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Copyright© Karin Scarpa, 2015 Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem a autorização prévia por escrito da Editora, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados.
Editor João Baptista Pinto
Revisão Delnice Pereira
Editoração Rian Narcizo Mariano
Fotografia Karin Scarpa
Ilustração Lúcio Marassi de Souza Almeida
Capa Fernanda Rangel
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ S31u Scarpa, Karin, 1977Uma aventura na Idade Média / Karin Scarpa. - [2. ed.] - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2015. 92 p. : il. ; 21 cm. Inclui índice ISBN 9788577854059 1. Ficção infantojuvenil brasileira. I. Título. 15-25490 CDD: 028.5 CDU: 087.5
Letra Capital Editora Tels: (21) 3553-2236 / 2215-3781 letracapital@letracapital.com.br
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Prefácio
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omeço aqui uma missão que me toma de orgulho! Apresentar uma pessoa e uma obra. A pessoa é Karin, a moça que escreveu esse livro! A conheci há 16 anos e poucas vezes a encontrei sem que me surpreendesse. Tenho certeza que sua amizade também foi obra do “Grande Artífice, este grande e inigualável Criador, Mestre de todos os outros mestres artífices”! Quando a conheci fui iludido! Pensei que, como eu, ela era só professora de História. Aos poucos fui percebendo que era muito criativa e se interessava por muitas coisas. Eram muitos interesses para caber dentro de uma única profissão. Assim, pouco a pouco, ela foi me revelando novas faces. Além de encantar alunos, ela capturava instantes. É fotógrafa daquelas que faz poesia com imagens. É historiadora. Mergulha em papéis velhos, investiga fotos e documentos e traz vida ao que parecia apagado. É filha cuidadosa de pais de quem eu “tiro casquinha” e é mãe zelosa de duas crianças de apartamento. É eterna namorada do Rafa. Tem fé na vida e nos homens e busca todo tempo uma coisa que anda faltando no mundo chamada justiça. É viajante. Detesta os caminhos e guias prontos para turista. Como se tudo isso não bastasse, ela ainda escreve. Escreve muito bem. Karin Scarpa 5
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É desse conjunto de coisas fervilhantes que nasceu esse saboroso livro. Ele vai nos contar uma história fascinante. Dentro de poucos minutos, vou deixar de importuná-lo e você vai conhecer o Guga e poderá viver com ele uma viagem por um tempo em que os homens viviam de maneira bem diferente da gente, mas que não deixavam de ser homens como nós. Essa viagem vai te trazer uma aventura no tempo. Um tempo que passava diferente e que era percebido de maneira diferente. Um tempo em que os homens eram mais próximos, mas também mais distantes. Enfim, vou deixar você conhecer o Guga e sua história que vai do presente ao passado e que vai nos lembrar de coisas que nunca devemos esquecer: amizade, solidariedade e família. Boa viagem! Marcelo Ferro
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Uma breve eXplicação
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em, sempre gostei de ler, escrever, viajar, fotografar... Quando terminei a faculdade de História resolvi juntar o útil ao agradável: viajar no tempo. Assim nasceu o Guga. Um garoto lindo, inteligente e cheio de vida que me acompanhou por uns bons momentos até que o corre-corre da vida de verdade me fez guardá-lo, carinhosamente, numa gaveta de armário. Mais de dez anos se passaram e senti saudade do velho amigo. Resolvi tirá-lo da poeira e apresentá-lo a uma realidade cheia de celulares, i-pads, playstations, máquinas digitais. Foi um novo aprendizado. Posso dizer que Guga amou tudo isso; e eu também. Nos divertimos muito juntos. E, assim como eu, algumas pessoas especiais também queriam ver Guga e sua turma aprontando por aí. Esta aventura eu gostaria de dedicar a elas. À minha mãe e minha madrinha que, irmãs até nisso, nunca me deixaram desistir, me lembravam dele incessantemente e quase arrombaram a gaveta para o Guga sair. Aliás, sem minha mãe esse conto nunca teria virado livro. A meu pai, que ainda me faz sentir, literalmente, a filhinha dele. A meu tio, que espiritualmente, se tornou meu mestre. A meu padrinho, que com suas incríveis viagens pelo mundo Karin Scarpa 7
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acabou me iniciando no mesmo vício. À minha tia, que com sua paixão pela História, me fez querer seguir o mesmo caminho. À Bá, que me mima com seus tantos sabores. A meus filhos, que tornaram minha vida uma deliciosa aventura diária. Definitivamente minha razão de ser. A meu irmão, que cuida direitinho da gente, 24 horas por dia. E ao Rafa, uma máquina de boas ideias que tem sido o meu príncipe encantado por décadas. Bom, jamais poderia deixar de falar dos meus amigos. Amigos como meus alunos, que tornavam minhas manhãs de segunda tão divertidas quanto as tardes de sexta, que foram cobaias, parceiros e personagens de tantas histórias épicas desenroladas na sala de aula. Amigos como meu primo Júnior, que deu formas lindas à minha imaginação. Leu meus pensamentos, viajou comigo, e me fez ver o que antes eu só imaginava. Como a Del, que corrigiu meus erros, deu ideias sensacionais e fez questão de dividir esse sonho comigo. Como o Ferro, que com sua capacidade incrível de contextualizar tudo e sua liderança nata, norteou parte significativa de minha vida acadêmica. Como a Fernanda, que com seu talento e perfeccionismo deu uma cara única à capa do Guga. E como tantos outros, que com suas participações especiais acabam fazendo de minha vida uma história digna de cinema. Com eles me sinto capaz até de viajar no tempo! Espero que, assim como eu, você também descubra o delicioso prazer da imaginação e se permita aproveitá-lo. Boa viagem! 8 Uma Aventura na Idade Média
