COLETÂNEAS VOLUME II
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO (Organizadores)
FICHA CATALOGRÁFICA Coletâneas: A cidade do Maranhão: uma História de 400 anos – 1612-2012 Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo (organizadores) – São Luís: EDUFMA, 2012. – 744 páginas, 2 VOLUMES ISBN 1.História. 2.Geografia. 3.Ciencias afins. 4.Maranhão. I Vaz, Leopoldo Gil Dulcio. II. Reinaldo, Telma Bonifácio dos santo. III. Titulo: Coletâneas A Cidade do Maranhão: uma História de 400 anos – 1612/2012. CDU:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO Fundado em 20 de novembro de 1925, registrado no Conselho Nacional de Serviço Social sob no. 80.578/75, de 14 de setembro de 1955 Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Estadual no. 1.256, de 07 de abril de 1926 Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Municipal no. 3.508, de junho de 1996 Cartório Cantuária Azevedo – Registro Civil de Pessoas Jurídicas – reg. no. 180, registro em microfilme no. 31063, São Luís, 23 de agosto de 2007
GESTÃO 2010/2012 Presidente de Honra: JOSÉ DE RIBAMAR SEGUINS CHAPA ANTONIO VIEIRA
Presidente: TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Vice-Presidente: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 1º. Secretário: JOÃO FRANCISCO BATALHA (até Fevereiro de 2011) RAIMUNDO GOMES MEIRELES (a partir de março de 2011) 2º. Secretário: RAIMUNDO GOMES MEIRELES (até Fevereiro de 2011) WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE (a partir de junho de 2011) 1º. Tesoureiro: WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE (até maio de 2011) DILERCY ARAGÃO ADLER (a partir de junho de 2011) 2º. Tesoureiro: DILERCY ARAGÃO ADLER (até maio de 2011) AYMORÉ DE CASTRO ALVIM (a partir de junho de 2011) Diretor de Patrimônio: ÁLVARO URUBATAN MELO Diretor de Divulgação: MANOEL SANTOS NETO CONSELHO FISCAL Titulares: JOSÉ RIBAMAR SEGUINS JOSÉ RIBAMAR FERNANDES ILZÉ VIEIRA DE MELO CORDEIRO Suplentes: OSVALDO PEREIRA ROCHA ESTERLINA MELO PEREIRA KALIL MOHANA (até novembro de 2010 – falecido) RAUL EDUARDO CANEDO VIEIRA DA SILVA (a partir de junho de 2011) Editor da Revista do IHGM LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
GESTÃO 2012/2014 CHAPA: Pe. ANTONIO VIEIRA DIRETORIA
Presidente: Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo Vice-Presidente: Euges Silva de Lima 1ª. Secretaria: Clores Holanda da Silva 2º. Secretario: Antonio José Noberto da Silva 1º. Tesoureiro: Dilercy Aragão Adler 2º. Tesoureiro: Aymoré Castro Alvim Diretor de Patrimônio: Álvaro Urubatan Melo Diretor de Divulgação: Manoel Santos Neto Conselho Fiscal Titulares : Raul Eduardo de Canedo Vieira da Silva Maria Esterlina Melo Pereira José Ribamar Fernandes Suplentes: Paulo Sérgio Castro Osvaldo Pereira Rocha Iva Souza da Silva Editor da Revista do IHGM LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Até Março de 2013
CICLO DE ESTUDOS/DEBATES – A CIDADE DO MARANHÃO – UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS 2011 – 2012 COMISSÃO INSTITUIDA PELA PORTARIA 03/2010 TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO – Presidente JOSÉ MARCELO DO ESPIRITO SANTO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ RAIMUNDO GOMES MEIRELES WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE COMISSÃO DE HONRA ARNO WEHLING Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão NATALINO SALGADO FILHO Reitor da Universidade Federal do Maranhão LUIS BULCÃO Secretário de Estado de Cultura do Maranhão ANTONIO JULIO GOMES PINHEIRO Presidente do Sindicato dos Professores do Estado do Maranhão ELIZABETH PEREIRA RODRIGUES Diretora do Colégio Dom Bosco do Maranhão ISEC COMISSÃO CIENTÍFICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ COMISSÃO DE RECEPÇÃO E TRANSPORTE DILERCY ARAGÃO ADLER ENEIDA VIEIRA DA SILVA OSTRIA DE CANEDO JOANA BITENCOURT RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS COMISSÃO DE APOIO E LOGÍSTICA EUGES LIMA CLORES HOLANDA SILVA – UFMA/PALÁCIO CRISTO REI KEYLE FREITAS VALE MONTEIRO – ASCOM/UFMA APOIO E PATROCINIO
CULTURA
SUMÁRIO 6
SUMÁRIO
Estudos & debates JOANA BITTENCOURT UM BIBELO SOBRE O ATLÂNTICO: TEATRALIZADO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DELZUITE DANTAS BRITO VAZ
ITAGIBA
–
ROTEIRO
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14
DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DELZUITE DANTAS BRITO VAZ DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA SEGUNDO PERÍODO – 1580 A 1640 – UNIÃO IBÉRICA
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DELZUITE DANTAS BRITO VAZ DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA TERCEIRO PERÍODO - 1640 A 1750 – O ESTADO DO MARANHÃO ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA
98
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SÃO LUÍS 400 ANOS: O PODER DOS MITOS AYMORÉ ALVIM
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400 ANOS DE MEDICINA NO MARANHÃO. ANA LUIZA ALMEIDA FERRO A PRESENÇA DOS FRANCESES NO NOVO MUNDO, NO BRASIL E NO MARANHÃO DO SÉCULO XVI AO INÍCIO DO SÉCULO XVIII ANA LUIZA ALMEIDA FERRO
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AS PRIMEIRAS TENTATIVAS PORTUGUESAS DE POVOAMENTO E COLONIZAÇÃO DO BRASIL E DO MARANHÃO E A ORIGEM DO NOME “MARANHÃO” EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA
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CANTO À CIDADE DE SÃO LUIS – MA PELOS SEUS 400 ANOS. CLAUBER PEREIRA LIMA
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SÃO LUIS DO MARANHÃO EM SEUS 400 ANOS DE FUNDAÇÃO: 216 ENTRE SONHOS, RUPTURAS E ASSIMILAÇÕES E O FAMOSO PECUAPÁ. ALDY MELO COLONIZAÇÃO: colonizadore
da
vontade
do
Rei
à
fidelidade
dos
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ QUEM HABITAVA UÇAGUABA/MIGANVILLE? LUCIEN PROVENÇAL LES FRANÇAIS AU BRESIL, LA RAVARDIERE ET LA FRANCE EQUINOXIALE (1612 -1615) JOAQUIM COSTA DE SOUZA FILHO O MITO DA “FUNDAÇÃO FRANCESA" DE SÃO LUÍS ALBERTO PEREIRA MARTINS JÚNIOR UM PRÍNCIPE IRLANDÊS EM TERRAS DO ITAPECURU ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA A FUNDAÇÃO MÍTICA DE SÃO LUÍS ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA ADRIANA CAJADO COSTA MITO, IDEOLOGIA, SONHO E O ENIGMA DOS 400 ANOS. JOÃO DIAS REZENDE FILHO SÃO LUÍS, REI DE FRANÇA ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA TRIUNFO DO ESPÍRITO FESTIVO EUGES SILVA DE LIMA PROJETO FRANÇA EQUINOCIAL: A TENTATIVA FRANCESA DE COLONIZAÇÃO DO MARANHÃO NO SÉCULO XVII JOAQUIM HAICKEL
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MEIA NOITE EM SÃO LUÍS ANA LUIZA ALMEIDA FERRO WILSON PIRES FERRO
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SÃO LUÍS, HERDEIRA DA FRANÇA EQUINOCIAL ANTONIO NOBERTO
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OS ARTÍFICES E OS DONOS DA FESTA ANA LUIZA ALMEIDA FERRO
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O FUNDADOR ESQUECIDO EUGES SILVA DE LIMA CATÓLICOS E HUGUENOTES: diversidade religiosa e duplicidade de comando na França Equinocial ANA LUIZA ALMEIDA FERRO
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CONVITE AO PASSADO DE SÃO LUÍS
Encontros gonçalvinos DILERCY ADLER PROJETO GONÇALVES – II ENCONTRO GONÇALVINO
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DILERCY ADLER IV ENCONTO GONÇALVINO - SÃO LUIS – 05 DE SETEMBRO DE 2012
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DILERCY ADLER AGRADECIMENTO À ESCOLA PAROQUIAL FREI ALBERTO - MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS
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Exposição “frança Equinocial para sEmprE” ANTONIO NOBERTO A Exposição “FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE” e os quatro séculos da profecia do amor
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ANTONIO NOBERTO “FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE” - UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS - De 16 de agosto a 14 de setembro no Palácio Cristo Rei. PALÁCIO CRISTO REI RECEBE A EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE ESPETÁCULO FRANÇA EQUINOCIAL ENCANTA PÚBLICO NA ABERTURA DE EXPOSIÇÃO NO MEMORIAL CRISTO REI
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Estudos & debates
UM BIBELO SOBRE O ATLÂNTICO ITAGIBA – ROTEIRO TEATRALIZADO1
JOANA BITTENCOURT Direção Geral – Leonel Alves Assistente de Direção: Nila Bittencourt Direção Musical – Paulinho Oliveira Coordenação – Maria Silveira Atores/Manipuladores de Bonecos – Leonel Alves, Ted Mac, Ire Amaro, Nila Bittencourt, Luan Paiva, Jouberth Paiva, Euricelia Coqueiro, Regina Oliveira Músicos – Paulinho Oliveira, Fernanda Garcia, e Mr. Ribão Produção – Sociedade Artística e Cultural Beto Bittencourt EQUINÓCIO – Ponto ou momento em que o Sol corta o Equador, tornando os dias de tempos iguais às noites... Neste
1
ponto começa
Sejam bem vindos a conhecer a história de São Luís, a Ilha de Upaon-Açu.
a
Roteiro da apresentação feita no encerramento do Seminário I
nossa história.
Música 1 – instrumental – fundo – “Carmina Burana”
Há muitos anos atrás, deitou-se num ponto Equinocial do Oceano Atlântico, uma ilha muito bonita chamada pelo nome de UpaonAçu ou Ilha Grande.
(sobe maquete índios)
Seus habitantes, os valorosos Tupinambá, índios fortes e guerreiros audazes, desfrutam da Ilha, onde não é preciso plantar, basta colher... Um verdadeiro paraíso Tupinambá no oceano. Quão cobiçada foi Upaon-Açu... A Ilha recebe suas primeiras visitas feitas por Ruliers de la mer (piratas).
(sobe maquete caravela)
... Eis que um francês chamado Charles Des Vaux aportou na Ilha pelos idos de 1594 em companhia do Capitão Jacques Riffault. Ora, um dos navios dos corsários havia encalhado nos bancos de areia, restando apenas um, insuficiente para conter a tripulação em seu retorno à França, ficando, portanto, parte da tripulação em Upaon- Açu. (desce caravela, sobe francês e índios). Dentre os franceses, ficou Charles Des Vaux, que se deu bem com os índios, morou com eles, negociou com eles, foi às batalhas com eles, recebeu o nome guerreiro “Itagiba”, e teve como esposa, a filha do maioral Japiaçu. Tempos depois, Charles Des Vaux retorna à França e informa o Rei Henrique IV sobre as maravilhas encontradas na parte Setentrional do Brasil. O Rei interessa-se pela conquista destas terras e envia o francês de volta, desta vez, acompanhado por La Ravardière, que vem constatar a veracidade dos fatos narrados por Itagiba. É a primeira viagem oficial de reconhecimento, que dura cerca de seis meses. Voltando novamente à França, não mais encontram o Rei, que havia sido assassinado. Os dois aventureiros passam, então, a empreender esforços para convencer a Rainha Regente, Maria de Médicis, a autorizar uma expedição, em nome do filho, o Rei Luís XIII. Finalmente, em março de 1612 a expedição é autorizada a partir, sob o patrocínio (menor) da Coroa, do financista Nicolas de Harley e do Almirante François de Razilly, sob o comando de Daniel de La Touche.
(sobe caravela)
São apenas três navios: Règent, Saint-Anne e Charlotti, com cerca de quinhentos homens, contando aí trinta gentis-homens e quatro frades Capuchinhos, que singraram os mares tempestuosos, para fundar a sonhada “França Equinocial”. Desembarcam em 26 de julho na Ilha de Santana. Em 08 de setembro de 1612, nasce pelas bênçãos de Deus e pelas mãos da França, esta cidade brasileira chamada São Luís, nome do Rei Santo Luís IX, mas em honra a
Luís XIII, então menino, segundo as ordens de sua mãe: (sobe Rainha)
-“Ponham o nome do meu amado filho na nova terra, que lhe seja dado todas as graças, todas as glórias (e todas as riquezas, é lógico!). Está implantada a França Equinocial! O poderoso Reino Francês, acrescenta mais uma conquista à sua Coroa, passando a chamar-se, de ora em diante, de “Reino de França, Navarra e França Equinocial”. Com a esquadra vieram também os padres franciscanos, apresentados ao povo da Terra como Profetas, Pai-Etê, para os nativos; dentre eles o Padre Claude D’Abeville, cronista, que exalta em livro, a terra e a gente:
Música 2 – efeitos floresta (sobe padre)
“Não existe lugar no mundo mais temperado e mais delicioso que este. É uma das mais férteis Ilhas que se pode encontrar sob os céus. E quantas palmeiras, um verdadeiro jardim de palmeiras... E a doçura do ar...Suas águas são incorruptíveis, belo e magnífico é o céu; nele há estrelas maiores, mas brilhantes e mais luzentes que na França... Uma eterna primavera unida ao outono e ao verão... E os selvagens, quanta misericórdia, como há ordem e respeito pela natureza... Não é possível dizer a que ponto este povo é bom e acolhedor... Uma Ilha Santa de todos os deuses!!! Nasce a França Equinocial e nasce também o amor entre as raças!!!
Música 3 – La vie em rose (sobe francês e índia – namoro e casamento)
Então passaram os franceses à construção do Forte, onde afirma La Ravardière:
(sobe La Ravardière, padre, índios)
“Nosso forte de São Luís está inconquistável; não teme uma armada real se vier. E para que a Colônia floresça, instituímos as Leis Fundamentais que regerão nosso povo. Assim, proibimos quaisquer atos desonestos contra os índios. Que ninguém os espanque, injurie, ultraje ou mate, sob pena de sofrer castigo idêntico à ofensa; proibimos ainda qualquer roubo contra os índios, seja de suas roças, ou de coisas que lhes pertençam... E para que tudo fique claro e acertado de uma vez por todas, ordenamos que estas ordenações, sejam lidas e tornadas públicas na presença de todos, e registradas como leis fundamentais invioláveis. Finalmente, alerto-vos, que a boa relação mútua e o culto aos bons costumes é que garantirão a proteção de nossas vidas. Salve a França Equinocial !!! Salve Maria de Médici !!! Salve Luis XIII !!! Salve!!! Salve!!!
Música 4 – Hino Francês
Alguns meses depois, seis índios foram enviados à França, para conhecer o seu Rei, compondo uma delegação que foi recebida por Luís XIII, com as pompas de verdadeiros embaixadores.
(sobe rei e 3 índios)
Houve um grande rebuliço na Corte; todos queriam conhecer os novos súditos de sua majestade: figuras exóticas que falavam uma língua estranha, tinham os corpos pintados e muita plumagem ornamental. “Très jolie! Três Jolie!”Comentavam.
Música 5 – Chanson
Três deles morreram em solo francês e três retornaram ao Maranhão casados com formosas louras francesas. – DOIS ANOS SE PASSARAM...
Música 6 – instrumental de fundo-“ Marcha do Homem sobre a terra”
Enganaram-se os franceses: a Ilha que julgavam conquistada e o Forte que julgavam inexpugnável foram alvo da Armada portuguesa comandada por Jerônimo de Albuquerque. Do outro lado da baía de São José foi empreendida a sangrenta batalha de Guaxenduba, de onde saíram derrotados os franceses. Era outubro de 1614. Não entregaram, os franceses, ainda, a Colônia, ficando acertado um armistício de quatorze meses para a solução entre as Coroas de Portugal e França, sobre os destinos da França Equinocial. Antes, porém, de vencido o prazo acordado, eis que chega ao Maranhão uma esquadra portuguesa com nove navios, sob o comando de Alexandre de Moura, que vem dar suporte e socorro a Jerônimo de Albuquerque. Em três de novembro de 1615, então, sem qualquer reação e sem mais derramamento de sangue, renderam-se os franceses, entregando aos portugueses o Forte de São Luís, logo rebatizado de Forte São Felipe. Venceram os portugueses! Após tréguas e mais tréguas transgredidas; armistícios inamistosos rompidos; entre manhas, artimanhas e ardis, desfez-se o sonho da França Equinocial. Um a mais entre os muitos que se criaram e se desfizeram no Novo Mundo. Mas aqui, os franceses ainda sobrevivem: na memória, nos gostos, nos gestos e no orgulho pela fundação francesa. A Ilha reconquistada e colonizada pelos lusitanos, que teve o seu nome temporariamente alterado, chama-se hoje SÃO LUÍS DO MARANHÃO!
Música 7 Maranhense
–
Hino
São Luís, lugar que abriga uma enorme diversidade cultural, advinda da junção de fortes etnias. São Luís, terra de encantos e primores, São Luís, lugar onde o céu é belo e magnífico; São Luís, lugar onde as estrelas são maiores, mais brilhantes e mais luzentes que as de qualquer lugar do mundo! SÃO LUÍS DO MARANHÃO, a Ilha de nossa eterna paixão!
Música 8 – Ilha Eterna Paixão
DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ IHGM - Cadeira 40 DELZUITE DANTAS BRITO VAZ CEM “LICEU MARANHENSE” A pergunta que se faz: onde começa a História do Maranhão (ou do Brasil)? Para Wehling e Wehling (1994) 2 a resposta está no próprio pesquisador e varia conforme a época, a filiação intelectual e as preferências pessoais; essa pergunta vem recebendo diferentes respostas de escritores, historiadores ou não, que a formulam (p. 19). Referem-se esses autores a indicativos geográficos (século XIX), aos primitivos habitantes, para finalmente chegar aos Descobrimentos, em especial os portugueses (segunda visão). Uma terceira visão superpõe à história do Brasil a de Portugal; atualmente há uma tendência majoritária de situar o Descobrimento do Brasil no vasto processo da expansão européia. Evolução territorial do Maranhão em mapas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil
A formação do atual território do Brasil remonta ao século XIV, ao início da chamada Era dos Descobrimentos quando se impôs a partilha das terras descobertas e a descobrir entre as monarquias ibéricas, pioneiras nas grandes navegações. Sucedem-se, a partir de então, uma série de iniciativas e questões, que culminam no ínício do século XX, com a definição das fronteiras terrestres, e prosseguem em nossos dias, no tocante à fixação das
2 WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. de. FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL. Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 1994.
fronteiras marítimas, na questão denominada pela Marinha do Brasil como "Amazônia Azul". 3 E ainda como Lara (2008) 4, perguntamos: Qual o estatuto das fontes escritas na pesquisa histórica? Um bom ponto de partida para abordar o tema é reconhecer a diferença entre fontes e documentos, responde a Autora; continua: é preciso selecionar alguns deles e transformá-los em fontes de informação histórica, pois o historiador tem à sua disposição um número limitado de textos e, para fazer história, precisa inventar suas fontes, pois ele não produz os documentos que utiliza, e jamais pode simplesmente recorrer a todos os textos escritos no passado. Precisa interrogar os textos de tal modo que sejam capazes de fornecer informações sobre as ações humanas no passado. Ao verificar comportamento do cientista quando procura informação 5, Jamali (20086, citado por BARRETO, 2011) 7, encontrou que pesquisadores e estudiosos obtêm e acessam as fontes para seus estudos e pesquisas na leitura de artigos de periódicos, provavelmente a fonte a mais importante da informação. Um número apreciável de cientistas acredita que a informação que não está disponível online não vale o esforço de obter, por provável falta de qualidade, confiabilidade e obsoletismo. Esta indicação mostra uma evidente mudança na percepção que os usuários de ciência e tecnologia têm do valor das fontes de informação digital online e sua facilidade de acesso. Esta tendência indica, ainda, a expectativa elevada dos cientistas em alcançarem toda a informação que necessitam no formato digital e online, o que vem a exercer pressão sobre editores, especialistas da informação e administradores para formação de estoques de informação na web. Tais registros geralmente chamados de documentos por arquivistas e historiadores, constituem o universo no qual os historiadores escolhem suas fontes de informação; assim, o processo de transformação dos textos em fontes depende do que os historiadores querem saber sobre o passado: Quando queremos saber coisas que não estão explicitamente registradas por eles, ou que não estão ligadas às motivações que deram origem aos escritos, temos que recorrer a estratégias para obter informações – inventar modos e meios de retirar dados e obter respostas para nossas perguntas – e, portanto, inventar fontes. (LARA, 2008, p. 19). Este não é um artigo ‘inédito’; quanto à forma, trata-se de uma Chronica (do latim), termo que indica narração histórica, ou registro de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos. Quanto à metodologia, “seguimos o roteiro cronológico clássico”, como Carlos de Lima (2006) 8. Está baseado em compilação de dados
3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil 4 LARA, Silvia Hunold. Os documentos textuais e as fontes do conhecimento histórico. In Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 28, p.1739, dez, 2008. 5 Mesmo objeto de estudo que desenvolvi quando de meu Mestrado em Ciência da Informação, obtido na Universidade Federal de Minas Gerais em 1992/93: “A produção do conhecimento nos Centros Federais de Educação Tecnológica” em que analiso as características dos professores dos CEFET como usuários, produtores e disseminadores de informação. 6 JAMALI, Hamid R. What is not available online is not worth reading? Department of Library and Information Studies, Faculty of Psychology and Education IN http://www.webology.ir/2008/v5n4/a63.html 7 Aldobarreto's Blog, disponível em http://aldobarreto.wordpress.com/. 8 LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006.
disponíveis na Internet e buscas através de ferramentas disponíveis. A originalidade está na abordagem. CRONOLOGIA DOS DESCOBRIMENTOS 9 1325 circulavam em Portugal lendas e mapas sobre uma terra assinalada como HyBrazil situada além-mar. Aparece num mapa da Catalunha de 1325-1330, no mapa de Dulcert de 1339, no mapa dos irmãos Pizagani de 1375-1378, no mapa do cartógrafo veneziano Andrea Bianco de 1436 (onde já se menciona explicitamente o Mar dos Sargaços). Esta ilha surge no mapa atlântico do cartógrafo veneziano Zuane Pizzigano e no mapa anônimo chamado de Weimar, ambos de 1424, com o arquipélago dos Açores, e as ilhas Antília, Satanazes, Saya e Ymana. O historiador português Armando Cortesão sugere uma «hipotética eventualidade do conhecimento tardo-medieval dos Açores, do Atlântico Central, dos arquipélagos das Caraíbas ou Antilhas», bem como do continente americano, pelos portugueses. Tais ilhas aparecem de forma idêntica na carta do cartógrafo genovês Battista Beccario, de 1435 (onde as ilhas lendárias são clara e implicitamente identificadas com os Açores reais na expressão adjunta figurante "ilhas nova ou recentemente descobertas") bem como nas de Bartolomeu Pareto, de 1455, e Gracioso Benincasa, de 1470 e 1482. A Ilha do Brasil, ou mais comumente a Ilha do Brazil; Ilha de São Brandão; Brasil de São Brandão ou Hy Brazil é uma das ilhas míticas do Oceano Atlântico ligada à tradição de São Brandão das terras afortunadas sitas a oeste do continente europeu. A presença desta ilha mítica na cartografia fixa o topônimo em data muito anterior a 1500, a data da descoberta "oficial" das Terras de Santa Cruz, o atual Brasil, e invalida de todo a teoria de que o nome estaria ligado ao vermelho do pau-brasil. A procura da Ilha do Brasil foi uma constante nas navegações renascentistas do Atlântico até 1624. Desde o oeste da Irlanda, seu lugar inicial, a posição da suposta ilha migrou para oeste, primeiro para os Açores, onde a atual ilha Terceira aparece por vezes com esta designação e onde, muito antes de 1500, já a península fronteira à cidade de Angra ostentava o nome de Monte Brasil, que ainda hoje mantém. Dos Açores deslocou-se para sudoeste, primeiro para as Caraíbas, para depois se fixar no litoral do atual Brasil. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_do_Brasil); 1375 Lei de Sesmarias10, surgida no contexto da “crise do século XIV”, largamente aplicada ao Brasil. 1383-1385 substituição da dinastia de Borgonha pela de Avis. A designação DINASTIA DE BORGONHA aplica-se às casas reais de Portugal, Galiza, Leão e Castela, e que governaram estes países, respectivamente, entre 1096 e 1383, 1126 e 1230 e 1126 e 1368, ainda que não tenham uma origem comum. Com efeito, a Dinastia da Borgonha e Mendez reinante em Portugal deriva da casa ducal da Borgonha, por via do conde D. Henrique Mendez, e a dinastia da Borgonha reinante em Leão e em Castela derivada da casa condal da Borgonha e a casa real Mendez, por via do conde D. Raimundo, pai do imperador Afonso VII de Leão e Castela. Também chamada Afonsina (pelo elevado número - quatro - de soberanos com o nome de Afonso) foi a primeira dinastia do Reino de Portugal. Começou em 1096, ainda como mero 9
MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006.) 10
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_das_Sesmarias
condado (autonomizado em reino em 1139-1143) e terminou em 1383. D. Afonso Henriques tornou-se Príncipe de Portugal depois de vencer os nobres galegos, os Peres de Trava, aliados de sua mãe, D. Teresa, na batalha de São Mamede em 1128. Foi apenas em 1179 que o Papa Alexandre III reconheceu Portugal como um Estado independente, o que na época era fundamental para a aceitação do reino no mundo cristão. D. Sancho I sucedeu a D. Afonso I, seu pai. À semelhança do anterior continuou o processo de Reconquista da Península Ibérica sob domínio Mouro. A D. Sancho I sucedeu D. Afonso II, seu filho. Em 1233 o seu filho D. Sancho Mendez II sucedeu-lhe. O reinado deste não durou muito tempo e em 1248 seu irmão subiu ao trono, D. Afonso Mendez III. Foi ele que terminou com a presença muçulmana em Portugal, re-adaptando o título de Rei de Portugal e do Algarve. Com as fronteiras do território definidas através do Tratado de Alcanizes (1297), D. Dinis, filho de Afonso III e herdeiro da coroa, começou um processo de exploração da terra do reino. Em 1325 sucedeu-lhe D. Afonso IV, cujo filho, D. Pedro I, protagonizou um dos episódios mais conhecidos da História de Portugal, que Luís de Camões incluiu n’Os Lusíadas, o amor de Pedro e Inês de Castro. Com a morte de D. Pedro I, o filho primogénito, D. Fernando subiu ao trono em 1367. Em 1383 sua filha, D. Beatriz, casou-se com João I de Castela, o que complicou a continuidade da dinastia. Em 1383, com a morte de D. Fernando, o reino entra em anarquia total, com a ameaça de anexação pelo reino de Castela. Após a eleição de D. João I como rei nas Cortes de Coimbra de 1385, considera-se iniciada uma nova dinastia, pela quebra na sucessão legítima, ainda que o novo soberano descendesse directamente do rei D. Pedro I. No ano de 1390 o Conde Pedro I vindo da casa real dos Mendes unificou o reino de Portugal, por definitivo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinastia_de_borgonha A DINASTIA DE AVIS, OU DINASTIA JOANINA, foi a segunda dinastia a reinar em Portugal, entre 1385 e 1581-1582.[1] Teve início no final da crise de 1383-1385, quando o Mestre da Ordem de Avis, D. João, filho natural de el-rei D. Pedro I, foi aclamado Rei nas Cortes de Coimbra. É também a sucessora familiar da anterior, pois o primeiro rei da dinastia de Avis era filho ilegítimo do rei D. Pedro I da Dinastia de Borgonha. A Casa de Avis, sucessora familiar da anterior dinastia de Borgonha, reinou no Continente português entre 1385 e 1581, quando D. António é vencido no Continente português, na batalha de Alcântara, e destronado, sendo aclamado em seu lugar o estrangeiro Filipe I nas Cortes de Tomar desse ano, sob a ameaça do seu exército que já ocupara Lisboa. Mas reina ainda nas Ilhas até 1582, com a queda de Angra do Heroísmo, quando a Ilha Terceira e as restantes ilhas açorianas se rendem à armada invasora do Marquês de Santa Cruz. A Dinastia de Avis é sucedida pela união pessoal entre as coroas de Portugal e de todos os demais reinos de Filipe II, que deu início à Dinastia de Habsburgo, ou Dinastia Filipina, ou Dinastia de Áustria. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinastia_de_avis
Descobrimentos, viagens e explorações portuguesas: datas e primeiros locais de chegada de 1415-1543, principais rotas no Oceano Índico (azul), territórios portugueses no reinado de D. João III (verde) http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses#Descobrimentos_e_explora.C3.A7.C3.B5es_portuguesas
1415 A conquista de Ceuta é geralmente referida como o início dos "descobrimentos Portugueses” 11. CEUTA (em árabe , س بتtransl. Sebta) com o estatuto de cidade autônoma, é um enclave espanhol que faz fronteira com Marrocos, no norte de África, muito próxima também da colônia britânica de Gibraltar e de Algeciras, ambas situadas na Península Ibérica, na margem oposta do Mediterrâneo. Ocupada sucessivamente por Fenícios, Cartagineses, Romanos, Vândalos, Bizantinos e muçulmanos, a sua conquista por Portugal sob o comando de João I de Portugal, deuse a 22 de Agosto de 1415, e assinala o início da expansão marítima deste país. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ceuta; http://pt.wikipedia.org/wiki/Conquista_de_Ceuta ERA DOS DESCOBRIMENTOS (ou das Grandes Navegações) é a designação dada ao período da história que decorreu entre o século XV e o início do século XVII, durante o qual os europeus exploraram intensivamente o globo terrestre em busca de novas rotas de comércio. Os historiadores geralmente referem-se à "era dos descobrimentos" como as explorações marítimas pioneiras realizadas por portugueses e espanhóis entre os séculos XV e XVI,[1][2] que estabeleceram relações com África, Américas e Ásia, em busca de uma rota alternativa para as "Índias", movidos pelo comércio de ouro, prata e especiarias. Estas explorações no Atlântico e Índico foram seguidas pelos países do norte da Europa, França, Inglaterra e Holanda, que exploraram as rotas comerciais portuguesas e espanholas até ao Oceano Pacífico, chegando à Austrália em 1606 e à Nova Zelândia em 1642. A exploração europeia perdurou até realizar o mapeamento global do mundo, resultando numa nova mundivisão e no contacto entre civilizações distantes, alcançando as fronteiras mais remotas muito mais tarde, já no século XX. A era dos descobrimentos marcou a passagem do feudalismo da Idade Média para a Idade Moderna, com a ascensão dos estados-nação europeus. http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos
1418 Ainda no reinado de D. João I, e sob comando do Infante D. Henrique dá-se o redescobrimento da ilha de Porto Santo por João Gonçalves Zarco e mais tarde da ilha da Madeira por Tristão Vaz Teixeira. Trata-se de um redescobrimento, pois já havia conhecimento da existência das ilhas da Madeira no século XIV, segundo revela a cartografia da mesma época, principalmente em mapas italianos e catalães. Tratava-se de ilhas desabitadas que, pelo seu clima, ofereciam possibilidades de povoamento aos Portugueses e reuniam condições para a exploração agrícola. Os arquipélagos da Madeira e das Canárias despertaram, desde cedo, o interesse tanto dos Portugueses como dos Castelhanos; por serem vizinhos da costa africana, representavam fortes potencialidades económicas e estratégicas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos D. JOÃO I DE PORTUGAL (Lisboa, 11 de Abril de 1358-Lisboa, 14 de Agosto de 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, cognominado O de Boa Memória pelo legado que deixou. Filho ilegítimo do rei D. Pedro I e Mestre da Ordem de Avis, foi aclamado rei na sequência da crise de 1383-1385 que ameaçava a independência de Portugal. Com o apoio do condestável do reino Nuno Álvares Pereira e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. A vitória foi decisiva: Castela retirou-se, acabando bastantes anos mais tarde por o reconhecer oficialmente como rei. Para selar a aliança LusoBritânica casou com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, dedicando-se desde então ao desenvolvimento do reino. Em 1415 conquistou de Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_I_de_Portugal O INFANTE DOM HENRIQUE DE AVIS, duque de Viseu, (Porto, 4 de Março de 1394 – 13 de Novembro de 1460) foi um infante português e a mais importante figura do início da era das descobertas, também conhecido na História como Infante de Sagres ou Navegador.
11 ver também http://movv.org/2007/03/29/cronica-de-dom-joao-i-de-fernao-lopes-resumo-do-conteudo-dos-capitulos-referentes-atomada-de-ceuta/
TRISTÃO VAZ TEIXEIRA (c. 1395 — 1480) foi segundo Zurara, escudeiro do Infante D. Henrique, a quem acompanhou a Ceuta e Tânger, onde se mostrou "homem assaz ardido". Mais tarde foi armado cavaleiro. Com João Gonçalves Zarco descobriu a ilha de Porto Santo, que foi encarregado de colonizar. Vai povoar depois a ilha da Madeira em 1425. Coube-lhe a capitania do Machico com carta de doação de 11 de Maio de 1440. Organizou várias expedições à África, com caravelas suas. Por abuso de autoridade, esteve desterrado da sua jurisdição à qual voltou perdoado, em 1452. Casou com Branca Teixeira e deixou numerosa descendência, hoje largamente espalhada pelo arquipélago. Faleceu em Silves já de idade avançada. http://pt.wikipedia.org/wiki/Trist%C3%A3o_Vaz_Teixeira
1427 primeiros contactos com o arquipélago dos Açores por Diogo de Silves. Ainda nesse ano é descoberto o grupo oriental dos Açores, São Miguel e Santa Maria. Seguese o descobrimento do grupo central -Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial). O grupo ocidental (Flores e Corvo) é descoberto por Diogo de Teive, em 1452 DIOGO DE SILVES (século XV) foi um navegador português. De acordo com a carta do catalão Gabriel de Valseca (1439), estudada pelo historiador Damião Peres, foi o descobridor da Ilha de Santa Maria e, muito provavelmente, da Ilha de São Miguel, no ano de 1427, e sucessivamente as 5 ilhas que constituem o grupo central do arquipélago dos Açores. quando de retorno de uma viagem à Ilha da Madeira. Uma legenda, nessa carta, refere: "Estas ilhas foram achadas por Diogo de Silves [Sunis?] piloto de El-Rei de Portugal no ano de 1427". http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Silves DIOGO DE TEIVE foi capitão de caravela e escudeiro da Casa do Infante D. Henrique. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Teive_(navegador)
1442 o Infante D. Henrique consegue do Papa, pela Bula “Etsi suscepti” a posse e administração das “ilhas do mar Oceano”, ferindo os interesses dos reinos espanhóis de Castela-Aragão. 1447 Nuno Tristão (MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999)
QUEM “DESCOBRIU” O MARANHÃO? 12
12 ARAÚJO, Antonio Martins de. O sonho de João de Barros no Maranhão. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 08 de janeiro de 2002, terça-feira, Caderno Alternativo, p. 6 BERREDO, Bernardo Pereira de. ANAIS HISTÓRICOS DO ESTADO DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Tipografia Ideal, 1988. BOTELHO, Joan. CONHECENDO E DEBATENDO A HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luís: Fort Gráfica, 2007 CABRAL, Maria do Socorro Coelho. CAMINHOS DO GADO: CONQUISTA E OCUPAÇÃO DO SUL DO MARANHÃO. São Luís: SECMA, 1992. CORREA, Larissa. Maranhão, alvo de disputas. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de abril de 2000, sábado, Caderno Alternativo, p. 4 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: O PRESENTE DE UMA ARQUEOLOGIA. São Luís: SECMA/SIOGE, 1993 FONSECA, Aldeneiva Celene de Almeida. O descobrimento que não houve. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de fevereiro de 1998, Caderno Opinião, p. 4 GAIOZO, Raimundo José de Sousa. COMPÊNDIO HISTÓRICO POLÍTICO DA LAVOURA DO MARANHÃO. São Luís: SUDEMA, 1970. GODOIS, Antônio Batista Barbosa de. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 1904. LACROIX, Maria de Lourdes Lauande. Cronistas do Maranhão colonial. In JORNAL O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 03 de novembro de 2002, domingo, Caderno Alternativo, p. 6 LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006. LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luís, 1981 LISBOA, João Francisco. JORNAL DE TIMOM: APONTAMENTOS, NOTÍCIAS E OBSERVAÇÕES PARA SERVIREM À HISTÓRIA DO MARANHÃO. SD MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. São Luís: Tip. do Frias, 1870. (Reedição de 1970). MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: DASP. 1960. MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 2 ed. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980 MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. Rio de Janeiro: Vozes. 1982. MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DA ARQUIDIOCESE DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: DASP, 1977.
Origem do nome Maranhão Não há só uma hipótese para a origem do nome do Estado do Maranhão. A teoria mais aceita é que Maranhão era o nome dado ao Rio Amazonas pelos nativos da região antes dos navegantes europeus chegarem ou que tenha algum relação com o Rio Marañon no Peru. Mas há outros possíveis significados como: grande mentira ou mexerico. Outra hipótese seria pelo fato do Estado conter um emaranhado de rios. Também pode significa mar grande ou mar que corre13. De onde vem esse nome – Maranhão ? – recorramos14 ao Padre Antônio Vieira, que em seu sermão da Quinta dominga da quaresma, do ano de 1654, servindo-se de uma fábula, afirma que: “... caindo um dia o diabo do céu, se fizera no ar em pedaços. E cada pedaço caiu em uma terra, onde ficaram reinando os vícios correspondentes ao membro que lhe coube: na Alemanha, caiu o ventre, daí serem os alemães dados à gula; na França, caíram os pés, por isso os franceses são inquietos, andejos e dançarinos; na Holanda e em Argel, caíram os braços com as mãos e unhas, daí serem corsários; na Espanha, caiu a cabeça, daí serem os espanhóis fumosos, altivos e arrogantes. “Da cabeça, coube a língua a Portugal, e os vícios da língua eram tantos, que já deles se fizera um grande e copioso abecedário. O que suposto, se as letras deste abecedário se houvessem de repartir pelas várias províncias de Portugal, não há dúvidas que o M pertenceria de direito à nossa parte, porque M Maranhão, M murmurar, M motejar, M maldizer, M malsinar, M mexericar, e, sobretudo M mentir; mentir com as palavras, mentir com as obras, mentir com os pensamentos. Que de todos e por todos os modos se mentia. Que novelas e novelos eram as duas moedas correntes da terra, só com esta diferença, que as novelas armavam-se sobre nada, e os novelos armavam-se sobre muito, para que tudo fosse moeda MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999 MORAES, Jomar. Guia de São Luís do Maranhão. 2 ed. MORAES, Pe. José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E PARÁ. São Luís 1759. MOREIRA, Rafael. Foi o Maranhão descoberto antes do Brasil? In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 15 de fevereiro de 1998, domingo, Caderno Alternativo, p. 7 MOTA, Antonia da Silva, MANTONONI, Joel Dervil. SÃO LUÍS DO MARANHÃO NO SÉCULO XVIII A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO URBANO SOB A LEI DAS SESMARIAS. SD O ESTADO DO MARANHÃO. História passada a limpo. São Luís, 15 de novembro de 1998, domingo, Caderno Alternativo, p. 3 (continuação) PONTES, Jairo Ives (org.). NOVA HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luis: UEMA, 2005. Edição em CD-ROM. Disponível em www.cefet-ma.br/revista. (Professor de História do CEFET-MA) REIS, Flávio. O Maranhão bárbaro e sua miséria historiográfica. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de setembro de 2002, domingo, Caderno Alternativo, p. 3 SÁ, Décio. Brasil pode ter nascido no Maranhão. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de abril de 2000, sábado, Caderno Cidade, p. 3 SERÃO, Joaquim Veríssimo do. BRASIL FILIPINO AO BRASIL 1640. São Paulo, 1968. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Fundação Do Maranhão São Luis/Vinhais. In II ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS: CULTURA E SUBJETIVIDADES Mesa-redonda: Comemorações Históricas: São Luís 400 anos: Ciência, Arte e Humanidades 30/05/2011 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Visitação A São Luís Do Maranhão - Roteiro Histórico-Turístico. In MIX CULTURAL, promovido pelo 3º. PERÍODO DO CURSO DE TURISMO UFMA (Profa. MARILENE SABINO), 10 e 11 de Dezembro de 2009; tema: PATRIMONIO HISTÓRICO E CULTURAL LUDOVICENSE. PATRIMONIO HISTÓRICO VIVEIROS, Jerônimo de. História do Comércio do Maranhão – 1612 + 1895. São Luís: Litográfico. 1998. http://www.potyguar.com.br/maranhao/index_arquivos/cronologia.htm http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2009/10/24/colonizacao-do-maranhao/ http://www.potyguar.com.br/maranhao/index_arquivos/cronologia.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos 13
http://maranhaonews.com/especiais/memorial-maranhao/95-memorial-maranhao/281-historia-domaranhao.html 14 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “BREVE DESCRIÇÃO DAS GRANDES RECREAÇÕES DO RIO MUNI DO MARANHÃO, pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, Missionário no dito Estado, ano 1724”. Inédito.
falsa. Que no Maranhão até o sol era mentiroso, porque amanhecendo muito claro, e prometendo um formoso dia, de repente e dentro de uma hora se toldava o céu de nuvens, e começava a chover como no mais entranhado inverno. E daí, já não era para admirar que mentissem os habitantes como o céu que sobre eles influía”. (LISBOA, 1991) 15 Simão Estácio Da Silveira 16, em sua “Relação Sumária das Cousas do Maranhão”, escrito em 1624, afirma que "... a terra tomou esse nome de Maranhão do capitão que descobriu seu nascimento no Peru”. (Seu, do rio e não da terra, conforme Barbosa de Godois, in História do Maranhão 17, 1904; e Berredo, in Anais Históricos) 18. Marañon era o nome do atual rio das Amazonas, daí que o nome foi herdado de um companheiro de Gonçalo Pizarro. A família de nome Marañon já era conhecida em Espanha desde o século XII, e em Navarra existe uma localidade com esse nome. Com o topônimo Maranha, que significa matagal, há no Minho uma localidade com esse nome; Maranhão, ainda, é o nome de uma antiga aldeia alentejana, do Conselho de Aviz; é variação de Marachão - dique, recife; e aumentativo de Maranha, como dito acima, matagal; como também pode vir de Mara Ion, como os tupinambás designavam o grande rio da terra; ou do diálogo entre dois espanhóis: um pergunta, referindo ao Amazonas - Mar ? E o outro responde: Non. Na língua nativa, Maranhay, corruptela de maramonhangá (brigar) e anham (correr), pororoca; ou Maranhay, de maran (desproposidatamente), nhãn (correr) e y (água), também significando pororoca; corruptela de Paraná (marana) de onde maranãguaras por paranaguaras para os habitantes da ilha; ou de Marauanás - indígenas encontrados por Pinzón - marauanataba, traduzida pelos espanhóis como marañon; ou ainda, Mair-Anhangá = alma ou espírito de Mair, da tradição andina e sua corruptela tupi marã-n-aã; Mara-munhã, que significa fazer-se barulhento ou impetuoso (de novo, pororoca); ou ainda Mbará-nhã - o mar corrente, o grande caudal que simula um mar a correr (uma vez mais, pororoca). (SILVEIRA, 1976; BERREDO, 1988; MEIRELES, 1980)19. Para Tavares (1724): “Terá Vossa Reverendíssima reparado na ortografia com que escrevo a palavra – Maranhay – contra o comum. Foi de industrias por dar gosto a V.R. que como tão perito na língua Brasílica folgará lhe diga o que por mim tenho alcançado acerca da etimologia desta palavra Maranhão, ponto em que tenho ouvido alternar por bocas e por escritos antigos, e sobre nunca assentarem em nada, de quanto disseram, nada tem fundamento no meu fraco entender; Vejam-se os antigos 15
LISBOA, João Francisco. OBRAS COMPLETAS... V. IV, 3a. Ed. São Luís: ALUMAR, 1991. LISBOA, João Francisco. JORNAL DE TÍMON II – Apontamentos, notícias e observações para servirem à História do Maranhão. São Luís: ALUMAR/AML, 1991 vol. I e vol. II 16 SILVEIRA, Simão Estácio da. RELAÇÃO SUMÁRIA DAS COUSAS DO MARANHÃO. São Luís: UFMA/SIOGE, 1979 SILVEIRA, Simão Estácio da. RELAÇÃO SUMÁRIA DAS COUSAS DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1976 – Edição facsimilar 17 BARBOSA DE GODOIS. Antonio Baptista. HISTÓRIA DO MARANHÃO – para uso dos alumnos da Escola Normal. Maranhão: Typ. Ramos d´ Almeida & Suc., 1904, tomo I e II 18 BERREDO, Bernardo Pereira de. ANAIS HISTÓRICOS DO ESTADO DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Tipografia Ideal, 1988. 19 SILVEIRA, 1979 SILVEIRA, 1976 – Edição facsimilar BERREDO, 1988 MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 2 ed. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980
manuscritos da missão. O Padre Bartolomeu Leão da Província do Brasil, reformador do Catecismo da língua Brasílica me recomendou muito quando vim para o Maranhay, que me avistasse com o Padre Ascenso Gago, o mais perito que por então reconhecíamos neste idioma Brasílico, soubesse dele o que sentia neste ponto; ambos morreram ignorantes de que aqui quero dizer, e nunca o disseram ser ter visto com os meus olhos as pororocas do Maranhãy: Pelo que digo que a palavra Maranhay se compõe de dois verbos, e de um substantivo, os verbos são MARAMONHANGÁ, que significa brigar; e anham que significa correr (até aqui atinavam desta padre Bartolomeu Leão) e o substantivo é a palavra, ou letra, que significa água, e ainda tirada da palavra Maranhan, por corrupção da palavra, assim como estão infinitos nomes, da língua Brasílica corruptos pela pronúncia dos Portugueses: nesta palavra não podia atinar o Padre Leão sem ver ou lhe dizerem o que passa pelo Maranhay; deram os naturais este principal nome a esta terra do que nela mais principalmente avultava, que são as pororocas; cujo efeito é uma briga das águas correndo. Tudo isto diz a palavra Maranhay, água que corre brigando. Perguntar-me-ão, pois por que não se chama Maranhay, pororoca: respondo que pororoca é palavra que explica o que descreve; pareceme que se compõem da palavra opõe que significa rebentar de estouro, como o ovo quando rebenta, e da palavra cororan que significa roncar continuamente, como o mar. Ou é palavra simples feita freqüentativa, tiradas sempre do verbo opõe. 20. “De qualquer sorte que tomem a palavra pororoca, sempre significa estourar, ou estalo donde do que se ouve, se chama aquela infernal fúria das águas pororoca e do que se vê se chama todo este Estado Maranhay. 21 “Dizem os cronistas que há aqui um Rio que se chama Maranhon, do qual tomam a denominação todo o Estado é para mim consideração para que ele fizeram. E se não digam-me onde está este Rio ? 22 “Já que entretive a Relação com estas curiosidades mais próprias para Crônica, quero dizer o que entendo da fundada da pororoca ou causa dela. É de saber que como estas terras são tão rasas visivelmente se se vê a terra abaixando do sertão para o mar, isto se vê sem embaraço de duvidas no Rio Itapecurú pelo qual quem vai navegando vê ao longe terra alta de uma a outra parte. Chega ao lugar em que mascara a terra alta e a vê a rasas como a de donde marcar a tem alta. (TAVARES, 1724) Sobre João Tavares 23 Clóvis Ramos (1986; 1992) 24 ao analisar o surgimento da imprensa no Maranhão, afirma ser jornalista o magnífico João Tavares com sua Informação das 20
Comparar este trecho com a descrição em RAMOS, Clóvis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Românticos. Niterói : (s.e.), 2001 21 Comparar este trecho com a descrição em RAMOS, Clóvis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Românticos. Niterói : (s.e.), 2001. 22 Comparar este trecho com a descrição em MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO – GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. 3ª ed. São Luís : (s.e.), 1970.. 23 SOUZA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís : Fundação Cultural do Maranhão, 1977, p. 56-57 24 RAMOS, Clóvis. OS PRIMEIROS JORNAIS DO MARANHÃO – 1821 - 1830. São Luís : SIOGE, 1986;
recreações do rio Munim do Maranhão. Em seu roteiro literário do Maranhão (2001) 25·, refere-se a João Tavares como: “... cronista, professor de humanidades e filosofia, missionário. Padre da Companhia de Jesus, nascido no Rio de Janeiro a 24 de setembro de 1679, chegado ao Maranhão, e catequizando índios, os tremembés, arrebanhou-os em aldeias, fundou a cidade de Tutóia. Faleceu no Maranhão em onze de julho de 1744. Deixou manuscritos valiosos, interessado em explicar, também, o nome Maranhão e o fenômeno das pororocas, que o fascinava. No Dicionário histórico e geográfico da província do Maranhão de César Marques, no verbete Maranhão, vem mostrado como um escritor original, de prosa poética. (RAMOS, 2001, p. 3-4).
Esse Autor, baseado em César Marques 26, e citando como bibliografia: Breve descrição das grandes recreações do rio Munim do Maranhão, 1724, passa a transcrever o que consta das páginas 454/455 daquele dicionário: “AS POROROCAS DO MARANHAY “Foi de indústria, por dar gosto a Vossa Revma. que, como tão perito na língua brasílica, folgará lhe diga o que por mim tenho alcançado acerca da etimologia desta palavra Maranhão, ponto em que tenho ouvido alternar por boca e por escritos antigos, sobre nunca assentarem em nada de quanto disseram nada tem fundamento no meu fraco entender. Veja os antigos manuscritos da missão. “O padre Bartolomeu Leão, da Província do Brasil, reformador do catecismo da língua brasílica, me recomendou muito quando vim para o Maranhay, que me avistasse com o padre Ascenso Gago, o mais perito que por então reconhecíamos neste idioma brasílico, soubesse dele o que sentia nesse ponto. Ambos morreram ignorantes do que aqui quero dizer, e nunca o dissera sem ter visto com os meus olhos as pororocas do Maranhay. Pelo que digo que a palavra Maranhay se compõe de dois verbos e de um substantivo. Os verbos são maramonhangá, que significa brigar e anham que significa correr (até aqui atinava o dito Bartolomeu Leão) e o substantivo é a palavra ou letra que significa água, e ainda tirada de Maranhão por corrupção de palavra, assim como estão infinitos nomes da língua brasílica corrupta pela pronúncia dos portugueses. “Nesta palavra não podia atinar o padre Leão sem ver ou lhe disserem o que passa pelo Maranha. Deram os naturais este principal nome a esta terra do que nela mais principalmente avultava que são as pororocas, cujo aspecto é uma briga das águas correndo. Tudo isto diz a palavra Maranhay – água que corre brigando. Perguntar-mehão pois porque não se chama o Maranhay pororoca; respondo que pororoca é a palavra que explica o que se ouve; parece-me que se compõe da palavra opõe, que significa rebentar de estouro, como o ovo quando rebenta, e da palavra cororan, que significa roncar continuamente, como o mar; ou é palavra simples, feita pela freqüêntativa, tirada sempre do verbo opõe. De qualquer sorte que tomem a palavra pororoca, sempre significa estourar ou estalar, de onde do que se ouve se chama aquela fúria das águas – pororoca; e do que se vê se chama todo este Estado – Maranhão”. (RAMOS, 2001, p. 34; MARQUES, 1970, p. 437).
Realmente, César Marques àquelas páginas refere-se às pororocas do Rio Munim, mas a descrição é outra, como se observa: “O Padre João Tavares na carta já alegada dá dêste fenômeno da pororoca uma tão poética descrição, que nos pareceu que sem ela não ficaria bem acabado êste RAMOS, Clóvis. OPINIÃO PÚBLICA MARANHENSE (1831 a 1861). São Luís : SIOGE, 1992. RAMOS, Clóvis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Românticos. Niterói : (s.e.),
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MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO – GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. 3ª ed. São Luís : (s.e.), 1970.
maravilhoso quadro: - ‘Enquanto a maré vaza tudo vai em paz; em enchendo começam a pelejar em um lugar a enchente, que vem do oceano, com a vazante, que vem dos ditos rios (Mearim e Pindaré). O lugar desta peleja dista da barra dos dois rios como vinte léguas. Briga ali a enchente com a vazante, sem a maré passar daquele lugar para diante por espaço de tr6es horas. Nestas três horas toma a enchente fôrça, e nas águas vivas toma maior fôrça; forma grande pé atrás, alteia sobre a vazante à maneira de dois homens, que estivessem forcejando peito a peito, e um dêles vencendo levasse o outro abaixo de costas; assim vence a enchente, que naquele lugar só alterca por três horas, e no instante que cavalga sobre a vazante dá tal estouro, e continua com tal urrar, e corre com tal violência com três marés, ou três serras de águas, lançando para trás a modo de guedelha branca desgrenhada uns fios de água, acometendo a tudo quanto é baixo com tal fúria , que parece vai a ofender a seus contrários, ou a acudir a algum descuido da natureza, arrancando árvores, derrubando ribanceiras e cobre em três horas tudo quanto havia a cobrir nas seis ordinárias de uma maré. Daqui vem vazar a maré até onde se forma a pororoca nove horas, e daí para cima enche em três horas.” (MARQUES, 1970, p. 455).
Prossegue César Marques a descrição da pororoca - não encontrada no texto da “Breve descrição...” abaixo transcrita – como se fosse daquela carta. Como a cópia que tenho, em microfilme, é cópia de outra, conforme consta no final do texto27; é de se supor que no original do Padre Tavares houvesse as explicações citadas: “Restava agora examinar a causa desta extraordinária vagância das águas, a qual vi, e repetidas vêzes tornei a ver, sem nunca chegar a perceber a sua verdadeira causa. Ocorria-me que o pêso das águas doces pugnando com as salgadas, depois de grandes pugnas, vinha a vencer a fôrça das águas do mar, e com fôrça do receio que tinha tido naquela pugna, rompia naquele extraordinário ímpeto. Porém contra isto está que em muitos, ou em todos os mais rios não faz êstes efeitos, e só são particulares no Estado do Maranhão, onde os há só aqui e nos rios Mearim e Pindaré perto da cidade de S. Luís do Maranhão; e também se diz há uma pequena pororoca no rio Guamá perto da cidade do Pará e nos mais rios nada, nem nos da Europa e outras partes, e só conta a mesma maravilha no Rio Ganges da Índia. Além do que observa-se no curso da dita pororoca que em muitas partes e rios largos sucede correr primeiro uma margem e depois descer pela outra por modo de redemoinho, correndo ao redor quantas canoas encontra, e acabando isto vai surgir mais acima, continuando o mesmo ímpeto com que principiara, de que se convence Ter outra causa êste movimento tão extravagante. Faz um grande estrondo o mar da pororoca, e se ouve em uma légua de distância; comove também os ares em forma que sempre a precede um grande vento comovido dos mares dela. “Isto é o que observei; deixo a outros o discurso das suas verdadeiras causas”. (p. 455).
Ainda do que consta do Dicionário... de César Marques, no verbete História (p. 372-376), ao relacionar as obras disponíveis do Catálogo dos Manuscritos da Biblioteca Pública Eborence, onde foram colhidas notícias de diversos manuscritos sobre as coisas do Maranhão, encontrando-se entre aqueles uma: “- Breve descrição das grandes recreações do rio Monim do Maranhão, pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, missionário do dito Estado – 7 fôlhas em quarto” (p. 375).
Às páginas 437/448, sob o verbete Maranhão, César Marques passa analisar a etimologia desse nome Maranhão, com base em textos disponíveis e explicações
27
“Esta Relação foi tirada de uma carta que o Padre da Companhia João Tavares, Missionário no Maranhão escreveu ao seu Visitador Geral o Padre Jacinto de Carvalho no ano de 1724. - “Biblioteca Pública Eborence - “Códice CV 1 = 7 = a folha 165”.
apresentadas. Afirma aquele autor que, para servir de contrapeso às hipóteses de algumas destas pretendidas etimologias 28: “... acrescentaremos outra opinião, que se não for a verdadeira terá ao menos o mérito de ser fundada em inéditas indagações sobre a língua brasílica. O Padre João Tavares não escreve na sua carta Maranhão, mas sim Maranhay, do que dá a seguinte satisfação - ...” (p. 437).
transcrevendo o que Clóvis Ramos (2001) trás como sendo das páginas 454/455 daquele Dicionário, acima já transcrito ... Ainda à página 438, e ainda referindo-se ao estado do Maranhão, traz que: “O alegado Padre Tavares, para quem o país era tão familiar, escreveu na carta sobredita o seguinte: ’Dizerem os cronistas que há aqui um rio, que se chama Maranhão, do qual tomou a denominação todo o Estado, é para mim consideração pia, que eles fizeram. E, se não, digam-me: onde está esse rio ?’” 29.
Já o sociólogo Rossini Corrêa (1993) 30, comenta uma carta de João Tavares a um superior seu – seriam as “Breves descrições...”? -, descrevendo a paisagem da Ilha de São Luís, ante a chegada possível de missionários europeus ao Maranhão. Afirma que aqueles religiosos deixariam as delícias da Itália, não pelos trabalhos, mas pelas recreações do Maranhão, conforme consta das “Breves descrições...”, tecendo os seguintes comentários: "Como na Ilha Grande foi decantada pelo espaço contrário aos trabalhos (os quais, no mínimo, resguardaria) antieticamente haveria de apresentar expressiva contenção de exercícios corporais, enquanto expressão de labuta, de fadiga e de descanso decorrentes de diligência em atividade física. Permitiria - na contrapartida da terra de gente excepcional - a alternativa das recreações para o cultivo e o requinte do espírito. Desdobrado da hipótese das recreações coletivas, o raciocínio desenclausurado outro não é, senão o de que, no Maranhão, seria comunitária a amizade pelas luzes, pela razão, pela sabedoria etc., considerada a educação do pensamento e do sentimento um fragmento indispensável das recreações." (40). “A afirmativa do padre João Tavares foi riquíssima, porque vaticinou uma permuta - as delícias (da Itália) pelas recreações (do Maranhão). Sociologicamente significativa, haja vista que, na substituição, as delícias européias não terminariam trocadas pelos trabalhos americanos. Ao contrário, o fundamento do intercâmbio seria a validade indicada como vantajosa - a das recreações maranhenses." (p. 39).
O Padre jesuíta João Tavares é considerado o fundador da cidade de Tutóia Ma; era natural do Rio de Janeiro, onde teria nascido a 24 de setembro de 1679. Viera para o Maranhão como mestre de Filosofia e Teologia, tendo ensinado também Gramática. Foi Vice-Reitor do Colégio 31. Cumprida sua missão, deram-lhe opção de
28
Estas são comentários de João Francisco Lisboa, em seus Apontamentos para a história do Maranhão; de um jornal português, Panorama vol. 3, 1939, retirado da obra Maranhão conquistado a Jesus Cristo e à Coroa de Portugal pelos religiosos da Companhia de Jesus; do livro do padre Manoel Rodrigues, Marañon y Amazonas, dentro outros, que reproduzem estes textos (MARQUES, 1970, p. 437) 29 Alguns autores trazem esse rio como sendo o Mearim 30 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: o presente de uma arqueologia. São Luís: SIOGE, 1993 31 O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais). Era o que melhores condições de estudos oferecia. Já em 1709, o Colégio do Maranhão era Colégio Máximo, nomenclatura usada pelos discípulos de Loyola para seus estabelecimentos normais de estudos superiores. Nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégio da Companhia: Humanidades,
voltar ao Rio de Janeiro, não a aceitando, por amor aos Teremembés. Faleceu em São Luís, em 11 de julho de 1743 – (ou 44, segundo Ramos, 2001). Os Teremembés dominavam vastas regiões do norte maranhense – região dos Lençóis e Delta do Parnaíba -; o governo manda uma expedição, em 1679, sob o comando de Vital Maciel Parente; encontrando um troço de índios, estes são dizimados – mais de 300. Somente em 1722, se efetuaria a redução desses índios, por obra do Pe. João Tavares, cognominado Apóstolo dos Teremembés. O próprio padre descreve os costumes daqueles índios marítimos, definindo-os como “peixes racionais”. Em 1724, o missionário pediu, e obteve duas léguas de terra e a ilha dos Cajueiros. Teve problemas com fazendeiros – três irmãos e um primo, que a invadiram, para criação de gado – e, não conseguindo resolvê-lo com o Governador – que também tinha interesse na região, retirando índios para seu serviço -, recorreu a El-Rei, que deu ganho de causa ao missionário e exigiu que se cumprissem as condições do aldeamento: servir aos brancos nas pastagens de gado vacum e cavalar e garantir para a Coroa a vigilância daquela faixa marítima. O padre comprou os gados introduzidos irregularmente aos fazendeiros. A missão chamou-se Nossa Senhora da Conceição. Em 1730, contava com 233 índios ainda pagãos, que aprendiam a doutrina. João Tavares situou a aldeia nas praias dos Lençóis, onde faz barra principal um dos braços do Parnaíba, chamado Santa Rosa e também Canal de Tutóia. César Marques (1970), no verbete Tutóia, de seu Dicionário..., informa serem os índios Trememés (sic), os mais bem figurados, valentes e prestimosos que tinha a Capitania, segundo o pensar do Governador Gonçalo Pereira Lobato e Sousa – 1753/1761. Esses índios tinham, em 1727, no tempo do Governador e Capitão-General João da Maia da Gama – 1722/1728 -, duas datas de seis léguas de terra, as quais foram medidas e demarcadas à custa dos mesmos índios. Prossegue: “Pouco tempo era passado quando das bandas da Parnaíba vieram uns homens que foram situando aí fazendas de gado vacum e cavalar, e sucitando-se questões entre eles, os índios os expeliram, e um jesuíta, que lá vivia em muita intimidade, com o fim de terminar tais pendências, comprou aos seus legítimos donos o gado existente, e de então por diante ficaram os padres da Companhia possuindo como suas as terras destes índios.” (p. 622) (grifos meus).
César Marques não traz João Tavares como o fundador de Tutóia, nem o identifica como o jesuíta que vivia entre os Teremembés - embora fosse conhecido como o Apóstolo desses índios -, o mesmo ocorrendo com CARDOSO (2001) 32, que apresenta a descrição dos 217 municípios maranhenses. Às páginas 572-581 traz a descrição de Tutóia, basicamente transcrevendo do que consta no Dicionário de César Marques, não fazendo referência, também, a João Tavares... Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. Os estudos filosóficos compreendiam: no 1º ano, Lógica; no 2º, Física; no 3º, Matemática. O Colégio Máximo do Maranhão outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. Dentre os estabelecimentos de ensino dos jesuítas, as Escolas Gerais ocuparam um lugar de destaque, pelo fato de terem tornado o ensino popular ao alcance de todos. (CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís : SIOGE, 1990, p. 36). 32 CARDOSO, Manoel Frazão. Tutóia. In O MARANHÃO POR DENTRO. São Luís: Lithograf, 2001, p. 572-582.
João Tavares, padre da Companhia de Jesus, é o autor da “Breve descrição das recreações do Rio Muni do Maranhão, pelo João Tavares da Companhia de Jesus missionário, do dito estado. 1724”. A seguir, transcrição do manuscrito disponível no Arquivo Nacional, Divisão de Manuscritos 5, 3, 24 33.
Mapa de Juan de la Cosa ou carta de Juan de la Cosa – O Novo Mundo aparece na parte superior (a verde) e o Velho Mundo na parte central e inferior (a branco).
1448 Jean Cousin teria chegado a uma terra desconhecida, na foz de um rio caudaloso, identificado como o largo delta do Rio Amazonas; tese confirmada 1785 por Desmasquete e em 1878 por Paul Gaffarel (segundo MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999, p. 98). Meireles (1999) traz que Jean Cousin nem teria existido, conforme alguns afirmam, e que esse nome seria a tradução para o francês de Juan de la Cosa (1400- 1510), famoso piloto espanhol que participou das duas primeiras viagens de Colombo e das de Ojeda e Vespúcio, e do que tudo teria resultado seu famoso mapa, supostamente datado de 1503, o primeiro que trouxe o Novo Mundo e que mostra o trecho que teria navegado. 1450 janeiro o Papa Nicolau V confirmou os direitos de Portugal a todas as terras novamente descobertas, concedendo ao Infante D. Henrique o monopólio da exploração até à Índia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil
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Os Autores tomaram conhecimento desse texto de João Tavares quando da elaboração de artigo intitulado “’Pernas para o ar que ninguém é de ferro’- as recreações em São Luís do Maranhão, no período imperial”, estudo segundo colocado do Prêmio “Antônio Lopes” de Pesquisa Histórica, do Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, 1995, quando se referiam aos jornais que se dedicavam ao lazer, instrução, literatura e artes, editados nos primórdios da imprensa maranhense. A primeira referência encontrada foi em Rossini Corrêa, logo depois em Clóvis Ramos; após cerca de 10 (dez) anos de buscas – Biblioteca Pública Benedito Leite, Arquivo Público do Estado do Maranhão, Biblioteca Nacional e no próprio Arquivo Nacional - quando tomou conhecimento da conclusão do levantamento dos manuscritos disponíveis – junho de 2003 – fez nova consulta, dando-se-lhe conta de que havia uma cópia dentre aqueles documentos. Mandaram buscar, então, cópia; adquirida através de suporte em microfilmagem (custo: R$ 40,00), fotocopiada na Biblioteca Pública Benedito Leite (custo: R$ 78,00 !).
1452 Diogo de Teive, capitão de caravela e escudeiro da Casa do Infante D. Henrique. Desembarcou na Ilha de Jesus Cristo (Terceira) em 1 de Janeiro de 1451, como ouvidor do Infante D. Henrique. Realizou duas viagens de exploração para Ocidente do Mar dos Açores. Em 1452, no regresso de sua segunda viagem, descobriu as ilhas das Flores e do Corvo. Inicialmente foi considerado um novo arquipélago, e receberam o nome de Ilhas Floreiras. Celebrou um contrato com o Infante D. Henrique, em 5 de Dezembro de 1452, para instalação na Ilha da Madeira de um engenho hidráulico de açúcar 34. 1453 Gonçalo Fernandes Távire e João Vogado (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
1454 8 de janeiro – pela Bula "Romanus Pontifex" o Papa Nicolau V legitimou os objetivos expansionistas portugueses, definindo a conquista colonial como um instrumento da expansão do cristianismo, ao conceder ao rei de Portugal e ao Infante o direito a todas as suas conquistas marítimas, nomeadamente a Madeira, os Açores, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil
1457 Antonietto Usodimare (Antonio de Noli) ( MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999, p. 98)
ANTONIO DA NOLI (Noli, 1415 — Santiago, 1497), também conhecido na historiografia portuguesa pelos nomes de António de Noli ou António de Nole, foi um navegador de origem genovesa que ao serviço do Infante D. Henrique participou nos Descobrimentos, explorando a costa ocidental da África. São-lhe atribuídos o descobrimento de algumas ilhas de Cabo Verde e o reconhecimento da costa de África na região da foz do rio Gâmbia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_de_Noli; http://www.larici.it/itinerari/restodelmondo/capoverde/
1450 janeiro o Papa Nicolau V confirmou os direitos de Portugal a todas as terras novamente descobertas, concedendo ao Infante D. Henrique o monopólio da exploração até à Índia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil 1469 União dos reinos de Castela e Aragão, com o casamento de Isabel e Fernando 1472 João Vaz Corte-Real chegou ao Canadá (MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999)
JOÃO VAZ CORTE-REAL era um navegador português do século XV ligado ao descobrimento da Terra Nova, cerca do ano de 1472. Para além desta expedição, Corte-Real organizou ainda outras viagens que o terão levado até à costa da América do Norte, explorando desde as margens do Rio Hudson e São Lourenço até ao Canadá e Península do Labrador. Em 1474 foi nomeado capitão-donatário de Angra e a partir de 1483, também da ilha de S. Jorge. Os seus três filhos, todos navegadores audaciosos, Gaspar Corte-Real, Miguel Corte-Real e Vasco Anes Corte-Real, continuaram o espírito de aventura de seu pai tendo os dois primeiros desaparecido depois de expedições marítimas, em 1501 e 1502 respectivamente. Vasco Anes quis ir em busca de seus irmãos mas o Rei não lhe concedeu autorização, tendo sucedido a seu pai como Capitão-Donatário. Hoje aceita-se que João Vaz Corte-Real possa ser considerado como o primeiro europeu que chegou à costa Americana, pelo menos, mais de vinte anos antes de Cristóvão Colombo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Vaz_Corte-Real 34
Alguns investigadores sugerem que esteve relacionado com o desaparecimento do nobre flamengo Jácome de Bruges, Capitão donatário da ilha. Diogo de Teive veio viver para a Ribeira Brava, após 1472. Diogo de Teive, e seu filho, João de Teive, detiveram direitos sobre as ilhas até 1474, ano em que D. Fernão Teles de Meneses, casado com D. Maria de Vilhena, comprou os direitos sobre as ilhas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Teive_(navegador). Ver também MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999. MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982
Notar no centro deste mapa está o nome 'Terra dos Cortre Reais' http://www.dightonrock.com/omisteriodosnavegadoresperdidos.htm
1473 aparecem relatos de registros visuais da lendária “Ilha das Sete Cidades”35 e as tentativas de sua posse. Um dos casos mais consistentes foi carta apresentada ao rei D. Afonso V de Portugal pelo açoriano Fernão Teles. Do roteiro que então mostrou constava uma longa costa, com várias ilhas, baías e rios, que ele declarava ser parte das Sete Cidades. Embora se acredite que pudesse ser a costa do Norte do Brasil, entre o Maranhão e o Ceará, com o delta do rio Parnaíba, apenas se pode afirmar com certeza que aquele território se situaria na margem ocidental do Atlântico. Aparentemente o rei não terá acreditado totalmente na descoberta, ou não considerou Fernão Teles suficientemente digno, pelo que da carta de doação concedida não consta referência às Sete Cidades mas apenas a uma grande ilha ocidental que se pretenderia povoar. Insatisfeito com a carta de doação, Fernão Teles insiste no pedido das Sete Cidades. Consultado o cosmógrafo genovês Paolo del Pozzo Toscanelli (1398-1492), que declarou que a Antília (designação dada às ilhas do Mar das Caraíbas) e a Ilha das Sete Cidades seriam naquela margem do Atlântico. D. AFONSO V DE PORTUGAL, (Sintra, 15 de Janeiro de 1432 - Sintra, 28 de Agosto de 1481), foi o décimo-segundo Rei de Portugal, cognominado o Africano pelas conquistas no Norte de África. Filho do rei D. Duarte, sucedeu-o em 1438 com apenas seis anos. Por ordem paterna a regência foi atribuída a sua mãe, D. Leonor de Aragão mas passaria para o seu tio D. Pedro, Duque de Coimbra, que procurou concentrar o poder no rei em detrimento da aristocracia e concluiu uma revisão na legislação conhecida como Ordenações Afonsinas. Em 1448 D. Afonso V assumiu o governo, anulando os editais aprovados durante a regência. Com o apoio do tio homónimo D. Afonso I, Duque de Bragança declarou D. Pedro inimigo do reino, derrotando-o na batalha de Alfarrobeira. Concentrou-se então na expansão no norte de África, onde conquistou Alcácer Ceguer, Anafé, Arzila, Tânger e Larache. Concedeu o monopólio do comércio na Guiné a Fernão Gomes, com a condição de este explorar a costa, o que o levaria em 1471 à Mina, onde descobriu 35
"Insula Septem Civitatum", que significaria Ilha das Sete Tribos ou Ilha dos Sete Povos, mas acabou fixada nas línguas modernas em Ilha das Sete Cidades http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_Cidades_(lenda)
um florescente comércio de ouro cujos lucros auxiliaram o rei na conquista. Em 1475, na sequência de uma crise dinástica, D. Afonso V casou com a sobrinha D. Joana de Trastâmara assumindo pretensões ao trono de Castela, que invadiu. Após fracassar na batalha de Toro, com sintomas de depressão, D. Afonso abdicou para o filho, D. João II de Portugal, falecendo em 1481. http://pt.wikipedia.org/wiki/D._Afonso_V_de_Portugal
1476 a carta solicitada pelo açoriano Fernão Teles foi concedida, mas não se conhece a existência de qualquer expedição subsequente por parte daquele donatário. 1479 Com a Assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo termina a disputa pelos territórios da Madeira e Canárias, origem do primeiro conflito ibérico motivado por razões expansionistas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_das_Alc%C3%A1%C3%A7ovas-Toledo TRATADO DAS ALCÁÇOVAS, também denominado como Tratado das Alcáçovas-Toledo, foi um diploma assinado entre Afonso V de Portugal e os Reis Católicos, no desenvolvimento da Guerra da Beltraneja. Foi inicialmente assinado na vila portuguesa de Alcáçovas, no Alentejo, a 4 de Setembro de 1479, colocando fim à Guerra de sucessão de Castela (1479-1480) e posteriormente ratificado na cidade castelhana de Toledo, a 6 de Março de 1480. Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a ilha da Madeira, o Arquipélago dos Açores, o de Cabo Verde e a costa da Guiné, enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam as próprias ilhas. Regulamentava também as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino Oatácida de Fez, no Norte de África. O Tratado foi o primeiro do género, que regulamentava a posse de terras ainda não descobertas. Refletia os anseios de Portugal, interessado em garantir direitos sobre a costa da Mina e o Golfo da Guiné, e no prosseguimento da sua exploração da costa africana, na premissa de que por aquela via se conseguiria a esperada passagem para as Índias. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_das_Alc%C3%A1%C3%A7ovas-Toledo.
1480 6 de março Tratado de Toledo, entre Afonso V de Portugal e os Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Por este diploma, em troca da posse do arquipélago das Canárias para a Espanha, estes soberanos deixavam para Portugal todas as terras descobertas ou por descobrir das "Canárias para baixo, contra a Guiné". Este tratado confirmava o Tratado de Alcáçovas (ou das "Parcerias do Moura"), que encerrou a guerra dinástica na península Ibérica (4 de Setembro de 1479). http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil
1481
21
de
junho
Bula
"Aeterni
Regis",
do
Papa
Sisto
IV
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_do_Brasil
1486 entre as expedições melhor documentadas conta-se aquela que o flamengo Ferdinand van Olm (conhecido na historiografia açoriana por Fernando de Ulmo ou Fernão Dulmo) [http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Dulmo] capitaneou. Aventureiro flamengo, em tempos residente nos Açores e ali casado com uma filha de Fernão Teles, recebeu autorização do rei D. João II de Portugal para achar o paradeiro da ilha onde estaria localizado o reino cristão perdido das Sete Cidades, o mesmo que o seu sogro teria reconhecido anos antes. De parceria com Afonso do Estreito, um madeirense, organizou uma expedição, com co-financiamento real, destinada à conquista das ilhas e terras firmes das Sete Cidades. Infelizmente Fernão Dulmo não teve melhor sorte que os seus antecessores, mas, ainda assim, já em pleno século XVII, organizou-se na Terceira uma expedição para explorar o oceano a noroeste do arquipélago, onde teria sido avistada uma ilha desconhecida. Nos Açores sobrevive até aos nossos dias a lenda da ilha encantada que apenas pode ser avistada por volta do dia de São João (24 de Junho), sendo naquele período freqüente o registro visual de
ilhas desconhecidas a pontuar o horizonte insular, na realidade bancos de nevoeiro (os temidos nevoeiros do São João que levam ao encerramento dos aeroportos por dias seguidos) e nuvens distantes a emergir do horizonte. http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_Cidades_(lenda) 1492 outubro Credita-se a Cristóvão Colombo36 a descoberta da América. As incertezas decorrentes da posse dessas novas terras a Ocidente, perturbaram o equilíbrio de poderes no Oceano Atlântico. Desse modo, a diplomacia espanhola obteve do Papa Alexandre VI (o aragonês Rodrigo Bórgia) uma série de Bulas
As quatro viagens de Cristovão Colombo 1492-1503 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Viajes_de_colon_en.svg
CRISTÓVÃO COLOMBO (República de Génova, 1451[1] — Valladolid, 20 de Maio de 1506) foi um navegador e explorador europeu, responsável por liderar a frota que alcançou o continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central. Seu nome em italiano é Cristoforo Colombo, em latim Christophorus Columbus e em espanhol, Cristóbal Colón. http://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo;
1493 Bula "Eximiae Devotionis" e "Inter Coetera" (3 de Maio), que concediam à Espanha o direito às terras não pertencentes aos príncipes cristãos; a segunda Bula "Inter Coetera" (4 de Maio) http://pt.wikipedia.org/wiki/Bula_Inter_Coetera , que concedia à Espanha as terras, descobertas e a descobrir, a oeste de um meridiano 100 léguas a oeste e ao meiodia (sul) das ilhas dos Açores e Cabo Verde; Bula "Dudum Siquidem" (26 de Setembro), que confirma as bulas anteriores. há relatos de que João Coelho da Porta da Cruz teria estado na costa do Brasil37 http://pt.wikipedia.org/wiki/Controv%C3%A9rsias_sobre_o_descobrimento_do_Brasil; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982
36 http://pt.wikipedia.org/wiki/Teorias_sobre_a_origem_de_Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo; http://colombo.do.sapo.pt/; 37 A expressão "Itamaracá" deriva da língua índígena tupi, com o significado de "pedra que canta" ou "pedra sonante". Segundo registros do IBGE, o tribunal francês de Bayone cita a ocupação da ilha por portugueses já em 1591 em processo sobre os crimes
1494 Tratado de Tordesilhas, assinado na povoação castelhana de Tordesilhas em 7 de Junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para Isabel, a Católica. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas
Meridiano de Tordesilhas demarcando os territórios a explorar por Portugal e por Castela http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses#Descobrimentos_e_explora.C3.A7.C3.B5es_portuguesas http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas
Estevão Fróes38 (MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAROCEANO. São Luis: AML, 1999; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982) 1497 ALONSO DE OJEDA com Juan de Las Casas e Américo Vespúcio ALONSO DE OJEDA (Cuenca, 1466 - Santo Domingo, 1516), foi um navegador espanhol. Almirante da marinha espanhola, participou da busca da rica província aurífera de Cibao em cuja expedição teve de socorrer o alcaide da Fortaleza de Santo Tomás, do ataque dos indígenas, liderados pelo cacique Caonabó, onde este acabou sendo preso. Como recompensa recebeu dos reis católicos a concessão de seis léguas de terreno em Maguana. Em pouco tempo partiu para a Espanha, onde, devido à sua estreita relação com o Bispo Fonseca, conseguiu permissão para organizar uma viagem ao Novo Mundo. No mês de maio de 1499, alcançou a foz do rio Orinoco, explorando a costa compreendida entre a ilha Margarita e o cabo de la Vela. Em 1501 foi nomeado governador da ilha de Cuquibacoa, para onde partiu no ano seguinte na companhia de Juan de Vergara e García de Ocampo. Em 1507, recebeu a missão de percorrer a costa da Nova Andaluzia e parte da bacia de Cartagena das Índias próximo à costa. Após uma campanha contra os índios, fundou, em fevereiro de 1510, San Sebastián, o primeiro assentamento europeu no continente sulamericano. Mudou-se para Santo Domingo, onde morreu pobre e abandonado, em 1516.
do navio La Pélerino. Os primeiros habitantes seriam náufragos, havendo também registros sobre a passagem dos portugueses João Coelho da Porta da Cruz e Duarte Pacheco Pereira, em 1493 e 1498, respectivamente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Itamarac%C3%A1 38 O português Estevão Fróis , companheiro de João de Lisboa (descobridores do rio da Prata, em 1514), carregou pau-brasil na feitoria do Rio de Janeiro (Julho-Agosto de 1514) em seu retorno a Lisboa (BUENO, 1998:119). http://pt.wikipedia.org/wiki/Feitoria_da_Ba%C3%ADa_de_Guanabara
AMÉRICO VESPÚCIO, em italiano Amerigo Vespucci (Florença, 9 de Março de 1454 — Sevilha, 22 de Fevereiro de 1512), foi um mercador, navegador,geógrafo, cosmógrafo italiano e explorador de oceanos que viajou pelo, então, Novo Mundo, escrevendo sobre estas terras a ocidente da Europa. Como representante de armadores florentinos, o mercador e navegador Vespúcio encarregou-se em Sevilha do aprovisionamento de navios para a segunda e a terceira viagens de Cristóvão Colombo. Supõe-se que tenha participado de incursões pelo Atlântico desde 1497. Em meados de 1499 passou ao largo da costa norte da América do Sul, acima do rio Orinoco, como integrante da expedição espanhola de Alonso de Ojeda, a caminho das Índias Ocidentais
Alonso de Ojeda
O meridiano mais oriental é definido pela Bula "Inter Coetera"; o mais ocidental pelo Tratado de Tordesilhas; a localização das cidades actuais é meramente indicativa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:S%C3%BCdamerika1650.png
1498 D. Manuel I encarregou Duarte Pacheco39 de uma expedição secreta, organizada com o objectivo de reconhecer as zonas situadas para além da linha de demarcação de Tordesilhas, expedição que, partindo do Arquipélago de Cabo Verde, se acredita teria 39 MOREIRA, Rafael. Foi o Maranhão descoberto antes do Brasil? In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 15 de fevereiro de 1998, domingo, Caderno Alternativo, p. 7.FONSECA, Aldeneiva Celene de Almeida. O descobrimento que não houve. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de fevereiro de 1998, terça-feira, Caderno Opinião, p. 4SÁ, Décio. Brasil pode ter nascido no Maranhão. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 22 de abril de 2000, sábado, Caderno Cidade, p.3CARVALHO, José Antonio Moreira de. Bahia ou Maranhão? In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 3 de março de 2001, sábado, Caderno Opinião, p. 4. Ver ainda http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/ren1.html
culminado com o descobrimento do Brasil, em algum ponto da costa entre o Maranhão e o Pará, entre os meses de Novembro e Dezembro desse mesmo ano. Dali, teria acompanhado a costa Norte, alcançando a foz do rio Amazonas e a ilha do Marajó.
Duarte Pacheco Pereira Esmeraldo de situ orbis http://pt.wikipedia.org/wiki/Duarte_Pacheco_Pereira http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Esmeraldo_de_situ_orbis,_1892.JPG
DUARTE PACHECO PEREIRA (Lisboa, 1460 — 1533) foi um navegador, militar e cosmógrafo português. O Esmeraldo de situ orbis é um manuscrito de autoria do cosmógrafo português Duarte Pacheco Pereira. Dedicada ao rei D. Manuel I de Portugal (1495-1521), a obra foi montada em cinco partes, com um total de duzentas páginas, em 1506. Conforme descrito nas próprias palavras do autor, trata-se de uma obra de "cosmografia e marinharia". Apesar do título em latim, foi escrita em língua portuguesa, contendo as coordenadas geográficas de latitude e longitude de todos os portos conhecidos no seu tempo.
Jorge Couto, historiador português, Docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador no Centro de História da mesma Universidade em seu livro mais conhecido, A construção do Brasil (Lisboa, 1995), defende a tese da descoberta do Brasil em 1498, por Duarte Pacheco Pereira, com base no estudo do manuscrito ESMERALDO DE SITU ORBIS, produzido pelo próprio Duarte Pacheco entre 1505 e 1508 e que ficou desaparecido por quase quatro séculos. 1499 Juan de Vergara e Garcia de Ocampo http://pt.wikipedia.org/wiki/Alonso_de_Ojeda Pedro Álvares Cabral é nomeado Capitão-Mor da armada que se dirigiria à Índia. A sua missão era a de estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Samorim, promovendo a imagem de Portugal e instalando um entreposto comercial ou feitoria, retornando com o máximo de mercadorias. PEDRO ÁLVARES CABRAL (Belmonte, 1467 ou 1468 — Santarém, c. 1520) foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português na maioria das vezes creditado como o descobridor do Brasil. Cabral realizou a primeira exploração significativa da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam
esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre de grandeza secundária e recebeu uma boa educação formal. Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_%C3%81lvares_Cabral
1500 26 de Janeiro O navegador Espanhol Vicente Yáñez Pinzón alcança a costa Nordeste do Brasil. Partindo do porto de Palos de la Frontera, no Sul da Espanha, a 19 de novembro de 1499. Em janeiro de 1500 alcançou a costa brasileira, tendo avistado um cabo que denominou como Santa Maria de la Consolación, tendo desembarcado na que é identificada atualmente como praia do Paraíso, no Cabo de Santo Agostinho, estado de Pernambuco. O navegador prosseguiu em sua viagem e, em fevereiro, alcançou a foz do rio Amazonas, que batizou como Mar Dulce.
Vincente Yáñez Pinzón VINCENTE YÁÑEZ PINZÓN (Palos de la Frontera, 1462 — 1514) foi um navegador espanhol. Primo do navegador Diego de Lepe, integrou a primeira Armada de Cristóvão Colombo que descobriu a América em 1492, tendo comandado a caravela Niña, tripulada por vinte e quatro homens, que armou os seus gastos. A sua embarcação foi incumbida de socorrer a nau Santa Maria, que encalhou em 25 de dezembro de 1492, na costa da ilha de São Domingos. De volta à Espanha, em 1495 obteve licença dos soberanos para empreender novas expedições ao novo continente. Quatro anos depois, partiu com uma esquadra de quatro caravelas tendo sido considerado o primeiro navegador europeu a cruzar a linha do Equador na região das Américas, tendo descoberto várias ilhas naquela região. Nessa expedição, alcançou a costa do Brasil, tendo avistado um grande promontório, que chamou de Santa Maria da Consolação (sobre o qual atualmente os autores se dividem, considerando-o ou o cabo de Santo Agostinho (litoral sul de Pernambuco) ou a ponta do Mucuripe, (na cidade de Fortaleza), do qual tomou posse para a Espanha em 26 de janeiro de 1500. Na ocasião, registrou-se um violento combate com os potiguares. Infletindo para o Norte, Pinzón atingiu em fevereiro a foz do rio Amazonas, a qual denominou de "mar Dulce", de onde prosseguiu para as Guianas e daí para o mar do Caribe. Na costa do Brasil, Pinzón teria capturado trinta e seis indígenas. No Caribe, Pinzón aportou às atuais ilhas Bahamas. Em setembro de 1500, retornou ao porto de Palos de la Frontera, na Espanha. O navegador realizaria, em 1508, mais uma viagem à América do Sul. O seu nome batizou primitivamente o rio Oiapoque (durante séculos denominado como "rio de Vicente Pinzón", cujo curso demarca o limite setentrional do litoral brasileiro. Entre 1895 e 1900, pairando a dúvida sobre qual seria exatamente esse "rio de Vicente Pinzón" (se o Oiapoque ou o rio Araguari), registrou-se a Questão do Contestado Franco-Brasileiro (Questão do Amapá), arbitrada pelo Conselho Federal Suíço em favor do Brasil.
Fevereiro / Março O navegador Espanhol Diego de Lepe alcança a costa Nordeste do Brasil. Primo de Vincente Yáñez Pinzón teria atingido a costa brasileira em março de 1500. As viagens de Pinzón e de Lepe, assim como a chegada de ambos ao Brasil não constam da maior parte das obras oficiais de História do Brasil pois, pelos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), as terras descobertas por ambos pertenciam, de fato, a Portugal. DIEGO DE LEPE (Lepe, Espanha, século XIV - século XV), foi um navegador espanhol. Primo de Vicente Yáñez Pinzón, partiu do porto de Palos de la Frontera, no Sul da Espanha, no início de dezembro de 1499 e alcançou a costa do Brasil, ou na altura do cabo de Santo Agostinho (atual Pernambuco) ou na da do cabo de São Roque (atual Rio Grande do Norte) em fevereiro ou março de 1500. Desse ponto, infletiu para o Norte, tendo passado pela foz do rio Amazonas, em direção às Guianas e ao Caribe, retornado em setembro do mesmo ano à Espanha. Na costa do Brasil teria capturado vinte indígenas.
Mapa de Juan de la Cosa ou carta de Juan de la Cosa O mapa amostra a costa sul-americana enfeitada com bandeiras castelhanas do cabo da Vela (na atual Colômbia) até o extremo oriental do continente40. Ali figura um texto que diz “Este cavo se descubrio en año de mily IIII X C IX por Castilla syendo descubridor vicentians” ("Este cabo descobriu-se em 1499 por Castela sendo o descobridor Vicente Yáñez") e que muito provavelmente se refere à chegada de Vicente Yáñez Pinzón em finais de janeiro de 1500 à ponta oriental da América do Sul, à que chamou cabo de Santa Maria da Consolação.41 Mais para leste ainda, e separada do continente, aparece uma Ysla descubierta por portugal ("ilha descoberta por Portugal") coloreada a azul. Provavelmente, de la Cosa quis refletir assim a terra descoberta por Pedro Álvares Cabral em 1500 e que este batizara "Terra de Vera Cruz" ou "de Santa Cruz".42. Na zona norte da região sul-americana aparece a Costa de pérolas, que fora descoberta por Colombo na Terceira viagem (1498) e que foi percorrida pelo próprio De la Cosa na sua viagem com Alonso de Ojeda.43. Aparecem também duas menções de outros tantos 40
DAVIES, Arthur (1976). "The Date of Juan de la Cosa's World Map and Its Implications for American Discovery CEREZO MARTÍNEZ, Ricardo [1989], «Contribución al estudio del mapa de Juan de la Cosa», Géographie du monde au Moyen Âge à la Renaissance, 149-162 42 MARTÍN-MERÁS VERDEJO, Mª Luisa (2000). "La carta de Juan de la Cosa : interpretación e historia 43 ELKHADEM, Hossam al. (1992). Juan de A Cosa, Parte correspondente á America da Carta General de Juan de A Cosa... (em francês). Cartes de Amériques dans les collections de la Bibliothèque Royale Albert Ier. 41
"mares doces" (Mar de agua duce e Mar Duce) que correspondem, respectivamente, ao da desembocadura do Orinoco, descoberto por Diego de Lepe em 1500 e ao situado frente à costa das Guianas, navegado por Ojeda em 1499.44 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa_de_Juan_de_la_Cosa)
09 de março Pedro Álvares Cabral parte de Lisboa com a mais bem equipada armada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas, transportando de 1.200 a 1.500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Era integrada por navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho. Por alturas de Cabo Verde, desvia-se da rota.
Detalhe do mapa "Terra Brasilis" (Atlas Miller, 1519), actualmente na Biblioteca Nacional de França. http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses#Chegada_ao_Brasil
22 de abril Tendo-se afastado da costa africana, após quarenta e três dias de viagem, avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Bahia. No dia seguinte, houve o contato inicial com os indígenas. 24 de abril seguiu ao longo do litoral para o norte em busca de abrigo, fundeando na atual baía de Santa Cruz Cabrália, nos arredores de Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de maio. Cabral tomou posse, em nome da Coroa portuguesa, da nova terra, a qual denominou de "Ilha de Vera Cruz" (mais tarde Terra de Santa Cruz e finalmente Brasil face à abundante existência de madeira pau-brasil), e enviou uma das embarcações menores com a notícia, inclusive a Carta de Pero Vaz de Caminha, de volta ao reino. Retomou então a rota de Vasco da Gama rumo às Índias. 1501 Expedição exploratória à costa do Brasil, de Gonçalo Coelho e com o Genovês Américo Vespúcio a bordo (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152)
44 MANZANO MANZANO, Juan [1988], Los Pinzones y el Descubrimiento de América
Planisfério de Cantino (1502), a mais antiga carta náutica portuguesa conhecida, mostrando o resultado das viagens de Vasco da Gama à Índia, Colombo à América Central, Gaspar Corte Real à Terra Nova e Pedro Álvares Cabral ao Brasil, com meridiano de Tordesillas assinalado. Biblioteca estense universitária de Modena.
1502 Manuel I de Portugal declara monopólio da Coroa a exploração do pau-brasil ("Caesalpinia echinata"), arrendando-o por três anos a um consórcio liderado pelo cristão-novo Fernando de Noronha 45; Durante a Dinastia Filipina (1580-1640), a ilha foi utilizada como escala pelos franceses da expedição de Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, que aqui estiveram quinze dias a caminho da capitania do Maranhão em 1612, onde estabeleceriam a França Equinocial (DONATO, 1996:93). http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortifica%C3%A7%C3%B5es_na_Ilha_de_Fernando_de_Noronha#A_invas.C3.A3o_francesa_da_ilha
D. MANUEL I DE PORTUGAL (Alcochete, 31 de Maio de 1469 — Lisboa, 13 de Dezembro de 1521) foi o 14.º Rei de Portugal, cognominado O Venturoso, O Bem-Aventurado ou O Afortunado tanto pelos eventos felizes que o levaram ao trono, como pelos que ocorreram no seu reinado. D. Manuel I ascendeu inesperadamente ao trono em 1495, em circunstâncias excepcionais, sucedendo ao seu primo direito João II de Portugal, de quem se tornara protegido. Prosseguiu as explorações portuguesas iniciadas pelos seus antecessores, o que levou à descoberta do caminho marítimo para a Índia, do Brasil e das ambicionadas "ilhas das especiarias", as Molucas. Foi o primeiro rei a assumir o título de Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia. Em 1521 promulgou uma revisão da legislação conhecida como Ordenações Manuelinas, que divulgou com ajuda da recente imprensa. No seu reinado, apesar da sua resistência inicial, cumprindo as cláusulas do seu casamento com Maria de Aragão, viria a autorizar a instalação da inquisição em Portugal. Com a prosperidade resultante do comércio, em particular o de especiarias, realizou numerosas obras cujo estilo arquitectónico ficou conhecido como manuelino. http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_I_de_Portugal FERNÃO DE NORONHA, também chamado Fernando de Noronha, corruptela de Fernão de Loronha (seu verdadeiro nome) (século XV - século XVI) foi um judeu português convertido ao catolicismo (cristão-novo) que se tornou um dos primeiros grandes exploradores de pau-brasil nas terras recém-descobertas do Brasil pelo reino de Portugal. Rico empreendedor, comerciante e armador, natural das Astúrias, Noronha era representante do banqueiro Jakob Fugger na Península Ibérica. Juntamente com outros cristãos-novos, comerciantes portugueses, obteve concessão para explorar os recursos naturais do Brasil durante três anos e em 1503 obteve da Coroa o contrato para exploração do pau-brasil, a valiosa madeira de tinturaria. O consórcio financiou a expedição de Gonçalo Coelho em 1503 que em 24 de julho descobriu a magnífica ilha que mais tarde tomaria seu nome. Em 1506, Noronha e os sócios extraíram das novas terras mais de 20 mil quintais de pau-brasil, vendidas em Lisboa com um lucro de 400% a 500%. Em 1511, associado a Bartolomeu Marchionni, Benedito Morelli e Francisco Martins, participou da armação da nau Bretoa, que a 22 45
A ILHA, ao ter sido descoberta pelo reino de Portugal, foi designada de Ilha de São João da Quaresma, provavelmente por Gaspar de Lemos, em 1500, ou por uma expedição da qual Duarte Leite erroneamente terá atribuído o comando a Fernão de Noronha, realizada em 1501–1502. Porém o primeiro a descrevê-la foi Américo Vespúcio, que tomou parte na expedição de Gonçalo Coelho. O fato de já ser chamada Ilha de Fernão de Noronha por Frei Vicente do Salvador, tal como hoje é conhecida, está justificado por provir do nome do primeiro proprietário da capitania hereditária, Fernão de Noronha ou Fernão de Loronha, após doação de D. Manuel I em 16 de fevereiro de 1504. O arquipélago foi invadido algumas vezes, nomeadamente em 1534 por ingleses, de 1556 até 1612 por franceses, em 1628 e 1635 pelos holandeses, voltando ao controle português em 1700, para ser novamente conquistada pelos franceses em 1736 e definitivamente ocupada pelos portugueses em 1737. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_de_Noronha
de julho retornou a Portugal com uma carga de 5 mil toras de pau-brasil, animais exóticos e 40 escravos, mulheres em sua maioria. Como conseqüência do contrato e da expedição de Gonçalo Coelho, o rei D. Manuel I (1495-1521) doou, em 1504, a Fernão de Noronha, a primeira «capitania do mar» no litoral: a ilha de São João da Quaresma, atual Fernando de Noronha. Alguns atribuem a Fernão de Noronha a mudança dos nomes cristãos de Ilha de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz para Brasil. Entretanto, tal fato não tem base histórica e se origina de idéias anti-semitas. O que ocorreu foi a mudança do nome devido ao comércio de pau-brasil, do qual Fernão de Noronha era apenas um dos arrendatários. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_de_Noronha
Juan de La Cosa, Juan de Vergara e Garcia de Ocampo (LIMA, Carlos de.
HISTÓRIA DO
MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152).
1503 Expedição exploratória à costa do Brasil sob o comando do Português Gonçalo Coelho GONÇALO COELHO (Florença, 1451 ou 1454 — Sevilha, 1512) foi um navegador português. Estudou em Pisa. Em 1503, a serviço da Coroa portuguesa, que firmou contrato com um grupo de comerciantes desde um ano antes, realizou expedição ao litoral brasileiro. Pouco se sabia em Portugal da cartografia da costa norte brasileira e surgira assim a necessidade de ser despachada para a nova terra uma expedição exploradora que reconhecesse principalmente a parte situada aquém da linha divisória de Tordesilhas, por isso pertencente à coroa portuguesa. As melhores fontes atribuem o comando dessa expedição a Coelho, nauta experiente que trouxe, embarcado, o florentino Amerigo Vespucci, já conhecedor de terras americanas pois navegara com Alonso de Ojeda em viagem castelhana em 1499. Os comerciantes que financiaram a expedição, dentre eles Fernão de Noronha, conseguiram arrendar as terras brasileiras por um período de três anos para exploração do pau-brasil. Em troca, os arrendatários se comprometiam a construir feitorias e pagar, à Coroa, parte do lucro obtido. O arrendamento foi renovado mais duas vezes, em 1505 e em 1513. Como conseqüência do contrato e da expedição de Gonçalo Coelho, o rei D. Manuel I doou, em 1504, a Fernão de Noronha, a primeira capitania hereditária no litoral brasileiro: a ilha de São João da Quaresma, atual Fernando de Noronha, uma capitania do mar. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alo_Coelho
João de Lisboa (LIMA,
Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 152: MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982
1504 registrada a presença francesa no litoral Brasil; Binot de Gonneville este resgatando pau-brasil, indicando franceses que o teriam precedido (WELHING e WELHING, 1994, p. 46) 1506 através da Bula "Ea Quae Pro Bono Pacis" o Papa Júlio II aprova o Tratado de Tordesilhas; os seus termos jamais foram reconhecidos pelas demais potências européias, por ele excluídas das conquistas e riquezas do Novo Mundo. Adicionalmente, a indeterminação do meridiano e subseqüentes conflitos gerados na América (pela posse da bacia do rio da Prata) e no Oceano Pacífico (pela posse das ilhas Molucas), levaram à aquisição das Ilhas Molucas (inclusive as Filipinas, Timor e Solor) por Portugal à Espanha através da Capitulação de Saragoça (23 de Abril de 1529).
Planisfério de Ruysch, 1507. http://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Ruysch
JOHANN RUYSCH, também referido como Johann Ruijsch, Johannes Ruysch, ou Giovanni Ruisch (Utrecht, c. 1460 - Köln, 1533), foi um explorador, cartógrafo, astrónomo e pintor dos Países Baixos. Em 1507 estava ativo em Roma, onde publicou um dos mais importantes planisférios do início do século XVI, o segundo mapa impresso na história, em que se apresentavam informações sobre o Novo Mundo http://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Ruysch
1507 publicado o mapa-mundi intitulado "Universalis cosmographia secundum Ptholomaei traditionem et Americi Vespucii aliorumque lustrationes"", do qual apenas mil cópias foram feitas. Acredita-se que actualmente exista apenas um único exemplar, encontrado na biblioteca do Príncipe de Waldburg-Wolfegg-Waldsee no castelo de Wolfegg em Württemberg, que se deve a que o cartógrafo Johannes Schöner mandou encadernar as folhas, separadas, num só volume com capa. O mapa consiste de 12 seções, gravadas sobre madeira. Dispõe-se em três zonas, cada uma das quais contém quatro seções. A superfície total do mapa, em polegadas, são 36 pés quadrados. Representa a forma da terra numa projeção Ptolemaica modificada com meridianos curvos. Produziu na cartografia enorme, duradouro impacto, sendo de um tipo completamente novo e representando a terra com uma grandeza em escala jamais tentada. Depois de seu grande mapa de 1507, Waldseemüller e seu amigo Matthias Ringmann (Philesius) se devotaram a completar a edição em latim da geografia de Ptolomeu.
Pormenor do mapa Universalis cosmographia de Waldseemüller de 1507 onde pela primeira vez foi escrito o nome "América" para nomear o continente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Waldseemuller_map_closeup_with_America.jpg
1513 Admite-se que nesse ano Diogo Ribeiro tenha chegado ao Golfão Maranhense e que a ele se deva o nome de Trindade dado à Ilha de São Luís. DIEGO RIBERO, também conhecido como Diego de Ribero, Diego (de) Rivero, Diego Ribeiro ou Diogo Ribeiro (? -16 Agosto 1533), foi um cartógrafo e explorador de origem portuguesa que trabalhou desde 1518 ao serviço da coroa espanhola. Diego Ribero trabalhou nos mapas oficiais espanhois do Padrón Real (ou Padron Geral) entre 1518-1532. Também produziu instrumentos de navegação, incluindo astrolábios e quadrantes.
Estevão Fróes (LIMA,
Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
Diogo Leite, vindo de Pernambuco a explorar a costa por ordem de Martins Afonso de Sousa, alcançou a foz do Rio Gurupi e deu nome à Abra de Diogo leite (baia do Gurupi). (LIMA, Carlos de HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153) 1516 o governo português já havia feito diversos protestos à corte francesa reclamando das intensas atividades comerciais de corsários franceses, enviando ao Brasil a expedição guarda-costas de Cristóvão Jacques. CRISTÓVÃO JAQUES (Algarve, c. 1480 - após 1530) foi um nobre português. Pouco se sabe a seu respeito. De ascendência aragonesa, era também conhecido como Cristóvão Valjaques. Era filho bastardo de Pero Jaques, tendo sido legitimado por D. João II (1481-1495) e, posteriormente, sido feito fidalgo da Casa Real por D. Manuel I (1495-1521). Casou-se com uma filha de Francisco Portocarreiro, com quem teve três filhos. Em 1503 veio pela primeira vez à costa do Brasil na frota de Gonçalo Coelho. Em 1516, no comando de duas caravelas, foi encarregado do patrulhamento da costa brasileira, a fim de desestimular incursões de corsários franceses. Em Novembro desse mesmo ano aportou em uma grande baia, à qual deu o nome de baía de Todos os Santos. No rio da Prata venceu e aprisionou muitos franceses. Percorreu a costa até 1519. A 21 de julho de 1521, zarpou de novo da foz do rio Tejo com destino ao Brasil, fundando em Pernambuco a feitoria de Itamaracá, num dos ancoradouros mais conhecidos do litoral brasileiro, onde havia abundância de pau-brasil (Caesalpinia echinata) e freqüentes contatos entre índigenas e europeus, antes de prosseguir para o Sul até ao rio da Prata. Por fim, em 1526, foi nomeado por D. João III como Governador das Partes do Brasil, em substituição a Pero Capico, tendo retornado outra vez no comando de uma nau e cinco caravelas, travando inúmeros combates com corsários franceses. Em 1527 aprisionou três galeões franceses no Recôncavo da Bahia neste que é considerado o primeiro combate naval no Brasil [1]. Mas tendo agido com barbaridade contra os prisioneiros, esse gesto acabou lhe causando grandes problemas junto a D. João III (1521-1557). Ao regressar a Portugal, ofereceu-se ao soberano para, às próprias expensas, com mil colonos, dar início à ocupação permanente das novas terras, mas nada resultou da proposta. http://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Jacques
1520 FRANÇA: Começou sua expansão ultramarina. Os franceses exploraram a costa brasileira, saquearam o pau-brasil e tentaram, sem êxito, se estabelecer no Rio de Janeiro e no Maranhão. Também tomaram posse do Canadá e da Luisiana (sul dos EUA). O Império colonial francês no Novo Mundo também incluía a Nova França ("Nouvelle France") na América do Norte, particularmente no que é hoje a província do Québec, no Canadá, e a França Antártica ("France Antarctique"), na atual cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. As nações ibéricas consideravam que esses assentamentos violavam não apenas a bula papal de 1493, como o Tratado de Tordesilhas (1494), documentos que dividiam o globo igualmente entre ambas, excluindo as demais nações dessa partilha. Registradas as incursões de Parmetier (1520), Roger (1521), Verrazano (1522).
GIOVANNI DA VERRAZANO (1485 - 1528) foi um explorador italiano, que explorou a costa da América do Norte. Verrazano navegava em nome da Coroa Francesa, a serviço de quem tentou encontrar a Passagem do Noroeste, sendo lhe creditada a descoberta de vários pontos da costa noroeste atlântica, nos atuais Estados Unidos da América e Canadá, incluíndo a baía de Nova Iorque, onde a Ponte de Verrazano Narrows é nomeada em sua homenagem. Na Primavera de 1526 Verrazano encontrava-se na França, onde é encarregado de um novo projeto sob os auspícios do Almirante Philippe Chabot, com investimento do armador Jean Ango. Parte em junho de 1526 da Europa, juntamente com o irmão Girolamo e três embarcações, para ultrapassar o cabo da Boa Esperança. Uma violenta tempestade e um motim impedem o progresso dos irmãos Verrazano, mas o terceiro navio atingiu o Oceano Índico. Ali alcançou Madagascar de onde se dirigiu para Nordeste, alcançando Sumatra, para então regressar às Maldivas. No regresso, a embarcação naufragou em Madagascar, e poucos sobreviventes lograram alcançar a costa de Moçambique. Enquanto isso, os irmãos Verrazano navegaram pela costa da África, para rumar até à costa do Brasil, onde fizeram carga de pau-brasil no litoral de Pernambuco. Em setembro de 1527 regressavam à França. http://pt.wikipedia.org/wiki/Verrazano
1524 Guérard e Roussel, corsários de Dieppe, visitam o Maranhão – (MEIRELES,
Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 172-173)
1526-28 nova expedição de Cristovão Jacques, conseguindo deter alguns navios franceses, pois havia sério risco de consolidação definitivamente o comércio de paubrasil na costa brasileira. 1529 João de Braga (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
1530-1533 Expedição de Martim Afonso de Sousa MARTIM AFONSO DE SOUSA (Vila Viçosa, c.1490/1500 — Lisboa, 21 de julho de 1571) foi um nobre e militar português. Jaz em São Francisco de Lisboa. Como Tomé de Sousa, descendia por linha bastarda do rei Afonso III de Portugal. Senhor de Prado e de Alcoentre, ainda parente do conde de Castanheira, D. António de Ataíde, tão influente sobre o rei D. João III de Portugal, Martim de Sousa foi Senhor de Prado, e Alcaide-mor de Bragança e mais tarde Governador da Índia e do Estado do Brasil. Serviu algum tempo ao Duque de Bragança D. Teodósio I[1] mas «como era de um espírito elevado e queria esfera onde se dilatasse em coisas grandes, largou a Alcaidaria mor de Bragança e outras mercês que tinha do Duque, para servir ao Príncipe D. João, filho do rei D. Manuel. Depois foi a Castela e esteve algum tempo em Salamanca; e voltando a Portugal, D. João III, que já então reinava, o recebeu com muita estimação e honra porque Martim Afonso de Sousa foi um fidalgo em quem concorreram muitas partes, porque era valeroso, dotado de entendimento e talento grande». Acompanhou a rainha viúva D. Leonor a Castela. Iniciou sua carreira de homem de mar e guerra ao serviço de Portugal em 1531 na armada que o rei determinou mandar ao Brasil, nomeado desde fins 1530 em razão dos seguintes fatores: por ser primo-irmão de D. Antônio de Ataíde, membro do Conselho Real, e ter forte influência junto ao Rei. Estudou Matemática, Cosmografia e Navegação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Martim_Afonso_de_Sousa
Mapa-mundi de Diego Ribero, 1529
1531 De ordem de Martin Afonso de Sousa, Diogo Leite, reconhecendo o litoral norte do Brasil, chega à foz do Gurupi. Atribuem-se a ele os nomes de São José e São Marcos dados às baías que formam o Golfão Maranhense, pelos dias, no calendário romano, em que as tenha alcançado. Diogo Leite (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982
DIOGO LEITE, Foi un navegador português do século XVI. Durante o período compreendido entre os anos de 1526 a 1529, comandou uma caravela da armada de Cristóvão Jacques, que tinha por finalidade impedir o comércio dos franceses, nas costas do Brasil. Entre 1530 e 1532, comandou também uma caravela da armada de Martim Afonso de Sousa com a finalidade de explorar a costa brasileira. Mais tarde teve sob o seu comando duas caravelas que conseguiram chegar ao rio Gurupi, no Maranhão.
Diogo de Sordas (LIMA, Carlos de.
HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 153)
1534 D. João III estabelecimento o sistema de Capitanias Hereditárias (Regimento Castanheira). O Maranhão atual, por sua extensão litorânea do Paraíba ao Gurupi, está compreendido nas duas mais setentrionais dentre elas: a de Fernão Alvares de Andrade, com 70 léguas de costa contadas da foz do Mundau (Camocim) aos Mangues Verdes (Golfão Maranhense) e uma segunda, de João de Barros, com 50 léguas, dos Mangues Verdes à foz do Gurupi. Dividiu o território em 14 capitanias hereditárias, confiando as do norte a João de Barros e Fernando Álvares de Andrade que, associando-se a Aires da Cunha, intentaram apossar-se dela, sem resultado. Eram lotes enormes, de cerca de 350 km de largura, até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro. "Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas com os índios e a ameaçadora presença dos franceses acabaram provocando o colapso do sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil" (Eduardo Bueno, "Capitães do Brasil") 46.
46
BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999
Mapa do Império Português durante o reino de D. João III. http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_heredit%C3%A1rias
O SISTEMA DE CAPITANIAS, bem sucedido nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde, foi inicialmente implantado no Brasil com a doação da Ilha de São João (atual ilha de Fernando de Noronha), por Carta Régia de Dom Manuel I (1495 - 1521), datada de 16 de Fevereiro de 1504, que doou a Fernando de Noronha, arrendatário do contrato de exploração do pau-brasil ("Caesalpinia echinata"), constituindo a capitania de São João, sem qualquer efeito na prática, uma vez que não há notícia de sua colonização à época. Os descendentes de Noronha, entretanto, continuaram herdando o título de posse da capitania até ao seu último representante, João Pereira Pestana, em 1692. http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_heredit%C3%A1rias REGIMENTO CASTANHEIRA - O insucesso das expedições guarda-costas de Cristóvão Jacques (inclusive o sério incidente diplomático pelo qual foi responsável), assim como o aumento do tráfico de pau-brasil e outros gêneros por corsários estrangeiros, principalmente franceses no litoral do Brasil, em um momento de crise do comércio português no Oriente, foram os fatores determinantes para a iniciativa de colonização promovida pela Coroa. Após o sucesso parcial da expedição de Martim Afonso de Sousa (1530 - 1532), contando com escassos recursos financeiros e visando a incentivar ocupação da terra, por iniciativa de Dom António de Ataíde - 1° conde da Castanheira -, Dom João III doou quinze capitanias na costa do Brasil, entre 1534 e 1536. Essas doações constituíam-se em faixas de terra dispostas no sentido Leste-Oeste, entre o Oceano Atlântico e o meridiano estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_heredit%C3%A1rias JOÃO DE BARROS, chamado o Tito Lívio Português, (c. 1496 — Ribeira de Alitém, 20 de Outubro de 1570) é geralmente considerado o primeiro grande historiador português e pioneiro da gramática da língua portuguesa. AIRES DA CUNHA (Portugal, ? — litoral maranhense, 1536) foi um capitão donatário do Brasil.. Tendo recebido de João III de Portugal em 1535 a Capitania do Maranhão, associou-se a Fernando Álvares de Andrade e João de Barros, que organizaram uma expedição para colonizar a região norte do Brasil. Em novembro de 1535 a expedição aportou na Capitania de Pernambuco, onde recebeu auxílio de Duarte da Costa. Rumando para o norte, para a costa do Maranhão, um violento temporal fez naufragar a embarcação, perecendo a maior parte de seus integrantes. http://pt.wikipedia.org/wiki/Aires_da_Cunha A CAPITANIA DO MARANHÃO foi uma das subdivisões do território brasileiro no período colonial. Seu primeiro donatário foi Fernando Álvares de Andrade, que recebeu a capitania em 11 de março de 1535. Ela tinha 75 léguas de costa, estendendo-se do cabo de Todos os Santos até a foz do Rio da Cruz, cobrindo o nordeste do atual estado do Maranhão, pequena parte do Pará (onde hoje está Belém) e um extremo da Ilha de Marajó. http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_do_Maranh%C3%A3o
Capitania
Limites aproximados
Donatário
Capitania do Maranhão Extremo leste da Ilha de Marajó (PA) à foz do João de Barros e (primeira secção) rio Gurupi (PA/MA) Aires da Cunha Capitania do Maranhão Foz do rio Gurupi (PA/MA) a Parnaíba (PI) (segunda secção)
Fernão Álvares da Cunha
1535 Os dois donatários associam-se a Aires da Cunha que, à frente de uma frota de 10 navios, com 900 homens, vai tentar a conquista e colonização do Maranhão. Chegando a seu destino, a esquadra desaparece em um naufrágio, mas uns poucos sobreviventes conseguem fundar a povoação de Nazaré.
Brasão de João de Barros
Brasão de Aires da Cunha
http://www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/historia/colonia/capitania.htm
A capitania de João de Barros (intelectual, autor da "História da Índia" e"Décadas da Ásia") não foi adiante; na primeira tentativa toda a frota de 10 navios, segundo a História, perdeu-se nos baixios do Boqueirão, defronte da ilha do Medo. Contrariando essa versão, ficou-nos a notícia da existência de uma cidade, chamada Nazaré, fundada pelos sobreviventes do naufrágio, gente "que logo contraiu amizade com seus tapuias seus habitadores, assim refere o chantre da Sé de Évora, Manuel
Severino de Faria, e o comprova Antônio Galvão, nos seus "Descobrimentos do Mundo, no ano de 1531", segundo José de Sousa Gaioso, em "Compêndio Histórico-político dos Princípios da Lavoura do Maranhão".
http://joaodebarros.tripod.com/crono.htm
Para Frei Vicente do Salvador (HISTÓRIA DO BRASIL) 47, tanto nos comentários de Capistrano de Abreu (p. 120-121) quanto no Capitulo XIII, p. 159-160 “Da terra e capitania que el-rei D. João terceiro doou a João de Barros”: “No fim de 25 e cinco léguas da terra da capitania de Tamaracá (...) doou e fez mercê a João de Barros, feitor que foi da Casa da Índia, de cinquenta léguas por costa (...) armou com seus amigos Fernand’Alvares de Andrade , tesoureiro mor do reino, e Aires da Cunha, que veio por capitão da empredsa, mandando com ele dois filhos seus em uma frota de dez navios, em que vinham novecentos hpmens. (...) se partiram de Lisboa no ano de 1535; mas, desgarrando-se com as águas e ventos, foram tomar terra junto do Maranhão, onde se perderam nos baixios. “Deste naufrágio escapou muita gente, com a qual os filhos de João de Barros se recolheram a uma ilha, que então se chamava das Vacas, e agora de S. Luís, donde fizeram pazes com o gentio tapuia, que então ali habitava, resgatando mantimentos e outras cousas que lhes eram necessárias. E chegou o trato e amizade a tanto que alguns houveram filhos das tapuias, como se descobriu depois que cresceram [...] “Donde se colige que não era o Maranhão a terra que el-rei deu a João de Barros, como alguns cuidam senão esta outra que demarca pela Paraíba com a de Pero Lopes de Sousa; porque, se fora a do Maranhão havendo seus filhos escapado do naufrágio e chagado à do Maranhão com quase toda a sua gente, e achando a da terra tão benévola e pacífica, que causa havia para que não a povoassem? Prova-se também porque todas as que se deram em aquele tempo foram contíguas umas com outras, e os donatários eram uns dos outros pela ordem que vimos nos capítulos precedentes. E finalmente se confirma porque a do Maranhão foi dada a Luís de Melo e Silva, que a descobriu (...) e não devia el-rei de dar o que tinha dado a outro. Nem o mesmo João de Barros, em a primeira Década, livro sexto, capítulo primeiro, onde fala da sua capitania, faz menção do Maranhão, mas só diz que, da repartição que el-rei D. João Terceiro 47
SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Brasília: Senado Federal, 2010
fez das capitanias na província de Santa Cruz, que comumente se chama Brasil, lhe coube uma [...] E daí (depois do naufrágio...) mandou depois em outros navios buscar seus filhos [...]” No Capítulo XIV “Da terra e capitania do Maranhão que el-rei D. João Terceiro doou a Luis de Melo e Silva”, Frei Vicente de Salvador (2010, p. 161-162) descreve “o Maranhão” como uma grande baía que fez o mar, entre a ponta do Pereá e a do Cumá, tendo no meio a ilha de S. Luis, onde esteve Aires da Cunha, quando se perdeu com a sua armada e os filhos de João de Barros (capítulo precedente): “[...] No tempo que se começou a descobriri o Brasil, veio Luis de Melo da Silva, filho do alcaide-mor de Elvas, como aventureiro, em uma caravela a correr esta costa, para descobrir alguma boa capitania, que pedir a el-rei e não podendo passar de Pernambuco, desgarrou com o tempo e água e se foi entrar no Maranhão, do qual se contentou muito, e tomou língua do gentio, e depois na Margarita de alguns soldados que haviam ficado da companhia de Francisco de Orelhana, que como testemunhas de vista muito lhe gabaram e prometeram haveres de ouro e prata pela terra adentro. “Do que movido Luís de Melo se foi a Portugal pedir a el-rei aquela capitania para a conquistas e povoar e, sendo-lhe concedida, se fez prestes em a cidade de Lisboa partiu dela em tres naus e duas caravelas, com que chegando ao Maranhão se perdeu nos parcéis e baixos da barra, e morreu a maior parte da gente que levava, escapando só ele com alguns em uma caravela, que ficou fora de perigo, e dezoito homens em um batel, que foi ter à ilha de Santo Domingo [...] “Depois de Luís de Melo ser em Portugal se passou à Índia, onde obrou valorosos feitos e, vindo-se para o Reino muito rico e com a intensão de tornar a esta empresa, acabou na viagem em a nau S. Francisco, que desapareceu sem se saber mais novas dela. Não houve quem tratasse mais do Maranhão, o que visto pelos franceses lançaram mão dele, como veremos em o livro quinto”. Frei Vicente do Salvador informa, ainda, que seu pai esteve nessa viagem de Luís de Melo: “se embarcou então para o Maranhão e depois para esta baia, onde se casou e me houve e a outros filhos e filhas” (p. 162): “João Rodrigues Palha, escudeiro fidalgo da geração dos Palhas do Alentejo, emigrou por desgostos domésticos, à procura de melhor fortuna, por ser pouco grão para sustentar a família. Seu compatriota Luís de Melo da Silva armava uma expedição para as terras brasílicas, aonde lhe fora doada uma capitania. Nela alistou-se, partiu em junho de 1554 e naufragou dia de S. Martinho, 11 de novembro, nas espacéis e baixos do Maranhão. Das três naus, duas caravelas da armada salvaram-se apenas uma caravela e um batel, em que dezoito pessoas aportaram a São Domingos. Foi uma delas. [...] Como se saiu da ilha ignoramos [...] devia ter tornado à pátria [...] afrontou novamente os mares, deu consigo na Bahia de Todos os Santos, estabeleceu-se em seu reconcavo, casou, teve tres filhos. Chamou-se o mais velho de Vicente Rodrigu8es Palha, o nosso autor. [...]” (p. 35, Nota Preliminar de J. Capistrano de Abreu).
