 25 09 23 30 13 20

ENCONTRO NACIONAL MAÇÔNICA SEMINÁRIO 400 ANOS Reunião de Diretoria CICLO DE PALESTRAS ASSEMBLÉIA GERAL Reunião de Diretoria CICLO DE PALESTRAS

27

ASSEMBLÉIA GERAL

11 18

Reunião de Diretoria CICLO DE PALESTRAS

(27?) 28 08 06 a 13 29 05 12 19 26 10 24 31 07 07 a 10

DA

OBSERVAÇÕES ? (transferida) Marta Rufino

Antonio Rufino Filho Revista 40

CULTURA

ASSEMBLÉIA GERAL

Osvaldo Rocha e Francisco Batalha

Aymoré Alvim Edital Eleições

Revista 41 Homologação das Chapas Eleição de Diretoria Washington Cantanhede SÁBADO Data Magna Posse nova Diretoria

Reunião de Diretoria MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS SEMINÁRIO 400 ANOS SEMINÁRIO 400 ANOS SEMINÁRIO 400 ANOS Reunião de Diretoria ASSEMBLÉIA GERAL Reunião de Diretoria CICLO DE PALESTRAS ASSEMBLÉIA GERAL Reunião de Diretoria 17º CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA MEDICINA

20

ASSEMBLÉIA GERAL

28

CICLO DE PALESTRAS

03

ASSEMBLÉIA GERAL

12 20

Reunião de Diretoria CICLO DE PALESTRAS

Dilercy Adler/ (Comissão IHGM)

Álvaro

Mello

Revista 42 Washington Cantanhede

Participação de dois sócios em mesa redonda TERÇA-FEIRA Aniversário do IHGM Elisabeth Rodrigues SEGUNDA-FEIRA – Aniversário do IHGM Confraternização Natalina Revista 43


INSTITUO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO CALENDÁRIO 2012 CICLO DE ESTUDOS E DEBATES

JANEIRO 18 FEVEREIRO 22 MARÇO 21 MAIO 23 JUNHO 20 JULHO 18 OUTUBRO 24

NOVEMBRO 28 DEZEMBRO 20

CICLO DE ESTUDOS E DEBATES Expositor: MARTA RUFINO Tema/Título: IHGM Expositor: Tema/Título Expositor: ANTONIO RUFINO FILHO Tema/Título: Expositor: AYMORÉ DE CASTRO ALVIM Tema/Título 400 ANOS DE MEDICINA NO MARANHÃO Expositor: Tema/Título Expositor: WASHINGTON CANTANHEDE Tema/Título: A Freguesia de Nossa Senhora de Nazaré como matriz do povoamento da Ribeira do Mearim Expositor: WASHINGTON CANTANHEDE Tema/Título: A contribuição do Programa Memória do Ministério Público do Maranhão para a historiografia Expositor: ELISABETH RODRIGUES Tema/Título Expositor: Tema/Título

SEMINÁRIO: A CIDADE DO MARANHÃO – UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS

PALÁCIO CRISTO REI – PRAÇA GONÇALVES DIAS SEMINÁRIO 3 – 25/ABRIL - MARANHÃO REPUBLICANO SEMINÁRIO 4 – 29/AGOSTO – SÃO LUÍS FOI FUNDADA POR FRANCESES SEMINÁRIO 5 - 05/SETEMBRO – SÃO LUÍS NÃO FOI FUNDADA POR FRANCESES SEMINÁRIO 6 – 12/SETEMBRO – SÃO LUÍS FOI FUNDADA POR QUEM? CONCLUSÕES POSSÍVEIS

ABRIL 12 a 14 AGOSTO 6 a 13 NOVEMBRO 7 A 10

PARCERIAS ENCONTRO NACIONAL DA CULTURA MAÇÔNICA Osvaldo Rocha/Francisco Batalha (Comissão IHGM) MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS Dilercy Adler/Álvaro Mello (Comissão IHGM) 17º CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA MEDICINA Aymoré Alvim; José Márcio Leite; Natalino Salgado; Salomão Rocha (Comissão IHGM)


APRESENTAÇÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Cadeira 40 A pergunta que se faz: onde começa a História do Maranhão? A resposta está no próprio pesquisador e varia conforme a época, a filiação intelectual e as preferências pessoais (WEHLING e WEHLING, 1994) 2; essa pergunta vem recebendo diferentes respostas de escritores, historiadores ou não, que a formulam. Referem-se, esses autores, a indicativos geográficos (século XIX), aos primitivos habitantes, para finalmente chegar aos Descobrimentos, em especial os portugueses (segunda visão). Uma terceira visão superpõe a história do Brasil à de Portugal; atualmente há uma tendência majoritária de situar o Descobrimento do Brasil no vasto processo da expansão européia. Daí a outra pergunta: qual o estatuto das fontes escritas na pesquisa histórica? Um bom ponto de partida para abordar o tema é reconhecer a diferença entre fontes e documentos (LARA, 2008) 3; Para essa autora, é preciso selecionar alguns deles e transformá-los em fontes de informação histórica, pois o historiador tem à sua disposição um número limitado de textos e, para fazer história, precisa inventar suas fontes, pois ele não produz os documentos que utiliza, e jamais pode simplesmente recorrer a todos os textos escritos no passado. Precisa interrogar os textos de tal modo que sejam capazes de fornecer informações sobre as ações humanas no passado. Jamali (20084, citado por BARRETO, 2011) 5, verificou o comportamento do cientista quando procura informação6. Encontrou que pesquisadores e estudiosos obtêm e acessam as fontes para seus estudos e pesquisas na leitura de artigos de periódicos, provavelmente a fonte mais importante da informação. Um número apreciável de cientistas acredita que a informação que não está disponível online não vale o esforço de obter, por provável falta de qualidade, confiabilidade e obsoletismo. Esta indicação mostra uma evidente mudança na percepção que os usuários de ciência e tecnologia têm do valor das fontes de informação digital online e sua facilidade de acesso. Esta tendência indica, ainda, a expectativa elevada dos cientistas em alcançarem toda a informação que necessitam no formato digital e online, o que vem a exercer pressão sobre editores, especialistas da informação e administradores para formação de estoques de informação na web. Tais registros geralmente chamados de documentos por arquivistas e historiadores, constituem o universo no qual os historiadores escolhem suas fontes de informação; assim, o processo de transformação dos textos em fontes depende do que os historiadores querem saber sobre o passado: Quando queremos saber coisas que não estão explicitamente registradas por eles, ou que não estão ligadas às motivações que deram origem aos escritos, temos que recorrer a estratégias para obter informações – inventar modos e meios de retirar dados e obter respostas para nossas perguntas – e, portanto, inventar fontes. (LARA, 2008, p. 19). 2 WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. de. FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL. Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 1994. 3 LARA, Silvia Hunold. Os documentos textuais e as fontes do conhecimento histórico. In Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 28, p.1739, dez, 2008. 4 JAMALI, Hamid R. What is not available online is not worth reading? Department of Library and Information Studies, Faculty of Psychology and Education IN http://www.webology.ir/2008/v5n4/a63.html 5 Aldobarreto's Blog, disponível em http://aldobarreto.wordpress.com/. 6 Mesmo objeto de estudo que desenvolvi quando de meu Mestrado em Ciência da Informação, obtido na Universidade Federal de Minas Gerais em 1992/93: “A produção do conhecimento nos Centros Federais de Educação Tecnológica” em que analiso as características dos professores dos CEFET como usuários, produtores e disseminadores de informação.


Encerramos, com esta edição, o ano de 2011; foi um ano atípico, para o IHGM – e usando uma palavra tão em moda na moderna historiografia, um ano singular... Tivemos novos sócios assumindo cadeiras de há muito vagas; tivemos a participação na Feira do Livro de São Luís, com o (re)lançamento de inúmeros livros de nossos associados; uma produção de crônicas e estudos enorme, a sua maioria aparecendo na mídia escrita local, e aqui replicadas... Contamos com a colaboração, na feitura deste número, dos sócios: Álvaro Urubatan Melo; Antonio Noberto; Aymoré Alvim; Célio Gitahy Vaz Sardinha; Dilercy Aragão Adler; Joaquim Haickel, José Fernandes; José Márcio Soares Leite; Leopoldo Gil Dulcio Vaz; Osvaldo Pereira Rocha, Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo... Aproveitamos algumas publicações que possam alimentar as discussões sobre a fundação de São Luís e sua(s) histórias(s) - usando uma linguagem de blogueiro, aqui replicadas - José Moreira; Laércio Elias Pereira; Padre Sidney Canto; Delzuite Dantas Brito Vaz... Lançamos o “Projeto Gonçalves Dias”, proposta de nossa Confreira Dilercy Adler, onde se pretende reunir “Mil Poemas para Gonçalves Dias”, homenagem a nosso Poeta maior, reunindo, como o título da Antologia, mil poemas sobre sua vida e obra; paralelamente, estudos com a mesma temática, por acadêmicos que tenham Gonçalves Dias como Patrono, de nossos diversos Institutos de História e Geografia e Academias de Letras, Pesquisadores, Estudantes... As apresentações dos trabalhos se darão em São Luis e Caxias. Aproveitamos para atualizar o Quadro de Sócios. A idéia é manter uma página para cada, com o seu perfil. Partimos de “Patronos & Ocupantes de Cadeira”, de Eneida Vieira da Silva Ostria de Cañedo, Joseth Coutinho de Freitas, João Mendonça Cordeiro e Maria Esterlina Melo Pereira. Os erros e omissões são de minha responsabilidade... Conseguimos realizar os dois eventos programados abordando a Fundação, ops,

a Formação do Maranhão. Naturalmente que a escolha do título - tema principal do evento suscitou inúmeros debates principalmente no âmbito do IHGM: ‘A Cidade do Maranhão – uma História de 400 anos’. Salutar essas colocações. Vencida a tese, chamou atenção extramuros, com pessoas se colocando a favor e contra a temática escolhida. Na verdade, alguns trabalhos foram apresentados contemplando os períodos em que foi dividida essa História: da conquista da terra ao Império brasileiro, abrangendo os 1400 até 1800; o segundo período se refere ao Brasil/Maranhão imperial – da chegada da família imperial à República. Para o ano que vem, encerramos essa fase, com o estudo do Maranhão republicado, iniciando a seguir os questionamentos sobre se São Luís foi ou não fundada por franceses? Conclusões possíveis... Este número ainda aparece em seu formato digital. Esperamos em 2012 aperfeiçoar o mecanismo, talvez novo formato e obtenção de indexação. Continuamos aguardando a liberação da Emenda Joaquim, que possibilitaria a publicação no formato tradicional de nossa Revista. Continuamos aguardando... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Editor da presente Edição


SÓCIOS EFETIVOS DO IHGM

PERFIL

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (organizador)


CADEIRA 01 PATRONO CLAUDE D’ABBVILLE - Padre Capuchinho Nasceu em Abbeville, França na segunda metade do século XV. Recebeu o nome de Firminno Foullon, era de família muito religiosa, tendo também dois irmãos seus, Marçal e Cláudia, seguido a vida religiosa em conventos distintos. Veio ao Maranhão, integrando a expedição de La Ravardière, em 1612, e por aqui ficou apenas quatro meses que, no entanto, renderam-lhe o equivalente a pródigos anos, e o fizeram interpretar, com uma argúcia singular, os primórdios da Geografia e Etnografia do Maranhão, através da sua obra, História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças, lançada em Paris em 1614 e traduzida no Brasil por Dr. Cezar Augusto Marques em 1874. A narrativa de D’Abbeville inclui diálogos entre os personagens tanto em discurso direto quanto indireto. Abrange não só os episódios mais significativos da permanência dos franceses no Maranhão, a exemplo da edificação da cidade de São Luís, como também das interfaces do cotidiano dos índios. Segundo registros, ao chegar à Ilha de Maranhão o Pe. D’Abbeville tinha por volta de 40 anos, tendo sido ordenado em 1593. Portanto, dezenove anos antes, o que indica vasta experiência sacerdotal à época. Faleceu na cidade de Ruão, em 1621. OCUPANTES 1 - José Maria Lemercier – Cônego – Nasceu em Arles/França a 17/06/1877. Empossado em 15.10.1946. Rcebeu a sua primeira tonsura em 2906/1900, as ordens menores em 24/06/1901, o subdiaconado, em 29/061902, o diaconado, em 20/12/1902 e o presbiterado em 29/06/1903. Em fevereiro de 1908, veio para o Brasil, diretamente para São Luís, integrando o Clero da Diocese do Maranhão, designado secretário Particular do Exmo. Sr. D. Francisco de Paula e Silva. Vítima de arteriosclerose, faleceu no Seminário Santo Antônio, em de 9 de dezembro de 1948. 2 - Jerônimo José de Viveiros – Professor - Patrono da Cadeira 56 3 - Ladislau Papp –Monsenhor - Nasceu em Gyula/Hungria a 16/11/1916; chegou ao Brasil em 1936. D. Carlos Carmelo ordenou durante o seu episcopado 13 sacerdotes, entre eles Pe. Ladislau Papp, a 08 de dezembro de 1939. Além do ministério eclesiástico, Monsenhor Papp exerceu outras atividades, entre elas foi professor da Universidade Federal do Maranhão-UFMA. Faleceu em São Luís, em 19 de abril de 1989.

DILERCY ARAGÃO ADLER – Psicóloga e Professora-Doutora em Ciências Pedagógicas. Posse em 2007 1ª. Tesoureira, gestão 2010-2012 Av. Litorânea n 09 Ed. Roma Garden – Apt. 301 – Calhau Cep: Telefones: (98) 3246 – 2018 Cel 9113 – 1560 # 8161 – 2361 ou # 8826 - 5798 E.mail: dilercy@hotmail.com

Nasceu em 07 de julho de 1950, em São Vicente Férrer/MA. Professora Normalista em 1968, professora primária da Rede Pública de Brasília. Em 1972 graduou-se em Bacharel e Licenciada em Psicologia no CEUB e, em 1973, obteve o grau de Psicóloga. Curso de Especialização em Metodologia da Pesquisa em Psicologia- Universidade Federal do Maranhão-UFMA, São Luís/MA,1981; Curso de Especialização em Metodologia da Pesquisa em Psicologia- Universidade Federal do Maranhão-UFMA, São Luís/MA,1981; Curso de Especialização em Sociologia- Universidade Federal do Maranhão-UFMA, São Luís/MA,1982-1984; Curso de Mestrado em Educação-Universidade Federal do Maranhão-UFMA, São Luís-MA,1988-1990; Curso de Doutorado em Ciências Pedagógicas do Instituto Central de Ciências Pedagógicas-ICCP/Cuba - Havana-Cuba/ 2000 a 2005, revalidado no Brasil pela Universidade de Brasilia-UNB, Brasilia- DF/ Setembro 2006.Na Universidade Federal do Maranhão trabalhou durante dezesseis anos (1980-1996) data de sua aposentadoria. Foi professora dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação e desenvolveu atividades de pesquisa na Graduação do Centro de Ensino Unificado do Maranhão – UniCEUMA. Presidente fundadora da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão_SCL-MA; Senadora da Cultura do Congresso da SCL do Brasil. Titular da cadeira nº 13, patronímica de Henrique Coelho Neto do Quadro II, de Membros Correspondentes da Academia Irajaense de Letras e Artes-AILA, Rio de Janeiro; Membro Correspondente da Academia de Letras Flor do Vale Ipaussu/São Paulo; Diretora Estadual da Federação Brasileira de Alternativos Culturais; membro das Entidades que seguem: Comissione di lettura Internazionale da Edizioni Universum, Trento/Itália; International Writers And Artists Association-OHIO/EUA; Casa do Poeta do Rio de Janeiro; Associação Profissional de Poetas e Escritores do Rio de Janeiro - APPERJ; Associação dos Escritores do Amazonas - ASSEAM; Coordenadora Estadual no Maranhão do Proyecto Sur – Cuba; Correspondenterepresentante, em São Luís/MA do LITERARTE- São Paulo e Representante da Abrace no Estado do Maranhão e Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores Regional Maranhão - SOBRAMESMA. Corresponsal Intennacional de la Sociedad Argentina de Letras, Artes y Ciencias- SALAC NACIONAL- Córdoba/Argentina


CADEIRA 02 - PATRONO YVES D’EVREUX - Padre Capuchinho Nasceu em 1577, em Normanville, perto de Evreux na Normandia; chamava-se Simon Michelet. Religioso e entomólogo francês, participou da Comissão Francesa que veio estabelecer a França Equinocial. Faleceu em 1632. Sua obra foi Voyage dans le nord du Brésil (1615) - Viagem no norte do Brasil. OCUPANTES 1 Raimundo Lopes da Cunha - Patrono da Cadeira 27 2 Thomas Moses – Missionário protestante, nasceu em 15/07/1902 em Coatbrigd/Escócia. Faleceu em São Luis na década de 1970 3 Joaquim Vieira da Luz – funcionário público; nasceu em 17/12/1893, na fazenda São Pedro, São José dos Matões. Faleceu no Rio de Janeiro a 02/01/1985 OCUPANTE ATUAL

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JOSEMAR BEZERRA RAPOSO Posse em Rua Cel. Eurípides Bezerra nº 333 – Turú - Cep: 650.66-260 Telefone: 3082-3200 # Cel. 8136-2707 E-mail: ldnmajr@gmail.com


CADEIRA 03 PATRONO DIOGO DE CAMPOS MORENO – Militar Nasceu em Tanger, em 1566, servindo no Brasil nos cargos de Capitão e Sargento-Mor. Comandou com Jerônimo de Albuquerque as operações contra os Franceses, em 1614, no Maranhão. Escreveu “Jornada Milagrosa – plano de expulsão dos Frances do Maranhão – 1615”; é-lhe atribuída a autoria de “Razão do Estado do Brasil no Governo do Norte 1612/1613”. Faleceu em Portugal, em 1616 OCUPANTES 1 Benedito Barros e Vasconcelos – Desembargador – nasceu em 31/07/1880 (ou 79) em São Luís. Integrou o grupo de fundadores do IHGM. Faleceu no Rio de Janeiro, em 10 de maio de 1955; 2 Robson Campos Martins – Professor e Farmacêutico - nasceu em Axixá a 04 de abril de 1911; faleceu em São Luís a 24/11/1980 OCUPANTE ATUAL

RAIMUNDO CARDOSO NOGUEIRA – Posse em Ed. Enseada – Ponta D’Areia Aptº 602 - Cep:65175650 Telefone: / 81343031 E.mail: nogueiraocita@hotmail.com


CADEIRA 04 PATRONO SIMÃO ESTÁCIO DA SILVEIRA – Capitão de navio; Procurador das coisas do Maranhão Nasceu em Portugal. É autor da “Relação sumária das coisas do Maranhão” OCUPANTES 1 Raimundo Clarindo Santiago – Médico - nasceu em São Luís em 12/08/1893; Faleceu nas águas do Tocantins em novembro de 1941. 2 Alfredo Bena – Agrônomo – nasceu em Turim/Itália a 20/05/1886; faleceu em São Luís em 11/05/1950 3 Clodoaldo Cardoso – Advogado – nasceu em Barra do Corda em 07/08/1894; faleceu em 05/03/1971

CARLOS ALBERTO SANTOS RAMOS – Oficial de Marinha – Posse em 30 de abril de 2008 Rua dos Narcisos, Qd – 11 casa 13 – Renascença II - Cep: 65065-600 Telefones: 3227 – 2877 Cel: 9621 – 9314 E.mail: ramos@cpma.mar.mil.br Nasceu em São Luís em 28 de setembro de 1946. Ingressou na Escola Técnica Federal do Maranhão onde cursou o antigo 1º grau, seguindo para o Colégio Naval - RJ concluiu o 2º grau, matriculou-se na Escola Naval - RJ, bacharelando-se em Ciências Navais. Especializou-se em Engenharia Mecânica e pós-graduou-se na Escola de Guerra Naval, também no Rio de Janeiro. No ano de 1970 recebeu a espada tornando-se guarda-marinha, passou a oficial sendo nomeado 2º Tenente da Armada Nacional. Imediato de Navios Transporte Fluvial, Encarregado de Navegação de Navio Tanque, Chefe de Divisão de Manutenção de Navio, Aeródromo, Encarregado do Departamento de Máquinas de Navio Hidrográfico, Chefe de Máquinas de Navio Contratorpedeiro, Encarregado de Departamento de Administração, Encarregado do Setor de Ensino, Comandante de Navio Tanque, Imediato de Navio Hidrográfico, trabalhou nos navios da flotilha de Mato Grosso do Sul, em defesa do Pantanal e fiscalização do rio Paraguai e mais, serviu em Brasília, na esquadra do Rio Janeiro, até que retornou ao seu estado natal, em julho de 1992, como Capitão-de-Fragata para exercer a função de Imediato da Capitania dos Portos e, agosto de 1993, Capitão dos Portos do Maranhão. O Comandante Ramos é grande incentivador do Museu Marítimo da SOAMAR, inclusive o IHGN uma das Instituições signatárias do Protocolo de Intenções, quando da sua criação em 13 de dezembro de 1994. Passando à Reserva da Marinha continuou ligado ao mar, tornou-se um dos fundadores da associação dos Aquaviário do Maranhão – AQUAMAR, hoje seu Diretor-Presidente, e do Instituto do Desenvolvimento do Poder Marítimo do Maranhão – IDEPOM, onde é Presidente. Digna de louvor a Biblioteca Marítima e Portuária “Coelho Neto”, que relevantes serviços vem prestando à sociedade. Ex-Diretor Cultural da SOAMARMA E Diretor do Museu Marítimo da Sociedade Amigos da Marinha – Maranhão, a querida SOAMAR de todos nós. Recentemente, fez o curso Inspetores e Historiadores Navais, que aborda a situação operacional dos navios mercantes (verificar se o navio está apto para viajar) e ao seu termino retornou a São Luís, assumindo a função de inspecionar os navios mercantes do Porto do Itaqui, cumprindo a proposta da Marinha de “prevenir que o navio se faça ao mar sem segurança ou constitua um perigo de dano ao meio ambiente aquático”. Escreveu oito livros com a temática Mar...Maranhão.


CADEIRA 05 PATRONO LUÍS FIGUEIRA – Padre Companheiro de viagem do Pe. Francisco Pinto, quando de suas vindas ao Maranhão para a catequese. Consegue chegar ao Maranhão em 1622, para instituir a Missão Jesuítica no Maranhão, fixando-se em Vinhais (Aldeia da Doutrina) OCUPANTES José Ferreira Gomes – Padre e Jornalista – fundador do IHGM, Professor do Seminário Episcopal Santo Antonio em São Luís e Diretor da Escola de Radiotelegrafia do Maranhão, Sacerdote Secular, jornalista e colaborou com jornais e revistas da capital maranhense com trabalhos sobre a literatura e religião. Pertencia à Congregação da Missão, e realizou vários estudos de literatura e religião em jornais e revistas.

RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO – Bacharel em Direito e Bacharel em Ciências Contábeis, Professor Posse em 12 de janeiro de 2011 Rua Júpiter, nº 01 QD- 16 Edif. Bela Vista, Aptº 1103 – Bairro Renascença II – CEP: 65075-045 Telefones: 3227-2837 /8115-6610 E.mail: camposoueu@gmail.com Nasceu em 29 de outubro de 1951, em Olinda dos Castros (hoje Olinda Nova do Maranhão), distrito (na época) do Município de São João Batista, Estado do Maranhão. Cursou o primário na sede do Município de São João Batista, no Grupo Escolar Estado de Santa Catarina, concluindo o Primário em 30 de novembro de 1967. Na Escola Normal Ginasial “José Maria de Araújo”, no ano 1968 iniciou o Curso Ginasial. Cursando em São João apenas a primeira série. Na Escola Técnica Federal do Maranhão onde concluiu o Curso Ginasial em 17 de dezembro de 1971; Ainda da Escola Técnica cursou Técnico em Química, concluído em 30 de dezembro de 1974.Ainda fez Técnico em Contabilidade no Colégio Cardoso Amorim, concluído em 30 de dezembro de 1977 e o Curso de Transações Imobiliárias, na Secretaria de Educação do Estado do Maranhão, concluído em 06 de junho de 1988. Na graduação, cursou Química Industrial, Licenciatura em Química, Ciências Contábeis e Licenciatura em Matemática na Universidade Federal do Maranhão; Licenciatura em Disciplinas Profissionalizantes na Universidade Estadual do Maranhão; Psicanálise Clínica na Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil (Rio) e o Curso de Direito Bacharelado no Centro Universitário do Maranhão - UniCEUMA. Na Pós-Graduação, cursou Especialização em Metodologia do Ensino Superior e Especialização em Auditoria Contábil, na Universidade Federal do Maranhão; Especialização em Direito Tributário e Legislação de Impostos, na Universidade Estácio de Sá (Rio); Doutorado em Ciências Empresariais, na Universidad Del Museo Social Argentino, em Buenos Aires e atualmente é Doutorando em Direito Privado, na Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales, também na Argentina. Atualmente é Avaliador ad-doc do SINAES/INEP/MEC para os cursos de graduação de Ciências Contábeis desde 1996 e Direito desde 2007; membro efetivo do Conselho Curador da Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA, a partir de 24 de novembro de 2010 e Professor Adjunto da Carreira de Magistério Superior da Universidade Federal do Maranhão, concursado e nomeado em 21 de dezembro de 1989, lotado no Departamento de Ciências Contábeis e Administração. Coordenador do Curso de Ciências Imobiliárias; Presidente do Colegiado do Curso de Ciências Imobiliárias; Membro Titular do Conselho do Centro de Ciências Sociais; Membro Titular do Conselho Universitário; Membro Titular do Conselho de Administração; Membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso de Administração. No âmbito profissional iniciou como comerciário, depois foi funcionário da COHAB-MA e a seguir Auditor do Estado do Maranhão, concursado e aposentado em 27 de março de 1998. Professor de Ensino Médio da secretaria de Estado da Educação do Estado do Maranhão, do Colégio Cardoso Amorim; Professor de Aperfeiçoamento do SENAC; Professor Adjunto da Carreira de Magistério Superior da Universidade Federal do Maranhão. Artigos publicados: AUDITORIA DA QUALIDADE (Caderno de Pesquisa da UFMA – Jan/jun/2000); ÉTICA EMPRESARIAL (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358, Primavera 2009); TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS: (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358, Otoño 2009); PROPRIEDADE HORIZONTAL: (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358, Invierno 2010); CELEBRAÇÃO DE CONTRATO DE SEGUROS: uma abordagem no mercosul (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358, Invierno 2010); RESPONSABILIDADE LIMITADA DO EMPRESÁRIO (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358); DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: instrumento de combate à fraude e abuso de direito (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358); e DANO MORAL E O QUANTUM INDENIZATÓRIO (Em editoração na Revista Científica UCES ISSN 1514-9358).


CADEIRA 06 PATRONO

ANTONIO VIEIRA – Padre Jesuíta Lisboa, 06 de fevereiro de 1608 - Bahia, 18 de Julho de 1697. Religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política e Oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).

OCUPANTES 1 Arias de Almeida Cruz – Padre e Jornalista - sócio fundador do IHGM, nasceu em Caxias em 14/11/1893; faleceu em Teresina em 12/01/1970 2 Josué de Sousa Montelo – Escritor – São Luís, 21 de agosto de 1917 — Rio de Janeiro, 15 de março de 2006. Jornalista, professor, teatrólogo e escritor brasileiro. Entre suas obras destacam-se Os tambores de São Luís, de 1965

TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO – Professora Doutora em Ciências Pedagógicas Posse em Presidente do IHGM gestão julho de 2012 a julho de 2014 Rua dos Professores, Qd – 14 nº 10, conj. Cohafuma - Cep:65.078 Telefones: 3246 – 2218 / 3217 – 8332 - Cel: 8148 – 8141 E.mail: bomfarao@hotmail.com

Nasceu em São Luis do Maranhão a 4 de fevereiro de 1949, filha de José Bonifácio dos Santos e Marly Alves dos Santos. Licenciada em História pela UFMA em 1980, especialista em Teoria e Produção do Conhecimento Histórico pela Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná – UNICENTRO - Guarapuava-Paraná em 1995, cumpriu os créditos de Mestrado pela Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro - PUC/RJ em 1995/97; e a seguiringressou no doutorado em Ciências Pedagógicas pelo Instituto Central de Ciências Pedagógicas - ICCPHavana/Cuba 2005 obtendo o título de Doutora em Ciências Pedagógicas revalidado pela Universidade Nacional de Brasília–UNB em 28 de junho de 2007. Doutorado em Ciências da Educação Instituto Central de Ciências Pedagógicas, ICCP, Cuba. Título: Propuesta Metodológica para formación de competencia reflexiva a través de la disciplina Práctica Docente en la formación del Licenciado en Educación en la Especialidad Historia, Ano de obtenção: 2005. Orientador: Sylvia Lima Montenegro Especialização em Teoria e Produção do Conhecimento Histórico. Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, Guarapuava, Brasil. Título: Aspectos Econômicos, Sociais e Demográficos do Município de Bacabal do séc. XIX ao XX. Orientador: Msc Alcioly Terezinha Gruber de Abreu


CADEIRA 07 PATRONO JOÃO DE SOUSA FERREIRA – Presbítero Nasceu em Vila de Bastos/Portugal, pertencia à ordem de São Pedro. OCUPANTES 1 Renato Diniz do Nascimento e Silva – Militar 2 José Maria Ramos Martins – Advogado e Professor - Sócio Honorário - Nasceu em Timon (MA), a 27/03/1920. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e, Bacharel e Licenciado em Filosofia. Foi Reitor da UFMA

IVA SOUSA DA SILVA – Historiadora Posse em 29 de setembro de 2011 End. Av. Lourenço Vieira da Silva - Cid. Universitária Paulo VI s/n Tititical 65055-310 Fone 98 3257 1176 e.mail:

Nasceu a 25 de outubro de 1950 em Itapecuru-Mirim – Ma, filha José Freitas Souza e Josefa Coutinho Souza. Aos 22 anos de idade casou-se com José Sebastião da Silva, com quem teve dois filhos: Flavio José advogado na cidade de Curitiba e Nívea Lidiany, bióloga casada com Ivo e mãe de uma linda neta chamada Sara. Iniciou seus estudos na cidade de Rosário na Escola Dr. Paulo Ramos onde foi alfabetizada; na terceira serie primaria veio para São Luís e aqui termina seus estudos fundamentais no Colégio Rosa Castro; prestou vestibular para Pedagogia na Universidade Federal do Maranhão; formada atuou como Diretora do Colégio Adventista na Rua dos Afogados, depois assumiu a Diretoria do Centro de Estudos Supletivos do Maranhão, foi também Diretora do Centro de Ensino Médio Merval Lebre Santiago, além de ter lecionado no Ensino Fundamental e Médio.Foi Diretora Assistente do Centro de Ciências Exatas e Natural – CECEN na UEMA, onde acumulou o cargo de Chefe de Departamento de História e Geografia e professora de diversas disciplinas como Psicologia da Educação, Psicologia Geral, Sociologia Geral, História da Educação, Filosofia da Educação; atualmente é professora conteudista da UEMANET, onde ministra a disciplina Política e Legislação da Educação. Tem em seu currículo uma vasta experiência em Bancas de monografias de graduação e pós-graduação, em processos seletivos simplificados e em concursos para professores efetivos, comissões e consultorias, chefia de departamento acadêmico e direção de cursos superiores além de orientação de uma centena de monografias de graduação. Possui Mestrado em Ciências da Educação cursado pelo Instituto Pedagógico Latino Americano e Caribenho- IPLAC, Cuba onde defendeu dissertação com o Titulo: A preparação pedagógica do professor e sua influencia sobre a aprendizagem dos alunos nas unidades escolares Felipe Condurú e Santa Tereza, concluído no ano de 2000, tendo como orientador o Dr. Luís Carlos Batista Rosabal; possui também Especialização Latosensu em Metodologia do Ensino Superior. Organizou e participou de vários encontros pedagógicos, seminários, conferencias, fóruns e comitês educativos, sempre com propostas inovadoras e educativas. Concluiu o Doutoramento em Gestão Educacional pela Universidade Fernando Pessoa na cidade do Porto – Portugal com tese intitulada - Gestão Democrática Participativa no Programa de Qualificação de Docentes na Universidade Estadual do Maranhão – PQD/UEMA, programa que dirigiu por mais de 15 anos, contribuindo para a formação de centenas de professores maranhenses.


CADEIRA 08 PATRONO JOÃO FELIPE BETTENDORF – Padre Jesuíta Província Galo-Belga, atual Luxemburgo 25/08/1625 + Belém PA 05/08/1698. Graduou-se em Artes na U. de Tréveris 1644; Ingressa na Companhia de Jesus, em 1647, embarcando em 1660 para as missões jesuíticas do Maranhão e Pará, onde desempenha o cargo de reitor e superior da Missão. Escreve, em 1698, a Crônica da Missão dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão, na qual relata suas memórias e cita documenta suas obras. OCUPANTES 1 Henrique Costa Fernandes – Magistrado, Jornalista, Historiador, Poeta - Brejos 18/11/1881/São Luís (?) 2 José Ribeiro do Amaral – Patrono da Cadeira 29 3 Bernardo Coelho de Almeida – Escritor, poeta, romancista e cronista. Jornalista. São Bernardo

OSVALDO PEREIRA ROCHA – Advogado – Posse em 25 DE AGOSTO DE 1999 Foi Vice-Presidente do IHGM e tem 12 livros publicados, já está com o 13º no prelo Domicílio: Rua Portinari, Quadra 8, Casa 7 – Maranhão Novo – São Luís – MA – CEP 65061-390 (Telefones: 098 – 3236-2387 e 9971-1443); RG 86836398-7 e CPF 011960903–78. TE nº 001575611198, 10ª Zona, 397ª Seção – São Luís – MA. E-mail: rocha.osvaldo@uol.com.br) e SITE: http://www.osvaldopereirarocha.com.br/ Nasceu em 20 de março de 1939, na Fazenda Santa Cruz, no Município de Pedreiras - MA. Filho de Antonio da Silva Rocha e Luiza Pereira Rocha (ambos falecidos); Familiares: Mary Dalva Cardoso Rocha, Carlos Magno Cardoso Rocha, Alexandre Magno Cardoso Rocha, Magda Lucia Rocha Betlem, Valdene de Sousa Rocha Bacalhau e Osvaldo Pereira Rocha Filho (filhos e filhas); Alina Luiza Rocha Araujo, Lucas Lima Cardoso Rocha, Lorena Lima Cardoso Rocha, Karoline Elane Viana Rocha, Osvaldo Pereira Rocha Neto, Luiza Fernanda de Sousa Rocha Bacalhau, Isabelle Rocha Betlem, Monique Rocha Betlem e Maria Eduarda Rocha (netos e netas); Izabela Rocha Araujo (bisneta). . Fez o curso primário (elementar) no Instituto Rui Barbosa, em Pedreiras e Ginásio, Técnico em Contabilidade e Direito em São Luís, este concluído em 1972, pela Fundação Universidade Federal do Maranhão; inscrito na OAB/MA sob o nº 961. Cidadão Honorário de São Luís. Profissão: Advogado (OAB-MA 961). Ocupação: Servidor Público Federal (aposentado por tempo de serviço, como Auditor Fiscal do Trabalho e as vantagens do Cargo de Delegado Regional do Trabalho – DAS - 3); Amigo da Marinha, Mérito Tamandaré e Leme da Amizade (Marinha do Brasil); Honorífico Infante e Legionário (Exército Brasileiro - Legião Duque de Caxias - 24º Batalhão de Caçadores / Batalhão Barão de Caxias). Jornalista Colaborador (Registro DRT/MA nº 53 e Escritor, com 12 (dez)) livros publicados. Maçom, exercendo atualmente os cargos de Grão-Mestre do Grande Oriente Autônomo do Maranhão - GOAM; de Primeiro Secretário da Academia Maçônica Maranhense de Letras - AMML e de Diretor de Comunicação do Instituto Histórico da Maçonaria Maranhense - IHMM (deste foi presidente por dois mandatos eletivos). Membro titular (cadeira nº 19/2007) da Academia Maçônica Internacional de Letras - AMIL. Ex-Rotariano, tendo sido Presidente do Rotary Club São Luís - Praia Grande, Governador Assistente (dois mandatos), Presidente da Comissão Distrital de Comunicação Social e Presidente da Comissão Distrital de Relações Públicas, todos do Distrito 4490, do Rotary International. "Companheiro Paul Harris" e Mérito Distrital. Sócio fundador da Associação dos Auditores Fiscais do Estado do Maranhão - AITEMA e seu ex-diretor. Articulista do Jornal Pequeno e colunista do Portal Mhário Lincoln do Brasil e do site Portosma. Editor dos Jornais O HISTORIADOR, do IHMM; O CONFRADE, da AMML e O MAÇOM, da Loja Maçônica de Estudos e Pesquisas "Afonso Augusto de Morais", jurisdicionada ao GOAM. Tem 12 livros publicados e um no prelo para sair no dia 29/09/2011


CADEIRA 09 PATRONO BERNARDO PEREIRA DE BERREDO E CASTRO – Historiador e administrador colonial português. (?)-Lisboa 1748 Militar português, fidalgo da Casa Real, Governador e Capitão-General do Maranhão, de 1718 a 1722. Autor de Annaes Históricos do Estado do Maranhão, 1749. O capitão de cavalos Bernardo Pereira de Berredo e Castro" achou-se na batalha d' Almenara", durante a Guerra da Sucessão Espanhola. O Estado do Maranhão foi seu primeiro destino na administração ultramarina. Depois de quatro anos no governo em São Luís e de mais algum tempo necessário à conclusão dos Anais históricos do Estado do Maranhão, retornou a Portugal. Encerrou a carreira na praça africana de Mazagão. OCUPANTES 1 Ruben Ribeiro de Almeida - Patrono da cadeira 51 2 Rosa Mochel Martins – Agrônoma, Historiadora e Geógrafa e Professora - Humberto de Campos 19/01/1919 – São Luís 02/02/1985 Éden do Carmo Soares (a tomar posse)


CADEIRA 10 PATRONO JOSÉ XAVIER DE MORAES DA FONSECA PINTO – Padre jesuíta Lisboa 01/12/1708 + Sua entrada na Companhia de Jesus foi feita em março de 1727, chegando ao Maranhão em 1730, ordenando-se padre em 1744. Pregador, teólogo e cronista da Companhia de Jesus. No Maranhão, onde trabalhou como missionário e como Teólogo de El-Rei examinando a legitimidade dos cativeiros. Quando foi deportado, em março de 1759, já havia sido nomeado Cronista da ViceProvíncia do Maranhão e Pará; esta História havia sido escrita como parte das comemorações pela elevação da Vice-Província a Província – fato que não chegou a ocorrer em virtude da expulsão dos jesuítas. Já em Portugal, foi aprisionado em locais não identificados e, em 1777, já havia voltado a usar seu nome de família completo: José Xavier de Morais da Fonseca Pinto. OCUPANTES 1 Adalberto Acioli Sobral – Religioso - nasceu em Japaratuba/SE em 02/08/1887 – São Luís 25/05/1951. Foi Bispo de Barra/BA, Barra (1927.04.22 – 1934.01.13); Pesqueira (1934.01.13 – 1947.01.18); Metropolitan Archbishop of São Luís do Maranhão (1947.01.18 – 1951.05.24). Vaga


CADEIRA 11 PATRONO

SEBASTIÃO GOMES DA SILVA BELFORT – Brigadeiro e Comendador Nascido em São Luís em 03/08/1781, e batizado na Freguesia de Nossa Senhora da Ribeira do Itapicurú, na Fazenda de seu pai, em 3 de Agosto de 1781. Falecido em 31/07/1825, vítima do naufrágio do navio “Providência”, em Coroa Grande, procedente do Rio de Janeiro. Coronel efetivo do Regimento de Milícias da Ribeira do Itapicurú no Maranhão, reformado no posto de Brigadeiro por Mercê de 31-1-1818 e Carta Patente de 19-2-1818. Teve participação ativa na Guerra dos Três Bes. Autor do “Roteiro e mapa da viagem da cidade de São Luis do Maranhão até a cidade do Rio de Janeiro’, 1819.

Brasão de Armas OCUPANTES 1 Antonio Lopes Ribeiro Dias – Doutor em Ciências Física e Naturais 2 Candido Pereira de Sousa Bispo – Promotor de Justiça - Grajaú, 03/10/1896 – São Luís 15/07/1950 3. Mário Martins Meireles – Historiador – São Luís 08/03/1915 – São Luis 2003 3 Almir Moraes Correia – Comerciante – Parnaíba/PI 21/03/1914 – São Luís 12/09/1992 4 Sebastião Barreto de Brito - Professor , Teólogo – 1930- 28/03/2007

MANOEL DOS SANTOS NETO – Jornalista – Posse em 2008 R-Senador Pompeu, 20 Vila Isabel - Cep: 65.080.190 Telefone 32284201 - /9971-4832 E-mail: masantosneto@gmail.com

Nasceu na cidade de São Luís, Maranhão. Bacharel em Comunicação Social, pela Universidade Federal do Maranhão, turma de 1991. Exerceu a profissão como repórter e redator em diversos periódicos: O “Jornal Hoje”, “Diário do Norte”, “Jornal Carajás” e “Atos e Fatos”, “O Estado do Maranhão”, Jornal “Folha do Maranhão” , “Jornal Pequeno”. Jornalista e escritor de profunda vinculação social foi um dos fundadores do Centro de Cultura Negra do Maranhão (1979), editor do Jornal AKOMABU (de agosto de 1986 a junho de 1988) e co-autor de trabalhos de pesquisa em parceria com a professora Maria do Rosário Carvalho Santos, entre os quais o livro “Bobaromina”, sobre as casas de culto afro do Maranhão; vencedor do concurso literário da Secretaria de Cultura do Estado(SECMA), Edição do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado do Maranhão – ano 1989.Em 2004, conquistou o primeiro lugar no XXVIII Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, com o livro “Os Jornais do Império e o Cativeiro no Maranhão”; coautor do livro: “Chagas em Pessoa”, redigido em parceria com o Jornalista “Felix Alberto Lima, lançada em janeiro /2005”. Publicou, ainda: “João Francisco dos Santos – uma lição de vida”; João do Vale – O Cancioneiro do Brasil – São Luís; Rei Zulu; Quilombos maranhenses – Cultura e Política. Militante do movimento negro participou da equipe fundadora da Secretaria da Igualdade Racial, criada no Governo Jackson Kepler Lago (2007/2009).


CADEIRA 12 PATRONO FRANCISCO DE PAULA RIBEIRO – Militar Nascido em Portugal. Há notícias, com base em documentação arquivística que foi enviado de São Luís a Belém em 1798. Dois anos depois a 06/02/1800, foi enviado ao julgado de Bastos Bons. É autor do “Roteiro da viagem que fez o Capitão Francisco de Paula Ribeiro às fronteiras da Capitania do Maranhão e da de Goiás no ano de 1815”; “Descrição do território de Pastos Bons nos sertões do Maranhão”; “Memória sobre as nações gentias que presentemente habitam o continente do Maranhão”. OCUPANTES 1 João Persondas de Carvalho – Patrono da cadeira 58 2 Liberalino Pinto Miranda – Canoeiro, Professor de Geografia, Jornalista - Cururupu 29/03/1903 – Cururupu 05/02/1951 3 Cesário dos Santos Veras – Médico, Professor - Rosário 4 Eloy Coelho Netto – Historiador – Balsas 27/11/1924 – Ocupou a Presidência do IHGM. Secretário de Educação. Secretário de Interior e Justiça.

NATALINO SALGADO FILHO – Médico – Posse em Rua dos Angelins, qda 10 nº 30 - São Francisco - Cep: 65.076-030 Telefone: Res: 3227-4072 / 3235-5888 9908-6110

Nasceu em Cururupu, MA Cururupu a 27 de julho de 1946, Médico graduado pela Universidade Federal do Maranhão, em 1973; mestre e doutor em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); professor de Nefrologia do Departamento de Medicina da Ufma; chefe do Serviço de Nefrologia; presidente regional da Sociedade Brasileira de Nefrologia; diretor geral do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão e membro da equipe de transplante renal do HUUFMA, da Academia Maranhense de Medicina e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; presidente-fundador da Regional da Sociedade Brasileira de Nefrologia (1980) e membro da diretoria da Associação Brasileira dos Hospitais Universitários (ABRAHUE). Reitor da UFMA.


CADEIRA 13 PATRONO RAIMUNDO DE SOUSA GAYOSO – Buenos Aires 1747 – Vila de Rosário, 1813. Já em 1792 residia no Maranhão, na Cachoeira Grande, Ribeira do Itapecuru. É autor de “Compendio histórico-politico dos princípios da lavoura do Maranhão’ 1818. OCUPANTES 1 José Pedro Ribeiro – sócio fundador do IHGM, Diplomata, 2 Oswaldo da Silva Soares – Farmacêutico. Pinheiro 16/03/1903 – 26/01/1997 3 Aluízio Ribeiro da Silva – Desembargador. Nasceu em Balsas e faleceu em São Luís 4 Tácito da Silveira Caldas – Advogado, Professor. Teresina 15/05/1915 – São Luis 05/08/2006 5 Gilberto Matos Arouche – Professor. (renunciou em 2011) Vaga


CADEIRA 14 PATRONO ANTONIO BERNADINO PEREIRA DE LAGO – Engenheiro Militar Nasceu em Torres Novas/Portugal (1778?) – faleceu em Lisboa em 30/03/1847. Antes de vir ao Maranhão prestara serviços no Brasil desde 1805. Em 25/11/1818 foi expedido aviso para servir nesta Capitania. Representava ter 39 a 40 an0os de idade. É autor de “Carta Geral da Capitania do Maranhão, 1820; Itinerário da Provincia do Maranhão, 1820; MEMÓRIA DISCIRITIVA DA Ilgha de São Luis do Maranhão, 1821; Estatística histórica e geográfica da província do Maranhão, 1822 OCUPANTES 1 Manuel Francisco “Fran” Pacheco – Jornalista, Escritor e Diplomata português. Setúbal, 9 de Março de 1874 — Lisboa, 17 de Setembro de 1952. Viveu no Maranhão de 02/05/1900 a 1923. Autor de O Maranhão e os Seus Recursos. São Luís do Maranhão, 1902. O Maranhão: subsídios históricos e corográficos. São Luís do Maranhão, 1912. 2 Aderson de Carvalho Lago – Advogado. Vila da Chapadinha 26/07/1915 – São Luis 10/11/1993. É autor de Brejo Aldeia dos Anapurus; e Pedreiras, elementos para a sua história 3 Mario Lincoln dos Santos - Jornalista - Sócio Correspondente

JOSÉ MARCELO DO ESPÍRITO SANTO – Arquiteto Posse em R-Ipanema, Q-R nº 02 – Sítio Campinas – São Francisco - Cep: 65001-970 Telefones:8807-7710/9961-6253/3235-2008 – 3231-4045 –Secret. do Estado jmesanto@hotmail.com São Paulo – SP, 1964 Arquiteto Urbanista (FAU USP, 1987), Especialista em Direção e Gestão Pública (Asociación para el Desarrollo Estratégico de Zaragoza/Espanha, 2004), Mestre em Desenvolvimento Urbano e Regional (UFPE, 2006). Professor Assistente de História da Arte do Departamento de Artes do Centro de Ciências Humanas (CCH) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Desde o primeiro semestre de 1992 até a presente data ministrou as disciplinas História da Arte, História da Arte I e História da Arte II, Museologia, Evolução das Técnicas de Representação Gráfica, História da Arquitetura Regional e Evolução das Artes Visuais, para os cursos de Licenciatura em Educação Artística, Letras e Teatro, e para os cursos de Bacharelado em Turismo, Ciências Imobiliárias e Desenho Industrial. Atualmente ocupa a presidência do Instituto da Cidade, Pesquisa e Planejamento Urbano e Rural (INCID) do Município de São Luís (gestão João Castelo), cargo ocupado em ocasiões anteriores nas gestões dos prefeitos Jackson Lago (1998-2001) e Tadeu Palácio (2001-2006). Foi Chefe do Departamento de Artes da UFMA entre 1995-1999. Fundador e primeiro Secretário Geral do Departamento do Maranhão do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MA), gestão Arq. Cleon Furtado (junho/1992 a dezembro/1993); Vice-presidente do IAB-MA, gestão Arq. Gustavo Marques (janeiro/1994 até junho/1995); Presidente do IAB-MA entre julho/1995 e novembro/1998.


CADEIRA 15 PATRONO JOÃO ANTONIO GARCIA DE ABRANCHES – Comerciante, Jornalista, Historiador Nasceu a 31 de Janeiro de 1769, no lugar de Macieira, freguesia de Santiago, conselho de Seia, Portugal Em 1789, com apenas 20 anos, partiu para o Brasil, fixando-se em São Luís do Maranhão, onde granjeou fortuna e se envolveu na defesa dos ideais liberais e da legitimidade de D. Pedro no trono português. No período de 1825 a 1830 editou o jornal o Censor Maranhense, publicado pela primeira vez a 24 de Janeiro de 1825, extinguindo-se em Maio de 1830, depois de publicadas 382 páginas. Nas páginas do Censor Maranhense Garcia Abranches bateu-se em defesa das liberdades e do Imperador, em oposição aos jornais de Odorico Mendes. Foi um dos grandes opositores à Confederação do Equador e à ação do almirante Thomas Cochrane na luta contra o colonialismo português e espanhol e pela emancipação da América do Sul. OCUPANTES 1 José Eduardo Abranches Moura – Patrono da Cadeira 57 2 Astolfo Serra – Patrono da Cadeira 36 3 Ronald da Silva Carvalho – Professor (?) 15/12/1922 – São Luis, 06/11/2000.

JOSÉ MARCIO SOARES LEITE – Médico – Posse em 2001 Posse em março de 2007 (?) Rua do Farol, nº 10 , Edifício Flor do Vale Aptº 1302 – Ponta do Farol de São Marcos Telefone: 3235-0279 ou 99911416 / 99833443 CEP: 65077-450 E.mail: jmsoaresleite@gmail.com São Luis Maranhão em 1949. Médico possui Residência em Clínica Médica pelo Hospital de Base de Brasília-DF, e especialista em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, em Medicina do Trabalho pela Fundação São Camilo de São Paulo Administração Hospitalar pela Secretaria de Gestão do Trabalho em Saúde do Ministério da Saúde e Planejamento em Saúdepelo Núcleo de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA; Concluiu em 20\10\10 o Doutorado em Cências da Saúde pela Universidade de Brasília, com a Tese: Vigilância em Saúde e o Câncer de Colo de Útero. Atividades Profissionais: Professor Adjunto do Departamento de Saúde Pública da UFMA.; MédicoAuditor aposentado do Ministério da Saúde; Foi Secretário de Saúde de São Luís, por duas vezes e Secretario Adjunto de Estado da Saúde. Secretario Adjunto de Estado da Saúde. Atividades Acadêmicas: Membro das Academias Maranhense de Medicina, Maranhense de Ciências,e Pinheirense de Letras, Artes e Ciências (Presidente) e Sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de História da Medicina. Foi Secretário de Estado da Saúde do Maranhão, no período de 03 de julho\10 a 07 de fevereiro de 2011. Nessa data ffoi nomeado pela Senhora Governadora Presidente da Fundação Estatal de SaúdeFES e Membro do Conselho Gestor de Políticas Estratégicas do Governo do Estado Publicou os Livros:Na Contramão da Doença, São Luís/MA, em 1994; A Situação do Câncer no Maranhão, São Luís/MA, em 1996;A Saga de um Lutador: do Parnaíba ao Pericumã (Biografia do seu pai Orlando Leite), São Luís/MA, em 1997;Autor do Ensaio: “Bacelar Portela”- MédicoMatemático-Humanista (cem anos de nascimento).Artigos Publicados:É autor de artigos publicados em Jornais e Periódicos nacionais e Revistas Científicas Nacionais e Internacional (recebido para publicação na Revista CANCER EPIDEMIOLOGY, BIOMARKERS & PREVENTION, (HEALTH VIGILANCE AND RISK FACTORS OF CERVICAL CANCER: A study at the State of Maranhão, Brazil). Presidente da Academia Maranhense de Medicina


CADEIRA 16 PATRONO FRANCISCO DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES – Padre Francisco Fernandes Pereira, nasceu em Faveiros, Alijó, Portugal em 8 de julho de 1790 e faleceu na Granja do Alijó, em 1852. Ingressou no Convento de São Francisco, no Porto, em 1812, completando seu noviciado no Maranhão, Brasil. Em 1814 viajou ao Pará, já separado do Maranhão. Regressou a Portugal e entrou para o convento de Villa Real. Regressou posteriormente ao Maranhão e, em 1819, iniciou, em São Luís, a redação do manuscrito da Poranduba, como deixou registrado na "Nota ao Leitor". O parecer que o aprovou foi de autoria de Frei Francisco de São Jozé,do convento de São Francisco da Villa Real e foi datado de 4 de agosto de 1826. Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres, nome que adotou ao entrar para o convento, foi sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, em cuja revista publicou, em 1846, a "Coleção de etimologias brasileiras". Autor de “Poronduba maranhense” ou “Relação histórico da Província do Maranhão”, 1891. OCUPANTES 1 Virgílio Domingues da Silva – Promotor Público, Juiz, Político. Turiaçú 01/11/1869 – Turiaçu 18/02/1927 2 Felipe Conduru Pacheco - Patrono da cadeira 54 3 Miguel Arcângelo Bernandes Filho – Sócio honorário Vaga


CADEIRA 17 PATRONO CUSTÓDIO ALVES DA PUREZA SERRÃO – Frei. Naturalista e Helenista Nasceu em 1799 na então vila de Alcântara, localizada no Maranhão. Aos doze anos foi entregue como pupilo aos religiosos de Nossa Senhora do Carmo. Em 1917, frei Alves Serrão foi a Portugal, onde ingressou na Faculdade de Coimbra. Dedicou-se aos estudos de Ciências Naturais e formou-se professor de Física e Química. Ao retornar ao Brasil, exerceu a função de lente de Zoologia e Botânica da Imperial Academia Militar. Em 1828 foi nomeado diretor do Museu e em 1833 assumiu a cadeira de Mineralogia criada com a reforma da referida Academia para Escola Militar. Na direção de frei Custódio no próprio Museu foi elaborado através do decreto 123 de 3 de janeiro de 1842 o primeiro Regimento do Museu. Entre 1842 e 1847 exerceu o cargo de primeiro diretor da Terceira Seção (a de Mineralogia, Geologia e Ciências Físicas) e interinamente a de Numismática e Arqueologia. Em 1849 assumiu a direção do Jardim Botânico da cidade, função que exerceu até 1961. Também foi membro do Imperial Instituto Histórico e Geográfico e presidente honorário da Sociedade Auxiliador da Indústria Nacional. Faleceu em 10 de março de 1873 na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. OCUPANTES 1 Aquiles F. Lisboa – Patrono da cadeira 32 2 Fernando Ribamar Viana – Médico, Jornalista - São José de Ribamar 31/10/1904 – São Luís 14/09/1983 3 Raimundo Carvalho Guimarães – Político. Fazenda Brejinho/Passagem Franca 16/07/1899 – (?) 4 Ernane José de Araujo – Advogado. São Luís 04/07/1932 – São Luís 14/04/1994

PAULO OLIVEIRA – Promotor Público Posse em Rua 03 Qda G Casa 12 Cohabiano II – Cohatrac - Cep: 65075-500 Telefone: 3265-1053 pauliver2007@hotmail.com


CADEIRA 18 PATRONO

JOÃO FRANCISCO LISBOA – Jornalista Historiador Pirapemas 22/03/1812- Lisboa 26/04/1862 - Exerce o jornalismo na cidade, então agitada por profundos movimentos revolucionários, e intensa vida cultural. Fundou, em 1832, o jornal “O Brasileiro”, continuando a pregação interrompida com o fechamento de “Farol Maranhense”, de José Cândido de Morais. Em seguida reedita o “Farol”, que dirige por dois anos. Entre 1834-36 dirige o “Eco do Norte”, que foi retirado de circulação, assim como o “Farol”. Deixa, então, o jornalismo, ocupando funções públicas, sendo por três anos secretário de governo. Ingressa na política, concorrendo e ocupando por duas vezes a legislatura provincial. Em 1848 retorna à a Assembléia Provincial. A 25 de Junho de 1852 lança o “Jornal de Timon”. Em 1855 foi ao Rio de Janeiro de onde partiu para Portugal, com a missão de reunir ali documentos históricos do Brasil, quando pesquisa também sobre Antônio Vieira. Lisboa já não contava com boa saúde, e veio a falecer ainda na capital portuguesa. Recebeu a alcunha de “Timon Maranhense”. Seu corpo, trasladado um ano após seu falecimento, foi sepultado no estado natal. OCUPANTES 1 Wilson da Silva Soares – Patrono da Cadeira 34 2 Olavo Alexandre Correia Lima – Médico, Antropólogo -Tauá/CE 28/10/19134 3 Lourival Borda Santos – 4 Manoel de Jesus Lopes – 5 Bento Moreira Lima – Engenheiro Cicil; Escritor; Artista Plástico. Posse em 2001 - renuncia tácita em 2010 Vaga


CADEIRA 19 PATRONO

CANDIDO MENDES DE ALMEIDA - Promotor Público. Jornalista. Senador do Império São Bernardo dos Anapurus, 14/10/1818 – Rio de Janeiro, 01/03/1881) foi um advogado, jornalista e político brasileiro, tendo sido deputado geral em 5 legislaturas e senador do Império do Brasil de 1871 a 1881 pelo estado do Maranhão. Em 1839, aos 21 anos, formou-se na Faculdade de Direito de Olinda. Em 1874 defendeu, como advogado, no Supremo Tribunal de Justiça o bispo Dom Vital de Oliveira, no conflito conhecido por Questão Religiosa. Foi jornalista e fundou, no Maranhão, dois jornais: "O Brado de Caxias" e "O Observador". Foi autor de várias obras destacam-se o "Atlas do Império do Brasil", O Código Filipino, Direito Civil Eclesiástico, Direito Mercantil Brasileiro.

OCUPANTES 1 Justo Jansen Ferreira – Patrono das cadeira 30 2. Leopoldino do Rego Lisboa – Desembargador – foi presidente do IHGM 3 Virgílio Domingues da Silva Filho – Advogado, Jornalista, Professor. Turiaçu 16/03/1909 – São Luis 08/04/1987. 4 Clóvis Pereira Ramos – Promotor Público, Jornalista, Historiador. Benjamin Constant/AM 20/11/1922 – Rio de Janriro (?)

CÉLIO GITAHY VAZ SARDINHA – Engenheiro, Advogado, Mestre em Pedagogia Profissional, Delegado de Policia – Posse em Rua das Paparaúbas Qda 73 Casa 29 São Francisco - Cep: 65076-000 Telefone: 3227-2751 /3227- 0697 / 3362-113 E.mail amahsardinha@ibest.com.br cgvsardinha@bol.com.br Nasceu em São Luis 23/09/1953. Engenheiro Civil e Engenheiro do Trabalho pela Escola de Engenharia do Maranhão/UEMA com pós0graduação em Engenharia dos Materiais/UFSCAR. Graduado em Direito/UFMA. Mestrado em Pedagogia Profissional/IF-MA. ex-professor do Curso de Direito da UFMA, Professor da Academia de Policia Civil do Maranhão; membro do Conselho Curador da Fundação Antonio Jorge Dino; Corretor de Imóveis, Advogado, Delegado de Policia Civil do Estado do Maranhão, Professor da UEMA. É co-autor de ‘Cândido Ribeiro: o maior industrial do Maranhão dos séculos XIX e XX”, 2010.


CADEIRA 20 ANTONIO GONÇALVES DIAS – Poeta, Professor, Crítico de História, Etnólogo Sítio Boa Vista em Caxias, 10/08/1823 — faleceu em naufrágio, no baixio dos Atins Guimarães, 03/11/1864. Em 1838 embarcaria para Portugal matricular-se no curso de Direito em Coimbra., formando-se em 1845. Em 1843 surge a “Canção do exílio”, Em 1838 embarcaria para Portugal matricular-se no curso de Direito em Coimbra., formando-se em 1845. Regressando ao Brasil em 1845, passou rapidamente pelo Maranhão e, em meados de 1846, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde morou até 1854, em 47 saíram os Primeiros cantos, com as “Poesias americanas; no ano seguinte, publicou os Segundos cantos, escreveu as Sextilhas de frei Antão, Em 1849, foi nomeado professor de Latim e História do Colégio Pedro II e fundou a revista Guanabara. Em 51, publicou os Últimos cantos, encerrando a fase mais importante de sua poesia. Em 1851, partiu para o Norte em missão oficial. Nomeado para a Secretaria dos Negócios Estrangeiros, permaneceu na Europa de 1854 a 1858, Voltou ao Brasil e, em 1861 e 62, viajou pelo Norte, como membro da Comissão Científica de Exploração. Voltou ao Rio de Janeiro em 1862, seguindo logo para a Europa, em tratamento de saúde, Em 10 de setembro de 1864, embarcou para o Brasil no Havre no navio Ville de Boulogne, que naufragou, no baixio de Atins, nas costas do Maranhão, tendo o poeta perecido no camarote, sendo a única vítima do desastre, aos 41 anos de idade OCUPANTES 1 João Braulino de Carvalho – Médico Militar e Sanitarista. Professor. Fundador do IHGM. Presidente 1947/1953. São Vicente de Férrer 16/10/1884 2 João Lima Sobrinho – Jornalista. Barão de Grajaú 07/10/1919 – São Luis 25/06/1996 PATRONO

ELIMAR FIGUEREDO DE ALMEIDA SILVA – Procuradora de Justiça; Posse em: 2001 Rua dos Magistrados Nº 18 Olho D’Água - Cep: 65065-240 Telefone: 3248-0382

Elimar Figueiredo Almeida Silva, "Lili" 12/12/1930 Procuradora de Justiça Aposentada


CADEIRA 21 PATRONO ANTONIO HENRIQUES LEAL – Médico, Jornalista Cantanhede 24/07/1828 – Rio de Janeiro 29/09/1885. Denominado Plutarco Maranhense por seus trabalhos biográficos. Escreveu Panteon Maranhense OCUPANTES 1 Luso Torres – Militar, Jornalista, Político São Bento 10/06/1879 – São Luis 1962 2. José Ribamar Seguins – Promotor de Justiça. Presidente de Honra em 28 de julho de 2011 - Pinheiro 09 de dezembro de 1925. Advogado. Promotor de Justiça. Secretário de Educação e Cultura no Governo Newton Belo. Procurador Geral da República. Eleito Vice-presidete do IHGM em 1972, assumindo a Presidência em 1973, comando dos destinos do IHGM por 22 anos

vaga


CADEIRA 22 PATRONO CÉSAR AUGUSTO MARQUES – Médico Militar, Historiador Caxias 22/12/1826 – Rio de Janeiro 05/10/1900. Escreveu o Dicionário Histórico e geográfico da Província do Maranhão, 1870 OCUPANTES 1 Domingos de Castro Perdigão – Patrono da Cadeira 35 2 Fernando Eugênio dos Reis Perdigão – Jornalista, Advogado, Professor. São Luis 05/01/1908 – Rio de Janeiro 15/05/1990 3 Raimundo Nonato Travassos Furtado – Poeta, Político. Viana 16/06/1912 – São Luis 22/06/1990 4 Carlos Orlando Rodrigues De Lima – Folclorista; Historiador - empossado em 27 de março de 1996. São Luís 14/03/1920 + São Luís 2011 Vaga


CADEIRA 23 PATRONO

LUIS ANTÔNIO VIEIRA DA SILVA – Visconde. Advogado, Senador. Ministro do Império (Fortaleza, 2 de outubro de 1828 — 3 de novembro de 1889) foi um advogado, banqueiro e político brasileiro. Era filho do ex-ministro do STJ Joaquim Vieira da Silva e Sousa. Foi deputado provincial, deputado geral, presidente de província, ministro e conselheiro de Estado e senador do Império do Brasil de 1871 a 1889. Foi presidente da província do Piauí, de 6 de dezembro de 1869 a 9 de abril de 1870 e de 22 de abril a 7 de maio de 1870. Trabalhos Publicados - História interna do direito romano. RJ. 1854. - História da independência da província do maranhão. Maranhão, 1862. - Questão religiosa (discurso). RJ, 08/03/1873. - Voto de graças (discurso). RJ, 1847. - Força naval (discurso). RJ, 08-06-1888. - A ciganinha do norte (poesias). RJ, 1854.

OCUPANTES 1 Domingos Américo de Carvalho – Desembargador. Jornalista. Brejo 14/03/1877 – São Luis 10/03/1944. 2 Nicolau Dino de Castro e Costa – Desembargador. Jornalista. Manaus 16/05/1900 – São Luis 1976 3 Merval de Oliveira Melo – Jornalista. Poeta. Político. Tutóia 05/07/1923 -

JOÃO FRANCISCO BATALHA – Jornalista. Economiário. Posse em 28 de janeiro de 2009 R- dos Jambos, Q-65 – C-3 Renascença I - Cep: 65075-210 Telefone: 3227-3793/ 32271434 – 9972-3369 E.mail: batalha@elo.com.br

Nasceu na Tresidela do Bonfim, município de Arari/MA, em 08 de julho de 1944, filho de João da Silva Batalha e Joana Prazeres Batalha. Estudou primário nos institutos Nossa Senhora de Nazaré, de Vitória do Mearim; e Nossa da Graça, em Arari. O Ginásio e os cursos técnicos de Contabilidade e Administração no Colégio de São Luiz. História na Universidade Federal do Maranhão, jornalismo na Faculdade São Luís,.Gestão de Recursos Humanos na Universidade Estadual Vale do Acaraú e Gestão Pública na Universidade Cândido Mendes Diplomado da Escola Superior de Guerra. Foi comerciário, bancário, securitário e economiário. Exerceu a função de Gerente de Agência da Caixa Econômica Federal nas cidades de Grajaú, Presidente Dutra, Dom Pedro, Santa Inês e Açailândia, no interior do Estado; e da Agência Cidade dos Azulejos, no Monte Castelo e São Luís, no bairro do João Paulo. Foi Chefe de Legislação de Trânsito do DETRAN/MA e Chefe de Gabinete da Deputada Maura Jorge na Assembléia Legislativa do Estado; Chefe de Gabinete da Secretaria Estado da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Desenvolvimento Tecnológico do Maranhão e de Conselheiro do Conselho Deliberativo Estadual do SEBRAE/MA. Fundador da Academia Arariense/Vitoriense de Letras. Efetivo do Instituto Histórico da Maçonaria Maranhense é ocupante e patrono da Cadeira número 22 do mesmo sodalício. Titular da Academia Maçônica Maranhense de Letras, Academia Brasileira Maçônica de Artes, Ciências e Letras e Academia Maçônica Internacional de Letras, sendo presidente do Núcleo AMIL/Brasil/MA da International Masonic Literary Academy. Fundador e diretor atual da FALMA - Federação das Academias de Letras do Maranhão. Mestre Maçom Instalado pertence às ARLS “Labor e Fraternidade” e “Guardiã da Fraternidade”. Loja de Estudos e Pesquisas “Afonso Augusto de Moraes” e Loja de Perfeição “Tiradentes”.Jornalista registrado da DRT-MA e associado à ABI tem nove trabalhos publicados entre narração dos navegares do rio Mearim, livros de genealogia, discursos biográficos e coletâneas de artigos. Com lançamento previsto para 2010, livro da História do Município de Arari e outro sobre Maçonaria.


CADEIRA 24 PATRONO Maranhão 1848 -

ANTONIO ENES DE SOUSA – Doutor em Ciências Física e Naturais. Geólogo

OCUPANTES 1 José Domingues da Silva – Patrono da Cadeira 41 2 José Silvestre Fernandes – Professor. Arari 01/08/1889 – Rio de Janeiro 1971 3 Salomão Fiquene – Médico. Itapecuru-Mirim 27/10/1907 – São Luis 04/06/1984 4 Lucy Mary Seguins Sótão – renuncia tácita em 2011 OCUPANTE ATUAL

PAULO SÉRGIO CASTRO PEREIRA – Historiador Posse em setembro de 2011 Professorhistoria-paulo@hotmail.com

Nascido em São Vicente de Ferrer em 15de janeiro de 1973, filho de Manuel Pereira Ana Amélia Castro Pereira, ambos falecidos; tem 10 irmãos porém apenas 07 se encontram vivos: Monica, Valéria, Raimunda Nonata, Juvêncio, Mauricio e Sinara, além do nosso confrade mais novo Paulo Sergio. iniciou seus estudos no povoado Barracas, com a morte do pai os filhos são encaminhados para a capital a fim de estudarem. Assim passa a morar com sua Tia Emiliana, indo estudar na Escola Estadual Estado do Pará; depois é transferido para a Escola Estadual Maria Pinho, devido a mudança de sua tia para as proximidades dessa escola e é lá que Paulinho concluiu o Ensino Fundamental, antigo Ginásio. fez seleção de ingresso no Liceu Maranhense, indo cursar todo antigo 2º Grau. Em 1993 presta exame vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Maranhão, sendo aprovado, conclui seus estudos em 1997, sendo homenageado como o melhor aluno dentre os concludentes daquela época. Para a obtenção do titulo de Licenciado em História defendeu uma monografia intitulada: A formação histórica do município de São Vicente de Ferrer, orientado pela Profa. Dra. Regina Helena Martins de Faria. Em 1995, novo vestibular para o Curso de Letras, é aprovado e conclui o curso em 2001 com Habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Francesa, defende uma nova monografia com o titulo: Trajano Galvão: a voz pioneira na literatura sobre o negro, orientado pela Dra. Maria Rita Santos. Entre os anos de 1999 e 2001 cursa Especialização lato-sensu em Psicopedagogia pelo Instituto Sedes Spientae de São Paulo, defendendo a monografia: Problemas de Aprendizagem, orientada pela Dra. Sonia Maria Madi Resende. Em 2005 submeteu-se a seleção de Mestrado em Ciências Sociais, sendo aprovado, cumpre os requisitos e defende dissertação com o titulo O Baile de São Gonçalo em São Vicente de Ferrer: a representação do guia na relação com o santo e com o promesseiro no ano de 2008. De 1993 até os dias atuais devolve atividades profissionais no âmbito da educação, em diversas escolas da rede privada e publica; na qualidade de professor de História assumiu por duas vezes o cargo de professor substituto na UFMA (1999-2001 e 2004-2006), ministrando as disciplinas História do Maranhão, História do Brasil Colônia, História da America, Pratica de Ensino I, Historiografia Brasileira e Historia da Cultura. Na Universidade Estadual do Maranhão Paulo Sergio também desenvolveu atividades docentes no Programa de Capacitação de Docentes – PQD, Programa de Qualificação de Docentes – PROCAD lecionando História do Brasil, História do Maranhão, Historia da Cultura; na Universidade Dom Bosco – UNDB ministrou Historia Geral e Estudos Brasileiros; na Faculdade São Luis trabalhou com História da Cultura e patrimônio. Foi Coordenador e Professor de Especialização lato-sensu na Faculdade Atenas Maranhense – FAMA, onde lecionou História da África e História Social. Foi professor do Estado e do Município de São Luis e atualmente é professor da Escola de Aplicação da UFMA, antigo Colégio Universitário – COLUN, como podem ver senhores e senhores, confrades e confreiras , estamos indicando , entronizando e dando posse a uma pessoa que por seus méritos pessoais tem contribuído para a melhoria da qualidade da educação maranhense e certamente irá contribuir para o engrandecimento deste sodalício, seja bem vindo Confrade Paulo Sergio Castro Pereira, se assente na cadeira de nº 24 patroneada pelo Dr. Antonio Enes de Sousa.


CADEIRA 25 PATRONO CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHÃES – Promotor de Justiça. Poeta. Penalva 11/11/1849 – São Luis 09/06/1879 conhecido como Celso de Magalhães, foi um escritor brasileiro e o pioneiro do estudo do folclore no Brasil, adotando uma metodologia que lançou as bases do folclorismo nacional. Seu trabalho focou especialmente a poesia popular, mas ele incursionou por outras áreas como o teatro, a poesia, a ficção e a crítica. OCUPANTES 1 Antonio Lopes de Cunha – Patrono da Cadeira 31 2 Odilon da Silva Soares – Médico. São Bento 01/01/1902 – São Luis 08/07/1958

AYMORÉ CASTRO ALVIM – Médico – Posse em 07 de dezembro de 2007 Av. Sambaquis, Q-14 Nº 06 – Calhau - Cep: 65071-390 Telefones: 3231-3644 /22272654 (R) E.mail: aymore@elo.com.br

Pinheiro, ? Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Maranhão (São Luís – MA, 1966); Cursos de Pós-Graduação: Curso de Especialização em Epidemiologia (UFMA/DSP/CCS – São Luís – MA); Curso de Aperfeiçoamento em Parasitologia (UFMA/FESP/CAPES/DAU - São Luís – MA); Curso de Especialização em Patologia Tropical (MEC/UFMA - São Luís – MA); ); Curso sobre Diagnóstico e Profilaxia em Esquistossomose e Filariose (Instituto de Medicina Tropical de Berlim – Alemanha Ocidental); Curso de Especialização em Biologia Parasitária (UFMA/DEPAT - São Luís – MA).Professor Adjunto de Parasitologia para os Cursos de Medicina, Farmácia, Enfermagem, Nutrição e Odontologia da Universidade Federal do Maranhão. Professor de História da Medicina para o Curso de Medicina, tendo desenvolvido as seguintes atividades científicas: Coordenador de vários Projetos de Pesquisas e de Extensão Universitária desenvolvidos, na área da Parasitologia e Medicina Tropical; Autor de vários trabalhos científicos, no campo da esquistossomose mansônica e de parasitoses intestinais, em Revistas Científicas e em Anais de Jornadas e de Congressos; Orientador de vários Projetos de Monografias para conclusão de Curso, na área da saúde, na Universidade Federal do Maranhão; Membro de Bancas Examinadoras de Concurso para Docentes e para defesa de Monografias de conclusão de Curso/UFMA; Professor orientador de bolsistas de Iniciação à Pesquisa Científica; Membro Assessor de Comitês Assessores de Ciências da Vida e da Saúde – Convênio UFMA/CNPq; Conferencista, Expositor e Palestrante em Mesas Redondas, Painéis, Cursos e Seminários, em diferentes eventos científicos locais e nacionais. No campo administrativo exercer as funções de: Chefe do Departamento de Patologia; Membro Conselheiro do Colegiado do Centro de Ciências da Saúde; Membro Conselheiro do Colegiado do Curso de Medicina; Membro Conselheiro do Projeto Ensino Integrado; Membro Conselheiro do Conselho Universitário; Membro Conselheiro do Conselho de Administração; Chefe de Gabinete do Reitor; Pró-Reitor de Graduação; Membro Conselheiro do Conselho de Ensino e Pesquisa; Presidente da Comissão Permanente de Vestibular – COPEVE; Chefe do Laboratório de Parasitologia Humana do DEPAT. Membro fundador e diretor da Sociedade de Parasitologia e Doenças Tropicais do Maranhão; Ex-Membro Conselheiro e Diretor do Conselho Regional de Medicina; Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Parasitologia; Sócio fundador da Fundação SOUSÂNDRADE de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA e Membro do Conselho Consultivo para o período 2000/2003. Atualmente, membro do Conselho Curador; Autor de vários artigos publicados no jornal Cidade de Pinheiro; Membro fundador e diretor da Academia Maranhense de Medicina; Membro efetivo da Sociedade Brasileira de História da Medicina; Membro fundador e Diretor da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências; Medalha Simão Estácio da Silveira da Câmara Municipal de São Luís – Decreto Legislativo nº 04/2003; Distinção Honorífica Palmas Universitárias concedida pela UFMA, 2008; Diploma de Honra ao Mérito Médico Nacional conferido pela Federação Brasileira de Academias de Medicina. Florianópolis-PR, julho de 2006; Certificado de Reconhecimento por relevante contribuição concedido pelo Conselho Curador da Fundação Sousândrade, dezembro de 2006.


CADEIRA 26 PATRONO LUIS FELIPE GONZAGA DE CAMPOS – Geólogo São Luis 21/06/1856 – (?) 09/06/1925 OCUPANTES 1 Alcino Cruz Guimarães – Engenheiro Civil. Político. Caxias 25/07/1900 – (?) 2 José Joaquim G. Ramos – Transformando em Honorário 3. Raimundo Teixeira de Araujo – Historiador e Geógrafo. Sobral-CE. Posse em 2001 Vaga


CADEIRA 27 PATRONO

RAIMUNDO LOPES DA CUNHA – Sociólogo, Antropologistra. Crítico. Historiador. Geógrafo. Professor Viana 28/09/1894 - Rio de Janeiro 08/09/1941 foi um dos pioneiros na construção do conhecimento sobre o Maranhão, sua territorialidade, geografia, arqueologia, etnografia e outras áreas afins no âmbito natural e cultural. Bacharel em Letras produziu seu primeiro trabalho científico, O Torrão Maranhense, aos 17 anos, logo depois, Uma Região Tropical, Lopes localizou os primeiros sítios arqueológicos maranhenses, sambaquis e estearias, servindo sua obra de orientação a todas as pesquisas posteriormente realizadas no Estado. Sua produção científica como pesquisador efetivo do Museu Nacional do Rio de Janeiro foi significativa e seus estudos voltados ao desenvolvimento de ações na defesa e salvaguarda de bens patrimoniais inovadores em sua época.

OCUPANTES 1 Tasso de Moraes Rêgo Serra – Militar. São Luis 22/04/1900 – (?) 28/04/1998

RAIMUNDA NONATA FORTES CARVALHO NETA – Bióloga Posse em 24 de junho de 2008 Telefone: 8144-2573 E.mail: raimundafortes@yahoo.com.br

Nasceu em São Luís a 25 de setembro de 1975. Licenciatura em educação Artística – Universidade Federal do maranhão (UFMA) – 1999. Licenciatura em ciências / Biologia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – 2000. Curso de extensão ligados à área de sua formação acadêmica. Especialização em Avaliação Educacional (UFMA) – 2005. Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistema (UFMA) – 2004. Doutorado em biotecnologia sob o titulo: Biomarcadores em Peixes Estuarinos Residentes de Importância Econômica em Baía de São Marcos – 2006. Professora e pesquisadora. Docência no centro de Ensino Universitário do Maranhão – uniCEUMA, de zoologia de invertebrados e supervisão de Estagio Curricular obrigatório na Licenciatura e no Bacharelado de Biologia; atuou em magistério na Educação Básica – Ensino Médio nos Complexos Educacionais do Ensino Fundamental e Médio “Cidade de São Luís” e “Profª. Dayse Galvão”, ambas nesta capital. Foi Assessora Técnica do Instituto de Pesquisa e Planejamento do Município – IPLAM ministrando treinamento sobre Educação Ambiental e Reciclagem de papel. Serviços técnicos especializados de jornais e demais impressos, layout no SINTAF etc. Professora concursada da Universidade Estadual do Maranhão lecionado Zoologia dos Invertebrados no Curso de Biologia. Várias publicações, tanto co-autoria de artigos em periódicos, resumos anais de congresso, textos em jornais, livros (organizados) como autoria dos livros: 1) A obra escultórica de Newton Sá (SP: Siciliano, 2001); 2) Descobertos e descobridores do Brasil: da visão pictórica européia do século XVI ao registro escultórico maranhense do século XX (SL: FUMC, 2001); 3) Leitura visual: uma experiência interdisciplinar no estudo das artes plásticas (SL: FORTES, 2001); 4) Arte maranhense: produção e ensino (SL: FORTES, 2006); 5) Elasmobrânquios da costa maranhense (SL: EDUEMA, 2006); 6) Educação Ambiental na zona costeira (RJ: Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2010); 7) APA do Maracanã: subsídios ao manejo e à Educação Ambiental (SL: Café&Lapís/FAPEMA, 2010). Atua como artista plástica e já realizou as seguintes exposições individuais: Sentimentos e Símbolos (1997), Contingente: uma intencionalidade em cada traço (1998) Tensão e Contradição (1998), Signos e significados (1999), Da linha ao pixel (2000), Perspectiva interna (2002), Simbologias I (2005) e Simbologias II (2006); Estamos sós (2009). Atualmente é professora do Departamento de Química e Biologia da UEMA e coordena o Curso de Especialização em Educação Ambiental e o Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental em Unidades de Conservação do Maranhão (GPEAMA).


CADEIRA 28 PATRONO

RAIMUNDO NINA RODRIGUES - Médico Legista, Psiquiatra, Professor E Antropólogo. Vargem Grande 04/12/1862 – Paris 17/07/1906

OCUPANTES 1 João Bacelar Portela – Médico. Santa Quitéria 16/06/1906 – São Luís 30/07/1978 2 Celso Aires Anchieta – Bancário. Professor. São Luis 01/03/1929 - Rio de Janeiro 05/01/1983 3 Benedito Clementino de Siqueira Moura – Médico. Oeiras 23/04/1909 – São Luis 26/08/2002 4 Rita Maria Nogueira – renunciou em 2011

CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS. PEDAGOGCA. Posse em 22 de dezembro de 2011

Nascida em 06 de junho de 1970 na localidade Juçaral no município de São Vicente de Ferrer, pertencente a uma prole de seis irmãos oriundos da união de José Emídio dos Santos e Iraelza Pereira dos Santos.Casada com Sérgio Alan Baia França, e desta união,possui dois filhos. João Guilherme dos Santos Baia e Larissa Maria dos Santos Baia. Cursou as series iniciais do ensino fundamental no município de São João Batista e as series finais em uma escola particular do seu município de origem. Posteriormente, mudou-se para a capital do estado do Maranhão para cursar o Ensino Médio, no Liceu Maranhense. Cursou também o Magistério entre os anos de 1989 a 1990 no Colégio Zoé Cerveira. Em junho de 1991 adentrou ao curso de PEDAGOGIA na Universidade Federal do Maranhão e no mesmo ano foi aprovada em concurso publico para professor das series iniciais. Ainda na Universidade, foi aprovada para outro concurso, desta vez no Ensino Médio para professora de Didática, e só assumiu posteriormente após conclusão do curso. Concluiu o Curso de Pedagogia em 1996 com o trabalho monográfico intitulado. “A proposta politico-pedagógica de uma escola de cooperativa – COESUFMA”. Após a graduação fez uma pós-graduação lato-sensu, Especialização em Orientação Educacional na Universidade Salgado de Oliveira do Rio de Janeiro cujo trabalho monográfico, versou sobre “Disciplina na Escola”. Entre os anos de 1998 a 2003 a Profa. Clenia voltou-se para o ensino superior trabalhando no setor privado e público, desta feita na Universidade Vale do Acaraú e Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, no Programa de Capacitação de Docentes – PROCAD e posteriormente no Programa de Qualificação de Docentes- PQD, na mesma universidade, além de também ter prestado relevantes serviços ao ensino a Distancia através da UDESC em convenio com o grupo educacional São Judas Tadeu aqui em São Luís. Foi Orientadora educacional na escola COESUFMA- Cooperativa Educacional dos Servidores da UFMA nos anos de 1997 a 1999. Em 2004 iniciou sua preparação propedêutica para ingresso ao Doutoramento em intercambio com a Universidade da Madeira em Funchal /PORTUGAL com TESE de Doutorado intitulada “A escola como espaço privilegiado para a construção da identidade negra e afro descendente: um estudo de caso da Unidade de Educação Básica Padre Antônio Vieira”. Atualmente Clenia é doutora em Ciências da Educação, com área de concentração em Inovação Pedagógica, estando tratando de revalidar seu titulo em nossos pais. Na sua atuação profissional, esta nova confreira tem prestado relevantes serviços educacionais Secretaria de Estado da Educação – SEDUC , onde atuou como técnica na Superintendência de Modalidade em Diversidades Educacionais; e atua como Membro da equipe Técnica do Programa Gestão Nota 10 em convênio com o Instituto Ayrton Senna. Constantemente tem lecionado no curso de graduação pela Universidade Estadual Vale do Acaraú ; e na UEMA com participação em bancas de Trabalhos de Conclusão de Curso e Concursos para docentes. Em seu currículo agrega participação em cursos, encontros, seminários e congressos entre tantos que participou, cito alguns: 2ª feira do Livro de São Luís em 2009 onde participou de um seminário refletindo os 120 anos de abolição da escravatura no Brasil; 2ª Conferencia Nacional de Igualdade Racial /CONAPIR 2009 na qualidade de delegada representando o estado do Maranhão; Conferencia Estadual de Educação na qualidade de mediadora do Eixo IV; Curso de Formação Continuada de Coordenadores da Rede Municipal de Ensino; IX Congresso da Sociedade Portuguesa em Ciências da Educação/UMA/PORTUGAL, 2007; Seminário sobre a Lei 10.639/06; I Encontro Internacional Sobre Inovação Pedagógica na cidade de Recife na qualidade de Conferencista - 2011; Publicações em jornais da capital e revistas especializadas nacionais e internacionais.


CADEIRA 29 PATRONO

JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL – Professor. Historiador. São Luis 03/05/1853 – São Luis 30/04/1927

OCUPANTES 1 Arnaldo de Jesus Ferreira – Comerciante. São Luis 06/10/1904 – São Luis 15/10/1958 2 Luís Carlos Cunha – Geógrafo. Poeta. Jornalista. Ordor. Cronista. Editor. São Luís 18/05/1933 – São Luis 22/10/1990

ANTONIO RUFINO FILHO – Posse em Rua dos Pinheiros Qda 15 Casa 13 São Francisco – CEP: 65076-250 Telefone: 3227-1285 E.mail: Rafaelrufino00@hotmail.com


CADEIRA 30 PATRONO JUSTO JANSEN FERREIRA – Médico. Geógrafo São Luis 16/03/1864 – São Luis 18/11/1930 OCUPANTES 1 Olímpio Ribeiro Fialho - Patrono da cadeira 59

ILZÉ VIEIRA DE MELO CORDEIRO – Juíza de Direito Posse em Rua 08 Qda 14 Casa 06 Planalto Vinhais - CEP: 65070-000 Telefone: 3236-0349 Ilzeveira@elo.com.br

Naceu em Grajaú em 08 de janeiro de 1934, filha de José Vieira de Melo e de Maura Jorge de Melo. Bacharela em Ciências Jurídicas e Sociais pela faculdade de Direito de São Luís. Juíza de Direito da Comarga de Balsas; Promotora de Justiça da Capital; Procuradora da Justiça Militar. Professora da UFMA.


CADEIRA 31 PATRONO

ANTONIO LOPES DA CUNHA – Advogado, Jornalista Fundador do IHGM Nasceu na cidade de Viana – Maranhão -, em dia 25 de maio de 1889 e faleceu em São Luís aos 29 de novembro de 1950. Filho do Desembargador (e futuro governador do Estado) Manuel Lopes da Cunha e D. Maria de Jesus Sousa Lopes da Cunha. Fez os preparatórios em São Luís. Em 1911, concluído seu curso de ciências jurídicas, na cidade de Recife.

OCUPANTES 1 José Ribamar Sarney de Araújo Costa – Político. Escritor. Tendo sido o 31º Presidente do Brasil, de 1985 a 1990. Pinheiro, 24/04/1930 - Sócio Honorário Francisca Éster de Sá Marques – Posse em - renuncia tácita Ronald Pereira dos Santos (a tomar posse)


CADEIRA 32 PATRONO OCUPANTES AQUILES DE FARIAS LISBOA – Médico. Político. Cientista Cururupu, 28/09/1872 – São Luís 18/04/1951). Foi governador do Maranhão (1935 — 1936) e prefeito de Cururupu, além de médico e diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Considerado o pioneiro no tratamento da hanseníase no Maranhão, foi condecorado pela Assembléia Legislativa do Maranhão com um selo comemorativo, a ser usado em toda correspondência oficial daquela casa legislativa. OCUPANTE ATUAL 1 José Ribeiro de Sá Vale - Patrono da Cadeira 55 2 Waldemar da Silva Carvalho – Contador - Fazenda do Morro Agudo/Caxias 16/02/1916 – São Luis 29/06/2004

JOÃO MENDONÇA CORDEIRO – Sociólogo. – Posse em Av. Matos Carvalho Nº 55 Olho D’Água - Cep: 65.065-270 Telefone: 3226-0735/ 9971-6834 (?) Formado em Filosofia, pelo Seminário Maior de João Pessoa (PB); Bacharel em Direito; Professor fundador da Faculdade de Edonomia da UFMA (1965);


CADEIRA 33 PATRONO

CRISTOVÃO LISBOA – Padre Capuchinho Lisboa 25/07/1583 – Chegou ao Maranhão em 1625 Autor de História dos Animais e plantas do Maranhão (1625) -

OCUPANTES Orlandex Pereira Viana – PROFESSOR - São Luis 10/08/1938

TEREZINHA DE JESUS ALMEIDA SILVA RÊGO – Botânica. Doutor Honoris Causa UEMA – Posse em 2001 Av. Sambaquis Qda 09 nº 33 Calhau - CEP: 65071-390 Telefone: 3235-0130 / 3217-8524 - ( Herdário Campus ) / 9973-1278

Nasceu em São Luís, em 5 de fevereiro de 1933. Professora de Botânica da Ufma, atualmente, coordena o Herbário Ático Seabra, na Ufma, ocupante da Cadeira n° 14 da Academia Maranhense de Ciências.


CADEIRA 34 PATRONO

WILSON DA SILVA SOARES – Sócio fundador do IHGM. Jornalista. Estatístico. Pinheiro 20/03/1898 – Rio de Janeiro 09/12/1949. Inspetor Federal de Ensino Secundário;Diretor da Imprensa Oficial; Organizador e Dire4tor do Arquivo Púiblico; OCUPANTES 1 Elizabeto Barbosa de Carvalho – Desembargador. Professor. Jornalista. Político. Amarante/PI 11/11/1866 – (?) 18/03/1966 2 Fernando Barbosa de Carvalho – Magistrado. Jornalista. Secretário de Educação (Gov. Eugenio Barros. Amarante/PI 27/09/1897 – (?) 04/05/1976 3 Ariceya Moreira Lima da Silva – Professora. Bibliotecária. Nasceu em Buriti Bravo a 18/12/1922 4. Paula Frassinetti Da Silva Sousa – Profesdsora - Posse em 07 de dezembro de 2001 – renuncia tácita em 2010 Vaga


CADEIRA 35 PATRONO

DOMINGOS DE CASTRO PERDIGÃO – Sócio fundador do IHGM Diretor da Biblioteca Publica Benedito Leite (1914-1922). Doutor Honoris causa Faculdade de Direito do Maranhão, da qual foi fundador. Funddor da Faculdade de Farmácia e Odontologia do Maranhão. Pinheiro 01/11/1872 – São Luis 05/01/1929 OCUPANTES 1 Thucydides Barbosa – Jornalista. Político. Historiador. Funcionário Público. Loreto 08/07/1895 – São Luis 05/11/1959 2 Antenor Américo Mourão Bogéa – Político. Promotor de Justiça. Diretor da Divisão de Imprensa. Chefe de Polícia. Grajaú 08/10/1909 – Brasília 04/09/1997 3 Benedito Bogéa Buzar – Itapecuru 1938 Notável homem de cultura do Maranhão atual. Acadêmico (AML - cadeira nº 13), bacharel em Ciências Jurídicas, jornalista, historiógrafo, historiador, conferencista, Cronista político, ensaísta literário, professor universitário (UEMA), membro do Conselho de Cultura (MA)

CÂNDIDO JOSÉ MARTINS DE OLIVEIRA - Juiz de Direito Posse em 24 de setembro de 2009.

Integra a Academia Maranhense de Letras Jurídicas


CADEIRA 36 ASTOLFO HENRIQUE DE BARROS SERRA – Padre Secular. Governador do Maranhão. Jornalista. Matinha 22/05/1900 – Rio de Janeiro 19/02/1978. Inspetor do Liceu Maranhense. Diretor da Junta Comercial. Interventor Federal no Maranhão. Ministro do Tribunal Superior do Trabalho. Membro efetivo da Academia Maranhense de Letras. Sua respeitável bibliografia compreende: Gleba que canta (São Luís, 1927) e Profetas de fogo (São Luís, 1928), ambos na seara da poesia; Homenagem à mulher maranhense (São Luís, 1931); Noventa dias de governo (São Luís), Aspectos de uma campanha (São Luís) e Discursos políticos (São Luís), os três no campo da política; O Guesa errante (São Luís, 1935), um estudo sobre o poema homônimo de Sousândrade; Terra enfeitada e rica (São Luís), no território das crônicas; Caxias e o seu governo civil na Província do Maranhão (Rio de Janeiro, 1943, v. 68 da Biblioteca Militar), obra historiográfica de fôlego sobre o Patrono do Exército brasileiro, editada pelo Ministério da Guerra; A vida simples de um professor de aldeia (Rio de Janeiro, 1944), biografia de seu pai; A Balaiada (Rio de Janeiro, 1946), sem dúvida, seu livro histórico mais conhecido, também edição da Biblioteca Militar; A vida vale um sorriso e Uma aventura sentimental, ambas na categoria das novelas; Gonçalves Dias e os problemas da economia nacional, outro estudo; e a deliciosa obra Guia histórico e sentimental de São Luís (Rio de Janeiro), editada pela Civilização Brasileira, dentre outros trabalhos legados, alguns inéditos. OCUPANTES 1. João Freire de Medeiros – Advogado. Professor. Juiz do Trabalho. Jornalista. Membro efetivo da Academia Maranhense de Letras. Vice-Presidente do IHGM em 1984. É de sua lavra o trabalho publicado sob o título “A Previdência Social brasileira e seus alcances”. São Luís 08/02/1915 - 24/12/1991. 2 Herberth de Jesus Santos – renunciou em PATRONO

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO – Promotora de Justiça Empossada em 26 de agosto de 2011 Endereço: Rua Engenheiro Rui Ribeiro de Mesquita, nº 06 - Ed. Don Gabriel, apto. 901 - Calhau - São Luís-MA -CEP 65.071-395 Telefones: 98-3235-4953/9974-1712 E-mail: alaferro@uol.com.br

Nasceu em São Luís, Maranhão, São Luís 23/05/1966. Filha de Wilson Pires Ferro e Eunice Graça Marcília Almeida Ferro. Formada em Letras (Língua Inglesa) e Direito, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), é Promotora de Justiça da Comarca de São Luís, Doutora e Mestre em Ciências Penais, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de Professora de Direito do Centro Universitário do Maranhão (UNICEUMA) e Professora da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão, em São Luís (MA). Integra a Comissão Gestora do Programa Memória Institucional do Ministério Público do Estado do Maranhão. É também Membro da Academia Maranhense de Letras Jurídicas (AMLJ) e da Academia Caxiense de Letras (ACL) e Membro de Honra da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica. Foi Professora de Língua Inglesa do NCL do Departamento de Letras da UFMA (1992-1993) e Professora de Criminologia da Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais (2001-2003), em Belo Horizonte (MG). Exerceu a função de Coordenadora de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Direito da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão (2006-2009) e o cargo em comissão de Assessor de Procurador-Geral de Justiça (2009-2010). Obteve o 1º lugar no Concurso Epistolar Internacional para jovens, promovido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (1982). Foi premiada no Concurso Jovem Embaixador 1983, promovido por O Globo, entre outras instituições, no Rio de Janeiro (RJ). Recebeu Prêmio de Publicação no V Concurso Raimundo Correa de Poesia. Foi selecionada para participar dos livros Poetas brasileiros de hoje 1986 e Poetas brasileiros de hoje 1987 e da Revista Poesia Sempre: Polônia, da Fundação Biblioteca Nacional (2008). Recebeu a Medalha “Souzândrade” do Mérito Universitário, concedida pela UFMA (1987). Foi agraciada com o “Prêmio AMPEM”, em três edições (1997-1999), e, depois, com o “Prêmio Márcia Sandes”, em várias edições. É autora dos seguintes livros: Versos e anversos (2002), O Tribunal de Nuremberg (2002), Escusas absolutórias no Direito Penal (2003), Robert Merton e o funcionalismo (2004), O crime de falso testemunho ou falsa perícia (2004), Interpretação constitucional: a teoria procedimentalista de John Hart Ely (2008), Quando: poesias (2008), A odisséia ministerial timbira: poema (2008) e Crime organizado e organizações criminosas mundiais (2009). Este último a levou a ser entrevistada pelo apresentador Jô Soares em seu Programa do Jô, exibido em 26.03.2010. Possui ainda diversos artigos jurídicos e peças processuais publicados em livros e revistas especializadas,


CADEIRA 37 PATRONO JOSÉ CONSTANTINO GOMES DE CASTRO – Presbítero. Cavaleiro da Ordem de Cristo Alcântara (?) entre os anos de 1760 e 1770 – São Luis 14/10/1845. Beneficiado da catedral do Maranhão. Comissário do Santom Ofício. Protonotário apostólico, cônego, vigário-geral do bispado, historiador e político, foi uma das figuras mais notáveis de seu tempo. Recebeu brasão de nobreza em 28/07/1804, e em 7/03/1805, foi registrado na p. 237-240 do Livro da Câmara de S. Luís. Pe. Constantino sofreu perseguições, chegando a ser aprisionado mais de uma vez, entretanto, nos processos de longa duração e sofrimentos não lhe acharam crime e teve relevadas as prisões. OCUPANTE ATUAL 1 Maria de Conceição Ferreira -

MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES – Geógrafa Posse em 09 de dezembro de 2010

Nasceu em 21 de julho de 1954, em Teresina-Piauí. Terceira filha de oito filhos, de João Luiz de Sousa e Irene Martins de Sousa. Estudou o primário no Grupo Escolar Domingos Jorge Velho, em Teresina – PI, onde ingressou em 1961, aos 6 anos de idade, e o curso Ginasial e o Normal no Colégio Sagrado Coração de Jesus (Colégio das Irmãs), também em Teresina – PI. Ingressou na Universidade Federal do Maranhão-UFMA, tendo conquistado, em 1987, o título de Licenciatura Plena em Geografia. Desde 1974, ainda cursando a carreira universitária, começou a trabalhar como professora de Geografia e História em escolas privadas de São Luís Em 1976, passou a trabalhar como orientadora de aprendizagem da TV Educativa do Maranhão (CEMA), onde trabalhou por 12 anos. trabalhou como técnica na Coordenação Estadual do Projeto Rondon, onde coordenou o Projeto de Extensão Universitária do Campus avançado de Imperatriz da Universidade Federal do Maranhão.Em 1988 ingressou como professora da antiga Escola Técnica Federal do Maranhão, hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão -IF-MA. Nesta Instituição, além de professora, foi Presidente, por um período de 10 anos, da Comissão Permanente de Admissão de Alunos, Conselheira do Conselho de Ensino do CEFET-MA e eleita para o mandato do Conselho Diretor e para a Presidência da Comissão Permanente de Pessoal Docente. Em 1997, foi eleita para o mandato de 4 anos para a Vice Direção do CEFET – MA, sendo a primeira e única mulher eleita pela comunidade educativa (professores, administrativos e alunos) para este cargo. Foi eleita para os períodos de 2001 – 2003 e 2003 – 2005 como Vice- Diretora da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE), Coordenação do Maranhão. ´Autora de: Estrategia Pedagógica para el Perfeccionamiento de la Interacción de los gestores en el CEFET-MA. Publicado en el Resumen del Evento Internacional de Pedagogía/99 – La Habana – CUBA; Un Modelo de Gestión Participativa para el CEFET/MA. Publicado en las Actas del Simposio Nacional de Educación, Cajazeiras, Paraíba-Brasil, 2000; La Gestión Democrática en la Educación. Las prácticas administrativas compartidas. Publicado en las Actas del Forum Nacional de Educación, Natal, Río Grande do Norte-Brasil, 2001; Un modelo de Dirección participativa en el CEFET–Maranhão. Publicado en el libro de memorias del Encuentro por la Unidad de los educadores Latinoamericanos Pedagogía/2001 – La Habana – CUBA.


CADEIRA 38 PATRONO

ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODÓIS – Bacharel em Direito. Procurador de Justiça. Jornalista. Escritor. Poeta. Educador * em São Luis 10/11/1860 + Rio de Janeiro 04/12/1923. Autor de História do Maranhão, 1904

OCUPANTES Waldemar de Sousa Santos – Fiscal do Trabalho. Comissário de Policia. Jornalista. Itainópolis-PI em 11/12/1914 + São Luis 22/03/1989. Residiu em Pedreira e Codó Carlos Alberto Lima Coelho – Jornalista e radialista. São Luis 15/03/45. Renúncia tácita em 2010

ROQUE PIRES MACATRÃO. Advogado Posse em 15 de dezembro de 2011

Nasceu em Brejo dos Anapurus em 13 de novembro de 1935 Filho de Raimundo Nonato de Lima Macatrão e Dona Gracinda Pires Macatrão. Casado com dona Maria Célia Pacheco Macatrão, pais de Paulo Henrique Pacheco Macatrão. Avô Paulo Victor e Gabriel. Estudou o primário no Grupo Escolar “Cândido Mendes”. Continuou no Seminário de Santo “Antônio”, Fez o ginásio no Ateneu Teixeira Mendes, o clássico no Liceu Maranhense e doutorou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito iniciado de São Luís e concluído em Belém do Pará. No Brejo fundou o Grêmio Lítero Recreativo Humberto de Campos; juntamente com o Dr. Artur Almada Lima Filho, apoiados pela professora Aricéia Moreira Lima, parceiro da instalação do ginásio da CNEC. Cria a Academia Brejense de Artes e Letras, a qual apaixonadamente preside. Funda a Sociedade Civil de Defesa do Povo e da terra. A Banda de Música, Memorial da Família Macatrão, entronização do busto de Cândido Mendes na Av. Luís Domingues. Cidadão são-luisense. Advogado no campo do Direito Imobiliário. Exerceu as funções de Secretário de Justiça do Governo “João Castelo, Membro do Lions e do Rotary, da OAB-Ma, da Academia de Letras Jurídicas, presidente da Academia Brejense de Letras, vice-presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão, Maranhenses de Letras. Depois o Dr. Aderson de Carvalho Lago é o segundo brejense a ocupar Cadeira neste sodalício. É autor de Casarões do Brejo, História do Brejo, Minha Saga Brejense, Discursos – O Trabalho do Detento Condenado e Soluções dos Problemas do Sistema Penitenciário. Possui trabalhos INÉDITOS.


