Kendall Ryan- Frisky Business 01- The boyfriend effect

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Sinopse Não sou material para namorado. Se uma trilha de corações partidos e um histórico miserável de relacionamentos fracassados me ensinaram alguma coisa, é isso. Meus amigos estão felizes em me falar merda sobre meu último rompimento daqui até o próximo domingo. Obrigado, mas prefiro fazer um tratamento de canal. E uma vasectomia. Ao mesmo tempo. O alívio vem num pacote improvável – a linda e agressiva Maren. Acontece que ela é irmã do meu melhor amigo, então isso não é nada estranho. Mas eu sou um homem com uma missão e Maren está disposta a me ensinar todas as maneiras que tenho falhado como namorado. Aparentemente, são muitas. E é tudo muito informativo – até começar a captar sentimentos. Agora não é apenas minha reputação que está em jogo, mas meu coração também.




Capítulo 01 Hayes Eu gostaria de dizer que tenho minhas coisas sob controle. Que eu tenho tudo planejado. Mas se você me visse de pé aqui, agora, na calçada, em minha cueca boxer — para Deus e todos verem — você saberia que estou totalmente cheio de merda. Minha agora ex-namorada está parada na varanda de seu apartamento no segundo andar, olhando para mim, vestida apenas com um robe de seda cor de pêssego. Seu cabelo está solto e seu rosto está vermelho de raiva, mas não há lágrimas. — Seu desgraçado! — Samantha grita e joga mais uma braçada de minhas roupas pela varanda. Uma das minhas meias fica presa num galho de árvore. Pego minha camiseta da calçada e a coloco. É maio, mas ainda está frio de manhã, e o ar frio atinge minha pele nua. Meus sapatos são jogados no chão em seguida — um de cada vez. Um salta para a rua e espero um ônibus municipal passar antes de recuperá-lo. Eu olho de volta para Samantha, me preparando para o que vem a seguir. Em suas mãos está minha bolsa de laptop. Porra. Cheia com meu laptop, porque vim direto do trabalho ontem à noite.


Alguns vizinhos saíram em suas varandas para ver o que estava acontecendo. Engolindo meu orgulho, levanto meu queixo para a Sra. Hendrickson do apartamento 202 e sorrio. Seus olhos se arregalam de surpresa. — Jesus, Sam, seja razoável — eu grito. Minha bolsa do computador vem voando pela varanda, em seguida, e cai com um estalo alto na calçada. Lá se vai meu laptop. Não tenho a menor ideia de onde essa Samantha veio. Ela me acordou esta manhã com sexo — parecia um bom sinal, certo? Estamos namorando há apenas dois meses, mas achei que as coisas estavam indo bem. Acontece que não sei merda nenhuma sobre merda. Talvez ela quisesse um último passeio? Algo para se lembrar de mim? Porra, eu estava tão errado. Eu esfrego minhas mãos no meu rosto. — Você nunca se comprometerá — diz Samantha, sua voz tremendo de raiva. Isso não é verdade. Tenho comido a mesma marca de cereal nos

últimos

doze

anos.

Sei

uma

ou

duas

coisas

sobre

compromisso. Mas eu decido que agora não é o momento certo para apontar isso para ela. Depois de fazermos sexo esta manhã, ela se aninhou em seu travesseiro, olhando para mim com uma expressão suave. — Onde você acha que isso vai, entre você e eu? — Ela tocou meu peito, as pontas dos dedos traçando círculos preguiçosos na minha pele. Eu disse a ela a verdade, que não tinha certeza, mas gostava de sair com ela. Aparentemente, essa foi a resposta errada.


Ela se sentou de repente, puxando o lençol com ela para cobrir o peito nu. — Isso é o que você pensa que é? Saindo? — Não, claro que não — neguei, instintivamente recuando. — Tenho quase trinta, Hayes. — Ela semicerrou os olhos para mim. Eu também tenho quase trinta anos, mas não tinha certeza do que nossa idade tem a ver com qualquer coisa. — Eu quero mais — disse ela, franzindo a testa. — Um relacionamento. Um verdadeiro compromisso. Casamento. Bebês. Uma família. As coisas pioraram rapidamente depois disso. Eu a conheço há dois meses, então pensei que o que tínhamos era apenas casual. Ainda nem a apresentei à minha avó, que mora comigo. Inferno, Samantha só entrou no meu apartamento uma vez. Ela nunca passou a noite, um fato que ela me lembra regularmente com desdém. Outro vizinho espia pela janela, uma caneca de café numa das mãos e um cachorro latindo na outra. Carros passam, alguns diminuindo a velocidade para ver o drama se desenrolar. Não posso dizer que os culpo. Esta é certamente a maneira mais emocionante pela qual comecei uma manhã de sexta-feira em muito tempo. Finalmente, meu jeans é jogado na varanda e corro para pegálo. Meu celular ainda está no bolso, milagrosamente intacto. Eu puxo minha calça jeans e coloco meus pés no par de Vans que resgatei. Sem outra palavra, Samantha marcha para dentro e bate a porta de vidro deslizante.


Sra. Hendrickson volta para dentro também. O show acabou, pessoal. Nada mais para ver. Depois de pegar minha bolsa do laptop na calçada, saio pela rua. Paro no posto de gasolina da esquina e compro um copo de café de merda antes de ir encontrar meu carro. O bairro de Samantha fica numa área movimentada de Chicago. Nunca há estacionamento. Mas tive sorte ontem à noite, e meu carro está a apenas dois quarteirões. Envolvendo a mão em torno do calor do copo, sigo na direção do meu Lexus. Assim que chego ao meu carro, jogo a bolsa do laptop com meu computador quebrado no banco de trás. Ao entrar no trânsito, meu celular toca. Presumo que seja Samantha, pensando que talvez ela queira continuar me repreendendo, e quase não respondo. Mas o nome na tela diz WOLFIE. Solto um gemido silencioso e respondo no viva voz. — E aí cara. O que há? — pergunto depois de engolir outro gole do café horrível. — Preciso que você me faça um favor — ele diz com sua voz rouca. Sem olá. Sem bom dia. Wolfie típico. Mas o bastardo sabe que eu faria qualquer coisa por ele. Assim como ele faria por mim. Essa é a razão pela qual eu o deixo escapar com seu comportamento de homem das cavernas. — É meu primeiro dia de folga em dois anos, idiota. — Eu sei, eu sei — diz ele com uma risada. Eu reviro meus olhos. — Qual é o favor? — Não adianta discutir com ele. Farei tudo o que ele precisa que eu faça. — Eu preciso que você vá verificar Maren. Exceto por isso.


Maren é a irmã mais nova de Wolfie. Ela se formou no ano passado em serviço social. Ela é uma boa garota. Quer ajudar os outros. Fazer a diferença no mundo. O problema é que nunca senti por Maren Cox o que deveria. Sinto-me cauteloso quando estou perto dela, como um leão no zoológico, pouco antes da hora de comer. — Você está aí? — Wolfie pergunta no meu silêncio. — Estou aqui. Ele solta um longo suspiro. — Maren está doente. Diz que hoje ficará em casa sem trabalhar. Pode passar pelo seu apartamento e ver como ela está para mim? Lembro-me de todas as outras vezes que Wolfie ou Maren me chamaram assim, precisando de um favor, como quando ela se trancou fora de seu apartamento, ou quando seu carro quebrou na beira da estrada, ou daquela vez que o peixinho dourado morreu e ela não teve coragem de dar a descarga. Que fodido aborrecimento. Lembro-me de Maren quando criança, com um sorriso dentuço e olhos grandes, sempre se arrastando alguns passos atrás de nós e gritando para que esperássemos. Claro, Maren parece muito diferente hoje em dia. Ela tem vinte e cinco anos agora e se tornou uma mulher e tanto. Cada vez que estou perto dela, tenho que forçar meu olhar para longe de seus seios fartos, sua boca exuberante e aquelas suas pernas longas e tonificada. Eu estava lá para ela na noite de seu vigésimo primeiro aniversário, segurando seu cabelo para trás quando ela vomitou pela janela do carro. Estava lá quando ela teve seu coração partido pela primeira vez, quando seu namorado filho da puta a largou


depois de seis meses de namoro. E a puxei para o meu peito com um suspiro irritado e ela caiu em prantos, fazendo-me sentir ainda pior. Mas isso não foi nada comparado com a dor que senti quando soube que ele terminou com ela apenas depois de perfurar seu cartão V. Eu queria caçá-lo e castrá-lo. Eu queria fazê-lo sofrer. Mas é claro que prometi a uma Maren de coração partido que não faria tal coisa. Em vez disso, tive que vê-la chorar por causa daquele idiota por semanas. — Por que você não pode ir? — pergunto, embora já saiba a resposta para essa pergunta. Wolfie solta um suspiro. — Dia do inventário. Caleb, Connor e Ever estão aqui desde as cinco. Eu engulo, me sentindo uma merda sobre isso, porque eu deveria estar lá também. Sou proprietário de uma empresa de brinquedos, a Frisky Business, com meus melhores amigos. Sim, esses tipos de brinquedos. O tipo muito adulto. Nosso negócio é minha paixão, mas não tiro um dia de folga há anos. Meus parceiros insistiram que eu fizesse isso — passar um longo fim de semana sozinho. Praticamente forcei minha mão. — Não há ninguém em quem eu confie mais — diz Wolfie. Ele é como uma família para mim, e isso significa que Maren também é. Eu fiz uma promessa a ele e nunca quebraria sua confiança. Eles tiveram uma vida difícil enquanto cresciam. Wolfie fez tudo por Maren. Quando o pai deles bebia seu salário, foi Wolfie quem conseguiu um segundo emprego no último ano do ensino


médio. Enquanto o resto de nós jogava videogame e brincava na quadra de basquete, ele servia mesas na lanchonete para pagar suas aulas de balé e o novo material escolar. — Sim, eu vou — digo, após uma longa pausa. Por mais leal que Wolfie seja, ele sempre foi um solitário. O cara raramente liga ou envia mensagens de texto, a menos que precise de algo, mas ele também seria o primeiro a se inscrever se você pedisse um favor. — Obrigado, cara. Eu devo uma a você — diz ele. Eu resmungo e termino a ligação. Quinze minutos depois, entro no estacionamento embaixo do meu prédio. Minha avó e colega de quarto, Rosie, sorri para mim quando destranco a porta da frente e entro na cozinha. — Eles realmente convenceram você disso, hein? — O que? — Eles fizeram você tirar um dia de folga. — Oh, certo. — Eu passo minhas mãos pelo meu cabelo. — Sim, eles fizeram. — Solto uma risada sem humor. Ela serve uma xícara de café e me entrega. — Achei que você fosse dormir. Você acordou cedo. Eu aceno e aceito a caneca de café, decidindo poupá-la da história da minha separação esta manhã. — Wolfie perguntou se eu daria uma olhada em Maren. Acho que ela está doente. Rosie faz um barulho contemplativo. — Você é um bom amigo. — Eu acho. Ela ri e dá um tapinha no meu antebraço. — Eu tenho planos com Marge mais tarde. Estamos indo para o mercado do fazendeiro.


— Seja cuidadosa. — Minha avó ainda dirige, e tenho sentimentos confusos sobre isso. Ela ri novamente. — Não se preocupe tanto. Você verá aquela sua garota hoje? Eu balancei minha cabeça. — Não estamos mais nos vendo. Rosie levanta uma sobrancelha prateada e fina para mim. — Você passa por elas rápido. Espero que saiba o que está fazendo. Eu? Nenhuma fodida pista. Depois que termino meu café, me sinto mais humano. Você pensaria que Sam me largando de uma forma tão espetacular teria me confundido, e fez um pouco. Mas é menos sobre Sam e mais sobre o fato de que estou começando a notar um padrão. Nenhum dos meus relacionamentos durou mais do que algumas semanas, alguns meses no máximo. E o único denominador comum sou eu. E Sam tinha razão — tenho quase trinta anos, o que não é exatamente velho, mas é velho o suficiente. Por que não consigo fazer as coisas funcionarem? A resposta a essa pergunta me incomoda, mas não estou pronto para ouvi-la. Dentro do meu quarto, fecho a porta e vou para o banheiro contíguo. Abro a torneira até ficar quente e entro sob o jato de água. Ensaboando-me, lavo o cheiro de Samantha da minha pele. Depois de vestir uma camiseta limpa e outro par de jeans, pego minhas chaves e o telefone. Eu pressiono um beijo na bochecha da minha avó e saio. O apartamento de Maren fica numa fileira bem organizada de casas antigas que foram transformadas em duplex nos anos oitenta. O aluguel é razoável e o estacionamento na rua é abundante. Estaciono em frente ao prédio de tijolos e saio.


Eu bato em sua porta, e depois de um momento, ela se abre. Maren está vestida com um par de calças de ioga e uma camiseta, seus longos cabelos escuros presos num coque bagunçado. Ela tem um metro e setenta e cinco, mas mal chega ao meu queixo. — Hayes. — Ela sorri quando me vê, ficando na ponta dos pés para me abraçar. Envolvendo os braços em volta do meu pescoço, ela me puxa para perto. Eu toco o meio de suas costas, dando tapinhas uma vez e, em seguida, a solto, precisando colocar alguma distância entre nós. Se ela soubesse todos os pensamentos sujos que tenho quando ela pressiona seus seios macios no meu peito assim, ela não viria tão de boa vontade em meus braços. Mas Maren sempre foi afetuosa. Ela é assim com todo mundo. Não acho que ela entende o significado de espaço pessoal, então tento não interpretar. Sorrindo para mim, ela pergunta: — O que você está fazendo aqui? — Wolfie me enviou. Ele disse que você está doente. — Mas ela não parece mal. Suas bochechas estão rosadas e ela ainda está sorrindo. Os olhos de Maren se arregalam e suas bochechas ficam vermelhas. — Hum, não. Eu não estou. Eu mudo meu peso em sua varanda. — Ele disse que você ligou para o trabalho e que estava doente hoje. Ela encontra meus olhos novamente. Eles são da cor de esmeraldas brilhantes e folhas douradas de outono com chocolate ao leite derretido bem no centro. Tecnicamente, a palavra é avelã, mas é uma palavra muito simples para descrever toda a vida e profundidade que vejo quando olho em seus olhos.


Há muitas coisas que sinto por Maren. Confusão. Luxúria descabida. E irritação — porque nunca senti por essa garota o que deveria. — Bem, essa parte é verdade. — Importa-se de me informar? Ela geme. — Você pode entrar. Eu a sigo em seu apartamento de um quarto. Não é chique, mas é limpo e sempre arrumado. Um sofá cinza fica na sala de estar em cima de um tapete colorido. Plantas em vasos incompatíveis estão alinhadas no parapeito da janela, e sua pequena cozinha está impecável. — Café? — Ela pergunta. — Eu estou bem. Quando Maren entra na sala de estar, acho que detecto uma claudicação, mas ela se abaixa no sofá antes que eu tenha certeza. Eu me sento ao seu lado. — Fale comigo, pomba. — É um apelido que dei a ela anos atrás porque ela é tão bonita e inocente quanto uma pomba branca, e pegou. — É totalmente constrangedor. — Ela franze a testa, puxando o lábio inferior rechonchudo entre os dentes. Sua boca é literalmente perfeita. Eu quero beijar isso. E então foda-se. Vê meu problema? Se Wolfie soubesse os pensamentos que tenho sobre sua irmã, ele cortaria minhas bolas e as enfiaria na minha garganta. E eu merecia cada segundo disso. Todo mundo sabe que irmãs estão fora dos limites, e vivemos sob um código rígido de irmão. Precisamos — não somos apenas amigos, somos melhores amigos


e administramos um negócio juntos. Manter as coisas apropriadas e corretas são minhas únicas opções. Eu sorrio. — Você quer ouvir algo embaraçoso? Te contarei sobre minha manhã e por que eu estava quase nu na Halsted Street, se você me contar algo seu. Seus olhos se arregalam. — Que diabos — diz ela com uma risada. — Quer que eu conte primeiro? Ela concorda. Conto a ela sobre como Samantha me empurrou da cama e depois me baniu de seu apartamento quando eu estava apenas de boxer. E sobre os vizinhos que assistiam de suas janelas. As crianças de pijama apontando e rindo. Mas se esperava alguma simpatia de Maren, é a última coisa que recebo. Ela ri em seu punho, seus olhos dançando nos meus. — Eu juro, Hayes, você tem a pior sorte com as mulheres que eu já vi. Você pode dizer isso de novo. — Acredite em mim, eu sei. Ela balança a cabeça. — Um dia desses, o colocarei sob minha proteção e ensinarei a ser um namorado adequado. Uma risada profunda sai dos meus lábios. — Qualquer lugar, a qualquer hora. Mas primeiro, por que você não me diz por que está faltando ao trabalho hoje e mentindo para o seu irmão? Seu olhar cai para o chão. — Eu tive um pequeno acidente. Meu coração bate uma vez. — Um acidente de carro? Ainda evitando meus olhos, ela balança a cabeça. — Um acidente de depilação.


Estreitando os olhos, pergunto: — O que foi agora? Ela solta uma risada nervosa e suas lindas bochechas coram novamente. Ela toca uma com a mão. — Eu queria economizar algum dinheiro. Então, em vez de ir ao salão de depilação, como costumo fazer para depilar o biquíni... Comprei um daqueles kits caseiros. Mas acho que a cera estava quente demais. Foda-me. Se eu pensei que minha manhã começou difícil, não é nada comparado à agonia de ter que sentar aqui e encarar essa linda garota me dizendo que ela queimou sua boceta com cera quente. — Merda. Você está bem? — pergunto, mal conseguindo dizer as palavras. Ela mastiga o lábio inferior exuberante. — Eu ficarei bem. Estou um pouco dolorida. E não se atreva a dizer uma palavra sobre isso ao meu irmão. Eu levanto as duas mãos. — Acredite em mim, eu não saio por aí falando sobre sua vagina com seu irmão, e não tenho planos de começar tão cedo. Isso arranca um sorriso de Maren. — É mortificante o suficiente que você saiba. Eu aceno em concordância. Porque agora estou imaginando a boceta lisa e nua de Maren, e definitivamente me sentindo um pouco homicida com a ideia de que ela fez isso por algum cara indigno. — Você não precisa ter vergonha de mim — eu digo, abrindo meus braços para ela. — Venha aqui. Maren se aproxima no sofá, suspirando enquanto se inclina perto o suficiente para descansar a cabeça no meu peito. Meu


coração bate num ritmo irregular enquanto seu cheiro – xampu perfumado e baunilha — me envolve. Sua confiança em mim é como um castigo silencioso, algo que tenho que suportar, porque estar perto de Maren não é fácil para mim. Mil pensamentos pornográficos que não me permitirei entreter, vêm até mim de todos os ângulos. Desligá-los é como um trabalho de tempo integral, no qual sou muito bom. Quando liberto Maren do abraço, ela se senta e eu levanto uma sobrancelha. — Quer que eu dê uma olhada? — pergunto, principalmente brincando. — Você está louco? — Ela me olha boquiaberta. — Não! Encolho os ombros. — Acredite em mim, isso também não é fácil para mim. Eu só... E se você tiver queimaduras de terceiro grau ou algo assim. Você pode precisar de tratamento médico. Seu olhar se desvia do meu novamente. — Não é tão ruim. Só um pouco rosa. E macio. Eu lambo meus lábios. Ouvir Maren usar palavras como rosa e macio para descrever sua boceta é uma verdadeira tortura. Quer que eu beije e torne isso melhor? Eu aperto meus dentes e luto pelo controle. Anos de frustração sexual reprimida agitam minhas entranhas. — Você quer falar sobre sua última separação? — Ela pergunta, provavelmente desesperada para mudar de assunto, eu sei que estou. — Sobre... Samantha? — Maren diz o nome como uma pergunta, como se ela não tivesse certeza de si mesma. Eu suspiro e me inclino em seu sofá. — Na verdade não. Qual é o ponto?


Ela balança a cabeça e solta um pequeno suspiro. — Você passa pelas mulheres mais rápido do que eu passo pela roupa íntima. Eu lambo meus lábios. — Bem, não quero mais. Terminei. Ela me lança um olhar duvidoso, como se não pudesse acreditar nas palavras que saem da minha boca. Para o meu grupo de amigos, tenho a reputação de ser um Casanova. Não um jogador, exatamente, mais um monógamo serial, saltando de uma garota para a outra. Mas isso precisa mudar. — Eu preciso de um tempo. Sem mais relacionamentos. Sem mais mulheres. Enquanto digo as palavras, sei que são verdadeiras. Eu preciso de uma pausa das mulheres. Se não consigo me concentrar num relacionamento, não deveria estar namorando ninguém. É simples assim. A postura de Maren se endireita como se eu tivesse toda a atenção dela. — Por quanto tempo? — Por quanto tempo for necessário.


Capítulo 02 Maren Eu nunca senti por Hayes Ellison o que deveria. Talvez seja porque tenho um assento na primeira fila da porta giratória de seu quarto. Isso não quer dizer que ele seja um prostituto, mais como um monogâmico serial, constantemente namorando alguém novo. Hayes é um romântico no coração, caindo duro e rápido, mas a maioria de seus relacionamentos parecem fracassar depois de apenas algumas semanas. Só nos últimos meses, houve a massagista com quem ele começou a namorar e emprestou vários milhares de dólares para começar sua própria prática. Então ela o largou. Então havia a aspirante a chef que ele ajudou a entrar na escola de culinária, apenas para ela terminar com ele assim que o semestre começasse. Sempre foi assim. Não tenho ideia do que aconteceu com Samantha. Mas mesmo com todas as emoções confusas que suportei, há uma coisa que sempre soube. Hayes Ellison nunca será meu. Minha atração por ele é quase sufocante. Dizer que temos um relacionamento complicado seria um eufemismo. Quando ele está perto, eu queimo mais quente que o sol. Seu corpo grande e largo


parece sugar todo o oxigênio da sala até que fico tonta e quase sem fôlego. E agora ele está aqui, sentado no meu sofá, me dizendo que está rejeitando as mulheres e olhando para mim com pena da minha pobre e danificada vagina. — Você já tomou café da manhã? — Ele pergunta. Eu balanço minha cabeça. — São nove da manhã. Fiz café, mas ainda não comi. — Vamos sair e comprar algo. Então posso dizer a Wolfie que alimentei você. Eu aceno, me sentindo um pouco envergonhada. Tenho vivido com a ideia de que Hayes é bom comigo apenas para apaziguar meu irmão e só cuida de mim por responsabilidade familiar. Não há ninguém em quem confie mais, mas Hayes não é um homem fácil de se conviver. Ele pode ser exigente e intimidador. Mas quando ele olha para mim, há suavidade em seus olhos. Ele sempre foi assim comigo. Eu sou seu único ponto fraco, eu acho. Como todas as vezes em que procurei consolo em seus braços — quando meu namorado do colégio partiu meu coração, quando meu pai morreu... Afasto esses pensamentos porque agora não é a hora de fazer essa viagem pela estrada da memória. — Posso tomar banho primeiro? Eu serei rápida. Seu queixo quadrado aperta. Aparentemente, eu o esgotei. Como uma criança pequena. — Claro — diz ele finalmente. E eu faço. Com meu cabelo preso num coque, tomo o banho mais rápido do mundo. A água quente arde na pele crua entre


minhas pernas, mas não é nada comparado à agonia de ter que contar a Hayes sobre meu ferimento. Por que eu disse a verdade a ele? Eu poderia facilmente ter inventado alguma besteira sobre puxar meu flexor do quadril fazendo ioga. Mas, em vez disso, fui sincera. Uma olhada naqueles olhos doces de uísque e de repente estou confessando meus segredos mais sombrios. Uma sensação de formigamento percorre minha barriga. Bem. Nem todo segredo. Se Hayes soubesse o quanto estou atraída por ele, isso seria ruim de duas maneiras. Ele riria de mim até ficar com o rosto vermelho ou se sentiria super desconfortável e me evitaria pelo resto do tempo. Ambas as opções parecem um inferno para mim. Eu suspiro, esfregando minha pele um pouco mais forte do que o normal. Mas não importa o quanto eu esfregue, nunca me limparei dos meus pensamentos sobre Hayes. Passei horas fantasiando sobre beijar aquele sorriso sensual de seu rosto, envolvendo meus braços em volta de seus ombros largos, empurrando meus quadris contra seu corpo duro... Ok, uau. Quanto mais eu me deixo cair nesta toca do coelho, mais enlouquecedor o calor pulsante entre meu coração e meu núcleo cresce. Meus dedos correm distraidamente sobre minha pele lisa e macia. Seria incrivelmente pecaminoso me masturbar no chuveiro com Hayes a menos de três metros de mim, separado apenas por uma porta fina? Afasto o pensamento, mergulhando meu rosto sob a súbita explosão de água fria vinda do chuveiro e estendendo a mão para


a maçaneta. Sempre há uma onda brutal de água fria no final. Eu normalmente saio da banheira antes de desligar o fluxo, mas esta manhã, eu preciso de um chamado para acordar e resfriar meu corpo agora superaquecido. Com Hayes esperando, termino de me arrumar num flash. Eu visto uma camiseta e um par de leggings da gaveta, mais uma vez me chutando mentalmente por pular o dia de lavanderia esta semana. O trabalho tem sido um tanto estressante. Eu olho para a fileira de camisas polo penduradas no meu armário, cada uma com o logotipo bordado da Riverside, e um caroço se forma na minha garganta. Sempre que penso no que está acontecendo com Riverside, a casa de repouso mais antiga de Chicago no lado norte, tudo que quero fazer é me enrolar na cama sob dez cobertores, assistir meus filmes favoritos e chorar. Não tenho tempo para isso. Momentos

preciosos

perdidos,

luto

para

me

tornar

apresentável. Depois de uma dúzia de aplicações de rímel, algumas linhas corretivas em minhas sobrancelhas e uma penteada vigorosa com os dedos em meu cabelo emaranhado — agora estou pronta para ir. Pego a maçaneta, já preparando minhas desculpas para Hayes que espera pacientemente. E eu paro. Desodorante! Eu passo o bastão sob meus braços agressivamente, balançando a cabeça para o meu próprio reflexo. Vinte e cinco anos e ainda não tenho minha rotina matinal bem definida. A presença de Hayes esta manhã me transformou numa bagunça. Eu realmente gostaria que Wolfie não interferisse tanto em minha vida.


