De Saulo a Paulo, A Saga do Maior Milagre de Jesus
Edson Monteiro
De Saulo a Paulo, A Saga do Maior Milagre de Jesus “um ensaio histórico-bíblico sobre Paulo de Tarso, o Apóstolo dos Gentios”
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Editor: João Baptista Pinto Projeto gráfico e capa: Rian Narcizo Mariano Ilustação dos mapas: Do autor Revisão: Pedro Paulo Duran
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M774s Monteiro, Edson, 1940De Saulo a Paulo, a saga do maior milagre de Jesus: um ensaio histórico-bíblico sobre Paulo de Tarso, Apóstolo dos Gentios / Edson Monteiro. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2014. il. ; 23 cm. Inclui bibliografia ISBN 9788577852468 1. Paulo, Apóstolo, Santo - Influência. 2. Bíblia, N. T. Epístolas de Paulo - Crítica e interpretação, etc. I. Título. 14-09597
CDD: 227.06 CDU: 227
Letra Capital Editora Tels: 21. 3553-2236 | 2215-3781 www.letracapital.com.br
Este ensaio ĂŠ dedicado aos jovens recĂŠm-convertidos ao Cristianismo, para que possam, num exercĂcio coloquial, conhecer e entender a vida daquele homem transformado diretamente por Jesus para propagar, aos quatro cantos da terra, a mensagem de amor trazida pelo Mestre Nazareno a todos os homens.
PLANO DA OBRA Este ensaio está dividido em duas partes. Em cada uma delas, no seu respectivo fechamento, são apresentadas Observações e Referências Bibliográficas anotadas no desenrolar do conteúdo. No encerramento do trabalho, a guisa de complemento auxiliar, é apresentado em apêndice um Vocabulário (ordem alfabética) das palavras e expressões que tenham sido grifadas em itálico no corpo do texto.
MINHA GRATIDÃO Sou grato ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o nosso Deus, ao seu Filho unigênito, Jesus, e ao Espírito Santo, trindade santa da qual creio ter-me vindo motivação para esta despretensiosa escrita. Agradeço também aos irmãos e irmãs de fé que tanto me incentivam na produção desses trabalhos disseminadores da Verdade Cristã, especialmente a Mauro Barata e Fernando Ribeiro, meus professores das Cartas do Novo Testamento nas inesquecíveis aulas do Estudo Bíblico Dominical da Igreja Missionária Evangélica Maranata, que foram fundamentais ao meu entendimento inicial sobre o Paulo Apóstolo de Jesus, enfoque deste trabalho. Finalmente, à minha assistente Quezia de Oliveira, ao sempre atento Rian Narcizo Mariano, ao meu editor João Baptista Pinto, sem cujas dedicações e competências ter-me-ia sido impossível dar este passo biográfico sobre aquele abençoado propagador da Verdade Cristã.
Sumário Primeira Parte – SAULO DE TARSO Nos tempos que antecederam ao Maior Milagre de Jesus Capítulo 1 – Introdução...................................................... 13 Capítulo 2 – Abordando o contexto bem mais remoto..... 17 Primórdios das dominações......................................... 17 O menino e o rapaz Saulo de Tarso............................ 21 Diferentes visões sobre as origens de Saulo............... 26 Registros históricos relevantes, tratáveis antes de Saulo partir para Jerusalém........... 31 Capítulo 3 – O Saulo juvenil............................................... 35 Especulações coerentes com o contexto..................... 35 Capítulo 4 – Saulo já adulto, antes do grande milagre..... 43 A realidade contextual do jovem adulto..................... 43 Um rigoroso acerto de datas ...................................... 43 A realidade judaica no período visto acima............... 46 Surge Saulo no relato bíblico pela primeira vez......... 51 Observações e referências bibliográficas da primeira parte do ensaio (até o capítulo 4).................. 61 Segunda Parte – PAULO O Apóstolo dos Gentios Capítulo 5 – O soberano Deus........................................... 65 O limite do livre arbítrio e o poder transformador e surpreendente de Deus............................................. 65