CADEIRA 39 PATRONO FRANCISCO GAUDÊNCIO SABBAS DA COSTA – Jornalista. São Luis 1829 + São Luis 1874 Fez parte do chamado Grupo Maranhense. Um dos primeiros cronistas sociais do Maranhão OCUPANTES 1 Luís Alfredo Neto Guterres Soares – sócio honorário 2. Francisco Peres Soares – Engenheiro. Posse em 2001 - (?)

VAGA


CADEIRA 40 PATRONO

JOÃO DUNSHES DE ABRANCHES MOURA – Advogado. Historiador. Sociólogo. Crítico. Romancista. Jornalista. Professor. Parlamentar. Internacionalista São Luis 02/09/1867 + Petrópolis 11/03/1942 Autorm de Garcia de Abranches, o Censor; Aesfinge do Grajaú; O Cativeiro; A Setembrada;

OCUPANTES 1 José Ribamar Ferreira – Advogado - São Luis 03/01/1910 + São Luis 25/07/1985 2 Pedro Rátis de Santana – Geógrafo. Historiador. São Luis 26/04/1906 + São Luis 16/01/1990 3 Carlos Thadeu Pinheiro Gaspar – Empresário. Viana 05/12/1939 - Posse em 28/07/1992 – renuncia em

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – Professor de Educação Física – Posse em Setembro de 2008 Vice-Presidente do IHGM gestão 2010-2012 R- Titânia, 88 – Recanto dos Vinhais - Cep: 65070.580 Telefone: 3236-2076 # 8119-1322 E-mail: vazleopoldo@hotmail.com http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/ http://twitter.com/leopoldovaz http://lattes.cnpq.br/2105898668356649 Nasceu em Curitiba-Paraná, em 23 de julho de 1952, filho de Loir Vaz e Rachel Dulcio Vaz (ambos já falecidos).Possui Licenciatura Plena em Educação Física e Desportos, pela Escola de Educação Física e Desportos do Paraná (1975); Especialização em Metodologia do Ensino Superior (UFPR/UFMA, 1978); Especialização em Lazer e Recreação (UFMA, 1986); e Mestrado em Ciências da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (1993); concluiu os créditos do Doutorado em Ciências Pedagógicas (ISTEP-Cuba) Professor de Ensino de 1o. e 2o. Graus - Classe Especial - do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, de onde se aposentou em abril de 2009, após 30 anos de exercício efetivo do magistério. Nesse período ocupou várias funções: Coordenador do Art. 7º (Educação Física, Educação Moral e Cívica, Ensino Religioso, Filosofia; Sociologia); Coordenador de Atividades Formativas; Coordenador de Ensino; Diretor de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão; Coordenador de Ensino de 2º. Grau; sem jamais ter deixado a sala de aula. Exerceu ainda o magistério em Curitiba-PR, no Instituto Nossa Senhora do Rosário (estagiário de educação física); Professor de Atletismo do Clube Duque de Caxias. Já no Maranhão, a partir de 1976, foi Assessor para a Área de Educação do Campus Avançado da Universidade Federal do Paraná/Fundação Projeto Rondon (maio de 1976 a abril de 1977 - PROFIX); Professor de Educação Física da Escola Santa Teresinha (Imperatriz – 1976-1978); Centro de Ensino de 2º. Grau Graça Aranha (Imperatriz – 1977-1978); Faculdade de Educação de Imperatriz – cursos de licenciatura curta em Ciências, Letras, e Estudos Sociais – Professor Titularem de Educação Física (19771979). Em São Luís, desde 1979, foi professor de Educação Física do CEM Liceu Maranhense, à disposição da então Secretaria de Desportos e Lazer, onde exerceu várias funções (janeiro de 1979 a 1982); retornando á Secretaria de Educação, foi Assessor do Sr. Secretário de Educação (1982); Professor Titular de Educação Física da então Federação das Escolas Superiores do Maranhão – FESM, hoje UEMA – nos Cursos de Medicina Veterinária; e Agronomia (1979 a 1989). Foi professor de Metodologia do Trabalho Científico dos Cursos de Especialização em Qualidade e Produtividade. Professor convidado do Curso de Turismo da UFMA, disciplina Sociologia do Lazer. Áreas de Atuação: ensino de educação física e esporte curricular; Produção em C, T & A: Livros publicados/organizados ou edições: 5; Capítulos de livros publicados: 31; Artigos completos publicados em periódicos: 84; Textos em jornais de notícias/revistas: 24; Trabalhos completos publicados em anais de congressos: 22; Resumos expandidos publicados em anais de congressos: 3; Resumos publicados em anais de congressos: 22; Demais tipos de produção bibliográfica: 5; Softwares sem registro de patente: 1; Trabalhos técnicos: 13; Demais tipos de produção técnica: 17. Total: 233


CADEIRA 41 PATRONO JOSÉ DOMINGUES DA SILVA – Engenheiro Civil. Fundador do IHGM, Vice-Presidente Turiaçu 32/03/1871 + 07/09/1946 OCUPANTES Cássio Reis Costa – São Bento (Fazenda Mata) 06/05/1897 + São Luís 04/06/1984 Hedel Jorge Azar – Engenheiro Civil. Jornalista. Presidente do IHGM 1994/2000 - São Luis 20/05/1923 + 09/09/2000

RAUL EDUARDO DE CANEDO VIEIRA DA SILVA – Advogado – Posse em 2001 Rua Parintins Qda B Nº 04 – Parque Amazonas Telefone: 3222-6660


CADEIRA 42 ANTÔNIO DO RÊGO – Médico. Vereador. São Luis, 1820 + Rio de Janeiro, 1883. Fundador do Instituto Literário Maranhense. OCUPANTES Sebastião Moacir Xérex – Agrônomo. Indigianista. Humaitá-AM, 02/02/1920 + Manaus 16/02/1980 PATRONO

NYWALDO GUIMARÃES MACIEIRA – Posse em Rua Miragem do Sol Nº 27 Residencial Broadway Aptº 1002 Bela Vista – Renascença II Telefone: 3235-4643


CADEIRA 43 PATRONO

AUGUSTO TASSO FRAGOSO - General São Luís, 28/08/1869 — Rio de Janeiro, 20/09/1945) foi um militar e escritor brasileiro, chefe da Junta Governativa Provisória de 1930, que assumiu o governo do Brasil depois que Washington Luís foi deposto em 24/10/1930 por um golpe de estado liderado por Tasso Fragoso, o qual impediu o presidente eleito Júlio Prestes de assumir a presidência da República e a entregou a Getúlio Vargas em 03/11/1930

OCUPANTES 1 Jéferson Rodrigues Moreira - Militar . Médico. Advogado. Bacharel em Letras. Parlamentar; Fundador da Faculdade de Filosofia - Santa Quitéria 19/06/1912 + Brasília (?) 2000 2 Amandino Teixeira Nunes – Promotor Público. Regeneração (PI) 08/04/1922 3 José Cloves Verde Saraiva – Professor – Geógrafo – POSSE EM 2007 – RENUNCIA EM 2011

ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA - Turismólogo Posse: 28 de outubro de 2011 Endereço: Rua dos Pinheiros, 15, Residencial Vitória Régia, Araçagi, São José de Ribamar, CEP 65.110-000, MA. antonionoberto@hotmail.com / antonio.noberto@dprf.gov.br Blog: antonio.noberto.zip.net

Nasceu em Pentecoste – CE em 30 de agosto de 1970. Filho de Henrique Firmiano da Silva e Raimunda Noberto da Silva. Possui treze irmãos; casado com Aline Pinheiro Vasconcelos e pai de Alana Vasconcelos Noberto da Silva. Estudou na Escola Santa Maria Goretti, continuou o fundamental em São Luís, na Unidade Integrada Rubem Almeida e na Escola Manuel Beckman. O segundo grau fez no Almirante Tamandaré. Graduou-se em Turismo pela Universidade Federal do Maranhão. Iniciou Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Maranhão, pós-graduado em Gestão Mercadológica e Consultoria em Turismo pelo Centro Universitário do Maranhão, e pós-graduando em Gestão Empresarial pelo Instituto Superior de Administração e Negócios / Fundação Getúlio Vargas. Por concurso é policial rodoviário federal. Cidadão dedicado à pesquisa é escritor, professor, palestrante, guia de Turismo pelo SENAC/EMBRATUR. É detentor da coluna No cerne da questão, no Jornal Cazumbá; no Almanaque JP Turismo, Coluna Trincheira da Maranhensidade. Membro do Conselho Diretor da Aliança Francesa de São Luís, desde. Presidiu a Associação Brasileira dos Bacharéis em Turismo, seccional Maranhão; Foi secretário municipal da prefeitura de Vargem Grande-MA; Relações Públicas do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Maranhão – assessor de comunicação da Polícia Rodoviária Federal no Estado; é o atual representante da Associação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais. Autor de A influência francesa em São Luís: uma oportunidade e segmentação do mercado turístico local (2004); pesquisas com vistas à publicação de um livro em fase de formatação, sobre Turismo no cemitério; Em 2005 criou, juntamente com Aline Pinheiro Vasconcelos, um passeio turístico musicado no Cemitério do Gavião, que resgata a vida e a obra das personalidades que fizeram a história do Estado e do País Em 2006 foi um dos vencedores do II Prêmio São Luís de Turismo, com o Projeto Seguindo os papagaios amarelos: um passeio de resgate histórico do nascimento de São Luís, trabalho implantado no ano seguinte pela Prefeitura da cidade e pela Aliança Francesa de São Luís. Naquele ano foi premiado no Concurso Artístico Literário Cidade de São Luís com o romance Só por uma estação: uma viagem ao Brasil, publicado no ano seguinte.


CADEIRA 44 PATRONO

TEMISTOCLES DA SILVA MACIEL ARANHA – Produtor Rural. Militar. Deputado Provincial. Professor. Jornalista. São Luis 08/08/1837 + 27/07/1887 Redator do Publicador Maranhense. Fundados do O País. Pai de Graça Aranha

OCUPANTES Luis Cortez Vieira da Silva – Desembargador. Professor. Vitória do Mearim 22/06/1894 + São Paulo 05/08/1968

ENEIDA VIEIRA DA SILVA OSTRIA DE CANEDO – Geógrafa Posse em 1977 Presidente do IHGM 2008/2010 Rua Parintins Qda B nº 04 Parque Amazonas Telefone: 3222-6660 Timon (?) Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela faculdade de Filosofia/UFMA; Licenciada em Pedagogia – habilitação Inspeção Escolar; Lecionou a disciplina Geografia de 1966 a 1996 na UFMA. Técnica em Assuntos Educacionais do INPS/INSS. Recebeu Medalha do Mérito Timbira


CADEIRA 45 PATRONO

MANOEL NOGUEIRA DA SILVA – Pesquisador. Sócio correspondente do IHGM OCUPANTES 1 José Manoel Nogueira Vinhais 2 Dagmar Desterro e Silva – Poetisa. Professora - São Luis 09/09/1925 + São Luis 06/08/2004 3. José Pinheiro Marques – Engenheiro – Posse em 2001 – renuncia tácita em 2010 Vaga


CADEIRA 46 FRANCISCO DE PAULA E SILVA – 22º. Bispo de São Luis - 1907 - 1918 PATRONO Machado-MG 21/10/1866 – Parnaíba-PI 1º /06/1918 OCUPANTES Luiz de Moraes Rêgo – Professor - São Luis 28/10/1906 + São Luis 09/01/1987

MARIA ESTERLINA MELO PEREIRA – Historiadora – Posse em Av. Newton Bello Nº240 – Monte Castelo Telefones: 3232-8218 / 3222-8143 - Cel: 96112426

São José de Ribamar (?) Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela FUM; Bacharel em Direito; Mestre em História pela UFF; Coordenadora do Curso de História da UFMA, tendo lecionada em vários colégios de São Luis.


CADEIRA 47 PATRONO

JOAQUIM DE MARIA SERRA SOBRINHO S. Luis 20/07/1838 + Rio de Janeiro 29/10/1888 Foi lente de gramática e literatura no Maranhão, secretario do governo na Paraíba e diretor do "Diário Oficial" em 1878. Deputado provincial. Fez sucesso em "O país", na imprensa do Rio. Escreveu "Mosaico" (poesias), "Um coração de mulher", "O remorso vivo" (drama), "Semanário Maranhense"(revista literária), etc

OCUPANTES 1 Domingos Vieira Filho – Advogado. Professor. Geógrafo São Luis 25/09/1924 + São Luis 11/09/1981 2 Domingos Chateaubriand de Sousa - Farmacêutico. Escritor. Cientista. São Benedito do Rio Preto 17/01/1913 + 13/01/1993 3 Kalil Mohana – Professor - Viana, 8 de novembro de 1935 + São Luís, 24 de dezembro de 2010

JOAQUIM ELIAS NAGIB PINTO HAICKEL – Advogado. Posse em 13 setembro de 2011

Nascido em São Luís a 13 de dezembro de 1959, primogênito de Nagib Haickel e Clarice Pinto Haickel; pai de Laila Farias Haickel, marido de Jacira. Membro das academias imperatrizense e maranhense de letras, contista, poeta, cronistas e cineasta. Estudou no Pituchinha, e depois do Batista e do Dom; destacando-se como jogador de basquete. Ingressou na Universidade Federal do Maranhão, onde se bacharelou em Direito. Por mais de 30 anos, militou na política, como deputado estadual, deputado federal e constituinte, hoje Secretario de Estado de Esporte. Inicia a trabalhar 1978, como assessor na Assembléia Legislativa. Em 1979, está em Brasília, trabalhando ao lado de Nagib, seu pai, então deputado federal; de volta a São Luis, passa a atuar como oficial de gabinete do então Governador João Castelo, indo trabalhar com o chefe da Casa Civil, José Burnet.Elegeu-se deputado estadual em 1982; federal em 86, sendo um dos Constituintes. Secretário de Assuntos Políticos (Governo Lobão); Secretário de Educação (Governo Fiquene). De 94 a 98, dedicou-se as empresas da família, retornando em 1998 à Assembléia, lá permanecendo até a última legislatura. Seu primeiro livro, Confissões de uma caneta, é de 1975/76, lançado em 1980; premiado no Concurso Cidade de São Luis. 1981 aparece O quinto cavaleiro, poemas; Garrafas de ilusões, de 1982, premiado pelo Concurso SECMA/ SIOGE/ Civilização Brasileira. 1982, Joaquim junto com Celso Borges, e coadjuvados por Roberto Kenard, Ivan Sarney, Ronaldo Braga, e Nagibinho (seu irmão), produzia e apresentava o programa “Em tempo de Guarnicê”, levado ao ar pela Mirante FM; Seu segundo livro de poemas, Manuscritos, é de 1983, mesmo ano em que começou a editar a revista Guarnicê. No ano seguinte, Joaquim e seus comparsas lançam a Antologia poética Guarnicê; seguida da Antologia crítica Guarnicê (1985). É de 1986 o livro de contos Clara cor de rosa. Após uma breve interrupção, eis que surge Saltério de três cordas, com a parceria de Rossine Correa e Pedro Braga dos Santos (1989). Lança, pela Global, coletânea de contos A ponte. No cinema produz The Best Friend, o Amigão, conquistando prêmios no Festival Guarnicê de Cinema e Vídeo, em 1984/ recebeu menção honrosa por um roteiro apresentado em concurso realizado pela UFMA - A Vingança, adaptação para o cinema de um conto inserido no livro Garrafa das ilusões. (2003) foi publicado o Almanaque Guarnicê (Clara e Guarnicê), espécie de ensaio-entrevista-reportagem, em que é narrada a trajetória do semanário e de seus idealizadores, e pela Clara Editora, coletânea de artigos publicados no sitio Clara on-line. Novo filme, curta Padre Nosso, de 59 segundos, também baseado em poema de sua autoria, de 2008, roteiro a partir de Pelo Ouvido, publicado em A Ponte; roteiro, produção e direção, e selecionado para inúmeros festivais de cinema, no Brasil e exterior a 128 eventos, ganhando 18 até agora. Publica ainda Dito & Feito, crônicas aparecidas em o Estado do Maranhão; O Múltiplo dos Quatro, reunindo o melhor de sua produção; pretende reunir os seus discursos em A palavra quando acesa, para 2012; Exerceu a presidência da Federação Maranhense e a vice-presidência da Confederação Brasileira de Tênis,da Associação Desportiva Mirante; membro-fundador do Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão – ICE. Joaquim é ainda vice-presidente do Forum Nacional de Secretários de Esporte e Lazer. E não podemos esquecer a Fundação Nagib Haickel; o Museu da Memória Audiovisual do Maranhão – MAVAM


CADEIRA 48 PATRONO

FRANCISCO SOTERO DOS REIS – Latinista. Gramático. Folólogo. São Luis 22/04/1800 + São Luis 10/03/1871

OCUPANTES 1 José de Mata Roma – Professor - Chapadinha 23/01/1896 + São Luis 20/09/1959

MÁRCIO AUGUSTO VASCONCELOS COUTINHO – Advogado Posse em 31 de outubro de 2011

Nasceu em São Luís em 10 de agosto de 1967, filho de Mário de Sousa e Silva Coutinho e de Nilze Maria de Alencar Vasconcelos. Irmãos: Mário de Sousa e Silva Coutinho Júnior, Marco Antônio Vasconcelos Coutinho, Marcelo James Vasconcelos Coutinho. É casado com Goreth Nogueira dos Santos Vasconcelos Coutinho, pedagoga, com quem teve as filhas Ana Luiza Nogueira dos Santos Vasconcelos Coutinho (15 anos) e Ana Clara Nogueira dos Santos Vasconcelos Coutinho (11 anos). Passou sua primeira infância junto dos pais e irmãos numa pequenina casa da Travessa do Monteiro. Estudou as primeiras letras no Colégio Batista Daniel de La Touche, no bairro João PauloO Primeiro e Segundo Grau cursou no Colégio Militar de Brasília, aprovado em concorrido concurso público. Aos dezoito anos foi aprovado em Vestibular para a Faculdade de Direito de Campina Grande, mas seu sonho de ser advogado teria que ser adiado pois retornou a São Luís para trabalhar, exercendo o cargo de assessor parlamentar do Vereador Benedido Pires, em 1997. Cursou Administração de Empresas no CEUMA, especializando-se em Gestão de Recursos Humanos. Com a vida mais organizada, cursou Direito no UniCEUMA, graduando-se em 2006 e exercendo advocacia nas áreas de Direito Penal e Empresarial. Advogado atuante no Tribunal do Júri é orador freqüente em Tribunais de Justiça e Superiores. Atualmente, junto de outros advogados associados, mantém escritórios em São Luís, Brasília e Rio de Janeiro. Historiador e escritor é autor de: Grajaú - Um Estudo de Sua História; tem publicado dezenas de artigos nos jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial. Premiado nacionalmente com o conto Á Flor da Pele; Canções de Agosto ( Secretaria de Estado da Cultura (SECMA), 2009); atualmente vem se dedicando aos escritos de duas obras: São Luís, Uma Aventura de Nobres, Corsários e Religiosos no Atlântico, em fase de edição, e a ser lançado quando da comemoração dos 400 anos de Fundação de São Luís; e redige obra biográfica que receberá o título: Édison Lobão, de Mirador para o Mundo.


CADEIRA 49 PATRONO

JOÃO DA MATA DE MORAES – Militar. Advogado. Politico (?) 1825 + São Luis 03/05/1886 OCUPANTES

1 José de Ribamar Fernandes

JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES - Advogado Posse em Av. São Marcos Nº 02 Ponta do Farol - CEP: 65077-000 Telefone: 3227-2101 netofernandes@bol.com

Nasceu em Arari-MA, a 30 de janeiro de 1938. Filho de Nestor José Fernandes e Teresa de Jesus Fernandes, falecidos. Uma única irmã, Cleide. Casado com Maria José Batista Fernandes, assistente social. Quatro filhos: Rosângela, do lar; Silvia, Cláudia e Nestor, advogados. Fez o curso primário no Grupo Escolar Arimatéa Cisne e no Instituto Nossa Senhora das Graças, e o curso de artes gráficas na Escola de Artes Gráficas Belarmino de Matos, na terra natal. Tipógrafo em São Luís-MA e depois proprietário de gráfica onde editou alguns de seus livros e de outros autores, como José Chagas, Kleber Leite, Raimundo Correa, Cunha Santos, Genésio Santos, Lopes Bogéa, Luís Pires, Ericeira Sousa, J. C. de Macedo Soares e Abraão Cardoso. Fundou, com outros companheiros, a União Arariense dos Estudantes - UAE e o seu jornal Gazeta Arariense, o Grêmio Arariense dos Estudantes - GAE, o jornal Vanguarda e o Colégio Comercial de Arari, vinculados a essa entidade, hoje Fundação Cultural de Arari. Com José Ribamar Farias e Silva e outros ajudou a fundar a União Vitoriense dos Estudantes - UVE e o seu jornal Correio do Mearim. Com Othon Leite fundou O Estudante de Athenas, no Liceu Maranhense, noturno. Com Raimundo Sérgio de Oliveira fundou O Correio de Bacabal e, em Imperatriz, O Correio Tocantino, com a colaboração do arariense Zequinha Batalha, sendo estes os primeiros jornais impressos das duas cidades. Com Carlos Cunha e Edson Vidigal fundou o jornal A Rua. Redigiu e editou as revistas Hinterland e Norte Integração. Bacharel em Direito pela UFMA, turma de 1978. Foi advogado do BDM e do BEM, Assessor de Desembargador do TRT da 16ª Região e Juiz Classista. Fundador e Diretor das Academias Arariense-Vitoriense de Letras e Academia Maçônica de Letras. Agraciado com a Medalha de Mérito do Juiz Classista concedida pela Associação Nacional dos Juízes Classistas do Trabalho, em Brasília-DF; Medalha do Mérito Maçônico, pela Confederação Maçônica do Brasil, pelos serviços prestados à humanidade; Medalha de Mérito Timbira, outorgada pelo Governo do Estado do Maranhão, pelos serviços prestados à cultura maranhense, e a Medalha do Mérito Arariense, pelo Poder Executivo do Município de Arari, em razão do conjunto de sua obra no âmbito sócio-cultural e, por último, o Trofeu Perone Dignidade Social - Ano 2010. Colabora como articulista nos jornais O Imparcial, O Estado do Maranhão, Jornal Pequeno, e A Tarde, e na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, instituição da qual é membro e diretor, ocupante da Cadeira nº. 49. É autor dos livros Poemas do Início, Caminhos da Alma, Eclosões (coautoria), Crônica Arariense, A Representação Paritária na Justiça do Trabalho, O Educador Silvestre Fernandes, Portal do Infinito, O Rio, Gente e Coisas de Minha Terra e Ao Sabor da Memória, além dos opúsculos O Cordelista e O Arari em Dois Momentos. Estará lançando, ainda neste mês de junho/2011, o opúsculo O Arari em Cordel e, mais para o futuro, A Utopia do Padre Brandt.


CADEIRA 50 PATRONO

ANTONIO PEREIRA - Padre Jesuíta São Luis 1615 (?) ou 1641(?) + Selva amazônica 1687 (?) ou 1702(?) O padre Antônio Pereira era “natural do Maranhão” e “pregador no colégio do Maranhão”. Ele havia estudado no Brasil, de lá vindo “já professo de quatro votos”; e chegou a ser vice-superior da missão do Maranhão. “insigne língua e fervente missionário; morreu numa missão no Cabo do Norte. A trágica morte do padre Pereira nas mãos dos índios deu ocasião ao padre Vieira para novamente reiterar a importância dos religiosos recebidos na terra, em carta a Roque Monteiro Paim, quando comenta que havia falecido “o maior sujeito que lá tínhamos”. OCUPANTES 1 Benedito Ewerton Costa – Cônego. Professor. Geógrafo. Codó 05/01/1924 + São Luis 11/01/1996

CLAUBER PEREIRA LIMA - SACERDOTE Posse em Endereço: Our Lady of Fatima Parish 4747 30th Street S.E. Calgary, Alberta T2B 3K5 Canada Tel: 0021 1 (403) 273-0621; Skype: clauberl E.mail: clauberlima@gmail.com

Nasceu em Pedreiras – Maranhão a 26 de dezembro de 1962, Filho de Delmiro de Lima e Maria Pereira de Lima. Licenciado em Teologia pelo CENTRO TEOLÓGICO DO MARANHÃO e Licenciado em Filosofia pela turma de 1998.2 na Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Mestrado em Antropologia Social e Cultural pela Université Catholique de Louvain Bélgica; Mestrado em Teologia pela Université Catholique de Louvain – Bélgica. Estagiário dos Colégios Bacelar Portela e Coelho Neto em dezembro de 1997.Professor de Filosofia e Teologia no CENTRO TEOLÓGICO DO MARANHÃO, 1995 a 1999; Vice-Diretor e Diretor Interino do CENTRO TEOLÓGICO DO MARANHÃO, 1995 a 1999; Assessor do CENTRO TEOLÓGICO DO MARANHÃO até abril de 1999; Foi Membro Titular do Conselho Diretor da Universidade Federal do Maranhão – UFMA enquanto representante da Sociedade Maranhense de Cultura Superior – SOMACS até 1999; Desde abril de 1999, convivência e análise antropológica de uma comunidade portuguesa açoriana no oeste do Canadá. Trabalhos de tradução do Inglês para o Português na Universidade de Calgary, Alberta, Canadá. Professor particular de Francês em Calgary: Junho de 2003. Membro da Discernment of Spirit Commission junto ao bispo de Calgary, Alberta, Canadá. Apoio psicológico e espiritual dos membros da comunidade de língua portuguesa e de língua inglesa na Paróquia Nossa Senhora de Fátima em Calgary, Alberta, Canadá. Colaborador junto ao Tribunal Diocesano de Calgary, Alberta, Canadá. LIVROS PUBLICADOS = Sartre e a questão da Transcendência, Recife, Editora Livrorapido, 107 p. 2003.


CADEIRA 51 PATRONO

RUBEN RIBEIRO DE ALMEIDA – Escritor. Jornalista. Historiador. Professor São Luis 09/05/1896 + 09/04/1979 Lecionou em todos os colégios de São Luis. Diretor do Liceu Maranhense. Fundador da antiga Faculdade de Filosofia. Professor da Faculdade de Direito. Diretor da Biblioteca Pública Benedito Leite.

OCUPANTES 1 Edomir Martins de Oliveira

EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA – Advogado Posse em 29 de outubro de 1980 Presidente do IHGM -período 2000/2002 Av. do Vale Q 21 Lote 11 – Edif. Florença Aptº 501 – Renascença II - CEP: 65075-660 Telefones: 3235-4117 / 3235-1417 - Cel: 8871-2512

Nasceu São Luís (?)em 21/04/1937, Filho de Clodomir Correa de Oliveira e Emilia Fontes Martins de Oliveira. Cursou Curso de Ciências Jurídicas e Sociais ,a UFMA; Cargos exercidos – Diretor do SESC - Serviço Social do Comércio; Professor Universidade Federal do Maranhão; Chefe do Departamento de Direito da UFMA; Coordenador do CCso.-Centro de Ciências Sociais –UFMACargos que exerce atualmente – Corregedor do TED/OAB-MA; Assessor Jurídico da SOAMAR-MA Condecorações recebidas de maior destaque: “Medalha do Mérito Timbira” –outorgada pelo Governo do Estado do Maranhão “Medalha Antenor Bogéa” - outorgada pela OAB-MA. Diploma outogado pela “International Writers and Artists Association” – Ohio-EEUU. Trabalhos publicados - “Pétalas Caídas” ; “Elementos de Direito”; ...@Lembranças; “O Analfabeto e o praça-de-pré”; “Considerações sobre desquite e divórcio”; “Dois Discursos” . Trabalhos a serem publicados com lançamento previsto para fevereiro/2011: “Á Águia e o Rouxinol” (elegia ao Prof. Rubem Almeida patrono da cadeira nº 51 ocupada pelo autor); “Reflexões Bíblicas”; “Gotas de Orvalho”.


CADEIRA 52 PATRONO

JOAQUIM GOMES DE SOUSA – Doutor em Ciências Físicas e Matemáticas. Deputado Itapecuru 15/02/1829 + Londres 1º /06/1864 Conhecido como Sousinha, foi um político e matemático brasileiro, pioneiro no estudo da matemática no Brasil: “primeiro vulto matemático do Brasil – e talvez o maior até hoje”. Em 1855 viaja a Paris, onde apresenta à Academia de Ciências três memórias originais: uma sobre a determinação de funções incógnitas sob o sinal de integral definida, outra sobre um teorema de cálculo integral e uma terceira sobre a teoria da propagação do som. Nesse mesmo ano matricula-se na Faculdade de Medicina de Paris, obtendo o grau de doutor em 1856.

OCUPANTES 1 José Moreira – Funcionário dos Correios -

VAGA


CADEIRA 53 PATRONO

JOSÉ NASCIMENTO DE MORAES – Jornalista. Professor São Luis 19/03/1882 + 22/02/1958 Catedrático de História e Geografia do Liceu Maranhense. Foi uma grande figura do cenário maranhense do início do século XX, destacando-se por suas obras jornalísticas e literárias, que focavam, sobretudo, a contraposição das questões elitistas e abolicionistas. Lutou contra os conceitos racistas da época, atraindo aliados e inimigos à sua causa. De suas obras publicadas, destaca-se “Vencidos e Degenerados OCUPANTES

1 Manoel de Oliveira Gomes

SALOMÃO PEREIRA ROCHA - Médico Posse em Rua dos Timbós – Casa 29 QD- 102 – Renascença I - Cep:65.075-410 Telefones: 9112-3782

Nasceu no povoado Santa Cruz, interior do município de Pedreiras, em 05 de setembro de 1929; Primeiro filho de Antonio Silva Rocha (17/10/1906) e Luiza Pereira Rocha (09/08/1913). Seus primeiros estudos foram feitos na própria fazenda, ensinado por um trabalhador de seu pai, Aureliano Santos. O primário, ou elementar, fez no Instituto Rui Barbosa, do professor Durval Pastor Vidigal, em Pedreiras; o Ginásio, fez nos Maristas, em São Luís, de 1946 a 1949; o ensino médio em São Luis, no Colégio São Luis e depois no Ateneu Teixeira Mendes, terminando o terceiro ano científico no Instituto Juruema, em Botafogo-Guanabara, hoje Rio de janeiro, em 1952; e o curso superior (Medicina) na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro.Ameaçado de parar de estudar, para dar chances aos seus irmãos de freqüentarem a escola, fugiu de casa. Com o apoio da mãe. Veio para São Luis, concluir seus estudos e, para se manter, começou a trabalhar, como vendedor de seguros da Companhia Sul América; a seguir, foi para o DER-MA, emprego arrumado por Benu Lago, a pedido de seu pai. Trabalhou no Clube dos Engenheiros, para servir os engenheiros (garçom). Ficou no DER de 1950 a 1951. Em 1952, foi para o Rio de Janeiro, tentar a sorte, e cursar faculdade. Foi abrigado por seu padrinho, Antenor Magalhães Amaral. Estabeleceuse em Nova Iguaçu, trabalhando durante o dia e estudando à noite, para concluir o terceiro ano do científico. O ano de 1953 passou quase todo na Santa Cruz, recuperando-se de doença, retornando ao Rio de Janeiro no final daquele ano, passando a trabalhar no IAPC. O primeiro vestibular foi em 1954; não passou. Salomão regressou do Rio de Janeiro após colar grau e aqui brilhou como médico ginecologista e obstetra; exercendo importantes cargos na área médica do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS – e em hospitais de São Luis, além de manter um consultório por muitos anos. Aqui, de férias, conheceu Maria das Graças Jorge de Melo, em 1962, com quem veio a se casar em 1964. No ano seguinte, regressam a São Luis. Filhos: Cláudia Luisa; Fabíola; Marco Antonio; Débora; Paulo de Tarso. Netos – Rafael e Gabriel, Natália e Camila, Nicole, Pedro. Pertence ao Rotary Club São Luís – Praia Grande, Distrito 4490, do Rotary Internacional, exercendo a função de Presidente. Pertenceu ainda à SOAMAR. CARGOS EXERCIDOS: Diretor Substituto do Hospital Presidente Dutra – 1966/67; Assistente de Clínica responsável pelo Serviço Da Assistência Médica, CAMP-INPS – 1969; Supervisor Hospitalar – Subsecretaria De Assistência Médica – SRMA-INPS – 1970; Componente da Comissão De Classificação Hospitalar SRMA-INPS – 1972; Chefe de Serviço Executivo Da Capital – Subsecretaria de Assistência Médica - SRMA-INPS 1973/74; Assessor Chefe – Assessoria Técnica Administrativa da Coordenação de Assistência Médica SRMA-INPS – 1973; Coordenador Regional Técnico Administrativo da Subsecretaria Regional de Assistência Media da SRMA-INPS – 1974; Chefe de equipe de Programação de Assistência Médica SRMA-INPS 74/75; Diretor da Maternidade Santa Casa, 1977; Diretor do Departamento de Promoção Social, Sociedade de Medicina e Cirurgia do Maranhão, 1974; Membro da Comissão de Coordenador Regional para Assuntos Médicos SRMA-INPS, 1974/75; Membro da Comissão de Classificação de Entidades de Assistência ao Menor Excepcional, SRMA-INPS, 1974; Integrante (titular) do grupo de Coordenação Estadual no Maranhão, indicado pelo Ministro, como representante do MPAs; Secretário Regional de Medicina Social SRMA-INPS-INAMPS 1977/79; Coordenador Regional de Controle e Avaliação do INAMPS 1979/1986; Diretor da Maternidade Benedito leite – 1991/1995.


CADEIRA 54 PATRONO

FELIPE BENITO CONDURÚ PACHECO - Bispo São Bento 18/07/1892 + São Luis 1º/10/1972) foi um bispo católico brasileiro, primeiro da Diocese de Parnaíba.

OCUPANTES 1 Kleber Moreira de Sousa – Jornalista.. Desembargador. Penalva 08/01/1931 + São Luis (?)

ÁLVARO URUBATAN MELO - Bancário Posse em R-Andorinhas, nº 03 QD- 11 Renascença- Ponta do Farol Telefones: 3235-1881 /9606-0960

São Bento, 14 de abril de 1940 Alcunha familiar – Vavá, filho de André Martins Melo e Maria Rosa Ribeiro Melo. Autodidata, cursou o primário no Grupo Escolar “Mota Júnior”, São Bento – MA; e o ginásio incompleto- Colégio São Luís – MA. Cursos profissionais – diversos. Como atividade profissional, foi funcionário concursado do Banco do Estado do Maranhão S.A, exercendo subgerência de São Bento, gerências de Zé Doca (instalador), Pedreiras, Timon (instalador), João Paulo e São Francisco, aposentado na última letra. Atividades particulares (colaboração): lecionou no Exame de Admissão da UMES – São Luís; Matemática na Escola Normal Ginasial Felipe Benicio de Oliveira Conduru; Matemática e História, no Ginásio Industrial, Matemática, no Ginásio Araújo Castro; Contabilidade Bancária no Ginásio Sambentuense, todos em São Bento. Presidente reeleito do Conselho Deliberativo Campanha Nacional de Educandários Gratuitos – CNEG, setor São Bento, com a fundação do Ginásio Araújo Castro e transformação da Escola Normal Ginasial Felipe Benicio Conduru em Escola Normal Pedagógica (2º grau). Presidente reeleito das entidades culturais – Casino Sambentuense e União Operária; Fundador do Departamento Cultural Domingos Barbosa; Membro diretor da Cooperativa dos Livros; Membro diretor da Companhia Telefônica de São Bento; Membro fundador da Academia Sambentuense e primeiro vice-presidente. Obras publicadas: São Bento dos Peris; água e vida. (dois volumes); Perfil Acadêmico da Academia Sambentuense. São Bento – um jardim de Academus. (Ensaios – são-bentuenses membros da Academia Maranhense de Letras: Evandro Sarney, Joaquim Itapary Filho, Emilio Lobato Azevedo, Luís Lobato Viana, Raimundo Clarindo Santiago e Domingos Quadros Barbosa Álvares). Ensaios: Vida do antístite Dom Luís Raimundo da Silva Brito – 1994. Professor João Miguel da Cruz, centenário de morte. Dr. Fernando Ribamar Viana, centenário de nascimento. – 1904. Raimundo de Araújo Castro, 50 anos de falecimento. Dom Pedro I – Jornal o “Debate”, 8 de outubro de 1998- Carlos Humberto Reis, 50 anos de falecimento. Subsídios da história de Perimirim. Organização do livro – Mistérios da Vila de São Bento. Reedição, com o Dr. Joaquim Itapary Filho, do livro Pai e mestre, de autoria de Dom Felipe Conduru Pacheco. Colaborador dos jornais. Jornal de São Bento e Folha de São Bento. Um dos fundadores “O Liberal”, de São Bento. Artigos publicados em o Estado do Maranhão, O Imparcial, o Debate e o Jornal Pequeno (São Luís); Folha de Pinheiro e Jornal de Pinheiro, Folha de São Bento e Jornal de São Bento. Obras prontas, a publicar: A nascente do Rio Aura. Subsídios da Câmara Municipal da Vila São Bento. Antologia da Literatura de São Bento.


CADEIRA 55 PATRONO

JOSÉ RIBEIRO DE SÁ VALE – Professor São Luis 08/03/1891 + 04/12/1966 OCUPANTE ATUAL 1 Joseth Coutinho Martins de Freitas – Filosofa. Professora. Historiadora. São Luis 28/01/1933

JOSETH COUTINHO MARTINS DE FREITAS – Filosofa. Posse em Vice-Presidente do IHGM gestão 2008/2010 Rua de Santaninha, nº627 – Centro - CEP: 65010-580 Telefones: 3232-0261 / 99723620 josethecmf@hotmail.com Nasceu em São Luis a 28 de janeiro de 1933 Bacharel e Licenciada em Filosofia, com pós-graduação na área de Educação. Professora da UFMA nos cursos de Pedagogia e Filosofia, exercendo vários cargos administrativos. Foi professora do Liceu Maranhense. Publica artigos na imprensa local e na Revista do IHGM. Pertence à Soceidade dos Amigos da Marinha – SOAMAR -; Conselho da Comunidade Luso-Brasileiro; Rotary. Recebeu; Medalhas do Mérito da Ordem Insterução Pública, no grau Comendador, outorgada pelo Presidente de Portugal; do Mérito Timbira; Amigo da Marinha; de Ouro, pelo Sindicato dos Professores de São Luis. É do CEE


CADEIRA 56 PATRONO

JERÔNIMO JOSÉ DE VIVEIROS – Professor. Historiador Presidente do IHGM - São Luis 11/08/1884 + 29/11/1965 OCUPANTES 1 José Ribamar Sousa dos Reis - 27/03/1947 + /0712/2010)

JOANA MARIA BITENCOURT. Teatróloga. POSSE EM 15 de dezembro de 2011

Nasceu em Pinheiro, em 1950 Seus pais Raimundo Rodrigues Bitencourt e Saturnina Costa Bitencourt, a Dona Moça, bisneta da índia Kaapor. Seus filhos Karla, Nila Rosa, Ana Flávia e avó de 5 netos. Assumiu a Sociedade Artística e Cultural Beto Bitencourt, oriunda da Cia de Marionetes. É aí que surge a Joana cantora, poetisa, compositora e folclorista, amante da cultura em todos os sentidos. Fez seus estudos no Colégio Pinheirense, Sousa Franco, Rosa Castro. Foi secretária da Escola de Agronomia do Maranhão, onde fez o curso pós-médio de agricultura. De sua vasta produção e encenação, as peças teatrais “História de Ana Jansen, na visão de mamulengo” – selecionada pelo MINC/FUNARTE; Oh! Minha cidade; obteve o prêmio Myrian Muniz – FUNART/PETROBRÁS; “História do Boizinho de Brinquedo – livro e peça premiada pelo BNB – Cultura. Prêmio Literário Cidade de São Luís, Ovo Mágico, Novo desejo de Catirina, Aconteceu no Jardim, Lagoa quase azul, Natal renovado, Natalina do Maranhão, No Reino da Jardineira, Minha terra tem. Fora da linha teatral, dessas algumas premiadas encenadas em Estados Brasileiros e em países europeus. Apareceu a escritora com a publicação em 2008, do grande romance histórico – Itagiba, o braço de pedra da França Equinocial, quando ela se antecede às comemorações dos quatrocentos anos da fundação de São Luís.


CADEIRA 57 PATRONO

JOSÉ EDUARDO DE ABRANCHES MOURA – Engenheiro Militar.Geógrafo. Historiador. Poeta. Fundador do IHGM

São Luis 14/02/1861 + Rio de Janeiro 02/07/1944 OCUPANTES 1 José Adirson de Vasconcelos – Jornalista - Santana do Acaraú-CE 16/07/1936 2 Augusto Silva de Carvalho – Contista Ipixuna (São Luis Gonzaga) 27/06/1915 + São Luis (?) VAGA


CADEIRA 58 PATRONO

JOÃO PARSONDAS DE CARVALHO – Sertanista. Jornalista. Historiador Riachão 1855 ou 1856 + Imperatriz 20/07/1926 Obras: conferências em São Luís e no Rio de Janeiro - A Sílvio Romero; Democracia; A Amazônia: do Tartarugal ao Gurupi; Do Gurupi ao Balsas; artigos/crônica política na imprensa do RJ e do MA - O Grajaú: últimos acontecimentos do Estado do Maranhão no Século XIX; livros (inéditos/extraviados) - Estudos Filosóficos;Fatos e Contos. livro com autoria atribuída à irmã Carlota Carvalho - O Sertão: subsídios para a história e a geografia do Brasil. Patrono da Cadeira 2 da Academia Imperatrizense de Letras; nome de vários prédios públicos e vias públicas: no Maranhão, em Carolina, Grajaú, Imperatriz, João Lisboa, Montes Altos, Porto Franco, Riachão, Sítio Novo e Primeira Cruz; no Tocantins, em Tocantinópolis; e no Pará, em Marabá. OCUPANTES

WASHINGTON MACIEL CANTANHEDE – Promotor de Justiça Posse em 28 de julho de 2010, recebido pelo confrade José de Ribamar Fernandes.

Nasceu em Vitória do Mearim a 06 de junho de 1963 Graduado em Direito (UFMA) e em Adminsitração (UEMA), foi bancário e servidor da Justiça do Trabalho. Exerceu o mandato de vereador. Promotor de Justiça desde 1993, das comarcas de Matões, Parnarama, Coelho Neto, São José de Ribamar, Imperatriz e Pedreiras. É o atual titular da Promotoria de Combate a Crimes Contra Criança e Adolescente da Comarca de São Luís. Idealizador e co-fundador da Academia Arariense-Vitoriense de Letras – AVL –(Presidente 2000-2002; 2004 a 2006). Membro fundador da Academia Pedreirense de Letras (APL) e da Associação dos Amigos do Arquivo Público do Estado do Maranhão (AAPEM). Membro da Associação do Ministério Público Estadual (AMPEM).Membro da Comissão Gestora do Programa Memória Institucional do Ministério Público do Maranhão desde sua instituição (2002), é seu coordenador desde 2008. Elaboração e publicação de importantes obras sobre a história do Parquet maranhense, entre as quais os 17 livros da série Ministério Público do Estado do Maranhão: fontes para sua história e os Autos do Processo-Crime da Baronesa de Grajaú - 1876-1877; na instalação do Memorial do Ministério Público, além de resgatar a trajetória de importantes membros do MP do Maranhão. Foi premiado ou distinguido por cinco vezes (1996, 1998, 1999, 2001 e 2003, quando participou pela última vez) nos concursos anuais de melhor arrazoado forense do M. P., promovidos pela AMPEM, que publicou, em livros, as peças vencedoras. Com a monografia Celso Magalhães: um perfil biográfico venceu o concurso sobre o patrono do Ministério Público Maranhense, promovido pela AMPEM em 2000. Escreveu e fez publicar: artigos sobre temas maranhenses e do Baixo Mearim, em jornais da Capital e daquela região; artigos jurídicos, em periódicos especializados; livros sobre história e personalidades de Vitória do Mearim, e sobre o Ministério Público do Estado e seu patrono. Destacam-se entres as obras de sua exclusiva autoria: Inelegibilidade decorrente de abuso de poder econômico ou político – eficácia, efeitos e efetividade da decisão judicial. In: Revista Jurídica, ed. n. 227. Porto Alegre: Ed. Síntese, 1996, p. 5-13 (também disponível na Internet); Vitória do Mearim dos primórdios à emancipação. São Luís: Lithograf, 1998, 194p; Vitória do Mearim da emancipação à era dos intendentes. São Luís: Lithograf, 1999, 472p. (Obs.: por esta obra e pela anterior, recebeu moções de louvor das câmaras municipais de S. Luís e Vitória do Mearim); Celso Magalhães: um perfil biográfico. São Luís: AMPEM, 2001, 85p.; Nulidades no Desaforamento do Júri. In: Juris Itinera, ed. n. 10, São Luís: Procuradoria Geral de Justiça, 2003, p. 199-220.


CADEIRA 59 PATRONO

OLÍMPIO RIBEIRO FIALHO. Engenheiro Nasceu em Barra do Corda,Maranhão em 24/08/1889. Engenheiro formado pela Escola Politécnica de São Paulo, falava espanhol, inglês, francês, esperanto e tupiguarani. Elaborou mapa fisiográfico e da divisão intermunicipal do Maranhão. Dentre suas obras destacam-se: Elementos subsidiários à confecção da monografia das reservas da hulha branca no Maranhão; A Casa de Pedra; A Bacia do Rio Flores; Aspectos do revestimento florístico do Maranhão; O Assalto de Alto Alegre e Bacia Hidrográfica do Rio Corda, esta última catalogada pela Biblioteca do Congresso Nacional dos Estados Unidos. Pesquisador, geógrafo, cientista, filósofo e autodidata, faleceu em 23 de junho de 1979.

OCUPANTES JOSÉ DA COSTA MENDES PEREIRA - Nasceu em Anajatuba, Maranhão, em 20 de junho de 1916. Formou-se em Farmácia, na antiga Faculdade de Farmácia do Maranhão. Trabalhou nessa área, porém realizou-se como ambientalista e professor de Economia Agrícola na UEMA e de Estudo de Problemas Brasileiros na UFMA. Faleceu em 9 de março de 2003.

ELIZABETH PEREIRA RODRIGUES – Historiadora Posse em R- Atlântica (antiga Alpercatas), 11 Cond. Eugene Delacroix, Apt. 300 – Calhau – CEP 65071630 Telefones: 81217953 - /Dom Bosco: 40097070.

Nasceu em São Luís, Maranhão, em 11/08/1959. Cursou a Educação Básica no Colégio Dom Bosco do Maranhão e se graduou na Universidade Federal do Maranhão em Pedagogia (Supervisão e Administração Escolar), História Licenciatura e Direito, sendo inscrita na OAB-MA sob a matrícula nº 3087. É formada em Psicanálise Clínica. No nível de PósGraduação, é Mestre em Educação e Doutoranda em Direito pela Universidade Pablo de Olavide ,Sevilla, Espanha. Na área de línguas, tem o Certificate of Operational Competence in English pela Illinois University, em Eduardsville – EUA,o Diploma de Español como Lengua Extranjera , DELE pelo Instituto Cervantes da Universidade de Sevilha, Espanha e o Curso Básico e Intermediário de Francês, na Aliança FrancesaNa vida profissional foi professora de Inglês do Yázigi e do Colégio Dom Bosco, onde lecionou também História por 25 anos.Foi coordenadora, supervisora, vice-diretora e hoje Diretora Pedagógica do Colégio Dom Bosco e Diretora Financeira da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB. Foi Diretora da antiga Associação de Estabelecimentos de Ensino do Maranhão no período de 1984 a 1986; Membro da Comissão de Encargos Educacionais do Conselho Estadual de Educação de 1984 a 1988; Membro do Conselho Técnico Consultivo do Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão de1988 a 1989; Membro do Conselho de Representantes da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino – FENEN, em Brasília-DF, de 1989 a 1990; Membro do Conselho Fiscal da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino FENEN, Brasília – DF de1989 a1990; Membro do Conselho Fiscal da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino – CONFENEN,Brasília – DF de 1990 – 1991. Atualmente é Membro do Conselho de Representantes da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino – CONFENEN, Brasília – DF desde 1990; Vice-Presidente do Sindicato de Estabelecimentos de Ensino do Maranhão desde 1986; Diretora Pedagógica do Colégio Dom Bosco e Diretora Financeira da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB; Conselheira do Conselho Estadual de Educação do Maranhão desde 2001. Publicou: A realidade da Supervisão Educacional nas Escolas do Maranhão; Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica em Matéria Ambiental; Reconstruindo o Aprender: a teoria na prática;Os desafios da avaliação educacional no Brasil e no mundo; A educação básica do Maranhão no Século XXI. Comendas recebidas: Diploma “Professor Urbano Franco” – Ministério da Educação do Brasil – 1990. Medalha do Mérito Judiciário Desembargador Antonio Rodrigues Veloso, conferida pelo Tribunal de Justiça do Maranhão – Poder Judiciário, São Luís – MA – 2002. Medalha do Mérito Educativo Profª Ana Maria Saldanha, conferida pelo Conselho Estadual de Educação do Maranhão – São Luís – MA – 2006.na Instituição, pelo destaque em exame especial prestado.


CADEIRA 60 PATRONO

JOSÉ DE RIBAMAR CARVALHO – Cônego. Perofessor

Codó 06/08/1923 + São Luis 27/12/1972 OCUPANTES 1 Francisco Alves Camelo

RAIMUNDO GOMES MEIRELES – Sacerdote Posse em 1º Secretário do IHGM gestão 2010/2012 Igreja Santo Antônio – Praça Antônio Lobo, nº 4 – Centro Telefones: 3231-2775/ 88049424 seleriem.mei@uol.com.br

Maranhense de Itapecuru-Mirim, MA, nascido 31 de outubro de 1962, Filho de João José Meireles e Maria Gomes Meireles iniciou seus estudos em Caxias, no Colégio Nossa Senhora dos Remédios, veio para São Luís e estudou no Colégio Sotero dos Reis, no Centro Educacional do Maranhão e no Colégio São Lázaro, concluindo o ensino fundamental; cursou o Ensino Médio no Centro de Ensino de 2° grau Gonçalves Dias. GRADUAÇÃO: Licenciatura em Filosofia e Licenciatura em Teologia no Instituto de Ensino Superior do Maranhão, onde apresentou a monografia “O catolicismo popular tradicional brasileiro e algumas expressões significativas da religião do povo maranhense: pistas de interpretação teológica” - nota 10; Licenciatura plena em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão, onde apresentou a monografia “Noção de Direito em Norberto Bobbio” – nota 10. Diploma de Honra ao Mérito, melhor aluno do curso de Filosofia. Bacharel em Direito, no Centro de Ensino Universitário do Maranhão - UNICEUMA, onde apresentou a monografia “A noção de Direito em Santi Romano”, também, nota 10. PÓS – GRADUAÇÃO: Mestrado em Direito Canônico na Pontifícia Studiorum Universitas – Roma / Itália. Mestrado em Direito Civil, com especialização em Direito Internacional Comparado,– Pontifícia Universitas Lateranensis – Città del Vaticano. Doutorado em Direito Canônico – Pontifícia Studiorum Santo Tomas de Aquino – Roma / Itália. Publicações: Direito degli índios in Antonio Vieira – Anais de Congresso – Roma, 1997; A Filosofia da Prescrição Penal – Revista ECOS nº 01, 2003; Podemos definir o Direito? Revista ECOS nº2, 2005; Vários artigos nos jornais: O Estado do Maranhão, Jornal Pequeno e Imparcial. ATIVIDADES PROFISSIONAIS: Professor de: Filosofia de Direito, Filosofia Política, Introdução à Filosofia, Direto Canônico, Gestão Paroquial – Centro de Ensino Superior do Maranhão - IESMA (desde 1997); Relações Humanas – Polícia Militar do Estado do Maranhão, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças; Chanceler da Cúria Metropolitana; Pároco da Paróquia N. Srª Aparecida da Foz do Rio Anil – Cohafuma (1997-2009); Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico Regional Nordeste V; Membro do Conselho Diretor da UFMA na qualidade de representante da Sociedade Maranhense de Cultura Superior – SOMACS (8 anos); Vigário paroquial da Paróquia São João Batista, na Igreja Santo Antônio (desde 2009); Capelão Militar, Polícia Militar do Estado do Maranhão.


ANIVERSÁRIO DO IHGM – 86 ANOS DILERCY ARAGÃO ADLER Queridas Confreiras e Queridos Confrades, Aniversário é sempre motivo para comemoração. Quando é de uma pessoa só, gêmeos, trigêmeos ou mais... deve ser dobrada, triplicada, segundo o caso. Este nosso aniversário, que estamos comemorando, é de quase 60 pessoas juntas (hoje), muito mais contando com todos que passaram para outro plano ou têm seus nomes como patronos. Assim, a festa deve ser grandiosa, principalmente em nossos corações e nas intenções de sempre mantermos a chama da união, da disseminação da cultura, do amor à causa de multiplicar as possibilidades de autores, MUITO ACESA. Enfim, fazer da cultura e da arte o instrumento de equalização social e Paz mundial. PARABÉNS ao IHGM e a todos nós que hoje trabalhamos em prol do engrandecimento do seu nome, a despeito de todas as dificuldades, que são muitas! Ofereço a todos a poesia abaixo: Dilercy Adler EXORTAÇÃO Dilercy Adler É necessária a exortação para aceitação de todos os seres de todos os saberes dos saberes de todos os seres... é necessária a exortação para a aceitação de todos os saberes os saberes do índio, da mulher, do negro, do oriental, do cético da criança do velho do moço do pobre do analfabeto... é necessária a exortação para a aceitação de todos os saberes


não apenas os saberes de alguns seletos eleitos não se sabe por quem além deles próprios. Abramos nosso peito nossa cabeça nosso coração para enfim vivermos num mundo melhor e dentro dele - o Brasil – uma grande nação!


QUANTOS ANOS, MESMO, DO IHGM? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ No último mês de novembro, dia 20, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM – comemorou mais um anivérsário de sua fundação: 86 anos. Essa a data que se tem comemorado, ao longo de quase um século... Recentemente, descobri em “UMA ATHENAS EQUINOCIAL – a literatura e a fundação de um Maranhão no Império Brasileiro” de José Henrique de Paula Borralho, (Edfunc 2010, p.149) que “Quando ainda morava em São Luis [o Visconde de Vieira da Silva] foi um dos fundadores do Partido Constitucional em 1863 (...) Foi nessa época que, juntamente com João da Matta de Moares Rego, César Augusto Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego, fundou o primeiro Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e, em 1865, dessa vez ao lado de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Heráclito Graça, Antonio Henriques Leal, Antonio Rego, reunidos no colégio de Humanidades, dirigido por Pedro Nunes Leal, discutiam a formação de agremiações literárias e o futuro da vida cultural da província (...)”. (grifamos). Em “Fidalgos e Barões” 7, de Milson Coutinho, também aparecia a afirmação: “Vieira da Silva, ao regressar da Europa, encontro na terra natal a efervescência política e jornalística costumeira (...) parece ter dado conta de que a poesia não era seu forte, de modo que mergulhou no jornalismo (...). Em 1863 abriu cisão com seus antigos companheiros de credo político e fundou o Partido Constitucional, que tinha no jornal A Situação o órgão que defendia o programa desse novo grêmio político, integrado por Vieira da Silva, Silva Maia, José Barreto, Colares Moreira e outros mais. Foi por esse tempo que fundou o Instituto Histórico e Geográfico, instituição provincial que pretendia arregimentar a chamada classe literária, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cenáculo-maior das letras imperiais. Revela Dino (1974, p. 55) que o Instituto abrigou, inicialmente, nomes que futuramente ganhariam peso literário, dentre os quais João da Mata Moraes Rego, Cesar Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego. “Sem maior futuro, o primeiro IHGM naufragou. Em seu lugar nasceu a Academia de Letras do Maranhão, iniciativa de Vieira da Silva, que funcionava numa das salas do Instituto de Humanidades, de Pedro Nunes leal. Também não foi à frente. (...)” (p. 429-430). (grifamos) Ainda em Milson Coutinho (1986; 2007) fundação, desta vez dando a data em que ocorreu:

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mais informações sobre essa

COUTINHO, Milson. FIDALGOS E BARÕES – uma história da nobiliarquia luso-maranhense. São Luis: GEIA, 2005 8 COUTINHO, Milson. O MARANHÃO NO SENADO (notas bibliográficas). São Luis: SEFAZ/SECMAS/SIOGE, 1986 COUTINHO, Milson. MEMÓRIA DA ADVOCACIA NO MARANHÃO. São Luis: Clara, 2007. Edição comemorativa dos 75 anos da OAB-MA, contendo elementos biográficos de notáveis advogados entre os anos 1650 a 1950


"Com amigos literatos da época, Vieira da Silva fundou, em 28.7.1864, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, do qual fizeram parte, como sócios, entre outros luminares de nossas letras, João da Mata de Moraes Rego, Dr. César Marques, Dr. João Vito Vieira da Silva e Dr. Torquato Rego. “ Pertenceu, igualmente, à primeira Academia de Letras do Maranhão, fundada em 1865, em uma das salas do Instituto de Humanidades, colégio dirigido pelo Dr. Pedro Nunes Leal. Daquele silogeu foram sócios homens da estirpe cultural de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Herácito Graça, Henriques Leal, Antonio Rego e outros" (COUTINHO, 1986: 52; 2007: 277). Em “Fidalgos e Barões”, Milson Coutinho faz referencia a Nicolau Dino, em biografia do Visconde de Vieira da Silva9 de onde teria obtido as informações sobre a fundação do IHGM naqueles idos de 1863: "IX - NO SEIO DOS PRIMEIROS IMORTAID DA PROVINCIA "PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO "em 28 de julho de 1864, Luiz Antonio Vieira da Silva era aclamado presidente do Instituto Histórico e Geográfico que se fundava naquele dia, em casa de Augusto Marques e com a colaboração deste, do Tenente Coronel Ferreira, Padre Dr. Cunha, João da Mata, Dr. Cesar Marques, Dr. Tolentino Machado, Tenente Coronel João Vito, Dr. Torquato Rego, Pedro Guimarães e Frei Caetano. O Dr. Cesar Marques leu um discurso relativo ao ato e o Padre Dr. Cunha apresentou o projeto dos estatutos da nova associação". (p 55-56). (grifamos) E em Nota de pé-de-página: “(30) Augusto Cesar Marques - farmacêutico, irmão de Cesar Marques. Tenente Coronel de engenheiros - Fernando Luis Ferreira. Padre Dr. João Pedro da Cunha. João da Mata de Moraes Rego - escrivão, autor de crônicas sobre a imprensa do Maranhão muito apreciadas. Dr. João Vito Vieira da Silva, engenheiro militar. Frei Caetano de Santa Rita Serejo, maranhense, Superior do Convento dos Carmelitas” (p. 56) No Blog “Família Vieira” 10 consta postagem em 1º de agosto de 2010 dados sobre os “VIEIRA DA SILVA E SOUSA – Maranhão” consta os VIEIRA DA SILVA, importante família do Maranhão, com ramificações no Ceará. Destacamos do texto acima o que segue, sobre o Dr. Luiz Antônio Vieira da Silva: Grão Mestre da Maçonaria. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1863. Membro da Sociedade de Geografia de Lisboa. Membro da Academia Real de Ciências de Lisboa. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco. (grifamos). Ainda não tive tempo de ir ao Arquivo Público ou a Biblioteca Benedito leite buscar mais informações, especialmente nos jornais daqueleperíodo de 1863/1865...

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DINO, Nicolau. O VISCONDE DE VIEIRA DA SILVA. São Luis: (IHGM?), 1974 http://vieirasdeguimaraes.blogspot.com/2010/08/vieira-da-silva-e-sousa-maranhao.html

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Eis que ontem, 22 de dezembro de 2011, recebo telefone de antigo colega professor da Escola Técnica Federal do Maranhão – hoje IF-MA. Agradecia as “dicas” que dera quanto a pesquisa que estava fazendo; que estava desde então freqüentando a “Benedito Leite”, buscando informações nos jornais aintigos. Achara, naquele momento, uma raridade; se teria interesse, reproduziria e me levaria à tarde no IHGM. Claro que interessa tudo o que se refe ao IHGM e à sua Fundação... Pois bem, abaixo as transquições, copiadas pelo Professor Sobrinho, e que me entrgou datilografada no IHGM as 16:30 horas, e que imediatamente dei conhecimento à Sra. Presidente Telma e, logo a seguir, à Confreira Joseth Coutinho Freitas; ambas se mostraram extasiadas e perguntaram: e agora? “O INSTITUTO HISTÓRICO “Um carteiro dos telégrafos andava ontem com um telegrama na mão, a procura do Instituto Histórico do Maranhão que se fundou aqui por iniciativa do Sr. Simões Silva. “Ora, por mais que o estafeta batesse as ruas da cidade, a cata do cujo, não conseguiu notícias do seu paradeuiro, chegando a conclusão de que se de fato existe, foi como as rosas de Moliere, ou se de fato nasceu, nasceu já defunto. “Afinal depois de muito andar e muito escarafunchar, o homemteve uma idéia, foi depor o telegramanas mãos do ilustre prof. Amaral, que o abriu e teve a gentileza de no-lo mostrar, a fim de que publicássemos o seu texto. É o seguinte: “Cuiabá, 17 “Instituto Histórico – Maranhão “Tenho a satisfação de comunicar a esse Instituto que acaba de ser reconhecido por sentença ptoferida pelo tribunal arbitral, constituido pelos ministros Pires de Albuquerque, deputado prudente de Moraes e o conde de Afonso celso, o direito de Mato grosso a toda região contestada pelo visinho estado de Goiás, terminando uma questão secular de limites entre os dos estados. Bispo de Aquino - Presidente” (in Jornal PACOTILHA, edição de 21 de dezembro de 1920) Chamo atenção para a data de publicação: 21 de dezembro de 1920. Vamos ao

outro texto, publicado no dia seguinte – 21 de dezembro de 1920 – no mesmo A PACOTILHA: “INSTITUTO HISTÓRICO “Meus caros amigos: É tão fácil fazer espírito a propósito de quaklquer coisa, como falar mal, do próximo, sem propósito nenhum. “Desculpem-me esta barata filosofia de algibeira, trasida por uma vossa noticia de ontem. “Retrata-se nela um artefato boletineiro, naquele passo rápido que lhe conhecemos, a cata do Instituto Histórico do Maranhão. “Economizaria canseiras, se chegasse ao visinho correio e perguntasse lá a quem devia dirigir-se. Responder-lhe-iam logo. “Se a memória não nos falha, o Instituto (chasquea ?) do fundou-o cá, em julho de 1918, o dr. Somõens da Silva, que testemunhouo aos presentes o seu “grande


espanto” por não haver ainda aqui uma corporação dessa natureza. Sob o consenso dos mesmos presentes, leu-se e aclamou-se a lista da diretoria, em que figuravam os nomes dos senhores Dr. Viana Vaz, prof. José Ribeiro de Amaral, dr. Augusto Jansen, prof. Raimundo Lopes, Domingos Perdigão, etc. “A nossa modesta pessoa foi escolhida para secretário geral. Mas assoberbadissimo por mil e uma ocupações e não nos tendo os eleitos expressos nenhum desejo de corresponder a getil iniciativa do ilustre etnógrafo, houvemos por bem remeter-nos a uma presente silencio. “Abracem o vosso – Fran Pacheco” (grifamos) (in Jornal PACOTILHA, 22 de dezemebro de 1920). E agora? Se considerarmos a data de

28 de julho de 1864 – 147 anos; Julho de 1918 – 93 anos 20 de novembro de 1925 – 86 anos... E agora?


VIAGEM A CAXIAS (Relatório de DILERCY ADLER) Prezados Confrades, Acabei de chegar de Caxias, onde participei das comemorações de aniversário (8º) daquele IHG. Foi uma festa magnífica! O presidente do IHGC nos recebeu com muita amabilidade.O confrade Célio descerrou o quadro do seu bisavô e fez uma bela fala sobre o mesmo. Eu falei do Projeto "MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS", o qual teve boa repercussão junto aos presentes. Lançamos livros na ocasião (eu e Dr. Célio). Ainda no tocante ao Projeto "MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS", fizemos contatos interessantes com confrades, com a Secretária de Cultura e Turismo de Caxias. Pedimos aos confrades que agilizassem a composição das comissões com os nomes de Caxias envolvendo o IHG, a ACL, a UEMA, a Secretaria de Cultura e se puderem contatar também a de Educação, o Colégio Gonçalves Dias e outras entidades ou organismos que eles acharem pertinente. Trouxemos em mãos um convite para a solenidade de abertura do Projeto ”A escola vai à praça” comemoração dos 188 anos de Gonçalves Dias promovido pelo 6º período do CESC/UEMA, tendo a frente a Profa. Erlinda Bittencourt, do Depto de Letras da UEMA e do IHG de Caxias, e alunos do 6º período de Letras. Eu gostaria imensamente de ir, mas estarei ausente do Brasil nesse dia e gostaria de sugerir que fosse alguém representando o IHGM. Quem sabe o nosso confrade Álvaro? Conversando com o Dr. Almada Lima (pessoa amabilíssima, juntamente com a sua esposa), perguntei-lhe sobre uma modalidade de sócio do IHG de Caxias que é o sócio mantenedor (receberam medalhas ontem na festa de aniversário) e achei uma excelente idéia para ser seguida pelo nosso IHGM também. Falei-lhe que as boas idéias devem ser estendidas, a exemplo dos MIL Poemas para Gonçalves Dias que veio do Chile, com o que ele concordou. Assim, podemos trabalhar nesse sentido. Estou muito gratificada de ter me disponibilizado para essa viagem. Foi muito proveitosa. Estreitamos laços importantes. Dilercy Adler


IHGC COMEMORA SEUS OITO ANOS DE FUNDAÇÃO COM GRANDE FESTIVIDADE http://www.noca.com.br/imprimir.asp?t=1&notcod=20282

Desembargador Arthur Almada Lima Filho, presidente do IHGC.

Em alusão pelos oito anos de fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), no sábado (10/12), foi realizada uma grande festividade pela data especial. Na ocasião, foram empossados novos sócios da entidade, prestadas homenagens à alguns caxienses ilustres com medalhas de honra ao mérito e houve um lançamento de livros. Conforme a programação do dia, pela manhã aconteceu o hasteamento de bandeiras na frente do prédio do IHGC. Pela noite, houve uma sessão solene no auditório do Instituto, com a presença da tesoureira do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Dilercy Adler, e de várias representatividades caxienses, desde o poder judiciário, legislativo, militar, até a sociedade civil.

A Drª Kátia Bogéa, superintendente IPHAN-MA, recebeu a diplomação de sócia benemérita do Instituto. Já o senhor Charles Vasconcelos e a professora Joseneyde Vilanova receberam a diplomação de sócios mantenedores. Os professores Aluizio Bittencourt e Francinaldo Morais, ambos docentes da Universidade Estadual do Maranhão, foram empossados como novos sócios efetivos do IHGC, devido ao reconhecimento pelos trabalhos desenvolvidos por estes educadores no município ao longo dos anos. Os empossados tiveram como patronos, respectivamente, o empresário e político Eugênio Barros e o empreendedor industrial Cândido Mendes.


Alguns caxienses ilustres receberam medalhas de honra ao mérito, também devido ao reconhecimento de seus serviços marcantes prestados na cidade de Caxias, dentre eles, a professora Lourdes Feitosa, o expedicionário Enéias Patrício, o empresário Eumary Torres e Francisco Carvalho, pai do poeta Wybson Carvalho. A solenidade encerrou-se com um lançamento de livros dos escritores Marcelo Ribeiro Vaz Sardinha, Eulálio Leandro e Dilercy Adler. "O objetivo do Instituto é resgatar a memória de todos os caxienses e fazer um acervo de documentação de elementos que constituem a nossa história", ressaltou o presidente do IHGC, o Desembargador Arthur Almada Lima Filho.


POSSE DE ANTONIO NOBERTO

Joseth, Marcelo, Álvaro, Batalha, Leopoldo, Noberto, Paulo Oliveira, Cmte. Ramos, Ana Luiza, José Fernandes, Aymoré, Esterlina

Antonio Noberto, Marcelo, Liviomar, Nan, e Leopoldo



DISCURSO DE ÁLVARO URUBATAN MELO EM RECEPÇÃO AO NOVO SÓCIO ANTONIO NOBERTO

VAVÁ MELO e ANTONIO NOBERTO Palácio Cristo Rei, 28 de outubro de 2011

Coube a mim e ao confrade Dr. Washington Cantanhede a honra de sermos signatários da proposta do candidato Noberto, unanimente aprovada pela Assembléia Geral, em atendimento ao parecer da ilustre comissão, mas ficou comigo o alegre encargos ser seu recipiente, o que faço nesta memorável noite de sua posse, temeroso de descumprir na dimensão cabível, tão espinhosa tarefa. Esta data é histórica, como tantas outras que opulentam os anais da casa, vividas ao longo da gloriosa caminhada deste Instituto, quando luzes esplendorosas, expoentes consagrados da Geografia e da História nela ingressaram, consolidaram seu prestigio. De seus fundadores Antônio Lopes, Justo Jansen, Ribeiro do Amaral, José Domingues, Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão, José Pedro Ribeiro, Abranches Moura, Arias Cruz, Wilson Soares e os que os sucederam, dignos da nossa respeitabilidade, quem o Maranhão tanto deve, e nós os aplaudimos pelo carinho por este sodalício. Quando aqui cheguei, pela generosidade de conhecidos, o quadro social estava incompleto. Muitas as cadeiras vagas, e exíguas a assiduidade justificáveis de alguns, tanto que com freqüências alternadas, registrei a presença de apenas vinte e cinco consociados, dos quais dois, de saudosas memórias nos assistem do Eterno Reino Kalil Mohama a Carlos de Lima. Era preciso recompor o elenco, admitir novos membros para que, sob a sábia experiência e dedicação dos mais antigos, o Instituto continuasse a cumprir seu grande destino – servir ao Maranhão, dentro de seu desiderato estatutário. Imbuído desse propósito tive a petulância de indicar cidadãos possuidores de todos os requisitos necessários à grandeza deste Instituto. Capacidade, produção, sobretudo, ativismo e participação - abraçar as iniciativas programadas.


O fiz com plena convicção de ser correspondido. Sei das potencialidades deste novo sócio. Antes de conhecê-lo já era seu amigo. Baseado naquela regra de sinais, que muito ensinei aos jovens conterrâneos são-bentuenses: amigo do meu amigo é meu amigo. Nossa futura confreira Joana Bitencourt foi liame desta fraternidade. Para maior fulgor esta solenidade acontece neste recinto, a catedral da formação universitária do Maranhão, UFMA, talentosamente dirigida pelo Magnífico Reitor Professor Doutor Natalino Salgado, nosso preclaro confrade do IHGM. Após, empossado, esperam-te em nossa singela sede, uma escadaria, sem ter os trinta e três degraus da Escada de Jacó que conduzem aos Céus, mas quarenta e oito que te encaminham ao afago dos companheiros que amistosa e alegremente te acolheremos. Os Institutos, como as Academias e congêneres como conceitua o Dr. Nicolau Waquim Neto, são instituições que guardam tesouros para a eternidade. “Neles, os mortais não morrem e os mortos para sempre vivem”. Chegou a hora da solene apresentação do neófito sócio, que vem para integrarse nesta coorte de abnegados apaixonados pela nossa causa. Antonio José Noberto da Silva nasceu de Pentecoste, município cearense, a 30 de agosto de 1970. Foram-nos seus pais Henrique Firmiano da Silva e dona Raimunda Norberta da Silva. Possui treze irmãos, sete do casal e seis somente paternos. Órfão do pai aos sete anos deixou a bela região do Canindé, as águas do açude de sua cidade e veio para ser acolhido na hospitalidade maranhense. Ávido pelos estudos, sempre em escolas públicas, começou na terra berço, na Escola Santa Maria Goretti, continuou o fundamental em São Luís, na Unidade Integrada Rubem Almeida e na Escola Manuel Beckman. O segundo grau fez no Almirante Tamandaré. Graduou-se em Turismo pela Universidade Federal do Maranhão. Iniciou Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Maranhão, sem, no entanto, pelas circunstâncias, dar continuidade ao curso. É pós-graduado em Gestão Mercadológica e Consultoria em Turismo pelo Centro Universitário do Maranhão, e pós-graduando em Gestão Empresarial pelo Instituto Superior de Administração e Negócios / Fundação Getúlio Vargas. Por concurso é agente da Polícia Federal. Cidadão dedicado à pesquisa é escritor, professor palestrante, guia de Turismo, pela SENAC/EMBRATUR. É detentor da coluna No cerne da questão, publicada mensalmente no Jornal Cazumbá, escreve também no Almanaque JP Turismo na coluna Trincheira da maranhensidade, onde divide o espaço com os escritores Aimoré Alvim, Álvaro Urubatan e Joana Bittencourt, em continuidade ao valoroso trabalho iniciado pelo escritor José de Ribamar Sousa dos Reis. Membro do Conselho Diretor da Aliança Francesa de São Luís, desde 2009, a convite de Dr. Nan Sousa, do Cônsul honorário da França no Maranhão, José Jorge Leite Soares e do Presidente do Comitê, Nelson Almada Lima, no qual desenvolve excelente trabalho. Presidiu a Associação Brasileira dos Bacharéis em Turismo, seccional Maranhão; Secretário municipal da prefeitura de Vargem Grande - MA; Relações Públicas do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Maranhão – assessor de comunicação da Polícia Rodoviária Federal no Estado; é o atual representante da Associação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais. De sua autoria, editado em 2004 o livro A influência francesa em São Luís: uma oportunidade e segmentação do mercado turístico local, temática na qual se tornou especialista. Nesse ano iniciou pesquisas com vistas à publicação de um livro em fase de formatação, sobre Turismo no cemitério, temática na qual também se tornou especialista. Para tal, adquiriu diversas literaturas no exterior, por inexistir trabalho publicado no Brasil sobre este tema, e visitou necrópoles em vinte e três estados brasileiros. Em 2005 criou, juntamente com Aline Pinheiro Vasconcelos, um passeio turístico musicado no Cemitério do Gavião, que resgata a vida e a obra das


personalidades que fizeram a história do Estado e do País. Em 2006 foi um dos vencedores do II Prêmio São Luís de Turismo, com o Projeto Seguindo os papagaios amarelos: um passeio de resgate histórico do nascimento de São Luís, trabalho implantado no ano seguinte pela Prefeitura da cidade e pela Aliança Francesa de São Luís. Naquele ano foi premiado no Concurso Artístico Literário Cidade de São Luís com o romance Só por uma estação: uma viagem ao Brasil, publicado no ano seguinte. Este, por sua vez, foi o primeiro livro publicado na I Feira do Livro de São Luís. Casado com Aline Pinheiro Vasconcelos e pai de Alana Vasconcelos Norberto da Silva, gosta de ser chamado e divulgado apenas pelo pseudônimo de Antonio Norberto. Lembranças da infância Noberto menino de família simples, educado e centrado no saber, traz na retina e na memória indeléveis recordações. Orgulha-se de sua infância, das dificuldades enfrentadas que hoje glorificam seu presente. Recebeu no lar e aprendeu os princípios de honradez, decência que os tornou um cidadão de bem, respeitado e vencedor pelos seus próprios méritos. Sempre um batalhador. Aos cinco anos de idade, na batuta diária, ajudava os dois irmãos mais velhos a vender tomates nas ruas da cidade natal. Sorrir ao lembrar-se sem camisa e vestindo um pijama claro de bolinhas verdes, a empurrar orgulhoso um carrinho de mão, cheio dos frutos vermelhos. Chamado carinhosamente de Amorzinho, tem entre as gratas reminiscências os banhos com a molecada coeva, no famoso e já citado açude de Pentecoste. Noberto traz substancial contribuição para o IHGM, sobretudo para a polêmica da comemoração do Quarto Centenário da Fundação de São Luís, quando ele é um dos maiores estudiosos do assunto, dono de uma irrefutável documentação. O empossando já rompeu faz tempo as fronteiras do Estado pelo caráter holístico e abrangente, ao contemplar temáticas nacionais e estrangeiras. Noberto deu contribuição à obra Daniel de La Touche: grand navigateur, son histoire, da historiadora Claudine Doreau, publicado em França pela empresa TPMG, do ator francês Jean-Marie Collin, amigo do empossando, que, inclusive, na obra consta a foto de Antonio Norberto. Neste ano de 2011 foi lançado na Bretanha o livro Malouins et cancalais à La conquete du Brésil do escritor Alain Roman, que também teve a participação do nosso escritor. Ano que vem deverá ser lançado em Paris um livro que falará sobre a resistência brasileira, mostrando que nosso país é muito mais que os estereótipos divulgados mundialmente: futebol, carnaval, mulheres seminuas, etc., é também resistência, luta, como a tão conhecida Balaiada, acontecida no Maranhão entre os anos de 1838 a 1841. Na mesma obra constará a história de luta da primeira romancista brasileira, Maria Firmina dos Reis, a autora do romance abolicionista Úrsula e do Hino da abolição do Brasil. O trabalho é de autoria do famoso etnólogo e escritor francês Jean-Yves Loude, desenvolvido em parceria com a esposa e também etnóloga Viviane. Pois foi nosso empossando quem se dispôs a viajar por diversos municípios maranhenses, mostrando quilombos e quilombolas e toda a história de luta que permeou estes lugares em séculos anteriores. Em Guimarães, pelos relevantes serviços prestados ao município, foi agraciado pela Câmara Municipal com o título de cidadão vimarense pelo relevante estudo de resgate à figura da célebre Maria Firmina. Sobre a França Equinocial e a Fundação de São Luís, os ludovicenses sabem que Noberto tem um lado e, no dizer de um historiador e amigo seu, é o pesquisador que tem conhecimento que “defende com mais propriedade e riqueza de informações a Fundação de São Luís e a França Equinocial”. Enquanto alguns pesquisadores fazem coro com o colonizador luso, ele mostra os dois lados da moeda, ou seja, como era São Luís no seu nascimento e o que era fundar uma cidade em tempos tão remotos. E vai


mais longe: faz o que muitos evitam fazer, comparar a fundação de São Luís com as demais fundações de cidades brasileiras da época. Antônio Noberto orgulha-se de ter aparência nativa, tupinambá. De haver nascido exatos 400 anos depois de Daniel de La Touche Muito tenho a dizer do novo sócio. Os seus demais dotes serão conhecidos em nossas reuniões pelo tempo que teremos. Ilustre consociado, entre, sente-se nesta Cadeira 43, patroneada pelo general Tasso Fragoso é sua, Receba nossos amplexos.


DISCURSO DE POSSE DO ESCRITOR ANTONIO NOBERTO NA CADEIRA DE Nº 43 DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, PATRONEADA POR TASSO FRAGOSO

ANTONIO NOBERTO, ÁLVARO MELO, TEREZA NASCIMENTO, LIVIOMAR MACATRÃO, LEOPOLDO VAZ, GILMAR AVELAR, NAN SOUSA

Exm° Senhor Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Presidente em exercício do IHGM, Exm° Senhor Liviomar Macatrão – Secretário de Turismo de São Luís Exm° Senhor Álvaro Urubatan – Pres. Academias de Letras do Maranhão Exmo° Senhor Nan Sousa – Pres. Convention and Visitors Bureau Exm° Senhor Gilmar Avelar – Pres. Câmara de Vereadores de Guimarães Exmª Senhora Tereza Nascimento – Superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Maranhão Exm° Senhor José Jorge Leite Soares – Cônsul Honorário da França no Maranhão Exm° Senhor João Francisco Batalha – Representando o Exm° Sr. Secretário de Estado da Educação, João Bernardo Bringel Demais autoridades, Caros confrades, caras confreiras, caros Álvaro Urubatan (Vavá Melo) e Washington Cantanhede, meus familiares, meus amigos, colegas de serviço, amigos da imprensa, fotógrafos, funcionários da casa, demais presentes, boa noite! Vivemos o melhor dos mundos. Somos uma geração privilegiada. É só fazermos as contas! Temos à nossa disposição o maior de todos os ganhos, a liberdade. Hoje o


pequeno pode se nivelar ao grande, e até superá-lo. Vimos a virada do milênio e seus desdobramentos, momento ambicionado por bilhões de pessoas, mas que não o puderam, e agora sabemos que o mundo não acabou. Isto pode parecer banal, mas há algumas décadas era um mistério. Temos, com isto, a oportunidade de vencermos muitos dos nossos empecilhos, superstições, medos e fobias, traumas, retrações, etc. Mas para chegarmos a este momento ímpar, muitos, durante milênios, pagaram o preço. Deram suas vidas por nós, por um mundo mais justo ou menos desigual. Foi por causa deles que hoje podemos nos associar em confrarias como esta, sem sermos molestados. O sacrifício deles redundou em democracia, justiça e progresso. Progresso que nos fez chegar ao mundo das tecnologias, do lazer, do entretenimento e do turismo. Um mundo mais plural, abrangente, da inclusão, da intelectualização, automação, androgenia, teletrabalho, virtual, feminino, metodológico, etc. Um mundo que trabalha menos com braços e pernas, e mais com a cabeça, com a massa cinzenta. Que procura mesclar razão e emoção. É este mundo, apolar, que temos à nossa disposição. E se cada vez mais as máquinas estão substituindo os homens (generalizando, é claro!), então temos cada vez mais tempo para criarmos, para o lazer, digressões e para a produção intelectual, é esta, aliás, que tem valor neste tempo pós-industrial, chamado a “era do conhecimento”. O trabalho repetitivo, ainda que realizado com a ajuda de um computador e outras tecnologias, pode ser feito por outro, o criativo, por sua vez, é único. Ao observarmos sob tal óptica concluímos que, nós desta casa, trilhamos na direção certa. Optamos pela literatura, cultura, conhecimento e razão. Optamos por criar, inventar. Alguém disse que “Quem escreve constrói castelos e quem lê vem morar dentro”. Somos, assim, engenheiros da razão e da imaginação, formadores de opinião. Mas foi difícil chegar lá, ou melhor, chegar aqui, pois quem desconhece que nosso país não gosta de ler? A imensa maioria dos escritores brasileiros – digo sem medo de errar – não ganham dinheiro com a literatura, apenas “se diverte”. No Maranhão isto é mais acentuado. A dificuldade é maior. Tem-se que imaginar, criar, pesquisar, correr atrás, buscar patrocínio ou tirar do próprio bolso (quem tem), depois distribuir, vender, etc. Em suma, a grande maioria dos escritores maranhenses deveria ser canonizada. É um profeta por natureza, pois crê sem ver, algo distante, quase inatingível. Um visionário. E além de tudo, como se não bastasse, não raro, ainda é marginalizado. Não só porque, muitas vezes, mexe diretamente em interesses político-econômicos de quem exerce o poder. Saibam todos que o simples fato de escrever já incomoda, e as letras incomodam porque libertam, salvam da ignorância, do mundo estreito, pequeno. E se hoje é assim, imaginem no passado. Quantos pobres escritores, gigantes da história, pagaram o preço, viveram uma vida simples, de privação, de perseguição, foram simples mortais lutando contra o atraso, o preconceito, a mediocridade e os próprios medos. Faz um mês que o escritor, diplomata brasileiro e membro do IHGB, Vasco Mariz, dizia-me que viu do seu apartamento, na orla da zona sul do Rio de janeiro, a réplica da nau dos 500 anos navegando. E concluiu que “aquele povo era louco” por se aventurar em mares tenebrosos em estruturas tão frágeis. É verdade, Mariz tem razão. Aqueles pioneiros viviam em constante luta, sem fim. No Maranhão, os primeiros aventureiros escritores foram, os franceses: Jean Mocquet, Claude Abbeville, Yves d’Evreux. Depois os portugueses: José Figueiras e Francisco Pinto, Diogo de Campos Moreno, Simão Estácio da Silveira, Antonio Vieira, o luxemburguês Luiz Philippe Bettendorf, o padre José de Morais, e até um indígena, pasmem, aliados dos franceses que dizem que sabia ler e escrever e conclamou seus pares para a guerra. Refiro-me ao índio Amaro, que, nos primórdios da colonização portuguesa, levou o Cumã, atual Guimarães, à sublevação e foi morto violentamente pela inconcebível ousadia. No século XIX, Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, Maria Firmina dos Reis, nossa “poetisa da abolição”, Aluísio de Azevedo, José Nascimento Moraes e


Celso de Magalhães são alguns destes heróis maranhenses. Vale lembrar o sofrimento de Sousândrade, tido como louco por muitos dos seus contemporâneos. Alguns moleques o apedrejavam. Sobre sua obra mais conhecida, O Guesa, ele em 1877 disse: "Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci. Decepção de quem escreve 50 anos antes". Foi preciso aqui aportar o americano Frederick Williams para que a Vida e a obra do poeta do Guesa, o ex-intendente de São Luís, fosse resgatada, em 1975. A ludovicense Maria Firmina, primeira romancista brasileira, fundadora da escola mista de Maçaricó, escritora de Úrsula, compositora do Hino da Abolição da escravatura, viveu em Guimarães – MA e por lá morreu, pobre e cega, em 1917. Ela foi a afro-descendente que deu iniciou as publicações de romances abolicionistas. "O romance Úrsula vem inaugurar, em nossas letras, o momento em que remanescentes escravos tomam, com as suas mãos, o sonho de, através da literatura, construir um país sem opressão". Nascimento Moraes também sofreu na pele os preconceitos da sua época, porém, os “denunciou” na sua rica obra. Ele também foi resgatado por um estrangeiro, o Francês, Jean-Yves Mérian, que prefaciou a obra de Nascimento Moraes e Aluisio de Azevedo. Moraes deixou grande descendência entre nós, que contribui ativamente com educação e a cultura do estado do Maranhão. São conhecidas as palavras de Aluisio de Azevedo sobre a repercussão da obra O mulato, em 1881. Na verdade, um desabafo mostrando a tristeza com a sua terra: "A imprensa da corte recebeu-me bem, e à imitação dela, a de todas as províncias do Norte ao Sul... E só o Maranhão, a minha província, não deu palavra. [...] Ah! Minto! (o Jornal) A Civilização, ... publicou um longo artigo de um dos seus redatores mais ilustres, o Senhor Euclides Faria, no qual, entre muitas coisas, há o seguinte: [...] ‘É muita audácia, ou muita ignorância, ou ambas as coisas ao mesmo tempo!... o autor de o mulato... deveria abandonar essa vidinha peralvilha de escrivinhadelas tolas. Vá para a foice e o machado... deveria abandonar essa vidinha de vadio escrivinhador e ir cultivar nossas ubérrimas terras. À lavoura, meu estúpido! À lavoura! Precisamos de braços e não de prosas em romances... A agricultura felicita os indivíduos e enriquece os povos! À foice! E à enxada!" O médico e escritor Raimundo Nina Rodrigues, depreciado e apelidado de “Doutor Farinha Seca” em terras timbiras, foi tão bem recebido pelos baianos que nunca quis voltar ao torrão natal. Faleceu na França e teve seus restos mortais trasladados para o cemitério do Campo Santo em Salvador, onde seu túmulo permanece cercado de placas de homenagens de seus milhares de seguidores e admiradores. Emprestou seu nome ao Instituo Médico Legal de Salvador. Confreiras e confrades, senhoras e senhores, são muitos os nossos escritores que renunciaram a própria vida em prol da utopia possível de um mundo melhor. Sendo não raro rechaçados por aqueles que exerciam o poder pelo poder. Muitos deles talvez não soubessem o tamanho do seu legado. Fizeram, às vezes sem saber, política de estado, a longo prazo, lutando não raro contra políticas equivocadas do governo da sua época. Não é demais arriscar que ao menos parte dos sócios desta egrégia casa, deste sodalício, já enfrentaram algumas das dificuldades elencadas até agora. Mas vale instálos que não pregam no deserto. Todo o esforço será reconhecido a seu tempo. A dedicação de cada um e a pureza do trabalho desenvolvido haverá de receber galardão,


agora e depois. O justo merecimento pelo tempo dispensado às letras e, portanto, à coletividade. O escritor e filósofo Charles-Louis de Secondatt, conhecido como Montesquieu (1689 – 1755) já dizia: "Qualquer homem é capaz de fazer bem a outro homem; mas contribuirmos para a felicidade de uma sociedade inteira é parecermo-nos com os deuses". Nosso legado não é só a letra que fica no papel, muito mais é a contribuição coletiva, a transformação do caos em cosmos. O serviço do oleiro feito não com as mãos, mas com a cabeça, com a massa cinzenta e, principalmente, com o espírito pactuado com o amor e a permanência. Por outro lado, confreiras e confrades, senhoras e senhores, alcançamos elevado degrau acadêmico em meio a uma sociedade formada por três raças, em que duas delas não deixaram legado escrito. A sociedade do privilégio branco, que suplantou a magia africana e a indolência indígena. Referimo-nos a sociedade que viu o primeiro jornal apenas em 1808, depois que Napoleão Bonaparte expulsou a família real de Portugal. No Maranhão, não esquecemos que a primeira circulação só ocorreu em 1821, com o nome de O Conciliador. Uma publicação diária os maranhenses só veriam em 1847 com o Jornal O Progresso, empenho de Antonio Rego, Fabio de Carvalho, Alexandre Teófilo e Pedro de Carvalho. Não esquecemos que nosso país, apesar das políticas recentes voltadas à educação, ainda tem um quadro carente na área. O caminho é longo. Não temos, por exemplo, como bem nos lembrou recentemente o jornalista Alexandre Garcia, no programa Bom Dia Brasil, um premio Nobel. A Argentina tem cinco, o México tem três Prêmios Nobel. Aí nos questionamos sobre a glória da nossa conquista como escritores. Dizem que “em terra de cego quem tem olho é rei”. Às vezes, portanto, nos sentimos monoculares. Fazer o quê? Nossa formação foi limitada, carente de maiores recursos e aparatos educacionais e acadêmicos. O que não nos impediu de progredirmos e chegarmos até aqui. As limitações, por seu turno, talvez reforcem nossas glórias, vez que rompemos barreiras mais rijas, quase intransponíveis. Quantos dos meus confrades e das minhas confreiras tiveram infância pobre, de moleque peralvilho do interior, e aqui, pela fé e constância, contra as mais otimistas das perspectivas, chegaram, deram “a volta por cima” e hoje gozam do respeito da sua família e da sociedade maranhense. Caímos do cavalo muitas vezes. Cavalo, aliás, que nos recorda aquela história hilariante de Nelson Cavaquinho (1911 – 1986), que era policial militar do estado da Guanabara e, em uma das muitas rondas que fazia a cavalo, desceu do animal e foi tomar uma pinga com os amigos Cartola e Carlos Cachaça. O eqüino aproveitou que o lombo estava descansado e, decepcionado com o ócio e a vadiagem do seu montador, retornou sozinho ao quartel. Nelson perdeu o emprego, mas o Brasil ganhou um grande músico. Todos trazemos um pouquinho desta história. Nossas glórias e decepções contribuíram para nosso balizamento e nos encaminharam para as letras. Nadamos contra a correnteza, que dizia e ainda diz que literatura é coisa de gente vadia, não tem valor. Brasileiro não gosta de ler. Mas a nossa obra é fruto da persistência, da longanimidade e da fé, certeza das coisas que não se vêem. Acredito que as letras, aquilo que escrevemos, podem ajudar em muito a sociedade brasileira a mitigar suas dificuldades. No primeiro mundo as tecnologias e serviços permeiam as mentes das pessoas. Lá o diálogo é iPhone, IPod, iMac, etc., termos iniciados com a letra “i”. No Brasil, de herança burocrática e opressão estatal, as palavras mais valorizadas também se iniciam com “i”: iPVA, IPTU, ICMS, ... Saibam todos que a pena livre de cada um dos meus confrades, por mais modesta que possa parecer, pode contribuir para melhorar este cenário não tão louvável. Como certa vez disse a professora Nerine Lobão discursando em uma formatura na UFMA: “Pode até não parecer, mas saibam que a sociedade espera muito de vocês!”.


Ela também espera deste Instituto, letras e ações que ajudem a tirá-la do período agrário e a coloque na era da informação, das tecnologias e dos serviços. O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão foi fundado em 20 de novembro de 1925 quando um grupo de personalidades das letras, remanescente da Atenas maranhense, sob a presidência de Justo Jansen Ferreira, secretariado por um dos familiares do abolicionista Celso de Magalhães, Antonio Lopes da Cunha, reuniu-se com o propósito de fundar um Instituto de História e Geografia do Maranhão, inspirado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado em 1838 pelo Imperador Dom Pedro II. As controvérsias – e a inquietação do nosso confrade Leopoldo – remetem a uma fundação primeira do IHGM em 1864, que, no entanto, não teve continuidade. Mas como falar de fundação em São Luís dá muito “pano pra manga”, e ninguém pretende ficar aqui até a madrugada, então pulemos esta parte. É um prazer imenso compor os quadros de casa tão distinta, por onde passaram escritores ilustres como Antônio Lopes, Ruben Almeida, Domingos Vieira Filho, Olavo Correia Lima, Jerônimo de Viveiros, Ronald Carvalho, Coelho Neto, e amigos pessoais como Carlos de Lima e José Ribamar Sousa dos Reis, o Reis da maranhensidade, de quem herdamos, por sugestão de Gutemberg Bogéa, a coluna Trincheira da Maranhensidade, publicada no Almanaque JP Turismo, que tenho a honra de compartilhar com os confrades Vavá Melo, Aymoré Alvim e Joana Bittencourt. Joana, valorosa amiga, aliás, é importante que saibam, foi quem, apoiada por Sousa Reis e Vavá Melo, primeiro ventilou e sugeriu meu nome para esta casa. Já o amigo in memorian Sousa Reis certa vez me convidou para uma vista ao túmulo de Maria Firmina dos Reis no cemitério de Guimarães, município agradável do qual me tornei cidadão, por indicação dos amigos vereadores Oswaldo Gomes e Athaide Junior e aprovada unanimemente pelos dedicados edis vimarenses. Depois dizem que visitar cemitério dá azar! Este insigne Instituto reservou-me a cadeira de número 43, patroneada pelo ilustre militar e escritor Augusto Tasso Fragoso, para ocupá-la. Antes de mim, outras duas personalidades honraram o posto. O último foi o promotor de justiça Amandino Teixeira Nunes, nascido em 1922 no município de Regeneração –PI, em 1957 fundou o Jornal Literário de Aldeias Altas. Antes dele a Cadeira foi ocupada pelo médico, advogado e militar Jefferson Rodrigues Moreira, o doutor Detinho. Nascido em Santa Quitéria-MA no dia 19 de junho de 1912, que também foi bacharel em letras e filosofia, professor, coronel do Exército e deputado estadual. Participou da Força Expedicionária Brasileira atuando na Itália. Morou no estado do Ceará. Um dos fundadores da antiga Faculdade de Filosofia do Maranhão em 1952. Foi professor de história e Geografia. Faleceu em Brasília em 2000, aos 87 anos de idade. Em outro momento debruçaremos com mais afinco sobre a história destas duas personalidades das letras, ocupantes da cadeira 43. Agora, permitam-me, faz mister revelar um pouco mais da história do ilustre patrono. Confesso que muito me surpreendi com a história deste insigne maranhense. Já havia lido uma obra de Fragoso, o que não me permitiu saber muito sobre sua vida. Até então, ele era para mim quase um desconhecido. Quando nossa presidente, Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, mostrou-me o patrono da cadeira que eu ocuparia no IHGM, pensei comigo mesmo: “Pôxa, um militar! Deve ter sido algum bajulador perverso, um conciliador de interesses”. Maldade minha! Eu estava redondamente enganado. Tasso Fragoso foi um dos brasileiros mais poderosos de sua época, no entanto, sempre humilde, desapegado do poder como poucos. Recusou diversos cargos, como de deputado, prefeito (intendente) e ministro de estado. É o que veremos agora em sua biografia.


Tasso Fragoso nasceu em São Luís, estado do Maranhão a 28 de agosto de 1869. Historiador e militar, chefe da Junta Governativa Provisória em 1930, cuja atuação foi decisiva na deposição de Washington Luís. Diplomado em artilharia pela Escola Militar (1885-1889), depois cursou a Escola Superior de Guerra, onde foi discípulo de Benjamin Constant. Ainda moço participou como alferes-aluno da operação militar pela proclamação da República. Em 1890 foi escolhido, contra a vontade, deputado à Assembléia Nacional Constituinte pelo Maranhão, renunciou ao mandato sem tomar parte de qualquer sessão parlamentar. Recusou o convite do presidente Floriano Peixoto para assumir a Prefeitura do Distrito Federal, no entanto, após insistência do Marechal, aceitou a intendência do Departamento de Obras e Viação Geral daquela prefeitura, exercendo o cargo até o mês de abril do ano seguinte. Durante a revolta da armada que pretendia derrubar o governo de Floriano Peixoto, foi gravemente ferido no combate da Ponta de Armação, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro (1894), recuperando-se em seguida. Viajou à Europa em 1908 como membro do estado-maior do ministro da Guerra, Hermes da Fonseca, a fim de comprar armamentos para o Exército. Foi nomeado chefe da Casa Militar (1914) pelo presidente Venceslau Brás, permanecendo nessa função nos três anos seguintes. Nesse período, desempenhou papel importante na implantação do serviço militar obrigatório e na remodelação do Exército. Alcançou o generalato em 1918 e exerceu o cargo de chefe do Estado-Maior do Exército (19221929), onde se destacou no processo de remodelação do Exército orientada por uma missão militar francesa e saiu por discordar de pontos de vista do governo sobre a reestruturação do ensino militar no país. Na chamada Revolução de 30, integrou, a comissão que se dirigiu à residência de Washington Luís para forçar seu afastamento do poder central. Depois que Washington Luís foi deposto em 24 de outubro de 1930, assumiu o governo do Brasil com os generais João de Deus Mena Barreto e Alfredo Malan d'Angrogne. O golpe de estado liderado por ele foi desenvolvido para impedir que o presidente eleito Júlio Prestes assumisse a presidência da república. Garantindo o chamado movimento getulista, dez dias depois a presidência foi entregue a Getúlio Vargas, que contava com o apoio popular e de movimentos militares de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Com Vargas no poder voltou novamente à chefia do Estado-Maior do Exército e, depois, tornou-se ministro do Supremo Tribunal Militar (1933) onde ficou até se aposentar compulsoriamente por limite de idade (1939). Destacado historiador militar, escreveu História da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai (1934), A revolução farroupilha (1938) e Franceses no Rio de Janeiro. Casado com a prima Josefa Graça Aranha. Faleceu no Rio de Janeiro, aos 76 anos. É filho do bem sucedido comerciante português Joaquim Coelho Fragoso e da paraense Maria Custódia de Sousa Fragoso. Morou até aos quinze anos na terra natal onde aprendeu as primeiras letras. O ambiente habitado pelo menino Tasso Fragoso apresentava características que chegaram aos nossos dias. Isto é relatado pelo seu biografo, o General Tristão de Alencar Araripe: "As suas mais belas qualidades, a tolerância e a ordem, ou melhor, a adaptabilidade, chegam a degenerar em defeitos". A vida do nosso patrono sempre foi regada de amor e cultura, seu pai, Joaquim, foi um dos diretores da Comissão da Praça, colaborava em jornais, tinha espírito filantrópico e ajudou a fundar instituições humanitárias. Tornou-se cônsul de Portugal no Maranhão. "Contudo não deve ter faltado ao jovem Augusto o carinho da mãe e a orientação vigilante do pai, a lhe proporcionar a excelente formação moral que há de ser o traço predominante de toda a sua vida, na equanimidade, na retidão de atitudes e na probidade".


