REVISTA DO IHGM, numero 43, dezembro de 2012

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REVISTA Número 43 – DEZEMBRO DE 2012

DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO ISSN 1981-7770

ALUNOS da Escola Paroquial Frei Alberto DURANTE SEMINÁRIO


Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, v.1, n.1 (ago. 1926) - São Luís: IHGM, DEZEMBRO DE 2012. n. 43, dezembro de 2012. Edição eletrônica http://issuu.com/leovaz/docs/ ISSN: 1981-7770 1. História – Maranhão – Periódicos 2. Geografia – Maranhão - Periódicos p. 256 CDD: 918.21 CDU: 918.121 + 981.21


ISSN 1981 – 7770 REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO NO 42 – SETEEMBRO – 2012 EDIÇÃO ELETRÔNICA Rua de Santa Rita, 230 – Centro Edifício Prof. Antonio Lopes – 2º. Andar CEP – 65015.430 – SÃO LUÍS – MA Fone (0xx98) 3222-8464 Fax (0xx98) 3232-4766 E.mail: ihgm_ma@hotmail.com http://ihgm1.blogspot.com.br/ http://www.facebook.com/people/IhgmMaranhao/100003343278385#!/groups/324308197653931/ https://groups.live.com/P.mvc#!/ihgm/ As ideias e opiniões emitidas em artigos ou notas assinadas são de responsabilidade dos respectivos autores. ENDEREÇO DAS EDIÇÕES ELETRÔNICAS

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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO Fundado em 20 de novembro de 1925, registrado no Conselho Nacional de Serviço Social sob no. 80.578/75, de 14 de setembro de 1955 Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Estadual no. 1.256, de 07 de abril de 1926 Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Municipal no. 3.508, de junho de 1996 Cartório Cantuária Azevedo – Registro Civil de Pessoas Jurídicas – reg. no. 180, registro em microfilme no. 31063, São Luís, 23 de agosto de 2007

GESTÃO 2012/2014

CHAPA: Pe. ANTONIO VIEIRA DIRETORIA

Presidente:

Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo

Vice-Presidente:

Euges Silva de Lima

1ª. Secretaria:

Clores Holanda da Silva

2º. Secretario:

Antonio José Noberto da Silva

1º. Tesoureiro:

Dilercy Aragão Adler

2º. Tesoureiro:

Aymoré Castro Alvim

Diretor de Patrimônio: Álvaro Urubatan Melo Diretor de Divulgação: Manoel Santos Neto Conselho Fiscal Titulares : Raul Eduardo de Canedo Vieira da Silva Maria Esterlina Melo Pereira José Ribamar Fernandes Suplentes: Paulo Sérgio Castro Osvaldo Pereira Rocha Iva Souza da Silva


SUMÁRIO Diretoria – Gestão 2012/2014 SUMÁRIO

PLANO EDITORIAL DO IHGM ORDEM SE SERVIÇO 02/2012 CALENDÁRIO DE EVENTOS PARA 2013 AGENDAMENTO DO CICLO DE PALESTRAS PARA 2013 APRESENTAÇÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO DISCURSO DE ANIVERSÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO OSVALDO PEREIRA ROCHA 87º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO DO IHGM EUGES SILVA DE LIMA IHGM COMEMOROU SEUS 87 ANOS DE MUITA HISTÓRIA GALERIA DE FOTOS PROJETO GONÇALVES DIAS XIV ENCONTRO MUNICIPAL DO PROLER – CAXIAS – OUTUBRO 2012 FEIRA DO LIVRO 2012 JOSEH CARLOS LANÇA "CRÔNICAS DE SÃO LUÍS" NA FEIRA DO LIVRO PRESIDENTE DO IHGM RECEBE COMENDA ‘JOÃO LISBOA’ DA AML ACADEMIA PINHEIRENSE DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIAS PROJETO GONÇALVES DIAS V SEMANA LITERÁRIA MARIA FIRMINA DOS REIS Guimarães – MA – 29 de novembro a 1º de dezembro de 2012

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18 21

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POSSES

ILZÉ DE MELO CORDEIRO DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA

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DISCURSO DE POSSE DE JUNTO AO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, NA CADEIRA Nº 51, DA QUAL É PATRONO O IMORTAL RUBEM RIBEIRO DE ALMEIDA. JOSEMAR RAPOSO

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POSSE DO PROFESSOR ARTHUR DA SILVA ALMADA LIMA FILHO NA CADEIRA DE Nº 57 PATRONEADA POR JOSÉ EDUARDO ABRANCHES DE MOURA

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE ADALBERTO FRANKLIN PEREIRA DE CASTRO EM SUA POSSE NA CADEIRA 16 PATRONEADA POR FRANCISCO DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES - 22 DE DEZEMBRO DE 2012 ADALBERTO FRANKLIN PEREIRA DE CASTRO

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DISCURSO DE POSSE NA CADEIRA 16 PATRONEADA POR FRANCISCO DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

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APRESENTAÇÃO DE MARIA JOSÉ BORGES LINS E SILVA PARA SÓCIA CORRESPONDENTE. MAS, QUEM É MARIETA BORGES? ARTIGOS INÉDITOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO

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OS SÓCIOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS SÍNTESE DA HISTÓRIA DAS IDEIAS DE PAULO FREIRE E A ATUAL CRISE DE PARADIGMAS, RELACIONANDO CATEGORIAS DESSE PENSAMENTO COM A INCLUSÃO DO NEGRO NO SISTEMA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS/MA. ANA LUIZA ALMEIDA FERRO A ERA DOS DESCOBRIMENTOS E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO MARIETA BORGES LINS E SILVA PRESENÇA FRANCESA EM FERNANDO DE NORONHA DILERCY ARAGÃO ADLER A OSCAR NIEMEYER, O SENHOR DAS CURVAS, BRILHANDO AGORA ENTRE AS ESTRELAS - (15/12/2008 – 5/12/2012 IHGM NA MÍDIA OSVALDO PEREIRA ROCHA SÍNTESE HISTÓRICA DO REI SALOMÃO RAIMUNDO GOMES MEIRELES DOIS PADRES E UMA MEMÓRIA NOS 400 ANOS DE SÃO LUIS JOSÉ JORGE LEITE SOARES ENCARANDO O PROBLEMA RAIMUNDO FERREIRA MARQUES CARNAVAL DA MINHA JUVENTUDE, de OSVALDO PEREIRA ROCHA OSVALDO PEREIRA ROCHA SÃO LUÍS TEM MESMO QUANTOS ANOS?

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ANTONIO NOBERTO PERMITA-ME ALGUMAS PALAVRAS ANTONIO CARLOS LIMA FRANCESA, COM CERTEZA OSVALDO PEREIRA ROCHA UM POUCO SOBRE PEDREIRAS WASHINGTON CANTANHEDE AINDA SOBRE PEDREIRAS WASHINGTON CANTANHEDE FORA DA LEI E POR FORA DO MARANHÃO - (HISTÓRIA DO INTERIOR MALTRATADA). OSVALDO PEREIRA ROCHA ALGO SOBRE SANTO ANTÔNIO DOS LOPES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DELZUITE DANTAS BRITO VAZ

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HISTÓRIA DO VINHAIS VELHO EM SETE PASSOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SOBRE ESQUECIMENTO(S) E APAGAMENTO(S) – O CASO DO VINHAIS VELHO NATALINO SALGADO FILHO MEDICINA: UM DOM E UMA MISSÃO ANTONIO NOBERTO ULTIMO DIA DE EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE OSVALDO PEREIRA ROCHA ACADEMIA MAÇÔNICA INTERNACIONAL DE LETRAS - AMIL NATALINO SALGADO FILHO REFLEXÕES ACERCA DO ANO DA FÉ MARIETA BORGES LINS E SILVA CIDADES / RELIGIÕES ÁLVARO URUBATAN MELO A VIAGEM: SÃO BENTO - SÃO LUÍS ANTONIO NOBERTO SALVE O TURISTA OSVALDO PEREIRA ROCHA ANIVERSÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NATALINO SALGADO FILHO HISTÓRIA DA MEDICINA

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202 203 205 207 210 212 214 216 218


AYMORÉ DE CASTRO ALVIM QUATRO SÉCULOS DE MEDICINA NO MARANHÃO MANOEL SANTOS NETO DOIS ANOS SEM ANTÔNIO VESPASIANO RAMOS JOAQUIM HAICKEL QUARENTA ANOS DE JEMS ADALBERTO FRANKLIN A PRESENÇA NEGRA NO SUDOESTE MARANHENSE ÁLVARO URUBATAN MELO DESEMBARGADOR ELISABETO BARBOSA DE CARVALHO OSVALDO PEREIRA ROCHA DIA DA BANDEIRA NACIONAL DO BRASIL LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

220 222 223 225 227 229

JOGO DAS ARGOLINHAS – PRIMEIRO ESPORTE PRATICADO NO MARANHÃO (POR BRANCOS…) DILERCY ADLER

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PROJETO GONÇALVES DIAS GONÇALVES DIAS NESTE MÊS DE NOVEMBRO DE 2012 ANTONIO NOBERTO

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EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE GANHA PRÊMIO CAZUMBÁ DE TURISMO OSVALDO PEREIRA ROCHA

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PALESTRA NO RC DE SÃO LUÍS TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO OS FINS DO ANO DE 2012 OSVALDO PEREIRA ROCHA DIA DO MARINHEIRO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DELZUITE DANTAS BRITO VAZ

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NOVOS ACHADOS PARA A MEMÓRIA DA VILA VELHA DE VINHAIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ELITISMO NO IHGM – FASE DE REVISTA ELETRONICA – EM ANDAMENTO: RESULTADOS PRELIMINARES

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“PLANO EDITORIAL DO IHGM”

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“I – O Plano Editorial do IHGM é destinado, exclusivamente para os seus associados, no sentido de: a) Defender e velar o patrimônio histórico e cultural do Maranhão; b) Estimular o estudo e cooperar na publicação prioritariamente, de questões sobre História, Geografia e Ciências afins referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão; c) Cooperar com os Poderes Públicos nas medidas que visem ao engrandecimento científico e cultural do Maranhão. II – O Plano Editorial usará o seu órgão especial – a REVISTA – para as publicações trimestrais de trabalhos previamente selecionados. III – Os Associados poderão usar o PLANO EDITORIAL nas publicações de outros gêneros como romances, peças teatrais, ensaios, críticas, versos, novelas, crônicas, contos e monografias, quando os referidos assuntos forem previamente escolhidos em concursos e promoções realizadas pelo IHGM. IV – Será estabelecido premio anunciado com antecipação, além de medalha de ‘honra ao mérito’, apoio e cobertura da solenidade de lançamentos da obra. V - As inscrições serão feitas de 1o. a 15 do primeiro mês de cada trimestre, com apresentação de original inédito, titulo da obra do nome do autor. VI – A Diretoria do IHGM designará anualmente por portaria três (3) membros de seu quadro de sócios efetivos com três (3) suplentes para comporem a Comissão de Leitura, sendo o julgamento por votação com parecer escrito considerado irrevogável. Os suplentes serão, automaticamente, convocados pela ordem, quando houver impedimento de quaisquer dos membros efetivos da mencionada Comissão. VII – Os casos omissos serão decididos de comum acordo pela Diretoria do IHGM e pela Comissão de Leitura e, em ultima Instancia pela Assembléia Geral do IHGM. São Luís, 05 de outubro de 1984 JOSÉ RIBAMAR SEGUINS Presidente do IHGM.

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SEGUINS, José de Ribamar. Plano Editorial do IHGM. In Rev. IHGM, São Luís, ano LIX, n. 07, dezembro de 1984, p. 83-84


Ordem de Serviço 02/2012

A Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão no uso de suas atribuições nomeia os sócios abaixo para participar do Conselho Editorial da Revista do IHGM com vista a uma sistematização da mesma objetivando melhor qualidade de conteúdo e gráfica: Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo – Cad. 06 Manoel dos Santos Neto – Cad.11 Euges Silva de Lima – Cad. 22 Leopoldo Gil Dúlcio Vaz – Cad. 40 Aldy Melo de Araújo – Cad. 45

São Luís, 05 de dezembro de 2012

Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo Presidente


CALENDÁRIO DE EVENTOS PARA 2013 1. Reuniões de Diretoria – Hora: início 16:00 horas 2. Ciclo de Palestras – 17:00 horas 3. Assembléia Geral Ordinária - Hora: início 16:30horas

JANEIRO

09

30 FEVEREIRO

13 27

MARÇO

13 27

ABRIL

10 24

MAIO

08 29

JUNHO

12 26 10

JULHO 29

AGOSTO

14 28

SETEMBRO

11 25

OUTUBRO

09 30 13

NOVEMBRO 20

Reuniões de Diretoria A IGREJA SÃO JOÃO BATISTA E A VILA VELHA DE VINHAIS – UMA HISTÓRIA DE FÉ – Exibição de documentário Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Palestra - FRAN PACHECO E A EDUCAÇÃO FÍSICA MARANHENSE Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Apresentação novas regras normativas e critérios de publicação da Revista do IHGM (RIHGM) Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Palestra 1612 As primeiras leis fundamentais das Américas Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Palestra - A MEDICINA DO MARANHÃO NO SÉCULO XIX Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Palestra Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Palestra Assembleia Geral Ordinária - SOLENE SEMINÁRIO – ADESÃO DO MARANHÃO Á INDEPENDENCIA Reuniões de Diretoria PROJETO GONÇALVES DIAS, ANIVERSÁRIO DE 190 ANOS DO POETA Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Palestra Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Palestra Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria Palestra – 1614 A História da Batalha de Guaxenduba Assembleia Geral Ordinária Data comemorativa do inicio dos trabalhos do IHGM (1925). Será ministrada uma palestra sobre os holandeses no Maranhão

DEZEMBRO

02 11

Assembleia Geral Ordinária Reuniões de Diretoria

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

ALDY MELO

MÁRCIO COUTINHO

AYMORÉ DE CASTRO ALVIM

Dia todo - Palácio Cristo Rei ON-DAY-SEMINAR 16 hs – AGO solene encerramento Seminário DILERCY ADLER

EUGES LIMA

AGO SOLENE DATA MAGNA

CONFRATERNIZAÇÃO


APRESENTAÇÃO O compromisso que assumi com a Dra. Telma Reinaldo de me responsabilizar pela editoração de nossa Revista do IHGM se encerra no presente número, dezembro de 2012. Cabe ao Diretor de Divulgação, jornalista Manoel dos Santos Neto, a decisão de como será a partir de 2013: “Art. 26 – compete ao Diretor do Serviço de Divulgação superintender as publicações, reunir os artigos para a “Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão”, fazer a propaganda, enviar à imprensa resenha das ocorrências das sessões, e atender a todos os assuntos que se relacionam com a imprensa”. (do novo Estatuto Social, aprovado em 22 de abril de 1951). Desde a gestão da Profa. Eneida, quando assumi a cadeira 40, foi-me solicitado editar a Revista do IHGM; os primeiros dois números, o fiz e passei ao Diretor, José Fernandes, que me pediu, então, que assumisse a partir dali a edição; o que fiz. Ano passado, devido a algumas críticas, solicitei a composição de um Conselho Editorial, que foi feito através de Portaria da Presidência; o mandato desse Conselho se encerrou em julho, com a gestão anterior; deveria ter sido nomeado outro Conselho... Devo esclarecer que, após análise das revistas primeiras, fomos aos poucos estabelecendo o formato atual. Foi decisão da AGO que as portarias e atos administrativos não viessem na Revista – que deveria conter apenas artigos; que deveria ser criado Boletim Informativo próprio, para as questões administrativas; e que na ocasião, não me responsabilizei pelo mesmo, cabendo sua edição, então, ao Secretário e ao Diretor de Divulgação; o que não aconteceu. Na atual Gestão 2012/2014 o Sr. VicePresidente Euges Lima se propôs a editar o Boletim, apresentando um primeiro na AGO de outubro ultimo, devidamente aprovado. Temos, assim, mais uma ferramenta de comunicação com os sócios. Parabéns, Euges, e boa sorte... Na presente edição, publicamos dois discursos a pedido, haja vista que não saíram à época, dado que a Revista não estava sendo editada. Fica, pois, o registro. Prosseguimos com as colaborações de nossos sócios na mídia; material publicado nos mais diversos jornais editados no Maranhão é replicado aqui, para registro da contribuição com a difusão cultural – a maioria desse material se trata de crônicas. Agradecemos ao Antonio Noberto o envio do que é publicado na coluna “Trincheira da Maranhensidade”, do Jornal Pequeno, suplemento de Turismo, devidamente autorizados pelo Confrade Manoel Santos, dublê de editor do JP e nosso Diretor de Divulgação. Desde a morte de nosso confrade Reis, que outros sócios assumiram a coluna e vem dando sua colaboração, especialmente Noberto, Álvaro, Aymoré, Adalberto, Joana. Produção quase semanal, a dos sócios Natalino Salgado, Osvaldo Rocha, Joaquim Haickel. Que também remetem seus escritos. Devo esclarecer que após leitura, se se trata de assunto pertinente, relacionado com a História, Geografia, ou Ciências Afins - do campo das ditas ‘sociais’ -, são inseridas na Revista. Se não... Não. É difícil exercer esse papel de “censor”, sozinho. Daí solicitar o Conselho... Vale lembrar que a Revista é dedicada à publicação da produção intelectual de seus Sócios. Eventualmente artigos de autoria de outros autores, desde que justificada,


como é o caso de palestra ou pronunciamento no IHGM. Ou quando de promoção de algum evento, e haja apresentação de trabalhos, como ocorreu recentemente, com nosso Seminário dos 400 anos; aproveitamos, na ocasião, para publicação de alguns artigos pertinentes ao tema, dando ensejo à provocação de debates – ou mesmo de respostas. Acredito que devemos considerar – proposta levada a efeito na AGO de outubro – em dar continuidade aos Ciclos de Estudos & Debates, com as palestras/conferencias mensais, como ocorria desde os primeiros anos do IHGM, e retomadas na gestão da Profa. Eneida; e que os palestrantes/conferencistas remetam seus textos; muitas das palestras apresentadas não foram encaminhadas para editoração, daí ficarmos com alguns espaços em aberto, aguardando seus autores. A outra proposta, ainda sem respostas por parte da Diretoria e da AGO, foi a continuidade dos Seminários. Como vimos, a realização dos seis programados nos anos de 2011/12 deram bons resultados, com as Coletâneas com quase mil páginas. Para este ano de 2013 a proposta é a realização de dois sendo um deles abordando a “Invasão Holandesa” – assunto pouco estudado -; e outro a “‘Adesão” do Maranhão à “Independência do Brasil”. A justificativa, de que por ser esta ultima uma das datas magnas do IHGM, tem uma sessão especial no “28 de julho”, e os pronunciamentos estavam sendo recaindo a uma ou duas pessoas – que acabavam assumindo, já que outros não se apresentavam; abrindo para a participação do publico acadêmico – entenda-se nossas Universidades... – teremos outras visões e participações. A metodologia será a mesma, de “one-day-seminar”, uma Conferencia Magna, uma mesa redonda, com pelo menos três debatedores, apresentações orais (para professores) e em formato de pôster (para estudantes), com a garantia de publicação em nossa Revista; como se fez nos Seminários. Urge, pois, a decisão, haja vista a necessidade de tempo para divulgação junto aos nossos Cursos de História, e demais áreas das Sociais, de nossas diversas IES; tempo para divulgação, inscrição, recebimento do material (textos para publicação), e realização do evento... Neste ultimo trimestre, tivemos a participação em vários eventos: a Feira do Livro promovida pela Prefeitura Municipal, com o IHGM pela segunda vez se fazendo presente, colocando a produção dos seus sócios à disposição do grande público. Nosso Vice-Presidente Euges Lima este ano tomou a frente, dando expediente direto, na semana, junto com a Dra. Telma e o JR... O outro evento dá bem o significado que o IHGM vem assumindo; dois de nossos sócios foram agraciados com a Medalha João Lisboa, alusiva ao seu bicentenário, outorgada pela Academia Maranhense de Letras –AML - à nossa Presidente Dr. Telma, e ao Sócio Almada Lima Filho, pelos relevantes serviços prestados à cultura maranhense. Assim como ao 7º Aniversário da APLAC – Associação Pinheirense de Letras, Artes e Ciências, dos quais vários de nossos sócios fazem parte: Aymoré, Joana Bittencourt, José Jorge Leite Soares, José Márcio Leite, e nosso sócio honorário José Sarney. Ainda, uma Comissão do IHGM se fez presente em Caxias, durante o XIV ENCONTRO MUNICIPAL DO PROLER - OUTUBRO 2012; lá foi apresentado pela Confreira Dilercy Adler o Projeto Gonçalves Dias.


Dilercy junto com Clores foram também a Guimarães, onde se foi reverenciar a memória de Gonçalves Dias e levar àquela cidade o Projeto que leva seu nome. A Academia Maranhense de Letras, em comemoração a mais um aniversário de João Lisboa outorgou à Dra. Telma medalha de mérito, assim como ao Confrade almada Lima. A APLAC também comemorou seu aniversário de fundação. Muitos de nossos sócios efetivos pertencem àquela Academia, também agraciados com medalhas. O IHGM este representado por vários de seus sócios efetivos, além dos Confrades daquela instituição cultural. Como possivelmente teremos outra concepção de revista a partir da próxima publicação, procedi a analise dos 16 numeros publicados nesses cinco anos – 2008 a 2012. Artigo publicado ao final. Agradeço às Presidentes Eneida e Telma e aos Diretores de Divulgação José Fernandes e Manoel dos Santos Neto a confiança. Aos Confrades e Confreiras o envio e autorização de publicação de suas contribuições. LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Editor da presente Edição



DISCURSO DE ANIVERSÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO

TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Comemoramos hoje 20 de novembro de 2012 mais um aniversário do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, data por demais emblemática do sonho de seus fundadores sob a batuta de nosso sócio fundador Antônio Lopes da Cunha e seus companheiros de faina Ribeiro do Amaral, Domingos Perdigão, Wilson Soares, Justo Jansen, José Domingos da Silva, Benedito Barros Vasconcelos e Padre Arias Cruz que enfrentando todas as admoestações de seu tempo não pouparam esforços no sentido de dar ao nosso estado uma casa de memória que viesse resgatar, guardar e produzir a História e a Geografia dos nossos antecessores bem como dos nossos contemporâneos. Ao nos reunirmos nesta casa hoje na comemoração dos nossos 87 anos, sob a égide do pensamento de nossos sócios fundadores, sabemos da nossa responsabilidade de levar adiante este feito de 87 anos atrás quando alguns homens letrados decidiram de forma arguta fundar este sodalício. Desta forma quero nesta data saudá-los por esta efeméride estendendo a saudação a todos os que já passaram por aqui e estão nesse momento em outro plano, bem como os que aqui ainda se encontram entre nós. Este é o momento em que cabe registrar que uma instituição como o IHGM, que alcança 87 anos celebra especialmente o senso de continuidade histórica, somos a memória estadual em seu mais puro sentido, pois produzimos aqui uma historia prenhe de significados, pois nós somos o que somos, alguns dirão que isto não chega a ser uma conquista inédita porque Outros também o fizeram antes de nós, mas se somos o que somos é porque fizemos algo que frente as imposições e os desafios postos a nossa frente significou muito para a nossa história, somos testemunhas oculares de nossos avanços e retrocessos.


Somos o que somos! Baluartes da história de nosso estado, somos Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundador francês de nossa cidade, somos Jeronimo de Albuquerque e Alexandre de Moura genitores portugueses de nossas plagas, somos Claude de Abbeville e seus padres jesuítas que pregaram o evangelho cristão aos nossos primitivos habitantes e o legarão a nós, somos o romantismo de Gonçalves Dias que nós legou o canto dos sabias nas palmeiras embaladas pelo vento, somos a garra de Manoel Beckman quando deu a sua vida pelo povo sofrido e explorado do Maranhão, somos Teixeira de Melo e sua garra na expulsão dos Holandeses, somos Francisco D’Albuquerque Coelho de Carvalho e Bento Maciel Parente que governaram argutamente o Estado Colonial do Maranhão, somos os capitães generais Joaquim de Melo e Póvoas e Antonio Sales de Noronha que a frente deste estado enquanto ainda colonial conseguiram levar adiante um sonho de liberdade, somos Gomes de Castro, Teixeira Mendes, Costa Rodrigues, Benedito Leite, Herculano Parga e Urbano Santos, todos figuras proeminentes do nosso estado na primeira republica, somos Godofredo Viana, Magalhães de Almeida, Aquiles Lisboa e Paulo Ramos no final do século XIX lutando por um Maranhão mais prospero, somos Sebastião Archer, Eugenio de Barros e Matos Carvalho no inicio do século XX debatendo-se por garantir nossa liberdade política, enfim somos José Sarney, Neiva Moreira e Nunes Freire nos idos de 1964,frente a um regime de Repressão, somos Luís Rocha e seus contemporâneos no final século XX, todos estes homens estiveram e ainda estão entre nós pelos seus feitos, são imortais tanto quanto nós por suas obras e feitos ao Maranhão. Nesta data quero saudar nossos fundadores e nossos construtores, porque todos como nós do IHGM na pessoa dos fundadores passaram e passaremos por dificuldades em muitos momentos, mas cresceram e cresceremos assim como o Brasil cresceu e cresce, levando-nos a sentir grande orgulho de ser Presidente desta instituição em um segundo mandato, quando percebo que com meus pares fizemos muitas coisas, como todos nossos antecessores fizeram cada um no se tempo, quero também agradecer pela acolhida que me foi dispensada quando aqui adentrei pela primeira vez, pela confiança depositada quando fui elevada a condição de Presidente desta casa em 2010 e agora novamente em 2012, quero agradecer aos integrantes das diretorias dessa dupla gestão, enfim quero agradecer aos confrades e confreiras que aqui estão ou aos que no recôndito de seus lares nesse momento elevam seus pensamentos a nós por estarem impedidos por motivos de doenças ou de trabalho de aqui se fazerem presentes para juntos cantarmos em uníssono “Parabéns a você, IHGM pelos seus bem vividos 87 anos de história, geografia e áreas afins”. Muito Obrigada.


87º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO DO IHGM OSVALDO PEREIRA ROCHA Sócio efetivo, Cadeira nº 8 e ex- Vice-Presidente do IHGM. E-mail: rocha.osvaldo@uol.com.br e site www.osvaldopereirarocha.com.br

O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, fundado em 20 de novembro de 1925, pelas figuras ilustres da sociedade de São Luís Justo Jansen Pereira, seu primeiro presidente; José Ribeiro do Amaral, José de Abranches Moura, José Pedro Ribeiro, Padre Arias Almeida Cruz, Benedito Barros e Vasconcelos, Domingos de Castro Perdigão, José Domingues da Silva, Wilson da Silva Soares, José Ferreira Gomes e Antonio Lopes da Cunha, sendo deste o nome da casa, comemorou dignamente seu 87º aniversário no início da noite de 20/11/2012. Seu quadro de sócios efetivos é constituído de 60 (sessenta) cadeiras, ocupadas por historiadores, geógrafos, advogados, médicos, jornalistas, professores e outros profissionais dedicados ao estudo da história e da geografia. O sodalício aniversariante abrigou sócios beneméritos do quilate de Mario Martins Meireles, Domingos Vieira Filho, Aquiles de Farias Lisboa, Ronald da Silva Carvalho, Eloy Coelho Neto e outros. O IHGM tem por objetivo estudar, debater e divulgar assuntos atinentes à história e à geografia maranhense e, por isto, mantém biblioteca especializada aberta a estudantes e pesquisadores e a Revista do IHGM, editada trimestralmente, onde são publicados os trabalhos dos seus membros efetivos, honorários e correspondentes; e, com apoio de outras entidades culturais, realiza palestras, cursos e pesquisas. O ato comemorativo constou de sessão magna, realizada na sede do Instituto, ou seja, na Rua de Santa Rita nº 230 – 4º andar, centro, São Luís – MA, presidida pela Presidente Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, que fez a saudação ao ilustre aniversariante do dia e, ao final, foi intensamente aplaudida pelos sócios e sócias presentes, dos quais e das quais este articulista registrou na memória e torna públicos os nomes de Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo, Joseth Coutinho Martins de


Freiras, Josemar Bezerra Raposo, Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Clores de Holanda, Antonio Noberto, Raul Vieira da Silva Canedo e Jos茅 Ribamar Fernandes, que relan莽ou, na oportunidade, seu mais recente livro sobre a Hist贸ria do Padre Brandt. Ao final do supracitado evento, foi servido um excelente coquetel. As fotos anexas dizem um pouco mais do importante e hist贸rico evento.



IHGM COMEMOROU SEUS 87 ANOS DE MUITA HISTÓRIA EUGES SILVA DE LIMA http://ihgm1.blogspot.com.br/ - Posted: 22 Nov 2012 07:54 AM PST

Foto tradicional com os sócios

Dia 20, às 18 horas, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, realizou sessão magna para comemorar seus 87 anos de fundação. A solenidade iniciou-se com o discurso da presidente, professora Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, que destacou o histórico do IHGM até aquela data e sua força em permanecer ativo por mais de oito décadas, assim como o apoio e dedicação das várias gerações de sócios para que esse sodalício pudesse chegar até os dias de hoje, com tanta vitalidade.

Secretária Clores Holanda e a presidente, Telma Bonifácio

Após seu discurso, a presidente franqueou a palavra, vários sócios se manifestaram e discursaram. Entre as homenagens da noite, foi exposto na parede lateral direita do salão nobre, um baner gigante com a galeria de fotos dos pais


fundadores do Instituto Histórico. Esse painel faz parte de um projeto organizado pelo vice-presidente da casa, professor Euges Lima, de resgate das imagens e história dos 11 fundadores do IHGM.

Presidente, Telma Bonifácio e o vice, Euges Lima

O Instituto Histórico e Geográfico foi fundado em dia 20 de novembro de 1925 por um grupo de 11 intelectuais de projeção. Foram eles: Antônio Lopes, Justo Jansen, José Ribeiro do Amaral, Domingos Perdigão, Wilson Soares, Benedito Barros e Vasconcelos, Padre Arias Cruz, José Domingues da Silva, José Eduardo Abranches Moura, José Pedro Ribeiro e José Ferreira Gomes. A solenidade também foi marcada pelo relançamento do livro “O Universo do Padre Brandt” do escritor José Fernandes, membro do Instituto e que teve muita acolhida pelos confrades. Após a sessão, foi partido o bolo dos 87 anos e servido um coquetel aos presentes.

RAPOSO – LEOPOLDO - CAMPOS


VISTA DA PLENÁRIA

ENEIDA E TELMA

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JOSETH – ENEIDA - TELMA

RAUL, CAMPOS, CLORES E AYMORÉ

CLORES e JOSÉ FERNANDES


LEOPOLDO E JOSÉ FERNANDES

JOSÉ JORGE e JOSÉ FERNANDES


PROJETO GONÇALVES DIAS XIV ENCONTRO MUNICIPAL DO PROLER – CAXIAS – MA OUTUBRO 2012


FEIRA DO LIVRO 2012 Joseh Carlos lança "Crônicas de São Luís" na Feira do Livro

Hoje (30/11), às 19 horas, no Stand do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, na 6.ª Feira do Livro de São Luís (CEPRAMA), será lançado o livro “CRÔNICAS DE SÃO LUÍS: 1612, a fundação da cidade sob o olhar Tupinambá do professor da Universidade Estadual do Maranhão e membro do IHGM, Joseh Carlos Araújo. O livro busca contar a história da ocupação francesa em São Luís no início do século XVII, a chamada França Equinocial, sob a ótica dos Tupinambás, é a versão da fundação de São Luís não sob o olhar europeu, eurocêntrico, mas a partir da visão dos nativos de Upaon-Açu. O autor mergulha na figura dos Tupinambás e de como eles viram a chegada e a permanência dos franceses durante o período da França Equinocial, uma visão pouco, ou quase nunca abordada, sobre essa temática, é a própria alteridade dos Tupinambás. Joseh Carlos é professor universitário, engenheiro agrônomo, com pós-graduação pela USP, pesquisador e membro efetivo do IHGM, já publicou vários livros, como uma série sobre a região dos cocais maranhenses e sobre a Amazônia e seu processo de degradação nos últimos 40 anos.




PRESIDENTE DO IHGM RECEBE COMENDA ‘JOÃO LISBOA’ DA AML 28 de nove,bro de 2012

Almada Lima e Telma, os agraciados com a Medalha João Lisboa, e os sócios do IHGM Joana, José Carlos , Euges, Eneida,e Assir


ACADEMIA PINHEIRENSE DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIAS A Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências está em festa. Logo mais, às 17H00 realizar-se-á no auditório do antigo Hotel Vila Rica uma Sessão Solene para celebrar o 7@ aniversário da APLAC e 206@ aniversário da fundação de Pinheiro (23/11/1806). Também serão lançados os Anais da Academia, ocasião em que o seu Presidente de Honra, Acad. Dr. José Sarney fará a entrega simbólica de 12 mil livros para o Acad. Dr. José Márcio Soares Leite, Presidente do nosso sodalício. Será servido um coquetel aos presentes.

José Sarney, na Sessão Solene para celebrar o 7º aniversário da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências (30/11/2012).

"Sou membro de várias academias: Brasileira, Maranhense e Brasiliense de Letras. Sou da Academia de Ciências de Lisboa. No entanto, o que mais me orgulha, é ser membro da Academia Pinheirense. Sou um bom filho da minha cidade."


O IHGM, através da sua Presidente, Profa. Dra. Telma Reinaldo, se fez presente para congratular-se com a coirmã APLAC.

O Acadêmico José Sarney, Presidente de Honra da APLAC, e os membros do Instituto: José Marcio Leite, Presidente da APLAC, José Jorge Leite, Aymoré Alvim, Dra. Telma Reinaldo e Joana Bittencourt. Todos membros do IHGM.


V SEMANA LITERÁRIA MARIA FIRMINA DOS REIS

O Centro de Ensino Médio Nossa Senhora da Assunção 2, localizado no município de Guimarães, estará realizando no período de 26 a 30 de novembro a V Semana Literária Maria Firmina dos Reis. A semana é organizada pelos professores da Área do Conhecimento de Códigos e Linguagens ( Lingua Portuguesa, Inglês, Artes, Educação Física) desde o ano de 2007, e tem como objetivo aprimorar a cultura dos nossos alunos, desenvolvendo sua sensibilidade, habilidades culturais através da escrita, da fala, da arte. A semana literária homenageia a Mestra-régia Maria Firmina dos Reis dando o seu nome ao evento e a cada ano escolhe um grande vulto da cultura: 2007 - Maria Firmina dos Reis 2008 - Machado de Assis 2

CENTRO DE ENSINO NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO - A Escola Nornal Nossa Senhora da Assunção, hoje, C E Nossa Senhora da Assunção, fundado em 15 de agosto de 1957 pela Missão de Nicolet, Canadá, com o objetivo de formar professores de qualidade para as escolas do interior do Maranhão. Teve como seus fundadores Dom Afonso Ungarelli, Pe João Batista Caya e Madre Maria Assunta. Seus primeiros professores foram os canadenses: Madre Maria Assunta, Irmã Terezinha, Irmã Teresa, Irmã Rita e Raymond Ricard. Os brasileiros: Aguida Pereira Cavaignac e Nilta Pereira Teixeira. O Corpo discente contava com 33 alunos. Como diretora Ágda Ferreira Lima de Cavaignac. No ano de 1958 a escola foi reconhecida oficialmente. Mudou a direção para Ana Maria Cavaignac e uma professora-normalista de Caxias se junta aos demais professores. Em 1959, deu-se inicio da Associação dos Cadetes cujos membros acompanhavam os padres em desobrigas no interior do município. Foi organizado também um coral que se exibiu na cidade de Alcântara fazendo a honra da Escola. O corpo discente aumentou para 87 alunos. Em 1960 realizou-se a primeira formatura com 24 concludentes. Duas novas professoras fazem parte do quadro. 91 alunos. No ano seguinte cinco novos professores. Os alunos diplomados do ano precedente partem para exercer o magistério em outras cidades do Maranhão: Alcantara, Peri-Mirim, Presidente Dutra, Etc. O ano de 1962 foi marcado pela fundação do Pré-ginasial com 35 alunos, dando um total de 95 alunos a Escola. http://cs.assuncao.zip.net/


2009 - Monsenhor Estrela. " Um vimarense a brilhar" 2010 - Ferreira Gullar. "Ao poeta, a eternidade" 2011 - o evento não foi realizado E, em 2012 teve como temática "Nossos maranhenses em verso e prosa". Foi uma semana voltada para a literatura, o cinema, a musica, a poesia, os contos dos grandes nomes que fizeram e fazem a literatura e as artes maranhense. A V Semana Literária Maria Firmina dos Reis – encerrada nesta sexta-feira, 30/11 – foi organizada pelos professores de Língua Portuguesa, Artes e Ed. Física. Com o tema Nossos Maranhenses em verso e prosa, foram apresentadas pelos alunos e professores da área diversas atividades durante manhã, tarde e noite. O aluno foi desenvolveu o protagonismo juvenil sendo o principal ator no desenvolvimento das tarefas, mostrando a sua a criatividade, animação e vontade de fazer.

A escritora Dilercy Adler, contribuindo com a Semana falando sobre o projeto Mil Poesias para Gonçalves Dias, e da importância da literatura a formação do homem como cidadão e da importância de uma semana literária na construção do conhecimento. A escritora estava acompanhada da Diretora do Palácio Cristo- Rei, Clores Holanda.


Os alunos Robert e Erinaldo caracterizados como Gonçalves Dias e Souzandrade.

Alunos aguardam o inicio das atividades

Elcimar, técnica da Unidade Regional de Educação de Pinheiro fala para os alunos.


DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA ILZÉ DE MELO CORDEIRO Cad. nº30 Auditório do IHGM em 29.10.1980 São Luis-Ma.

Exmo. Senhor Presidente do IHGM Ilustres confrades e confreiras Meus senhores e minhas senhoras É com imensa alegria que, escolhida pela Diretoria do Instituto, para saudar o confrade Edomir Martins de Oliveira, por ocasião de sua posse, hoje, dia 29.10.1980, neste Sodalício, faço-o com a maior alegria. Inicialmente quero trazer as palavras de Antoine de Saint Exupery quando diz: “tu te tornas responsável por tudo aquilo que tu cativas”. Com Edomir acontece exatamente isso. Ele pelo seu modo cortês e educado no trato com as pessoas e particularmente com os colegas e amigos, me autoriza dizer que agora é responsável por mim particularmente, porque ele me cativou desde os bancos escolares em nossa tradicional Faculdade de Direito. Identificamo-nos desde os primeiros contactos iniciais quando detectei nele o aluno estudioso e de futuro promissor. Com ele discuti assuntos de interesses recíprocos quer no campo da língua pátria, quer no terreno da literatura, onde na poesia principalmente, ele sempre mostrava o seu encanto particular. Aluno estudioso deixava claro o que seria em dias futuros. Foi assim que a cada dia regando a planta da amizade existente entre nós, vimo-la florescer, e ser árvore frondosa, ao abrigo da qual nos sentíamos reconfortados e constantemente alimentados. Por essa razão foi com imensa alegria que quando a oportunidade se apresentou indiquei-o para a cadeira 51 do quadro do IHGM, cadeira que tem como patrono Ruben Ribeiro de Almeida, ilustre professor da língua Portuguesa, nome que ultrapassou as fronteiras do Maranhão, de quem Edomir foi aluno no tradicional Liceu Maranhense, com a certeza de que ele seria um nome que iria colaborar para o enriquecimento da Casa de Antonio Lopes. Ao fazer a indicação fui secundada por Aryceia Moreira Lima e José Ribamar Seguins, valorosos companheiros de Sodalício, que conhecem o indicado e sabem que ele como estudioso das coisas do Maranhão, sem dúvida é um nome que engrandecerá e honrará nosso quadro de sócios. Edomir que já traz em sua bagagem literária alguns trabalhos publicados, já nos deixa o indicativo do que é capaz de realizar em dias futuros. É, pois com incomum prazer que o apresento aos imortais desta Casa, e com orgulho o declaro como meu afilhado, que aqui chega para colaborar conosco na árdua tarefa de fazer resplandecer as letras do Maranhão e em particular deste Sodalício. Sei do seu potencial como pesquisador inclusive, e é por isso que tenho absoluta certeza de que os ventos fortes e as tempestades que nunca o quebraram até hoje, açoitam-no


por vezes, mas passada a borrasca ele logo se volta para a posição verticalizada como que agradecendo a Deus pela vida, pela saúde, pela paz, pela inteligência que Deus lhe deu, e pelo que Ele tem sempre feito em sua vida. Tu, que por laços de consanguinidade estás ligado a Graça Aranha, nome dos mais festejados nas letras maranhenses, sem dúvidas nos darás preciosa contribuição, para fazer resplandecer ainda mais o nome desta nossa Atenas Brasileira. Quem visita a nossa Fonte do Ribeirão, sai dali sempre extasiado. Vê-se jorrar fonte de água potável cristalina, de carrancas, caras, que embora disformes, de pedra, ornam bicas de chafariz ali existentes. E essa água tem saciado a sede de muitos sedentos. Vemos em ti a água que haverá de nutrir a sede de muitos ansiosos pelas revelações de descobertas que o teu espírito de pesquisador haverá de fazer. Nós todos estamos ansiosos por essa água. Vem, dá-nos tua contribuição. Haverás de ser muito feliz ao nosso lado. Tendo começado esta oração com Exupery, haverei de concluir, valendo-me do que Antoine nos acrescenta no Pequeno Príncipe: “se tu vens às quatro, desde as três eu começo a ser feliz”. Edomir, meu querido confrade, as nossas reuniões são às 17 horas. E como temos a certeza de que contaremos sempre com a tua frequência, desde as 16 horas nós começaremos a ser felizes. Adentra Edomir, nesta Casa. Ela é tua também a partir de agora, e que Deus continue a estar presente diuturnamente em tua vida. Nós te acolhemos de braços abertos para o amplexo da amizade e da confiança que em teu trabalho depositamos. Nossos corações estarão sempre felizes para te receber. Toma assento nesta Casa. Tu agora és um dos nossos. Trabalharás ao lado de ilustres nomes representativos da cultura maranhense. Tu te sentirás feliz com absoluta certeza. Muito obrigado.


DISCURSO DE POSSE DE EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA JUNTO AO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, NA CADEIRA Nº 51, DA QUAL É PATRONO O IMORTAL RUBEM RIBEIRO DE ALMEIDA. DATA DE POSSE – 29.10.1980, ÀS 17:00 NO AUDITÓRIO DO IHGM Senhor Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Caríssimos Confrades, Meus Senhores, Minhas Senhoras. Platão no seu Banquete conta-nos que Agamenão, um homem excepcionalmente bravo, no momento de um banquete, teria imaginado a chegada de Menelau ao festim, e que este teria confessado a Sócrates que como afirmara Homero, estivesse ele a ir como um vulgar ao festim de um sábio. Receio esteja a acontecer isto comigo. Ter vindo a uma festa de sábios. E como cheguei até aqui? Como um bom brasileiro, amante de futebol, estava eu “naquele engano da alma ledo e cego” a que se refere Camões, assistindo pela televisão a uma partida em que o Brasil se defrontava com o Uruguai, quando o tilintar do meu telefone veio quebrar aquela concentração. Era a imortal Ilzé Vieira de Melo Cordeiro, que como excelente amiga pedia para falar com o novo imortal. Confesso-vos que custei a acreditar na realidade que me apresentava. Confundiam duas coisas: o jogo a que assistia e a realidade ali exposta. Esta última, contudo, agigantou-se em mim e eu atônito não sabia como deveria agradecer àquela confreira, a contribuição que dera para minha eleição. Acredito mesmo que nem fiz. Faço-o agora. A ela e aos demais companheiros que se solidarizaram para que eu ocupasse a cadeira nº 51. Companheiros sou-vos grato pela honraria que hoje me conferis. Caríssimos confrades: vós estais me ajudando hoje a iniciar um vôo. Sou um Fernão Capelo Gaivota aquele a que alude Fernando Bach. A vossa paciência para comigo me levará aos grandes vôos sonhados. Porque se é bem verdade que o sonho de ontem, hoje se transforma em realidade, não é menos verdade que tenho lutado para alcançar esse fim. Daí porque mesmo nos bancos escolares, sempre em meus devaneios, sonhava com uma hora como esta. Devo dizer-vos que a cadeira nº 51, que hoje ocupo, dá-me uma alegria incomum desfrutá-la. O seu patrono, o imortal Rubem Ribeiro de Almeida, foi meu mestre em bancos escolares do Liceu Maranhense. Dele colhi como quem ávido por um fruto estende as mãos e o apanha as preciosas lições da língua pátria, tão necessárias ao nosso diuturno. Foi ele que nos meus devaneios e nas minhas indagações sobre como deveria fazer para chegar à imortalidade, lançou-me as sementes necessárias ao crescimento de uma árvore. Foi ele que me disse pacientemente: sonhe meu filho, sonhar faz bem, mas não pare só nos sonhos, lute pela conquista, pois a vitória só vem na medida em que só se descansa ao final da batalha. Eis-me aqui, como seu discípulo, prestando-lhe uma homenagem póstuma, feliz e apreensivo. Feliz por


poder ocupar o lugar de um ex-mestre; apreensivo, porque realmente é tarefa árdua ocupar uma cadeira que tem como patrono Rubem Almeida, o filólogo, o historiador, o bacharel em direito, o jornalista. É pensando nele no momento que me voltam as reminiscências do tempo de estudante. Já lá se vai o tempo em que eu tinha tempo, para no próprio tempo, contemplar o desabrochar de uma flor; ver extasiado o por do sol; ficar e escutar embevecido o canto dos pássaros. Hoje, vivendo em uma era tecnológica, onde os computadores se constituem a grande paixão dos homens, falta-me o tempo tão necessário para as contemplações das coisas da natureza e resta-me tão somente a lembrança dos tempos em que eu para tal, tinha tempo. É preciso sobreviver. Vamos à luta do dia. É preciso conceder à família aquilo que uma sociedade de consumo exige para que esta família viva com o mínimo de conforto possível. Mas, também, é preciso saciar-se com o alimento do espírito, tão necessário para a própria sobrevivência. O filósofo irlandês Georges Berkeley, muito a propósito, nos ensina no seu Tratado sobre o conhecimento Humano, “que os ímpios e os profanos caem facilmente nestes sistemas acordes com suas inclinações, escarnecendo da substância imaterial e supondo a alma divisível e corruptível como o corpo. Reduzidas a regras gerais, haverão de prevalecer as coisas mais gratas ao espírito e por eles procuradas”. Mas a vida continua fazendo exigências. E nós, por termos descoberto que: Na vida aprendi que a vida nenhuma beleza tem se não é vida vivida em prol da vida de alguém segundo os dizeres do poeta Manoel Sobrinho, continuamos na tarefa difícil e complicada de unir o útil ao agradável, principalmente quando a sociedade está a nos conhecer muito mais pelo que nós temos do que pelo que nós somos. Felizmente, restanos uma réstia de luz. Em muitos de nós ainda predomina o ser e não o ter. Antoine de Sainte-Exupery, ante essa realidade, afirma que “os homens só darão valor às coisas pelas cifras apresentadas. Assim, se se disser que uma casa vale alguns milhões de moeda, se dirá com certeza: deve ser uma bela casa. Porém, se se disser que a casa é bela porque está cheia de gerânios e flores na janela e reina ali muito amor, ninguém lhe dará valor”. Senhores, a nós outros não devem importar tão somente as coisas seculares, mas aquelas que possam se constituir como coisas perenes. Esta reunião e o trabalho que vós tendes apresentado à sociedade maranhense, ao Brasil e ao Mundo, é uma prova da afirmativa. Praza aos céus que as coisas do espírito não cedam lugar às coisas seculares tão somente. De minha mãe, Emília Fontes Martins de Oliveira, partícipe destes loiros, colhi a seguinte frase, que tem me acompanhado muito durante toda a hora em que precisei tomar grandes decisões: “meu filho, as coisas do mundo passam, mas nas lápides dos grandes homens, detentores de coisas do espírito, não constará senão AQUILO QUE FOI que é muito superior ÀQUILO QUE ELE TEVE”. Guardei comigo tais expressões, que se constituíram sempre um estímulo para a minha vida intelectual. Nunca as poderei esquecer, pois são elas a expressão de uma realidade palpitante. Manda a praxe, Senhor Presidente, caríssimos confrades, que haja uma referência neste discurso de posse, ao patrono da cadeira que o empossado se investe. Daí porque, por força de circunstâncias terei, com muito orgulho e com muita honra que fazer tais referências ao imortal Rubem Almeida. Dir-vos-ei, contudo, que serei breve, mesmo


porque, por força de dispositivos legais que norteiam nesta Casa terei o prazo de dois anos para escrever sobre o patrono. Convido-vos porém a fazermos juntos um passeio pela Rua dos Afogados e pararmos à casa de nº 241. Foi ali, naquele velho sobrado, que morou o imortal Rubem Almeida. Maranhense, de São Luís, nascido a 09 de maio de 1896, era filho de Bernardino Ribeiro de Almeida e Violeta da Fé Costa Lobo. Sua vida estudantil foi toda moldada em Escolas de São Luís, tendo passado pela Escola Particular Santa Luzia, pelo Liceu Maranhense e colado grau em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Luís. Foi na Faculdade de Direito professor de Direito Civil. No Liceu Maranhense foi catedrático da Língua Portuguesa, cuja disciplina também lecionou na Faculdade de Filosofia. Compôs banca examinadora de Português em Pernambuco, onde o filólogo Aníbal Bruno foi aprovado em primeiro lugar. Foi jornalista, militante de quase todos os jornais de São Luís entre 1912 e 1951. Desta Augusta Casa chegou a ser Presidente e como imortal ocupou também a cadeira nº 29, patrocinada por Felipe Franco de Sá. Foi também acadêmico, da Academia Maranhense de Letras. Eis, senhores, o patrono da cadeira nº 51. Estas as referências a seu respeito, em dados biográficos que foram por mim coletados em “Poesia Maranhense de Hoje”, do imortal Carlos Cunha. Como vêem os senhores, vale considerar a minha alegria e a minha preocupação. Peço-vos permissão para parodiar o Padre Antonio Tomaz, quando diz: “hoje sucede comigo exatamente o contrário dos meus tempos de rapaz/ os desenganos vão comigo á frente e as esperanças já ficaram atrás”. Na paródia eu vos direi: hoje sucede comigo exatamente o contrário dos meus tempos de rapaz: as esperanças vão comigo à frente e os desenganos já ficaram atrás. Esperança de produzir; esperança de poder acompanhar os passos do mestre Rubem Almeida, que muito me ensinou e me animou nos sonhos, para que estes se transformassem em realidade. Esperança de que não me absorvam as belezas que a sociedade de consumo oferece, efêmeras e passageiras, mas que prevaleçam em minha vida as coisas do espírito. Esperança de que haja continuidade do trabalho que venho realizando, já registrado em publicações, tais como as constantes dos livros: “Pétalas Caídas”, de versos; “Considerações sobre Desquite e Divórcio” – “Uma Tese sobre Voto”. “Elementos de Direito”, trabalhos produzidos no campo do Direito. Desejava também hoje, ver entregue aos estudiosos maranhenses o meu “Crédito Educativo – Anotações Jurídicas”. O Departamento de Direito da Universidade do Maranhão está elaborando sua publicação. Não ficou pronta a edição. Falta pouco. Nos próximos dias espero fazer o seu lançamento. Quero também ao lado dessa obra publicar proximamente a História da Faculdade de Serviço Social no Maranhão, unidade de ensino onde labuto no magistério há mais de 15 anos e da qual grandes episódios tenho guardado. Espero ao lado dessa obra ver formada também as minhas “Lições de Previdência Social”, cuja se encontra em mãos do Editor José Bushatsky, em São Paulo, para publicação. Muito ainda há por ser feito. A convivência convosco, tenho a certeza, será a motivação para continuar com outras produções. Ser um de vocês é motivo de júbilo. Trabalhar convosco é um galardão. Ocupar um lugar entre vós é ter antecipadamente uma coroa de loiros. O filósofo Erasmo de Rotterdam, no seu “Elogio da Loucura, nos lembra: de que adiantaria encher o estômago, se o espírito e o coração não se nutrissem de agradáveis delícias? Eis as nossas delícias no momento. Delícias lançadas sob a forma de sementes. Rezo para que estas germinem e se transformem em árvores frondosas. O peso da realidade levará muitas vezes o empossado a ver sangrar o seu próprio corpo. Será apenas um mecanismo de defesa. Nessa oportunidade suplica o empossado aos senhores que lhe permitam escrever, com o mesmo sangue, os seus próprios nomes


no seu coração. Será assim escrito a sangue a minha homenagem a Ilzé Vieira de Melo Cordeiro, colega das mais queridas, poetisa das mais festejadas, amiga de todas as horas, por quem nutro profunda amizade e admiração, que pacientemente lia os meus primeiros trabalhos, os discutia comigo e me estimulava sempre a continuar: Aderson de Carvalho Lago, Eloy Coelho Neto, Ariceya Moreira Lima da Silva, Edson Garcia Ferreira, autores da proposta da minha indicação para ocupar um lugar neste sonhado Instituto. E finalmente a todos vocês, partícipes deste momento tão feliz, muito obrigado.


POSSE DO PROFESSOR ARTHUR DA SILVA ALMADA LIMA FILHO NA CADEIRA DE Nº 57 PATRONEADA POR JOSÉ EDUARDO ABRANCHES DE MOURA JOSEMAR RAPOSO Professor Euges Lima – Vice-Presidente, no exercício da Presidência do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, estimado empossando, Ten Cel Flávio Botelho Peregrino – Comandante do 24º Batalhão de Caçadores – Batalhão Barão de Caxias, Confrades e Confreiras, Familiares e Amigos do Professor Almada Lima e Convidados Especiais. Apresentação do Empossando Nome: Arthur Almada Lima Filho Endereço: Avenida Colares Moreira, 15 – Calhau – São Luís/MA Filiação: Arthur da Silva Almada Lima e Etelvina Brandão da Silva Lima (Santinha) Nascimento: 17/10/1929 – Caxias – MA Arthur da Silva Almada Lima e Etelvina Brandão da Silva Lima (Santinha) casaram-se na cidade de Colinas. Seu pai já exercia a função de Promotor Público naquela cidade, onde nasceu sua primeira filha Maria Consuelo Almada Lima. Na cidade de Viana nasceu Etelson Almada Lima, os demais são caxiense – A Princesa do Sertão. A abençoada e grandiosa prole do casal Almada Lima e Santinha, totaliza dez filhos, a saber: 1-Maria Consuelo Almada Lima 2-Berenice Lima Medeiros – em memória 3-Marinice Lima Cabral Marques 4-Arthur da Silva Almada Lima 5-Irenice Almada Lima 6-Etelmar Almada Lima 7-Etelson Almada Lima 8-José Cesário Almada Lima 9-Nelson Almada Lima 10-Rui Eduardo Almada Lima Síntese Curricular e Formação Profissional e Acadêmica O empossando se casou em fevereiro de 1959 com Maria do Amparo Macatrão Costa Almada Lima. Seus filhos: 1-Arthur Costa Almada Lima Neto, Engenheiro Mecânico, Advogado, e Assessor de Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado Maranhão;


2-Francisco Cesário Costa Almada Lima, formado em Administração e Direito é Assessor do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão; 3-Clemência Costa Almada Lima de Ângelo, formada em Direito – Juíza Federal; 4-Claudia Costa Almada Lima, formada em Direito e Comunicação Social – Auditora Fiscal do Ministério do Trabalho; 5-Fernando Costa Almada Lima, formado em Direito e Administração. Declinou de exercer funções públicas, optando pela instalação de um escritório de advocacia. Na condição de viúvo há muitos anos, casou-se, em segundo matrimônio com Antonia Miramar Alves Silva – Formada em Letras e Literatura, com Pós-Graduação em Língua Portuguesa, é Professora da UEMA Tem nove netos sendo dois homens e sete mulheres O afilhado passou os primeiros anos de sua vida em companhia de sua vó Maria José de Almada Lima. O jardim de Infância no Grupo Escolar João Lisboa onde iniciou sua longa e vitoriosa caminhada nos vários cenários sócio-educacional e profissional. Concluiu seu curso primário no Grupo Escolar Estevão de Carvalho, na cidade de Viana visto que seu pai já como Juíz de Direito de Primeira Entrância era o titular daquela Comarca. Retornando a Caxias foi aprovado no exame de admissão do Ginásio Caxiense, onde concluiu o Curso Ginasial. Orador da turma em solenidade realizada no Teatro Fênix com a presença das destacadas autoridades civis, militares e eclesiásticas. Surgiu, assim, o novo tribuno da geração Almada Lima, àquela época. Veio para São Luís fazer o Curso Clássico onde também integrou o Centro Liceista. Em janeiro de 1951 foi aprovado no vestibular da Faculdade de Direito de São Luís e bacharelou-se em 10 de dezembro de 1955. Foi Presidente do Diretório Acadêmico Clodomir Cardoso e intensificou a circulação do Jornal “O Marco”. Ainda em 1955 foi eleito Presidente da União Maranhense dos Estudantes – UME, e Conselheiro da União Nacional dos Estudantes – UNE. Iniciou suas atividades profissionais em 1953 embora ainda aluno do 3º ano do Curso de Direito. Sendo nomeado Promotor Interino da Comarca de Brejo. Lá permaneceu até 1961. Fundou o Ginásio Brejense e foi seu Diretor e Professor de Português. Em 1962 foi transferido para a Promotoria de Chapadinha, assumindo a Direção do Ginásio Professor Mata Roma que passou por grandes transformações como a ampliação das atividades culturais sócio-recreativas e cívicas. O destaque foi à participação deste Colégio em desfiles realizado na capital maranhense. Juntamente com os educando do Ginásio Mata Roma criou que o povo carinhosamente chamava de “Escola dos Pés Descalços”, com o objetivo de matricular todas as crianças na faixa etária de 7 a 14 anos que não tiveram oportunidade de estudar em Escolas Públicas ou Privadas, atualmente Unidade Integrada Municipal Dr. Arthur Almada Lima. Fundou a Escola Normal Ana Adelaide Belo, também em Chapadinha. Aprovado em concurso público em 1962 foi nomeado Juíz de Direito da Comarca de Chapadinha. Presidiu as eleições deste ano e o plebiscito de 1963, erradicou habituais procedimentos irregulares e viciosos, praticados em pleitos eleitorais anteriores.


Promovido, por merecimento e antiguidade. Retornou suas tradicionais atividades docentes. Foi assistente administrativo dos diários associados do Maranhão (O Imparcial e a Rádio Gurupi), até 1975. Em 1967 passou no concurso promovido pela Fundação Getúlio Vargas-RJ para o Curso de Pós-Graduação em Administração Pública, tendo concluído o referido curso. Nomeado Professor da Escola de Administração Pública do Estado do Maranhão, e em seguida seu Diretor. Implantou o Centro de Treinamento e o Serviço de Assistência Técnica. Integrou o Conselho Federativo das Escolas Superiores do Maranhão-FESM. Em 1975, por ato do Governador Pedro Neiva de Santana foi nomeado Presidente das Escolas Superiores do Maranhão - FESM. Atualmente um dos seus principais Projetos é ampliar as atividades do Centro Cultural Professora Maria do Amparo, na cidade de Milagres. E vem se dedicando, também, à pesquisa da historiografia caxiense, devendo publicar ainda este ano “Efemérides Caxienses”. Também está desenvolvendo pesquisas objetivando resgatar a memória dos ilustres caxienses. Vem publicando uma série de artigos na “Folha do IHGC” - órgão de divulgação do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias. Um eterno devoto da causa da justiça e o culto ao Direito. “Esta foi a mais importante das minhas crenças, a minha mais devotada religião” Títulos Honoríficos - Membro e fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias; - Membro da Academia Maranhense de Letras Jurídicas; - Membro da Academia Brejense de Artes e Letras; - Fundador de Estabelecimento de Ensino de 2º grau nas cidades de Brejo e Chapadinha - Cidadão das cidades de Brejo, Chapadinha, São José de Ribamar e São Luís; - Diretor da Escola Superior da Magistratura do Maranhão; - Vice-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão; - Medalha do Mérito Jurídico “Antônio Luis Velozo”; - Medalha de ouro Desembargador Bento Moreira de Lima - Medalha Ministro Carlos Madeira - Justiça Federal - Medalha do Mérito Eleitoral “Ministro Arthur Quadros Collares Moreira” - Medalha e Diploma Comemorativos do Centenário de Nascimento de Santo Dumont - Ordem do Mérito “Poeta Gonçalves Dias” no grau de Comendador - Medalha da Loja Maçônica - Medalha do Mérito Distrital “Celso Nunes” – Distrito 4490 – Rotary Internacional - Membro da União Artística e Operária de Caxias


- Medalha Universitária Gomes de Sousa - UEMA - Associação dos Magistrados do Maranhão - Membro da Associação dos Diplomados da Escola Superiores de Guerra – ADESG/MA - Diretor Patrimonial da ADESG/MA - Vários anos Vice-Presidente da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos – CNEG - Presidente da FESM em razão disto seu nome foi incluído na Galeria dos Reitores da UEMA - Legionário da Legião Barão de Caxias – 24º Batalhão de Caçadores – Batalhão Barão de Caxias Entrelaços Familiares A partir de 1950 iniciou-se a nossa convivência familiar quando nas férias escolares, com destino a Mirador, era fraternalmente recebido pela tia Clarice – em sua residência Largo do Rosário nº 4. A segunda etapa dessas grandes jornadas era Caxias/Picos do Maranhão (atualmente Colinas), nos caminhões internacional kb5 do então grande empresário maranhense Eugênio Barros. A ultima, Colinas/Mirador em cavalos ou muares, já que só existia uma trilha, a estrada carroçal veio com o tempo. Estes memoráveis fatos marcaram minha infância e juventude e os relembro com saudade e emoção. Também com orgulho, relembramos outro fato marcante relativo ao vinculo com a família Almada Lima. Professor da senhora Maria Aparecida Almada Lima, na primeira turma da Escola de Administração por ser um dos seus fundadores, e anos depois, também Professor do Arthur Almada Lima Neto no Curso de Engenharia Mecânica, na Escola de Engenharia do Estado do Maranhão. Sua Esposa, PedagogaProfessora Elizabeth de Jesus Pereira Almada Lima também nossa ex-aluna.


DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE ADALBERTO FRANKLIN PEREIRA DE CASTRO EM SUA POSSE NA CADEIRA 16 PATRONEADA POR FRANCISCO DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES - 22 DE DEZEMBRO DE 2012

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ADALBERTO FRANKLIN PEREIRA DE CASTRO nasceu no dia 28 de abril de 1962 no sítio Santo Antônio, em Uruçuí (PI), de onde saiu nos primeiros dias de vida para o município de Balsas (MA), onde já residiam seus pais, os piauienses Martinho Alves de Castro e Iracema Pereira de Castro. Tem nove irmãos vivos. É casado com Rosa de Sousa Castro desde 1984. É pai de Marcos Vinício (advogado), Eduardo Franklin (design gráfico) e Mariana, estudante de Comunicação Social. É avô de Valentina, filha de Marcos. Adalberto Franklin, como é mais conhecido, estudou as primeiras letras em Balsas (MA), cidade em que viveu até os nove anos. Em 1972, seu pai - gerente da sucursal da Companhia de Seguros Aliança Gaúcha -, é transferido para Imperatriz (MA). Interrompo, aqui, a apresentação do Adalberto, para falar um pouco de minha vida, em Imperatriz, pois quando ouço - ou leio - notícias sobre Imperatriz, reajo como se por aí ainda estivesse... Quando ouço ou leio amigos falando ou escrevendo sobre Imperatriz, reajo como se dela continuasse a fazer parte... Não poderia ser diferente, pois jamais deixei Imperatriz e nunca abandonei o sentimento de pertencimento construído ao longo dos anos em que lá vivi... A seguir, entenderão: cheguei ao Maranhão em 1976, como membro da Equipe 49 do Projeto Rondon; recém-formado; vim participar, como professor, de uma Colônia de Férias promovida pelo Campus Avançado da Universidade Federal do Paraná/Fundação Projeto Rondon; um amigo da família dirigia o Campus – o Prof. Alberto Milleo Filho; estava findando seu mandato como diretor e fez-me convite para dar continuidade a seu


trabalho, de implantação da Educação Física e Esporte escolar na região de influencia do Campus; aceitei. Em continuidade, passei três anos naquela cidade – março de 1976 a janeiro de 1979 –, trabalhando com a Educação Física; depois daquela primeira colônia de férias (janeiro de 1976), participei de todos os movimentos na área, como coordenador, promotor, professor... Vim para São Luís em janeiro de 1979, aqui permanecendo até hoje, com o mesmo trabalho. Em dado momento, por necessidade da atividade de professor, vi-me na contingência de estudar a História da Educação Física, dos Esportes e do Lazer no/do Maranhão. Vez por outra, nesses anos, tive que ir a Imperatriz, ora por força de trabalho, ora por puro lazer, passar uns dias de férias, visitando parentes de minha mulher, que lá ainda vivem. Numa dessas idas, encontrei um velho amigo, colega de trabalho, professor contemporâneo na Faculdade de Educação de Imperatriz, Dr. João Renôr. Estava às voltas com o lançamento de um livro – O Sertão, de Carlota Carvalho, reedição por conta da Ética Editora, daquela cidade; Renôr me convida a ir até a Ética, e lá conheci seu proprietário e editor – Adalberto Franklin... Conversamos, e marcamos um encontro em São Luís; estava interessado em publicar algum livro de minha autoria; almoçamos juntos – era setembro -, conversamos e, dessa conversa, lembrei-me dos anos passados em Imperatriz. Aí ele me disse: é daí que o conheço... Fui aluno do João Pires, da Escola Fortaleza, e jogava Handebol... Participei da OCOI... Joguei contra o Santa Teresinha... Meu livro não foi publicado; mas mantivemos os contatos e a amizade... Encontramo-nos pelo menos duas a três vezes ao ano, quando de suas vindas a São Luís, ou minhas idas a Imperatriz; mantemos correspondência eletrônica; fiz convite para ele participar de nosso Seminário, o que aceitou; e veio às suas custas... Foi quando sugeri à Dra. Telma que seria uma boa aquisição para o IHGM, e ‘colocaríamos’ um pé em Imperatriz; imediatamente Telma fez o convite, aceito sem pestanejar. Este ano, fui a Imperatriz, agora em janeiro, assistir à defesa de uma monografia de graduação em Educação Física, sobre sua História, a partir dos anos 1970; seu inicio, com a minha chegada à cidade, naquela equipe do projeto Rondon... Foi lançada em formato de livro, agora em julho, pela Editora Ética... Conversando, naquela ocasião, na sede da Editora, com o Moisés Charles – o autor -; rememoramos a Colônia de Férias... Adalberto lembra que participou da mesma, em 1976; sua turma ficava no SESI; e lembrava-se de mim, na inscrição e depois em algumas atividades; lembrava-se das aulas de educação física, na Escola Fortaleza, dos treinamentos conjuntos que fazíamos João Pires e eu, reunindo nossas equipes para implantar o Handebol... Disse-me que jogara Handebol naquela primeira partida, de demonstração, entre o Santa Teresinha e o Fortaleza; fui buscar em meus arquivos o relatório daquela Colônia, e do inicio da Educação Física e lá encontrei, nas súmulas daqueles jogos, o nome do Adalberto Franklin... Essa súmula vai constar do novo livro do Moisés, sobre a introdução do handebol em Imperatriz. Era 1976...


Desde essa época, nos conhecemos; Adalberto tinha 14 anos, então... E nos encontrávamos, sempre, nas quadras esportivas durante aqueles anos em Imperatriz... Ele, atleta dedicado; eu, professor da equipe adversária... Voltemos à apresentação do Adalberto: leitor compulsivo desde criança, cedo ainda conheceu grandes obras da literatura, universal e brasileira. Paralelamente ao curso secundário, dedicou-se ao estudo intensivo da Língua Portuguesa. Tipógrafo desde os 12 anos - desde muito cedo começou a trabalhar - foi também desenhista, jornalista, empresário gráfico e agora editor literário. Aos 17 anos (1979) coordenou pela primeira vez a edição de um livro — Manual do conscrito, para o Exército. Autodidata... Estudou História no Centro de Estudos Superiores de Imperatriz, campus da Universidade Estadual do Maranhão (CESI/Uema), que abandonou antes da conclusão. É bacharelando em Direito pela Faculdade de Educação Santa Terezinha (FEST). Jornalista profissional provisionado atuou desde o início dos anos ’80 em publicações locais, regionais e nacionais. Foi redator e editor dos seguintes jornais: Sinais dos Tempos (1983-91), mensário católico de cunho social; O Progresso (1986-88), Portal 21 (2006), semanário, impresso e eletrônico. Por breve período, foi redator e apresentador de telejornais da TV Mirante (Rede Globo) em Imperatriz e colunista de O Estado do Maranhão (19931994). Precursor da editoração eletrônica no Maranhão, em dezembro de 1991 fundou a Ética Editora, principal casa publicadora de livros no Estado, atualmente com mais de 400 títulos publicados, todos sob sua coordenação. Atuou em pastorais sociais e movimentos da Igreja Católica. Foi membro da Comissão Diocesana de Justiça e Paz de Imperatriz, na década de 1980, e da Pastoral da Comunicação, na década de 1990. É dirigente do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil há quase trinta anos. Foi fundador do Clube de Xadrez de Imperatriz; presidente da Federação Maranhense e vice-presidente da Confederação Brasileira de Xadrez. Árbitro nacional de Xadrez e dirigiu diversas competições nacionais e internacionais. Exerceu os cargos públicos de secretário-adjunto de Administração da Prefeitura de Montes Altos (1992); Secretário de Comunicação da Prefeitura de Açailândia (199394); Presidente da Fundação Cultural de Imperatriz (1996-98); Secretário do Desenvolvimento Econômico (2001-2) e Secretário da Gestão Pública (2004) do Município de Imperatriz. É um dos 14 membros fundadores da Academia Imperatrizense de Letras (1991), sodalício em que ocupa a cadeira 20, patroneada por Dunshee de Abranches. Aqui, mais um elo que nos une: Dunshee de Abranches é o meu patrono no IHGM... Adalberto é, também, membro da Academia de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons. Foi, durante três anos, membro do colégio de votantes do “Prêmio Multicultural Estadão”, do jornal O Estado do S. Paulo; e um dos idealizadores e coordenadores do Salão do Livro de Imperatriz (Salimp).


Desde 2007, é membro do Fórum Nacional do Livro e Leitura, do Ministério da Cultura. Em 2000 recebeu da Câmara Municipal de Imperatriz, a “Comenda Barão de Coroatá”, por relevantes serviços prestados à cultura imperatrizense. Recebeu juntamente com o professor João Renôr F. de Carvalho, o “Prêmio Literário AIL 2005”. Em 2009, foi agraciado novamente com o mesmo prêmio, pelo livro “Apontamentos e fontes para a história econômica de Imperatriz”. Dirigente político foi presidente Diretório Municipal de Imperatriz do Partido dos Trabalhadores (2006-7) e assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (2007-2010). Neste ano de 2012, candidato a prefeito de Imperatriz, pela legenda do PT... Há mais de 25 anos dedica-se, principalmente, à pesquisa histórica sobre o sul do Maranhão e à publicação de livros; são de sua autoria: - Ofício das Letras (crônicas; 1995); - Imperatriz: 150 anos (coletânea da AIL; 2002); - Breve história de Imperatriz (pesquisa histórica; 2005); - Francisco de Paula Ribeiro, desbravador dos sertões dos Pastos Bons: a base humana e geográfica do sul do Maranhão. Coautoria com João Renôr F. de Carvalho. (1.a edição, 2005; 2. a edição, 2007); - Apontamentos e fontes para a história econômica de Imperatriz (pesquisa histórica; 2008); - Como evitar plágio em monografias: orientações técnicas para o uso de textos da internet (paradidático; 2009) - Fé e riqueza (sócio-religioso; 2010) Quis o destino que viéssemos a nos encontrar, novamente, em 9 de junho de 2000, ‘apresentados’ pelo João Renôr, 21 anos depois daquele primeiro encontro (janeiro de 1976...). Já se passaram, então, 12 anos desse nosso reencontro. Tornamonos “amigos de infância”. E hoje tenho a honra de recebê-lo nesta Casa. Seja bem-vindo, meu irmão Adalberto... Obrigado...


DISCURSO DE POSSE DE ADALBERTO FRANKLIN NO IHGM - CADEIRA 16 Palácio Cristo Rei, São Luís-MA, 22 de novembro de 2012

ADALBERTO FRANKLIN Senhor Vice-Presidente, Euges Lima;

Senhoras e senhores confrades e confreiras do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Senhores e senhoras convidados; Amigos e amigas, Boa noite! Enche-me de honra este momento ímpar de minha vida, em que me apresento a este respeitável sodalício para tomar posse na cadeira 16, patroneada pelo venerando Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres, imortalizado pela obra de referência de nossa história, a “Poranduba maranhense”. Em obediência à liturgia deste momento, devo fazer a saudação ao imortal patrono da Cadeira 16, que passarei a ocupar na condição de membro efetivo, a partir desta cerimônia, o já citado autor da Poranduba. Sabe-se que nosso patrono nasceu na pequena freguesia de Favaios, do Conselho de Alijó, no distrito de Vila Real, na Província de Trás-os-montes e Alto Douro, no nordeste de Portugal, no dia 8 de julho de 1790. Oriundo de família modesta, seus pais eram os lavradores Francisco Fernandes e Maria Pereira. Foi batizado com o nome civil de Francisco Fernandes Pereira.


