Meteoritos no pontal

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Exposição: Meteoritos no Pontal do Triângulo Mineiro Ituiutaba - Uberlândia



Carlos Roberto A. Candeiro, Suely G. Moreira, Maria Elizabeth Zucolotto, Marcos Longhini, Adelino A. Carvalho e Drielli Peyerl Organizadores

Exposição: Meteoritos no Pontal do Triângulo Mineiro Ituiutaba - Uberlândia


Exposição: Meteoritos no Pontal do Triângulo Mineiro Organizadores Carlos Roberto A. Candeiro (Campus Pontal-UFU/ Campus Aparecida de Goiânia-UFG)

Suely G. Moreira (ESEBA/UFU)

Maria Elizabeth Zucolotto (Museu Nacional/UFRJ)

Marcos Longhini (Faculdade de Educação/UFU) Adelino A. Carvalho (Museu Antropológico/UFG) Drielli Peyerl (Instituto de Geociências/Unicamp) Colaboradores

Caio César de Jesus Faria Programa de Pós-Graduação em Geologia/UFRJ Caio César Rangel Programa de Pós-Graduação em Geologia/UFRJ Camila Tavares Pereira Programa de Pós-Graduação em Geologia/Unicamp

Cristiano Miranda Campus Pontal/UFU Diego Mendes Rodrigo Curso de Ciências Sociais/UFG

Dionys Fabricio Soares Franco Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFG-Jataí

Fellipe Pereira Muniz Campus Pontal/UFU Fernanda Rayane P. de Sousa Curso de Pedagogia/UFG

Gustavo de Oliveira Araújo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/UFG

Iara de Fátima Braga Campus Pontal/UFU

Jeneeffer Adriana de Oliveira Campus Pontal/UFU

Lara Cristina Alves de Souza Campus Pontal/UFU

Lívia Motta Gil Campus Pontal/UFU

Luciano da Silva Vidal Centro Universitário Leonardo da Vinci/Maringá/PR Michelle Nogueira de Resende Pesquisadora/Colaboradora do Museu Antropológico/UFG

Mirley Cristiane Mendes Alves Campus Pontal/UFU

Rodrigo José de Oliveira Campus Pontal/UFU

Vanessa de Lima da Costa Campus Pontal/UFU


Conselho Editorial Claudia Regina A. Candeiro (UFG) Elvio Pinto Bosetti (UEPG) Isa Lúcia Morais (UEG/Quirinópolis) Luiz Alexandre Gonçalves Cunha (UEPG) Roberto Barboza Castanho (UFU/Ituiutaba) Roseane R. Sarges (UFG/Catalão) Yuri Modesto Alves (UERJ)



Dedicatória Este livro é dedicado à todas as crianças, por nos proporcionarem o desafio de, ao tentar ensiná-las algo, aprender muito mais com elas.



AGRADECIMENTOS

Este livro é resultado da Exposição Meteoritos no Pontal

do Triângulo Mineiro realizada no ano de 2011 na cidade de Ituiutaba, estado de Minas Gerais. Agradecemos aos órgãos de fomento de Extensão e Pesquisas que colaboram com o Grupo de Pesquisa do CNPq “Geologia e Paleontologia do Cretáceo do Pontal do Triângulo Mineiro” que sempre colaboram e incentivam os discentes e os docentes pesquisadores interessados nas diferentes temáticas de Geociências e suas interfaces. Também estendemos nossos agradecimentos aos dirigentes das instituições pela colaboração em nossas atividades acadêmicas e à FAPESP pelo auxílio de pesquisas a Drielli Peyrel (Unicamp). Carlos Roberto A. Candeiro, Suely G. Moreira, Marcos Longhini, Maria Elizabeth Zucolotto, Adelino A. Carvalho e Drielli Peyerl


Copyright © Carlos Roberto A. Candeiro, Suely G. Moreira, Maria Elizabeth Zucolotto, Marcos Longhini, Adelino A. Carvalho e Drielli Peyerl, (Org.), 2016 Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização prévia e expressa do autor.

Editor João Baptista Pinto

Capa Luiz Guimarães Ilustração: Luciano Vidal

Projeto Gráfico e Editoração Luiz Guimarães Revisão Dos autores CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

E96 Exposição: meteoritos no pontal do Triângulo Mineiro: Ituiutaba - Uberlândia / organização Carlos Roberto A. Candeiro ... [et al.]. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2015. 88 p. : il. ; 15,5x23 cm.