Carinho na criação faz toda a diferença. É uma das premissas mais importantes para o sucesso de uma criança chegada à fase adulta. Foi assim com nosso biografado. Na sua instrução primária teve um caso que merece nossa atenção. Mostra o regime duro da educação naqueles tempos. O tempo da palmatória. Ele mesmo, Fragoso, nos conta em minuciosa descrição e em tom de desabafo e suspense: “Subindo naquele dia a Rua do Sol (...). Tomara todas as preocupações para evitar as palmatoradas, com que o Pires, no auge do seu delírio repressivo, tentava formar as nossas almas para o saber e para a virtude. (...) O professor apenas mandava que decorássemos (...) a nossa educação resumia-se a transvasar para as nossas cabeças o que os livros continham. (...) Chegando ao canto da Rua de São João, cobrei fôlego, dobrei para a esquerda (...) e penetrei no edifício pela Rua dos Afogados (...) os alunos abriam os livros e começavam a estudar, em voz alta, as lições (...) um berreiro infernal". Chegada a hora do teste oral. O decurião inicia o interrogatório. Pergunta onde era a lição. E ele aponta para os trechos assinalados a lápis. As perguntas foram sucessivas: Que é gramática portuguesa? Quem nos criou? Para que nos criou e Ele nos conserva? As perguntas deveriam ser respondidas sem titubear. Mas... "No meio de uma definição começada com entusiasmo, falhou-me a memória; estaquei pálido, assustado. Soou então o primeiro grito de advertência: – Vamos! Sabe ou não sabe? Perturbado pela ameaça, reconheci-me incapaz de raciocinar. Sobreveio um mutismo sepulcral. Vamos! Sabe ou não sabe? (...) como recurso extremo espetei os olhos no chão. – Ah! Não sabe? Dá cá a mão! Estrondaram no ar seis fortes palmatoradas, que um sentido choro, entrecortado de soluços, acompanhou. Sentei-me, triste, com as mãos vermelhas, no banco da segunda classe, a que pertencia. Mas estava escrito que, naquela hora, balizaria minha existência, conquistando a liberdade querida". E como nada está tão ruim que não possa piorar, sentado no seu leito de lágrimas, o menino Augusto, percebeu a aproximação de um cão que veio atormentar-lhe mais ainda o juízo. O animal se aproximou do choroso e foi repelido com um empurrão. O decurião, que era representante do professor Pires, disse que ia castigá-lo novamente. Ao que o discente retrucou que agora só apanharia da mão do professor. Pois este mesmo, sem dó nem piedade, sentenciou: – Ou apanha da mão do meu representante ou sai já do colégio! "Considerei-me fulminado. Ainda assim, a ânsia de voar daquela gaiola, onde me encarceravam a inteligência e, pouco a pouco, me embruteciam, colou asas invisíveis no meu corpo. Inclinei a cabeça e saí, levando no espírito o primeiro travo da injustiça humana. Não há muitos dias, fui à Rua dos Afogados rever a casa do Pires. Já nenhum vestígio existe do colégio. Só o edifício ficou de pé... Quanto ao decurião, encontrei-o no Rio, faz meses, em uma repartição federal, de que é funcionário exemplaríssimo. Falamonos como velhos amigos. E, em vez de um carrasco, deparou-se-me um cavalheiro gentil". Como vemos, senhoras e senhores, nosso ilustre patrono era uma grande alma, um visionário que sabia perdoar. Todo aquele sofrimento infligido na infância assimilou como aprendizado e nada revidou, pois tinha larga visão, suficiente para saber que tudo aquilo era apenas parte de um processo histórico. Foi por isso que chegou ao posto maior da República quando compôs a Junta Governativa que depôs Washynton Luís e entregou o poder a Getúlio Vargas. Sua boa formação familiar fez com que se tornasse


grande amigo e seguidor de Benjamin Constant, além de pessoa de confiança do Marechal Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e tantos outros presidentes da república. Há de lembrar ainda o seu parentesco com o escritor e jornalista Temistocles Aranha, pai de Graça Aranha. São milhares de informações importantes sobre Tasso Fragoso, mas o tempo não nos permite alongamentos. Por isso vamos ficando por aqui. Incito-os a ruminarmos sobre a lição de desapego ao poder legado pelo patrono da cadeira 43 deste IHGM. Dizem que gratidão não é para todo mundo, e dizem também que quando vemos um jabuti trepado é porque alguém o colocou lá. Então, agradeço a todos os que direta e indiretamente participam da nossa trajetória. Aos meus familiares em primeiro lugar, pela ajuda na minha estabilidade. Aos amigos históricos e aos mais recentes, aos meus mestres e professores, colegas acadêmicos da UFMA, UEMA e UNICEUMA, parceiros da Aliança Francesa de São Luís, amigos da imprensa, do rádio e da TV, do Sistema Mirante, Difusora, Praia Grande, TV Guará, Educativa, Jornal Pequeno, O Estado do Maranhão e O Imparcial, aos amigos blogueiros, ao meu amigo e vizinho Renato Sousa, que nunca esquece de mim, e a todos os amigos jornalistas. Aos artistas plásticos e diagramadores. Aos amigos músicos e professores da Escola de Música do Maranhão. Minha posse também homenageia meu guru Mário Martins Meireles, um grande mago da história do estado. Raimundo Santos, um amigo patrocinador. Aos meus colegas de serviço da Polícia Rodoviária Federal, militantes do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Maranhão com quem dividimos o labor diário. Meus agradecimentos a todos os demais amigos, pesquisadores, historiadores, turismólogos e guias de turismo que sempre me dão força para não desanimar, muitos deles estão aqui abrilhantando este evento. A Aline e Alana, minhas companheiras e mulheres amadas com quem divido minhas alegrias. Obrigado a Joana Bittencourt, Álvaro Urubatan Melo, Washington Cantanhede, Omar Khayam Nascimento Moraes, Rogério Martins, José Jorge Leite Soares, Nelson Almada Lima, Bart, Adriano Kilala e Stive, Nicolas Payelle, Eva Chatel, Jonilson Bruzaca, Rodrigo Norte, Deusdedith Leite Filho e Eliane Gaspar, Dr. Natalino Salgado e Clores Holanda, Vasco Mariz e Lucien provençal, Jean-Yves Loude, JeanMarie Collin, Helena Estrela, aos vereadores Oswaldo Gomes, Athaide Junior, Gilmar Avelar, Lourdes Camargo e a toda a Câmara Municipal de Guimarães, Reginaldo Rodrigues, Socorro Araújo, Simão Cireneu, turistas franceses presentes: Srs François Muxart e Latouche Carl, e a tantos outros amigos que dividem comigo o sonho de resgate da França Equinocial e da história do Maranhão, principalmente através da atividade turística. Parabéns a atual administração do IHGM pelas novas admissões, especialmente à Presidente Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, ao incansável e culto Leopoldo Gil Dulcio Vaz, ao Jaicon, mola-mestra da casa. Obrigado pela acolhida, simpatia e esperança depositada em mim. A todos os confrades e confreiras digo que chego para somar, ajudar o Instituto na difícil caminhada em direção a excelência. E sei também que nossas fileiras culturais estão muito mais fortalecidas com a competência de tantos confrades deste sodalício. O escritor é um sonhador por excelência. O sonho, então, nunca esteve tão ao nosso alcance. Muito obrigado!


APRESENTANDO ANTONIO NOBERTO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Deveria apresentar o Antonio Noberto em sua posse. A Dra. Telma o faria, mas por compromissos profissionais, não pode estar em São Luis na data aprazada. Então me passou a missão... Busquei informações sobre nosso mais novo sócio, escrevi o discurso, e o Vavá me disse que ele quem faria a apresentação. Claro que ‘protestei’!!! Mas aceitei que o nobre Confrade fizesse as honras, aliviado... Afinal, estaria presidindo a cerimônia. Mas faço questão de aqui, deixar registrado o que escrevi, para a posteridade e os biógrafos do Antonio Noberto. Conheço Antonio Noberto de muito tempo; aqueles que têm o hábito da leitura, e acompanham os artigos publicados em nossos jornais, especialmente os dedicados a algum tema específico – e tenho interesses vários, como esportes, história (em especial a do Maranhão), turismo, dentre outras; daí conhecer o Noberto, melhor dizendo, seus escritos! Tenho vários de seus artigos recortados e arquivados em casa. Assim que conheci o Noberto. Vim a conhecê-lo pessoalmente, ao vivo e a cores, quando de sua indicação para este sodalício. A Dra. Telma falou-me dele – sim, o conheço – e do interesse em indicálo para compor nosso quadro de sócios. Só aí fui apresentado a ele. Imediatamente, como se diz, ‘nossos santos bateram’, e como se fossemos velhos conhecidos, iniciamos alguns bons ‘papos’ sobre São Luis: ele, francófano, eu, lusófano. Trocamos impressões, informações – aliás, aproveito para cobrar, publicamente, o mapa do Vinhais Velho, que diz ter, em que aparece como Miganville... Desde há quatro meses, Noberto tornou-se meu mais recente amigo de infância... Honra-me, então, apresentá-lo a esta douta platéia. Nascido Antonio José Noberto da Silva, na cidade de Pentecoste – CE (Pentecoste sem “S” mesmo) em 30 de agosto de 1970, é filho de Henrique Firmiano da Silva e Raimunda Noberto da Silva (ambos falecidos). Tem sete irmãos no Maranhão e mais seis por parte de pai. Veio para o Maranhão aos sete anos, após a morte do pai um ano antes, vítima de AVC. Hoje, casado com Aline Pinheiro Vasconcelos, pai de Alana Vasconcelos Noberto da Silva; gosta de ser chamado e divulgado apenas pelo pseudônimo de Antonio Noberto. Seus estudos foram quase que exclusivamente em escola pública, exceto a Primeira série cursada na Escola Santa Maria Goretti no município onde nasceu. Continuou o ensino fundamental na Unidade Integrada Rubem Almeida e na escola Manoel Beckman, ambas no bairro Bequimão, em São Luís. Cursou o segundo grau na Escola Almirante Tamandaré, no bairro Cohab. Graduou-se em Turismo, pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA (1998 - 2002). Iniciou Licenciatura em História, pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (1998), sem, no entanto, pelas circunstâncias, dar continuidade ao curso. É pósgraduado em Gestão Mercadológica e Consultoria em Turismo pelo Centro Universitário do Maranhão – UNICEUMA, e pós-graduando em Gestão Empresarial pelo ISAN/FGV - Instituto Superior de Administração e Negócios / Fundação Getúlio Vargas (2005 – 2007). Servidor federal do Departamento de Polícia Rodoviária Federal – DPRF/MJ desde 1994, exercendo as funções assessor de comunicação da Polícia Rodoviária Federal no estado, e de Relações Públicas do Sindicato dos Policiais Rodoviários


Federais do Maranhão – SINPRF/MA; é o atual representante da Associação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais – ANPRF. Pesquisador, escritor, professor, palestrante e guia de turismo (SENAC/EMBRATUR), é detentor da coluna No cerne da questão, publicada mensalmente no Jornal Cazumbá; escreve também no Almanaque JP Turismo na coluna Trincheira da Maranhensidade, onde divide o espaço com os escritores Aimoré Alvim, Álvaro Urubatan e Joana Bittencourt, em continuidade ao valoroso trabalho iniciado pelo escritor José de Ribamar Sousa dos Reis. Todos membros deste IHGM... Parece que só faltava mesmo, o Noberto... Membro do Conselho Diretor da Aliança Francesa de São Luís, desde 2009, após convite do Cônsul honorário da França no Maranhão, José Jorge Leite Soares e do Presidente do Comitê, Nelson Almada Lima. Foi Presidente da Associação Brasileira dos Bacharéis em Turismo, seccional Maranhão – ABBTUR-MA; Secretário municipal da Prefeitura de Vargem Grande-MA - aos 22 anos de idade. No ano de 2004, publicou o livro A influência francesa em São Luís: uma oportunidade e segmentação do mercado turístico local, temática na qual se tornou especialista. Em 2006 foi um dos vencedores do II Prêmio São Luís de Turismo, com o Projeto Seguindo os papagaios amarelos: um passeio de resgate histórico do nascimento de São Luís, trabalho implantado no ano seguinte pela Prefeitura Municipal da cidade e pela Aliança Francesa de São Luís. Naquele mesmo ano foi premiado no Concurso Artístico Literário Cidade de São Luís com o romance Só por uma estação: uma viagem ao Brasil, publicado no ano seguinte. Este, por sua vez, foi o primeiro livro lançado na I Feira do Livro de São Luís. Iniciou em 2004 pesquisas com vistas à publicação de um livro sobre Turismo no cemitério, temática na qual também se tornou especialista. Para tal, adquiriu diversas literaturas no exterior, por inexistir trabalho publicado no Brasil sobre este tema, e visitou necrópoles em vinte e três estados brasileiros. O livro está em fase de formatação. A partir do ano de 2005 criou, juntamente com Aline Pinheiro Vasconcelos, um passeio turístico musicado no Cemitério do Gavião, que resgata a vida e a obra das personalidades que fizeram a história do estado e do país. Antonio Noberto ainda é o autor de A caveirinha missioneira, livro de contos, inédito. Ainda, tem publicado artigos em várias revistas, destacando-se Timidez rima com pequenez. Revista Turismólogo em foco. Artigo. ABBTUR Nacional. Belo Horizonte. 17ª Ed. Outubro/2005. PP 16 e 17; O grande desaguadouro. Jornal O Estado do Maranhão. 2007; O brasileiro precisa ir para o divã. Artigo. Revista UFMA 2007; Publicação do mapa: Saint-Louis: capitale de La France Equinoxiale 1615, com artigo: La petite São Luís. Jornal O estado do Maranhão. Caderno especial dos 398 anos de São Luís. 08/09/2010. O trabalho está exposto permanentemente na Aliança Francesa de São Luís e será publicado em 2011 em um dos livros dos escritores e pesquisadores Lucien Provençal (francês) e Vasco Mariz (brasileiro), membros do IHGB. Cumprido o ritual de apresentação, só nos resta dizer: SEJA BEM VINDO, NOBERTO.

POSSE DE MÁRCIO COUTINHO


José Fernandes. Álvaro Melo, Joseth Freitas, Márcio Coutinho, Leopoldo Vaz, Aymoré Alvim

Márcio Coutinho, Leopoldo Vaz, Aymoré Alvim, Antonio Noberto, João Francisco Batalha


APRESENTAÇÃO DE MÁRCIO AUGUSTO VASCONCELOS COUTINHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 48, PATRONEADA POR FRANCISCO SOTERO DOS REIS Auditório do Medical Center Jaracaty, em 31 de outubro de 2011 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Senhoras e Senhores convidados para esta cerimônia de posse do advogado MÁRCIO AUGUSTO VASCONCELOS COUTINHO – Márcio Coutinho – no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, onde ocupará a Cadeira 48, patroneada por Francisco Sotero dos Reis. Não me coube indicar o novo sócio deste sodalício. Seus padrinhos foram Washington Cantanhede e Álvaro Melo; por problemas particulares não puderam fazer sua apresentação, como é de praxe. Esclareço que o processo de ingresso de novo associado ao IHGM se dá, primeiro, pela indicação por dois sócios; acompanhada de currículo e a produção acadêmica do indicado, preferentemente aquela no campo da História, da Geografia ou alguma das Ciências afins. E, (segundo), formalizado o processo, a Presidência faz a indicação de Comissão, composta de pelo menos dois outros sócios, para proceder à análise do currículo e da obra. Verificada sua adequação, exare-se parecer, submetido à apreciação da Assembléia Geral. Aprovado, ou não, o indicado recebe comunicação da decisão. Se aprovado, tem seis meses para tomar posse. Nesse período deverá proceder a estudo sobre a vida e obra de seu patrono; e no dia marcado de sua posse, deve fazer o “Elogio ao Patrono”. Como disse, não fui quem o indicou, mas as circunstancias me colocam na qualidade de seu apresentador. Tarefa difícil, para não dizer temerária. Haja vista que na ultima sexta-feira, durante a posse do agora Confrade Antonio Noberto seu padrinho Alvaro me informou que não poderia estar em São Luis nesta data para fazer as honras. Comunicada do fato a Sra. Presidente Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, designoume, então, para proceder à apresentação. Márcio me desculpe se não for capaz de transmitir aos nossos Confrades, e a seus convidados, sua competência como Historiador: aquilo que a douta Comissão viu e julgou-o com as qualidades necessárias para juntar-se a nós, nesta Casa. Márcio é Historiador e Escritor, autor de: Grajaú - Um Estudo de Sua História; ainda tem publicado dezenas de artigos nos jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial. Premiado nacionalmente com o conto Á Flor da Pele. Quando do lançamento das obras literárias do concurso promovido pela Secretaria de Estado da Cultura (SECMA) em 2009, do qual foi um dos agraciados com a obra Canções de Agosto -, se disse ser romance que se passa em dois tempos de ação: o primeiro, no século XX, e o outro no mês de agosto contemporâneo. O cenário é uma casa de praia de uma capital insular, que, pelo imaginário do leitor, pode ser São Luís. Estreante ficcionista, Márcio Coutinho escreve numa linguagem clara, sem malabarismos sintáticos ou estilísticos. <árcio exerce a profissão de Advogado, atuando no Direito Criminal e Júri, Direito Empresarial, Direito Minerário (Óleo e Gás), e com especialização em Direito Eleitoral. Possui ainda formação acadêmica em Administração de Empresas, especializado em Gestão de Recursos Humanos.


Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho é filho de Mário de Sousa e Silva Coutinho (Procurador do Estado do Maranhão) e de Nilze Maria de Alencar Vasconcelos (Funcionária Pública aposentada). Irmãos: Mário de Sousa e Silva Coutinho Júnior, Marco Antônio Vasconcelos Coutinho, Marcelo James Vasconcelos Coutinho. É casado com Goreth Nogueira dos Santos Vasconcelos Coutinho, pedagoga, com quem teve as filhas Ana Luiza Nogueira dos Santos Vasconcelos Coutinho (15 anos) e Ana Clara Nogueira dos Santos Vasconcelos Coutinho (11 anos). Nasceu em São Luís (MA) em 10 de agosto de 1967, na Santa Casa, na Rua do Norte. Passou sua primeira infância junto dos pais e irmãos numa pequenina casa da Travessa do Monteiro. Estudou as primeiras letras no Colégio Batista Daniel de La Touche, no bairro João Paulo. O Primeiro e Segundo Grau cursou no Colégio Militar de Brasília, aprovado em concorrido concurso público. Aos dezoito anos foi aprovado em Vestibular para a Faculdade de Direito de Campina Grande, mas seu sonho de ser advogado teria que ser adiado, pois retornou a São Luís para trabalhar, exercendo o cargo de assessor parlamentar do Vereador Benedito Pires, em 1997. Cursou Administração de Empresas no CEUMA, especializando-se em Gestão de Recursos Humanos. Com a vida mais organizada, cursou Direito no UniCEUMA, graduando-se em 2006 e exercendo advocacia nas áreas de Direito Penal e Empresarial. Advogado atuante no Tribunal do Júri é orador freqüente em Tribunais de Justiça e Superiores. Atualmente, junto de outros advogados associados, mantém escritórios em São Luís, Brasília e Rio de Janeiro. Até aqui, Márcio me auxiliou em sua apresentação. Vou mais adiante, então. Dele disse Alex Brasil, n´O Guesa Errante, edição 211, de novembro de 200911, sob o título “ PLANO EDITORIAL DA SECMA: PRÊMIO GONÇALVES DIAS DE LITERATURA”: “[...] a primeira virtude deste romance do estreante ficcionista Márcio Coutinho reside exatamente na sua habilidade em estruturar a história como se planejada em mosaico de tempo e espaço, de tal forma que a coerência e o fio condutor da narrativa nunca confundem ou traem o leitor. Ao contrário, desencadeiam no espírito de quem lê uma ânsia incontrolável de desvendar os acontecimentos e os destinos de cada personagem. Embrenhados nesta artimanha ou mérito literário resta-nos apenas ler página por página, até o fim, para só assim saciarmos nossa sede de curiosidade [...] “[...] Mas o talento de Márcio Coutinho não se restringe ao arcabouço do romance. A argamassa essencial vem depois, a engenharia psicológica que irá moldar o caráter atormentado, a personalidade criativa e autodestrutiva do protagonista João das Dores [...]”. No entender do poeta Alex Brasil, o romancista estreante já nasce consciente do seu ofício de escrever num gênero que, entre nós, mais de poetas, poucos cultivam ou pelo ardor de construir e inventar estórias ou pela escassez mesmo de talentos onde só alguns de nós se destacam, a exemplo de (modernamente lembrando) Josué Montello, José Louzeiro, José Sarney, Ubiratan Teixeira, Ronaldo Costa Fernandes... [...] Márcio Coutinho merece atenção de nossa intelectualidade. É um talento que promete, um inventor de ambientes, personagens e Mundos capaz de, com disciplina e o ardor necessários de um escritor convicto,

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http://www.guesaerrante.com.br/2009/11/19/Pagina1204.htm


enriquecer o panorama de nossa literatura com uma ficção digna de nossas tradições literárias [...]. Aqui, nesta casa de Antonio Lopes, nos interessa o cientista social, o historiador, o geógrafo, mesmo aqueles que não o são “de carteirinha”, seguindo tradição secular de nosso Estado. O romancista, o poeta, deixamos para as Academias de Letras... Sálvio Dino – com quem tive o prazer de conviver e ouvir muitas histórias, quando deputado e defensor da região do Tocantins, ainda na cidade de Imperatriz, lá pelos anos de 1976/77 quando me estabeleci deste Estado – afirma dele que, “dentre tantas obras de alta valia que, ultimamente vêm se escrevendo com tais objetivos e com letras de oiro, agora surge mais uma: Grajaú – um estudo de sua história - trabalho de fôlego, de autoria do jovem Márcio Coutinho” 12: “Vindo de uma família de escritores, intelectuais e cultores de boa escrita cujo único orgulho é uma espécie de patrimônio intelectual arraigado em todos nós, filhos, sobrinhos e netos... Patrimônio, sim, mas ao menos no meu caso, herdado. Um rico espólio nas mãos de quem nada produziu intelectualmente e cujas limitações são sério óbice para, em qualquer momento, o fazer. Um legado de vivos. De um historiador, contista, articulista, um romancista, magistrados, professores ou funcionários públicos em pleno desempenho de suas atividades, graças a Deus e produzindo, estes sim, peças e livros de qualidade, com estilo e valor literário, no derramamento de saber, que me intimida, enquanto orgulha”. Pois bem, Sálvio saúda o novo escritor dizendo que se orgulhava em escrevinhar as Notas Introdutórias do livro de Márcio, que vinha enriquecer a bibliografia gonçalvina. Diz ainda, que não existe melhor maneira de amar a nossa terra de que estudá-la, pesquisá-la e devassá-la em todas as suas linhas mais distantes. Lembra que alguém já dissera que ‘cumpre ao historiador cobrir de carne e sangue certos esqueletos’. E Márcio estava ajudando aqueles que definem a história como sendo uma ressurreição. Indo mais adiante, afirma que sua obra não deve faltar na estante dos estudiosos do nosso passado. Melhor apresentação, Márcio, não poderia haver... Acompanha Sálvio Dino outro historiador, que vem se dedicando ao resgate da História do Sul do Maranhão – esse pedaço de terra que está pretendendo se separar do antigo Grande Maranhão. E têm suas razões, dada o estado de abandono por que passou nesses quase 400 anos de história. O distante sul, o Japão... Imperatriz, fica depois, Grajaú a meio caminho, em pleno Sertão – e lá tivemos resgatando essa memória Carlota Carvalho, Eloy Coelho Neto, o próprio Sálvio Dino, Sá Barros, Edelvira Barros (com quem tive a honra de trabalhar...), Padre Brandt, Albérico Carneiro, os nossos confrades Paulo Oliveira, Washington Cantanhede, Travassos Furtado, Clodoaldo Cardoso; e temos ainda Edmilson Sanches, e mais distantes, Ribeiro do Amaral e Paula Ribeiro... Entre os quais, Márcio, você veio se juntar. Esse escritor a que me refiro, Márcio, prossegue dizendo ser seu livro: “Um trabalho de fôlego, em ensaio digno da inteligência maranhense. E o que mais me agrada, e, de certo modo me envaidece, é que esse jovem, filho de meu irmão Mário Coutinho, começa a assumir o compromisso de prosseguir minhas canseiras no terreno da pesquisa histórica, na tentativa de desvendar novos e surpreendentes fatos até aqui adormecidos na poeira dos velhos arquivos.”

12 DINO, Sálvio. NOTAS INTRODUTÓRIAS. In COUTINHO, Márcio. Grajaú – um estudo de sua história. São Luis: Edigraf, 2006, p. 19-21.


Seu tio, MILSON COUTINHO, em “à guisa de apresentação” do Grajaú, um estudo de sua história.13 Márcio atualmente vem se dedicando aos escritos de duas novas obras: São Luís, Uma Aventura de Nobres, Corsários e Religiosos no Atlântico, em fase de edição, e a ser lançado quando da comemoração dos 400 anos de Fundação de São Luís; e obra biográfica que receberá o título: Édison Lobão, de Mirador para o Mundo. Parece-me que a indicação foi justa. A Comissão, consciente e responsável, ao recomendar sua aceitação nesta Casa. Espero ter cumprido a contento a tua apresentação. Seja bem vindo, Márcio... Obrigado...

13 COUTINHO, Milson. À guisa de apresentação. In COUTINHO, Márcio. Grajaú – um estudo de sua história. São Luis: Edigraf, 2006, p. 23-24


DISCURSO DE POSSE DE MÁRCIO AUGUSTO VASCONCELOS COUTINHO NA CADEIRA 48, PATRONEADA POR FRANCISCO SOTERO DOS REIS Auditório do Medical Center Jaracaty, em 31 de outubro de 2011

Senhoras e Senhores, Aos quarenta e quatro anos sinto, nesse momento a alegria de menino. Regressame o tempo! Devo iniciar agradecendo. Obrigado Professor Álvaro Melo, Presidente da Confederação das Academias de Letras do Maranhão, ocupante da cadeira nº desse Instituto Histórico. O nosso Vavá Melo, homem culto, de trato gentil, amigo, foi também generoso quando da indicação que me trouxe aqui. Obrigado Dr. Washington Cantanhede pela subscrição à minha indicação. Agradeço aos demais sócios, confrades e confreiras, à Presidenta e a Diretoria, pela aprovação do meu nome. É realmente uma honra compor o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Essa associação científica e cultural, criada num distante 1929, congrega grandes pensadores maranhenses, a escol da intelectualidade, filósofos, historiadores, escritores, estudiosos, filólogos, artesãos das letras e cultores dos estudos e saberes. Grandes vultos, nomes eternos! A força e o valor dos seus patronos bem podem ser ilustrados pelo titular da cadeira de nº 48, que passo a ocupar: Francisco Sotero dos Reis. Cumpre-me agora, em respeito à tradição, breve falar desse grande intelectual e seu sucessor, também brilhante: José Mata Roma. Sotero dos Reis nasceu em São Luís, quando o Brasil, sob o cetro de D. João VI, era colônia de Portugal. Aos oito anos, o menino Sotero, certamente, teve ciência da chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro. D João e sua enorme comitiva fugiam do exército de Napoleão, então terror dos tronos europeus. A partir daí, o Brasil sofreria uma transformação e o pequeno Francisco cresceria, acompanhando, com especial discernimento, os movimentos históricos do porvir.


O jovem maranhense logo se notabilizou pelo conhecimento da gramática, do latim e do vernáculo português. Estudioso, já aos vinte e um anos de idade fora nomeado Regente da Cadeira de Gramática Latina do Colégio Carlos de la Roca para, um ano depois, acompanhar a independência do Brasil, já em 1822. O Maranhão, com seus líderes lusitanos - por coração e interesses, resistiria quase um ano ao movimento separatista. Apenas em meados de 1823, após combates e conflitos, o nosso Estado, depois de muita agitação, deixou de se opor a Independência do Brasil. Esse foi o ambiente que cunhou a personalidade combativa do Patrono da Cadeira 48 de IHGM, inspirando-o para a política e levando-o a exercer mandatos seguidos de Deputado Provincial, e os cargos de Presidente da Assembléia Provincial e Conselheiro Regional da Província do Maranhão. Os anos chegaram ao Sotero dos Reis e ele se tornou um filólogo conhecido e respeitado. Publicou dezenas de títulos, quase sempre estudos gramaticais e literários, mas também enveredou, com notável competência, pela tradução de clássicos e trabalhos biográficos. Foi, ainda, um ativo jornalista, fundou jornais, colaborou com periódicos e revistas, deixando, indelével, a marca de seu talento intelectual e de sua capacidade de produção literária. Numa época, em que a praxe era os filhos talentosos migrarem para o grande centro do Rio de Janeiro, para desenvolvimento das vocações ou aprimoramento dos estudos, Sotero dos Reis, manteve-se em sua cidade natal. Não buscou a fama, ela, a notabilidade, é que veio ao seu encontro. Seu grande conhecimento da gramática e a qualidade de sua pena levaram-no ao mais alto reconhecimento literário: Patrono da Cadeira nº 19 da Academia Brasileira de Letras, Patrono da Cadeira 17 da Academia Maranhense de Letras e titular da cadeira 48 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Sotero dos Reis não alcançaria a Proclamação da República do Brasil, mas constataria essa tendência irreversível porque acompanhara os graves movimentos sociais e políticos que tanto sacudiram o Brasil, Império e o Maranhão, Província. Ao falecer, em 10 de março de 1871 deixaria um legado intelectual inquestionável. Homenagens lhe foram prestadas com distinções recebidas, entre elas a Comenda da Ordem de Cristo e da Ordem da Rosa. Escolas receberam seu nome, na Capital e Maranhão a dentro. Em São Luís, a atual praça da Alegria, onde Sotero residiu, também foi outrora batizada com seu nome. Certa feita, na Academia Maranhense de Letras, o escritor Milson Coutinho repetiu a famosa frase de Victor Hugo, em discurso que aquele proferiu em homenagem ao centenário de Voltaire: Voltaire fez escavações tão profundas nas leis que delas conseguiu extrair o Direito! Digo: Sotero dos Reis não só escavou a Gramática como dela fez seu sacerdócio, extraindo como ninguém a capacidade de passear pela tortuosa, às vezes perigosa, língua portuguesa com segurança, ciência e correção. Rui Barbosa - ninguém menos – chamaria Sotero dos Reis de mestre dos mestres! Senhoras e Senhores, O segundo ocupante da cadeira 48 foi outro notável maranhense. José Mata Roma. Nascido aos 23 de janeiro de 1896. Poeta, orador atilado, jornalista, autor de prosas e versos. Foi garoto pobre em Chapadinha, estudou em Brejo e terminou o


científico em Teresina para voltar à sua cidade e ser vaqueiro para ganhar a vida. A dureza da vida acompanhou esse poeta. Já em São Luís, cursou a Faculdade de Direito, na Rua do Sol, formando-se em 1925 para, mais tarde, ser o catedrático de Direito Civil no mesmo Instituto. Autor de muitos títulos, circulava pelo Simbolismo com maestria. Logo alcançou o sucesso, sem, contudo, usufruir em vida dos justos merecimentos. Morreu pobre, em 1959, após uma vida atribulada. Como bom poeta, tinha nos sentimentos e na potencialização das emoções os seus maiores instrumentos. Era um apaixonado de amores platônicos e verdadeiros. Conforme a lenda narrada na Odisséia, poema épico grego atribuído a Homero, Tântalo, sedento, mergulhado em um lago de águas cristalinas, límpidas, não conseguia beber pois o líquido lhe escapava dos lábios. Mata Roma seria chamado de O Tântalo de Chapadinha: Tem a minha vida e a lenda o mesmo traço, Flagela-me também um vão desejo, Fome e sede incontidas também passo. Punido como Tântalo me vejo: Tão perto desse corpo, e não te abraço! Tão junto dessa boca, e não te beijo! Esse atormentado e apaixonado maranhense foi membro da Academia Maranhense de Letras, ocupando a cadeira 17, coincidentemente, a mesma patroneada por Sotero dos Reis naquele sodalício. Confrades, confreiras, Tentar colocar-me ao lado desses dois grandes acadêmicos é exercício impossível. Eles que deram nome à escolas e cidades são exemplos acabados e perfeitos de conhecimento e primor literário. Senhoras e Senhores, Trago comigo um grande gosto e uma humilde vocação: a História. Como já disse Ricardo Monteagudo, a História nos supõe a possibilidade de um espelho para olharmo-nos e enfim compreendermo-nos, compreendo-a. O entendimento do que somos, passa, necessariamente, pela percepção do que fomos. A essência da humanidade, a faísca do fogo que molda culturas e povos é o que buscamos. O desejo e a procura desses mistérios são a amálgama que modulam a história. O homem, assim, só se enxerga, se percebe e se entende num contexto histórico. Karl Lambrecht alerta que o historiador caminha por um emaranhado de esqueletos, mas à medida que anda, por detrás dele eclode nova vida. Senhores, Senhoras, Acadêmicos, a escrita da História é a leitura da vida humana. Essa hecatombe que é a passagem da humanidade sobre a Terra, através dos milênios no afã da eternidade. O art. 42 do nosso Estatuto já avisa: o IHGM é obra perene que sucede no tempo. Tempo, apenas ele é o indutor da História. Corremos na vã tentativa de vencê-lo. Aprendemos a contabilizá-lo sem, todavia, possuirmos o poder de controlá-lo.


Invariavelmente, ele passará por cada um de nós, nossos pais e filhos e quando nada mais restar, ele permanecerá passando. Porém o homem, as mulheres, mesmo que não perenes, sobrepõem-se ao tempo exatamente quando buscam transcendê-lo pelo poder das artes. É o que José Sarney, durante sua posse na Academia Maranhense de Letras, em 1952, chamou de “fuga bendita”. Valendo, pois, repetir sua frase em relação aos escritores: missão superior de artista que não sabe onde está, mas busca, buscando encontrar-se, algum dia a si mesmo. Senhores acadêmicos, cabe-nos continuar essa busca. Procura sem fim. Registrando para as gerações vindouras o nosso modo de ver, de traduzir, de interpretar a formidável aventura humana nesse planeta. Suas conquistas, suas perdas, suas descobertas, tudo enfeixado na presunção de uma atividade racional. Presunção apenas pela evidência de que somos tangidos pela maior característica humana: a emoção! O sentir, a capacidade de criar e, em assim ocorrendo, a habilidade de perpetuação pelas idéias. Dessa maneira, finalmente, vencemos o tempo, que se conforma, anui e reverbera, pelos séculos e séculos, a ação do homem. Diante de cada um de vocês, assumo o compromisso de continuar, nas minhas limitações naturais, essa busca pessoal de interpretar para criar, de entender para transmitir. Senhora Presidente, Senhoras e Senhores, O Instituto Histórico e Geográfico é casa grandiosa cujos pilares, alicerces e blocos extrapolam a materialidade dos elementos físicos, porquanto compostos de especialíssima argamassa, a cultura do Maranhão. Cultura que se espalha e transborda, aqui, pelo Brasil e além! Eu, detentor de pouca valia literária, sinto-me pequeno diante dos luminares que engrandecem essa Casa, como igual, defronte de uma geração que em dias de intensa confrontação com a vida ou mesmo em noites silenciosas laboram, pela força dos seus textos, a perpetuidade da cultura maranhense. Ilustres pares, Possa eu, com a benção de Deus, se a vida me alongar os anos, merecer sempre, como agora, o incentivo desse ideal literário e, com ele e em vossa companhia, contribuir para a firme atuação desta importante Associação de Cultura. Finalmente, meus irmãos, meus tios, tias e primos, amigos, sócios, de cuja convivência extraio a energia, o apoio, para os embates diários da vida, meu muito obrigado. Meu carinho à Goreth pela organização desta singela cerimônia que há de ficar, em mim, para todo o sempre. Dedico esse momento à minha mãe querida, minha força, meu escudo, meu recanto. Divido minha emoção com meu amado pai, um apaixonado pelas letras e minha baliza, meu mestre e meu conforto. Às minhas filhas, fica o exemplo de que o estudo, a leitura e a escrita ainda dignificam e glorificam. A melhor das glórias, a maior das vitórias...com o sublimar do tempo! Muito obrigado.


POSSE DE JOANA BITTENCOURT




DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DA SRA. JOANA MARIA BITTENCOURT NA CADEIRA Nº 56, PATRONEADA POR JERÔNIMO DE VIVEIROS; E DA POSSE DO SR. ROQUE PIRES MACATRÃO, NA CADEIRA 38, PATRONEADA POR ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS 15 DE DEZEMBRO DE 2011 – AUDITÓRIO DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA MARANHENSE

ÁLVARO URUBATAN MELO Ilustríssima Sra. Presidente do IHGM, Professora Telma Bonifácio, Ilustre Sr, Dr José Mário, digno representante do Sr. Prefeito Dr. João Castelo. Ilustríssima Sra., Coronela Inalda Pereira Da Silva, representante da Polícia Militar. Senhores confrades do IHGM e membros das Academias de Pinheiro e do Brejo. Senhoras e senhores. Boi de brinquedo apareceu / Meu povo se alegrou / Os pássaros cantando na floresta / Os índios fizeram festa / Quando meu boizinho urrou. Lá vai, lá vai o meu boizinho / Balançando no cordão / Bordado de canutilho / Nos olhos tanto brilho / Que alumeia a escuridão. “Eu sei que rezas por mim de noite e dia, Pedindo a Deus pra mim felicidades, Um futuro de rosas e harmonia Uma vida de paz e santidade.


Abram-se as alas. As girândolas de foguetes de taboca do meu São Bento vão eclodir. Alarguem a porta. Alcatifem a escada com a policromia das flores silvestres que odorizam as margens do Pericumã e do Parnaíba. Preparemo-nos para alacridade desta noite, mais uma a opulentar os anais deste Instituto. Sob os olhares Atenas, Minerva, Heródoto a Arte e História recebem afeiçoados seguidores. Vão adentrar nos umbrais do nosso sodalício para reinar em sua plenitude, os novos e notáveis sócios: Joana Maria Bitencourt e Roque Pires Macatrão que tanto se afinam em suas peculariedades. Enquanto a confreira Joana envolta na música e no teatro, componentes da Geografia faz História: paradoxalmente, o confrade Roque Pires Macatrão, constrói a História com a arte da oratória e as luzes do Direito. Joana e Roque têm liames amicais e semelhantes. Foi em Belém, não aqueloutro, da Estrela do Oriente que atraiu Baltazar, Belchior e Gaspar, mas o do Pará, palco dos primeiros passos que os conduziu ao êxito. Foi lá, no Colégio Visconde Sousa Franco, que Joana Maria destacou-se como melhor aluna, e galgou o primeiro lugar na “Maratona Cultural com sua crônica”. Bendito esse instante da floração de sua verve literária, dote aprimorado e incentivado pela vigilância paternai, autodidata zeloso pela pureza da “Ultima Flor do Lácio” – inculta e bela. Lá, também Roque Macatrão, como funcionário do BASA, concluiu o curso de Ciências Jurídicas e Sociais, e começou seu percurso nos caminhos do Foros, e no convívio com as leis e tornar-se um dos mais reputados causídicos do Maranhão. Mais adiante, ambos, bancários no próprio BASA, se esbarram em São Luís. É o encontro profissional. Joana Maria depois de passar por todas as carteiras de Agências encontra o Dr. Roque que já havia feito esse trajeto, na chefia do núcleo jurídico e edifica esta a salutar amizade. Dr. Roque com sua inquietação que o fez líder estudantil. Estréia suas atividades literárias em Brejo, com orador de sua turma. Prossegue, escrevendo em jornais escolares, orando em reuniões colegiais e se consagra ativo membro da UMES Joana Bitencourt nasceu em Pinheiro, em 1950 é virginiana. Seus pais Raimundo Rodrigues Bitencourt e Saturnina Costa Bitencourt, a Dona Moça, bisneta da índia Kaapor, de que muito se orgulha, por correr em suas veias, o legítimo sangue da brasilidade. Seus filhos Karla, Nila Rosa, Ana Flávia e avó de 5 netos. É laboriosa a vida da nova confreira. Sem querer arcar com o clamor do talento que borbulhava em si veio atendê-lo por um apelo sentimental. Manter viva a monumental obra do querido e irmão Beto, que já o ajudava ocasionalmente. Com perecimento dele assumiu com todo fervor A Sociedade Artística e Cultural Beto Bitencourt, oriunda da Cia de Marionetes. É aí que surge a Joana cantora, poetisa, compositora e folclorista, amante da cultura em todos os sentidos. Fez seus estudos no Colégio Pinheirense, Sousa Franco, Rosa Castro. Foi secretária da Escola de Agronomia do Maranhão, onde fez o curso pós-médio de agricultura. De sua vasta produção e encenação, as peças teatrais “História de Ana Jansen, na visão de mamulengo” – selecionada pelo MINC/FUNARTE; Oh! Minha cidade; obteve o prêmio Myrian Muniz – FUNART/PETROBRÁS; “História do Boizinho de Brinquedo – livro e peça premiada pelo BNB – Cultura. Prêmio Literário Cidade de São Luís, Ovo Mágico, Novo desejo de Catirina, Aconteceu no Jardim, Lagoa quase azul, Natal renovado, Natalina do Maranhão, No Reino da Jardineira, Minha terra tem. Fora da linha teatral, dessas algumas premiadas encenadas em Estados Brasileiros e em países europeus. Apareceu a escritora com a publicação em 2008, do grande romance


histórico – Itagiba, o braço de pedra da França Equinocial, quando ela se antecede às comemorações dos quatrocentos anos da fundação de São Luís. Joana é mais uma poetisa que exercendo a Arte penetrau na vereda contagiante da história aporta na Casa de Antônio Lopes. Chega com o sorriso vencedor para reencontrar-se com a memória de seus conterrâneos dos belos campos, que aqui deixaram seus feitos: Domingos Perdigão, Odilon da Silva Soares. Vem para fortalecer o calor da imortalidade da Aplac - Dr. José Marcio Leite, e os naturais de Pinheiro, José Ribamar Seguins, e o médico Aimoré de Castro Alvim, aqui presente, ilustrando esta posse. Roque Pires Macatrão nasceu aos 13 dias de novembro de 1935. Filho de Raimundo Nonato de Lima Macatrão e Dona Gracinda Pires Macatrão. Casado com dona Maria Célia Pacheco Macatrão, pais de Paulo Henrique Pacheco Macatrão. Avô Paulo Victor e Gabriel. Estudou o primário no Grupo Escolar “Cândido Mendes”. Continuou no Seminário de Santo “Antônio”, Fez o ginásio no Ateneu Teixeira Mendes, o clássico no Liceu Maranhense e doutorou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito iniciado de São Luís e concluído em Belém do Pará. Ostenta no peito o galardão de ser um dos mais apaixonados brejenses. Autêntico bastião do progresso de seu chão. Constitui-se, em todas as etapas de sua vida, uma trincheira permanente dos interesses dessa terra, as quais usa por armas a força eloqüente de sua voz e dureza de seus escritos. Eterno sonhador em vê-la bela próspera. Incansável em obrar suas aspirações. Desde jovem tornou-se um obcecado operário de seus sonhos – o maior dele é o progresso de Brejo. Lá, quando jovem, na robustez de seus ideais, começa suas atividades com a fundação do Grêmio Lítero Recreativo Humberto de Campos. Continua com estas fundamentais realizações: juntamente com o Dr. Artur Almada Lima Filho, apoiados pela professora Aricéia Moreira Lima, parceiro da instalação do ginásio da CNEC, por sinal o 3º do Maranhão. Cria a Academia Brejense de Artes e Letras, a qual apaixonadamente preside. Funda a Sociedade Civil de Defesa do Povo e da terra. A Banda de Música, Memorial da Família Macatrão, entronização do busto de Cândido Mendes na Av. Luís Domingues. É autor de Casarões do Brejo, História do Brejo, Minha Saga Brejense, Discursos – O Trabalho do Detento Condenado e Soluções dos Problemas do Sistema Penitenciário. Possui trabalhos INÉDITOS. Cidadão são-luisense. Advogado no campo do Direito Imobiliário. Exerceu as funções de Secretário de Justiça do Governo “João Castelo, Membro do Lions e do Rotary, da OAB-Ma, da Academia de Letras Jurídicas, presidente da Academia Brejense de Letras, vice-presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão, Maranhenses de Letras. Depois o Dr. Aderson de Carvalho Lago é o segundo brejense a ocupar Cadeira neste sodalício. Dr. Roque é um vitorioso em todos seus campos de atuação. É o mais autêntico e amoroso brejense, gleba que encarna e espiritualiza. Joana, membro fundadora da Academia Pinheirense de Letras, e sua representante conselheira na FALMA. È a cantora dos encantos pinheirenses. É uma noite consagrada às reminiscências. Criaturas vindas do interior revivem a irreversível quadra da vida, tão bem cantada por Casimiro de Abreu – as saudades de seus oito Anos. Roque montado em seu carneiro chega pela Boca do Mato ou pelo Zé Gomes, a banhar no Riacho do Meio, na Lagoa ou no Riacho de Santana. Jogando peteca,


girando pião, amparando na mão, soltando pipa, recorda o “Monge das Barbas Brancas, nesta estrofe do professor Júlio Bacelar Martins. “As águas turvas, imenso, vagaroso / O Parnaíba desce para o mar / Qual um molusco lerdo, preguiçoso / Parece sem vontade de chegar”. Joana, no Engenho Queimado, no reviver dos passeios pelos verdejantes campos, na maciez do tapete de capim da Faveira. No saboreio da farinha biriba com tapiaca assada. Degustando garapa e mel de cana, ouvindo o aboio dos carros bois, atiçando as parelhas vagarosas das almanjarras. Hoje, ambientalistas, na inocência da idade, perambularam pelos matos, armaram arapucas, colheram frutas. Joana e Roque se completam no translúcido amor ao berço natal, onde no chão, jaz o túmulo umbilical e no telhado de suas casas, Mourão guarda seus velhos dentes de leite. Vivida essa doce quadra, recordam o passado e recebendo nossas ovações, aproveitam o presente, e já sem pressas já não correm pelas campinas atrás das asas ligeiras das borboletas azuis. Elas, para saudar-lhes chegaram antes. Sobrevoam suas cadeiras, assumam-nas, preza-as, mantenham altaneiras. Poucos exigem. Basta ocupálas uma vez por mês. As outras Obrigações tendes até demais. Foram elas que as trouxeram aqui. Obrigado.


DISCURSO DE POSSE - CADEIRA Nº 56, PATRONEADA POR JERÔNIMO DE VIVEIROS

JOANA MARIA BITTENCOURT ILUSTRÍSSIMA SENHORA PROFESSORA TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO, PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, Ilmo. Sr. Dr. José Mário Bittencourt Araujo, Secretário Municipal da Fazenda, digno representante do Prefeito Municipal de São Luís, Ilma. Sra. Coronela Inalda Pereira Da Silva, digna representante da Polícia Militar, Sr. Álvaro Urubatan Melo, Confreiras e Confrades da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências, Caros membros das Academias de Letras de São Bento e de Brejo, Caros membros do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Senhoras e Senhores. É com grata satisfação que venho hoje, com muita honra cruzar a porta do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, fundada em 20 de novembro de 1925 e instalada em dois de dezembro do mesmo ano. Sabemos que os idealizadores e sócios desta Casa tinham pressa na aplicação dos nobres intuitos que lhes movera a sua criação, inicialmente registrada como Instituto de História e Geografia do Maranhão. Seus sócios fundadores foram Antonio Lopes da Cunha, Arias de Almeida, Benedito Barros Vasconcelos, Domingos da Costa Perdigão, José Abranches de Moura, José Domingos da Silva, José Ferreira Gomes, José Pedro Ribeiro, José Ribeiro do Amaral, Wilson da Silva Soares e Justo Jansen Pereira, este o primeiro Presidente. O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão é uma casa repleta de historiadores e de pesquisadores, e foi um destes pesquisadores, o imortal Álvaro Urubatan Melo (Vavá Melo – Presidente da Academia Sambentuense de Letras e da


Federação das Academias de Letras do Maranhão e sócio efetivo deste Instituto), que teve a iniciativa de indicar o meu nome para ocupar a Cadeira de nº 56, patroneada pelo renomado historiador Jerônimo de Viveiros. Ao ilustre Acadêmico Vavá o meu agradecimento inicial pela confiança da indicação, e aos membros do Instituto, pela acolhida do meu nome. Esta é uma Casa composta de pessoas comprometidas com a cultura e a história, empreendendo esforços na “investigação do passado, na busca da compreensão da realidade para a sociedade.” O Maranhão sempre esteve em situação privilegiada considerando-se a riqueza cultural e a sua própria História, desde a colonização até os nossos dias. Costumo dizer que não há história mais bem contada, que a da Fundação de São Luís. Logo de início, junto à expedição comandada por La Ravardière, vieram os frades capuchinhos Claude D’Abeville e Yves D’Evreux, que vieram, não somente em missão religiosa, mas também para assentar nas páginas da história, com preciosos detalhes, tudo que se fez relevante durante aquela expedição para implantação da França Equinocial. Desde a viagem, descrita com precisão, percorreram toda a Ilha, descrevendo o povo Tupinambá, seus costumes, relacionando as aldeias, tanto de Upaon-Açu como Tapuitapera e Cumã, com seus respectivos caciques, população indígena, fauna, flora, além dos acontecimentos que precederam e sucederam a batalha de Guaxenduba em 1614, até a retirada dos franceses em 1615. Também contou essa história, como relator oficial militar, o subcomandante de Jerônimo de Albuquerque, sargento-mor português Diogo de Campos Moreno em “Jornada do Maranhão por ordem de sua Majestade feita o ano de 1614”. Vale dizer que o relato de Diogo Moreno coincide com o relato dos franceses; portanto, uma história bem contada, pois pouco difere o relato dos vencedores do relato dos vencidos. “Feliz do homem que canta seu Torrão”. Estão aí os historiadores e pesquisadores, do passado e do presente, dentre os mais diversos segmentos culturais, definindo, explicando, contando a nossa história, principalmente os fatos transmitidos pelos nossos históricos antepassados, sejam eles índios, brancos ou negros. Todos, irmãos no ideal, como aqui neste Instituto e em casas congêneres que congregam a literatura, a cultura e o conhecimento. Leon Tolstoi, escritor russo, dentre suas frases célebres, também disse: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, pintar também significa falar, cantar, historiografar, respeitar, amar... E para amar, há que se conhecer e para conhecer, há que pesquisar. E assim fez Jerônimo de Viveiros, pesquisou para conhecer sua terra, conheceu-a profundamente e a amou com intensidade. O trabalho do pesquisador é um ato persistente e paciente pela busca do conhecimento da veracidade dos fatos, com a responsabilidade de emitir informações fidedignas. Trabalho incansável, debruçado sobre papéis antigos nas bibliotecas, cartórios, arquivos, etc, para no final oferecer ao leitor, resultados substanciais ao conhecimento. Uma vez mais ratifico a honra sentida em ocupar a Cadeira de nº 56, pois teve como último ocupante, o escritor e pesquisar José Ribamar Sousa dos Reis, falecido recentemente. Foi ele o criador do termo “Maranhensidade”, que definiu como sendo a identidade cultural do maranhense. Escreveu sobre a nossa cultura de raiz: Bumba-meuboi, Tambor de Crioula, patrimônios cultural e imaterial brasileiros. Passo então, como praxe, mas com muita satisfação, a discorrer sobre a biografia do ilustre patrono desta abençoada Cadeira de nº 56 – Jerônimo de Viveiros.


Jerônimo José de Viveiros nasceu em São Luís do Maranhão, a 11 de agosto de 1884. Seus antepassados, de origem espanhola, chegaram ao Maranhão por volta de 1780, e se estabeleceram em Alcântara, em cujo meio se tornaram uma família das mais influentes. Seu bisavô (1789-1857), que tinha o seu mesmo nome, foi senador do Império. Seu avô, Francisco Mariano de Viveiros Sobrinho (1819-1860), Barão de São Bento, foi deputado provincial e geral (10ª Legislatura, 1857-1860), chefe do Partido Conservador, também fidalgo e cavaleiro da Casa Imperial. Jerônimo era um dos cinco filhos de Maria Francisca e Jerônimo José Viveiros. Órfão de pai aos dois anos iniciou o caminho das letras através de professores particulares, em São Luís. Passou depois ao Colégio Nossa senhora da Glória e ao Liceu Maranhense. Decidindo-se, na juventude, pelo estudo das Ciências Jurídicas, viajou ao Rio de Janeiro, mas, à altura do terceiro ano, teve que abandonar o curso e retornar ao Maranhão, devido à fragilidade da saúde de sua mãe. Aos 22 anos, mediante processo seletivo em que foi sabatinado pelo próprio presidente do Estado, Benedito Leite, iniciava carreira no magistério, como lente de História Universal e do Brasil, no Liceu Maranhense. Esteve depois à frente da Imprensa Oficial do Estado e foi diretor da Instrução Pública, além de fundar e dirigir o Instituto Viveiros, que deixou fama na História da Educação maranhense. No dia 6 de outubro de 1937, quando a Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão votava o orçamento para o ano vindouro, os deputados que faziam oposição ao Governo Paulo Ramos se mobilizou para boicotar a sessão. O professor Jerônimo de Viveiros, funcionário público estadual e do município de São Luís, há esse tempo liderou uma grande manifestação nas galerias da Casa. A Polícia Militar teve que intervir por ordem da Presidência da Assembléia, que suspendeu a sessão e evacuou as galerias. Por essa ocasião, o professor Jerônimo de Viveiros era catedrático de História Universal do Liceu Maranhense e ajudante de Inspetor do Ensino Municipal de São Luís. Por conta desse episódio Jerônimo de Viveiros foi submetido a um inquérito administrativo e a outro policial, que culminou com seu afastamento, a bem do serviço público, em 29 de dezembro de 1937, conforme publicado no Diário Oficial do dia seguinte. A perseguição política estendeu-se a ponto de o prefeito municipal de São Luís, Dr. Pedro Neiva de Santana, também exonerá-lo pelo mesmo motivo, do quadro de servidores do município, conforme ato publicado no Diário Oficial de 30 de dezembro de 1937. Viveiros foi obrigado a transferir-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor do Colégio Pedro II, passando cerca de dez anos naquela cidade, ocasião em que escreveu a biografia de Gonçalves Dias e de Celso Magalhães, e mais 48 artigos sobre a indústria açucareira do País, além de colaborar no preparo da obra A Balaiada, de Astolfo Serra. Sua obstinada vocação de pesquisador teve continuidade no Maranhão, para onde retornou em 1949. Em 1950 tomou posse na Academia de Letras do Maranhão na Cadeira nº 08, patroneada por Gomes de Sousa. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Cadeira nº 56, da qual é patrono. Foi ainda consultor técnico do Diretório Regional de Geografia do Maranhão e professor da Faculdade de Filosofia de São Luís. Dentre as suas obras a mais extensa e quiçá a de maior importância é “A História do Comércio do Maranhão”, escrita em três volumes, dividindo-a em ordem cronológica dos acontecimentos. O quarto volume foi escrito pelo renomado historiador professor Mário Martins Meireles, ninguém melhor em competência de conhecimento para dar continuidade à grande obra de Viveiros


A estreita relação de Jerônimo Viveiros com a minha terra de nascimento, cidade de Pinheiro, se dão a partir da profunda amizade de Viveiros com o Desembargador Elisabeto Barbosa de Carvalho, magistrado que chegou a Pinheiro em 1920, realizando naquela cidade profundas transformações nas áreas da economia, social, educativo e cultural. A afinidade entre os dois era tamanha que Jerônimo de Viveiros ao escrever a biografia de Elisabeto, o fez com o título de “O Maior Amigo”, que passamos a transcrever seu intróito: “Ao Maior Amigo – A História Política, Social e econômica do Município de Pinheiro cristaliza nas suas páginas, a gratidão do povo pinheirense ao seu melhor amigo – o Desembargador Elisabeto Barbosa de Carvalho. Ela impõe-se, com o vigor de um conceito unânime, no livro de recordação da História. Em verdade, ninguém contesta a afirmativa, tal a evidência dos fatos que conferem a Elisabeto de Carvalho de primus inter pares no grupo de homens que vem trabalhando pela prosperidade do município de Pinheiro. Não precisamos citar acontecimentos, que são por demais conhecidos em todo Estado, e quiçá, em todo o país. Seria redundância fazê-lo. Aqui daremos apenas o curriculum vitae desse íntegro magistrado, que nascido em outras plagas se fez pinheirense pelo espírito e pelo coração e deu à terra eleita toda a energia de sua mocidade e toda a ternura de sua velhice, pela sensatez dos atos de velhice que é mocidade pelo verdor do entusiasmo. Bem antes das comemorações do I Centenário de Pinheiro (1956), Clodoaldo Cardoso e Elisabeto Barbosa de Carvalho, amigos próximos do professor Jerônimo de Viveiros, solicitaram-lhe que elaborasse um trabalho sobre aquela cidade, semelhante ao que havia sido por ele publicado com o título de Quadros da vida Maranhense. O historiador dedicou-se com afinco à pesquisa, consultando, sobretudo o acervo do jornal Cidade de Pinheiro, e produziu a obra, cujos originais, na solenidade que abria as comemorações oficiais do Centenário, foram entregues pelo autor ao então prefeito municipal, Dico Araújo. Presente à cerimônia, como representante oficial do presidente Juscelino Kubitschek, estava o jornalista Assis Chateaubriand, senador pelo Maranhão, que se prontificou a editar o livro tão sonhado pelo desembargador Elisabeto. A obra, no entanto, nunca mais veio a público, sendo desconhecido o paradeiro de seus originais. Mas, graças ao jornal Cidade de Pinheiro aonde Viveiros havia publicado, em capítulos, a biografia que lhe fora encomendada, foi possível recuperar toda aquela obra perdida, e cinqüenta anos mais tarde, graças ao trabalho do escritor José Jorge Leite Soares, publicando-a através do Instituto GEIA, garantindo assim a permanência do trabalho do Mestre Viveiros sobre a historiografia pinheirense. Ao ocupar a cadeira nº 56, patroneada por Jerônimo de Viveiros, na verdade estou tendo a honra de sentar à mesa em que os apóstolos da história e da geografia do Maranhão dividem o pão da nossa cultura. Sei, no entanto, que esta cadeira nunca esteve vazia. Todos que nela sentaram continuaram vivos em nossa memória, não só pela sua contribuição literária ou científica, mas, sobretudo pelo fato de que a história só é possível pela soma dos esforços que nos levam à luz. Minha Gratidão Ao Deus, Todo Poderoso, por permitir minha presença neste mundo e pela graça de vivenciar este momento de exaltação ao meu espírito. Ao respeitável historiador e pesquisador Àlvaro Urubatan Melo, graças a quem, São Bento conhece sua história. Vavá, como carinhosamente o chamamos, é


conterrâneo do meu saudoso pai, o sambentuense Raimundo Rodrigues Bittencourt, que foi cronista, colaborador do Jornal Cidade de Pinheiro à época de Viveiros e Elizabeto. A meu caro companheiro dos labores da pesquisa, o turismólogo Antonio Noberto, profundo conhecedor da história da fundação francesa de São Luís, que muito me tem auxiliado e incentivado com suas sempre oportunas lições. Ao confrade Dr. José Jorge Leite Soares, que gentil e generosamente forneceu os dados biográficos de Jerônimo Viveiros, assim como as confreiras Dra. Moema de Castro Alvim, Dra. Marita Gonçalves e Dra. Sandra Leite Mendes, que dispuseram de seus alfarrábios com informações preciosas sobre o meu patrono. Vale ressaltar que a Dra. Sandra está a organizar e recuperar o acervo do Jornal Cidade de Pinheiro; trabalho de suma importância para a permanência da história de nossa Pinheiro. Ao Dr. Abdon Murad, presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão, pela acolhida em sua Instituição, cedendo este belíssimo espaço para realização desta solenidade acadêmica. Aos funcionários do CRM, na pessoa da Sra. Rosana, pela indispensável colaboração prestada. Ao admirável Expedito Moraes e Adalgisa, amigos das letras e das artes. Aos confrades Cleber Mendes Silva, Erivaldo Moreira e Agnaldo Mota, amizade perene, desde a infância, juventude e agora na maturidade, comungando na mesma patena do saber. Às confreiras e confrades do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Aos confrades e confreiras da Academia Pinheirense de Letras Artes e Ciências, presentes e aos ausentes que por força maior não puderam se deslocar da cidade de Pinheiro, mas todos enviaram felicitações pela minha posse. Aos amigos Rose e Joãosinho Ribeiro, Lena Santos e Nadilton Bezerra, Irinete e César Teixeira, cúmplices em todas as artes. À minha família, sustentáculo das minhas realizações: minhas filhas Karla, Nila e Ana Flávia, meus netos Pedro Henrique, Raisa, Daniel, Anna Karenina e Mathieu. Meu querido irmão César Bittencourt. Meus sobrinhos Fernando, Rosinha, Saler, Sandro e Rômulo. A todos que nos agraciaram com suas presenças nesta solenidade acadêmica de posse minha e do Dr. Roque Macatrão. Aos queridos artistas da Cia.Beto Bittencourt, atores, músicos, bailarinos, aqueles que fazem festa no meu coração, hoje farão a festa para vocês.


POSSE DE ROQUE MACATRテグ



POSSE DE CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS


APRESENTAÇÃO DA PROFA. DRA. CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS PARA OCUPAR A CADEIRA DE N. 28 PATRONEADA POR RAIMUNDO NINA RODRIGUES IHGM – 22 DE DEZEMBRO DE 2011

TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Cabe-me nesta noite enluarada e neste recinto acadêmico apresentar-lhes a Doutora em Ciências da Educação CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS, nascida na localidade Juçaral no município de São Vicente de Ferrer, pertencente a uma prole de seis irmãos oriundos da união de José Emídio dos Santos e Iraelza Pereira dos Santos. A Profa. CLENIA cursou as series iniciais do ensino fundamental no município de São João Batista e as series finais em uma escola particular do seu município de origem. Posteriormente sentindo a necessidade de dar continuidade aos seus estudos que garantissem a realização dos seus sonhos, pediu aos pais que a encaminhasse a capital do estado do Maranhão, mais precisamente São Luís para cursar o Ensino Médio, o qual foi feito no Liceu Maranhense, concomitantemente se preparava ao vestibular de acesso a uma universidade. Cursou também o Magistério entre os anos de 1989 a 1990 no Colégio Zoé Cerveira. Em junho de 1991 adentrou ao curso de PEDAGOGIA na Universidade Federal do Maranhão e no mesmo ano foi aprovada em concurso publico para professor das series iniciais, governava o estado do maranhão naquele momento o atual senador da republica e ministro das Minas e Energia Edison Lobão, aluna e professora ao mesmo tempo foi uma situação deveras compensatória, visto que a relação teoria e pratica que se processava naquele momento em sua vida contribuiu para a construção de seu ideário docente e crescimento profissional. Em 1993 ainda cursando a Pedagogia foi novamente aprovada em outro concurso desta feita para o ensino médio também na rede oficial do estado do Maranhão, no entanto ainda relutante em assumir este compromisso profissional, visto que não possuía o grau de licenciada, recusou a posse oficial a este cargo preferindo esperar o


termino do curso para então voltar-se sobremaneira a lida do magistério. Concluiu o Curso de Pedagogia com o trabalho monográfico intitulado. “A proposta politicopedagógica de uma escola de cooperativa – COESUFMA”. Após concluir a graduação Clenia resolveu fazer uma pós-graduação lato-sensu almejando o grau de Especialização em Orientação Educacional na Universidade Salgado de Oliveira do Rio de Janeiro. Entre os anos de 1998 a 2003 a Profa. Clenia voltou-se para o ensino superior trabalhando no setor privado desta feita na Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, no Programa de Capacitação de Docentes – PROCAD e posteriormente no Programa de Qualificação de DocentesPQD, na mesma universidade, além de também ter prestado relevantes serviços ao ensino a Distancia através da UDESC em convenio com o grupo educacional São Judas Tadeu aqui em São Luís, além de Orientadora educacional na escola COESUFMACooperativa Educacional dos Servidores da UFMA. Em 2004 iniciou sua preparação propedêutica para ingresso ao Doutoramento em intercambio com a Universidade da Madeira em Funchal /PORTUGAL tendo como instituição mediadora a Assessoria Educacional e Treinamento-DH2 em formato de seminários presenciais e a distancia, no propósito de desenvolver seu projeto de qualificação a ser defendido em Portugal, o que foi feito com sucesso, dando inicio a investigação que culminaria com TESE de Doutorado intitulada “A escola como espaço privilegiado para a construção da identidade negra e afro descendente: um estudo de caso da Unidade de Educação Básica Padre Antônio Vieira”. Neste espaço de tempo Clenia adentrou também na rede municipal de ensino como supervisora pedagógica, experiência adquirida em sua formação inicial, esta experiência lhe permitiu perceberas condições reais dos alunos e alunas da rede publica estadual e municipal além de lhe dar condições de analisar os problemas inerentes as relações entre alunos e professores, professores e gestores, familiares e escola, dandolhe condições para estabelecer não só seu objeto de investigação da tese de doutorado bem como contribuir para uma melhor relação de ensino e aprendizagem nas escolas por onde transitava, segundo ela naquele momento ficou muito claro que as crianças que nãos e adaptam ao mundo escolar formal é porque essa escola muitas vezes ignora o mundo dessas crianças. Atualmente Clenia é doutora em Ciências da Educação, com área de concentração em Inovação Pedagógica, estando tratando de revalidar seu titulo em nosso pais. Na sua atuação profissional, esta nova confreira tem prestado relevantes serviços educacionais a Secretaria de Estado da Educação – SEDUC, onde atuou como técnica na Superintendência de Modalidade em Diversidades Educacionais; na Universidade do Vale do Acaraú – UVA - onde constantemente tem lecionado na graduação e na pósgraduação; e na UEMA. Em seu currículo agrega participação em cursos, encontros, seminários e congressos entre tantos que participou, cito alguns: 2ª feira do Livro de São Luís em 2009 onde participou de um seminário refletindo os 120 anos de abolição da escravatura no Brasil; 2ª Conferencia Nacional de Igualdade Racial /CONAPIR 2009; 2ª Conferencia Estadual de Educação na qualidade de mediadora do Eixo IV do tema Promoção da Igualdade Racial -2009; Curso de Formação Continuada de Coordenadores; IX Congresso da Sociedade Portuguesa em Ciências da Educação/UMA/PORTUGAL, 2007; Seminário sobre a Lei 10.639/06; I Encontro Internacional Sobre Inovação Pedagógica - 2011; Publicações em jornais da capital e revistas especializadas nacionais e internacionais. Como vemos caros confrades e confreiras a nova empossada é pessoa de grande capacidade intelectual, com espirito combativo e imbuída de valores docentes que de «mãos vazias», sem trunfos escondidos na manga, sem receitas miraculosas e sem


respostas prontas, mas com dedicação, profissionalismo e sentido ético, deu e continuará dando seu contributo decisivo na realização prática do ideal de uma educação para todos, durante toda a vida e certamente contribuirá para enriquecer o panteão acadêmico deste sodalício. Seja bem vinda, Clenia de Jesus Pereira dos Santos.


DISCURSO DE POSSE DA DRA. CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS - CADEIRA DE N. 28 PATRONEADA POR RAIMUNDO NINA RODRIGUES

Exma. Sra Presidente do Instituto Histórico Geográfico do Maranhão Prezados Confrades e Confreiras Demais componentes da mesa Senhores e Senhoras Gostaria de externar nesta noite a satisfação de passar a pertencer a este sodalício, conforme Clementino Moura, um dos ocupantes desta cadeira, que nomeou o IHGM como célula viva e importante da cultura maranhense, em seu nobre e inteligente discurso. O que significa para mim honra e orgulho por chegar a tamanha altura que para mim significa gratidão a todos vós, em especial a assembleia que deliberou parecer favorável para este fim. O meu contato com IHGM iniciou-se quando orientanda da professora doutora Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, eis-me que fui informada deste tão nobre espaço que congrega tão nobres intelectuais que tanto contribuíram e contribuem para o progresso das pesquisas, da memória e da História do Maranhão. Nas idas e vindas para a residência da professora Telma, comecei a conviver com informações sobre este nobre espaço, tão logo me interessei em participar e em enviar meu currículo para ser apreciado. Encantada com a pesquisa, com a descoberta do novo, dedicada aos teóricos que substanciavam minhas produções naquele contexto, crescia cada vez mais o interesse em participar deste sodalício. Foi então que em uma tarde de um dia comum, mas que se tornou especial, recebo em minha residência uma correspondência formalmente me tratando de Dra. Clenia, como esse tratamento não me era comum, fiquei ansiosa em abrir o envelope e para minha surpresa, partia do IHGM a confirmação da minha aceitação, informando o número da cadeira, e para surpresa maior, seria patroneada por Raimundo Nina Rodrigues, intelectual com quem tive o privilégio de dialogar durante a produção da minha tese de doutoramento. Dialogar nos soa estranho, considerando que Nina Rodrigues já não está entre nós, mas os contributos deixados por ele nas áreas por onde transitei durante o doutoramento, é de uma significação tamanha que ouso dizer que dialoguei com ele por


algum tempo. Afinal, no dizer de Bakhtin, quando escrevemos, são vários os ecos com quem convivemos O ano de 2011 foi de turbulências porque tive que conviver com as dificuldades que são para uma filha da classe baixa cursar um curso de doutoramento principalmente quando se vai a busca de um curso na Europa, além mar, em outro continente, de culturas não comuns para nós. Fato que me fez durante este período, adiar por duas vezes a cerimônia de posse e aqui me reporto a Fernando Antônio de Seabra Pessoa poeta português conhecido mais por Fernando Pessoa quando escreveu : Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Nunca pensei em sentar-me ao lado de pessoas tão ilustres, a ocupar a cadeira de um intelectual da magnitude de Nina Rodrigues. Filho ilustre de nosso estado que terei a honra de apresentar sua memória tão grandiosa. Passo primeiramente a apresentar-lhes os primeiros ocupantes da cadeira 28 que tanto dignificaram o Maranhão para então me debruçar ao patrono. Celso Ayres Anchieta Nasceu em São Luís, a 01. 03.1929 e faleceu em 05 de janeiro de 1983, tendo deixado 09 filhos e viúva, Dona Florita Anchieta, senhora de peregrinas qualidades. Fez os cursos primários e secundários no Colégio São Luís e Ateneu Teixeira Mendes, em São Luís e o curso científico no Colégio Pedro II, Rio de Janeiro. Diplomou-se em Letras Modernas pela Universidade Federal do Maranhão. Na vida pública, trabalhou durante 26 anos como escriturário do Banco do Brasil, no setor câmbio, revelando-se um servidor responsável, eficiente, dedicado e dinâmico. Foi diretor e professor de Matemática e Português do Colégio Anchieta ( 1º, 2° graus), exercendo, ainda, os cargos de Presidente do Centro Social da Boa Esperança e Chefe Escoteiro autorizado pela União dos Escoteiros do Brasil. Conquistou o primeiro lugar no concurso da Academia Maranhense de Letras, obtendo o prêmio Graça Aranha, com o trabalho “Uma paisagem, um culto, um ideal.” Classificou-se em 2º lugar, no prêmio “Cidade de São Luís”, com o trabalho ”Maranhão, minha terra, meu orgulho”, assim como 2º lugar no prêmio “ 27 C.S.M.” como o trabalho sobre “ o jovem e oSserviço Militar” Deixou os seguintes trabalhos a serem publicados: “História de minha terra”. “A terra que Deus me deu”. “ Vida nossa de cada dia.” E “Velho sobradão” ( poesias).


João Bacelar Portela Nasceu no município de Santa Quitéria, em 16de junho de 1906. Sendo seus pais, Viriato oliveira dos Santos Portela e Rosa Rodrigues Bacelar Portela. Faleceu a 30 de julho de 1978 aqui em São Luís. Era casado com D. Maria Alice Abreu Portela, tendo deixado cinco filhos, Delzita, Maria Iêda, Edna, João Bacelar Portela Filho e quatorze netos. Fez seus primeiros estudos em Paranaíba (Piauí) onde residiam seus pais; estudou aqui em São Luís no Seminário de Santo Antônio; a seguir, estudou em Teresina e Fortaleza, seguindo depois para Salvador- Bahia, onde cursou, durante um ano, a Escola de Engenharia. Seu sonho era ser engenheiro, mas, abandonou o curso por solicitação de sua mãe, alegando que já tinha um filho engenheiro, seu irmão mais velho, o Dr. Venefredo. Ingressou na faculdade de Farmácia, cursando 2 anos, com o objetivo de posteriormente, se transferiu para o curso de medicina, o que não ocorreu em virtude de um decreto do Governo criando o exame específico para o curso de Medicina. De Salvador foi para o rio de Janeiro, onde concluiu o curso de medicina na antiga Faculdade da praia Vermelha, a três de outubro de 1932. Em 1934, veio para São Luís, a pedido dos seus pais que aqui já residiam. Exerceu com muita proficiência os seguintes cargos: • Professor de Psicologia Lógica do instituto de Educação do estado do Maranhão. • Professor de Psicologia Geral da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão. • Professora de Psicologia Médica e da Personalidade da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do maranhão • Professor de Biologia da Faculdade de Medicina da Universidade federal do maranhão • Professor de Clinica Cirúrgica da Faculdade de medicina da Universidade Federal do Maranhão • Professor de Psicologia Educacional do Instituto de educação do estado do9 maranhão. • Diretor da Instrução pública do estado do Maranhão. • Secretário de saúde do estado do maranhão; • Diretor da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade federal do maranhão • Diretor fundador (1º diretor) da faculdade de ciências Médicas • Diretor do Hospital da santa Casa de São luís do Maranhão • Membro da Comissão organizadora da fundação Paulo ramos • Membro titular do conselho da fundação Paulo Ramos • Diretor do Instituto de Ciências Físicas e Naturais da Universidade do maranhão. • Professor Titular de Fisiologia da Faculdade de Farmácia e odontologia da Universidade Federal do Maranhão • Membro efetivo do Conselho Estadual de Educação do Estado Maranhão • Substituto eventual do Reitor da Universidade do Federal do Maranhão, tendo várias vezes exercido o cago no impedimento do Reitor • Médico da Maternidade Benedito Leite • Membro Titular do Instituto Histórico Geográfico do Maranhão – Cadeira 28- Patrono Nina Rodrigues


• Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões • Cavalheiro da Ordem de S. Silvestre (Vaticano) Trabalhos Publicados • Psicologia Geral do Indígena, processo de maturidade psicológica do índio no contexto da sua cultura. • “Da Fundação dos Canais Semi- Circulares” – Tese na disciplina de Fisiologia; • “A Noção de Espaço” - Tése na disciplina de Psicologia. • Ensaios literários sobre as obras de Nina Rodrigues, Gonçalves Dias, Nascimento de Morais, Nauro machado e Manoel Sobrinho • Vida e Obra de Gomes de Sousa • Vários discursos Acadêmicos e Científicos • Livro “Espaço Óptico” Benedito Clementino Siqueira Moura Dr. Benedito Clementino Siqueira Moura, como é hoje mais conhecido entre nós, foi o caçula entre cinco irmãos – José Luís, Maria das Dores, Argemiro Clementino e Raimundo Clementino. Nasceu na cidade de Oeiras, primeira capital do Piauí, aos 23 dias de abril de 1909. A infância transcorreu entre os tios, com quem passava temporadas, ao mesmo tempo em que se iniciava nas primeiras letras. Sua tia materna, Inácia Siqueira (casada com Adelino), também teve grande importância nesse período. Posteriormente, com o casamento de sua irmã, passou a conviver com eles também. Aos nove anos de idade, quando corria o ano de 1918, final da Primeira Guerra Mundial, os familiares decidiram enviá-lo para a escola, o internato católico – Colégio 24 de Fevereiro – localizado na cidade de Floriano, a 110 km de sua cidade natal. À época era a melhor escola do estado do Piauí e recebia os rebentos das melhores famílias daquele estado e de outros vizinhos, como o Maranhão. Entre outros ilustres colegas com quem estudou durante esses quatro anos, Dr. Clementino cita o ex-reitor da UFMA, ex-prefeito de São Luís e ex-governador do Estado do Maranhão, Pedro Neiva de Santana. Finalizado o período de estudo no Colégio 24 de Fevereiro, Clementino foi chamado por seu irmão para residira capital piauiense. Lá, Clementino realizou seus estudos no Liceu Piauiense. As circunstâncias, porém, pareciam conspirar contra o sonho dos dois irmãos. No final do período, quando já haviam planejado os próximos passos que tornariam Dr. Clementino o médico que foi, o diretor o reprovou em Geometria. Ficara para segunda época. Não haveria prazo hábil para fazer a prova e deslocar-se a Salvador a tempo de fazer o vestibular, naquela que foi a primeira faculdade de medicina do Brasil. Como para a determinação existem apenas desvios, nunca um ponto final, jamais essa seria uma barreira instransponível, assim, os irmãos mudaram os planos para Belém. É nessa viagem que Dr. Clementino vê a capital maranhense pela primeira vez. De trem, a viagem entre Teresina e São Luís durava dois dias inteiros, com pernoite em Coroatá. Não havia ponte sobre o rio Parnaíba, na divisa entre os estados. Timon era conhecida, na época, como Vila de Flores. Tampouco havia ponte entre o Continente e a ilha de São Luís. A travessia, nos dois casos, era feita em canoa. Em Belém, Dr. Clementino realizou a prova de Geometria e foi aprovado com louvor. Em seguida, realizou o vestibular para Medicina. Seu caminho estava agora irremediavelmente traçado para o sacerdócio médico. Na capital paraense, Dr. Clementino ficou até o final do ano de 1928. Nesse período, Dr. Clementino e outros


companheiros participaram ativamente de movimentos estudantis na universidade, independente de filiação partidária. Posições contrárias – manifestadas em passeatas, provocações, e até um pouco de perturbação da ordem pública – às forças políticas e policiais em diversas ocasiões, custaram-lhe problemas, inclusive perseguições na própria faculdade. O período conturbado o motivou e outros colegas a mudarem para o Rio de Janeiro. Na capital da República, foram aceitos na faculdade de medicina da Praia Vermelha, onde retomaram os estudos no terceiro ano da formação acadêmica. Para Clementino, as despesas foram com seus estudos foram efetivadas, graças aos esforços e boa vontade do seu irmão mais velho Raimundo clementino de Siqueira e Moura. “Para minhas despesas com os estudos, na época, dividia os seus 500 mil réis, ganhos em uma casa comercial daquela capital, Ferraz&Cia( discurso de Posse de Clementino 1983 ) Terminado o curso de Medicina, em 11 de outubro de 1932, partiu para São Luís para assumir um emprego que lhe haviam prometido do o Ten. Serôa da Mota e Dr. Demerval, amigos que fi zera durante sua formação. Este último, fora o diretor do Hospital S. João Batista, em Niterói, no período em que no estivera como interno. Como em São Luís não havia vaga de imediato, foi-lhe ofertada à opção de trabalhar em Pedreiras ou Caxias. Optou por Caxias, pela facilidade de acesso a São Luís. No Natal de 1933, conheceu Elza, na casa de amigos durante um almoço. Ela era professora e filha do desembargador Lisboa Filho. Ficaram noivos em 1934 e em 12 de outubro de 1935 casaram-se. Dessa união, nasceram três filhos: Maria do Socorro, José de Ribamar e Maria da Graça que lhe deram oito netos. Ao longo de cinquenta e dois anos, dedicou- se ao exercício da medicina. Procurou honrar o juramento que, em resumo, descreve uma total dedicação e inteireza na prática cujo propósito é mais que curar doenças e sanar as dores, é cuidar do homem enquanto representação da espécie. Sua conduta foi sempre de total dedicação aos seus pacientes. Cargos ocupados na administração pública: • Diretor da Maternidade Benedito Leite, • Chefe do Inamps, Chefe do serviço médico do Inamps, • Professor titular de obstetrícia da faculdade Medicina da Universidade Federal do Maranhão, • Diretor da Maternidade do Estado (localizada na Santa Casa), • Chefe do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão. Com relação à faculdade de Medicina, não foi apenas professor e chefe de departamento, assinou a própria ata de fundação, realizada em cerimônia solene na faculdade de odontologia, em 28 de junho de 1958. Como professor, foi homenageado por inúmeras turmas, não somente pelos ensinamentos que legou a tantos jovens médicos na época, mas pela sua qualidade principal, a humanidade com que se colocava em tudo que fazia. Foi também membro da Academia Maranhense de Medicina – cadeira nº 1 – cujo patrono é Dr. Alarico Nunes Pacheco. Foi Membro do instituto Histórico Geográfico maranhense, ocupando a cadeira de nº 28, patroneada por Nina Rodrigues, morreu recentemente na cidade do Rio de Janeiro.


Figura 1- PATRONO DA CADEIRA 28 DO IHGM

Raimundo Nina Rodrigues (Vargem Grande, 4 de dezembro de 1862 — Paris, 17 de julho de 1906) foi um médico legista, psiquiatra, professor e antropólogo brasileiro. Filho do coronel Francisco Solano Rodrigues e de dona Luísa Rosa Nina Rodrigues cresceu em seu município natal no Maranhão, sob os cuidados da madrinha mulata, que auxiliava sua mãe nos afazeres com a prole. Nina Rodrigues estudou no Colégio São Paulo e no Seminário das Mercês, em São Luís. Pelas suas próprias, e pelas referências de seus colegas, parece ter tido uma saúde frágil. Nas lembranças familiares, era descrito como franzino, "muito feio", e irritadiço. Em 1882, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, seguindo o curso até 1885, quando se transferiu para o Rio de Janeiro, onde concluiu o quarto ano de faculdade. Voltou à Bahia no ano seguinte, quando escreveu seu primeiro artigo, sobre a lepra no Maranhão. Retornando ao Rio, concluiu o curso, defendendo uma tese sobre três casos de paralisia progressiva numa família, em 1887. No ano de 1888, clinicou em São Luís, tendo consultório na antiga rua do Sol, hoje Nina Rodrigues. Após esse rápido regresso à terra natal, onde foi incompreendido e hostilizado pelos médicos conterrâneos por atribuir à má alimentação problemas de saúde da população carente da região onde vivera, resolveu fugir do provincianismo e do apelido de Dr. Farinha Seca e adotar definitivamente a Bahia como morada. O legista e antropólogo Em Salvador encontrou ambiente favorável às pesquisas sociais que tanto o atraíam. Tais pesquisas eram herdeiras diretas da antropologia criminal do médico italiano Cesare Lombroso e, obviamente, do inicial positivismo sociológico na área penal. Na cidade que tinha mais de 2 mil africanos catalogados à época da abolição da escravatura dedicou-se à clínica médica e ao atendimento dos menos favorecidos, sendo logo intitulado Doutor dos Pobres. Em 1889, prestou concurso para a Faculdade de Medicina da Bahia, vindo a ocupar o lugar de adjunto da Cadeira de Clínica Médica, cujo titular era o conselheiro José Luís de Almeida Couto, republicano histórico, abolicionista e político de projeção nacional. Mas seu objeto de estudo e pesquisa estava fora dos limites físicos da instituição acadêmica. Por isso, não abria mão de conviver com as mazelas da população excluída do centro de poder por mais criticado que fosse. "Nina está maluco! Freqüenta candomblés, deita-se com as inhaôs (sic) e come a comida dos orixás", narra alguma das picuinhas típicas dos colegas catedráticos o discípulo e admirador Estácio de Lima, no livro Velho e Novo Nina.


Nina Rodrigues e Alfredo Tomé de Brito, também médico e mais tarde diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, casaram-se com filhas do Conselheiro – a família conta que cada um noivara antes com a irmã que casaria com o outro. Em sua segunda incursão na classificação racial da população, dessa vez a nível nacional, num artigo publicado na Gazeta e no Brazil Médico, do Rio de Janeiro, em 1890, aparece pela primeira vez a rubrica antropologia – "anthropologia patológica". Escreve também uma nota apoiando a iniciativa de Brás do Amaral, professor de "Elementos de Antropologia" no Instituto de Instrução Secundária de Salvador, de iniciar uma coleção de "objetos antropológicos" – esqueletos, chumaços de cabelo e recortes de pele dos índios do Estado. No Terceiro Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, reunido em Salvador, em outubro desse ano, e de cuja comissão executiva Nina Rodrigues foi eleito tesoureiro pela Congregação da Faculdade, apresenta três trabalhos – um deles sendo o relatório da única autópsia feita, por ele, na Bahia durante uma então recente epidemia de influenza. Medicina Legal em destaque Transferiu-se, em 1891, para a cadeira de Medicina Pública, ocupada por Virgilio Damásio, como professor na disciplina de Medicina Legal, empenha-se desde então em por em prática as propostas de Damásio que, depois de visitar vários países da Europa, sugerira em seu relatório da visita a implantação do ensino prático e a nomeação dos professores de medicina legal como peritos da polícia. Na Medicina Legal, como em tudo o mais, transformou. Afrânio Peixoto nos conta que Nina "deu tal lustro à especialidade que, por todo o país, foi a cadeira mais ambicionada". Com o resultados de seus estudos propôs uma reformulação no conceito de responsabilidade penal, sugeriu a reforma dos exames médico-legais e foi pioneiro da assistência médico-legal a doentes mentais, além de defender a aplicação da perícia psiquiátrica não apenas nos manicômios, mas também nos tribunais. Também analisou em profundidade os problemas do negro no Brasil, fazendo escola no assunto e faleceu em Paris, França. Entre seus livros destacaram-se As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil (1894), O animismo fetichista dos negros da Bahia (1900) e Os africanos no Brasil (1932). O Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), o mais antigo dos quatro órgãos que compõem a estrutura do Departamento de Polícia Técnica da Bahia, foi criado (1906) pelo Prof. Oscar Freire e intitulado Nina Rodrigues pela Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia, em homenagem ao famoso professor catedrático de Medicina-Legal, falecido naquele mesmo ano, aos 44 anos de idade. Clínico, professor, escritor, dietólogo, 'tropicalista', sexologista, legista, higienista, antropólogo, biógrafo, epdemiologista, etnólogo. Nina Rodrigues foi um homem múltiplo. A posição singular de Nina Rodrigues na história do pensamento antropológico brasileiro (que deve ser remetida à leitura de obras como As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil , O animismo fetichista dos negros da Bahia e Os africanos no Brasil), foi estudada pela professora Mariza Corrêa (Unicamp), que publicou o volume As ilusões da liberdade: a Escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil. Bragança Paulista: Edusf, 487 p. 1998. Para maiores informações sobre o movimento do positivismo sociológico no mundo, em correlação com o nascimento das ciências sociais no Brasil e na América Latina (e também a recepção de ideias italianas entre os juristas de todas as áreas no Brasil oitocentista, especialmente as idéias penais), cfr. o denso volume de Marcela Varejão, "Il positivismo dall'Italia al Brasile. Sociologia giuridica, giuristi, legislazione,


1822-1935" (Giuffrè, Milano 2005, XI-464 pp.). Neste volume, todo um capítulo é dedicado à Escola antropológico-criminal de Raimundo Nina Rodrigues. A visão de Nina Rodrigues: o negro como marginal Nina Rodrigues defendeu teses racistas consideradas científicas e modernas. Ele foi fortemente influenciado pelas idéias do criminólogo italiano Cesare Lombroso. No ano da abolição da escravatura, escreveu: "A igualdade é falsa, a igualdade só existe nas mãos dos juristas". Em 1894, publicou um ensaio no qual defendeu a tese de que deveriam existir códigos penais diferentes para raças diferentes. Nina Rodrigues foi um dos introdutores da antropologia criminal, da antropometria e da frenologia no país. Em 1899 publicou "Mestiçagem, Degenerescência e Crime", procurando provar suas teses sobre a degenerescência e tendências ao crime dos negros e mestiços. Os demais títulos publicados também não deixam dúvidas sobre seus objetivos: "Antropologia patológica: os mestiços", "Degenerescência física e mental entre os mestiços nas terras quentes". Para ele o negro e os mestiços se constituíam na causa da inferioridade do Brasil. Na sua grande obra, Os Africanos no Brasil, escreveu: "Para dar-lhe (a escravidão) esta feição impressionante foi necessário ou conveniente emprestar ao negro a organização psíquica dos povos brancos mais cultos (…) O sentimento nobilíssimo de simpatia e piedade, ampliado nas proporções duma avalanche enorme na sugestão coletiva de todo um povo, ao negro havia conferido (…) qualidades, sentimentos, dotes morais ou idéias que ele não tinha e que não podia ter; e naquela emergência não havia que apelar de tal sentença, pois a exaltação sentimental não dava tempo nem calma para reflexões e raciocínios". Segundo o cientista baiano, a inferioridade do negro – e das raças não-brancas – seria "um fenômeno de ordem perfeitamente natural, produto da marcha desigual do desenvolvimento filogenético da humanidade nas suas diversas divisões e seções". No Brasil os arianos deveriam cumprir a missão de não permitir que as massas de negros e mestiços possam interferir nos destinos do país. "A civilização ariana está representada no Brasil por uma fraca minoria da raça branca a quem ficou o encargo de defende-la (…) (dos) atos anti-sociais das raças inferiores, sejam estes verdadeiros crimes no conceito dessas raças, sejam, ao contrário, manifestações do conflito, da luta pela existência entre a civilização superior da raça branca e os esboços de civilização das raças conquistadas ou submetidas". (ver referência)[1] Produção teórica e trabalhos publicados Estima-se que sua obra inclui cerca de sessenta livros e artigos sobre temas que abrangem diversas especialidades médicas, particularmente Medicina Legal, Antropologia, Direito, Psicologia e Sociologia, publicados em jornais da época, entre as quais: Gazeta Médica (da qual foi redator chefe); Jornal do Comércio; Revista Médica de São Paulo; Annales Médico-Psychologiques; Revista Brazileira; Revista Médico Legal da Bahia, (órgão da Sociedade, da qual integrava seu conselho editorial). [2] Alguns dos seus trabalhos publicados em francês ainda estão inéditos na língua portuguesa. Entre suas principais obras inclui-se • • • • • • •

A Morféia em Andajatuba (1886). Das amiotrofias de origem periférica. (Tese doutourado, 1888) As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil (1894). O animismo fetichista dos negros baianos (1900), O alienado no Direito Civil Brasileiro (1901). Manual de autópsia médico-legal. Salvador. (1901). Os Africanos no Brasil (1932).


As Coletividades anormais. (1939).

A visão da crítica sobre Nina Rodrigues Diversos escritores criticaram o professor Nina Rodrigues por suas idéias, foi citado em diversos livros, por vezes com nome trocado como foi no livro Tenda dos Milagres de Jorge Amado, onde o autor deu-lhe o nome de professor Nilo Argolo, porém, o nome do livro escrito pelo personagem foi "Mestiçagem, Degenerescência e Crime", fazendo ligação direta dos dois ilustres professores doutores. Enfim Nina Rodrigues foi homem do seu tempo que procurou fundamentar suas ideias nos conhecimentos científicos de sua época, embora concepções de herança com mistura e atavismo estejam implícitas em seu pensamento. Naquele momento, em que os negros estavam em maioria na sociedade brasileira, era crucial conhecer e avaliar sua participação endêmica na população do Brasil. Muito obrigada!


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ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL: RETROSPECTIVA HISTÓRICA CÉLIO GITAHY VAZ SARDINHA A Engenharia: “A maravilhosa disposição e harmonia do universo, só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser Maior, que tudo sabe e tudo pode. Essa conclusão fica sendo. a minha última e mais elevada descoberta.” (Isaac Newton) A História: “É a testemunha do passado, a luz da verdade, a vida da memória, a mestra da vida e anunciadora dos tempos antigos.” (Cícero) Segundo Aurélio, a Engenharia é “A arte de aplicar conhecimentos científicos e empíricos e certas habilitações específicas à criação de estruturas, dispositivos e processos que se utilizam para converter recursos naturais em formas adequadas ao atendimento das necessidades humanas.” No começo da humanidade, na pré-história, o Pitekantropus Erectus ou homem de Jawa, construía o seu habitat natural dentro das cavernas e abrigos rochosos para se proteger das intempéries, atacava seus inimigos com tacapes, dominava outras tribos rivais pela força e vivia do extrativismo puro para o atendimento imediato de suas necessidades de subsistência e dominação, observando apenas as condições geológicas e naturais. Passando da idade da pedra para a idade dos metais, a grande evolução do homem, galgando a condição de homo sapiens, o qual construiu sua primeira habitação valendose de pedras naturais, madeiras e fibras retiradas das matas. A arte de guerrear levou o homem a construir muralhas de pedra, barricadas, estruturas de defesa e aparelhos de ataque e destruição. NASCIA A ENGENHARIA MILITAR. Na idade antiga, período que vai de antes de Cristo até o ano de 476 d.C., os povos babilônicos, egípcios, hebreus, assírios, caldeus, hititas, persas gregos, romanos, sumérios,acários,judeus etc, possuíam conhecimentos de matemática, astronomia e desenho, matérias básicas para a Engenharia. A invenção da roda pelos Sumérios marca uma nova era na humanidade. Na idade média, 477 d.C., queda do império romano, até 1453 queda de Constantinopla, invasão dos povos bárbaros, organização da igreja católica, santa inquisição, nesse contexto a Engenharia voltou-se para a construção de fortificações, templos suntuosos, palácios deslumbrantes, castelos, fortalezas e claustros para religiosos etc., dando início a formação de mestres de ofícios, artífices, operários, enfim,mão de obra técnica. Na idade moderna, 1454 até 1789, com a Revolução Francesa, surgem as grandes invenções, o iluminismo, a renascença, as letras e as artes, seguida da idade recente, 1789 – 1900, com os efeitos das conquistas de Napoleão, a Engenharia conquista grandes avanços a partir de invenções como o telégrafo, o rádio, a máquina a vapor, a lâmpada, o telefone, os motores a explosão, o pára-raios etc. Na idade contemporânea ou atualidade, de 1901 até os dias de hoje, evoluímos com o dirigível mais pesado que o ar, em 1906, conquista de Santos Dumont, a fabricação de automóveis, de aviões, a cibernética, a informática, a robótica, a Engenharia Biomédica, a petroquímica, fibras sintéticas, materiais poliméricos,


materiais cerâmicos, super condutores, ligas metálicas, fibras de carbono e tantas outras inovações que permitem soluções técnicas ideais, em projetos e obras de Engenharia. O mundo acadêmico da Engenharia teve início oficialmente em 1747, quando em París Daniel Trudane fundou a primeira Escola de Engenharia do mundo, a ÉCOLE NATIONALE DES PONTS ET CHAUSSEÉS, para produzir os Projetos e obras de Napoleão Bonaparte que sonhava dominar o mundo. A Engenharia brasileira nasceu na verdade sob a tutela e modelo da coroa portuguesa, com a vinda do primeiro governador geral do Brasil, D. Tomé de Sousa que trouxe o primeiro mestre de obras ou artífice das fortificações, Luís Dias, cuja primeira obra executada foi a Ermida de Nossa Senhora da Conceição, em Salvador, Bahia. Outras obras seguiram-se na construção da cidade de Salvador, então capital do Brasil e sede do governo português na colônia, a citar: A Câmara, a paliçada, a cadeia pública, os primeiros armazéns do porto de Salvador, a casa de moradia do Governador Geral, a casa do Ouvidor-mor, a casa Paroquial do Vigário geral do Brasil, D. Manoel Lourenço, seguido do Padre Manoel da Nóbrega. Todas essas obras foram executadas com materiais rudimentares extraídos das matas e do solo brasileiros, utilizando mão de obra local de silvícolas e de alguns operários que vieram de Portugal, na comitiva de D. Tomé de Sousa. A Engenharia Civil brasileira teve sua origem no ambiente canônico, pois, os missionários da Companhia de Jesus foram disseminadores e construtores, haja vista que a igreja os preparava como técnicos também, além de educadores em filosofia, lingüística, teologia, ciências exatas, política e outras habilidades para serem bem sucedidos em suas missões no mundo novo, recém descoberto. Assim, os padres construíam igrejas, colégios, como o de São Vicente de Piratininga, em torno do qual se desenvolveu a Vila de São Vicente, mais tarde cidade de São Paulo, seminários, claustros religiosos, estradas abertas manualmente, obras de urbanização e saneamento básico, enfim foram pioneiros catequistas e educadores, além de construtores práticos do Brasil colônia. Em 1792 o Vice-Rei D. Luís de Castro, Conde de Rezende, em nome da coroa, criou a REAL ACADEMIA DE ARTILHARIA, FORTIFICAÇÃO E DESENHO, primeira escola superior ou universidade brasileira destinada ao ensino da Engenharia, ainda com formação militar, para preparar oficiais voltados para a defesa do território brasileiro e manutenção da coroa. Em 1808, D. João VI transformou a Real Academia em ACADEMIA REAL MILITAR, localizada no Largo de São Francisco, a qual, por volta de 1812, tornou-se ESCOLA POLITÉCNICA DO RIO DE JANEIRO, mais tarde ESCOLA NACIONAL DE ENGENHARIA, permanecendo até 1966, tornando-se o maior centro de formação de oficiais e técnicos de nível superior das Américas. Na ACADEMIA REAL MILITAR, formaram-se notáveis engenheiros de fortificações a citar: Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, André Rebouças, Paulo de Frontain, Francisco Saturnino de Brito, Mário Henrique Simonsen, Maurício Botelho e tantos outros pioneiros da Engenharia no Brasil. Como segunda escola de Engenharia brasileira, o Imperador D. Pedro II fundou em 1874, a ESCOLA DE MINAS E OURO PRETO. A terceira escola de Engenharia foi fundada após a Proclamação da República, em 1893, denominada de ESCOLA POLITÉCNICA DE SÃO PAULO.


Depois disso, as escolas de engenharia se multiplicaram e se espalharam no território nacional, recebendo influências de outros países, como Inglaterra, Alemanha e Espanha. As escolas de Engenharia seguintes foram: Escola de Engenharia de Pernambuco – UFPE, em 1895; Escola de Engenharia MACKENZIE, em 1896; Escola de Engenharia de Porto Alegre - UFRGS, também em 1896; Escola Politécnica da Bahia, em 1847; Escola de Engenharia do Pará; Escola de Engenharia Do Ceará. Até então a Engenharia brasileira continuava militarizada, tendo em vista a prioridade de formar Engenheiros Militares para assegurar a construção de obras de defesa do território nacional, obras de penetração no vasto território ainda desconhecido, estradas, saneamento básico etc. A ENGENHARIA CIVIL surgiu no final do século XVIII, como um ramo novo e não militar da Engenharia, porém recebia grandes influências da formação militar. Foi uma denominação de autoria do Engenheiro inglês JOHN SMEATON, que se intitulou de ENGENHEIRO CIVIL, pois, se especializara na construção de obras civis, comerciais, industriais e de cunho não militar, passando daí em diante a representar um dos principais ramos ou especialidades da Engenharia. Durante o período do final do século XVIII, todo o século XIX e início do século XX, os grandes industriais e empresários brasileiros, importaram engenheiros ingleses, alemães e americanos, tanto civis como mecânicos e industriais, para construção, implantação e manutenção das fábricas têxteis. Foi o período chamado de “Euforia Fabriqueira”. No Governo Getúlio Vargas, o Decreto Federal Nº 23.569 de 11 de dezembro de 1933, regulamentou a profissão de Engenheiro no Brasil, dentre as especialidades regulamentadas, temos o Engenheiro Civil ou Engenheiro das Fortificações, com suas respectivas atribuições. No Maranhão, a nova Era da Engenharia teve início com o programa de governo Maranhão Novo, do governador José Sarney, em cuja gestão foi fundada a ESCOLA DE ENGENHARIA DO MARANHÃO – E.E.M. Criada em 08 de junho de 1967 e instalada em 1º de fevereiro de 1968, tendo como Diretor Geral o Engº Profº Haroldo Olympio Lisboa Tavares e Vice-Diretores: Engº Francisco de Salles Baptista Ferreira e Engº José Ribamar Araújo. Em 1976, a Escola de Engenharia do Maranhão, juntamente com a Escola de Administração, Escola de Agronomia e Escola de Veterinária foram unificadas originando a Federação das Escolas Superiores do Maranhão – FESM, que mais tarde, foi transformada em Autarquia Estadual, denominada de Universidade Estadual do Maranhão, como permanece até hoje, possuindo vários Campi, na Capital e no Interior do Estado. Outras Universidades particulares proliferaram, cresceram e instituíram o curso de Engenharia Civil, formando novos profissionais de Engenharia para atender a demanda do mercado nacional e internacional. “A ENGENHARIA É UM DOS MAIS SOBERBOS, COMPLETOS E ADMIRÁVEIS CAPÍTULOS DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE, POIS, ELA CONSTRÓI O PRÓPRIO HOMEM.” Profº Kalil Mohana MUITO OBRIGADO!