‘Quanto à Nazaré, se de fato existiu, não vingou; Bernardo Pereira de Berredo, nos "Anais Históricos do Estado do Maranhão", estranha que, decorridos apenas oitenta anos, a expedição de Jerônimo de Albuquerque não haja encontrado vestígios desse sítio, o que não impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser verídica sua existência, esposando a tese de ter São Luís48 origem lusa e não francesa.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Capitanias.jpg
1536 O embaixador de Carlos V em Lisboa, Luis de Sarmiento escreve em 15 de julho que assim aquela armada (João de Barros e Aires da Cunha) foi dar ao Maranhão e saltaram em uma ilha junto ao rio e dizem que foram bem recebidos da gente que ali habitava e pusera-lhe nome, à dita ilha, de Trindade e empregaram-se a edificar um lugar e um castelo e puseram nome àquele lugar Nazaré. ( (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
1538 Discutem os historiadores onde teria sido localizada Nazaré que, todavia não sobreviveu há três anos. Simão da Silveira, em sua "Relação Sumária das Coisas do Maranhão", publicada em 1624, dá o testemunho de ter visto na ponta do Bonfim, na ilha de São Luís, as ruínas de um forte que teria sido construído para a defesa dessa povoação. 1542 Afonso de Xaintrogeois (Afonso de Saintongeois? (LIMA,
Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 172-173; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982) –
48 O nome da cidade é uma homenagem dada pelos franceses ao Rei da França Luís IX também chamado de São Luís. O rei Luís IX ficou popular porque durante seu reinado, a França teve um excepcional poder político, econômico, militar e cultural, conhecido como o "o século de ouro de São Luís". Houve um grande desenvolvimento da ju stiça real, passando o monarca a representar o juiz supremo. Assim os franceses em homenagem a este rei puseram o nome São Luís na nova cidade. http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_(Maranh%C3%A3o)
1548 D. João III criou o Governo Geral, com sede na Bahia, com o objetivo de coordenar a colonização, dando apoio aos donatários, mas não extinguindo o sistema. No seculo XVII para estimular a ocupação do Maranhão utilizou-se o mesmo sistema.
Carta de Jean Rotz (Boke of Idrography, 1542). http://pt.wikipedia.org/wiki/Johne_Rotz
1549 implantado o Governo Geral do Brasil e nomeado para exercê-lo Tomé de Sousa. O regime que vigorou até 1640, quando o Brasil foi elevado à categoria de vice-reino. TOMÉ DE SOUSA (Rates, 1503 — 1579) foi um militar e político português, governadorgeral do Brasil, quando este atendia por colônia do Brasil, chegado em 1549.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A9_de_Sousa 1554 novas tentativas de colonização do Maranhão, feitas por Luís de Melo da Silva segundo donatário do Maranhão (sic), não foi mais feliz; enquanto isso, os franceses, ingleses e holandeses estabeleciam nas costas abandonadas suas feitorias para o negócio do pau-brasil, âmbar etc., com os índios. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o ; 1555 novas tentativas pelos filhos de João de Barros, João e Jerônimo de Barros 49. 1565 Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro; Mem de Sá, o terceiro governador-geral do Brasil, normalisou os costumes, (1557-1572), envia o seu sobrinho Estácio de Sá
49 MAIA, G. (1998). A capitania do Rio Grande. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web: <URL: www.seol.com.br/rnnaweb/> CASCUDO, Luís da Câmara. HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE. 2 ed. Rio de Janeiro: Achiamê; Natal: Fundação José Augusto, 1984. SUASSUNA, Luiz Eduardo B. & MARIZ, Marlene da Silva. História DO RIO GRANDE DO NORTE COLONIAL (1597/1822). Natal: Natal Editora, 1997. http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/capitania-do-rio-grande/ http://www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/historia/colonia/capitania.htm http://tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_16g.htm http://www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/historia/colonia/capitania.htm; SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Brasília: Senado Federal, 2010.
para expulsar os franceses de Nicolas Durand de Villegagnon da baía de Guanabara. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o 1570 o Brasil foi dividido em dois governos; o do Norte, sob a direção de D. Luís de Brito; o do Sul sob o Doutor Antonio Salema. 1572 o governo portugues resolveu dividir a administração central em duas: a de Salvador – Luis de Brito - e a do Rio de Janeiro – Antonio Salema. 1578 terminada a experiencia com dois governos, assumiu na Bahia o governador-geral Lourenço da Veiga. Nesse governo que Riffault se estabalece no Maranhão, em 1584, segundo Wehling e Wehling (1994, p. 75)
O "Theatrum Orbis Terrarum" ("Teatro do Globo Terrestre") de Abraham Ortelius, publicado em 1570 em Antuérpia, considerado o primeiro atlas moderno, resultado das intensas explorações marítimas. Teve 31 edições , em 7 idiomas diferentes: Latim, holandês (1571), alemão (1572), francês (1572), castelhano (1588), inglês (1606) e italiano (1608) http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos
Abraham Ortelius (Abraham Ortels) (Antuérpia, 2 de abril de 1527 - 28 de junho, 1598) foi um cartógrafo e geógrafo flamengo, considerado o criador do primeiro Atlas moderno, o Theatrum Orbis Terrarum. http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Ortelius
Mapa da América do Sul de 1575 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Map_of_South_america_1575.jpg
1579 - Revela-se - por indicações no Globo terrestre de Jacques de Vau de Claye (1583), um plano para uma campanha de conquista da costa brasileira compreendida entre a foz do rio Amazonas e a do rio São Francisco, idealizado por Catarina de Médicis e que não teve seqüência devido à morte prematura de Filippo Strozzi, no desastre dos Açores, em 1582. FILIPPO STROZZI (Florença, 1541 — no mar, frente a Vila Franca do Campo, 27 de Julho de 1582), também referido por Philippe Strozzi ou Filipe Strozzi, nobre florentino, da poderosa família Strozzi, que ao serviço de França foi senhor de Epernay e de Bressuire e coronel general do exército francês. Comandou as forças franco-portuguesas na batalha naval de Vila Franca do Campo, onde perdeu a vida. Era grande amigo do escritor Pierre de Bourdeille, senhor de Brantôme (1540-1614), que o acompanhou na expedição aos Açores. http://pt.wikipedia.org/wiki/Filippo_Strozzi
Globo terrestre de Jacques de Vau de Claye, 1583. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_de_Vau_de_Claye Le Brésil (1579)
JACQUES DE VAU DE CLAYE (nascido no século XVI) foi um cartógrafo do Renascimento. Trabalhou em Dieppe, na França. Pouco se sabe acerca deste cartógrafo além da época em que viveu e de duas de suas obras, inscritas nos denominados "Mapas de Dieppe". http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_de_Vau_de_Claye
Mapa atualmente na Biblioteca Nacional da França em Paris. Assinado e datado no interior de uma bandeira, este mapa foi feito em Dieppe. Os traços são inspirados nas cartas portuguesas, mas as legendas estão em francês, esclarecendo sobre diversos aspectos. Como carta náutica, indica os baixios, recifes e baías; como carta econômica, os gêneros da terra em seus lugares, comentados: o ouro, o âmbar-gris, o pau-brasil, o açúcar e o algodão; como carta demográfica, a localização das tribos indígenas e suas aldeias, com os seus hábitos antropofágicos explicados; as Amazonas situadas próximo ao Marañón encontra-se descritas; como carta de aspectos naturais, os pássaros de cobiçadas plumagens e os macacos estão localizados. Esta carta, entretanto, parece indicar outro objetivo: um semicírculo nela traçada delimita um território de dez mil indígenas para fazer guerra aos portugueses. O objetivo dela, assim, será também militar, o que é indicado pela bandeira dos Strozzi, que parece dominar o conjunto.
DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA SEGUNDO PERÍODO – 1580 A 1640 – UNIÃO IBÉRICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ IHGM - Cadeira 40 DELZUITE DANTAS BRITO VAZ CEM “LICEU MARANHENSE”
Rotas comerciais portuguesas de Lisboa a Nagasaki entre 1580-1640 (azul). E a rota comercial espanhola estabelecida em 1565, o chamado galeão de Manila (branco) http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Portugu%C3%AAs
1580-1640 Dinastia Filipina em Portugal (período da chamada "União Ibérica") 50
Territórios da Casa de Habsburg ao tempo de Filipe II http://www.culturabrasil.org/holanda.htm A DINASTIA FILIPINA ou Dinastia de Habsburgo (igualmente conhecida por Terceira Dinastia, Dinastia dos Áustrias ou Dinastia de Espanha) foi a dinastia real que reinou em Portugal durante o período de união pessoal entre este país e a Espanha, isto é, em que o Rei de Espanha era simultaneamente o Rei de Portugal. Os três reis da dinastia filipina pertenciam à Casa de 50 Ver também http://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_de_sucess%C3%A3o_de_1580
Habsburgo e governaram em Portugal entre 1580 e 1 de Dezembro de 1640. Foram: Filipe I de Portugal e II de Espanha r. 1580-1598; Filipe II de Portugal e III de Espanha r. 1598-1621; Filipe III de Portugal e IV de Espanha r. 1621-1630. A dinastia filipina subiu ao trono português na crise sucessória de 1580, aberta com o desaparecimento de Sebastião de Portugal na batalha de AlcácerQuibir sem descendentes, e com a derrota do legítimo sucessor, o seu tio-avô o Cardeal-Rei D. Henrique, igualmente sem descendência quando morreu. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinastia_Filipina
1570-72 Ao descrever as migrações dos Tupinambá51, Caeté e Potiguar do litoral de Pernambuco e da Bahia para o Maranhão, Fernandes (1989), argumenta que ao fugirem dos portugueses que ocupavam estas regiões, estes grupos se aliaram e no trajeto percorrido a partir de 1570-72, ocuparam diversas áreas do interior e litoral “A composição dessas migrações é perceptível na distribuição dos emigrantes nas terras do Maranhão e do Pará, conquistadas aos Tapuias, seus antigos senhores. Os Tupinambá abandonaram a zona do Ibiapaba, e localizaram-se na Ilha do Maranhão. Os Potiguar continuaram a viver ali. Em virtude do rompimento dos laços de solidariedade, os dois grupos tribais tornaram-se inimigos designando-se reciprocamente como Tabajara.” (1989, p. 43, grifos nossos). Em virtude disso, os grupos que se fixaram na serra da Ibiapaba ficaram conhecidos nos registros históricos como Tabajara. Nesta região, viviam ainda inúmeros grupos tapuias, tais como Tacarijú, Quitaiaiú, Ocongá, Caratiú, Reriiú (Areriú), Acriú, Anacé, Aconguassu (Acoanssu), que eram de certa foram subordinados aos Tabajara. Ainda no século XVII, após as invasões holandesas, centenas de índios Potiguara da Paraíba e Pernambuco, convertidos ao calvinismo, buscaram refúgio na Ibiapaba, até então, uma área livre do controle português. No século XVIII quando os padres jesuítas conseguem finalmente instalar uma missão na serra da Ibiapaba esta vai ser composta por uma variedade de etnias indígenas, muitas vezes citadas na documentação como Tabajara (Cf. Barros, 2001). Essa população aldeada vai sendo incorporada ao projeto colonial paulatinamente, destacando-se a sua utilização como mão-de-obra agrícola e fornecimento de tropas para combater índios rebeldes e invasões estrangeiras. A associação entre o etnônimo Tabajara e as populações nativas da serra da Ibiapaba vai se costurando nesse processo, de modo que, nos séculos seguintes serão tratados em muitos textos quase como sinônimos. Com a elevação das aldeias missionárias à categoria de vilas de índios a partir de 1759, registram-se na capitania do Ceará uma grande dispersão dos índios aldeados, em virtude das novas condições de trabalho, ditadas pelos diretores civis que substituíam os padres (Porto Alegre, 1992, p. 203-208). Na Ibiapaba, as aldeias missionárias constituirão as vilas de Viçosa, São Benedito e Ibiapina, que serão registradas como lugares habitados por índios até o século seguinte (Porto Alegre, 1992; 2004). http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabajara_(Cear%C3%A1)
1576 Catarina de Médicis52 confia a seu primo Filipe Strozzi53 a organização de missões ao Brasil, que seriam dirigidas por Jean de Coquigny e Jacques Dês Vaux 51
CUNHA, Manuela Carneiro da. (org.) História dos índios no Brasil, 2ª ed., São Paulo: Cia. Das Letras/ Secretaria Municipal de Cultura/FAPESP, 1998 OLIVEIRA, João Pacheco de (org.). A viagem da volta: etnicidade, política e reelaboração cultural no Nordeste indígena. Rio de Janeiro: Contracapa. 1999. DANTAS, Beatriz Gois (Orgs.). Documentos para a história indígena no nordeste : Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe. São Paulo : USP-NHII/FAPESP, 1994. PORTO ALEGRE, Maria Sylvia. Aldeias indígenas e povoamento no Nordeste no final do século XVIII : aspectos demográficos da "cultura do contato". (Trabalho apresentado no GT "História Indígena e do Indigenismo", no XVI Encontro Anual da ANPOCS, Caxambú-MG, 1992) 52 CATERINA MARIA ROMOLA DI MEDICI (13 de abril de 1519 - 5 de janeiro de 1589) foi rainha consorte francesa de origem italiana. http://pt.wikipedia.org/wiki/Catarina_de_M%C3%A9dicis 53 FILIPPO STROZZI (Florença, 1541 — no mar, frente a Vila Franca do Campo, 27 de Julho de 1582), também referido por Philippe Strozzi ou Filipe Strozzi, nobre florentino, da poderosa família Strozzi, que ao serviço de França foi senhor de Epernay e de Bressuire e coronel general do exército
54 (MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. OS FRANCESES NO MARANHÃO – La Ravardiére e a França Equinocial (1612-1615). São Luis: Geia, 2011) 55.
(Jacques de Vau de Claye)
Os portos franceses na Normandia, especialmente o de Rouen e Dieppe, onde no século XVI estava estabelecida uma indústria têxtil florescente que se tornava a principal atividade econômica que competia com Portugal pelo mercado brasileiro. Atentos à presença de vastas florestas com "Pau Brasil" (usado no tingimento de tecidos) no litoral brasileiro, os franceses logo estabeleceram relações comerciais com os indígenas. A primeira viagem data de 1503-1504, quando a embarcação "Espoir" chegou às costas brasileiras. Após este primeiro contato, multiplicaram-se as expedições. Em 1531, dois navios franceses e 120 homens sob o comando de Jean Dupéret, aportaram nas costas brasileiras. Na ilha de Santo Aleixo (próximo de Recife), chamada pelos franceses de "Ile Saint-Alexis", eles construíram um forte e uma feitoria comercial. Esta feitoria francesa teve vida breve. Os portugueses capturaram os navios franceses na sua viagem de volta à Europa e em dezembro de 1531 sitiaram o forte francês até a rendição. Os franceses fizeram três outras tentativas para se estabelecerem no Brasil. A primeira delas foi no Rio de Janeiro (15551560), a segunda em Ibiapaba-Ceará (1590-1604), e a terceira em São Luís do Maranhão (16121615). http://www.colonialvoyage.com/pt/america/brasil/franceses.html 56
1579/1583 Brasil objeto de discussões entre o Prior do Crato57 e Catarina. A rainha-mãe francesa decidiu apoiar o Prior do Crato, neto de D. Manuel, outro candidato ao trono português, em detrimento de Felipe II, então Felipe I de Portugal. O contrato era claro: o Prior ficaria com Portugal e a França com o norte do Brasil. (MARIZ; PROVENÇAL, 2011).
francês. Comandou as forças franco-portuguesas na batalha naval de Vila Franca do Campo, onde perdeu a vida. Era grande amigo do escritor Pierre de Bourdeille, senhor de Brantôme (1540-1614), que o acompanhou na expedição aos Açores. http://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_Strozzi 54 JACQUES DE VAU DE CLAYE (nascido no século XVI) foi um cartógrafo do Renascimento. Trabalhou em Dieppe, na França. Pouco se sabe acerca deste cartógrafo além da época em que viveu e de duas de suas obras, inscritas nos denominados "Mapas de Dieppe". http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_de_Vau_de_Claye . Paris, BNF, Cartes et Plans, Rés. Ge D 13871. 45 X 59 cm. Délimitant par un demi-cercle le territoire de "10 000 saulvages pour fere la guerre aux Portugais", ce portulan pourrait être le plan de campagne d'une expédition confiée en 1581 par Catherine de Médicis à son cousin Philippe Strozzi pour conquérir toute la côte brésilienne comprise entre l'Amazone et le rio de São Francisco (Bahia). Arrêtée aux Açores par une flotte espagnole, l'expédition fut détruite. Cette carte préparatoire nous offre l'inventaire des ressources naturelles (or, ambre gris, bois de brésil, sucre et coton), des espèces animales (singes, oiseaux) et des tribus indiennes - ainsi les amazones sont-elles situées près du Marañon - d'un pays qui fut convoité pour ses richesses autant réelles qu'imaginaires. http://expositions.bnf.fr/utopie/grand/2_31.htm 55 MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. OS FRANCESES NO MARANHÃO – La Ravardiére e a França Equinocial (1612-1615). São Luis: Geia, 2011 56 ROMERINI, Marco. OS FRANCESES NO BRASIL: SAINT-ALEXIS, RIO DE JANEIRO, IPIAPABA E SÃO LUÍS DO MARANHÃO. http://www.colonialvoyage.com/pt/america/brasil/franceses.html 57 D. ANTÓNIO DE PORTUGAL (Lisboa, 1531 – Paris, 26 de Agosto de 1595), mais conhecido pelo cognome de o Prior do Crato (e, mais raramente, como o Determinado, o Lutador ou o Independentista, pela ênfase posta no recobro da independência de Portugal), foi filho do Infante D. Luís e neto de D. Manuel I, pretendente ao trono durante a crise sucessória de 1580 e, segundo alguns historiadores, rei de Portugal (durante um breve espaço de tempo em 1580, no continente, e desde então, até 1583, reconhecido como rei nos Açores). Não consta geralmente na lista de reis de Portugal, contudo há quem considere que seria historicamente correto incluí-lo nela, pois não só foi aclamado rei como teria reinado de fato, durante um curto período. Porém a maioria da historiografia, tanto em Portugal como a nível internacional, continua a caracterizá-lo apenas como um dos pretendentes ao trono em 1580, e assim, no ensino português, não lhe é atribuída a ordem de décimo-oitavo rei de Portugal. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_de_Portugal,_Prior_do_Crato
1579 Jacques de Vaux de Clayes, sob ordem de Strozzi, investigou a costa brasileira e elaborou mapas que completavam aqueles de Desliens 58, Desceliers59 e Le Testu60. 58
NICOLAS DESLIENS (nascido no século XVI) foi um cartógrafo francês do Renascimento. Trabalhou em Dieppe, na França. Pouco se sabe acerca de sua biografia além da época em que viveu e de algumas de suas obras, inscritas nos denominados "Mapas de Dieppe". http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicholas_Desliens 59 PIERRE DESCELIERS (~1500 — ~1558) foi um cartógrafo francês do Renascimento. É considerado como o "pai" da hidrografia francesa. Pouco se conhece acerca da sua vida. Acredita-se que tenha nascido em Arques-la-Bataille por volta de 1500. Entretanto, outras fontes apontam a data de 1483, o que parece pouco provável, haja vista a data da criação dos seus mapas. O seu pai era um arqueiro no Castelo de Arques e é possível que a família seja oriunda do país do Auge, onde o seu nome sobrevive entre Honfleur e Pont-l'Évêque. Sabe-se que Desceliers foi ordenado padre, e residiu em Arques. Foi ainda examinador dos pilotos marítimos, autorizado a outorgar as licenças em nome do soberano, como o testemunha um selo descoberto, com as suas iniciais. Lecionava também, acredita-se, hidrografia. Confeccionou para o duque de Guise uma carta hidrográfica das costas da França. Era próximo de Jean Ango e do círculo dos exploradores de Dieppe - entre os quais Giovanni da Verrazano e os irmãos Parmentier -, aparente não realizou viagens próprias de exploração. Encontrava-se, entretanto, em posição de coletar um sem-número de informações e de portulanos, os quais compilou em suas cartas. Uma fecunda escola de cartografia formou-se, desse modo, ao seu redor, notadamente Nicolas Desliens. Acredita-se que Desceliers faleceu em Dieppe por volta de 1558. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Desceliers 60 GUILLAUME LE TESTU (Le Havre, Normandia, c. 1509 – Panamá, 31 de Março de 1573) foi um navegador, cartógrafo e corsário francês do Renascimento. Fez os seus estudos de navegação no porto de Dieppe, vindo a tornar-se piloto de uma embarcação durante uma viagem de exploração francesa à costa do Brasil em 1551, na qual veio o cosmógrafo franciscano André Thevet. Na ocasião reconheceu a costa do Brasil desde a latitude de 26º sul até à altura da actual São Francisco do Sul, então denominada "Porto Novo dos Franceses". Conduziu ao Brasil, em seguida, a expedição de Nicolas Durand de Villegagnon, que fundou uma colónia francesa na baía de Guanabara em 1555. Em abril de 1556 retornou a Le Havre com uma carta de Villegagnon requisitando mais colonos. Nesse ano foi indicado como Piloto Real, e presentou o rei Henrique II de França com um atlas composto por cinquenta e seis cartas, dedicado ao almirante Gaspard de Coligny. Acredita-se que retornou com os três navios de reforços enviados à França Antártica por aquele almirante em Novembro de 1556, embora o seu nome não seja referido pelo pastor hugenote Jean de Léry ("Histoire d'un voyage fait en la Terre du Brésil, autrement dite Amérique, en 1557"). Le Testu retornou à França em fins de 1559, provavelmente conduzindo o próprio Villegagnon. Partiu em seguida para a costa da África e para a América do Norte, sem que se saiba ao certo se essa foi uma viagem para o comércio triangular de escravos, atividade econômica que começava a ganhar força, à época. As observações feitas nesse período, assim como as que obteve de outros navegadores, levaram-no, em 1566, a redesenhar um planisfério que apresenta importantes progressos sobre os seus portulanos de dez anos antes, notadamente no que concerne ao continente austral, a propósito do qual rejeitou várias das legendas anteriores. Com a sua nova carta concluída, Le Testu saiu a combater, a partir de 1567 pelos Huguenotes durante as Guerras de religião. Em 1568, foi capturado no mar pelos católicos espanhóis, permanecendo encarcerado até 1572 em Middelbourg, na Flandres. Um florentino estabelecido na França, como Giovanni da Verrazano, Filippo Strozzi advogou a sua causa junto a Catarina de Médici. Em Junho de 1571, Carlos IX de França escreveu a seu primo, Filipe II da Espanha, pedindo a libertação do navegador francês, o que finalmente foi obtido, conforme demonstra um informe do secretário do duque de Alba, datado de 30 de Janeiro de 1572. Strozzi conhecia bem a experiência e as habilidades de Le Testu, e, à época, planejava uma grande expedição às Índias Ocidentais (informações espanholas coevas confirmam esse projeto francês), para onde enviou Le Testu em missão de reconhecimento. Para esse fim, Le Testu recebeu o comando de uma nau de guerra francesa de oitenta toneladas, tripulada por setenta homens. Dirigindo-se à região do Caribe encontrou Sir Francis Drake na Primavera seguinte (Abril de 1573) ao largo do Panamá. Le Testu é o autor de um atlas-portulano com cinquenta e seis mapas (Cosmographie Universelle selon les navigateurs, tant anciens que modernes, 1555–1556), integrante dos denominados "Mapas de Dieppe". Neste atlas, baseado numa coleção de cartas portuguesas, espanholas e francesas atribuída ao almirante Gaspard de Coligny (a quem a obra é dedicada), incluiu um continente austral referindo: "não imaginário embora ninguém o tenha encontrado". Esses mapas apresentam grande variação em sua precisão e encontram-se ilustrados com habitantes, animais e plantas, muitos dos quais imaginários.
A missão de dês Vaux de Clayes foi assim definida: “Nesse recinto de uma meia circunferência que vai do cabo Inglês, junto a Pernambuco, até o rio da Cruz, alistei dez mil selvagens para combater os portugueses”. (MARIZ; PROVENÇAL, 2011)
Globo terrestre (Jacques de Vau de Claye, 1583). http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapas_de_Dieppe Mapas de Dieppe - uma série de mapa-múndi produzidos na cidade de Dieppe, na França, nas décadas de 1540, 1550 e 1560. São mapas de grandes dimensões, manuscritos, elaborados para grandes senhores e patronos reais, entre os quais Henrique II de França e Henrique VIII de Inglaterra. A escola de cartografia de Dieppe compreende nomes como os de Guillaume Le Testu, Jacques de Vau de Claye, Johne Rotz, Nicholas Desliens e Pierre Desceliers. Ao longo do século XVI, o apoio à expansão marítima no reino começou a registrar acentuado declínio, em função da guerra contra o Imperador Carlos V. Os problemas internos que se avolumam na França em função da Reforma Protestante, colocaram frente a frente os partidários da Liga Católica e os huguenotes, mergulhando o país numa sangrenta guerra religiosa (15611598). Os conflitos consumiram a maior parte dos recursos públicos e privados, sustando o próspero desenvolvimento náutico vivido até então. http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapas_de_Dieppe
Os portugueses canhonearam quatro naus normandas na Paraíba, quatro de La Rochelle em Pernambuco, quatro outras no Rio; um forte construído na Paraíba também foi destruído. (MARIZ; PROVENÇAL, 2011) 1581 Martim Afonso de Sousa ordena a Diogo Lopes a exploração do Maranhão 1582 Vau de Claye (Jacques de Vau de Claye) esteve no Amazonas (MEIRELES,
Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
1584 Vau de Claye (Jacques de Vau de Claye) volta ao Amazonas acompanhando Jean de Coquigny, embarcado em navio de Guillaume de Héricy de Potpierre (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
- a Liga dos Católicos, partido extremista de Henri de Guise abandona o Brasil a Felipe II de Espanha. (MARIZ; PROVENÇAL, 2011) Os GUISE foram, na França, uma poderosa família ducal católica com muita influência ao longo do século XVI. Tiveram grande influência na formação da Liga Católica (conhecida como Santa http://pt.wikipedia.org/wiki/Guillaume_Le_Testu (grifos nosso).
Liga) e tiveram participação direta em várias Guerras de Religião, sobretudo ao influenciar o rei Carlos IX e Catarina de Médicis para o massacre da noite de São Bartolomeu. A Casa dos Guises foi fundada como um ramo colateral da Casa de Lorena por Claude I de Lorena (1496-1550), que recebeu o título de duque de Guise pelas mãos de Francisco I de França. A filha de Claude, Maria de Guise (1515-1560), casou-se com o rei Jaime V da Escócia e foi mãe da rainha Maria Stuart. A linha principal da casa se extinguiu em 1688, mas persistiu em ramificações, atualmente, assim como pelos monarcas ingleses, descendentes da Casa de Stuart. Os Guise também foram, na França, uma família tradicionalmente católica, a quando HENRI GUISE quis acabar com o Calvinismo na França. Seu assassinato causou ataques católicos sobre os huguenotes franceses e sua cultura. http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Guise
1587 Noticia do Brasil ou Tratado Descritivo do Brasil é uma das obras capitais do século XVI sobre o Brasil, escrita por Gabriel Soares de Sousa61. Ou ainda: Descrição verdadeira de todo o Estado pertencente à Coroa de Portugal, da fertilidade dessa província, de todas as aves, animais, peixes, bichos, plantas, que nelas há, e dos costumes dos seus naturais.". Relaciona os locais do litoral do Rio Grande do Norte à época frequentados pelos franceses, sendo o principal porto o rio Potengi, onde também se detinham navios ingleses. Naquele ancoradouro se procediam aos reparos necessários nas embarcações e obtinham-se provisões frescas ("refrescos"). De acordo com Frei Vicente do Salvador, no Rio Grande os "franceses iam comerciar com os potiguares, e dali saíam também a roubar os navios que iam e vinham de Portugal, tomando-lhes não só as fazendas mas as pessoas, e vendendo-as aos gentios para que as comessem"62. O topônimo "Refoles" (outrora "nau de Refoles"), coincidente com o trecho do Potengi onde atualmente se ergue a Base Naval de Natal, recorda a presença na região, do francês Jacques Riffault. http://pt.wikipedia.org/wiki/Not%C3%ADcia_do_Brasil; http://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%B5es_francesas_do_Brasil
1590-1604 sob o comando de Adolf Montbille (o "corsário Mambille" para os colonizadores portugueses), uma expedição francesa se estabeleceu em Ibiapaba63 (Viçosa-Ceará)64, onde os franceses fundaram uma feitoria e um forte ("Fort Saint 61 GABRIEL SOARES DE SOUSA (Portugal, década de 1540 — Bahia, 1591) foi um agricultor e empresário português, e um estudioso e historiador do Brasil. Foi para o Brasil entre os anos de 1565 e 1569. Na Bahia estabeleceu-se como colono agrícola. Ali casou e prosperou a ponto de nos 17 anos de estada se fazer senhor de um engenho de açúcar, e abastado, como do seu testamento se depreende. Ganhando com a fortuna posição, foi dos homens bons da terra e vereador da Câmara de Salvador. Faleceu no final de 1591, perto das cabeceiras do rio Paraguaçu. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gabriel_Soares_de_Sousa 62 http://pt.wikipedia.org/wiki/Not%C3%ADcia_do_Brasil 63 A Serra da Ibiapaba, também conhecida como Serra Grande, Chapada da Ipiabapa e Costa da Ibiapaba, é uma região montanhosa que se localiza nas divisas dos estados do Ceará e Piauí. Uma região atraente em riquezas naturais que já era habitada por diversas etnias indígenas. Os povos que viviam já negociavam diversos produtos naturais com povos europeus, tais como os franceses, antes mesmos da chegada dos portugueses. A cidade mais antiga da serra é Viçosa do Ceará, que foi colonizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus no século XVIII. http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Ibiapaba 64 Viçosa do Ceará é o primeiro município criado na Serra da Ibiapaba, inicialmente habitada por índios Tabajaras pertencentes ao ramo Tupi, anacé, arariú e croatá do ramo Tapuia. Viçosa foi antiga aldeia de índios dirigida por padres da Companhia de Jesus. Foi desbravada ao findar o século XVI, quando do contato dos índios com os franceses, vindos do Maranhão entre 1590 e 1604, data em que foram expulsos por Pero Coelho de Sousa, quando este fazia tentativas de colonização portuguesa no Ceará. http://pt.wikipedia.org/wiki/Vi%C3%A7osa_do_Cear%C3%A1
Alexis"), e comercializavam "pau brasil" com os índios Tabajaras65 que habitavam o núcleo comercial francês. Os franceses viveram em paz com os indígenas por 14 anos, mas em 1604 uma expedição portuguesa chefiada por Pero Coelho atacou a colônia e após uma batalha violenta, forçaram os franceses a se renderem. http://pt.wikipedia.org/wiki/Feitoria_da_Ibiapaba 1591 Gabriel Soares de Sousa115 (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
1594 Jacques Riffault estabelece em Upaon-açu (ilha de São Luís) uma feitoria, deixando-a a cargo de seu compatriota Charles dês Vaux, que havia conquistado a amizade dos silvícolas, e tinha inclusive o domínio da língua nativa (para WEHLING e WEHLING, 1994, p. 75, teria sido em 1584); Capistrano de Abreu in SALVADOR, 2010, p. 254 servindo-se de Abbeville conta que Riffault partiu com tres navios para o Brasil em 1594 (Mariz e Provençal trazem a data de 15 de março), disposto a fazer conquistas com o auxílio de Ouirapiue, Pau Seco. Seu principal navio encalhou; dissensões e desarmonias privaram-no no outro; reduzido a um só, abaixou muitos companheiros em terra e voltou para França. Por sua vez Feliciano Coelho anuncia apenas que dera a costa um navio de Rifoles. Devia ter sido seu companheiro o língua Migan, morto na batalha de Guaxinduba depois de ter escapado quatorze vezes das mãos dos portugueses). Dês Vaux, indo à França, provocou a vinda de Daniel de La Touche, mandado por Henrique IV numa viagem de reconhecimento do terreno. Não obstante ter sido o rei assassinado nesse meio-tempo, e entusiasmado La Touche com a terra, conseguiu com Maria de Medicis, regente na menoridade de Luís XIII, concessão para estabelecer uma colônia ao sul do Equador, 50 léguas para cada lado do forte a ser construído. O Golfão Maranhense fez-se abrigo preferido de piratas normandos. 1595 Jean Noyer, aliado ao inglês John Lancaster, conquista Pernambuco, onde o francês perdeu a vida; mais tarde, Le Tremblade, Lecoq e Portel investiram nas costas brasileiras. Charles de Scudéry, fidalgo de Provence pilhou a costa nordestina com 80 piratas (MARIZ; PROVENÇAL, 2011) 1596 o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Capitão Guérard armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste – estabelecendo com regularidade as visitas à terra, de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo Meireles (1982, p. 34) traz também Du Manoir em Jeviré; David Migan, natural de Vienne, no Delfinado, que há tanto já vivia em Upaon-Açú; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Guérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil. (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
65 Tabajaras pertencentes ao ramo Tupi, anacé, arariú e croatá do ramo Tapuia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Vi%C3%A7osa_do_Cear%C3%A1
1597 Jean Guérad, comandante de Le Dauphin e Le Poste, organizou uma ligação regular entre o Porto de Dieppe e o Maranhão. No seu relatório enviado ao rei, concluiu pela possibilidade de uma implantação permanente francesa na região, o que aconteceria em 1612. A tentativa de Guérard recebera autorização legal do Parlamento de Rouen, por decisão de 27 de agosto de 1567, confirmada a 28 de julho de 1603. - concedida ao capitão de mar e guerra Toussait Conen de la Villaudoré subsídio de 60 mil libras para fretar uma esquadra de sete navios. A Guerra Luso-Holandesa66 começou com um ataque a São Tomé e Príncipe. Foi travada pelas Companhias Holandesas das Índias Orientais e Ocidentais, com o objectivo de tomar as redes de comércio portuguesas de especiarias asiáticas, escravos da África ocidental e açúcar do Brasil. Após vários confrontos no oriente e no Brasil, começaram os ataques nos postos comerciais da costa oeste africana, visando assegurar escravos para a produção de açúcar em territórios conquistados no Brasil. Em 1638 os holandeses tomaram o Forte de São Jorge da Mina, seguindo-se Axim (1642) no golfo da Guiné, e Luanda em 1641
Mapa dos Impérios Espanhol e Português conjuntos em 1598. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Philip_II%27s_realms_in_1598.png
1599 Henrique IV67 enviou Toussaint Couée de la Villaudiére ao Rio Grande do Norte, onde já se encontrava Riffault. Derrotado por portuguêses na tentativa de
66 Travada de 1595 a 1663, caracterizou-se principalmente pelas invasões das companhias majestáticas holandesas aos territórios do império português nas Américas, África, Índia e extremo oriente. Os confrontos foram iniciados durante a dinastia Filipina, a pretexto da Guerra dos Oitenta Anos, travada então, na Europa, entre a Espanha e os Países Baixos. Portugal foi envolvido no conflito por estar sob a coroa Espanhola dos Habsburgos, durante a chamada União Ibérica, mas os confrontos ainda perduraram, mesmo vinte anos após a Restauração da Independência (1640). http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Luso-Holandesa 67
HENRIQUE IV DE BOURBON (Pau, 13 de Dezembro de 1553 - Paris, 14 de Maio de 1610), chamado o grande (em francês: le grand), foi o primeiro rei de França pertencente à família dos Bourbons e também rei de Navarra com o nome de Henrique III. Filho de António de Bourbon, duque de Vendôme e Joana III de Albret, rainha de Navarra. http://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_IV_de_Fran%C3%A7a
conquistar o forte de Cabedelo 68, acaba renunciando à sua missão. Três de seus navios unem-se a Riffault, que se encontrava no Rio Grande do Norte desde 1594, aí estabelcido excelentes relações com os caciques Ouvirapive e Jupiaçú. ( MARIZ; PROVENÇAL, 2011)
1602 Henrique IV, de França, concede a René-Marie de Mont-Barrot, Carta Patente (8/5) que o autoriza a arregimentar 400 homens e fundar uma colônia no norte do Brasil; se associa a Daniel de La Touche, transferindo-lhe a empreitada. O objetivo era o Maranhão, onde Guérard e Du Manoir haviam instalado uma feitoria e dês Vaux mantinha conatos amistosos com os índios. 1603 Pero Coelho, com 80 homens e 800 índios, em dois caravelões tentou chegar ao Maranhão, por ordem de Martins Soares Moreno PERO COELHO DE SOUSA foi um explorador português, primeiro representante da Coroa a desbravar os territórios da capitania do Ceará no início do século XVII. Em 1603, requereu e obteve da Corte Portuguesa por intermédio de Diogo Botelho, oitavo Governador-geral do Brasil, o título de Capitão-mor para desbravar e colonizar a capitania do "Siará Grande". Após uma série de lutas, conquistou a região da Ibiapaba vencendo os inimigos (franceses e indígenas). Retorna à barra do rio Ceará onde ergueu o Fortim de São Tiago da Nova Lisboa.
26 de julho - um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Guerard (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
1604 Diogo de Campos Moreno é mandado a Lisboa para solicitar a povoação do Norte, pois holandeses e franceses haviam se estabelecido com feitorias no Maranhão e no Amazonas Diogo de Campos Moreno (Tânger? 1566? – 1617?) foi um militar português. Após ter combatido na Flandres, seguiu para o Brasil em 1602, com o posto de Sargento-mor, junto com Diogo Botelho. No Maranhão juntou-se a Jerônimo de Albuquerque Maranhão e a Alexandre de
68 O FORTE DE SANTA CATARINA DO CABEDELO, popularmente conhecido como Fortaleza de Santa Catarina, localiza-se sobre uma elevação arenosa ("cabedelo" = pequeno cabo) à margem direita da barra do rio Paraíba do Norte, atual município de Cabedelo, no litoral do estado da Paraíba, no Brasil. A sua primitiva estrutura é confundida ora com o Forte de São Filipe (1584) (GARRIDO, 1940:60), ora com o Forte de Nossa Senhora das Neves (1585) (SOUZA, 1885:78), com a mesma função de defesa da barra do rio Paraíba do Norte e da povoação de Filipéia de Nossa Senhora das Neves (atual João Pessoa), na primitiva Capitania da Paraíba. O Forte do Matos - BARRETTO (1958) remonta este forte, no Cabedelo, a 1586, guarnecido por 220 homens sob o comando do capitão João de Matos Cardoso, denominando o Forte do Cabedelo como Forte do Matos, dando-o como artilhado com dezoito peças (op. cit., p. 114). O contexto de sua construção é o do domínio da Dinastia Filipina, em Portugal. Em "taipa e area solta", esta primitiva estrutura foi arrasada durante o governo de André de Albuquerque por um ataque combinado de corsários francesas e indígenas (1591), foi reconstruído a partir do ano seguinte, em alvenaria de pedra e cal. Foi concluído em 1597 sob a invocação de Santa Catarina de Alexandria, padroeira da Capela do forte, e em homenagem a Dona Catarina de Portugal, Duquesa de Bragança. Nesse mesmo ano, uma esquadra de treze navios franceses desembarcou uma força de 350 homens, que atacaram o forte por terra (SOUZA, 1885:78). Durante a resistência ao assalto registrou-se a morte do comandante do forte, reassumindo o comando o Capitão João de Matos Cardoso (BARRETTO, 1958:114-115). BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. in http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_Santa_Catarina_do_Cabedelo
Moura na luta contra os franceses e seus aliados indígenas, estabelecidos na chamada França Equinocial, conseguindo a vitória em 1615. Com base nas suas experiências no Brasil redigiu o "Livro que Dá Razão ao Estado do Brasil" (1612) e a "Jornada do Maranhão" (1614), obras que não assinou. Nesta última, Moreno relata a conquista do território, embora tenha enaltecido os seus próprios feitos. Foi tio de Martim Soares Moreno. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Campos_Moreno
O Senhor de la Ravardière com o navegador Jean Mocquet parte a 12 de janeiro com dois navios, chegando as costas da Guiana (Oiapoque) a 8 de abril, retornando àquele porto a 15 de agosto. 1605 O monarca francês, ante a desistência de Mont-Barrot, por Carta Patente de 6/7 nomeia La Ravardière seu Lugar-tenente e vice-almirante nas costas do Brasil. A primeira concessão a Daniel de La Touche, data do mês de julho: “Luis, a todos os que virem a presente. Saúde.O defunto rei Henrique, o Grande, nosso muito honrado senhor e pai [...] tendo por cartas patentes de julho de 1605 constituído e estabelecido o Sr. De Ravardiére de La Touche seu lugar-tenente na América, desde o rio do Amazonas até a ilha da Trindade e havendo ele feito duas viagens às Índias para descobrir as enseadas e rios próprios para o desembarque e estabelecimento de colônias, no que seria bem sucedido, pois apenas chegou nesse país soube predispor os habitantes das ilhas do Maranhão e terra firme, os tupinambás e tabajaras, e outros, a procurarem nossa proteção e sujeitarem-se à nossa autoridade, tanto por seu generoso e prudente procedimento[...] de lhe fazer expedir nossas cartas patentes de outubro de 1610 para regressar, como Chefe, ao dito país, continuar seus progressos, como teria feito e aí demorar-se-ia dois anos e meio com os portugueses.”, em paz e 18 meses tanto em guerra como em tréguas”. (LIMA, Calos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 170-171, nota de pé-de-página; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
1607 Os jesuítas tomam a si a empresa, não passando do Ceará; Francisco Pinto segue juntamente com Padre Luís Figueira para o Siará Grande, com o intuito de catequizar os nativos daquele território. Os dois avançaram até a Chapada de Ibiapaba, chegando a habitar com os índios Tabajara. Em outrubro de 1607, foi assassinado pelos índios Carariju, sendo enterrado no sopé da Serra Grande. Depois da sua morte e sepultamento recebeu o codinome Amamaiara (o senhor da chuva) em Tupi, entre as etnias indígenas, transformado assim numa entidade espiritual, conforme a crença dos indígenas. Os seus restos mortais viraram amuletos no combate à seca, sendo estes trasladados até a Parangaba pelos índios Potiguara. FRANCISCO PINTO, padre Jesuíta, nascido em 1552, da cidade de Angra, Ilha de Terceira. Falecido em outubro de 1607, na Chapada de Ibiapaba. Açoriano veio para o Brasil, quando criança, acompanhando a família que imigrou. Aos 17 anos de idade seguiu para a Bahia e em 1568(9) entrou na Companhia de Jesus. Não chegou a completar o curso, recebendo a o título de Coadjutor espiritual formado. Em 1588 recebeu a ordens sacras, sendo considerado padre. Devido a seu conhecimento das línguas índigenas é indicado para a Missão do Maranhão. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Pinto_(padre); Girão, Raimundo. Três Documentos do Ceará Colonial. Fortaleza, Departamento de Imprensa Oficial, 1967. pag. 20 – 34. LUIZ FIGUEIRA nasceu em Almodóvar em 1574, e completou seus estudos na Universidade de Évora, alistando-se na Companhia de Jesus em 22 de janeiro de 1592. Chegou ao Brasil em 1602, e
esteve pela primeira vez em terras maranhenses em 1622, mas já havia tentado chegar à região em outra jornada, que não se concretizou por completo, entre 1607 e 1608. Em 26 de março de 1608, assinou a Relação da Missão do Maranhão, um dos mais antigos registros sobre a expansão portuguesa para o norte sobre a conquista do Maranhão. Foi publicada pela primeira vez pelo Barão de Studart em 1904; dirigida ao superior da Companhia de Jesus, o padre Cláudio Aquaviva, relata a primeira missão de evangelização dos índios implementada no Maranhão por ele mesmo e pelo padre Francisco Pinto, no início do século XVII. Neste texto, verifica-se claramente como a propaganda do cristianismo se configura em uma outra frente de batalha na conquista portuguesa do Maranhão aos franceses. Memorial sobre as terras e gente do Maranhão, Grão Pará e Rio Amazonas, onde tece considerações sobre aspectos econômicos, sociais e religiosos sobre o local. Trata-se de uma descrição das vantagens do Maranhão e da necessidade de povoamento e ocupação de suas terras. Este documento data de 10 de agosto de 1637, publicado em Lisboa e foi reimpresso pelo Barão de Studart. Autor de Relação de vários sucessos acontecidos no Maranhão e Gram Pará assim de paz como de guerra, contra o rebelde Olandes Ingreses & Franceses & outras nações. Trata-se de uma crônica, de 1631, In MENEZES, Aline Bezerra de. OS ESCRITOS DO PADRE LUIZ FIGUEIRA E A FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS NO MARANHÃO. MNEME – Revista de Humanidades, Publicação do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Centro de Ensino Superior do Serido – Campus de Caico. V. 07. N. 16, jun./jul. de 2005 – Semestral ISSN 1518‐3394 Disponível em www.cerescaico.ufrn.br/mneme
PAX CHRISTI. No mez de jan.ro de 607 p. ordem de fernaõ Cardim pr.al desta pr.a nos partimos pera a missão do Maranhão o p.e fr.co Pinto e eu cõ obra de sessenta Indios, cõ intenção de pregar o evangelho aaquella desemperada gentilidade, e fazermos cõ q’ se lançassem da parte dos portugueses, deitando de si os frãcezes corsairos q’ lá residem pera q’indo os portugueses como determinão os não avexassem nem captivassem, e pera q’ esta nossa ida fosse sem sospeita de engano pareceo bem ao p.e pr.al q’ não levassemos cõnosco portugueses e assi nos partimos sós cõ aquelles sessenta Indios. (Figueira, 1903: 97). (FIGUEIRA, Pe. Luís, apud STUDART, Guilherme. A Relação do Maranhão, 1608, pelo jesuíta Padre Luiz Figueira enviada a Cláudio Aquaviva. In: Revista do Instituto do Ceará. 1887, Tomo I, p. 97-138, site: http://www.institutodoceara.org.br/ acesso: 20-03-2008.)
1609 Monsieur de Mombelle, companheiro de Riffault resistiu na Serra de Ibiapaba a uma coluna lusitana BENTO MACIEL PARENTE serviu como Capitão de Entradas e Descobrimentos em São Vicente, no Maranhão e no Pará. Durante o período da União Ibérica, Bento Maciel Parente fez parte da vitoriosa campanha de Alexandre de Moura, sendo enviado numa expedição que partiu da Capitania de Pernambuco com a finalidade
de expulsar os franceses do Maranhão, fazendo brilhante campanha, obrigando o invasor a capitular no dia 1 de novembro de 1615. 1610 La Ravardière, em companhia de Charles des Vaux, que fora imediato de Riffault, faz uma primeira viagem de reconhecimento ao Maranhão. Assassinado Henrique IV, a Rainha-Viúva e Regente D. Maria de Médici, por Carta Patente de 1º-10, dá-lhe autorização para fundar, ao sul da linha Equinocial, uma colônia que se estenderia por um raio de 50 léguas em torno do forte que fosse construído. Henrique IV resolveu mandar La Ravardiére e Des Vaux reconhecer essa ilha de que o ultimo falava; retornam os dois ao Maranhão, levando duzentos homens em três navios – Ange, Archange, Affection – e vão ter primeiro à Guiana onde deixam um fortim, sob o comando de Robert le Bret Du Boc de la Villesauges, e se passam a seu destino para uma estada de reconhecimento que duraria mais de seis meses. Ao regressarem à Europa foram surpreendidos com a má notícia do assassinato do monarca em 14/05/1910 (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982)
CHARLES DES VAUX – natural de Sainte Maure, na Turenne (LIMA, Calos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 167-168, nota de pé-de-página). HENRIQUE IV DE BOURBON (Pau, 13 de Dezembro de 1553 - Paris, 14 de Maio de 1610), chamado o grande (em francês: le grand), foi o primeiro rei de França pertencente à família dos Bourbons e também rei de Navarra com o nome de Henrique III. Filho de António de Bourbon, duque de Vendôme e Joana III de Albret, rainha de Navarra. http://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_IV_de_Fran%C3%A7a MARIA DE MÉDICI ou Médicis (Florença, 26 de Abril de 1575 — Colónia, 3 de Julho de 1642) foi rainha consorte de França, segunda esposa do rei Henrique IV, o primeiro dos Bourbon no trono francês. Mais tarde, viria a ser regente do reino durante a menoridade do seu filho Luís XIII de França. Foi também Rainha Mãe de França. http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_M%C3%A9dici
1611 quase um ano demoraram as providencias da organização da expedição; em fins de agosto, estava tudo e estavam todos prontos em Cancale, pequeno porto ao fundo do golfo de Saint-Malô, na Bretanha; demorou-se ainda mais um mês por falta de autorização formal da Coria, só dada em 19 de outubro, data da expedição das cartas patentes. 1612 19 de Março - A França Equinocial - O estabelecimento da chamada França Equinocial iniciou-se a expedição francesa partiu do porto de Cancale, na Bretanha, com cerca de quinhentos colonos a bordo de três navios - "Régente", "Charlote" e "Saint-Anne" -, dirigiam-se à costa norte do Maranhão. Para facilitar a defesa, os colonos estabeleceram-se numa ilha, onde fundaram um povoado denominado de "Saint Louis" (atual São Luís), em homenagem ao soberano, Luís XIII de França (1610-1643). CANCALE (Kankaven em bretão) é uma comuna francesa de 13 km² e com 5203 habitantes (1999) situada no departamento Ille-et-Vilaine, na região Bretanha. Cancale é o porto de onde partiram, em 1612, os navios de Daniel de La Touche, Seigneur de la Ravardière, para o Brasil: La Regente, La Charlotte e La Sainte Anne. Essa expedição marcou o início da França Equinocial. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cancale
A BRETANHA (em bretão Breizh, em francês Bretagne) é uma região administrativa do oeste da França com uma larga costa litoral entre o Canal da Mancha e o Oceano Atlântico. Sua capital é Rennes e seus habitantes chamam-se bretões. Depois da conquista da Gália pelos Romanos, a Bretanha fazia parte da Armórica (aremoricae – que está frente ao mar). Cerca de 500 d.C., os Bretões da ilha da Bretanha (a Grã-Bretanha actual), atacados pelos Anglo-saxões emigraram para aí, trazendo os seus costumes e língua. A região passou a se designar Bretanha com a sua chegada. Muitos designam-na, também, de Pequena Bretanha, por oposição à ilha de onde vieram. No início da Idade Média, a Bretanha foi dividida em três reinos - o Domnonée, a Cornualha, e o Bro Waroch - que foram incorporados ao Ducado da Bretanha. O Ducado da Bretanha esteve independente do reino de França até 1532. Guardou os seus privilégios (legislação e impostos próprios) até a Revolução Francesa. A Bretanha histórica, que teve por capital Nantes, foi dividida em 1790 em cinco departamentos: Côtes-du-Nord (hoje, Côtes-d'Armor); Finistère; Ille-et-Vilaine; Morbihan; Loire-Inférieure (Hoje, Loire-Atlantique). http://pt.wikipedia.org/wiki/Bretanha LUÍS XIII DE BOURBON, chamado O Justo (Fontainebleau, 27 de setembro de 1601 – SaintGermain-en-Laye, 14 de Maio de 1643), foi rei de França e Navarra entre 1610 e 1643. Filho de Henrique IV, primeiro da dinastia Bourbon, e de Maria de Médicis, a qual, durante a sua menoridade (1610-1617), governou a França como regente. Seu reinado foi marcado por lutas religiosas ocasionais entre os católicos e os protestantes ou huguenotes, assim como pela luta contra a Casa de Habsburgo. Sua imagem está inseparavelmente ligada a de seu primeiro ministro, o Cardeal de Richelieu, que lhe ajudou na reorientação da monarquia francesa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_XIII_de_Fran%C3%A7a
Luís XIII e o cardeal de Richelieu. http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_XIII_de_Fran%C3%A7a
La-Ravardière, associa-se a Francois de Razilly, Senhor de Razilly e Aunelles, ajudante de ordens do Rei, gentil homem de sua câmara, aparentado com o cardeal de Richelieu; Nicolas de Harlay, Senhor de Sancy e Barão de Molle e Gros-Bois, membro do Parlamento e do Conselho do Rei; além deles conseguiu o apoio e a proteção do Senhor de Dampulho, Almirante de França e Bretanha, primo do Rei, e do abastado Auber de Claumont. OS RAZILLY - François de Razilly, o pai, era o chefe dessa ilustre família; foi cavaleiro da Ordem do rei, primeiro ‘maitre d´hotel’ da rainha, governador de Loudon (perto de Amboise), casado com Catherine de Villiers de Laudardiére, da família dos Villiers de L´Ísle Adam, o famoso grão-mestre da ordem de Malta. Seu filho mais velho também se chamava FRANÇOISE nascido em Touraine, gentil-homem da câmara do rei Luis XIII, e seria um dos grandes personagens da França Equinocial. Depois do Maranhão, combateu na Itália, salvou o livro de Yves d´Evreux do esquecimento, e foi nomeado ministro da frança na Suíça. Faleceu em 1622, em batalha perto de Montepellier. (MARIZ; PROVENÇAL, 2011, p. 59-60)
Seu irmão, ISSAC de RAZILLY nasceu em Loudon em 1588, foi cavaleiro da Ordem de São João de Jerusalém. Combateu no Maranhão e, em 1621, participou das lutas contra os protestantes em torno a La Rochelle; destruiu uma frota de 30 navios em Saint Martin de Ré e foi promovido a capitão de mar e guerra em 1624. Conduziu uma operação de represálias no Marrocos e, em 1625 foi ferido em combate. No ano seguinte, redigiu um importante memorando ao cardeal de Richelieu, ministro de Luiz III, sublinhando a importância da marinha de guerra e sugerindo seu fortalecimento. Promovido a chefe de esquadra, dirigiu três expedições punitivas contra Salé, no Marrocos, onde estavam prisioneiros cristãos. Em 1630 um de seus adjuntos era La Ravardiére, com quem continuara a amizade apesar das divergências religiosas. Issac tentou interessar o Cardeal em outra aventura no Maranhão, mas o famoso ministro preferiu investir no Canadá. Isaac foi encarregado de tomar a Acádia aos ingleses, serviu sob as ordens de Champlain, desenvolveu na Escócia a Nova Escócia e conseguiu ocupar Port Royal (Anápolis, atualmente). Issac Razilly faleceu no Canadá a 12 de junho de 1636. (MARIZ; PROVENÇAL, 2011, p. 59-60) O terceiro irmão era CLAUDE de RAZILLY, barão de Launay, o mais jovem dos três, nascido em Tours em 1593. Ele esteve no Maranhão e participou da batalha de Guaxenduba ao lado de Pézieux, mas não foi ferido. De regresso à França, Claude combateu os rochelenses de 1624 a 1627. Promovido a capitão de mar e guerra em 1629, serviu a Richelieu em diversos projetos, inclusive na Mauritânia. Em 1634, estava no Canadá, ao lado de sue irmão Issac, sendo promovido a vice-almirante em 1638. Combateu na guerra contra a Espanha e se destacou no cerco de Fontarabia. Nomeado chefe de esquuadra em 1639, Claude de Razilly foi governador da ilha de Ré e do Oleron, e terminou sua carreira como governador do Canadá. (MARIZ; PROVENÇAL, 2011, p. 5960)
NICOLAS DE HARLAY, SENHOR DE SANCY (1546 – 13 de outubro de 1629), foi um soldado e diplomata francês, pertencente ao ramo protestante da família de Harlay, mas adotou a religião católica em 1572 durante os massacres dos huguenotes. Em 1589 obteve em Genebra e Berna quantia suficiente para formar um exército de mercenários para Henrique III, em parte, com a venda de jóias, entre elas o diamante Sancy, que em 1835 encontrou o seu caminho para o tesouro imperial russo, e em parte com os suíços, alegando que as tropas seriam destinadas à guerra contra o Ducado de Saboia. Henrique IV tornou-o superintendente de suas finanças em 1594, mas em 1599 foi substituído por Maximilien de Béthune, Duque de Sully. Entretanto, pela segunda vez foi convertido ao catolicismo, mas sua influência na corte diminuiu, e ele deixou a vida pública em 1605. Nicolas de Harlay morreu em 13 de outubro de 1629, deixando uma publicação intitulada Discours sur l'occurrence des affaires. Seu filho, Achille Harlay de Sancy (1581-1646), foi bispo de Saint-Malo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolas_de_Harlay ; "Sancy, Nicolas de Harlay". Encyclopædia Britannica (11th). (1911).
Martim Soares Moreno, a mando de Jerônimo de Albuquerque Maranhão, foi reconhecer o Maranhão, ocupado pelos franceses, que haviam sublevado o gentio daquela terra. Na volta, entretanto, seu navio foi jogado pelos ventos às Antilhas. Em 1614 estava em Sevilha, na Espanha. MARTIM SOARES MORENO - Capitão-mor do Ceará, (Santiago do Cacém, c.1586 — Portugal, após 1648), foi um militar português que defendeu os interesses da coroa lusitana no Brasil, tendo durante décadas combatido piratas franceses e invasores holandeses. É considerado o fundador do Ceará. http://pt.wikipedia.org/wiki/Martim_Soares_Moreno
24 de junho chegam a Fernando de Noronha onde se demoram 15 dias; 11 de julho avistam as montanhas dos canibais, a altura do Mucuripe (Ceará, para ancorar no cabo das Tartarugas (12 de julho), onde permanecem por mais 12 dias 24 de julho passam pelo rio Camocim 26 de julho chega ao Maranhão a expedição de Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundeando em Upaon-Mirim, ilha pequena, na entrada dos Mangues Verdes, à qual dão o nome de Sant’Anne; logo se transferem a Upaon-açu, ilha
grande, a da Trindade, (onde os sobreviventes do naufrágio de Aires da Cunha teriam fundado a cidade de Nazaré), desembarcaram no porto de Jeviré (ponta de São Francisco) e são recepcionadas pelo Capitão Du Manuir (sic), que ali mantinha uma feitoria com 400 homens. Após terem confraternizado com os nativos, que obedeciam ao morubixaba Japiaçú, escolhem para a construção do forte uma ponta de rochedo que ficava defronte, entre dois rios: Maioba (Anil) e Bacanga, que ali despejavam suas águas no chamado porto de Guaraparí. 29 de julho batizam a ilha de Santana, onde ao pé de uma grande cruz cantaram o Te Deum Laudamus. Dês Vaux foi, em companhai de Razilly, a Upaon-açú, 12 léguas a dentro da baía. As naus vieram ancorar em Jeviré, entre a ponta da Areia e a Ponta de São Francisco. Ali encontraram três corsários de Dieppe, além de dois vistos na ilha de Santana. Du Manoir, Riffault, dês Vaux e os piratas de Dieppe, fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur e Dieppe; o Duque de Buckigham e o conde de Pembroke e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos (LIMA, Calos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 174).
12 de agosto Tendo os franceses passados à Ilha-grande, foi rezada a primeira missa e erguida uma cruz; tem inicio a construção do forte. 08 de setembro Solenemente, fundaram a colônia, a França Equinocial, com a colaboração espontânea dos índios, tendo à frente o cacique Japiaçu e iniciaram a construção do forte 69, chamado de São Luís, em honra ao rei-menino, o qual "posto que feito de estacadas é forte por arte de grandes terraplenos, com seus baluartes altos e casamatas com fosso de quarenta palmos de largo e dez de alto. (Alexandre de Moura, "Relatório" de 1616). Haviam-se associado à empresa o rico Barão de Molle e Gros-Bois, Senhor de Sancy e François de Rasilly, Senhor de Aunelles e Rasilly, que financiaram a armação das naus "Regente" e "Charlotte" e o patacho "Saint'Anne".
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_do_Maranh%C3%A3o BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974. 418 p. il. BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368p. GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio d e Janeiro: Imprensa Naval, 1940. MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico Geográfico da Província do Maranhão (3ª ed.). Rio de Janeiro: Cia. Editora FonFon e Seleta, 1970. 683 p. MARQUES, César Augusto. História da Missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circumvizinhanças pelo padre Cláudio d'Abbeville. Maranhão: Typ. do Frias. 1874. SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140. VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil (4a. ed.). Edições Melhoramentos.
Integraram a expedição os padres franciscanos Yves d’Evreux, Claude d'Abbeville, Arsene de Paris e Ambroise d’Amiens, dando início ao culto católico, muito embora fosse La Ravardiére protestante e à catequese dos indígenas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o
YVES D’EVREUX – Padre Capuchinho - Nasceu em 1577, em Normanville, perto de Evreux na Normandia; chamava-se Simon Michelet. Religioso e entomólogo francês, participou da Comissão Francesa que veio estabelecer a França Equinocial. Faleceu em 1632. Sua obra foi Voyage dans le nord du Brésil (1615) - Viagem no norte do Brasil. CLAUDE D'ABBEVILLE – Padre Capuchinho - Nasceu em Abbeville, França na segunda metade do século XV. Recebeu o nome de Firminno Foullon, era de família muito religiosa, tendo também dois irmãos seus, Marçal e Cláudia, seguido a vida religiosa em conventos distintos. Veio ao Maranhão, integrando a expedição de La Ravardière, em 1612, e por aqui ficou apenas quatro meses que, no entanto, renderam-lhe o equivalente a pródigos anos, e o fizeram interpretar, com uma argúcia singular, os primórdios da Geografia e Etnografia do Maranhão, através da sua obra, História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças, lançada em Paris em 1614 e traduzida no Brasil por Dr. Cezar Augusto Marques em 1874. A narrativa de D’Abbeville inclui diálogos entre os personagens tanto em discurso direto quanto indireto. Abrange não só os episódios mais significativos da permanência dos franceses no Maranhão, a exemplo da edificação da cidade de São Luís, como também das interfaces do cotidiano dos índios. Segundo registros, ao chegar à Ilha de Maranhão o Pe. D’Abbeville tinha por volta de 40 anos, tendo sido ordenado em 1593. Portanto, dezenove anos antes, o que indica vasta experiência sacerdotal à época. Faleceu na cidade de Ruão, em 1621. Ver também http://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_d%27Abbeville FORTE DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO localizava-se na ponta de terra entre o rio Anil e o rio Bacanga, a noroeste da ilha de São Luís, dominando o principal ancoradouro da ilha. Primitiva estrutura defensiva neste local foi iniciada a partir de 8 de Setembro de 1612 pela expedição colonizadora francesa de Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, que estabeleceu a chamada França Equinocial. O forte foi denominado de "Fort Saint Louis" em homenagem a Luís XIII de França (1610-1643), estendendo-se a denominação à povoação e a toda a ilha (SOUZA, 1885:69). De faxina e terra (BARRETTO, 1958:77), apresentava planta com dois baluartes semicirculares ligados por uma cortina de cento e cinqüenta metros de extensão (SOUZA, 1885:69). A sua artilharia foi descrita por Claude d'Abbeville, contemporâneo da sua fundação: "(...) Com o auxílio dos franceses [os indígenas] montaram no dito Forte [de São Luís], embora muito alto, vinte canhões grandes, para a sua defesa." ("História dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão. Paris, 1614.) Sob o comando do Capitão Henrique Afonso, o forte foi REBATIZADO COMO FORTE DE SÃO FILIPE em homenagem a Filipe III de Espanha (1598-1621) (GARRIDO, 1940:36), então soberano de Portugal sob a Dinastia Filipina. A estrutura encontra-se cartografado por João Teixeira Albernaz, o velho ("Capitania do Maranhão", c. 1615. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro), porém com a forma de um polígono quadrangular com baluartes
pentagonais nos vértices, em estilo Vauban. O forte foi reconstruído em 1627 no governo do Capitão-general Antônio Coelho de Carvalho, o Sardo (MARQUES, 1970:281), em pedra e cal, com risco do Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634) (GARRIDO, 1940:36). No contexto da segunda invasão holandesa, quando do assalto e saque de São Luís pelo Almirante Jon Cornelizoon, à frente de uma esquadra de quatorze embarcações, e dois mil soldados (25 de Novembro de 1641), o forte encontrava-se sob o comando de Bento Maciel Parente, quase octogenário, guarnecido por apenas sessenta homens. Parente capitulou (contra a opinião de seu imediato, o Capitão Francisco Coelho de Carvalho, mais tarde governador da Capitania), sendo conduzido como prisioneiro para Recife, e de lá para o Forte dos Reis Magos em Natal, onde veio a falecer após um mês no calabouço (SOUZA, 1885:69). Pode ter sido designado no século XVIII como FORTALEZA DE SÃO MIGUEL: "Para se erigir nesta cidade a Fortaleza de São Miguel foi preciso mudar as oficinas deste quartel dos governadores, em cuja ocasião se lhe deu uma reforma pelo que está mais decente" (Ofício do Governador Joaquim de Melo e Póvoas, 19 de Outubro de 1755. apud: MARQUES, 1970:281). O mesmo Governador posteriormente descreveu a estrutura "(...) que esta cortina fica na ponta em que está fundada esta cidade, com os dois baluartes de São Cosme, e São Damião e tem mais duas cortinas que se fizeram para vencer a altura da dita terra, em que pode laborar muita artilharia", e computa a sua artilharia como uma peça de calibre 16, três de 12, três de 10, uma de 8, seis de 6, duas de 5, uma de 4, uma de 3, e quatro de 2 (Ofício do Governador Joaquim de Mello e Póvoas ao Sr. Martinho de Melo e Castro, 21 de Janeiro de 1777. apud: MARQUES, 1970:281).
A Colônia francesa - coube aos franceses a primazia da colonização do Maranhão, pois seu comércio, posto que incipiente fosse além dos produtos da indústria extrativa do pau-brasil e do âmbar, com o cultivo do algodão e do fumo, além da descoberta de minas de ouro, prata e enxofre. Por outro lado, foi essa ocupação do território que abriu os olhos à Coroa para a necessidade de promover a efetiva posse da Capitania, até então desprezada. Fundada a França Equinocial, sairam De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D' Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de um antigo morador de Upapon-Açú, de nome David Migan, a visitar as aldeias da Ilha: 28 de setembro – subirem o rio Maioba (Anil) indo diretamente à aldeia de Touroup – Turu 29 de setembro – passaram-se a de Januaré – Jaguarema; aí, em capela num tijupá especialmente construída, batizaram uma menina - prosseguem até Juniparã – Genipaiana, em São José dos Índios, onde no dia seguinte 1/10 realizam uma primeira doutrinação pública; construiu-se uma capela e erigiu-se uma cruz 03 de outubro - passam para Uatimba; daí a Carnaupió onde se deixa uma cruz 04 de outubro – ao meio dia estão na aldeia de Itapari; na noite desse mesmo dia estão em Timbopi – Timbuba, onde erigem outra capela de pindoba realizando-se cerimônia de batismo (5/10); voltam por Carnaupió e Uatimbó, indo até Juniparã, onde chegam a 07 de outubro ficando ai até o dia 10; ai deixam frei Arséne de Paris 11 de outubro alcançam a aldeia de Maiove – Maioba; daí foram a Coieup – Cutim 20 de outubro – "(...) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (...)". (D'ABBEVILLE, 1975, p. 114) rezada missa na capela erguida em EUSS-OUAP- Capistrano de ABREU esclarece: nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes. Bettendorf leu em Laet
Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na edição francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uça, nome genérico do caranguejo, e guaba, participio de u comer: o que, ou onde se come caraguejos, conforme com a definição do texto ...". ... é uma das maiores aldeias da ilha e nela existem quatro principais: Tatu-Açu; Cora-Uaçu ou SolaUaçu, às vezes também Maari-Uaçu; Taiacú e Tapire-Evire". ( apud D' ABEVILLE, 1975, p.107)70. 1º de novembro Ao lado da cruz, colocaram as armas da França e franceses e índios, especialmente convocados de todas as aldeias, juraram fidelidade à Sua Majestade Cristianíssima, o Rei, dando-se à colônia recém-fundada uma constituição, a segunda do Brasil (Regimento dado a Tomé de Sousa, em 1549, quando da implantação do Governo Geral) e a primeira do Maranhão. Ao forte deram o nome de Saint-Louis, em homenagem ao rei-menino Luís XIII, e que com o tempo, se transmitiria à povoação e a toda ilha; ao porto de Guaraparí, o de SainteMarie, em homenagem à Regente e à Santíssima Virgem, mas que acabaria por cair no esquecimento. 1º de dezembro Razilly retorna à França, embarcando com ele seus irmãos Claude e Issac, Claude d´Abeville, Charles Dês Vaux e seis embaixadores índios. 25 de dezembro inaugurou-se a capela de São Francisco (hoje Igreja de Santo Antonio), em 1677 a primeira Catedral do Maranhão (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 185). Para MEIRELES (1982, p. 63) seria mais crível ser onde hoje está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. 1613 La Ravardiére promove o reconhecimento da terra através de expedições ao Mearim, Gurupi, Caeté, ao Amazonas; constrói os fortes de Sardinha, Itapari, Cahur, além do de São Luis (LIMA, Calos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 184).
Janeiro primeira expedição ao Mearim, sob o comando de Maillart, subindo duzentas léguas, indo negociar com os Tabajaras da região A seguir, enviou sue imediato De Pezieux até o Uarpi – Guripi em busca das minas de ouro e prata, subindo 200 léguas Uma terceira entrada chefiada por Migan, indo ao encontro dos tapuias Igaran-Vavá 16 de março Razilly chega ao porto do Havre, a bordo da Regente 1º de junho O Governo-Geral do Brasil, preocupado com as notícias inquietantes que lhe chegavam, mudara-se da Bahia para Pernambuco e confiara o comando de uma expedição de quatro navios e cem homens a Jerônimo de Albuquerque 71; Martins Soares Moreno incorpora-se a expedição no Ceará (foz do Camocim). Mandado, com 25 soldados e sete índios, sob o comando do Sargento Pedro Lobato Malio, na nau Santa Catarina, do mestre Sebastião Martins, foi fazer o reconhecimento do Maranhão, onde se demorou 18 dias, incendiando um armazém dos franceses (Cahura); lá fora encontrado um letreiro com um aviso: aqui chegou o Cap. Martim Soares Moreno, pelo Rei, meu Senhor. Perseguido 70
ABBEVILLE, Claude d’. HIASTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975 71 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jer%C3%B4nimo_de_Albuquerque_Maranh%C3%A3o
pelo Capitão Maillart (10/08), que lhe cortou o caminho para o Ceará, velejou para o norte indo ter à ilha da Trindade, nas costas da Venezuela e daí a Cumaná, indo arribar em São Domingos, nas Antilhas, em fins de setembro, de onde viajou para a Espanha. JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO (Olinda, Pernambuco 1548 — Rio Grande do Norte, 1618) foi um militar e sertanista brasileiro. Filho do português Jerônimo de Albuquerque e da indígena pernambucana M'Uirá Ubi (Arco Verde, em português), filha do cacique Uirá Ubi, Jerônimo de Albuquerque Maranhão notabilizou-se nas lutas travadas contra os franceses, na Região Nordeste do Brasil. Sua primeira atuação destacada ocorreu quando, à frente de uma companhia que lhe foi entregue pelo Capitão-mor de Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem, empreendeu a reconquista da Capitania do Rio Grande (atual estado brasileiro do Rio Grande do Norte) - que fora invadida pelos franceses - onde ele viria a fundar a cidade de Natal (1599). Por conta desse feito, foi-lhe atribuído o título de fidalgo. Em 9 de janeiro de 1603, foi nomeado Capitão-mor do Rio Grande, em substituição a João Rodrigues Colaço, que o antecedera no cargo. No ano seguinte, concedeu uma sesmaria de 5.000 braças em quadra, aos seus filhos Matias e Antônio de Albuquerque, em cujas terras logo foi instalado o engenho de cana de Cunhaú, que se tornaria o mais importante núcleo econômico da Capitania. Em 17 de junho de 1614, foi nomeado "capitão da conquista do Maranhão", região que então se achava sob o domínio dos franceses, que nela haviam erigido o forte São Luís e instalado uma colônia - a França Equinocial. Para cumprir a missão que lhe fora confiada, Jerônimo preparou navios, acumulou armas e munições, e recrutou homens, inclusive esvaziando as prisões. A fim de obter o concurso dos índios, visitou várias aldeias, negociando com os caciques. Afinal, partiu do Rio Grande com destino ao Maranhão. Chegando à Capitania do Piauí, enviou um grupo de reconhecimento sob o comando de Martim Soares Moreno e, enquanto esperava, fundou a povoação no Camocim, para reforçar o domínio português na região. Martim Soares Moreno encontrou os franceses instalados no Maranhão e colheu informações sobre eles, mas ao retornar, uma violenta tempestade desviou-o para as Antilhas, de onde ele ele tomou o rumo da Espanha. Julgando-o perdido e sem dispor de informações sobre o inimigo, Jerônimo de Albuquerque achou mais prudente deslocar-se para Pernambuco, onde se encontrava o governador-geral, Gaspar de Sousa. Ciente da situação, o governador-geral mandou vir de Portugal, para ajudar Jerônimo, Diogo de Campos Moreno, que era grande conhecedor do Brasil. Formou-se uma nova expedição, com cerca 300 homens, aos quais se juntaram os 200 índios de Jerônimo. Velejando até o Maranhão, os expedicionários desembarcaram na praia de Guaxinduba, onde ergueu uma fortificação, a que deram o nome de Santa Maria. Na madrugada de 19 de novembro de 1614, navios franceses fundearam ao largo da praia, e deles saíram cerca de 300 soldados e mais de 2.000 índios. O comandante francês, La Ravardière, intimou os portugueses a se renderem, haja vista a desproporção de forças. Contudo, deprezando a intimação, Jerônimo atacou e, apesar de suas forças serem numericamente inferiores, colheu uma surpreeendente e decisiva vitória. Oito dias depois, ainda sob a alegria da vitória alcançada, Jerônimo acrescentou ao seu nome o apelido “Maranhão”, conforme consta de sua assinatura, aposta em documento de 27 de novembro. Por força do resultado da Batalha de Guaxinduba, os franceses aceitaram negociar. Jerônimo e La Ravardière acordaram um armistício, suspendendo as hostilidades por um ano, enquanto mandavam, para cada uma das Cortes, emissários em busca de novas instruções. Mas o governo luso-espanhol não aprovou o armistício, conforme notícia trazida por Francisco Caldeira Castelo Branco. Ainda assim, Jerônimo não desfez o acordo com o qual se comprometera, preferindo aguardar a chegada de documento oficial. Este lhe chegou com o General Alexandre de Moura, nomeado Governador-Geral da Armada e Conquista do Maranhão, instruído a obter dos franceses a rendição incondicional. Embora ressentido pelo que considerou uma falta de reconhecimento pelos serviços que prestara à Coroa, Jerônimo curvou-se diante de seu superior hierárquico, entregandolhe o comando. Em 31 de outubro de 1615, recomeçaram as hostilidades. Enquanto Jerônimo de Albuquerque cercava, por terra, o forte São Luís, a esquadra de Alexandre de Moura fechava o cerco, por mar. Intimado à rendição, La Ravardière submeteu-se com condições, prometendo partir em 3 meses. De Portugal chegaram reforços e ordens específicas: não pagar indenizações, apenas permitindo que os invasores franceses levassem seus pertences. No prazo acordado, La Ravardière entregou o forte e seus homens embarcaram para a França. Em reconhecimento aos seus relevantes serviços, Jerônimo de Albuquerque foi nomeado capitão-mor da Capitania do Maranhão, cargo que exerceu
por dois anos (1616 a 1618), até sua morte, sendo sucedido por seu filho, Antônio de Albuquerque Maranhão. Por algum tempo, pairaram dúvidas sobre o local da morte do guerreiro. Enquanto o Barão do Rio Branco, em seu livro, "Efemérides Brasileiras", afirmava que Jerônimo falecera no dia 11 de fevereiro de 1618, em São Luis do Maranhão, Borges da Fonseca, em "Nobiliarquia Pernambucana", sustentava que ele morrera no Engenho Cunhaú, no Rio Grande do Norte. A dúvida persistiu até a descoberta de uma antiga pedra tumular, medindo cerca de 1,24 x 0,69m, localizada no piso da Capela do Engenho, ao pé do retábulo. Bastante desgastada pelo tempo, a pedra contem uma inscrição, quase apagada, mas onde ainda é possível ler: QUIJA O DADO JNIMODE ALBUQ.MARANHÃO (Aqui jaz o fundador, Jerônimo de Albuquerque Maranhão).
08 de julho quarta expedição, comandada pelo próprio La Ravardiére, ao famoso rio das Amazonas; saiu do porto de Santa Maria levando uma companhia de 40 soldados e 10 marinheiros franceses e muitos guerreiros às ordens de 10 morubixabas, somando 1200 homens. Ravardiére recebe a noticia de que aparecera (em meados de junho) (sic) na Ilha-Grande, para o lado de Itapari, um navio português. 1614 organizada nova expedição, inferior à primeira, com um caravelão e 14 soldados, aos quais se juntaram 14 castelhanos; não foi além do Ceará. 1614-1616 Jerônimo de Albuquerque Maranhão – Capitão-Mor da conquista e descobrimento das terras do Maranhão Março ou abril Razilly despacha para o Maranhão os recursos que consegue, os quais levaram um ano para reunir. A Regente retorna ao Maranhão, sob o comando de Senhor de Du Pratz, trazendo cerca de 300 tripulantes e passageiros, dentre eles doze novos capuchinhos, vinte mulheres com seus maridos e filhos, e mais as três outras casadas com os cavaleiros tupinambás, e muitos mestres de ofícios. 8 de abril Diogo de Campos Moreno é mandado de Madri para Lisboa e daí regressar ao Brasil, levando 80 homens, reassumindo seu cargo de Sargento-Mor, e reforçar a já chamada Jornada do Maranhão que o Governador estava organizando. Jerônimo de Albuquerque, sem noticias de Martim Soares Moreno, resolve voltar a Pernambuco, deixando um seu sobrinho – Jerônimo de Albuquerque, mesmo nome – com 50 homens num forte que chamou de Nossa Senhora do Rosário, no chamado Buraco das Tartarugas (Ponta de Jericoacoara). Em 27 de maio é mandado para assumir o comando desse forte o Capitão Manuel de Sousa d´Eça, com 46 homens de reforço. 19 de junho A Regente sob o comando de Senhor de Du Pratz, chega ao Ceará, assediando o Forte de Nossa Senhora do Rosário, sob as ordens de Longeville; repelido o ataque pelo Capitão Manuel de Sousa d´Eça, embora acudido por La Bastille. 22 de junho Jerônimo de Albuquerque recebe em Olinda, das mãos de Gaspar de Sousa, o regimento que deveria cumprir como Capitão da Conquista do Maranhão, colocando-se em marcha nesse mesmo dia; a expedição militar, que a história chamaria de "Jornada Milagrosa", tinha a missão de expulsar os franceses do Maranhão; dois navios redondos, uma caravela, cinco caravelões, uns 600 soldados e índios; levava três peças de artilharia, 200 balas de ferro, arcabuzes e mosquetes e 20 quilos de pólvora. Participavam da jornada Frei Cosme de São Damião e Frei Manuel da Piedade, o engenheiro Francisco Frias de Mesquita, o capitão Gregório Fragoso Albuquerque. (LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 192).
FRANCISCO FRIAS DE MESQUITA (c.1578 - c.1645) foi um engenheiro-militar e arquiteto português com destacada atuação no Brasil colonial. Seu nome também pode aparecer grafado Francisco de Frias da Mesquita ou Francisco de Frias de Mesquita. Chegou ao Brasil em 1603 como engenheiro-mór, projetando e construindo várias fortificações e outros edifícios até voltar a Portugal, em 1635. Participou da conquista de São Luís do Maranhão, que se encontrava em mãos dos franceses. Entre as obras de Frias de Mesquita destacam-se: Forte dos Reis Magos (Natal, Rio Grande do Norte) - de planta pentagonal, erguida a partir de 1598. Frias de Mesquita reforçou a primitiva edificação, reconstruindo-a entre 1614 e 1628. É um dos símbolos da cidade de Natal. Forte do Mar (Salvador, Bahia) - de planta circular, única no Brasil, situada no meio do mar em frente à cidade. Frias de Mesquita ergueu-a entre 1612 e 1623. Alguns atribuem o projeto original ao engenheiro militar italiano Leonardo Torriani. Forte de São Diogo (Salvador, Bahia) - localizada perto da Santa Casa da Misericórdia. O seu desenho pode ser de autoria de Tibúrcio Spanochi, engenheiro militar italiano a serviço do reino da Espanha (ao qual o reino de Portugal se encontrava unificado). Frias da Mesquita ergueu-o entre 1608 e 1612. Forte de São Mateus (Cabo Frio, Rio de Janeiro) - localizado na barra da Lagoa de Araruama em Cabo Frio, cidade fundada em 1615. A construção do forte projetado por Frias de Mesquita, destinado à proteção do novo povoado, foi iniciada em 1617 e terminada em 1620. Igreja do Mosteiro de São Bento (Rio de Janeiro) - as obras da igreja, de feição maneirista, começaram em 1633 com base em um projeto de Frias de Mesquita datado de 1617. Plano da cidade de São Luís do Maranhão - após a conquista da cidade em 1615, com a participação de Frias de Mesquita, o engenheiro projetou uma nova cidade em forma de tabuleiro de xadrez, com ruas retas. O plano original ainda é visível no centro histórico da cidade. Frias de Mesquita projetou também vários fortes para defender a cidade, http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Frias_de_Mesquita ; http://www.funceb.org.br/images/revista/18_7q5t.pdf
Início da colonização portuguesa no Maranhão e Norte do Brasil, marcada pela expedição, sob o comando de Jerônimo de Albuquerque, com o objetivo primeiro de expulsar os franceses que aqui estavam. É importante esclarecer que o povoamento europeu no Maranhão teve início com a invasão francesa às terras maranhense, pois mesmo depois da batalha de Guaxenduba, quando foram expulsos, ficaram no Maranhão, alguns franceses, uns fincados à terra, outros ligados à mulheres nativas. O povoamento europeu em território maranhense teve continuidade com o estabelecimento da colonização portuguesa, que se deu por duas vias, uma litorânea, às margens dos rios, Itapecuru, Mearim, Pindaré e Munim, essa fora iniciada pelos franceses e posteriormente retomada pelos portugueses, outra interiorana, cuja atividade principal era a pecuária. http://www.portugalweb.net/portugalnomundo/america/maranhao/coloniza%C3%A7ao.htm
Agosto Com a chegada da Regente, os franceses ganham confiança, com o próprio Du Pratz reiniciando as viagens de reconhecimento, mandado até o rio Guajuhug (Grajaú), conseguindo o descimento de toda a nação tapuia dos Pedras-Verdes. Prosseguiu-se com o preparo das defesas na eventualidade de um ataque de surpresa; além de reforçar o Forte de Saint-Louis, foram construídos mais três fortins: Sardine (Sardinha), no São Francisco; Cahurs e Itapari.
23 de agosto Diogo de Campos Moreno sai por mar ao encontro de Jerônimo de Albuquerque, com 100 homens, em uma caravela, uma charrua, um patacho e cinco caravelas. (Lima, 2006 diz a 24 de agosto) 25 de agosto Diogo de Campos Moreno reúne-se com Jerônimo de Albuquerque na fortaleza do Rio Grande, partindo em 5 de setembro para a baia do Iguape (8 de setembro), onde se separam, indo Albuquerque por terra. 24 de setembro reunidos novamente no forte de Nossa Senhora do Amparo, daí prosseguindo até o de Nossa Senhora do Rosário (30/09). 12 de outubro retomam a marcha e ao anoitecer do dia 14 alcançam a foz do Periá, onde se instalam provisoriamente num chamado Quartel de São Tiago, deixando uma grande cruz (hoje, a cidade de Primeira Cruz). Convencido por Diogo Moreno e o engenheiro Francisco Frias de Mesquita a mandar o Capitão Belchior Rangel como batedor, três dias depois este retorna com a informação de não ter visto sinal de franceses, mas que encontrara um sitio ideal para o estabelecimento da tropa, quatro léguas abaixo da foz do Munin e de frente a aldeia de Iatapari, na Ilha Grande. 26 de outubro Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos chegam a Guaxenduba, próximo da foz do rio Munim e dão início à construção do forte de Santa Maria. Localizava-se à margem esquerda do pequeno rio Tatuaba, ou Tajuaba, justamente onde antes o Coronel Pereira do Lago descobrira restos de uma construção (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982, p. 86) Cidade de Icatu no Maranhão - Em novembro de 1614, em lugar denominado Águas Boas, após a vitória dos portugueses sobre os franceses, foi realizada uma procissão em ação de graças a Nossa Senhora da Ajuda e iniciada a construção de sua Igreja. Em 1688, fundou-se a Vila, posteriormente transferida para outro local, na margem direita do rio Munim, de acordo com solicitação do Congresso aprovada pela Corte Portuguesa através da Provisão Régia de 1758. A Vila de Icatu, inicialmente, chamou-se Arraial de Santa Maria de Guaxenduba, denominação dada pelo seu fundador Jerônimo d’ Albuquerque Maranhão. Adquiriu categoria de Cidade em 1924. Segundo Varnhagen, o topônimo Icatu ou Hycatu significa Pontes Boas. Já Ayres Casal a traduz por Águas Boas. Formação Administrativa: Distrito criado com a denominação de Águas Boas, anteriormente a 1715. Elevado à categoria de vila com a denominação de Águas Boas, em janeiro de 1688. Com sede na antiga vila de Água Boas. Instalado em 1688. Entre os anos de 1757 e 1759, confirmada pela lei provincial nº 7, de 29-04-1835, transfere a sede da antiga vila de Águas Boas para Icatu. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, vila apareceu constituído de 3 distritos: Icatu, Axixá e Salgado. Elevado à condição de cidade com a denominação de Icatu, pela lei estadual nº 1179, de 22-04-1924. Pelo decreto estadual nº 75, de 22-04-1931, o município adquiriu o extinto município de Morros. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 2 distritos: Axixá e Morros. Não aparecendo o distrito de Salgado. Pelo decreto estadual nº 844, de 12-06-1935, desmembra do município de Icatu os distritos de Axixá e Morros. Elevados à categoria de município. Em divisão territorial datada de 31-XII-1936, o município aparece constituído de 3 distritos: Icatu, Itapera e Tatuaba. No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de 2 distritos: Icatu e Itapera. Não aparecendo o distrito de Tatuaba. Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é
constituído de 2 distritos: Icatu e Itapera. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.
28 de outubro É rezada a primeira missa pelos portugueses, os padres Miguel Gomes e Diogo Nunes, vindos com Albuquerque na "Jornada Milagrosa". Foram os primeiros religiosos portugueses a por os pés no Maranhão, muito embora seja provável a chegada de outros padres nas expedições de João de Barros/Aires da Cunha e a de Luís de Melo e Silva, como era de praxe. No entanto foi daqueles que a História fez registro. 19 de novembro BATALHA DE GUAXENDUBA 72- 300 franceses e 2.000 índios, sob o comando do próprio La Ravardiére, entrincheiram-se no outeiro defronte do forte lusitano. Jerônimo de Albuquerque divide suas forças em duas colunas, cada uma com 70 soldados e 40 índios, assumindo o comando de uma, enquanto Diogo de Campos e Antônio de Albuquerque (filho de Jerônimo) acometia os franceses, na praia. Apesar da inferioridade numérica, obtiveram os portugueses retumbante vitória; romperam-se as linhas gaulesas com o ataque de Diogo de Campos e a debandada foi geral. Quando os silvícolas, sob o comando do capitão Madeira, atacaram, os franceses perderam seu comandante Du Pezieux e mais de 100 combatentes, abatidos na luta, ou afogados na fuga, ou devorados pelos tubarões. Os cronistas portugueses dão apenas 10 mortos e 30 feridos como baixas, e entre os últimos, Antônio de Albuquerque, Estevão de Campos e Belchior Rangel.
http://search.babylon.com/imageres.php?iu=http://2.bp.blogspot.com/_qT0RptG4y8/SwXVA0KLZ0I/AAAAAAAAAGI/ZY7eg1ERjFs/s320/210108_11.jpg&ir=http://sobrehistoriadomaranhao.blogspot.com/2 009/11/395-anos-da-batalha-deguaxenduba.html&ig=http://images.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSMakqvkQDkJaDywmi4xoKNCww2oioYEhStPbV1B mf8QJ6d38P8DfOmOU8:2.bp.blogspot.com/_qT0RptG4y8/SwXVA0KLZ0I/AAAAAAAAAGI/ZY7eg1ERjFs/s320/210108_11.jpg&h=191&w=250&q=BATALHA DE GUAXENDUBA&babsrc=HP_ss
Sobre a vitória portuguesa criou-se a lenda do Milagre de Guaxenduba, que o padre José de Morais assim descreve: "Foi fama constante (e ainda hoje se conserva por tradição) que a Virgem Senhora fora vista entre os nossos batalhões, animando os soldados em todo o tempo de combate"; e Humberto de Campos imortalizou no magnífico soneto "O Milagre de Guaxenduba".
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http://www.jornalpequeno.com.br/2006/2/18/Pagina29025.htm http://search.babylon.com/imageres.php?iu=http://arquiteturahistorica.files.wordpress.com/2010/08/icatu 02.jpg&ir=http://arquiteturahistorica.wordpress.com/&ig=http://images.google.com/images?q=tbn:ANd9 GcS4h5baq-
A Batalha de Guaxenduba foi um confronto militar ocorrido entre forças portuguesas e francesas onde hoje se localiza a cidade de Icatu, no estado do Maranhão. A batalha foi um importante passo dado pelos portugueses para a expulsão definitiva dos franceses do Maranhão, dada em 4 de novembro de 1615, que permitiu que a Amazônia fosse portuguesa, e, portanto, brasileira. Na manhã de 19 de novembro de 1614, os soldados portugueses notaram que, ao lado do forte de Santa Maria, o mar estava repleto de embarcações a vela e a remo, se aproximando silenciosamente da costa. Para atacá-los no desembarque, Jerônimo de Albuquerque dirigiu-se à praia com 80 soldados portugueses, mas, percebendo que o número de inimigos era muito maior, retrocedeu. Logo, havia centenas de combatentes na praia e assim foi iniciada uma longa troca de tiros de mosquetes e arcabuzes. Nesse primeiro encontro, foram mortos um soldado português e dois franceses Imediatamente à frente do forte de Santa Maria, estava um pequeno morro. Sob o comando de Monsieur de la Fos Benart, cerca de 400 tupinambás que lutavam pelo lado francês receberam a ordem de fortificar o máximo que pudessem seu topo: construíram, ao todo, 7 trincheiras, fortificando todo o espaço entre a maré e o topo do outeiro. Por um caminho secreto, Jerônimo de Albuquerque subiu o morro com 75 soldados e 80 arqueiros portugueses. Em terra, saltou de uma canoa um trombeta (mensageiro), que levava o brasão de armas reais da França e uma carta em francês escrita por Daniel de la Touche, a qual dizia que os portugueses deviam se render em 4 horas ou seriam massacrados. Astuto, Diogo de Campos percebeu que a carta não passava de uma tentativa dos franceses de ganhar tempo e obter informações sobre o estado das tropas portuguesas. A esta altura, o grupo de soldados e arqueiros que acompanhava Jerônimo de Albuquerque já estava próximo às trincheiras francesas. Os índios que as defendiam eram uma grande multidão, e neles, os portugueses não perdiam um tiro. Daniel de la Touche, Senhor de la Ravardière, percebia do mar que o exército francês sofria pesadas baixas: em menos de uma hora, a área ao redor do forte de Santa Maria estava repleta de mortos franceses e indígenas. Ravardière mandou para próximo da praia os navios mais velozes para prevenir maiores danos à sua tropa, mas, sob bombardeio de artilharia de navios portugueses, foi forçado a desistir. Com todas as canoas ardendo em chamas na praia, os franceses restantes em terra não tiveram como fugir e tudo o que puderam fazer foi se recolher na fortificação no topo do outeiro. Entre eles estavam Monsieur de la Fos Benart e Monsieur de Canonville. Ao final da batalha, próximo ao outeiro, muitos dos soldados portugueses se punham à frente dos mosquetes dos inimigos, que ainda resistiam. Turcou, o intérprete dos franceses na comunicação com os índios, foi baleado pelos portugueses, e com ele, Monsieur de la Fos Benart, líder dos indígenas que lutavam com os franceses. Sem orientação, os índios restantes, mais de 600, começaram a fugir, descendo o outeiro e a eles se misturaram os soldados franceses, que não possuíam mais pólvora para atirar Após a Batalha de Guaxenduba, as tropas francesas restantes no Maranhão estavam recolhidas no Forte de Saint Louis. Para ganhar tempo, Ravardière propôs uma trégua aos portugueses e sua proposta foi aceita, ficando estipulado que um oficial português e um francês fossem à França e um oficial português e um francês fossem a Portugal, para procurar nas cortes desses países uma solução para o conflito. http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Guaxenduba
27 de novembro Tratado de trégua - Concordaram os adversários em suspender hostilidades e enviar representantes dos dois lados à Europa, submetendo o litígio à decisão dos governantes de seus países, devendo o vencido retirar-se do Estado dentro de dois meses. as partes entram em acordo no caso de qualquer receber reforços, dele não se serveria para alterar o acordo, o que não impediu que, com a chegada deo capitão Miguel de Siqueira Sanhudo, vindo de Portugal, e de Francisco Caldeira Castelo Branco73, vindo do Brasil, ficasse o dito por não dito; intimou Ravaediére a deixar o Maranhão. Diogo de Campos, frei Manuel Tavares e Simão Alves Correia passam a ilha de São Luis. Ravardiére levou-os a Tapuitapera e Cumã. FRANCISCO CALDEIRA CASTELO BRANCO (1566 ? - 1619) foi um Capitão-mor português, fundador da cidade de Belém, capital do Estado do Pará, em 12 de janeiro de 1616. Francisco Caldeira Castelo Branco teria nascido na localidade portuguesa de Castelo Branco, em 73 http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Caldeira_Castelo_Branco
1566.Fontes mais recentes indicam que nasceu no Crato, no distrito de Portalegre, também em Portugal e, mais ainda, que se chamou mesmo Francisco Caldeira de Castelo Branco, como o demonstram as fontes existentes no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa. Foi Capitão-mor da Capitania do Rio Grande de 1612 a 1614 (atual estado do Rio Grande do Norte) e da Capitania da Bahia de 1615 a 1618. Quando servia na guarnição de Pernambuco, foi enviado como comandante de uma expedição em socorro às tropas portuguesas que, sob o comando de Jerônimo de Albuquerque, lutavam contra os franceses no Maranhão.
16 de dezembro partida para a França dos plenipotenciários Du Prat e Gregório Fragoso de Albuquerque, na Regente; 1615 a 4 de janeiro partiram os outros dois plenipotenciários, Diogo de Campos e Mathieu Malhart, chegando estes a Lisboa em 05 de março. 31 de julho Ravardiére consegue com Castelo Branco prazo de cinco meses para a retirada; o forte de Itapari passa ao poder dos portugueses 5 de outubro Alexandre de Moura74, à frente e uma expedição de nove navios e 600 soldados é despachado para o Maranhão para desalojar os franceses; o acompanham Diogo de Campos75, como Almirante; Henrique Afonso, capitãode-mar e guerra; Manuel de Sousa d´Eça, Gregório Fragoso de Albuquerque, Bento Maciel Parente76, e Martim Afonso Moreno, capitães. Os frades Manuel Gomes e Diogo Nunes. ALEXANDRE DE MOURA foi o líder do exército português que colaborou com a destruição da França Equinocial, durante o período colonial brasileiro. Em 1598 chegou a capitania de Pernambuco, para participar na etapa final da conquista da Parahyba em 1599. Entre 1603 e 1615, foi lugar-tenente governador da capitania e teve um papel preponderante na ocupação do Nordeste e do Norte do Brasil. Em 1615, venceu os franceses no Maranhão e aprisionou o seu líder, La Ravardière, regressando à Europa no ano seguinte. Em Portugal, serviu na Armada, sabendo-se que ainda estava vivo em 1620. DIOGO DE CAMPOS MORENO (Tânger?, 1566? – 1617?) foi um militar português.Após ter combatido na Flandres, seguiu para o Brasil em 1602, com o posto de Sargento-mor, junto com Diogo Botelho. No Maranhão juntou-se a Jerônimo de Albuquerque Maranhão e a Alexandre de Moura na luta contra os franceses e seus aliados indígenas, estabelecidos na chamada França Equinocial, conseguindo a vitória em 1615. Com base nas suas experiências no Brasil redigiu o "Livro que Dá Razão ao Estado do Brasil" (1612) e a "Jornada do Maranhão" (1614), obras que não assinou. Nesta última, Moreno relata a conquista do território, embora tenha enaltecido os seus próprios feitos. Foi tio de Martim Soares Moreno. BENTO MACIEL PARENTE (Caminha, 1567 — Recife, Fevereiro de 1642) foi um explorador, sertanista e militar português; no período da União Ibérica, Bento Maciel Parente fez parte da vitoriosa campanha de Alexandre de Moura, sendo enviado numa expedição que partiu da Capitania de Pernambuco com a finalidade de expulsar os franceses do Maranhão. Com a ascensão de Jerônimo de Albuquerque ao governo do Estado do Maranhão, em Janeiro de 1616, foi nomeado Capitão de Entradas. Durante esta década, explorou os rios que desembocam na baía de São Marcos, por baixo de São Luís, o rio Mearim e o rio Pindaré. Seguindo os exemplos e processos dos bandeirantes, construiu o Forte da Vera Cruz do Itapecuru. Bento Maciel Parente foi um dos eleitores das primeiras eleições para Câmara municipal de São Luís, em 1619, quando chegaram ao Maranhão os primeiros açorianos. Em julho de 1621, o rei de Portugal nomeou-o Capitão-Mor do Grão-Pará. Durante o seu governo, Bento Maciel fortificou o Forte do Presépio e ordenou investida contra os invasores holandeses, com objetivo de expulsá-los da
74 http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_de_Moura 75 http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Campos_Moreno 76 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_Maciel_Parente
colônia. Em maio 1623, junto com Luís Aranha de Vasconcelos, Aires de Souza Chichorro e Salvador de Melo, conquistou dos holandeses os pontos fortificados de Muturu e Mariocái, próximo á foz do rio Xingu, também chamado de Paranaíba, fundando no lugar do Forte de Mariocai, o Forte de Santo Antônio de Gurupá, fazendo dele a base de apoio para as suas arrancadas, expulsando nos anos seguintes os neerlandeses do Baixo Xingu e do rio Tapajós. A ação realizada no Forte de Mariocai foi um grande feito. Liderando cerca de 70 soldados e aproximadamente mil índios em canoas nativas, o Capitão-mor do Pará investiu contra os invasores holandeses, que não impediram o ataque luso-brasileiro à fortificação. Em 1625, Bento Maciel Parente, Capitão-mor do Pará, foi responsável pela criação do Escudo das Armas e da bandeira da cidade de Belém, com provimento de D. Luis de Souza. A idéia era colocar o escudo no Forte do Castelo, simbolizando a coragem, a tradição e o pioneirismo dos portugueses. O governador recebeu auxílio de Pedro Teixeira, Aires de Souza Chichorro e Francisco Baião de Abreu. Em 1630, a capitania de Pernambuco foi invadida pelos neerlandeses. Bento Maciel foi consultado, e, logo depois, enviado para a luta. Participou de várias fases da resistência. Em 1634, por seus feitos foi elevado a fidalgo, sendo que desde 1625 já recebera o hábito de cavaleiro de Santiago. Em 1636, com a morte de Francisco Coelho de Carvalho, governador do Estado do Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha assumiu interinamente. Finalmente, em junho de 1637, Bento Maciel Parente foi nomeado para seu antigo sonho, governar o Maranhão. Durante o período em que governou o Estado, Bento Maciel continuou a repelir as várias incursões de ingleses e holandeses. Em 1637, em reconhecimento aos seus muitos serviços, obteve a mercê do foro de Cavaleiro do hábito de Cristo e a de perpétuo Senhor e a donataria da Capitania do Cabo Norte, atual estado do Amapá, por doação de Felipe III de Portugal, com a honrosa cláusula, de que todos seus herdeiros e sucessores na Capitania se chamariam Macieis Parentes. A doação foi registrada no livro Segundo da Provedoria do Pará. Noticiada no Maranhão a ocupação do Ceará, pelos neerlandeses, Bento Maciel Parente enviou tropa ao Cabo Norte, pois entendiam que, por se localizar no extremo do Amazonas, estaria vulnerável tanto aos ataques de ingleses, franceses, holandeses e, mesmo, espanhóis que poderiam vir do Peru ou Equador por rio ou por mar. Obtendo a ciência e a evidencia da ameaça holandesa, o Governador criou uma estratégia para enfrentar os invasores com os recursos que possuía. Para fazer face ao inimigo, distribuiu três frentes de ataques: uma ficaria no Forte de São Felipe, outra estaria de prontidão na Praia Grande e a última foi mandada para confirmar no Araçagi os boatos dos nativos, que logo retornou com a noticia que se tratava de navios holandeses, de gente amiga e sabedor do Tratado de Trégua. Portanto o Governador do Maranhão não se preocupou com as naus, homens e armas holandesas. Em novembro de 1640, uma esquadra holandesa de 19 embarcações, mandada por Mauritz van Nassau-Siegen, que desde 1637 era governador-geral da Nova Holanda, com sede em Pernambuco, aproximou-se de São Luís. Como era do cotidiano de nações amigas, a esquadra holandesa fora acolhida com uma salva de canhões do Forte São Felipe. Os holandeses não corresponderam às boas vindas, o que ocasionou a advertência, sendo realizados novos disparos reais contra a frota. Os batavos voltaram e prosseguiram para o sul da cidade, ancorando onde hoje é conhecido como portinho. No encontro dos holandeses e luso-brasileiros, o comandante da frota, Joan Cornellizon Lichthart, ratificou o Tratado de Trégua, lavrando um entendimento em "Termo", pelo qual o governador poderia continuar no seu cargo. Solicitou, ainda, um local da ilha para que sua tropa pudesse acampar até vir de Portugal a decisão definitiva do Tratado. Contudo, o batavo não cumpriu sua parte do acordo, saqueando e ocupando a cidade. O “Termo” de entendimento antes assinado pelos respectivos representantes das nações foi substituído por um novo denominado de Capitulação. Houve a substituição das bandeiras e no mastro passou a tremular a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais. Os holandeses intimidaram os poucos habitantes que não fugiram a prestar juramento de fidelidade aos Estados Gerais das Províncias Unidas ao mesmo tempo em que embarcavam todas as tropas portuguesas para serem repatriadas para Portugal. O Governador Bento Maciel Parente foi feito prisioneiro e mandado por Nassau para a Fortaleza dos Reis Magos. Mas faleceu a caminho, em fevereiro de 1642. Os holandeses ocuparam o Maranhão, não passando ao Grão-Pará. Dez meses depois, Antônio Muniz Barreiros a partir do Itapicuru, com reforços de Pedro Maciel Parente, Capitão-mor do Grão-Pará, e de seu irmão João Velho do Vale, comandaram um levante contra os invasores. Durante algum tempo ainda resistiram os holandeses, até que, em fevereiro de 1644, partiram, deixando a cidade em destroços.
Novembro 1º chega ao Maranhão, bloqueando o porto, e assume o comando da luta; Novembro 2 Daniel de La Touche assina a rendição, entregando o forte no dia seguinte.
Alexandre de Moura ocupa o território, mandando Martim Soares para Tapuitapera e Cumã; Castelo Branco para o Pará; destacamentos para Itapecuru, Mearim e Munim. Novembro Matias de Albuquerque (c. 1590-1647)77 foi nomeado capitão dos aldeamentos de Tapuytapera, assim como Martim Soares Moreno78 o foi para o de Cumã, ficando ambos subordinados ao governo da nova Capitania do Maranhão 79.
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MATIAS DE ALBUQUERQUE, primeiro e único conde de Alegrete (Olinda, c. 1580 — Lisboa, 9 de junho de 1647), foi um administrador colonial português, irmão do donatário da Capitania de Pernambuco. http://pt.wikipedia.org/wiki/Matias_de_Albuquerque 78 MARTIM SOARES MORENO, Capitão-mor do Ceará, (Santiago do Cacém, c.1586 — Portugal, após 1648), foi um militar português que defendeu os interesses da coroa lusitana no Brasil, fazer com todos os países europeus reconhecessem o Tratado de Tordesilhas. É considerado o fundador do atual Ceará. Martim Soares Moreno nasceu em 1586 (ou talvez 1585) na cidade de Santiago do Cacém em Portugal. Era filho dos portugueses Martim de Loures Moreno e Paula Ferreira Soares. Seu tio, Diogo de Loures Moreno diz que "mui pequeno o havia mandado com Pero Coelho de Sousa, para que servindo naquela entrada aprendesse a língua dos índios, e seus costumes, dando-se com eles, e fazendo-se seu mui familiar, e parente, ou compadre, como eles dizem". Participou da expedição de Pero Coelho ao Ceará em 1603 e acabou por se tornar, anos mais tarde (1612), o virtual fundador daquela capitania. Na margem direita da foz do rio Ceará, com a ajuda de índios Potyguaras e seus soldados, construiu o Fortim de São Sebastião e uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Amparo. No mesmo ano foi a mando de Jerônimo de Albuquerque Maranhão, reconhecer o Maranhão, ocupado pelos franceses, que haviam sublevado o gentio daquela terra. Na volta, entretanto, seu navio foi jogado pelos ventos às Antilhas. Em 1614 estava em Sevilha, na Espanha. No ano seguinte, já capitão, retornou ao Maranhão, junto com um reforço de 900 homens, que tornaram possível a expulsão definitiva dos franceses e a captura da cidade de São Luís. Em 1616 foi capturado em alto mar por um navio corsário francês, após violento combate, que o deixou seriamente ferido, com uma cutilada no rosto e uma mão a menos. Nessa embarcação foi reconhecido por familiares das vítimas do Maranhão foi e preso. Ao chegar na França foi julgado e chegou a fica preso até 1618. Sendo repatriado a Portugal em 1618, graças negociações diplomáticas, escreveu uma carta patente de 26 de maio de 1619 fez mercê da capitania do Ceará a Martim Soares Moreno, em atenção aos seus serviços. Lá, em 1624 e 1625, repeliu os ataques de duas naus neerlandesas. Em 1630 deu-se a invasão holandesa de Pernambuco. Martim Soares partiu do Ceará com uns poucos índios e soldados e chegou ao Arraial do Bom Jesus em junho de 1631. Na fase inicial da luta, tomou parte no bloqueio das forças holandesas postadas em Recife e Olinda. Destacou-se sempre, como combatente e intérprete junto aos índios. Nos anos seguintes, tomou parte na defesa da Paraíba e de Cunhaú (na capitania do Rio Grande). http://pt.wikipedia.org/wiki/Martim_Soares_Moreno 79 A Capitania do Maranhão foi uma das subdivisões do território brasileiro no período colonial. Seu primeiro donatário foi Fernando Álvares de Andrade, que recebeu a capitania em 11 de março de 1535. Ela tinha 75 léguas de costa, estendendo-se do cabo de Todos os Santos até a foz do Rio da Cruz, cobrindo o nordeste do atual estado do Maranhão, pequena parte do Pará (onde hoje está Belém) e um extremo da Ilha de Marajó. Os donatários das três últimas capitanias, João de Barros, Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade, organizaram juntos uma expedição colonizadora composta de dez navios, com novecentos povoadores, sob o comando de Aires da Cunha, a qual chegou ao Brasil em 1535. Foram pouco felizes: obrigados a abandonar o navio ao ver as terras do Maranhão, fundaram a povoação da Nazaré. Sempre foram ameaçados pelos indígenas, com os quais entravam constantemente em luta. Em 1538, abandonaram a empresa. Nova tentativa de aproveitamento dos dois lotes foi feita em 1554, sob a chefia de Luís Melo. Já os franceses, por sua vez, visitavam freqüentemente a região, o que obrigou a Coroa, em princípios do século XVII, a empreender sua conquista. Em 1621 foi elevada à dignidade de Estado do Maranhão, com administração independente do resto do Brasil, sob ordens de Filipe III de Espanha, a fim de promover o desenvolvimento da região. Uniu-se a antiga capitania ao GrãoPará, mantendo São Luís como a capital desse extenso território. http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_do_Maranh%C3%A3o
25 de dezembro - Expedição ao Grão-Pará - após a expulsão dos franceses, Gaspar de Souza, governador geral do Brasil, substituiu Jerônimo de Albuquerque por Alexandre de Moura que, entre outras medidas, preparou uma expedição militar para expulsar estrangeiros (franceses, holandeses, ingleses) que se tivessem estabelecido no Grão-Pará. Para o comando da expedição, escolheu Francisco Caldeira, que partiu com um Caravelão, um Patacho e um Lanchão, com dez peças de artilharia, oito quintais de pólvora, munições e mantimentos. A força de desembarque dispunha de três companhias de infantaria e 50 soldados sob o comando dos capitães Álvaro Neto (no caravelão Santa Maria da Candelária), Pedro de Freitas (no patacho Santa Maria da Graça) e António Fonseca (no lanchão Assunção), tendo por subalternos os alferes Gaspar de Macedo, Pedro Teixeira e Pedro Favela. Também seguiram na expedição o piloto Antônio Vicente Cochado e o famoso prisioneiro francês, Charles des Vaux. Segundo relato de Capistrano de Abreu, "partiram no dia de Natal, correndo a costa, fazendo sondagens, dando fundo todas as noites, tomando as conhecenças da terra, numa extensão de cento e cinqüenta léguas. Entraram na barra pela ponta de Saparará, e seguiram por entre ilhas, bem acolhidos pelo gentio disposto em seu favor, graças à derrota dos franceses, e encontraram notícias imprecisas de flamengos e ingleses que freqüentavam aquelas regiões". http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Caldeira_Castelo_Branco
1616 a 2 de janeiro criada a Capitania de Tapuitapera, por regimento outorgado a Martim Soares Moreno; da baia de São Marcos ao Pará. 9 de janeiro - Alexandre de Moura retorna a Pernambuco, deixando Jerônimo de Albuquerque como primeiro Capitão-Mor da Conquista do Maranhão; nomeou ouvidor e auditor-geral Luis Madureira; sargento-mor Baltasar Álvares Pestana; capitão-de-mar Salvador de Melo; capitão das entradas Bento Maciel Parente; capitão de Cumã Martim Soares Moreno; comandante do forte de São Luis Ambrósio Soares; comandante do de São Francisco Álvaro Câmara; do de Itapari, Antonio de Albuquerque; e destruiu terras entre povoadores. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o
Janeiro Com a ascensão de Jerônimo de Albuquerque ao governo do Estado do Maranhão, BENTO MACIEL PARENTE foi nomeado Capitão de Entradas. Durante esta década, explorou os rios que desembocam na baía de São Marcos, por baixo de São Luís, o rio Mearim e o rio Pindaré. Seguindo os exemplos e processos dos bandeirantes, construiu o Forte da Vera Cruz do Itapecuru. A construção do Forte do Presépio e a fundação da cidade de Santa Maria de Belém, por Francisco Caldeira Castelo Branco, em 1616, seriam os pontos de apoio de que Pedro Teixeira e Bento Maciel Parente necessitavam para dar combate aos neerlandeses e ingleses invasores nos anos que se seguem. Capitães-mores do Estado do Maranhão - Jerônimo de Albuquerque Maranhão de 9 de janeiro de 1616 a fevereiro de 1618, sendo sucedido por seu filho, Antônio de Albuquerque Maranhão. O forte de São Luís muda o nome para o de São Felipe, em homenagem ao monarca reinante em Portugal, mas a povoação continua sendo de São Luís.
Plano da cidade de São Luís do Maranhão - após a conquista da cidade em 1615, com a participação de Frias de Mesquita, o engenheiro projetou uma nova cidade em forma de tabuleiro de xadrez, com ruas retas. O plano original ainda é visível no centro histórico da cidade. Frias de Mesquita projetou também vários fortes para defender a cidade; "traça" feita pelo Engenheiro-Mor do Brasil, Francisco Frias de Mesquita 80, a ser observada na implantação e desenvolvimento da futura vila, para cuja Câmara, quando se instalasse, deixa uma légua de terra como patrimônio. São Luís terá sido, por certo, a primeira cidade brasileira a ter sua planta previamente traçada, em uma malha urbana ortogonal, posicionada no sentido dos pontos cardeais.
http://cclbdobrasil.blogspot.com/2011/01/e-assim-nasceu-sao-luis-do-maranhao.html
FRANCISCO FRIAS DE MESQUITA (c.1578 - c.1645) foi um engenheiro-militar e arquiteto português com destacada atuação no Brasil colonial. Seu nome também pode aparecer grafado Francisco de Frias da Mesquita ou Francisco de Frias de Mesquita. Frias de Mesquita veio ao Brasil em 1603 como engenheiro-mór, projetando e construindo várias fortificações e outros edifícios até voltar a Portugal, em 1635. Participou da conquista de São Luís do Maranhão, que se encontrava em mãos dos franceses
12 de janeiro Francisco Caldeira desembarcou na enseada da Baía do Guajará, chamada pelos Tupinambás de "Paraná-Guaçu", e na elevação que os nativos chamavam de "Mairi", fez edificar um forte de madeira, coberto de palha, ao qual denominou "Presepe" (Presépio), que mais tarde viria a se chamar Forte do Castelo. À colônia que se formou junto ao forte, ele deu o nome de "Feliz Lusitânia" – embrião da futura cidade de Belém. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Caldeira_Castelo_Branco
- Fundação de Belém - A região onde a atual cidade se localiza era primitivamente ocupada pelos Tupinambás. O estabelecimento do primitivo 80 http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Frias_de_Mesquita
núcleo do município remonta ao contexto da conquista da foz do rio Amazonas, à época da Dinastia Filipina, por forças luso-espanholas sob o comando do capitão Francisco Caldeira Castelo Branco, quando, a 12 de janeiro de 1616, fundou o Forte do Presépio. A povoação que se formou ao seu redor foi inicialmente denominada de Feliz Lusitânia. Posteriormente foi sucessivamente denominada como Santa Maria do Grão Pará, Santa Maria de Belém do Grão Pará, até a atual denominação de Belém. Belém foi a primeira capital da Amazônia http://pt.wikipedia.org/wiki/Bel%C3%A9m_do_Par%C3%A1 11 de fevereiro expedição de Bento Maciel Parente ao Mearim, com 45 soldados e 90 índios civilizados; começa a carnificina. 7 de março Francisco Caldeira mandou ao Maranhão o alferes Pedro Teixeira81, para comunicar o resultado de sua missão. Esse oficial, com um pequeno grupo de soldados e alguns índios de confiança. A difícil viagem por terra durou dois meses, traçou uma rota de comunicação terrestre entre o Grão-Pará e o Maranhão. Pedro Teixeira regressou, dessa vez por mar, trazendo no lanchão que o conduzia, 30 soldados arcabuzeiros, sob o comando de Salvador de Melo, além de petrechos bélicos e fardamento. PEDRO TEIXEIRA (Cantanhede, 1570 — Belém, 4 de Julho de 1641) foi um explorador, sertanista e militar português. Pouco se conhece sobre a sua família ou os seus primeiros anos de vida. No contexto da Dinastia Filipina participou com Jerônimo de Albuquerque, na campanha para expulsar os franceses de São Luís do Maranhão, no litoral nordeste do Brasil. Após a expulsão destes, em fins de 1615, a Coroa Portuguesa determinou o envio de uma expedição à foz do rio Amazonas, com vistas a consolidar a sua posse sobre a região. Uma expedição de três embarcações, sob o comando de Francisco Caldeira Castelo Branco, foi enviada, nela seguindo o então alferes Pedro Teixeira. A 12 de janeiro de 1616, as embarcações ancoraram na baía de Guajará onde, numa ponta de terra, foi fundado o Forte do Presépio, núcleo da atual cidade de Belém do Pará. Em 1625 lutou contra os neerlandeses que estavam em um forte no rio Xingu e os ingleses ao longo da margem esquerda do rio Amazonas. Em 1626 subiu o rio Tapajós atrás dos Tupinambás para o comércio de escravos. Em 1627, frei Vicente do Salvador, na sua obra "Historia do Brazil", destacou a sua atuação Como reconhecimento por sua extensa lista de serviços prestados na conquista da Amazônia brasileira, foi agraciado com o cargo de capitão-mor da Capitania do Grão-Pará. Tomou posse em fevereiro de 1640, mas a sua gestão foi curta, tendo durado apenas até Maio de 1641, vindo a falecer em Julho desse mesmo ano.
81 http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Teixeira_(militar)
1617 por Carta Régia de 4 de maio Felipe III de Espanha, e II de Portugal cria o Estado do Maranhão, autônomo, compreendendo as duas capitanias gerais do Maranhão e do Grão Pará; ficava considerado parte do Brasil, para o fim de para ele mandarem degredados. Nascia, verdadeiramente, o Maranhão. 1618 (?) Jerônimo de Albuquerque, sentindo próxima a morte, nomeia seu filho Antonio de Albuquerque Maranhão como Capitão-General do Maranhão, tendo como adjutores Bento Maciel Parente, capitão das entradas e explorador das riquezas do Pindaré, e o Alferes Diogo (ou Domingos) da Costa Machado, subcomandante da fortaleza de São Felipe (Baluarte). Capitães-mores do Estado do Maranhão - Antônio de Albuquerque 11 de fevereiro de 1618 a novembro de 1619 11 de fevereiro morre Jerônimo de Albuquerque, agora, Maranhão, incorporado ao nome. 1618-1619 governo de Antonio de Albuquerque Maranhão, de 11 de fevereiro de 1618 a novembro de 1619 ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE foi um administrador colonial português, décimo terceiro governador da capitania da Paraíba. Governou de 1627 a 1634 e sucedeu Afonso de França. Em seu último ano de governo ocorreu a invasão holandesa na Paraíba.
Bento Maciel Parente reconstrói o forte de Itapari 22 de julho chegam ao Pará Frei Cristóvão de São José e Frei Sebastião do Rosário, tendo por comissário Frei Francisco Antonio de Merciana começam a chegar a São Luís casais vindos da ilha dos Açores, litoral do norte da África. A sucessiva chegada de açorianos às terras do Maranhão fez com que a nova vila de São Luís comece a sair da simples condição de quartel de defesa territorial, para tornar-se realmente uma povoação de colonos. Passa a tomar feição urbana, a vida civil e econômica começa a se organizar.
1619 Trazidos por Simão Estácio da Silveira chegam 200 açorianos, os primeiros colonos para o Maranhão, o que permite que a povoação passe à vila com a eleição (9/12) de seu primeiro Senado da Câmara, do qual foi ele mesmo o primeiro presidente. 6 de abril Diogo da Costa assume o governo (Lima 2006 afirma ser 7 de novembro, indo até 1622; Sebastião Barbosa assume como ouvidor-geral, por regimento de 7 de novembro (confirmação, trazendo suas atribuições) Domingos da Costa Machado – capitão-comandante da Fortaleza de São Felipe (Baluarte); até 1622 junho Bento Maciel Parente chega a Belém com um exército de 80 soldados e 400 índios frecheiros, vindos do Rio Grande e Paraíba, promovendo verdadeira carnificina dos índios que encontrou pela frente, começando por Cumã Capitães-mores do Estado do Maranhão - Domingos da Costa Machado de 7 de novembro de 1619 a 1622 1620 o Capitão-Mor Diogo da Costa Machado faz construir, à sua custa, a igreja da N. S. da Vitória, em pagamento de promessa feita à Santíssima Virgem para que livrasse a vila de uma primeira epidemia de varíola que estava dizimando sua população, estimada em apenas 300 almas; destinada a ser a matriz da freguesia quando se instalasse. Chegam duas levas de açorianos; a primeira, com 200 casais, trazida por Manuel Correa de Melo, a custa de Jorge de Lemos Bittencourt; a segunda, no ano seguinte (1621), trazidos por Antonio ferreira Bitencourt. Para Meireles (1980), São Luís tem duplicata a população, transformandose de simples posto militar avançado da conquista portuguesa, que fora até então, em uma povoação de colonos a que se precisaria dar, agora, uma administração civil: o capitão-mor fez sair um bando convocando o povo a se reunir e escolher seus representantes – os chamados homens-bons – que elegeriam os membros da vereação; saíram eleitores Sargento-mor Afonso Gonçalves ferreira, os capitães bento Maciel Parente e Pedro da Cunha e Álvaro Barbosa Mendonça e Rui de Sousa, elegendo os integrantes do Senado da Câmara: Simão Estácio da Silveira, presidente; Jorge da Costa Machado, juiz; Antonio Vaz Borba e Álvaro Barbosa, vereadores; e Antonio Simões, procurador. (p. 70). 1621 13 de junho – por Carta Régia é efetivado de direito, o propósito de criação do Estado do Maranhão, que só o seria de fato cinco anos - Carta Régia de 25/08/1626, denominado do Maranhão e Grão-Pará tendo São Luis como Capital, já sob Felipe IV; abrangia desde os baixios de São Roque, para o norte, até o rio Vicente Pinzon (Oiapoque)- atuais estados do Acre ao Ceará, incluindo o que são hoje o Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Maranhão e Piauí. O Estado do Maranhão compreendia também os atuais territórios de Ceará, Piauí, Pará e Amazonas. Essa região subordinava-se, desse modo, diretamente à Coroa Portuguesa. Entre as suas atividades econômicas destacavam-se a lavoura de cana e a produção de açúcar, o cultivo de tabaco, a pecuária (para exportação de couros) e a coleta de cacau. A maior parte da população
vivia em condições de extrema pobreza, sobrevivendo da coleta, da pesca e praticando uma agricultura de subsistência. Desde meados do século XVII, o Estado do Maranhão enfrentava séria crise econômica, pois desde a expulsão dos Holandeses da Região Nordeste do Brasil a empresa açucareira regional não tinha condições de arcar com os altos custos de importação de escravos africanos. Neste contexto, teve importância a ação do padre Antônio Vieira (1608-1697)82 que, na década de 1650, como Superior das Missões Jesuíticas no Estado do Maranhão, implantou as bases da ação missionária na região: pregação, batismo e educação, nos moldes da cultura portuguesa e das regras estabelecidas pelo Concílio de Trento (1545-1563). http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Beckman
Julho O rei de Portugal nomeia Bento Maciel Parente Capitão-Mor do Grão-Pará. Durante o seu governo, Bento Maciel fortificou o Forte do Presépio e ordenou investida contra os invasores holandeses, com objetivo de expulsá-los da colônia.
