Curso bíblico

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D. Estêvão Bettencourt, O.S.B. Maria de Lourdes Corrêa Lima

Curso Bíblico Mater Ecclesiae


Copyright © Arquidiocese do Rio de Janeiro, 2011 Esta obra não pode ser reproduzida total ou parcialmente sem a autorização por escrito do editor.

Editor João Baptista Pinto Capa Carolina Alves Editoração Luiz Guimarães Revisão Maria de Lourdes Corrêa Lima CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

B463c Bettencourt, Estêvão, 1919-2008 Curso Bíblico Mater Ecclesiae / Estêvão Bettencourt, Maria de Lourdes Corrêa Lima. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2011. 424p. : 15,5x23 cm Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85-7785-125-6 1. Bíblia - Estudo e ensino - Igreja Católica. 2. Bíblia - Crítica, interpretação, etc. I. Lima, Maria de Lourdes Corrêa, 1958-. II. Título. 11-6936.

CDD: 220.07 CDU: 2-277

24.10.11 31.10.11

030819

Escola Mater Ecclesiae Edifício João Paulo II Rua Benjamin Constant, 23 - sala 311 - Glória CEP 20241-150 – Rio de Janeiro - RJ Tefefax: (21) 2242-4552

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Palavra Inicial “Filipe... ouviu que o eunuco lia o profeta Isaías. Perguntou: ‘Compreendes o que lês?’ ‘Como poderia, disse o outro, se não há quem mo explique’” (At 8,30-31).

Na Sagrada Escritura, encontramos a Palavra que Deus nos dirigiu, para nossa salvação. Desconhecê-la é, como afirma São Jerônimo, desconhecer o próprio Jesus. No entanto, escrita há vários séculos e em outra cultura, nem sempre pode ser facilmente compreendida. Valendo-se de uma exegese responsável e lendo a Escritura dentro da sagrada Tradição, a Igreja, Mãe e Mestra, nos ensina o sentido das Escrituras sagradas. É o que aqui nos propomos: baseados nos ganhos da exegese e auscultando fielmente o ensinamento da Igreja, desejamos compartilhar algo das riquezas da Escritura para que, todos juntos, possamos crescer na comunhão entre nós e com o Senhor (cf. 1Jo 1,1-3). Através da consideração sistemática dos diversos livros bíblicos e de outros pontos pertinentes, visamos possibilitar uma mais penetrante compreensão da Palavra Sagrada. A fim de que o estudo seja eficaz, sugerimos que seja utilizada uma boa tradução da Bíblia, feita a partir dos originais, e que a leitura seja acompanhada, quando necessário, de mapas bíblicos. Para compreender bem cada ponto, é necessário ir à Sagrada Escritura e ler os textos bíblicos citados em cada capítulo. Assim o leitor terá a ocasião de conhecer melhor os próprios textos. As pistas de aprofundamento que são indicadas em cada assunto visam revisar e aprofundar o conteúdo apresentado. Faz-se necessário recordar, porém, que só à luz do Espírito do Senhor poderemos abrir-nos e compreender a Palavra que sob a inspiração deste mesmo Espírito foi escrita para nós. O curso se inicia com uma Introdução Geral à Bíblia (1ª Etapa), que trata da Inspiração, do Cânon, da História do texto e da


Interpretação da Escritura. Estes primeiros passos fornecem noções fundamentais e indispensáveis para se entrar no estudo do próprio texto sagrado. Na 2ª Etapa, o estudo se concentra no Novo Testamento e, na 3ª Etapa, no Antigo Testamento. Detém-se sobre cada um dos livros bíblicos. São apontadas as características de cada um, sua localização histórica e os principais pontos de sua mensagem. Com este instrumental, a leitura bíblica poderá ser feita com mais compreensão e proveito. A 4ª Etapa apresenta a explicação, baseada em dados exegéticos, dos onze primeiros capítulos do livro do Gênesis, que tratam da criação do mundo, do ser humano, do pecado, do dilúvio e da torre de Babel. São textos importantes que, todavia, tantas vezes trazem dificuldades ao leitor, caso não tenha uma explicação adequada. A Escritura é caminho privilegiado para encontrarmos a Deus. Pois, através dela, se temos fé, entramos em contato com sua própria Palavra e, com isto, com Ele mesmo. Aprofundando-nos na mensagem da Sagrada Escritura, lida em comunhão com a Igreja, e procurando vivê-la, tornar-nos-emos então mais capazes de anunciar o evangelho de Jesus Cristo. Que nos sirvam de incentivo, nesse sentido, as palavras do Papa Bento XVI: “Quanto mais soubermos colocar-nos à disposição da Palavra divina, tanto mais poderemos constatar como o mistério do Pentecostes se está a realizar ainda hoje na Igreja de Deus. O Espírito do Senhor continua a derramar os seus dons sobre a Igreja, para que sejamos guiados para a verdade total, desvendando-nos o sentido das Escrituras e tornando-nos anunciadores credíveis da Palavra de salvação” (Bento XVI, Exortação Verbum Domini, 123). Prof.ª Dra. Maria de Lourdes Corrêa Lima Doutora em Teologia Bíblica


Índice Geral Bibliografia........................................................................................... 7 Abreviaturas....................................................................................... 12 Cronologia.......................................................................................... 14 Léxico Bíblico.................................................................................... 16 1ª ETAPA: Introdução Geral à Bíblia Noções Fundamentais Capítulo 1: Inspiração bíblica................................................ 33 Capítulo 2: Cânon Bíblico...................................................... 41 Capítulo 3: História do texto Sagrado.................................. 49 Capítulo 4: Interpretação do texto........................................ 59 2ª ETAPA: Novo Testamento Evangelhos Capítulo 5: Introdução geral..................................................69 Capítulo 6: Mateus.................................................................. 77 Capítulo 7: Marcos.................................................................. 87 Capítulo 8: Lucas....................................................................97 Capítulo 9: João..................................................................... 107 Atos dos Apóstolos Capítulo 10: Os Atos................................................................ 115 Epístolas Paulinas Capítulo 11: Pessoa e obra de São Paulo.............................. 123 Capítulo 12: As duas cartas aos Tessalonicenses.................. 131 Capítulo 13: Gálatas............................................................... 139 Capítulo 14: 1ª Coríntios........................................................ 147 Capítulo 15: 2ª Coríntios........................................................ 155 Capítulo 16: Romanos............................................................ 163 Capítulo 17: Cativeiro I – Filemon e Filipenses.................... 171 Capítulo 18: Cativeiro II – Colossenses e Efésios................. 179 Capítulo 19: Pastorais – 1/2 Timóteo, Tito.......................... 189 Capítulo 20: Hebreus.............................................................. 199

