MANTENHA A ARTE DE SORRIR TODA VEZ QUE A VIDA LHE DISSER NÃO!
Copyright © Nair Coelho Machado, 2016 Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida por meio impresso ou eletrônico, sem a autorização prévia por escrito da Editora/Autora.
Editor João Baptista Pinto
Capa Rian Narcizo
Editoração Luiz Guimarães Revisão Marly de Carvalho Willcox
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
D M132m Machado, Nair Coelho, 1940 Mantenha a arte de sorrir toda vez que a vida lhe disser não! / Nair Coelho Machado. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2016. 116 p. : il. ; 14x21cm. ISBN 978-85-7785-490-5
1. Machado, Nair Coelho, 1940-. 2. Mulheres - Brasil - Biografia. I. Título.
16-37113 CDD: 920.72 CDU: 929-055.2
Letra Capital Editora Telefones (21) 22153781 / 35532236 vendas@letracapital.com.br www. letracapital.com.br
Nair Coelho Machado
MANTENHA A ARTE DE SORRIR TODA VEZ QUE A VIDA LHE DISSER NÃO!
Dedico este livro para minha famĂlia.
AG R A D E C I M E N T O S
Muitas pessoas foram importantes e me ajudaram de
diversas maneiras na organização do meu livro. Dentre elas meu filho Francisco José que me ajudou a fazer pequenas correções e a selecionar as fotos da época. Além dele, minha neta Gabriela que nomeou a maioria dos capítulos e colaborou com diversas ideias para a capa do livro da vovó. À minha filha Fátima que me ajudou na seleção da capa, na mediação junto à revisora e à editora e na organização para o lançamento do livro. Foram também muito importantes a minha filha Márcia e meu genro Valmir pelo incentivo, apoio e colaboração para a realização do lançamento deste meu livro. Como não poderia deixar de mencionar, agradeço imensamente à minha amiga Marly de Carvalho Willcox pela revisão textual clara e precisa, pela apresentação da editora, pelas sugestões, carinho e atenção a mim dispensados. Para ela o meu respeito, gratidão e admiração. Por fim, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de tornar possível a realização de mais esse sonho: o de escrever um livro. Dentre os sonhos mais divinos, sou grata pelos filhos maravilhosos e pelas árvores que plantei desde a minha infância, e que hoje frondosas me fazem colher frutos de amor, perseverança, amizade, gratidão e de grandes realizações. Muito obrigada, Nair Coelho Machado
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...........................................................................11 FAZENDA DO VELHO JUCA.....................................................13 MUDANÇA DE VIDA I................................................................17 LEMBRANÇAS DE UM PASSADO INOCENTE......................22 MUDANÇA DE RUMO I..............................................................24 MORANDO MAIS PERTO DA CAPITAL.................................29 UMA CONVERSA PARA O ENXOVAL.....................................41 O CASAMENTO – MAIS DO MESMO......................................46 A NOVA MORADA.......................................................................54 VIDA QUE SEGUE.........................................................................57 MUDANÇA DE RUMO II ............................................................63 RECUPERANDO O TEMPO PERDIDO....................................66 MUDANÇA DE RUMO III...........................................................71 UMA PERDA INESPERADA........................................................77 MUDANÇA DE VIDA II...............................................................81 MUDANÇA DE RUMO IV...........................................................86 DE VOLTA PARA O BRASIL........................................................98 O GRANDE SUSTO.................................................................... 103 MUDANÇA DE VIDA III.......................................................... 108 EPÍLOGO...................................................................................... 111 LINHA DO TEMPO.................................................................... 113 MINHA FAMÍLIA EM 2016....................................................... 114
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A P R E SE N TAÇ ÃO
Entre os afazeres da casa e o cuidado com os netos,
passamos a notá-la com lápis em punho, debruçada sobre um caderno em meio aos poucos momentos em que a vida lhe deixava só para tomar conta de si mesma. Como esses episódios passaram a ser mais recorrentes, perguntamos o que estava escrevendo e ela prontamente disse que sentiu vontade de anotar alguns pensamentos para se distrair. Simples rabiscos. Na verdade, ela não quis de imediato dizer que sentiu vontade de escrever sobre tudo que passou na vida e quem sabe publicar um livro. Com o tempo, as prioridades passaram a ser outras e a vida seguia seu rumo e o caderno ficou lá, dentro daquela gaveta, aguardando uma nova oportunidade em um novo ciclo da vida. Apesar da longa pausa, a vida novamente a presenteou com momentos só dela consigo mesma e a decisão de continuar a escrever as passagens de sua vida foi tomando corpo e o desejo tornou-se realidade escrito nessas páginas, numa linguagem simples, quase coloquial, que transmitem muita verdade, dignidade e vontade de vencer; nunca desistir! Fazemos parte dessa história que será narrada sob o ponto de vista de nossa mãe, uma trajetória repleta de desafios na qual se revelam segredos e sentimentos preservados na intimidade e nem sempre explicitamente compartilhados conosco em nossa harmoniosa vida em família. Temos imensa gratidão, respeito e amor pela nossa mãe e pelo nosso pai, que são nosso maior exemplo e nos nutriram sempre com valores morais e muito amor, além de buscarem