Inclui bibliografia ISBN 978-85-7785-399-1

1. Paleontologia. I. Candeiro, Carlos Roberto A. II. Título: Ituiutaba - Uberlândia.

15-26083 CDD: 560 CDU: 56

Letra Capital Editora Telefax: (21) 3553-2236/2215-3781 letracapital@letracapital.com.br


Sumário PREFÁCIO.................................................................................................... 13 Capítulo I INTRODUÇÃO: METEORITOS COMO TEMÁTICA NO ENSINO, DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E EXPOSIÇÕES........................................ 17 Carlos Roberto A. Candeiro, Suely A. Gomes, Drielli Peyerl, Marcos Longhini, Adelino A. Carvalho, Maria Elizabeth Zucolotto Capítulo II PANORAMA DA ASTRONOMIA......................................................... 23 Cristiano Miranda, Carlos Roberto A. Candeiro Capítulo III METEORITOS: CONCEITO E COMPOSIÇÃO...................................... 27 Iara de Fátima Braga, Jeneeffer Adriana de Oliveira Capítulo IV METEORITOS NO BRASIL: O TRABALHO DE GEOCIÊNTISTAS, INSTITUIÇÕES E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA..................................... 31 Mirley Cristiane Mendes Alves, Drielli Peyerl Capítulo V PRINCIPAIS CRATERAS MUNDIAIS E MAPEAMENTO DOS IMPACTOS METEORÍTICOS BRASILEIROS........................................ 41 Lara Cristina Alves de Souza, Dionys Fabricio Soares Franco, Rodrigo José de Oliveira, Vanessa de Lima da Costa, Camila Tavares Pereira, Adelino Carvalho Capítulo VI OS METEORITOS E O SURGIMENTO E EXTINÇÃO DA VIDA ........... 61 Fellipe Pereira Muniz, Caio César Rangel, Caio César de Jesus Faria e Lívia Motta Gil

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Capítulo VII MUSEUS E SUA IMPORTÂNCIA NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: UM EXEMPLO PARA A DIVULGAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE METEORITOS......................................................................... 80 Adelino Adilson de Carvalho, Fernanda Rayane P. de Sousa, Gustavo de Oliveira Araújo, Luciano da Silva Vidal, Michelle Nogueira de Resende, Diego Mendes Rodrigo

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PREFÁCIO

M

eteoritos são fragmentos de corpos extraterrestres que sobrevivem à travessia atmosférica como grandes meteoros (bólidos) atingindo o solo e, por serem de origem externa ao planeta Terra, contribuem para intrigar a imaginação da maioria da população humana seja pelo aspecto místico, religioso, reflexivo, científico ou, puramente curioso, quanto à origem da vida e, por conseguinte, da própria existência humana e, até mesmo, se há ou não vida em outros planetas. Este livro é um agregado de ideias que se complementam, enriquecem e contribuem para o fomento de uma discussão acerca de um tema, o qual ainda se constitui praticamente um nicho vago no país: meteoritos como temática no ensino, divulgação científica, exposições itinerantes e em museus e pesquisas correlacionadas. Com uma escrita agradável e de fácil compreensão, este é um dos preciosos frutos do trabalho de uma comunidade intelectual que reflete as ideias, reuniões, discussões, comunicações, troca de vivências e informações, exposições, experiências em divulgação científica e resposta do público-alvo, importância dos museus, entre tantos outros aspectos inerentes aos meteoritos não só no mundo, mas enfatizando a situação da temática no país. Por abordar uma temática intrínseca à origem da vida, a leitura do livro não culmina no esgotamento do conhecimento acerca do universo que envolve os meteoritos, mas desperta e aguça um misto de curiosidade e vontade no leitor de seguir caminhando em prol de ampliar o conhecimento acerca da temática. Com uma abordagem científica o livro está organizado em sete capítulos, os quais estão interligados em uma incrível sinergia e são de relevante interesse para o leitor, principalmente o brasileiro. Para os temas estritamente técnicos os autores se preocuparam em abordar os conceitos, o que facilita, elucida e enriquece a compreensão acerca da temática. O primeiro capítulo conduz o leitor ao principal objetivo do livro, apresentando questões, dificuldades, sugestões e exemplos Isa Lucia de Morais Resende