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Epístolas Católicas Capítulo 21: Tiago, 1/2/3 João..............................................207 Capítulo 22: 1/2 Pedro, Judas................................................ 215 Apocalipse Capítulo 23: O Apocalipse.....................................................225 3ª ETAPA: Antigo Testamento Pentateuco Capítulo 24: O Pentateuco.....................................................235 Livros Históricos Capítulo 25: Josué................................................................... 241 Capítulo 26: Juízes e Rute...................................................... 251 Capítulo 27: Os dois livros de Samuel................................... 261 Capítulo 28: Os dois livros dos Reis......................................269 Capítulo 29: Obra do Cronista – 1/2 Crônicas, Esdras, Neemias................................................ 279 Capítulo 30: Tobias, Judite e Ester........................................ 287 Capítulo 31: 1/2 Macabeus....................................................295 Livros Sapienciais e outros escritos Capítulo 32: O livro de Jó......................................................303 Capítulo 33: Provérbios e Eclesiastes.................................... 311 Capítulo 34: Sabedoria e Eclesiástico.................................... 319 Capítulo 35: Salmos e Cântico............................................... 327 Livros Proféticos e outros escritos Capítulo 36: Os Profetas: Isaías............................................. 337 Capítulo 37: Jeremias e Ezequiel...........................................345 Capítulo 38: Os Profetas Menores......................................... 353 Capítulo 39: Lamentações, Baruc e Daniel..........................365 4ª ETAPA: Textos Seletos A pré-história bíblica Capítulo 40: O Hexaémeron.................................................. 375 Capítulo 41: As origens do mundo e do homem.................385 Capítulo 42: A queda original...............................................393 Capítulo 43: Caim e Abel, Cainitas, Setitas e Semitas......... 401 Capítulo 44: O Dilúvio bíblico...............................................409 Capítulo 45: Os setenta Povos. Babel.................................... 417

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Bibliografia ABREGO DE LACY, J.M. Os livros proféticos. São Paulo, Ave Maria, 1998. AGUIRRE MONASTERIO, R. — RODRÍGUEZ CARMONA, A. Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos. São Paulo, Ave Maria, 1996. ALONSO SCHÖKEL, L. — SICRE DIAZ, J.L. Profetas, I-II. São Paulo, Paulus, 2004.2002. ALONSO SCHÖKEL, L. Salmos, I-II. São Paulo, Paulus, 1996. ARENHOEVEL, D. Assim se formou a Bíblia. São Paulo, Paulinas, 1978. ARTOLA, A. M. — SÁNCHEZ CARO, J.M. Bíblia e Palavra de Deus. São Paulo, Ave Maria, 1999. ASURMENDI, J. O profetismo: das origens à época moderna. São Paulo, Paulinas, 1988. AUNEAU, J. et al. Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos. São Paulo, Paulinas, 1985. BARBAGLIO, G. As Cartas de Paulo, I-II. São Paulo, Loyola, 1989.1991. BARBAGLIO, G. — FABRIS, R. — MAGGIONI, B. As Cartas Católicas. São Paulo, Loyola, 1990. BARBAGLIO, G. — FABRIS, R. — MAGGIONI, B. Os Evangelhos, I-II. São Paulo, Loyola, 1990; 1992. BARBAGLIO, G. — LANCELOTTI, A. O evangelho e a crítica moderna. Petrópolis, Vozes, 1982. BENTO XVI. Exortação pós-sinodal Verbum Domini (2010). BENTO XVI. Paulo — Os seus colaboradores e as suas comunidades. São Paulo, Paulus, 2009. BENTO XVI. Os doze apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus. São Paulo, Paulus, 2008. BORNKAMM, G. Bíblia: Novo Testamento. Introdução aos seus

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escritos no quadro da história do Cristianismo primitivo. São Paulo, Paulinas, 1981. BRIGHT, J. História de Israel. São Paulo, 1982. BROWN, R.E. As recentes descobertas e o mundo bíblico. São Paulo, 1986. BROWN, R. E. et alii. Novo comentário bíblico São Jerônimo. São Paulo, Paulus, 2007. CALDUCH-BENAGES, N. Eclesiástico. São Paulo, Paulinas, 2008. CARREZ, M. et alii. As cartas de Paulo, Tiago, Pedro e Judas. São Paulo, Paulus, 1997. CAZELLES, H. História política de Israel — desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo, 1987. CHARPENTIER, E. Dos evangelhos ao evangelho. São Paulo, Paulinas, 1980. CHARPENTIER, E. Para uma primeira leitura da Bíblia. São Paulo, Paulus, 1997. COLLINS, J.J. A imaginação apocalíptica: Uma introdução à literatura apocalíptica judaica. São Paulo, Paulus, 2010. CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática Dei Verbum (1965). COTHENET, E. Paulo, apóstolo e escritor. São Paulo, Paulinas, 1999. COTHENET, E. Os Escritos de João e a Epístola aos Hebreus. São Paulo, Paulinas, 1988. DATTLER, F. Sinopse dos quatro evangelhos. São Paulo, Paulinas, 1986. DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos, I-II. São Leopoldo — Petrópolis, ASTE - Vozes, 1997. DUPONT, J. Estudos sobre os Atos dos Apóstolos. São Paulo, Paulinas, 1974. FABRIS, R. As Cartas de Paulo, III. São Paulo, Loyola, 1992. FABRIS, R. Para ler Paulo. São Paulo, Loyola, 1996. FABRIS, R. Paulo, apóstolo dos gentios. São Paulo, Paulinas, 2001. FABRIS, R. Os Atos dos Apóstolos. São Paulo, Loyola, 1991. FITZMYER, J.A. Escritura, a alma da Teologia. São Paulo, Loyola, 1997.