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NOTÍCIA HISTÓRICA SOBRE O RIO MEARIM JOSÉ FERNANDES Apontamentos extraídos do livro O Rio, de José Fernandes, Edição Lithograf, 2004 Pelo que me é dado saber, a história do rio Mearim começa a ser contada pela referência que lhe fizera Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, numa carta ao Rei da França. Eis o que diz o fundador de São Luís, conforme expressa a obra Jornada do Maranhão por Ordem de Sua Majestade, feita no ano de 1614, pág.96: Logo que a nau Regente foi partida, que ocorreu em oito de dezembro de 1612, no mês seguinte mandei ao Meari, rio aqui vizinho, quarenta franceses buscar os tabajaras, nação de índios inimigos, que estavam 200 léguas de aqui sem haver deles alguma notícia. Nesta carta, redigida no Forte de São Luís do Maranhão em 29 de dezembro de 1614, La Ravardière refere-se a outras entradas direcionadas àquele rio, inclusive de uma que encontrou índios que “se comiam uns aos outros”. Como se lê naquele documento primitivo da história do Maranhão, os legítimos habitantes do Mearim já eram considerados inimigos dos colonizadores antes mesmo de qualquer confronto, e a exploração da região iniciara-se com a perseguição àqueles índios, filhos da terra, que na sua língua batizaram o rio. A exploração do Mearim continuou com os novos donos da terra, os portugueses, em 1615, logo após a fundação de São Luís, quando os franceses foram expulsos do Maranhão e o capitão-general Alexandre de Moura autorizou o envio de uma expedição para o reconhecimento do rio, sob o comando de Bento Maciel Parente, “à testa de 36 soldados servidos por seis canhões”, conforme Mário Meireles na sua História do Maranhão. A partir daí, o Mearim, antes somente habitado por dezenas de nações indígenas, começou a ser objeto de atenção dos colonizadores, sendo que em 1662, já constituída a Capitania do Mearim, possuía três engenhos de açúcar. No ano de 1663 fora concedida uma data de sesmaria de terras ao Pe. Manoel Nunes, “com tudo o que houvesse por dentro do sertão”, a fim de que os jesuítas produzissem meios de subsistência para o seu Colégio do Maranhão, como informa o Pe. Serafim Leite na sua História da Companhia de Jesus no Brasil. João Lisboa, o formidável cronista do Jornal de Tímon, refere-se à carta enviada pelo procurador Manuel Guedes Aranha a D. Pedro II de Portugal, em 1685, dizendo ser o Mearim o rio “mais dotado de dilatadas campinas, em que há muito gado vacum, algumas fábricas de engenhos e vários moradores”. É evidente que o missivista referiase apenas à zona conhecida, o baixo Mearim, de vez que as terras do médio e do alto Mearim possuem outras características: terras relativamente altas, ocupadas por florestas compactas. O mesmo autor salienta que, entre os anos de 1685 a 1687, Gomes Freire de Andrade fundou no Mearim a povoação Santa Maria, e em 1689 o capitãogeneral Artur de Sá de Meneses, que o sucedeu, recomendou a construção de um forte no mesmo rio. Esse forte, por certo, serviria de suporte nas lutas com os índios. Sabe-se que sacerdotes pertencentes a várias ordens religiosas estiveram em missão catequética naquele rio, entre eles os mercedários, vindos do Pará, onde haviam se estabelecido desde 1640. Chegaram ao Maranhão em 1654 e desenvolveram suas


atividades em São Luís, em Alcântara e no Mearim. Marcante foi, portanto, a presença dos jesuítas naquela missão civilizatória, que “começara por ser de caráter pastoral e concluiu com o caráter colonizador e catequético”, diz-nos o Pe. Serafim, na obra citada. Mui posteriormente, já pelos anos de 1786, os carmelitas (frei Manuel da Conceição e outros) instalaram-se no rio, junto à capela de Nossa Senhora do Carmo, no local que atualmente se chama Carmo, bem próximo da cidade de Arari – capela que depois foi reconstruída e até hoje se encontra ali plantada. Instalaram-se os carmelitas, também com capela, no lugar Bonfim, ainda distrito de Arari nos dias atuais. Da mesma forma, os capuchinhos franciscanos se fizeram presentes no Mearim, principalmente em Barra do Corda, onde tentaram implantar um arrojado trabalho de catequese junto às tribos guajajaras e, já no alvorecer do século XX, vieram os religiosos a ser vítimas de um desumano massacre, conhecido como Hecatombe de Alto Alegre. Neste resumo retrospectivo sobre o Mearim, é oportuno citar-se um fato contado por Raimundo de Sousa Gaioso, um argentino culto que veio de Portugal cumprir pena no Maranhão e escreveu um livro famoso, hoje uma raridade, intitulado Princípios da Lavoura da Província do Maranhão, publicado em Paris no ano de 1818. É o primeiro livro sobre assuntos de natureza econômica do Maranhão e, possivelmente, do Brasil. Nessa obra, Gaioso refere-se a uma exótica raça, uma casta de brancos, conhecida como os coyacás, existente nas densas matas do Mearim, próximas ao rio Flores, na planície de uma serra toda escarpada em redor, falantes de um idioma estranho, tidos como remanescentes dos holandeses expulsos do Maranhão no século XVI. Esse fato histórico remonta a uma época em que no Mearim só existiam índios, nada parecidos com os prováveis brancos holandeses. Esse povo deve ter sido exterminado, já que nenhum registro posterior lhe faz referência. No entanto, o primeiro aglomerado formal de habitantes do Mearim teve início no ano de 1723, no lugar denominado Sítio Velho, ainda hoje existente com o nome de Sítio, entre os povoados de Curral da Igreja e Bonfim, em Arari. Erguera-se ali a primeira igreja, tornando-se a primeira Freguesia instalada na região do Mearim, com gado e curral doados pelo Pe. José da Cunha D´Eça. Com a desativação da igreja, a venda de sua fazenda à Coroa Portuguesa e o desbarreiramento das terras nas margens do rio, naquela povoação, os seus moradores começaram a debandar, sobrevindo, daí, a transferência da maior parte da população para o local que é hoje a sede de Vitória do Mearim e para outras cercanias não distantes. Assim, a colonização, o povoamento e o paulatino avanço econômico da gente ribeirinha começou com um trabalho catequético louvável, no início, mas posteriormente deturpado com as tentativas de dominação e escravização dos índios pelos colonizadores, organizados em entradas para combater os aborígenes ainda donos da região, resultando no extermínio de várias de suas nações. Entrementes, algumas expedições pacíficas adentraram o Mearim, algumas de caráter essencialmente exploratório, como a que empreendeu o engenheiro e explorador português Antônio Bernardino Pereira do Lago, tenente-coronel do Real Corpo de Engenheiros, que descreve uma viagem que realizara em 1820, de igarité, partindo da ilha de São Luís e alcançando as localidades Mucura, Curral da Igreja, Sítio Velho, Bonfim, Barreiros, Arari (na época com 20 habitantes), Vitória, São José, Ubatuba, Ipixuna e Pontal; registrou os igarapés Mamona, Arari-Mirim, Arari-Açu, das Lontras,


das Almas, Nazaré e Igarapé da Lage, onde acabavam os campos e começavam as matas impregnadas de índios guajajaras, canelas e perintins. Essa expedição foi, pelo meu conhecimento, a primeira a registrar documentalmente os acidentes geográficos e nomes de localidades desconhecidas. Há registro histórico de que, em tempos recuados, um dos primeiros e talvez o mais importante empreendedor a instalar-se no Mearim, ainda nos meados do século XVI, foi o português João Pereira de Cáceres, rico e influente proprietário de engenhos, genro de Manuel Beckman ou Bequimão, que o sucedeu na direção do engenho Vera Cruz, ou Santa Cruz, instalado no Mearim, entre o arraial de Nossa Senhora da Vitória e Lapela, na localidade que hoje se chama Santa Cruz, identificada pelo antropólogo Olavo Corrêa Lima, saudoso e ilustre membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM. Antes percorrido apenas pelas ubás dos índios, depois por canoas e igarités a remo e barcos à vela, no ano de 1856 iniciou-se a navegação a vapor no Mearim, com embarcações apelidadas de gaiolas, como o vapor Beija-Flor, depois mudado para São João o Vencedor, de João Etchogoien Portal, francês, maquinista e empreendedor, cuja tenacidade a história enaltece. A partir do ano de 1870 eram constantes as longas viagens pelo rio Mearim, de São Luís a Lagem Grande e desta a Arari, Vitória, arraial de Bacabal, Ipixuna, hoje São Luís Gonzaga, Pedreiras e Barra do Corda, consolidando-se, definitivamente, a navegação a vapor no importante rio. Essa modalidade perdurou até os anos quarenta do século passado, quando os vapores foram substituídos por lanchas motorizadas, a óleo, ligeiras e maiores, conduzindo grandes batelões, gabarras e igarités, únicos meios condutores de passageiros e escoadouros da rica produção agrícola da região (babaçu, tucum, e algodão) exportada para a Europa, via São Luís. Porém, com o advento das estradas de rodagem, a partir dos anos sessenta do século findo, desmontou-se a estrutura da sua navegabilidade mercantil, encerrando-se, até hoje, a próspera fase da navegação fluvial do nosso Mearim, genuinamente maranhense, rio do povo, ou rio de todos, na linguagem indígena. Ainda hoje, com efeito, além de ser o meio de vida de uma diversidade de seres, esse formidável caminho d´água serve de via de transporte e comunicação, em pequena escala, entre as populações ribeirinhas. No seu médio curso, de Barra do Corda ao povoado Seco das Mulatas, é navegável por pequenas embarcações, e no baixo curso, daquele povoado à sua foz, pode ser trafegado, observando-se os horários da maré, por embarcações maiores e pesadas, com razoável tranqüilidade. O rio possui belas paisagens, peixes em quantidade expressiva e é o abastecedouro de água potável para as nossas cidades, apesar de nenhum cuidado com a sua preservação. Há exatamente 9 (nove) anos, constatando eu a existência de informações divergentes de vários autores sobre o lugar exato da nascente do rio Mearim, resolvi seguir a trilha longínqua e difícil de seu manancial para vê-lo de perto e tirar as dúvidas a respeito de sua real localização. E no dia 9 (nove) de junho de 2002, conduzido com competência por Francisquinho Silva, Secretário de meio ambiente do município de Formosa da Serra Negra, no alto Mearim, cheguei, vi e documentei com mais de 30 (trinta) fotografias, a localização exata do nascedouro do belo acidente geográfico. Atesto, pois, que o mesmo nasce num buritizal chamado Baixa Funda, 2 (dois) quilômetros a Oeste de uma serra chamada Serra do Almoço, no interior do município de Formosa da Serra Negra, no limite com o município de Fortaleza dos Nogueiras: as águas que minam do solo do grande buritizal vão aumentando aos poucos formando um brejo, donde parte pequeno rego, princípio do Mearim, que vai aumentando


paulatinamente debaixo de um sombrio arvoredo até receber seu primeiro afluente, pela margem direita, o riacho São José, que inicia na Fazenda Cantinho; desce, acompanhando o declive até passar pela ponta da serra Negra, a dois quilômetros, e recebe o seu segundo afluente, o riacho dos Anjos, no lugar Jatobá, na margem direita. Na localidade Gameleira, nessa mesma margem, recebe as águas do riacho Brejão, iniciado na serra da Croeira, no lugar Vão do Rôxo. E vem o quarto afluente, o riacho das Barracas, o primeiro pela margem esquerda: nasce na serra Negra e desemboca no lugar Barracas. Na margem direita, recebe o riacho Grande I, que também nasce na serra da Croeira, na localidade Vereda Verde. Depois, vem o riacho Ribeirão, na margem esquerda, nascido na serra Negra, na localidade Ribeirão. Pela mesma margem direita, recebe o riacho Bom Acerto, que começa seu minadouro no lugar Cabeceira do Eliziário, no Canto do Angelim. Pela margem esquerda, recebe as águas do riacho do Ouro e do riacho Grande II, nascidos em pontos diferentes da serra Negra, passam pela sede do município, juntam-se novamente formando um só riacho, e se derrama num ponto do Mearim chamado Escornadeira, depois de fazer com que a cidade de Formosa se transforme numa espécie de ilha, entre a serra e os dois riachos. Pela margem direita, o riacho Vão de Arara, que nasce na serra da Umburama, recebe as águas do riacho desse nome e origem, desembocando no lugar Barras. À esquerda, o riacho dos Ovos, nascido na serra Negra e, finalmente, pela direita, já na divisa com o município de Grajaú, recebe o riacho Bonito e segue o seu destino, ziguezagueando aproximadamente 1.057 (mil e cinqüenta e sete) quilômetros de campos, florestas, povoações e cidades. Recebe, finalmente, os seus grandes afluentes Corda e Flores pela margem direita, e os rios Grajaú e Pindaré pela margem esquerda; percorre mais de duas dezenas de municípios e deságua na baia de São Marcos, que banha a capital maranhense. Nessa minha visita à nascente do Mearim registrei que todas as terras em seu entorno são utilizadas indiscriminadamente, servindo de pastagem para aproximadamente 500 (quinhentos) animais, em trânsito aberto, de casas rústicas, com estradas vicinais e caminhos diversos, contribuindo para a devastação do ambiente. Por tudo isso, digo que a nascente do rio Mearim clama por socorro: a área em seu redor deve ser declarada, por lei, de proteção ambiental. A salvação desse rio deve começar, logo, com a construção de cercas protetoras, devidamente monitoradas, para a sua imprescindível preservação, antes que seja tarde.


IHGM NA MÍDIA – Jornal Pequeno – JP TURISMO 07/09/2011 http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=08102011-O-movimento-cultural-de-1920

O MOVIMENTO CULTURAL DE 1920 AYMORÉ DE CASTRO ALVIM APLAC, IHGM.

Até o fim da segunda década do século XX, Pinheiro era um lugar pacato, a não ser pelas animosidades políticas, no período eleitoral, entre Conservadores e Liberais que, de alguma forma, como relata Viveiros, já intranqüilizavam o sossego dos pinheirenses, quebrando a monotonia que dominava o cotidiano da vila. Ao iniciar a década de 1920, Pinheiro experimentou uma grande mudança. Um conjunto de atividades e realizações começaram a ocorrer, desencadeando o início de um movimento que iria se estender até nossos dias: o "Movimento Cultural de 1920" que foi a base do desenvolvimento cultural, intelectual e artístico de Pinheiro e que o tem distinguido, até hoje, como o centro cultural da Região da Baixada Ocidental Maranhense. Tudo começou com a reativação da Comarca e o retorno do Juiz Elizabetho Barbosa de Carvalho como seu titular. Coincidência ou não, ocorreu a elevação da Vila à categoria de cidade pela Lei nº 911 de 30 de março de 1920. Vários nomes locais e de outros lugares, inclusive de São Luís, destacaram-se, nesse processo, como Clodoaldo Cardoso, Carlos Humberto Reis, João Hermógenes de Matos, Othon Franco de Sá, Basiliano Barroca, José Paulo Alvim, Antônio Pedro de Sousa, Alberto Serejo, Albino Paiva, Josias Abreu, Raimundo Silva, Domingos de Castro Perdigão, Alcides Reis, George Gromwell e as senhoras Fausta Carvalho, Alice Soares, Santa Cruz Lima, Raimunda Nogueira que, dentre outras, tiveram ativa participação. O marco inicial foi a fundação, em julho de 1920, da Loja Maçônica Renascimento de Pinheiro, nome bastante sugestivo considerando o objetivo a que se propunha, que era reunir pinheirenses, em laços fraternais, de forma a reduzir ou mesmo acabar com as querelas políticas alimentadas por alguns. No ano seguinte, Dr. Elizabetho, Clodoaldo Cardoso e Josias Abreu, com a ajuda da família pinheirense, fundaram, em 25 de dezembro, o Jornal Cidade de Pinheiro, atualmente, o mais antigo em circulação, no Estado. Oferecendo espaço para a produção intelectual e movimentos culturais, o jornal foi e tem sido um instrumento de grande valor para a promoção de Pinheiro e dos municípios circunvizinhos. Nessa mesma linha, José Alvim, em 1925, fundou "A Vanguarda," o segundo semanário a se integrar ao Movimento deflagrado, ampliando, assim, o espaço da imprensa local e regional. A direção foi confiada ao jornalista George Gromwell. Em 1923, foram fundados a Biblioteca Popular e um Salão de Leitura que grandes oportunidades deram à juventude e ao povo. No campo educacional, o Dr. Elizabetho e outros companheiros fundaram, em junho de 1921, uma Escola Noturna e gratuita para ambos os sexos. No ano seguinte, foi instalado o Instituto Pinheirense com os cursos de primeiras letras, primário e secundário. Outros estabelecimentos de ensino foram criados, ao longo da década, dos


quais destacamos a Escola Normal, em 1926, e o Grupo Escolar Odorico Mendes, em 1927. Na área das artes, surge, em maio de 1921, o Teatro Guarany oferecendo espaço para entretenimento dos pinheirenses e uma oportunidade para a juventude mostrar os seus pendores artísticos, promovendo as artes cênicas, e como auxílio ao seu desenvolvimento cultural, social e intelectual. Outros foram criados. O Teatro Santo Inácio e, em 1935, o Teatro São José. O Movimento, buscando ampliar o seu raio de ação e atingir os diferentes segmentos da sociedade pinheirense, investiu no esporte. Assim, foram criados os times Guarany Sport Club, Pinheirense Foot-ball Club, o Aymoré Sport Club e outros que animavam as tardes de domingo dos amantes do esporte. Na década de1930, foram organizadas equipes de rapazes e moças, nas modalidades volley-ball e basquetebol. O Movimento não se deteve aí. Tendo por sede provisória a residência do Capitão João Batista Soares, foi fundado, em fevereiro de1925, a Sociedade Cívico-teatral Recreativa Cassino de Pinheiro. Era mais um ambiente de lazer posto à disposição dos pinheirenses. Outras atividades sugiram dando prosseguimento ao Movimento que alicerçou a atual vida cultural de Pinheiro.


IHGM NA MÍDIA – Jornal Pequeno – JP TURISMO http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=09092011-Quadricentenrio-de-So-Lus http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=16092011-Quadricentenrio-de-So-Lus http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=23092011-Quadricentenrio-de-So-Lus-Fundao-francesa-e-oportunidades--Final

QUADRICENTENÁRIO DE SÃO LUÍS: FUNDAÇÃO FRANCESA E OPORTUNIDADES ANTONIO NOBERTO

Um ano apenas. É o tempo que nos separa da data comemorativa mais esperada pelos maranhenses, o quadricentenário da capital do Estado. Especula-se muito. Vemos e ouvimos de tudo: críticas, polêmicas, contestações, politização do evento, manifestações, atrasos, cobras e lagartos. Quase tudo contra a gestão pública nas três esferas de poder. E que pena que muito do que é falado realmente procede. Não precisava ser assim! Tudo bem que não somos um Canadá da vida, que iniciou seus preparativos dos quatro séculos com quase uma década de antecedência. Tivemos muito tempo para começar a trabalhar, mas não o fizemos. Deixamos tudo para a última hora, como sempre. Mas o mal maior talvez seja a tentativa de alguns de politizar o evento, vez que o quarto centenário cai em ano eleitoral. E o que era para ser um jogo de frescobol, onde um arredonda a bola para o outro, tornou-se um desafio de tênis, um dificultando a vida do outro através de embargos e da via judicial. Uma clara miopia, falta de memória e até desprezo aos ludovicenses e a todos os maranhenses que, literalmente, deram um voto de confiança aos atuais mandatários. O que todos torcemos é que uma oportunidade tão grande para São Luís e para a população não seja totalmente esvaziada por interesses pessoais e político-partidários. Por outro lado, não se pode esquecer que nem tudo está perdido e estagnado, existe a mobilização de alguns que estão correndo atrás: levantando recursos, formatando e executando projetos, buscando parceiros, etc., e com isto, muitas ações deverão acontecer até o oito de setembro do ano que vem. E é procurando visualizar mais as oportunidades que as dificuldades, mesmo em meio aos desentendimentos, contestação e outras mazelas, que São Luís caminha para ser a mais nova integrante do grupo de cidades quadricentenárias das Américas. É senso comum, por sua vez, que dificuldades assim quase sempre antecedem grandes eventos similares. Um exemplo marcante foi a polêmica criada na década de noventa em torno do descobrimento do Brasil, protagonizada por alguns dos principais líderes políticos de quatro estados da Federação. A aproximação do mega-evento dos quinhentos anos foi o combustível para o desencadeamento de uma peleja, que foi briga de gente grande. O jogo de interesses político-econômicos teve de um lado, o então governador de Pernambuco, Miguel Arraes, defendendo que Vicente Pinzón chegou ao Cabo de Santo Agostinho em janeiro de 1500, quatro meses, portanto, antes de Pedro Álvares Cabral. Tasso Jereissati pediu vênia e defendeu que o Cabo onde Pizón arribou não era outro senão o do Mucuripe, no Ceará. O senador e ex-presidente José Sarney se adiantou e reivindicou a estada do navegador Duarte Pacheco Pereira, em 1498, no litoral oeste do Maranhão - entre Guimarães e a foz do Gurupi. Outro poderoso do cenário político, o senador paraense Jader Barbalho, alegou que Pacheco teria aportado no litoral de lá, entre o rio Gurupi e a terra dos Caetés - hoje Bragança. Em meio ao puxa pra cá, estica pra lá, o homem forte do governo FHC, o baiano Antonio Carlos Magalhães, ciente de que a precedência do descobrimento vai muito além de algo romântico ou novelesco por envolver grandes interesses políticos e econômicos, impulsionado pela pressão do trade turístico da terra de Jorge Amado, bateu o pé e sentenciou: "Tais polêmicas são


desnecessárias, pois o que importa é que Cabral é o descobridor oficial porque foi o primeiro que aportou aqui para esse fim, autorizado pela coroa portuguesa". O papo estava encerrado e a Bahia promoveu sem mais problemas o grande evento do descobrimento - exceto, todos lembram, da réplica da nau, que não navegou. O Canadá, em 2008, no evento dos 400 anos, também precisou transpor seus obstáculos e polêmicas antes da grande festa. Mas ao final todo esforço valeu a pena. O que os ludovicenses não podem perder de vista é que, apesar de qualquer argumentação, as dificuldades que a cidade enfrenta, como limitações orçamentárias, pouca sinergia política entre as esferas de poder e as críticas de céticos e oportunistas, dois mil e doze será um grande ano para a capital maranhense, podendo ser um divisor de águas para esta primeira cidade do Brasil setentrional. O melhor momento para marcharmos em direção ao caminho da inovação e entrarmos na era dos serviços e da tecnologia. Se no século XIX os maranhenses souberam explorar com destreza a economia agroindustrial, porque nós não podemos alavancar novamente nossa economia aproveitando o momento atual, chamado de "era dos serviços e da informação"? Muito do que vem sendo anunciado de benefícios na infra-estrutura da cidade é apenas discurso e deverá cair no vazio, mas muitas obras serão implementadas como parte das comemorações. As dúvidas levantadas: se dará tempo de incrementar isso ou aquilo, se o planejamento não foi a contento e a tempo, se o calendário eleitoral atrapalhará as programações, etc., tudo isso faz parte dos momentos que antecedem a um evento de magnitude como este. Os ludovicenses, por sua vez, independente de suas crenças ou preferências políticas, estão convocados a dar um voto de confiança à cidade e sua parcela de contribuição naquilo que lhes couber, até para que se sintam mais senhores do torrão que habitam. E o ponto de partida para tudo isto é o conhecimento e a convicção da importância daquilo que estarão comemorando: a fundação da cidade. Por isso trazemos novamente à baila informações e esclarecimentos sobre o assunto. Não bastassem os problemas políticos mencionados, também se observam polêmicas semelhantes aquela que antecedeu as comemorações dos quinhentos anos do descobrimento do Brasil, que tentam arrefecer os ânimos comemorativos e as iniciativas programadas para dois mil e doze. Uma das polêmicas gira em torno da fundação francesa de São Luís, sob o argumento de que o evento protagonizado pelos franceses quatro séculos atrás não caracterizaria bem uma fundação. E é por entendermos justamente o contrário que nos debruçamos sobre esta curiosa e importante temática, que sempre ocupa espaço nos diários são-luisenses. O leitor que nos acompanha sabe que sempre defendemos, com propriedade e riqueza de informação, a França Equinocial e a fundação francesa de São Luís, por compreender terem sido acontecimentos dos mais valorosos do Brasil colonial e uma das maiores oportunidades atuais de geração de emprego e renda aos maranhenses através da maior indústria econômica mundial, o turismo. A convivência harmoniosa e sustentável entre franceses e nativos à época foi um grande legado para os nossos dias e uma contundente afirmação de que é possível conciliar diferenças e caminhar de mãos dadas rumo ao progresso e ao desenvolvimento. Tudo isto soaria como uma visão ingênua e sonhadora não fosse isso o que a história tem registrado desde os períodos mais remotos. Os franceses, históricos aliados dos maranhenses, sempre estiveram presentes participando e construindo os capítulos mais destacados da história do estado. Foi assim na proto-história, na fundação, no século do luxo (séc. XIX) e no dias atuais como maior demanda estrangeira, que consome a oferta turística do estado e, com isso, com sua moeda forte, mantém muitos dos empregos gerados pelo setor. O interessante é que tudo isto se dá sem a disponibilização de políticas públicas a este fluxo francês. Este é o momento ideal para revisionarmos esta injustiça.


É por isto que este texto se dedica, em maior parte, ao assunto fundação de São Luís pelos franceses. O evento gaulês no Maranhão contou com todo o aparato oficial necessário, com mais predicativos que muitos outros estabelecimentos no Brasil colonial, que, vale dizer, davam-se sem a estrutura mínima necessária e em condições ainda mais precárias e sem pactuação contratual. Pode-se saber facilmente se os franceses fundaram ou não São Luís com a simples comparação com as demais fundações brasileiras da época, onde cem por cento delas se davam em condições extremamente frágeis: com orçamento minguado, onde não raro Portugal mandava fazer raspa nos cofres das principais cidades brasileiras e de seus habitantes a fim de prover novos estabelecimentos - foi assim que aconteceu quando vieram tomar São Luís dos franceses; as edificações se davam em palha e barro; o número de colonos era muito reduzido (na maioria dos casos não chegavam a duzentos, contando ainda com muitos degredados); não possuíam aparelho administrativo estatal bem definido, faltando-lhes câmara municipal e intendente na data da fundação; os níveis de organização eram mínimos; pouco planejamento, dentre outras carências. Algumas cidades coloniais possuíam planos urbanísticos, elaborados por engenheiros militares e, quase sempre, implementados somente após a data de fundação. O marco fundacional quase sempre é o término da construção do forte (praticamente todos de madeira, palha e barro, só depois construídos em pedra), outras nasciam a partir da edificação de uma capela e a celebração de uma missa. O que era então fundar uma cidade em tempos tão remotos? Uma importante referência é o escritor, doutor honoris causa pela Universidade de Zurique e pela Sorbonne, Leonardo Benévolo, que na obra História da cidade (Ed. Perspectiva. 1983), mostra diversas formas de fundação mundo afora e de onde se observa que o estabelecimento de uma cidade não exige mais de quatro fundamentos simples, sendo este o quadripé: alteração do espaço físico natural (aí incluídos a abertura do espaço e as edificações oficiais e particulares); presença de um governo oficial; delimitação territorial e local de ajuntamento cívico-militar (representado geralmente pela praça). Aí estão as bases de boa parte das fundações das cidades brasileiras daquele período, sendo que muitas não contavam com os quatro pilares, mesmo assim estas fundações não são contestadas. A obra do famoso pesquisador e escritor Nestor Goulart Reis, um dos papas no conhecimento do estabelecimento de vilas e cidades do Brasil colonial, sempre deixa entender que as cidades nasciam frágeis, extremamente carentes de infraestrutura, porém, as datas de fundação são aceitas e não são refutadas. Os franceses no Maranhão, comandados pelo General La Ravardière, foram além. O historiador Jerônimo de Viveiros cita na sua mais importante obra História do Comércio do Maranhão (LITHOGRAF. São Luís, 1992. P.3) que os franceses na Ilha Grande construíram em pedra. O fato é comprovado no "Depoimento dos prisioneiros franceses em Guaxenduba" prestado em novembro de 1614 a Jerônimo de Albuquerque no Forte de Santa Maria. A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro conserva uma cópia destes depoimentos. Os originais estão na Espanha. Edificaram a princípio em madeira, palha e barro e, dois anos depois, iniciaram a reconstrução em pedra, foi assim com o Counvent Saint-François (Convento São Francisco), atual Capela dos Navegantes (núcleo inicial da Igreja e Convento Santo Antonio), primeiro convento capuchinho do Brasil e o Fort de Caillou (pronuncia-se caiú), e quer dizer "Forte de pedra", que deu origem ao termo "Caur" e hoje se chama Caúra, em São José de Ribamar. Calhau é outro termo originário da palavra francesa caillou. O dinheiro para a edificação em pedra do convento no Maranhão foi doado pelo Cardeal de Joyeuse, o mesmo que batizou Luís XIII e coroou Maria de Médici. Apenas os alicerces chegaram a ser levantados em pedra, vez que os conflitos de novembro de 1614, a famosa Batalha de Guaxenduba, absorveram os trabalhadores franceses.


Em todo o Brasil colonial são muitos os exemplos de lugares e cidades estabelecidos em fundamentos primitivos. Foi assim na Paraíba com o forte do Cabedelo (1587) construído em barro, madeira e palha; Natal com o Forte dos Reis Magos (1599), só iniciado em pedra quinze anos após a fundação - em 1614; Belém Forte do Castelo (1616). A capital paraense contava na data de fundação um pouco mais de uma centena de pessoas. As melhores casas de Belém, mais de dez anos após seu estabelecimento, eram de taipa revestida. Quase vinte anos depois a cidade ainda era chamada por muitos de povoação, devido a sua fragilidade. A fundação da primeira capital, Salvador, não fugiu à regra: madeira, palha e barro. O historiador Francisco Adolpho de Varnhagen (1816 - 1878), que não raro andou se "engalfinhando" com o historiador maranhense João Francisco Lisboa (1812 - 1863), na obra História do Brasil (E. e H. Laemmert, 1854. Cinco volumes) é sintomático quando fala sobre as precárias condições do lugar. Ele, apesar da "simpatia que nutria pela monarquia, que lhe rendeu severas críticas", mostra que após Tomé de Sousa edificar o forte "veio a chuva e levou as paredes", então mandou levantá-las em fundamento mais forte: "taipa revestida". São Paulo é a maior metrópole da América do Sul, mas nos seus cinqüenta primeiros anos a população não ultrapassava os trezentos habitantes. E para não ficarmos apenas nos exemplos distantes, lembramos da fundação de Santarém no Pará, onde o marco é uma capela de pindoba sem paredes, e a celebração de uma missa, realizada pelo conhecidíssimo frei e escritor luxemburguês João Phillippe Bettendorf (1625 - 1698). O que dizer da vizinha Icatu, que tem como data de fundação a construção do forte de Santa Maria, feito, às pressas, inicialmente nos mesmos fundamentos primitivos, e que depois ficou abandonado no matagal. A cidade de Icatu, como todos sabem, foi edificada em outro momento e em outro lugar, distante do forte, sendo a construção deste aceita como data de fundação da cidade. Trouxemos todas estas informações à tona por entendermos ser condição sine qua non comparar a fundação de São Luís com as demais fundações de cidades brasileiras da época. E não é só no Brasil que os estabelecimentos se davam desta maneira. No filme Novo Mundo, produção hollyhoodiana estreada em 2005, com direção de Terrence Malick, mostra como se deu a pedra fundamental dos Estados Unidos, sendo as construções, cem por cento delas, em madeira. E os pioneiros desbravadores como não poderiam deixar de ser, passaram para história como heróis, com destaque para a índia Pocahontas e o inglês John Smith. Portugal, por não admitir ou tentar diminuir qualquer outra presença estrangeira no Brasil antes da sua, sempre usou a máquina bélica violenta e uma sábia produção religiosa para legitimar seus procedimentos e conquistas (não é à-toa que em quase todas as vitórias lusas sempre "aparecia" uma nossa senhora ou um "milagre" envolvendo algum santo). Os holandeses governaram grande parte do Brasil entre os anos 1624 a 1654 e legaram ao país importantes ganhos materiais e culturais, como edificações de fortalezas e pontes, tolerância religiosa, mapas, desenhos, pinturas, literaturas, etc., mas apesar de tudo isto eles passaram para a história como maus, porque a história dos vencedores é implacável, foi assim com eles e não seria diferente com os franceses no Maranhão, primeiros conquistadores do Brasil setentrional, que viviam em paz, sustentável e harmonicamente com a população autóctone. A data de fundação das cidades brasileiras do período colonial quase sempre respeita o evento principal inicial: a construção de um forte, de uma capela, igreja, a celebração de uma missa, etc. E isto é corroborado com o dicionário Aurélio, que diz que fundar é apenas: "Levantar o alicerces de". Fundar é fazer o básico, o fundamental. É como nascer. Não nascemos indefinidamente, apenas uma única vez, pequenos, frágeis, carentes de cuidado, mas mesmo assim já nascemos, viemos ao mundo. Assim nascem coisas e pessoas.


Outras considerações também não podem ser omitidas. A capital maranhense tem o nome do Rei da França e está localizada até hoje no mesmo lugar onde foi fundada por escolha de Daniel de La Touche. Fossem os portugueses, tudo seria uma incógnita, ninguém poderia dizer onde e como seria. Não dá para imaginar a capital maranhense com outro nome: São Felipe, Dom Manuel ou Nazaré. Ou ainda, fundada onde hoje está Cururupu, Alcântara, Tutóia, Guimarães, para não falar nas áreas mais interioranas (Portugal planejou no início da colonização transferir a capital maranhense para as imediações de Rosário e Bacabeira, como forma de garantir mais proteção à cidade e seus habitantes). Faltaram recursos materiais. A reivindicação da fundação da cidade de São Luís pelos franceses, ao contrário do que foi equivocadamente apregoado, não foi obra de maranhenses e historiadores do século passado, pois já constava em literaturas coloniais, como na obra do padre José de Morais, escrita em 1759, História da Companhia de Jesus na extinta província do Maranhão e Pará, de onde transcrevemos uma das muitas citações que diz que capuchinhos franceses participaram ativamente da construção de São Luís e "... acabaram aquela pequena e ainda pobre cidade a que deram o nome de São Luís do Maranhão, lembrados de um tão grande santo, que duas vezes tinha enobrecido ilustríssimo nome da nação francesa" (Alhambra. 1987. Rio de Janeiro. P. 41). Entendemos que o maior combustível para qualquer tipo de contestação da fundação de São Luís não deixa de ser a inércia do poder público, que de posse de uma história única, valorosa e importante para maranhenses, brasileiros e franceses, nunca se ocupou de resgatá-la e, com isto, deixa de gerar emprego e renda à comunidade local e regional - o Comitê dos 400 anos vem prometendo atacar um pouco tal lacuna com implantação de um Memorial dos franceses. E não cansamos de dizer que nossa maior oferta é história e cultura, e dentro desta, o maior atrativo é a pioneira e legítima fundação francesa de São Luís, uma das grandes oportunidades que o Maranhão tem para trazer de volta momentos de riqueza e prosperidade só vistos no século dezenove, o século do luxo, promovido, em grande parte pelos muitos franceses que aqui se instalaram e formaram uma "Colônia de comércio de artigos de luxo" deixando muitos descendentes entre nós. Os franceses, mesmo sem políticas públicas locais direcionadas a eles, continuam sendo os estrangeiros que mais visitam São Luís e, com isto, dão importante contribuição à economia local gerando e mantendo empregos no município. Não vemos atualmente polêmicas criadas pelos brasileiros em razão da fragilidade da fundação da cidade onde moram, ao contrário, como é de se esperar, são orgulhosos ou, no mínimo, encaram com normalidade, o evento. Vale lembrar que existe um novo olhar inclusivo sendo inteligentemente disseminado no meio acadêmico de que devem ser contempladas as múltiplas fundações de um lugar a partir da perspectiva de cada segmento, de cada povo. O argumento é bastante louvável, afinal, o momento atual é de inclusão. Polêmicas existem, em quase tudo na vida, e tal qual na aproximação dos 500 anos do Brasil, e dos 400 anos do Canadá, devem ser transformadas pelos maranhenses em combustível e energia para se comemorar com mais intensidade o grande evento de 2012. É por tudo isto que conclamamos os interessados no tema para o mega-evento do ano que vem, pois o Maranhão tem muito a ganhar com a comemoração e não deve se ocupar com querelas políticas e acadêmicas. O momento é de comemorarmos e valorizarmos contribuições coletivas, como a frase do historiador Mário Meireles: "A maior presença de franceses em São Luís é a prova material de que a França Equinocial nunca acabou". Com isto, o velho e sábio guru nos indica o turismo ligado aos franceses como um dos caminhos a serem tomados a partir do quadricentenário de São Luís. E não existe melhor momento para incrementarmos políticas públicas direcionadas a este fluxo. E caso nada aconteça nesse sentido ficará a frase do consultor francês Jean-


Claude Weisz, sobre as oportunidades que os ludovicenses perdem diariamente: "Vocês dormem sobre um tesouro e não estão sabendo". Weisz é secretário de turismo na cidade francesa co-irmã de São Luís, Saint-Malo, que é do tamanho da cidade de Rosário-MA (uns 50 mil hab.), mas recebe quatro milhões de visitantes anualmente. Ele, mais que ninguém, tem autoridade para nos dar o alerta. A decisão está em nossas mãos!


FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LUÍS JOSÉ MOREIRA Jornal o Estado do Maranhão. 1981, p.6. Francesa ou portuguesa? Artigo polêmico do saudoso historiador José Moreira, publicado no início dos anos 80, defende a tese de que foram os portugueses e não os franceses que verdadeiramente fundaram a cidade de São Luís. Derrotados os franceses em Guaxenduba, de uma maneira fragorosa, ao primeiro confronto com os portugueses e neo-brasileiros, tratou a toda pressa Daniel Ravardiere, de conseguir com o pernambucano Jerônimo de Albuquerque, filho de um nobre português do mesmo nome, cunhado do donatário da Capitania de Pernambuco, com a índia Maria do Espírito Santo e nascida em Olinda, um armistício, durante o qual esperava tirar a forra, através de reforços que esperava de Cancale e Diepe, no canal da Mancha, em França. Acertaram as partes contratantes que seriam enviados embaixadores aos governos de seus países, para resolverem, se continuariam a luta, já que Ravardiere insistia em dizer que ocupara o Maranhão por ordem de sua rainha a regente Maria de Médicis. Foi uma farsa dos franceses, pois na verdade eles não tinham credencial nenhuma e tanto é verdade, que Maria de Médicis, que reinava em nome de seu filho, ainda menor, Luís XIII, estava ela há muito tempo negociando o casamento dele com a princesa Ana d’Austria, filha de Felipe III, que era portador das coroas Espanha e Portugal. Nutria esse desejo de muito tempo e por isso, não iria autorizar um aventureiro e conhecido pirata Daniel Ravardiere, inimigo da sua religião, a invadir terras que eram da coroa portuguesa, desde a assinatura do Tratado de Tordesilhas, homologado pelo Papa Alexandre VI, há 118 anos, isto é, antes da descoberta do Brasil. O Maranhão já tinha tido, até então, vários donatários. Na ilha do Maranhão, já tinha existido a povoação de Nazaré, fundada pelos náufragos remanescentes do afundamento dos navios da expedição colonizadora de Aires da Cunha e isto mesmo foi dito por Jerônimo de Albuquerque e Ravardiere, como sólido e incontestável argumento de que o Maranhão já pertencia a Portugal, cujos habitantes dessa povoação por falta de meios, uns regressaram a Pátria e outros amasiaram-se com índias, daí surgido uma tribo de índios ferozes, brancos, barbados que foram dizimados a ferro e a fogo em Peritoró, muitos anos depois pelos portugueses. Diogo de Campos, embaixador do lado português, ao chegar a Lisboa, levou uma reprimida do vice-rei, que era o arcebispo dali, obrigando-o a regressar imediatamente a Pernambuco, dizendo-lhe que os franceses que ocupavam nossa ilha eram piratas e hereges (protestantes), portanto o tratado de armistício não tinha nenhum valor jurídico. Chegando a Olinda, capital então de Pernambuco, Diogo de Campos foi incorporado como almirante a uma poderosa esquadra, sob o comando de Alexandre de Moura, que imediatamente partiu para o Maranhão, aonde chegou expedindo ordens a Jerônimo de Albuquerque que estava aquartelado no forte de Itapari, na baía de São José, que partisse imediatamente a sitiar o Forte de São Luís, pois iria atacá-lo e tomá-lo por mar, Jerônimo de Albuquerque partiu logo e no dia 31 de outubro de 1615, acampou com suas tropas junto a Fonte das Pedras, local onde hoje se encontra o prédio da antiga Fábrica Santa Amélia. A Fonte das Pedras constava de alguns olhos d’água que escorria para o mar que banhava as barracas, na época, onde se encontravam. Alexandre de Moura fundeou sua esquadra na foz do rio Maioba, hoje Anil, em frente ao Forte de São Luís, desembarcando imediatamente tropas especializadas numa ponta da ilha de São


Francisco, carregando estacas de faxina, dirigidas pelo engenheiro-mor do Brasil, capitão Francisco Frias de Mesquita, que para isso, havia se oferecido, ganhando apenas o soldo de soldado raso. Ravardiere, covardemente, não esboçou um só gesto de reação intimado a renderse pelo general português, o fez prontamente comparecendo a presença deste. Já conhecia o peso do braço português, mal armado e não iria submeter-se a nova derrota certa, mas sem dúvida, honrosa, perante forças bem nutridas e não como as de Albuquerque que se alimentavam só de farinha de mandioca e caça, mal municiadas. Ravardiere de início, solicitou pagamento de artilharia do forte além de transporte para seus piratas para a Mancha, de cujas cidades eram oriundos o que foi aceito inicialmente, porém, no dia seguinte, 2 de novembro, Alexandre Moura, percebendo a fraqueza e covardia de seu adversário, acrescentou ao termo da rendição mais as seguintes palavras: “ Que hade entregar o Sr. Ravardiere a fortaleza em nome de sua majestade com toda a artilharia, munições, e petrechos de guerra, que nela habitam sem por isso sua Majestade ficar obrigado a lhe pagar nada de sua real fazenda; e não deferindo a isto, torno a quebrar a minha palavra, ficando ele na fortificação e eu a fazer o que for servido; e isto, hoje, quarta-feira”. “Estoy por el acima declarado por el senor general Alexandro de Moura” e assinou por baixo “Ravardiere”; e por este modo expedito libertou-se o general português das condições estipuladas por Jerônimo de Albuquerque de pagar aos franceses toda a sua artilharia e munições”. Tudo lhe foi imediatamente entregue, os fortes, como os navios da armada, bem como destes, se cedessem três aos inimigos, conforme um dos artigos da capitulação, nos quais voltaram para a França mais de 400, deixando, apenas ficar alguns poucos que se haviam casado com índias da terra, conforme diz João Lisboa. Isso se fez em atenção de serem, os que ficavam, católicos e que podiam ser úteis aos portugueses, porém os holandeses por ocasião em que ocuparam o Maranhão, mataram todos sob a desconfiança de que estariam ajudando os portugueses, durante a luta pela recuperação de nossa terra. Expulsos os franceses do Maranhão, tratou Jerônimo de Albuquerque de fundar a cidade de São Luís, por recomendação da corte de Madrid, sendo enviado Francisco Caldeira Castelo Branco, para fundar a cidade de Belém do Pará. Os franceses durante os três anos e quatro meses que aqui passaram, não trataram de erigir nenhuma cidade, como muita gente supõe. Construíram apenas o Forte que era de madeira e que sete anos após os portugueses erigiram outro de pedra e cal, já com o nome de São Felipe. O engenheiro-mor do Brasil, Francisco Frias de Mesquita, o primeiro que o Maranhão teve, fez o traçado da cidade engenhosamente, aproveitando bem a sinuosidade do terreno. A primeira olaria, como diz Mário Meireles, foi levantada por Albuquerque, porque as poucas casas esparsas, inclusive o forte, eram cobertas com palha de pindoba. Além do forte com um grande barracão, também coberto de palha, para abrigar a guarnição, existia o convento de São Francisco, dos frades dessa ordem, que vieram com Francisco de Rassilly, católico e sócio na pirataria com Ravardiere, este não era nobre como se propala, desconhece-se o grau de sua nobreza, não era barão, visconde, conde, marquês ou duque. Em papelórios a guisa de ata, cujo original ninguém viu, ele figura como “cavaleiro”. Já um de seus sócios de Diepe, é nesse papelório chamado Barão de Molle. Sócio. Sim, porque a expedição foi financiada por esse barão, Francisco de Rassilly, este católico, e os outros protestantes, e nunca pelo Rei, acuados nas margens francesas do Canal da Mancha. Aqui, em São Luís viviam os frades trazidos por Rassilly em desavença com os hereges de Ravardiere e já estavam tramando a deposição deste na chefia. Os franceses


viviam distribuídos na ilha, em grupos de 10 pelas 27 aldeias existentes no Maranhão, por falta de habitações em conjunto que formasse. Ao menos, uma povoação em torno do forte, conforme diz Berredo; por necessidade sexual, pois nas aldeias dos índios, os piratas (quando não estavam ausentes da ilha na pilhagem de sua profissão da qual a ilha na pilhagem de sua profissão da qual a ilha ora repositório de seus roubos, como ainda diz aquele autor), tinham as índias com quem se amancebavam. Ravardiere não veio aqui estabelecer uma cidade, pois, tempo teve, mas fixar uma feitoria de piratas, como ainda afirma Berredo, e explorar o terreno a cata de minas e ouro, o que não conseguiu. Ravardiere daqui foi levado preso por Alexandre de Moura para Lisboa, onde esteve guardado no Forte de Belém, à margem direita do Rio Tejo, durante dois anos, segundo uns, e três segundo outros. Se fora um grande senhor, como querem seus afeiçoados fazer, crer, isso não aconteceria, pois Luiz XIII era genro do rei espanhol e de Portugal, Felipe III, que certamente intercederia por ele. Jerônimo de Albuquerque Maranhão, como passou a chamar-se o fundador e construtor da cidade de São Luís, nela faleceu, adotando também sua família o nome de Maranhão. A fundação usam o nome de São Luís, por Jerônimo de Albuquerque, se encontra descrita nos “Anais do Estado do Maranhão”, de Berredo e nas obras a história do nosso Estado de Raimundo Gaioso, Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres, João Lisboa, César Marques, Ferdinand Deniz, este francês, Barbosa de Godóis, Fran Pacheco e Ribeiro do Amaral, de modo incontestável. Em vez de andarem os maranhenses desavisados a tecerem loas e homenagens imerecidas a Ravardiere, o assaltante de nossa indefesa terra, em 1612, o que constitui a mais nefante ingratidão, deveriam as autoridades gravar indelevelmente, num monumento, os nomes daqueles que morreram para que o Maranhão fosse Brasil. Concomitantemente se estendesse até o fim da Amazônia para que todos que hoje vivem e viveram neste solo abençoado, existissem, porque senão fosse o seu sacrifício e sua bravura, não existiríamos nós, os maranhenses, como disse João Lisboa a Gonçalves Dias, mas um povo estranho, falando outra língua, teriam outros costumes, porque queiram ou não, os que pensam o contrário, descendemos mesmos irrefutavelmente dos portugueses, através de brancas, negras e índias. A eles é que devemos honrar, como nossos pais, avós, tetravós etc. A eles, cuja língua falamos, ensinada por eles e os heróis que morreram na Batalha de Guaxenduba que são: Luís de Guevara, natural de Tanger, filho de Gonçalo Guevara, cavaleiro da Ordem de Cristo, homem nobre, natural de Braga; Francisco de Bessa (castelhano), João da Mata, natural do Brasil; Pedro Olivares, de Viana; Amaro de Couto, natural de Lisboa; Bartolomeu Ramires, natural das Ilhas; Manoel de Loureiro, natural de Abrantes; Domingos Correia, natural da Ilha Graciosa. A estes sim competem todas as homenagens do povo maranhense, porque morreram para que nosso povo, hoje existisse e que vivem escondidas nas páginas rarississimamente lidas da “jornada ao Maranhão”, escrita por seu comandante Diogo de Campos Moreno, o único a homenageá-los. Nós, porém dizemos: glória eterna a eles, que morreram para que pudéssemos existir...


IHGM NA MÍDIA – JORNAL PEQUENO – SUPLEMENTO JP TURISMO 21/10/2011

O PLANO DE MARKETING DE SÃO LUÍS PODERÁ SE TORNAR UM MICO ANTONIO NOBERTO Tenho um amigo europeu consultor que comandou por muitos anos a pasta do turismo da cidade de Saint-Malo (pronuncia-se sã-malô), na região da Bretanha. O município tem população equivalente à de Rosário – MA, uns cinqüenta mil habitantes, mas recebe cerca de quatro milhões de visitantes por ano. É muita gente! Ele, JeanClaude Weisz, nas muitas vezes que esteve em São Luís, não entendia e, por isso, não cansava de perguntar sobre o porquê do nosso baixo desempenho no turismo. E sempre repetia: “Vocês dormem sobre um tesouro e não estão sabendo”. Ele conhece muito bem os nossos números. Sabe que o PIB turismo do estado não chega a um por cento, sendo, portanto, quase desprezível comparado com os demais setores da economia. Na última semana, confesso que fiquei sem entender ao ver a exposição do Plano de Marketing de São Luís apresentado no Hotel Luzeiros, no Farol de São Marcos. Foi uma festa bonita, com muitas autoridades e atores do turismo. Espantei-me não pelo que vi na bela exposição do renomado consultor e expresidente da EMBRATUR, Eduardo Sanovitz, pois contemplava muitas ações importantes, mas pelo que não vi. Fiquei animado quando o consultor disse aquilo que já dizíamos a mais de uma década, quando compúnhamos o Conselho de Turismo na condição de presidente da ABBTUR/MA – Associação Brasileira dos Bacharéis de Turismo, seccional Maranhão – que nosso maior atrativo é cultura e não natureza. Visualizei ali uma continuação magistral da apresentação. Tudo aquilo que sempre preguei insistente e incansavelmente para o turismo do Maranhão. A alavanca efetiva, propulsora que iria deslanchar nosso turismo e nos tirar do período agrário e dos ofícios estava para ser anunciado pelo senhor Sanovitz. Ele iria anunciar boas propostas para atrair milhares de estrangeiros. Iria dizer que “o rio sempre corre para o mar”, que a demanda francesa é o nosso grande público potencial e a nossa janela escancarada para a entrada de euros e empregos. Mas não aconteceu. Minguou, morreu na praia. Não acreditei. Ele mostrou o bê-á-bá que todos já conhecemos: que o nosso maior público ainda é o público maranhense, aqueles que vem do interior para fazer algum tipo de negócio; que se hospeda na casa de parentes e amigos; que procura mais as praias, etc. Mostrou os treze maiores atrativos potenciais: acervo colonial, manifestações folclóricas, gastronomia, etc., mas entre os treze não figurou o “A única capital brasileira fundada por franceses”. A apresentação de Sanovitz não fez nenhuma menção sobre a atração do público estrangeiro. Mas precisa apresentar estratégias para esta demanda real e potencial. Do contrário o plano permanecerá manco, incompleto e sem sentido. Só para inglês ver. Um marketing batido, inferior até aos outros apresentados em outros tempos, que também não surtiram efeito, mas ao menos não era incoerente. Este é incoerente porque, apresentado em razão das comemorações dos quatrocentos anos (de fundação de São Luís pelos franceses), não visualizou as oportunidades que o quadricentenário trará para uma maior atração do fluxo francês. Atualmente, os dirigentes do turismo de São Luís estão tentando direcionar as políticas públicas para os italianos. A Itália é verdade, não obstante estar atravessando sua maior crise financeira em décadas tem boa presença no Brasil. O Sul do país, por razões históricas – principalmente a migração, recebe grande número de italianos, alemães, poloneses, suíços, etc. Fortaleza, em razão da oferta de sol e praia, também


vem apostando nos italianos. Os benefícios do investimento, no entanto, vêm sendo questionados em razão das muitas mazelas atraídas pelo turismo natural, como alta degradação, exploração sexual e sazonalidade. Os italianos devem sim ser alvo das nossas políticas de turismo de São Luís, mas não como público estrangeiro preferencial, vez que eles buscam natureza e não o histórico-cultural, nosso maior atrativo. Historicamente, todos sabem, existe uma ligação umbilical entre maranhenses e franceses. E isto remonta o início dos anos mil e quinhentos. Depois veio o período fundacional, o século XIX, chamado “o século do luxo” e continua atualmente através da atividade turística. Os dois são parceiros seculares a ponto dos moradores locais trazerem no próprio adjetivo gentílico a marca do entrosamento secular – o termo ludovicense vem de Ludovico, Luís, o rei da França, em latim. E esta história permanece encravada nos gestos, na vaidade (para o bem e para o mal) e na memória coletiva da população. Não é por acaso que São Luís tem a frota de veículos mais nova do país, a menor população obesa, dentre outros. Isto, em grande parte, legado da história simbiótica franco-maranhense. Estamos a menos de um ano das comemorações e nada foi feito de divulgação na França. Nada foi feito para resgatar a história gaulesa no Maranhão. A França Equinocial é um dos três capítulos mais bonitos da história colonial brasileira (ao lado das Missões jesuíticas do Sul e do Brasil Holandês). Que pecado! Se continuar assim, em um futuro não tão distante, a história cobrará e pedirá contas aos atuais gestores de São Luís. São os franceses que há décadas sustentam muitos dos empregos e a renda dos hotéis de São Luís. São eles que, apesar da ausência de políticas públicas direcionadas ao público francês, insistem em querer conhecer este lugar estabelecido pelos seus ancestrais e aqui deixam euros que circulam e ajudam a economia da cidade. Mas o valor do fluxo francês é muito mais potencial que real, até porque quase ninguém fez nada de positivo para atraí-lo. Se algum dia disponibilizarmos políticas públicas aos gauleses eles virão aos montes e aqui deixarão muita riqueza e empregos. Nós já tentamos, não faz muito, atrair turistas portugueses para São Luís através de vôos charters, mas a iniciativa acabou não tendo continuidade. Dizem que eles eram muito exigentes e sempre queriam as coisas de graça. Agora, contraditória e inexplicavelmente, é a vez dos italianos, que não vem para o Brasil à procura de história e cultura e nem possuem relações históricas maiores (além das eclesiásticas, é claro) com os maranhenses. A gente torce para dar certo, mas a experiência diz que nadar contra a correnteza é mais difícil. Fui informado por um dos coordenadores que acompanharam a elaboração do atual Plano de marketing que o plano apresentado no Hotel Luzeiros é apenas a parte nacional e, só no ano que vem, é que deverão ser elaboradas estratégias para o público estrangeiro (e até agora só se fala em italianos), mas aí, “mano”, já será muito tarde. Isto já deveria ter sido iniciado, pelo menos, desde o ano passado. Se o Plano de Marketing não contemplar de alguma forma (e a tempo) o público francês, será um mico. Será como organizar uma grande festa para alguém e esquecer-se de convidá-lo. Pior que isso, convidar outro em seu lugar e ainda prestar-lhe reverência. Será um prejuízo, em longo prazo, para a população e para os cofres públicos do município e do estado. O não convite dos franceses para a festa entrará, como sempre falam os apresentadores do Globo Esporte, para o “inacreditável futebol clube”, além de não contemplar os interesses da cidade. Eu continuo aqui, depois de me dedicar por quase quinze anos ao estudo da França Equinocial e da Fundação de São Luís, conhecedor, portanto, do grande potencial do


título de “única capital brasileira fundada por franceses”, pronto para colaborar para que cheguemos a bom termo nas comemorações do quadricentenário, que deverá ser um ajuntamento de todas as “tribos e raças”. Talvez os gestores não saibam, mas já existe um trabalho bem encaminhado de resgate da memória da França Equinocial e da Fundação francesa de São Luís, que precisa entrar na pauta dos quatrocentos anos. E sem os gauleses no ano que vem o evento será incoerente, deselegante e até um mico grosseiro. E eu e meu amigo JeanClaude continuaremos “sem entender” o porquê do nosso baixo desempenho no turismo.


IHGM na Mídia: Publicado no Jornal O Estado do Maranhão de 06/11/11.

DOENÇAS CRÔNICAS. O DESAFIO DESTE SÉCULO JOSÉ MÁRCIO SOARES LEITE Médico. Professor Doutor em Ciências da Saúde e Membro da A.M.M, A.M.C, da APLAC, da FBAM, Sócio Efetivo do I.H.G.M, da S.B.H.M,da S.M.H.M, e Conselheiro do CRM\MA. Doenças crônicas são aquelas geralmente de desenvolvimento lento, de longa duração e, por isso, levam um tempo mais longo para serem curadas ou, em alguns casos, não têm cura. A maioria dessas doenças está relacionada ao avanço da idade e ao estilo de vida – maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse – característicos das sociedades contemporâneas. Atualmente, as doenças crônicas são a principal causa de mortalidade no mundo, representando 60% das mortes. Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que cerca de 75% das pessoas com mais de 60 anos no Brasil têm alguma doença crônica e, para o Ministério da Saúde, esta é a principal causa de óbito no país. Se nada for feito para gerenciar as doenças crônicas, em 10 anos, as mortes em decorrência delas aumentarão 17%. Em seu mais recente livro, As Redes de Atenção à Saúde, o Professor Eugênio Vilaça Mendes, descreve com muita propriedade, a situação de saúde decorrente do que ele denomina a tripla carga de doenças existente no Brasil, que compreende o grupo de doenças infecciosas, parasitárias e a desnutrição, as decorrentes dos acidentes e de violências, as doenças de origem materna e perinatal e as doenças crônicas, que já respondem por 66,3%, da morbidade geral no Brasil e com tendência crescente, face ao envelhecimento progressivo da população. Em outras palavras, conclui-se da descrição do Professor Vilaça, que neste século XXI, as doenças prevalentes são as crônicas, que geralmente são tratadas ambulatorialmente, devendo-se evitar sua agudização, o que exige atendimento hospitalar, de alto custo. O câncer, as doenças respiratórias, as doenças cardiovasculares, a hipertensão e o diabetes, que matam no mundo cerca de 35 milhões de pessoas por ano, têm como causa fatores determinados também pelo estilo de vida da população, ao incluir, no dia-a-dia, o tabagismo, alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. O tabagismo, por exemplo, foi considerado pela Organização Mundial de Saúde uma “doença pediátrica”, pois dos 1,1 bilhão de fumantes no mundo, 90% começaram a fumar até os 19 anos. Em 2009, a Pesquisa Nacional sobre Saúde do Escolar mostrou que 24,5% dos escolares entre 13 e 15 anos haviam experimentado cigarros e que 71,4% tinham provado bebidas alcoólicas; 6,7% deles eram tabagistas regulares e 27% eram consumidores de bebidas alcoólicas. Em 2008, 35% dos meninos e 32% das meninas brasileiras entre 5 e 9 anos estavam com sobrepeso, segundo Luís Antonio Santini e Tania Cavalcante em Saúde, Consumo e Ambiente, artigo publicado na Folha de S.Paulo em 23/10/2011. Essas doenças são barreiras para o alcance dos Objetivos do Milênio para o Desenvolvimento, o que levou o tema a ser incluído na pauta da reunião de chefes de Estado promovida pela Organização Mundial da Saúde na ONU em setembro deste ano.


Estima-se que cerca de 80% das mortes por doenças crônicas ocorrem em países de baixa e média renda. Nessa reunião, a Presidente Dilma Rousseff mostrou que no Brasil o número de fumantes caiu de 34% em 1989 para 15% em 2010, com redução de mortes por doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas e câncer de pulmão. A meta é reduzir mais ainda esse percentual, chegando-se a 2022 com 9% apenas. As doenças crônicas não-transmissíveis, como o câncer e as doenças cardiovasculares e pulmonares, além do diabetes - são responsáveis, enfatizou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pela morte de três em cada cinco pessoas no planeta. Os custos ao combate destas doenças já estaria próximo aos US$ 30 trilhões, quase 40% do PIB mundial. O homem é parte do ambiente em que vive. Os agravos sobre a saúde do planeta e a saúde humana têm causas interligadas. Para resolvê-los, é imperativo que os países adotem políticas integradas para deter a escalada das doenças crônicas nãotransmissíveis.


IHGM NA MÍDIA – Publicado no JP Turismo, 04 de novembro de 2011 http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=07112011-O-Maranho-francs-sempre-foi-forte-e-lder

O MARANHÃO FRANCÊS SEMPRE FOI FORTE E LÍDER ANTONIO NOBERTO Pesquisador, consultor em turismo, Membro do Conselho diretor da Aliança Francesa de São Luís e sócio-efetivo do IHGM - Patrono Tasso Fragoso

O Maranhão é pioneiro. Ainda nos anos mil e quinhentos, a Ilha Grande, então Upaon-Açu, era o principal porto e lugar de comércio do Brasil setentrional. Nativos e estrangeiros, principalmente franceses, comercializavam e patrocinavam uma linha quase regular de navegação "entre Dieppe e a Costa Leste do Amazonas". No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornouse morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá (escreve-se sem "s" mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o "chefe dos negros" (índios) e "parente do governador de Dieppe". Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville. Vale lembrar que, nesta época, o último reduto português era a fortaleza do Natal, edificada em 1599 por Mascarenhas Homem com a participação de Jerônimo de Albuquerque. Todo o Brasil setentrional estava completamente abandonado pelo colonizador luso e, portanto, nas mãos de comerciantes de outras nações, aí também incluídos ingleses, holandeses, espanhóis, escoceses, dentre outros. Este abandono fez o historiador maranhense João Lisboa declarar no livro Jornal do Tímon que os franceses não invadiram o Maranhão. Eles ocuparam uma terra vaga, desabitada, e que os donatários régios de Portugal e Espanha estavam sujeitos às penas de comisso, pois já se passara mais de um século sem as terras terem sido ocupadas. Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com "duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas". Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan. Os corsários franceses deste período não descansavam. Jacques Riffault, Charles des Vaux, David Migan e Adolphe de Montville, na companhia de centenas de outros navegadores e selvagens de diferentes tribos, se faziam presentes nos mais diversos recantos do Norte e Nordeste brasileiro, geralmente entre o Potengi e o Amazonas. O interior do Maranhão era bem conhecido por eles. O Mearim, Itapecuru, Munim, Grajaú, Tocantins e tantos outros eram vias utilizadas que ligavam o interior maranhense com o litoral e a Europa. Nos outros recantos, a história faz menção a eles no constante comércio com os potiguara, no porto do Rifoles - na margem direita do Rio Potengi, onde foi construída a Base Naval Brasileira em 1941, nomeada inicialmente de Base Naval do Rifoles -; nos dois ataques à Fortaleza do Cabedelo, na Paraíba, realizadas em 1591 e 1597. Nesta última, Migan foi gravemente ferido, mas sobreviveu. Foram eles que fundaram o núcleo urbano de Viçosa do Ceará, sendo que a cidade ainda hoje conserva os topônimos do legado francês. As duas principais ruas da cidade são: José Siqueira ou Rua Paris e Rua Pedra Lipse, que acessa o principal ponto turístico do município, a Igreja do Céu. O Pará e o Rio Amazonas eram lugares bem


conhecidos destes navegadores. Quando Francisco Caldeira Castelo Branco partiu do Maranhão para fundar Belém (1615) levou consigo Des Vaux e Rabeau para auxiliarem na navegação e nos primeiros contatos com os índios de lá. No período fundacional a liderança continuou, desta feita, em mãos oficiais, através dos Generais Daniel de La Touche de La Ravardière, François de Razilly e Nicolas d'Harlay. No Maranhão e terras vizinhas não se fazia guerra a outras tribos sem a aprovação dos ditos generais. A partir da França Equinocial o Maranhão passou compreender parte do Ceará (desde o Buraco das Tartarugas - Jericoacoara), o que foi referendado pelo governador geral do Brasil e, poucos anos depois, quando da divisão do Brasil, em 1621, estendendo o território até o Mucuripe, serviu de marco para a criação do Estado do Maranhão, com capital em São Luís compreendendo ainda o Ceará e o Grão-Pará. Tal divisão era praticamente igual aos limites extra-oficiais do empreendimento capitaneado por La Ravardière. Hoje estes lugares freqüentados pelos franceses fazem marketing de graça para o Maranhão, pois conservam esta história através da literatura e do turismo. Na Fortaleza de Santa Catarina (antigo Forte do Cabedelo-PB) nos panfletos distribuídos aos visitantes, constam os ataques franceses ao lugar. Em Viçosa do Ceará (lembre-se que o Ceará não nasceu no litoral, mas em Viçosa em razão das investidas gaulesas ao local) os principais livros de história são fiéis a este momento. De um deles transcrevemos: "a ocupação de Viçosa teve início quando os franceses vindos do Maranhão em 1590... estabeleceram um núcleo urbano com o apoio das tribos da Serra Grande". Em Belém, no Forte do Castelo, marco inicial do estado, hoje transformado em museu, um dos painéis mostra a precedência de Daniel de La Touche na região, o estabelecimento da França Equinocial para, em seguida, surgir a capital paraense. E não parou por aí. No século XIX França e Inglaterra ditaram muito dos modos e costumes dos maranhenses, que mantinham com seus gostos e gastos duas colônias estrangeiras. Vivia-se o conforto inglês e o luxo francês. Muitos comerciantes afluíam de diversas regiões para comprar "o que de mais novo chegava de Paris no último vapor". O comércio caminhava a reboque dos ideais iluministas que faziam a cabeça da população. E esse modelo alienista foi implantado porque os jovens das famílias abastadas "iam, não raro, formar-se na Inglaterra e na França" (SPIX e MARTIUS, 1981, p.246), prevalecendo, contudo, o modo de vida copiado de Paris. Era de São Luís que "exalavam os ares de civilização" para toda a parte norte do Brasil, pois não era de se admirar que os estrangeiros a vissem como a quarta cidade brasileira, "a Princesa em meio à Plebe das cidades nortistas." (TOURINHO, 1990, p.23), e para onde inúmeros visitantes, com os mais diversos interesses, afluíam. Por conveniência, citamos o que nos conta George Gardner em seu livro "Viagem ao Interior do Brasil", onde menciona que um amigo seu, vindo de Oeiras, então capital da Província do Piauí, "embora major do exército era negociante e tinha vindo comprar mercadorias européias" em São Luís. Nossa história, por si só, responde a alguns questionamentos sobre o perfil histórico dos maranhenses, em especial, dos ludovicenses. Tanto luxo e abastança têm raízes muito antigas, não é de hoje. Não é à-toa que temos o casario mais pomposo do Brasil colonial. Refiro-me não a quantidade, mas a qualidade dos edifícios. Observemos os de Recife e Salvador, por exemplo. Não é por acaso que novelas (Da cor do pecado) e filmes (Carlota Joaquina), que retratam o período colonial, foram gravados em São Luís. O coroamento de tudo isto veio na frase do francês Paul Adam no início do século passado ao chamar São Luís de "A cidadezinha dos palácios e porcelana" - La petite ville aux palais de porcelana.


Nas últimas décadas, mesmo sem apoio governamental, esta história insiste em não morrer. Como certa vez disse o historiador Mário Meireles "A maior presença de franceses em São Luís é a prova material de que a França Equinocial nunca acabou". Com tantas possibilidades de geração de emprego e renda através da história e do turismo, é contraditório andarmos "com o pires na mão" mendigando a demanda alheia, como se fôssemos um não lugar, sem história e sem rumo. O quadricentenário é o melhor momento para resgatarmos nosso papel de líder, ao menos no cenário regional. São Luís tem plenas condições de ter políticas de turismo próprias, trabalhando em parceria, porém sem esquecer que o cetro da liderança continua a nosso dispor. A um estalo de dedos. Um pouco de visão e coragem poderá fazer toda a diferença.


EVENTOS NO IHGM OSVALDO PEREIRA ROCHA Sócio Efetivo do IHGM, Cadeira nº 8 e Grão-Mestre do GOAM. E-mail: rocha.osvaldo@uol.com.br / site: www.osvaldopereirarocha.com.br

Com a graça do Grande Arquiteto do Universo, aconteceram dois importantes eventos na tarde noite de 02/12/2011, na Casa do Escritor, no estande do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM (Praça Maria Aragão), no centro de São Luís do Maranhão, o lançamento do livro deste articulista “Sublime Ordem Maçônica” e a comemoração do 86º aniversário de instalação do referido sodalício histórico e geográfico maranhense, acontecimentos patrocinados pelo IHGM e a FALMA (Federação das Academias de Letras do Maranhão). Quando da apresentação do referido livro, este autor desejou aos presentes e seus familiares um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo e fez um relato sucinto do que é a Maçonaria, seus objetivos e fins, e aproveitou a oportunidade para convidar a todos e a todas para o XVII Encontro Nacional da Cultura Maçônica, a se realizar em nossa Cidade Cultural, Patrimônio da Humanidade nos dias 13 e 14 de abril de 2012, sob a coordenação do Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM, com o tema central RESPONSABILIDADE COM A EDUCAÇÃO, que poderá ser objeto de um trabalho, a ser defendido no ato. Também aconteceu a performance teatral da confreira do IHGM Joana Bittencourt e seu grupo de artistas, com uma excelente apresentação que, por isso mesmo, ao final, foi alvo de uma estrondosa salva de palmas. Na oportunidade, foram registradas as ilustres presenças do Presidente da FALMA, Alvaro Urubaten Melo (Vavá); da Presidente Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, do Vice-Presidente Leopoldo Gil Dulcio Vaz e de outros diretores, confrades e confreiras do IHGM; irmãos Maçons do Grande Oriente Autônomo do Maranhão como José Ribamar Fernandes e João Francisco Batalha, ambos também confrades do IHGM, e Carlos Craveiro Pessoa, Grão-Mestre Adjunto e Raimundo Benedito Aires, Grão-Mestre ‘Ad Vitam’ da referida Potência Maçônica Maranhense, além de servidoras da FUNC, da UFMA e de mais de uma centena de estudantes de vários níveis de escolaridade. As fotos dizem mais do que foram os acontecimentos acima mencionados:





III ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS CULTURA & SUBJETIVIDADES – Processos e Conexões São Luís – 16 a 18 de novembro de 2011 Auditório do Jornal O Imparcial

Mesa redonda 1:14

CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIO-CULTURAIS 16 de novembro de 2011 – 16 horas

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (IHGM) 15 Vamos começar por duas citações: A Capoeira é essencialmente dialética e dinâmica; e por ser uma manifestação que se espalhou pelo mundo muito recentemente, recebe milhares de análises em seus diversos aspectos – teórico, técnico, didático, tático, filosófico etc. - e cada uma delas baseada na realidade de cada norteador de um trabalho (entenda-se: Mestre, Professor, Instrutor etc.). Até aqui, vemos a fortaleza da Capoeira: a junção dos diversos pontos de vista que fazem com que ela não seja monopolizada em única verdade; e, sim, descentralizada em diversas faces de uma mesma manifestação. O que não é salutar é a imposição de uma verdade em detrimento de outra, gerando a perda de criatividade e a estabilização dos conhecimentos. Desta forma, é difícil dizer que algo é errado na Capoeira. (Mestre Tuti (Gde. Fpolis, SC, Brasil) in Chamada na ‘Benguela’ -17/11/2011) 16 João Ubaldo Ribeiro afirma, sobre a Capoeira, que “o segredo da verdade é o seguinte: não existem factos, só existem histórias” 17 Venho me dedicando, nos últimos 30 anos, ao resgate da Memória/História dos Esportes, do Lazer, e da Educação Física no/do Maranhão. A Capoeira se insere, então, como objeto de estudo18; e a metodologia de pesquisa é a adotada na construção do Atlas do Esporte no Brasil/Maranhão (www.atlasesportebrasil.org.br/Maranhão) 19

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Demais participantes da Mesa: ALBERTO GRECIANO (UNIV. AUTONÓMA/ES); BRUNO PIMENTA (PGCULT); GABRIEL KAFURE (CRISOL/UFMA) 15 Professor de Educação Física, Mestre em Ciência da Informação; sócio efetivo do IHGM, Cadeira 40; Vice-Presidente gestão 2010/2012. 16 To: capoeiranaescola@googlegroups.com Cc: fabiano caviquio ; Marcelo ; jeferson batista ramos ; capoeiramestrepop@gmail.com Sent: Saturday, September 17, 2011 1:04 AM Subject: Chamada na 'Benguela' 17 Jorge Bento, citando João Ubaldo Ribeiro, in ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. (Porto): Instituto Superior Maia, 1997, p. 7 18 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira/Capoeiragem no Maranhão. In Da Costa, Lamartine Pereira. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira/Capoeiragem no Maranhão. In ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 3-2.6-7 PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. Revista do IHGM, N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica, p. 86-107 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A GUARDA NEGRA. Revista do IHGM, N. 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 20-33 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A ”CARIOCA”. Revista do IHGM, N. 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 54-75 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. LANÇAMENTO DE LIVRO - RODA DE RUA: MEMÓRIA DA CAPOEIRA DO MARANHÃO DA DÉCADA DE 70 DO SÉCULO XX, de ROBERTO AUGUSTO PEREIRA – crítica REVISTA IHGM 32 - MARÇO 2010, p. 111 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA(GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?” REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 22 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES. REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 120


O Atlas é um documento de memória (registros descritivos e datados) e não de história (processo de interpretação sob forma de narrativa com base temporal). Daí não caber digressões nem análises pormenorizadas. Ou seja: trabalha-se com marcos histórico, mas não se faz história. O Atlas, em resumo, oferece base para o trabalho de historiadores embora seja focado para a gestão do esporte e atividades similares. Há que então reduzir ou evitar juízos de valor do autor(es) sobre o tema enfocado, isto é, comentários de que algo é bom ou mau no presente ou para o futuro contextualizado do tema. Outra abordagem a evitar é a de criticas ou denúncias diretas a pessoas ou instituições, que não são próprias de um banco de dados com registros a serem interpretados por terceiros com interesses múltiplos e que está proposto para contínua revisão de dados. A base de conteúdo de cada capítulo é a ordem cronológica dos fatos descritos começando por referência ao ano do acontecimento, a décadas se o período focalizado é mais longo, ou até mesmo século em casos excepcionais. Não se usa hífen depois da data na abertura de cada fato examinado: ano, década e século são subtítulos no Atlas. O padrão geral de formato dos capítulos sugere uma listagem cronológica de fatos relevantes que tiveram conseqüências no desenvolvimento (crescimento, mudança de direção, estagnação e/ou retrocesso) do esporte ou da manifestação relacionada à educação física ou atividade física de saúde e/ou lazer. O parágrafo inicial de cada capitulo também é padrão, levando o título de "Origem(s) e Definição (ões)" ou Definições primeiro e depois Origens. Se aceita também a separação entre "Origem" e "Definição", pois às vezes há maior clareza quando há dois enfoques. ENTRANDO NA RODA20 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. Rev. do IHGM, No. 34, Setembro de 2010 – Edição Eletrônica, p. 65-70. 19 “Atlas do Esporte, Educação Física e Atividades Físicas de Lazer e Saúde no Brasil” (2005): Livro que atua como ponto de partida e modelo experimental do Sistema ATLAS de Informações Esportivas, produzido por 410 autores voluntários e 19 editores (14 voluntários), abrangendo três centenas de temas relacionados com as atividades físicas em suas diversas modalidades de prática, de gestão em esporte e de produção de conhecimento. Esta publicação em papel está próximo ao limite do formato livro com 924 páginas tamanho duplo, com 4,8 kg de peso, indicando a necessidade de desenvolvimentos futuros por meios eletrônicos ou por livro de partes selecionadas do Sistema ou dos Atlas de Estados, regiões e cidades. (ver pormenores em www.confef.org.br, no link do ATLAS, item “Perguntas mais freqüentes”) 20 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; LACÉ LOPES, André Luis; RIBEIRO, Milton César. ATLAS DA CAPOEIRA(GEM) NO BRASIL. Pesquisa em construção (Inédito). LACÉ LOPES, André Luiz. A VOLTA AO MUNDO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM - Ação Conjunta com o Governo Federal – Estratégia 2005 - Contribuição do Rio de Janeiro - Minuta de André Luiz Lace Lopes, com sugestão de Mestre Arerê (ainda sem revisão). LACÉ LOPES, André. Capoeiragem. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 386-388 LACÉ LOPES, André Luiz. PÁGINA PESSOAL: http://andrelace.cjb.net/ PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005 LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro, 2004 LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO E NO MUNDO. – histórias & fundamentos, Administração geral, administração pública, jornalismo. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição elertrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2004. LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. 2 ed. Amp. E list. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro, 2005 LACÉ LOPES, André Luiz. L´ART DE LA CAPOEIRA À RIO DE JANEI, AU BRÉSIL ET DANS LE MONDE. Littérature de Cordel. Rio de Janeiro, 2005 LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. 4 ed. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro, 2007. LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição eletrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2006 REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118


Quando do reconhecimento da Capoeira como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro foi considerada: “Arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta”: Expressão brasileira surgida nos guetos negros há mais de um século como forma de protesto às injustiças sociais, arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta, a capoeira foi reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira. A decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) foi concretizada terçafeira (15) [de julho de 2008] no Palácio Rio Branco, em Salvador (BA).21

sendo definida como uma arte multidimensional, um fenômeno multifacetado - ao mesmo tempo dança, luta, jogo e música - que tem na roda o ritual criado pelos capoeiristas para desenvolver esses vários aspectos. Parto do entendimento de que a Capoeira é uma prática cultural22 no sentido mais dinâmico possível do termo. Mas, o que é a Capoeira? Como podemos defini-la? Tenho encontrado as mais variadas respostas: capoeira é luta; capoeira é um esporte; capoeira é folclore; outros dizem que é um lazer; é uma festa; é vadiação; é brincadeira; é uma atividade educativa de caráter informal.23 Não me conformo com essas classificações simplistas e reducionistas; compreendi que a Capoeira é tudo isso... Compreender a Capoeira como sendo uma prática cultural24 representa um salto qualitativo para além das visões essencialistas, que, por vezes, apelam para um mito de origem reivindicando a pureza ou a tradição de certo antigamente da Capoeira. Quero chamar a atenção para o entendimento de que as práticas culturais, como a Capoeira, não estão paradas no tempo e, por isso mesmo, a transformação constante é inevitável. As necessidades e os problemas dos (as) Capoeiras de outrora não são os mesmos de hoje. A cada dia se joga uma Capoeira diferente. A Capoeira de hoje é diferente da Capoeira de ontem e da de amanhã – esse exemplo de constante

VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 39-40. LIMA, Mano. DICIONÁRIO DE CAPOEIRA. 3ª. Ed. Ver. E amp. Brasília: Conhecimento, 2007 VER AINDA: Pernada de Sorocaba - ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro, em que faz uma análise da relação entre danças-luta (pernada, tiririca etc.) com a Capoeira no interior Paulista. In http://www.capoeira.jex.com.br/ O ensino da capoeiragem no início do século XX, ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro onde comenta a repercussão em jornal de Sorocaba, São Paulo, sobre a abertura de Academia de Capoeira no Rio de Janeiro, em 1920. A matéria trouxe a chamada "Um Desporto Nacional", disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ Capoeira, Pernada e Tiririca in Crônica sobre Capoeira, com algumas informações sobre a Pernada de Sorocaba e a Tiririca da capital paulista, ambas uma espécie de "capoeira primitiva" do Estado de São Paul, por Miltinho Astronauta, in Jornal do Capoeira Edição AUGUSTO MÁRIO FERREIRA - Mestre GUGA (n.49) de 13 a 19 de Novembro de 200, disponível em www.capoeira.jex.com.br Tiririca, Capoeira & Barra funda, por Elaine Muniz Pires, sobre a história dos bairros paulistanos, em especial a Barra Funda, onde acontecia a Tiririca, uma espécie de Capoeira Primitiva, disponível em www.capoeira.jex.com.br Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ Ainda sobre a Punga dos Homens – Maranhão - Visita à Câmara Cascudo: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005 EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ 21 Capoeira é registrada como patrimônio imaterial brasileiro - África 21 - Da Redação - 16/07/2008 http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/16/capoeira-e-registrada-como-patrimonio-imaterial-brasileiro/ 22 CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004 23 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira ? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675 24 CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004


transformação demonstra suficientemente bem que a cultura está em permanente mudança. Assim, práticas culturais são aquelas atividades que movem um grupo ou comunidade numa determinada direção, previamente definida sob um ponto de vista estético, ideológico, etc. 25. Capoeira - vernaculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi; no Dialeto Caipira de Amadeu Amaral: ‘‘Capuêra, s.f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado. Capoeira – espécie de cesto feito de varas, onde se guardam capões, galinhas e outras aves (Rego, 1968):

DEBRET – 1816/1831 http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/detailsKeyword.php?keyword=brasil&theRecord=71&recordCount=77

“[...] os escravos que traziam capoeiras de galinhas para vender no mercado, enquanto ele não se abria, divertiam-se jogando capoeira. Por metonímia res pro persona, o nome da coisa passou para a pessoa com ela relacionada” (Antenor Nascimento, apud Rego, 1968, citados por Mano Lima – Dicionário de Capoeira; Brasília: Conhecimento, 2007, p. 79).

Por Capoeira deve-se entender “indivíduo (s) ou grupos de indivíduos que promoviam acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos dos centros urbanos ou área de entorno”? (p. 65),

conforme a conceitua Araújo (1997) 26, ao se perguntar “mas quem são os capoeiras?“; e por “capoeiragem” como: “a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado”? (p. 69);

e capoeirista, como sendo: “os indivíduos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidas como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva”? (p. 70). Ou devemos entendê-la como: “... Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de 25 26

COELHO, T. Dicionário crítico de política cultural. São Paulo: Iluminuras, 1999 ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. Maia: Instituto Superior de Maia, 1997. Série Estudos e Monografias.


sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira); ou “... um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e recoreco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40). Considera-se como prática do desporto formal da Capoeira sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino-aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação indumentária por uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem. Considera-se como pratica desportiva não-formal da Capoeira sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo Artigo anterior, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes. Capoeira – “jogo atlético de origem negra, ou introduzida no Brasil por escravos bantos de Angola, defensivo e ofensivo, espalhado pelo território e tradicional no Recife, cidade de Salvador e Rio de Janeiro, onde são reconhecidos os mestres, famosos pela agilidade e sucessos. Informa o grande folclorista que, na Bahia, a capoeira luta com adversários, mas possui um aspecto particular e curioso, executando-se amigavelmente, ao som de cantigas e instrumentos de percussão, berimbaus, ganzá, pandeiro, marcando o aceleramento do jogo o ritmo dessa colaboração musical. No Rio de Janeiro e Recife não há, como não há notícia noutros Estados, a capoeira sincronizada, capoeira de Angola e também o batuque-boi. Refere-se, ainda, à rivalidade dos guaiamus e nagôs, seu uso por partidos políticos e o combate a eles pelo chefe de Polícia, Sampaio Ferraz, no Rio de Janeiro, pelos idos de 1890. O vocábulo já era conhecido, e popular, em 1824, no Rio de Janeiro, e aplicado aos desordeiros que empregavam esse jogo de agilidade.” (Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore) 27

Do Atlas do Esporte no Brasil28: “Origens e Definições A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais, atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à 27 28

CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972. DaCOSTA, Lamartine (Org.). A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 1.44-1.45. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br


proibição pública, ao longo do século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980, internacional. Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo “capoeira”, cada qual se referindo a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos esportivos, trata-se de um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco). Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginástica, dança, esporte, arte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica.” (Sergio Luiz De Souza Vieira In DaCOSTA, Lamartine (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 1.44-1.45) “Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ” uma luta dramática”(in ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL, 2005, p. 386-388). “CARIOCA” - uma briga-de-rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu ‘a capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX. Para a capoeira, apresentam-se três momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte. CAPOEIRA ANGOLA - a proposta explícita da capoeira Angola é tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos” ensinados pelos antigos mestres. Está intimamente ligada a figura de Mestre Pastinha – Vicente Ferreira Pastinha -; aprendeu a capoeira antes da virada do século XIX (nasceu em 1889) com um velho africano. CAPOEIRA REGIONAL - é a partir do final da década de 1920 que Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – desenvolveu na Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do nome, foi a primeira modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Bimba partiu de uma crítica da capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas então no Brasil. CAPOEIRA CONTEMPORÂNEA – o panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexa que é impossível, atualmente, distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional, pois surgiram estilos que se pretendem intermediários e que têm sido denominados de “Contemporânea” ou mesmo “Angonal”: - CONTEMPORÂNEA – é a denominação dada por Mestre Camisa a capoeira praticada no Grupo Abadá, com sede no Rio de Janeiro; - ANGONAL – neologismo que representa uma tendência na capoeira atual que funde elementos da Capoeira Angola com a Capoeira regional, criando um estilo intermediário entre essas duas modalidades; é, também, o nome de um grupo, do Rio de Janeiro – Mestre Boca e outros; - ATUAL – denominação que seria usada por Mestre Nô de Salvador, para designar esta terceira via (Vieira e Assunção, 1998).


A ”CARIOCA” Buscando as origens da Capoeira no Maranhão29, encontrei referencia à prática da “carioca”. Fora proibida, em Código de Posturas de Turiaçú, do ano de 1884: 1884 - em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124). Mestre Mizinho informa que em uma de suas apresentações em Cururupu um senhor - já idoso e negro - disse que praticava aquela brincadeira, mas a conhecia como “carioca”, não como “capoeira”. Em aula da disciplina “História do Esporte no Maranhão” referi-me à capoeira e à carioca. Um dos alunos disse-me que o avô, ex-estivador no Portinho, dizia-lhe que já praticara muito aquelas ‘brincadeira’, mas era chamada pelos estivadores de “carioca”. A prática de Capoeira por estivadores é confirmada por Mestre Diniz, nascido em 1929, quando lembra que “na rampa Campos Melo, quando eu era garoto, meu pai ia comprar na cidade e eu ficava no barco. Eu via de lá os estivadores jogando capoeira”. Também em Codó, entre os antigos, a capoeira é denominada de “carioca”. Desde 1820 têm-se registros em São Luis do Maranhão de atividades de negros escravos, como a “punga dos homens”. De acordo com Mestre Bamba, jogo que utiliza movimentos semelhantes aos da capoeira. Encontrou no Povoado de Santa Maria dos Pretos, próximo a Itapecurú-Mirim, uma variação do Tambor-de-Crioula, em que os homens participam da roda de dança – “Punga dos Homens”. Para Mestre Bamba esses movimentos foram descritos por Mestre Bimba - os "desafiantes" ficam dentro da roda, um deles agachado, enquanto o outro gira em torno, "provocando", através de movimentos, como se o "chamando", e aplica alguns golpes com o joelho - a punga30:

Fonte: LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. 2 ed. Amp. E list. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro: 2005, p. 18

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira/Capoeiragem no Maranhão. In DACOSTA, Lamartine Pereira da (editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf; http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/192.pdf http://www.cefet-ma.br/publicacoes/artigos/atlas/ATLAS%2004%20-%20PUNGA%20DOS%20HOMENS.doc http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=629 http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=905 http://www.cefet-ma.br/publicacoes/artigos/atlas/ATLAS%2004%20-%20PUNGA%20DOS%20HOMENS.doc http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/a-carioca-inicio-estudo http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/category/capoeira/ 30 http://www.jornalexpress.com.br/


Pungada na Coxa - também chamado "bate-coxa", aplicado na coxa, de lado, para derrubar o adversário; segundo Bamba, achou-o parecido com a "pernada carioca" ou mesmo com o "batuque baiano"; Pungada Mole - o mesmo movimento, aplicado nos testículos, de frente; aquele que recebe, protege "as partes baixas" com as mãos ... Pungada Rasteira/Corda - semelhante à "negativa de dedos (sic)", de Bimba; Queda de Garupa - lembra o Balão Costurado, de Bimba. Para Mestre Gil Velho31, ainda hoje muito se discute sobre as origens da capoeira, com as perspectivas do debate atreladas aos diversos discursos que vestem sua imagem moderna, a esportiva: “Parte-se de idéias construídas, e não de práticas sociais espontâneas. Assim, a capoeira carioca está historicamente imbricada às maltas de capoeiras da cidade e à “filosofia da malandragem carioca” dos anos 1800. A baiana, por sua vez, está ligada à cultura negra baiana e especificamente ao candomblé. No Recife, ela se manifesta nas gangues de rua Brabos e Valentões. Esse autor considera que para a análise da essência da capoeira, tem-se que voltar no tempo e considerar o contexto da realidade sócio-cultural de espaços com registros identitários e territoriais dela, destacando-se dois loci: Rio de Janeiro e Recife. Estes dois centros urbanos eram, no século XIX, os maiores pontos de comunicação com o resto do mundo, onde mais circulava gente, idéias, comércio. As zonas portuárias permitiam a troca de idéias entre nichos sócio-culturais semelhantes. A capoeira do século XIX, no Rio, com as maltas de capoeira32, e em Recife, com as gangues de rua dos Brabos e Valentões, foram movimentos muito semelhantes aos das gangues de savate (boxe francês)33 em Paris e das maltas de fadistas34 de Lisboa do século XIX. Chama atenção é que os gestuais dessas lutas também são parecidos, ou seja, os golpes usados na aguerrida comunicação gestual eram análogos: Por outro lado, as perspectivas identitárias e territoriais próprias dão a cada movimento sua sócio-fronteira, com espaços personalizados dos atores em seus próprios contextos sócio-culturais. A capoeira marca sua presença em grupos de sócio-fronteiras a partir de meados do século XIX, no Rio de Janeiro com as maltas e no Recife com as gangues. Nessas cidades, os grupos disputavam os espaços demarcados identitariamente e tinham suas próprias manifestações rítmicas. (CAVALCANTI, 2008)35

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Gil Cavalcanti, o Mestre Gil Velho, geógrafo, é coordenador do Projeto Memorial da Capoeira Pernambucana, do Programa Capoeira Viva, do Ministério da Cultura, 2008 As Maltas eram grupos de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX. Compostas principamente de negros e mulatos (os brancos também se faziam presentes), as maltas aterrorizavam a sociedade carioca. Houve várias maltas: Carpinteiros de São José, Conceição da Marinha, Glória, Lapa, Moura entre outras. No período da Proclamação da República havia duas grandes maltas, os Nagoas e os Guaiamús. http://pt.wikipedia.org/wiki/Malta_(capoeira) 33 O Savate ou boxe francês, é um desporto de combate, desenvolvido na França na qual os pés e as mãos são utilizados para percutir os adversários e combina elementos de boxe com técnicas de pontapé. Um praticante de savate é chamado savateur e uma praticante de savate é chamada savateuse. http://pt.wikipedia.org/wiki/Savate VER: 32

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “Chronica da Capoeira(gem): O “Chausson/Savate” influenciou a Capoeira?”.in PAPOÉTICO 29 de setembro de 2011, debate ocorrido no Sebo do Chiquinho, promovido pelo jornalista Paulo Melo. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA(GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?” REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 22 34 SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira. In Análise Social, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713 disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf 35 CAVALCANTI, Gil. Do lenço de seda à calça de ginástica. Ter, 17 de Junho de 2008 16:44 Gil Cavalcanti (Mestre Gil Velho), disponível em http://portalcapoeira.com/Publicacoes-e-Artigos/do-lenco-de-seda-a-calca-de-ginastica


Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel) [Jornal do Capoeira]36 esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade passa a ser dançada por mulheres, apenas. Destaca que desde 1820 há referencia à Punga, com a participação unicamente por homens: "Há registro da punga dos homens, nos idos de 1820, quando mulher nem participava da brincadeira sendo como movimentos vigorosos e viris, por isso o antigo ditado a respeito: "quentado a fogo, tocado a murro e dançado a coice" (Mestre Marco Aurélio, em correspondência eletrônica, em 10 de agosto de 2005). Para Ferreti (2006) 37, a umbigada ou punga é um elemento importante na dança do Tambor de Crioula38. No passado foi vista como elemento erótico e sensual, que estimulava a reprodução dos escravos. Hoje a punga é um dos elementos da marcação da dança, quando a mulher que está dançando convida outra para o centro da roda, ela sai e a outra entra. A punga é passada de várias maneiras, no abdome, no tórax, nos quadris, nas coxas e como é mais comum, com a palma da mão. Em alguns lugares do interior do Maranhão, como no Município de Rosário, ou em festas em São Luís, com a presença de grupos de tambor de crioula, costuma ocorrer a “punga dos homens” ou “pernada”, cujo objetivo é derrubar ao solo o companheiro que aceita este desafio. Algumas vezes a punga dos homens atrai mais interesse do que a dança das mulheres.

Fonte: Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA

Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, 36

HEICKEL, Marco Aurélio. Tambor de Crioulo. In DACOSTA, Lamartine Pereira da (editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/192.pdf. Ver também: http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=609 37 FERRETI, Sérgio. Mário De Andrade E O Tambor De Crioula Do Maranhão. (Trabalho apresentado na MR 07 - A Missão de Folclore de Mário de Andrade, na VI Reunião Regional de Antropólogos do Norte e Nordeste, organizada pela Associação Brasileira de Antropologia, UFPA/MEG, Belém 07-10/11/1999. In REVISTA PÓS CIÊNCIAS SOCIAIS - São Luís, V. 3, N. 5, Jan./Jul. 2006, disponível em http://www.pgcs.ufma.br/Revista%20UFMA/n5/n5_Sergio_Ferreti.pdf 38 O Tambor de Crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de negros no Maranhão em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração. Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos. Não existe um dia determinado no calendário para a dança, que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no carnaval e durante as festas juninas. Em 2007, o Tambor de Crioula ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Tambor_de_crioula".


lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira. Letícia Vidor de Souza Reis39, baseada em Câmara Cascudo, afirma que o "batuque baiano" era uma modalidade de capoeira que irá influenciar muito Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, na elaboração da Capoeira Regional Baiana40: Em entrevista ao Jornal Diário da Bahia, na sua edição de 13 de março de 193641, na matéria: “Titulo Máximo da Capoeiragem Bahiana”, Bimba, dá uma longa entrevista acerca de seus desafios públicos na divulgação da chamada Luta Regional. Da mesma destacamos o seguinte trecho: “Falando sobre o actual movimento d’aquele ramo de lucta, genuinamente nacional uma vez que difere bastante da Capoeira d’angola, o conhecido Campeão (Bimba) referindo-se a uma nota divulgada por um confrade matutino em que apparecia a figura do Sr. Samuel de Souza. Do Bimba, de referência aos tópicos ouvimos: Ao som do berimbau não podem medir forças dois capoeiras que tentem a posse de uma faixa de campeão, e isto se poderá constatar em Centros mais adiantados, onde a Capoeira assume aspectos de sensação e cartaz. A Polícia regulamentará estas exibições de capoeiras de acordo com a obra de Aníbal Burlamaqui (Zuma) editada em 1928 no Rio de Janeiro... . Nesta reportagem existem alguns itens que merecem uma atenção mais detalhada: (a) A confirmação da influencia de Zuma no trabalho implantado por Mestre Bimba; (b) O reconhecimento de Bimba ao trabalho de Zuma; (c) A afirmação de Bimba existia Centros mais adiantados em Capoeira que a Bahia, no caso, a Cidade de Rio de Janeiro; (d) O interesse de Bimba pela prática desportiva da “Luta Nacional”; (e) A integração de seu discípulo nesta inovação; (f) A adoção do regulamento de Zuma pela direção do Parque Odeon, onde se realizavam tais apresentações; (g) A liberação pela polícia, daquela forma de luta já existente no Rio de Janeiro. A afirmação traz um significado especial por tratar do batuque baiano na formação de Mestre Bimba, da qual seu pai era campeão na modalidade, porque implicava num jogo agressivo de pernas contra as pernas do oponente, já como uma forma característica de luta acompanhada por cânticos e instrumentos. Também há apontamentos de que o batuque se disputava entre "pernadas" durante os carnavais cariocas42. Quanto a Anibal Burlamaqui - Zuma43 - foi um importante inventor desta nova capoeira carioca e afirmou que vários golpes foram extraídos dos “batuques” e “sambas”, como no caso do “baú”. Trata-se de um golpe dado no adversário com a 39

REIS, Letícia Vidor de Sousa. O MUNDO DE PERNAS PARA O AR: A CAPOEIRA NO BRASIL. 2. ed. São Paulo: Publisher Brasil/ FAPESP, 1997. v. 1. 40 in http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf 41 (Fonte: Rego, op. cit., 1968. pág. 282 e 283; Diário da Bahia. Salvador 13 de março de 1936; Da Capoeira: Como Patrimônio Cultural - Prof. Dr. Sergio Luiz de Souza Vieira - PUC/SP 2004) 42 FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008 disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf 43 http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf - A Capoeira Desportiva é o mais antigo segmento organizado da Capoeira. Surgiu no Rio de Janeiro após a Proclamação da República, no Brasil, em 1889. É resultante do reaproveitamento da corporalidade da antiga capoeiragem, em seus gestos e movimentos, para a construção de um método ginástico caracterizado por uma forma de luta sistematizada. Em 1904 surgiu um livreto anônimo, sob o nome: Guia do Capoeira ou Gymnastica Brazileira, com algumas propostas deste reaproveitamento, no qual se encontram as letras ODC, que significam “ofereço, dedico e consagro”, no caso “à distinta mocidade”. Foi somente em 1928 que a Capoeira Desportiva foi metodizada e estruturada por seu precursor, Annibal Burlamaqui, conhecido pelo nome de Zuma, o qual elaborou a primeira Codificação Desportiva da Capoeira, sob o título de: Gymnastica Nacional (Capoeiragem) Methodizada e Regrada. Sua obra.


barriga, sendo similar aos movimentos do “samba de umbigada”. O “baú” também era usado durante os “batuques lisos”, segundo Zuma, os mais delicados. O “rapa” havia sido um golpe usado nos “batuques pesados”. Ele também explica os golpes de “engano”, que serviam somente para burlar o adversário.44 Fregolão (2008) 45 considera que toda a pluralidade cultural imbricada na constituição destes elementos podem significar manifestações culturais diferentes, conforme a região em que ocorrem.

Fonte: Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA 46

Mestre André Lacé , a esse respeito, lembra que a capoeira tradicional, na Bahia e pelo Brasil afora, tinham a mesma convivência com o batuque. Além do mais há registros autorizados jurando que a Regional nasceu da fusão da Angola com os melhores golpes das lutas européias e asiáticas47. Em setembro passado, durante mais um encontro promovido pelo Jornalista Paulo Melo – Papoético – abordei essa questão com “Chronica da Capoeira(gem): O “Chausson/Savate” influenciou a Capoeira?”.

Fonte: http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/01/grabado-de-capoeira-siglo-xix.html Fuente foto Silat: Martial arts of the world: an encyclopedia, Volume 2 Escrito por Thomas A. Green. http://books.google.es/books?id=v32oHSE5t6cC&pg=PA529&dq=pentjak+silat&as_brr=3#v=onepage&q=pentjak%20silat&f=fals e 44

http://4.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SWfpDlAQZ6I/AAAAAAAAC68/mfXW2md8_IM/s1600-h/punga.gif, in Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA 45 FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008. Nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009, disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf 46 LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro,2004 LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO E NO MUNDO. – histórias & fundamentos, Administração geral, administração pública, jornalismo. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição elertrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2004. LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. 2 ed. Amp. E list. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro, 2005 LACÉ LOPES, André Luiz. L´ART DE LA CAPOEIRA À RIO DE JANEI, AU BRÉSIL ET DANS LE MONDE. Littérature de Cordel. Rio de Janeiro, 2005 LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. 4 ed. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro, 2007. LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição eletrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2006. 47 LACÉ LOPES, André. Correspondência eletrônica enviada em 20 de agosto de 2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz.


O batuque, também chamado de pernada, é mesmo, essencialmente, uma divisão dos antigos africanos, com especialidade dos procedentes de Angola. Onde há capoeira, brinquedo e luta de Angola, há batuque, que parece uma forma subsidiária da capoeira.48 Para Lacé Lopes (2006)49, a origem africana, entretanto, é evidente e incontestável. Comprovada não apenas pelo perfil étnico predominante dos capoeiras brasileiros do passado, mas, sobretudo, pela existência na África, há séculos, de práticas similares. O Moringue no Oceano Índico – Ilha de Reunião, Madagascar, Moçambique etc.50 – sem dúvida, é um bom exemplo. O mesmo raciocínio pode ser ajustado ao berimbau africano, instrumento musical que, no Brasil, acabou fortemente associado ao jogo da capoeira. Cada vez menos, mestres de capoeira e pesquisadores tendem a divergir quanto a esses aspectos. Da mesma forma que está surgindo um consenso sobre a utilização do nome “capoeira” para rotular o ensino e a prática do jogo com acompanhamento musical (cantoria e ritmo: berimbau, pandeiro, caxixi, reco-reco, agogô, atabaque), e a utilização do nome “capoeiragem” para a prática da capoeira como uma espécie de briga abrasileirada de rua, em desuso, na qual, no máximo, batiam-se palmas e cantavam-se versos curtos (samba duro, pernada carioca etc.).