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de como interagir com um público que não está em diálogo constante com o conhecimento científico, além de abordar os conceitos sobre meteoros e os poucos locais no Brasil onde a divulgação científica e exposição destes materiais são realizadas. O segundo capítulo traça um perfil da astronomia, associando a realidade desta área da ciência com o cotidiano no ambiente escolar, e o viés de como esta é inserida no livros didáticos, sendo pontuadas algumas deficiências deste processo no Brasil. Os autores, de forma bastante didática, apresentam com clareza a relação ampla da astronomia com outras áreas do conhecimento, sendo, portanto, a astronomia, interdisciplinar por excelência. Entretanto, na maioria das vezes, a astronomia é contextualizada apenas na disciplina de geografia. No terceiro capítulo são apresentados os conceitos, composição e os diferentes resultados dos impactos no solo dos meteoros, assim como elucida e amplia o conhecimento do leitor acerca das diversas abordagens da ciência Meteorítica, a qual explora e estuda os meteoritos. O quarto capítulo nos transporta para o universo: dos principais geocientistas, reconhecidos no país pela dedicação e desenvolvimento de pesquisas relacionadas a meteoritos; das poucas, porém renomadas instituições que se dedicam em perpetuar o conhecimento acerca do impressionante mundo dos meteoritos; da divulgação científica com esta temática no país, com ênfase no respeitável e grandioso trabalho que vem sendo desenvolvido pela comunidade acadêmica do Laboratório de Geologia (Labgeol) do Curso de Geografia, Campus Pontal da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), principalmente com a exposição criativamente intitulada “Meteoritos no Pontal do Triângulo Mineiro: Venham ver o que caiu do céu”. O quinto capítulo propicia uma rica leitura sobre os impactos meteoríticos no mundo e no Brasil, e contribui imensamente para a ampliação do conhecimento meteorítico, ao apresentar, além de inúmeros conceitos dos termos no âmbito desta temática, o mapeamento das crateras brasileiras, fornecendo dados como a quantidade e as localidades desses fenômenos registrados até 2015. O sexto capítulo permite uma leitura intrigante, mas ao mesmo tempo fascinante e reflexivo ao conduzir o leitor às diversas teorias sobre a origem da vida e a associação acerca da importância dos meteoritos para compreensão da origem da vida no planeta Terra e eventos de extinção em massa registrados no tempo geológico. 14

Prefácio


O sétimo e último capítulo subsidia uma reflexão crítica e compreensiva sobre a importância e o papel dos museus, em especial no que concerne a divulgação do conhecimento de meteoritos, visto por uma ótica pedagógica e de ampla contribuição para o processo de ensino-aprendizagem. Os autores, com um vocabulário acessível e agradável, apresentam de forma bastante elucidativa as diversas funções e contribuições dos museus como subsídio a ações pedagógicas promovedoras de melhorias na educação do país. Assim, este livro além de contribuir imensamente para ampliação do conhecimento acerca dos meteoritos no país, constitui um belo exemplo de que é possível transcender o espaço universitário, contribuindo com o processo de ensino-aprendizagem nas mais diversificadas modalidades de ensino, ao abordar ações que aproximam a sociedade do conhecimento científico. Quirinópolis, 20 de junho de 2015 Isa Lucia de Morais Resende Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Isa Lucia de Morais Resende

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Capítulo I INTRODUÇÃO: METEORITOS COMO TEMÁTICA NO ENSINO, DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E EXPOSIÇÕES Carlos Roberto A. Candeiro, Suely A. Gomes, Drielli Peyerl, Marcos Longhini, Adelino A. Carvalho, Maria Elizabeth Zucolotto