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GALBIATI, E.R. — ALETTI, A. Atlas histórico da Bíblia e do Antigo Oriente. Petrópolis, Vozes, 1991. GARCÍA LÓPEZ, F.O. Pentateuco. São Paulo, Ave Maria, 2004. GARCÍA LÓPEZ, F. (org.). O Pentateuco. São Paulo, Paulinas, 1998. GILBERT, P. Os livros de Samuel e dos Reis, São Paulo, Paulinas, s/d. GONZÁLEZ ECHEGARAY, J. et alii. A Bíblia e seu contexto. São Paulo, Ave Maria, 1994. GRELOT, P. Homem, quem és? Os onze primeiros capítulos do Gênesis. São Paulo, Paulinas, 1986. GRELOT, P. Introdução à Bíblia. São Paulo, Paulinas, 1975. GRUEN, W. O tempo que se chama hoje. São Paulo, Paulus, 1997. HARRINGTON, W. J. Chave para a Bíblia. São Paulo, Paulinas, 1997. HOLZNER, J. Paulo de Tarso. São Paulo, Quadrante, 1994. KONINGS, J. A. Bíblia nas suas origens e hoje. Petrópolis, Vozes, 2000. KÜMMEL, W.G. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo, Paulinas, 1982. LÄPPLE, A. As origens da Bíblia. Petrópolis, Vozes, 19762. LÉON-DUFOUR, X. Leitura do Evangelho segundo João, I—IV. São Paulo, Loyola, 1996. LIMA, M.L.C. Igreja em missão: para uma leitura dos Atos dos Apóstolos. Rio de Janeiro, N. Senhora da Paz, 2002. LOHSE, E. Contexto e ambiente do Novo Testamento. São Paulo, Paulinas, 2000. LOHSE, E. Introdução ao Novo Testamento. São Leopoldo, Aste, 1974. MANNATI, M. Para rezar com os Salmos. São Paulo, Paulinas, 1981. MANNUCCI, V. Bíblia, Palavra de Deus. São Paulo, Paulus, 2003. MINISSALE, A. Sirácida: as raízes na tradição. São Paulo, Paulinas, 1993. MONLOUBOU, L. Os profetas do Antigo Testamento. São Paulo, Paulinas, 1986. MORGEN, M. As Epístolas de João. São Paulo, Paulinas, 1991.

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MORLA ASENSIO, V. Livros Sapienciais e outros Escritos. São Paulo, Ave Maria, 1997. MOULE, C.F.D. As origens do Novo Testamento. São Paulo, Paulinas, 1979. MURPHY — O’CONNOR, J. Paulo, biografia crítica. São Paulo, Loyola, 1996. PACOMIO, L. — VANETTI, P. Pequeno Atlas Bíblico. Aparecida, Santuário, 1996. PAUL, A. O que é intertestamento. São Paulo, Paulinas, 1981. PELLETIER, A.M. O Cântico dos Cânticos. São Paulo, Paulus,1995. PEREIRA, N.B. Sirácida ou Eclesiástico. Petrópolis, Vozes, 1992. PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA. A Interpretação da Bíblia na Igreja (1993). PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA. Instrução Sancta Mater Ecclesia (1964). PRINGENT, P. O Apocalipse. São Paulo, Loyola, 1993. RAVASI, G. Coélet. São Paulo, Paulinas, 1993. ROWLEY, H.H. A importância da literatura apocalíptica. São Paulo, Paulinas, 1980. SAULNIER, C. A Revolta dos Macabeus. São Paulo, Paulinas, 1987. SAULNIER, C. — ROLLAND, B. A Palestina no tempo de Jesus. São Paulo, Paulinas, 1983. SCHNELLE, U. Paulo — Vida e pensamento. São Paulo, Paulus, 2010. SCHREINER, J. Palavra e mensagem do Antigo Testamento. São Paulo, Paulus, 2004. SCHREINER, J. — DAUTZENBERG, G. Forma e exigências do Novo Testamento. São Paulo, Paulus-Teológica,2004. SELLIN, E. — FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento, I-II. São Paulo, Paulus, 2007. SICRE DIAZ, J. L. Introdução ao Antigo Testamento. Petrópolis, Vozes, 1995. SICRE DIAZ, J. L. Profetismo em Israel. Petrópolis, Vozes, 20022.

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SKA, J.-L., Introdução à leitura do Pentateuco. Chaves para a interpretação dos cinco primeiros livros da Bíblia. São Paulo, Loyola, 2003. TASSIN, C. O Judaísmo do exílio ao tempo de Jesus. São Paulo, Paulinas, 1988. TERRA, J.E.M. (org.). Introdução à Bíblia. São Paulo, Loyola, 1992. TERRIEN, S. Jó. São Paulo, Paulus, 1997. TREBOLLE BARRERA, J. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã. Introdução à história da Bíblia. Petrópolis, Vozes, 1995. TUÑI, J.-O. Escritos Joaninos e Cartas Católicas. São Paulo, Ave Maria, 1999. VAN DEN BORN, A. (org.). Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Petrópolis, Vozes, 1971. VANHOYE, A. A Mensagem da Epístola aos Hebreus. São Paulo, Paulinas, 1983. VANNI, U. Apocalipse. Uma assembleia litúrgica interpreta a história. São Paulo, Paulinas, 1984. VÍLCHEZ LÍNDEZ, J. Eclesiastes ou Qohélet. São Paulo, Paulus, 1999. VÍLCHEZ LÍNDEZ, J. Sabedoria. São Paulo, Paulus, 1997. VÍLCHEZ LÍNDEZ, J. Sabedoria e sábios em Israel. São Paulo, Loyola, 1999. VVAA. As Raízes da Sabedoria. São Paulo, Paulinas, 1983. VVAA. Israel e Judá: textos do Antigo Oriente Médio, São Paulo, Paulinas,1985. WEISER, A. Salmos. São Paulo, Paulus, 1994. ZENGER, E. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo, Loyola, 2003.

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Abreviaturas Bíblicas Ab Abdias Ag Ageu Am Amós Ap Apocalipse At Atos dos Apóstolos Br Baruc Cl Colossenses 1Cor 1ª carta aos Coríntios 2Cor 2ª carta aos Coríntios 1Cr 1º livro das Crônicas 2Cr 2º livro das Crônicas Ct Cântico dos Cânticos Dn Daniel Dt Deuteronômio Ecl Eclesiastes Eclo Eclesiástico Ef Efésios Esd Esdras Est Ester Ex Êxodo Ez Ezequiel Fl Filipenses Fm Filemon Gl Gálatas Gn Gênesis Hab Habacuc Hb Hebreus Is Isaías Jd Carta de S. Judas Jl Joel