O episódio da conversão, o grande milagre............... 69 Capítulo 6 – A nova vida com Jesus................................... 73 Convivendo com os novos irmãos em Cristo............. 73 De Damasco para Jerusalém e para Tarso.................. 76 A Primeira Viagem Missionária................................... 79 O advento do viés pedagógico de Paulo..................... 88 A Segunda Viagem Missionária................................... 94 A primeira Carta aos Tessalonicenses........................ 101 Capítulo 7 – Aspectos históricos subjacentes ao contexto vital de Paulo................................................... 105 A “Lex Porcia” romana................................................. 105 O “Acaba com ele”........................................................ 107 Da conspiração para matá-lo ao encontro com Agripa.............................................. 111 Capítulo 8 – Os passos derradeiros de Paulo.................... 117 Revendo, no geral, o que antecedeu à Quarta Viagem........................................................... 117 A Viagem para Roma................................................... 121 Capítulo 9 – O legado epistolar de Paulo.......................... 127 Menções introdutórias ................................................ 127 A classificação das Cartas de Paulo, adotada nesse ensaio.................................................... 131 Capítulo 10 – Epílogo......................................................... 135 Observações e referências bibliográficas da segunda parte do ensaio (capítulos 5 a 10)................... 147 Vocabulário das palavras e frases grifadas em itálico ao longo do conteúdo do ensaio....................... 149
Primeira Parte
SAULO DE TARSO Nos tempos que antecederam ao Maior Milagre de Jesus
Capítulo 1 Introdução
Prezada leitora, prezado leitor,
E
sta é a história de um menino (Primeira Parte) e de um homem (Segunda Parte), uma mesma pessoa, em dois períodos distintos de sua vida. Cada um deles foi vivido por ele intensamente. Menino ou homem, sempre um ser determinado. Quando criança, nascido em lar judeu, provavelmente na cidade de Tarso¹ nos primeiros anos do Século I, já trazia a perspectiva de que iria viver sob o atributo da mais intensa formação religiosa, o que se traduz como o mais rigoroso respeito às leis hebraicas. Sua provável cidade natal estava localizada na Turquia atual, então já sob domínio romano. Formação judaica e fundamento político-governamental romano formaram o conjunto que delineou sua infância, sua adolescência e sua juventude. Já como homem de pouco mais de vinte anos, e até o fim da vida, foi considerado, alternativamente, um louco, um traidor, um intruso, um teimoso, um obstinado rebelde defensor de ideias incompatíveis com o senso judeu comum vigente. Morreu sexagenário², provavelmente supliciado pelo poder da época – aquele mesmo poder romano –, inabalável na entrega à fé que herdou de um episódio surpreendente do qual foi protagonista cerca de pouco mais de quatro décadas antes do suplício derradeiro, fundamental na transição histórica de sua vida. Considerarei mais longamente sobre o fim da sua saga na Segunda Parte do trabalho. Nascido, ganhou o nome de Sha’ul (em aramaico) ou De Saulo a Paulo, A Saga do Maior Milagre de Jesus | 13
Saul (“o que se pediu em oração”), Saulos (em grego). Tornar-se-á Paulus (um sobrenome romano), que ele próprio adotará como seu pré-nome. O significado de Paulus (equivalente a Paulo) é “pequeno”, “curto”, do que se presume, a princípio, ter sido ele um homem de baixa estatura. Assim, confirmada a presunção, o homem cuja história agora abordo, teria optado por ser chamado “o pequeno Saul”, Paulos Saulos de Tarsós (grego), embora haja referências que indicam outra motivação3. Há centenas, quem sabe milhares de registros literários de toda a ordem sobre sua figura. Inequivocamente, posso dizer que com ele foi instituído, de forma efetiva, quase plena, o cristianismo missionário, mormente pela sua aproximação junto aos gentios, mas também pela escrita motivadora e instrucional de suas Cartas, ou ainda – talvez principalmente – pela entrega sem condicionantes e com sacrifício da própria vida, já no caminho de seus quase trinta anos, à propagação do evangelho de Jesus Cristo em grande parte do mundo da época. Diante de tantos registros, dispensável seria, portanto, que eu me dispusesse agora a escrever sobre ele. Porém, quem sabe por vontade de Deus, fui tomado a estudar sobre sua vida, a saga do incomparável apóstolo dos princípios cristãos e colocar as minhas observações em linguagem objetiva para conhecimento de meu leitor e de minha leitora, principalmente os mais jovens. Refiro-me aqui, àqueles cuja existência ainda não lhes tenha dado tanto tempo para ler e aprender sobre o chamado apóstolo dos gentios, cujas biografias, algumas clássicas pela origem teológica, compreendem obras de não menos que quatrocentas a oitocentas páginas cada uma, longas e pesadas diante da preferência dos leitores de menos idade, dessa velocíssima época que, por ora, passa o mundo secular. Se Deus assim quis – o que suponho, humildemente – cabe-me obedecê-Lo e pedir Sua bênção, em nome de Jesus, 14 | Edson Monteiro