Quando saio do banheiro, menos de vinte minutos depois de entrar correndo, Hayes ainda está no sofá. Mas ao invés de olhar para mim com aqueles olhos grandes e calorosos, ele cochilou, seus longos cílios lançando sombras em suas maçãs do rosto. Eu vou na ponta dos pés em direção a ele, debatendo a cada passo que tipo de irmã mais nova eu serei. Doce e amorosa? Ou uma praga irritante? Um pensamento tão claro quanto o céu de verão de Chicago me aquece de empolgação e vergonha. Não quero ser a irmã mais nova de Hayes. Gentilmente, eu acaricio seu queixo com as costas dos meus dedos. — Ei, dorminhoco. Seus olhos se abrem, em chamas. Sua mão dispara até a minha num aperto chocante, apertando. — Não faça isso. — Seus olhos queimam com algo intenso, suas pupilas ardendo como mel mergulhado em lava derretida. — Desculpe — sussurro, minhas sobrancelhas franzidas em confusão com sua reação. Seu olhar viaja lentamente pelo meu corpo, como se ele estivesse demorando antes de pousar no meu rosto novamente. Sua expressão é entediada, desinteressada, enquanto ele diz: — Você sabe que não deve acordar um homem com fome. E então sua expressão muda. Há aquele sorriso irritante, estendendo as linhas de sorriso suaves de seus lábios carnudos e seus olhos impossíveis de ler. É minha vez de piscar. Não consigo olhar para ele por muito tempo antes de correr o risco de fazer algo incrivelmente estúpido como beijá-lo.


— Estar com fome não é desculpa para ser mau. — Eu faço beicinho com meu lábio inferior, flexionando minha mão como se tivesse sido ferida. Não, ele não me machucou. Mas isso não significa que não o deixarei pensar que sim. Eu olho para o chão e volto para ele através do meu rímel. Sou uma especialista em bater os cílios. É a primeira coisa que você aprende quando seu irmão tem amigos gostosos. Mas Hayes é imune a mim. Ele já está de pé, procurando nos bolsos a carteira e as chaves. Obter uma resposta dessa gangorra emocional de um homem só me dá uma pancada na bunda. E meu ego foi ferido o suficiente por ele ao longo dos anos. — Pronta? — Ele pergunta. Eu dou a ele um sorriso fraco. — Sim. — Depois de você, pomba. — Hayes me abre um sorriso e saímos juntos. Meu cérebro é uma cadela traidora. Coisas que não devo me permitir imaginar surgem na minha cabeça sem minha permissão, e geralmente no pior momento imaginável. Quando ele abre a porta para mim da lanchonete da esquina, me vejo visualizando seu grande corpo movendo-se em cima do meu. Quando ele toma seu primeiro gole precioso de café fumegante, sinto sua boca quente pressionada contra minha garganta. Quando ele lê seus itens de menu favoritos para mim no menu de três dobras laminadas, ouço as palavras sujas caindo de seus lábios exuberantes enquanto seus dedos trabalham entre minhas coxas. Todos aqueles músculos elegantes e masculinos me reivindicando, me possuindo, me usando...


— Maren? Percebo com um sobressalto que Hayes está esperando que eu responda a algo que ele acabou de dizer. — Eu sinto muito. O que você disse? — Meu olhar encontra o seu, e uau, Hayes parece irritado. Se eu não o conhecesse tão bem, ficaria seriamente preocupada. — Salgado ou doce? Doce. Sempre doce. — Doce, eu acho. — Encolho os ombros, deixando cair outro cubo de açúcar no meu café. A tensão gravada em sua mandíbula cerrada relaxa enquanto sua expressão se torna um sorriso malicioso. Como ele vai de zero a sessenta e de volta a zero, sempre permanecerá um mistério para mim. — Você não mudou nada desde os oito anos, mudou? — Ele suspira, inclinando-se sobre a mesa. Mesmo apenas alguns centímetros de espaço eliminados entre nós parece que o tempo neste pequeno restaurante sombrio mudou. Tropicalmente. Com bochechas em chamas, eu rolo meus olhos. — Tanto faz, Hayes. Eu amo e odeio quando ele traz nossa história à tona. Amor, porque me deixa tão feliz que conhecemos a personalidade um do outro provavelmente melhor do que qualquer outra pessoa poderia. Ódio, porque sou egoísta. Eu quero a chance de causar uma nova primeira impressão. Muitas vezes, me pergunto se eu viraria sua cabeça enquanto caminhava pela rua, se ele já não me visse como a irmã mais nova de seu melhor amigo. Qual seria o nosso primeiro encontro?


— Só porque você está com fome, não significa que você tem que ser má — diz ele com uma ofensa simulada. Observando seus olhos arregalados, lábios voltados para baixo e a mão colocada sobre o coração, não posso deixar de rir. Eu rapidamente levo minha xícara de café à boca para esconder o sorriso dos meus lábios desonestos. — Muito engraçado — eu sussurro, revirando meus olhos pela enésima vez hoje. Estamos juntos há quanto tempo? Eu não acho que nenhum de nós tenha dito uma palavra sem provocar. Se ele realmente gostasse de mim, não zombaria tanto de mim. Isso está em contradição direta com uma das palestras favoritas de meu pai “meninos proibidos”. Quando os meninos provocam você, isso significa que gostam de você, Maren. Mas desliguei sua voz da minha cabeça com um gole de café escaldante. Isso é apenas meu subconsciente, tentando salvar uma paixão que está obsoleta há duas décadas. Não, pai. Quando um garoto provoca você, ele está apenas provocando você. Quando um garçom aparece, fazemos nossos pedidos. Peço minha torrada francesa de sempre com um lado de frutas, e Hayes se contenta com claras de ovos mexidas com espinafre. Somos criaturas de hábitos, então, quando Hayes pede um lado de panquecas, minhas sobrancelhas se erguem em descrença. — Eu tive uma manhã difícil, ok? Primeiro, eu praticamente fui jogado pela janela. Então descubro que você está mortalmente doente. — Quando eu zombo, ele me encara com um olhar suplicante. — Eu mereço isso. Ok?


Seu tom é severo, me implorando para discordar dele. Não que eu fosse. Comer um carboidrato de vez em quando não o matará, apesar do que ele possa pensar. — Eu não acho que vi você comer panquecas numa década. Hayes é bastante vigilante quanto ao seu físico, o que se mostra num grau irritante. Enquanto isso, eu provavelmente poderia encontrar espaço na minha barriga sem fundo para as duas refeições. Especialmente se eu pudesse lamber a calda de seu... — Talvez você não me conheça tão bem quanto pensa que conhece — Hayes murmura em seu café, balançando as sobrancelhas. Ele está tentando ser bobo, mas é inegavelmente sexy. Eu cruzo minhas pernas, sem graça sobre a dor entre minhas coxas. — Podemos não fazer isso por uns cinco minutos? — Eu bufo, cruzando os braços sobre o peito. Hayes levanta uma sobrancelha. — Fazer o que? — Jogar jogos. Provocar, fazer graça etc. — Sou eu quem resmunga agora. Sou conhecida por começar uma luta e depois agitar a bandeira branca da rendição no primeiro round. Sempre fui uma pacificadora. É apenas minha personalidade. — Podemos ser legais um com o outro? — Ok, nós podemos fazer isso. Podemos ser legais. — Hayes se endireita e arranca o guardanapo de pano da mesa, os talheres dentro fazendo barulho por toda parte, apenas para enfiá-lo no colarinho da camisa. Eu bufo de tanto rir, cobrindo meu rosto e rezando para que ninguém nesta lanchonete esteja olhando.


Ele balança meu guardanapo na frente do meu rosto. Eu o agarro com uma risadinha, enfiando-o no decote da minha camisa polo. — Diga-me, Srta. Maren, como você está nesta bela manhã? — Isso é para nos fazer sentir bem? Porque eu me sinto idiota. — Você nunca pareceu melhor. Como está o trabalho? Não tenho tempo para reagir ao seu elogio. Meu sorriso se transforma numa carranca solene. — Está bem. — Não... parece bem. — Quer ele queira ou não, Hayes corresponde à minha carranca, sua testa franzida com linhas profundas de preocupação. Ele puxa o guardanapo de sua gola, em seguida, estende a mão para puxar o meu também. De repente, a piada acabou. — O que há de errado, pomba? Fale comigo. Eu suspiro. Ainda não contei a ninguém sobre isso. Acho que é apropriado que seja Hayes. Como posso dizer não para aqueles olhos cor de mel? — Houve uma reunião em Riverside ontem de manhã. Acho que um dos grandes doadores com quem normalmente contamos para fazer uma contribuição anual decidiu doá-la ao museu de arte. O que é ótimo para o museu de arte. Eles também precisam de dinheiro. Mas... — Riverside ficará bem? — Ele pergunta, sabendo o quão importante é para mim. Encolho os ombros, piscando para conter as lágrimas. — Eu não sei. A reunião foi tão séria. Normalmente, Peggy traz bolo de café ou algo assim, mas ontem... Ela estava destruída. Eu poderia dizer que ela tinha ficado acordada a noite toda, chorando. Eles nos disseram para começar a procurar outros empregos.


— Uau. — Sim. — Agora há ranho escorrendo do meu nariz, então eu limpo com o guardanapo de pano. Hayes estica o braço por cima da mesa, quase como se fosse pegar minha mão. Mas seus dedos param a centímetros dos meus. Perto, mas não o suficiente. A tristeza fervilha dentro de mim, pronta para invadir meu corpo novamente. Naquele momento, nosso garçom reaparece com pratos de comida fumegante que me dão água na boca. Enxugo minhas lágrimas com um sorriso tímido, aceitando meu prato. O cheiro é delicioso e, conforme inalo, minha tristeza desaparece. — Nota para si mesmo. Se Maren estiver triste, traga coisas doces para ela — diz Hayes com uma risada. Eu nem me importo se ele está zombando de mim de novo, porque essas panquecas são incríveis. E por mais preocupada que eu esteja com Riverside, sei que me preocupar agora não resolverá nada. Mas aquele lugar é muito mais do que apenas um trabalho para mim. É quase como uma segunda casa. E eu faço tudo, o que precisa ser feito... atender telefones, retornar e-mails, acompanhar reclamações de seguros, a lista continua. Mas minha coisa favorita a fazer é conversar com os residentes. Descobrir suas histórias. — Ei — diz Hayes, tirando minha atenção do prato até que me concentro novamente no homem à minha frente, cuja expressão é estranha.

Por

trás

da

preocupação,

algo

parecido...

determinação? — Nós descobriremos algo. Eu a ajudarei a salvar Riverside.


Eu pisco de volta minha surpresa. — Você realmente me ajudará? — Eu disse que faria. O que isso quer dizer? — Isso não será como aquela vez em que você me abandonou no cinema para ir buscar um pouco com Missy Carter? — Eu sorrio para ele. — Ok, eu te abandonei, mas naquela época eu, aos dezessete anos, queria meu pau chupado por Missy mais do que eu queria viver até o último ano. Eu voltei e peguei você quando o filme acabou — ele acrescenta com um sorriso. Alcançando o outro lado da mesa, eu bato nele com as costas da minha mão. — Idiota — murmuro, mas estou sorrindo de volta para ele. Desta vez, quando Hayes se estica sobre a mesa, nossas mãos se apertam e meu coração pula uma batida. — Eu prometo que ajudarei — ele murmura, seus olhos fixos nos meus. — Tudo o que puder fazer e ajudar, farei isso por você... por Riverside. Você tem minha palavra, pomba. Meu coração dispara.


Capítulo 03 Hayes Jantar fora com os caras é um evento casual, e geralmente um que eu espero ansiosamente. Mas parece que há algo errado nesta noite. Para ser sincero, não quero estar aqui. Acho que é porque não consegui tirar Maren da cabeça, mas também pode ser porque meus supostos amigos me forçaram a tirar uma folga na semana passada e ainda me sinto culpado por isso. Cheeseburgers e cervejas do McGil's resolvem a maioria dos problemas, então as coisas estão começando a melhorar. Nosso garçom

entrega

nossa

comida,

junto

com

uma

pilha

de

guardanapos extras que não pedimos, mas que certamente precisaremos. Depois de entregar nossos pratos, ela permanece na nossa mesa um momento mais longo. Tenho certeza de que ela vê três solteiros atraentes e bem-sucedidos quando olha para nós, e ela não está errada. Mas a noite dos rapazes é sagrada, e até Connor sabe que não deve sair à caça de uma boceta durante a nossa noite no McGil's. — Está tudo certo, obrigado. — Wolfie diz a ela, lançando um olhar irritado em sua direção, e ela sai correndo. Connor balança a cabeça para ele. — Ela parece legal.


Eu observo sua interação com uma espécie de distanciamento, sabendo que preciso sair do que quer que seja isso. Estou distraído e nervoso, e é apenas uma questão de tempo até que Wolfie perceba. O cara percebe tudo e é quase impossível esconder algo dele. — Você está bem? — Wolfie pergunta, me avaliando do outro lado da mesa com uma sobrancelha franzida. — Sim. — Vamos, Hayes. Nós te conhecemos melhor do que isso. O que está acontecendo com você? — Wolfie me encara com um olhar sério. Sabendo melhor do que ignorá-lo, esfrego a mão sobre a barba por fazer no meu queixo e decido ir com a resposta que não revela que estive pensando sobre como sua irmã ficaria nua. — Hum, a merda correu mal na semana passada com Samantha. Não é grande coisa. — Samantha? Ela foi o seu sabor do mês, certo? — Connor ri em sua cerveja. — O que diabos aconteceu desta vez? Eu gemo um som que meus amigos interpretam corretamente. — Tão ruim assim, hein? — Connor me lança um olhar zombeteiro. Pego alguns guardanapos e começo a comer. Tenho um relacionamento mais longo com um desses hambúrgueres do que ele com uma mulher. O cara é alérgico a monogamia. Um playboy total. Ele e eu não concordamos em muitas coisas, mas ele é um amigo desde a faculdade e um dos meus parceiros de negócios, então faço o meu melhor para jogar bem.


Como Connor é um solteiro perpétuo, não espero que ele entenda minha necessidade de companhia. Mas sempre fui assim; é apenas como estou programado. Eu me sinto mais eu mesmo quando faço parte de uma dupla. Mas devo estar fazendo algo errado, devo ser o pior namorado do mundo para sempre acabar nessa mesma posição depois de algumas semanas ou meses. Wolfie me encara. — Conte-nos, Hayes. Deus, mataria o cara sorrir de vez em quando? — Ela queria compromisso, e eu não estava pronto — digo com uma mordida no meu hambúrguer. Connor sorri. — Então, o de costume. — Foda-se. — Eu sorrio para ele e jogo uma batata frita em seu rosto. Wolfie balança a cabeça. — Comportem-se, crianças. Se eu sou o Casanova do grupo, constantemente procurando pela minha outra metade, e Connor é conhecido por sua porta giratória do quarto, Wolfie é como o pai da nossa equipe. Com sua reputação severa e aquela carranca perpétua em seu rosto, eu diria que isso solidifica tudo. Eu sempre sinto que estou desapontando ele e nunca posso dizer não, que é um dos motivos pelos quais estou sempre checando sua irmã quando ele pede. É o mínimo que posso fazer. Especialmente porque sei quanta merda ele e Maren passaram enquanto cresciam. — Conhecendo você, você provavelmente já passou para a próxima alma infeliz — acrescenta Connor antes de enfiar duas batatas fritas em sua boca. Eu balanço minha cabeça com firmeza. — Não. Não dessa vez. Eu preciso de uma pausa, cara. Estou desistindo de namorar.


Wolfie encontra meus olhos e acena com a cabeça. — Isso é provavelmente sábio. Eu aceno de volta, mas meus sentimentos sobre este assunto estão tudo menos resolvidos. Parte de mim se preocupa se não serei capaz de fazer isso. Outra parte está preocupada que nunca encontrarei uma boa mulher para me estabelecer. E ainda outra parte de mim se pergunta por que meus relacionamentos nunca parecem dar certo. A conversa segue para os negócios, o que não é surpresa, e me encontro assentindo e grunhindo nos momentos apropriados. Ofereço minha opinião quando necessário ou solicitado, mas minha mente divaga. Mais especificamente, vai direto para Maren. Quando ela se abriu durante nosso café da manhã juntos sobre suas lutas no trabalho, o olhar sombrio em seu rosto me destruiu. Ela carrega o peso do mundo sobre os ombros, e não há como eu não oferecer ajuda. Riverside é mais do que apenas um trabalho para ela — é o lugar seguro para onde ela ia depois da escola. É onde ela passava as tardes visitando seu avô antes dele falecer. É parte do que a torna Maren. Não estou mais com fome, empurro meu prato meio vazio para longe. Um rápido olhar para Wolfie confirma que ele não consegue ler meus pensamentos, e graças a Deus por isso, porque eles nem sempre são tão puros quando se trata de sua irmã mais nova. Por mais que eu tente evitar pensar em Maren como qualquer outra coisa que não seja a irmã de Wolfie, não é fácil, e fica cada vez mais difícil quanto mais tempo eu passo com ela. Quero ajudála a manter o emprego, mas não é só isso. Quero fazer muitas


coisas com ela, para ser honesto — tanto platônico quanto não tão platônico. Mas se ficarei solteiro por um tempo, preciso ignorar todos esses pensamentos e também posso usar meu novo tempo livre para algo bom. E é então que me ocorre. Posso ter acabado de pensar na solução perfeita para ajudar Maren. E se também envolver passar muito tempo extra com ela, que seja. Talvez isso acabe com essa depressão estranha em que me encontro, contanto que eu me mantenha sob controle e com o objetivo final em mente.


Capítulo 04 Maren — Oi, Maren! — Sra. Jones chama de sua cadeira de rodas no corredor. Eu coloco minha cabeça para fora do meu escritório para acenar oi. Sua CNA, uma auxiliar de enfermagem, espera pacientemente que a troca termine e envolve seus dedos bem cuidados ao redor dos cabos da cadeira de rodas. A Sra. Jones é uma residente que precisa de supervisão e cuidados constantes. Desde que ela escorregou na banheira na primavera passada, está rolando sobre quatro rodas. Se você me perguntar, acho que ela gosta do serviço de chofer. — Olá, Sra. Jones. Como estão suas costas hoje? — Melhor. — Ela sorri, as rugas se aprofundando ao redor de seus grandes olhos castanhos. — Aquele massagista que você trouxe era maravilhoso. Eu não sabia que os homens faziam esse tipo de trabalho. Eu sorrio através de uma careta. É bizarro para mim o que algumas dessas pessoas mais velhas agarram de seu passado... Especialmente os preconceitos desatualizados que parecem levar a esses pequenos comentários fora de mão. Mas então me lembro que talvez não veja a Sra. Jones novamente depois deste mês. Se Riverside fechar, posso não ver nenhum dos meus residentes novamente. E sei que perderia terrivelmente essas conversas.


— As pessoas estão fazendo todo tipo de trabalho atualmente. Olhe para mim — eu digo com um encolher de ombros. — Hora do café da manhã e do clube do livro — diz a CNA suavemente. Eu aceno para a Sra. Jones. — Eu devo pegar emprestado aquele massoterapeuta de você da próxima vez — eu digo enquanto a CNA a leva embora. — Não o canse, ok? Ainda posso ouvir a Sra. Jones rindo quando as portas do elevador se fecham atrás deles. Meu estômago ronca. Normalmente tomo café da manhã antes de ir para o trabalho, mas, desde a reunião de equipe, tenho dificuldade em sair da cama a tempo para o trabalho, quanto mais comer. Depois de terminar um e-mail, coloco minha carteira de identidade de Riverside e tranco a porta do escritório atrás de mim, começando a curta caminhada pelo corredor até o elevador. Quando me leva ao quarto andar, a Sra. Jones e seu clube do livro já estão se acomodando no restaurante com tigelas de frutas frescas e aveia. Pego uma bandeja e opto por um sanduíche para o café da manhã. A caixa acena com a cabeça quando mostro minha identidade para ela, pressionando os botões que colocam a refeição na minha conta — palavras elegantes para reduzir meu salário em alguns dólares. A comida aqui é surpreendentemente boa, então não me importo nem um pouco. Durante as refeições, faço questão de sentar com os residentes. Parte do meu trabalho é ser o ponto de contato entre um residente e sua equipe médica. Tenho reuniões bimestrais com cada


residente, conforme a programação permite. Bate-papos com café e biscoitos são apenas uma maneira fácil de contornar a burocracia e manter meu dedo no pulso literal de Riverside. O sol da manhã entra agradavelmente pelas janelas altas que dão para o pátio interno, atraindo-me para o chão. Lá, encontro uma das minhas pessoas favoritas, Donald, relaxando numa poltrona laranja. Seus olhos estão fechados, seu peito subindo e descendo enquanto ele cochila pacificamente. Eu coloco minha bandeja na mesa de centro o mais silenciosamente que posso. Levando meu café da manhã de sanduíche de salsicha com ovo, dou uma mordida cautelosa. O barulho é alto o suficiente para acordar os mortos. — E esta é a canção de ninar que eu mereço? — Donald resmunga enquanto abre os olhos, a imagem perfeita de um velho rabugento. Mas eu sei que ele não está realmente mal-humorado. Sempre há um brilho em seus olhos azuis tempestuosos, prometendo bom humor e brincadeiras sem fim. Eu poderia usar um pouco de entretenimento hoje. — Desculpe, Don. — Eu rio, cobrindo minha boca cheia com uma mão. — O pão está torrado. — Torrado? A partir dessa trituração, eu diria que é feito de cascalho. — Espero que não. — Eu finjo preocupação, inspecionando o sanduíche. — Você é nova aqui, garota. Você se acostumará com isso — ele me diz com uma piscadela.