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Jn Jonas Jó Jó Jo Evangelho de João 1Jo 1ª carta de S. João 2Jo 2ª carta de S. João 3Jo 3ª carta de S. João Jr Jeremias Js Josué Jt Judite Jz Juízes Lc Evangelho de Lucas Lm Lamentações Lv Levítico Mc Evangelho de Marcos 1Mc 1º livro dos Macabeus 2Mc 2º livro dos Macabeus Mq Miquéias Ml Malaquias Mt Evangelho de Mateus Na Naum Ne Neemias Nm Números Os Oséias 1Pd 1ª carta de S. Pedro 2Pd 2ª carta de S. Pedro Pr Provérbios Rm Romanos 1Rs 1º livro dos Reis 2Rs 2º livro dos Reis Rt Rute


Sb Sabedoria Sf Sofonias Sl Salmos 1Sm 1º livro de Samuel 2Sm 2º livro de Samuel Tb Tobias Tg Carta de S. Tiago

1Tm 1ª carta a Timóteo 2Tm 2ª carta a Timóteo 1Ts 1ª carta aos Tessalonicenses 2Ts 2ª carta aos Tessalonicenses Tt Tito Zc Zacarias

Observações gerais Nas citações, a vírgula separa capítulo de versículo (Ex.: Gn 3,1 = Livro do Gênesis, capítulo terceiro, versículo primeiro); o ponto e vírgula separa capítulos e livros (Ex.: Gn 5,1-7; 6,8; Ex 2,3 = Livro do Gênesis, capítulo quinto, versículos de 1 a 7; capítulo sexto, versículo oitavo; livro do Êxodo, capítulo segundo, versículo terceiro); o ponto separa os versículos não seguidos (Ex.: 2Mc 3,2.5.8 = Segundo livro dos Macabeus, capítulo terceiro, versículos 2, 5 e 8); o hífen indica sequência de capítulos ou versículos (Ex.: Jo 3-5; Mt 1,5-12,9 = Evangelho de João, capítulos terceiro ao quinto; Evangelho de Mateus, capítulo primeiro, versículo quinto ao capítulo doze, versículo nono).

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Tabela Cronológica da Historia da Salvação Esta tabela cronológica contém a espinha dorsal da história da salvação. Procure guardar na memória as suas principais datas, como você guarda as da história do Brasil (1500, 1822, 1889...). Sem o referencial à história de Israel, você mal poderá conhecer o Antigo e o Novo Testamento. Procure folhear ao máximo o texto sagrado. Consulte todas as passagens bíblicas citadas; assim você irá conhecendo o Livro Sagrado. Sem revolver muito a Bíblia, você não a penetrará. Com o tempo, você poderá fazer sua tabela cronológica própria, ampliando a que você agora tem nas mãos, acrescentando novos nomes, novas fontes, dados paralelos da história universal etc. Procure crescer, melhorar e se aperfeiçoar sempre mais.

ÉPOCA

PRINCIPAIS PERSONAGENS

A escolha gratuita A promessa

século XIX a.C.

Abraão, Isaac, Jacó

A Lei e a aliança provisórias

final do século XIII a.C.

Moisés, Josué

O início do povo na terra prometida

1200 — ±1000a.C.

Os juízes Samuel

A monarquia

±1000a.C.

Saul Davi Salomão

A divisão do Reino em Israel e Judá

931a.C.

Jeroboão I, do Norte Roboão, do Sul

ACONTECIMENTO

A criação, o pecado, a promessa de salvação

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ÉPOCA

PRINCIPAIS PERSONAGENS

A queda do Reino do Norte

722/1a.C.

Rei Oséias os assírios

A queda do Reino de Judá

587/6a.C.

Sedecias os babilônios

O exílio babilônico

587/6 — 539a.C.

profeta Ezequiel

A reconstrução do Templo

520 — 515 a.C.

A comunidade religiosa pós-exílica

do final do século VI ao século I a.C.

Esdras e Neemias os Macabeus

a plenitudedos tempos, do séc. I d.C. à consumação da história

JESUS CRISTO

ACONTECIMENTO

A nova e definitiva aliança em Jesus Cristo

A morte e ressurreição de Jesus

profetas Ageu e Zacaria Zorobabel

± 30

Conversão de São Paulo ± 36 Martírio de São Pedro e São Paulo

± 67

Queda de Jerusalém nas mãos dos romanos; 70 destruição do templo de Jerusalém

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Léxico Bíblico Na elaboração de nossas aulas, resolvemos adotar uma linguagem acessível ao grande público, mas enriquecida por vocábulos técnicos, específicos do linguajar exegético bíblico. Tais vocábulos são, por vezes, insubstituíveis; daí a necessidade de utilizá-los. Conhecê-los exigirá do estudioso certo esforço, porém, bem compensado. Eis por que publicamos, a seguir, um pequeno Vocabulário ou Léxico bíblico, que poderá valorizar a cultura bíblica de nossos leitores e servirá de instrumental para acompanhar nossas aulas. Amanuense: a pessoa que escreve quanto lhe é ditado por outrem, sem colocar algo de próprio. Ver autor. Apócrifo: em grego, apókryphos, quer dizer oculto. Tal era o livro não lido em assembleia pública de culto, mas reservado à leitura particular. Apócrifo opõe-se a canônico, pois canônico era o livro lido no culto público, porque considerado Palavra de Deus inspirada aos homens. Ver inspiração.

Apócrifo não tem necessariamente sentido pejorativo. É simplesmente o texto que, por um motivo qualquer, não era de uso público; pode conter verdades históricas, como a da Assunção corporal de Maria santíssima aos céus.

Apocalipse: do grego apokálypsis, revelação. É um gênero literário ou um modo de redigir escritos que tem as seguintes características: imagina o fim da história, por ocasião do qual o Senhor julgará os homens e restaurará a ordem violada. Esse aparecimento de Deus é assinalado por sinais no mundo, abalo da natureza, catástrofes... Tal gênero literário recorre frequentemente a símbolos e imagens, que devem ser interpretados segundo critérios objetivos ou de acordo com a mentalidade dos escritores antigos. Determinado símbolo podia significar uma coisa para os antigos e pode significar outra para os modernos. Apocalipse de São João é o nome de um apocalipse, que vem a ser 16 Curso Bíblico Mater Ecclesiae


o último livro da Bíblia. Há, entre os apócrifos, o Apocalipse de Henoque, o de Elias... Aramaico: língua dos filhos de Aram (cf. Gn 10,22), muito próxima do hebraico. Tornou-se língua diplomática ou internacional no Oriente antigo a partir do V a.C. os judeus após o exílio (587-538 a.C.) a adotaram como língua corrente, reservando o hebraico para o culto sagrado. Havia o dialeto aramaico de Jerusalém e o da Galiléia (cf. Mt 26,73). Jesus e seus discípulos falavam aramaico. Autor: a pessoa que concebe ideias ou o conteúdo de determinado escrito; é o responsável supremo pelo teor do seu livro. Tal é o caso de São Paulo em relação a 1/2 Ts, Gl, 1 Cor...