Aparece a primeira epidemia de varíola, trazida por um navio vindo de Pernambuco Daniel de La Touche tenta armar nova frota para voltar ao Maranhão, na companhia de holandeses Diogo da Costa comunica a descoberta de um gentio a que chamou de Barbados, vivendo entre os rios Moni, Tapecuru e Meari, outubro – fim do governo de Diogo da Costa Machado; Lima (2006, p. 260) afirma que Antonio Muniz saiu de Pernambuco a 11 de março e chegou a São Luis, e
82 PADRE ANTÔNIO VIEIRA (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Salvador (Bahia), 18 de julho de 1697) foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi). António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãosvelhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição. Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português.
assumindo o governo, em 20 de abril; trouxe gado e fazendas; vindo em sua companhia os padres Luis Figueira e Benedito Amodei83 BENEDITO AMODEI (HOMODEI, Benedito / AMADEU, Benedito) Bivona [Sicília], 1583 – Maranhão, 1647 - Jesuíta siciliano, Benedito Amodei entrou para a Companhia de Jesus a 10 de Abril de 1598, na província de Palermo. Ainda antes de partir em missão para o Brasil, foi nomeado coadjutor espiritual, em 1617. Dois anos depois, estava de partida para terras brasileiras. Desde 1622 que Amodei se encontrava na missão do Maranhão, acompanhando o padre Luís Figueira. Foi particularmente ativo na tentativa de expansão da atividade evangelizadora na região. Tal é visível numa carta que, a 3 de Dezembro de 1646, escreveu do Maranhão para o geral da Companhia de Jesus, solicitando o envio de mais missionários que conhecessem as línguas nativas. Após a morte do padre Lopo de Couto, foi ele quem assumiu a liderança daquela missão. O Maranhão fora invadido pelas forças holandesas e o jesuíta siciliano tomou posição na resistência portuguesa. Aliás, a vitória contra os neerlandeses foi popularmente atribuída à força e devoção das suas orações, segundo narrou o capitão António Teixeira de Melo num certificado de 9 de Março de 1654. A fama de santidade passou a acompanhar Amodei.
1622 20 de abril Antônio Muniz Barreiros Filho – filho de Antonio Muniz Barreiros, Provedor mor da Real Fazenda do Brasil; conseguiu a nomeação de seu filho como quarto Capitão-mor da conquista do Maranhão, não obstante a titulo precário, haja vista a criação do estado do Maranhão. Por ser moço e da falta de experiência, foi lhe dado como assistente o jesuíta Luis Figueira; foi um período com fatos marcantes: construído um engenho na região de Itapecuru; padre Luís Figueira abriu a primeira escola para os filhos dos portugueses; chegam os primeiros gados na capitania; aberto uma estrada ligando Maranhão – Belém (Estrada Real Alcântara – Belém). Até 1625 Capitães-mores do Estado do Maranhão - Antônio Moniz Barreiros Filho 20 de abril de 1622 a 1626 1624-1625 Primeira invasão Neerlandesa do Nordeste do Brasil (conquista de Salvador); 1623 Em maio, Bento Maciel Parente junto com Luís Aranha de Vasconcelos, Aires de Souza Chichorro e Salvador de Melo, conquistou dos holandeses os pontos fortificados de Muturu e Mariocái, próximo á foz do rio Xingu, também chamado de Paranaíba, fundando no lugar do Forte de Mariocai, o Forte de Santo Antônio de Gurupá, fazendo dele a base de apoio para as suas arrancadas, expulsando nos anos seguintes os neerlandeses do Baixo Xingu e do rio Tapajós. A ação realizada no Forte de Mariocai foi um grande feito. Liderando cerca de 70 soldados e aproximadamente mil índios em canoas nativas, o Capitão-mor do Pará investiu contra os invasores holandeses, que não impediram o ataque luso-brasileiro à fortificação. Parente, buscando ludibriar a guarnição holandesa, manobrou rumo ao Forte de Orange, na parte leste do Baixo Xingu, provocando a debandada dos invasores fugindo rumo à selva. O desfecho português na derrota da força dos neerlandeses e aliados foi alcançado no Forte de Nassau, 67 km acima do Xingu, uma vez que a fortaleza capitulou sem luta. 1624 dão-se por criada a freguesia do Maranhão (5/02) e a Igreja de N. S. da Vitória erigida em matriz com a chegada de Frei Cristovão de Lisboa acompanhado de 18 padres. Superior dos franciscanos de Santo Antonio, visitador eclesiástico e 83
http://www.catedra-alberto-benveniste.org/dic-italianos.asp?id=384
comissário do Santo Ofício. Tentou reconstruir o convento de palha abandonado pelos jesuítas, diligenciava a construção do Convento de Santa Margarida – atuais conventos e igreja de Santo Antônio, inaugurado em 1º de fevereiro de 1625. 15 de março Frei Cristóvão de Lisboa publica alvará dearrebatando dos colonos a administração dos índios 1625 o jesuíta Luís Figueira já possuía a légua de terra que lhe fora doada, no sítio Anindiba. Em virtude da Carta Régia de 11 de junho de 1761, o Governador Joaquim de Melo e Póvoas deslocou-se para aquela povoações, elevando-a à categoria de vila, com o nome de Paço do Lumiar, em razão de sua semelhança com localidade do mesmo nome existente em Portugal. Para promover o desenvolvimento da Vila, mandou para o núcleo famílias indígenas e numerosos homens brancos que viviam nas proximidades. Distrito criado com a denominação de Paço Lumiar, pela Resolução Régia de 18-06-1757. Elevado à categoria de vila com a denominação de Paço do Lumiar, pela Carta Régia nº 7, de 29-04-1835. Bento Maciel Parente, Capitão-mor do Pará, foi responsável pela criação do Escudo das Armas e da bandeira da cidade de Belém, com provimento de D. Luis de Souza. A idéia era colocar o escudo no Forte do Castelo, simbolizando a coragem, a tradição e o pioneirismo dos portugueses. O governador recebeu auxílio de Pedro Teixeira, Aires de Souza Chichorro e Francisco Baião de Abreu. PEDRO TEIXEIRA toma três fortins erguidos por ingleses. De acordo com TINÉ (1969:45), três fortins teriam sido erguidos pelo inglês Francis (ou Henri) Ro, na região do rio dos Tucujus. Como outros estabelecimentos erguidos por estrangeiros na embocadoura do rio Amazonas, no início do século XVII, acreditase que se tratasse de pequenas feitorias fortificadas, dedicadas ao escambo de drogas do sertão com os indígenas. O mesmo autor defende ainda que os estabelecimentos ingleses erguidos na Amazônia no período tiveram a autorização dos reis Jaime I de Inglaterra (1603-1625) e Carlos I de Inglaterra (1625-1645) (op. cit. p. 45). CASTRO (1983:23) complementa que estes soberanos ingleses doaram terras a fidalgos da sua Corte, entre os anos de 1613 e 1627. SOUZA (1885) remonta estes três fortes a 1620, computando-os um na ilha dos Tocujus (Forte do Tauregue), outro em terra firme, ao Norte do primeiro (Forte de Phillipe)84, e o terceiro na ponta do Macapá (Forte de Cumaú)85. Quanto às datas 84 O Fortim de Filipe, mais propriamente Fortim de Phillip, mas também grafado como Forte Felippe (ROCQUE, 1968:738), localizava-se na região do rio dos Tucujus, afluente da margem esquerda do rio Amazonas, no litoral do atual estado brasileiro do Amapá. Cândido Mendes de Almeida (Pinsônia, 1873) localiza-o na ilha dos Tucujus (hoje ilha do Gurupá), e refere o seu chefe como Thomaz (Purcell), o que OLIVEIRA (1968) atribui a uma confusão com o Forte do Rio Tauregue (op. cit., p. 749). GARRIDO (1940) atribui-o ao inglês Roger North, quando este, após ser batido no Forte de Santo Antônio de Gurupá em 1629, fortificou-se entre o rio Matapi e o rio Anamirapucú, na margem esquerda do rio Amazonas (op. cit., p. 24-25). OLIVEIRA (1968) nomeia-o também como Forte North, atribuindo também a Roger North, mas quando da retirada deste do Forte do Torrego, naquele ano, localizando-o também entre os rios Matapi e Anamirapucú (op. cit., p. 749). ROCQUE (1968) refere-o ainda como Forte North (op. cit., p. 738), parecendo mais correto utilizar esta designação com relação ao Forte inglês de Cumaú, este sim, erguido por Roger North à época. OLIVEIRA (1968) complementa que o Capitão-mor do Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha conquistou este fortim em 1 de maio de 1631, retirando-lhe a artilharia e arrasando a posição (op. cit, p. 749). http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortim_de_Filipe; http://fortalezasmultimidia.com.br/fortalezas/ini.php
dos respectivos desaparecimentos, dá o primeiro como arrasado por Pedro Teixeira (1629), o segundo por Jácome Raimundo de Noronha (1631) e o terceiro por Feliciano Coelho de Carvalho (1632). http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortim_de_Filipe; http://fortalezasmultimidia.com.br/fortalezas/ini.php
1626 dá-se por instalado o Estado do Maranhão, criado pela Carta Régia de 13/06/1621, separado do Brasil e tendo São Luís por capital com a posse (3 de setembro) de Francisco Coelho de Carvalho 86 no cargo de Governador e Capitão-General, nomeado por Carta Regia de 25 de setembro de 1623. Chegaram com o Governador Manuel de Sousa d´Eça, nomeado capitão-mor do Grão-Pará; Jacome Raimundo de Noronha, como Provedor-mor da Fazenda Real do Maranhão; Frei Cristóvão de Lisboa. A Capitania-Geral do Maranhão era a cabeça do Estado e compreendia, em seu distrito, as capitanias subsidiárias do Ceará – compreendida entre os ruios Jaguaribe e Mondaituba, com sede na aldeia e forte de N. S. do Amparo,hoje Fortaleza, fundado por Martim Soares Moreno em1611 -; do Itapicuru – com sede em S. Jacóforte construído em 1629 por bento Maciel Parente, com limites pelo rio Peri-Açu, seguindo pelo Mearim até a ponta de Tapuitapera; do Icatu – instalada em 1691; do Mearim, todas quatro da Coria, e mais as de Tapuitapera – ou de Cumã primeiro administrados (1616) Martim Soares Moreno, doada a Francisco Coelho de Carvalho em 16 de março de 1624, passada a Antonio Coelho de carvalho por Carta Regia de 1637, estyendeendo-se por 50 léguas 85 O Forte inglês de Cumaú (também grafado como Camaú) localizava-se na altura da atual ponta da Cascalheira, à margem esquerda do rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, cerca de quinze quilômetros ao Sul de Macapá, no atual estado do Amapá, no Brasil. Uma expedição enviada por uma companhia de comércio inglesa, da qual o próprio duque de Buckingham era sócio, sob o comando de Roger Fray, erigiu, no início do século XVII, este fortim, artilhado com sete peças. Esta feitoria fortificada destinava-se ao armazenamento de drogas do sertão. Em 1631, uma nau e dois patachos, que se dirigiam ao Forte do rio Tauregue com gente e reforços, cientes da queda deste desde 1629, retornaram à Inglaterra. Um dos patachos, entretanto, com parte dos quarenta tripulantes doente, dirigiu-se a Cumaú na tentativa de obter auxílio. Cientes dessa movimentação, o Capitão-mor Feliciano Coelho de Carvalho, com os reforços de Ayres Chichorro e Pedro Baião de Abreu, à frente de um destacamento de Belém do Pará, apoiados por indígenas flecheiros Tucujus em canoas, atacaram e conquistaram a posição inglesa em Cumaú, a 9 de julho de 1631 (GARRIDO, 1940:25). O comandante do forte não foi encontrado entre os defensores - fora ao encontro da nau com os reforços. Ayres Chichorro perseguiu-o e, encontrando a nau a 14 de julho, abordou-a com os indígenas, tomando-a, matando Roger Fray, e retornando a Belém com a embarcação apresada, a artilharia da fortificação e os despojos dos vencidos (GARRIDO, 1940:25; REIS, 1949). OLIVEIRA (1968) esclarece os efetivos portugueses mobilizados para o efeito: Carvalho, Chichorro e Abreu reuniram em Cametá 127 canoas com 240 soldados e 5.000 índígenas. Dá, entretanto as datas como: o assalto inicial terá se registrado em 19 de junho de 1632, e a rendição da fortificação em 9 de julho (de 1632, portanto). Complementa com o comentário de Artur Viana, de que "era o último reduto inglês na Amazônia". (OLIVEIRA, 1968:749). SOUZA (1885) remonta este forte a 1620, atribuindo a sua destruição a Feliciano Coelho [de Carvalho], em 1632. (op. cit., p. 33-34). http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_ingl%C3%AAs_de_Cuma%C3%BA BARRETTO (1958) periodiza a construção do forte no ano de 1631, e sua conquista no ano seguinte, por Feliciano Coelho de Carvalho e Pedro Baião (op. cit., p. 44). Sobre as suas ruínas foi erguido um novo fortim de madeira, com a mesma designação (Forte português de Cumaú), por Francisco da Mota Falcão (1658), por sua vez sucedido pelo Forte de Santo Antônio do Macapá (1688). 86 http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Coelho_de_Carvalho
entre o Pindaré e o Turiaçu, com sede na vila de Santo Antonio de Alcantara; de Caeté – Bragança – doada a Frei D. Manuel de Melo, prior do Crato, antes chamada de Gurupi; e de Vigia- , de donatários e hereditários. A Capitania´Geral do Grão-Pará estendia sua jurisdição às capitanias secundárias do Gurupá, da Coroa, e as de Joanes, de Cametá, e do Cabo do Norte, estas de donatários, e possivelmente uma quarta, a de Xingu. FRANCISCO DE ALBUQUERQUE COELHO DE CARVALHO foi um administrador colonial português, oitavo governador da capitania da Paraíba. Governou de 1608 a 1612 e sucedeu João de Barros de Correia. Foi ainda governador do Maranhão e do Pará. Era filho de Feliciano Coelho de Carvalho, comendador de Seia, Governador de São Tomé e Governador da Paraíba, casado com D. Maria Monteiro. Francisco casou-se com a pernambucana Brites de Albuquerque, natural de Olinda, filha de Antonio Cavalcanti de Almeida e de Isabel de Góis (esta, filha de Arnau de Holanda. Seu filho mais velho, que o auxiliou no Maranhão, se chamou Feliciano Coelho de Carvalho. Do casamento do outro filho, Antonio Albuquerque Coelho, com a prima Inês Francisco Coelho, nasceu Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho (1655-1725) ou Antonio Albuquerque Coelho de Carvalho, que assinava sem a partícula «de» e jamais teve o título de Dom. Era o futuro Governador do Maranhão, do Pará, da capitania do Rio de Janeiro (que incorporava São Paulo e as chamadas Minas do Ouro) e ainda Angola.
Capitães-mores do Estado do Maranhão Antônio Coelho de Carvalho de 3 de setembro de 1626 a 15 de setembro de 1635 1625/1636 - FRANCISCO DE ALBUQUERQUE COELHO DE CARVALHO – primeiro Capitão-General, Fidalgo da Casa real, Comendador da Ordem de Cristo, reinante Felipe IV de Castela Luis Figueira abriu a primeira escola de que se tem notícias no Maranhão, para ensinar as letras aos filhos dos portugueses reconstrução do Forte de São Felipe em pedra e cal; construção de um forte na boca do Itapecuru 17 de dezembro (1626) Carta Régia encarecia ainda a necessidade de se criar um local para a capital do Maranhão (Lima, 2006, 276) 1627 27 de novembro Daniel de La Touche recebe nova carta patente de Luis XIII, nomeando-o tenente-teneral na América, desde o rio Amazonas até a ilha da Trindade; junto com ele, Loudrieres também é nomeado.
Mapa múndi das Tabelas Rodolfinas de Johannes Kepler (1627), incorporando muitas das novas descobertas http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos
1628 Construção do Forte do Rio Tauregue, também denominado como Forte de Tauregue, Forte do Torrego, Forte do Torrejo ou Forte do Maracapuru, localizavase na confluência do rio Tauregue (hoje rio Maracapuru) com a margem esquerda da foz do rio Amazonas, no atual estado do Amapá, levantada por contrabandistas ingleses de drogas do sertão, com a função de feitoria. GARRIDO (1940) atribui-o a ingleses e neerlandeses (op. cit., p. 24). TINÉ (1969:45) explica que teria sido erguido por James Purcell87, comerciante irlandês associadao a capital neerlandês, localizando este forte na região dos Tucujus. Defende ainda que os estabelecimentos ingleses erguidos na Amazônia no período tiveram a autorização dos reis Jaime I de Inglaterra (1603-1625) e Carlos I de Inglaterra (1625-1645) (op. cit., p 45). Na "Carta Particolare dell Rio d'Amazone con la Costa sin al fiume Maranhan" do século XVI (Biblioteca Nacional do Brasil, Rio de Janeiro), figuram o forte, o cabo, o rio e a ilha "di Taurego" naquela costa. O pernambucano Pedro da Costa Favela surpreendeu este estabelecimento fortificado, que resistiu ao cerco que lhe foi imposto por suas forças, a 26 de setembro de 1629. O Capitão português Pedro Teixeira chegou com reforços, e juntos, cerca de dois mil homens, a maioria indígenas flecheiros em noventa e oito canoas, conseguiram a sua rendição, a 24 de outubro de 1629, arrasando a posição (SOUZA, 1885:34). BAENA informa que, nomeado o capitão Aires de Souza Chichorro para receber a obra, "extrahe-se do Forte a Artilharia, e suas anexidades: e derroca-se-lhe os muros por uma prompta e inteira demolição." http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_do_Rio_Tauregue
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O seu nome é referido na historiografia do Pará como "Gomes" Purcell. De acordo com ALBUQUERQUE (2008), o irlandês Philip Purcell, que em 1609 comerciava tabaco com os indígenas na Guiana, juntamente com mais quatorze compatriotas, estabeleceu uma colónia voltada para o cultivo desse gênero na região do rio Maracapuru. Esse estabelecimento prosperou até 1620, quando passou para o controle da "Amazon Company". Esta empresa tinha como finalidade empreender a colonização da região do Amazonas, explorando não apenas o cultivo do tabaco mas também o de algodão e a cana-deaçúcar, fazendo instalar engenhos para a produção de açúcar. A repressão luso-espanhola sobre os estabelecimentos estrangeiros na região desencadeia-se a partir de 1625 com a ação de Pedro Teixeira. http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_do_Rio_Tauregue
1630-1654 Segunda invasão Neerlandesa ao Nordeste do Brasil (conquista de Pernambuco);
São Luís do Maranhão. Mapa de 1629 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jer%C3%B4nimo_de_Albuquerque_Maranh%C3%A3o
1630 Jácomo Raimundo de Noronha nomeado capitão-mor do Pará, em substituição a Luis Aranha de Vasconcelos Segundo Lima (2006, p.274/5) o governador Francisco Coelho de Carvalho (sobrinho), O Sardo (1626-1636)88, impossibilitado de se afastar de São Luis, enviou seu filho Feliciano para conjurar os distúrbios que agitavam aquela capitania, no que resultou a substituição do capitão-mor Luis Aranha de Vasconcelos pelo provisormor Jácome Raimundo de Noronha, sucedido por Antonio Cavalcanti de Albuquerque, cunhado do governador, por sua vez seguido de Luis do Rego Barros, primo. Ainda segundo Lima (2006) com o estabelecimento dos holandeses em Pernambuco, e o planejado domínio do Norte, Coelho ordenou a jacome Noronha passar o governo a Antonio Cavalcanti de Albuquerque e fosse combater os estrangeiros no Amazonas, com a ajuda de Manuel Pires freire, Aires de Sousa Chichorro e Pedro da Costa Favela. 1635 Capitães-mores do Estado do Maranhão - Jácome Raimundo de Noronha, de 9 de outubro de 1635 a janeiro de 1638 1636 a população da então vila de São Luís era de 310 habitantes. Lima (2006, p. 270) dá que em 1937 era de 250; Belém, 80 habitantes e 50 soldados com a morte de Francisco Coelho de Carvalho, governador do Estado do Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha assumiu interinamente. 1636-1638 – governador geral do Maranhão e Grão Pará JÁCOME RAIMUNDO DE NORONHA – eleito pelo povo, Fidalgo da Casa Real, Provedor-Mor da Fazenda Real, e ex-Capitão-Mor do Grão-Pará 1637 Gedeon Morris incitava a Câmara holandesa a ocupar as terras do Maranhão, acenando com exagerados benefícios. Os holandeses antes estiveram no Gurupá,
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Coelho_de_Carvalho
onde construíram a fortaleza de Mariocaí, de onde os expulsou Luis Aranha de Vasconcelos (Lima, 2006: 285) Junho Bento Maciel Parente foi nomeado para seu antigo sonho, governar o Maranhão. Durante o período em que governou o Estado, Bento Maciel continuou a repelir as várias incursões de ingleses e holandeses. 25 de Julho Pedro Teixeira chefiou uma expedição partindo do Maranhão, com 45 canoas, setenta soldados e mil e duzentos flecheiros e remadores indígenas subindo o curso do rio Amazonas, buscando confirmar a comunicação entre o oceano Atlântico e o Peru, rota percorrida no século anterior por Francisco de Orellana. Seu destino final foi Quito, no Equador. Fundou Franciscana na confluência do rio Napo com o Aguarico, no alto sertão, para delimitar as terras de Portugal e Espanha, segundo o Tratado de Tordesilhas. A viagem foi registrada pelo jesuíta Cristóbal de Acuña em obra editada em 1641. Como reconhecimento por sua extensa lista de serviços prestados na conquista da Amazônia brasileira, foi agraciado com o cargo de capitão-mor da Capitania do Grão-Pará. Tomou posse em fevereiro de 1640, mas a sua gestão foi curta, tendo durado apenas até Maio de 1641, vindo a falecer em Julho desse mesmo ano. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Teixeira_(militar)
PEDRO TEIXEIRA (Cantanhede, 1570 ou 1587 — Belém, 4 de Julho de 1641) foi um explorador, sertanista e militar português. Pouco se conhece sobre a sua família ou os seus primeiros anos de vida. No contexto da Dinastia Filipina participou, com Jerônimo de Albuquerque, na campanha para expulsar os franceses de São Luís do Maranhão, no litoral nordeste do Brasil. Após a expulsão destes, em fins de 1615, a Coroa Portuguesa determinou o envio de uma expedição à foz do rio Amazonas, com vistas a consolidar a sua posse sobre a região. Uma expedição de três embarcações, sob o comando de Francisco Caldeira Castelo Branco, foi enviada, nela seguindo o então alferes Pedro Teixeira. A 12 de janeiro de 1616, as embarcações ancoraram na baía de Guajará onde, numa ponta de terra, foi fundado o Forte do Presépio, núcleo da atual cidade de Belém do Pará. Em 1625 lutou contra os neerlandeses que estavam em um forte no rio Xingu e os ingleses ao longo da margem esquerda do rio Amazonas. Em 1626 subiu o rio Tapajós atrás dos Tupinambás para o comércio de escravos. Em 1627, frei Vicente do Salvador, na sua obra "Historia do Brazil", destacou a sua atuação. Foi agraciado com o cargo de capitão-mor da Capitania do Grão-Pará. Tomou posse em fevereiro de 1640, mas a sua gestão foi curta, tendo durado apenas até Maio de 1641, vindo a falecer em Julho desse mesmo ano. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Teixeira_(militar)
1638 Bento Maciel Parente, segundo Governador e Capitão-General do Estado, faz construir, em torno do núcleo original de São Luís, uma muralha que se transforma em uma cidadela a área das atuais Avenida Pedro II e Praça Benedito Leite. Lima (2006, p. 280-81) – “[...] mandou construir um muro ‘que corria da praia Pequena detrás da cerca do colégio até a praia Grande’, para compor a cidadela e fortificar a cidade, o qual aparece na planta de São Luís levantada pelos holandeses, não sendo ela, a cidade ‘senão mais que uma fortaleza’, cujos limites não ia além da Rua do Egito”.
Maragnon, de Frans Jansz, 1645 Bento Maciel Parente tomou posse em 27 de janeiro de 1638 – Fidalgo da casa real, Cavaleiro da Ordem de Cristo, perpétuo senhor e donatário de Capitania do Cabo do Norte, criada em 14 de junho de 1636 por Felipe IV de Castela. Capitão-mor do Estado do Maranhão de 27 de janeiro de 1638 a 1642 Bento Maciel Parente (Caminha, 1567 — Recife, Fevereiro de 1642) foi um explorador, sertanista e militar português. Foi veterano das guerras da Paraíba e do Rio Grande, onde participou da construção do Forte de São Filipe e da Fortaleza dos Reis Magos. Participou da Campanha do Salitre, sendo mandado ao interior da Bahia, 80 léguas sertão adentro. Bento Maciel Parente foi um dos eleitores das primeiras eleições para Câmara municipal de São Luís, em 1619, quando chegaram ao Maranhão os primeiros açorianos. Em 1630, a capitania de Pernambuco foi invadida pelos neerlandeses. Bento Maciel foi consultado, e, logo depois, enviado para a luta. Participou de várias fases da resistência. Em 1634, por seus feitos foi elevado a fidalgo, sendo que desde 1625 já recebera o hábito de cavaleiro de Santiago. Em 1637, em reconhecimento aos seus muitos serviços, obteve a mercê do foro de Cavaleiro do hábito de Cristo e a de perpétuo Senhor e a donataria da Capitania do Cabo Norte, atual estado do Amapá, por doação de Felipe III de Portugal, com a honrosa cláusula, de que todos seus herdeiros e sucessores na Capitania se chamariam Macieis Parentes. A doação foi registrada no livro Segundo da Provedoria do Pará. Noticiada no Maranhão a ocupação do Ceará, pelos neerlandeses, Bento Maciel Parente enviou tropa ao Cabo Norte, pois entendiam que, por se localizar no extremo do Amazonas, estaria vulnerável tanto aos ataques de ingleses, franceses, holandeses e, mesmo, espanhóis que poderiam vir do Peru ou Equador por rio ou por mar. Obtendo a ciência e a evidencia da ameaça holandesa, o Governador criou uma estratégia para enfrentar os invasores com os recursos que possuía. Para fazer face ao inimigo, distribuiu três frentes de ataques: uma ficaria no Forte de São Felipe, outra estaria de prontidão na Praia Grande e a última foi mandada para confirmar no Araçagi os boatos dos nativos, que logo retornou com a noticia que se tratava de navios holandeses, de gente amiga e sabedor do Tratado de Trégua. Portanto o Governador do Maranhão não se preocupou com as naus, homens e armas holandesas. O Governador Bento Maciel Parente foi feito prisioneiro e mandado por Nassau para a Fortaleza dos Reis Magos. Mas faleceu a caminho, em fevereiro de 1642. Os holandeses ocuparam o Maranhão, não passando ao Grão-Pará. Dez meses depois, Antônio Muniz Barreiros a partir do Itapicuru, com reforços de Pedro Maciel Parente, Capitão-mor do Grão-Pará, e de seu irmão João Velho do Vale, comandaram um levante contra os invasores. Durante algum tempo ainda resistiram os holandeses, até que, em fevereiro de 1644, partiram, deixando a cidade em destroços. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_Maciel_Parente
1640 Começou a Guerra da Independência de Portugal, a União Ibérica termina graças ao movimento que ficou conhecido como Restauração (recuperação) 89. Este movimento significou o retorno da autonomia política de Portugal, agora sob a dinastia dos Bragança, sendo seu primeiro rei D. João IV. A aliança entre os portugueses e a República das Províncias Unidas90, sua aliada na luta pela independência contra a Espanha, propiciou uma trégua aos combates, o que foi muito bom para os negócios holandeses na Colônia. O rei enviou embaixadores a França, Inglaterra e à República Holandesa, visando formar parcerias com estes países na luta contra Espanha. http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Luso-Holandesa; http://multirio.rio.rj.gov.br/historia/modulo01/restauracao.html
Zonas disputadas entre 1588-1654 (a tracejado) pelas companhias da República das Sete Províncias Unidas que originaram o Império Holandês (laranja) http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Portugu%C3%AAs
89 A Restauração da Independência é a designação dada à revolta dos portugueses, iniciada em 1 de Dezembro de 1640, chefiados por um grupo designado de Os Quarenta Conjurados e que se alastrou por todo o país, contra a tentativa da anulação da independência do Reino de Portugal pela governação da Dinastia filipina, e que vem a culminar com a instauração da 4.a Dinastia Portuguesa que parte da casa de Bragança. É comemorada anualmente em Portugal por um feriado no dia 1 de Dezembro. http://pt.wikipedia.org/wiki/Restaura%C3%A7%C3%A3o_da_Independ%C3%AAncia. 90 A república das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos (neerlandês: Republiek der Zeven Verenigde Nederlanden; Latim: Belgica Foederata), ou república Unida dos Países Baixos ou mais simplificadamente as Províncias Unidas, foi um Estado europeu, antecessor dos actuais Países Baixos, também conhecido como Holanda, que existiu entre 1579 e 1795, agrupando as sete províncias do norte dos Países Baixos (Frísia, Groningen, Güeldres, Holanda, Overijssel, Utrecht e Zelândia). A república foi fundada pela união de Utrecht (1579) e sobreviveu até a sua transformação em república Batava na sequência da ocupação francesa de 1795. A partir da primeira metade do século XVIII, teve início o declínio da república Unida dos Países Baixos. Leis mercantis da GrãBretanha e da França e as Guerras Anglo-Holandesas contribuíram para o declínio. Com a mortes de De Witt e de De Ruyter, a república Neerlandesa perdeu sua hegemonia marítima e, com ascensão de Inglaterra, Amsterdão perdeu a sua posição de principal centro económico europeu. Em 1795, a república teve seu território ocupado pela França, sendo substituída pela república Batava. Atuais Bélgica, Holanda e parte do norte da França, desde a segunda metade da Idade Média, constituíram se numa região de grande prosperidade econômica, cujas manufaturas têxteis desfrutavam inigualável reputação internacional. Formou-se, assim, nos Países Baixos, uma poderosa burguesia mercantil, uma das mais progressistas da Europa. Os Países Baixos eram possessões dos Habsburgos e tinham grande autonomia no reinado de Carlos V (pai de Filipe II). Suas tradições e interesses econômicos locais eram respeitados. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_das_Sete_Prov%C3%ADncias_Unidas_dos_Pa%C3%A Dses_Baixos. http://www.culturabrasil.org/holanda.htm
Novembro Uma esquadra holandesa de 19 embarcações, mandada por Mauritz van Nassau-Siegen, que desde 1637 era governador-geral da Nova Holanda, com sede em Pernambuco, aproximou-se de São Luís. Como era do cotidiano de nações amigas, a esquadra holandesa fora acolhida com uma salva de canhões do Forte São Felipe. Os holandeses não corresponderam às boas vindas, o que ocasionou a advertência, sendo realizados novos disparos reais contra a frota. Os batavos voltaram e prosseguiram para o sul da cidade, ancorando onde hoje é conhecido como portinho. No encontro dos holandeses e luso-brasileiros, o comandante da frota, Joan Cornellizon Lichthart, ratificou o Tratado de Trégua, lavrando um entendimento em "Termo", pelo qual o governador poderia continuar no seu cargo. Solicitou, ainda, um local da ilha para que sua tropa pudesse acampar até vir de Portugal a decisão definitiva do Tratado. Contudo, o batavo não cumpriu sua parte do acordo, saqueando e ocupando a cidade. O “Termo” de entendimento antes assinado pelos respectivos representantes das nações foi substituído por um novo denominado de Capitulação. Houve a substituição das bandeiras e no mastro passou a tremular a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais. Os holandeses intimidaram os poucos habitantes que não fugiram a prestar juramento de fidelidade aos Estados Gerais das Províncias Unidas ao mesmo tempo em que embarcavam todas as tropas portuguesas para serem repatriadas para Portugal. JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU-SIEGEN, em neerlandês Johan Maurits van Nassau-Siegen e em alemão Johann Moritz von Nassau-Siegen (Dillenburg, 17 de junho de 1604 – Cleves, 20 de dezembro de 1679), cognominado "o Brasileiro", foi conde e (após 1674) príncipe de NassauSiegen, um Estado do Sacro Império Romano-Germânico e mais tardiamente da Confederação Germânica, localizado nas cercanias das cidades de Wiesbaden e Coblença. Filho do conde João VII de Nassau, casado em segundas núpcias com Margarida de Holstein, princesa de HolsteinSonderburg, filha do duque de Schleswig-Holstein e de uma princesa da dinastia de Brunswick, João Maurício foi o décimo-terceiro filho de seu pai, mas o primogênito do segundo casamento. Pouco se sabe da sua infância, passada em Siegen. Recebeu boa educação nas Universidades da Basileia, onde chegou aos 10 anos, famosa desde os tempos de Erasmo, e de Genebra — importantes centros calvinistas no século XVII. Em Genebra, o rigor da época de Calvino estava atenuado pela presença de Teodoro de Bèze, grande teólogo protestante. Em 1616 ingressou no Collegium Mauritianum, criado por seu cunhado Maurício de Hesse-Kassel para filhos da nobreza protestante, participando da vida da corte da landgravina, sua meia-irmã Juliana. aceitou o convite da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC) para administrar os domínios por ela conquistados na região Nordeste do Brasil (1636), percebendo uma ajuda de custo de 6.000 florins (equipamento) e salário mensal de 1.500 florins (que C. R. Boxer classifica como principesco), o soldo de Coronel do Exército, além de uma participação de 2% sobre os lucros. Corriam ainda por conta da WIC suas despesas de mesa e criadagem (trouxe dezoito criados), os salários do predicante Francisco Plante, de seu médico Guilherme van Milaenen, e de seu secretário Tolner. Nassau prestou juramento perante os XIX em 4 de agosto de 1636 comprometendo-se pelo prazo de cinco anos a ser o Governador, Almirante e Capitão-General dos domínios conquistados e por conquistar pela Companhia das Índias Ocidentais no Brasil. http://pt.wikipedia.org/wiki/Mauricio_de_Nassau
1641 25 de novembro invasão do Maranhão pelas tropas holandesas.
Map of the main WIC settlements in the Atlantic Ocean (1640s./1650s.)
http://www.colonialvoyage.com/eng/wic/map.html
DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA TERCEIRO PERÍODO - 1640 A 1750 – O ESTADO DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ IHGM - Cadeira 40 DELZUITE DANTAS BRITO VAZ CEM “LICEU MARANHENSE”
1640 Uma forte armada luso-espanhola, comandada pelo Conde da Torre, falhou em sua intenção de desembarcar em Pernambuco e sofreu uma derrota estratégica ante a armada holandesa. Com a Restauração portuguesa, Portugal assinou uma trégua de dez anos com os Países Baixos. Nassau conquista os centros fornecedores de escravos africanos de São Tomé e Príncipe e de Angola Restauração Portuguesa - Restauração da Independência é a designação dada à revolta iniciada em 1 de Dezembro de 1640 contra a tentativa de anulação da independência do Reino de Portugal por parte da dinastia filipina, e que vem a culminar com a instauração da Dinastia Portuguesa da casa de Bragança. Com a Restauração portuguesa, Portugal assinou uma trégua de dez anos com os Países Baixos. Nassau conquista os centros fornecedores de escravos africanos de Cabo Verde e de Angola. Gedeon Morris entrega ao governo do Recife plano de invasão do Maranhão, fato que aconteceu em 25 de novembro de 1641. Gedeon Morris havia vivido por quase uma década no Brasil, prisioneiro dos portugueses no Maranhão, era fluente na língua tupi e um homem experimentado no trato com os índios. Mesmo através de suas cartas, dá a viva impressão de ter sido um homem carismático, enérgico e eloqüente. Algumas destas cartas são citadas por praticamente todos os estudiosos do Brasil Holandês. Sua chegada ao Ceará é acompanhada por um frenesi de atividades. De algum modo, com uma mistura de pagamento, coerção e convencimento, eleleva os índios do Ceará a explorarem salinas na margem direita do rio Jaguaribe, a reformar o Forte de São Sebastião, construir um segundo fortim em Camocim, ampliar a cultura de mandioca e a criação de gado que provia o sustento alimentício da guarnição, cortar madeirade tinturaria e até mesmo, segundo as suas palavras, a plantar cana-de-açúcar. Além disso, ele leva contingentes militares de índios do Ceará para combater no Maranhão em duas ocasiões. Essas desastrosas expedições militares ao Maranhão resultam em muitos índios mortos, sejanos combates ou, mais freqüentemente, de fome e das doenças que grassavam no acampamento da WIC. O acampamento da WIC do Maranhão é também um antro de maus tratose desmandos contra os seus próprios aliados indígenas, situação repetidamenteinformada pelo próprio Gedeon Morris de Jonge para o Conselho Supremo no Recife, sem maiores conseqüências. Um oficial inglês a serviço da Companhia, Johan Maxwell, chega a levar cerca de vinte índios do Ceará, aliados da Companhia, num barco para o Caribe e os vende como escravos lá. Para piorar, uma praga de “bexigas” atinge o Brasil em 1640-1641 e causa alta mortalidade entre os índios do Ceará. O resultado desses três anos de furiosa atividade e mortandade é a revolta indígena que põe fim à vida do Commandeur Gedeon Morris de Jonge e dos soldados sob o seu comando. Não se sabe como os índios atacaram a guarnição, ou mesmo quais índios tenham sido os responsáveis diretos pelo ataque. Há certa confusão se o fortim do Camocim teria sido atacado primeiro do que o forte no
rio Ceará. Não sobraram testemunhas do lado europeu para registrar o evento, todos foram mortos. O que se sabe é que índios em Camocim e no rio Ceará, muito provavelmente os mesmos que haviam estado aliados com os neerlandeses até aquele momento e que os haviam chamado ao Ceará em 1637, destruíram a guarnição dos fortes e atacaram pelo menos dois navios que atracaram na costa cearense, matando diversos marinheiros. Ficava abundantemente claro que a WIC enfrentava sua primeira grande revolta indígena no Brasil. MARTINS, Guilherme Saraiva A revolta indígena de 1643-44 no Ceará: Alianças e conflitos no Brasil Holandês. Trabalho Apresentado no XXV Simpósio Nacional de História, Simpósio Temático 36: Os Índios na História, 13-17 de julho de 2009. http://www.ifch.unicamp.br/ihb/Trabalhos/ST36Guilherme.pdf
1641 Firmado um Tratado de Aliança Defensiva e Ofensiva entre Portugal e a República Holandesa, porém o tratado não é cumprido por ambas as partes e em consequência não tem efeito nas colônias portuguesas sob domínio neerlandês no Brasil e na África. O Marques de Montalvão, governador geral do Brasil de 1640 a 1641, avisado em 15/02/1641 da assinatura do armistício, cuidou de transmitir (2/3) a noticia a Mauricio de Nassau por mãos próprias, o qual com presteza lhe respondeu (12/3) comunicando que fizera comemorar solenemente em Mauricéia (Recife) o acontecimento e que para provar sua satisfação estava, com a resposta, lhe devendo onze prisioneiros de guerra (Meireles, Mario. Holandeses no Maranhão, 1991, p. 73) Jorge de Mascarenhas, marquês de Montalvão, foi um fidalgo e administrador colonial português. Foi governador de Mazagão (1615-1619), de Tânger (1622-1624) e do Algarve. No contexto da Dinastia Filipina, tendo caído em desgraça o conde da Torre (sucedido por uma Junta Governativa tríplice), Mascarenhas foi nomeado por Filipe IV de Espanha como 1º vice-rei do Brasil (1640). Este era um título honorífico, de caráter pessoal, e não somava autoridade. Segundo explica o escritor brasileiro Vivaldo Coaracy em sua obra «O Rio de Janeiro do século XVII», página 103, «só em 1714 foi o governo do Estado do Brasil elevado à categoria de vice-reino. Antes disso, porém, por circunstâncias especiais, excepcionalmente, tiveram dois governadoresgerais o título de vice-reis: o marquês de Montalvão em 1640 e o conde de Óbidos em 1648.» Desembarcou em Salvador, na capitania da Bahia, a 16 de abril de 1640, iniciando o seu governo a 26 de maio. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_de_Mascarenhas
O forte francês teve mudado seu nome para de São Miguel (Anjo Custódio do Reino), após ter sido de São Felipe (1615) e Saint-Louis (1612) Maio – o capitão inglês Thomas William, vindo da Ilha de São Miguel, aporta em São Luís, e avisa que os Holandeses do Brasil se aprestavam para invadir o Maranhão, agora na própria capital do Estado. Os Holandeses já estavam fazendo incursões ao Maranhão, invadindo as capitanias menores do ceará, Gurupá, Cametá, e Cabo do Norte, não ousando atacar São Luis, capital do Estado, nem Belém, capital do Grão-Pará. 1641 – 1644 – OS HOLANDESES – a Holanda, no século XVII era o primeiro estado comercial e a primeira potencia marítima. Durante muito tempo deteve o domínio dos mares e conquistou colônias portuguesas na Ásia, na África e nas Américas (Lima, 2006, p. 285-299). A conquista de Olinda em 1630 por forças da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) da República dos Países Baixos deu início àquilo que ficou conhecido como o Brasil Holandês. O empreendimento floresceu depois da nomeação do Conde Johann Moritz von Nassau-Siegen em 1636 como Governador Geral pelo conselho dirigente da WIC, os Heeren XIX (Senhores XIX). Recife tornou-se o centro administrativo de uma área que se estendia de Alagoas ao Maranhão. A insurreição de uma parte grande da população portuguesa em1645, um ano depois da partida de Nassau, transformou Recife numa fortaleza assediada que se rendeu com todas as outras posses da WIC no
Brasil no dia 26 de janeiro de 1654. http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rh/n154/a04n154.pdf) Depois de terem invadido a maior parte do território do Nordeste da Colônia portuguesa na América, os holandeses dominaram as terras da Capitania do Maranhão. Desembarcaram em São Luís com o objetivo de expandir a indústria açucareira com novas áreas de produção de cana-de-açúcar. Após a invasão de São Luís do Maranhão, os neerlandeses expandiram-se para o interior da capitania, verificandose choques com os colonos já em 1642. As lutas para expulsão do invasor estenderam-se até 1644, nelas tendo se destacado Antônio Teixeira de Melo. Invasão holandesa é o nome normalmente dado ao projeto de ocupação do nordeste brasileiro pelos Países Baixos durante o século XVII. Na verdade, tendo sido intentado pelos Países Baixos, o nome correto deveria ser "Invasão neerlandesa". http://www.mundovestibular.com.br/articles/1146/1/INVASAO-HOLANDESA-NOBRASIL/Paacutegina1.html
22 de novembro – a frota holandesa se encontrava na enseada do Araçagi; sua passagem é comunicada pelos índios do Periá 25 de novembro – invasão do Maranhão pelas tropas holandesas; dois mil soldados, vindos em 18 naus, sob o comando do almirante João Cornellizoon Lichthardt, comandante-em-chefe das forças navais, e do coronel Koin Anderson, das terrestres, mil desembarcaram na praia do Desterro (Igreja era conhecida como de São Jorge) e saquearam a cidade, “povoação muito acanhada e miserável”. Da capitania passaram para o interior – Tapuitapera e Itapecuru – onde se apossaram do pequeno forte do Calvário, que reedificaram. Colocaram soldados nos engenhos do Itapecuru. (Lima, 2006, p. 285-299). 31 de dezembro - Lichthardt e Koin retornam a Pernambuco, deixando quatro navios e seiscentos soldados; leva Bento Maciel Parente como prisioneiro. Pieter Bas, por alcunha O Político, assume o governo.
http://drummerman.sites.uol.com.br/ocupacao.htm
No Pará - o capitão-mor Francisco Cordovil Camacho 91 recebe noticias da ocupação do Maranhão, transmitindo-a aos capitães-mores de Camutá – Cipriano Maciel Aranha -, e do Cabo do Norte – João Velho do Vale -, sobrinhos de Bento Maciel; não socorreram a capitania, como deviam. Bento Maciel Parente - (Caminha, 1567 — Recife, Fevereiro de 1642) foi um explorador, sertanista e militar português. Foi veterano das guerras da Paraíba e do Rio Grande, onde participou da construção do Forte de São Filipe e da Fortaleza dos Reis Magos. Participou da Campanha do Salitre, sendo mandado ao interior da Bahia, 80 léguas sertão adentro. Em 1609, serviu como Capitão de Entradas e Descobrimentos em São Vicente, no Maranhão e no Pará. Durante o período da União Ibérica, Bento Maciel Parente fez parte da vitoriosa campanha de Alexandre de Moura, sendo enviado numa expedição que partiu da Capitania de Pernambuco com a finalidade de expulsar os franceses do Maranhão, fazendo brilhante campanha, obrigando o invasor a capitular no dia 1 de novembro de 1615. Com a ascensão de Jerônimo de Albuquerque ao governo do Estado do Maranhão, em Janeiro de 1616, foi nomeado Capitão de Entradas. Durante esta década, explorou os rios que desembocam na baía de São Marcos, por baixo de São Luís, o rio Mearim e o rio Pindaré. Seguindo os exemplos e processos dos bandeirantes, construiu o Forte da Vera Cruz do Itapecuru. A construção do Forte do Presépio e a fundação da cidade de Santa Maria de Belém, por Francisco Caldeira Castelo Branco, em 1616, seriam os pontos de apoio de que Pedro Teixeira e Bento Maciel Parente necessitavam para dar combate aos neerlandeses e ingleses invasores nos anos que se seguem. Bento Maciel Parente foi um dos eleitores das primeiras eleições para Câmara municipal de São Luís, em 1619, quando chegaram ao Maranhão os primeiros açorianos. Em julho de 1621, o rei de Portugal nomeou-o Capitão-Mor do Grão-Pará. Durante o seu governo, Bento Maciel fortificou o Forte do Presépio e ordenou investida contra os invasores holandeses, com objetivo de expulsá-los da colônia. Em maio 1623, junto com Luís Aranha de Vasconcelos, Aires de Souza Chichorro e Salvador de Melo, conquistou dos holandeses os pontos fortificados de Muturu e Mariocái, próximo á foz do rio Xingu, também chamado de Paranaíba, fundando no lugar do Forte de Mariocai, o Forte de Santo Antônio de Gurupá, fazendo dele a base de apoio para as suas arrancadas, expulsando nos anos seguintes os neerlandeses do Baixo Xingu e do rio Tapajós. A ação realizada no Forte de Mariocai foi um grande feito. Liderando cerca de 70 soldados e aproximadamente mil índios em canoas nativas, o Capitão-mor do Pará investiu contra os invasores holandeses, que não impediram o ataque luso-brasileiro à fortificação. Parente, buscando ludibriar a guarnição holandesa, manobrou rumo ao Forte de Orange, na parte leste do Baixo Xingu, provocando a debandada dos invasores fugindo rumo à selva. O desfecho português na derrota da força dos neerlandeses e aliados, foi alcançado no Forte de Nassau, 67 km acima do Xingu, uma vez que a fortaleza capitulou sem luta. Em 1625, Bento Maciel Parente, Capitão-mor do Pará, foi responsável pela criação do Escudo das Armas e da bandeira da cidade de Belém, com provimento de D. Luis de Souza. A idéia era colocar o escudo no Forte do Castelo, simbolizando a coragem, a tradição e o pioneirismo dos portugueses. O governador recebeu auxílio de Pedro Teixeira, Aires de Souza Chichorro e Francisco Baião de Abreu. Em 1630, a capitania de Pernambuco foi invadida pelos neerlandeses. Bento Maciel foi consultado, e, logo depois, enviado para a luta. Participou de várias fases da resistência. Em 1634, por seus feitos foi elevado a fidalgo, sendo que desde 1625 já recebera o hábito de cavaleiro de Santiago. Em 1636, com a morte de Francisco Coelho de Carvalho, governador do Estado do Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha assumiu interinamente. Finalmente, em junho de 1637, Bento Maciel Parente foi nomeado para seu antigo sonho, governar o Maranhão. Durante o período em que governou o Estado, Bento Maciel continuou a repelir as várias incursões de ingleses e holandeses. Em 1637, em reconhecimento aos seus muitos serviços, obteve a mercê do foro de Cavaleiro do hábito de Cristo e a de perpétuo Senhor e a donataria da Capitania do Cabo Norte, atual estado do Amapá, por doação de Felipe III de Portugal, com a honrosa cláusula, de que todos seus herdeiros e sucessores na Capitania se chamariam Macieis Parentes. A doação foi registrada no livro Segundo da Provedoria do Pará. 91
Francisco Cordovil Camacho foi um administrador colonial português. Foi capitão-mor da capitania do GrãoPará, de 26 de maio de 1641 a 15 de setembro de 1642. http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Francisco_Cordovil_Camacho
Noticiada no Maranhão a ocupação do Ceará, pelos neerlandeses, Bento Maciel Parente enviou tropa ao Cabo Norte, pois entendiam que, por se localizar no extremo do Amazonas, estaria vulnerável tanto aos ataques de ingleses, franceses, holandeses e, mesmo, espanhóis que poderiam vir do Peru ou Equador por rio ou por mar. Obtendo a ciência e a evidencia da ameaça holandesa, o Governador criou uma estratégia para enfrentar os invasores com os recursos que possuía. Para fazer face ao inimigo, distribuiu três frentes de ataques: uma ficaria no Forte de São Felipe, outra estaria de prontidão na Praia Grande e a última foi mandada para confirmar no Araçagi os boatos dos nativos, que logo retornou com a noticia que se tratava de navios holandeses, de gente amiga e sabedor do Tratado de Trégua. Portanto o Governador do Maranhão não se preocupou com as naus, homens e armas holandesas. Em novembro de 1640, uma esquadra holandesa de 19 embarcações, mandada por Mauritz van Nassau-Siegen, que desde 1637 era governador-geral da Nova Holanda, com sede em Pernambuco, aproximou-se de São Luís. Como era do cotidiano de nações amigas, a esquadra holandesa fora acolhida com uma salva de canhões do Forte São Felipe. Os holandeses não corresponderam às boas vindas, o que ocasionou a advertência, sendo realizados novos disparos reais contra a frota. Os batavos voltaram e prosseguiram para o sul da cidade, ancorando onde hoje é conhecido como portinho. No encontro dos holandeses e luso-brasileiros, o comandante da frota, Joan Cornellizon Lichthart, ratificou o Tratado de Trégua, lavrando um entendimento em "Termo", pelo qual o governador poderia continuar no seu cargo. Solicitou, ainda, um local da ilha para que sua tropa pudesse acampar até vir de Portugal a decisão definitiva do Tratado. Contudo, o batavo não cumpriu sua parte do acordo, saqueando e ocupando a cidade. O “Termo” de entendimento antes assinado pelos respectivos representantes das nações foi substituído por um novo denominado de Capitulação. Houve a substituição das bandeiras e no mastro passou a tremular a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais. Os holandeses intimidaram os poucos habitantes que não fugiram a prestar juramento de fidelidade aos Estados Gerais das Províncias Unidas ao mesmo tempo em que embarcavam todas as tropas portuguesas para serem repatriadas para Portugal. O Governador Bento Maciel Parente foi feito prisioneiro e mandado por Nassau para a Fortaleza dos Reis Magos. Mas faleceu a caminho, em fevereiro de 1642. Os holandeses ocuparam o Maranhão, não passando ao Grão-Pará. Dez meses depois, Antônio Muniz Barreiros a partir do Itapicuru, com reforços de Pedro Maciel Parente, Capitão-mor do Grão-Pará, e de seu irmão João Velho do Vale, comandaram um levante contra os invasores. Durante algum tempo ainda resistiram os holandeses, até que, em fevereiro de 1644, partiram, deixando a cidade em destroços. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_Maciel_Parente
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navio holandês, comandado por Jacques Vandiquier, e em que viajava Pedro Maciel, fundeou no lugar Mosqueiro (Pará). Cristóbal de Acuña (século XVII), padre jesuíta espanhol, escreveu, a obra intitulada "Nuevo Descubrimento Del Gran Río de Las Amazonas" que fornece detalhes preciosos sobre a viagem de Pedro Teixeira ao rio Amazonas. A obra teve a sua primeira edição publicada em Madrid, pela Imprensa del Reyno. 1642 Os colonos, insatisfeitos com a presença holandesa, começaram movimentos para a expulsão dos holandeses do Maranhão, sendo o primeiro movimento contra a dominação holandesa. As lutas só acabaram em 1644 e nelas se destaca Antônio Teixeira de Melo como um dos líderes do movimento. Deve-se aos holandeses a primeira vista panorâmica de São Luís, desenhada pelo pincel de Franz Post e a primeira planta que dela se conhece. Nesta, a vila se mostra repartida em três setores distintos. A cidadela, cujos muros cingiam o núcleo original francês; o setor urbano em que terá sido obedecida a traça de Frias de Mesquita, estendido da cidadela para o sul, até o Desterro, marginando o Bacanga ao longo da chamada Praia Grande; e o setor suburbano que já começara a crescer para o interior da ilha, rumo ao nascente, por trás da antiga colina de Santa Bárbara, onde desde 1627 se construíra o chamado Convento do Carmo novo.
Dez meses já durava o domínio holandês quando o Padre Lopo do Couto começa a instigar os moradores à revolta; os insurgentes têm como comandante o sobrinho do padre, Antonio Muniz Barreiros, que já fora capitão-mor do Maranhão no período de 1622 a 1625, e era dono de dois dos engenhos ocupados. Antonio Muniz Barreiros, que já fora capitão-mor do Maranhão no período de 1622 a 1625, voltando a governar de 1642 a 1643, quando faleceu. Em 1622 já havia construído no Itapecuru os primeiros engenhos de açúcar no Maranhão. Além dos padres Lopo de Couto e Benedito Amodei, Antonio Muniz, Teixeira de Melo, Paulo Soares de Avelar e os chefes indígenas, entre os quais Joaçaba Mitagai foram os autores da revolta que resultaria na expulsão dos batavos. (Lima, 2006, p. 285-299). ANTÔNIO MUNIZ BARREIROS - Militar e senhor de engenho, nasceu em Olinda, em fins do Século XVI, filho de um português de mesmo nome. Em 1622 (20 de abril), chegou ao Maranhão, onde foi governador e fundou os dois primeiros engenhos de açúcar daquela região. A 03 de setembro de 1625, passou o governo da capitania e permaneceu no Maranhão, cuidando dos seus engenhos. Foi um dos mais célebres comandantes de tropas que lutaram contra a Invasão Holandesa ao Maranhão. Morreu em combate, em São Luís, a 16 de janeiro de 1643. http://www.peaz.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1025&Itemid=135
30 de Setembro – o primeiro golpe deveu-se a 50 homens que acometeram os engenhos do Itapecuru, até o ultimo dos cinco – dois de Muniz Barreiros, dois de dois filhos de Bento Maciel e um de Antonio Teixeira de Melo. 1º de outubro - Guiados por dois holandeses, atacaram o forte do Calvário, matando os que estavam nele. O Forte da Vera Cruz do Itapecuru, também conhecido como Forte do Calvário, localizava-se na margem esquerda da foz do rio Itapecuru, antiga Calvário do Itapecuru, hoje município de Rosário. MARQUES (1970) refere uma disputa política como pano de fundo para a fundação deste forte, apoiado em BERREDO ("Anais Históricos"), que refere a chegada de Bento Maciel Parente à cidade de Belém do Pará, e "ardendo nos desejos de ocupar o governo da Capitania, intentou lograr as suas esperanças pelos meios ilícitos das alterações do sossego público; mas o Capitãomor Pedro Teixeira, que era tão valoroso como acautelado, desenganou de sorte as suas pretensões, que se recolheu logo ao Maranhão, onde fundou um forte no rio Itapicuru". Completa a informação referindo que o forte foi erguido em 1620, para defesa contra os ataques indígenas, que embaraçavam o cultivo da cana-de-açúcar (op. cit., p. 284). No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), este forte foi ocupado quando da conquista neerlandesa de São Luís (25 de novembro de 1641). As versões para o fato são diferentes:http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_da_Vera_Cruz_do_Itapecuru
Pedro Teixeira (Cantanhede, 1570 ou 1587 — Belém, 4 de Julho de 1641) foi um explorador, sertanista e militar português. Pouco se conhece sobre a sua família ou os seus primeiros anos de vida. No contexto da Dinastia Filipina participou com Jerônimo de Albuquerque, na campanha para expulsar os franceses de São Luís do Maranhão, no litoral nordeste do Brasil. Após a expulsão destes, em fins de 1615, a Coroa Portuguesa determinou o envio de uma expedição à foz do rio Amazonas, com vistas a consolidar a sua posse sobre a região. Uma expedição de três embarcações, sob o comando de Francisco Caldeira Castelo Branco, foi enviada, nela seguindo o então alferes Pedro Teixeira. A 12 de janeiro de 1616, as embarcações ancoraram na baía de Guajará onde, numa ponta de terra, foi fundado o Forte do Presépio, núcleo da atual cidade de Belém do Pará. Em 1625 lutou contra os neerlandeses que estavam em um forte no rio Xingu e os ingleses ao longo da margem esquerda do rio Amazonas. Em 1626 subiu o rio Tapajós atrás dos Tupinambás para o comércio de escravos. Em 1627, frei Vicente do Salvador, na sua obra "Historia do Brazil", destacou a sua atuação. Em 25 de Julho de 1637, chefiou uma expedição partindo do Maranhão, com 45 canoas, setenta soldados e mil e duzentos flecheiros e remadores indígenas subindo o curso do rio Amazonas, buscando confirmar a comunicação entre o oceano Atlântico e o Peru, rota percorrida no século anterior por Francisco de Orellana. Seu destino final foi Quito, no Equador. Fundou Franciscana na confluência do rio Napo com o Aguarico, no alto sertão, para delimitar as terras de Portugal e Espanha, segundo o Tratado de Tordesilhas. A viagem foi registrada pelo jesuíta Cristóbal de Acuña em obra editada em 1641. Como reconhecimento por sua extensa lista de serviços prestados na conquista da Amazônia brasileira, foi agraciado com o cargo de capitão-mor da Capitania do Grão-Pará. Tomou posse em fevereiro de 1640, mas a sua gestão foi curta, tendo durado apenas até Maio de 1641, vindo a falecer em Julho desse mesmo ano.
21 de novembro no Outeiro da Cruz o capitão escocês Sandalin perdeu a vida a frente de 120 holandeses, derrotados pelas forças de Teixeira de Melo. Peter Bas, cercado no forte de São Felipe, ainda tentou impedir a vinda de reforços aos portugueses, enviando para o Pará uma cópia da trégua assianda entre Portugal e Holanda, no ano anterior. 1643 – janeiro – a 02, chegam do Pará Pedro Maciel com 113 soldados (130, dee acordo com Lima) e 700 indios para reforço de Antonio Muniz; e de Pernambuco, em 15, Koin Anderson com 770 soldados e copioso numero de silvicolas, sob o comando de Gedeon Morris, para os holandeses. Rompem o cerco, obrigando os portugueses a voltarem para suas posições no Carmo. Os combates não foram favoráveis aos portugueses; Muniz Barreiros morre – segundo alguns, de doença (Bettendorf), perigosa enfermidade (Berredo) e não morto na luta, em consequencia de uma flexada, conforme afirmam alguns. Estabeleceu-se um impasse, com essas escaramuças, entre o forte e a colina do Carmo; Teixeira de Melo resolve deixar a área, voltando para o Cutim, fora da cidade, onde se ocultou. 17 de janeiro ANTONIO TEIXEIRA DE MELO assume o governo da Capitania do Maranhão, até 17 de junho de 1646 25 de janeiro – Teixeira de Melo, faltando munição, resolve levantar acampamento, e retira-se para o Outeiro da Cruz. 25 de março Convite do comandante holandes aos portugueses de Tapuitapera para que voltassem a São Luis sob promessa em carta assianda por Mauricio de Nassau de governa-los sem dependencia alguma, oferecendo o governo a Teixeira de Melo. Pedro de Albuquerque 92, novo governador da Capitania chega de Portugal (13 de junho) trazendo socorro a Antonio Teixeira, supondo-o em Cumã e para lá se dirigiu, naufragando antes de chegar a Belém; foi acudido por Pedro da Costa Favela, salvando-se o governador e sua família, o sargento-mor Francisco Coelho 92
PEDRO DE ALBUQUERQUE brasileiro, natural de Pernambuco, fidalfo da casa real e cavaleiro do Habito de Cristo; nomeado governador do Maranhão por carta patente de 1642, por D. João IV; tomou posse no Pará em 13 de julho de 1643. Em Pernambuco havia se destacado na guerra contra os holandeses.
de Carvalho, frei Pedro de madalena, com outros dois missionários, tres jesuítas dos 14 que vinham a bordo e 40 dos 200 soldados que trazia. Os demais morreram, inclusive o padre Luis Figueira, que vinha como superior da Companhia de Jesus; foram devorados pelos Aruanãs, da Ilha de Joanes (Marajó), conforme informa Meireles, 1960, p. 92. Governa o Estado do Maranhão até 6 de feveiro de 1644, quando faleceu; está sepultado na capela-mor da Igreja do Carmo.. É em seu governo que Inacio do Rego Raposo, ex-provedor mor escreveu ao Rei sobre a existencia de minas de ouro e outros metais no Rio das Amazonas. 28 de maio – chega a Tapuitapera um esquadra de oito belonaves holandesas, cujo comandante pede para parlamentar com teixeira de Melo, dizendo trazer ordens de Pernambuco para po-lo no governo do Maranhão, se quisesse com eles colaborar. Diante da recusa, a esquadra recolheu-se a São Luis 13 de junho – ouve-se o disparo de um canhão na banda do mar, de navio que trazia o novo governador do estado, Pedro de Albuquerque; como não houve resposta, dirigiu-se para Belém, onde naufraga. 1643/1644 barcos pertencentes à Companhia das Índias Ocidentais Holandesa (Westindische Compagnie, ou WIC) que partiam de São Luís do Maranhão em direção à Recife, começaram a ser atacados no litoral do Ceará, onde comumente os barcos que faziam esse trajeto paravam para se reabastecer de comida e água. Além da notícia da derrota das forças da WIC pelos colonos luso-brasileiros no Maranhão, esses barcos traziam outra notícia, igualmente perturbadora: os índios do Ceará haviam massacrado a guarnição neerlandesa daquela capitania e encontrava-se em revolta aberta contra a WIC. A notícia causou certo mal-estar no Conselho Supremo que governava o Brasil Holandês, que imediatamente começou a procurar explicações e bodes expiatórios para aquele fracasso da política indigenista da Companhia 93. 1644 Os holandeses são expulsos de São Luís por Antônio Teixeira de Melo (28/02), que sucedera, por morte, a Antônio Muniz Barreiros no comando da resistência contra os invasores. Quando da contra-ofensiva portuguesa de 1644 na capitania de Pernambuco, Antônio Muniz Barreiros, reforçado por tropas de Antônio Teixeira de Melo, atacou o Forte de São Luís do Maranhão (Fevereiro de 1644), mas foi rechaçado, vindo a perecer. Teixeira de Melo recuou e tomou o Forte do Calvário (1 de Outubro de 1644), que se encontrava guarnecido por um destacamento de setenta homens, artilhado com oito peças. Após a conquista, essa artilharia foi retirada para tomar parte na reconquista de São Luís (GARRIDO, 1940:38-39). Teixeira de Melo prosseguiu fazendo uma campanha de emboscadas, até que, fortalecido, marchou sobre São Luís, conquistando-a, e expulsando os neerlandeses. Antonio de Deus, do Pará, chegou em auxilio dos portugueses, logo após a retirada de Pedro Maciel e João Velho para Tapuitapera, seguindo para o Pará; os portugueses voltam à Ilha obrigando os holandeses a ficarem retidos na cidade e fortaleza, até que se tornou insustentável a situação, apesar dos reforços trazidos em oito navios; os invasores fugiram no dia 28 de fevereiro de 1644 em três navios, após 27 meses de ocupação, deixando a cidade em lastimável estado de ruína. Foram expulsos com os próprios recursos dos colonos a quem a metrópole abandonou de todo, ou ajudou frouxamente.
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MARTINS, Guilherme Saraiva A revolta indígena de 1643-44 no Ceará: Alianças e conflitos no Brasil Holandês. Trabalho Apresentado no XXV Simpósio Nacional de História, Simpósio Temático 36: Os Índios na História, 13-17 de julho de 2009. http://www.ifch.unicamp.br/ihb/Trabalhos/ST36Guilherme.pdf
Quando Gideon Morris e sua tropa, que retornavam das batalhas no Maranhão, são mortos numa emboscada organizada pelos próprios índios. Com a emboscada, o Fortim de São Sebastião94 também foi destruído. 14 de maio – o Conselho Ultramarino consultou o Rei sobre a inconveniência de irlandeses irem povoar o Maranhão; assunto voltou a baila em 14 de outubro de 1647, com o pedido de suspensão da ordem dada ao capitão Guilherme Brum, com o mesmo fim.
O Fortim de São Sebastião localizava-se na margem direita da foz do rio Ceará (atual bairro de Barra do Ceará em Fortaleza), no litoral do estado brasileiro do Ceará.
Pormenor do mapa da costa do Ceará de 1629 (Albernaz I), no qual se destaca o forte
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortim_de_S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o
1646-1648 Governo de Francisco Coelho de Carvalho, o Sardo; para diferencia-lo do tio, primeiro Governador do Maranhão; era filho bastardo de Antonio Albuquerque Coelho de Carvalho; veio para o Maranhão como sargento-mor do Pará, de onde passando ao Maranhão reecebeu o governo do Senado da Camara de São Luis em 17 de junho; serviu no Brasil por 24 anos. Faleceu em 15 de fevereiro de 1648 Governava a capitania do Pará (que, com a do Maranhão, compunha o Estado) o capitão-mor Sebastião de Lucena de Azevedo, que expulsou os holandeses de Bandergus do sítio de Maricari, próximo à foz do rio Amazonas. 94
Devido a necessidades da reconquista do Maranhão, Martim Soares Moreno veio ao Ceará. No mesmo local que Pero Coelho construiu o Fortim de São Tiago, este ergueu, a 20 de janeiro de 1612, o Fortim de São Sebastião. Em 1613, Jerônimo de Albuquerque visitou este fortim e convidou Soares Moreno a participar da expedição contra os franceses no Maranhão. De volta ao Ceará em 1621, Martins Soares Moreno encontrou o forte em ruínas, mas reconstruiu-o tratando de apaziguar os indígenas, distribuiu sementes, mudas de cana-de-açúcar e gado, procurando lançar as bases da prosperidade da Capitania. Este Permaneceu na terra ate 1631, quando teve de mudar-se para Pernambuco lutar contra os holandeses. No comando do fortim ficaram no comando Domingos da Veiga Cabral e Bartolomeu de Brito Freire. Em 26 de outubro de 1637, em estado precaríssimo, o fortim foi tomado pela expedição de George Gartsman e Henderick Huss, ficando sua guarda sob a responsabilidade do tenente Van Hans, posteriormente substituído por Gedeon Morris. Deste período exite um mapa holandês de 1640, no qual é mostrado a planta do forte, caminhos e a natureza ao redor. Em 1644, foi o forte assaltado e destruído por índios revoltados. Nesta revolta Gedeon Morris e sua tropa são mortos. Quando os holandeses estiveram no Ceará, estes fizeram mapas que mostra como era o forte e as construções ao redor deste. Já no mapa de 1649, esta descrito os nomes dos riachos Igcatu e Piraocai que desaguam no rio Ceará, bem como nomes alguns moradores, como o Velho Carajá e Francisco Aragiba, que tinham suas habitações próximo ao forte. http://pt.wikipedia.org/wiki/Barra_do_Cear%C3%A1
1648-1649 – Governo de Manuel Pita da Veiga 1648 A população de São Luís, que o capitão holandês Gedeon Morris, estimara em 700 habitantes, reduzira-se a 480, que viviam em casas rústicas, cobertas de palha a maior parte. 15 de fevereiro –Falecimento do governador Francisco Coelho de Carvalho Sentindo-se à morte, e para prevenir perturbações à administração do Estado, determinou o governador que, ficando as duas capitanias independentes, seriam, provisoriamente, governadas por Aires de Souza Chichorro, a do Pará, e Manuel Pita daVeiga, a do Maranhão. 22 de dezembro - No governo despótico e arbitrário de Pita da Veiga, foi a aldeiade Tapuitapera, cabeça da capitania de Cumã, elevada à categoria de vila, com o nome de Alcântara, homenagem de seu Donatário ao ilustre taumaturgo Santo Antônio de Lisboa e Pádua, e às boas lembranças que tinha de sua quinta real, nos arredores de Lisboa TAPUITAPERA - Não se pode precisar a fundação de Alcântara, mas o certo é que em 1612 já havia um aglomerado de aldeias das quais ela fazia parte com o nome significativo de Tapuitapera (terra dos índios). Com a vinda da expedição de Daniel de La Touche, senhor de La Lavadière, e a constante infiltração de franceses nas tribos indígenas, estabeleceram-se relações amistosas com aqueles. Pouco depois, batizava-se o primeiro alcantarense com o nome de Martinho Francisco. Em sua taba, ergueu-se uma capela, e conta-se ter sido celebrada aí a primeira missa em terras de Alcântara. Após a expulsão dos franceses, firmou-se o domínio português, mas a importância da aldeia não foi diminuída. Entre 1616 e 1618, começou a colonização portuguesa em Tapuitapera, com um pequeno presídio que os índios destruíram mais tarde. Com a subdivisão das capitanias do Maranhão e do Grão-Pará, Tapuitapera passou à condição de cabeça da capitania de Cumã, doada pelo 1.° Governador do Maranhão, Francisco Coelho de Carvalho, ao seu irmão Antônio Coelho de Carvalho. a 19 de março de 1624. Entretanto, não parece ter o donatário dado rápido desenvolvimento à capitania, pois em 1641, ao tempo da invasão holandesa. foi ela abandonada após breve período de ocupação. O progresso da aldeia só foi observado em 1648, quando elevada à categoria de vila, com o nome de Alcântara, sob a invocação do apóstolo São Matias. A essa época já existia uma igreja de pedra e cal dedicada a São Bartolomeu, e já estavam erguidos os primeiros engenhos de açúcar. http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/maranhao/alcantara.pdf
1649-1652 Governo de Luís de Magalhães – assumiu em 17 de fevereiro de 1649; fidalgo da casa real e comendador de Santiago da Cunha, famoso soldado e ex-governador de Cacheu. 23 de abril – consulta do Conselho Ulttramarino que noticia a D. João IV a chegada ao Maranhão dos casais enviados por Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho das ilhas açorianas de Santa Maria e São Miguel 24 de agosto - Assumindo o governo (17 de fevereiro), Luís de Magalhães ordenou ao capitãomordo Grão-Pará, Inácio do Rego Barreto, que fizesse partir de Belém uma expedição àprocura do famoso El-Dorado, fantástica região do rio do ouro ou do lago dourado, que ensandecia portugueses e espanhóis. 28 de agosto - Num engenho de Antônio Muniz Barreiros, entregue por doze anos ao usufruto dos inacianos, ocorreu o massacre pelos índios tapuia uruati de três membros da Companhia: Padre Francisco Pires, Padre Manoel Moniz e o Irmão Gaspar Fernandes (SERAFIM LEITE, 1950). Tal acontecimento interrompeu a atividade dos jesuítas no Itapecuru e em todo o Estado, somente reiniciado com a chegada do Pe. Antônio Vieira. Daí em diante os Jesuítas cresceram na sua missão de defesa do índio e alheios ao negro escravizado. 1650 Março – carta do ouvidor-geral do Maranhão, Antonio Figueira Durão, para o Conselho Ultramarino remetendo copia do auto de posse que o capitão Pedro Teixeira tomou do rio do Ouro e confins do Maranhão vis-a-vis às Índias de Castela 1651 Chega à fortaleza de Santo Antônio do Gurupá (Pará) a bandeira do mestre-decampo Antônio Raposo, vinda de São Paulo.
Antonio Raposo Tavares, dito o Velho (São Miguel do Pinheiro, concelho de Mértola e distrito de Beja 1598 — São Paulo, 1659?) foi um português, possívelmente de origem em parte judaicoportuguesa, bandeirante paulista, que expandiu as fronteiras brasileiras às custas dos domínios espanhóis. Muito serviu a D. Francisco de Sousa, e por isso foi por ele armado cavaleiro da Casa Real, no alvará de 20 de maio de 1601 por seus serviços. Teve diversos cargos na vila de São Paulo e foi ativo sertanista. Chegou ao Brasil em 1618 com o pai, Fernão Vieira Tavares, antigo partidário de António Prior do Crato, tesoureiro da Bula da Cruzada e moço da câmara do Rei, designado capitão-mor governador da capitania de São Vicente em 1622. A mãe era Francisca Pinheiro da Costa Bravo. António Raposo, aliás, nunca perderia contacto com os interesses da Coroa. Morto o pai (1622), transferiu-se para o planalto de Piratininga, fixando-se na vila de São Paulo, onde logo se entusiasmou em participar nas expedições destinadas a aprisionar índios. Estivera em Portugal em 1647, sendo "encarregado de uma missão em grande parte secreta". A sua última expedição foi chamada a Bandeira de Limites ou a grande bandeira aos "serranos", os limites do Peru: "Embrenhou-se com algumas dezenas de homens no território mato-grossense, atingindo, pelo Madeira, o Amazonas, remontado até às terras de Quito e depois descido até Belém do Pará." (Ensaios Paulistanos, p. 634.) Considerada a primeira viagem em torno do território brasileiro, partiu em maio de 1648 do porto de Pirapitingui, em São Paulo, descendo o rio Tietê rumo aos sertões do baixo Mato Grosso. Contava com brancos, mamelucos e mais de mil índios. Um de seus principais auxiliares foi Antônio Pereira de Azevedo, baiano. Oficialmente destinava-se à busca de minas, sobretudo as de prata. Afirma Jaime Cortesão em seu livro "Raposo Tavares e a formação territorial do Brasil" que a parte oficial era descobrir metais preciosos, mas a outra parte, secreta, seria conhecer melhor o Brasil para identificar os interesses de Portugal na região. Em novembro de 1648 Antônio Raposo ordenou decisivo ataque a destruição das reduções do Itatim, combatendo 200 paulistas e mil índios mansos, e seu auxiliar ainda foi o velho, sexagenário, Capitão André Fernandes (que morreria no início da ação, em 1649, em local tão oposto ao sertão do Sabaraboçu onde sempre desejara e prometera ir). Ficaram destruídas as reduções jesuítas da serra de Maracaju e Terecañi, e depois Bolaños, Xerez e outras. O ataque produziu êxodo, mas partiu de Assunção um exército tão grande que os paulistas resolveram abandonar a província. A bandeira se dividiu em duas companhias. Na companhia comandada por Raposo, era alferes Manuel de Souza da Silva. A outra era chefiada pelo baiano Antônio Pereira de Azevedo. Iniciou assim em 1648 a famosa volta que duraria até 1651, subindo o rio Paraguai, descendo o rio Mamoré e o rio Amazonas. Teria subido pelo rio Itatim e pelo rio Paraguai até a nascente, internando-se de tal modo que se encontrou com os castelhanos no Peru, depois desceu em jangadas o rio Guaporé, o rio Mamoré e o rio Madeira, entrando no Amazonas. Deteve-se na fortaleza de Gurupá, no Pará. André Fernandes pereceu no sertão com toda sua tropa, da qual apenas dois índios retornariam a São Paulo. A expedição percorreu mais de 10.000 quilômetros em três anos, tendo usado o curso do rio Paraguai, do rio Grande, do rio Mamoré, do rio Madeira e do rio Amazonas. Ao chegar à foz do Amazonas, em Gurupá, no Pará, a tropa estava reduzida a 59 brancos e alguns índios. Da cidade de Belém do Pará, os sobreviventes à épica travessia da floresta Amazônica, retornaram a São Paulo, aonde o bandeirante viria a falecer. Poucos registros históricos ainda mencionam Raposo Tavares depois de sua última expedição. A maioria dos historiadores supõe que ele morreu entre 1658 e 1659. http://pt.wikipedia.org/wiki/Raposo_Tavares
1652 25 de fevereiro por Carta Régia, extinção do Estado do Maranhão Pela carta régia desta data é extinto do Estado do Maranhão e criadas as capitaniasindependentes do Grão-Pará e de São Luís. Vê-se, pois, como eram contraditórias as ordensdo Reino, ora reunindo as capitanias sob um só governo, ora tornando-as independentes e autônomas. CAPITANIA DO MARANHÃO 1652/1655 17 de novembro Assume o governo de São Luís o capitão-mor Baltazar de Souza Pereira, e logo resolve fazer executar a ordem que trazia de por em liberdade todos e quaisquer índios que até então fossem escravos, contando para isso com o apoio do padre Antônio Vieira. Amotinou-se o povo, instigado pelo camarista Jorge de São Paio; o governador pôs a tropa nas ruas e, afinal, por intercessão dos jesuítas, ficou acordado mandar-se à Lisboa procuradores para tratar do assunto, junto à Coroa.
BALTASAR DE SOUSA PEREIRA era cavaleiro processo da ordem de Cristo, e se havia distinguido nas guerras contra os castelhanos. Recebeu o gobverno das mãos de seu antecessor, Luis de Magalhães.
1653 17 de janeiro – Chega ao Maranhão o Padre Antônio Vieira. PADRE ANTÔNIO VIEIRA (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Salvador (Bahia), 18 de julho de 1697) foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi). António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição. Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem sua leitura. Nascido em lar humilde, na Rua do Cónego, perto da Sé, em Lisboa, foi o primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana cuja mãe era filha de uma mulata ou africana, e de Maria de Azevedo, lisboeta. Cristóvão serviu na Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na Bahia, mandando vir a família em 1618. Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, de 1652 a 1661, missionário no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios. Diz o Padre Serafim Leite em Novas Cartas Jesuíticas, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1940, página 12, que Vieira tem "para o norte do Brasil, de formação tardia, só no século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuítas no centro e no sul», na «defesa dos índios e crítica de costumes". "Manuel da Nóbrega e António Vieira são, efectivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo - e clamavam!" 1654, pouco depois de proferir o célebre "Sermão de Santo António aos Peixes" em São Luís, no estado do Maranhão, o padre António Vieira partiu para Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio da Companhia de Comércio, carregado de açúcar, o religioso chegou finalmente ao destino, em novembro de 1654. 1655 Antes de retornar às missões do Estado do Maranhão, em Abril, prega na Capela Real, em Lisboa, durante a Quaresma: abre com o "Sermão da Sexagésima" e fecha com o "Sermão do Bom Ladrão". 1657 Prega o "Sermão do Espírito Santo", no Maranhão. 1659 Visita cinco aldeias da etnia Nheengaíba. No regresso a Belém do Pará, encontrando-se doente em Cametá, redige o seu primeiro tratado futurológico "Esperanças de Portugal, V Império do Mundo". 1661 Em resultado do seu combate à escravidão dos índios, Vieira e os seus companheiros jesuítas são expulsos do Estado do Maranhão e embarcados para Lisboa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Vieira
17 de outubro – Determinou o Rei que as Câmaras de Belém e de São Luís, com a assistência do desembargador João Cabral de Barros, examinassem caso a caso para apurar a legalidade do cativeiro, reconhecido como resultado de justa guerra, o que, na prática, redundou na escravização em geral, com a autorização das entradas de resgate Fundação da Irmandade da Misericórdia, por iniciativa do Pe. Vieira, início daconstrução do Hospital. No rio Pindaré a catequese jesuítica foi iniciada entre os índios Guajajaras, pelos inacianos Francisco Veloso e José Soares. Foi na aldeia Seregipe “ou melhor” Sirigipe, a antiga Sirigi do tempo dos franceses, por volta de 1661, que se estabeleceu a primeira missão jesuítica na capitania do Cumã, da qual se tem notícias. 1654 Junho – O padre Vieira prega em São Luís o célebre Sermão de SantoAntônio, conhecido como o “Sermão aos Peixes”, no qual faz severas críticas aoshabitantes gananciosos, como neste trecho, referindo-se naturalmente à Praia Grande:“ Vêdes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele andar, vedes aquele subir e descer as calçadas, vêdes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão de comer, como se hão de comer ”, e acrescenta, falando aos peixes, mas dirigindo-se aos
homens: “Não só vos comeis uns aos outros,senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastará um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande. ” Vieira parte para Lisboa, retpornando dez meses depois (16/05/1665) com a Provisão de 09/04/1655, só permitindo a escravisação em caso de guerra por impedimento da pregação do Evangelho, restabelecendo o governo espirtual dos jesuítas Os freis Marcos da Natividade e João da Silveira fundam o primeiro Convento das Mercês, desaparecido. 25 de agosto – Pela Resolução Régia desta data são as duas capitanias reunidas outra vez e restaurado o Estado do Maranhão e Grão-Pará, passando o Piauí a pertencer à Bahia. O padre Vieira, consultado, respondeu ao Rei: “Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificuldades serão de achar dois homens de bem, que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos, para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam, um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores, em que se repartiu este governo. Baltazar de Souza não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a necessidade, se a cobiça.” O Piauí passa para a jurisdição da Bahia, onde fica ligado até 3 de março de 1701, quando voltou ao Maranhão – regulamentada pela carta Regia de 11 de janeiro de 1715. É nomeado André Vidal de Negreiros para Governador; Fidalgo da Casa Real e Comendador de São Pedro do Sul, Alcaide-mor das Vilas de Marialva e Moreira. Assumiu suas funções em 11 de maio de 1655
Retrato anônimo de André Vidal de Negreiros. Século XVII, Museu do Estado de Pernambuco. André Vidal de Negreiros (Capitania da Paraíba, 1606 — Goiana, 3 de fevereiro de 1680) foi um militar e governador colonial português nascido na então colónia do Brasil. Filho de Francisco Vidal, nascido em Santa Rita e falecido em Paraíba, e de sua mulher Catarina Ferreira, nascida em Porto Santo.No contexto das invasões holandesas do Brasil (1624-1654) lutou contra os holandeses quando da invasão de Salvador na Bahia (1624), voltando a se envolver no conflito participando de todas as fases da Insurreição Pernambucana (1645-1654), quando mobilizou tropas e meios nos sertões nordestinos. Um dos melhores soldados de seu tempo, tomou parte com grande bravura em quase todos os combates contra os holandeses. Foi nomeado Mestre-deCampo, notabilizando-se no comando de um dos Terços do Exército Patriota, nas duas batalhas dos Guararapes, em 1648 e 1649. Comandou o sítio de Recife que resultou na capitulação holandesa no ano de 1654. Encarregado de levar ao rei D. João IV (1640-1656), a notícia da expulsão dos holandeses, foi condecorado pelo soberano. Por seus feitos foi sucessivamente nomeado Governador e Capitão-Geral da Capitania do Maranhão (1655-1656), da Capitania de Pernambuco (1657-1661), de Angola (1661-1666), e, novamente, de Pernambuco (1667).O historiador Veríssimo Serrão, complementa:"Dirigiu as operações de guerra até 1654, sendo, na opinião de Varnhagen, o grande artífice da expulsão dos holandeses. A Coroa utilizou depois deu
valimento como governador das Capitanias do Maranhão (1656-1666) e de Pernambuco (16571661 e 1667), mandando-o também governar o Estado de Angola (1661-1666). Embora o considere um valente cabo-de-guerra, Charles R. Boxer limita o papel de Negreiros na chefia do movimento, por considerar que foi João Fernandes Vieira o principal herói da reconquista de Pernambuco." (in: História de Portugal (v. V), p. 114). http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Vidal_de_Negreiros
1655 24 de março Inácio Barreto morre subitamente, sem tempo para designr seu substituto, assumindo o governo do Grão-Pará o sargento-mor Pedro Correia, que morre dois meses depois, sendo entregues as chaves da fortelza ao capitão de infantaria Domingos Machado. 11 de maio André Vidal de Negreiros; Assumindo o governo, faz André Vidal construir os fortins de Mosqueiro (Belém) e da ilha de Tatuoca, e uma atalaia em Salinas; prossegue visitando sua jurisdição, passando a capitania de Joanes, regressando a Belém em Dezembro; Designa Feliciano Correa para suceder a Luis Pimenta de Morais como capitão-mor do Grão-Pará; Construção do definitivo Convento das Mercês. 16 de maio - Chega a São Luís, vindo de Portugal, o padre Vieira, trazendo nova Provisão Régia, datada de 9 de abril – em substituição daquela de 17/10/1753, que, modificando-a restringindo vantagens dos colonos, foi posta em execução sem grandes problemas. Manda o governador os capitães Agostinho Correa e Pedro da Costa Favelaguerrear os índios aruã que, anos antes, haviam devorado os náufragos da expedição de Pedro de Albuquerque; essa expedição é chefiada por Agostinho Correa e Pedro da Costa Favela; tinham a incumbência de levara apaz com os iguaibas. No Ceará o capitão-mor Alvaro de Azevedo enfrentava temerosa rebelião, sendo despachados os jesuítas Antonio Ribeiro e Pedro Pedrosa, que entraram em acordo com o famosos Amaniú, que trazia em sobressalto toda a região do Camocim95. 95
A área na qual Camocim localiza-se é um território de uma rica história de intercâmbio e conflítos entre os povos indígenas nativos - tais como os Tremembé, Tabajara, Jurema, Jenipaboaçu, Cambida e europeus - franceses, holandeses, ingleses e portugueses. Os franceses já negociavam, o chamado escambo, com os povos nativos dessa região antes mesmos das primeiras expedições portuguesas. A Capitania Hereditária do Maranhão, por sua extensão litorânea do Paraíba ao Gurupi, está compreendido nas duas mais setentrionais, dentre elas: a de Fernão Alvares de Andrade, com 70 léguas de costa contadas da foz do Mundau (Camocim) aos Mangues Verdes (Golfão Maranhense) e uma segunda, de João de Barros, com 50 léguas, dos Mangues Verdes à foz do Gurupi. Os portugueses chegaram nestas bandas, a partir da segunda metade do Século XVI, com diversos intuítos: um reconhecimento completo da região a partir de Tutóia 95 no Maranhão aos limites finais entre Ceará e Rio Grande do Norte ou como base de apoio para a ocupação do litoral, bem como base de apoio para confrontos militares com os franceses que ocupavam o Maranhão. Deste momento histórico existem várias cartas topográficas datadas dos séculos XVII, que já descrevem a barra do rio Camorim, que foi catografada com o nome de Rio da Cruz. Data de 1596 a visita de um Capitão Guérard, que armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste (atual Camocim) -, – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Entre 1603-1604 Jacques Riffault percorre o litoral do Ceará, quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza recebeu Regimento, passado pela Coroa ibérica, que lhe determinava: "[...] descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer paz aos gentios" e "fundar povoações e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem". Integravam a expedição Martim Soares Moreno, Simão Nunes e Manoel de Miranda, à frente de oitenta e seis europeus e duzentos indígenas. Em obediência ao Regimento, iniciou, na foz do rio Jaguaripe, uma fortificação em 10 de agosto de 1603, antes de prosseguir para combater os franceses de Jacques Riffault na Ibiapaba (BARRETTO, 1958, p.82-83). Como se vê, em 1604, Pero Coelho de Souza, passou nestas bandas com rumo a Ibiapaba e as batalhas contra os nativos que apoiaram os franceses e contas o franceses estabelecidos na região entre o Camocim e o Maranhão. As Fortificações do Camocim localizavam-se na margem esquerda da foz do rio Coreaú, atual Barreiras (município de
Mapa do costa do Ceará em 1629 20 de julho as Câmaras do Maranhão e Pará receberam a Provisão Régia na qual a Coroa, em reconhecimento à reconquista do Estado aos holandeses, concedeu aos maranhenses os privilégios de infanção96, o mesmo de que gozavam os cidadãos do Porto, muito embora o padre Vieira achasse que o território não tivesse valido a pena o custo e o esforço da retomada.
Camocim). Barreto (1958) informa que uma fortificação neste ancoradouro já havia sido cogitada em 1613 por Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618), no contexto da conquista da Capitania do Maranhão aos franceses, optando por se estabelecer, entretanto, em Jericoacoara (p. 92). No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), um reduto de campanha neerlandês defendia o porto do Pote (atual Camocim), remontando, provavelmente, a 1641 quando o governador neerlandês da capitania do Ceará, Gedean Morris, viajou pelo norte da capitania a título de exploração. Sua pequena guarnição foi trucidada por indígenas, liderados pelo chefe Ticuna, a 28 de fevereiro de 1644. Comunicadas do feito pelos próprios indígenas, o reduto foi ocupado por forças portuguesas do Maranhão, por ordem de Antônio Teixeira de Melo (1644). O chefe Ticuna seria recompensado mais tarde, pela Coroa portuguesa, por serviços prestados (1659). Depois da segunda metade do século XVII, depois da saídas dos neerlandeses do Brasil, os jesuítas tinham o Camocim como porto e porta de entrada para a Ibiapaba. Dessa época surgiu ainda por parte dos portugueses o projeto de construir o Forte em Camocim com a intenção de proteger os assentamentos portugueses dos ataques dos índios e impedir que outros povos europeus fizessem escambo com os nativos indígenas, porém este projeto não foi adiante. A região do Camocim era o centro de apoio para as ações militares e religiosas por parte dos portugueses. Barreto (1958) complementa que, em 1656, o governador da capitania do Maranhão, André Vidal de Negreiros (1606-1680), a quem a Capitania do Ceará se subordinava, ordenou guarnecer o Camocim com vinte e cinco homens e um ajudante, artilhando-o com quatro peças de 6 libras, com a mesma função do Fortim de Jericoacoara: apoiar e proteger as comunicações por terra do Ceará com o Maranhão. Em 1687, nada mais restava da estrutura (op. cit., p. 92-93). Garrido (1940)95 acredita que o Forte de Camocim tenha sido levantado em 1659 para desaparecer em 1696. SOUZA (1885)95 refere que existiam vestígios de seus muros, à época (1885), no local. A Barra do Camocim como núcleo urbano vai consolida-se com a traferêcia da Missão de Tabainha. Um empreendimento do padre Ascenço Gago, com o intuíto de aldear os Tremembé e outra etnias. A partir de 1792, chegam a Barra do Camocim, famílias oriundas de Tutoia, as quais inplementaram a agricultura e pecuária na região. Em 1868, foi criado o distrito policial e desta forma Camocim consolida-se como núcleo urbano. E o que vai definitivamente consolidar Camocim como centro urbano e econômico é a construção da Estrada de Ferro de Sobral-Camocim95 a partir de 1879 e do porto. 96
Infanção Título de nobreza inferior ao de rico-homem, em Portugal, que conferia ao possuidor privilégios, direitos, isenções, etc.
1656 23 de setembro – Sendo nomeado governador de Pernambuco, Negreiros viajou para lá, deixando o sargento-mor Agostinho Correa como governador interino da Capitania Geral do Maranhão. Agostinho Correa – 1656/1658; Sargento Mor do Estado do Estado, tirando o restante do triênio de Vidal de negreiors. 25 de setembro – organiza três expedições para resgate de indígenas; a primeira para as terras dos Pacajás, sob as ordens do sargento-Mor João de Sousa Soleima e assistência dos jesuítas João de Souto Maior e Salvador do Vale 6 de novembro – Falece D. João IV, passando a governar, como Regente, a rainha D. Luísa Francisca de Gusmão, na menoridade do filho Afonso VI. O Ceará esteve integrado ao Estado do Maranhão até 13/7/1656, quando passou a Pernambuco; essa separação foi efetivada de direito pela carta regia de 25/2/1680. 1657 – Segunda expedição ordenada pelo sargento-mor Agostinho Correa, pelo rio Amazonas acima até a confluência do Negro, sob a chefia do Capitão Vital Maciel Parente, com a assistência dos jesuítas Francisco Veloso 1658 - Segunda expedição ordenada pelo sargento-mor Agostinho Correa, sob a direção de Paulo Martins garro, capitão do Gurupá, para a bacia do Tocantins, nos domínios dos inheiguara e tupinambás, indo o jesuíta Manuel Nunes como assistente religioso 16 de junho – D. Pedro de Melo 1658/1662; fidalgo de origem, Comendador das Ordens de Cristo, de Santa Maria de Anchete e de Gulfar; veio de Portugal, junto, Marçal Nunes da Costa, Cavaleiro da Ordem de Cristo, provido no c argo de Capitão-mor do Grão-Pará, assumindo a 19 de setembro seguinte. Durante o governo de D. Pedro fizeram-se muitas entradas para resgate e descimento de índios, sob a direção do Pe. Vieira. Como a entrada de resgate de João velho do vale, capitão-mor do Gurupá, às terras dos Jurunas, tendo o jesuita Manuel Nunes como coadjutor; a do cabo Domingos Monteiro, o Pocu, Amazonas acima, as terras dos tupinambaranas, dos aruaquizes e dos conduizes, com o jesuíta Manuel de Sousa e Manuel Pires; a bacia tocantina, a do cirurgião Pedro Biscainho e o jesuíta Francisco Veloso, de onde trouxeram para a Ilha do Sol 1.200 tupinambás; o jesuíta Gonçalves de São Luis desceu mais de 600 indigrnas do Rio Negro. Vieira consegue pacificar os ferozes aruan de Marajó Reclamavam os colonos que as aldeiasdos jesuítas não eram missões e sim colônias, acusando os padres de serem donos de quase todos os escravos resgatados nas missões e de não cumprirem a promessa “de que não haviam de tirar lucro dos índios forros, nem com eles fabricar fazenda, nem canaviais, e só tratariam da doutrina espiritual”. Mais uma vez os ânimos se exaltaram, o povo (sempre o povo, este ser indefinido e sem rosto?!) “invadiu à força bruta o Colégio dos Jesuítas, insultou-os e, arrancando-os dos seus próprios cubículos, lançou-os fora de sua habitação usual.” Isto em São Luís, porque em Belém, após a procissão do Anjo Custódio, também o povo invadiu o Colégio de Santo Alexandre, prendeu o padre Vieira e obrigou-o, com seus irmãos, a embarcar para o Maranhão. Pedro de Melo, “governador apenas no nome”, nada fez, e o procurador da Câmara de S. Luís, encarregado de prender os missionários refugiados em Gurupá, acabou preso ele mesmo. Outra vez o povo libertou o procurador, conduzindo os padres para Belém e mandou-os numa caravela para Portugal. Assim acabou o governo de Pedro de Melo, “perdendo muito o Estado do Maranhão na docilidade de seu gênio”, segundo Berredo. 1659 – os colonos, por falta de braços para suas lavouras, reclamam inutilmente ao Pe. Vieira contra o execesso de autoridade
1661 Paz de Haia97: os Países Baixos reconhecem formalmente a perda do Nordeste do Brasil; 1662 – a população de São Luis era estimada em 600 almas 26 de março - Rui Vaz de Siqueira 1662/1667 – militar e político já aprovado no serviço real, Comendador de S. Vicente da beitra na ordem de Cristo; em sua companhia veio Francosco de Seixas pinto, Cavaleiro da Ordem de Cristo, no cargo de Capitão-Mor do Grão-Pará, tomandom posse a 16 de abril. Rui Vaz veio com especiais recomendações para acabar com a crise existente entre os Senados das camaras de Belém e São Luís e os jesuítas; conseguiu o retorno dos jesuítas, limitados ao governo espiritual dos silvícolas, concedendo ampla anistia pelos excessos cometidos (29/05)
"Maranhão na América do Sul ao oeste do Brasil" (Johannes Vingboons, 1665). http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_do_Maranh%C3%A3o
Uma epidemia de varíola surgida em São Luis alastrou-se pelas capitanias vizinhas, fazendo grande estrago entre os indios
97 Tratado de Haia (também conhecido como a Paz de Haia) foi um tratado de paz firmado entre Portugal e a República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, assinado na Haia em 6 de Agosto de 1661. Com a assinatura do tratado, os territórios conquistados pela Holanda no Brasil, renomeados como Nova Holanda (ou Brasil Holandês) foram formalmente devolvidos a Portugal em troca de uma indenização de quatro milhões de cruzados. Após a reconquista pernambucana de Nova Holanda e com o fim da Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Holandesa exige a colônia de volta em maio de 1654. Sob ameaça da frota marinha neerlandesa, Portugal cede à exigência da República Holandesa. Porém, Johan de Witt não concorda por achar o comércio mais importante do que a possessão de territórios. Por este motivo é assinado um tratado de paz em 6 de Agosto de 1661 na Haia pelo qual a Nova Holanda foi vendida à Portugal por oito milhões de florins (equivalente a 63 toneladas de ouro). Esta quantia foi paga anualmente por Portugal em parcelas ao longo de quatro décadas e sob ameaça de invasão de Lisboa e da região Nordeste do Brasil.[1] Ademais, Portugal cedeu o Ceilão (actual Sri Lanka) e as Malabar à República Holandesa e concedeu privilégios sobre o comércio açucareiro. Em troca a República Holandesa reconheceu a soberania portuguesa sobre o Brasil e a Angola. O tratado foi ratificado em 24 de maio de 1662 pelos Estados Gerais e em 3 de novembro de 1662 pelo Reino de Portugal. Apesar disso o tratado foi violado pela conquista holandesa de Malabar e por esta razão a paz foi definitivamente selada em 1663
Primeira cultura de tabaco mandada fazer no Maranhão, no Itaqui, onde os jesuitas haviam aldeado os guajajaras descidos do Pindaré Construção da Igreja de São João Batista, em São Luis 23 de junho – ascesão de Afonso VI ao trono, e queda da corte de D. Luisa de Gusmão, culminando com o desterro de Vieira para o porto D. Afonso VI de Portugal e II de Bragança (Lisboa, 21 de Agosto de 1643 - Lisboa, 12 de Setembro de 1683) foi o 2.º Rei de Portugal da Dinastia de Bragança. Nascido apenas como infante de Portugal, D. Afonso não estava destinado a reinar nem foi preparado para tal, em virtude do herdeiro da coroa ser o seu irmão mais velho, o brilhante príncipe D. Teodósio de Bragança. A sua formação foi pouco cuidada, à semelhança dos restantes irmãos, o que se confirma quando D. Catarina parte para a Inglaterra, em virtude do seu casamento com o rei Carlos II, quase sem saber falar inglês. Ao contrário dos seus irmãos, Afonso passou a sua infância e juventude em Lisboa, num ambiente tenso e mergulhado em preocupações políticas, governativas, militares, entre outras. Com 3 ou 4 anos de idade, atinge-o uma «febre maligna» que lhe afecta o lado direito do corpo e que se repercutirá na sua vida em variados aspectos, desde políticos a familiares e sexuais. Uma doença do sistema nervoso central, pensa-se hoje, talvez uma meningoencefalite, uma doença de foro nervoso, como propõe Montalvão Machado. A morte do irmão, D. Teodósio, sucede-se a 13 de Maio de 1653 e, a 17 de Novembro do mesmo ano, falece D. Joana. Passa Afonso para a ribalta como novo herdeiro do trono de Portugal. http://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_VI_de_Portugal Luísa Maria Francisca de Gusmão (Sanlúcar de Barrameda, 13 de Outubro de 1613 — Lisboa, 6 de Novembro de 1666), pelo seu casamento com João, duque de Bragança em (12 de Janeiro de 1633) veio a ser a primeira rainha de Portugal da quarta dinastia. No testamento do esposo, D. Luísa foi nomeada regente durante a menoridade de D. Afonso VI, aclamado no Paço da Ribeira em 15 de novembro de 1656, aos 13 anos. Era voz corrente que D. Afonso sofria de grave doença, pelo que chegou-se a pensar no adiamento da cerimónia. A regente procurou organizar o governo de modo a impor-se às facções palacianas em jogo. Nomeou D. Francisco de Faro e Noronha, conde de Odemira, para aio do monarca e manteve os ofícios da casa real nas mãos dos que os exerciam no tempo do marido. Os negócios públicos continuaram com os secretários de Estado e Mercês, Pedro Vieira da Silva e Gaspar de Faria Severim. http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADsa_de_Gusm%C3%A3o
08 de setembro – confirmadas pela Coroa a anistia dada pelo Governador, os padres da Companhia de jesus retornam ao estado 12 de setembro – nova Provisão, com a determinação de os missionários religiosos não terem jurisdição no governo temporal dos indigernas e que o espiritual coubesse não exclusivamente aos jesuitas, mas aos padres e frades das demais pordens, sem distinção. 1662 - Foram feitas, no Governo de Rui Vaz, várias entradas a de Manuel Carvalho a cata de ambar na serra de Ibuiapaba, e que redundou na extinção da missão jesuítica de S. Francisco Xavier pelos selvagens chefiados pelo cacique D. Simão 1663 – a do Sargento-mor Antonio Arnau Vilela com o mercedário Fr. Raimundo, que quase foi destruida em uma emboscada dos tapuiais, caboquenas e guanavenas no rio urubu, sendo sorocxorrida pelo Alferes João Rodrigues Palheta que vingou de modo cruel a morte de Arnau Fevereiro – nova epidemia de varíola, atingindo os mais pobres e desprotegidos índios 20 de julho – o governador escrevia a Corte acerca da conveniencia de recuperar a capitania do Ceará para o Maranhão; ainda tratou do levante dos indios tabajaras 1664 – nova entrada do capitão Pedro da Costa Favela no mesmo Rio Urubu, ainda em vingança contra os caboquenas e guanavenas; nesse mesmo ano o proprioo goverrnador dirigew expedição com destino an fortaleza de Gurupá, cuja chefia passou ao Sargento Mor Antonio da Costa, que incendiou trezentas aldeias, matando cerca de setecentos guerreiros e tyrouxe uns 400 catvos a Belém
O Maranhão e o Grão-Pará compreendiam 6 capitanias , com 700 moradores portugueses, cuja riqueza se media pelo numero de escravos que possuiam. 1667/1671 - ANTONIO D´ALBUQUERQUE COELHO DE CARVALHO, O VELHO 1667/1671 – Comendador de S. Maria da Vila de Ceia e de S. Martinho das Moitas na Ordem de Cristo, donatário das capitanias de Cametá e tapuitapera, no Maranhão. Era filho de primeiro governador do estado, Francisco Coelho de Carvalho e já fora governador da Beira-Baixa e da Praça de Olivença.; assumiu o governo em 22 de junho de 1667, era tido como violento e autoritário. Trazia a solução dada pela Corte às restrições feitas a lei de 1664, sobre o cativeiro dos indigenas Mandou construir a Fortaleza de Macapá, no Cabo do Norte, que cairia em mãos dos franceses de Caiena em 1697 O Forte do Macapá localizava-se numa ponta de terra à margem esquerda do rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, atual cidade de Macapá, no estado brasileiro do Amapá. No local onde, desde 1738, estava sediado um pequeno destacamento em seu reduto (Reduto do Macapá), agora sob o comando de Manuel Pereira de Abreu, o governador e capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1751-1759), fundou a povoação do Macapá (BARRETO, 1958:55). Obedecia assim às ordens recebidas em Lisboa a 31 de março de 1751 de José I de Portugal que, através de instruções "públicas e secretas", determinava como Mendonça Furtado deveria pautar a sua administração no Estado do Grão-Pará e Maranhão. No bojo dessas instruções consta uma recomendação especial sobre a defesa do território do Amapá, a instrução nº 28, que estabelecia: "(...) e especialmente sobre a fortaleza que, em 8 de Março de 1749,[1] se me propôs ser precisa na costa de Macapá, examinando logo qual ella deva ser, de que força e os meios mais fáceis, e promptamente se podem aplicar a esta obra; e vos advirto que tanto esta fortaleza como as demais, que se fizerem para a defesa e segurança deste Estado, se hão de fazer de forma e modo que não pareça receio de nossos confinantes, havendo ao mesmo tempo a cautela precisa, para que elles não nos surprehendam, para que pêlos meios de facto não renovem as preterições antigas, e não queiram impossibilitar-nos, para lhes disputarmos em todo o tempo por força." Chegando ao Pará em fins de Setembro de 1751, já na primeira quinzena de Dezembro do mesmo ano, organizava uma expedição, sob o comando do sargento-mor João Baptista do Livramento, para fundar a nova povoação e fortaleza de Macapá, conduzindo colonos açorianos, mantimentos, utensílios e ferramentas. Em Julho do ano seguinte (1752) fez nova visita ao local, agora em auxílio à população vítima de uma epidemia de cólera. Em 1753 chegaram a Belém do Pará dois Regimentos vindos de Lisboa, um destinado a guarnecer a praça de Belém e outro a guarnecer a fortaleza do Macapá assim que construída. (OLIVEIRA, 1968:750) Mendonça Furtado seguiu insistindo na construção da mesma (1754), a fim de manter os franceses na margem esquerda do rio Oiapoque. Nesse meio tempo, a povoação do Macapá foi elevada à categoria de vila (4 de fevereiro de 1758), com o nome de São José do Macapá, em solenidade assistida pelo governador Mendonça Furtado, quando em viagem para o rio Negro (BARRETO, 1958:55). Em 1761, o governador e capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Manuel Bernardo de Melo e Castro, instruiu o Capitão Engenheiro Gaspar João Geraldo de Gronfeld a desenhar a planta de um forte de faxina e terra, a ser construído em São José do Macapá. Aprovada a planta, iniciaram-se as obras sobre uma ponta de terra onde, em 1738, havia sido erguido o primeiro reduto, concluídas em 31 de julho de 1761 (BARRETO, 1958:55-56). Esse forte foi substituído definitivamente, a partir de 1764, pela Fortaleza de São José do Macapá. A Fortaleza de São José de Macapá localiza-se numa ponta de terra à margem esquerda do rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, atual cidade de Macapá, no estado do Amapá, Para suceder os redutos de 1738 (Reduto do Macapá) e de 1761 (Forte do Macapá), e dar solução definitiva à fortificação da barra norte do rio Amazonas, o Governador e Capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Fernando da Costa de Ataíde Teive, dirigiu-se à vila de São José do Macapá, onde, a 2 de janeiro de 1764, em companhia do Sargento-mor Engenheiro Henrique Antônio Galucio, examinou o terreno e aprovou a planta geral da nova fortaleza (SOUZA, 1885:63; GARRIDO, 1940:26-27). Meses mais tarde, a 29 de junho nesse mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental da fortaleza, no ângulo do baluarte sob a invocação de São Pedro, na presença do governador, do Coronel Nuno da Cunha Ataíde Varona, comandante da Praça, do Sargento-mor Galucio, do Senado da Câmara e das demais autoridades civis e religiosas da vila (BARRETTO, 1958:56). A sua construção empregou, além de oficiais e soldados, canteiros, artífices e trabalhadores africanos
e indígenas. Eram pagos 140 réis diários aos primeiros contra apenas quarenta réis para os segundos (BARRETTO, 1958:57). Os trabalhos distribuíram-se entre as pedreiras da cachoeira das Pedrinhas, no rio Pedreiras, a cerca de 32 quilômetros de distância de Macapá (extração e cantariação), os fornos de cal, as olarias (tijolos e telhas), a logística (transporte fluvial e terrestre), além do próprio canteiro de obras em Macapá. O Sargento-mor Galucio veio a falecer de malária durante as obras, a 27 de outubro de 1769, tendo assumido a direção dos trabalhos o Capitão Henrique Wilckens, até à chegada do Sargento-mor Engenheiro Gaspar João Geraldo de Gronfeld (GARRIDO, 1940:27). Comandava a praça, à época, o Mestre de Campo do 1º Terço de Infantaria Auxiliar de Belém, Marcos José Monteiro de Carvalho (BARRETTO, 1958:57). OLIVEIRA (1968) aponta como primeiro comandante da praça o então Sargento-mor Manuel da Gama Lobo D'Almada, nomeado em 5 de setembro de 1769 e que permaneceu no cargo até 1771, tendo retornado em 1773 e permanecido até 1784 (op. cit., p. 751).No primeiro semestre de 1771 estavam concluídos os trabalhos internos, demorando-se os acabamentos exteriores até depois de 1773 (GARRIDO, 1940:27). http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_do_Macap%C3%A1; http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_do_Macap%C3%A1
1667- 24 de janeiro – pede ao rei que mande casais dos Açores e da madeira, e alguns presos, para povoar o Maranhão Em Portugal as cortes reunidas mudaram o governo obrigando à renuncia Afonso VI; seu irmão, o Infante D. Pedro assume o governo em 1º. De janeiro de 1668, com o titulo de D. Pedro II D. Pedro II de Portugal (Lisboa, 26 de Abril de 1648 — Alcântara, 9 de Dezembro de 1706). Foi Rei de Portugal de 1683 à sua morte, sucedendo ao irmão Afonso VI, vindo já exercendo as funções de regente do reino desde 1668, devido à instabilidade mental do irmão, D. Afonso VI. Está sepultado no Panteão dos Braganças em São Vicente de Fora. Morreu na Quinta de Alcântara, ou Palácio da Palhavã, de apoplexia. Tinha 58 anos e estava doente apenas há quatro dias. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_de_Portugal
1668 – 14 de janeiro –Manuel Beckman presta juramento ao tomar posse no Senado da Câmara de São Luís Manuel Beckman (Lisboa, 1630 — São Luís do Maranhão, 2 de novembro de 1685) foi um senhor de engenho e revolucionário português radicado no Brasil. É considerado por alguns autores como um "protomártir" da Independência, muito antes da figura de Tiradentes. O sobrenome Beckman, de origem germânica, é freqüentemente grafado em sua forma aportuguesada, Bequimão. Filho de pai alemão e mãe portuguesa, que ainda muito jovem viera para a região, veio a tornar-se senhor de engenho na região do rio Mearim, no Estado do Maranhão, com o irmão Tomás, advogado. Manuel foi vereador da Câmara Municipal de São Luís. Os registros da Inquisição de Lisboa referem um inquérito sobre os irmãos Beckman (Manuel e Tomás), acusados de judaísmo (IAN/TT, IL – CP, livro 255, f. 52 (1675)). Manuel teria sido deportado, por dois anos, para o Forte de Santo Antônio de Gurupá. Os irmãos envolveram-se nas divergências entre proprietários locais e religiosos da Companhia de Jesus, com relação à escravização do indígena, culminando, na noite de 24 de fevereiro de 1684, durante as festividades de Nosso Senhor dos Passos, numa violenta reação contra o estanco (monopólio) da Companhia Geral de Comércio do Maranhão, envolvendo de sessenta a oitenta dos chamados "homens-bons" da região. A revolta foi debelada no ano seguinte, com a chegada de tropas sob o comando do tenente-general Gomes Freire de Andrade a São Luís (15 de maio). Gomes Freire expediu ordem de prisão contra Manuel Beckman, que fugira, oferecendo por sua captura o cargo de Capitão das Ordenanças. Para obtê-lo, Lázaro de Melo, afilhado e protegido de Manuel, traiu o padrinho e entregou-o preso. Entretanto, empossado no cargo, os seus comandados repudiaram-lhe o gesto vil, recusando-se a obedecer-lhe as ordens. Queixando-se disso ao governador, afirma-se que Gomes Freire teria lhe respondido: “Nada tenho que fazer. O que o governo prometeu, cumpriu. Obrigar os subordinados a aceitar o seu comando está fora dos poderes do governo, ou melhor, já não é de minha alçada. Faça por ser obedecido.” Apontados como líderes da revolta, Manuel Beckman e Jorge de Sampaio de Carvalho receberam como sentença a morte pela forca. Os demais envolvidos foram condenados à prisão perpétua. A execução pública de Beckman e de Sampaio ocorreu a 2 de novembro de 1685 (10 de novembro, segundo outras fontes), na chamada praia do Armazém. Tendo os seus bens dos Beckman sido seqüestrados e ido a hasta pública, Gomes Freire arrematou-os todos e devolveu-os à viúva e filhas do revoltoso. http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Beckman
1669 – Feliciano Correia foi investido no governo do Pará, tendo Paulo Martins Garro se licenciado para se passara a Portugal - Gonçalo Pires e Manuel Brandão descobrem a canela-de-cheiro (Ocotea apifera M.) no Tocantins, produto muito bem cotado na Europa 1670 – 30 de maio – o Conselho Ultramarino comunica ao príncipe regente D. Pedro o descobrimento no Maranhão do Lago Dourado 1671/1678 - PEDRO CESAR DE MENEZES assumiu o governo em 9 de junho de 1671, Mestre-de-Campo, bastardo de linhagem nobre e soldado de fama. 1673 – notícias de correrias de bandeirantes na bacia do Tocantins, indo o Capitão Francisco da Mota falcão para apurar; encpontrou nas terras dos guarajus os homens do Mestre-de-Campo Pascoal Pais de Araujo. Consulta do Conselho Ultramarino a D. Pedro sobre a petição dos moradores e oficiais da Camara de São Luis no sentido de introduzir escravos de Angola, Guiné e Caxéu no Estado do Maranhão Angola foi uma antiga colónia de Portugal, com o início da colonização no século XV, e permaneceu como colónia portuguesa até à independência em 1975. O primeiro europeu a chegar a Angola foi o explorador português Diogo Cão. A sua capital e a maior cidade é Luanda. O nome Angola é uma derivação portuguesa do termo bantu N’gola, título dos reis do Reino do Ndongo existente na altura em que os portugueses se estabeleceram em Luanda, no século XVI. Os habitantes originais de Angola foram caçadores Khoisan, dispersos e pouco numerosos. A expansão dos povos Bantu, vindos do Norte a partir do século X a.C, forçou os Khoisan a recuar para o Sul onde grupos residuais existem até hoje, em Angola, na Namíbia e no Botsuana. Os macunheros eram agricultores e caçadores. Sua expansão se deu em grupos menores, que se relocalizaram de acordo com as circunstâncias político-económicas. Entre os séculos XIV e XVII, uma série de reinos foi estabelecida, sendo o principal o Reino do Congo que abrangeu o Noroeste da Angola de hoje e uma faixa adjacente da hoje República Democrática do Congo, da República do Congo e do Gabão; a sua capital situava-se em M'Banza Kongo e o seu apogeu se deu durante os séculos XIII e XIV. Outro reino importante foi o Reino do Ndongo, constituído naquela altura a Sul/Sudeste do Reino do Congo. No Nordeste da Angola actual, mas com o seu centro no Sul da actual República Democrática do Congo, constituiu-se, sem contacto com os reinos atrás referidos, o Reino da Lunda. Em 1482 chegou na foz do Rio Congo uma frota portuguesa, comandada pelo navegador Diogo Cão que de imediato estabeleceu relações com o Reino do Congo. Este foi o primeiro contacto de europeus com habitantes do território hoje abrangido por Angola, determinante para o futuro deste território e das suas populações. A partir do fim do século XV, Portugal seguiu na região uma dupla estratégia. Por um lado, marcou continuamente presença no Reino do Congo, por intermédio de (sempre poucos mas influentes) padres cultos (portugueses e italianos) que promoveram uma lenta cristianização e introduziram elementos da cultura europeia. Por outro, estabeleceu em 1575 uma feitoria em Luanda, num ponto de fácil acesso do mar e a proximidade dos reinos do Congo e de Ndongo. Gradualmente tomaram o controlo, através de uma série de tratados e guerras, de uma faixa que se estendeu de Luanda em direcção ao Reino do Ndongo. Este território, de uma dimensão ainda bastante limitada, passou mais tarde a ser designado como Angola. Por intermédio principalmente do Reino do Ndongo e do Reino da Matamba, Luanda desenvolveu um tráfico de escravos com destino a Portugal, ao Brasil e à América Central que passou a constituir a sua base económica. Os holandeses ocuparam a Angola entre 1641 e 1648 e procuraram estabelecer alianças com os estados africanos da região. Em 1648, Portugal retomou Luanda e iniciou um processo de conquista militar os estados do Congo e Ndongo e terminou com a vitória dos portugueses em 1671, redundando num controle sobre aqueles reinos. Entretanto, Portugal tinha tentado estender a sua presença no litoral em direcção ao Sul. Em 1657 estabeleceu uma povoação perto da actual cidade de Porto Amboim, transferida em 1617 para a actual Benguela onde se tornou numa segunda feitoria, independente da de Luanda. Benguela assumiu aos poucos o controle sobre um pequeno território e norte e leste, e iniciou por sua vez um tráfego de escravos, com a ajuda de intermediários africanos radicados no Planalto Central da Angola de hoje. http://pt.wikipedia.org/wiki/Angola Guiné - A Guiné-Bissau, oficialmente República da Guiné-Bissau, é um país da costa ocidental de África que se estende desde o cabo Roxo até à ponta Cagete. Foi uma colónia de Portugal desde o século XV até proclamar unilateralmente a sua independência, em 24 de Setembro de 1973,
reconhecida internacionalmente - mas não pelo colonizador. Tal reconhecimento por parte de Portugal só veio em 10 de Setembro de 1974. Antes da chegada dos Europeus e até o século XVII, a quase totalidade do território da Guiné-Bissau integrava o reino de Gabu, tributário do legendário Império Mali, dos mandingas, que florescera a partir de 1235 e subsistiu até o século XVIII. Os grupos étnicos eram os balantes, os fulanis, os mandayakos e os molinkes. O primeiro navegador e explorador europeu a chegar à costa da actual Guiné-Bissau foi o português Nuno Tristão, em 1446. A colonização só tem início em 1558, com a fundação da vila de Cacheu. A princípio somente as margens dos rios e o litoral foram exploradas. A colonização do interior só se dá a partir do século XIX. No século XVII, foi instituída a Capitania-Geral da Guiné Portuguesa. Mais tarde, durante o Estado Novo de Salazar, a colonia passaria a ter o estatuto de província ultramarina, com o nome de Guiné Portuguesa. A vila de Bissau foi fundada em 1697, como fortificação militar e entreposto de tráfico de escravos. Posteriormente elevada a cidade, tornar-seia a capital colonial, estatuto que manteve após a independência da Guiné-Bissau. Cacheu é uma região da Guiné-Bissau. Atravessada pelo rio Cacheu, tem capital na cidade de mesmo nome. Foi "a fonte principal do comércio de Cabo Verde", na terra firme da Guiné, "onde os navios portugueses vinham obter escravos e drogas da região", de acordo com Veríssimo Serrão ("História de Portugal", v. V, p. 284), que acrescenta: "Havia a recear a ameaça dos franceses do Senegal que, por intermédio de Bissau, pretendiam instalar-se na costa da Guiné". Portugal "teve de salvaguardar esse tráfico, maneira de garantir a ação dos missionários. Por mais, o régulo Bocampolco permitira em 1692 a fundação de uma capitania em Bissau, cujo terreno foi comprado em 1698 com a autorização do novo régulo Incinhate". Em 1675 foi fundada a Companhia de Cacheu, "que a 19 de maio de 1676 viu os seus privilégios confirmados por seis anos. Tinha o direito de tráfico na costa da Guiné e no arquipélago de Cabo Verde, assim como de escravos para a Metrópole, os domínios do Ultramar e a América espanhola". Quinze anos mais tarde viria a ser refundada com a designação de "Companhia de Cacheu e Cabo Verde". A companhia tinha como primeira ocupação a escravatura. "Por não ter conseguido um largo apoio dos moradores de Cabo Verde e da Guiné, não tardou a Companhia em dar prejuízo", refere Veríssimo Serrão na mesma obra, "o que levou a Coroa em 1703 a não renovar o contrato". A falta de comércio levou ao abandono de Bissau em 1707, sendo o forte arrasado.