Ingressou no Convento de São Francisco, na cidade do Porto, tendo recebido o hábito franciscano a 3 de maio de 1812, aos 22 anos de idade. Em 1813, foi enviado para o Maranhão, onde, no convento São Francisco, nesta capital, prestou sua profissão de fé, a partir do que abandonou o nome civil e adotou o nome religioso de Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres. Em 1814, teria sido transferido para o Pará, então já separado do Maranhão. No mesmo ano retorna a Portugal e entra para o Convento de Vila Real, localizado no distrito onde nascera. Retorna ao Maranhão em 1819. Muito estudioso e interessado nas questões do Maranhão, impôs a suprir a lacuna dos registros históricos maranhenses e deu início, em 1819, à pesquisa e redação da “Poranduba maranhense”. A este trabalho, dá o longo subtítulo de “Relação histórica da Província do Maranhão em que se dá notícia dos sucessos mais célebres que nela têm acontecido desde o seu descobrimento até o ano de 1820, como também das suas principais produções naturais etc., com um mapa da mesma província e um dicionário abreviado da língua geral do Brasil.”. Frei Francisco faleceu na granja do Alijó, em Portugal, em 1852, dezoito anos depois que a ordens religiosas haviam sido extintas em Portugal. Ressalte-se que a Poranduba Maranhense é a grande obra que imortalizou Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres. Foi em virtude do conhecimento público desse escrito que seu nome foi inscrito no panteon dos grandes historiadores do Maranhão e atravessou o tempo lembrado como um vulto digno de reverência. De acordo com o que registrou o historiador caxiense César Marques, na “Nota sobre a Poranduba Maranhense”, publicada no final da primeira edição dessa obra, por pouco essa obra teria deixado de tornar-se conhecida. Essa situação teria ocorrido porque Frei Francisco teria doado, em 1843, os originais da obra ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual se tornara membro. Verificou-se, anos depois, que esses manuscritos haviam desaparecido, sem publicação. Salvou-se o texto porque, em 1890, o senador maranhense Francisco Manoel da Cunha Júnior, também membro do IHGB, entregou uma cópia que comprara por 300 réis do possuidor do original, sob o juramento de que manteria sua identidade em segredo. O mapa, que a obra diz acompanhar, porém, havia se perdido. No ano seguinte, 1891, o Instituto Histórico levou então a lume a Poranduba Maranhense, com a publicação da íntegra em sua revista, que é a única publicação desse texto ainda hoje conhecida. Cabe aqui tecer alguns comentários sobre a obra de Frei Francisco: Cotejada com os trabalhos de autores da época em que foi escrita, a Poranduba Maranhense não se mostra uma obra de profundidade científica. Verifica-se que Frei Francisco não tem domínio da classificação moderna dos animais, como já se adotava, e por isso utiliza-se a classificação aristotélica, já abandonada pelos zoólogos. Sua abordagem naturalista é simplista e amadora, em relação aos de sua época, entre os quais von Spix, que no mesmo período esteve no Maranhão. Essa observação dos críticos tem pertinência quando se verfica que na “Nota ao Leitor”, assinada pelo próprio autor da Poranduba, ele adverte que: "No que pertence à


historia natural omito quazi sempre os termos technico, e uzo de similhanças para que todos me entendam". As descrições que ele faz dos animais têm a mesma simplicidade do que se encontrava nos bestiários da Idade Média, e suas comparações e analogias eram sempre feitas com as espécies europeias. Apesar disso tudo, sua contribuição à geografia e à história brasileiras são substanciais. César Marques dá informação de que, seguindo o exemplo de Jerônimo de Albuquerque, Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres teria acrescido ao seu nome o apelido Maranhão, nota que aqui transcrevo na íntegra, pelo seu relevo: [...] Seguindo o exemplo do grande Jerônimo de Albuquerque. que a seu nome uniu o apelido Maranhão, ao assinar com sua assinatura a capitulação feita com o chefe francês Ravardière, frei Francisco ao seu modesto nome uniu o apelido de Maranhão, como que indicando o quanto se ocupou, e quanto amou esta terra também querida por outros frades franciscanos frei Ivo de Évreux e frei Claudio de Abbeville, como ele historiadores dessa terra que eu amo tanto. *** Senhora e senhores, Alguns pormenores identificam-me com Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres, patrono da cadeira que passarei a ocupar. Venho também de uma família de agricultores, nascido numa pequena povoação familiar localizada no município de Uruçuí, Estado do Piauí, ao largo do pequeno rio Uruçuí Preto, afluente do Parnaíba. Deixei muito cedo a minha aldeia para morar em terras estranhas. Vivi em Balsas até os nove anos de idade e segui com minha família para Imperatriz, cidade em que vivi minha adolescência, juventude e me tornou adulto. Cidade que aprendi a amar e buscar conhecê-la cada dia mais. Essa cidade – Imperatriz – foi fundada no mesmo ano em que faleceu Frei Francisco, e também por um religioso, professo filho de Nossa Senhora: Frei Manoel Procópio do Coração de Maria. Sou, portanto, das terras sul maranhenses; dos sertões marcados pelos cascos do gado dos vaqueiros oriundos de Pernambuco e da Bahia, continuadores da epopeia da Casa da Torre de Garcia d’Ávila, e pela resistência dos índios Timbira. Aliás, sou eu descendente de uma das últimas índias da tribo Acaroá do Piauí, apanhada com laço nas guerras justas impostas aos Timbira desde o século XVIII e dizimada por Félix do Rego Castelo Branco. Aqui nesta Casa, me junto com orgulho a outros sul maranhenses que honraram o Instituto Histórico do Maranhão, por sua dedicação aos registros e interpretação da história de nossa terra: - o português Francisco de Paula Ribeiro, que no início do século XIX fez os primeiros registros e o primeiro mapa pormenorizado dos sertões e da região do Tocantins, patrono da cadeira 12;


- o riachãoense João Parsondas de Carvalho, autodidata, um dos maiores intelectuais maranhenses no começo do século XIX, autor da “Guerra do Leda” e de vários outros trabalhos; - a também riachãoense professora Carlota Carvalho, irmã de Parsondas e autora do clássico “O Sertão”; - do literato e cronista grajauense Cândido Pereira de Souza Bispo, que aqui ocupou a cadeira n. 11; - do balsense Eloy Coelho Neto, autor, dentre muitos, de História do Sul do Maranhão, que ocupou a cadeira 12 e compôs várias diretorias; - do loretense radicado em Balsas Thucydedes Barbosa, memorável cronista da vida sertaneja e primeiro ocupante da cadeira 35; - de Dunshee de Abranches, patrono da cadeira 40 deste Instituto e da cadeira 20 que ocupo na Academia Imperatrizense, e, por coincidência também patrono do confrade Leopoldo, que nesta solenidade faz o discurso de minha recepção; Dunshee, com pouco mais de vinte anos, resolveu-se a desvendar a Esfinge do Grajaú e a interpretar a vida e os ânimos dos sertanejos maranhenses; - e, por fim, a historiadora Edelvira Marques de Moraes Barros, primeira imperatrizense, autora do Eu, Imperatriz, primeira obra a registrar a história do sudoeste maranhense e que integrou os quadros desta casa na condição de sócia correspondente. É a essa plêiade de homens e mulheres maranhenses que se dedicaram ao registro e interpretação da história e da geografia de nossa terra que tenho o orgulho de ligar-me, ao integrar-me aos quadros desta Casa. Da mesma forma que Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres, sou um autodidata no campo da pesquisa científica; não tenho o domínio das teorias acadêmicas. Dedico-me há quase três décadas, por conta própria, à perquirição das coisas e acontecimentos do sul e sudoeste maranhenses, na falta de quem melhor se prontifique a fazê-lo. Como resultado dessas investigações, escrevi e publiquei diversas obras, entre as quais, duas que se destacam entre as mais recepcionadas pelos leitores e pelas academias científicas: “Breve história de Imperatriz” e “Apontamentos e fontes para a história econômica de Imperatriz”. Este último, indicado em cursos de pós-gradução em importantes universidades brasileiras, entre as quais a PUC de São Paulo e a Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro Fruto de minha paixão pelo livro, fiz-me editor literário, função que exerço há mais de vinte anos, na condição de sócio da Ética Editora, pela qual coordenei a publicação de mais de 400 títulos. A minha entrada no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão é para mim, acima de tudo, um estímulo ao trabalho que desenvolvo solitariamente no sudoeste do Maranhão. Isto me estimula sobremaneira a acelerar a realização de uma meta a que me propus anos atrás: a republicação da Poranduba Maranhense, de nosso patrono, que pretendo lançar até 2014, aqui neste nosso sodalício.


A minha palavra final é de compromisso. Coloco à disposição os meus limitados conhecimentos e saberes às confreiras e confrades, a este Casa, e prometo ser um sócio presente, física e espiritualmente, de onde espero colher muito aprendizado. Muito obrigado!

A mesa, constituída pelo padrinho, Leopoldo, o Vice-Presidente, Euges, e o empossando, Adalberto

Foto oficial



APRESENTAÇÃO DE MARIA JOSÉ BORGES LINS E SILVA PARA SÓCIA CORRESPONDENTE. QUEM É MARIETA BORGES LINS E SILVA? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Caras Confreiras e Confrades, hoje reunidos em nossa última Assembléia Geral ordinária deste ano de 2012. Finalmente, ao completarem-se os 87 anos de instalação de nosso IHGM têm as 60 cadeiras de sócios efetivos preenchidas; a posse do Adalberto Francklin no ultimo 22 de novembro completa esse quadro. Vereficando, Dra. Telma e eu, a composição de nosso quadro societário tem que rever outro quadro – o de sócios correspondentes. Pelos levantamentos que temos a grande maioria já está no rol dos falecidos. Precisamos atualiza-lo e complementar nossos parceiros nas demais unidades da Federação. Aproveito esta noite para apresentar um nome que muito irá engrandecer os nossos quadros: a Profa. Marieta Borges Lins e Silva, de Pernambuco; melhor, de ‘Noronha’, como ela mesma costuma dizer. Conheci a Profa. Marieta em um cruzeiro ao Arquipelogo de Fernando de Noronha. Na noite anterior da chegada às ilhas fomos levados para um auditório e lá estava a querida Mestra falando sobre ‘Noronha’, sua história, seus encantos, e a necessidade de preservação; falava-nos do privilégio que tínhamos em visitar aquele recanto tão importante para a história do Brasil – e do Maranhão. Após os dois dia de visita às ilhas, já retornando para o Recife, conversamos já no jantar; continuamos a conversa no café da manhã e desde então temos conversado, quase que semanalmente, via correio eletrônico. Marieta tem nos brindado, vez ou outra, com belíssimos textos, aparecido em nossa Revista sempre com alguma referencia de Noronha com a nossa História – do Maranhão. Neste numero, mesmo, está publicado mais uma dessas contribuições. Daí achar, junto com a Dra. Telma, que subcreve junto comigo esta indicação, ser ela merecedora de ser nossa sócia correspondente, de Pernambuco, melhor, Noronha... A seguir, apresentamos a Profa. Marieta Borges, por ela mesma: Identifica-se como Pernambucana. Historiadora. Professora universitária e de nível médio, aposentada... É Viúva. Mãe de quatro filhas. Avó de quarto netos. A Pesquisadora. Há mais de trinta anos vem desenvolvendo o “Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha”, que criou e coordena até hoje. e que reúne resultados da ampla e abrangente pesquisa que vem sendo desenvolvida desde a década de setenta, em instituições oficiais ou junto a pessoas portadoras de informações, em muitos lugares do Brasil e no exterior. O programa possui hoje um grande acervo de fotos, documentos originais ou reproduzidos, livros, revistas, folders, vídeos, partituras musicais, discos, entre outros, que tenham interesse para o arquipélago. Em conseqüência dessa busca, publicou três livros sobre o arquipélago – Fernando de Noronha - Lendas e Fatos Pitorescos e Fernando de Noronha - Imagens do Passado.


A esses livros e a outros, inéditos, veio juntar-se a obra FERNANDO DE NORONHA – CINCO SÉCULOS DE HISTÓRIA (Série Cadernos Noronhenses), publicado em dezembro de 2007, pelo Grupo Neoeneergia de Pernambuco – CELPE, destinado aos clientes preferenciais da companhia e, principalmente, aos estudantes da Escola Arquipélago, para servir como material de estudo, para o que realizou uma Capacitação com todo o Corpo Docente fernandino, em abril de 2008. Esta obra nasceu da vontade de oferecer, sobretudo à comunidade noronhense de hoje e, em especial, à juventude fernandina, subsídios que lhes permitisse apreender todos os acontecimentos ocorridos no Arquipélago, propostos na disciplina “Cultura Local” (que ela mesma criou, em 1987), bem como servir de apoio nas demais disciplinas da grade curricular da única Escola existente na ilha. Publicou ainda dois folhetos de literatura de cordel: “O Mistério da Cacimba do Padre” (“História do sacerdote que virou fantasma na ilha de Fernando de Noronha”, lançado quando recebeu do Conselho Distrital Noronhense, o Diploma de “Cidadã Noronhense”, em 2005) e “A Lenda do Capitão Kidd” (“História do pirata que andou pelos mares e escondeu seus tesouros em Fernando de Noronha”, em 2009). Afora esse trabalho, entregue aos interessados nos acontecimentos insulares de todos os tempos, Marieta se propôs criar numerosos textos para periódicos e para prestação informações históricas sobre o Arquipélago a jornalistas, estudantes, turistas e todos aqueles que frequentemente a procuram, ávidos por dados não encontrados em qualquer outro lugar. Foi duas vezes Secretária Municipal de Olinda; Secretária de Educação, Cultura e Turismo (1978/1982); Secretária de Patrimônio, Cultura e Turismo (1995/1996). Como estudiosa também sobre a Cidade Patrimônio Mundial, primeira Capital da Cultura no Brasil, criou inúmeros textos que serviram de subsídio para a elaboração de material de estudo nas escolas municipais olindenses. Esse conhecimento despertou-lhe o interesse em selecionar aspectos peculiares da Cultura imaterial e material olindense, divulgando esses conhecimentos em palestras freqüentes a estudantes de Turismo, alunos de treinamentos para serem Guias de Turismo, bem como para a publicação de artigos publicados em jornais ou sites especializados. Também foi a motivação para a criação, quando Secretária de Patrimônio, Cultura e Turismo, em conjunto com a Secretaria de Educação o programa “AulasPasseios”, inspirados na pedagogia de Freinet, oportunizando aos moradores, alunos da rede municipal de ensino da periferia da cidade, descobrirem o encanto dos sítios históricos, em aulas de campo de visitação a monumentos e espaços paisagísticos dos 10,4km² tombados em Olinda. Formatado como programa, um ano depois de sua implantação, foi acolhido pelo MEC, que destinou Vans ao município, facilitando o deslocamento do alunado. Foi Diretora de Cultura do Museu da Cidade do Recife, responsável pelos programas de visitas-guiadas a estudantes da capital pernambucana, estimulando a pesquisa do passado recifense através de textos, fotos e vídeos ali mantidos. Foi Diretora do Centro de Documentação e Informação da Prefeitura de Olinda, novamente colocando à disposição dos olindenses meios de estudo da história da sua cidade. Foi Chefe do Cerimonial da Prefeitura de Olinda. É Articulista de vários jornais e de outros meios de comunicação, no Brasil e em Portugal...


É Membro do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano, do Instituto Histórico de Olinda, e do Centro de Estudos de História Municipal da Agência de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco, e da Academia Olindense de Letras e da Academia de Artes e Letras de Pernambuco; Foi Fundadora e 1ª Presidente do Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda. Foi professora da disciplina “Atrativos Culturais do Nordeste” em cursos de instituições e empresas voltadas para o Turismo, como a Empetur (Empresa Pernambucana de Turismo), a Planetur (empresa de atuação na área turística, responsável pela capacitação de guias em cursos de Informação cultural) e no Instituto de Cultura Técnica de Pernambuco, promotor de capacitações no setor de Turismo. Recebeu, em 10 de agosto de 2003, a Medalha e o Diploma “FERNANDO DE NORONHA – 500 ANOS” do Governo de Pernambuco e do Conselho Distrital de Fernando de Noronha, pelos “Relevantes serviços prestados ao Arquipélago de Fernando de Noronha, “Sítio do Patrimônio Natural Mundial”. É Poeta, com quatro livros lançados, dois no Recife (“As muitas faces do bemquerer” e “Natal, sempre”) e dois em São Paulo, um pelas Edições Paulinas, “Cantando o amor o ano inteiro”, prefaciado por Dom Helder Camara e outro pela CatolicaNet, “No silêncio do coração”. É também autora do cordel ”Dom Helder no Céu”, transformado em roteiro para filme, musicado pelo compositor Nando Cordel e ilustrado pelo xilogravurista J. Borges, projeto da cineasta Daniele Fernandes. É autora de músicas para Igreja: o Hino ao Salvador do Mundo, Padroeiro de Olinda (em parceria com o Padre Sílvio Milanez) e o Hino a N.Sª dos Remédios, Padroeira de Fernando de Noronha e a Missa “Oferta da Vida”, em parceria com o compositor sacro Valdeci Farias; e de um conjunto de canções para crianças, de inspiração bíblica. É cantora, percussionista e declamadora, fazendo isso amadoristicamente e regularmente em rádios de Pernambuco (Rádio FM Noronha, do Sistema Golfinho de Rádio e Televisão); da Rádio Olinda e Rádio Jornal do Commercio; e de São Paulo (Rádio América e Rádio Nove de Julho). Como internauta, é responsável pelo “link” com inserções semanais no “portal” CatolicaNet, com o tema DOM HELDER – O DOM DE DEUS, com quem trabalhou por 18 anos. ssina o BLOG www.marietaborges.com onde escreve textos principalmente sobre Fernando de Noronha, Olinda, Dom Helder Câmara e Cultura Popular. É membro e Secretária Executiva do Conselho Curador do Instituto Dom Helder Câmara – IDHEC, no Recife; É Sócia-fundadora do Centro de Produção Cultural Mamulengo Só-Riso, de Olinda, e atual Presidente da Associação de Amigos do Museu do Mamulengo. É Sócia-correspondente de Associações e Fundações brasileiras e portuguesas. É Membro e Vice-Presidente do Conselho do Centro de Integração Empresa Escola de Pernambuco – CIEE/PE; É palestrante em universidades, escolas, instituições e, em especial, em cruzeiros marítimos que têm como destino o Arquipélago. Nessas ocasiões, fala principalmente sobre OLINDA, sobre FERNANDO DE NORONHA, sobre CULTURA POPULAR e sobre DOM HELDER CAMARA. Realizou, em janeiro/ fevereiro de 2007, viagem de navio turístico à Patagônia, encarregada de falar aos turistas sobre a Patagônia Argentina e a Patagônia hilena, e ainda sobre as Ilhas Malvinas, lugares incluídos no roteiro. Durante o percurso, realizou doze “Bate-Papos Culturais”, abordando assuntos relativos ao nordeste do Brasil, como:


“Feira de Caruaru”, “Olinda – Patrimônio Cultural”, “Olinda – Carnaval e Povo”, “Curiosidades de Olinda”; “Recife – Cidade Arquipélago”, “Dom Helder – Vida e obra do Profeta do século XX”, “Ritmos de Pernambuco”, “Ilha de Itamaracá – terra de Ciranda e de beleza”, Arquipélago de Fernando de Noronha – um espaço de sonho e beleza!”; “A poesia dos grandes mestres”, “A poesia na Música Popular Brasileira”, e a sua própria poesia. Falou ainda sobre assuntos “Nexos e desconexos”, focalizando a criatividade do nordestino em “causos” de força narrativa. Representou o Governo de Pernambuco em novembro de 2007, em Buenos Aires/ Argentina, proferindo palestra na Embaixada Brasileira sobre “Fernando de Noronha como um destino turístico” Foi homenageada na “2ª FEIRA LITERÁRIA DE FERNANDO DE NORONHA”, em agosto de 2010, pelo seu trabalho em favor do Arquipélago e a produção de obras que contribuam para sua divulgação. NOME OFICIAL: Maria José Borges Lins e Silva Nome artístico, com o qual assina todos os seus trabalhos: MARIETA BORGES LINS E SILVA Endereços eletrônicos: marietaborges@uol.com.br marietaborgesls@gmail.com marieta@noronha.pe.gov.br Caros Confrades e Confreiras, essa é Marieta... agradeço à Comissão de Avaliação o seu parecer favorável à sua admissão, e espero contar com o voto de todos para sua admissão neste Sodalício, como Sócia Correspondente... Obrigado. APROVADA POR UNANIMIDADE.


OS SÓCIOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO O hoje Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM – foi fundado em dezembro de 1925, por Antonio Lopes da Cunha 3: “Em 1925, tomei a iniciativa de reunir alguns homens de boa vontade na livraria de Wilson Soares, expondo-lhes a minha idéia de se comemorar o centenário do nascimento de D. Pedro II com a inauguração, nesta capital, de um Instituto de História e Geografia. Os que prestaram apoio à idéia foram: Justo Jansen, Ribeiro do Amaral, José Domingues, Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão, José Pedro Ribeiro, José Abranches de Moura, Arias Cruz, Wilson Soares e José Ferreira Gomes. Mais tarde incorporou-se a esse grupo João Braulino de Carvalho. Ausentes de S. Luís apoiaram calorosamente a idéia Raimundo Lopes, Fran Pacheco, Carlota Carvalho e Antonio Dias, que também foram considerados sócios fundadores do Instituto. (p. 110) “A 20 de novembro realizou-se a sessão inicial, sendo apresentado, discutido e votado os estatutos e eleita a diretoria, cujo presidente foi Justo Jansen. José Ribeiro do Amaral foi eleito presidente da assembléia geral. (p. 111) 4. Denominava-se “Instituto de História e Geografia do Maranhão” 5, e tinha como objetivos: (a)O estudo e difusão do conhecimento da história, da geografia, da etnografia, etnologia; e arqueologia, especialmente do Maranhão; (b)O incremento à comemoração dos vultos e fatos notáveis de seu passado; e (c) A conservação de seus monumentos 6: Em agosto de 1926 surgia a “HISTÓRIA E GEOGRAFIA - Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão”, anno I - 1926 – num. 1, julho a

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Antônio Lopes da Cunha nasceu na cidade de Viana – Maranhão -, em dia 25 de maio de 1889 e faleceu em São Luís a 29 de novembro de 1950. Filho do desembargador (e futuro governador do Estado) Manuel Lopes da Cunha e D. Maria de Jesus Sousa Lopes da Cunha. Foi o fundador e secretário perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. 4 LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973. 5 Art. II do Regimento Interno, publicado na REVISTA DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO MARANHÃO, ano I, no. 1, julho a setembro, 1926, p. 61; 6 Art. I do Regimento Interno, publicado na REVISTA DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO MARANHÃO, ano I, no. 1, julho a setembro, 1926, p. 61;


setembro, com 97 páginas, contendo ilustrações, e impressa na Typ. Teixeira - São Luiz7. Era seu Diretor Antonio Lopes (da Cunha): Diretoria 1926-1927: Dr. Justo Jansen Ferreira – presidente; Dr. José Domingues da Silva – vice-presidente; Dr. Antonio Lopes da Cunha – secretário-geral; Wilson da Silva Soares – tesoureiro; Ainda foram criadas as seguintes Comissões: de Geografia – José Domingues, Abranches de Moura, Justo Jansen; de História: Ribeiro do Amaral, B. Vasconcelos, Ferreira Gomes; de Bibliografia: Domingos Perdigão, Arias Cruz, José Pedro. Não foram preenchidas 13 vagas de sócio e de 13 de correspondentes. Como se observa, foram criadas 30 cadeiras de sócios efetivos e 30 de correspondentes. Após a nominação de cada sócio efetivo, há uma pequena biografia de cada um com sua produção científico-literária. Dos sócios correspondentes, a indicação do estado onde residem e indicação daqueles que são maranhenses. 8 Sócios Efetivos Fundadores

ANTÔNIO LOPES DA CUNHA (1889-1950): Maranhense, natural da cidade de Viana. Filho do desembargador e governador do Estado (1902-1906), Manuel Lopes da Cunha e D. Maria de Jesus Sousa Lopes da Cunha. Estudou direito em Recife, concluiu o curso em 1911. Retornando ao Maranhão, exerceu o magistério, com a cátedra de Literatura Brasileira no Liceu Maranhense e de Filosofia do Direito na Faculdade de Direito do Maranhão a partir de 1918. Foi também diretor da escola de Belas Artes do Maranhão, atuou também como jornalista na “Pacotilha”, e publicou artigos e críticas literárias em diversos periódicos e revistas do período, além de ter escrito obras de relativa relevância intelectual, como Alcântara: Subsídios para a história da cidade. Foi um dos fundadores da Faculdade de Direito de São Luís em 1918 e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, do qual foi considerado secretário perpétuo, tendo sido também o diretor responsável, quando da publicação da primeira Revista do Instituto em 1926. 9

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA- REVISTA TRIMESTRAL DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAPHIA DO MARANHÃO, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926 8 (in HISTÓRIA E GEOGRAFIA- REVISTA TRIMESTRAL DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAPHIA DO MARANHÃO, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, p. 55 a 59; Ver. Geo. E Hist., ano 2, n. 1, novembro de 1948, p. 148) 9 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59.


PADRE ARIAS CRUZ (1893-1970): Maranhense, natural de Caxias. Quando da Fundação do IGHM e publicação da primeira Revista, era professor de Português do Liceu Maranhense e do seminário arquiepiscopal de Santo Antonio do Maranhão com vários estudos publicados no âmbito da literatura e jornais e revistas. 10 JOSÉ EDUARDO DE ABRANCHES MOURA: maranhense, foi capitão de engenheiros. Professor de Matemática do Liceu Maranhense. Astrônomo, diretor do observatório Orion. Sócio Correspondente da Sociedade Astronômica da França. Escreveu: “Carta Topográfica da Ilha de São Luís do Maranhão, obra publicada em 1923. 11

BENEDITO DE BARROS E VASCONCELOS (1880-1955): Maranhense, nascido em São Luís, formado em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro; atuou como magistrado, jornalista e escritor. Profissionalmente foi Secretário da Fazenda, Consultor Jurídico do Estado e Presidente do Conselho do Estado. E quando da fundação do IGHM, era desembargador e membro do superior tribunal de justiça do estado do Maranhão. Sócio fundador efetivo da academia maranhense de letras. Seus principais trabalhos Publicados foram: “A Tutoia e a Delta do Parnaíba,” de 1919, e “O Parnaíba no Maranhão”, de 1926. Historiador e Geógrafo autodidata, seus trabalhos e publicações versavam desde temáticas ligadas a História até estudos geográficos sobre as áreas fronteiriças do Maranhão. 12

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Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 11 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 12 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59.


DOMINGOS DE CASTRO PERDIGÃO: Maranhense. Ex-diretor da Biblioteca Publica do Estado do Maranhão, com diversos trabalhos publicados, entre os quais prefiguraram: “Catálogo do Estado do Maranhão na exposição Nacional de 1908”, publicado em 1908; “O Maranhão na Exposição Nacional de 1908”, publicado em 1910; “Álbum do Tricentenário do Maranhão de 1913; “A Biblioteca Publica do Estado do Maranhão em 1914”, obra publicada no ano de 1915; “Relatórios da Biblioteca publica do Maranhão, 1916, 1917, 1918”; “A Biblioteca Publica do Maranhão em 1919”, obras de 1920; “Exposições e Feiras” de 1922; “O Esperanto”, As Bibliotecas Infantis”, “o Colégio Perdigão”, “Nos Anais do primeiro Congresso Pedagógico Maranhense, obras publicadas em 1922; “O que se deve ler” 1924. Domingos de Castro Perdigão contava com uma vasta obra que abrangia desde as temáticas ligadas a área da biblioteconomia, até a leitura e educação. 13

JOSÉ DOMINGUES DA SILVA (1871-1946): Maranhense, engenheiro civil. Diretor da estrada de ferro São Luís-Teresina. Contava na época de fundação do Instituto com os seguintes trabalhos Publicados: “Problemas Maranhenses”, de 1923; e em 1926, ano de publicação da primeira Revista do IHGM, publica “O Alto Tury”. 14

JOSÉ FERREIRA GOMES: Nasceu em Barbacena-MG; Presbiterato em 1910, tendo atuado em São Luís – MA (Seminário); Diamantina – MG (Seminário); Mariana – MG (Seminário); Barbacena – MG; OBS: Deixou a Congregação. Foi professor do seminário 13

Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 14 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59.


Episcopal de Santo Antonio do Maranhão, diretor da Escola de Radiotelegrafia do Maranhão, com publicações na área de literatura, história e religião em periódicos ludovicenses do período. 15 JOSÉ PEDRO RIBEIRO: Maranhense, diplomata: Vice-Cônsul da Noruega e interino da Dinamarca, quando da época de fundação do Instituto. Principais trabalhos Publicados: “A Industrialização da borracha no Maranhão" de 1913, além de vários estudos sobre a economia maranhense publicados em jornais, periódicos e revistas. 16

JUSTO JANSEN FERREIRA (1864-1930): Maranhense, nascido em São Luís, médico com formação no Rio de Janeiro. Atuou como professor de Geografia do Brasil do Liceu Maranhense, de Física, Química e Mineralogia da Escola Normal do Maranhão; Sócio fundador efetivo da Academia Maranhense de Letras e correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto do Ceará, da Sociedade Astronômica de Paris, da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e da Sociedade de Medicina do Paraná. Seus principais trabalhos publicados foram: “Fragmentos para a Chorographia do Maranhão”, 1904; “A propósito da Carta do Maranhão”, 1904; “Breve notícia sobre o ensino de Física, Química e Mineralogia no Maranhão”, 1907; “A Barra da Tutoya”, 1908; “Geografia Médica e Climatologia do Estado do Maranhão”, “A Mulher e o ensino primário”, obras publicadas em 1910; “Carta Geográfica do Maranhão”, 1912; “Carta Geográfica da Ilha de São Luís”, 1912; “Planta da Cidade de São Luís”, 1912; “Contribuição para a História e Geografia do Maranhão. Ainda a Barra da Tutoya”, 1913; “A divisória Pelo Parnaíba”, 1921. Boa parte de sua obra desenvolveu-se no âmbito geográfico, com uma vasta problematização sobre as áreas limítrofes entre o Maranhão e o Piauí na região do delta do Rio Parnaíba. 17

JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL (1853-1927): 15

Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 16 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 17 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59.


Maranhense, natural de São Luís. Fundador do Colégio de S. Paulo. Catedrático de História e Geografia do Liceu Maranhense, instituição no qual também foi diretor, ex-diretor da Biblioteca Pública. Sócio fundador da Academia Maranhense de Letras, e correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Suas principais obras publicadas foram: “O Estado do Maranhão em 1896”, 1898; “Apontamentos para a História da Revolução da Balaiada na Província do Maranhão”, 1898, 1900, 1906; “A Fundação do Maranhão”, 1912; “Apontamentos para a História da Vida e Obras do Senador Candido Mendes de Almeida, 1913; “História do Maranhão” - Edição para a infância-, 1914, 1923; “Limites do Maranhão com o Piauí ou a questão Tutoya”, 1919; “As Revoluções do Segundo Império e a obra pacificadora de Caxias”, 1922; “Ephemerides Maranhenses - 1° Parte - Tempos Coloniais”, 1923; “Estado do Maranhão”Contribuição ao 2° Volume da Introdução Geral do Dicionário Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 18

WILSON DA SILVA SOARES (1898-1949): Maranhense, com trabalhos publicados em jornais e revistas, especialmente no âmbito de biografias e bibliografias. 19 "Folha do Povo", edição num. 256, de 27 de novembro de 1925, página 2:

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Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 19 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59.


Fonte: Martins Dyêgo Martins "Folha do Povo", edição num. 92, de 8 de julho de 1926, p. 2

Fonte: Martins Dyêgo Martins

FONTE: EUGES LIMA


Sócios Efetivos. ANTONIO LOPES DIAS: maranhense, engenheiro químico e mineralogista, com formação em Ciências Físicas e Naturais pela Universidade de Genebra. Os principais trabalhos publicados pelo mesmo quando da Fundação do Instituto foram: “Contribution a l`Etude Petrographique des Shistes de Casanna dir Val d`Hèrens (Valais Suisse) – et de quelques Grites qui s´y ralttachent”, 1920; “O Sertão Maranhense- Esboço Geológico, físico e Social”, 1922; “ A siderurgia no Brasil”, 1925. 20 FRAN PAXECO (1874-1952): Manuel Francisco Pacheco, Português, natural de Setúbal, chegou ao Maranhão em Maio de 1902. Diplomata, quando da fundação do Instituto e da publicação da primeira revista era ex-consul de Portugal no Maranhão, e cônsul de Portugal no Pará. Fazia parte da Academia de Ciências de Portugal, da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Academia Maranhense de Letras da qual foi um dos sócios fundadores, também das academias de Letras do Piauí e Alagoas, Além dos Institutos Históricos da Bahia, Pernambuco, Piauí e Pará. Fran Paxeco também era professor honorário da Faculdade de Direito do Maranhão, no qual também foi um dos fundadores em 1918. Suas principais obras publicadas foram: “O sangue Latino”, 1897; “O centenário Indiano”, 1897; “O Sr Silvio Romero e a Literatura Brasileira”, 1900; “O Maranhão e os seus recursos”, 1902; “Os interesses Maranhenses”, 1904; “O Departamento do Juruá”, 1906; “A Literatura Portuguesa na Idade Média”, 1909; “Portugal e a Renascença”, 1912; “Angola e os Alemães”, 1916; “O Trabalho Maranhense”, 1916; “Teophilo no Brasil”, 1917; “A Escola de Coimbra e a dissolução do Romantismo”, 1917; “Portugal e o Maranhão”, 1919; “O Pará e a colônia Portuguesa”, 1920, “Geografia do Maranhão”, 1922. Além de publicações em Jornais e Revistas. 21 CARLOTA CARVALHO: maranhense, tendo publicado a obra “O Sertão”, em 1924, era a única mulher presente entre os primeiros integrantes do Instituto. 22 RAYMUNDO LOPES DA CUNHA: Maranhense, professor de História e Geografia do Brasil no Liceu Maranhense, sócio efetivo da academia maranhense de letras; da sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Trabalhos Publicados: “O Torrão Maranhense”, 1904. “Maranhão Sobrinho”- estado crítico - de 1917. “A Civilização Lacustre do Brasil”, 1924. 23 VIRGILIO DOMINGUES DA SILVA: Maranhense, com vários trabalhos publicados sobre estudos regionais do Maranhão em periódicos. 24 DOMINGOS AMÉRICO DE CARVALHO: Desembargador, com publicações em Jornais e periódicos locais, principalmente na área da História. 25 20

Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 21 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 22 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 23 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 24 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59. 25 Cf. HISTÓRIA E GEOGRAFIA- Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, pp. 55-59.


Sócios Correspondentes: Amazonas – João Braulino de Carvalho Filho (maranhense); Piauí: Abdias Nascimento; Ceará: Barão de Studart; Rio de Janeiro: J. Capistrano de Abreu; Rocha Pombo; Viveiros de Castro (Maranhense); Rodolpho Garcia; Tasso Fragoso (maranhense); Dunshee de Abranches (maranhense); Mais Fleuiss; Nogueira da Silva (maranhense); Alcides Bezerra; S. Paulo: Paulo Prado; Santa Catarina: Miranda Carvalho; Estados Unidos: Oliveira Lima; Portugal: J. Lúcio de Azevedo. O segundo número da Revista – “GEOGRAFIA E HISTÓRIA – Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão”, aparece 22 anos após, em Novembro de 1948 26. Conforme seu Diretor Antonio Lopes na apresentação (p. 3), a Revista do IHGM não circulou desde pouco antes de 1930: “Não poucos reveses saltearam o Instituto na vigência do regime político instaurado em fins daquele ano. Uma administração do município de S. Luis retirou o parco auxílio com que eram custeadas as despesas com a revista (...). Vinte e dois anos depois de ter vivido muito e muito desajudado do Maranhão, e apesar de hostilidades e indiferenças, o Instituto sente que ainda são oportunas aquelas palavras. 27”. Às páginas 146-154 há um relatório das atividades do Instituto no período dos 22 anos de ausência da Revista. Consta a relação da diretoria eleita para o biênio de 15 de julho de 1948 a 15 de julho de 1949: Presidente: João Braulino de Carvalho; Vice-Presidente: Henrique Costa Fernandes; Secretário Geral e Perpétuo: Antonio Lopes da Cunha; Segundo Secretario: Rubem Ribeiro de Almeida; Tesoureiro: Fernando Eugênio dos Reis Perdigão. Consta, ainda, a relação dos ocupantes das diretorias anteriores, sendo: PERÍODO 20/11/1925

20/07/1929 20/07/1931 26

FUNÇÃO

OCUPANTE

Presidente

Justo Jansen Ferreira

Vice-Presidente

José Domingos da Silva

Presidente:

José Domingos da Silva

Vice-Presidente:

Henrique Costa Fernandes

Presidente:

João Braulino de Carvalho

GEOGRAFIA E HISTÓRIA – REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, ano 2, n. 1, novembro, 1948 27 As palavras a que se refere seu diretor são do artigo que abriu o primeiro número: “Compreenderão os maranhenses dos trabalhos desta associação, que ela viverá? Talvez. E, se o compreenderem, não lhe negarão, por certo, o seu apoio”. (REV. IHGM, ano 1, n. 1, julho/setembro, 1926, p. 5).


Extrai-se súmula das atas da Assembleia Geral do Instituto28, contidas no Livro I, onde: 1ª. sessão foi realizada em 20 de novembro de 1925, que foi a de fundação, aprovação dos estatutos, e eleição da primeira Diretoria; 2ª. sessão realizou-se em 09 de fevereiro de 1926, tratando-se das providencias para o recebimento e instalação da Coleção Artística Gonçalves Dias, prometida ao Instituto pelo presidente Magalhães de Almeida. Em nota de péde-página consta que a coleção não foi recebida por falta de espaço na sede social; 3ª. sessão – 11 de março de 1926, tomou-se ciência de que Antonio Lopes, quando do exercício do cargo de prefeito municipal de São Luis, apresentou ao legislativo proposta sancionada depois, de uma subvenção ao Instituto; resolvese permitir o funcionamento da Escola de Belas Artes no prédio (alugado) do Instituto; e ainda institui-se uma contribuição mensal dos sócios para os cofres da sociedade; 4ª. sessão – 04 de junho de 1926, Domingos Perdigão solicita dispensa de suas funções de secretario da Assembleia Geral, passando esta a ser ocupada, então pelo secretário geral; marcadas as eleições para o período de 28/06/1926 a 28/06/1927; reeleitos os presidentes da Assembleia Geral e diretoria, o secretário geral e o tesoureiro, assim como as comissões. Aceitos como sócios efetivos: Virgílio Domingues da Silva, Domingos Américo de Carvalho, e Parsondas de Carvalho. Sócios correspondentes: Oliveira Lima e Francisco Guimarães; 5ª. sessão – 29 de julho de 1926 – posse da nova diretoria eleita; 6ª. sessão – 04 de dezembro de 1926 - trata-se da publicação da Revista, incumbindo-se a Antonio Lopes sua organização e direção, com plenos poderes. Proposto e eleitos sócios efetivos os correspondentes Raimundo Lopes, Antonio Dias e Fran Pacheco; 7ª. sessão – 15 de maio de 1927 – eleições de presidente da assembleia geral, diretoria e comissões. Eleitos sócios correspondentes Bernardino de Sousa e Costa Filho; 8ª. sessão – 29 de junho de 1927 – posse da diretoria eleita; 9ª. sessão – 29 de julho de 1927 – discussão, votação e aprovação do projeto de reforma do Estatuto; prorrogação do mandato da diretoria, do presidente da assembleia geral e comissões até 19 de julho de 1929; 10ª. sessão – 31 de julho de 1927 – eleitos sócios efetivos Clarindo Santiago e Costa Fernandes;

28

SUMULAS DAS ATAS DA ASSEMBLÉIA GERAL DO INSTITUTO CONTIDAS NO LIVRO I. GEOGRAFIA E HISTÓRIA – REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luis, ano 11, n. 1, novembro de 1948, p. 148-154.


11ª. sessão - 04 de agosto de 1927 – renuncia do presidente da assembleia geral e eleição de Domingos Américo; concedido a Antonio Lopes o título de secretário perpétuo; 12ª. sessão – 20 de julho de 1929 – eleições para presidente da assembleia geral, diretoria, e comissões; posse dos eleitos; 13ª. sessão – 20 de julho de 1931 - eleições para presidente da assembleia geral, diretoria; posse dos eleitos; 14ª. sessão – 20 de julho de 1933 - eleições para presidente da assembleia geral, diretoria, e comissões; posse dos eleitos; 15ª. sessão – 20 de julho de 1939 – exposição dos fatos que abalaram a vida do instituto e o destituíram da sede, em consequência da revolução de 1930; voto de protesto contra os atos praticados contra o Instituto, inclusive a retirada dos auxílios que recebia e a desorganização de seu Museu; eleições e posse da diretoria e presidente da assembleia geral; 16ª. sessão – 20 de julho de 1941 – eleição e posse da diretoria e presidente da assembleia geral; 17ª. sessão – 15 de agosto de 1941 – aprovado o quadro de trinta cadeiras, com seus patronos, para os sócios fundadores e efetivos do Instituto, cujo número não poderá ser aumentado. Foi em 1941 que esse quadro passou a ser composto por cadeiras, numeradas de 1 a 30, com respectivos patronos, afinal aumentado, mediante reforma estatutária, para 50 (cinquenta) em 1951, e para 60 (sessenta) em 1979.

Diário de São Luiz, 27 de outubro de 1946


A partir de 1948, são realizadas as sessões magnas em que os sócios eleitos fazem o elogio do Patrono de sua cadeira. Assim, em 28 de setembro daquele ano monsenhor José Maria Lemercier e Joaquim Vieira da Luz fazem o elogio dos seus patronos – Claude d´Abeville e Yves d’Évreux; discursou Leopoldino Lisboa saudando os empossados. Completou-se o quadro de sócios efetivos, sendo eleitos novos sócios correspondentes. Apresentou-se o quadro dos sócios fundadores e efetivos: QUADRO DE SÓCIOS FUNDADORES E EFETIVOS - 1948 PATRONO DAS CADEIRAS 1

Claude d’Ábeville Yves d’Évreux

TITULARES 1. José Maria Lemercier 1. Raimundo Lopes da Cunha

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Diogo de Campos Moreno Simão Estácio da Silveira Luís Figueira Antônio Vieira João de Sousa Ferreira João Felipe de Betendorf Antônio Pereira de Berredo José de Moraes Sebastião Gomes da Silva Belfort Francisco de Paula Ribeiro Raimundo José de Sousa Gaioso Antonio Bernardino Pereira do Lago João Antonio Garcia de Abranches Francisco de N. S. dos Prazeres

24 25 26

2. Candido Pereira de Sousa Bispo 1. João Persondas de Carvalho 2. Liberalino Pinto de Miranda 1. José Pedro Ribeiro 2. Osvaldo da Silva Soares 1. Manuel Fran Pacheco 1. José Abranches de Moura 2. Astolfo Barros Serra 1. Virgilio Domingos da Silva 2. Felipe Condurú Pacheco

Custódio Alves Serrão João Francisco Lisboa Candido Mendes de Almeida Antonio Gonçalves Dias

1. Aquiles de Faria Lisboa 1. Wilson da Silva Soares 1. Justo Jansen Ferreira 2. Leopoldino Rego Lisboa 1. João Braulino de Carvalho

Antonio Henriques Leal Cesar Augusto Marques

1. José Luso Torres 1. Domingos de Castro Perdigão 2. Fernando Eugenio dos Reis Perdigão 1. Domingos Américo de Carvalho 2. Nicolau Dino de Castro e Costa 1. José Domingues da Silva 2. José Silvestre Fernandes 1. Antonio Lopes da Cunha 1. Alcindo Cras Guimarães

22 23

2. Joaquim Vieira da Luz 1. Benedito Barros Vasconcelos 1. Raimundo Clarindo Santiago 2. Alfredo Bena 1. José Ferreira Gomes 1. Arias de Almeida Cruz 1. Renato Nascimento Silva 1. José Ribeiro do Amaral 2. Henrique Costa Fernandes 1. Ruben Ribeiro de Almeida 1. Adalberto Aciole de Sobral 1. Antonio Lopes Ribeiro Dias

Luis Antonio Vieira da Silva Antonio Enes de Sousa Celso Cunha Magalhães Luis Felipe Gonzaga de Campos

CATEGORIA DATA DE INVESTIDURA Efetivo – 15.10.1946 Correspondente (20.11.25); Efetivo 04.12.1926 Efetivo 03.09.1948 Fundador Efetivo 20.07.1926 Efetivo 28.11.1948 Fundador Fundador Efetivo 12.11.1946 Fundador Efetivo 31.07.1927 Efetivo 05.05.1943 Efetivo 26.09.1948 Correspondente (20.11.25); Efetivo 28.11.1948 Efetivo 02.09.1948 Efetivo 04.06.1926 Efetivo 28.11.1948 Fundador Efetivo 03.09.1948 Correspondente (20.11.25); efetivo 04.12.1926 Fundador Efetivo 28.11.1948 Efetivo 20.07.1926 Correspondente (20.11.25); efetivo 12.09.1948 Efetivo 08.05.1943 Fundador Fundador Efetivo 15.10.1946 Correspondente (20.07.26); efetivo 04.12.1926 Efetivo 08.06.1948 Fundador Efetivo 15.10.1946 Efetivo 29.07.1926 Efetivo 21.11.1948 Fundador Efetivo 28.11.1948 Fundador Efetivo 05.12.1948


27 Raimundo Lopes da Cunha 1. Tasso de Morais Rego Serra Efetivo 20.10.1947 28 Raimundo Nina Rodrigues 1. José Bavelar Portela Efetivo 15.10.1946 29 José Ribeiro do Amaral 1. Arnaldo de Jesus Ferreira Efetivo 28.11.1948 30 Justo Jansen Ferreira 1. Olimpio Ribeiro Fialho Efetivo 12.09.1948 Fonte: Geografia e História – Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, São Luis, ano 2, n. 1, novembro de 1948, p. 148-154.

QUADRO DE SÓCIOS CORRESPONDENTES – 1948 Barão de Studart Capistrano de Abreu J. Lúcio de Azevedo Max Fleuiss Viveiros de Castro

Ceará Rio de Janeiro Portugal Rio de Janeiro Rio de Janeiro

Falecido Falecido Falecido Falecido Falecido

Eleito 20.11.1925 Eleito 20.11.1925 Eleito 20.11.1925 Eleito 20.11.1925 Eleito 20.11.1925

(Augusto Olimpio, o segundo)

Paulo Prado São Paulo Falecido Eleito 20.11.1925 Abdias Neves Piauí Falecido Eleito 20.11.1925 Nogueira da Silva Rio de Janeiro Falecido Eleito 20.11.1925 Raimundo Lopes Rio de Janeiro Falecido Eleito 20.11.1925 Depois, efetivo Antonio Dias Falecido Eleito 20.11.1925 Depois, efetivo Mario Melo Eleito 20.11.1925 Viriato Correa Eleito 20.11.1925 Rodolfo Garcia Rio de Janeiro Eleito 20.11.1925 Miranda Carvalho Santa Catarina Eleito 20.11.1925 Rocha Pombo Rio de Janeiro Falecido Eleito 09.05.1926 Dunshee de Abranches Rio de Janeiro Falecido Eleito 09.05.1926 Alcides Bezerra Rio de Janeiro Falecido Eleito 09.05.1926 Tasso Fragoso Rio de Janeiro Falecido Eleito 09.05.1926 Oliveira Lima Estados Unidos Falecido Eleito 20.07.1926 Francisco Guimarães Falecido Eleito 20.07.1926 Braulino de Carvalho Amazonas Eleito 20.07.1926 Depois, efetivo Bernardino de Sousa Falecido Eleito 14.05.1927 Costa Filho Falecido Eleito 14.05.1927 Charles Wagley Eleito 15.09.1947 Felipe Condurú Eleito 15.09.1947 Depois, efetivo Jerônimo de Viveiros Eleito 15.09.1947 Joaquim Ribeiro Eleito 15.09.1947 Heloisa Torres Eleito 15.09.1947 Virgilio Correia Filho Eleito 15.09.1947 Rondon Eleito 15.09.1947 Carlos Studart Filho Eleito 15.09.1947 Arthut Colares Moreira Eleito 20.10.1947 Edmundo Coqueiro Eleito 20.10.1947 João Wilson da Costa Eleito 20.10.1947 Lucia Miguel Pereira Eleito 05.12.1948 Tomás Pompeu Sobrinho Eleito 05.12.1948 Pedro Calmon Eleito 05.12.1948 Eurico de Macedo Eleito 05.12.1948 Luis Viana Filho Eleito 05.12.1948 Raul de Azevedo Eleito 05.12.1948 Fonte: Geografia e História – Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, São Luis, ano 2, n. 1, novembro de 1948, p. 148-154.

Sessão realizada na Associação Comercial do Maranhão em 9 de março de 1949, promovida pela AML e IHGM, em homenagem a Fran Paxeco, vendo-se Rubem Almeida (orador pela Academia), Joaquim Luz (orador pelo IHGM), Dr. Salomão Fiquene, representando a Faculdade de Farmácia e Odontologia, Dr. Aníbal de Pádua Pereira Andrade, Dr. João Braulino de Carvalho, presidente do Instituto, Prof.


Nascimento Moraes, presidente em exercício da Academia, Srs. Antônio da Silva Borges, Vice-Cônsul de Portugal e Avelino Ribeiro de Faria, membro da colônia portuguesa.

Fonte: Martins Dyêgo Martins

Novo número da “Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, só em 1951, em seu ano XXVIII, n. 3, de agosto, sendo seu diretor Rubem Almeida 29. Uma nova diretoria passa a responder pelo Instituto, eleita para o período de 1951 a 1953: Presidente: Vice-Presidente Secretário Geral Tesoureiro Bibliotecário Diretor de Museu Diretor do Serviço de Divulgação Assembléia Geral – Presidente Secretário Geral

João Braulino de Carvalho Leopoldino Lisboa Jerônimo de Viveiros José de Mata Roma Odilon Soares Oswaldo Soares Rubem Almeida Nicolao Dino Olavo Correia Lima

Publicam-se às páginas 145-154 o novo Estatuto Social, aprovado em 22 de abril de 1951, Estimula-se a elaboração de monografias e estudos sobre assuntos previamente escolhidos e postos em concurso, com a criação de premio (Art. IX). Essas ações a cargo do “Diretor do Serviço de Divulgação” (Art. 6º.): “Art. 26 – compete ao Diretor do Serviço de Divulgação superintender as publicações, reunir os artigos para a “Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão”, fazer a propaganda, enviar à imprensa resenha das ocorrências das sessões, e atender a todos os assuntos que se relacionam com a imprensa”. Em seu Art. II o número de sócios efetivos é aumentado para 50 (cinquenta); os correspondentes, honorários e beneméritos, em número ilimitado. Embora conste que a relação dos sócios estaria anexa aos Estatutos e “não possa ser alterada” seja em sua 29

REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, ano 28, n.3, agosto de 1951.


ordem das cadeiras e a sua distribuição pelos ocupantes falecidos e atuais, esta não é publicada na Revista (Art. 31, # primeiro). Em 1984, no mês de dezembro, aparece o numero 07 da Revista 30. Após 22 anos de ausência! “O Instituto Histórico Geográfico do Maranhão realiza, hoje, importante reunião para promover o lançamento do numero sete de sua Revista oficial, que a partir desta data voltará a circular trimestralmente, com regularidade”. “Convém assinalar nesta oportunidade que a cerca de vinte e dois anos achava-se suspensa a circulação de tão importante órgão da cultura maranhense por absoluta falta de cursos materiais.” (Nascimento, 1985)31. O então Presidente, José de Ribamar Seguins, lembra, em seu editorial que o último número que veio a publico, 6 (seis), fora em 1961. Ressalta a ajuda dada pelo SIOGE, na edição do ‘numero da sorte, o sete’ 32. A Diretoria do IHGM, gestão 19841986 estava assim constituída: Presidente Vice-Presidente 1º. Secretário 2º. Secretário 1º. Tesoureiro 2º. Tesoureiro Bibliotecária Diretor do Serviço de Divulgação

José Ribamar Seguins João Freire de Medeiros Joseth Coutinho Martins de Freitas Eloy Coelho Netto Pedro Rátis de Santana Ilzé Vieira de Mello Cordeiro Ariceya Moreira Lima Silva Raimundo Nonato Travassos Furtado

A Revista 15 é editada em janeiro de 1992 33, A Comissão da Revista estava formada por José Ribamar Seguins – Presidente do IHGM -, e Orlandex Pereira Viana, Diretor do Serviço de Divulgação do IHGM. A diretoria estava composta por: Presidente: José Ribamar Seguins Vice-Presidente : João Freire Medeiros 1º. Secretário: Joseth Coutinho Martins de Freitas 2º. Secretário: Eloy Coelho Netto 1º. Tesoureiro José Ribamar Fernandes 2º. Tesoureiro Ilzé Vieira de Melo Cordeiro Diretor do Serviço de Divulgação Orlandex Pereira Viana Bibliotecária: Aricéya Moreira Lima Em 199334 a diretoria do período de 1992 a 1994 estava assim constituída: 30

REV. IHGM, São Luís, ano LIX, n. 07, dezembro de 1984 NASCIMENTO, Jorge. Ausência restituída. In REV. IHGM, São Luís, ano LIX, n. 07, dezembro de 1984, nota de orelha do livro. 32 SEGUINS, José de Ribamar. Nossa Revista. In REV. IHGM, São Luís, ano LIX, n. 07, dezembro de 1984, p. 3. 33 REV. DO INST. HIST. E GEOG. DO MARANHÃO, São Luis, a. LXII, n. 15 jan. 1982 34 REVISTA DO INST. HIST. E GEOG. DO MARANHÃO, São Luís, ano LXIII, n. 16, 1993 31


José Ribamar Seguins Ronald da Silva Carvalho Joseth Coutinho Martins de Freitas Sebastião Barreto Brito Hédel Jorge Azar José da Costa Mendes Pereira Aricéya Moreira Lima Orlandex Pereira Viana

Presidente Vice-Presidente 1º. Secretário 2º. Secretário 1º. Tesoureiro 2º. Tesoureiro Bibliotecária Diretor do Serviço de Divulgação

Os membros da Diretoria da gestão 1994-1996 foram35: Hédel Jorge Ázar – Presidente Ronald da Silva Carvalho - Vice-presidente Antonio Rufino Filho - 1º. Secretário Joseth Coutinho Martins de Freitas - 2º. Secretário Sebastião Barreto de Brito - 1º. Tesoureiro José da Costa Mendes Pereira - 2º. Tesoureiro Carlos Alberto Lima Coelho - Diretor do Serviço de Divulgação Aricéya Moreira Lima da Silva – Bibliotecária Na Revista 21, de 1998, consta a reeleição da Chapa “Ação e Trabalho”, por aclamação: Presidente: Vice-Presidente: 1º. Secretário 2º. Secretário 1º. Tesoureiro 2º. Tesoureiro Bibliotecário Diretor de Assuntos de Divulgação

Hedel Jorge Azar Eloy Coelho Neto Edomir Martins de Oliveira Joseth Coutinho Martins Freitas Salomão Pereira Rocha Joaquim Elias Filho Eneida Vieira da Silva O. de Canedo Carlos Alberto Lima Coelho

Em 2000, foi eleita nova Diretoria, para o período de 2000/2002: Presidente: Vice-Presidente: 1º. Secretário 2º. Secretário 1º. Tesoureiro 2º. Tesoureiro Bibliotecário Diretor de Assuntos de Divulgação

Edomir Martins de Oliveira Osvaldo Rocha Pereira Joseth Coutinho Martins de Freitas José Fernandes Salomão Rocha Pereira Hédel Jorge Azar Eneida Ostria de Canedo Kalil Mohana

Diretoria 2002/2006 Presidente: Nywaldo Guimarães Macieira Vice-Presidente: Joseth Coutinho Martisnde Freitas 1º Secretário: João Mendonça Cordeiro 35

REVISTA DO INST. HIST. E GEOG. DO MARANHÃO, São Luís, ano LXIv, n. 17, 1996


2º Secretário: Eneide Vieria da Silva Ostria de Cañedo 1º Tesoureiro: Maria Esterlina Mello Pereira Diretor de Divulgação e Relações Públicas: Josemar Bezerra Raposo Bibliotecário: Raimundo Cardoso Nogueira Diretoria 2006/2010 – Reeleita para o período 2008/2010 Presidente: Vice-Presidente: 1º. Secretário 2º. Secretário 1º. Tesoureiro 2º. Tesoureiro

Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo Joseth Coutinho Martins de Freitas Edomir Martins de Oliveira Raul Eduardo de Canedo Vieira da Silva Raimundo Cardoso Nogueira Salomão Pereira Rocha

Diretoria 2010/2012 - CHAPA ANTONIO VIEIRA Presidente de Honra: JOSÉ DE RIBAMAR SEGUINS Presidente: TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Vice-Presidente: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 1º. Secretário: JOÃO FRANCISCO BATALHA (até Fevereiro de 2011) RAIMUNDO GOMES MEIRELES (a partir de março de 2011) 2º. Secretário: RAIMUNDO GOMES MEIRELES (até Fevereiro de 2011) WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE (a partir de junho de 2011) (renunciou ao cargo em dezembro de 2011) ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA (a partir de fevereiro de 2012) 1º. Tesoureiro: WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE (até maio de 2011) DILERCY ARAGÃO ADLER (a partir de junho de 2011) 2º. Tesoureiro: DILERCY ARAGÃO ADLER (até maio de 2011) AYMORÉ DE CASTRO ALVIM (a partir de junho de 2011) Diretor de Patrimônio: ÁLVARO URUBATAN MELO Diretor de Divulgação: MANOEL SANTOS NETO CONSELHO FISCAL Titulares: JOSÉ RIBAMAR SEGUINS JOSÉ RIBAMAR FERNANDES ILZÉ VIEIRA DE MELO CORDEIRO Suplentes: OSVALDO PEREIRA ROCHA ESTERLINA MELO PEREIRA KALIL MOHANA (até novembro de 2010 – falecido)


RAUL EDUARDO CANEDO VIEIRA DA SILVA (a partir de junho de 2011) Diretoria 2012/2014 - CHAPA: Pe. ANTONIO VIEIRA Presidente: Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo Vice-Presidente: Euges Silva de Lima 1ª. Secretaria: Clores Holanda da Silva 2º. Secretario: Antonio José Noberto da Silva 1º. Tesoureiro: Dilercy Aragão Adler 2º. Tesoureiro: Aymoré Castro Alvim Diretor de Patrimônio: Álvaro Urubatan Melo Diretor de Divulgação: Manoel Santos Neto Conselho Fiscal Titulares : Raul Eduardo de Canedo Vieira da Silva Maria Esterlina Melo Pereira José Ribamar Fernandes Suplentes: Paulo Sérgio Castro Osvaldo Pereira Rocha Pereira Iva Souza da Silva Nesses anos, o IHGM foi presidido por: 1925/1929 1929/1933 1933/1937 1937/1943 1943/1945 1945/1947 1947/1953 1953/1957 1957/1961 1961/1967 1967/1972 1972/1994 1994/2000 2000/2002 2002/2006 2006/2010 2010/2014

Justo Jansen Ferreira José Ribeiro do Amaral Parsondas de Carvalho (?). Elizabeto Barbosa de Carvalho Leopoldino Lisboa Astolfo Serra João Braulino de Carvalho Jerônimo de Viveiros Domingos Vieira Filho Luiz de Moraes Rego Ruben Ribeiro de Almeida José Ribamar Seguins Hedel Jorge Ázar Edomir Martins de Oliveira Nyvaldo Guimarães Macieira Eneida Vieira da Silva Ostria de Cañedo Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo

(?) Embora conste da relação de Presidentes, Parsondas de Carvalho, nesse período, já estava morto...


QUADRO 8 - SÓCIOS FUNDADORES E EFETIVOS – 1948 – 2012 PATRONO DAS CADEIRAS 1

Claude dÁbeville

2

Yves dÉvreux

3

Diogo de Campos Moreno

4

Simão Estácio da Silveira

5

Luís Figueira

6

Antônio Vieira

7

João de Sousa Ferreira

8

João Felipe de Betendorf

9

Bernardino Pereira de Berredo

10

José de Moraes

11

Sebastião Gomes da Silva Belfort

12

Francisco de Paula Ribeiro

TITULARES José Maria Lemercier Jerônimo José de Viveiros Ladislau Papp Laura Rosa dos Reis Dilercy Aragão Adler Raimundo Lopes da Cunha Thomas Moses Joaquim Vieira da Luz Josemar Bezerra Raposo Benedito Barros e Vasconcelos Robson Campos Martins Raimundo Cardoso Nogueira Raimundo Clarindo Santiago Alfredo Bena Clodoaldo Cardoso Wilson Pires Ferro Maria dos R. B. C. Magalhães Carlos Alberto Santos Ramos José Ferreira Gomes Joaquim Elias Filho Raimundo N. S. Campos Filho Arias de Almeida Cruz Josué de Sousa Montello Milson de Sousa Coutinho Telma Bonifácio Dos S. Reinaldo Renato Nascimento Silva José Maria Ramos Martins Iva Souza da Silva José Ribeiro do Amaral Henrique Costa Fernandes Bernardo Coelho Almeida Osvaldo Pereira Rocha Ruben Ribeiro de Almeida Rosa Mochel Martins Sebastião Barros Jorge Antonio José de Araújo Ferreira Éden do Carmo Soares Adalberto Aciole de Sobral Edson Garcia Ferreira Ivan Celso Furtado da Costa (Ivan Sarney) José Jorge Siqueira Alexandre Fernandes Corrêa Antonio Lopes Ribeiro Dias Candido Pereira de Sousa Bispo Mário Martins Meireles Almir Moraes Correia Sebastião Barreto de Brito Manoel Dos Santos Neto João Persondas de Carvalho Liberalino Pinto de Miranda Cesario Veras

CATEGORIA DATA DE INVESTIDURA Efetivo – 15.10.1946 (1956) Ocupante atual - 2012 Correspondente (20.11.25); Efetivo 04.12.1926 Eleito em 1953 - 1956 Efetivo 03.09.1948 Ocupante atual - 2012 Fundador - (1956) Ocupante atual - 2012 Efetivo 20.07.1926 Efetivo 28.11.1948 (1956)

Ocupante atual - 2012 Fundador – (1956) (ocupante atual – 1993-2001) Ocupante atual - 2012 Fundador – (1956) Transforma em Sócio Honorário Ocupante atual - 2012– Presidente 2010/2012 Efetivo 12.11.1946 – (1956) (ocupante atual – 1993-2001) (Ocupante atual – 2012) Fundador Efetivo 31.07.1927 – (1956) (ocupante atual – 1993-1996) (Ocupante atual – 2012) Efetivo 05.05.1943 - 1956 (ocupante atual – 1993-1997) (a tomar posse – 2001) (Ocupante atual – 2012) Efetivo 26.09.1948 - 1956 (ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário (a tomar posse – 2001) (Ocupante atual – 2012) Correspondente (20.11.25); Efetivo 28.11.1948 Efetivo 02.09.1948 Transformado em Honorário Transformado em Honorário (ocupante atual 2012) Efetivo 04.06.1926 Efetivo 28.11.1948 (1956)


Eloy Coelho Netto

13

14

Raimundo José de Sousa Gaioso

Antonio Bernardino Pereira do Lago

Natalino Salgado Filho José Pedro Ribeiro Osvaldo da Silva Soares Tácito da Silveira Caldas Aluízio Ribeiro da Silva Francisco Eudes de Sousa Gilberto Matos Arouche Sofiane Labidi Manuel Fran Pacheco Aderson de Carvalho Lago Mário Lincoln Feliz dos Santos

15

16

João Antonio Garcia de Abranches

Francisco de N. S. dos Prazeres

17

Custódio Alves Serrão

18

João Francisco Lisboa

19

Candido Mendes de Almeida

20

Antonio Gonçalves Dias

21

Antonio Henriques Leal

22

Cesar Augusto Marques

José Marcelo Do E. Santo José Eduardo Abranches de Moura Astolfo Barros Serra Ronald da Silva Carvalho José Marcio Soares Leite Virgilio Domingos da Silva Felipe Condurú Pacheco Miguel A. Bernardes Filho Adalberto Franklin Aquiles de Faria Lisboa Fernando Ribamar Viana Raymundo Carvalho Guimarães Ernane José de Araújo Paulo Oliveira Wilson da Silva Soares Olavo Correia Lima Lourival Borba Santos Manoel de Jesus Lopes Bento Moreira Lima Neto Clores Holanda Silva Justo Jansen Ferreira Leopoldino Rego Lisboa Virgilio D. da Silva Filho Clovis Pereira Ramos Célio Gitahy Vaz Sardinha João Braulino de Carvalho João Lima Sobrinho Elimar F. de Almeida e Silva José Luso Torres José Ribamar Seguins José Augusto S. Oliveira Domingos de Castro Perdigão Fernando E. dos Reis Perdigão Raimundo N. Travassos Furtado Carlos Orlando R. de Lima Euges Silva de Lima

(ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário Ocupante atual - 2012 Fundador Efetivo 03.09.1948 - 1956 Transformado em Honorário (ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário (a tomar posse – 2001) Renunciou em 2011 Ocupante atual - 2012 Correspondente (20.11.25); efetivo 04.12.1926 - 1956 (ocupante atual – 1993) Transformando em Correspondente (ocupante atual 2006- 2012) Fundador Efetivo 28.11.1948 – 1956 Falecido em 2010 (ocupante atual – 2012 Efetivo 20.07.1926 Correspondente (20.11.25); efetivo 12.09.1948/56 (ocupante atual – 1993-2001) Posse em 09/11/2012 Efetivo 08.05.1943 (1956) Transformado em Honorário (ocupante atual – 1993) (ocupante atual – 1996-2012) Fundador (1956) - Transformado em Honorário (ocupante atual – 1993-1997) (ocupante atual – 2011 – renuncia tacita ocupante atual – 2012 Fundador Efetivo 15.10.1946 - 1956 Transformado em Honorário (ocupante atual – 2012) Correspondente (20.07.26); efetivo 04.12.1926 - 1956 (ocupante atual – 1993-1996) (ocupante atual – 2001 - 2012) Efetivo 08.06.1948 - 1956 (ocupante atual – 1993-2010 – Presidente Honorário 2010) (ocupante atual – 2012) Fundador Efetivo 15.10.1946 – 1956 – Transformado em Honorário Falecido em 2011 (ocupante atual – 2012)


23

24

Luis Antonio Vieira da Silva

Antonio Enes de Sousa

25

Celso Cunha Magalhães

26

Luis Felipe Gonzaga de Campos

27

Raimundo Lopes da Cunha

28

Raimundo Nina Rodrigues

29

José Ribeiro do Amaral

30

Justo Jansen Ferreira

31

Antonio Lopes da Cunha

32

Aquiles de Farias Lisboa

33

Custódio Lisboa

34

Wilson da Silva Soares

Domingos Américo de Carvalho Nicolau Dino de Castro e Costa Merval de Oliveira Melo Francisco de Assis Peres Soares João Francisco Batalha José Domingues da Silva José Silvestre Fernandes Salomão Fiquene Lucy Mary Seguins Sótão Paulo Sérgio C. Pereira Antonio Lopes da Cunha Odilon da Silva Soares José Nascimento Moraes Filho Antonio Cordeiro Feitosa Aymoré Castro Alvim Alcindo Cruz Guimarães José Joaquim Guimarães Ramos Raimundo Teixeira de Araújo Maria Hélia Cruz de Lima Tasso de Morais Rego Serra Carlos Alberto da M. Cardoso Raimunda N.F. Carvalho Neta Assir Alves Araujo José Bacelar Portela Celso Aires Anchieta Benedito C. de Siqueira Moura Celso Ayres Anchieta Filho Rita Maria Nogueira Clênia de J. P. dos Santos Arnaldo de Jesus Ferreira Luis Carlos Cunha Wanda Cristina Cunha Antonio Rufino Filho Olimpio Ribeiro Fialho Ilzé Vieira de Melo Cordeiro (*) José Sarney Costa Francisca Éster De Sá Marques Ronald Pereira dos Santos José Ribeiro de Sá Vale Waldemar da Silva Carvalho João Mendonça Cordeiro (*) Orladex Pereira Viana Teresinha de J. A. Silva Rego Elisabeto Barbosa de Carvalho Fernando Barbosa de Carvalho Ariceya Moreira Lima da Silva Paula Frassinetti da Silva Sousa José Jorge Leite Soares

Efetivo 29.07.1926 Efetivo 21.11.1948 - 1956 (ocupante atual – 1993) (a tomar posse – 2001) ocupante atual – 2012 Fundador Efetivo 28.11.1948 - 1956 (ocupante atual – 1993-2001 ´renuncia) ocupante atual – 2012 Fundador 1956 Renunciou em 1980 (ocupante atual – 2012) Efetivo 05.12.1948 - 1956 (ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário (a tomar posse – 2001) (ocupante atual – 2012) Efetivo 20.10.1947 - 1956 (ocupante atual – 2011 correspondente) (ocupante atual – 2012) Efetivo 15.10.1946 - 1956 (ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário (a tomar posse (2001) Renunciou ocupante atual – 2012 Efetivo 28.11.1948 – 1956 (2001) (ocupante atual – 1993-2012) Efetivo 12.09.1948 – 1956 (ocupante atual – 1993-2012) 1956 - ocupante atual – 19932001) (2010 - correspondente) ocupante atual – 2012 (1956) (ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário ? (ocupante atual – 1993-1996) (ocupante atual – 2012) (1956) (ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário (a tomar posse – 2001 – renuncia tacita 10) posse em 20/09/2012


35

Domingos de Castro Perdigão

36

Astolfo Serra

37

38

39

40

José Constantino Gomes de Castro

Antonio Batista Barbosa de Godois

Francisco Galdencio Sabbas da Costa

João Dunshee de Abranches Moura

41

José Domingos da Silva

42

Antonio Rego

43

Augusto Tasso Fragoso

44

Temístocles Aranha

45

Manoel Nogueira da Silva

46

Francisco de Paula e Silva

47

Joaquim Maria Serra Sobrinho

48

Francisco Sotero dos Reis

49

João da Mata de Moraes Rego

Tucídides Barbosa Antenor Mourão Bogéa Benedito Bogéa Buzar Cândido José M. De Oliveira João Freire de Medeiros Herbert de Jesus Santos Ana Luiza Almeida Ferro Virgilio Domingos Filho Maria da Conceição Ferreira Daniel Pereira Fontes Martins Diomar Mota Madalena M. De S. Neves Maria José Freitas Waldemar de Sousa Santos Carlos Alberto Lima Coelho Roque Pires Macatrão (*) Luis Alfredo N. Guterres Soares Francisco Peres Soares Raimundo N. Palhano Silva José de Ribamar dos Pereira Pedro Rátis de Santana Carlos Thadeu Pinheiro Gaspar Leopoldo Gil Dulcio Vaz Cassio Reis Costa Hedel Jorge Azar Raul E. De C. Vieira Da Silva Sebastião Moacyr Xerez Nyvaldo Guimarães Macieira Jeferson Moreira Amandino Teixeira Nunes José Pinheiro Marques José Cloves Verde Saraiva Antonio Noberto Luiz Cortez Vieira da Silva Eneida V. da S. O. de Canedo José Manoel Nogueira Vinhais Dagmar Desterro e Silva Wanda Cristina da C.e Silva José Pinheiro Marques Aldy Melo de Araújo Luiz de Moraes Rego Maria Esterlina M. Pereira Domingos Vieira Filho Domingos Chateaubrind de Sousa Kalil Mohana Joaquim Haickel José da Mata Roma Francisco M. M.’Alverne Frota Marcio A. V. Coutinho (*) José de Ribamar Fernandes

(1956) Transformado em Honorário Renunciou (ocupante atual – 2012) Eliminado (ocupante atual – Posse em 2011 1956 (ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário (a tomar posse) (a tomar posse) Ocupante atual – posse em 2010 (1956) (ocupante atual – 1993-2001) Renuncia tácita Ocupante atual – posse em 2011 (ocupante atual – 1993-2001)

posse em agosto 2012 Eleito 1956 Renunciou (ocupante atual –Posse 2008) (1956) ocupante atual (1956) (ocupante atual – 1993-2001) (1956) (ocupante atual – 1993-1997) (renunciou 2011) Posse em 28/10/2011) (1956) (ocupante atual – 1993-2001) (1956) Transformada em Honorário (ocupante atual – 1993-1997) Renuncia tácita 2011? posse em 2012 1956 - Transformado em Honorário (ocupante atual – 1993-2001) (1956)

Falecido em 2010 Posse em 13/09/2011 (1956) (ocupante 1993-2001, renuncia ?) Posse 2010 (ocupante atual – 1993-2001)


50

51 52

Antonio Pereira

Rubem Ribeiro de Almeida Joaquim Gomes de Sousa

53

José Nascimento Morais

54

Felipe Conduru Pacheco

(*) Benedito Everton Costa Alberto José T. Vieira da Silva Clauber Pereira Lima (*) Edomir Martins de Oliveira (*) José Moreira Deusdedith C. Leite Filho Joseh Carlos Araújo Manoel de Oliveira Moraes Salomão Pereira Rocha Kleber Moreira Sousa

(ocupante atual – 1993) (a tomar posse – 2001) Ocupante atual – posse 2008 (ocupante atual – 1993-2001) (ocupante – 1993-1997) (ocupante – 2001) renuncia tacita Posse em 2012 (ocupante atual – 1993-2001) (ocupante atual – 1993-1997)Transformado em Honorário ? (ocupante atual – 2011)

Ananias Alves Martins Álvaro Urubatan Melo 55 José Ribeiro de Sá Vale (*) (ocupante atual – 1993-2001) Joseth Coutinho M. de Freitas 56 Jerônimo José de Viveiros (*) José Ribamar Sousa dos Reis Falecido em 2010 Joana Maria Bittencourt Posse 15 de dezembro de 2011 57 José Eduardo Abranches (*) José Adirson de Vasconcelos (ocupante atual – 1993-1997)Moura Augusto Silva de Carvalho transformado em Honorário Arthur Almada Lima Filho posse em 28 de setembro 2012 58 João Parsondas de (*) José James Ribeiro Callado (ocupante atual – 1993-1997) Carvalho Luis Phelipe de C. C. Andrés (a tomar posse – 2001) Ocupante atual Posse 2009 Washington M. Cantanhede 59 Olimpio Ribeiro Fialho (*) José da Costa Mendes Pereira ocupante atual – posse 2008 Elizabeth Pereira Rodrigues 60 José de Ribamar Carvalho (*) Francisco Alves Camêlo renunciou ocupante atual – posse 2008 Raimundo Gomes Meireles Fonte: Geografia e História – Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, São Luis, ano 2, n. 1, novembro de 1948, p. 148-154. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, São Luis, ano LIX, n. 7, dezembro de 1984, p. 97-103; NETTO GUTERRES, Luiz Alfredo. Pequenas contribuições ao estudo da Sinopse Histórica do IHGM 1925-2001. in Revista do IHGM 23, p. 63-88

QUADRO DE SÓCIOS HONORÁRIOS (2001) Presidente de Honra Presidente honorário

Roseana Sarney Murad José Ribamar Seguins João Braulino de Carvalho (1953) José Sarney José Ribamar Seguins (2010)

Aluízio Ribeiro da Silva Arycéia Moreira Lima da Silva Augusto Silva de Carvalho Benedito Clementino da Siqueira Moura Eloy Coelho Netto Fernando Eugenio dos Reis Perdigão Ivan Celso Furtado da Costa José Joaquim Guimarães Ramos Kleber Moreira de Sousa

Ex-ocupante cadeira 13 Ex-ocupante cadeira 34 Ex-ocupante cadeira 57 Ex-ocupante cadeira 28 Ex-ocupante cadeira 12 Ex-ocupante cadeira 22 Ex-ocupante cadeira 10 Ex-ocupante cadeira 26 Ex-ocupante cadeira 37


Luis de Moraes Rego Maria da Conceição Ferreira Mário Martins Meireles Olavo Correia Lima Tácito da Silveira Caldas Virgílio Domingues da Silva Filho Waldemar da Silva Carvalho

Ex-ocupante cadeira 46 Ex-ocupante cadeira 37 Ex-ocupante cadeira 11 Ex-ocupante cadeira 18 Ex-ocupante cadeira 13 Ex-ocupante cadeira 19 Ex-ocupante cadeira 32

Adalberto Acioli de Sobral Afonso Arinos de Melo Franco Afonso de Escragnolle Taunay Jéferson Rodrigues Moreira João da Mota e Albuquerque Joaquim Vieira da Luz José Carlos de Macedo Soares José de Medeiros Delgado José Honório Rodrigues José Jansen Ferreira José Manoel Nogueira Vinhais José Pereira Costa Josué Montello Luis Estevão de Oliveira Luiz da Camara Cascudo Mauro Mota Odorico Carmelito Amaral de Matos Pedro Calmon Moniz Bittencourt Tarso de Morais Rego Serra

IHGSP – eleito 20/08/1953

IHGB – 20/08/1956

Lisboa – Portugal IHGPE - eleito em 11/11/1953

Eleito

QUADRO 10. SÓCIOS CORRESPONDENTES – 1948- 2001 Fonte: Geografia e História – Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, São Luis, ano 2, n. 1, novembro de 1948, p. 148-154; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, São Luis, ano LIX, n. 7, dezembro de 1984, p. 105-107

MARANHÃO Edelvira Marques de M. Barros Francisco José de Castro Gomes José Ferreira de Castro Rui Alcides de Carvalho Vitor Gonçalves de Melo

Imperatriz

Falecida

1984/2001

Pinheiro

1984/2001

Caxias -MA Carolina- MA Caxias

1984/2001 1984 1984/2001

Falecido

ESTADOS UNIDOS Bruce Shatiwin Eugel Sluiter Oliveira Lima Robert C. Smith

Nova Iorque Estados Unidos Estados Unidos Estados Unidos

Falecido

Eleito 26/08/1954 Eleito 20.07.1926 Eleito 26/08/1954

1984/2001 1956 1926 1956

FRANÇA Artibaldo Micalli Jean Yves Merrian Odila Soares Micalli

França França França

1984/2001 1984/2001 1984/2001


INGLATERRA Charles Ralph Boxer

Londres

Antonio Dias

Falecido

Eleito 11/11/1954 Eleito 20.11.1925

1956 Depois, efetivo

1925

PORTUGAL Alberto Iriia

Portugal

Antonio de Oliveira Elmo Elton Francisco d´Assis de Oliveira Martins Francisco Leite de Farias

Portugal Lisboa Portugal

Izau Santos J. Lúcio de Azevedo

Lisboa Portugal

Manoel Lopes de Almeida Virginia Rau

Portugal

Eleito 26/08/1954

1956 1984/2001 1984/2001 1956

Eleito 26/08/1954 Eleito 26/08/1954

Portugal

Falecido

Portugal

1956 1984/2001 1925

Eleito 20.11.1925 Eleito 11/11/1954 Eleita 11/09/1954

1956 1956

AMAPÁ Alves Cardoso

Amapá

Eleito 09/09/1954

1956

AMAZONAS Braulino de Carvalho

Amazonas

Falecido

Eleito 20.07.1926

Depois, efetivo

1926

Idelfonso Pinheiro Roberio dos Santos Pereira Braga Samuel Bechimol

Manaus AM Manaus AM -

1984/2001 1984/2001

Manaus AM -

1984/2001

BAHIA Afonso Rui

Bahia

Estácio de Lima

Bahia

Leopoldo Campos Monteiro Manoel Barbosa

Ilhéus BA –

Eleito 11/09/1954 Eleito 14/09/1955 Eleito 09/09/1954 Eleito 26/08/1954

Bahia

1956 1956 1956 1956

CEARÁ Barão de Studart

Ceará

Falecido

Carlos Studart Filho

Ceará

Falecido

Eleito 20.11.1925 Eleito 15.09.1947 Eleito 04/08/1955 Eleito 04/08/1955

1925 Já consta como eleito em 1947

1947 1956

Dolor Barreira

Ceará

Francisco Osmundo Pontes Guarino Alves José Sérgio dos Reis Junior José Tupinambá da Frota

Fortaleza CE -

1984/2001

Fortaleza CE Fortaleza CE -

1984/2001 1984/2001

Manoel Albano Amora

Fortaleza CE -

Sobral CE -

Eleito 28/04/1955

1956

1956 1984/2001


Mozart Soriano Aderaldo Raimundo Girão

Fortaleza CE Ceará

Rene Gouveia de Miranda Zaqueu de Almeida Braga

Ceará Fortaleza CE -

Eleito 09/09/1954

1984/2001 1956 1984/2001 1984/2001

DISTRITO FEDERAL Clovis Moraes E. D’Almeida Vitor Edson Lobão Elieser Beserra Francisco de Borja B. de Magalhães Jr José de Ribamar Faria Machado José Helder de Sousa Olimpio Martins Cruz Pedro Guimarães Pinto Tito Wilson Soares

Brasília Brasília Brasília Brasília Brasília

1984/2001 1984/2001 1984/2001 1984/2001 1984/2001

Falecido

Brasília Brasília Brasília Brasília Brasília

1984/2001 1984/2001 1984/2001 1984/2001 1984/2001

Falecido Falecido

ESPÍRITO SANTO Levy Rocha

Espírito Santo

1984/2001

MATO GROSSO José Jaime Ferreira de Vasconcelos Luiz Philippe Pereira Leite

Mato Grosso

Eleito 18/08/1955

Cuiabá MT -

1956 1984/2001

MINAS GERAIS João Rodrigues da Cunha Martins de Oliveira

Uberaba MG Minas Gerais

Eleito 11/11/1954

1984/2001 1956

PARÁ Clara Pandolfo Jarbas Passarinho José da Silveira

Belém PA Belém PA Pará

Paulo Eleutério Senior

Pará

Vera Pandolfo Ribeiro

Belém PA -

Eleito 28/04/1955 Eleito 26/08/1954

1984/2001 1984/2001 1956 1956 1984/2001

PARANÁ Carlos Stellfeld

Paraná

Davi Carneiro Mario Marcondes de Albuquerque Oswaldo Pitollo

Curitiba PR Curitiba PR -

Waldir Jansen de Melo

Curitiba PR -

Eleito 09/09/1954 Falecido

Paraná

1956 1984/2001 1984/2001

Eleito 26/08/1954

1956 1984/2001

PERNAMBUCO Armando Samico Clovis Lacerda

Pernambuco Iguarussu PE -

Falecido Falecido

Jordão Emerenciano

Pernambuco

Falecido

José Aragão Bezerra Cavalcanti

Pernambuco

Falecido

Eleito 30/08/53 Eleito 11/11/1954 Eleito 09/09/1954 Eleito 26/08/1954

1956 1956 1956 1956


José Eduardo Brito Iguarassu Lauro Raposo

Pernambuco Goiana PE -

Falecido

Leduar de Assis Rocha

Pernambuco

Falecido

Mauro Mota Mario Coelho Pinto

Recife PE Pernambuco

Falecido

Mario Melo

Pernambuco

Falecido

Raimundo Diniz Barreto

Olinda PE –

Falecido

Abdias Neves

Piauí

Falecido

Dominicio Magalhães de Melo Francisco Melo Magalhães José de Arimateia Tito Filho Roberto Wall Barbosa de Carvalho

Piauí

Eleito 26/08/1954 Eleito 11/11/1954 Eleito 07/06/1953 Eleito 11/11/1954 Eleito 20.11.1925 Eleito 11/11/1954

1956 1956 1956 1984/2001 1956 1925/1956 1956

PIAUÍ

Piauí Piauí

Eleito 20.11.1925 Eleito 04/07/1956 Eleito 04/07/1956

Falecido

Piauí

1925 1956 1956 1984/2001

Eleito 03/02/1955

1956

RIO DE JANEIRO Acyr Dias de Carvalho Rocha Alberto Ribeiro Lamego

Rio de Janeiro

1984/2001

Alcides Bezerra

Rio de Janeiro

Antonio Justa Antonio Martins Araujo Artur Cesar Ferreira Reis Avertano Cruz Capistrano de Abreu

Rio de Janeiro Rio de Janeiro Humaitá RJ Rio de Janeiro Rio de Janeiro

Chateuabriand Bandeira de Melo Clotilde Carvalho Dunshee de Abranches

Rio de Janeiro

Eustaquio Duarte

Rio de Janeiro

Francisco Meireles Padilha Helio Gomes

Rio de Janeiro

Helio Viana

Rio de Janeiro

Jacy Montenegro Magalhães José Coelho de Sousa Neto José Honório Rodrigues

Rio de Janeiro

1984/2001

Rio de Janeiro

1984/2001

Leanes de Sousa Caminha José Martins de M. Guimarães Manoel Caetano B. de Melo Manoel Diegues Junior

Rio de Janeiro Rio de Janeiro

1984/2001 2001

Rio de Janeiro

2001

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

Falecido

Falecido

Falecido

Eleito 31/05/1953 Eleito 09.05.1926

Eleito 20.11.1925 Eleito 16/03/1955 Eleito 09.05.1926 Eleito 26/08/1954

1956 1926 1984/2001 1984/2001 1984/2001 1984/2001 1925 1956 1984/2001 1926 1956 1984

Eleito 14/09/1955 Eleito 09/09/1954

Eleito 11/11/1954

Eleito

1956 1956

1956

1956


09/09/1954 Eleito 20.11.1925 Eleito 20.11.1925

Max Fleuiss

Rio de Janeiro

Falecido

Nogueira da Silva

Rio de Janeiro

Falecido

Paulo Afonso Machado de Carvalho Paulo José Pardal Paulo Mercadante Pedro Calmon

Rio de Janeiro

1984/2001

Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro

1984/2001 1984/2001 1948

Pedro Gastão de Orleans e Bragança Raimundo Lopes

Petrópolis RJ -

Raimundo Nonato Cardoso Rita Violeta Gamerman Rocha Pombo

Rio de Janeiro

Rodolfo Garcia

Rio de Janeiro

Rogelio Santiago

Rio de Janeiro

Rui Barbosa Moreira Lima Sales Cunha

Rio de Janeiro

Salvador de Maya

Rio de Janeiro

Tasso Fragoso

Rio de Janeiro

Viriato Correa

Rio de Janeiro

Viveiros de Castro

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro Rio de Janeiro

Falecido

Falecido

Eleito 05.12.1948 Eleito 16/03/1955 Eleito 20.11.1925

1925 1925

1956 Depois, efetivo

1925 1984/2001

Falecido

1984/2001 1926

Eleito 09.05.1926 Eleito 20.11.1925 Eleito 25/03/1955

1925 1956 1984/2001

Rio de Janeiro

Falecido

Falecido

Eleito 12/07/1955 Eleito 29/08/1956 Eleito 09.05.1926 Eleito 04/09/1956 Eleito 20.11.1925

1956 1956 1948 1956 (Augusto Olimpio, o segundo)

1925

RIO GRANDE DO NORTE Verissimo de Melo

RN

1984/2001

RIO GRANDE DO SUL Dante de Laytano

P. Alegre RS –

Eleito 26/08/1954

1956

Eleito 20.11.1925

1925

SANTA CATARINA Miranda Carvalho

Santa Catarina

SÃO PAULO Boanerges Ribeiro Carneiro Giffoni

São Paulo São Paulo

Falecido

Flaminio Favero

São Paulo

José Bueno de Azevedo Filho José Mindlin Paulo Prado

São Paulo São Paulo São Paulo

Falecido Falecido

Wolney Milhomem

São Paulo

Falecido

Eleito 04/08/1955 Eleito 04/08/1955

1984/2001 1956 1956 1984/2001

Eleito 20.11.1925

1984/2001 1925 1984/2001


SERGIPE Enocic Santiago

Sergipe

Marcos Ferreira

Sergipe

Eleito 11/11/1954 Eleito 28/04/1955

1956 1956

SEM IDENTIFICAÇÃO Arthur Colares Moreira

Falecido

Bernardino de Sousa

Falecido

Charles Wagley Costa Filho

Falecido

Edmundo Coqueiro Enesita Nascimento de Matos Eurico de Macedo Falecido

Francisco Guimarães

Falecido

Fred Willians Heloisa Torres

Eleito 20.10.1947

Joaquim Canuto M. de Almeida Joaquim Ribeiro Falecido

1947 1927 1947

1948 Depois, efetivo

1947 1926 1984/2001 1947 1984/2001 1947

Eleito 15.09.1947 Eleito 15.09.1947

1947 1947 1984/2001 1984/2001 2001

Falecido

Marilia Santos de Franca Veloso Manoel Paulo Nunes Raul de Azevedo

Eleito 05.12.1948 Eleito 05.12.1948

1948 1948 1984/2001

Falecido

Tarcisio Meireles Padilha Tomás Pompeu Sobrinho

Eleito 05.12.1948 Eleito 15.09.1947 Eleito 05.12.1948

Venancio Willeke Virgilio Correia Filho Viriato Correa

1927

1984/2001

José Denizard Macedo de Alcantara José Luis Bittencourt Lélia Pereira da Silva Nunes Lucia Miguel Pereira

Rondon

Eleito 05.12.1948 Eleito 15.09.1947 Eleito 20.07.1926 Eleito 15.09.1947

Horácio de Almeida João Wilson da Costa

Luis Viana Filho

1947

1984/2001

Felipe Condurú

Jerônimo de Viveiros

Eleito 20.10.1947 Eleito 14.05.1927 Eleito 15.09.1947 Eleito 14.05.1927 Eleito 20.10.1947

Falecido

Eleito 15.09.1947 Eleito 20.11.1925

1984/2001 1948 1947 2001 1948 1984/2001 1947 1925


Mas se tem outro grupo de sócios fundadores, estes de um Instituto Histórico e Geográfico Maranhense fundado em 1864 (VAZ, 2011) 36: “Quando ainda morava em São Luis [o Visconde de Vieira da Silva] foi um dos fundadores do Partido Constitucional em 1863 (...) Foi nessa época que, juntamente com João da Matta de Moares Rego, César Augusto Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego, fundou o primeiro Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e, em 1865, dessa vez ao lado de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Heráclito Graça, Antonio Henriques Leal, Antonio Rego, reunidos no colégio de Humanidades, dirigido por Pedro Nunes Leal, discutiam a formação de agremiações literárias e o futuro da vida cultural da província (...)” (BORRALHO, 2010) 37.