Compartilhamos o mesmo sorriso que sempre fazemos quando ele menciona como sou nova. Para Don, alguns anos aqui significa que ainda sou nova. Mas não me sinto nova. De qualquer forma, eu não me importo com as provocações e com certeza não me importo de ser chamada de criança quando é Don fazendo isso. Acho que, de todos os residentes aqui, ele é o que mais me lembra meu avô. — Como você está hoje, Don? — Ah, a pergunta obrigatória — diz ele, endireitando a postura como o bom aluno que tenho certeza que é. — Bem. Muito bem. E como você está? — Oh, estou bem. — Eu sorrio de forma pouco convincente, e ele levanta uma sobrancelha branca e dura. — Não minta para mim — diz ele, com um tom severo em sua voz. Uma vez, Don foi um professor universitário, e um professor rigoroso nisso, me disseram. Não adianta esconder nada do homem. Mas, tecnicamente, não recebemos luz verde para falar com os residentes sobre os problemas financeiros de Riverside, então terei de contornar o problema. — Eu só estou cansada. Passei as últimas noites acordada até tarde, tentando descobrir uma situação difícil. Lá. É verdade, mas vago o suficiente para não levantar nenhuma bandeira vermelha. Don está cético, no entanto, olhando para mim como se estivesse tentando ler minha mente. Sem chance, Don. Eventualmente, ele cede, inclinando-se para frente com uma bufada e estendendo uma mão. Pego sua palma na minha, macia


e áspera ao mesmo tempo, sua pele como papel marcada com manchas senis. Meu coração dói sempre que me lembro de sua idade. Noventa e quatro em seu último aniversário. Não aguento mais perdas na minha vida, mas também sei que ele não estará por perto para sempre. — Estou vivo há mais de noventa anos, Maren. E não tenho visto muitas pessoas trabalharem tanto e por tanto tempo quanto você. Se você trabalhar para isso, acontecerá. Com isso, ele dá um tapinha de leve na minha mão e se recosta na poltrona com um suspiro. — Agora, tome seu café da manhã para que você possa voltar ao trabalho. Meus olhos ardem de lágrimas, mas as pisco para longe. Ainda não chorei na frente de um residente e não pretendo cruzar essa linha hoje. — Sim, senhor — eu sussurro com um sorriso irônico. Sem outra palavra, termino meu café da manhã enquanto Don retoma sua soneca matinal. No caminho de volta para meu escritório, sinalizo para um CNA e peço que verifique Don numa hora. Afinal, seu pescoço fica com cãibras se ele dorme errado. De volta ao meu escritório, Peggy está esperando na porta. —

Desculpe,

esqueci

uma

reunião?

pergunto,

reflexivamente alcançando meu telefone para verificar meu aplicativo de calendário. — Não, não, absolutamente não. Apenas me perguntando se poderíamos conversar por um segundo — ela diz, parecendo preocupada. — Claro.


Peggy me segue para dentro, fechando a porta atrás de si antes de afundar na cadeira em frente à minha mesa com um suspiro pesado. No momento em que fazemos contato visual, ela começa a chorar. Entrei em ação, agarrando os lenços de papel de cima do meu armário de arquivos e os deslizando pela mesa em direção a ela. Ela pega um lenço de papel com um suave agradecimento e enxuga as lágrimas de seu rosto corado. As contas volumosas em seu colar fazem barulho com cada respiração estremecida. — O que está acontecendo? — pergunto, um nó se formando na minha garganta enquanto me preparo para o pior que ela poderia dizer. — Oh, você sabe — diz ela com uma fungada. — As contas a pagar dizem que temos até o final do mês antes de termos que cortar a folha de pagamento. Serei forçada a demitir tantos funcionários — diz ela, depois se desfaz em outra poça de lágrimas. É preciso cada grama de profissionalismo frio em mim para não ceder à tragédia de tudo isso e chorar com ela. — Não há nada que possamos fazer? — pergunto, minha garganta apertada. — Tem que haver algo. — Bem, não que eu tenha encontrado. Podemos procurar empréstimos, mas não sei como os pagaríamos. A menos que um grande doador apareça e salve o dia, Riverside, como o conhecemos, está acabada. Ficou muito caro para operar — Peggy se engasga. Se recompondo, ela desliza para frente na cadeira, uma nova determinação em seus olhos. — Maren, você é uma jovem maravilhosa e trabalhadora. Você deve procurar outro emprego


mais cedo ou mais tarde, antes que todo mundo comece a procurar. Coloque-me como sua referência. Direi a qualquer empregador em potencial como você é incrível. Você seria uma dádiva de Deus para qualquer empregador. — Obrigada, Peggy — digo, com um sorriso fraco, desejando que essa conversa acabasse. Na verdade, gostaria que essa conversa fosse uma que eu nunca tivesse que ter. Tudo o que quero fazer é sair correndo daqui, pegar a Linha Vermelha e ir direto para meu apartamento na cidade alta, onde posso chorar em paz, longe de todos. Peggy me puxa para perto e me dá um grande abraço antes de ir embora. Eu a aperto com força, sabendo que tudo o que estou sentindo deve ser ampliado dez vezes para ela. Ela está aqui há mais de uma década, então não posso imaginar o que isso deve estar fazendo com ela.

O resto da minha manhã passa num borrão de compromissos e relatórios. Eu sou impedida de verificar meus e-mails apenas porque meu telefone apita com um lembrete. Almoço com Scarlett. Ainda entorpecida, arrumo minha bolsa e fecho meu escritório, saindo para o brilho do meio-dia de verão em Chicago. O café que escolhemos fica a apenas uma curta caminhada de distância, e estou alcançando a porta no momento em que Scarlett se aproxima.


— Ei! — Ela chama, toda luz do sol e calor em sua blusa rosa esvoaçante e cardigã creme, sua bolsa de crochê em tons de arcoíris pendurada num ombro. Basta um olhar para a minha melhor amiga e as emoções do dia vêm à tona, liberando as lágrimas que estive segurando o dia todo. Scarlett corre em minha direção com os braços abertos e uma expressão preocupada. — Oh meu Deus, Mare. Você está bem? — Na verdade, não — consigo dizer, fungando alto e enxugando as lágrimas que agora correm livremente pelo meu rosto. — Pegaremos uma mesa e você pode me contar tudo sobre isso, ok? Scarlett fala tudo, graças a Deus. Ela pede minha combinação favorita de sopa e salada para mim e um sanduíche de salada de frango para ela, antes de me guiar até a mesa de canto mais isolada disponível no pátio. No momento em que a comida é servida, eu já confiei em lágrimas a ela sobre toda a situação deprimente em Riverside. — Isso é de partir o coração. — Scarlett suspira, inclinando-se para

esfregar

minhas

costas

com

pequenos

círculos

reconfortantes. — Eu sinto muito, Mare. Que desastre. — Obrigada por ouvir. — Eu fungo, enxugando meus olhos com um guardanapo de papel. — Podemos conversar sobre qualquer outra coisa agora? Por favor? — Eu assopro o vapor de uma colher de sopa de arroz com limão. — Você sabe que estou sempre aqui para uma boa distração. Você não acreditará no encontro que tive ontem à noite. O bastardo


apareceu com uma camisa havaiana mangas curtas, estampa de flores, cores berrantes, o pacote completo. — Nããão. — Eu rio, balançando minha cabeça em comiseração alegre. Scarlett sai em muitos encontros, e geralmente eles são terríveis em todos os aspectos. Em sua busca pelo Sr. Certo, ela compilou um extenso cânone de histórias de desastres, todas contadas com um incrível senso de humor. Enquanto sinto por seu último desastre no namoro, já estou me animando com a situação hilária em que ela se encontrou novamente. Ela estava certa — ela sempre me proporciona uma grande distração. — Tipo, eu sei que é verão e tudo, mas eu pensei que nós queimamos coletivamente todas as camisas havaianas no início dos anos 2000? Como sociedade? Tipo, não, cara! Existem regras! Estou rindo muito agora, o drama do dia quase esquecido. Sempre posso contar com Scarlett para levantar meu ânimo. Quando terminamos nosso almoço e nos despedimos, eu a abraço um pouco mais do que o normal.

O resto da tarde passa enevoado. Minhas reuniões com residentes são monótonas, e minha papelada ainda mais. No momento em que guardo tudo e saio para o dia, meu humor afundou novamente. O sol quente do verão zomba de mim, ainda alto no céu, às cinco da tarde Indo para a estação de trem, faço uma caminhada tranquila pelo bairro residencial onde Riverside está confortavelmente


situado. Normalmente adoro esta parte do dia, quando o trabalho está feito e a única preocupação em minha mente é o que terei para o jantar. Hoje à noite, estou entorpecida de decepção e impotência. Minha mente está dominada por tentar descobrir o que posso fazer para ajudar a salvar Riverside, mas até agora, não consegui nada, o que faz meu humor piorar ainda mais. Pela primeira vez, não há atrasos nos trens, então chego em casa em tempo recorde. Estacionado em frente ao meu duplex está um Lexus familiar, então não estou terrivelmente surpresa com quem encontro esperando por mim na minha porta. — Ei, pomba. — Hayes está relaxado na escada, um sorriso preguiçoso nos lábios carnudos. As mangas de sua camisa estão arregaçadas, revelando tatuagens intrincadas em seu antebraço esquerdo. A visão dele envia um arrepio pela minha espinha. — Ei — eu digo baixinho, dando a ele um aceno estranho. O que ele está fazendo aqui? — Achei que poderíamos conversar sobre opções para Riverside. Você está livre hoje à noite? Podemos pedir o jantar? — Ele pergunta, apoiando os cotovelos no degrau superior. Duvido que ele perceba, mas essa postura mostra seus peitorais como nenhuma outra. É tão injusto. — Você não tem que fazer isso — digo, minha voz saindo um pouco sem fôlego. Ele levanta um ombro. — Eu sei que isso está pesando em você, e tenho pensado nisso desde que tomamos o café da manhã na semana passada. Acho que tive uma ideia que funcionará.


— Mesmo? — Eu grito, contornando seus membros, tentando o meu melhor para ignorar o quão perto seu rosto está da minha virilha. — Entre. Assim que entramos, Hayes se acomoda em seu lugar habitual no meu sofá, sentindo-se em casa. Sempre fico impressionada com o quão chocantemente natural ele parece no meu pequeno apartamento, quase como se ele morasse aqui também. Mais uma vez, é hora de controlar minha imaginação maluca do que nunca poderia ser. Eu tiro meus sapatos e me junto a ele no sofá, colocando meus pés debaixo de mim. — Obrigada por isso, Hayes. Eu nunca esperei que você tivesse alguma ideia. — Estou pensando em fazer uma arrecadação de fundos — diz ele, seus olhos cor de uísque brilhando nos meus. — Algum evento chique onde podemos cobrar algumas centenas de dólares por ingresso. Pode haver sorteio e leilões silenciosos. Prêmios, itens de leilão e catering podem ser doados, as obras. O que você acha? Funcionaria? Eu mal posso ouvir o que ele está dizendo com o martelar do meu coração, mas pelo que eu percebi, na verdade parece uma ideia muito boa. — Acho que podemos fazer isso. — Ótimo. Escreveremos uma proposta. O que você quer jantar? — Hayes tira o telefone do bolso, procurando seu aplicativo de entrega preferido. Eu me aninho em seu ombro. Talvez eu seja muito física com ele, mas não me importo. Com tanta facilidade, ele soprou e varreu a névoa para longe. Eu não posso deixar de querer tocá-lo. Agradecê-lo. Ganhar conforto com ele.


— Pizza parece bom — murmuro, olhando para a tela do telefone. — Pizza, então. Eu o vejo montar a pizza perfeita — salsicha, pimentão verde, cebola e queijo extra. Meu coração dispara quando percebo que ele memorizou minha pizza favorita, e é isso que ele está pedindo. Tenho que me lembrar que a maioria dos amigos conhece as preferencias uns dos outros e isso sem ler. Scarlett provou isso hoje no almoço, então é claro que Hayes conhece meu pedido de pizza. — Ok, deve estar aqui em meia hora. Pegarei meu laptop e poderemos começar a trabalhar num plano de jogo. — Ele se levanta e caminha até a porta onde deixou sua bolsa para pegar seu laptop. Quando ele volta e se senta, há meio metro de espaço entre nós no sofá. É um pouco humilhante como estou chateada, mas tento não me concentrar nisso... demais. — Tudo bem — concordou ele — então deixarei você pensar num nome atraente para o evento. Posso procurar fornecedores enquanto você faz uma lista de itens em potencial para leilão e a quem podemos pedir doações, certo? Eu aceno, pegando meu próprio laptop, que está enfiado sob a mesa de café. Relutantemente decido dar a ele o espaço que ele obviamente quer, enrolando minhas pernas debaixo de mim enquanto

me

sento

no

tapete.

Quando

ambos

estamos

confortáveis, baixamos a cabeça e começamos a trabalhar. Em pouco tempo, esqueci completamente da pizza. Em vez disso, meus


pensamentos estão embrulhados em cestas de presentes e pacotes de experiências. A campainha da porta me assusta pra caralho, e parece que estou pulando meio metro. Hayes ri abertamente do meu choque, o que só faz com que minhas bochechas fiquem mais vermelhas e eu vire os olhos em sua direção. — Cale a boca e pegue a pizza — murmuro, acenando para ele em direção à porta. — Sim, senhora — diz ele, levantando-se do sofá. Encarar sua bunda vestida com jeans certamente não faz nada para acalmar meu nervosismo. Como ele mantém sua bunda tão perfeitamente musculosa? Enquanto Hayes move nossos computadores para abrir espaço para a caixa de pizza e os pratos, peço licença e vou para o meu quarto para colocar algo um pouco mais confortável. Fechando a porta atrás de mim, tiro minha calça e camisa, então estou de pé de calcinha. Tenho que usar sutiã perto de Hayes? Eu rolo meus ombros, as alças beliscando desconfortavelmente. Dane-se, ele nem notará. Estendo a mão para soltar meu sutiã e deixo as alças caírem dos meus ombros. Quando saio do meu quarto, estou usando uma regata listrada solta e minhas leggings mais confortáveis. Hayes olha para mim, mas depois volta a olhar fixamente para a tela da televisão sem som, com a testa franzida. — Obrigada por esperar — eu digo, inclinando-me sobre a pizza para pegar a primeira fatia da caixa. Quando ofereço a


próxima fatia a Hayes, ele estende o prato sem nem olhar para mim. Ok então. — Quer assistir algo enquanto comemos? — Sua voz é baixa e rouca, e ele ainda não olha para mim. — Certo. Não tenho certeza de como ele sabia que eu precisava disso esta noite. Pizza, filme e um bom amigo. Não sei por que, mas essa combinação realmente faz com que a maioria dos problemas pareça menor. Ele aumenta o volume, decidindo em qualquer filme de superherói que está passando hoje à noite. Afundo no sofá ao seu lado, apreciando o calor de outra pessoa tão perto de mim. Mas Hayes não é qualquer outra pessoa. Ficamos sentados em silêncio durante os créditos iniciais. Eu dou uma mordida na pizza, criando coragem para olhar para ele. Hayes já está trabalhando em sua próxima fatia de pizza quando olho. — Você quer ficar um pouco? Quer dizer, pelo menos até o filme acabar? — Pergunto, mal reconhecendo minha própria voz. Pareço muito mais segura de mim mesmo do que realmente sou. Aquele músculo minúsculo e misterioso em seu queixo se contrai. O mesmo músculo que vejo saltar muito quando estou por perto. — Claro, eu ficarei.


Capítulo 05 Hayes Esta é uma interessante reviravolta. Meu status atual? Estou sentado no sofá de Maren assistindo a um filme com ela. O que é bom e nada incomum. Exceto pelo fato de que há uma cerca em minha cueca boxer agora, e não posso deixar Maren saber disso. Desconfortável, mudo minha posição, mas não é nada comparado ao constrangimento que eu sentiria se ela soubesse o quão quente fico por ela, e a reação que meu corpo tem quando ela está por perto. O que diabos ela está fazendo com aquela blusa frágil sem nada por baixo? É preciso cada grama de autocontrole para manter meus olhos treinados na tela da TV e não para onde eles querem ir. Por enquanto, tenho que me concentrar. Pelo menos o filme é bom. E a pizza está boa, embora o que eu queira provar esteja entre suas pernas. Foda-se. Meu foco durou cinco segundos. Novo plano. Talvez alguma conversa ajude a tirar minha mente de todos os pensamentos imundos que correm desenfreados em meu cérebro.


— Então, uh, você já viu este antes? — Empurro meu queixo em direção à tela, onde o personagem principal está escalando a lateral de um prédio com facilidade. Maren acena com a cabeça, a boca cheia de pizza. Ela limpa o canto da boca com as costas da mão, exatamente como eu imagino que ela faria depois de me chupar. Pelo amor de Deus! Controle-se, Hayes. — Você está de brincadeira? É um clássico — diz ela depois de engolir, cruzando as pernas embaixo do corpo. Minhas sobrancelhas levantam com surpresa. — Eu não pensei que você fosse uma fã de filmes de super-heróis. Ela encolhe os ombros. — Quando você cresce com Wolfie como irmão... Eu resmungo em compreensão, e um silêncio confortável cai entre nós. A conversa está ajudando, então tento pensar em outra coisa para dizer. — Então, como você está. — Eu digo, assim como ela diz — Eu estava pensando... Maren ri e acena para mim, mas eu aceno para ela. — Não, você vai. — Eu ia perguntar sobre os fornecedores. Alguma sorte? Certo. Conversa sobre compras. A razão de estar aqui. Salvar seu emprego, que também é muito próximo e querido de seu coração, é a meta e, claro, é onde ela está agora. Eu sou o único que não consegue manter sua mente fora da sarjeta por mais de dois segundos. — Sim, eu tenho algumas boas pistas. Aqui, dê uma olhada. — Puxo meu computador da mesa de centro e coloco no colo.


Maren sobe no sofá e se aninha ao meu lado. Agradeço a Deus pelos dois quilos de plástico e metal em meu colo, que é tudo o que está me salvando de um mundo de pecado agora. Percorremos os frutos do meu trabalho enquanto uma cena de luta é reproduzida ao fundo. Maren emite pequenos sons de aprovação a cada site, o que só torna mais difícil manter a calma. — Isso é incrível — ela diz, segurando meu braço com mais força e pressionando sua bochecha no meu ombro. — Muito obrigada, Hayes. Não sei como retribuirei. Posso pensar em cerca de um milhão de ideias... — Não mencione isso. Fico feliz em ajudar. Guardei meu laptop novamente — o novo laptop que tive que comprar para substituir o que Sam jogou na calçada. A sensação de deixar Maren feliz, de ajudá-la quando ela precisa? Pode ser melhor do que sexo. Não que eu não queira testar essa teoria antes de tirar qualquer conclusão. Ela solta meu braço e joga a cabeça para trás no sofá com um suspiro de alívio. — Já me sinto muito melhor — diz ela, feliz. — Não me interprete mal, há muito mais a fazer, mas parece que as coisas estão melhorando em todos os aspectos da minha vida. — Sim? Mesmo, uh... — Eu aceno com a cabeça em seu colo, e ela me encara sem expressão. — Você está se sentindo melhor... lá embaixo também? — Eu mudo meu olhar brevemente para sua legging antes de encontrar seus olhos. Um belo rubor rasteja por suas bochechas e pelo pescoço. Ela tenta reprimir um sorriso e olha para o chão, mexendo-se no sofá. — Ainda está um pouco sensível. Mas sim, está quase tudo curado.


Eu ainda posso beijar para melhorar. — Bom. Eu estava preocupado. — Você estava preocupado com a minha... lá embaixo? Porra, porra, porra. — Não, quero dizer, no sentido médico. Eu só quero que você esteja segura e saudável, pombinha. — Oh. Certo. — Seu peito gagueja com uma inspiração. Minha voz fica mais baixa. — As queimaduras devem ser levadas a sério. Especialmente ligada... a partes delicadas do corpo. — Por que diabos ainda estou falando? — Você não disse nada ao meu irmão, disse? — Claro que não. Ela suspira, soltando um suspiro lento. — Ele nunca me deixaria ouvir o fim de tudo. Você e eu. Não há como dizer exatamente o que Wolfie faria ou como ele reagiria se descobrisse que seu melhor amigo e sua irmã mais nova estavam falando sobre o estado de sua boceta, mas algo me diz que ele não ficaria muito feliz. — O que ele não sabe não... Eu paro no meio da frase. Maren não está me ouvindo. Ela está fingindo assistir ao filme. Mas, realmente, ela está enrolada como uma bola com a cabeça entre as mãos, as lágrimas brotando de seus olhos e os ombros tremendo. — Pomba, o que há de errado? — Eu sinto muito. Estou tão envergonhada — ela sussurra. — Primeiro o acidente de depilação, e agora Riverside. Você deve pensar que estou uma bagunça. — Ela limpa os cantos dos olhos, me dando um olhar triste que me arrasa.


— Venha aqui. Eu a puxo para mim, passando meu braço em volta de seus ombros, e ela deita a cabeça no meu peito. Quebra-me ouvi-la falar sobre si mesma dessa maneira. Maren é a última pessoa que deveria se sentir culpada por qualquer coisa. E quero ter certeza de que ela sabe disso. — Estou aqui porque quero estar, ok? Não porque me sinta mal, e certamente não porque tenha pena de você. Você é forte, inteligente e bonita. Merdas acontecem, e todos nós precisamos de uma ajudinha às vezes. — Você realmente acha que eu sou bonita? — Ela pergunta, fungando. Porra. Essa garota será a minha morte. Eu sorrio, tentando minimizar o quão espetacularmente coloquei meu pé na minha boca. — Não deixe isso subir à sua cabeça. Ficamos assim pelo resto do filme, Maren com a cabeça no meu peito e eu fazendo o meu melhor para domar o tigre agachado em minhas calças. Não demorou muito para ela parar de chorar e relaxar em mim. Digamos apenas, que esta noite ela provou realmente que não é grande no espaço pessoal. Se Maren soubesse todas as maneiras que fantasiei sobre levála — empurrando-a com força contra a parede, dobrando sua bunda curvilínea sobre uma mesa — ela ficaria horrorizada. Ela certamente não viria voluntariamente para os meus braços, ou pairaria sobre mim como se eu fosse seu trepa-trepa pessoal. Eu sei muito sobre mulheres, tanto do meu tempo na cena do namoro quanto por causa do meu trabalho. Mas não sei muito


sobre assuntos do coração. O coração humano me confunde. Tipo, como posso sentir tantas coisas por Maren, mas ser covarde demais para fazer qualquer coisa a respeito? Pouco depois do fim do filme, fico de pé e Maren me leva até a porta. — Obrigada por vir hoje à noite. Eu aceno, tentando não olhar para o seu peito. Sim, persistir só deixaria mais tempo para a tentação. — Claro. Na verdade, está me ajudando também, sabe. — Como estar aqui te ajuda? — Ela me lança um olhar questionador. Eu me mexo, de repente desejando não ter dito nada. Mas agora que fiz isso, sei que Maren não desistirá, então posso ser honesto. — Com minha pausa auto imposta do namoro, tenho mais tempo livre em minhas mãos. A expressão de Maren fica pensativa e ela acena com a cabeça. — Podemos nos ajudar então. — Gostaria disso. — Quando as palavras deixam minha boca, percebo que são absolutamente verdadeiras. Seus lábios se abrem, abrindo um sorriso feliz. — Tem certeza de que não se importará quando eu apontar todas as maneiras que você é absolutamente péssimo como namorado? Isso arranca uma risada de mim, apesar do meu humor inquieto. — Eu não sou péssimo como namorado. Maren estreita os olhos. — Hayes. Eu rio. — Bem. Desembucha. Ela se inclina contra o batente da porta, me avaliando com uma expressão fria. — Em primeiro lugar, ao contrário da crença


popular, as mulheres não gostam de fotos de pau. E elas mostram para as amigas, sabe? Apertando meu peito em falso horror, eu sorrio. — Eu não sou um homem das cavernas total. Eu nunca fiz isso. — Nunca? — Ela pergunta. — Meu pau nunca foi fotografado. Prometo. Maren ri. — Isso é bom. E você sabe que todas aquelas coisas sobre as mulheres serem o sexo frágil é lixo, certo? Eu mudo meu peso. — Na maioria das vezes? — Eu digo, minha voz aumentando. — Mas ainda abrirei portas e pagarei pelos primeiros encontros. Ela morde o lábio, ainda me olhando. — Pode haver esperança para você ainda. Eu aceno, de repente me sentindo inseguro.