Em alguns casos na antiguidade, o autor não escrevia diretamente, mas ditava a um companheiro, que escrevia. Este era chamado escriba ou amanuense. Ver escriba.

Em outros casos, o autor não ditava, mas deixava ao companheiro a tarefa de compor e exprimir as ideias do autor. Tal companheiro então se chamava redator, pois era ele quem redigia a mensagem do autor. Há, por exemplo, quem admita que 1Tm teve como autor São Paulo e, como redator, um discípulo de Paulo.

Bíblia: a palavra vem do grego bíblos, livro. O diminutivo é bíblion, livrinho, que no plural faz bíblia, livrinhos. O diminutivo perdeu sua força própria com o passar do tempo, de modo que bíblia ficou sendo simplesmente o mesmo que livros. A Bíblia é, pois, etimologicamente falando, uma coleção de livros. Bispo: é o sacerdote que mais participa do sacerdócio de Cristo, estando colocado no grau supremo do sacramento da Ordem. Abaixo dele vêm os presbíteros e, a seguir, os diáconos.

Enquanto os Apóstolos viviam, eram eles os pastores ambulantes de toda e qualquer comunidade cristã. Em cada uma destas instituíam um colegiado de presbíteros (= anciãos, em grego), também chamados “superintendentes” ou “vigilantes” (epískopoi, em grego); cf. At 14,23; 11,30; Tt 1,5; Fl 1,1; At 20,17.28. Governavam a comunidade sob a jurisdição dos Apóstolos. Com a morte dos Apóstolos, as comunidades Curso Bíblico Mater Eccleciae 17


passaram a ser governadas por um pastor residente, escolhido dentre os presbíteros ou epíscopos (superintendentes). Esse pastor supremo local ficou exclusivamente com o nome de epíscopo (= bispo), ao passo que os membros do colegiado subalterno ficaram sendo chamados exclusivamente presbíteros (= padres, no sentido de hoje). No início do século II, isto é, nas cartas de S. Inácio de Antioquia († 107) se registra a existência do episcopado monárquico como ele é hoje. Cânon: do grego kanná, caniço. Significa medida, régua; em sentido metafórico, designa regra ou norma de vida (cf. Gl 6,16). Os antigos falavam do cânon da fé ou da verdade, para designar a doutrina revelada por Deus, que era critério para julgar qualquer doutrina humana e para nortear a vida dos cristãos. Derivadamente cânon significava também catálogo, tabela, registro; neste último sentido os cristãos passaram a falar do cânon bíblico ou da Bíblia (= catálogo dos livros bíblicos). Protocanônico é o livro que sempre pertenceu ao cânon ou catálogo. Deuterocanônico é o escrito que primeiramente foi controvertido e só depois entrou definitivamente no cânon sagrado. Próton = primeiro (da primeira hora). Déuteron = segundo (em segunda instância). Carisma: do grego chárisma, quer dizer dom em geral. Já nas epístolas de São Paulo carisma é dom para tal ou tal tipo de serviço (cf. 1Cor 12,7; 14,26-31; Ef 4,12-16). O dom das línguas, por exemplo, nada vale se não há quem as interprete para o serviço e a edificação dos ouvintes (cf. 1Cor 14,5-13). Existem os carismas da profecia, das curas, do governo, do apostolado... Mas o melhor carisma é o da caridade (agápe), que não produz espalhafato, mas tudo perdoa, tudo crê, tudo suporta (1Cor 13,7). Muitos carismas nada têm de portentoso: o de assistir aos enfermos, o de educar crianças, o de instruir os ignorantes, o de liderar um grupo... Catecúmeno: pessoa submetida à catequese ou ao ensinamento sistemático da fé cristã. Geralmente o catecumenato precedia o batismo de adultos e foi rigorosamente aplicado até o século V. O catecumenato e a catequese supunham o kérygma ou 18 Curso Bíblico Mater Ecclesiae


querigma, anúncio sumário e muito vivaz da Boa-Nova de Jesus Cristo; quem aderisse a essa mensagem breve era levado à catequese. Como exemplos de querigma, temos os discursos de S. Pedro em At 2,14-36; 3,11-26; 4,8-12; 5,29-32... Como exemplo de catequese, citem-se Mt 5—7 (o sermão da montanha), Mt 13 (as sete parábolas do Reino), Lc 15 (as três parábolas da misericórdia)... Chalom (ou shalom): palavra hebraica que significa Paz. Em hebraico, tem sentido muito mais rico do que em português: não significa apenas “ausência de guerra”, mas “bem-estar, harmonia do homem com Deus, com a natureza e consigo mesmo”. Os profetas bíblicos tinham consciência do pecado e da desordem do mundo; em consequência anunciavam a Paz; esta seria o grande dom do Messias (cf. Mq 5,4; Is 9,5s). No Novo Testamento, diz São Paulo que Cristo é a nossa Paz; Ele fez de dois povos (judeus e pagãos) um só povo ou um só corpo (cf. Ef 2,14-22). Por isto Cristo, vitorioso sobre a morte após a ressurreição, deixou aos Apóstolos a sua paz, junto com o dom do Espírito Santo e o poder de perdoar os pecados (cf. Jo 20,19-23); são estes que se opõem à paz dos homens com Deus e entre si. Temos que tornar realidade crescente essa paz de Cristo na terra: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). O nome da cidade “Jerusalém”, símbolo da bem-aventurança final (cf. Ap 21,9-27), é interpretado como “Visão da Paz”. Cheol (ou xeol): os judeus chamavam cheol um lugar subterrâneo, por eles imaginado, onde estariam, inconscientes ou adormecidos, todos os indivíduos humanos após a morte. A terra era tida como mesa plana, debaixo da qual se encontraria a “mansão dos mortos”; esta em grego era chamada Hades; em latim, inferni (da preposição infra, que significa abaixo; donde inferni = inferiores lugares).