Em “Fidalgos e Barões” 38, de Milson Coutinho (VAZ, 2011), também aparecia a afirmação: “Vieira da Silva, ao regressar da Europa, encontro na terra natal a efervescência política e jornalística costumeira (...) parece ter dado conta de que a poesia não era seu forte, de modo que mergulhou no jornalismo (...). Em 1863 abriu cisão com seus antigos companheiros de credo político e fundou o Partido Constitucional, que tinha no jornal A Situação o órgão que defendia o programa desse novo grêmio político, integrado por Vieira da Silva, Silva Maia, José Barreto, Colares Moreira e outros mais. Foi por esse tempo que fundou o Instituto Histórico e Geográfico, instituição provincial que pretendia arregimentar a chamada classe literária, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cenáculo-maior das letras imperiais. Revela Dino (1974, p. 55) que o Instituto abrigou, inicialmente, nomes que futuramente ganhariam peso literário, dentre os quais João da Mata Moraes Rego, Cesar Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego. “Sem maior futuro, o primeiro IHGM naufragou. Em seu lugar nasceu a Academia de Letras do Maranhão, iniciativa de Vieira da Silva, que funcionava numa das salas do Instituto de Humanidades, de Pedro Nunes Leal. Também não foi à frente. (...)” (p. 429-430).

Mais uma vez em Milson Coutinho (1986; 2007, citado por VAZ, 211) informações sobre essa fundação, desta vez dando a data em que ocorreu:

39

,

"Com amigos literatos da época, Vieira da Silva fundou, em 28.7.1864, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, do qual fizeram parte, como sócios, entre outros luminares de nossas letras, João da Mata de Moraes Rego, Dr. César Marques, Dr. João Vito Vieira da Silva e Dr. Torquato Rego. “ Pertenceu, igualmente, à primeira Academia de Letras do Maranhão, fundada em 1865, em uma das salas do Instituto de Humanidades, colégio dirigido pelo Dr. Pedro Nunes Leal. Daquele silogeu foram sócios homens da estirpe cultural de

36

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. IHGM FUNDADO EM 1864? Revista do IHGM No. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 61 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38_-_setembro_2011 37 BORRALHO, José Henrique de Paula. UMA ATHENAS EQUINOCIAL – a literatura e a fundação de um Maranhão no Império Brasileiro. São Luis: Edfunc 2010, p 149 38 COUTINHO, Milson. FIDALGOS E BARÕES – uma história da nobiliarquia luso-maranhense. São Luis: GEIA, 2005 39 COUTINHO, Milson. O MARANHÃO NO SENADO (notas bibliográficas). São Luis: SEFAZ/SECMAS/SIOGE, 1986 COUTINHO, Milson. MEMÓRIA DA ADVOCACIA NO MARANHÃO. São Luis: Clara, 2007. Edição comemorativa dos 75 anos da OAB-MA, contendo elementos biográficos de notáveis advogados entre os anos 1650 a 1950


Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Herácito Graça, Henriques Leal, Antonio Rego e outros" (COUTINHO, 1986: 52; 2007: 277).

Nicolau Dino (citado por VAZ, 211), em biografia do Visconde de Vieira da Silva40 mais informações sobre a fundação do IHGM naqueles idos de 1863: "IX - NO SEIO DOS PRIMEIROS IMORTAID DA PROVINCIA "PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO "em 28 de julho de 1864, Luiz Antonio Vieira da Silva era aclamado presidente do Instituto Histórico e Geográfico que se fundava naquele dia, em casa de Augusto Marques e com a colaboração deste, do Tenente Coronel Ferreira, Padre Dr. Cunha, João da Mata, Dr. Cesar Marques, Dr. Tolentino Machado, Tenente Coronel João Vito, Dr. Torquato Rego, Pedro Guimarães e Frei Caetano. O Dr. Cesar Marques leu um discurso relativo ao ato e o Padre Dr. Cunha apresentou o projeto dos estatutos da nova associação". (p 55-56).

E em Nota de pé-de-página: “(30) Augusto Cesar Marques - farmacêutico, irmão de Cesar Marques. Tenente Coronel de engenheiros - Fernando Luis Ferreira. Padre Dr. João Pedro da Cunha. João da Mata de Moraes Rego - escrivão, autor de crônicas sobre a imprensa do Maranhão muito apreciadas. Dr. João Vito Vieira da Silva, engenheiro militar. Frei Caetano de Santa Rita Serejo, maranhense, Superior do Convento dos Carmelitas” (p. 56)

No Blog “Família Vieira” 41 consta postagem em 1º de agosto de 2010 dados sobre os “VIEIRA DA SILVA E SOUSA – Maranhão” consta os VIEIRA DA SILVA, importante família do Maranhão, com ramificações no Ceará, à qual pertence o Brigadeiro Luiz Antônio Vieira da Silva, com carta de Brasão de Armas passada em 30 de Julho de 1804 (Visconde de Sanches de Baena - Arquivo Heráldico Genealógico. Páginas 445, 446. No. 1761 - Lisboa. Typographia Universal, 1872), que deixou numerosa descendência do seu casamento em 1775, com Maria Clara de Souza. Entre os descendentes deste último casal: I - O filho, Joaquim Vieira da Silva e Souza, nascido em 12 de Janeiro de 1800, no Maranhão e falecido em 23 de Junho de 1864, São Luiz, Maranhão; II - O filho, João Victor Vieira da Silva, Tenente-Coronel Graduado, em 1856. Engenheiro-Militar. Em 1857, servia na Província do Maranhão. Cavaleiro da Imperial Ordem de S. Bento de Aviz. Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. III - O neto, Dr. Luiz Antônio Vieira da Silva, nascido em 2 de Outubro de 1828, em Fortaleza, Ceará e falecido em 3 de Novembro de 1889, no Rio de Janeiro, Doutor em Leis e Cânones pela Universidade de Heidelberg, no Grão-Ducado de Baden, Alemanha. Literato, dedicado aos estudos da História. Secretário do Governo do Maranhão de 1854 a 1858. Diretor da Repartição de Terras de 1859 a 1860. Procurador Fiscal da Tesouraria da Fazenda em 1859. Deputado Provincial pelo Maranhão de 1860 a 1861. Deputado à Assembléia Geral Legislativa, pelo Maranhão, em 3 Legislaturas, de 1861 a 1863, de 1867 a 1868 e de 1869 a 1871, Senador do Império, pelo Maranhão de 1871 a 1889. 1.º Vice-Presidente da Província do Maranhão em 1875, tendo exercido a Presidência de 17 de Janeiro a 02 de Fevereiro de 1876. Ministro da Marinha 40 41

DINO, Nicolau. O VISCONDE DE VIEIRA DA SILVA. São Luis: (IHGM?), 1974 http://vieirasdeguimaraes.blogspot.com/2010/08/vieira-da-silva-e-sousa-maranhao.html


de 1888 a 1889 e Presidente da Província do Piauí de 1869 a 1870. Conselheiro de Estado. Conselheiro de Sua Majestade. Moço Fidalgo da Casa Imperial. Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. Foi agraciado com o Título de Visconde com Honra de Grandeza de Vieira da Silva por Decreto de 05 de Janeiro de 1889. (...) Com geração do seu casamento com Maria Gertrudes da Mota de Azevedo Correia, nascida em 1836 e falecida em 6 de Novembro de 1911, no Rio de Janeiro, Viscondessa de Vieira da Silva, filha do Conselheiro Joaquim da Mota de Azevedo Correia e de Maria Getrudes de Azevedo Correia.

Destacamos do texto acima o que segue: Grão Mestre da Maçonaria. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1863. Membro da Sociedade de Geografia de Lisboa. Membro da Academia Real de Ciências de Lisboa. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco.

LUÍS ANTÔNIO VIEIRA DA SILVA 42, o Visconde de Vieira da Silva Natural de Fortaleza - CE; filiação: Joaquim Vieira da Silva e Souza (ex-ministro do STJ) e Columba Sant'antonio de Souza Gayoso foi um advogado, banqueiro e político. Foi Deputado Provincial - 1860 a 1861; Deputado Geral - 1861 a 1863; 1867 a 1868; 1869 a 1871; Presidente da Província do Piauí de 6 de dezembro de 1869 a 9 de abril de 1870 e de 22 de abril a 7 de maio de 1870; Ministro de Estado Marinha; e Conselheiro de Estado; e senador do Império do Brasil de 1871 a 1889. Título: Visconde de Vieira da Silva. Histórico Acadêmico: Direito Heidelberg. Trabalhos Publicados - História interna do direito romano. RJ. 1854. - História da independência da província do maranhão. Maranhão, 1862. - Questão religiosa (discurso). RJ, 08/03/1873. - Voto de graças (discurso). RJ, 1847. - Força naval (discurso). RJ, 08-06-1888. - A ciganinha do norte (poesias). RJ, 1854. Faleceu em 3 de novembro de 1889 CÉSAR AUGUSTO MARQUES 43 Nasceu em Caxias a 12 de dezembro de 1826. Filho do Dr. Augusto José Marques, um farmacêutico português estabelecido na cidade de Caxias no início do século XIX. Fez 42

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Ant%C3%B4nio_Vieira_da_Silva http://www.senado.gov.br/senadores/senadores_biografia.asp?codparl=2035&li=20&lcab=18861889&lf=20 ; http://nobiliarquia.blogspot.com/2008/11/luiz-antonio-vieira-da-silva.html http://vieirasdeguimaraes.blogspot.com/2010/08/vieira-da-silva-e-sousa-maranhao.html 43 http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sar_Augusto_Marques ; http://www.ape.es.gov.br/bib_Cesar_Marques.htm


os seus estudos secundários em São Luís do Maranhão. Concluiu o curso de Medicina em Salvador, na então Província da Bahia, em 1854. Ainda moço e estudante passou a integrar os grêmios literários de sua época, pois logo em 1854 era membro correspondente da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional do Rio de Janeiro; membro da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, em 1857; membro do Ateneu Maranhense, em 1860; do Ateneu Paraense, 1861; da Sociedade de Beneficência Luso-Maranhense, 1861; do Instituto Histórico e Geográfico RioGrandense, 1863; do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, 1863; da Imperial Academia de Medicina do Rio de Janeiro, 1864;do Instituto Histórico e Etnográfico do Brasil, 1865; do Instituto Literário Maranhense, 1865; do Conservatório Dramático da Bahia, 1866; da Manumissora 28 de Julho, 1869; do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano e da União Católica do Rio de Janeiro, 1870. Foi sócio ainda, da Real Sociedade Humanitária do Porto, 1858; do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano, 1863. Médico, professor, escritor, tradutor e historiador brasileiro. Traduziu a importante obra sobre o Maranhão colonial do capuchinho Yves d'Evreux. Foi agraciado com as comendas da Ordem Militar de N.S. Jesus Cristo, de Portugal; Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa do Brasil e Oficial da Academia da França. Obra: Diccionario Historico, Geographico e Estatistico da Província do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1878. 248p. Dicionário Histórico Geográfico da Província do Maranhão (3ª ed.). Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-Fon e Seleta, 1970. 683 p. História da Missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças pelo padre Cláudio d'Abbeville. Maranhão: Typ. do Frias. 1874. César Marques é patrono da cadeira no. 35 da Academia Maranhense de Letras, da de n07 da Academia Caxiense de Letras e de no. 22 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Faleceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1900. AUGUSTO CESAR MARQUES Farmacêutico, irmão de Cesar Marques. JOÃO VICTOR VIEIRA DA SILVA 44 JOÃO VICTO VIEIRA DA SILVA E SOUSA

Nascido em 15 de Junho de 1809, no Maranhão. Casado, em 1846, em Caxias, com Dona Edeltrudes Rosa Cantanhede Machado, nascida em 1825, em Caxias, Maranhão. Com Geração. Bacharel em Matemática pela Academia Militar. Estudou no Rio de Janeiro o curso de Engenharia, e cremos que foi contemporâneo do Tenente-Coronel Fernando Luís Ferreira, seu amigo e cunhado. Graduado pela Escola de Engenheiros, em 1856. Assentou praça a 19 de janeiro de 1825, serviu no corpo de engenheiros, subindo a diversos postos até o de tenente-coronel, em que foi reformado a 4 de janeiro de 1864; era cavalheiro da ordem da Rosa e da de S. Bento de Aviz. 44

http://vieirasdeguimaraes.blogspot.com/2010/08/vieira-da-silva-e-sousa-maranhao.html


A maior parte da sua vida estêve empregado nesta Província e por isso prestou-lhe alguns serviços na direção das suas obras, gerais ou provinciais como sejam cais, dique, quartel, Fortaleza da Vera Cruz, Hospital da Madre de Deus, etc, etc. Em 1837-1, Ministério da Guerra, Página 54, era 1º Tenente de Engenheiros recebendo o soldo de 300$000. Em 1849, à Página 150, era Capitão. Em 1866, à Página 273, era Tenente Coronel, servindo em Mato Grosso. Escreveu: Alguns apontamentos da viagem feita por terra desta côrte à cidade de Cuyabá – sahiu na “Revista do Instituto Histórico”, tomo 35, 1872, parte 1a. pags. 423 a 438. Intinerario da viagem que fez da cidade de Goyaz até Cuyabá desde 3 de setembro até 2 de outubro de 1865 – É escripto em 1869 e o autographo pertence ao archivo militar. Planta do forte de Vera-Cruz, cachoeira do Rio Itapicurú, levantada, etc. 1841.0m,324X0m,480. Ha varias cópias e duas no mencionado archivo. (Blake, Augusto Victorino Alves Sacramento Diccionario Bibliographico Brazileiro. Volume 4. 1898. Páginas 65 Rio de Janeiro. Imprensa Nacional.) Falecido em 20 de Dezembro de 1869. Lutou na Guerra do Paraguai tendo falecido em Santa Catarina, na viagem de volta ao Brasil. Quase no fim da guerra, que o Brasil sustentou contra o Governo do Paraguai, faleceu êle vindo de Assunção a bordo do vapor, que o conduzia, e dorme o sono eterno na capital da Província de Santa Catarina.” (Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão César Augusto Marques). FERNANDO LUÍS FERREIRA45 Nasceu a 1 de agôsto de 1803, na cidade de São Luís, capital da Província do Maranhão, filho legítimo do Tenente-Coronel Miguel Inácio Ferreira (maranhense) e sua mulher D. Catarina de Sene Freire de Mendonça (pernambucana). Tenente coronel do Corpo de Engenheiros, assentou praça em 29 de setembro de 1820 e foi reconhecido cadete de 1a classe. Foi promovido a 2o Tenente de Artilharia em 26 de março de 1821, a 1o Tenente e a Capitão até 22 de março de 1824; estêve destacado em Caxias, como 2o Tenente, comandando a fôrça de artilharia às ordens do comandante das Armas do Piauí, o Major J. J. da Cunha Fidié, que se achava então fortificado no Morro da Taboca, e aí foi prêso à ordem do General, Governador das Armas do Maranhão, Agostinho Faria. Matriculou-se no 1º ano da Academia Militar no ano de 1825. O pôsto de capitão foi-lhe confirmado a 22 de novembro de 1831, com antiguidade de 22 de março de 1824. Veio para esta Província em 1833, como oficial avulso. Passou a comandar o Corpo de Artilharia da Província, e depois em 1835 fêz passagem para o Imperial Corpo de Engenheiros no mesmo pôsto de capitão, que ainda tinha, sendo Ministro da Guerra o dito José Félix de Burgos, que anteriormente levara prêso para a côrte. Pediu e obteve sua reforma no pôsto de tenente-coronel a 9 de agôsto de 1848. 45

http://wwwfamiliavieiraferreira2.blogspot.com/ http://ferreirasdeviseu.blogspot.com/2010/07/ferreira-maranhao.html


Foi quem fêz as fortificações passageiras no Icatu no tempo da Balaiada e a do Alto das Carneiras, tendo nesta como ajudantes os Oficiais de Engenheiros José Joaquim Rodrigues Lopes e João Vito Vieira da Silva. Em 1840 foi encarregado de fundar a Colônia Indígena de São Pedro do Pindaré. A 16 de outubro de 1857 foi nomeado presidente do Conselho Administrativo onde serviu, por 10 anos, e cujo lugar só deixou quando foram extintos êsses Conselhos no Império. Foi nomeado lente de geometria e mecânica aplicadas às artes, lugar de que pediu e obteve demissão. Foi nomeado diretor da Escola Agrícola desta Província em 27 de agôsto de 1864, lugar que serviu por pouco tempo, e no qual não foi substituído por ter sido então estinta essa Escola. Foi nomeado diretor das Obras Públicas a 28 de março de 1865, depois da extinção dos Conselhos Administrativos. FREI CAETANO DE SANTA RITA SEREJO46 Um dos maiores protetores da Igreja do Carmo. A situação da Ordem, devido à escassez de religiosos, era já bem alarmante em 1834. Ainda assim o último dos sobreviventes, fez os maiores esforços para salva-la da ruína. Durante 30 anos viveu sozinho no convento, onde manteve sob sua direção o Liceu Maranhense. Entre 1865/1866 empreendeu a restauração completa da igreja, inclusive sua fachada, cujo frontispício mandou revestir de azulejos portugueses. Administrava “um patrimônio de mais de 400 escravos, terras e olarias”. Com a sua morte em maio de 1891, o governo tomou posse do convento e da igreja do Carmo, com base na Lei de Amortização de janeiro de 1891 que determinava que quando da morte do último titular das Ordens religiosas, os bens destas passariam para o controle do Estado, executando-se, por motivo de parecer do Tribunal Federal, as igrejas, que por serem destinadas ao culto público não podiam ser consideradas propriedades privadas, tendo sido assim a igreja do Carmo entregue à mitra diocesana em janeiro de 1892 após permanecer fechada por um ano. JOÃO DA MATTA DE MOARES REGO Escrivão, autor de crônicas sobre a imprensa do Maranhão muito apreciadas. TORQUATO REGO PADRE DR. JOÃO PEDRO DA CUNHA DR. TOLENTINO MACHADO PEDRO GUIMARÃES Em outro artigo, Leopoldo Gil Dulcio Vaz (211) 47 informa que a 22 de dezembro de 2011 recebe telefone de antigo colega professor da Escola Técnica Federal 46

http://www.revistamuseu.com.br/noticias/not.asp?id=13540&MES=/7/2007&max_por=10&max_ing=5 http://museucapuchinho.blogspot.com/2010/06/resgate-historico-sobre-igreja-e-o.html http://books.google.com.br/books?id=147taWNPeDgC&pg=PA67&lpg=PA67&dq=Frei+Caetano+de+Sa nta+Rita+Serejo&source=bl&ots=jSHlDXbX-e&sig=-5Yqt_eVLJKLMgPqlVFg-HSLxbU&hl=ptBR&ei=ullZTuz8EcmhtwfprqSUDA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=5&ved=0CDYQ6AEw BA#


do Maranhão – que buscando informações nos jornais antigos, achara notícia referente ao IHGM: “O INSTITUTO HISTÓRICO “Um carteiro dos telégrafos andava ontem com um telegrama na mão, a procura do Instituto Histórico do Maranhão que se fundou aqui por iniciativa do Sr. Simões Silva. “Ora, por mais que o estafeta batesse as ruas da cidade, a cata do cujo, não conseguiu notícias do seu paradeiro, chegando a conclusão de que se de fato existe, foi como as rosas de Moliere, ou se de fato nasceu, nasceu já defunto. “Afinal depois de muito andar e muito escarafunchar, o homem teve uma idéia, foi depor o telegrama nas mãos do ilustre prof. Amaral, que o abriu e teve a gentileza de no-lo mostrar, a fim de que publicássemos o seu texto. É o seguinte: “Cuiabá, 17 “Instituto Histórico – Maranhão “Tenho a satisfação de comunicar a esse Instituto que acaba de ser reconhecido por sentença proferida pelo tribunal arbitral, constituído pelos ministros Pires de Albuquerque, deputado Prudente de Moraes e o conde de Afonso Celso, o direito de Mato Grosso a toda região contestada pelo visinho estado de Goiás, terminando uma questão secular de limites entre os dos estados. Bispo de Aquino - Presidente” (in Jornal PACOTILHA, edição de 21 de dezembro de 1920) Chamo atenção para a data de publicação: 21 de dezembro de 1920. Vamos ao outro texto, publicado no dia seguinte – 21 de dezembro de 1920 – no mesmo A PACOTILHA:

“INSTITUTO HISTÓRICO “Meus caros amigos: É tão fácil fazer espírito a propósito de qualquer coisa, como falar mal, do próximo, sem propósito nenhum. “Desculpem-me esta barata filosofia de algibeira, trasida por uma vossa noticia de ontem. “Retrata-se nela um artefato boletineiro, naquele passo rápido que lhe conhecemos, a cata do Instituto Histórico do Maranhão. “Economizaria canseiras, se chegasse ao visinho correio e perguntasse lá a quem devia dirigir-se. Responder-lhe-iam logo. “Se a memória não nos falha, o Instituto (chasquea ?) do fundou-o cá, em julho de 1918, o dr. Simõens da Silva, que testemunhou aos presentes o seu “grande espanto” por não haver ainda aqui uma corporação dessa natureza. Sob o consenso dos mesmos presentes, leu-se e aclamou-se a lista da diretoria, em que 47

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. QUANTOS ANOS, MESMO, DO IHGM? Revista IHGM n. 39, dezembro 2011, p. 81 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011


figuravam os nomes dos senhores Dr. Viana Vaz, prof. José Ribeiro de Amaral, dr. Augusto Jansen, prof. Raimundo Lopes, Domingos Perdigão, etc. “A nossa modesta pessoa foi escolhida para secretário geral. Mas assoberbadissimo por mil e uma ocupações e não nos tendo os eleitos expressos nenhum desejo de corresponder a gentil iniciativa do ilustre etnógrafo, houvemos por bem remeter-nos a uma presente silencio. “Abracem o vosso – Fran Pacheco” (in Jornal PACOTILHA, 22 de dezembro de 1920).

DR. SIMÕENS DA SILVA DR. VIANA VAZ PROF. JOSÉ RIBEIRO DE AMARAL DR. AUGUSTO JANSEN PROF. RAIMUNDO LOPES DOMINGOS PERDIGÃO FRAN PACHECO Na construção do presente Perfil dos Sócios, além das informações constantes nas Revistas do IHGM, acima descritas, os Organizadores utilizaram-se dos discursos quando das posses dos sócios, havidas nos últimos anos, e que constam das revistas eletrônicas. Do Perfil dos sócios atuais, os discursos de apresentações, depois revisados por cada um deles, para verificar que os dados estavam corretos ; quando estes não estavam disponíveis, pediu-se a cada ocupante que elaborasse seu próprio perfil. Dos Patronos e demais ocupantes, do Elogio ao Patrono; disponíveis nas revistas publicadas eletronicamente; a seguir, aos sócios mais antigos, solicitou-se que elaborassem o Perfil do Patrono de suas cadeiras, assim como dos demais ocupantes. Utilizou-se também, do livro “PATRONOS & OCUPANTES DE CADEIRA”, de autoria dos sócios ENEIDA VIEIRA DA SILVA OSTRIA DE CAÑEDO, JOSETH COUTINHO MARTINS DE FREITAS, MARIA ESTERLINA MELLO PEREIRA, e JOÃO MENDONÇA CORDEIRO, PUBLICADO EM 2005 48. Considerados, aqui, coautores desta obra, que dá continuidade ao trabalho inicial.

48

OSTRIA DE CAÑEDO, Eneida Vieira da Silva; FREITAS, Joseth Coutinho Martins de; PEREIRA, Maria Esterlina Mello; e CORDEIRO, João Mendonça. PATRONOS & OCUPANTES DE CADEIRA. São Luís: FORTGRAF, 2005.


CADEIRA 1 CLAUDE D’ABBVILLE

CADEIRA 2 YVES D’EVREUX

CADEIRA 3 DIOGO DE CAMPOS MORENO

CADEIRA 4 SIMÃO ESTÁCIO DA SILVEIRA

DILERCY ARAGÃO ADLER Psicóloga CADEIRA 5 LUÍS FIGUEIRA

JOSEMAR BEZERRA RAPOSO Advogado CADEIRA 6 ANTONIO VIEIRA

RAIMUNDO CARDOSO NOGUEIRA

CARLOS ALBERTO SANTOS RAMOS Oficial de Marinha CADEIRA 8 JOÃO FELIPE BETTENDORF

RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO Contabilista CADEIRA 9 BERNARDO PEREIRA DE BERREDO E CASTRO

TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Historiadora CADEIRA 10 JOSÉ XAVIER DE MORAES DA FONSECA PINTO

IVA SOUSA DA SILVA Historiadora

ÉDEN DO CARMO SOARES Procurador de Justiça CADEIRA 13 RAIMUNDO DE SOUSA GAYOSO

ALEXANDRE FERANDES CORREA Antropólogo CADEIRA 14 ANTONIO BERNADINO PEREIRA DE LAGO

MANOEL DOS SANTOS NETO Jornalista CADEIRA 15 JOÃO ANTONIO GARCIA DE ABRANCHES

SOFIANI LABIDI Cientista da Informação

JOSÉ MARCELO DO ESPÍRITO SANTO Arquiteto

JOSÉ MARCIO SOARES LEITE Médico

CADEIRA 7 JOÃO DE SOUSA FERREIRA

CADEIRA 11 SEBASTIÃO GOMES DA SILVA BELFORT

OSVALDO PEREIRA ROCHA Advogado CADEIRA 12 FRANCISCO DE PAULA RIBEIRO

NATALINO SALGADO FILHO Médico CADEIRA 16 FRANCISCO DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES

ADALBERTO FRANKLIN Editor


CADEIRA 17 CUSTÓDIO ALVES DA PUREZA SERRÃO

CADEIRA 18 JOÃO FRANCISCO LISBOA

CADEIRA 19 CANDIDO MENDES DE ALMEIDA

CADEIRA 20 ANTONIO GONÇALVES DIAS

PAULO OLIVEIRA Procurador de Justiça

CLORES HOLANDA SILVA Historiadora CADEIRA 22 CÉSAR AUGUSTO MARQUES

CÉLIO GITAHY VAZ SARDINHA Engenheiro CADEIRA 23 LUIS ANTÔNIO VIEIRA DA SILVA

ELIMAR FIGUEREDO DE ALMEIDA SILVA Procuradora de Justiça CADEIRA 24 ANTONIO ENES DE SOUSA

EUGES SILVA DE LIMA Historiador

PAULO SÉRGIO CASTRO PEREIRA Historiador CADEIRA 28 RAIMUNDO NINA RODRIGUES

CADEIRA 21 ANTONIO HENRIQUES LEAL

JOSÉ AUGUSTO SILVA OLIVEIRA Engenheiro CADEIRA 25 CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHÃES

CADEIRA 26 LUIS FELIPE GONZAGA DE CAMPOS

JOÃO FRANCISCO BATALHA Economiário CADEIRA 27 RAIMUNDO LOPES DA CUNHA

AYMORÉ CASTRO ALVIM Médico CADEIRA 29 JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL

MARIA HELIA CRUZ DE LIMA Jornalista CADEIRA 30 JUSTO JANSEN FERREIRA

ASSIR ARAUJO COSTA POSSE Historiadora CADEIRA 31 ANTONIO LOPES DA CUNHA

CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS Pedagoga CADEIRA 32 AQUILES DE FARIAS LISBOA

ANTONIO RUFINO FILHO

ILZÉ VIEIRA DE MELO CORDEIRO Procuradora de Justiça

RONALD PEREIRA DOS SANTOS Procurador de Justiça

JOÃO MENDONÇA CORDEIRO Sociólogo


CADEIRA 33 CRISTOVÃO LISBOA

CADEIRA 34 WILSON DA SILVA SOARES

CADEIRA 35 DOMINGOS DE CASTRO PERDIGÃO

CADEIRA 36 ASTOLFO HENRIQUE DE BARROS SERRA

TEREZINHA DE JESUS ALMEIDA SILVA RÊGO Botânica CADEIRA 37 JOSÉ CONSTANTINO GOMES DE CASTRO

JOSÉ JORGE LEITE SOARES Advogado CADEIRA 38 ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODÓIS

CÂNDIDO JOSÉ MARTINS DE OLIVEIRA Juiz de Direito CADEIRA 39 FRANCISCO GAUDÊNCIO SABBAS DA COSTA

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Promotora de Justiça CADEIRA 40 JOÃO DUNSHES DE ABRANCHES MOURA

MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES Geógrafa

ROQUE PIRES MACATRÃO Advogado

RAIMUNO NONATO PALHANO SILVA Sociólogo

CADEIRA 41 JOSÉ DOMINGUES DA SILVA

CADEIRA 42 ANTÔNIO DO RÊGO

CADEIRA 43 AUGUSTO TASSO FRAGOSO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação Física CADEIRA 44 TEMISTOCLES DA SILVA MACIEL ARANHA

RAUL EDUARDO DE CANEDO VIEIRA DA SILVA Advogado CADEIRA 45 MANOEL NOGUEIRA DA SILVA

NYWALDO GUIMARÃES MACIEIRA

ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA Turismólogo

CADEIRA 46 FRANCISCO DE PAULA E SILVA

CADEIRA 47 JOAQUIM DE MARIA SERRA SOBRI

ENEIDA VIEIRA DA SILVA OSTRIA DE CANEDO Geógrafa CADEIRA 48 FRANCISCO SOTERO DOS REIS

ALDY MELO DE ARAÚJO

MARIA ESTERLINA MELO PEREIRA

JOAQUIM ELIAS NAGIB PINTO HAICKEL

MÁRCIO AUGUSTO VASCONCELOS


Advogado

Historiadora

Advogado

COUTINHO Advogado

CADEIRA 49 JOÃO DA MATA DE MORAES

CADEIRA 50 ANTONIO PEREIRA

CADEIRA 51 RUBEN RIBEIRO DE ALMEIDA

CADEIRA 52 JOAQUIM GOMES DE SOUSA

JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES Advogado CADEIRA 53 JOSÉ NASCIMENTO DE MORAES

CLAUBER PEREIRA LIMA Sacerdote CADEIRA 54 FELIPE BENITO CONDURÚ PACHECO

EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA Advogado CADEIRA 55 JOSÉ RIBEIRO DE SÁ VALE

JOSEH CARLOS ARAÚJO Engenheiro Agrônomo

SALOMÃO PEREIRA ROCHA Médico CADEIRA 57 JOSÉ EDUARDO DE ABRANCHES MOURA

ÁLVARO URUBATAN MELO CADEIRA 58 JOÃO PARSONDAS DE CARVALHO

JOSETH COUTINHO MARTINS DE FREITAS Filósofa CADEIRA 59 OLÍMPIO RIBEIRO FIALHO

JOANA MARIA BITENCOURT. Teatróloga CADEIRA 60 JOSÉ DE RIBAMAR CARVALHO

ARTHUR ALMADA LIMA FILHO Desembargador

WASHINGTON MACIEL CANTANHEDE Promotor de Justiça

ELIZABETH PEREIRA RODRIGUES Historiadora

RAIMUNDO GOMES MEIRELES Sacerdote

RAIMUNDA NONATA FORTES CARVALHO NETA

Bióloga Correspondente

CADEIRA 56 JERÔNIMO JOSÉ DE VIVEIROS


SÍNTESE DA HISTÓRIA DAS IDEIAS DE PAULO FREIRE E A ATUAL CRISE DE PARADIGMAS, RELACIONANDO CATEGORIAS DESSE PENSAMENTO COM A INCLUSÃO DO NEGRO NO SISTEMA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS/MA. CLENIA DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é apresentar uma síntese do primeiro capítulo do livro de Afonso Celso Scocuglia, cujo título é a História das ideias de Paulo Freire e a atual crise de paradigmas. Esta é a quarta edição com prefácio de Moacir Gadotti. A primeira parte aborda a história das ideias de Paulo Freire, contemplando: educação, desenvolvimento e conscientização, incluindo subseções como contexto histórico-cultural, desenvolvimento nacional e democracia, educação, conscientização e liberdade, síntese do primeiro Paulo Freire. A seção seguinte apresenta uma das mais valiosas obras de Freire, Pedagogia do Oprimido, que inclui nos seus escritos, especificamente, o oprimido e sua Pedagogia, educação, ação cultural e consciência de classe, a produção, o trabalho e a revolução como contextos educativos. Aborda ainda o político pedagógico como eixo central, inseparabilidade e especificidade política e pedagogia na formação do educador e movimentos sociais, partidos, educação e, por final, uma síntese do pensamento de Paulo Freire. Este é o foco central da primeira parte deste ensaio. Em seguida, aborda-se a segunda parte deste ensaio, que objetiva expor o objeto de pesquisa e pontuar as reflexões contidas no pensamento de Freire. É mister enfatizar que apresentaremos conclusões finais que veiculam reflexões e juízo de valor acerca dessa leitura. Pretendemos neste diálogo abordar em síntese, a análise que Celso Scocuglia faz do pensamento freiriano, dentro de um processo histórico da vida e obra de Paulo Freire. Enfatiza o entendimento das relações postas ao longo do desenvolvimento e das mudanças do pensamento do autor. Os escritos expressam as mudanças qualitativas do discurso freiriano nas categorias conscientização, ao diálogo e à ação cultural. É mister destacar que essa análise centra-se nos escritos do final dos anos cinqüenta e percorre o itinerário intelectual das décadas 1980 a 1990. O princípio desta comunicação é relatar, com base em pesquisa, que o pensamento de Freire é diferente do que alguns autores expressam; é dizer que, pelo contrário, o pensamento não é e nunca foi descontínuo, mas um contínuo movimento da sua prática educativa. Segundo Scocuglia podemos afirmar a existência de “vários” Paulos Freires. Ratificando esse pensamento, o autor diz: “Se há constantes na sua obra, essas constantes alicerçam o movimento, a retroalimentação permanente, a insatisfação com as certezas petrificadas, o exercício prático-teórico da inter e da transdisciplinaridade a


constante progressão”. Como homem do seu tempo, “cada vez mais incerto de suas certezas, advogado do processo de conhecimento crítico, consciente de sua incompletude, este educador não parou de fazer história e ser feito por ela”, o que nos remete a concluir que, somente quem leu o posto e o pressuposto de suas obras possui credencial para confirmar a existência de uma pluralidade de Freires. Isto aponta para uma afirmação encontrada em seu livro Pedagogia do Oprimido, quando ele expressa a necessidade que o homem tem de perceber-se inconcluso. É claro que essa incompletude garante essa relação em movimento educandoeducador, teoria x prática. Práxis educativa que corrobora o pensamento de Scocuglia quando ele diz: foram feitas para serem recriadas – reinventadas (...). Certamente, essa é uma das principais virtudes do seu legado. O ITINERÁRIO DA PESQUISA DE FREIRE Este item comunica o percurso intelectual do pensamento de Freire, centrado em momentos distintos, especificamente o primeiro, entre 1959 e 1970; o segundo corresponde à década de setenta, e o terceiro, conclamado por Scoguglia como um dos escritos mais significativos, isto é, os anos oitenta e noventa. Percebe-se que não é uma leitura que se caracteriza como linear. Há em suas obras um contexto. A título de exemplo, Pedagogia do Oprimido intertextualiza as ideias marxistas, e Cartas a GuinéBissau (1980) expressa notória proximidade com as ideias gramscianas. Referenciando Scocuglia, as demais obras escritas num conjunto com os autores, e últimas escritas sozinho como Educação na Cidade (1991), Pedagogia da Esperança (1992), Pedagogia da Autonomia (1996) e Política e Educação (1993) fazem menções ao cenário contemporâneo onde veiculam as incertezas da crise de paradigmas nas ciências sociais e não educação. O autor supracitado referencia ainda artigos publicados (1978/79/80), entrevistas e debates proferidos por Freire, os quais oportunizam conhecer melhor o vigor e a rigorosidade do pensamento freiriano. EDUCAÇÃO DESENVOLVIMENTO E CONSCIENTIZAÇÃO Este espaço enfatiza o contexto histórico-cultural do pensamento de Freire, abordando o nacionalismo desenvolvimentista e o populismo como macro-estrutural nesse contexto inicial. Aponta este início como entremeados pelo Governo de Juscelino Kubitschek (1955-60) e posterior ascensão de João Goulart (1961-64) culminando com o golpe civil militar de abril de 1964. É Importante destacar desse momento histórico as experimentações relativas ao sistema Paulo Freire, pelas principais entidades. Scocuglia, referenciando Góes (1991, p. 47 - 68), aponta: a) Em Recife – Movimento de Cultura Popular – MCP; b) Em Recife (SEC) – Serviço de Extensão Cultural da Universidade de Recife – equipe interdisciplinar trabalha a fundamentação do sistema proposto por Freire; c) Em João pessoa e, depois no estado, a CEPLAR (Campanha de Educação Popular na Paraíba); d) Em Recife – União Estadual dos estudantes de Pernambuco e Diretório Central dos Estudantes da Universidade do Recife (financiado pelo MEC); e) Em Natal (RN) – Campanha “De pé no chão também se aprende a ler” (financiada pela Prefeitura de Natal);


Em Angicos – Governo do Rio Grande do Norte (financiada pela Aliança para o Progresso, através do convenio USAID/SUDENE); g) Em Osasco (SP); h) Em Brasília, através do Plano Nacional de Alfabetização (PNA-MEC); i) Projeto Nordeste e ProjeSul (Sergipe, Rio de Janeiro) financiados pelo PNA-MEC (1987:369). f)

A importância de mencionar estas informações é ratificar a influência do pensamento de Freire neste contexto e a multiplicidade de organizações, bem como as forças políticas diante das práticas educativas que foram revertidas e paradas a partir do Golpe Militar de1964. O pensamento de Freire se reportava basicamente para a alfabetização como processo de conscientização. Diferente do pensamento estratégico político-eleitoral da população, do populismo progressista que vislumbrava a metodologia freiriana como propulsora de barateamento do processo, além de se caracterizar como metodologia rápida. Essa concepção de alfabetizar sucinta de Freire é um posicionamento desmistificador do que outrora se construía no espaço político. Nesse posicionamento, ele deixa bem claro que o objetivo do processo de alfabetizar está além da simples escrita de uma carta a qualquer destinatário, ao presidente da república, por exemplo, mas votar com consciência da escolha de um representante que realmente sirva ao povo. Conclui-se, portanto, que o método Paulo Freire servia especificamente à ultrapassagem da conscientização crítica à consciência ingênua, que são claramente expressas em educação e mudança (1970, p. 40-41). Freire tecia uma rede de comunicação entre ação educativa e ação política, onde Scocuglia, citando Paiva (1980, p. 87) diz que o problema centrava-se no binômio educação/política e buscava a educação necessária àquela sociedade em trânsito, que se democratizava. Paulo Freire fazia denúncia ao escolanovismo baseado na memorização, o que mais tarde denomina de educação bancária. Em contrapartida e opondo-se ao sistema conservador, Freire propõe os Círculos de cultura, substituindo a educação formalizada e institucionalização e os cadernos de cultura, substituindo as cartilhas tradicionais usadas nas escolas. Na verdade, Freire lançava como proposta a inserção do homem na construção do saber, isto é, a cumplicidade deste e a influência da cultura de todas as etnias para demonstrar a vida e participação de cada ser no processo de conhecimento. Scocuglia comunga desse pensamento de parâmetros personalistas de análise, unidos à síntese existencial-culturalista mencionada. Defende-se uma sociedade democrática, alicerçada no pluralismo econômico e político e na dignidade da pessoa humana. EDUCAÇÃO, CONSCIENTIZAÇÃO E LIBERDADE Para explicar este tema, o autor lança mão de um conceito de Freire sobre conscientização e, diante da concepção deste termo, pressupõe a educação como espaço, reflexão e auto-reflexão das massas sobre tempo e espaço no mundo, depositando um excessivo crédito no poder transformador da educação. O objetivo seria possibilitar o engajamento das camadas populares no processo político. Segundo Freire, a proposta de alfabetização é, para a grande parte dos adultos brasileiros, a passagem da consciência ingênua à consciência crítica.


Segundo Scocuglia, Freire enfatiza que o processo de conscientização não será apenas resultante das modificações econômicas, por mais importantes que estas sejam, mas seria o resultado de um trabalho pedagógico apoiado em condições históricas propícias. Na busca da criticidade, a conscientização não poderia fazer parte de uma educação qualquer, mas de um processo voltado para a responsabilidade social e política para a decisão. Comenta ainda o autor que Freire trata da busca da consciência crítica desvinculando esse processo das condições socioeconômicas, isto é, não conecta as bases infra-estruturais com as esferas da superestrutua. Scocuglia afirma que, agindo nesse prisma, Freire não incorpora durante esse período o conflito de classes e as relações de produção tão necessárias para uma compreensão das estruturas sociais capitalistas. Conclui o autor que, visto desse modo, podemos dizer que a representação da sociedade brasileira do começo dos anos sessenta é falha [incompleta] e as conseqüências na análise dos papéis da educação são notórias. Portanto, percebe-se claramente que, pensando nessa ótica, corre-se o risco de uma análise reduzida e simplista, podendo remeter o leitor de Freire [Scocuglia] a entender que ele defende a educação conscientizadora como motor das transformações sociais, o que seria, no mínimo, equivocado. Em outras palavras, a sociedade seria transformada a partir da superestrutura. SÍNTESE DO PRIMEIRO PAULO FREIRE O pensamento freiriano transita na sociedade brasileira rumo à modernização e a um posicionamento implícito na disputa entre as forças agro-comercial e urbanoindustrial (Scocuglia). Frente a esse contexto, o pensamento de Freire é de que o povo precisa aumentar o seu grau de consciência em relação aos problemas de seu tempo e de seu espaço. Como proposta viável, Freire propõe o método freiriano de alfabetização. Partindo de palavras geradoras do universo vocabular do grupo e a partir desse levantamento, o coordenador passa por várias fases no processo até mobilizar o grupo a criar palavras além do que fora discutido nele, tendo como eixo central em todo esse processo, o diálogo entre o educador e o educando. PEDAGOGIA DO OPRIMIDO E AÇÃO CULTURAL Não poderia deixar de mencionar neste espaço o significado que teve para mim a releitura de Pedagogia do Oprimido. Minha primeira leitura dessa obra aconteceu em 1993, quando eu era estudante do 7ª período do Curso de Pedagogia, quando essa leitura foi feita com um olhar diferente, isto é, com os conhecimentos prévios daquela época, o que resultou em outro tipo de entendimento, com certeza. Mas, recentemente, tive a oportunidade de ler esse exemplar e não poderia deixar de enfatizar que a concepção de diálogo, oprimido, opressor, libertação, humanização são termos compreendidos em outro prisma. Isso remete a concordar que a incompletude que há no ato de conhecer está vinculada ao contexto, ao tempo e espaço de cada sujeito. Essa obra, segundo Scocuglia, foi escrita no limiar dos anos sessenta e hoje acumula traduções em dezenas de línguas, sendo carro-chefe da penetração mundial do pensamento freiriano. Pedagogia do Oprimido expressa uma elaboração teórica mais consistente e mais rigorosa quanto à base de fundamentação socioeconômica e política de Freire. A obra


faz alusão direta ao pensamento marxista remetendo a questões relativas às classes sociais e ao conflito entre elas. É nessa obra que, na opinião de Scocuglia, Freire começa a ver a politicidade do ato educativo com maior nitidez. O OPRIMIDO E SUA PEDAGOGIA Neste espaço é nítida a mudança nos termos usados outrora por Freire. Referenciando Scocuglia, a mudança começa seu registro por liberdade e libertação. Enquanto o primeiro termo remete ao individual, mental, personal, o segundo significa sair vencedor nos conflitos sociais de classe. Comenta o autor que não há libertação sem humanização do homem e não há humanização sem a ruptura com a estruturação classista do capitalismo. O principal objetivo dessa obra, segundo Freire, era possibilitar ao oprimido condições de perceber-se como tal, percebendo também o opressor para, a partir desse estágio de consciência, libertar-se e libertar o outro. Em outros termos, seria a sua libertação conectada à percepção dessa situação opressora/alienante e à criação de alternativas a essa situação. EDUCAÇÃO, AÇÃO CULTURAL E CONSCIÊNCIA DE CLASSE Neste diálogo, apresentamos o que Freire categoriza como ação cultural sobre a educação de adultos que, conforme Scoglucia (2003, p. 48), pode ser ampliado para a educação como um todo. Neste espaço é centrado o pensamento freiriano, voltado para a concepção de classe do oprimido, o que é cognominado de consciência em si enquanto classe para si. A produção, o trabalho e a transformação da sociedade como contextos de educação política. Aqui o autor enfoca mais uma vez a mudança ocorrida no pensamento de Freire a partir de influências marxistas e gramiscianas. Enfatiza novamente que, em Educação como prática de liberdade, Freire defendia a mudança na sociedade através de uma reforma internado homem via conscientização. E que, com a presença de outras categorias econômicas, contemplando a sua análise teórica, reestrutura suas concepções pedagógicas. Outro ponto relevante é que Scocuglia aponta o cerne da mudança do pensamento freiriano nos trabalhos realizados na África, onde, segundo o autor, percebe-se claramente a incorporação da categorização teórica infra-estrutural marcando a progressão das propostas político-educativas desse educador. Uma das contribuições significativas marcadas por Freire é que, a partir das mudanças supracitadas, reinventa-se o processo educativo, ou seja, o contexto teórico funde-se ao contexto concreto, aproximando o processo da educação ao trabalho. O pensamento de Freire com relação à transformação e à contribuição na reinvenção da escola em Guiné-Bissau, reporta-se à desconstrução da escola colonial e à construção de um espaço, onde o diálogo e a construção do saber partissem do existencial, não como um saber qualquer, mas centrado numa realidade. Para esse fim, foi implantado o Centro de Formação de Professores de Co – cidade localizada a 50 km de Bissau (SCOCUGLIA, p. 69). Para Freire, diz Scocuglia, este sim, representava um verdadeiro processo político-pedagógico, haja vista ter nascido de um parto coletivo, sustentado pelas relações manuais e intelectuais.


Entretanto, diante de certa euforia com a escola de Co pensada como modelo para a implantação definitiva da educação socialista, fundada na inseparabilidade da educação e trabalho, Freire adverte para o risco de se repetir o que o sistema capitalista faz com seus trabalhadores, ensinando-lhes suas necessidades. Certamente para não correr o risco alertado, a inseparabilidade do trabalho produtivo e do processo educativo deve ser canalizada no sentido do privilégio do trabalho sobre o capital (SCOCUGLIA, 2003, p.70). Finalmente, a proposta era, na verdade, fornecer ao trabalhador a possibilidade de pensar, de saber criar, de perceber-se enquanto classe opressora e, a partir desse extremo, buscar possibilidades de mudanças e, no dizer de Freire, o surgir de um homem novo e uma mulher nova, capazes de construir a consciência de classe para si. O POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO EIXO CULTURAL É mister enfocar o pensamento central de Scocuglia neste item, quando ele menciona o pensamento freiriano que faz uma relação direta do vencer / convencer. Para esta explicação, ele aborda que educar é um ato político e intencional. Exemplifica os conteúdos didáticos como portadores de ideologias, estando a serviço de alguém. O próprio ato do professor funde o vencer com o convencer. POLÍTICA E PEDAGOGIA NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR Neste diálogo percebe-se claramente a expressão do pensamento freiriano exposto nas palavras de Scocuglia quando este veicula a convivência, a proximidade e as relações que se travam na politicidade do ato educativo e a concomitância na educabilidade do ato político. Este ato político que na opinião de Freire é bastante intenso está presente também nos conteúdos programáticos escolares, que às vezes escondem ou denunciam escolhas, preferências, opções sociais, culturais ou ideológicas (SCOCUGLIA, 2003, p.76). Portanto, educar é um ato político porque traz implícito, pressuposto nas entrelinhas do ato, uma intenção que, dependendo da concepção do educador, promove a liberdade ou a opressão do aluno. Neste prisma, é imprescindível os cuidados que a Pedagogia precisa ter na formação do educador, uma vez que este é responsável por iniciar o processo e dirigir o estudo. É preciso antes de tudo inventar e reinventar caminhos capazes de problematizar o objeto a ser desvelado e apreendido pelo educando. Para este ato, Freire prioriza o diálogo e a substituição do comportamento bancário na ação do professor pela implantação da ação emancipadora e revolucionária, onde as relações estabelecidas permeiam pelo terreno das relações horizontais e não verticais. Só desse modo, segundo Scocuglia, “a força da atuação pedagógica do professor transformará a escola conforme interesses as necessidades e os valores dos indivíduos dos grupos e das classes que fazem tal escola” (SCOCUGLIA, 2003, p.83). MOVIMENTOS SOCIAIS, PARTIDOS E EDUCAÇÃO Este espaço expõe os quinze anos de exílio de Freire e as condições em que ele encontra a sociedade brasileira no seu retorno, o que Scocuglia caracteriza de abertura lenta e gradual (SCOCUGLIA, 2003, p.85).


Percebe-se claramente a importância que Freire deposita nos movimentos sociais como responsáveis pela inauguração de uma educação crítica gestada e nascida na cotidianidade dos grupos populares (SCOCUGLIA, 2003). Freire entende os movimentos como propulsores de uma nova política inseparável de uma nova educação. Portanto, argumenta o autor: Nessa ótica, os papéis exercidos pelos partidos políticos enquanto educadores sociais e por isso mesmo, enquanto entidades educadas pela sociedade ganham desta que na argumentação [...] Assim o partido pode caminhar no sentido de “educar” o trabalhador como sujeito consciente e militante de sua classe, criticando a educação opressora e de baixa qualidade e, quando no poder, implementar novas alternativas educacionais (SCOCUGLIA, 2003, p.86-88). Finalmente para encerrar o capítulo, Scocuglia propõe uma síntese do pensamento político-pedagógico de Freire. Expressa a complexidade que é sintetizar um pensamento caracterizado pela dialeticidade, autocrítica e de reconstrução analítica que superpõe uma conexão antropológica, sociológica, filosófica, epistemológica, teológica e política com os caminhos educativos e pedagógicos. É importante ressaltar a pluralidade de Freire ao longo da história pois, como a sua proposta de educar, ele é também inconcluso. Isso foi ratificado por Scocuglia na análise de obras escritas por Freire e que, segundo o autor, o Freire de Pedagogia do Oprimido não é o mesmo de Educação como prática de Liberdade. Este pensamento está expresso no modo como Freire concebe algumas categorias que permeiam suas obras e, a cada contexto e a cada influência no pensamento Freiriano, contribui para mudanças e certezas da dialeticidade que há na sua forma de ver o mundo. Outro ponto que o autor reflete é com relação à contribuição imensa que Freire disponibiliza a Pedagogia. Portanto, Scocuglia conclui dizendo (2003, p. 95) que já escreverem que “em Pedagogia se pode estar com Paulo Freire ou contra Paulo Freire, mas não sem Paulo Freire”. Isto nos remete à necessidade que temos de incorporá-lo no nosso cotidiano pedagógico como representante infalível do princípio dialético, certos que, sendo sujeitos de nossas histórias, precisamos escrevê-las, contá-las e incluí-las no processo para que nos sintamos também sujeitos dela. A POLÍTICA DE INCLUSÃO DOS AFRODESCENDENTES NO SISTEMA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS E A PROXIMIDADE COM O PENSAMENTO FREIRIANO Este diálogo tem o objetivo de relacionar o meu objeto de pesquisa com o pensamento freiriano, fazendo ou não relação com este. A priori, é imprescindível registrar que, apesar de Freire não ter vivido nos cenários atuais, nem ter usado terminologias desta contemporaneidade em seus escritos, não nos resta dúvidas de que o seu pensamento está incluído nos pensares dos autores atuais. Podemos afirmar que o pensamento de Freire é um pensamento clássico, porque qualquer obra inclui reflexões por ele profetizadas. Portanto, abrimos este debate com informações veiculadas por Vera Maria Candau, expressas no livro Sociedade, Educação e Cultura, onde ela aborda que os negros no Brasil estão cultural e socialmente excluídos. Apesar de sua presença na população brasileira ser demograficamente expressiva, 44,2% (4,9% de pretos e 39,3%


de pardos)2, este grupo pode ser caracterizado como uma minoria, se tomarmos como referências as relações de poder e o exercício de cidadania. Para analisarmos o pensamento de Candau, à luz do pensamento freiriano, faz-se necessário resgatar as categorias utilizadas por ele em Pedagogia do Oprimido, um excelente exemplo de obra que denuncia a opressão da classe dominante sobre o oprimido. Ao longo da história, temos exemplos vivos das condições opressoras em que viveram e vivem os negros na sociedade. E essa opressão, apesar dos documentos legais e das políticas destinadas à superação desse contexto marginal e segregário, é percebida claramente nos gestos e nas atitudes das pessoas. Isso se revela nas pesquisas que apresentam índices altíssimos de negros brasileiros em significativa desvantagem social em relação ao branco. Essas pesquisas revelam ainda que o tempo de escolaridade dos brancos está em média de 5,9 anos enquanto os negros possuem escolaridade de 3,3 anos. Tal realidade nos remete à crença de que a população negra está socialmente marginalizada (social, cultural ou enticamente) e que crianças de grupos marginalizados, tendem a fracassar. Esse ato reflete a anulação do homem negro e da mulher negra no processo histórico da sociedade. Retoma-se Pedagogia do Oprimido, onde a contribuição de Freire seria o reconhecimento do negro de si mesmo, enquanto oprimido e hospedeiro do opressor, para, a partir disso, contribuir para o partejamento de sua pedagogia libertadora. Mas Scocuglia expõe um ato interessante que é a quase exclusividade da categoria superestrutural em Pedagogia do Oprimido que impede uma visão mais apurada das necessidades do oprimido, na busca de uma mobilização que viabilize a difícil passagem da classe em si “para a classe para si”. Porém, mais tarde, com a influência do pensamento gramisciano, Freire compreenderia a infra-estrutura como categoria determinante e influenciadora da superestrutura. Portanto, só a partir dos trabalhos realizados na África, é que, segundo Scocuglia, vamos notar a incorporação da categorização teórica infra-estrutural. Com efeito, Candau revela que, pela concepção de que o negro fracassa por responsabilidade própria, uma seria a teoria racista que teve seu auge em 1850 e 1930 no Brasil, afirmando que os negros são intelectualmente inferiores, e a teoria da privação cultural que tem como pressuposto que os alunos dos grupos minoritários fracassam porque possuem um déficit cultural: a família não garantiu um ambiente familiar que preparasse a criança para freqüentar a escola. Ainda em paralelo a essa corrente, firma-se a crítica-reprodutivista, que considera que a escola simplesmente reflete um processo de exclusão que é estrutural e não escolar. Considerando as teorias acima, conclui-se que tanto uma, quanto outras, oferecem respostas limitadas, porque não incluem no seu bojo a importância da diversidade cultural no processo de construção do conhecimento e o caráter monocultural das instituições escolares. Aqui, corroboramos plenamente com o pensamento de Freire quando ele apresenta o diálogo como mola propulsora no processo educativo. Pressupõe também a superação da educação bancária, onde o homem é um depósito, sequer consegue enxergar-se como oprimido. Nesse parâmetro, Freire propõe a educação problematizadora como oposição àquela. Esta, sim, é capaz de compreender a diversidade de vozes presentes no contexto de vários falantes. Paulo Freire, nos seus escritos, demonstra claramente a superação da educação homogênea, propõe também cadernos de cultura em substituição às cartilhas. Esse pensamento nos remete a uma lógica da escola plural que Freire já desenhava para


cenários futuros. Enriquecendo o pensamento, é o que McLaren vem dizer no seu livro Multiculturalismo Revolucionário. Isso significa que não existe mundo ideal monolítico, autônomo, puro ou aborígine que possa ser entendido fora da natureza social da linguagem e ao qual nossas construções necessariamente correspondam (p.30). Conclui-se, portanto, que o pensamento de Freire é luz presente em várias categorias de todos os escritos analisados durante essa caminhada leitora, um ou outro ponto se faz presente especialmente na sua obra conhecida mundialmente – Pedagogia do Oprimido. Outro ponto a ser refletido é que esse pensamento se torna clássico à medida que as relações outrora analisadas no antagonismo de classe se fazem presente em obras editadas atualmente, porque ainda não superamos essa relação de poder. Mas, ao longo da história, temos assumido posturas reflexivas, embora lentas, graças ao pensamento crítico freiriano. Concordamos plenamente com Scocuglia quando diz: “Em Pedagogia se pode estar com Paulo Freire ou contra Paulo Freire, mas não sem Paulo Freire”. Isso implica a importância e a necessidade que temos enquanto educador do poder reflexivo do pensamento freiriano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CANDAU, Vera Maria. Sociedade, educação e culturas: questões e propostas. Petrópolis, Vozes, 2002. MCLAREN, Peter. Multiculturalismo revolucionário. Pedagogía do dissenso para o novo milênio. Porto Alegre, Artes Medicas, 2000. SOCUCUGLIA, Afonso Celso. A história das idéias de Paulo Freire e a atual crise de paradigmas. 4.ed. João Pessoa, Editora Universitária.

Doutora em Ciências da Educação – Inovação Pedagógica, pela Universidade da Madeira/Portugal; Membro da Coordenação Estadual do Programa Gestão Nota 10/Maranhão; Coordenadora Pedagógica da SEMED – São Luís/MA.2 IBGE – Censo 1991 – Índices confirmados pela pesquisa nacional por amostragem de domicilio IBGE – 1995.


A ERA DOS DESCOBRIMENTOS E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO ANA LUIZA ALMEIDA FERRO No limiar da Idade Moderna, sob as luzes do Humanismo e do Renascimento, a contribuição de invenções e aperfeiçoamentos técnicos e científicos, a exemplo da imprensa, da bússola e da caravela,49 e as condições propiciadas pelo fortalecimento do poder real e pela ascensão da burguesia, a civilização ocidental adentrou a era dos descobrimentos marítimos, inaugurada no século XV. Nesse período marcante da história da humanidade, foram os portugueses os primeiros a se lançarem aos mares em grandes expedições à procura das riquezas do Oriente – bem reais, como as especiarias e os produtos exóticos das Índias, ou já lendárias, como aquelas descritas pelo aventureiro Marco Polo, que vivera algum tempo na corte do rei mongol Kublai Khan e conhecera grandes extensões da Ásia, incluindo regiões da China –, seguidos pelos espanhóis e, logo depois, pelos ingleses, franceses e holandeses, principalmente. Várias foram as razões que possibilitaram a Portugal esse domínio inicial sobre os mares “nunca dantes navegados”.50 Se o posicionamento de neutralidade no respeitante aos conflitos europeus, a presença de um poder monárquico caracterizado pela centralização e a conquista de Ceuta em 1415, antes nas mãos dos muçulmanos, importante cidade marítima e empório comercial situado no Estreito de Gibraltar, ofereceram-lhe os fatores políticos favoráveis, foram o desenvolvimento da indústria naval, encetado por D. Dinis, e a fundação da célebre “Escola de Sagres”, promovida pelo Infante D. Henrique, chamado o Navegador, centro de estudos náuticos onde foram reunidos os mais renomados cosmógrafos daquele tempo, aliados à estratégica localização geográfica, que lhe forneceram as condições e instrumentos decisivos, inclusive técnicos, para o pioneirismo na exploração dos mares e das terras situadas muito além do restrito horizonte da Idade Média. Helio Vianna expõe quão fundamental foi para a expansão marítima lusitana levada a cabo nos séculos XV e XVI o aprimoramento da navegação – especificamente

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Osvaldo Souza discorre sobre a relevância desses aprimoramentos técnicos e científicos no contexto da expansão marítima: “Na Idade Média, os navegantes empregavam no Mediterrâneo galeras muito baixas. Com a invenção da caravela, de forma mais arredondada e de alto bordo, puderam singrar o Atlântico. [...] A bússola permitiu as viagens a longas distâncias por mares até então desconhecidos. A utilização do papel de trapos possibilitou a difusão de livros, relatos e tratados sôbre viagens oceânicas.” SOUZA, Osvaldo Rodrigues de. História Geral. 5. ed. São Paulo: Ática, 1971. p. 225. 50 A expressão vem da famosa epopeia “Os lusíadas”, de Camões, na qual são celebrados a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama e outros feitos portugueses. Vejamos as duas primeiras estrofes do Canto Primeiro: “1. As armas e os barões assinalados/Que da Occidental praia Lusitana,/Por mares nunca de antes navegados,/Passárão ainda alem da Taprobana,/E em perigos e guerras esforçados/Mais do que prometia a força humana,/Entre gente remota edificárão/Novo Reino, que tanto sublimárão,/2. E tambem as memorias gloriosas/D’aquelles Reis que forão dilatando/A Fé, o Império, e as terras viciosas/De Africa e de Ásia andárão devastando,/E aquelles que por obras valerosas/Se vão da lei da morte libertando,/Cantando espalharei por toda parte,/Se a tanto me ajudar o engenho e arte.” CAMÕES, Luís de. Os lusíadas. 12. ed. São Paulo: Melhoramentos, [19--]. p. 5-6.


quanto aos seus instrumentos e às embarcações –, adquirindo o caráter de transoceânica, ao invés de tão somente costeira: Quando começaram os descobrimentos portugueses, já eram conhecidas as agulhas de marear e, dentre os instrumentos de observação, a balestilha, o astrolábio e o quadrante. Orientavam-se os navegadores, principalmente pela Estrela Polar, no hemisfério Norte. Quando o deixaram, alcançando o do Sul, passaram a utilizar também o Cruzeiro do Sul. Para calcular latitudes pela altura do sol foram preparadas tábuas de declinação. Vários Regimentos facilitaram o uso do quadrante e do astrolábio. Também aperfeiçoadas foram as cartas de marear, levadas pelos navios, que substituíam os antigos portulanos. Continham o resultado das observações dos pilotos, registradas nas cartas protótipos, dos arquivos reais. Afinal, apareceram os roteiros, contendo todas as indicações necessárias à navegação. [...] Quanto aos navios, depois da utilização da caravela, de origem moura, embarcação de velas latinas ou triangulares, própria para navegar com qualquer vento e por isso adequada às explorações, apareceu a nau, maior, com velas quadradas ou redondas, destinada à navegação de que já se conheciam as rotas. As naus, que em nossa história colonial tiveram importante função, eram navios mistos de guerra e transporte, artilhados para a defesa e ataque, dotados de porões para carga. O galeão, com remos, era a continuação das antigas galés. Navio redondo era chamado aquele cujo comprimento não fôsse superior a três ou quatro vezes a largura. No Brasil, utilizou-se para a navegação costeira o bergantim, em que remavam condenados. 51 As expedições portuguesas se sucederam no Atlântico. Ainda no século XV, os lusitanos descobriram as ilhas da Madeira e Porto Santo e o Arquipélago dos Açores e exploraram as costas da África. Gil Eanes, em 1434, navegando na primeira caravela lusa dobrou o antes incontornável Cabo Bojador,52 deixando para trás as antigas lendas e mitos que cercavam o Cabo do Medo, seu nome popular, tido por muito tempo como o limite sul do mundo. Bartolomeu Dias, sob o reinado de D. João II, igualmente desmistificou o temível Cabo das Tormentas, assim denominado em função das tempestades, ao contorná-lo em 1488, tornando ainda mais factível o escopo do descobrimento do caminho marítimo para as Índias, o que justificou a mudança do nome para Cabo da Boa Esperança. O sonho se materializaria, finalmente, com Vasco da Gama, sob os auspícios de D. Manuel I, o Venturoso, o qual, à frente de uma modesta frota de quatro navios, ultrapassou o mesmo Cabo da Boa Esperança, explorou a Costa do Natal e alcançou Moçambique e Mombaça na África, obtendo em Melinde 51

VIANNA, Helio. História do Brasil: período colonial. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1965. v. 1, p. 27-28. 52 Fernando Pessoa, no belíssimo poema “Mar português”, canta a sofrida expansão marítima portuguesa e o grande desafio representado pelo Cabo Bojador: “Ó mar salgado,/ quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!/Por te cruzarmos,/quantas mães choraram,/Quantos filhos/em vão rezaram!/Quantas noivas/ficaram por casar/Para que fosses nosso, ó mar!/Valeu a pena?/Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena./Quem quer passar/além do Bojador/Tem que passar/além da dor./Deus ao mar/o perigo e o abismo deu,/Mas nele é que espelhou/o céu.” PESSOA, Fernando. Poemas completos de Alberto Caeiro; Mensagem. Lima: Los Libros más Pequeños del Mundo, 2008. p. 390-391.


pilotos que o orientariam até o destino perseguido, Calicute, na Índia, onde fundeou em 1498. Com a descoberta do caminho marítimo para as Índias, foi definitivamente quebrado o monopólio, exercido pelos muçulmanos, do comércio de especiarias – o “petróleo” da época, em termos de valor de mercado – entre o Ocidente e o Oriente, território em que os portugueses passaram a reinar. A notícia motivou D. Manuel a promover a organização da mais expressiva esquadra até aquele ponto, composta de 10 naus de três mastros, duas caravelas e um barco de mantimentos, transportando 500 tripulantes e uma tropa de mais de 1.000 homens, visando à afirmação de relações políticas e comerciais estáveis, ao estabelecimento de feitorias e à ação missionária do Cristianismo em Calicute e outras plagas, de forma a assegurar o domínio luso na região. Seu comandante seria o fidalgo Pedro Álvares Cabral, acompanhado de Bartolomeu Dias, entre muitos outros navegadores e marinheiros de quilate. Segundo a narrativa de Pero Vaz de Caminha, em sua famosa carta ao monarca luso, na qual descreve, como nosso primeiro historiador, com valiosos detalhes geográficos e etnográficos, o “achamento” do que pensaram ser uma ilha, no dia 22 de abril de 1500, no período da Páscoa, os integrantes da expedição tiveram “vista de terra, a saber: primeiramente de um grande monte mui alto e redondo e de outras serras mais baixas ao sul dele, e de terra chã com grandes arvoredos; ao qual o Capitão pôs o nome de Monte Pascoal, e à terra o de Vera Cruz”.53 Fora descoberto – ou, mais precisamente, achado, conforme entende a maioria dos estudiosos – o Brasil, primeiramente chamado de Ilha de Vera Cruz e, posteriormente, Terra de Santa Cruz, até ganhar a denominação atual, em referência ao pau-brasil, árvore de madeira de cerne vermelho vivo, encontrada nas suas matas costeiras, de que podia ser extraída uma tinta da mesma cor, razão de sua popularidade na Europa. Cabral continuou sua viagem à Índia, atingindo Calicute em 13 de setembro, enquanto Gaspar de Lemos, um de seus capitães, retornava a Portugal de posse de cartas e presentes para D. Manuel, atestando a histórica realização. A perda de alguns navios da esquadra até o regresso de Cabral a Lisboa em junho de 1501 não impediu o sucesso comercial da expedição, considerando que a pimenta transportada da Índia rendeu o dobro do custo do empreendimento. De fato, o Brasil tardaria a ocupar o centro das atenções de Portugal. Nos anos que se seguiram, os lusos, com o foco direcionado para o Oriente, prosseguiram nas explorações pela Ásia, alcançando a antiga Indochina, a parte insular da Malásia, a China e o Japão. Construíram um verdadeiro império colonial no Oriente, assentando o comércio lusitano naquela ampla parte do mundo, em bem-sucedidas campanhas por mar e por terra, de feição que o primeiro vice-rei, D. Francisco de Almeida, ergueu fortificações em Cananor e Cochim, subtraindo dos muçulmanos a supremacia sobre a área do Oceano Índico, enquanto o segundo vice-rei, Afonso de Albuquerque, conhecido como o “César do Leste”, cuidou da consolidação da expansão, subjugando Ormuz, às portas do Golfo Pérsico, Goa, na Índia, e Málaca, perto do estreito do mesmo nome, empórios comerciais de relevo.

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Ver CASTRO, Therezinha de. História documental do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Record. 1968. p. 19. Helio Vianna se refere à carta de Pero Vaz de Caminha como “auto do nascimento do Brasil” ou sua “certidão de batismo”. VIANNA. História do Brasil, p. 43-44.


