EU ME LIVRO
Mao Leão / Samanta Obadia
EU ME LIVRO
da prisão das drogas até o fim 2ª Edição
Copyright© Samanta Obadia, 2011 Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem a autorização prévia por escrito da autora, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou qualquer outro.
2ª Edição - 2013 Projeto Editorial Lúcia Stela de Moura Gonçalves Revisão Sônia Ramos Capa David Lago Obadia, Digi2 Projeto Gráfico | Diagramação Francisco Macedo CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
O12e Obadia, Samanta, 1967Eu me livro: da prisão das drogas até o fim / Mao Leão e Samanta Obadia; [escrito por] Samanta Obadia. - Rio de Janeiro: Letra Capital, 2011. 96p.; 14x21cm ISBN 978-85-7785-101-0 1. Leão, Mao. 2. Toxicômanos. 3. Drogas e juventude. 3. Toxicômanos Relação com a família. I. Título. 11-2789.
CDD: 362.292 CDU: 613.83
17.05.11
19.05.11 Vendas: Tel. (21) 9992-7169 E-mail: samantaobadia@gmail.com Site: www.eumelivro.com.br Letra Capital Editora Telefax: (21) 2224-7071 / 2215-3781 letracapital@letracapital.com.br
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Dedico este livro a minha mãe, pela dor que guarda amorosamente nos pequenos pedaços partidos de seu imenso coração.
C
erto dia, em um colégio do Rio de Janeiro, em agosto de 2012, antes de palestrar sobre este livro, senti grande tristeza e pensei em parar de divulgar este trabalho, tamanha minha dor. Todavia, após discursar para um grupo de alunos, uma linda menina aproximou-se de mim e entregou-me um bilhete, pedindo-me para lê-lo somente quando eu chegasse em casa. Assim o fiz. O bilhete: “Sou sensitiva e só escrevo aqui o que não terei fôlego para lhe dizer. Eu acho incrível o seu trabalho e tenho fé de que irá ajudar muitas pessoas ainda. Mas você não pode se sentir culpada. Seu irmão está feliz e lhe é grato por tudo isso. Só de ver o apelido dele na capa do livro, ele ri. Eu o ouvi sussurrar no meu ouvido: – Diga que eu estou bem. E obrigada por comprar o meu livro. Você e sua família sempre serão especiais e ele nunca quis causar algum mal a vocês. Ele realmente era inseguro, mas agora isso mudou porque tudo está muito mais claro. Continue firme e forte, Sassá! Com carinho, Biia”
SUMÁRIO
11 — Agradecimentos 13 — Apresentação 17 — Desabafo 23 — Buscando a vida, o dia-a-dia sem drogas 24 – ”Só por hoje” 25 – A aceitação e a Reflexão 29 – A vida antes das drogas 37 – Como pedir ajuda e como ser ajudado? 38 – Conquista e retorno 40 – O fim do reinado das drogas 42 – A família, os amigos e a sociedade 48 – O pensamento e a vigilância 49 – O adeus às drogas 51 – O renascimento da vida 52 – A descoberta do caminho 53 – Pensamentos
55 — ...desabafando 57 — Cartas enviadas 61 — ...ainda em desabafo 67 — Carta para minha irmã 69 — ... fim do desabafo 73 — Família em choque 75 — A droga venceu. Venceu? 79 — Cartas recebidas (pós-morte) 85 — Drogas legais?! 89 — Sonhos 93 — Epílogo 95 — O Fim
Agradecimentos
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A
gratidão é uma atitude digna antes de tudo, porque nos faz dividir a alegria de ver mais um sonho virar realidade. Quando agradeço àqueles que tornaram viável a concretização deste livro, abro meu coração para abençoar o tempo que dedicaram a este projeto, desejando que recebam multiplicadamente o que doaram. Sempre, e em primeiro lugar, agradeço a Deus, que viabiliza tudo ao melhor tempo e com as pessoas indicadas, no lugar certo. À minha mãe, que lançou a vontade de rever de maneira honrosa a história de Mao; à tia Lúcia, sempre disponível com sua alegria generosa; à irmã Carolina e sua alma poeta; à irmã Tatiana, com sua visão precisa; ao irmão Ignacio, que com carinho lembrou passagens fundamentais para a verdade deste livro. Agradeço especialmente ao querido irmão David, um mágico que cria tempo, sempre pronto a realizar grandes atos ao que nos é familiar. Agradeço também a Kátia Piffer, que, sem saber, impulsionou a grandiosidade deste projeto; ao colégio Santa Marcelina do Rio de Janeiro, representado pela irmã
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Deuceli Kwiatkowski, com sua presença corajosa, investindo na formação de mentes mais saudáveis. Agradeço também a João Baptista, editor querido, que com sua experiência e afeto nos auxilia prontamente quando é preciso. E a você, leitor, que de antemão nos privilegia com seu coração precioso, lendo-nos.