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tema ‘meteorito’ é um assunto que desperta grande interesse em nossa sociedade, suscitando indagações e diversos estudos relacionados à origem e formação desses bólidos. Nas últimas décadas essa temática tem sido abordada pelos meios de comunicação em geral, que frequentemente divulgam novos eventos e descobertas realizadas por meio de pesquisas científicas promovidas em vários países. A admiração e a curiosidade que os meteoritos despertam é perceptível pelo número considerável de filmes, reportagens, artigos científicos, e até mesmo por meio de histórias do senso comum contadas pelas pessoas em geral. Em relação à denominação dos meteoritos, é possível nos depararmos com outros nomes que estão diretamente relacionados, como: bólidos, estrelas cadentes, meteoros, asteroides. Os meteoritos são rochas provenientes do espaço e cotidianamente “caem” em nosso Planeta, tanto na terra, nos mares e oceanos ou em massas de gelo como na Antartica e Ártico. Após serem identificados, os meteoritos são devidamente acondicionados em alguns museus, que por meio de exposições ou mostras de fragmentos, tornam o conhecimento acerca desses acessível a um número cada vez maior de pessoas. No Brasil, destacam-se dois espaços que têm se especializado em acomodar meteoritos, promover e divulgar o conhecimento científico à sociedade em geral por meio de exposições. Destaca-se o trabalho realizado pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro, e pelo Museu da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. Nesse sentido, os muCarlos Roberto A. Candeiro, Suely A. Gomes, Drielli Peyerl, Marcos Longhini, Adelino A. Carvalho, Maria Elizabeth Zucolotto

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seus configuram-se como espaços onde podemos aprender e aprofundar nossos conhecimentos sobre os meteoritos, pois estes possuem coleções, profissionais especializados para atender e orientar o público interessado. Estima-se que mais de cem mil toneladas de material extraterrestres atinja a superfície da terrestre todos os anos (ZUCOLOTTO et al., 2013). Este material pode ser constituído de poeira fina ou ainda de bólidos que pesam várias toneladas, sendo que a maioria, na verdade, é constituído na forma de partículas minúsculas chamadas micrometeoritos que chegam a Terra sem serem percebidas (ZUCOLOTTO et al., 2013). Os meteoros (do Grego meteoros significa ‘o que está no ar ou ‘o que está por cima de nós’) ou ‘estrelas cadentes’ são partículas de poeira maiores e pequenos fragmentos rochosos, muitos não mais de um grama de massa, que são queimados por fricção enquanto atravessa a atmosfera da Terra. Os meteoritos são pedaços maiores de rocha que alcançam a superfície da Terra sem serem queimados na atmosfera. Por conta disso, quando não se tem conhecimento científico, a principal pergunta que surge entre o público em geral, principalmente crianças, ao de depararem com um meteorito ou ter conhecimento sobre eles é: “De onde vem os meteoritos?” Nesse sentido, este livro foi proposto com o intuito de problematizar, esclarecer algumas dúvidas e, também, apresentar sugestões e possibilidades para se dialogar com um público que não possui conhecimentos especializados, a fim de que possam se apropriar de saberes científicos sobre os meteoros e meteoritos. As principais referências que abordam essa temática esclarecem que a maioria dos meteoritos provém de asteroides - pequenos corpos rochosos que orbitam o Sol. O maior asteroide conhecido possui 930 km de diâmetro, pouco mais de um quarto do diâmetro da Lua (LAZARO et al., 2006). A maioria deles são oriundos do denominado ‘Cinturão de asteroides’ entre os planetas Marte e Júpiter. Acredita-se que um pequeno número de meteoritos sejam provenientes das proximidades da Lua ou de Marte, enquanto que outros se originam das caudas dos cometas (ZUCOLOTTO et al., 2013).

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Capítulo I - introdução: meteoritos como temática no ensino, divulgação científica e exposições


Figura 1. Cinturão de Asteróides entre Marte e Júpiter (Fonte: http://www.visioninconsciousness.org/Science_Kids.htm).

Quando um meteorito atinge a atmosfera terrestre, diminui a sua velocidade supersônica (velocidade maior que 1255 km/h ao nível das águas do mar). Existem relatos de quedas de meteoritos que descrevem o fenômeno como uma 'brilhante bola de fogo no céu' e são algumas vezes acompanhadas de um grande estrondo. Estes efeitos são provocados pelo atrito do objeto até o seu impacto no solo. Outro fenômeno descrito, o qual podemos mencionar, é a ‘Chuva de meteoritos’, que ocorre quando as grandes partículas (explodidas) são transformadas em pequenos fragmentos, muitas vezes se tornam pó. Ressalta-se, ainda, que o impacto de um meteorito, de acordo com suas dimensões, pode vir a ocasionar uma cratera (estruturas formadas quando uma superfície da Terra ou outro corpo celeste é atingido por meteoritos de grandes dimensões). Para a elaboração desta obra, priorizamos discutir algumas questões advindas das principais indagações do público em geral quando o tema é abordado: Por que um meteorito é importante? O que é um meteorito? Carlos Roberto A. Candeiro, Suely A. Gomes, Drielli Peyerl, Marcos Longhini, Adelino A. Carvalho, Maria Elizabeth Zucolotto