Enquanto isso, os espanhóis tampouco dormiam em “berço esplêndido”. Estavam a plenas velas, desde a descoberta da América por Cristóvão Colombo, genovês a serviço de Castela e Leão, em 12 de outubro de 1492. O navegador havia perambulado por várias cortes europeias, inclusive a portuguesa, solicitando, sem sucesso, patrocínio para pôr em prática o seu plano de atingir a Índia pelo Ocidente, até que, com a queda de Granada, derradeiro bastião muçulmano em terras espanholas, encontrou as condições propícias para convencer a Rainha Isabel da viabilidade de seu sonho. Conforme a tradição, esta teria feito uso de suas joias para financiar a esquadrilha, formada pelas caravelas Santa Maria, Pinta e Niña, a qual, sob o comando de Colombo, partiu do Porto de Palos em 3 de agosto de 1492. O navegador, ao desembarcar na Ilha de Guanaani, jamais soube que chegara à América, mesmo após as três viagens que ainda faria ao continente, sempre acreditando haver alcançado a Índia. E outros assim pensaram. Daí o fato de que o continente americano tornou-se referido como as Índias Ocidentais naqueles primeiros tempos. A descoberta teve como efeito robustecer o esforço de expansão marítima dos espanhóis, levando à edificação do seu império colonial na América. As viagens e as conquistas se amiudaram. Ponce de León atingiu a Flórida em 1513. O português Fernão de Magalhães, também patrocinado pela Espanha, efetuou a primeira viagem de circunavegação, iniciada em 1519, perecendo nas Filipinas, de maneira que a empresa foi concluída por Sebastião del Cano. Deste mesmo ano até 1525, Hernán Cortés se encarregou da subjugação dos astecas no México, ao passo que coube a Francisco Pizarro vencer o Império Inca no Peru no espaço de 1532 a 1541. Outros navegadores, como Vicente Yáñez Pinzón e Diego de Lepe, chegaram inclusive a marcar presença no Brasil, antes do feito cabralino, porém não reivindicaram a posse da terra. E por que não o fizeram? Na Idade Média e princípio da Idade Moderna, a Santa Sé desempenhava um papel de autêntica autoridade supranacional, não apenas no aspecto moral e religioso, mas igualmente no político. O papa, na qualidade de representante de Cristo no mundo, exercia enorme e incontestável influência e autoridade sobre os príncipes dos reinos cristãos. No alvorecer da era dos Descobrimentos, os ibéricos eram os “novos cruzados”, grandes adversários dos mouros, seguidores de Maomé. Suas expedições, impulsionadas por ventos de inegáveis interesses político-econômicos, também levavam, por autorização da Igreja, a cruz do Cristianismo para ser fincada nas terras a serem descobertas ou tomadas aos infiéis, a serem simplesmente exploradas ou efetivamente colonizadas. Como os fatores político e religioso se mesclavam, a delegação da autoridade papal aos “novos cruzados” na ação missionária a ser realizada no tocante à “salvação das almas” dos conquistados implicava o reconhecimento da soberania do país cristão sobre as áreas conquistadas e os corpos de seus habitantes, fossem indígenas, árabes ou turcos. Foi por isso que, em busca de uma nova rota comercial para as Índias e das riquezas das terras d’além-mar, Portugal, o primeiro, ao raiar da Idade Moderna, a decisivamente desfraldar as velas e enfrentar as águas revoltas do chamado “Mar Tenebroso”, designação medieval pela qual era conhecido o Oceano Atlântico, onde se esconderiam sereias, enormes serpentes e outros seres e monstros marinhos, e estaria o próprio fim do mundo, que tanta fascinação exercia sobre a imaginação das gentes, procurou assegurar o reconhecimento “legal” de seus descobrimentos e conquistas à


medida que empreendia a expansão ultramarina, precavendo-se contra a esperada cobiça de nações concorrentes. Não é surpresa, portanto, que as primeiras bulas papais do período hajam confirmado a supremacia e até exclusividade portuguesa no domínio e cristianização das novas terras. Pela primeira bula Rex Regum, datada de 8 de setembro de 1436, Eugênio IV ditou que seriam de D. Duarte e de seus sucessores as terras por ele conquistadas aos sarracenos. Quando da edição da bula Etsi suscepti, de 9 de janeiro de 1442, do mesmo pontífice, já Portugal atribuíra ao Infante D. Henrique e à Ordem de nosso Senhor Jesus Cristo, da qual era Mestre, a missão de expansão com destino às Índias, de modo que foram ratificadas, pela autoridade da Cúria Romana, as doações à ordem citada, incluindo as das ilhas do Mar-Oceano, efetuadas pelos soberanos D. Duarte e D. Afonso V. Em consonância com tal reconhecimento, informa Helio Vianna, [...] coube à Ordem de Cristo propiciar o povoamento e a exploração da Madeira, Porto Santo, Açôres e Cabo Verde, futuros modelos iniciais da colonização do Brasil, através do regime das Capitanias hereditárias, da cultura da cana-de-açúcar e da utilização do trabalho escravo.54 Também Eugênio IV promulgou a segunda bula Rex Regum, de 5 de janeiro de 1443, na qual foi concedida a categoria de cruzada às expedições de D. Afonso V, cognominado o Africano, com os mesmos privilégios e imunidades anteriormente dados a outros campeões da Cristandade na luta contra os muçulmanos, garantindo-se, entretanto, aos espanhóis, na conquista da África, os direitos pleiteados por D. João II, este Rei de Castela e Leão, no atinente às terras pertencentes no passado aos seus predecessores, no que seria a primeira limitação papalina aos interesses portugueses. Mais abrangente e generosa foi a bula Romanus Pontifex, de 8 de janeiro de 1454, editada pelo Papa Nicolau V, a qual outorgora em propriedade perpétua ao reino luso e ao Infante as terras já conquistadas e as que viessem a sê-lo, do Cabo Não (cuja denominação se referia ao fato de que era julgado intransponível, antes de ser superado na era dos descobrimentos marítimos), hoje Chaunar, e do Cabo Bojador até a Índia. Outro pontífice, Calisto III, mediante a primeira bula Inter coetera, datada de 13 de março de 1456, corroborou a Romanus Pontifex, mencionando explicitamente, como de domínio dos lusitanos, as ilhas do oceano e as áreas desde os Cabos Não e Bojador, por toda a Guiné, usque ad Indus. Pelo Tratado de Alcáçovas, de 1479, celebrado após a guerra empreendida por D. Afonso V contra Castela, que acabaria por lhe abreviar o governo, Portugal admitiu a posse das Canárias pelo país rival, obtendo, em compensação, o reconhecimento de Fernando, de Leão, quanto ao direito de expansão marítima lusa, especificamente em relação ao domínio da Guiné e de Fez e ao privilégio exclusivo de continuação das explorações e descobrimentos no Mar-Oceano, ou seja, na direção sul. Tais disposições foram acolhidas pela bula Aeterni Regis, de 21 de maio de 1481, proferida por Sisto IV, cujo sucessor, Inocêncio VIII, manifestou a sua aprovação na bula Orthodoxae fidei, datada de 18 de fevereiro de 1486, estimulando os portugueses ao prosseguimento da iniciativa dos descobrimentos. Nesse ponto, o dito Mar-Oceano era uma zona fechada à exploração lusa (mare clausum). É o que argumenta Mário Meireles em sua obra França Equinocial:

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Ibidem, p. 29-30.


Era, em bom direito, a consagração do princípio do mare clausum, conceito, aliás, em que Portugal, com o Papa, não estaria inovando. Veneza, até a Era dos Descobrimentos, a maior potência naval do Mediterrâneo, realizava anualmente a cerimônia dos esponsais de seu Doge com o Adriático, quando aquele, lançando um anel às águas, pronunciava solenemente: sponsamus te, mare, in signum veri perpetuique domini. O Mar-Oceano era um mar fechado lusitano. Portugal poderia navegar, descobrir, conquistar, negociar e tudo que nele houvesse , províncias, ilhas, portos, lugares, em qualquer quantidade e em qualquer tamanho, era e viria a ser seu; os outros povos cristãos, porém, se o ousassem fazer, sem prévia licença do rei português, incorreriam nas penas extremas de excomunhão e interdito. Nem pescar poderiam!55 Mas a situação se transformaria com a ascensão ao trono papal do Cardeal Rodrigo Bórgia, de origem aragonesa, que passaria à História sob o nome pontifício de Alexandre VI, de triste memória, para cuja eleição em 1492 trabalhara o Rei Fernando de Aragão, esposo da Rainha Isabel, de Castela e Leão, o qual não gozara da simpatia dos papas antecessores, Sisto IV e Inocêncio VIII. Ora, 1492 é também o ano do descobrimento da América e a Rainha Isabel é a mesma que patrocinou a viagem de Cristóvão Colombo. Em razão das bulas papais vigentes, tão logo soube da notícia, D. João II, de Portugal, alicerçado nos direitos e privilégios de seu país no respeitante à expansão no Mar-Oceano, ameaçou contestar a legitimidade desse feito dos espanhóis, o que fez com que estes, por intermédio do Cardeal Bernardino Carvajal, apoiados no prestígio que agora usufruíam na Santa Sé, procurassem o auxílio do novo Papa para a revogação dos títulos lusitanos, de logo concedido, sob a forma de uma nova edição da bula Inter coetera, esta datada de 3 de maio de 1493, mediante a qual os reis Fernando e Isabel e seus herdeiros e sucessores foram contemplados com quaisquer terras ou ilhas desconhecidas, já achadas ou eventualmente descobertas no futuro por navegadores a seu serviço, à exceção daquelas já pertencentes a outro príncipe cristão, tudo com o declarado propósito de que a religião católica fosse pregada e difundida por toda parte. A título de consolo, o monarca português foi agraciado com doação nas áreas da África, Guiné e Minas de Ouro. Ao inconformismo lusitano, respondeu Alexandre VI, determinado a saldar o seu débito de gratidão com o soberano de Aragão, com outra bula, a terceira Inter coetera, com data de 4 de maio de 1493, contudo efetivamente promulgada da Câmara Apostólica em 28 de junho, na qual era traçado um meridiano, de cunho demarcatório, entre as terras lusas e castelhanas, passando a 100 léguas dos arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde, de maneira que aquelas situadas a oeste seriam espanholas, isto é, a América como um todo, e aquelas localizadas no leste pertenceriam aos portugueses, ou seja, a África, sobretudo. Daí a preocupação em firmar como limite para a ressalva da posse anterior de outro rei ou príncipe cristão a data de 25 de dezembro de 1492, não por coincidência o mesmo ano do descobrimento da América. Foi o primeiro decreto pontifício a consagrar a partição do Mar-Oceano. A fixação da linha demarcatória está no § 6º do documento em questão:

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MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. 2. ed. São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. p. 23. Ver também MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. São Luís: Tipografia São José, 1962. p. 11-12.


E para que presenteados pela largueza da graça Apostólica, mais liberal e audazmente assumais a incumbência de tamanha emprêsa, de ‘motu proprio’, não de acôrdo com instância vossa de petição a nós apresentada a respeito disto, ou de outrem a favor de vós, mas por nossa mera liberalidade, e de ciência certa, e em razão da plenitude do Poder Apostólico, tôdas essas ilhas e terras firmes achadas e por achar, descobertas ou por descobrir, para o Ocidente e o Meio-Dia, fazendo e construindo uma linha desde o Pólo Antártico, a saber Meio-Dia, quer sejam terras firmes e ilhas encontradas e por encontrar em direção a qualquer outra parte, a qual linha diste de qualquer das ilhas que vulgarmente são chamadas dos Açôres e Cabo Verde cem léguas para o Ocidente e o Meio-Dia, de tal modo que tôdas as ilhas e terras firmes achadas e por achar, descobertas ou por descobrir desde a sobredita linha para o Ocidente e o Meio-Dia não tenham sido possuídas atualmente por outro Rei ou Príncipe Cristão até ao dia da Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo próximo pretérito, a partir do qual começa o presente ano de 1493, quando foram pelos vossos emissários e Capitães achadas algumas ilhas antes ditas, – a Vós e a vossos herdeiros e sucessores (Reis de Castela e Leão) pela autoridade do Deus Onipotente a nós concedida em S. Pedro, assim como do Vicariato de Jesus Cristo, a qual exercemos na terra, para sempre, no teor das presentes, vo-las doamos, concedemos e entregamos com todos os seus Domínios, Cidades, Fortalezas, Lugares, Vilas, direitos, jurisdições e todos os pertences...56 Esta Inter coetera, todavia, tinha graves imprecisões, que comprometiam a sua aplicação: a) a indicação de “qualquer das ilhas que vulgarmente são chamadas dos Açôres e Cabo Verde” como ponto de referência desconsiderava o fato de que os indigitados arquipélagos estavam situados em longitudes bastante distintas; b) a própria indicação de que a linha imaginária partiria de “qualquer das ilhas” já era suficientemente problemática; c) a expressão “para o Ocidente e o Meio-Dia”, querendo dizer “para oeste e sul” dos arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde, concomitantemente, também pecava por ser vaga. 57 Não obstante os aspectos vulneráveis e passíveis de questionamento, a intenção de apadrinhamento dos interesses espanhóis era clara. E ainda ficou pior para Portugal. O papa publicou mais uma bula, a Eximiae devotionis, de 3 de maio de 1493, data nominalmente anterior à da terceira Inter coetera e coincidente com a da segunda Inter coetera, como se o novo decreto, na verdade expedido em julho, fosse um preâmbulo desta última. Seu conteúdo não deixava dúvidas. A Eximiae devotionis estendia aos monarcas de Leão e Castela e seus herdeiros e sucessores os mesmos favores, isenções e privilégios antes conferidos aos reis lusitanos. E o que já era ruim para Portugal atingiu o seu ápice com a bula Dudum siquidem, de 25 de setembro de 1493, igualmente pronunciada por Alexandre VI. Como a Eximiae devotionis deixara de tratar das concessões anteriores em favor da Ordem de Cristo, cuidou o Bórgia de revogá-las expressamente na nova bula. E foi além. Pela Dudum 56 57

CASTRO. História documental do Brasil, p. 15. VIANNA. História do Brasil, p. 32-33.


siquidem, foram revogadas todas as constituições, doações, concessões e quaisquer outras garantias e privilégios, outorgados a quaisquer soberanos ou outros indivíduos ou ordens e milícias, inclusive aqueles reconhecidos em proveito de Portugal pelas próprias bulas anteriores de Alexandre VI. A bula incluía até a previsão de que, na hipótese de que navegadores a serviço dos espanhóis, rumo ao Ocidente e Meio-Dia, avizinhando-se do Oriente, encontrassem terras e ilhas, mesmo estas seriam consideradas propriedade dos monarcas de Castela, Leão, Aragão e daqueles que os sucedessem. Até então, D. João II tentara resolver a questão pela via diplomática. Mas os protestos veementes perante a Cúria Romana e os reis espanhóis foram em vão. Uma proposta conciliatória, apresentada à Espanha, foi recusada, pela qual era sugerida uma nova forma de divisão das possessões ultramarinas, mediante o estabelecimento de um paralelo em lugar do meridiano objeto da bula Inter coetera, o qual, tendo como ponto de partida as ilhas Canárias, dividiria as terras e ilhas entre as do norte, que pertenceriam aos espanhóis, e as do sul, englobando o Mar-Oceano, o que significava mais do que o hemisfério Sul ainda não conhecido e a maioria do território da Índia, que caberiam aos portugueses. O Rei Fernando encontrava-se em vantagem, graças ao apoio da Igreja, e não permitiria o renascimento da tese do Mar-Oceano como exclusividade lusitana ou dos antigos privilégios deferidos à nação vizinha nessa seara. Tudo perdido, sem sucesso no campo diplomático, pensou o rei português não lhe restar alternativa senão a das armas ou a da mera ameaça de sua utilização. D. João II determinou a preparação de uma armada, sob o comando de D. Francisco de Almeida, cujo objetivo seria o assenhoreamento das terras encontradas por Colombo ou a adoção do caminho da guerra nos próprios lugares de domínio disputado. Tal atitude belicosa surtiu efeito. Os espanhóis se dispuseram a negociar, para evitar uma nova guerra na Península Ibérica. E assim foi assinado o célebre Tratado de Tordesilhas, originariamente nominado “Capitulação da partição do mar Oceano”, na cidade espanhola do mesmo nome em 7 de junho de 1494, por meio do qual as nações contenciosas concordaram com a marcação de um meridiano a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde, a dividir o mundo entre as possessões já achadas ou descobertas ou a serem achadas ou descobertas do lado oeste, atribuídas aos reis de Castela, Leão e Aragão, e aquelas do lado leste, reconhecidas ao Rei de Portugal: E logo os ditos procuradores dos ditos senhores rei e rainha de Castela, de Leão, de Aragão, de Sicília, de Granada etc. e do dito senhor rei de Portugal e Algarves etc., disseram: que visto como entre os ditos senhores seus constituintes há certa divergência sôbre o que a cada uma das ditas partes pertence do que até hoje, dia da conclusão dêste tratado, está por descobrir no mar Oceano que êles, portanto, para o bem da paz e da concórdia e pela conservação da afinidade e amor que o dito senhor rei de Portugal em pelos ditos senhores rei e rainha de Castela, de Aragão etc., praz as Suas Altezas, e os seus ditos procuradores em seu nome , e em virtude dos ditos seus poderes, outorgaram e consentiram que se trace a assinale pelo dito mar Oceano uma raia ou linha direita de pólo a pólo; convém a saber do pólo ártico ao pólo antártico, que é de norte a sul, qual raia ou linha e sinal se tenha de dar e dê direita, comodito é, a trezentas e setenta léguas das ilhas de Cabo Verde em direção a parte do poente , por graus ou por outra maneira que melhor e mais ràpidamente se possa efetuar contanto que não seja dado mais. E que o que até aqui tenha achado e descoberto, e daqui em diante se achar e descobrir pelo dito senhor rei de Portugal e por seus navios, tanto ilhas como terra firme desde a dita raia e


linha dada na forma supracitada indo pela dita parte do levante ou do norte ou do sul dêle contanto que não seja atravessado a dita raia que tudo seja, e fique e pertença ao dito senhor rei de Portugal e aos seus sucessores para sempre. E que todo o mais, assim ilhas como terra firme, conhecidas e por conhecer, descobertas e por descobrir, que estão ou forem encontradas pelos ditos senhores rei e rainha de Castela, de Aragão etc., e por seus navios, desde a dita raia dada na forma supra-indicada indo pela dita parte de poente, depois de passada a dita raia em direção ao poente, ou ao Norte Sul dela, que tudo seja e fique, e pertença aos ditos senhores rei e rainha de Castela, de Leão etc., e aos seus sucessores para sempre. 58 O tratado, como a bula Inter coetera de 4 de maio de 1493, também continha disposições problemáticas, que provocariam futuras divergências hermenêuticas. Não indicava qual das ilhas de Cabo Verde seria usada como referencial para o início da contagem das 370 léguas, nem tampouco qual a quantidade de léguas correspondente a cada grau, posto que a sua dimensão era motivo de disceptação.59 Mário Meireles, no livro O Brasil e a partição do mar-oceano, explica quais as consequências, para o nosso país, da inexatidão no relativo ao ponto de partida da linha imaginária para o oeste: Os espanhóis queriam que se começasse a contar as 370 léguas a partir da ilha de Santo Antão, a mais oriental, e com o que o meridiano de Tordesilhas deveria passar pela ilha de São Luís, no Golfão Maranhense; os portugueses, porém, defendiam que devia sê-lo da mais ocidental, a do Sal, com o que o referido meridiano iria passar pela foz do chamado rio Pará, braço direito do delta amazônico e onde também desemboca o rio Tocantins. No primeiro caso, o limite tordesilhano iria passar, no litoral do sul, na altura do sítio em que está a cidade paulista de São Vicente; no segundo, na altura do porto catarinense de Laguna. Mas quando Martim Afonso de Sousa, primeiro capitão-mor do Brasil (1530-1533), mandou que Diogo Leite viajasse, em 1530, para o norte, a ver até onde se estenderia o domínio lusitano, ele regressou da foz do Gurupi, ou do Turiaçu, então dito rio da Lama, a meio caminho daqueles dois pontos, e isso na convicção de que teria atingido a raia de Tordesilhas. E para mais agravar as dificuldades no caso, os portugueses queriam que, no sul, a linha atingisse a foz do Rio da Prata, o que a desviaria cerca de 10 graus de sua real direção.60 De qualquer modo, fosse qual fosse o critério empregado para a contagem das 370 léguas, parte da América fora reservada a Portugal. A insistência de D. João II na revisão dos últimos decretos pontifícios, que se consubstanciaria na ampliação para oeste das 100 léguas a partir das ilhas dos Açores e Cabo Verde, objeto da bula Inter coetera, para as 370 léguas a partir do arquipélago de Cabo Verde, foco do Tratado de Tordesilhas, representa um sério indício de que o rei luso tinha informações sobre a 58

CASTRO. História documental do Brasil, p. 16-17. Do tratado, foram extraídas duas escrituras, sendo que a primeira foi firmada em Arévalo em 2 de julho de 1494, pelos monarcas espanhóis, e a segunda, em Setúbal, por D. João II, de Portugal, em 5 de setembro do mencionado ano. Mar-Oceano era um termo usado para designar o Oceano Atlântico. 59 VIANNA. História do Brasil, p. 35; e MEIRELES, Mário Martins. O Brasil e a partição do maroceano. São Luís: Edições AML, 1999. p. 124. 60 Ibidem, p. 125.


existência de terras naquela região, o que reforça a tese da intencionalidade do futuro descobrimento do Brasil. A Santa Sé, agora pelo Papa Júlio II, sucessor do falecido Alexandre VI, a pedido de D. Manuel I, de Portugal, sucessor de D. João II, validou o tratado em 26 de janeiro de 1506, mediante a edição da bula Ea quae pro bono pacis. E o Papa Leão X, no ano de 1514, que assistiu ao princípio da Reforma Protestante, publicou a bula Praecelsae devotionis, novamente em plena harmonia com os interesses lusitanos, instrumento de ratificação das concessões deferidas a Portugal por seus predecessores, compreendendo as terras conquistadas aos sarracenos, em qualquer lugar. O Mar-Oceano assumira uma feição de área exclusivamente reservada à exploração das nações da Península Ibérica, um autêntico mare clausum destas. A linha prevista no Tratado de Tordesilhas jamais seria efetivamente demarcada, apesar das tentativas nesse sentido, mas constituiria um fator sempre levado em consideração nos subsequentes movimentos ultramarinos de exploração, conquista e colonização de portugueses e castelhanos. Aí está a razão pela qual navegadores por conta dos soberanos espanhóis que estiveram no Brasil após a assinatura do Tratado de Tordesilhas e antes da chegada de Cabral não haverem reclamado a posse da terra, caso de Vicente Pinzón e Diego de Lepe. Antes deles, Alonso de Ojeda, acompanhado do cartógrafo Juan de la Cosa e do piloto Américo Vespucci, deixando Cádiz em 16 de maio de 1499, teria alcançado terras localizadas a 5º de latitude sul em 27 de junho, na versão do hoje celebrado florentino, o que atestaria a presença da expedição em nosso país. Porém, para o próprio Ojeda, o ponto atingido teria a localização de 4,5º de latitude norte, o que indicaria um sítio além da posição geográfica ocupada pelo Brasil. Por esta e outras dúvidas que cercam a viagem em tela, os historiadores não conhecem um consenso sobre o real lugar do desembarque – se no Rio Grande do Norte ou na Venezuela, por exemplo. 61 Robert Southey, contudo, é taxativo ao apontar Vicente Pinzón, que antes fora capitão da caravela Niña na primeira viagem de Colombo, como a “primeira pessoa que descobriu a costa do Brasil”.62 Chefiando uma expedição de quatro navios, acompanhado de seu irmão, ele saiu de Palos a 18 de novembro de 1499, passou pelas ilhas de Cabo Verde e seguiu na direção sudoeste, chegando, em 26 de janeiro de 1500, a um cabo, batizado de Santa Maria de la Consolación, que seria o atual Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco, conquanto, segundo outras versões, o ponto descoberto estaria menos ao sul, mais exatamente no Ceará. 63 Em sequência, rumou para o noroeste, alcançando o que foi denominado Mar Dulce, possivelmente a foz do Amazonas, e, depois, o Cabo de S. Vicente, Orange no presente, junto ao rio que recebeu o seu nome, hodiernamente Oiapoque. Não parou; foi além das Guaianas e da Venezuela, continuando até a Ilha Hispaniola ou Espanhola (São Domingos, onde está situado o Haiti). O último precursor de Cabral a serviço dos espanhóis foi Diego de Lepe, que, entre os meses de fevereiro e março de 1500, atingiu o mesmo Cabo de Santa Maria de

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Ver VIANNA. História do Brasil, p. 39. SOUTHEY, Robert. História do Brasil. Tradução de Luiz Joaquim de Oliveira e Castro. 3. ed. São Paulo: Obelisco, 1965. v. 1, p. 23. 63 Ver VIANNA. História do Brasil, p. 40. 62


la Consolación. Consoante Jonathas Serrano, ele, perseguindo trajeto semelhante ao de Pinzón, esteve no “rio ‘Marañon’, que não é outro senão o Amazonas”. 64 Nenhum deles reclamou a posse da terra que viria a ser conhecida como Brasil, uma vez que o Tratado de Tordesilhas não os autorizava a tanto, reservando-se a Cabral a glória pelo descobrimento ou achamento oficial de nosso país em abril de 1500. 65 A partição do Mar-Oceano e das novas terras e ilhas em favor dos ibéricos, sob a chancela da Igreja, desagradou fortemente, é claro, às partes excluídas, especialmente aos povos com vocação e disposição, uns mais cedo, outros mais tarde, dependendo do contexto político e socioeconômico, para a expansão marítima e o comércio dela decorrente, embora não reunindo, no começo e ainda por um bom tempo, as condições e recursos inerentes às duas potências navais da Península Ibérica. Não dispondo do apoio das bulas papais, nem tampouco das condições e recursos necessários às conquistas ultramarinas em larga escala num primeiro momento, recorreram esses povos – ingleses e franceses,66 por intermédio de suas respectivas coroas, e holandeses, sob o patrocínio ostensivo da burguesia –, muitas vezes, ao estímulo à atuação dos rouliers de la mer (significando os que balançam no mar) e da pirataria em geral. Já numa segunda fase, passaram a rivalizar com os portugueses e espanhóis nos esforços de exploração e conquista de novas terras e implantação de colônias.

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SERRANO, Jonathas. História do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia., 1968. p. 36. Considerado o descobridor do Rio Amazonas, não foi Vicente Pinzón quem lhe deu a denominação que sobreviveu aos ventos dos séculos, advindo esta, na verdade, do relato de Francisco de Orellana sobre a viagem pioneira que empreendeu por todo o seu curso em 1542, na qual este alegava haver se deparado com uma tribo de mulheres guerreiras, lembrando as amazonas da mitologia grega. 65 Vasco Mariz e Lucien Provençal discutem várias possibilidades sobre o descobrimento do Brasil: “Se Cabral foi só o descobridor oficial, quem o precedeu? As hipóteses são muitas, algumas baseadas em relatórios verbais não fiáveis. Excluímos as possibilidades de um raid viking pouco provável. Uma lenda bretã pretende que Jean de Cauetlauden, no começo do século XV, servindo o rei D. João I de Portugal, teria conhecido o continente sul americano. Segundo um estudo de Desmarquets publicado em 1785, Jean Cousin, de Dieppe, professor de Jean Ango, auxiliado por um dos irmãos Pinzón, teria descoberto em 1488 – portanto quatro anos antes da viagem de Colombo – a foz do rio Amazonas e a do rio Orinoco. Na mesma data, os galegos atribuem essa descoberta a Juan de la Cosa. Citamos também o hidrógrafo Georges Fournier, que afirma, em 1745, que Guérard e Roussel, da Normandia, foram ao Brasil antes de Cabral. Na verdade, sabe-se com certeza que, durante a primeira viagem de Colombo em busca de Cipango, os irmãos Pinzón, comandantes da “Pinta” e da “Nina”, tentaram orientar Colombo em direção sudoeste, auxiliado nessa intenção pelo piloto Juan de la Cosa. Parece também possível que, em 1501, Vicente Yanez Pinzón e Américo Vespucci, sob as ordens de Portugal, tenham navegado da Venezuela talvez até o cabo de Santo Agostinho, feito difícil sob o ponto de vista náutico. Duarte Pacheco Pereira havia também pisado em terras brasileiras. Uma correspondência enviada em 1498 ao rei D. Manuel abre mais uma possibilidade. (Esmeralda de Situ Orbis: achada e navegada uma tão grande terra firme). Exceto esta hipótese, todas as outras são um tanto incertas, quanto as críticas que elas provocaram.” MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612-1615). Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. p. 18-19. 66 O franciscano André Thevet, testemunha da França Antártica, bem vocaliza esse ressentimento e inconformismo francês em relação aos supostos direitos dos portugueses na descoberta e conquista de terras: “Cumpre não ignorar que os portugueses são ciumentos se, por acontecimento fortuito, alguém tenta descobrir qualquer terra nova. Parece-lhes que lhes fazem mal ou que estão sendo enganados, como se todo o mar lhes tivesse sido dado para posse e fruição.” THEVET, André. A cosmografia universal de André Thevet, cosmógrafo do rei. Tradução e notas de Raul de Sá Barbosa. Rio de Janeiro: Batel: Fundação Darcy Ribeiro, 2009. p. 33. Ver também THEVET, André. Les français en Amérique pendant la deuxième moitié du XVIe siècle: le Brésil et les brésiliens. Choix de textes et notes par Suzanne Lussagnet. Introduction par Ch.-A. Julien. Paris: Presses Universitaires de France, 1953. p. 16.


Para tal “democratização dos mares”, contribuiu enormemente a posição de teóricos de renome como o dominicano espanhol Francisco de Vitória (1483?-1546) e o jurista holandês Hugo Grotius, igualmente conhecido como Huig de Groot ou Hugo de Groot ( (1583-1645), ambos figurando na galeria dos fundadores do Direito internacional. O primeiro, teólogo do século XVI, precursor da tese da liberdade dos mares, opondo-se à marcante influência da teologia no Direito internacional, lutou contra as doações papalinas de terras aos lusos e castelhanos, contidas nas bulas, argumentando que essas terras já pertenciam aos habitantes do Novo Mundo, pois defendia que o âmbito de ação do pontífice restringia-se ao espiritual, sem incluir o temporal ou qualquer autoridade sobre os indígenas e infiéis. O segundo é o autor de De mare liberum, publicado anonimamente em 1609, capítulo da obra De jure praedae, escrita em 1604 e 1605, esta não impressa na época, em virtude de seu caráter de parecer encomendado para uso interno da Companhia das Índias, a propósito da afirmação da legalidade do apresamento de uma nau lusitana, Santa Catarina, no Estreito de Málaca. Como o próprio título antecipa, nesse capítulo o filósofo sustentava a causa da liberdade dos mares e do comércio, com base nos princípios universais do direito natural e das gentes, refutando a noção da onipotência papal, por exemplo, no estabelecimento de monopólios, e questionando os direitos da Inglaterra, Espanha e Portugal de exercício de domínio sobre os mares.67 67

Patricia Seed oferece uma nova perspectiva sobre as pretensões lusitanas quanto ao direito de monopólio comercial sobre o comércio por via marítima com as novas terras, ao mesmo tempo em que diz que Hugo Grotius exagerou ao declarar que Portugal reivindicava dominar todo o oceano: “Os portugueses não reivindicavam direitos exclusivos sobre todos os mares, unicamente sobre aqueles para os quais eles haviam sido pioneiros nos meios de navegação. Ademais, o rei denominava o processo de averiguação das características e meios de navegação nestes mares de ‘descobrimento’. O termo discovery (descobrimento), no seu sentido científico contemporâneo, exprime obter conhecimento pela primeira vez de algo previamente desconhecido. As águas do Atlântico Sul não haviam sido navegadas previamente, tornando os portugueses indisputavelmente os primeiros a aprenderem sobre estes mares e, além disso, os primeiros a fornecerem precisas descrições náuticas destes. O processo de descobrimento significava um esforço deliberado envolvendo o dispêndio de energia e fundos consideráveis. [...] O conceito de um direito para o qual eles haviam descoberto derivava da natureza ‘laboriosa’ do esforço que os portugueses haviam empreendido e da ‘dificuldade maior do descobrimento’. Derivava do custo em vidas humanas, e em termos financeiros igualmente – ‘as suas vidas e tesouros (do país)’. O argumento é contemporaneamente familiar. A pessoa (ou corporação) que paga o salário, fornece o equipamento e organiza o projeto científico tem o direito à patente sobre as ideias que são descobertas. O cientista individual – que criou a ideia – não é o proprietário do direito de explorá-la; ao invés, é a companhia que forneceu o dinheiro para o laboratório e gastou com as ferramentas e o equipamento que tem o direito de receber um rendimento das descobertas. As alegações portuguesas, repetidamente expressas em conflitos internacionais, de que eles tinham direito a um monopólio comercial no comércio marítimo com as novas terras eram uma reivindicação explícita de que, por causa dos seus volumosos gastos no desenvolvimento da ciência e da tecnologia da navegação de alto-mar, eles tinham um justo direito à compensação. Outros poderes concorrentes não estavam dispostos a aceitar as pretensões portuguesas por um monopólio nas rotas marítimas em troca por suas descobertas. Grotius exagerou a pretensão portuguesa, declarando que eles reivindicavam governar todo o oceano, ao invés de simplesmente as regiões para as quais eles haviam descoberto os meios de navegação de acesso. Ele também acrescentou que os portugueses não tinham fronteiras, salvo ‘uma linha imaginária’. Visto que todas as linhas matemáticas são imaginárias, Grotius assim rejeitava a inteira base matemática e científica das reivindicações de Portugal sobre o descobrimento.” SEED, Patricia. Ceremonies of possession in Europe’s conquest of the New World: 1492-1640. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. p. 129-130. (Tradução nossa). Este é o comentário da autora em inglês: “The Portuguese did not claim exclusive rights to all the seas, only to those for which they had pioneered the means of sailing. Furthermore, the king called the process of ascertaining the characteristics and means of sailing these


Celso Albuquerque Mello, reportando-se à motivação de Grotius para trazer a lume De mare liberum, assunto polêmico no meio internacionalista, opina que a publicação objetivava “a defesa dos direitos da Holanda no comércio do Oriente na paz de Antuérpia, então em negociação com a Espanha”. 68 Mesmo rebatida pelo jurista português Frei Serafim de Freitas, professor da Universidade de Valladolid, no concernente à legitimidade dos descobrimentos e das bulas papais, em seu De justo imperio lusitanorum asiatico, de 1625 – no que foi secundado dez anos depois pelo inglês John Selden, autor de Mare clausum, sob o reinado de Charles I, da Inglaterra, numa época de conflitos desta com a Holanda no terreno do comércio marítimo, em que a primeira se batia pelo reconhecimento da soberania sobre as águas circundando as Ilhas Britânicas –, a tese de Grotius triunfaria: A tese do mare liberum, como não poderia deixar de acontecer, sobrepôsse; mesmo porque sem resposta a pergunta que o anedotário histórico atribui a Francisco I, de França: je voudrais bien voir la clause du testament d’Adam qui m’exclut du partage du monde! E dentro do espírito que se traduz nestas palavras, os franceses, os ingleses e os holandeses fizeram-se de vela sobre os mares, à disputa das novas terras. Os franceses em função da continuada rixa entre Carlos V e Francisco I e porque este, príncipe católico embora, não reconheceu legitimidade na interferência e arbítrio papais que deram exclusividade àquele, e à seu colega português, no usufruto das terras descobertas; os ingleses porque, se protestantes por esse lado não se sentiriam obrigados a tomar em consideração o privilégio outorgado aos luso-espanhóis pela pretensa superioridade espiritual do Sumo Pontífice, por outro lado sentiam-se impelidos à concorrência por força da destinação marítima de seu habitat insular e por força de seu espírito mercantilista e imperialista; e os holandeses, finalmente, porque, povo marítimo e comerciante, não tinham também por que ver obstáculo no convênio de Tordesilhas já que eram seas ‘discovery.’ The term discovery (descobrimento) in its contemporary scientific sense, means to obtain knowledge for the first time of something previously unknown. The waters of the South Atlantic had not been navigated previously, making the Portuguese indisputably the first to learn of these seas and, furthermore, the first to provide precise nautical descriptions of them. The process of discovery signified a deliberate effort involving the expenditure of considerable energy and funds. [...] The concept of a right to what they had discovered stemmed from the ‘laborious’ nature of the effort the Portuguese had undertaken, and the ‘greater difficulty of discovery.’ It stemmed from the cost in human lives, and in financial terms as well – ‘their (country’s) lives and treasures.’ The argument is a familiar contemporary one. The person (or corporation) who pays the salary, provides the equipment, and organizes the scientific project owns the right to a patent on the ideas that are discovered. The individual scientist – who created the idea – is not the owner of the right to exploit it; rather it is the company that provided the money for the laboratory and laid out the tools and equipment that has a right to receive an income from the discoveries. The Portuguese claims, repeatedly voiced in international conflicts, that they had right to a commercial monopoly on the seaborne trade with the new lands was an explicit claim that because of their vast expenditures on developing the science and technology of high-seas navigation, they had a just right to compensation. Other competing powers were unwilling to accept Portuguese claims for a monopoly on sea routes in exchange for their discoveries. Grotius exaggerated the Portuguese claim, stating that they claimed to rule the entire ocean, rather than simply the regions to which they had discovered the navigational means of access. He also added that the Portuguese had no boundaries save ‘an imaginary line.’ Since all mathematical lines are imaginary, Grotius thereby rejected the entire mathematical and scientific basis of Portugal’s claims to discovery.” 68 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 14. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. v. 1, p. 169.


protestantes e, principalmente, porque para o alcance daquele seu duplo objetivo político-econômico impunha-se-lhes a luta contra os setores europeus de então, os espanhóis, já que essa luta importava mesmo na luta por sua independência política e religiosa, pois que até as suas terras se estendera o domínio efetivo da dinastia reinante na Península Ibérica.69 O interesse de demarcação da linha fixada no Tratado de Tordesilhas ficaria adormecido com o advento da União das Coroas Ibéricas (1580-1640), período em que reis espanhóis ocuparam o trono português e o Brasil se tornou uma possessão espanhola. O Tratado de Tordesilhas somente seria revogado em 13 de janeiro de 1750, quando já não era mais acatado, com a assinatura do Tratado de Madrid, por Portugal e Espanha, versando sobre a fixação dos limites das colônias das duas nações na América do Sul, para encerrar as disputas, restando acolhido o princípio jurídico do uti possidetis, pela via da valorização da posse de fato como elemento determinante da propriedade. Conquanto o Tratado de Madrid tenha fracassado em seus escopos e tido as suas disposições anuladas pelo de Pardo, de 1761, o Tratado de Santo Ildefonso, de 1777, voltaria a sepultar o acordo firmado em Tordesilhas, desta feita definitivamente. REFERÊNCIAS CAMÕES, Luís de. Os lusíadas. 12. ed. São Paulo: Melhoramentos, [19--]. 401 p. CASTRO, Therezinha de. História documental do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Record. 1968. 416 p. MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612-1615). Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. 231 p. MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. São Luís: Tipografia São José, 1962. 144 p. MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. 2. ed. São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. 126 p. MEIRELES, Mário Martins. O Brasil e a partição do mar-oceano. São Luís: Edições AML, 1999. 145 p. MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 14. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. v. 1. PESSOA, Fernando. Poemas completos de Alberto Caeiro; Mensagem. Lima: Los Libros más Pequeños del Mundo, 2008. 438 p. SEED, Patricia. Ceremonies of possession in Europe’s conquest of the New World: 1492-1640. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. 199 p. SERRANO, Jonathas. História do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia., 1968. 588 p. SOUTHEY, Robert. História do Brasil. Tradução de Luiz Joaquim de Oliveira e Castro. 3. ed. São Paulo: Obelisco, 1965. v. 1. (Coleção História do Brasil). Original inglês. SOUZA, Osvaldo Rodrigues de. História Geral. 5. ed. São Paulo: Ática, 1971. 400 p. THEVET, André. A cosmografia universal de André Thevet, cosmógrafo do rei. Tradução e notas de Raul de Sá Barbosa. Rio de Janeiro: Batel: Fundação Darcy Ribeiro, 2009. 190 p. (Coleção Franceses no Brasil, 2). Original francês. THEVET, André. Les français en Amérique pendant la deuxième moitié du XVIe siècle: le Brésil et les brésiliens. Choix de textes et notes par Suzanne Lussagnet. Introduction par Ch.-A. Julien. Paris: Presses Universitaires de France, 1953. 347 p. VIANNA, Helio. História do Brasil: período colonial. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1965. v. 1

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MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 26. Ver igualmente MEIRELES. França Equinocial, 1962, p. 15-16.


PRESENÇA FRANCESA EM FERNANDO DE NORONHA MARIETA BORGES Sócia Correspondente – Pernambuco Ao longo dos tempos foram os FRANCESES os mais constantes frequentadores da ilha de Fernando de Noronha. Abordando-a para descanso ou para satisfazer suas necessidades durante as navegações, invadiram-na em 1736, dispostos a permanecer nela, erguendo residências e armazéns de estocagem. Chamaram-na Isle Delphine, talvez numa referência aos golfinhos que existiam nessas águas ou numa homenagem aos “Delfins de França”, nobres que possuíam o golfinho no brasão. Essa invasão alertou Portugal para o perigo de deixar desabitada a ilha, acontecendo então a expulsão dos franceses e a ocupação definitiva, pela Capitania de Pernambuco. E, dessas passagens, restaram relatos curiosos e importantes que permitem a compreensão daquele ambiente insular, nos séculos anteriores à definitiva presença humana, a partir do século XVIII. Entender a presença francesa no arquipélago é mergulhar nos fatos célebres da História do Brasil, inclusive aqueles ligados às duas grandes invasões ocorridas no século XVI (no Rio de Janeiro) e XVII (no Maranhão), ambas com reflexos na ilha e descritas com detalhes nas duas obras resultantes dessas invasões, ambas reeditadas recentemente.70 CRONOLOGIA DA PRESENÇA FRANCESA EM FERNANDO DE NORONHA Os registros de franceses nessas paragens começam ainda no século XVI, o chamado “século do descobrimento”. “Sete ou oito dias após o desembarque viram uma ilha deserta, coberta de vegetação, de onde saíam milhares de pássaros, alguns dos quais chegaram a pousar nos mastros e cordagens do navio, deixando-se pegar. E pareciam esses pássaros muito emplumados.”71 Relato da breve visita havida em 1505, da expedição de Binot Palmie de Gonoville, que vinha da Normandia para correr o mundo. Esta teria sido aquela que resgatou os sobreviventes do naufrágio de 1503, apenas registrada nos relatos franceses de meados do século. 1556 - Abordagem feita pelo cronista Frei André Thevet e seus companheiros, que voltavam do Rio de Janeiro, onde havia sido fundada a “França Antártica”, pelo 70

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A conquista do Maranhão foi descrita pelo Frei Claude Abbeville, na obra “Histórias da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas”, traduzida por Sérgio Milet do original editado em Paris, em 1614, Livraria Martins Editora, São Paulo, s/d, com um capítulo “Fernando de Noronha” . A conquista do Rio de Janeiro e implantação da França Antártica, foi narrada por Frei André Thevet, nas “Singularidades da França Antártica”, traduzido por Estevão Pinto. Série 5ª brasiliana, V. 219. São Paulo. Cia. Editora Nacional, 1944. Binot Palmier de Gonoville, na “Relation de son Voyage, 1503”, fala nos pássaros abundantes e mansos que vira. Este é o normando que teria resgatado – em 1505 - os sobreviventes do naufrágio de 1503, segundo Frei André Thevet.


corsário francês Villeigagnon. Por muitos dias ali permaneceram. Descrevendo a ilha com riqueza de detalhes Thevet permite a identificação do espaço insular, em meados do século XVI, falando das “aves mansas”, das “águas”, da pródiga natureza. “... vagamos levados pelo vento sul, até uma belíssima ilha localizada a 4 graus de distância da Linha Equinocial. Não se pode abordá-la sem correr grande risco, sendo que a dificuldade que tal empresa apresenta a mesma que se encontra quando se enfrenta algum considerável promontório. Primeiro, porque ela avança bastante pelo mar a dentro; segundo, por causa dos recifes rochosos que a rodeiam.Essa ilha foi descoberta por acaso, e grande foi o transtorno daqueles que primeiro a avistaram. Foi um navio português que, passando de certa feita por estas paragens, chocou-se, por imprudência e imperícia, contra um dos recifes vizinhos da ilha. Em razão disso, despedaçou-se a embarcação, submergindo com toda a tripulação. Salvaram-se apenas 23 homens que conseguiram nadar até a ilha, onde permaneceram pelo espaço de dois anos. Ao fim deste tempo, somente dois homens haviam conseguido sobreviver, alimentando-se apenas dos ratos, das aves e de alguns outros animais, Por essa época, passando por ali um navio normando que regressava à América, aconteceu de resolverem os tripulantes descer à ilha para descansarem. Foi então que encontraram os dois pobres sobreviventes, trazendo-os consigo para bordo. Foram estes náufragos portugueses os autores da denominação de Ilha dos Ratos, assim batizada devido à variedade e abundância desses animais na referida ilha. São eles tão numerosos que, de acordo com os sobreviventes, a morte de seus companheiros teria ocorrido em parte pela repugnância por estes bichos. Realmente, ainda hoje é muito difícil, para os que ali arribam, defender-se desses ratos. Eles alimentam-se de ovos, sejam os que as tartarugas botam nas praias, sejam os das numerosíssimas aves que ali vivem.”72 Ele é um dos primeiros cronistas a mencionar a abordagem feita em 1503, pelos portugueses e o único a levantar a hipótese de que alguns náufragos teriam ficado por dois anos na ilha, em 1503, após o naufrágio ocorrido na noite de 10 de agosto daquele ano. Quanto ao resgate feito dois anos depois, por uma expedição que vinha da Normandia, a história identifica - como única expedição normanda a sulcar o Atlântico a de Binot Palmier de Gonoville. Uma curiosidade da obra escrita por ele, é que, descrevendo as aventuras vividas, chamou o capítulo referente à Fernando de Noronha “Ilha dos Ratos”. Por isso, muitos historiadores não se aperceberam de que era do arquipélago que ele falava... Também é curiosa a afirmação de que esse nome teria sido dado pelos náufragos que ficaram na ilha, quando em quase todos os textos antigos sobre a ilha, o nome “Rata”, “Rapta” e outros semelhantes aparecem, identificando a segunda maior ilha do arquipélago e a maior das chamadas “ilhas secundárias” “Também nós, quando descemos nesta ilha à procura de água doce (da qual tínhamos tanta necessidade que alguns dos nossos estavam obrigados a beber a própria urina, pois a sede já durava três meses e a fome a quatro), avistamos um incalculável número de aves, todas tão mansas que facilmente poderíamos carregar com elas um navio! Não conseguimos 72

Relato de Thevet, em 1556, na obra “As singularidades da França Antártica”, reeditada pela Itatiaia Editora Ltda, editora da Universidade de São Paulo.


encontrar água doce, mas é bem verdade que não exploramos suficientemente o interior da ilha. Afora isso, trata-se de uma ilha maravilhosa, repleta de árvores que se conservam verdes durante a maior parte do ano, o que a faz assemelhar-se a um prado verdejante em pleno mês de maio, embora se localize a 4 graus da Linha Equinocial. Não é impossível que esta ilha se torne um dia habitada, assim como o são diversas nesta mesma zona equatorial, como por exemplo as ilhas de São Tomé e outras. E se der tal coisa, posso garantir que ela se transformaria num dos lugares mais belos e também mais ricos do mundo. Poder-se-ia aí produzir com fartura cana-de-açúcar da boa, além de especiarias diversas e outros cultivos que dariam bons lucros. Estou ciente de que muitos cosmógrafos defendem a idéia de que seja inabitável a zona intertropical, em razão do seu excessivo ardor solar. A experiência, no entanto, tem demonstrado o contrário, sem que sejam necessárias maiores discussões...” Novamente Thevet demonstra o seu encantamento pela ilha onde chegara. E conta a dificuldade de encontrar água doce, para diminuir o sofrimento dos seus companheiros, com sede (“há três meses”) e com fome “há quatro meses”. Também é ele quem imagina a ilha habitada, cultivada, podendo vir a ser num dos lugares mais belos e também mais ricos do mundo”. Continuando sua narrativa, fala dos ratos em excesso que haveria e de um, em especial, que poderia ser comido: o “soiatã”, como o fazem os “selvagens da América”. E descreve esse animal como de “pele cinzenta”, “carne gostosa como de um lebracho”. Fala também das “serpentes não venenosas, finas e compridas” que encontrou, também apreciadas pelos selvagens... Frei André de Thévet era frade franciscano francês, explorador, cosmólogo e escritor que viajou ao Brasil no século XVI, a convite de Villeigagnon. A sua obra melhor conhecida no Brasil é Singularidades da França Antártica, publicada originalmente como “Les Singularitez de la France Antarctique, autrement nommee Amerique: (et) de plusieurs Terres (et) isles decouvertes de nostre Temps” (Paris, 1557). Nela descreve as suas impressões acerca dos primeiros tempos da tentativa francesa de fundação, na América do Sul, na baía de Guanabara, de uma colônia denominada como França Antártica, por iniciativa do Almirante Nicolas Durand de Villegagnon. Thévet é também autor de “La Cosmographie Universelle” (Paris, 1575). Em seu trabalho, Thévet descreve a natureza com exatidão falando da fertilidade da terra, do clima e demais particularidades. Dois anos mais tarde, em 1558, outro servidor do Almirante Villegagnon, o calvinista Jean de Lery, também passa pela ilha e registra suas impressões: “Navegamos assim muito tempo entre tormentos sucessivos, até cerca de duzentas léguas do Continente; avistamos então uma ilha deserta, redonda como uma torre e que, na minha opinião tinha mais ou menos meia légua de circuito. Costeando-a pela esquerda observamos que a ilha era verdejante de vegetação, embora em pleno mês de janeiro e dela saía uma multidão de aves, muitas das quais vinham pousar nos mastros e cordoagens do navio, deixando-se apanhar com a mão e de longe parecia essa ilha um pombal. Havia pássaros pretos, pardos, esbranquiçados e de outras cores que, no vôo, pareciam grandes mas, depenados, não eram maiores do que um


pardal. A distância de quase duas léguas, à direita lobrigamos uns rochedos em forma de sinos e isso nos inspirou o temor de que os houvesse à flor d´água capazes de nos romperem o casco. Durante toda a nossa viagem de cinco meses, não vimos outra terra além dessas ilhotas que não se encontravam ainda assinaladas nos nossos mapas e talvez não tivesses sido mesmo descobertas.”73 O cronista Jean de Léry, retornando igualmente do Rio de Janeiro (da França Antártica), no seu relato, contido na obra “Viagem à Terra Brasil”, fala do verdor da ilha que avistava bem próxima, embora seja uma breve citação e ele não tenha ele descido nela. Em 1612 é a vez de ser a ilha abordada pelo cronista Fr. Claude d’Abeville, companheiro de Daniel de la Touche, senhor da La Ravardière, o conquistador do Maranhão. Durante 15 dias ele permanece na ilha, descrevendo-a com precisão. “No dia 25 de junho de 1612 ancoramos defronte da ilha. Tem esta ilha cinco a seis léguas de circunferência; é bonita e agradável e uma das melhores terras, si assim se pode dizer, muito vigorosa, extremamente fértil, capaz de produzir tudo quando seja útil. Demoramo-nos ahi quinze dias para refrescarmos e beber água fresca. Encontramos melões, girimuns, batatas, ervilhas verdes e outros fructos excellentes, muito milho e algodão, bois, cabras bravias, gallinhas triviais, porém maiores que as de França, e sobretudo grande quantidade de pássaros de diversas especies desconhecidas, e em numero infinito, o que muito nos agradou por serem bons de comer e de fácil caçada, pois podiam ser mortos no vôo ou sobre as arvores a varadas e cacetadas e até a mão, em seus ninhos. A maior parte delles põem ovos sobre ervas ou mesmo na terra e não se retiram desses logares, embora sejam empurradas a ponta-pés, sem dúvida com receio de não se esmagar os ovos. Parece incrível a grande quantidade de pássaros ahi existentes, mormente pela facilidade com que se apanham e eu mesmo não acreditaria se não visse. Entre as arvores mais notáveis da ilha, há uma muito bonita e agradável, que tem as folhas verdes e muito parecidas com as do loureiro; se por acaso tocaes essas folhas com as mãos e depois coçardes os olhos, sentireis logo tão forte dor por três ou quatro horas a ponto de perderdes a vista. Junto a esta arvores e encontra ordinariamente outra qualidade, ali posta como antídoto por bondade divina, tendo as folhas a propriedade de tirar a dor e restituir a vista, apenas esfregardes com ellas os olhos e como vi acontecer num individuo da nossa companhia... Habita a ilha um portuguez em companhia de dezessete ou dezoito índios, homens e mulheres e crianças, todos escravos e para aqui desterrados pelos moradores de Pernambuco. Baptisados a maior parte deles, casamos dois, 73

Jean de Léry, no seu livro de relatos “Viagem à Terra do Brasil”, Editora Itatiaia Ltda., Belo Horizonte, repete afirmações anteriores de que “aves se deixavam apanhar com as mãos”, mas não menciona explicações a respeito do descobrimento dessa ilha para a coroa portuguesa.


depois de vermos plantado a cruz no meio de uma capela que preparamos pra celebração da missa. Esses pobres índios, bem como os portugueses, receberam dos senhores de Rasilly e la Ravardière tantas finezas que sabendo do nosso projecto de ir plantar no Maranhão a fé e a crença do verdadeiro Deus, para o que levamos quatro padres capuchinhos, pediram-nos com instancia para tiralos deste lugar e leval-os conosco. De muito boa vontade foi satisfeito seu pedido com alegria delles e consolação de todos os seus parentes e amigos residentes no maranhão. ... Depois de demorarmo-nos quinze dias na ilha de Fernando de Noronha, partimos no domingo, 8 de julho, às seis da tarde, trazendo conosco os ditos indios e portugeses.”74 Improvisando uma paliçada, esse frade capuchinho celebra a primeira Missa na ilha. Na obra que publicou sobre esse feito - “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas” – o frade francês incluiu um capitulo “Fernando de Noronha”, com riqueza de informações e curiosidades, como a comparação da árvore que hoje é chamada “Burra-leiteira” com o “pecado mortal”, pela sua bela aparência e, ao mesmo tempo, o perigo que significava. A respeito dessa abordagem, o Padre Arlindo Rubert, na obra “A Igreja no Brasil”, volume II, que trata do século XVIII, falando sobre as “missões e missionários religiosos” que vieram ao Brasil naquele século, refere-se aos “Capuchinhos franceses” e, entre eles, aos quatro frades que embarcaram na “santa esquadra” que ia conquistar o Maranhão. Diz ele que, “abençoados pelo Bispo de Saint-Malo, D. Guilherme Lê Gouvermeur, os frades Fr. Yves de Evreux, Fr. Arsênio de Paris, Fr. Ambrósio d´Amiens e Fr. Claude d´Abeville”, integraram a expedição de conquista, que “parou em Fernando de Noronha e se demorou 15 dias” “plantando” na ilha uma cruz e construindo uma capelinha, onde celebraram Missa”. Dois desses frades relataram, em escritos separados, a aventura vivida e um deles morreu no Maranhão 75. Dessas duas obras, a que passou para a história foi a de Fr. Claude d´Abeville, como único frade a descer e permanecer na ilha por um pequeno espaço de tempo. 76. No registro de Frei Arlindo Rubert, nessa passagem pela ilha, teria sido “construída” uma capela, o que é improvável e, na opinião do historiador Gonsalves de Mello, a palavra em francês usada significaria “improvisar” uma capela para celebração. o que parece mais lógico. 77 Sabe-se que, passados esses quinze dias, abastecendo as embarcações com tudo o que fosse possível carregar (aves, ovos, madeira, etc) a expedição seguiu viagem, até o seu destino, que era o Maranhão. A obra de d´Abeville, publicada em Paris em 1614, 74

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Frei Claude D´Avebille é o cronista da armada de La Ravardière, que ia para o Maranhão, com intenção de conquistá-lo. Sua descrição tão precisa da ilha compõe o capítulo “Fernando de Noronha”, da obra “História da Conquista do Maranhão e Terras Circunvizinhas” Fr. Ambrósio d´Amiens é o frade que morre no Maranhão. Fr. Claude d´Abeville, “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas”. Trad. Sérgio Milet. Do Original editado em Paris, 1614, Livraria Martins Editora, São Paulo, s/d. ( Capítulo “ Fernando de Noronha” ). As outras são “Suíte de l´Histoire dês choses plus mémorables advanus em Maragnon és annés 1612 et 1614”, Paris, 1615, de Fr. Yves de Evreux, destruída na França por razões diplomáticas, restando um único exemplar na Biblioteca Nacional, reeditado em 1864 em Paris. RUBERT, Pe. Arlindo. “A Igreja no Brasil”. Vol. ll. Editora Palotti. Santa Maria. 1982, capítulo X, “Missões e Missionários religiosos (1600-1676).


acabou sendo uma fonte fidedigna de informação sobre o arquipélago brasileiro e, por essa razão, todas as bibliografias sobre Fernando de Noronha a mencionam. Em 1659 o navegador e pirata francês Accarette, em companhia de um barco holandês, comandando por Isaac de Brac, partindo de Buenos Aires, passa por Fernando de Noronha para fazer provisão d´água. Na “Relação de Viagem” que fez, diz ter descido à terra, percebido que ela “não era habitada por pessoa alguma” , que teria sido ocupada pelos holandeses e deveria havia “un petit fort”, do qual não encontrou quase vestígios.78 Em 1698 passa por Fernando de Noronha o navegador francês François Froger, que integrava - como voluntário - uma expedição comandada por M. de Gennes. No livro que escreveu - publicado em Londres, em 1698 e de muito sucesso na época descreveu as aventuras que viveu nessa viagem. Entre elas, afirma o navegador que, depois de praticar a pirataria nas costas do Peru durante sete anos, a expedição havia atravessado o estreito de Magalhães e seguido para a ”Isle Fernand” (Fernando de Noronha), para fazer a divisão dos bens acumulados durante aquele tempo. Não se sabe quanto tempo permaneceu nem a predação que pode ter ocorrido. Um artigo muito interessante, publicado por André Delcourt em Paris 79, com informações inéditas, diz que no começo do século XVIII, havia: “uma pequena categoria de franceses que a conhecia bem: os navegadores “malouins” (do porto de Saint-Malo), que aí teriam feito escala, voltando dos mares do sul, seja da Índia ou China, refrescantes descansos do qual todos guardaram uma forte lembrança; fascinados a tal ponto pela atração da ilha que em certa época aconselhavam a tomada de posse da ilha à Companhia da Índias da França que, com a finalidade de salvaguardar a saúde de suas equipagens de longo curso, estava à procura de uma escala insular disponível no Atlântico sul.” Para o cronista, “uma espécie de miragem brasileira tenha persistido por muito tempo a obsedar as imaginações de navegadores em certos portos franceses”, o que teria levado a Companhia das Índias a procurar esse lugar onde pudessem seus navegadores descansar e se abastecerem de água. E é ele quem indica diversas passagens de franceses pela ilha, fazendo relatórios circunstanciados que diziam o que era ela, naquele começo de século: Em 1705 a tripulação da embarcação “Saint-Charles Berromée” aborda a ilha. Em 1707 é a vez de Dufresne-Marion e Duclos-Jolif, dois oficiais do navio SaintFrançois, fazê-lo. Era o mês de março quando se deu essa abordagem e Duclos-Jolif diz, em seu relatório que “era tudo semelhante como se o fogo tivesse passado, tanto a terra estava seca”. Ainda em 1707 passam pela a ilha o barco “Sábio Salomão”, e o “Phèlypeaux”. Em 1708 é a vez de Boisloré, a bordo do “Toison d´Or”. Este descreve a ilha entusiasmado “com sua bela paisagem, sua vegetação arbustiva abundante, a ponto de terem sido enviados à terra cerca de 60 homens, para brir uma passagem pelo bosque, em busca dos pontos de nascentes d´água abundante e de boa qualidade”. E seus homens se decepcionam ao fazer isso, encontrando a ilha “sem nenhuma 78

A passagem de Accarette pela ilha está contada na obra “La Route de l´Argent, republicada com o apoio do Credit Naval Soder Banque, em 1992, com apresentação de Jean-Paul Duviols. 79 André Delcourt,: “Fernando de Noronha: L´ile Dauphine de la Conpagnier Française des Indes”, artigo publicado no Bulletindes Etudes Portugaises et Brasiliennes nº 44-45, Paris, 1985. que resume, em linhas gerais, um estudo do autor, ainda não editado: “La place de Fernando de Noronha (l´ile Dauphine) dans l´histoire des navigations françaises de l´Átlantique sud”.


vegetação, córregos completamente secos”. Também em 1708, Hardancourt, então oficial do navio “Toison d´Or”, e Tellier, no “Maurepas” fazem escala na ilha. Em 1710 novamente Duclos-Jolif, agora na embarcação “Assomption, aborda a ilha.” Em 1711 é a vez do “Aurora” e em 1718, Préville-Quinette, oficial da “Princesse de Parme”, também o faz. Dos relatos feitos sobre a ilha nessas abordagens, o mais preciso era o de Dufresne-Marion (que passara por ela em 1707), identificando seu cumprimento e largura e outros dados de um bom observador. Tudo indica terem sido apenas paradas para descanso e abastecimento mas serviram para aguçar a cobiça dos navegadores franceses, passasse a ver, na ilha brasileira, o lugar que procuravam para uma instalação definitiva.80 Em 1731, a Companhia das Índias havia enviado - em 19 de setembro daquele ano - duas fragatas para “tomar bom conhecimento no Atlântico de algumas escalas insulares possíveis!”. Eram as embarcações l´Oiseau (o Pássaro) e Hirondelle (Andorinha). Procuraram as ilhas Martins Vaz, aproximaram-se da ilha Trindade (considerada de abordagem difícil). Achou então a Companhia que deveriam ouvir a opinião do diretor dos seus armazéns no Oriente, Despremisnil, de escolher a ilha de Fernando de Noronha para essa empreitada, porque “ela estava abandonada pelos portugueses havia muito tempo, embora reputada por eles como explorável”. Alguns anos mais tarde (sem que se tenha a data precisa), Tellier (o mesmo que nela havia estado em 1708), voltando à França, no navio “Reine”, diz, em seu Relatório, que “acabara de escalar na ilha Dauphine”, lembrando a ilha ao seu comandante Despremesnil, como uma opção de permanência definitiva. Este analisou os dados positivos que possuía: a existência de um pequeno porto natural; uma terra fértil; madeira fácil de cortar; legumes variados; caranguejos da terra que se dizia de bom gosto; cabritos em abundância; excelente peixes de mar... O comandante Despremesnil quis mesmo levar adiante o projeto, dadas as informações recebidas. Esses dados foram repassados para um dos capitães da Companhia da Índias, Lobry que, no comando do “Nereide”, recebeu a missão de “visitar a ilha de Fernando de Noronha, na intenção de aí se estabelecer e fazer, se possível, um lugar de escala para os barcos de primeira navegação (a frota das Índias e da China), com projetos executados no maior segredo”. Também deveria tomar posse da ilha em nome de Sua Majestade, por meio de uma inscrição bilíngüe, em francês e latim, pregada, sem cerimônia, em um poste. Depois, Lobry deveria “repartir os homens que levasse em pequenos destacamentos, para percorrer toda a ilha e prospectar todos os recursos de que ela era susceptível”. A essas equipes caberia coletar amostras das árvores, de plantas, de ervas ou frutos; descobrir as nascentes de água e verificar a qualidade potável dessas águas (que deveriam ser colocadas em garrafas bem fechadas e levadas para serem examinadas na França); as informações deveriam ser colocadas em 80

Essas abordagens estão relatadas na obra de Dahlgren, “Viagens franceses ao mar do Sul”, publicadas em Paris, em 1907.


um Relatório e nele deveriam ser feitas observações sobre “os ventos reinantes”, que era a grande preocupação dos barcos à vela. Essa era, pois, uma viagem de reconhecimento e deveriam ser deixadas na ilha “cabras, bodes. touros, novilhos, galinhas e gatos, para se multiplicarem.” Feito isso, ele e sua gente deixariam a ilha, que já seria chamada, a partir daí, de “Ille Dauphine”. 81 O “Nereide” partir da França em 10 de julho de 1734. Por causa das calmarias, só chegou em Fernando de Noronha em outubro daquele ano. Já em terra, uma grande tenda foi armada, plantada uma cruz sobre um pequeno monte, com a inscrição de posse recomendada. Em coro, os homens cantaram o “Te Deum Laudamus” 82 Todo o reconhecimento da costa foi feito por um dos oficiais (Michel Blain des Cormiers). Em 23 de dezembro o “Nereide” arribou, chegando à França em fevereiro de 1735. Ainda em 1734 é elaborada a carta gravada, de autoria de Philippe Bauche, 1º cartógrafo do Rei de França, publicada em 1738. Colhidas as informações, criou ele um belo trabalho, apresentando a I. Dauphine, “par un navigateur français”. Pela riqueza de detalhes contidos percebe-se a grande visitação de que a ilha era alvo. Sobretudo, a viagem de reconhecimento feita por Lobry, em 1734, na qual detalhes precisos da ilha tinham sido coletados. Na Carta está a referência ao “ancien fort”, que seria o reduto holandês erguido um século antes, pelos holandeses. Também se percebe a compreensão já evidente das diferenças nas profundezas do oceano, pela caracterização dessa idéia no trabalho. A preparação para a posse definitiva continuava. “Canhões de 18 libras” foram encomendados. Até um destacamento de escravos foi pensado, “para ajudar os brancos encarregados do serviço”... O custo dessas novidades assustou os financiadores da Companhia, que se negaram a fazer o que se pretendia. Surgir então o 2º plano, que seria o de enviar um pequeno contingente, com 13 homens, que se estabeleceriam precariamente, aos quais seriam remetidos víveres para sua permanência. Esse pequeno grupo seria comandado por um oficial, teria um cirurgião, soldados e marujos-artesãos. Foi-lhes recomendado reagir, se houvesse algum entrave, dizendo que “a posse da ilha tinha sido feita em nome do Rei de França, em 1734” e denunciarem isso aos países para onde fossem transportados. Em agosto de 1735, o capitão Bocquet de Fontene recebeu instruções para conduzir à Ilha Dauphine uma fragata, com os 13 homens e seus víveres, “material de construção para habitações pequenas, utensílios de carpintaria e de pedreiros, armas e munições para caça”. Em dezembro deste ano a comitiva chegou ao seu destino. Em 1º de janeiro de 1736, hasteou-se no “monte do forte” (do “ancien fort”, do tempo dos holandeses) a bandeira com a flor-de-lis. As chuvas, os desgastes naturais do que fora usado nas construções, não abateram o ânimo daqueles 13 homens isolados... 83 1736 é o ano em que, oficialmente, Fernando de Noronha foi ocupada pelos franceses da Cia. das Índias Orientais, que a rebatizaram de “Isle Delphine” ou “Dauphine” e nela permaneceram um ano, até serem desalojados pelos enviados da Capitania de Pernambuco, sob o comando de João Lobo de Lacerda. Durante esse

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Dados constantes da obra de André Delcourt, já mencionada. tradicional canto de louvor da Igreja Católica. 83 Dados pormenorizados no excelente artigo de André Delcourt. Parte da documentação por ele consultada foi o conjunto das 86 peças manuscritas, por Despremesnil, constantes do dossiê dos Arquivos do Serviço Hidrográfico, publicados na Bahia por Ignacio de Cerqueira e Silva “Memórias Históricas e Políticas da Província da Bahia”. 82


tempo ergueram casas de moradia e armazéns para estocar alimentos, plantaram e criaram animais. Pereira da Costa assim descreve a ocupação, e as providências tomadas pelo governador e capitão-general da capitania de Pernambuco, Henrique Luis Vieira Freire de Andrade: “Por Carta do Conde das Galveas, vice-Rei e capitão-general do Estado do Brasil, e do governador Duarte Sodré Pereira, fui informado de que chegando em 29 de maio do ano passado, um navio português, abrigado dos ventos, à ilha de Fernando de Noronha, situada ao sul da linha 3º de latitude e 50; e de long., 350º e afastada da costa do Brasil 59 léguas, acharam nela arvorada uma bandeira branca e no porto uma lancha e um escaler encalhados e, em pouca distância da praia, algumas barracas armadas, hortas, roças, criações de aves e animais, e que, desembarcando em terra, levado da curiosidade, por saber que a dita ilha estava despovoada, desde o tempo em que os holandeses, ocupando as costas de Pernambuco, levaram dela os habitantes, encontraram doze homens, que lhes disseram serem franceses e acharem-se ali porque fazendo viagem à Índia, foram obrigados por fazer água o navio, a encalhar naquela ilha, onde estavam esperando outro para os transportar: o que se convencia de falso, não só pelos referidos sinais de estabelecimento que encontrava a ilha, mas porque o capitão do outro navio português , vindo da costa de Mina, atestara haverem-lhe dito na mesma costa dois capitães franceses, que a Companhia Oriental da sua nação mandara ocupar e povoar a dita ilha, por cuja causa o referido vice-rei se resolver a mandar averiguar com mais individualidade o que nela se passava, por uma embarcação ligeira que a este fim despachou, dando ao mestre as instruções convenientes... ... pelos referidos papéis ficareis informado da estranha ousadia daqueles homens que, com a maior probabilidade, se podem chamar piratas, do que comissários da Companhia Oriental Francesa, por não ser crível que esta adotasse um projeto tão irregular e injusto, como o de querer apossar-se de uma ilha, que indubitavelmente é, e foi sempre pertencente à minha coroa, desde o seu primeiro descobrimento e que, até no nome, mostra ser colônia portuguesa...”84 No mesmo documento, são dadas ordens expressas ao governador que “para evitar estes e outros inconvenientes”, sejam os franceses “desalojados”, bem como sejam levantados, no porto, “alguma fortificação para sua defesa, ponde nela presídio capaz de resistir a alguma invasão repentina”. Também é autorizada a remessa de “16 peças de artilharia, armas, instrumentos de mover a terra e os mais petrechos e munições” e mantimentos, proporcionando “ao presídio que nela há de ficar” para nada lhe falte. Outra ordem curiosa é que o emissário deveria chamar as “pessoas mais distintas que se achar na ilha e lhes estranhe o atrevimento de se irem estabelecer em uma ilha que não podiam ignorar ser pertencente à coroa”... A ação é chamada de “abominável” e merecedora de castigo “com a severidade que merece seu procedimento.”

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Carta Régia dirigida ao governador de Pernambuco, Henrique Luis Vieira Freire de Andrade, de Lisboa-Portugal, em 26 de maio de 1737.


Neste importante documento, transcrito na íntegra pelo historiador Pereira da Costa, está também a identificação daquele que, provavelmente, comandava o grupo de franceses que se haviam apoderado da ilha: é João Dainçaint, que teria sido admitido por Portugal no posto de capitão-de-mar-e-guerra e se havia ausentado dele há anos, tendo passado para as Ilhas de Cabo Verde, onde cometeu diversos crimes que resultaram na sua prisão. Esse possível líder deveria ser preso a ferros, trazido para o Recife, posto numa prisão, até ser remetido para a prisão de Limoeiro, em Portugal. Em outubro de 1737, parte para Fernando de Noronha, em uma fragata de guerra, uma expedição militar composta de 250 homens, da praça do Recife, sob o comando de João Lobo de Lacerda, tendo como missão recuperar a ilha da ocupação francesa, que já era formada por 25 homens. Isso se fez. Não houve resistência. Todas as reservas e víveres dos franceses foram confiscados. Transferidos para Pernambuco. “Lesquelin, commandante da guarnição francesa de occupação, o entregou sem resistência alguma em outubro de 1737. Pode dizer-se que data dahi a verdadeira occupação desse archipelago pelo governo de Lisboa, com a construção dos fortes dos Remédios, Santo Antonio e Conceição, e com o início do seu povoamento e da cultura do seu solo”.85 Após a retomada da ilha, os franceses foram levados para Pernambuco, onde foram encarcerados “em prisões separadas”, “seus papéis restituídos, salvo o ato de tomada de posse” que acreditavam poder exibir, em sua defesa. Essa prisão se deu em 13 de novembro e se prolongou até 06 de abril de 1738, quando foram embarcados em um navio de guerra que ia para Lisboa, onde chegaram em 20 de julho daquele ano. Ainda ficaram retidos no navio, só descendo à terra dias depois. Cumprindo o que lhe fora recomendado, o oficial comandante, Lesquelin, dirigiu-se ao Cônsul geral da França em Lisboa, François du Vernay. As negociações que se seguiram permitiram que, em 30 de julho, fossem esses 25 homens embarcados para a França no navio São João Batista. A Corte de Lisboa, retardando o processo pelo qual os franceses da Companhia das Índias Orientais pediam para "manter na ilha um estabelecimento sólido, que tivesse apenas a função de servir de bom descanso para suas embarcações", em espírito de conciliação “pois eles não poderiam fazer suspeitas nem causar perigo às colônias portuguesas”, acabou por não atendê-la. Um registro de 1746 sinaliza uma tentativa de abordagem da ilha por naus francesas, que teria havido em 1745: “Dom João por Graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves e dalém mar em África, senhor da Guiné, etc. Faço saber a vós, governador e capitãogeral da capitania de Pernambuco, que vosso antecessor me deu conta, em carta de 24 de Junho do ano passado (1745) que da ilha de Fernando de Noronha estiveram três naus francezas vindas de Calhão de Lima para Cadix e S. Mallo, carregadas de ouro, prata, cacau e couros e que com o barco da mesma ilha arribaram ao porto do Rio Grande do Norte. (...) que se cometa ao almoxarife faça as diligências que lhe parecer fossem convenientes e que os soldados com as ditas diligências sejam remetidos a essa capitania de Pernambuco aonde as justiças ordinárias procederam na 85

Orlando Machado, Archipelago de Fernando de Noronha; descrição e viagens. São Paulo, Tipographia. Siqueira, 1920. 37p.


forma do direito. (...) Theodoro de Abreo Bernardes a fez em Lisboa a 5 de Dezembro de 1746.” Essa é a frota francesa que voltava da China e encontrou-se – diante da ex-ilha Dauphine - com outra, que vinha do Senegal, e de lá seguiram para a França, escoltadas por dois navios do rei, comandadas pelo marquês de Galissonnière. Em 1816, em um cruzeiro sul-americano, no navio Hussard, passando ao largo de Fernando de Noronha, um oficial da Marinha Francesa, o comandante d´Arod, avista a antiga “Ilha Duphine” e fala sobre o que via: “... eu notei algumas casas bastante primitivas junto a um forte desarmado... um pouco mais longe, outras baterias onde não descobri nem canhões nem soldados; nenhum homem se apresentou nem sobre a margem (praia), nem na frente das casas... eles não têm mesmo hasteado o pavilhão português...”86 É curioso esse relato, transcrito por André Delcourt. Um ano mais tarde, por causa da Revolução Republicana em Pernambuco, tudo foi realmente arrasado: plantações, casas, fortes. Mas em 1816 muito já estava construído. Reconquistada a ilha, ficou Lobo de Lacerda desempenhando o cargo de comandante, iniciando imediatamente a fortificação da mesma, conforme tinham sido delineadas pelo engenheiro autor do projeto do sistema fortificado noronhense 87. Mesmo tendo sido derrotados os franceses, parece que a Companhia das Índias Orientais não havia abandonado de todo o propósito de ocupar a ilha brasileira. Informado disso o governo brasileiro, pelo seu embaixador em Paris, Dom Luis da Cunha, sob uma expedição de duas fragatas francesas, com 300 homens, foi enviada para lá, como defesa, a nau N. Sª. da Glória, “de 71 peças, convenientemente guarnecida, a esperar os navios franceses, com ordem de só lançar mão de força se fossem por eles atacada”. Nada disso foi necessário, tendo os franceses desistido da posse da ilha. 88 Em 1748 travou-se uma luta nas águas do arquipélago, entre dois barcos corsários ingleses e dois navios franceses vindos da China e que vinham tentar se abastecer na ilha e aí deixar 72 doentes atacados do ”mal de Loanda”. Mesmo já ocupada pela gente de Pernambuco, o antigo costume de usar-se o espaço insular para abastecimento continuava a atrair estrangeiros. 89 A simples presença desses navios nessas águas despertou preocupações em Pernambuco, temendo uma nova invasão francesa. Por essa razão, todas as fortificações foram vistoriadas e apetrechadas, com vistas à defesa de Fernando de Noronha. Em 1767 o navegante francês Louis de Bougainville participou de uma viagem exploratória, realizando uma volta ao mundo nas fragatas “la Boudeuse” e “L`Etoile” de 1755 a 1769. Ao passar pelo Atlântico, fez referências a Fernando de Noronha, onde passou muito rapidamente. 86

Novamente André Delcourt é quem dá essa informação. O estrategista português Diogo da Silveira Veloso. 88 Toda a descoberta e afastamento dos franceses que se haviam apoderado da ilha está contida nos Anais Pernambucanos, do grande historiador Francisco Augusto Pereira da Costa. 89 A informação somente é dada pelo historiador Flávio Guerra, na obra “Alguns documentos de Arquivos Portugueses de interesse para a História de Pernambuco”, publicado pelo Arquivo Público Estadual, em 1969. 87


Em fevereiro de 1793 “arribou” de Fernando de Noronha o bergantin francês “Le Diligent”, que se aproximara ainda para se reabastecer. No entanto, tendo sofrido uma avaria na praia do Sagi90 e como essa embarcação estava sendo vigiada, parte dos seus marinheiros e o comandante Tersesson foram presos e remetidos para Portugal. O restante ficou detido no arquipélago, sob custódia do comandante do presídio ali existente. Nos séculos seguintes os FRANCESES voltariam a Fernando de Noronha, não mais como invasores e sim com o objetivo de prestar cooperação técnica e artística. A primeira delas se dá com passagem do pintor francês Jean Baptista Debret, no final de março de 1816, a bordo do veleiro americano Calphe, como integrante Missão Artística Francesa que se dirigia ao Rio de Janeiro. Amargurado pela perda recente de um filho, entregou-se à tarefa de retratar o Brasil em 145 estampas, sendo a primeira delas exatamente o ”Morro do Pico”, em aquarela sobre papel, na série “Litoral Brasileiro”, hoje acervo da Fundação Raymundo Ottoni de Castro Maya, na Chácara do Ceú, no Rio de Janeiro e disponibilizada sua reprodução para o acervo documental noronhense. 91 No século vinte, duas marcantes presenças ocorreram: Em 1914, com o Cabo Francês, depois de lhe ter sido sub-rogado a antiga “Compagnie des Cables Sud-Americais” que se havia instalado em 1893, (estação de cabos submarinhos ingleses “Índia Rubber”, outrora “South American Cables Limited”), para continuarem a prática da cabografia transoceânica. Nessa nova fase de comando, a base do Cabo Francês foi implantado num chalé localizado ao lado do Presídio Feminino / Aldeia dos Sentenciados, no centro histórico da Vila dos Remédios. No seu Interior, ficavam os instrumentos utilizados na telegrafia a cabo. Anos mais tarde, os problemas com a casa que ocupavam levou os franceses a entenderem-se com os italianos que, à essa altura, também viviam na ilha, com trabalhos semelhantes. Daí – já na década de quarenta - os dois grupos passaram a ocupar o mesmo casarão na praia da Italcable. Foram os técnicos do Cabo Francês e da Rádio-telegráfica de Fernando de Noronha que ficaram em contato permanente quando da travessia do Atlântico pelos pilotos italianos Arturo Ferrarin e Carlo del Prete, no avião Savoia Machetti, em 06/08/1928, ajudando-os na travessia, um feito notável, para a época Em 1927, cria-se o espaço para apoio à aviação comercial francesa que se firmava, com a Compagnie Genèrale Aeropostale, precursora da Air France, instalandose na extremidade da ilha principal, na região que até hoje é chamada “Air France”. Era o ano em que a antiga Lateocoère (1ª empresa comercial francesa de aviação, criada em 1918) tinha sido reformulada, com a entrada do magnata Marcel Boluilloux Lafont e, para expandir sua ação e prestar apoio ao Correio Sul que se iniciava, tinha decidido instalar-se em meio ao oceano Atlântico, na ilha de Fernando de Noronha, com sua Estação montada em fins de 1927, começo de 1928, após sondagem de opiniões junto aos antigos servidores da Aeropostal.

