AS REZADEIRAS Cultura Popular e Tradição Histórica
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Jeannette Queiroz Garcia
AS REZADEIRAS Cultura Popular e Tradição Histórica
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Copyright © Jeannette Queiroz Garcia, 2015. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9. 610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem a autorização prévia por escrito da Editora/Autor, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados.
Editor João Baptista Pinto
Projeto gráfico e capa Rian Narcizo Mariano
Revisão Jeannette Q. Garcia
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ G21r Garcia, Jeannette Queiroz, 1947 – As rezadeiras : cultura popular e tradição histórica /Jeannette Queiroz Garcia. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2015. 114 p. : il. ; 15,5x21cm. Inclui bibliografia ISBN 9788577853816 1. Rezadeiras. 2. Medicina popular. I. Título. 15-24324 CDD: 613 CDU: 613
Contato com a Autora projetosjgarcia@gmail.com Letra Capital Editora Tels: 21. 3553-2236 | 2215-3781 www.letracapital.com.br
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Dedico este livro aos meus queridos e saudosos pais, Alda e Pedro.
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Nota da Autora
s informações referentes às ervas e plantas medicinais, apresentadas neste livro, não
se constituem em um guia ou receituário de medicina popular. São, exclusivamente, relatos sobre a cultura popular e fatos históricos correlacionados às rezadeiras. A autora está isenta de responsabilidade pela compro-
vação de segurança do uso das plantas ou ervas medicinais citadas nesse livro.
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Agradecimentos essa página, revelo a minha gratidão ao amigo João Baptista Pinto e sua valiosa equipe da Letra Capital Editora, à prima Fátima Garcia, à família Campelo através dos irmãos Sebastião, Francisco e Paulina. Agradecimento com especial afeto ao cordelista Gonçalo Ferreira da Silva. Agradecimentos aos amigos e todos àqueles que, também, me incentivaram a revisitar o universo cultural e histórico das rezadeiras. E, aos notórios estudiosos, pesquisadores, professores brasileiros e estrangeiros que produziram informações multidisciplinares e profícuas – independentes da linha do tempo – permitindo que se constituísse um precioso acervo. A multiplicação, desse livro, foi possível graças ao apoio conjunto de Giovanni Panno e Leonel Neves Barbosa. Antecipada gratidão aos que divulgarem esse livro pelo Brasil afora contribuindo, assim, para a preservação da nossa cultura popular. Às rezadeiras com muita fé!
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Apresentação
ssa publicação se direciona ao reconhecimento e valorização dos saberes tradicionais de cura e de suas detentoras – as rezadeiras – como sinal de preservação, desse ofício, enquanto expressão da cultura popular. Um tributo honroso às representantes de uma prática que apesar dos avanços tecnológicos permanecem fiéis às tradições repassadas através de gerações. Se propõe, em extensão, estimular as gerações atuais e futuras à prática de ações preservacionistas, tanto no âmbito cultural quanto em relação aos recursos da natureza, como participantes diretos e multiplicadores dessas ações. É nossa responsabilidade cidadã propagar alertas quanto à preservação das florestas que nos fornecem alimento e remédio combatendo o desmatamento e a contaminação por agrotóxicos. As florestas brasileiras são os laboratórios e farmácias in natura que prestam “serviços” fundamentais à sobrevivência do Homem. E, assim, inspirada nessa personagem popular e histórica – merecedora de nosso respeito e admiração – colecionei informações e pesquisas que estão disponíveis nessa publicação.
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Prefácio Este livro intitulado simplesmente As Rezadeiras da escritora Jeannette nos dá provas verdadeiras da extensão de importância das crendices brasileiras.
Falou a nossa escritora com grande propriedade dessas rezadeiras que com infinita bondade praticam ao mesmo tempo a cura e a caridade.
E muitas vezes dotadas de dons espirituais por suas mãos magnéticas ou diferentes sinais são pela fé coletiva pessoas especiais.
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As rezadeiras que curam principalmente a pobreza da zona rural e sem mecanismos de defesa com remédios extraídos do seio da natureza. Grande credibilidade dão também a São José e São Francisco das Chagas da matriz de Canindé é o povo alimentado pelo milagre da fé.
Outro fato interessante por ser muito verdadeiro é que a credibilidade real de um curandeiro é a de não aceitar qualquer oferta em dinheiro.
Várias formas de pagar são usadas muitas vezes como galinha, capão, principalmente os pedrezes são as formas adotadas pelos irmãos camponeses.
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Portanto o presente livro é de fato um dos primeiros a exibir esses fatos com relatos verdadeiros escritos por quem conhece os costumes brasileiros.
Pela riqueza do texto desde quando principia o povo, sinceramente, dirá com justa alegria: – Grato querida escritora Jeannette Queiroz Garcia. Gonçalo Ferreira da Silva Presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel
www.ablc.com.br
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Sumário
1 9 Introdução
31 Rezadeiras
48 Medicina popular: usos e tradições
76 Breves Anotações Históricas
87 O rezador José Paulino
96 Referências
89 Reconhecimento do ofício 91 Conclusões
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Introdução
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sobrevivência do patrimônio cultural brasileiro deve ser garantida por uma ação educativa que promoverá conhecimentos e consequente valorização dos bens culturais. O ofício de rezadeira, benzedeira e outras denominações afins são bens culturais de natureza imaterial que, por mérito, deveriam integrar o Patrimônio Cultural do Brasil. Estas práticas, geralmente, estão restritas à população mais idosa de lugarejos, em diversas regiões brasileiras. A história está resumida a poucas fotografias existentes e às lembranças dos mais idosos que, ainda, não faleceram. Devido à falta de interesse das novas gerações a transmissão dos conhecimentos, deste ofício, vem sendo interrompida. “...quando estas pessoas morrerem, o conhecimento delas acabará, também...”
Em uma pesquisa informal, muitas pessoas apontariam uma rezadeira ou benzedeira que tenha curado seus males. Na verdade, uma referência do passado memorizada até os dias de hoje. Era comum, antigamente, as mães levarem as crianças para benzer quebranto ou mau olhado. 19
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Há dificuldades, ainda, em mapear regiões que mais registram a presença de rezadeiras. Entretanto, estudos apontam para o nordeste rural. A benzeção é considerada uma das práticas mais expressivas da religiosidade popular, no âmbito do universo doméstico do sertanejo. Permanece ativa, também, em outras regiões do Brasil: nas periferias dos centros urbanos e nas comunidades rurais. Os rituais de rezas, seja na área urbana ou rural, fazem parte da tradição popular. Se identificam com a fé, confiança e solidariedade entre o rezador e o rezado. O 1º Censo Cultural da Bahia promovido pela Secretaria da Cultura e Turismo no período de 2001 a 2006, em 417 municípios, registrou cerca de 700 rezadeiras. No município de Jaguarari, que apresenta traços marcantes da cultura sertaneja, o Censo registrou benzedeiras, curandeiros e parteiras em percentuais significativos. [www.censocultural.ba.gov.br - manifestação cultural] Câmara Cascudo define a rezadeira no seu Dicionário do Folclore Brasileiro: “Mulher, geralmente idosa, que tem poderes de cura por meio de benzimento.” Outras denominações, também, identificam as mulheres que praticam benzeduras: COSTUREIRAS DE RENDIDURA E/OU MACHUCADURA, REMEDIEIRAS, RAIZEIRAS. Existem questionamentos quanto à prática da reza ser um ofício. 20
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