Arthur Vianna Ferreira
Representações Sociais e Identidade Profissional Elementos das Práticas Educacionais com os Pobres
Copyright © Arthur Vianna Ferreira, 2012 Esta obra não pode ser reproduzida total ou parcialmente sem a autorização por escrito do editor.
Editor
João Baptista Pinto
Capa Rian Narcizo Mariano
Projeto Gráfico e Editoração
Luiz Guimarães
Revisão
Do autor
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
F439r Ferreira, Arthur Vianna, 1976Representações sociais e identidade profissional : elementos das práticas educacionais com os pobres / Arthur Vianna Ferreira. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2012. 378p. : il. ; 23 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-7785-166-9 1. Representações sociais. 2. Educadores - Formação. 3. Pobreza. 4. Organizações nãogovernamentais. 5. Igreja Católica - Educação - Brasil. 6. Psicologia social. I. Título. 12-6023.
CDD: 302 CDU: 316.6
23.08.12 03.09.12
Letra Capital Editora Telefax: (21) 3553-2236/2215-3781 letracapital@letracapital.com.br
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Dedico este livro aos meus pais, Edina Vianna e Reneval Ferreira, pois nunca deixaram de acreditar e investir em minhas potencialidades. Ao meu avô materno, Victorino Martins Vianna Jr, o meu primeiro incentivador à leitura e ao estudo que me trouxeram até aqui. E aos meus confrades do Vicariato Agostiniano Nossa Senhora da Consolação do Brasil.
Apresentação Arthur Vianna Ferreira é, para além do limite de palavras, doutor! Sua pesquisa de doutorado, aqui organizada em formato de livro, buscou “identificar a relação entre representações sociais e a identidade profissional dos educadores atuantes no campo da educação não-formal de duas instituições sócio-educativas de uma rede de ONGs caritativas do Terceiro Setor, administrada pela Igreja Católica Apostólica Romana”. O que isto nos quer dizer? Que, enfrentando, corajosamente, uma temática pouco estudada – os educadores sociais, em instituições também pouco estudadas – as ONGs caritativas, traz reais contribuições à compreensão não apenas das atividades do Terceiro Setor, como, ainda, das ações de educadores sociais, nesses espaços. Desde seu mestrado, Arthur Vianna mostra seu interesse e mesmo necessidade de compreender e aprofundar-se no estudo das relações sócio-educativas entre educadores responsáveis pelas práticas educativas, e a população atendida, por meio da educação não-formal, pelas ONGs caritativas. No doutorado, esse interesse se corporifica pelo estudo das relações pedagógicas e sociais do educador social com o educando-pobre, nas ONGs consideradas, tendo em vista a compreensão de como se constitui a identidade profissional desse educador. Por outro lado, atendendo às mais rigorosas exigências da pesquisa, Arthur Vianna traz um estudo meticuloso e aprofundado das Representações Sociais (Serge Moscovici) e da Identidade Profissional (Claude Dubar), estabelecendo relações novas e instigantes entre esses dois campos teóricos e, com isso, oferecendo um novo e original material teórico para os estudiosos dessas áreas do conhecimento. Além disso, a metodologia por ele proposta também agrega importantes contribuições aos pesquisadores da área. Após uma retomada histórica sobre educação e as ‘camadas empobrecidas’, no Brasil, especialmente no âmbito das instituições católicas, é feito um cuidadoso estudo sobre educação não-formal e Terceiro Setor, e sobre as teorias da Identidade Profissional de Claude Dubar e a Teoria das Represen-
tações Sociais de Serge Moscovici, a partir da abordagem societal de Willem Doise. Uma descrição do campo de pesquisa – duas ONGs caritativas – e um conjunto de entrevistas com educadores e gestores dessas ONGs possibilitam um rigoroso processo de análise, que envolveu a análise retórica do discurso (método retórico de Aristóteles), identificação de figuras do discurso (Olivier Reboul), a dissociação de noções (Perelman e Olbrechts-Tyteca), e, finalmente, a relação entre o modelo figurativo das representações sociais e ‘metáforas’ do discurso educacional (Tarso Bonilla Mazzotti). A sofisticação e diversidade metodológicas oferecidas neste livro representam elementos privilegiados para os pesquisadores, e que culminam com uma articulação única entre os conceitos trazidos pela fundamentação teórica – sobre representações sociais e identidade profissional –, estabelecendo as relações entre as primeiras e os processos de negociação presentes nos movimentos de atribuição e pertença vividos pelos educadores sociais, e as consequências dessas relações nas práticas sócio-educativas desses profissionais. Como se observa, a variedade e originalidade das contribuições de Arthur Vianna para a área de pesquisa e de educação são muitas: na dimensão política, com o enfrentamento de temáticas fundamentais e polêmicas; na dimensão teórica, com novas e instigantes relações teóricas, com aproximações inusitadas e férteis entre abordagens teóricas; e na dimensão metodológica, com o que chamamos sofisticação na análise – e no recurso a autores e técnicas pouco utilizados por nossos pesquisadores. Sem dúvida, esta obra será um balizador importante das contribuições de nossos jovens doutores para o aperfeiçoamento da formação de educadores e pesquisadores, não só da área de Educação, mas de toda a Pós-Graduação brasileira. E é motivo de orgulho e alegria para mim realizar esta breve apresentação, assim como o foi ter sido a orientadora que acompanhou Arthur Vianna em seu processo de elaboração de sua tese de doutorado! São Paulo, 19 de julho de 2012. Dra. Vera Maria Nigro de Souza Placco. Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da Educação PUC – SP