a nossa melhor educação, cultivando a fé por um futuro e um mundo melhores. Para nós, sua força, coragem e determinação sempre foram sua marca registrada e vê-la triste ou desanimada era algo impossível, pois naquele olhar existia muito brilho e vontade de seguir em frente... Nossa mãe, nossa amiga, nosso porto seguro. Com o amor de seus filhos Francisco José, Fátima e Márcia Outubro de 2016
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FA Z E N DA D O V E L HO J U C A
J
osé Coelho Cotta, este era o nome do meu avô. Ele era dono de uma grande fazenda chamada Bocaina, no interior de São Fidélis, estado do Rio de Janeiro. Nessa fazenda existia um casarão onde meu avô vivia com minha avó e seis filhos. Bem ao lado do casarão havia um galpão onde funcionava a casa de fazer farinha. Nessa casa havia uma moenda manual para se sevar a mandioca e um forno com um grande tacho para torrar a farinha. Havia, também, um moinho que era utilizado para moer o milho. O milho depois de moído era peneirado. Após isso se extraía o farelo, a canjiquinha e o fubá. O farelo transformava-se em ração para os porcos; a canjiquinha era preparada para o consumo do mesmo modo que se faz o arroz; o fubá é usado até hoje em vários tipos de alimentos. Do outro lado do casarão existia outro galpão com um grande forno à lenha e, em cima desse forno, ficavam dois tachos grandes. Do lado de fora havia uma moenda utilizada para moer a cana cujo caldo descia pela tubulação feita de bambu e caía dentro de um tacho. Interessante é que a moenda era movida por uma junta de bois utilizando uma canga feita de madeira com dois espaços para se colocar no pescoço dos bois. Com isso, eles andavam em círculos para a moenda funcionar e moer a cana. O caldo da cana, depois de ferver durante um bom tempo, tomava consistência a que se dava o nome de melado. Passado mais um tempo de apuração, colocava-se uma concha daquele melado dentro de uma lata cheia de
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água e ele se transformava num doce de nome puxa-puxa. Eu, minhas irmãs, primos e amigos pegávamos aquela bola de dentro da lata e um puxava para lá e outro para cá; a gente se divertia muito comendo aquele doce muito saboroso. Depois disso, o melado ficava mais consistente e era colocado numa forma de madeira chamada gamela. Com uma pá de madeira, se sovava até ficar no “ponto de massa” pronta para ser colocada em formas de madeira que ficavam em cima de uma grande mesa. Deixava-as descansando de um dia para o outro e depois de desenformadas as rapaduras estavam prontas para serem consumidas. Na fazenda havia também uma serralheria para serrar a madeira e fazer tábuas utilizadas em pisos de casas e dormentes para linha de trem. Lá moravam também várias famílias que recebiam o nome de colonos, ou seja, eram os empregados que trabalhavam na lavoura. Eles plantavam muitas variedades e dentre elas café, arroz, milho, feijão, mandioca, batata, favas etc. O café, depois de trabalhado, era ensacado; uma parte era comercializada e outra ficava para consumo interno. Minha mãe contava que na Segunda Guerra Mundial os militares andavam a procura de homens para levar para a guerra; com isso o pessoal da fazenda ficava muito atento a qualquer barulho estranho que ouvisse. Quando acontecia essa situação os homens saíam todos correndo para a mata e se escondiam em uma gruta. Lá ficavam por um bom tempo; às vezes pernoitando. Quando os soldados chegavam só encontravam as mulheres e as crianças. Eles ficavam quase o dia todo andando pela fazenda e como não encontravam os homens se retiravam. A fazenda se estendia por muitos quilômetros e era circundada por serras que formavam uma meia-lua. A mata das serras era muito extensa, fechada
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e nela existiam muitas pedras que formavam cavernas. Desse modo os soldados teriam que subir e descer as serras centenas de vezes a procura dos homens. Realmente era para qualquer um desistir. O meu avô, dono dessa grande fazenda, era um homem rico. Era um fazendeiro muito respeitado por todos. Quando chegava à pequena cidade de São Fidélis todos comentavam: o velho Juca está chegando!
Meu avô (Velho Juca)
Minha avó (Brígida)
Quando as filhas de meu avô precisavam de roupas era ele quem ia à cidade e comprava os tecidos. Assim que chegava de volta em casa pedia para a minha avó as medidas das meninas. Naquela época era a própria roupa que as pessoas usavam que servia de medida. A minha avó entregava as medidas e ele as levava para a costureira e quando as roupas ficavam prontas ia buscá-las. Achei esse comportamento da parte dele muito interessante; é de se admirar porque naquela época um homem se preocupar com esse tipo de tarefa era raro e, geralmente, era responsabilidade da mulher. E tem mais: quando a minha avó engravidava, meu avô