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Apresentação
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io de Janeiro, dia 6 de abril de 2010: faltam 24 horas para mais um triste 7 de abril. Desde ontem, às 18 horas, uma segunda-feira, o Rio de Janeiro está sob forte chuva, o que ocasionou um aviso de alerta geral. Impossibilitada de ir ao meu trabalho, resolvi dedicar-me à realização deste livro, aproveitando o tempo por Deus concedido. Este é um projeto antigo, a reedição de uma vida em livro, da história viva de meu irmão. Grande parte destas páginas é o retrato de sua vida em palavras, em ideias, em atos. Estou “livrando” o Mao, reescrevendo-o, fazendo-o reviver hoje, em nossas vidas e em tantas outras, que, tenho certeza, serão iluminadas por sua experiência pessoal. O texto, que transcrevo a seguir, descreve, coincidentemente, a chuva de hoje.
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Dividam-no comigo.
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e dia, as chuvas continuam castigando as pessoas, a imensidão azul se extingue, o belo deixa de existir e as mentes se enclausuram no ventre do lar. Todos, por vezes, assumem um papel inerte, no qual, não se sabe o motivo, passam a evidenciar a mais acovardada das atitudes. Logo que cessam, essas tempestades criam buracos nos asfaltos e marcam pessoas. Porém, antes, lá no céu, uma Força suprema ilumina-se, irradiando um brilho ímpar e, assim, afirma seu império frente a todos e a tudo, porque, se ela obscurecer, não haverá como percebê-la. Todos citam esta Força irradiante e, na verdade, ninguém a vê. Jamais se avistou confirmadamente esta Força, apesar de muitos dizerem que a viram, pois quem a viu realmente não fala nela e quem ouve falar nela não menciona a ninguém. Os homens que indagam por ela recebem como resposta um sorriso e um menear de cabeça reservado às perguntas insensatas. É sabido, porém, que a Força frequenta os corações e as mentes de todos que existem e neles tenta habitar, pois os criou. Alguns a sentem no meio da noite entre suores caudalosos, outros sentem delírios que preservaram semanas a fio. Outros sentem por ela uma atração eletrizante (aquele “friozinho” na espinha), e procuram, muitas vezes, ocultá-la numa postura tácita. E muitos que já se foram, podem bem estar nela ou com ela, embora certeza não haja. Os que não suportam firmar seus pensamentos nela crêem, ou sabem que já encontrarão todos os seus pensamentos, medos materializados e empenhados em persegui-los como leões enraivecidos. Vêem outras forças nos sonhos diversos, as quais são chamadas de demônios, e suas feitorias mais ásperas e feitos mais tenebrosos – estes são criados
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pelo próprio homem, pelas atitudes mais drásticas, pelos pungentes martírios da inveja e do despeito, pela entrega dos corpos ao vício e à dissipação, pela ganância e pela avareza, pela intolerância e pelo ódio, pela mentira, pela hipocrisia e falso testemunho, pela discórdia, pela blasfêmia e pelas obscenidades. Essas forças surgem traiçoeiramente das trevas que conduzem ao abismo, para desencaminhar e levar à condenação as inocentes criaturas de Deus, que não temem somente esses, mas todos os entes satânicos que esquadrinham a terra, os ares e as águas. O acaso não pode criar a vida, o amor, o belo, a ternura, a bondade. Todos têm ciência do poder e da vivência deste Poder Superior, mas muitos desconhecem a capacidade do poder que se opõe mesmo às derrotas e aos fracassos. Não se pode duvidar que o verdadeiro seja perceptível e distinto para cada um; e que provavelmente estejam corretos aqueles que afirmam que este mundo não é mais nada que um prelúdio e, portanto, pode ser isso ou aquilo, de acordo com a visão e a concepção de cada um. Mas, algo além existe, talvez por necessidade para dar equilíbrio à vida e, quem sabe, à morte. Onde há o amor tem-se o ódio; onde se constrói também se aniquila. Esta Força é única, exata e onipotente, e se projeta para não ser mais abstrata, e busca seu poderio. O iniciar não permite que ela traga o conhecimento do erro, da falha, do certo, do errado, permitindo o desconhecimento da imperfeição, pois o primoroso e o completo surgirão através dela. E este é o início de uma profunda história entre o Criador e a criatura”.
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