De volta ao meu apartamento, entro e encontro a cozinha bem iluminada e acolhedora. Peço que Rosie sempre deixe uma luz acesa. Pego um copo da prateleira e o encho com água antes de caminhar até a porta dela e dar uma batida suave. — Oh, bom. Você está vivo — Rosie diz sarcasticamente. Com uma risada, empurro a porta aberta para encontrá-la enfiada na cama, bobes no cabelo e um livro no colo. — Trouxe um pouco de água para você. Ela grunhe, estreitando os olhos. — Onde você estava tão tarde? — Com Maren. Ela precisava de ajuda. Coisas de Riverside.


— Parece que você tem passado muito tempo com Maren ultimamente. — Seus olhos se arregalam sugestivamente. — Eu só estava ajudando uma amiga. Você sabe disso. — Mmm. — Ela parece cética. — Boa noite, vovó. — Boa noite querido. Eu fecho a porta do seu quarto e atravesso o apartamento até o meu. Uma vez sozinho com meus pensamentos, finalmente me permito respirar facilmente pela primeira vez em toda a noite. Eu fiz isso. Eu sobrevivi. Passei uma noite sozinho com Maren sem colocar minhas mãos em cima dela. E foi uma tortura de merda absoluta. Ok, isso é mais difícil do que eu pensei que seria — toda a coisa do olhe, mas não toque acontecendo. Ela não joga limpo. Talvez porque este não seja realmente um jogo. É a vida real. E meu relacionamento com meu melhor amigo e parceiro de negócios está em jogo. Mas há mais do que isso, porque agora Maren precisa da minha ajuda. Temos apenas um mês para salvar Riverside. Não tenho ideia de quando isso se tornou importante para mim, mas tornou-se. Eu tenho que ver Maren ter sucesso. Mesmo vê-la vacilar por um segundo esta noite me quebrou. Talvez porque Riverside fosse o lugar seguro para ela ir depois da escola para ver seu avô, quando ele ainda estava vivo. Talvez porque é onde ela trabalha agora, e não quero vê-la demitida e repentinamente lançada no mercado de trabalho. Mas mais do que tudo isso, Maren quer isso, puro e simples. Então quero isso para ela também, e farei o que puder para que isso aconteça.


Droga, se ela não tornar tudo isso tão complicado. Estar com ela esta noite, apenas sentado lá olhando em seus olhos arregalados e em sua boquinha bonita foi o suficiente para me deixar louco. Adicione a memória de como ela parecia bonita e se sentia enrolada ao meu lado, e olá, poste de cerca, meu velho amigo. Respiro fundo, lutando para me controlar. Mas então me lembro dela me contando sobre sua boceta. Que está quase curada, mas ainda sensível. O inocente rubor que subiu por suas bochechas enquanto ela falava. Não adianta. Ela me arruinou. Não posso me permitir cometer o pecado capital de fantasiar com a irmã do meu amigo. Então eu faço o que qualquer homem faria. Eu aperto meus olhos fechados, mordo o interior da minha bochecha e me masturbo sozinho na escuridão do meu quarto, rezando para que o carma realmente não exista.


Capítulo 06 Maren Pela primeira vez na semana, mal posso esperar para sair da cama. Depois que Hayes decolou ontem à noite, ajustei meu despertador cedo, para as seis da manhã, para que eu pudesse gastar um pouco mais de tempo na arrecadação de fundos antes de correr para Riverside. Mas dormir não é fácil quando tudo o que você quer fazer é começar um novo dia. Já estou bem acordada quando meu despertador toca. Assim que meus pés tocam o chão, minha mente está repleta de detalhes do evento. O cronograma é limitado e não podemos nos dar ao luxo de usar um serviço de planejamento de eventos, então teremos que ser criativos. Ainda bem que estou sempre pronta para um desafio. Depois de tomar banho, me envolvo em minha toalha fofa favorita e sigo do banheiro para a cozinha, deixando um rastro de água salpicado em meu caminho. O recanto adjacente à minha cozinha abriga minhas máquinas de lavar, escondidas atrás de portas duplas inacabadas. Abrindo a tampa da secadora, mentalmente me dou um tapinha nas costas por ter tido a previsão de lavar uma carga de roupa ontem à noite antes de dormir. Minha polo está fresca e cheira a amaciante de baunilha. De volta ao banheiro, prendo meu


cabelo num rabo de cavalo e aplico minha maquiagem natural. Estou me sentindo tão reenergizada que até aplico um pouco de batom rosado para acentuar meu sorriso. O Wi-Fi do meu apartamento está incomumente agitado esta manhã, então coloco meu laptop pessoal numa bolsa de lona e movo minha operação dois quarteirões a leste para minha cafeteria favorita, Early Bird. O café está situado entre um banco e um restaurante italiano, todos compartilhando o mesmo complexo de edifícios. Pequenos cafés da moda (que não são Starbucks) são difíceis de encontrar neste bairro, mas Early Bird vence as probabilidades ao se transformar num pequeno bar de coquetéis chique chamado Night Owl depois das sete da noite. Admiro a versatilidade das pequenas empresas, uma característica que espero que passe para mim enquanto planejo. Depois de me sentar à janela, com meu laptop e um café com leite bem quente, começo a trabalhar. De longe, o processo de garantir os itens do leilão será o mais demorado, então estou começando. Quando chega a hora de pegar um trem para o norte, redigi mais de uma dúzia de pedidos de doação para empresas locais que apoiaram a Riverside no passado — além de alguns novos locais que acho que teríamos uma chance de vencer. Restaurantes, teatros, cervejarias e até uma pista de boliche faziam parte da lista. Estou pensando em adicionar a empresa de Hayes, a Frisky Business, mas tenho a sensação de que uma cesta de presentes cheia de dildos pode não agradar a essa multidão. Para meu irmão e seus amigos, a companhia deles é totalmente normal e, para


mim, não é mais tão chocante quanto antes. Mas devo lembrar que nem todo mundo tem a mente tão aberta. Meu rabo de cavalo balança para frente e para trás enquanto subo as escadas com confiança para a plataforma do trem. O maior desafio em tudo isso será convencer Peggy, que já se resignou à derrota, de que dará certo.

— Tenho um contato num fornecedor de licores que com certeza estaria interessado em fornecer o vinho para a degustação e tenho todos os pedidos de doação para o leilão prontos para serem enviados. Meu amigo até elaborou um conceito de design... Viro meu laptop na mesa e o deslizo na direção de Peggy, cujas sobrancelhas estão profundamente franzidas de confusão desde que comecei a compartilhar com ela os planos para a arrecadação de fundos para salvar Riverside. Ela coloca os óculos de leitura e aperta os olhos para ver o desenho. Em algum momento entre compilar uma lista de fornecedores em potencial e se fartar de pizza, Hayes criou um belo logotipo para o evento, usando as cores azul marinho e cinza da Riverside com detalhes em prata. — Riverside Gala — praticamente brilha na minha tela, brilhando no reflexo dos óculos de Peggy. — O que você acha? — pergunto, esperando que diga algo pela primeira vez desde que se sentou para esta reunião matinal improvisada. — Você acha que o preço do ingresso é muito alto? Você já tomou café da manhã? Podemos ir ao refeitório para tomar um café e conversar sobre isso? Peggy?


Seus olhos estão marejados de lágrimas. Merda. Eu a sobrecarreguei com informações. Como posso recuar? Eu inalo, um pedido de desculpas empoleirado na minha língua, mas aperto minha boca fechada quando Peggy levanta um dedo. Espero enquanto ela lê a proposta mais uma vez. — Acho que é uma ideia maravilhosa — diz ela finalmente, erguendo o olhar da tela do computador. A esperança floresce no meu peito enquanto toda a minha tensão se dissipa com um grande suspiro de alívio. — Estou tão feliz que você pense assim. Estou tão feliz, na verdade, posso me inclinar sobre esta mesa e dar a ela um grande e molhado beijo na bochecha. Em vez disso, apenas dou a ela um sorriso largo e bobo, praticamente zumbindo de excitação. Peggy, por outro lado, enxugou as lágrimas e está totalmente ocupada. — Como posso ajudar? — Ela pergunta, fechando o computador para olhar para mim. Eu franzo os lábios por um momento, pensando. — Bem, você tem uma conexão tão maravilhosa com nossos doadores... que tal agora? Hoje, você pode ligar para os doadores e informá-los sobre o evento e os preços dos ingressos. Então, você pode oferecer dois ingressos adicionais por apenas duzentos dólares a mais. Assim, colocamos mais pessoas na porta, mais olhos nos itens do leilão e um pouco mais de dinheiro no banco. Como isso soa? — Eu posso fazer isso. — Peggy acena com a cabeça, já percorrendo os contatos em seu telefone. Ela de repente olha para cima, preocupação marcando suas feições novamente. — Teremos tempo suficiente para nos preparar?


— Faremos o que pudermos com o tempo que tivermos. Depois disso, ligarei para um amigo sobre um local para a noite. — Alcançando o outro lado da mesa, aperto suavemente uma das mãos de Peggy para tranquilizá-la. — Prometo que farei tudo ao meu alcance para salvar Riverside do colapso. — Se alguém pode fazer isso, eu acho que é você, Maren. — Seu tom é firme, e oro para que ela esteja certa sobre isso. Depois que Peggy sai pela porta, uma mulher em missão, pego meu celular e ligo para a única pessoa que pode pegar todas as minhas grandes ideias e fazer algo com elas. — Ei, menina, o que foi? — A voz de Scarlett toca ao telefone. Ela está mastigando algo, provavelmente o café da manhã com iogurte e granola que eu sei que ela adora. — Ei, eu queria saber se você poderia me ajudar com um projeto — digo, colocando meu telefone contra meu ombro enquanto ligo meu computador desktop. — Qualquer coisa que você precise. Eu sou seu gênio mágico numa garrafa. Eu rio, apreciando aquela imagem mental por um momento antes de mergulhar. — Ok. Qual é a probabilidade de o Loft doar espaço para uma casa de repouso bem-amada para uma festa de gala chique no final do verão? — Agora que disse isso em voz alta, posso ouvir o quão absurdo é meu pedido. Mas Scarlett não perde o ritmo. — Depende da velha programação. Dê-me um segundo. Minhas sobrancelhas saltam de surpresa. Eu esperava pelo menos uma única pergunta ou preocupação. Então me lembro que, como coordenadora de eventos, Scarlett lida com esse tipo de


consulta diariamente. Sorte minha, e para Riverside, esta é a sua especialidade. — Que tal no início do verão? Tivemos o cancelamento do casamento no dia 20 de junho. Triste para eles, mas feliz para você. — 20 de junho? — Eu engasgo, procurando freneticamente pela data no meu calendário. Em menos de um mês. Caramba. — Sim. Solstício de verão sexy. A esta altura, duvido que encontremos qualquer outro locatário, e definitivamente estamos mantendo o depósito porque — direi – se lixem eles e seu péssimo noivado. Então, o que você acha? Quase tenho vontade de perguntar: há algo mais tarde? Mas mordo minha língua. — O dia 20 de junho seria perfeito. Inscrevanos e diga-me o que precisa de mim. — Claro, Mare. Mandarei um contrato na hora do almoço. Tenho que reescrever algumas coisas se não cobraremos de você. Uau, que legal. Estou animada para trabalhar com você! — Scarlett ri entre garfadas de café da manhã e eu fico feliz em participar. — Eu também. Você é absolutamente a melhor. — Nah, garota. Basta fazer alguns biscoitos para mim e ficaremos quites. Agora é minha vez de chorar. — Coisa certa. Despedimos e eu passo os próximos dez minutos navegando pelas fotos do Loft em seu site. É íntimo, lindo e pode funcionar. Eu não quero azarar... mas acho que isso funcionará, afinal. Mal posso esperar para contar a Hayes.


Capítulo 07 Hayes — Estamos procurando por algo... discreto. — Não podemos deixar as crianças tropeçando num vibrador rosa choque de quinze centímetros, podemos? Quinze centímetros? Alguém é ambicioso. Wolfie e eu estamos no fundo de nossa loja, equilibrando planilhas. Mas, nos últimos dez minutos, tivemos um lugar na primeira fila para Connor, tentando ajudar um casal de meia-idade a encontrar o brinquedo perfeito para apimentar seu casamento em dificuldades. Ele tem um trabalho difícil para ele, porque a julgar pela expressão no rosto da esposa, nos visitar não foi ideia dela. Para sua sorte, essa pode ser a melhor coisa que seu marido já a convenceu. A satisfação do cliente é um requisito básico neste negócio. E a nossa é garantida. Meus amigos e eu criamos uma linha ecológica de brinquedos sexuais. Eu sei que você provavelmente está revirando os olhos — cinco amigos homens que começaram uma empresa de brinquedos sexuais — mas vimos um mercado e queríamos fazer a diferença. Foi assim que Wolfie, Connor, Caleb, Ever e eu nos tornamos coproprietários da Frisky Business. Nossos brinquedos são focados em casais e femininos, e nossa loja não tem nenhuma vibração assustadora.


Connor solta uma risada bem-humorada e guia o casal ao canto nos fundos. Não somos como aquelas sex shops decadentes que você encontra no final de um shopping center, cheias de penas, manequins e exibições cafonas. Somos tudo sobre a intersecção de sofisticação e sensualidade. Claro, o sexo vende, mas não temos que ser homens das cavernas sobre isso. — Vinte dólares dizem que ele tenta vendê-los no Joie de Vivre, e eles se contentam com um anel peniano básico — digo baixinho, arqueando uma sobrancelha para Wolfie. Ele grunhe e estreita os olhos para o casal, que atualmente está fazendo o que essa coisa faz dançando em torno de uma flashlight (lanterna que imita uma vagina) particularmente bem disfarçada. — De jeito nenhum. Ela está saindo com um L. T. O Luxe Tube é o nosso brinquedo mais vendido. É pequeno e fácil de esconder, mas o que falta em tamanho compensa em força. Com oito configurações de vibração poderosas, deixará qualquer mulher implorando por mais. Oh, e a melhor parte? Parece exatamente com um tubo de batom luxuoso. — De jeito nenhum o marido vai para isso. Aceito, cara. Wolfie e eu apertamos as mãos discretamente e voltamos nossa atenção para o casal. Como eu imaginei, Connor está apontando para eles a Joie de Vivre, um brinquedo para casais que visa aprimorar a experiência de todos. Não é exatamente o brinquedo delicado e discreto que a esposa alegou estar procurando, mas também não é um vibrador rosa choque de 25 centímetros. Acontece que também é um de nossos brinquedos mais caros, por isso é sempre a recomendação de Connor.


Connor tem algo que todos nós carecemos. Eu posso usar meu coração na manga e me envolver em sentimentos quando não deveria, mas Connor nasceu com um grande coração. Talvez seja por isso que este seja o emprego certo para ele — o cara quer genuinamente ajudar as pessoas, mesmo que essa ajuda seja para melhorar sua vida sexual. Ele se importa. Ele quer tornar o mundo um lugar melhor. E gosta de conversar com as pessoas. Eu? Eu me perco muito na minha cabeça e sou muito egoísta para realmente me preocupar com qual brinquedo é certo para este casal. Compre os dois. Ou não. Sério, eu não me importo. E nunca fui bom em conversa fiada. Embora acho que sou melhor nisso do que Wolfie, que é conhecido por se comunicar por meio de grunhidos e acenos de cabeça. Connor, por outro lado, deixa as pessoas à vontade. Ele sabe exatamente a coisa certa a dizer para quebrar o gelo com este casal, provavelmente algo espirituoso, porque agora os três estão rindo juntos. — Eles estão... — Wolfie para de falar, sua boca aberta. — Puta merda. Eles estão saindo com a Joie de Vivre. — O que é um Joie de Vivre? — Uma voz leve e familiar pergunta atrás de nós, uma que eu não esperava ouvir por um tempo. Principalmente agora. Principalmente aqui, no trabalho, rodeado de brinquedos sexuais. Com seu irmão mais velho parado bem ao meu lado. Porra. É Maren, vestida com um par de calças de ioga que abraçam suas curvas perfeitamente e enviam minha mente para todos os


lugares errados. Eu mantenho meus olhos treinados no casal, que agora está no caixa com Connor. Foda-me na bunda. Como diabos farei alguma coisa com ela aqui? — O que você está fazendo aqui? — Wolfie pergunta rispidamente. Ainda bem que não sou o único morrendo de vontade de saber a resposta a essa pergunta. — Olá para você também, irmão mais velho. É tão bom ver você. Estou bem, obrigada — diz ela, com um sorriso irritado no rosto. — É estranho que você esteja aqui — eu deixo escapar. Wolfie grunhe em concordância. — Você não deveria estar no trabalho? Percebendo que posso saber mais sobre a situação de trabalho de Maren do que seu irmão sabe no momento, procuro respostas em seu rosto, mas não consigo nada. Ela mal pisca com a pergunta de Wolfie, em vez disso, vai através de nossos mostruários. Mordendo o lábio, ela vagueia alguns passos por um corredor cheio de plugues anais em vários tamanhos e cores. Meu pau estremece ao ver seus dedos num dos brinquedos. Isso será pior do que eu pensava. — Eu trabalhei em casa hoje — ela diz e olha diretamente para mim. — E, na verdade, estou aqui a negócios. Wolfie olha entre nós, confuso, e meu estômago embrulha. A última coisa que preciso é que ele suspeite de algo entre mim e Maren.


— Você está procurando entrar na indústria de brinquedos? — Ele pergunta. Maren revira os olhos. — Hayes está me ajudando com uma arrecadação de fundos para a Riverside. As sobrancelhas de Wolfie se erguem e eu nem quero pensar sobre para onde sua mente pode estar indo. Ele olha para mim e cruza os braços. Fazendo o meu melhor para jogar casualmente, encolho os ombros. — Você me disse para verificar sua irmã, e a partir daí começou a crescer como uma bola de neve. Ele retribui meu encolher de ombros e coloca uma caneta atrás da orelha. — Sempre o cavaleiro de armadura brilhante. Não perco o tom de sarcasmo em seu tom. Ele sabe que algo está acontecendo, mas está deixando para lá. E agora, essa é minha única graça salvadora. — Puta merda. Maren Cox? Você finalmente está pronta para me deixar vender o vibrador que mudará sua vida? — Connor aparece ao lado de Maren e passa o braço em volta da sua cintura. O cara já me irritou antes, mas nunca assim. A visão do antebraço volumoso de Connor em torno de sua cintura estreita me dá palpitações cardíacas. Não é legal. Estou prestes a arrancar seu rosto se ele não tirar as mãos dela nos próximos cinco segundos. Ao que parece, não sou o único. As narinas de Wolfie dilatam, e ele parece prestes a socar Connor até a próximo fim de semana. Maren

ri

nervosamente.

Eu

estava

realmente

me

perguntando se você poderia me dizer o que é Joie de Vivre? Esses dois aparentemente ficaram surdos quando perguntei sobre isso.


Connor dá a ela um sorriso que me faz querer arrancar suas bolas e enfiá-las em sua garganta. — Espere bem aqui. Em instantes, ele retorna com uma braçada de brinquedos e os coloca na mesa na frente dela. Seus olhos se arregalam, e quando ela começa a vasculhá-los, ligando alguns e ofegando quando eles acendem ou vibram, meu queixo cai direto para o chão. Isso é totalmente injusto. Connor coloca o brinquedo em forma de U elegante em suas mãos, seu sorriso se alargando. — A Joie de Vivre pode ser usada em qualquer posição, embora eu recomende que os casais tentem começar como missionário. Também é um solo muito eficaz — acrescenta ele com uma piscadela. Wolfie solta um longo suspiro irritado ao meu lado. Bem-vindo à porra do clube, cara. Não sei o que é pior — assistir Connor flertar com Maren ou assistir Maren acariciar um brinquedo sexual. Minha mente continua piscando com fantasias selvagens, e meu coração está batendo forte na minha garganta. Suas mãos se movem para nossa coleção de vibradores em várias formas — corações, cilindros, conchas. Um até parece um ursinho de goma. Quando ela encontra o Tubo Luxe na pilha, ela o abre, um pequeno sorriso se formando em seus lábios. — Agora estou familiarizada com este — diz ela, lançando-me um olhar cheio de pecado. Nada. Justo. Porra. Eu aperto meus dentes e respiro fundo. Ela está brincando comigo. Isso está muito claro. Essa pequena sádica sexy.


Sem quebrar o contato visual, ela pressiona o botão ON e o motor começa a zumbir. — Mmm. Muito familiar — ela ronrona. Wolfie arranca o tubo de suas mãos e o desliga. — Não é a porra de um brinquedo. Uma risada sai de seus lábios perfeitos. — Isso é literalmente o que é. — Você sabe o que eu quero dizer. Somente. Pare. — Ele diz, interpretando o irmão mais velho severo que ele é. — Estou apenas curiosa — ela diz inocentemente. Wolfie

estreita

os

olhos

e

volta

para

o

computador,

resmungando baixinho. — Que tal este? — Ela pergunta, segurando um cilindro preto grosso com um forro de látex rosa. Ela passa a ponta do dedo ao longo da borda e eu sinto uma tensão atrás do meu zíper. — Esse é para nossos clientes homens — diz Connor com um sorriso malicioso, passando os dedos pelo cabelo loiro escuro. — Você poderia fazer um cara realmente feliz levando isso para o quarto. Seu olhar voa para o meu e minhas calças apertam ainda mais. Minha mente fica completamente em branco, exceto para cada pensamento que eu não devo pensar. Beijando seu estômago até sua boceta nua e raspada. Empurrando meu comprimento nela. Assistindo-a chupar meu... — Você está tendo um fodido derrame? — Wolfie pergunta, sua voz me tirando do meu transe. Juro que peguei o sorriso de Maren, seus lábios se contraem com o meu óbvio desconforto, antes de me virar para Wolfie e tentar


agir como se não estivesse apenas fodendo sua irmã mais nova em minha mente. — Desculpe, divaguei. — Caleb está no telefone. Ele quer ter certeza de que ainda vamos para a casa do lago neste fim de semana. — Wolfie está nervoso. Seu rosto escurece enquanto ele espera minha resposta. — Sim. Saindo bem cedo na manhã de sábado. — Felizmente, minha voz sai uniforme. — O lago ficará doente pra caralho, cara. Mal posso esperar — diz Connor, colocando outro brinquedo nas mãos de Maren. Eu concordo. É tradição que todos nós vamos à casa do lago da minha família todos os anos, e este não é diferente. Temos um fim de semana inteiro de bebidas, natação e fogueiras pela frente. — Agradeça a sua avó novamente por nos deixar ficar em sua casa. Estou morrendo por um tempo — diz Maren, me dando um olhar agradecido. Eu aceno e olho para longe. Se os outros brinquedos fossem demais

para

lidar,

observá-la

segurar

um

vibrador

anatomicamente correto da cor da pele em suas mãos é onde eu traço a linha. É impossível parar de imaginar bombeando o brinquedo dentro dela, observando-a se contorcer enquanto... — Hayes, você tem os números do último trimestre? Algumas dessas merdas simplesmente não se conciliam. — Wolfie resmunga, franzindo a testa para o computador. Números. Planilhas. É nisso que eu deveria me concentrar. Limpo minha garganta, pensando que talvez colocar alguma distância entre Maren e eu possa ajudar. — Sim, deixe-me correr lá atrás e pegar meu laptop.


Eu ando rapidamente para o fundo da loja, onde temos um pequeno armário de suprimentos, algumas fileiras de estoque e outras centenas de metros quadrados de espaço de escritório. Quando chego à minha mesa, a porta dos fundos se abre novamente e passos se aproximam. — Olha, Wolfie, eu sei que tenho os números aqui em algum lugar, certo? Só me dê um minuto. Mas a voz que atende não é a de Wolfie. É de Maren. — Eu estava, uh, esperando que pudéssemos conversar sobre o leilão? — Ela está sem jeito do outro lado da minha mesa, o vibrador ainda em sua mão. Quando ela me pega olhando para ele, ela o levanta com um pequeno sorriso malicioso. — Não estou tentando roubar nem nada. Eu só queria ter um momento a sós com você. Por que nossas conversas sempre começam como o começo de um filme pornô? Eu me sento e faço um gesto para que ela se sente. Em vez de se sentar numa das cadeiras ao lado da minha mesa, porém, ela descansa sua bunda na borda dela, muito mais perto do que eu esperava. Ela coloca o vibrador na minha frente. — Eu estava me perguntando se talvez você pudesse montar uma cesta para o leilão — ela disse, seus olhos baixando para as mãos. — Claro, posso encontrar um fornecedor adequado e fazer um contrato. Será fácil. — Não, eu quis dizer você. Como na empresa. Eu perguntaria a Wolfie, mas mesmo o pensamento é muito mortificante.


