O TEMPO NO ESPELHO ESPELHO
Rodrigo de Faria
Pelo espelho é o que eu em mim (não) vejo (?) (in)desejo Quando olho do espelho pra mim mesmo (in)desejado (in)esperado Como o tempo, espero desesperado pelo que passa na face desde que nasci Para cada espelho um disfarce outro que só sou
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quando, diante de outro espelho eu (nĂŁo) estou diante do tempo que passou tempo que me fez o que sou
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Do outro lado, vejo Do outro lado, alguém Do outro lado, desejo Do outro lado, armazém Do outro lado, almejo Do outro lado, vem Do outro lado, cotejo Do outro lado, além Do outro lado, virado Do outro lado, sorridente Do outro lado, parado Do outro lado, indiferente Do outro lado, sentado Do outro lado, ausente Do outro lado, isolado Do outro lado, transparente Do outro lado, erro Do outro lado, beco Do outro lado, berro Do outro lado, seco Do outro lado, espirro Do outro lado, eco Do outro lado, corro Do outro lado, peco
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Do outro lado, horto Do outro lado, ninguém Do outro lado, porto Do outro lado, vintém Do outro lado, torto Do outro lado, amém Do outro lado, morto Do outro lado, convém Do outro lado, olhava Do outro lado, caía Do outro lado, isolava Do outro lado, sorria Do outro lado, mandava Do outro lado, ardia Do outro lado, sondava Do outro lado, apelaria Deste lado, espelho
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O SOL sem S e c o anda
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O SOL sem O medo de uma rosa
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O SOL sem L indo preso por um canto
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SOL ( ) O
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NDAA NADA DANA ANDA DAAN
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Aqui está escuro mas eu vejo o Sol não é possível tocá-lo O Sol aquece mas também cega e tudo fica escuro O escuro é um lugar sem cor mas não é incolor, e isso não perece estranho É como um eclipse que é claro e escuro que faz anoitecer e amanhecer É como a Lua que não tem luz mas é branca como uma lâmpada acesa O Sol acende a Lua todas as noites mas tem noite que a Lua está apagada e isso é estranho E quando o Sol deixar de amanhecer a Lua também desaparecerá e talvez sobre algum vaga-lume para brilhar 11