El Juego "Sisemba"- Islas Célebes - Its formal name is SISEMBA but it is occasionally called SEMBA. Fonte: http://www.ethnographiques.org/2008/IMG/pdf/arKoubi.pdf por Javier Rubiera para Sala de Prensa Internacional

1820-BAHÍA-Jogo da Capoeira semejante al Moringue malgache, 1834-RUGENDAS -dibuja la Capoeira ó Moringue ?, 1940ANTROPÓLOGO Herskovits Compara la Capoeira con Moringue disponível em http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/08/1733-carolina-del-sur-boxeador-y.html

Já em Portugal encontrou-se o chamado fado batido, que surgiu no início do século XIX como dança de umbigadas semelhante ao lundu. Popularizou-se primeiro no 48 CARNEIRO, Edison. FOLGUEDOS TRADICIONAIS. 2 ed. Rio de Janeiro: FUNARTE; 1982., 1982 (p. 109), nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009 49 LACÉ LOPES, André. Capoeiragem. In DACOSTA, Lamartine (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, p. 10.2-10.4, disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf 50 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA(GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?” REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 22


Rio de Janeiro e depois na Bahia. Na década de 1830, já existiam em Lisboa inúmeras casas de fado, onde moravam as fadistas, jovens que cantavam, tocavam e "batiam" o fado num ambiente de bordel. Por volta de 1840, o canto ganhou especial importância, o que parece haver coincidido com a substituição da viola pelo violão51. José Ramos Tinhorão (2001), no capítulo "Os negros na origem do fado-canção em Lisboa" revela ter havido rodas de fado que funcionavam como as rodas de pernada dos crioulos do Brasil: era o chamado ‘fado batido’, clara referência à antiga umbigada africana e em que um dançarino ‘batia’ (aplicada a pernada) e o outro ‘aparava’ (procurava neutralizar o golpe para não cair).52

1810-RIO -danzas de africanos españoles y portugueses, capangas disponível em http://www.cchla.ufpb.br/pergaminho/1907_capitulos_-_capistrano.pdf

Não conseguimos localizar até agora documentação referente à presença antiga da capoeira no Maranhão e sua relação com o tambor de crioula, tema que atualmente tem despertado grande interesse.53 INDÍCIOS DE CAPOEIRAGEM54 NO MARANHÃO Garcia de Abranches em “O Censor”, edição de 24 de janeiro de 1825, comenta o posicionamento político do Marquês governante – Lord Cockrane – e compara alguns portugueses com os desocupados do Rocio – em sua maioria caixeiros – que “pela sua péssima educação, muitos brancos da Europa são tão vis, e tão baixos, como esses mulatos que andam a espancar, a roubar e a matar, pelas ruas da Cidade…”. Estaria o Censor referindo-se aos capoeiras? Em 1829, registram-se certas atividades lúdicas dos negros, publicada no jornal “A Estrela do Norte” a seguinte reclamação de um morador da cidade: 51

http://www.casadobacalhaupb.com.br/v2/fado.php, referencia de Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA TINHORÃO, José Ramos. HISTÓRIA SOCIAL DA MUSICA POPULAR BRASILEIRA. Rio de Janeiro: Editpora 34, 2001, disponiverl em http://books.google.es/books?id=8qbjll0LmbwC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f=f alse 53 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Punga dos Homens e Capoeira do Maranhão. In DACOSTA, Lamartine Pereira da (editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/192.pdf HEICKEL, Marco Aurélio. Tambor de Crioulo. In DACOSTA, Lamartine Pereira da (editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/192.pdf 54 Venho me utilizando do termo “capoeiragem” para a prática da capoeira como uma espécie de briga abrasileirada de rua, conforme definição de André Lacé Lopes, no Atlas do esporte no Brasil. In http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf 52


“Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém?” 55 Fregolão (2008) 56 informa que na página 61 dos Códigos de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Desterro [Florianópolis], de 10 de maio de 1845 no artigo 38 há a proibição dos ajuntamentos de escravos ou libertos para formarem batuques, sob pena de castigos conforme a lei para os cativos e para os libertos multa ou cadeia. O código de posturas da cidade de Salvador proibia "os batuques, danças e ajuntamentos em qualquer hora e lugar sob pena de prisão". A expressão "batuque", repleta de significados, podia representar diversas expressões culturais. Câmara Cascudo registra por "Batuque" a dança com sapateados e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor quando é de negros ou também de viola e pandeiro "quando entra gente mais asseada". Batuque é denominação genérica de toda dança de negros na África. Batuque é o baile. De uma descrição de um naturalista alemão, em visita às Gerais, em 1814/15, ao descrever a dança, fala da umbigada [punga]. Edison Carneiro57 ao fazer uma espécie de etimologia do batuque, cita que Macedo Soares considerava a palavra produto do verbo bater, mas cita também “Esta palavra, na sua acepção mais lata no Brasil, aplica-se ao conjunto de sons produzidos por instrumentos de percussão, em especial se considerados desarmônicos ou ensurdecedores. Também em sentido lato, a toda e qualquer dança ao som de atabaques dá-se, depreciativamente, o nome de batuque. Especificamente, batuque designa um jogo de destreza da Bahia, uma dança de umbigada de São Paulo – que se filia ao batuque africano – e dois tipos de cultos de origem africana correntes na região amazônica e do Rio Grande do Sul.” José Ramos Tinhorão (1988) 58 aponta para o problema do uso genérico do termo batuque: Na verdade, tal como o exame mais atento das raras informações sobre essas ruidosas reuniões de africanos e seus descendentes crioulos deixa antever, o que os portugueses chamaram sempre genericamente de batuques não configurava um baile ou um folguedo, em si, mas uma diversidade de práticas religiosas, danças rituais e formas de lazer. Com o nome de "batuque" ou "batuque-boi" há uma luta popular, de origem africana, muita praticada nos municípios de Cachoeira e Santo Amaro e capital da Bahia, uma modalidade de capoeira. A tradição indica o batuque-boi como de

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ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite. 56 FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008. Nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009 disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf 57 CARNEIRO, Edison, DINÂMICA DO FOLCLORE, Rio de Janeiro:O Autor, 1950.Citado por FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008. 58 TINHORÃO, José Ramos. OS SONS DOS NEGROS NO BRASIL: CANTOS, DANÇAS, FOLGUEDOS: ORIGENS. São Paulo: Art Editora, 1988.


procedência banto, tal e qual a capoeira, cujo nome tupi batiza o jogo atlético de Angola.

BATUQUE - Johann Moritz Rugendas (Augsburg, 29 de março de 1808 — Weilheim, 29 de maio de 1858) foi um pintor alemão que viajou por todo Brasil durante 1822-1825 e pintou povos e costumes. Date 1822-1825. Fonte: Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA

É descrita por Edson Carneiro (Negros Bantos): a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Dos golpes, cita o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar à posição primitiva.

Augustus Earle “Negroes fighting. Brazils” (Nègres combattant. Brésils) aquarelle sur papier, 16.5x25.1 cm, date approximative 1821...1823

Catunda (1952) 59 ressalta que na capoeira baiana [...] Não é como a capoeira carioca, na qual um dos comparsas se mantém imóvel, em atitude de defesa, enquanto só o outro ataca, dançando em volta do inimigo, assestando-lhe golpe sobre golpe. Em comentário de pé-de-página consta o seguinte: “A descrição da capoeira do Rio relembra a do batuque ou da pernada carioca por Edison Carneiro 1950 60, [...] Edison Carneiro descreveu a capoeira bahiana em Negros Bantus em 1938”.

59 CATUNDA, Eunice, Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, Fundamentos—Revista de Cultura Moderna, nº30, São Paulo, 1952, pp. 16–18. 60 CARNEIRO, Edison, DINÂMICA DO FOLCLORE, Rio de Janeiro: O Autor, 1950


Recordemos a descrição de Mestre Bamba sobre a Punga: esses movimentos foram descritos por Mestre Bimba - os "desafiantes" ficam dentro da roda, um deles agachado, enquanto o outro gira em torno, "provocando", através de movimentos, como se o "chamando", e aplica alguns golpes com o joelho - a punga61: Pungada na Coxa - também chamado "bate-coxa", aplicado na coxa, de lado, para derrubar o adversário; segundo Bamba, achou-o parecido com a "pernada carioca" ou mesmo com o "batuque baiano"; Pungada Mole - o mesmo movimento, aplicado nos testículos, de frente; aquele que recebe, protege "as partes baixas" com as mãos ... Pungada Rasteira/Corda - semelhante à "negativa de dedos (sic)", de Bimba; Queda de Garupa - lembra o Balão Costurado, de Bimba. Câmara Cascudo62 informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro. Diziam os marinheiros, que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Em “Dinâmica do Folklore” (1950) Edson Carneiro63 afirma que o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo. O batuque na Bahia se chama batuque, batuque-boi, banda, e raramente pernada - nome que assumiu no Rio de Janeiro... Ficaram famosos como mestres na arte do batuque, Angolinha, Fulo, Labatut, Bexiga Braba, Marcelino Moura... No verbete "punga", Câmara Cascudo64 se refere à dança popular no Maranhão, capital e interior; que é a mesma "dança do tambor". A punga é também chamada "tambor de crioula". Há também referencia a grafia "ponga", que como se sabe é um jogo. Crê que punga é um termo em uso apenas no Maranhão e significa, na dança em questão, a umbigada, a punga. A punga seria uma dança cantada, mas sem versos próprios, típicos. Geralmente são improvisados na hora, quando as libações esquentam a cabeça e despertam a "memória" do "tiradô" de versos. Após descrever o que seria a dança do tambor-de-crioula, informa que pong provirá do tupi “soar, bater, ou antes, soar por percussão. "O que fervia era o lundum, e estalavam as umbigadas com o nome de "pungas"" (p. 742-743). Remete a Tambor: "... mas a autonomia dos tambores indígenas e sua existência précabralina parecem-me indiscutíveis no Brasil. Dança do Tambor, Tamborde-Mina, Tambor-de-Crioulo. As danças denominadas "do Tambor" espalham-se pela Ibero-América. No Brasil, agrupam-se e são mantidas pelos negros e descendentes de escravos africanos, mestiços e crioulos, especialmente no Maranhão. [grifos meus]. Conhece-se uma Dança do Tambor , também denominada Ponga ou Punga que é uma espécie de samba, de roda, com solo coreográfico, e os Tambor-de-Mina e Tambor-deCrioulo, [chamo atenção novamente para a grafia, em masculino], série de cantos ao som de um ferrinho (triangulo), uma cabaça e três tambores, com danças cujo desempenho ignoro." (p. 850-851).

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http://www.jornalexpress.com.br/ CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972 63 http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=629 64 CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972

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O lundu ou lundum65 é um gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim. O lundu veio para o Brasil com os negros de Angola, por duas vias, passando por Portugal, ou diretamente da Angola para o Brasil. Informa o ilustre pesquisador, ainda, que uma missão cultural colheu exemplos das músicas utilizadas tanto no Tambor-de-Mina quanto no de Crioulo, em 1938. Estão ligados esses tambores-de-mina-e-de-crioulo às manifestações religiosas dos "terreiros", ao passo que: "... a punga (dança e batida) parecem alheias ao sincretismo afro-brasileiro na espécie... o Tambor-de-Crioula é o Bambelô do Maranhão, mas com a circunstância de que só dançam as mulheres. Passa-se a vez de dançar com a punga, que é um leve bater de perna contra perna. Punga é também espécie de pernada do Maranhão: batida de perna contra perna para fazer o parceiro cair.. às vezes o Tambor-de-Crioula termina com a punga dos homens.". (p. 851). Por "Punga", registra: jogo ginástico, brincadeira de agilidade, entre valentões, malandros e capadócios. É uma simplificação da capoeira... Sua descrição, assemelha-se à da "punga dos homens", do Tambor-de-Crioulo(a) (p. 709). Já "bambelô" é descrito como samba, côco de roda, danças em círculo, cantada e acompanhada a instrumentos de percussão (batuque), fazendo figuras no centro da roda um ou dois dançarinos, no máximo. O ético é o vocábulo quimbundo mbamba, jogo, divertimento em círculo (p. 113). Na Rua dos Apicuns, local freqüentado por “bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público”, os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural: “A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do ‘Eco do Norte” 66 contra a folgança dos negros que, dizia, ‘ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever… ’ (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís).” No ano de 1843, o Diretor da Casa dos Educandos Artífices do Maranhão em relato ao Presidente da Província informava que havia “outro problema”: a segurança dos alunos e do patrimônio da casa, em razão da existência de vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados, o que resultava em atos de violência cotidianos, pela falta de intervenção policial no local. Sobre os Capoeiras reclamava esse Diretor: “Capoeiras que nem os donos das tavernas derrubam, nem a Câmara Municipal os constrange a derrubar67, apesar das proximidades em que estão a respeito da Cidade cometessem por aqui crimes de toda a qualidade que por ignorados ficam impunes, tendo já sido espancado gravemente um 65 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lundu ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834, e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836 in VIEIRA FILHO, 1971, p. 36. 67 Mathias Assunção acredita que se estava referindo a capoeira ‘mato, ‘[...] que não consegue derrubar[...]’. Mas ‘mato’ agride, rouba, mata? 66


quitandeiro, e já são muitas as noites em que daqui ouço pedir socorro, sendo uma destas a passada, na qual, às nove horas e quinze minutos, estando todos aqui já em repouso, ouvi uma voz que parecia de mulher ou pessoas moças, bradar que lhe acudissem que a matavam, e isto por vezes, indo aos gritos progressivamente a denotarem que o conflito se alongava pelo que pareceu que a pessoa acometida era levada de rojo por outra de maiores forças, o que apesar da insuficiência dos educandos para me ajudarem, atendendo as suas idades e robustez, e não tendo mais quem me coadjuvasse, não podendo resistir à vontade de socorro a humanidade aflita e não tendo ainda perdido o hábito adquirido na profissão que sigo, chamei dois educandos dos maiores e com eles mal armados, sai a percorrer as mediações desta casa, sem que me fosse possível descobrir coisa alguma, por que antes que pudesse conseguir por os ditos educandos em estado de me acompanharem, passou-se algum tempo e durante ele julgo que a vítima foi levada pelo seu perseguidor para longe daqui. Estes atentados são praticados pelos negros dos sítios que há na estrada que em conseqüência da má administração em que os tem, andam toda a noite pela mesma estrada, praticando tudo quanto a sua natural brutalidade lhe faz lembrar, e se V. Exa. se não dignar de tomar alguma providência a este respeito parece-me que não só a estrada se tornará intransitável de noite, como até pelo estado em que existem só os negros dos sítios e os vindos da Cidade se reúnem, entregues à sua descrição, podem trazer conseqüências mais desagradáveis […] o que falo é para prevenir que este estabelecimento venha a ser insultado como me parecesse muito provável em as cousas como se acham. (FALCÃO, 1843). (citado por CASTRO, 2007, p. 191-192) 68. A Casa dos Educandos Artífices estava alojada em um edifício construído ainda no Século XVIII, situado num ambiente de “ares agradáveis, liberdade própria do campo, vista aprazível e fora do reboliço da cidade”, entre o Campo do Ourique e o Alto da Carneira – hoje, Bairro do Diamante, ocupado pelo Ministério da Agricultura. O Autor do relatório, José Antônio Falcão, era tenente-coronel reformado do Exército, havia assentado praça em São Luís, juntamente com seu irmão Feliciano Antônio Falcão, em 1831, como cadete no Regimento de Linha. Antônio Falcão foi o organizador da Casa dos Educandos Artífices, e seu diretor no período de 1841 a 1853. Já Feliciano Antônio Falcão, seu irmão, comandou a força expedicionária para combater os Balaios em Icatu e comandou a terceira tropa por ordem de Luis Alves de Lima e Silva, depois Duque de Caxias, entre as localidades de Icatu e Miritiba (hoje, Humberto de Campos), até o fim da Balaiada. (CASTRO, 2007, p. 184). Cumpre lembrar que estes alertas foram feitos no ano de 1843, apenas um ano após o término da Balaiada – iniciada em 1838, originada com as lutas dos quilombolas na área de Codó (Distrito do Urubu) como antecedentes à eclosão da Revolta, até a condenação do Negro Cosme, em 184269, estando envolvidos vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados. Seriam esses Capoeiras remanescentes da Balaiada?70 Dunshee de Abranches em "O Captiveiro"71, de 1941, livro de memórias escrito em 1938 para comemorar o cinqüentenário da abolição da escravatura e o centenário da Balaiada, trata de registros de acontecimentos políticos e sociais do Maranhão 68

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CASTRO, César Augusto. INFÂNCIA E TRABALHO NO MARANHÃO PROVINCIAL - uma história da casa dos Educandos Artífices (1841-1889). São Luís: EdFUNC, 2007. ARAÚJO, Maria Raimunda (org.). Documentos para a história da Balaiada. São Luís: FUNCMA, 2001

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ERAM OS BALAIOS CAPOEIRA? (INÉDITO) DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA, João. O CAPTIVEIRO (memórias). Rio de Janeiro: (s.e.), 1941. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. DUNSHEE DE ABRANCHES. Discurso de posse no Instituto Histórico e geográfico do Maranhão, em 03 de setembro de 2008. 71


(GASPAR, 1993, VAZ, 2008)72. Numa de suas passagens, descreve as lutas entre brasileiros (cabras) e portugueses (puças), republicanos e monarquistas, abolicionistas e negreiros, que para defenderem seus ideais, passam a criar periódicos e grêmios recreativos de múltiplas denominações para defesa de seus ideais. Dessa mania surge a "Arcadia Maranhense", e de uma sua dissidência, a "Aurora Litteraria". Para ridicularizar os membros desta última, aparece um jornaleco denominado "Aurora Boreal": "... só faltava fundar-se o Club dos Mortos. E justificou [Raymundo Frazão Cantanhede] tão original proposta dizendo que, se tal fizesse, iríamos além dos positivistas: ficaríamos mortos-vivos e assim seríamos governados por nós mesmos". (ABRANCHES, 1941:174). O Clube dos Mortos reunia-se no porão da casa dos Abranches, no início da Rua dos Remédios, conforme relata Dunshee de Abranches (1941) em suas memórias: "E como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos (...) E, não raras noites, esse grupo juvenil de improvisdos athletas e plumitivos patriotas acabava esquecendo os seus planos de conjuração e ia dansar na casa do Commandante Travassos..." (p. 187-188). O "Club dos Mortos" envolveu-se, ainda, nas disputas entre caixeiros e estudantes por causa de duas artistas de um circo, instalado no Tívoli. Para enfrentar os empregados do comércio, na sua maioria homens feitos, os preparatorianos (estudantes do Liceo) reuniram-se no pátio do colégio para selecionar os melhores atletas para a defesa. Fundaram, assim, o Club Roncador, que guardavam suas armas na casa dos Abranches: ”... veio dahi uma grande amizade dos campeões dos murros e dos cambitos (synonimo de rasteira naquella época) pelo Club dos Mortos". (p. 190-191). (grifos meus). MARTINS (1989) 73, aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877: “JOGO DA CAPOEIRA “Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da Rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes”. ( p. 179) E A “CARIOCA”?74 72

GASPAR, Carlos. DUNSHEE DE ABRANCHES. São Luís : (s.e.), 1993. (Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28.jul.92). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. HOMENAGEM AO PATRONO DA CADEIRA Nº 40. REVISTA DO IHGM – No. 29 – 2008 – Edição Eletrônica, p. 157 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A GUARDA NEGRA REVISTA DO IHGM N. 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 20-33 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A ”CARIOCA”. REVISTA DO IHGM N. 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 54-75 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA(GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?” REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 22 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES. REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 120 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. Rev. do IHGM, No. 34, Setembro de 2010 – Edição Eletrônica, p. 65-70. 73

MARTINS, Dejard. ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: (s.n.), VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A ”CARIOCA”. Revista do IHGM, N. 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 54-75 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA(GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?” REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 22 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES. REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, P 120 74


Soares (2005) 75, em “Capoeira no Pará: resistência escrava e cultura popular, 1849-1890”, ao referir-se a acontecimentos na Corte, compara-o à situações vividas em Belém, no ano de 1849. Refere-se, mais adiante, a recente trabalho de Vicente Salles (A defesa pessoal do negro: a capoeira no Pará, 1994) 76 que revela a antiguidade da capoeira paraense, seu enraizamento, sua proximidade com a capoeira praticada no Rio de Janeiro e Bahia, e sua peculiaridade regional. Soares (2005) 77, se referindo a acontecidos nos anos de 1890, discorre: “Sintomático também em Belém, muito precocemente, também fosse palco da Carioca, como nos mostra ofício […] descreve uma patrulha na região de Ver-O-Peso: ‘estive em patrulha […] quando vimos alguns individuos pulando jogando carioca.” 78 Para Albuquerque79, o êxito da economia paraense atraiu para a região amazônica, entre 1890 e 1910, trabalhadores nordestinos e imigrantes europeus, principalmente portugueses. A interação entre esses trabalhadores levou à incorporação pela capoeira paraense de armas próprias às lutas portuguesas, assim como golpes e hábitos dos capoeiristas baianos, cearenses e pernambucanos. No Rio de Janeiro, essa convivência entre negros, imigrantes pobres e migrantes de diversas regiões do país nas ocupações braçais, principalmente na estiva, ampliou, ainda mais, os tipos sociais que praticavam capoeira. Entre os praticantes estavam portugueses, espanhóis e italianos que trabalhavam no porto, operários nordestinos, soldados, brasileiros brancos e pobres. Não eram apenas os negros que podiam ser facilmente identificados como capoeiras pelo andar gingado, as calças de boca larga e a argolinha de ouro na orelha, sinais de valentia. Soares (2005) considera que a repressão desencadeada em 1890, a criminalização no novo código penal da República, teria obrigando os praticantes a encontrar novas formas de dissimulação, para ocultar-se da atenção das autoridades. Nos últimos anos do século XIX, no Rio de Janeiro teria aparecido a chamada Pernada Carioca, que consistia de golpes da capoeira tradicional, como a rasteira, camuflados em nova roupagem. Miltinho Astronauta, ao referir-se à Pernada de Sorocaba80, na Capital Paulista, e à outra "espécie de capoeira", a Tiririca, comenta que, aparentemente, com a repressão de algumas manifestações (ai inclui-se a Capoeira, o Batuque e até mesmo a Religião Candomblé), o povo era obrigado a mascarar suas práticas, mudando formas de execução e nome de tais práticas. Refere-se ainda ao Folclorista Alceu Maynard Araújo (1967) que relata que foi encontrada capoeira no interior paulista entre o final do século XIX e início do século XX. Trata-se de levas de capoeiras soltas nas pontas dos trilhos da Sorocabana, que tinha como destino final a cidade de Botucatu. Na verdade eram capoeiras desterrados do Rio em conseqüência do Código Penal de 1890 81. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. Rev. do IHGM, No. 34, Setembro de 2010 – Edição Eletrônica, p. 65-70. 75 SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Capeira no Pará: Resistência escrava e cultura popular (1849-1890). In COELHO, Mauro Cezar; GOMES, Flávio dos Santos; QUEIROZ, Jonas Marçal; MARIN, Rosa E. Acevedo; PRADO, Geraldo (Org). MEANDROS DA HISTÓRIA: trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005, p. 144-160. 76 SALLES, Vicente. A DEFESA PESSOAL DO NEGRO: A CAPOEIRA NO PARÁ. Micro-edição do autor, 1964, citado por SOARES, 2005, op. Cit. 77 SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Capeira no Pará: Resistência escrava e cultura popular (1849-1890). In COELHO, Mauro Cezar; GOMES, Flávio dos Santos; QUEIROZ, Jonas Marçal; MARIN, Rosa E. Acevedo; PRADO, Geraldo (Org). MEANDROS DA HISTÓRIA: trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005, p. 144-160. 78 (AE. Secretaria de Segurança Pública. Autos-Crimes, 22/09/1892). 79 ALBUQUERQUE, Wlamyra Ribeiro de. UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL, nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa Internacional FICA el 8/19/2009, disponível em http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/uma%20historia%20do%20negro%20no%20brasil_cap09.pdf 80 CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Pernada de Sorocaba. In JORNAL DO CAPOEIRA, 29 de outubro de 2004, disponível em http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=3 81 MILTINHO ASTRONAUTA, CAPOEIREIRO Capoeira, Pernada & Tiririca na Terra da Garoa in http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=713


Na Bahia, o batuque era o escalão inicial para a capoeira; no Rio de Janeiro, era e é a pernada, banda ou batuque a forma de ataque e defesa preferida pelo carioca; no Maranhão, a punga, associada ao tambor-de-crioula, parece preencher a mesma função. Já no Recife, a capoeira, desaparecida em conseqüência de vigorosa reação policial, se transfigurou no passo.82 Soares (2005) 83 considera que a identificação da ‘capoeira’ como ‘carioca’, simplificação de ‘pernada carioca’ acontece pela dissimulação dos praticantes para fugir aos rigores da repressão do chefe de polícia Sampaio Ferraz, quando da criminalização da prática da capoeira, pelo Código de 1890. Gil Velho coloca que a capoeira do século XIX morre com o advento da República. Inimiga da capoeira, ela chega com uma proposta de reformas sociais e urbanas, criticando a organização e a expressão popular da sociedade brasileira, principalmente no que diz respeito à mestiçagem étnica e cultural. Sua proposta alternativa seria baseada no modelo cultural europeu republicano – e positivista - e qualquer coisa que estivesse fora desses princípios era desconsiderada: Essas mudanças alteraram os nichos e a geografia culturais da cidade. Espaços de expressões culturais foram perdidos, desarticulando a forma de organização urbana e quebrando a dinâmica interativa das comunidades que a compunham. Assim, com a alteração de elementos essenciais do contexto social da capoeira, o processo que a personalizava se alterou. Desaparecidas, as maltas são substituídas pela solitária figura do malandro. Malandro é um indivíduo e a malta, um grupo social. [...] “(CAVALCANTI, 2008) 84 Mas seis anos antes (1884) aparece sua proibição no Código de Posturas de Turiaçú - Lei 1342, de 17 de maio de 1884 -, e já identificada como “o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca”...

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CARNEIRO, Edison in Folguedos Tradicionais disponível em http://www.capoeirainfos.org/ressources/textes/t_carneiro_capoeira.html SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Capeira no Pará: Resistência escrava e cultura popular (1849-1890). In COELHO, Mauro Cezar; GOMES, Flávio dos Santos; QUEIROZ, Jonas Marçal; MARIN, Rosa E. Acevedo; PRADO, Geraldo (Org). MEANDROS DA HISTÓRIA: trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005, p. 144-160. 84 CAVALCANTI, Gil. Do lenço de seda à calça de ginástica. Ter, 17 de Junho de 2008 16:44 Gil Cavalcanti (Mestre Gil Velho), disponível em http://portalcapoeira.com/Publicacoes-e-Artigos/do-lenco-de-seda-a-calca-de-ginastica 83


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“TRIBUTO AO MESTRE SAPO” LAÉRCIO ELIAS PEREIRA Mestre Sapo morreu em 1982. Mereceu do Professor Laércio Elias Pereira um “Tributo ao Mestre Sapo”, em que é traçada, poeticamente, sua história de vida: “Era um dos ‘capitães da areia’ das histórias que Jorge Amado contou sobre os meninos que vivem nas praias de Salvador, deslocando um bico ou uma carteira, aqui e ali. Vivem é muito otimismo; sobrevivem à margem da sociedade dando e pedindo esmola, como cantou outro baiano, Moraes Moreira. “Daí até chegar à capoeira pra turista foi fácil, que a Capoeira era parte de seu dia-adia. Já tinha até arranjado um lugar de destaque junto a Mestre Canjiquinha, que fazia apresentações em bares e boates da Bahia de Todos os Santos. Com Canjiquinha apareceu na maioria dos filmes feitos sobre a Bahia pela Atlântica e se orgulhava de ter filmado com Anselmo Duarte. “Convidado, Canjiquinha fez uma excursão pelo Nordeste, e, no Maranhão, o garoto Sapo foi convidado para ficar. Era bom de luta e a política local precisava de guardacostas. Foi a primeira investida da máquina, desta vez a política. Com a facilidade de manejar armas pela nova profissão Mestre Sapo teria aí uma de suas paixões: sempre tinha um trintaeoito ou uma bereta pra ‘botar no prego’ e recuperar quando aparecesse algum, pois a convivência com políticos não tinha deixado nada que o ajudasse no leite das crianças, a não ser o estudo, com que ele deu um rabo-de-arraia nas poucas letras trazidas de Salvador. Estudou muito. Até o cursinho, e se foi sem ter conseguido superar o vestibular que a Universidade teima em manter na área médica, pra Educação Física. Mas era professor de Educação Física: Professor Anselmo. Anselmo ??? Que nada! Mestre Sapo. Era a segunda investida da máquina: a administrativa. A modernização da pobreza também tenta tirar a originalidade das pessoas. Como Sapo não seria aceito; só como Anselmo. Essa parada contra a máquina ele ganhou: nunca deixou de ser Mestre Sapo. “Crescendo em Capoeira e fama ele agora sai nos livros: a ramificação da Capoeira no Maranhão, contada por Waldeloir Rego em ‘Capoeira Angola’ é Mestre Sapo. Ah! E como juiz nacional da nova ‘Ginástica Brasileira’ a sua capoeira que ele brigou tanto pra não virar ginástica olímpica. “Ia se aperfeiçoar e o sonho de fazer Educação Física foi ficando cada vez mais sonho. Mas tinha orgulho de sua forma física: ‘Fique calmo!’, ‘Olha o bíceps!’. “Ele gostava de domingo. Um dia malemolente pra se tomar cana e brigar. Brigar com os companheiros de briga. E foi num domingo, domingo de cachaça e briga que ele recebeu a terceira e definitiva investida da máquina: o automóvel, que mostrava a ‘mais vaia’ de sua capacidade de competição contra os músculos do Homem. Os músculos bem treinados de Mestre Sapo nada puderam contra a máquina forte e estúpida, medida em cavalos. Mais de cinqüenta. Uma máquina movida por um companheiro de profissão, um amigo, pra combinar com o domingo, com a briga e a cachaça. Jamais seria um desconhecido dirigindo a máquina da morte. Sapo era amigo de todo mundo”. (in PEREIRA, Laércio Elias. Tributo ao Mestre Sapo. São Luís, DESPORTO E LAZER, n. VII, ano II, maio/junho e julho de 1982, p. 17)


RESPONSABILIDADE COM A EDUCAÇÃO OSVALDO PEREIRA ROCHA A educação nacional brasileira é apontada como prioritária pelas autoridades governamentais (federais, principalmente pelo Ministro de Estado da Educação; estaduais e municipais) e, também pelas universidades, faculdades, colégios e pais de família, mas, na prática, não é bem assim. A demanda pelo ensino cresce numa velocidade superior à capacidade de oferta que caracteriza hoje o nosso Brasil e as ações de seus governos, em todos os níveis. O ensino público gratuito, obrigação inalienável do Estado, sobretudo no nosso País, que é pobre do ponto de vista de suas instituições políticas e sociais e tem passado por crises que contribuem para desestabilizar um sistema que não é dos mais sólidos. As verbas destinadas à educação e ao ensino são, sempre, insuficientes para uma infra-estrutura razoável e para a formação de bons professores. É verdade que existe certo esforço para levar nossas crianças e nossos jovens para a escola, mas, com freqüência, por insuficiência de recursos, de condições e falta de projetos educacionais abrangentes e integradores, resulta quantitativamente positivo e qualitativamente negativo. Por exemplo, o sistema de ciclos, que mascara graves deficiências no processo de formação dos estudantes brasileiros. Também existe o problema do poder público querer levar um nível de educação contra o outro, buscando, desta forma, identificar quem são os culpados fora do seu âmbito de atuação, quando sabemos que as boas condições de ensino não são isoladas e compartimentadas, todavia integradoras e solidárias por definição. O ensino público superior no Brasil tem sido muitas vezes apontado como o grande vilão papa-níquel das verbas do ensino e, desse modo, execrado em prosa e fúria por alguns órgãos da mídia. Erro conceitual, ético e estratégico que pode trazer conseqüências graves ao processo de formação superior de nossos estudantes universitários e gerar atrasos ainda mais comprometedores em nossa capacidade e em nossa competência profissional para enfrentar os sérios desafios do mercado de trabalho. Ao lado da profissionalização do estudante é preciso não esquecer a sua formação integral e humanista para que ele se desenvolva com forte sentido de responsabilidade ética e social, ou seja, competente em sua especialidade e cidadão exemplar na sua convivência na comunidade em que atua e na sociedade em que vive, afirma Carlos Vogt, ex-reitor da UNICAMP. As universidades, as faculdades e os colégios (públicas e particulares) não assumem a educação e o ensino por inteiro, delegando grande parte dessas obrigações às famílias; as famílias dizem que tais responsabilidades são das escolas em geral; estas dizem que a família não está cumprindo com o seu papel de educar... Ficam nesse jogo de empurra, empurra. Vivemos em uma época em que se alguém age com educação e aguarda a sua vez para ser atendido é chamado de otário, tonto, besta, ou seja, ser educado nos dias de hoje é ser boboca ou babaca? A responsabilidade com a educação é do governo, da escola, do professor, do aluno, da família e das instituições ou entidades em geral, ou seja, é de todos nós. A Maçonaria, através da Confederação Maçônica do Brasil – COMAB, por exemplo, tem desenvolvido trabalho no sentido de contribuir para a melhoria da


educação e do ensino público brasileiro, inclusive criou recentemente a Escola Nacional Ensino Maçônico – ENAEM, visando melhor formação do Maçom, líder da comunidade que tem por missão buscar a verdade, fazer o bem e ser homem livre e de bons costumes, exemplo para os jovens. O Soberano Grão-Mestre do Grande Oriente Independente de Pernambuco GOIPE e Presidente da Associação Brasileira da Imprensa Maçônica – ABIM, Antonio do Carmo Ferreira, Presidente de Honra da COMAB, assinou recente artigo com o título de “Adeus ao Giz e à Saliva”, de excelente qualidade que, nos seus dois parágrafos finais, textua: “Grão-Mestres e líderes maçons, em companhia de renomados especialistas, analisando e acompanhando a tramitação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que estabelece o Plano Nacional de Educação para os próximos 10 anos. E, nele, se inclui (item 9) dispositivo que trata da ‘valorização dos profissionais de educação’. Percebemos que esta será a janela pela qual se descortinam as chances para discussão da retomada do estímulo à fascinante e nobre carreira do magistério. Pois é, como escreveu a filósofa Maria Lucia de Arruda Aranha (em Filosofia da Educação, Edit Moderna, SP, pág. 296): (“... a aula de saliva e giz está condenada...”). Repito a frase supra de que a responsabilidade com a educação é do governo, da escola, do professor, do aluno, da família, das instituições ou entidades em geral, ou seja, é de todos nós. E o trabalho em prol da educação e do ensino deve ser integrado e, não, isolado.


POSFÁCIO DILERCY ADLER “DILERCY ADLER: A TECELÃ DE EROS NOS TRÓPICOS MARANHENSES”, de CAMILA MARIA SILVA NASCIMENTO POSFÁCIO Ao ler este artigo de Camila Maria Silva Nascimento, professora do Curso de Letras da Universidade Estadual do Maranhão, São Luis, e aluna do Dinter em Ciência da Literatura pela UFRJ/UEMA, além de experimentar a felicidade de ver alguns dos meus poemas como seu objeto de estudo, numa das disciplinas do Curso, fiquei extasiada com a sua perspicácia e capacidade crítica. Impressionou-me, ainda, a forma inteligente com que ela expressa os pensamentos, revestindo-os de uma linguagem lírica e poética que encanta e seduz o leitor. O mérito maior da análise empreendida no presente trabalho reside, ainda, na beleza e maestria com que a autora expressa seu instigante discurso argumentativo-teórico-literário. Em um artigo meu “LER E PRODUZIR OBRAS LITERÁRIAS: prazeres vitais para o mundo humano” (2011), digo: A criatividade, como qualquer outro traço ou característica humana, necessita de condições adequadas para que possa se desenvolver. Algumas dessas condições se relacionam com o espírito da época, com o clima psicológico ou social que predomina em uma determinada sociedade ou em determinado povo. [...] Desse modo, tanto os fatores intrapessoais, interpessoais, individuais e sociais, têm um impacto significativo na produção criativa do indivíduo e da sociedade. Ainda nesse mesmo trabalho (2011), explicito que: Em termos de características de um contexto social propício à criatividade salienta-se a extensão em que as contribuições criativas de seu povo são bem aceitas e valorizadas, bem como a existência de condições que estimulem a inovação, a exploração de ideias e a criação de novos produtos. A importância do reconhecimento social é também fundamental nesse contexto. Por isso é necessário que aqueles que convivem com o indivíduo valorizem a sua criatividade; o ambiente deve oferecer o apoio necessário e aceitar o trabalho criativo quando apresentado. Assim sendo, convém reforçar a importância do reconhecimento social como fundamental estímulo à criação. Por isso, é necessário que aqueles que convivem com o indivíduo valorizem a sua criatividade. Nesse particular, refiro-me à autora, por agregar a si valores que a enaltecem como estudiosa e pesquisadora, pertencente ao Núcleo de Estudos Linguísticos e Literários do Departamento de Letras da instituição na qual trabalha. Ainda nessa instituição conheci e contribuí em um projeto de sua criação – o Curso de Especialização em Literatura Infanto-Juvenil, sob sua coordenação. Em qualquer das atividades desenvolvidas, ela apresenta traços vivazes, quando, na inquietante busca da interpretação exaustiva dos conhecimentos já existentes ou na criativa reinvenção do novo, o que dá vigor às suas produções. O subtítulo do seu artigo “a tecelã de Eros nos trópicos maranhenses”, denuncia argúcia imaginativa, ao buscar, na força de Eros, a sua própria força, dando à argumentação engendrada a sutileza necessária que aprisiona o leitor. E assim, nas teias das palavras, fio a fio bem articuladas, resulta um discurso instigante, em que ela realça a força de Eros “com os fios da paixão, cedidos por Eros”, ou ainda a força que tem a palavra para quem dela se nutre, “possuído por esse quebranto” pelo qual “o poeta trabalha e se doa”. No tocante ao papel da tecelã, Camila reconstrói a imagem da


mulher artesã, que trabalha no tear, que tece os panos, na linguagem literária, os sonhos, as dores, os amores, as esperanças, enfim a vida. E esse tecido, em poesia ou em prosa, mas que sempre encantam e seduzem, nela ganha outro corpo. A professora valoriza, na sua análise, a poeta mulher que, num mundo quase sempre pensado pelo masculino, tem que provar a sua competência, além de parir e cuidar da sua prole... Mas, a despeito dessas dificuldades, as mulheres, desde a Antiguidade, impõem e revelam a crueza das suas paixões. Por fim, chamo a atenção para “os trópicos” que representam a trajetória máxima do ser no chão, dos raios do sol sobre a superfície terrena, traduzindo e irradiando o calor sobre o habitat humano, na vida humana, na alma e no corpo humanos... É esse calor que dá razão ao existir de cada homem e de cada mulher, tanto individual como coletivamente. Ao terminar a leitura do artigo dessa professora, veio-me de pronto um trecho de um poema de minha lavra (Alma de Poeta), que inicia dizendo: que alma é essa/que habita o meu corpo/irrequieta aventureira/... Como contê-la? Talvez a resposta esteja no destino desejado neste outro poema (Vôo pelo reprimido): ah! aquela folha de papel antes inerte/agora arde em paixões incontinentes/com a minha e tantas outras vidas juntas/escala o céu/trespassa horizontes! Parabéns à professora Camila Nascimento! Meus agradecimentos por ela trazer à baila argumentações estimulantes, o que me incentiva a percorrer, cada vez mais, os caminhos da poesia, com os fios da paixão de Eros e como paciente tecelã desses e nesses tão amados trópicos maranhenses, onde sigo cantando e compondo as minhas canções... Por que não? São Luís, 15 de outubro de 2011 Dilercy Adler


PORQUE FUNDAR UM INSTITUTO HISTÓRICO NO OESTE PARAENSE? PADRE SIDNEY CANTO Recentemente estive participando do V Colóquio dos Institutos Históricos do Brasil. Tive a grata oportunidade de conhecer pessoas dos diversos Estados da Federação, que lutam (algumas vezes numa verdadeira luta colossal de um Davi contra Golias) para preservar a memória histórica do Brasil, dos Estados e de alguns Municípios. Uma das Oficinas foi coordenada pelo professor Arno Wehling, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil – IHGB; e tratou de um tema já proposto desde o primeiro Colóquio Nacional, que é a criação e implantação de Institutos Históricos Municipais ou Regionais, entidades estas que teriam como objetivo, “a pesquisa, coleta de dados e informações, a reflexão e a discussão de temas considerados relevantes e a publicação de trabalhos, quer como contribuição científica, quer como divulgação cultural”. Além disso, continuando o que nos diz o presidente do IHGB, tal entidade “poderia se constituir em contribuição relevante para a constituição de acervos que recolhessem traços da memória local (ou regional), como objetos reunidos em coleções particulares, que freqüentemente se perdem quando desaparecem seus proprietários”. Ou seja, a partir da pesquisa de uma memória local, arquivada na história das famílias das diversas cidades brasileiras, manter viva a preservação dos valores da sociedade como um todo. A partir do debate em torno do tema, fixou-se melhor a idéia de fundar um congênere do IHGB em Santarém, abrangendo também toda a região Oeste do Pará, mais especificamente: Altamira, Porto de Moz, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Brasil Novo, Uruará, Placas, Medicilândia, Trairão, Novo Progresso, Jacareacanga, Itaituba, Rurópolis, Aveiro, Belterra, Mojuí dos Campos, Juruti, Terra Santa, Faro, Oriximiná, Óbidos, Curuá, Alenquer, Prainha, Monte Alegre, Almeirim e Santarém. Uma região rica não somente em História (que vêm desde o século XVII), mas com temas sociais e geográficos de interesse recente, de nível nacional e até mesmo internacional, como a conservação (e em seu oposto a exploração) da Floresta Amazônica, os grandes projetos de mineração e de construções de hidroelétricas, a zona da expansão da soja, os povos indígenas, e tantos outros que carecem ainda de um acompanhamento documental e de pesquisa. Além disso, ao vermos que, constantemente, nosso patrimônio histórico, artístico, cultural e ambiental vem sendo ameaçado, seja pelo furto descarado de peças e obras de arte, seja pela falta de incentivo do poder público e seja ainda pelo fato de “desconhecimento” de seu valor pela própria população ou ainda por projetos que simplesmente destroem as coisas existentes em nome de um progresso que interessa a um número restrito de pessoas. Tais fatos são agravados ainda por problemas como a ineficiência (seja por parte do governo federal ou estadual) de dispor de órgãos e pessoas que fiscalizem o interior do Estado do Pará. Muitos deles concentrando esforços na zona metropolitana de Belém e arredores e justificando a ausência pelas “enormes distâncias, falta de recursos financeiros e humanos”.


A proposta de fundar um Instituto Histórico e Geográfico no Oeste Paraense procura somar forças com outras instituições, como o próprio Instituto Histórico do Pará, as Universidades, as Academias de Letras municipais, as prefeituras e órgãos públicos na defesa do patrimônio histórico, geográfico, cultural e na defesa do meio ambiente. Esperamos que esta proposta possa encontrar um campo fértil entre os nossos intelectuais acadêmicos e autodidatas e possa produzir breves frutos para o futuro da nossa Região.


IHGM NA MÍDIA – Publicado no JP Turismo edição de 28/10/2011 http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=28102011-Festa-do-Remedinho----So-Bento-

FESTA DO REMEDINHO - SÃO BENTO ÁLVARO URUBATAN MELO No próximo dia 30/10, dar-se-á em São Bento o encerramento da novena da festa de Nossa Senhora dos Remédios. Com a decadência dos festejos da Conceição e do Senhor São Bento, passou a ser uma das mais animadas da região. Originou-se da ereção de uma cruz em 2 de novembro de 1886, destinada a acendimento de velas às almas de familiares sepultadas em outros lugares, gesto verificado aos pés das cruzes do Porto Grande e do Cemitério, sob as quais, segundo a lenda, encontravam-se enterradas em separado, as três partes da serpente: cabeça, corpo e rabo. Com o decorrer dos anos, passaram a festejar, sendo a de Outra Banda denominada, festa da Cruz. Com o crescimento anual dela, o ilustre são-bentuense, senhor bispo Dom Felipe Conduru Pacheco, então vigário da paróquia aconselhou ao senhor Joaquim Marques Ribeiro, líder do bairro que sendo a Cruz um dos martírios de Cristo não era aconselhável comemorar em sua volta. Para obedecê-lo, o coronel Ribeiro trás da casa de seu sogro Mariano da Silva Brito, irmão do ex-arcebispo de Olinda Dom Luís de Brito, uma estampa de Nossa Senhora Remédios, pertence de sua sogra Senhora Militina Augusta Faria de Brito, e improvisa um altar até que a 18 de agosto de 1931, em presença das autoridades locais assentam a pedra fundamental da capela, rapidamente construída em mutirão com forte participação do povo. De inicio ocorria no luar de outubro, e com enorme movimentação crescia ano a ano, tornou-se a mais famosa e passou a ser a festa do "reencontro", quando os sãobentuenses residentes noutras cidades aproveitavam para rever a família, amigos e saborearem as apetitosas comidas da terra. Vinham em lanchas de recreio, com músicas a bordo. O período era de grande alegria e confraternização. Cada uma noite com um responsável e dezenas de novenários faziam questão de colaborar. O largo muito bem ornamentado. Leilões, casas de sorte, bares, carrosséis, fogos de artifícios, as doceiras, auto-falantes, vendedores de arroz de toucinho, de balões, tudo era atração, expressão viva da cultura regional. Os moradores do bairro pintavam suas casas para saudar a passagem da Santa Padroeira, ocasião aproveitada para batizados, convidar visitantes e amigos residentes mais distantes para o almoço, adrede preparados. A capela superlotava em todos os atos religiosos, até porque naqueles tempos, ao contrário de hoje, somente havia no bairro duas pessoas que não professavam o catolicismo: Pedro Pinheiro (Lobó) e dona Eugênia de dona Procópia. Havia presença das autoridades, e o próprio padre, figura notável, cumprimentando e cumprimentado era por todos festejados. As moças e rapazes, com antecedência, preparavam suas Indumentárias, exibidas em momentos diferentes. A cidade toda vivia um frêmito de fé e de júbilo. Dos anos para cá, dizem por ordem do Bispado, houve profundas mudanças: as músicas passaram ter conotações religiosas; o trajeto da procissão foi diminuído;


proibiram os bares e o primeiro milagre do Pai, nas Bodas de Canaã, passou a ser considerado pecado. O que adiantou. Não deixaram de cervejar, nem aumentou o movimento na capela. Ao contrário, houve uma evasão de católicos para outras tantas religiões. Essas determinações não devem ser da Igreja, pois, aqui em São Luís, na paróquia que freqüentamos, as capelas de São Marcos e São Paulo que crescem a olhos vistos, os paroquianos, sob a batuta do padre promovem quermesses, festas dançantes, arraial de São João com exibições de brincadeiras juninas, com vendas de comidas e bebidas. Procedimentos de outras paróquias do Maranhão. Conseqüência - a festa da capela reduziu-se a rezas no início das noites, encerrando com missa, procissão, pequeno leilão e uma orquestra. A comemoração profana localizou-se à parte, nas artérias adjacentes com funcionamento de bares, clubes, e uma absurda poluição sonora (essa é diária e a qualquer hora), sem nenhuma providência das autoridades competentes. Desde que os poderes queiram, essa tradição pode ser resgatada. A igreja cuida da parte religiosa; os outros aproveitam como atração turística. Basta conversarem. Com tudo isso, dezenas de são-bentuenses de muitas partes deste Brasil lá estarão para orarem, divertirem, descansarem, arrefecer saudades, petiscarem comidas boas que em São Bento tem demais. Que saudades daquela época. Remedinho continua tendo uma réstia de atração. É a época de "reencontro".


IHGM NA MÍDIA – Jornal Pequeno – JP TURISMO 18/11/2011 http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=18112011-Professora-Rosa-Castro

PROFESSORA ROSA CASTRO ÁLVARO URUBATAN MELO Pesquisador, membro da Academia Sambentuense e sócio efetivo do IGHM Com a certeza de que tenho o beneplácito da ilustre poetisa, escritora, professora Maria de Nazaré Farias, membro fundadora e ocupante da Cadeira nº 1, da Academia Sambentuense, presto uma homenagem a sua patrona, professora Rosa Castro pela passagem de seus 120 anos de nascimento que ocorreria a 6 do mês passado. Beneplácito porque tudo sobre a memória dessa inolvidável educadora - a confreira Nazaré, sua maior e melhor biógrafa, já relatou em palestras e, por último, publicou em livro intitulado “Professora Rosa”, lançado em São Bento, quando do encontro anual da Academia, todas as qualidades da inesquecível mestra. Nessa necessária obra, a autora com tanta bagagem que possui, valeu-se da autoridade para tal tarefa, da prerrogativa de afinidade familiar, ex-aluna, amiga e professora de seu Instituto Dona Rosa assim a chamava foi mais um dos insignes vultos nascidos em São Bento, descendente de uma tradicional família – a Castro, com ramificações em toda a região além da baía de São Marcos. Filha do casal Othon Castro e Josefina Augusta Cosa Castro e Castro. Concluído o curso primário ingressou em 1906 na Escola Normal de São Luís, diplomando-se a 15 de novembro de 1910, sendo a única de sua turma aprovada com distinção. Por essa conquista recebeu a maior consagração que uma professoranda podia obter: laureada pelo mérito de boa aluna, oradora da turma e colocação de seu retrato na sala do estabelecimento, com a placa descerrada pelo senhor Governador Dr. Luis Domingues que o proferiu um brilhante discurso. O magistério foi sua verdadeira vocação. Desde cedo, logo sua diplomação lecionou no Instituto Almir Nina e tornou-se colaboradora do Boletim Pedagógico dessa Associação. Dinâmica e corajosa, em plena juventude fundou, em 1915, na Rua Herculano Parga, com o nome de Escola Normal Primaria que, mais tarde com regime de internato, foi equiparado aos demais educandários de São Luís, chegou ao lado do Convento Santa Tereza os mais importantes colégios femininos do Maranhão. Amante das letras publicou vários trabalhos na imprensa são-luisense. É de sua autoria do conhecido “Livro de Lúcia”, próprio para leitura estudantil. Decepcionada com a política abandonou-a, após obter o mandato de deputado estadual que lhe fora usurpado em São Luis, reconquistado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. A convite do Interventor Paulo Ramos fez parte da comissão encarregada de Organizar a Associação de Damas de Assistência à Infância. Professora comparada da Universidade Federal do Maranhão lecionou Filosofia da Educação na Escola Normal do Estado; Português, História em seu próprio Instituto Rosa Castro. Membro, em dois mandatos do Conselho Estadual de Educação, foi figura ímpar no ensino estadual. De seu colégio, grosso capítulo na formação da história pedagógica


do Maranhão saiu centenas de competentes e dedicadas que espalhadas em diversos municípios educaram a juventude, livrando-a do analfabetismo. Pelo tão importante labor que nossa emérita conterrânea prestou a essa tão sublime causa é lamentável que as autoridades do ramo não lhe tenham prestado o mínimo tributo. É verdade que não lhe aumentaria a glória, mas revelaria ao poder que fizesse um exemplo de reconhecimento. Respeitada por toda a sua numerosa alunada e colegas de magistério, faleceu s 19 de abril de 1976.


IHGM NA MÍDIA – Jornal Pequeno – JP TURISMO 25/11/2011 http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=25112011-A-saga-de-uma-guerreira

A SAGA DE UMA GUERREIRA AYMORÉ DE CASTRO ALVIM IHGM, AMM e APLAC. Pastos Bons foi a sua terra natal. Sob a proteção e cuidados de seus pais, Cleonizard e Joana, e no convívio com os irmãos, parentes e amigos, crescia em graça e se desenvolvia. Era uma menina viva, inteligente. Aos 5 anos já lia e escrevia. Estudou o primário, na Escola Municipal Dr. José Neiva, onde se destacava pelos seus conhecimentos de aritmética e português. Afinal, naquela época, não era comum encontrar uma menina que gostasse dos números. Ao concluí-lo, disse aos pais que queria prosseguir nos seus estudos, pois pretendia fazer medicina e voltar para cuidar das crianças de sua terra. Então, aos 10 anos, o pai a levou para estudar no curso ginasial do Colégio Santa Teresinha, em Floriano-Piaui. Aplicada e dedicada aos estudos, lá, também, demonstrou seus conhecimentos em português, matemática e em latim. Ainda pequena, tinha de subir em um banquinho para resolver os problemas, no quadro negro. Laureada como a primeira aluna do colégio, ela viajou para São Luís, no início de 1958, aos 16 anos, para fazer o científico e se preparar para o vestibular da Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão. Nessa mesma época, eu havia deixado o Seminário de Santo Antônio e estava procurando, também, uma instituição de ensino para cursar o científico e me habilitar ao vestibular de medicina. Foi, assim, que nos encontramos, no Colégio de São Luís. Morena linda, graciosa e meiga, porém, muito séria, logo chamou a minha atenção e de outros marmanjos do colégio. Mas fiquei na minha, maquinando um jeito de me aproximar sem espantar. Com muita tática e cuidado, nos tornamos amigos. Passamos a estudar juntos, à tarde, na Biblioteca Pública Benedito Leite. Disse-lhe que não sabia Física e ela se prontificou a ensinar-me. Num belo fim de tarde, no final de dezembro de 1960, ao descermos as escadarias da Biblioteca, me enchi de coragem e seja o que Deus quiser. Virei o rosto para outro lado e agarrei-lhe a mão. O coração disparou. Aguardei a reação que não veio. Então, pensei, será que ela aceitou? Caminhamos, assim, até onde ela morava. Não disse nada, nem ela também. Ao chegarmos, nos despedimos. Ela sorriu e eu também. Parti para casa feliz da vida, mas ansioso para chegar dia seguinte e verificar se era mesmo verdade ou apenas uma consideração ao amigo. Era verdade. Iniciamos, então, uma relação de afeto com a qual atravessamos os seis anos do curso e mais dois de pós-graduação. Em fevereiro de 1970 nos casamos, em Pastos Bons. Três filhos: Aymoré Filho, Augusto José e Bruno enriqueceram a nossa casa, enchendo-a de muita alegria e aumentando a nossa felicidade. Nesse mesmo ano, por concurso público, ingressamos na docência do curso de Medicina da Fundação Universidade do Maranhão. Eu já trabalhava como médico do Estado e ela do INAMPS, no setor de pediatria. No Departamento de Patologia, ela reorganizou a disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias e introduziu, como uma das atividades do programa, a


pesquisa de campo que propiciou a muitos alunos seus primeiros trabalhos científicos apresentados, em eventos locais e nacionais. Em 1972, foi a inspiradora da fundação da Sociedade de Parasitologia e Doenças Tropicais do Maranhão e, seis anos depois, organizou a primeira Jornada de Parasitologia e Medicina Tropical do Maranhão. No Hospital Materno-Infantil, reorganizou e atualizou o Serviço de prontuário médico que passou a servir de modelo a outras instituições locais e para algumas de outros Estados que enviavam visitantes em busca de informações. Reestruturou, ainda, a Comissão de Infecção Hospitalar da qual foi presidente. Em 1986, devido aos trabalhos sobre esquistossomose mansônica que apresentamos, no Congresso Brasileiro de Parasitologia, no Rio de Janeiro, estivemos, em Berlim Ocidental, a convite do Governo Alemão, onde passamos 45 dias participando de um curso-estágio, em diagnóstico imunológico de doenças parasitárias. Dedicada ao exercício da pediatria, tinha um desvelo todo especial aos seus pequenos pacientes. Lembro-me das muitas vezes que chegava para mim e dizia: “Meu bem, vai comprar esses remédios para um paciente, pois não tem no Hospital. Traz, também, um carrinho ou uma boneca.” Dependia do sexo da criança. Eu, então, lhe respondia: “Meu bem, falta de remédio é problema do hospital e esse negócio de brinquedo é coisa pra papai Noel”. “Se não puderes ir me diz porque eu mesma vou”. “Não, senhora! Eu já estou indo”. Assim, era Maria Augusta. Amiga, amante, confidente e companheira. Mãe devotada e carinhosa. Profissional responsável, humana, dedicada e ética. Morena linda, graciosa e meiga que vi pela primeira vez, no Colégio de São Luís. Sempre foi uma guerreira. Mas o Senhor entendeu que ela já havia cumprido a sua missão e que eu estava pronto para voltar a ser só. E levou a minha Augusta. Foi numa madrugada, igual a muitas outras, mas para mim foi diferente. Ficou fria, nebulosa e triste. Nesse dia, não houve aurora. O meu sol se apagou. A minha estrela já não brilhava mais. Era primeiro de dezembro de 2006.


IHGM NA MÍDIA – FEIRA DO LIVRO 2011 – PALESTRA APRESENTADA EM 27 DE NOVEMBRO DE 2011, NA CASA DO ESCRITOR

LER E PRODUZIR OBRAS LITERÁRIAS: prazeres vitais para o mundo humano DILERCY ARAGÃO ADLER Sócia efetiva do IHGM– Cadeira 1 RESUMO Reflexão acerca da leitura e produção de obras literárias a partir da compreensão de que essas atividades materializam prazeres vitais para o mundo humano. Parte da exposição da obra literária enquanto arte e forma de conhecimento. Analisa a criatividade na produção da arte e finaliza abordando o específico da criação. Palavras-chave: Obras literárias. Arte. Conhecimento. Criatividade. Lavra na terra o sulco da vida lavra idéias lava a “culpa” e o “pecado do mundo” limpa com idéias revolve o sumo do inominável com tuas idéias! Dilercy Adler INTRODUÇÃO Este artigo busca refletir acerca da leitura e da produção de obras literárias como possibilidades humanas e, ainda, como prazeres vitais para o mundo humano. Engendra a análise a partir da obra literária como forma cultural de conhecimento, passando pela possibilidade criativa na produção da arte finalizando com o específico da criação. Busca, ainda, utilizar uma linguagem direta, exemplificada, não rebuscada, de modo a viabilizar ao leitor o vislumbre das suas próprias possibilidades tanto na leitura quanto na criação de textos poéticos, literários, jornalísticos ou acadêmicos. O fato é que a produção de textos acadêmicos e artísticos poderia ser maior se as condições socioculturais que interferem na dimensão individual de cada cidadão apresentassem condições facilitadoras para a expressão da sua criatividade no e para o seu coletivo. Por outro lado, a escola é considerada nos argumentos explicitados como espaço precípuo para o desenvolvimento da possibilidade criativa do seu alunado, mas para tal é indispensável que os seus objetivos propostos, as suas metodologias de ensino, os seus procedimentos em geral estejam dirigidos para a formação de leitores e autores. Assim, é importante compreender que a interação entre múltiplos fatores é que vai possibilitar a emergência e o reconhecimento da criação e de um número maior ou menor de produtos criativos. Sem esquecer a importância da sensibilidade aguçada, que permite captar o belo no mais inusitado objeto, é que se levantam estas argumentações como provocação para mais buscas e mais explicações acerca da indispensável atitude de refletir o mundo e interpretá-lo.


OBRA LITERÁRIA COMO FORMA CULTURAL DE CONHECIMENTO A Ciência, a Filosofia e a Arte constituem três formas culturais de conhecimento (LYRA, 1993, p.24). Diferentemente do filósofo e do cientista, o artista não se prende à verdade factual. Isso significa dizer que o trabalho do artista não objetiva preencher as lacunas do saber, investigando o ainda ignorado (como na ciência), ou demonstrar teses acerca do homem no mundo e do mundo do homem (como na filosofia), mas o de explorar criativamente todas as possibilidades expressivas do seu objeto. Para tal, é permitido ao artista lidar e manusear, tanto com a ignorância, como com a própria inverdade, a exemplo das poesias que seguem: DIFÍCIL VERDADE Haverá talvez verdades que fiquem além da linguagem o que nos faz seres solitários! faço esforço sobre-humano para dizer o que sinto... ...e nem sempre consigo! faço esforço incrível para viver o que penso... ...nem sempre é possível! faço esforço tamanho para tornar-me clara e facilmente interpretada ...mas muitas vezes me flagro diferente na percepção do outro! são essas verdades além da palavra do gesto da expressão essas verdades não ditas que nos condenam a essa insólita solidão! ADLER, 1991, p.103) (coloca a dúvida e os limites humanos) INSONDAVELMENTE SENDO Conhecer-me como é possível? se eu mesma me debato e desabo toda se sou arrebatada e me arrebento inteira entre dúvidas desatinos e "certezas" questionáveis que me amordaçam me violentam me dividem!


conhecer-te mais difícil ainda ... eis a insondabilidade do ser humano! (ADLER, 1991, p. 15) (Coloca os limites acerca do próprio conhecimento, do conhecimento do outro e questiona as certezas). Assim, o campo da arte é o imaginário. Daí porque nesse sentido pode ser afirmado que é mais vasto do que o da Filosofia e mais ainda que o da Ciência. Com base nessa premissa talvez não seja pretensioso colocar que a arte termine se firmando como uma forma privilegiada do conhecimento. “Dentre as artes pode-se dizer que a Literatura apresenta maior capacidade de abrangência. Isso porque nenhuma outra linguagem artística apresenta o alcance da palavra” (LYRA, 1993, pp. 35-50). No que diz respeito à palavra do poeta, inicia-se a argumentação através da seguinte afirmação psicanalítica: Mélanie Klein diz que "o que me impede de ver é a inveja, o mau olhar [...] o invejoso não vê com bons olhos, pois a inveja ataca-lhe a visão [...] o contrário da inveja é a gratidão [...] o invejoso, ao contrário do poeta, sob a ação da pulsão de morte, amaldiçoa, vê com maus olhos e diz más palavras" (REZENDE, 1993, pp. 110-124). O papel do poeta, segundo a mitologia grega, comentada por Marcel Détienne, em seu livro. "Os mestres da verdade na Grécia antiga", era exatamente o de fazer o elogion - o elogio. Tomado ao pé da letra o elogio significa a boa palavra, a qual consiste em dizer bem ou bem - dizer e no latim benedicere significa abençoar (REZENDE, 1993, p. 111). O poema FALA DE POETA expressa um pouco essa questão: A palavra do homem habitat-corpotransita na boca a boca que beija o beijo que trai a palavra do homem habitat -corpoferinamente fere a mão que se estende e não se fecha jamais!... ...fala poeta por ti e por nós a palavra de amor por sob os lençóis a palavra benigna que não fere jamais a palavra de vida que lava a ferida tantas chagas e dor fala poeta palavras palavras em rimas de amor! (ADLER,1997, p. 19).


Fica claro que o poeta olha o mundo muito mais com o espírito e comunica um pouco do seu espírito para os demais. Desse modo, a linguagem poética transmutada é advinda do olhar do poeta que transcende à materialidade observável a exemplo de: RITUAL colho orvalho - lágrimas do cosmo na noite enlutada engulo luares - dos nostálgicos amantes – bucolicamente solitários rumino compulsivamente todas as saudades que me fazem a tua ausência digiro tácita solidão num ritual sem trégua à tua espera! (ADLER, 1997, p.20) (no sentido factual não se pode engolir luares, ruminar saudades ou digerir solidão) DESEJO Quero extrair mais um poema das entranhas... estranha arte de parir palavras! (ADLER, 2000, p.20) Assim, o olhar do poeta torna-se instrumento de tradução do mundo, e nessa tradução reside tanto a minimização das dores e da crueza da realidade, como uma infinidade de prazeres vitais para o mundo humano. A CRIATIVIDADE NA PRODUÇÃO DA ARTE A criatividade, como qualquer outro traço ou característica humana, necessita de condições adequadas para que possa se desenvolver. Algumas destas condições se relacionam com o espírito da época, com o clima psicológico ou social que predomina em uma determinada sociedade ou em determinado povo. Estas condições, mais ou menos favoráveis, estão também relacionadas aos valores dominantes na família, aos traços de personalidade e características reforçadas e cultivadas. Desse modo, tantos os fatores intrapessoais, interpessoais, individuais e sociais, têm um impacto significativo na produção criativa do indivíduo e da sociedade. No tocante à escola é muito importante que os objetivos propostos, as metodologias de ensino adotadas, os procedimentos em geral que aglutinam normas, valores, estejam dirigidos para a formação de leitores e autores. É a interação entre múltiplos fatores que vai possibilitar a emergência e o reconhecimento da criação e de um número maior ou menor de produtos criativos. Em termos de características de um contexto social propício à criatividade salienta-se a extensão em que as contribuições criativas de seu povo são bem aceitas e valorizadas, bem como a existência de condições que estimulem a inovação, a exploração de ideias e a criação de novos produtos. A importância do reconhecimento social também é de fundamental importância. Por isso é necessário que aqueles que


convivem com o indivíduo valorizem a sua criatividade; o ambiente deve oferecer o apoio necessário e aceitar o trabalho criativo quando apresentado. Sabe-se também que o desenvolvimento e a expressão da criatividade não dependem somente dos esforços do próprio indivíduo, mas ainda do contexto social em que se acha inserido. No tocante a este último, esse desenvolvimento se dá quando os seus cidadãos têm liberdade e oportunidade para estudar e preparar-se profissionalmente, explorar e questionar, expressar-se, serem eles mesmos. Outras condições de um ambiente que facilitam o comportamento criativo são: redução de fatores que produzem frustração, redução de experiências e situações competitivas que implicam ganhos ou perdas, encorajamento do pensamento divergente, eliminação de ameaças ambientais, aceitação de fantasias, minimizações de coerções, ajuda à pessoa em sua compreensão de si e de sua divergência em relação às normas. SOBRE O ESPECÍFICO DA CRIAÇÃO Para que haja a criação, o criador necessita da sua capacidade de perceber o objeto... as pessoas... as coisas humanas... o mundo. Nessa perspectiva, o olhar é entendido no sentido de ir ao encontro do mundo, de trazê-lo para dentro de si, devolvendo-o para o coletivo reinterpretado e esse agir implica a disposição de abrir-se ao mundo. Essa é talvez a primeira condição para a criação. É ainda fundamental dispor do olhar sempre atento aos pequenos detalhes, percepção que implica sensibilidade e capacidade de expressar o sentido, o sentimento, a emoção inspirada pelo objeto percebido. Assim, é imprescindível, sensibilidade que permita captar o belo no mais inusitado, a exemplo da poesia para a Poesia a seguir: Poesia Eu te capto entre os espigões de concreto que se afogam no mar morto do asfalto eu te vejo mesmo na solidão do eco do salto alto nervoso apressado... eu te acho no poço escuro sombrio do elevador lento e inabalável ... eu só me calo quando me falas eu sempre grito as tuas dores mas também digo os teus prazeres e ainda bendigo por me fazeres teu instrumento!... (ADLER, 1997, p.19)

Ou nesta outra:


POEMA No frio e pálido papel eu me debruço debulho irrefutavelmente tantos prantos quanto me custa! degusto prazerosamente todos os sabores que me devassam e afloram corpo e mente quantos licores! e o papel se enche transborda vida! (ADLER, 1997, p.13) Por outro lado, convém enfatizar que todos têm sensibilidade. O que acontece é que alguns reprimem a sua, por variados motivos, ou ainda, a sociedade não cria as condições facilitadoras para o seu desenvolvimento e expressão. É urgente que se busquem estratégias de desenvolvimento (para quem já deixa emergir em si) da sensibilidade e de resgate, para posterior desenvolvimento, para aqueles que perderam essa condição em si, já que essa é inerente ao ser humano. Ler e produzir obras literárias devem se firmar como prazeres vitais para o mundo humano. O mundo humano necessita, para a sua continuidade e felicidade dos seus habitantes, da criação da ciência e das artes, em todas as suas vertentes, mas, necessariamente, devem ser obras permeadas por uma ética humanizada que resulte da convivência amorosa entre as pessoas. REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão. Crônicas & Poemas Róseos - Gris. São Luis/MA: Graphos,1991. ________. Poematizando o Cotidiano ou Pegadas do Imaginário. Rio de Janeiro: Blocos, 1997. ________. A ARTE E A POESIA ENQUANTO CAMPO DE CONHECIMENTO: à guisa de reflexões. Revista Eletrônica do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM. Nº 32, março 2010. ______. GENESES: IV livro. São Luís/MA:Estação Produções, 2000 LYRA, Pedro. Literatura e Ideologia Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. REZENDE, Antonio Muniz de. Bion e o futuro da psicanálise. Campinas/SP: Papirus, 1993. DUARTE, João Francisco Júnior. A política da loucura. Campinas / SP: Papirus, 1987.


IHGM NA MÍDIA – Jornal Pequeno – JP TURISMO 02/12/2011 http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=02122011-Um-ano-sem-o-Reis-da-maranhensidade

UM ANO SEM O REI(S) DA MARANHENSIDADE ANTONIO NOBERTO Na próxima semana, sete de dezembro, faz um ano da partida do saudoso pesquisador, escritor e sócio do IHGM José Ribamar Sousa dos Reis, o criador desta coluna e do termo maranhensidade. Dá um aperto no coração lembrar aquele dia, véspera de Nossa Senhora da Conceição, quando a notícia do falecimento do poeta se espalhou através da imprensa e do boca a boca. Quem não lembra da presença marcante dele no Centro Histórico, na Feira da Praia Grande, caminhando naqueles passos curtos e rápidos como as remígias dos pardais à procura do alimento. A comida que ele procurava era a informação sobre qualquer coisa que dizia respeito ao saber e ao viver maranhense. Nem mesmo tomando uma cerveja olvidava o ofício da pesquisa. Era todo ouvido àqueles que tinham algo a informá-lo sobre a cultura popular do estado. Era esquadrinhador, paciente, ouvia atentamente seu interlocutor para, então, perguntar, argüi. Mesmo doente Sousa dos Reis não descansava. Nos últimos anos, a esposa Maria e o filho Amaral davam-no equilíbrio e suporte psicológico para lutar contra as enfermidades que o acometiam e a motivação para continuar escrevendo, pois, segundo ele, “a maranhensidade não para”. São dezenas de publicações sobre a história e cultura popular maranhense. Sabia praticamente tudo sobre danças, festas e folguedos. Um dicionário ambulante dos ritmos, cores e sotaques maranhenses, trabalhos que lhe renderam homenagens dos mais variados lugares e das mais distintas pessoas. É autor de obras de grande valor literário, entre as quais: São José de Ribamar: a cidade, o santo e sua gente, obra prefaciada pelo ex-presidente José Sarney e pela governadora Roseana. Em dezembro passado, por ocasião do seu falecimento, escrevemos que este grande escritor, poeta, jornalista, historiador e pesquisador, gostava mesmo era de estar no meio do povo, seu prazer era o contato com a gente simples, laboratório de seu grande saber literário. O sábio e companheiro Reis tinha prazer no convívio com os humildes, apegado aos costumes populares, o que lhe rendeu o veio pela cultura e saber do povo maranhense. Difícil encontrar quem conheça tanto a cultura popular do estado como ele, quantos conhecem a fundo, por exemplo, os sotaques do bumba meu boi, as danças de quadrilhas, tambor de crioula, tambor de mina, Dança do Caroço, Dança do Coco, Dança do Maneiro Pau, Dança da Mangaba, etc. A sua extensa obra mostra o detalhe, o específico, fruto do vírus do inconformismo inerente ao escritor e jornalista, é isso o que vemos, por exemplo, no livro Prosa: Bumba-meu-boi, o maior espetáculo do Maranhão (duas edições esgotadas), ZBM : Reino encantado da boêmia, dentre muitas outras. Sua próxima publicação seria sobre a Feira da Praia Grande, um trabalho minucioso sobre a Casa das Tulhas que, gentilmente convidado, tive o prazer de revisá-lo. Empreendemos (eu, ele e Joana Bittencourt) viagem em março do ano passado à cidade de Guimarães, guardiã da memória e dos restos mortais da autora do romance Úrsula, Maria Firmina dos Reis. Parecia realmente sua última missão o incremento do resgate da memória da abolicionista e, para tal nos convidou para nos tornarmos participantes desta luta. Chegados lá, ao pé da sepultura de Firmina, acompanhados dos vereadores Athaide Junior, Oswaldo Gomes, Gilmar Avelar, Lourdes Camargo, Carlos


Cunha, Diego e Nilce Ribeiro, o Mestre da maranhensidade se emocionou, com as lágrimas caindo, revelou todo seu amor pela mulata que desafiou os preconceitos novecentista. Foi homenageado na Câmara Municipal, discursou e novamente se emocionou. Maria Firmina era parte de sua vida. Reis escolheu uma de suas filhas para dar-lhe este valoroso nome. Ele era assim, consciente de sua missão neste mundo, o grande defensor da maranhensidade. Foi ele quem escavou a trincheira que agora nos abriga. Era desejoso de ver sua obra divulgada na França. Prefaciei um de seus trabalhos, traduzido para o francês pelo amigo e guia de turismo Simão Cireneu. Sousa dos Reis e Carlos de Lima são duas personalidades falecidas recente que foram incorporadas ao passeio turístico no Gavião. Ambos são sócios do IHGM e escritores conhecidos da comunidade maranhense. Não é fácil encontrar outro (a) que conheça tanto as práticas culturais do estado. Este texto, portanto, é uma homenagem dos escritores herdeiros desta coluna – Vavá Melo, Aimoré Alvim, Joana Bittencourt e Antonio Noberto – e dos leitores da mesma ao sempre lembrado e consultado Rei(s) da maranhensidade, por ocasião do primeiro ano de seu falecimento.


SÃO LUÍS QUATROCENTONA OSVALDO PEREIRA ROCHA Grande Arquiteto do Universo, QUÃO GRANDE ÉS TU, SENHOR! A História registra que a Cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, Cidade Cultural, Patrimônio Cultural da Humanidade, situada na Ilha de Upaon Açu, ao norte do Estado, completará em 08 de setembro deste ano de 2012, exatos 400 anos de fundação pelos franceses Daniel de La Touche, Senhor de Laravardière, Francois de Razily e Nicolas de Harley, visto que esse importante fato histórico aconteceu em 08 de setembro de 1612. Posteriormente, em 19 de novembro de 1614, os franceses foram vencidos pelos portugueses, na batalha de Guaxenduba. Todavia, apenas em 02 de novembro de 1615, aconteceu sua integração aos lusitanos. Com a ajuda dos holandeses, chefiados por Alexandre de Moura, com sua Armada, em 30 de outubro de 1615, os portugueses, aquartelados na Fonte das Pedras, expulsaram os franceses desta cidade quatrocentona, de nome São Luís, que lhe foi dado em razão do aportuguesamento do nome do Forte Sain-Louis, este em homenagem ao rei menino da França, Luiz XIII. São Luís dos mais de 3.000 casarões que representam o maior acervo arquitetônico de origem portuguesa no Brasil é denominada Ilha do Amor e considerada ilha rebelde por muitas razões... Suas igrejas ecoam o verbo candente do Padre Antonio Vieira, pregando aos peixes a verdade que os homens se negavam a ouvir. Suas praças testemunham o sacrifício de Manoel Beckman – o Bequimão – eternizando o seu grito “Pelo Maranhão Morro Feliz”! Tem seus azulejos históricos e tem suas lendas... Nossa querida São Luís é considerada a Atenas Brasileira, a cidade dos poetas, e são muitos os poetas da cidade; a cidade do príncipe dos poetas, Gonçalves Dias e de tantos outros literatos e escritores, falecidos ou não, como Odorico Mendes, Sotero dos Reis, João Lisboa, Sousândrade, Aluísio de Azevedo, Artur Azevedo, Maranhão Sobrinho, Graça Aranha, Josué Montello, Antonio Henrique Leal, Nina Rodrigues, João Francisco Lisboa, Bandeira Tribuzi, Bernardo Coelho de Almeida, Ceres Costa Fernandes, Nauro Machado, João Francisco Batalha e José Ribamar Fernandes. “Das lentas ladeiras que sobem angústias, sonhos do futuro, glórias de passado”, nos versos do poeta Bandeira Tribuzi, revelam as magias do chão ludovicense, seu passado de glória e a busca insistente de uma hora que chega, quando a cidade se aproxima dos seus 400 anos em busca do progresso, e descobrindo nos caminhos do passado o futuro que precisa construir. Devo muito a São Luís, visto que aqui cheguei vindo de Pedreiras – Maranhão, onde nasci e estudei; trabalhei no serviço público, até obter aposentadoria por tempo de serviço; constituí família; criei raízes; realizei-me. E aqui adquiri Cidadania Honorária, em 2001. A propósito desta cidadania, meu saudoso amigo colunista social Benito Neiva, através do seu Posto de Conversa, publicado no Caderno Alternativo do Jornal O Estado do Maranhão, de 1º de maio de 2001, terça-feira, escreveu o seguinte, textualmente: “Novo Cidadão de São Luís. No dia 26 de abril de 2001, em Sessão Solene da Câmara Municipal de São Luís, o advogado, escritor e amigo da Marinha, Osvaldo Pereira Rocha foi agraciado com o título de Cidadão de São Luís. Numa solenidade que contou com as presenças de familiares (destaque para seu irmão João Pereira Rocha, que veio especialmente de Brasília-DF para o evento), convidados, amigos e


autoridades, entre elas o Capitão de Fragata Cláudio Stunf Bento (representando o Capitão dos Portos); o Comandante do 24º BC, Tenente-Coronel Newton Dutton Burke; o Tenente-Coronel Bordalo (representante do Chefe da 27ª CSM); Bolivá Marques Vieira, Assistente Jurídico do Ministério do Trabalho (representando o delegado regional do Trabalho); Edomir Martins de Oliveira, advogado e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; o ginecologista e obstetra Salomão Pereira Rocha; a Professora Joseth Coutinho Martins de Freitas e Waldir Ferreira (representante do SINTAF) e da Diretora Regional do SESC, Clerice Bastos Ferreira. O Vereador José Joaquim Guimarães Ramos, autor do projeto que resultou no Decreto Legislativo nº 31/2000, aprovado por unanimidade dos edis presentes em 12.12.2000, no exato dia em que Osvaldo Rocha completava 44 anos de chegado em São Luís. Logo após, o homenageado discursou, agradecendo aos integrantes das duas legislaturas (de 2000 e de 2001), pela entrega do, especialmente ao vereador José Joaquim; contou um pouco de sua vida, da história da cidade de São Luís e de sua alegria por ter se tornado Cidadão de São Luís, passando a ter duas cidadanias (a natural, de Pedreiras – MA e a honorária, desta Cidade Cultural, Patrimônio da Humanidade). Em seguida, o presidente da Casa, Ivan Sarney, convidou a todos para um coquetel”. A mencionada matéria foi publicada com uma foto, de Osvaldo Pereira Rocha recebendo o referido título das mãos do Vereador José Joaquim, tendo ao seu lado o Presidente do Poder Legislativo Municipal de São Luís, Ivan Sarney, com os três esbanjando alegria, graças ao Grande Arquiteto do Universo. Antes, porém, o amigo e confrade do IHGM Mhário Lincoln, atual dinâmico Editor-Chefe do Portal Mhário Lincoln do Brasil, publicou em o Jornal Pequeno, edição de 04 de abril de 2001, o seguinte: “Parabéns. OSVALDO PEREIRA ROCHA, vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, do interland maranhense, já tem data marcada para receber seu honroso título de Cidadão de São Luís, projeto aprovado pela Câmara Municipal de São Luís e proposto pelo edil José Joaquim Guimarães Ramos. É no próximo dia 26 de abril, às 10:30 horas, seguido de coquetel no Salão Nobre da Câmara. Osvaldo é merecedor. Tem qualidade e inteligência”. E o saudoso amigo colunista Benito Neiva voltou a noticiar o acontecimento em seu Posto de Conversa, Caderno Alternativo do Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, no dia 26/04/2001, nos termos seguintes: “Confirmado. O advogado Osvaldo Pereira Rocha recebeu ontem a confirmação do vereador presidente da Câmara Municipal de São Luís, Ivan Sarney, que receberá o título de Cidadão de São Luís na próxima quinta-feira, dia 26 de abril, às 10:30 horas, no plenário da Câmara. A Coluna tropeçou ontem ao publicar erradamente a data para agosto, retifica que a data será mesmo amanhã. Osvaldo Rocha, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, é natural de Pedreiras (terra de João do Vale), cidade do interior maranhense, localizada a 265 km da capital, São Luís” E, finalmente, o meu amigo Mhário Lincoln dedicou uma página inteira sobre o tema, com foto deste articulista exibindo o aludido Título de Cidadão de São Luís ao lado dos Vereadores José Joaquim e Ivan Sarney, autor do projeto e presidente da Câmara Municipal de São Luís, além de outras, em 28 de abril do referido ano de 2001, quando destacou as seguintes palavras do mencionado autor em seu discurso: “Assim como outro pedreirense ilustre – João do Vale – foi eleito o maranhense do século, Vossa Senhoria, Osvaldo Pereira Rocha, foi eleito por nós, desta Câmara, merecidamente, Cidadão de São Luís” e “A partir desta memorável data Osvaldo Rocha passa ter duas cidadanias, ou seja, a primeira, a natural, de Pedreiras neste grande


Estado da Federação e a segunda, honorária, desta querida São Luís, Cidade Cultural, Patrimônio da Humanidade, por distinção desta Augusta Casa do Ludovicense”. “Tuas praias, tua gente, teus encantos, teu valor; fazem de ti a mais linda das cidades, São Luis, ilha do amor” (autor desconhecido). E o Estado do Maranhão como um todo, tem o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM que, como não poderia deixar de ser, através de sua atuante diretoria, tendo à frente a confreira Telma Bonifácio Santos Reinaldo e o confrade Leopoldo Dulcio Vaz, instalou uma importante comissão para programar e comemorar dignamente os quatro séculos de São Luís, sua capital, Cidade Cultural, Patrimônio da Humanidade. A ti São Luís, todas as homenagens são merecidas; a mim, cabe dizer-te, com ênfase, que todos os agradecimentos a ti são devidos. Mesmo ainda um pouco distante, desejo-te Feliz Aniversário, querida São Luís Quatrocentona!


IHGM NA MÍDIA – Jornal Pequeno – JP TURISMO 09/12/2011 http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=09122011-Feira-do-Livro-

FEIRA DO LIVRO – IHGM/FALMA ÁLVARO URUBATAN MELO Pesquisador, membro da Academia Sambentuense e sócio efetivo do IHGM

A comunidade leitora são-luisense viveu dez dias de plena efervescência literária durante a 5ª Feira do Livro, quando muitas instituições participaram, entre elas o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, que teve por parceira a Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA, tendo esta, exceto à noite do dia 26 de novembro, participado, modestamente, de todos os eventos, desde a liberação antecipada do Estande pelo Professor Paixão até o lançamento do livro do Dr.Paulo Oliveira.

No ensejo salienta o integral apoio do IHGM, nas pessoas da Presidente Professora Telma e do vice-presidente e incansável Professor Leopoldo Vaz. A FALMA reconhece e louva o empenho da Dra. Graça Furtado e da funcionária Joanice que atenderem todos os excelentes pleitos do IHGM e, gentilmente, inseriram nossa solicitação, concernente os lançamentos das obras dos nossos convidados, confrades José Fernandes e João Francisco, membros da Academia de Vitória/Arari e


do IHGM; Roque Pires Macatrão, do Brejo, Michel Herbert Florêncio, de Zé Doca. Na área das palestras, proferiu o ilustre professor Sebastião Barros Jorge, natural de São Bento, sob o assunto “A Família Conduru”, ocorrida na tarde de 30 de novembro, na sala “José Chagas”, quando o brilhante escritor fez admiráveis revelações alusivas a vida da professora Eponina Oliveira Conduru, a quem pelo documentário que possui, considera haver sido ela a primeira jornalista maranhense. Na noite seguinte, no Espaço “Café Literário”, a vez do encontro dos membros da SOBRAMES – Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, com o concorrido lançamento da edição da III Antologia. Em sendo médicos, com tantas musas que os arroubam em seu cotidiano, escolheram para conteúdo dessa obra, o mais sublime dos temas – o Amor. Retornando ao “Encontro dos médicos”, o faço não pela generosidade do amigo e confrade Dr. Arquimedes Vale, de haver-me concedido a honra do proêmio do livro, mas para louvar essa Sociedade que anualmente conquista a simpatia de um público distinto e crescente. Foi, deveras, uma hora de descontração, de pura efluência poética. Constitui esse seleto constelado, Arquimedes Vale, Délia Barbosa Maia, Erivaldo Amâncio, Gutemberg Araújo, Hilmar Hortegal, Joaquim Ribeiro Melo João Bosco Rego, José Rafael de Oliveira, Márcia Sousa, Lúcio Cunha, Mário Luna, Michel Herbert, Pádua Sousa, Paulo Martins, Socorro Veras, Wagner Maciel, poetas da maior expressão, reputados no mundo dos versos, que, sem nem uma pretensão vaidosa, exceto o de puro lazer, externam os líricos dotes que a mãe natureza os premiou. Esse movimento que tanto enriquece a literatura da “Taba Timbira” chega, também, para preservar à memória dos vultos esculapinos que além dos serviços inerentes a essa sublime profissão, tiveram no pretérito, assentos nos mais elevados sodalícios do Maranhão. Foi-nos José Almeida Nunes, Pedro Braga Filho, Álvaro Serra de Castro, Amaral de Matos, Pedro Neiva de Santana, Alfredo Luis Bacelar Viana, Aquiles Lisboa, os demais Fernando Viana, Olavo Correia Lima, Justo Jansen Ferreira, João Bráulio de Carvalho, Salomão Fiquene, Odilon Silva Soares, João Bacelar Portela, Raimundo Clarindo Santiago e Luís Lobato Viana, estes dois são-bentuenses, conterrâneos de Arquimedes Vale e Joaquim Ribeiro Melo. Se o assunto é literatura, peço vênia para registrar meu imenso contentamento e prazeroso orgulho, pela publicação em São Bento de “Histórias Poéticas”, livro que esteve exposto no Estande da FALMA, prateleira da Academia Sambentuense. Obra da melhor qualidade, de autoria de um talentoso jovem, o Professor Jorge Matos, meu querido afilhado. Parabéns Jorjão!


IHGM NA MÍDIA – Jornal O ESTADO DO MARANHÃO 11/12/2011 http://colunas.imirante.com/platb/joaquimhaickel/

EM BUSCA DO PADRE ANTÔNIO VIEIRA JOAQUIM NAGIB HAICKEL Depois de mais de um ano de preparativos e pesquisas, estamos começando a trabalhar num documentário sobre a vida e a obra de Antônio Vieira Ravasco, o nosso padre Vieira. Nessa Jornada irei contar com o indispensável apoio de Coi Belluzzo e Antonio Abreu Freire. O primeiro, dividindo comigo a responsabilidade de produzir e dirigir esse filme. O segundo terá a tarefa de juntamente comigo escrever uma escaleta, um roteiro mínimo, que só será concluído na ilha de edição, onde me encontrarei novamente com Coi que estará ao lado de Vini Martins na finalização desse trabalho. A direção de fotografia ficará sob a responsabilidade de Cleisson Vidal e a produção executiva será de Ariana Chediak. Na fase inicial do trabalho contei com o apoio de Cássia Melo que elaborou o projeto para apresentarmos no Ministério da Cultura, para que pudéssemos nos credenciar ao financiamento da Lei Rouanet. Meu objetivo, ao idealizar esse documentário, em que pese o que preconiza seu título, ainda provisório, não é estabelecer prioritariamente quem foi o padre Antônio Vieira, mas possibilitar uma observação privilegiada dos muitos Vieiras que sabíamos de antemão que encontraríamos no decorrer da pesquisa. Essa observação será conseguida graças aos depoimentos de pessoas que se dedicaram a estudar sua obra e pesquisar sua vida. É bom que se ressalte que a existência desses vários Vieiras é constatada não apenas através da leitura dos textos de quem se dedicou a analisar e escrever sobre esse importante personagem da historia de Portugal e do Brasil, mas também lendo-se o próprio Vieira se chega a essa conclusão. A realização desse filme deve-se não apenas ao fascínio que sempre tive pela história de Vieira, mas pela constatação de que ela conquista a atenção de todos que têm a oportunidade de conhecê-la. Quem se propõe a conhecer Vieira, imediatamente descobre que se trata de um homem multifacetado e ao mesmo tempo uníssono: há a pessoa de Vieira; há o Vieira padre, e dentro deste há um verdadeiro escaninho de onde saem o Vieira missionário, o Vieira herético, o Vieira orador sacro, o profético… Há o Vieira político que dá origem ao Vieira ambicioso, ao oportunista, ao maquiavélico, ao intriguento… E há vários outros Vieiras. Da observação, da analise e do consequente conhecimento de todos esses Vieiras, acabará por surgir o nosso personagem, que longe de ser coerente traz em si as incertezas comuns aos seres humanos, exacerbadas pela vaidade, por uma ambição imensa, por um senso de oportunidade incomum e por um pragmatismo que beira o maquiavelismo. Mas não pense que estou destratando o nosso personagem. Não. Longe disso. O Vieira que iremos encontrar em sua jornada de 89 anos, depois de mais de uma dúzia de travessias atlânticas, tendo sido suas embarcações duas vezes tomadas de assalto por corsários, e tendo ele naufragado em outras duas oportunidades; tendo sido condenado pelo Santo Ofício e conseguido do papa um brevê que impedia de ser alcançado pelo longo braço da Inquisição; tendo ele tramado e tecido planos de expansão de seu país e


advogado o retorno dos judeus a Portugal por interesses meramente financeiros; defendido os índios brasileiros da escravidão e não tendo a mesma preocupação com os negros africanos… Tendo feito tudo o que fez, tendo feito até mesmo algumas coisas não recomendáveis a um homem de bem, a um sacerdote, ele parece jamais ter feito qualquer coisa visando proveito pecuniário ou próprio, nunca agiu em defesa primeira de seus interesses individuais, mas sim de uma coletividade, quase sempre em defesa de seu país ou da missão da qual estivesse incumbido. Vieira foi antes de tudo um patriota. Tão patriota que tentava sê-lo ao mesmo tempo patriota português quando imaginou entregar Pernambuco aos holandeses, e patriota brasileiro quando em ato continuo se preparava para retomá-lo deles. Antônio Vieira é um personagem marcante não apenas no contexto do século em que viveu, mas sua importância transcende seu tempo e o espaço que nele ocupou, transformando-se num dos mais importantes personagens da história, certamente o maior dentre os representantes dos povos de língua portuguesa. O Vieira que saltará das telas em que nosso filme for exibido não será um Vieira definitivo, será apenas um Vieira que abrirá a porta que nos levará a uma dimensão que nos possibilite ir em busca dos personagens que fizeram a nossa história passada, para que com isso possamos construir as bases, os fundamentos da nossa história presente e realizarmos, como profetizou Vieira, “A Historia do Futuro”.


IHGM NA MÍDIA – JP TURISMO – 16/12/2011 http://www.jpturismo.com.br/noticia.asp?id=16122011-O-naufrgio-do-poeta-Gonalves-Dias

O NAUFRÁGIO DO POETA GONÇALVES DIAS Barreirinhas ou Guimarães? ANTONIO NOBERTO Nas nossas andanças, pesquisas e passeios nos cemitérios, em especial ao do Gavião, não é raro as pessoas perguntarem onde se encontra o túmulo de Antonio Gonçalves Dias. A indagação geralmente acontece quando estamos em frente ao jazigo do poeta Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, e explanamos que a aglutinação do nome do poeta do Guesa teria sido proposto por Gonçalves Dias quando eles se encontraram em uma viagem pelo rio Amazonas. Além desta referência ao poeta caxiense, o túmulo ao lado do de Sousândrade, pela maior coincidência do mundo, é a de uma senhora chamada Ana Amélia Gonçalves, mas que não tem nada a ver com a musa de Gonçalves Dias. Mas a pergunta é inevitável. Faz uns cinco anos, um dos participantes do passeio no Gavião disse que sabia o local da sepultura de Ana Amélia e que iria nos mostrar. Perdemos contato e nunca obtivemos a informação. Sabemos que fica no primeiro quadrante da necrópole. É consenso que Antonio Gonçalves Dias veio da Europa com a saúde muito debilitada. Dizem que, desenganado, queria apenas passar seus últimos dias no torrão natal e aproveitar o aconchego da família e dos amigos e, mais uma vez, ouvir os sabiás cantando nas palmeiras. Partiu no navio francês Ville de Boulogne em setembro de 1864 e naufragou no litoral maranhense, mais precisamente nos Atins, a três de novembro. Até aí tudo é consensual. A dúvida é: em qual dos Atins aconteceu o acidente, vez que existem no Maranhão dois lugares muito conhecidos com este nome, um no município de Barreirinhas, litoral Leste, e outro em Guimarães, litoral Oeste. Atualmente é “vendido” aos visitantes dos Lençóis maranhenses que o naufrágio se deu lá. A história se multiplicou e tomou proporção de verdade quase absoluta, o que é muito crível, uma vez que o local é o caminho natural de quem vem da Europa. Mas certa vez, em uma demorada estada na cidade de Guimarães a convite dos amigos vereadores do município, em especial, Athaide Junior, Oswaldo Gomes, Gilmar Avelar e Lourdes Camargo, ouvi de um deles que Gonçalves Dias havia naufragado naquelas plagas, na ponta de Atins. Outro edil confirmou o fato, depois outro, inclusive com certa contundência. A versão não era nova para mim. Alguém já me informara que a ocorrência se dera em mar vimarense (de Guimarães), mas nunca me debrucei no assunto. A afirmação dos parlamentares se somava ao que ouvi algum tempo antes através de um amigo da Baixada maranhense. Não era fruto apenas da paixão dos vereadores com o torrão abençoado, de natureza exuberante, dos pescados e camarões graúdos, lócus de escritores, artistas e políticos famosos, entre os quais, Sousândrade, Urbano Santos, Maria Firmina dos Reis, Jomar Moraes e Lopes Bogea. Meus amigos sabiam do que estavam falando. Quando da cerimônia da minha posse como sócio-efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, no final do último mês de outubro, um dos meus confrades, o promotor de Justiça aposentado e escritor Paulo Oliveira me convidou para um bate papo e um almoço na casa dele. Entre as mais variadas prosas conversamos sobre o assunto em tela, o naufrágio do nosso maior poeta. Oliveira, mesmo totalmente privado da vista, tem uma memória fotográfica. Pediu-me para ler no famoso Dicionário Histórico Geográfico da Província do Maranhão, obra de Cesar Augusto Marques


(primeira publicação em 1870), na mais recente edição, editada por Jomar Moraes (2010), o item ATINS. Meu anfitrião pediu para que eu o lesse: “É a ponta de terra que forma o extremo do nordeste da Baía de Cumã e fica ao noroeste do morro do Itacolomi”. E continua Marques: “No dia 3 de novembro de 1864, perdeu-se nos baixios desta ponta a barca francesa Ville de Boulogne trazendo do Havre 49 dias de viagem. Vinha de passagem o grande poeta Dr. Antonio Gonçalves Dias, o qual, segundo relatou o comandante, tinha cerca de dez dias havia piorado muito e, havia dois dias antes do naufrágio, pouco acordo já dava de si (...). Por sepultura teve o oceano tão grande como seu gênio”. Paulo Oliveira em sua obra Cronologia da história de Guimarães é mais conclusivo ainda, vez que cita e transcreve textos de documentos da época da tragédia, como parte do depoimento do capitão do malogrado navio, Etienne Eguidan: “... que depois de alguns momentos de caminharem por terra, foram ter a uma choupana de pescadores, os quais depois de darem café e algo para comer, ensinaram-lhe o caminho de Genipaúba, onde chegaram às 4h00 da tarde, onde foram ter com o inspetor de quarteirão, que mandou um correio à Vila de Guimarães para dar parte do ocorrido ao delegado de polícia” (Diário Oficial, nº4, edição especial, de 4.11.1984). Como visto, mesmo com a improbabilidade da rota de quem vinha da Europa em tempos tão distantes – apesar da França possuir territórios e colônias no Caribe –, é cristalino que o túmulo do poeta da Canção do exílio é a Baía de Cumã (do tupi=lugar de pescar peixe), município de Guimarães. A informação correta, inclusive, consta em diversos sites, como o Wikipédia. Quem conhece Guimarães sabe o quanto é perigoso navegar naquele litoral. São muitas as ocorrências de naufrágio, motivo pelo qual a navegação para São Luís não é muito incentivada. Paulo Oliveira lançou neste mês, na Feira do Livro, a obra São Luís de forma engraçada - 1612 – 2012, em homenagem aos quatrocentos anos da nossa capital. E a poetisa Dilercy Adler organiza o projeto Mil poemas para Gonçalves Dias. Os dois trabalhos são muito bons!

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INSTITUTO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO Comissão de Comemorações dos 400 anos de Fundação de São Luís PORTARIA 03/IHGM, de 15/12/2010

CICLO DE ESTUDOS/DEBATES

A CIDADE DO MARANHÃO – UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS 2011 – 2012 SEMINÁRIO 2 25/NOVEMBRO / 2011

DO REINO UNIDO PORTUGUÊS AO IMPÉRIO BRASILEIRO

COLETÂNEAS


DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ IHGM - Cadeira 40 DELZUITE DANTAS BRITO VAZ CEM “LICEU MARANHENSE” A pergunta que se faz: onde começa a História do Maranhão (ou do Brasil)? Para Wehling e Wehling (1994) 85 a resposta está no próprio pesquisador e varia conforme a época, a filiação intelectual e as preferências pessoais; essa pergunta vem recebendo diferentes respostas de escritores, historiadores ou não, que a formulam (p. 19). Referem-se esses autores a indicativos geográficos (século XIX), aos primitivos habitantes, para finalmente chegar aos Descobrimentos, em especial os portugueses (segunda visão). Uma terceira visão superpõe à história do Brasil a de Portugal; atualmente há uma tendência majoritária de situar o Descobrimento do Brasil no vasto processo da expansão européia. Evolução territorial do Maranhão em mapas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil

A formação do atual território do Brasil remonta ao século XIV, ao início da chamada Era dos Descobrimentos quando se impôs a partilha das terras descobertas e a descobrir entre as monarquias ibéricas, pioneiras nas grandes navegações. Sucedem-se, a partir de então, uma série de iniciativas e questões, que culminam no ínício do século XX, com a definição das fronteiras terrestres, e prosseguem em nossos dias, no tocante à fixação das fronteiras marítimas, na questão denominada pela Marinha do Brasil como "Amazônia Azul". 86

85 WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. de. FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL. Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 1994. 86 http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil


E ainda como Lara (2008) 87, perguntamos: Qual o estatuto das fontes escritas na pesquisa histórica? Um bom ponto de partida para abordar o tema é reconhecer a diferença entre fontes e documentos, responde a Autora; continua: é preciso selecionar alguns deles e transformá-los em fontes de informação histórica, pois o historiador tem à sua disposição um número limitado de textos e, para fazer história, precisa inventar suas fontes, pois ele não produz os documentos que utiliza, e jamais pode simplesmente recorrer a todos os textos escritos no passado. Precisa interrogar os textos de tal modo que sejam capazes de fornecer informações sobre as ações humanas no passado. Ao verificar comportamento do cientista quando procura informação88, Jamali (200889, citado por BARRETO, 2011) 90, encontrou que pesquisadores e estudiosos obtêm e acessam as fontes para seus estudos e pesquisas na leitura de artigos de periódicos, provavelmente a fonte a mais importante da informação. Um número apreciável de cientistas acredita que a informação que não está disponível online não vale o esforço de obter, por provável falta de qualidade, confiabilidade e obsoletismo. Esta indicação mostra uma evidente mudança na percepção que os usuários de ciência e tecnologia têm do valor das fontes de informação digital online e sua facilidade de acesso. Esta tendência indica, ainda, a expectativa elevada dos cientistas em alcançarem toda a informação que necessitam no formato digital e online, o que vem a exercer pressão sobre editores, especialistas da informação e administradores para formação de estoques de informação na web. Tais registros geralmente chamados de documentos por arquivistas e historiadores, constituem o universo no qual os historiadores escolhem suas fontes de informação; assim, o processo de transformação dos textos em fontes depende do que os historiadores querem saber sobre o passado: Quando queremos saber coisas que não estão explicitamente registradas por eles, ou que não estão ligadas às motivações que deram origem aos escritos, temos que recorrer a estratégias para obter informações – inventar modos e meios de retirar dados e obter respostas para nossas perguntas – e, portanto, inventar fontes. (LARA, 2008, p. 19). Este não é um artigo ‘inédito’; quanto à forma, trata-se de uma Chronica (do latim), termo que indica narração histórica, ou registro de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos. Quanto à metodologia, “seguimos o roteiro cronológico clássico”, como Carlos de Lima (2006) 91. Está baseado em compilação de dados disponíveis na Internet e buscas através de ferramentas disponíveis. A originalidade está na abordagem. Estas, as fontes utilizadas: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Cronologia_dos_descobrimentos_portugueses http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_espanh%C3%B3is http://www.tecnet.pt/portugal/37839.html http://www.google.com.br/search?q=descobrimentos+portugueses+%2B+maranh%C3 %A3o+%2B+cronologia&hl=pt-BR&rls=com.microsoft:pt-br:IESearchBox&rlz=1I7SKPB_pt87 LARA, Silvia Hunold. Os documentos textuais e as fontes do conhecimento histórico. In Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 28, p.17-39, dez, 2008. 88 Mesmo objeto de estudo que desenvolvi quando de meu Mestrado em Ciência da Informação, obtido na Universidade Federal de Minas Gerais em 1992/93: “A produção do conhecimento nos Centros Federais de Educação Tecnológica” em que analiso as características dos professores dos CEFET como usuários, produtores e disseminadores de informação. 89 JAMALI, Hamid R. What is not available online is not worth reading? Department of Library and Information Studies, Faculty of Psychology and Education IN http://www.webology.ir/2008/v5n4/a63.html 90 Aldobarreto's Blog, disponível em http://aldobarreto.wordpress.com/. 91 LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006.