Julho – o Governador muda sua residência para Belém, atraído pelo ganância do comercio 1674 – se organiza nova expedição para coibir as ações dos bandeirantes na região, quando chega Antonio Raposo Tavares, vindo de Lisboa, com a incumbência de descobriri tesouros na bacia do Tocantions, com a ajuda dos paulistas, conhecedores da região; quando lá chegou encpontrou apenas noticias da morte de Pais de Araujo Domingos Afonso, o Mafrense chega aos sertões do Piauí, vindo das margens do São Francisco, se apossando de vastas áreas na margem direita do Parnaíba Domingos Afonso Mafrense, conhecido também como Domingos Afonso Sertão, foi um sertanista português do estado brasileiro do Piauí. Era reinol de Torres Vedras, vindo para o Brasil com seu irmão Julião Afonso Serra por volta de 1670, pois já em 12 de fevereiro de 1674 ambos obtiveram sesmarias no sul da Bahia. Unidos aos Ávilas, de quem foi o principal rendeiro, Domingos Afonso foi sertanista de grande ação, devassou todo o sertão a oeste do rio São Francisco. Tendo-se estabelecido em Fazenda que denominou Sobrado, a 40 léguas ao sul de Juazeiro, com seu irmão foi o companheiro do Capitão Francisco Dias de Ávila, nomeado por patente de 1674 para ir conquistar o gentio gurgueia. Dirigiram a bandeira para a serra dos Dois Irmãos e em terras do Piauí encontraram Domingos Jorge Velho, o cabo paulista. Domingos Afonso e seus companheiros entraram então a devassar o rio Piauí e o rio Canindé, indo até o rio Parnaíba e sertões do Ceará. Nessas terras fundou mais de 30 fazendas ou currais de criar gado, obtendo sesmarias nas margens do rio Gurgueia em 1676, no rio Tranqueira em 1681 e 1684, no rio Parnaiba em 1686. No século 17, Domingos Afonso Mafrense ocupou, com cartas de sesmarias da capitania de Pernambuco, algumas terras na margem do rio Gurgueia, visando a expandir sua pecuária. Foi o mais promissor colonizador da região. Conforme determinou, após sua morte as terras passaram às mãos dos padres da Companhia de Jesus, que as administraram com relativo sucesso e contribuíram para o desenvolvimento da pecuária do Piauí, que, no século 18, abastecia o Maranhão, todo o nordeste e algumas províncias do sul do Brasil. Em 1760, após a expulsão dos jesuítas, as fazendas passaram ao patrimônio da Coroa portuguesa — com o nome de Fazenda
Real Fisco — e entraram http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Afonso_Mafrense
em
decadência.
1676 – chega a Belém leva de colonos açoreanos, vindos de Feiteira, ilha de Faial; eram 150 casais, num total de 234 pessoas localizados no sitio da Campina, batizado com o nome de São Vicente 1677 – aviso de que se tramava uma revolta contra o Governador O Ministério decide estabelecer o primeiro estanco, chamado de Estanco da Fazenda Real, Entradas ao tempo de Pedro Cesar De Antonio de Oliveira, ao Amazonas, com os padres João Maria e Manoel Pires; De Baltazer Fernandes ao Mearim, com o padre Pedro Luis; De Afonso Rui, com o mesmo padre Pedro Luis e o irmão Antonio Ribeiro; De Vidal Maciel Parente ainda com este padre e o irmão João Almeida, no Paraguaçú (Parnaiba), com caráter punitivo contra osn taramembeses. Fundação de um estabelecimento à margem do rio Cotim (Anil) de uma primeira fábrica de anil, trazendo de Poertugal um operário anileiroe mandara buscar 50 negros em Angola Inicio da exploração do comercio de baumilha, recomendada pela Coroa por carta de 19/06/1676 30 de Agosto – A Diocese de São Luís do Maranhão foi ereta pelo Papa Inocêncio XI, por meio da bula Super universas orbis Ecclesias, como sufragânea do Patriarcado de Lisboa, abrangendo toda a Amazônia. Frei Antonio Santa Maria, capuchinho de Santo Antonio eleito o primeiro Bispo, renunciando à Mitra se ao menos tomar posse. Eleito Dom Gregório dos Anjos, da Congregação dps Cônegos de São João evangelista, era Bispo titular de Malaca e fora reitor do Convento de Évora INÁCIO COELHO DA SILVA – 1678 A 1682 – Capitão de Couraças, Fidalgo da Cara Real e ex-capitão-mor da Paraíba, sucedeu em data de 17/02/1678 a Pedro Cesar de Menezes, como Governadpor e Capitão-General do Estado. 1678 – durante os cinco primeiros meses permaneceu em São Luis, indo a 20/07 residir em Belém. Deixando no governo da Capitania-Geral do Maranhão Vidal Maciel Parente, donatário da capitania do Cabo do Norte ; Manoel Bequimão se opôs a sua nomeação, em função da devisão de 1643 de exclusão dos descendentes de Bento Maciel dos cargos públicos do estado; Bequimão foi desterrado para o Gurupá Ensaia-se um chamado Estanco da Fazenda Real mediante p´revio assentimento do clero, nobreza e povo. Consistia o negócio , explica João Lisboa, em fazer a coroa por sua conta o fornecimento de todo aço, ferro, facas e velórios, necessários para o provimernto do Estado e comércio de resgate, recebendo em pagamento as drogas e produtos do país (apontamentos para a história do Maranhão, in JORNAL DE TIMON). Companhia do Maranhão - Conforme Roberto Simonsen “... O segundo empreendimento visando à exploração do comércio colonial foi a Companhia do Maranhão, derivada do contrato negociado em 1678 e 1679, entre o governo português e um grupo de acionistas, para a exploração do tráfico comercial entre o Pará, o Maranhão e a Metrópole." Um alvará de 12 de junho de 1682 confirmou esse acordo. Essa companhia, também conhecida por "Estanco do Maranhão", tinha o monopólio completo do comércio no Maranhão e Pará, mas o seu principal negócio era o tráfico de escravos africanos. Os seus créditos eram cobrados executivamente, como se fossem da Fazenda Real. Tão draconiano era o sistema que, em 1684, estourou a revolta liderada por Beckmann. Embora sufocado o movimento, o estanco, segundo Simonsen, teria sido logo abolido. Há opiniões divergentes. Rodolfo Garcia discorda e afirma que o monopólio perdurou ainda por vários anos. César Augusto
Marques, em seu Dicionário, informa que, em 1677, por acordo entre o governo e a população, se estabelecera um monopólio de certos produtos, especialmente manufaturas de ferro e aço, usadas nos "resgates" com os índios. Esse empreendimento teve o nome de "Estanco da Fazenda Real". Dois anos depois, o Governador do Maranhão propôs a abolição do estanco, em razão dos avultados prejuízos, sugerindo que ele fosse substituído por contratadores particulares. A Coroa aceitou a proposta e, em 1682, o alvará já citado confirmou o assento do Estanco do Maranhão, avençado, junto com o contrato do Cacheu, com Manuel Pedro Valdez, Pedro Alvares, Pascoal Pereira Jansen e outros comerciantes da Metrópole. Segundo Marques, a rebelião de Beckmann não resultou na extinção imediata do estanco, tanto que, em 1686, se abria devassa contra os que reclamavam contra ele. (FONTES: BUESCU, Evolução Econômica do Brasil, 65 - GARCIA, Ensaio sobre História Política e Administrativa do Brasil, 119/121 - MARQUES, Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, 265/266 - PRADO JR., História Econômica do Brasil, 54 - SIMONSEN, História Econômica do Brasil, 358). http://www.receita.fazenda.gov.br/Memoria/administracao/reparticoes/colonia/companhias.asp
1679 – 24 de janeiro – a Coroa, através de carta Régia, considera conveniente a mudança da capital para Belém o Capitão Vital Maciel organizou poderosa expedição contra os teramembezes do Paraguaçú (Parnaíba), por trazem em continuo assalto a foz do rio, mas na verdade para resgate de âmbar; a tropa era composta de 150 soldados e 500 indigenas; aproveitou para ir descobrir a nascente do Parnaíba, conforme recomendação de 1667 11 de julho - tomou posse o primeiro bispo do Maranhão, Dom Gregório dos Anjos. Doutor em Teologia, orador sacro. Instala-se a diocese do Maranhão, criada por bula de 30/08/1677. Por esse decreto papal São Luís, cuja população é nele estimada em 2.000 almas, foi erigida cidade. 1680 – 25 de fevereiro - por Carta Regia a Capitania do Ceará foi desligada do Estado do Maranhão e Grão-Pará e subordinada ao governo de Pernambuco 30 de março – a Coroa mais uma vez alterou o regime de cativeiro dos índios, dando ao Bispo a atribuição de repatir os escravos, uma parte para as aldeias, outra para os serviços dos colonos, e uma terceira para os missionários; atribuiu a si próprio 300 cativos que empregou na lavoura do cravo O Governo propôs a abolição do Estanco por que não dera os resultados esperados, com o Conselho Ultramarino recomendando que se contratasse outro, desta vez com particulares interessados; Pedro Alves Costa organizou uma sociedade de assentistas – Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará e contratou o negócio com o Governo Metropolitano pelo prazo de 12 anos, através do Alvará de 12/02/1682. 1682 – maio – INÁCIO COELHO DA SILVA foi substituído por Francisco de Sá de Menezes FRANCOSCO DE SÁ E MENEZEZ – 1682 – 1684 assumiu o governo em 27 de maio; Capitão-general, formado em leis, servira como secretário do embaixador português junto a Oliver Cronwell. Em sua companhia trouxe Pascoal Jansen Pereira. Demorou-sem em São Luis até outubro, quando passou a Belém, deixando no governo da capitania-Geral do Maranhão, no cargo de Capitão-mor, o SargentoMor Baltazar de Sousa Fernandes Oliver Cromwell (Huntingdon, 25 de Abril de 1599 — Westminster, 3 de Setembro de 1658) foi um militar e político britânico, conhecido como um dos líderes da Guerra Civil Inglesa, movimento que derrubou Carlos I e levou à instauração de uma república puritana na Grã-Bretanha. Cromwell governou com o título de Lord Protector ("Lorde Protetor") da Inglaterra, Escócia e Irlanda, de 16 de Dezembro de 1653 até sua morte, a qual se crê ter sido causada por malária ou por envenenamento.
Quando a guerra civil teve início, Cromwell constituiu uma tropa de cavalaria, que se tornou a base dos seus Ironsides, assim chamados em alusão ao apelido dado pelo Príncipe Rupert a Cromwell, após a Batalha de Marston Moor (1644), na qual o príncipe fora derrotado. Como líder da causa parlamentar e comandante do New Model Army, Cromwell desempenhou um papel fulcral na derrota das forças leais a Carlos I, pondo fim ao poder absoluto da monarquia britânica. http://pt.wikipedia.org/wiki/Oliver_Cromwell
1682, a Coroa Portuguesa decidiu criar a Companhia de Comércio do Maranhão. Tal Companhia tinha o dever de enviar ao Estado do Maranhão um navio por mês carregado de escravos e alimentos como azeite e vinho. Assim, Portugal pretendia aumentar o comércio da região. Mas a estratégia não dera certo. A Companhia abusava nos preços e, por vezes, atrasava os navios. Isso somado às péssimas condições de vida na época fizeram com que entre os colonos se criasse um clima de hostilidade contra a Metrópole. Liderada por Manuel Beckman (Bequimão) em 1684, começa uma revolta nativista conhecida como a Revolta de Beckman. A Companhia do Comércio do Maranhão, também referida como Companhia do Estanco do Maranhão, foi uma empresa privilegiada, de carácter monopolista, criada sob o reinado de D. Pedro II (1667-1706), em Portugal. Fundada em 1682 em carácter de exclusivo comercial, destinava-se a fomentar a agromanufatura de açúcar e o cultivo de algodão, através do fornecimento de crédito e de escravos africanos aos produtores da região, assegurando o transporte em segurança daqueles géneros em segurança para a Europa. Entre os privilégios de que beneficiava, além do monopólio do comércio com o Estado do Maranhão por 20 anos, destacavam-se a isenção de impostos, um juízo privado, a via executiva para a cobrança de suas dívidas e a liberdade de descer do sertão maranhense os indígenas que desejasse para tê-los ao seu serviço. A Companhia foi acusada de desvalorizar os géneros que deveria adquirir, cobrando em excesso pelas mercadorias da metrópole, além de não disponibilizar os escravos africanos conforme acordado. As reclamações levaram à eclosão da Revolta dos irmãos Beckman (1684) e à posterior extinção da própria Companhia (1685). http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_do_Com%C3%A9rcio_do_Maranh%C3%A3o
Durante o governo de Francisco de Sá de Menezes, o Forte da Vera Cruz, ou Forte do Calvário, foi reedificado à custa de João de Souza Soleima, com a intenção de levantar uma Casa-forte para defesa dos ataques indígenas, sob a invocação do Santo Cristo da Serra de Semide (Forte do Santo Cristo), da qual não restam vestígios (MARQUES, 1970:284). 1683 a primitiva aldeia, denominada Capitiba, foi transferida para o lago Maracu, passando a chamar-se de N. S. da Conceição sobre a proteção de São Bonifácio que, em 1730, abrigava 404 índios. Esta aldeia era uma grande fonte de receita para as missões jesuíticas do Estado. Uma nova missão dos Guajajaras no rio Pindaré, consta no catálogo de 1732: a Aldeia de São Francisco Xavier do Carará, (Monção) a qual em 1730, tinha 779 índios, dos quais 326 eram catecúmenos (SERAFIM LEITE, 1950). 1684 Liderada por Manuel Beckman (Bequimão) começa uma revolta nativista conhecida como a Revolta de Beckman. Os revoltosos queriam o fim da Companhia de Comércio do Maranhão e a expulsão dos jesuítas, pois a Companhia de Jesus era contra a escravidão indígena (principal fonte de mão-deobra na época). Os revoltosos chegaram a aprisionar o Capitão-mor de São Luís e outras autoridades, e expulsaram os jesuítas, mas foram derrotados pelas forças da Coroa. Manuel Beckman foi condenado à morte e enforcado em praça pública, apesar de seu irmão, Tomás Beckman ter ido à Portugal para falar diretamente ao rei o motivo da revolta.O movimento conseguiu fazer com que a Companhia fosse extinta mas não foram atendidos sobre a expulsão dos jesuítas. Revolta dos Beckman: arrebenta (23/02) a revolta chamada Bequimão, contra o monopólio do Estanco estabelecido pela Companhia de Comércio. Deposto o Governador, organiza-se uma Junta dos três Estados, em que São representados
paritariamente o Clero, a Nobreza e o povo. É a primeira vez que o Povo ascende ao Governo; mas o movimento termina com o sacrifício, na forca (10/11/1655) de Manuel Beckman e Jorge de São Paio. Os revoltosos queriam o fim da Companhia de Comércio do Maranhão e a expulsão dos jesuítas, pois a Companhia de Jesus era contra a escravidão indígena (principal fonte de mão-de-obra na época). Os revoltosos chegaram a aprisionar o Capitão-Mor de São Luís e outras autoridades, e expulsaram os jesuítas, mas foram derrotados pelas forças da Coroa. Manuel Beckman foi condenado à morte e enforcado em praça pública, apesar de seu irmão, Tomás Beckman ter ido à Portugal para falar diretamente ao rei o motivo da revolta. O movimento conseguiu fazer com que a Companhia fosse extinta mas não foram atendidos sobre a expulsão dos jesuítas.
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/_39ephwOkYhQ/TIrHtrnZNYI/AAAAAAAAAsg/7vMrdNlUDlE/s1600/Revolta%2Bde%2BBeck man.jpg&imgrefurl=http://imagohistoria.blogspot.com/2010_09_01_archive.html&h=309&w=450&sz=66&tbnid=5YmiZ8PlcQn0AM:&tbnh=90&tbnw=13 1&prev=/search%3Fq%3DManuel%2BBeckman%26tbm%3Disch%26tbo%3Du&zoom=1&q=Manuel+Beckman&docid=LUyuGOSGm -H9MM&hl=ptBR&sa=X&ei=ADVmTtrwGqjE0AGY49CdCg&ved=0CEEQ9QEwBg&dur=1875
A REVOLTA DE BECKMAN, também Revolta dos Irmãos Beckman ou Revolta de Bequimão, ocorreu no então Estado do Maranhão, em 1684. É tradicionalmente considerada como um movimento nativista98 pela historiografia em História do Brasil. O sobrenome Beckman, de origem germânica, também é grafado em sua forma aportuguesada, Bequimão. http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Beckman Antecedentes - O Estado do Maranhão, em 1621, compreendia também os atuais territórios de Ceará, Piauí, Pará e Amazonas. Essa região subordinava-se, desse modo, diretamente à Coroa Portuguesa. Entre as suas atividades econômicas destacavam-se a lavoura de cana e a produção de açúcar, o cultivo de tabaco, a pecuária (para exportação de couros) e a coleta de cacau. A maior parte da população vivia em condições de extrema pobreza, sobrevivendo da coleta, da pesca e praticando uma agricultura de subsistência. Desde meados do século XVII, o Estado do Maranhão enfrentava séria crise econômica, pois desde a expulsão dos Holandeses da Região Nordeste do Brasil a empresa açucareira regional não tinha condições de arcar com os altos custos de importação de escravos africanos. Neste contexto, teve importância a ação do padre Antônio Vieira (1608-1697) que, na década de 1650, como Superior das Missões Jesuíticas no Estado do Maranhão, implantou as bases da ação missionária na região: pregação, batismo e educação, nos moldes da cultura portuguesa e das regras estabelecidas pelo Concílio de Trento (1545-1563). Posteriormente, pela lei de 1º de abril de 1680, a Coroa determinava a abolição da escravidão indígena, sem qualquer exceção, delimitando, mais adiante, as respectivas áreas de atuação das 98
A classificação da Revolta de Beckman como nativista obedece antes a critérios de sistematização que propriamente a uma motivação verdadeiramente nativa, na opinião de alguns historiadores, influenciados pelo economicismo. Seria, antes, um movimento "isolado e não contestou a dominação metropolitana, mas apenas um de seus aspectos: o monopólio" (SILVA, Francisco de Assis - História do Brasil, Moderna, S. Paulo, 2ª ed.). Os fatos, porém, dão outra dimensão, menos simplista: o pedido de apoio ao Pará, e a própria declaração de Beckman, por exemplo, colocam efetivamente este movimento dentre os primeiros onde já se esboçava um verdadeiro sentimento nativista, claramente desencadeado por razões econômicas. A partir de 1650, o Maranhão enfrentou uma grande crise econômica e faltou mão de obra indígena para a lavoura.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Beckman
diversas ordens religiosas. Para contornar a questão de mão-de-obra, os senhores de engenho locais organizaram tropas para invadir os aldeamentos organizados pelos Jesuítas e capturar indígenas como escravos. Estes indígenas, evangelizados, constituíam a mão-de-obra utilizada pelos religiosos na atividade de coleta das chamadas drogas do sertão. Diante das agressões, a Companhia de Jesus recorreu à Coroa, que interveio e proibiu a escravização do indígena, uma vez que esta não trazia lucros para a Metrópole. Para solucionar esta questão, a Coroa instituiu a Companhia do Comércio do Maranhão (1682), em moldes semelhantes ao da Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649). Pelo Regimento, a nova Companhia deteria o estanco (monopólio) de todo o comércio do Maranhão por um período de vinte anos, com a obrigação de introduzir dez mil escravos africanos (à razão de quinhentos indivíduos por ano), comercializando-os a prazo, a preços tabelados. Além do fornecimento destes escravos, deveria fornecer tecidos manufaturados e outros gêneros europeus necessários à população local, como por exemplo o bacalhau, os vinhos e a farinha de trigo. Em contrapartida, deveria enviar anualmente a Lisboa pelo menos um navio do Maranhão e outro do Grão-Pará, com produtos locais. O cacau, a baunilha, o pau-cravo e o tabaco, produzidos na região, seriam vendidos exclusivamente à Companhia, por preços tabelados. Para obtenção da farinha de mandioca necessária à alimentação dos africanos escravizados, era permitido à Companhia recorrer à mão-de-obra indígena, remunerando-a de acordo com a legislação em vigor. Graças à intercessão do Governador Francisco de Sá de Meneses, apenas os jesuítas e franciscanos ficaram livres do monopólio exercido pela Companhia. Sem conseguir cumprir adequadamente os compromissos, a operação da Companhia agravou a crise econômica e fez crescer o descontentamento na região: os comerciantes locais sentiam-se prejudicados pelo monopólio da Companhia; os grandes proprietários rurais entendiam que os preços oferecidos pelos seus produtos eram insuficientes; os apresadores de indígenas, contrariados em seus interesses, reclamavam da aplicação das leis que proibiam a escravidão dos nativos; a população protestava contra a irregularidade do abastecimento dos gêneros e os elevados preços dos produtos. A Companhia passou a ser objeto de acusações de não fornecer anualmente o número de escravos estipulado pelo Regimento, de usar pesos e medidas falsificados, de comercializar gêneros alimentícios deteriorados e de praticar preços exorbitantes. Esses fatos, somados às isenções concedida aos religiosos conduziria a uma revolta. http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Beckman Consequências - A situação de pobreza da população do Estado do Maranhão perdurou no decorrer das primeiras décadas do século XVIII. Na segunda metade desse século a administração do Marquês de Pombal (1750-1777) tentou encaminhar soluções para as graves questões da região. A administração pombalina, dentro da política reformista adotada, criou, entre outras medidas, a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Aproveitando-se oportunamente de situações externas favoráveis - a Revolução Industrial que ocorria na Inglaterra e a Guerra da independência das treze Colônias inglesas na América - a Companhia, em meados do século XVIII, estimulou o plantio do algodão no Maranhão, financiando esta atividade. A exportação do produto cresceu significativamente naquele contexto. Entretanto, quando a Inglaterra reatou relações com a sua antiga Colônia, a produção maranhense entrou em declínio. Estas situações, entre outras dificuldades, levaram à extinção do Estado do Maranhão em 9 de julho de 1774. As suas antigas capitanias ficaram subordinadas ao Vice-rei do Brasil, com sede no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, a expulsão dos Jesuítas, promovida por Pombal, fez desorganizar a atividade da coleta das drogas do sertão na Amazônia.
1685 – 25 de março – parte do Tejo o novo Governador e capitão-general do Maranhão e Grão-Pará, Gomes Freire de Andrade, soldado famoso, com 150 homens dee armas e ordens para dominar a rebelião; em sua companhia vinha o Dezembargador Manuel Nunes, para tirar devassa da sedição e Tomaz Bequimão 15 de maio – chega a São Luis. Gomes Freire de Andrade (c. 1650 - depois de 1687), governador do Maranhão (15 de Maio de 1685 - Julho de 1687). Fidalgo de linhagem e soldado de fama; veio com o posto de Tenente-General da Cavalaria da Provincia da Beira, em que se reformara; após restabelecer a ordem na capital do estado, cuidou de fazer omesmo nas demais provinciais; restitui as camaras os privilégios usurpados por seus antecessores, reprimiu os abusos da nobreza e equilibrou as finanças públicas; reincorporou aos domínios reais a Capitania de Vigia, cuja colonização
fracassara o capitão-mor Jorge Gomes Alemó; fez fundar no Mearim a povoação de Santa Maria. Mandou fazer o descobrimento, pelo sertão a João Velho do Vale a descobrir o caminho para a Bahia, enquanto para o Tocantins despachou o Capitão Hilário de Sousa d´Azevedo, contra os aruaquizes e os carapitonas; passando-se a Belém, deixou no governo da Capitanila-Geral do maranhão o Capitão Baltazar de Seixas Coutinho; a 14 de julho de 1687 regressa à metrópole, passando o governo a seu substituto Artur de Sá e Menezes 1685 - Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho governador do Grão-Pará até 1690, e em 1690 governador do Maranhão, até 1701. 1686 – carta Regia de 24 de novembro proibia o corte de árvores cravo por dez anos 1687 - ARTUR DE SÁ E MENEZES – 1687 a 1690; toma posse no Governo do Estado dia 14 de julho de 1687; Capitão de infabntaria, membro do Conselho de Sua Majestade, Comendador de São Pedro de Folgosinho na Ordem de Cristo e de Santa Maria de Meimoa, na Ordem de Aviz. Em seu Governo fez edificar nova igreja na Vila de Capitania de Icatu, para onde despachou capitão-mor e vigário; nessa capitania havia diversos engenhos e, dizia-se, nas cabeceiras do Munin, jazidas de cristais, minas de prata e de pedras preciosas O Forte de Santa Maria de Guaxenduba localizou-se a nordeste da ilha de São Luís, na baía de São José, à margem direita da foz do rio Munim, na vila velha do Icatu. O forte português, ainda em construção, foi atacado pelas forças de Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, à frente de sete patachos e quarenta e seis canoas de indígenas flecheiros, montando um efetivo de duzentos franceses e cerca de dois mil indigenas. Apesar da desvantagem numérica, as tropas de Jerônimo de Albuquerque e do Sargento-mor Diogo de Campos Moreno resistiram e repeliram com sucesso este efetivo, a 19 de Novembro de 1614 (SOUZA, 1885:71). Em carta desta data, dirigida a Jerônimo de Albuquerque, La Ravardière designa-o como Forte de São Simão (MARQUES, 1970:281). A 27 de Novembro foi assinado um armistício de um ano entre as partes, para que as duas Coroas - espanhola e francesa -, encontrassem uma saída diplomática. Para isso, o navio francês "Regent" retornou à Europa com emissários portugueses e franceses a bordo, embora não se conheçam os resultados desse esforço diplomático. Este forte encontra-se cartografado por João Teixeira Albernaz, o velho ("Capitania do Maranhão", c. 1615. Mapoteca do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro). Ao redor desta fortificação desenvolveu-se uma pequena povoação, o arraial de Santa Maria de Guaxenduba. Elevada a vila com o nome de Vila d'Águas Boas, criado em 1688; Depois de São Luís e Alcântara, é a mais antiga localidade do Maranhão. posteriormente foi transferida para as margens do rio Munim, onde no final do século XIX se erguia a Vila (hoje cidade) do Icatu. A antiga povoação era, então, designada como Vila Velha do Icatu (MARQUES, 1885:141-157). http://pt.wikipedia.org/wiki/Icatu ; http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_Santa_Maria_de_Guaxenduba
No Governo do Capitão-Mor do Grão-Pará Antonio d´Albuquerque Coelho de Carvalho, os jesuitas estabeleceram-se na ilha de Camunizari, na Capitania do Cabo do Norte, onde fundaram uma residencia; em setembro, perde a vida o Padre Antonio Pereira, maranhense, orador sacro e teólogo conhecido, e seu companheiro o Padre Bernardo Gomes, trucidados pelos ferozes tapuias aguaracas, do morubixaba Canaria e da nação dos maracurios. 26 de novembro – através de carta Régia é firmada paz com os taramambeses, com o objetivo de enfrentar os hoklandeses que teimavam em piratear no Nordeste. 1688 – uma entrada sob o comando do Capitão André Pinheiro subiu o Amazonas até o Rio Negro, resgatando grande quantidade de indigernas, sendo descoberta uma mina de ouro no rio Urubu e uma de prata no Jatuna; o que fez com que o ouvidor-geral Miguel da Rosa Pimentel estabelesse em belém uma fundição para esses metais.
– chega noticias de que chegara ao cabo do Norte o Cavaleiro Pierre de Ferolle, de ordem do Governador La barre, para reclamar que as instalações portuguesas estavam em terras de sua jurisdição e deicara notificação escrita a ser transmitida ao Capitão-mor do Grão-Pará Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho era capitão-mor do Pará e governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará. Em 25 de junho tomou posse do cargo e combateu os índios arauaques. Realizou uma viagem pela Amazônia que o fez adoecer, pedindo licença para voltar a Lisboa, curar-se das doenças contraídas. Tinha repelido com força uma tentativa dos franceses de Caiena de ocupar um local no estuário do Amazonas 1690 – a 17 de maio assume o governo ANTONIO D´ALBUQUERQUE COELHO DE CARVALHO, O MOÇO - 1690 a 1701; Capitão-mor do Grão-Pará foi empossado como Governador do Estado, assumindo nsuas funções em Belém, passando-se imediatamente para São Luis, deixando como capitão-mor Hilário de Sousa Azevedo. Em seu governo foi edificada a fortaleza da Ponta de João Dias (Ponta d´Areia), assim como outras fortificações em outras capitanias, como a de Joanes e Gurupá Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho (Lisboa, 1655 — Angola, 1725) foi governador do Rio de Janeiro no início do século XVIII. Foi comendador de Santa Maria de Cea na Ordem de Cristo e de Santo Ildefonso de Val de Telhas na Ordem de Avis, alcaide-mor de Sines, donatário de Couto, de Ouil e de Santo Antônio de Alcântara, no Maranhão. Batizado na igreja de Santa Engrácia em 14 de setembro de 1655, era filho do fidalgo do mesmo nome e de certa Inês Maria Coelho. O pai, chamado «o Velho» pelos historiadores, nascera no Brasil e fora capitãogeneral do Maranhão de 22 de junho de 1667 até 9 de junho de 1671. Esteve no Maranhão de 1667 a 1671 e retornou a Portugal. Voltou ao Brasil em 1678 (quando acompanhou Inácio Coelho da Silva, nomeado governador do Maranhão) e aqui permaneceu até 1701. A família tinha propriedades em Santa Cruz de Camutá. Nomeado em 1685 governador do Grão-Pará, até 1690, e em 1690 governador do Maranhão, até 1701. Em 1688 era capitão-mor do Pará e governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará. Em 25 de junho tomou posse do cargo e combateu os índios arauaques. Realizou uma viagem pela Amazônia que o fez adoecer, pedindo licença para voltar a Lisboa, curar-se das doenças contraídas. Tinha repelido com força uma tentativa dos franceses de Caiena de ocupar um local no estuário do Amazonas, e em 1697 feito a extensa viagem pela Amazônia, subindo mesmo o rio Negro. Recebeu a autorização em 1700, embarcando em 1701. Em sua patente se dizia que « servira com grande valor na guerra da Grande Liga, sargento-mor de batalha, governador da Beira Baixa e da praça de Olivença. Na metrópole, foi comendador de Santa Maria de Cea e Vila Cova na Ordem de Cristo e do senhorio do Couto de Outil, alcaide-mor de Sines, comenda de Santo Ildefonso do Val de Telhas na Ordem de Avis, diversas mercês e ainda a donataria das capitanias de Santo André de Alcântara e de Santa Cruz de Camutá, com 50 léguas de costa no Estado do Maranhão. No Brasil, teve de uma parda da terra (filha de branco com escrava) um filho ilegítimo batizado com o mesmo nome: ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE COELHO. Este, em 10 de março de 1700 recebeu alvará de Fidalgo Escudeiro e Fidalgo Cavaleiro, no Livro 13 das Mercês de D. Pedro II folhas 210: Diz ser dado a «Antônio de Albuquerque Coelho, natural do Maranhão, filho natural de Antônio de Albuquerque Coelho, Fidalgo da Casa de Sua Majestade e neto de Antônio de Albuquerque Coelho.» Casou depois de 1701 com D. Luisa de Mendonça, nascida em 1686, 5ª filha de D. Francisco de Melo e neta de D. Pedro José de Melo, antigo governador e capitão general do Maranhão. Francisco era destinado a maltês, mas largou o hábito para casar com D. Joana de Abreu e Melo. Eram irmãs de Luisa: Maria Josefa de Mendonça, abadessa de Lorvão; Josefa, soror Maria Margarida, freira no Sacramento de Lisboa e ainda D. Mariana Josefa, que morreu recolhida em Lorvão. 1 - Francisco de Albuquerque Coelho de Carvalho, em 1732 casado com Teresa de Lencastre, filha de Diogo Correia de Sá e D. Inês de Lencastre, 3º visconde de Asseca. De certa Angela Barros, ou Angela de Azevedo, natural do Gurupá e moradora da vila de Santa Cruz de Camutá, teve por volta de 1682 seu filho mais famoso, ilegítimo: 2 - António de Albuquerque Coelho, figura importante de Portugal em Macau e Timor. Este Antonio de Albuquerque Coelho teria um ivro publicado sobre sua viagem a Macau, de onde foi governador. João Tavares de Velez Guerreiro (falecido em 1718) escreveu «Jornada que Antonio de
Albuquerque Coelho, Governador e Capitão General da cidade de Macau na China fez de Goa até chegar à dita cidade no ano de 1718», que pode ser consultado na Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa (cota BACL 11 67 18). Angela era filha de Manuel da Mata e Barros, pernambucano, filho de um branco e de uma escrava de Angola, com Maria de Azevedo, pernambucana, filha de um mulato e de uma «índia da terra». A saúde, prejudicada na Amazônia piorou com a Guerra da Sucessão da Espanha, em que tomou parte pequena, mas cheia de honra como comandante em chefe da Beira Baixa, com patente de sargento-mor. Foi governador de Olivença, de 1708 a 1709. Falava-se que em 1708 seria nomeado governador do Rio de Janeiro, mas só veio nomeado em março de 1709 como governador da Repartição do Sul, e em 1710 seria governador de São Paulo e Minas de Ouro, território recentemente separado do Rio de Janeiro. Foi capitão geral das Minas Gerais e depois de Angola, 1721-1725, onde morreu. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_de_Albuquerque_Coelho_de_Carvalho
"Plano do Reducto de S. Antonio da Barra da Cidade do Maranhão..." (post. 1750). FORTALEZA DA PONTA DE JOÃO DIAS (PONTA D´AREIA) – O Forte de Santo Antônio da Barra de São Luís localiza-se na ponta de João Dias, atual ponta da Areia, a sudoeste do Forte de São Marcos, dominando a barra do canal de acesso ao porto de São Luís. A estrutura primitiva desta forticação é atribuída aos franceses, durante os combates de 1614 (SOUZA, 1885:70), sendo lícito presumir que, de campanha, tenha sido erguida em faxina e terra. A seu respeito CERQUEIRA E SILVA (1833), deixou registrado: "Na manhã seguinte [1 de Novembro de 1615] desembarcou Alexandre de Moura na ilha de S. Francisco, pouco mais d'um tiro de canhão distante da fortaleza de S. Luiz, levantando ali uma fortificação de pau-a-pique, a que se deu o nome do forte da [sic] Sardinha, guarnecendo-o Bento Maciel Parente com a equipagem do seu navio, e passou a sitiar por mar os Franceses, que desanimando contra a expectativa de Ravardière, fizeram com que este se rendesse, passando à ilha assinou logo um termo da entrega da colônia e evacuação da fortaleza, passando à Europa em três navios, que aprontou Alexandre de Moura, mais de quatrocentos franceses, ficando porém outros, que por estarem casados com Índias não quiseram acompanhá-los, e seguindo Ravardière para Pernambuco com Alexandre de Moura, a 9 de Janeiro de 1616." (op. cit., p. 184-185). MARQUES (1970) ratifica esse entendimento ao referir que se tratava de estrutura de pau-a-pique erguida pelo Capitão-mor da capitania de Pernambuco, Alexandre de Moura, quando desembarcou em 1 de Novembro de 1615, e onde, no dia seguinte, os franceses teriam assinado a capitulação (op. cit., p. 282). O mesmo autor conclui ser o "Sardinha", nome pelo qual este forte ficou conhecido (Forte do Sardinha), um dirigente das suas obras, citando um trecho de uma carta escrita pela Câmara Municipal de São Luís ao Sargento-mor Antônio de Barros Pereira, onde se refere: "(...) Sobre os índios que Vmcê. aponta se faça toda a diligência por se conduzirem à ponta de João Dias [para o trabalho na construção do forte], porque conforme a informação do Sardinha, os que haviam trabalhavam na pedra e haviam ido com Vmcê. (...)" (carta de 12 de Fevereiro de 1689. apud: op. cit., p. 282). Por ela se percebe ainda que as obras estavam paradas carecendo de mão-de-obra,
embora, aparentemente os problemas fossem mais sérios. Dias mais tarde, a Câmara informou ao Governador: "As obras da fortaleza da ponta de João Dias, com as novas ordens de V. Sa., as largou por mão o Sargento-mor Antônio de Barros Pereira, não sabemos se foi ordem de V. Sa. ou moto-próprio, contudo ficamos de acordo em ir mandando carregar para ela pedra para que esteja ao pé da obra, e seguiremos no mais que V. Sa. ordenar." (18 de Fevereiro de 1689. apud op. cit., p. 283). Por Carta Régia de 8 de Outubro de 1691, consta que o Governador do Maranhão dera princípio a esta fortaleza, com muitas dificuldades devido à falta de engenheiro, pedreiros, índios de serviço, materiais e cal do Reino (op. cit., p. 283). O seu risco foi do Capitão Pedro de Azevedo Carneiro ("Planta do forte, que desenhei, e se fica fazendo na Ponta de João Dias, barra da cidade do Maranhão", 1692. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa) (IRIA, 1966:46). A Carta Régia de 17 de Fevereiro de 1693 participou ao Governador a remessa, de Portugal, de quatro pedreiros de alvenaria e cantaria para a continuação das obras da fortaleza, vencendo cada um o jornal de 500 réis (MARQUES, 1970:283). No início do século XVIII, a propósito de consulta em 12 de Maio de 1715 sobre o Forte de Santo Antônio da Barra, a Coroa informou ao Governador e Capitão General Cristóvão da Costa Freire que, "como não era possível remediar a Fortaleza da barra de São Luís, situada na ponta de João Dias, conforme o exame feito pelo Capitão-mor da praça, Provedor da Fazenda e Sargento-mor de Engenheiros Custódio Pereira, e que só fazendo-se de novo e de cantaria vinda do reino poderia durar assim mesmo com dificuldade por causa da grande correnteza que ali faziam as águas, fosse tirando da dita fortaleza todas as armas e munições para se não perderem." (Carta Régia de 30 de Julho de 1716. apud: MARQUES, 1970:281). Chegou-se a projetar uma nova fortaleza para a barra de São Luís, da qual existem duas plantas sob o mesmo título ("Planta da fortaleza que se há de fazer na barra de São Luís do Maranhão", 1718. AHU, Lisboa) (IRIA, 1966:46), que entretanto não saiu do papel. De acordo com o "Plano do Reducto de S. António da Barra da Cidade do Maranhão" (post. 1750. Biblioteca Nacional, Lisboa), ao centro, sobre o terrapleno, distribuíam-se as dependências de serviço em dois edifícios de alvenaria, de um pavimento. O Governador Gonçalo Pereira Lobato e Souza informou à Corte que "esta fortaleza se achava em grande parte abatida, porque sendo construída em terreno arenoso e alagadiço e sem firmeza, tendo por alicerces uns paus, que apodrecendo com o tempo lhe ocasionaram o abaterem-se-lhe os muros da parte do mar e barra, formou-se destas mesmas ruínas um recife." (27 de Fevereiro de 1755. apud: MARQUES, 1970:283). O Governador Joaquim de Melo e Póvoas informou à Corte "que intentou fazer esta fortaleza em 1762, e chegou a dar princípio desmontando as muitas ruínas que ali haviam". Não continuou a obra por ver que as cortinas por duas vezes vieram abaixo (MARQUES, 1970:283) (Ofício de 21 de Janeiro de 1777, do Governador Joaquim de Mello Póvoas ao Sr. Martinho de Mello e Castro, dando conta da castelaria?). O Relatório de 21 de março de 1797 sobre as fortalezas de São Luís, pelo Ajudante de Ordens Luís Antônio Sarmento da Maia para o Governador da Capitania, D. Fernando Antônio de Noronha (1792-1798), informa: "O reduto de Santo Antônio, fortificação passageira, mandada fazer por V. Exa., é o mais vantajoso posto por todas as razões, porque além de estar tão próximo à barra para a poder defender com muita vantagem, tem também a de não poderem os inimigos atacá-lo com grande frente por terra, e seria sem dúvida a máxima defesa desta cidade, se o dito reduto, em lugar de fortificação de campanha ou passageira, passasse a ser construído de pedra e cal, com o mesmo risco, que já teve, o qual era um paralelogramo romboidal, oferecendo um dos seus maiores lados para a entrada da barra e um ângulo obtuso para dentro do canal. O atual reduto tinha cinco canhões de calibre 18, dois de calibre 12, dois de calibre 9, tudo artilharia de ferro e em muito mau estado." (MARQUES, 1970:283). Em 14 de Julho de 1824, o Tenente de Artilharia Manuel Joaquim Gomes liderou uma revolta contra o governo do Presidente da Província, Miguel Inácio dos Santos Freire Bruce (18241825), formando uma "Junta Temporária", que se instalou na fortificação. No dia 17, por ordem da Presidência da Província os fogos cruzados do Forte de São Luís do Maranhão e do Forte de São Marcos, após causar o incêndio da Casa da Pólvora, sufocaram a rebelião, afugentando os revoltosos (MARQUES, 1970:234). Desarmado à época do Período Regencial (1831-1840) (GARRIDO, 1940:37), foi avaliado em 20:291$660 réis (22 de Janeiro de 1840). Na década de 1870, o forte, em alvenaria de pedra e cal, apresentava planta no formato circular com 23 braças de diâmetro, muralha com 29 palmos de altura, acima do alicerce, 14 de grossura e 9 de parapeito, sendo o terrapleno calçado de pedra e a plataforma de lajes de Portugal. Sobre o terrapleno erguiam-de duas edificações, Casa do Comandante / Quartel da Tropa, e Casa da Palamenta / Paiol da Pólvora. Estava artilhada com sete peças de ferro de calibre 32, treze de 12 e uma de 9 de calibre de bala, todas montadas (MARQUES, 1970:284). O Aviso Ministerial de 24 de Agosto de
1871 dispensou o seu comando, ordenando que fosse vigiado pelo funcionário encarregado do Laboratório Pirotécnico do Exército que ali funcionava (SOUZA, 1885:70). Conhecido como Forte da Ponta da Areia, encontra-se tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional desde 1975, sediando, atualmente, um grupamento do Corpo de Bombeiros. http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_Santo_Ant%C3%B4nio_da_Barra_de_S%C3%A3o_Lu%C 3%ADs
1692 – fundado um pesqueiro real na Ilha de Marajó Chegada a Iguapeba – Ceará a bandeira paulista comandada por Francisco Dias de Siqueira; por uma Carta Regia de 1693 recomendava-se que se impedisse tais entradas em terras de sua jurisdição Francisco Dias de Siqueira foi sertanista, cabo na conquista e guerra contra os índios no Rio Grande e Ceará Grande no comando de Matias Cardoso de Almeida. Filho de Francisco Pires de Siqueira e Helena Dias, casado com Joana Correia, sua família é descrita por Silva Leme em sua «Genealogia Paulistana», volume II, página 41. Era apelidado o Apuçá. Ele e outros cabos da conquista passaram à conquista do Piauí, quando terminou a guerra contra os índios na Bahia, e como capitão-mor, teve auxílio contra os índios das nações Precatez, Cupenhares, Curatez e Capapuruz, conquistados até 1701. Capitão-mor desde 1º de fevereiro de 1677 com patente dada pelo Governo Geral porque reduzira à paz os índios guacupés e ananás dos confins do sertão do São Francisco, cabeceiras do rio Maranhão e rio de Paranaguá. Estabeleceu-se em terras do Piauí, mantendo um arraial com muitos tapuias cristãos frente às terras dos alongazes, entre os rios Sâo Vitor e Canindé, que era o eixo do povoamento do Piauí. 1691 - Em 23 de julho o governadorgeral D. Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho nomeou Francisco Dias de Siqueira tenente-coronel das minas «de ouro, prata, pedraria e pérolas que há na serra e lagoas pelos sertões interiores do Rio Grande, Ceará e confins do Maranhão. » Como imediato do coronel, seu sobrinho o coronel João Raposo Bocarro. A frente de uma tropa varou os sertões indo 1692 até São Luis. Em carta datada de 19 de julho de 1692 o mesmo governador escreve ao rei sobre as extorsões que cometera Francisco nas aldeias de índios reduzidos no Maranhão: «Os paulistas saem de sua terra e deitam várias tropas por todo o sertão e nenhum outro intento levam mais que cativarem o gentio da língua geral, que são os que já estão domesticados, e não se ocupam do gentio de corso porque lhes não servem para nada; assim que o intento destes homens não é o serviço de Deus nem o de Vossa Majestade e com pretextos falsos, passam de uns governos para outros e se lhes não fazem mostrar as Ordens que levam. Enganam aos governadores, como este capitão Francisco Dias de Siqueira fez ao governador do Maranhão Antônio Albuquerque Coelho de Carvalho, dizendo-lhe que ia a descobrir aquele sertão por minha ordem, que tal não houve nem tal homem conheço, e com este engano pedem mantimentos, armas e socorro e depois com elas vão conquistar o gentio manso das aldeias e o gado dos currais dos moradores. Com que estes homens são uns ladrões destes sertões e é impossível o remédio de os castigar, porque se os colherem, mereciam fazer-se neles uma tal demonstração que ficasse por exemplo para se não atreverem a fazer os desmandos que fazem. Assim que me parece inútil persuadi-los a que façam serviço a Vossa Majestade porque são incapazes e vassalos que Vossa Majestade tem rebeldes, assim em São Paulo, onde são moradores, como no sertão, donde vivem o mais do tempo; e nenhuma Ordem do governo geral guardam, nem as leis de Vossa Majestade.» Uma carta real de 2 de novembro de 1693 ordena, em resposta à carta de 19 de julho, anteriormente citada, que os oficiais da Câmara de São Paulo reprendessem severamente o Apuçá. Mas este, havendo baixado à Bahia, morrera, deixando uma filha única e enorme fortuna que, segundo conta Pedro Taques, foi remetida a Lisboa, ao Tribunal da Mesa da Consciência e Ordens. Silva Leme conta a história no volume II de sua «Genealogia Paulistana», página 41 http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Dias_de_Siqueira
1695 – nova epidemia de variola trazida a São Luis por um navio negreiro; estendeu-se até Cumã, Caeté, Joanes, e Grão-Pará; fez mais de 200 vitimas - registrada entrada de castelhanos, descidos das cabeceiras do Amazonas para as terras dos cambebas, na jurisdição do Maranhão, sendo despachadas contra eles tropa comandanda poelo Capitão Antonio de Miranda 1697 Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho faz extensa viagem pela Amazônia, subindo mesmo o rio Negro.
08 de maio – chega a São Luis o seu teerceiro Bispo, D. Frei Timoteo do Sacramento, religioso eremita de S. Paulo da Serra da Ossa, transferido do Bispado de São Tomé e Príncipe; em seu Bispado ocorreu a Questão Religiosa 1700 João Lisboa, em seus "Apontamentos", diz que, no transcurso do século XVII para XVIII, a cidade apresentava todos os sinais de decrepitude, acrescentando que, conforme ofício do então Ouvidor-Mor João Francisco Leal (19/11/1700), seus subúrbios se estendiam além da Igreja de São João. Isto é, continuavam nos limites que lhe foram dados na planta de 1642. 1701 pela Carta Régia de 03/03 o Piauí volta a se integrar ao Maranhão– regulamentada pela carta Regia de 11 de janeiro de 1715. Entradas realizadas no Governo de ANTONIO D´ALBUQUERQUE COELHO DE CARVALHO, O MOÇO - 1690 a 1701: do Capitão João Seixas aos dom´pinios dos tapajós e irurizes; do Capitão João de Moraes Lobo atéx os rios Negro e Madeira; do Capitão Faustino Mendes as terras dos abacaxis; do Sargento-mor Francisco dos Santos que, indo pelo sertão, entregou a D. João de Lencastro, Governador da Bahia, 19/04/1695, a carta que lhe levara de Aqbntonio de carvalho, datada de 15/12/1694; do Capitão-mor Hilário de Sousa, contra os maraguazes; e a dele proprio contra os caicaizes, que assolavam toda a zona do Munin ao mearim, e contra os amanajus e tacanhapes. FERNÃO DE CARRILHO – 1701 a 1702 – recebeu o cargo de Antonio de Carvalho, de licença para o reino, sem perda do cargo, em 11 de julho de 1701; Tenente de Marinha; Capitão de Ordenanças em Sergipe na luta contra mocambos de negros fugidos, e Capitão-mor do Ceará; sua interinidade durou um ano, até julho de 1702, quando passou o cargo a D. Manuel Rolim de Moura. Promoveu cruenta perseguição aos aruans da Ilha do Marajó, por terem trucidado os missionários franciscanos Frei José de Santa Maria e Frei Martinho da Conceição; extinguiu um mocambo de escravos negros nos sertões de Turiaçu. Criou a Ouvidoria da Capuitania do Grão-Para (1700) Fernão Carrilho (1640?-1703?) foi um administrador colonial brasileiro. Foi governador da capitania do Maranhão, de junho de 1701 a julho de 1702. Não há registros do nascimento nem da morte de Fernão Carrilho. As últimas informações sobre ele datam de 1703, desconhecendo-se o que aconteceu a ele depois disso. Mas como se supõe que ele tinha cerca de 60 anos quando deixou o governo, é possível que tenha nascido por volta de 1640 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Carrilho
1702 - D. MANUEL ROLIM DE MOURA - governador de 1702 a 1705 – recebeu o cargo da mão de seu antecessor em São Luis a 8 de julho de 1702, passando-se a Belém; cedo entrou em desentendimento com o Ouvidro-Geral por motivos de arrecação; volta a São Luis e daqui vai para Portugal, sendo afastado por D. Catarina, regente, mandndo que as entregasse interinamente ao capitão-mor do grão-Pará João Velasco de Molina Manuel Rolim de Moura Tavares foi um administrador colonial português. Foi governador geral da capitania do Maranhão, de 1702 a 1705. http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Rolim_de_Moura_Tavares
1705 - JOÃO VELASCO DE MOLINA – 1705 a 1707 – assumiu interinamente o cargo de Governador e Capitão-General do Estado em 13 de setembro João Velasco de Molina foi um militar e administrador colonial português. Foi capitão-mor governador da capitania do Espírito Santo, de 23 de março de 1690 a 5 de julho de 1695 e depois outra vez, de setembro de 1716 a 1 de janeiro de 1721. Quando Antônio Rodrigues Arzão, varando
pelo rio Doce, foi até Vitória e lhe apresentou as três oitavas, fez duas Memórias das quais uma ficou com Molina. Foi também capitão-mor do Grão-Pará de 1698 a 1707. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_velasco_de_molina
1707 – CRISTOVAM DA COSTA FREIRE – 1707 a 1718 – nomeado por decreto de 11 de dezembro de 1705, só tomou posse em 12 de janeiro de 1707; Senhor de Pancas, Mestre dee Campo da Infantria Auxiliar de Lisboa; quis dar execução a Caerta regia de 6 de dezembro de 1705 que recomendava a libertação do gentio, encontrando forte resistência dos colonos, voltando atrás; expediu uma tropa de resgate ao Amazonas, sob o comando de Capitão Inacio Correra de Oliveira - Recebe ordens de expulsar de seus dominiods os missionários castelhanos da província de Quito que dse haviam estabelecido entre os Cambebas no Amazonas 1710 – Carta Régia de 14 de janeiro concede aos nobres maranhenses a mercê de organizarem uma Companhia de Privilegiados 1712 Em seu primeiro centenário, a cidade, segundo o testemunho do Pe. Jacinto de Carvalho em sua "Relação do Maranhão" (1719) era muito formosa por causa das muitas árvores; e, segundo Berredo, que governou o Estado de 1718 a 1722, tinha pouco mais de 1.000 vizinhos ("anais"). 1713 os frades capuchinhos movem um processo contra as formigas que lhe invadiram a dispensa 1715 Assinatura do Tratado de Utrecht, entre Portugal e Espanha São chamados tratados ou paz de Utrecht (ou de Utreque) os acordos que, firmados na cidade de Utrecht (ou Utreque), nos Países Baixos, (1713-1715), puseram fim à guerra da sucessão espanhola (1701–1714), na qual entraram em conflito interesses de várias potências europeias. O trono da Espanha era pretendido por Filipe d'Anjou, neto do rei francês Luís XIV, e por Carlos, da casa da Áustria. As negociações se abriram em 29 de Janeiro de 1712, mas só em 11 de Abril de 1713 foram assinados os principais acordos, dos quais o último é de 1714. Os opositores da disputa eram, de um lado, a França, em apoio a Filipe d'Anjou; do outro, a Grande Aliança, contra Luís XIV e a favor do príncipe Carlos, formada por Grã-Bretanha, República Neerlandesa, Prússia, Portugal e a casa de Sabóia. A Grande Aliança perdeu força quando Carlos foi eleito imperador do Sacro Império Romano-Germânico, com o nome de Carlos VI da Germânia, pois para os britânicos não convinha que o príncipe austríaco centralizasse tanto poder. Após negociações entre ingleses e franceses, foi realizado um congresso em Utrecht, sem a participação da Áustria, e foram assinados os tratados. O imperador austríaco Carlos VI julgou que não poderia prosseguir em sua luta sem os aliados e aceitou os termos dos tratados de Rastatt e Baden, em 1714. A questão da sucessão na Espanha foi solucionada em favor de Filipe V, que conservou a coroa da Espanha (1700-1746) e as respectivas colônias, mas renunciou ao direito de sucessão ao trono francês. A integridade do território francês foi preservada e a Inglaterra recebeu importantes bases marítimas - Gibraltar, Minorca, Terra Nova (Newfoundland), Acádia - e obteve o direito de abastecer as colônias da América Espanhola com escravos negros. A Inglaterra ganhou da França, além da Terra Nova, a baía de Hudson e St. Kitts e o reconhecimento da sucessão hanoveriana. O sul dos Países Baixos, Milão, Nápoles e Sardenha passaram à Áustria. A França restituiu conquistas recentes, mas manteve tudo o que fora conseguido na Paz de Nijmegen, em 1679, além da cidade de Estrasburgo. O duque de Savóia ganhou a Sicília e aumentou as fronteiras do norte da Itália. Os holandeses asseguraram, junto ao governo austríaco, o direito de guarnecerem fortalezas no sul dos Países Baixos. A dominação francesa encontrava-se em situação difícil, mas a França ainda era uma grande potência. A Inglaterra obteve conquistas navais, comerciais e coloniais significativas, assumindo posteriormente um papel preponderante no que diz respeito às questões de ordem mundial. As negociações conducentes à assinatura deste tratado foram iniciadas em 1712, tendo representado nelas, para Portugal, o conde de Tarouca, João Gomes da Silva, e D. Luís da Cunha. Em 1713 foi reconhecida a soberania de Portugal sobre as terras da América Portuguesa, compreendidas entre os rios Amazonas e Oiapoque. Em 1715 acordou-se a restituição aos portugueses da Colônia do Sacramento. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Utrecht
Alegoria da Paz de Utrecht Piauí volta a se integrar ao Maranhão– regulamentada pela carta Regia de 11 de janeiro de 1715. - segunda expedição de resgate comandada pelo próprio Governador 1716 – terceira expedição de resgate sob o comando do Sargento-mor Francisco Cavalcanti d´Albuquerque, despachado Itapecuru acima; retrocede para a Casa Forte do Iguará A Casa-forte do rio Iguará localizou-se na margem esquerda do rio Iguará; No contexto da Revolta de Mandu Ladino (1712-1719) 99, esta estrutura defensiva foi erguida em 1712 pelo Mestre-de-Campo Antônio da Cunha Souto Maior. Tinha como função servir como base de operações contra o bando de Mandu Ladino, um indígena Cariri educado por padres jesuítas, que 99 A chamada Revolta de Mandu Ladino foi um conflito que opôs os indígenas do interior da então capitania do Piauí aos colonizadores portugueses, tendo se estendido de 1712 a 1719. Nasceu em São Miguel do Tapuio (Altos-PI), era um índio Arani e ficou órfão de pai e mãe aos 12 anos de idade, e que fora recolhido ao aldeiamento cariri do Boqueirão, a 70 léguas de Recife, para estudar e ser cristianizado pelos religiosos da Ordem dos Capuchinhos, logo fora batizado. Sem esconder o ódio aos brancos que haviam exterminado a sua família e seu povo, seu sentimento se tornaria ainda maior quando presencia os mestres que o educavam queimarem os ídolos, vestimentas e outros objetos de adoração de seu povo, após isso, fugiu do aldeiamento e uniu-se a vários indígenas cariris que buscavam o vale do Longá, no Piauí, no meio do caminho foi aprisionado e vendido como escravo para um criador de gado que com o passar do tempo conquista a sua confiança trabalhando muito tempo como escravo-vaqueiro. Como condutor de boiadas, conhece várias tribos da região, até que em uma de suas viagens de rotina, no ano de 1712, se revolta ao presenciar uma índia sendo brutalmente morta por soldados portugueses. Inconformado com essa cena, ele consegue reunir vários índios, retornando ao local, exterminando toda a guarnição militar. A partir daí inicia-se sua fase de liderança indígena. A pecuária desempenhou papel importante na economia colonial, pois além da carne utilizada na alimentação humana, os bovinos também forneciam o couro aproveitado de diversas maneiras, além de servirem como meio de transporte nas zonas mineradoras. Mas uma carta régia de 1701 proibiu a criação do gado numa faixa de 10 léguas a partir do litoral, já que as extensas áreas destinadas à pastagem seriam mais lucrativas se utilizadas na cultura de cana, matéria-prima na produção açucareira. Com isso as fazendas de gado se multiplicaram pelo interior, invadiram os férteis terrenos marginais do rio Parnaíba, no Piauí, provocando assim, e mais uma vez, a expulsão das nações indígenas. O movimento iniciou-se pelo assassinato do fazendeiro Antônio da Cunha Souto, pelos indígenas, revoltados com a crueldade dele. A partir daí, o movimento contra os fazendeiros, liderado por Mandu Ladino, da tribo dos Cariris, batizado e educado pelos jesuítas na capitania de Pernambuco, ganhou fôlego, estendendo-se pelo sertão do Maranhão, do Piauí e alcançando o do Ceará. Muitos portugueses morreram e muitas fazendas foram arrasadas nessas regiões. Com o auxílio dos aldeamentos jesuítas da região da serra da Ibiapaba, onde predominavam os Tabajaras, os fazendeiros portugueses organizaram uma grande expedição contra os revoltosos. Desse modo, partiu do Maranhão, em 1716, uma expedição chefiada por Francisco Cavalcante de Albuquerque à qual se uniu o Mestre-de-Campo da capitania do Piauí, Bernardo de Carvalho Aguiar. Mandu Ladino, entretanto, logrou escapar a estas forças, que entretanto, chacinaram os Aranis. O movimento extingui-se com a morte por afogamento, nas águas do rio Parnaíba, do seu líder. http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Mandu_Ladino
por sete anos assolou a região da foz do rio Parnaíba aonde, foragido, veio a falecer por afogamento (SOUZA, 1885:72).
- aniquilamento dos Iorás, do Madeira pelo Capitão João de Barros Guerra - povoamento da margem direita do Parnaíba, apo´s a derrota e expulsão dos aranhis 1717 – assume o Bispado do Maranhão D. Frei José Delgarte, o quarto pela ordem, até 14 de dezembro de 1724, quando faleceu 1718 – BERNARDO PEREIRA DE BERREDO E CASTRO – 1718 a 1722 – fidalgo da Cara Real e Capitão de Cavalaria, recebendo o cargo do Senhor de Pancas em 1º. De agosto de 1718; contra seus desmandos e arbitrariedades houve mais de uma representação à Corte, dentre elas o de haver ocupado a tropa de linha na construção de um engenho particular no Mearim e manter injusta guerra aos nativos; ordenou quatro entradas: - a primeira, sobre seu comando aos sertões do Icatu, Itapecuru e Mearim para castigar os tapuias barbados; - segunda, contra os guanarés que haviam trucidado o jesuita João de Avelar; - terceira, as ordens do capitão Diogo Pinto da Guia, ao Tocantins, e subindo o Araguaia 180 léguas a cata de ouro Bernardo Pereira de Berredo e Castro foi um historiador e administrador colonial português. Pertenceu ao Conselho de Sua Magestade. Foi governador do Estado do Maranhão, de 1718 a 1722, e da Praça-forte de Mazagão, no Marrocos, de 1734 a 1745. Obra Annaes historicos do estado do Maranhaõ: em que se dá noticia do seu descobrimento, e tudo o mais que nele tem sucedido desde o ano em que foi descoberto até o de 1718 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bernardo_Pereira_de_Berredo_e_Castro
- criação da capitania de São José do Piauí, subalterna da do Maranhão, cujo governo só seria efetivamente provido em 1758 No começo do século XVII, fazendeiros da região do rio São Francisco procuravam expandir suas criações de gado. Os vaqueiros, vindos principalmente da Bahia, chegaram procurando pastos e passaram a ocupar as terras ao lado do rio Gurgueia. Em 1718, o território, até então sob a jurisdição da Bahia, passou para a do Maranhão. O capitão Domingos Afonso Mafrense, ou capitão Domingos Sertão, como era conhecido, foi um dos sesmeiros que ocuparam essas terras; possuía trinta fazendas de gado e foi o mais alto colonizador da região, doando suas fazendas após sua morte - aos padres jesuítas da Companhia de Jesus. A contribuição dos padres jesuítas foi decisiva, principalmente no desenvolvimento da pecuária, que, em meados do século XVIII, atingiu seu auge. A região Nordeste, o Maranhão e as províncias do sul eram abastecidas pelos rebanhos originários do Piauí até a expulsão dos jesuítas (período pombalino), quando as fazendas foram incorporadas à Coroa e entraram em declínio. Quanto à colonização, esta se deu do interior para o litoral. Em 1811, o Piauí tornou-se uma capitania independente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Piaui
1720 quarta entrada, contra os Juruás no alto Solimões em vindita a morte de carmelita Antonio de Andrade o Grão-Pará foi tirado da jurisdição episcopal do Maranhão, elevado a Bispado pelo papa Clemente XI, através da Bula Copiosus in misericórdia, datada de 04 de março de 1719 1722 JOÃO DA MAIA DA GAMA – 1722 a 1728 – Capitão de Fragata da Aramda Real e ex-Governador da Paraíba, no Brasil; tomando posse a 19 de julho; João da Maia da Gama, como ensina Charles Boxer em «The Golden Age of Brazil» página 365, nasceu em Aveiro, estudou filosofia na Universidade de Coimbra mas abandonou o curso para se
alistar na frota da Índia com o vice-rei Conde de Vila Verde, que partiu do Tejo em março de 1692. Nomeado governador da Paraíba, ali serviu de 1708 a 1717. Depois foi nomeado governador do Maranhão, de 1722 a 1728. Voltando a Lisboa, manifestou apoio aos Jesuítas daquela província, contra os que intrigavam contra eles na Corte. Morreu subitamente em 11 de novembro de 1731. Tinha-se casado com uma moça de Azurara nos arredores de Vila do Conde, de quem teve um filho e quatro filhas. Foi descrito como alto, bem feito, com pele morena, rosto alongado, olhos negros e um grande nariz. Foi sempre homem honrado e muito capaz. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_da_maia_da_gama
Entradas no Madeira, Branco e Negro, no Amazonas, e Mearim no Maranhão Mandsou restaurar a estrada que ligava o Maranhão ao Pará, que fora aberta um século antes por Pedro Teixeira, a mando de Bento Maciel 1724 – falece o Bispo do Maranhão D. Frei José Delgarte, em 14 de dezembro Passa a responder pelo Bispado D. Bartolomeu do Pilar, bispo do grão-Pará, até 1738, quando é nomeado novo Bispo para o Maranhão 18 de agosto – por Edital é regulado o tamanho dos panos de tecido, pois os novelos de algodão eram utilizados como moeda, e estavam sendo fraudados no peso 1727 Introdução do cafeeiro, a partir da Guiana Francesa, no Pará, por Francisco de Melo Palheta FRANCISCO DE MELO PALHETA (Belém do Pará, 1670 — cerca de 1750) foi um militar luso-brasileiro, responsável pela introdução do cultivo do café no Brasil e em Portugal. O café foi primeiro introduzido na América do Sul através do Suriname. De lá, passou para a Guiana Francesa, por iniciativa do Governador de Caiena que conseguiu, de um francês chamado Morgues um punhado de sementes, tendo-as semeado no pomar de sua residência. No século XVIII, o café, devido às suas qualidades estimulantes, era um produto consumido de forma sôfrega na Europa e nos Estados Unidos da América. Os países que possuíam as mudas do Cafeeiro (os Países Baixos, a França e as suas colônias) guardavam-nas a sete chaves: elas eram preciosíssimas, pois o café era um produto muito valorizado no mercado internacional. A missão secreta de Palheta - Portugal ainda não as possuía quando, em 1727, por determinação do Governador e Capitão-general do Estado do Maranhão, João da Maia da Gama, o Sargento-mor Francisco de Melo Palheta dirigiu-se para a Guiana Francesa com a missão de restabelecer as fronteiras fixadas pelo Tratado de Utrecht de 1713, violadas, Possuía, entretanto, uma outra missão, secreta: a de conseguir sementes do cafeeiro. Em Caiena, Palheta buscou aproximar-se da esposa do Governador da Guiana, Madame d'Orvilliers, acabando por conquistar-lhe a confiança.Palheta,que já estava de partida do país ficou muito decepsionado com si mesmo,pensava que ao ter conquistado o coração da jovem , estaria garantido que a semente de café estaria em suas mãos.Decepcionado no acento do trem,veio de ultima hora o entregador real,deixando para Palheta um vaso com compridos troncos,na qual Palheta não se importou,e quando,com a mais mera decepsão.,olhava o vaso florido,resolveu, mexer nas flores ,foi quando encontrou uma pequena muda de café.Não estava tão decepsionado e reconheceu sua vitória. O militar retornou no mesmo ano a Belém do Pará, onde as mesmas foram semeadas, introduzindo-se a espécie na colônia. Devido ao fato de que, como a saída de mudas ou sementes do Cafeeiro era estritamente proibida pelo governo francês, ainda hoje se discute se é "lícito pensar que o aventureiro português recebeu não só os frutos, mas favores mais doces de madame, uma escrava." http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Melo_Palheta
ALEXANDRE DE SOUSA FREIRE – 1728 a 1732 – Mestre de Campo de Auxiliares e do Conselho de Sua Majestade, recebendo o cargo a 14 de abril de 1728; nada de notório em sua gestão, a não ser entrada que mandou realizar pelo Amazonas, seguindo ao roteiro de Pedro Teixeira de 1637 1728 José Miguel Aires instalou uma fábrica para a preparação do anil, conforme autorização de 15 de maio 1730 realizada por um padre carmelita uma vacinação contra a varíola, que novamehte grassava não Estado 1721 JOSÉ DA SERRA – 1732 a 1736 – Chefe de Esquadra da Aramada freal e do Conselho de Sua majestade, recebendom o governo em 16 de julho, em São Luis; foi o primeiro governante que deixou de parte a preocupação primordial de entradas, ocupando-se com a moralização dos costumes. Faleceu em 30 de março de 1736, assumindo interinamente o governo o Capitão –mor João Alves de Carvalho 1736 JOÃO ALVES DE CARVALHO – 1736 a 1737 – 1737 JOÃO D´ABREU CASTELO-BRANCO – 1737 a 1747 - fidalgo da Casa real, comendador de Colos na Ordem de Santiago, era Governasdor na Ilha da madeira; toma posse em São Luis no dia 29 de agosto de 1737 João de Abreu Castelo Branco foi um administrador colonial português. Foi governador geral da Ilha da Madeira, de 21 de abril de 1734 a 6 de junho de 1737, do Maranhão, de 1737 a 1745], e do Grão-Pará, de 1737 a 1747 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Abreu_Castelo_Branco
Verificaram-se graves conflitos entre maranhenses e brasileiros, na região do Tocantins, motivado por choques de interesses na exploração de minas de ouro em são Feliz e natividade; a questão vinha desde o governo de Sousa freire, no ano de 1731 1739 –instalação do Cabido da Sé, criado por Alvará de 17 de abril, e que compreendia quatro dignidades: arcediago, arcipestre, chantre e mestre-escola, com doze cônegos, oito benediciados, dezesseis capelões e dois mestres de cerimônia. Era Bispo D. Frein Manuel da Cruz (1738 a 1747). Dom Frei Manuel Ferreira Freire da Cruz O. Cist. (Ordem (Lousada), 5 de fevereiro de 1690 — Mariana, 3 de janeiro de 1764) foi um prelado católico português, bispo das dioceses de São Luís (1739-1747) e de Mariana (1748-1764). Doutor em teologia pela Universidade de Coimbra em 1726, foi nomeado lente da mesma em 1728, por Dom João V. Foi mestre de noviços do Real Mosteiro de Alcobaça até ser nomeado para a diocese do Maranhão. Nomeado para a diocese de Mariana, sua viagem até as Minas Gerais para assumir a prelazia durou um ano e três meses, de barco, a cavalo e a pé, perfazendo quatro mil quilômetros. Essa jornada ficou celebrizada pelo
livro Aureo Throno Episcopal, de autoria provável do cônego Francisco Ribeiro da Silva, que o fez editar. http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_da_Cruz
Manda explorar o Rio Branco, pelo capitão Francisco Xavier de Andrade 1743 La Condamine com outros sábios e astronomos franceses e espanhóis percorre o Amazonas em viagem de objetivo científico, vindos do Peru. A 19 de Setembro chega a Belém do Pará, onde permanece durante algum tempo fazendo observações astronómicas e informando-se sobre o uso da borracha. Partindo por via marítima para Cayenne, chega àquele porto a 25 de Fevereiro de 1744, tendo de aí permanecer por cinco meses por falta de uma embarcação que o conduzisse à Europa. Charles-Marie de La Condamine (Paris, 27 de Janeiro de 1701 — Paris, 4 de Fevereiro de 1774) foi um cientista e explorador francês que realizou diversas viagens de exploração no Norte de África, no Médio Oriente e na América do Sul. Foi o primeiro cientista a descer o curso do rio Amazonas, publicando na Europa um conjunto de descrições da geografia, fauna e flora da bacia amazónica que em muito contribuíram para despertar o interesse da comunidade científica pelo seu estudo. Também se lhe deve a primeira comunicação científica sobre a interligação entre os rios Orinoco e Amazonas através do canal do Cassiquiare. Poliglota fluente em várias línguas europeias, dedicou-se também à matemática, à astronomia, à geodesia e à física. http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Marie_de_La_Condamine#A_expedi.C3.A7.C3.A3o_ao_Per u_e_.C3.A0_bacia_amaz.C3.B3nica_.281735-1744.29
1745 João de Abreu Castelo Branco passa-se a Belém, deixando no governo do Maranhão o Sargento-Mor Domingo Duarte Sardinha (13 de agosto) 1747 FRANCISCO PEDRO DE MENDONÇA GURJÃO – 1747 a 1751 – Cavaleiro da Ordem de Cristo, conmo seu antecessor, também governador da Ilha da Madeira; tomou posse em 14 de agosto em Belém. Conservou o Sargento-mor Domingos Duarte Sardinha no Governo da Capitania do Maranhão.; dedicou-se a colonização e catequese dos índios; também em seu governo começou a circular no estado dinheiro amoedado, em substituição aos novelos de algodão e varas de pano; houve uma violenta epidemia de sarampo, fazenjdo maior numero de vitimas entre os escravos e índios Francisco Pedro de Mendonça Gorjão (Roliça, baptizado a 4 de novembro de 1686 — 3 de agosto de 1767) foi um militar e administrador colonial português. Nasceu em Roliça, na Quinta da Roliça, e está sepultado na sua capela da Quinta de São Lourenço, no Peral. Foi capitão-mor da capitania da Paraíba, de 1729 a 1734, do Maranhão, de 1747 a 1751, e do Grão-Pará, de 1747 a 1751. Foi também governador e capitão general da Ilha da Madeira, de 1737 a 1747. Após dez anos como governador e capitão general da Ilha da Madeira, foi nomeado governador do Maranhão e capitão general do Maranhão (carta patente de 23 de abril de 1747, posto em que permaneceu até 24 de setembro de 1751) e governador do Grão Pará (então com patente de capitão general, tendo exercido as funções entre 14 de agosto de 1747 e 24 de setembro de 1751). Espantosamente, ou talvez não, também aqui vai substituir João de Abreu Castelo Branco, a quem já havia sucedido na Paraíba e na Madeira. Não é decerto fácil proceder à descrição e análise do seu governo no Maranhão e no Pará, para a qual seria necessário ter acesso à realidade política, social e cultural da época, bem como à documentação histórica relativa à época, da qual pouco se conhece, com a limitada mas importante excepção que constitui o acervo do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, onde se podem encontrar dezenas de documentos emanados da Coroa ou do Governador Geral. Após a cessação das suas funções no Maranhão e Pará, terá sido nomeado governador de Pernambuco, cargo que não aceitou.
Descoberto o curso do Rio Tapajós, por João de Sousa de Azevedo, que saira do Mato grosso, no Brasil, a procura de minas de ouro 1749 comemorado em todo o Estado com brilhantes festejos a concessão do título de Fidelissimo dado ao rei de Portugal D. João V, e seus sucessores, pelo papa Benedito XIV
1751 em 24 de setembro Mendonça Gurjão, em Belém, transmite o exercício do cargo a seu sucessor FRANCISCO XAVIER DE MENDONÇA FURTADO, que vinha com o título de Governador e Capitão-General do Esatdo do grão-Pará e Maranhão, passando a capital definitivamente e de direito a Belém, perdendo o Maranhão a hegemonia que sempre tivera na administração da Colobnia. O Maranhão desce a condição de Capitania subalterna, sendo nomeado para governador Luis de Vasconcelos Lobo Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 — 1769) foi um administrador colonial português e fundador da cidade de Soure (Pará), capital da Ilha de Marajó. Irmão do marquês de Pombal e de Paulo António de Carvalho e Mendonça. Foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtado
SÃO LUÍS 400 ANOS: O PODER DOS MITOS ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA http://teatrodasmemorias.blogspot.com.br/2012/02/o-poder-dos-mitos-ab-urbe-condita.html
No Teatro das Memórias sociais encontramos o poder do jogo simbólico dos mitos, operantes tanto nas sociedades arcaicas, quanto nas modernas. Jogo estrutural de alcance e força universal, na sua relação com as narrativas sobre os fundamentos de origem do mundo cósmico, social ou pessoal. De um modo sintético podemos dizer que os mitos funcionam e são ativados por oposições que têm sua infraestrutura mais profunda ancorada nas relações entre o sagrado e o profano, o puro e o impuro, o malígno e o benígno, assim por diante. Estas oposições e os jogos socioculturais que promovem e ativam, são subjacentes a diversas manifestações hodiernas. E podemos vê-las atuando exemplarmente no caso das comemorações dos IV Centenário de São Luís/MA, nesse ano de 2012. Destaca-se em todas as observações empíricas que estamos fazendo, nesses últimos anos, com entrevistas e pesquisas mais pontuais participando de eventos e reuniões públicas - a força que tem, e que faz movimentar, o discurso mítico na sociedade. E não poderia ser de outro modo, caso recuperemos da história outros exemplos eloquentes, tendo em mente antecedentes de alcance civilizatório de expressão universal. Como é o caso da fundação mítica da cidade de Roma. Ab Urbe Condita
Rômulo e Remo
Todos nós temos profunda atração pela formulação de discursos que invocam as origens de nossos núcleos urbanos antigos, especialmente os patrimonializados no século XX: "Desde a fundação da cidade...".
No caso de Roma, a cidade eterna, pergunta-se: quem a fundou, Rômulo ou Remo? Em busca dessa resposta, acabamos entrando no labirinto do maravilhoso reino da lenda! Diferentes versões já foram formuladas, em séculos de especulações, pesquisas arqueológicas e históricas na região do Lácio. É o mundo da Mitologia que não nos deixa escapar da imaginação, da fábula, dos sonhos e das quimeras. Sabemos que a lôba fabulosa criou os dois irmãos fundadores, que viveram em lutas e combates, e que terminariam por disputar o fatal embate fraticida. Rômulo assassina Remo; como nos narram Virgílio e Tito Lívio. Rômulo, o vencedor, funda a cidade de Roma... Mas, afinal, quem constrói Roma, os latinos ou os sabinos?! E para além dos latinos e dos sabinos, teriam sido os vênetos? Ou teve a participação dos umbros, oscos, tadiates, tadinates, ausônios, saminitas, lucanos, rútulos, picenos, bretões, etc.; ou ainda, os sículos, sicanos e elimos? Quem sabe a resposta mais verdadeira? O certo é que considerando o fato de todos terem formado um agrupamento socio-cultural denominado itálico, ou italiota, e de suas línguas ter derivado o latim, os futuros moradores da cidade eterna possuem origens comuns. Essas perguntas, que revelam essas oposições e polaridades, fazem funcionar e ativam o poder dos mitos. Em Roma, como em qualquer cidade, - assim como na fundação de narrativas sobre origens de - povoados, vilas, lugarejos, grupos, pessoas, etc., os mitos ocupam o lugar de articulação dos símbolos e do imaginário, recolhendose do real os signos adequados a sua movimentação.
Daniel de la Touche Em São Luís assistimos a mesma luta e disputa mítica, com a oposição de duas versões narrativas rivais. As duas invocando origens europeias; por que? Porque não se atribui a fundação da cidade aos indígenas, Tupinambás vindos da Bahia (tendo expulsado os Timbira/Tapuias para o continente); e nem se atribui aos africanos, pois ainda não havia ainda o tráfico de escravos, na região.
Jerônimo de Albuquerque Maranhão Resta para o embate teatral, e historiográfico, a alusão da presença do franceses e dos portugueses, representados pelo confronto das personagens heróicas de Daniel de la Touche, do lado franco; e Jerônimo de Albuquerque, do lado luso (-brasileiro). A Big-Festa Neo-Barroca Com a aproximação da data de comemoração do IV Centenário, vemos se excitar e ativar com força o poder dos mitos fundadores e a invocação de seus heróis. Com virulência e paixão inflamam-se os debates; sempre acirrados e eventualmente animados pela presença de algum nome ilustre da Ciência ou das Artes. Dos organizadores oficiais dos ritos comemorativos, ouvimos a promessa que realizar-se-á uma big-festa de expressão espetacular; que não será esquecida com facilidade! Veremos então mobilizar-se, com toda certeza, estruturas comemorativas tradicionais e barrocas, com arquiteturas e cenografias remanescentes do século XVII e XVIII, - em novas roupagens high tech -, incrementados com recursos midiáticos e teatralizados; lembrando o Triunfo Eucaristico de 1733, na cidade de Ouro Preto/MG. Modelo festivo e comemorativo colonial que atravessa os séculos, conforme defendemos em artigo recente publicado na Revista do IHGM: http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_36_-_mar_o_2011b. Mas, atenção! A Tradição não será festejada repetindo, ou reproduzindo, o mesmo significado histórico e cultural - como se diz nas academias: "re-siginificado" ou "reinventado". Nossa hipótese é outra. Percebemos que o discurso elaborado e articulado, para estas comemorações de 2012, rompem com as de 1962 e 1912. Mantém-se o modelo festivo e comemorativo num barroquismo sofisticado e incrementado tecnologicamente; num estilo neo-barroco pós-moderno marcante e significativo. Todavia, não é o mesmo sentido de festa que se repetirá. O modelo (estrutura/ arquitetura) permanecerá o mesmo do século XVIII, com o Triunfo Eucarístico servindo como ritual litúrgico de base. No entanto, apesar dessas aparentes e superficiais semelhanças, vamos testemunhar uma virada no processo de construção social e política da festa comemorativa, nesse início do século XXI. Uma virada capital, que abalará para sempre os vestígios e remanescências memoriais e patrimoniais, além de identitárias; sustentadas por estas estruturas comemorativas e festivas ritualísticas consagradas. Tal análise sobre as bases de fundação de um novo ciclo sócio-cultural de festividades e comemorações nas sociedades da modernidade tardia (pós-modernas) vamos apresentar no decorrer dessas crônicas. Fruto de nossas pesquisas sobre os ritos
comemorativos na atualidade, reunidos sob o título Teatro das Memórias II: mitanálise e ritanálise das festas comemorativas históricas na sociedade contemporânea. Esse trabalho avança na construção das bases teóricas e metodológicas, oferecendo subsídios para os estudos e pesquisas sobre o novo ciclo de festas e ritos comemorativos inaugurados na sociedade brasileira, desde as comemorações dos 500 anos (1992), até a efeméride dos duzentos anos de Independência do Brasil; coroada com os cem anos da Semana de Arte Moderna, em 2012. Essa linha de pesquisa sustenta a hipótese aqui apresentada, muito sumariamente, da ruptura e descontinuidade do longo ciclo festivo e comemorativo invocado, a partir da proliferação de mega-eventos recentes na sociedade brasileira, que indicam mudanças e variações no modelo colonial barroco herdado. Com a entrada na alta modernidade, observamos os impactos de novos elementos, transformando e abalando a gramática litúrgica convencional; para além das bases econômicas e sociais, que já sofrem recentes modificações estatísticas. Mega-eventos como Panamericano, Encontro Mundial da Juventude Católica, Olimpiadas, Copa do Mundo e outros, estão transtornando as bases de produção e re-produção desses rituais litúrgicos na atualidade. A Viragem Decisiva Para nos guiar nessa aventura interpretativa, no movimento de decifrar as particularidades e os sentidos da virada da produção atual de significados das festas públicas e ritos comemorativos históricos; vamos nos apoiar em Jean Baudrillard, especialmente no seu texto Simulacros e Simulação. E o parágrafo abaixo, em destaque, cai como uma mão na luva; ajudando a dissipar qualquer dúvida quando as transfromações virtuais nas quais estamos adentrando. Assim: "Quando o real já não é o que era, a nostalgia assume todo o seu sentido. Sobrevalorização dos mitos de origem e dos signos de realidade. Sobrevalorização de verdade, de objetividade e de autenticidade de segundo plano. Escalada do verdadeiro, do vivido, ressurreição do figurativo onde o objeto e a substância desapareceram. Produção desenfreada de real e de referencial, paralela e superior ao desenfreamento da produção material: assim surge a simulação na fase que nos interessa - uma estratégia de real, de neo-real e de hiper-real, que faz por todo o lado a dobragem de uma estratégia de dissuasão" (1991, p. 14). Levar a frente os alcances interpretativos dessa análise penetrante, não é fácil, no contexto em que estamos vivendo de recalcitrante resistência ao pensamento crítico. Reluta-se em compreender a importância desse processo de "sobrevalorização" dos mitos, dos signos, da verdade, da objetividade, da autenticidade... Trata-se de uma resistência subjetiva que configura um obstáculo epistemológico dificil de superar, sem um trabalho de escavação semiológica. É como estar diante do espelho e não acreditar no que se vê: é preciso dissimular, fingir, cindir... Estatégias de simulação e dissimulação, nos mínimos detalhes, nos discursos, nas ações, nas encenações. Como nos apontou Henri-Pierre Jeudy, estamos testemunhando a ativação do "princípio de reflexividade", enquanto base de todo um processo de patrimonialização das identidades. Espelhos das cidades, patrimônios, memórias e monumentos tornam-se simulacros; já não há mais tradição, real, objeto, substância.
Já não faz mais sentido agarrar-se na "historiografia" científica salvadora, garantidora da suposta "verdade histórica", respondendo cientificamente a pergunta angustiada: - quem fundou a cidade de São Luís: Daniel de la Touche ou Jerônimo de Albuquerque? "A história é o nosso referencial perdido, isto é, o nosso mito" (Baudrillard, 1991, p. 59). A empresa anunciada na rosa dos ventos, qual seja, desmitificar a fundação da capital do Maranhão, revelando a "verdade histórica e científica" de sua fundação, elegendo critérios "autenticos" de averiguação do ato fundador - carece de apelo à razoabilidade; em resposta, temos o riso, a ironia, a irrisão. Ao contrário, é o mito que invade, como conteúdo imaginário, a cena midiática, teatralizada e dessubstancializada; mas um capítulo na longa noite da nostalgia do referencial histórico perdido.
400 ANOS DE MEDICINA NO MARANHÃO.
AYMORÉ ALVIM IHGM, AMM e APLAC. Há algum tempo, lendo “Jornada do Maranhão por ordem de sua Majestade feita no ano de 1614” de Diogo de Campos Moreno, encontrei uma informação que achei importante resgatá-la para a História da Medicina no Maranhão. Nessa época, 2007, estava buscando com outros colegas consolidar a disciplina de História da Medicina, no currículo do curso médico da Universidade Federal do Maranhão. Chamou a minha atenção a referência a um cirurgião-médico francês, Dr. Thomas de Lastre, na expedição colonizadora que fizera Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, ao Maranhão, em 1612. Interessante, prossegui na busca por mais elementos informativos e os encontrei em “Papagaios amarelos” de Maurice Pianzola, nos “Anais Históricos do Estado do Maranhão” de Bernardo Pereira de Barreto, em “Jerônimo de Albuquerque Maranhão” de Maria de Lourdes Lacroix e História do Maranhão de Mário Meireles. Firmada a convicção, levantei, em reunião da Academia Maranhense de Medicina, a proposta de comemorarmos juntamente com o 4º centenário de fundação de São Luís e dos quatro séculos de evangelização neste Estado, os 400 anos de medicina no Maranhão. Esta proposta levei, ainda, em novembro de 2009, à Assembléia Geral da Sociedade Brasileira de História da Medicina, reunida em Manaus, que aprovou a realização do XVII Congresso Brasileiro de História da Medicina, em São Luís, no período de 7 a 10 de novembro do ano em curso, como depois aceitou como tema principal do evento: 400 anos de medicina no Maranhão. Há, então, de se perguntar: por que só 400 anos de medicina? A arte de curar dos índios que aqui chegaram bem antes dos portugueses e franceses, também não é medicina? Claro que sim. Mas para melhor fundamentarmos a nossa resposta, recuemos no tempo e no espaço. O nosso tempo é 40.000 anos atrás e o nosso espaço é uma área que fica ao sudoeste da região europeia que compreende a atual França.
Dessa época, os estudos arqueológicos datam o aparecimento de um povo da espécie Homo sapiens, com características muito semelhantes às nossas, que foi denominada “Homens de Cro-Magnon” devido ao nome da caverna onde esse povo marcou sua existência, nas pinturas ali deixadas (pinturas rupestres). O desenvolvimento da sua inteligência se manifestou através de uma produção artística, bastante sofisticada para a época, nos campos da música, da escultura e da pintura, fruto de pensamentos abstratos que lhe permitiam elaborar idéias sobre forças invisíveis, seres superiores ou divindades. Isto lhe propiciou dar início à criação de mitos, magia e ao desenvolvimento de um sentimento religioso. Outros elementos por ele deixados sugerem uma estrutura grupal mais organizada que a dos seus ancestrais com intensa vida participativa, ambiente favorável para manifestar aos companheiros sentimentos de solidariedade e compaixão. Sendo tais sentimentos a essência da arte de curar, é lógico concluir que foram os “Cro-Magnons” os criadores do que mais tarde foi chamado de medicina. Fundamentado, nesses elementos, posso afirmar que arte de curar ou medicina evoluiu através de três vertentes: a medicina que alivia e consola que é uma expressão de altruísmo e deve ser exercida por qualquer pessoa, eticamente comprometida com o bem estar social. A segunda é a arte de prevenir e proteger que também pode ser exercida por qualquer cidadão, mas devido a sua complexidade e, às vezes, os elevados custos que a envolve, está mais adstrita à responsabilidade do Estado. E, por fim, a Medicina curativa ou a arte de curar propriamente dita que, desde essa época, vem sendo exercida, pelas peculiaridades que a envolvem, por grupos específicos da comunidade, devidamente preparados para tal mister. Inicialmente, por curandeiros, pajés, xamãs, sacerdotes, barbeiros, cirurgiões barbeiros e, enfim, por médicos. Essa estrutura começa a se consolidar com os babilônios, no início da civilização, e vai se aperfeiçoando até a Idade Média quando foram criadas as primeiras universidades, com cursos exclusivos para a preparação de médicos. Ao longo dos Períodos Moderno e Contemporâneo, o exercício do profissional médico, formado em curso superior regular, passou a ser regulamentado pelo Estado através de leis que também consideram curandeirismo, quando exercido por pessoas não autorizadas. Esta é, portanto, a razão de considerarmos o início do exercício da medicina no Maranhão com o Dr. Thomas de Lastre que a história no-lo indica como o primeiro cirurgião-médico, formado em curso superior, que desempenhou por aqui suas funções profissionais e humanitárias. A partir de então, quando os portugueses retomaram o Maranhão aos franceses, para melhor desenvolvimento do tema, dividimos a História da Medicina, ao longo dos quatro séculos seguintes, em três períodos. O primeiro, “Medicina do Maranhão Colônia”, teve início em 1612 com o Dr. Thomas de Lastre e se estendeu até 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil. Ao longo desse primeiro período, dominou uma medicina mágico-religiosa conduzida por pajés, feiticeiros e curadores, devido aos raros médicos que estiveram em São Luís. Na capital e em algumas localidades do interior, era exercida uma medicina empírica praticada pelos Jesuítas ou por pessoas de pouca instrução ou analfabetas como barbeiros, barbeiros-cirurgiões, parteiras que após um período de treinamento com um profissional mais velho e experiente eram autorizadas a praticar sangrias, aplicação de ventosas e clisteres, fazer pequenas cirurgias, partos, dentre outras atividades, por membros da Câmara ou por delegados de saúde do governo de Portugal
como os membros da Junta Real do Protomedicato e, posteriormente, pelos físicos e cirurgiões-mores. Nessa época, aterrorizavam bastante a população as epidemias de varíola que começaram a ser registradas a partir de 1616 e vinham acompanhadas por grande mortandade. Sem recursos médicos e terapêuticos, a única esperança era a graça de Deus a quem o povo recorria com orações, procissões, a assistência prestada pelos jesuítas ou, ainda, o uso de amuletos recomendados por curadores. O segundo se estende de 1808 a 1889, ano da Proclamação da República. Foi o período da “Medicina do Maranhão Província” ao longo do qual as autoridades desenvolveram medidas de saúde públicas mais eficientes contra a varíola, com aplicações de pus vacínico sem eficácia e, por fim, da vacina a partir de 1820. Com a implantação de cursos de medicina e cirurgia por D. João, em Salvador e Rio de Janeiro, e com as melhorias das condições sócio-econômicas da Província, a partir de 1840, um número maior de médicos, formado por essas faculdades e na Europa, voltava para prestar aqui seus serviços. As epidemias de varíola começaram a ficar menos frequentes, mas surgiram as de sarampão, febre amarela, gripe e outras de menor expressão sanitária para a época. Como doenças endêmicas, tanto na capital quanto no interior, destacavam-se, no panorama epidemiológico da Província, a malária ou febre intermitente, a tísica ou tuberculose, a morféa ou hanseníase, febres tifóides, as hidropisias, ascites ou barriga d’água, além de outras de menor expressão nosográfica. A medicina clínica estava, ainda, fundamentada nas teorias “Humoral” dos gregos e na Miasmática. Esta se baseava na etiologia das doenças infecciosas, a partir de emanações ou miasmas do solo poluído por matéria orgânica em decomposição ou de coleções de águas estagnadas. O Terceiro teve início em 1889 e chega aos dias atuais. “É a Medicina do Período Republicano”. O desenvolvimento científico e tecnológico decorrente das duas Revoluções Industriais teve grande repercussão, nas áreas da Biologia e da Saúde. É da segunda metade do século XIX os trabalhos de Rudolf Wirchow, Caude Barnard, Pasteur, Lister, Florence Nightingale, John Snow, Semmelweis, Roentgen e muitos outros que deram suporte à medicina moderna. Por outro lado, essas Revoluções causaram profundas modificações sociais como o êxodo rural com pletora das grandes cidades. A falta de infraestrutura sanitária que pudesse dar boa qualidade de vida a esses novos citadinos que, por falta de melhor assistência se instalavam, no entorno dessas cidades, criou, também, os elementos indispensáveis à proliferação das doenças infecciosas e parasitárias, bem como, as resultantes de carências alimentares. É digno de nota os resultados do desenvolvimento científico e tecnológico decorrentes dos dois principais conflitos bélicos mundiais da primeira metade do século XX. Foram aprimoradas as técnicas de assepsia, anestesia e cirurgia. Tiveram, também, grande crescimento o controle e o tratamento de epidemias e endemias, graças aos trabalhos desenvolvidos por Gerhard Domagk, Paul Ehrlich, Alexander Fleming, Jonas Salk, Albert Sabin, e muitos outros. Todas as conquistas da medicina, nesse período, conseguiram melhorar a qualidade de vida das populações, dilargar os limites da vida mas, na contrapartida, aumentaram a prevalência de doenças mais comuns, na terceira idade, como as cardiovasculares e degenerativas.
O Maranhão, por sua vez, não deixou de se beneficiar desses recursos trazidos por aqueles maranhenses que se deslocaram para os centros mais adiantados para estudar medicina. Logo, para avaliar melhor esses benefícios, dividimos o Terceiro Período em duas fases. A primeira, que se estendeu até meados da década de 1950, e a Segunda que chegou aos dias atuais. Na última década do século XIX, teve inicio uma ampla reforma com modernização da Saúde Pública, na administração do então presidente do Estado João Gualberto Torreão da Costa. O foco principal das ações continuava sendo a erradicação da varíola. Foram criados um desinfectório e um Posto com uma linha de preparação de vacinas contra a varíola com bons resultados, de vez que conseguiu produzir o necessário para afastar, por alguns anos, a doença do Estado. A partir do quarto trimestre de 1903, a peste bubônica causou muitas vítimas em São Luís. Esta ocorrência levou o Presidente do Estado, Collares Moreira, a solicitar ajuda ao Serviço de Higiene de São Paulo e ao Instituto de Manguinhos do Rio de Janeiro que colaboraram com vacinas e com recursos humanos. Foi criado o Serviço Sanitário do Estado cujos trabalhos concorreram para abortar o mal no ano seguinte. Nessa época, o governo voltou também a sua atenção para o mal de Hansen, devido ao elevado número de ocorrências que vinha sendo registrado desde o século anterior por Nina Rodrigues. Prosseguiram os trabalhos de controle da doença com destaque para alguns especialistas na área como Sálvio de Mendonça, Marcellino Rodrigues Machado, Cássio de Miranda e, nas décadas de 1920 e 30, os esforços foram encetados por Aquiles Lisboa. No final da segunda década da centúria, na administração de Urbano Santos, foram criados, na capital, o Serviço de Combate às Endemias, o Serviço de Profilaxia Rural e Urbana e o Instituto Oswaldo Cruz com o objetivo de produzir soros e vacinas. A segunda fase tem início com a criação da Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão, em 1957, atual curso de medicina da Universidade Federal do Maranhão, que foi o marco do desenvolvimento da atual medicina do Estado, principalmente, nas áreas de Saúde Pública, Genética, Cirurgia, Diagnóstico, e Medicina social. Embora não dispondo de recursos suficientes que lhe assegurem todos os benefícios decorrentes da pesquisa médica, devido a vários fatores impeditivos, o Estado vem contando com seus médicos que continuam se qualificando, em cursos de pós-graduação “Lato e Stricto sensu”, realizados aqui e em outros Estados mais adiantados na pesquisa médica, de forma a criar uma massa crítica e um corpo de pesquisadores responsáveis pela aplicação da medicina que todos esperam. É notável o progresso que vem sendo obtido, nas áreas de diagnóstico, intervenções cardiovasculares e neurocirurgias. Não obstante, devemos reconhecer que não somente no Maranhão, mas no Brasil e em outros países, a medicina aplicada não tem acompanhado o acelerado progresso da ciência médica, nos campos da pesquisa e da tecnologia. Isto, com certeza, é devido à elevada demanda pelos serviços oferecidos que não encontra oferta de ambiente adequado nem de recursos humanos para atendê-la, pela falta de eficazes políticas nos
setores da saúde e social, o que se reflete, negativamente, na relação médico-paciente tão importante para o êxito do pleno exercício da medicina.
A PRESENÇA DOS FRANCESES NO NOVO MUNDO, NO BRASIL E NO MARANHÃO DO SÉCULO XVI AO INÍCIO DO SÉCULO XVIII ANA LUIZA ALMEIDA FERRO100 A França, do mesmo modo que a Inglaterra e outras nações europeias, tardou, em relação aos portugueses e espanhóis, a ingressar na era das grandes navegações e descobrimentos e das conquistas ultramarinas.101 Entretanto, o Brasil foi, sem dúvida, um dos primeiros alvos das iniciativas gaulesas. Lembremos que a França não reconhecia a exclusividade conferida aos ibéricos para a exploração e usufruto das terras descobertas ou ainda por serem descobertas no Novo Mundo, isto é, não aceitava a tese do mare clausum, estabelecida no Tratado de Tordesilhas (1494) e em seguidas bulas papais de partição do MarOceano. Não é surpresa, portanto, que os franceses, muitos deles normandos e bretões, que se aventuraram pelo litoral brasileiro no limiar do século XVI ou quiçá antes disso para atividades de pirataria e comércio, a exemplo do pau-brasil, 102 contassem com os ouvidos moucos de sua Coroa ante as constantes reclamações dos lusitanos, que se sentiam lesados, pois consideravam o Brasil uma possessão do Reino português, com alegado direito ao monopólio comercial dos produtos da terra. De começo, vale lembrarmos a possibilidade, advogada por uns e ardorosamente combatida por outros, de que Jean Cousin, de nacionalidade francesa, haja sido o verdadeiro descobridor do Brasil. Mário Meireles é um dos que duvidam da hipótese, preferindo a explicação de que, na verdade, Jean Cousin e Juan de la Cosa teriam sido a mesma pessoa: 100
Promotora de Justiça-MA, Mestre e Doutora em Ciências Penais (UFMG), Professora do UNICEUMA e da ESMP/MA, Presidente da Academia Maranhense de Letras Jurídicas, Sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (Cadeira 36), Membro efetivo da Academia Caxiense de Letras, Membro de Honra da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica e integrante da Comissão Gestora do Programa Memória Institucional do Ministério Público do Estado do Maranhão. Autora de vários livros, entre os quais O Tribunal de Nuremberg e Crime organizado e organizações criminosas mundiais. 101 Embora a Marinha gaulesa tenha sido fundada ainda no reinado de Filipe IV, o Belo (1268-1314), com o delineamento de um núcleo permanente das forças navais à disposição da Coroa, e tenha se beneficiado de várias inovações técnicas que iriam preparar e facilitar a era dos descobrimentos marítimos, como a bússola, o astrolábio e o aumento da tonelagem das naus, a França “permanece à parte e em atraso no seio deste grande movimento e, na história marítima do Renascimento, a Marinha francesa, malgrado ações brilhantes, somente desempenha um papel episódico ou auxiliar.” LEGOHÉREL, Henri. Histoire de la Marine française. Paris: Presses Universitaires de France – PUF, 1999. p. 5; 12. (Tradução nossa). Este é o comentário do autor na língua original: “[...] reste à l’écart et en retard au sein de ce grand mouvement et, dans l’histoire maritime de la Renaissance, la Marine française, malgré des actions brillantes, ne joue qu’un rôle épisodique ou auxiliaire.” 102 Eduardo Bueno ressalta quão rentável era a atividade do tráfico de pau-brasil para os franceses, em detrimento do comércio luso: “O pau-brasil recolhido pelos ‘entrelopos’ era vendido em Rouen por 1,2 ducado o quintal, a metade do preço praticado pelo grupo liderado por Fernando de Noronha (que era de 2,5 ducados o quintal). É natural, portanto, que as viagens dos traficantes franceses tenham causado grandes prejuízos financeiros a Portugal, diminuindo consideravelmente sua exportação de pau-brasil para a França.” Náufragos, traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil, 1500-1531. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. p. 100.
Os franceses, ou melhor dito os bretões e normandos com seus afamados marujos, embora antes corsários, ou mesmo piratas, que descobridores, foram desde o início, mais ou menos concorrentes dos portugueses e espanhóis, e mesmo dos genoveses, venezianos e napolitanos, predecessores daqueles, nas aventuras preliminares sobre o Mar Tenebroso, chegando mesmo a defender a pretensão de ter sido um dos seus, Jean Cousin, o primeiro a chegar a terras do Brasil, o que no entanto a História não sanciona pela carência de elementos comprobatórios; crê-se, antes, que esse nome, na versão francesa, seja simples deturpação, através de lendas, do nome do famoso Juan de la Cosa, Piloto-mor da Casa da Contratação de Sevilha. Mas que estiveram eles ativos sobre as ondas do Atlântico desde os primeiros instantes, não há dúvida; foram os criadores da legendária, mas verídica, figura do roulier de la mer.103 Vasco Mariz e Lucien Provençal, por sua vez, dividem em três períodos a presença dos gauleses por estas plagas: Desde 1503, os marinheiros franceses eram atraídos pelo Brasil. Vamos classificar o período em três fases: a) aventureiros e negociantes até meados do século XVI, b) colonizadores até o ano 1614, c) corsários até 1712.104 Como registro inicial, Binot Paulmier de Gonneville, do Havre, no ano de 1503, foi encarregado de comandar uma nau bem aparelhada, chamada de L’Espoir, providenciada por seis armadores de Honfleur, dispondo de 60 marinheiros e quatro canhões. Velejando para as Índias, não chegou, todavia, a contornar o Cabo da Boa Esperança e, como os pilotos lusos contratados em segredo houvessem se perdido em alto-mar, desviou-se da rota e atingiu um rio do sul brasileiro, supostamente na hoje Baía de São Francisco, em Santa Catarina. Aportando na região em janeiro de 1504, ele e seus liderados lá ergueram uma grande cruz e travaram amizade e conviveram por cerca de seis meses com os índios locais, os carijós. Binot Paulmier partiu de retorno à França em julho de 1504, levando consigo um jovem filho do morubixaba Arosca, de nome Essomericq, sob promessa de regresso, para que este aprendesse artilharia na Europa. Contudo, a nau foi atacada e posta a pique por piratas ingleses à altura do Canal da Mancha, causando a ruína de Gonneville, que logrou voltar a Honfleur em 1505, em companhia de apenas 29 sobreviventes, para jamais navegar novamente. Mas adotou Essomericq, o qual viveria na França mais de 50 anos, lá desposaria uma parenta de seu “protetor” e faleceria em idade avançada no ano de 1583, sem haver podido regressar ao Brasil. 105 A viagem do navio L’Espoir não goza de unanimidade no meio acadêmico. 106 103
MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. 2. ed. São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. p. 26-27. Ver também MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. São Luís: Tipografia São José, 1962. p. 16-17. 104 MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612-1615). Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. p. 20. 105 Para Maurice Pianzola, Essomericq se tornou o primeiro brasileiro a se estabelecer na França. Os papagaios amarelos: os franceses na conquista do Brasil. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. São Luís: Secretaria da Cultura do Estado do Maranhão; Brasília: Alhambra, 1992. p. 45. 106 “Estudo recente e inédito de Fernando Lourenço Fernandes, intitulado No rastro de L’Espoir, desacredita completamente essa viagem de Gonneville.” MARIZ; PROVENÇAL. La Ravardière e a França Equinocial, p. 20.
Eduardo Bueno, que não contesta a viagem de Gonneville, fala da importância dessa iniciativa para os futuros empreendimentos comerciais dos franceses em terras brasileiras: Embora a viagem de Gonneville tenha redundado em sua própria falência, ela abriu novos e estimulantes horizontes comerciais para os navegadores bretões e normandos. Quando se soube que o território que ele visitara era repleto de pau-brasil, uma explosiva equação articulou-se nos portos de Rouen, Dieppe e Saint-Malo, misturando uma longa tradição de pirataria com a crescente demanda por corantes naturais provocada pela indústria têxtil da França – cujo centro era justamente naquelas cidades portuárias. A partir de então, armadores e comerciantes franceses – contando com o apoio formal ou com a dissimulada omissão de seu rei, Francisco I – passaram a enviar um fluxo constante de expedições ‘ilegais’ ao Brasil. Como não vinham com disposição de instalar-se permanentemente na nova terra, nem com planos de colonizá-la, os ‘entrelopos’ logo puderam estabelecer uma aliança altamente vantajosa com nações indígenas que ocupavam a costa do Brasil – em especial com os Caeté, os Potiguar e os Tamoio. Várias zonas do litoral brasileiro – principalmente a Paraíba, o Rio Grande do Norte, o Ceará, partes de Pernambuco e, mais tarde, o Rio de Janeiro – tornaram-se regiões sob controle quase absoluto dos franceses, nas quais os navios portugueses raramente podiam se arriscar. 107 Vicente Tapajós confirma a proliferação das incursões gaulesas à costa brasileira na primeira metade do século XVI, com fins comerciais, pondo em perigo o próprio domínio lusitano sobre o extenso achado cabralino e obrigando a Coroa portuguesa a adotar medidas crescentemente enérgicas: Pouco depois, chegavam a Portugal notícias de que súditos do rei de França – chamados de ‘maíres’ pelos indígenas – tentavam apossar-se do litoral brasileiro, onde plantavam feitorias. Para combatê-los, teve o rei de Portugal de organizar as expedições guarda-costas, confiadas a Cristovão Jaques, e, depois, a expedição de Martim Afonso, com a qual se iniciou a colonização do Brasil.108 O referido Eduardo Bueno, a propósito, defende que, em pelo menos duas oportunidades, ou seja, em 1530, ano em que D. João III enviou ao Brasil a expedição chefiada por Martim Afonso de Sousa, e em 1548, ano no qual a Coroa lusitana instituiu o sistema de Governo-Geral nesta terra, e antes das experiências declaradamente colonizadoras da França Antártica, no Rio de Janeiro, e da França Equinocial, no Maranhão, “a América portuguesa esteve em vias de se tornar, mesmo que momentaneamente e em parte, um território francês”, visto que, no primeiro caso, tornou-se necessária “a repressão aos traficantes franceses de pau-brasil”, os quais “haviam tomado e se instalado em uma feitoria portuguesa localizada na ilha de Itamaracá (Pernambuco)”, enquanto, no segundo, a motivação maior para a reação lusa foi a renovação do perigo gaulês, “que se estendia então ao Rio de Janeiro, ameaçando a
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BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2010. p. 80. TAPAJÓS, Vicente. História da América. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956. p. 145.
própria sobrevivência da capitania de São Vicente”. 109 Porém, a América austral era somente uma das zonas de interesse dos franceses. O ano de 1506 testemunharia a experiência de Jean Denis, de Honfleur, que alcançou a Terra Nova e explorou a foz do Rio São Lourenço, no Canadá, tendo como piloto um certo Gamart. Como relevante saldo da viagem, anotam Vasco Mariz e Lucien Provençal, destaca-se um mapa trazido pelos expedicionários, no qual apareciam nomes de acidentes geográficos e lugares, como Fernambuk (Pernambuco), os cabos de Santo Agostinho e de Todos os Santos, Cabo Frio, o Maranhão e o Rio da Prata, fato que “prova sua presença nesses locais”, no pensamento dos autores. 110 O mesmo Jean Denis estaria envolvido em atividades de pirataria no Brasil treze anos depois. Em sequência, no ano de 1523, o florentino Giovanni da Verrazzano, contratado pelo monarca francês Francisco I, partiu para a América do Norte, onde – seguindo os passos de Giovanni Caboto, outro navegador italiano que, anos antes, atingira o que era possivelmente a Terra Nova, a serviço de Henrique VII, da Inglaterra – explorou a costa leste dos Estados Unidos e do Canadá, da foz do Hudson até a Nova Escócia (Acádia) Em abril de 1534, Jacques Cartier zarpou de Saint-Malo no comando de dois navios e, insistindo no novo itinerário, percorreu o indigitado Rio São Lourenço, desembarcando na região onde hodiernamente se situa a cidade de Québec, Stacadona, de que tomou posse em nome de Francisco I e que denominou “Nova França”, além de, entre outras coisas, estabelecer as bases de Montreal, em Hochelaga. Esta região reuniria um dos mais importantes núcleos da colonização francesa na América setentrional. Ernst Samhaber sublinha não apenas essas incipientes explorações do território canadense, mas também a relação geralmente amistosa firmada com os indígenas, em contraste com o tratamento dos espanhóis aos nativos sul-americanos: A localidade de Stacadona, atual Quebec, revelou-se modesta aldeia de índios, mas o território, iluminado pelo fulgor setembrino do Canadá, arrebatou os franceses. Parecia haver abundância de tudo: solo fértil, frutas e nozes, peixes esplêndidos, no mar focas e baleias, na terra inúmeros animais. Os índios eram essencialmente caçadores, mas cultivavam milho, feijão e até tabaco. Continuaram os exploradores a subir o rio São Lourenço: no outono, os franceses chegaram a Hochelaga, atual Montreal; os índios haviam inùtilmente tentado deter o ulterior avanço dos estrangeiros, na esperança de se apoderarem do comércio das cobiçadas mercadorias européias. Por tôda parte os franceses eram acolhidos hospitaleiramente, festivamente até: ao contrário das relações totalmente diversas da América do Sul espanhola, a amizade com os nativos manteve-se também nos séculos seguintes.111 Cartier voltou à França para dar conta dos descobrimentos, levando consigo o chefe dos indígenas de Stacadona, cujo nome era Donnacona, “que lá descreveu nas mais fulgentes côres o grande território de Saguenay com o seu ouro, prata e cobre”, relatos esses que “abriram o apetite dos franceses”.112 Em consequência, no ano de 109
BUENO. Brasil, p. 80. MARIZ; PROVENÇAL. La Ravardière e a França Equinocial, p. 20. 111 SAMHABER, Ernst. História das viagens de descobertas: as grandes viagens para o desconhecido. Tradução de A. Della Nina. São Paulo: Melhoramentos, 1965. p. 244. 112 Ibidem, p. 245. 110
1541, Cartier retornou ao Canadá, na companhia de seu representante militar Jean François de la Roque, Senhor de Roberval, tendo à disposição uma poderosa esquadra de oito navios. O resultado foi a fundação do forte de Québec, em Stacadona, na área dos Grandes Lagos, mas não foram encontrados minérios ou pedras de valor por esta expedição, apesar das expectativas levantadas. Em 1562 e 1564, Jean Ribaut e René de Laudonière, respectivamente, marcaram presença na Flórida, mas sem êxito, em decorrência da oposição firme de D. Pero de Avilés, Governador de Juana (Cuba). A despeito dos constantes insucessos e das relativas primeiras conquistas, a França, na opinião dos autores da História da civilização mundial, obra coordenada por Max Savelle, foi a “primeira das nações do noroeste europeu a estabelecer uma cabeça de ponte na América”, isto porquanto “os franceses fizeram uma plantação em Port Royal, na Acádia, ou Nova Escócia”, colônia essa iniciada em 1605, a qual “precedeu de dois anos a primeira colônia inglêsa de sucesso, que se instalou em Jamestown, na Virgínia, em 1607”. 113 Samuel de Champlain, célebre navegador, explorador e geógrafo francês, considerado o “Pai da Nova França”, que participara ativamente da fundação de Port Royal, primeiro assentamento europeu de caráter permanente ao norte da Flórida, foi igualmente, sob o reinado de Henrique IV, o fundador de Québec em 1608, que logo se tornaria “o verdadeiro centro cultural da Nova França”. 114 Objetivando combater os índios iroqueses, associados aos ingleses, Champlain aliou-se aos algonquinos e hurões. A colônia, cuja economia se baseou essencialmente, em seus tempos primevos, no comércio de peles, conheceu um primeiro impulso em seu crescimento a partir de 1627, quando o não menos famoso Cardeal de Richelieu, durante o governo do rei francês Luís XIII, organizou a Companhia dos Cem Associados ou da Nova França, visando à promoção do desenvolvimento dos territórios conquistados na América do Norte, para que se ombreassem com as colônias inglesas localizadas ao sul, de modo a contribuírem para a expansão do poderio francês; e um segundo, a partir de 1665, quando Luís XIV, o Rei Sol, por meio de seu ministro Colbert, transformou-a em um empreendimento de responsabilidade direta da Coroa, fomentando então a emigração em massa para a região da Nova França. Consigna Vicente Tapajós que o atual Canadá deve bastante à Companhia de Jesus, não apenas em virtude do trabalho de catequização dos nativos, mas também da promoção de expedições de cunho explorador, “das quais resultou o aumento do império colonial francês no Novo Mundo”, 115 estendendo-se para os Estados Unidos. René-Robert Cavalier, Senhor de La Salle, saindo de Québec, inspirado por uma expedição anterior conduzida pelo mercador de peles Louis Joliet e pelo jesuíta Jacques Marquette – os quais haviam cruzado o Lago Michigan, explorado os rios Fox e Wisconsin e percorrido parte do Rio Mississipi –, chefiou um grupo de missionários e colonos e, em um feito igualmente pioneiro, seguiu pelo mesmo Rio Mississipi até a sua embocadura no Golfo do México, aonde chegou em abril de 1682 e onde ergueu uma cruz, tomando posse de toda a região da bacia hidrográfica do Mississipi para a Coroa francesa, dando ao vasto território o nome de Luisiana, em homenagem ao Rei Luís XIV. Não é à toa que seja muitas vezes conhecido como o “Pai do Território da 113
SAVELLE, Max (Coord.). História da civilização mundial. Tradução de Milton Amado. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964. v. 2, p. 495. 114 Ibidem, p. 495. 115 TAPAJÓS. História da América, p. 146.