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Inicialmente ressalta-se que apesar de sua raridade os meteoritos são mais do que curiosidades exóticas. Eles podem, nos fornecer importantes pistas sobre a origem, a idade e a evolução do sistema de energia solar e a estrutura do nosso Planeta. Esses bólidos podem também conter pistas para entender a origem da vida na Terra, aliás acredita-se que podem ter contribuído para as ‘extinções em massa’ (ver no Capítulo X) identificado no registro fóssil. Este livro foi proposto a partir da premissa de que essas informações podem ser acessíveis ao público em geral, de maneira clara e objetiva, por meio das exposições e da divulgação científica. É comum pessoas procurarem os institutos de pesquisas como universidades ou museus e afirmarem ter encontrado um meteorito. Estas estruturas podem facilmente ser confundidas com rochas da superfície de nosso planeta, mas meteoritos são geralmente muito distintos das rochas presentes na Terra. Os meteoritos podem conter níveis elevados de ferro e são muitas vezes mais densos que as rochas (ANTONELLO et al., 2000). Outra característica é a existência de uma crosta de fusão negra que é causada pelo derretimento da sua superfície durante a queda através da atmosfera. Por isso a importância de informar ao público o que é um meteorito, qual sua estrutura, dentre outras. Nesta perspectiva, entendemos que há uma troca de conhecimento, uma vez que as pessoas comuns procuram um especialista, muitas vezes tendo um meteorito em mãos, e este por meio de seu conhecimento científico contribui para o aprofundamento das pesquisas direcionadas à temática. O homem, desde os tempos remotos, se interessa pelos fenômenos relacionados aos meteoritos. Esta temática tem-se tornado presente em nosso cotidiano por meio das diversas mídias. Nas escolas os seus conteúdos relacionados aos meteoritos são desenvolvidos a partir de uma perspectiva das Ciências Naturais (Geografia Física, Química, Biologia, Ciências) e das Ciências Humanas (História, Letras, Poesia, Literatura). As iniciativas como exposições e divulgações científicas contribuem para o aprofundamento desse conhecimento iniciado na escola, pois possibilitam o contato visual e às vezes até pelo tato, o que facilita a compreensão de alguns conceitos difíceis de se compreender em sala de aula. Assim, o trabalho realizado por meio das exposições e da divulgação científica favorecem não somente o processo de ensino-aprendizagem escolares, como também conseguem alcançar diferentes públicos. 20

Capítulo I - introdução: meteoritos como temática no ensino, divulgação científica e exposições


É notável que o assunto ‘meteoritos’ desperta grande interesse nas crianças menores, mesmos aquelas que têm poucas experiências empíricas sobre o tema (ex. visitar museus). Mas este interesse sem experiências concretas são pouco consideradas e valorizadas nas instituições de ensino básico. Inúmeras vezes as ideias concebidas pelas crianças são consideradas como infantis e errôneas, que os professores, em sua maioria, querem ‘erradicar’ do cotidiano dos alunos. Mas, observar a Lua, o sol e as estrelas pode ser uma atividade habitual para elas, pois isto é feito com grande curiosidade, questionamento, e acima de tudo, uma quantidade infinita de perguntas e ideias diferentes, o que é essencial para desenvolver o tema em sala de aula. Uma experiência extremamente comum é quando se observa crianças apontando para a Lua, expressando suas ideias sobre os inúmeros fenômenos relacionados aos meteoritos. Também frequentemente é possível notar as inquietações surgidas por meio de perguntas e explicações manifestadas sobre esse tema. Não é por acaso, portanto, que assistem às séries de TV ou filmes e livros relacionados com os fenômenos alusivos aos meteoritos. Dessa forma, o ensino relacionado ao tema Meteoritos nas escolas nos propõe novos desafios. Até recentemente as propostas relacionadas aos conteúdos de Geografia, em sala de aula, por exemplo, eram baseadas apenas na perspectiva de estudar fenômenos astronômicos sem levar em conta a importância de primeiramente trabalhar com os alunos as observações de fenômenos que vemos todos os dias no céu. O desafio de novas abordagens de ensino nos orienta, então, a desenvolver novas propostas de estudo em sala de aula. Uma maneira de abordar essa temática em sala de aula seria, por exemplo, por meio da construção de materiais paradidáticos que representem o Cinturão de asteroides ou mesmo a estrutura de um meteorito. A abordagem desses conceitos de maneira lúdica proporciona uma melhor compreensão sobre essa temática, que pode ser mediada por diversas áreas do conhecimento no ambiente escolar. As atuais orientações curriculares sugerem que o processo ensino-aprendizagem seja mediado a partir de atividades lúdicas de que facilitem a compreensão dos conhecimentos científicos. Neste sentido, entendemos que as visitas às exposições relacionadas ao tema meteoritos em museus ou mesmo em escolas propositivas despertam a curiosidade em relação à observação de fenômenos naturais como os Carlos Roberto A. Candeiro, Suely A. Gomes, Drielli Peyerl, Marcos Longhini, Adelino A. Carvalho, Maria Elizabeth Zucolotto