BR&prmd=ivns&ei=z83zTfmnNIq3twfZ1sDkBg&start=10&sa=N&biw=1003 &bih=563 http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/descobrimento-do-brasil/linha-do-tempo.php http://www.suapesquisa.com/pesquisa/brasil_colonial.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Cronologia_do_Brasil_Colonial http://www.potyguar.com.br/maranhao/index_arquivos/cronologia.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Brasil#Per.C3.ADodo_pr.C3.A9descobrimento_.28at.C3.A9_1500.29 http://www.portugalweb.net/portugalnomundo/america/maranhao/coloniza%C3%A7ao. htm http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2009/10/24/colonizacao-do-maranhao/ http://www.potyguar.com.br/maranhao/index_arquivos/cronologia.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Controv%C3%A9rsias_sobre_o_descobrimento_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/revistas/revistaicalp/horizontes.pdf http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_governadores_do_Maranh%C3%A3o DAHER, Andréa. O BRASIL FRANCES – as singularidades da França Equinocial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007 GODOIS, Antônio Batista Barbosa de. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 1904. LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006. MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999 SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Brasília: Senado Federal, 2010 WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. de. FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL. Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 1994 CRONOLOGIA DOS DESCOBRIMENTOS 92 1325 circulavam em Portugal lendas e mapas sobre uma terra assinalada como HyBrazil situada além-mar. Aparece num mapa da Catalunha de 1325-1330, no mapa de Dulcert de 1339, no mapa dos irmãos Pizagani de 1375-1378, no mapa do cartógrafo veneziano Andrea Bianco de 1436 (onde já se menciona explicitamente o Mar dos Sargaços). Esta ilha surge no mapa atlântico do cartógrafo veneziano Zuane Pizzigano e no mapa anônimo chamado de Weimar, ambos de 1424, com o arquipélago dos Açores, e as ilhas Antília, Satanazes, Saya e Ymana. O historiador português Armando Cortesão sugere uma «hipotética eventualidade do conhecimento tardo-medieval dos Açores, do Atlântico Central, dos arquipélagos das Caraíbas ou Antilhas», bem como do continente americano, pelos portugueses. Tais ilhas aparecem de forma idêntica na carta do cartógrafo genovês Battista Beccario, de 1435 (onde as ilhas lendárias são clara e implicitamente identificadas com os Açores reais na expressão adjunta figurante "ilhas 92

MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006.)


nova ou recentemente descobertas") bem como nas de Bartolomeu Pareto, de 1455, e Gracioso Benincasa, de 1470 e 1482. A Ilha do Brasil, ou mais comumente a Ilha do Brazil; Ilha de São Brandão; Brasil de São Brandão ou Hy Brazil é uma das ilhas míticas do Oceano Atlântico ligada à tradição de São Brandão das terras afortunadas sitas a oeste do continente europeu. A presença desta ilha mítica na cartografia fixa o topônimo em data muito anterior a 1500, a data da descoberta "oficial" das Terras de Santa Cruz, o atual Brasil, e invalida de todo a teoria de que o nome estaria ligado ao vermelho do pau-brasil. A procura da Ilha do Brasil foi uma constante nas navegações renascentistas do Atlântico até 1624. Desde o oeste da Irlanda, seu lugar inicial, a posição da suposta ilha migrou para oeste, primeiro para os Açores, onde a atual ilha Terceira aparece por vezes com esta designação e onde, muito antes de 1500, já a península fronteira à cidade de Angra ostentava o nome de Monte Brasil, que ainda hoje mantém. Dos Açores deslocou-se para sudoeste, primeiro para as Caraíbas, para depois se fixar no litoral do atual Brasil. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_do_Brasil); 1375 Lei de Sesmarias93, surgida no contexto da “crise do século XIV”, largamente aplicada ao Brasil. 1383-1385 substituição da dinastia de Borgonha pela de Avis. A designação DINASTIA DE BORGONHA aplica-se às casas reais de Portugal, Galiza, Leão e Castela, e que governaram estes países, respectivamente, entre 1096 e 1383, 1126 e 1230 e 1126 e 1368, ainda que não tenham uma origem comum. Com efeito, a Dinastia da Borgonha e Mendez reinante em Portugal deriva da casa ducal da Borgonha, por via do conde D. Henrique Mendez, e a dinastia da Borgonha reinante em Leão e em Castela derivada da casa condal da Borgonha e a casa real Mendez, por via do conde D. Raimundo, pai do imperador Afonso VII de Leão e Castela. Também chamada Afonsina (pelo elevado número - quatro - de soberanos com o nome de Afonso) foi a primeira dinastia do Reino de Portugal. Começou em 1096, ainda como mero condado (autonomizado em reino em 1139-1143) e terminou em 1383. D. Afonso Henriques tornou-se Príncipe de Portugal depois de vencer os nobres galegos, os Peres de Trava, aliados de sua mãe, D. Teresa, na batalha de São Mamede em 1128. Foi apenas em 1179 que o Papa Alexandre III reconheceu Portugal como um Estado independente, o que na época era fundamental para a aceitação do reino no mundo cristão. D. Sancho I sucedeu a D. Afonso I, seu pai. À semelhança do anterior continuou o processo de Reconquista da Península Ibérica sob domínio Mouro. A D. Sancho I sucedeu D. Afonso II, seu filho. Em 1233 o seu filho D. Sancho Mendez II sucedeu-lhe. O reinado deste não durou muito tempo e em 1248 seu irmão subiu ao trono, D. Afonso Mendez III. Foi ele que terminou com a presença muçulmana em Portugal, re-adaptando o título de Rei de Portugal e do Algarve. Com as fronteiras do território definidas através do Tratado de Alcanizes (1297), D. Dinis, filho de Afonso III e herdeiro da coroa, começou um processo de exploração da terra do reino. Em 1325 sucedeu-lhe D. Afonso IV, cujo filho, D. Pedro I, protagonizou um dos episódios mais conhecidos da História de Portugal, que Luís de Camões incluiu n’Os Lusíadas, o amor de Pedro e Inês de Castro. Com a morte de D. Pedro I, o filho primogénito, D. Fernando subiu ao trono em 1367. Em 1383 sua filha, D. Beatriz, casou-se com João I de Castela, o que complicou a continuidade da dinastia. Em 1383, com a morte de D. Fernando, o reino entra em anarquia total, com a ameaça de anexação pelo reino de Castela. Após a eleição de D. João I como rei nas Cortes de Coimbra de 1385, considera-se iniciada uma nova dinastia, pela quebra na sucessão legítima, ainda que o novo soberano descendesse directamente do rei D. Pedro I. No ano de 1390 o Conde Pedro I vindo da casa real dos Mendes unificou o reino de Portugal, por definitivo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinastia_de_borgonha A DINASTIA DE AVIS, OU DINASTIA JOANINA, foi a segunda dinastia a reinar em Portugal, entre 1385 e 1581-1582.[1] Teve início no final da crise de 1383-1385, quando o Mestre da Ordem de Avis, D. João, filho natural de el-rei D. Pedro I, foi aclamado Rei nas Cortes de Coimbra. É também a sucessora familiar da anterior, pois o primeiro rei da dinastia de Avis era filho ilegítimo do rei D. Pedro I da Dinastia de Borgonha. A Casa de Avis, sucessora familiar da anterior dinastia de Borgonha, reinou no Continente português entre 1385 e 1581, quando D.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_das_Sesmarias


António é vencido no Continente português, na batalha de Alcântara, e destronado, sendo aclamado em seu lugar o estrangeiro Filipe I nas Cortes de Tomar desse ano, sob a ameaça do seu exército que já ocupara Lisboa. Mas reina ainda nas Ilhas até 1582, com a queda de Angra do Heroísmo, quando a Ilha Terceira e as restantes ilhas açorianas se rendem à armada invasora do Marquês de Santa Cruz. A Dinastia de Avis é sucedida pela união pessoal entre as coroas de Portugal e de todos os demais reinos de Filipe II, que deu início à Dinastia de Habsburgo, ou Dinastia Filipina, ou Dinastia de Áustria. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinastia_de_avis

Descobrimentos, viagens e explorações portuguesas: datas e primeiros locais de chegada de 1415-1543, principais rotas no Oceano Índico (azul), territórios portugueses no reinado de D. João III (verde) http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses#Descobrimentos_e_explora.C3.A7.C3.B5es_portuguesas

1415 A conquista de Ceuta é geralmente referida como o início dos "descobrimentos Portugueses” 94. CEUTA (em árabe ‫تبس‬, transl. Sebta) com o estatuto de cidade autônoma, é um enclave espanhol que faz fronteira com Marrocos, no norte de África, muito próxima também da colônia britânica de Gibraltar e de Algeciras, ambas situadas na Península Ibérica, na margem oposta do Mediterrâneo. Ocupada sucessivamente por Fenícios, Cartagineses, Romanos, Vândalos, Bizantinos e muçulmanos, a sua conquista por Portugal sob o comando de João I de Portugal, deuse a 22 de Agosto de 1415, e assinala o início da expansão marítima deste país. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ceuta; http://pt.wikipedia.org/wiki/Conquista_de_Ceuta ERA DOS DESCOBRIMENTOS (ou das Grandes Navegações) é a designação dada ao período da história que decorreu entre o século XV e o início do século XVII, durante o qual os europeus exploraram intensivamente o globo terrestre em busca de novas rotas de comércio. Os historiadores geralmente referem-se à "era dos descobrimentos" como as explorações marítimas pioneiras realizadas por portugueses e espanhóis entre os séculos XV e XVI,[1][2] que estabeleceram relações com África, Américas e Ásia, em busca de uma rota alternativa para as "Índias", movidos pelo comércio de ouro, prata e especiarias. Estas explorações no Atlântico e Índico foram seguidas pelos países do norte da Europa, França, Inglaterra e Holanda, que exploraram as rotas comerciais portuguesas e espanholas até ao Oceano Pacífico, chegando à Austrália em 1606 e à Nova Zelândia em 1642. A exploração europeia perdurou até realizar o mapeamento global do mundo, resultando numa nova mundivisão e no contacto entre civilizações distantes, alcançando as fronteiras mais remotas muito mais tarde, já no século XX. A era dos descobrimentos marcou a passagem do feudalismo da Idade Média para a Idade Moderna, com a ascensão dos estados-nação europeus. http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos

1418 Ainda no reinado de D. João I, e sob comando do Infante D. Henrique dá-se o redescobrimento da ilha de Porto Santo por João Gonçalves Zarco e mais tarde da ilha da Madeira por Tristão Vaz Teixeira. Trata-se de um redescobrimento, pois já havia 94 ver também http://movv.org/2007/03/29/cronica-de-dom-joao-i-de-fernao-lopes-resumo-do-conteudo-dos-capitulos-referentes-atomada-de-ceuta/


conhecimento da existência das ilhas da Madeira no século XIV, segundo revela a cartografia da mesma época, principalmente em mapas italianos e catalães. Tratava-se de ilhas desabitadas que, pelo seu clima, ofereciam possibilidades de povoamento aos Portugueses e reuniam condições para a exploração agrícola. Os arquipélagos da Madeira e das Canárias despertaram, desde cedo, o interesse tanto dos Portugueses como dos Castelhanos; por serem vizinhos da costa africana, representavam fortes potencialidades económicas e estratégicas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos D. JOÃO I DE PORTUGAL (Lisboa, 11 de Abril de 1358-Lisboa, 14 de Agosto de 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, cognominado O de Boa Memória pelo legado que deixou. Filho ilegítimo do rei D. Pedro I e Mestre da Ordem de Avis, foi aclamado rei na sequência da crise de 1383-1385 que ameaçava a independência de Portugal. Com o apoio do condestável do reino Nuno Álvares Pereira e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. A vitória foi decisiva: Castela retirou-se, acabando bastantes anos mais tarde por o reconhecer oficialmente como rei. Para selar a aliança LusoBritânica casou com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, dedicando-se desde então ao desenvolvimento do reino. Em 1415 conquistou de Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_I_de_Portugal O INFANTE DOM HENRIQUE DE AVIS, duque de Viseu, (Porto, 4 de Março de 1394 – 13 de Novembro de 1460) foi um infante português e a mais importante figura do início da era das descobertas, também conhecido na História como Infante de Sagres ou Navegador. TRISTÃO VAZ TEIXEIRA (c. 1395 — 1480) foi segundo Zurara, escudeiro do Infante D. Henrique, a quem acompanhou a Ceuta e Tânger, onde se mostrou "homem assaz ardido". Mais tarde foi armado cavaleiro. Com João Gonçalves Zarco descobriu a ilha de Porto Santo, que foi encarregado de colonizar. Vai povoar depois a ilha da Madeira em 1425. Coube-lhe a capitania do Machico com carta de doação de 11 de Maio de 1440. Organizou várias expedições à África, com caravelas suas. Por abuso de autoridade, esteve desterrado da sua jurisdição à qual voltou perdoado, em 1452. Casou com Branca Teixeira e deixou numerosa descendência, hoje largamente espalhada pelo arquipélago. Faleceu em Silves já de idade avançada. http://pt.wikipedia.org/wiki/Trist%C3%A3o_Vaz_Teixeira

1427 primeiros contactos com o arquipélago dos Açores por Diogo de Silves. Ainda nesse ano é descoberto o grupo oriental dos Açores, São Miguel e Santa Maria. Seguese o descobrimento do grupo central -Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial). O grupo ocidental (Flores e Corvo) é descoberto por Diogo de Teive, em 1452 DIOGO DE SILVES (século XV) foi um navegador português. De acordo com a carta do catalão Gabriel de Valseca (1439), estudada pelo historiador Damião Peres, foi o descobridor da Ilha de Santa Maria e, muito provavelmente, da Ilha de São Miguel, no ano de 1427, e sucessivamente as 5 ilhas que constituem o grupo central do arquipélago dos Açores. quando de retorno de uma viagem à Ilha da Madeira. Uma legenda, nessa carta, refere: "Estas ilhas foram achadas por Diogo de Silves [Sunis?] piloto de El-Rei de Portugal no ano de 1427". http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Silves DIOGO DE TEIVE foi capitão de caravela e escudeiro da Casa do Infante D. Henrique. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Teive_(navegador)

1442 o Infante D. Henrique consegue do Papa, pela Bula “Etsi suscepti” a posse e administração das “ilhas do mar Oceano”, ferindo os interesses dos reinos espanhóis de Castela-Aragão. 1447 Nuno Tristão (MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999)


QUEM “DESCOBRIU” O MARANHÃO? 95 Origem do nome Maranhão Não há só uma hipótese para a origem do nome do Estado do Maranhão. A teoria mais aceita é que Maranhão era o nome dado ao Rio Amazonas pelos nativos da região antes dos navegantes europeus chegarem ou que tenha algum relação com o Rio Marañon no Peru. Mas há outros possíveis significados como: grande mentira ou mexerico. Outra hipótese seria pelo fato do Estado conter um emaranhado de rios. Também pode significa mar grande ou mar que corre96. De onde vem esse nome – Maranhão ? – recorramos97 ao Padre Antônio Vieira, que em seu sermão da Quinta dominga da quaresma, do ano de 1654, servindo-se de 95 ARAÚJO, Antonio Martins de. O sonho de João de Barros no Maranhão. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 08 de janeiro de 2002, terça-feira, Caderno Alternativo, p. 6 BERREDO, Bernardo Pereira de. ANAIS HISTÓRICOS DO ESTADO DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Tipografia Ideal, 1988. BOTELHO, Joan. CONHECENDO E DEBATENDO A HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luís: Fort Gráfica, 2007 CABRAL, Maria do Socorro Coelho. CAMINHOS DO GADO: CONQUISTA E OCUPAÇÃO DO SUL DO MARANHÃO. São Luís: SECMA, 1992. CORREA, Larissa. Maranhão, alvo de disputas. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de abril de 2000, sábado, Caderno Alternativo, p. 4 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: O PRESENTE DE UMA ARQUEOLOGIA. São Luís: SECMA/SIOGE, 1993 FONSECA, Aldeneiva Celene de Almeida. O descobrimento que não houve. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de fevereiro de 1998, Caderno Opinião, p. 4 GAIOZO, Raimundo José de Sousa. COMPÊNDIO HISTÓRICO POLÍTICO DA LAVOURA DO MARANHÃO. São Luís: SUDEMA, 1970. GODOIS, Antônio Batista Barbosa de. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 1904. LACROIX, Maria de Lourdes Lauande. Cronistas do Maranhão colonial. In JORNAL O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 03 de novembro de 2002, domingo, Caderno Alternativo, p. 6 LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006. LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luís, 1981 LISBOA, João Francisco. JORNAL DE TIMOM: APONTAMENTOS, NOTÍCIAS E OBSERVAÇÕES PARA SERVIREM À HISTÓRIA DO MARANHÃO. SD MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. São Luís: Tip. do Frias, 1870. (Reedição de 1970). MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: DASP. 1960. MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 2 ed. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980 MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. Rio de Janeiro: Vozes. 1982. MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DA ARQUIDIOCESE DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: DASP, 1977. MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999 MORAES, Jomar. Guia de São Luís do Maranhão. 2 ed. MORAES, Pe. José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E PARÁ. São Luís 1759. MOREIRA, Rafael. Foi o Maranhão descoberto antes do Brasil? In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 15 de fevereiro de 1998, domingo, Caderno Alternativo, p. 7 MOTA, Antonia da Silva, MANTONONI, Joel Dervil. SÃO LUÍS DO MARANHÃO NO SÉCULO XVIII A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO URBANO SOB A LEI DAS SESMARIAS. SD O ESTADO DO MARANHÃO. História passada a limpo. São Luís, 15 de novembro de 1998, domingo, Caderno Alternativo, p. 3 (continuação) PONTES, Jairo Ives (org.). NOVA HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luis: UEMA, 2005. Edição em CD-ROM. Disponível em www.cefet-ma.br/revista. (Professor de História do CEFET-MA) REIS, Flávio. O Maranhão bárbaro e sua miséria historiográfica. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de setembro de 2002, domingo, Caderno Alternativo, p. 3 SÁ, Décio. Brasil pode ter nascido no Maranhão. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de abril de 2000, sábado, Caderno Cidade, p. 3 SERÃO, Joaquim Veríssimo do. BRASIL FILIPINO AO BRASIL 1640. São Paulo, 1968. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Fundação Do Maranhão São Luis/Vinhais. In II ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS: CULTURA E SUBJETIVIDADES Mesa-redonda: Comemorações Históricas: São Luís 400 anos: Ciência, Arte e Humanidades 30/05/2011 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Visitação A São Luís Do Maranhão - Roteiro Histórico-Turístico. In MIX CULTURAL, promovido pelo 3º. PERÍODO DO CURSO DE TURISMO UFMA (Profa. MARILENE SABINO), 10 e 11 de Dezembro de 2009; tema: PATRIMONIO HISTÓRICO E CULTURAL LUDOVICENSE. PATRIMONIO HISTÓRICO VIVEIROS, Jerônimo de. História do Comércio do Maranhão – 1612 + 1895. São Luís: Litográfico. 1998. http://www.potyguar.com.br/maranhao/index_arquivos/cronologia.htm http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2009/10/24/colonizacao-do-maranhao/ http://www.potyguar.com.br/maranhao/index_arquivos/cronologia.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos 96

http://maranhaonews.com/especiais/memorial-maranhao/95-memorial-maranhao/281-historia-domaranhao.html 97 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “BREVE DESCRIÇÃO DAS GRANDES RECREAÇÕES DO RIO MUNI DO MARANHÃO, pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, Missionário no dito Estado, ano 1724”. Inédito.


uma fábula, afirma que: “... caindo um dia o diabo do céu, se fizera no ar em pedaços. E cada pedaço caiu em uma terra, onde ficaram reinando os vícios correspondentes ao membro que lhe coube: na Alemanha, caiu o ventre, daí serem os alemães dados à gula; na França, caíram os pés, por isso os franceses são inquietos, andejos e dançarinos; na Holanda e em Argel, caíram os braços com as mãos e unhas, daí serem corsários; na Espanha, caiu a cabeça, daí serem os espanhóis fumosos, altivos e arrogantes. “Da cabeça, coube a língua a Portugal, e os vícios da língua eram tantos, que já deles se fizera um grande e copioso abecedário. O que suposto, se as letras deste abecedário se houvessem de repartir pelas várias províncias de Portugal, não há dúvidas que o M pertenceria de direito à nossa parte, porque M Maranhão, M murmurar, M motejar, M maldizer, M malsinar, M mexericar, e, sobretudo M mentir; mentir com as palavras, mentir com as obras, mentir com os pensamentos. Que de todos e por todos os modos se mentia. Que novelas e novelos eram as duas moedas correntes da terra, só com esta diferença, que as novelas armavam-se sobre nada, e os novelos armavam-se sobre muito, para que tudo fosse moeda falsa. Que no Maranhão até o sol era mentiroso, porque amanhecendo muito claro, e prometendo um formoso dia, de repente e dentro de uma hora se toldava o céu de nuvens, e começava a chover como no mais entranhado inverno. E daí, já não era para admirar que mentissem os habitantes como o céu que sobre eles influía”. (LISBOA, 1991) 98 Simão Estácio Da Silveira99, em sua “Relação Sumária das Cousas do Maranhão”, escrito em 1624, afirma que "... a terra tomou esse nome de Maranhão do capitão que descobriu seu nascimento no Peru”. (Seu, do rio e não da terra, conforme Barbosa de Godois, in História do Maranhão100, 1904; e Berredo, in Anais Históricos) 101. Marañon era o nome do atual rio das Amazonas, daí que o nome foi herdado de um companheiro de Gonçalo Pizarro. A família de nome Marañon já era conhecida em Espanha desde o século XII, e em Navarra existe uma localidade com esse nome. Com o topônimo Maranha, que significa matagal, há no Minho uma localidade com esse nome; Maranhão, ainda, é o nome de uma antiga aldeia alentejana, do Conselho de Aviz; é variação de Marachão - dique, recife; e aumentativo de Maranha, como dito acima, matagal; como também pode vir de Mara Ion, como os tupinambás designavam o grande rio da terra; ou do diálogo entre dois espanhóis: um pergunta, referindo ao Amazonas - Mar ? E o outro responde: Non. Na língua nativa, Maranhay, corruptela de maramonhangá (brigar) e anham (correr), pororoca; ou Maranhay, de maran (desproposidatamente), nhãn (correr) e y (água), também significando pororoca; corruptela de Paraná (marana) de onde maranãguaras por paranaguaras para os habitantes da ilha; ou de Marauanás - indígenas encontrados por Pinzón - marauanataba, traduzida pelos espanhóis como marañon; ou 98

LISBOA, João Francisco. OBRAS COMPLETAS... V. IV, 3a. Ed. São Luís: ALUMAR, 1991. LISBOA, João Francisco. JORNAL DE TÍMON II – Apontamentos, notícias e observações para servirem à História do Maranhão. São Luís: ALUMAR/AML, 1991 vol. I e vol. II 99 SILVEIRA, Simão Estácio da. RELAÇÃO SUMÁRIA DAS COUSAS DO MARANHÃO. São Luís: UFMA/SIOGE, 1979 SILVEIRA, Simão Estácio da. RELAÇÃO SUMÁRIA DAS COUSAS DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1976 – Edição facsimilar 100 BARBOSA DE GODOIS. Antonio Baptista. HISTÓRIA DO MARANHÃO – para uso dos alumnos da Escola Normal. Maranhão: Typ. Ramos d´ Almeida & Suc., 1904, tomo I e II 101 BERREDO, Bernardo Pereira de. ANAIS HISTÓRICOS DO ESTADO DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Tipografia Ideal, 1988.


ainda, Mair-Anhangá = alma ou espírito de Mair, da tradição andina e sua corruptela tupi marã-n-aã; Mara-munhã, que significa fazer-se barulhento ou impetuoso (de novo, pororoca); ou ainda Mbará-nhã - o mar corrente, o grande caudal que simula um mar a correr (uma vez mais, pororoca). (SILVEIRA, 1976; BERREDO, 1988; MEIRELES, 1980)102. Para Tavares (1724): “Terá Vossa Reverendíssima reparado na ortografia com que escrevo a palavra – Maranhay – contra o comum. Foi de industrias por dar gosto a V.R. que como tão perito na língua Brasílica folgará lhe diga o que por mim tenho alcançado acerca da etimologia desta palavra Maranhão, ponto em que tenho ouvido alternar por bocas e por escritos antigos, e sobre nunca assentarem em nada, de quanto disseram, nada tem fundamento no meu fraco entender; Vejam-se os antigos manuscritos da missão. O Padre Bartolomeu Leão da Província do Brasil, reformador do Catecismo da língua Brasílica me recomendou muito quando vim para o Maranhay, que me avistasse com o Padre Ascenso Gago, o mais perito que por então reconhecíamos neste idioma Brasílico, soubesse dele o que sentia neste ponto; ambos morreram ignorantes de que aqui quero dizer, e nunca o disseram ser ter visto com os meus olhos as pororocas do Maranhãy: Pelo que digo que a palavra Maranhay se compõe de dois verbos, e de um substantivo, os verbos são MARAMONHANGÁ, que significa brigar; e anham que significa correr (até aqui atinavam desta padre Bartolomeu Leão) e o substantivo é a palavra, ou letra, que significa água, e ainda tirada da palavra Maranhan, por corrupção da palavra, assim como estão infinitos nomes, da língua Brasílica corruptos pela pronúncia dos Portugueses: nesta palavra não podia atinar o Padre Leão sem ver ou lhe dizerem o que passa pelo Maranhay; deram os naturais este principal nome a esta terra do que nela mais principalmente avultava, que são as pororocas; cujo efeito é uma briga das águas correndo. Tudo isto diz a palavra Maranhay, água que corre brigando. Perguntar-me-ão, pois por que não se chama Maranhay, pororoca: respondo que pororoca é palavra que explica o que descreve; pareceme que se compõem da palavra opõe que significa rebentar de estouro, como o ovo quando rebenta, e da palavra cororan que significa roncar continuamente, como o mar. Ou é palavra simples feita freqüentativa, tiradas sempre do verbo opõe. 103. “De qualquer sorte que tomem a palavra pororoca, sempre significa estourar, ou estalo donde do que se ouve, se chama aquela infernal fúria das águas pororoca e do que se vê se chama todo este Estado Maranhay. 104 “Dizem os cronistas que há aqui um Rio que se chama Maranhon, do qual tomam a denominação todo o Estado é para mim consideração para que ele fizeram. E se não digam-me onde está este Rio ? 105 “Já que entretive a Relação com estas curiosidades mais próprias para Crônica, quero dizer o que entendo da fundada da pororoca ou causa dela. É de saber que 102

SILVEIRA, 1979 SILVEIRA, 1976 – Edição facsimilar BERREDO, 1988 MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 2 ed. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980 103 Comparar este trecho com a descrição em RAMOS, Clóvis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Românticos. Niterói : (s.e.), 2001 104 Comparar este trecho com a descrição em RAMOS, Clóvis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Românticos. Niterói : (s.e.), 2001. 105 Comparar este trecho com a descrição em MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO – GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. 3ª ed. São Luís : (s.e.), 1970..


como estas terras são tão rasas visivelmente se se vê a terra abaixando do sertão para o mar, isto se vê sem embaraço de duvidas no Rio Itapecurú pelo qual quem vai navegando vê ao longe terra alta de uma a outra parte. Chega ao lugar em que mascara a terra alta e a vê a rasas como a de donde marcar a tem alta. (TAVARES, 1724) Sobre João Tavares 106 Clóvis Ramos (1986; 1992) 107 ao analisar o surgimento da imprensa no Maranhão, afirma ser jornalista o magnífico João Tavares com sua Informação das recreações do rio Munim do Maranhão. Em seu roteiro literário do Maranhão (2001) 108· , refere-se a João Tavares como: “... cronista, professor de humanidades e filosofia, missionário. Padre da Companhia de Jesus, nascido no Rio de Janeiro a 24 de setembro de 1679, chegado ao Maranhão, e catequizando índios, os tremembés, arrebanhou-os em aldeias, fundou a cidade de Tutóia. Faleceu no Maranhão em onze de julho de 1744. Deixou manuscritos valiosos, interessado em explicar, também, o nome Maranhão e o fenômeno das pororocas, que o fascinava. No Dicionário histórico e geográfico da província do Maranhão de César Marques, no verbete Maranhão, vem mostrado como um escritor original, de prosa poética. (RAMOS, 2001, p. 3-4).

Esse Autor, baseado em César Marques109, e citando como bibliografia: Breve descrição das grandes recreações do rio Munim do Maranhão, 1724, passa a transcrever o que consta das páginas 454/455 daquele dicionário: “AS POROROCAS DO MARANHAY “Foi de indústria, por dar gosto a Vossa Revma. que, como tão perito na língua brasílica, folgará lhe diga o que por mim tenho alcançado acerca da etimologia desta palavra Maranhão, ponto em que tenho ouvido alternar por boca e por escritos antigos, sobre nunca assentarem em nada de quanto disseram nada tem fundamento no meu fraco entender. Veja os antigos manuscritos da missão. “O padre Bartolomeu Leão, da Província do Brasil, reformador do catecismo da língua brasílica, me recomendou muito quando vim para o Maranhay, que me avistasse com o padre Ascenso Gago, o mais perito que por então reconhecíamos neste idioma brasílico, soubesse dele o que sentia nesse ponto. Ambos morreram ignorantes do que aqui quero dizer, e nunca o dissera sem ter visto com os meus olhos as pororocas do Maranhay. Pelo que digo que a palavra Maranhay se compõe de dois verbos e de um substantivo. Os verbos são maramonhangá, que significa brigar e anham que significa correr (até aqui atinava o dito Bartolomeu Leão) e o substantivo é a palavra ou letra que significa água, e ainda tirada de Maranhão por corrupção de palavra, assim como estão infinitos nomes da língua brasílica corrupta pela pronúncia dos portugueses. “Nesta palavra não podia atinar o padre Leão sem ver ou lhe disserem o que passa pelo Maranha. Deram os naturais este principal nome a esta terra do que nela mais principalmente avultava que são as pororocas, cujo aspecto é uma briga das águas correndo. Tudo isto diz a palavra Maranhay – água que corre brigando. Perguntar-me106

SOUZA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís : Fundação Cultural do Maranhão, 1977, p. 56-57 107 RAMOS, Clóvis. OS PRIMEIROS JORNAIS DO MARANHÃO – 1821 - 1830. São Luís : SIOGE, 1986; RAMOS, Clóvis. OPINIÃO PÚBLICA MARANHENSE (1831 a 1861). São Luís : SIOGE, 1992. 108 RAMOS, Clóvis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Românticos. Niterói : (s.e.), 2001 109

MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO – GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. 3ª ed. São Luís : (s.e.), 1970.


hão pois porque não se chama o Maranhay pororoca; respondo que pororoca é a palavra que explica o que se ouve; parece-me que se compõe da palavra opõe, que significa rebentar de estouro, como o ovo quando rebenta, e da palavra cororan, que significa roncar continuamente, como o mar; ou é palavra simples, feita pela freqüêntativa, tirada sempre do verbo opõe. De qualquer sorte que tomem a palavra pororoca, sempre significa estourar ou estalar, de onde do que se ouve se chama aquela fúria das águas – pororoca; e do que se vê se chama todo este Estado – Maranhão”. (RAMOS, 2001, p. 34; MARQUES, 1970, p. 437).

Realmente, César Marques àquelas páginas refere-se às pororocas do Rio Munim, mas a descrição é outra, como se observa: “O Padre João Tavares na carta já alegada dá dêste fenômeno da pororoca uma tão poética descrição, que nos pareceu que sem ela não ficaria bem acabado êste maravilhoso quadro: - ‘Enquanto a maré vaza tudo vai em paz; em enchendo começam a pelejar em um lugar a enchente, que vem do oceano, com a vazante, que vem dos ditos rios (Mearim e Pindaré). O lugar desta peleja dista da barra dos dois rios como vinte léguas. Briga ali a enchente com a vazante, sem a maré passar daquele lugar para diante por espaço de tr6es horas. Nestas três horas toma a enchente fôrça, e nas águas vivas toma maior fôrça; forma grande pé atrás, alteia sobre a vazante à maneira de dois homens, que estivessem forcejando peito a peito, e um dêles vencendo levasse o outro abaixo de costas; assim vence a enchente, que naquele lugar só alterca por três horas, e no instante que cavalga sobre a vazante dá tal estouro, e continua com tal urrar, e corre com tal violência com três marés, ou três serras de águas, lançando para trás a modo de guedelha branca desgrenhada uns fios de água, acometendo a tudo quanto é baixo com tal fúria , que parece vai a ofender a seus contrários, ou a acudir a algum descuido da natureza, arrancando árvores, derrubando ribanceiras e cobre em três horas tudo quanto havia a cobrir nas seis ordinárias de uma maré. Daqui vem vazar a maré até onde se forma a pororoca nove horas, e daí para cima enche em três horas.” (MARQUES, 1970, p. 455).

Prossegue César Marques a descrição da pororoca - não encontrada no texto da “Breve descrição...” abaixo transcrita – como se fosse daquela carta. Como a cópia que tenho, em microfilme, é cópia de outra, conforme consta no final do texto110; é de se supor que no original do Padre Tavares houvesse as explicações citadas: “Restava agora examinar a causa desta extraordinária vagância das águas, a qual vi, e repetidas vêzes tornei a ver, sem nunca chegar a perceber a sua verdadeira causa. Ocorria-me que o pêso das águas doces pugnando com as salgadas, depois de grandes pugnas, vinha a vencer a fôrça das águas do mar, e com fôrça do receio que tinha tido naquela pugna, rompia naquele extraordinário ímpeto. Porém contra isto está que em muitos, ou em todos os mais rios não faz êstes efeitos, e só são particulares no Estado do Maranhão, onde os há só aqui e nos rios Mearim e Pindaré perto da cidade de S. Luís do Maranhão; e também se diz há uma pequena pororoca no rio Guamá perto da cidade do Pará e nos mais rios nada, nem nos da Europa e outras partes, e só conta a mesma maravilha no Rio Ganges da Índia. Além do que observa-se no curso da dita pororoca que em muitas partes e rios largos sucede correr primeiro uma margem e depois descer pela outra por modo de redemoinho, correndo ao redor quantas canoas encontra, e acabando isto vai surgir mais acima, continuando o mesmo ímpeto com que principiara, de que se convence Ter outra causa êste movimento tão extravagante. Faz um grande estrondo o mar da pororoca, e se ouve em uma légua de distância; comove também os ares em forma que sempre a precede um grande vento comovido dos mares dela. “Isto é o que observei; deixo a outros o discurso das suas verdadeiras causas”. (p. 455).

110

“Esta Relação foi tirada de uma carta que o Padre da Companhia João Tavares, Missionário no Maranhão escreveu ao seu Visitador Geral o Padre Jacinto de Carvalho no ano de 1724. - “Biblioteca Pública Eborence - “Códice CV 1 = 7 = a folha 165”.


Ainda do que consta do Dicionário... de César Marques, no verbete História (p. 372-376), ao relacionar as obras disponíveis do Catálogo dos Manuscritos da Biblioteca Pública Eborence, onde foram colhidas notícias de diversos manuscritos sobre as coisas do Maranhão, encontrando-se entre aqueles uma: “- Breve descrição das grandes recreações do rio Monim do Maranhão, pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, missionário do dito Estado – 7 fôlhas em quarto” (p. 375).

Às páginas 437/448, sob o verbete Maranhão, César Marques passa analisar a etimologia desse nome Maranhão, com base em textos disponíveis e explicações apresentadas. Afirma aquele autor que, para servir de contrapeso às hipóteses de algumas destas pretendidas etimologias 111: “... acrescentaremos outra opinião, que se não for a verdadeira terá ao menos o mérito de ser fundada em inéditas indagações sobre a língua brasílica. O Padre João Tavares não escreve na sua carta Maranhão, mas sim Maranhay, do que dá a seguinte satisfação - ...” (p. 437).

transcrevendo o que Clóvis Ramos (2001) trás como sendo das páginas 454/455 daquele Dicionário, acima já transcrito ... Ainda à página 438, e ainda referindo-se ao estado do Maranhão, traz que: “O alegado Padre Tavares, para quem o país era tão familiar, escreveu na carta sobredita o seguinte: ’Dizerem os cronistas que há aqui um rio, que se chama Maranhão, do qual tomou a denominação todo o Estado, é para mim consideração pia, que eles fizeram. E, se não, digam-me: onde está esse rio ?’” 112.

Já o sociólogo Rossini Corrêa (1993) 113, comenta uma carta de João Tavares a um superior seu – seriam as “Breves descrições...”? -, descrevendo a paisagem da Ilha de São Luís, ante a chegada possível de missionários europeus ao Maranhão. Afirma que aqueles religiosos deixariam as delícias da Itália, não pelos trabalhos, mas pelas recreações do Maranhão, conforme consta das “Breves descrições...”, tecendo os seguintes comentários: "Como na Ilha Grande foi decantada pelo espaço contrário aos trabalhos (os quais, no mínimo, resguardaria) antieticamente haveria de apresentar expressiva contenção de exercícios corporais, enquanto expressão de labuta, de fadiga e de descanso decorrentes de diligência em atividade física. Permitiria - na contrapartida da terra de gente excepcional - a alternativa das recreações para o cultivo e o requinte do espírito. Desdobrado da hipótese das recreações coletivas, o raciocínio desenclausurado outro não é, senão o de que, no Maranhão, seria comunitária a amizade pelas luzes, pela razão, pela sabedoria etc., considerada a educação do pensamento e do sentimento um fragmento indispensável das recreações." (40). “A afirmativa do padre João Tavares foi riquíssima, porque vaticinou uma permuta - as delícias (da Itália) pelas recreações (do Maranhão). Sociologicamente significativa, haja vista que, na substituição, as delícias européias não terminariam trocadas pelos trabalhos americanos. Ao contrário, o fundamento do intercâmbio seria a validade indicada como vantajosa - a das recreações maranhenses." (p. 39).

O Padre jesuíta João Tavares é considerado o fundador da cidade de Tutóia Ma; era natural do Rio de Janeiro, onde teria nascido a 24 de setembro de 1679. Viera 111

Estas são comentários de João Francisco Lisboa, em seus Apontamentos para a história do Maranhão; de um jornal português, Panorama vol. 3, 1939, retirado da obra Maranhão conquistado a Jesus Cristo e à Coroa de Portugal pelos religiosos da Companhia de Jesus; do livro do padre Manoel Rodrigues, Marañon y Amazonas, dentro outros, que reproduzem estes textos (MARQUES, 1970, p. 437) 112 Alguns autores trazem esse rio como sendo o Mearim 113 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: o presente de uma arqueologia. São Luís: SIOGE, 1993


para o Maranhão como mestre de Filosofia e Teologia, tendo ensinado também Gramática. Foi Vice-Reitor do Colégio114. Cumprida sua missão, deram-lhe opção de voltar ao Rio de Janeiro, não a aceitando, por amor aos Teremembés. Faleceu em São Luís, em 11 de julho de 1743 – (ou 44, segundo Ramos, 2001). Os Teremembés dominavam vastas regiões do norte maranhense – região dos Lençóis e Delta do Parnaíba -; o governo manda uma expedição, em 1679, sob o comando de Vital Maciel Parente; encontrando um troço de índios, estes são dizimados – mais de 300. Somente em 1722, se efetuaria a redução desses índios, por obra do Pe. João Tavares, cognominado Apóstolo dos Teremembés. O próprio padre descreve os costumes daqueles índios marítimos, definindo-os como “peixes racionais”. Em 1724, o missionário pediu, e obteve duas léguas de terra e a ilha dos Cajueiros. Teve problemas com fazendeiros – três irmãos e um primo, que a invadiram, para criação de gado – e, não conseguindo resolvê-lo com o Governador – que também tinha interesse na região, retirando índios para seu serviço -, recorreu a El-Rei, que deu ganho de causa ao missionário e exigiu que se cumprissem as condições do aldeamento: servir aos brancos nas pastagens de gado vacum e cavalar e garantir para a Coroa a vigilância daquela faixa marítima. O padre comprou os gados introduzidos irregularmente aos fazendeiros. A missão chamou-se Nossa Senhora da Conceição. Em 1730, contava com 233 índios ainda pagãos, que aprendiam a doutrina. João Tavares situou a aldeia nas praias dos Lençóis, onde faz barra principal um dos braços do Parnaíba, chamado Santa Rosa e também Canal de Tutóia. César Marques (1970), no verbete Tutóia, de seu Dicionário..., informa serem os índios Trememés (sic), os mais bem figurados, valentes e prestimosos que tinha a Capitania, segundo o pensar do Governador Gonçalo Pereira Lobato e Sousa – 1753/1761. Esses índios tinham, em 1727, no tempo do Governador e Capitão-General João da Maia da Gama – 1722/1728 -, duas datas de seis léguas de terra, as quais foram medidas e demarcadas à custa dos mesmos índios. Prossegue: “Pouco tempo era passado quando das bandas da Parnaíba vieram uns homens que foram situando aí fazendas de gado vacum e cavalar, e sucitando-se questões entre eles, os índios os expeliram, e um jesuíta, que lá vivia em muita intimidade, com o fim de terminar tais pendências, comprou aos seus legítimos donos o gado existente, e de então por diante ficaram os padres da Companhia possuindo como suas as terras destes índios.” (p. 622) (grifos meus).

César Marques não traz João Tavares como o fundador de Tutóia, nem o identifica como o jesuíta que vivia entre os Teremembés - embora fosse conhecido

114

O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais). Era o que melhores condições de estudos oferecia. Já em 1709, o Colégio do Maranhão era Colégio Máximo, nomenclatura usada pelos discípulos de Loyola para seus estabelecimentos normais de estudos superiores. Nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégio da Companhia: Humanidades, Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. Os estudos filosóficos compreendiam: no 1º ano, Lógica; no 2º, Física; no 3º, Matemática. O Colégio Máximo do Maranhão outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. Dentre os estabelecimentos de ensino dos jesuítas, as Escolas Gerais ocuparam um lugar de destaque, pelo fato de terem tornado o ensino popular ao alcance de todos. (CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís : SIOGE, 1990, p. 36).


como o Apóstolo desses índios -, o mesmo ocorrendo com CARDOSO (2001) 115, que apresenta a descrição dos 217 municípios maranhenses. Às páginas 572-581 traz a descrição de Tutóia, basicamente transcrevendo do que consta no Dicionário de César Marques, não fazendo referência, também, a João Tavares... João Tavares, padre da Companhia de Jesus, é o autor da “Breve descrição das recreações do Rio Muni do Maranhão, pelo João Tavares da Companhia de Jesus missionário, do dito estado. 1724”. A seguir, transcrição do manuscrito disponível no Arquivo Nacional, Divisão de Manuscritos 5, 3, 24 116.

Mapa de Juan de la Cosa ou carta de Juan de la Cosa – O Novo Mundo aparece na parte superior (a verde) e o Velho Mundo na parte central e inferior (a branco).

1448 Jean Cousin teria chegado a uma terra desconhecida, na foz de um rio caudaloso, identificado como o largo delta do Rio Amazonas; tese confirmada 1785 por Desmasquete e em 1878 por Paul Gaffarel (segundo MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999, p. 98). Meireles (1999) traz que Jean Cousin nem teria existido, conforme alguns afirmam, e que esse nome seria a tradução para o francês de Juan de la Cosa (1400- 1510), famoso piloto espanhol que participou das duas primeiras viagens de Colombo e das de Ojeda e Vespúcio, e do que tudo teria resultado seu famoso mapa, supostamente datado de 1503, o primeiro que trouxe o Novo Mundo e que mostra o trecho que teria navegado.

115

CARDOSO, Manoel Frazão. Tutóia. In O MARANHÃO POR DENTRO. São Luís: Lithograf, 2001, p. 572-582. 116 Os Autores tomaram conhecimento desse texto de João Tavares quando da elaboração de artigo intitulado “’Pernas para o ar que ninguém é de ferro’- as recreações em São Luís do Maranhão, no período imperial”, estudo segundo colocado do Prêmio “Antônio Lopes” de Pesquisa Histórica, do Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, 1995, quando se referiam aos jornais que se dedicavam ao lazer, instrução, literatura e artes, editados nos primórdios da imprensa maranhense. A primeira referência encontrada foi em Rossini Corrêa, logo depois em Clóvis Ramos; após cerca de 10 (dez) anos de buscas – Biblioteca Pública Benedito Leite, Arquivo Público do Estado do Maranhão, Biblioteca Nacional e no próprio Arquivo Nacional - quando tomou conhecimento da conclusão do levantamento dos manuscritos disponíveis – junho de 2003 – fez nova consulta, dando-se-lhe conta de que havia uma cópia dentre aqueles documentos. Mandaram buscar, então, cópia; adquirida através de suporte em microfilmagem (custo: R$ 40,00), fotocopiada na Biblioteca Pública Benedito Leite (custo: R$ 78,00 !).


1450 janeiro o Papa Nicolau V confirmou os direitos de Portugal a todas as terras novamente descobertas, concedendo ao Infante D. Henrique o monopólio da exploração até à Índia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil 1452 Diogo de Teive, capitão de caravela e escudeiro da Casa do Infante D. Henrique. Desembarcou na Ilha de Jesus Cristo (Terceira) em 1 de Janeiro de 1451, como ouvidor do Infante D. Henrique. Realizou duas viagens de exploração para Ocidente do Mar dos Açores. Em 1452, no regresso de sua segunda viagem, descobriu as ilhas das Flores e do Corvo. Inicialmente foi considerado um novo arquipélago, e receberam o nome de Ilhas Floreiras. Celebrou um contrato com o Infante D. Henrique, em 5 de Dezembro de 1452, para instalação na Ilha da Madeira de um engenho hidráulico de açúcar 117. 1453 Gonçalo Fernandes Távire e João Vogado (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)

1454 8 de janeiro – pela Bula "Romanus Pontifex" o Papa Nicolau V legitimou os objetivos expansionistas portugueses, definindo a conquista colonial como um instrumento da expansão do cristianismo, ao conceder ao rei de Portugal e ao Infante o direito a todas as suas conquistas marítimas, nomeadamente a Madeira, os Açores, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil

1457 Antonietto Usodimare (Antonio de Noli) (MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999, p. 98)

ANTONIO DA NOLI (Noli, 1415 — Santiago, 1497), também conhecido na historiografia portuguesa pelos nomes de António de Noli ou António de Nole, foi um navegador de origem genovesa que ao serviço do Infante D. Henrique participou nos Descobrimentos, explorando a costa ocidental da África. São-lhe atribuídos o descobrimento de algumas ilhas de Cabo Verde e o reconhecimento da costa de África na região da foz do rio Gâmbia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_de_Noli; http://www.larici.it/itinerari/restodelmondo/capoverde/

1450 janeiro o Papa Nicolau V confirmou os direitos de Portugal a todas as terras novamente descobertas, concedendo ao Infante D. Henrique o monopólio da exploração até à Índia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil 1469 União dos reinos de Castela e Aragão, com o casamento de Isabel e Fernando 1472 João Vaz Corte-Real chegou ao Canadá (MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999)

JOÃO VAZ CORTE-REAL era um navegador português do século XV ligado ao descobrimento da Terra Nova, cerca do ano de 1472. Para além desta expedição, Corte-Real organizou ainda outras viagens que o terão levado até à costa da América do Norte, explorando desde as margens do Rio Hudson e São Lourenço até ao Canadá e Península do Labrador. Em 1474 foi nomeado capitão-donatário de Angra e a partir de 1483, também da ilha de S. Jorge. Os seus três filhos, todos navegadores audaciosos, Gaspar Corte-Real, Miguel Corte-Real e Vasco Anes Corte-Real, continuaram o espírito de aventura de seu pai tendo os dois primeiros desaparecido depois de expedições marítimas, em 1501 e 1502 respectivamente. Vasco Anes quis ir em busca de seus irmãos mas o Rei não lhe concedeu autorização, tendo sucedido a seu pai como Capitão-Donatário. Hoje aceita-se que João Vaz Corte-Real possa ser considerado como o primeiro europeu que 117

Alguns investigadores sugerem que esteve relacionado com o desaparecimento do nobre flamengo Jácome de Bruges, Capitão donatário da ilha. Diogo de Teive veio viver para a Ribeira Brava, após 1472. Diogo de Teive, e seu filho, João de Teive, detiveram direitos sobre as ilhas até 1474, ano em que D. Fernão Teles de Meneses, casado com D. Maria de Vilhena, comprou os direitos sobre as ilhas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Teive_(navegador). Ver também MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999. MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982


chegou à costa Americana, pelo menos, mais de vinte anos antes de Cristóvão Colombo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Vaz_Corte-Real

Notar no centro deste mapa está o nome 'Terra dos Cortre Reais' http://www.dightonrock.com/omisteriodosnavegadoresperdidos.htm

1473 aparecem relatos de registros visuais da lendária “Ilha das Sete Cidades”118 e as tentativas de sua posse. Um dos casos mais consistentes foi carta apresentada ao rei D. Afonso V de Portugal pelo açoriano Fernão Teles. Do roteiro que então mostrou constava uma longa costa, com várias ilhas, baías e rios, que ele declarava ser parte das Sete Cidades. Embora se acredite que pudesse ser a costa do Norte do Brasil, entre o Maranhão e o Ceará, com o delta do rio Parnaíba, apenas se pode afirmar com certeza que aquele território se situaria na margem ocidental do Atlântico. Aparentemente o rei não terá acreditado totalmente na descoberta, ou não considerou Fernão Teles suficientemente digno, pelo que da carta de doação concedida não consta referência às Sete Cidades mas apenas a uma grande ilha ocidental que se pretenderia povoar. Insatisfeito com a carta de doação, Fernão Teles insiste no pedido das Sete Cidades. Consultado o cosmógrafo genovês Paolo del Pozzo Toscanelli (1398-1492), que declarou que a Antília (designação dada às ilhas do Mar das Caraíbas) e a Ilha das Sete Cidades seriam naquela margem do Atlântico. D. AFONSO V DE PORTUGAL, (Sintra, 15 de Janeiro de 1432 - Sintra, 28 de Agosto de 1481), foi o décimo-segundo Rei de Portugal, cognominado o Africano pelas conquistas no Norte de África. Filho do rei D. Duarte, sucedeu-o em 1438 com apenas seis anos. Por ordem paterna a regência foi atribuída a sua mãe, D. Leonor de Aragão mas passaria para o seu tio D. Pedro, Duque de Coimbra, que procurou concentrar o poder no rei em detrimento da aristocracia e concluiu uma revisão na legislação conhecida como Ordenações Afonsinas. Em 1448 D. Afonso V assumiu o governo, anulando os editais aprovados durante a regência. Com o apoio do tio homónimo D. Afonso I, Duque de Bragança declarou D. Pedro inimigo do reino, derrotando-o na batalha de Alfarrobeira. Concentrou-se então na expansão no norte de África, onde conquistou Alcácer Ceguer, Anafé, Arzila, Tânger e Larache. Concedeu o monopólio do comércio na Guiné a Fernão Gomes, com a condição de este explorar a costa, o que o levaria em 1471 à Mina, onde descobriu 118 "Insula Septem Civitatum", que significaria Ilha das Sete Tribos ou Ilha dos Sete Povos, mas acabou fixada nas línguas modernas em Ilha das Sete Cidades http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_Cidades_(lenda)


um florescente comércio de ouro cujos lucros auxiliaram o rei na conquista. Em 1475, na sequência de uma crise dinástica, D. Afonso V casou com a sobrinha D. Joana de Trastâmara assumindo pretensões ao trono de Castela, que invadiu. Após fracassar na batalha de Toro, com sintomas de depressão, D. Afonso abdicou para o filho, D. João II de Portugal, falecendo em 1481. http://pt.wikipedia.org/wiki/D._Afonso_V_de_Portugal

1476 a carta solicitada pelo açoriano Fernão Teles foi concedida, mas não se conhece a existência de qualquer expedição subsequente por parte daquele donatário. 1479 Com a Assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo termina a disputa pelos territórios da Madeira e Canárias, origem do primeiro conflito ibérico motivado por razões expansionistas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_das_Alc%C3%A1%C3%A7ovas-Toledo TRATADO DAS ALCÁÇOVAS, também denominado como Tratado das Alcáçovas-Toledo, foi um diploma assinado entre Afonso V de Portugal e os Reis Católicos, no desenvolvimento da Guerra da Beltraneja. Foi inicialmente assinado na vila portuguesa de Alcáçovas, no Alentejo, a 4 de Setembro de 1479, colocando fim à Guerra de sucessão de Castela (1479-1480) e posteriormente ratificado na cidade castelhana de Toledo, a 6 de Março de 1480. Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a ilha da Madeira, o Arquipélago dos Açores, o de Cabo Verde e a costa da Guiné, enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam as próprias ilhas. Regulamentava também as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino Oatácida de Fez, no Norte de África. O Tratado foi o primeiro do género, que regulamentava a posse de terras ainda não descobertas. Refletia os anseios de Portugal, interessado em garantir direitos sobre a costa da Mina e o Golfo da Guiné, e no prosseguimento da sua exploração da costa africana, na premissa de que por aquela via se conseguiria a esperada passagem para as Índias. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_das_Alc%C3%A1%C3%A7ovas-Toledo.

1480 6 de março Tratado de Toledo, entre Afonso V de Portugal e os Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Por este diploma, em troca da posse do arquipélago das Canárias para a Espanha, estes soberanos deixavam para Portugal todas as terras descobertas ou por descobrir das "Canárias para baixo, contra a Guiné". Este tratado confirmava o Tratado de Alcáçovas (ou das "Parcerias do Moura"), que encerrou a guerra dinástica na península Ibérica (4 de Setembro de 1479). http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil

1481

21

de

junho

Bula

"Aeterni

Regis",

do

Papa

Sisto

IV

http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil

1486 entre as expedições melhor documentadas conta-se aquela que o flamengo Ferdinand van Olm (conhecido na historiografia açoriana por Fernando de Ulmo ou Fernão Dulmo) [http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Dulmo] capitaneou. Aventureiro flamengo, em tempos residente nos Açores e ali casado com uma filha de Fernão Teles, recebeu autorização do rei D. João II de Portugal para achar o paradeiro da ilha onde estaria localizado o reino cristão perdido das Sete Cidades, o mesmo que o seu sogro teria reconhecido anos antes. De parceria com Afonso do Estreito, um madeirense, organizou uma expedição, com co-financiamento real, destinada à conquista das ilhas e terras firmes das Sete Cidades. Infelizmente Fernão Dulmo não teve melhor sorte que os seus antecessores, mas, ainda assim, já em pleno século XVII, organizou-se na Terceira uma expedição para explorar o oceano a noroeste do arquipélago, onde teria sido avistada uma ilha desconhecida. Nos Açores sobrevive até aos nossos dias a lenda da ilha encantada que apenas pode ser avistada por volta do dia de São João (24 de Junho), sendo naquele período freqüente o registro visual de ilhas desconhecidas a pontuar o horizonte insular, na realidade bancos de nevoeiro (os


temidos nevoeiros do São João que levam ao encerramento dos aeroportos por dias seguidos) e nuvens distantes a emergir do horizonte. http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_Cidades_(lenda) 1492 outubro Credita-se a Cristóvão Colombo119 a descoberta da América. As incertezas decorrentes da posse dessas novas terras a Ocidente, perturbaram o equilíbrio de poderes no Oceano Atlântico. Desse modo, a diplomacia espanhola obteve do Papa Alexandre VI (o aragonês Rodrigo Bórgia) uma série de Bulas

As quatro viagens de Cristovão Colombo 1492-1503 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Viajes_de_colon_en.svg

CRISTÓVÃO COLOMBO (República de Génova, 1451[1] — Valladolid, 20 de Maio de 1506) foi um navegador e explorador europeu, responsável por liderar a frota que alcançou o continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central. Seu nome em italiano é Cristoforo Colombo, em latim Christophorus Columbus e em espanhol, Cristóbal Colón. http://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo;

1493 Bula "Eximiae Devotionis" e "Inter Coetera" (3 de Maio), que concediam à Espanha o direito às terras não pertencentes aos príncipes cristãos; a segunda Bula "Inter Coetera" (4 de Maio) http://pt.wikipedia.org/wiki/Bula_Inter_Coetera , que concedia à Espanha as terras, descobertas e a descobrir, a oeste de um meridiano 100 léguas a oeste e ao meio-dia (sul) das ilhas dos Açores e Cabo Verde; Bula "Dudum Siquidem" (26 de Setembro), que confirma as bulas anteriores. há relatos de que João Coelho da Porta da Cruz teria estado na costa do Brasil120 http://pt.wikipedia.org/wiki/Controv%C3%A9rsias_sobre_o_descobrimento_do_Brasil; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982

119 http://pt.wikipedia.org/wiki/Teorias_sobre_a_origem_de_Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo; http://colombo.do.sapo.pt/; 120 A expressão "Itamaracá" deriva da língua índígena tupi, com o significado de "pedra que canta" ou "pedra sonante". Segundo registros do IBGE, o tribunal francês de Bayone cita a ocupação da ilha por portugueses já em 1591 em processo sobre os crimes do navio La Pélerino. Os primeiros habitantes seriam náufragos, havendo também registros sobre a passagem dos portugueses João Coelho da Porta da Cruz e Duarte Pacheco Pereira, em 1493 e 1498, respectivamente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Itamarac%C3%A1


1494 Tratado de Tordesilhas, assinado na povoação castelhana de Tordesilhas em 7 de Junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para Isabel, a Católica. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas

Meridiano de Tordesilhas demarcando os territórios a explorar por Portugal e por Castela http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses#Descobrimentos_e_explora.C3.A7.C3.B5es_portuguesas http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas

Estevão Fróes121 (MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAROCEANO. São Luis: AML, 1999; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982) 1497 ALONSO DE OJEDA com Juan de Las Casas e Américo Vespúcio ALONSO DE OJEDA (Cuenca, 1466 - Santo Domingo, 1516), foi um navegador espanhol. Almirante da marinha espanhola, participou da busca da rica província aurífera de Cibao em cuja expedição teve de socorrer o alcaide da Fortaleza de Santo Tomás, do ataque dos indígenas, liderados pelo cacique Caonabó, onde este acabou sendo preso. Como recompensa recebeu dos reis católicos a concessão de seis léguas de terreno em Maguana. Em pouco tempo partiu para a Espanha, onde, devido à sua estreita relação com o Bispo Fonseca, conseguiu permissão para organizar uma viagem ao Novo Mundo. No mês de maio de 1499, alcançou a foz do rio Orinoco, explorando a costa compreendida entre a ilha Margarita e o cabo de la Vela. Em 1501 foi nomeado governador da ilha de Cuquibacoa, para onde partiu no ano seguinte na companhia de Juan de Vergara e García de Ocampo. Em 1507, recebeu a missão de percorrer a costa da Nova Andaluzia e parte da bacia de Cartagena das Índias próximo à costa. Após uma campanha contra os índios, fundou, em fevereiro de 1510, San Sebastián, o primeiro assentamento europeu no continente sulamericano. Mudou-se para Santo Domingo, onde morreu pobre e abandonado, em 1516. AMÉRICO VESPÚCIO, em italiano Amerigo Vespucci (Florença, 9 de Março de 1454 — Sevilha, 22 de Fevereiro de 1512), foi um mercador, navegador,geógrafo, cosmógrafo italiano e explorador de oceanos que viajou pelo, então, Novo Mundo, escrevendo sobre estas terras a ocidente da Europa. Como representante de armadores florentinos, o mercador e navegador Vespúcio encarregou-se em Sevilha do aprovisionamento de navios para a segunda e a terceira

121 O português Estevão Fróis , companheiro de João de Lisboa (descobridores do rio da Prata, em 1514), carregou pau-brasil na feitoria do Rio de Janeiro (Julho-Agosto de 1514) em seu retorno a Lisboa (BUENO, 1998:119). http://pt.wikipedia.org/wiki/Feitoria_da_Ba%C3%ADa_de_Guanabara


viagens de Cristóvão Colombo. Supõe-se que tenha participado de incursões pelo Atlântico desde 1497. Em meados de 1499 passou ao largo da costa norte da América do Sul, acima do rio Orinoco, como integrante da expedição espanhola de Alonso de Ojeda, a caminho das Índias Ocidentais

Alonso de Ojeda

O meridiano mais oriental é definido pela Bula "Inter Coetera"; o mais ocidental pelo Tratado de Tordesilhas; a localização das cidades actuais é meramente indicativa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:S%C3%BCdamerika1650.png

1498 D. Manuel I encarregou Duarte Pacheco122 de uma expedição secreta, organizada com o objectivo de reconhecer as zonas situadas para além da linha de demarcação de Tordesilhas, expedição que, partindo do Arquipélago de Cabo Verde, se acredita teria culminado com o descobrimento do Brasil, em algum ponto da costa entre o Maranhão e o Pará, entre os meses de Novembro e Dezembro desse mesmo ano. Dali, teria acompanhado a costa Norte, alcançando a foz do rio Amazonas e a ilha do Marajó.

122 MOREIRA, Rafael. Foi o Maranhão descoberto antes do Brasil? In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 15 de fevereiro de 1998, domingo, Caderno Alternativo, p. 7.FONSECA, Aldeneiva Celene de Almeida. O descobrimento que não houve. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de fevereiro de 1998, terça-feira, Caderno Opinião, p. 4SÁ, Décio. Brasil pode ter nascido no Maranhão. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de abril de 2000, sábado, Caderno Cidade, p.3CARVALHO, José Antonio Moreira de. Bahia ou Maranhão? In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 3 de março de 2001, sábado, Caderno Opinião, p. 4. Ver ainda http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/ren1.html


Duarte Pacheco Pereira Esmeraldo de situ orbis http://pt.wikipedia.org/wiki/Duarte_Pacheco_Pereira http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Esmeraldo_de_situ_orbis,_1892.JPG

DUARTE PACHECO PEREIRA (Lisboa, 1460 — 1533) foi um navegador, militar e cosmógrafo português. O Esmeraldo de situ orbis é um manuscrito de autoria do cosmógrafo português Duarte Pacheco Pereira. Dedicada ao rei D. Manuel I de Portugal (1495-1521), a obra foi montada em cinco partes, com um total de duzentas páginas, em 1506. Conforme descrito nas próprias palavras do autor, trata-se de uma obra de "cosmografia e marinharia". Apesar do título em latim, foi escrita em língua portuguesa, contendo as coordenadas geográficas de latitude e longitude de todos os portos conhecidos no seu tempo.

Jorge Couto, historiador português, Docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador no Centro de História da mesma Universidade em seu livro mais conhecido, A construção do Brasil (Lisboa, 1995), defende a tese da descoberta do Brasil em 1498, por Duarte Pacheco Pereira, com base no estudo do manuscrito ESMERALDO DE SITU ORBIS, produzido pelo próprio Duarte Pacheco entre 1505 e 1508 e que ficou desaparecido por quase quatro séculos. 1499 Juan de Vergara e Garcia de Ocampo http://pt.wikipedia.org/wiki/Alonso_de_Ojeda Pedro Álvares Cabral é nomeado Capitão-Mor da armada que se dirigiria à Índia. A sua missão era a de estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Samorim, promovendo a imagem de Portugal e instalando um entreposto comercial ou feitoria, retornando com o máximo de mercadorias. PEDRO ÁLVARES CABRAL (Belmonte, 1467 ou 1468 — Santarém, c. 1520) foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português na maioria das vezes creditado como o descobridor do Brasil. Cabral realizou a primeira exploração significativa da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre de grandeza secundária e recebeu uma boa educação formal. Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_%C3%81lvares_Cabral


1500 26 de Janeiro O navegador Espanhol Vicente Yáñez Pinzón alcança a costa Nordeste do Brasil. Partindo do porto de Palos de la Frontera, no Sul da Espanha, a 19 de novembro de 1499. Em janeiro de 1500 alcançou a costa brasileira, tendo avistado um cabo que denominou como Santa Maria de la Consolación, tendo desembarcado na que é identificada atualmente como praia do Paraíso, no Cabo de Santo Agostinho, estado de Pernambuco. O navegador prosseguiu em sua viagem e, em fevereiro, alcançou a foz do rio Amazonas, que batizou como Mar Dulce.

Vincente Yáñez Pinzón VINCENTE YÁÑEZ PINZÓN (Palos de la Frontera, 1462 — 1514) foi um navegador espanhol. Primo do navegador Diego de Lepe, integrou a primeira Armada de Cristóvão Colombo que descobriu a América em 1492, tendo comandado a caravela Niña, tripulada por vinte e quatro homens, que armou os seus gastos. A sua embarcação foi incumbida de socorrer a nau Santa Maria, que encalhou em 25 de dezembro de 1492, na costa da ilha de São Domingos. De volta à Espanha, em 1495 obteve licença dos soberanos para empreender novas expedições ao novo continente. Quatro anos depois, partiu com uma esquadra de quatro caravelas tendo sido considerado o primeiro navegador europeu a cruzar a linha do Equador na região das Américas, tendo descoberto várias ilhas naquela região. Nessa expedição, alcançou a costa do Brasil, tendo avistado um grande promontório, que chamou de Santa Maria da Consolação (sobre o qual atualmente os autores se dividem, considerando-o ou o cabo de Santo Agostinho (litoral sul de Pernambuco) ou a ponta do Mucuripe, (na cidade de Fortaleza), do qual tomou posse para a Espanha em 26 de janeiro de 1500. Na ocasião, registrou-se um violento combate com os potiguares. Infletindo para o Norte, Pinzón atingiu em fevereiro a foz do rio Amazonas, a qual denominou de "mar Dulce", de onde prosseguiu para as Guianas e daí para o mar do Caribe. Na costa do Brasil, Pinzón teria capturado trinta e seis indígenas. No Caribe, Pinzón aportou às atuais ilhas Bahamas. Em setembro de 1500, retornou ao porto de Palos de la Frontera, na Espanha. O navegador realizaria, em 1508, mais uma viagem à América do Sul. O seu nome batizou primitivamente o rio Oiapoque (durante séculos denominado como "rio de Vicente Pinzón", cujo curso demarca o limite setentrional do litoral brasileiro. Entre 1895 e 1900, pairando a dúvida sobre qual seria exatamente esse "rio de Vicente Pinzón" (se o Oiapoque ou o rio Araguari), registrou-se a Questão do Contestado Franco-Brasileiro (Questão do Amapá), arbitrada pelo Conselho Federal Suíço em favor do Brasil.

Fevereiro / Março O navegador Espanhol Diego de Lepe alcança a costa Nordeste do Brasil. Primo de Vincente Yáñez Pinzón teria atingido a costa brasileira em março de 1500. As viagens de Pinzón e de Lepe, assim como a chegada de ambos ao Brasil não constam da maior parte das obras oficiais de História do Brasil pois, pelos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), as terras descobertas por ambos pertenciam, de fato, a Portugal.


DIEGO DE LEPE (Lepe, Espanha, século XIV - século XV), foi um navegador espanhol. Primo de Vicente Yáñez Pinzón, partiu do porto de Palos de la Frontera, no Sul da Espanha, no início de dezembro de 1499 e alcançou a costa do Brasil, ou na altura do cabo de Santo Agostinho (atual Pernambuco) ou na da do cabo de São Roque (atual Rio Grande do Norte) em fevereiro ou março de 1500. Desse ponto, infletiu para o Norte, tendo passado pela foz do rio Amazonas, em direção às Guianas e ao Caribe, retornado em setembro do mesmo ano à Espanha. Na costa do Brasil teria capturado vinte indígenas.

Mapa de Juan de la Cosa ou carta de Juan de la Cosa O mapa amostra a costa sul-americana enfeitada com bandeiras castelhanas do cabo da Vela (na atual Colômbia) até o extremo oriental do continente123. Ali figura um texto que diz “Este cavo se descubrio en año de mily IIII X C IX por Castilla syendo descubridor vicentians” ("Este cabo descobriu-se em 1499 por Castela sendo o descobridor Vicente Yáñez") e que muito provavelmente se refere à chegada de Vicente Yáñez Pinzón em finais de janeiro de 1500 à ponta oriental da América do Sul, à que chamou cabo de Santa Maria da Consolação.124 Mais para leste ainda, e separada do continente, aparece uma Ysla descubierta por portugal ("ilha descoberta por Portugal") coloreada a azul. Provavelmente, de la Cosa quis refletir assim a terra descoberta por Pedro Álvares Cabral em 1500 e que este batizara "Terra de Vera Cruz" ou "de Santa Cruz".125. Na zona norte da região sul-americana aparece a Costa de pérolas, que fora descoberta por Colombo na Terceira viagem (1498) e que foi percorrida pelo próprio De la Cosa na sua viagem com Alonso de Ojeda.126. Aparecem também duas menções de outros tantos "mares doces" (Mar de agua duce e Mar Duce) que correspondem, respectivamente, ao da desembocadura do Orinoco, descoberto por Diego de Lepe em 1500 e ao situado frente à costa das Guianas, navegado por Ojeda em 1499.127 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa_de_Juan_de_la_Cosa)

09 de março Pedro Álvares Cabral parte de Lisboa com a mais bem equipada armada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas, transportando de 1.200 a 1.500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Era integrada por navegadores

123

DAVIES, Arthur (1976). "The Date of Juan de la Cosa's World Map and Its Implications for American Discovery CEREZO MARTÍNEZ, Ricardo [1989], «Contribución al estudio del mapa de Juan de la Cosa», Géographie du monde au Moyen Âge à la Renaissance, 149-162 125 MARTÍN-MERÁS VERDEJO, Mª Luisa (2000). "La carta de Juan de la Cosa : interpretación e historia 126 ELKHADEM, Hossam al. (1992). Juan de A Cosa, Parte correspondente á America da Carta General de Juan de A Cosa... (em francês). Cartes de Amériques dans les collections de la Bibliothèque Royale Albert Ier. 127 MANZANO MANZANO, Juan [1988], Los Pinzones y el Descubrimiento de América 124


experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho. Por alturas de Cabo Verde, desvia-se da rota.

Detalhe do mapa "Terra Brasilis" (Atlas Miller, 1519), actualmente na Biblioteca Nacional de França. http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses#Chegada_ao_Brasil

22 de abril Tendo-se afastado da costa africana, após quarenta e três dias de viagem, avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Bahia. No dia seguinte, houve o contato inicial com os indígenas. 24 de abril seguiu ao longo do litoral para o norte em busca de abrigo, fundeando na atual baía de Santa Cruz Cabrália, nos arredores de Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de maio. Cabral tomou posse, em nome da Coroa portuguesa, da nova terra, a qual denominou de "Ilha de Vera Cruz" (mais tarde Terra de Santa Cruz e finalmente Brasil face à abundante existência de madeira pau-brasil), e enviou uma das embarcações menores com a notícia, inclusive a Carta de Pero Vaz de Caminha, de volta ao reino. Retomou então a rota de Vasco da Gama rumo às Índias. 1501 Expedição exploratória à costa do Brasil, de Gonçalo Coelho e com o Genovês Américo Vespúcio a bordo (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152)

Planisfério de Cantino (1502), a mais antiga carta náutica portuguesa conhecida, mostrando o resultado das viagens de Vasco da Gama à Índia, Colombo à América Central, Gaspar Corte Real à Terra Nova e Pedro Álvares Cabral ao Brasil, com meridiano de Tordesillas assinalado. Biblioteca estense universitária de Modena.

1502 Manuel I de Portugal declara monopólio da Coroa a exploração do pau-brasil ("Caesalpinia echinata"), arrendando-o por três anos a um consórcio liderado pelo


cristão-novo Fernando de Noronha 128; Durante a Dinastia Filipina (1580-1640), a ilha foi utilizada como escala pelos franceses da expedição de Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, que aqui estiveram quinze dias a caminho da capitania do Maranhão em 1612, onde estabeleceriam a França Equinocial (DONATO, 1996:93). http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortifica%C3%A7%C3%B5es_na_Ilha_de_Fernando_de_Noronha#A_invas.C3.A3o_francesa_da_ilha

D. MANUEL I DE PORTUGAL (Alcochete, 31 de Maio de 1469 — Lisboa, 13 de Dezembro de 1521) foi o 14.º Rei de Portugal, cognominado O Venturoso, O Bem-Aventurado ou O Afortunado tanto pelos eventos felizes que o levaram ao trono, como pelos que ocorreram no seu reinado. D. Manuel I ascendeu inesperadamente ao trono em 1495, em circunstâncias excepcionais, sucedendo ao seu primo direito João II de Portugal, de quem se tornara protegido. Prosseguiu as explorações portuguesas iniciadas pelos seus antecessores, o que levou à descoberta do caminho marítimo para a Índia, do Brasil e das ambicionadas "ilhas das especiarias", as Molucas. Foi o primeiro rei a assumir o título de Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia. Em 1521 promulgou uma revisão da legislação conhecida como Ordenações Manuelinas, que divulgou com ajuda da recente imprensa. No seu reinado, apesar da sua resistência inicial, cumprindo as cláusulas do seu casamento com Maria de Aragão, viria a autorizar a instalação da inquisição em Portugal. Com a prosperidade resultante do comércio, em particular o de especiarias, realizou numerosas obras cujo estilo arquitectónico ficou conhecido como manuelino. http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_I_de_Portugal FERNÃO DE NORONHA, também chamado Fernando de Noronha, corruptela de Fernão de Loronha (seu verdadeiro nome) (século XV - século XVI) foi um judeu português convertido ao catolicismo (cristão-novo) que se tornou um dos primeiros grandes exploradores de pau-brasil nas terras recém-descobertas do Brasil pelo reino de Portugal. Rico empreendedor, comerciante e armador, natural das Astúrias, Noronha era representante do banqueiro Jakob Fugger na Península Ibérica. Juntamente com outros cristãos-novos, comerciantes portugueses, obteve concessão para explorar os recursos naturais do Brasil durante três anos e em 1503 obteve da Coroa o contrato para exploração do pau-brasil, a valiosa madeira de tinturaria. O consórcio financiou a expedição de Gonçalo Coelho em 1503 que em 24 de julho descobriu a magnífica ilha que mais tarde tomaria seu nome. Em 1506, Noronha e os sócios extraíram das novas terras mais de 20 mil quintais de pau-brasil, vendidas em Lisboa com um lucro de 400% a 500%. Em 1511, associado a Bartolomeu Marchionni, Benedito Morelli e Francisco Martins, participou da armação da nau Bretoa, que a 22 de julho retornou a Portugal com uma carga de 5 mil toras de pau-brasil, animais exóticos e 40 escravos, mulheres em sua maioria. Como conseqüência do contrato e da expedição de Gonçalo Coelho, o rei D. Manuel I (1495-1521) doou, em 1504, a Fernão de Noronha, a primeira «capitania do mar» no litoral: a ilha de São João da Quaresma, atual Fernando de Noronha. Alguns atribuem a Fernão de Noronha a mudança dos nomes cristãos de Ilha de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz para Brasil. Entretanto, tal fato não tem base histórica e se origina de idéias anti-semitas. O que ocorreu foi a mudança do nome devido ao comércio de pau-brasil, do qual Fernão de Noronha era apenas um dos arrendatários. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_de_Noronha

Juan de La Cosa, Juan de Vergara e Garcia de Ocampo (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152).

1503 Expedição exploratória à costa do Brasil sob o comando do Português Gonçalo Coelho GONÇALO COELHO (Florença, 1451 ou 1454 — Sevilha, 1512) foi um navegador português. Estudou em Pisa. Em 1503, a serviço da Coroa portuguesa, que firmou contrato com um grupo de comerciantes desde um ano antes, realizou expedição ao litoral brasileiro. Pouco se sabia em Portugal da cartografia da costa norte brasileira e surgira assim a necessidade de ser despachada para a nova terra uma expedição exploradora que reconhecesse principalmente a 128

A ILHA, ao ter sido descoberta pelo reino de Portugal, foi designada de Ilha de São João da Quaresma, provavelmente por Gaspar de Lemos, em 1500, ou por uma expedição da qual Duarte Leite erroneamente terá atribuído o comando a Fernão de Noronha, realizada em 1501–1502. Porém o primeiro a descrevê-la foi Américo Vespúcio, que tomou parte na expedição de Gonçalo Coelho. O fato de já ser chamada Ilha de Fernão de Noronha por Frei Vicente do Salvador, tal como hoje é conhecida, está justificado por provir do nome do primeiro proprietário da capitania hereditária, Fernão de Noronha ou Fernão de Loronha, após doação de D. Manuel I em 16 de fevereiro de 1504. O arquipélago foi invadido algumas vezes, nomeadamente em 1534 por ingleses, de 1556 até 1612 por franceses, em 1628 e 1635 pelos holandeses, voltando ao controle português em 1700, para ser novamente conquistada pelos franceses em 1736 e definitivamente ocupada pelos portugueses em 1737. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_de_Noronha


parte situada aquém da linha divisória de Tordesilhas, por isso pertencente à coroa portuguesa. As melhores fontes atribuem o comando dessa expedição a Coelho, nauta experiente que trouxe, embarcado, o florentino Amerigo Vespucci, já conhecedor de terras americanas pois navegara com Alonso de Ojeda em viagem castelhana em 1499. Os comerciantes que financiaram a expedição, dentre eles Fernão de Noronha, conseguiram arrendar as terras brasileiras por um período de três anos para exploração do pau-brasil. Em troca, os arrendatários se comprometiam a construir feitorias e pagar, à Coroa, parte do lucro obtido. O arrendamento foi renovado mais duas vezes, em 1505 e em 1513. Como conseqüência do contrato e da expedição de Gonçalo Coelho, o rei D. Manuel I doou, em 1504, a Fernão de Noronha, a primeira capitania hereditária no litoral brasileiro: a ilha de São João da Quaresma, atual Fernando de Noronha, uma capitania do mar. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alo_Coelho

João de Lisboa (LIMA,

Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152: MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982

1504 registrada a presença francesa no litoral Brasil; Binot de Gonneville este resgatando pau-brasil, indicando franceses que o teriam precedido (WELHING e WELHING, 1994, p. 46) 1506 através da Bula "Ea Quae Pro Bono Pacis" o Papa Júlio II aprova o Tratado de Tordesilhas; os seus termos jamais foram reconhecidos pelas demais potências européias, por ele excluídas das conquistas e riquezas do Novo Mundo. Adicionalmente, a indeterminação do meridiano e subseqüentes conflitos gerados na América (pela posse da bacia do rio da Prata) e no Oceano Pacífico (pela posse das ilhas Molucas), levaram à aquisição das Ilhas Molucas (inclusive as Filipinas, Timor e Solor) por Portugal à Espanha através da Capitulação de Saragoça (23 de Abril de 1529).

Planisfério de Ruysch, 1507. http://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Ruysch

JOHANN RUYSCH, também referido como Johann Ruijsch, Johannes Ruysch, ou Giovanni Ruisch (Utrecht, c. 1460 - Köln, 1533), foi um explorador, cartógrafo, astrónomo e pintor dos Países Baixos. Em 1507 estava ativo em Roma, onde publicou um dos mais importantes planisférios do início do século XVI, o segundo mapa impresso na história, em que se apresentavam informações sobre o Novo Mundo http://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Ruysch

1507 publicado o mapa-mundi intitulado "Universalis cosmographia secundum Ptholomaei traditionem et Americi Vespucii aliorumque lustrationes"", do qual apenas mil cópias foram feitas. Acredita-se que actualmente exista apenas um único


exemplar, encontrado na biblioteca do Príncipe de Waldburg-Wolfegg-Waldsee no castelo de Wolfegg em Württemberg, que se deve a que o cartógrafo Johannes Schöner mandou encadernar as folhas, separadas, num só volume com capa. O mapa consiste de 12 seções, gravadas sobre madeira. Dispõe-se em três zonas, cada uma das quais contém quatro seções. A superfície total do mapa, em polegadas, são 36 pés quadrados. Representa a forma da terra numa projeção Ptolemaica modificada com meridianos curvos. Produziu na cartografia enorme, duradouro impacto, sendo de um tipo completamente novo e representando a terra com uma grandeza em escala jamais tentada. Depois de seu grande mapa de 1507, Waldseemüller e seu amigo Matthias Ringmann (Philesius) se devotaram a completar a edição em latim da geografia de Ptolomeu.

Pormenor do mapa Universalis cosmographia de Waldseemüller de 1507 onde pela primeira vez foi escrito o nome "América" para nomear o continente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Waldseemuller_map_closeup_with_America.jpg

1513 Admite-se que nesse ano Diogo Ribeiro tenha chegado ao Golfão Maranhense e que a ele se deva o nome de Trindade dado à Ilha de São Luís. DIEGO RIBERO, também conhecido como Diego de Ribero, Diego (de) Rivero, Diego Ribeiro ou Diogo Ribeiro (? -16 Agosto 1533), foi um cartógrafo e explorador de origem portuguesa que trabalhou desde 1518 ao serviço da coroa espanhola. Diego Ribero trabalhou nos mapas oficiais espanhois do Padrón Real (ou Padron Geral) entre 1518-1532. Também produziu instrumentos de navegação, incluindo astrolábios e quadrantes.

Estevão Fróes (LIMA,

Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)

Diogo Leite, vindo de Pernambuco a explorar a costa por ordem de Martins Afonso de Sousa, alcançou a foz do Rio Gurupi e deu nome à Abra de Diogo leite (baia do Gurupi). (LIMA, Carlos de HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153) 1516 o governo português já havia feito diversos protestos à corte francesa reclamando das intensas atividades comerciais de corsários franceses, enviando ao Brasil a expedição guarda-costas de Cristóvão Jacques. CRISTÓVÃO JAQUES (Algarve, c. 1480 - após 1530) foi um nobre português. Pouco se sabe a seu respeito. De ascendência aragonesa, era também conhecido como Cristóvão Valjaques. Era filho bastardo de Pero Jaques, tendo sido legitimado por D. João II (1481-1495) e, posteriormente, sido feito fidalgo da Casa Real por D. Manuel I (1495-1521). Casou-se com uma filha de Francisco Portocarreiro, com quem teve três filhos. Em 1503 veio pela primeira vez à costa do Brasil na frota de Gonçalo Coelho. Em 1516, no comando de duas caravelas, foi encarregado do patrulhamento da costa brasileira, a fim de desestimular incursões de corsários franceses. Em Novembro desse mesmo ano aportou em uma grande baia, à qual deu o nome de baía de Todos os Santos. No rio da Prata venceu e aprisionou muitos franceses. Percorreu a costa até 1519. A 21 de julho de 1521, zarpou de novo da foz do rio Tejo com destino ao Brasil, fundando em Pernambuco a feitoria de


Itamaracá, num dos ancoradouros mais conhecidos do litoral brasileiro, onde havia abundância de pau-brasil (Caesalpinia echinata) e freqüentes contatos entre índigenas e europeus, antes de prosseguir para o Sul até ao rio da Prata. Por fim, em 1526, foi nomeado por D. João III como Governador das Partes do Brasil, em substituição a Pero Capico, tendo retornado outra vez no comando de uma nau e cinco caravelas, travando inúmeros combates com corsários franceses. Em 1527 aprisionou três galeões franceses no Recôncavo da Bahia neste que é considerado o primeiro combate naval no Brasil [1]. Mas tendo agido com barbaridade contra os prisioneiros, esse gesto acabou lhe causando grandes problemas junto a D. João III (1521-1557). Ao regressar a Portugal, ofereceu-se ao soberano para, às próprias expensas, com mil colonos, dar início à ocupação permanente das novas terras, mas nada resultou da proposta. http://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Jacques

1520 FRANÇA: Começou sua expansão ultramarina. Os franceses exploraram a costa brasileira, saquearam o pau-brasil e tentaram, sem êxito, se estabelecer no Rio de Janeiro e no Maranhão. Também tomaram posse do Canadá e da Luisiana (sul dos EUA). O Império colonial francês no Novo Mundo também incluía a Nova França ("Nouvelle France") na América do Norte, particularmente no que é hoje a província do Québec, no Canadá, e a França Antártica ("France Antarctique"), na atual cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. As nações ibéricas consideravam que esses assentamentos violavam não apenas a bula papal de 1493, como o Tratado de Tordesilhas (1494), documentos que dividiam o globo igualmente entre ambas, excluindo as demais nações dessa partilha. Registradas as incursões de Parmetier (1520), Roger (1521), Verrazano (1522). GIOVANNI DA VERRAZANO (1485 - 1528) foi um explorador italiano, que explorou a costa da América do Norte. Verrazano navegava em nome da Coroa Francesa, a serviço de quem tentou encontrar a Passagem do Noroeste, sendo lhe creditada a descoberta de vários pontos da costa noroeste atlântica, nos atuais Estados Unidos da América e Canadá, incluíndo a baía de Nova Iorque, onde a Ponte de Verrazano Narrows é nomeada em sua homenagem. Na Primavera de 1526 Verrazano encontrava-se na França, onde é encarregado de um novo projeto sob os auspícios do Almirante Philippe Chabot, com investimento do armador Jean Ango. Parte em junho de 1526 da Europa, juntamente com o irmão Girolamo e três embarcações, para ultrapassar o cabo da Boa Esperança. Uma violenta tempestade e um motim impedem o progresso dos irmãos Verrazano, mas o terceiro navio atingiu o Oceano Índico. Ali alcançou Madagascar de onde se dirigiu para Nordeste, alcançando Sumatra, para então regressar às Maldivas. No regresso, a embarcação naufragou em Madagascar, e poucos sobreviventes lograram alcançar a costa de Moçambique. Enquanto isso, os irmãos Verrazano navegaram pela costa da África, para rumar até à costa do Brasil, onde fizeram carga de pau-brasil no litoral de Pernambuco. Em setembro de 1527 regressavam à França. http://pt.wikipedia.org/wiki/Verrazano

1524 Guérard e Roussel, corsários de Dieppe, visitam o Maranhão – (MEIRELES,

Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 172-173)

1526-28 nova expedição de Cristovão Jacques, conseguindo deter alguns navios franceses, pois havia sério risco de consolidação definitivamente o comércio de paubrasil na costa brasileira. 1529 João de Braga (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)

1530-1533 Expedição de Martim Afonso de Sousa MARTIM AFONSO DE SOUSA (Vila Viçosa, c.1490/1500 — Lisboa, 21 de julho de 1571) foi um nobre e militar português. Jaz em São Francisco de Lisboa. Como Tomé de Sousa, descendia por linha bastarda do rei Afonso III de Portugal. Senhor de Prado e de Alcoentre, ainda parente do conde de Castanheira, D. António de Ataíde, tão influente sobre o rei D. João III de Portugal, Martim de Sousa foi Senhor de Prado, e Alcaide-mor de Bragança e mais tarde Governador da


Índia e do Estado do Brasil. Serviu algum tempo ao Duque de Bragança D. Teodósio I[1] mas «como era de um espírito elevado e queria esfera onde se dilatasse em coisas grandes, largou a Alcaidaria mor de Bragança e outras mercês que tinha do Duque, para servir ao Príncipe D. João, filho do rei D. Manuel. Depois foi a Castela e esteve algum tempo em Salamanca; e voltando a Portugal, D. João III, que já então reinava, o recebeu com muita estimação e honra porque Martim Afonso de Sousa foi um fidalgo em quem concorreram muitas partes, porque era valeroso, dotado de entendimento e talento grande». Acompanhou a rainha viúva D. Leonor a Castela. Iniciou sua carreira de homem de mar e guerra ao serviço de Portugal em 1531 na armada que o rei determinou mandar ao Brasil, nomeado desde fins 1530 em razão dos seguintes fatores: por ser primo-irmão de D. Antônio de Ataíde, membro do Conselho Real, e ter forte influência junto ao Rei. Estudou Matemática, Cosmografia e Navegação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Martim_Afonso_de_Sousa

Mapa-mundi de Diego Ribero, 1529

1531 De ordem de Martin Afonso de Sousa, Diogo Leite, reconhecendo o litoral norte do Brasil, chega à foz do Gurupi. Atribuem-se a ele os nomes de São José e São Marcos dados às baías que formam o Golfão Maranhense, pelos dias, no calendário romano, em que as tenha alcançado. Diogo Leite (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982

DIOGO LEITE, Foi un navegador português do século XVI. Durante o período compreendido entre os anos de 1526 a 1529, comandou uma caravela da armada de Cristóvão Jacques, que tinha por finalidade impedir o comércio dos franceses, nas costas do Brasil. Entre 1530 e 1532, comandou também uma caravela da armada de Martim Afonso de Sousa com a finalidade de explorar a costa brasileira. Mais tarde teve sob o seu comando duas caravelas que conseguiram chegar ao rio Gurupi, no Maranhão.

Diogo de Sordas (LIMA, Carlos de.

HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153)

1534 D. João III estabelecimento o sistema de Capitanias Hereditárias (Regimento Castanheira). O Maranhão atual, por sua extensão litorânea do Paraíba ao Gurupi, está compreendido nas duas mais setentrionais dentre elas: a de Fernão Alvares de Andrade, com 70 léguas de costa contadas da foz do Mundau (Camocim) aos Mangues Verdes (Golfão Maranhense) e uma segunda, de João de Barros, com 50 léguas, dos Mangues Verdes à foz do Gurupi. Dividiu o território em 14 capitanias hereditárias, confiando as do norte a João de Barros e Fernando Álvares de Andrade que, associando-se a Aires da Cunha, intentaram apossar-se dela, sem resultado. Eram lotes enormes, de cerca de 350 km de largura, até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro. "Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas com os índios e a


ameaçadora presença dos franceses acabaram provocando o colapso do sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil" (Eduardo Bueno, "Capitães do Brasil")129.

Mapa do Império Português durante o reino de D. João III. http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_heredit%C3%A1rias

O SISTEMA DE CAPITANIAS, bem sucedido nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde, foi inicialmente implantado no Brasil com a doação da Ilha de São João (atual ilha de Fernando de Noronha), por Carta Régia de Dom Manuel I (1495 - 1521), datada de 16 de Fevereiro de 1504, que doou a Fernando de Noronha, arrendatário do contrato de exploração do pau-brasil ("Caesalpinia echinata"), constituindo a capitania de São João, sem qualquer efeito na prática, uma vez que não há notícia de sua colonização à época. Os descendentes de Noronha, entretanto, continuaram herdando o título de posse da capitania até ao seu último representante, João Pereira Pestana, em 1692. http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_heredit%C3%A1rias REGIMENTO CASTANHEIRA - O insucesso das expedições guarda-costas de Cristóvão Jacques (inclusive o sério incidente diplomático pelo qual foi responsável), assim como o aumento do tráfico de pau-brasil e outros gêneros por corsários estrangeiros, principalmente franceses no litoral do Brasil, em um momento de crise do comércio português no Oriente, foram os fatores determinantes para a iniciativa de colonização promovida pela Coroa. Após o sucesso parcial da expedição de Martim Afonso de Sousa (1530 - 1532), contando com escassos recursos financeiros e visando a incentivar ocupação da terra, por iniciativa de Dom António de Ataíde - 1° conde da Castanheira -, Dom João III doou quinze capitanias na costa do Brasil, entre 1534 e 1536. Essas doações constituíam-se em faixas de terra dispostas no sentido Leste-Oeste, entre o Oceano Atlântico e o meridiano estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_heredit%C3%A1rias JOÃO DE BARROS, chamado o Tito Lívio Português, (c. 1496 — Ribeira de Alitém, 20 de Outubro de 1570) é geralmente considerado o primeiro grande historiador português e pioneiro da gramática da língua portuguesa. AIRES DA CUNHA (Portugal, ? — litoral maranhense, 1536) foi um capitão donatário do Brasil.. Tendo recebido de João III de Portugal em 1535 a Capitania do Maranhão, associou-se a Fernando Álvares de Andrade e João de Barros, que organizaram uma expedição para colonizar a região norte do Brasil. Em novembro de 1535 a expedição aportou na Capitania de Pernambuco, onde recebeu auxílio de Duarte da Costa. Rumando para o norte, para a costa do Maranhão, um violento temporal fez naufragar a embarcação, perecendo a maior parte de seus integrantes. http://pt.wikipedia.org/wiki/Aires_da_Cunha A CAPITANIA DO MARANHÃO foi uma das subdivisões do território brasileiro no período colonial. Seu primeiro donatário foi Fernando Álvares de Andrade, que recebeu a capitania em 11 de março de 1535. Ela tinha 75 léguas de costa, estendendo-se do cabo de Todos os Santos até a foz do Rio da Cruz, cobrindo o nordeste do atual estado do Maranhão, pequena parte do Pará (onde 129

BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999


hoje está Belém) e um extremo http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_do_Maranh%C3%A3o

Capitania

da

Ilha

Limites aproximados

de

Marajó.

Donatário

Capitania do Maranhão Extremo leste da Ilha de Marajó (PA) à foz do João de Barros e (primeira secção) rio Gurupi (PA/MA) Aires da Cunha Capitania do Maranhão Foz do rio Gurupi (PA/MA) a Parnaíba (PI) (segunda secção)

Fernão Álvares da Cunha

1535 Os dois donatários associam-se a Aires da Cunha que, à frente de uma frota de 10 navios, com 900 homens, vai tentar a conquista e colonização do Maranhão. Chegando a seu destino, a esquadra desaparece em um naufrágio, mas uns poucos sobreviventes conseguem fundar a povoação de Nazaré.

Brasão de João de Barros

Brasão de Aires da Cunha

http://www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/historia/colonia/capitania.htm

A capitania de João de Barros (intelectual, autor da "História da Índia" e"Décadas da Ásia") não foi adiante; na primeira tentativa toda a frota de 10 navios, segundo a História, perdeu-se nos baixios do Boqueirão, defronte da ilha do Medo. Contrariando essa versão, ficou-nos a notícia da existência de uma cidade, chamada Nazaré, fundada pelos sobreviventes do naufrágio, gente "que logo contraiu amizade com seus tapuias seus habitadores, assim refere o chantre da Sé de Évora, Manuel


Severino de Faria, e o comprova Antônio Galvão, nos seus "Descobrimentos do Mundo, no ano de 1531", segundo José de Sousa Gaioso, em "Compêndio Histórico-político dos Princípios da Lavoura do Maranhão".

http://joaodebarros.tripod.com/crono.htm

Para Frei Vicente do Salvador (HISTÓRIA DO BRASIL)130, tanto nos comentários de Capistrano de Abreu (p. 120-121) quanto no Capitulo XIII, p. 159-160 “Da terra e capitania que el-rei D. João terceiro doou a João de Barros”: “No fim de 25 e cinco léguas da terra da capitania de Tamaracá (...) doou e fez mercê a João de Barros, feitor que foi da Casa da Índia, de cinquenta léguas por costa (...) armou com seus amigos Fernand’Alvares de Andrade , tesoureiro mor do reino, e Aires da Cunha, que veio por capitão da empredsa, mandando com ele dois filhos seus em uma frota de dez navios, em que vinham novecentos hpmens. (...) se partiram de Lisboa no ano de 1535; mas, desgarrando-se com as águas e ventos, foram tomar terra junto do Maranhão, onde se perderam nos baixios. “Deste naufrágio escapou muita gente, com a qual os filhos de João de Barros se recolheram a uma ilha, que então se chamava das Vacas, e agora de S. Luís, donde fizeram pazes com o gentio tapuia, que então ali habitava, resgatando mantimentos e outras cousas que lhes eram necessárias. E chegou o trato e amizade a tanto que alguns houveram filhos das tapuias, como se descobriu depois que cresceram [...] “Donde se colige que não era o Maranhão a terra que el-rei deu a João de Barros, como alguns cuidam senão esta outra que demarca pela Paraíba com a de Pero Lopes de Sousa; porque, se fora a do Maranhão havendo seus filhos escapado do naufrágio e chagado à do Maranhão com quase toda a sua gente, e achando a da terra tão benévola e pacífica, que causa havia para que não a povoassem? Prova-se também porque todas as que se deram em aquele tempo foram contíguas umas com outras, e os donatários eram uns dos outros pela ordem que vimos nos capítulos precedentes. E finalmente se confirma porque a do Maranhão foi dada a Luís de Melo e Silva, que a descobriu (...) e não devia el-rei de dar o que tinha dado a outro. Nem o mesmo João de Barros, em a primeira Década, livro sexto, capítulo primeiro, onde fala da sua capitania, faz menção do Maranhão, mas só diz que, da repartição que el-rei D. João Terceiro fez das capitanias na província de Santa Cruz, que comumente se chama Brasil,

130

SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Brasília: Senado Federal, 2010


lhe coube uma [...] E daí (depois do naufrágio...) mandou depois em outros navios buscar seus filhos [...]” No Capítulo XIV “Da terra e capitania do Maranhão que el-rei D. João Terceiro doou a Luis de Melo e Silva”, Frei Vicente de Salvador (2010, p. 161-162) descreve “o Maranhão” como uma grande baía que fez o mar, entre a ponta do Pereá e a do Cumá, tendo no meio a ilha de S. Luis, onde esteve Aires da Cunha, quando se perdeu com a sua armada e os filhos de João de Barros (capítulo precedente): “[...] No tempo que se começou a descobriri o Brasil, veio Luis de Melo da Silva, filho do alcaide-mor de Elvas, como aventureiro, em uma caravela a correr esta costa, para descobrir alguma boa capitania, que pedir a el-rei e não podendo passar de Pernambuco, desgarrou com o tempo e água e se foi entrar no Maranhão, do qual se contentou muito, e tomou língua do gentio, e depois na Margarita de alguns soldados que haviam ficado da companhia de Francisco de Orelhana, que como testemunhas de vista muito lhe gabaram e prometeram haveres de ouro e prata pela terra adentro. “Do que movido Luís de Melo se foi a Portugal pedir a el-rei aquela capitania para a conquistas e povoar e, sendo-lhe concedida, se fez prestes em a cidade de Lisboa partiu dela em tres naus e duas caravelas, com que chegando ao Maranhão se perdeu nos parcéis e baixos da barra, e morreu a maior parte da gente que levava, escapando só ele com alguns em uma caravela, que ficou fora de perigo, e dezoito homens em um batel, que foi ter à ilha de Santo Domingo [...] “Depois de Luís de Melo ser em Portugal se passou à Índia, onde obrou valorosos feitos e, vindo-se para o Reino muito rico e com a intensão de tornar a esta empresa, acabou na viagem em a nau S. Francisco, que desapareceu sem se saber mais novas dela. Não houve quem tratasse mais do Maranhão, o que visto pelos franceses lançaram mão dele, como veremos em o livro quinto”. Frei Vicente do Salvador informa, ainda, que seu pai esteve nessa viagem de Luís de Melo: “se embarcou então para o Maranhão e depois para esta baia, onde se casou e me houve e a outros filhos e filhas” (p. 162): “João Rodrigues Palha, escudeiro fidalgo da geração dos Palhas do Alentejo, emigrou por desgostos domésticos, à procura de melhor fortuna, por ser pouco grão para sustentar a família. Seu compatriota Luís de Melo da Silva armava uma expedição para as terras brasílicas, aonde lhe fora doada uma capitania. Nela alistou-se, partiu em junho de 1554 e naufragou dia de S. Martinho, 11 de novembro, nas espacéis e baixos do Maranhão. Das três naus, duas caravelas da armada salvaram-se apenas uma caravela e um batel, em que dezoito pessoas aportaram a São Domingos. Foi uma delas. [...] Como se saiu da ilha ignoramos [...] devia ter tornado à pátria [...] afrontou novamente os mares, deu consigo na Bahia de Todos os Santos, estabeleceu-se em seu reconcavo, casou, teve tres filhos. Chamou-se o mais velho de Vicente Rodrigu8es Palha, o nosso autor. [...]” (p. 35, Nota Preliminar de J. Capistrano de Abreu). ‘Quanto à Nazaré, se de fato existiu, não vingou; Bernardo Pereira de Berredo, nos "Anais Históricos do Estado do Maranhão", estranha que, decorridos apenas oitenta anos, a expedição de Jerônimo de Albuquerque não haja encontrado vestígios desse


sítio, o que não impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser verídica sua existência, esposando a tese de ter São Luís131 origem lusa e não francesa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Capitanias.jpg

1536 O embaixador de Carlos V em Lisboa, Luis de Sarmiento escreve em 15 de julho que assim aquela armada (João de Barros e Aires da Cunha) foi dar ao Maranhão e saltaram em uma ilha junto ao rio e dizem que foram bem recebidos da gente que ali habitava e pusera-lhe nome, à dita ilha, de Trindade e empregaram-se a edificar um lugar e um castelo e puseram nome àquele lugar Nazaré. ((MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)

1538 Discutem os historiadores onde teria sido localizada Nazaré que, todavia não sobreviveu há três anos. Simão da Silveira, em sua "Relação Sumária das Coisas do Maranhão", publicada em 1624, dá o testemunho de ter visto na ponta do Bonfim, na ilha de São Luís, as ruínas de um forte que teria sido construído para a defesa dessa povoação. 1542 Afonso de Xaintrogeois (Afonso de Saintongeois? (LIMA,

Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 172-173; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982) –

1548 D. João III criou o Governo Geral, com sede na Bahia, com o objetivo de coordenar a colonização, dando apoio aos donatários, mas não extinguindo o sistema. No seculo XVII para estimular a ocupação do Maranhão utilizou-se o mesmo sistema.