Luisiana”. Graças aos esforços de Champlain, La Salle e outros, a França antecedeu a Inglaterra na reivindicação das terras do interior da América do Norte, considerando-se senhora de toda a bacia dos Grandes Lagos e da área concernente à bacia do Rio Mississipi. Por conseguinte, foi providenciado o estabelecimento de vários postos avançados no território em questão, entre os quais os de Forte Frontenac (1673), Detroit (1701), Nova Orléans (1718) e Mobile (1710), sendo que a recém-fundada cidade de Nova Orléans logo se tornaria a capital da Luisiana, o que se verificou em 1722. Enfim obtinha a França, lembra Tapajós, “o que sempre desejara: ter duas frentes na América Septentrional – uma no Canadá, com Québec e Montreal, outra junto à foz do Mississipi, rio francês, com a Luisiana, agora realmente colonizada”. 116 Tal estratégia teve como consequência o acirramento da rivalidade com a Inglaterra, com efeitos claramente negativos para a França, que acabou por ver substancialmente reduzidos o seu promissor império colonial e a sua influência no continente norte-americano, consoante evidenciam os autores da História da civilização mundial: Essa difusão do poderio francês pelo interior significou a criação de uma barreira, fechando as colônias inglêsas dentro da planície costeira atlântica, a leste dos Aleganis. Em vista da vitalidade expansiva das colônias inglêsas, o conflito era inevitável. O resultado, após uma série de guerras, foi a conquista de tôda a Nova França pelos inglêses, o que se deu em 1763. Após o triunfo inglês, quase todos os traços de influência francesa desapareceram do interior, exceto na região em tôrno de Nova Orléans. As povoações ao longo do São Lourenço, entretanto, permaneceram como um rebento da França, pois a língua do povo continuou sendo a francesa, assim como a sua religião e cultura.117 Depois de vários conflitos entre ingleses e franceses, foi assinado o Tratado de Paris no ano de 1763, firmando o que, para os últimos, seria “a paz vergonhosa”, porque estes, perdedores na Guerra dos Sete Anos, tiveram de abrir mão em favor daqueles, em caráter definitivo, do valioso território da Nova França (Canadá), entre outras concessões. A título de compensação pelo fato de que a sua aliada, a Espanha, perdera a Flórida para a Inglaterra, a França ainda renunciou à região da Luisiana em benefício dos espanhóis. O Tratado de Paris foi, sem dúvida, um golpe incontestável para os colonos gauleses em confronto com os ingleses na América setentrional, porém eles acabaram por reconhecer pacificamente a soberania inglesa nas áreas em causa, já que lhes foi permitida a manutenção de seus costumes e de seu idioma. 118 Digna de nota é, igualmente, a fundação da cidade de St. Louis (ou Saint Louis) pelo comerciante de peles Pierre Laclède (Liguest), de nacionalidade francesa, 116
Ibidem, p. 148. SAVELLE (Coord.). História da civilização mundial, p. 498-499. 118 “E, por se sentir o povo consciente de sua diferença da França – assim como desgostado com o flagrante desleixo da mãe-pátria para com a colônia no século XVIII – os colonizadores da Nova França não se perturbaram profundamente por sua separação da França em 1763. Uma vez que os inglêses deixaram claro que não influiriam na língua, religião e costumes dos colonos franceses, êstes aceitaram sem protesto o domínio inglês. Sua cultura, hoje florescente nas margens do São Lourenço, permanece como uma das distintas e significativas variantes da civilização ocidental na América.” Ibidem, p. 499. 117
juntamente com o seu jovem enteado René Auguste Chouteau, em 1764, nominando-a em homenagem a Luís IX, o Rei Cruzado da França ou São Luís de França, após subirem o Rio Mississipi, partindo de Nova Orléans. A cidade principiou como entreposto comercial. Ante a incapacidade espanhola de dispensar atenção a todo o seu imenso império colonial, a América insular, no Caribe, sobretudo as Antilhas Menores, também foi alvo das iniciativas dos franceses, os quais se estabeleceram, em primeiro lugar, na Ilha de São Cristóvão, por mérito de Pierre Bélain, Senhor d’Esnambuc. Em sequência, vieram as conquistas de outras ilhas do arquipélago, tais como Martinica, Santa Lúcia, Granada, Guadalupe, entre outras. Nas Grandes Antilhas, os gauleses se fixaram na parte ocidental da Ilha Hispaniola ou de São Domingos, correspondente ao hoje Haiti, oficialmente cedida pela Espanha à França em 1697, por força do Tratado de Ryswick. Nessas ilhas, especialmente na de São Domingos, informa Vicente Tapajós, eles “iniciaram a criação de gado, acabaram fundando o Haiti, promoveram a introdução de escravos africanos, desenvolveram igualmente a lavoura açucareira”. 119 O Haiti viria a se tornar, no século XVIII, uma das colônias mais prósperas e ricas da América francesa, a “Pérola do Caribe”, de maneira que a sua significativa produção açucareira foi um dos fatores que concorreram para o declínio da monocultura canavieira no Brasil dos tempos coloniais. A atividade colonizadora não foi a única desenvolvida pelos franceses na região caribenha, a qual, durante um longo período, abrigou uma larga população de piratas, muitos dessa nacionalidade. Na expressiva lista de aventureiros, armadores, comerciantes, piratas, corsários e marinheiros que se dedicaram à conquista das riquezas das Índias, do Brasil e da América do Norte, Vasco Mariz e Lucien Provençal destacam a figura de Jean Ango, de Dieppe, com seus homens, entre os quais os capitães Jean Fleury, Jean Fain, Jacques de Saint Maurice e Jean e Raul Parmentier, além dos irmãos Verrazzano, salientando a capacidade e as virtudes destes, em descrição desmistificadora da estereotipada imagem negativa de piratas que lhes é atribuída: De origem viking, formado por Pierre Desceliers, o padre d’Arques, e talvez por Jean Cousin, já citado, Jean Ango se lançou à conquista dos fabulosos tesouros da América. Visconde de Dieppe, animava uma rica associação de armadores. Renascentista erudito, confiaria os seus navios não só aos marinheiros mais intrépidos e hábeis, mas também a humanistas, unindo assim comércio, arte e guerra naval. Os portugueses e os espanhóis seriam suas principais vítimas. Podemos afirmar que todos os capitães de Ango freqüentaram o Brasil e lutaram contra os portugueses. 120 Os confrontos entre Jean Ango e sua gente e os lusitanos foram muitos, gerando grandes prejuízos em especial para os últimos, conquanto não possam ser desprezadas,
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TAPAJÓS. História da América, p. 148. MARIZ; PROVENÇAL. La Ravardière e a França Equinocial, p. 21. A título de curiosidade, um desses capitães, o normando Jean Fleury, de Dieppe, que se fez presente no litoral brasileiro por diversas vezes, tornou-se conhecido pela proeza de haver apresado dois galeões espanhóis transportando o tesouro azteca do México para a Espanha de Carlos V em 1522. E Jean Fain enfrentou os lusos amiúde na América austral.
igualmente, as perdas do primeiro. 121 A propósito, D. João III, em carta datada de 16 de janeiro de 1530, dirigida ao seu embaixador em Paris, João da Silveira, frisou que atingira o expressivo patamar de 300 o número de navios de súditos lusos capturados por piratas ou corsários gauleses. Enquanto no Canadá e nos Estados Unidos, os principais êmulos dos franceses no esforço de exploração e depois colonização da terra foram os ingleses, na América do Sul, como é natural, os seus mais encarniçados rivais foram os portugueses e espanhóis. Ao mesmo tempo em que investiam na conquista de parte do Canadá e dos Estados Unidos, os gauleses prosseguiam nas incursões pela América austral, particularmente pelo Brasil, “em cujas costas já vinham livremente traficando, que de pouco os embaraçava o policiamento das naus portuguesas ou os protestos do monarca lusitano”, como leciona Mário Meireles.122 Francisco I outorgou a Jean Ango, um dos alvos preferidos das queixas portuguesas, com quem mantinha relações próximas e proveitosas, as famosas cartas de marca ou cartas de corso nos anos de 1530, 1531 e 1533, as quais eram documentos pelos quais o titular, o corsário, na prática alçado à categoria de membro da marinha do país outorgante, era autorizado a atacar navios e bases de nações inimigas. 123 Como resultado, Ango foi responsável pelo afundamento de 300 naus, o que fez com que D. João III autorizasse o pagamento de uma indenização de 60.000 ducados em seu favor, objetivando o cessamento dos ataques aos navios lusos. E as ações gaulesas se sucederam no Brasil. Aos poucos, os filhos da França passaram da fase inicial de simples exploração da terra e estabelecimento de comércio cada vez mais intensivo com os índios para as etapas de estabelecimento e defesa de feitorias e de tentativa efetiva de colonização. Comentam os autores da História da civilização mundial que as expedições dos países situados no noroeste europeu, a exemplo da França e da Inglaterra, em comparação com as promovidas pelos ibéricos, foram peculiarizadas pela predominância do empreendimento privado sobre o patrocínio da Coroa: Essa onda de colonização pelas nações marítimas da Europa do Noroeste oferece agudo contraste com a da Espanha e Portugal. Em primeiro lugar, as aventuras colonizadoras dêsses países eram levadas avante por companhias particulares, organizadas para o fim de explorar o Nôvo Mundo para lucros privados, ao passo que as aventuras portuguêsa e espanhola haviam começado amplamente sob auspícios dos reis. Nas colônias das nações do noroeste, portanto, a iniciativa privada era mais importante do que a ação do govêrno nacional, que ordinàriamente limitava seu interêsse nas colônias à regulamentação mercantilista de seu comércio. 124
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“Os enormes prejuízos que causaram aos inimigos estão relacionados, em 1539, pelo jurisconsulto português Nunes no seu pedido de compensação ao rei francês. Por outro lado, Ango estimou em 250.000 ducados o seu próprio prejuízo causado pelas reações portuguesas.” Ibidem, p. 21. MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 27-28. Ver também MEIRELES. França Equinocial, 1962, p. 17-18. Ilustrando essa situação, Eduardo Bueno refere que “Jean Ango obteve de Francisco I uma ‘carta de corso’: ou seja, uma autorização legal para atacar navios portugueses e saqueá-los até obter botim equivalente a 200 mil cruzados”. BUENO. Náufragos, traficantes e degredados, p.107. SAVELLE (Coord.). História da civilização mundial, p. 494-495. Estes autores apontam, em sequência, como fator de diferenciação entre as colonizações francesa e inglesa e as levadas a cabo
Nessa linha, Guérard e Roussel estiveram no Maranhão em 1523 para mercadejar com os indígenas. No ano de 1526, Cristóvão Jaques, chefiando uma expedição guardacosta para a Coroa portuguesa, afundou e capturou as guarnições de três navios bretões de Saint Pol de Leon na Baía de Todos os Santos, em episódio sangrento no qual teria sido perpetrado o morticínio de 300 franceses ou o oferecimento destes aos nativos, uns virando, inclusive, alvo para as flechas índias. Quatro anos depois, Jean Duperet, à frente da nau La Pélérine, sob as ordens de Bertrand d’Ornezan, Barão de Saint-Blancard, almirante das galeras do Mediterrâneo, a serviço do mesmo Rei Francisco I, deixou Marselha com uma tripulação de 120 homens. No Brasil, atacou a feitoria de Igaraçu em Pernambuco, edificou um forte na Ilha de Santo Aleixo, cujo comando seria confiado ao Senhor De la Motte, e comerciou com os indígenas. A iniciativa teve final desastroso para os franceses. É o que assinala Francisco Adolpho de Varnhagen, em tom lusófilo: Em quanto Martim Affonso navegava pelo sul, fôra ter a Pernambuco uma náo de Marselha, com desoito peças e cento e vinte homens, denominada ‘La Pélérine,’ e armada á custa do Barão de St. Blancard. Em logar da feitoria portugueza de seis homens, fez o capitão da Pélérine, Jean Duperet, construir uma fortaleza provisoria, que deixou guarnecida de setenta homens, e regressava á Europa, com uma carga, que (segundo as reclamações posteriores dos interessados, ás quaes nos cumpre dar algum desconto) montava a cinco mil quintaes de brazil, seiscentos papagaios, trez mil pelles de animaes, grande número de macacos e muitas bugiarias. Tanto a náo como a fortaleza franceza tinham de ser mui mal afortunadas. A primeira, entrando no Mediterraneo, se viu necessitada de arribar a Malaga; e, quando deste porto saía, foi apresada pela armada de guardacosta, que Portugal mantinha á bocca do estreito de Gibraltar, e que, pela mencionada arribada da náo, soubera como vinha ella do Brazil. – A fortaleza franco-pernambucana, ou porque Pero Lopes teve conhecimento de sua existencia, ou porque necessitava ir no porto em que ella estava fazer aguada, antes de atravessar o Atlantico, foi por tal forma pelo intrepido capitão combatida, durante desoito dias consecutivos, que se lhe rendeu.125 Com a queda da fortaleza, o Senhor De la Motte e seus homens não tiveram clemência: foram enforcados. A captura do navio La Pélérine provocou um protesto oficial e a represália do Barão de Saint-Blancard, esta na forma do apresamento de uma nau lusa. No ano de 1531, Pepin de la Joussardière, Julian Frottet e Hervé de la Touche, respectivamente das embarcações Croissant, Groeland e Petit Cerf, exploraram o litoral
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pelos lusitanos e espanhóis, o tema da migração de colonos: “Em segundo lugar, as colônias fundadas pelas nações do noroeste desenvolveram-se pela migração de massas de colonos europeus, que expeliram os nativos, num movimento irresistível que acabou poe expulsar do continente a maioria dos índios. Isto era inteiramente diverso do padrão espanhol e português de uma migração européia em escala relativamente pequena, produzindo uma colonização em que uma minoria européia dominava uma população muito maior de mestiços e nativos.” Ibidem, p. 495. VARNHAGEN, Francisco Adolpho de. Historia geral do Brazil. Madrid: Imprensa da V. de Dominguez; Rio de Janeiro: E. e H. Laemmert, 1854. v. 1, p. 58-59. Segundo Vasco Mariz e Lucien Provençal, a carga da nau consistia em “5.000 quintais de madeiras, 300 de algodão, grãos diversos, 600 papagaios, 3.000 peles de onças e minérios de ouro”. MARIZ; PROVENÇAL. La Ravardière e a França Equinocial, p. 23.
brasileiro. Poucos anos depois, Jean Bellanger de Bisserets, no comando do galeão Saint Philippe, em missão secreta determinada por Francisco I, rumou para o Brasil, onde obteve madeira e folhas de certa palmeira, para fins de cura do enfermo soberano francês. E em 1546 há registro de que 28 barcos franceses com destino ao Brasil sofreram perseguição de lusitanos, os quais, por essa época, conseguiram capturar três navios gauleses na Bahia. Francisco II, o mesmo que declarou ao Imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico (Rei Carlos I, da Espanha), que gostaria de conhecer a cláusula do testamento de Adão que excluía a França da partilha do mundo, e a D. João III, de Portugal, que não era ele quem lhe fazia a guerra, e sim Jean Ango, com quem o monarca lusitano devia tratar de suas queixas diretamente, ao mesmo tempo em que, incentivado por sua irmã Margarida de Angoulême e pelo Duque de Montmorency, Anne de Montmorency, Condestável de França, distinguia os armadores e comerciantes franceses com providências em prol das atividades destes, conduzia uma política de dubiedade particularmente em relação a D. João III, caracterizada por acenos contidos e desfeitas tácitas, muita dissimulação e pouco afrontamento oficial na prática, política essa defendida pelo seu influente conselheiro Philippe de Chabot, Senhor De Brion, conhecido pela corrupção, e favorecida, a partir de 1530, pelo fato de que a segunda esposa do soberano gaulês, Leonor de Áustria, era viúva de D. Manuel I, Rei de Portugal, e irmã do Imperador Carlos V. 126 O interesse pelos negócios por estas plagas na França era tanto que Jacques Savary, capitão da embarcação Parfait, e Jean Cordier, integrante de um grupo financeiro de Rouen, cuidaram de elaborar dois tratados referentes ao modo de comerciar com os brasileiros. O piloto e hidrógrafo Guillaume le Saintongeois, matriz inspiradora, pelo seu destemor e habilidade, do personagem Xeromanes, de François Rabelais, percorreu a costa sul-americana do Cabo de Santo Agostinho ao Rio da Prata. Mas foi após Henrique II se tornar o Rei da França em 1547, sucedendo a seu pai Francisco I, que o país de fato adentrou a etapa das genuínas experiências colonizadoras na América dita portuguesa, como a que seria chamada de França Antártica, iniciada em 1555. 126
“Face a todas estas iniciativas, na maioria particulares, e esses incidentes, qual foi a atitude dos reis da França? Apesar da declaração de Francisco I ‘desejar que comércio, marinha e indústria sejam origem de prosperidade pública’, seu comportamento desmentiu muitas vezes essa declaração. Hesitante quanto à decisão a tomar nos conflitos com Carlos V, submetido à pressão contraditória dos seus conselheiros, estabeleceu relações ambíguas com seus inimigos, sobretudo com D. João III, pois a dissimulação foi a principal base de sua política. Lembramos que a segunda esposa de Francisco I era a viúva do rei D. Manuel e irmã de Carlos V. Se Marguérite d’Angoulême, sua irmã, e Montmorency, o condestável, incitavam o rei a apoiar os armadores, seu favorito Chabot, sempre pronto a se corromper, o aconselhava à duplicidade. [...] Comandante supremo da Armada e dos portos mestres do comércio e da justiça marítima, beneficiando-se da décima parte das presas, resgastes e multas. Chabot chefiava uma administração excessivamente burocrática, corrupta e odiada pelos marinheiros. Alguns exemplos eloqüentes: tendo recebido 10.000 escudos de Ango pela obtenção das lettres de marque, Chabot recebeu outros 10.000 escudos e um tapete valioso do embaixador português Antônio de Ataíde para sua anulação. Até mesmo o rei fez um empréstimo de 40.000 cruzados a seu cunhado D. João III de Portugal. Os armadores estavam descontentes e os embaixadores portugueses em Paris, João de Silveira, João Monteiro e Antônio de Ataíde transmitiram as queixas ao rei e inundaram os portos de espiões. A situação só iria se esclararecer em 1540 quando Chabot enfim foi preso. Os dois partidos protestavam tão veementemente que, de 1531 até 1537, as reuniões de conciliação foram organizadas em Bayonne e Fontarabia, aliás sem nenhum resultado positivo, salvo relacionar as queixas recíprocas.” Ibidem, p. 25-26.
Um pouco antes, uma grande festa teve lugar na cidade de Rouen, na Normandia, em 1º de outubro de 1550, prestigiada pelo novo soberano e por sua esposa florentina, Catarina de Médicis, na qual índios trazidos do Brasil pelos navegadores, os quais seriam abrigados em castelo de Jean Ango, causaram sensação, aumentando o fascínio pela terra brasileira e o clima favorável para um real protagonismo francês no Novo Mundo. Em 1551, o cartógrafo Guillaume le Testu, navegador de talento, tendo em sua companhia o frade franciscano André Thevet, de Angoulême, versado cosmógrafo, a bordo do Salamandre, participou de uma bem-sucedida missão exploradora na costa leste brasileira, o que lhe rendeu inestimável conhecimento náutico e lhe permitiu o cumprimento do objetivo de reconhecimento da região para a sua retratação em um portulano. Não há dúvida de que uma das grandes contribuições dos navegadores franceses foi, conforme pontua Mário Meireles, o serviço prestado para o avanço dos conhecimentos na seara da Geografia universal, “com o ‘Livro de Marinhagem’ de Jean Cordier e o mapa-mundi de Desliens, ambos de 1541, com o planisfério de Descaliers, de 1546, com os portulanos de Le Testu, de 1551”, além, mais tarde, dos “mapas de Jacques de Vau de Clay, de 1582, e de Guilherme Levasseurs, de 1601”.127 Nicolas Durand de Villegagnon (1510-1571), antes de se tornar protagonista da França Antártica, já possuía extensa folha de serviços à Coroa francesa, prestados em várias missões diplomáticas e militares, o que lhe valeu galgar a relevante posição de Vice-Almirante da Bretanha, festejado, entre outros feitos, como o herói que lograra raptar e levar para a França a então criança Maria Stuart, esquivando-se habilmente da vigilância inglesa. Imortalizada na obra homônima do poeta e dramaturgo alemão Friedrich Schiller (1800), Maria Stuart, Rainha da Escócia, desposaria anos depois o Delfim da França, o futuro monarca Francisco I, sucessor de Henrique II, e morreria executada em 1587, por decisão da não menos célebre Elizabeth I, Rainha da Inglaterra. Cavaleiro da Ordem de Malta, o erudito oficial naval, diplomata, escritor e navegador Villegagnon (ou Villegaignon, em grafia arcaica) esteve no ano de 1554, um tanto discretamente, na região de Cabo Frio, já bastante conhecida dos gauleses, onde teria sido bem acolhido pelos tamoios, negociado com estes e mantido contato com o monge André Thevet e o aventureiro alemão Hans Staden e reuniu preciosas informações sobre os movimentos lusos na costa, os portos mais protegidos, os lugares mais vulneráveis e, em particular, o fato de que “os portugueses raramente saíam de suas capitanias e que os tamoios não gostavam de como eram tratados pelos colonos portugueses”,128 bem como de que “os portugueses preferiram adiar sua instalação na Guanabara porque temiam serem mal recebidos pelos numerosos índios tupinambás, que os detestavam”, 129 as quais o estimularam a pôr em prática o projeto de estabelecimento de um núcleo colonial no Sudeste brasileiro, em ponto mais ao sul, exatamente na Baía de Guanabara, visando à instalação de uma base militar, naval e comercial estratégica, catalizadora dos interesses franceses no Brasil e facilitadora do comércio ultramarino, em especial com as Índias. Com tal escopo, desde o princípio, o 127 128
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MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 28. MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. Villegagnon e a França Antártica. In: MARIZ, Vasco. Ensaios históricos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2004. p. 90.
MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. Villegagnon e a França Antártica. In: MARIZ, Vasco (Org.). Brasil-França: relações históricas no período colonial. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Ed., 2006. p. 54.
almirante se preocupou em firmar um bom relacionamento com os nativos, no que foi sabiamente aconselhado pelo franciscano André Thevet. O fator surpresa tampouco pode ser desprezado, pois era importante agir enquanto os núcleos de colonização dos lusitanos no Brasil ainda eram pouco numerosos e desenvolvidos.130 Estavam preenchidas as condições para a implantação da primeira colônia francesa na América do Sul, como atesta Eduardo Bueno: Na metade do século XVI, depois de cinquenta anos percorrendo o litoral brasileiro, os franceses concluíram que era chegada a hora de armar uma expedição colonizadora para lançar as bases de um futuro império ultramarino no Novo Mundo. Durante cinco décadas, normandos e bretões haviam reconhecido e cartografado a maior parte do litoral do Brasil, e estabelecido com os indígenas um relacionamento mais rentável e, talvez, mais equilibrado que os portugueses – já que a escravização dos nativos nunca estivera entre seus principais objetivos.131 Novamente na França, para viabilizar a sua ambiciosa empreitada, Villegagnon procurou o patrocínio do rei católico Henrique II, convencendo-o das vantagens concernentes à iniciativa, supostamente depois de uma exposição superior a quatro horas, o qual lhe concedeu 10.000 libras, providenciou-lhe navios e entregou-lhe a chefia da expedição. Também contou com investimentos dos armadores de Dieppe, base do já referido Jean Ango, e com o apoio do Almirante Gaspard de Coligny, ainda católico, mais influente ministro do soberano, que se tornaria o grande e respeitado líder dos protestantes franceses, chamados de huguenotes, até a sua morte no massacre da “Noite de São Bartolomeu” em 1572, no mais trágico episódio das guerras de religião que engolfariam a França na segunda metade do século XVI. Com o patrocínio real, tendo à sua disposição duas naus e uma naveta de mantimentos, originalmente tripulada por cerca de seiscentos homens, número excessivo em relação ao espaço disponível, desacompanhados de mulheres – o que se revelaria um grave problema –, a maioria de mercenários e desclassificados, muitos arregimentados em prisões do norte da França, Villegagnon zarpou do Havre em 12 de julho de 1555. Em decorrência de uma tormenta, teve de se refugiar em Dieppe, onde muitos dos tripulantes abandonaram a expedição, interpretando o mau começo como um aviso divino, sendo substituídos por outros. Finalmente, seguiu para o Brasil em 14 de agosto do mesmo ano e, depois de várias adversidades, atingiu a Baía de Guanabara em 10 de novembro de 1555, lugar selecionado em razão da notícia de que era evitado pelos lusitanos, face à presença de índios hostis aos seus interesses. Villegagnon não levou apenas aventureiros desclassificados para o Novo Mundo, embora eles constituíssem a maior parte da tripulação. Integravam o grupo, entre outras pessoas de valor, o seu sobrinho Boissy, Senhor de Bois-le-Comte, que tanto lutaria pela sobrevivência da França Antártica; o já mencionado André Thevet, que seria um dos principais cronistas da iniciativa; Nicolas Barré, conhecido por suas habilidades de piloto, o qual seria um importante colaborador e secretário do Vice-Almirante na 130
“Lembramos que os três pontos iniciais da colonização portuguesa estavam em Pernambuco, na Bahia e em São Vicente, SP, e eram núcleos ainda incipientes, de fácil submissão por uma expedição numerosa e fortemente armada.” Ibidem, p. 54. Ver igualmente MARIZ; PROVENÇAL. In: MARIZ. Ensaios históricos, p. 89. 131 BUENO. Brasil, p. 81.
colônia e escreveria sobre a experiência; e dois beneditinos, dotados de conhecimentos de botânica, que fariam um apreciável levantamento da flora da terra e seriam os fundadores da primeira escola católica na região. Igualmente viajaram com Villegagnon uma guarda pessoal de escoceses, que seria de grande relevância para a sua proteção nos dias que se sucederiam, e um índio da nação tabajara, na função de intérprete, acompanhado de sua esposa francesa, conquanto tal não fosse representar uma dificuldade na implantação do núcleo de colonização, dada a existência de diversos “línguas” de origem normanda vivendo entre os indígenas na terra. Villegagnon e Thevet cultivaram uma amizade bastante profícua. O segundo, que já antes estivera naquela parte do Brasil e lá observara condições propícias à fundação de uma colônia, teria sido um dos maiores incentivadores do primeiro nesse empreendimento. A propósito, André Thevet alega ser aquele que batizou a França Antártica, a qual “é de maior extensão, ela só, em si mesma contemplada, que a Ásia”, pois “é engano chamar Índias a estas terras”, considerando que “todo o país das Índias é Oriental, compreendido e encerrado apenas pelos dois rios a que os hindus chamam Bara-Indu e Ganga, quer dizer o Indo e o Ganges”,132 assim contribuindo para o triunfo da distinção entre a Índia atual e a América. E o militar e o monge trabalharam em parceria na elaboração de um sintético dicionário franco-tupi, o qual o calvinista Jean de Léry inseriria, de forma indevida, na edição de 1611 de sua obra História de uma viagem feita à terra do Brasil, também chamada América. Desafortunadamente, Thevet foi compelido a retornar à França em fevereiro de 1556, por motivo de saúde, no que foi acompanhado por Bois-le-Comte. Os franceses desembarcaram em alguma parte do Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, após uma acolhida calorosa dos tupinambás (ou tamoios, consoante a designação mais específica hoje assaz difundida). Logo se estabeleceram na Ilha de Serigipe, hodiernamente denominada de Villegagnon, onde está localizada a atual Escola Naval, perto do continente, defronte do lugar onde se ergue o Aeroporto Santos Dumont. O almirante aí fez construir em aproximadamente três meses o sólido Forte Coligny, batizando-o em tributo ao principal ministro de Henrique II, pelo apoio que lhe prestara. Impôs aos seus homens, muitos indisciplinados e detentores de antecedentes pouco recomendáveis, vários enfraquecidos pela viagem, troca de ares e precariedade sanitária, um severo ritmo de trabalho, sob baixos soldos, o que começou a provocar descontentamentos e deserções, de modo que foi fundamental para a conclusão da fortificação em tempo breve a colaboração dos índios, estimulados por pequenos agrados. Essa contribuição indígena se repetiria na edificação do Forte São Luís, que daria origem à futura capital maranhense, quando da instalação da França Equinocial no norte do Brasil em 1612. O Forte Coligny foi aparelhado com cinco baterias voltadas para a direção mais provável de investida naval do inimigo. Esse providencial auxílio nos primeiros passos da colônia foi possibilitado pelas boas relações de Villegagnon com o morubixaba Cunhambebe. No entanto, o apoio dos tupinambás nessa seara iria aos poucos diminuir, posto que eles, decorridos alguns meses, não mais se sentiam motivados com os modestos presentes que lhes eram oferecidos e passaram a se ressentir do volume de trabalho, até pelo fato de que era visível que os trabalhadores gauleses se esquivavam do serviço mais duro. 132
THEVET, André. A cosmografia universal de André Thevet, cosmógrafo do rei. Tradução e notas de Raul de Sá Barbosa. Rio de Janeiro: Batel: Fundação Darcy Ribeiro, 2009. p. 38-39. Ver igualmente THEVET, André. Les français en Amérique pendant la deuxième moitié du XVIe siècle: le Brésil et les brésiliens. Choix de textes et notes par Suzanne Lussagnet. Introduction par Ch.-A. Julien. Paris: Presses Universitaires de France, 1953. p. 24-25.
Para piorar, a ilha em tela não ostentava fontes de água potável, situação que implicava a obtenção do precioso líquido no continente e que somente seria resolvida posteriormente com a escavação na rocha de uma cisterna suficiente para a manutenção de reservas apropriadas para uma resistência duradoura. Outro problema foi a crescente escassez de víveres. Não obstante os óbices, Villegagnon deu prosseguimento aos seus planos. Nunca deixou de tratar bem os nativos, os quais retribuíram com a preservação da aliança contra os lusos até o final. Necessitando estabelecer uma base no continente, o Cavaleiro de Malta fundou, no começo do ano de 1556, a “primeira aglomeração urbana européia na Guanabara”, idealizada “como a futura capital da França Antártica”: Henriville, 133 em homenagem ao monarca Henrique II, situada na foz do Rio Carioca, entre este rio, que, na atualidade, tem seu curso debaixo da Rua Barão do Flamengo, e o Morro da Glória, na Praia do Flamengo. Também aí a colaboração dos índios foi significativa, por exemplo, na construção de casas. Mas a povoação, onde franceses e indígenas teriam convivido, com suporte no cultivo de frutas e legumes, uma olaria teria funcionado, produzindo tijolos para uso nas construções na ilha e no continente, e jardins se estenderiam à beira-mar, não teve vida longa: foi totalmente destruída pelos lusitanos em 1560, sob a administração do terceiro Governador-Geral do Brasil, Mem de Sá. Alguns duvidam da existência, embora temporária, de Henriville, ante a ausência de localização de vestígios de sua breve vida e de seu marco de fundação, mas este não é o caso. O vilarejo foi objeto de registro em diversos mapas de então e de referência na carta de seu fundador ao Duque de Guise, datada de 30 de novembro de 1557. Nesta última, diz o almirante, após mencionar o Forte Coligny: “Por isso, pude colocar em terra sessenta pessoas num forte de madeira que fiz à vista de meu castelo, ao alcance de minha artilharia, onde eles têm o cuidado de plantar e semear para viver de seu trabalho.”134 Não por acaso, há historiadores que consideram Henriville o primeiro núcleo do Rio de Janeiro e Villegagnon o autêntico fundador da futura capital fluminense, em lugar de Estácio de Sá, o qual, para outros, provavelmente a maioria, em especial no meio historiográfico nacional, fundaria o Rio de Janeiro na Urca somente em 1º de março de 1565, alguns anos depois do desaparecimento de Henriville. Em tom conciliatório, Vasco Mariz, na Introdução do livro Cartas por N. D. de Villegagnon e textos correlatos por Nicolas Barré e Jean Crespin, admite a atribuição da glória da fundação da capital fluminense a ambos: “Portanto, tal como Buenos Aires, o Rio de Janeiro teve de fato dois fundadores: Villegagnon em 1556, com a sua fugaz Henriville, que não teve continuidade, e Estácio de Sá, em 1565.”135 A realidade é que, além de não ter conhecido continuidade como núcleo de povoamento, Henriville está sepultada sob uma área hodiernamente semeada de prédios cariocas, que impossibilitam qualquer iniciativa de investigação de seus restos. Diferentemente, o núcleo fundado pelos franceses em 1612 com a construção do Forte São Luís na então Ilha do Maranhão jamais sofreria solução de continuidade, pois não seria deixado à própria sorte ou destruído pelos portugueses, quando da queda da França Equinocial em 1615, mas, ao contrário, ampliado e urbanizado, razão pela qual 133
MARIZ, Vasco. Os fundadores do Rio de Janeiro: Vespucci, Villegagnon ou Estácio de Sá? In: MARIZ (Org.). Brasil-França: relações históricas no período colonial, p. 79. 134 VILLEGAGNON, Nicolas Durand de. Cartas por N. D. de Villegagnon e textos correlatos por Nicolas Barré e Jean Crespin. Introdução e comentários de Vasco Mariz. Tradução de Norma Guimarães Azeredo. Rio de Janeiro: Batel: Fundação Darcy Ribeiro, 2009. p. 37. 135 Ibidem, p. 27.
não há dúvida de que São Luís, capital maranhense, teria os gauleses, e não os lusos, como seus fundadores. Se o Rio de Janeiro principiou pela Urca, e não pela antiga Ilha de Serigipe, porque o Forte Coligny não passou de uma fortificação, conquanto formidável, ou pela Praia do Flamengo, porque Henriville não vingou, é fato que São Luís nasceria exatamente no lugar de implantação da fortaleza francesa que lhe deu o nome, cuja área alargada ainda hoje abriga o coração administrativo da cidade. Apesar de tudo, Henriville foi um passo importante na afirmação da França Antártica. Além do continente, acompanhando o litoral, os franceses fincaram pé em outras ilhas. A colônia, entretanto, carregava dois não desprezíveis vícios de origem: a baixa qualidade da mão de obra francesa, seja no aspecto moral, seja no disciplinar, e a carência de mulheres. O severo regime imposto por Villegagnon, ele próprio detentor de rígidos princípios morais e religiosos e cultivador das virtudes militares, não iria causar descontentamento entre seus homens somente em relação ao ritmo e volume de trabalho, mas também no atinente à regulação sexual. Contrário à prática do sexo sem casamento, o almirante exigiu que os gauleses convivendo maritalmente com as índias, sob o olhar condescendente dos indígenas, as desposassem sob as leis da França, diante do notário da frota, ou delas se separassem. Jovens em sua maioria, de natureza rude, muitos deles desertaram, escapando para a floresta e buscando refúgio entre os nativos, ou retornaram à Europa em navios mercantes, enquanto uns optavam pelo matrimônio de má vontade. Houve até aqueles que afrontaram a regra engajando-se em uma conspiração para assassinar o chefe dois dias após a partida de André Thevet e Bois-leComte, em fevereiro de 1556, frustrada pelo arrependimento de um cúmplice, membro da fiel guarda escocesa do Cavaleiro de Malta, resultando no enforcamento, precedido de julgamento pelo Conselho da Colônia, de dois dos 26 participantes da rebelião, a qual fora desencadeada por um marinheiro e intérprete normando que já vivia no Rio de Janeiro anteriormente à chegada de Villegagnon, inconformado por haver sido forçado a escolher entre contrair matrimônio ou se apartar da índia com quem convivia há aproximadamente sete anos. A inabilidade de Villegagnon para lidar com questões morais de fundo religioso na colônia igualmente provocaria rusgas com os indígenas. O almirante, ao invés de procurar convencer os índios gradativamente da perniciosidade do costume de comer prisioneiros derrotados ou capturados, passou a confrontá-los abertamente, inclusive discutindo acidamente com seu amigo Cunhambebe sobre o hábito, gerando certo malestar no meio tupinambá. Com o transcorrer dos meses e o acúmulo das dificuldades, entre as quais o decréscimo do número de franceses, Villegagnon percebeu a necessidade de apoio para a sobrevivência e desenvolvimento da colônia. Assim, pleiteou o envio de três a quatro mil soldados profissionais, com treinamento adequado, para a defesa militar contra possíveis ataques lusos, grande quantidade de mulheres aptas ao casamento e trabalhadores especializados que pudessem transformar Henriville num próspero núcleo populacional. Em busca de auxílio, endereçou cartas a João Calvino, de quem fora colega na Universidade de Paris, ao Rei Henrique II, ao Almirante Coligny, ao Duque de Guise e a outras influentes figuras da Corte gaulesa. O monarca não pôde ajudá-lo, face à indisponibilidade de recursos ocasionada pela crise financeira que assolava o país. Coligny, ao contrário, já convertido ao protestantismo, viu na situação uma oportunidade para oferecer refúgio aos huguenotes, alvo, cada vez mais, de discriminações e perseguições na França, onde a tensão religiosa só aumentava. Destarte, Coligny e Villegagnon financiaram a viagem com os reforços, iniciada em 19 de novembro de 1556, sob o comando do mesmo Bois-le-Comte, empreendida
nos navios Petite Roberge, Grande Roberge e Rosée, tripulados por cerca de 300 pessoas, entre as quais cinco mulheres destinadas ao casamento, colonos e missionários de Genebra, sendo 14 pastores calvinistas, liderados por Philippe de Carguilleray, Senhor Du Pont, e pelos ministros Pierre Richier e Guillaume Chartier, que aportaram na Baía de Guanabara em 7 de março de 1557. O jovem Jean de Léry também compunha essa frota, o qual se tornaria um dos maiores cronistas da França Antártica e dos costumes índios daquela região, ao lado de André Thevet. Além do caráter reduzido dos reforços, sem dúvida aquém das necessidades da colônia, a presença dos pastores no Rio de Janeiro, a princípio saudada pelo católico Villegagnon, logo se transformou em fator de dissensões, conflitos e discussões acaloradas, pela intransigência de ambas as partes, motivada por discordâncias religiosas, por exemplo, a respeito da materialização real ou simbólica do corpo e do sangue de Cristo na Eucaristia, culminando, oito meses depois, com a saída dos missionários calvinistas da ilha de localização do Forte Coligny ainda em 1557, de maneira que eles receberam o auxílio, para a sua subsistência, dos índios da Baía de Guanabara até o embarque de volta à França em 4 de janeiro de 1558, a bordo do velho navio Jacques, carregado de pau-brasil, pedras preciosas e outras coisas. Anteriormente, no mês de dezembro de 1557, Du Pont declarara publicamente que regressaria ao Rio de Janeiro em breve trazendo grande quantidade de protestantes para derrubar o almirante, o que chegou ao conhecimento de Villegagnon. Este não obstou a partida dos calvinistas, como lhe autorizava a sua posição, porém cinco deles não puderam seguir até a Europa, por falta de víveres no navio, e tiveram de retornar de certo ponto em um batel para a Guanabara, onde persistiram no desrespeito à autoridade do almirante, de feição que um logrou fugir e os outros quatro foram aprisionados e processados por traição e deserção na corte colonial, um dos quais foi absolvido, enquanto os demais, exmonges apóstatas, foram sentenciados à morte. Quanto aos protestantes que ficaram no navio, ao lograrem voltar à França e à Suíça, eles desencadearam uma feroz e sistemática campanha contra Villegagnon, imputando-lhe acusações em sua maioria não condizentes com a realidade dos fatos conhecidos e comprovados, como a de que ele primeiro se convertera ao calvinismo e depois traíra a fé reformada e a de que procedera indignamente com os missionários dessa religião. Tal campanha de cunho difamatório, à qual logo aderiram outras vozes do protestantismo, teve como peças-chave Jean de Léry, Pierre Richier, Calvino e Jean Crespin. Conquanto o ambiente na colônia tenha daí para frente se desanuviado sensivelmente, Villegagnon sabia que a França Antártica precisava de reforços mais substanciais. Outra coisa veio a preocupá-lo: as notícias sobre a campanha difamatória levada a cabo pelos calvinistas contra o almirante alcançaram a Guanabara via navios mercantes procedentes da França. Então o almirante, um tanto frustrado com as condições e perspectivas da colônia e os últimos acontecimentos, e não sem alguma hesitação, decidiu embarcar para o seu país, a fim de se defender das acusações dos protestantes, fazendo-o em maio de 1559, a bordo de uma nau que também transportava variada carga, como pau-brasil, bichos e plantas medicinais, além de levar cinquenta tupinambás, deixando a França Antártica nas mãos dedicadas de seu sobrinho Bois-leComte, o qual, contudo, não se lhe igualava em prestígio militar, tanto que os portugueses somente se animaram a atacar os franceses na ausência do Cavaleiro de Malta. Na França, Villegagnon se deparou com uma triste nova: o falecimento do monarca Henrique II, seu protetor, em julho de 1559, em decorrência de ferimentos
fatais adquiridos por acidente em uma justa com o capitão de sua Guarda Escocesa, Gabriel de Montgomery, fato constantemente evocado como objeto de uma das famosas profecias de Michel de Nostredame, ou Nostradamus, homem da mais estrita confiança de Catarina de Médicis, viúva do soberano e mãe do novo Rei Francisco II, de dois futuros reis, Carlos IX e Henrique III, e daquela que se celebrizaria como Rainha Margot, Margarida de Valois, esposa de Henrique IV. A trágica morte de Henrique II marcou o início de um tempo de instabilidade na sucessão dinástica e abriu as portas para o período mais sangrento do conflito entre católicos e protestantes, representado pelas guerras de religião. Por essa época, lembremos, o influente Coligny já abraçara a Reforma, vindo a se transmutar de protetor em inimigo de Villegagnon. Este, todavia, foi apoiado pela Ordem de Malta e por importantes personalidades, como o Cardeal de Lorena, o Duque de Guise, o Condestável de Montmorency e a Rainha Maria Stuart, sempre agradecida pelo grande serviço que ele lhe prestara no passado, entre outras. Os católicos, portanto, não deram crédito às denúncias dos calvinistas contra o respeitado Vice-Almirante da Bretanha. A partida de Villegagnon para a França foi o momento propício pelo qual ansiavam os portugueses para atacar os franceses instalados na Guanabara. Mem de Sá, terceiro Governador-Geral do Brasil, que sucedera a Duarte da Costa, obteve da Rainha Regente D. Catarina, viúva de D. João III, de Portugal, uma poderosa armada chefiada por Bartolomeu Vasconcelos da Cunha, composta por 26 navios, muita artilharia e munição e um contingente superior a 2.000 homens com treinamento adequado, que atingiu a Bahia em 30 de novembro de 1559 e a região da Guanabara em 21 de fevereiro de 1560. Os lusitanos optaram por uma investida de surpresa, por meio de impiedoso bombardeio naval, contra os gauleses, os quais, embora estivessem em franca desvantagem, pois dispunham de apenas um navio e 74 homens no Forte Coligny, auxiliados por aproximadamente 800 indígenas, ganharam o primeiro embate, com somente uma baixa, graças às temíveis e extraordinárias fortificações da ilha, em contraste com os 120 portugueses que pereceram. Como a fortaleza resistia, Mem de Sá decidiu-se pelo ataque ao incipiente povoado de Henriville, na hoje Praia do Flamengo, o qual foi arrasado e teve seus habitantes, já pouco numerosos, mortos. Finalmente, enfraquecido pelos bombardeios e abandonado por Bois-le-Comte e pela maioria de seus comandados – que viram a inutilidade da manutenção da resistência na Ilha de Serigipe e buscaram refúgio no continente, nos aldeamentos nativos amigos, mais precisamente em Paranapacuí e Uruçumirim, área do Morro da Glória (Mont Henri) –, o Forte Coligny, em meados de março de 1560, foi tomado pelos lusos, cujos aliados eram os índios temiminós e tupiniquins, inimigos dos tamoios, com a suposta colaboração do luterano francês Jean Cointat, ou João Bolès, o qual viera com os pastores de Calvino, casara com uma das francesas que chegara ao Brasil na mesma oportunidade, teria sido um dos que haviam contribuído para as dissensões religiosas entre Villegagnon e os calvinistas, não regressou à França com os últimos e ainda teria revelado aos portugueses os pontos fracos das defesas gaulesas, viabilizando-lhes o acesso por mar. A maior parte dos franceses escapou ao aprisionamento quando da queda da fortaleza. Mem de Sá, no entanto, cometeu um erro tático, pelo qual seria censurado pela governante lusitana. Com muitos dos navios lusos danificados e sem pólvora e sem condições de guarnecimento do que fora conquistado, cuja destruição por tal motivo ordenou, resolveu se dirigir a São Vicente, buscando a recuperação da frota, e depois retornar à Bahia, ao invés de ir logo ao encalço de Bois-le-Comte e de seus homens. Com isso, os gauleses, ajudados por seus aliados indígenas, entregar-se-iam novamente
ao lucrativo tráfico de mercadorias e à resistência e às hostilidades continuadas contra os lusos. Acolhendo os pleitos de Mem de Sá e entendendo a necessidade urgente de colonização do território do Rio de Janeiro para afastar decisivamente a ameaça francesa, D. Catarina encarregou Estácio de Sá, sobrinho do Governador-Geral do Brasil, da missão de expulsar os franceses da terra, o qual, à frente de uma esquadra de nove navios e 220 homens, desembarcou, em 1º de março de 1565, na área situada entre os morros Cara de Cão, atualmente São João, e Pão de Açúcar, na Baía de Guanabara, “aí dando comêço à povoação de São Sebastião, simples acampamento militar a princípio”.136 Estava fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, batizada em deferência ao monarca adolescente de Portugal, ainda sob regência. Helio Vianna descreve os primeiros tempos da povoação: Repelidos os primeiros assaltos, puderam os conquistadores tomar pé na língua de terra existente entre o Pão de Açúcar, o Morro Cara de Cão e o da Urca, construindo um baluarte de taipa de pilão, dotado de artilharia, protegido de cêrca e de algumas guaritas de madeira e taipa. Além das casas dos moradores, cobertas de telhas trazidas de São Vicente, construiuse a primitiva Capela de São Sebastião, padroeiro da nova cidade, assim denominada em homenagem ao Rei. Em roças, situadas fora da cêrca, plantaram-se legumes e inhames, para sustento da guarnição. Sendo, porém, insuficientes, assim como os recursos trazidos e posteriormente chegados, padeceram fome, algumas vêzes, os fundadores. Para minorá-la, assaltavam plantações de mandioca dos tamoios, de que também trouxeram ramas, para formação das próprias.137
136
VIANNA, Helio. História do Brasil: período colonial. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1965. v. 1, p. 93. 137 Ibidem, p. 94. Comenta Armando Souto Maior que a “cidade” do Rio de Janeiro era então “uma simples cerca de pau-a-pique protegendo casas de palha”. História do Brasil. 10. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1972. p. 69. Veiga Cabral igualmente fala da precariedade dos primórdios do núcleo fundado por Estácio de Sá: “‘Determinado o local para a povoação, cuidou-se antes de tudo, e afanosamente dos trabalhos de fortificações, roçando-se no alto e encosta da colina (de S. João) uma boa área, e construindo-se imediatamente alguma tranqueira provisória, de onde se desvendava grande parte da baía. Logo que as agressões dos francêses e Tamòios arrefeceram e deixaram aos ocupantes um pouco de calma, ordenou Estácio que se preparasse na várzea (entre o pico já fortificado e o Pão de Açúcar) um assento mais vasto para a cidade. Aplanado o terreno e derribadas as matas contíguas, ‘murou-se o recinto da cidade’, e ‘fez-se um baluarte muito forte de taipa de pilão, com muita artilharia dentro, com quatro ou cinco guaritas de madeira e taipa de mão, tôdas cobertas de telhas trazidas de S. Vicente’. Improvizaram-se ‘casas de madeira e barro’, cobertas de palha (‘de umas palmas feitas e cavadas como calhas e telhas que é grande defensão contra o fogo’). Também se construiu uma casa maior, que serviu de capela durante o tempo que ali se estêve, e sob cujo tôsco altar devia ser depois inumado o cadáver do nobre e inditoso capitão-mor. Assim se formou logo um arraial que tomava tôda a várzea, entre o S. João, do lado do mar, e a Urca e o Pão de Açúcar do lado da terra.” CABRAL, Mário da Veiga. História do Brasil: curso superior. 19. ed. Rio de Janeiro: Paulo de Azevedo, 1959. p. 82. O autor justifica, com razão, em nota de rodapé, que os portugueses, na definição do lugar para se estabelecerem, levaram em conta, primeiramente, as ótimas condições de defesa do sítio na Urca, pois é “preciso não esquecer que a primeira condição do ponto que se escolhia tinha de ser a relativa às conveniências da defesa”, considerando que tal “gente vinha combater e o que antes de tudo lhe cumpria era prevenir-se contra ciladas e agressões” do inimigo, de modo que “no outeiro de S. João o serviço de atalaia era perfeito; dali tem-se vasto horizonte para o mar e para o norte da baía, com a vantagem de ter o lado de terra guardado por montanhas”, condições propícias essas não reunidas pela “praia que se chamava pôrto de Martim Afonso ainda no tempo de Gabriel Soares (fins do século XVI) e que ficou depois conhecida por praia vermelha, onde se fundou a Escola Militar”, motivo pelo qual descarta este último local como o ponto, defendido por alguns, “em que fôra primeiro fundada a cidade”. Ibidem, p. 82.
Estácio de Sá defrontou-se com um rival pronto para novos combates: os franceses e os seus aliados nativos contavam agora com três sólidas paliçadas. Embora não houvessem feito ressurgir o Forte Coligny na Ilha de Serigipe, os gauleses já ocupavam novas partes ao longo da costa da região. E ainda tiveram suas posições revigoradas por reforços vindos de Cabo Frio. Em um dos confrontos, ocorrido em julho de 1566, que ficou conhecido como o “combate das canoas”, os portugueses estavam a ponto de serem vencidos, emboscados em uma reentrância da Baía de Guanabara pelos tamoios, com a participação dos franceses, quando um tiro desferido acertou um depósito de pólvora alocado dentro de uma canoa, gerando um incêndio que semeou medo e confusão entre os índios e reanimou os lusitanos. “Em meio à fumaça, alguns portugueses julgaram ter visto a figura de São Sebastião combatendo ao lado deles contra ‘hereges e pagãos’”, noticia Eduardo Bueno.138 O sobrinho do governador-geral sustentou as suas posições como pôde durante quase dois anos, até que recebeu valioso auxílio de seu tio Mem de Sá, o qual, posto a par da situação de Estácio de Sá por José de Anchieta, tratou de conseguir reforços e voltou ao Rio de Janeiro em 18 de janeiro de 1567, acompanhado do Padre Manuel da Nóbrega, com uma respeitável frota de três galeões, seis caravelões e dois outros navios, transportando um efetivo superior a duzentos homens, sob o comando de Cristóvão Cardoso de Barros. Os portugueses decidiram investir, primeiramente, contra as fortificações gaulesas localizadas junto à foz do Rio Carioca, na hoje Praia do Flamengo, lugar onde se erguia a aldeia do cacique Ibiraguaçu-mirim, e no atual Morro da Glória. A vitória lhes sorriu, com a ajuda dos indígenas temiminós, liderados por Arariboia, (“Cobra Feroz”, em tupi), e o reduto de Uruçumirim, no morro referido, foi conquistado após uma encarniçada batalha, travada durante o dia 20 de janeiro de 1567, na qual tombaram aproximadamente 600 tamoios e cinco franceses e foram aprisionados outros tantos, entre os quais dez gauleses, que foram enforcados no dia subsequente. Houve um preço amargo a pagar, entretanto: Estácio de Sá foi ferido no rosto no combate por uma flecha envenenada e faleceria no mês seguinte. Desta feita, os portugueses não iriam descansar até alcançarem o seu objetivo. Atacaram as fortes defesas da Ilha de Paranapuã, presentemente Ilha do Governador, que caiu após uma resistência de dois a três dias, resultando na rendição dos inimigos, na escravização de numerosos índios e na fuga de certo número de defensores franceses e nativos para os lados de Cabo Frio. Morria aí definitivamente o sonho da França Antártica, com baixas infinitamente maiores entre os índios do que entre os europeus. Além dos franceses que haviam desertado do Forte Coligny e permaneceram na Guanabara e dos sobreviventes que rumaram para Cabo Frio, outros procuraram abrigo em Pernambuco. Derrotados os gauleses, como a célula originária do Rio de Janeiro fora estabelecida em lugar muito perto da Barra, por razões estratégicas, mas circunstanciais, Mem de Sá, após ouvir várias pessoas, deliberou pela mudança da sede da infante cidade para o interior da baía, mais exatamente para o Morro de São Januário, posteriormente chamado do Castelo, o qual, depois, foi demolido, onde hoje se encontra a Esplanada do Castelo, nas proximidades do Aeroporto Santos Dumont, em virtude da existência, na época, de uma fortificação no sítio. Arariboia, batizado como Martim Afonso de Souza, foi recompensado por seus relevantes serviços aos lusitanos: tornou-se cavaleiro da Ordem de Cristo e senhor de 138
BUENO. Brasil, p. 84.
uma extensa sesmaria no Morro de São Lourenço, núcleo inicial de Niterói. Enquanto isso, na França, Villegagnon, tendo obtido recursos materiais e humanos suficientes, preparava-se para empreender nova expedição em apoio à colônia no Rio de Janeiro, com a aprovação da Regente Catarina de Médicis, quando correu a informação da queda do Forte Coligny em 1560. Uma frota de oito navios aparelhada por armadores normandos no Porto do Havre no ano seguinte, na qual seguiriam jesuítas gauleses, jamais partiria para o Brasil. A Coroa francesa protestou contra o ataque português à colônia da Guanabara, chegando, inclusive a autorizar a emissão de novas cartas de marca, mas nada conseguiu da Coroa lusitana, a não ser a promessa da possibilidade de soltura de eventuais prisioneiros, a qual ratificou a sua alegação de direitos de soberania sobre o território disputado e defendeu a tese de que estes haviam sido infringidos pela iniciativa de Villegagnon. Como consequência, o embaixador gaulês em Portugal, João Nicot, foi instruído a terminar a representação diplomática e deixar o reino luso, o que se tornou realidade em julho de 1561. Por outro lado, de maneira aparentemente contraditória, Portugal concedeu uma indenização ao Vice-Almirante da Bretanha, por reivindicação deste submetida ao embaixador lusitano em Paris, a título de ressarcimento pelas suas expressivas perdas no Brasil. É que o governo luso desejava afastar o perigo que representava um homem com a energia, a dedicação e as habilidades de Villegagnon nas terras brasileiras, com sua capacidade de organização militar e de manutenção de boas relações com os indígenas. De fato, este abriu mão do sonho da França Antártica. Villegagnon é, indubitavelmente, um rico personagem histórico, catalisador de controvérsias. O inglês Robert Southey, acolhendo o ponto de vista dos calvinistas, é extremamente crítico da figura de Villegagnon, em tom de carregado subjetivismo, perpetuando acusações hoje desmoralizadas ou nunca comprovadas. Diz, por exemplo, que ele “era um vil traidor, e enganara Coligny”, decretando que, “se não fôra a traição de Villegagnon ao seu próprio partido, seria quiçá o Rio de Janeiro hoje a capital duma possessão da França”, porém acabando por lhe reservar um elogio quase involuntário, pela pena do terceiro Governador-Geral do Brasil: [...] numa carta à sua côrte, exprimia Mem de Sá o receio que, se os franceses voltassem a ocupar a sua ilha, se realizasse a bravata. ‘Villegagnon (dizia êle) não trata como nós os gentios [.] É como êles generosos em excesso, e guarda-lhes rigorosa justiça; se algum dos seus comete um delito, é enforcado sem cerimônia, de modo que temido dêstes, é amado dos naturais. Mandou-o adestrar no uso das armas; aquela tribo é numerosa e uma das mais bravas, pelo que poderá êle tornar-se em breve extremamente poderoso’.139 Diversamente, Jonathas Serrano, sem deixar de reconhecer-lhe as falhas, admite que ele foi vítima de censuras imerecidas: Tornou-se Villegagnon odiado no seio de sua colônia. Apelidaram-no de ‘Caim da América’. Não é possível negar os grandes defeitos e erros dêste chefe francês, contudo é justo dizer que muitas das acusações que lhe foram feitas eram falhas e não se deve olvidar a sua bondade e liberalidade para 139
SOUTHEY, Robert. História do Brasil. Tradução de Luiz Joaquim de Oliveira e Castro. 3. ed. São Paulo: Obelisco, 1965. v. 1, p. 282.
com os nossos índios.140 Por seu turno, Vasco Mariz, na Introdução da obra Cartas por N. D. de Villegagnon e textos correlatos por Nicolas Barré e Jean Crespin, faz uma apreciação equilibrada de suas virtudes e defeitos, absolvendo-o no tribunal da História: Afinal era Villegagnon um vilão ou um herói? Um de seus contemporâneos assim o descreveu: ‘audacioso como um francês, esperto como um inglês e dissimulado como um jesuíta espanhol’. Sem dúvida, ele foi audacioso, valente e até imprudente em combate. Esperto também para superar as limitações de sua pequena nobreza. Dissimulado sim, e, como um jesuíta espanhol, foi sempre fiel a Deus, ao catolicismo e a seu rei. Os protestantes inventaram que no Brasil ele se havia convertido ao calvinismo e depois repudiado e perseguido ferozmente os calvinistas. Tudo mentira, mas essas mentiras foram repetidas durante séculos e danificaram a sua imagem de bom católico, homem honesto, competente, culto e valente. [...] Portanto, vilão certamente ele não foi. Como compará-lo aos conquistadores ávidos e sanguinários de sua época? Tampouco foi um pirata ou corsário. Era católico inflexível e intransigente, e, por isso, pagou com o desgaste pessoal e de sua fortuna. Seus atos sempre ocorreram dentro da mais total legalidade. Seu comportamento foi o de um soldado apaixonado pelas tarefas que lhe confiaram. Hábil diplomata e negociador, foi demasiado rígido em defesa de suas crenças religiosas. Bom advogado, escritor culto, não suportava divergências e reagia com violência. Por isso, alienou amigos, colaboradores e simpatizantes, e complicou sua vida. Tivesse ele realmente fraquejado em sua fé no Brasil, não teria sido depois altamente prestigiado pela Ordem de Malta e por toda a realeza católica da França. Foi ator e testemunha dos grandes acontecimentos do seu tempo, viveu uma existência fascinante e inconcebível para uma pessoa de sua origem relativamente modesta. A universalidade de sua atuação política e militar parece até inexplicável neste início do século XXI. Mas seria ele um herói? Sem dúvida, realizou feitos heroicos: o sequestro de Maria Stuart, sua atuação na batalha de Argel, na defesa da ilha de Malta, nos cercos de Rouen e da cidade de Sens. [...] Seja como for, Villegagnon foi um homem bravo, culto e honesto, com lampejos de heroísmo. Por isso, merece ser lembrado e admirado quatro séculos e meio depois de sua morte. Teve fé no futuro do Brasil para a França, e, se tivesse tido melhor sorte e recebido o auxílio apropriado do rei Henrique II, talvez hoje estivéssemos falando francês no Rio de Janeiro.141 E o mesmo Vasco Mariz e Lucien Provençal, no livro La Ravardière e a França 140 141
SERRANO, Jonathas. História do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia., 1968. p. 91. Ver VILLEGAGNON. Cartas por N. D. de Villegagnon e textos correlatos por Nicolas Barré e Jean Crespin., p. 31-33. Vasco Mariz ainda especula se a sobrevivência da França Antártica significaria um futuro melhor para o Rio de Janeiro: “Seria isso garantia de que os cariocas estariam hoje mais felizes, mais educados ou mais prósperos? Tenho dúvidas. Afinal de contas, o modelo colonial francês não foi exatamente um sucesso. Só no Canadá teve êxito.” Ibidem, p. 33.
Equinocial, dão o seu veredito sobre as causas do fracasso da experiência da França Antártica: O que podemos concluir em relação a essa tentativa? Bem preparada e bem realizada, esta veleidade pacífica, baseada na coabitação com os índios, fracassou. A intransigência do chefe, a mediocridade do pessoal, a falta de recursos financeiros foram as razões principais, e as hesitações da corte da França diante da atitude firme dos portugueses foram outra causa. O que devemos pensar da inconsistência de Coligny, que enviara 14 pastores para reforçar um cavalheiro de Malta intransigente? O risco de uma discórdia era evidente e o pretexto seria a presença – real para Villegagnon e simbólica para os protestantes – de que o corpo e o sangue de Cristo estavam na Eucaristia!142 De qualquer maneira, o fim da colônia fundada por Villegagnon não encerrou a presença dos rouliers de la mer na costa brasileira, muito pelo contrário. Ainda em 1564, Guillaume Feré e Geoffrey Dupré estiveram no litoral do Nordeste, e em 1565, quatro navios de carga gauleses, desconhecendo que o Forte Coligny fora tomado, chegaram à Guanabara e foram repelidos pelos lusitanos a tiros de canhão, sendo que um capitão de nau foi enforcado. Cinco anos depois, no mês de julho, os corsários protestantes Jacques de Sorès e Jean Capdeville, como retaliação, afundaram a nau Santiago, matando 494 lusos, incluindo 40 jesuítas. Outro capitão de navio, Hector Dumesnil, foi enforcado em 1572, desta vez em Viana do Castelo, apenas pelo fato de haver visitado Cabo Frio, onde a presença francesa não era novidade. Sete anos depois, deu-se a destruição de quatro naus da Normandia em Pernambuco, além de outras de La Rochelle na Paraíba. Em sequência, mais quatro navios gauleses foram atacados no Rio de Janeiro. Outra fortificação erguida pelos gauleses, agora na Paraíba, foi atacada e arrasada sem perda de tempo em 1582. No ano de 1595, Jean Noyer, chefiando cinco naus da frota do Almirante de Villars, firmou associação com o corsário inglês James Lancaster e saqueou Recife, em Pernambuco. A reação lusitana foi vigorosa e Jean Noyer acabou tombando em combate. Em 1599, assediavam o litoral brasileiro Lecoq, na área do Nordeste, Postel, em Cabo Frio, e Poil de Mil, em Sergipe, porém sem sucesso no escopo de triunfo sobre os portugueses, ainda em reduzido número nessas regiões. Enquanto isso, o Maranhão se tornou um dos destinos favoritos dos “papagaios amarelos”. Jacques Riffault, armador em Dieppe, audaz e experiente capitão do mar, é uma das figuras mais interessantes desse elenco. As numerosas viagens que fez à costa nordestina no século XVI, especialmente ao Potiiú (Rio Grande do Norte), a bordo daquela que seria largamente conhecida como “Nau do Rifoles”, lhe propiciaram, além do conhecimento sobre a região, o estabelecimento de ótimas relações com o cacique potiguar Ibirapi, Uirapive ou Ouvirapive, cujo nome se traduzia por “Árvore Seca”, o qual findou por convidá-lo a assentar-se com uma feitoria em seu território. Tão frequente era a presença de Riffault na área do Rio Potengi, comerciando com os indígenas, que existe lá na atualidade um lugar denominado Rifoles, corruptela de Riffault, onde se encontra a Base Naval brasileira. 142
MARIZ; PROVENÇAL. La Ravardière e a França Equinocial, p. 28.
Assim, imbuído do intento de aceitar a dita proposta, o navegador francês, no comando de três navios, partiu de seu país em 15 de março de 1594 rumo ao Rio Grande do Norte, todavia, próximo de alcançar a sua meta, viu sua frota empurrada impiedosamente pelas condições de tempo e de navegação para o noroeste, chegando ao Maranhão, onde ficou sem sua nau capitânia perto de Upaon-mirim (Ilha de Sant’Ana) e desembarcou com os sobreviventes em Upaon-açu (Ilha de São Luís). 143 Aí foi bem acolhido pelo tupinambá Japi-açu, o mais poderoso morubixaba da Ilha Grande, e instalou uma feitoria anterior à colônia que seria fundada por Daniel de la Touche e François de Razilly no ano de 1612. Além dos homens que pereceram no naufrágio, Riffault perdeu outros, os quais lograram atingir o continente e por lá se embrenharam, vindo, quatorze destes, a ser capturados por Francisco Coelho, Capitão-mor da Paraíba. A motivação de Riffault para regressar à França no único navio restante, deixando uma fração de seus homens em Upaon-açu, sob a liderança de seu principal colaborador, Charles des Vaux, ainda é fonte de divergência. Para Claude d’Abbeville, a razão foi a contrariedade com a cizânia que acometeu os seus patrícios: Com seu valoroso apoio [do chefe Ouvirapive] e o de um verdadeiro exército de selvagens, Riffault, que era guerreiro intrépido, teria muito fàcilmente alcançado seus objetivos, não fôssem a desunião e a discórdia entre os franceses e o naufrágio do seu navio principal, cousas essas que de tal modo o surpreenderam e descoroçoaram que êle resolveu voltar para a França. Entretanto, não cabendo, na embarcação que lhe restava, todos os franceses que levara, viu-se obrigado a abandonar em terra boa parte dêles.144 Segundo outros, Riffault teria decidido, sob estímulo de Japi-açu, de quem conquistara a simpatia, firmar-se no Maranhão e não no Potiiú, conforme o plano inicial, representando a volta à pátria um esforço de consecução de recursos mais robustos. De uma forma ou de outra, a permanência do huguenote Charles des Vaux, originário de Turenne, entre os tupinambás por quase ou aproximadamente um quinquênio fez dele um valioso truchement (intérprete ou “língua”) e conhecedor dos costumes indígenas da região, cuja experiência seria de grande utilidade na iniciativa colonial de 1612. Mais do que isso, a própria ideia da França Equinocial teve uma de suas sementes aí, quando Charles des Vaux se apercebeu da prodigalidade da terra, da disposição dos tupinambás para abraçarem a fé cristã e se submeterem à autoridade da Coroa gaulesa e, sobretudo, das vantagens de instalação de uma verdadeira colônia sob o patrocínio real em lugar de outra mera feitoria, motivo por que, sem notícias do paradeiro do Capitão Riffault,145 retornou no final de 1607 ou de 1609 à França, onde
143
“Hipótese provável é que a perda tenha sido motivada pelo mau conhecimento dos canais de acesso à Ilha do Maranhão.” BONNICHON, Philippe. A França Equinocial: a invasão. In: GUEDES, Max Justo (Coord.). História naval brasileira. Rio de Janeiro: Ministério da Marinha, 1975. v. 1, t. 2, p. 528. 144 ABBEVILLE, Claude d’. História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão. Tradução de Sérgio Milliet. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1975. p. 22. 145 O Padre José de Morais levanta hipóteses sobre o destino de Riffault: “Despedido dos companheiros, largou velas ao vento, que foi o mesmo que largá-los ao seu esquecimento, para se não lembrar da volta, ou porque os ares de França o fizeram totalmente esquecer do clima do Maranhão, ou porque no mar, com ambição de ajuntar mais algum cabedal, acabaria talvez a vida no antigo exercício de
tentou convencer o monarca de então, no caso Henrique IV, a adotar o seu plano, 146 o qual seria, de fato, concretizado, mas somente após a morte do grande rei. Um pouco antes, em 1604, não é demais recordarmos que Pero Coelho de Sousa desistira de seguir para o Maranhão quando enfrentara, na região montanhosa de Ibiapaba, a forte e obstinada oposição dos tabajaras chefiados por Mel Redondo, aliados em combate aos gauleses de Adolphe de Mombille, companheiro de Riffault. Quase paralelamente à aventura de Riffault e Des Vaux, no ano de 1596, Jean Guérard, possível descendente ou aparentado do outro Guérard, que aportara no Maranhão em 1523, aparelhou duas naus, a Le Dauphin e a Le Poste, cujos pilotos foram Michel e Nicolas Dupuis, a segunda das quais para viagens ao Maranhão, tendo daí para diante, como informa Mário Meireles, “se estabelecido com relativa regularidade as visitas, à terra, de corsários mandados por armadores de Dieppe”. 147 E ressalta Philippe Bonnichon que, “a partir de 1596, data em que o Ministro Seignelay tomou como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionou uma linha quase regular de navegação entre Dieppe e a costa a leste do Amazonas”. 148 Igualmente significativo é o fato de que Guérard, organizador dessa próspera conexão Porto de Dieppe-Maranhão, em memorando dirigido ao soberano francês Henrique IV, conforme destaca Lucien Provençal, aventou a possibilidade de uma implantação gaulesa de cunho permanente, o que se materializaria com a fundação da França Equinocial em 1612.149 Um nome costumeiramente associado ao de Guérard é o de Du Manoir, porquanto ambos mantiveram feitorias no Maranhão, precisamente na Ilha Grande. Prova disso é que Claude d’Abbeville testemunha que Du Manoir se encontrava “em Jeviree com muitos franceses, tanto de sua equipagem como da do capitão Gerard”, em companhia de fidalgos e soldados da tripulação “de quatro ou cinco capitães de Diepe”, quando da chegada da expedição de Daniel de la Touche e de François de Razilly, apoiada pela Rainha Regente Maria de Médicis, e que ele ofereceu aos recém-vindos “um banquete tão magnífico quanto poderia ser em França e no qual havia grande abundância de tôda pirata.” História da Companhia de Jesus na extinta província do Maranhão e Pará. Rio de Janeiro: Editorial Allhambra, 1987. p. 40. 146 “Entre êstes se encontrava um sr. des Vaux, natural de Sainte-Maure em Turenne, que em companhia de outros franceses guerreou com os índios contra outras tribos e tão corajosamente se comportou que alcancçou notáveis vitórias. Conformando-se sempre com os usos e costumes do país, aprendeu a língua dos índios. Após êsses bravos feitos em diversos e perigosos combates e uma longa estada na região, observou êle a beleza e as delícias da terra, sua fertilidade e fecundidade em tudo o que o homem pode desejar tanto com referência ao prazer do corpo, em virtude da amenidade do clima, como em relação à aquisição de imensas riquezas suscetíveis de serem transportadas para a França. Obtendo por outro lado a promessa dos índios de se converterem ao Cristianismo, e vendo aceito o oferecimento de lhes enviar de França uma pessoa qualificada a fim de governá-los e defendê-los contra seus inimigos, porquanto julgavam o temperamento francês mais do que os outros semelhante ao seu, pela doçura das relações, o sr. des Vaux deliberou voltar à França. Aí chegando, após uma viagem feliz, narrou fielmente à Sua Majestade Cristianíssima, Henrique, o Grande, tudo o que lhe ocorreu na viagem e lhe mostrou a honra que caberia a Sua Majestade no empreendimento da conquista, além do proveito e da utilidade que dela tiraria a França, e da coroa de gloria que o céu infalível mente (sic) lhe outorgaria pela salvação de tantas almas que se jogavam em seus braços na intenção de se converterem à religião do verdadeiro Deus.” ABBEVILLE. História da missão dos padres capuchinhos..., p. 22-23. 147 MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 34. 148 BONNICHON. A França Equinocial: a invasão. In: GUEDES, Max Justo (Coord.). História naval brasileira, p. 526. Ver também RONCIÈRE, Charles de la. Histoire de la marine française: en quète d’un empire colonial: Richelieu. Paris: Plon-Nourrit, 1910. v. 4, p. 348. 149 Ver PROVENÇAL, Lucien. A França Equinocial: os franceses no Maranhão. In: MARIZ (Org.). Brasil-França: relações históricas no período colonial, p. 88.
espécie de caça e de carne, tudo preparado ao gôsto francês; e não faltou bom vinho; nem sobremesas”.150 Da mesma maneira, Maillard e Moisset estiveram na Ilha do Maranhão. E não nos esqueçamos de David Migan (ou Mingau), experimentado intérprete de longa convivência com os tupinambás, “desde a mais tenra infância”, 151 requisitado particularmente nas ocasiões de conflito ou desconforto entre estes e os seus compatriotas gauleses para reafirmar a autoridade dos últimos, personagem tanto da História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, obra de Claude d’Abbeville,152 quanto da História das coisas mais memoráveis, ocorridas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614, livro de Yves d`’Evreux. 153 Em anotação ao texto do capuchinho Yves d’Évreux, Ferdinand Denis traça um perfil do destacado intérprete: David Mingau era de Dieppe e, como tantos normandos do fim do século XVI, viera buscar fortuna entre os selvagens do Brasil. Os chefes da expedição encontraram-no estabelecido havia muitos anos em Juparanã, na ilha do Maranhão. Era, em toda extensão da palavra, um intérprete da Normandia e Deus sabe de que reputação gozavam aqueles intérpretes no que se chamava então o mundo civilizado. Chegava-se até a assimilá-los aos selvagens de cujos odiosos festins, segundo se dizia, eles participavam. David Mingau teve as honras do Mercure français [...]. Voltou à França com Razilly, a quem era especialmente ligado, pois só ele era capaz de bem traduzir para a rainha o longo discurso de Itapucu. Observamos, de passagem, que ele apôs sua assinatura na cessão de direitos que La Ravardière fez a François de Razilly. Isso indica, sem a menor dúvida, que ele gozava de uma consideração excepcional. O nome de Mingau, contudo, parece-nos ser um nome de guerra, essa palavra em tupi designa a espessa papa que se fazia com farinha de mandioca. Malherbe, que estava no palácio das Tulherias quando da apresentação dos índios, observa a habilidade desse homem. Havia outro intérprete chamado Sebastião que tinha sido designado para acompanhar Yves d’Évreux.154 E Antonio Noberto sublinha o papel de David Migan e de outros “línguas” em um período duradouro no qual a hodierna Ilha de São Luís abrigou um importante posto comercial francês, com o suporte dos indígenas, que atraía numerosos corsários, comerciantes e navegadores bretões e normandos, como o próprio Jacques Riffault, em meio ao imenso vazio da colonização portuguesa no norte do Brasil: Ainda nos anos mil e quinhentos, a Ilha Grande, então Upaon-Açu, era o principal porto e lugar de comércio do Brasil setentrional. Nativos e 150
ABBEVILLE. História da missão dos padres capuchinhos..., p. 55-56. Ibidem, p. 117. 152 Ver, por exemplo, ibidem, p. 117-118. 153 Ver, por ilustração, ÉVREUX, Yves d’. História das coisas mais memoráveis, ocorridas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614. Introduções de Ferdinand Denis (e notas), Gabriel Marcel e Mércio Pereira Gomes. Tradução de Marcella Mortara. Rio de Janeiro: Batel: Fundação Darcy Ribeiro, 2009. p. 156. Ver também ÉVREUX, Yves d’. Viagem ao norte do Brasil: feita nos anos de 1613 a 1614. Colaboração de Ferdinand Denis. Tradução de César Augusto Marques. São Paulo: Siciliano, 2002. p. 111. 151
154
Ver nota de Ferdinand Denis em ÉVREUX. História das coisas mais memoráveis, ocorridas 156. Ver igualmente anotação em ÉVREUX. Viagem ao norte do Brasil, p. 398.
no Maranhão...,
p.
estrangeiros, principalmente franceses, comercializavam e patrocinavam uma linha quase regular de navegação ‘entre Dieppe e a Costa Leste do Amazonas’. No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornou-se morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá [...]. Entre estes estava David Migan , o principal líder francês desta época. Ele era o ‘chefe dos negros’ (índios) e ‘parente do governador de Dieppe’. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville. Vale lembrar que, nesta época, o último reduto português era a fortaleza do Natal, edificada em 1599 por Mascarenhas Homem com a participação de Jerõnimo de Albuquerque. Todo o Brasil setentrional estava completamente abandonado pelo colonizador luso e, portanto, nas mãos de comerciantes de outras nações, aí também incluídos ingleses, holandeses, espanhóis, escoceses, dentre outros. [...] Os corsários franceses deste período não descansavam. Jacques Riffault, Charles des Vaux, David Migan e Adolphe de Montville, na companhia de centenas de outros navegadores e selvagens de diferentes tribos, se faziam presentes nos mais diversos recantos do Norte e Nordeste brasileiro, geralmente entre o Potengi e o Amazonas. O interior do Maranhão era bem conhecido por eles. O Mearim, Itapecuru, Munim, Grajaú, Tocantins e tantos outros eram vias utilizadas que ligavam o interior maranhense com o litoral e a Europa.155 Conquanto os empreendimentos privados, sob os olhares complacentes ou nitidamente aprovadores da Coroa gaulesa, hajam sido os mais numerosos, aqueles de planejamento oficial tampouco foram raros. Catarina de Médicis, regente após a morte de seu esposo Henrique II em 1559, jamais deixou de acalentar o projeto de assenhorear-se de uma parte do Brasil. Com tal intuito, atribuiu a seu primo Filippo Strozzi, a partir de 1576, sem alarde, a tarefa de promoção de missões por estas plagas, sob a direção de Jean de Coquigny e Jacques de Vaux de Claye, com o propósito de recrutamento de 10.000 indígenas. Assim, no indigitado ano de 1576, Jean de Coquigny e seus comandados da nau La Salamandre se apoderaram da aldeia de Ararouê, na tão cobiçada Baía de Guanabara, onde somente puderam sustentar a sua posição por três meses. Fosse a missão mais bem-sucedida, Catarina possivelmente teria tornado o seu parente o Vice-Rei de uma renovada França Antártica. Três anos depois, Jacques de Vaux, navegador e cartógrafo de Dieppe, viajou ao Brasil, oportunidade em que reconheceu a sua costa e fez mapas complementares aos de Desliens, Desceliers e Le Testu, um dos quais retratando o trecho litorâneo do Maranhão ao São Francisco, vindo a noticiar que no trecho entre Pernambuco e o Rio da Cruz os gauleses poderiam usufruir do auxílio de aproximadamente 10.000 índios contra os lusos. Igualmente explorou o Amazonas em 1582 e 1584. Em 1597, o Capitão-de-Mar-e-Guerra Toussaint Conen de la Villaudoré, no comando de uma frota de sete naus, contando com um subsídio de 60.000 libras, já sob o reinado de Henrique IV, explorou o Rio Grande do Norte e a Paraíba, porém fracassou 155
NOBERTO, Antonio. O Maranhão francês sempre foi forte e líder. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Edição eletrônica, São Luís, v. 1, n. 39, p. 163, dez. 2011. Disponível em: <http://issuu.com/leovaz/docs/>. Acesso em: 26 fev. 2012.
no propósito de tomar o Forte Cabedelo dos 20 lusitanos que o defendiam, não obstante a sua superioridade em termos militares. No ano de 1604, o huguenote Daniel de la Touche de la Ravardière, que seria, como sabemos, uma das duas figuras de proa da França Equinocial, esteve no trecho das Guianas até o Rio Oiapoque, no hoje Estado do Amapá, juntamente com o geógrafo Jean Mocquet, futuro encarregado do Gabinete das Singularidades do Rei Henrique IV, para efetuar o levantamento da área, em iniciativa aprovada pelo Almirante Charles de Montmorency, chefe da Marinha gaulesa. Mocquet observou os nativos e seus costumes, a fauna e a flora dos lugares visitados e deixou registro escrito dessa aventura. Daniel também fez suas anotações sobre os indígenas e as riquezas potenciais e tomou parte em guerras entre tribos. Na volta, La Ravardière levou para o seu país o cacique Iapoco, cujo nome é uma possível corruptela de “Oiapoque”, o qual atraiu atenção especial na Corte e, posteriormente, trabalhou como empregado da esposa do arrojado navegador. Finalmente, no ano de 1612, os franceses, liderados pelo mesmo Daniel de la Touche e pelo católico François de Razilly, sob as bênçãos da Rainha Regente Maria de Médicis, se instalaram na Ilha do Maranhão, outrora da Trindade, hoje de São Luís, onde fundaram a chamada França Equinocial, segunda experiência colonial gaulesa no Brasil, com o apoio dos tupinambás, a qual duraria apenas até 1615, mas legaria às futuras gerações a cidade de São Luís, nascida do forte do mesmo nome. Uma vez mais, os portugueses triunfaram e expulsaram os seus rivais do Brasil. Esta iniciativa encabeçada por La Ravardière e Razilly, tão fascinante, mas pouco abordada, em profundidade, pela historiografia brasileira e, menos ainda, pela historiografia francesa, merece um estudo específico, que deixamos para outra oportunidade. O norte da América meridional, com a fascinação exercida pelo Eldorado, permaneceu, todavia, uma obsessão dos franceses, os quais, em 1624, na Guiana, implantaram um núcleo comercial em Sinnamary e mais um em Caiena, fundada no ano de 1637, que foi conquistada pelos holandeses em sequência e retomada em 1664, quando o território voltou ao domínio gaulês, sob o comando de Joseph-Antoine Le Febvre de la Barre, nomeado Governador da Guiana, e os auspícios da Companhia da França Equinocial. Mesmo o célebre estadista Armand-Jean du Plessis, que passou à História como o Cardeal de Richelieu (1585-1642), imortalizado na obra Os três mosqueteiros (1844), de Alexandre Dumas, primeiro-ministro de Luís XIII de 1624 a 1642, não ignorou, sob influência de Isaac de Razilly, o potencial oferecido pela terra brasileira, conferindo a Jacob Bontemps o monopólio dos negócios na região amazônica e no Orinoco em 1626, associado ao compromisso de transporte de 1.200 imigrantes. Seu protegido e sucessor, Jules Mazarin, o famoso Cardeal Mazarino ou Mazarin, italiano radicado na França, onde também ocupou a alta posição de primeiro-ministro, desde 1642 até o seu falecimento – durante a regência de Ana d’Áustria e o início do governo de Luís XIV, o “Rei-Sol” –, teria, por seu turno, sido aconselhado pelo Conde de Pagan, Blaise François – um dos mais reverenciados tratadistas gauleses, cego aos 38 anos quando já ocupava o posto de Marechal de Campo, mas visionário –, a promover a conquista do território amazônico com base em aliança com os nativos, entre os quais os tupinambás, como revela Ferdinand Denis em mais uma de suas notas críticas e históricas ao livro de Yves d’Évreux, após salientar o prestígio na França da divulgação de experiências sobre o Rio das Amazonas, região do Eldorado, como as de Alphonse de Saintonge, Jean Mocquet e até La Ravardière:
Todos esses relatos sobre o grande rio tinham deixado, na França, impressões tão duráveis que o conde de Pagan convidava Mazarino, 40 anos mais tarde, para retomar os projetos esquecidos. Para conquistar a Amazônia, deseja a união com os índios. Segundo ele, o cardeal deve buscar a aliança dos ilustres Omágua, dos generosos Iorimã e dos valentes Tupinambá. Nunca, com certeza, aqueles selvagens receberam tão pomposas denominações!156 Houve uma terceira tentativa, de menor porte e, portanto, menos conhecida, de estabelecimento de uma colônia francesa no Brasil, novamente no Maranhão, realizada pelos calvinistas que haviam deixado a França, após a derrota que lhes fora imposta pelas tropas católicas do soberano Luís XIII no sítio de La Rochelle nos anos de 1627 e 1628. Eles se juntaram aos holandeses, igualmente protestantes, quando da ocupação de São Luís em 1641, os quais foram expulsos pelos luso-brasileiros em 1644. Vasco Mariz e Lucien Provençal descrevem o episódio: Após a tomada de Pernambuco, aqueles franceses se separaram da frota holandesa, como previamente combinado, uniram-se aos batavos e participaram de um ataque a São Luís, encontrando apenas débil resistência. A pequena colônia luso-brasileira voltou parcialmente ao domínio francês com o nome de Saint Louis de Maragnon, embora as tropas holandesas mantivessem o total controle militar da cidade e da região. No Maranhão, os franceses eram chefiados pelo pastor Paquier e constituíram um distrito autônomo dos holandeses, também protestantes, mas sob a sua proteção. Não utilizavam a bandeira da flor de lis do rei católico e sim a bandeira azul e branca de La Rochelle, ao lado do símbolo da companhia holandesa de comércio. Os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais expulsaram os jesuítas portugueses e impuseram os costumes protestantes. A convivência com a população local não foi nada boa, pois os portugueses os consideravam heréticos e conquistadores. Os recémchegados se apoderaram das melhores propriedades sem indenização aos donos, ou passaram a residir juntamente com os antigos proprietários, que se tornaram seus empregados. A situação ficou cada vez mais difícil e foi necessário reforçar a guarnição holandesa para manter a ordem.157 O projeto colonial gaulês no norte brasileiro nunca obteve êxito. Do sonho da França Equinocial, focado em uma base colonial que se estenderia do Maranhão à Guiana, alimentado, por mais de um século, por monarcas, armadores, comerciantes, militares, gentis-homens, políticos, corsários e aventureiros de toda espécie, somente restou o atual departamento ultramarino da Guiana Francesa. 158 156
Ver anotação de Ferdinand Denis em ÉVREUX. História das coisas mais memoráveis, ocorridas no Maranhão..., p. 114. Ver também nota em ÉVREUX. Viagem ao norte do Brasil, p. 390. 157 MARIZ; PROVENÇAL. La Ravardière e a França Equinocial, p. 131. 158 “No entanto, parece-nos necessário esclarecer que a denominação de França Equinocial foi dada posteriormente à Guiana. As companhias de comércio que se organizavam na França herdaram os direitos concedidos a La Ravardière. A companhia Rosée Robin, de Rouen, e outra dirigida por Jacob Bontemps receberam da Coroa o monopólio do tráfico entre os rios Amazonas e Orinoco, na atual Venezuela, inclusive a embocadura dos dois rios, o que nos interessa portanto. Os ministros franceses utilizaram as informações colhidas por La Ravardière, que lá estivera três vezes, para exigir a soberania daquela enorme região entre os rios Oiapoque e o Amazonas, criando assim um grave problema com os portugueses e depois com o Império brasileiro, impasse só solucionado pelo Barão do Rio Branco em 1900. No entanto, utilizando as palavras de Bonnichon, ‘Caiena pouco compensou os insucessos de Villegagnon e da França Equinocial’”. Ibidem, p. 137-138.
Se o Maranhão e a parte setentrional do litoral brasileiro sempre despertaram o interesse dos franceses, que, por muito pouco, não se tornaram senhores da região, não é menos verdade que o Rio de Janeiro continuou a inspirar, pelo menos até o princípio do século XVIII, as investidas gaulesas no território brasileiro. No entanto, as ações dos corsários Jean-François Duclerc e René Duguay-Trouin foram traumáticas, nada guardando do propósito colonizador que moveu os protagonistas da França Antártica e da França Equinocial. Duclerc, ancorado no apoio de Luís XIV, chefiando uma respeitável frota de cinco naus com cerca de 1.000 tripulantes, zarpou de La Rochelle e atingiu a entrada da Baía de Guanabara em agosto de 1710 e enfrentou a resistência inicial dos lusitanos, optando por desembarcar nas imediações de Guaratiba, área de praia situada perto da Barra da Tijuca, penetrar um pouco no interior e desencadear um ataque à cidade via retaguarda, de madrugada, cujo porto servia de escoamento do ouro das Minas Gerais com destino a Portugal. Mas não foi bem-sucedido no confronto com o Governador Castro Morais, que triunfou com a ajuda de voluntários e estudantes. Duclerc teve 300 de seus homens mortos, foi capturado, juntamente com os sobreviventes, entre os quais 41 de seus oficiais, e, mantido prisioneiro em uma das melhores residências do Rio de Janeiro, morreu assassinado em abril de 1711 por dois indivíduos mascarados. Em setembro do mesmo ano, Duguay-Trouin, aparentemente motivado por vingança, porém, sem dúvida, também por cobiça, no comando de uma armada de 18 naus, com um efetivo de 5.764 homens, aparelhada com 740 peças de artilharia e 10 morteiros, apossou-se do Rio de Janeiro, demandou e conseguiu a quantia de 600.000 cruzados, além de 100 caixas de açúcar e 200 bois, como condição para preservar e não arrasar a cidade, aceita pelo governador referido, o qual viria a perder o cargo em decorrência de sua decisão de pagar o resgate. Se o desenlace não foi feliz para Castro Morais, o mesmo não vale para Duguay-Trouin, elevado à condição de chefe de esquadra pelo “Rei-Sol”, graças aos lucros da expedição, conquanto uma tempestade na viagem de volta haja arrastado para o fundo do mar dois dos navios, tripulados por 1.200 homens e carregados de dinheiro. Ante as expressivas e seguidas derrotas nos campos das armas e da diplomacia, a França pouco conservou do pequeno império colonial que chegou a construir ou com o qual sonhou no Novo Mundo, consoante avalia Mário Meireles: Pouco sobraria aos franceses no Novo Mundo do muito que chegaram a possuir, depois de tantas e sucessivas perdas e da independência do Haiti (1/1/1804): a Guiana Francesa, na América do Sul, e os departamentos de Martinica e Guadelupe, na América Insular, este compreendendo, além da ilha que lhe dá o nome, mais as pequenas antilhas de Marie Galante, Las Santas, Petite-Terre, Deseada, Saint-Bartholomé e Saint-Martin (parte).159 REFERÊNCIAS ABBEVILLE, Claude d’. História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão. Tradução de Sérgio Milliet. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1975. 297 p. (Coleção Reconquista do Brasil, 19).
159
19.
MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 29. Ver, ainda, MEIRELES. França Equinocial, 1962, p.
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AS PRIMEIRAS TENTATIVAS PORTUGUESAS DE POVOAMENTO E COLONIZAÇÃO DO BRASIL E DO MARANHÃO E A ORIGEM DO NOME “MARANHÃO” ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Nos primeiros anos do século XVI, Portugal, de território sabidamente pequeno, contava com menos de dois milhões de habitantes,160 em contraste com uma população aproximada de três a quatro milhões de índios no Brasil da época do Descobrimento.161 Com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, Portugal, dividido entre o Oriente e o Ocidente, era senhor potencial ou efetivo de extensas terras, para cuja exploração, ocupação ou colonização eram necessários recursos indubitavelmente superiores aos disponíveis ou possíveis. O Brasil não era e não podia ser então prioridade para Portugal. A Índia, com suas especiarias, ainda era a fonte principal de riquezas, embora cada vez a exigir maiores investimentos. Isto não quer dizer que não tenham sido adotadas medidas, tímidas que fossem, sob o reinado de D. Manuel, para a ocupação da terra inicialmente identificada como Ilha de Vera Cruz. A primeira expedição, de cunho exploratório, da qual participou Américo Vespucci, foi a de Gaspar de Lemos, que deixou Lisboa a 10 de maio de 1501, à frente de três navios, para lá retornando em setembro de 1502, após percorrer a costa brasileira da altura do Rio Grande do Norte para o sul, ao longo da qual foram batizados os lugares e acidentes geográficos visitados com os nomes dos santos e das festividades religiosas do dia: Cabo de São Roque, Cabo de Santo Agostinho, Rio São Francisco, Baía de Todos os Santos, Cabo de São Tomé, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, entre outros. Tais explorações possibilitaram aos portugueses o reconhecimento de que a nova possessão não era uma ilha, porém uma vasta extensão de terra, com abundância de pau-brasil, denominada ibirapitanga pelos indígenas. A segunda, tendo como comandante Gonçalo Coelho, formada por seis caravelas, igualmente dispondo da perícia e experiência do cosmógrafo Américo Vespucci, saiu de Lisboa em 10 de junho de 1503, alcançando uma ilha desabitada, a qual foi chamada de Quaresma, nome posteriormente mudado para São João e, por fim, Fernando de Noronha. Encarregado de buscar um ancoradouro para os navios, o piloto florentino demorou-se nessa missão, na qual obteve êxito, de maneira que, quando retornou ao ponto onde estava a capitânia, não mais a encontrou, uma vez que esta seguira para o sul, havendo informação de que teria atingido o Rio de Janeiro e continuado até o Rio da Prata. Enquanto isso, Américo Vespucci rumou para a Baía de Todos os Santos e Cabo Frio, onde foi plantada uma feitoria com cuidados de fortim, e voltou a Portugal levando um expressivo carregamento de pau-brasil. Aliás, o navegador que deu nome ao nosso continente, em carta endereçada a D. Manuel em 1504, mostrou-se cético sobre as 160
Ver, a propósito, MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. 2. ed. São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. p. 31; e MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. São Luís: Tipografia São José, 1962. p. 23. 161 Ver, sobre o assunto, MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612-1615). Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. p. 19.
possibilidades econômicas da terra, cuja riqueza maior parecia ser o pau-brasil, por não haver nela sido encontrada qualquer espécie de minério, como o ouro, o que certamente não foi uma notícia animadora para os lusitanos. De qualquer forma, o pau-brasil foi, sem dúvida, nossa primeira riqueza, explorada pelos portugueses, nada comparável, é certo, aos lucros advindos do comércio das especiarias das Índias nesses tempos primordiais, mas logo alvo de vigoroso tráfico, em especial por parte dos franceses, que se revelaram mais hábeis no estabelecimento de relações com os indígenas ao longo da costa brasileira, conquistando a simpatia e a colaboração de várias tribos. Assim, considerando a utilidade dessa madeira para a indústria de tintas e o despertar da cobiça dos concorrentes estrangeiros, seu aproveitamento econômico não podia ser desprezado ou negligenciado, motivo pelo qual D. Manuel, depois do regresso da expedição de Gaspar de Lemos, reservou à Coroa o monopólio desse comércio, optando, no entanto, por confiar à iniciativa particular a exploração da Terra de Santa Cruz, mediante o arrendamento da extração do pau-brasil a mercadores de Lisboa, destacando-se, entre os arrendatários, o cristão-novo Fernão de Noronha ou Loronha, cuja fortuna estava assentada no comércio das especiarias e a quem caberia, pelo contrato firmado, enviar seis navios por ano à terra descoberta por Cabral, explorar 300 léguas do litoral, edificar e manter uma fortificação no correr de três anos e pagar à Coroa lusa 1/5 do valor da madeira obtida. Por conta deste, esteve no Brasil uma frota em 1503, viagem essa sobre a qual pouco é sabido, mas que levou o soberano lusitano a doar ao rico armador, em 16 de janeiro de 1504, a Ilha de São João, hoje conhecida, conforme já frisado, como Fernando de Noronha, a propósito, a primeira capitania hereditária destas plagas. O sistema de arrendamento a particulares, contudo, baseado prioritariamente no lucro, não surtiu os efeitos exploratórios e colonizadores desejados, quase abandonando a nova possessão à ação contínua de piratas, corsários e armadores europeus, notadamente franceses e espanhóis. D. Manuel e seu sucessor D. João III protestaram contra essa ação perante a Coroa francesa, principalmente o monarca Francisco I, sem êxito, já que este não reconhecia os alegados direitos de monopólio comercial dos portugueses e não se dispunha a coibir a lucrativa atividade desenvolvida por armadores, aventureiros, negociantes, marinheiros, piratas e corsários gauleses. Ante o insucesso dos protestos, e visando proteger o nosso litoral e dar fim ao tráfico estrangeiro do pau-brasil, cuja madeira de melhor qualidade era possivelmente a encontrada em Pernambuco (Caesalpinia crista), D. Manuel, recorrendo à alternativa militar, enviou a primeira expedição guarda-costa, chefiada por Cristóvão Jaques, o qual, entre 1516 e 1519, estruturou a defesa das feitorias de Cabo Frio, Santa Cruz e Igaraçu, respectivamente no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, e teria prosseguido até o Rio da Prata. Já sob o governo de D. João III, o mesmo Cristóvão Jaques comandou outra expedição guarda-costa, no período de 1526 a 1528, providenciando a fundação da povoação ou feitoria de Itamaracá em Pernambuco. Nesses anos, o comandante citado foi responsável pelo afundamento dirigido de navios de nacionalidade francesa e pela captura e morte de seus tripulantes. A postura militar, todavia, não foi suficiente para sequer abalar os alicerces do tráfico combatido, visto que os comerciantes gauleses contavam com a boa vontade de seus aliados índios para a continuação de suas atividades, além do que os piratas daquele país, concomitantemente, apresavam naus lusitanas, chegando a mais de duzentas em 1551.
D. João III, o Piedoso, ao ascender ao trono português em 1521, preocupado em preservar e ampliar a sua herança de um império ancho e disperso de ilhas atlânticas e terras ultramarinas, promoveu o efetivo início da colonização do Brasil, porquanto a cobiça estrangeira pela madeira de tingir, origem do nome pelo qual a terra seria finalmente conhecida, já punha em risco o futuro do domínio português sobre essa possessão. Em 3 de dezembro de 1530, partiu do Tejo uma esquadra integrada por duas naus, um galeão e duas caravelas, comandada pelo fidalgo Martim Afonso de Sousa, descendente bastardo de D. Afonso III, acompanhado de seu irmão Pero Lopes, que narraria o êxito da empresa no seu valioso Diário de navegação. Foi a primeira expedição realmente colonizadora de nosso país, dotada de uma tripulação de quatrocentos homens, mudas de plantas e instrumentos agrícolas, cujo objetivo era afirmar a posse da terra, mediante a intensificação do combate aos piratas e, maiormente, a doação de sesmarias e o estabelecimento de núcleos de povoação de cunho permanente, que pudessem, de forma autônoma, cuidar do seu próprio desenvolvimento, proteger e explorar o território. Alcançando o litoral pernambucano, defrontou-se, logo no começo, nas proximidades do Cabo de Santo Agostinho, com três navios gauleses, os quais foram vencidos e apresados, sendo o carregamento de pau-brasil apreendido e remetido a Portugal. Em Pernambuco, Martim Afonso reativou a feitoria que fora pouco tempo antes saqueada por um galeão francês. Também enviou Diogo Leite com as caravelas Rosa e Princesa com a missão de explorar a costa norte até o “Rio do Maranhão”, o qual, de fato, atingiu a foz do Gurupi, oportunamente denominada Abra de Diogo Leite, atribuindo-se-lhe a conferição dos nomes de São José e São Marcos às baías do Golfão Maranhense. Em sequência, com o resto da frota, velejou para a Baía de Todos os Santos, aí encontrando o náufrago ou degredado Diogo Álvares, o famoso Caramuru, português que, vivendo entre os índios há 22 anos, usufruía do respeito destes e prestaria preciosa assistência aos seus compatriotas. Dirigiu-se então mais ao sul, alcançando a barra do Rio de Janeiro, onde se quedou por três meses. Determinou a edificação de uma casa forte à foz do Rio Comprido. Em prosseguimento da missão, Martim Afonso deteve-se por um mês e meio na área de Cananeia e rumou para o Rio da Prata, mas, à altura do Chuí, perdeu a nau capitânia em virtude de um temporal, salvando-se, com dificuldade, numa tábua, e abrigando-se na Ilha das Palmas. Em consequência, delegou a seu irmão a tarefa de exploração do rio visado e da região, o que este cumpriu em um bergantim com sucesso, atingindo o delta do Rio Paraná e seguindo-o até o esteiro dos Carandins, nas proximidades de San Pedro, na Argentina, onde foram postos dois padrões de pedra das armas reais, para marcar a posse da terra em favor de Portugal. Novamente juntos, Martim Afonso e Pero Lopes deixaram para trás o território platino e retornaram à costa brasileira, aportando em São Vicente em janeiro de 1532. Na região, o capitão-mor fundou duas vilas: a de São Vicente, na ilha da mesma denominação, que vingou, e a de Piratininga, no planalto, que pereceu. Distribuiu terras de sesmaria aos companheiros que ficariam no Brasil. No rol dessas sesmarias, estão aquelas de Pero de Góis, Brás Cubas e João Ramalho. Estruturou a administração das duas primeiras colônias regulares, nomeando autoridades, municipais e judiciárias, sem olvidar a relevância da presença religiosa. Providenciou a defesa de São Vicente com a construção de um fortim. Incentivou o desenvolvimento da lavoura canavieira, contribuindo para a transição da economia colonial do comércio do pau-brasil para o do
açúcar. O trabalho de Martim Afonso agradou, como era esperado, a D. João III, o qual, em carta de 28 de setembro de 1532, louvou-lhe os serviços prestados e anunciou-lhe a sua decisão de adotar o sistema de Capitanias hereditárias para a colonização do Brasil, dando-lhe a opção de regressar à metrópole ou de aqui permanecer, com direito a 100 léguas do litoral, enquanto seu irmão teria terras de extensão significativa, porém inferior. Martim Afonso escolheu voltar a Portugal, o que fez em 1533, incumbindo o Padre Gonçalo Monteiro da administração da Vila de São Vicente e João Ramalho do governo da outra povoação. Jonathas Serrano refere-se ao fidalgo como o detentor da “glória de ter iniciado a verdadeira colonização portuguêsa no Brasil”, cuja obra maior residiria precisamente na fundação das vilas no sudeste brasileiro e em suas consequências: Para dar início ao povoamento da primeira vila, levantou-se o pelourinho; uma igreja e uma alfândega logo se ergueram entre as habitações destinadas aos colonos. Depois de fundada, à beira-mar, a vila de S. Vicente, Martim Afonso transpôs a Serra do Mar e lançou, beira-rio, no interior, os alicerces de uma segunda vila, a de Piratininga, que teria duração efêmera. Aí foi secundado por João Ramalho, que lhe proporcionou a aliança dos Tamôios, graças à sua qualidade de marido de Bartira, filha do cacique Tibiriçá e que fundou a vila de Santo André da Borda do Campo. Introduziu nas duas colônias vários animais domésticos trazidos da Europa e cana de açúcar vinda da ilha Madeira. A cultura do trigo e a da vinha também prosperaram [...]162 Já por essa época, as Índias haviam perdido a sua condição de inquestionável manancial de riquezas para Portugal, face à crescente concorrência estrangeira na aquisição das especiarias, demandando mais e mais recursos, em sobrecarga ao Tesouro, de feição a compelir D. João III a recorrer a empréstimos para a manutenção de pessoal administrativo e militar no Oriente. Endividando-se, o país tinha dificuldades para fazer frente aos necessariamente dispendiosos esforços de colonização de suas terras na América, ainda mais pelo fato de que o pau-brasil não constituía um negócio admiravelmente rentável, levando-se em consideração o continuado, e cada vez mais organizado, comércio clandestino de que era alvo por parte de outras nações. “A incapacidade do Erário régio para atender às vultosas despesas da colonização foi, portanto, uma das principais razões da aplicação, ao Brasil, do regime da concessão de Capitanias hereditárias”, escreve Helio Vianna, acrescentando que Portugal buscou apoio na iniciativa de particulares, mais especificamente “grandes soldados e marinheiros da África e do Oriente, altos funcionários do Reino e fidalgos da Casa Real que se dispusessem a correr os riscos de uma emprêsa tão difícil quanto honrosa”. 163 Para não perder suas terras americanas no porvir, pela eventual colonização que viesse a ser realizada por uma dessas nações cobiçosas, e para resguardar o erário, o governo luso adotou esse sistema, o qual representou uma adaptação da experiência de doação de bens da Coroa que orientara, desde os século XV, os primeiros passos da exploração, povoamento e colonização das ilhas atlânticas, como as da Madeira, Açores e Cabo Verde. 162
SERRANO, Jonathas. História do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia., 1968. p. 73. VIANNA, Helio. História do Brasil: período colonial. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1965. v. 1, p. 62.
163
Os donatários usufruíam um imenso poder no âmbito de suas capitanias, reunindo atribuições dos três poderes, isto é, executivo, legislativo e judiciário, mas sempre como vassalos do soberano reinante, submetidos, tão-somente, à autoridade e fiscalização da metrópole. Também eram hercúleas as suas responsabilidades, descritas por Mário da Veiga Cabral, voltadas para o objetivo prioritário de colonização dessas terras: Os donatários ficavam na obrigação de colonizar o solo, fundar povoações, nomear todos os empregados (administrativos, judiciários e militares), decretar e cobrar impostos, estudar as bacias hidrográficas, conceder sesmarias a particulares desde que êstes seguissem a religião católica, criar alcaidarias e monopolizar marinhas e cursos de rios.164 A Coroa, por sua vez, não abria mão de certos privilégios, assegurando-se-lhe “o quinto dos metais e pedras preciosas, o monopólio do pau-brasil, das drogas e especiarias, os pequenos direitos alfandegários, o direito de cunhar moeda e o dízimo de todos os produtos”, como enumera Jonathas Serrano.165 A concessão das capitanias, estas de cunho hereditário, inalienável e indivisível, era formalizada pelas chamadas “cartas de doação”, nas quais restavam sacramentados os direitos e prerrogativas dos donatários, adquiridos em função do reconhecimento da legitimidade da posse, não se tratando, destarte, de outorga de propriedade. Já o “foral” traduzia o documento de natureza contratual que regia a relação entre os colonos, o donatário e o rei, no tocante a direitos, foros, tributos e outras coisas. Além da capitania insular da Ilha de São João, criada em 1504, futura Fernando de Noronha, sob o reinado de D. Manuel, D. João III criou, entre 1534 e 1536, 14 capitanias hereditárias na parte continental leste do Brasil, correspondentes a 15 lotes, em benefício de 12 donatários, que acompanhavam o contorno do litoral, do Maranhão até Santa Catarina, findando, a oeste, no meridiano estabelecido no Tratado de Tordesilhas (1494), de limites não demarcados. Eram estas, na direção norte-sul: a) Maranhão (a primeira), situada entre a Aba de Diogo Leite e o Cabo de Todos os Santos ou entre a foz do Rio Gurupi e a Ponta dos Mangues Verdes, de 50 léguas de costa, tendo Aires da Cunha como donatário, o qual firmou associação com Fernando Álvares de Andrade e o afamado historiador João de Barros; 164
CABRAL, Mário da Veiga. História do Brasil: curso superior. 19. ed. Rio de Janeiro: Paulo de Azevedo, 1959. p. 62. 165 SERRANO. História do Brasil, p. 78. O mesmo autor oferece outros detalhes sobre o regime das Capitanias hereditárias: “O donatário devia colonizar e defender a sua capitania com seus próprios recursos. Em compensação, eram-lhe outorgados favores extraordinários: tinham amplíssimos direitos para governar, e exercer a justiça. Nunca seriam suspensos nem condenados sem que primeiros ouvissem em pessoa o próprio soberano. Podiam até cativar gentio para seu serviço e de seus navios, e mandar dêles vender a Lisboa até 39 cada ano! No mais, vigoravam no Brasil as leis da metrópole (Ordenações afonsinas e código manuelino), porém muito abrandadas.” Ibidem, p. 78. O antropólogo Roberto DaMatta vê na aurora da colonização lusitana no Brasil as origens do fomento às condições propícias à corrupção, favorecida pela falta de distinção entre o público e o privado, hoje impregnada na tessitura social deste país: “Além disso, estamos falando de um mal de raízes muito antigas, entranhado no caldo cultural brasileiro desde os primórdios da colonização portuguesa. Foi ali que se fincaram as bases da ideia antimoderna de estado que persiste até hoje. [...] Temos um modelo de estado generoso, condescendente e que faz vista grossa aos pecadilhos de seus altos funcionários em detrimento do mérito e da eficiência. Ou seja: é um verdadeiro pai, mas apenas para quem se encastela na máquina e para os que orbitam ao seu redor. Ali impera a lógica dos privilégios e dos favores, como se fosse a extensão da própria casa daqueles que estão sob suas asas.” DAMATTA, Roberto. Sobra dinheiro, falta vigilância. Veja, São Paulo, v. 44, n. 2236, p. 20, 28 set. 2011. Entrevista concedida a Monica Weinberg.
b) Maranhão (a segunda), localizada entre o Cabo de Todos os Santos ou a Ponta dos Mangues Verdes e a foz do Rio da Cruz (Camocim), com extensão de 75 léguas, cujo donatário era o mencionado Fernando Álvares de Andrade, Tesoureiro-Mor da Fazenda Real; c) Ceará, cobrindo desde a foz do Rio da Cruz até a Angra dos Negros (Mucuripe) ou foz do Rio Jaguaribe, de 40 léguas, concedida ao Cavaleiro-Fidalgo Antônio Cardoso de Barros; d) Rio Grande, situada entre a Angra dos Negros ou a foz do Rio Jaguaribe e a Baía de Acajutibiró (atualmente da Traição), compreendendo 100 léguas, outorgada ao mesmo João de Barros, Feitor e Tesoureiro da Casa da Índia; e) Itamaracá, abrangendo desde a Baía da Traição até o norte do Rio Igaraçu, de 30 léguas, conferida ao já citado Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso de Sousa; f) Pernambuco ou Nova Lusitânia, localizada entre o norte do Rio Igaraçu e a foz do Rio São Francisco, com 60 léguas, cujo donatário era o navegador Duarte Coelho, antigo comandante na Ásia; g) Baía de Todos os Santos, estendendo-se da foz do Rio São Francisco à Ponta do Padrão, de 50 léguas, tendo como donatário Francisco Pereira Coutinho, militar na Índia; h) Ilhéus, cobrindo desde a Baía de Todos os Santos até o Rio Santo Antônio, de 50 léguas, concedida a Jorge de Figueiredo Correia, Escrivão da Fazenda Real; i) Porto Seguro, situada entre os rios Santo Antônio e Mucuri, com 50 léguas, doada ao rico navegador Pero do Campo Tourinho, de reconhecida experiência marítima; j) Espírito Santo, localizada entre os rios Mucuri e Itapemirim, abarcando 50 léguas de litoral, conferida a Vasco Fernandes Coutinho, militar no Oriente; k) São Tomé, cuja extensão ia desde os baixos de Pargos (Itapemirim) até o Rio Macaé, com 30 léguas, outorgada a Pero de Góis, integrante da expedição de Martim Afonso de Sousa; l) São Vicente, incluindo dois lotes, um situado entre os rios Macaé e Curupacé ou Juqueriquerê, de 55 léguas, e o outro espraiando-se do Rio de São Vicente à Ilha do Mel, à entrada da Baía de Paranaguá, com 45 léguas, tendo como donatário de ambos o mesmo Martim Afonso de Sousa; m) Santo Amaro, localizada em meio à capitania anterior, limitada pelos rios Curupacé e de São Vicente, entre o primeiro rio e a Barra da Bertioga, com apenas 10 léguas, também doada a Pero Lopes de Sousa; n) Santana, situada entre a Baía de Paranaguá e Laguna ou entre a Ilha do Mel e o ponto de 28º20’ de latitude sul, correspondendo a Laguna, ostentando 40 léguas, igualmente concedida a Pero Lopes de Sousa.166 O mesmo monarca ainda foi responsável pela criação de mais duas donatarias insulares, as das ilhas da Trindade e de Itaparica. E D. Sebastião I criou a derradeira capitania hereditária do século XVI, a de Peroaçu, Paraguaçu ou Recôncavo da Bahia.
166
Ver, sobre a lista de capitanias donatárias, VIANNA. História do Brasil, p. 66-68; e CABRAL. História do Brasil, p. 62-63.
Porém, o sistema das Capitanias hereditárias não gerou os efeitos desejados. Poucas prosperaram, a exemplo das de São Vicente167 e Pernambuco, razão pela qual o Reino português instituiu um Governo-Geral no Brasil, com o propósito de complementar o regime vigente, dando-lhe suporte. Na avaliação de Vasco Mariz e Lucien Provençal, foi este o passo decisivo para a colonização, apoiado firmemente pela Igreja, não obstante as continuadas dificuldades com os indígenas: Como as capitanias não alcançaram muito sucesso, a verdadeira colonização só começaria em 1548 com a chegada do primeiro governadorgeral do Brasil, Tomé de Souza, acompanhado de mil homens, dos quais 400 eram condenados. As doações passam a ser capitanias organizadas militar, administrativa e judicialmente. Tomé de Souza, apesar do apoio de um mestiço, Caramuru, não conseguiu convencer os índios a serem seus aliados. D. João III associou Inácio de Loyola, fundador da Ordem de Jesus, à sua colonização. A ordem foi encarregada pelo Papa Paulo III, em 1540, de ‘lutar contra as heresias e propagar a fé nas partes do mundo que não conhecem o cristianismo’. Assim, em 1548, os jesuítas dirigidos por Manuel da Nóbrega embarcaram em direção da Bahia, tendo em mente a divisa de Loyola: ‘Parte e inflama o mundo!’ Essa seria uma contribuição essencial para fazer do Brasil uma terra portuguesa.168 Os índios dos primórdios do povoamento e colonização do Brasil são classificados, tradicionalmente, em dois grupos mais importantes: tupis, mais avançados, que viviam no litoral e falavam uma língua comum; e tapuias, mais atrasados, que habitavam o interior e os sertões e se expressavam por diversas linguagens, ditas “línguas travadas”. Os tupinambás compunham o primeiro grupo, mas o termo foi usado, nesses primeiros tempos, como sinédoque designativa dos indígenas em geral habitantes da costa do Brasil, ligados ao grupo linguístico tupi. 169 Osvaldo Souza apresenta uma divisão assaz didática dos grupos índios brasileiros: Classificam-se os indígenas do Brasil em quatro grandes grupos e outros menores, formados de muitas tribos. Os tupis, mais adiantados, viviam no litoral e eram constituídos pelos caetés, tupinambás, tamoios, guaianás e outros. Os tapuias ou jês viviam no interior, mais atrasados, eram formados pelos aimorés e botocudos. Os caraíbas, guerreiros, antropófagos, ocupavam as Guaianas e Norte de Mato Grosso e de Goiás e eram representados pelos bacaris, pimenteiras e aracajus. Os nuaruaques eram grandes ceramistas, localizavam-se no Alto Amazonas e eram constituídos pelos paumaris, manaus, purupurus, parecis e aruãs. Os grupos menores eram formados pelos bororos, nambiquaras, coitacás, guaicurus e cariris. 170 167
A Capitania de São Vicente, apesar de grandes dificuldades iniciais, desenvolveu-se, mesmo na ausência do titular da capitania, Martim Afonso de Sousa, mercê da administração eficiente dos prepostos. 168 MARIZ; PROVENÇAL. La Ravardière e a França Equinocial, p. 19. 169 Ver nota de rodapé de Raul Barbosa em THEVET, André. A cosmografia universal de André Thevet, cosmógrafo do rei. Tradução e notas de Raul de Sá Barbosa. Rio de Janeiro: Batel: Fundação Darcy Ribeiro, 2009. p. 60. 170 SOUZA, Osvaldo Rodrigues de. História Geral. 5. ed. São Paulo: Ática, 1971. p. 275. Veiga Cabral procura indicar as principais áreas de localização das nações tupi e tapuia: “A primeira compreendia diversas tribos, sendo as mais importantes a dos Tamôios, no atual Estado do Rio de Janeiro; a dos Tupinambás e Tupiniquins, na Bahia; a dos Carijós, entre Santos e Rio Grande do Sul; a dos Caetés, em
Os indígenas dos primeiros tempos da colonização também aprenderam a diferenciar os europeus, sobretudo entre aqueles que mais frequentemente aportavam na terra: os portugueses e os franceses. Denominavam os primeiros de peró, significando “tubarões” ou “os que vêm pelo mar”, e os últimos de mair, denotando “os transformadores”,171 ou ayurujuba, querendo dizer “papagaio amarelo”, 172 “porque eles falavam abundantemente, e geralmente ostentavam uma aterradora barba ruiva, ou pelo menos loira”.173 Por outro lado, Robert Southey, assentando-se em Bernardo Pereira de Berredo,174 sustenta uma explicação alternativa para o uso do vocábulo peró como designativo dos lusitanos, atrelando-a à convivência entre os índios de um português, cujo nome teria servido para a generalização em tela, sobrevivente de uma malograda expedição ao Maranhão, da qual trataremos mais adiante, a mesma da qual não voltaria o donatário
Pernambuco; a dos Potiguaras, no Rio Grande do Norte e Paraíba; e a dos Guajajáras, no Maranhão. A nação dos Tapuias compreendia também diversas tribos, destacando-se a dos ferozes Aimorés, ao N. do Espírito Santo e S. da Bahia; a dos Botocudos e a dos Xavantes.” CABRAL. História do Brasil, p. 37. 171 Noticia André Thevet que Maire, na mitologia indígena, era o nome pelo qual eram conhecidos indivíduos de feitos grandiosos, genuínos heróis da civilização, herdeiros e sucessores de Maire-monan, espécie de grande profeta, de quem os franceses seriam sucessores e descendentes por merecimento: “Acreditam os selvagens que desse Irin-magé provêm todos os homens, que viveram antes do dilúvio [...]. Desse Irin-magé saiu um grande Caraíbe, que eles têm por seu profeta, assim como os turcos têm por profeta a Maomé. E, por causa das obras maravilhosas que ele fazia, deram-lhe a denominação de Maire-monan, nome que devo interpretar para o leitor. A palavra Maire, em língua selvagem, significa ‘transformador’, uma vez que o personagem em causa era hábil em transformar uma coisa em outra; quanto a Monan, significa ‘velho’ ou ‘antigo’. Aplicado ao grande Caraíbe, o vocábulo significa ‘imortal’, visto que o grande Monan [ser divino], que fez descer o fogo do céu sobre a terra, nem tem começo nem fim. [...] Dizem eles que, por consideração para com o segundo Monan, admirável entre os homens, já multiplicados na face da terra, os que faziam coisas mais maravilhoas e maiores que os outros eram chamados indiferentemente Maire, como herdeiros e sucessores de Maire-monan, assim como outrora entre os gregos aqueles que se distinguiam em qualquer terreno eram chamados heróis, de onde veio a expressão ‘virtude heroica’. Essa palavra Maire foi usurpada até o tempo do dilúvio, que eles dizem ter sido universal, para aqueles que eram raros em obras; de maneira que, vendo agora que sabemos mais que eles, e que nossas ações lhes parecem admiráveis, dizem que somos os sucessores e verdadeiros descendentes de Maire-monan, que sua verdadeira raça se instalou em nossas terras [...].” A cosmografia universal de André Thevet, cosmógrafo do rei, p. 51-52. Ver, ainda, THEVET, André. Les français en Amérique pendant la deuxième moitié du XVIe siècle: le Brésil et les brésiliens. Choix de textes et notes par Suzanne Lussagnet. Introduction par Ch.-A. Julien. Paris: Presses Universitaires de France, 1953. p. 40-41. Em nota constante do Capítulo III do livro Les français en Amérique pendant la deuxième moitié du XVIe siècle, Suzanne Lussagnet também comenta o significado da palavra Maire, criticando, no entanto, o texto de André Thevet sobre o assunto: “Maire (Maíra em tupi) é o nome genérico dos heróis civilizadores e se combina, segundo o caso, com diversos qualificativos, aqui com monan, que sugere a ideia de criação (Maire Monan corresponderia então a ‘deus criador’). A etimologia de Thevet é puramente fantasista e provavelmente de sua lavra.” Ver ibidem, p. 40. (Tradução nossa). A redação em francês é a seguinte: “Maire (Maíra en tupi) est le nom générique des héros civilisateurs et se combine, selon le cas, avec divers qualificatifs, ici avec monan, qui suggère l’idée de création (Maire Monan correspondrait donc à ‘dieu créateur’). L’étymologie de Thevet est purement fantaisiste et probablement de son cru.” 172 THEVET. A cosmografia universal de André Thevet, cosmógrafo do rei, p. 159; THEVET. Les français en Amérique..., p. 198; e VIANNA. História do Brasil, p. 53. 173 PIANZOLA, Maurice. Os papagaios amarelos: os franceses na conquista do Brasil. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. São Luís: Secretaria da Cultura do Estado do Maranhão; Brasília: Alhambra, 1992. p. 78. 174 Ver o parágrafo 50 de BERREDO, Bernardo Pereira de. Anais históricos do Estado do Maranhão, em que se dá notícia do seu descobrimento, e tudo o mais que nele tem sucedido desde o ano em que foi descoberto até o de 1718: oferecidos ao Augustíssimo Monarca D. João V. Nosso Senhor. 4. ed. Rio de Janeiro: Tipo Editor, 1988. p. 36.
Aires da Cunha.175 Barbosa de Godóis, contudo, rechaça categoricamente essa hipótese.176 Outra possibilidade é que perros fosse a denominação dada pelos indígenas aos seus inimigos.177 O fato de que os gauleses tinham, em geral, mais facilidade em angariar a simpatia dos nativos e a adesão destes aos seus objetivos nos albores da exploração e colonização do Brasil, é justificada por Maurice Pianzola nestes termos: Esses índios preferem os franceses aos portugueses porque estes, instalados nas terras férteis ao longo da costa, precisam de escravos em suas plantações de cana-de-açúcar, o que provoca grandes ‘tormentos’, assim como caçadas humanas, evasões, perseguições, sevícias e ódio, ao passo que os franceses apenas passam, trazendo machados, foices, espelhos e contas de vidro, para partirem carregados de pau-de-tinta, papagaios e macacos. No máximo deixam na região um ou dois jovens marinheiros que vão aprender a língua, tornando-se assim indispensáveis ‘línguas’, e se casar, esquecendo-se das leis da Igreja; levarão para a França um ou dois filhos de chefes, sistema que o manuscrito de Turim qualifica cruamente de simples troca de reféns, garantindo a segurança e a volta de uns e de outros.178 Somente onze das donatarias elencadas assistiram efetivamente ao advento do século XVII, do norte para o sul: Ilha de São João, Itamaracá, Pernambuco, Peroaçu, Itaparica, Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo, São Tomé, São Vicente e Santo Amaro, incluindo-se aí as despovoadas terras de Santana. As principais vilas das capitanias, fundadas ainda no século XVI, e que conheceriam continuidade, foram as de Conceição (Itamaracá), Igaraçu e Olinda (Pernambuco), São Jorge dos Ilhéus (Ilhéus), Porto Seguro (Porto Seguro), Espírito Santo e Nossa Senhora da Vitória (Espírito Santo), São 175
“Desta expedição ficou um homem entre os selvagens. Era ferreiro, de tôdas as profissões a mais útil em semelhante situação, e das peças dos cascos naufragados arrojadas à praia, extraiu êle ferro bastante, para si próprio tornar grande personagem e obter para mulheres as filhas de muitos caciques vizinhos. Do seu nome chamaram os índios aos portuguêses Peros, supondo ser esta a designação genérica; e daqui veio a fábula de ter existido uma tribo guerreira entre os rios Mouí e Itapicuru, descendente dos que sobreviveram a êste grande naufrágio, e que além de ter barbas como os avós, com os seus nomes os faziam lembrar.” SOUTHEY, Robert. História do Brasil. Tradução de Luiz Joaquim de Oliveira e Castro. 3. ed. São Paulo: Obelisco, 1965. v. 1, p. 72. A versão exposta por Ferdinand Denis sobre este Adão luso é muito assemelhada: “Nestes tempos de singulares aventuras, em que se tinham visto simples capitães chegarem a ser reis nas Índias, um dos náufragos resolveu tentar fortuna entre os indígenas, e a herdar, sendo possível, direitos do donatário. Era este homem simplesmente um serralheiro, chamado Pedro, e, por abreviação, Pero. Caminhando pela praia, recolheu os destroços do navio, que continha algum ferro, e espantou os selvagens com as maravilhas da sua indústria; tal foi o princípio da sua alta fortuna. Esposou a filha de um chefe ou, dizendo melhor, de um pretenso cacique, como refere Aires de Casal, e viveu cercado de honras no meio dos que o haviam acolhido. Seus dois filhos receberam dos selvagens o nome de Peros.” Brasil. Tradução de João Etiennne Filho e Malta Lima. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980. p. 299. 176 “Fraca por demais essa explicação, que é, além disso, contrastada com o fato de no sul do país ser o mesmo nome de pero usado pelos selvagens, não merece que sobre ela nos detenhamos, bastando que a apontemos como simples curiosidade histórica.” GODÓIS, Antônio Batista Barbosa de. História do Maranhão para uso dos alunos da Escola Normal. 2. ed. São Luís: AML/EDUEMA, 2008. p. 50. Ver também GODOIS, Antonio Baptista Barbosa de. Historia do Maranhão para uso dos alumnos da Escola Normal. São Luís: Mar. Typ. de Ramos d’Almeida & G., Suces., 1904. t. 1, p. 12. 177 “Às vezes quer parecer-me, que outra fôsse a origem do nome, e que os indígenas quisessem chamar perros os seus inimigos.” SOUTHEY. História do Brasil, v. 1, p. 76. 178 PIANZOLA. Os papagaios amarelos, p. 78.
Vicente (de fundação anterior à criação da capitania), Todos os Santos (ou Porto dos Santos, posteriormente apenas Santos), Santo André da Borda do Campo (com transferência de seus habitantes para São Paulo do Campo de Piratininga) e Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, as quatro últimas na Capitania de São Vicente). 179 No Livro que dá razão do Estado do Brasil – 1612, escrito quando o Maranhão estava sob o domínio francês e o Grão-Pará, menos conhecido, tampouco fora ainda conquistado, são descritos os limites do Brasil de então e referidas as donatarias que tiveram algum desenvolvimento, mormente em função de uma maior participação da Coroa lusitana nos seus destinos: O Estado do Brasil, Províncias de Santa Cruz, é a parte oriental do Peru povoada na costa do mar Etiópico, e repartida em partes a que chamam capitanias, que em tal forma foram servidos os passados reis de Portugal de as encarregar, com largas doações, a certos donatários. Corre a costa de seu distrito desde o rio Mearim ou Maranhão, até a boca do rio da Prata ou Paraná, como na Carta Geral se mostra. Tôdas essas capitanias, para bem do que produzem tratam de separação e sustentam-se de violências, e nesta conformidade gozaram de mais aumento aquelas que o braço real tomou mais à sua conta quando no povoar e conquistar faltaram seus donatários. Neste caso fazem exemplo a Bahia de Todos os Santos, o Rio de Janeiro, Paraíba, o Rio Grande, tôdas hoje de sua Majestade, nas quais, porque o são, aumentam-se cada dia as povoações e crescem as fazendas. Pernambuco e Itamaracá podem entrar nessa conta, porquanto às suas maiores necessidades acudiu Sua Majestade com capitais, presídios e fortificações, que até hoje sustenta de sua Real Fazenda. 180 As primeiras capitanias pertencentes à própria Coroa, fundadas ainda no século XVI, em áreas de insucesso das hereditárias, foram a da Bahia de Todos os Santos, a de São Sebastião do Rio de Janeiro, a da Paraíba e a do Rio Grande (do Norte). A listagem das capitanias hereditárias que alcançaram o século XVII e das primeiras vilas bem-sucedidas leva a uma observação importante: as donatarias do norte do Brasil fracassaram praticamente por completo, entre as quais as duas do Maranhão. E não por falta de tentativa ou por abandono de seus donatários. Mas antes de nos aventurarmos pelas tormentosas águas do Brasil setentrional e, mais especialmente, do Maranhão, que já receberam em seu regaço tantos naufrágios, é preciso que nos debrucemos sobre duas questões, uma de interesse linguístico, outra de interesse histórico: a origem e significado da palavra “Maranhão” e o processo pelo qual tal vocábulo passou de designativo de rio, hoje Amazonas, para o de capitanias hereditárias e do futuro estado da República. Comenta Suzanne Lussagnet, em anotação ao texto de André Thevet, que, na época da publicação de suas obras, não era clara, para muitos, a diferenciação entre o atual Rio Amazonas e o tríplice estuário dos rios Mearim, Itapecuru e Munim, conquanto esta não aparentasse ser a regra entre os franceses: Na data das Singularidades (1557) e mesmo naquela da Cosmografia (1575) 179
VIANNA. História do Brasil, p. 88-89. MORENO, Diogo de Campos. Livro que dá razão do Estado do Brasil – 1612. Edição crítica, com introdução e notas de Helio Vianna. Recife: Arquivo Público Estadual, 1955. p. 107-108.
180
a distinção nem sempre era nítida entre o rio das Amazonas, chamado Marañon pelos espanhóis após a viagem de Orellana [...] e, mais ao sudeste, o triplo estuário dos rios Mearim, Itapecuru e Munim, conhecido dos portugueses sob o nome de Maranhão e visitado pelas expedições de Aires da Cunha e de Luiz de Melo. Esta porção do litoral brasileiro, defendida por suas perigosas correntes e, na direção do sul, por seus escolhos, permaneceu, aliás, mal conhecida durante todo o século XVI, se bem que ela foi teoricamente da alçada de capitanias portuguesas. É também possível que a confusão tenha sido encorajada pelo emprego de um termo índio (de onde derivariam ao mesmo tempo Marañón e Maranhão) que teria podido designar uma configuração geográfica análoga (um largo estuário barrado por uma ou várias ilhas). Para os pilotos e viajantes franceses, parece que, em geral, Amazonas e ‘Marignan’ tenham sido distintos [...]. Enfim, no princípio do século seguinte, ‘o rio de Maragnon’, com sua ilha, jamais designa outra coisa para os franceses que não seja o mesmo Maranhão [...].181 Não deve ser esquecida a manifestação de uma testemunha daqueles tempos pioneiros: Simão Estácio da Silveira, supostamente o primeiro presidente da nascente Câmara de Vereadores de São Luís, instalada em 9 de dezembro de 1619. Ele chegou ao Maranhão em abril do mesmo ano, na condição de comandante da nau capitânia da expedição de Jorge de Lemos Bitencourt, em companhia de um primeiro grupo de colonos açoreanos, entre os quais mulheres, voltou a Portugal e lá escreveu a Relação sumária das cousas do Maranhão, obra laudatória originalmente publicada em 1624, com o intuito de estimular a migração portuguesa para a terra que o encantara. Em redação confusa, na realidade reportando-se ao rio, como alerta Cândido Mendes de Almeida, 182 ele diz que o Maranhão tomou este designativo “do capitão que descobriu seu nascimento no Peru”.183 181
Ver nota em THEVET. Les français en Amérique..., p. 218. (Tradução nossa). Este é o texto no original: “A la date des Singularitez (1557) et même à celle de la Cosmographie (1575) la distinction n’était pas toujours nette entre le fleuve des Amazones, nommé Marañon par les Espagnols après le voyage d’Orellana [...] et, plus au sud-est, le triple estuaire des rios Mearim, Itapecuru et Monin, connu des Portugais sous le nom de Maranhão et visité par les expéditions d’Aires da Cunha et de Luiz de Melo. Cette portion du littoral brésilien, défendue par ses courants dangereux et, vers le sud, par ses écueils, resta d’ailleurs mal connue durant tout le XVIe siècle, bien que’elle fût théoriquement du ressort de capitaineries portugaises. Il se peut aussi que la confusion ait été encouragée par l’emploi d’un terme indien (d’où dériveraient à la fois Marañón et Maranhão) qui aurait pu désigner une configuration géographique analogue (un large estuaire barré par une ou plusieurs îles). Pour les pilotes et voyageurs français, il sembre qu’en général Amazone et ‘Marignan’ aient été distincts [...]. Enfin, au début du siècle suivant, ‘la riviere de Maragnon’, avec son île, ne désigne jamais autre chose pour les Français que le même Maranhão [...].” A derradeira assertiva de Suzanne Lussagnet tem como base as obras de Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux. 182 Ver nota em SILVEIRA, Simão Estácio da. Relação sumária das cousas do Maranhão. 7. ed. São Luís: UFMA/SIOGE, 1979. p. 59. 183 Ibidem, p. 21. Mário Meireles procura esclarecer a tese de Estácio da Silveira: “Marañon era o nome do atual rio Amazonas, como já lhe registrara o descobrimento em 1499, em seus Descobrimentos do mundo, Antonino Galvão, admitindo-se que o tivesse herdado de um companheiro de Gonçalo Pizarro, que primeiro o tivesse descoberto, eis que tal apelido de família era conhecido em Espanha desde o século XII, referindo mesmo Berredo que o sexto mestre da Ordem de Santiago, fundada em 1614, era Fernando Gonçalves Marañon. Daí, por extensão, o nome dado a toda a região, pela circunstância de, ao demandar Aires da Cunha o rio Maranhão, ter naufragado no golfão em que está a ilha de S. Luís e que, com os poucos conhecimentos geográficos da zona à época, teria sido confundido com o estuário do Amazonas.” MEIRELES, Mário Martins. História do Maranhão. 3. ed. São Paulo: Siciliano, 2001. p. 29-30. Ver igualmente BERREDO. Anais históricos do Estado do Maranhão..., p. 29-30; GODÓIS.