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Não há indícios de identificação que praia seria essa. A imagem da aquarela pintada por Debret aparece no capítulo 9: “As muitas formas de Arte em Fernando de Noronha em todos os tempos”.


Na região escolhida, três edifícios foram implantados, com todo o conforto possível, inclusive com geração própria de energia de ventos, farto armazenamento d´água, excelentes banheiros e uso de “frigidaire” (geladeira), quando ninguém no arquipélago tinha essas regalias. Havia ainda uma Rádio Emissora que garantia a orientação necessária. “No porto de Santo Antônio estão as bases para amerrissage dos seus apparelhos de navegação aérea. Mr. Raoul Cazes toma a si a tarefa de tudo nos mostrar. Transpondo o pequeno jardim que circunda a casa de moradia, ingressamos depois numa sala cheia de claridade. Uma quietude absoluta quebrada, apenas, pelo zunir do vento entre as frinchas das janelas. Vamos Ter, em seguida, ao segundo edifício, no qual se acha installada uma Estação Radio Emissora, de ondas curtas, auxiliar no Serviço de Vigilância do Tráfego da Companhia. Mr. Cazes convida: - Vamos ao Almoxarifado. Um pequeno appartamento em que, dispostas em boa ordem, encontramos um numero considerável de peças de apparelhos radiotelegraphicos, as mais diversas... ... Conquanto a escassez de agua, em toda a ilha seja, em certa época, um tormento, a previdencia aconselhara aos dirigentes da Comnpanhia a fazer custosas installações para conseguir, com abundância, o líquido insubstituivel. ... Boas instalações sanitárias e excellentes banheiros completam o conforto dos empregados da Companhia Aeropostal, no degredo de Fernando de Noronha”92 Esse espaço acolheu famosos aviadores franceses, como Jean Mermoz, Saint-Exupèry, Debry, Jean Gerard Fleury, este último responsável pelo resgate histórico de toda a epopéia da aviação francesa e a divulgação desse trabalho em diversas obras publicadas pela companhia aérea Air France. O primeiro avião terrestre com escala transoceânica foi o “l´Arc-en-ciel”, em 14 de junho de 1934. O terreno se revelando impraticável como escala, trouxe o “l´Arc-en-ciel” no mesmo dia para Natal. Alguns vôos aconteceram durante algumas semanas em “Fokker”, para melhorar a rapidez do correio entre Noronha e Natal: trajeto Dakar – Noronha. O trajeto foi abandonado na chegada dos “Farman” na linha, isso num período muito curto. Entretanto, outros aviões de outras companhias aéreas usaram a base como escala, provavelmente companhias semanas em “Fokker”, para melhorar a rapidez do correio entre Noronha e Natal: trajeto Dakar – Noronha. O trajeto foi abandonado na chegada dos “Farman” na linha, isso num período muito curto. Entretanto, outros aviões de outras companhias aéreas usaram a base como escala, provavelmente companhias portuguesas e alemãs. A Estação de Rádio funcionou até 1940 e também durante a 2ª Guerra, com viagens dos

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Relato do jornalista Amorim Neto, na obra “Fernando de Noronha”, escrito em 1930 e publicado em 1946, na Editora “A Noite”


aparelhos entre as Américas e a África. Os rádio-operadores mais conhecidos, entre 1927 e 1940, foram Couilbeau e Lacoste.93 A base da Aeropostal de Fernando de Noronha prestou auxílio aos hidroaviões e aviões que procuraram o arquipélago para apoio e solução dos problemas técnicos com seus aparelhos de vôo. A base existiu para que, no mar próximo a ela, amenizassem os seus aeroplanos e se fizesse o transporte postal entre o continente europeu e o americano, com o apoio dos “navios de avisos”, fundeados nas proximidades da ilha, equipados com estações raioganiométricas, fornecendo rotas seguras mesmo à noite. Em 1934, Jean Mermoz - um dos mais famosos aviadores franceses, realizou na ilha uma das primeiras aterrissagens (até então apenas hidroaviões voavam para lá e amerrizavam em suas águas) e, após ter feito um pouso forçado com o avião “L’Arc-enciel”, foi conduzido - em liteira - nos ombros dos presos que viviam na Colônia Correcional que funcionava em Fernando de Noronha. Depois desse episódio e a pedido da Air France, o Departamento de Aeronáutica Civil do Brasil construiu na ilha principal a 1ª pista de pouso de aviões do arquipélago94 que, segundo Orlando Machado, “era um aeródromo próximo à Quixaba, com 800m X 40m”. 95 Toda essa história marcante, quanto aos feitos ligados à aviação francesa, foi trazida à tona quando – em outubro de 1998 - a ilha serviu de palco para o primeiro pouso de um hidroavião Catalina, de 1935, completamente restaurado, revivendo o histórico vôo do Correio Sul, numa iniciativa da Companhia Aeropostal, recentemente recriada em Paris, subsidiária da Air France. O feito mobilizou a comunidade noronhense, especialmente os jovens, que viveram a experiência impar de conhecer de perto uma aeronave antiga, preparada para homenagear os heróicos vôos do começo do século XX. São muitas as razões de reconhecer-se nos franceses o povo mais presente na história de Fernando de Noronha, em todos os tempos. E as marcas deixadas, na identificação de alguns lugares do arquipélago – Air France, morro do Francês - tornam essa presença ainda mais forte e inesquecível.

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Depoimento em carta de Jean Lasserre, da Air France, de Paris. No livro “Mês vols”, publicado em Paris, o próprio Mermoz narra o acidente sofrido , incluindo nele o capítulo “Fernando de Noronha” . 95 Assim ele o identifica em "Archipelago de Fernando de Noronha", descrição e viagens", publicado em 1920. 94


A OSCAR NIEMEYER, O SENHOR DAS CURVAS, BRILHANDO AGORA ENTRE AS ESTRELAS (15/12/2008 – 5/12/2012 DILERCY ARAGÃO ADLER

No dia 05 de dezembro de 2012, observou-se um brilho no céu, que habitava na terra, dirigindo-se ao seu lugar de origem -o infinito céu azul- que nem sempre brilha em sua total intensidade, porque algumas estrelas são impedidas de brilhar. Mas Oscar não irradiava apenas o brilho intenso de uma estrela, mas de uma plêiade, ou seja, de um coletivo de estrelas; ele não equivalia a um homem ilustre, mas a um coletivo de inteligências, sensibilidades e humanização. No século XVI, surgiu o primeiro movimento organizado da poesia francesa que ficou conhecido como Plêiade. Um grupo de poetas que, como as sete estrelas da constelação homônima, era composto por Pierre de Ronsard, Joachim Du Bellay, JeanAntoine de Baïf, Rémy Belleau, Étienne Jodelle, Pontus de Tyard e Jean Dorat. A Plêiade brasileira é constituída por um homem mútiplo, um super-humano (não um super-homem), no qual se encontra: o arquiteto, o artista, o poeta, o fotógrafo, o detentor de sensibilidade aguçada, o homem ativo que põe entusiasmo no que faz,. “monstro sagrado”. Nas palavras do seu neto Kadu: “Meu avô é uma pessoa tão simples e isso me assusta”. Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares, mais conhecido por Oscar Niemeyer, nasceu no Rio de Janeiro, mais precisamente no Bairro das Laranjeiras, no dia 15 de dezembro do ano de 1907, num mês de Natal, de festas, de confraternização, de Paz mundial. Nasceu em uma família de brasileiros, que no geral tem ascendência multirracial. De modo que a sua origem étnica resultou da fusão de três povos: alemão, português e árabe. Seus pais, Oscar de Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro de Almeida. Segundo Carlos Eduardo de Almeida Barata (entre 1988 e 1989), o ancestral mais remoto que encontrou da família de Niemeyer foi o Tenente-General Jacob Conrado Von Niemeyer, nascido em Hanover, Alemanha, em torno de 1728, e que se distinguiu entre os oficiais dos antigos exércitos da Alemanha. Pelos nomes próprios dos componentes da árvore genealógica de Niemeyer, nomes bíblicos, pode ser inferido origem judia, ou seja, judeus alemães. Se assim for, rendo também homenagem aos judeus, cuja inteligência se observa em grandes nomes das ciências e das artes, a


exemplo de Freud, Alfred Adler, Wilhelm Reich, Frederick Perls, Abraham Maslow, Martin Buber, Edmund Husser, Hannah Arendt, Albert Ellis, Aaron Beck, entre outros. O “Senhor das Curvas” fez uma bela e apaixonada poesia realçando as curvas e dentre elas, a do corpo da mulher amada, retratada no “POEMA DAS CURVAS” transcrita a seguir para o seu deleite, caro leitor: POEMA DAS CURVAS Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher amada. De curvas é feito todo o universo. O universo curvo de Einstein.” Oscar Niemeyer (Fevereiro de 1988)

Biblioteca Victor Civita, no Memorial Memorial da América Latina

Essa poesia tem uma história interessante na minha vida. Para mim, significa a descoberta do poeta de grande sensibilidade, que até então eu não conhecia. E a história assim se inicia: Estava eu assistindo a uma entrevista de Niemeyer (em um programa de televisão) quando me surpreendi com a leitura, em sua própria voz, desse seu poema: “POEMA DAS CURVAS”. Sobressaltei-me deveras! Pois, até então, desconhecia essa sua virtude (Fazer poesia é virtude! É missão! É mostrar o mundo de forma diferente, sem deixar de dizê-lo, em sua essência! É encontrar o belo no mais inusitado objeto, na mais esdrúxula situação, como demonstrarei mais à frente através de uma poesia que fiz


para a POESIA e outra intitulada POEMA). E, rapidamente levantei-me (e não para contradizê-lo, ou contestar a sua obra-prima, até porque como mulher, sinto-me homenageada), tomei uma caneta, que sempre deixo juntamente com um bloquinho de notas, na minha mesinha de cabeceira, e começei a escrever a “LINHA RETA”, dedicada a ele, com muito carinho. E por que fiz a Linha Reta? Como já me referi, não como contestação, mas como afirmação da beleza universal de homens e mulheres de todas as raças, de todos os credos, do mundo inteiro e vejo as duas linhas (curva e reta) retratadas em muitas de suas obras e, como exemplo, o Centro Cultural Internacional (Espanha), que apresento a seguir juntamente com a poesia Linha Reta.

Centro Cultural Internacional (Espanha)

LINHA RETA (a Niemeyer) Eu admiro a linha reta ao pé da montanha por sobre o planalto também na asa delta em linha obliquamente ereta durante o seu voo... eu me embeveço com as retas das longas estradas que também serpenteiam arrastando sonhos levando saudades deixando a esperança de rever breve breve o ser amado... eu mergulho irresponsavelmente na linha reta do horizonte entre o mar e o céu entre o negro e o azul entre a vida e a morte entre o ódio e o amor do teu dicionário...


eu me completo e me perco na linha reta do homem amado mas celebro minhas curvas que se entregam às retas complementando a mais bela figura geométrica!! (ADLER, 2008, p.57)

E, como já me referi, a poesia traduz o belo em suas infinitas formas (objetos, situações e pessoas), em suas infinitas linguagens. POESIA Dilercy Adler Eu te capto entre os espigões de concreto que se afogam no mar morto do asfalto... eu te vejo mesmo na solidão do eco do salto alto nervoso apressado... eu te acho no poço escuro sombrio do elevador lento e inabalável... eu só me calo quando me falas eu sempre grito as tuas dores mas também digo os teus prazeres e ainda bendigo por me fazeres teu instrumento!!! ADLER, 1996, p. 23

Assim como os diferentes, intrigantes, mas instigantes sentimentos humanos! POEMA Dilercy Adler No frio e pálido papel eu me debruço debulho irrefutavelmente tantos prantos quanto me custa! degusto lenta e prazerosamente todos os sabores


que me devassam e afloram corpo e mente quantos licores! E o papel se enche transborda vida!!! TERESINKA PEREIRA, grande poeta e ativista cultural brasileira, radicada nos Estados Unidos, há muitos anos, que tem um pródigo trabalho, tanto de sua própria lavra como de divulgação de escritores e artista brasileiros para o mundo, também presta a sua homenagem ao grande Arquiteto Niemeyer com a poesia “OSCAR NIEMEYER” que tenho a honra de inserir nesta homenagem. OSCAR NIEMEYER 15 DE DEZEMBRO 2008 - 5 DE DEZEMBRO 2012 Teresinka Pereira No sepulcro de Niemeyer ponho o ultimo arco-íris de Brasília e o delírio do brasileiro cuja esperança o levou para trabalhar na construção da mega capital com os braços febris buscando edificar seus sonhos. Também ponho o infinito do espanto frente à morte de quem parecia eterno e a incansável ilusão do poder da arte na armadilha da história. É esta a nossa homenagem a este grande poeta que traduz o mundo humano em palavras, imagens, traços, projetos, trabalhos e AMOR. Muito amor em tudo o que realizou e no amor dirigido à humanidade, principalmente quando em sua trajetória de vida sempre se posicionou junto àqueles que sonhavam um mundo mais equânime, com sociedades mais humanizadas, no verdadeiro sentido da palavra. Niemeyer se despede do mundo humano também em um mês de dezembro! O seu brilho continuará intenso e vivo eternamente, irradiando amor e esperança. Que nós continuemos a nos extasiar com tudo o que ele fez de bom, de belo e de fraternal... Fraternidade Universal!! É importante destacar o que só um homem genial pode dizer:


O importante pra nós em todos os sentidos é a liberdade. Tem que haver fantasia, tem que haver uma solução diferente. [...] e nós estamos livres pra fazer hoje o passado de amanhã.

Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito. Eu tinha que atender. Fui pro hotel e fiz, trabalhei a noite inteira e no dia seguinte compareci. E ele compreendeu que comigo ele podia correr, não é? Mais importante do que a arquitetura é estar pronto pra protestar e ir na rua, isso que é importante, é o sujeito se sentir bem [...], que ele tá ali pra ser útil... A primeira vez que eu fui à Brasília de avião, a gente foi com os militares. Eu sentei ao lado do Marechal Lott e, no caminho, ele me perguntou: ‘Niemeyer, o nosso edifício vai ser clássico, né?’ Eu até disse, sorrindo pra ele: “o senhor, numa guerra, o que vai querer? Arma antiga ou moderna? E Brasília foi assim uma aventura, cheia de problemas e desencontros, desconforto... a gente mal alojado. Mas havia determinação do JK, e a coisa prosseguiu. Porque eu acho que a vida é assim. A gente tem que separar as coisas. A vida é chorar e rir a vida inteira. Aproveitar os momentos de tranquilidade e brincar um pouco. Depois, os outros é aguentar. A vida é um sopro né? Todos temos dentro de nós um ser oculto, que nos leva pra um lado ou pra outro. O meu é esse: ele gosta das coisas, ele gosta de mulher, gosta de se divertir, gosta de chorar, se preocupa com a vida. [... ] O sujeito nasce branco, preto, amarelo, azul, rico, pobre, inteligente. Então a gente tem que aceitar as pessoas como elas são[...] “O senhor não tem prazer em saber que mais tarde o sujeito vai passar e ver o trabalho que você fez”? Ah, mais tarde o sujeito vai desaparecer também. É a evolução da natureza. Tudo nasce e acaba. O tempo que isso vai perdurar é relativo.“ Você olha pro céu e fica espantado. É um universo fantástico que nos humilha e a gente não pode usufruir nada. A gente fica espantado é com a força da inteligência do ser humano, que nasceu feito um animal qualquer, e hoje pensa, daqui a pouco está andando pelas estrelas, conversando com os outros seres humanos que estão por essas galáxias aí. Mas no fim, a resposta de tudo isso é isso: nasceu, morreu[...]”

E eu ouso acrescentar: Você, grande artista, arquiteto, poeta, não só estará andando pelas estrelas, mas brilhando entre elas! REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão. (Organizadora) Circuito de Poesias Maranhense. São Luís/MA: CEUMA. 1996. ________. Poematizando o Cotidiano ou Pegadas do Imaginário. Rio de Janeiro: Blocos, 1997. ________. Desabafos... Flores e Plástico... Libidos e Licores Liquidificados. São Luís/MA: Estação Produções, 2008. Boletim da A3P (Associação dos Antigos Alunos da Politécnica), BARATA, Carlos Eduardo de Almeida. Os Niemeyer - mais de 200 anos a Serviço da Engenharia no Brasil. Números 104, 106 e 108. Publicado entre 1988 e 1989. PEREIRA, Teresinka. OSCAR NIEMEYER:15 DE DEZEMBRO 2008 - 5 DE DEZEMBRO 2012. Texto Mímeo, 2012.


IHGM NA Mテ好IA


SÍNTESE HISTÓRICA DO REI SALOMÃO OSVALDO PEREIRA ROCHA Registra a História divulgada na Internet, em livros e nos Templos Maçônicos, que Salomão foi Rei de Israel, tendo assumido o trono aos vinte anos de idade, sucedendo ao seu pai, Rei Davi. Que foi o mais sábio e o mais rico dos monarcas hebreus. Que reinou por quarenta anos. O seu governo foi um período de paz e trabalho; de prosperidade; de glória. Teve à sua disposição cerca de mil e quatrocentas carruagens, assim como mais de doze mil homens para delas e dos cavalos cuidar. Com elas e eles Salomão contou para enfrentar as guerras. Construiu um monumento maçônico dedicado a Abraão e que este não pôde construir – o Templo do Rei Salomão – com a valorosa colaboração do Rei Hiram, de Tiro, que lhe cedeu madeira – os cedros do Líbano – e milhares de operários, dentre estes o mestre Hiram Abi, que se tornou personagem alegórico da Maçonaria moderna. A construção simbólica desse templo significa maçonicamente a construção de uma sociedade, justa e perfeita. Registra também a história que esse templo foi destruído por Nabucodonosor, Rei da Babilônia e que um segundo templo foi construído no mesmo local do anterior, entre os anos 520 a 516 a.C. Quando da morte do Rei Davi, segundo informações contidas em documentos particulares de ordens iniciáticas, Salomão estava no Egito, para onde fora tomar conhecimento de como estavam sendo dirigidas as Escolas Iniciáticas. Ele tinha por objetivo expurgar as influências negativas ou as mentiras dentro das fontes do conhecimento, ou seja, buscar a verdade. Salomão é o nome mais respeitado para milhões de pessoas em todo o mundo. Foi Iniciado nos Grandes Mistérios em Memphis, em uma Escola ligada à Grande Fraternidade Branca, na época sediada no Egito. Salomão teve a ainda tem papel importante na simbologia maçônica. Quando da posse de um Venerável Mestre de uma Loja Maçônica, este é empossado no Trono de Salomão. E este nome aparece em destaque nos Altos Corpos Filosóficos Maçônicos. Segundo a Bíblia Sagrada ele proferiu três mil máximas, compôs mais de mil cânticos e discorreu sobre temas atinentes à política e à história natural, além de haver composto Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Provérbios e o Livro da Sabedoria. Há quem diga que este não é de sua autoria, mas que foi escrito à maneira dele. O Cântico dos Cânticos ou Cantares de Salomão lido pelos judeus na Sinagoga durante a Páscoa é interpretado como alegoria das relações de IAVÉ com o povo de Israel; já os cristãos afirmam que o noivo do poema seria o Cristo; a noiva, a Igreja; o corpo místico, a alma dos crentes e a irmã sem peitos, os gentios. Diante do exposto, esse livro tem dado interpretação divergente pelos judeus e cristãos. O Livro da Sabedoria ou Sabedoria de Salomão foi escrito pelo Rei Salomão, o mais sábio dos homens. Essa afirmação de que Salomão teria sido o mais sábio dos homens não é exagero, visto que nas artes, nas ciências, na literatura e na política, ele foi incrível e muito além do que humanamente era possível.


Sua obra literária e o templo que construiu são partes inseparáveis de nosso sistema maçônico simbólico e filosófico. E meu saudoso pai, Antonio da Silva Rocha combinou com minha mãe, Luiza Pereira Rocha, para que o nome do primeiro filho do casal fosse Salomão, e assim foi feito.


DOIS PADRES E UMA MEMÓRIA NOS 400 ANOS DE SÃO LUIS Artigo publicado no JORNAL DO MARANHÃO, setembro, 2012.

RAIMUNDO GOMES MEIRELES Há quem diz que a origem da história da fundação da cidade de São Luís se confunde com a história da Igreja católica em terras maranhenses. Fato notável que não deixa de ser uma pura e simples verdade. Na oportunidade, poderíamos fazer referência a tantos padres de nossa Arquidiocese, que foram grandes baluartes em São Luís, no Maranhão e fora dele. Homens com espiritualidade centrada na evangelização do povo de Deus. Padres abnegados, lutadores, gigantes da fé, na sua maioria morreram pobres, despojados de bens patrimoniais. Evita-se citar nomes, para não incidirmos na injustiça. Trazemos à baila dois nomes que marcaram a história da nossa Arquidiocese na década de 40 do sec. passado. Trata-se de Mons. José Maria Lemercier e o Côn. João dos Santos Chaves. Nas datas do falecimento desses religiosos a cidade de São Luís simplesmente parou, assim noticiaram os jornais da época. O curioso é que o intervalo da data do falecimento de um para outro foi apenas de dois dias! Mons. Lemercier, como era conhecido entre nós, nasceu no dia 17 de Junho de 1877, na cidade de Marselha, na França. Filho de Lourenço Lemercier e Adelia Guioux Lemercier. Realizou os estudos eclesiásticos no tradicional Seminário de S. Suplício em Paris. Chegou a São Luís em 1908, quando Dom Francisco de Paula e Silva foi eleito bispo do Maranhão. Durante vários anos exerceu cargo de chanceler do bispo d. Francisco, tendo sido depois da morte daquele saudoso antistite, pároco da Paróquia São João Batista. Posteriormente, esteve nas dioceses de Belém do Pará e de Manaus, onde desempenhou funções eclesiásticas de grande importância. Além do exercício dos ofícios eclesiásticos, como em São Luís, exerceu também o magistério secundário em estabelecimentos oficiais. No Maranhão, no governo de Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, foi Chanceler do Arcebispado e Vigário geral e, com a transferência daquele ilustre prelado para a capital São Paulo, foi eleito Vigário capitular. Governou a Arquidiocese de São Luís até a chegada de Dom Adalberto Accioli Sobral, Arcebispo Metropolitano. Dom Adalberto o nomeou imediatamente Vigário geral da Arquidiocese, cargo em que permaneceu até o seu falecimento. Mons. Lemercier foi membro do Cabido Metropolitano e sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico, onde foi empossado na cadeira patrocinada por Claudio d’Abeville. Faleceu no dia 09.12.1948, em São Luís, o corpo esteve exposto na catedral. Por ser um homem popular, uma grande multidão acompanhou a missa de corpo presente. O jornal Diário de São Luiz noticiou: “a cidade foi, ontem, pela manhã, sacudida com a notícia do falecimento do Revdmº Monsenhor José Maria Lemercier, Vigário geral da Arquidiocese e destacada figura do clero maranhense”. A notícia do falecimento do religioso causou um alvoroço enorme na cidade, devido a surpresa, dado o intempestivo do acontecimento que veio enlutar não somente a Igreja Católica, mas a própria sociedade em cujo seio o referido padre gozava merecido prestígio. Era um homem muito respeitado na sociedade maranhense. Não se


furtava de participar das atividades públicas, mantendo bom relacionamento com os representantes do poder civil. Passada a surpresa do primeiro instante, pode então, o povo sentir a grande perda. E formou-se uma comovente romaria à igreja de Santo Antonio para onde o corpo do pranteado morto havia sido transportado após o seu passamento, que se deu no Seminário da diocese onde residia, de forma muito simples. No livro de tombo do Seminário Santo Antônio, do ano de 1948 está exarado: “9, quinta-feira, no Seminário , o Cônego Lemercier, às 7,00 toca no botão da campanhinha que dá para o quarto do Pe. Eliseu. Este logo chama o médico, Dr. Bacelar Portela. Não há mais remédio, quando este chega, encontra-o nas últimas agonias, deixando de pulsar por completo o seu coração às 5,25hs da madrugada. Pela manhasinha, vem o Sr. Arcebispo visitar o corpo do Monsenhor. Às nove horas transporta-se o corpo para a capela do Seminário, havendo missa solene, às 10 horas de corpo presente. Oficiou o Sr. Pe. Reitor. As Três horas da tarde esteve o corpo do Monsenhor na capela recebendo dos seminaristas, por turma, suas orações. É depois transportado para a Sé, exposto à visita pública até a hora do enterro às 5 horas da tarde. Encomendou o corpo, na sé o Sr. Arcebispo D. Adalberto Sobral. E, assim, terminou sua missão nesta vida...”. O religioso deixou um testamento, publicado posteriormente no Jornal do Maranhão. Na verdade, a missa de corpo presente foi celebrada pelo Pe. Luiz de Gonzaga Negreiros, que substituiu o Pe. José Telles Arruda em 16.01.1948 na Reitoria do Seminário, com a assistência de todo o clero e o Cabido Metropolitano foi rezada a missa de corpo presente às nove horas, oportunidade que superlotou com uma multidão incompatível à majestosa igreja de Santo Antônio, localizada na praça Antonio Lobo. Após a celebração, foi aberto e lido o testamento deixado pelo de cujus: Em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Eu, Padre José Maria Lemercier, cônego catedrático da Catedral Metropolitana do Maranhão, nascido em França, na cidade de Arle-sur-Rhone, aos 17 de Junho de 1877, filho legítimo de Laurent Lemercier e Adele Gutou Lemercier, já falecidos, naturalizado cidadão brasileiro, sacerdote católico, declaro: que desejo morrer em conformidade à santa vontade de Deus, na hora e do modo que sua Providência determinar, professando como professei durante a minha vida a santa religião católica apostólica, romana, a qual como sacerdote me dediquei. Peço perdão a Deus das minhas faltas e negligências no seu serviço e também peço perdão ao meu próximo que posso ter ofendido. Não devo nada a ninguém e faço quitação aos que me devem. Peço por caridade ao meu estimado cônego Frederico Chaves ou na sua falta, ao meu bom amigo Manoel Vasconcelos Martins, mandar executar as minhas últimas vontades e disposições testamenteiras que são: 1.° - Deixo tudo o que me pertence e se acha no meu quarto para o Seminário Santo Antonio, inclusive o cálice, com a obrigação de celebrar duas missas pelo descanso de minha alma; 2.º - O pouco dinheiro que possuo numa caderneta do Banco do Brasil e três apólices ao portador, do estado de São Paulo, também para auxiliar o Seminário; 3.º - Se houver algumas intenções de missas não celebradas anotadas num caderno, de missas, será retirada a quantia necessária para sua celebração; 4.º - Se fosse possível, desejaria que se mandasse para minha família, que muito sofreu durante a guerra, e de poucos recursos, a quantia de 10 ou 20 mil francos. Reside em Marseille, no endereço seguinte: Madame Marine


Guinier – Rue Buynex. Desejo que o meu enterro seja o mais simples possível, meu corpo revestido das vestes sacerdotais que me pertencem, e para o descanso da minha alma, peço sejam celebradas umas missas gregorianas (30). Pedindo a Deus e a minha boa Mãe Maria Santíssima a graça de morrer confortado. Por volta das quatorze horas o corpo do Mons. Lemercier foi transladado para a igreja Catedral, onde ficou exposto à visitação pública até às dezessete horas, quando Dom Adalberto Sobral encomendou o corpo, auxiliado pelos bispos de Parnaíba e Pinheiro. Na saída do féretro, o Mons. Luiz Madureira, Côn. Frederico Chaves, um dos seus maiores amigos, Côn. José Moreno Santana, padre José Ribamar Carvalho e demais sacerdotes seguraram nas alças do caixão. Diante da igreja juntou-se uma grande massa de fieis, organizando-se então, extenso cortejo de automóveis e inúmeras pessoas que, a pé, acompanhavam o virtuoso padre. No cemitério São Pantaleão ou como é conhecido popularmente Gavião, aconteceu um espetáculo emocionante. Encontrava-se no local do sepultamento uma imensa multidão composta de todas as classes sociais, na sua maioria derramando lágrimas de saudades do grande pastor de almas, amigo que em vida se doou, sobretudo, em favor dos empobrecidos que o procuravam. Ao deslocar-se em direção à catacumba que iria receber o corpo do Mons. Lemercier, um dos maiores oradores sacros caxienses, Côn. Arias Cruz, usou da palavra e em nome do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, instante em que destacou a vivacidade, inteligência e abnegação de quem havia dado parte de sua vida ao povo de Deus maranhense. Por outro lado, três dias após o falecimento do Mons. Lemercier faleceu em São Luís o Côn. João dos Santos Chaves, causando outra dor ao povo católico maranhense. A Arquidiocese ainda estava se refazendo do duro golpe que sofreu com a morte prematura do Mons. Lemercier quando chegou a notícia do novo revez imposto ao povo e ao clero do Maranhão. O Côn. João dos Santos Chaves, filho de Antonio dos Santos Chaves e Cosma Damiana Chaves. Nasceu nesta capital aos dias 27.01.1868, aqui cursou o então primário, destacou-se entre os seus professores, um dos maiores historiadores do sec. passado, Profº José Ribeiro do Amaral. Entrou para o Seminário das Mercês em 1881 e permaneceu até 1886. Quando do seu ingresso ao Seminário de Santo Antonio recebeu a tonsura em março do mesmo ano; o subdiaconato em 21.09.1889; o diaconato a 1º de março de 1890, ordenando-se padre a 21 de fevereiro de 1891, tendo cantado a primeira missa a 19 de março do mesmo ano. Ordenado foi pelo então bispo da diocese Dom Antônio Candido de Alvarenga. Seguida sua formatura, foi nomeado capelão da igreja dos Remédios e, em 1892, nomeado coadjutor da Paróquia da Conceição, tendo, em 1894, nomeado pároco da referida paróquia, cargo que até então ocupava. Exerceu vários ofícios eclesiásticos, foi nomeado cônego catedrático em 13.01.1901. Em 1925 representou a Arquidiocese na peregrinação brasileira a Roma e no ano de 1931, eleito presidente do Cabido Metropolitano, tendo exercido elevados cargos de Vigário capitular e Vigário Geral da Arquidiocese. Em 1898, fundou em São Luís um colégio primário, que funcionou durante 11 anos em 1900. Foi nomeado inspetor do ensino primário da capital. Tendo sido por


portaria de 01.03. 1907, nomeado interinamente professor da cadeira de latim do antigo Liceu Maranhense. Por decreto de 27.04.1911, foi provido vitalício na referida cátedra, em virtude de concurso em que se submeteu. Como catedrático, exerceu várias vezes o cargo de diretor daquele nobre estabelecimento de ensino. Na vida pública civil, no governo de Godofredo Viana, foi eleito deputado estadual e reeleito na administração Magalhães de Almeida, exercendo na referida legislatura o cargo de primeiro secretário do Congresso estadual. Em 21.01.1941 comemorou suas bodas de ouro sacerdotais, período em que houve uma grande manifestação festiva ao nobre sacerdote. O Côn. Chaves faleceu às primeiras horas da manhã do dia 11.12.1948. Assim noticiou o Jornal Diário de São Luiz no dia seguinte: “faleceu ontem, o Revmº cônego João dos Santos Chaves, figura venerada e querida do clero maranhense e vigário da paróquia Nossa Senhora da Conceição, cargo que exercera há cerca de 50 anos consecutivos, com a interrupção apenas do período de sua moléstia”. A notícia foi levada ao conhecimento público através dos anúncios constantes da Rádio Ribamar, cerca das 6:30 horas, 15 minutos após o desenlace, que ocorreu no Hospital Tarquinio Lopes Filho. Fato a destacar que, quando a imprensa chegou ao local onde se encontrava o corpo do venerado padre, já se encontrava lá Dom Adalberto Sobral, Arcebispo do Maranhão, e seus secretários, além de numerosas famílias de todas as classes, sobretudo, senhoras de grandes posses, pois era um homem que possuía um grande relacionamento com as pessoas da sociedade, mas sem deixar de ser muito solícito com os pobres. O corpo foi transladado do hospital para a igreja Catedral Metropolitana, onde ficou em câmara ardente até a hora do enterro. Durante todo o dia, o velho templo dedicado a Nossa Senhora da Vitória, não se despovoou. “Grande multidão acotovelava-se em derredor do ataúde onde repousava para a eternidade o pranteado conterrâneo, e aos nossos ouvidos chegava de instante em instante, o eco do soluço que saía de todas as gargantas”, assim foi publicado em um diário local. Era realmente, comovedor. Parecia que a cidade de São Luís curvava-se diante do cadáver do Padre Chaves. O pároco da paróquia Nossa Senhora da Conceição criou em torno de si, pelos seus merecimentos próprios e pela tradição de uma vida devotada ao bem do próximo, uma aura de simpatia e afeição que tinha as suas raízes na consciência do próprio povo. O saudoso sacerdote faleceu aos 81 anos de idade. Exerceu o apostolado eclesiástico ao longo dos 57 anos, dos quais 50 como pároco da paróquia Nossa Senhora da Conceição, em cujo exercício soube conduzir-se de modo a merecer a estima e o respeito dos fiéis católicos. No exercício do sacerdócio, padre Chaves soube tornar-se digno de veneração do povo maranhense que tinha nele um amigo e conselheiro admirável. Ao chegar o corpo na igreja Catedral celebrou-se a missa de corpo presente, às oito horas, sendo o celebrante o Revmº Côn. Frederico Chaves. Antes daquele ato esteve no referido templo Dom Adalberto Sobral, que permaneceu horas em visita ao corpo do seu dedicado amigo, fazendo sentir a todo o clero maranhense o pesar e a sensibilidade de um grande amigo, associando-se ao luto com que se cobriu a sociedade local. Na igreja Catedral sucedeu-se um fato importante que chamou atenção. O Côn. Chaves envergava os mesmos paramentos com os quais tantas vezes espargiu na sua Igreja as bênçãos de Deus sobre os fiéis. Sobre o peito ostentava a cruz de benemerência


com que foi, há pouco tempo, condecorado pela Santa Sé, como reconhecimento aos bons serviços prestados à Igreja católica no Maranhão. Às 15h30min chegou à igreja Catedral o Arcebispo Dom Adalberto Sobral para a encomendação do corpo, com a presença de todos os membros do cabido e do clero local. Após a cerimônia, o Arcebispo retirou-se enquanto a multidão se comprimia em toda a nave, disputava espaço no instante de depositar o último beijo nas mãos sagradas do padre que, em vida, viveu como um verdadeiro santo. Lágrimas abundantes corriam de todas as faces, assinalando o momento emocional das últimas homenagens ao pranteado morto. É impossível descrever os detalhes desse momento que se constituiu o enterro do Padre Chaves. A igreja da Sé não comportou a multidão que se encontrava no local, espalhando-se para o adro do templo e suas imediações externas. Houve no momento da despedida uma exigência do povo, que o caixão fosse conduzido em seus braços até ao cemitério, sendo atendido o desejo dos maranhenses. Na saída do templo, segurou as alças do ataúde o ilustre jornalista Alves de Melo, presidente da Associação Maranhense de Imprensa, e representante das associações religiosas. O escultor maranhense Mauro Lima, auxiliado pelo Dr. Joel Guimarães, moldou, em gesso, uma máscara do Côn. João dos Santos Chaves, obra produzida com extraordinário acabamento, habilidade e rara competência técnica, a qual foi exposta no saguão da Faculdade de Direito. Portanto, nas comemorações de aniversário dos 400 anos de fundação da cidade de São Luís e, naturalmente da chegada dos primeiros missionários em terras maranhenses, não se poderia deixar de fazer memória a esses dois grandes padres que aqui deram suas vidas em favor da ação missionária em nossa Arquidiocese. Missão essa que se iguala à mesma de todos os que se consagram em favor do Reino de Deus. A história de todos os fiéis na Igreja de Cristo, na verdade, não só robustece a memória da Igreja, mas reconstrói a própria história dos prediletos de Deus, aqueles que doaram suas vidas na gratuidade da missão no decorrer da história de nossa São Luís, de nossa Arquidiocese. _________ Referência Jornal Diário de São Luiz, (12.12.1948) ano IV, nº 1179. Jornal do Maranhão, dezembro, 1948. Livro de tombo do Seminário Santo Antônio, ano 1948 à jul 1958, série T, nº 5.


ENCARANDO O PROBLEMA JOSÉ JORGE LEITE SOARES O maior Shopping Center a céu aberto do Maranhão, a Rua Grande, receberá dentro em breve uma reforma completa em suas instalações elétricas. A Cemar está em vias de iniciar o projeto de implantação da rede elétrica subterrânea promovendo uma limpeza estética sem igual nessa importante artéria do comércio de nossa cidade e nas ruas transversais entre a Rua de Santana e Rua da Paz. A intervenção será feita entre a Praça João Lisboa e a Rua do Passeio e contemplará a remoção de todos os postes de concreto, transformadores, fiação de energia elétrica, telefonia, fibra ótica, som ambiente e toda a parafernália ali existente. Após a conclusão dessa obra a Rua Grande voltará a ter sua importância e imponência que teve nos áureos tempos da economia maranhense quando a população de São Luís saía à rua para fazer suas compras. Os comerciantes terão seus espaços valorizados, os clientes poderão transitar entre as lojas com maior conforto e segurança e o nosso rico patrimônio arquitetônico será preservado. Pelo momento oportuno da campanha eleitoral, onde os candidatos prometem tudo, tomo a liberdade de sugerir ao que for eleito que, ao tomar posse, aproveite a oportunidade para retirar das ruas aquele comércio informal que entope as ruas transversais e ocupa as calçadas das vias públicas dificultando a vida dos pedestres. Sei que nenhum dos pretensos candidatos vai querer comprar briga com os camelôs, no entanto todos estes bem que poderia ser alojado no Shopping Center Colonial, localizado entre a Rua Grande e a Rua da Paz e que se encontra hoje fechado. Tem sido observado há tempos que as autoridades ao se depararem com determinados problemas adotam a postura de dar tempo ao tempo na esperança de que o problema se resolva por si. As palafitas continuam a prosperar bem em frente aos olhos e embaixo das barbas dos gestores públicos. Nada se faz para inibir o problema enquanto ele ainda está no nascedouro e, chegado o momento de interferir, se gasta fortunas na solução tardia. Mas, retornando ao assunto da Rua Grande, é chegado o momento de “passar a borracha” naquele abrigo da Praça João Lisboa. Abrigo de que? De venda de garapa com pão doce? Me poupem! O logradouro mais nobre do centro da cidade precisa ser desobstruído para liberar o espaço e permitir a contemplação do belo casario colonial, dos azulejos centenários, ali plantado pelos portugueses ao longo dos séculos passados muito antes da construção desse amontoado de pedras e cimento. Para isso é preciso ter vontade e determinação política. Afinal de contas, o direito coletivo deve se superpor ao de poucos que ali têm suas atividades comerciais e que podem, mediante uma negociação, encontrar outro espaço para a prática de seus negócios. Nilo Coelho era governador de Pernambuco e havia implantado um polo de avicultura no estado por não se conformar com a necessidade de importar ovos do estado do rio Grande do Sul. No entanto, os produtores do sul do país, inconformados com os incentivos dados pelo governador, continuavam a invadir o espaço comercial de


Pernambuco vendendo ovos a preços abaixo do mercado na tentativa de inviabilizar o polo produtivo ora em fase embrionária. Sem poder impedir a entrada das centenas de caminhões que cruzavam a fronteira do estado, mas de forma criativa e dentro da legalidade, autorizou a Receita Estadual a fiscalizar a entrada do produto. Em todos os Postos Fiscais, os caminhões teriam que ser vistoriados para a contagem da mercadoria. Ovo por ovo! Não precisa dizer que naquele sol escaldante do nordeste as carretas chegavam a Recife com mais pintos do que ovos... Decisão e vontade não faltavam ao coronel Nilo Coelho. Serve como exemplo?


CARNAVAL DA MINHA JUVENTUDE RAIMUNDO FERREIRA MARQUES HTTP://WWW.OSVALDOPEREIRAROCHA.COM.BR/ARTIGOS/SOCIAL/CARNAVAL.PHP

À GUISA DE PREFÁCIO Concede-me o autor de CARNAVAL DA MINHA JUVENTU8DE, advogado, jornalista e articulista, OSVALDO PEREIRA ROCHA, detentor de opulenta biografia, duplo privilégio, ao confiar-me a delicada incumbência de, sobre esta obra, tecer as considerações próprias deste mister, à guisa de prefácio. O primeiro é o de lê-la, antes dos seus destinatários, que são os leitores; o segundo é o de imortalizar-me, com ele, na medida em que esta minha contribuição venha integrar o livro a ser levado a lume. Impõe-se, de plano, registrar que, para aproveitar uma vaga nos compromissos da editora, o autor impôs-me um prazo muito exíguo para a tarefa a que não podia recusar, ainda que com essa exigência. Tive, por isso mesmo, que me socorrer de uma técnica que reconheço não dominar ainda, a leitura chamada dinâmica, para ler o texto e dele extrair a essência da mensagem intrínseca, com a sincera intenção de introduzir o leitor na apreciação de mais uma produção de bom gosto literário do consagrado autor que revela, nesta obra, seus dotes de exímio historiador. CARNAVAL DA MINHA JUVENTUDE é uma coletânea de artigos e crônicas escritos com a simplicidade que marca o talento de OSVALDO ROCHA. O seu conteúdo, por agradável, sugere uma leitura daquelas que não se quer interromper tal o bom gosto dos temas selecionados. Muitos deles, aliás, já eram de meu conhecimento como um dos seus assíduos leitores, especialmente no Jornal Pequeno, de grande circulação em São Luis e no interior do estado. Com o “Rotary na cabeça e a Maçonaria no coração” – como o autor faz questão de proclamar sempre - a obra de que me ocupo com enorme prazer traz, no seu bojo, predominantemente, artigos versando sobre o ROTARY, suas datas festivas e históricas, e sobre a MAÇONARIA - também de conteúdo histórico - acentua o seu papel perante a humanidade. Esses artigos constituem prova inequívoca, incontestável e admirável de sua dedicação e de seu acendrado amor às duas instituições, que tantos serviços tem prestado à humanidade no mundo inteiro. A Maçonaria, instituição multisecular, que durante muito tempo, teve a existência marcada pelo combate à tirania e ao despotismo, através do sacrifício de muitos maçons, foi fundamental nas lutas libertárias, a começar pela Revolução Francesa, de 1789, cujo ponto alto foi o lema consubstanciado na LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, trilogia que constitui os pilares e a inspiração de sua existência, no passado e no presente. O Rotary, cuja existência benfazeja já ultrapassa um século, criado nos Estados Unidos por homens de negócio, sob a liderança de um advogado, com o objetivo, a um só tempo nobre e sublime de fomentar o companheirismo, tornou-se uma respeitável e conceituada instituição internacional. Chegou ao Brasil vinte anos após sua fundação, em Chicago, e logo se firmou em todo o território nacional, notabilizando-se pelos relevantes serviços prestados às comunidades onde atua, especialmente nos campos da saúde e da educação. O componente telúrico e os fortes sentimentos de amor filial e de fraternidade estão presentes na obra, e dizem muito do caráter do autor, enquanto homem - família


que nunca se desligou de suas origens. OSVALDO ROCHA refere-se com muito carinho aos seus pais ANTONIO DA SILVA ROCHA e LUIZA PEREIRA ROCHA, que constituíram uma prole de vinte filhos, e de quem conta histórias bem pitorescas. Seu Antonio, lavrador como tantos de sua época, que viveu quase 95 anos, e que só freqüentou menos de um mês de escola, destacou-se dos demais irmãos, pois gostava muito de ler e foi assim que adquiriu uma cultura geral que lhe possibilitou chegar a ser o primeiro Prefeito da cidade de Santo Antonio dos Lopes, depois de ter sido presidente da Câmara Municipal. Aconselhava os filhos a quem tratava com severa disciplina, com exortações moralistas próprias do seu tempo, dizendo-lhes “nunca mintam, não sejam covardes, sejam homens, não quero filho ladrão, assassino ou fresco”. A fazenda Nova Santa Cruz, batizada com esse nome em homenagem à antiga Fazenda Santa Cruz, pertencente aos seus pais, ocupa lugar de destaque na sua vida. Zé Codó, seu “capataz”, é uma figura conhecida na região pelos seus improvisos e pela sua mania de apelidar todos quanto conhece. É interessante não deixar de ler a história do touro negro, de outra fazenda, que “traçou” uma novilha do rebanho do autor, pulando a cerca, sem cerimônia e sem nenhum respeito ao seu reprodutor “touro brabo”, que, naquele dia, perdeu a fama e certamente duplicou os seus chifres. CARNAVAL DA MINHA JUVENTUDE, que deu nome a este livro, inspira-se, como não poderia deixar de ser, nos carnavais passados, com destaque para os famosos bailes de máscara em São Luís. Num desses bailes, Osvaldo, como muitos daqueles que se aventuravam naquelas gostosas festas, foi vítima de um qualira, com quem dançou demoradamente, só se apercebendo de quem se tratava quando resolveu usar a “mão boba”. Finalmente, merece referência o elevado espírito patriótico do escriba, revelado nas homenagens às forças armadas, em belos artigos, especialmente à Marinha de Guerra. Nesse particular, merece realce a narrativa da Batalha do Riachuelo, excelente contribuição para história que poucos conhecem. Enfim, esta obra é daquelas cuja leitura aconselho, convicto de sua utilidade e de que agradará, não só a um público especializado, mas a quantos se dediquem à história e a quantos cultivem os valores da família e da fraternidade, postergados, hoje em dia, pela ambição do TER, em lugar do SER.


SÃO LUÍS TEM MESMO QUANTOS ANOS? OSVALDO PEREIRA ROCHA Cidadão Natural de Pedreiras e Honorário de São Luís; Jornalista Colaborador, registro DRT-MA nº 53; sócio efetivo do IHGM, cadeira nº 8, patroneada pelo Padre Jesuíta João Felipe Bettendorf; e-mail: rocha.osvaldo@uol.com.br ; www.osvaldopereirarocha.com.br Bem antes de setembro chegar, tive o inusitado prazer de digitar dois artigos sobre o aniversário de nossa querida São Luís, Cidade Cultural, Patrimônio da Humanidade, capital do Estado do Maranhão, sendo um com o título de ‘São Luís – 400 Anos de História’ e o outro de ‘São Luís Quatrocentona’, este publicado no grande Jornal Pequeno, de 08 de janeiro de 2012, e ambos considerando o aniversário de nossa capital em 08 de setembro e que a mesma fora fundada pelos franceses, em 1612, pelo que comemorou 400 anos. Desde então aconteceram muitas manifestações divergentes, aumentando a dúvida sobre a data de sua fundação, inclusive o querido Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão realizou um seminário, de grande sucesso, no Palácio Cristo Rei (Praça Gonçalves Dias) gentilmente cedido pela UFMA, que discutiu o assunto, onde foram apresentadas duas correntes, ou seja, se teve fundação portuguesa ou francesa, quando o confrade do IHGM Antonio Noberto destacou o seu apoio à segunda corrente. Para esquentar ainda mais a discussão, o Guesa Errante, suplemento cultural e literário JP, de 08/09/2012, fez circular sua 281ª edição com o titulo de SÃO LUÍS 477 ANOS DEPOIS DA FUNDAÇÃO, onde assegura “que os filhos do historiador português, João de Barros, vindos de Portugal, em dez caravelas, fundaram, na Grande Ilha do Maranhão, em 1535, a cidade de Nossa Senhora de Nazaré”. “E que, depois, em 1616, Jerônimo de Albuquerque, em nome do rei de Portugal oficializou a fundação”. E no final do texto de sua primeira página diz o seguinte: “Chegada aos 477, 400 ou 396 anos de fundada, pergunta-se por que São Luís é apresentada para o Brasil e para o mundo, pelo cartão postal das praias banhadas em coliformes fecais? Já a historiadora ilustre Maria de Lourdes Lauande Lacroix, às fls.13 do mesmo Guesa Errante afirma em palavras escritas em negrito que “Jerônimo do Albuquerque, inteiramente senhor de suas ações e livre dos cuidados inerentes à guerra, aplicou-se à fundação da cidade, hoje São Luís, como lhe fora recomendado pela Corte de Madrid”. E diz mais que ‘Henrique Leal, em l874, atribuiu a Jerônimo de Albuquerque a edificação e arruamento da cidade e, inclusive, deu princípio ao palácio, “que ainda hoje serve de morada aos governadores, com mais algumas obras”. “Depois da expulsão dos franceses, foi Jerônimo de Albuquerque nomeado capitão-mor do Maranhão, sendo Francisco Caldeira Castelo Branco designado para continuar os descobrimentos e conquistas nas regiões do Pará” e prossegue dizendo que “Dos esforços combinados desses dois oficiais, resultou a fundação da risonha cidade de São Luís e da de Belém”. E tem mais, ainda em negrito, afirma que “De posse do governo do Maranhão, Jerônimo de Albuquerque, cumprindo as ordens que recebeu da Corte de Madrid, tratou com solicitude da fundação da cidade, dando o nome de São Luiz”.


Diante do exposto, já que se apresentam três datas para a mesma fundação, com personagens diferentes, pesquisas e mais pesquisas têm sido feitas, por renomados historiadores, visando à definição de quem fundou São Luís do Maranhão e em que data. Acho que o mistério ou a dúvida continua e, assim sendo, é oficial que ela foi fundada por franceses, em 08 de setembro de 1612 e comemoramos 400 anos em 08/09/2012, todavia, quantos anos tem mesmo a nossa querida São Luís?


PERMITA-ME ALGUMAS PALAVRAS ANTONIO NOBERTO Os náufragos da esquadra de Aires da Cunha e João de Barros, em 1535, tinham por objetivo o "El Dorado", no Peru. As riquezas do Império Inca, que não mais existiam, pois subtraídas cinco anos antes por Francisco Pizarro, que assolara o Império do rei Atualpa. Naufragou no Golfão Maranhense e permaneceu em algum lugar da região por alguns anos - inicialmente se dizia 3, e, devido ao silêncio de quase todos os escritores que defendem a fundação pelos franceses, aumentaram para mais de 50 anos. O argumento mais recente é de um professor português 96 que proferiu palestra sobre o forte Saint-Louis. Fiquei estarrecido com a parcialidade dele em prol da argumentação 96

O Confrade Washington Cantanhede responde às argumentações do Confrade Noberto, em correio eletrônico do Grupo: Ilustre Confrade Noberto, Permita-me algumas observações. [...] Não quis e não quero entrar neste momento em discussão sobre quem fundou São Luís, quando e por que fundou. Não acho interessante, em face do discurso oficial prevalente e avassalador, pró-franceses. Seria "malhar em ferro frio". [...] Também não pretendo discutir a importância econômicoturística da defesa da fundação por franceses, ou se, sob o vigor do colonialismo, franceses eram melhores seres humanos, comparados aos portugueses - até porque você nem se referiu a isso. Fixo-me apenas na referência feita à Cidade de Nazaré. Se o professor português a quem você se refere é o maranhense, filho de português e radicado em Portugal, Doutor Rafael Moreira, professor universitário de história da arte em Lisboa, não podemos olvidar que ele pesquisa sobre o tema há muito tempo e tem dado notícia de manuscritos contemporâneos dos primórdios da colonização, existentes nos arquivos espanhóis, sobre a real precedência da fundação da Cidade de Nazaré na Ilha Grande do Maranhão. Esse povoado não é lendário. Existiu, dão conta disso manuscritos da época e as primeiras "histórias" do Brasil. Quanto à parcialidade dele, que surpreendeu você, acredito que é natural na discussão desse assunto tão apaixonante, cercada de tantos interesses... De todo modo, os argumentos que você defende sobrepairam confortavelmente a esse embate, pois, como disse acima e todos sabemos, a história oficial, hoje, dá São Luís como fundada por franceses. Os que defendem o contrário, contestadores também calcados em boas fontes, esses sim, estão "remando contra a maré". Só o tempo revelará o vencedor da "disputa" e talvez não vejamos isso. Mas a construção da história não é assim mesmo? Todavia, como passado real não se confunde com história contada, quem é o dono da verdade?! Um grande abraço. Washington Cantanhede Cad. 58 IHGM Disponível em http://sn125w.snt125.mail.live.com/default.aspx#n=277722070&fid=1&fav=1&mid=b41a2f5e-12de11e2-8558-001e0bcb738c&fv=1


lusa. Ele disse que os náufragos haviam construído um forte no mesmo lugar onde os franceses edificaram o forte São Luís, atual Palácio dos Leões. Fui convidado por amigos a me manifestar, preferi o silêncio. A argumentação é tão frágil quanto a história de Nazaré, que ninguém sabe exatamente onde existiu - alguns dizem que na margem do rio Bacanga, outros em Tapuitapera (atual Alcântara), outros dizem que é uma lenda, pois nem os franceses de La Ravardière e nem os portugueses de Albuquerque mencionam registros deste lugar perdido. Aí eu pergunto: Qual a legitimidade, isenção e seriedade da contestação ao duvidar da fundação francesa de São Luís, que é oficial, registrada, documentada, sabemos onde e quando foi (mas mesmo assim diz que o empreendimento francês não caracterizou bem uma cidade), etc., mas, por outro lado, tentar forçar a barra dizendo que os portugueses construíram uma cidade nestas terras nos anos 1535 e 36. Um verdadeiro absurdo, que só revela a fragilidade e parcialidade da "tese". Os franceses vieram para cá oficializados em nome da coroa francesa, onde São Luís foi fundada como sede da França Equinocial no dia 08 de setembro, contando com todos os predicativos necessários a uma cidade à época. Configura erro grosseiro criticar os fundamentos das primitivas cidades brasileiras, quando as cidades iniciais nasciam muito frágeis e sem a devida estrutura: geralmente sem Câmara - como aconteceu com Salvador, Rio de janeiro, São Paulo, Belém, etc. Via de regra a construção inicial era uma fortaleza de pau-a-pique, ou uma capela de pindoba. Nenhuma cidade inicial do Brasil nasceu em pedra e cal, pois só depois recebiam fundamento mais forte. Este é o debate verdadeiro, que mostra os dois lados da moeda. A contestação faz anos que tenta, sem sucesso, minar a fundação de São Luís utilizando o argumento de que foi apenas uma vaidade do século passado ( mas já está provado que não foi, mesmo assim insistem no erro. No período colonial já existiam livros creditando a fundação de São luís aos franceses) com isto bate nos nossos historiadores e confrades do passado. A maioria dos fundadores de casas como IHGM e AML são tidos como braços da vaidade que criaram o mito da fundação e o mito da Atenas, crítica grosseira que não poupa a cidade, sua história e seu povo. Nossos historiadores, no meu modesto entender, não deveriam ser rebaixados e até achincalhados por aqueles que para se aumentarem diminuem o trabalho de quem fez a sua época. O interessante é que a contestação foge da comparação de São Luís com as outras cidades da época. Foge da ciência, não mostra a realidade dos fatos. É uma bonita filosofia, mas sem lastro na história, até porque aquela era uma época de ausência de regulamentação, caracterizada pela informalidade, não era contratual. Trazer este debate para critérios atuais ignorando o momento em que se deu é, no mínimo, um desprezo a história e uma tentativa de interferência no passado. Os critérios de ontem não são os de hoje, isto é fato. Não se pode mudar as regras do jogo depois que ele acabou. É contra o bom senso. O que ocorre, confrade, é que Portugal nunca aceitou presença nenhuma antes da dele no Brasil, mas como bem disse o historiador João Lisboa "Os franceses não invadiram, eles ocuparam uma região vaga. E os donatários régios de Portugal e Espanha estavam incorrendo nas penas de comisso, pois decorrido mais de um século da doação papal". A contestação da fundação de São Luís é muito pequena, São Luís é que é a grande contestação, pois encravada neste país colonizado por portugueses permanece firme com o nome do rei da França, afirmando que foi um equívoco dividir o Novo Mundo a apenas dois países e deixar de fora a maioria absoluta. O nome São Luís é uma


constante contestação a homogeneidade e ao privilégio, que interessavam a poucos e desprestigiava a maioria. A fundação francesa de São Luís é uma das maiores oportunidades de geração de emprego e renda da cidade através da atividade turística. Só falta despertarmos o poder público para esta realidade e para as oportunidades. São Luís não ganha nada com a contestação, só perde. Perde o título de primeira cidade do Brasil setentrional (antes dela só existia Natal - 1599) e perde dinheiro, vez que os franceses formam o maior público estrangeiro que consome nosso turismo e, com isto, gera boa parte dos empregos nos hotéis, pousadas, etc, além do seu efeito multiplicador. Desprestigiar a fundação de São Luís, levantar dúvidas, etc, é uma atitude que só subtrai da cidade. Acho que chegamos no momento de prestigiarmos quem faz, quem racionaliza e realiza e não aqueles que preferem a comodidade da crítica fácil, optam por valorizar a si próprio e a seus interesses pessoais. Estou fazendo (mais do que) a minha parte. Sugiro nosso modesto texto" A fundação de São Luís e o DNA da contestação" para que meu amigo saiba um pouco mais do porque da existência da contestação, afinal "Nada vem do nada, como nada vai para o nada!". Tudo tem uma motivação. Abaixo o texto do escritor Antonio Carlos Lima, publicado junto com outro meu no Jornal O Estado do Maranhão do dia 08 e setembro último.


FRANCESA, COM CERTEZA. ANTONIO CARLOS LIMA Fosse a história constituída apenas da versão do conquistador, as celebrações em torno do quarto centenário de São Luís, que hoje atingem seu ponto culminante, teriam, obviamente, que aguardar três anos mais. Afinal, durante quase trezentos anos, como fruto da doutrina da conquista, cronistas e historiadores, portugueses e brasileiros, atribuíram a fundação desta cidade de São Luís à chamada “Jornada milagrosa”, operação militar planejada em Madri e organizada em Pernambuco, sob a proteção de Nossa Senhora, para a expulsão dos franceses, há três anos estabelecidos na Ilha Grande do Maranhão. O projeto da França Equinocial era, até o final do século XIX, apresentado como simples obra de invasores heréticos, contrários à disseminação da fé católica e usurpadores dos territórios do Novo Mundo, pertencentes, por direito humano e reconhecimento divino, exclusivamente à Espanha e Portugal. Tratava-se de um episódio a ser esquecido – ou desmerecido. E assim sucedeu, ano após ano, desde a chegada dos portugueses ao Maranhão, naquele ano da graça de Nosso Senhor de 1615. Essa história só começou a mudar em 1864, com a redescoberta de dois livros desde então considerados as certidões de nascimento de São Luís: Historia de missão dos padres capuchinhos na ilha de São Luís e terras circunvizinhas, de Claude d’Abbeville, e Continuação das coisas memoráveis ocorridas no Maranhão, nos anos de 1613 e 1614, de Yves d’Évreux. Os livros estavam, até o milagre da recuperação, condenados ao mais absoluto esquecimento. O de Abbeville chegara a ser editado duas vezes, logo após o retorno do Maranhão, mas em seguida desapareceu. Foi citado por alguns historiadores, como João Francisco Lisboa, mas sem o reconhecimento merecido. O livro de Yves d’Évreux teve pior destino: foi destruído na própria gráfica. Dois exemplares foram salvos pelo capitão François de Razzily, inconformado com o abandono do projeto do Maranhão pela monarquia francesa. Naquele ano de 1864, em Paris, o escritor Ferdinand Denis editou, pela primeira vez, e com ricas anotações, o relato do padre Yves d’Évreux. Mas, somente dez anos depois foram os dois livros traduzidos e publicados no Brasil – e exatamente no Maranhão. Eles revelam, em primeiro lugar, que o entreposto de pirataria que os portugueses esperavam encontrar era, na verdade, uma florescente colônia, reunindo cerca de 500 franceses, entre nobres, negociantes, soldados, religiosos, artesãos, médicos e carpinteiros, em convivência aparentemente harmoniosa com os índios. Não se tratava de piratas. Apossaram-se do território em nome da regente Maria de Medicis, que para tal os credenciara e municiara, uma vez não reconhecer, como o rei Francisco I, o testamento em que Adão legara aos portugueses e espanhóis a América inteira. A partir do forte que ergueram no local onde mais de cem anos depois foi edificado o Palácio do Governo, os franceses implantaram as bases de um núcleo urbano, com igreja, convento, cabanas e 17 postos de artilharia. Comandantes foram dividir choupanas com os índios nas 27 aldeias espalhadas por toda a Ilha. No dia 8 de setembro de 1612, em nome do rei da França e da fé cristã, oficializaram, com uma imponente solenidade, a posse da terra. Depois de uma missa,


saíram em procissão pelo local onde está hoje a Praça D. Pedro II. Uma cruz foi erguida em memória do grande acontecimento. Do forte e dos navios, canhões dispararam. Decididos a permanecer, estabeleceram as “leis fundamentais” da colônia. “Ordenamos, para a conservação dos índios entregues à nossa proteção, que ninguém os espanque, injurie, ultraje ou mate, sob pena de sofrer castigo idêntico à ofensa”, diz um dos artigos da Constituição da França Equinocial. À redescoberta dos livros de Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux, que descrevem aqueles acontecimentos extraordinários, somaram-se, já no século XX, a revelação da correspondência oficial de autoridades da França, Espanha e Portugal e a recuperação de documentos maranhenses surrupiados como “butim de guerra” pelos nazistas durante a ocupação da França. A partir da nova documentação, os livros de história passaram a considerar as cerimônias civis e religiosas de posse da ilha pelos franceses como os atos fundadores da cidade de São Luís. Amparado nesses relatos, já em 1912 o historiador maranhense José Ribeiro do Amaral publicava o livro Fundação do Maranhão. Nesse mesmo ano, no dia 8 de setembro, realizou-se a primeira celebração pública da fundação da cidade, no seu tricentenário. Evidentemente, em 1712 e 1812 não haveria como fazer essa celebração, pela simples e óbvia razão de estar São Luís sob o domínio lusitano. Aliás, foi o Maranhão o penúltimo Estado a aderir à Independência do Brasil. Hoje, há consenso na historiografia brasileira quanto ao reconhecimento da origem francesa de São Luís, situação que, evidentemente, não confere nenhum atributo especial à cidade, mas evita a versão pura e simples da reconquista, como a descreveram os portugueses, na ocasião empenhados em destruir os vestígios da presença daqueles que consideravam apenas um invasor a ser repelido e desprezado. São Luís, para nosso orgulho, a mais portuguesa das cidades brasileiras, tem a sua origem francesa, com certeza, sem que esse fato reduza a importância de Portugal na construção da nossa história e da nossa identidade. Só não vê quem não quer. E não lê. Diante do quê devemos todos comemorar, com festa e alegria, o quadricentenário desta linda e feliz cidade de São Luís, tesouro do Maranhão e do Brasil, patrimônio de toda a humanidade. Parabéns, São Luís! Antonio Carlos Lima é jornalista. (antoniocglima@uol.com.br)


UM POUCO SOBRE PEDREIRAS OSVALDO PEREIRA ROCHA Sócio efetivo do IHGM, cadeira nº 8, patroneada pelo Padre Jesuíta João Felipe Bettendorf. E-mail: rocha.osvaldo@uol.com.br e site: www.osvaldopereirarocha.coml.br

Preliminarmente, devo dizer que nasci no povoado e fazenda Santa Cruz, no município de Pedreiras, Estado do Maranhão, em 20 de março de 1939, estudei o primário (curso elementar) no Instituto Rui Barbosa e em dezembro de 1957 vim para São Luís, onde continuei os estudos até concluir o Curso de Direito, com especialização em Direito do Trabalho e em Direito Previdenciário, trabalhei, obtive o título de Cidadão de São Luís, mediante projeto de autoria do Vereador José Joaquim Guimarães Ramos (Decreto Legislativo nº 031, de 12/12/2000, Título esse que me foi entregue em Sessão Solene da Câmara Municipal, em 26/04/2001, presidida pelo seu Presidente Ivan Sarney). Meu falecido pai, Antonio da Silva Rocha, foi Vereador de Pedreiras por quatro legislaturas e presidente da Câmara Municipal, além de Prefeito de Santo Antônio dos Lopes. No mérito, Pedreiras é um Município brasileiro, do Estado do Maranhão, localizado a uma latitude 04º34’08” sul e a uma longitude 44º35’31” oeste, estando a uma altitude de 0 metros e sua população, conforme Censo Demográfico de 2010, é de 39.481 habitantes e possui uma área de 534.514 Km2. Sua sede, a cidade que tem o mesmo nome, tem aproximadamente 15.000 habitantes. A referida cidade é interligada a Trizidela do Vale, antigo bairro emancipado, pela Ponte Francisco Sá, sobre o Rio Mearim. Fundada em 27 de abril de 1920. Tem a sede do poder executivo - palácio municipal - mais bonito da região. Gentílico pedreirense. O Município de Pedreiras foi criado em áreas de fazendas escravistas e dos índios Pedras Verdes. Em meados do século XX foi um dos maiores polos produtores de arroz do interior do Maranhão. Municípios limítrofes são Trizidela do Vale, São Luís Gonzaga do Maranhão, Lima Campos, Santo Antônio dos Lopes, Poção de Pedras e Bernardo do Mearim. Seus filhos ilustres são João do Vale, compositor e cantor, eleito o maranhense do século XX; Jackson Lago, ex-prefeito de São Luís e ex-governador do Maranhão, dentre outros. A religião predominante é a católica apostólica romana e sua paróquia é São Benedito. Nos dias de hoje, a cidade de Pedreiras se destaca por um comércio ativo e como centro econômico e judicial da região do médio Mearim. Região, inclusive, que leva o nome do rio que banha a cidade. É cognominada Princesa do Mearim. Tem clima tropical. É sede de comarca do Poder Judiciário, com jurisdição sobre as cidades de Pedreiras, Trizidela do Vale e Lima Campos. E também sede do Ministério Público Estadual, promotoria de Justiça e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Pedreiras.


AINDA SOBRE PEDREIRAS WASHINGTON CANTANHEDE Confrade Osvaldo Rocha, Com o intuito de colaborar, acrescento às informações do seu artigo sobre Pedreiras, onde fui Promotor de Justiça por 8,5 anos e ocupo uma cadeira na Academia de Letras, as seguintes, extraídas de um artigo que publiquei em 2002: "A Prefeitura Municipal incide no mesmo erro: comemora a emancipação política do Município na data do aniversário da elevação de sua sede, da condição de vila, à condição de cidade, fato que ocorreu em 1920, pela Lei Nº 947, de 27 de abril. Com muita festa e propaganda do “Governo Salve Pedreiras”, incluindo “informativos” de várias páginas sobre suas realizações, a Prefeitura comemorou, no ano passado, “81 anos de emancipação política”, e, agora, “82 anos de história”, como se tudo tivesse começado em 27 de abril de 1920! A festa de aniversário da “emancipação” também foi noticiada em jornal da Capital. Ora, a Vila de Pedreiras foi criada pela Lei Provincial Nº 1.453, de 4 de março de 1889, resultante de projeto apresentado pelo deputado Aristides Lobão, cunhado (irmão da esposa) daquele que seria um dos vereadores da primeira legislatura do Município, Augusto Ferreira Brabo. Diz-nos Mílson Coutinho (“O Poder Legislativo do Maranhão”, 1º vol., 1981) que a aprovação daquele projeto de lei foi o último ato da Assembléia Provincial do Maranhão, pois em novembro de 1889, quando a Casa estava em recesso, foi proclamada a República. Em 1890, a 7 de abril, era constituído o Conselho de Intendência da nova vila, dele fazendo parte, entre outros, Mariano Martins Lisboa, que, em 1892, seria eleito o primeiro intendente do Município (prefeito, hoje) e, de fevereiro a julho de 1909, exerceria a governança do Maranhão na qualidade de presidente do Congresso do Estado. Pois no último dia 27 de abril, quando a Prefeitura de Pedreiras comemorava “82 anos de história”, Mariano Lisboa e outros grandes vultos da história inicial do Município (1889-1920) devem ter-se revolvido nos túmulos, assim como o poeta Correa de Araújo (1885-1951), ilustre pedreirense, e seu pai Raimundo Nonato de Araújo, um dos responsáveis pela criação da Vila de Pedreiras e vereador da sua primeira legislatura." Atenciosamente, Cad. 58 IHGM


FORA DA LEI E POR FORA DO MARANHÃO (História do Interior maltratada).

WASHINGTON CANTANHÊDE Membro da Academia Arariense-Vitoriense de Letras—AVL Publicado em “O Estado do Maranhão” de 28.05.2002

Como se não bastassem os históricos deformados que a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (IBGE, 1959) transformou em verdade absoluta sobre as municipalidades maranhenses, duas linhas de ação ultimamente reveladas – uma pública e outra particular – têm servido para aprofundar a desfiguração da história de nosso Interior. Na esfera pública, governantes de muitas das antigas unidades administrativas maranhenses, conscientemente ou não, vêm lesando, nos últimos anos, a história de suas comunas e do próprio Estado – uns querendo aumentar a idade de seus municípios, outros procurando reduzi-la. Essa modalidade de lesa-pátria é tão insana quanto traiçoeira, pois, descolando os fatos do tempo em que ocorreram, comete uma injustiça contra seus protagonistas, homens que lutaram pela emancipação daqueles municípios e, mortos há muito, já não podem altear a voz para exigir a restauração da verdade, relegados como foram, na maioria dos casos, à condição de tênues sombras de um passado longínquo. Vejamos apenas três exemplos. Matéria publicitária da Prefeitura (ou da prefeita?) de Grajaú alusiva aos 191 anos daquele município, que teria ocorrido no dia 29 de abril último, ocupou página inteira de jornal da Capital no dia 5 deste mês de maio. Mas a Vila do Senhor do Bonfim da Chapada, Grajaú de hoje, foi criada em 1835, pela Lei Provincial Nº 7, de 29 de abril, devendo o povo grajauense comemorar no corrente ano apenas 167 anos de sua emancipação! O aniversário de 191 anos que Grajáu pode comemorar em 2002 é o de fundação do lugar, fato ocorrido em 1811, quando surgiu o Porto da Chapada. Vê-se, portanto, como anda maltratada a história local. O pior, todavia, é quando procuram diminuir a idade dos municípios, suprimindo parte de sua história. Foi o caso do Município de Brejo. Também estampado em página inteira de diário da Capital, e no mesmo estilo da recente matéria publicitária da Prefeitura de Grajaú, a de Brejo fez publicar, no dia 22 de julho de 2001, que o Município completara 131 anos de emancipação política naquele mês, destacando, então, as realizações de sua atual prefeita. Mas o lugar de Nossa Senhora da Conceição do Brejo dos Anapurus foi elevado a vila por força da Provisão Régia (ou Alvará) de 29 de janeiro de 1820, contando, já em 2001, 181 anos de município e não somente 131! O aniversário de 131 anos que a Prefeitura de Brejo poderia ter comemorado em 2001 foi o de elevação da sede do Município à categoria de cidade, fato ocorrido em 1.870, pela Lei Provincial Nº 899, de 11 de julho. Tal confusão deve ter feito o jurista, historiador, geógrafo, parlamentar e jornalista Cândido Mendes de Almeida (1818-1881), o mais ilustre dos brejenses, estremecer no Além. Nos últimos três anos exercendo uma das promotorias de justiça de Pedreiras, tenho verificado que sua Prefeitura Municipal incide no mesmo erro: comemora a emancipação política do Município na data do aniversário da elevação de sua sede, da condição de vila, à condição de cidade, fato que ocorreu em 1920, pela Lei Nº 947, de


27 de abril. Com muita festa e propaganda do “Governo Salve Pedreiras”, incluindo “informativos” de várias páginas sobre suas realizações, a Prefeitura comemorou, no ano passado, “81 anos de emancipação política”, e, agora, “82 anos de história”, como se tudo tivesse começado em 27 de abril de 1920! A festa de aniversário da “emancipação” também foi noticiada em jornal da Capital. Ora, a Vila de Pedreiras foi criada pela Lei Provincial Nº 1.453, de 4 de março de 1889, resultante de projeto apresentado pelo deputado Aristides Lobão, cunhado (irmão da esposa) daquele que seria um dos vereadores da primeira legislatura do Município, Augusto Ferreira Brabo. Em 1890, a 7 de abril, era constituído o Conselho de Intendência da nova vila, dele fazendo parte, entre outros, Mariano Martins Lisboa, que, em 1892, seria eleito o primeiro intendente do Município (prefeito, hoje) e, de fevereiro a julho de 1909, exerceria a governança do Maranhão na qualidade de presidente do Congresso do Estado. Pois no último dia 27 de abril, quando a Prefeitura de Pedreiras comemorava “82 anos de história”, Mariano Lisboa e outros grandes vultos da história inicial do Município (1889-1920) devem ter-se revolvido nos túmulos, assim como o poeta Correa de Araújo (1885-1951), ilustre pedreirense, e seu pai Raimundo Nonato de Araújo, um dos responsáveis pela criação da Vila de Pedreiras e vereador da sua primeira legislatura. Mas qual a razão desses erros? Na melhor das hipóteses, é a falta de entendimento do que significa emancipação política e de conhecimento da evolução das instituições políticas brasileiras. Em primeiro lugar, e de forma singela, diga-se que emancipação política é uma condição alcançada por determinada comunidade ao longo de sua evolução, passando a ter, em decorrência dessa etapa de desenvolvimento a que chegou, o direito de autogovernar-se. Numa só palavra, é autonomia. No que tange à evolução dos nossos municípios, lembremo-nos de que, durante as fases colonial e imperial do País, eram administrados por suas câmaras de vereadores e suas sedes sempre foram de duas categorias, vila e cidade, de acordo com a expressão que tinham no contexto regional. No Império, cada vila contava com uma câmara municipal composta por sete vereadores, enquanto cada cidade compunha sua câmara com nove edis, diferença fundamental entre uma e outra categoria de município. À medida que iam ganhando importância, as vilas eram transformadas em cidades. Foi o que aconteceu com a sede do Município de Brejo em 1870. Com o advento da República, as funções executiva e legislativa foram separadas, surgindo a figura de um gestor municipal, no Maranhão denominado de intendente e, depois, prefeito, mas perdurou a distinção dos municípios entre vilas e cidades, assim como a transformação daquelas nestas, ao longo do tempo, de acordo com o crescimento que apresentassem. Foi o que aconteceu com a sede do Município de Pedreiras em 1920. Somente em 1938, por determinação de um decreto-lei nacional, um similar diploma legal do Estado elevou à categoria de cidade as últimas vilas que restavam como sedes de municípios no Maranhão (Dec-lei Nº 45, de 29 de março). Vila, desde então, passou a designar tão-somente a sede de cada um dos distritos em que se divida um município. Portanto, é um erro crasso confundir emancipação política com elevação de vilas à magnitude de cidades, haja vista que, até 1938, toda vila, assim como qualquer cidade, era sede de um território politicamente emancipado. Não se diga, por conseguinte, e a


título de exemplos, que Brejo foi emancipado politicamente em 1870 e Pedreiras em 1920! Além de erro grosseiro, é desrespeito à memória de todos quantos fizeram a história desses municípios no período compreendido entre sua criação, como vilas, e o alcance do título de cidade para suas sedes. É algo como apagar um largo período da história dessas comunas – 50 anos no caso de Brejo, 31 no de Pedreiras. A despreocupação com a verdade histórica, revelada por gestores municipais ao mandar ou deixar fazer divulgação oficial da história local com a nódoa da inexatidão, ignora o disposto no art. 30, IX, da Constituição Federal, que obriga o Município à proteção do seu patrimônio histórico-cultural. Enquanto a Constituição Estadual ordena que os estabelecimentos de ensino médio lecionem História do Maranhão (art. 271), administradores municipais contribuem para o ensino errôneo da história local, com dano aos seus munícipes. É bom lembrar que existe previsão legal para ação civil pública de responsabilidade por dano ao patrimônio histórico, o qual inclui não só os bens materiais, mas também os imateriais, portadores de referência à identidade e à memória dos grupos formadores da sociedade brasileira (Lei Nº 7.347, de 1985, e art. 216 da C.F.). Vale lembrar ainda que é prevista a responsabilização do agente público que se porta com deslealdade à instituição a que deve servir (improbidade prevista no art. 11, caput, da Lei Nº 8.429, de 1992). Tal procedimento de vários gestores municipais não destoa do conteúdo de novas obras publicadas sobre as comunas maranhenses, que repetem os históricos errados da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e reproduzem sem atualização outras informações ali contidas. É o caso da obra denominada “O Maranhão por dentro”, lançada em janeiro do corrente ano, onde se lê, sobre várias células municipais maranhenses, informações antigas em descompasso com a realidade presente, como, somente para ficar em três exemplos, as que dizem ser o Arari ainda um termo judiciário da Comarca de Vitória do Mearim; estarem no território deste município os lagos Verde, Açu e da Cigana, quando se sabe que o primeiro e o último pertencem a outros municípios há bastante tempo, o que já ocorre com o segundo há mais de cinco anos; e estarem 94% da população de Vitória concentrados na zona rural – despautério que esbarra nos resultados do último Censo, que revelou ser a população rural apenas ligeiramente superior à urbana! Obras assim, que vêm surgindo há alguns anos no Estado e constituem a linha de ação particular deturpadora da história de nossa hinterlândia, a que me referi no início, não revelam o Maranhão por dentro. Se os gestores que patrocinam a narrativa desfigurada da história de seus municípios estão fora da lei, os autores dessas obras estão por fora do Maranhão. E muito. E-mail: wlmcant@terra.com.br


ALGO SOBRE SANTO ANTÔNIO DOS LOPES OSVALDO PEREIRA ROCHA A história de Santo Antônio dos Lopes – Maranhão registra que em 1922, os lavradores piauienses Antonio Pereira Lopes e Antonio Mariano Lopes partiram em busca de uma área de terras em que pudessem desenvolver melhor a agricultura e encontraram na região em que hoje está situado o município de Santo Antônio dos Lopes, Estado do Maranhão, terra que lhes pareceu fértil e rica, anteriormente visitada. Satisfeitos com a descoberta, retornaram ao ponto de partida e, em pouco tempo, mudaram-se para a nova terra, onde se fixaram. Aos poucos, outros habitantes foram chegando, atraídos pela notícia de boa qualidade do solo para a lavoura. Surgiram algumas casas de comércio, indústria de aguardente de cana; de farinha de mandioca e de beneficiamento de arroz. Nessa época o religioso Galdino Ribeiro construiu a primeira capela do lugar e, em 1926, foi realizada uma festa em louvor a Nossa Senhora da Conceição. Antonio Pereira Lopes, devoto do santo do qual tinha o nome, deu ao povoado o nome de Santo Antônio dos Lopes, em homenagem também à sua família, que desbravara a região. A área integrante do atual município foi desmembrada de Pedreiras, município este de que era distrito. Pela Lei Estadual nº 2179, de 30 de dezembro de 1961, Santo Antônio dos Lopes foi elevado à categoria de município, tendo o distrito sede o mesmo nome, ou seja, Santo Antônio dos Lopes, constituído de quatro distritos, isto é, Santo Antônio dos Lopes, Bom Jardim, Lagoa Nova e Olho d’Água (ex-Olho d’Água Grande). E sua instalação ocorreu em 16 de janeiro de 1962. Em divisão territorial de 31 de dezembro de 1963 o referido município de Santo Antônio dos Lopes, no Estado do Maranhão, confirmou a sua constituição em quatro distritos, ou seja, Santo Antônio dos Lopes (distrito sede), Bom Jardim, Lagoa Nova e Olho d’Água. E assim permaneceu em 1988 e em 2005. Seu prefeito nomeado foi Durval Januário dos Santos (popularmente chamado de Nena Santos ou Nena Sancho) e o seu primeiro Prefeito Eleito foi Antonio da Silva Rocha, pai deste articulista, de saudosa memória, com mandato de 1962 a 1969 (mandato de quatro mais uma prorrogação de dois anos). A propriedade Santa Cruz, de Antonio da Silva Rocha, com a definição territorial do novo município, deixou de pertencer ao município de Pedreiras e passou para o de Santo Antônio dos Lopes. Na mencionada cidade têm domicílio a irmã, comadre e amiga deste articulista, Alzira Rocha Carvalho, viúva de Raimundo Bonfim Carvalho, com seus filhos e filhas, e em Codó – Maranhão reside um neto do fundador Antonio Pereira Lopes, Zacarias Pereira Lopes, com sua mulher, minha irmã, comadre e amiga Zuleide Rocha Lopes e seus familiares. A referida cidade de Santo Antônio dos Lopes vive, hoje, uma agitação muito grande, com empresas (Georadar, OGX, MPX, CONEL, POLIMIX e outras) e muitas pessoas de fora, até de outros países, explorando gás.