131 O nome da cidade é uma homenagem dada pelos franceses ao Rei da França Luís IX também chamado de São Luís. O rei Luís IX ficou popular porque durante seu reinado, a França teve um excepcional poder político, econômico, militar e cultural, conhecido como o "o século de ouro de São Luís". Houve um grande desenvolvimento da justiça real, passando o monarca a representar o juiz supremo. Assim os franceses em homenagem a este rei puseram o nome São Luís na nova cidade. http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_(Maranh%C3%A3o)


Carta de Jean Rotz (Boke of Idrography, 1542). http://pt.wikipedia.org/wiki/Johne_Rotz

1549 implantado o Governo Geral do Brasil e nomeado para exercê-lo Tomé de Sousa. O regime que vigorou até 1640, quando o Brasil foi elevado à categoria de vice-reino. TOMÉ DE SOUSA (Rates, 1503 — 1579) foi um militar e político português, governadorgeral do Brasil, quando este atendia por colônia do Brasil, chegado em 1549.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A9_de_Sousa 1554 novas tentativas de colonização do Maranhão, feitas por Luís de Melo da Silva segundo donatário do Maranhão (sic), não foi mais feliz; enquanto isso, os franceses, ingleses e holandeses estabeleciam nas costas abandonadas suas feitorias para o negócio do pau-brasil, âmbar etc., com os índios. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o ; 1555 novas tentativas pelos filhos de João de Barros, João e Jerônimo de Barros132. 1565 Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro; Mem de Sá, o terceiro governador-geral do Brasil, normalisou os costumes, (1557-1572), envia o seu sobrinho Estácio de Sá para expulsar os franceses de Nicolas Durand de Villegagnon da baía de Guanabara. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o 1570 o Brasil foi dividido em dois governos; o do Norte, sob a direção de D. Luís de Brito; o do Sul sob o Doutor Antonio Salema. 1572 o governo portugues resolveu dividir a administração central em duas: a de Salvador – Luis de Brito - e a do Rio de Janeiro – Antonio Salema.

132 MAIA, G. (1998). A capitania do Rio Grande. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web: <URL: www.seol.com.br/rnnaweb/> CASCUDO, Luís da Câmara. HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE. 2 ed. Rio de Janeiro: Achiamê; Natal: Fundação José Augusto, 1984. SUASSUNA, Luiz Eduardo B. & MARIZ, Marlene da Silva. História DO RIO GRANDE DO NORTE COLONIAL (1597/1822). Natal: Natal Editora, 1997. http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/capitania-do-rio-grande/ http://www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/historia/colonia/capitania.htm http://tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_16g.htm http://www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/historia/colonia/capitania.htm; SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Brasília: Senado Federal, 2010.


1578 terminada a experiencia com dois governos, assumiu na Bahia o governador-geral Lourenço da Veiga. Nesse governo que Riffault se estabalece no Maranhão, em 1584, segundo Wehling e Wehling (1994, p. 75)

O "Theatrum Orbis Terrarum" ("Teatro do Globo Terrestre") de Abraham Ortelius, publicado em 1570 em Antuérpia, considerado o primeiro atlas moderno, resultado das intensas explorações marítimas. Teve 31 edições , em 7 idiomas diferentes: Latim, holandês (1571), alemão (1572), francês (1572), castelhano (1588), inglês (1606) e italiano (1608) http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos

Abraham Ortelius (Abraham Ortels) (Antuérpia, 2 de abril de 1527 - 28 de junho, 1598) foi um cartógrafo e geógrafo flamengo, considerado o criador do primeiro Atlas moderno, o Theatrum Orbis Terrarum. http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Ortelius

Mapa da América do Sul de 1575 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Map_of_South_america_1575.jpg

1579 - Revela-se - por indicações no Globo terrestre de Jacques de Vau de Claye (1583), um plano para uma campanha de conquista da costa brasileira compreendida entre a foz do rio Amazonas e a do rio São Francisco, idealizado por


Catarina de Médicis e que não teve seqüência devido à morte prematura de Filippo Strozzi, no desastre dos Açores, em 1582. FILIPPO STROZZI (Florença, 1541 — no mar, frente a Vila Franca do Campo, 27 de Julho de 1582), também referido por Philippe Strozzi ou Filipe Strozzi, nobre florentino, da poderosa família Strozzi, que ao serviço de França foi senhor de Epernay e de Bressuire e coronel general do exército francês. Comandou as forças franco-portuguesas na batalha naval de Vila Franca do Campo, onde perdeu a vida. Era grande amigo do escritor Pierre de Bourdeille, senhor de Brantôme (1540-1614), que o acompanhou na expedição aos Açores. http://pt.wikipedia.org/wiki/Filippo_Strozzi

Globo terrestre de Jacques de Vau de Claye, 1583. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_de_Vau_de_Claye Le Brésil (1579)

JACQUES DE VAU DE CLAYE (nascido no século XVI) foi um cartógrafo do Renascimento. Trabalhou em Dieppe, na França. Pouco se sabe acerca deste cartógrafo além da época em que viveu e de duas de suas obras, inscritas nos denominados "Mapas de Dieppe". http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_de_Vau_de_Claye

Mapa atualmente na Biblioteca Nacional da França em Paris. Assinado e datado no interior de uma bandeira, este mapa foi feito em Dieppe. Os traços são inspirados nas cartas portuguesas, mas as legendas estão em francês, esclarecendo sobre diversos aspectos. Como carta náutica, indica os baixios, recifes e baías; como carta econômica, os gêneros da terra em seus lugares, comentados: o ouro, o âmbar-gris, o pau-brasil, o açúcar e o algodão; como carta demográfica, a localização das tribos indígenas e suas aldeias, com os seus hábitos antropofágicos explicados; as Amazonas situadas próximo ao Marañón encontram-se descritas; como carta de aspectos naturais, os pássaros de cobiçadas plumagens e os macacos estão localizados. Esta carta, entretanto, parece indicar outro objetivo: um semicírculo nela traçada delimita um território de dez mil indígenas para fazer guerra aos portugueses. O objetivo dela, assim, será também militar, o que é indicado pela bandeira dos Strozzi, que parece dominar o conjunto.


INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO Comissão de Comemorações dos 400 anos de Fundação de São Luís PORTARIA 03/IHGM, de 15/12/2010

CICLO DE ESTUDOS/DEBATES

A CIDADE DO MARANHÃO – UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS 2011 – 2012 SEMINÁRIO 2 25/NOVEMBRO / 2011

DO REINO UNIDO PORTUGUÊS AO IMPÉRIO BRASILEIRO

PROGRAMA – ONE DAY SEMINAR 08:00 – Abertura 08:10 - Conferencia Magna A INDEPENDÊNCIA NO MARANHÃO: HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA - MARCELO CHECHE GALVES - UEMA

09:10 – Intervalo (café) 09:10 - Sessão de Pôsteres O CONSELHO PRESIDIAL E A DINÂMICA POLÍTICA PROVINCIAL 1825-1827 RAISSA GABRIELLE VIEIRA CIRINO CIDADANIA E REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA DO CIDADÃO MARANHENSE NO INÍCIO DO SÉCULO XIX - ANA LÍVIA AGUIAR DE SENA

09:20 – Exposição e debate “ESTRANGEIROS” FAZEM FORTUNA NO MARANHÃO POMBALINO ANTONIA DA SILVA MOTA - UFMA IMPERATRIZ NA FORMAÇÃO DO MARANHÃO Adalberto Franklin – AIL, Editor Ética Editora/Imperatriz ALCANCES INTERPRETATIVOS DE UMA SOCIOLOGIA DAS COMEMORAÇÕES COMEMORAÇÕES HISTÓRICAS: O CASO DO IV CENTENÁRIO DE SÃO LUÍS/MA. LUÍS/MA Alexandre Fernandes Corrêa - UFMA

11:20 – Debate com a plenária 12:15 – Sessão de Exposição Oral LUZES DA MODERNIDADE: ASPECTOS DA HISTÓRIA DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA DE SÃO LUÍS E ALCÂNTARA – Daniel Rincon Caires - Museu Casa Histórica de Alcântara 12:30 – Encerramento


COMISSÕES COMISSÃO INSTITUIDA PELA PORTARIA 03/2010 TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO – Presidente JOSÉ MARCELO DO ESPIRITO SANTOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ RAIMUNDO GOMES MEIRELES WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE COMISSÃO DE HONRA ARNO WEHLING Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão NATALINO SALGADO FILHO Reitor da Universidade Federal do Maranhão LUIS BULCÃO Secretário de Estado de Cultura do Maranhão ANTONIO JULIO GOMES PINHEIRO Presidente do Sindicato dos Professores do Estado do Maranhão COMISSÃO CIENTÍFICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ RAIMUNDA NONATA FORTES COMISSÃO DE RECEPÇÃO E TRANSPORTE ENEIDA VIEIRA DA SILVA OSTRIA DE CANEDO DILERCY ARAGÃO ADLER JOANA BITENCOURT RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO COMISSÃO DE APOIO E LOGÍSTICA EUGES CLORES HOLANDA SILVA – UFMA/PALÁCIO CRISTO REI KEYLE FREITAS VALE MONTEIRO – ASCOM/UFMA APOIO E PATROCINIO

CULTURA


INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO Comissão de Comemorações dos 400 anos de Fundação de São Luís PORTARIA 03/IHGM, de 15/12/2010

CICLO DE ESTUDOS/DEBATES –

A CIDADE DO MARANHÃO – UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS PROGRAMA – ONE DAY SEMINAR SEMINÁRIO 2 – 25/NOVEMBRO/2011 PALÁCIO CRISTO REI – PRAÇA GONÇALVES DIAS

CONFERÊNCIA MAGNA A INDEPENDÊNCIA NO MARANHÃO: HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA MARCELO CHECHE GALVES UEMA EXPOSIÇÃO E DEBATE “ESTRANGEIROS” FAZEM FORTUNA NO MARANHÃO POMBALINO IMPERATRIZ NA FORMAÇÃO DO MARANHÃO ALCANCES INTERPRETATIVOS DE UMA SOCIOLOGIA DAS COMEMORAÇÕES HISTÓRICAS: o caso do IV Centenário de São Luís/MA.

ANTONIA DA SILVA MOTA UFMA ADALBERTO FRANKLIN - AIL ALEXANDRE CORRÊA - UFMA

SESSÃO DE POSTER FOIER PALÁCIO CRISTO REI

HORA

09:10 as 11:10

TÍTULO O CONSELHO PRESIDIAL E A DINÂMICA POLÍTICA PROVINCIAL 1825-1827 CIDADANIA E REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA DO CIDADÃO MARANHENSE NO INÍCIO DO SÉCULO XIX

AUTOR(ES) RAISSA GABRIELLE VIEIRA CIRINO

ANA LÍVIA AGUIAR DE SENA

SESSÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL AUDITÓRIO PALÁCIO CRISTO REI REI HORA 12:15

12:30

TÍTULO

LUZES DA MODERNIDADE: Aspectos da história da Iluminação pública e privada de São Luís e Alcântara ENCERRAMENTO

AUTOR(ES)

Daniel Rincon Caires Museu Casa Histórica de Alcântara


VICE-PRESIDENTE LEOPOLDO VAZ –

MESA TELMA, MANOELZINHO, ALVARO

PROF. MANOEL em sua saudação, em nome do Reitor da UFMA

PROF. DR. MARCELO CHECHE GALVES – conferencista


PROFA. DRA. ANTONIA MOTA, em sua exposição

PROF. ADALBERTO FRANCKLIN, em sua exposição – Paulo Sérgio – coordenador da mesa

MUSEÓLOGO DANIEL RINCÓN, de Alcântara, em sua exposição


PROF. DR. ALEXANDRE CORRÊA, em sua exposição Marcelo, Adalberto, Paulo Sérgio, Daniel, (Antonia)

Ao término das Exposições e Debates, os participantes recebram o Certificado de Participação Marcelo, Adalberto, Telma, Antonia, Alexandre, Daniel

ADALBERTO, de Imperatriz, e TELMA – VISTA DO AUDITÓRIO, com os Confrades: Em primeiro plano – Madalena, Dilercy, Rufino, Eneida, Osvaldo, Joseth, Paulo e sua Filha


Leopoldo, Paulo Oliveira, Osvaldo Rocha, Álvaro Melo, Telma, Noberto, Rufino, Madalena, Dilercy, Eneida, Joseth, Iva, Paulo Sérgio FOTO OFICIAL DO 86º. ANIVERSÁRIO DO IHGM

CONFRATERNIZAÇÃO


PALAVRAS DA PRESIDENTE

DISCURSO DE ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO – SEMINÁRIO 2 DOS 400 ANOS DE FUNDAÇÃO DA CIDADE DO MARANHAO TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO MAGNIFICO REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, NESTE RECINTO NOSSO ANFITRIÃO DR. NATALINO SALGADO FILHO PROFA. CLORES HOLANDA CURADORA DESTE RECINTO QUE SEMPRE NOS ABRIGA SRS. CONFERENCISTAS CAROS CONFRADES E CONFREIRAS ESTIMADOS CONVIDADOS Uma sociedade que não cultiva a sua própria história não tem consciência de si mesma, torna-se uma criança que vive apenas as evidencias tangíveis da hora presente, sem meditar o passado e sem pensar no que há de vir. (Lindolfo Color,1921). A existência de uma instituição como a nossa há exatamente 86 anos justifica-se no contexto das preocupações de construção de uma história nacional nos idos do período imperial e após a fundação do IHGB (1838-172 anos), seguido do INSTITUTO ARQUEOLOGICO, HISTÓRICO E GEOGRAFICO DE PERNAMBUCO –1862; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DO CEARÁ – 1887; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DA BAHIA – 1894; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DE SÃO PAULO – 1894; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE ALAGOAS – 1896; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DE SANTA CATARINA – 1896; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DO PARANÁ – 1900; INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO RIO GRANDE DO NORTE – 1902; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO PARAIBANO –


1905; INSITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DE MINAS GERAIS – 1907; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DE SERGIPE- 1912; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DO ESPIRITO SANTO – 1916; INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DO AMAZONAS – 1917; INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PIAUI-1918; INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO MATO GROSSO- 1919; INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO RIO GRANDE DO SUL -1920; e INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO DO MARANHÃO – 1925. Seu primeiro nome foi Instituto de História e Geografia do Maranhão, sua fundação ocorreu nos porões da biblioteca particular do jornalista Wilson Soares, com a participação de uma plêiade de intelectuais maranhenses; seu primeiro presidente foi o professor José Ribeiro do Amaral, que presidiu também a Academia Maranhense de Letras; sua primeira revista foi criada em 1926 – Revista do Instituto de História e Geografia do Maranhão, outros institutos estaduais o sucederam, mas a nossa história que tem inicio a luz de uma conjuntura nacional estratégica proposta para articulação de um processo complexo de institucionalização da prática historiográfica através dos tempos. Ao passar dos anos foi privilegiando fatores inerentes a nossa terra, ao estado do Maranhão e as suas demais cidades, notadamente SÃO LUÍS, CAPITAL DO ESTADO DO MARANHÃO, e que no próximo ano completa 400 anos. Minha fala constitui-se um lugar que a partir das observações frequentes, das leituras pontuais dos nossos anais, me permite reconstruir algumas interpretações acerca de ações humanas, produções intelectuais e interações pessoais entre os integrantes deste sodalício, permitindo-nos chegar até este recinto para saudá-lo IHGM, pela sua produção historiográfica acumulada através dos tempos originada na contribuição de seus sócios, testemunhas dos momentos bons ou ruins no decorrer da sua história, mas sempre imbuídos da missão de construir estudos científicos através dos elementos da historia, geografia e ciências afins do nosso estado, fins modestos, mas notadamente profícuos. Não temos a pretensão de fazer a história oficial do estado, no entanto somos os legítimos produtores da mentalidade maranhense, pois representamos o que de mais especifico temos da memoria deste estado e de forma compartilhada vamos esquadrinhando a memoria de nosso rincão. Os objetivos da novel instituição, estabelecidos no Art. 1º do Estatuto de 1925, são mantidos até a atualidade, adaptados às conjunturas nacionais e internacionais, de que é o primordial, "coligir, metodizar, publicar ou arquivar os documentos necessários para a História e a Geografia do Brasil...", hoje alargadas em leque abarcando as demais Ciências Sociais. Igualmente respeitados os preceitos de correspondência com as demais associações congêneres do mundo; de estímulo à criação de entidades análogas nas então províncias, hoje estados e municípios, e a publicação da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (nome ligeiramente mudado ao correr do tempo), logo fundada em 1926. Em relação aos escritos da nossa revista feitos pelos sócios e colaboradores, a grande preocupação é garantir a imortalidade das ações e dos personagens que se constituem exemplos das ações as gerações futuras, pois os institutos históricos e geográficos foram pioneiros na coleta e sistematização da documentação histórica, em levantamentos geográficos e em estudos etnográficos e linguísticos sendo responsáveis pela produção do saber em uma época que a separação entre campos de conhecimento


estavam se delineando e que a história reivindicava para si um estatuto científico, alicerçado em sólida pesquisa documental. (Revista Brasileira de História, vol.21 nº 40.São Paulo,2001). Os membros do Instituto teorizam acerca da maneira de se escrever a história livre das paixões político-partidárias, movidos pelo interesse do patriotismo e da verdade histórica, preocupados em contribuir de forma isenta para a posteridade, por outro lado o discurso produzido a partir do instituto pelos seus sócios é marcadamente exemplar e pedagógico, tendo em vista o velho topos de que a história é a mestra da vida e que seu papel magistral é garantir a sintonia da continuidade que encerra em si mesma, ao mesmo tempo, passado e futuro.(KOSELLECK,1976). Neste momento que completamos mais um ano de existência e tendo a frente uma diretoria empenhada em lutar para condições mais dignas para este sodalício, sentimonos honrados em pertencem a este sodalicio. Todos os homens letrados que aqui estão e por aqui passaram tem ou tiveram como perfil trajetórias profissionais diversificadas, funcionários públicos, profissionais liberais, militares, religiosos e políticos, entre outras coisas dedicam-se a apensar acerca da historia e da geografia ou áreas afins, foram e ou são personalidades da historia local e nacional, deixaram ou deixarão seus traços pessoais nos seus escritos, tais como os que recentemente se foram para outro plano: José de Sousa Reis, Kalil Mohana e Carlos de Lima aqui registrando nosso pesar pelas perdas tão importantes a nossa história e aos que recentemente adentraram a este sodalício Paulo Sergio, Iva Silva, Marcio Coutinho, Antonio Noberto como também aos futuros ingressantes, todos personalidades que serão seguidas e lembradas através dos tempos. Assim encerramos nossa fala parabenizando a todos e todas que fazem parte ou comungam de nossas lides, aproveitando para antecipadamente parabenizar também ao Maranhão pelos seus 400 anos de história. Muito Obrigada.


CONFERÊNCIA MAGNA

INDEPENDÊNCIA DO MARANHÃO: HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA133

MARCELO CHECHE GALVES134 Universidade Estadual do Maranhão Departamento de História e Geografia Coordenador do Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO) E-mail: marcelocheche@ig.com.br

Em 2002, ingressei como professor no Departamento de História e Geografia da Universidade Estadual do Maranhão. Recém chegado de São Paulo, onde nasci e vivi até então, me vi diante do desafio de conhecer as discussões que norteavam a história do Maranhão, especialmente aquelas produzidas na intercessão entre imprensa e política, tema-objeto de minha dissertação de mestrado (GALVES, 2000). Pouco tempo depois, fui procurado por um aluno interessado em escrever sua monografia sobre a trajetória de Odorico Mendes à frente do jornal O Argos da Lei135, no primeiro semestre de 1825. Indiretamente, o contato com essa pesquisa me apresentou a “Independência do Maranhão”, suas peculiaridades e os desafios a serem enfrentados para que novos conjuntos documentais fossem analisados e dessem origem a novas interpretações. Tais desafios resultaram em tese de doutorado, defendida em 2010, sob o título “Ao público sincero e imparcial”: Imprensa e Independência do Maranhão (1821-1826). As linhas que seguem apresentam uma breve discussão historiográfica sobre a temática, inserida no contexto mais amplo de ruptura dos laços entre a América 133 Esse texto toma como referência fragmentos da minha tese de doutorado. GALVES, Marcelo Cheche. “Ao público sincero e imparcial”: Imprensa e Independência do Maranhão (1821-1826). Tese defendida no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2010. 134 Essa pesquisa integra o projeto O Maranhão nas Cortes constitucionais portuguesas (1821-1822), e conta com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). 135 Além das monografias de graduação em História e especialização em História do Maranhão, essa pesquisa resultou em dissertação de mestrado. ARAÚJO, Roni César Andrade de. Das Margens do Ipiranga ao Estreito dos Mosquitos: o Maranhão e a Independência do Brasil nas páginas dos Jornais O Conciliador e O Argos da Lei. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2008.


portuguesa e Lisboa. O diálogo com diferentes perspectivas também enseja um posicionamento perante o tema, intuito da parte final do texto. Gostaria de chamar a atenção do auditório e de todos os sócios da nossa Associação Nacional dos Professores Universitários de História para a necessidade de estudos regionais sobre o evento “Independência”, porque o Brasil inteiro, do Nordeste ao Sul, de Leste a Oeste, palpitou diversamente no processo da cristalização e da concretização da “Independência” (ELLIS, 1973, p. 701) 136.

Pronunciadas há mais de três décadas, num contexto de reação de parte dos historiadores brasileiros às efusivas e laudatórias comemorações do sesquicentenário de nossa emancipação política - capitaneadas pelos militares e consolidadas por uma série de trabalhos publicados pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro137 -, tais palavras evidenciam uma questão ainda hoje central nas interpretações do tema mais visitado por nossa historiografia138: como conciliar a diversidade de dinâmicas políticas que possibilitaram a Independência139 às posteriores construções do Estado140 e de uma idéia de nação141? No mesmo contexto de produção, o livro 1822: Dimensões, organizado por Carlos Guilherme Mota (1986, p. 11-12)142, anunciava a preocupação com o “estudo dos diferentes encaminhamentos regionais (e mesmo locais) dos processos de independência”, inserindo-os nos “sistemas, estruturas e processos” que explicariam os contornos da nova unidade política. Nas duas obras acima citada, apenas se esboçava uma perspectiva de “estudos regionais”, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, como forma de desconstruir a perspectiva de uma “nação pré-existente”, conformada por um Estado “herdeiro” da transferência da família real e / ou “nascido” da reação às Cortes de Lisboa143. Na obra organizada por Carlos Guilherme Mota, “Norte”, “Nordeste”, “Bahia”, “Goiás”, “Minas Gerais”, “Rio de Janeiro”, “São Paulo” e “Rio Grande do Sul”144 foram contemplados com artigos específicos. Entretanto, a “existência” do Brasil - e, em alguns artigos, da nação - se impôs como “prova” de nossa unidade, espécie de corpo político incubado, emerso com a Independência, sem maiores explicações quanto à forma como nos “transformamos em Brasil”145. Chama a atenção o texto dedicado ao 136 Intervenção da professora Myriam Ellis, transcrita nos Anais do I Encontro do Núcleo Regional de São Paulo da ANPUH, que teve como tema a “Independência do Brasil”. 137 Especialmente os sete volumes dos Anais do Congresso de História da Independência do Brasil, evento realizado em 1972. A publicação é de 1975. 138 Segundo Jurandir Malerba (2004, p. 59-85), até 2004, a historiografia brasileira produziu mais de 700 títulos referentes ao processo de Independência. 139 Para exemplos de interpretações da Independência como possibilidade histórica constituída na dinâmica política do Império português, ver os trabalhos de Iara Lis F. S. Carvalho Souza (1999) e Gladys Sabina Ribeiro (2002). 140 Sobre a construção do Estado brasileiro a partir da proeminência de grupos centrados no Rio de Janeiro, são obras de referência, a partir de perspectivas divergentes, os trabalhos de José Murilo de Carvalho (2003) e Ilmar Rohloff de Mattos (1987). Para outra perspectiva em relação à participação das províncias na construção do Estado, ver Miriam Dolhnikoff (2005). 141 Para as imbricações entre Independência, Estado e nação, ver Jurandir Malerba (2004, p. 59-85) e Wilma Peres Costa (2005, p. 53-118). 142 A primeira edição é de 1972. 143 Para uma discussão historiográfica balizada no diálogo com as interpretações sobre o processo de Independência fundamentadas nas noções de “continuidade” ou “ruptura”, ver Wilma Peres Costa (2005, p. 53-118). 144 O método de estudos separados por província foi inaugurado por Varnhagen (1938, p. 29), com o objetivo de “evitar saltos continuados que interrompiam o fio dos sucessos importantes e capitais e confundiam as explicações sobre as províncias”. 145 Registre-se, contudo, a evidente importância da obra, e sua influência na historiografia brasileira sobre a Independência a partir de textos seminais, como A Interiorização da Metrópole (1808-1853), de Maria Odila Silva Dias (1986, p. 160-184) e As dimensões da Independência, de Fernando Novais


“Norte” (que incluía o Maranhão): para o autor, Arthur Cezar Ferreira Reis, as Cortes de Lisboa tentaram, sem sucesso, impedir a integração da Amazônia e do Maranhão ao novo país - “foi mais forte, porém, o sentimento de nacionalidade” (REIS, 1986, p. 188)146. Ainda que se possa considerar residual147 uma discussão que, atualmente, tome como base as premissas da pré-existência da nação, do Estado e da unidade territorial brasileira, vale ressaltar que a longevidade de tais perspectivas dificultou o avanço de estudos dedicados à verticalização das relações entre as províncias e destas com o Rio de Janeiro, novo centro de autoridade. Some-se a tal desafio o fato de a construção do Estado monárquico não envolver apenas um gradativo arranjo político entre as lideranças provinciais e a Corte, mas também a própria reorganização da unidade provincial. No Maranhão, por exemplo, os meses que sucederam a Independência foram marcados pela criação de Juntas de Governo em importantes regiões do interior da província, como Caxias e Itapecuru148, que não reconheciam a autoridade constituída na capital, São Luís, razão pela qual se dirigiam diretamente à Corte, algo próximo ao que Juan Carlos Garavaglia - em pesquisas sobre a América Espanhola - definiu como “processo de dispersão horizontal da soberania” (GARAVAGLIA, 2005, p. 207-234)149. Vale dizer, tanto lá quanto cá, que os gritos de emancipação e as “adesões” nem sempre significaram o reconhecimento imediato das instâncias de governo remanescentes, antigas “ciudades principales” ou capitais coloniais. Diante dessas questões, a historiografia da última década procurou respostas para reconstituir a trajetória de nossa formação político-territorial. István Jancsó e João Paulo

(1986, p. 15-26). Para João Paulo Garrido Pimenta (2008, p. 76-132), o primeiro texto destoava do restante da coletânea por apontar para novas questões, reduzindo o impacto de noções como “estruturas”, “pressões externas” e “luta anti-colonial”, enquanto o segundo expressava o vigor de uma tradição historiográfica fundada por Caio Prado Júnior e ainda presente nas abordagens sobre o tema. 146 A própria inclusão do Maranhão no texto dedicado ao “Norte” talvez se justifique pela tentativa de aproximar as províncias que, por fim, atenderam aos “apelos da nação”. 147 Entretanto, a recorrente discussão sobre o “separatismo” das províncias do “Norte” - denominação que no oitocentos abrangia, grosso modo, as atuais regiões Norte e Nordeste - na Independência e na Confederação do Equador parte do pressuposto de que havia um “todo”, anterior à construção do Estado e à invenção da nação. Evaldo Cabral de Mello atribuiu essa cristalização a uma historiografia construtora da nacionalidade que, ainda hoje, tende a pensar nossa Independência a partir do ponto de vista do Rio de Janeiro (MELLO, 2004, p. 11-22). Também como contraponto ao “separatismo” de Pernambuco, ver os trabalhos de Denis Antonio de Mendonça Bernardes (2005, p. 379-409) e Luiz Geraldo Santos da Silva (2006, p. 343-384). Curiosamente, a historiadora maranhense Maria Esterlina Mello Pereira (2001, p. 30-31) incorporou o argumento do “separatismo” maranhense. Para a autora, a junta que governou o Maranhão entre fevereiro de 1822 e julho de 1823, ao resistir à “adesão”, ensejou um movimento de caráter separatista, faltando a seus líderes a “sensibilidade histórico-política de um Brasil único e indivisível”. 148 Região situada a leste da capital São Luís. A partir de meados do século XVIII, tornou-se produtora de algodão, atividade intensificada sobremaneira nos primeiros decênios do oitocentos. Mathias Rohrig Assunção (2005, p. 345-378) tratou-a como área de plantation, expressão do vigor de suas atividades agro-exportadoras, fundamentadas em mão-de-obra escrava. A vila de Itapecuru-Mirim foi criada em 1817, medida articulada à crescente importância da região para a economia da província. 149 É importante frisar que o estágio atual das pesquisas sobre o tema, no Brasil, possibilitou uma aproximação com os estudos dedicados à temática na América Espanhola, já que não mais “inconciliáveis”, ideia que se sustentava na conhecida distinção entre a “fragmentação” e a “unidade”, resultantes das independências “deles” e “nossa”. Um dos exemplos dessa aproximação é o estudo da participação dos “subalternos” nas agitações que à época sacudiram a América luso-espanhola: nas palavras do próprio Juan Carlos Garavaglia (2005, p. 207-234), momento de “dispersão vertical da soberania”; a historiografia brasileira, sob diversas denominações, tem recuperado a participação desses grupos nas movimentações do tempo, preocupação também presente nessa pesquisa.


Pimenta (2000, p. 129-175) propuseram o conceito de “mosaico” 150 para pensar um território enorme e díspar, cujas peças mal se acomodavam, de modo assimétrico, na emergência de um Estado distinto do português e que, aos poucos, ganhou operacionalidade151. Na mesma direção, Jancsó organizou a coletânea Independência: história e historiografia, em 2005, reunindo pesquisas sobre diversas “partes” do Brasil. No texto de apresentação, enfatizou a necessidade de um olhar mais atento sobre a formação dos “espaços de poder e mando”, a partir de centros urbanos coloniais como o Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém152 e em suas relações com os “pólos convergentes” de Lisboa e, depois, Rio de Janeiro (JANCSÓ, 2005, p. 19). Refletir sobre a “adesão” 153 do Maranhão a partir desses novos pressupostos, em diálogo com as interpretações cristalizadas sobre o tema, é o objetivo último das palavras abaixo. *** Coube ao Maranhão, considerado uma das províncias do “Norte”, a pecha de “separatista” ou, nas palavras de Oliveira Lima (1921, p. 97), “anti-unionista”, durante a Independência. Pelo menos de Varnhagen (1938)154 a José Honório Rodrigues (1975), essas interpretações, impregnadas pelo que Evaldo Cabral de Mello (2004) denominou de “rio-centrismo historiográfico”, tomaram o projeto de Independência referenciado nos interesses de setores radicados no Centro-Sul como “nacional”, dando origem a narrativas sobre a “restauração” das províncias onde teriam atuado as “forças antinacionais”. É importante frisar que o “separatismo” dentro do “Norte” derivou de motivações distintas. No caso de Pernambuco e das províncias sob sua influência, a questão da autonomia federativa esteve presente desde 1817 e se deslocou para uma autonomia total com a Confederação do Equador em 1824, quando se esboçou a construção de outro Estado. Já no Maranhão e no Grão-Pará e Rio Negro, depois Grão-Pará155, o “separatismo” tinha como base a fidelidade ao Império português. Nesse sentido, é curioso observar a recorrência com que o jornal Conciliador, que circulou no Maranhão entre 1821 e 1823, acusou as províncias do Centro-Sul de “separatistas”, por terem rompido o “pacto” que as mantinha unidas ao Império português156. Para o Visconde de Porto Seguro, “a restauração (grifo meu) do Maranhão, deveuse ao tino e audácia do Lord Cochrane” (VARNHAGEN, 1938, p. 313); José Honório Rodrigues enfatizou o “espírito separatista daquelas províncias” e a atuação, no Maranhão, das “forças de inconfidência ao Brasil” (RODRIGUES, 1975, p. 320, v. 1; p.

150 O argumento foi posteriormente retomado por István Jancsó (2005, p. 17-48). 151 Cecília Helena Salles de Oliveira (1999, p. 115-117) salientou a importância dos estudos de Istvan Jancsó, em meados da década de 1990, momento em publicou o livro Na Bahia, contra o Império. Para a autora, a obra se inseria na revisão historiográfica em curso no que respeitava à naturalização do processo de unificação territorial e política, premissas de uma identidade nacional pregressa. 152 Novas perspectivas sobre a Independência a partir das províncias podem ser consultadas na referida obra organizada por Jancsó (2005) e também na coletânea dirigida por Jurandir Malerba (2006). Nessa última, o prefácio, escrito por Leslie Bethell (2006, p. 9), deixa transparecer a preocupação de que a obra não se ativesse ao triângulo Rio de Janeiro - São Paulo - Minas Gerais. 153 A palavra “adesão”, grafada sempre entre aspas ao longo do texto, é uma referência ao termo frequentemente utilizada nos documentos que firmaram a incorporação das províncias aos ditames da Revolução do Porto, e, posteriormente, nos autos das câmaras que declararam sua união ao Império. 154 A 1ª edição é de 1916. No prefácio, a comissão responsável pelo exame da obra sugere que tenha sido concluída em 1876 (VARNHAGEN, 1938, p. 9). 155 Mudança efetivada com a “adesão”, em agosto de 1823. 156 Contudo, menos de um ano após a “adesão” do Maranhão e do Grão Pará, os “separatismos do Norte” ganharam a mesma conotação: de Recife a Belém, como alarmavam os jornais da Corte, espalhava-se a Confederação do Equador.


242, v. 3) 157. Condenações como essas parecem ter gerado um desconforto na historiografia maranhense, que, desde o século da “construção da nação”, teve dificuldade em historiar um momento marcado pela presença de “libertadores” cearenses e piauienses e pela ação de mercenários158 europeus, corporificada pelo título de “Marquês do Maranhão”, com que foi agraciado o almirante Cochrane159. A primeira interpretação sobre a Independência do Maranhão, fundamentada na farta documentação que ainda se organizava160, recebeu o título de História da Independência da província do Maranhão (1822-1828) e foi escrita, em 1862161, por Luís Antonio Vieira da Silva, então deputado pelo Maranhão. Membro do IHGB162, Vieira da Silva compartilhava os esforços dos demais sócios em construir uma escrita nacional, como destacado no discurso célebre de Januário da Cunha Barbosa (1839, p. 10-11), nas origens do Instituto, dirigido aos “brasileiros esclarecidos de todas as províncias”, cuja tarefa era a de fixar uma memória nacional. Contudo, antes mesmo da Revista do IHGB, lançada em 1839, a historiografia sobre a Independência – marco, por excelência, de uma “memória nacional” – começava a ser construída, por exemplo, com os trabalhos de José da Silva Lisboa (1826-1830) e John Armitage (1835). Parece estar nesse último a matriz interpretativa que balizou as narrativas sobre o tema até a década de 1970, a saber, o que Cecília Helena de Salles Oliveira (1999, p. 153) definiu como prática de “obscurecer diferentes projetos em curso e consagrar a premissa segundo a qual haveria uma unanimidade de vontades em torno da separação de Portugal”. 157 Enfatizo aqui a permanência dessa perspectiva em autores com abordagens absolutamente diversas: do “legado português” de Varnhagen à “ruptura revolucionária” de José Honório Rodrigues, a nação pré-existe à Independência e a conforma. 158 Recorro à adjetivação que comumente acompanha as narrativas sobre a atuação dos militares europeus à serviço do governo instaurado no Rio de Janeiro, em setembro de 1822. Para uma perspectiva crítica da noção de “mercenário”, sustentada, entre outros argumentos, na incorporação regular de Cochrane e outros oficiais à marinha brasileira e na aceitação / regulamentação da prática de presas de guerra, ver o trabalho de Nélio Galsky (2006). 159 Almirante britânico que a serviço do Império participou ativamente do processo de incorporação das províncias do Norte, entre os anos de 1822 e 1823. Voltou ao “Norte” em meados de 1824, liderando os ataques aos confederados do Equador, em Pernambuco e Ceará; no Maranhão, desembarcou novamente em novembro daquele ano, momento em que assumiu provisoriamente os governos civil e militar. Antes, em outubro de 1823, sob o efeito das “campanhas do Norte”, Cochrane foi saudado como herói no Rio de Janeiro. Em discurso, o deputado Domingos Alves Branco Muniz Barreto atribuiu ao “heroísmo” de Cochrane a união do “fugitivo Maranhão” ao Brasil (Arquivo Nacional, Diversos 2H, caixa 740, pacote nº 3, documento nº 7). No dia 9 de novembro de 1823 recebeu de D. Pedro I o título de “Marquês do Maranhão”. Viveiros de Castro (1923, p. 612), em artigo publicado à época do centenário da Independência, observou a preocupação de autores como Vieira da Silva, Varnhagen, Rio Branco e Rocha Pombo, em “fazer justiça”, minimizando a importância de Cochrane, que teria chegado ao Maranhão quando a situação já estava “praticamente definida”, perspectiva apontada anos antes por Tristão de Alencar Araripe (1885, p. 159-174). Em artigo recente, Mathias Rohrig Assunção (2005, p. 351) criticou a insistência de alguns “manuais de História” em atribuir importância demasiada à chegada de Cochrane ao Maranhão, desprezando os “fatores internos” da Independência. 160 Em 1853, Gonçalves Dias regressou ao Maranhão com a missão oficial de “coligir todos os documentos concernentes à história do país, que porventura existissem nas bibliotecas e arquivos dos mosteiros e das repartições públicas” (GONÇALVES DIAS, 1853, p. 377). Parte dessa documentação foi utilizada por Luís Antonio Vieira da Silva (1862), que publicou 15 documentos apensos à obra, em sua grande maioria, papéis que já estavam sob a posse do Arquivo Nacional e da Biblioteca Nacional. A segunda edição do livro de Vieira da Silva, publicada em 1972, traz 99 documentos, corpo documental identificado a partir daqui como Documentos apensos... 161 Utilizo a edição de 1972. 162 Graduado em Direito pela Universidade de Heidelberg, Alemanha, Vieira da Silva integrou os quadros da elite política imperial ocupando diversos cargos. Um resumo de sua carreira política pode ser consultado no site do Senado Federal: http://www.senado.gov.br, link Períodos Legislativos do Império.


Ao se deparar com a dinâmica própria de cada província, a premissa da unidade pregressa - ou da “comunhão de interesses” - produziu explicações originais. Para Armitage (1965, p. 99-100), a Junta do Governo do Maranhão aderiu de bom grado à Independência; no mesmo sentido, não compreendia o porquê de as “tropas indianas”, recrutadas no Piauí para marcharem sobre o Maranhão, exigirem recompensas, pois não tiveram “nenhum trabalho”. Aos olhos de Armitage, a Independência do Maranhão brota do desejo de uma ampla maioria, oprimida pelo jugo português. Desprovido do antilusitanismo, característico da obra de Armitage, a clássica História da Independência... de Varnhagen reiterou a “unanimidade de vontades”, produzida, nesse caso, pela truculência das Cortes. Mesmo na condição de “herdeiro de Portugal”163, o Brasil de Varnhagen (1938, p. 313) nasce uno, crença que leva o autor a compreender os conflitos vividos em cada província como “guerras pela restauração”. O livro de Vieira da Silva (1972) oferece um contraponto à perspectiva de Armitage e uma interlocução proveitosa com a história-nação produzida pela maioria dos sócios do IHGB. Produzida num momento de “construção de uma imagem positiva do Brasil e dos brasileiros” (LEITE, 1969, p. 163) e ao mesmo tempo de revisão, por parte dos liberais, da versão saquarema de nossa Independência - bem como do acento que colocava na continuidade do legado português (COSTA, 2005, p. 62) -, a obra dialogou com as duas principais vertentes sobre o tema na segunda metade do oitocentos. Se, por um lado, aproximou-se de uma orientação moderada praticada por autores ligados ao IHGB, de críticas pontuais aos eventuais abusos e distorções cometidos pela metrópole, mescladas a elogios quanto ao seu legado (WEHLING, 1994, p. 166); por outro, abriu caminho para uma história da Independência da província centrada nos conflitos que antecederam a “adesão” e que também se fizeram presentes na reorganização política da pós-Independência164. Contra o desejo unânime de libertação, presente em Armitage, Vieira da Silva apresenta uma história da guerra pela Independência do Maranhão, palco em que “brasileiros” de distintas províncias se enfrentaram; ante uma situação já consolidada, tropas cearenses e piauienses avançando paulatinamente sobre o território, vencendo batalhas e angariando apoios até o cerco à cidade de São Luís, que finalmente se rende no final de julho de 1823. Sem incorporar a ideia de um “antilusitanismo estrutural”, recorreu ao “rancor das Cortes” para justificar a reação brasileira, pontos que o aproximavam de Varnhagen165; porém, suas “cenas de violência e horror”, anunciadas já na primeira página, têm intensidade e identidades confusas. Nos capítulos dedicados às disputas na pós-Independência, caracterizadas pelo autor como uma “guerra civil sangrenta e desastrosa”, chega a afirmar que “não foi a Independência que custou sangue” (VIEIRA DA SILVA, 1972, p. 98), então, como teria se dado o conflito que, nas palavras do próprio autor, provocou a “adesão”? Vieira da Silva fez referência a uma “resistência inglória dos fiéis portugueses” sem sangue? -, mas se esquivou de maiores considerações sobre a duração do conflito, afinal, quem resistiu ao avanço das tropas do Ceará e Piauí? O “português”, ora tomado 163 Embora a História da Independência... de Varnhagen, sintomaticamente, só tenha sido publicada em 1916, a perspectiva do “legado português” na constituição de uma nacionalidade ao longo de três séculos de colonização já estava presente em sua História Geral, produzida entre 1854 e 1857. 164 Perspectivas que também pautaram os trabalhos de Mário Meireles (1972) e Maria Isterlina Mello Pereira (1982). 165 Márcia Regina Berbel (1999, p. 21-22) considera que Armitage, Varnhagen e Oliveira Lima, de formas distintas, constituem as três primeiras e mais importantes abordagens na articulação entre a Revolução de 1820, a “política opressora” das Cortes e a Independência. Para uma discussão sobre o elemento “português” nas explicações sobre a Independência, ver Gladys Sabina Ribeiro (2000, p. 111161).


como “elemento das tropas”, ora como “maranhense”, protagonizou batalhas contra os “independentes” em localidades como Caxias, Iguará e Brejo; também do Maranhão, em sentido inverso, proviriam nomes como Salvador Cardoso de Oliveira e o preto João Ferreira do Couto, conhecidos pela defesa da emancipação, e, principalmente, um grupo de letrados - capitaneado por Joaquim Vieira da Silva e Sousa, pai do autor - que “não cessava de trabalhar para criar e aumentar o partido independente”. Sem oferecer maiores detalhes quanto à atuação desse grupo, o autor afirmou não haver a necessidade do envio, do Ceará e Piauí, de emissários pró-Independência, já que a “propaganda estendia-se” (VIEIRA DA SILVA, 1972, p. 104-105), contraponto de uma narrativa que, em larga escala, atribuiu ao avanço dessas tropas o êxito da “adesão”. À delicada questão, posta para o seu tempo, quanto ao papel “restaurador” das lutas pela Independência, Vieira da Silva respondeu negativamente, sem, contudo, deixar de identificar “aspirações nacionais” dentre alguns daqueles que, discretamente, elegera como próceres da causa na província. Com o autor, inaugura-se não apenas a historiografia sobre a Independência do Maranhão, mas também uma interpretação que predominaria por mais de um século: a narrativa da “libertação do Maranhão”, em grande parte creditada à atuação das tropas cearenses e piauienses. A perspectiva de uma “libertação” também esteve presente nas publicações do IHGB, encaminhadas por sócios oriundos das “províncias libertadoras”, como o cearense Tristão de Alencar Araripe (1885) e o piauiense Hermínio de Brito Conde (1932-1933), e do Maranhão, com Augusto Olímpio Viveiros de Castro (1923). Outra convergência entre os autores, de Vieira da Silva a Hermínio de Brito Conde, foi a preocupação em “nacionalizar” o conflito, enfatizando o fato de Cochrane ter desembarcado no Maranhão num momento em que a “adesão” já estaria “praticamente consolidada”. Curiosamente, a premissa de um “espírito nacional maranhense” - timidamente esboçada por Vieira da Silva - somente tomou corpo a partir de Abdias Neves, senador pelo Piauí, “província libertadora”, que em 1907, no livro A Guerra do Fidié166, destacou o papel das “forças maranhenses”, decisivas para a vitória, a partir de junho de 1823167. Em 1927, Tobias Monteiro (1981, p. 596, t. 2)168 aproximou as duas perspectivas, ao afirmar que “[com o avanço da expedição cearense] por todo o Maranhão acordava o espírito nacional”, caminho, aliás, discretamente apontado por Vieira da Silva (1972, p. 96).

166 A historiografia piauiense sobre a Independência é pródiga. Ao analisá-la, Iara Conceição Guerra de Miranda Moura (2007) recuperou o tom patriótico e reivindicatório de um maior reconhecimento pela historiografia nacional das lutas a partir do Piauí, seus “heróis e batalhas”. Ainda segundo a autora, dentre outros exemplos desta espécie de culto à Independência, estão a profusão de monumentos e datas comemorativas - pelo menos 3 - e a recente inclusão, na bandeira estadual, da data de 13 de março de 1823, alusão à Batalha do Jenipapo, reverenciada por esta historiografia como a mais importante de todas as guerras entre brasileiros e portugueses travadas em “solo pátrio”. 167 No dia 18 de junho de 1823, José Félix Pereira de Burgos, comandante geral das forças de ItapecuruMirim, região maranhense que conteve momentaneamente o avanço das tropas independentistas, aliouse a estas, desequilibrando o conflito e possibilitando o cerco à cidade de São Luís. Para Mathias Rohrig Assunção (2005, p. 351-352), tal mudança evitou uma maior participação dos líderes cearenses e piauienses na nova ordem política da província, internalizando o debate sobre as forças que comporiam o novo governo. 168 Wilma Peres Costa (2005, p. 68) considerou o trabalho de Tobias Monteiro como um “produto tardio” da safra de estudos produzidos por ocasião do centenário da Independência e que teve no trabalho de Oliveira Lima (1921) um de seus principais expoentes. Aproximando as duas obras, a autora observou uma “ênfase na participação das elites regionais no processo de construção da nação”. Quanto ao Maranhão, essa perspectiva parece mais clara na obra de Tobias Monteiro.


Tema incômodo para a edificação de uma história nacional, a História da Independência... De Vieira da Silva permaneceu, sintomaticamente, como único livro169 dedicado ao assunto até 1972, ano do sesquicentenário da Independência. Em 13 de julho daquele ano, data em que os despojos de D. Pedro I se encontravam em São Luís como parte de uma “peregrinação cívica”, o livro ganhou uma segunda edição. A Superintendência do Desenvolvimento do Maranhão (SUDEMA), responsável pela publicação, lembrou a importância de o povo saudar seus “antepassados [que] tanto se distinguiram na luta pela unidade brasileira, desde o movimento econômico-nativista de 1684, com Bequimão” (SUDEMA, 1972, s/n). “Seqüestrado”, o texto de Vieira da Silva foi integrado às “lutas nacionais” no Maranhão desde a Revolta de Beckman, numa saudação ao “civismo” desta “nação” que, desde o século XVII, se quis “una e independente...”. Também em 1972 foi publicada a História da Independência no Maranhão, de Mário Meireles, num momento “em que o Civismo e a Educação se revigoram, afirmando-se como objetivos prioritários da Nação Brasileira”170, como anunciou no prefácio Magno Bacelar (1972), então secretário de Educação e Cultura do Estado do Maranhão. Em linhas gerais, a obra de Meireles seguiu os passos da narrativa de Vieira da Silva - especialmente no recorte temporal entre a Revolução do Porto e o retorno de Cochrane ao Maranhão, no final de 1824171 -, com ênfase à “guerra de libertação” e ao encadeamento episódico composto pela “sucessão de fatos” que teriam oposto “brasileiros” e “portugueses” nas disputas por cargos e poder na reorganização política do pós-Independência. Uma década depois, Maria Isterlina Mello Pereira defendeu a dissertação O processo da Independência e integração do Maranhão - 1822-1828, recorrendo em larga escala à matriz inaugurada por Vieira da Silva e continuada por Mário Meireles. Mesmo o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão172, guardião regional de uma memória fundacional da nação que tem a Independência como temática-chave, dedicou ao assunto poucos artigos, já na década de 1990, retomando a perspectiva da “causa pátria” dos prefácios das obras de Vieira da Silva e Meireles. À procura da nação nos primeiros anos da colonização, estes autores se preocuparam em explicar o “atraso” 173 do Maranhão em “aderir ao Brasil”, esclarecendo que ele não se deveu ao apego do 169 Neste intervalo, além dos já citados artigos publicados na revista do IHGB e o livro de Abdias Neves, centrado prioritariamente na Independência do Piauí, localizei mais um artigo, escrito pelo maranhense César Augusto Marques (1884, p. 239-247) e publicado pela revista do IHGB, e dois outros artigos, de Achilles Lisboa (s/d, p. 9-14) e de Raul de Azevedo (1923, p. 5-31), escritos no contexto do centenário da Independência. 170 Registre-se que na introdução do livro, Mário Meireles (1972, p. 11-12) recusou a hipótese de “um espírito de pátria” já presente na Revolta de Beckman. Por outro lado, considerou que a transferência da família real para o Brasil foi determinante na construção do “sentimento de comunidade brasílica”, primeiro passo em direção à Independência. 171 Nos moldes de uma historiografia fundada na noção de “ruptura”, a narrativa de Vieira da Silva começa em 1819, estendendo-se até o ano de 1828, início de uma “nova era”, com a posse de Cândido José de Araújo Viana, futuro Marquês de Sapucaí, como presidente da Província - lembro que Araújo Viana foi sucedido pelo pai de Vieira da Silva, Joaquim Vieira da Silva e Sousa. Já Mário Meireles recorreu às “causas e antecedentes” da Independência, construindo dois capítulos introdutórios em que remontou aos séculos XVII e XVIII e à transferência da Corte, momento que teria marcado a aproximação entre o Maranhão e o Centro Sul. 172 Fundado em 20 de novembro de 1925, ano do centenário de nascimento de D. Pedro II, o IHGM deu início à publicação de sua revista no ano de 1949. 173 André Roberto de Arruda Machado (2006, p. 22-23) observou que a questão do “atraso” também ocupou os autores dedicados à história da Independência do Grão-Pará, penúltima província a “aderir”, antes apenas da Cisplatina. Contudo, diferentemente do que parece ter ocorrido no Maranhão, o constrangimento provocado pelo “atraso” não inibiu o desenvolvimento de uma sólida historiografia sobre o tema.


povo maranhense à “soberania estrangeira”, assertiva fundamentada na “tradição de lutas” da província, corporificadas pelo “martírio” de homens como Manuel Beckman (PEREIRA, 1992, p. 88-89), novamente apropriado pelas “lutas de Independência”. Curiosamente, o século em que viveu Manuel Beckman serviu de substrato para outra explicação: a demora em “aceitar o Império” adviria do fato de o Maranhão ser um Estado autônomo desde 1621 (FREITAS, 1997; PEREIRA, 2001) 174. O “atraso” ainda foi explicado como um “período de ajustamento”, em que a província começava a se “integrar na realidade cívico-patriótica da nacionalidade sob os auspícios do novo Império Brasileiro” (COELHO NETO, 1998, p. 67), momento de “fermentação do espírito nativo”, vitorioso em 28 de julho de 1823 (FREITAS, 1997, p. 67). Essa produção, a seu modo, adiou a incorporação de problemáticas recorrentes no atual debate historiográfico, como a presença dos “de baixo” no processo de Independência; a construção, em sentidos diversos, das noções de “brasileiro” e “português”; e a discussão em torno de idéias publicamente defendidas em jornais e folhetos, componentes de uma opinião pública que se esboçava175. Mais recentemente, os trabalhos de Mathias Rohrig Assunção (2004, p. 195-225; 2005, p. 345-378) apontaram para o que chamou de “aspectos internos da Independência do Maranhão”: a participação das “classes subalternas” e a possibilidade da “anarquia” a partir de levantes escravos176; a multiplicidade de interesses de “classe, etnia e família”, presentes nas construções de termos como “brasileiro” e “português”177; e o novo vocabulário político - ainda que sem tratar mais detidamente os impressos que circularam à época. As perspectivas indicadas por Mathias Assunção também orientaram trabalhos que publiquei sobre o período (GALVES 2007; GALVES e COSTA, 2011). Quanto aos aspectos “internos” da Independência, pertence a Mathias Assunção (2005, p. 351-352) a arguta observação de que a “adesão” de José Félix Pereira de Burgos, comandante geral das forças de Itapecuru-Mirim, em 18 de junho de 1823, evitou uma maior participação dos líderes cearenses e piauienses na nova ordem política da província, internalizando o debate sobre as forças que comporiam o novo governo. Cabe acrescentar a esse raciocínio a proposta de despersonalizarmos a figura de Burgos como responsável por uma “adesão”, que ao fim e ao cabo, desequilibrou o confronto a favor dos independentistas. Compreendo a “adesão” de Burgos não apenas como a de um militar e de seu agrupamento, mas de um grupo político diretamente ligado a produção do algodão principal produto de exportação do Maranhão -, composto por uma rede de famílias 174 Pela Carta Régia de 13 de junho de 1621, a América Portuguesa foi dividida em dois grandes Estados: o Estado do Brasil, ao Sul, e o Estado do Maranhão, ao Norte, compreendendo a região entre os atuais estados do Ceará e do Acre. Para a série de resoluções que redefiniram as divisões territoriais do Norte até 1811, momento em que o antigo Estado do Maranhão, já separado do Piauí, do Ceará e do Pará, adquiriu contornos similares àqueles do momento da Independência, ver César Augusto Marques (2008, p. 721-722). 175 Entre as inúmeras pesquisas, representativas do debate atual, cito: Geraldo Mártires Coelho (1993); Iara Lis F. S. Carvalho Souza (1999); Márcia Regina Berbel (1999); Isabel Lustosa (2000); Gladys Sabina Ribeiro (2002); Istvan Jancsó (2005); Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves (2003); Robert Rowland (2003, p. 365-388); Marco Morel (2005); e Jurandir Malerba (2006). 176 A recuperação da participação de brancos pobres, libertos e escravos no momento da Independência, historicamente subestimada pela premissa, por vezes de pretensão crítica, de que “nada mudou” com a Independência porque o “povo” ficou alheio ao processo, constitui-se como característica dessa nova historiografia sobre o tema. 177 A busca pela construção histórica do Estado e da nação redefiniu as noções de “brasileiro” e “português”, mergulhando-as na diversidade de interesses que delinearam, para além do local de nascimento, os contornos dessas novas identidades. Sobre o tema, são referências os estudos de Gladys Sabina Ribeiro (2002) e Robert Rowland (2003, p. 365-388).


também ligadas por laços de casamento e, naquele momento, pelas vicissitudes que poderiam advir de uma resistência cujos propósitos não pareciam atraentes178. Já na capital, o desembarque de Cochrane parece ter viabilizado a ascensão do grupo político ligado a Miguel Bruce, velho conhecido da política provincial que ganhara notoriedade após a Revolução do Porto como um dos principais opositores ao governo de Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca (1819-1822) e da junta de governo que o sucedeu. Vale lembrar que, talvez pela idade já avançada, Bruce foi um dos únicos líderes da oposição não deportados em abril de 1823, após devassa instaurada pela junta de governo. A Junta Provisória, escolhida no início de agosto de 1823, expressou o novo equilíbrio entre os políticos da região do Itapecuru e aqueles cuja base de apoio se concentrava na capital179. Tal equilíbrio também redefiniu a importância política da parentela Belfort-Burgos-Lamagner-Vieira da Silva-Gomes de Sousa, radicada em São Luís180, mas grande produtora de algodão na região de Itapecuru. Dos quatro nomes eleitos por Itapecuru, três pertenciam à parentela, além de dois entre os três eleitos por São Luís181. Registre-se ainda a escolha de José Felix Pereira de Burgos como novo governador de Armas. Essas hipóteses podem esbarrar numa certa concepção unívoca de noções como “parentela”, “produtores” e “grupo político”, secundarizando a apreensão de trajetórias diversas e não dotadas de certa “coerência”, comumente forjada pelo historiador. Também podem ser uma armadilha derivada do fascínio da teleologia, da tentação de se tomar, por exemplo, o redimensionamento da participação política dos Burgos e Belfort e de Miguel Bruce, no pós-Independência, como “prova” dos comportamentos que conformariam um “plano” de ascensão política arquitetado com muita antecedência. No caso dos produtores de algodão, tal raciocínio seria ainda complementado pela expulsão de importantes comerciantes “portugueses”, seus principais credores182. De todo modo, essas hipóteses apontam para novas interpretações sobre o tema.

178 Luís Antonio Vieira da Silva (1972, p. 72) informa que alguns bacharéis, filhos de produtores da região - a mesma de onde provinha o autor -, agiram em prol da Independência para evitar que a violência se disseminasse, razão que pode ter motivado outros cidadãos a “aderirem”, ante a possibilidade da “anarquia”. 179 Para Mathias Assunção (2005, p. 353), a Independência dissolveu a velha ordem, formada entre 1820 e 1823, mas o poder se manteve entre a capital e o vale do Itapecuru, excluindo o sertão e a região de Caxias. 180 Famílias proprietárias de dezenas de sesmarias na região de Itapecuru, produtora de algodão, unidas por laços de casamento e, em sua grande maioria, residentes na cidade de São Luís. Para um quadro minucioso das sesmarias pertencentes a essa parentela, ver Antonia da Silva Mota (2007, p. 40-42). Registre-se, no referido quadro, o nome de Anna Thereza Belfort como sesmeira, mãe de José Félix Pereira de Burgos e de Antonio Raimundo Belfort Pereira de Burgos, nomes que constavam nos novos governos militar e civil e que também se uniram à parentela por laços de casamento. 181 Por Itapecuru foram escolhidos o padre Pedro Antonio Pereira do Lago (secretário), Antonio Joaquim Lamagner Galvão, Fábio Gomes da Silva Belfort e Antonio Raimundo Belfort Pereira de Burgos. Por São Luís, ainda foram eleitos José Joaquim Vieira Belfort e Lourenço de Castro Belfort. 182 É curioso observar como tal discussão já se fazia presente para o momento. Em junho de 1825, Odorico Mendes (Argos da Lei, nº 41, 3/6/1825, p. 1-4) refutava o argumento de que os maus tratos aos portugueses advinham do fato destes serem credores, atribuindo-os aos séculos de opressão portuguesa. Mais, que os produtores da ribeira do Itapecuru, seus principais devedores, eram pouco afeitos a insultos e motins e que, a maioria, sequer participava da política formal, por não ter renda suficiente. Contudo, em que pese a fragilidade dos elementos que utilizara para caracterizar os “homens do Itapecuru”, é importante ressaltar que a questão do endividamento dos produtores foi praticamente ignorada pela historiografia dedicada à Independência, não compondo a relação dos “fatores” que a explicariam.


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DEBATEDORES

“ESTRANGEIROS” FAZEM FORTUNA NO MARANHÃO POMBALINO183

ANTONIA DA SILVA MOTA Departamento de História – UFMA e-mail: motaufma@gmail.com Estudando as fortunas da elite maranhense no final da colônia, um aspecto se destaca: a presença significativa de europeus não-portugueses encabeçando famílias senhoriais. Existem registros sobre a possibilidade de a região Norte receber estrangeiros já no século XVII, quando “apavorados pelas violências dos calvinistas ingleses, quatrocentos católicos irlandeses da ilha de Saint Christopher, nas Pequenas Antilhas, solicitaram a d. João IV licença para se instalar no Maranhão”. Segundo informa Luís Felipe de Alencastro, o Conselho Ultramarino vetou esta possibilidade, “ressaltando o inconveniente da instalação de estrangeiros perto das carreiras das Antilhas”. (2000, p. 435). Embora a Coroa tenha conseguido impedir imigrações significativas, pouco podia fazer em relação a indivíduos que chegavam a Portugal e dali passavam às colônias. Charles Boxer se refere à atração que exercia Lisboa, capital do Império marítimo português, sobre os homens desajustados da época. A grande porcentagem de imigrantes fornecida por Lisboa, devia-se ao fato de a atarefada capital funcionar como uma Meca para os famintos e desempregados, assim como Londres, Paris e Amsterdã, mais tarde na Inglaterra, na França, e na Holanda. Muitos desses desamparados não conseguiam encontrar trabalho quando chegavam, e, como último recurso, ofereciam-se como voluntários ou eram forçados a emigrar. (2002, p. 205).

No Antigo Estado do Grão-Pará e Maranhão, o “estrangeiro” que mais se destacou no século XVIII foi Lourenço Belfort. Nascido em Dublin, reino da Irlanda, em 1708, teve passagem rápida por Lisboa, sendo que em 1739 já se encontram registros escritos sobre sua presença em paragens tão distantes. Inicialmente como capitão da tropa paga de resgate de índios, a seguir, também como criador de gado. Segundo várias fontes, o irlandês instalou a primeira fábrica de atanados em São Luís, na Praça do Mercado. Esta poderia “curtir cada ano até oito mil meios de sola, [...] ainda que esta terra não produza esta quantidade de couros.” (AHU, cx. 27, doc. 2754). Como a Coroa havia estabelecido a obrigatoriedade dos couros exportados passarem por este curtume, os moradores revoltados se dirigiram ao rei através do Senado da Câmara para revogar esta medida. 183

O presente texto foi apresentado no II Encontro Internacional de História Colonial, ocorrido em NatalRN, em setembro de 2008.


Não conseguiram. Segundo as autoridades, a medida era para coibir os constantes roubos de gado, facilitados pela exportação feita com os couros “em cabelo”. O interessante neste registro é que o irlandês naturalizado, estabelecido recentemente nestas terras, já estava à frente de um empreendimento sob monopólio régio. No final da década de trinta dos setecentos, Lourenço Belfort casou-se com Isabel Andrade, filha de Guilherme Ewerton, “natural de Boston, em Inglaterra Nova”. (ATJMA, test. avulso, 1752). O casal teve apenas três filhos, devido à morte prematura da mãe. No ano seguinte, em 1743, o irlandês contraiu novas núpcias, desta vez com D. Ana Tereza de Jesus, maranhense, filha do capitão Felipe Marques da Silva, português de Lisboa que tinha exercido as funções de almoxarife da fazenda real. O enlace deu-se na casa de morada do sogro em São Luís, tendo como testemunhas Inácio Gabriel Lopes Furtado, provedor-mor da fazenda real, e Antônio Gomes de Sousa, casado com uma irmã da noiva, também proprietário rural. Outros oito filhos nasceram do segundo casamento do irlandês. A historiadora Sheila de Castro Faria, ao focalizar as relações familiares no norte fluminense, no Rio de Janeiro, ressalta a importância da família no contexto da colonização: É pela e para a família que todos os aspectos da vida cotidiana, pública ou privada, originam-se e convergem. É a família que confere aos homens estabilidade ou movimento, além de influir no status e na classificação social. Pouco, na Colônia, refere-se ao indivíduo enquanto pessoa isolada – sua identificação é sempre com um grupo mais amplo. O termo “família” aparece ligado a elementos que extrapolam os limites da consangüinidade – entremeia-se à parentela e à coabitação, incluindo relações rituais. (1998, p. 207).

O termo “família” compreendia um grupo que ia além da consangüinidade e coabitação, podendo abranger membros de outras famílias, sugerindo “relações rituais, como as de compadrio, ou de aliança política.” Sheila de Castro observou que no dicionário de Antônio de Morais Silva, edição de 1813, o lingüista se referia a uma hierarquia ao dizer que dentro da família estavam “as pessoas de que se compõe a casa, e mais propriamente as subordinadas aos chefes, ou pais de família, [...] incluindo os parentes e aliados”. (Apud FARIA, 1998, p. 41). A utilização de ‘casamentos’, no plural, informa que as alianças de casamento de pessoas que descendem dos mesmos pais (que parece indicar uma ‘linhagem’) passam a tornar parentes todas as outras que a um dos membros estivessem ligadas, consangüíneas ou não. As relações eram múltiplas e permitiam que pessoas se sentissem aparentadas uma com as outras de forma, hoje, absolutamente surpreendente. (FARIA, 1998, p. 41).

A partir do segundo casamento, o irlandês passa a fazer parte de uma família de origem portuguesa, e a serviço da coroa, a elite social nas colônias. O espírito aventureiro do irlandês o teria levado a subir o rio Itapecuru, que desaguava nas proximidades de São Luís, escolhendo um lugar onde estabelecer um engenho. A propriedade ficava entre as vilas de Rosário e Itapecuru, sendo-lhe dado o nome de Kelru, um aportuguesamento da palavra “Kylrue”, supostamente o nome do castelo onde ele nascera. (COSTA, 1945, p. 10). Existe grande possibilidade de ter sido através das relações com a família do ex-almoxarife que Lourenço Belfort tenha tido acesso a títulos de terras, pois, segundo os estudiosos do Império luso, esta mercê não era concedida a todos: “a aquisição de sesmarias era restrita aos que possuíam certas regalias que os diferenciavam dos outros, incluindo aí o apoio da administração portuguesa. A constituição de redes de poder e solidariedade vedava a muitos esta forma de acesso legalizado”. (FARIA, 1998, p. 125).


O historiador João Fragoso, buscando identificar os mecanismos de montagem e articulação da economia de plantations e de sua elite no Rio de Janeiro, apontou o papel fundamental das famílias senhoriais derivadas de funcionários régios. Segundo ele, “são as que possuem (...), o maior número de senhores de engenho, a maior estabilidade no tempo, a maior capacidade de gerar outras famílias senhoriais”. (2000, p. 59). Segundo este historiador, os cargos públicos ligados à Fazenda colocavam estas famílias em posição estratégica dentre os outros colonos, Existiam ofícios, como os da fazenda real cuja renda era composta por três rubricas: ordenados, emolumentos e propinas, retirados da arrematação dos contratos de impostos. [...] Os ordenados correspondiam a apenas 9,1 %. Em contrapartida, os emolumentos e vistorias dos navios respondiam por 78,6% da renda total destes funcionários. Rubricas que, por estarem ligadas ao desempenho anual da produção social, no caso dos oficiais da fazenda, dependia do movimento dos navios no porto e da arrematação dos dízimos. Fenômeno que transformava tais postos em objetos de disputas não tanto em razão dos ordenados pagos pelo Estado, mas sim em função do que sua majestade lhes permitia retirar do “público” ou, o que é o mesmo, diretamente da riqueza social. (2000, P. 74-5).

Na segunda metade do século XVIII, impulsionado pela conjuntura econômica favorável pela qual passou a região, além do engenho e criação de gado, Lourenço Belfort cultivou algodão e arroz em larga escala. Destarte, erigiu também “fábricas” de soque de arroz e prensas de algodão em São Luís. (SECMA, 1762, fl. 65). Concomitante as suas atividades empresariais, Lourenço também participava da política local; em São Luís, foi almotacel em 1744, 1750 e 1754, assim como vereador em 1753, 1759 e juiz de fora interino por diversas vezes. ” (COUTINHO, 2005, p. 138). A relação estabelecida com a família da noiva, em particular com Antônio Gomes de Sousa, seu co-cunhado, representou o marco inicial de uma família extensa com muitos ramos. Os Belfort e os Gomes de Sousa, ao longo das décadas seguintes, passaram preferencialmente a casar entre si. Concomitante a isto, seus filhos fizeram alianças importantes com outras famílias, formando uma parentela. A partir das primeiras unidades produtivas e de acordos matrimoniais com outros ministros do rei que iam chegando à região, foi se constituindo uma elite social com a clara consciência de que sua preponderância na região residia no controle dos mecanismos de poder local e em sua relação com o poder na Metrópole. Mesma estratégia verificada por Stuart Schwartz entre os proprietários rurais da agroindústria açucareira, estabelecidos no Recôncavo Baiano: Esses proprietários invariavelmente brancos, ou assim considerados, arrogavamse o status de nobreza e o direito de exercer o poder localmente. Conquanto os contínuos casamentos entre seus membros reforçassem a predominância e a centralização de um grupo relativamente pequeno de famílias, havia sempre lugar para elementos exógenos [...]. (1988, p.226).

Linda Lewis situou a família extensa ou parentela dentro do sistema brasileiro de parentesco, isto é, “um grupo de base familiar organizado localmente”, com notórias implicações políticas e econômicas, “em virtude dos direitos coletivos e individuais sobre a terra detidos por seus membros”. O direito à terra estava garantido aos membros do grupo através das heranças. Afirma ainda que a parentela “tinha um caráter quase corporativo e influenciou fortemente as associações econômicas e políticas no Brasil”. (1998, p. 113). No Maranhão setecentista, as famílias senhoriais, formadas a partir de funcionários régios, foram particularmente favorecidas com as medidas econômicas implementadas pelo ministério pombalino, como veremos a seguir.


O antigo estado do Grão-Pará e Maranhão na época pombalina Desde o início do século XVII, através de tropas armadas e da diplomacia, os portugueses adentraram nas terras ao Norte do Estado do Brasil. Por iniciativa oficial foram implantando enclaves de população, principalmente no litoral e nas margens dos principais rios, garantindo a posse do território ante as pretensões das outras nações européias em expansão. Por conta de suas outras áreas de interesse - o Oriente, o açúcar e, já no século XVIII, o ouro das Gerais, por muito tempo esta região não recebeu maiores atenções da metrópole. A situação permaneceu sem maiores alterações até a conjuntura de depressão econômica que se abateu sobre o Império português nos setecentos, reflexo da “queda vertical na produção do ouro brasileiro e as crises recorrentes no comércio do açúcar, no tráfico de escravos e na exploração das minas de diamante”. (BOXER, 2002, p. 194). As pesadas despesas advindas do envolvimento de Portugal na guerra dos Sete Anos agravaram ainda mais as finanças da Coroa. Medidas drásticas foram tomadas pelo ministério pombalino no sentido de reduzir a dependência econômica do Império, imposta pela importação de produtos manufaturados e de matérias-primas de Portugal e suas colônias. Maria de Fátima Silva Gouvêa também apontou o contexto de crise como “cenário para uma grande inovação na forma como a coroa portuguesa vinha coordenando suas políticas no complexo Atlântico”. Segundo a autora, “informados pelas reformas pombalinas em curso, reconheceu-se a necessidade de formar um grupo de homens habilitados para realização de um programa político de recuperação econômica do Estado português”. Ressaltando a preocupação com a melhor composição das secretarias de Estado e a nomeação de altos administradores ultramarinos, a autora se refere, entre outros, a Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, governador do Grão-Pará e Maranhão na década de 1750, como “homens que coordenaram esforços, encaminhados pela metrópole, no sentido de desenvolver as potencialidades econômicas existentes no Império”. (FRAGOSO; BICALHO & GOUVÊA, 2001). Segundo Jobson de Arruda, dentro do programa político posto em prática, “o incremento da agricultura foi um dos itens principais das reformas... sob sua influência direta [do ministro Pombal] o cultivo do algodão, do arroz, do anil, do café e do cacau espalhou-se rapidamente por toda a extensão do território brasileiro”. (ARRUDA, 1980, p. 641-42). Contudo, as medidas de maior efeito para sanear as finanças foram as direcionadas para exploração das potencialidades do Estado do Grão-Pará e Maranhão, como afirma Luiz Felipe de Alencastro: Arma-se uma grande operação destinada a alterar as variáveis econômicas e sociais da região para melhor enquadrá-la no sistema atlântico e no controle metropolitano. Leis régias proíbem definitivamente o cativeiro indígena, ao passo que a agricultura comercial é estimulada. Subsídios fiscais são concedidos às duas Capitanias do Norte e uma nova empresa monopolista, a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, açambarca os produtos de importação, ganhando ainda o trato de negros de Angola e da Guiné para o litoral amazonense entre 1775 e 1778. (2000, p. 142)

Vencida a oposição inicial dos pequenos comerciantes, seriamente prejudicados com as medidas de caráter monopolista, a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, instituída por Pombal, passou a canalizar o comércio marítimo da região. Resumindo as pesquisas sobre este período, Charles Boxer aponta: Entre 1757 a 1777, foram importados 25.365 negros para o Pará e Maranhão, provenientes dos portos da África Ocidental, principalmente de Cacheu e Bissau,


na Guiné portuguesa, locais até então com importância relativamente pequena no comércio escravista transatlântico. Para ajudar os colonos a comprar escravos negros a crédito de longo prazo, a taxa de juros original foi diminuída de 5% para 3%, e por fim abolida de vez, os escravos eram vendidos então pelo preço de custo cobrado na África Ocidental, acrescido de pequena taxa referente ao transporte. (2002, p. 205)

Além das facilidades para obtenção de mão-de-obra escrava, a Companhia de Comércio adiantou capitais sob a forma de dinheiro e ferramentas agrícolas para serem reembolsados pelos plantadores depois de um ou mais anos. Na Capitania do Maranhão, as facilidades acabaram atraindo para a região uma leva de imigrantes desejosos de se tornarem proprietários rurais. Isto se verifica através das emissões de Cartas de Sesmarias. Verificamos que, no período de atividade da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1756 a 1777), foram distribuídos cinqüenta títulos de terra. Este número sobe para 450 doações de terras entre 1792 a 1798, o que comprova o intenso processo de ocupação do território no período mencionado. (MOTA, 2006, p. 109). Um fator conjuntural contribuiu ainda mais para o desenvolvimento da agricultura na Capitania do Maranhão: “estimulada pela Independência americana, que forçou a Grã-Bretanha a se voltar para a América portuguesa com vista a obter o algodão que, até o início desse evento, ia buscar nas colônias norte-americanas”. (BOXER, 2002, p. 206). Os autores que estudaram este período, além do algodão, assinalaram também o sucesso de outro produto agrícola introduzido na região: o arroz branco da Carolina. Imposto aos fazendeiros sob pesadas sanções em substituição à variedade local avermelhada, este produto, de alta qualidade, era exportado quase sem nenhuma taxa alfandegária e ainda sem concorrência no mercado europeu. Logo esta Capitania “estava produzindo arroz suficiente para satisfazer toda a procura da metrópole, e um excedente substancial era reexportado de Lisboa para Londres, Roterdâ, Gênova, Marselha e outros lugares”. (BOXER, 2002, p. 206). Os resultados não tardaram a aparecer, o crescimento das exportações do Estado do Maranhão já era patente entre 1760 a 1778, quando seu movimento duplicou; “em termos absolutos, o comércio de exportação do Maranhão passou de 1055 contos, em 1796, para 1776 contos, em 1807. O superávit é constante. A ascensão é notável a partir de 1799 e traça uma linha quase vertical a partir de 1801”. (ARRUDA, 1980, p. 628). Segundo Jobson Arruda, “o protecionismo dispensado à agricultura surtiria efeitos a longo prazo [...] a diversificação agrícola passava a sustentar o Estado português, porque sustentava as Fábricas do Reino de matéria-prima, propiciando a retração das importações, contribuindo para que a Balança comercial com a Inglaterra se tornasse favorável”.. Ainda, “os produtos agrícolas não se destinavam apenas à transformação em Portugal. A parcela reexportada era responsável em larga medida pelo superávit da Balança portuguesa em relação ao estrangeiro”. (ARRUDA, 1980, p.642-3). As políticas de fomento agrícola do ministério pombalino diversificaram a produção colonial, o que levou à breve conjuntura de prosperidade verificada nas últimas décadas do período colonial, onde o Estado do Grão-Pará e Maranhão teve papel fundamental com exportação de novos produtos. Ainda mais, para Jobson Arruda, “o metal precioso deixava de ser a mola mestra da economia portuguesa [...] o final do século XVIII, marca o nascimento da exploração do café, cacau, algodão e o arroz”. (ARRUDA, 1980, p. 620). Embora os números das balanças comerciais não deixem dúvidas sobre a prosperidade econômica trazida pela Reformas Pombalinas, Luiz Felipe de Alencastro aponta que com estas “fundaram-se as bases da dominação metropolitana na colônia”, uma vez que os fazendeiros da região passaram a depender do tráfico negreiro e dos


comerciantes para obter mão-de-obra para o trabalho em suas unidades produtivas.(ALENCASTRO, 2000, p. 143) Também Jobson Arruda ressalta as mazelas de um modelo de desenvolvimento baseado no exclusivo comercial imposto aos mercados coloniais, mas afirma que as companhias orientavam-se pela política de expansão das atividades mercantis em íntima conexão com o aumento da produção e do consumo. Afinal, Jobson de Arruda constata que a conjuntura de prosperidade econômica, produzida pela diversificação dos produtos agrícolas, não passou de uma breve conjuntura, pois O algodão, segundo produto de exportação, declina consideravelmente com a retomada da produção estadunidense que se beneficia de larga produção com mão-de-obra escrava abundante. O arroz, segunda riqueza do Maranhão, sofre concorrência do arroz da Carolina que reassume sua posição anterior às Guerras Napoleônicas. Os couros ressentem-se da concorrência da Bacia do Prata. O tabaco, na medida em que as exigências da Inglaterra dificultam o tráfico negreiro, perde seu mercado favorito: a África. Ao final, à diversificação verificada no período colonial seguiu-se nova preponderância representada pelo café. (ARRUDA, 1980, p. 621 e 630).

Apesar do aspecto conjuntural, as transformações abruptas modificaram as possessões portuguesas localizadas ao Norte do Brasil. Em particular, a cidade portuária de São Luís, por onde passava a maior parte dos produtos exportados e importados, onde algumas estimativas apontam que sua população chegou a trinta mil habitantes no final do período colonial. É possível que haja algum exagero neste número, no entanto não há dúvida de que a população desta cidade apresentava um perfil muito diferente daquele da primeira metade dos setecentos. Entre seus moradores, a presença de comerciantes reinóis e de proprietários rurais enriquecidos aumentou consideravelmente. As fortunas da elite maranhense Os Belfort e os Gomes de Sousa, famílias já importantes na segunda metade do século XVIII, enriqueceram com a inserção econômica da região. Para tanto, as alianças matrimoniais foram peça chave. Citamos apenas um exemplo: uma das netas de Antônio Gomes de Sousa casou-se com Luís Antônio, filho de José Vieira da Silva, administrador por dezesseis anos da Companhia Monopolista de Comércio do GrãoPará e Maranhão. Constatou-se que a aliança da parentela Belfort-Gomes de Sousa com os Vieira da Silva foi fundamental para prosperidade econômica do grupo. Outra aliança importante verificou-se quando dois dos filhos de Lourenço Belfort, João e Antônio, uniram-se a duas irmãs: Ana Isabel e Maria Thereza Lamagnère; celebrando a aliança com outra família de “conquistadores”. O pai das moças era o francês Pierre Lamagnère, “batizado em Baione, França, em 1711, filho de Arnaud Lamagnère, capitão de navio, e de sua mulher, d. Catherinie Belocq”. (COUTINHO, 2005, p. 294). O estudioso do Império marítimo português, Charles Boxer, afirma que havia uma escassez crônica de oficiais navais portugueses experimentados, o que “explica porque tantos oficiais holandeses, ingleses, franceses, e até alguns espanhóis, tenham prestado serviço na Marinha de Sua Majestade Fidelíssima”. (BOXER, 2002, p. 241). Pierre Lamagnère também chegou à região na primeira metade dos setecentos. Graças aos seus esforços e, com certeza, ao casamento com Isabel Lopes de Sousa, este francês também prosperou. A moça era trineta de Antônio Muniz Barreiros, que no século XVII foi capitão-mor e governador da Conquista do Maranhão aos holandeses e


que antes tinha sido procurador da fazenda e construído os primeiros engenhos de açúcar na região. (MARQUES, 1970, p. 303). O casal, Pierre e Isabel, deu origem a uma prole numerosa, a maioria de mulheres. Um dos últimos filhos deste casal foi Pedro Miguel Lamagnère, que provavelmente, impulsionado pela importância da família de sua mãe, ocupou vários postos importantes na capitania, chegando até à almoxarife da fazenda real. (COUTINHO, 2005, p. 295). Pedro Miguel Lamagnère tornou-se um dos mais prósperos proprietários rurais durante o “boom” econômico do Maranhão. Uma das fortunas inventariadas no início do século XIX pertencia à família de d. Ana Joaquina, filha do ex-ouvidor Henrique Guilhon e casada com George Gromwell. Em 1774, este inglês se naturalizou no Reino de Portugal. Destarte, em 1775, pediu “passaporte real para transitar livremente no Maranhão” (AHU, cx. 49, d. 04746). Nesta Capitania, por esta época, Henrique Guilhon foi ouvidor-mor. O inglês naturalizado acabou por se casar com d. Ana Joaquina, filha do ouvidor, tendo com ela três filhos. Após a morte prematura da primeira mulher, George Gromwell casou-se novamente, com outra das filhas de Henrique Guilhon, d. Luiza Madalena. O estudo quantitativo dos inventários post-mortem feitos no início do século XIX mostra que os titulares que detinham os maiores espólios eram os descendentes diretos daqueles “estrangeiros”. Respectivamente, Dona Francisca Maria Belfort, Pedro Miguel Lamagnère, José Antônio Gomes de Sousa e Ana Joaquina, viúva de George Gromwell. Outras fortunas inventariadas pertenciam a Henrique Guilhon, Antônio José Lamagnère Galvão, João Belfort, e D. Ana Tereza Ferreira de Castro, aparentados aos primeiros. (ATJMA, processos de inventários post mortem, 1800/1820). O exame mais cuidadoso dos documentos quantificados na pesquisa revelou que mais da metade dos inventariados eram proprietários rurais e, em sua maioria, plantadores de algodão e/ou arroz. Alguns poucos possuíam fazendas de gado e raríssimos engenhos de cana-de-açúcar. Entre estes, encontrava-se uma minoria de grandes proprietários rurais, com mais de uma fazenda, que tanto plantavam para agroexportação como plantavam mandioca, fabricavam açúcar e criavam gado, portanto eram auto-suficientes. A imensa maioria destes “fazendeiros” possuía unidades agrícolas situadas na fértil ribeira do rio Itapecuru, distante poucas léguas da cidade de São Luís.Por essa razão era fácil o acesso a esta cidade através da Baía de São José, onde este rio deságua. Na época, esta microrregião concentrava 2/3 de toda a produção da Capitania. As unidades agrícolas eram movidas pelo braço escravo. A média de escravos em uma unidade de produção voltada para o plantio de algodão e arroz era de vinte escravos. Os seis maiores proprietários rurais, com até quatro fazendas, possuíam entre 109 a 267 escravos. (ATJMA. Processos avulsos de inventário post mortem. (17941824). A composição das fortunas destas famílias mostra que os investimentos desta elite não se concentravam somente nas atividades do campo. Os lucros advindos da agroexportação movimentavam também o mercado imobiliário em São Luís, pois grande parte dos espólios era constituída de terrenos e prédios urbanos. O poder destas famílias também se estendia à administração pública, pois vários de seus membros ocuparam cargos na governança local e regional, como vereadores, almotaceis, juiz de órfãos, arrematadores de dízimos etc. Ocupavam também postos militares, como capitães-mores, mestres-de-campo, comandantes de regimentos de milícias etc.


Quadro – NÍVEL E COMPOSIÇÃO DAS FORTUNAS NA CAPITANIA DO MARANHÃO. Inventariado

Bens de raiz

Escravos

Recheio da casa

Ouro e prata

Animais

40$000 1:200$000

Dividas

Dívidas

Ativas

passivas

Fortuna líquida

Alexandre Ferreira da Cruz, 1800

9:804$000 8:474$000

183$430

Francisca de Souza, 1802

13:989$280 5:318$000

76$080

D. Joana Maria Freire, 1804

7:070$000 11:385$000

338$860

535$366

Coronel José Joaquim da Silva Rosa, 1804

6:808$000 42:262$000 1:003$137

707$530

-

-

219$290 5:125$358 4:730$589 51:394$726

José M. Nogueira, 1804

3:150$000 7:775$000

86$700

-

-

146$000 6:930$041

318$000

141$240

Mercadoria Ferramenta/ e gêneros utensílios

400$160

-

- 20:242$830

-

33$120

-

- 42:381$620

324$000 1:083$080

174$900

7$500 22:957$640

Cel. José 42:702$400 11:700$000 1:752$280 5:154$130 2:800$000 2:885$800 Antonio Gomes de Souza, 1805 Ana Joaquina 36:005$000 22:609$000 Gromwell, 1806

720$420

Coronel João Belfort,1814

310$000

36:290$000 30:064$000

493$510

523$800 2:348$680

803$260 8:635$080 16:906$621

- 18:405$741

47$600

-

- 67:042$210

580$540

-

- 63:280$950

- 3:055$220 2:922$760 7:097$780

- 29:168$970 50:570$790

Dona Francisca 39:475$791 30:990$000 2:575$260 4:287$928 25:737$000 4:031$000 1:286$720 25:187$542 Maria Belfort,1816

- 133:751$241

Pedro Miguel 44:242$080 1:250$489 3:064$200 8:104$275 2:302$350 13:012$471 1:334$160 Lamagnère,1816 57:461$000

- 131:090$175

Manoel Antonio 13:206$800 12:019$000 Ferreira, 1821

- 37:630$773

547$902

26$800 1:915$160

280$000

741$180 8:893$931

Henrique Guilhon,1818

33:887$000 6:537$000 1:128$725 1:713$600 1:433$120 8:783$040 1:667$420 1:311$073 1:422$988 55:037$990

D. Ana Tereza Ferreira de Castro, 1819

29:037$020 23:035$000

685$311

Bernardino José 10:064$480 8:630$000 Pereira Castro,1824

301$350

32$952

Antônio J. Lamagnère Galvão,1824

213$000

601$320

4:979$680 20:680$000

411$340 1:329$000

198$000

623$720 3:968$736 3:256$479 56:031$648

932$000 1:139$200 1:450$700 3:016$666 21:760$258

516$000 3:337$000

3:807$090

434$360 2:373$687 4:336$832 28:798$215

_______________________________________________________________ Fonte: Arquivo do Tribunal de Justiça do Maranhão. Processos de Inventário post mortem do período 1800/1820

A força política da parentela fica bem evidente quando do processo de Independência no Maranhão, onde ela se fez presente em todos os movimentos ocorridos. O primeiro governo independente do Maranhão, composto em meio a uma acirrada disputa política, acusa os nomes de José Joaquim Vieira Belfort, Lourenço de Castro Belfort, Antônio Raimundo Belfort Pereira de Burgos, Fábio Gomes da Silva Belfort, José Félix Pereira de Burgos, todos eles netos do irlandês e primos entre si. A Junta de governo compunha-se ainda de Miguel Inácio Freire e Bruce, família de origem escocesa, e Antônio Raimundo Lamagnère Galvão, parente por afinidade dos Belfort, sobrinho de Pedro Miguel Lamagnère. O domínio da parentela Belfort-Gomes de Sousa-Vieira da Silva era tamanho nas lutas de Independência, que uma das revoltas, encabeçada pelo comandante da


guarnição da vila de Rosário, localizada nas proximidades de São Luís, tinha por “objetivo tirar do governo de uma vez por todas, os Burgos, Bruces e Belforts. Estas escaramuças ficaram conhecidas no Maranhão como a Guerra dos três Bês”. (MEIRELES, 1980, p. 244). Figura – Assinaturas do primeiro Governo Independente do Maranhão, 1823

_________________________________________________ Fonte: Contra-capa do livro de Luis Antônio Vieira da Silva. História da Independência da Província do Maranhão: 1822 – 1828. 2 ed. Rio de Janeiro, Companhia Editora Americana, 1972

Conclusão O processo de colonização nas possessões ao Norte do Estado do Brasil teve a participação decisiva das famílias senhoriais, gestadas no período pombalino, na segunda metade do século XVIII Estas apresentaram singularidades que as diferenciam das elites locais de outras regiões de colonização mais antiga. A atuação destes “estrangeiros”, encabeçando famílias senhoriais, mesmo que absorvidos por famílias de mentalidade ibérica, demonstra a complexidade da experiência colonial na América portuguesa, e o muito que ainda temos que pesquisar. Bibliografia ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo, Companhia das Letras, 2000. ARRUDA, José Jobson de A. O Brasil no Comércio Colonial. São Paulo: Ática, 1980. BOSCHI, Caio C. (Coord.) Catálogo dos manuscritos avulsos relativos ao Maranhão existentes no Arquivo Histórico Ultramarino. São Luís: FUNCMA/Academia Maranhense de Letras, 2002. BOXER, Charles. O Império marítimo português (1415-1825). Tradução de Ana Olga de Barros Barreto. – São Paulo, Companhia das Letras, 2002.


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IMPERATRIZ NA FORMAÇÃO DO MARANHÃO

ADALBERTO FRANCKLIN


ALCANCES INTERPRETATIVOS DE UMA SOCIOLOGIA DAS COMEMORAÇÕES HISTÓRICAS: o caso do IV Centenário de São Luís/MA.

ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA UFMA - alexandre.correa@pq.cnpq.br Resumo: Texto no qual se apresentam as linhas introdutórias de uma sociologia dos ritos comemorativos na sociedade moderna, considerando o caso empírico das comemorações e festividades do IV centenário de ‘fundação’ da cidade de São Luís do Maranhão. Palavras-chave: Sociologia – Ritologia – Mitologia – Festas – Comemorações Abstract: Brief text in which presents the principles of the sociology of commemorative rites in modern society, seeing the empirical case of the celebrations and festivities of the fourth centenary of 'foundation' of the city of São Luís do Maranhão. Key-words: Sociology – Mitology – Parties – Celebrations – Ritology Nesse texto vamos trabalhar com uma breve introdução à sociologia dos ritos comemorativos na sociedade moderna. Pretendemos elaborar uma reflexão crítica sobre alguns aspectos da construção social das comemorações históricas tomando como objeto de análise interpretativa os centenários de fundação da cidade de São Luís do Maranhão. Almejamos, nessas breves páginas, revelar e destacar alguns aspectos significativos desses processos rituais locais e compreender de que modo se estrutura o perfil dessas comemorações, enfocando prioritariamente as festas ocorridas no decorrer


das décadas mais recentes do século XX, a partir o 350º aniversário celebrado em 1962184. Tendo em vista alcançar as bases propícias para uma sócio-história dos ritos comemorativos na sociedade moderna, pretendemos nessas linhas exploratórias, apresentar as primeiras incursões em uma pesquisa ainda em andamento; analisando alguns aspectos sobressalentes no processo de comemorações históricas da capital maranhense, em pleno momento de organização das festas do seu IV centenário de fundação histórica. SIGNIFICADO CULTURAL DAS COMEMORAÇÕES Não acredito em comemorações históricas que sejam autênticas. Evaldo Cabral de Mello. O historiador pernambucano Evaldo Cabral de Mello, por comemorações dos 200 anos de translado para o Rio de Janeiro da Portuguesa, festejado nesse ano de 2008, manifestou sua desconfiança essas práticas, afirmando sem rodeios, em entrevista para uma revista nacional:

ocasião das Família Real em relação a de circulação

Não gosto de celebrações de efemérides em geral. Não acredito em comemorações históricas que sejam autênticas. Não quis me envolver nas comemorações dos 500 anos do Descobrimento, por exemplo. Essa coisa de fazer festa em torno de dom João VIº é armação de carioca para promover o Rio. Podemos seguir essa linha provocativa do historiador e colocar em foco o significado cultural desse verdadeiro surto contemporâneo de comemorações históricas de tudo185. Tudo ‘entra para a História’, todo acontecimento que seja digno desse epíteto ‘evento’, ‘vai entrar para história’, ‘para ser lembrado para sempre’ (Jeudy, 1990; 1995). ‘Entrar para a História’, é como ‘entrar para a eternidade’... Nosso intuito aqui é tentar compreender as forças sócio-históricas que estão subjacentes a esse desejo de ‘entrar para história’ a todo custo, comemorando acontecimentos e eventos históricos, mesmo que sejam de expressão medíocre e trivial; banalidade que se compensa pelo esforço hercúleo de mistificação midiática e espetacularizada: verdadeira máquina de fabricar novos deuses e heróis de circunstância (Moscovoci, 1990). Arriscando uma perspectiva semiológica mais ousada, perscrutamos o que se comemora, por exemplo, nos 400 anos de ‘fundação’ mítica do centro urbano antigo de São Luís do Maranhão? Que lições podemos retirar dessas encenações modernas, realizadas em ritos seculares cada vez mais sofisticados, liturgias cerimoniais requintadas e teatralizadas? 184

Como se sabe as festas comemorativas referente à fundação da cidade só começaram a ocorrer a partir de 1902, no terceiro centenário; momento no qual começa a se construir a versão mítica da “fundação francesa” (Lacroix, 2002). 185 Ciclo comemorativo que se intensifica com as festas do bicentenário de Independência dos Estados Unidos da América (1776) e renova-se com as celebrações do bicentenário da Revolução Francesa de 1789. Ciclo de comemorações e festas democráticas, que se associa ao ciclo de comemorações e festas pelo bicentenário de independência dos estados nacionais republicanos latino-americanos, a partir da Independência do Haiti, em 1808.


Em poucas palavras, esse é o foco desse texto exploratório que coloca em cena linhas de força interpretativa, merecendo a posteriori ajustes e afinações no decorrer de uma pesquisa – como já adiantamos – ainda em andamento (Corrêa, 2011). COMEMORAÇÕES, EVOCAÇÕES E CELEBRAÇÕES Quatro séculos de história é muito tempo, em que se dão muitas transformações e mudanças; mesmo tratando-se de uma cidade, é um longo processo de construção e elaboração social e cultural. Tendo em vista esse processo de longa duração, em que se estrutura a história das cidades, dos estados e dos países, compreende-se que tais formações sempre serão marcadas por ritos comemorativos exaltando mitos originários e fundadores186. Os centenários são ciclos evocativos em que se recuperam os momentos de mudança e permanência das instituições sociais em grandes eventos, estruturantes da vida ordinária das cidades, dos estados, dos países, dos povos e das nações. Esses eventos têm adquirido cada vez mais importância cultural e política na sociedade moderna; é quando o poder se coloca em cenas teatrais (Balandier, 1994; Canclini, 2003). No nosso caso aqui em tela, - a fundação do núcleo urbano antigo da cidade de São Luís -, é inegável e indubitavelmente uma alusão efusiva a um dos grandes momentos míticos da história do Maranhão, tornando-se crescentemente num dos marcos e pilares mais profundos dos alicerces de enraizamento político da sociedade civil local nas instituições e na cultura do Estado e, conseqüentemente, do País (Holanda, 2006). Etimologicamente, como é sabido, comemorar designa e significa o ato de evocação da memória coletiva e social baseado em eventos do passado comum. No caso de se tratar de um momento fausto e glorioso, comemorar é também celebrar e festejar. Em particular com as rememorações acerca das origens históricas da cidade de São Luís, nos remetendo à 1612, se pode dizer sem constrangimentos que para todos os maranhenses esse evento dialético e polifônico, pleno de antagonismos e polarizações, tem significados plenos de alta magnificência; constituindo um acontecimento histórico de pompa para homens e mulheres locais, e também, podemos dizer, para todos os brasileiros (Bosi, 1993). Ao nos referirmos de passagem à etimologia, é curioso que um dos sentidos da palavra ‘evocar’, seja ‘esconjurar’, isto é, ‘fazer jurar; tomar juramento a; exorcizar; amaldiçoar; dirigir imprecações’; significados que podem ser contraditórios ao espírito dos que pretendem ‘comemorar’ ou ‘celebrar’ uma data festiva. Mas, esse aspecto um tanto idiossincrático pode muito bem ilustrar que as variações semânticas dos sentidos das palavras, expressam a complexidade do fenômeno ritual na sociedade humana (Maffesoli, 1985; 2001). Veremos mais a frente no texto que essa complexidade sublinhada, de modo algum encobre a positividade expressa nos ritos políticos corriqueiros, apenas demonstra que sob a capa da superfície das obviedades escondem-se significados mais profundos que cabe a semiologia dos ritos desvendar. Sucede ainda que as vicissitudes das comemorações históricas ordinárias têm carecido de uma avaliação crítica mais apurada. Tem-se repetido rotineiramente rituais

186

Para uma definição de rito recorremos a Jean Cazeneuve, que em poucas palavras apresenta o seguinte uso do termo: “um ato que se repete e cuja eficácia é, ao menos em parte, de ordem extra-empírica” (S/D, p. 14).


que se realizam de modo irrefletido, cada vez mais debilitados e irônicos187, não espelhando de modo ético a importância da data comemorativa; manifestam, ao contrário, sentidos autoritários inconfessos (Chauí, 2001). Ultimamente mesmo, presenciamos controvérsias e polêmicas que tiram de foco o significado profundo das comemorações históricas nas sociedades modernas; em debates provincianos que beiram o anedótico188. Desse modo pode ser útil renovar a imaginação sociológica brasileira reivindicando uma reflexão mais apurada e sutil dos sentidos sócio-históricos menos superficiais desses fenômenos comemorativos, buscando mesmo as forças motrizes mais inconscientes da sua idéia e da sua memória. COMEMORAÇÃO DO QUÊ? Como se sabe, as comemorações históricas podem ser definidas de muitas maneiras, mas preliminarmente podemos apontar para um esquema elementar; que se peca pela simplicidade, ao menos nos auxilia nesse estágio da reflexão: a) meios de exaltação patriótica ou de nacionalismos e regionalismos emocionais; b) mecanismos de legitimação militante de ideologias políticas; c) instrumentos de contestação política das instituições vigentes, etc. Contudo, o esquema elementar delineado acima não deve marcar o seu sentido ou significado, esgotando em definitivo a polissemia das comemorações históricas na atualidade; trata-se apenas de um esforço classificatório preliminar, que, em outro texto oportuno, será refinado por tipologias ‘sociológicas’ mais elaboradas. Sem embargo, toda a história dos movimentos sociais modernos está marcada pelo recurso às comemorações de fatos ou personalidades históricas como instrumento (semióforos) de afirmação local, regional, nacional e, hoje em dia, em escala mundial. Mega eventos mundiais, de grande impacto midiático – como exemplo recente as Olimpíadas de Pequim em 2008 – dão conta da expressão do extraordinário e do espetacular, como mercadoria cultural poderosa, penetrando todos os domínios da vida cotidiana (Goffman, 1973; Canclini, 2003). Atingindo o âmago da questão, e complementando com palavras mais diretas: “O espetáculo é o momento em que a mercadoria ocupou totalmente a vida social” (Debord, 1997, p. 30). É sabido também que uma cidade não precisa do fenômeno comemorativo para se legitimar, pois sua história já está de tal modo enraizada na coletividade local, regional e nacional – e de tal maneira está legalmente ancorada como traço irreversível da nossa ordem geopolítica –, que não corre nenhum risco de perder sua legitimação no imaginário social. Todavia, não comemorar seria a expressão de um colapso do sentido 187

Nesse ponto cabe lembrar as palavras de George Marcus e Michael Fischer, analisando a realidade estadunidense: “(...) de la aparente homogeneizacion de las formas institucionales contemporáneas de la vida social, sobre todo ahora, cuando parece registrarse un debilitamiento de las tradiciones representadas en forma pública. Se ha señalado que los rituales públicos estadunidenses, por ejemplo, son cada vez más irónicos, lo cual parece ser una condición especialmente moderna: los participantes u observadores “perspicaces” de los rituales no consideran que estén revestidos de una verdad cósmica o sagrada, sino que los ven como una manifestación colectiva más entre otras igualmente válidas, que puede suscitar una catarsis momentánea, pero que tiene sobre sus ejecutantes o en su publico una influencia cognitiva poco duradera” (Marcus, 2000, p.81). 188 Fenômeno pelo qual se pode identificar certa síndrome melancólica, ao sugerir de modo ambíguo a impossibilidade da comemoração. Expressão do colapso do sentido, ou da catástrofe simbólica, ao rejeitar qualquer possibilidade de celebração, aludindo neuroticamente a uma autenticidade perdida e jamais recuperada; não alcançada, porque impossível.


que teria um impacto negativo de grande monta, nesse mesmo imaginário social, sempre ávido por perpetuar-se de modo efusivo, contagiante e consensual. Entrementes, é fato também conhecido de todos os interessados no tema, que nem sempre os ‘aniversários’ das cidades são comemorados ou festejados; como foi o caso de São Luís, que até 1902, não possuía uma data ‘fundadora’ comemorativa, elaborada pelos órgãos oficias e estatais189. Esses rituais sócio-históricos começaram a ser investidos em cerimoniais de pompa no decorrer do século XX, que mal acabou de se apagar. Desse cenário sobressaem algumas questões: por que tanta atenção recente a esse fato, tanta expectativa e cerimônia em torno dessas comemorações? Trata-se de uma atração ingênua pela efeméride redonda, do quarto centenário? Ou existem significados latentes que precisamos colocar sob crivo analítico? A história dos últimos cem anos da cidade foi tudo menos a de uma continuidade institucional estável, de progresso e de afirmação da cidadania ludovicense; pelo contrário, testemunhamos breves ciclos de desenvolvimento e longos ciclos de decadência - o que nos leva a perguntar: o que vamos comemorar em 2012? Da pesquisa percebemos que muitas expectativas se produziram no processo de construção sociocultural dos ritos comemorativos. Comemorar o quarto centenário da cidade de São Luís possui camadas de sentido que se podem destacar numa hagiografia do ufanismo histórico: a) invocando uma suposta ‘fundação’ francesa (baseada na primeira missa de 2012); b) invocando o início de sua ‘urbanização’ lusitana190 (armistício em 27 de novembro de 1614). Entretanto, o que vemos se configurar de modo hegemônico e quase consensual é o trabalho de 'ocultamento' espetacular das dificuldades e das provações da vida cotidiana de sua população sofrida, ao longo destes séculos passados. Apesar de esses dados estarem estampados para todos nos índices de desenvolvimento humano das agências de estatística econômica e social, difunde-se a idéia de que a comemoração só pode exaltar os aspectos positivos. Observa-se ainda o esforço em transformar as comemorações pelo quarto centenário da capital maranhense numa 'revanche' anti-decadentista, aproveitando o momento econômico favorável, evitando assim uma manifestação de nostalgia e melancolia encenada, seja em alusão a algum mítico ‘heroísmo’ gaulês primevo, da finada França Equinocial (Pianzola, 1992; Daher, 2007; Mariz, 2007); seja pelo lusitanismo, ainda que recalcitrante (Lacroix, 2002). Debalde, é certo que a tão propalada campanha de desmistificação da mentira191 do mito do 'pai' fundador francês cai num equívoco semântico igualmente agudo e grave, ao confundir apressadamente o 189

Lembramos que só a partir de 1902 que São Luís começou a festejar sua ‘suposta’ fundação gaulesa. Sobre a aludida ‘fundação’ lusitana, o professor Olavo Correia Lima na Revista do IHGM (N.16/1993) atribui a ‘fundação’ da cidade a Jerônimo de Albuquerque, no dia 27 de novembro de 1614; data de assinatura do armistício, marcando a derrota e expulsão dos ‘invasores’ franceses. Jerônimo de Albuquerque, pelo que consta nos documentos históricos, ao ser nomeado Capitão-Mor da Província, determinou que o Engenheiro-Mor do Reino Francisco Frias de Mesquita providenciasse o desenho uma planta da cidade de São Luís (nome curiosamente mantido), começando pelo primitivo pólo francês (atual Avenida Pedro II), e seguindo pelo Largo do Carmo – com ruas estreitas e quadras ortogonais regulares – em direção aos bairros do Desterro, Madre Deus e outros. 191 A origem da suposta ‘mentira histórica’ tem a seguinte versão: Durante três séculos, de 1612 a 1912, nenhum historiador havia considerado a cidade de São Luís como uma cidade fundada por gauleses. A mentira histórica teria começado com o fundador da Academia Maranhense de Letras, José Ribeiro do Amaral, no texto intitulado “Fundação do Maranhão” publicado em 1912. Além dele Domingos Ribeiro, no seu discurso na abertura da exposição em comemoração aos 300 anos, também alega e defende veementemente a pretensa ‘fundação’ de São Luís pelos franceses. 190


significado do termo mito, com a noção de ideologia; reduzido também ao sentido de ilusão, engodo e falsa consciência. Como já adiantou Roland Barthes (1972), o mito é uma fala histórica, que merece ser analisado através de uma hermenêutica semiológica apurada e laboriosa. E como tem defendido uma Antropologia Simbólica renascida, os mitos nos remetem as narrativas de origem e de fundação dos sistemas simbólicos e culturais (Lévi-Strauss, 1975). Confundir e reduzir a palavra mito, a um sentido comum, ou do léxico, confundido negativamente com fábula, imaginação, ou quimera, é perder de vista um vasto continente de significados profundos da vida humana (Eliade, 1998). Nossa tarefa, ao contrário, deve ser interpretar os tais mitos, decifrar seus significados, sua linguagem cifrada, seus deslocamentos, para além da batalha iluminista e cartesiana da defesa intransigente de uma verdade positivista (e historiográfica). Estamos aqui atingindo a dimensão do sagrado, do laço social entendido a partir de uma perspectiva durkheimiana; na direção de uma análise das metamorfoses do sentido do sagrado nas liturgias políticas contemporâneas (Riviére, 1989; Isambert, 1992). Não se trata então de determinar em que consiste ou não o ato, ou rito, fundador de equipamentos como feitorias, colônias, cidades, vilas, aldeias, bairros, etc. Para além de nos flagelarmos com acusações de mitomania – reificando ou definitivamente se emaranharando na malfadada mitologia da 'terra das mentiras' – é mais interessante ativar a nossa imaginação sociológica e, de fato, enfrentar o desafio da interpretação histórica e mítica desses fenômenos culturais em foco. Não se espera que o quarto centenário do núcleo urbano original da cidade de São Luís seja comemorado de um ponto de vista passadista; parece que se ergue a aposta numa ação prospectiva, de aprender com o passado para construir o futuro; em termos de uma reflexão sobre como aperfeiçoar, melhorar e transformar a realidade adversa. Talvez seja positivo aproveitar a difusão de uma mentalidade em que comemorar o quarto século da cidade seja tanto mais interessante quanto nos preocuparmos em realizar um quinto século melhor do que os anteriores; algo que parece emergir no imaginário social local, quando se escuta as críticas e recusas expressas de diversas formas pela mídia e no cotidiano. Em outras palavras deveria ser uma boa oportunidade de se pensar qual é o ‘futuro’ do ‘passado’ da cidade e de realimentar o imaginário democrático combalido e estropiado, promovendo a participação de todos nesse evento inexorável. O certo é que se tem deixado nas mãos dos tecnocratas, especialistas marqueteiros e dos políticos de plantão, a organização e a gestão dessas comemorações espetacularizadas; entregando a esses personagens a oportunidade se perpetuar para sempre na memória da cidade. Esse cuidado a cidadania ludovicense parece reivindicar, resistindo a captura de sentido autoritária e imprimindo um novo significado ao acontecimento político e social que se anuncia, em data já marcada. DIMENSÕES DAS COMEMORAÇÕES Há um consenso difundido na cidade que as comemorações do seu quarto centenário têm de estar à altura da importância dos acontecimentos que evocam e celebram. Todos admitem que as comemorações não podem ser um exercício fútil, oportunista, ocasional, nem displicente. Deve ter visibilidade geral e o maior impacto possível.