SUMÁRIO
Introduzindo as representações sociais e a identidade profissional do educador social na discussão educacional............... 11 Capítulo 1. Educar os pobres ‘de marré deci’: a relação entre a educação, as camadas empobrecidas e obras sociais no terceiro setor..................................................................................... 15 1.1. Uma história do ler, contar, recolher e trabalhar: educando pobres no Brasil.............................................................................. 17 1.2. Cadê o pobre que estava aqui? O Terceiro Setor ‘recolheu’............. 52 1.3. ‘Nunca deixará de haver pobres na terra’: Obras Sociais e o Terceiro Setor................................................................................. 68 1.4. O que fazer com os pobres ‘de marré deci’? Educá-los é uma das propostas................................................................................... 83 Capítulo 2. Representações sociais e alteridade: as duas faces da mesma ‘moeda psicossocial’ constitutiva da identidade profissional do educador social................................................... 87 2.1. Quando se escolhe educar ‘fora da forma’: a educação não-formal no Terceiro Setor..................................... 89 2.2. Equilibrando os pratos das demandas sociais: a figura do educador social na educação brasileira................... 101 2.3. Lançando moedas para o ar: a ‘cara’ da alteridade e a ‘coroa’ das representações sociais no jogo de negociação da identidade profissional............................................................ 112 2.4. Quando escolher entre ‘cara e coroa’ possui o mesmo peso: as representações do ‘ outro’ no processo identitário do educador social........................................................................ 125 Capítulo 3. ‘Espelho, espelho meu, existe um educador mais social do que eu?’ Uma metodologia para investigação de representações no processo de formação identitária......... 159 9
R e p r e s e n ta ç õ e s S o c i a i s
e
Identida de Profissional
3.1. Pela estrada afora, a pesquisa não anda sozinha: um método sempre a acompanha.................................................................... 161 3.2. No meio do caminho, havia pessoas educando os ‘pobres’: os sujeitos da pesquisa psicossocial............................................. 166
3.2.1. Mineiros escavando novos horizontes: A escola profissionalizante Santo Agostinho.................... 167
3.2.2. Educando entre o ‘morro’ e o ‘asfalto’ do subúrbio carioca: o AIACOM............................................................ 174
3.2.3. Quando a BR-040 liga mais do que duas cidades: o trabalho investigativo e o pesquisador.......................... 180
3.3. O ‘esconde-esconde’ entre as representações e metáforas do educador social................................................................................ 186 Capítulo 4. O que as representações não permitem ao educador ver, a identidade do profissional não sente: o processo de formação identitária do educador social de Ongs caritativas............................................................................ 225 4.1. “Saciando-se com o que cai da mesa do rico Epulão”: as categorias figurativas do processo identitário do educador social........................................................................ 226 4.1.1. “Eles são fragmentados...”: O educando-pobre.................... 229 4.1.2. “Você tem que estar inteiro para a ação”: O Educador Social............................................................. 238 4.1.3. “Então, eu me sinto muito ‘gostado’ aqui”: a realização pessoal............................................................ 246 4.1.4. “A escola é uma camisa de força”: O sistema escolar........... 253 4.1.5. “A gente é chamado para apagar incêndio”: as ONGs caritativas............................................................................ 267 4.2. “Atribui quem pode, representa quem tem o juízo”: as representações e categorias no processo de atribuição e pertença profissional do educador social................................ 284 ‘Identificar que ‘educador’ o outro é’: uma conclusão ou uma aproximação?......................................................................... 361 Referências........................................................................................... 370 10