O certo é que o vocábulo “Maranhão” foi inicialmente utilizado por portugueses e espanhóis, sobretudo, como uma das denominações do rio hoje conhecido como Amazonas. Consoante esclarece Mário Meireles no livro João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, “o rio em verdade tinha vários nomes, conforme o chamavam as diferentes tribos que habitavam suas margens”, isto é, “Guiene, para umas, Paranápetinga para outras, e também Maraon, que os espanhóis traduziriam para Marañon e os portugueses para Maranhão; e em cuja foz, concordavam estes e aqueles, passava a Linha de Tordesilhas”. 184 Em um segundo momento, todavia, enquanto os espanhóis e outros estrangeiros continuavam a identificar como Rio Maranhão o Rio Amazonas, no cenário lusitano, “foi o nome de Maranhão transferido do Amazonas para designar a grande enseada”, por onde desembocam no mar as águas dos rios Pindaré, Mearim, Itapecuru e Munim, além da “ilha, situada no meio desta grande enseada, e na qual está fundada a cidade de S. Luiz”, embora alguns autores da mesma nacionalidade parecessem tencionar “applicar o nome de Maranhão ao rio Meary, o mais caudal e possante de quantos pagam o tributo de suas aguas áquella enseada”, na lição de um certo J. H. da C. R., autor de um texto intitulado “Maranhão”, publicado no jornal semanal luso O panorama no longínquo ano de 1840185 e lembrado por César Marques em seu célebre Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão.186 Há grande controvérsia sobre a origem da palavra “Maranhão”, se ibérica, indígena, tupi ou tapuia, ou até fenícia, sem dúvida a menos considerada. Mário Meireles fornece um painel deveras abrangente das diferentes opiniões sobre a etimologia do termo na sua História do Maranhão: Xavier Fernandes, reportando-se naturalmente a essa (sic) hipóteses, observa nos Topônimos e gentílicos (Porto, 1943) que em Navarra existe uma localidade desse nome; entretanto, ressalta que o vocábulo deve ser aumentativo de maranha, sinônimo de matagal, mesmo porque ‘na província do Minho existe o topônimo Maranhas e, mais, porque Maranhão é o nome de uma antiga aldeia alentejana, concelho de Avis, o que parece provar que tal palavra já existia em Portugal antes do descobrimento do Brasil’. Cândido Figueiredo, mestre da língua, discordando (Problemas de linguagem, v. II) da hipótese de Orville Derby (Costa do norte do Brasil), de que o vocábulo seria uma variação morfológica de marachão (dique, recife), esclarece que ele é simples aumentativo de maraña – matagal, coisa enredada, teia de lã; e fala naquela aldeia alentejana de que teríamos herdado o topônimo. Não obstante, Ludovico Schwennhagen, em sua atrevida Antiga história do Brasil, decompondo o vocábulo Mara-Ion, diz que assim os tupinambás designavam o grande rio da terra, nome possivelmente formulado pelos fenícios quando teriam andado pela região, antes da era cristã. História do Maranhão para uso dos alunos da Escola Normal, 2008, p. 52-53; e GODOIS. Historia do Maranhão para uso dos alumnos da Escola Normal, 1904, p. 16-17. 184 MEIRELES, Mário Martins. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão. São Luís: ALUMAR, 1996. p. 60. 185 R., J. H. da C. Maranhão. O panorama: jornal litterario e instructivo da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, Lisboa, v. 4, p. 234, jan./dez. 1840. 186 Ver MARQUES, César Augusto. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão. [2. ed]. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970. p. 438; e MARQUES, César Augusto. Dicionário históricogeográfico da Província do Maranhão. Notas e apuração textual de Jomar Moraes. 3. ed. São Luís: Edições AML, 2008. p. 721.
O jesuíta Manuel Rodrigues, em seu Marañon y Amazonas, apresenta conjecturas absurdas. Primeiro, a de um pretenso diálogo entre dois dos primeiros espanhóis descobridores do rio: – Mar?... Non! Ou em latim: – Mara?... Non! Segundo, a de o nome ter-se originado das maranhas (intrigas ou enredos) do famigerado Lopo de Aguirre. Terceiro, a de que viria de mara, amarga, e não, ‘como quem dissesse que as águas daquelas paragens não eram amargas!!’. As exclamações são de Cândido de Figueiredo, que também não concorda em que seja simples aumentativo de mar, conforme pretende o padre Vieira. Fran Paxeco, em sua monumental Geografia do Maranhão, discorda de tudo isso e se diz convencido de uma ainda desconhecida origem tupi-guarani, mesmo porque esse é o nome de um afluente goiano do Tocantins. Xavier Fernandes também aponta um Maranhão, afluente do Tietê, em São Paulo. As hipóteses de origem indígena, além do Mara-ion tupinambá de formação fenícia, são apresentadas pelo referido Fran Paxeco naquele inestimável livro. Maranhay, corruptela de maramonhagá (brigar) e anham, é designativo da pororoca comum ao Amazonas e ao Maranhão, explica o padre João Tavares, baseado em estudos de Bartolomeu Leão e Ascenso Gago. Ou Maranhay, de maram (despropositadamente), nhãna (correr) e y (água, ou seja, água que corre à toa, em vertigem), na explicação de João Afonso do Nascimento. Ainda, paranã que se teria corrompido em maranã, de onde maranãguaras, por parañaguaras, para os habitantes da ilha, conforme Henriques Leal, em Lucubrações. Mais ainda: maraunás, os indígenas encontrados por Pinzón em Piracuruca, cuja maraunataba teria sido traduzida pelo espanhol marañon, segundo Manuel Barata na Jornada de Francisco Caldeira Castelo Branco. Finalmente, mariamtabalo, de origem caribo-aruaque, nome com que aparece o Amazonas na literatura relativa a seu descobrimento por Pinzón, de conformidade com Rodolpho R. Schuller. Além dessas, reunidas na citada Geografia do Maranhão, anotemos mais estas conjecturas: Mair-Anhangá, alma ou espírito de Mair, figura lendária da tradição andina, conjectura formulada por Morales de los Rios; e a corruptela tupi marã-n-aã, mau, ruim, com referência ao terreno pantanoso daquele Maranhão, afluente do Tietê. Hipóteses, estas ambas, registradas por Xavier Fernandes. Victor B. Caminha, em Locativos sem explicações (Doc. n. 244-1952 da Comissão Nacional de Folclore), anota mais duas hipóteses da origem indígena: de mara-munhã, fazer-se barulhento ou impetuoso, ou talvez de marã-nhu, só, como rio de um só leito num trajeto longo, em divergência a sua continuação em labirinto. Finalmente, Teodoro Sampaio (O tupi na geografia nacional) indica: mbará-nhã, o mar corrente, o grande caudal que simula um mar a correr.187 187
MEIRELES. História do Maranhão, p. 30-31. Não obstante a profusão de hipóteses etimológicas, o historiador conclui, por outro lado, dizendo inexistir questionamento de que a denominação da terra tem como fonte o rio: “Do que não há dúvida, porém, é de que o nome da terra nos veio do rio, ainda hoje
O indigitado articulista do jornal O panorama, ao discorrer sobre o mesmo tema, vale-se do teor de fragmentos manuscritos de uma obra maior atribuída ao Padre Bento da Fonseca, cujo título seria Maranhão conquistado a Jesus Cristo e à Coroa de Portugal pelos religiosos da Companhia de Jesus, em que o autor critica as curiosas hipóteses levantadas pelo jesuíta Manuel Rodrigues, empenhando a sua simpatia, no entanto, pela opinião de Simão Estácio da Silveira: ‘O Pe. Manuel Rodrigues no seu livro Marañon y Amazonas diz que a deducção do nome Maranhão vem das maranhas e traições de Lopo de Aguirre contra o capitão Pedro de Ursúa. Esta deducção é menos averiguada, porque antes de Lopo de Aguirre intentar as ditas maranhas contra Pedro de Ursúa, que foi no anno de 1560, já o rio das Amazonas tinha o nome de Maranhão, e com elle o nomeia Antonio Galvão no livro Descubrimentos do Mundo em 1499. – Outra deducção do mesmo nome traz o dito Pe. Manuel Rodrigues, tirada da Harmonia das Vozes, dizendo que os primeiros descubridores da boca do rio Maranhão, admirados de verem aguas doces no mar largo, por onde se diz que o dito rio as conserva doces por distancia de 30 léguas, perguntavam uns aos outros se aquellas aguas eram do mar, e que respondiam outros que não eram do mar por serem doces; e que alguns fariam as ditas perguntas em latim mári? e lhes responderiam outros na mesma lingua non, de que póde ser resultasse depois o unir-se mari com o non e ficar com leve corrupção do vocabulo Maranhon na lingua castelhana, e na portugueza Maranhão. – Finalmente outros dizem que o nome Maranhão posto ao rio das Amazonas, e depois trasladado a todo o Estado procede de que o primeiro descubridor deste monarcha dos rios pelas suas cabeceiras e origem tinha o appellido de fulano Maranhão, e que o daria ao rio para nelle celebrar o seu nome. Esta ultima deducção é a que parece mais verdadeira, e por tal a teem Simão Estacio da Silveira na sua Relação do Maranhão, e Fr. Christovam de Lisboa na sua História Natural do Maranhão, que deixou manuscripta’ – aos quaes nós podêmos accrescentar o Pe. Moraes no mesmo logar já citado.188 A versão de que a palavra tem suas raízes etimológicas em “maranhas”, expressando “intrigas” ou “mentiras”, encontra o apoio literário de uma já famosa sátira do Padre Antônio Vieira ao Maranhão de seus dias e aos seus desafetos, versando sobre a verdade e a mentira, proferida no Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, na “Igreja Maior da Cidade de São Luís”, ou seja, provavelmente na primitiva Sé, em 1654: Os vícios da língua são tantos, que fez Drexélio um abecedário inteiro e Marañon em plagas peruanas, porque assim designado antes e porque confundida a sua foz com o golfão em que demora a ilha de S. Luís. Em 1613, o jesuíta Nicolau Teixeira escreveu uma Informação de entrada que se pode fazer da Vila de S. Paulo ao Grande Rio Pará, que é o verdadeiro Maranhão, chamado também rio das Amazonas etc.’; e anteriormente, no livro IX, da Segunda Década, Anghiera já descrevera, em 1514, a embocadura do Marañon.” Ibidem, p. 31. Ver também MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 62-63; MARQUES. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão, 1970, p. 437-438; MARQUES. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão, 2008, p. 719-721. 188 R. Maranhão. O panorama, p. 234-235. Ver igualmente MARQUES. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão, 1970, p. 437; e MARQUES. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão, 2008, p. 720; 735. César Marques faz equivocada alusão ao volume e ano de publicação da edição do jornal O panorama que contém o artigo “Maranhão”. O escrito em causa foi trazido a lume no quarto, e não no terceiro volume, no ano de 1840, e não de 1839.
muito copioso deles. E se as letras deste abecedário se repartissem pelos estados de Portugal, que letra tocaria ao nosso Maranhão? Não há dúvida, que o M. M – Maranhão, M – murmurar, M – motejar, M – maldizer, M – malsinar, M – mexericar, e, sobretudo, M – mentir: mentir com as palavras, mentir com as obras, mentir com os pensamentos, que de todos e por todos os modos aqui se mente. Novelas e novelos, são as duas moedas correntes desta terra, mas têm uma diferença, que as novelas armam-se sobre nada, e os novelos armam-se sobre muito, para tudo ser moeda falsa. Na Bahia, que é a cabeça desta nossa província do Brasil; acontece algumas vezes o que no Maranhão quase todos os dias. Amanhece o sol muito claro, prometendo um formoso dia, e dentro em uma hora tolda o céu de nuvens, e começa a chover como no mais entranhado inverno. Sucedeulhe um caso como este a D. Fradique de Toledo, quando veio a restaurar a Bahia no ano de mil seiscentos e vinte e cinco. E tendo toda a gente da armada em campo para lhe passar mostra, admirado da inconstância do clima, disse: En el Brasil hasta los cielos mientem. Não sei se é isto descrédito, se desculpa. Que mais pode fazer um homem, que ser tão bom como o céu da terra em que vive? Outra terra há em Europa, na qual eu estive há poucos anos, em que se experimentaram cada dia as mesmas mudanças, pelas quais Galeno não quis curar nela; porém, ali há outra razão, porque como a terra tem jurisdição sobre o céu, segue o céu as influências da terra. Mas o que se disse do Brasil por galanteria, se pode afirmar do Maranhão com toda a verdade. É experiência inaudita a que agora direi, e não sei que fé lhe darão os matemáticos que estão mais longe da linha. Quer pesar o sol um piloto nesta cidade onde estamos, e não no porto, onde está surto o seu navio, senão com os pés em terra: toma o astrolábio na mão com toda a quietação e segurança. E que lhe acontece? Coisa prodigiosa! Um dia acha que está o Maranhão em um grau, outro dia em meio, outro dia em dois, outro dia em nenhum. E esta é a causa por que os pilotos que não são práticos nesta costa, areiam, e se têm perdido tantos nelas. De maneira que o sol, que em toda a parte é a regra certa e infalível por onde se medem os tempos, os lugares, as alturas, em chegando à terra do Maranhão, até ele mente. E terra onde até o sol mente, vede que verdade falarão aqueles sobre cujas cabeças e corações ele influi. Acontece-lhes aqui aos moradores o mesmo que aos pilotos, que nenhum sabe em que altura está. Cuida o homem nobre hoje que está em altura de honrado, e amanhã acha-se infamado e envilecido. Cuida a donzela recolhida que está em altura de virtuosa, e amanhã acha-se murmurada pelas praças. Cuida o eclesiástico que está em altura de bom sacerdote, e amanhã acha-se com reputação de mau homem. Enfim, um dia estais aqui em uma altura, e ao outro dia noutra, porque os lábios são como o astrolábio. É isto assim? A vós mesmos o ouço, que eu não o adivinhei. vede se é certa a minha verdade: que não há verdade no Maranhão.189 Mas talvez a versão mais considerada entre os estudiosos sobre a etimologia do 189
VIEIRA, António. Sermão da Quinta Dominga da Quaresma. Portal Domínio Público. Fonte: VIEIRA, Antonio. Sermões escolhidos. São Paulo: Edameris, 1965, v. 1. Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000035.pdf>. Acesso em: 13 out. 2011.
vocábulo “Maranhão”, ou pelo menos a que parece angariar a preferência do articulista J. H. da C. R., do periódico literário lusitano,190 e de César Marques, 191 seja a já mencionada explicação do Padre João Tavares, pela qual a corruptela Maranhay, extraída de dois verbos e um substantivo, traduziria a expressão “água que corre brigando” e representaria a visão do conhecido fenômeno da pororoca. Curiosidades à parte, ainda resta a questão sobre em que circunstância o termo “Maranhão” foi transmutado do rio para a ilha e, posteriormente, para a província e o estado. A primeira resposta, por cronologia do fato alegado, é-nos dada uma vez mais por Mário Meireles, que a colhe na viagem de Diogo Leite à região em 1531, aquele mesmo enviado por Martim Afonso de Sousa. Para o historiador, o navegador foi aquele que, ao ser incumbido de atingir o Rio Maraon e o limite oeste do domínio português, acabou por descobrir o Maranhão, daí a transferência do nome do rio para a terra. 192
190
“Para servir de contrapeso ás inepcias de algumas destas pertendidas (sic) etymologias, accrescentaremos outra opinião, que se não fôr a verdadeira, terá ao menos o merito de ser fundada em ineditas indagações sobre a lingua brasílica. — O Pe. João Tavares, já tantas vezes citado, não escreve na sua Carta Maranhão, mas sim Maranhay, do que dá a seguinte satisfação. – ‘Terá V. R. reparado na orthographia, com que escrevo a palavra Maranhay contra o commum. Foi de industria, por dar gôsto a V. R., que como tão perito na lingua brasílica, folgará lhe diga o que por mim tenho alcançado ácerca da etymologia desta palavra Maranhão: ponto em que tenho ouvido altercar por boca e por escriptos antigos; e sobre nunca assentarem em nada de quanto disseram, nada tem fundamento no meu fraco entender. Vejam-se os antigos manuscriptos da missão. O Pe. Bartholomeu Leão, da provincia do Brasil, reformador do Cathecismo da lingua brasílica, me recommendou muito quando vim para o Maranhay que se me avistasse com o Pe. Ascenso Gago, o mais perito que por então reconheciamos neste idioma brasílico, soubesse delle o que sentia neste ponto. Ambos morreram ignorantes do que aqui quero dizer, e nunca o dissera sem ter visto com os meus olhos as pororocas do Maranhay. Pelo que digo que a palavra Maranhay se compõe de dois verbos e de um substantivo. Os verbos são Maramonhàngá, que significa brigar; e anham, que significa correr [até aqui atinava o dito Pe. Bartholomeu Leão]; e o substantivo é a palavra ou litr, que significa agua, e anda tirada da palavra Maranhão por corrupção da palavra: assim como estão infinitos nomes da lingua brasílica corruptos pela pronuncia dos portuguezes. Nesta palavra não podia atinar o Pe. Leão sem vêr ou lhe dizerem o que passa pelo Maranhay. Deram os naturaes este principal nome a esta terra do que nella mais principalmente avultava, que são as pororocas, cujo aspecto é uma briga das aguas correndo. Tudo isto diz a palavra Maranhay, agua que corre brigando. Perguntar-me-hão pois porque não se chama o Maranhay Pororoca: respondo que pororoca é palavra que explica o que se ouve: parece-me que se compõe da palavra opoé, que significa rebentar de estouro, como o ovo quando rebenta, e da palavra cororon, que significa roncar continuadamente, como o mar: ou é palavra simples, feita frequentativa, tirada sempre do verbo opoé. De qualquer sorte que tomem a palavra pororoca, sempre significa estourar ou estalar, donde do que se ouve se chama aquella infernal furia das aguas pororoca; e do que se vê se chama todo este Estado Maranhay.’” R. Maranhão. O panorama, p. 235. 191 Ver MARQUES. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão, 1970, p. 437-438; e MARQUES. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão, 2008, p. 720. 192 “E por que perderia ele, o rio, esse nome último que passaria a ser do hoje Golfão Maranhense, antes dito Baía de Todos os Santos ou dos Mangues Verdes, e que daí se generalizaria para nominar toda a Capitania de João de Barros e, depois, todo o Estado Colonial do Maranhão, criado por Carta Régia de 13/6/1621. Estamos convictos de que isso foi conseqüência da viagem de reconhecimento da região feita, em 1531, por Diogo Leite, a mando de Martim Afonso de Sousa. De fato. Enviado ao Brasil, no comando de uma expedição guarda-costa, para afugentar da terra os muitos piratas e corsários que já a freqüentavam, e principalmente os franceses bretões, Martim Afonso, enquanto ele mesmo faria o policiamento do litoral, desde o cabo de Santo Agostinho para o sul, mandou que Diogo Leite, no comando de duas caravelas, Princesa e Rosa – pera q fossem descobrir o rio do Maranhão, pois que era del Rei nosso sôr e dentro de sua demarcagem. Diogo Leite foi mandado descobrir algo de que só sabia pelas notícias fantásticas e fantasiosas espalhadas na Europa, pelos poucos marinheiros que houvessem estado na região ou ouvido falar dela. Então, ele, Diogo Leite, deveria saber, por essas imprecisas
Já o autor do escrito “Maranhão”, outra vez evocado por César Marques, atém-se a duas possibilidades: a de que a transmutação do vocábulo se verificou por equívoco originado na fracassada expedição de Aires da Cunha, em virtude da identificação do ponto do naufrágio com a boca do Rio Amazonas, na época chamado de Maranhão, em deliberada propagação do local errado; e a de que tal ocorreu em decorrência da genuína confusão dos navegadores entre a enseada do Maranhão e a do Grão-Pará.193 Voltemos então ao porquê do completo malogro do regime das Capitanias hereditárias no atinente às donatarias originais do Brasil setentrional: as duas do Maranhão, a primeira atribuída a Aires da Cunha e a segunda a Fernando Álvares de Andrade, a do Ceará, cujo donatário era Antônio Cardoso de Barros, e a do Rio Grande, concedida a João de Barros. Antônio Cardoso de Barros aparentemente não demonstrou maior interesse pela capitania que lhe fora destinada, jamais tomando posse de seu território. Na qualidade de Provedor-Mor da Fazenda Real, nomeado por D. João III, ainda acompanhou ao Brasil Tomé de Sousa, o primeiro Governador-Geral (1549-1553). Mas, a essa altura, a sua capitania, a do Ceará, já retornara ao seio da Coroa. Desentendendo-se com o segundo Governador-Geral, Duarte da Costa, decidiu regressar à metrópole, na companhia do primeiro bispo do Brasil, D. Pero Fernandes Sardinha, sofrendo um famoso naufrágio no litoral alagoano ou paraibano, vindo ambos, juntamente com a notícias, que o Maraon era um grande rio que, na altura em que passava a Linha de Tordesilhas, se lançava ao Mar Oceano em tamanho volume que a água doce levava a água salgada de vencida por muitas milhas e provocando um ruidoso macaréu, a pororoca, ao mesmo tempo em que, por um segundo braço, mais ao sul, chamado rio Pará, ele recebia outro e também grande rio, o Tocantins; e mais, que entre os dois braços se contavam inúmeras ilhas, em torno de uma maior, de nome Marajó. Justamente isso ele viu ao chegar aos Mangues Verdes. Um grande rio, o Mearim, se lançava ao mar repartido em dois braços, que ele chamou de Baía de São Marcos e Baía de São José; na primeira, no encontro das águas com as do mar, formava-se um grande macaréu, e no segundo vinha se lançar outro grande rio, o Tapocuru; e, entre os dois, um delta formado por muitas ilhas em torno de uma maior – Upaon-Açu. Tera ou não descoberto o Maraon, conforme a ordem recebida? Ele subiu um pouco pelo litoral, chegou até ao rio da Lama, o Turiaçu, ou até o Ouvirapive, o Gurupi e, no receio de ultrapassar a linha da demarcação do que pertencia a seu rei, voltou atrás a dar conta de que fizera o que lhe fora mandado. Ele descobrira o Maranhão.” MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 60-61. 193 “Mas como e quando é que os portuguezes fizeram a trasladação do nome de Maranhão, para designar a cidade, ilha, e enseada, que hoje o conservam, e das quaes se estendeu a toda a provincia e Estado? Responderemos reproduzindo as conjecturas, que achámos nos AA., que lemos por mais competentes juizes. — Nos citados fragmentos do Maranhão Conquistado, escriptos pelos annos de 1750 e tantos, refere-se o A. á antiga tradição, que ensinava fôra isto na occasião, que alli se perdeu e naufragou Ayres da Cunha , um dos dôze primeiros donatários de toda a costa do Brasil. – ‘Procurava este fidalgo [diz o A.] com os seus adherentes o rio Maranhão, nome porque então se conhecia melhor o rio das Amazonas, e naufragou na ilha do Maranhão, para onde entrou pela boca de um rio largo de cinco leguas desde a ponta do Pereá até a de Itaculumim: de que succedeu darem áquelle logar o nome de Maranhão, ou já enganados e persuadidos que aquelle era o rio Maranhão, ou já querendo ennobrecer a sua infelicidade espalhando o seu naufragio como acontecido na boca do rio Amazonas, conhecido então pelo rio Maranhão. E deste accidente ficou até hoje o nome Maranhão affixo á cidade e ilha do Maranhão.’ – O Pe. José de Moraes, jesuita, que depois da extincção da Companhia se chamou José Xavier de Moraes da Fonseca Pinto, na sua Historia [ms.] da Companhia de Jesus do Maranhão e Pará, composta em 1759 , pag. 693, parece-lhe que esta transferencia de nome foi em rasão da semelhança que aos navegantes lhes parecia haver entre esta enseada do Maranhão e a do Grão-Pará ou rio das Amazonas, por desembocarem por ella outros quatro grandes rios como na enseada do Grão-Pará. Mas para se tirar esta commum equivocação [concluiremos nós tambem com o mesmo Pe. Moraes] fique a cidade do GrãoPará com o seu rio das Amazonas, e a cidade de S. Luiz com o seu antigo Maranhão.” R. Maranhão. O panorama, p. 234. Ver também MARQUES. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão, 1970, p. 438; MARQUES. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão, 2008, p. 721; e SOUTHEY. História do Brasil, v. 1, p. 71.
grande maioria dos náufragos, a serem mortos e devorados pelos caetés, índios canibais. Em relação às três outras capitanias, Aires da Cunha, Fernando Álvares de Andrade e João de Barros, num esforço para levarem a cabo a sua missão colonizadora, optaram pela associação, de que resultou a formação de uma poderosa esquadra de 10 navios, sendo quatro naus e seis caravelas – apenas inferior, em qualquer época, entre as expedições enviadas de Portugal às suas possessões d’além-mar, à frota cabralina de 13 naus –, composta por aproximadamente 900 homens de arma, 113 ou 130 cavalos e abundante munição, sob o comando do primeiro donatário,194 bravo capitão de larga experiência. A organização e o financiamento da empresa ficaram especialmente a cargo do segundo e do terceiro donatários, fidalgos abastados, detentores, respectivamente, das importantes funções de Tesoureiro-Mor do Reino e Feitor das Casas da Índia e da Mina. O monarca de então lhes revalidou as doações anteriormente deferidas, mediante nova carta de doação expedida em 18 de junho de 1535, em favor dos três e de seus herdeiros e sucessores, incluindo não somente o encargo de povoamento desses quinhões e o direito de reparti-los após 20 anos, mas também a concessão de eventuais minas de ouro e prata que viessem a ser descobertas, porquanto era pensamento corrente que a Amazônia guardava imensos tesouros ocultos.195 Comenta José Ribeiro do Amaral que, em razão da doação real referente ao ouro e à prata, os três “tiveram mais favor que todos os demais donatários”. 196 A armada partiu do Tejo em outubro ou novembro de 1535, figurando igualmente, entre seus integrantes, um representante de Fernando Álvares de Andrade e dois filhos de João de Barros, que seriam Jerônimo e 194
Existe a possibilidade de que o real nome de Aires da Cunha fosse Ayres del Acuña, pois a sua nacionalidade seria espanhola, e de que a expedição que comandou ao Maranhão possuísse constituição luso-espanhola: “E para mais nos confundir na exata compreensão do que de fato se passava nos bastidores políticos e diplomáticos das duas cortes ibéricas, lembremos que o Professor Ruben Ribeiro de Almeida, professor emérito da Universidade Federal do Maranhão e grande sabedor das coisas da terra, em uma série de artigos que, em 1949, publicou na imprensa de São Luís, afirmou, por convicção escudada em documentos irrecusáveis, que a expedição em causa tinha uma tripulação luso-espanhola e que seu próprio comandante, embora a serviço de Portugal no caso, era espanhol de nascimento, tanto assim que seu verdadeiro nome era Ayres del Acuña.” MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 70. Os artigos referidos, publicados no Diário de São Luís, são intitulados: “Palácio do Governo”, “Avenida Maranhense” e “Arruamentos Desaparecidos”. 195 Ferdinand Denis tece considerações críticas sobre a lenda do El Dorado e da cidade de Manoa na Amazônia: “É por estas paragens que se colocou o famoso Lago Parima que se risca e se restitui alternativamente nos mapas. Este lago, célebre na história geográfica do Novo Mundo, poderia não ser mais que o resultado de aluviões passageiras; da mesma sorte que a tradição de que às suas margens se erguia a cidade resplandecente de Manoa, era devida provavelmente a vagas recordações das cidades antiqüíssimas descobertas na América meridional, e principalmente a esses rochedos micáceos, que costeiam certos rios, cujos reflexos brilhantes puderam enganar os viajantes prevenidos. Seja qual for, aliás, a origem deste império fabuloso de Eldorado, que principiou no tempo de Colombo, e que tem sido alternativamente recuado para os desertos menos explorados da América meridional, ele parece haver-se fixado entre o Orenoco e o Amazonas. Foi aí que Keymis e o infortunado Raleigh, após haverem feito inúteis esforços para descobrir a verdade, acabaram por criar eles mesmos uma cidade maravilhosa; e tal é a duração de semelhantes ficções, que esta não tinha sido ainda abandonada no começo do século. Em lugar de uma lagoa imensa, de onde uma população florescente recolhe ouro como areia; em vez de uma cidade semelhante à do Cataí, e cuja magnificência é tal, que pelo relato dos índios, é o seu brilho que, por reverberação, produz a Via Láctea; em lugar desses palácios, de telhados de prata, que fizeram admirar ao longe a Felipe d’Utre, e por esse rei chamado o Dorado, porque o mais brilhante pó de ouro era espalhado com profusão todas as manhãs sobre seus membros nus; em vez de mil outras maravilhas, cujo relato nos levaria longe demais, é preciso contentar-se em admirar, na Guiana portuguesa e na Província do Rio Negro, grandes florestas, rios magníficos, férteis vales, que não esperam senão por braços laboriosos para se cobrirem de ricas colheitas.” Brasil, p. 329. 196 AMARAL. José Ribeiro do. O Maranhão histórico – Artigos de jornal (1911-1912). São Luís: Instituto Geia, 2003. p. 19.
João.197 Aires da Cunha, depois de alcançar Pernambuco, onde pôde contar com o auxílio do também donatário Duarte Coelho, materializado no oferecimento de intérpretes e guias práticos, cuja tarefa seria prestar-lhe assistência na viagem rumo ao Rio Maranhão, sua meta final – fosse este o Maraon dos índios, descoberto por Vicente Pinzón, ou, com maior probabilidade, o atingido por Diogo Leite, na região dos Mangues Verdes –, seguiu para a parte setentrional, chegando ao litoral do Rio Grande do Norte, área da capitania originalmente conferida a João de Barros, na qual tentou implantar uma colônia no Rio Baquipe, hodiernamente Ceará-Mirim, sem sucesso, pois enfrentou a forte resistência dos potiguaras, que estavam associados aos gauleses, de presença lá consolidada. Por derradeiro, velejando para o oeste, o audaz, porém desafortunado capitão-mor conheceu trágica morte nas tormentosas águas da costa maranhense, em outro célebre naufrágio registrado nas páginas da História. Não há certeza, todavia, sobre o ponto exato do naufrágio dos navios da esquadra, nem sobre o fato de essas naus sinistradas haverem sucumbido ou não na mesma oportunidade, nem sobre a quantidade de naves da armada eventualmente salva, conquanto pequena, nem sobre o número dos poucos tripulantes que escaparam ao sinistro, nem, ao menos, sobre o local onde os sobreviventes buscaram refúgio. Na compreensão de uns, a esquadra, pouco antes de atingir a costa do Brasil, em decorrência de uma tempestade violenta, extraviou-se parcialmente, sob o efeito de fortes ventos e ondas, indo dar no Mar das Caraíbas, nas Antilhas, onde seus tripulantes teriam sido aprisionados por determinação das autoridades locais espanholas, com o argumento de que haviam transposto o limite imposto pelo Tratado de Tordesilhas, sem prévia autorização. Segundo outra versão, o desastre teria se verificado quando a frota já navegava por águas brasileiras, nas proximidades do Cabo de São Roque, no litoral do Rio Grande do Norte. Em ambos os casos, teria sido reduzido o número de navios que alcançaria o Maranhão, palco do naufrágio da própria nau capitânia e da morte do líder da expedição. Uma terceira hipótese é de que a armada, após perda de contato com os guias práticos que lhe haviam sido cedidos em Pernambuco e seguiam em uma canoa, findaria por ir além do Cabo de Todos os Santos, na entrada dos Mangues Verdes, lá chocando-se contra os parcéis submersos.198 Para Bernardo Berredo, que governou o Maranhão de 1718 a 1722 e teve a primeira edição de sua obra Anais históricos do Estado do Maranhão publicada em Lisboa no ano de 1749, a perda da esquadra chefiada por Aires da Cunha foi completa e o lugar que serviu de abrigo imediato aos sobreviventes foi a Ilha do Medo, onde teriam travado contato amistoso com os seus ocupantes da época, os tapuias, antes de estes serem expulsos pelos tupinambás: Com próspera viagem chegou este fidalgo [Aires da Cunha] à chamada barra do Maranhão, que é hoje a principal entrada da ilha deste nome; mas como sendo desconhecida de todos os pilotos, lhes faltou a ciência para os acautelar daqueles perigos, que prudentemente deviam supor-lhe, já como ordinários na maior parte delas, naufragou nos seus baixios com toda a 197
MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 70; 78. Há a versão, entretanto, menos autorizada, de que tais filhos seriam Diogo e Lopo. Ver ibidem, p. 87-88. Por outro lado, Jomar Moraes, em nota de rodapé inserta na obra O Maranhão histórico, de José Ribeiro do Amaral, apoiado em “diversas pesquisas que desfizeram equívocos provavelmente provindos de Gândavo”, alega taxativamente que, da “primeira expedição, ao comando de Aires da Cunha, não participaram os filhos de João de Barros”. Ver AMARAL. O Maranhão histórico, p. 19. 198 Ver MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 72.
armada; e ainda que na pequena ilha do Boqueirão (conhecida também pela do Medo), que lhe fica na boca, se salvou a nado alguma da gente, que logo contraiu amizade com os tapuias seus habitadores, como não bastava para a povoação, principalmente na total falta dos meios necessários, passado algum tempo, voltou a Portugal, a bordo dos navios piratas, que navegavam aquela costa.199 A realidade é que não há consenso sobre qual teria sido o local onde, possivelmente em março de 1536,200 os sobreviventes náufragos conseguiram guarida, se na citada Ilha do Medo, se na Ilha Pequena, posteriormente batizada pelos franceses de Sant’Ana, se na Ilha Grande, futuramente conhecida como Ilha de São Luís, se, mais especificamente, na Ponta do Bonfim. 201 Em João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, Mário Meireles defende que o Rio Maranhão era inequivocamente o destino derradeiro da expedição, face à perspectiva de que levasse ao cobiçado El Dorado,202 corrobora a informação de que foram poucos os sobreviventes e enormes as perdas, inclusive oferecendo números, e elenca as hipóteses mais acolhidas sobre o ponto inicial de refúgio dos náufragos, contudo corteja a ideia de que alguns navios da armada teriam se esquivado da fatalidade: A certeza que se tem é que, desarvorada, sim, e já sem comando, e no número de apenas dois ou três navios, chegou ao que seria seu destino – o rio Maranhão, ou seja, aquele que, como tal, fora descoberto por Diogo Leite, em 1531. A esta altura invocamos a autoridade de Rocha Pombo – planos muito mais vastos trazia ele, Aires da Cunha, seguramente. Ou não se compreenderá por que passou ao largo de todas as cem léguas da extensa donataria que era de João de Barros, e de quem era associado, para ir em busca, depois de percorridas também as 40 léguas da de Antônio Cardoso de Barros, do rio Maranhão... Seguramente porque nas ainda desconhecidas margens desse rio é que estava escondido o Paititi, o El-Dorado. Discutem os historiadores sobre onde exatamente teriam chegado. Para uns, depois do naufrágio ocorrido no estreito do Boqueirão, teriam, os sobreviventes, se abrigado na Ilha do Medo; para outros, na própria IlhaGrande, a Upaon-Açu dos nativos, e ainda para outros, como o sempre autorizado Varnhagen, na Ilha-Pequena, a Upaon-Mirim a que os franceses, em 1612, dariam o nome de Sant’Ana, que ainda hoje conserva. Não importa se do desastre só se salvaram duas ou três das dez unidades da 199
BERREDO. Anais históricos do Estado do Maranhão..., p. 35. A data é referida por MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 74. 201 A Ponta do Bonfim é mencionada pelo Padre José de Morais como sendo o lugar onde, decorridos muitos anos do naufrágio, teriam sido encontrados vestígios de uma “fortificação por umas pedras de cantaria”. MORAIS, Padre José de. História da Companhia de Jesus na extinta província do Maranhão e Pará. Rio de Janeiro: Editorial Allhambra, 1987. p. 22. 202 Expõe Lucien Provençal a relação que os navegadores do século XVI faziam entre o Maranhão e o El Dorado: “Na idéia dos descobridores do século XVI, o Maranhão conduziria até o Eldorado e à cidade de Manoa, onde teria sido escondido o fabuloso tesouro dos incas. Para todos, era o paraíso. Teria sido descoberto por Alonso de Hojeda em 1497 e, mais tarde, visitado por Juan de la Cosa, Vicente Yanez Pinzón e Diego de Lepe. Ninguém conhecia exatamente a sua posição geográfica: uns falam de um braço do Rio Amazonas, outros de uma enseada, confluência de três rios.” A França Equinocial: os franceses no Maranhão. In: MARIZ, Vasco (Org.). Brasil-França: relações históricas no período colonial. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Ed., 2006. p. 90. 200
esquadra; se apenas quarenta e cinco, ou seja, 5% dos homens da tripulação lograram se salvar a nado; se se perderam os 113 cavalos e todo o armamento, munição e mantimentos. O que importa é a certeza de que uns poucos se salvaram; o que nos é atestado pela carta datada de 15/7/1536, em que o atento e zeloso embaixador Luis Sarmiento transmitiu ao Imperador Carlos V, dando-lhe conta das notícias recebidas de seus agentes junto à expedição, com as quais retificou seu comunicado anterior de que se estava aprestando, em Portugal, uma expedição destinada ao Rio da Prata.203 Na terceira edição da História do Maranhão (2001), posterior a João de Barros, primeiro donatário do Maranhão (1996), Mário Meireles, embora não desprezando as demais versões, mostra a sua preferência pela que relata haver o perecimento da frota de Aires da Cunha ocorrido no Boqueirão e haverem os sobreviventes ido ter, primeiramente, à Ilha do Medo e, em seguida, à Ilha Grande, onde teriam providenciado a edificação de uma fortaleza, nesta informação recorrendo a Estácio da Silveira. 204 Com efeito, fala o Capitão Simão Estácio da Silveira que “a gente que escapou, depois de fazerem na Ilha de S. Luís (onde agora se chama o Boqueirão) uma fortaleza de que ainda ali estão alguns vestígios, em que se vê pedras brancas de Alcântara”, não logrou prosperar, porquanto “os consumiu o tempo, ou alguma desordem com o gentio, sem ficar outro rasto mais”, a não ser pelo descobrimento ulterior de indivíduos de uma tribo “na comarca de entre o Rio Monim e o Rio Itapecuru”, com costumes distintos dos índios em geral, posto que “vivem em sobrados, comem pão de milho zaburro e não usam da farinha da mandioca, nem de arco e frechas, e por divisa criam barbas como os portugueses, e por isso os circunvizinhos os chamam de barbados”, além do que “têm umas espadas, como achas e umas azagais de arremesso, com que são temidos e valentes”, um “gentio tão bárbaro, ou mais que o outro”, apresentando-se como “descendentes de brancos, a que eles chamam Perós parece por memória de algum Pedro notável, de que conservam aquele nome”, com a anotação final de que “não quiseram nunca paz nem trato com os franceses, dizendo que eles não eram verdadeiros Perós”.205 Bernardo Berredo, entretanto, “com a sinceridade de verdadeiro historiador”, duvida da veracidade das notícias de Estácio da Silveira, tendo-as por “fabulosas nas partes principais”, pelo fato de que “o Boqueirão é ilha chamada deste nome, como já fica referido e como tal absolutamente separada da de São Luís”, e, maiormente, pela constatação de que não há “tradição alguma no Estado do Maranhão” da fortaleza ou 203
MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 72-73. “Naufragaram, porém, no Boqueirão, e uns poucos sobreviventes recolheram-se à ilha do Medo (Beauchamp e Gabriel Soares indicam a ilha das Vacas, ou seja, a de São Luís; Varnhagen opina pela de Sant’Ana, no que apoiado por João Lisboa e Rocha Pombo; o padre José de Morais fala na Ponta do Bonfim, naquela), de onde, confraternizados com o indígena, se passaram à Ilha Grande, então conhecida como da Trindade, e defronte ao lugar do naufrágio, em que teriam construído uma fortaleza com pedra (sic) brancas do Itaqui, segundo conta Estácio da Silveira.” MEIRELES. História do Maranhão, p. 24. 205 SILVEIRA. Relação sumária das cousas do Maranhão, p. 27. Alcântara, in casu, é uma referência a uma pedreira, localizada perto do Aqueduto das Águas Livres, na cidade de Lisboa, e não ao topônimo maranhense. MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 85. O Frei Vicente do Salvador corrobora plenamente a tese de Estácio da Silveira, no tocante ao destino dos descendentes dos homens da expedição de Aires da Cunha que sobreviveram ao naufrágio. Ver História do Brasil. Prolegômenos de Capistrano de Abreu. 6. ed. São Paulo: Melhoramentos: Instituto Nacional do Livro, 1975. p. 127. 204
das pedras de Alcântara citadas, argumentando, ainda, que “mal pode crer-se, que no espaço só de oitenta anos”, contados da data do naufrágio de Aires da Cunha até 1615, ano do estabelecimento de Jerônimo de Albuquerque na Ilha de São Luís, “tivesse já o tempo consumido uma obra de tanta duração, e com tamanho estrago, que nem lhe deixasse os fundamentos para memória dela”. 206 Mas a maioria dos estudiosos sustenta a existência, conquanto transitória, de uma povoação, a de Nossa Senhora de Nazaré ou simplesmente Nazaré, fundada pelos expedicionários de Aires da Cunha, entre os quais os filhos de João de Barros, residindo a dissensão, uma vez mais, no lugar de sua breve história. Para alguns, o sítio escolhido foi exatamente na Ilha Grande, hodiernamente de São Luís, caso de Ribeiro do Amaral, o qual também justifica a designação que foi dada (ou confirmada, já que assim era conhecida desde 1513)207 a esta última na época, isto é, de Ilha da Trindade: A esta ilha (do Maranhão), deram os sobreviventes o nome de Trindade, ou porque já se encontrasse ela com tal nome no mapa de Diogo Ribeiro, em 1529, ou porque melhor devia caber-lhe agora, pela associação dos três donatários; e procuraram, com as relíquias do naufrágio, nela estabelecerse, fundando uma pequena povoação que recebeu o nome de Nazaré, a qual de efêmera duração foi, pois os índios, com a sua proverbial volubilidade de amigos, que a princípio se tinham mostrado, pouco tardaram em se levantar, queimando e destruindo as plantações e sementeiras e chegando a pôr em apertado sítio a povoação e a tomar-lhes a água das fontes de beber, de sorte que, reduzidos à última penúria e havendo perdido já muita gente, viram-se os que restavam ainda forçados a abandonar a terra para onde haviam partido todos, tão cheios de esperanças.208 É certo que a carta do embaixador da Espanha em Portugal, Luis Sarmiento, ao Imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico, ou Rei Carlos I de Espanha, de julho de 1536, atesta que os sobreviventes da expedição malograda chegaram a uma ilha, a qual denominaram de Trindade, foram bem recebidos pelos nativos, começaram a edificar um lugar e um castelo e batizaram o primeiro de Nazaré. Nada diz, e não tinha condições de dizê-lo então, sobre a eventual conclusão da fortificação e do núcleo de povoamento. Porém, em reforço, Mário Meireles consigna que, ao lado de Estácio da Silveira e Luis Sarmiento, Pero Magalhães Gandavo é outro que se refere à existência da povoação, quando “informa terem [os expedicionários] daí, em dois batéis, subido o Mearim 250 léguas a dentro, ou 150 como o retifica Capistrano de Abreu, deixando a prova de sua passagem em três marcos que chantaram”, figurando “um na Ilha Grande, outro na confluência de dois grandes rios e um terceiro em meio à floresta virgem”. 209 Se a Ilha de São Luís, antes das Vacas, da Trindade e do Maranhão, foi o solo onde esteve plantada a efêmera povoação fundada pelos homens da armada de Aires da Cunha, qual teria sido o local aproximado de seu estabelecimento? Alguns poucos autores veem Nazaré como a origem, embora remota, da própria cidade de São Luís: Estudiosos outros há, todavia, como nosso conterrâneo Ruben Almeida, que a identificam com a atual São Luís, de que teria sido a célula mater, não 206
BERREDO. Anais históricos do Estado do Maranhão..., p. 36. Ver MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 41; e MEIRELES. França Equinocial, 1962, p. 35. 208 AMARAL. O Maranhão histórico, p. 20-21. Ver também SERRANO. História do Brasil, p. 82. 209 MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 42. Ver, ainda, MEIRELES. França Equinocial, 1962, p. 36. 207
obstante os franceses, em 1612, a houvessem ocupado, mudando-lhe não só o próprio nome, como o de seu forte e de suas ruas; e ressaltam, os deste ponto de vista, que toda uma esquadra de dez naus, com novecentos homens a bordo, não poderia ter desaparecido no Boqueirão. E Jeviré, o porto indígena de Upaon-açu, não seria mais que a corruptela de Nazaré, na língua nativa.210 A narrativa de Estácio da Silveira conduz, no entanto, a conclusão diversa sobre o lugar selecionado. Conforme pode ser depreendido de suas palavras, a fortaleza teria sido erguida, sim, na Ilha Grande, hoje de São Luís, na área do Boqueirão, em frente à Ilha do Medo, portanto não no local onde, no ano de 1612, os franceses fundadores da França Equinocial lançariam as bases de sua colônia, ao construírem o Forte São Luís, verdadeiro alicerce e origem da cidade do mesmo nome, situado na parte final da ponta de terra divisória dos atuais rios Bacanga e Anil, na Baía de São Marcos, conhecida como Guarapari pelos índios. O argumento contrário de que toda uma esquadra de dez navios “não poderia ter desaparecido no Boqueirão” é falho, visto que, como já assinalado, não há certeza sobre se a expedição de Aires da Cunha foi vítima de um único naufrágio, ou seja, se todas as suas naus pereceram no mesmo lugar. Além disso, como indaga Mário Meireles no livro João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, bem a propósito, “por que, com que proveito, com que fim, Simão Estácio da Silveira diria, por escrito, que vira o que não vira porque não existia?” 211 E complementa o raciocínio, defendendo a plausibilidade da tese de que Cumã (Alcântara), por conseguinte na parte continental e não insular do Maranhão, consoante mapas de cartógrafos holandeses, pode ter sido o locus da povoação de Nossa Senhora de Nazaré: “Insistimos, pois, embora algo temerariamente: será que a razão estaria com os cartógrafos holandeses que, ainda em 1646, registravam Cumã, onde ninguém, até hoje, cuidou de procurar qualquer vestígio?”212 De qualquer maneira, sabemos que os franceses integrantes da missão de implantação da França Equinocial não informaram haver encontrado alguma ruína ou evidência de uma anterior fortificação ou povoação portuguesa na Ilha do Maranhão, futura de São Luís, ou delas haver tido conhecimento, quando de sua chegada ao lugar em 1612. E disso sabemos, porque nada há nos detalhados relatos dos cronistas capuchinhos Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux nesse sentido, até pelo fato de que os gauleses lá se depararam não com os tapuias, nome da tribo dos indígenas da época do naufrágio da frota de Aires da Cunha, mas com os tupinambás, sucessores daqueles na posse da terra insular. Em seus discursos perante os gauleses, Japi-açu, cacique principal da Ilha Grande, e o velho índio Momboré-açu, de mais de 180 anos, por exemplo, em conformidade com a narração de Claude d’Abbeville, somente se referiram aos peró (lusitanos) que os haviam forçado a deixar Pernambuco e Potiiú (Rio 210
MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 41. Ver também MEIRELES. França Equinocial, 1962, p. 35; e MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 87-88. 211 Ibidem, p. 87. 212 Ibidem, p. 87. O autor maranhense, em outra passagem, oferece detalhes do histórico dos mapas batavos registrando Cumã como o local da povoação de Nazaré: “Ou será que a verdade está com os holandeses que, já em 1595, apontavam, como se vê do mapa de Arnold van Langeren, a discutida Nazaré em terras continentais, da futura Capitania de Cumã, próxima da aldeia indígena de Tapuitapera? Tê-lo-ão feito, por certo, em face de informações de piratas batavos que já então freqüentavam a região e nisso insistiriam como, por exemplo, se pode ver de dois outros mapas – o chamado Novus Brasiliae Tipus, de Guglielmo Blacus, gravado por Jodocus Hondius em 1625, e o dito Brasiliae Tabula, de Johannes Jansonius, datado de 1646/1647, e que se guarda na biblioteca da Universidade de Amsterdã.” Ibidem, p. 83-84.
Grande do Norte), nada mencionando sobre hipotéticos portugueses ou seus descendentes com quem houvessem se defrontado no Maranhão. 213 O frade Claude d’Abbeville chega, inclusive, a explicitar que os tupinambás, “que habitavam antes no trópico de Capricórnio, se haviam refugiado na Ilha do Maranhão e regiões circunvizinhas para escapar ao domínio dos portuguêses” 214 Tampouco há dúvida real de que a escolha francesa do sítio para a edificação do Forte São Luís em 1612 teve motivação puramente estratégica, nada indicando a descoberta de qualquer mínimo vestígio do questionado povoado luso ou a intenção gaulesa de aproveitamento de alguma improvável ruína no lugar onde nasceria a cidade de São Luís. Nas palavras do mesmo onipresente capuchinho, os chefes da expedição da França Equinocial “escolheram uma bela praça, muito indicada para êsse fim por se achar numa alta montanha e na ponta de um rochedo inacessível e mais elevado do que todos os outros e donde se descortina o terreno a perder de vista”. 215 Sublinhemos, ainda, que tampouco Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura, principais responsáveis pela expulsão dos franceses, deixaram qualquer registro da povoação de Nazaré. E jamais foram descobertos os três marcos supostamente chantados em diferentes pontos pelos homens de Aires da Cunha. É razoável a suposição, destarte, de que a povoação portuguesa teve vida tão breve que desapareceu completamente antes da chegada ao Maranhão dos franceses comandados por Daniel de la Touche e François de Razilly. Mas, nesse caso, qual foi a sua duração aproximada e qual o destino dos sobreviventes do naufrágio da armada de Aires da Cunha? Ruben Almeida, alegando apoiar-se em “documentos de indiscutível validade”, mas sem nominá-los, rema inteiramente contra a maré ao contestar a ocorrência do deveras comentado naufrágio de navios da expedição de Aires da Cunha, ao mesmo tempo em que firma o período razoável de três anos como tendo sido o tempo de duração do núcleo de Nazaré: Pois ainda não se ensina a (sic) acredita que essa armada, a mais poderosa já vinda ao Brasil, até á época, de portugueses, como de outros povos, veio naufragar no Boqueirão, quando documentos de indiscutível validade provam ter aqui chegado em paz e salvamento, em 9-1535, fundando o povoado de Nazaré, em crescente prosperidade até 8-1538, quando, em consequência de desrespeito ao tratado de Tordesilhas, e de lutas com os franceses, tiveram de abandoná-la?216 Na obra França Equinocial, em suas duas edições (1962 e 1982), Mário Meireles também intenta responder, conquanto hipoteticamente, porém com mais credibilidade, a essas indagações. Enfatiza que a povoação “não sobreviveu muitos anos e dela não ficaria vestígio algum, apenas a memória”, citando Rocha Pombo como fonte da informação de que Nazaré existiu somente até 1538.217 E acaba por se render à 213
Ver, a título ilustrativo, ABBEVILLE, Claude d’. História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão. Tradução de Sérgio Milliet. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1975. p. 61; 115. 214 Ibidem, p. 65. 215 Ibidem, p. 57. 216 ALMEIDA, Ruben. Gaspar de Sousa no Maranhão. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, São Luís, v. 1, n. 2, p. 9-10, nov. 1948. 217 MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 41; e MEIRELES. França Equinocial, 1962, p. 35. Ver igualmente MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 74.
possibilidade de que a versão de Estácio da Silveira não esteja longe da verdade histórica: Sobrepor-se-á, então a pergunta de o que teria sido feito dos fundadores de Nazaré, e dos que nela teriam ficado enquanto outros, como os filhos de João de Barros, iriam ter em 1538 a São Domingos, nas Antilhas. Teriam todos perecido no curso desses setenta e sete anos, até 1612? Ou teriam logo sido devorados pelos tapuias da região, antes que os tupinambás tivessem nela vindo se localizar recentemente? As perguntas ainda não têm resposta segura pelos subsídios de que dispomos para o restabelecimento de nossa pré-história colonial. Ressaltamos, apenas, que os maranãguaras estavam na Ilha Grande e adjacências cercados por tribos tapuias e que, dentre estas havia, entre as bacias do Itapecuru-mirim e do Munim, os chamados tapuias barbados. Seria que estes tapuias foram os antecessores dos tupinambás na posse de Upaon-açu e que a existência de indivíduos barbados entre eles (o que não é característico antropológico do australóide, ressalte-se) e o que tanto mais chamava a atenção que acabou por identificar toda a tribo, viria a ser prova de que aqueles portugueses primeiros teriam com eles convivido e entre eles casado e procriado? E que com eles, por si mesmos ou já por seus descendentes barbados, teriam trocado a Ilha Grande pelo continente, quando o litoral foi ocupado pelos tupinambás que subiam do sul? A hipótese não é nossa, mas ainda do mais de uma vez invocado Simão Estácio da Silveira [...]. É uma hipótese, repetimos, e sedutora. A verdade, porém, é que Nazaré desaparecera e que de seus fundadores, no Maranhão das primeiras eras, afora as famosas pedras do Itaqui, o único vestígio discutível era a barba daqueles tapuias do Itapecuru-mirim.218 No livro João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, posterior a essas duas edições, Mário Meireles avança no detalhamento do destino que teria acometido os sobreviventes da esquadra de Aires da Cunha, entre os quais os filhos de João de Barros: O desastre do naufrágio, logo à chegada, e a morte da maior parte dos companheiros, inclusive a perda do próprio capitão-mor, não terá, todavia, tirado o entusiasmo dos sobreviventes para que insistissem na busca daquilo que tinham vindo descobrir – o ouro. E, para mais animá-los e chefiá-los, havia os dois filhos de João de Barros, que se contavam entre os sobreviventes. Nos dois anos de estada na terra, depois de terem erguido a povoação de Nazaré e o castelo que a defenderia, atiraram-se ao curso do rio Marañon, em verdade o Mearim, em busca do infinito oro, que ali havia, e em vão buscaram até a distância de duzentas e cinqüenta léguas, como o disse Gandavo em sua História da Província de Santa Cruz, ou mesmo de apenas cento e cinqüenta, como corrigiu Capistrano de Abreu, mas sempre em vão. 218
MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 43. Ver também MEIRELES. França Equinocial, 1962, p. 37-38. O historiador alude à “chamada tribo dos Barbados” como “aldeada entre Peritoró e Pirapemas”. MEIRELES. História do Maranhão, p. 25.
Desiludidos e já faltos de recursos e oferecendo-se-lhes uma possibilidade de tentar o regresso, embarcaram naqueles caravelões que lhes apareceram, talvez tomados a piratas desgarrados, mas foram pelas ondas arrastados, como de costume, às Antilhas, onde foram feitos prisioneiros das autoridades espanholas de San Domingo. Na terra deixariam, de lembrança, além daquela povoação e do forte, que haviam começado a edificar na ilha a que chamaram de Trindade, e duas outras fortificações menores, supostamente localizadas, uma, na foz do Mearim, e outra, na confluência de seu tributário Pindaré, mais aqueles jovens índios barbados que eram seus filhos com as nativas com que haviam convivido naqueles dois anos, pois que foram bem recebidos da gente que ali habitava, e delas inclusive.219 O naufrágio da portentosa frota de Aires da Cunha e a trágica morte deste donatário tiveram consequências desastrosas para os esforços de povoamento e colonização do Maranhão na época. A sociedade desfez-se completamente. Fernando Álvares de Andrade compreensivelmente desistiu do negócio, não mais empreendendo esforços para tomar posse de seu quinhão. O notável historiador João de Barros foi o único que persistiu. Homem de valor e caráter providenciou o resgate de seus filhos, mantidos prisioneiros em San Domingo, e tratou de prestar auxílio financeiro, extraído de seus próprios recursos, às famílias daqueles que haviam desaparecido no Maranhão, mormente a do seu amigo Aires da Cunha. Ele “pagou tôdas as dívidas que deixara Aires da Cunha e os que com êle pereceram; e pela artilharia e petrechos se constituiu devedor à coroa de cêrca de seiscentos mil réis”, os quais, muitos anos mais tarde, “lhe foram perdoados por D. Sebastião, ato de generosidade tão tardia, que de generoso mal lhe cabe o nome”, escreve Robert Southey. 220 As terras do Rio Marañon, envolvidas em mistérios e tragédias, território de aventuras e desventuras, estendendo-se do Maranhão aos incertos limites a oeste da hodierna Amazônia, das quais muitos não retornavam, onde estariam guardadas as riquezas do El Dorado, continuaram, porém, a excitar a imaginação dos lusitanos, ansiosos por repetirem os recentes êxitos espanhóis na obtenção de ouro e prata sob as pedras do ocaso dos impérios Azteca e Inca, nos termos das notícias que circulavam na Europa. Não é surpresa, pois, que novos candidatos à descoberta do local das cobiçadas riquezas amazônicas do lado luso da linha do Tratado de Tordesilhas, cuja porta de entrada seria o Rio Marañon, logo se apresentassem. Em 1539, talvez menos de um ano do possível abandono do povoado de Nazaré, Sebastião Marinho teria contornado a Ilha Grande e rumado rio acima pelo Mearim por aproximadamente 20 léguas, regressando em sequência sem conseguir o que pretendia. Diogo Nuñez, por seu turno, teria obtido de Tomé de Sousa, o primeiro Governador-Geral do Brasil, autorização para empreender a colonização do Maranhão e procurar os seus hipotéticos metais preciosos, associando-se, para tal fim, com um indivíduo de nome João da Saúde, contudo inexiste registro do que ambos hajam realizado. O próprio Tomé de Sousa parece ter dedicado esforços ulteriores em prol da conquista do Maranhão. Em carta reservada ao monarca português, de 18 de julho de 219 220
MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 74-75. SOUTHEY. História do Brasil, v. 1, p. 72.
1551, firmou que despachara da Bahia para a região setentrional o Capitão Miguel Henrique, em uma galé, na data de 6 de novembro do ano precedente, com o propósito de explorar um rio localizado em terra do Peru e encontrar algo que constituísse boa notícia para a Corte. O problema é que o Peru foi implicitamente identificado como a mesma terra do Maranhão, de novo nada constando sobre algum sucesso eventual da iniciativa. Depois da expedição de Aires da Cunha, a tentativa mais conhecida é a do célebre e abastado Luís de Melo da Silva, filho do Alcaide-Mor de Elvas, que esteve nas costas nortistas brasileiras e encantou-se com o visto e informado por terceiros, daí decidindo voltar à metrópole, onde, segundo uma conjectura, teria conseguido em doação a desassistida Capitania do Maranhão,221 sob a condição de que alargasse as suas explorações até os domínios do Amazonas. Frei Vicente do Salvador, considerado o Pai da História do Brasil, vai além, sustentando que a Capitania do Maranhão “foi dada a Luís de Melo da Silva, que a descobriu”, uma vez que “não era o Maranhão a terra que el-rei deu a João de Barros, como alguns cuidam, senão estoutra que demarca pela Paraíba com a de Pero Lopes de Sousa”. 222 Esta tese é, entretanto, nos dias de hoje, de 221
Ver MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 78; e AMARAL. O Maranhão histórico, p. 21. Capistrano de Abreu, no entanto, nos Prolegômenos ao Livro II do livro História do Brasil, de autoria do Frei Vicente do Salvador, ostenta informação que refuta tal hipótese: “Da capitania de Luís de Melo da Silva não apareceu ainda nem carta de doação nem foral.” Ver SALVADOR. História do Brasil, p. 98. 222 Ibidem, p. 127. Seu entendimento de que a capitania doada a Luís de Melo da Silva (a do Maranhão) não seria a mesma concedida a João de Barros é vigorosamente contrariado pela grande maioria dos estudiosos, entre os quais Mário Meireles, no livro João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, cujo título é autoexplicativo. São assaz elucidativas as observações do historiador maranhense a seguir reproduzidas: “Na explicação de D’Avezac, [...] a donataria, de nome Rio Grande, era de cem léguas; Frei Vicente do Salvador, contudo, sem nominá-la, diz que era de apenas cinqüenta léguas e que ela não era a do Maranhão... que foi dada a Luís de Mello da Silva, mas Capistrano de Abreu, nos Prolegômenos ao Livro II, adverte que da capitania de Luís de Melo da Silva não apareceu ainda nem carta de doação nem foral, e o que se sabe dele é segundo documentos espanhóis. Talvez as dúvidas e controvérsias acima possam ficar definitivamente esclarecidas com a leitura da certidão passada, em data de 26/1/1742, pelo escrivão da Torre do Tombo, em cumprimento a despacho d’El Rei D. João V (1706/1750), a pedido de Lopo de Barros de Almeida, que a terá requerido na qualidade de herdeiro de João de Barros, seu trineto ou tetraneto. Nessa certidão, que transcreve verbo ad verbum a “Carta de Doação das minas de ouro e prata das respectivas Capitanias de João de Barros, Aires da Cunha e outro”, datada de 15/6/1535 e que está no Arquivo Nacional da Torre do Tombo – manuscritos da Livraria nº 2.264, documento nº 102, lê-se o seguinte: Dom Joam por graça de Deos Rei de Portugal [...] A quantos esta minha carta virem Faço saber que eu tenho doação e merçe a Fernão D’Alvares de Andrade do meu Conselho e meu Thezoureiro mor e a Ayres da Cunha fidalgo de minha caza e a Joam de Barros feitor das cazas da India e Mina para elles e todos seus filhos e netos erdeiros sucessores de juro e herdade para sempre da capitania e governança de duzentos e vinte sinco leguas de terra na minha costa e terras do Brazil, repartidas em capitanias nesta maneira convem a saber ao dito Fernão D’Alvares trinta e sinco leguas que comesão do cabo de Todollos Santos da banda do leste e vam correndo para lo-este athe o rio que está junto com o Rio da Cruz e aos ditos Ayres da Cunha e Joam de Barros cento e sincoenta legoas covem a saber cem legoas que comesão honde se acaba a Capitania de Pedro Lopes de Souza da banda do norte e correm por a dita banda do norte ao longo da costa tanto couber nas ditas cem legoas e as sincoenta legoas que comesão da terra de Diogo Leyte da banda de loeste e se acabão no cabo de Todollos Santos da banda do leste do rio do Maranhão segundo mais inteiramente he contheudo e declarado nas cartas e Doações que os sobreditos Fernão D’Alvares, Ayres da Cunha e João de Barros das ditas terras e Capitanias de mim tem sobre as quase terras e capitanias elles todos tres juntamente estam contratados e concertados por minha licença [etc...] [...] E o ilustre historiador que foi Frei Vicente do Salvador, a quem Frei Venâncio Willeke, OFM chama , com absoluta justiça, de o Pai da História do Brasil, o Heródoto Brasileiro, deve tê-lo negado tão enfaticamente, como o fez, porque não terá tido, com certeza, oportunidade de conhecer o mapa do cartógrafo português Luís Teixeira, datado do ano de 1574, já no reinado de D. Sebastião (1557/1578),
escassa ou nenhuma confiabilidade, porquanto não há quase dúvida alguma de que se tratava da mesma donataria e de que Luís de Melo da Silva não a descobriu. Este deixou Lisboa com uma frota de três naus e duas caravelas em 1554, com o objetivo de conquistar o Maranhão, no que não teve melhor sorte que Aires da Cunha, a não ser pelo fato de que sobreviveu ao naufrágio ocorrido em uns baixios possivelmente na Coroa dos Atins, à entrada dos Mangues Verdes, “salvando-se apenas uma das caravelas, em que os desventurados náufragos conseguiram se recolher à Pátria” detalha Ribeiro do Amaral. 223 Para o Heródoto brasileiro, “morreu a maior parte da gente que levava, escapando só ele com alguns em uma caravela, que ficou fora do perigo, e dezoito homens em um batel, que foi ter à ilha de São Domingos”. 224 Nesse ínterim, apesar do enorme prejuízo sofrido em decorrência do malogro da expedição de 1535, comandada por seu sócio e amigo Aires da Cunha, da morte deste e da desistência de Fernando Álvares de Andrade, João de Barros, tido como o primeiro grande historiador luso, agora um velho com mais de 50 anos, vivendo bem acima da média da população lusitana, não desistira do Maranhão. Assim, em 1550, quando Luís de Melo da Silva ainda estava empenhado em obter o favor real da doação da capitania em causa, João de Barros enviou novamente seus filhos para a colonização da donataria, mas eles, outra vez, não foram bem-sucedidos. Estas duas tentativas são mencionadas em representação dirigida ao soberano de Portugal em 1555, noticiando a ocorrência de assaltos e roubos perpetrados por forasteiros na capitania, entre os quais egressos de outras donatarias, o que originou a expedição de alvará datado de 5 de março de 1561, pelo qual o governo vedou a futura incursão de outras pessoas às terras do Tito Lívio português. Sobre a derradeira iniciativa da família Barros nas terras da Ilha da Trindade, relata Jerônimo, em representação destinada à Coroa, quando D. João III já não mais reinava, cuja morte se verificou em junho de 1557, que ele e seu irmão João de Barros, a serviço real, em uma armada, haviam explorado o Rio Maranhão e a costa à procura de ouro, encontrando e resgatando indivíduos da expedição de Luís de Melo e empreendendo vários trabalhos de guerra contra os gauleses e os nativos, lá permanecendo aproximadamente cinco anos a expensas de seu pai. Esta última tentativa acabou por arruinar definitivamente as finanças do valoroso historiador, o qual faleceu pobre em 1570, acometido de uma apoplexia, ocasião na qual sobrevivia à custa de uma pensão que lhe fora deferida pela Rainha Regente D. Catarina. Para robustecer seu argumento de que João de Barros foi o primeiro donatário do Maranhão, Mário Meireles refere que, “ainda em 1574, em um mapa do Brasil desenhado por Luís Teixeira [...], o extremo norte do litoral brasileiro, compreendendo aqueles quatro quinhões concedidos, em 1534/1535”, por ordem do leste para o oeste, “a ele, a Antônio Cardoso de Barros, a Fernão d’Álvares de Andrade e a Aires da Cunha, aparecem como uma única donataria e sob o título de Capitania de João de Barros”.225 sucessor de seu avô D. João III, e que se guarda na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa.”. MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 54-56. 223 AMARAL. O Maranhão histórico, p. 21-22. 224 SALVADOR. História do Brasil, p. 129. 225 MEIRELES. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão, p. 81. Conclui o autor que inexiste informação sobre quando ocorreu a unificação das quatro donatarias iniciais em uma única capitania: “Não sabemos quando e através de que nova ou novas cartas de doação esses lotes teriam sido
Tampouco Luís de Melo, enriquecido nas Índias, se restringiu a uma tentativa solitária de conquista do Maranhão. Em 1573, já morto João de Barros, teria encarregado, de Portugal, Leitão de Gamboa, no comando da nau São Francisco, de dar início à colonização daquela terra, mas as profundas águas do Atlântico a teriam recebido em seu regaço, posto que não mais tivesse sido vista. Uma versão diz que ele próprio morreu no que teria sido a sua segunda viagem à donataria. Jomar Moraes, em nota de rodapé contida no livro O Maranhão histórico, de Ribeiro do Amaral, concorda que João de Barros antecedeu Luís de Melo na titularidade da Capitania do Maranhão, porém defende que o segundo apenas se tornou o seu legítimo donatário após o falecimento do primeiro: Luís de Melo da Silva, não como donatário, mas na condição de contratado por João de Barros ou a ele associado, viajou pela primeira vez ao Maranhão em 1554. Em 1573, provavelmente já na qualidade de titular da capitania do Maranhão, por compra aos filhos de João de Barros (falecido em 1570), Luís de Melo da Silva fez sua segunda viagem ao Maranhão, na qual pereceu. Entre a primeira e a segunda expedição de Luís de Melo da Silva, houve a dos filhos de João de Barros, Jerônimo e João, que no Maranhão se demoraram de 1556 a 1561, fazendo diversas explorações na região.226 Após tantos reveses pela via marítima, os portugueses buscaram o acesso ao Maranhão por terra. Gabriel Soares de Sousa teria saído com tal fim em 1591, na companhia de numerosos homens, mas somente “chegando até as cabeceiras do Rio São Francisco e a Serra Verde”, em cuja “jornada se perderam muitos”, conforme Estácio da Silveira. 227 Fran Paxeco descreve a expedição seguinte, de Pero Coelho de Sousa, no ano de 1603, também por rota terrestre e sem sucesso: Segue-se-lhe o açoriano Pero Coelho de Souza, irmão de Martim Afonso, em 1603; desfeito o plano de tocar o território maranhense pela via oceânica, combinou transitar por terra, mas junto ao litoral, na companhia de cerca de cem europeus e oitocentos indígenas. Diogo Botelho, governador-geral da colônia, liberalizou-lhe a patente de capitão-mor, com poderes para conquista do Maranhão. Saíram da Paraíba, em junho, agregando-se-lhes Diogo de Campos Moreno, sargento-mor do Estado e Martin Soares Moreno, individualidades que se notabilizaram, no decurso destas valorosas entrepresas. Aportados a Jaguaribe, de Pernambuco, encaminharam-se pro Ceará, seguindo, nos fins de outubro, com destino à serra de Ibiapaba, incluída na área disputada. Jornadearam, té ali, debaixo das simpatias dos sertanejos. Mas, em janeiro de 1604, azagaiados pelos tabajaras, enfrentaram os morubixabas Mel Redondo e Jurupari-Guaçu. Os constantes recontros, apesar de vitoriosas as forças de Pero Coelho, levaram o capitão a desistir da iniciativa e a arrepiar carreira. Os franceses, que já tinham travado amizade com os que vagueavam em Ibiapaba, reforçaram a fúria dos atacantes – contra os perlustradores desses ínvios atalhos. Do mal, todavia, sempre se aproveita alguma cousa: – os tupinambás advertiram-
transferidos de dono e unificados sob o nome do novo donatário que os identifica no mapa, como também não sabemos quando teria sido extinta esta nova capitania.” Ibidem, p. 81. 226 Ver nota em AMARAL. O Maranhão histórico, p. 22. 227 SILVEIRA. Relação sumária das cousas do Maranhão, p. 21.
nos do que ocorria no Maranhão.228 Esta empreitada, a despeito das úteis informações colhidas sobre os territórios percorridos e mesmo sobre o Maranhão, tendo em conta a exploração de áreas da Paraíba, Pernambuco e Ceará, a habilidade de Martim Soares Moreno, que se tornara um competente intérprete ou “língua”, e a tomada de prisioneiros indígenas, entre os quais alguns tupinambás vindos das terras maranhenses, que estavam visitando seus parentes tabajaras, como atesta o Padre José de Morais, da Companhia de Jesus,229 teve um efeito extremamente negativo na relação dos portugueses com os índios, em decorrência da escravização de tabajaras e tupinambás. O citado religioso atribui principalmente a Pero Coelho de Sousa a responsabilidade pelos atos reprováveis perpetrados contra os aborígenes, pois teria sido dele, contrariando o conselho de Martim Soares, a decisão de aprisionamento dos nativos, com a finalidade de obter mão de obra para as suas lavouras. 230 A questão é controversa, sendo fato, contudo, que o procedimento adotado pelos expedicionários foi censurado e que o indivíduo punido foi um tal de João Soromenho, como esclarece Mário Meireles.231 Diante de mais essa iniciativa infrutífera de cunho militar, e não havendo 228
PAXECO, Fran. O Maranhão: subsídios históricos e corográficos. 3. ed. São Luís: AML/EDUEMA, 2008. p. 54. 229 Ver MORAIS. História da Companhia de Jesus na extinta província do Maranhão e Pará, p. 24-25. 230 “Receava Martim Soares que os intentos com que Pedro Coelho saiu de Pernambuco, de cativar os índios para o benefício das suas lavouras, se pusessem agora em execução, com grave perigo do estabelecimento da sua capitania, fundada só por então nos braços e forças daqueles índios, que voluntariamente o ajudavam. Não se enganou, porque de um confidente da mesma comitiva soube logo a firma resolução em que estava Pedro Coelho de amarrar os índios, que consigo tinha trazido da serra. Buscou-o prudente e com confiança de amigo lhe propôs eficazmente, e à luz da mesma razão, as prejudiciais conseqüências de um tão injusto procedimento, mostrando-lhe como experimentado no país os desserviços que nisto fazia a Deus e ao seu rei. [...] Nada bastou para abrandar o resoluto ânimo de Pedro Coelho, mais duro que a mesma pedra, nem as evidentes razões, que tinha ouvido, o moveram a desistir de um projeto tão alheio da razão e da justiça daqueles miseráveis, que seguros na boa fé e promessas o tinham acompanhado até aquele lugar, e quando não tivessem por si outro motivo, bastavam as esperanças que davam os tupinambás do descobrimento do Maranhão, e do muito que nele podia interessar à Coroa portuguesa, para não só os não ofenderem, mas ainda serem tratados com mimo e regalo, e obrigados com a desconveniência de algum donativo. Eram outros e muito diversos os desígnios de Coelho e seus companheiros, um e outros cegos com tão execranda ambição. Não quiseram perder mais tempo fiados no descuido e inocência dos pobres índios: deram sobre eles de repente, e foram amarrando assim os tabajaras da serra como os tupinambás do Maranhão, ao estrondo de muitos tiros, que espantando a maior parte do gentio que ali se achava da obrigação do capitão-mor, nos deixou senhores da presa para os levarem com as suas famílias a chorar no serviço de suas casas e lavouras a injustiça de seu infortúnio. Tão antigos são neste Estado semelhantes cativeiros, e insultos contra a liberdade. Notavelmente magoado, e por extremo queixoso ficou o Capitão-Mor Martim Soares; e vendo a cena mudada, perdidas as esperanças do descobrimento do Maranhão, pouco segura a sua pessoa, levantados os índios, não se querendo já fiar dos portugueses pelo modo aleivoso, com que os tratavam; se partiu logo para Pernambuco, aonde chegou governando já o Brasil Gaspar de Sousa, fidalgo de tão grande zelo do serviço do seu rei, como da glória de Deus no aumento da fé e conversão dos gentios. Pasmou com a inconsiderável resolução de Pedro Coelho, que Soares lhe referiu da ocasião oportuna, que a sua temeridade tinha arrancado das mãos ao capitão-mor, pela qual sem dúvida adiantaria muito a sua capitania, e o que mais era a redução de tantas almas, que em vez de se atraírem, eram desviadas por este modo do grêmio da Santa Igreja.” Ibidem, p. 25-26. 231 “Discute-se muito, aliás, sobre a culpa ou responsabilidade do capitão-mor no caso, afirmando alguns que agia assim por ordem expressa do governador geral; a verdade é que, desaprovado esse procedimento, a punição recaiu sobre João Soromenho, que fora despachado do Brasil em seu auxílio.” MEIRELES. História do Maranhão, p. 27.
condições para o envio de nova expedição nos mesmos moldes, foi a missão ao Maranhão assumida pelos jesuítas, possivelmente por sugestão dos próprios. Os missionários Luiz Figueira e Francisco Pinto deixaram Recife em 20 de janeiro de 1607, por via marítima, acompanhados de muitos dos tupinambás anteriormente feitos prisioneiros. O Padre Luiz Figueira assim testemunha o início da difícil empresa e os objetivos que a animavam: No Mez de janro de 607 p. ordem de fernão Cardim pral desta pra nos partimos pera a missão do Maranhão o pe fro Pinto e eu cõ obra de sessenta Indios, cõ intenção de pregar o evangelho aaquella desemperada gentilidade, e fazermos cõ q’ se lançassem da parte dos portugueses, deitando de si os frãcezes corsarios q’ lá residem para q’ indo os portugueses como determinão os não avexassem nem captivassem, e peraq’ esta nossa ida fosse sem sospeita de engano pareceo bem ao pe pral q’ não levassemos cõnosco portugueses e assi nos partimos sós cõ aquelles sessenta Indios.232 Os religiosos atingiram o forte do Rio Grande, onde foram bem recebidos pelo seu comandante Jerônimo de Albuquerque, o qual, inclusive, pôs-lhes uma escolta à disposição, oferta essa declinada. Tomaram o rumo do Jaguaribe, embrenhando-se pelo sertão. Os primeiros passos nos domínios indígenas foram promissores. Tiveram boa acolhida entre os potiguaras de Amanaí, no Ceará, onde ergueram uma capela. Dirigiram-se então para Ibiapaba, permanecendo por cerca de cinco meses nas aldeias do chefe Jeropari, entre as quais Ararenda, onde construíram outro lugar de culto. Animados por esses resultados, despacharam emissários para as tribos próximas, visando ampliar a obra catequizadora. Não atendidos pelos índios tacarijus, os dois jesuítas, na companhia de nativos amigos, “não obstante os péssimos prenúncios, aventuraram-se a recolher ao aprisco as gentes das aldeias serranas”, conforme sentencia Fran Paxeco.233 Os tacarijus, no entanto, surpreenderam-nos em 10 de janeiro de 1608, matando, a golpes de tacape, na região da Serra da Ibiapaba, no norte do Ceará, o Padre Francisco Pinto, ironicamente prestes a oficiar o sacrifício da missa, enquanto o outro sacerdote conseguiu sobreviver ao ataque, vindo a ser resgatado pelo sargento-mor, que acorreu do Rio Grande logo após tomar conhecimento das más notícias. Portanto, nenhum dos dois missionários jamais chegou ao Maranhão. O Padre Luiz Figueira, depois de retornar a Pernambuco e, posteriormente, à Bahia, apresentou ao seu superior, o Prepósito-Geral da Ordem de Jesus Claudio Aquaviva, a narrativa de sua tumultuada viagem, sob o título Relação do Maranhão, datada de 26 de março de 1608,234 da qual consta a informação de que os franceses haviam edificado duas fortificações em duas ilhas situadas na boca do Rio Maranhão. 235 Esta tentativa empreendida pelos jesuítas, tão malograda quanto as militares, encerrou o período das primeiras expedições ao Maranhão, promovidas pelos portugueses, deixando a terra, agora uma possessão espanhola, sob a vigência da União das Coroas Ibéricas (1580-1640), à mercê da persistente ação dos gauleses no Brasil 232
Ver a Relação do Maranhão, de autoria do Padre Luiz Figueira, em STUDART, Guilherme (Barão de Studart). Documentos para a Historia do Brasil e especialmente a do Ceará. 1608-1625. Fortaleza: Typ. Studart, 1904. v. 1, p. 1. 233 PAXECO. O Maranhão, p. 56. 234 Guilherme Studart contesta a data, alegando que, com base na leitura do documento, “Luiz Figueira devia datal-o de 609 e não 608”. STUDART, Guilherme (Barão de Studart). Documentos para a Historia do Brasil e especialmente a do Ceará, p. 1. 235 Ver ibidem, p. 12.
setentrional236 e abrindo caminho para a implantação da França Equinocial, que tornou o Maranhão um pedaço da França por aproximadamente três anos, a partir de 1612, até que os ibéricos despertassem para a realidade de que o continuado abandono da região e a posição de subestimar as iniciativas e pretensões gaulesas poderiam levar à definitiva perda daquele território. E então os lusitanos partiriam para o segundo e derradeiro grande embate com os franceses, depois da experiência da França Antártica, quando seria decidido se o Maranhão seria de uns ou de outros. REFERÊNCIAS ABBEVILLE, Claude d’. História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão. Tradução de Sérgio Milliet. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1975. 297 p. (Coleção Reconquista do Brasil, 19). ALMEIDA, Ruben. Gaspar de Sousa no Maranhão. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, São Luís, v. 1, n. 2, p. 5-11, nov. 1948. AMARAL. José Ribeiro do. O Maranhão histórico – Artigos de jornal (1911-1912). São Luís: Instituto Geia, 2003. 123 p. (Coleção Geia de Temas Maranhenses, 1). BERREDO, Bernardo Pereira de. Anais históricos do Estado do Maranhão, em que se dá notícia do seu descobrimento, e tudo o mais que nele tem sucedido desde o ano em que foi descoberto até o de 1718: oferecidos ao Augustíssimo Monarca D. João V. Nosso Senhor. 4. ed. Rio de Janeiro: Tipo Editor, 1988. 390 p. CABRAL, Mário da Veiga. História do Brasil: curso superior. 19. ed. Rio de Janeiro: Paulo de Azevedo, 1959. 612 p. DAMATTA, Roberto. Sobra dinheiro, falta vigilância. Veja, São Paulo, v. 44, n. 2236, p. 17-21, 28 set. 2011. Entrevista concedida a Monica Weinberg. DENIS, Ferdinand. Brasil. Tradução de João Etiennne Filho e Malta Lima. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980. 436 p. (Coleção Reconquista do Brasil, 46). GODOIS, Antonio Baptista Barbosa de. Historia do Maranhão para uso dos alumnos da Escola Normal. São Luís: Mar. Typ. de Ramos d’Almeida & G., Suces., 1904. t. 1. GODÓIS, Antônio Batista Barbosa de. História do Maranhão para uso dos alunos da Escola Normal. 2. ed. São Luís: AML/EDUEMA, 2008. 367 p. (Publicações do Centenário. Série Fundadores, 4). MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612-1615). Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. 231 p. MARQUES, César Augusto. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão. [2. ed]. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970. 681 p. (Coleção São Luís, 3). ARQUES, César Augusto. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão. Notas e apuração textual de Jomar Moraes. 3. ed. São Luís: Edições AML, 2008. 1028 p. (Coleção Documentos maranhenses, 20). MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. São Luís: Tipografia São José, 1962. 144 p. MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. 2. ed. São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. 126 p. MEIRELES, Mário Martins. História do Maranhão. 3. ed. São Paulo: Siciliano, 2001. 392 p. MEIRELES, Mário Martins. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão. São Luís: ALUMAR, 1996. 99 p. MORAIS, Padre José de. História da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará. Rio de Janeiro: Editorial Allhambra, 1987. 386 p. MORENO, Diogo de Campos. Livro que dá razão do Estado do Brasil – 1612. Edição crítica, com introdução e notas de Helio Vianna. Recife: Arquivo Público Estadual, 1955. 223 p. PAXECO, Fran. O Maranhão: subsídios históricos e corográficos. 3. ed. São Luís: AML/EDUEMA, 2008. 197 p. (Publicações do Centenário. Série Fundadores, 12).
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“Assim, abandonada a região pelos portugueses e deixada de lado pelos espanhóis, ante os sucessivos fracassos de uns e outros, ficou ela praticamente em mão dos franceses, que só os rouliers de la mer a visitavam com freqüência, conforme aliás a denúncia dos filhos de João de Barros.” MEIRELES. França Equinocial, 1982, p. 43. Ver igualmente MEIRELES. França Equinocial, 1962, p. 38.
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CANTO À CIDADE DE SÃO LUIS – MA PELOS SEUS 400 ANOS. EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA Fui gerado, nasci e fui criado em São Luis, Capital do Estado do Maranhão, e ao longo dos 75 anos de minha vida, sempre vivi nesta encantadora ilha, berço de grandes tradições, que traz nos versos poéticos do Hino do Maranhão, Estado do qual ela é a Capital, a mensagem de que “seja de glória tua existência inteira”, e me propicia como sempre propiciou a felicidade das grandes conquistas que a sociedade permite. Habituei-me, desde minha infância, aos problemas, superações, vitórias e conquistas da encantadora Cidade, berço de Gonçalves Dias, Coelho Neto, Humberto de Campos, Ruben de Almeida, e tantos outros imortais, que fizeram refulgir as letras maranhenses porque eles mesmos tinham luz própria e as iluminaram sempre com a doação do seu intelecto, para que ocupássemos espaço nas letras e nas artes. Olhei sempre e até com orgulho, suas ladeiras, seus azulejos, suas ruas tortuosas, suas praças e ruas com nomes até muito extravagantes, porém, que traduzem, em si mesmo, uma história do Brasil que não pode ser esquecida. Caminhei por ruas como do Sol, Afogados, Alegria, Inveja, Veados, Giz, Passeio, Hortas, Remédios, que conduziam sempre a praças como da Alegria, Misericórdia, Mercado Central. Ao lado desses nomes pitorescos, contudo, formavam-se outros, em homenagem a nomes ilustres, como Rua Rio Branco, e Praças: Pedro II, Benedito Leite, João Lisboa, estas em homenagem a grandes nomes ligados ao cenário nacional e internacional. Passear pela Rua Osvaldo Cruz, popularmente conhecida por Rua Grande, contemplar as vitrines de grandes lojas de exposição de roupas e calçados, jóias, ver a beleza do adorno dessas lojas, contemplar as vitrines da Real Jóias, de lojas de calçados, artisticamente preparadas, tudo isso que ficou na lembrança e que não mais existe. Hoje, passear por essa rua principal de São Luís, causa preocupação e nos assusta, em razão dos marginais que por ali campeiam. Passear pela Praça João Lisboa e Pedro II, onde estavam localizados bares de São Luís, que deliciavam seus clientes servindo entre outras coisas, sorvetes de frutas regionais, tais como bacuri, murici, jenipapo, que dizer deles? Ah! Quantas belas lembranças! Vi e revejo em minha memória São Luis, minha Cidade natal, que hoje continua doando nomes ilustres ao cenário cultural do País, como José Chagas, Nauro Machado, Arlete Nogueira da Cruz, Ferreira Gullar, este, segundo noticia a imprensa falada e escrita está cotado para receber o prêmio Nobel de Literatura. Ressalta-se que Ferreira Goulart, nunca quis o seu nome ligado a qualquer academia, embora seja detentor de grandes títulos nacionais e internacionais, que por si só já o imortalizaram. São intelectuais que têm luz própria e sempre impregnam de luz o lugar onde estão. Herdaram dos antepassados correligionários, as luzes próprias que fazem resplandecer o nome do Maranhão, produzindo poesias, romances, contos, crônicas, etc.
Suas seculares Igrejas estão a dizer da fé do nosso povo temente a Deus e de hábitos ligados á participação constante em cultos religiosos, principalmente aos domingos, onde assistem a Santa Missa e as homilias que os sacerdotes pregam em mensagens de fé e esperança aos fiéis. Aqui formam como Igrejas históricas a Catedral Metropolitana, com uma nave de templo belíssima, onde se tem a certeza de que só um homem inspirado por Deus poderia pintar um teto tão belo. A Igreja do Carmo, situada na praça do mesmo nome, herança dos Frades Capuchinhos que tantos e belíssimos serviços emprestaram e continuam emprestando até hoje à nossa terra. Igreja do Desterro, de sagradas tradições, rica em história local, com construção datada do século XVIII; Igreja de Santana e Igreja de São João, dirigidas por piedosos sacerdotes, que têm bem conduzido o rebanho ao aprisco do Senhor. Ao lado dessas Igrejas está a formar as Igrejas Evangélicas, o que acaba se constituindo de um valor histórico enorme, vez que Igrejas como as Presbiterianas e Batistas principalmente, a cada dia têm mais adeptos, com a pregação da Bíblia Sagrada e mensagens constantes também de fé e esperança aos fiéis, registrando-se aqui, nomes de oradores sacros como Benedito Guimarães Aguiar, Orlando Lopes de Morais, Capitulino Lázaro Amorim, Rui José de Morais Barbosa (in memoriam), Silas Marques Serra e mais recentemente, sobressaindo-se o nome do Pastor Antonio Fontes Martins de Sousa, grande nome do Ministério Sagrado Presbiteriano atual. Fluem-me à mente, no campo do exercício das ciências médicas, nomes como Djalma Marques, Neto Guterres, este chamado de “médico dos pobres”, pois nunca deixou de atender qualquer paciente que o procurasse, não importando se podia ou não pagar consulta. Genésio Rego, Carlos Macieira, Odorico Amaral de Matos, Alarico Pacheco, este por mãos de quem o autor deste texto foi trazido à luz, para citar apenas alguns nomes de ilustres médicos de outrora, sendo que hoje nomes de novos médicos, continuam a prestar relevantes serviços ao Maranhão, destacando-se entre eles, na pediatria, Orlando Araújo, Raimundo Nina Rodrigues, in memorian, Getúlio Ferreira de Albuquerque, e na angiologia, Sebastião Barreto de Brito Filho, que independente da posição social dos pacientes, sempre a todos atenderam e atendem de braços e coração abertos. Acodem-me no campo das Ciências Jurídicas e Sociais nomes de outrora como o do grande criminalista Valdemar Brito, Soares de Quadros, e José Santos, estes dois últimos, excelentes civilistas, todos destaques como nomes de outrora, que inestimáveis serviços jurídicos prestaram ao povo e a Cidade. Atualmente, apenas a titulo ilustrativo, vinculamos o nome dos grandes advogados Pedro Leonel Pinto de Carvalho, José Caldas Góis e Mário Macieira, este, no momento Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Maranhão (OAB-MA), em nome de quem saúdo a todos os valorosos militantes das Ciências Jurídicas e Sociais, que caminham ao abrigo da Deusa Themis. E no magistério? Neste sagrado mister de formação de homens para o futuro, temos por imperioso dever de citar entre estes nomes Zoé Cerveira, Zuleide Bogéa, Luiz de Moraes Rêgo, Francisco Solano Rodrigues, Rosa Castro, Carmem de Berredo Martins, que se ocuparam na formação de jovens com raro brilhantismo. Foram meus professores, estes dois últimos, e eu lhes devo muito pela sólida formação que me transmitiram.
No exercício do magistério Superior, relembro com a maior alegria, nomes como Orlando José da Silveira Leite, Tácito da Silveira Caldas, Antenor Mourão Bogéa, Fernando dos Reis Perdigão, Clodoaldo Cardoso, Pedro Neiva de Santana (in memoriam), José Maria Ramos Martins, registrando-se que Pedro Neiva de Santana, foi médico, que formou ao lado dos outros nomeados e juntos lecionaram na velha e tradicional Faculdade de Direito de São Luis. Muitos são os nomes de professores, magistrados, estes na esfera estadual ou federal, políticos, que ainda na época atual, continuam fazendo resplandecer o nome da nossa terra. Não se pode deixar de falar também do rico folclore maranhense, onde ocupa lugar de destaque o bumba-meu-boi, que através das matracas ou orquestras, encanta nas festas dos arraiais da Cidade, maranhenses e turistas no mês de junho, época dos festejos. A “festa da melancia”, que era procedida todos os anos na Avenida Beira-Mar, também por um imperioso dever de boas lembranças, tem que ser mencionada, pois ali era um local de encontros românticos, aonde casais apaixonados vinham, com suas presenças, se divertir ao ar livre e a custo baixo, saboreando esta gostosa fruta. Os enfoques acima dão uma visão panorâmica da Cidade de São Luis, aonde reminiscências da minha vida me conduzem aos bondinhos elétricos, às fábricas de tecidos, às oleaginosas, às fábricas de sabão, às casas de ferragens, à chamada Praia Grande, (todas que infelizmente não mais existem). Recordo-me dos cinemas Roxy e Éden, este último pela natureza do nome já conduzia os espectadores ao paraíso dos cinemas e dos filmes que a empresa Moisés Tajra trazia. Afluem-me à mente, o Teatro Artur Azevedo, belíssima casa de espetáculos que tantas gerações abrigou. Este, felizmente, sobrevive, enquanto aqueles cederam lugares a outros empreendimentos. Vale lembrar a Casa das Variedades, A “Lobrás” - Lojas Brasileiras S.A (de nível nacional), Lundgren Tecidos S. A., Tabuleiro da Baiana (loja de variedades), a Loja Singer que vendia as máquinas do mesmo nome, que engalanavam a Rua Grande com suas lojas bem trabalhadas. Afloram-me à imaginação os passeios pelas praias: Ponta da Areia, Olho d´Água, do Meio, Araçagy, Raposa, estas quatro (4) últimas, à época, de difícil acesso, por ficarem mais afastadas do centro da Cidade, nas quais se podia tomar banho de mar a qualquer hora, sem o perigo de contaminação de qualquer espécie, diferentemente do momento que ora vivemos, onde os alertas aos banhistas são de que evitem banhos de mar, pois as águas estão impróprias para banho, em virtude de estarem contaminadas por coliformes fecais, com esgotos que irresponsavelmente são jogados nas águas do mar. Eis por que turistas e banhistas locais limitam-se, hoje, a uma partida de futebol e prática de outros esportes que minimizam o sofrimento por ver o mar e se limitarem tão somente a isso. Fazem parte ainda das minhas lembranças as agências bancárias à época: Banco do Brasil S.A., Banco do Estado do Maranhão S.A., Banco do Maranhão, Companhia Progresso do Maranhão, Banco da Lavoura de Minas Gerais S.A., como principais agentes financeiros, dos quais apenas o Banco do Brasil S.A. sobreviveu, enquanto que os demais foram encampados por outros estabelecimentos de crédito.
Entre as casas de cultura, sempre se destacaram e felizmente ainda hoje existem para gáudio dos intelectuais, o IHGM (Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão) e a Academia Maranhense de Letras. Muito ainda poderia ser dito. No coração de cada pessoa pulsará sempre o desejo de conhecer mais um pouco desta Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. É preciso, pela beleza de sentimentos que ela expressa ao visitante, dar um destaque especial para a Praça Gonçalves Dias. Quem visita essa praça, sente a poesia do poeta maior que emprestou nome à praça: Antonio Gonçalves Dias, que tanto decantou o amor, quando nos deixou o legado do seu nome à Ilha, ao nos dizer: “ Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá/ Não permita ó Deus que eu morra, sem que eu volte para lá”. E neste canto poético, estando a falar de si, foi como encontrou a morte, afundando junto com o navio Ville de Boulogne, nas costas maranhenses, bem próximo à Ilha. A Praça Gonçalves Dias, onde está localizada a Sede da Reitoria, da Universidade Federal do Maranhão, com o histórico Palácio Cristo Rei, sintetiza tudo que tivemos e ainda temos, de história e de tradições onde precisa ser lembrado o nome do Reitor Cônego Ribamar Carvalho, sacerdote, poeta, escritor, membro da Academia Maranhense de Letras e tribuno, do mais alto quilate. Morando há mais de 15 anos no bairro do Renascença, em nossa São Luis, vejo uma nova Cidade, a substituir fisicamente a antiga, o que nenhum prejuízo traz à Velha Cidade que sobreviverá sempre na eterna lembrança dos que, como nós, amamos nossa vetusta Ilha. Apresenta-se agora plena de prédios e construções modernas e ainda assim, ao ver uma São Luis modernizada que está acompanhando o progresso com paisagens artificiais impostas pelo homem, vaticino que ao lado do seu embelezamento, continuará sempre sendo berço de glória de maranhenses ilustres. Tu, São Luís, caberias inteirinha nesta praça. Ela permite vista panorâmica da cidade, das praias, de ruas, igrejas, quer da velha cidade, quer da cidade nova e acima de tudo, sentir os encantos do poeta Gonçalves Dias que sintetizou sua poesia e seu imenso amor por São Luis, ao rezar ardentemente: “não permita ó Deus que eu morra sem que eu volte para lá”.
SÃO LUIS DO MARANHÃO EM SEUS 400 ANOS DE FUNDAÇÃO: ENTRE SONHOS, RUPTURAS E ASSIMILAÇÕES E O FAMOSO PECUAPÁ. CLAUBER PEREIRA LIMA Dedico este trabalho aos amigos Luis Mario Lula, que foi padre e hoje é pai de verdade e sua eterna Chiquita, que vivem felizes no querido Québec - Canada 10 de Janeiro de 2012, dia de São João Batista: Pecuapá dormia nas escadarias em frente da Igreja do Carmo e, de repente começou a escutar partes do sermão do Frei Guilhermino que lhe fizeram levantar as sobrancelhas: Com um sotaque italiano assim falou o bom frade: - Sim, meus queridos fiéis devotos desta linda cidade de São Luis do Maranhão. São Luis é sim a filha primogênita da Amazônia e daqui brilham as luzes do conhecimento para todo o território amazônico. São Luis não pode querer expressar-se no território brasileiro, sem esquecer-se de que faz parte de uma simples bacia amazônica. Aqui não há grandes intelectuais, porque a terra é pobre e o sol é quente demais, destruindo todos os neurônios do caboclo. Foi um milagre do bom Deus a existência de Padre João Mohana e Padre Jocy Neves Rodrigues neste solo, mas eles foram os últimos padres intelectuais, que por acaso nasceram no Maranhão. Hoje os padres, os pastores evangélicos, os pais e as mães de santo apenas trabalham em suas comunidades e não deixam registro do que fazem e do que sonham; não mais se escreve nesta terra de Humberto de Campos, porque não há mais tempo para isso. Primum vivere, deinde Philosophare. Vocês têm que se conformar. Busquem em Jesus e na Virgem Maria um consolo espiritual e deixem que a preguiça e a moleza do calor acalentem os vossos sonhos de civilização que nunca se concretizam. Abandonem a macumba e a dança do coco e parem de querer ser o que não são. Como disse El-rei: aqui não há ouro, nem prata; trabalhem na terra e deixem que outros pensem por vocês. Vamos agora rezar o nosso Credo... Pecuapá ficou nervoso com estas palavras e, tapando os ouvidos num ar de pânico, colocou as mãos no queixo e a pensar repetiu incansavelmente para si mesmo: - São Luis, a filha da Amazônia brasileira. Como se deu isso na nossa história? Não acho que isto esteja correto. Saiu caminhando pela rua do Sol, passando pela fonte do Ribeirão, que jorra suas águas desde os tempos das sinhazinhas. Foi até próximo da antiga estação de trem da RFFSA, em frente do Primeiro Distrito Policial, passando em frente ao rio Anil e, na ladeira que dá para o Seminário Santo Antônio parou e olhou para o céu cheio de estrelas e, sentindo o frescor da brisa sorriu. Neste instante, Antonio passou correndo por ele e disse: - Ei Pecuapá! Tú estás a pensar por ti ou pelos outros. És o homem de um livro só, ou de livro nenhum?
Pecuapá disse: - É hoje que a porca torce o rabo. Não basta ler rapaz. É preciso interpretar, digerir o que se lê e transformar tudo num novo argumento, numa nova síntese filosófica, antropológica e matemática. Pecuapá foi se aproximando até parar no bar do português Albino, que de calça comprida e sem camisa, barriga estufada, atendia e servia aos fregueses do bar e da quitanda. Encontrou-se com a turma da Universidade Federal do Maranhão - UFMA e da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, e lançou a questão: O que tu achas Estevão do que o Frei Guilhermino disse, de que São Luis é a filha primogênita da Amazônia? Estevão levantou sua barriga pro ar, conseqüência de muita cerveja e vinho tinto de terceira categoria, barato e ruim, e foi logo dizendo: - Adoro os sermões do Frei Guilhermino, mas fico confuso com suas lições de História e Geografia. Nunca li um livro do começo ao fim. Da História tenho pavor, porque tem muitas datas e só falam de guerra. Explica tú mesmo essa questão histórica porque só aprendemos o suficiente para saber que São Luis foi fundada por franceses, embora os portugueses digam que foram eles que tudo fizeram por estas bandas. Para te dizer a verdade Eu sou apenas um cantor. Josefina, ajeitando os seus cabelos longos interveio na conversa, dizendo: - Alguns dos nossos professores não sabem fazer a conexão entre o livro e a geografia da cidade e do Estado. Todo mundo sabe um pouco de tudo, mas, quanto à nossa identidade nacional, quanto a saber se São Luis é a capital do reggae ou se ainda é a Atenas do Brasil, ninguém sabe dizer. Aliás, falar de Atenas já não soa tão bem como antes. Talvez seja melhor ser a filha da Amazônia por causa do minério de ferro que escoa dos portos de São Luis para o resto do mundo. A cidade e o estado do Maranhão estão perdendo sua identidade, pois a cidade está cheia de forasteiros, matemáticos e engenheiros que nada escrevem e nada pensam, apenas constroem pontes, viadutos ou máquinas pesadas, como se nos cálculos que fazem para qualquer projeto de engenharia civil ou mecânica não houvesse um conteúdo filosófico, histórico, geográfico e até teológico. Isto é o que eu tenho escutado pelos corredores da UFMA e da UEMA, foi logo se defendendo Josefina com um ar infantil. Mas gostaria de te escutar. Fala para o nosso coração e nossa alma o que tú pensas disso tudo. Sim, repetiu Estevão. Queremos te escutar. Pecuapá disse sorrindo: - Bem minha gente, e, levantando a mão com um ar nobre de caboclo pediu ao Albino uma aguardente local para molhar a garganta. Eram 8 horas da noite e Pecuapá estava calmo. A brisa do mar sacudia os cabelos das mulheres em volta que, tanto bonitas como feias, louras, morenas ou negras sorriam meigamente. Mês de Junho era o mês das festas populares e de muita conversa ao pé da porta e o mês de Santo Antonio casamenteiro. Todos se voltaram para ele a fim de escutá-lo atentamente.
Levantando sua mão direita pra cima com o dedo polegar direito empinado, respirou fundo e disse: - Espero que esta conversa não fique muito longa porque todos começarão a dormir. Disse em seguida: - Pessoal querido desta terra equatorial. Como todos sabem, o Maranhão teve e tem uma ligação muito forte com a França através dos padres capuchinhos franceses e dos marinheiros da Bretanha e Normandia, que já faziam comércio com os índios tupinambás, nestas terras que eles consideravam como a França equinocial. É só vocês pararem de ver a novela das oito e começarem a ler todos os livros de História disponíveis ou a escrever a tradição oral para as gerações futuras. Em qualquer cidade maranhense, por mais analfabeto que seja o sertanejo sente que deve haver uma origem além mar para o Maranhão e se orgulha disto. Por mais pobre que alguém seja, você não vê em São Luis, Tutóia, Caxias, Codó, Santa Inês, Pedreiras, Imperatriz, Carolina ou Balsas qualquer pessoa correr atrás de turista. O turista brasileiro ou estrangeiro ou mesmo qualquer trabalhador que para cá vem é bemvindo, mas ninguém bajula ninguém. Queres comprar, compra. Se não queres outros o farão. Queres criticar, critica, pois o papel aceita tudo, mas não comentas erros de sintaxe. Queres visitar, visita; se não o queres: outros dias virão e outras pessoas irão passar por aqui e deliciar-se com a nossa juçara e cochilar em nossas redes lendo Josué Montello. Não querendo te interromper e já te interrompendo, disse Maria Nunes: - Eu acho que tú tens razão e é por isso que todos são poetas ou poetisas no Maranhão e até filósofos. O lavrador mais analfabeto do vale do Mearim tem um linguajar refinado e não aceita nenhum poderio econômico passar por cima da dignidade de um homem ou de uma mulher. É assim mesmo Maria. Pecuapá retoma a conversa: - Lembram-se do Padre Antonio Vieira e dos seus sermões inflamados na Capela ou Igreja de Nosso Senhor dos Navegantes em que defendia os índios e seus direitos a uma vida digna. Este orgulho de ser maranhense e bem falante está no sangue de todos, quer sejam descendentes da mãe África, da mãe Europa ou da terra Brasilis. Bem. Como o projeto da França equinocial foi destruído, começou então o projeto lusitano, em que o Maranhão enquanto capitania foi se transformando aos poucos no Maranhão luso-equinocial. Se vocês forem dormir num casarão colonial de São Luis, vão encontrar os armadores para as redes em que as Sinhazinhas dormiam embaladas pela fresca do mar. Os arquitetos e construtores portugueses foram inteligentes ao adaptarem-se às condições do clima equatorial e a um modelo de cidade banhada pelo mar e por seus rios e baías. Os arquitetos e engenheiros de hoje têm que fazer o mesmo, pois as águas das chuvas devem escoar para uma bacia de tratamento antes de ir para o rio e o Oceano. Os seus conhecimentos de Cálculo devem ser complementados com estudos de História e Geografia para que a cidade não fique alagada com o menor chuvisco. Alguns arquitetos e engenheiros fazem também suas rupturas e o resultado é visto através de ruas alagadas e esburacadas. Provavelmente o material usado não condiz com a força das chuvas; é preciso mais pesquisa para descobrir que material seria adequado para o mar de águas que caem na época das chuvas.
Bom, já estou cansado e com fome, falou o Pecuapá e assim se expressou com o seu dedo polegar levantado: - Albino, traz-me uma caranguejada com um arroz de cuxá e uma cerveja bem gelada e oferece para todos porque hoje estou pagando. Todos falam ao mesmo tempo: - Que bom que temos comida de graça! Diz o Seu Luis: Longe de quem trabalha e perto de quem come, diziam os mais velhos. Albino, afadigado mas, contente com o número de fregueses, responde lá de dentro: - Tú não estás no Restaurante Sra Cabana. Aqui nós temos apenas caldo de peixe ou mocotó. Se quiseres vou logo buscar. Traz-me então um mocotó e deixa de conversas. Afinal tú não és o Eça de Queiroz ou o Ramalho Ortigão para quereres desvendar numa só noite todo O Mistério da Estrada de Sintra. Tudo já está desvendado: maranhense não gosta de sopa, mas aceita um caldo de bom grado. Todos os presentes aplaudem e dizem É isto mesmo! Ao comer este caldo bem apimentado com molho de pimenta bem maranhense e, depois de tomar sua cerveja bem geladinha, Pecuapá fala com voz de locutor de radio: - Como eu estava dizendo: - Se o Padre Antonio Vieira inaugurou em 1654 uma concepção filosófica, poética e barroca do Maranhão colonial pode-se dizer que em termos históricos o século XVII foi somente de tentativas de formação de um povo e de um território, mas o fracasso predominou sempre porque ninguém vive só de filosofia e poesia. Minha concepção é a de que: para estudar a História do Maranhão, antropológica e filosoficamente falando, é preciso levar em conta as rupturas Políticas, Culturais, Religiosas, etc., ao longo destes 400 anos. Além das rupturas políticas: primeiro os espanhóis, depois os franceses e holandeses e por fim os lusitanos, temos a questão dos rios, que separam o homem da terra e cortam o seu ser em dois: de um lado um homem e uma mulher fortes e altaneiros e de outro, pessoas doentias e febris, com possibilidades de adoecer de Hantavirose ou Esquistossomose e muitas outras doenças geradas pela umidade e calor, misturada com a abundância das águas, tanto dos rios quanto das chuvas. Os nossos médicos têm levado em consideração este fator climático nas suas consultas da população, e têm dado o melhor de si para a população. É Preciso continuar estudando as bactérias em sua adaptação ao nosso clima maranhense para encontrar soluções locais para os nossos problemas de saúde. Meses depois... Todos foram para suas casas e, meses depois se encontraram novamente, mas desta vez na beira-mar pelo meio da tarde.
- Ei Pecuapá, disse Josefina. - Continua então aquela conversa sobre a ruptura Psicológica e Cultural do povo do Maranhão. - Sim Josefina. Que bom reencontrar você e todos os outros nesta tarde de sol quente em pleno Janeiro de 2012, que deveria ser de chuva, já que estamos em plena estação do inverno e até meados de Março é chuva que não acaba mais em São Luis. Por sua vez li nas notícias que chove forte lá em Imperatriz e, em Porto Franco, a água do rio Tocantins subiu e desabrigou muitas famílias. Isto é uma ruptura que provoca tragédias humanas que poderiam ser evitadas se houvesse prevenção. - Ei Estevão. Fizeste uma dieta porque estás com um aspecto melhor. - Sim Pecuapá, tive que ir para a Academia e além disso só como beijú e cuscuz de milho e pão de nenhum tipo não como. A ruptura agora no Maranhão é também com o corpo físico e, por isso precisamos malhar. O negócio agora é malhação e evitar pão e açúcar; vamos comer a comida do pobre lavrador: macaxeira e beiju com café e leite e muito arroz de cuxá com peixe. A comida do pobre hoje é a mais saudável de todas. Neste instante, alguns pescadores saiam do portinho para irem em busca do peixe da madrugada. Eram por volta das 5:45, quase 6 horas da tarde e o sol já ia se pondo na beira-mar e no Itaquí-Bacanga. - Que foto linda! Disse Freddy Servais ao tirar várias fotos do pôr-do-sol, e da cidade dos azulejos, dos seus mais variados ângulos. Turistas passavam com seus guias falando das proezas da Nega Catarina Mina e de seus rebolados de fazer a alegria da praia grande. Todos se encontram novamente mas desta vez no Restaurante do Joarez, nos fundos do Mercado Central. Pecuapá pede uma pescada e diz que já está parando de beber. Pede um suco de maracujá, para acalmar os nervos. Joarez, um senhor bem vestido e aparentando um ar europeu nórdico, que era o dono do restaurante aquele ano, manda o garçom servir o grupo prontamente. Era um local bem organizado e asseado. Lugar para nenhum turista botar defeito e os garçons e as meninas do caixa, eram todos bem treinados. Pecuapá disse então: - Vocês querem retomar aquela conversa que tivemos há meses atrás. - Sim, respondeu logo Josefina e toda a turma da UFMA e da UEMA. - Bom, então continuando vou logo dizendo: - Falando um pouco sobre os índios do Maranhão, posso afirmar que as rupturas e assimilações culturais fazem com que a cultura indígena dos Canelas seja preservada e diferenciada das demais, apesar de todas as tentativas de destruição, conforme reportagem do programa do Fantástico da Rede Globo de Televisão do dia 1° de Janeiro de 2012. As rupturas culturais dos índios canelas com a cultura brasileira, são bastante salutares porque demonstram que ainda existe uma cultura tradicional, que através da dança em círculos e da corrida das toras insiste em permanecer no ambiente da aldeia. Fazendo um adendo, podemos dizer que estes nossos índios estão melhores, se comparados com a realidade dos índios canadenses, na cidade de Saskatoon, onde, segundo o documentário Out in the Cold, há uma tentativa de destruição de uma cultura tradicional, reduzindo-a um simples problema de ordem policial. Os índios seguem com suas rupturas.
Voltando para o que eu estava falando do povo. Tudo o que eu disse sobre a população da nossa terra faz do maranhense um povo forte e manso, esperançoso e sonhador. As águas dos rios, quando não se tornam enchentes devastadoras, servem de inspiração e formam o caráter de um povo. Dos rios de que falei pode-se mencionar os principais: Rio Itapecurú, Mearim, Pindaré, Corda e Parnaíba, em Balsas, bem lá no sul do Maranhão. Por falar em Balsas, alguns querem transformar toda aquela região no Maranhão do Sul, e a cidade de Balsas na capital da soja e do agronegócio e, desconhecendo totalmente os fundamentos históricos e topográficos de nossa cultura querem deixar de lado este lado poético e saudosista do maranhense. Em Balsas há também rios e riachos e isto vem moldando o caráter do povo. A riqueza econômica não deveria ser um empecilho para o desenvolvimento da transcendência e do valor da vida porque existem outros valores que formam um povo além do financeiro. Como disse são muitos os rios do Maranhão e muita água, e isto molda a terra e o homem. Se formos analisar o rio Itapecurú, que hoje, segundo Carlos Wilmsen está secando rapidamente, vemos que sua artéria divide o centro do Maranhão num grande arco até o rio Parnaíba, sendo a artéria mais histórica do Estado. Segundo Astolfo Serra, que todo estudante deveria ler: Essas águas rolam pelos quatro séculos de formação histórica do Maranhão. Estes rios todos formam a identidade cabocla e à parte do resto do Brasil. Para dar um descanso a Pecuapá, Josefina intervém mais uma vez e, de saia rodada e com os cabelos em rabo de cavalo, diz: - Canta para nós alguma coisa Estevão. Estevão diz: : - Eu gostaria de cantar as músicas do Maranhão que continuam inéditas no Arquivo Público do Estado, doadas que foram pelo Pe. João Mohana, mas como não posso vou cantar outra coisa. Com a licença do César Teixeira vou cantar: A flor do mal me quer, eu a quero também, só pra saber o gosto que a morte tem. E, quando os espíritos voltarem da guerra, encherei os olhos com a mais suja terra e ferrarei a mula rumo a Portugal... Bravo! Esta é a verdadeira música maranhense . Pecuapá continua num tom calmo e sem contestação: - Tivemos também as rupturas religiosas, que me fazem pensar no que teria acontecido de diferente em nossa História Eclesiástica se o Bispo Dom Jacinto Carlos de Oliveira tivesse tomado posse de verdade e não apenas por procuração lá de Portugal, no dia 21 de setembro de 1779, vindo a renunciar ao cargo no dia 8 de Agosto de 1780, sem nunca ter pisados os pés no Maranhão. Triste dele que não pisou na areia fofa da praia da Raposa, nem contemplou o sair dos barcos de pescadores na baía de São José de Ribamar. Quais teriam sido suas diretivas pastorais para aquele século da Revolução Americana e Francesa? Isso nós não iremos ficar sabendo, mas é curioso pensar nisto. Na sua fundação histórica, o Maranhão foi tudo menos Brasil. Algumas pessoas do sul do Brasil e outras de fora também dizem na surdina que o Maranhão não é Brasil. Pois eu vos afirmo como de um mirante: - Esta é a pura verdade histórica e não é uma ofensa.
O Maranhão é um marulhar de águas, e isto influencia a dolência do povo, o ser pacato e pensativo e, juntando-se ao analfabetismo crônico e a uma economia informal, da pesca ou da coleta do côco babaçú, etc., faz com que o Maranhão seja geográfica e politicamente uma incógnita, um aglomerado de pensamentos e sentimentos, que faz surgir figuras históricas que aparecem e desaparecem rapidamente: Neste caso temos um Padre Antonio Pereira, um Padre José Constantino Gomes de Castro, um Padre Raimundo Alves da Fonseca, que não temeu os ataques literários da pena de Tobias Barreto e que, de acordo com Graça Aranha, foi (a maior figura do clero do Norte e um dos mais conspícuos sacerdotes brasileiros) e que hoje ninguém se lembra em nossas terras. Foram e são as rupturas e assimilações filosóficas, culturais, geográficas, econômicas, religiosas e políticas que produziram aquilo que se pode denominar de um emaranhado cultural maranhense. Deste jeito maranhense de ser confuso e orgulhoso do passado glorioso da Atenas brasileira surgiu um Nauro Machado e sua poesia hermética e que ainda hoje pode falar tranquilamente com todos os que passam por seu caminho na Rua do Alecrim. Tivemos um Joãozinho Trinta e o seu brilho de um carnaval diferente, temos um José Sarney que, com sua sabedoria política fez tremer os generais da República e faz calar todos os que de norte a sul do país o criticam, saber talvez que para ele, que leu Maquiavel e o interpretou de forma original: perder em política é o pior das perdas, erros e danos. Por todo o nosso abençoado solo existem poetas e poetisas anônimos de norte a sul do Estado. A comprovação destas rupturas dá-se através das caixeiras do Divino Espírito Santo que, lá em Alcântara tocam as suas caixas em louvor dos seus ancestrais africanos e das tradições Católicas Açorianas. Convém que sejam feitos estudos mais detalhados para ver como surgiu em Portugal esta devoção da irmandade do Divino Espírito Santo como forma de ajudar os pobres a enterrar seus mortos, sob os auspícios da rainha Santa Isabel e que aqui perdurou, apesar de todas as rupturas. Para que não fique falando sozinho e ninguém contra-argumente vou expor-vos o seguinte: Se os séculos XVIII e XIX foram o século de ouro destes 400 anos, e isto com o cultivo e exportação do algodão, e as intervenções políticas do Marquês de Pombal, fazendo surgir um Gonçalves Dias, monárquico e altaneiro, figura de peso que se podia igualar a Homero e a um Coelho Neto, que já foi um dos mais lidos autores brasileiros e que hoje poucos estudantes no Brasil têm a coragem debruçar-se, alegando que sua linguagem está ultrapassada, aqui vai uma questão: Porque a São Luis do Maranhão republicano do século XXI se reduziu tão somente à capital do reggae e dos crimes mais inesquecíveis da nossa página policial local. Será que perdemos a capacidade de ler e interpretar os fatos da vida numa congruência filosófica que nos torna diferentes dos demais Estados brasileiros? Não somos contra o Reggae, que o diga a cantora Rosa Reis e suas músicas de Lelê e Reggae, mas no Maranhão, do ritmo Reggae deveriam se feitos estudos a fim de que ele pudesse ser assimilado e transformado em algo novo, como aconteceu com as Festas do Divino Espírito Santo.
Os crimes hediondos deveriam servir como estudo para a Polícia Técnica e Científica elaborar projetos de prevenção e fazer com que os criminosos vejam de uma vez por todas que o Crime não Compensa, como dizia no famoso Programa Policial do locutor Ruy Dourado e seu querido Xeleléu. Tem algo errado ai. Falta um que de ruptura e assimilação. Falta mais leitura e tempo para pensar e produzir conhecimentos novos para o nosso povo. O desconhecimento por alguns de nossa riqueza intelectual faz com que de forma pragmática ao modo Americano, uma cultura e um povo sejam classificados de forma preconceituosa e pejorativa, daí resultando afirmações tais como: maranhense é preguiçoso, paulista é trabalhador. Estas são afirmações que desconhecem a História real de um povo e não tem comprovação científica. No Maranhão a pobreza e a fome já produziram revoltas como a Balaiada, e até este fenômeno pode servir de modelo para a tese da ruptura e assimilação em que o auto-proclamado Imperador das Liberdades Bem-te-vis, que, para além da luta armada e sangrenta fez poesia e sonhou com um mundo diferente, sem temer as forças de Luis Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. A geografia maranhense, com suas águas ribeirinhas produz sono e fantasia, imaginação e poesia, dolência e produção musical e literária. Para conhecer em primeira mão a diversidade geográfica deste querido Estado viajei em 1987 por longas 14 horas de barco no rio Turiaçu, pelas cidades ribeirinhas de Apicum-Açu, Turiaçu, Cândido Mendes e Carutapera, dormindo e acordando com o barulho do motor da lancha, entre céu e água, entre conversas sobre matemática e astronomia, carnaval de rua, filosofia e política, ouvindo o canto do Sabiá saudoso de terra, porque no Maranhão até os pássaros têm saudades, como a rolinha no paiol da fazenda. Em Turiaçu estive distraído pela conversa e perdi a beleza da ararajuba, ave símbolo do Brasil com sua beleza singular, que vive nas matas da Reserva Biológica do Gurupi, mas de qualquer forma não se tem acesso a esta reserva e os caçadores deveriam ser colocados em prisão caso tentem burlar a lei. Nas nossas rupturas e assimilações dorme o poeta e o louco e ninguém é censurado a não ser pela velha do sobrado do Carmo em São Luis, que aos gritos foi retirada de seu casarão numa tarde de sol, como esta que vivemos hoje. Enquanto não aparece um contestador, como Angel Vega e seu Orós grego, no teatro das paixões da vida ou o irônico Fenômeno Aristotélico, que é o ser ai entufado e presunçoso, as assombrações desfilam pelas dunas dos lençóis maranhenses nas noites de lua cheia, enquanto que os turistas paulistanos e mineiros, americanos e franceses dormem nas pousadas depois de um passeio de bugue, sem compreenderem de onde vem tanta miséria e tanto orgulho deste emaranhado de povo, que é uma mistura de poeta e sertanejo, filósofo positivista anti-clerical, mas cheio de vivências espirituais e de devoção católico-popular a São João Batista e Santo Antonio ou com um cunho evangélico exacerbado em que a visão de Jesus como único Salvador predomina ou os tambores da Casa das Minas que embalam as noites e madrugadas de São Luis; um povo analfabeto mas com um falar macio e doce como as noites das danças folclóricas em Braga ou da calmaria de uma manhã no Porto em Portugal, porque culturalmente o Maranhão está mais para Portugal do que para São Paulo ou Rio de Janeiro, mais para La Baule, Le Croisic e Nantes na França do que para Great Falls no Estado de Montana nos Estados Unidos. Quando este povo tiver mais acesso à educação formal ninguém o impedirá de produzir Ciência com Poesia, Engenharia com leveza Filosófica.