Em consequência, os antigos judeus não podiam admitir retribuição póstuma nem para os homens bons nem para os infiéis, pois todos se achavam inconscientes; ver, por exemplo, Jó 14,21s; 21,21; Is 14,10; 38,18; 63,18; Sl 6,6; 29/30,10... A justiça divina, segundo tal concepção, devia exercer-se no Curso Bíblico Mater Eccleciae 19


decorrer mesmo da vida presente; os homens fiéis seriam recompensados com saúde, vida longa, dinheiro..., ao passo que os pecadores sofreriam doenças, morte prematura, miséria...

Com o tempo, as concepções antropológicas dos judeus foramse esclarecendo, de modo que já no século II a.C. admitiam a ressurreição dos mortos e a retribuição final para bons e maus depois da morte. Ver Dn 12,2s: “Muitos dos que dormem no solo poeirento acordarão, uns para a vida eterna, e outros para o opróbrio, para o horror eterno. Os sábios resplandecerão como o esplendor do firmamento; e os que tornaram justos a muitos, como as estrelas por toda a eternidade refulgirão” (cf. 2Mc 7,9.11.14).

No tempo de Jesus, os judeus já admitiam sorte póstuma diferente para os bons e os maus; veja-se, por exemplo, a parábola do ricaço e do pobre Lázaro, em Lc 16,19-31, onde aparece a separação de uns e outros. Na terminologia cristã latina, a palavra inferno ficou reservada para designar a sorte póstuma dos réprobos. Todavia a topografia do além, supondo terra plana e compartimentos subterrâneos para bons e maus, está superada. A fé cristã professa a realidade da vida póstuma ou a subsistência da alma humana após a morte, mas não pode indicar lugar determinado para o céu e o inferno (o que não esvazia em absoluto os conceitos respectivos).

Circuncisão: ablação ou retirada do prepúcio feita com um cutelo de pedra (cf. Js 5,3). Originariamente, fora de Israel, era um rito de integração do menino no clã e de iniciação ao matrimônio. A Bíblia nos diz que, com Abraão, a circuncisão veio a ser o sinal da aliança do israelita com o Senhor. Através dos tempos, os Profetas insistiam na espiritualização da circuncisão, que deveria coincidir com a conversão do coração (cf. Jr 4,4; 6,16; Dt 10,16; 30,6). Concílio: é uma reunião de pastores da Igreja ou de rabinos da Sinagoga, destinada a tratar de assuntos doutrinários ou disciplinares. Pode ser regional (ou local) se congrega apenas os responsáveis de uma determinada região. É ecumênico (ou universal) quando reúne os bispos do mundo inteiro. Diz-se que

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o primeiro Concílio da história da Igreja foi o de Jerusalém (At 15), embora só uma minoria dos Apóstolos tenha lá comparecido; no ano de 49, vários dos Apóstolos já se tinham dispersado para pregar o Evangelho. Epíscopo: ver bispo. Escatologia: é a doutrina referente ao éschaton ou aos últimos acontecimentos ou ainda à consumação da história. Esta pode ser coletiva (a consumação da história da humanidade ou o fim do mundo), como pode ser individual (a consumação da história terrestre ou da peregrinação de determinada pessoa). Escatológico é o que se refere aos últimos acontecimentos. Perspectiva escatológica, por exemplo, na visão cristã, é a consideração dos fatos presentes à luz da eternidade ou da consumação para a qual tendem. Bens escatológicos são os bens definitivos já presentes em meio ao tempo. Escriba: entre os cristãos, é o amanuense, que escreve quanto lhe é ditado; tal foi o caso de Tércio (cf. Rm 16,22). Entre os judeus, os escribas eram aqueles que, desde o tempo de Esdras (século V a.C.), eram entendidos nas coisas da Lei; por isto eram também chamados “legisperitos” ou “doutores da Lei” (cf. Lc 5,17; Mt 22,35). Os escribas tiveram grande influência sobre a vida do povo judeu. Exegese: do grego exégesis, explicação, explanação. É a arte de expor ou explicar o sentido de determinado texto, especialmente da Bíblia; para ser rigorosamente conduzida, requer o estudo de línguas, história, arqueologia... orientais. Segundo S. João (Jo 1,18), Jesus é o Grande Exegeta do Pai, pois Ele nos revelou (exegésato) o Pai. Exegeta é a pessoa que cultiva a exegese. Geena: vem de ge-hinnom, em aramaico. Nos arredores de Jerusalém havia um vale (ge’, em hebraico) pertencente aos filhos de Hinnom (ben-hinnom), donde ge’-ben-hinnom ou ge’hinnom, em hebraico. Nesse vale se sacrificavam crianças ao deus Moloc, da Babilônia (cf . 2Rs 16,3; 21,6; Jr 32,35). Depois do exílio (587-538 a.C.), os judeus lá queimavam seu lixo. Por

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isto, o ge’-hinnom ou a ge’-hinnam era um lugar de fogo. Jesus se serviu do vocábulo para designar a sorte póstuma dos que renegam a Deus; cf. Mc 9,43.45.47. Gênero literário: conjunto de normas de estilo e de vocabulário que regem a explanação de determinado assunto. Assim os textos de leis têm seu expressionismo e seu estilo próprio (claro e conciso); ao contrário, uma poesia de amor tem outro expressionismo (metafórico e reticente); uma carta familiar difere, por seu linguajar, de uma carta comercial... — Como há gêneros literários na linguagem moderna, há-os também na linguagem bíblica; a consciência disto tornou-se clara aos cristãos a partir de fins do século XIX; em consequência, hoje, quando o leitor está para abordar o texto bíblico, deve informarse a respeito do respectivo gênero literário (será um poema didático?... história edificante?... história estrita?... parábola?...). Cada gênero literário, tendo suas regras de expressão próprias, tem também suas regras de interpretação particulares, de modo que não se pode entender um texto de leis como se entende uma poesia ou uma parábola.

A definição do gênero literário de determinado texto não se pode fazer arbitrariamente, mas deve obedecer a critérios científicos (exame das características do texto).