— Você quer vender uma cesta de brinquedos para adultos... para pessoas idosas? — Tento manter meu tom o mais moderado possível. Eu quero ajudá-la, mais do que provavelmente deveria, mas isso é uma coisa da qual não tenho tanta certeza. — Eu sei que parece loucura, mas convidaremos pessoas de todos os lugares, de todas as esferas da vida. Além disso, os idosos são mais sexualmente ativos do que você pensa. — Ok, não é uma imagem mental que eu quero na minha cabeça. Nós rimos e ela coloca sua mão sobre a minha. — Todo mundo gosta de orgasmos — diz ela baixinho, fazendo minha frequência cardíaca disparar ainda mais. Minha boca ficou seca e esqueci como formar uma resposta que não seja apenas um ruído indefeso de concordância. Bons tempos. Mas Maren está tão polida como sempre. Cruzando um tornozelo sobre o outro e inclinando o queixo, ela diz: — Basta pensar nisso, ok? Não preciso de uma resposta agora. Eu aceno, tentando ignorar o fluxo de sangue extra na minha virilha. — Ah, e Hayes? — Sim? — Obrigada novamente. Por tudo. Eu realmente não sei como farei isso para você. Ela olha do vibrador para o meu colo, depois para o meu rosto. — Mas estou animada para a casa do lago neste fim de semana.


Ela se vira e vai embora. Sem ninguém por perto para me ver, eu observo sua bunda enquanto ela sai, e juro que ela sabe disso. Honestamente, realmente não sei o que aconteceu. Mas eu sei que quero descobrir.


Capítulo 08 Maren O sol da manhã brilha no para-brisa do carro de Wolfie, lançando calor sobre meus ombros sardentos. O vento sopra através das janelas abertas enquanto meu irmão acelera pela rodovia, a previsão do rádio prometendo um tempo lindo para o fim de semana à frente. Atrás de nós está Caleb em seu jipe, com Scarlett no banco da frente e Connor e sua irmã mais nova, Penelope, espremidos no banco de trás. Se eu me sentar direito, posso ver Scarlett no espelho retrovisor, tocando em qualquer lista de reprodução que ela está forçando o resto do carro a suportar. Por um momento, lamento ter optado por ir com meu irmão. Eu o amo, mas Wolfie não é o cara mais fácil de conversar, especialmente se você ficar sentada num carro com ele por quase três horas. Para minha sorte, não fui a única que optou por uma viagem mais tranquila. Tive sorte? Sinceramente, não consigo decidir o que sinto por estar espremida neste pequeno espaço com Hayes no banco da frente. Eu estava relutante em deixar Chicago em primeiro lugar, com todas as minhas obrigações em torno da arrecadação de fundos. Mas agora, com a promessa de um tempo de inatividade real e de


banhos de sol, sou grata por Wolfie e Scarlett terem insistido para que eu fosse junto. Tentando afugentar qualquer preocupação passageira, fecho meus olhos. Talvez consiga dormir o resto da viagem de carro e, quando acordar, já estarei em Saugatuck. Não existe trabalho em Saugatuck — não com a praia chamando meu nome. Com meus olhos fechados, meu olfato é intensificado. Não é apenas o doce aroma do ar fresco que está despertando a excitação em mim. É Hayes e seu cheiro limpo e masculino que sempre me deixa tonta de desejo. Cedendo à minha curiosidade, abro meus olhos e olho para ele. Hayes olha pelo para-brisa, seus olhos penetrantes focados na estrada à nossa frente. À luz do sol, eles parecem ouro líquido. De alguma forma, ele já aperfeiçoou seu bronzeado de verão, evidente por seu antebraço esculpido apoiado no apoio de braço. Eu me pego olhando para seus longos dedos, batendo com a batida da música no rádio contra o couro do banco do carro. Quando ele olha pelo espelho retrovisor e me pega olhando, luto para cuspir uma desculpa. — V... Você gosta dessa música? Eu belisco minha perna com força. Onde está o botão que ejetará meu assento direto para a estratosfera? — Nunca ouvi isso antes — murmura Hayes com um encolher de ombros apático, mais mal-humorado do que deveria estar a caminho da casa do lago de sua família. De mau humor ou não, ele ainda é lindo.


Eu cantarolo junto com a música, grata por essa conversa ter terminado antes que pudesse me envergonhar ainda mais. Eu pego os olhos de Wolfie, me observando pelo espelho retrovisor. Ofereço a ele um sorriso indiferente e imediatamente desvio meu olhar. Sim, este cenário borrado passando rapidamente é muito, muito interessante. Não, não estou preocupada se meu irmão mais velho está atrás de mim, suspeitando da queda que tenho por seu melhor amigo e parceiro de negócios. Hayes parece estar completamente alheio ao meu interesse por ele, graças a Deus. E duvido seriamente que Wolfie tenha alguma suspeita. Por mais aguçado que seja seu insight sobre todas as coisas relacionadas aos negócios, ele é bastante cego para qualquer coisa que envolva emoções. Ao contrário de mim, que sou constantemente consumida por elas. Estou tão perdida em pensamentos que não percebo que chegamos ao nosso destino até o carro parar. Sento-me ereta, ansiosa para sair do carro e esticar as pernas. Já estive na casa do lago da família Hayes antes, mas é ainda mais bonita do que eu me lembrava. O exterior escuro e rústico é cercado em três lados por árvores de sombra incrivelmente altas. A varanda envolve a casa, proporcionando muito espaço para todo o grupo se divertir e desfrutar de um coquetel, ou para algum tempo introvertido de qualidade, sozinha, no balanço da varanda. Minha parte favorita é a vista cintilante do Lago Michigan, a apenas trinta metros da casa. Se você sair da varanda e entrar no deck, terá uma visão desobstruída do caminho que desce até a praia e sua água milagrosamente azul.


— Estou passando. — Hayes passa por mim, as alças de nossas mochilas numa das mãos e um pacote de doze cervejas na outra. — Você não tem que carregar a minha — eu grito, correndo para acompanhá-lo. Deve ter chovido ontem à noite, porque meus sapatos afundam no cascalho enlameado da calçada a cada passo. — Não me diga que você esqueceu as chaves — Wolfie diz, sua voz classicamente severa. Ele já está na porta, sentado em cima de um refrigerador e parecendo todo tipo de impaciente. Tenho certeza de que ninguém esquecerá tão cedo o ano em que Hayes esqueceu as chaves. Um vizinho nos viu arrombando uma janela e chamou a polícia. Hayes levou quase vinte minutos para convencê-los de que na verdade é a casa de sua avó. — Merda — murmura Hayes, depois se vira para mim. — As chaves estão no meu bolso. Quer ajudar um cara? A menos que você não se importe com lama na sua bolsa. — Oh, um, eu as pegarei. Qual bolso? — Frente e esquerda. Não pense em seu pênis, não pense nisso, não pense nisso, não pense nisso. Deslizando minha mão em seu bolso, faço o meu melhor para ignorar o ângulo rígido do osso do seu quadril, o músculo firme de sua coxa, o cheiro inebriante de sua pele tão perto da minha. Pego as chaves, um único anel segurando duas chaves simples — porta da frente e porta dos fundos, suponho. Quando encontro os olhos de Hayes novamente, ele está completamente imperturbável, nenhum sinal de emoção em suas profundezas de mel. Com base na queimação em minhas


bochechas, devo parecer um tomate. Eu me afasto rapidamente, jogando as chaves para Wolfie e correndo de volta para o carro para encontrar qualquer mantimento restante para trazer para dentro. O jipe de Caleb atravessa a calçada de cascalho para se juntar a nós. Scarlett salta, os braços estendidos para um abraço. Eu poderia usar um pouco da energia da Scarlett neste fim de semana. — Oi Bebê. — Ela suspira feliz em meu ouvido, nos balançando de um lado para o outro. — Oi. — Eu rio, apertando-a com força. — Este será um fim de semana divertido. — Inferno, sim, vai! Momentos depois, Penelope e eu estamos subindo os degraus da varanda com um cooler. Com um bufo final, largamos o cooler na frente da porta, trocando sorrisos triunfantes. É quando ouço o barulho de pneus batendo no cascalho novamente. Quem mais está vindo? De um sedan azul de tamanho médio desliza um par de pernas compridas e bronzeadas. Usando um vestido longo de verão e com cabelos negros caindo sobre os ombros, uma mulher olha para cima, encontrando meus olhos com um sorriso e um aceno. Demoro um momento para reconhecê-la e sou pega olhando. — Oi, Maren. Você se lembra de mim? — Jogando a bolsa no ombro e levantando a saia, ela caminha em nossa direção. Oh, eu me lembro dela. Muito vividamente, talvez. Atrás de mim, ouço o bater da porta da frente quando Hayes sai de casa, murmurando baixinho: — Que porra é essa... — Quem é essa? — Penelope pergunta, seus olhos grandes e inocentes cheios de perguntas.


Em tempo recorde, consigo engolir o nó na garganta e sorrir de volta. — Holly, certo? Já faz muito tempo. Como você está? — pergunto, mas o que estou pensando é: O que você está fazendo aqui? Hayes, sem tato como sempre, faz a pergunta não formulada. — O que você está fazendo aqui, Holly? Seus lábios vermelho-fosco se torceram num beicinho. — Não seja mau, Hayes. Eu sei que você sentiu minha falta. Oh, ei, Wolfie. Como você está, lindo? Antes que eu possa registrar a presença de Wolfie, Holly está subindo os degraus para envolvê-lo num gigantesco abraço de urso. Desde quando Wolfie é amigo da ex de Hayes? Ex é um exagero... Eles foram amigos com benefícios por anos. De todas as mulheres que passavam pela porta giratória de seu quarto, Holly era a única regular. Ela foi a única garota com quem Hayes teve um caso consistente, algo que durou anos, não semanas ou meses como todas as outras. É muito tarde para voltar para a cidade? — Ei, Holly. — Wolfie resmunga em seu jeito típico, dando tapinhas em suas costas. Essa é a deixa para dizer, meu abraço acabou, obrigado. Quase tenho vontade de rir, mas tenho muitas perguntas. Hayes a convidou? Ela ficará o fim de semana inteiro? Onde ela dormirá? — Wolfie e eu estávamos prestes a limpar a grelha. Se você nos der licença — Hayes diz laconicamente, parecendo irritado. Se ele não soubesse que Holly estava vindo... então quem a convidou?


Hayes coloca a mão na nuca de Wolfie, conduzindo-o ao redor da casa e fora de vista. As sobrancelhas de Penelope franzem em confusão, mas o sorriso de Holly não mudou. É mais um sorriso malicioso, na verdade. Ela claramente pensa que ganhou alguma coisa, ou ela ganhará alguma coisa – ou alguém – por estar aqui. Meu estômago dá um nó doloroso. Já é difícil o suficiente estar perto de Hayes, mas ter que assistir sua companheira de foda reivindicar e colocar as patas nele neste fim de semana será uma tortura terrível. — Você gostaria de entrar? — Eu me ouço perguntando, minha mão estendida numa oferta para pegar sua bolsa. O que sou eu, um mordomo? — Posso fazer um tour rápido. — Obrigada, mas eu já estive aqui muitas vezes antes — ela diz com uma piscadela antes de deslizar entre Penelope e eu e desaparecer dentro de casa. Meu coração martela em meus ouvidos enquanto uma leve frustração ameaça se transformar numa raiva total. Penelope deve sentir meu desconforto porque estende a mão e dá um aperto reconfortante em minha mão antes de seguir Holly para dentro. Não estou pronta para entrar, não com Holly lá. Em vez disso, ando na ponta dos pés pela lateral da casa até ouvir as vozes profundas de Hayes e Wolfie. — Você está brincando comigo, cara? Como você poderia convidá-la? Uma onda de alívio passa por mim. Hayes não está feliz com a presença de Holly. Ele está chateado. — Olha, ela estendeu a mão para mim. Ela fez parecer que vocês dois estavam se vendo novamente.


— Que diabos? Não estamos. — O tom de Hayes é mordaz, enquanto meu irmão parece mais apologético. — Foda-se, cara. Eu sinto muito. Eu teria perguntado a você, mas você rejeitou as mulheres e eu não queria iniciar uma maldita intervenção. Wolfie realmente parece lamentável. Ele sabe que errou. — Porra, está tudo bem, cara. Nós descobriremos isso. — Hayes solta um suspiro, a raiva em sua voz se transforma em resignação cansada. Talvez seja o solucionador de problemas em mim, mas quero ajudar. Bato suavemente na lateral da casa enquanto entro em meu campo de visão, tentando não assustar ninguém. Os olhos de Hayes se fixam nos meus, uma onda de emoção ardente de repente se transformando em gelo. — O que foi, Mare? — Há algo que eu possa fazer? Eu ouvi isso que Holly... foi uma surpresa. Hayes ri sem humor, esfregando a testa. — Sim, sem brincadeira — ele murmura, virando-se de costas para mim. Por que ele não olha para mim? — Você se importaria de ficar com ela? Isso ajudaria muito — meu irmão pergunta, colocando a mão no meu ombro e apertandoo. Minha garganta aperta. Eu não esperava isso. Ficar no quarto com Holly será... um desafio. Mas se eu puder tornar essa tensão estranha mais fácil para Hayes, eu o farei. Além disso, se eu puder mantê-la fora do quarto de Hayes — tanto melhor, certo? — Coisa certa. — Eu sorrio, mas provavelmente não atinge meus olhos.


Hayes murmura algo baixinho e se afasta. Poucos minutos depois, temos a situação do alojamento conjunto finalizada. Penelope e Scarlett ficarão com a cama queensize no quarto do andar de baixo, e eu ficarei no beliche com Holly. Wolfie ficará com Connor no quarto duplo, uma vez que eles já têm aquela dinâmica de companheiro de quarto. Caleb ficará no sofá e Hayes dormirá em seu quarto. O que por acaso compartilha um corredor com meu arranjo de dormir. Tomo a decisão de evitar fantasiar sobre as visitas noturnas de um homem que claramente nunca me verá como mais do que a irmã de seu melhor amigo. Se alguma coisa acontecerá esta noite, será entre Holly e Hayes, um pensamento que fere como metal em brasa cortando minha pele. Lá dentro, Wolfie e Hayes convocam uma breve assembleia de todos os convidados da casa do lago para estabelecer os arranjos e algumas regras básicas — não fumar em casa, sapatos fora do tapete, etc. — Alguma pergunta? — Hayes pergunta, examinando a sala. — Sim! — Holly gorjeia, levantando a mão. — Quem quer ir à praia comigo? Caleb, Connor, Penelope e Scarlett levantam as mãos em resposta, um murmúrio de aprovação flutuando pela sala. Eu a contragosto levanto minha própria mão. O sorriso estampado no meu rosto é tão verossímil quanto possível.


Vinte minutos depois, estamos todos vestidos e descendo o caminho em direção à água. Hayes decolou primeiro com Holly logo atrás, então fico para trás com Wolfie. — Você está bem? — pergunto a ele, preocupada que esta viagem já esteja arruinada para ele por causa da confusão com Holly. — Sim, estou bem — diz ele. — Às vezes, desejo que Hayes se comprometa apenas com uma pessoa. Então merdas como essa não aconteceriam. Desvio meu olhar, olhando para a areia que espreita através do cascalho. — Eu também. Um pouco longe de nós, a risada de Penelope continua na brisa enquanto Scarlett gesticula descontroladamente, provavelmente contando outra história de aplicativo de namoro. A maioria de nós está usando algum tipo de agasalho ou capa, mas Penelope caminha confiante em seu lindo biquíni azul. Ela parece absolutamente adorável, seu rabo de cavalo alto balançando a cada passo. — Estou tão feliz que Penelope finalmente tenha vinte e um, sabe? Eu sinto que podemos realmente nos soltar e... Eu perco o que estou dizendo, minha linha de pensamento completamente cortada pela expressão confusa no rosto do meu irmão. Ele está corado e seus olhos estão colados... oh meu Deus, ele está olhando para a bunda de Penelope? Dou uma cotovelada forte na sua lateral. — O que? — Ele resmunga, esfregando as costelas. — Sutileza, cara. Você precisa de um pouco.


Quando Wolfie está prestes a argumentar sua defesa, Caleb passa por nós numa corrida, carregando dois chinelos que definitivamente não pertencem a ele. Chamando por cima do ombro, ele grita: — O último a chegar à praia perde os chinelos! Segundos

depois,

Connor

passa

por

nós,

descalço,

perseguindo Caleb como se sua vida dependesse disso. — Só trouxe um par! Foda-se, cara! Foda-se! Eu rio, observando seu “bromance” se desenrolar. Quando Wolfie e eu os alcançamos, Connor está enfrentando Caleb na água, uma batalha que só posso presumir que terminará com alguém — na pior das hipóteses — ficando com um olho roxo ou — na melhor das hipóteses — ficando com água no nariz. Scarlett e Penelope estenderam suas toalhas, ignorando completamente o festival de respingos à frente delas. Holly, por outro lado, está dando um show ao remover sua canga, nó por nó, revelando um corpo de biquíni branco que pertence a uma revista e não a esta casa do lago. Ela está olhando na direção de Hayes, mas enquanto sigo seu olhar, fico satisfeita em ver que ele está ocupado com outra coisa. Algumas árvores estão próximas, uma carregando mais memórias do que as outras. Um balanço de corda grossa está pendurado ao longo da água, onde a areia cai e a água fica profunda e escura. Quando criança, mal tive coragem de balançar sobre a água, recusando-me a pular, apesar das zombarias de Wolfie e Hayes. Agora, os caras estão se revezando, voando sobre a água, atingindo a superfície com um respingo e, finalmente, saindo para respirar.


A visão deles me lembra de quando éramos todos adolescentes. Só que agora Hayes está mais alto, mais musculoso e ainda mais bonito do que eu jamais poderia imaginar que se tornaria. Apesar dos meus melhores esforços, ele é o homem com quem sempre comparei meus relacionamentos anteriores. E de alguma forma eles nunca se igualaram. Hayes sempre me fez sentir segura. E quando perdi meus pais... Hayes estava lá para mim. Sempre dependi dele. Sempre quis mais dele. Uma pontada baixa atinge minha barriga e um arrepio percorre minha espinha. Há quanto tempo me sinto assim por ele? Há quanto tempo quero lamber as gotas de água de sua pele? Vê-lo caminhar em terra novamente, é impossível desviar meu olhar. Esse peito largo e esculpido. Esses antebraços volumosos que desejo sentir ao meu redor. A bunda apertada que pressiona sedutoramente contra seu calção de banho a cada passada deliberada. Excitação — quente e insistente — corre em minhas veias. — Ei, garota, por que você está parada aí? A voz de Scarlett me traz de volta à realidade, e me viro para vê-la olhando para mim, óculos escuros empurrados para baixo em seu nariz. — Quer ficar com a gente? — Ela pergunta, acenando para mim. Minhas bochechas ainda estão queimando, e a pulsação em meu núcleo não diminuiu nem um pouco. Eu preciso me refrescar primeiro. — Depois de um mergulho. Eu volto já.


Tiro a camiseta enorme que usei por anos como um disfarce, finalmente permitindo que o sol beije meus ombros expostos e barriga. Meu biquíni foi um achado na loja de departamentos local. O top é preto com sobreposição de crochê azul-petróleo, complementando minha pele naturalmente pálida e embalando meus seios confortavelmente. A calcinha de cintura alta que uso são pretas, com um cinto trançado em volta dos meus quadris. Não paro para verificar se Hayes percebe meu novo equipamento. Em vez disso, saio em direção ao cais e mergulho. A água está absolutamente gelada, mas não me importo. É exatamente o que preciso para esfriar. Assim que estou submersa, meus pensamentos finalmente se acalmam. A cada golpe, me distancio de minhas preocupações e inseguranças. Tinha esquecido o quanto amo nadar. Eu me pergunto se há uma academia perto do meu apartamento que eu poderia... Algo agarra meu pé, assustando-me, e me coloco acima da água, chutando loucamente. — Whoa, whoa, whoa! Para meu completo choque, é Hayes, na água perto de mim. Seu cabelo está encharcado, pequenas gotas caindo em suas maçãs do rosto. Meu coração bate forte, e eu gostaria de poder dizer que foi apenas por causa do choque. — O que você está fazendo? — Eu exijo, espirrando nele. — Eu só queria alcançá-la antes que você fosse longe demais. — Ele ri, jogando água em mim de volta. — Não fique brava, pomba. Um lado de sua boca se levanta num sorriso torto, e a raiva em mim se derrete em algo pegajoso e quente.


— Aww, você estava preocupado comigo, Hayes? — Espirro nele novamente, desta vez de forma mais provocante. — Talvez eu estivesse. — Ele me olha com um sorriso hipnótico. — Jogue-me água mais uma vez. Atreva-se. Eu mordo meu lábio, fingindo deliberar minhas opções. Com uma risada, me inclino para trás na água, espirrando nele repetidamente com o chute de meus pés. — Oh, é isso — ele diz, sua voz baixa, mas divertida. Com isso, Hayes me ataca, me puxando para baixo da superfície com ele. Enquanto uma de suas mãos envolve com força meu tornozelo, e a outra serpenteia nas minhas costas, de repente estou pressionada contra ele de todas as maneiras íntimas. Meu corpo reage antes que eu possa pensar direito, meus braços envolvendo aqueles ombros largos com uma urgência na qual nunca fui capaz de agir antes. Maren, não diga nada. Mas então, a coisa mais estranha acontece. Sinto algo longo e espesso endurecendo contra minha coxa. Quando ressurgimos, meus braços ainda estão travados em torno de seus ombros, meus seios pressionados contra seu peito liso e nu. Nossos olhos se encontram, seu olhar cor de uísque enviando uma onda quente por mim. Seus dedos apertam minha cintura enquanto estou pressionada firmemente contra sua ereção bastante impressionante. — Hayes... Abruptamente, ele remove meus braços de seu pescoço. Sem seu apoio, volto a flutuar facilmente, mas Hayes não fica por aqui.


Eu balanço com as ondas de sua partida, observando seus braços musculosos cortarem a água enquanto ele nada de volta para os outros. Ele se puxa para cima e para o cais, sem parar nem mesmo para Holly, que tenta interceptá-lo no caminho de volta para casa. O que acabou de acontecer?


Capítulo 09 Hayes Que. Aconteceu. Porra. Mano. Se eu fosse um emoji, seria o rosto gritando com vapor saindo de suas orelhas. Não havia como negar que Maren sentiu a resposta do meu corpo ao seu. E eu poderia dizer no segundo que ela fez. Um minuto nós estávamos espirrando na água, e no próximo, suas curvas suaves foram pressionadas perto enquanto sua pele molhada fazia contato com a minha. Então o jogo acabou. Eu precisava colocar a maior distância possível entre nós, então fugi sem dizer outra palavra ou olhar para trás. Subo as escadas e bato a porta quando entro no quarto. Meu pau ainda está tão duro que preciso desesperadamente me masturbar. Abro a frente da minha bermuda de banho e me aperto como um aviso. Eu explodirei muito cedo nesse ritmo. Mas um pensamento errôneo me faz parar no meio do caminho. E se Wolfie me viu flertando com sua irmã e ele está vindo aqui agora para me confrontar? Certamente não quero que ele entre e me veja com meu pau na mão. Fale sobre ser pego em flagrante. Com os nós dos dedos ficando brancos enquanto agarro a borda da cômoda, penduro minha cabeça e tento respirar.