Santo Antônio dos Lopes é sede de Comarca Judiciária; dispõe de Promotoria de Justiça e possui os estabelecimentos bancários Banco do Brasil, Bradesco e Caixa Econômica Federal. Seu atual prefeito é o senhor Eunélio Macedo Mendonça, neste ano reeleito para novo mandato (São Luís – MA, 18/10/2012).


HISTÓRIA DO VINHAIS VELHO EM SETE PASSOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão DELZUITE DANTAS BRITO VAZ CEM “LICEU MARANHENSE” Neste 20 de outubro comemoramos, na Vila Velha de Vinhais – ou Vinhais Velho, como carinhosamente é chamado pelos seus moradores -, 400 anos do dia em que foi rezada a primeira missa na capelinha, de pau e palha, erguida pelos primitivos habitantes – os Tupinambá – junto com os franceses de Monsieur De Pézieux que aqui se estabeleceram, quando da instalação da França Equinocial. O Vinhais Velho de hoje já recebeu diversas denominações: Uçaguaba, MiganVille, Sítio de “Monsier Pineau”; Aldeia da Doutrina, Vila Nova de Vinhais; já foi habitada por índios e por europeus; e sua História tem já mais de 400 anos: sua ocupação por europeus precede à fundação de São Luís. A ideia, da Comissão dos 400 anos da Igreja de São João Batista, é contar essa História em sete passos, informações relevantes sobre a constituição dessa Comunidade97. PASSO 1 – ESTA TERRA TINHA DONO: OS TREMEMBÉ, E DEPOIS OS TUPINAMBÁ – OS PRIMITIVOS HABITANTES

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Esses passos foram lidos por diversos moradores quando das comemorações dos 400 anos da primeira missa rezada em Vinhaes Velho, no dia 17 de outubro de 2012, quando em caminhada pelas diversas comunidades. No dia 18 de outubro, palestra pelos autores, abordando período anterior à chegada dos franceses de La Ravaerdiére.


O Maranhão é território de uma rica história de intercâmbio e conflítos entre os povos indígenas nativos e europeus - franceses, holandeses, ingleses, espanhóis e portugueses. No século XVII, a populaçõa indígena do Maranhão era formada por aproximadamente 250.000 pessoas, pertencente a cerca de 30 etnias, a maioria delas, hoje, não existindo mais: “Povos indígenas como os Tupinambá que habitavam a cidade de São Luis, os Barbados, os Amanajós, os Tremembé, os Araioses, os Kapiekrãs, entre outros, foram simplesmente exterminados ou dissolvidos social e culturalmente [...] São notórias as causas do desaparecimento de cerca de 20 povos indígenas no Maranhão: as guerras de expedição para escravizar, as doenças importadas, a miscigenação forçada, a imposição de novos modelos culturais, entre outras” Antes dos Tupinambás, os Tremembé, havendo indícios de ocupação pelo menos de nove mil anos. O que nos leva a essa afirmação são documentos que estão vindos à luz por pesquisas recentes, com base em informações obtidas em diversos arquivos e interpretação e uso de fontes as mais diversas. Não é possível determinar a origem dos primeiros habitantes, havendo várias teorias que supõem o aparecimento do homem. Dentre essas temos: Africana, Monogenismo Americano, Australiana, Atlante, Cartaginesa, Chinesa, Egipcia, Grega, Ibera, Irlandesa, Malaio-Polinesia, a Mista; ainda a Paleo-Asiática, Viking... Para os pesquisadores maranhensee Correia Lima e Aroso as correntes migratórias das Américas são em número de cinco: Australóides, Protossiberianos, Paleosiberianos, Protomalaios, e Protopolinésios. Os australóides deram descendentes em ambas as Américas, sendo que na do Sul, aparecem os Lácidas, Huarpidas, Patagônicos. Os Lácidas foram os primeiros povoadores do Maranhão, como o foram do Brasil. Vieram através de correntes migratórias interioranas e se localizaram de preferencia na parte setentrional e maranhense do Planalto Central do Brasil. Eram representados por um povo, os Tremembé (Tatamembé) que ocupavam inicialmente a costa maranhense, antes da chegada dos brasílidas. Na época do contato, viviam da fronteira do Pará (Rio Caeté) à do Piauí (Tutóia), sendo sua área preferida o Delta do Parnaíba e a Baia de Turiaçú. Das famílias lingoculturais suas descendentes, destaca-se a JÊ, grupo mais populoso; de maior expansão territorial; e de melhor caracterização étnica. Os Jês se caracterizam pela ausência da cerâmica e tecelagem, aldeias circulares, organização clânica e grande resistência à mudança cultural, mesmo depois de contato. Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de "TIMBIRAS", e dividem-se em dois ramos principais, segundo seu habitat - Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de canelas finas "pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados [...] gabase a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.". Povo física, linguística e culturalmente caracterizado como da família Jê, que disperso, habitava o interior do Maranhão e partes limítrofes dos Estados do Pará, Goiás e Piauí. Esse povo existe ainda parcialmente.


Já os Tremembé, originalmente nômades, viviam num território que se estendia nas praias entre Fortaleza e São Luís do Maranhão. Com a invasão dos Tupis-Guaranis perderam a Ilha de São Luis e seus arredores. Foram aldeados pelos Jesuítas no século XVII nas missões de Tutoya (Tutóia-Maranhão). Hoje, os Tremembé são um grupo étnico indígena que habita os limites do município brasileiro de Itarema, no litoral do estado do Ceará, mais precisamente na Área Indígena Tremembé de Almofala (Itarema), Terras Indígenas São José e Buriti (Itapipoca), Córrego do João Pereira (Itarema e Acaraú) e Tremembé de Queimadas (Acaraú). Ao se analisar as estearias maranhenses, área ocupada pelos brasilidas, que atingiram também o Maranhão através de duas correntes migratórias, interiorana – NuUraques (Uraques), depois os caraíbas, e finalmente os Tupi-Guaranis - e pela litoranea, e às vesperas e durante o contato, chegaram os ultimos Tupis, representados pelos Tupinambás. Já os Nordéstidas chegaram ao Maranhão pela corrente litoranea local, ocupando todo o litoral, sendo os primeiros a usar essa corrente, vindo do Nordeste. Apenas os Muras seguiram para o Amazonas, tornando-se fluviais. Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos que viviam ao longo da costa eram os Tupi. Estes tinham escorraçado os povos de língua e cultura Jê para o interior, vivendo, em geral, na região dos cerrados. Durante a expansão dos Tupis-Guaranis – descendentes dos protomalaios, e desembarcados nas costas ocidentais do istmo do Panamá, deslocaram-se para o suleste, atravessando os Andes, e atingindo o Amazonas, onde fizeram seu centro de dispersão. Migravam com muita frequência, surpreendentemente rápidos. Desceram o Rio Amazonas e se embrenharam em seus afluentes: Madeira, Tapajós, Xingu, Tocantins, Araguaia e ainda Gurupi, Mearim, etc. Passaram ao rio Paraguai e seus afluentes do Paraná, chegando ao Atlântico. Marginaram-se em direção ao Norte, parando no Maranhão, para reencontrar seus irmãos amazonenses. Sua migração pela costa nacional é recente e se fazia sempre ás custas dos velhos ocupantes, notadamente os Lácidas, os quais eram empurrados para o interior. Deixaram sempre ocupantes por onde passam, a exemplo dos Tupinambás, na Ilha de São Luis. Ao descreverem-se as migrações dos Tupinambá, Caeté e Potiguar do litoral de Pernambuco e da Bahia para o Maranhão, constata-se que ao fugirem dos portugueses que ocupavam estas regiões, estes grupos se aliaram e no trajeto percorrido a partir de 1570-72, ocuparam diversas áreas do interior e litoral: “A composição dessas migrações é perceptível na distribuição dos emigrantes nas terras do Maranhão e do Pará, conquistadas aos Tapuias, seus antigos senhores. Os Tupinambá abandonaram a zona do Ibiapaba, e localizaram-se na Ilha do Maranhão. Os Potiguar continuaram a viver ali. Em virtude do rompimento dos laços de solidariedade, os dois grupos tribais tornaram-se inimigos designando-se reciprocamente como Tabajara.” Em virtude disso, os grupos que se fixaram na serra da Ibiapaba ficaram conhecidos nos registros históricos como Tabajara. Nesta região, viviam ainda inúmeros


grupos tapuias, tais como Tacarijú, Quitaiaiú, Ocongá, Caratiú, Reriiú (Areriú), Acriú, Anacé, Aconguassu (Acoanssu), que eram de certa foram subordinados aos Tabajara. Os primitivos habitantes da Ilha Grande – Upaon-Açú – foram primeiro, os TREMEMBÉ e depois os TUPINAMBÁ; esses habitavam a Aldeia de Uçaguaba.

PASSO 2 – UÇAGUABA

UÇAGUABA

Servimo-nos de Claude d´Abbeville para identificar UÇAGUABA. Diz aquele missionário capuchinho que aqui chegando a ‘missão’ de LaRavardiére, os franceses atravessam o braço de mar, indo se fixar em um promontório onde, a 12 de agosto, uma sexta-feira, dia consagrado a Santa Clara, celebram o santo ofício da missa. A 8 de


setembro, uma quarta-feira, dia consagrado à Santíssima e Imaculada Virgem Maria, é realizada a solenidade de fundação da Colonia. Tivemos uma invasão francesa a um território português, como está registrado na História, ou teria sido, na verdade, uma invasão ibérica a uma ocupação francesa, que se estabelecia por conta de um período histórico confuso, que já não mais garantia o domínio indiscutível dos portugueses sobre a região? Deixamos a seguinte questão em aberto... Fundada a França Equinocial, sairam De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D' Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de um antigo morador de Upapon-Açú, de nome David Migan, a visitar as aldeias da Ilha: "(...) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (...)". (D'ABBEVILLE, 1975, p. 114) . (grifos nossos). Capistrano de ABREU esclarece que: " EUSSAUAP - nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes. Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na ediço francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uça, nome genérico do caranguejo, e guaba, participio de u comer: o que, ou onde se come caraguejos, conforme com a definição do texto ...". ( apud D' ABEVILLE, 1975, p.107). Das 27 aldeias existentes na Ilha, 14 tinham apenas um Principal; 10 possuiam dois; 1 possuia três. Eussauap possuia quatro – "... é uma das maiores aldeias da ilha e nela existem quatro principais: Tatu-Açu; Cora-Uaçu ou Sola-Uaçu, às vezes também Maari-Uaçu; Taiacú e Tapire-Evire". É em Eussauap que os franceses encontram uma certa resistência, por parte de um velho "... de mais de 180 anos e que tinha por nome Mamboré-Uaçu ..." e que havia assistido ao estabelecimento dos portugueses em Pernambuco, 80 anos antes (cerca de 1835). Mas Uçaguaba – como vimos significando como “TERRA ONDE SE COME CARANGUEIJOS’, segundo nossos primeiros cronistas – D´Abbeville e D´Evreux – desde a última década dos anos 1500 já fora ocupada por europeus, de viersos Estados, e por iniciativa de franceses. Estamos falando de MIGANVILLE PASSO 3 – DE MIGAN MIGANVILLE A SÍTIO PINEAU – A CHEGADA DOS FRANCESES Miganville, de Davi Migan, natural de Vienne, no Delfinado. A Vila Velha de Vinhais é o núcleo habitacional mais antigo do Maranhão. Referimo-nos à ocupação por brancos, pois os Tupinambás ocupam aquele espaço há


mais tempo, provavelmente desde 80 anos antes da chegada dos Franceses de La Ravardiére. Jacques Riffault, personagem constante em nossa história, desde 1594 se estabelecera em Upaon-açu (Ilha de São Luís) com uma feitoria, contando com o auxilio de seus compatriotas Charles D’Estenou - Senhor de Des-Vaux, cavalheiro do Condado de Tomaine, e de Davi Migan, natural de Vienne, no Delfinado. Ambos haviam conquistado a amizade dos silvícolas, e tinham o domínio da língua nativa. Vamos encontrar Jacques Riffault na hoje Alcântara, cuja ocupação remonta a um primitivo aldeamento dos Tapuias, conquistado pelos Tupinambás e denominado "Tapuitapera" ("casa dos Tapuias") à época de sua chegada. Estabelecidas relações amistosas entre os dois povos, esta aldeia teria fornecido de trezentos a quatrocentos trabalhadores para a fortificação do nascente núcleo colonial na ilha Grande, depois ilha de São Luís, após a chegada de Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière (1612). Dentre outros franceses, frequentava a Ilha Grande o Capitão Guérard, que em 1596 armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste, chegou ao Camocim – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Guérard. Meireles (1982, p. 34) traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Guérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil. Henrique IV, de França, concede a René-Marie de Mont-Barrot, Carta Patente datada de 8 de maio de 1602, autorizando-o a arregimentar 400 homens e fundar uma colônia no norte do Brasil; se associa a Daniel de La Touche, transferindo-lhe a empreitada. O Senhor de la Ravardière com o navegador Jean Mocquet parte a 12 de janeiro de 1604 com dois navios, chegando as costas da Guiana (Oiapoque) a 8 de abril, retornando àquele porto a 15 de agosto. Ante a desistência de Mont-Barrot, o monarca francês, por Carta Patente de 6 de julho de 1605 nomeia La Ravardière seu Lugartenente e vice-almirante nas costas do Brasil. A primeira concessão a Daniel de La Touche, data do mês de julho: “Luis, a todos os que virem a presente. Saúde.O defunto rei Henrique, o Grande, nosso muito honrado senhor e pai [...] tendo por cartas patentes de julho de 1605 constituído e estabelecido o Sr. De Ravardiére de La Touche seu lugar-tenente na América, desde o rio do Amazonas até a ilha da Trindade. Segundo o sócio do IHGM Antonio Noberto, é confirma a presença de franceses pelo Padre Luis Figueira, em sua Relação do Maranhão (de 1608): "Mandamos recado a outra aldea para sabermos se nos quirião la e q' viessem alguns a falar cõ nosco, e tãbem nos queriamos emformar dos q' tinhão vindo do maranhão q' la estavão principalmente acequa dos frãcesez


que tinhamos por novas que estavão la de assento com duas fortalezas feitas em duas ilhas na boca do rio maranhão". Em 1607 - ou 1609 - Carlos Des-Vaux retorna à França cansado de esperar por Riffault, e é recebido por Henrique IV. Ainda em 1609, Daniel de LaTouche e Charles Des-Vaux visitam o Maranhão. De LaTouche certifica-se de que as informações sobre a terra eram verdadeiras e pede licença ao rei para explorá-la. Mas com o assassinato de Henrique IV, sucede-lhe ao trono Luis XIII, ainda menor, governando em seu nome Maria de Medicis. É esta quem concede licença à Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, de formar uma companhia para explorar as "terras" de Riffault: “[...] e havendo ele feito duas viagens às Índias para descobrir as enseadas e rios próprios para o desembarque e estabelecimento de colônias, no que seria bem sucedido, pois apenas chegou nesse país soube predispor os habitantes das ilhas do Maranhão e terra firme, os tupinambás e tabajaras, e outros, a procurarem nossa proteção e sujeitarem-se à nossa autoridade, tanto por seu generoso e prudente procedimento [...] de lhe fazer expedir nossas cartas patentes de outubro de 1610 para regressar, como Chefe, ao dito país, continuar seus progressos, como teria feito e aí demorar-se-ia dois anos e meio com os portugueses.”, em paz e 18 meses tanto em guerra como em tréguas”. La-Ravardière, associa-se a François de Razilly, Senhor de Razilly e Aunelles, ajudante de ordens do Rei, gentil homem de sua câmara, aparentado com o cardeal de Richelieu; Nicolas de Harlay, Senhor de Sancy e Barão de Molle e Gros-Bois, membro do Parlamento e do Conselho do Rei; além deles conseguiu o apoio e a proteção do Senhor de Dampulho, Almirante de França e Bretanha, primo do Rei, e do abastado Auber de Claumont. A 24 de julho de 1612, Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy largam âncora na ilha de Sant' Ana e a 6 de agosto a esquadra entra no golfo, indo fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), onde se localizavam as feitorias de Du Manoir e do Capitão Guérard. Os franceses atravessam o braço de mar, indo se fixar em um promontório onde, a 12 de agosto, uma sexta-feira, dia consagrado a Santa Clara, celebram o santo ofício da missa. A 8 de setembro, uma quarta-feira, dia consagrado à Santíssima e Imaculada Virgem Maria, é realizada a solenidade de fundação da Colonia. Du Manoir, Riffault, Des-Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur e Dieppe; o Duque de Buckigham e o conde de Pembroke e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos. O historiador Antonio Noberto continua: tanto comércio fez com que bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba/Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação europeia. Terceiro, o porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia). Para Noberto, é quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu


dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville. Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil (1968, p. 34) apresenta decalque de mapa datado de 1627, cujo original desapareceu, feito em torno de 1615 pelo português João Teixeira Albernaz, cosmógrafo de sua Majestade, certamente feito a partir daquele que LaRavardiére deu ao Sargento- Mor Diogo de Campos Moreno durante a trégua de 1614.

O autor chama atenção para os nomes constantes dos mapas, entre os quais muitos de origem francesa, ‘traduzidos’ para o português. Vê-se, na Grande Ilha dentre outros, Migao-Ville, propriedade do intérprete de Dieppe, David Migan, seguramente um psudônimo, no entender de Pianzola: “[...] No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornou-se morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá (escreve-se sem “s” mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o “chefe dos negros” (índios) e “parente do governador de Dieppe”. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville [...]”. (NOBERTO SILVA, 2011). Continuemos com Noberto Silva (2011): “[...] Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão


contavam, inclusive, com ‘duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas’. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan”. Quando da implantação da França Equinocial esse complexo passou para mãos oficiais. Uçaguaba/Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e Yves d'Evreux de "o sítio Pineau" em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia. PASSO 4 – A ALDEIA DA DOUTRINA Os moradores de Eussauap tinham esperança que um dos padre aí se fixasse. Por isso "haviam edificado no meio da praça, localizada entre as cabanas, uma bonita capela com um altar bem arranjado". Além da capela construiram uma grande cruz. No domingo, dia 20 de outubro de 1612, foi a capela batizada e rezada a missa. Vencidos os franceses em Guaxenduba (19/11/1614), os portugueses se estabelecem no Maranhão, vindo com Jeronimo de Albuquerque os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes, aqui permanecendo estes até 1618 ou 1619: "A primeira missão ou residência, que fundaram mais junto à cidade para comodidade dos moradores, foi a que deram o nome de Uçagoaba, onde com os da ilha aldearam os índios que haviam trazido de Pernambuco ...". (MORAES, 1987, p.58). A residência dos jesuitas em Uçagoaba é ocupada com a chegada da segunda turma de jesuitas ao Maranhão, os padres Luis de Figueira e Benedito Amodei. De acordo com Cavalcanti Filho (1990) a missão jesuitica no Maranhão inicia-se com a chegada dos padres Figueira e Amodei: "... Ao que tudo indica, a aldeia de Uçaguaba, situada a margem esquerda do igarapé do mesmo nome, teria sido o ponto de partida dessa missão ... desta primeira, denominada 'Aldeia da Doutrina'".(p. 31). Eloy Abreu em seu “O Senado da Câmara de São Luís e as festas públicas” (2010) registra que a obrigação de participar das festas públicas incluía, além dos moradores da cidade, os que habitavam as vilas de índios do Vinhais e do Paço do Lumiar, ambas localizadas no interior da ilha e distantes da cidade duas léguas, pois as festas religiosas também funcionavam como um veículo de catequização dos nativos. No dia 07 de julho de 1647 é registrado no Livro de Acórdãos da Câmara de São Luís a ausência dos habitantes desta cidade – e das vilas próximas – às festas públicas que se organizavam, e que os cidadãos não a estavam acudindo, isto é, não estavam contribuindo para a sua realização, quer em dinheiro, quer em sua realização, quer no acompanhando das procissões. “Acordamos e mandamos que todo cidadão desta cidade de São Luís de

qualquer qualidade que seja que a Câmara celebre festas e procissões estando residente na cidade ou duas léguas ao redor não acudir as ditas


festas e procissões para acompanhá-las nos postos que lhe forem ordenados paguem mil reis de pena as obras do conselho.” (p. 237) (grifamos). Não há referência à Eussauap, Uçagoaba, Uçaguaba ou Aldeia da Doutrina na relação dos templos existentes na Ilha por ocasião da elevação de São Luís à sede de Bispado em 1677, pela Bula "Super Universas Orbis Ecclesias", muito embora em 1740 conste da relação das freguesias do Maranhão: "Na ilha de São Luis. Além da freguesia de N.S. da Vitória que abrangia toda a capital do Estado com suas muitas igrejas, capelas e conventos, havia três outros núcleos com a presença permanente de religiosos e que também naquele ano seriam erigidos em paróquia - Anindiba (Paço do Lumiar), São José dos Poções, antiga aldeia da Doutrina ...". (MEIRELES, 1977, p.127). D. Felipe Condurú Pacheco (1968) informa que em 1751, os jesuítas e os franciscanos tinham no Estado do Maranhão e Grão-Pará 80 missões e grande número de “doutrinas”, e que em oposição às numerosas propriedades dos demais religiosos, “... os franciscanos possuíam então no Maranhão apenas o convento de Santo Antonio, com 25 escravos, e a ‘missão’ de S. José dos Poções, em 1757 vila de Vinhais, de onde, com as esmolas dos fiéis, se mantinham com seus alunos de filosofia e de teologia...”. (p. 50). Ao listar as paróquias da Ilha do Maranhão, “... no meado do século XVIII, conta de 1758,... distante da cidade ... Vila Nova de Vinhais, a que foi elevada a 1o. de agôsto de 1757, (antes, S. João dos Poções) dos franciscanos...”. (p. 61). Meireles (1964), conta-nos que o bem-aventurado Gabriel Malagrida - a quem César Marques chamou de “o desgraçado apóstolo do Maranhão” - costumava logo pela manhã percorrer as ruas da pequenina cidade de não mais de uma meia dúzia de milhares de habitantes, a convocá-los, com a campainha que ia fazendo tilintar, para a Santa Missa e o exercício do catecismo. E lá voltava ele, cheio de alegre beatitude, acompanhado de um bando irriquieto de meninos que o seguia até o Colégio. Depois, o confessionário e a visita aos enfermos e aos presos, consumia-lhe o resto do dia, pela tarde afóra; À noite, retornava à aldeida da doutrina, como comumente então a povoação de São João dos Poções, antiga Uçagoiaba e hoje Vinhais, sede da primeira missão dos inacianos na Ilha-Grande fora conhecida... Cesar Marques (1970), em seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, publicado em 1870, informa sobre Vinhais - freguesia e ribeiro, que os jesuítas Manoel Gomes e Diogo Nunes, que vieram junto com a armada de Alexandre de Moura, principiaram a estabelecer residências - ou missões de índios -, sendo a primeira que fundaram: “... foi a que deram o nome de Uçaguaba, onde com os da ilha da capital aldearam os índios, que tinham trazido de Permambuco, e como esta se houvesse de ser a norma das mais aldeias, diz o Padre José de Morais, nela estabelecessem todos os costumes , que pudessem servir de exemplo aos vizinhos e de edificações aos estranhos. Cremos que por êste fim especial foi chamada aldeia da Doutrina. “Fundada pelos jesuítas, parece-nos haver depois passado ao poder do Senado da Câmara, porque ele tinha uma aldia ‘cujo sítio era bem perto da


cidade’. Compunha-se de 25 a 30 índios entre homens e mulheres ‘para poderem acudir às obras públicas pagando-se-lhes o seu jornal’. “Em 12 de maio de 1698 a Câmara pediu ao soberano um missionário para educá-los. Em 22 desse mesmo mês representou à Sua Majestade queixando-se por ter sido privada desta aldeia ‘por algumas informações más e apaixonadas’. ... foi no dia 1o. de agosto de 1757 elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais”. (p. 632-633). Coelho (1990) em seu "Política indigenista no Maranhão Provincial", ao analisar "o lugar do índio na legislação: a questão da terra", afirma que " a situação das terras dos indigenas é caracterizada por um acúmulo de esbulhos e usurpações" e o processo oficial do sequestro dessas terras se dá pela ação de Pombal, que prescreveu, em 1757, a " elevação das aldeias indígenas, onde haviam missões, à categoria de vila ou lugar, de acordo com o número de habitantes". Cita, dentre outros exemplos, que " a aldeia da Doutrina, em 1º de agosto de 1757, foi elevada à categoria de vila, com o nome de Vinhais". PASSO 5 – VILA DE VINHAIS Pois bem, a antiga Aldeia da Doutrina é elevada à categoria de vila em 1o. de agosto de 1757 com a denominação de Vinhais - Vila Nova de Vinhais – a nossa hoje Vila Velha de Vinhais. Era comum darem-se nomes às vilas e cidades do Maranhão o mesmo nome de vilas e cidades existentes em Portugal. Vinhais é uma vila portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragança, Região Norte e subregião do Alto Trás-os-Montes, limitado a norte e oeste pela Espanha, a leste pelo município de Bragança, a sul por Macedo de Cavaleiros e Mirandela e a oeste por Valpaços e Chaves. A ocupação humana deste território data de tempos ancestrais, tal como se pode verificar pelos inúmeros vestígios arqueológicos que se podem encontrar nesta região: inscrições rupestres, edificações de tipo dolménico e fortificações castrejas. Esta antiguidade é reiterada pelo Abade de Miragaia: O chão desta vila e desta paróquia foi ocupado desde tempos remotíssimos, como se infere da lenda ou história da igreja de S. Facundo, que a tradição diz ter sido fundada no tempo dos Godos. (...) Também por aqui se demoraram os Romanos, pois ao norte da vila, no monte da Vidueira, se encontraram em 1872 muitas moedas romanas bem conservadas (...). Perto de Vinhais foi encontrada uma lápide com a seguinte inscrição: JOVI / O.M. / LOVIIS / IAIIX / VOTO / LAP (Lovesia dedicou por voto e com generoso ânimo ao grande Júpiter). Em meados do século XIII surgiu, pela primeira vez, a referência a Vinhais, num documento de doação ao mosteiro leonês de São Martinho da Castanheira. Vinhais foi, primitivamente, um castro de povoamento galaico, transformado pelos romanos em castro galaico-romano, com a sua fortaleza (oppidum). Certamente, os suevos ou os visigodos cercaram a localidade de muralhas e, com a expulsão dos muçulmanos, Vinhais ficou arrasada, tendo sido repovoada na época da dominação dos reis de Castela e Leão (D. Sancho II e D. Afonso VI).


Este repovoamento foi continuado pelos primeiros reis portugueses, nomeadamente com D. Afonso Henriques, D. Sancho I (O Povoador), D. Afonso II e D. Sancho II. Recebeu foral de D. Afonso III, no dia 20 de Maio de 1253, o qual foi outorgado pelo monarca D. Manuel I, em 4 de Maio de 1512. Quando D. João I de Castela invadiu Portugal, em 1384, devido à crise de sucessão suscitada pela morte de D. Fernando, o castelo de Vinhais foi um dos muitos que hastearam a bandeira castelhana, recusando, assim, obediência ao Mestre de Avis, futuro D. João I de Portugal. No século XVII, Vinhais sofreu bastante com a Guerra da Restauração, devido à sua localização geográfica, tal como conta Pinho Leal, na célebre obra Portugal Antigo e Moderno. O hoje bairro de São Luís, Vinhais Velho – ou Vila Velha de Vinhais como também é conhecido - já foi independente; isto é, se constituiu, no dizer de hoje, em município. Durante o consulado pombalino (1755-1777), um ano depois da tentativa de regicídio a D. José, o Marques de Pombal expulsou os jesuítas da metrópole e das colónias (Setembro 1759), confiscando seus bens, sob a alegação de que a Companhia de Jesus agia como um poder autônomo dentro do Estado português e as suas ligações internacionais eram um entrave ao fortalecimento do poder régio. Buscamos uma vez mais em Cesar MARQUES (1970) outras informações, agora sobre a Igreja do Vinhais: “Pertenceu então a outro donatário porque descobrimos termos da junta das missões de 13 de abril de 1757, que passou para o domínio dos frades da Ordem de Santo Antonio, sem podermos contudo dizer como se efetuou esta mudança, e então se chamou aldeia de São João dos Poções.[...] [1o. de agosto de 1757 em que a Aldeia da Doutrina foi elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais] foi criada a freguesia em virtude de Resolução Régia de 13 de junho de 1757, sendo o seu primeiro pároco encomendado o beneficiado Antôno Felipe Ribeiro”. [...] “Em 5 de maio de 1829 a Câmara ‘pediu ao Presidente a construção de uma igreja, por ter desabado a que havia, de uma cadeia, que era um quarto por baixo da casa da Câmara, porque tendo caído o templo de que o quarto fazia parte, ficou ele arreuinadíssimo, e de uma casa da Câmara porque a existente estava com os sobrados despregados e com faltas’. “. (p. 632-633). Em 1º de agosto de 1757, a Aldeia da Doutrina, sob a invocação de São João dos Poções, foi elevada à categoria de Vila com a denominação de Vinhais, sendo criada nesse mesmo dia a freguesia de São João Batista de Vinhais, em virtude de Resolução Régia de 13 de junho de 1757. No ano de 1779, a Vila de Vinhais contava 630 ‘almas”; a cidade de São Luís, 13.000, a Vila do Paço do Lumiar 808, conforme regidstro na Biblioteca da Ajuda. Notícias de todos os governadores e populações das provincias do Brasil. Documento no. 2001 (54 – v. 12 no. 5). De acordo com Barbosa de Godois (1904), o colégio dos jesuítas no Maranhão, “segundo os Annaes Litterarios, contava estas residências: Conceição da Virgem Maria, em Pinheiros; S. José, na aldeia de S. José de Riba-Mar; S. João Baptista, em Vinhais; S. Miguel, no Rosário. Buscamos uma vez mais em Cesar Marques (1970) outras informações, agora sobre a Igreja do Vinhais:


“Pertenceu então a outro donatário porque descobrimos termos da junta das missões de 13 de abril de 1757, que passou para o domínio dos frades da Ordem de Santo Antonio, sem podermos contudo dizer como se efetuou esta mudança, e então se chamou aldeia de São João dos Poções.[...] [1o. de agosto de 1757 em que a Aldeia da Doutrina foi elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais] foi criada a freguesia em virtude de Resolução Régia de 13 de junho de 1757, sendo o seu primeiro pároco encomendado o beneficiado Antôno Felipe Ribeiro”. [...] “Em 5 de maio de 1829 a Câmara ‘pediu ao Presidente a construção de uma igreja, por ter desabado a que havia, de uma cadeia, que era um quarto por baixo da casa da Câmara, porque tendo caído o templo de que o quarto fazia parte, ficou ele arreuinadíssimo, e de uma casa da Câmara porque a existente estava com os sobrados despregados e com faltas’. “. (p. 632-633). Ainda às págiasm 632 do referido Dicionário ..., César Marques informa que no referido têrmo – ao passar a freguesia para a Ordem de Santo Antônio, com o nome de São João dos Poções, em 13 de abril de 1757 -, achavam-se em palácio, reunidos, o Governador da Capitania, Gonálo Pereira Lobato e Sousa, o Governador do Bispado, Dr. João Rodrigues Covete, e o Desembargador Ouvidor-Geral Diogo da Costa e Silva, o Desembargador Juiz-de-Fora Gaspar Gonçalves dos Reis, e os reverendos prelados das regiões, mandava o Governador ler o têrmo da junta, feito na cidade de Belém do Grão-Pará em 10 de fevereiro de 1757: “Depois disso perguntou o governador do bispado o que respondiam suas paternidades ao proposto, determinado e resolvido no dito têrmo, devendose praticar neste bispado o que se praticou e resolveu no Grão-Pará”. “O padre provincial do Carmo, Frei Pedro da Natividade, e o padre comendador do Convento de N. S. das Mercês, Frei Bernardo Rodrigues Silva, não fizeram a menor objeçào, e declaram concordar com o que se tinha feito no Pará. “O padre-mestre, Frei Matias de Santo Antônio, por impedimento do guardião do Convento de S. Antônio, que então era Frei Miguel do Nascimento, respondeu que não tinha dúvida que se observasse o mesmo, com a declaração porém que neste bispado não havia missões algumas para observância do sobredito, e que só o seu convento tinha uma doutrina do serviço dele, a qual estava situada em terras doadas ao mesmo convento, aceitas pelo Sindico dele por títulos onerosos de compra e venda, e obrigação de missas anuais, e por isso tinham entrado no seu domínio por muitas bulas, e especialemnete pelas do papa Nicolau IV, ficando assim excluída da ordem de Sua Magestade. “No têrmo da junta de 18 de junho do mesmo ano (1757), declarou o dito governador, que havendo dado conta do ocorrido na sessão da Junta de 13 de abril ao capitão-General do Estado Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do Marques de Pombal) do requerimento do guardião do Convento de Santo Antônio a respeito da sua aldeia chamada da Doutrina, fora por ele julgada em oposição à devida observancia da ordem de Sua Majestade de 7 de junho de 1755, que com força de lei mandou publicar nesta cidade. “Em virtude de tudo isto foi no dia 1 de agôsto de 1757 elevada à categoria de vila com a demonimação de Vinhais.


“Acharam-se presentes a este ato o Governador da Capitania, dr. Bernardo Bequimão por comissão do governador do Bispado, o diretor Alferes Manuel de Farias Ribeiro, os Sargentos Manuel José de Abreu e Carlos Luis Soares, o povo do dito lugar e mais aldeias. “Fêz entrega das terras da vila, o que únicmente possuía esta aldeia, o Padre Frei Bento de Santa Rosa, religioso de Santo Antônio e aí missionário com a administração temporal.” (p. 632-633) PASSO 6 - VILA NOVA DE VINHAIS César Marques, consta que houve contestação quanto à propriedade das terras da Aldeia da Doutrina, pertencente, então, ao Convento de Santo Antônio. Esta vila, situada ao N.E. da Ilha do Maranhão uma légua distante da capital, à margem do ribeiro Vinhais, ora transformada em Vila do Vinhais e, para dar fim à qualquer contestação, sobre a quem pertenceria as terras, passou-se a seguinte certidão, que, segundo Cesar Marques, não deixa de ser curiosa: “José Inácio Pereira, escrivão por comissão da Câmara da vila de Vinhais: em cumprimento do despacho retro certifico que revendo o livro de ... nele à fl. 87 verso achei o translado ... Por ser conforme às reais ordens que Sua Majestade foi servido expedir para o estabelecimento deste Estado e conveniente ao bem comum e particular dos moradores dele, que se destinem terrenos competentes, que sirvam de distritos às vilas para as suas respectivas justiças não excederem os seus limites, devo dizer de vossas mercês em observância das mesmas reais ordens, que o distrito dessa vila terá princípio no pôrto do Angelim sobre a foz do rio – Anil -, quer fica pertencente ao distrito desta cidade, e dele partirá em rumo direito para o nascente às terras alagadiças da fazenda que foi de Agostinho da Paz e que hoje é do Rvdo. Cônego Manuel da Graça, fincado pertencendo ao distrito desta mesma vila a estrada pública, que do dito porto do Angelim vai para a fazenda da Anindia e outras, como também a fazenda do defunto José de Araújo, partindo e confrontando da parte do sul com terras do distrito desta cidade e continuando este rumo da parte do nascente da mesma fazenda do dito Cônego Manual da Graça para a parte do norte, correrá em direitura à costa do mar, e por ela descerá à capela de São Marcos de onde continuando da parte do poente pela costa desta baía até a fortaleza da barra desta cidade continuará pelo rio, que divide a cidade das terras sobreditas da costa do mar até finalmente chegar ao dito porto do Angelim, onde fica fechando o rumo do dito distrito, em que se compreedem a dita vila e terras que possuem os seus moradores desde o tempo em que foi constituída doutrina dos padres de Santo Antônio desta cidade como também a Capela de São Marcos, a olaria, que foi dos padres da Companhia e vários sítios de fazendas e moradores, como são a do sobredito Cônego Manuel da Graça, de Domingos Fernandes e últimamente todos os que dentro dos referidos rumos e distrito se compreenderem sendo este suficiente para essa dita vila, sem prejudicar o da cidade. “Para rendimento das despesas da Câmara lhe não determino por hora terreno, o que farei com a brevidade que me fôr possível para cumprir completamente com a ordem de Sua Majestade, o qual sempre há de ser


dentro do distrito dessa vila: o que tudo Vossas Mercês tenham entendido para inviolávelmente observarem, registrando este no livro da Câmara para a todo o tempo constar até onde entendem os seus limites, de que me mandarão certidão de assim o haverem. – Deus guarde a Vossas Mercês – Maranhão. – Gonçalo Pereira Lobato e Sousa” “Senhores Juízes e oficiais da Câmara da vila do Vinhais. “Certifico eu escrivão abaixo nomeado em como transladei uma carta do Ilmo. Sr. Governador vinda ao juiz e mais oficiais da Câmara desta vila, o que juro em fé de meu ofício: três de novembro de 1760. – Manuel de Jesus Pereira. “Nada mais que o referido continha o dito translado fielmente aqui copiado do próprio livro, a que me reporto, e é verdade todo o referido em fé do ofício. – Vinhais, 10 de fevereiro de 1806. – José Inácio Pereira”. (gruifos nosso). Em 1782, se queixou o índio Manuel Ribeiro através do vigário da Igreja de São João Batista de Vinhais, como vemos na transcrição abaixo: Do presente Vigário da Villa de S. João de Vinhais. A todos que a presente certidão virem que he verdade ter o suplicante Manoel Ribeiro cinco filhos, e ser lavrador em terras suas próprias e ser bem procedido, temente a Deus, cabido da Igreja, e lhe terem tirado da sua companhia, em grave detrimento de sua casa, para trabalharem no serviço da roça do Sargento-Mor Antônio José de Brito; não obstante ter servido o dito na Câmara da dita Villa, e por ser todo o referido verdade o juro aos Santos Evangelhos, Villa de São João Batista de Vinhais, aos vinte e três de junho de 1790. Pe. Timotheo de Santa Rita e Serra (AHU, Manuscritos diversos, Cx. 68, D. 5933, grifos meus)

Pelo conteúdo das denúncias torna-se claro que os diretores nomeados pelos passaram a cometer inúmeros abusos, pois “as comunidades indígenas passaram a ser vistas como exército de trabalhadores”, ocorrendo uma nova espécie de servidão. Neste mesmo sentido, em 1782, ao Conselho Ultramarino, encarregado dos negócios de ultramar no Império marítimo português, foi enviada uma “representação do juiz da Vila de Vinhais Calisto Arnaut, e do escrivão dos Armazéns Reais, Valério Xavier Campelo para rainha D. Maria I, solicitando medidas de proteção para os índios que vivem em estado de cativeiro.” (AHU, Cx. 58, doc. 5397) Melo e Póvoas, governador durante décadas do antigo Estado do Maranhão, foi consultado sobre as queixas que vinham da colônia e respondeu nos termos abaixo: Senhora, He Vossa Magestade servida mandar ouvir o meu parecer na queixa que forma o Juiz da Villa de Vinhais Calisto Arnaut, de seu diretor Luís Liconti, e do General que me sucedeu no Governo do Maranhão. Só quem viesse agora daquela terra poderia verdadeiramente informar da queixa que faz o suplicante, eu o que posso dizer lhe, é que a Villa de Vinhais era muito populoza no meu tempo, que por ser hu bom porto de mar, e perto da cidade, estabeleci nella huma boa Fábrica de arroz, em que os Indios tinhão os mais avultados interesses, e não os empregava em outros serviços por ser interessante ao de Vossa Magestade o da Cultura e Descasque de Arroz, que por isso não havia nesta Villa rossa do comum. Sempre fiz conservar aos índios os seus privilégios para ser assim maior a porção de dinheiro


para se poderem manter [...] Agora o suplicante se queixa de que a três annos lhe não pagão, isto me paresse impossível, porque não tendo os Índios outra fonte de Rendimento, possão subsistir sem lhes pagar a tanto tempo. Queixa o Suplicante de que os Indios são obrigados a hir trabalhar nas Rossas que o Diretor tem no Rio Mony, Cumã, e Tury, o que He inteiramente contrario a novíssima Ley do Directório, que prohibe aos Directores o terem Rossas, nem gênero algum de comércio, da mesma sorte o Diretório manda que quando se vão com as Portarias buscar os Índios às Povoações se deixe nella o salário do tempo por que vão servir, o qual fica no cofre da Villa, para se lhe entregar quando a Ella se Recolham, e faltando-se a todos esta circunstância está inteiramente prevertida a boa ordem do Governo dos Índios, o que se não espera de nenhum General cordato, por que o seria arruinar-se totalmente o Estado. E como os ouvidores tem obrigação de conhecerem nas correições, dos Directores, por este Ministro pode Vossa Magestade saber, se he ou não certo o de que se queixa o suplicante... Isto He o que me paresse Vossa Magestade mandará o que for servida Paço do Lumiar, a 11 de Março de 1783, (AHU, Cx 59, doc. 5452)

A comunidade da Vila de Vinhais, que o capitão general ressaltou ser no seu tempo “populoza e próspera”, localizada muito próxima da sede da capitania foi presa fácil dos interesses voltados para a agro-exportação. Em 1787, denúncias mais graves chegam a Lisboa, como segue: “requerimento do Juiz da vila de Vinhais, Calisto Arnaut, que se queixa das violências praticadas contra os índios pelo diretor desta vila, Luís Liconte. Por isso, solicita uma devassa ao seu procedimento”. Extratos do texto são transcritos abaixo: O Juiz da Villa de Vinhais, Calisto Arnaut, Indio nacional da capitania do Maranhão, na qual disse que ele servia a Vossa Magestade naquella Villa havião quatorze annos com boa satisfação, e sendo a mais populosa de quantas se crearam na dita capitania, a mais abundante de gêneros, e fértil em todas as suas produções, sempre se governaram em paz, e os índios dela perceberam os seus interesses Repartidos a seu tempo, conforme as Reais Ordens de Vossa Magestade, conservando-se nos seus Privilégios. Que tomando porem posse do Governo D. Antônio de Sales Noronha, tudo tinham sido inquietações, prejuízos, injúrias, e castigos que se fazião naquela villa....(AHU, Caixa 76, Documento 6518).

Em 1834, existiam, na Província do Maranhão, apenas treze municípios e somente o da Capital, São Luís, tinha sede com status de cidade. Os doze restantes eram sediados em vilas: Vinhais, Paço do Lumiar, Alcântara, Viana, Guimarães, ItapecuruMirim, Icatu, Caxias, Brejo, Tutóia, Pastos Bons e São Bernardo. Como a vila do Vinhais não apresentou qualquer desenvolvimento, foi extinta pela Lei Provincial no. 7, de 20 de abril de 1835, passando a pertencer a frequesia à comarca da capital, formando o 5º distrito de paz, e tendo uma subdelegacia de Polícia, um delegado da Instrução Pública e uma cadeira pública de ensino primário para o sexo masculino. Suas terras eram excelentes, baixas, próprias para a plantação da cana-deaçúcar. Achando-se estabelecidas aí pequenas roças de arroz, mandioca e mais gêneros. Calculava-se o número de seus habitantes em 1.020, sendo 887 livres e os mais escravos (p. 633). Ana Jansen, em meados do século XIX, monopolizava o abastecimento de água de São Luís, utilizandos-e de aguadeiros, seus escravos, que se abasteciam nas fontes do


Apicum e Vinhais, transportando suas pipas para o centro da cidade, vendendo o caneco por vinte réis, de acordo com Viveiros. No ano de 1862, São Luís possuia três frequesias: Vinhaes, Bacanga e São José dos Índios. Eram chamadas de 1ª., 2ª, e 3ª. freguesias. O Deputado Francisco Antonio Brandão Junior, em 1892, apresenta projeto de criação de uma cadeira de “primeiras letras” em Vinhais. Essa, deve ser a origem da nossa Escola Oliveira Roma... Para Antonia Mota, em Vinhais Velho, algumas poucas famílias descendentes da extinta nação Tupinambá, resistiram em torno da capela em ruínas. Passaram a sobreviver nas terras próximas ao igarapé, estas sem nenhum valor comercial. Os jovens do bairro que chegavam à idade produtiva eram mandados por seus pais para trabalhar em serviços subalternos, as famílias complementando sua renda com pescados e frutos da região. Seu Olegário, descendente do índio Manuel Ribeiro mencionado acima, conta que ainda rapazote foi trabalhar com a família de César Aboud, proprietário de fábricas de tecidos em São Luís. Segundo relata, só vinha em casa a cada quinze dias, mas acompanhava de perto a sobrevivência do lugar. Em suas conversas lembra que foi batizado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, demolida e deu lugar à construção do primeiro edifício de São Luís, o Caiçara... Prossegue a historiadora da UFMA, afirmando que [...] já no século XX, a partir da década de 70, grandes avenidas rasgaram a capital, a antiga Vila de Vinhais continuou isolada, os poucos moradores utilizando canoas para se locomoverem, sendo utilizada também a estrada do Anil para chegar ao centro de São Luís de carro. Na década de oitenta, os quintais que circundavam a antiga comunidade passaram a ser ameaçados pela especulação imobiliária, que buscava novos espaços para se expandir. Inúmeros conjuntos habitacionais e condomínios fechados foram “comendo” as áreas verdes em seu entorno. O isolamento do lugar, que passou por todo aquele processo histórico comunidade indígena, missão jesuítica, vila de Vinhais e depois bairro periférico -, preservou a cultura tradicional, seja na memória dos anciãos como nas práticas de seus moradores. Finalmente, agora a Via Expressa ameaça passar por cima da comunidade, expulsando famílias que sempre viveram no lugar, que mantiveram com seu esforço pessoal as tradições herdadas de seus ancestrais. Uma das lideranças da comunidade é Dona Ulbaldina, hoje com oitenta e cinco anos, que desde sua mocidade zela pela igreja secular. Dedicação que vai além do cuidado com o templo, mantendo as tradições do catolicismo popular, com seu calendário litúrgico composto por várias festividades, incluindo rezas, cânticos, ladainhas e procissões.

PASSO 7 - A IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA DE VINHAES Onde hoje é localizado o bairro Vila Velha de Vinhais – ou Vinhais Velho – ficava antiga aldeia indígena, onde um certo David Migan habitava com os índios. Uçaguaba era a segunda maior aldeia de Upaonj-Açú. Com a chegada da armada de Daniel de La Touche, veio a recebeu seus alguns habitantes brancos, em 1612, quando o sr. de Pizieux e alguns franceses alí fixam residência e edificam uma capela - a segunda da ilha. Os moradores de Eussauap tinham esperança que um dos padre aí se fixasse. Por isso "haviam edificado no meio da praça, localizada entre as cabanas, uma


bonita capela com um altar bem arranjado". Além da capela construiram uma grande cruz. No domingo, dia 20 de outubro de 1612, foi a capela batizada e rezada a missa. Em 1615, de acordo com Moraes (1987) ou 1622, no entender de Cavalcanti Filho (1990) os jesuitas alí estabelecem sua primeira residência, ou missão, em terras maranhenses. A Eussauap de D' Abbeville (1612) é chamada de Uçagoaba pelos padres Manoel Gomes e Diogo Nunes (1615) e, a partir de 1622, recebe o nome de Aldeia da Doutrina dos padres Luis Figueira e Benedito Amodei. Em 1º de agosto de 1757 recebe a atual denominação - Vila do Vinhais. Extinta em 1835... Ainda em Cesar Marques, descobrimos que os presbíteros Domingos Pereira da Silva, vigário colado da freguesia de São Bernardo da Parnaíba, e Maurício José Berredo de Lacerda, vigário de São João Batista de Vinhais, apresentaram requerimento colocando sob suspeição a divisão da freguesia da Sé e a criação da de Santana, em 17 de janeiro de 1803 (p. 446). Gaioso (1970), ao identificar as cidades, lugares, villas, freguezias por toda a capitania, afirma que na ilha de São Luís do Maranhão - em 1818 -, tem a cidade deste nome e: "A villa de Vinhaes he uma pequena povoação de Indios, que goza de privilegio de ter seu governo municipal, de que são membros os mesmos Indios. Tem sua igreja particular que lhes serve de freguezia, com a invocação de S. João Batista. A congrua dos vigários destas povoações he de 50,000 r. pagos pela fazenda real, que cobra os dizimos, e devem apresentar certidão dos respectivos diretores, em como compriro com os officios pastoraes." (p. 110) Sobre a igreja existente em Vinhais, Moraes (1989) lembra que a capela de São João de Vinhais, construída no século XIX (sic), substituiu templo muito anterior, que ruíra, e que fora matriz da freguesia, criada pela Resolução Régia de 18 de junho de 1757. A reconstrução da igrejinha do Vinhais foi feita pelo 15o. Bispo do Maranhão, D. Marcos Antonio de Souza. Em carta a seus auxiliares, datada de 30 de dezembro de 1838, “julgando aproximado o tempo de descer aos silêncios da sepultura”, pede para ser enterrado na Matriz de São João Batista de Vinhais, que mandara reedificar: “Se não fôr possível ter o último jazigo nesta Cathedral de Nsa. Sra, da Vitória, junto às cinzas dos meus Predecessores, como sesejava um santo Bispo de Milão, se não me fôr permitido descançar junto al Altar, em que poe muitas vêzes tenho celebrado os augustos mysterios da Religião Santa, que professo, hé de minha última vontade, que o meu enterramento, se fallecer nesta Cidade, ou suas vizinhanças seja na Matriz de S. João Baptista de Vinhaes, reedificada com algum trabalho meo”. (CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 164). No ALMANAK DO MARANHÃO para o ano de 1849, consta da relação dos párocos do Bispado do Maranhão o nome de Manoel Bernardo Vaz, como vigário colado da Igreja de São João Batista do Vinhais. D. Manoel Joaquim da Silveira, 17o. Bispo do Maranhão, inicia, a 27 de dezembro de 1854, uma visitação às paróquias. Sobe o “São Francisco” - “braço de mar em que deságua o rio Anil”, em dois escaleres do brigue “Andorinha:


“... Pitoresco o promontório dos remédios, com a alvura deslumbrante e devota da Ermida de Nsa. Senhora. Com pouco mais de 3 quartos de hora de viagem, estão no pôrto de “Vinhaes, outrora Villa, e muito mais povoada que actualmente’. Foguêtes, recepção, bençãos. ‘Hospedagem ecellente em casa de propriedade do Vigário Geral. Visita dos ingênuos habitadores dêste pacífico lugar’. “Na manhã seguinte começam os trabalhos. Pouca frequência. Não há confissões: 75 crismas. ‘Pequena a Matriz de pedra e cal; airosa, porém e mui bem ornada’. Construída por D. Marcos, já está arruinada. Ajudado com 4:000$000 da Província e com o produto de loteria, D. Manoel fez os reparos desta... “... a 3 de janeiro, por Vinhais, retorna S. Excia. à Capital”. (CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 234-235). À época da nomação do 19o. Bispo do Maranhão, D. Antonio de Alvarenga 1876 -, era pároco da igreja de São João Batista de Vinhais o Pe. Custodio José da Silva Santos. Catarina Mina – Catharina Rosa Ferreira de Jesus – uma escrava que amealhou grande fortuna com o comércio de seu corpo, e comprou sua alforria – no dizer de Graça Guerreiro, tornara-se uma Xica da Silva do Maranhão – achando-se adoentada – em 19 de fevereiro de 1886 - e sendo solteira e sem herdeiros, abriu mão de seus bens em testamento, deixando-os para seus escravos –sim, os possuía, e muitos ! – além da alforria dos mesmos. Entre as exigências que fez, pediu aos herdeiros que “enquanto lhes permitissem os seus recursos, não deixassem de fazer a festa de São Pedro em Vinhaes, como de costume”. (BARBOSA, 2002; 2002b). (Grifos nossos). Em 1985, os moradores da Vila velha do Vinhais pedem ajuda aos moradores do Conjunto Recanto dos Vinhais para a reconstrução da Igrejinha ... o telhado estava no chão, mais uma vez ... A primeira pessoa que, nessa época estendeu a mão, foi uma médica, que mandou reconstruir o telhado. Depois, alguns moradores reuniram-se e resolveram ajudar, criando uma comissão – informal – pró-reconstrução da Igreja... Muito embora conste do “Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados”, do Ministério da Cultura, que em 1995 tenha sido restaurada pela Secretaria de Cultura do Estado, através do Departamento de Patrimônio Histório e Paisagístico (MinC, 1997) – recurso de R$ 8.000,00 (oito mil reais) – isso nunca se deu; desde 1985, todas as intervenções físicas se deram com recursos arrecadados junto à comunidade, sem qualquer interferência de qualquer poder público – seja nacional, estadual, ou municipal... Desde o ano de 1985, os moradores do "Vinhaes Velho" - hoje compreendendo os bairros da Vila Velha de Vinhais, Recanto de Vinhais, Portal do Vinhais, Alameda dos Sonhos, Conjunto dos Ipês (Vale), Residencial Vinhais III, Conjunto dos Colibris a estão reconstruíndo - pela quinta vez, nesses quase 400 anos. Por muitos anos abandonada, tendo deixado de cumprir sua função de unir pela fé católica seus moradores, estava novamente em ruínas. Desde que o conjunto Recanto dos Vinhais foi construído, há 23 anos, seus moradores tentam, junto com os residentes da Vila Velha do Vinhais, ter um Padre rezando missa. Estamos em campanha permanente para a recuperar físicamente ... Em 1997, perdeu a tituralidade. Deixou de ser a sede da paróquia.


Hoje, ao completarv 400 anos de sua primeira missa, volta a ser sede de paróquia: São João Batista, de Vinhais Velho... BIBLIOGRAFIA ABBEVILLE, Claude d’. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975 ABREU, Eloy Barbosa de. O senado da Câmara de São Luís e as festas públicas. In CORRÊA, Helidacy Maria Muniz; ATALLAH, Cláudia Cristina Azevedo (Org.). ESTRATÉGIA DE PODER NA AMÉRICA PORTUGUESA: dimensões da cultura política (séculos XVII-XIX). Niterói: PPGH-UFF / São Luís: UEMA / Imperatriz: Ética, 2010, p. 219-251 BARBOSA DE GODOIS. Antonio Baptista. HISTÓRIA DO MARANHÃO – para uso dos alumnos da Escola Normal. Maranhão: Typ. Ramos d´ Almeida & Suc., 1904, tomo I e II BARBOSA, Helena. História Do Maranhão No Arquivo Do Judiciário. In REVISTA TJ MARANHÃO, São Luís, setembro/outubro 2002. BORRALHO, José Henrique de Paula. UMA ATHENAS EQUINOCIAL – a literatura e a fundação de um Maranhão no Império brasileiro. São Luís: EDFUNC, 2010, em nota de pé-de-página 181, p. 377 CAMPOS, Marize Helena de. SENHORAS DONAS – economia, povoamento e vida material em terras maranhenses (1755-1822). São Luís: Café & Lápis; FAPEMA, 2010, p. 327 CARVALHO, Jacinto. CRÔNICA DA COMPANHIA DE JESUS NO MARANHÃO. São Luís: ALUMAR, 1995. CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL. São Luís: SIOGE, 1990. COELHO, Elizabeth Maria Beserra. A POLÍTICA INDIGENISTA NO MARANHÃO PROVINCIAL. São Luís: SIOGE, 1990 COSTA, Yuri; GALVES, Marcelo Cheche (org.). MARANHÃO – ENSAIOS DE BIOGRAFIA E HISTÓRIA. São Luis: Café & Lápis; Editora UEMA, 2011, p. 65 D’ÉVREUX, Yves de. VIAGEM AO NORTE DO BRASIL –feita nos anos de 1613 a 1614.São Paulo: Siciliano, 2002. FARIA, Regina Helena Martins de. BRANDINDO ESPERANÇAS E FANTASIAS: o controvertido Francisco Antonio Brandão Jr. In COSTA, Yuri; GALVES, Marcelo Cheche (org.). MARANHÃO – ENSAIOS DE BIOGRAFIA E HISTÓRIA. São Luis: Café & Lápis; Editora UEMA, 2011, p. 78-101 GAIOSO, Raimundo José de Sousa. COMPÊNDIO HISTÓRICO-POLÍTICO DOS PRINCÍPIOS DA LAVOURA DO MARANHÃO.Rio de Janeiro : Livros do Mundo Inteiro, 1970. MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. São Luís: Tip. do Frias, 1870. (Reedição de 1970). MEIRELES, Mario M. HISTÓRIA DA ARQUIDIOCESE DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO. São Luís: UFMA / SIOGE, 1977. MORAES, José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ. Rio de Janeiro: Alhambra, 1987. MOTA, Antonia. VINHAIS VELHO AMEAÇADO PELA VIA EXPRESSA. In AULA PÚBLICA, 31 DE JANEIRO DE 2012, Auditório do Jornal O Imparcial. PACHECO, D. Felipe Condurú. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DO MARANHÃO. São Luís: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1968 PIANZOLA, Maurice. OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil. São Luis: SECMA; Rio de janeiro: Alhambra, 1968. REGO, A. ALMANAK DO MARANHÃO COM FOLHINHA PARA O ANNO DE 1849 (2o. anno). São Luís: Typografia Maranhense, 1848. (Edição fac-similar da AML, 1990). http://pt.wikipedia.org/wiki/Vit%C3%B3ria_do_Mearim http://pt.wikipedia.org/wiki/Vinhais_(vila)


SOBRE ESQUECIMENTO(S) E APAGAMENTO(S) – O CASO DO VINHAIS VELHO98 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Vamos falar do que nos trouxe aqui: a Vila Velha de Vinhais é uma povoação esquecida. Por muitos anos, constituiu-se em uma comunidade rural; quando o Recanto Vinhais passou a ser ocupado, percebeu-se que havia uma povoação por perto, situada na periferia da cidade, e que essa povoação tinha uma história, (re)descoberta a partir do início dos anos 80. Descobriu-se sua Igrejinha, em honra a São João Batista. Com o passar desses anos, esta história vem sendo desvendada e, digo-o com orgulho, colocada em papel por mim e minha mulher, Delzuite Dantas Brito Vaz – Del, professora de História do Liceu Maranhense. E mais recentemente, veio juntar-se a nós a Dra. Antonia Mota, professora da UFMA, que tem descoberto fatos interessantes, no Arquivo Público do Maranhão, e no Arquivo Ultramarino. Agora, com as ameaças de intervenções que culminaram com a construção dessa Via Expressa, o restante da população parece que se apercebeu que, ao completar 400 anos da formação do Maranhão e fundação de sua Cidade – São Luis – existia um núcleo anterior – Uçaguaba/MiganVille. Mais, habitada desde tempos imemoriais, tanto por Tapuias, conquistadas suas terras por Tupinambás, esses povos deixaram vestígios de sua passagem, alguns agora descobertos, como uma machadinha de pedra, encontrada em um sítio, por onde passará a estrada...

A COMISSÃO DAS COMEMORAÇÕES DOS 400 ANOS DA VILA DE VINHAIS VELHO e sua IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA, encaminhou correspondência pleiteando a intervenção do IPHAN junto à área ocupada pela Vila Velha de Vinhais, e sua Igreja de São João Batista, patrimônio estadual tombado.

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Pronunciamento no dia 18 de outubro de 2012, por ocasião dos festejos dos 400 anos da primeira missa rezada na Vila Velha de Vinhais.


Vimos acompanhando pelas mídias – e em especial blogs – o caso do Vinhais Velho, núcleo habitacional mais antigo do Maranhão. Referimo-nos à ocupação por brancos, pois os Tupinambás já se encontravam aquele espaço há mais tempo, provavelmente desde 80 anos antes da chegada dos Franceses de La Ravediére. Antes dos Tupinambás, os Tremembés, havendo indícios de ocupação pelo menos de nove mil anos... O que nos leva a essa afirmação são documentos que estão vindos à luz por pesquisas recentes, com base em informações obtidas em diversos arquivos e interpretação e uso de fontes as mais diversas. Vinhais Velho – ou Vila (Velha) de Vinhais, antes, Aldeia da Doutrina, ou Miganville, outro nome que recebeu a poderosa aldeia de Uçaguaba, tem uma História que começa a ser desvendada. Como chegamos até aqui? A área que nos referimos - o Maranhão - é território de uma rica história de intercâmbio e conflítos entre os povos indígenas nativos - tais como os Tremembé99, - e europeus - franceses, holandeses, ingleses e portugueses. Os franceses já negociavam, o chamado escambo, com os povos nativos dessa região antes mesmos das primeiras expedições portuguesas. A colonização do Brasil tem seu início em 1534, quando D. João III 100 intenta a conquista de suas novas terras "descobertas" pela expedição de Pedro Álvares Cabral em 1500, dividindo-as entre seus vassalos, pois estava preocupado com a presença de corsários franceses que navegavam por estas costas desde 1504. Estabele o sistema de Capitanias Hereditárias (Regimento Castanheira). O Maranhão atual, por sua extensão litorânea do Paraíba ao Gurupi, está compreendido nas duas mais setentrionais, dentre elas: a de Fernão Alvares de Andrade 101, com 70 léguas de costa contadas da foz do Mundau (Camocim) aos Mangues Verdes (Golfão Maranhense) e uma segunda, de João de Barros102, com 50 léguas, dos Mangues Verdes à foz do Gurupi. João de Barros e Fernando Álvares de Andrade associam-se a Aires da Cunha103, na tentativa de apossarem-se dela, sem resultado. Eram lotes enormes, de cerca de 350 km de largura, até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro: 99 Os tremembés são um grupo étnico indígena que habita os limites do município brasileiro de Itarema, no litoral do estado do Ceará, mais precisamente na Área Indígena Tremembé de Almofala (Itarema), Terras Indígenas São José e Buriti (Itapipoca), Córrego do João Pereira (Itarema e Acaraú) e Tremembé de Queimadas (Acaraú). Originalmente nômades que viviam num território que estendia-se nas praias entre Fortaleza e São Luís do Maranhão. Foram aldeados pelos Jesuítas no século XVII nas missões de Tutoya (Tutóia-Maranhão), Aldeia do Cajueiro (Almofala) e Soure (Caucaia). Foram declarados como não existentes pelo então governador da Província do Ceará (José Bento da Cunha Figueiredo Júnior), após decreto de 1863. Antes disto, em 1854, os índios perderam o direito da terra pela regulamentação da Lei da Terra. Estes ressurgem no cenário cearense nas décadas de 1980 e 1990, quando são reconhecidos pela FUNAI. http://pt.wikipedia.org/wiki/Trememb%C3%A9s 100 D. JOÃO III DE PORTUGAL (Lisboa, 6 de Junho de 1502 — Lisboa, 11 de Junho de 1557) foi o décimo quinto Rei de Portugal, cognominado O Piedoso ou O Pio pela sua devoção religiosa. Filho do rei Manuel I de Portugal, sucedeu-o em 1521, aos 19 anos. Herdou um império vastíssimo e disperso, nas ilhas atlânticas, costas ocidental e oriental de África, Índia, Malásia, Ilhas do Pacífico, China e Brasil. Continuou a política centralizadora do seu pai. Para fazer face à pirataria iniciou a colonização efectiva do Brasil, que dividiu em capitanias hereditárias, estabelecendo o governo central em 1548. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_III_de_Portugal 101 "FERNÃO ÁLVARES DE ANDRADE - No ano de 1535 o Rei D. João III concedeu para Fernão Álvares de Andrade, o mais poderoso e importante dos agraciados com terras no Brasil que era fidalgo descendente dos Condes de Andrade, Tesoureiro Mor de Portugal e membro atuante do Conselho Real e o principal conselheiro do rei -http://www.caestamosnos.org/viagem/SLuis03.htm 102 JOÃO DE BARROS que era Feitor da Casa da Índia, Tesoureiro das Casas das Índias e de Ceuta. 103 AIRES DA CUNHA navegador e militar experiente afeito às agruras da vida no mar e `a conquista em terras estrangeiras.


"Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas com os índios e a ameaçadora presença dos franceses acabaram provocando o colapso do sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil" (BUENO, 1999)104. Vamos seguir Ribeiro105, ao perguntar: qual era a verdadeira missão de Aires da Cunha? Quando a costa brasileira foi tocada pela primeira vez por Pedro Álvares Cabral, em 1500, os portugueses mal imaginavam qual a extensão exacta da "Terra Brasilis". Os métodos cartográficos eram muito rudimentares e os mapas, muito vagos. Assim, o "descobrimento" ainda estava apenas começando. Tanto que muitas regiões só foram colonizadas décadas depois da chegada de Cabral. A história do Maranhão ilustra bem a dificuldade dos descobridores e, até hoje, guarda em seus arquivos a mal-explicada história do navegador Aires da Cunha - um personagem misterioso e pouco explorado pelos livros. Lembremos que por mais de 30 anos após o descobrimento, o Maranhão foi totalmente desprezado pelos portugueses. Acredita-se que o primeiro ‘contato’ se deu em 1447, por Nuno Tristão106, segundo Meireles. Em 1448, Jean Cousin teria chegado a uma terra desconhecida, na foz de um rio caudaloso, identificado como o largo delta do Rio Amazonas; tese confirmada em 1785 por Desmasquete e em 1878 por Paul Gaffarel107. Meireles (1999) traz que Jean Cousin nem teria existido, conforme alguns afirmam, e que esse nome seria a tradução para o francês de Juan de la Cosa (14001510), famoso piloto espanhol que participou das duas primeiras viagens de Colombo e das de Ojeda e Vespúcio, e do que tudo teria resultado seu famoso mapa, supostamente datado de 1503, o primeiro que trouxe o Novo Mundo e que mostra o trecho que teria navegado.

Mapa de Juan de la Cosa ou carta de Juan de la Cosa

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BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999

105 RIBEIRO, Carlos Leite (Ed.). "A Travessia do Atlântico" - Do Livro de Bordo A Caminho de São Luís. Disponível em http://www.caestamosnos.org/viagem/SLuis03.htm 106 MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999 107 MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999, p. 98).


O mapa amostra a costa sul-americana enfeitada com bandeiras castelhanas do cabo da Vela (na atual Colômbia) até o extremo oriental do continente108. Ali figura um texto que diz “Este cavo se descubrio en año de mily IIII X C IX por Castilla syendo descubridor vicentians " ("Este cabo descobriu-se em 1499 por Castela sendo o descobridor Vicente Yáñez") e que muito provavelmente se refere à chegada de Vicente Yáñez Pinzón em finais de janeiro de 1500 à ponta oriental da América do Sul, à que chamou cabo de Santa Maria da Consolação.109 Mais para leste ainda, e separada do continente, aparece uma Ysla descubierta por portugal ("ilha descoberta por Portugal") coloreada a azul. Provavelmente, de la Cosa quis refletir assim a terra descoberta por Pedro Álvares Cabral em 1500 e que este batizara "Terra de Vera Cruz" ou "de Santa Cruz". 110. Na zona norte da região sul-americana aparece a Costa de pérolas, que fora descoberta por Colombo na Terceira viagem (1498) e que foi percorrida pelo próprio De la Cosa na sua viagem com Alonso de Ojeda.111. Aparecem também duas menções de outros tantos "mares doces" (Mar de agua duce e Mar Duce) que correspondem, respectivamente, ao da desembocadura do Orinoco, descoberto por Diego de Lepe em 1500 e ao situado frente à costa das Guianas, navegado por Ojeda em 1499.112 No ano de 1452, Diogo de Teive, capitão de caravela e escudeiro da Casa do Infante D. Henrique desembarcou na Ilha de Jesus Cristo (Terceira) em 1 de Janeiro de 1451, como ouvidor do Infante D. Henrique. Realizou duas viagens de exploração para Ocidente do Mar dos Açores. No regresso de sua segunda viagem, descobriu as ilhas das Flores e do Corvo. Inicialmente foi considerado um novo arquipélago, e receberam o nome de Ilhas Floreiras. Celebrou um contrato com o Infante D. Henrique, em 5 de Dezembro de 1452, para instalação na Ilha da Madeira de um engenho hidráulico de açúcar 113. Tanto Lima (2006) 114, quanto Meireles (1982) 115, se referem a Gonçalo Fernandes Távire e João Vogado que teriam passado aqui em 1453. Esse autor ainda se refere à Antonietto Usodimare (Antonio de Noli) 116 no ano de 1457117. 108

DAVIES, Arthur (1976). "The Date of Juan de la Cosa's World Map and Its Implications for American Discovery

109

CEREZO MARTÍNEZ, Ricardo [1989], «Contribución al estudio del mapa de Juan de la Cosa», Géographie du monde au Moyen Âge à la Renaissance, 149-162 110 MARTÍN-MERÁS VERDEJO, Mª Luisa (2000). "La carta de Juan de la Cosa : interpretación e historia 111 ELKHADEM, Hossam al. (1992). Juan de A Cosa, Parte correspondente á America da Carta General de Juan de A Cosa... (em francês). Cartes de Amériques dans les collections de la Bibliothèque Royale Albert Ier. 112 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa_de_Juan_de_la_Cosa) MANZANO MANZANO, Juan [1988], Los Pinzones y el Descubrimiento de América 113 Alguns investigadores sugerem que esteve relacionado com o desaparecimento do nobre flamengo Jácome de Bruges, Capitão donatário da ilha. Diogo de Teive veio viver para a Ribeira Brava, após 1472. Diogo de Teive, e seu filho, João de Teive, detiveram direitos sobre as ilhas até 1474, ano em que D. Fernão Teles de Meneses, casado com D. Maria de Vilhena, comprou os direitos sobre as ilhas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Teive_(navegador). Ver também MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999. MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 114 (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152 115 MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982


No ano de 1473 aparecem relatos de registros visuais da lendária “Ilha das Sete Cidades” 118 e as tentativas de sua posse. Um dos casos mais consistentes foi carta apresentada ao rei D. Afonso V de Portugal pelo açoriano Fernão Teles. Do roteiro que então mostrou constava uma longa costa, com várias ilhas, baías e rios, que ele declarava ser parte das Sete Cidades. Embora se acredite que pudesse ser a costa do Norte do Brasil, entre o Maranhão e o Ceará, com o delta do rio Parnaíba, apenas se pode afirmar com certeza que aquele território se situaria na margem ocidental do Atlântico. Aparentemente o rei não terá acreditado totalmente na descoberta, ou não considerou Fernão Teles suficientemente digno, pelo que da carta de doação concedida não consta referência às Sete Cidades, mas apenas a uma grande ilha ocidental que se pretenderia povoar. Insatisfeito com a carta de doação, Fernão Teles insiste no pedido das Sete Cidades. Consultado o cosmógrafo genovês Paolo del Pozzo Toscanelli (13981492)119, que declarou que a Antília (designação dada às ilhas do Mar das Caraíbas) e a Ilha das Sete Cidades seriam naquela margem do Atlântico. Em 1476 a carta solicitada pelo açoriano Fernão Teles foi concedida, mas não se conhece a existência de qualquer expedição subsequente por parte daquele donatário. Entre as expedições melhor documentadas conta-se aquela que o flamengo Ferdinand van Olm (1486) (conhecido na historiografia açoriana por Fernando de Ulmo ou Fernão Dulmo) 120 capitaneou. Aventureiro flamengo, em tempos residente nos Açores e ali casado com uma filha de Fernão Teles, recebeu autorização do rei D. João II de Portugal para achar o paradeiro da ilha onde estaria localizado o reino cristão perdido das Sete Cidades, o mesmo que o seu sogro teria reconhecido anos antes. De parceria com Afonso do Estreito, um madeirense, organizou uma expedição, com cofinanciamento real, destinada à conquista das ilhas e terras firmes das Sete Cidades. Infelizmente Fernão Dulmo não teve melhor sorte que os seus antecessores, mas, ainda assim, já em pleno século XVII, organizou-se na Terceira uma expedição para explorar o oceano a noroeste do arquipélago, onde teria sido avistada uma ilha desconhecida. Nos Açores sobrevive até aos nossos dias a lenda da ilha encantada que apenas pode ser avistada por volta do dia de São João (24 de Junho), sendo naquele período freqüente o registro visual de ilhas desconhecidas a pontuar o horizonte insular, na realidade bancos de nevoeiro (os temidos nevoeiros do São João que levam ao encerramento dos aeroportos por dias seguidos) e nuvens distantes a emergir do horizonte.121

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ANTONIO DA NOLI (Noli, 1415 — Santiago, 1497), também conhecido na historiografia portuguesa pelos nomes de António de Noli ou António de Nole, foi um navegador de origem genovesa que ao serviço do Infante D. Henrique participou nos Descobrimentos, explorando a costa ocidental da África. São-lhe atribuídos o descobrimento de algumas ilhas de Cabo Verde e o reconhecimento da costa de África na região da foz do rio Gâmbia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_de_Noli; http://www.larici.it/itinerari/restodelmondo/capoverde/ 117 MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999, p. 98 118 "Insula Septem Civitatum", que significaria Ilha das Sete Tribos ou Ilha dos Sete Povos, mas acabou fixada nas línguas modernas em Ilha das Sete Cidades http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_Cidades_(lenda) 119 PAOLO DAL POZZO TOSCANELLI (Florença, 1397 — Florença, 10 de Maio de 1482) foi um matemático, astrónomo e geógrafo italiano. Terá influenciado Cristóvão Colombo na formação do seu projecto de atingir o Extremo Oriente viajando para ocidente a partir da costa atlântica europeia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Paolo_del_Pozzo_Toscanelli 120 [http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Dulmo] 121 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_Cidades_(lenda)


Enfim, em outubro de 1492 é creditado a Cristóvão Colombo 122 a descoberta da América. As incertezas decorrentes da posse dessas novas terras a Ocidente, perturbaram o equilíbrio de poderes no Oceano Atlântico. Desse modo, a diplomacia espanhola obteve do Papa Alexandre VI (o aragonês Rodrigo Bórgia) uma série de Bulas: Bula "Eximiae Devotionis" e "Inter Coetera" (3 de Maio), que concediam à Espanha o direito às terras não pertencentes aos príncipes cristãos; a segunda Bula "Inter Coetera" (4 de Maio)123, que concedia à Espanha as terras, descobertas e a descobrir, a oeste de um meridiano 100 léguas a oeste e ao meio-dia (sul) das ilhas dos Açores e Cabo Verde; Bula "Dudum Siquidem" (26 de Setembro), que confirma as bulas anteriores. De 1493, há relatos de que João Coelho da Porta da Cruz teria estado na costa do Brasil124. Do ano seguinte é a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 7 de Junho de 1494, entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para Isabel, a Católica125. Meireles e Lima afirmam que neste ano Estevão Fróes126 teria passado por aqui127 Com certeza, antes de Cabral128 chegar à Terra de Santa Cruz, no ano de 1497 ALONSO DE OJEDA129 com Juan de Las Casas e Américo Vespúcio 130 estiveram no Maranhão.