Hagiógrafo: autor sagrado ou autor de algum escrito bíblico. Um só livro pode ter mais de um autor ou hagiógrafo. Hermenêutica: arte de interpretar (hermeneúein, em grego). Interpretar é procurar compreender e explicar — o que tem de ser feito segundo critérios objetivos e não conforme opiniões ou pareceres subjetivos. Embora a Bíblia seja Palavra de Deus, que tem eficácia santificadora própria, ela é a Palavra de Deus encarnada na palavra do homem; por isto precisa de ser entendida primeiramente com o instrumental das ciências históricas e linguísticas para se perceber o sentido da roupagem que a Palavra de Deus quis assumir. Só depois de depreender o que o autor sagrado tinha em vista exprimir com sua linguagem, é possível passar para o plano da fé e da teologia. Inferno: do latim infernus, adjetivo que vem de infra, abaixo. Inferno 22 Curso Bíblico Mater Ecclesiae


seria a região inferior, colocada debaixo da superfície da terra. Significaria o cheol dos judeus antigos. Na linguagem cristã, feita abstração de topografia ou de geografia do além, inferno significa o estado póstumo dos que renegaram consciente e voluntariamente a Deus. Inspiração bíblica: distingue-se da inspiração no sentido usual da palavra, pois não é ditado mecânico nem é comunicação de ideias que o homem ignorava. Inspiração bíblica é a iluminação da mente de um escritor para que, sob a luz de Deus, possa escrever, com as noções religiosas e profanas que possui, um livro portador de autêntica mensagem divina ou um livro que transmite fielmente o pensamento de Deus revestido de linguajar humano.

A finalidade da inspiração bíblica é religiosa e não da ordem das ciências naturais.

Toda a Bíblia é inspirada de ponta a ponta, em qualquer de suas partes.

Certas passagens bíblicas, além de inspiradas, são também portadoras de revelação sobrenatural ou da comunicação de doutrinas que o autor sagrado não conhecia através da sua cultura (Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, chamou-nos para o consórcio da sua vida, mandou-nos o Filho como Redentor, etc.).

A distinção entre inspiração bíblica e revelação sobrenatural de verdades se faz muito clara no livro de Jó. Este trata do sofrimento do homem justo; por que é abatido pela doença? O autor sagrado só tinha noção do cheol; ignorava a retribuição póstuma; Deus não lhe quis revelar a vida póstuma consciente; mas quis inspirá-lo para escrever o livro de Jó. Isto quer dizer que o autor procurou dentro dos limites da vida presente uma resposta para a questão do sofrimento dos justos. Não a encontrou, porque só se elucida à luz da ressurreição e da vida póstuma, consciente. Em consequência, o hagiógrafo apenas pôde dizer que o sofrimento nem sempre supõe pecados pessoais, como se fosse um castigo (o que já era um progresso na mentalidade de Israel); quanto ao mais, terminou pedindo o Curso Bíblico Mater Eccleciae 23


silêncio do homem diante do mistério da dor; é certo que Deus é mais sábio do que o homem e não se engana, mas o homem não é capaz de abarcar os desígnios de Deus. Esta conclusão é plenamente válida, é digna de um livro inspirado; mas não contém a revelação da ressurreição dos mortos e da vida póstuma consciente, que só mais tarde teria lugar em Israel. Por último, Jesus nos revelou que o sofrimento, aceito em união com Ele, é Páscoa ou passagem para a ressurreição e a glória definitiva.

Algo de semelhante se deu com o livro do Eclesiastes. É inspirado de ponta a ponta, mas não traz a revelação da vida póstuma consciente, sem a qual é impossível debater o problema da felicidade, que o hagiógrafo encara. Não obstante, a conclusão do livro é verídica não só para um judeu, mas para um leitor cristão (cf. Ecl 12,13s). Ver revelação.

Javé: é o nome com o qual Deus se revela a Moisés em Ex 3,14s. Pode ser interpretado de várias maneiras: a tradição dos judeus de Alexandria, muito dados a especulações filosóficas, traduziu Javé para o grego por ho on, Aquele que é; queriam indicar assim o Absoluto ou o Transcendente de Deus. Todavia parece que, segundo a concepção dos judeus da Palestina, menos propensos a elevações filosóficas, o nome Javé significa Aquele que é fiel, que acompanha o seu povo e lhe está sempre presente. Por santo temor, os judeus paulatinamente deixaram de pronunciar este Nome e o substituíram por outros: “Altíssimo”, “Céus”, sendo o mais utilizado o nome de Senhor (em grego: Kýrios). Lei: na linguagem paulina designa frequentemente a Torá ou a Lei de Moisés de modo que, quando o Apóstolo censura a Lei (cf. Gl 2,6; 3,10.19), tem em vista não qualquer lei nem a boa ordem pública, mas a Lei de Moisés, que era um provisório preparativo da vinda do Cristo. Messias: vocábulo hebraico que significa Ungido; foi traduzido para o grego por Christós. Eram ungidos os reis de Israel (cf. 1Sm 10,1; 16,13; 2Sm 2,4...), que por isto traziam o nome de “Ungidos do Senhor”. A unção significa relação particular entre o Senhor Deus e o ungido, que assim era revestido de

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autoridade especial e inviolável (cf. 1Sm 24,7; 26,9.11...). Ungidos eram também os sacerdotes em Israel (cf. Ex 28,41; Lv 10,7; Nm 3,3). Aos profetas se aplicava uma unção não em sentido próprio, mas em sentido metafórico (cf. 1Rs 19,19; 2Rs 2,9-15). — Visto que o Salvador prometido desde Gn 3,15 seria Rei, filho de Davi (cf. 2Sm 7,12-16), Sacerdote (cf. Hb 7,1-25; Gn 14,17-20) e Profeta, o título de Ungido lhe foi atribuído na literatura judaica e nos escritos do Novo Testamento (cf. Jo 1,41; 4,25). Jesus foi ungido com o Espírito Santo e com poder (cf. At 10,38); Ele mesmo aplicou a Si o texto de Is 61,1, apresentando-se como o Ungido que veio anunciar aos povos a Boa-Nova (cf. Lc 4,18-21).

Com o tempo, a palavra Ungido, que era um adjetivo próprio para significar uma função, tornou-se nome próprio, justaposto a Jesus; donde Jesus Cristo, e não Jesus o Cristo.

Midraxe (ou midrash): é uma narração baseada na tradição judaica, ornamentada pelo autor sagrado para servir à instrução teológica e à edificação dos seus leitores. O autor conta o fato de modo a pôr em relevo o valor ou o significado religioso desse fato. A sua intenção não é estritamente a de um cronista, mas a de um catequista ou teólogo. Como exemplo, citemos o caso do maná: em Nm 11,4-9 é apresentado como alimento insípido e pouco atraente; mas em Sb 16,20s é tido como cheio de sabor, adaptando-se ao paladar dos que comiam. Parece haver contradição; na verdade não há: o autor de Nm apresenta o dado mais na linha de cronista, ao passo que o de Sb nos apresenta o sentido teológico do maná num midraxe: o maná era pão delicioso não por seu paladar, mas porque era o penhor da entrada do povo na Terra Prometida; visto no contexto da história da salvação, o maná foi delicioso. Parábola: história fictícia que serve para ilustrar uma verdade teológica. É, pois, uma longa comparação; caracteriza-se pelas fórmulas “O reino dos céus é semelhante..., é como...”. A parábola nunca aconteceu. Deve-se interpretar a parábola procurando a linha-mestra do seu ensinamento e transpondo tal mensagem para o plano da fé. Assim em Lc 15,11-32 a

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bondade do pai para com o filho pródigo ilustra a misericórdia de Deus para com os pecadores; em Lc 10,30-37 a solicitude caridosa do bom samaritano ilustra a maneira como devemos tratar o próximo, qualquer que seja a sua condição humana ou social.