Abandonando meu plano anterior, eu amarro meu calção de banho e solto outro suspiro. Wolfie é um bloqueador de pau, e ele nem sabe disso. Além disso, ele convidou Holly. É uma prova de como ele é ignorante sobre o que sinto por sua irmã que ele pensou que eu queria Holly aqui. Decidindo que não posso me masturbar, respiro fundo para me acalmar e tento dar a mim mesma uma conversa estimulante. Basta passar esta noite. Isso é tudo que você precisa fazer. Isso é uma merda de tortura, e não estou falando apenas sobre a resposta física do meu corpo ao de Maren. Todo este jogo é uma tortura. O desejo de tocá-la e provocá-la até que ela sorria... Eu quero tudo isso. Mas não tenho outra escolha a não ser fingir que não há nada acontecendo entre nós. Decidindo continuar como se tudo estivesse normal, visto um short seco e uma camiseta, então desço as escadas e começo a preparar a comida para o jantar. Quando todos voltarem da água em uma ou duas horas, com fome e um pouco embriagados, terei tudo pronto. Felizmente, a necessidade de comida os distrairá de perguntar por que eu descartei a água. Eu marino bifes e transformo a carne moída numa dúzia de hambúrgueres. Mas manter minhas mãos ocupadas pouco faz para acalmar minha mente. Não consigo parar de pensar no que Wolfie diria se soubesse como me sinto. Provavelmente, ele me olharia carrancudo e citaria meu péssimo histórico com mulheres como a razão pela qual ele nunca apoiaria a ideia de Maren e eu. Depois de fatiar limões e adicionar a mistura de margarita ao liquidificador, a porta de tela se abre e os primeiros membros da


tripulação passam para dentro. Caleb e Connor estão discutindo sobre algo, enquanto Scarlett e Penelope estão falando sobre qual delas tomará banho primeiro. Holly faz um som de satisfação quando me vê trabalhando na cozinha. Ela sempre foi assim, exuberante nas menores coisas. Depois de roubar um punhado de batatas fritas, ela felizmente desaparece escada acima. Eu mantenho meus olhos baixos em minha tarefa para não ter que olhar para Maren agora. Tenho talvez uma hora, no máximo, até que todos voltem a ter um banho fresco e não mais areia, e então não terei escolha a não ser enfrentá-la. E não tenho ideia de como me desculpar pelo que aconteceu na água. — Você está bem? — Uma voz rouca pergunta atrás de mim. Eu me viro e vejo Wolfie, sua expressão impassível. Embora isso não seja anormal para ele, parte de mim gostaria que ele estivesse sorrindo, que ele me desse algum sinal para me dizer que estamos bem e que ele não está planejando secretamente minha morte. Mas isso não é Wolfie, e não posso esperar que ele mude de posição apenas para apaziguar meu ego frágil. — Sim — eu minto. — Bem. Só pensei em me tornar útil. Estou rígido e não consigo olhar em seus olhos, mas Wolfie não me chama na besteira. Em vez disso, ele apenas balança a cabeça. É tradição eu grelhar na nossa primeira noite aqui, então isso não é fora do comum. Eu passar quinze minutos na praia, no entanto, é algo inédito. Mas Wolfie não me questiona, e sou grato por isso. Não tenho certeza de quanto tempo mais conseguirei mentir para ele, mas preciso. Tenho que agir normalmente e tentar seguir em frente,


tenho que rir com meus amigos. E o mais importante, eu tenho que manter meus olhos longe dos seios de Maren em seu biquíni. Para ser sincero, não sei como é possível que Wolfie não saiba. Eu sinto que cada emoção e raio de desejo que tenho por Maren devem estar escritos em meu rosto. Acontece que grelhar para todos é a coisa perfeita para fazer com minhas mãos, já que elas não podem ser usadas para o que eu mais desejo — apalpar as curvas de Maren. Quando a comida está pronta, todos pegam um prato e se alinham na grelha no deck traseiro. Com uma espátula e um sorriso, sirvo a comida. Só está faltando um chapéu e um avental de chef. Maren é uma das últimas na fila, e quando coloco em seu prato o hambúrguer de cogumelos Portabella que fiz apenas para ela, ela sorri, e percebo como seus olhos são suaves quando ela olha para mim. — Obrigada, Hayes. — Claro. — Eu aceno uma vez. Ela não se move. — Você está bem? — Estou bem. Ela se mexe, parecendo incerta. — Se eu fiz algo errado na praia... — Você não fez — eu digo rapidamente. — Sinto muito por ter fugido assim. — Eu olho para baixo, virando um hambúrguer que não precisa virar, só para ter algo para fazer com minhas mãos. — Então, você não está com raiva de mim? — Ela pergunta, em voz baixa. Uma pontada de culpa passa por mim. — Não, claro que não.


A última coisa que eu queria fazer era fazê-la se sentir mal. Nada disso é sua culpa. Antes que eu possa descobrir como articular qualquer uma dessas coisas, Holly aparece do nada. — Posso falar com você? — Ela encontra meus olhos com uma expressão séria. Abro a boca para responder, mas Maren está se esquivando com sua comida, indo se juntar a seu irmão e Penelope na mesa de piquenique situada no gramado sob um aglomerado de bétulas. — Claro — eu digo, pegando um prato para mim. — Algum lugar privado — acrescenta Holly. Com paciência renovada, desligo o gás da grelha e carrego meu prato, seguindo Holly pela lateral da casa. Ela para e se inclina na grade da varanda, colocando o prato de lado. — Se eu estar aqui é um transtorno, sinto muito. Eu não queria causar nenhum problema. — Está tudo bem, Holly. Eu só... — Eu solto uma respiração lenta. — Um aviso seria bom. Não vejo ou falo com Holly há mais de seis meses. Uma vez, preenchemos um vazio na vida um do outro. Mas isso foi há muito tempo atrás. Nossa química foi boa... até que não foi. Holly deixou claro que não estava interessada em se estabelecer e ter alguns filhos. O que foi bom, no início. Mas quando percebi que nossos objetivos nunca se alinhavam, perdi o interesse. Ela era divertida e fácil de se estar, mas eu sabia que queria mais do que apenas um bom tempo.


Eventualmente, eu queria um compromisso real. Uma família. E isso simplesmente não era Holly. Mas eu não poderia culpá-la por isso. Ela sabia o que queria e era honesta sobre isso. Mas vir aqui hoje por mera sugestão de Wolfie? É típico da Holly, sempre preparada para se divertir. Talvez ela pensasse que eu estaria solteiro e com tesão, e poderíamos simplesmente continuar de onde paramos. Inferno, talvez seja por isso que Wolfie a convidou, pensando que eu precisava relaxar com um pouco de sexo casual. Que pena que é a última coisa de que preciso agora. Preciso me concentrar e não ficar pensando com meu pau. Especialmente porque parece ter a intenção de me colocar em apuros. Holly concorda. — Você está vendo alguém? Eu coloco meu prato ao lado do dela e aperto a ponta do meu nariz. — Podemos simplesmente não fazer isso? Com sua mão bem cuidada no quadril, ela me lança um olhar penetrante. — Calma, Hayes. Não estou tentando começar algo que você não goste. Eu inalo e aceno. — Bom. Ela ri e balança a cabeça para mim. — Maneira de evitar a pergunta. — Estou solteiro agora e é assim que quero que continue. — Entendido. — Ela sorri para mim. — Se mudar de ideia, você sabe onde me encontrar. Minha expressão permanece em branco enquanto Holly continua sorrindo. Fodida Holly. Não quero que ela tenha ideias sobre nós. Esta é a última coisa de que preciso agora.


Ignorando o estou pronta para foder se você estiver brilhando em seus olhos, pego meu prato. Com um último aceno em sua direção, me afasto para encontrar um lugar tranquilo para comer.

Milagrosamente, consigo evitar Maren com sucesso nas próximas horas. Quando ela está lá dentro com Scarlett e Penelope arrumando a louça, estou lá fora acendendo a fogueira. Quando ela está deitada na rede da varanda com um livro, estou lá em cima tomando banho. Agora estou sentado do lado de fora numa cadeira de gramado perto do fogo com uma cerveja gelada. — Bom trabalho no fogo — diz Scarlett, esfregando as mãos enquanto se aproxima do brilho quente. As cadeiras estão espalhadas num círculo ao redor do fogo e todos estão aqui, exceto Maren. Não tenho ideia de onde ela está ou por que não se juntou a nós. Holly está sentada bem na minha frente, seus olhos me desafiando a ir até lá e devastá-la. Provavelmente não porra. Connor e Wolfie estão discutindo sobre qual bala de canhão no lago foi mais épica, e eu só comecei a me sentir tranquilo quando Maren se juntou à fogueira. Ela olha ao redor, percebendo rapidamente que todas as cadeiras estão ocupadas. Então ela olha na minha direção e se aproxima. — Este assento está ocupado?


Estou prestes a me levantar e oferecer minha cadeira a ela quando Maren casualmente se joga no meu colo como se fosse a coisa mais natural do mundo. Embora para Maren, talvez seja normal, porque ela sempre foi um tipo de pessoa sensível. Para mim, o sentimento é.... inquietante, porque nunca consigo manter meu corpo sob controle com ela tão perto. Murmuro algo inarticulado enquanto ela passa a me usar como cadeira. Wolfie resmunga algo baixinho e eu fico olhando para o fogo, tentando me concentrar em qualquer coisa, exceto na maneira como ela se sente no meu colo. Por um momento, acho que posso fazer isso, mas o peso suave de sua bunda pressionando em minha virilha rapidamente se torna demais. O cheiro de seu shampoo faz meu coração acelerar e meu corpo começa a responder. Meu pau incha e tenho certeza que Maren está prestes a notar. Quando mudo seu peso, ela encontra meus olhos, e não posso deixar de notar o desafio em sua expressão. É a mesma sensação que tive quando ela veio visitar a loja. Compartilhamos um momento de silêncio, nenhum de nós desviando o olhar. Ela sabe exatamente o que está fazendo comigo, então por que não está se movendo? Estou tão distraído e nervoso que mal consigo me concentrar nas conversas que acontecem ao nosso redor. Depois de um tempo, algumas pessoas se afastaram, prontas para dormir, e logo, apenas alguns de nós sobraram. — Acho que me entregarei — digo. Maren se levanta do meu colo e dá um abraço de boa noite em Wolfie. — Eu também — ela diz, me dando um olhar acalorado.


Pego a garrafa de cerveja vazia ao lado da minha cadeira e dou um soco em Wolfie e Connor. — Vocês garantirão que o fogo se apague? Connor concorda. — Nós faremos. Eu gostaria de poder apagar minha atração furiosa por Maren da mesma forma que apagam o fogo. — Obrigado por grelhar — diz Wolfie. — O prazer é meu. Boa noite, pessoal. Maren já está subindo as escadas e entrando na casa. Eu a sigo, mas fico na cozinha enquanto ela sobe as escadas para os quartos. A última coisa de que preciso agora, depois daquele encontro sexual com fogueira, é um encontro estranho no corredor com ela. Depois de vários minutos, finalmente subo as escadas e paro no topo. A porta do quarto compartilhado de Holly e Maren está fechada, mas também a porta do banheiro, com a luz escapando por baixo dela. Ouço a água correndo e acho que é Maren escovando os dentes. Dentro do meu quarto, tiro as roupas que agora cheiram a fogueira e enxáguo rapidamente no chuveiro. Depois de colocar uma cueca samba-canção limpa, puxo os cobertores e subo na cama. Quando finalmente tudo fica quieto e estou afundando no colchão, percebo que algo está muito, muito errado. O som de gemidos femininos está vindo do quarto ao lado, e é alto. Realmente alto. Que porra é essa?


Eu conheço essa voz. É Holly, e ela parece estar realmente se divertindo, talvez até um pouco demais. Mas com quem? Eu saio da cama e me aventuro no corredor para investigar. Mas, quando abro a porta, paro de repente porque Maren está parada ali, parecendo tão confusa quanto eu, vestida apenas com uma camiseta que mal cobre sua calcinha. Os gemidos se transformam em ofegos, depois gritos. Meus olhos arregalados encontram os de Maren. — É... — Holly — ela diz. — Mas com quem? — Eu estava no banheiro quando começou. Achei que você tinha entrado lá. — Sua voz é suave, quase hesitante, e ela baixa o olhar para o chão. — Deus não. Eu não tenho nenhum interesse nela. A postura de Maren muda, suas costas se endireitando. Isso puxa a camiseta um centímetro mais alto, então posso ver a frente de sua calcinha agora. É de algodão branco macio. Eu quero arrancá-la dela com meus dentes. — Bem, se você não está aí, quem está? Eu encolho os ombros. — Acho que é só ela. Com isso, os olhos de Maren se arregalam. — Ela está tentando deixar você com ciúmes? Eu balancei minha cabeça. — Não, eu acho que ela está tentando deixar você com ciúmes. As sobrancelhas de Maren se juntam. — Eu não entendo. Eu lambo meus lábios, tentando me livrar da vibração estranha que está enchendo o corredor. O gemido não parou. Nem mesmo perto. — Holly sempre achou que eu tinha uma queda por


você. Talvez ela queira que você pense que ela e eu estamos naquele quarto. Maren ri nervosamente com a sugestão de que eu tinha uma queda por ela. — Bem, isso obviamente não é verdade. Minha garganta fica seca e não digo mais nada. Maren se mexe nervosamente, puxando sua camiseta para baixo. Depois de um momento de silêncio constrangedor, eu digo: — Vamos, você pode dormir comigo. — Que escolha eu tenho? Ela não pode exatamente ficar no corredor a noite toda. Maren me segue para dentro do quarto, escuro, exceto pelo luar. Nós deitamos com cautela, cada um tomando um lado da cama, e eu dou a ela o máximo de espaço que posso, tomando cuidado para não fazer contato inadvertido. Não tenho ideia de como manterei minhas mãos para mim. Eu realmente deveria ter batido uma antes, quando tive a chance. Porém, há uma pequena bênção. Parece que Holly encerrou sua atuação. Não posso acreditar nela e realmente não sei o que já vi nela. Agora que está tudo quieto de novo, meu coração está batendo tão forte que não tenho ideia de como Maren não ouve. Só então, ela se vira para mim. — Eu não consigo dormir — ela sussurra. — Você consegue? — Não. Com o mais suave toque de uma pena, Maren estende a mão, colocando as pontas dos dedos contra meu queixo. Lentamente, ela vira meu rosto em direção ao seu. Nossos olhos se encontram na escuridão, e ainda estou tentando entender o calor que vejo refletido em mim quando ela se inclina e me beija.


É o menor movimento, no início. Apenas o toque suave de sua boca carnuda contra a minha. Mas então eu mudo, empurrando meu cotovelo para me inclinar sobre ela, e Maren responde com um pequeno som satisfeito. Sua boca está faminta e quente e se movendo contra a minha, fazendo com que endorfinas inundem meu sistema. Quando eu separo meus lábios e sua língua desliza facilmente para dentro, meu corpo inteiro estremece com a sensação boa. Sua boca quente é incrível. Meu cérebro é uma bagunça confusa de luxúria e desejo. Calor e emoção. Eu deveria ir embora. Mas quando meu controle desmorona rapidamente, desisto e toco sua bochecha, angulando seu queixo para que eu possa provar mais dela. Estou chocado com minhas ações, mas sua boca é boa demais para parar, e logo estou me afogando nela. Respirando fundo, luto para me controlar, mas é inútil. Ela me arruinou. O calor pulsa entre nós. Eu inclino seu queixo e, com a outra mão, aperto minhas bolas sob os cobertores. Porra, tudo para me refrescar. Wolfie não se importaria que Maren fosse a pessoa que veio atrás de mim. Ele só saberia que eu o traí. E é isso que seria. Apesar de quão certo parece — e acredite em mim, agora parece muito certo — seria uma traição completa e absoluta de vinte anos de amizade. O desejo arranca o ar dos meus pulmões. Eu não fico abalado facilmente, mas isso...


Eu luto para ficar no controle, sabendo que devo ir embora. Fugir da cama, do quarto, da casa do lago e colocar o máximo de distância possível entre Maren e eu. Em vez disso, desisto completamente. Nada importa agora, exceto entrar nela. Sua respiração falha e ela faz outro som cheio de desejo. A indecisão me paralisa, uma dor aguda dentro do meu peito. Saia. Pare com isso agora, meu cérebro implora. O pensamento de ter que olhar Wolfie nos olhos e dizer a ele que maculei sua irmã é a única coisa que pode conter o desejo que está me destruindo como uma bomba. Eu não posso. Não vou. Ela me monta, e o contato de seu calor pressionado sobre meu pau duro é o paraíso. Oh merda. Talvez apenas por mais alguns minutos. Que diabos, Hayes? — Pomba — eu grito, sem fôlego e duro como uma rocha. — Espere. Ela se afasta para encontrar meus olhos no brilho do luar pálido enchendo o quarto. — Não podemos. Com um aceno de cabeça e o queixo colado ao peito, Maren faz um barulho de concordância. — Eu sei. Eu sinto muito. — Ela se move do meu colo. — É apenas... — Compreendo. — Com uma expressão incrivelmente triste, ela escorrega da cama e desaparece do meu quarto para o corredor. Ela pode dizer que entende, mas sua expressão diz o contrário. Ela está ferida, e fui eu quem causou isso.


Não consigo apagar do meu cérebro o olhar nos seus olhos quando disse que não poderíamos. Merda. Maren não entendeu nada. Ela pensou que eu a estava rejeitando, mas o oposto é verdadeiro. Eu a estava protegendo. E agora não tenho escolha a não ser ir atrás dela.


Capítulo 10 Maren É preciso cada grama de resolução que resta em mim para não chorar. Eu me apoio contra a porta, olhando para a parede entre o quarto de Hayes e o meu — bem, o de Holly. Sua pequena atuação — as batidas e gemidos — parou, mas ela reivindicou seu território. Além disso, não quero que ninguém me veja assim, muito menos Holly. Meus lábios estão inchados, minha calcinha está encharcada e meu coração? Está batendo tão alto que estou surpresa que ninguém possa ouvir, exceto eu. Minha garganta dói de emoção, e aperto meus olhos fechados e comando meu corpo trêmulo para se concentrar na respiração. Inspire pelo nariz, expire pela boca. Mas assim que fecho os olhos, posso sentir os lábios de Hayes nos meus. Quente e insistente, empurrando e puxando contra minha boca com uma paixão que nunca experimentei antes, até que de repente seus lábios se foram. Até eu levar as coisas longe demais e ele me pedir para sair. Fale sobre constrangedor. Um arrepio quente rasteja sobre minha pele. Deus, o que eu esperava? Que depois de vinte anos me tratando como uma irmã mais nova, Hayes de repente me veria como uma garota sexy e me levaria para a cama? A vida simplesmente não funciona assim. Não para mim, de qualquer maneira. Anos assistindo Hayes saindo de


festas com garotas diferentes e, mais tarde, saindo de bares com mulheres diferentes, deveria ter cimentado isso na minha cabeça. Eu não sou o seu tipo. Ponto. Fim da história. Não quero enfrentar Holly agora, mas que escolha eu tenho? Estou apenas pensando em me esgueirar para a cozinha em busca de algo forte e potente para drenar minha vergonha quando a porta do quarto de Hayes se abre e sua voz profunda retumba meu nome. — Maren. A esperança floresce em meu peito, enrolando-se dentro de mim, deslizando mais para baixo. Eu respiro profundamente para me equilibrar. Deus, eu sofro por ele. Quando me viro para encará-lo, seus olhos estão escuros e em conflito. A promessa de sexo quente e poder irradia dele em ondas. Ele inclina a cabeça, ainda esperando. Eu não tenho ideia do que dizer. Abaixo meu olhar, incapaz de encontrar seus olhos. Eu não aguento mais sua rejeição, especialmente não agora, aqui na luz do corredor onde tenho que assistir seu olhar escuro se movendo sobre minha pele exposta. Onde posso sentir o desejo irradiando entre nós. Ele é irritante. E inebriante. Finalmente, meus olhos encontram os seus e o calor me percorre. Ele se aproxima, seus dedos pressionam sob meu queixo, e levanta meu rosto em direção ao seu. Sua boca sensual pressiona numa linha firme e meu estômago aperta.


— Volte para o meu quarto. — É menos um pedido do que uma exigência, e não posso domar o desejo ardente que se retorce mais uma vez. — Por favor — acrescenta ele, com a voz firme. Quando me atrevo a encontrar seu olhar novamente, seus olhos se suavizam. Eles me lembram uísque de centeio, o que é estranhamente relevante para o meu plano de fuga de beber até dormir. É a única maneira de acalmar essa dor. — Não precisamos ter essa conversa. Você foi claro — engasgo, triste com o quão patética e quebrada pareço. Uma única lágrima escorre pela minha bochecha, ameaçando se transformar num colapso total. — Desculpe, ok? Eu realmente sinto muito. É minha culpa. — Não, não, pomba — ele murmura, enxugando a lágrima da minha bochecha com o polegar. — Acredite em mim, afastar você foi a coisa mais difícil que já fiz. Ele está me tratando com condescendência? Ele parece tão sincero, mas a pena pode ser sincera. Muito mesmo. Eu respiro instavelmente, verificando por cima do meu ombro. Essa cena seria suspeita para qualquer pessoa que saísse da cama para ir ao banheiro ou tomar um copo d'água. Wolfie poderia andar por este corredor em qualquer... — Maren. Os dedos de Hayes escovam meu cabelo despenteado, colocando mechas rebeldes atrás da minha orelha antes de se inclinar, seus lábios roçando minha orelha num sussurro. — Por favor, pomba. Volte para a cama comigo. E assim, eu derreto, meu corpo respondendo novamente.


Sua mão se esgueira pela minha nuca, massageando os músculos tensos enquanto ele me leva de volta para dentro de seu quarto. Quando a porta se fecha, ficamos no escuro, conectados apenas por seus dedos passando pelo meu cabelo. É tão bom que mal consigo respirar... e dificilmente ouso esperar pelo que pode acontecer a seguir. — Acenderei a luz — ele finalmente murmura, me liberando e voltando para a cama. Ele se senta na beirada, inclinando-se para acender a lâmpada, que lança uma fraca luz amarela sobre suas feições. No corredor, não registrei o quão desgrenhado ele parecia. Seu cabelo está bagunçado, as mãos cerradas, uma cueca boxer cinza pendurada baixa em seus quadris. Seu rubor não se compara ao meu, mas ainda há uma coloração distinta em suas maçãs do rosto. Eu cuidadosamente caminho para o canto oposto da cama e me sento. Hayes muda de posição para olhar diretamente para mim. Como ele pode estar tão confiante ainda? — O que estava passando pela sua cabeça? Quando você me beijou? — Ele pergunta, baixando o olhar para o pedaço de lençol amassado entre nós. Que pergunta. Quase tira o fôlego dos meus pulmões. — Eu não sei. Acho que eu... Sempre me perguntei, sabe? O que aquelas outras garotas tiveram que eu não. — Dizer isso em voz alta é como levar alicate para os cadeados do meu coração. Estou preocupada com o que mais escapará do cofre. — Nada. Elas não tinham nada mais que você, pomba.


Eu zombo. Agora tenho certeza de que ele está me tratando com condescendência. — Seja sincero — eu digo, lançando lhe um olhar cético enquanto meus dedos se ocupam ao longo da bainha da minha camiseta. — Estou sendo. Pela expressão em seu rosto, o mesmo rosto que conheço quase toda a minha vida... ele não está mentindo. Meu coração pula uma batida. — Minha vez — eu digo, minha garganta apertada. — Hoje na água, eu senti você... — Eu paro e olho para baixo, então encontro seus olhos novamente quando encontro minha coragem. — Eu senti você ficar duro. Isso era real? Hayes fecha os olhos por um momento, as sobrancelhas franzidas em algum tipo de agitação interna. Quando ele abre os olhos novamente, ele quase parece triste. — Real. Muito real — diz, sua voz mais suave do que eu já ouvi antes. Ele parece tão vulnerável agora, tão diferente da potência de um homem que passei a conhecer e admirar. Ele está apenas tentando ser gentil comigo? Porque a expressão vulnerável em seu rosto está fazendo coisas por mim que prefiro não dizer em voz alta. Eu te quero tanto. Lentamente, eu me inclino sobre a cama, rastejando em direção a ele. Quanto mais perto eu chego, mais a apreensão em seus olhos se derrete no que eu só posso descrever como luxúria. Ele me quer também? Eu só paro quando estamos separados por uma respiração. Ainda de joelhos, alcanço com um dedo para traçar seu queixo


afiado e tenso. Os olhos escuros e dilatados de Hayes estão fixos em meus lábios agora. Com meu dedo, eu traço o contorno de seu lábio inferior rechonchudo. A pergunta não feita flutua no ar entre nós. E quando eu o beijar de novo, sei que não conseguirei parar. Hayes suspira em minha boca, suas mãos grandes e fortes alcançando meu rosto antes de empurrar em meu cabelo. Seus lábios se movem contra os meus com urgência, sua língua quente deslizando para dentro, batendo contra a minha com uma deliciosa suavidade. Com um punhado do meu cabelo preso com firmeza, mas

não

dolorosamente,

ele

angula

nosso

beijo

mais

profundamente do que antes. Não consigo conter o gemido que escapa da minha garganta. Quando respiro fundo, Hayes passa sua boca quente contra meu queixo, meu pescoço, meu ombro ainda vestido. Eu levanto meus braços, e ele entende a dica, levantando a camiseta enorme pela minha cabeça. Quando seu olhar desce para meus seios nus, eu respiro fundo, e quando suas palmas roçam a pele macia ao longo de seus lados, meus mamilos ficam eretos. — Perfeita pra caralho — ele raspa em meu ouvido, beliscando levemente um mamilo. Eu quase dou um solavanco. Merda. Já faz muito tempo que um homem me toca. E este é Hayes. Tudo parece eletrizado. A batida pesada do meu coração. Suas grandes mãos segurando as minhas. Mas são seus olhos que me desmantelam. Cílios longos e impossivelmente grossos. Tanta emoção quente refletida de volta para mim.