Aqui em São Luis até o mendigo mais pobre e o pescador sobre a ponte do São Francisco à beira-mar, como o seu Zé Sabonete sabe o valor do uso da vírgula e, mesmo sem nunca ter ido à escola tem um falar até certo ponto correto e educado. Nas cidades grandes do país faz-se pontes e viadutos, mas o povo vive triste e sem laços, enquanto que aqui faz-se literatura e pontes de convívio no bairro da MadreDeus. A literatura foi o que sobrou para o povo maranhense nesta República que tardiamente se tornou democrática e que em suas promessas, continua a viver sob o medo da discussão do rumo de uma monarquia interrompida, que no Maranhão deixou saudades. No Maranhão tudo é interrompido: amores são interrompidos como os de Gonçalves Dias e Ana Amélia, palácios são interrompidos como os palácios de Alcântara, projetos são interrompidos como o da França equinocial ou o da Holanda, que foi destruído por uma guerra tão violenta, que até hoje o povo acende velas pelos finados da guerra, tanto portugueses como holandeses lá no Outeiro da Cruz. O que permaneceu por inteiro no Maranhão foi a Literatura e a Poesia na alma de um povo assimilado mas contente, disposto a romper e assimilar-se num consolo com a vida digno do filósofo Epicuro. Poucas coisas são permanentes por aqui e o rei português Dom Sebastião é outra, para além da Literatura. Com seu ar fidalguio e seu rosto de menino, caminha com sua espada e couraça de guerreiro cristão pelas dunas dos lençóis maranhenses, entre o marulhar das águas cristalinas, numa contínua simbiose entre águas e dunas noite a dentro. Enquanto o mouro não o abate vive, o sonho de um Portugal eterno, próximo ao seu cachorro branco com pintas negras. Também nós vivemos o sonho de um Maranhão eterno, assim viveram nossos antepassados com a fartura do algodão que enriqueceu o Estado. Vivemos assim com as ilusões de um passado glorioso e assim vivem os jovens maranhenses e estrangeiros neste século XXI, feito de máquinas e tecnologia, a sonhar que com o gás natural virá a riqueza fácil e o ócio tão necessários para a poesia. Estes jovens maranhenses têm que observar as atitudes de seus colegas americanos, que embora tenham uma excelente formação petroquímica ou em diversos componentes da Engenharia industrial, uma só coisa rodeia as suas mentes: ganhar um bom dinheiro e retornar para a querida América porque aqui pode ser tudo menos América. Eles agora fazer parte da nova geração da ruptura tecnológica e preconceituosa que vê o outro não como desprovido de neurônios e mesmo capacidade de aprendizagem. As estatísticas atuais dizem que somos o Estado mais pobre do Brasil e os jovens tem baixos resultados no estudo da língua portuguesa. Isso prova que a República nos deixou na margem mais longínqua da nossa história. Somos quase a Sibéria tropicalensis, como dizia Dom Xavier nos seus tempos de padre, se referindo a Tutóia, baseado no que afirmou Monsenhor Hélio Maranhão. Apesar disso não conseguimos nos esquecer de que aqui se fala um bom português, quando se tem as condições favoráveis para isso. Neste ponto Justino entra na conversa e diz: - Geograficamente falando, já é bastante sabido que o Estado do Maranhão é um estado de transição entre o Norte e o Nordeste do Brasil, com um relevo de costa recortada, planície litorânea, com dunas únicas no mundo e planalto no interior e isto produz uma vegetação composta de cocais a leste, mangues no litoral, floresta Amazônica a oeste e
cerrado ao sul do Estado. Esta parte de floresta Amazônica ou semi-amazônica confunde a pessoa e muitos dizem que o Maranhão é também Amazônia. Sim, isto é verdade, mas apenas em parte porque acima do Maranhão passa a linha imaginária do Equador a 2 graus de latitude que faz toda a diferença com o resto da Amazônia. Qualquer turista estrangeiro ou brasileiro deveria pedir ao seu guia local para mostrar-lhe o sol em pleno meio-dia. À pergunta: onde está o sol? A resposta simples de qualquer criança é: Está lá em cima pai. Por causa disto é que o calor é grande e o paulistano, se não quiser derreter tem que andar de ventilador portátil como Dom José da Motta e Albuquerque, nos seus auges de Arcebispo. Josefina continua: Se o turista quiser frio terá que ir para Caxias do Sul e saborear as uvas deliciosas que produzem um vinho brasileiro que está cada vez melhor, sem se comparar ainda com o vinho Francês, Sul-Africano ou Português mas a tendência é melhorar. Neste caso deve evitar a querida Caxias porque lá o sol é eterno. Caso esteja disposto a experimentar o calor então venha e aproveite as nossas praias e os nossos lençóis maranhenses e coma bastante bacuri, buriti, murici, jenipapo, tamarindo, cajú, cupuaçu, jaca e tantas outras frutas deliciosas e, sorria porque você está no melhor do Brasil. Aqui somos pobres mas felizes. A taxa de suicídio, é mínima se comparada com a do Japão porque o maranhense é povo feliz. Pecuapá retoma as reflexões e diz: Se formos fazer um apanhado geral podemos dizer que em termos filosóficos aqui no Maranhão o método filosófico que se baseia na tese, antí-tese e síntese hegeliana retomada por Karl Marx de forma materialista, tem um novo patamar que seria: ruptura, assimilação e, ao invés da síntese final, temos um novo recomeço com a ruptura segunda, num contínuo Ad eternum, que a nossa História futura dirá até onde vai chegar. Como exemplo disso temos os vasos comunicantes dos laboratórios de Química dos anos oitenta. No Maranhão estes vasos seriam incomunicantes, porque cada um chega e faz a sua História, sem levar em conta o que o outro fez ou disse. Há uma presunção e discontinuidade que irrita o pesquisador ou o estudante de História e poucos deixam o registro histórico dos fatos. Neste caso a conclusão seria Ruptura, Assimilação e Ruptura como constantes filosóficas de nosso modo de ver a vida e os fatos e isto tem um pouco de herança lusitana e europeia com suas guerras infindáveis. Antes da guerra que pós fim à ex-Iugoslávia, o filósofo Emanuel Lévinas dizia em Paris numa conversa que tivemos em 1990 que era a primeira vez em que a Europa vivia um período de paz por muito tempo. Depois de tanta conversa, Pecuapá foi-se embora para Pedreiras no primeiro ônibus que encontrou e se retirou para debaixo da ponte que separa Pedreiras da Trizidela do Vale e, adormeceu sob as dunas do rio Mearim, sob o calor dos trópicos que só os locais apreciam. Uma semana depois Uma semana depois em São Luis, em frente da Igreja da Sé, por volta das 10 da manhã, a bela negra Raguel, vestida de um manto azul celeste e com um véu branco na cabeça, começa sua pregação diária. Ela se auto-proclamou a profetisa de um novo tempo e sua missão é ler a Bíblia e comentar fatos da cidade e do mundo. Fala por horas a fio e, depois come uma comida saborosa pela Praça João Lisboa e vai até a fonte do
Bispo e bebe de sua água pura antes de ir para casa descansar e pensar em outras leituras. Naquela manhã de Sexta-feira, dia 13 de Janeiro de 2012 ela falou com todos os pulmões: No livro de Ester 7, 1-2 está escrito: "O rei e Haman foram, pois, ao banquete de Ester. No segundo dia, disse outra vez o rei a Ester, durante o festim: Qual é o teu pedido, rainha Ester? Ser-te-á concedido. Que é o que desejas? Mesmo que fosse metade do meu reino, obtê-lo-ias...". Raguel nossa profetisa retoma o seu diálogo que é na verdade um monólogo para o mundo: - O rei perguntou à rainha o que ela queria. No nosso contexto cultural e antropológico diria que eu gostaria que a História se fizesse de outra forma. Se eu fosse Dom Xavier Gilles de Maupeou d'Ableiges, como bom maranhense que se transformou eu iria interromper qualquer outro projeto de autoridade Eclesiástica e iria emaranhar o meu projeto de realização do sonho tardio de uma França equinocial em 2012. E a profetisa continou a falar com voz forte... O dia de Dom Xavier no 8 de Setembro de 2012 poderia ser assim: Na escuridão dos trópicos, às 6:30 da manhã do dia 8 de Setembro de 2012, lá pelos lados do Bonfim, junto dos leprosos e leprosas deste mundo, como um moderno Franciscano, apesar de ser somente um Bispo diocesano emérito, não muito longe de onde os portugueses receberam a cidade de volta dos franceses, Dom Xavier Gilles de Maupeou d Ableiges, direto descendente de nobres franceses, acorda feliz na cidade que acolheu Daniel de La Touche Seigneur de La Ravardière e que o acolhe todos os dias, passados 400 de sua conquista pelos franceses. Dom Xavier pega no seu carro e dirige-se até à Catedral da Sé em São Luís. Levanta os olhos para a praça Pedro II e lembra-se da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, em cima da colina Montmartre em Paris, onde os revolucionários franceses travaram sangrentas batalhas para depor o rei; respira fundo, e sente-se acalentado com as boas lembranças da França que o viu menino, já que a França equinocial foi destruída pela guerra, interrompida por lutas sem fim, numa ruptura antropológica nos trópicos. Coloca as mãos na cabeça e, com a altivez de seus quase dois metros de altura, com um ar próprio da nobreza das cortes europeias e, com um sorriso seco olha para o piso e o telhado da Sé e vê lá em cima a imagem de Nossa Senhora da Vitória. Seus pensamentos vão para seu pai, Gilles Marie H. de Maupeou d'Ableiges e sua terna mãe Marie Fernande de Maupeou d'Ableiges, que espiritualmente contemplam com ele a beleza desta cidade, através de seus olhos azuis como o céu da nova América. Num Te Deum interior, típico de todos os Bispos que passaram por esta cidade e, ao lado do Arcebispo Metropolitano Dom José Belisário adentra no átrio da Igreja e, com lágrimas de emoção celebra a Missa de Ação de Graças pela cidade, pelo povo francês e pelo povo maranhense, pelo povo de Tutóia e de Viana, de Axixá e Humberto de Campos, e todos os que acreditaram e acreditam que é possível ser feliz em Deus. Tinha a mesma devoção de um jovem sacerdote. Eram 8 horas da manhã e o sol já estava alto e os bem-ti-vis não paravam de cantar por todos os lados da cidade. Enquanto isso em La Baule, no oeste francês, o conde e a condessa tomam o seu chá das 5 da tarde com os seus filhos e amigos e se lembram de quanta coisa Xavier deixou para trás para viver coisas novas e evangelizar o povo.
Ao fim da Missa, pelas 9 e meia da manhã, ouve-se o pregão do velho André na Praça Benedito Leite: Balaio, tem Balaio! Quer Balaio ai freguesa? E sai com todos os seus balaios pelas escadarias das ruas históricas. Grita então o homem da barba grande: - Viva São Luís do Maranhäo, a capital da Cultura das Américas em 2012! Vivam os seus 400 anos de História! Vivam os laços de São Luis com a França e Cancale. Viva o Brasil! E todo o povo disse: Viva! Raguel, a Profetisa do novo tempo, saiu calmamente, com a consciência do dever cumprido e foi para a fonte do Ribeirão. Bebeu da água em que os antigos escravos africanos beberam e deram de beber às Sinhazinhas portuguesas, e saiu caminhando pela rua do Ribeirão e, olhando para a estátua de Netuno em cima da fonte, disse: - Sai pra lá Satanás. Em nome de Jesus! Ao lado da rua do Sol passava o Pastor Junior que foi logo dizendo: Isso mesmo irmã. A esperança é Jesus! Dom Xavier saiu caminhando lentamente para a frente do Palácio dos Leões e, de frente para a Baía de São Marcos levantou os braços e acolheu a brisa do mar, lembrando-se da chegada dos seus ancestrais Franceses, mostrando um grande sorriso no lugar em que os Governadores foram amaldiçoados ou abençoados por seus Bispos e, lembrando-se de quando foi preso pela Ditadura Militar Brasileira disse bem alto para o mar e o Mundo ouvir: - Eu, Deus e o homem! E recitou com fé o tradicional Te Deum que todos os Bispos rezavam quando tomavam posse da Sé Episcopal: Te Deum laudamus: te Dominum confitemur. Te aeternum Patrem omnis terra veneratur. Tibi omnes Angeli; tibi caeli et universae Potestates; Tibi Cherubim et Seraphim incessabili voce proclamant: Sanctus, Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaoth. Pleni sunt caeli et terra maiestatis gloriae tuae. Te gloriosus Apostolorum chorus, Te Prophetarum laudabilis numerus, Te Martyrum candidatus laudat exercitus. Te per orbem terrarum sancta confitetur Ecclesia, Patrem immensae maiestatis: Venerandum tuum verum et unicum Filium; Sanctum quoque Paraclitum Spiritum. Tu Rex gloriae, Christe. Tu Patris sempiternus es Filius. Tu ad liberandum suscepturus hominem, non horruisti Virginis uterum. Tu, devicto mortis aculeo, aperuisti credentibus regna caelorum. Tu ad dexteram Dei sedes, in gloria Patris.
Iudex crederis esse venturus. Te ergo quaesumus, tuis famulis subveni: quos pretioso sanguine redemisti. Aeterna fac cum sanctis tuis in gloria numerari. Salvum fac populum tuum, Domine, et benedic hereditati tuae. Et rege eos, et extolle illos usque in aeternum. Per singulos dies benedicimus te; Et laudamus Nomen tuum in saeculum, et in saeculum saeculi. Dignare, Domine, die isto sine peccato nos custodire. Miserere nostri Domine, miserere nostri. Fiat misericordia tua, Domine, super nos, quemadmodum speravimus in te. In te, Domine, speravi: non confundar in aeternum. E com seu sorriso corriqueiro, Dom Xavier concluiu: - Em Cristo nós vencemos o mundo e suas maldades, e o Maranhão e o Brasil, do Rio Grande do Sul ao Acre hão de ser novamente a terra onde se pensa, ama, vive e reza, com um desenvolvimento por igual! Enquanto isso em Codó, Padre Carlos Wilmsen passeia por sua horta orgânica bebendo leite com bastante água e ensinando ao povo a dar valor à sua terra dizendo: Não me tirem do meu Maranhão! O que importa é ser feliz e cuidar da saúde do povo. Nesse instante, a jovem Gabriela, de 20 anos de idade se aproximou da Catedral de São Luís e falou em Francês e Inglês para os visitantes de outras terras: En parlant un bon français, Gabriela, une jeunne-fille de 20 ans a dit a des touristes francophones de Belgique, de la France, de Suisse et du Québec: Esperons que le jumelage entre Saint Louis du Maranhao au Brésil et Saint-Malo en France pourra s agrandir pour nous faire parvenir a une nouvelle vie ici aux tropiques. Vive la ville de Saint Louis en ses 400 ans d’histoire! Vive La France! Vive Saint-Malo et son amour pour la ville de Saint Louis! Vive la Belgique, son peuple et son roi Albert II! Vive le Brésil! Et tous on dit: Vive! Gabriela, a young lady of 20 years of age said in English to the tourists from Canada, USA, South Africa and Australia outside Sao Luis’s Cathedral: This is the story of Pecwapah or Pepe like Canadians lovely call him, and the city of Sao Luis in Maranhao State – Brazil. If you wish to know more about it’s foundation 400 years ago look for the Museum of the city and talk to the people of the Institute of History and Geography of Maranhao. There is a lot to know about Maranhao and it’s relationship with England because Lord Cochrane was Governor here in the XIX century. In Maranhao there is always unfinished business. Conquered by French, Portuguese and Dutch, Sao Luis will be forever the land of poets and authors despite of its poverty. Maybe its richness resides on the passion for literature.
Bibliografia consultada: MÉRIAN, Jean-Yves. Les Aventures des Bretons au Brésil à l'Epoque Colonial, Editions Les Portes du Large - décembre 2007 - ISSN 1950-0491 - ISBN : 978-2914612-22-7; SERRA, Astolfo. A Balaiada, 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Bedeschi, 1946. A polêmica de Tobias Barreto com os padres do Maranhão – Josué Montello Alusão ao programa da Rádio Timbiras O Crime não Compensa do radialista Ruy Dourado e seu personagem Xeleléu. Reserva Biológica do Gurupi: http://wikimapia.org/9744577/pt/ReservaBiol%C3%B3gica-do-Gurupi-Maranh%C3%A3o-Brasil Reportagem no Programa Fantástico da Rede Globo de Televisão mostra os índios canelas no sul do Maranhão em interação escrita e cultural com o antropólogo americano Bill Brocker há mais de 50 anos, demonstrando que todas as pessoas podem ter acesso á informação, independente da sua origem cultural ou filosófica. Documentário canadense Out in the Cold, www.sarahabbot.ca/outinthecold, 29:40, B&W, Stereo sound 2008 Amoeba Works. Notícias do sul do Maranhão http://www.radioboanoticia.com.br/2011/ Dom Sebastião, rei de Portugal:http://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_de_Portugal Composição geográfica do Estado do Maranhão: http://brasilchannel.com.br/estados/index.asp?nome=Maranh%E3o Cidade de Saint Malo: http://www.ville-saint-malo.fr/ http://jcraymond.free.fr/Celebrites/R/Ravardiere/Ravardiere.php Lord Cochrane: http://en.wikipedia.org/wiki/Maranh%C3%A3oo Maranhão, Monsenhor Hélio. O brilho das Estrelas. São Luis: Academia Maranhense de Letras, 2004. Bíblia Sagrada. Lisboa: Difusora Bíblica, Missionários Capuchinhos, 9ª edição, 1981. De Moraes, João Quartim. Epicuro – as luzes da Ética. São Paulo: Editora Moderna, 1998. César Teixeira. CD Shopping Brazil. Gravado entre Dezembro de 2002 e Abril/2003 nos Studios Phocus – São Luis/MA. Te Deum. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Te_Deum Palavras chaves: Rupturas filosóficas, culturais, geográficas, econômicas, religiosas e políticas Lendas, poesias, impermanências, Maranhão, culturas, rupturas e tradições.
COLONIZAÇÃO: da vontade do rei à fidelidade dos colonizadores ALDY MELO Existem conceitos que são fundamentais para se entender bem o que foi a colonização, como e porque agiram os colonizadores enquanto pessoas, ou cumpridores de ordens superiores, quais os interesses principais dos paises colonizadores e o comportamento dos colonizados. É importante, também, que nos estudos sobre o poder, se constate igualmente as marcas do tempo da colonização, o poder que exerciam os governos e os grandes rumos que o mundo daquela época vinha tomando, até chegar aos nossos dias.237 Em qualquer língua e em qualquer dicionário, colonização sempre é vista como um processo de povoamento de um território por indivíduos ou povos que a eles não se vincula ou, como bem diz a expressão comumente usada, são estranhos. Colonização significa ocupação de um território estrangeiro por outros povos. Vindos de outros paises ou regiões, povos diferentes daqueles que habitam os territórios, assumem o poder e exercem o domínio, quase sempre subjugando os habitantes naturais. Esse foi o processo que fez com que a espécie humana se espalhasse e crescesse pelo mundo a fora, fazendo surgir paises, cidades ou conglomerados de pessoas que absorveram, sob pressão, os costumes e os valores dos colonizadores individualmente ou das nações. A colonização, como tudo na vida humana inclusive a própria vida, teve seu início e seu fim, mesmo que continue em alguns casos, mas com outros nomes e outros métodos. A colonização foi uma aventura do poder estabelecido, mas foi também uma rara prova de fidelidade dos seus líderes, quase sempre fidalgos, nobres ou mercadores de alta confiança do Rei ou Imperador. Nos diversos processos de colonização, encontramos distintos perfis de colonizadores, cada um exercendo suas tarefas específicas de acordo com o ordenamento real ou imperial. Havia os mercadores e mascates, responsáveis pelas atividades mercadológicas de acordo com os desejos da colonizadora; os administradores das colônias; os olheiros, aqueles que exerciam as funções de delatores dos contrários á vontade da coroa; os arrecadadores de tributos; os zeladores da fé, quase sempre bispos, padres ou missionários. Aos colonos cabia a missão de produzir, de seguir as ideias dos senhores, não se opondo ao rei ou imperador. Já nessa época, quando se expandia a aventura da colonização, surgiram os primeiros traficantes de escravos negros, oriundos do litoral africano, sobretudo para as colônias portuguesas e espanholas. Os colonizadores eram assim: exploradores dos nativos habitantes, pondo em prática uma política escravocrata nos novos territórios colonizados 238.
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Alvin Toffler, quando escrevia “O Choque do Futuro”, em 1972, pág. 155, referiu-se à passagem do tempo e dizia: “ O problema não é saber se o homem sobreviverá à arregimentação e à estandardização. O problema, como haveremos de ver, é saber se pode sobreviver ao exercício pleno da liberdade .” 238 “ A Ilha de São Tiago, no Arquipélago de Cabo Verde, e as de São Tomé e Príncipe, por exemplo, foram importantes entrepostos exploradores dessa mercadoria humana sem que, por isso, as peças delas saídas, ou fôlegos vivos, como também de dizia dos escravos, fossem negros insulares.” Dez Estudos Históricos, Mario M. Meirelles, pág. 128.
Tempo de Colonização: início e fim Na Pré-História a colonização de territórios novos enfrentou a luta contra a população de animais que ocupavam os territórios. Na Antiguidade já pudemos conhecer diversos tipos de colonização, sem os métodos e procedimentos que marcaram esse tipo de ação nos séculos posteriores. No século XII, os reis mongóis constituem um império colonial. Naquela época, a colonização assumiu uma configuração bem distinta e o crescimento populacional, econômico e social deu-se por um tipo de colonização que teve muitas vezes de exterminar povos, com o foi o caso dos Mongóis e Japoneses, no século XIII, sob o comando de Kublai Khan, líder os povos Mongóis. A partir do século XV, passamos a conhecer o tipo de colonização que perdurou durante muito tempo, a cabo de países europeus que passaram a se dedicar à busca de outros e novos territórios. Foi a partir desse século que começou a aparecer esse tipo de colonização que conhecemos. A escravidão foi muito comum na colonização, permitindo a essa tipo de ocupação sob pressão a exportação de populações africanas para as Américas e a Europa. Os séculos XV e XVI, chamados de séculos dos descobrimentos, tiveram uma liderança da Espanha e Portugal. Os portugueses e espanhóis foram os pioneiros na conquista das descobertas no Pacífico, nos Oceanos Atlântico e Índico. Foram esses os séculos das grandes navegações e dos descobrimentos marítimos. Veneza e Gênova, na Itália, eram detentoras das grandes empresas da Europa. Todo o continente europeu voltava sua atenção para a Índia, em busca de especiarias e metais preciosos. 239Foram séculos marcados pelo absolutismo dos regimes. O século XVII já chegou diferente. O século já veio com sua filosofia moderna. Começava o racionalismo até chegar ao Renascimento. Foi o século dos grandes filósofos e cientistas como Francis Bacon, Thomas Hobbes, Pascal, Galileu Galilei, Isaac Newton e Baruch Spinoza. A Grã-Bretanha criou a Companhia de Comércio, em 1620, e atinge o Canadá. Através de sua Companhia das Índias Orientais, chega à Índia. Os franceses chegaram à Guiana Francesa e à costa do Brasil. Nos Estados Unidos os franceses fundaram a colônia de Louisiana. Os holandeses, como os britânicos, criaram a sua Companhia das Índias Orientais , em 1621, e a Companhia das Índias Ocidentais e conseguiram sair do domínio dos espanhóis. Houve tentativa de colonização dos holandeses, no Brasil, sob o comando de João Maurício de Nassau. Na América do Norte, os holandeses criaram a colônia de Nova Amsterdã, hoje Nova York. O século XVIII foi o século das chamadas revoluções burguesas como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Foi com ele que a humanidade conheceu o Iluminismo - foi o século das luzes. Os russos iniciavam sua política de colonização, chegando ao Alasca. Os Estados Unidos da América tornaram-se independentes, em 1783, perdendo a Grã-Bretanha suas colônias no território norte-americano. Esse foi o século onde houve maior incidência de independências nas nações e dos povos da América do Sul.
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Em seu livro “Gente do Mar... Maranhão”, o autor Carlos Alberto Santos Ramos, assim se expressa: “ Os navegadores portugueses exploraram, se apossaram e fundaram várias cidades portuárias no seu litoral, que serviam de Feitorias e pontos de apoio para inúmeras Frotas e Esquadras de navios portugueses que operaram na Carreira das Índias; destacam-se os Portos de Goa e Málaca, pontos estratégicos para a conquista europeia no continente asiático; esses portos foram posteriormente ocupados por holandeses e ingleses que alí se estabeleceram nas suas expansões marítimas no oriente.”
No século XIX, a Grã-Bretanha colonizou Cingapura, em 1819. Nesse século, a Grã-Bretanha chega a Xangai e avança na África. Foi nesse século, em 1872, que a rainha Victória proclamou-se Imperatriz da Índia. Em 1884, deu-se a Convenção de Berlim que dividiu os territórios africanos entre as diversas coroas europeias. A Alemanha, detentora de uma parte importante do território africano, criou a sua Associação Colonial para proteger suas colônias na África. A Rússia terminou a metade do século XIX como uma das grandes potências da Europa e uma das monarquias hereditárias mais absolutistas da Europa. No final do século XIX, os japoneses dominam a Coreia, ocuparam parte da China, a Indochina, as Filipinas e a Indonésia que também era chamada de Índias Orientais Holandesas. No século XX, a Grã-Bretanha devolve Hong Kong à China e o colonialismo com visto nos séculos anteriores passa para a história da humanidade. Uma história de horror, humilhação e tristeza. Se observarmos a história, podemos descobrir que a colonização também seguiu uma cronologia. O poder dos colonizadores ocorreu dentro de um tempo que lhes era favorável e de acordo com os interesses que defendiam na época. Assim podemos dizer que o poder do Império Alemão nem sempre correspondeu ao poder colonialista da Coroa Britânica. O poder da Coroa Espanhola não foi igual ao poder da Coroa Francesa. A Coroa Holandesa não tinha os mesmos interesses da Coroa Portuguesa e essa última não fazia o que fazia a Coroa Russa. Mais tarde, passado o tempo de colonização, vieram as Independências das nações e dos povos, com vida e morte. A cronologia da colonização A Coroa Espanhola foi pioneira em descobrimentos e conquistas no território do Novo Mundo, fundando suas colônias no Caribe, na América Central e na América do Norte. As terras encontradas por Cristóvão Colombo logo foram disputadas pela coroa portuguesa. A disputa foi grande que precisou da interferência da igreja católica. O Papa Alexandro VI, que era espanhol, propôs a Bula Inter Coetera que, através de um meridiano, dividiu o Oceano Atlântico em duas partes: a parte que pertenceria à Espanha e a parte que pertenceria a Portugal. Foi o Tratado de Tordesilhas, em 1529. No Caribe a Coroa Espanhola possuía as seguintes colônias: Antígua e Barbuda, Cuba, Hispaniola (hoje República Dominicana e Haiti), Jamaica e Porto Rico. Na América Central: Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá. Na América do Norte: México, Novo México, Texas, Colorado, Nevada, Nebraska, Dakota do Sul e do Norte, dentre outras regiões. A colonização espanhola começou no século XV, com Cristóvão Colombo que descobriu as Américas em 1492. Diz a história que Colombo buscava um caminho para as Índias. Nessa época, a Europa vivia a euforia da expansão territorial e pipocava por todo o velho continente a ganância por novos territórios e pelas suas riquezas naturais e minerais, como o ouro. Os espanhóis tiveram que fazer muitas concessões e alianças com os nativos, sobretudo, os Incas e Astecas que contavam com os seus impérios. Todo o processo de colonização da Coroa Espanhola começou no século XV, com o interesse de chegarem até as Índias Ocidentais. Cristóvão Colombo, embora não fosse espanhol, começava o processo de colonização espanhola quando, em 1492, descobriu o continente americano. O império colonial espanhol existiu no período de 1494 a 1898, ou seja, desde a era dos reis católicos até 1898, quando foi feita a dissolução do império. O mundo vivia no século XV, a era dos descobrimentos, e a
Espanha e Portugal empolgavam-se pelos territórios americanos descobertos por Colombo e logo implantavam seus projetos de colonização em territórios que foram divididos pelo Tratado de Tordesilhas, em 1529. Os espanhóis tinham sob seu controle toda a costa das Américas Central e do Caribe, indo até a costa brasileira que pertencia a Portugal. Os espanhóis,diferentes dos ingleses, não estavam interessados em desenvolver seus territórios colonizados e sim na exploração dos recursos naturais e minerais. O império colonial espanhol expandiu-se até o novo continente americano, chegando a ser chamado de império onde “o sol não se punha”, devido a sua ganância por territórios novos e riquezas. Ele assumia a liderança nas explorações por mar e por terra trazendo não apenas novos conhecimentos, mas especiarias, e muito luxo para a Coroa Espanhola. No entanto, com a chegada do século XIX e os movimentos de independência, a Espanha perdeu suas antigas colônias e passou a ser uma potência de menor tamanho e importância para a Europa, diferente do que fora nos séculos XVI e XVII. A colonização portuguesa foi responsável pela chamada América Portuguesa, mais tarde chamada de Brasil. O sentimento europeu da época era o de expansão marítima e comercial. No princípio do século XIV, os portugueses já haviam descoberto a explorado as Ilhas Canárias, no reinado de D. Afonso IV. Mas foi com a conquista de Ceuta, em 1415, que Portugal deu início ao seu processo de colonização e começou efetivamente a chamada “era dos descobrimentos” portugueses, onde se inclui o Brasil, em 1500, terras da China, em 1513, e terras do Japão, em 1543. Os interesses comerciais de Portugal conduziram as decisões da Coroa Portuguesa, levando em conta os portos do Mediterrâneo, as rotas comerciais da época e os caminhos existentes na Europa. A expansão portuguesa era seu objetivo e sua principal ambição era chegar até as Índias. Ainda no século XV, os portugueses descobriram a Ilha da Madeira, sem qualquer povoamento, na costa africana, depois vieram ao arquipélago de Açores e chegaram até a costa oeste da África, após contornar o Cabo Bojador, referido por Fernando Pessoa. Em seguida vieram Cabo Verde, ilha do Oceano Atlântico, Golfo de Guiné, Serra Leoa, Benin, Gabão e as Ilhas São Tomé e Príncipe, na África. Em 1500, foi descoberto o Brasil por Pedro Álvares Cabral, que se caracterizou como uma mera colônia de exploração. No período colonial brasileiro que foi de 1500 a 1530, não houve, por parte da Coroa Portuguesa, planos para o desenvolvimento da nova região, cabendo aos portugueses somente a defesa contra as invasões, como foi ocaso da França Antártica, no Rio de Janeiro, e da França Equinocial, no Maranhão. Depois foram criadas as Capitanias Hereditárias, visando o desenvolvimento da colônia e a defesa das mesmas contra a invasão de estrangeiros. É bom esclarecer que o modelo colonial vindo da Coroa Portuguesa, no Brasil, foi caracterizado pela escravidão vinda da África, instituindo-se o tráfico negreiro. A colonização portuguesa foi uma colonização que mais contou com estruturas do ponto de vista econômico e social e das condições nacionais para o exercício das conquistas. Os portugueses foram, sem dúvidas, os europeus que mais dispuseram de instrumentos que garantissem seus procedimentos de expansão marítima e comercial para fixar seus domínios coloniais. Os ingleses iniciaram a colonização desde Henrique VII, em 1465, mas foi no reinado de Isabel I que surgiu a primeira colônia britânica, a Califórnia, com o nome de Nova Inglaterra. Em 1587, no reinado de Jaime I, surgiu a segunda colônia, também no continente americano, chamada de Virgínia, em homenagem à futura rainha virgem, Elizabeth I. Mas foi a partir do século XVII, já no reinado de Elizabeth I, (1558 a 1603) após a Espanha e Portugal, que a Grã-Bretanha assegurou seu processo de colonização. Ela avançou no Novo Mundo, embora suas terras colonizadas fossem de pouca
produção e não muito úteis a seus interesses mercantilistas. Mas tarde foi criada a Companhia de Comércio e, em 1620, a Grã-Bretanha chega ao Canadá e avança seu poder de colonizadora, passando a ter territórios no Note, no Sul de no Centro do território americano até atingir as 13 colônias só no futuro Estados Unidos. A GrãBretanha desenvolveu um processo distinto nas suas colônias americanas, diferente dos espanhóis e dos portugueses, dando às colônias poderes para se desenvolverem, desde que não pudessem fugir do domínio exercido pela coroa britânica. Na colonização inglesa nos Estados Unidos, os protestantes que foram da Europa fugindo da perseguição religiosa tiveram um importante papel no processo produtivo que lá se implantou. A Grã-Bretanha estendeu seu poder a outros novos continentes e marchou para a Índia. Até l670, a Coroa Britânica já contava com as seguintes colônias: Nova Inglaterra, Virgínia e Carolina, na América do Norte; Barbados, Belize e Jamaica, além da Índia, graças ao desempenho da Companhia das Índias Orientais. Com a independência dos Estados Unidos, estende seu poder sobre a Austrália e a Nova Zelândia. Em 1819, é incluída Cingapura e logo depois o Canadá. Em 1872, a rainha Vitória proclamou-se Imperatriz da Índia, num gesto de engrandecimento do poder colonial. A Grã-Bretanha ocupa Xangai, na China, e na África conta com o Egito, Cabo da África do Sul, Sudão, Tanzânia, Uganda e Rodésia. Com a partilha da África, em 1884, a Coroa assumiu o Senegal, a Nigéria e Gana, além da região onde já exercia seu poder colonial. Após a Primeira Guerra Mundial, foi criado o Crommonweath que muito fortaleceu a unidade da Coroa em suas colônias. Na Segunda Guerra Mundial, a Coroa Britânica sentiu as reações da Índia e do Paquistão caminhando para suas independências. A partir da Segunda Guerra Mundial iniciou-se a desagregação do Império Colonial Britânico indo terminar, em 1997, com a entrega de Hong Kong à China. Hoje a Grã-Bretanha não é mais potência para enfrentar ou desafiar o mundo. Os franceses também chamados de bretões e normandos voltavam suas atenções para o novo continente americano e pretendiam disputar com os espanhóis e portugueses que já tinham seus territórios definidos pelo Tratado de Tordesilhas, em 1529. Como ocorreu com a Grã-Bretanha, a colonização francesa aconteceu tardiamente, quando as nações ibéricas já tinham avançado bastante. O processo de colonização francês começou efetivamente no reinado de Francisco I, pela ocupação de áreas na América do Norte, sem, no entanto, ter tido sucesso. Eles começaram suas aventuras em 1563 pela Flórida, lá deixando a cidade de Jacksonville. Em 1589, partiram para a Nova Escócia, em território canadense, sem muito sucesso também, só voltando mais tarde para fundar Quebec, com o nome de Nova França. Trataram de ir ao território brasileiro fundar a França Antártica, no Rio de Janeiro, mas foram expulsos por Mem de Sá. No século XVII tentaram novamente fundar um nova colônia, deste vez no Maranhão, onde fundaram a cidade de São Luis, e a chamaram de França Equinocial, em 1612. Novamente foram expulsos pelos portugueses. No caso específico da fundação da cidade de São Luis, que comemora seus 400 anos, o Professor Mário Martins Meirelles em seu livro França Equinocial pág. 65 nos conta o momento da fundação. Assim relata: “Por fim, dada por formalmente fundada a Colônia, o Senhor de Razilly deu ao Forte o nome de Saint-Louis, em homenagem ao rei menino, Luis XIII, de França e Navarra, de quem era loco-tenente-generais na terra; e ao ancoradouro, ao pé do Forte, e do Port de Sainte-Marie, em homenagem à Virgem Mãe de Deus, pois que era aquele o dia de sua natividade, e em
homenagem à Rainha-Mãe e Viúva, Maria de Médici, patrocinadora da expedição.” A Coroa Francesa estendeu seu poder para as Índias Ocidentais ou Antilhas, quando surgiu o Haiti. Consegui chegar até a costa brasileira, emGuiana Francesa. Fundou também as colônias de Guadalupe e Martinica. Em 1699, os franceses chegaram a Louisiana no território americano, instalado as cidades de Mobile e New Orleans. Na África, a Coroa Francesa apoderou-se do Sudão francês, atual Mali, e outras regiões coloniais menos importantes, estendendo seu poder até a Índia. Durante o império de Napoleão, a França teve o Egito como colônia, embora por um curto período. Diz a história que a Alemanha chegou bem tarde ao grupo de colonizadores da Europa, pois só após a Convenção de Berlim os alemães tiveram com precisão uma política de colonização. A Convenção de Berlim realizou-se no período de 1884 a 1885, visando uma partilha da África entre as potências coloniais da Europa. Foi organizada pelo chanceler alemão Otto van Bismarck, chamado também de “Chanceler de Ferro.” Por essa convenção, a África ficou assim dividida entre os colonizadores: Alemanha Sudeste Africano, onde hoje está situada a Namíbia, e o Tanganica, hoje a Tanzânia; os Estados Unidos ficaram com a Libéria, na África Ocidental; a Grã-Bretanha com a África Austral, com exceção das colônias portugueses Angola e Moçambique, toda a África Oriental e o Sudoeste Africano, com exceção da Tanganica; os territórios da Grã-Bretanha, no Norte, foram compartilhados com a França e a Espanha; Portugal ficou em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde; a Bélgica com o Gongo. Em 1883, a Alemanha criou a Associação Colonial Alemã com a finalidade de proteger suas áreas de colonização na África. O Império Colonial Alemão não teve muita duração e foi um império muito disperso. Lutou muito pela unificação da Alemanha e logo se interessou pela Rússia e a Romênia, estendendo seus interesses a toda a região dos Balcãs. Com a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, que terminou com o Tratado de Versalhes, em 1919, a Alemanha perdeu seus territórios voltando para a França, o Reino Unido e a Bélgica. Os colonizadores alemães além da África colonizaram também as Américas e terras brasileiras, mais especificamente o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. A colonização alemã, no Brasil, ocorreu no governo de D. João VI e continuou até o império de D. Pedro II. A Holanda, com o nome de Províncias dos Paises Baixos, atingiu a sua independência em 1609. Até então, os holandeses integravam o Império Espanhol na Europa, e viviam sob o domínio da Espanha, até o reinado de Felipe II, rei da Espanha. Com a independência dos Países Baixos tornaram-se um dos mais fortes países europeus e tinham como bases de seu desenvolvimento o poderio marítimo e o dinamismo da sua burguesia que era protestante. Em 1602, os holandeses criaram a Companhia das Índias Orientais e, em 1621,a Companhia das Índias Ocidentais. Essas duas empresas foram fundamentais para que os Países Baixos dessem decisivos passos para o desenvolvimento e independência do povo holandês, lutando contra o domínio dos espanhóis. Os holandeses ocuparam o Ceilão (hoje Sri-Lanka), Java, Sumatra, e Molucas (arquipélago hoje pertencente à Indonésia), no Oriente. Em 1654, invadiram o nordeste do Brasil, especificamente Pernambuco e Bahia, movidos pela produção açucareira da região e o mercado de escravos. Mais tarde, sob o comando do conde João Maurício de Nassau, foram adotadas várias medidas administrativas e progressistas que levaram a produção e venda de açúcar ao auge junto ao mercado europeu. Coube também a Maurício de Nassau pôr em prática seus projetos de reforma urbanística na cidade de Recife. Em 1641, deu-se a invasão dos holandeses no Maranhão. Os holandeses deixaram o nordeste brasileiro após vários choques militares com os
portugueses, a quem pertenciam as áreas invadidas, e depois de amplas e demoradas negociações diplomáticas entre a Holanda e Portugal. Depois de expulsos do Brasil, os holandeses ocuparam a Guiana e Curaçao, nas Antilhas. Na América do Norte, ocuparam o vale de Hudson e lá fundaram a Nova Amsterdã que foi mais tarde a colônia de Nova Yok e Delaware. A colonização holandesa teve uma característica ímpar na história das colonizações, que foi a sua vinculação com a economia açucareira. Naquela época, o açúcar era um produto agrícola de muita aceitação no mercado europeu, dando, portanto, muito lucro para os seus produtores, o que vinha suprir o mercado de minerais preciosos como o ouro. Os últimos europeus a buscarem a colonização foram os russos. No século XVIII, os russos procuraram ampliar seus territórios e consequentemente o Império Russo. Foram eles que descobriram o Alasca e as Ilhas Aleutas no território das Américas, regiões muito ricas em peles de animais selvagens e madeira. Em 1840 a colônia do Alasca extinguiu-se e em 1867 foi vendida para os Estados Unidos porque a Rússia não tinha mais condições financeiras de mantê-la. O Império Russo foi instituído em 1721 pelo czar Pedro I, também chamado do Pedro, o Grande, até o czar Nicolau II, em 1917, quando foi deposto. O Império Russo chegou a ser o terceiro império mais importante na história moderna, dando à Rússia o título de maior país do mundo, em 1855, com a maior população do planeta. A capital do Império Russo era São Petersburgo e o império incluía os estados bálticos da Lituânia, Letônia e Estônia, a Finlândia, Cáucaso, Ucrânia, Bielorússia, parte da Polônia, Moldávia, parte do Irã e Mongólia, na China. A Rússia era considerada uma das cinco grandes potências no início do século XIX, até a Primeira Guerra Mundial, em 1914, e tida como uma das maiores monarquias hereditárias absolutistas da Europa. A religião predominante era a Igreja Ortodoxa Russa. O czar Pedro I foi substituído por Catarina I, sua esposa que governou até 1727. Conclusão Os países europeus não tiveram suficientemente matérias-primas para garantir seus progressos, por isso buscavam produtos minerais como o ferro, o chumbo e o cobre, produtos agrícolas como o algodão, a borracha, a madeira e o açúcar. Assim começava o processo de colonização que conduziu o povo europeu a buscar também riquezas do solo como o ouro para seu próprio enriquecimento. Tudo mão passou de formas que encontraram para invadir novas terras para exploração. As Américas, como se pode observar no processo de cronológico da colonização do mundo, foi o primeiro território explorado, desde o século XV, vindo depois os continentes africano e asiático. A Revolução Industrial acelerou o processo de colonização no século XIX, porque os europeus buscavam novas fontes de recursos para se tornarem industriais. Segundo a historiografia colonizatória, foi exatamente no século XIX que a África recebeu maiores impactos de colonização, só vindo a ter uma política continental em 1884 com a Convenção de Berlim. Em uma de suas afirmações sobre verdade, Sêneca disse certa vez “que ninguém conserva por longo tempo o poder exercido com violência.” Será que a colonização tem a ver com o dizer de Sêneca? Como sabemos e a história nos narra, a colonização se caracterizou, quase sempre, por invasões. Era um ato vinculado aos interesses mercantilistas europeus e à ganância por novos territórios. Afigurava-se uma época em que as relações de dominação eram vinculadas à subordinação das metrópoles, o que marcou muito bem o sistema colonial mercantilista. Havia um profundo
sentimento e compreensão por parte dos líderes da colonização, tanto com a fé religiosa, como com a Coroa, os desejos de Sua Majestade. Como bem relata o Professor Mário Meirelles no seu livro França Equinocial pág. 54, o sentimento dos colonizadores ocorrido no Maranhão parece ser o sentimento de todos aqueles que se deixavam levar pelo prazer de colonizar. O autor relata: “Nós, abaixo-assinados, damos voluntariamente nossos bens e nossas vidas em prol do estabelecimento da Colônia francesa além da linha Equinocial, a serviço do rei, em obediência aos desejos de Sua Majestade.....” e continua: “Resolveram os chefes da expedição tomar posse solenemente., primeiro em nome da Fé, depois em nome da Coroa...” Uma das premissas que os colonizadores faziam ao invadir os territórios e instalar as colônias era instituir leis e normas que garantissem suas terras e o poder da Coroa. Eram leis e ordens em nome e a serviços do rei. Tais leis e normas passavam, assim, a ser institucionais. Os círculos da colonização terminaram efetivamente com as independências das colônias, ocorridas, sobretudo, nos séculos XVIII e XIX. REFERÊNCIAS DREIFUSS, René Armand. Política, Poder , Estado e Força: uma leitura de Weber. Petrópolis: Vozes, 1993. (3) SCHNEIDER, Adolfo Bernardo. Povoamento-Imigração Colonização. Edição do Autor, Joinville-SC, 1983. (8) MEIRELLES, Mário Martins. França Equinocial. São Luis - Ma: Brasileira,1982. (4)
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Dez Estudos Históricos.
São Luis – Ma: Alumar
TOFFLER, Alvin. O Choque do Futuro. Rio de Janeiro: Editora Arte Nova, 1972. (10) RAMOS, Carlos Alberto Santos. Gente do Mar - Maranhão. São Lujs-Ma: Ed. Palmares, 2007. (6) ROMAG, Frei Dagoberto. Compêndio de história da igreja. Rio de Janeiro: Vozes, 1952. (7) SCHWARTZ, Stuart B. e LOCHART, James. A América Latina na época colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. (9) BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. (1)
QUEM HABITAVA UÇAGUABA/MIGANVILLE? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão A Vila Velha de Vinhais é o núcleo habitacional mais antigo do Maranhão. Referimo-nos à ocupação por brancos, pois os Tupinambás ocupam aquele espaço há mais tempo, provavelmente desde 80 anos antes da chegada dos Franceses de La Ravardiére; os tapuias já estavam aqui, quando estes chegaram; pelo menos 9 mil anos. Fundada a França Equinocial, saíram De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D' Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de um antigo morador de Upaon-Açú, de nome David Migan, a visitar as aldeias da Ilha: "(...) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (...)". (D'ABBEVILLE, 1975, p. 114).
Das 27 aldeias existentes na Ilha, 14 tinham apenas um Principal; 10 possuíam dois; um possuía três. Eussauap possuía quatro – "... é uma das maiores aldeias da ilha e nela existem quatro principais: Tatu-Açu; Cora-Uaçu ou Sola-Uaçu, às vezes também Maari-Uaçu; Taiacú e Tapire-Evire". Mas antes, Jacques Riffault, personagem constante em nossa história, desde 1594 se estabelecera em Upaon-açu (Ilha de São Luís) com uma feitoria, contando com o auxilio de seus compatriotas Charles - Senhor de Des-Vaux, cavalheiro do Condado de Tomaine, e de Davi Migan, natural de Vienne, no Delfinado. Ambos haviam conquistado a amizade dos silvícolas, e tinham o domínio da língua nativa 240, Vamos encontrar Jacques Riffault na hoje Alcântara, cuja ocupação remonta a um primitivo aldeamento dos Tapuias, conquistado pelos Tupinambás e denominado "Tapuitapera" ("casa dos Tapuias") à época de sua chegada. Estabelecidas relações 240
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o
amistosas entre os dois povos241, esta aldeia teria fornecido de trezentos a quatrocentos trabalhadores para a fortificação do nascente núcleo colonial na ilha Grande, depois ilha de São Luís, após a chegada de Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière (1612).242 Dentre outros franceses, freqüentava a Ilha Grande o Capitão Guérard, que em 1596 armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste, chegou ao Camocim – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Guérard243. Meireles (1982, p. 34) 244 traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Guérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil. Henrique IV, de França, concede a René-Marie de Mont-Barrot, Carta Patente datada de 8 de maio de 1602, autorizando-o a arregimentar 400 homens e fundar uma colônia no norte do Brasil; se associa a Daniel de La Touche, transferindo-lhe a empreitada. O Senhor de la Ravardière com o navegador Jean Mocquet parte a 12 de janeiro de 1604 com dois navios, chegando as costas da Guiana (Oiapoque) a 8 de abril, retornando àquele porto a 15 de agosto. Ante a desistência de Mont-Barrot, o monarca francês, por Carta Patente de 6 de julho de 1605 nomeia La Ravardière seu Lugar-tenente e vice-almirante nas costas do Brasil. A primeira concessão a Daniel de La Touche, data do mês de julho: “Luis, a todos os que virem a presente. Saúde. O defunto rei Henrique, o Grande, nosso muito honrado senhor e pai [...] tendo por cartas patentes de julho de 1605 constituído e estabelecido o Sr. De Ravardiére de La Touche seu lugar-tenente na América, desde o rio do Amazonas até a ilha da Trindade [...] 245 Segundo o sócio do IHGM Antonio Noberto, é confirma a presença de franceses pelo Padre Luis Figueira, em sua Relação do Maranhão (de 1608): "Mandamos recado a outra aldea para sabermos se nos quirião la e q' viessem alguns a falar cõ nosco, e tãbem nos queriamos emformar dos q' tinhão vindo do maranhão q' la estavão principalmente acequa dos frãcesez que tinhamos por novas que estavão la de assento com duas fortalezas feitas em duas ilhas na boca do rio maranhão". 246 241
D´ABBEVILLE, Claude. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975. 242 http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o_de_Alc%C3%A2ntara
243 (MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982) 244 MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 245 LIMA, Calos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 170-171, nota de pé-de-página; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 246 Conforme Antônio Noberto original deste documento está nos arquivos da Ordem de Jesus Claudio Aquaviva, Maison d'Etudes, Exaten, Baaksen, Limburgo Hollandez. Estas informações estão no
Em 1607 - ou 1609 - Carlos Des-Vaux retorna à França cansado de esperar por Riffault, e é recebido por Henrique IV. Ainda em 1609, Daniel de LaTouche e Charles Des-Vaux visitam o Maranhão. De LaTouche certifica-se de que as informações sobre a terra eram verdadeiras e pede licença ao rei para explorá-la. Mas com o assassinato de Henrique IV, sucede-lhe ao trono Luis XIII, ainda menor, governando em seu nome Maria de Medicis. É esta quem concede licença à Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, de formar uma companhia para explorar as "terras" de Riffault: “[...] e havendo ele feito duas viagens às Índias para descobrir as enseadas e rios próprios para o desembarque e estabelecimento de colônias, no que seria bem sucedido, pois apenas chegou nesse país soube predispor os habitantes das ilhas do Maranhão e terra firme, os tupinambás e tabajaras, e outros, a procurarem nossa proteção e sujeitarem-se à nossa autoridade, tanto por seu generoso e prudente procedimento [...] de lhe fazer expedir nossas cartas patentes de outubro de 1610 para regressar, como Chefe, ao dito país, continuar seus progressos, como teria feito e aí demorar-se-ia dois anos e meio com os portugueses.”, em paz e 18 meses tanto em guerra como em tréguas”. 247 De acordo com Moreira (1981) 248 essa concessão foi uma farsa dos franceses, pois na verdade eles não tinham credencial nenhuma e tanto é verdade, que Maria de Médicis, que reinava em nome de seu filho, ainda menor, Luís XIII, estava há muito tempo negociando o casamento dele com a princesa Ana d’Austria, filha de Felipe III, que era portador das coroas Espanha e Portugal. Nutria esse desejo de muito tempo e por isso, não iria autorizar um aventureiro e conhecido pirata Daniel Ravardiére, inimigo da sua religião, a invadir terras que eram da coroa portuguesa, desde a assinatura do Tratado de Tordesilhas, homologado pelo Papa Alexandre VI, há 118 anos, isto é, antes da descoberta do Brasil.
Marie de Médicis
Louis XIII enfant
Le duc de Montmorency Damville, Amiral de France
Philippe III d'Espagne
La-Ravardière, associa-se a François de Razilly, Senhor de Razilly e Aunelles, ajudante de ordens do Rei, gentil homem de sua câmara, aparentado com o cardeal de trabalho do Barão de Studart Documentos para a história do Brasil especialmente a do Ceará - 1608 a 1625, publicado em Fortaleza em 1904. 247 LIMA, Calos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 170-171, nota de pé-de-página; MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 248 MOREIRA, José. Fundação Da Cidade De São Luís. In Jornal o Estado do Maranhão, 1981, p. 6
Richelieu; Nicolas de Harlay, Senhor de Sancy e Barão de Molle e Gros-Bois, membro do Parlamento e do Conselho do Rei; além deles conseguiu o apoio e a proteção do Senhor de Dampulho, Almirante de França e Bretanha, primo do Rei, e do abastado Auber de Claumont.
A 24 de julho de 1612, Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy largam âncora na ilha de Sant' Ana e a 6 de agosto a esquadra entra no golfo, indo fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), onde se localizavam as feitorias de Du Manoir e do Capitão Guérard. Os franceses atravessam o braço de mar, indo se fixar em um promontório onde, a 12 de agosto, uma sexta-feira, dia consagrado a Santa Clara, celebram o santo ofício da missa. A 8 de setembro, uma quarta-feira, dia consagrado à Santíssima e Imaculada Virgem Maria, é realizada a solenidade de fundação da Colonia.
Du Manoir, Riffault, Des-Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur e Dieppe; o Duque de Buckigham e o conde de Pembroke e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos249. O historiador Antonio Noberto continua: “Segundo, tanto comércio fez com bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba
249 LIMA, Calos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO – A COLONIA. São Luis: Geia, 2006, p. 174.
/ Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação européia. Terceiro, o porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia)”.
Para Noberto, é quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville. Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil (1968, p. 34)250 apresenta decalque de mapa datado de 1627 ou 1627, cujo original desapareceu, feito em torno de 1615 pelo português João Teixeira Albernaz, cosmógrafo de sua Magestade, certamente feito a partir daquele que LaRavardiére deu ao Sargento- Mor Diogo de Campos Moreno durante a trégua de 1614. O autor chama atenção para os nomes constantes dos mapas, entre os quais muitos de origem francesa, ‘traduzidos’ para o português. Vê-se, na Grande Ilha dentre outros, Migao-Ville, propriedade do intérprete de Dieppe, David Migan, seguramente um psudônimo, no entender de Pianzola: “[...] No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornou-se morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com 250
PIANZOLA, Maurice. OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil. São Luis: SECMA; Rio de janeiro: Alhambra, 1968
os tupinambá (escreve-se sem “s” mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o “chefe dos negros” (índios) e “parente do governador de Dieppe”. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville[...].(NOBERTO SILVA, 2011)251.
Fonte: PIANZOLA, 1968, p. 34252
Continuemos com Noberto Silva (2011): “[...]Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan”253. Quando da implantação da França Equinocial esse complexo passou para mãos oficiais. Uçaguaba/Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e
251 SILVA, Antonio Noberto. In Blog de Antonio Noberto O Maranhão francês sempre foi forte e líder. http://antonio.noberto.zip.net/, publicado em 03/11/2011 Evandro Junior, in Jornal O Estado do Maranhão, 18.12.11: Saint Louis Capitale de La France Equinoxiale, disponível em http://maranhaomaravilha.blogspot.com/2011/12/saint-louis-capitale-de-lafrance.html 252 PIANZOLA, Maurice. OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil. São Luis: SECMA; Rio de janeiro: Alhambra, 1968 253 SILVA, Antonio Noberto. In Blog de Antonio Noberto O Maranhão francês sempre foi forte e líder. http://antonio.noberto.zip.net/, publicado em 03/11/2011
Yves d'Evreux de "o sítio Pineau" em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia254. Capistrano de Abreu esclarece que: “EUSSAUAP - nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes. - Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na edição francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uça, nome genérico do caranguejo, e guaba, participio de u comer: o que, ou onde se come caraguejos, conforme com a definição do texto ...". 255. Vencidos os franceses em Guaxenduba (19/11/1614), os portugueses se estabelecem no Maranhão, vindo com Jeronimo de Albuquerque os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes, aqui permanecendo estes até 1618 ou 1619: "A primeira missão ou residência, que fundaram mais junto à cidade para comodidade dos moradores, foi a que deram o nome de Uçagoaba, onde com os da ilha aldearam os índios que haviam trazido de Pernambuco ...". (MORAES, 1987, p.58)256. A residência dos jesuitas em Uçagoaba é ocupada com a chegada da segunda turma de jesuitas ao Maranhão, os padres Luis de Figueira e Benedito Amodei. De acordo com CAVALCANTI FILHO (1990) 257 a missão jesuitica no Maranhão inicia-se com a chegada dos padres Figueira e Amodei: "... Ao que tudo indica, a aldeia de Uçaguaba, situada a margem esquerda do igarapé do mesmo nome, teria sido o ponto de partida dessa missão ... desta primeira, denominada 'Aldeia da Doutrina'".(p. 31). Antes dos franceses, os portugueses, pois com o início da colonização do Brasil em 1534, D. João III divide ‘suas novas terras’ - "descobertas" pela expedição de Pedro Álvares Cabral em 1500 - entre seus vassalos, pois preocupado com a presença de corsários franceses que navegavam por estas costas desde 1504. Estabele o sistema de Capitanias Hereditárias (Regimento Castanheira). O Maranhão atual, por sua extensão litorânea do Paraíba ao Gurupi, está compreendido nas duas mais setentrionais, dentre elas: a de Fernão Alvares de Andrade, com 70 léguas de costa contadas da foz do Mundau (Camocim) aos Mangues Verdes (Golfão Maranhense) e uma segunda, de João de Barros, com 50 léguas, dos Mangues Verdes à foz do Gurupi. João de Barros e Fernando Álvares de Andrade associam-se a Aires da Cunha, na tentativa de apossarem-se dela, sem resultado. Eram lotes enormes, 254
Evandro Junior, in Jornal O Estado do Maranhão, 18.12.11: Saint Louis Capitale de La France Equinoxiale, disponível em http://maranhaomaravilha.blogspot.com/2011/12/saint-louiscapitale-de-la-france.html "(...) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (...)". (D'ABBEVILLE, 1975, p. 114). 255
ABBEVILLE, Claude d’. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975, p.107 256 MORAES, José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ. Rio de Janeiro : Alhambra, 1987. 257 CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL. São Luís : SIOGE, 1990.
de cerca de 350 km de largura, até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro: "Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas com os índios e a ameaçadora presença dos franceses acabaram provocando o colapso do sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil" (BUENO, 1999)258. Vamos seguir Ribeiro 259, ao perguntar: qual era a verdadeira missão de Aires da Cunha? Quando a costa brasileira foi tocada pela primeira vez por Pedro Álvares Cabral, em 1500, os portugueses mal imaginavam qual a extensão exacta da "Terra Brasilis". Os métodos cartográficos eram muito rudimentares e os mapas, muito vagos. Assim, o "descobrimento" ainda estava apenas começando. Tanto que muitas regiões só foram colonizadas décadas depois da chegada de Cabral. A história do Maranhão ilustra bem a dificuldade dos descobridores e, até hoje, guarda em seus arquivos a mal-explicada história do navegador Aires da Cunha - um personagem misterioso e pouco explorado pelos livros. Lembremos que por mais de 30 anos após o descobrimento, o Maranhão foi totalmente desprezado pelos portugueses. O ano de 1536 é tido como o da chegada ao Maranhão dos sobreviventes da expedição de Aires da Cunha. Até hoje se discute o local do desembarque desses sobreviventes: se na Ilha Grande (Trindade, São Luís) ou na Ilha Pequena (Sant' Ana) ou na do Boqueirão (do Medo) onde teriam erigido a aldeia de Nossa Senhora de Nazaré. Outros a localizam em terras de Cumã (Alcântara) ou mesmo há quem afirme que ela nunca tenha existido. Luís de Melo da Silva estivera por aqui em 1554 e tenta retornar em 1573, quando naufraga no Mar-Oceano sua nau-capitânea "São Francisco" que tinha Luis da Gamboa como comandante. Deixamos a seguinte questão em aberto: tivemos uma invasão francesa a um território português, como está registrado na História, ou teria sido, na verdade, uma invasão ibérica a uma ocupação francesa, que se estabelecia por conta de um período histórico confuso, que já não mais garantia o domínio indiscutível dos portugueses sobre a região? MAS QUEM ERAM OS PRIMITIVOS HABITANTES? O Maranhão é território de uma rica história de intercâmbio e conflítos entre os povos indígenas nativos e europeus - franceses, holandeses, ingleses e portugueses. Os franceses já negociavam, o chamado escambo, com os povos nativos dessa região antes mesmos das primeiras expedições portuguesas. Antes dos Tupinambás, os Tremembé, havendo indícios de ocupação pelo menos de nove mil anos... O que nos leva a essa afirmação são documentos que estão vindos à luz por pesquisas recentes, com base em informações obtidas em diversos arquivos e interpretação e uso de fontes as mais diversas. 258
BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999 259 RIBEIRO, Carlos Leite (Ed.). "A Travessia do Atlântico" - Do Livro de Bordo A Caminho de São Luís. Disponível em http://www.caestamosnos.org/viagem/SLuis03.htm
Para Feitosa (1983)260, não é possível determinar a origem dos primeiros habitantes, havendo várias teorias que supõem o aparecimento do homem., havendo duas hipóteses explicativas: a monogenica (o homem descendente de um único casal original) e a poligenica. Dentre as diversas teorias, temos: Africana, Monogenismo Americano, Australiana, Atlante, Cartaginesa, Chinesa, Egipcia, Grega, Ibera, Irlandesa, Malaio-Polinesia, e por fim a Mista. Ainda a Paleo-Asiática, Viking...261
260
FEITOSA, Antonio Cordeiro. O MARANHÃO PRIMITIVO: UMA TENTATIVA DE RECONSTITUIÇÃO. São Luis: Augusta, 1983. 261 DOMINGUES, Virgilio. O TURIAÇU. São Luis: SIOGE, 1953 LOPES, Raimundo. A civilização lacustre do Brasil. In COSTA, Cássio Reis. A BAIXADA MARANHENSE, no plano do Governo João castelo. São Luis: SIOGE, 1982. LOPES, Raimundo. UMA REGIÃO TROPICAL. Rio de janeiro: Cia Ed. Brasileira; Fon-Fon, 1970. LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973. BANDEIRA, Arkley Marques. Os registros rupestres no Estado do Maranhão, Brasil, uma abordagem bibliográfica. In http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm ver também: http://www.naya.org.ar/ - NAYA.ORG.AR - Noticias de Antropología y Arqueología LIMA, Olavo Correia (1985). Província Espeleológica do Maranhão. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Ano LIX n 10, São Luís-MA, p. 62-70. LIMA, Olavo Correia (1986). Cultura Rupestre Maranhense. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Ano LX, n. 11-São Luís –MA, p. 7-12. LIMA, Olavo Correia; AROSO, Olair Correia Lima (1989). Pré-História Maranhense. SIOGE São LuísMA. CARVALHO, J. B. de. Nota sobre a arqueologia da Ilha de São Luís. Revista do IHGM, Ano VII, n. 6, dezembro de 1956 LOPES, Raimundo. O TORRÃO MARANHENSE. Rio de Janeiro: Typ. Do Jornal do Commercio, 1916 LOPES, Raimundo. ANTROPOGEOGRAFIA. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 1956. (Edição facsimilar comemorativa ao centenário de fundação da Academia Maranhense de Letras, São Luis: AML, 2007). SAMPAIO, Alberto José de. Biogeografia Dinâmica - a natureza e o homem no Brasil. Coleção Brasiliana, vol. 53, 1935 SAMPAIO, Alberto José de. Fitogeografia do Brasil Coleção Brasiliana, vol. 35, 1935 AVELINO, Paulo. ”Resenha de livro raro: Uma Região Tropical, de Raimundo Lopes”, disponível em http://www.fla.matrix.com.br/pavelino/lopes.htmlfala - LOPES, Raimundo. Uma região tropical. Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-fon e Seleta, 1970. 197p. Coleção São Luís, volume 2. CORREA, Alexandre Fernandes. A ANTROPOGEOGRAFIA DE RAIMUNDO LOPES SOB INFLUÊNCIA DE EUCLIDES DA CUNHA in http://teatrodasmemorias.blogspot.com/2009/12/antropogeografia-de-raimundo-lopes-sob.html CORREA, Alexandre Fernandes. AS RELAÇÕES ENTRE A ETNOLOGIA E A GEOGRAFIA HUMANA EM RAIMUNDO LOPES. Cad. Pesq .. São Luís. v. 14. n. 1. p.88-1 03. jan.!jun. 2003disponivel em http://www.pppg.ufma.br/cadernosdepesquisa/uploads/files/Artigo%206(16).pdf MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. IN Revista Sexto Sentido, postado em 2010-06-11 13:25, no sitio http://www.revistasextosentido.net/, disponível em http://www.revistasextosentido.net/news/%20as%20cidades%20perdidas%20do%20maranh%C3%A3o /
Correia Lima e Aroso (1989) 262 apresentam as correntes migratórias das Américas, segundo Canals-Pompeu Sobrinho, em número de cinco: Australóides, Protossiberianos, Paleo-siberianos, Protomalaios, e Protopolinésios. Os australoides deram descendentes em ambas as Américas, sendo que na do Sul, aparecem os Lácidas, Huarpidas, Patagônicos. Os Lácidas, paleossiberianos, atingem o Brasil e o Maranhão; assim como os nordéstidas e os fueguinos, sendo que os primeiros atingem o Brasil e o Maranhão. Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos que viviam ao longo da costa eram os Tupi. Estes tinham escorraçado os povos de língua e cultura Jê para o interior, vivendo, em geral, na região dos cerrados. Durante a expansão dos Tupis-Guaranis – descendentes dos protomalaios, e desembarcados nas costas ocidentais do istmo do Panamá, deslocaram-se para o suleste, atravessando os Andes, e atingindo o Amazonas, onde fizeram seu centro de dispersão (CORREIA LIMA, AROSO, 1989). Migravam com muita freqüência, surpreendentemente rápidos. Desceram o Rio Amazonas e se embrenharam em seus afluentes: Madeira, Tapajós, Xingu, Tocantins, Araguaia e ainda Gurupi, Mearim, etc. Passaram ao rio Paraguai e seus afluentes do Paraná, chegando ao Atlântico. Marginaram-se em direção ao Norte, parando no Maranhão, para reencontrar seus irmãos amazonenses. Sua migração pela costa nacional é recente e se fazia sempre ás custas dos velhos ocupantes, notadamente os Lácidas, os quais eram empurrados para o interior. Deixaram sempre ocupantes por onde passam, a exemplo dos Tupinambás, na Ilha de São Luis. Dos Tupis, hoje, restam os Guajajara – Tenetehára – com uma história longa e suingular de contato, a partir de 1615, nas margens do Rio Pindaré, com uma expedição exploradora francesa. Os Awá-guajá – se autodenominam Awá, também chamados EVREUX, Ives d´. VIAGEM AO NORTE DO BRASIL FEITAS NOS ANOS DE 1613 A 1614. São Paulo: Siciliano, 2002. ABBEVILLE, Claude d´. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975 MELLO, Evaldo Cabral de (org.). O BRASIL HOLANDÊS (1630-1654). São Paulo: Penguin Classics, 2010. PAULA RIBEIRO, Francisco de. MEMÓRIAS DOS SERTÕES MARANHENSES. São Paulo: Siciliano, 2002 PROJETO JOGOS INDÍGENAS DO BRASIL. in http://www.jogosindigenasdobrasil.art.br/port/campo.asp#canela PUXADA DO MASTRO AGITA OLIVENÇA. In CIA DA NOTÍCIA, disponível em http://www.ciadanoticia.com.br/v1/tag/derrubada-de-toras/, 08/01/2011, acessado em 23/01/2011 262 CORREIA LIMA, Olavo; AROSO, Olir Corria Lima. PRÉ-HISTÓRIA MARANHENSE. São Luis: Gráfica Escolar, 1989. CORREIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Ameríndios maranhenses. REVISTA IHGM, Ano LIX, n. 08, março de 1985 38-54 CORREIA LIMA, O. Homo Sapiens stearensis – Antropologia Maranhense REVISTA IHGM Ano LIX, n. 9, junho de 1985 33-43 CORREIA LIMA, O. Província espeleológica do Maranhão REVISTA IHGM Ano LIX, n. 10, outubro de 1985 62-70 CORRIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Cultura rupestre maranhense – arqueologia, antropologia REVISTA IHGM Ano LX, n. 11, março de 1986 07-12 CORREIA LIMA, O. Parque Nacional de Guaxenduba REVISTA IHGM ano LX, n. 12, 1986 ? 21-36 CORRÊA LIMA, O. No país dos Timbiras REVISTA IHGM Ano LXI, n. 13, dezembro de 1987 82-91 CORREIA LIMA, O. Mário Simões e a arqueologia maranhense REVISTA IHGM Ano LXII, n. 14, março de 1991 23-31
Wazaizara (Tenetehara), Aiayé (Amanayé), Gwazá. O termo Awá significa ‘homem’, pessoa’, ou ‘gente’; sua origem é obscura, acreditando-se originários do baixo Tocantins. Acredita-se que a partir da Cabanagem (1835-1840) tenha inicado a migração rumo ao Maranhão. Já os Ka´apor (Urubu-Kaapor, Kaáporté) surge como povo distinto à cerca de 300 anos, provasvelmente na região entre os rios Tocantins e Xingu. Talvez os conflitos com colonizadpores luso-brasileiros e outros povos nativos, iniciaram longa e lenta migração, por volta de 1870, do Pará ao Maranhão, atraves do Gurupi. Foram pacificados em 1911. 263 Correia Lima e Aroso (1989) trazem que os Lácidas foram os primeiros povoadores do Maranhão, como o foram do Brasil. Vieram através de correntes migratórias interioranas e se localizaram de preferencia na parte setentrional e maranhense do Planalto Central do Brasil. Eram representados por um povo, os Tremembé (Tatamembé, Trememmbé) que ocuapava inicialmente a costa maranhense, antes da chegada dos brasílidas. Na época do contato, viviam da fronteira do Pará (Rio Caeté) à do Piauí (Tutóia), sendo sua área preferida o Delta do Parnaíba e a Baia de Turiaçú. Os Nordéstidas chegaram ao Maranhão pela corrente litoranea local, ocupando todo o litoral, sendo os primeiros a usar essa corrente, vindo do Nordeste. Apenas os Muras seguiram para o amazonas, tornando-se fluviais. Correia Lima e Aroso (1989) ao analisarem as estearias maranhenses, área ocupada pelos brasilidas, que atingiram também o Maranhão através de duas correntes migratórias, interiorana – Nu-Uraques (Uraques), depois os caraíbas, e finalmente os Tupi-Guaranis - e pela litoranea, e às vesperas e durabnte o contato, chegaram os ultimos Tupis, representados pelos Tupinambás. Com a invasão dos Tupis-Guaranis perderam a Ilha de São Luis e seus arredores. Ainda dos Macro-jê temos os Canelas (Rankokamekrá; Apanyekrá); são remanescentes das cinco nações Timbira Oriental, sendo os Rankakomekrás descendentes dos Kapiekran, como eram conhecidos até 1820. Os primeiros contatos, indiretos, se dão por forças militares no fim do século XVII, ocorrendo incursões contra essas populações na ultima decada do seculo XVIII, dizimados por volta de 1814. Os Krikati se localizam ao sul do Maranhão, com os primeiros contatos por volta de 1814. O Gavião (Pukobyê) teve contato a partir do século XVIII, por volta de 1728. 264 Vaz (1991, 1996, 2001, 2011) 265 traz que a ocupação do território maranhense se deu através de três correntes migratórias - Lácidas, Nordéstidas e Brasílidas, nessa
263
Associação Carlos Ubbiali; Instututo Ekos. OS ÍNDIOS DO MARANHÃO. O MARANHÃO DOS ÍNDIOS. São Luís: Associação Carlos Ubbiali, 2004 264 Associação Carlos Ubbiali; Instututo Ekos. OS ÍNDIOS DO MARANHÃO. O MARANHÃO DOS ÍNDIOS. São Luís: Associação Carlos Ubbiali, 2004 PREZIA, Benedito; HOORNAERT, Eduardo. ESTA TERRA TINHA DONO. 6 ed. Revs. E atual. São Paulo: FTD, 2000 265 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A história do atletismo maranhense. "O IMPARCIAL, 27 de maio de 1991, p. 9. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In SOUSA E SILVA, José Eduardo Fernandes de (org.). ESPORTE COM IDENTIDADE CULTURAL: COLETÂNEAS. Brasília: INDESP, 1996, p. 106-111; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luís, v.4, n. 2, jul/dez 2001, disponível em www.cefet-ma.br/revista.
ordem, seguindo Correia Lima e Aroso (1989). Embora os traços mais antigos da presença do homem no continente americano datem de 19 mil anos, as teorias mais recentes o dão como procedentes da Ásia a 20 ou 30 mil anos (CORREIA LIMA & AROSO, 1989) 266. Esses autores, ao adotarem a sistemática de Canals (1950) - Pompeu Sobrinho (1955), afirmam que caçadores australóides do nordeste asiático - Sibéria, de acordo com Aquino, Lemos & Lopes (1990, p.19) 267 - ingressaram no Alasca há pelo menos 36 mil anos e durante os 20.000 anos seguintes consolidaram sua cultura e se expandiram pelo território, tendo seus descendentes atingido Lagoa Santa há 7.000 (mais ou menos) 120 anos. Sander-Marino (1970, citados por Correia Lima & Aroso, 1989, p. 19) registram entre 40 e 21 mil anos a presença dos superfilos MACRO-CARIB-JÊ, uma das correntes pré-históricas povoadoras das Américas. Para Feitosa (1983, p. 70) 268 há um consenso quando da "determinação temporal" da chegada dos australóides no Novo Mundo, com as estimativas variando de 20.000 a.C. (RIVET); 28.000 a.C. (CANALS); 40.000 a.C. 269 De acordo com pesquisas mais recentes, realizadas em São Raimundo Nonato Piauí, foram encontrados fosseis com datação de 41.500 anos (FRANÇA & GARCIA, 1989) 270. Os Lácidas, descendentes dos australóides, atingem o Maranhão. Das famílias lingoculturais suas descendentes, destaca-se a JÊ, grupo mais populoso; de maior expansão territorial; e de melhor caracterização étnica. Os Jês caracterizam-se pela ausência da cerâmica e tecelagem, aldeias circulares, organização clânica e grande resistência à mudança cultural, mesmo depois de contato, como se observa entre os Canelas, ou RANKAKOMEKRAS como se denominam os índios da aldeia do Escalvado (DICKERT & MEHRINGER, 1989ª, 1994). 271 Paula Ribeiro (1841, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989); Paula Ribeiro (2002) ; Franklin e Carvalho (2005) 273 descrevem uma das principais "manifestações 272
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CORRIDA ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS. REV. IHGM 36, MARÇO 2011, p 128 266 CORREIA LIMA, Olavo & AROSO, Olir Correia Lima. PRÉ-HISTÓRIA MARANHENSE. São Luís: Gráfica Escolar, 1989. 267 AQUINO, Rubim S.L; LEMOS, Nivaldo J. F. de & LOPES, Oscar G.P. C. HISTÓRIA DAS SOCIEDADES AMERICANAS. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1990. 268 FEITOSA, Antonio Cordeiro. O MARANHÃO PRIMITIVO: UMA TENTATIVA DE RECONSTITUIÇÃO. São Luis: Augusta, 1983. 269 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CORRIDA ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS. REV. IHGM 36, MARÇO 2011, p 128 FUNAI. JOGOS DOS POVOS INDÍGENAS. Disponível em http://www.funai.gov.br/indios/jogos/novas_modalidades.htm#005 270 FRANÇA, Martha San Juan & GARCIA, Roberto. Os primeiros brasileiros. Superinteressante v. 3, n. 4, p. 30-36, abril de 1989. 271 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CORRIDA ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS. REV. IHGM 36, MARÇO 2011, p 128 272 PAULA RIBEIRO, Francisco de. MEMÓRIAS DOS SERTÕES MARANHENSES. São Paulo: Siciliano, 2002 273 FRANKLIN, Adalberto: CARVALHO, João Renor F. de. Francisco De Paula Ribeiro – Desbravador Dos Sertões De Pastos Bons: A Base Geográfica E Humana Do Sul Do Maranhão. Imperatriz: Ética, 2005
do lúdico e do movimento" - para usar uma expressão de Dieckert & Mehringer (1989b, 1994) 274 -, na cultura Jê, referindo-se à música e à dança: "... enquanto as muitas mulheres guizam as comidas, dançam eles e cantam ao som de buzinas, maracás e outros instrumentos... esta dança e música noturna, melhor repetida depois da ceia, dura quase sempre até as cinco da manhã..." (p. 39).
NIMUENDAJÚ, Curt. A corrida de toras dos timbira. Mana v.7 n.2 Rio de Janeiro oct. 2001
274
DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. A CORRIDA DE TORAS NO SISTEMA CULTURAL DOS ÍNDIOS BRASILEIROS CANELAS (RELATÓRIO DE PESQUISA PROVISÓRIO). Zeitgschift Muncher Beltrdzur Vulkerkunde, julho, 1989. DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. Cultura do lúdico e do movimento dos índios Canelas. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 11, n. 1, p. 55-57, set. 1989. DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. . A corrida de toras no sistema cultural dos índios brasileiros Canelas. Revista Brasileira de Ciências do Esporte - v.15 - n.2 - 1994
Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de "TIMBIRAS", e dividem-se em dois ramos principais, segundo seu habitat - Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de canelas finas "pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados", conforme afirma Teodoro Sampaio (1912, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p. 41), confirmando Spix e Martius (1817, citados por CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p.59) quando afirmam, sobre os Canelas, "... gaba-se a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.". Os Timbira são um povo física, lingüística e culturalmente caracterizado como da família Jê, que disperso, habitava o interior do Maranhão e partes limítrofes dos Estados do Pará, Goiás e Piauí. Esse povo existe ainda parcialmente, compondo-se hoje das seguintes tribos (NIMUENDAJÚ, 2001) 275: Timbira orientais: Timbira de Araparytiua Kukóekamekra e Kr˜eyé de Bacabal Kr˜eyé de Cajuapára Kre/púmkateye Pukópye e Kr˜ikateye Gaviões Apányekra (Canellas de Porquinhos) Ramkókamekra (Canellas do Ponto) Krahó Timbira ocidentais: Apinayé Seus parentes mais próximos são os Kayapó do norte, os Suyá e os hoje extintos Kayapó do sul. Hoje, os Tremembé são um grupo étnico indígena que habita os limites do município brasileiro de Itarema, no litoral do estado do Ceará, mais precisamente na Área Indígena Tremembé de Almofala (Itarema), Terras Indígenas São José e Buriti (Itapipoca), Córrego do João Pereira (Itarema e Acaraú) e Tremembé de Queimadas (Acaraú). Originalmente nômades que viviam num território que estendia-se nas praias entre Fortaleza e São Luís do Maranhão. Foram aldeados pelos Jesuítas no século XVII nas missões de Tutoya (Tutóia-Maranhão) 276, Aldeia do Cajueiro (Almofala) e Soure (Caucaia). Foram declarados como não existentes pelo então governador da Província do Ceará (José Bento da Cunha Figueiredo Júnior), após decreto de 1863. Antes disto, em 1854, os índios perderam o direito da terra pela regulamentação da Lei da Terra. Estes ressurgem no cenário cearense nas décadas de 1980 e 1990, quando são reconhecidos pela FUNAI. 277
275 276
NIMUENDAJÚ, Curt. A corrida de toras dos timbira. MANA v.7 n.2 Rio de Janeiro oct. 2001 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “BREVE DESCRIÇÃO DAS GRANDES RECREAÇÕES DO RIO MUNI DO MARANHÃO, Pelo Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, Missionário no dito Estado, ano 1724”. REVISTA DO IHGM, No. 37, junho de 2011 – Edição Eletrônica, p 176-186 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_37_-_junho_2011
277 http://pt.wikipedia.org/wiki/Trememb%C3%A9s
No século XVII, a populaçõa indígena do Maranhão era formada por aproximadamente 250.000 pessoas, pertencente a cerca de 30 etnias, a maioria delas, hoje, não existindo mais: “Povos indígenas como os Tupinambá que habitavam a cidade de São Luis, os Barbados, os Amanajós, os Tremembé, os Araioses, os Kapiekrãs, entre outros, foram simplesmente exterminados ou dissolvidos social e culturalmente [...] São notórias as causas do desaparecimento de cerca de 20 povos indígenas no Maranhão: as guerras de expedição para escravizar, as doenças importadas, a miscigenação forçada, a imposição de novos modelos culturais, entre outras”. 278
278
Associação Carlos Ubbiali; Instututo Ekos. OS ÍNDIOS DO MARANHÃO. O MARANHÃO DOS ÍNDIOS. São Luís: Associação Carlos Ubbiali, 2004, p. 2
LES FRANÇAIS AU BRESIL, LA RAVARDIERE ET LA FRANCE EQUINOXIALE (1612 -1615) LUCIEN PROVENÇAL Conférence du mardi 20 mars 2012 Texte intégral et illustration du conférencier mis en page par Christian Lambinet Société Hyéroise d'Histoire et d'Archéologie La première tentative d'implantation permanente d'une colonie française à Rio de Janeiro a échoué pour des raisons que je vous ai déjà exposées ; est-ce la fin de notre rêve brésilien ? Non car nos marins continuent à trafiquer avec nos amis Tupinambas qui, fuyant la répression, ont migré vers le Nord-Est mal contrôlé par l'occupant.
Par ailleurs, Catherine de Médicis élevée aux sources du mercantilisme florentin a perçu lês avantages à tirer d'une colonisation et, forte de son influence sur ses fils, elle ne renonce jamais. Aussi soutient-elle en 1580 les prétentions d'Antonio 1er, prieur de Crato, contre Philippe II d'Espagne couronné Philippe 1er du Portugal. Le prix de ce soutien sera une certaine liberté d'action au Brésil. Depuis plusieurs années, la reine mère a chargé son cousin Philippe Strozzi de missions de reconnaissance et d'encouragement des indigènes à la rébellion. La défaite du prieur aux Açores, as fuite en Angleterre, la mort au combat de Strozzi mettent fin à ce rêve.
De gauche à droite : Catherine de Médicis vers 1585, Antoine 1er du Portugal (prieur de Crato), Philippe Strozzi et Philippe Duplessis Mornay
Philippe Duplessis Mornay tente en vain d'intéresser Henri III au projet ; il aura plus de chance avec Henri IV dont il est un conseiller très écouté. Le Béarnais est d'autant plus enthousiaste qu'il y voit une occasion supplémentaire d'affronter Philippe II dont le père lui a volé sa Navarre . Il va donc encourager la fondation de cette France Equinoxiale dont je vais vous conter l'éphémère existence. Au nord-est du Brésil, dans la zone équatoriale proche de l'Amazonie, existe une capitainerie (bande de terre) attribuée à un donataire qui n'est jamais parvenu à s'en rendre maître. Difficile d'accès, située en milieu hostile, les Portugais l'ont abandonnée. Les Français la connaissent bien, ils pratiquent depuis longtemps lês atterrages et y trafiquent librement avec un peuple à qui ils promettent la protection du Roi. Charles des Vaux, un protestant de Sainte Maure en Touraine y entretient d'excellentes relations avec les caciques locaux. Deux Dieppois, Gueirard et Du Manoir, y ont fondé uns ligne de navigation Dieppe-Maranhào.
Carte du Brésil avec Maranhào en rouge
C'est alors qu'apparait notre héros Daniel de La Touche de La Ravardière, lui aussi protestant, originaire de Berthegon en, Poitou, province dont Duplessis Mornay est gouverneur. Il a épousé Charlotte de Montgomery dont le père est ce capitaine dês Gardes qui a tué accidentellement Henri II . Le couple s'installe en Basse Normandie,
participle activement aux guerres de religion ; habitant Du Clos Poulet, près de Cancale, Daniel deviant marin et, en 1594, effectue un premier voyage de reconnaissance au Brésil qui lui ouvre dês horizons. En 1602, Henri IV charge René Maresch de Monbarrot, gouverneur de Bretagne d' implanter une colonie de quatre cents hommes dans le nord du Brésil et il lui adjoint La Ravardière ; deux ans plus tard, celui-ci, accompagné du naturaliste Jean Mocquet279, investigue la Guyane et l'Amazonie, y fait de profondes recherches qui le persuadent d'une possibilité d'implantation ; il ramène un Indien, Yapoco, originaire de l'Oiapoque qui lui restera toujours fidèle ; sa cargaison compense largement les frais engagés. Il rend compte de sa mission à Monbarrot qui se désintéresse Du Brésil.
Buste en hommage à Daniel de La Touche de La Ravardière, à São Luís (Maranhão)
Par lettre patente du 12 juillet 1605 dont nous n'avons pu retrouver trace, le Roi nomme La Ravardière "Lieutenant général es contrées de l'Amérique depuis la rivière des Amazones jusqu'à l'île de la Trinité" et le charge d'y établir une colonie ; nous reviendrons sur la disparition de ces lettres. La Ravardière et des Vaux, désormais réunis de par la volonté du Roi, appareillent ensemble de Cancale en 1609 pour s'assurer de la faisabilité du projet. Rappelons cependant qu'aux termes du traité de Vervins signé avec l'Espagne en 1598, de telles actions n'engagent que la responsabilité des exécutants ; le Roi qui entend l'abroger ne s'en soucie pas. Pendant six mois, nos explorateurs s'assurent de la fidélité de leurs alliés, des ressources du pays et de La présence des marins normands ; ils reviennent rassurés pour
279
Jean Mocquet, né dans les environs de Vienne en 1575, était un voyageur français qui donna beaucoup de détails sur les sauvages et sur l'histoire naturelle de l'Amérique méridionale...
apprendre, patatras, que le 14 mai 1610, Henri IV a été assassiné. Qui dirige la France ? Il nous faut faire un retour en arrière.
Croquis de Jean Mocquet ¹ Après la répudiation de Marguerite de Valois, le Roi a bien semé des bâtards mais il est toujours célibataire et officiellement sans héritier. Gabrielle d'Estrées meurt sans que le Roi ne l'épouse ; en 1600, il se laisse marier à Marie de Médicis, descendante des Habsbourg ; cette union le réconcilie avec le Pape et lui rapporte une dot qui met fin à sés problèmes ; le peuple baptise la souveraine "la grosse banquière" ; six enfants naissent en neuf ans mais le couple vit mal les incartades Du mari. Le roi ne fait couronner son épouse que le 13 mai 1610 et lui accorde la régence avant de partir en Flandres guerroyer contre lês Espagnols et abroger le traité de Vervins ; le lendemain, il est assassiné. Le gouvernement revient à Marie qui s'entoure de fantoches, écarte lês amis du feu Roi et ne rêve que de rapprochement avec l'Espagne ; elle impose un étroit retour à la religion catholique, apostolique et romaine. La Ravardière et des Vaux reviennent au plus mauvais moment.
Marie de Médicis
Pourtant, le 1er octobre 1610, Marie, au nom de son fils âgé de 9 ans, précise la mission : fonder une colonie, dans un rayon de 50 lieues autour de Upaon Açu, la grande île du Maranhào et y convertir lês indigènes ; La Ravardière, placé sous l'autorité de l'Amiral de France, le duc de Montmorency Damville, en est le chef.
le duc de Montmorency Damville, Amiral de France
Mais La Ravardière et des Vaux se méfient ; ils savent que sans le concours de catholiques fortunés et puissants rien ne se fera ; de nombreux courtisans les encouragent : Charlotte de Montmorency, la duchesse de Guise, le cardinal de Joyeuse, La comtesse de Soissons, les encouragent.
François de Razilly La Ravardière traite du voyage et de la logistique ; s'associent à lui deux catholiques : François de Razilly, Poitevin, bien en cour qui recrute lês participants et le richissime banquier Harlay de Sancy responsable Du financement ; les trois hommes sont bientôt nommés lieutenants généraux avec pouvoirs égaux.
Nicolas de Harlay 70 000 livres sont aisément trouvées malgré les réticences de la régente qui tarde à décider. Elle obtient de Rome l'envoi de quatre missionnaires capucins, avouant ainsi sa priorité aussitôt indiquée à La Ravardière qui devra revenir en France avec ses coreligionnaires une fois la colonie établie. Les participants sont nombreux ; outre les 600 habituels migrants, la noblesse est largement représentée ; citons au hasard Henri de Richelieu, frère de l'évêque de Luçon, Félisbert de Brichanteau, fils d'un amiral de France, Louis de Pézieux, cousin du prince de Condé et du Roi, Claude et Isaac, frères de François de Razilly... Il est à noter que tous ces gens affirment par écrit leur solidarité et mettent en garde contre un ennemi non cité. C'est à Cancale qu'en présence de l'amiral de Montmorency Damville se prépare le départ dans une succession de festivités civiles et religieuses présidées par l'évêque de Saint Malo ; deux vaisseaux, le "Régent" et la "Charlotte", une patache, la "Sainte Anne", constituent la flotte. Le 19 mars, tambours, trompettes et salves d'artillerie saluent l'appareillage mais la tempête oblige la flotte à une courte escale en Angleterre à Dartmouth, Plymouth et Falsmouth.. Le 26 juillet après 116 jours dans des conditions difficiles, vengeance de Satan, disent les capucins,et une courte escale à Fernào de Noronha, les colons découvrent ce qu'ils croient être le paradis terrestre. C'est grâce aux témoignages de Claude d'Abbeville et Yves d'Evreux, deux capucins, que nous connaissons les débuts de la colonisation. Les bâtiments mouillés à Upaon Mirim, la petite île du Maranhào aussitôt rebaptisée Sainte Anne, les cérémonies commencent, érection d'une croix, procession, messe solennelle, "Te deum laudamus", "veni creator". Avant toute autre initiative, des Vaux va s'assurer que les sentiments des caciques à notre égard n'ont pas changé trois ans après son départ ; pleinement rassuré, il fait découvrir la "Grande Ile" à François de Razilly qui organise la réception solennelle ; il faut en effet convaincre et impressionner les "natives" dont 12000 vivent là regroupés en 27 villages ... Le 6 août à l'aube, la flotte rallie la Grande Ile où commence un cérémonial parfaitement orchestré ; une procession s'organise, capucins appelés prophètes par des Indiens habillés de bleu pour la circonstance, nobles en armes puis colons ; tout ce monde défile dans une ambiance à la fois festive et solennelle ; bien sûr, une croix est plantée, un "te Deum" est entonnée, une grand messe suit où, pour impressionner les indigènes, un voile vient cacher la consécration. Les salves d'artillerie tirées peu après impressionnent fort les autochtones qui ne doutent plus de la puissance de la France. Un
somptueux déjeuner est servi chez Du Manoir dont quatre cents marins et deux vaisseaux sont présents. Rassuré, Harlay de Sancy rentre en France, laissant ses pouvoirs à François de Razilly qui devient, en fait, le maître de la colonie. Il reste maintenant à se mettre au travail. Les deux lieutenants généraux restants se répartissent ainsi les tâches ; à La Ravardière, La défense et l'organisation urbaine, à Razilly, les relations humaines, la reconnaissance de pays et l'évangélisation des Indiens. Chaque étape est marquée par de grandioses cérémonies. Les tupinambas participent avec enthousiasme à l'oeuvre commune. Bientôt, um port peut accueillir les plus gros navires du temps ; sur un éperon rocheux, là où se trouve aujourd'hui le palais du gouverneur, s'élève une forteresse baptisée Saint Louis inexpugnable pour l'époque. Près d'une fontaine, une chapelle de branchages est bientôt remplacée par le futur couvent Saint François. Des magasins et dês logements permettent de vivre à l'abri en toute sécurité... Les inaugurations solennelles ont lieu le jour de la Sainte Claire ou de l'Immaculée Conception em présence d'indigènes toujours invités et toujours présents, sûrs de la force de leurs nouveaux protecteurs ; eux, pour qui nous n'étions que dês commerçants, découvrent que nous sommes aussi dês combattants et des croyants.
Tupinambas François de Razilly, Claude d'Abbeville, accompagnés de Des Vaux fidèle malgré une foi différente, parcourent inlassablement un pays acquis à leur cause. Japi Açu, le cacique, est souvent présent ; on arrive, on palabre, on célèbre un office dans un lieu de culte sommaire, on catéchise, on baptise et on marie ; seuls incidents, la mort du père Arsène de Paris victime de fièvres et le discours d'un vieillard qui doute de nos bonnes intentions. Mais, les coeurs sont déjà colonisés. Il faut maintenant doter de lois la nouvelle colonie ; ce sera fait le 1er novembre, jour de la Toussaint ; toujours cette volonté de lier le public au sacré. A l'issue d'un somptueux défilé militaire suivi de salves d'artillerie et de sonneries diverses, toute la population est rassemblée ; tous, nobles, colons et Tupinambas sont revêtus de leurs plus beaux atours. Il leur est donné lecture dans les deux langues d'un texte pompeusement appelé "lois fondamentales de la France Equinoxiale". Il s'agit en fait de règles de comportement ainsi résumées : devoirs de
tous envers les capucins dont la mission de conversion est une priorité, discipline stricte imposée aux Européens, respect dû aux Indiens et à leurs femmes notamment. Cet enthousiasme de façade cache mal les soucis ; tous ont conscience de la faiblesse dês moyens mis à leur disposition mais aussi d'une action subversive menée de la cour contre l'action engagée. François de Razilly est chargé d'aller chercher à Paris des renforts et de l'argent ; il será accompagné de Claude d'Abbeville afin de convaincre d'autres missionnaires de se lancer dans l'aventure et de quelques Indiens témoins de leur intégration. Pendant son absence, Le commandement sera exercé par La Ravardière soumis à un conseil de tutelle ; au retour de Razilly, La Ravardière obéissant aux voeux de la Régente, reviendra en France avec les autres protestants. on ne peut vraiment pas dire que le lieutenant général soit placé dans les meilleures conditions. Il en profite néanmoins pour faire reconnaître le pays par ses subordonnés sans autre succès que le ralliement de tribus éparses ; hélas, les richesses de l'Eldorado ne sont pas au rendez-vous. Lui-même, laissant le commandement à Louis de Pézieux se lance dans une aventure amazonienne en milieu hostile quelque peu risquée. Une inquiétante incursion portugaise contre les positions françaises motive son rappel mais trois mois ont été perdus . Des mesures de défense s'imposent. A Paris, Razilly est bien reçu; les Tupinambas exhibés devant le jeune Louis XIII produisent le meilleur effet; les promesses sont nombreuses mais il faut se rendre à l'évidence, il y a loin des paroles aux actes. Seul, Claude d'Abbeville obtient quelques succès, douze missionnaires partiront, diriges hélas par un Ecossais rigide, Pembroke, dont le comportement nuira à la colonie. Marie de Médicis promet certes vingt Mille livres mais n'en remet que six mille aux seuls capucins; pour le reste, on verra plus tard. D'Harlay de Sancy, on n'entend plus parler.
Louis XIII enfant
Philippe III d'Espagne
La Régente a en effet décidé un rapprochement avec l'Espagne de Philippe III, maître de l'Union ibérique fondée par son père en 1580, et elle sait que cette Union souhaite s'en tenir à la stricte application du traité de Vervins ; comme toujours, des mariages d'enfants royaux peuvent aider à des rapprochements, Louis XIII est promis à Anne d'Autriche, sa soeur Elizabeth au prince des Asturies, futur Philippe IV. Tant pis pour la France équinoxiale. François de Razilly est découragé ; il décide de rester à Paris et de se mettre aux ordres du duc de Savoie ; il renvoie cependant à ses frais Le "Régent" au Maranhào
mais avec très peu d'argent, sans renfort militaire sinon quelques nobles aventureux et environ trois cents colons. Désormais, La Ravardière se trouve bien seul pour faire face à une situation qui s'aggrave ; lês Français l'abandonnent, les Espagnols agissent.
Jeronimo de Albuquerque Philippe III ignore les lettres patentes délivrées par les rois de France, elles sont sans objet, La Ravardière et les siens sont dês corsaires qu'il faut chasser du Maranhào ; il charge de cette mission Le gouverneur du Brésil Gaspar de Souza ; tout juste consentil à quelques arrangements pour ne pas heurter la cour de France. La reconquête est confiée à un métis, Jeronimo de Albuquerque, auquel est associé Diogo de Campos Moreno qui a déjà combattu La Ravardière autrefois em Flandres . C'est à Campos Moreno que nous devons la relation dês événements qui vont suivre. Les deux hommes ont beaucoup de mal à organiser l'opération, les effectifs sont faibles, les moyens navals dérisoires, les Indiens amis sont réticents , les atterrages du Maranhào sont inconnus de leurs pilotes. Néanmoins, ils parviennent à proximité du camp français qu'Albuquerque veut attaquer aussitôt, Capos Moreno le calme, lês Portugais s'installent au fond d'une baie fermée nommée Guaxenduba, inaccessible à marée basse et y construisent une fortification sommaire. Les Français, sûrs de leur supériorité dans tous les domaines ne s'inquiètent pas. Suivent une série de provocations réciproques et d'engagements mineurs à la suite desquels les Portugais se trouvent bloqués au fond de leur trou sans aucun moyen d'en réchapper ; le combat est inévitable.
Guaxenduba
Le 19 novembre, la flotte française, "le Régent" en tête, se présente devant Guaxenduba ; La Ravardière a choisi de rester à bord avec deux compagnies de réserve et de confier les forces débarquées, soit quatre compagnies renforcées par un millier de Tupinambas, à Louis de Pézieux ; CE faisant, il ne peut ignorer que le jusant l'empêchera d'intervenir ; en face, Albuquerque choisit de diviser ses forces en deux et d'attaquer séparément le dispositif français. Alors que tout se passe bien pour les Français, La Ravardière, chevalier du moyen-âge égaré au XVIIème siècle, a l'idée aussi noble que saugrenue d'accorder à l'ennemi une trêve de quatre heures pour capituler ; inconsciemment, Louis de Pézieux met ses hommes au repos. Albuquerque et Campos Moreno n'en attendaient pas tant, ils feignent de ne pas avoir compris l'ultimatum et attaquent les Français sans défense ; s'en suit un désastre pour les troupes à terre, cent quinze Français dont trente nobles sont tués ou noyés tandis que les Tupinambas prennent la fuite ; lês réserves françaises ne peuvent intervenir pour pallier un "sauve qui peut" général ; les pertes portugaises sont extrêmement faibles. La situation des Français n'est cependant pas désespérée, ils restent maîtres de la mer, leurs forces sont considérables face à un adversaire épuisé et toujours bloqué au fond de son trou. Après une période de tension et de reproches réciproques, les relations entre belligérants s'humanisent ; des visites de courtoisie sont échangées, des repas sont offerts ; conscients de leurs faiblesses, La Ravardière et Albuquerque ne veulent plus se battre et négocient un armistice ; Campos Moreno y prend une part active. Aux termes de cet accord, il est admis que les deux partis camperont sur leurs positions et vivront en paix jusqu'en décembre 1615 ; La Ravardière a la faiblesse d'accorder à son adversaire la libre circulation maritime, ce qui, compte-tenu des distances à parcourir, le rend maître de la mer et l'autorise à recevoir des renforts. Pour ce qui est de la possession du territoire, on s'en remet à La décision des deux couronnes, Paris et Madrid, auprès de qui seront envoyés des émissaires. Marie de Médicis qui retarde l'âge de l'accession au trône de Louis XIII ne réagit pas ; à Madrid, Philippe III est furieux, il n'admet pas que l'appartenance du Maranhào à la couronne espagnole soit remise en cause ; il désavoue l'accord conclu par Albuquerque et ordonne au gouverneur du Brésil d'expulser les Français militairement ; il admet cependant que quelques compensations soient accordées à La Ravardière et aux siens ; la tâche est dévolue à Alexandre de Moura qui disposera à ces fins de moyens considérables. Compte tenu des liens que le roi a noué avec la Régente de France, il nous semble invraisemblable que celle-ci n'ait pas été informée par les três actifs ambassadeurs d'Espagne à Paris.. La Ravardière qui dispose encore de moyens de défense conséquents est moralement abandonné ; il n'a plus de bateaux, les missionnaires sont partis ; seuls deux cents hommes et lês Indiens lui sont restés fidèles. Dès le 1er juillet 1615, une première escadre portugaise aux ordres de Francisco de Castelo Branco se presente devant Saint Louis ; des conversations s'engagent courtoisement mais le Portugais en position de force exige certaines évacuations, la Ravardière sans nouvelles de La métropole ne peut qu'obtempérer. Le 31 octobre, Alexandre de Moura mouille à son tour au Maranhào ; avec l'aide d'Albuquerque, il contraint La Ravardière à capituler ; le 4 novembre, le fort Saint Louis est remis entre les mains du vainqueur qui n'a pas eu à tirer um seul coup d'escopette et
n'a fait aucune concession à des "pirates dirigés par un hérétique" ; il n'a accordé aucune dês concessions admises par son roi ; tout juste a-t-il racheté les armes, les matériels et les munitions.
Francisco Caldeira Castelo Branco On a beaucoup disserté sur le capitulation sans gloire du Français qui pouvait encore se défendre honorablement ; on l'a même accusé de concussion ; mais à l'époque, il était dans lês moeurs d'indemniser le vaincu. A quoi aurait servi un inutile baroud d'honneur ? Le "Régent" réarmé à ses frais par Isaac de Razilly, le frère de François, arrivé trop tard, ne rapatriera que quelques rescapés.
La tour de Belem
La Ravardière et son ami des Vaux qui ont choisi de ne pas revenir en France de crainte de représailles sont amenés à Pernambouc où ils sont correctement traités par le gouverneur du Brésil puis à Lisbonne. Amoureux de "son" Maranhào, La Ravardière propose ses services au roi d'Espagne qui, en raison de l'inflexibilité religieuse du Français et des risques qu'il représente ne donne pás suite. Sous un prétexte futile , La Ravardière et des Vaux sont enfermés à la tour de Belem où CE dernier meurt d'épuisement. Après quatre ans de captivité, et grâce aux interventions Du gouvernement de Louis XIII, enfin Roi, et de sa soeur Elizabeth, le huguenot est autorisé à revenir en France.
Elizabeth d’Espagne
Louis XIII adulte
Dès son arrivée, il va consulter son maître Duplessis Mornay toujours gouverneur du Poitou ; sur les conseils de ce dernier, il part à la recherche d'alliés intéressés par la reconquête du Maranhào ; il va en Angleterre puis aux Pays Bas ; en 1624 , Louis XIII conscient des fautes de sa mère lui renouvelle ses lettres patentes. La Ravardière se rapproche alors des Rochelais dont il devient viceamiral ; huit bateaux armés sont destinés au Maranhào ; malheureusement, ils seront employés contre la flotte royale ; la sécession rochelaise s'achève dans le sang ; il n'est plus question de repartir au Brésil.
Isaac de Razilly
Richelieu
La Ravardière vieillissant s'engage alors sous les ordres de son ancient subordonné Isaac de Razilly et sert au Maroc où il participe à une opération de libération d'esclaves chrétiens ; il meurt à Saint Malo en 1635.
En est-ce fini des espoirs français au Brésil ? Pas tout à fait car Isaac essaie de convaincre son illustre cousin Richelieu de faire une nouvelle tentative mais le cardinal doit choisir entre le Canada et le Brésil, vous connaissez la suite. Du rêve sud américain, il nous reste cependant La Guyane. Quelques Rochelais protestants, alliés des Hollandais, sont revenus au Maranhào en 1630 ; ils ont régné sous les couleurs de leur ville sur une république huguenote dont la capitale était Saint Louis ; victimes de leur intolérance, ils en ont été chassés en 1645 ; l'heure de la France Equinoxiale était passée.
Sào Luis Saint Louis rebaptisée Sào Luis, nous avons pu le constater, conserve une piété filiale pour ces malheureux Français qui l'ont créée ; invité à y prononcer une conférence, j'y ai été royalement reçu ; la ville, classée au patrimoine mondial de l'Unesco, est riche de son passé ; développée par lês Portugais, elle est restée pourtant fière de ses origines et affiche ses différences. Elle s'apprête à fêter son quatre centième anniversaire. Plusieurs historiens se sont passionnés pour le sujet ; en France citons les missionnaires capucins, Claude d'Abbeville et Yves d'Evreux, Ferdinand Denis, Hélène Clastres, Andréa Daher et bien sûr Léon Guérin et Charles de La Roncière.
Livres de Claude d’Abbeville et d'Yves d'Evreux
Qu'a-t-il manqué à ces aventuriers ? Toutes les chances étaient de leur côté : ils ont certes commis des fautes mais ont surtout été victimes de la mort d'Henri IV et de la médiocrité de Marie de Médicis qui, comme nous l'a écrit um historien madrilène, les a sacrifiés "pour marier un roi de France à une infante espagnole".
Rubens, !’échange des princesses Quelques liens pour approfondir vos connaissances : Wikipédia - La France équinoxiale Wikipédia - Daniel de La Touche de La Ravardière Wikipédia - São Luís (Maranhão) Wikipédia - Catherine de Médicis Wikipédia - Antoine Ier de Portugal, prieur de Crato Wikipédia - Jean Mocquet Wikipédia - Nicolas de Harlay sieur de Sancy
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=11&id_noticia=177043 3 de Março de 2012
O MITO DA “FUNDAÇÃO FRANCESA" DE SÃO LUÍS JOAQUIM COSTA DE SOUZA FILHO Graduando do curso de Filosofia / Universidade Federal do Maranhão. Este ano a elite ludovicense (2) (prefeitura de São Luís, governo do Estado do Maranhão e grupos econômicos que operam por aqui) celebrará os 400 anos da “Fundação Francesa de São Luís”, um mito que surgiu em 1912, quando a capital maranhense completou 300 anos. O objetivo das festividades é envolver as populações maranhenses, que da janela da casa, das telas de TV ou mesmo dos visores de telefones celulares assistirão a sonhos e realidade desfilarem juntos e misturados, revelando uma grande oportunidade para se discutir a cidade que, apesar do orgulho narcísico de suas elites, vive ao abandono e desprezo delas mesmas. Essa imagem, a idéia da Fundação Francesa de São Luís, ingressou oficialmente nas últimas décadas nos sistemas de ensino e hoje ocupa lugar central da programação midiática local. É amplamente aceito que para a elite exercer o seu domínio não lhe interessa o esclarecimento das amplas massas populares, como por exemplo, sobre a relação entre orçamento público e desenvolvimento humano. Ao contrário, nas questões norteadoras da sociedade a confusão ou o “desentendimento” toma conta do “senso comum”. É o caso deste tema que, nos parece, ainda não foi bem colocado para discussão, o que gera muita confusão, alimentando várias opiniões discrepantes. Para uns a cidade de São Luís teria sido fundada por portugueses, para outros por franceses, holandeses, nativos indígenas e outros povos. Também há quem diga que agora isso pouco importa. Mas qual é o caráter deste enunciado, uma imagem concebida no “mundo das idéias” provincianas, mas que encontra abrigo na pós-modernidade? Nosso objeto de análise não é propriamente a fundação da cidade de São Luís. Tomando como pressuposto o domínio da elite ludovicense no campo das idéias sobre as demais populações do Maranhão, nos interessa o “Enunciado Ludovicense” (3) da fundação francesa de São Luís que, fundamentado em uma cerimônia religiosa, apresenta-se em um contexto em que é retirado da reflexão seu conceito central: fundação. Ora, a partir dos dicionários de língua portuguesa, por fundação entendemos o ato de assentar os alicerces de um edifício; levantar os fundamentos de uma construção. Ademais, para além da materialidade poder-se-ia admitir as intenções manifestadas ou projetos revelados. Embora não se considere a verdade como dogma, também não nos aventuramos no horizonte aberto pela pós-modernidade onde não cabem verdades duradouras. E trabalhando com a hipótese de que o que está em questão não é a “fundação de São Luís”, mas o enunciado sobre este fato, nesse quadro obscuro e confuso - em que mesmo aqueles que não se identificam com os interesses da elite reproduzem o discurso em voga - conservamos como fio condutor a busca da verdade racional e objetiva, na qualidade de uma necessidade especificamente humana pelo seu valor produtivo, educativo, moral, estético e especialmente político.
Nosso problema é o Enunciado Ludovicense da Fundação Francesa de São Luís, isto é, sua natureza. Objetivamos tirar o problema da confusão em que se encontra no campo da ciência e da cultura e compreendê-lo em uma ampla perspectiva política. Com isto pretendemos enquadrar essa problemática em bases racionais, ao alcance do entendimento dos “simples mortais”, de modo a permitir àqueles que pretendam contribuir para o debate que o façam claramente. A importância desta reflexão corresponde à necessidade de se entender um discurso que envolve politicamente a capital do Maranhão, um dos estados naturalmente mais ricos da federação brasileira, mas que tem suas populações sobrevivendo como as mais pobres das Américas. O Enunciado Ludovicense da fundação francesa de São Luís “A História Maranhense é uma das mais descuradas do Brasil. (...) É natural que esteja recheada de mitos, a começar pelo da fundação de São Luís (...) Tais mitos ou sonhos públicos são enunciados às inteligências (...) a desabrochar nossos jovens para a Vida e para a Pátria, no que se impõe desabusada revisão, embora com risco de antipatia e o dissabor de ferir tabus consagrados”. (Lima, 1993. Apud LACROIX, 2008. Grifo nosso.) Tomemos dois importantes acontecimentos para compreender o problema. No plano da arte e da cultura popular destaca-se o mesmo enredo da fundação francesa... cantado e decantado pelas escolas de samba e grupos carnavalescos locais. Diante da “unanimidade” que a ideia alcançou, preparou-se como momento áureo desse enredo o desfile da Escola de Samba Beija Flor, do Rio de Janeiro. Nesse processo, no afã de promover suas doutrinas e ideologias e procurando adesão para reeditá-las na cultura nacional, a elite ludovicense restaurou e reuniu histórias, mitos, lendas e fantasias para mostra-las na Marquês de Sapucaí. Já no plano da cultura dita erudita destacamos o ciclo de debates promovido pelo Instituto Histórico Geográfico do Maranhão (IHGM). Sob a responsabilidade da “Comissão de Comemorações dos 400 anos de fundação de São Luís”, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM iniciou um círculo de debates em 28 de julho de 2011, em uma seqüência de seis seminários que irão até o dia 12 de setembro de 2012, com os seguintes temas: 1) As primeiras tentativas de ocupação até a consolidação da conquista da terra; 2) Do Reino Unido português ao Império Brasileiro; 3) Maranhão Republicano; 4) A cidade de São Luís foi fundada por franceses; 5) A cidade de São Luís não foi fundada por franceses; 6) A cidade de São Luís foi fundada por quem? Conclusões possíveis. Considerando a plausibilidade e licitude de possíveis conclusões legitimadoras de peças publicitárias de interesses privados sem grandes compromissos com a história, retomamos o livro “A Fundação Francesa de São Luís e seus mitos” (São Luís: Editora Uema - 2008). Neste livro, lançado em 2001, a professora Maria de Lourdes Lauande Lacroix (4), após uma revisão desabusada da historiografia local, afirma categoricamente que desde o século 17 ao início do século 20 a historiografia regional considerava os franceses invasores das terras maranhenses e não fundadores de São Luís. Ora, se a própria historiografia registra que a construção da cidade teria sido iniciada após a expulsão dos franceses por Jerônimo de Albuquerque Maranhão na Batalha de Guaxenduba, ela questiona: o que teria levado os ludovicenses a dar uma nova interpretação aos acontecimentos? Sobre a Missão de Daniel de LaTouche, o Senhor de LaRavardière que aportou no Maranhão em 1612, diz que o curto tempo em terras maranhenses e outros interesses
ainda relativos à região norte do Brasil não permitiram àquela empreitada fundar uma cidade em São Luís. Citando Berredo a historiadora afirma ainda que o Forte São Luís não passava de uma “débil força de pau a pique”. E mais: “Convém grifar que o nome da cidade invoca o querido santo francês Luís IX, canonizado muito antes do descobrimento do Brasil, muito reverenciado pelos fiéis portugueses, e não uma homenagem prestada a Luís XIII”. Em consonância com suas informações a confusão começa em 1912, quando surge a ideia de fundação francesa em substituição à versão original. José Ribeiro do Amaral, um importante intelectual, primeiro presidente da Academia Maranhense de Letras, no trabalho Fundação do Maranhão faz uma nova interpretação dos fatos e declara que a fundação de São Luís se deu através de uma missa celebrada em 8 de setembro de 1612 - a segunda missa celebrada por franceses em terras maranhenses. “Este acto, que, pela magnificência e excepcional solenidade de que se revestiu, é considerado como o verdadeiro – auto da fundação da cidade -, foi, sucessivamente, sendo seguido de outros, complementares...” (Ribeiro do Amaral, apud Lacroix, cit) Essa ideia é legitimada por outro importante intelectual local - Mário Meireles em 1962, no livro “França Equinocial”. Na polêmica registrada (5) em matutinos locais (2001-2005) que se seguiu ao lançamento do livro, estão demarcadas as posições da autora e dos guardiões dos enunciados ludovicenses. Naquele debate suas teses não foram refutadas, aliás, em razão do incômodo de sustentar cientificamente tal enunciado pela ausência das marcas francesas por aqui, o problema é deslocado do escopo epistemológico para o nível da consciência em que os registros não são lidos pela razão, onde não há discurso lógico, mas mitológico. Segundo o professor Flávio Reis (Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA) ter aquela cerimônia religiosa como “auto de Fundação” da cidade exige uma operação transformadora dos significados dos acontecimentos históricos. Embora possa ser considerada uma “tradição inventada” 300 anos depois da presença francesa em terras maranhenses, atualmente essa transformação é operada sem cerimônia, o que pode ser constatado sem contestação. Em 13 de junho de 2001 (jornal O Estado do MA) um notável representante da Academia Maranhense de Letras (AML), Jomar Moraes, considerando que embora o referido livro tenha um estilo alucinante e que a autora disponha de grande “habilidade argumentativa na defesa de seus pontos de vista... eles seguem na contramão de fatos consabidos, irrefutáveis e devidamente registrados pela história”. Em outro artigo (jornal O Estado do MA, 04/09/02) diz que naquela solenidade, franceses e índios estavam em “atitude de contrição diante da cruz chanteada em memória daquele ato fundador”. O intelectual ainda se refere aos mesmos fatos como as “solenidades que oficializaram o domínio espiritual e a conquista administrativo-militar da França sobre a nascente colônia...” (jornal O Estado do MA, 05/10/05). Outro membro da AML, Abel Ferreira, (jornal O Estado do MA, 12/09/02) afirma, referindo-se à missa: “Contudo, tal cerimônia ocorreu e, mesmo que não tivesse essa finalidade, pode ser considerada como marco zero, o termo inicial da História de São Luís, especialmente porque não há registro de que os portugueses tenham realizado atos cerimoniosos de fundação da cidade”. (grifos nossos).
Na Revista eletrônica do Instituto Histórico Geográfico do Maranhão de setembro de 2011 (acesso em 23/nov/11) pode ser lido: “Uma missa rezada por capuchinhos e a construção de um forte marcaram a data de fundação de nova cidade: 8 de setembro de 1612”. Já na revista Portal da Ciência, da Universidade Federal do Maranhão (Ano I, Nº I - p.50. – Outubro 2010), se lê: “Em 2012, ano que a cidade de São Luís comemora seus 400 anos, (...) A capital do Estado, fundada por franceses em 8 de setembro de 1612...”. (grifos nossos). Como se vê não se trata de um lapso histórico ou uma opinião isolada, mas de um esforço concentrado reunindo diversas instituições para defender a ideia de fundação francesa como uma “evidência indiscutível”, uma verdade mitológica, um mito de fundação. Aí surge mais um problema: é possível caracterizar a fundação de São Luís como um acontecimento mitológico, do tipo Mito de origem (de fundação)? Sobre o mito Embora superficialmente, aqui elencamos alguns aspectos do mito, necessários à compreensão deste problema. Desde a filosofia clássica grega o termo mito vem sendo criticado e rejeitado. Quando a história enquanto ciência positiva procurou encontrar as bases fundamentais sobre as quais se sustenta irrefutavelmente um enunciado em geral esse termo ganhou uma acepção correspondente a “fábula”, “invenção”, “ficção”. Atualmente o mito de origem é aceito como era compreendido pelas sociedades arcaicas, como designação de uma “história verdadeira”, exemplar e significativa – pelo seu caráter sagrado. Ou seja, hoje há uma ponderação de que o mito de origem não corresponde necessariamente a uma falsidade. Considerando ser “difícil encontrar uma definição de mito que fosse aceite por todos os eruditos e, ao mesmo tempo, acessível aos não especialistas” Mircea Eliade (Mito e Realidade. São Paulo: Perspectiva, 2010) apresenta o mito como uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada através de perspectivas múltiplas e complementares e o define da seguinte forma: “o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do princípio”. Situados no contexto sócio religioso, os mitos podem ser divididos em cosmogônicos e de origem; narram uma criação, (origem) seja de uma realidade total – o cosmo, ou apenas um fragmento, como por exemplo, uma ilha ou o próprio homem. O modelo cosmogônico trata da criação do mundo como criação por excelência, e como todo aparecimento ou criação implica a existência de um Mundo, o mito de origem pressupõe e prolonga a cosmogonia. Sobre a estrutura e a função dos mitos, ela apresenta preliminarmente cinco características. 1) Os protagonistas da narrativa mitológica são Entes Sobrenaturais; 2) Por ser obra de Entes Sobrenaturais, o mito é considerado uma história verdadeira; 3) O mito sempre se refere a uma “criação”, contando ao homem como algo veio a existir, e por isso se constitui um paradigma para as ações humanas significativas; 4) O mito não pode ser conhecido exteriormente, abstratamente, mas apenas pelo ritual – que o justifica; 5) O mito impregna-se na cultura pelo poder sagrado e exultante de eventos rememorados ou reatualizados. No caso da “Fundação Francesa de São Luís” a historiadora encontra na própria historiografia a não correspondência entre o enunciado e o fato histórico o que torna o enunciado uma falsidade. Aqui, o que caracteriza o mito é o sentido atribuído à missa três séculos depois da passagem dos franceses pelo Maranhão. É nesse sentido que a ciência afirma que A “fundação francesa de São Luís” é um mito. Ou seja, neste caso se
emprega o vocábulo mito não com referência à Mitologia Tradicional, mas para designar em termos científicos uma imagem falsa - o mito moderno, um discurso que não se sustenta na Ciência nem na Mitologia Tradicional. “O mito deve ser pensado aqui como mito moderno. É uma fala roubada e restituída, que, ao ser trazida de volta, não se encontra mais no mesmo lugar, para utilizar a formulação sintética de Roland Barthes, no Mitologias. O mito se coloca num terreno ambíguo ‘nem verdadeiro nem falso’, ele simplesmente deforma, apresenta uma nova significação” (Flávio Reis, jornal O Imparcial 08.09.2007). Então, se no escopo epistemológico essa ideia não encontra respaldo, como mito de fundação ela continua desamparada. Considerações finais Consideramos que o Enunciado Ludovicense da fundação francesa de São Luís é apresentado ao “domínio público” em termos mitológicos e não nos termos de um discurso lógico, factual. E a pretensão de seus promotores é de imprimir-lhe a força de um mito, e não de um argumento lógico. Neste aspecto este enunciado é de natureza mitológica. Entretanto, se por um lado já não se sustenta como argumento, por outro não reúne as qualidades de um mito de origem, se revelando um mito moderno, e que faz parte de um esforço “para fazer as imagens ultrapassarem a condição de meras matérias-primas das aparências da vida”. Sobre o carnaval, é mesmo uma festa que reúne fantasias, histórias, mitos e lendas. Quanto ao ciclo de debates do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, que prioriza a questão da fundação de São Luís, o que poderia ser uma ocorrência esclarecedora como um amplo processo de debate pautado no princípio da objetividade científica, uma vez que essa problemática foi (re)colocada na esfera da mitologia, nos parece mais uma peça a serviço da negação do esclarecimento, pois o lema impresso nos cartazes, folderes e peças publicitárias do IHGM vaticina: A cidade do Maranhão – uma história de 400 anos. Ora, a própria referência a São Luís como “a cidade do Maranhão” é a representação da “ideologia da singularidade ludovicense” construída no século 19, mas que ainda hoje confunde a mente de muita gente e contribui para manter a cidade de São Luís diferenciada e distanciada das outras regiões do estado e do Brasil. E quando diz “uma história de 400 anos” - embora admita outras “conclusões possíveis” - o IHGM já deixa claro o partido que defende. Conclui-se finalmente que a “fundação de São Luís” como fato histórico está fora de questão, a contenda é outra. “O que importa é o que se diz”, ou seja, o problema é o enunciado, o discurso. Um discurso de caráter mitológico. Entretanto, embora se encontre desamparado no âmbito da mitologia tradicional, como mito moderno se apresenta associado a uma ideologia (singularidade) local. E, pressupondo que nesta combinação não há neutralidade e cada um desempenha suas funções interferindo em vários aspectos importantes da realidade humana, conclui-se que seguir tal enunciado é uma escolha política. E assim, para além do salutar aspecto teórico, adotar a missa como mito de fundação ou adotar o mito moderno como versão histórica é uma escolha que não se deve reduzir ao refinamento cultural de alguns “iluminados” que contemplam o mundo com a pura luz da razão. Quanto à ideologia da singularidade ludovicense, que pelo viés da cultura procura justificar o “isolamento” de São Luís, é outro problema. São Luís, MA. Fevereiro de 2012.