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Sumário
Capítulo I Um presente para Guga............................................11 Capítulo II A viagem e o encontro com Armand.......................20 Capítulo III A dura vida de Armand e sua família......................27 Capítulo IV O comerciante amigo de Armand............................39 Capítulo V Guga visita o castelo de Metz....................................43 Capítulo VI Uma cerimônia bem diferente..................................62 Capítulo VII Guga volta para casa..................................................71 Glossário.....................................................................80 Anexo: Caderno de atividades
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Capítulo I
Um presente para Guga
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ara falar a verdade, eu não tenho a menor ideia de como tudo isso começou. A única coisa que sei é que depois de ganhar aquelas pedras africanas de meu tio Edison, minha vida mudou um pouco, ou melhor, mudou pra caramba. Tio Edison é arqueólogo e vive em expedições pelos quatro cantos do mundo trazendo para mim e minha irmã um montão de coisas esquisitas, que não temos a menor ideia do que fazer com elas, e acabamos guardando num canto qualquer do armário. Minha irmã, coitada, por ser toda mocinha fica apavorada cada vez que ele fala que trouxe uma coisa “linda” para ela. “Um presente que nenhuma amiguinha sua vai ter”, como ele diz. Ai, ai, ai... Dani é uma menina toda delicada e muito, mas muito vaidosa mesmo. Só de “chucas” e prendedores de cabelo ela tem uma maleta cheia. E rosa. Tem que ser rosa! E os pentes? Canso só de pensar para que tantos e de todos aqueles formatos diferentes. Ela, toda cheia de si, explica que servem para fazer diferentes penteados e que eu deveria Karin Scarpa 11
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cuidar melhor do meu cabelo, ou da minha juba – palavras dela. Quando Dani era menor, minha mãe que adora cabelos curtos, quando ia ao salão nos levava junto e todos acabávamos saindo de lá com a mesma forma. Tia Clarice ficava enlouquecida com isso. Tia Clarice é uma professora de Português muito amiga da mamãe que vivia dizendo que chegaria o dia em que mamãe se renderia às solicitações de minha irmã. Essa tia Clarice é uma figura. Ela é incapaz de tomar suco de abacaxi sem canudo só para não ficar com bigode. Sanduíche com molho, então... Nem pensar! Minha mãe morre de rir com ela. Figuraça! Bom, aí Dani foi crescendo e do alto dos seus 5 anos acabou solicitando um cabelo maior. Como não estava sendo atendida, já que meu pai também era adepto de nucas de fora, acabou adaptando uma solução. Ela é a rainha dos planos B’s. Quando estava em casa, pedia para eu ajudá-la a colocar uma meia calça na cabeça e ficava com aquilo para cima e para baixo simulando cabelos longos. Até o dia em que chegou ao ponto de pedir para minha mãe fazer um coque na meia calça. Finalmente teve seu desejo atendido. Minha mãe ficou com medo de ter que pagar terapia para ela no futuro. Hehehehe! Hoje, com seus 9 anos, Dani é a senhora felicidade. Balança aqueles cabelos em todas as direções, vive inventando um penteado novo e sempre que mamãe dá mole ela pinta as unhas com esmaltes 12 Uma Aventura na Idade Média
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tão discretos que até no escuro ela chama atenção! Tia Clarice só fala: “Viu?!” e dá boas gargalhadas. De sua última viagem à África, tio Ed trouxe para minha irmã um monte de medalhas e pingentes de deuses tribais, sem falar em uma enorme estátua de bronze de um guerreiro Zulu que empunhava uma grande lança e usava apenas um cordão no pescoço. Dani fez uma cara quando ganhou aquele bruta homem peladão que eu quase morri de tanto rir. Fiquei imaginando ele junto com as inúmeras Barbies e Pollys. Ou que tal ela inventando um novo penteado para ele?! Enquanto eu me distraía com o desespero dela, tio Ed veio em minha direção, me deu uma olhada sinistra, colocou sua mão sobre o meu ombro e, enquanto eu engolia o riso, disse: – Guga, agora você já é um homenzinho. Na sua idade, em muitas tribos antigas os rapazes já eram bravos guerreiros. Fez um trejeito esquisito com os lábios, respirou fundo, cerrou os olhos e continuou como quem vai me dizer uma coisa seríssima. Fiquei todo ouriçado. Aprumei minha postura, como que para mostrar meu suposto ar maduro, franzi as sobrancelhas e esperei por uma super-revelação, uma coisa estritamente confidencial e que só eu iria ficar sabendo. Então ele disse: – Assim, para iniciá-lo no mundo dos adultos, trouxe para você uma lembrança muito especial. – meteu a mão no bolso de sua camisa cáqui e tirou um Karin Scarpa 13
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