Muitas vezes, imaginei o tipo de amante que Hayes seria. Exigente. No controle. Generoso. — Deite-se — ele sussurra, e eu obedeço sem pensar. Seu corpo musculoso se estende sobre o meu, envolvendo-me em seu calor e seu peso. Ele se apoia em seus antebraços e eu abro minhas pernas para ele, levantando meus quadris para me esfregar contra seu abdômen. Quando sua ereção dura como pedra esfrega contra meu núcleo, suspiro de surpresa. É mais longa, mais grossa e mais quente do que me lembro no lago. Traçando meus dedos ao longo das linhas definidas de seus peitorais, abdominais e oblíquos, estou tonta de desejo. Quando ele empurra seu comprimento contra a frente da minha calcinha úmida, ele o faz com movimentos lentos e deliberados. Agarro seus quadris, minha cabeça girando com atração. Eu nunca quis ninguém mais, e tento empurrar sua boxer para baixo com meus pés, mas ele se afasta. Hayes beija uma trilha do meu pescoço até meus seios, sua língua sacudindo para roçar um mamilo pontudo. Eu grito, minhas costas arqueando em êxtase enquanto ele envolve seus lábios em torno da carne tensa e sensível, sugando, beliscando e lambendo como se meu peito fosse seu sabor favorito de sorvete. Eu enredo meus dedos em seus cabelos, puxando com força quando sinto suas pontas dos dedos explorando a pele das minhas coxas, a borda da minha calcinha. Sem remover o algodão molhado, Hayes encontra meu ponto mais sensível e dá um tapinha suave. Eu gemo, cobrindo minha boca com uma das mão para abafar o som.


Ele ri contra o meu seio, sua cabeça inclinando-se para beijar a pele exposta da minha barriga. Seus dedos dançam em torno do meu núcleo coberto de algodão, parando apenas para esfregar meu clitóris em círculos precisos e regulares. Já estou me desfazendo no momento em que Hayes enfia os dedos em volta da minha calcinha, puxando-a pelo comprimento das minhas pernas. Com as duas mãos, ele abre meus joelhos, olhando para o ponto nu entre minhas pernas pela primeira vez. — Pomba — ele diz suavemente, passando uma das mãos para cima e para baixo na minha coxa. Eu tremo com seu toque, agarrando os lençóis ao meu redor. Nunca estive tão exposta antes, nem mesmo imaginei. Mas com os olhos de Hayes em mim, me sinto viva. De repente, ele está beijando uma linha da minha coxa em direção ao meu centro, parando para me provocar com golpes quentes de sua língua molhada e talentosa. — Você — ahhh — você não precisa — eu gaguejo entre a calcinha. Envolvendo um braço em volta da minha coxa e segurando uma bochecha de minha bunda com a outra mão, Hayes olha por entre as minhas pernas, seus olhos brilhando. — Eu quero. Você não sabe quanto tempo — diz ele, fazendo uma pausa para pressionar outro beijo no meu ponto mais sensível — Eu queria... Eu arqueio minhas costas mais uma vez, cedendo ao prazer entorpecente de Hayes fazendo algo em que ele claramente se destaca. Meus dedos do pé flexionam e se contraem enquanto ele massageia minha nádega com uma mão, sua língua circulando meu clitóris.


Continua assim por um tempo, Hayes lambendo minha boceta com beijos molhados e desleixados, e eu me esfregando contra sua boca gananciosa. Bem quando sinto que não aguento mais, sinto um dos longos dedos de Hayes traçando minha pele. Seus lábios trancam em meu clitóris, sugando com força enquanto seu dedo mergulha dentro de mim, enrolando no lugar certo. Posso sentir meu orgasmo batendo em mim, perdida nas sensações de prazer tão intensas, não me lembro que já tenha sentido isso nenhuma outra vez. Quando ele desliza outro dedo dentro de mim, eu me perco, mordendo meu punho para abafar o gemido animalesco que me escapa enquanto gozo mais duro, mais rápido e mais longo do que nunca. Quando volto para a terra, meu corpo está coberto de suor, meus seios arfando com o esforço que estou levando para recuperar o fôlego. Hayes ainda está pressionando beijos suaves em meu centro, enviando choques de prazer através de mim a cada contato. Metade de mim poderia simplesmente flutuar nas ondas desta existência feliz para sempre, mas outra metade, mais insistente, preferiria retribuir o favor. — Como você está se sentindo? — Ele pergunta, sua voz baixa e doce. Seus lábios fazem cócegas na pele nua da minha coxa. — Eu sinto... como se não tivéssemos acabado aqui. Ele levanta uma sobrancelha em questão enquanto eu balanço minhas pernas para o lado da cama, uma nova energia borbulhando dentro de mim. Quando meus joelhos tocam o chão, a expressão de Hayes comicamente muda de maravilha para pura luxúria.


Posicionando-me entre seus joelhos separados, esfrego uma das mãos sobre o seu comprimento ereto através de sua boxer, apreciando como ele se contorce sob meu toque. Uma respiração áspera escapa de seus lábios entreabertos quando agarro o elástico, dando um puxão suave no tecido. O algodão cede e eu inalo, de repente sem palavras. Seu pênis é enorme. Duro. Assustador. Mas o desejo que tenho de tocá-lo, chupá-lo, montá-lo — é uma necessidade urgente. Mas antes que eu possa terminar de desembrulhar meu presente, Hayes segura minhas mãos e me impede.


Capítulo 11 Hayes Eu olho para Maren ajoelhada na minha frente, meu coração bate em antecipação. Deus, ela é perfeita. Pequena, curvilínea e tão deliciosa, quero devorá-la novamente. Eu sei que deveria impedi-la de fazer isso, mas não posso. Quando eu solto suas mãos, ela me dá um pequeno sorriso. Seus seios fartos ainda arfam com sua falta de ar, e quero enterrar meu rosto entre eles e beijar e chupar. Mas tudo que posso fazer é sentar aqui na beirada da cama como uma estátua e assistir enquanto ela abaixa a boca para o meu pau. Com movimentos hesitantes de sua língua quente, ela me provoca no início. Eu enterro meus punhos nos cobertores enquanto ela se abre mais e trabalha para encaixar a cabeça do meu pau em sua boca perfeita. — Porra. Sim, é isso. — Eu levanto meus quadris do colchão, dando a ela mais. Maren faz um som sem fôlego, sua língua provocando enquanto ela toma um gole de oxigênio muito necessário. Ela segura minhas bolas numa das mãos e acaricia meu pênis dolorido com a outra. Seus olhos se fecham enquanto ela me leva em sua boca novamente. — Pomba... — Eu grito a palavra, já sem fôlego.


Estou indo para o inferno. Isso é óbvio. Porque Maren está me dando um boquete quente e úmido, e é o mais perto que já estive do céu. Eu toco seu cabelo, colocando meu polegar no lado de sua garganta para senti-la me aceitando, e Maren solta um pequeno gemido indefeso. Eu não posso evitar falar sacanagem com ela, dizer a ela como ela fica sexy com a boca cheia do meu pau, como ela é boa nisso. E saboreio cada uma de suas reações. A maneira como ela murmura contra mim e aperta suas coxas... é quente pra caralho. Antes de gozar, eu a aviso, mas Maren não para, me forçando ainda mais em sua garganta assim que eu explodo. — Inferno, querida. — Eu suspiro quando ela se senta nos calcanhares, parecendo satisfeita. Quem saberia que esse era um dos muitos talentos de Maren? Não eu. Puxá-la para a cama e depois contra o meu peito é a coisa mais natural do mundo. Ela solta uma pequena risada e coloca a cabeça no meu ombro. Deitar aqui com ela, aninhados juntos num monte quente e corado, é quase tão bom quanto a intimidade que acabamos de compartilhar. Isso tudo é tão inesperado, mas ao mesmo tempo, parece certo. Enquanto a abraço e corro suavemente os nós dos dedos sobre a pele lisa de sua coluna, tento me convencer de que talvez minha traição à confiança de Wolfie não conte além das fronteiras estaduais. Quase funciona.


Nós nos abraçamos até eu adormecer. Em algum momento, Maren deve ter escorregado para fora da cama. Na manhã seguinte, acordo sozinho e cheio de culpa. O que diabos aconteceu noite passada? Eu deixei as coisas irem longe demais? Quase me convenci de que foi tudo apenas um sonho molhado, até que desço para tomar café e encontro Maren e Wolfie sentados à mesa, o cheiro de café pairando pesado no ar. Wolfie está grudado em seu telefone, seu cabelo espetado em ângulos estranhos, seu rosto contorcido numa carranca. Todos nós sabemos que não devemos falar com ele antes de sua terceira xícara. Maren leva a caneca aos lábios e me olha por cima do fino fio de vapor. — Bom dia, Hayes. Dormiu bem? — Sua voz é como veludo, suas pálpebras pesadas enquanto ela toma seu café sem desviar o olhar do meu. Tudo bem. Definitivamente não é um sonho. É uma boa coisa que Wolfie está morto para o mundo agora, porque não é preciso ser um médium para interpretar as vibrações entre nós. — Uh... sim — consigo dizer antes de tirar meu olhar do seu e me servir um pouco de café. Estou fodido. Estamos fodidos. Eu estou indo para o inferno. E não ajuda que apenas estar na mesma sala que Maren está me excitando. Um por um, o resto da equipe se junta a nós na cozinha. Connor desce as escadas, dando um tapa no ombro de Wolfie com um sonoro — Bom dia! — Wolfie rosna em resposta. Penelope


e Scarlett chegam juntas e se sentam ao lado de Maren na mesa, e Caleb começa a quebrar os ovos numa tigela. Finalmente, Holly desce as escadas, a única de nós já vestida com um maiô e uma canga rendada que mais parece lingerie do que pijama. Depois de ontem à noite, estou prestes a massacrar Wolfie por tê-la convidado. — Bom dia a todos — ela diz com uma voz cantante, girando em torno da ilha da cozinha. — Dormiram bem? Eu certamente fiz. Maren, espero não ter te perturbado ontem à noite. Sou conhecida por me mexer e virar e fazer muito barulho durante a noite. — Ela enrola uma mecha de seu cabelo escuro em volta do dedo e bate os cílios se desculpando com Maren. A cada segundo que passo em torno dessa mulher, fica cada vez mais difícil acreditar que já fui atraído por ela. Maren olha para mim, e seus olhos me dizem tudo que preciso saber. Ela está pensando na noite passada. De como o pequeno show de Holly nos levou para o mesmo quarto. Do que aconteceu depois... como eu a provei, a fiz gemer e se contorcer com minha língua, como ela tomou até a última gota de mim em sua garganta. Foda-se. Eu tenho que me controlar. Desvio o olhar e ocupo minhas mãos fazendo outro bule de café e tentando pensar em qualquer outra coisa, literalmente. Connor e Caleb estão conversando sobre nossos planos para a manhã na água, então eu aceno junto com a conversa e finjo que estou prestando atenção. Mas, na verdade, estou ouvindo Maren, que está dizendo friamente a Holly que ela não a perturbou de forma alguma e que dormiu em perfeita felicidade. Não preciso ver a


expressão no rosto de Holly para saber que essa não é a resposta que ela esperava. Depois do café da manhã, todos nós colocamos nossas roupas e nos encontramos no cais. Caleb, Connor e Wolfie colocam alguns caiaques na água e tentam persuadir as garotas a entrar com eles. Pego algumas pranchas de remo da prateleira e aceno para Maren. — O seu equilíbrio ainda é tão bom quanto no colégio? — pergunto, segurando um remo para ela. Ela sorri e abre a boca para responder, mas a voz de Wolfie a interrompe. — Hayes! Você poderia vir aqui e explicar a Penelope que esses caiaques são projetados para duas pessoas? Eu suspiro e solto as pranchas. — Volto logo. Maren dá de ombros, entendendo, e eu caminho até a água, onde algo que não consigo entender está acontecendo entre Wolfie e Penelope. Eles estão... flertando? — Eu não entrarei nessa coisa com você, Wolfie! — ela grita, batendo no seu braço com as costas da mão. A boca de Wolfie se contorce num sorriso de lado. Que diabos? Parece que não sou o único pensando coisas que não deveria hoje em dia. — Qual parece ser o problema aqui, pessoal? — pergunto, juntando minhas mãos e dando a Wolfie um sorriso fácil. Penelope cruza os braços e Wolfie segura o dele ao lado do corpo. — Achei que seria bom nós dois fazermos uma pequena viagem ao redor do lago, mas Pen não parece ter tanta certeza — diz ele,


seu rosnado usual menos zangado e mais brincalhão do que o normal. — Só não acho que seja seguro — diz Penelope, olhando preocupada para o caiaque. — Nós levamos esses meninos maus para a água o tempo todo. Se eles não fossem seguros, nós não os teríamos — eu digo a ela com um aceno reconfortante. — Bem, se eles são tão seguros, vocês dois podem aguentar. Vou praticar paddleboard1 com Maren — diz Penelope, jogando o cabelo por cima do ombro e saindo com raiva. Wolfie grunhe e a observa sair, com uma expressão de espanto no rosto. — Calma, mano — eu digo, dando um soco bem-humorado em seu braço. Agora, nossos planos para o dia estão arruinados. — Cale-se.

Passamos a manhã na água, caiaque, paddleboarding, flutuando em câmaras de ar, fazendo praticamente qualquer atividade que podemos colocar em nossas mãos. No final da tarde, nós arrumamos as malas e nos amontoamos nos carros para voltar para a cidade, desgastados e um pouco queimados de sol do nosso fim de semana fora. No carro, Wolfie liga o rádio na mesma estação de sempre. Ele tamborila os dedos no volante ao som de algum rock clássico, e

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é um esporte aquático em que os participantes são impulsionados por um movimento de natação usando os braços enquanto estão deitados ou ajoelhados em uma prancha de remo ou surfe no oceano.


faço o possível para evitar olhar para o reflexo de Maren no espelho retrovisor sempre que posso. Ela está quieta, e isso não é típico dela. Meu plano de roubar alguns momentos sozinhos na água foi arruinado por Penelope, então não tenho ideia de onde está a cabeça de Maren. Eu só posso imaginar o que deve pensar de mim agora – o melhor amigo de seu irmão mais velho que se aproveitou dela quando estava numa situação vulnerável. Eu nunca deveria tê-la convidado para a minha cama na noite passada. Foi um erro, e pedirei desculpas na primeira chance que tiver. Ou talvez não seja o caso. Talvez ela esteja quieta porque está planejando como contar a Wolfie. Ou... talvez ela esteja planejando quando faremos de novo. De qualquer forma, preciso saber o que ela está pensando. Preciso falar com ela e ter certeza de que ela está bem. Minha casa fica no caminho para a casa de cada um deles, então Wolfie me deixa primeiro. Do lado de fora do meu apartamento, ele me saúda do lado do motorista, enquanto Maren sorri do banco do passageiro. — Obrigada novamente por um fim de semana divertido, Hayes. Foi muito gentil da sua parte nos receber — diz ela. — A qualquer momento. — Vejo você bem cedo amanhã — Wolfie diz e fecha a janela antes de ir embora. Eu me arrasto com minha mochila escada acima, desejando que Maren tivesse me dado algum tipo de código para decifrar, em vez de um agradecimento educado e genérico. Ainda não tenho


ideia do que ela está pensando, mas agora sei o que tenho que fazer. Wolfie deixará Maren em seguida. A sua casa não fica longe da minha, então eu diria que tenho uns bons dez minutos antes que ela esteja sozinha em seu apartamento. Eu converso com Rosie por alguns minutos, começando a contá-la do fim de semana. Quando chega a hora, peço licença para ir ao meu quarto e disco o número de Maren, prendendo a respiração inconscientemente enquanto toca. — Você se esqueceu de algo? — O tom de Maren é provocador, brincalhão. Muito brincalhão para ela ainda estar com Wolfie. — Você está sozinha? — Ele acabou de me deixar. — Eu só queria ter certeza de que você está bem. Ela não responde imediatamente, e posso ouvir suas chaves tilintando e a porta fechando atrás dela. — Você está bem? — Eu repito. — O que você está me perguntando, Hayes? — Quero dizer, nós — eu — eu queria ter certeza de não ter cruzado os limites na noite passada. Ela ri, mas não a risada leve, arejada e feminina que estou acostumado. Esta vem de algum lugar profundo em sua garganta, algum lugar sensual. — Claro que estou bem. — Ela ri um pouco e parece que ela quer dizer outra coisa, mas ela não diz. Soltei um suspiro de alívio. — Bom. Fico feliz em ouvir isso. Ela ri novamente. — Sabe, estou feliz que você ligou, na verdade. Tenho algo que gostaria de falar com você.


— Oh? — Eu estava me perguntando se você gostaria de vir para a arrecadação de fundos comigo no próximo fim de semana. — Como seu par? — Não. Eu não sei. Eu só percebi que, já que você foi tão importante e instrumental para fazer tudo acontecer, seria bom ter você lá conosco. Mas eu entendo totalmente se você... — Eu estarei lá. — Mesmo? — Claro. Eu não perderia por nada no mundo. Conversamos um pouco mais sobre alguns detalhes finais para a arrecadação de fundos antes de desligar. Quando saio para a cozinha para tomar um copo d'água, encontro Rosie sentada à mesa, pintando as unhas com um tom de rosa brilhante. — Você está horrível — diz ela, olhando para mim por cima dos óculos. — Também senti sua falta. — O que há de errado? Aconteceu alguma coisa na casa do lago? Você sabe, às vezes muito sol pode fazer as pessoas fazerem coisas que elas não pretendem. Se ao menos você soubesse. Eu tomo um gole de água, o líquido frio descendo pela minha garganta. — Estou bem. Nada aconteceu. Todos nós nos divertimos. Ela estreita os olhos. — Bem, certifique-se de beber dois desses. Você provavelmente está queimado de sol sob essa camisa. Ninguém aplica protetor solar adequadamente atualmente.


Eu aceno e encho meu copo. — Estou exausto. Te vejo de manhã, ok? Eu te amo. — Eu também te amo. Volto para o meu quarto e fecho a porta atrás de mim. Aquele telefonema com Maren deveria ter feito eu me sentir melhor, então por que me sinto como um pedaço de merda que acabou de ser atropelado por um caminhão basculante? Ela pode achar que não cruzamos os limites, mas estou começando a me perguntar se nós dois estamos errados aqui. Eu posso querê-la, e ela pode me querer, mas isso não torna o que fizemos certo. Mais tarde, adormeço, encolhido sozinho sob os cobertores. Exatamente como faço todas as noites.


Capítulo 12 Maren Na manhã da arrecadação de fundos, acordo com um frio na barriga. É metade excitação, metade energia nervosa, e meu estômago se revira porque preciso que esta noite corra bem. Eu reflexivamente pego meu telefone, percorrendo meu feed de mídia

social

num

esforço

para

acalmar

minha

mente.

Imediatamente, vejo uma foto de Wolfie e Hayes na praia no fim de semana passado, encharcados pela água do lago e pelo sol. Meu irmão, sempre o estoico, está carrancudo. Mas o sorriso enorme e genuíno no rosto de Hayes fez meu coração inchar de emoção. O que aconteceu na casa do lago foi... surreal. Desde então, passei todas as noites me revirando entre memórias vívidas e sonhos nebulosos dos lábios de Hayes na minha pele, sua língua traçando linhas sensuais pelo meu corpo, adorando meus pontos mais sensíveis. Quando fecho meus olhos, ainda posso ouvir seu gemido enquanto acariciava seu comprimento antes de cobri-lo com beijos quentes e molhados. Você está bem? Quando ele me fez essa pergunta com tanta sinceridade, eu quis deixar escapar, estou mais do que bem. Mas estamos explorando um território inteiramente novo agora, terreno que não foi tocado durante anos de amizade platônica e olhares roubados. Tenho que conter o meu entusiasmo se quiser permanecer no radar


de Hayes como mais do que a irmã de seu melhor amigo. Mas não estou muito preocupada... afinal, tenho muita prática nisso. Abro minhas mensagens e começo a redigir um texto para Hayes antes que possa me parar psicologicamente.

Maren: Pronto para hoje à noite?

Embora eu esteja tentada a sentar na minha cama e esperar por sua resposta, jogo meu telefone de volta no edredom e vou para o banheiro. A água quente do banho alivia o estresse em meus ombros e pescoço, um pequeno alívio que não considero garantido. Ensaboando um pouco de creme de barbear nas mãos, cubro minhas pernas uma por uma. Eu amo a ação repetitiva de passar uma navalha muito gentilmente sobre minha pele. Quando estou limpando a linha do meu biquíni, a memória dos olhos de Hayes piscando para os meus por entre as minhas pernas envia um choque direto para o meu núcleo. Deixei a água esfriar antes de sair do chuveiro, uma onda de realidade para me lembrar da minha primeira prioridade — ser legal com os amigos ricos de Riverside esta noite. Não ter relações sexuais com Hayes Ellison. Quando volto para o meu quarto enrolada numa toalha úmida, um zumbido me puxa de volta para minha cama.

Hayes: Pego você às sete.

Sua mensagem é curta e direta. Não faz nada para aliviar a ansiedade crescendo dentro de mim.


Sentada no Lexus de Hayes naquela noite, periodicamente verifico meu telefone para ter certeza de que o local não queimou até o chão ou que os fornecedores não esqueceram as opções veganas. Como a arrecadação de fundos foi ideia minha, Peggy insistiu que eu deixasse toda a preparação extra do evento para ela e sua equipe de alunos voluntários. Quando liguei há poucas horas para sugerir que eu poderia chegar mais cedo para coordenar os preparativos do leilão, ela me parou. — Não, não, não, chega disso. Cuidaremos da configuração. Você não tem pressa. Chegue com estilo! Isso é o mais estiloso que consigo, mas certamente não é uma roupa para ser ignorada. Os vestidos extravagantes na parte de trás do meu armário pareciam um pouco desgastados por causa de tantos casamentos e bailes, então procurei minha boa amiga a internet para algumas opções de designer de consignação. Minhas pernas bronzeadas aparecem pela longa fenda ao longo do lado do vestido de seda cremoso. Os detalhes dourados ao redor do corpete emolduram meu pescoço e seios perfeitamente, nem muito sutis nem muito vistosos. Meu longo cabelo castanho está puxado para o lado, uma cachoeira de cachos presa sobre um ombro com uma presilha elegante que minha avó uma vez me deu. Minha maquiagem é totalmente natural, exceto por um batom de noz-moscada fosco que comprei por capricho durante uma


maratona de compras no centro da cidade. Pode ter levado três horas para ficar pronta para esta noite, mas estou bem. E meu par, bem, parece que ele pertence à capa da revista GQ, seu cabelo penteado para trás numa onda natural e seu smoking bem cortado acentuando aqueles ombros largos e sensuais. Quando os olhos incrivelmente afiados de Hayes encontram os meus, tenho que lembrar meus pulmões de continuar respirando. — Qual é o plano de jogo para esta noite? — Ele pergunta, olhando entre mim e a estrada. — Você está cortejando muito dinheiro, então isso me torna seu ajudante? — Essa é a ideia — eu digo, puxando um fichário da sacola nada estilosa que pretendo deixar no carro. — Eu memorizei o nome de cada convidado, vocação e relacionamento com a Riverside, mas se você quiser dar uma olhada antes de entrarmos, deve haver tempo. Olhando para a pasta, Hayes ri. — Eu confio em você. Ainda temos mais quarenta minutos pela frente, então me dê a versão resumida. — Certo. Depois de meia hora descrevendo cada convidado, do mais influente ao menos importante, Hayes estende a mão e fecha a pasta com mão firme. — Você está me matando — diz ele com um gemido. — Não consigo ouvir falar de mais um empresário filantrópico que prefere os White Sox aos Cubs. Como diabos você encontrou tempo para colocar tudo isso junto? — Algumas noites até tarde — eu digo com um encolher de ombros. — Está tudo online se você souber onde procurar.