A alegoria é também uma série de comparações. Mas, diferentemente da parábola, importa não só a mensagem global, mas também os detalhes podem apontar para elementos particulares importantes. Na alegoria os pormenores da imagem podem ser aplicados ao plano transcendental com mais rigor do que na parábola (esta geralmente fala apenas por seu fio condutor): assim, nos ditos sobre o bom pastor (Jo 10), importa considerar o bom pastor, o mercenário, os que ouvem a voz, os que não ouvem...; na alegoria da videira e dos ramos (Jo 15), tem sentido particular a videira, os ramos, o ramo cortado, o ramo podado...

Parusia: visita que o Imperador Romano fazia às cidades do Império; tal aparição do Imperador era sempre ocasião de alegria festiva. — Ora, os cristãos assumiram este vocábulo para designar a segunda vinda de Cristo ao mundo a fim de consumar a história; Ele virá como Senhor, Kýrios, Imperador a fim de julgar o mundo e restaurar plenamente a ordem. Presbítero: ver Bispo. Promessa: no vocábulo paulino, é a promessa feita por Deus a Abraão, de que sua posteridade seria numerosa e por ela todos os povos receberiam a bênção (= o Messias) (cf. Gl 3,16.18). Tal promessa se cumpriu em Cristo (cf. 2Cor 1,20). Querigma: ver catecúmeno. Revelação: a Bíblia nos dá a saber que Deus falou aos homens comunicando-lhes o mistério da sua vida trinitária e o seu desígnio de salvação, centrado em Cristo Jesus. Nunca os homens chegariam por si a conhecer tais verdades. Por isto o Judaísmo e o Cristianismo são religiões reveladas.

A Bíblia contém a revelação de Deus aos homens, mas nem todas as páginas da Bíblia, embora inspiradas, comunicam

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doutrinas por si mesmas inatingíveis à razão humana. O livro dos Provérbios, por exemplo, ensina: “Vai ter com a formiga, preguiçoso, observa seus caminhos e sê sábio” (Pr 6,6). A este pensamento se pode chegar já pelo bom senso. Sendo Deus o Criador de tudo — também da razão humana —, por estar presente na Escritura tal ensinamento é confirmado. Salmos (numeração): O texto hebraico (M) e o dos LXX e da Vulgata latina contêm 150 salmos, mas o modo de numerá-los é diverso, como se pode ver na seguinte tabela:

Texto hebraico (M)

LXX e Vulgata

1-8

1-8

9-10

9

11-113 10-112 114-115

113

116, 1-9

114

116, 10-19

115

117-146 116-145

147, 1-11

146

147, 12-20

147

148-150 148-150

As razões da diversidade de numeração são históricas e de pouca monta.

Em nossas aulas indicaremos sempre as duas numerações de cada salmo, quando as houver; a anterior será a da Vulgata e a posterior a do texto hebraico.

Satã ou Satanás: termo hebraico que significa “adversário”. Satã podia ser o indivíduo que diante de um tribunal exercesse o papel de acusador (cf. Sl 108,6). Tal vocábulo, aos poucos a partir do século V a.C., foi reservado a um anjo que Deus criou bom, mas que se perverteu pelo pecado e se tornou adversário ou tentador do gênero humano (cf. Jó 1,6-2,7; 1Cr 21,1). Foi identificado com a serpente de Gn 3,1 (cf. Sb 2,24). Portanto

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Satã não é uma figura mitológica nem é a realidade neutra do Mal, mas é uma criatura inteligente, incorpórea, que o Criador fez para a sua glória e que se afastou livremente de Deus; atualmente recebe do Senhor autorização para provar os homens, dando-lhes ocasião de acrisolar e corroborar a sua fidelidade a Deus (cf. Rm 16,20; Ef 6,16; 1Pd 5,8). Com Satã muitos outros anjos se perverteram pelo pecado e são atualmente chamados “anjos maus” ou “demônios”. Estes estão subordinados a Deus (cf. Ap 12,7-17). S. Agostinho nos diz que Satã é um cão acorrentado, que pode latir fortemente, mas só consegue morder a quem se lhe chega perto ou a quem se lhe entrega. Semitas: segundo as tradições bíblicas, são os descendentes de Sem, filho de Noé (cf. Gn 10,22-30). Correspondem a diversos povos, entre os quais o hebreu ou israelita, o assírio, o babilônico, o etíope, o fenício, o púnico, o moabítico, o aramaico. Sínodo: congresso de rabinos ou de bispos. Tenha-se em vista o Sínodo de Jâmnia ou Jabnes, no qual os rabinos, por volta de 100 d.C., discutiram questões referentes à condução da comunidade judaica. — Tenha-se em vista também o Sínodo de Trulos II (Constantinopla), que em 692 no Oriente definiu o cânon bíblico, incluindo os sete livros deuterocanônicos rejeitados pelos judeus. Teofania: etimologicamente, manifestação de Deus, em grego. Ocorre, por exemplo, na sarça ardente em favor de Moisés (cf. Ex 3,2), no final do livro de Jó (cf. 38,1-42,6), antes da Paixão de Jesus (cf. Jo 12,27-30). Testamento: A Bíblia consta de dois Testamentos: o Antigo e o Novo. A razão desta divisão e nomenclatura é a seguinte: Os judeus, movidos pelo próprio Deus, muitas vezes designavam as suas relações com Deus como sendo uma Berith (= aliança); por isto falavam dos livros da Aliança. Todavia, nos séculos III/II a.C., quando se fez a versão da Bíblia hebraica para o grego em Alexandria, os intérpretes traduziram Berith por diathéke (= disposição); queriam desta maneira ressalvar a unicidade e soberania de Deus; na verdade, quem faz Aliança

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