Notas (1) Graduando do curso de Filosofia / Universidade Federal do Maranhão. (2) São Luizense ou ludovicense é adjetivo gentílico de quem nasce ou está radicado em São Luís. Vem do latim Ludovico, relativo ao nome próprio Luís. In Borralho, José Henrique de Paula. Uma Atenas Equinocial: a literatura e a fundação de um Maranhão no Império brasileiro. São Luís: Edfunc, 2010. (3) “O Enunciado Ludovicense – outro olhar sobre a fundação de São Luís”, apresentado por este autor no Instituto Histórico Geográfico do Maranhão (IHGM) em julho de 2011. (4) Professora aposentada da Universidade Federal do MA. (UFMA) e da Universidade Estadual do MA. (UEMA). Graduada em Direito e História, publicou os livros Educação na Baixada Maranhense 1828-1889 (1982); A Fundação Francesa de São Luís e seus mitos (2001); A Campanha da Produção 1948-1958 (2004) e Jerônimo de Albuquerque: guerra e fundação no Brasil colonial (2006). (5) Ver artigo “Os estilhaços”: debate intelectual sobre a fundação francesa de São Luís do Maranhão, de Jhonatan Uelson Pereira Sousa. Disponível em www.outrostempos.uema.br/Volume04/vol04art08.pdf. Acesso em 14/jul/2011.
UM PRÍNCIPE IRLANDÊS EM TERRAS DO ITAPECURU ALBERTO PEREIRA MARTINS JÚNIOR Membro da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes http://www.itapecurunoticias.com.br/i_index.php?pag=noticias&acao=exibir&id=3986 www.itapecurunoticias.com.br
Quem vai a Itapecuru Mirim, cerca de 110Km da capital, São Luís, não imagina a importância deste lugar na história do nosso país e como ainda hoje outros locais como Rio de Janeiro, por exemplo, têm relação com a “ribeira do Itapecuru”. Mesmo porque sua história parece ter sido esquecida nos últimos 10 anos e a cultura abandonada. As primeiras referências à povoação da região datam dos anos de desbravamento para exploração das terras. Em 1768 os moradores pediram ao rei de Portugal confirmação de vila que ali fora fundada anos antes por ordem régia, o que indica haver história anterior a esta data. Pouquíssimas pessoas sabem que em terras itapecuruenses viveu um príncipe irlandês, patriarca de uma das famílias mais importantes do Maranhão. Lancellot (Lourenço) Belford chegou ao Maranhão no ano de 1736 e por votla dos anos de 1738 ou 1739 casa-se com Isabel de Andrade Ewerton, filha do capitão (norte americano) Guilherme Ewerton, rico proprietário de lavouras na região de Cajapió, baixada maranhense. Lourenço Belfort nasceu em Dublin, Irlanda, em 05 de Julho de 1708, foi batizado na paróquia da vila de Michans, arcebispado de Dublin, como comprovam sua certidão de batismo e de cristão velho. Descende de uma antiquíssima família de nobres irlandeses, os Berford, família de origem no nobre Geoffry Berford que viveu em 1190. Sua saída da Irlanda está ligada á perseguição religiosa e ao confisco de terras em determinada época por problemas sociais daquele país. De espírito aventureiro Lourenço Belfort sobe o rio Itapecuru à procura de lugar para se estabelecer. No sítio escolhido para tal objetivo funda um engenho ao qual deu o nome do castelo de seus ancestrais na Irlanda, Kilrue. O engenho prosperou com o
plantio, colheita e industrialização dos frutos da terra com maior destaque para o arroz e algodão. Lourenço envia pedido de reconhecimento de sua ancestralidade nobre de origem irlandesa e em 20 de Julho de 1758 D. José I, rei de Portugal, concede a este o Hábito da Ordem de Cristo 1. Em 21 de Junho de 1761, na igreja de N. S. da Conceição de Lisboa, foi armado Cavaleiro da Ordem de Cristo, neste mesmo dia, na igreja de N. S. da Luz tendo professado e recebido o hábito. “Ao muito illustre e Reverendíssimo Senhor Doutor Joam Rodrigo Covette, Acipreste da Igreja Cathedral do Maranhão, Comissário da Bulla da Cruzada Vigário Geral do Temporal e Spiritual, Juiz dos Cazamentos e Justificaçõens e Habelitaçõens de geração, e das Capellas e Riziduios no Bispado do Maranham, pelo Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Dom Frey Antonio de Sam Jozé da Ordem de Santo Agostinho, Bispo do Mesmo Bispado, do Conselho de Sua Magestade Fidelíssima.Frey Thomaz de Burgo, da Ordem dos Pregadores, Mestre na Sagrada Theologia, Protonotario Apostólico por Graça de Deus e da Santa Sé Apostólica, Bispo de Osoria, Sofraganio do Illustrísssimo e Reverendíssimo Dom Ricardo Limeollo Arcebispo de Dublim, Primaz da Ibernia, deseja muita saúde ao sobre dito. “Receby as letras requisitórias de vossa Senhoria Reverendíssima a respeito da inquirição do Senhor Lancellote Belfort, e dos seos ascendentes, e sobre os quisitos della com toda a diligencia tomei todas as informações necessárias, e oportunas assim por testemunhas, como por notários públicos desta Província aonde reina a ejrezia, por cuja razão nãomandamos os actos originaes,. Pois se deve dar mais credito, os que das ditas inquiriçõens dissemos nos Dom´nios, e Estados Catholicos pela nossa fé, do que a tudo o que contem a letra, a inquirição que tomamos.Porem vos attestamos nós Arcebispo e Bispo sobredito, e vos damos sem duvida ffe de que pellos documentos autênticos, nos consta claramente.Primo; quue o referido Senhor Lancellote Belfort, que agora vive no Maranham, he filho legítimo do Senhor Ricardo Belfort, e da Senhora Izabel Lowther ambos Catholicos Romanos, os quais tivera este filho de leggítimo matrimonio que contrahirão, que foi baptizado na Parochia da Cidade de Sam Micama do Arcebispado de Dublim em sinco de Julho de mil settecentos e oito. – Segundo, que o dito Ricardo nasceo em Castello Ricardo no Condado Midensi junto do Quilrã Castello eludial da família Belforts, pertencente a mesma. ha muitos secolos, e sua mulher Izabel Lowther nasceo em Onnisfrilenam Capital da Provoação do Condado de Ferinacanni, ambos baptizados solennemente.Terceiro, que referidos Pais do dito Lancellote morrerão no Grêmio da Santa Madre Igreja Catholica com todos os Sacramentos, e se sepultarão na Parochia de Santa Maria de Moleidard junto a Metropole de Dublim. – Quarto, que os Avos do dito Lancellote, Pais de Ricardo et setra, forão João, que nasceo no referido Castello Kilerânne, e sua nmulher a Senhora Catharina Barneval, filha do Senhor Patricio Barneval Cavaleiro Ilustre do ditto Condado Midensi, os quais todos forão christaons baptizados e catholicos Romanos.Quinto, que o sobredito Lancellote Belfort, tanto pela parte Paterna como Materna, he aparentado com os principaes do Reino Biscondes, et setra, Baroens et setra que se omittem por evitar prolixidade. – Sesto, que o Sobredito por
seus Pais e Avos he Christão velho, Catholico Romano, sem raça de infecta nação Judaica, e para que se de inteira ffe as presentes letras, e a esta Attestação, como que fosse aos proprios documentos, que se juntão, de que esta se extrahe; se extrahe seo mesmo dos referidos documentos de minha própria mão a estrahy dellas, e seley com o meu sello, e asistencia do referido e Illustrissimo Arcebispo; dada em Kalibannia a outo de Dezembro de mil sete centos e sincoenta e nove. Frey Thomaz da Ordem dos Pregadores, Bispo Osiriensse.” Lourenço Belfort morreu em Lisboa no final do ano de 1777 quando ali se encontrava de passagem, por lá foi sepultado. Deixou testamento e seus herdeiros, não menos importantes figuras na província do Maranhão deram continuidade ao seu lagado. Podemos, para citar alguns, destacar dentre seus descendentes magistrados, barões, nobres e ricos proprietários de terras. No local onde fundou seu engenho hoje há uma pequena povoação que conservou o nome “kelru”, aportuguesamento da denominação do castelo de onde se origina a família Belfort (ou Belford, em irlandês). Em outro sítio da mesma propriedade Lourenço mandou construir uma capela em homenagem a Saint Patrick, onde, segundo Edmundo Murrey (2006), houve a primeira manifestação do Saint Patrick’s Day de que se tem registro no Brasil, no dia 17 de Março de 1770. A tal capela já não mais existe, mas uma pequena povoação com o nome de São Patrício de Kelru preserva a memória da história ímpar da região. Ainda hoje os Belfords irlandeses buscam assegurar o direito às propriedades que lhes foram tiradas pela política de confisco da coroa britânica, que tomou as terras dos antigos clãs gaélicos e hiberno-norman dandos aos colonos provenientes da Inglaterra. Isto causou um choque social, criando uma calsse dirigente protestante que acabou por depor a antiga calsse dominante católica. Há registro de suas posses na região de Kylrue em documentos irlandeses datados desde o ano de 1563, mas um detalhado genealógico feito pelo Journal of the Meath Archaeological and Historical Society atesta sua presença no baronato de Ratoath desde o século 12. “O primeiro senhor feodal que tomou o nome de Belford, ou Berford em irlandês, era originário da Normandia príncipe e duque que sendo coronel foi alferes mor (porte oriflamme) de Henri II, Rei da Inglaterra, a quem acompanhou a Irlanda onde, em 1171, foi criado conde de Belfort e Lord de Tarah. Investido de um dos antigos principados irlandeses, que sob a forma de condado feodal foi successivamente passando aos seus descendentes, todos condes e lords, coube de direito a todos elles a hereditariedade do título de príncipe, deixando de ser transmissível o título de duque por ter continuado o seu domínio féodal a ser sempre mantido sob forma de condado, ou por ser elle duque como chefe militar, título que então trazião os generaes chefe de exército». Há em nossos arquivos alguns documentos referentes à Família Belfort, que foram registrados no Consulado do Brasil, em Paris, a 15 de Setembro de 1910, provando sua origem Real no século XI - e que, pelos Reis de Portugal descende diretamente de Roberto “O Devoto”, Rei de França, e de Affonso VI, Rei de Leão e Castela; e pelo primeiro Senhor feudal de Belford, Príncipe e duque, descende de Guilherme, duque da Normandia, posteriormente Rei da Inglaterra.” (BARATA, 2001).
“O último irlandês conde e príncipe de Belfort, de direito, segundo alguns pesquisadores, foi Lancelot Belfort [bat. 05.07.1708, Dublin, Irlanda Lisboa], que deixou testamento feito em São Luiz do Maranhão, a 15 de março de 1775. E data incerta, retirou se para Portugal, de onde emigrou para o Brasil, fixando se na Capitania do Maranhão, onde foi Almotacel em 1744, 1750 e 1754; Vereador de 1753 e 1759 e Juiz de Fora interino. Fundou na margem esquerda do rio Itapicuru uma importante Fazenda, denominada “Kylrue” nome da propriedade feudal de seus antepassados, na Irlanda.” (BARATA, 2001) 1. Ordem de Cristo é uma ordem religiosa e militar, criada a 14 de Março de 1319 pela Bula Papal Ad ea ex-quibus de João XXII, que, deste modo, acedia ao pedidos do rei Dom Dinis. Recebeu o nome de Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo e foi herdeira das propriedades e privilégios da Ordem do Templo.
FONTES: COSTA, John Wilson da. “A Casa dos Belfort no Brasil” in Revista do instituto Heráldico e Genealógico, nº 9, 1942. COUTINHO, Milson 2005. Fidalgos e Barões. Uma história da nobiliarquia lusomaranhense. São Luís. pp. 137-139. GALLWEY, Hubert 1979. The Berfords of Kilrue. Ríocht Na Midhe, Vol. VI, 4, 89-115 JIM BYRNE, Philip Coleman and Jason King (eds.), Ireland and the Americas: Culture, Politics and History (Santa Barbara, CA: ABC-CLIO, forthcoming 2006). MARSHALL, Oliver, Brazil in British and Irish Archives (Oxford: Centre for Brazilian Studies, University of Oxford, 2002) VON ALLENDORFER, Frederic. 'An Irish Regiment in Brazil 1826-1828' in The Irish Sword Vol. 3 (1957-1958), pp. 28-31.
A FUNDAÇÃO MÍTICA DE SÃO LUÍS ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA Ao cidadão comum, não especializado em debates sobre a cultura, preocupações mitológicas sobre a fundação de cidades passam distante de suas atenções mais cotidianas. Não está errado em agir assim, pois temos que nos ater com problemas mais urgentes, em tempos furiosos. Porém, os profissionais do conhecimento deveriam tratar esse tema de modo menos equivocado, como ultimamente. No teatro das memórias encontramos o campo simbólico dos mitos operando desde as sociedades mais arcaicas, até as supermodernas. Enquanto jogo estruturado de narrativas, de alcance e difusão universal, os mitos são especialmente eficazes ao sustentar enunciados sobre os fundamentos das origens do mundo cósmico, sociocultural ou pessoal. Como disse Roland Barthes (1972) toda fala é uma fala mítica. De um modo sintético podemos afirmar que os mitos funcionam por oposições que têm sua infraestrutura mais profunda ancorada geralmente nas relações entre o sagrado e o profano, o puro e o impuro, o maligno e o benigno... Estas oposições atuam nos mais diversos planos da vida sociocultural, ativando, como forças subjacentes, diferentes instâncias das expressões simbólicas ancestrais ou hodiernas. E para nossa felicidade, podemos vê-las atuando exemplarmente no caso das comemorações do IV Centenário de São Luís/MA. É desse cenário efervescente que destacamos características dessa força motriz que movimenta o discurso mítico, em todas as sociedades humanas. A sociedade maranhense, situada na periferia do sistema-mundo (Wallerstein, 1974), oferece oportunidade interessante de observarmos as características básicas desse processo simbólico fundamental. Temos realizado pesquisas empíricas nesses últimos anos que corroboram a importância hermenêutica desses fenômenos míticos. A construção social dessas comemorações é uma chance única de no estudo do particular, perscrutar sua estrutura sociológica. É importante também como ponto comparativo com os ritos do passado histórico, e de outras regiões e sociedades. Caso recuperássemos da história exemplos semelhantes mais ou menos eloquentes, nossa lista seria bem vasta. E o caso mais exuberante de uma listagem rápida pode ser ilustrado com a lembrança da fundação mítica da cidade de Roma. Todos nós temos profunda atração por discursos invocando as origens de nossos núcleos urbanos antigos; e mais especialmente os centros urbanos patrimonializados no decorrer do século XX. Ab Urbe condita: "Desde a fundação da cidade...", é recorrentemente enunciado, abrindo a oratória de autoridades, políticos, intelectuais, artistas, escritores etc. No caso de Roma, a cidade eterna, pergunta-se quem fundou: Rômulo ou Remo? Porém, não encontramos respostas prontas, nem certezas. Em busca da solução desse enigma entramos no labirinto maravilhoso do reino da lenda! Diferentes versões já foram formuladas, em séculos de especulações, apoiadas ou não em pesquisas arqueológicas e históricas na região do Lácio. Todavia, é o mundo da Mitologia que não nos deixa escapar da imaginação, da fábula, dos sonhos e das quimeras. Sabemos do legado que nos deixaram em séculos de narrativas em versões sempre variadas, que uma loba acolheu e gerou como uma mãe os dois irmãos abandonados, bebês na beira do rio Tibre; vivendo, quando adultos, em lutas e combates, terminando por disputar o fatal embate fraticida. Rômulo assassina Remo, como nos narram Virgílio e Tito Lívio. Rômulo, o vencedor, toma para si a fundação de Roma... No entanto, Rômulo não constrói Roma sozinho. Quem ajudou a construir a nova cidade: os latinos ou os sabinos? Teria havido a participação dos vênetos, umbros, oscos, tadiates, tadinates,
ausônios, saminitas, lucanos, rútulos, picenos, bretões, os sículos, sicanos e elimos? Quem sabe a resposta mais verdadeira, mais científica? É certo que considerando o fato de todos terem formado um agrupamento sociocultural denominado itálico, ou italiota, e de suas línguas ter derivado o latim, sabemos que os futuros moradores da Cidade Eterna tiveram origens comuns. Essas perguntas, repletas de oposições e polaridades, ativam os mitos; os quais não contornamos com fórmulas científicas salvadoras. Em Roma, como em qualquer cidade, - e em igual medida na fundação de narrativas sobre origens de povoados, vilas, lugarejos, grupos, pessoas etc., - os mitos articulam os símbolos do imaginário social, recolhendo do real os signos adequados a sua movimentação e eficácia. Em São Luís assistimos a um embate algo semelhante, num disputa mítica peculiar, encontrando a oposição de duas versões narrativas rivais. Essas duas versões invocam as nossas origens europeias. Pois, não se atribui a fundação da cidade aos indígenas: como os Tupinambás, vindos da Bahia após expulsarem os Timbiras/Tapuias para o continente (Lopes, 1970). Afirmam que esses indígenas não construíam cidades, viviam em aldeias. Também não se atribui o ato fundacional aos africanos alegando-se o fato de que ainda não havia o tráfico de escravos para a região nesse período. Resta para o embate teatral a presença dos franceses e dos portugueses, representados pelo confronto das personagens Daniel de la Touche, do lado franco; e Jerônimo de Albuquerque, do lado luso (-brasileiro). E nós como ficamos? Vamos tomar algum partido na contenda? Nesse momento, lembramos do poema de Jorge Luís Borges (1899-1986) intitulado Fundación Mítica de Buenos Aires, no qual o escritor portenho lapida com mais felicidade o que pretendemos defender com palavras mais prosaicas. O verso a destacar do poema em tela, - “los hombres compartieron un pasado ilusório” -, nos insita a enfrentar a dimensão positiva, não negativa, da ilusão mítica fundacional projetada sobre as nossas origens. Ilusão no sentido de que não há possibilidade de certezas, definições definitivas ou sólidas, das imagens ou configurações simbólicas originais. Buenos Aires é eterna para o poeta, porque suas projeções imaginárias são líquidas e etéreas, como a água e como o ar, referidos no verso final do poema. Outro aspecto elaborado no verso destacado refere-se ao peso do verbo compartilhar: “los hombres compartieron un passado...”. Esse ponto é importante, e é o que merece nossas palavras finais. Creio que com o passar do tempo poderemos avaliar melhor esse compartilhamento na conclusão dos trabalhos de celebração do IV Centenário. Muito embora, seja possível adiantar nesse momento um olhar distanciado e admitir que Roberto DaMatta foi certeiro, e nos parece ter razão, quando apontou para o traço melancólico do brasileiro que geralmente confunde crítica com flagelação280. É o que percebemos em muitos textos produzidos nesse período preparatório. A persistência nesse trajeto queixoso talvez signifique que o que nos distingue seja realmente muito frágil, e obscurecido por uma recalcitrante fantasmagoria nostálgica, resultando disso uma sensação de que afinal perdemos, mais uma vez, boa oportunidade de avançar na compreensão da importância real das potencialidades de nossa singularidade, no grande mosaico sociocultural brasileiro... Por fim, após atravessar estas breves linhas interpretativas, lembro o verso borgeano parodiado: só na lenda começou, São Luís!
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Descoberta e Invenção do Brasil, publicado no Jornal da Tarde de 16/04/2000.
MITO, IDEOLOGIA, SONHO E O ENIGMA DOS 400 ANOS. ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA E ADRIANA CAJADO COSTA Com a aproximação da efeméride dos 400 anos da cidade de São Luís, o que temos a dizer sobre os mitos? O mito é uma fala histórica, como adiantou Roland Barthes. E nesse momento oportuno nada mais fecundo do que invocar algumas reflexões sobre o trabalho de recuperação do mito na modernidade. O mito tanto remete a uma fala histórico-cultural, como também a fala do mundo psíquico individual. Veremos mais a frente que uma estrutura analítica mais pessoal, não nega homologia com os processos de análise sociocultural. De certa forma, podemos dizer que há muita semelhança entre o trabalho da Psicanálise e o da Culturanálise e Mitanálise; operam escavações arqueológicas do inconsciente social e psíquico, sob os mesmos regimes de escuta, pontuação, interpretação etc. Por isso, afirmamos que é um grave erro a leitura do mito como discurso falso, enunciado mentiroso. Trata-se de uma resistência epistemológica reativa; remetendo-nos a um cientificismo obscurantista e retrógrado. O diálogo entre Logos e Mythos ecoando desde a Antiguidade Clássica já passou por viradas importantes, em diversas revoluções epistêmicas do século XX. A crise do cartesianismo e do positivismo já vem de longa dada e hoje já entramos num novo estágio de conceituação da Mitologia. Contudo ainda encontramos sobreviventes do velho paradigma, resistentes na visão já anacrônica do mito como discurso falso e enganador. São recalcitrantes presos a um racionalismo do século XIX, que contagiou espíritos da envergadura de um Karl Marx, por exemplo. Como se sabe, o jovem Marx chegou a considerar a noção de ideologia de um ponto de vista negativo: como ilusão, falsa representação, falsa consciência. Na verdade podemos dizer que os que têm o mito como discurso mentiroso, o identificam com a noção de ideologia; no jargão do jovem Marx da Ideologia Alemã (1846). Mas os que se apegam a definição platônica do mito, também se vinculam aos pré-freudianos, os mesmos que ainda consideram o sonho como material psíquico sem importância; um disparate insignificante. Só depois de Freud o sonho passou a ser considerado material relevante para a análise psicológica. Da mesma forma, só depois da revolução epistemológica realizada no século XX, pelos revisores do próprio marxismo, passou-se a considerar a ideologia de um ponto vista positivo, e não mais negativo. Encontramos em Louis Althusser um dos grandes teóricos dessa virada filosófica e conceitual. Desde então, ideologia deixou de ser definida como sonho e ilusão, para ser considerada um sistema de representações articulando valores e ideias dominantes, em qualquer sociedade. “A ideologia é eterna, como o sonho”, escreveu Althusser. E parafraseando o filósofo francês, também podemos dizer que o mito é eterno. E no intuito de solapar de vez as resistências ao estudo positivo do mito, recolhemos algumas citações significativas de alguns mestres da alta modernidade. E começamos com Edgar Morin: “O mito não é uma mentira, pois é verdadeiro para quem vive e é uma forma espontânea do homem situar-se no mundo, elevá-lo a outra esfera, ao transcendente, oferecendo valores absolutos e paradigmas às atividades humanas, ocupando-se de tudo o que suscita a interrogação, a curiosidade, a necessidade e a aspiração” (1986, p. 150). Nessa mesma linha de raciocínio, lembramos de Mircea Eliade, ao constatar que “o mito é uma realidade cultural complexa, que pode ser
abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares... Conta uma história sagrada, relata um acontecimento que teve lugar no tempo primordial, o tempo fabuloso dos começos” (2000, p. 12). Afinal, é ao mito que cabe preservar a verdadeira história, a história da condição humana; falando de realidades e do modo como elas passaram a existir. Conhecer os mitos é aprender o segredo da origem das coisas. Por outras palavras, “aprende-se não só como as coisas passaram a existir, mas também onde as encontrar e como fazê-las ressurgir quando elas desaparecem” (p. 19). Azoubel Neto comenta: “A psicanálise redescobriu o mito, retomou o seu estudo e fê-lo através de um método de trabalho próprio, um método que constitui em si um processo de resgate. Localizou a presença do mito como uma condição real, atuante e atual no inconsciente” (1993, p. 15). E retomando Eliade: "É por isso que o inconsciente apresenta a estrutura de uma mitologia privada. Podemos ir ainda mais longe e afirmar não só que o inconsciente é ‘mitológico’, mas também que alguns dos seus conteúdos estão carregados de valores cósmicos, isto é, que eles refletem as modalidades, os processos e o destino da vida e da matéria viva. Podemos até dizer que o único contato real do homem moderno com a sacralidade cósmica se efetua através do inconsciente, quer se trate dos seus sonhos e da sua vida imaginária, quer das criações que surgem do inconsciente (poesia, jogos, espetáculos, etc.)" (2000, p. 68-69). Jacques Lacan afirma que a função do mito é a de liberar as pessoas de uma pergunta que dizima os seus melhores... “querendo responder ao que se apresenta como enigma, quer dizer, àquilo que se presume ser sustentado por esse ser ambíguo que é a esfinge, onde se encarna, falando propriamente, uma dupla disposição por ser feita, tal como o semi-dizer, de dois semi-corpos” (1992, p. 113). O mesmo autor reitera que este progresso do imaginário ao simbólico constitui uma organização do imaginário em mito, ou, pelo menos, está a caminho de uma construção mítica verdadeira, isto é, coletiva, e nos lembra disso por todos os lados, a ponto mesmo de evocar para nós os sistemas de parentesco (1995, p. 273). É quando nos aproximamos de Lévi-Strauss (1985): “A substância do mito não se encontra nem no estilo, nem no modo de narração, nem em sintaxe, mas na história que é relatada. O mito é linguagem, mas uma linguagem que tem lugar em um nível muito elevado, e aonde o sentido chega, se é lícito dizer, a decolar do fundamento lingüístico sobre o qual começou rolando” (p. 242). Enfim: “o mito se desenvolverá como em espiral” (1958/1985, p. 265). Considerando todas essas referências mestras, acusar o propalado enunciado de fundação francesa de São Luís do Maranhão de exercício espúrio de mitomania interessada ou alienada, é perpetuar o véu do obscurantismo: afinal, que nome teria essa cidade? Os que tentam resolver de modo simplório o dilema do drama sociocultural subjacente a essa configuração mitológica no campo simbólico, apenas encobrem com inconsequente irresponsabilidade algo que submerge nessas falsificações e mistificações pseudo-esclarecedoras. Subjacente a estas incompreensões e confusões está o debate sobre o reconhecimento das identificações recalcadas e não resolvidas, pois encobertas e disfarçadas neuroticamente. Acusar de mitomania os que se alinham a fraconfilia, é querer falsificar a ciência sob o manto da verdade historiográfica - recurso último da propaganda lusófila -, da qual não se tem garantia alguma de carta fundacional mais legitima ou mais verdadeira. Para solucionar esse enigma é preciso superar os obstáculos que ainda obnubilam a mente dos que se dizem críticos. Em suma, mito não é mentira, ideologia não é ilusão e sonho não é um disparate! Parafraseando o grande poeta portenho Jorge Luis Borges: só na lenda, começou São Luís!
SÃO LUÍS, REI DE FRANÇA JOÃO DIAS REZENDE FILHO Seminarista da Arquidiocese de São Luís, acadêmico do quarto ano de Teologia e pesquisador Artigo publicado no Jornal “O Estado do Maranhão" de 25 de agosto de 2012, dia da solenidade de São Luís de França, patrono de nossa Arquidiocese. http://imirante.globo.com/oestadoma/noticias/2012/08/25/pagina227904.asp
Aproxima-se o 08 de setembro, quando será comemorada a efeméride da presença francesa em Upaon-Açu e, para os católicos, os 400 anos da chegada do Evangelho pela missão capuchinha composta de quatro frades do convento parisiense de Saint-Honoré. Polêmicas à parte quanto a uma fundação francesa ou uma invasão francesa e fundação portuguesa por obra de Jerônimo de Albuquerque, o fato é que os franceses cá estiveram e cá deixaram algumas marcas. Poucas? Talvez sim, porém a mais significativa e que permanece está no nome da cidade que fora tomado do forte erguido pelos franceses. São Luís foi o nome escolhido para homenagear o pequeno Luís XIII e seu ilustre antecessor, o Rei Luís IX, àquela altura já elevado à honra dos altares com o nome de São Luís, Rei de França.
Retábulo-mor da Igreja da Sé (Catedral) onde ao centro vê-se a imagem de Nossa Senhora da Vitória, titular da Catedral, à esquerda São Pedro em vestes pontificais e com a tiara papal e à direita São Luís, Rei de França.
Entretanto, o que muita gente desconhece é que São Luís é o padroeiro da cidade e da Arquidiocese de São Luís do Maranhão. Atribui-se equivocadamente a Nossa Senhora da Vitória o patronato de nossa capital. Nossa Senhora da Vitória é a padroeira da paróquia da Igreja da Sé, a nossa catedral, Ela é, portanto, a titular da Catedral, mas não a padroeira da cidade e da Arquidiocese. Em 25 de agosto de 1882, no Jornal “Diário do Maranhão” recolhemos a seguinte nota: “Dia de gala por ser hoje dia de São Luiz, padroeiro desta capital estiveram embandeirados os fortes salvando o de São Luiz à 1 da tarde”. Mais próximo a nós, em 26 de agosto de 1934, no Jornal “A Pacotilha”, em coluna intitulada Vida Religiosa está a notícia, da qual transcrevemos alguns trechos: “ É hoje (sic) que se realiza na Sé Cathedral Metropolitana a festividade de São Luiz, padroeiro da cidade e da Arquidiocese do Maranhão. (...) Serão celebradas duas Missas: a primeira, às 7 horas (...); a segunda, às 8 e meia, cantada solenemente, fazendo o panegírico do padroeiro o Revmo. Sr. Cônego Arias Cruz.” Outra fonte que atesta São Luís como patrono da cidade é a obra História Eclesiástica do Maranhão, de Dom Felipe Condurú Pacheco: “São Luís – cidade ilustre, de 2000 habitantes, sede do bispado, estendido do Ceará ao Cabo Norte – teria o mesmo ex-soberano francês por Patrono” (1968, 16). Obviamente, não esgotamos as várias fontes que validam nossa informação. E quem foi São Luís? Filho do Rei Luís VIII e da infanta espanhola Branca de Castela, Luís nasceu em 1215 e recebeu uma educação profundamente católica de seus pais. É famosa a frase que sua mãe, mulher forte e determinada, talhada pelo tradicional catolicismo espanhol, sempre repetia a Luís: “Meu bom filho, saiba que eu prefiro vervos morto que saber que vós cometestes voluntariamente um só pecado mortal”. Quando morreu seu pai, Luís tinha apenas 12 anos e assumiu o governo sua mãe até sua maioridade. São Luís cedo se destacou como um governante bom e justo, granjeando a admiração e o respeito de todos. Extremamente piedoso, cercou-se de conselheiros franciscanos e dominicanos e era sempre visto em oração, diante das relíquias da Paixão: a Coroa de espinhos de Cristo e um pedaço da Cruz, que ele mandara buscar no Oriente. Foi esposo amantíssimo e pai zeloso de 11 filhos. Promoveu uma profunda reforma administrativa que visava o fim dos apadrinhamentos, da corrupção e de julgamentos eivados de vícios que só promoviam injustiças. Proibiu duelos e ordálios, tão comuns na Idade Média. Sua sabedoria e prudência fizeram com que ele fosse árbitro de conflitos importantes entre senhores e reis. Amigo dos pobres, muitas vezes deu de comer aos famintos com suas próprias mãos e, sentado diante do Castelo de Vincennes, limpava e aplicava remédios nas escrófulas dos doentes, o que lhe deu a fama de taumaturgo ainda em vida, quando muitos se curavam. São Luís concebia a função de rei como um mandato divino que não devia jamais ser exercido para o seu próprio benefício, mas para o bem do povo que lhe fora confiado por Deus.
Envolvido pelo espírito de cruzada, organizou duas expedições para libertar os lugares santos em Jerusalém e arredores das mãos dos infiéis, os mulçumanos. Na primeira delas, caiu prisioneiro dos sarracenos, mas conseguiu libertar-se. Na segunda, faleceu, em 25 de agosto de 1270, vítima de tifo e disenteria que dizimou parte de seu exército. Deixou um testamento espiritual para seu filho mais velho do qual destacamos um trecho: “Filho dileto, começo por querer ensinar-te a amar ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com todas as forças; pois sem isto não há salvação. (...) Ademais, se o Senhor permitir que te advenha alguma tribulação, deves suportála com serenidade e ação de graças. (...) Guarda o coração compassivo para com os pobres, infelizes e aflitos, e quanto puderes, auxilia-os e consola-os. Por todos os benefícios que te foram dados por Deus, rende-lhe graças para te tornares digno de receber maiores. Em relação a teus súditos, sê justo até ao extremo da justiça, sem te desviares nem para a direita nem para a esquerda; põe-te sempre de preferência da parte do pobre mais do que do rico, até estares bem certo da verdade.” São Luís foi sem dúvida um cristão modelar, exemplo para pais, esposos, governantes e para todos nós. Não foi, pois, por acaso que o século XIII passou à história como “O Século de São Luís”.
TRIUNFO DO ESPÍRITO FESTIVO ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA A cidade não é um lugar. É a moldura de uma vida. Pensatempos. Mia Couto Em nossas pesquisas em São Luís encontramos com uma força extraordinária, a realidade presente das festas e das comemorações, com toda a sua exuberância de cores e expressões. E foi assim desde sempre na sociedade maranhense, e brasileira, periférica do sistema-mundo. Desde os indígenas autóctones, passando pelos períodos colonial, imperial e republicano, a efervescência da festa sempre foi, e ainda é, um traço marcante de nossa sociedade, como se constata em bibliografia histórica desde o século XVII. Os preparativos para os ritos festivos em alusão a ‘fundação’ do centro urbano antigo da capital do Estado do Maranhão, como se sabe, estão a pleno vapor. Os conflitos entre os poderes estabelecidos – autoridades políticas, religiosas, intelectuais, escritores e artistas – e as diferentes versões míticas que fazem alusão ao passado, revelam que não se consagrou uma versão mitológica unívoca: há uma disputa acirrada entre as versões francesa e lusitana. E curiosamente a herança marcante do mundo Ibérico, volta forte, num momento de crise das identificações elitistas e aristocráticas, mais afrancesadas. Numa recente reunião política, ocorrida na Câmara Municipal (03/11/2011), declarou-se publicamente que a politicagem tem impossibilitado a implantação dos Projetos Comemorativos e que, por conseguinte, restará às autoridades realizarem as festividades, festivais e celebrações marcadas pela efemeridade e eventualidade. O esquema político estabelecido optou, - diante das circunstâncias, e da ausência de um consenso -, por investir na estrutura organizacional do festival público: a Bigfesta. Na verdade, opção que se rendeu ao modelo histórico, dominante no imaginário ritualístico brasileiro desde o Triunfo Eucarístico, de Vila Rica, em 1733 (Ávila, 1969; 1971; 1993). É a prova certa da escolha pelo que vem da Tradição, ao invés de arriscar com o incerto: é a cultura barroca de lastro colonial estendendo seu poder simbólico. Parece que assim se fortalece a dimensão teatral e mágica do sentimento coletivo fincado nas mais profundas tradições da cultura barroca latino-americana; com raízes no barroco ibérico e italiano 281. É a força da consagração do sentido da história, reproduzida de modo inconsciente. Pois, a disponibilidade para a festa, enquanto válvula de evasão do cotidiano hierárquico e desigual, e dos conflitos acerca da cultura política e da mitologia da ‘fundação’, se confirmam mais uma vez. Processo que se dá pela via estratégica da enunciação triunfalesca do poder laico e religioso; tudo isso em busca de afirmação e de hegemonia. Metaforização de um discurso de poder através da festividade elevada a 281
Uma análise mais especifica desse aspecto, ver o texto O labirinto dos significantes na cultura barroca (Corrêa, 2009).
última potência; como prometem os organizadores oficias do grande evento, já designado de bigfesta. No fenômeno da festa, como se sabe, há a motivação buscada do prazer; o ensejo lúdico, proporcionando a fuga do ‘horror ao vazio’. É a eficácia do artifício político de fazer prender e submeter todos à magia admoestadora do brilho e da glória do poder. Como escreveu João Francisco Lisboa, sobre a Festa de N. S. dos Remédios; ilustrando nossa tese: Um dos maiores benefícios que dispensa a Virgem com sua festa (...) é este prazer universal, tantas classes confundidas, tantas dores adormecidas, tantos escravos deslembrados de seus ferros. Inda mal, que é tudo tão fugaz! Não importa, é um momento de repouso nesta lida que só tem a morte por termo, é um conforto para recomeçar-se com mais vigor a tarefa do dia seguinte. Mil ferventes e gratas orações à compassiva e misericordiosa Virgem (1992, p. 61). Para nós, nos limites dessa crônica, esse modelo de festividade, ou festival, segue a linha temporal da festa maior da nossa história colonial, qual seja o Triunfo Eucarístico de 1733, ocorrida em Vila Rica. Nela aglutinam-se, numa só imagem coletiva: a) as desinências culturais do sagrado e do profano, escrevendo uma primeira metáfora do êxito sociológico da miscigenação e do sincretismo místico, alimentada até hoje - azeitando a máquina comemorativa -, com pujança tropical e dionisíaca; e, b) a resistência das classes dominadas contra a coerção de uma estrutura hierarquizada, desigual e historicamente perversa, consolidada na sociedade brasileira, e permanecendo ainda inalterada em diversos torrões. E no torrão maranhense esse processo se dá de forma extraordinariamente semelhante e persistente 282. A consagração festiva do Triunfo Eucarístico premonitório nos tem preparado para entender a contradição brasileira e em especial suas aberrações e incongruências regionais e locais. Além de servir para compreender a festa brasileira, e os fenômenos ligados à antiestrutura e ao excesso, como processos vinculados à gênese e à transformação de nossa cultura e de seus agentes sociais. Ajuda também a apreender a lição moderna de liberdade e interação que ainda nos é presentificada pelo espetáculo cíclico do Carnaval, modelo de alegria eufórica programada, agendada, ritualizada e cada vez mais frugal, nos prometendo um estado permanente de festa e efervescência coletiva, como bálsamo fugaz em meio a tantos infortúnios.
282
Utilizamos o termo torrão no sentido de torrão natal (homeland), terra natal, empregado pelo geógrafo maranhense Raimundo Lopes que aos 17 anos de idade publicou livro famoso no Maranhão, O Torrão Maranhense. Obra que hoje compõe publicação reeditada conhecida como Uma Região Tropical (Lopes, 1970). A expressão adquiriu grande repercussão no imaginário regional, surgindo recorrentemente em toadas de bumba-boi e em diversas canções e poemas populares e eruditos. Em breve, vamos desenvolver estudos sobre possíveis paralelos literários entre o torrão natal (homeland) dos poetas brasileiros e a waste land (tierra baldia) do poeta T. S. Eliot (1888-1965). Sobre a obra Waste Land de Eliot, ver as análises do antropólogo mexicano Roger Bartra, em Culturas Liquidas (2008).
PROJETO FRANÇA EQUINOCIAL: A TENTATIVA FRANCESA DE COLONIZAÇÃO DO MARANHÃO NO SÉCULO XVII EUGES SILVA DE LIMA http://ihgm1.blogspot.com.br/2012/09/projeto-francaequinocial_8244.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+InstitutoHis tricoEGeogrficoDoMaranhoihgm+(INSTITUTO+HIST%C3%93RICO+E+GEOGR%C3%81FICO+DO+MARANH%C3%83OIHGM)
Carta do Maranhão de João Teixeira de Albernaz, 1626.
A presença francesa no norte do Brasil no século XVII deve ser entendida dentro do contexto das disputas franco lusitanas. Num primeiro momento, meramente restrito à concorrência da indústria extrativa do pau Brasil e outros gêneros tropicais, para depois se tornar projeto de colonização com vistas a um estabelecimento permanente. Embora de iniciativa particular, o projeto de colonização francesa em terras do Maranhão contou com a chancela real. Na medida em que a colonização portuguesa foi se tornando mais efetiva ao longo do litoral brasileiro, os franceses foram sistematicamente avançando em direção ao norte, as incursões francesas à costa do Brasil no decorrer dos séculos XVI e XVII, ocorreram no sentido sul/norte. Observe que as invasões gaulesas iniciaram-se no Rio de Janeiro em 1555 e culminaram no Maranhão em 1615. Isso se deve principalmente em razão da união ibérica, em 1580. A exigência espanhola era que a ocupação e colonização do Brasil se desse em direção ao norte, ao contrário do que estava acontecendo até então (sentido sul). A intenção espanhola era proteger suas minas localizadas na região do Peru, de possíveis invasões estrangeiras. Maranhão e o Amazonas constituíam portas de entradas para essas regiões mineradoras. É nesse sentido que a colonização portuguesa pós união peninsular coincidiu com o banimento dos franceses dessas regiões mais localizadas ao norte. O Maranhão passou a ser alvo dos franceses, na medida em que constituía ainda uma das poucas áreas restante do litoral brasileiro livre da ação portuguesa.
François de Razilly Embora o nome de Daniel de la Touche, Senhor de la Ravardière seja comumente evocado como o principal líder da expedição francesa às terras maranhenses, é necessário, contudo, ressaltar a imprescindível participação de François de Razilly nos preparativos e administração dessa empresa, não só em termos religiosos como sugeriu o capuchinho francês Claude d’Abbeville, mas principalmente no que diz respeito à articulação para reunir recursos para o bom andamento dos negócios. O projeto: França Equinocial era uma empresa cuja liderança era dividida entre Razilly e La Ravardière, sendo que em momento algum, o Senhor de Razilly assumira papel secundário. Se La Ravardière assume posição de liderança principal nos acontecimentos finais de 1614 a 1615 no Maranhão, isso se deu, certamente devido à ausência de Razilly que se encontrava na França. Se por um lado, não podemos negar a intenção francesa em fundar uma colônia em plagas do Maranhão, por outro lado, os três anos e quatro meses que aqui permaneceram os franceses não foi tempo suficiente para que eles se consolidassem, no sentido de estabelecerem uma colônia propriamente dita ou até mesmo uma cidade. A chamada França Equinocial não conseguiu criar raízes, o projeto francês ainda estava em andamento quando da chegada dos portugueses. A experiência francesa no norte do Brasil, em todos os seus aspectos, não chegou a se consolidar enquanto modelo de colonização típica do século XVII, as relações entre metrópole e colônia durante 1612 a 1615 não foram tão regulares assim, aponto de se estabelecerem ali os fundamentos necessários que envolviam as relações metrópole e colônia, típicas do sistema colonial. Portanto, mais pertinente seria entendermos essa ocupação dos gauleses no Maranhão, como uma tentativa de colonização que foi frustrada pela vinda dos portugueses e não fundação de algo no Maranhão, seja uma colônia, seja uma cidade. Na aventura francesa do Maranhão seiscentista, os indígenas eram peças chave nos métodos de cooptação dos brancos. As alianças entre mairs (franceses) e Tupinambás demonstram uma relação com o “outro” feita com base em negociações comerciais, ao mesmo tempo em que também se constituía uma política para se viabilizarem em terras da América.
Sem o apoio das tribos Tupinambás do Maranhão, dificilmente os franceses tinham condições de se estabelecerem por estas terras. Os “Papagaios Amarelos”, como eles eram chamados pelos indígenas, tinha tanta consciência disso que procuram estabelecer leis que protegessem os índios, pois sabiam que o sucesso da empresa, dependia, do bom relacionamento entre os europeus, mas principalmente da relação amistosa entre franceses e nativos.
Fonte: Relatório de Alexandre de Moura, Lisboa, 1616. Os Tupinambás que foram descritos por cronistas franceses do início do século XVII, apesar de terem apresentados características semelhantes dos que habitavam outras regiões do Brasil, estavam razoavelmente preservados em sua cultura primitiva, visto o isolamento do Maranhão da ação de colonizadores portugueses antes da chegada dos franceses. Abbeville e d’Evreux, quando chegaram ao Maranhão em 1612, encontraram esses índios quase nada modificado culturalmente, ao contrário de franceses lançados em terras maranhenses, anterior à expedição de La Ravardière que já se encontravam praticamente “indianizados”. Os Tupinambás maranhenses procuraram proteger sua comunidade, nesse sentido, a iniciativa em aliar-se aos franceses ocorre da necessidade desses índios de se protegerem da dominação lusitana, preservar sua cultura e suas próprias vidas. Emigrados de Pernambuco, fugindo da escravidão imprimida pela ação colonizadora portuguesa, assim como, em busca de uma possível “terra sem mal”, os Tupinambás buscaram estabelecer alianças com os franceses que disputavam com Portugal a posse do norte do Brasil. O sonho francês acalentado há muito tempo em fixar um estabelecimento colonial no Brasil, mais uma vez não dá certo. O norte brasileiro não pertenceria aos mairs e a dúvida que durou muito tempo acerca da posse do território brasileiro, como assinalou o historiador Capistrano de Abreu, se definiria a favor dos perós (portugueses). Depois da derrota fragorosa na batalha de Guaxenduba e a partir da expulsão definitiva comanda por Alexandre de Moura, chega ao fim a pretensão francesa em colonizar o Maranhão. A França Equinocial entra, portanto para o rol das tentativas mal sucedidas de ocupação francesa em terras brasileiras.
MEIA NOITE EM SÃO LUÍS JOAQUIM HAICKEL Outro dia tive um sonho interessante: Estava eu em companhia de um grupo de amigos, deste e de outros tempos, apreciando o mural que retrata a fundação de São Luis, que se encontrava pendurado na parede do Salão de Atos do Palácio dos Leões. Comigo estavam Japiaçu, principal chefe das aldeias de Upaon-Açu; Davi Migan, o língua, gaulês que foi trazido para os trópicos ainda menino e que aqui chegando, assimilou e foi assimilado pela cultura nativa, o que lhe propiciou a função de tradutor e diplomata dos tupinambás; Charles de Vaux e Jacques Riffau, misto de negociantes e corsários; os empreendedores Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiere, François de Rasilly, senhor Almers e Nicolau de Herley, senhor de Sancy; os padres capuchinhos Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux. Estavam também Jerônimo de Albuquerque, Diogo de Campos Moreno, Alexandre de Moura e o engenheiro-mor Francisco de Frias, responsável pelo primeiro desenho urbanístico de nossa cidade. Mais atrás vinham Simão Estácio da Silveira, fundador do Senado da Câmara de São Luís e o padre Antonio Vieira, que dispensa qualquer aposto. Vinham seguidos de um sizudo Manuel Bequimão, a quem todos devem conhecer. Em meu sonho estava também o político, escritor e jornalista João Francisco Lisboa e dona Ana Jansen que vinham acompanhados pelo igualmente político, escritor e jornalista Erasmo Dias, o pintor Floriano Teixeira, autor do magnifico mural, o poeta Valdelino Ceccio, o fotografo Dreyffus Azoubel, os historiadores Mário Meireles e Carlos de Lima, o famoso maluco local “Bota Pra Moer”, que trazia atenciosamente pelas mãos minha espevitada filha Laila, de sainha plissada e maria chiquinhas, do tempo em que ela ainda era uma menininha perguntadeira. Hoje, mesmo que ainda perguntadeira, já é uma bela mulher. Todos apreciavam o quadro de seu ponto de vista. O velho índio via sua gente parda, lindamente retratada pelo artista que ao fundo apreciava sua obra, e mais ainda, apreciava a apreciação e o deslumbramento dos demais. Os franceses se acharam garbosos. Os portugueses não se viam registrados. Os padres se viam elegantemente retratados. Mas Vieira, como era de seu temperamento, já se preparava para dizer que ali começava a exploração dos silvícolas pelo branco. O clima não era de disputa. Não havia tensão no ar. Havia comtemplação. A obra de Floriano, mesmo se não represente a verdade dos fatos acontecidos, retrata solidamente aquele tempo feito luz e cor. Lembro da primeira vez que vi aquele quadro. Ainda menino, fui levado por meu pai ao Palácio, não me lembro bem por qual motivo. Ao passar por uma das salas vi aquela imensa pintura, a maior que veria por muitos anos e me apaixonei por ele, pela história que cada um daqueles personagens contava. Mesmo que não tivesse movimento em si, os desenhos pareciam se mexer. Os personagens tinham vida, corriam, falavam, sorriam…
De repente o Salão de Atos do PL, locação inicial de meu sonho, transformou-se em uma espécie de corredor por onde passavam todos os personagens que participaram da história de São Luís nesses 400 anos. No meio do sonho, lembrei que da primeira vez que fui ao Palácio vi um outro quadro que me comoveu bastante. Tratava-se de uma pintura que trazia um índio sobre uma prancha de madeira e nela, a seus pés, jazia morto um homem, que de imediato perguntei de quem se tratava e me foi respondido que aquele era o poeta Gonçalves Dias. Em minha procura daquele quadro, no sonho, acabei por encontrar um outro, que até aquele instante me era desconhecido. Tratava-se de uma obra moderna, iconográfica, cheia de informação, ícones culturais. Em estilo lembrava Andy Warhol. Havia no meio dessa tela, que trazia por trás de si uma luz que oscilava de um lado para outro, uma série de números: “…398, 399, 400, 401, 402…”. Todos haviam ficado para trás. Em frente aquele quadro estavamos apenas eu, minha filhinha perguntadeira, o padre Vieira e “Bota Pra Moer”. Laila perguntou o que significava aquele quadro. Eu calei. Vieira franziu a testa, suspirou e levou as mãos justapostas ao peito, como se rezasse. Só o maluco foi capaz de expressar claramente o que via. Segundo ele aquele quadro recomendava que tratássemos de comemorar os 400 anos de São Luís da melhor maneira possivel, mas que mais importante que isso, seria comemorarmos com igual entusiasmo e com cada vez maior empenho os aniversários vindouros, buscando preservar nossa cidade para as gerações futuras. Acordei sobressaltado. Aquilo tudo pareceu tão real, tão verdadeiro. Fiquei triste por ter acordado e parado de sonhar. Deitei novamente, fechei os olhos e busquei-me concentar naquele sonho, tentando alcançar novamente aquelas imagens, aqueles sons, aquele filme que havia sido interrompido. Não consegui voltar ao sonho, mas acordado mesmo passei a desenhá-lo em minha mente. De tudo que pensei, o mais importante foi reflexo direto do que disse “Bota Pra Moer”: As comemorações dos 400 anos de São Luís são importantes, porém, mais que isso será no ano que vem comemorarmos os 401 anos de nossa cidade podendo oferecer a ela e a seus habitantes, nós, uma melhor qualidade de vida, uma cidade mais bem tratada, mais preservada, mais amada, mais respeitada. Esse será sempre o melhor presente que poderemos dar à nossa terra mãe.
SÃO LUÍS, HERDEIRA DA FRANÇA EQUINOCIAL ANA LUIZA ALMEIDA FERRO WILSON PIRES FERRO Publicado no jornal O Imparcial, 08.09.12
Je voudrais bien savoir la clause du testament d’Adam qui m’exclut du partage du monde! Francisco I, Rei de França
Se, no fértil campo semeado pelos mitos, a Atenas dos gregos, cidade da Ática, preferiu a patronagem da deusa da razão e da sabedoria, de mesmo nome – a mesma Minerva cultuada pelos romanos, cujo presente fora uma oliveira plantada na colina da Acrópole –, àquela de Poseidon, ou Netuno, seu nome latino, cuja oferta fora um lago de água salgada, a Atenas dos trópicos desde cedo se renderia ao reino do deus que governava os mares, em uma época em que a partilha do mundo dependia da partição do Mar-Oceano e da ousadia e coragem dos navegadores no desafio ao Mar Tenebroso e a seus monstros lendários. Pelos mares nunca dantes navegados, celebrados por Camões, a atual Ilha de São Luís, antes Upaon-açu (significando “Ilha Grande”), Jeviré, da Trindade, das Vacas e do Maranhão, foi repetidamente frequentada por franceses e lusitanos, em meio a imensas dificuldades, ao longo do século XVI e, finalmente, ocupada, conquanto somente por pouco mais de três anos, pelos franceses, que aí plantaram um forte batizado de Saint Louis – em homenagem ao Rei Luís XIII, então menor –, moradias, duas capelas e outras construções em 1612, sob o comando dos locotenentes-generais François de Razilly e Daniel de la Touche, ambos fidalgos, um católico, o outro huguenote, sob a regência da florentina Maria de Médicis, contando com a valiosa colaboração e auxílio dos aliados tupinambás, habitantes da terra, os quais desejavam a proteção da Coroa gaulesa contra os inimigos portugueses, que já os haviam expulsado do leste do Brasil. Por esses mares navegaram as naus Régent e Charlotte e o patacho Sainte Anne, que trouxeram a expedição gaulesa ao Maranhão, com seus gentis-homens, soldados, colonos, marinheiros e quatro capuchinhos, dois dos quais seriam praticamente os primeiros historiadores de nossa terra: os notáveis cronistas Claude d’Abbeville, autor da fantástica Histoire de la mission des pères capucins en l’Isle de Maragnan et terres circonvoisines (História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas), originalmente publicada em Paris, no princípio de 1614, e Yves d’Évreux, Superior da missão no Brasil setentrional, autor da também fascinante Suitte de l’histoire des choses plus memorables advenuës en Maragnan, és annees 1613 & 1614 (Seguimento da história das coisas mais memoráveis, ocorridas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614), obra igualmente publicada naquela cidade no ano de 1615, edição destruída pelo tipógrafo François Huby – por ordens superiores, para evitar mal-estar nas relações com a Espanha, alegada senhora do Brasil nos termos da União das Coroas Ibéricas (1580-1640), em virtude do casamento ajustado do soberano francês com a
infanta Ana d’Áustria –, de que sobraram pouquíssimos exemplares, nenhum completo, um dos quais salvo por pronta interferência de Razilly. Independentemente da tempestade política, diplomática e militar que se formava, nasceu a colônia da França Equinocial em 8 de setembro de 1612 – em cerimônia de posse formal da terra em nome do Cristianismo e da Coroa gaulesa –, situada pouco abaixo da linha do Equador ou “equinocial”, como era chamada naquele tempo, e com ela a única capital brasileira fundada por franceses: São Luís. A infante cidade, como defende Guy Martinière, foi a “capital sonhada” da França Equinocial, posterior e gradualmente relegada à condição de “capital abandonada”, por força da deletéria mudança dos ventos da política europeia, vindo a ser conquistada pelos lusos em 1615, como resultado das ações dos comandantes Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura, a serviço da Coroa Ibérica, e conhecendo, a partir daí, um deliberado processo de urbanização, mas que, possivelmente, fora idealizada para constituir o centro de um império ultramarino francês na América do Sul, à semelhança da cidade de Québec, fundada por Samuel de Chaplain no ano de 1608, tornada a capital da Nova França na América do Norte. Embora menos conhecida que a anterior e também malograda colônia da França Antártica, instalada na Baía de Guanabara (1555-1567), talvez por ter sido menos duradoura, a França Equinocial, sediada na Ilha do Maranhão, foi mais promissora sob muitos aspectos: a relação entre católicos e protestantes nesta foi bem mais amistosa ou, pelo menos, bem menos marcada por hostilidades do que a conduzida naquela; a colonização portuguesa ainda não se iniciara em todo o norte do Brasil – bastante desguarnecido militarmente –, apesar de algumas tentativas dos lusitanos nesse sentido, todas infrutíferas; o Maranhão era a porta para o vasto território amazônico, no qual se escondia, conforme a crença, o famoso Eldorado; e, sobretudo, a Ilha Grande já era um próspero entreposto comercial beneficiado por uma linha quase regular de navegação entre o Porto de Dieppe e a costa setentrional brasileira, organizada pelo Capitão Guérard a partir de 1596. A França, nos séculos XV, XVI e XVII, não reconhecia a exclusividade concedida pela Santa Sé aos portugueses e espanhóis para a exploração e domínio das terras descobertas ou ainda por serem descobertas no Novo Mundo, a América de hoje, as Índias Ocidentais de então. Em outras palavras, não acolhia a tese do mare clausum, afirmada no Tratado de Tordesilhas (1494) e em várias bulas papais de partição do MarOceano. A observação espirituosa do Rei francês Francisco I de que gostaria de tomar conhecimento da cláusula do testamento de Adão que o excluíra da partilha do mundo ficou célebre. Ademais, os gauleses utilizaram no Maranhão uma estratégia colonial baseada no estabelecimento de uma aliança prévia com os tupinambás, habitantes da ilha, os quais, liderados pelo morubixaba Japi-açu, voluntária e espontaneamente aderiram ao projeto da França Equinocial, com tudo o que ele significava – sujeição à autoridade da Coroa francesa e adoção do Cristianismo, mais exatamente da fé católica, como religião –, em troca de proteção contra os inimigos lusos. Por isso, é consenso que o tratamento que dispensaram aos indígenas da terra foi mais benigno do que o empregado pelos ibéricos, de um modo em geral, na América meridional, com suas constantes iniciativas de conversões forçadas e escravização dos nativos. Isto é uma realidade, mas não um atestado de que um povo fosse mais ou menos cruel, mais ou menos benevolente, do que o outro: diferentes circunstâncias determinaram a opção por estratégias coloniais distintas.
De qualquer maneira, é míope a visão, propagada pelos vencedores – os portugueses – de que os vencidos – os franceses – foram “invasores” da terra. Em 1612, quando do desembarque dos gauleses na Ilha Grande, ainda não existia o Brasil como nação independente, a colonização por parte dos ibéricos na região ainda representava uma quimera e a definição da posse sobre todo o território em questão era uma questão a ser resolvida pela ocupação e povoamento. Mesmo os tupinambás não eram originários da ilha e lá haviam se estabelecido no século precedente, após expulsarem indígenas rivais. Em suma: o Maranhão, do ponto de vista europeu, não tinha dono, ainda que a Coroa Ibérica o reivindicasse como possessão sua; e, do ponto de vista índio, a colonização francesa era bem-vinda e foi estimulada. O Maranhão hodierno, no ano em que sua capital São Luís completa quatro séculos de fundação pelos franceses, no longínquo 8 de setembro de 1612, procura reviver este passado distante, jamais olvidado. A fundação de São Luís por La Ravardière e Razilly – este, injustamente, pouco lembrado – não é e nunca poderia ser um mito: é, sim, um fato histórico preciso e documentado. O único mito de que poderíamos falar é o mito português de fundação da cidade, fomentado, desde o século XVII até o presente, inicialmente pelos vencedores de Guaxenduba e posteriormente por autores lusófilos, com o propósito de apagar ou, pelo menos, fazer esmaecer a memória do feito francês. A cidade, hoje com pouco mais de um milhão de habitantes, em contraste com os cerca de dez a doze mil tupinambás que habitavam a Ilha Grande quando da chegada dos gauleses em 1612, estes em número aproximado de 500, conserva o fascínio de seus primeiros tempos. Para a comemoração da efeméride, ela ostenta uma rica história, tesouro de muitos eventos e muitos personagens. Seus sobradões, que já conheceram épocas de maior fausto, ainda guardam a imponência de outrora, apesar dos maus-tratos ao patrimônio histórico; seus mirantes, que já contemplaram horizontes mais promissores, ainda encontram no mar argênteo a lembrança das épicas navegações dos franceses e portugueses, apesar da pouca visão de alguns de seus novos morubixabas; seus monumentos, que já testemunharam tantos fatos, feitos e malfeitos, ainda mantêm viva a esperança de dias mais venturosos; seus modernos edifícios, que já se incorporaram à paisagem quadricentenária, ainda prometem a chegada do novo às praias do antigo. O Palácio dos Leões e a Igreja e Seminário de Santo Antônio, para a maioria dos estudiosos, ou o Recolhimento (atual Colégio Santa Teresa) e a Igreja do Rosário, na Rua do Egito, para outros, marcam os sítios originais onde os franceses edificaram, respectivamente, o Forte São Luís e o Convento de São Francisco – para os meninos colonos e índios, quiçá a primeira escola do Maranhão –, no que é ainda hoje o coração da cidade, onde estão situados o seu centro administrativo e a maioria de suas igrejas tradicionais, a qual, se herdou dos lusitanos os traçados das ruas e os azulejos dos sobradões, recebeu de seus fundadores vencidos, mas não esquecidos, o nome, o ponto de partida e as primeiras construções. Ao longo de sua história, a cidade teve sua fascinante história contada por uma considerável plêiade de mortais e imortais, a exemplo de Claude d’Abbeville, Yves d’Évreux, Ferdinand Denis, Charles de la Roncière, José Ribeiro do Amaral, Mário Meireles, Carlos de Lima e, mais recentemente, Vasco Mariz e Lucien Provençal. Afirma o escritor Oscar Wilde, a propósito, que qualquer pessoa pode fazer história, mas apenas um grande homem pode escrevê-la, em elogio ao mister dos historiadores: Anybody can make history. Only a great man can write it. A França Equinocial foi sonhada por homens que acreditavam na força de um ideal, como Daniel de la Touche de la Ravardière e François de Razilly. Sentencia o
historiador e ensaísta Thomas Carlyle, em tributo àqueles que deixam a sua marca para a posteridade, que nenhum grande homem vive em vão, de sorte que a história mundial se revela na biografia dos grandes homens: No great man lives in vain. The history of the world is but the biography of great men. A França Equinocial é um eco do passado, a inspirar a celebração do presente e um vislumbre do futuro que São Luís merece ter.
OS ARTÍFICES E OS DONOS DA FESTA ANTONIO NOBERTO Charles des Vaux, fidalgo de Turrene, havia contatado Daniel de La Touche de La Ravardière, que, por sua vez, relatou ao Rei Henrique IV as vantagens de uma Nova França no Maranhão. Ravardière veio à Ilha Grande e constatou tudo aquilo relatado por Des Vaux. De volta à França recebe a triste notícia do assassinato do rei. Mas já estava “posto o machado à raiz da árvore”, a mão já estava no arado. Não havia outra hipótese senão estabelecer a França Equinocial. Os ventos políticos franceses, porém, sopravam em sentido oposto. Os interesses dinásticos não residiam mais na aventura de uma Nova França no Maranhão, mas na união franco-ibérica, a ser selada com o casamento entre o primogênito Luís XIII e a espanhola Ana de Áustria. La Ravardière, obcecado pelo projeto, se associou a católicos de peso junto a corte, entre os quais os irmãos Razilly, a Louis de Pézieux, ao Barão de Sancy e tantos outros. A rainha regente, Maria de Médicis, pressionada pela Espanha, pouco contribui com o projeto francês, mas a luta, a obstinação, o sonho e a visualização das oportunidades pelos expedicionários foi maior que as dificuldades que se descortinavam. Partiram, venceram as tempestades e transpuseram as querelas religiosas que grassavam a Europa. Chegaram e fundaram a sonhada colônia. Contaram com a ajuda dos eternos aliados tupinambás, que trabalhavam entusiasmados no estabelecimento da França Equinocial. Alteraram o espaço físico natural e construíram moradias, várias capelas (sendo duas “junto ao forte”), uma escola, o primeiro convento capuchinho do Brasil (primeira construção em pedra de São Luís – edificado com a doação do cardeal François de Joyeuse, que havia batizado Luís XIII e consagrado Maria de Médicis), prédios públicos, quatro fortes, aí incluído o Forte São Luís – em forma de cidadela cercada por uma paliçada, onde hoje se encontra a Praça Pedro II –, serraria, estaleiro e uma serralheria. Trouxeram toda sorte de profissionais necessários ao sucesso de uma colônia e de uma cidade, sendo soldados, pedreiros, serradores, agricultores, carpinteiros, construtores navais, dentre outros, e também profissionais ligados às ciências: dois astrólogos, e à moda: artesãos, fiadores, tecelões, costureiros e sapateiros. Excetuando-se alguns poucos desentendimentos, vivia-se em paz na Nova França. A determinação da rainha de que aqui só deveria ser pregada uma única religião, as Leis fundamentais decretadas na Ilha do Maranhão, primeiro conjunto de leis elaborado nas Américas, e a habilidade do general Daniel de La Touche foram determinantes para a regulação da boa convivência neste torrão. Perdida a Batalha de Guaxenduba, mesmo com muitos franceses permanecendo na Ilha Grande, a França Equinocial estava vencida. São Luís estava definitivamente em mãos portuguesas. Mas o que é bom não é esquecido facilmente. Os padres jesuítas foram pródigos em narrar o caráter pacífico da colonização francesa no Maranhão. Os padres capuchinhos de Saint-Honoré, Claude Abbeville e Yves d’Evreux, também são pródigos em mostrar o respeito mutuo e a boa convivência no Maranhão entre franceses e tupinambás. E centenas de outros pesquisadores, historiadores e escritores se dedicaram em resgatar o importante evento simbiótico que foi a França Equinocial. E foi esse exemplo de boa convivência que fez com que maranhenses e franceses nunca esquecessem deste primeiro capítulo da nossa história. Esta foi a vitória que os portugueses nunca alcançaram. Os vencedores tentaram passar uma borracha nesta bela história, queimaram livros e documentos dos gauleses, outros tentam até hoje diminuir
tal legado, mas a França Equinocial a tudo resiste e chegou aos nossos dias, seja no imaginário coletivo, seja na maior presença de turistas franceses em São Luís. Quatro séculos depois de aportarem oficialmente no Maranhão, os franceses continuam lembrados por aqui. E foi com o intuito de resgatar este belo legado que um grupo de maranhenses e de instituições culturais e educacionais idealizaram e realizaram neste último mês de agosto a Exposição FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE. Trabalho de quinze anos de pesquisa deste que vos escreve, o turismólogo Antonio Noberto, que encontrou as pesquisadoras Joana Bittencourt e Clores Holanda e juntos desenvolveram a exposição. A realização do evento é do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Universidade Estadual do Maranhão – UEMA e da Aliança Francesa de São Luís. O trabalho teve o apoio do Instituto Federal do Maranhão – IFMA, Cia Beto Bittencourt, BUS Transportes e o toque de Midas do designer Reginaldo Silva (Folhagem). A Exposição é um verdadeiro sucesso, pois, diferenciada, mostra o detalhe, como rostos, nomes, mapas, realizações e a história de muitos daqueles atores que um dia, enfrentando todas as adversidades da época, decidiram fundar uma Nova França neste local então distante e abandonado pelas coroas ibéricas. No dia da abertura foi lançado também o livro “FRANÇA EQUINOCIAL, UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS, em textos, imagens, transcrições e comentários” e um álbum com postais sobre a Exposição. Os expedicionários que aqui fundaram a França Equinocial, os muitos escritores, e os resolutos idealizadores e realizadores da Exposição, que conseguiram reconstituir este importante primeiro capítulo do Maranhão e de sua capital, são alguns dos artífices do empreendimento gaulês nesta parte do Brasil setentrional, mas os donos da festa são maranhenses, franceses, nacionais e visitantes, principalmente aqueles que conseguiram transpor querelas e nunca perderam a fé nas palavras do nosso primeiro cronista, o padre Claude Abbeville: “E os índios com os franceses fincaram os estandartes da França no centro desta terra recentemente conquistada não por armas, e sim pela cruz, não pela força, e sim pelo AMOR”. São estes os artífices e os donos desta grande festa do quadricentenário! Todos estão de parabéns!
O FUNDADOR ESQUECIDO ANA LUIZA ALMEIDA FERRO O sócio mais ativo e destacado de Daniel de la Touche na expedição de 1612 ao Maranhão era Cavaleiro da Ordem do Rei, um militar católico de prestígio do gabinete real, gentil-homem da Câmara do Rei Luís XIII, bem relacionado, portanto com acesso facilitado à Corte, Senhor de Razilly, de Oiseaumelle (ou de Aumelle ou des EauxMelles) e de Vaux-en-Cuon, nascido em 1578. Originário da região de Touraine, como Charles des Vaux, era o filho mais velho de François – cabeça dessa tradicional família, Cavaleiro da Ordem do Rei, que foi governador de Loudun, nas proximidades de Amboise – e de Catherine de Villiers de Laubardière, da mesma família de Villiers de l’Isle Adam, famoso grão-mestre da Ordem de Malta, também conhecido pelo papel desempenhado como protetor de Villegagnon. Mas não paravam aí as preciosas conexões familiares desse ilustre filho da França, que se revelariam fundamentais para a materialização do projeto da França Equinocial. Tinha relações de parentesco com Armand-Jean du Plessis, que se celebrizaria como o Cardeal de Richelieu. E, ainda mais significativo, era primo de Anne de Montafié, a Condessa de Soissons, casada com Charles de Bourbon e de Soissons, “ele mesmo primo do falecido rei Henrique”, de sorte que logo saberia “interessar seu parente em seus projetos brasileiros”, consoante pontifica Maurice Pianzola. Enquanto La Ravardière e Charles des Vaux tratavam dos aspectos organizacionais da empreitada, sobretudo no tocante à obtenção dos equipamentos e abastecimentos requeridos para a viagem e à reunião da mão-de-obra, o nosso personagem assumiu a tarefa de atrair a participação de nobres e figuras de destaque da Corte gaulesa no financiamento e na expedição em si e de conquistar apoio político, para o qual era essencial despertar na Rainha Maria de Médicis um interesse genuíno pelo projeto, no que foi bem-sucedido. Ele arregimentou os seus próprios irmãos, Isaac e Claude, para a expedição, “ambos já prestigiados por suas proezas no mar”, conforme Vasco Mariz e Lucien Provençal. Foi ele quem comandou, juntamente com La Touche, a nau capitânea, grande e fortemente armada, denominada Régent, em homenagem à Rainha Regente, partindo de Cancale em uma frota de três navios com aproximadamente 500 homens em 19 de março de 1612. No dia 26 de julho, dia de Santa Ana, a expedição adentrou o Golfão Maranhense. Foi o nosso personagem quem batizou Upaon-mirim (Ilha Pequena) com o nome de Sant’Ana. Foi ele quem assumiu o papel de “grande morubixaba” nos contatos com Japi-açu, cacique principal de toda a Ilha de São Luís na época. Foram ele e La Ravardière os lugares-tenentes-generais do Rei Luís XIII que selecionaram o local da edificação do Forte São Luís, núcleo originário da cidade. Quando Nicolas de Harlay regressou à França, o que ocorreu logo depois da chegada ao Maranhão, este delegou ao nosso personagem os seus poderes. Ele logo se tornou o “senhor da colônia”, como lembra Lucien Provençal. Coube-lhe cuidar das relações humanas, do reconhecimento da terra e da evangelização dos indígenas, com a valiosa assistência dos frades capuchinhos. Foi ele a figura mais proeminente a participar da cerimônia de tomada de posse oficial da terra em 8 de setembro de 1612, na qual ele batizou de São Luís, em homenagem a Luís XIII, o forte que emprestaria o seu nome à cidade. E foi ele quem, de volta à França, salvou um precioso exemplar da obra
Seguimento da História das coisas mais memoráveis, ocorridas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614, de Yves d’Évreux. Ele era o almirante François de Razilly, o cofundador da cidade de São Luís, “uma das velhas glórias da França”, na expressão de Ferdinand Denis. Por estes dias, honra a cidade com a sua presença o Sr. Roland de Rasilly, descendente do irmão mais novo de François, Claude de Razilly. O visitante que se entregue à prazerosa tarefa de descobrir os mistérios e tesouros da cidade, de percorrer as ruas estreitas do centro e as avenidas do entorno, de admirar os palácios da Avenida D. Pedro II e certo busto de uma figura conhecida, verá que Daniel de la Touche, Jerônimo de Albuquerque, Alexandre de Moura, os franceses, os holandeses, os portugueses e os africanos estão bastante vivos nos logradouros, prédios ou vias dos ludovicenses. Mas não encontrará nenhum François de Razilly. Desafortunadamente, ele é o fundador esquecido de São Luís, a merecer o reconhecimento que lhe é devido.
CATÓLICOS E HUGUENOTES: diversidade religiosa e duplicidade de comando na França Equinocial EUGES SILVA DE LIMA
Detalhe do painel de Dila Rodrigues, retratando a cerimônia do 8 de setembro O sonho francês em estabelecer uma colônia nas terras do Maranhão, remonta a viagem de Jacques Riffault ao norte do Brasil, em 1594 e principalmente ao interesse do náufrago Charles des Vaux em convencer o rei da França, Henrique IV, em empreender projeto de colonização na Ilha dos Tupinambás. Além destes, Daniel de la Touche, Senhor de la Ravardière e François de Razilly, Senhor de Aumelles se interessaram e deram continuidade ao projeto, associando-se à vários nobres. Antes da partida dessa empresa para o Maranhão, ainda no porto de Cancale, na França, os principais integrantes, resolveram fazer votos de protesto e promessa para que tudo desse certo. Os comandantes estavam imbuídos de não cometerem os mesmos erros de desunião que contribuíram para o fracasso da experiência francesa anterior, em terras do Brasil meridional, a França Antártica de Villegagnon. Previamente selaram acordo para o sucesso da expedição. Segundo as diretrizes contidas em tal documento, o êxito da colônia francesa no Maranhão dependia de três ações essenciais: obediência aos chefes, união entre os franceses e o bom governo entre os índios. Nestes termos, estava firmado em 1.º de março de 1612, o protesto da companhia, para o bom estabelecimento da colônia. Os franceses estavam convictos que o sucesso do empreendimento só lograria êxito se houvesse uma convivência pacífica, não só entre eles, mas também entre nativos e europeus. Para os conquistadores gauleses em terras americanas o bom tratamento dispensado aos indígenas era estratégia imprescindível para captar apoio, tanto para os objetivos econômicos quanto bélicos. Tinham consciência que sem a ajuda dos índios Tupinambás a possibilidade de implantação de uma colônia no Maranhão ficava inviável, para isso buscavam sempre o bom trato com essas nações.
Maria de Médicis Havia uma exigência real que o catolicismo deveria ser a única religião a ser implantada nesse novo estabelecimento. A expansão do catolicismo em terras do Novo Mundo é também um dos objetivos da expedição, seja para dar um “colorido” religioso, conforme revelação de Razilly, contida no manuscrito do anônimo de Turim ou uma manobra política da Rainha Regente, Maria de Médicis, buscando se legitimar junto ao Papa. A preocupação da Rainha em enfatizar que não deveria haver outra religião se não a católica nas novas terras a serem conquistadas no norte do Brasil, se explica também pela duplicidade de comando e a diferença religiosa entre Razilly e Ravardière, católico e huguenote, respectivamente. João Lisboa, em seu Jornal de Tímon, sugere que o estabelecimento francês no Maranhão pudesse servir de abrigo para exilados calvinistas: Não é impossível também que Ravardière, sectário de Calvino como o mais da gente da expedição, traçasse em ânimo dispor nas novas conquistas um abrigo seguro em que pudesse os seus correligionários acolher-se, para diante, das perseguições, a que então andavam continuamente expostos no próprio país. A especulação de Lisboa faz sentido, pois um dos líderes era adepto do calvinismo. De repente, no íntimo de Ravardière e dos demais huguenotes que se deslocaram até o Maranhão, existisse a idéia que a pretendida França Equinocial pudesse se tornar um refúgio dos calvinistas na América. No entanto, o que demonstra os documentos existentes sobre esse período é que a expedição francesa no Maranhão foi do ponto de vista oficial uma empresa imperativamente católica e a religião que deveria predominar era de fato o catolicismo, porém, sabe-se que nesse estabelecimento coabitaram católicos e protestantes.
Franceses e índios fixam a cruz na ilha do Maranhão (Lèonard Galtier) Como deve ter sido a convivência entre comandantes e comandados? Entre católicos e huguenotes? Conviveram estes franceses em plena harmonia na França Equinocial? Segundo Bernardo Pereira de Berredo - autor de “Anais Históricos do Estado do Maranhão” - não, este, insinua possíveis dissídios na incipiente colônia, possivelmente de origem religiosa. O autor chama a atenção para o silêncio de Claude d’Abbeville, acerca dessas prováveis divergências religiosas, classificando-o de “culpável política”. Para Berredo, a diversidade de religião entre os colonos era motivo de crescente discórdia. Embora Abbeville em sua crônica, “História da Missão dos Padres Capuchinho na Ilha do Maranhão”, mantenha certa posição de silêncio sobre possíveis divergências, por outro lado, em alguns momentos, o capuchinho francês deixa escapar indícios da existência de divergências entre seus compatriotas, quando por exemplo, antes do embarque para o Maranhão, ainda na Bretanha, atribui ao demônio um caso de rivalidades entre os tripulantes, gerando assim facções contrárias: “[...] não deixou [o diabo] de perseguir-nos, revolvendo para isso céus e terras, semeando a maldita intriga da divisão no coração dos franceses, para esmorecer o sr. Rasilly”. Há também evidências dessas divergências nos depoimentos de trabalhadores artífices que vieram ao Maranhão na nau Regente comandada pelo Capitão Du Pratz, em 1614 e que foram aprisionados pelos portugueses durante a Batalha de Guaxenduba. Nesses depoimentos, prestados diante de Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos Moreno, não se percebe que na colônia prevalecesse um clima de harmonia entre governantes e governados, ao contrário, a insatisfação por parte dos colonos parecia generalizada. Sobre isso, ressalta Sérgio Buarque de Holanda (2004): Muitos desses prisioneiros mostraram claramente seu despeito contra Daniel de la Touche, o qual deveria ter regressado à França na mesma nau Regente, ou até antes da chegada desta, e não o fizera, conduzindo todos a uma desastrosa peleja. Um desses homens, que tinha vindo da Europa com a esposa, diz do Senhor de la Ravardière que “se intitula lugar-tenente general do rei da França” como se não fosse.
Embora haja fortes indícios que a convivência entre os franceses não fora tão harmônica como desejara Maria de Médicis, não podemos afirmar, entretanto, que tivesse havido algum tipo de desentendimento sério a ponto que “a recíproca tolerância entre os chefes” não conseguisse contornar.
François de Razilly (Museu do Louvre) Não há dúvida que a pluralidade de chefia gerou um mal estar na França Equinocial, tanto em relação aos indígenas como em relação aos franceses, no entanto, deve-se admitir que a forma como os chefes resolveram essa questão, deixa transparecer a vontade mútua de Ravardière e Razilly de solucionar o impasse, sem colocar em risco a segurança do projeto de colonização. A França Antártica era uma experiência que eles não queriam repetir. Ficou acertado entre os dois comandantes que La Ravardière permaneceria no comando da expedição só até a chegada de Razilly, que teria ido à França em busca de ajuda para continuidade do projeto. La Ravardière se mostra favorável em consentir que todo o poder passasse finalmente às mãos de Razilly, dando demonstração que ao contrário de possíveis atritos entre ambos, havia um relacionamento sempre tolerante.
La Ravardière ( Busto idealizado) Mesmo tendo havido tolerância entre os chefes da colônia, como podemos explicar a capacidade de desprendimento de um La Ravardière em aceitar renunciar a
sua chefia, em favor de Razilly e segundo ele próprio, “em benefício da colônia, que ganharia com a existência de um único chefe, o Senhor de Rasilly.” Como poderia La Ravardière abandonar um projeto de colonização, tendo sido ele o primeiro a ser convidado por Sua Majestade de empreender tal estabelecimento? Para Sérgio Buarque de Holanda, a explicação do gesto de renúncia de La Ravardière reside no fato de que Razilly, apesar de sido nomeado loco tenente general das Índias Ocidentais posterior a La Ravardière e por ter sido convidado por este a se associar a essa empresa, de fato, não ocuparia lugar secundário nos trabalhos de preparação e manutenção na França Equinocial. Seu papel teria sido muito mais importante do que aparentemente tem sido tradicionalmente demonstrado pelos historiadores. Foi a morte de Henrique IV que provocou a modificação no projeto de ocupação e colonização do Maranhão. Sem querer arcar com todos os custos da expedição como prometera seu falecido marido, a Rainha Regente, Maria de Médicis não deixara alternativa a La Ravardière se não buscar apoio junto a nobres influentes da corte. A modificação do projeto original, com a entrada de Razilly, provocara a duplicidade de chefia, assim como o papel imprescindível que ele ocupara para viabilização, manutenção e administração do estabelecimento francês no Maranhão. Favorecido por uma conjuntura existente na França, onde ainda havia divergências entre reformados e católicos, Razilly, merecedor da credibilidade dos católicos, ao contrário de La Ravardière, ligado aos protestantes, reunia as melhores condições para obter apoio e patrocínio para o projeto de colonização do norte do Brasil e aprovação da Coroa francesa. São essas condições favoráveis que reunia o Senhor de Razilly que o respaldava para que pudesse vir a assumir definitivamente posição de liderança única na França Equinocial. Portanto, uma explicação possível e plausível para renúncia sem contestação de Daniel de la Touche ao comando da colônia francesa na Ilha do Maranhão.
CONVITE AO PASSADO DE SÃO LUÍS ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Caro leitor, ludovicense por nascimento ou adoção, que estás a buscar inspiração para as labutas de hoje e os desafios de amanhã nos tesouros ainda pouco explorados da cidade, vai à Praça Gonçalves Dias, saúda primeiro o poeta, para que não fique enciumado, entra devagar no Palácio Cristo Rei e prepara-te para voltar no tempo. Lá estão abertas, de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 14 às 17h30min, desde 16 deste mês até 14 de setembro, as portas para o passado primordial de nossa urbe. Descobre-te, como num passe de mágica, em Saint Louis Capitale de la France Équinoxiale, no ano de 1615, e procura no mapa os quatro fortes implantados na Ilha do Maranhão pelos franceses – inclusive o de São Luís, batizado pelo almirante François de Razilly –, e o Convento de São Francisco, primeiro edificado pelos capuchinhos no Brasil, também abrigando a primeira escola do Maranhão. Se preferires, mergulha nos rios Maiove, Ibacanga e de la Touche, mas toma cuidado com Guasinduba, afinal não quererás transformar a tua viagem numa batalha. Mas recua ainda mais no tempo: sentirás a presença de um dos fundadores da cidade, Daniel de la Touche, em todo o esplendor de seu sonho da França Equinocial, estabelecida em 1612, mas não poderás contemplar-lhe o rosto, pois, afinal, o mistério é sempre estimulante... Ao invés, entrevista-te com Razilly, o cofundador frequentemente olvidado de São Luís. Quando o vi, estava sorrindo, mas pode ser que o encontres acabrunhado, pois não lhe deram um palácio para descansar, nem uma avenida para fazer novo reconhecimento da ilha, nos moldes daquelas que levam os nomes dos inimigos lusos Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura. Se queres reviver o rebuliço em Paris pela chegada dos embaixadores índios do Maranhão, conversa com Japuaí (ou Louis de la St.-Jean), Itapucu (ou Louis Marie) e Uaroio (ou Louis Henri). Leva o intérprete Charles des Vaux a tiracolo, no caso de não falares tupi. E faz uma oração pelos que não sobreviveram: Anthoine Manen, François Carypyra e Jacques Patuá. O Cardeal de Joyeuse, que fez doação para a construção em pedra do Convento de São Francisco, poderá te ajudar nesse ato de piedade cristã. Além da assistência religiosa, aproveita para saber da coroação de Maria de Médici, do batismo de Luís XIII e, fofoca suprema, dos bastidores da anulação do casamento do Rei Henrique IV com a Rainha Margarida de Valois. E fica para o casamento de Luís XIII com Ana d’Áustria. Entretanto, se necessitas de um empréstimo, melhor consultares o riquíssimo banqueiro e conselheiro real, Nicolas de Harlay, Senhor de Sancy, um dos chefes e financiadores da expedição de 1612. Talvez ele te mostre o valiosíssimo diamante Sancy... Se os mapas são a tua praia, veleja pelo mundo daqueles tempos e aporta na França e em Paris. Torna a ser criança e encontra, pelas cores, os locais de nascimento de personalidades francesas ligadas à França Equinocial, inclusive de Richelieu, que tanto trabalho deu aos três mosqueteiros de Alexandre Dumas. E cuidado: estão em vigor as Leis Fundamentais da colônia, decretadas na Ilha do Maranhão, “primeira manifestação com natureza constituinte elaborada no Continente Americano, antecedendo a Declaração de Virgínia”, na avaliação de José Cláudio Pavão Santana, e lá vale a pena de talião! Tudo isso – e muito mais – está à disposição de qualquer ludovicense, por nascimento ou adoção, viajante do tempo, que se aventurar pelos mares, terras e ilhas da fascinante exposição “França Equinocial para sempre”, idealizada e coordenada pelo amigo Antonio Noberto, turismólogo e historiador, talento emergente e dínamo infatigável, e realizada pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, pela Aliança
Francesa de São Luís, pela Universidade Federal do Maranhão e pela Universidade Estadual do Maranhão. A exposição foi inaugurada na noite de 15 de agosto, em um evento concorrido, prestigiado por autoridades, professores, membros de academias, escritores e aficionados da história e da cultura maranhense em geral. Nessa noite encantada, veio à luz a obra França Equinocial: uma história de 400 anos em textos, imagens, transcrições e comentários, organizada pelo mesmo Noberto, também um de seus autores. E os presentes ainda puderam se deliciar com uma encenação teatral sobre a fundação de São Luís pelos gauleses, promovida por Joana Bittencourt, que dirige a Sociedade Artística e Cultural Beto Bittencourt. E o Palácio Cristo Rei testemunhou a saga de La Ravardière, de Itagiba e sua amada Lua Cheia e dos tupinambás maranhenses, conheceu Maria de Médici e o jovem monarca Luís XIII e ouviu a Marselhesa e o hino de São Luís, tudo numa única noite... A França Equinocial é um eco do passado, a inspirar a celebração do presente e um vislumbre do futuro que São Luís merece ter. Caro leitor, a França Equinocial está à tua espera! Promotora de Justiça, Presidente da Academia Maranhense de Letras Jurídicas e Sócia efetiva do IHGM alaferro@uol.com.br
Encontros gonรงalvinos
CONVITE “E o nosso nome voará de boca em boca – de pais a filhos – até às mais remotas gerações e o esquecimento não prevalecerá contra ele.”
Os Presidentes dos INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO-IHGM TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO CAXIAS-MA-IHGC ARTHUR ALMADA LIMA FILHO
SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO-SCLMA DILERCY ARAGÃO ADLER
FEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO MARANHÃO-FALMA ÁLVARO URUBATAN MELO
Convidam para o “II Encontro Gonçalvino (São Luís-Caxias)” com a “Louvação a Gonçalves Dias”, evento preparatório do Projeto “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS” Dia: 25/04/2012 Local: Palácio Cristo Rei - Parte I às 15h30min Praça Gonçalves Dia Parte II - às 18h PROGRAMAÇÃO Parte I (Palácio Cristo Rei) 15:30: Exposicão de Baners, Fotos e Telas Exposição de Banner - entrega de documentos (Ficha de Matricula e Certidão de Idade), vindos de CoimbraPortugal.) - Banners com a antiga casa de Gonçalves Dias e - Carta de Gonçalves Dias MANOEL BEZERRA Membro do Inst. Histórico e Geográfico de Caxias CARVALHO JUNIOR Poeta e Membro da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão WYBSON CARVALHO Membro da Academia Caxiense de Letras VALQUIRIA ARAUJO Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Caxias DES. ARTHUR ALMADA LIMA FILHO Presidente do Inst. Histórico e Geográfico de Caxias MIRAMAR SILVA Membro do IHGC
16:30: Erlinda Maria Bittencourt (UEMA-IHGC) As mulheres de Gonçalves Dias WYBSON CARVALHO - Membro da Academia Caxiense de Letras GONÇALVES DIAS O DRAMATURGO 17:30: Apresentação do andamento do Projeto pelas Comissões de São Luís e Caxias. Parte II (Praça Gonçalves Dias) LOUVAÇÃO A GONÇALVES DIAS 18:00 Apresentação Musical do Grupo Chorinhos e Chorões 19:00 Apresentação Coral Madrigal 19:45 Performance Poético-Teatral - Companhia Beto Bittencourt 20:30 Leitura de poesia por Poetas de Caxias e São Luís
MANOEL BEZERRA IHG-CAXIAS - Poesia: MISTURA NATIVA CARVALHO JUNIOR Poeta e Membro da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão - Poesia: CANÇÃO DE UM FILHO VALQUIRIA ARAUJO Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Caxias - Poema: DIAS DE FELIZES LEMBRANÇAS MIRAMAR SILVA Membro do IHGC - Poema: PELOS CAMINHOS DO POETA 21:00 Encerramento: Apresentação da Banda da Polícia Militar e soltura de balões.
PROJETO GONÇALVES – II ENCONTRO GONÇALVINO 16:00:
- Exposicão de Baners, Fotos e Telas - Entrega de documentos (Ficha de Matricula e Certidão de Idade), vindos de Coimbra-Portugal) - Banners com a antiga casa de Gonçalves Dias e Carta de Gonçalves Dias ARTHUR ALMADA LIMA FILHO-Presidente do IHGC VALQUIRIA ARAUJO - Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Caxias MANOEL BEZERRA - IHGC CARVALHO JUNIOR - ASLEAM WYBSON CARVALHO- ACL MIRAMAR SILVA -IHGC
16:00: ERLINDA MARIA BITTENCOURT (UEMA-IHGC) AS MULHERES DE GONÇALVES DIAS 17:00 WYBSON CARVALHO - Membro da ACL GONÇALVES DIAS O DRAMATURGO 17:30: Apresentação do andamento do Projeto pelas Comissões de São Luís e Caxias. PARTE II (PRAÇA GONÇALVES DIAS-LARGO DOS AMORES) LOUVAÇÃO A GONÇALVES DIAS 18:00 Apresentação Musical do Grupo Chorinhos e Chorões 19:00 Apresentação Coral Madrigal 19:45 Performance Poético-Teatral -Companhia Beto Bittencourt 20:30 Leitura de poesia por Poetas de Caxias e São Luís Poesia: MISTURA NATIVA MANOEL BEZERRA IHG-CAXIAS Poesia: CANÇÃO DE UM FILHO CARVALHO JUNIOR -ASLEAM Poesia: DIAS DE FELIZES LEMBRANÇAS VALQUIRIA ARAUJO- Caxias Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Caxias Poesia: PELOS CAMINHOS DO POETA - MIRAMAR SILVAIHGC 21:00 Encerramento: Apresentação da Banda da Polícia Militar
IV ENCONTO GONÇALVINO SÃO LUIS – 05 DE SETEMBRO DE 2012
DILERCY ADLER O IHGM, como é do conhecimento de todos, se propôs a realizar, em comemoração ao aniversário dos 400 anos da cidade de São Luís, o “CICLO DE ESTUDOS/DEBATES – A CIDADE DO MARANHÃO –UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS” composto por seis seminários de 2011 a 2012. Foi proposto ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, pela Confreira Dilercy Aragão Adler (Cad.01), a inclusão de um Projeto em homenagem a Gonçalves Dias - “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS”- dentro da programação do Ciclo de Estudos/debates sobre a Formação do Maranhão e Fundação de São Luís, o qual foi aprovado em reunião de AGO de Setembro de 2011. Foi explicitado no projeto original que a ideia vem do Chile. Nasceu por ocasião da comemoração do aniversário de 107 anos do grande poeta Chileno Pablo Neruda, em julho de 2011, quando entre outras atividades foi lançada a antologia “MIL POEMAS A PABLO NERUDA”, organizada por Alfred Asís. Nessa ocasião surgiu a ideia da organização de uma antologia e homenagem dessa natureza para um poeta brasileiro. A escolha do nome do Poeta Brasileiro a ser homenageado - o primeiro desafio- (por entender-se que existe um quantitativo razoável de intelectuais dignos dessa homenagem) foi dividida com a Profa. Maria Cícera Nogueira, que prontamente entendeu a responsabilidade da missão, de modo que dessas análises resultou a escolha do nome de Gonçalves Dias, principalmente em razão de este grande poeta maranhense: - Ter procurado formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos dos povos e das paisagens brasileiras na literatura nacional; - Desenvolver o Indianismo, ao lado de José de Alencar; - Por sua importância na história da literatura brasileira ao incorporar uma ideia de Brasil à literatura nacional; - Por sua grande obra que nos estudos literários é enquadrada no Romantismo. Como Gonçalves Dias nasceu em Caxias/MA, em 10 de agosto de 1823, nada mais justo do que envolver a cidade de Caxias através do IHGC, da Academia Caxiense de Letras e organismos públicos da cidade, de modo que todas as atividade são
desenvolvidas conjuntamente pelos Institutos Histórico e Geográfico de São Luís e Caxias. Para a concretização do Projeto tornou-se pertinente a realização de eventos preparatórios e o primeiro foi realizado em Caxias para fazer a proposta de inclusão de parceria no desenvolvimento do Projeto. Dentro da perspectiva dessa premissa foi realizado o primeiro evento preparatório do Projeto “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS”, no dia 28/ 01/2012, que ficou conhecido como: “I ENCONTRO GONÇALVINO CAXIAS-SÃO LUÍS” realizado em Caxias, sobre o qual relatei aos demais confrades e confreiras, ao voltar de Caxias: “Foi uma bela festa! A programação (que consta no Folder, em anexo), foi totalmente concretizada e o clima era de muito entusiasmo em relação ao Projeto. Foram melhor detalhadas as ideias iniciais da ações. A Professora Deusimar está envolvendo outras cidades próximas a Caxias de forma efetiva. O grupo de Caxias ficou de nos enviar em breve mais dados para o Projeto, no tocante a nome de pessoas e Instituições. Todos os organizadores de Caxias estavam presentes: Arthur Almada Lima Filho - Presidente do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE CAXIAS – IHGC; Jacques Inandy Medeiros – Presidente da ACADEMIA CAXIENSE DE LETRAS – ACL ; Valéria Cristina Soares Pinheiro do CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS – CESC/UEMA; Manoel de Páscoa Medeiros Teixeira - Presidente da ACADEMIA SERTANEJA DE LETRAS EDUCAÇÃO E ARTES DO MARANHÃO – ASLEAMA; Erlinda Maria Bittencourt – DIRETORA DE RELAÇÕES PÚBLICAS IHGC - DIRETORA DE CULTURA - ASLEMA; Joseneyde Ferreira Vilanova – SÓCIA MANTENEDORA – IHGC - SECRETÁRIA - ASLEAMA e muitos outros convidados entre eles a Secretária de Cultura e Turismo -Walkiria Araujo que desde a primeira apresentação do Projeto tem demonstrado simpatia. O evento contou com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – Valquíria Araújo Fernandes de Oliveira; do Memorial da Balaiada – Profª Mª Bertolina Costa; da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Caxias – Pedro de Freitas Amorim; Nacional Gás – José de Arymatéa Assunção; Sócia Mantenedora IHGC Mabel de Sousa Medeiros; Sócio Efetivo Fundador IHGC - Prof. Manoel de Páscoa Medeiros Teixeira eSócio Mantenedor – Hélio de Sousa Queiroz. Os Objetivos foram plenamente alcançados e diziam respeito a: - Socializar o projeto Gonçalves Dias à sociedade em geral; - Discutir o projeto Gonçalves Dias; - Apresentar poemas já existentes sobre Gonçalves Dias; - Declamar poemas sobre Gonçalves Dias por poetas contemporâneos. Nesta oportunidade gostaria de agradecer a todos os presentes, organizadores e órgãos que apoiaram o evento nas pessoas do Dr. Arthur Almada Lima Fiho e da Profa. Erlinda Maria Bittencourt que foram incansáveis para que tudo ocorresse de forma produtiva e agradável. Foi uma noite memorável.” Como segundo evento preparatório do Projeto “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS”, foi realizado o “II ENCONTRO GONÇALVINO SÃO LUÍSCAXIAS”, com a “Louvação a Gonçalves Dias”, (em São Luís), no dia 25/04/2012,
dentro da programação do Seminário 3 do Ciclo de Estudos/debates sobre a Formação do Maranhão e Fundação de São Luís, também com vasta programação: Parte I (Palácio Cristo Rei) 15:30: Exposicão de Baners, Fotos e Telas Exposição de Banner - Entrega de documentos (Ficha de Matricula e Certidão de Idade), vindos de Coimbra-Portugal) - Banners com a antiga casa de Gonçalves Dias e Carta de Gonçalves Dias Arthur Almada Lima Filho-Presidente do IHGC Valquiria Araujo -Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Caxias Manoel Bezerra - IHGC Carvalho Junior - ASLEAM Wybson Carvalho- ACL Miramar Silva -IHGC 16:30: AS MULHERES DE GONÇALVES DIAS Erlinda Maria Bittencourt (UEMA-IHGC) 17:00 GONÇALVES DIAS O DRAMATURGO Wybson Carvalho - Membro da Academia Caxiense de Letras 17:30: Apresentação do andamento do Projeto pelas Comissões de São Luís e Caxias. Parte II (Praça Gonçalves Dias-Largo dos Amores) LOUVAÇÃO A GONÇALVES DIAS 18:00 Apresentação Musical do Grupo Chorinhos e Chorões 19:00 Apresentação Coral Madrigal 19:45 Performance Poético-Teatral -Companhia Beto Bittencourt 20:30 Leitura de poesia por Poetas de Caxias e São Luís Poesia: MISTURA NATIVA MANOEL BEZERRA IHG-CAXIAS Poesia: CANÇÃO DE UM FILHO CARVALHO JUNIOR -ASLEAM Poesia: DIAS DE FELIZES LEMBRANÇAS VALQUIRIA ARAUJO- Caxias Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Caxias Poesia: PELOS CAMINHOS DO POETA - MIRAMAR SILVA-IHGC 21:00 Encerramento: Apresentação da Banda da Polícia Militar e soltura de balões. O 3º evento preparatório do Projeto “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS” realizou-se na ESCOLA PEROQUIAL FREI ALBERTO-EPFA, no dia 25/05/2012, ocasião em que ficou evidente o carinho, o engajamento total e irrestrito, ao Projeto.
A EPFA abraçou o Projeto desde o primeiro contato estabelecido, que se concretiza através do trabalho que vem sendo desenvolvido, a saber: -Iniciou o trabalho na sala de aula envolvendo os professores e os alunos em pesquisas e produções das poesias (como resultado das pesquisas encontraram e divulgaram para todos nós, a grande surpresa de que, em 1958, o samba enredo da Mangueira, foi a "Canção do Exílio de Gonçalves Dias"); -promoveu a seguir o 3º evento preparatório do Projeto Gonçalves Dias para a divulgação dos trabalhos desenvolvidos na própria Escola, seguindo a seguinte Programação: - Declamação dos poemas de autoria dos alunos e professores -Mostra dos poemas, em mural, com poesias e desenhos sobre Gonçalves Dias; - A apresentação da “Canção do Exílio”, ao ritmo de Samba – Samba enredo da Mangueira, em 1958 - Lanche para presentes. Finalmente, ontem, dia 05/09/2012, foi realizado o 4º evento preparatório do Projeto “MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS”, no Palácio Cristo Rei, dentro da Programação do Seminário 6 do Ciclo de Estudos/debates sobre a Formação do Maranhão e Fundação de São Luís, também com vasta programação: 1 - Apresentação do andamento das atividades do Projeto “Projeto Mil Poemas para Gonçalves Dias" por Dilercy A. Adler 2- Mostra de poesias da Antologia “Mil Poemas para Gonçalves Dias" (apresentação/declamação) de algumas poesias de autoria dos alunos da EPFA, de autores de São Luís, Caxias, de outros Estados do Brasil e do estrangeiro, em dois momentos: - Primeiro momento: Os alunos e uma professora da EPFA apresentaram suas produções oralmente e projetada em slides. - Segundo momento: Os autores presentes apresentaram as suas poesias e alguns confrades e confreiras também apresentaram as poesias e participantes de outras localidades (nacionais e estrangeiras), oralmente e projetada em slides. 3- Apresentação do samba enredo da Mangueira (Canção do exílio), de 1958 pelos alunos da EPFA.
ANA LUIZA ALMEIDA FERRO
AYMORÉ ALVIM
CLORES HOLANDA
ALMADA LIMA
AGRADECIMENTO À ESCOLA PAROQUIAL FREI ALBERTO - MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS
DILERCY ARAGÃO ADLER dilercy@hotmail.com Queridos Frei Zacarias, Profa. Angélica, queridas Coordenadoras e professora, queridos alunos da EPFA, Quero agradecer em meu próprio nome, em nome dos promotores do Projeto "Mil Poemas para Gonçalves Dias", em nome do IHGM, em nome do IHGC, o carinho, o engajamento total e irrestrito que a Escola Paroquial Frei Alberto vem dedicando ao Projeto "Mil Poemas para Gonçalves Dias". Essa dedicação é notória desde o início do Projeto. Desde o primeiro contato estabelecido a EPFA abraçou o Projeto: - Iniciou o trabalho na sala de aula envolvendo os professores e os alunos em pesquisas e produções das poesias (como resultado das pesquisas encontraram e divulgaram para todos nós, a grande surpresa de que, em 1958, o samba enredo da Mangueira, foi a "Canção do Exílio de Gonçalves Dias"); - promoveu a seguir um evento para a divulgação dos trabalhos desenvolvidos na própria Escola. E na ocasião, além das declamações dos alunos, apresentaram artisticamente, as poesias num mural, e a Louvação a Gonçalves Dias foi encerrada ao ritmo da Samba da “Canção do Exílio”, com um lanche e muita alegria por parte dos presentes; - Ontem (05/09/2012), no Palácio Cristo Rei, integrando a Programação do Projeto "Mil Poemas para Gonçalves Dias", dentro da Programação do Seminário de encerramento dos Ciclos de Debates, sobre a fundação de São Luís, promovidos pelo IHGM foram apresentados aos presentes os trabalhos da EPFA em homenagem a Gonçalves Dias (declamação de poesias por alunos e uma professora e a apresentação do samba enredo da Mangueira). O resultado foi como sempre, além do esperado pois, além do brilho da magnífica apresentação, todos (desde o diretor) foram vestidos com a camisa do Projeto “Mil Poemas para Gonçalves Dias”, com uma bela foto de Gonçalves
Dias. Detalhes que mostram a dedicação que a EPFA (através de todos os seus segmentos) vem dedicando ao Projeto. Esse belo exemplo me remete ao meu livro TINKUY (e do poeta peruano, Feliciano Mejía, que deu nome ao livro), cujo nome significa “acumulação de forças”, que na língua antiga dos INCAS- significa, de modo geral “Encontro” e ainda o TINKUY é uma das três partes do tempo andino (que é circular e não linear), assim representados: o Paikiki, o Sapo; o Paichakuti, a Serpente e o TINKUY, o Puma, que é o limite de acumulação dessas forças. Assim, neste encontro do Projeto "Mil Poemas para Gonçalves Dias" com a EPFA se produziu uma acumulação de sensibilidades e nas palavras de Feliciano Mejía, que agora faço minhas também: “Mientras tanto El Sapo, El Puma y La Serpiente singuem danzando em América Del Sur. Y yo contento grito: Evohé!!!” Que mais TINKUYs aconteçam em nossas vidas, em nossa São Luís, no nosso Maranhão, no nosso Brasil, na nossa América do Sul e no nosso mundo inteiro!!!! Saudações Gonçalvinas, Dilercy Adler
Exposição “frança Equinocial para sEmprE”
A Exposição “FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE” e os quatro séculos da profecia do amor ANTONIO NOBERTO “E os índios com os franceses fincaram os estandartes da França no centro desta terra recentemente conquistada não por armas, e sim pela cruz, não pela força, e sim pelo AMOR” Claude Abbeville Linda e inesquecível esta data! Quatro séculos de uma saudável e feliz relação França x Maranhão. E o que teriam feitos os franceses para continuarem sendo tão lembrados tanto tempo depois? Eles simplesmente fizeram diferente de muitos outros reinos e colonizadores ao conquistar o coração dos maranhenses plantando o estandarte do amor. A relação com os autóctones era amistosa, em lugar da força a cruz, em lugar das armas e do chicote a flor-de-lis. Em lugar da segregação a união. As crianças tupinambás estudavam sob o mesmo teto das crianças francesas no primeiro convento capuchinho do Brasil, o convento e igreja São Francisco, atuais Seminário e igreja Santo Antonio. Os padres jesuítas portugueses se admiraram e não pouparam elogios ao empreendimento gaulês no Maranhão. O próprio papa, em visita aos capuchinhos em Paris, em 1631, lamentou o fim de “tão santa empresa”. O maior poeta brasileiro, Antonio Gonçalves Dias, concluiu que “... a expulsão dos franceses levou consigo muitas esperanças”. Foi assim que David Migan e La Ravardière conseguiram manter cerca de vinte mil selvagens sob seu comando, praticamente extinguindo o canibalismo entre eles. Vale lembrar que na França Antártica no Rio de Janeiro, este foi um dos maiúsculos problemas enfrentados pelo líder Villegaignon. No Maranhão foram criadas as “Leis fundamentais decretadas” pelos franceses em 1612, primeiro conjunto de leis escritas nas Américas, que, entre outras coisas, previam a proteção a íncolas e religiosos, e o sossego público. O rei de Espanha, Felipe III, ao tomar o Maranhão dos franceses, entendeu a estratégia gaulesa e deu garantia aos naturais da terra de que se submetessem aos portugueses, pois nada mudaria e eles seriam protegidos. Meras palavras. Um só governante da Ilha Grande, entre o Ceará e o Amapá, prendeu e matou meio milhão de índios. Poucas décadas de colonização ibérica foram suficientes para a dizimação dos íncolas da Ilha Grande e a conclusão do frei luxemburguês João Felipe Bettendorf, que escreveu: ”quanta devia ser a crueldade e cobiça dos que acabaram por guerras e trabalhos tanta gentilidade”. A leveza e habilidade do maior líder do empreendimento gaulês, Daniel de La Touche de La Ravardière, e as determinações da rainha regente Maria de Médici, foram de suma importância para manutenção da paz e da ordem na Nova França. Foi a soma destas santas premissas que fez com que eles passassem para a história como “verdadeiros colonizadores tão cheios de humanidade” (João Lisboa). La Ravardière, primeiro governador do Maranhão, é o vértice que une quatro cidades co-irmãs: São Luís, Saint-Malo, Cancale e Berthegon (esta é a cidade natal dele). É por isso que Cancale, cidade de onde partiu a expedição francesa em direção ao Maranhão, está fazendo uma grande festa em homenagem a São Luís e a Daniel de La Touche. Saint-
Malo e Cancale enviaram, oficialmente, representantes para a festa, que também é deles. Estão aqui em São Luís no dia de hoje, entre outros, Alain Roman e Yves Claquin. Nunca li nada a respeito, mas ouvi dizer que a profecia do nosso primeiro cronista ajudou a balizar a expressão ILHA DO AMOR. Quem sabe! Este é o segredo e a dica a quem aspira conquistar os moradores desta terra, que receberam o adjetivo gentílico ludovicense, derivado de Ludovico, Luis em latim. E flor-de-lis deriva de Flor-de-Luís. Semeemos flores, então, pois quem semeia ódio, violência e destruição nesta terra está fadado ao ostracismo. Cada letra da palavra AMOR representa um século de existência da nossa bela capital. Daqui a cem anos, quem sabe, a profecia de Abbeville esteja mais em voga ainda e a palavra de ordem seja AMOUR. Um pouco desta “bela história de AMOR” você poderá conferir visitando a Exposição FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE, que permanece em cartaz até o fim deste ano, no Palácio Cristo Rei, Praça Gonçalves Dias, São Luís - MA.
“FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE” UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS De 16 de agosto a 14 de setembro no Palácio Cristo Rei. ANTONIO NOBERTO O trabalho inédito é uma reunião de quadros, imagens de personalidades, mapas, transcrições de documentos, textos, heráldica, objetos e muito mais sobre o empreendimento francês que deu início ao Brasil setentrional, ao Maranhão e a sua capital, São Luís. Pela primeira vez os interessados terão em um mesmo lugar físico um acervo que reúne a história da França Equinocial, um dos mais belos capítulos do Brasil colonial. E este lugar não poderia ser outro senão a capital maranhense, guardiã do legado francês na parte norte do Brasil. A exposição conta com onze quadros do consagrado artista plástico Rogério Martins; oito mapas – de São Luís, do Maranhão, de Saint-Malo, Paris, dentre outros; várias plotagens com imagens que resgatam os anos iniciais destes quatro séculos. O evento foi idealizado pelo turismólogo e escritor Antonio Noberto*, que também é coordenador geral da Exposição e proprietário do acervo a ser exposto. Está programado para a mesma ocasião o lançamento do livro sobre a exposição, com o título “França Equinocial, uma história de 400 anos: em textos, imagens, transcrições e comentários”. O visitante também poderá adquirir souvenires do evento.
Sobre a história da França Equinocial e a Exposição São quatro séculos completos neste oito de setembro de 2012. Foram muitas lutas pelo território, escassez, dificuldades, trabalhos, vitórias, luxo, pomposidade, ascensão e declínio econômico, e uma miríade de capítulos no processo histórico do Maranhão e da sua capital. E tudo isto começou com um empolgante e fascinante capítulo, escrito não por pena lusa, mas por mãos gaulesas, sendo delas as primeiras e inesquecíveis marcas e balizas legadas a este território e aos seus habitantes. Foi o general francês Daniel de La Touche, aqui chegado com centenas de comandados em 1612, quem primeiro, oficialmente, desbravou o território, alterou o espaço físico natural, pacificou as tribos rivais praticamente acabando com o canibalismo entre eles, criou o primeiro conjunto de leis das Américas, a primeira organização de estado, as primeiras construções – inclusive em pedra como se poderá ver na exposição –, as primeiras casas, os primeiros fortes e todo um processo colonizatório e civilizatório nesta porção do Brasil setentrional (que se estende do Rio Grande do Norte ao Amazonas). A colônia francesa não era um céu absoluto, existiam dificuldades e divergências como em qualquer empreendimento desta natureza, mas vivia-se em paz no Maranhão, vez que brasileiros e estrangeiros estavam de um mesmo lado, não se disputavam, vigorava o império da sustentabilidade e da harmonia. Tal estado de equilíbrio contribuiu para sábias manifestações, como a do maior poeta brasileiro, o maranhense Antonio Gonçalves Dias “a expulsão dos franceses levou consigo muitas esperanças”. A França Equinocial (1612 – 1615) foi, temporalmente, efêmera, porém, eternizada no seio e espírito daqueles que cultivam belos e harmônicos sonhos. Nasceu de um laborioso empreendimento partilhado por católicos e huguenotes. Tal parceria levou o escritor e conservador da Biblioteca de Santa Genoveva, Ferdinand Denis (1798 – 1890), a dizer que esta parceria em todo o século XVII não se conhece “transação outra entre católicos e protestantes mais leal e desinteressada”. Não bastasse a eternização da história gaulesa no imaginário coletivo local, o consagrado historiador Mário Martins Meireles, observador da realidade maranhense, à vista da maior demanda de visitantes franceses em São Luís e no estado, concluiu que a “maior presença de franceses em São Luís é a prova material de que a França Equinocial nunca acabou”. Fato que comprovamos ao realizar uma pesquisa a mais de uma década entre os turistas franceses. Parte considerada dos entrevistados, mesmo sem nenhuma política pública direcionada a este fluxo e sem nenhuma racionalização da história deles neste torrão, respondeu que visita São Luís para conhecer a “Única capital brasileira fundada por franceses”. Some-se o feed-back do consultor e então secretário de turismo de Saint-Malo (cidade do tamanho de Rosário-MA que recebe quatro milhões de visitantes por ano), Jean-Claude Weiss, que não cansava de dizer “Vocês dormem sobre um tesouro e não estão sabendo”. Foram estas e muitas outras informações, observações e impressões, além da patente vocação para com o tema, que nos levaram a concluir pela realização deste importante evento. É a França Equinocial, nosso primeiro capítulo, que o Maranhão reportará neste oito de setembro, e nos trinta dias da exposição – 15 de agosto a 14 de setembro. Nossos quase quinze anos de pesquisa nesta temática nos permitiram construir um acervo sobre este que é um dos três capítulos mais bonitos do Brasil colonial – infelizmente, marginalizado em razão dos interesses do vencedor e colonizador luso. Lançamos as balizas para que São Luís e o Maranhão façam como o fizeram Rio Grande do Sul e Pernambuco com, respectivamente, as missões Jesuítico - guarani (1609 – 1750) e o Brasil Holandês (1624 – 1654). O quadricentenário é o momento ideal de começarmos a
“pagar” a dívida histórica com o primeiro capítulo desta rica e abençoada terra, a final, o Maranhão e a sua capital são os legítimos guardiões do legado gaulês nesta parte norte brasileira. Ludovicenses, maranhenses, brasileiros e visitantes agradecem. O visitante poderá ver e apreciar imagens de personalidades protagonistas do evento francês no Maranhão, como o quadro de François de Razilly, lugar-tenenteGeneral, primo do futuro cardeal de Richelieu, que pôs nome ao Forte (São Luís), que se estendeu a toda a Ilha; Nicolas de Harlay, Senhor de Sancy, também Lugar-tenenteGeneral, financista e conselheiro do rei, custeou um terço da expedição ao Maranhão; Cardeal de Joyeuse, batizou Luís XIII e coroou Maria de Médicis, doou o dinheiro para a construção em pedra do primeiro convento capuchinho do Brasil, onde hoje se acha o atual convento Santo Antonio, na capital maranhense; Luís XIII, rei de França, dentre outros. Mapoteca: O primeiro mapa do Maranhão, feito a partir dos desenhos feitos e entregues pelos franceses aos portugueses; mapa Saint-Louis capitale de La France Equinoxiale – 1615, reconstituição da capital da França Equinocial, todo em francês; Mapa do Poitou; de Saint-Malo; mundi da época, mapa das descobertas, de Paris em 1575, etc. Várias transcrições de documentos relativos ao Maranhão francês, como a carta de Maria de Médicis a La Ravardiére, correspondência fundamental para a manutenção da paz e unidade e na colônia; Leis fundamentais decretadas na Ilha do Maranhão, primeiro conjunto de leis escrito nas três Américas; o depoimento dos prisioneiros franceses do combate de Guaxenduba; cartas trocadas entre La Ravardière e Jerônimo de Albuquerque, etc. O interessado também terá disponível vários banners e plotagens de dois e três metros, além de objetos, como uma réplica de arma de fogo do século XVII.
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PALÁCIO CRISTO REI RECEBE A EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE A exposição pode ser visitada, gratuitamente, até 14 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h30
A cidade de São Luís recebeu mais um espaço de homenagem aos seus 400 anos de fundação. O Palácio Cristo Rei, guardião de parte da memória histórica da Universidade Federal do Maranhão, está sendo local da Exposição França Equinocial para sempre, que apresenta o legado francês em São Luís e a versão francesa da fundação da capital maranhense. A abertura oficial da exposição ocorreu às 19 horas, num evento para convidados, no qual estiveram presentes historiadores, pesquisadores, artistas maranhenses, membros do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O reitor da UFMA, Natalino Salgado Filho, que esteve presente na abertura da exposição, lembrou a importância do evento para o aniversário de São Luís e destacou a parceria da UFMA com projetos que homenageiam a cidade. “Nós estamos empenhados em contribuir com a valorização da nossa cidade que completará 400 anos. A SBPC foi um exemplo disso, agora, abrimos espaço para essa exposição que mostra como a França contribuiu com a formação de São Luís. O trabalho está bem feito, é uma exposição única que resgata a parte importante da história da capital maranhense”, ressaltou. A exposição está sob a coordenação do turismólogo e historiador Antônio Noberto, que é membro do IHGM, da administradora do Palácio Cristo Rei e integrante do IHGM, Clores Holanda, e da pesquisadora Joana Bittencourt. Para Antônio Noberto, a exposição é ímpar, pois resgata a memória de um período único na história do Maranhão e do Brasil. “Esse evento fala muito sobre a história dos 400 anos de São Luís e mostra como a cidade nasceu. Os participantes da exposição, com certeza, sentirão prazer em conhecer essa história e fazer parte dela. É um grande presente para a nossa cidade”, afirma Noberto. Durante a abertura, houve o lançamento do livro França Equinocial, uma história de 400 anos em textos, imagens, transcrições e comentários, além de apresentações culturais com a participação do Projeto Abrindo Fronteiras com Música, que apresentou chorinhos, e a Sociedade Artística e Cultural Beto Bittencourt, que trouxe a peça sobre a vinda dos Franceses para o Maranhão. A administradora do Palácio Cristo Rei, Clores Holanda, destacou que a exposição vai dar mais visibilidade ao Cristo Rei, um museu que conta parte da história da UFMA e tem, ao longo dos últimos anos, contribuído com a divulgação histórica no Maranhão. “É fundamental essa parceria entre o IHGM e a UFMA, pois fazer do Palácio Cristo Rei espaço de uma exposição como essa é um privilégio, enaltece o nosso museu, faz dele um local de encontro com a história que deve ser lembrada e valorizada pela nossa sociedade”, enfatiza Clores Holanda. Saiba + - A exposição França Equinocial para sempre é promovida pelo IHGM em parceria com o Palácio Cristo Rei. A mostra apresenta os registros de franceses em
terras maranhenses e o sonho de fundar a França Equinocial. Estão expostos onze quadros do consagrado artista plástico Rogério Martins; oito mapas: de São Luís, do Maranhão, de Saint-Malo, Paris, dentre outros; e várias plotagens com imagens que resgatam os anos iniciais destes quatro séculos de história da capital maranhense. Quem quiser conhecer essa parte deslumbrante da história de São Luís, pode ir ao Palácio Cristo Rei, que fica localizado no Largo dos Amores (Praça Gonçalves Dias) e visitar a exposição, que é gratuita, e fica aberta ao público até 14 de setembro, podendo ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h30.
ESPETÁCULO FRANÇA EQUINOCIAL ENCANTA PÚBLICO NA ABERTURA DE EXPOSIÇÃO NO MEMORIAL CRISTO REI http://www.ufma.br/noticias/noticias.php?cod=13036 A peça da Companhia de Bonecos Beto Bittencourt apresentou a versão francesa da fundação de São Luís A abertura da Exposição França Equinocial para sempre foi um momento ímpar na história do Memorial Cristo Rei, museu que guarda um rico acervo da história da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Durante a abertura do evento, houve a encenação do espetáculo França Equinocial, que apresentou de forma didática, melodiosa e bem detalhada a história da chegada dos franceses em terras maranhenses. A peça foi encenada pela Companhia de Bonecos Beto Bittencourt, que pertence à Sociedade Artística e Cultural Beto Bittencourt. O Espetáculo é uma adaptação da obra Itagiba – O braço de pedra da França Equinocial (romance histórico), de autoria da pesquisadora do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Joana Bittencourt. A encenação França Equinocial narra a chegada do francês Jacques Riffault, em 1594, em Upaon-açu (ilha de São Luís), na qual estabeleceu uma feitoria que deixou sob a responsabilidade de seu compatriota Charles Dês Vaux, que logo conquistou a amizade dos indígenas, chegando a casar com uma índia. Esse contato levaria a França a fundar a cidade de São Luís, única cidade fundada por franceses. Toda a história é contada com canções e narrações, com uma linguagem simples e uma sensibilidade que leva o público a sentir um encantamento pela cultura francesa, valorizando o legado deixado por essa nação europeia em terras maranhenses. A encenação é rica em detalhes desde os figurinos até a utilização da língua francesa, bem como a singularidade das canções bem interpretadas pelos atores, além dos efeitos especiais que remontam o clima nativo de São Luís na época de sua fundação e todo o brilhantismo da corte francesa. Outro detalhe que chamou a atenção foi a união da cultura regional, como o bumba-boi, o reggae e a cultura francesa. Houve uma sintonia entre música, estética de figurinos e sensibilidade dos atores que interpretaram seus personagens com maestria. A diretora da peça, Rosa Ewerton, disse que essa é a primeira vez que o espetáculo é apresentado com a presença de atores no palco, antes, ela só havia sido encenada com bonecos. Segundo Rosa, a intenção do grupo é expandir esse trabalho, levando-o para escolas e outros locais de grande visibilidade. “O nosso objetivo é mostrar para as pessoas como é importante conhecer esse lado da nossa história, saber a versão francesa da chegada deles no Maranhão”, enfatiza Rosa. Joana Bittencourt, que é diretora da Companhia Beto Bittencourt, falou com muito entusiasmo sobre esse projeto. Segundo ela, levar esse espetáculo para outros lugares como escolas será importante para a divulgação da história de São Luís. “Assim como a exposição França Equinocial para sempre, que conta essa parte importante da história de
nossa capital, a peça também serve como um elemento propagador desse legado. O que torna o espetáculo mais encantador é a forma didática de contar a história. Nosso espetáculo é belíssimo, não há quem não pare e fique encantado com a qualidade da nossa encenação”. Michael Magalhães, diretor da Aliança Francesa em São Luís, também aprovou a iniciativa e disse que tanto a Exposição quanto a peça sobre a França Equinocial são importantes para que os ludovicenses conheçam mais sobre sua própria história e a valorize. A Companhia de Bonecos Beto Bittencourt pretende encenar a peça em outros lugares, valorizando a cultura francesa em São Luís. E a exposição França Equinocial para sempre está aberta para visitações até o dia 14 de setembro, de segunda a sextafeira, das 8h às 12h e das 14h às 17h30, no Palácio Cristo Rei, que fica na Praça Gonçalves Dias. A Sociedade Artística e Cultural Beto Bittencourt A Sociedade é uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos e econômicos. Ela foi fundada no dia 05 de setembro de 1999, em homenagem ao ator e bonequeiro Beto Bittencourt. O objetivo da companhia Beto Bittencourt é fomentar a educação e a cultura, por meio de produções artísticas, teatrais, literárias e musicais. São várias as áreas de atuação do grupo, como segurança, saúde e meio ambiente. A sociedade artística realiza, também, oficinas e espetáculos que são encenados em teatros, abrigos, asilos, comunidades e instituições públicas e privadas.