Antes de mais, importa identificar os temas ou conteúdos das comemorações nas suas dimensões essenciais (comemorar o quê?). De fato, elas não se limitam a evocação e a celebração do 8 de setembro de 1612192, antes abarcam todos os aspectos relevantes dessa herança histórica, desde as origens à atualidade; envolvendo os diferentes segmentos étnicos, culturais e sociais. Enunciam-se ainda as formas de exteriorização das comemorações nas suas diversas vertentes (comemorar como?). Na verdade, as comemorações não se limitariam a cerimônias oficiais mais ou menos grandiosas, antes se manifestam também em ações de estudo e investigação, em iniciativas culturais e em atividades educativas, sem esquecer a vertente comunicacional e a dimensão festiva, sem as quais as comemorações do Quarto Centenário estariam condenadas a um exercício sem visibilidade ou destaque193. Além disso, parece cristalizar-se a ideia de que as comemorações históricas do quarto centenário da cidade deveriam ficar marcadas pelo enriquecimento do patrimônio local, regional e nacional; quer do patrimônio científico e artístico, quer especialmente do patrimônio cultural e arquitetônico, através da criação de novas instituições culturais e ambientais194 ou de obras arquitetônicas de relevo, deixando uma marca visível do quarto centenário na paisagem da cidade, comunicando-se com o futuro da urbe195. Quanto aos seus destinatários, as comemorações, celebrações e festejos não pretendem envolver apenas os protagonistas políticos e as elites sociais e culturais. Pois, como se pode apreender das falas e discursos de agentes públicos e do cidadão comum, considera-se que – sem prejuízo das suas componentes científica, acadêmica e erudita –, os ritos comemorativos deveriam ser uma manifestação essencialmente popular, com ampla participação social. O quarto centenário de São Luís parece catalizar diferentes camadas sociasi econômicas da cidade, tornando-se um fator multiplicador de novos processos de identificação cultural e coletiva e de formulação de novas idéias para o futuro das instituições locais, estaduais e do País. Apesar das contradições e adversidades expressas em diferentes momentos, observa-se de forma latente, um desejo de que não se perca essa oportunidade. Todavia, tal latência parece ser obstacularizada por uma inércia residual poderosa196. Aguardemos os desdobramentos desse processo com 192

Os franceses no dia 08 de setembro de 1612 foi um ato religioso, com celebração de missa católica, com procissão, colocação e adoração de uma cruz, cataquese de indígenas, sob o som de cânticos sacros. Pelo que temos consagrado pela historiografia, não se tratou propriamente de um ato político, nem de ‘fundação’ de uma cidade, e o suposto fundador La Ravardière tampouco teria participado do ato, por ser protestante. 193 Em futuro artigo, em que vamos apresentar novos desdobramentos da pesquisa, apontaremos para a distinção sociológica entre dois modelos comemorativos concorrentes. De um lado o modelo que se realiza nas sociedades centrais do capitalismo industrial avançado, no qual encontramos formas comemorativas racionalizadoras, com investimentos em infra-estrutura e melhoramento das condições reais de existência; de outro lado, o modelo que encontramos em São Luís, no qual o esquema festivo se dá pela permanência e continuidade da estrutura e ideologia colonial, expressa de modo exemplar no Triunfo Eucarístico de 1733, em Vila Rica; modelo hegemônico de festividade barroca (Pizarro, 1993). 194 Tais como os famosos Parque do Ibirapuera de São Paulo, inaugurado nos 400 anos da capital paulista; e o Parque do Aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro. 195 Todavia de concreto temos a notícia de que, - além dos milhões de reais que serão gastos com a Via Expressa, ligando dois Shopping Centers da cidade -, foram entregues para a Escola de Samba BeijaFlor de Nilópolis, do Estado do Rio de Janeiro, 8 (oito) milhões de reais para o desfile de 2012, que terá como tema os 400 anos de São Luís. 196 Cabe destacar que em 31 de outubro de 2011, em um Painel convocado pela Câmara Municipal de São Luís, foi colocado pelas autoridades participantes que a politicagem entre os três poderes federativos, acabou por inviabilizar a realização dos projetos de infra-estrutura e socioculturais previstos, restando apenas a realização dos festejos comemorativos. Tal aspecto será analisado em artigo posterior em que


serenidade, até porque não há motivo para farfúncia, ou farfalhice, já que a festa se anuncia para o ano que vem. Referências BALANDIER, Georges. El poder en escenas. Barcelona: Piados Studio, 1994. BARTHES, Roland. Mitologias. São Paulo: DIFEL, 1972 BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas. São Paulo: Edusp, 2003 CAZENEUVE, Jean. Sociologia do rito. Porto: Rés, S/D. CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Ed. da Fundação Perseu Abramo, 2001. CORRÊA, Alexandre Fernandes. Patrimônios bioculturais: ensaios de antropologia do patrimônio cultural e da memória social. São Luís: Núcleo de Humanidades/EDUFMA, 2008. ___. Teatro das Memórias II: Os Ritos Comemorativos na Atualidade: As dinâmicas socioculturais das liturgias políticas dos 400 anos de fundação histórica da cidade de São Luís. Projeto de Pesquisa no Departamento de Sociologia e Antropologia – Programa de Pós-Graduação Cultura e Sociedade. UFMA/São Luís, 2011. DAHER, Andrea. O Brasil francês: As singularidades da França Equinocial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. DAMATTA, Roberto. Ensaios de Antropologia Estrutural. 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1975. ___. Carnavais, Malandros e Heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979. DEBORD, Guy. A Sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. DURKHEIM, Emile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 1989 ___. Durhheim. São Paulo: Ática, 1995 DUVIGNAUD, Jean. Festas e civilizações. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1983. ELIADE, Mircea. Tratado da história das religiões. 2ª ed. São Paulo. Martins Fontes, 1998. GLUCKMAN, Max. Essays on the ritual of social relations. Manchester University Press, 1962. GOFFMAN, Erving. La mise en scène de la vie quotidienne. Paris: Minuit, 1973. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Edição Comemorativa. São Paulo: Companhia das Letras, 2006 ISAMBERT, François-André. Le sens du sacré. Paris: Minuit, 1982. JEUDY, Henri-Pierre. Memórias do social. Rio de Janeiro: Forense. 1990. ___. A sociedade Transbordante. Lisboa: Século XXI, 1995. ___. Espelho das cidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra. 2005. LACROIX, Maria de Lourdes Lauande. A Fundação Francesa de São Luís e seus mitos. 2. ed. rev. e ampl. São Luís: LITHOGRAF, 2002.

distinguiremos os dois modelos comemorativos concorrentes: a) Esquema Organizativo; b) Esquema Festivo.


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COMUNICAÇÃO ORAL

LUZES DA MODERNIDADE: Aspectos da história da Iluminação pública e privada de São Luís e Alcântara

DANIEL RINCON CAIRES Por que uma história da iluminação? Diante de tantas opções de análise oferecidas pelas técnicas da história, pode parecer um capricho escolher como tema de estudo a trajetória da iluminação pública e privada. Pior que isso, pode parecer uma volta àquela história que se propunha celebrar a “evolução” e o “progresso” da sociedade, uma história útil aos poderes instituídos por colocá-los como promotores de um processo positivo, líderes de uma marcha para um futuro brilhante e sem problemas. Esta análise busca se justificar inscrevendo-se naquilo que vem sendo chamado de “alargamento” do campo da história, movimento que não cessou de acontecer ao longo de todo o século XX, e que permanece ativo neste início de século XXI. Não é preciso reafirmar a libertação conquistada pelos esforços de historiadores de diversas vertentes que pugnaram para emancipar a história dos temas políticos e elitistas a que se havia prendido no século XIX. Nem cabe aqui retomar as discussões que eletrizaram a disciplina nas décadas de 1960 e 1970, que contrapuseram uma história “engajada” àquela acusada de ser esmigalhada e incapaz de mobilizar para a transformação social. Sem entrar no mérito destas questões, espera-se demonstrar, pela exposição dos resultados, que o olhar sobre as formas materiais, técnicas e econômicas empregadas pelos nossos predecessores para lidar com um dado problema – a invariável presença da noite – pode revelar mais do que simples dados positivos. A partir da observação das informações contidas nos relatórios, falas, mensagens e discursos dos Presidentes da Província (e depois governadores do Estado) do Maranhão, têm-se um panorama que privilegia aspectos políticos e econômicos. Partindo dessa perspectiva “oficial”, é possível acompanhar a trajetória acidentada da penetração do capitalismo industrial na região, que se mostra principalmente na dependência de técnicas, equipamentos, combustíveis e capitais estrangeiros, e na orientação majoritária das forças produtivas maranhenses para o mercado externo. Outros tipos de documentos oferecem diferentes perspectivas sobre o processo, a partir do cotidiano e da vida privada. É o caso dos inventários e testamentos, que apontam as lentas transformações na cultura material que amparava as existências, mapeando a introdução socialmente matizada dos novos


padrões. Relatos orais dão conta das sensações, das estratégias ocultas, das transações operadas no plano da vida cotidiana que agem sob as grandes linhas da sociedade, subvertendo, negando ou reforçando as tendências, ao sabor dos micro-interesses espalhados pelo corpo social. É possível ver a chegada da “modernidade”. O aparecimento de novas condições técnicas corresponde à ascensão de novas sensibilidades, uma outra economia dos espaços e uma diferente relação entre corpos e ambientes. É sobre essas novas sensibilidades que o Estado busca reajustar sua legitimação, assumindo o papel de promotor dos valores emergentes, colocando-se como defensor dos novos padrões, agindo para materializar as novas posturas e demandas. A ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM SÃO LUÍS (c. 1825 – c. 1925) A era dos lampiões a óleo No Rio de Janeiro, em Paris e outras grandes cidades, a iluminação dos ambientes externos fora feita, antes que o Estado tomasse conta do serviço, por particulares. Prédios eclesiásticos, edifícios pertencentes aos órgãos de administração, quartéis e residências nobres eram guarnecidos por lanternas custeadas e mantidas pelos próprios dignitários, num esforço privado e difuso para iluminar o espaço público (FERREIRA, 2009, p. 5). A baixa luminosidade produzida por estes aparelhos, a irregularidade de sua distribuição pelo espaço e a grande distância entre os pontos de luz proporcionavam uma iluminação débil, quase inútil, que servia mais como símbolo de nobreza e poder que como instrumentos utilitários do espaço urbano. É provável que o mesmo tenha ocorrido em São Luís, apesar de não terem sido encontrados documentos que relatem objetivamente a iluminação de espaços externos por particulares. Entre 1825197 e 1848, a iluminação pública de São Luís foi feita por lampiões abastecidos com óleo198. Tal sistema era alvo recorrente de críticas dos habitantes e dirigentes políticos em São Luís. Uma das reclamações era a quantidade insuficiente de lampiões, que aparece, por exemplo, no relatório de Figueira de Mello, de 1843: [...] ainda me parece muito limitada a illuminação d’esta Cidade, pois que ruas inteiras ou carecem desse benefício, ou são mal esclarecidas pela distância dos lampiões; e fôra injustiça grave conserval-as neste estado, achando-se ellas dentro dos limites marcados para o lançamento da decima urbana, principalmente tendo a Cidade crescido depois da resolução de 6 de julho de 1832, que já então mandava augmentar essa illuminação com mais cem lampiões, e que assim attendereis á commodidade dos habitantes, e á Policia que tanto ganha com essa providência” (“Relatório...” de Jerônimo Martiniano Figueira de Mello, 3 de maio de 1843, p. 19-20)

197

Segundo César Marques, a iluminação pública de São Luís foi instituída pelo presidente Manoel Teles da Silva Lobo naquele ano de 1825 (MARQUES, 2008, p. 624). 198 O lampião a óleo não era exclusividade do Maranhão, tendo sido empregado na maioria das cidades Ocidentais nos primeiros sistemas de iluminação pública. Em Paris, fora adotado em 1789 (ROCHE, 2000, p. 164), e em Nova Iorque, no ano de 1762 (FRÓES DA SILVA, 2006, p. 9). No Rio de Janeiro, os primeiros 100 lampiões a óleo custeados pelos poder público foram instalados em 1794 (FERREIRA, 2009, p. 7). O sistema de iluminação carioca era subsidiado por contribuições enviadas pelas Províncias, arrecadadas na forma de impostos. Antonio Bernardino Pereira do Lago mostrou indignação com esta cobrança, já que a Província do Maranhão, mantenedora da iluminação do Rio, não gozava do mesmo benefício (LAGO, 2001, p. 50). Somente em 1827 tais impostos deixariam de ser recolhidos, sendo revertidos para custeio da iluminação das Províncias (MARQUES, 2008, p. 624).


O político arrolava, como uma das justificativas para o aumento no número de pontos de luz, a segurança dos habitantes. A função policial da iluminação pública era notória desde seus primórdios: a busca por tornar mais seguro o espaço urbano animou os esforços de instalação e expansão dos sistemas de iluminação. Prova disso é que pertencia ao chefe de polícia da capital a responsabilidade de organizar a fiscalização do serviço, aplicando multas caso o contratador negligenciasse suas obrigações199. O problema da quantidade de lampiões era ponto polêmico. Concernia ao estado determinar, de acordo com suas possibilidades financeiras, o número de equipamentos que deveria o contratante colocar e manter. Mais lampiões significavam mais custos. Os Presidentes de Província que se sucederam ao longo do século XIX voltavam sempre a este ponto, reclamando, suplicando, sugerindo, aconselhando, condenando a escassez de lampiões – e depois de combustores - na cidade de São Luis, mas sempre, por outro lado, justificando a falta pelo estado lamentável dos cofres públicos. Além da escassez de lampiões, a manutenção incorreta provocava transtornos à população. A queima do óleo produzia uma fuligem escura que se acumulava nas vidraças dos equipamentos, impedindo que a luz se propagasse: A [iluminação] da Capital, bem que a corrigisse no contracto, difícil tem sido melhoral-a na execução: os lampiões nem tinham acceio, nem quasi luz, como só existissem para gravar o nosso Thezouro, e dar público manifesto do máo surtir de nossas melhores coisas. Depois de reiteradas, e desattendidas recommendações, a que por derradeiro dirigi no decidido propósito de empregar o meio extremo que ocorria ao Governo para acabar com tal difficuldade, produzio algum melhoramento: o accendimento é mais regular, e as luzes pela limpeza e claridade já não causam a mesma impressão desagradável aos habitantes da Capital, e aos estranhos que a visitam. (“Relatório...” de Joaquim Franco de Sá, 3 de maio de 1847, p. 13) Franco de Sá demonstra que a preocupação com o asseio dos lampiões extrapolava os motivos práticos. A aparência do sistema de iluminação era tão importante quanto sua eficiência, já que, além de iluminar, desejava-se transmitir uma “boa impressão” aos habitantes e visitantes da Capital. No combate entre os interesses do poder público, que se fazia mensageiro dos cidadãos, e os do contratador, que buscava extrair o maior lucro possível do acordo que fizera com o estado, resultavam situações como a relatada abaixo, onde além da manutenção incorreta dos aparelhos detecta-se o expediente ardiloso da sonegação de óleo, o que fazia com que as luzes se apagassem antes da hora: O serviço de illuminação desta Capital se acha contractado, e não bem desempenhado, porque vê-se muitas luzes apagadas, ainda sem ser em alta noite, e bem assim pouco aceio nos lampiões, o que é divido sem dúvida a má direção dos trabalhos (“Fala...” de Antônio Joaquim Alvares do Amaral, 28 de julho de 1848, p. 49) No geral, a iluminação a óleo era insatisfatória, sendo criticada seguidamente nos relatórios de presidentes de Província, ano após ano. Todos concordariam com o parecer do presidente Figueiredo Camargo, que em 1838 afirmou que “o mau estado da iluminação desta Cidade é bem sensível” (“Discurso...” de Vicente Thomaz Pires de Figueiredo Camargo, 3 de maio de 1838, p. 34). Tais críticas, evidentemente, devem ser vistas como “alfinetadas” dirigidas aos antecessores, em muitos casos adversários 199

“[...] ao Chefe de Policia da Provincia está incumbida a inspeção da illuminação, e a imposição das multas, em que o arrematante possa incorrer por sua incúria e deleixo (sic).” (“Relatório...” de Jerônimo Martiniano Figueira de Mello, 3 de maio de 1843, p. 19.


políticos. Dessa forma, desqualificar o trabalho das administrações passadas era praxe. Mas havia também uma nota de censura à penúria e às limitações da iluminação gerada pelos lampiões a óleo. Ainda assim, tratava-se de um empreendimento complexo, que demandava uma grande quantidade de recursos técnicos e materiais para se realizar, e que exigia uma estrutura administrativa organizada para se manter. Para sustentá-lo, era necessário lançar mão de uma série de elementos, simultaneamente: especialistas em metal e vidro que fabricassem os lampiões e suportes, cordoeiros para sua suspensão, sem contar as necessidades de combustível (velas de sebo e de resinas vegetais, óleos vegetais ou de baleia, cera de abelhas), em suma, “vários processos técnicos e encaminhamentos comerciais, de produção rural até o consumo geral” (ROCHE, 2000, p.155)200. O tão desprezado sistema de iluminação a óleo sofreu melhorias ao longo do tempo, em São Luís, através da instalação de novos tipos de lampiões e da expansão no número de pontos de luz201. Em 1841, por exemplo, ao renovar o contrato por mais dois anos com o governo, o empresário Bernardo Paes de Vasconcelos propôs encomendar da Europa 120 lampiões feitos de cobre, “com bombas de latão e revérberos differentes”202, para substituir os que se usavam então, que se encontravam em “ruinoso estado”. Pelo acordo, os novos lampiões se tornariam propriedade do governo quando findasse o contrato (“Discurso...” de João Antônio de Miranda, 3 de julho de 1841, p. 71). Até o fim de dezembro de 1842, Vasconcelos mandara instalar 155 desses novos lampiões de cobre na cidade de São Luís (“Relatório...” de Jerônimo Martiniano Figueira de Mello, 3 de maio de 1843, p. 19). Por conta da necessidade de manutenção e manuseio diários, as lanternas e lampiões a óleo não foram incorporadas a postes, mas a braços móveis sustentados por mãos-francesas. A era do “gás líquido” Além do benefício trazido pelos novos equipamentos, houve tentativa de melhorar o sistema de iluminação de São Luís fazendo-se a substituição do combustível. Em sua fala à Assembléia Legislativa Provincial, de 14 de outubro de 1849, o presidente Herculano Ferreira Penna informou que havia tomado providências para substituir o óleo pelo “gás líquido”: [...] celebrei com Bernado Paes de Vasconcelos um contracto, pelo qual se obrigou elle a fazer collocar n’esta Capital á sua custa e nos lugares designados pelo Governo Provincial 156 lampiões proprios para a illuminação de gaz liquido [...]. O tal “gás” era, na verdade, uma mistura de álcool e terebintina. O contratado, antes mesmo que a Assembléia aprovasse a negociação, foi até o Rio de Janeiro “com o intento não só de trazer os novos lampeões, mas também de providenciar sobre o fornecimento do gaz” (“Fala...” de Herculano Ferreira Penna, de 14 de outubro de 1849, 200

No caso do Maranhão, a dependência de tecnologia externa foi grande, desde os lampiões a óleo, combustores, encanamentos e maquinismos do sistema a gás, geradores e fios na época da energia elétrica, que foram importados em diversas etapas, da Europa ou de outras partes do Brasil, até os combustíveis, que, desde o período da iluminação a gás, eram produto de importações. 201 Londres possuía, em 1823, 40 mil lâmpadas a gás (SOUZA, 2004, p. 5); a cidade do Rio de Janeiro tinha, no auge do sistema de iluminação a gás, alcançado em 1912, 22.440 combustores (FERREIRA, 2009, p. 35). São Luís possuía, no auge do sistema de iluminação a gás (1904), 678 combustores. 202 Os lampiões de revérberos surgiram em 1763, invenção vencedora de concurso promovido pela Academia de Ciências de Paris. Possuíam lâminas de vidro colocadas num ângulo que direcionava a luz com maior eficiência, tendo sido adotados universalmente (ROCHE, 2000, p. 165).


p. 56). A Assembléia aprovaria o contrato, mas Vasconcelos encontraria dificuldades para obter o combustível: O arremantante já tem promptos os lampiões, faltando somente algumas peças, que mandou vir de Inglaterra, e devem chegar brevemente. Quanto ao gaz, não podendo ter lugar o fornecimento da Praça do Rio de Janeiro em consequencia dos riscos do transporte, e falta de frequentes communicações directas para este Porto, além de outros inconvenientes, participou-me o arrematante que contractara o fornecimento com o Cidadão Torquato Coelho de Souza, Sr. de Engenho estabelecido em Guimarães. Consta-me que este cidadão já tem tudo disposto para começar a fabricação. (“Fala...” de Honório Pereira de Azevedo Coutinho, 7 de setembro de 1850, p. 61) Houve um teste para avaliar o combustível fornecido pelo cidadão Torquato: acendeu-se dois lampiões, um com gás local, outro com gás de Pernambuco: “ambos derão boa luz, e não me pareceo haver differença entre um e outro gaz”. (“Fala...” de Honório Pereira de Azevedo Coutinho, 7 de setembro de 1850, p. 61). Com quase tudo acertado, deram prazo de um ano para que Bernardo começasse a iluminar com o novo sistema a Capital do Maranhão, que deveria estrear em 22 de dezembro de 1851. No entanto, o cidadão Torquato falhou em fornecer o combustível, e Bernardo pediu adiamentos sucessivos do prazo de início do novo sistema de iluminação. A iluminação a gás líquido seria inconstante nos seus primórdios, e só começaria de fato no final de 1854. Ela só ganharia regularidade quando seu combustível passasse a ser produzido na própria capital203. Aluísio de Azevedo deixou um testemunho literário sobre o sistema de iluminação a gás líquido ludovicense no seu romance de estréia, “O Mulato” (1881), ambientado quase todo na Capital do Maranhão. Para tentar se lembrar da São Luís de sua infância, o protagonista Raimundo, alter ego do escritor, afastado ainda pequeno da Província, se amparava em desagradáveis reminiscências olfativas: [...] dentre tudo, do que melhor ele se recordava era dos lampiões com que iluminavam a cidade. Ainda lá não havia gás, nem querosene; ao bater d’Ave-Marias vinha o acendedor, desatava a corrente do lampião, descia-o, abria-o, despejava-lhe dentro aguarrás misturada com álcool, acendia-lhe o pavio, guindava-o novamente para o seu lugar, e seguia adiante. “E que mau cheiro em todas as esquinas em que havia iluminação!... Oh! a não ser que estivesse muito transformada a sua província devia ser simplesmente horrível!” (AZEVEDO, 1970, p. 80) A iluminação a gás líquido, que durou pouco mais de 10 anos em São Luís, prescindia de combustíveis importados, sendo perfeitamente alimentada pela produção local de derivados de cana-de-açúcar. A despeito das queixas de Aluízio de Azevedo, representava uma economia considerável aos cofres públicos. A era da iluminação a gás: contratadores e companhias

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No relatório de abril de 1858 há informações sobre “indústrias fabris” da Província, onde se acusa a existência de fábrica voltada para a produção do combustível. Fala-se de “[...] quatro distilações de agoardente, dedicando-se uma d’ellas exclusivamente a distillação do gáz liquido empregado na illuminação desta cidade”. (“Relatório...” de Francisco Xavier Paes Barreto, 13 de abril de 1858, p. 16)


Após uma tentativa frustrada de criar um sistema de iluminação a gás em São Luís em 1858204, o governo provincial finalmente conseguiu consubstanciar o desejo de o instituir em 1861, firmando contrato, em 19 de março daquele ano, com os empreiteiros norte-americanos Marcus Williams e Silvestre S. Battin. A capital do Maranhão, naquela altura “uma cidade de trinta mil almas e três mil fogos”, teria toda sua mancha urbana iluminada pelo novo sistema. O contrato demonstrava as áreas a serem contempladas: “A Este as Ruas dos Remédios e Passeio, ao Sul a Rua da Misericórdia, ao poente e ao Norte Mar. Dentro deste perímetro, salvo os becos e logares a norte sul, onde actualmente não há lampiões públicos, nem existem prédios particulares que pareção reclamar illuminação a gaz, se procederá a canalisação deste e a collocação de duzentos combustores, distribuídos segundo se convencionar depois, ou for pelo Governo determinado.” (“Ação Arbitral...”, 1864, p. 27) O novo sistema de iluminação proporcionaria inúmeras alterações na paisagem da cidade. Postes seriam incorporados ao cenário, substituindo os velhos lampiões a óleo. O contrato determinava que os combustores fossem “[...] colocados em colunas de ferro fixas sobre os passeios das ruas, ou sobre as paredes dos edifícios, conforme a capacidade do lugar em que tiverem de ser estabelecidos”. (“Ação Arbitral...” 1863, p. 27-28). Não seria fácil, no entanto, convencer alguns proprietários a permitir a introdução dos encanamentos nas paredes de suas casas. Segundo o laudo de um técnico responsável pela fiscalização das obras, “os donos dos prédio não consentirão que os canos fossem introdusidos nas paredes das esquinas, das quaes algumas eram de cantaria” (“Ação Arbitral...”, 1864, p. 173). A introdução da iluminação a gás em São Luís demandou um certo grau de reestruturação urbana. Para ser levado a efeito, era necessário a introdução de uma rede de dutos no subsolo da cidade, ligada à fábrica produtora de gás, unidos num intrincado mecanismo que exigia mais habilidade administrativa e técnica que o prosaico sistema dos lampiões a óleo. Era necessário o emprego de um grande cabedal técnico na manutenção da fábrica, gerenciada por engenheiros. A iluminação a gás, obtida a partir da destilação do carvão mineral, exigia ainda a importação constante dessa matériaprima, bem como de mecanismos e peças de reposição. A chegada da iluminação a gás representava o início da era das companhias na iluminação pública de São Luís, marcando o fim de um longo período em que o serviço tinha ficado a cargo de empresários, contratadores e empreendedores particulares, que com o emprego de seu capital individual levavam a cabo a tarefa. A morte de Bernardo Paes de Vasconcelos, por volta de 1856, acelerou este processo. Ainda que se fizessem as últimas tentativas de continuar com a manutenção da iluminação pública por empresários particulares (por meio de acordo com a viúva de Bernardo), novas demandas técnicas e financeiras estavam acima da capacidade de cidadãos isolados, por mais ricos que fossem. Além disso, não se pode ignorar o irresistível apelo exercido pelo sistema das companhias anônimas, que nessa altura proliferavam mundialmente, prometendo lucros e realizações mirabolantes. O século XIX experimentou uma explosão no número de companhias. Esse modelo de negócios foi tão importante para o desenvolvimento do capitalismo que há 204

A primeira tentativa ocorreu por meio da Lei Provincial 498, onde o governo celebrava um contrato que acabaria não sendo cumprido - com os cidadãos associados Tenente Coronel Raimundo Brito Gomes de Souza (que também encabeçaria empresa para abastecer fontes da cidade com águas canalizadas do Rio Anil, igualmente fracassada) e o francês Julio Duchemin. Estes dois, mais tarde, seriam diretores da Companhia de Iluminação a Gás do Maranhão.


quem diga que é ela, a Companhia moderna, a responsável pelas enormes transformações dos últimos séculos, mais do que o vapor e a eletricidade. Foi na Inglaterra vitoriana que as companhias ganharam sua feição atual, reunindo as características que formam sua essência: passam a ser dotadas da mesma capacidade de realizar negócios que uma pessoa real, podem emitir quantas ações quiserem, para tantos investidores quanto desejarem e oferecem responsabilidade limitada aos investidores, tornando passível de perda apenas o dinheiro investido. A especulação que fatalmente se soma a esse sistema, bem como o risco permanente, para o governo e para a sociedade, de que a Companhia se torne poderosa demais, às vezes maior que a própria nação, são efeitos negativos inerentes. Os governos, que são os responsáveis por conferir e manter as prerrogativas que sustentam o funcionamento das Companhias, vêm estabelecendo um jogo pendular, ora recorrendo a sua espantosa capacidade de agregar capitais e recursos, ora as atacando para diminuir seus direitos e poderes. (MICKLETHWAIT et WOOLDRIDGE, 2003, passim). Na segunda metade do século XIX a febre das companhias atingiu seu ápice. Propostas fraudulentas, ingênuas ou fantasiosas de empreendimentos dos quais todos, mediante desembolso de capital, podiam se tornar sócios, apareceram em toda parte. Eram tempos em que “companhias eram fundadas para transportar a aurora boreal em oleodutos para a Praça de Santo Estevão e para obter vendas em massa de nossa cera para botas destinadas aos nativos das ilhas dos Mares do Sul” (HOBSBAWM, 2005, p. 76). Bolhas espaculativas provocaram as primeiras crises do nascente capitalismo mundial. No Brasil, a primeira grande experiência especulativa teria vez nos primeiros anos da República, no Encilhamento. Foi a era das companhias também no Maranhão. Diante de novas necessidades, que demandavam elevados capitais e recursos técnicos - como a criação de sistemas de iluminação a gás e de abastecimento de água para a capital, ou para a formação de um serviço regular de navegação a vapor - e para outras mais prosaicas - como uma fábrica de palitos de fósforo - buscou-se a solução na formação de Companhias Limitadas. É necessário refletir sobre os significados desta mudança: ela não se explica somente pela necessidade de capitais mais avultados, superando as capacidades individuais. Está ligada a movimentos do capitalismo mundial que transformaram as formas de fazer das sociedades. A ascensão das companhias representou um avanço do liberalismo, das forças de mercado, e um recuo do Estado. Tal movimento se reverteu nas primeiras décadas do século XX, quando o Estado voltou a crescer. Tais ciclos de retração e expansão do mercado permanecem, submetendo a economia mundial às consequências de negociações incertas e variáveis entre mercado e sociedade. No Maranhão, após início considerado promissor, figurando como empreendimentos lucrativos, as companhias passam aos poucos a sofrer com disputas judiciais, flutuações no câmbio (desvalorização da moeda nacional com a qual eram pagas e encarecimento das matérias-primas, adquiridas em moeda estrangeira) e, de acordo com a interpretação de alguns presidentes, padeciam sob más administrações e falta de regularidade dos seus negócios. Na mensagem de Torreão da Costa de 1899 aparece um balanço sobre a situação das Companhias maranhenses, que mostra as dificuldades enfrentadas: Lançando um olhar retrospectivo sobre o quadro das Companhias e Sociedades anonymas do Estado, vereis que são trinta e seis, com capitaes integradisados montante a Rs. 21.909:000$ e que nem todas distribuíram dividendo por perdurar as difficuldades economicas e suas acções são cotadas com reducção de mais de 50%, sem procura; outras menos felizes baquearam, sendo transferidas à associações collectivas. As diretorias das que, não direi prosperas, mas que com prudência, criterio e actividades


teem sabido manter-se resistindo aos azares e pressão do câmbio alimentam as esperanças de seus beneméritos fundadores de em prazo breve annunciar-lhes victoria vendo seus titulos ao par e rendimentos relativos dos capitaes immobilisados. (“Mensagem...” de João Gualberto Torreão da Costa, 15 de fevereiro de 1899, anexos, p. 4) A análise do quadro estatístico oferecido no mesmo relatório mostra que, das 36 companhias do Maranhão, 12 estavam sem atividade, fechadas, ou haviam sido vendidas a particulares ou associações, e 19 delas não haviam distribuído dividendos no primeiro semestre de 1898; ou seja, apenas 5 funcionavam normalmente. (“Estatística das sociedades anonymas e capitaes immobilisados no Estado do Maranhão”, in: “Mensagem...” de João Gualberto Torreão da Costa, 15 de fevereiro de 1899, seção de “Anexos”). A era da iluminação elétrica No começo do século XX começam a aparecer os primeiros geradores de energia elétrica na cidade de São Luís. Equipamentos raros e pouco eficientes, serviam um pequeno número de unidades consumidoras. Eram, em geral, empreendimentos isolados. Em 1915, por exemplo, o prédio que abrigava o Corpo Militar da Capital passou a ser servido por energia elétrica. (Relatório de Raimundo Leoncio Rodrigues, responsável pela Secretaria de Justiça e Segurança, apresentado na seção “Anexos” da “Mensagem...” de Herculano Nina Parga ao Congresso, de 5 de fevereiro de 1915, p. 15). Isso se deu graças à instalação de uma pequena “usina” movida a óleo diesel, por ordem do próprio governo, que buscava diminuir os gastos com a iluminação dos prédios públicos. A capacidade de produção de energia elétrica por esse pequeno motor era superior à demanda dos edifícios do Estado; em pouco tempo, o excedente passou a ser comercializado aos vizinhos do gerador: Contractei então a montagem de uma pequena uzina electrica, a oleo bruto, com força sufficiente para a illuminação desejada, tendo dispendido até ao funccionamento, inclusive a instalação externa, a quantia de 29.660$000. Não podendo obter, de uma vez, material para ligar os fios até ao posto policial de S. João, e atendendo a solicitações de vários commerciantes, estabelecidos na rua de Nazareth, praça João Lisboa, e do Telegrapho Nacional, accedi em fornecer energia disponível à razão de 9$000 reis por cem velas, aos de menor tempo de consumo.[...] Que o serviço satisfaz a uma necessidade, provam-no os muitos pedidos para ligações domésticas.”(“Mensagem...” de Herculano Nina Parga, 5 de fevereiro de 1916, p. 14) As melhorias técnicas tornavam a tecnologia do gás obsoleta. O próprio governador descobriu uma demanda pela nova forma de energia. Mesmo assim, grande parte da população estava à margem do acesso à eletricidade. No intervalo entre 1915 e 1924, além da pequena usina estatal, houve um empreendimento pouco maior de fornecimento de energia elétrica, a cargo do Sindicato Inglês. Seus geradores abasteciam cerca de 680 residências, número muito aquém da demanda da Capital. (“Mensagem...” de Godofredo Mendes Viana, 5 de fevereiro de 1926, p. 4-6). Em 1924, o governo iniciou seus esforços estatizantes: o estado compra a Companhia de Água e Ferro-Carril, e “chama para si” os serviços de luz e tração da capital. Não será capaz, no entanto, de os administrar sozinho, dependendo de técnicas, dinheiro e acessórios estrangeiros. Contrai um empréstimo de 1,5 milhões de dólares com a Ulen & Company, num acordo onde a empresa se encarrega de instalar as benfeitorias. Na interpretação do historiador Sylvânio Aguiar Mendes, o governo do


estado decidira-se pelo negócio por motivos políticos: a precariedade dos serviços de utilidade pública em São Luís era tão patente que tornara a cidade o maior reduto da oposição, encarnada na figura de Marcelino Machado e seu “O Combate” (MENDES, 2005, p. 169). Sem contar os motivos “higiênicos” e o sentimento de inferioridade dos ludovicenses em relação aos habitantes de outras capitais, tão bem expressado por Godofredo Viana em sua mensagem de 1925: S. Luiz do Maranhão não tinha luz, não tinha bondes, não tinha esgotos e era, até então, abastecida de uma água causadora de males incalculáveis, não sendo o menor delles a febre typhica. Esse estado de cousas não podia evidentemente se prolongar. Os reclamos da população, humilhada nos seus brios, devastada na sua saúde, desamparada no seu conforto e tolhida nos seus anceios de progresso, nos seus anhelos de um futuro melhor, não podiam e não deviam continuar a ser desattendidos. (“Mensagem...” de Godofredo Mendes Viana, 5 de fevereiro de 1925, p. 2) O contrato de 1924 com a Ulen dá início ao desenvolvimento de um sistema de geração de energia elétrica maciço, que refletirá na iluminação pública e privada. É importante notar, ainda, que a energia elétrica era solução para outras questões urbanas e industriais, além da iluminação. Sob o título de “força”, a energia gerada seria empregada no sistema de transporte público – os bondes elétricos – e como força motriz de máquinas industriais, sem contar a possibilidade que trazia para uso de eletrodomésticos no âmbito privado205. O contrato com a Ulen, no entanto, seria fonte de grandes problemas em pouco tempo. Rendas públicas do Estado foram dadas como garantia da transação milionária, e a empresa norte-americana conseguiu também assegurar privilégios na taxação do algodão maranhense. Nos anos seguintes, outros empréstimos foram efetuados para conclusão das obras e para o pagamento de indenizações às antigas Companhias detentoras dos direitos sobre os serviços encampados pelo Estado, aprofundando o endividamento público. O Maranhão estava amarrado a um acordo oneroso e prolongado, o que gerou uma insatisfação crescente entre a população. Um editorial do jornal carioca “O Globo” assinalava o estado de ânimo dos setores nacionalistas do Maranhão em relação à presença da Ulen, por ocasião da publicação de um relatório do interventor do Estado: [...] O Maranhão está preso aos contratos da Ulen Management Company, que administra os serviços de água, esgotos e prensas de algodão, contratos feitos para garantir um empréstimo de 1.750.000 dólares. Ora, o empréstimo transformou-se num polvo, que exaure todas as energias dos maranhenses, com os rigores de cláusulas leoninas e com a trama de exigências judaicas. Mais de um terço da receita pública desaparece no sorvedouro dos juros e amortizações periódicas. O interventor afirma: ‘Todas as bocas do Maranhão clamam contra a monstruosidade desses contratos, feitos, aliás, com todas as formalidades legais.’ Que fazer? Sem dúvida alguma, a situação é dificílima. (O Globo, Rio de Janeiro, 25/09/1933, in: JOFILLY, 1983, p. 23-24) O descontentamento popular explodiu em 1933, quando um crime comum – o assassinato de um diretor norte-americano da Ulen em São Luís por um funcionário inconformado com a demissão – ganhou ares simbólicos de luta contra a espoliação 205

Importante notar ainda que, neste período, energia elétrica (“luz”), água e viação começam a ser tratados como itens correlatos, como serviços públicos necessários dos quais dependia a cidade; sintoma disso é que figuram, até 1930, sempre na mesma seção das mensagens e relatórios dos governadores.


estrangeira (JOFFILY, 1983, passim). Apesar de toda a peleja dos maranhenses para se livrarem do contrato, a Ulen só deixou o Maranhão em 1946, quando o prazo legal expirou definitivamente. ILUMINAÇÃO PRIVADA EM SÃO LUÍS E ALCÂNTARA - Aspectos Gerais Os relatos fundadores do Maranhão, escritos pelos capuchinhos Claude d’Abbeville e Yves d’Evreux, mostram a importância do fogo em diversas instâncias da vida dos Tupinambá, desde aplicações práticas – função repelente de insetos, na defumação de carnes e fabrico da farinha, na limpeza do mato para estabelecimento das roças – até as mais elaboradas funções simbólicas e rituais – como o “fogo das bodas”, por ocasião dos casamentos, o uso da fumaça em cerimônias de cura, na cauinagem e nos ritos fúnebres, onde o fogo era oferecido ao morto juntamente com outros itens considerados necessários para o bom encaminhamento do espírito. De todo modo, a se considerar descrições mais recentes de costumes indígenas206, a noite era considerada território não-humano, seara de espíritos perigosos, interditada às pessoas, exceto aos pagés familiarizados com os entes sobrenaturais. Uma das primeiras referências ao uso de equipamentos de iluminação no Maranhão aparece na obra atribuída a Cristóvão de Lisboa, “História dos Animais e Árvores do Maranhão”, onde se comenta o uso da gordura dos peixes-bois como combustível para as lamparinas. O uso do fogo à noite, decerto para a iluminação, provocou um curioso mal entendido entre os moradores da cidade de São Luís e os da Vila de Santo Antônio de Alcântara, como se vê em um bando exarado pelo capitão-mor desta última, Henriques Lopes da Gama, a pedido do capitão-mor do Maranhão, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Reclamava Carvalho das correrias inúteis que haviam sido feitas em socorro dos Alcantarenses. Explicava ele que como muitas vezes nesta Villa [...] se fazem algumas senhas Com fogos de que lhe dão muito cuidado por lhe parecer que são apedir socorro, e seacha-se ser nada, epoder suceder pedirçe verdadeiramente, e parecem-lhe ser como as atrazadas, anão acodir com sua obrigação, faltarnos onecessario para a ocazião que Deos tal não permita avella, epara evitar semelhantes susto, e excessos daquella Cidade – Ordeno que qualquer pessoa de qualquer quantidade, e condição que sejão, não fassão, nem mande fazer de noute fogos nesta ditta Villa, nem em Praias, portos de pescadores, emparage que se veja da ditta Cidade [...] (“Registro de um Bando que o Cappitão Maior mandou Registrar” 26/12/1698, Cartório do Segundo Ofício de Alcântara) A pena fixada para os que desobedecessem a ordem era multa de vinte cruzados, caso o infrator fosse livre e nobre, e degredo para os pobres e desvalidos, especialmente os pescadores, que eram, segundo o mesmo bando, os mais acostumados a usar o fogo em praias e pescarias à vista da “cidade”. De qualquer maneira, a sensibilidade do colono exigia a iluminação noturna. De fato, ela era vista como ítem tão essencial à vida a ponto de se equiparar à farinha, este elemento tão central na nutrição colonial. É o que se depreende do testamento de João Theófilo de Barros, registrado em dezembro de 1751, na fazenda Iguarapiranga, jurisdição de Alcântara. Proprietário de terras, dono de um grande plantel de escravos e outros bens, ele fez mercê a uma sua tia, que residia em sua fazenda, a quem quis que se 206

Conforme RIBEIRO, 1986.


garantisse regularmente um suprimento de farinha e do óleo combustível para a iluminação: Declaro mais que achandose na d.ª minha Fazenda morando como hoje esta minha Tia [...] selhe dará a Farinha como sempre Costumey a dar lhe como Sempre p.ª o Seu Sustento, e o mesmo deixo de Seis Alqueires de carrapato p.ª Sua candeya sem fallencia algua’ Anualmente (MOTA et ali, 2001, p. 8081) Além do “azeite” de carrapato – que era também fonte do óleo de rícino, purgativo de uso ordinário na medicina colonial – é possível que os colonos dos primeiros tempos empregassem outros elementos combustíveis em suas candeias e velas. Sérgio Buarque de Holanda demonstrou o recurso à cera de abelhas como matéria-prima das velas na cidade de São Paulo do século XVII. Segundo este historiador, “cera e mel foram sempre, na América portuguesa, como na espanhola, produtos típicos das povoações nascentes ou situadas nas fronteiras de um mundo agreste, pois os índios não se cansavam de assolar e desbaratar as colméias onde as encontrassem.” (HOLANDA, 2008, p. 44). Num bando da Câmara da Vila de Santo Antônio de Alcântara, registrado em 18 de abril de 1699, aparecem entre os itens comercializados (além de farinha, carne fresca e salgada, queijos, aguardente e peixe seco), o mel (Bando publicado em 18/04/1699, Cartório do Segundo Ofício de Alcântara); não será exagero imaginar que a cera, subproduto da coleta do mel, fosse empregada na iluminação neste período, apesar da inexistência de referências diretas sobre isso. Da mesma forma, pode-se inferir que a gordura excedente dos bovinos abatidos para alimentar a população fosse empregada na confecção de velas, expediente usado em todo o Brasil colonial e imperial. Um outro bando, publicado em Alcântara em dezembro de 1698, determina aos que vendessem farinha e azeite que afilassem os instrumentos de medição, demonstrando a existência de um sistema de produção e distribuição deste produto já em fins do século XVII (Bando publicado em 06/12/1698, Cartório do Segundo Ofício de Alcântara). Nestes primeiros tempos, à precariedade e grosseria dos combustíveis se somava a escassez e a simplicidade dos instrumentos usados como suporte para a iluminação. Entre os oitenta testamentos transcritos na obra “Cripto Maranhenses e seu Legado” (MOTA et alii, 2001), que cobrem o período de 1699 a 1799, ou seja, praticamente todo o século XVIII, aparecem apenas 5 referências a objetos de iluminação. Os quatro primeiros referem-se a candeias, e o último, que aparece em 1768, faz referência a “[...] dois Candieyros, e hum novo, e outro ja uzado [...]” (MOTA et alii, 2001, p. 233). O pequeno número de registros demonstra a escassez destes objetos. Mesmo entre aqueles testadores que se sobressaem por uma quantidade relativamente grande de bens, aparecem poucos objetos de iluminação. O maior acervo individual estava em posse de Jozé Barboza de Albuquerque, em cujo testamento, datado de março de 1767, aparecem “[...] quatro candeas de cobre [...]” (MOTA et alii, 2001, p. 217). Pode ser que essa escassez de candeias nos testamentos se deva ao uso de outros tipos de equipamentos de iluminação, fabricados, quem sabe, de maneira artesanal e caseira, a partir de fibras vegetais, cerâmica ou outros materiais tão comuns que não justificassem sua inserção entre os bens do testador. De qualquer forma, não encontramos registros sobre qualquer outro tipo de dispositivo de iluminação, além das candeias, para este período e região. As candeias ou candeeiros eram utensílios oriundos da cultura moura africana207. Eram móveis, “podendo instalar-se em diferentes pontos do ambiente ou locomover-se com o usuário” (FERREIRA, 2010, p. 17). Tal mobilidade pode explicar, em parte, o 207

Há um exemplar de candeia exposto no Museu Cafua das Mercês, em São Luís.


reduzido número com que aparecem entre os objetos arrolados nos testamentos: alguns poucos objetos acompanhando os usuários eram suficientes. A pequenez das casas e o número reduzido de cômodos pode ser outro fator a diminuir a necessidade de instrumentos de iluminação. As candeias podiam ser alimentadas com diferentes tipos de óleo, de origem animal ou vegetal. Em geral, o tipo de combustível empregado variava de acordo com as posses materiais dos residentes: os mais abastados empregavam azeite de oliva, que produzia resíduos menos odorantes. Dada a abundância da mamona no Maranhão, é possível que o óleo extraído de suas sementes tenha sido o principal combustível por muito tempo. Encontra-se também nos documentos referência a outros tipos de óleo vegetal, como os de andiroba, de copaíba, de amendoim e gergelim. (“Relatório...” de Eduardo Olimpio Machado, 8 de maio de 1854, p. 35 – 36). Em 1858 faz-se referência à existência de “[...] 3 prensas hydraulicas para a fabricação de vellas stearinas e de carnaúba” em São Luís (“Relatório...” de Francisco Xavier Paes Barreto, 13 de abril de 1858, p. 16) A virada do século XIX trouxe modificações técnicas e econômicas que permitiram maior qualidade nos equipamentos e combustíveis empregados na iluminação de interiores. Do ponto de vista técnico, chama atenção a invenção dos lampiões e velas de espermacete, capazes de prover uma luminosidade mais forte e regular (FRÓES DA SILVA, 2006, p. 48). Melhorias na manufatura do vidro proporcionaram a introdução dos castiçais guarnecido por mangas, capazes de resistir aos ventos e manter uma chama mais regular e segura. Por outro lado, o ingresso do Maranhão no circuito comercial mundial e os recursos advindos das atividades agroexportadoras proporcionaram o acesso a instrumentos e tecnologias mais sofisticados e eficientes. O testamento da alcantarense Francisca Xavier de Jesus Viveiros, registrado em 1835, mostra a confluência da riqueza com a tecnologia: entre os bens que lista, aparecem “quatro castiçais de prata, com suas mangas de vidro” (“Testamento de Francisca Xavier de Jezuz Viveiros”, 04/07/1835, folha 6v). Neste período, o que vai diferenciar o nível social do portador, quanto à qualidade dos objetos de iluminação, é justamente o material de que são feitos: bronze e prata, caros, estavam reservados aos mais ricos; aqueles feitos com latão, estanho e cerâmica eram encontrados nos lares menos abastados (ROCHE, 2000, p. 66 -167). As candeias permaneceram em uso por todo o século XIX, mas apareciam ligadas, cada vez mais, à pobreza208. A chegada da iluminação a gás em São Luís, que se iniciou efetivamente no ano de 1863, provocou modificações não só nos espaços públicos, como também nos recônditos dos lares ludovicences (pelo menos daqueles bem situados no espaço – próximos aos dutos que levavam o gás até os postes – e economicamente – capazes de arcar com os custos do serviço). Os balanços da Companhia de Iluminação a Gás mostram uma adesão crescente das unidades domésticas aos seus serviços. Em 1865 haviam 293 casas particulares consumindo o gás da Companhia (“Relatório...” de Ambrózio Leitão da Cunha, 23/05/1865, p. 36); em 1902, eram 1202, sendo 847 térreas e 355 sobrados (“Mensagem...” de Alexandre Collares Moreira Júnior, 28/02/1904, anexos, nº 32). Já no ano de 1868 os rendimentos da Companhia com consumidores privados superava os ganhos com a iluminação pública: o balanço da empresa mostrou que a iluminação pública rendera 18:407$062 contra 18.697$080 dos estabelecimentos privados (“Relatório...” de Antônio Epaminondas de Mello, 05/05/1868, p. 21). 208

Jean-Baptiste Debret, na ilustração “Família Pobre em Casa”, mostra a permanência do uso da candeia no século XIX, ligando-o à pobreza. Na cena, o interior acanhado da residência de uma viúva desvalida é guarnecido por uns poucos toscos trastes, e da parede pende a candeia de ferro, única fonte de luz do cômodo. STRAUMANN, 2001, p. 33)


A iluminação a gás, que hoje pode parecer rudimentar e insuficiente, representou, no passado, uma verdadeira revolução tecnológica com implicações profundas sobre as formas de pensar e sentir, de se relacionar com os outros e com a natureza. Aluísio de Azevedo, em seu retrato da sociedade oitocentista maranhense desenhado em “O Mulato”, demonstrou a posição dos “inimigos da modernidade” a respeito da iluminação a gás, por meio das palavras de sua personagem Amância Sousellas209 Dantes os escravos tinham que fazer! Mal serviam a janta iam aprontar e acender os candeeiros, deitar-lhes novo azeite e colocá-los no seu lugar... E hoje? É só chegar o palitinho de fogo à bruxaria do bico de gás e... caia-se na pândega! Já não há tarefa! Já não há cativeiro! É por isso que eles andam tão descarados! Chicote! chicote, até dizer basta! que é do que eles precisam. Tivesse eu muitos, que lhes juro, pela bênção de minha madrinha, que lhes havia de tirar sangue do lombo! (AZEVEDO, 1970, p. 84) Este novo sistema de iluminação era fruto da Primeira Revolução Industrial, momento em que as atividades produtivas tornam-se dependentes da energia gerada a partir do carvão mineral. Marcado pela integração das mais distantes regiões do mundo à economia capitalista, ao desenvolvimento da indústria pesada e da constante intersecção entre produção e conhecimentos técnicos, esse modelo que tinha na Inglaterra seu epítome (HOBSBAWM, 2005, p. 67). A segunda onda de transformações trouxe, como subprodutos do desenvolvimento da indústria química, novos combustíveis que modificaram mais uma vez o perfil da iluminação de interiores. A parafina e o querosene, derivados do petróleo, ganharam cada vez mais espaço como fontes de iluminação doméstica, substituindo gradativamente os outros sistemas e perdurando até a chegada da energia elétrica, que iria se tornar hegemônica no século XX. A ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM ALCÂNTARA Documentos apresentados anteriormente permitem entrever a presença da iluminação artificial em Alcântara pelo menos desde o final do século XVII, seja no âmbito público – provocando o entrevero entre os habitantes de Alcântara e os de São Luís -, seja no espaço privado, aparecendo nos testamentos e inventários os instrumentos usados para iluminação artificial. Apareceram também referências aos combustíveis empregados na iluminação, comercializados nas “tendas” da vila ou deixados de herança a familiares próximos. Nenhum destes documentos, no entanto, aponta a existência de um sistema de iluminação regular dos espaços públicos alcantarenses antes de 1846. Na verdade, o que se apreende da leitura dos relatórios de Presidentes da Província é justamente o contrário: reclamações sobre a ausência deste serviço naquela cidade. Desde 1838, pelo menos, havia pedidos para que se concedesse o benefício da iluminação pública para a cidade de Alcântara. É o que indica o relatório do presidente de província daquele ano: Concedesteis á Cidade de Caxias o benefício da illuminação; quero supor que no mesmo cazo está a de Alcântara, para merecer de vós igual favor. (“Discurso...” de Vicente Thomaz Pires de Figueiredo Camargo, 03/05/1838, p. 34).

209

Segundo Fernando Góes, que prefaciou esta obra em edição de 1970, Azevedo se inspirou numa ludovicense de carne e osso, d. Ana Leger, para compor a personagem (GÓES apud AZEVEDO, 1970, p. 19)


Por uma improvável confluência de acontecimentos, os destinos da cidade de Caxias, violentamente chacoalhada pelos conflitos da Balaiada, teriam influência na instalação de iluminação pública em Alcântara. A cidade de Caxias, a única da província, além da Capital, a possuir iluminação pública naquela altura (cerca de 1839), era um dos mais pujantes polos econômicos do Maranhão. Domingos José Gonçalves de Magalhães descreveu a cidade de Caxias como “[...] o florescente empório do interior do Maranhão e Piauí, a mais rica e comercial cidade da província depois da capital [...]”. (MAGALHÃES, 2001, p. 35). Principal vítima dos sediciosos, sua estrutura urbana foi devastada pelas pelejas que ali se desenrolaram. O mesmo Gonçalves de Magalhães afirmou que os “bandidos” deixaram a cidade “completamente roubada e destruída” (MAGALHÃES, 2001, p. 55). Pelo que se apreende nos relatório de Presidentes de Província, a Balaiada provocou prejuízos no sistema de iluminação da Cidade de Caxias: A Cidade de Caxias conserva-se ás escuras desde Desembro do anno passado, por falta de numerário para a respectiva despeza. A Câmara não só pede a quantia necessária para o restabelecimento da illuminação, mas ainda a approvação do dispendio feito com similhante objecto desde a restauração da Cidade, instando para que se decretem mais cincoenta lampiões, que reputa de urgência. (“Discurso...” de João Antônio de Miranda, 03/07/1841, p. 72). Diante da necessidade de se reerguer a cidade destruída, aparecia a preocupação com a iluminação de seus espaços públicos, medida considerada urgente na restauração do domínio da lei e da ordem, que nos territórios da noite se valiam da luz para vigerem. Foram encomendados, junto ao governo de Pernambuco, 50 lampiões para a iluminação de Caxias. Ao mesmo tempo, os caxienses conseguiram recuperar 44 lampiões, dos que haviam anteriormente, e os instalaram na cidade (“Relatório...” de João Jozé de Moura Magalhães, 20/06/1844, p. 11). Diante dessa solução interna de Caxias, cujos habitantes conseguiram aprontar 44 ou 46 lampiões, o governo provincial sugeriu que não haveria mais necessidade de se enviar os 50 lampiões encomendados de Pernambuco para lá, concluíndo que seriam melhor empregados na ampliação da iluminação da Capital: Uma vez que a falta de lampiões, que existia em Caixas, já se acha remediada, julgo que aquelles que se apromptarão em Pernambuco podem ser empregados na illuminação d’esta Capital, se julgardes conveniente augmental-a. (“Relatório...” de João Jozé de Moura Magalhães, 20 de junho de 1844, p. 11) No final, ocorreu outra mudança de planos: em cumprimento de uma nova Lei Provincial, de número 201, a direção da província decidiu enviar para outras cidades e vilas os 46 lampiões restantes (4 haviam sido enviados para Caxias para completar o número de 50); foi assim que Alcântara conquistou seu primeiro sistema de iluminação pública210. Vinte lampiões foram enviados para aquela cidade. Problemas no transporte dos lampiões, no entanto, atrasaram em mais algum tempo a estréia dos novos equipamentos urbanos: A ditta Câmara de Alcantara acaba de representar que os lampiões que lhe foram mandados, em razão do máo acondicionamento, que tiverão em Pernambuco, se achão com 67 vidros quebrados, alem de enferrujados os arames, onde prendem o vazo destinado para o azeite, pedindo authorização, não só para mandar reparar estes estragos, como que se lhe 210

Além de Alcântara, foram beneficiadas com a iluminação pública pela mesma lei as vilas de Icatu, Itapucuru-mirim e Rosário.


proporcionem os meios de poder collocar os lampiões, e gosar dos benefícios da illuminação [...] (“Relatório...” de Angelo Carlos Moniz, 20/06/1846, p. 25). A iluminação pública de Alcântara foi administrada pelo sistema de contratadores. O primeiro a ser encarregado da manutenção do sistema foi José Alves de Oliveira que, por meio de acordo estabelecido em 27 de julho de 1847, passou a receber a quantia anual de 1:449$000 rs (um conto, quatrocentos e quarenta e nove mil réis) para cuidar dos 20 lampiões da cidade. A Câmara teve dificuldade em honrar seus compromissos, diante das constantes crises de arrecadação. Em 1855, não fosse a intervenção do Barão de São Bento, que arcou pessoalmente com o pagamento das dívidas vencidas, a cidade voltaria a ficar às escuras (ALMEIDA et alii, 2006, p. 20). O sistema de iluminação por lampiões permaneceu vigente em Alcântara por 105 anos, sendo substituído apenas o combustível que o alimentava. Nos anos 1930 ainda era parte da vida cotidiana da cidade a figura do acendedor de lampiões. Ricardo Leitão, entrevistado para a série “Memória de Velhos”, se lembrou de sua função de “fiscal de iluminação”, que desempenhava naquela década em Alcântara. Seu trabalho consistia em sair à noite pela cidade, [...] para ver se os lampiões estavam direito, porque naquela época levava até dez horas a luz [...] Naquele tempo [...] tinha os candeeiros, tinha o empregado que seis horas da tarde, ia botando querosene em todos os lampiões, botava uma medidazinha, essa medida durava até dez horas, de dez horas então desligava todos, isso todos dias botava. (MARANHÃO, 1997, p. 58) A energia elétrica só apareceria na cidade de Alcântara nos anos 1950, por meio da instalação de um gerador localizado na praça da Matriz. A iniciativa partiu do então prefeito municipal Marcial Ramalho Marques, que inaugurou a novidade em 8 de dezembro de 1951. (Livro de Atas da Câmara Municipal de Alcântara, volume 2 – 1951-1958 – ata do dia 31/01/1956, p. 85). O dispositivo, no entanto, funcionava apenas algumas horas por dia; além disso, sua manutenção era irregular e a máquina passava muitos meses sem funcionar. Os alcantarenses mais velhos se lembram ainda desse tempo em que a energia elétrica na cidade era rara e incerta. Antônio do Livramento Boais Tavares, artesão da Festa do Divino, destacou a irregularidade do fornecimento, ligando-a às reviravoltas políticas que assomavam de tempos em tempos: Teve um bom tempo, na minha infância, que não tinha luz, porque dependia muito dos prefeitos, né, um se interessava, outro não. Quando eu me entendi tinha luz, depois passou um tempão sem ter, depois voltou a ter de novo, que foi o tempo que João Leitão assumiu a prefeitura, né, o governador era (pausa) deixa eu ver se eu lembro o nome dele, chamavam ele de “Cara de Onça” (pausa), esqueci... Nilton Belo! Era o governador e doou para Alcântara um motor a diesel, né, que eles fizeram a usina e funcionava assim. [O fornecimento de energia] era só de seis horas até dez horas. (Antônio do Livramento Boais Tavares. Entrevista realizada em 04/02/2011) Marlene Silva, caixeira-mor da Festa do Divino, se lembrou do tempo em que o festejo era realizado à luz da lua, sem o amparo da energia elétrica, quando “[...] a festa não tinha energia, era com farol, os balão assim com vela, com a lua, a coisa mais incrível, mais bonita até, que o povo achava” (Marlene Silva. Entrevista realizada em 01/02/2011). A chegada da nova fonte de energia, aliás, não provocou mudanças apenas


no panorama luminoso da festa. Ela implicou em alterações no cenário sonoro, como relata a caixeira Evangelista: Do primeiro tinha terecô, a gente era invocadinho mais com terecô, tinha aquela festa de terecô, a gente ia pra festa de terecô, se dançava. Do primeiro era sopro... hoje em dia é uma raridade, [...] E agora, se vai pras outras festas, só se vê a radiola, a zoada da radiola. Em Itamatatiua [comunidade da zona rural da cidade] tem ainda, tem a Festa de Santa Tereza, com caixa, mas tem uma radiola que meu pai do céu! É como aqui, aqui mesmo em Alcântara, aqui em Alcântara, o tanto de radiola que tem aí nessas beiradas tocando [durante a Festa do Divino]. Muitos deixam de ir pra festa porque acha que as radiola é mais importante. (Evangelista Costa Moraes. Entrevista realizada em 31/03/2011) A ausência de oferta de energia elétrica regular em Alcântara barrou a entrada dos eletrodomésticos, que então despontavam nos lares de outras partes do Brasil. O acervo do Museu Casa Histórica de Alcântara, que reúne objetos usados na vida cotidiana de famílias alcantarenses, datados de cerca de 1850 a cerca de 1950, composto por 2087 peças, não tem sequer um dispositivo que seja movido a energia elétrica. No lugar dos eletrodomésticos, encontram-se objetos que traziam soluções para a ausência de eletricidade: o ferro a brasa, o misturador de líquidos manual, vitrola e relógios movimentados a corda, etc. Dessa maneira, percebe-se uma adaptação dos habitantes da cidade à uma vida marcada pela ausência da energia elétrica. A zona urbana da cidade seria servida por energia elétrica regular apenas na década de 1980; na zona rural, muitas foram as localidades que só viram a luz no século XXI. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observar a trajetória da iluminação pública do Maranhão ao longo do século XIX e nas primeiras décadas dos novecentos permite que se faça uma jornada pelas transformações técnicas, econômicas, sociais e culturais pelas quais passou o mundo, o país e a região naquele período. No cenário econômico, o século XIX foi palco da expansão definitiva do capitalismo que, principalmente após 1848, incorporou quase todas as partes do mundo em uma rede comercial, criando uma interdependência global inédita na história. Nesse turbilhão de acontecimentos, o Maranhão figurou como fornecedor de matérias-primas – essência de sua vida econômica desde os tempos coloniais – e como consumidor. Nessa fase de desenvolvimento da economia capitalista, a natureza dos produtos remetidos para os países consumidores mudou; interessava mais fortemente aos países industrializados da Europa exportarem bens pesados, capital e amparo técnico do que bens de consumo211 (HOBSBAWM, 2005, p. 60). O Maranhão recebeu produtos pesados, maquinário fabril e infra-estrutura urbana e abriu-se para investimentos oriundos das nações industrializadas, que necessitavam de novos campos para seu capital acumulado. A exportação de combustíveis (carvão, e mais tarde o petróleo) também representava um setor importante da economia das potências industrializadas, e o Maranhão se tornou consumidor destes produtos. No momento em que substituiu a iluminação a óleo (gerado internamente a partir da mamona) por aquela movida a gás de

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A demanda por bens de consumo básicos era atendida pela produção local. Em 1859, por exemplo, havia indústrias maranhenses que produziam sabão, velas, aguardente, carne seca, tecidos de algodão, redes, chapéus e charutos, além de diversas manufaturas e ofícios especializados (“Relatório...” do Presidente da Província João Lustosa da Cunha Paranaguá, 3 de maio de 1859, p. 29)


hulha, adquiriu a dependência de combustíveis importados que se manteve mesmo quando se introduziu a energia elétrica, nos anos 1920. A disparidade entre os baixos preços que alcançava por seus produtos básicos – entre os principais o algodão e o açúcar – e os altos preços que pagava pelos produtos que importava – cotados em moeda estrangeira, multiplicando as perdas por conta da diferença de câmbio – gerava déficits consecutivos, mensurados e lamentados repetidamente pelos Presidentes de Província. Mais tarde, com a autonomia que o Estado alcançou por conta do federalismo republicano, estes déficits ocasionaram um crescente endividamento do Maranhão. Como resultado deste desnível, o governo do Estado vê-se frente a sérios e constantes problemas financeiros, já que dependia da renda com impostos sobre produtos agrícolas para funcionar. Era um estado para o qual aumentar a quantidade de lampiões e depois de combustores representava um sacrifício árduo, exigindo intensas e prolongadas disputas e discussões com a Assembléia Legislativa. Aparece na trajetória da iluminação pública do Maranhão o fim da era dos contratadores, empresários particulares que se encarregavam das atividades públicas cotidianas. Desses, no serviço da iluminação de São Luís, sobressaiu-se Bernardo Paes de Vasconcelos, que foi responsável pela iluminação da Capital por mais de 17 anos, renovando sucessivamente os contratos com o governo até sua morte, por volta de em 1856. No lugar deles, observa-se a ascensão das Companhias Anônimas, muitas vezes dirigidas por estrangeiros, que acabam tomando conta dos setores onde havia maior necessidade de capitais e tecnologia; ao longo do século, os norte-americanos substituem franceses e ingleses. Nas primeiras décadas do século XX, diante das enormes crises que atingem o sistema capitalista mundial, o processo se reverte, e abandona-se parcialmente o liberalismo que havia tomado as rédeas da condução da vida econômica nos fins do século XIX. Isso se traduz numa retomada do estatismo, quando o governo chama para si os serviços básicos necessários ao funcionamento da cidade, num processo que só seria revertido no limiar do século XXI, com as privatizações neoliberais. Nesse movimento, o pensamento nacionalista esbarrou nos acordos assinados nas primeiras décadas do século XX, que comprometiam os estados em pactos longos e onerosos. No Maranhão, esse conflito apareceu claramente na polêmica que envolveu a Ulen Company, concessionária dos serviços urbanos da capital, da qual os maranhenses lutaram para se livrar. A trajetória da iluminação pública do Maranhão aponta ainda os estágios técnicos do período. De seus inícios até 1863, foi realizada por meio de lampiões a óleo. Apesar de bastante criticado por governantes e habitantes de São Luís, era já era um feito louvável, um avanço que representava a superação de dezenas de milhares de anos de técnicas estáticas e pouco eficazes. Recuando algumas décadas, penetrando no território do século XVIII, as pessoas ainda estavam submetidas às candeias, objetos cujos princípios de funcionamento pouco diferiam daqueles das lamparinas utilizadas pelos homens pré-históricos que pintaram as paredes das cavernas de Lascaux. Os lampiões, a despeito da baixa luminosidade que os caracterizava e das exigências excessivas de manutenção, representavam uma técnica que não se submetia às intempéries, funcionando mesmo com vento ou chuva, e que oferecia uma luz regular e confiável, desde que abastecidos e mantidos adequadamente. A introdução, em 1863, da iluminação a gás proveniente da destilação da hulha, que os contemporâneos chamavam “gáz hydrogêneo”, representou um novo salto tecnológico, uma mudança na luminosidade. As demandas técnicas para a instalação e manutenção deste novo sistema eram enormes, e ficaram a cargo da Companhia de


Iluminação a Gás, uma das poucas que conseguiu atravessar incólume as crises do final do século XIX. Intervenções severas na paisagem se faziam necessárias, como a instalação de uma ampla rede de canos subterrâneos, de postes e do gasômetro. É possível acompanhar ainda uma grande modificação cultural que se processou no momento em que ocorria a “passagem de uma civilização da raridade e da economia estacionária à de desenvolvimento e da abundância”212 (ROCHE, 2000, p. 17), e em que a produção, lentamente, abandona o ambiente doméstico, que passa a ser cada vez mais o espaço do consumo. Dessa forma, é sintomático que, desde o início do século XIX, o poder público assuma a responsabilidade pela iluminação da cidade, e que a considere nominalmente como um “direito” da população. População que reclama clareza e exige que o poder público ponha fim ao domínio das forças contingentes da natureza, representadas pela escuridão da noite. DOCUMENTOS Entrevistas Entrevista com Antônio do Livramento Boais Tavares, realizada pelo corpo técnico do Museu Casa Histórica de Alcântara (MCHA), em 04/02/2011. Acervo audiovisual do MCHA. Entrevista com Marlene Silva, realizada pelo corpo técnico do Museu Casa Histórica de Alcântara (MCHA), em 01/02/2011. Acervo audiovisual do MCHA. Entrevista com Evangelista Costa Moraes, realizada pelo corpo técnico do Museu Casa Histórica de Alcântara (MCHA), em 31/03/2011. Acervo audiovisual do MCHA. MARANHÃO, Secretaria de Estado da Cultura do. Memória de Velhos – Depoimentos: Uma contribuição à memória oral da cultura popular maranhense – Vol IV. São Luís: LITHOGRAF, 1997. (Entrevista com Ricardo Leitão p. 55 – 78) Relatórios, falas, mensangens e discursos de Presidentes da Província e Governadores do Estado do Maranhão “Discurso que recitou o Exm. Snr. Vicente Thomaz Pires de Figueiredo Camargo, Presidente desta Província, na Occazião da Abertura da Assembléia Legislativa Provincial”, 03/05/1838. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Discurso Recitado pelo Exm. Snr. Doutor João Antônio de Miranda Prezidente da Província do Maranhão na abertura da Assembléia Legislativa Provincial”, 03/07/1841. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Fala dirigida pelo exm. Presidente da Província do Maranhão Herculano Ferreira Penna á Assembleia Legislativa Provincial”, 14/10/1849. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Fala dirigida pelo exm. Presidente da Província do Maranhão Honório Pereira de Azevedo Coutinho á Assembleia Legislativa Provincial”, 07/09/1850. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Fala que recitou o Presidente da Província do Maranhão Antônio Joaquim Alvares do Amaral”, 28/07/1848. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Mensagem apresentada ao Congresso do Estado”. Alexandre Collares Moreira Júnior, 28/02/1904. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM.

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Ainda que inegavelmente desigual em sua abrangência, deixando à margem largos contingentes da população, este processo criou uma sensibilidade nova entre os indivíduos, e um novo posicionamento do cidadão em relação à cidade.


“Mensagem apresentada ao Congresso do Estado em 15 de Fevereiro de 1899 pelo Exm. Sr. Dr. João Gualberto Torreão da Costa governador”, 15/02/1899. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Mensagem apresentada ao Congresso, pelo Exm. Sr. Dr. Godofredo Mendes Vianna, Presidente do Estado”, 05/02/1925. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Mensagem apresentada ao Congresso, pelo Exm. Sr. Dr. Godofredo Mendes Vianna, Presidente do Estado”, 05/02/1926. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório a Assemblea Legislativa Provincial do Maranhão pelo Ex.mo senhor presidente da Província Joaquim Franco de Sá”, 03/05/1847. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório com que o excelentíssimo senhor doutor Antônio Epaminondas de Mello passou a administração desta Província”, 05/05/1868. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório com que o Exm. Sr. Presidente da Província, Dr. Ambrózio Leitão da Cunha passou a administração da mesma Província”, 23/04/1865. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório do exm. Snr. Presidente Doutor Francisco Xavier Paes Barreto apresentado ao exm Sr. Vice Presidente” , 13/04/1858. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório do Presidente da Província do Maranhão, o Doutor João Lustosa da Cunha Paranaguá...”, 03/05/1859. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório do Presidente da Província do Maranhão o doutor Eduardo Olimpio Machado na Abertura da Assembléa Legislativa Provincial”, 08/05/1854. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório que à Assembléia Legislativa da Província do Maranhão appresentou o Exm. Presidente da Mesma Província Jerônimo Martiniano Figueira de Mello”, 3/05/1843. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório que á Assemblea Legislativa da Província do Maranhão appresentou o Exm. Vice-Presidente da mesma Província, Angelo Carlos Moniz”, 20/06/1846. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. “Relatório que dirigio o exmo. Presidente da Província do Maranhão João Jozé de Moura Magalhães á Asemblea Legislativa Provincial”, 20/06/1844. Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM. Documentos da Câmara de Alcântara Livro de Atas da Câmara Municipal de Alcântara, volume 2 – 1951-1958. Arquivo da Câmara Municipal de Alcântara. “Registro de um Bando que o Cappitão Maior mandou Registrar” 26/12/1698, a partir de transcrição efetuada em 23/02/1827. Cartório do 2º Ofício de Alcântara. “Registro de hum Bando dos Officiaes da Camera” 06/12/1698, a partir de transcrição efetuada em 22/02/1827. Cartório do 2º Ofício de Alcântara. “Registro de um Bando que os Officiais da Camera Mandarão butar para suas Correiçaoens” 18/04/1699, a partir de transcrição efetuada em 23/02/1827. Cartório do Segundo Ofício de Alcântara Documentos Jurídicos


“Ação Arbitral proposta pela Companhia de Illuminação a Gáz do Maranhão, contra os empreiteiros Marcus Williams e Silvestre S. Battin”, 1864. Arquivo do Tribunal de Justiça do Maranhão. MOTA, Antônia da Silva; SILVA, Kelcilene Rose; MANTOVANI, José Dervil. Cripto Maranhenses e seu Legado. São Paulo: Siciliano, 2001. “Testamento de Francisica Xavier de Jezuz Viveiros”, 04/07/1835. Cartório do Segundo Ofício de Alcântara. Relatos de viajantes e autoridades a serviço do Estado LAGO, Antônio Bernardino Pereira do. Estatística histórico-geográfica da Província do Maranhão. São Paulo: Editora Siciliano, 2001. LISBOA, Cristovão de. História dos Animais e Plantas do Maranhão. MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves de. Memória Histórica e Documentada da Revolução da Província do Maranhão – desde 1839 até 1840. São Paulo: Editora Siciliano, 2001. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Adroaldo José Silva; BOGÉA, Kátia Santos; BRITO, Stella Regina Soares de. Museu Casa Histórica de Alcântara. São Luís: IPHAN, 2006. AZEVEDO, Aluísio de. O Mulato. São Paulo: Livraria Martins Editora S.A., 1970. FERREIRA, Milton Martins. A Evolução da Iluminação na Cidade do Rio de Janeiro – Contribuições Tecnológicas. Rio de Janeiro: Synergia/Light, 2009. FRÓES DA SILVA, Lourenço Lustosa. Iluminação Pública no Brasil: Aspectos Energéticos e Institucionais. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006. HOBSBAWM, Eric J. A Era do Capital – 1848-1875. São Paulo: Paz e Terra, 2005. JOFFILY, José. Morte na Ulen Company – 50 anos depois. Rio de Janeiro: Record, 1983. MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão. São Luís: Edições AML, 2008. MENDES, Sylvânio Aguiar. Saindo dos Trilhos: Uma Visão sobre a Administração do Transporte Elétrico Ludovicense. In: Revista Outros Tempos, volume 2, nº 2, 2005. p. 167-187. MICKLETHWAIT, John; WOOLDRIDGE, Adrian. A Companhia – Breve história de uma ideia revolucionária. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003. RIBEIRO, Berta G. (Org.). Suma Etnológica Brasileira – Edição Atualizada do Handbook of South American Indians – Vol. 1 – Etnobiologia. Petrópolis: Vozes/FINEP, 1986. ROCHE, Daniel. História das Coisas Banais – nascimento do consumo séc. XVII - XIX. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. SOUZA, José Valdez F. de. História da Iluminação. Artigo acadêmico – Universidade Castelo Branco, 2004. STRAUMANN, Patrick (Org.). Rio de Janeiro - cidade mestiça. São Paulo: Companhia das LetrMuseu Casa Histórica de Alcântara


RESUMOS ESTENDIDOS/POSTER

O CONSELHO PRESIDIAL E A DINÂMICA POLÍTICA PROVINCIAL 1825-1827

RAISSA GABRIELLE VIEIRA CIRINO Em 1825, após escaramuças que desestabilizaram a província do Maranhão desde 1820, finalmente o aparato estatal teorizado pelos escolhidos políticos de D. Pedro I iria ser posto em prática. A Constituição de 1824 teve papel viabilizador no projeto de unificar e centralizar o poder a partir da Corte e de acordo com as diretrizes do novo Imperador (SLEMIAN, 2006, p. 10). Mas o primeiro projeto para a criação do mesmo órgão surgiu com os deputados da Assembléia Constituinte. Pela Carta de 20 de Outubro de 1823, o Conselho teria seis conselheiros escolhidos dentro da província, garantindo espaço de atuação para a elite local. Isto garantiria um equilíbrio de poderes, já que o cargo mais importante, o de Presidente de Província, seria escolhido pelo Imperador; e o mesmo Conselho teria um caráter consultivo, atuando juntamente com o Presidente a fim de resolver questões de cunho provincial. Eleições foram abertas para a escolha de conselheiros do novo órgão provincial, o Conselho Presidial. Novas e velhas figuras políticas foram eleitas (GALVES, 2010, p. 286), dentre elas: Patrício José de Almeida e Silva, Joaquim José Sabino, Ricardo Henriques Leal, Raimundo Ferreira da Assunção Parga, Antonio da Costa Ferreira, Felipe Antonio de Sá e Manoel Gomes Belfort. Mais tarde se integraram ao órgão Romualdo Antonio Franco de Sá e José Ascenço da Costa Ferreira. Por sua vez, Pedro José da Costa Barros - Presidente de Província, cargo de confiança do Imperador – estava retornando de seu “exílio” forçado por Lord Cochrane. A partir da reunião destes conselheiros e do mesmo Presidente, teremos o início da atuação do Conselho. O primeiro mandato do Conselho Presidial (ou de Governo ou de Presidência) ocorreu entre 1825-1827. Através das transcrições do códice 1337, presente no Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), pudemos mapear e analisar as atas das sessões deste Conselho. Suas atas contêm registros de muitos documentos que passaram nas mãos dos conselheiros, nos dando um panorama da situação provincial e de como os indivíduos recorriam ao Conselho como canal de interlocução com o Imperador. Segundo a Carta de 20 de Outubro de 1823 (p. 12), o Conselho deveria tratar de questões como: salubridade, trato de escravos, educação da mocidade, agricultura, comércio, propor criação de Câmaras e supervisionar seus atos, catequização de indígenas, exame de contas dos órgãos provinciais, propor obras e consertos, dar parte de excessos dos órgãos, vigiar as casas de caridade, detenção, resolver casos de reclamação contra a imprensa e resolver conflitos de jurisdição entre as autoridades. As sessões possuem esta mesma variedade de assuntos, que são levados para discussão


tanto pelo Presidente, pelos conselheiros, ou por outros indivíduos, que procuram o Conselho com o intuito de resolver seus problemas. As sessões ocorrem duas vezes por semana, geralmente às quartas e sextas, mas sessões extras podem ser feitas a pedido do Presidente. O tempo de duração das atividades do Conselho é de dois meses, mas também pode ocorrer prorrogação deste período de acordo com as necessidades e urgências dos trabalhos. As atas são escritas pelo Secretário de Governo, Joaquim Ferreira França; mas algumas vezes ele recorre a escrivães oficiais, e apenas subscreve as mesmas juntamente com os conselheiros. Alguns conselheiros eram mais atuantes que outros como Antônio Pedro da Costa Ferreira. Este teve sua entrada no quadro político provincial pelo Conselho, e mais tarde se tornou deputado da Assembléia Geral na Corte, e até Presidente Provincial. Costa Barros, Presidente do período de 1825-1826, também impôs uma nova dinâmica nos trabalhos de discussão, já que em sua presença as atas antecedentes passaram a ser lidas e assinadas, e as presenças tiveram maior atenção. Como já foi mencionado, o voto do Conselho era consultivo, cabendo ao Presidente ter a última palavra sobre as questões que chegavam a ambos; suas decisões deveriam ser enviadas a Assembléia Geral ou ao Imperador, como várias vezes é mencionado no decorrer das atas, e Miriam Dolhinikoff (2005) destaca que este também não tinha competência tributária, ou seja, de criar impostos. Estas figuras políticas tinham uma formação especial: eram homens letrados, alguns com alguma experiência política maior e ocupando o cargo de conselheiro por ser este mais um item a constar em seu currículo político, outros com menos tempo de carreira e que se inserem na lógica de “pegar experiência” em cargos menores. José Murilo de Carvalho destaca estes mesmos aspectos na elite política imperial, mas com um enfoque na alta burocracia. Dolhinikoff (2005), por sua vez, aborda a atuação das elites regionais – que para ela não se confundiam com os mandonismos locais – nos Conselhos, Câmaras e na Assembléia Geral. Desta forma, os interesses de cada província estavam garantidos, e nem sempre atrelados às vontades dos possuidores do poder econômico (apesar de estes também se confundirem com aqueles em certo momento). Ainda segundo Dolhinikoff (2005), os Conselhos foram aprovados pelo governo e pelo Imperador com o intuito de conectar ainda mais os governos provinciais ao Estado nacional. Sendo assim, estes constituíam um braço do governo imperial, impondo as determinações do Rio de Janeiro ao mesmo tempo em que impunham suas vontades ao Imperador. Posteriormente, esta relação dará a base para o federalismo brasileiro que surgirá em 1889. Em tempo, a atuação do Conselho se destaca a nível provincial, pois seus trabalhos aumentavam de volume cada vez mais. Os três principais temas tratados neste primeiro mandato foram: controle de órgãos políticos locais, resolução de problemas de jurisdição entre autoridades e medidas de âmbito social e cultural. O primeiro tema era feito através de envio de solicitações às Câmaras, especialmente para solicitar as relações das contas daquelas, pois o Conselho era responsável por cuidar destas relações para prestar contas com o Imperador, mas também porque a oitava parte das arrecadações era garantida para o uso do próprio Conselho. O segundo foco de resolução dos conselheiros envolve os problemas de jurisdição entre autoridades. Nestes casos, suas resoluções e pareceres fizeram que o Conselho se firmasse como regulador de tensões entre autoridades, e conseqüentemente obtivessem o reconhecimento da cidade de São Luis como centro emanador de poder, pois a partir desta que se fazia o contato com a Corte e com a Assembléia Geral.


Como último aspecto que envolvia o parecer dos conselheiros havia as medidas de âmbito social e cultural. Estas envolvem medidas sobre a cidade de São Luis, como a pavimentação de ruas, construção de açougue, de leprosário e de um farol na ilha de Santa Ana; também temos medidas referentes à educação, como a criação de cadeiras de ensino, nomeação de mestres, controle de alunos, demissão de mestres e organização de concursos para as cadeiras. Por fim, temos também medidas envolvendo o controle religioso, com pedido de números de padres para as dioceses de São Luis, envio de padres para o interior, construção de igrejas, e apoio para a catequese de indígenas, ainda muito numerosos no interior provincial. Logo, percebemos que a atuação a nível local do Conselho remete à construção da relação de poder e dependência entre São Luis e as demais localidades do interior. Já a nível nacional, o Conselho mantém o equilíbrio entre o poder local e o poder central, se apresentando como uma via de comunicação entre a província e a corte, difundindo o poder central, mas sem esquecer os interesses locais. Além disso, o conselho permitiu a construção da ordem tão almejada pelos grupos dominantes para alcançar seus objetivos nas localidades. Percebemos o quanto o conselho esteve presente nos assuntos da província maranhense em seu primeiro mandato (1825-1827), tratando de diversos casos de interesse provincial, mas que estavam também atrelados ao interesse do governo central, concretizando as promessas de D. Pedro I e seus outros representantes políticos de que a monarquia seria a solução para a preservação do território, da ordem e da sociedade escravocrata. Referências Bibliográficas Documentos a) Manuscritos Livro 1337 – Atas do Conselho do Governo da Província do Maranhão (1825-1832). Arquivo Público do Estado do Maranhão. b) Impressos Carta de Lei, pela qual Vossa Magestade Imperial manda executar o decreto da Assembléa Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brazil, que dá uma nova forma provisória aos Governos Provinciaes; ficando abolidas as Juntas Provisórias estabelecidas por Decreto de 29 de setembro de 1821. Constituição Política do Império do Brasil, 1824. Bibliografia CARVALHO, José Murilo de. (1980 / 1988) A construção da ordem: a elite política imperial. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. DOLHNIKOFF, Miriam. O pacto imperial: origens do federalismo no Brasil do século XIX. São Paulo: Globo, 2005. GALVES, Marcelo Cheche. “Ao público sincero e imparcial”: Imprensa e Independência do Maranhão (1821-1826). Niterói: UFF, 2010. Tese de Doutorado Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, Niterói: 2010. HOLANDA, Sérgio Buarque de. A herança colonial – sua desagregação. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de (org). História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo: Difel, 1962 (tomo II, O Brasil Monárquico, vol.1), p. 9-39. MATTOS, Ilmar Rohloff de. O gigante e o espelho. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo (orgs) O Brasil Imperial, volume II: 1831-1870. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 13-51 OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles. Teoria política e prática de governar: o delineamento do Estado imperial nas primeiras décadas do séc. XIX. In: OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles; PRADO, Maria Lígia Coelho; JANOTTI, Maria de Lourdes


Mônaco (orgs). A história na política, a política na história. São Paulo: Alameda, 2006, p. 45-57. SLEMIAN, Andréa. Sob o império das leis: Constituição e unidade nacional na formação do Brasil (1822-1834). Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.


RESUMOS ESTENDIDOS/POSTER

CIDADANIA E REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA DO CIDADÃO MARANHENSE NO INÍCIO DO SÉCULO XIX

ANA LÍVIA AGUIAR DE SENA Bolsista PIBIC/UEMA. Integrante do Projeto O Maranhão nas Cortes constitucionais portuguesas (1821-1822), Edital Universal 004/2010 FAPEMA, coordenado pelo professor Dr. Marcelo Cheche Galves (UEMA). Graduanda do curso de História Licenciatura da Universidade Estadual do Maranhão. E-mail: livia.histo2009@hotmail.com

A Revolução do Porto (1820) teve reflexos marcantes deste lado do Atlântico. A expansão dos ideais difundidos por este movimento exigia o retorno de D. João VI para Portugal e a criação de uma constituição que teria como base a constituição espanhola de Cádis, aprovada em 1812. Neste momento, percebe-se a importância da constituição e do Parlamento como meios de legitimação da representatividade política dos revolucionários vintistas213, que ao diminuírem a esfera de poder do rei aumentavam as atribuições do Parlamento como instância reguladora das decisões das províncias, passando a receber as representações de todas as províncias do grande império português. Os registros referentes aos maranhenses que enviaram suas petições as Cortes Gerais Extraordinárias da nação portuguesa estão inseridos em uma nova história política, distinta de uma perspectiva que podemos definir como “tradicional”: ao se trabalhar o cidadão e sua importância nas relações de poder na província no início dos oitocentos, tem-se o deslocamento do poder político transferido para o coletivo da nação em decorrência da Revolução do Porto e vigência do Soberano Congresso Português. Neste momento, as palavras adquirem enorme importância. Por meio de novos usos e significados passam a exemplificar uma nova realidade vivenciada, nesse momento referem-se à ruptura com o Antigo Regime e a construção de um modelo constitucional de sociedade. Segundo Lucia Maria Bastos Pereira das Neves (2003) a linguagem politizava-se e termos liberalismo e constitucionalismo integravam-se a vida política do mundo luso- brasileiro a partir de 1820.

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Segundo Márcia Berbel (1999) os estudos relacionados ao projeto vintista e ao funcionamento do Soberano Congresso inserem-se em discussões de temas mais amplos como a Independência brasileira e a Revolução do Porto, sendo comumente considerados como tema secundário.


A política na América portuguesa pautada nos ideais vintistas girava em torno de dois termos opostos: despotismo e liberalismo / constitucionalismo, estes passam a ter maior significação no mundo político, servindo para delinear a postura dos cidadãos face às modificações políticas no mundo luso-brasileiro. O despotismo representava tudo que fizesse menção ao Antigo Regime e era sinônimo de um poder ilimitado, concentrado nas mãos do soberano, já o liberalismo / constitucionalismo pautava-se na representação dos cidadãos legitimada pela utilização da constituição e pela igualdade destes perante a lei, ainda que existisse uma diferenciação no exercício da cidadania214. A “institucionalização do novo regime” abriu brechas para a maior participação da população neste cenário que se configurava, porque pela primeira vez qualquer pessoa (melhor definir) poderia externalizar seus descontentamentos em relação ao Governador da Província e sobre a situação econômica da província. A passagem da condição de súdito para cidadão acontece devido a ruptura com a antiga forma de governo e com a sobreposição do liberalismo / constitucionalismo, pois os habitantes do grande império português descobrem a sua cidadania no exercício de reivindicação dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres, principalmente, pelo poder que lhes é conferido nesse momento. Contudo, apesar das limitações do poder do rei e transferência da representatividade para a nação ainda se conserva no imaginário da população de que só caberia ao rei à concessão de mercês e de outras benesses, permanecendo uma linha tênue entre o cidadão e o súdito. Segundo Slemian e Pimenta (2003) os regimes monárquicos se viam reconfigurados pela utilização das constituições que limitavam os seus poderes. Partindo dessa premissa, temos uma grande quantidade de pedidos feitos por cidadãos maranhenses ao Soberano Congresso, funcionando como instância reguladora da vida nas províncias e também como espaço para queixas que expressavam as querelas do cotidiano desta população. No Maranhão, a análise de algumas representações encaminhadas às Cortes evidencia, por exemplo, as insatisfações em relação aos impostos cobrados e principalmente sobre a situação política vivida na província. A consolidação do parlamento abre espaço para a profusão de debates políticos em torno da criação e elaboração de leis que deveriam reger a situação política, econômica e social dos dois lados do Atlântico. O papel do parlamento seria atender aos interesses do povo. O soberano Congresso, o novo centro institucional, tornou-se o ponto de atração desse movimento e recebeu centenas de petições e memorandos que foram dirigidos tanto por cidadãos individuais quanto por grupos mais ou menos organizados (MALERBA, 2006, p.86). Esse contexto de participação e representatividade política no Soberano Congresso faz com que os deputados em Cortes se sentissem os verdadeiros tradutores dos anseios dos seus concidadãos. O cidadão ganha uma maior importância ao transferir de forma indireta a responsabilidade dos direcionamentos políticos da província para seus representantes. As petições continham pedidos referentes aos problemas dos habitantes maranhenses e seu entendimento sobre o novo instrumento constitucional. A título de exemplo, segue abaixo um documento elaborado pelo cidadão Miguel José Negreiros Guimarães enaltecendo o “tão iluminado Soberano Congresso” utilizado para o

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De acordo com Lucia Maria Bastos Pereira das Neves (2003), este cidadão possuía liberdade perante a lei, contudo existiam diversos “níveis de cidadania”, em que “cada cidadão destacava-se por seu mérito e também por suas posses”.


“melhoramento da existência política”, econômica e social da província, no período de 1821-1822. Tal he a temeridade a que me arroja o zêlo patriótico, em levar á respeitável prezença deste tão iluminado, como Soberano Congresso das Cortes Geraes, e Extraordinarias da Nação Portugueza aprezente Memoria. Longe de nóz o Espirito da intriga, não he esse monstruozo projeto, nem tão pouco aparticular interesse a cauzaproductora da minha rezolução he sim a completa, e fizica certeza de que as immensas virtudes, ea balizada sciencia de hum Ilustre Congresso, reprezentante da regenerada Nação há tomado sobre seus hombros omelhoramento da nossa existencia politica (AHU-ACL-CU-009 Cx.166, D.12141), São Luís do Maranhão, 10/09/1821.

O Soberano Congresso se torna o espaço para a resolução dos problemas vivenciados nas províncias, as reclamações podiam ser de ordem política, econômica e até mesmo particular. As representações passam a funcionar como arma contra as possíveis injustiças sofridas por estes cidadãos em sua vida cotidiana. Estas petições, por razões distintas, ora convergentes, expõem os posicionamentos dos cidadãos maranhenses face aos interesses que possuíam na província, pois se deve considerar que por trás de cada um desses pedidos existia interesses particulares, ou seja, esperavam receber benesses que os favorecessem ou, no mínimo, desestabilizassem seus oponentes. Como forma de resolver suas querelas, os cidadãos215 maranhenses encaminhavam suas representações ao Soberano Congresso descrevendo a situação político-econômica da província. E neste momento, as representações feitas contemplavam “os portugueses de ambos os hemisférios” que se utilizavam desse mecanismo constitucional. Também nota-se uma profusão dos ideais vintistas em jornais e panfletos difundindo as discussões estabelecidas pelos representantes eleitos das províncias, nesta nova instância reguladora das demandas provinciais. No Maranhão existia uma divisão entre os que apoiavam e os que eram contrários ao governador da província Pinto da Fonseca. Em 6 de abril de 1821216, o governador do Maranhão adere à revolução vintista e em 13 de abril de 1821 tem se a eleição da junta de Governo do Maranhão responsável por acirrar o debate político. Segundo Marcelo Cheche Galves (2010) a primeira "semana constitucional" foi marcada pela eleição de uma Junta de Governo e também pela conservação do Governador da província. Esta semana tornou a província palco de disputas políticas com direito a “convocações, abaixo-assinados, prisões, deportações e pasquins afixados nos espaços públicos” (GALVES, 2010, p. 64). Neste período entra em circulação o primeiro jornal do Maranhão, o Conciliador. Este impresso217 serviu como um difusor dos acontecimentos além-mar, propiciando uma maior participação da população no novo cenário político que se configurava, e através deste entravam em contato com as notícias advindas do constitucionalismo vintista. Deste modo, percebe-se a assimilação da população aos acontecimentos do outro lado do Atlântico com a grande agitação e expectativa gerada com as eleições da junta de governo em que os cidadãos passam a compreender este novo espaço de representação política como um mecanismo de melhoria das condições econômicas e políticas da província.

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De acordo com Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves (2003) o termo cidadão refere-se ao “individuo politicamente integrado a Nação”, pois através do exercício dos seus “direitos civis” este se torna verdadeiramente cidadão e, por isso, tem plena liberdade para exercer a sua cidadania.


Pela primeira vez, no recente liberalismo português, qualquer cidadão (definir melhor) poderia dirigir-se as Cortes não importando sua condição econômica e /ou social, por isso, o funcionamento do parlamento em Lisboa significou uma maior liberdade de expressão da população que podia reclamar ao rei D. João VI e ao Soberano Congresso. Os cidadãos maranhenses, diretamente ou por intermédio dos seus deputados, tentaram fazer valer seus interesses em Lisboa.

REFERÊNCIAS Documentos: Arquivo Histórico Ultramarino - Manuscritos avulsos relativos ao Maranhão existentes no Arquivo Histórico Ultramarino Lisboa (1614-1833), disponíveis em CD-ROM. Bibliografia: BERBEL, Márcia Regina. A nação como artefato. Deputados do Brasil nas Cortes portuguesas1821-1822. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 1999. GALVES, Marcelo Cheche. “Ao público sincero e imparcial”: Imprensa e Independência do Maranhão (1821-1826). Niterói: UFF, 2010. Tese de Doutorado Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, Niterói: 2010. NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. Corcundas e Constitucionais: a cultura política da Independência (1820-1822). Rio de Janeiro: Revan: FAPERJ, 2003 PEDREIRA, José Miguel. Economia e política na explicação da independência do Brasil. In: MALERBA, Jurandir (org.) A independência brasileira:novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, p. 55-97. ROCHA, Antônio Penalves. A recolonização do Brasil pelas Cortes: histórias de uma invenção historiográfica. São Paulo: Ed. UNESP, 2009. SCHULTZ, Kirsten. A era das revoluções e a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro (1790-1821) In: MALERBA, Jurandir (org.) A independência brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, p. 55-97. SLEMIAN, Andréa; PIMENTA, João Paulo. O “nascimento político do Brasil”: as origens do Estado e da nação (1808-1825). Rio de Janeiro: DP&A, 2003.


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