122 CRISTÓVÃO COLOMBO (República de Génova, 1451[1] — Valladolid, 20 de Maio de 1506) foi um navegador e explorador europeu, responsável por liderar a frota que alcançou o continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central. Seu nome em italiano é Cristoforo Colombo, em latim Christophorus Columbus e em espanhol, Cristóbal Colón. http://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo; http://pt.wikipedia.org/wiki/Teorias_sobre_a_origem_de_Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo; http://colombo.do.sapo.pt/; 123 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bula_Inter_Coetera 124 A expressão "Itamaracá" deriva da língua índígena tupi, com o significado de "pedra que canta" ou "pedra sonante". Segundo registros do IBGE, o tribunal francês de Bayone cita a ocupação da ilha por portugueses já em 1591 em processo sobre os crimes do navio La Pélerino. Os primeiros habitantes seriam náufragos, havendo também registros sobre a passagem dos portugueses João Coelho da Porta da Cruz e Duarte Pacheco Pereira, em 1493 e 1498, respectivamente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Itamarac%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Controv%C3%A9rsias_sobre_o_descobrimento_do_Brasil; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 125 http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas 126 O português Estevão Fróis, companheiro de João de Lisboa (descobridores do rio da Prata, em 1514), carregou pau-brasil na feitoria do Rio de Janeiro (Julho-Agosto de 1514) em seu retorno a Lisboa (BUENO, 1998:119). http://pt.wikipedia.org/wiki/Feitoria_da_Ba%C3%ADa_de_Guanabara 127 MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 128 PEDRO ÁLVARES CABRAL (Belmonte, 1467 ou 1468 — Santarém, c. 1520) foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português na maioria das vezes creditado como o descobridor do Brasil. Cabral realizou a primeira exploração significativa da costa nordeste da América


D. Manuel I encarregou Duarte Pacheco131 de uma expedição secreta (1498), organizada com o objectivo de reconhecer as zonas situadas para além da linha de demarcação de Tordesilhas, expedição que, partindo do Arquipélago de Cabo Verde, se acredita teria culminado com o descobrimento do Brasil, em algum ponto da costa entre o Maranhão e o Pará, entre os meses de Novembro e Dezembro desse mesmo ano. Dali, teria acompanhado a costa Norte, alcançando a foz do rio Amazonas e a ilha do Marajó. Jorge Couto, historiador português, Docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador no Centro de História da mesma Universidade em seu livro mais conhecido, A construção do Brasil (Lisboa, 1995), defende a tese da descoberta do Brasil em 1498, por Duarte Pacheco Pereira, com base no estudo do

do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre de grandeza secundária e recebeu uma boa educação formal. Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_%C3%81lvares_Cabral 129 ALONSO DE OJEDA (Cuenca, 1466 - Santo Domingo, 1516), foi um navegador espanhol. Almirante da marinha espanhola, participou da busca da rica província aurífera de Cibao em cuja expedição teve de socorrer o alcaide da Fortaleza de Santo Tomás, do ataque dos indígenas, liderados pelo cacique Caonabó, onde este acabou sendo preso. Como recompensa recebeu dos reis católicos a concessão de seis léguas de terreno em Maguana. Em pouco tempo partiu para a Espanha, onde, devido à sua estreita relação com o Bispo Fonseca, conseguiu permissão para organizar uma viagem ao Novo Mundo. No mês de maio de 1499, alcançou a foz do rio Orinoco, explorando a costa compreendida entre a ilha Margarita e o cabo de la Vela. Em 1501 foi nomeado governador da ilha de Cuquibacoa, para onde partiu no ano seguinte na companhia de Juan de Vergara e García de Ocampo. Em 1507, recebeu a missão de percorrer a costa da Nova Andaluzia e parte da bacia de Cartagena das Índias próximo à costa. Após uma campanha contra os índios, fundou, em fevereiro de 1510, San Sebastián, o primeiro assentamento europeu no continente sul-americano. Mudou-se para Santo Domingo, onde morreu pobre e abandonado, em 1516. 130 AMÉRICO VESPÚCIO, em italiano Amerigo Vespucci (Florença, 9 de Março de 1454 — Sevilha, 22 de Fevereiro de 1512), foi um mercador, navegador,geógrafo, cosmógrafo italiano e explorador de oceanos que viajou pelo, então, Novo Mundo, escrevendo sobre estas terras a ocidente da Europa. Como representante de armadores florentinos, o mercador e navegador Vespúcio encarregou-se em Sevilha do aprovisionamento de navios para a segunda e a terceira viagens de Cristóvão Colombo. Supõe-se que tenha participado de incursões pelo Atlântico desde 1497. Em meados de 1499 passou ao largo da costa norte da América do Sul, acima do rio Orinoco, como integrante da expedição espanhola de Alonso de Ojeda, a caminho das Índias Ocidentais 131 MOREIRA, Rafael. Foi o Maranhão descoberto antes do Brasil? In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 15 de fevereiro de 1998, domingo, Caderno Alternativo, p. 7. FONSECA, Aldeneiva Celene de Almeida. O descobrimento que não houve. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de fevereiro de 1998, terça-feira, Caderno Opinião, p. 4 SÁ, Décio. Brasil pode ter nascido no Maranhão. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de abril de 2000, sábado, Caderno Cidade, p.3 CARVALHO, José Antonio Moreira de. Bahia ou Maranhão? In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 3 de março de 2001, sábado, Caderno Opinião, p. 4. Ver ainda http://cvc.institutocamoes.pt/filosofia/ren1.html DUARTE PACHECO PEREIRA (Lisboa, 1460 — 1533) foi um navegador, militar e cosmógrafo português. O Esmeraldo de situ orbis é um manuscrito de autoria do cosmógrafo português Duarte Pacheco Pereira. Dedicada ao rei D. Manuel I de Portugal (1495-1521), a obra foi montada em cinco partes, com um total de duzentas páginas, em 1506. Conforme descrito nas próprias palavras do autor, trata-se de uma obra de "cosmografia e marinharia". Apesar do título em latim, foi escrita em língua portuguesa, contendo as coordenadas geográficas de latitude e longitude de todos os portos conhecidos no seu tempo. http://es.wikipedia.org/wiki/Esmeraldo_de_situ_orbis


manuscrito ESMERALDO DE SITU ORBIS132, produzido pelo próprio Duarte Pacheco entre 1505 e 1508 e que ficou desaparecido por quase quatro séculos: Temos sabido & visto como no terceiro anno de vosso Reynado do hano de nosso Senhor de mil quatrocentos noventa & oito, donde nos vossa alteza mandou descobrir ha parte oucidental passando alem ha grandeza do mar ociano onde he hachada & navegada huma tam grande terra firme, com muitas e grandes Ilhas ajacentes a ella, que se estende a satenta graaos de Ladeza da linha equinocial contra ho polo artico & posto que seja asaz fora he grandemente pavorada, & do mesmo circolo equinocial torna outra vez & vay alem em vinte & oito graaos & meo de ladeza contra ho pollo antratico & tanto se dilata sua grandeza & corre com muita longuura que de huma parte nem da outra nem foy visto nem sabido ho fim & cabo della pello qual segundo ha hordem que leva he certo que vay em cercoyto por toda a Redondeza, asim que temos sabido que das prayas & costa do mar destes Reynos de Portugal & do promontorio de finis terra & de qualquer outro lugar da europa & dafrica & dasia hatravesando alem todo ho oceano direitamente ha oucidente ou ha loest segundo hordem de marinharia por trinta & seis graaos de longura que seram seiscentas & quarenta & oyto leguoas de caminho contando ha desouto leguoas por graao, & ha luguares algum tanto mais lonje he hachada esta terra nom navegada pellos navios de vossa alteza & por vosso mandado e licença os dos vossos vassallos & naturaes; & findo por esta costa sobredita do mesmo circulo equinosial em diante per vinte & oyto graaos de ladeza contra o pollo antartico he hachado nella munto e fino brazil com outras muitas couzas de que os navios nestes Reynos vem grandemente carregados. Libro I, capítulo 2 http://es.wikipedia.org/wiki/Esmeraldo_de_situ_orbis No ano em que Pedro Álvares Cabral é nomeado Capitão-Mor da armada que se dirigiria à Índia (1499), com a missão de estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Samorim, promovendo a imagem de Portugal e instalando um entreposto comercial ou feitoria, retornando com o máximo de mercadorias, Juan de Vergara e Garcia de Ocampo estavam no Maranhão 133... Em 26 de Janeiro de 1500 o navegador Espanhol Vicente Yáñez Pinzón134 alcança a costa Nordeste do Brasil. Partindo do porto de Palos de la Frontera, no Sul da 132

http://www.archive.org/stream/esmeraldodesitu00peregoog http://pt.wikipedia.org/wiki/Alonso_de_Ojeda 134 VINCENTE YÁÑEZ PINZÓN (Palos de la Frontera, 1462 — 1514) foi um navegador espanhol. Primo do navegador Diego de Lepe, integrou a primeira Armada de Cristóvão Colombo que descobriu a América em 1492, tendo comandado a caravela Niña, tripulada por vinte e quatro homens, que armou os seus gastos. A sua embarcação foi incumbida de socorrer a nau Santa Maria, que encalhou em 25 de dezembro de 1492, na costa da ilha de São Domingos. De volta à Espanha, em 1495 obteve licença dos soberanos para empreender novas expedições ao novo continente. Quatro anos depois, partiu com uma esquadra de quatro caravelas tendo sido considerado o primeiro navegador europeu a cruzar a linha do Equador na região das Américas, tendo descoberto várias ilhas naquela região. Nessa expedição, alcançou a costa do Brasil, tendo avistado um grande promontório, que chamou de Santa Maria da Consolação (sobre o qual atualmente os autores se dividem, considerando-o ou o cabo de Santo Agostinho (litoral sul de Pernambuco) ou a ponta do Mucuripe, (na cidade de Fortaleza), do qual tomou posse para a Espanha em 26 de janeiro de 1500. Na ocasião, registrou-se um violento combate com os potiguares. Infletindo para o Norte, Pinzón atingiu em fevereiro a foz do rio Amazonas, a qual denominou de "mar Dulce", de onde prosseguiu para as Guianas e daí para o mar do Caribe. Na costa do Brasil, Pinzón teria capturado trinta e seis indígenas. No Caribe, Pinzón aportou às atuais ilhas Bahamas. Em setembro de 1500, retornou ao porto de Palos de la Frontera, na Espanha. O navegador 133


Espanha, a 19 de novembro de 1499. Em janeiro de 1500 alcançou a costa brasileira, tendo avistado um cabo que denominou como Santa Maria de la Consolación, tendo desembarcado na que é identificada atualmente como praia do Paraíso, no Cabo de Santo Agostinho, estado de Pernambuco. O navegador prosseguiu em sua viagem e, em fevereiro, alcançou a foz do rio Amazonas, que batizou como Mar Dulce. Em Fevereiro ou Março foi a vez do navegador Espanhol Diego de Lepe135 alcança a costa Nordeste do Brasil. Primo de Vincente Yáñez Pinzón teria atingido a costa brasileira em março de 1500. As viagens de Pinzón e de Lepe, assim como a chegada de ambos ao Brasil não constam da maior parte das obras oficiais de História do Brasil pois, pelos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), as terras descobertas por ambos pertenciam, de fato, a Portugal. Enquanto isso, a 09 de março Pedro Álvares Cabral parte de Lisboa com a mais bem equipada armada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas, transportando de 1.200 a 1.500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Era integrada por navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho. Por alturas de Cabo Verde, desvia-se da rota... No ano seguinte ao achamento do Brasil, encontramos a expedição exploratória à costa do Brasil, de Gonçalo Coelho com o Genovês Américo Vespúcio a bordo 136. E em 1502 D. Manuel I de Portugal declara monopólio da Coroa a exploração do paubrasil ("Caesalpinia echinata"), arrendando-o por três anos a um consórcio liderado pelo cristão-novo Fernando de Noronha 137.

realizaria, em 1508, mais uma viagem à América do Sul. O seu nome batizou primitivamente o rio Oiapoque (durante séculos denominado como "rio de Vicente Pinzón", cujo curso demarca o limite setentrional do litoral brasileiro. Entre 1895 e 1900, pairando a dúvida sobre qual seria exatamente esse "rio de Vicente Pinzón" (se o Oiapoque ou o rio Araguari), registrou-se a Questão do Contestado Franco-Brasileiro (Questão do Amapá), arbitrada pelo Conselho Federal Suíço em favor do Brasil. 135 DIEGO DE LEPE (Lepe, Espanha, século XIV - século XV), foi um navegador espanhol. Primo de Vicente Yáñez Pinzón, partiu do porto de Palos de la Frontera, no Sul da Espanha, no início de dezembro de 1499 e alcançou a costa do Brasil, ou na altura do cabo de Santo Agostinho (atual Pernambuco) ou na da do cabo de São Roque (atual Rio Grande do Norte) em fevereiro ou março de 1500. Desse ponto, infletiu para o Norte, tendo passado pela foz do rio Amazonas, em direção às Guianas e ao Caribe, retornado em setembro do mesmo ano à Espanha. Na costa do Brasil teria capturado vinte indígenas. 136 (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152) 137 FERNÃO DE NORONHA, também chamado Fernando de Noronha, corruptela de Fernão de Loronha (seu verdadeiro nome) (século XV - século XVI) foi um judeu português convertido ao catolicismo (cristão-novo) que se tornou um dos primeiros grandes exploradores de pau-brasil nas terras recém-descobertas do Brasil pelo reino de Portugal. Rico empreendedor, comerciante e armador, natural das Astúrias, Noronha era representante do banqueiro Jakob Fugger na Península Ibérica. Juntamente com outros cristãos-novos, comerciantes portugueses, obteve concessão para explorar os recursos naturais do Brasil durante três anos e em 1503 obteve da Coroa o contrato para exploração do pau-brasil, a valiosa madeira de tinturaria. O consórcio financiou a expedição de Gonçalo Coelho em 1503 que em 24 de julho descobriu a magnífica ilha que mais tarde tomaria seu nome. Em 1506, Noronha e os sócios extraíram das novas terras mais de 20 mil quintais de pau-brasil, vendidas em Lisboa com um lucro de 400% a 500%. Em 1511, associado a Bartolomeu Marchionni, Benedito Morelli e Francisco Martins, participou da armação da nau Bretoa, que a 22 de julho retornou a Portugal com uma carga de 5 mil toras de pau-brasil, animais exóticos e 40 escravos, mulheres em sua maioria. Como conseqüência do contrato e da expedição de Gonçalo Coelho, o rei D. Manuel I (14951521) doou, em 1504, a Fernão de Noronha, a primeira «capitania do mar» no litoral: a ilha de São João da Quaresma, atual Fernando de Noronha. Alguns atribuem a Fernão de Noronha a mudança dos nomes cristãos de Ilha de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz para Brasil. Entretanto, tal fato não tem base histórica e se origina de idéias anti-semitas. O que ocorreu foi a mudança do nome devido ao comércio de pau-brasil, do qual Fernão de Noronha era apenas um dos arrendatários. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_de_Noronha


Admite-se que no ano de 1513, Diogo Ribeiro138 tenha chegado ao Golfão Maranhense e que a ele se deva o nome de Trindade dado à Ilha de São Luís; e Estevão Fróes 139, assim como Diogo Leite140,, vindo de Pernambuco a explorar a costa por ordem de Martins Afonso de Sousa141, tenha alcançado a foz do Rio Gurupi e deu nome a Abra de Diogo Leite (Baia do Gurupi) 142. Atribuem-se a ele os nomes de São José e São Marcos dados às baías que formam o Golfão Maranhense, pelos dias, no calendário romano, em que as tenha alcançado. Lima 143 registra Diogo de Sordas... Os portugueses chegaram nestas bandas a partir da segunda metade do Século XVI, com diversos intuítos: um reconhecimento completo da região a partir de Tutóia 144 no Maranhão aos limites finais entre Ceará e Rio Grande do Norte ou como base de apoio para a ocupação do litoral, bem como base de apoio para confrontos militares com

138 DIEGO RIBERO, também conhecido como Diego de Ribero, Diego (de) Rivero, Diego Ribeiro ou Diogo Ribeiro (? -16 Agosto 1533), foi um cartógrafo e explorador de origem portuguesa que trabalhou desde 1518 ao serviço da coroa espanhola. Diego Ribero trabalhou nos mapas oficiais espanhois do Padrón Real (ou Padron Geral) entre 1518-1532. Também produziu instrumentos de navegação, incluindo astrolábios e quadrantes. 139 (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982) 140 DIOGO LEITE, Foi um navegador português do século XVI. Durante o período compreendido entre os anos de 1526 a 1529, comandou uma caravela da armada de Cristóvão Jacques, que tinha por finalidade impedir o comércio dos franceses, nas costas do Brasil. Entre 1530 e 1532, comandou também uma caravela da armada de Martim Afonso de Sousa com a finalidade de explorar a costa brasileira. Mais tarde teve sob o seu comando duas caravelas que conseguiram chegar ao rio Gurupi, no Maranhão. MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 141 MARTIM AFONSO DE SOUSA (Vila Viçosa, c.1490/1500 — Lisboa, 21 de julho de 1571) foi um nobre e militar português. Jaz em São Francisco de Lisboa. Como Tomé de Sousa, descendia por linha bastarda do rei Afonso III de Portugal. Senhor de Prado e de Alcoentre, ainda parente do conde de Castanheira, D. António de Ataíde, tão influente sobre o rei D. João III de Portugal, Martim de Sousa foi Senhor de Prado, e Alcaide-mor de Bragança e mais tarde Governador da Índia e do Estado do Brasil. Serviu algum tempo ao Duque de Bragança D. Teodósio I[1] mas «como era de um espírito elevado e queria esfera onde se dilatasse em coisas grandes, largou a Alcaidaria mor de Bragança e outras mercês que tinha do Duque, para servir ao Príncipe D. João, filho do rei D. Manuel. Depois foi a Castela e esteve algum tempo em Salamanca; e voltando a Portugal, D. João III, que já então reinava, o recebeu com muita estimação e honra porque Martim Afonso de Sousa foi um fidalgo em quem concorreram muitas partes, porque era valeroso, dotado de entendimento e talento grande». Acompanhou a rainha viúva D. Leonor a Castela. Iniciou sua carreira de homem de mar e guerra ao serviço de Portugal em 1531 na armada que o rei determinou mandar ao Brasil, nomeado desde fins 1530 em razão dos seguintes fatores: por ser primo-irmão de D. Antônio de Ataíde, membro do Conselho Real, e ter forte influência junto ao Rei. Estudou Matemática, Cosmografia e Navegação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Martim_Afonso_de_Sousa 142 LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153 143 LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153 144 Tutoia é um município brasileiro do estado do Maranhão. Sua população estimada em 2010 pelo IBGE foi de 52.711 habitantes. Localizada na microregião do Baixo Parnaíba, composta por praias, mangues, dunas, lagos e rios. "Tutoia e Seu Folclore" aponta o termo como procedente do meio indígena, onde, na linguagem Tremembé,onde era situado o povo tremembé, Tutoia quer dizer "lençol de areia", "grande extensão de dunas", que caracteriza efetivamente a topografia da costa litorânea de Tutoia. Hipótese esta bem mais aceitável do que a primeira. Circula por entre as opiniões populares, outra versão, pela qual o nome Tutoia provém do tupi guarani e siginifica "água boa". Porém, a que é mais aceita pela maioria, encontra mais respaldo, é mais lógica e justificada, admite que "Tutoia" é uma corruptela de "Totoi" que, em linguagem indígena quer dizer: "que beleza!", "que encanto. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tut%C3%B3ia


os franceses que ocupavam o Maranhão. Deste momento histórico existem várias cartas topográficas datadas dos séculos XVII. Luís de Melo da Silva estivera por aqui em 1554 e tenta retornar em 1573, quando naufraga no Mar-Oceano sua nau-capitânea "São Francisco" que tinha Luis da Gamboa como comandante. No Capítulo XIV “Da terra e capitania do Maranhão que el-rei D. João Terceiro doou a Luis de Melo e Silva”, Frei Vicente de Salvador (2010, p. 161-162) descreve “o Maranhão” como uma grande baía que fez o mar, entre a ponta do Pereá e a do Cumá, tendo no meio a ilha de S. Luis, onde esteve Aires da Cunha, quando se perdeu com a sua armada e os filhos de João de Barros (capítulo precedente): “[...] No tempo que se começou a descobriri o Brasil, veio Luis de Melo da Silva, filho do alcaide-mor de Elvas, como aventureiro, em uma caravela a correr esta costa, para descobrir alguma boa capitania, que pedir a el-rei e não podendo passar de Pernambuco, desgarrou com o tempo e água e se foi entrar no Maranhão, do qual se contentou muito, e tomou língua do gentio, e depois na Margarita de alguns soldados que haviam ficado da companhia de Francisco de Orelhana, que como testemunhas de vista muito lhe gabaram e prometeram haveres de ouro e prata pela terra adentro. “Do que movido Luís de Melo se foi a Portugal pedir a el-rei aquela capitania para a conquistas e povoar e, sendo-lhe concedida, se fez prestes em a cidade de Lisboa partiu dela em tres naus e duas caravelas, com que chegando ao Maranhão se perdeu nos parcéis e baixos da barra, e morreu a maior parte da gente que levava, escapando só ele com alguns em uma caravela, que ficou fora de perigo, e dezoito homens em um batel, que foi ter à ilha de Santo Domingo [...] “Depois de Luís de Melo ser em Portugal se passou à Índia, onde obrou valorosos feitos e, vindo-se para o Reino muito rico e com a intensão de tornar a esta empresa, acabou na viagem em a nau S. Francisco, que desapareceu sem se saber mais novas dela. Não houve quem tratasse mais do Maranhão, o que visto pelos franceses lançaram mão dele, como veremos em o livro quinto”. Frei Vicente do Salvador informa, ainda, que seu pai esteve nessa viagem de Luís de Melo: “se embarcou então para o Maranhão e depois para esta baia, onde se casou e me houve e a outros filhos e filhas”. Quando Felipe II anexou Portugal e suas colônias à Espanha (1580) percebeu o abandono que estaria ocorrendo em regiões que correspondem hoje ao Norte e Nordeste do Brasil. Entretanto, a situação agravante era a permanência de povos franceses. Por isso, duas Cartas Régis, a primeira em 1596 e a segunda em 1597, determinaram de fato a expulsão francesa, além da construção de um forte e a fundação de uma cidade na capitania do Rio Grande. Aí é que aparece um personagem constante em nossa História - Jacques Riffault. Desde 1594 estabelecera em Upaon-açu (ilha de São Luís) uma feitoria, deixando-a a cargo de seu compatriota Charles - Senhor de Des-Vaux, cavalheiro do Condado de


Tomaine -, que havia conquistado a amizade dos silvícolas, e tinha inclusive o domínio da língua nativa145 . Capistrano de Abreu (in Salvador 2010, servindo-se de Abbeville) 146 conta que Riffault partiu com tres navios para o Brasil em 1594 147, disposto a fazer conquistas com o auxílio de Ouirapiue, Pau Seco. Seu principal navio encalhou; dissensões e desarmonias privaram-no do outro; reduzido a um só, abaixou muitos companheiros em terra e voltou para França. Por sua vez Feliciano Coelho anuncia apenas que dera a costa um navio de Rifoles. Devia ter sido seu companheiro o língua Migan, morto na batalha de Guaxinduba depois de ter escapado quatorze vezes das mãos dos portugueses. Meireles (1982, p. 34) 148 traz que David Migan, natural de Vienne, no Delfinado, há tanto já vivia em Upaon-Açú. Outro personagem constante é um certo Capitão Guérard; em 1596 armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste (atual Camocim), – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Guérard149. Meireles (1982, p. 34) 150 traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Guérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil. A 24 de julho de 1612, Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy largam âncora na ilha de Sant' Ana e a 6 de agosto a esquadra entra no golfo, indo fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), onde se localizavam as feitorias de Du Manoir e do Capito Guerard. Os franceses atravessam o braço de mar, indo se fixar em um promontório onde, a 12 de agosto, uma sexta-feira, dia consagrado a Santa Clara, celebram o santo ofício da missa. A 8 de setembro, uma quarta-feira, dia consagrado à Santíssima e Imaculada Virgem Maria, é realizada a solenidade de fundação da Colonia. Du Manoir, Riffault, dês Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur e Dieppe; o Duque de Buckigham e o conde de Pembroke e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos151. O historiador Antonio Noberto continua: 145

146 147

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Brasília: Senado Federal, 2010, p. 254

Wehling e Wehling (1994) afirmem que sua chegada teria ocorrido em 1584. WEHLING, Arno; WEHLING,

Maria José C. de. FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL. Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 1994, p. 75 148

MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 149 (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982) 150 MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 151 LIMA, Calos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 174.


“Segundo, tanto comércio fez com bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba / Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação européia. Terceiro, o porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia)”. Para Noberto, é quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville. Senhoras e Senhores, bem vindos a... Miganville...


MEDICINA: UM DOM E UMA MISSÃO NATALINO SALGADO FILHO No dia 18 de outubro, comemora-se o dia do médico. Trata-se de uma data importante, e na condição de representante da área, creio que não há motivo para se sentir especial, pois sei que nossa humanidade, com todas as suas fraquezas e maravilhas, dá a nós a exata medida. Mas é inconteste a alegria de fazer parte de algo extraordinário que tem sido acompanhar o avanço da ciência médica ao longo deste breve tempo, o que tem permitido tratamentos e práticas mais eficazes nos serviços oferecidos em todas as especialidades. Nos últimos trinta anos, o Brasil obteve avanços na área da saúde. O advento da Lei Orgânica da Saúde de 1990, fruto da histórica Constituição Cidadã de 1988, realizou uma pequena revolução na organização da saúde pública, agregando ferramentas modernas de gestão; fundamentando princípios de atuação em pesquisa; mudando o paradigma hospitalocêntrico em atenção básica, cujo principal foco é a prevenção; e, ainda, organizando as mais diversas formas de coleta de dados, o que possibilitou uma bem estruturada epidemiologia e os mais diversos programas de atenção à saúde dos cidadãos. Houve avanços, não se pode negar. Considerando o tamanho da população atendida, o nosso país é detentor do maior serviço de saúde pública do mundo. Porém, ainda se vê dois grandes brasis separados por um fosso persistente. Um que tem oferta abundante de serviços de melhor qualidade e maior disponibilidade de profissionais médicos, com índices iguais aos europeus; e um outro com características africanas nos dois quesitos. O Brasil, curiosamente, ocupa o quinto lugar no mundo em número absoluto de médicos. São quase 400 mil profissionais. A pesquisa “Demografia Médica no Brasil” (CFM – 2011) constatou que o número de médicos cresceu 21,3% na última década, enquanto a população aumentou apenas 12,3%. A mesma pesquisa registra que há dois tipos de concentração: uma nas regiões e a outra, talvez mais grave, no espaço de trabalho. O setor privado apresenta a relação de 7,6 postos de trabalho médico ocupado para seus clientes, enquanto o SUS, insignificantes 1,95 postos ocupados. A situação é grave e requer planejamento e projetos inovadores para o profissional da carreira médica, incluindo sua melhor qualificação. É preciso olhar também o Sistema Único de Saúde como organização e criar mais dispositivos que possibilite sua fiel execução por parte dos gestores. A exemplo da Lei de Responsabilidade Fiscal, uma Lei de Responsabilidade Sanitária atenderia aos itens de metas, qualidade dos serviços e aplicação dos recursos. Além disso, é preciso, por parte das autoridades, em todas as esferas de governo, destinar uma atenção especial para o profissional médico. Tal atenção pode ser viabilizada tanto na adoção de uma estratégia e desenvolvimento de um plano de carreira, cargos e salários que oferte uma remuneração justa, o que muito contribuiria para resolver o problema de contratação, manutenção e fixação de médicos nos estados e municípios mais longínquos; quanto no gerenciamento de recursos públicos em materiais e nas condições de trabalho dignas nas unidades de saúde pública. Acima de tudo, investimento na qualificação constante para que o profissional


esteja em sintonia com as inovadoras tecnologias que hoje cercam a medicina de forma muito mais rápida. Tomo como exemplo o Hospital Universitário da UFMA que, no tocante à qualidade de serviços, tem desenvolvido políticas de valorização e permanência dos seus profissionais. Isso acontece em razão de investimento de recursos que tem recebido nos últimos anos. Por isso, é hoje, no Brasil, um hospital de alta complexidade em cirurgias de coração, transplantes, neurocirurgia e pesquisa. Além de ser o maior centro formador de recursos humanos na área da saúde, a exemplo da graduação, residência médica e multiprofissional. Vale também destacar a Universidade Aberta do SUS, que atende quase 3 mil alunos atualmente, os quais são capacitados nas especialidades materno infantil, saúde da família e saúde mental, sendo este último o único curso no país. Reconheço, entretanto, que existem enormes desafios a serem superados. Mas acima da árdua batalha contra recursos escassos de toda natureza, também se faz mister invocar, como alento, exemplos a serem seguidos por todas as gerações, como o do médico Evangelista Lucas, que teve o privilégio de acompanhar São Paulo e narrar os feitos dos apóstolos no livro de Atos e de escrever sua versão do evangelho; o de Hipócrates, que todos nós que vivemos a Medicina conhecemos, pois ficou eternizado como aquele que subiu o monte e teve a visão de que, para além das explicações místicas dos males que acometiam as pessoas, o castigo dos deuses ou apenas a sua ausência de cuidados de seus adoradores, as interações entre o homem e o meio eram outras formas de explicar as doenças. Ao longo dos séculos de existência da medicina, um caminho de descobertas e feitos extraordinários nos alumbra. Que tenhamos a sabedoria e prudência necessárias de seguir os passos dos verdadeiros praticantes de um humanismo necessário – ainda hoje – em cada prescrição, em cada escuta, na perda e na alegria da recuperação. Enfim, a todos que abraçaram a medicina como sacerdócio e que se esforçam em desenvolver o dom que lhes foi confiado por Deus, o meu reconhecimento e sentimento de felicitações mais sinceros.


ÚLTIMO DIA DA EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE ANTONIO NOBERTO La festa appena cominciata é già finita (A festa mal começou e já acabou), é assim que começa a música Canzone per te, ganhadora do festival de San Remo em 1968, na voz de Roberto Carlos. Com a mesma brevidade também acaba a nossa festa, a Exposição França Equinocial para sempre, grande sucesso de público e crítica durante as comemorações do quadricentenário de São Luís. A Exposição, segundo algumas personalidades do Maranhão, foi “mais que um sucesso, um recorde de público”; “um dos maiores eventos culturais dos quatrocentos anos”. Foi sem dúvida uma grande sacada, um evento casado com a história e com o modo de ser dos ludovicenses. Algo que tem a ver com a intimidade dos moradores locais, pois simpáticos a esta temática, historicamente reprimida. Foram quase três mil visitantes em menos de um mês, que se demonstraram bastante entusiasmados e até surpresos com o acervo e a bela história, pois perceberam que o evento agrega valor à cidade e aos seus moradores. O visitante encontra entre as peças do acervo imagem de algumas personalidades que estiveram em São Luís no evento de fundação da Nova França no Maranhão, em 1612, além do rei Luís XIII, mapas da França, de Saint-Malo, Paris, Poitou, Loudun, dois mapas mundi do período das descobertas das Américas, do Maranhão, de São Luís, Brasão de La Ravardière, a relação de muitos nomes de franceses que estiveram aqui à época, transcrição de vários documentos relativos ao Maranhão francês, entre os quais as Leis fundamentais decretadas na Ilha do Maranhão, a Carta da rainha regente Maria de Médici a La Ravardière, dentre outras peças. No local o visitante pode adquirir o livro e o álbum França Equinocial, uma história de 400 anos, que contem parte considerável do acervo. A Exposição foi idealização nossa. Dividimos a coordenação e curadoria com as historiadoras e pesquisadoras Clores Holanda e Joana Bittencourt. A realização foi do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Universidade Estadual do Maranhão – UEMA e da Aliança Francesa de São Luís. Com o apoio do Instituto Federal do Maranhão – IFMA, Palácio Cristo Rei, Folhagem (Reginaldo Silva), Bus Transportes e Cia Beto Bittencourt. Entre os visitantes, o Embaixador da França no Brasil, o ministro do Turismo, o secretário de Estado de Turismo, escritores, professores, magistrados e membros do Ministério Público, e diversas outras autoridades. Os franceses que estiveram aqui durante o período das comemorações se surpreenderam com a Exposição e com a capacidade da cidade em racionalizar esta história. Ficaram encantados! A exposição tinha a pretensão de se estender até o fim do ano, mas em razão da intensidade do vento – o que vem trazendo preocupação aos coordenadores em decorrência da possibilidade de dano ao acervo – preferiu-se a suspensão da mesma, com a observação da possibilidade de retorno em outro momento. Se você ainda não visitou a Exposição França Equinocial para sempre, ainda dá tempo. Ela estará aberta ao público até às 18h de hoje, no Palácio Cristo Rei, Praça Gonçalves Dias, São Luís MA.


Agradecemos a todos que contribuíram para a realização da Exposição e a prestigiaram, em especial a imprensa maranhense e aos amigos das mais diversas redações, ao amigo artista plástico Rogério Martins, à presidente do IHGM, Dra Telma Bonifácio Reinaldo, ao reitor da UFMA, Dr. Natalino Salgado, ao reitor da UEMA, Dr. José Augusto Oliveira, ao paisagista Reginaldo Silva, às amigas Clores Holanda e Joana Bittencourt, à professora Janete Chaves (IFMA), aos monitores Vitor Fernando, Vanessa Correa, Érica Gomes, Iracema Rodrigues e Suelma Melo, aos diagramadores Felipe Freire, Marcos Caldas e Natália Freitas, e a todos aqueles que, direta e indiretamente, participaram e apoiaram o evento. Até breve!


ACADEMIA MAÇÔNICA INTERNACIONAL DE LETRAS - AMIL152 OSVALDO PEREIRA ROCHA Jornalista-Colaborador (Registro DRT/MA 53). Membro da AMIL, da AMML, do IHGM e do IHMM. E-mail: rocha.osvaldo@uol.com.br (site: http://rocha.osvaldo.sites.uol.com.br).

Outubro de 2007 foi o mês da minha primeira viagem internacional, que ocupou toda a segunda quinzena, começando por Lisboa – Portugal e terminando em Roma – Itália, que fará parte da minha história. O objetivo principal dessa viagem foi participar do I Encontro Internacional da Cultura Maçônica, de 17 a 20 de outubro, sob os auspícios da Academia Maçônica Internacional de Letras – AMIL, da Academia Portuguesa de Letras, Artes e Ciências Maçônicas, Grêmio Lusitano, Grande Oriente Lusitano e Editora Maçônica “A TROLHA” e assumir uma das Cadeiras da AMIL, na qualidade de Membro Titular. Constou da programação do referido Encontro Internacional os seguintes eventos: Sessão Solene de abertura, com homenagem a Gomes Freire de Andrade, pelo Irmão Antônio Ribeiro Reis (fiz parte da mesa diretora dos trabalhos, na qualidade de grãomestre adjunto do GOAM); Amil e a Cultura Lusófona no Mundo (os pioneiros da globalização); Cultura e Desenvolvimento no III Milênio; A Península Ibérica e a LusoHispanofonia na Cultura Universal; Economia Global x Aquecimento Global; Os Construtores da Paz; Posse de novos membros da AMIL. Recepção no Palácio Maçônico do Grande Oriente Lusitano. Visita ao Museu Maçônico de Portugal e Passeios em Lisboa, Queluz, Sintra, Cabo da Roca, Guincho, Cascais e Estoril. A Sessão Solene de Posse aconteceu na tarde do dia 19, quando tive a honra de ser empossado na Cadeira registrada sob o número A-19/07, recebendo a Estola, o Diploma com o Brasão da Família Rocha e a Medalha Acadêmica das mãos do Ilustre Presidente da AMIL, Irmão Bernardo Martins Pereira e do Ilustre Comendador, Irmão Hermes Elias de Moura. Em seguida, este articulista fez o seu discurso de homenagem ao Patrono da aludida cadeira, Maçom, Político, Abolicionista, considerado “a pérola negra do movimento abolicionista” e também cognominado “tigre da abolição” e Jornalista brasileiro José do Patrocínio, autor de “Os Ferrões”. Outros irmãos maçons também foram empossados na mesma sessão solene, dentre estes os maranhenses Álvaro Francisco de Araújo Leite e Henrique de Araújo Pereira. E o primeiro maçom maranhense a ser membro da AMIL (um dos seus fundadores), João Francisco Batalha, foi, na mesma oportunidade, homenageado pelos relevantes serviços prestados ao referido sodalício maçônico internacional. Homenageados, igualmente, foram os seguintes membros dirigentes da AMIL: Edenir José Gualtiere e Lacerda Júnior, do Paraná e de São Paulo, respectivamente. 152

Publicado em o Jornal Pequeno, edição de 06.11.2007 e no Boletim Oficial do Grande Oriente Português – Lisboa – Portugal, neste com comentário à saudação feita pelo articulista ao patrono de sua cadeira, José do Patrocínio.


Com as referidas posses o Maranhão se destaca com os seguintes membros titulares da AMIL que, com a criação do Núcleo AMIL/MA, ocuparão suas cadeiras de 1 a 6, respectivamente: João Francisco Batalha, Plínio Ferreira Marques, Raimundo Ferreira Marques, Osvaldo Pereira Rocha, Álvaro Francisco de Araújo Leite e Henrique de Araújo Pereira, sendo que os cinco primeiros pertencem ao Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM/COMAB e o último ao Grande Oriente do Estado do Maranhão – GOEMA/GOB. Em seguida foram visitados os seguintes países, com destaque para as cidades que se seguem, isto é: Espanha – Madri, com sua Praça Maior; Toledo fortaleza, com seu rio Tajo e San Sebastian; França – Paris, Bordeaux, Chambord, com visita ao imenso Castelo de Loire e Versalhes, com seu imenso e bonito castelo (frio de 2 graus c); Suíça – Berna, Montreaux (lago de 95 km de extensão, denominado Lemon ou Genebra), Chillón (Castelo de Chillón), Pisa, Besançon e Alpes suiços, e Itália – Alpes italianos, com diversos túneis sendo um com mais de 15 km de extensão, Roma, Gênova e Nápoles. Outros destaques são os seguintes: em Lisboa: Elevador de Santa Justa, Arco da Rua Augusta, O Velho Cacilheiro no rio Tejo, Torres Vasco da Gama, Praça do Império, Avenida da Liberdade e Praça Marquês de Pombal; em Toledo: Catedral, Panorâmica del Alcázar, Panorâmica del Puente San Martin e Puerta de Alfonso; em Roma: Praça de São Pedro e Capela Sixtina, Praça da Espanha, Teatro de Apolo, Capitólio, Altar à Pátria, Palácio do Quirinal, Basílica do São Cosme e São Damião, Coliseu, Foro Romano, Arco de Constantino, Circo Máximo, La Lupa Capitolina, La Fontana di Trevi e o Castelo de Santo Ângelo; em Paris os seguintes: Arco do Triunfo, Pirâmide do Louvre, Notre Dame, Torre Eifel e Ópera Garnier. Foram companhias agradáveis e fraternas nessa excursão os seguintes irmãos maçons: Clovis Freire de Lima, a quem sou grato pela sempre pronta e especial atenção para comigo e Marlene; Alípio, Desdedit, José Dantas e Helio, todos de Natal-RN; Arnaldo, de São Paulo-SP e Granja, de Cuiabá-MT, com suas esposas; Álvaro Francisco de Araújo Leite (cicerone e fotógrafo); João Francisco Batalha e Henrique de Araujo Pereira e suas respectivas mulheres, maranhenses; Jair Calixto, de A Gazeta Maçônica; Sebastião Carneiro (Machado), da Loja Aquarius nº 16 (GOMS) e Moisés Saldanha, Grão-Mestre do Grande Oriente Autônomo do Amapá. Ao irmão e confrade – presidente da AMIL Bernardo Martins Pereira o meu agradecido e tríplice e fraternal abraço.


REFLEXÕES ACERCA DO ANO DA FÉ NATALINO SALGADO FILHO Neste mês de outubro, o Concílio Vaticano II completa 50 anos. Esse foi o 21º Concílio da história da Igreja Católica. Idealizado pelo Papa João XXIII “o Papa Bom”, teve sua abertura em 11 de outubro de 1962. A convocação ocorreu em dezembro do ano anterior, por meio da bula papal “Humanae salutis”. O Concílio terminou em dezembro de 1965, sob o papado de Paulo VI. Por essa razão, o Papa Bento XVI declarou 2012 como o ano da fé. É oportuna a iniciativa papal diante dos inúmeros desafios que a Igreja enfrenta. Em sua declaração, o Papa sugere que os católicos de todo o mundo se inspirem nos documentos do Concílio – o que chamou de “expressão luminosa da fé” – e, então, recuperem a “tensão positiva” daquele momento. Ainda em sua fala, numa postura de humildade e realismo, reconhece que no “campo do Senhor” também há disputa, e no seio da Igreja há fragilidade humana e, embora se refira ao Concílio como a “primavera da Igreja”, numa referência ao momento de abertura política e afirmação de valores democráticos em alguns países árabes, admite: “Ainda hoje somos felizes, mas nossa alegria é mais sombria, mais humilde". A palavra que define o Concílio Vaticano II é aggiornamento, que significa modernização, atualização. Naquele momento, havia a necessidade da Igreja se aproximar de seus fiéis, mas também de ser um ente participante dos grandes problemas sócio-econômicos e espirituais que se apresetavam à sociedade. Os anos sessenta, como se sabe, definem um período de intensas rupturas nas relações familiares e sociais. É um período de emancipação feminina, guerras e tensão política entre duas superpotências, o que instalou a Guerra Fria – dividindo o mundo em dois pólos antagônicos e submetendo milhões aos ditames de uma visão materialista da vida sob regimes políticos marxistas no leste europeu, que constituiu o bloco de países conhecido como Cortina de Ferro. Por outro lado, o mundo ocidental representava um alheiamento da fé e até mesmo uma postura francamente hostil contra a Igreja ao que se pensava ser um bastião de conservadorismo, um espaço fechado ao diálogo e em descompasso com a modernidade. A Igreja precisava, portanto, colocar-se de forma a trazer uma leitura da fé contextualizada àquele momento, daí que o Concílio não se ateve a estabelecer dogmas, mas traduzir o Evangelho segundo a visão Católica para seus fiéis e para o mundo, ou seja, aquele era um Concílio, como se referiu Paulo VI, pastoral e doutrinário. Quando o Papa Bento XVI evoca este Concílio como modelo para o exercício da fé no século XXI, ampara-se na ousadia daqueles que, com ele, estenderam a mão ao mundo, como disse João XXIII em seu discurso de abertura: “...Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenações". Possivelmente, a face mais conhecida dos resultados do Concílio Vaticano II pelos leigos católicos é a mudança do rito romano da missa, que era rezada em latim, e


passou a ser celebrada no vernáculo de cada país. Entretanto, inúmeras outras áreas da vida cristã, da organização da igreja e da relação desta com o mundo e até mesmo com outras expressões de fé cristãs foram estabelecidas. Abriu-se maior espaço para o apostolado dos leigos; incluíram-se as mulheres na vida eclesial; estabeleceu-se o diálogo com as comunidades cristãs através do Ecumenismo que resultou na fundação do Conselho Mundial de Igrejas; declaram-se, como parte do ministério católico, a defesa da liberdade, especialmente a religiosa, as dignidades humanas; a formação e a educação dos ministros; a comunicação social, entre tantos outros objetivos e forma que a Igreja ganhava em sua relação com o mundo. No que isso nos toca, como comunidade? São Luís completa 400 anos e todos que conhecem sua história sabem que a marca da fé a percorre, especialmente em seus momentos decisivos. Uma cidade mais humana, acolhedora, plural e democrática pode ter na fé uma aliada pelo bem comum, pois esta costuma ser irmã da esperança. A história humana é dinâmica, porém, em cada tempo, no exercício de atualizar valores eternos está a fé. Não significa abdicar ou tergiversar sobre princípios, mas dizêlos à luz da compreensão das pessoas em cada momento. Como a exemplo do amor, da dignidade humana, da salvação, da justiça e da verdade, apenas para citar alguns, a despeito de controvérsias filosóficas que podem suscitar, no sentido da fé, eles têm sua completa tradução na pessoa de Jesus Cristo mediante a vida que viveu, modelo perene para cada cristão, em qualquer época, sob qualquer cultura ou regime político.


CIDADES / RELIGIÕES MARIETA BORGES LINS E SILVA153 Professora, historiadora e leiga católica. Jornal do Commercio, Recife, Domingo. Recife, 4 de novembro de 2012.

Numa tradição arraigada entre os portugueses existem – espalhados pelo arquipélago de Fernando de Noronha – inúmeras identificações de lugares e monumentos com nomes de santos. Mesmo para nomear a ilha o passado nos aponta ter sido ela chamada de Quaresma (supondo ter sido ela avistada no tempo da Quaresma); São Lourenço (na carta de Américo Vespucio, por tê-la abordado no dia dedicado a este santo, em 1503) e São João (na Carta de Doação como Capitania Hereditária, em 1504). Quando se deu a definitiva ocupação do espaço – no século 18 – e se ergueu o maior sistema de fortificação do Brasil naquele século, cada um desses fortes foi dedicado a um santo diferente e até ao próprio Jesus Cristo, chamados de Forte de São José do Morro; Forte de Santo Antônio; Fortaleza dos Remédios; Parque de Sant´Ana; Forte de Nossa Senhora da Conceição; Forte de Santa Cruz do Pico; Forte de São Pedro do Boldró; Forte de São João Baptista dos Dois Irmãos; Forte do Bom Jesus do Leão e Forte de São Joaquim do Sueste. Naquele mesmo século Nossa Senhora dos Remédios foi tomada como padroeira e sua linda igreja erguida no local onde se construiu a Vila que teve seu nome: Vila dos Remédios. À Virgem dos Remédios consagrou-se a capela dentro da Fortaleza do mesmo nome. E, ao se erguer o segundo núcleo residencial e prisional da ilha – a Vila da Quixaba ou da Sambaquixaba – foi a Nossa Senhora da Conceição que se consagrou a capelinha erguida, como foi também assim chamada a capela do Cemitério a Senhora da Conceição, do século 19. Aquele a quem foi confiado o rebanho cristão – o apostolo Pedro – dedicou-se a pequenina capela de São Pedro dos Pescadores, posta no alto do Morro de Santo Antônio, próximo ao Porto de Santo Antônio.E há ainda – na longa e bela historia noronhense – o registro de uma outra igreja, próxima à Vila dos Remédios, erguida por mãos de presos – a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Sentenciados – hoje não mais existente.

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A Profa. Marieta Borges é a guardiã da memória de Noronha; conheci-a durante cruzeiro às Ilhas. Antes de chegarmos, deu-nos, a todos os passageiros, uma explicação sobre Fernando de Noronha, o que veríamos, e os cuidados que teríamos que ter para a preservação da ilha. No retorno, a caminho do Recife, jantamos juntos, e tomamos o café da manhã, trocando informações, histórias, pois nos identificamos – Del é historiadora; e nas visitas às ilhas, nos encontramos, numa apresentação de capoeira, que não estava no roteiro turístico – fugimos dos lugares comuns e fomos conhecer a ilha, no segundo dia, a pé (ônibus urbano) contato com os ‘nativos’, e numa das vilas, nos encontramos. Ela achou estranho... Nossos interesses erram outros, de conversar, conhecer as historias locais, ver como viviam... Daí que no jantar, a bordo já, voltamos a conversar sobre Noronha, já em outros papos... Desde então mantemos correspondência; ela publicou alguns artigos sobre a historia da capoeira em Noronha, mandei-lhe muito material sobre esse assunto. Sempre que publica algo, agora, ou em data importante, lembra-se de nós e nos manda essas perolas. Daí com o incentivo do Confrade Osvaldo, replico aqui, o que já havia compartilhado com todos. Fica o registro. Se forem a Noronha, certamente vão encontrar essa querida Mestra, e vão se deleitar, como nós, com a Historia de Noronha – para os íntimos! Leopoldo


Tudo isso vem a propósito de uma homenagem feita recentemente ao Patrono da Ecologia e das Aves – São Francisco de Assis – que agora titula uma caverna dentro do mar, na região da Ponta da Sapata, primor da natureza num lugar já tão excepcional. De uma feliz ideia do atual condutor da comunidade católica fernandina – padre Glenio Guimarães – ao conhecer o espaço subaquático numa das extremidade da ilha, surgiu a ideia de dedicá-la ao santo amante da natureza, no seu dia – 4 de outubro – intitulando-a “ Caverna São Francisco de Assis, com a aprovação dos órgãos ambientalistas locais. Portanto, amplia-se a tradição católica insular e batiza-se um espaço contido no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Parnamar/FN), com o nome de mais um santo, homenageando aquele que amou a natureza de maneira radical e apaixonada, chamando de "irmão" a tudo que o cercava... O “Pobrezinho de Assis” merecia uma homenagem como essa, em meio ao claríssimo mar noronhense, rodeado de pedras vulcânicas, de animais marinhos diversificados e de pessoas surpresas e deslumbradas, pelo inusitado da iniciativa, em boa hora ocorrida!


A VIAGEM: SÃO BENTO - SÃO LUÍS ÁLVARO URUBATAN MELO Academia Sambentuense, da Federação as Academias de Letras do Maranhão (interior) e sócio efetivo do IHGM. A viagem propriamente dita começava com a chegada da carga e passageiros à embarcação, percurso feito por canoas, variável conforme estação do ano. Com o fluxo da maré, flutuava o barco à vela. Desatavam a cisga (corda que o prendia ao mangueiro), levantavam a âncora. Todos acomodados: mestre no leme, dois marujos de cada lado, num vai e vem, com marás (varas compridas) impulsionavam-no. À proporção que alargava o canal do Peri/Periaçu, penetrava no Aura, aumentava a profundidades do calado, passava a ser impelido pelas vogas (marás com um remo amarrado na extremidade, enfiado no tuteleiro). Os marinheiros suavizavam o esforço com o melodioso cântico de suas improvisadas autorias. Sentimentais quando à noite, nos lampejos do luar; mudos, nos clarões dos relâmpagos. Revivamos-la. Chega o refluxo. É hora de parar - grita o mestre –, abaixem o ferro, desçam a vela há pouco içada para aproveitamento do vento. A “xepa” está pronta; o apetite é devorador. Deitam. Ouve-se de alguém: marinheiro bom dorme até em boca de machado. O conforto do passageiro depende do carregamento. Péssimo quando babaçu, couro de boi, telhas e porcos nos convés. Calor e muriçocas complementam. No toldo, somente as mulheres, ordena o mestre. Essa parada podia ser no porto do Joaquim dos Santos, filho ou neto de Ernesto dos Santos, proprietário da Sesmaria do Sítio do Aura, nascente desse rio; no Tubarão, Boca das Salinas, Ilha das Pacas ou Itaúna (pedra preta). Acabado o descanso, instintivamente ou movido pela vida de navegante, desperta o experiente timoneiro, olha aos céus, consulta a posição das estrelas, mete a mão n’água e determina: suspendam a âncora, levantem o pano que a maré não tarda. O vento passa. A primeira lufada enche a vela e o barco chega a Itaúna, porta da entrada da baía de São Marcos. A alegria da véspera cede lugar à mudez. Ondas procelosas, cheiro de maresia e o temor das coisas do mar. Avisa o comandante ou um tarimbado marujo – o que se vê no mar não se fala. O mar são mistérios. Vômitos atormentam uns; mãos debulham contas de terços e lábios balbuciam orações. A fé nesses instantes é mais forte. Se à noite o mestre atento e solitário, sentado na popa, em sua perícia de navegante, firme na corda do leme (seu guidon) sem bússola, orienta-se pelos astros. Sem eles, em noites escuras conhece a rota pela brisa que lhe afaga o rosto e balança a aba do chapéu. Calmamente singra e contorna as vagas mais violentas, assíduas nos meses de verão. De dia usufrui da companhia das gaivotas que pescam e adejam; do vôo das garças e dos guarás. Cardumes de botos funambulam ao longe. O horizonte é azul; a esteira são as “Espumas Flutuantes” do Poeta. Aproxima-se da Ilha Grande. As Duas Irmãs são sentinelas do Boqueirão, famoso e apavorante. Trágicas as histórias dos que seriam nossos primeiros colonizadores. Uma alegria: surgem pálidas as primeiras imagens da cidade, da capital. São as Torres da Sé, da igreja de Santo Antônio, da Gare (Estação João Pessoa),


mansões da Beira-Mar. Edifícios do São Francisco, luzes da Alumar e da Vale são coisas mais recentes, após 1970. Passa pela Ponta do Bonfim – o Leprosário, que nome tão esdrúxulo e paradoxal. Lá a rápida calmaria é quebrada por uma assustadora onda que vai espraiar-se em beijos às areias brancas da Ponta da Areia. Uma jovem bela de maiô até o meio das coxas, sem decote extravagante, causa espanto às pudicas senhoras recuperadas do susto. - É uma vergonha, o mundo está perdido. Uma devassidão! Que diriam do fiodental? Há boias, navios, alvarengas, barcos na entrada da barra. Rebocadores ruidosamente apitam. Deslumbrante para o passageiro de primeira visita. O vento é bom, maré cheia. A embarcação para em frente da Rampa do Palácio. Arriam o pano, descem o estais, soltam o ferro. Chegam catraieiros e com eles compradores ambulantes que pulam ao convés em busca de negócios. Destampam a escotilha tiram a bagagem. Muitas mercadorias da região: porcos, queijos, redes, manteiga, banha, galinhas, ovos, peixes, caças e cereais. Nessa época São Bento produzia muito e da melhor qualidade. Os novos passageiros assustados da viagem, pasmos pelo cenário são recebidos em terra pelos familiares. Um automóvel Hilmam ou Prefect à espera de usuários. Surpresa. Um bonde fechado – o “Estrada de Ferro” contorna a muralha do Palácio, passa em frente do coreto. O motorneiro buzina. É São Luís. Uns chamam-na de cidade; outros, Maranhão. Aos que chegavam enlevados de sonhos, dispostos a sobrepujar os desafios do quotidiano ocultos e surpreendente na longa caminhada do futuro às vezes promissor, outros melancólicos. .


SALVE O TURISTA ANTONIO NOBERTO Turismólogo, ex-presidente da Associação Brasileira dos Bacharéis de Turismo do Maranhão – ABBTUR/MA Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM Primeiramente, o título deste artigo nada tem a ver com o nome de uma novela. Ele e o texto em si, pretendem chamar a atenção para a secular desatenção dada ao estrangeiro no Brasil e as oportunidades que se descortinam com a valorização da presença deles a partir da racionalização da atividade turística. Segundo, além de uma questão de educação e civilidade, a acolhida ao estrangeiro é também uma recomendação divina, referenciada na Bíblia Sagrada desde os tempos mais remotos. O Antigo Testamento é pródigo em recomendar guarida e proteção ao estrangeiro, categoria lembrada, inclusive, nos Dez mandamentos. “O estrangeiro não afligirás, nem oprimirás, pois estrangeiros fostes na terra do Egito” (Êxodo 22:21). E uma das premissas para ingresso no Paraíso, citada por Jesus Cristo no Grande julgamento em Mateus 25:35, é a atenção e recepção ao forasteiro: “Era estrangeiro e hospedastes-me”. Terceiro em tempos de aproximação de grandes eventos internacionais, como Olimpíadas e Copa do Mundo, não é interessante continuarmos indiferentes às oportunidades de geração de emprego e renda, quase um crime de lesa-pátria, praticamente sem política pública efetiva e propositiva dirigida aos turistas domésticos e estrangeiros. Turismo não é brincadeira ou coisa de gente desocupada, mas a indústria que mais cresce e gera emprego em todo o mundo (um em cada nove), tendo superado setores econômicos de peso como o petrolífero e o automobilístico. A Espanha, que atualmente enfrenta uma das piores crises, não faz muitos anos constava entre as economias mais importantes, dinâmicas e promissoras da Europa, tudo porque conseguiu fazer valer algumas de suas potencialidades, entre as principais a atividade turística. Em uma década os espanhóis quadruplicaram o PIB turismo, de 4% para 16%. Algo espetacular e invejável. O que justifica então um país de dimensões continentais como o Brasil, com quase duzentos milhões de habitantes, com tanta riqueza natural e cultura tão diversa, nosso desempenho nesta atividade patinar sobre pífios 3,6% do PIB. Nossa própria história nos dá muitas respostas sobre a situação. Uma delas é a tradição da cultura agrária. É fato que cada uma das diversas regiões do mundo possui papel previamente definido no motor produtivo mundial. À América Latina, especialmente ao Brasil, a parte que lhe cabe na herança é a produção de matérias-primas e a agroexportação. Quando muito, fugindo um pouco da sina, alcançamos degraus satisfatórios na indústria. O setor de serviços, apesar de responder pela maior parte do PIB, continua sem a atenção e o aprimoramento devidos. E dentro deste, mais renegado ainda, está o turismo. A título de comparação, o PIB turismo argentino é mais que o dobro do brasileiro, o uruguaio idem, mexicano 9% e o da República Dominicana quase o triplo, 10,1%. Veja que usamos aqui apenas exemplos latino-americanos. Outras dificuldades também têm raízes na história. A entrada de estrangeiros no Brasil, por exemplo, foi proibida durante quase dois séculos, apesar de muitos terem conseguido furar o bloqueio português. Só com a chegada da Família Real e, mais precisamente, com a “abertura dos portos às nações amigas”, em 1810, que o país passou a receber demandas estrangeiras.


Foram os viajantes estrangeiros que, até o final do século XIX, nos legaram a maior parte do conhecimento sobre o Brasil, foram eles “que percorreram, registraram e descreveram” a população, fauna e flora brasileiras. Muitos deles deixaram por escrito protesto contra abusos e ações tresloucadas do governo, que, entre outros, não permitia a entrada e circulação de livros e literaturas que não fossem de cunho religioso. Qualquer outro era automaticamente revistado ou confiscado e apreendido na alfândega. A liberação, ah essa daí você, conhecedor da nossa famosa burocracia estatal, pode tirar suas próprias conclusões! Um dos viajantes mais conhecidos daquele início de século foi o cronista luso-inglês Henri Koster, que buscava o clima tropical com vistas à cura de uma tuberculose. Ele, que teve os livros de história confiscados nas alfândegas e portos do país, viajou de Recife ao Maranhão entre 1810 e 1811, e escreveu em sua importante obra: “São tantas as dificuldades que se experimenta nos portos do Brasil que percorri, que o único recurso para tê-los (os livros) é o contrabando” (Viagens ao Nordeste do Brasil. Ed. Brasiliana, 1942. P. 241. Notas de Câmara Cascudo). No porto de São Luís, Koster, só conseguiu reaver seus livros após petição formal ao governador. Outro procedimento contra os estrangeiros era a perda do nome original, o aportuguesamento dos sobrenomes. Segundo o escritor Mário Jorge Pires, autor da obra Raízes do Turismo no Brasil (Manole, 2001), tudo isto fazia parte de um “pacote” contra a presença alógena. O colonizador tentava assim manter os estrangeiros distantes das riquezas do país. Apesar da participação forasteira na formação do Brasil, com destaque para franceses, espanhóis, holandeses, ingleses, escoceses, dentre outros, e das ondas imigratórias a partir da segunda metade dos novecentos, sendo sírio-libaneses, italianos, alemães, poloneses, suíços, belgas, japoneses, chineses, dentre muitos outros, inexiste uma política eficiente para a captação de forma mais objetiva das muitas demandas estrangeiras interessadas em nos visitar. A secular tradição da baixa qualidade no atendimento – que à época colonial era algo sempre delegado a escravos – ainda é também um tabu a ser quebrado. O medo semeado propositalmente conta os estrangeiros – tachados de maus, piratas, contrabandistas, invasores, intrusos, hereges, perigosos, promíscuos e concorrentes – precisa ser revisto e trabalhado. Os megaeventos que se avizinham demandam-nos muito mais que a competência em disponibilizar infraestrutura, vai nos requerer um perfil mais aberto e plural, uma visão menos xenófoba com relação ao estrangeiro, além de políticas públicas mais generosas àqueles que estarão aqui para conhecer este país, antes conhecido como a “terra sem males”, e que deixarão bilhões de dólares e euros, e milhares de empregos. E se não conseguirmos encantá-los com nossas belezas, ou saudá-los com nossos gestos mais pródigos da gentilidade, ao menos temos o dever de garantirmos uma estada sem sobressaltos e escusá-los de algum vexame secular, a final, o momento será de explorarmos o turismo e não o turista.


ANIVERSÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA OSVALDO PEREIRA ROCHA A Proclamação da República do Brasil aconteceu em 15 de novembro de 1889 e, portanto, neste dia 15 de novembro de 2012 completa 123 anos de existência, sendo que esta data não pode e não deve passar em branco. A história desse importante acontecimento registra que a campanha republicana pretendia evitar um terceiro reinado no Brasil e colocar o país na mesma situação das demais nações sul americanas e assim como a Independência do Brasil e a Abolição da Escravatura brasileira contou com valioso e intenso trabalho maçônico em Loja ou fora dela. Nos clubes republicanos espalhados por todo o país foram divulgados os ideais republicanos e, na reta final da campanha, quando a República do Brasil foi implantada, ali estava um maçom a liderar as tropas do Exército Brasileiro com seu prestígio, ou seja, o Marechal Deodoro da Fonseca, que viria a ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil. Em que pese a intensa propaganda republicana, a ideia de mudança de regime político não ecoava no território brasileiro. Em 1884 foram para a Câmara dos Deputados apenas três republicanos, entre eles os futuros presidente da República Prudente de Morais e Campos Sales. Na legislatura seguinte somente um deles conseguiu ser reeleito. E na última eleição parlamentar realizada no Império do Brasil, em 31 de agosto de 1889, o Partido Republicano só elegeu dois Deputados. Percebendo que não conseguiriam realizar o projeto político pelo voto, os republicanos optaram por concretizar seus objetivos através de um golpe militar. E para tanto, procuraram capitalizar o descontentamento crescente nas formas armadas com o governo civil do Império, desde a Questão Militar. Precisavam, todavia, de um líder de suficiente prestígio na tropa, para levaram adiante seus planos. Foi assim que passaram a se aproximar de Deodoro, procurando seu apoio para um golpe de força contra o governo imperial. O que não foi fácil, considerando ser Deodoro homem de convicções monarquistas, que declarava ser amigo do Imperador Dom Pedro II e lhe dever favores. Dizia ainda Deodoro querer acompanhar o caixão de velho Imperador. Em 14 de novembro de 1889, os republicanos fizeram circular o boato, absolutamente sem fundamento, de que o governo do primeiro-ministro liberal Visconde de Ouro Preto havia expedido ordem de prisão contra o Marechal Deodoro, o líder dos oficiais republicanos, o tenente-coronel Benjamin Constant. Tratava-se de proclamar a República antes que se instalasse o novo parlamento, recém-eleito, cuja abertura marcada para o dia 20 de novembro de 1889. A falsa notícia de que sua prisão havia sido decretada foi o argumento decisivo que convenceu Deodoro finalmente a levantar-se contra o governo imperial. Pela manhã de 15 de novembro de 1889, o Marechal reuniu a tropa e a pôs em marcha para o centro da cidade, dirigindo-se ao Campo da Aclamação, hoje chamada Praça da República.


Penetrando no Quartel-General do Exército, Deodoro decretou a demissão do Ministro Ouro Preto. Não se falava em proclamar a República, mas apenas de trocar o Ministério e o próprio Deodoro diante da tropa ainda gritou “Viva Sua Majestade, o Imperador!”. Enquanto isso, Dom Pedro II, tendo descido para o Rio de Janeiro, em vista da situação, reuniu o Conselho de Estado na Praça Imperial e, depois de ouvi-lo, decidiu a demissão de Ouro Preto e organizar novo Ministério. Os republicanos precisavam agir rapidamente para aproveitar os acontecimento e convencer Deodoro a romper de vez com os laços com a Monarquia. Para tanto, valeram-se de outra notícia falsa, ou seja, Quintino Bocaiuva e o barão de Jaceguai mandaram um mensageiro a Deodoro, para informá-lo de que o novo primeiro-ministro escolhido pelo Imperador era Gaspar Silveira Martins, político gaúcho com quem o Marechal não se dava bem por conta de terem disputado o amor da mesma mulher na juventude. Assim, foi Deodoro convencido a derrubar o regime. Por volta das três horas da tarde, reunidos alguns republicanos e vereadores na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi lavrada uma ata, declarando solenemente proclamada a República do Brasil, que foi levada ao Marechal Deodoro da Fonseca. À noite do dia 15 de novembro de 1889, o Imperador encarregou o conselheiro José Antônio Saraiva de presidir o novo ministério. O novo primeiro-ministro dirigiu-se por escrito ao Marechal Deodoro, comunicando-lhe a decisão do Imperador, ao que respondeu Deodoro que já havia concordado em assinar os primeiros atos que estabeleciam o regime republicano federativo. O fato estava consumado. Viva a República Federativa do Brasil!


HISTÓRIA DA MEDICINA NATALINO SALGADO FILHO Neste mês de novembro, São Luís sediou o XVII CONGRESSO BRASILEIRO e o I CONGRESSO MARANHENSE DE HISTÓRIA DA MEDICINA, tendo como Patronos os Professores Olavo Correia Lima e Mário Martins Meireles. Como lema principal dos eventos, “Os 400 Anos de Medicina no Maranhão”, atraindo muitos congressistas de diferentes Estados e professores, pesquisadores e alunos locais. Importante destacar que, na mesa diretora dos trabalhos, estiveram presentes diversos expoentes do saber médico a nível nacional como Jairo Furtado Toledo, presidente da Sociedade Brasileira de História da Medicina, e José Leite Saraiva, presidente da Associação Brasileira de Academias de Medicina; além das presenças ilustres de Benedito Buzar, presidente da Academia Maranhense de Letras, José Márcio Leite, presidente da Academia Maranhense de Medicina, Antônio de Pádua Silva Sousa, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina, e Arquimedes Viégas Vale, presidente da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos do Maranhão. O sucesso de ambos os eventos é crédito do trabalho dedicado de seus organizadores, os quais parabenizo indistintamente na pessoa de meu confrade da AMM e do IHGM, Aymoré de Castro Alvim. Ressalte-se que esta instituição possui um trabalho digno de registro, pois, ao lado das Sociedades Brasileira e Internacional de História da Medicina, é fundamental para que gerações tenham acesso aos legados de homens e mulheres que marcaram suas épocas e vidas que lhes foram confiadas. Esses eventos também foram espaços de reconhecimento ao trabalho de muitos que, com seu conhecimento e esforço, marcaram seus nomes na história da medicina e tiveram a honra de ser condecorados com a Medalha “Prof. José Correia Picanço”, da Sociedade Brasileira de História da Medicina, como os professores Maria de Lourdes Lauande Lacroix, Antônio Nilo da Costa Filho e Aldir Penha da Costa Ferreira, pela divulgação da História da Medicina no Maranhão através dos seus trabalhos. Tive a satisfação de ser o convidado de honra nesses encontros e de coordenar o painel sobre “A História das Especialidades, no Maranhão”, discorrendo sobre aspectos históricos da nefrologia, ao lado de Haroldo Silva e Sousa, que falou sobre a cardiologia, e Orlando Torres, responsável por proferir palestra sobre a cirurgia. Foi feita ainda uma homenagem aos médicos que marcaram a história da Medicina no Maranhão na pessoa dos professores Tomé Lima Araújo e João Damasceno Figueiredo. Tais congressos proporcionaram uma oportunidade ímpar para que seus participantes tivessem acesso aos ricos detalhes históricos da medicina não apenas do Maranhão, mas dos diversos estados brasileiros. Parte dessa história foi registrada pelo também médico César Marques no seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do MA, publicado pela primeira vez em 1870. Este trabalho, por sinal, alcançou merecida atenção por parte do pesquisador Jomar Moraes, membro e ex-presidente da Academia Maranhense de Letras. Outros registros importantes são possíveis de serem conhecidos a partir dos relatos feitos pelo historiador Mário Meireles em “Apontamentos para a História da Medicina no Maranhão”, que revela ainda curiosidades farmacêuticas. Falta-nos espaço para destacar tantos outros médicos nascidos nesta terra, cujas contribuições atravessaram barreiras geográficas e mereceram destaque em diversos escritos históricos.


O profissional da medicina vive hoje na era em que a informação trafega numa velocidade incrível e, a despeito do conhecimento que o curso proporciona, necessária é a interligação com saberes de outros ramos, fundamentais para a compreensão do paciente, que está cada vez mais a exigir um tratamento não apenas focado na prescrição farmacológica. Estou certo de que este mesmo sentimento perpassa a alma de cada colega, numa mistura de crença no avanço científico e nos inúmeros desafios que nos impõe o cuidar de cada pessoa que nos toca atender. Neste mister, a cura é uma possibilidade e a única certeza é nossa presença ao lado de quem precisa, afinal, como disse Jesus certa vez: “os sãos não precisam de médicos e, sim, os doentes”. Ouso afirmar ainda que, a despeito do avanço tecnológico que circunda o saber médico, necessária é a valorização de sua história, pois é por meio dela que podemos acompanhar a evolução tanto do conhecimento quanto da técnica, com o aprimoramento crescente dos meios de diagnóstico e tratamento. Os casos de sucesso e fracasso empreendidos nesta seara, bem como as diversas descobertas em busca de alívio, de preservação da vida, de restituição da saúde e melhoria do conforto pessoal só podem ser conhecidos pelos registros deixados por aqueles que nos antecederam e servem como marcos de um novo caminho a ser trilhado na busca de outras vitórias importantes. Como lembra o famoso orador Cícero, “a história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos”. Tenho certeza de que os temas que foram debatidos nos congressos serviram para enriquecer ainda mais a trajetória de zelo e cuidado de cada participante para com o nosso semelhante, pois, como disse o poeta Fernando Pessoa, “ o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem”. Por isso, disse o poeta, “existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. Assim, acredito que tais características da fala do poeta se amoldam com os fatos ocorridos naquela semana em que se discutiu e se conheceu mais da história da medicina, despertando em todos nós o sentimento de máximo respeito aos nossos antepassados de profissão e de valorização da história do saber médico.


QUATRO SÉCULOS DE MEDICINA NO MARANHÃO AYMORÉ DE CASTRO ALVIM As comemorações dos 400 anos de Medicina no Maranhão iniciadas, em julho passado, com o I Congresso Maranhense de Medicina, organizado pela Academia Maranhense de Medicina, finalizaram, na semana passada, com o XVII Congresso Brasileiro de História da Medicina e I Congresso Maranhense de História da Medicina. Estes dois últimos eventos foram promovidos pela Sociedade Brasileira de História da Medicina e pela Sociedade Maranhense de História da Medicina, fundada aqui em São Luís, no dia 28 de abril de 2011 por um grupo de professores da Universidade Federal do Maranhão. Se considerarmos a Medicina dita oficial, com seus profissionais preparados em instituições formais autorizadas pelo governo, podemos dizer que os 400 anos que ora são comemorados tiveram início com a chegada à Ilha Grande do Maranhão ou de Upaon-Açu, do jovem médico cirurgião frances, Thomas de Lastre, na expedição de La Ravardière. Os diferentes pesquisadores consultados se referem ao Dr. De Lastre como o cirurgião-mor da expedição francesa, filho de um professor de Medicina da Universidade de Paris e com destacada posição entre os fidalgos gauleses. Embora não tenha, nos quase três anos que passou aqui, contribuído para alterar o quadro nosológico local, ele, além de estudar as vantagens terapêuticas da nossa flora, deixou aos seus pósteros um exemplo ético ao se dedicar por mais de trinta dias, após a derrota francesa em Guaxenduba, ao tratamento dos feridos tanto patrícios quanto portugueses. Creio que, por apenas este ato, sem mover-se por qualquer preconceito, a sua memória devesse ser reverenciada pelos médicos maranhenses, num momento em que passamos por crises éticas em todo o País. Após a partida do cirurgião, a medicina, no novo Estado Colonial Português, passou por momentos bastante difíceis não somente pelas sucessivas epidemias de sarampão e varíola que deixavam sempre grande número de mortes, como pela falta de médicos e medicamentos além da extrema miséria que, segundo Vieira, reinava naquela época. Por tudo isto, é importante notar que o estudo da História da Medicina não é área restrita a médicos. Compete, também, a diversos campos dos saberes que lhes dão suporte ou mesmo a qualquer pessoa que se interesse pela evolução da Arte de Curar exercida por diferentes civilizações ao longo da história humana. Assim, no Brasil Colônia, são considerados diferentes tipos de Medicina: a indígena com o pajé, a africana com o feiticeiro, a jesuítica, a popular com o curandeiro, barbeiro, barbeiro-cirurgião, barbeiro-sangrador, barbeiro-sarjador, boticários e parteiras. Devemos considerar, ainda, a chamada medicina alternativa. Daí o porquê da pergunta de algumas pessoas quanto à arte de curar dos índios que aqui chegaram antes dos portugueses e dos franceses se não seria também medicina. Claro que é como ainda todos os outros tipos já citados. Ocorre, no entanto, que desde a origem da Medicina atribuída aos homens do gelo ou Cro-Magnons que apareceram, na


região da atual Europa, entre 40.000 e 10.000 anos a.C., sempre houve a preocupação de selecionar pessoas dentro das comunidades que fossem preparadas para a arte de curar. Na Idade Média, esta necessidade se fortaleceu com a fundação das primeiras escolas-catedrais transformadas depois em Universidades como a de Bolonha que foi a primeira dentre muitas outras que começaram a ser criadas. O foco, porém, do trabalho das nossas Sociedades está mais adiante. Repousa na constatação do desgastante processo que vem operando na relação médico-paciente, liame indispensável a dar suporte à confiança do paciente em seu médico para que nele se fortaleça a fé na cura do seu mal. É na reconquista desse valor que se mobilizam a Sociedade Brasileira de História da Med A tecnocracia, o mercantilismo e o etnocentrismo médico vêm promovendo, gradativamente, esse distanciamento entre o médico e o paciente, desde a metade do século passado quando a tecnologia do pós-guerra começou a ser utilizada, para melhoria da qualidade dos recursos médicos, principalmente, os utilizados, nas áreas de diagnóstico e terapêutica. Nisto se baseou também o grande êxito dos Congressos nos quais o bom debate conduzido por várias autoridades brasileiras sobre o assunto nos deram os subsídios necessários para revermos a nossa conduta e buscarmos conduzir nossos alunos dentro de uma perspectiva de que muito se tem a melhorar.


DOIS ANOS SEM ANTÔNIO VESPASIANO RAMOS MANOEL SANTOS NETO HTTP://BL173W.BLU173.MAIL.LIVE.COM/DEFAULT.ASPX#N=105027992&FID=1&FAV=1&MI D=19D53DBE-3495-11E2-BE81-00237DE4AF18&FV=1 Posted: 21 Nov 2012

Dois anos do falecimento do médico e escritor Antônio Vespasiano Ramos. Autor de diversas obras, ele deixou vários trabalhos publicados nas Revistas do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) e regularmente escrevia artigos em periódicos da imprensa maranhense. Antônio Vespasiano Ramos publicou um livro que ele próprio dizia ser a sua obra-prima. Trata-se do livro Coronel Mariano Martins Lisboa – Um ilustre maranhense (1846-1926). Com este trabalho, o saudoso escritor, que também era membro da Academia Maranhense de Medicina, presta uma homenagem ao seu avô, o coronel Lisboa, figura proeminente da sociedade maranhense, que ocupou vários cargos na política e chegou à Intendência (Prefeitura, na época) da cidade de São Luís do Maranhão. Antônio Vespasiano Ramos, que ficou famoso como médico ginecologista, nasceu no dia 9 de julho de 1914. Ele era professor de medicina no Rio de Janeiro. As suas atividades como médico, pesquisador e escritor foram tão intensas que por si só dariam um livro. Publicou inúmeros trabalhos, dos quais se destacam: “Novo Método de Diagnóstico Precoce do Câncer Uterino”, ”Mulher de Trinta Anos” e “Coronel Mariano Martins Lisboa – Um Ilustre Maranhense”, além de artigos que foram publicados no Maranhão e alhures. Sobrinho do poeta Joaquim Vespasiano Ramos e primo do médico Cláudio Lisboa de Moraes Rego, ele veio para o Maranhão décadas atrás, para exercer a função de superintendente do antigo INPS.