para o cumprimento de mais uma etapa desse meu singelo ministério. É assim que recebo essa intensa obstinação à escrita sobre a vida daquele homem decidido, no qual entendo ter Jesus realizado o maior de Seus milagres, o que procurarei justificar na plenitude desse meu trabalho. A referência básica das minhas considerações é o Novo Testamento Bíblico, acompanhado do Antigo – onde couber –, mais os tantos fatos históricos registrados, suas interpretações ao longo do tempo e os pareceres exegéticos de tantos intelectuais estudiosos da Palavra de Deus. Tudo isto acrescido de eventuais ilações que eu, no estilo ensaísta que costumo adotar nos meus trabalhos, julgue conveniente introduzir. Aliás, valendo-me da oportunidade dada pela menção ao estilo ensaísta – prática literária à qual reservo fidelidade –, aproveito para dizer que penso que a simples leitura de quem lê não basta ao propósito de quem tenha escrito; o ensaio – desde as primeiras lições de Montaigne4 – sempre abre ao leitor a perspectiva de exercitar a sua própria interpretação crítica. Por isto, resulta recomendável a quem lê – senão essencial – o exercício do pensamento, a reflexão profunda, que representa – no papel do leitor parceiro da obra – a liberdade do espírito, não apenas a dinâmica da razão. Lembro-me de que, em trabalho remoto5, declarei que costumo ler, sempre que possível, ouvindo música, um bálsamo para quem pretende penetrar sem reservas o ambiente da mensagem do autor – principalmente se este for um escritor ensaísta – e daí, ao seu próprio “ jeito de ver a coisa”. Consta de alguns almanaques difundidos nestes tempos de “internet”, que o filósofo Voltaire, um escritor também dos ensaios, detestava ouvir qualquer coisa enquanto escrevia. Ele teria dito que a música era apenas um ruído harmônico, mas um ruído, enfim e, portanto, indesejável nas ocasiões da sua escrita. Comigo,
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– que não chego a ser filósofo – a boa música ajuda, e muito! Para facilitar a leitura presente e até contribuir com a fixação de fatos e notas convenientes à melhor avaliação do conteúdo aqui exposto e discutido, reproduzirei, no imediato da escrita, os textos bíblicos ou históricos, em lugar de apenas mencioná-los na referência respectiva. Isso não impedirá eventuais complementações nem tenciona sugerir ao leitor a substituição da leitura nas respectivas origens, principalmente no que tange aos textos bíblicos. Sempre convém acessá-los, não apenas para abordar a íntegra da Palavra de Deus, mas também para experimentar com mais liberdade e autoridade uma reflexão pessoal. O que desejo é tornar a leitura mais fluida, dispensando assim a interrupção do pensamento ao leitor atento, evitando dificuldades de atenção na busca da íntegra dos textos referenciados, o que sempre poderá vir a ser feito noutro instante. Estou convicto de que essa minha revelação constitui um procedimento ético, uma confissão de minha honestidade de estilo. Convido-os assim à história do menino Saul, o Saulo de Tarso, o Paulo Saulo de Tarso, o missionário que levou o evangelho de Jesus a todos os homens, aos judeus, aos gregos, aos romanos e a muitos outros seres humanos de grande parte deste mundo globalizado. Sobre Tarso, bem simplificadamente, basta dizer por ora que era a capital da Cilícia, uma ampla região intercontinental que é a Turquia dos dias de hoje. E para que a leitora e o leitor iniciem o seu posicionamento físico e temporal dessa história, vou tomar o contexto próximo do ano 547 a.C., porque nele floresceram importantes regiões daquelas mesmas plagas cilicianas como, por exemplo, Éfeso, Mileto, Esmirna e Bizâncio, todas colonizadas pelos Gregos Eólios e Jônios, desde o ano de 1200 a.C., lugares marcantes nas incidências referentes ao protagonista dessa história. Começo daqui o passeio pela vida deste Saul.
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