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meteoros e meteoritos, além de propiciar descobertas e interpretações científicas, como demonstrado no capítulo (XX). Diante do exposto, entendemos que a escola e os museus são espaços importantes para mediar a construção de conhecimentos significativos sobre meteoritos por parte das crianças e do público em geral. Defendemos que as exposições relacionadas ao tema “meteoritos” podem promover e estender os conhecimentos científicos a um público cada vez maior, para além dos espaços acadêmicos. Consideramos necessário refletir sobre o uso de metodologias alternativas, pois no caso do ensino-aprendizagem sobre meteoritos, as exposições relacionadas à temática podem se apresentar como novos caminhos para reflexão, análise e aplicações mais propositivas às reais necessidades da educação geográfica. Referências ANTONELLO, L. L.; SCORZELLI, R. B. ; ZUCOLOTTO, M. E. ; AZEVEDO, I. S.. Petrographjy and Mineralogy of the Morro de La Mina Meteorite. Acta Microscópica, São Paulo, v. 9, n.2, p. 1-6, 2000. LAZZARO, D. (Org.); FERRAZ-MELLO, S. (Org.) ; FERNANDEZ, J. (Org.) . Asteroids, Comets, Meteors. 1. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. 465p. ZUCOLOTTO, M.E.; FONSECA, A.C.; ANTONELLO, L.L. O alvo Terra. Revista Carbono, n. 5, v. 1, pp. 1-21.

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Capítulo I - introdução: meteoritos como temática no ensino, divulgação científica e exposições


Capítulo II PANORAMA DA ASTRONOMIA Cristiano Miranda, Carlos Roberto A. Candeiro

A Astronomia é uma das mais antigas ciências que se tem re-

gistro. O homem sempre observou e utilizou formas de orientação através dos astros. Assim ela se enquadra no paradigma do que é entendido como ciência. Nesse contexto, o período entre o final dos anos de 1930 e meados dos anos de 1960, a Astronomia, através da Cosmografia (parte integrante da Astronomia que se preocupa com o estudo e a descrição do universo) era parte integrante dos principais livros didáticos de Geografia para o ciclo que corresponde hoje ao 6° ano do Ensino Fundamental. Nos últimos anos, o aprimoramento das técnicas instrumentais de observação do cosmo tem permitido a descoberta de objetos cada vez mais longínquos do sistema solar. Isso tem levado a um conhecimento aprofundado da Astronomia como ciência. Entretanto, precisamos inserir esta disciplina no espaço escolar de forma estrutural e aprofundada, permitindo assim que os alunos possam conhecê-la satisfatoriamente. Para que isso ocorra é preciso melhorar a qualidade dos livros didáticos com vistas à que desempenhem um papel fundamental no estudo desta área e, para isso, é necessário que os livros didáticos aprofundem o conhecimento da Geociência no currículo escolar com a intenção de os alunos terem mais conhecimentos sobre a Astronomia, percebendo assim a sua importância bem como o seu papel. Oliveira (1986), afirma que em 1938 estabeleceu-se normas para a aprovação de livros didáticos de acordo com o artigo 21 da Comissão Nacional do Livro Didático. Naquela época, o artigo 21 negava a autorização para o uso escolar de livros didáticos que apresentassem o assunto com erros de natureza científica ou técnica. A crise da Geografia, iniciada nos anos de 1960, resultou na ruptura da participação Cristiano Miranda, Carlos Roberto A. Candeiro

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