QUARENTA ANOS DE JEMS JOAQUIM HAICKEL A realização de um sonho não tem preço. Não há nada mais gratificante do que alcançar nossos objetivos, superar obstáculos, nos tornarmos vencedores. Foi isso que eu e os de minha geração fizemos e é isso que os que vieram depois de nós tem feito ao participarem dos Jogos Escolares Maranhenses. Essa história que começou em 1972 acaba de completar agora 40 anos. Assim como foi para nós, para os nossos alunos atletas, o fato de apenas participar dos Jogos Escolares Maranhenses, já é a realização de um sonho. Vencer uma competição e levar para casa a tão desejada medalha, isso então, é uma imensa conquista. A realização dos jogos é um momento único, que se prolonga e é apreciado e vivido intensamente a cada segundo por todos aqueles que, direta ou indiretamente, durante o ano inteiro, trabalham para consolidar a maior competição esportiva estudantil do Maranhão. Em 2012, esses sonhos ganharam uma proporção ainda maior, nunca antes vista. Não apenas porque chegou à sua histórica quadragésima edição, mas porque foi o maior de todos os tempos. Os números foram expressivos. Mais de 60 mil pessoas envolvidas na competição. Atletas, técnicos, dirigentes, árbitros e equipe de apoio nas mais diversas áreas. Mais de 600 instituições de ensino, entre públicas e particulares, 49 municípios empenhados na luta pelo desenvolvimento do esporte no Maranhão. Atletas, de 12 a 17 anos, mostraram que o esporte maranhense é forte e tem futuro. Para a Secretaria de Estado do Esporte e Lazer, é gratificante poder proporcionar alegrias a esses jovens. Alegria como a que estava visível no sorriso e nas lágrimas dos meninos das cidades de Imperatriz e São Domingos do Maranhão que, pela primeira vez, pisaram no gramado do Estádio Castelão para decidirem a medalha de ouro do futebol. O melhor é que, o bom trabalho desses jogos refletiu-se imediatamente no resultado alcançado pelas equipes que representaram o nosso estado nos Jogos Escolares Brasileiros, na categoria infantil, disputados em Poços de Caldas. Pela primeira vez disputamos quatro finais dos JEBs. Este ano trouxemos medalhas de prata no voleibol masculino e feminino, no handebol masculino e feminino, além de outra prata no judô masculino, um bronze no judô feminino e outro bronze no badminton masculino. O sucesso é tanto que acabamos de ser informados pela Confederação Brasileira de Voleibol que três atletas maranhenses, uma moça, Neyane Costa, do Upaon-Açu, e dois rapazes, André Santos, do Upaon-Açu e Getúlio Júnior, do Rui Barbosa de Imperatriz, foram convocados para a seleção brasileira de voleibol escolar. No encerramento dos jogos demos destaque aos melhores atletas, de ambos os sexos, nas duas categorias e em todas as modalidades disputadas.


Ainda naquela noite entregamos os troféus de campeão às escolas que somaram mais pontos em cada uma das categorias. No infantil a escola vencedora foi o Colégio Dom Bosco de Imperatriz. Esse fato, que acontece pela primeira vez, é motivo de muita alegria para nós, pois prova que o trabalho da Sedel, no sentido de interiorizar suas ações, tem surtido efeito positivo. Na categoria infanto a escola campeã foi a Upaon-Açu de São Luís que, também por trazer o nome primitivo da ilha em que está nossa cidade, fecha com chave de ouro o nosso calendário comemorativo de seus 400 anos. É importantíssimo ressaltar que as escolas vencedoras dessa edição dos JEMs levaram troféus com os nomes de dois dos maiores responsáveis pela existência e o sucesso do esporte maranhense. Trata-se de Cláudio Vaz e do professor Dimas, de quem só vou citar os nomes, porque se for falar deles precisaria de duas ou três paginas inteiras desse jornal. Ainda naquela noite homenageamos atletas, professores, dirigentes e jornalistas que participaram da realização dos primeiros JEMs. Como foram muitos não vou aqui nomeá-los. Sinto que boa parte de minha missão está cumprida. Fortalecer os JEMs, interiorizar as ações da Sedel, reformar o Castelão e consolidar a lei de incentivo ao esporte. Ainda falta recuperar algumas de nossas praças esportivas mais importantes como o Costa Rodrigues e o Rubem Goulart, que se encontram em obras, e o parque aquático que estamos buscando recursos. Restabelecer as escolinhas que tantos talentos esportivos nos deram e ajudar o soerguimento do futebol maranhense. Tenho certeza que todas essas metas serão alcançadas. Essas e muitas outras que são consequência direta e ações secundárias provenientes das aqui enumeradas. Eu que não queria aceitar o convite da governadora para assumir a Secretaria de Esporte, talvez achando que ela fosse pequena demais para mim, sabendo que ela tinha um orçamento irrisório destinado a realizar um trabalho que para muitos parece ser irrelevante, confesso que estou feliz e realizado. Nosso trabalho pode parecer pequeno e fácil, mas não é nem uma coisa nem outra. Pode parecer irrelevante e supérfluo. Longe disso. Ele é necessário e importantíssimo, e eu não poderia realizar esse trabalho a contento se não tivesse a colaboração de pessoas que muito contribuem para isso, como Alim Neto, Monica, Vadeco e Clineu, passando por Fernando Lins, Mesquita, Aragão e Núbia até chegar à dona Aparecida, seu Dadá, Nazareno e Dona Fátima. Muito obrigado a todos que trabalham para fortalecer o esporte do Maranhão


A PRESENÇA NEGRA NO SUDOESTE MARANHENSE ADALBERTO FRANKLIN O povoamento dos sertões ao sul do Maranhão se deu através da frente colonizadora nascida com as entradas patrocinadas a partir da segunda metade do século XVI pela Casa da Torre, fundada no forte de Tatuapara por Garcia d’Ávila, o jovem “feitor e almoxarife da cidade do Salvador e Alfândega”, suposto filho de Tomé de Sousa. Garcia d’Ávila foi o primeiro criador de gado do Brasil; recebera do dito pai, em 1549, um casal de gado. Era um “empreendedor”. No final da década de 1550, já era “o homem mais rico e poderoso da Bahia”. Dono de um exército de milhares de índios Tupinambá e mamelucos, Garcia d’Ávila usava-os para promover guerras contra os “tapuias” e alargar suas posses, onde fundava novas fazendas. Subindo ao largo do rio São Francisco, avançando pelos sertões, o morgado dos Ávila, através de sucessivas gerações, chegou ao sul do Piauí, no final do século XVII, onde fez devassa exterminou os índios e apoderou-se das terras, estabelecendo dezenas de fazendas, entregues aos cuidados de arrendatários, foreiros e posseiros. No início do século XVIII, os tentáculos de Garcia d’Ávila atravessaram o Parnaíba e se instalaram nos “pastos bons”, onde fundaram a povoação de mesmo nome e, a partir daí, inicia-se o povoamento do sul do Maranhão. Bandeiras da vila de Pastos Bons, na primeira década do século XIX, saíram em conquista das terras sul maranhenses. Estabeleceram fazendas e fundaram povoações: Riachão, São Pedro (Carolina) de Alcântara e Chapada (Grajaú) foram as primeiras. Em toda essa marcha dos criadores para o este, da Bahia ao Maranhão, por quase três séculos, a presença do negro era insignificante. A Casa da Torre estabelecera um sistema de criação em que utilizava, prioritariamente, o caboclo, mestiço de índio com branco, mais adaptado ao campeio e à labuta sertaneja. Os índios se mostravam menos adaptável a essa lida e mais afeitos às guerras, a uma vida mais erradia, por isso costumavam integrar os contingentes bandeirantes. Os negros escravizados tinham preço muito elevado e encareceriam os custos da criação do gado, por isso estavam mais restritos ao eito dos engenhos de cana-de-açúcar e a serviços domésticos das ricas famílias das cidades. Ademais, o costume era fundar-se uma fazenda e entregá-la a um vaqueiro que, com sua família, assumiam todos os trabalhos, custos e riscos da empresa, num sistema de paga por quarteio – a cada quatro animais nascidos, o vaqueiro se tornava proprietário de um, o que motivava o vaqueiro nessa árdua lida, na esperança de um dia poder, ele próprio, tornar-se também um fazendeiro. Esse sistema carecia, portanto, de homens livres, que pudessem assumir os encargos da tarefa. Nos sertões maranhenses, a vida era geralmente modesta e espartana. Mesmo os maiores fazendeiros viviam modestamente, sem ostentação ou luxo. Muito até tomavam parte na lida com o gado. Poucos eram os verdadeiramente abastados e que tinham escravos a seu serviço. Apenas em Riachão, Carolina e Grajaú verificou-se maior incidência do negro escravo, mesmo assim, em número muito reduzido em comparação com o litoral e a Baixada maranhense. A população era predominantemente cabocla, sertaneja, que se constituiu nessa epopeia de criadores no sertão nordestino. No sudoeste maranhense, que começou a ser povoado a partir da fundação da povoação de Santa Teresa, atual Imperatriz, em 1852, por uma frente de colonização e


aldeamento patrocinado pelo governo do Pará, a presença do negro foi ainda mais escassa. Protegida por uma confederação timbira que por quatro décadas, essa região somente sucumbiu ao avanço colonizador dos criadores por volta de 1850, coincidentemente no mesmo período em que Frei Manoel Procópio fundou a povoação de Santa Teresa. Beneficiados e protegidos pelo trabalho catequético do frade carmelita, os criadores do Riachão, Carolina e Grajaú avançaram então pelas “matas gerais” do Tocantins, no território da nova povoação. Criadores e vaqueiros estabeleceram fazendas e, da mesma forma que seus ancestrais, utilizaram o sistema de parceria na criação do gado. Negros existiam, mas muito poucos; em sua quase totalidade, a serviço das casas-grandes, sedes das fazendas, ou na cidade, em outros ofícios. Mas é certo que em Imperatriz, a principal vila do sudoeste maranhense, chegou a ter mais de uma centena de negros escravos, pouco antes do fim do cativeiro. A historiadora Edelvira Barros, no livro “Eu, Imperatriz”, registra que essa vila teve uma Junta Classificadora de Escravos e menciona a luta da negra forra de nome Alberta que trabalhou incansavelmente para comprar a liberdade de seus filhos. É necessário dizer, também, que Imperatriz tem, em sua história, fortes marcas da presença de mulheres e homens negros que engrandeceram a cidade e a região. A começar do primeiro e destacado escritor, Manoel de Sousa Lima, ali nascido em 1889, um ano após a Lei Áurea. Sousa Lima, ou “professor Saboia”, autor de várias obras, membro da Academia dos Novos de São Luís e da Casa de Humberto de Campos em Carolina, é patrono de várias academias de letras, em Goiás, Tocantins e Maranhão. Também merecem destaque, o “coronel” Simplício Moreira, comerciante e maior líder político de Imperatriz no século XX; Severino Batista, fundador do primeiro sindicato de Imperatriz (o dos Arrumadores) e fundador da ‘Sociedade Atlética Imperatriz, o “Cavalo de Aço”; o caxiense José Matos Vieira, fundador do jornal “O Progresso”, e muitos outros.


DESEMBARGADOR ELISABETO BARBOSA DE CARVALHO ÁLVARO URUBATAN MELO Em homenagem póstuma ao saudoso Desembargador Elisabeto Barbosa de Carvalho, pela data de seu nascimento ocorrido em 11 de novembro de 1886, no município de Amarantes (PI), transcrevemos uma de se suas muitas crônicas alusivas à sociedade sãobentuense, cidade em que iniciou sua vida profissional como promotor público. “SURPRESAS”. Não havia iluminação pública em São Bento, embora no governo municipal de Cristóvão Serrão Martins – o Cristovinho – haja sido inaugurada a luz acetileno na cidade, iluminação, de que percorria os municípios em propaganda, o cidadão Francisco Nóbrega, alcunhado de “O Carbureto” que era a matéria inflamável da luz quando adicionada a água, mas que fora de mui pouca duração, não somente em São Bento como nos demais outros municípios onde “O Carbureto” percorreu. Desta forma, continuou São Bento às escuras, como ainda se em contra presentemente. A vida noturna, portanto, na terra são-bentuense não existia. Cinemas. Bares, sociedades recreativas, mesmo as desportistas, ainda eram coisas, de que ninguém cogitava. Não se via, com isso, gente nas ruas, a não ser uma ou outra pessoa que na “boca da noite”, de farol “prova de vento”, a mão, cumpria o dever social da visita de algum amigo, que chegara da capital. Os nossos jovens dos varões de São Bento substituíam as suas distrações das palestras das casas familiares, nas noites de escuro, aos sábados, por uma festa dançante. Estavam em voga, no tempo, “As Surpresas”, que consistiam na promoção de um baile inesperado, não anunciado, em uma das casas, de família, previamente escolhida, e à completa revelia dela, em as quais, as primeiras horas da noite, davam entrada rapazes, senhoritas acompanhadas da orquestra, e ainda os condutores de grandes cestas contendo bolos, frutas, doces, café torrado, para os convidados, cujos principais eram os donos da casa. E assim, tudo corria bem, sem nenhuma despesa para o dono do baile. Nessas brincadeiras, nunca estavam ausentes, o tabelião Bernardino da Silva Brito Neto, o tenente Inácio José da Costa, velhos amigos, que se confundiam os moços no mesmo entusiasmo, e de acordo com os dois, eram escolhidas as casas a serem para o improvisado baile, de maneira que nenhuma delas escapava dessa alegria das senhoritas e rapazes. Em verdade, os chefes de família não se mostravam contrários as “surpresas”, mesmo porque, não há negar. Eram festas, a que a mocidade imprima um cunho de encanto original. Necessário assinalar que para a “invasão” das casas dos saraus, havia sempre um motivo justificado; aniversário de nascimento, de qualquer pessoa da família, parente


ou não; aniversário de casamento, de batizado, de primeira comunhão ou qualquer outro motivo de somenos importância. O sarau não ultrapassava das duas horas da madrugada, e muitas vezes, no fim do baile, assentava-se a escolha da casa para a “surpresa” do próximo sábado. Eram as melhores festas da sociedade são-bentuense da época. Nelas se estreitavam as famílias os laços de cordialidade. Festas de admirável simplicidade, sem a preocupação de toalete, davam a impressão de que todos os que nelas se achavam pertenciam a uma única família, revelando os mesmo sentimentos na expansão das alegrias e afetos. Com o passar dos tempos essas Surpresas transformaram-se nos famosos Assaltos Carnavalescos que predominaram na década de 1960. Constituía-se de um bloco, composto de foliões (dominós), e paisanos, reunido em local determinado, acompanhado por uma orquestra, dançando pelas ruas, invadia uma residência e começava o baile. O Dr. Elisabeto em sua vitoriosa caminhada, fruto de sua inteligência, foi juiz municipal, de Direito, Desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão, interinamente presidente, secretário de Estado, deputado federal, prefeito de Pinheiro e grande benfeitor desse município, com grandiosas obras.


DIA DA BANDEIRA NACIONAL DO BRASIL OSVALDO PEREIRA ROCHA A História do Brasil registra que a nossa Bandeira Nacional, o Pavilhão Nacional, um dos Símbolos da Pátria, foi instituída em 19 de novembro de 1889, isto é, 04 dias depois de proclamada a República do Brasil e, portanto, neste dia 19 de novembro de 2012 faz exatos 123 anos de existência. A Bandeira Nacional do Brasil é o resultado de uma adaptação na tradicional Bandeira do Império Brasileiro. Neste contexto, em vez do escudo Imperial português dentro do losango amarelo, foi adicionado o círculo azul com estrelas brancas. Existem normas específicas nas dimensões e proporções do desenho da Bandeira Brasileira. Ela tem o formato retangular, com um losango amarelo em fundo verde, sendo que no centro a esfera azul celeste, atravessada pela faixa branca com as palavras Ordem e Progresso em letras maiúsculas verdes. Essa faixa é obliqua, inclinada da esquerda para a direita. No círculo azul estão 27 estrelas, que retratam o céu do Rio de Janeiro, incluindo várias constelações, como, por exemplo, o Cruzeiro do Sul. As estrelas representam simbolicamente os 26 Estados e o Distrito Federal, totalizando, obviamente 27. A Bandeira Nacional do Brasil é hasteada de manhã e recolhida na parte da tarde. Ela não pode ficar exposta à noite, a não ser que esteja bem iluminada. É obrigatório o seu hasteamento em órgãos públicos civis e militares (escolas, ministérios, secretarias de governo, repartições públicas, navios, etc.) em dias de festa ou de luto nacional. Nos edifícios do governo, ela é hasteada todos os dias. Também é exposta em situações em que o Brasil é representado diante de outros países como, por exemplo, em congressos internacionais e encontros de governos. O dia 19 de Novembro é comemorado, em todo território nacional brasileiro, como o Dia da Bandeira. Nesta data ocorrem comemorações cívicas, acompanhadas do Hino à Bandeira. As quatro cores da Bandeira Nacional representam simbolicamente as famílias reais de que descende Dom Pedro I, idealizador da Bandeira do Império. Com o passar do tempo esta informação foi sendo substituída por uma adaptação feita pelo povo brasileiro. Dentro deste contexto, o verde passou a representar as matas, o amarelo as riquezas do Brasil, o azul o seu céu e o branco a paz que deve reinar em nosso País. A versão atual da Bandeira Nacional do Brasil com 27 estrelas entrou em vigor em 11 de maio de 1992, com a inclusão de mais quatro estrelas (antes eram 23) representando os estados do Amapá, Tocantins, Roraima e Rondônia. Registro, finalmente, que nos templos maçônicos a Bandeira do Brasil é devidamente introduzida e também é saudada, com respeito, geralmente com as seguintes palavras: Bandeira do Brasil, auriflama de um país Grande pelo trabalho e pelo amor de seus filhos; admirável pelas maravilhas de sua natureza; opulento, pela exuberância de sua flora e riqueza de seu solo; hospitaleiro, pela simplicidade e bondade de seu povo; promissor, pelo brilhante futuro que assegura a todos os que produzem. És emblema de uma Nação, mas também maçônica poderias ser, pois tens a forma retangular do avental que usamos como símbolo do trabalho, porque o teu losango amarelo lembra o olho da sabedoria dominando o poder do ouro; a tua esfera central indica-nos a universalidade da Caridade Maçônica... Bandeira Nacional do Brasil, eu te saúdo no dia do teu aniversário!


JOGO DAS ARGOLINHAS – PRIMEIRO ESPORTE PRATICADO NO MARANHÃO (POR BRANCOS…) LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Domingo, 02 de dezembro de 2012 às 17:02 http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2012/12/02/jogo-das-argolinhas-primeiro-esporte-praticadono-maranhao-por-brancos/

O Joaquim Haickel me pediu para dar uma revisada nos apontamentos sobre a introdução do esporte, lazer e educação física no Maranhão. Ofereci, para publicação, o Atlas do Esporte no Maranhão, que tenho já bem adiantado, porém inconcluso. É trabalho para uma vida, pois na medida em que os acontecimentos esportivos se sucedem, o Atlas deve ser atualizado. Assim, deverá ser formado um banco de dados, na SEDEL, e lá depositado essas informações… A propósito, esta semana consegui chegar à leitura do livreto editado pelo Vavá Melo, que nos traz de João Clímaco Lobato: “Mistérios da Vila de São Bento“, romance publicado no formato de folhetim no Jornal Porto Livre, no. 50, terça-feira, 5 de agosto de 1962; a presente edição é da Academia Sambentuense, 2012, que às páginas 40: “Bom tempo era esse, em que o homem idoso de mistura com o mancebo, montando um fogoso cavalo, corria na arena para tirar a argoloinha, em dias de cavalhada, por ocasião de alguma festividade, sem que o velho sofre quebra na sua dignidade de homem, e nem o moço o respeitasse menos, pois se assim obrava era por motivo de religião, ante a que todos são iguais”. João Clímaco Lobato se refere ao Jogo das Argolinhas, realizada em São Bento… Antonio Lopes (1975) informava que ”Foram encontradas provas de que, além de em São Luís, também em Alcântara se realizavam essas cavalhadas, não havendo informações de até quando foram praticadas no Maranhão”. O Vavá Melo já havia me informado ainda em 2009: “Li em escrito do intelectual João Clímaco Lobato autor de tantas obras, inclusive o livro “Mistério da Vila de São Bento – (1862), conta que por ocasião da festa de São Roque (povoado de São Bento), os lavradores da região festeiros que eram armavam com antecedência casinhas de palhas em torno do arraial, onde ficava seus familiares. Entre as diversões os senhores em seus cavalos faziam o jogo das argolinhas. Provavelmente prática feita em Alcântara, donde eram residentes, quase todos ou todos de origem portuguesa. Vou tentar lembrar-me “onde li essa informação.”. A argolinha é a primeira “manifestação esportiva” praticada por brancos em terras maranhenses, pois possuía caráter competitivo, como registra Frei Manuel Calado (citado por Câmara Cascudo, 1972), referindo-se a mais famosa corrida realizada no Brasil, promovida por Maurício de Nassau, em janeiro de 1641 – ou abril, conforme Marinho (s.d.) -, por ocasião da aclamação de D. João IV. Foi vencida pelos portugueses. Para Lopes (1975), nesses torneios do tempo colonial os corcéis eram árdegos, de viçosa estampa e traziam arreios de preço. Os cavaleiros e seus ‘peões’ vestiam com


esmero trajes de cores vivas e os primeiros, montados à gineta ou bastarda, exibiam a sua destreza na arte nobre de bom cavalgar. Encontramos, no Maranhão, ainda no Século XVII, como parte da herança cultural portuguesa, além das danças e comédias representadas no adro das igrejas, o entrudo e as cavalhadas, estas sob as formas de encamisadas, do jogo das canas e do jogo das argolinhas. Em São Luís do Maranhão, a Câmara tinha que mandar celebrar, além da procissão de Corpus Christis, quatro festas anuais: a de São Sebastião em janeiro, a do anjo Custódio em julho, a da Senhora da Vitória em novembro, e a da restauração de D. João IV, chamado especialmente El-rei, em dezembro. Fora essas datas, só se realizavam cerimônias festivas quando assumia um novo governador ou, depois, quando chegava um novo bispo. Em 1678, D. Gregório de Matos – primeiro bispo do Maranhão (1679-1689) – foi recebido com uma festa. Teve lugar, no adro da igreja, uma comediazinha. Finda ela, foi D. Gregório para a casa de Manuel Valdez, onde, por oito dias consecutivos, ou mais, houve representações de encamisadas a cavalo, danças e outros gêneros de demonstrações de festas e alegria. (MEIRELES, 1977). A tradição de desfile a cavalo em festas oficiais é imemorial, tendo se tornado indispensável em Roma, durante as procissões cívicas, triunfos e mesmo festividades sacras. Em Portugal, desde velho tempo a cavalhada era elemento ilustre nas festas religiosas ou políticas e guerreiras. Mesmo nas vésperas de São João havia desfile de que fala um documento da Câmara de Coimbra, citado por Viterbo, aludindo em 1464, à cavalhada na véspera de São João com sino e bestas muares. No Brasil aparecem desde o século XVII com as características portuguesas. (CÂMARA CASCUDO, 1972). Esse autor registra o termo “cavalhada” referindo-se a desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas ou de manilha (CÂMARA CASCUDO,1972). Estes jogos foram um produto do feudalismo e da cavalaria, como afirma Grifi (1989), ao referir-se às atividades esportivas do medievo, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas. Ao descrever as distrações na Idade Média, Oliveira Marques ensina que, uma vez a cavalo, o nobre medieval podia entrega-se a uma série de exercícios desportivos. Desses, os mais vistosos e conhecidos eram sem dúvida as justas e os torneios, embora seja difícil distinguí-los. Em princípio, a justa travava-se entre duas pessoas, enquanto o torneio assumia foros de contenda múltipla. No dizer de Grifi (1989), a “giostra” era disputada somente entre dois cavaleiros, diferente do torneio que era combate em times. Eram usadas “armas corteses”, isto é, armas desapontadas ou cobertas por uma defesa. O confronto consistia de uma corrida a cavalo de um contra o outro, lança em riste, com o objetivo de desequilibrar o adversário, melhor ainda, de fazer cair, ao mesmo tempo, cavalo e cavaleiro. Em torno do século XIV espalhou-se o mau costume de usar lanças ou armas desapontadas. Variante das justas eram as chamadas canas. Em vez de lanças, os jogadores, a cavalo, serviam-se de canas pontiagudas com que se acometiam. O jogo possuía as suas regras, evidentemente muito diferentes das que regiam os torneios. Popularíssimos no fim da Idade Média mostrava-se espetáculo quase obrigatório nos festejos públicos, ao lado das justas e das touradas. O jogo das canas, de antiga tradição nacional, continuou em uso, nos séculos XVII e XVIII, com grande aparato e luzimento, quando nele intervinham pessoas da alta nobreza. Da cavalaria medieval, que durante longo tempo conservou a tradição dos


exercícios viris da antiga efebia e cuja decadência foi um dos consectários do aperfeiçoamento das armas, ficou em Portugal, de onde veio para o Brasil com os primeiros Governadores, o gosto pelo jogo das canas. As cavalhadas constituíram nos tempos coloniais e no Império um atraente exercício. Embora quase privativo dos jovens afortunados. Ao povo habituado à pasmaceira elas valeram por oferecerem espetáculos ou, como Fernando Azevedo escreveu, ‘memoráveis torneios de opulência aristocrática’. Será preciso distinguir as cavalhadas que os mancebos ricos disputavam daqueles outros jogos que no Rio de Janeiro foram conhecidos como o jogo das manilhas e em tantos outros cantos do país com o jogo das argolinhas. A argolinha é encontrada desde o século XV em Portugal e, de acordo com Grifi (1989), a corrida dall’anello – corrida do arco – consistia de corrida a cavalo, lançado a galope, durante as quais os cavaleiros deviam enfiar a lança ou a espada em um arco suspenso. Vencia quem conseguia enfiar o maior número de arcos. No Brasil, desde o século XVI se corre a argolinha, e chegou a estender-se até meados do século XIX. Marinho (s.d.) refere-se à uma cavalhada realizada em abril de 1641, no Recife. Portugal estava sob o domínio da Espanha e esta em guerra com a Holanda. Os holandeses haviam invadido o Brasil quando sobreveio a trégua entre estes e os espanhóis, a qual, naturalmente, se estendeu às colônias. Para festejá-la, foram organizados torneios eqüestres em que portugueses e brasileiros competiram contra holandeses. Já Câmara Cascudo (1972) registra uma encamisada realizada em março desse mesmo ano, no Rio de Janeiro, por ocasião da aclamação de D. João IV. BIBLIOGRAFIA CÂMARA CASCUDO, Luís da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. 3a. ed. atual. Rio de Janeiro : Tecnoprint, 1972. GEBARA, Ademir. Considerações para a história do lazer no Brasil. in BRUHNS, Heloísa Turini. (org). Introdução aos estudos do lazer. Campinas : Unicamp, 1997, p. 61 -81 GEBARA, Ademir. “O tempo na construção do objeto de estudo da história do esporte, do lazer e da educação física”. Grupo de História da Educação Física, Esporte e Lazer, FEF/UNICAMP. < http://www.unicamp,br/fef/gehefel/texto-Gebara-2.txt. >. (26/06/98). GRIFI, Giampiero. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE. Porto Alegre : D.C. Luzzatto, 1989. Le GOFF, Jacques. História e memória. Campinas : Unicamp, 1992 LOPES, Antônio. Meios de transporte na ilha de São Luís. in LOPES, Antônio. DOIS ESTUDOS MARANHENSES. São Luís : Fundação Cultural do Maranhão, 1975, p. 4558. MARINHO, Inezil Penna. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL. São Paulo : Cia. Brasil Ed.(s.d.). MEIRELES, Mário M. HISTÓRIA DA ARQUIDIOCESE DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO. São Luís : UFMA/ SIOGE, 1977. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial. in SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO


ESPORTE, XVIII, São Caetano do Sul-SP, outubro de 1992. ANAIS … São Caetano do Sul : CELAFISCS : UNIFEC, 1992, p 27. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial in CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, VIII, Belém-Pa, setembro de 1993. ANAIS … . Belém : UFPA, 1993, p 137. VIEIRA E CUNHA, Manuel Sérgio; FEIO, Noronha. HOMO LUDICUS – ANTOLOGIA DE TEXTOS DESPORTIVOS DA CULTURA PORTUGUESA. vol. 2. Lisboa : Compendium, (s.d.). CAVALHADAS (TAMBÉM) EM SÃO BENTO informa Vavá Melo. do Blog do Leopoldo Vaz http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/, publicado na Revista do IHGM, no. 31, novembro de 2009, disponível em http:issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009 AS CAVALHADAS E O MARANHÃO. Do Blog do Leopoldo Vaz http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/ publicado na Revista do IHGM, no. 31, novembro de 2009 http:issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009 Categoria Atlas do Esporte no Maranhão • História • Literatura & Esporte


PROJETO GONÇALVES DIAS GONÇALVES DIAS NESTE MÊS DE NOVEMBRO DE 2012 DILERCY ADLER HGM- Cadeira nº 1. Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão. Psicóloga, Doutora em Ciências Pedagógicas, Mestre em Educação, especialista em Sociologia e Especialista em Metodologia da pesquisa em Psicologia .

É grande o desejo de que seja cumprida a meta dos Mil Poemas em homenagem a Gonçalves Dias para que a culminação do Evento com todas as obras publicadas e apresentação/exposição das demais vertentes das artes se realize no dia do aniversário de 190 anos de Gonçalves Dias, em 10 de agosto de 2013. Assim, nestes últimos dias de 2012 buscou-se divulgar o Projeto em todos os eventos nos quais se teve participação. Neste mês de novembro de 2012 o Projeto foi apresentado em quatro eventos: O XIV ENCONTRO MUNICIPAL DO PROLER e o 6º SALÃO DO LIVRO DE CAXIAS - SALIC- Ano Gonçalves Dias - Caxias /MA de 29/10 a 01/11:

O referido evento foi realizado no Centro de Estudos Superiores de Caxias/CESCUEMA e contou com vasta programação como: Palestras, Minicursos, Comunicações, Visitas agendadas a escolas, Lançamentos de livros e Exposição de Fotografias. O Projeto “Mil poemas para Gonçalves Dias” foi apresentado aos participantes do evento no mesmo dia da Conferência de abertura: “Gonçalves Dias: o poeta do exílio”, proferida pela Profa. Marisa Lajolo (UNICAMP). Além disso, o Projeto foi também apresentado aos alunos da Escola “Santos Dumont”, onde a Profa Marisa Lajolo foi


acompanhar o trabalho desenvolvido sobre o seu livro sobre Gonçalves Dias, pelos alunos da escola. Foram feitos ainda contatos com os integrantes do Projeto, em Caxias, sobre assuntos pertinentes à operacionalização do Projeto. Em anexo (ANEXO 1), e-mail ao IHGM, comunicando em linhas gerais os resultados gerais da viagem. QUINTO ENCUENTRO INTERNACIONAL DE ESCRITORES HOMENAJE AL COMPOSITOR ATILIANO AUZA LEÓN TARIJA Bolivia 12 al 17 de noviembre de 2012:

Foram feitos contatos importantes com vários escritores da América do Sul e Central e dos Estados Unidos. Ressalte-se a companheira do Brasil, a Profa. Maria de Lourdes Otero Brabo Cruz Malu Otero- (Malu), de Assis - São Paulo – BRASIL, que além de divulgar o Projeto apresentou na UNESP- Campus de Assis, material sobre o evento, no qual fez referência aos Mil Poemas a Gonçalves Dias e a Oscar Alfaro. Este último é um escritor boliviano que será também homenageado com a sua Antologia e essa indicação foi efetivada no Encontro de Tarija-Bolívia. Esta é 6ª Antologia do gênero (Chile, Peru, Espanha, Brasil, Cuba e Bolívia), e assim, o Brasil se insere nesse contexto cultural mundial com a nossa homenagem a Gonçalves Dias. Marcos Rodriguez Leija escritor e músico do México enviou uma Convocatória (ANEXO 2), em Espanhol, com arte de sua autoria. A Antologia já conta com poesias enviadas por participantes do Encontro de Tarija. V ENCONTRO ACADÊMICO DO CURSO DE PEDAGOGIA DA FACAM São Luís/MA, de 21 a 23/11/2012. O Projeto “Mil poemas para Gonçalves Dias” foi apresentado na abertura do evento, o qual contou com um grande número de estudantes e professores do Curso de


Pedagogia da Faculdade do Maranhão-FACAM, ficando acertada a divulgação do Projeto no Blog do Curso de Pedagogia.

REUNIÃO DA FEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO MARANHÃO - FALMA No dia 24/11/2012 o Projeto “Mil poemas para Gonçalves Dias” foi apresentado em, em espaço gentilmente concedido pelo seu Presidente, Álvaro Urubatan Melo. A reunião foi realizada no Praia Mar Hotel e contou com um quantitativo significativo de presidentes de Academias dos Municípios do Estado do Maranhão. V SEMANA LITERÁRIA MARIA FIRMINA DOS REIS Guimarães/MA, de 26 a 30 de novembro de 2012. A semana teve como tema “Nossos maranhenses em verso e prosa”, abrangendo, além da Literatura, a música, o teatro, o cinema, o folclore. O evento prestou homenagem a grandes nomes da Literatura Maranhense, como Gonçalves Dias, Sousândrade (Guimarães), Raimundo Corrêa, Artur Azevedo, Aluísio de Azevedo, José Loureiro, Ferreira Gular, Firmina dos Reis (Guimarães), Josué Montello, Bandeira Tribuzi e outros autores contemporâneos da terra, e ainda músicos maranhenses. As atividades incluíram: Confecção de livro coletivo; Produção de poesias pelos alunos; Atividade compartilhada com os pais dos alunos; Baú da poesia do qual os participantes tiraram poesias para ler ou declamar; Sarau literário com roupas de época; Proseando com os poetas locais, em que o prosear é compreendido, segundo Guimarães Rosa: “Como andar de barco a vela em que o bom não é chegar, mas o ‘estar indo’. ‘A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas na travessia’’’; Visitas orientadas: a bibliotecas, prédios antigos, cemitérios, escolas, povoados; Blog Literário, construção de um Blog; Rádio escolar, programação de rádio voltada para a Semana Literária e Mil poemas para Gonçalves Dias com a participação de professores e intelectuais de São Luís e Caxias, com a possibilidade de fundar a Academia Vimarense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães, bem como, a homenagem em memória de Gonçalves Dias.


Na ocasião foi concretizada uma programação especial, considerando o aniversário da morte de Gonçalves Dias, em 03 de novembro de 1864 (1823 a 1864), o qual contava à época com apenas 41 anos de idade, e, já doente, retornava à sua decantada terra –Maranhão- tendo o navio Ville de Boulogne, no qual se encontrava naufragado no litoral de Araoca/Atins/Guimarães. A programação contou com a celebração de uma missa in memorian e atividades culturais na Praia da Araoca. Convém ressaltar que a Semana foi realizada pelo “Centro de Ensino Médio Nossa Senhora da Assunção”, tendo à frente o seu Diretor, o vereador Osvaldo Gomes, o qual atendeu à solicitação do IHGM, no sentido de incluir na Programação a homenagem a Gonçalves Dias.

A Universidade Federal do Maranhão disponibilizou o transporte para a viagem, e representaram o IHGM as Confreiras, Clores Holanda, Administradora do Palácio Cristo Rei, Cad. Nº 34, e a Profa. Dra. e Poeta Dilercy Adler, Cad. Nº 01, que na ocasião doou livros, de sua autoria, para o “Centro de Ensino Médio Nossa Senhora da Assunção”, para a Secretaria de Educação do Município (entregando os exemplares para a Secretária, Profa. Denildes Cunha), e para a Regional de Pinheiro que abrange 17 municípios, representada por 4 professoras que se fizeram presentes à Semana (as quais receberam os livros). Como o programado, foi feita a divulgação do Projeto “Mil poemas para Gonçalves Dias” pela manhã, do dia 30/11, no Centro de Ensino Médio Nossa Senhora da Assunção”, seguida de riquíssima programação de projetos das várias turmas do Centro de Ensino, com declamação de poesias e performances teatrais e musicais. À tarde foi o encerramento da Semana, com a homenagem póstuma ao grande poeta Gonçalves Dias, que contou de missa celebrada pelo Padre Luiz Antônio, com uma bela mensagem voltada para as ênfases: 1da necessidade de “beber na fonte” de homens e mulheres que deixaram suas marcas na nossa história cultural e científica, o que vai ao encontro de um dos objetivos do projeto assim expressado: “Apreender a importância do conhecimento e divulgação da vida e obra dos grandes nomes nacionais”;


2-

da necessidade de “valorização do ser humano através do amor” em todas as relações interpessoais.

Após a missa, foi apresentada vasta programação cultural desenvolvida pelos alunos. O evento ainda contou com a participação da comunidade de Araoca, através da palavra do líder da comunidade, o Sr. Antônio “Chegou” (nome como é conhecido na comunidade), o qual expressou a sua satisfação com o evento e declarando ainda que mais eventos dessa natureza devem acontecer na Comunidade e apresentou aos presentes três pedras, que segundo informações anteriores foram trazidas de Portugal, no navio Ville de Boulogne, como lastro. Ele as doou à UFMA para ser objeto de pesquisa pela área competente, objetivando a verificação da veracidade da informação e, em caso da confirmação, deverão ser doadas para a futura sala de exposição permanente de Gonçalves Dias, no Palácio Cristo Rei.

Neste relato tem-se o objetivo de registrar algumas participações em eventos e reuniões com vistas à divulgação do Projeto Mil Poemas para Gonçalves Dias”, além dos eventos realizados com esse fim. Dos eventos do realizados pelo Projeto encontram-se: 1. I Encontro Gonçalvino Caxias-São Luís (em Caxias), 28/ 01/2012 2. II Encontro Gonçalvino São Luís-Caxias (em São Luís), 25/04/2012


3. Gonçalves Dias na Escola Paroquial Frei Alberto-EPFA, (em São Luís) 25/05/2012 4. Mostra do Projeto “Mil Poemas para Gonçalves Dias”, (em São Luís) 05/09/2012 Ademais, a exemplo de novembro de 2012, têm sido feitas outras divulgações presenciais e reuniões com Instituições (dentre as quais as escolares) e Organizações Públicas e Privadas, além daquelas feitas pelas redes sociais, dentre as quais, encontram-se: No estrangeiro: Dezembro de 2011, Universidade da Madeira-Portugal; Junho de 2012, em Associações de poetas em Lambayeque e Lima/Peru; Novembro de 2012, Quinto Encuentro Internacional de Escritores Homenaje al Compositor Atiliano Auza León Tarija/Bolivia. Em São Luís e em outras Cidades do Maranhão: -I Jornada Médico Litetária Maranhense. VI Jornada NacionalSOBRAMES-I Amostra de Artes Médicas, de 11 a 14 de novembro de 20011; -Colégio Universitário-COLUN, UFMA; -UFMA: contatos com a Reitoria, PROEN, Departamento de Letras e outros; -Liceu Maranhense; -Escola Paroquial Frei Alberto-EPFA; -Salão do Livro de Coelho Neto-SALICON, julho de 2012; -Secretaria de Educação do Estado; -Academia Maranhense de Letras; -Convento das Mercês, entre outros. Em síntese, além da divulgação nos eventos organizados com essa finalidade, tem sido buscada a participação de brasileiros em todo o território nacional (através, principalmente, das redes sociais e divulgação presencial em algumas visitas in loco, em viagens de trabalhos diversos) também em escolas dos vários graus e redes de ensino. No estrangeiro, através, principalmente, das redes sociais e da divulgação presencial em eventos nos quais a representação brasileira se faz presente. Foram elaboradas cinco Convocatórias para divulgação em redes sociais, contando com o apoio das várias Associações e Organizações nacionais e internacionais no reenvio do convite para os demais sócios/membros. Espera-se, como foi dito inicialmente, atingir as metas a tempo da editoração das antologias para serem lançadas no aniversário de 190 anos de Gonçalves Dias. Conta-se, para tal, com a participação de todos, elaborando trabalhos ou divulgando para os seus contatos, de modo que se possa fazer ampla divulgação do Projeto em todos os espaços possíveis, e assim se consiga prestar uma grande e marcante homenagem a Gonçalves Dias. ANEXO 1 Email para O IHGM sobre a Viagem para a participação do “XIV Encontro Municipal do PROLER e o 6º Salão do livro de Caxias - SALIC- Ano Gonçalves Dias” -Caxias /MA de 29/10 a 01/11:


Cheguei hoje cedo de Caxias, saí de lá à 00h. (Dormi no ônibus), mas valeu muito a pena! O encontro foi maravilhoso! Fui bem recebida pelas Profas. Joseane e a Profa. Erlinda (ambas me receberam na Rodoviária) e me deram assistência integral durante todo o dia. O PROLER é um projeto, de fato, muito nobre. Fiz contatos importantes. Amanhã na nossa AGO gostaria de relatar o resultado da viagem, embora já esteja adiantando alguns. - Conheci, pessoalmente, a Profa. Marisa Lajolo, de Campinas, que é uma pesquisadora apaixonada de Gonçalves Dias e escreveu um livro sobre a vida dele. Recebi dela um exemplar de presente, pelo que fiquei muito agradecida. Participei juntamente com ela de um encontro dela com alunos da Escola Santos Dumont (à tarde), os quais fizeram um estudo sobre o seu livro. Foi-me dado espaço para apresentar a eles o Projeto “Mil poemas a Gonçalves Dias”. Pela manhã (29/10), fui à UEMA e me reuni com as Profas. Erlinda e Miramar para ajustar pendências do Projeto, entre elas os nomes para as comissões de Caxias que ainda estão em branco. E à noite fiz, conforme a programação, a apresentação do projeto “Mil poemas a Gonçalves Dias”. Amanhã, na nossa AGO detalharemos um pouco mais. - A Profa Marisa se disponibilizou a divulgar o Projeto e também a nosso convite a participar com alguma(s) produção(ões). Ela também sugeriu que se fizesse uma pesquisa documental, citando alguns espaços que têm esses materiais, o que acho também muito pertinente. Saudações Gonçalvinas, Dilercy Adler


ANEXO 2


EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE GANHA PRÊMIO CAZUMBÁ DE TURISMO

ANTONIO NOBERTO Turismólogo, idealizador e curador da Exposição. O prêmio Cazumbá de turismo foi uma importante iniciativa do Jornal Cazumbá, periódico dedicado à cultura, turismo e meio ambiente no Maranhão, que completa dez anos. Uma maiúscula iniciativa do jornalista Reginaldo Rodrigues, um entusiasta do turismo regional. A conquista como "Melhor projeto cultural voltado para os 400 anos" foi algo espetacular. Um grande prêmio à previdência, vez que o organizador do evento iniciou os trabalhos de pesquisa e realização da Exposição França Equinocial para sempre há mais de uma década. A conquista é também um prêmio ao poder de agregar, pois os três organizadores Antonio Noberto, Joana Bittencourt e Clores Holanda mobilizaram quatro gigantes da Educação e da Cultura no Maranhão: UFMA, UEMA, IHGM e Aliança Francesa São Luís. Formaram uma equipe capaz, que contou com a competência do consagrado artista plástico Rogério Martins e de Raimundo Bartolomeu, o Bart, além de Adriano Kilala, Steve, Raimundo Santos, dos diagramadores Felipe Freire, Nath Freitas e Marcos Caldas. O trabalho teve o apoio ainda do IFMA, Cia Beto Bittencourt, Bus Transportes e Folhagem. Também participaram os artistas, confrades e confreiras Joana Bittencourt (Cia Beto Bittencourt), Clores Holanda (Palácio Cristo Rei), Natalino Salgado (UFMA), José Augusto Silva Oliveira (UEMA), Reginaldo Silva (Folhagem), Telma Bonifácio (IHGM), Andrea (Fundação Darci Ribeiro), Janete Chaves, Ubaldo (Bus Transportes), José Jorge Leite Soares, Nan Souza, Nelson Almada Lima, e aos nossos monitores Vitor Fernando, Vanessa Correa, Suelma Melo, Iracema Rodrigues e Érica Gomes.


Os coordenadores agradecem a equipe do Palácio Cristo Rei, aos guias de turismo de São Luís, aos professores e a todo o público que prestigiou este evento que recebeu elogios até daqueles que criticam a fundação de São Luís. Vale informar que uma parte do acervo está em cartaz no Palácio dos Leões e deverá permanecer naquele edifício ao menos até o mês de janeiro. Parabéns aos que acreditaram e concorreram para este resultado!

Aline Vasconcelos e Mara Cristina

Noberto e o Troféu!


PALESTRA DE OSVALDO ROCHA NO RC DE SÃO LUÍS OSVALDO PEREIRA ROCHA

Ex – Presidente do Rotary Club São Luís – Praia Grande; ex – Governador Assistente do Distrito 4490, do Rotary International; Companheiro Paul Harris e Mérito Distrital, além de ex-presidente de diversas comissões no seu Clube de Rotary e do referido Distrito. Sócio Efetivo do IHGM.

Convidado pela Diretoria do Rotary Club de São Luis, nas pessoas do Diretor de Protocolo, rotariano Douglas Pereira de Pinho e da Presidente, rotariana Jacira de Queiroz Santos Figueiredo, Osvaldo Pereira Rocha proferiu palestra sob o tema ROTARY durante a reunião-almoço do referido clube no dia 11 de dezembro de 2012, na Associação dos Rotarianos de São Luís, na Ponta d’Areia, nesta Cidade Cultural, São Luís do Maranhão. Torno público que, antes mesmo de iniciar a palestra, este articulista fez uma singela homenagem póstuma ao companheiro José Ribeiro Quadros, conceituado Médico de nosso Estado do Maranhão, ex – Governador do Distrito 4490, do Rotary Internacional, atuante membro do RC de São Luís e amigo deste articulista, recentemente falecido em nossa capital. Após sua fala e os aplausos recebidos, Osvaldo Rocha respondeu perguntas do companheiro Sebastião Caracas, decano do clube; do EGD Raimundo Medeiros Lobato e do supracitado Diretor de Protocolo, que se declararam plenamente satisfeitos. 80% dos sócios representativos do aludido clube prestigiaram o acontecimento, dos quais, além dos acima citados, este articulista menciona alguns que guardou na memória, ou seja, Joseth Coutinho Martins de Freitas, Josefa Ribeiro da Costa, Adir Alves de Carvalho, Maria do Socorro Nina Hoh e Ary Teixeira Lima Filho, este secretário do aludido clube, além de visitantes de outros clubes e convidados especiais como Maria do Socorro Nascimento de Oliveira e Osvaldo Pereira Rocha Filho, convidados do palestrante.


OS FINS DO ANO DE 2012 TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Se finda o ano cronológico de 2012, se finda o ano do aniversário de São Luís bem como da elevação desta capital ao título de Patrimônio da Humanidade, se finda o ano do aniversário da morte de Gonçalves Dias nosso poeta da terra das palmeiras, morre Oscar Niemeyer no mês de seu nascimento, enfim se finda o ano acadêmico de aniversario de 87 anos do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e para fechar este ciclo inicia-se a outro de muitos e muitos eventos singulares como estes que acabo de relatar. Dentre estes comemoramos no próximo dia 14 de dezembro o inicio do ano acadêmico do Confrade Natalino Salgado Filho, Magnifico Reitor da Universidade Federal do Maranhão-UFMA desta feita na Academia Maranhense de Letras-AML, destacamos o seu nome como sinônimo do período que vivemos “Período Natalino”, de festas, de comemorações, de alegrias, consubstanciada com sua entrada aquele recinto acadêmico comprovando que a ele cabe por mérito esta concessão do titulo Acadêmico para somar-se a tantas outras que já galgou. Aproveito a oportunidade para brindar este momento com todos e todas as pessoas que estarão no próximo dia 14 festejando a entronização do nosso amigo e confrade, festejemos a esta premiação e celebremos a entrega do titulo a mais um Confrade do IHGM que adentra na AML, exercitemos assim o dispositivo que categoriza o Dr. Natalino como Membro Acadêmico das Letras, somando-se aos da História e Geografia no IHGM e das Ciências na Academia de Ciências do Maranhão. Certamente que nosso Confrade prestará relevantes serviços a AML, pois tal título só é concedido se aprovado por indicação e eleito por seus futuros pares por maioria absoluta, como de fato ocorreu. Assim a outorga do mesmo é por mérito aos serviços prestados a sociedade, pois o mesmo tanto sabe construir conhecimento como gerir instituições acadêmicas e ao longo de sua trajetória profissional desempenha suas funções com dignidade, sendo portanto, mais um membro que irá compor a AML com louvor e zelo. O IHGM, através de nossa pessoa parabeniza ao Confrade Natalino nesta data e através deste opúsculo registra e historiciza a mesma para que seja lembrada por nós e por todos através dos tempos. Parabéns Prof. Natalino por vencer mais esta batalha!


DIA DO MARINHEIRO OSVALDO PEREIRA ROCHA Amigo da Marinha, Mérito Tamandaré, Leme da Amizade. Membro da AMIL, da AMCLA, da AMML e da APLM; do IHGM e do IHMM. E-mail: rocha.osvaldo@uol.com.br e site www.osvaldopereirarocha.com.br

...”Peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva o seguinte: Aqui jaz o Velho Marinheiro” (Almirante Joaquim Marques Lisboa). “Sou Marinheiro e outra coisa não quero ser” (Joaquim Marques Lisboa, Almirante Tamandaré). Com as duas frases acima citadas, presto minha modesta homenagem anual aos homens do mar, pela passagem, neste dia 13 de dezembro, do Dia do Marinheiro. E data magna da Marinha do Brasil. Esta data é nascimento de Joaquim Marques Lisboa, Almirante e Marquês de Tamandaré e, pelos seus méritos, Patrono da Marinha do Brasil, fato histórico ocorrido em Rio Grande, Rio Grande do Sul em13 de dezembro de 1807, filho do homem do mar, prático da barra e patrão mor do porto. Joaquim Marques Lisboa ingressou em 1824 na Academia Imperial de GuardasMarinha; participou, como comandante de várias lutas, inclusive da pacificação da Província de Pernambuco, de 1830 a 1836, na revolta da “Setembrada”; lutou contra outras revoltas, como nas Províncias do Ceará, da Bahia e do Pará e contra a “Balaiada”, no Maranhão, como Chefe das Forças Navais, em 1839. Em 1848, participou da luta para conter a revolução dos “Praieiros”, em Pernambuco, comandando a vitoriosa Divisão Naval dos Imperiais Marinheiros; foi promovido ao posto de Almirante em 1867, depois de obter várias promoções, sempre por merecimento e bravura; recebeu títulos honoríficos como os de Barão (1860), Visconde (1865) e Marquês de Tamandaré (1888). Lutou, na qualidade de Comandante-em-Chefe da Força Naval Brasileira, nas batalhas de Paissandú, Salto e Maldonado, na Guerra entre Brasil e Paraguai, de 1864 a 1865, com sucessivas vitórias brasileiras. Novamente em luta, o Brasil se defendeu do Paraguai e Tamandaré, comandando a maior Esquadra já existente na América do Sul, transportou os Exércitos argentino e brasileiro, através do Rio Paraguai e atacou Curuzu e Curupaiti, saindo-se vitorioso. Em sua brilhante carreira, comandou diversos navios e exerceu vários cargos administrativos, todos relevantes. Foi Comandante da Divisão Naval do Rio de Janeiro (1849); Capitão do Porto do Rio de Janeiro (1852); Inspetor do Arsenal de Marinha da Corte (1854) e membro efetivo do Conselho Naval (1859). Reorganizou a Marinha, adaptando-a para a navegação a vapor. Ao deixar o Comando, Tamandaré foi nomeado para o cargo de Ministro do Superior Tribunal Militar, em 13 de dezembro de 1888, dia do seu aniversário, quando completou 81 anos de idade. O grande marinheiro da Pátria faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 20 de março de 1897. Viva o Dia do Marinheiro, 13 de dezembro!


NOVOS ACHADOS PARA A MEMÓRIA DA VILA VELHA DE VINHAIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Universidade Estadual do Maranhão DELZUITE DANTAS BRITO VAZ Centro de Ensino Médio “Liceu Maranhense”

Mudamo-nos para o Conjunto Recanto Vinhais no final de 1980. Foi quando tomamos conhecimento da existência da Vila Velha de Vinhais e de sua hoje quatro centenária Igreja de São João Batista. A partir de 1984/85 iniciou-se um movimento dos moradores para reabertura da Igreja, sua recuperação física, para que houve condições de receber um padre. Sede de paróquia desde 1757, estava sem titular com os fiéis tendo que se dirigir, à época, para a Igreja da Cohama; esta assistia quando possível aos moradores da Vila Velha; Mas a igreja já estava sem condições de uso, com o teto em ruínas. Foram quase dez anos de trabalho, para a reconstrução da Igreja, não só a física... finalmente tínhamos padre fixo – Padre Dr. Raimundo Gomes Meireles, quando em 1997 fomos surpreendidos de que a sede da paróquia passara a ser a Igreja de Nossa Senhora aparecida da Foz do Rio Anil, localizada no bairro do Cohafuma, recém construída... Quando Dom Belisário baixou ordem de retomada da titularidade como paróquia – suprimida em 1997 – de muitos vínhamos recuperando a memória e escrevendo a História daquela Comunidade e de sua Igreja. No dia 20 de outubro de 2012, ao completar 400 anos daquele dia em que foi rezada a primeira missa no local, por missionários capuchinhos franceses, aqui acompanhando Daniel de LaTouche, foi lançado documentário sobre a Vila. Continuamos buscando fatos e acontecimentos relacionados com a existência da Vila Velha de Vinhais – ou Vinhais Velho, como muitos costumam se referir àquela Comunidade – e de sua Igreja de São João Batista. Veio juntar-se a nós outra moradora, professora de História da Universidade Federal do Maranhão, Dra. Antonia Mota. As ‘notícias’ sobre a Vila de Vinhais que hoje trazemos constam de registros do Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM – do CATÁLOGO DOS REGISTROS GERAIS – registros de Atos e da Correspondência do Reino e do Governo do Maranhão 1754-1828, vol. 1 (2009) 154: 2872 Patente de capitão-mor da vila de Vinhais a Ricardo Henrique Leal. Rio de Janeiro, 21 de abril de 1819 Maranhão, 24 de novembro de 1819 Fls. 25v-26, do Livro 20 (1818-1828).

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MARANHÃO, Secretaria de Estado de Cultura – Arquivo Público. CATÁLOGO DOS REGISTROS GERAIS – registros de Atos e da Correspondência do Reino e do Governo do Maranhão 1754-1828. São Luis: SECMA, 2009, vol. I, p. 362


Do mesmo CATÁLOGO DOS REGISTROS GERAIS – registros de Atos e da Correspondência do Reino e do Governo do Maranhão de 1822-1885. São Luis: SECMA, vol. II (2012) 155: 3263 Confirmação de alferes da Companhia Avulsa, novamente criada na vila de Vinhais, a André Ferreira da Silva Porto. Lisboa, 7 de dezembro de 1822 Maranhão, 16 de junho de 1823. F.29v – 30 (do Livro 21 (1822-1847) Registros de confirmação de patentes, decretos, alvarás imperiais, carta de data e sesmarias, diplomas, portarias e patentes. Embora conste do Índice Toponímico (p. 507-527) sob o verbete Vinhais duas entradas, no local indicado da segunda, L-26, p.182-183 (p. 342) consta ser 5664 – titulo de recondução de conselheiro a presidente da Relação de São Luis (p. 182); 5665 – titulo de nomeação de juiz municipal e órfãos nos termos de Viana (p. 182-183); 5666 – titulo de nomeação do oficial de escrivão da Provedoria de Capelas e Resíduos da província do Maranhão (p 183). Outra obra lançada pelo APEM em 2012 dá-nos mais informações sobre a Vila Velha: REPERTÓRIO DE DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO NO MARANHÃO 1754-1840156: 1444 Oficio do comandante geral da vila do Paço do Lumiar ao ajudante de ordem do Governo participando ter mandado dois capitães do mato, deste dsitrito, a explorar as matas dos Vinhais, por ter notícias da existência de muitos negros fugidos; foi encontrado um negro que resistiu à prisão e entrando em luta com um capitão, ambos fugiram e o negro, para não ser apanhado, matou-se. Quartel da vila do Paço do Lumiar, 29 de abril de 1827. Cx. 0174, maço 00961. 1626 Oficio do juiz de paz suplente da vila dos Vinhais informando a recepção do seu ofício, pelo qual determina aos oficiais de quarteirões, desta vila, realizarem a vigilância em sítios, fabricas, e nos desembarques, que costumam trazer os contraventores do Tratado do Comércio dos Escravos desta província. Jaguarema, 07 de junho de 1831. Cx. 0526, maço 03368

155

MARANHÃO, Secretaria de Estado de Cultura – Arquivo Público. CATÁLOGO DOS REGISTROS GERAIS – registros de Atos e da Correspondência do Reino e do Governo do Maranhão 1754-1828. São Luis: SECMA, 2009, vol. II, p. 14. 156 MARANHÃO, Secretaria de Estado de Cultura – Arquivo Público. REPERTÓRIO DE DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO NO MARANHÃO 1754-1840. São Luis: SECMA, 2012, vol. I, p. 238; 272.


ELITISMO NO IHGM – FASE DE REVISTA ELETRONICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O objetivo deste estudo é de verificar quais os colaboradores mais produtivos da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM – em sua fase de publicação no formato eletrônico. Para tal se utilizou da Lei de Lotka, na sua formulação original157. No período estudado foram publicadas 16 revistas, com a contribuição de 141 autores, produzindo 718 colaborações. A Elite de autores é constituída daqueles que publicaram acima de 26,79 artigos. Encontrou-se sete autores (5,68%) que publicaram 369 artigos (50,93%). PRODUTIVIDADE DE AUTORES A Lei de Lotka, ou Lei do Quadrado Inverso 158 - relacionada à produtividade de autores é fundamentada na premissa básica de que “alguns pesquisadores publicam muito e muitos publicam pouco -, aponta para a medição da produtividade de autores, mediante um modelo de distribuição tamanho-freqüência dos diversos autores em um conjunto de documentos”. Voos (1974) enuncia que a relação entre o número de autores e o número de artigos publicados por esses, em qualquer área científica, segue a Lei do Inverso do Quadrado 1/n2. Isto é, em um dado período de tempo, analisando um número n de artigos, o número de cientistas que escrevem dois artigos seria igual a ¼ do número de cientistas que escreveram um. O número de cientistas que escreveram três artigos seria igual a 1/9 do número de cientistas que escreveram um, e assim sucessivamente. Já a Lei de Bradford, ou Lei de Dispersão 159, permite, mediante a medição da produtividade das revistas, estabelecerem o núcleo e as áreas de dispersão sobre um determinado assunto em um mesmo conjunto de revistas: A Lei de Bradford, relacionada à dispersão da literatura periódica científica, enuncia que “se periódicos científicos forem ordenados em ordem decrescente de produtividade de artigos sobre determinado assunto, poderão ser divididos em um núcleo de periódicos mais particularmente 157

LOTKA, A. J. The frequency of distribuition of scientific productivity. JOURNAL OF THE WASHINGTON ACADEMY OF SCIENCES, v. 16, n.12, p. 317-323, 1926; 158 LOTKA, A. J. The frequency of distribuition of scientific productivity. JOURNAL OF THE WASHINGTON ACADEMY OF SCIENCES, v. 16, n.12, p. 317-323, 1926, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica. 159 BRADFORD, S. C. Sources of information on specific subjects. ENGINEERING, [s.l.], v.137, p. 8586, 1934. (BROOKES, 1969, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica.


dedicados ao assunto e em vários grupos ou zonas, contendo o mesmo número de artigos que o núcleo. O número de periódicos (n), no núcleo e zonas subsequentes, variará na proporção 1:n:n2 [...] Pergunta-se, então, de que maneira é possível fazer este diagnóstico? Uma das possibilidades consiste na utilização de métodos que permitam medir a produtividade dos pesquisadores, grupos ou instituições de pesquisa. Para tanto, torna-se fundamental o uso de técnicas específicas de avaliação que podem ser quantitativas ou qualitativas, ou mesmo uma combinação entre ambas. Para Vanti (2002) 160, a avaliação da produtividade científica deve ser um dos elementos principais para o estabelecimento e acompanhamento de uma política nacional de ensino e pesquisa, uma vez que permite um diagnóstico das reais potencialidades de determinados grupos e/ou instituições, existindo diversas formas de medição, voltadas para avaliar a ciência e os fluxos da informação 161, dentre estas a bibliometria, a cienciometria, a informetria e a webometria. O termo “bibliometria” foi cunhado por Pritchard em 1969. A medição da ciência tem seu início com Paul Otlet, em 1934 e podemos nos referir ainda aos trabalhos de Hulme (1922) e Cole e Eales (1917). Outro grande pesquisador da área foi Ranganathan (1948) 162. Pode-se definir a bibliometria como: “[...] o estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada. A bibliometria desenvolve padrões e modelos matemáticos para medir esses processos, usando seus resultados para elaborar previsões e apoiar tomadas de decisões”. Já a “cienciometria” surgiu na antiga URSS e Europa Oriental e foi empregado especialmente na Hungria. Originalmente, referia-se à aplicação de métodos quantitativos para o estudo da história da ciência e do progresso tecnológico. As primeiras definições consideravam a cienciometria como “a medição do processo informático”, onde o termo “informático” significava “a disciplina do conhecimento que estuda a estrutura e as propriedades da informação científica e as leis do processo de comunicação”. Este termo alcançou notoriedade com o início da publicação, em 1977, da revista Scientometrics, editada originalmente na Hungria e atualmente na Holanda. (VANTI, 2002). “Cienciometria é o estudo dos aspectos quantitativos da ciência enquanto uma disciplina ou atividade econômica. A cienciometria é um segmento da sociologia da ciência, sendo aplicada no desenvolvimento de políticas científicas. Envolve estudos quantitativos das atividades científicas, incluindo a publicação e, portanto, sobrepondo-se à bibliometria”. 160

VANTI, Nadia Aurora Peres. Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento. IN CI. INF., Brasília, v. 31, n. 2, p. 152-162, maio/ago. 2002, p. 152-162 161 “A palavra avaliar vem do latim ‘valere’. Esta apresenta, entre outras acepções, a de ser merecedor ou digno de alguma coisa. A avaliação, dentro de um determinado ramo do conhecimento, permite dignificar o saber quando métodos confiáveis e sistemáticos são utilizados para mostrar à sociedade como tal saber vem-se desenvolvendo e de que forma tem contribuído para resolver os problemas que se apresentam dentro de sua área de abrangência.” (VANTI, 2002, p. 152, op. Cit.) 162 FONSECA, E. N. Bibliografia estatística e bibliometria: uma reivindicação de prioridades. CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, Brasília, v. 2, n.1, p. 5-7, 1973; FONSECA, E. N. (Org.). Bibliometria: teoria e prática. São Paulo : EDUSP, 1986; RAVICHANDRA RAO, I. K. Métodos quantitativos em biblioteconomia e ciência da informação. Brasília : ABDF, 1986..


O termo informetria foi proposto pela primeira vez por Otto Nacke, 1979. Este termo foi adotado imediatamente pelo mesmo VINITI, na antiga URSS, instituição que impulsionou a criação de um comitê com este nome na Federação Internacional de Documentação: o FID/IM – Comitte on Informetry. Sua aceitação definitiva data de 1989, quando o Encontro Internacional de Bibliometria passou a se chamar Conferência Internacional de Bibliometria, Cienciometria e Informetria. Alguns autores apresentam tais termos como sinônimos, porém outros consideram que a informetria compreende um campo mais amplo que a cienciometria e que englobaria, também, a bibliometria. (VANTI, 2002). “Informetria é o estudo dos aspectos quantitativos da informação em qualquer formato, e não apenas registros catalográficos ou bibliografias, referente a qualquer grupo social, e não apenas aos cientistas. A informetria pode incorporar, utilizar e ampliar os muitos estudos de avaliação da informação que estão fora dos limites da bibliometria e cienciometria”. Esse termo designa uma extensão recente das análises bibliométricas tradicional ao abarcar o estudo das modalidades de produção da informação e de comunicação em comunidades não acadêmicas. A informetria se distinguiria claramente da cienciometria e da bibliometria no que diz respeito ao universo de objetos e sujeitos que estuda, não se limitando apenas à informação registrada, dado que pode analisar também os processos de comunicação informal, inclusive falada, e dedicar-se a pesquisar os usos e necessidades de informação dos grupos sociais desfavorecidos, e não só das elites intelectuais. “... a informetria é um subcampo emergente da ciência da informação, baseada na combinação de técnicas avançadas de recuperação da informação com estudos quantitativos dos fluxos da informação” e encontra sua utilidade na administração de coleções em bibliotecas, no desenvolvimento de políticas científicas e pode ajudar na tomada de decisões em relação ao desenho e manutenção de sistemas de recuperação de informação. (VANTI, 2002) A webometrics ou webometria consiste na aplicação de métodos informétricos à World Wide Web. Além do termo webometrics, também se encontra na literatura a expressão cybermetrics, que corresponde ao nome da revista apresentada oficialmente durante a VI Conferência Internacional de Cienciometria e Informetria, em Jerusalém, no ano de 1997. (VANTI, 2002) Em termos genéricos, estas são algumas possibilidades de aplicação dessas técnicas: identificar as tendências e o crescimento do conhecimento em uma área; identificar as revistas do núcleo de uma disciplina; mensurar a cobertura das revistas secundárias; identificar os usuários de uma disciplina; prever as tendências de publicação; estudar a dispersão e a obsolescência da literatura científica; prever a produtividade de autores individuais, organizações e países; medir o grau e padrões de colaboração entre autores; analisar os processos de citação e co-citação; determinar o desempenho dos sistemas de recuperação da informação; avaliar os aspectos estatísticos da linguagem, das palavras e das frases; avaliar a circulação e uso de documentos em um centro de documentação;


medir o crescimento de determinadas áreas e o surgimento de novos temas.

ELITISMO - “POUCOS COM MUITO E MUITO COM POUCOS” O padrão de distribuição das leis e princípios bibliométricos segue a máxima conhecida como “Efeito Mateus na Ciência”, que diz: “aos que mais têm será dado em abundância e, aos que menos têm até o que têm lhes será tirado” 163. Trata-se de uma abordagem ao efeito Mateus mediante a análise de processos psicossociais, que afetam o sistema de avaliação e distribuição de recompensas científicas. Por exemplo: cientistas altamente produtivos, de universidades mais conceituadas, obtêm frequentemente mais reconhecimento que cientistas igualmente produtivos, de outras universidades. Para se verificar quais são os colaboradores mais produtivos da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – publicações eletrônicas - se utilizará da Lei de Lotka, na sua formula original164, sem as variações apresentadas por Alvarado (2003) 165. No geral, os autores concordam que, para uma correta aplicação do modelo de Lotka, devem-se seguir as seguintes recomendações166: a) Selecionar um campo específico de produção científica. Quanto mais específico o campo, melhor o resultado; b) Selecionar uma bibliografia existente ou elaborar uma bibliografia sobre o campo específico cuja cobertura seja exaustiva. Quanto mais extensa e exaustiva melhor. Sugere-se que a cobertura dessa bibliografia seja maior ou igual a dez anos; c) Contar a produtividade de cada autor, considerando-se também os coautores. Isso significa que se deve adotar o método da contagem completa; d) Ordenar os dados coletados em uma tabela de frequências para facilitar a visualização dos mesmos; e) Selecionar o modelo estatístico mais adequadamente sugerido pelos dados tabulados; 163

MERTON, R. K. The Mathew effect in science. SCIENCE, [s. l.], v. 159, n. 3810, p. 58, Jan. 1968, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica; 164 LOTKA, A. J. The frequency of distribuition of scientific productivity. JOURNAL OF THE WASHINGTON ACADEMY OF SCIENCES, v. 16, n.12, p. 317-323, 1926; 165 ALVARADO, Rubén Urbizagástegui. A Llei de Lotka: o modelo Lagrangiano de Poisson aplicado à produtividade de autores. IN PERSPECT. CIENC. INF., Belo Horizonte, v. 8, n. 2, p. 188-207, jul./dez. 2003; 166 CAFÉ, Lígia; BRÄSCHER, Marisa. ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO E BIBLIOMETRIA. ENC. BIBLI: R. ELETR. BIBLIOTECON. CI. INF., Florianópolis, n. esp., 1º sem. 2008; ALVARADO, Rubén Urbizagástegui. A Lei de Lotka: o modelo Lagrangiano de Poisson aplicado à produtividade de autores. IN PERSPECT. CIENC. INF., Belo Horizonte, v. 8, n. 2, p. 188-207, jul./dez. 2003; VANTI, Nadia Aurora Peres. Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento. IN CI. INF., Brasília, v. 31, n. 2, p. 152-162, maio/ago. 2002, p. 152-162; MOSTAFA, Solange Puntel. Citações epistemológicas no campo da educomunicação. COMUNICAÇÃO & EDUCAÇÃO, São Paulo, (24): 15 a 28, maio/ago. 2002; WORMELL , Irene. Informetria: explorando bases de dados como instrumentos de análise. CI. INF., Brasília, v. 27, n. 2, p. 210-216, maio/ago. 1998; TESTA James, A base de dados ISI e seu processo de seleção de revistas. CI. INF., Brasília, v. 27, n. 2, p. 233-235, maio/ago. 1998


f)

Calcular os valores esperados ou teóricos, seguindo as especificações do modelo estatístico escolhido; g) Estabelecer as hipóteses a serem testadas e a região de rejeição dessas hipóteses no nível de significância de a = 0.05; h) Testar a qualidade do ajuste dos dados, usando-se o teste do quiquadrado ou Kolmogorov-Smirnov. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO E SUA REVISTA O hoje Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM – foi fundado em dezembro de 1925, por Antonio Lopes da Cunha 167: “Em 1925, tomei a iniciativa de reunir alguns homens de boa vontade na livraria de Wilson Soares, expondo-lhes a minha idéia de se comemorar o centenário do nascimento de D. Pedro II com a inauguração, nesta capital, de um Instituto de História e Geografia. Os que prestaram apoio à idéia foram: Justo Jansen, Ribeiro do Amaral, José Domingues, Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão, José Pedro Ribeiro, José Abranches de Moura, Arias Cruz, Wilson Soares e José Ferreira Gomes. Mais tarde incorporou-se a esse grupo João Braulino de Carvalho. Ausentes de S. Luís apoiaram calorosamente a idéia Raimundo Lopes, Fran Pacheco, Carlota Carvalho e Antonio Dias, que também foram considerados sócios fundadores do Instituto. (p. 110) “A 20 de novembro realizou-se a sessão inicial, sendo apresentado, discutido e votado os estatutos e eleita a diretoria, cujo presidente foi Justo Jansen. José Ribeiro do Amaral foi eleito presidente da assembléia geral. (p. 111)168. Denominava-se “Instituto de História e Geografia do Maranhão” como objetivos:

169

, e tinha

(a)O estudo e difusão do conhecimento da história, da geografia, da etnografia, etnologia; e arqueologia, especialmente do Maranhão; (b)O incremento à comemoração dos vultos e fatos notáveis de seu passado; e (c) A conservação de seus monumentos 170: Em seu Artigo IV171 constava: “para a publicação dos seus actos sociaes, das investigações que realizar e dos trabalhos de seus sócios sobre assumptos que se relacionarem às siciencias (sic) de que se deverá ocupar, assim como de contribuições de 167

Antônio Lopes da Cunha nasceu na cidade de Viana – Maranhão -, em dia 25 de maio de 1889 e faleceu em São Luís a 29 de novembro de 1950. Filho do desembargador (e futuro governador do Estado) Manuel Lopes da Cunha e D. Maria de Jesus Sousa Lopes da Cunha. Foi o fundador e secretário perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. 168 LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973. 169 Art. II do Regimento Interno, publicado na REVISTA DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO MARANHÃO, ano I, no. 1, julho a setembro, 1926, p. 61; 170 Art. I do Regimento Interno, publicado na REVISTA DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO MARANHÃO, ano I, no. 1, julho a setembro, 1926, p. 61; 171 Do Regimento Interno, publicado na REVISTA DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO MARANHÃO, ano I, no. 1, julho a setembro, 1926, p. 61-64.


igual gênero enviadas por investigadores competentes, o Instituto manterá uma Revista bimensal ou trimestral.” (p. 62). Assim, em agosto de 1926 surgia a “HISTÓRIA E GEOGRAFIA - Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão”, anno I - 1926 – num. 1, julho a setembro, com 97 páginas, contendo ilustrações, e impressa na Typ. Teixeira São Luiz 172, seguindo-se: GEOGRAFIA E HISTÓRIA – REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, ano 2, n. 1, novembro, 1948 REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, ano 28, n.3, agosto de 1951. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, ano IV, n. 4, junho de 1952. REV. IHGM, São Luís, ano IV, n. 05, dezembro de 1952 REV. IHGM, São Luís, anoVII, no. 06, dezembro de 1956 REV. IHGM, São Luís, ano LIX, n. 07, dezembro de 1984 REV. IHGM, São Luís, Ano LIX, n. 8, março 1985 REV. IHGM, São Luis, ano LIX, n. 9, junho de 1985 REVISTA DO IHGM, São Luís, ano LIX, no. 9, outubro de 1985. REVISTA DO IHGM, São Luís, ano LX, no. 11, março de 1986 REVISTA DO IHGM, São Luis, (ano LX, n. 12, 1986) REVISTA DO IHGM, São Luís, ano LXI, n. 13, dezembro de 1987 REVISTA DO INST. HIST. E GEOG. DO MARANHÃO, São Luís, ano LXII, n. 14, março de 1991 REV. DO INST. HIST. E GEOG. DO MARANHÃO, São Luis, a. LXII, n. 15 jan. 1982 REVISTA DO INST. HIST. E GEOG. DO MARANHÃO, São Luís, ano LXIII, n. 16, 1993 REVISTA DO INST. HIST. E GEOG. DO MARANHÃO, São Luís, ano LXIv, n. 17, 1996 REV. DO IHGM, São Luís, no. 18, 1997 REV. DO IHGM, São Luís, no. 19, 1997 REV. DO IHGM, São Luís, no. 20, 1998 REV. DO IHGM, São Luís, no. 21, 1998 REV. DO IHGM, São Luís, no. 22, 1999 REV. DO IHGM, São Luís, no. 23, 2000 REV. DO IHGM, São Luís, no. 24, setembro de 2001 REV. DO IHGM, São Luís, no. 25, (s.d) REV. DO IHGM, São Luis, no. 26, 2002 REV. DO IHGM, São Luís, no. 27, jul. 2007 A Elite dos Autores se constitui daqueles que produziram acima de 11,61 artigos. Esses Autores – nove (6,68%), incluindo-se os artigos “dos Editores” (144 – 26,14%, QUADRO acima) – produziram 51,35% dos artigos publicados. Temos como pertencentes a essa Elite:

172

HISTÓRIA E GEOGRAFIA- REVISTA TRIMESTRAL DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAPHIA DO MARANHÃO, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926


QUADRO 1 - ELITE DE AUTORES DO IHGM – 1926/2007 NÚMERO DE AUTORES 1 1

NÚMERO DE ARTIGOS 26 20

2

18

1 1

16 15

2

13

NOME FREITAS, J. C. M. de SOARES, L. A. N. G. CORREIA LIMA, O. OLIVEIRA, E. M. de ROCHA, O. P CARVALHO, A. S. de COELHO NETTO, E.; SEGUINS, J. R.

A ‘NOVA’ REVISTA DO IHGM - FORMATO ELETRÔNICO A partir do numero 28, a revista do IHGM começa a ser disponibilizada em formato eletrônico, sendo que este número – o 28 – foi publicado no formato tradicional – papel. Nessa nova fase, com as facilidades das ferramentas disponíveis, foi possível atingir a meta de publicação trimestral – quatro edições ao ano. QUADRO 3 – REVISTA PUBLICADAS X NUMERO DE ARTIGOS X NUMERO DE AUTORES NUMERO

28 29 30 31 32 33

DATA DE PUBLICAÇÃO ANO MES 2008 2009

NUMERO DE ARTIGOS

NUMERO DE AUTORES

DEZEMBRO AGOSTO NOVEMBRO MARÇO JUNHO

17 26 20 34 35 20

14 17 15 13 16 17

SETEMBRO DEZEMBRO MARÇO JUNHO SETEMBRO DEZEMBRO MARÇO JUNHO SETEMBRO DEZEMBRO

22 37 57 37 55 55 33 64 87 53

12 13 23 21 57 27 24 39 43 24

2010 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43

2011

2012


QUADRO 4 – DISTRIBUIÇÃO DOS AUTORES X ARTIGOS NUMERO DE AUTORES x

1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 3 1 2 1 3 3 6 3 7 10 94 141

NUMERO DE CONTRIBUIÇÕES POR AUTOR y

NUMERO DE ARTIGOS

% DE AUTORES

xy

%x

84 67173 60 37 32 30 27 22 21

84 67 60 37 64 30 27 22 21

15 14 12 11 10

15 14 12

9 8 7 6 5 4 3 2 1

33 10 18 8 21 18 30 12 21 20 94 718

0,71 0,71 0,71 1,42 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 2,13 0,71 1,42 0,71 2,13 2,13 4,25 2,13 4,96 7,09 66,66 100

% DE ARTIGOS % xy

11,69 8,91 8,35 5,15 8,91 4,17 3,75 3,06 2,92 1,95 1,94 1,67 4,59 1,39 2,50 1,11 2,92 2,50 4,17 1,67 2,92 2,78 13,09 100

O Editor da Revista, Prof. Leopoldo G. D. Vaz assina 84 artigos como sócio efetivo e 67 como editor, aqui se separando o total de sua contribuição, mas mantendose como único autor, com um total de 151 colaborações. A Elite de autores é constituída daqueles que publicaram mais de 26,79 artigos – SETE autores (5,68%) publicaram um total de 369 artigos (50,93%). QUADRO 5 – ELITE DE AUTORES AUTORES VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Editor ROCHA, Osvaldo Pereira REINALDO, Telma Bonifácio dos Santos. ALVIM, AYMORÉ DE CASTRO MELO, Álvaro Urubatan. ADLER, DILERCY ARAGÃO NOBERTO DA SILVA, Antonio José.

173

Sob a autoria do Editor, constam 67 artigos.

ARTIGOS 84 67 60 37 32 30 27


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