Ele suspira, já parecendo entediado. — Eu aposto. Estendo a mão para colocar a mão em seu antebraço. — Isso será divertido, ok? Não sei quanto a você, mas com certeza estou tomando uma taça de champanhe. — Ou doze — ele murmura com um sorriso. — Ou doze. Você pode beber o quanto quiser. Por precaução, reservei um quarto de hotel no local do evento, para o caso de não querermos correr o risco de voltar para casa. O ar entre nós fica repentinamente carregado, minhas pontas dos dedos na manga de sua jaqueta eletrificadas. Nenhum de nós ousou mencionar novamente o que aconteceu na casa do lago, mas posso sentir nossa atração em cada olhar acalorado, em cada olhar cheio de tensão. Hayes finalmente resmunga, os olhos fixos na estrada à frente. — Provavelmente uma boa ideia. Eu solto um suspiro suave de alívio. Reservar apenas um quarto de hotel foi uma grande mudança da minha parte, mas ele não parece chateado ou desconfortável. Sinceramente, minha conta bancária nunca se recuperaria da compra de duas reservas tão perto do vencimento do aluguel. Também para falar a verdade, a ideia de dividir um quarto com Hayes depois de uma noite chique como essa realmente me excita. Mais do que provavelmente deveria. Quando chegamos, Hayes e eu passamos pela guarda-casacos e um grupo de jovens voluntários, direto pelas portas duplas. A vista é surpreendente.


O teto abobadado está cheio de pequenas lâmpadas Edison2, lançando um brilho profundo sobre todos os convidados que chegam. As mesas altas de cabaré são decoradas com peças centrais florais simples, mas atraentes. Do outro lado da sala está uma mesa grande onde o bufê acontecerá, toda a comida servida esquentando em cima de latas de combustível. Situadas em torno do perímetro da sala, estão as exibições dos itens do leilão — objetos de coleção cobiçados de Chicago e pacotes de experiências de estúdios de massagem populares, linhas de cruzeiro de luxo e companhias de teatro proeminentes. Devo estar boquiaberta porque Hayes põe a palma da mão quente nas minhas costas e gentilmente me impele para frente. — Ao trabalho, vamos? — Ele sussurra em meu ouvido. Quando meus olhos arregalados encontram seu olhar confiante, sua boca sensual desliza num sorriso relaxado. Endireitando os ombros, ele engancha meu braço na dobra de seu cotovelo. Minha pele se ilumina como fogos de artifício ao seu toque, acordando-me do meu estupor. Eu aceno em direção a um homem mais velho olhando por cima de uma vitrine próxima e sussurro seu nome no ouvido do meu par. Sinto-me mais confiante com os saltos, por isso posso facilmente acompanhar os passos largos de Hayes à medida que nos aproximamos do cavalheiro. Antes de chegarmos ao nosso alvo, vejo os olhos de Peggy do outro lado da sala, onde ela está entretendo um círculo de convidados familiares. Ela está absolutamente linda em seu

2

Lâmpadas com visual vintage Insipirado nas primeiras lâmpadas de Thomas Alva Edison.


vestido roxo até o chão. Ela me dá um sinal de positivo com o polegar entusiasmado e, em pouco tempo, metade dos olhos da sala estão em mim. Não só em mim... em Hayes. Ocorre-me que provavelmente tenho o par mais bonito da sala. Eu aperto seu braço com força enquanto nos aproximamos de Gene Westwood, CEO de uma das firmas de investimento mais respeitadas da cidade, conhecido por seu envolvimento em vários esforços filantrópicos. — Gene? Ele se vira com um olhar de interesse, suas sobrancelhas brancas levantadas. — Sim? — Meu nome é Maren. Falamos por telefone no início desta semana. É tão bom conhecê-lo pessoalmente — eu digo, enquanto estendo uma mão. Gene aceita com uma sacudida calorosa, um largo sorriso se estendendo por seu rosto amavelmente envelhecido. — Excelente. Tão bom te conhecer. E este é o seu marido? Meu coração pula na minha garganta, mas me recupero imediatamente, mascarando meu rubor com um sorriso. — Não, Hayes é.... a inspiração por trás da noite. E um amigo muito próximo. O homem em meu braço me lança um olhar malicioso que diz — Inspiração, hein? — antes de estender a própria mão para Gene, que a aceita com outro aperto de mão firme. — Feliz em conhecê-lo. Está se divertindo? — Hayes pergunta, exalando confiança e hospitalidade. Deus, ele é sexy assim.


— Sim. Que evento fantástico vocês dois organizaram — disse Gene, apontando para os itens do leilão. — Obrigada — eu digo, quase certa agora que posso convencêlo a fazer um lance generoso. Com um olhar agradecido ao redor da sala, murmuro: — Tivemos muita sorte. Todo mundo tem sido tão compassivo. — Ora, ora, não deixe ninguém levar o crédito pelo seu trabalho árduo — diz Gene, inclinando-se para me dar uma piscadela secreta. — Minha esposa e eu estávamos conversando sobre a licitação desse tesouro da World Series que você comprou. Ela é uma grande fã de beisebol, até mesmo mais do que eu, então você pode os considerar vendidos. — É maravilhoso ouvir isso. — Honestamente, estou aliviada que o assunto tenha surgido com tanta naturalidade. — Aquela camisa em particular se tornará um item de colecionador muito procurado em quinze, vinte anos — diz Hayes, acenando para Gene para olhar mais de perto o tecido gasto. — O remendo na manga é o que a torna inestimável. Pertence às mãos de alguém que realmente o apreciará. — É verdade — murmura Gene, assentindo com entusiasmo. Vendo a emoção em seus olhos, estendo a mão para apertar a mão de Hayes. Obrigada. A noite continua assim, com nós dois tendo uma conversa casual, mas proposital com alguns dos maiores magnatas de Chicago, apenas parando para encher nossos pratos com comida do buffet.


Quando a banda no palco no canto começa a tocar um jazz suave e cantante, Hayes estende a mão para mim. — Concede-me esta dança? — Com certeza — eu digo, domando meu sorriso em algo casual. Eu coloco minha mão na sua e sigo sua liderança para a pista de dança, um trecho ligeiramente levantado de mogno polido e brilhante. Hayes para, uma das mãos deslizando pelo meu braço para levantá-la em seu aperto forte e seguro, e a outra vagando pela parte inferior das minhas costas. Eu me permito ser acomodada em seu abraço oscilante, descansando minha têmpora em seu ombro. Ele tem um cheiro doce e terroso, como uma manhã de primavera depois de uma noite cheia de chuva. Fechando meus olhos, suspiro profundamente, o estresse do destino de Riverside afrouxando suas garras em volta do meu coração. — Nós somos um grande ímã de dinheiro, não é? — Hayes diz, sua voz retumbando contra meu cabelo. Seus dedos traçam formas ao longo da seda do meu vestido, queimando a pele por baixo com excitação quente. — Ajuda que você tenha o carisma para conduzir a conversa — eu digo, com uma risada. — Não posso improvisar assim. Só de pensar nisso me dá urticária. Hayes bufa. — Meu carisma não serviria para nada sem sua seriedade. É muito fácil se apaixonar por você. Eu me inclino para trás para olhá-lo severamente nos olhos, o que prova ser um erro. Olhar nos olhos de Hayes é como mergulhar


de cabeça num tonel do mel mais doce e pegajoso. Boa sorte para sair. — Isso soa como uma existência encantada — eu digo, olhando para ele através dos meus cílios. — O que você acha? Devo largar meu emprego para me tornar a amante sórdida de alguém? — Eu riria, mas sejamos reais. Você nunca sairia de Riverside. Surpresa, eu pisco. — Por que você diz isso? — Você fez tudo isso. Você passou o último mês trabalhando pra caramba para, o quê, desistir e passar para outra coisa? — Ele murmura, liberando minha mão para segurar minha bochecha. Nossos pés param de se mover, nossos olhos dançam enquanto olhamos um para o outro. — É por isso que você é especial. O trabalho nunca foi uma questão de dinheiro para você. Sempre foi sobre o quanto você se preocupa, pombinha. Quando estou sem palavras, Hayes sorri e volta a balançar comigo em seus braços. Como é que toda vez que tento ter um momento leve e casual com Hayes, sempre acaba sendo assim? Essa sensação ardente, de coração em chamas, de que não consigo respirar? — Você me conhece muito bem, não é, Hayes Ellison? — Eu sussurro, procurando em seus olhos por algum tipo de sinal, alguma pista de que não estou imaginando esse fogo consumidor entre nós. — Eu presto atenção, Maren Cox. — Seu polegar acaricia minha bochecha, seus olhos fixos em meus lábios. Por favor me beije. Por favor me beije. — Hayes... — Maren! — chama uma voz feminina atrás de mim.


Engulo

minhas

palavras,

me

virando

para

ver

Peggy

cambaleando em nossa direção, acenando com um bloco de notas no ar. — Maren — diz ela, ofegante — estive procurando por você. — O que há de errado? — pergunto, tentando o meu melhor para ignorar a sensação dos dedos do meu par, ainda pressionados contra a seda do meu vestido. — Nada está errado. — Ela sorri, seus olhos lacrimejantes ameaçando derramar em suas bochechas vermelhas. — Acabei de fazer a lista final. É um milagre. Veja! O papel que ela está me mostrando é a lista dos maiores licitantes. Eu sigo seu dedo pelo comprimento da página, parando no item final do leilão: 2016 World Series Cubs v. Indians Objetos de Coleção. Um nome familiar está rabiscado ao lado de um número com muito mais zeros do que eu acho que já vi fora de um episódio de Mad Men. — Gene e Miriam Westwood... sessenta mil dólares? — Eu suspiro, a música e tagarelice da sala são apenas ruído branco para a batida do meu coração martelando. — Eu gostaria de saber se você gostaria de fazer as honras de recompensar os melhores licitantes, minha querida — diz Peggy, estendendo a mão para apertar minha mão. — Você merece isso. O palco é seu. Olhar novamente para Hayes e seus olhos encorajadores é o suficiente para solidificar a verdade pela qual tenho orado. Riverside está salvo. — Nada me agradaria mais.


Depois que os últimos convidados se despediram e saíram à noite, Hayes e eu ficamos por perto para limpar o que pudermos. Estou na patrulha de lixo, mancando com os pés doloridos e um saco de lixo gigante, jogando os detritos da noite dentro. Hayes, por sua vez, ajuda um punhado de voluntários a desmontar o palco e carregar as mesas para o armário. Ele tirou o paletó do smoking quando começamos a ajudar, e é impossível não olhar para aquelas costas musculosas. Um leve formigamento na minha barriga me lembra o que mais a noite tem reservado para mim. Paramos no carro para pegar minha bolsa, que contém pijama para mim, minha escova de dente e uma extra que comprei para Hayes no início desta semana. Inclinando-me contra o carro no ar frio da noite, jogo meu fichário assustador de perseguição de doadores no banco de trás. Quando pego a bolsa novamente, Hayes me intercepta. — Eu tenho isso. — Você sabe, não tem que fazer todo o ato de cavalheiro ainda — eu digo antes de me inclinar para sussurrar — Eu acho que a parte elegante da noite acabou. — Oh, nesse caso... Hayes pega minha bolsa e gira, ameaçando despejar todo o seu conteúdo no estacionamento. — Não, Hayes! — Eu rio, estendendo a mão para ele. — Ok, ok, mais cinco minutos de comportamento cavalheiresco e então você está livre para ser um selvagem.


Hayes suspira dramaticamente, murmurando que cinco minutos é muito tempo. Ele endireita os ombros, passando um braço pelas alças da minha bolsa antes de me oferecer o outro para me apoiar. Sorrindo, envolvo minha mão em torno de seu bíceps firme e me arrasto ao seu lado em direção ao hotel. Leva apenas alguns minutos para entrar e pegar a chave do quarto. No elevador, me encosto na parede, um pequeno sorriso em meus lábios em como o evento desta noite foi bem. Hayes se inclina contra a parede oposta, me observando. — Como você está se sentindo? — Ele pergunta, sua voz tão terna que deveria ser ilegal. — Exausta. — Eu suspiro, inclinando minha cabeça para o lado para dar a ele um sorriso cansado. — Feliz. Livre. — Livre? — É como se um peso fosse tirado dos meus ombros — murmuro, fechando os olhos. — Como se eu tivesse ficado debaixo d'água durante todo o mês e agora posso finalmente respirar novamente. Quando abro os olhos, Hayes está olhando para seu relógio de pulso. — Sinto muito — eu digo com um bufo. — Estou te entediando? — De modo nenhum. — Ele sorri, mas seus olhos permanecem fixos no acessório de prata. — Então o que você está esperando? — pergunto, revirando meus olhos.


Ele levanta um dedo, um gesto irritante de esperar. Finalmente, ele deixa cair seus braços, minha bolsa e seu conteúdo junto com eles. — Sério, Hayes? O que há de errado com seu... Com um passo longo, ele está em mim, com as mãos no meu queixo, inclinando minha boca até a sua num beijo tão ardente que queima através de mim. Todas as perguntas morrem em meus lábios enquanto o beijo me oprime. Eu agarro seus ombros com dedos desesperados, minha mente deliciosamente em branco. Ávida por mais, abro minha boca para sua língua insistente, que avidamente desliza para acariciar a minha. Uma longa perna pressiona entre as minhas e esfrega contra o meu núcleo com uma urgência satisfatória. Quando ele me solta, nossos lábios se separam, seus olhos estão quase pretos de desejo. — Para que foi isso? — pergunto, sem fôlego. Hayes se inclina, traçando um caminho pelo meu pescoço com sua língua quente e úmida. — Seus cinco minutos acabaram. É hora de ser um selvagem.


Capítulo 13 Hayes A porta bate atrás de nós, e pressiono Maren contra ela. É como se a tensão que vinha crescendo a noite toda finalmente tivesse explodido, e nós estamos impotentes contra isso. Estou impotente contra isso. Eu queria isso há tanto tempo, e no momento em que sua boca encontrou a minha no elevador, eu sabia que ela queria isso também. Portanto, estar aqui agora, para saber o que vem a seguir, é quase demais para lidar. Quase. Trago minhas mãos em seus quadris e arrasto seu corpo mais perto para que estejamos pressionados firmemente juntos. Ela deixa escapar um pequeno som de surpresa ao sentir o quão duro eu estou. E acredite em mim, estou duro o suficiente para martelar pregos. Porra. Calma, Hayes. Pressiono minha testa na dela e respiro fundo, minha voz rouca quando digo: — Pomba. Ela toca meu queixo, inclinando minha boca de volta para a sua. — Mais. Eu gemo e desisto, beijando-a profundamente. Minha língua se enreda na sua, e me sinto impotente para fazer qualquer coisa além de dar tudo que ela quer. E é óbvio que ela quer isso — mais beijos e menos conversas.


Suas mãos alcançam minha jaqueta, e ela tira a primeira camada de roupa entre nós. Eu pego seu cabelo, segurando a parte de trás de sua cabeça enquanto deslizo minha língua em sua boca. Ela

geme

e

empurra

seus

quadris

em

mim,

claramente

telegrafando seus pensamentos. Menos roupas. Agora. Eu nos guio para a cama kingsize, removendo minha camisa no processo. Maren abre o zíper do vestido e começa a puxá-lo pela cabeça, mas a detenho, segurando suas mãos pelos pulsos. — Deixe-me. Ela acena com a cabeça, e eu levanto seus braços sobre sua cabeça antes de me curvar para pegar a bainha de sua saia. Lentamente e com prazer, tiro o vestido de seu corpo, beijando cada nova porção de pele que revelo ao longo do caminho. Seus joelhos, suas coxas, seus quadris, sua barriga. Quando alcanço sua boca, largo o vestido no chão e caímos juntos na cama. — Você é tão linda — eu digo baixinho, pegando seu seio na minha mão e rolando seu mamilo entre meus dedos, e ela suspira e joga a cabeça para trás. Eu quero saborear cada momento de nossa primeira vez juntos. Quero que gostemos disso. E quero que ela aproveite isso. Eu quero que ela esteja pronta. — Venha aqui — digo, e Maren obedece, subindo em mim, tanto que meu pau esticou atrás do meu zíper, pressionando em seu centro. — Monte-me. Ela olha para mim por um momento, seus olhos cheios de luxúria e fome e uma pitada de confusão. Eu me esfrego nela. Ela estremece e sorri em compreensão. Com uma das mãos espalmada contra meu abdômen, ela gira seus quadris sobre os meus, um


gemido instantaneamente saindo de seus lábios. Só me torna mais duro vê-la assim, me usando para o seu prazer, gozando. Puxo seu rosto para o meu e a beijo novamente, mais profundo e com mais urgência do que antes, movendo meus quadris contra seu ritmo. Ela suspira em minha boca e, quando se afasta ofegante, seu rosto está vermelho, seu cabelo caindo sobre um ombro. Deus, ela é linda assim. — Eu preciso de você — ela diz, ofegando as palavras entre as respirações. Ela sai de cima de mim apenas o tempo suficiente para balançar para fora de sua calcinha. Abro o zíper da minha calça social e Maren puxa para baixo em meus quadris. Quase posso rir de como ela está ansiosa. Mas agora, não há humor. Apenas muita tensão sexual — tensão que vem crescendo há anos. Estou tão desesperado por ela que poderia explodir. Mas juro que não, não até que ela goze para mim primeiro. Eu tiro minha cueca boxer e a deixo cair ao lado da cama. Os olhos de Maren me absorvem, alargando-se ligeiramente enquanto param por um momento na minha virilha. Pressiono meus lábios em seu pescoço enquanto ela sobe em mim. Desta vez, sinto o quão molhada ela está, e gemo enquanto ela move seus quadris e deslizamos juntos. Agarrando seu quadril com uma das mãos, retardo seus movimentos. — Você pode gozar assim? — Ela pergunta, um sorriso malicioso em seus lábios.


Eu poderia gozar assim? Ela realmente não tem ideia do que faz comigo. — É isso que você quer? Ela morde o lábio inferior e balança a cabeça. — Eu quero você dentro de mim. — Preservativo? — Pergunto suavemente. Ela encontra meus olhos. — Eu estou bem se você estiver. — Eu estou... bem — digo, expirando a palavra. Sempre usei camisinha. Sempre. Mas Maren é diferente. E como não estive com ninguém desde que Samantha me largou, e fui testado logo depois disso, sei que não colocarei Maren em risco. Levantando-se de joelhos, ela traz uma das mãos entre nós para levantar meu pau do meu estômago e então... porra. Respire, Hayes. Ela é quente e apertada e tão perfeita. Eu gemo com o calor incrível que me cumprimenta. Ela se abaixa, deslizando lentamente enquanto se ajusta à sensação de eu estica-la. Seus olhos se fecham e ela faz um som baixo e cheio de prazer. — Hayes. — Porra, você é tão boa. — Eu rosno as palavras, levantandome nos cotovelos para beliscar o ponto macio entre sua orelha e ombro. Ela engasga

quando

empurro

mais

fundo

nela,

cada

centímetro um passo mais perto do céu. Ela me leva até que estou totalmente dentro dela, e todos os músculos do meu corpo se contraem para evitar o orgasmo pendente que posso sentir construindo na base da minha espinha.


Não demorou muito para ela encontrar seu ritmo. Os sons que saem de sua boca são de outro mundo. Maren é a melhor coisa que já senti, e esse conhecimento não cai bem comigo. É uma percepção perigosa de que não tenho tempo para pensar, porque ela começa a se mover mais rápido, seus gritos ficam mais altos. Quando ela se desfaz, é a coisa mais linda que já testemunhei. Suas bochechas estão vermelhas, seus lábios inchados e seu cabelo está rebelde. Eu gostaria de poder desacelerar o tempo, gostaria de poder me concentrar em cada pequeno detalhe deste momento, mas Maren está começando a se desvencilhar e eu sei que não ficarei muito atrás. Quando ela termina, a agarro com força, explodindo com uma onda selvagem de prazer que sinto através de cada terminação nervosa. Depois, caímos juntos na cama, com o peito arfando. Estou começando a cair no sono quando ela coloca a ponta dos dedos no meu ombro. — Nós provavelmente deveríamos nos limpar, dorminhoco — ela sussurra. Seu rosto ainda está vermelho, o suor brilhando em seu peito, seus cachos selvagens e bagunçados ao redor de sua cabeça. Ela é perfeita. — Sim, senhora — murmuro com um beijo carinhoso em sua têmpora.

— Você teve um bom fim de semana? — Wolfie pergunta, sua voz mais uniforme do que nunca.


Ele não suspeita de nada. — Sim. — Engasgo minha resposta enquanto nos dirigimos para a mesa de conferência para nos juntar aos caras para nossa reunião de equipe semanal. Estamos no escritório, supervisionando o desenvolvimento de produtos como sempre. Exceto não tão como sempre. Porque na maioria dos dias, eu não apenas comi a irmã mais nova de Wolfie no fim de semana. — O que você fez? — Ele cruza as mãos sobre a mesa, me observando. — Não muito. — Outra mentira. Elas vêm tão facilmente para mim agora. A culpa enxameia dentro de mim. Por mais que tente fingir que tenho tudo sob controle, estou nervoso como o inferno. Meu coração bate forte dentro do meu peito. Qual é o jogo final aqui? O que acontecerá quando Wolfie descobrir? Ou quando eu machucar Maren sem querer? Porque isso acontecerá quando você não sabe o que diabos está fazendo. E eu não sei. Eu não tenho a mínima ideia do caralho. Sento-me à mesa de conferência ao lado de Wolfie e cruzo um tornozelo sobre o joelho. Ação normal. Imagens

mentais

da

outra

noite

com

Maren

entram

sorrateiramente em meu cérebro. Sua pele cremosa, suas bochechas rosadas. Seus dedos segurando seus seios enquanto eu festejava entre suas pernas como se ela fosse minha última refeição. Respire, Hayes.


Não importa o quão bom foi o sexo. E acredite em mim, o que aconteceu entre Maren e eu? Foi incrível pra caralho. Mas isso não muda um fato muito importante. Estava errado, pura e simplesmente. Uma coisa era quando estávamos apenas brincando na casa do lago. Mas era outra coisa totalmente diferente fazer o que fizemos na outra noite. Foi premeditado. O quarto de hotel que ela reservou. A camisinha que eu trouxe para o caso. Não há como voltar atrás. Está feito. Eu não posso voltar atrás. Solto uma respiração lenta enquanto o pânico ameaça me oprimir. Um sentimento borbulha dentro de mim — um sentimento tão grande e selvagem que sei imediatamente o que é. Mas não nomearei. Não posso. As coisas entre Maren e eu são apenas físicas e seguirão seu curso. Elas têm. E quando isso acontecer, vou embora. Como sempre faço. Não posso mudar o que aconteceu. Mas posso controlar o que acontece daqui para frente. Além de Rosie, não tenho família. O único lugar que me sinto em casa é com os caras. Wolfie. Connor. Caleb. Ever. Eles são minha família. É por isso que eu nunca posso foder com Wolfie. Ele e eu nos conhecemos há anos. Os outros conheci na faculdade, mas Wolfie e eu somos melhores amigos desde a porra da terceira série. E Maren? Maren era a criança do jardim de infância com uma mochila grande demais. Deus, aquela coisa quase a derrubou. Sempre prometi a Wolfie que olharia por ela, que cuidaria dela.


Não tirar proveito de uma paixão de colegial e transar com ela na próxima quarta-feira na primeira chance que tive. — Eu já volto — eu digo o mais casualmente que posso. Wolfie não olha para cima e grunhe em resposta. Vou para o banheiro com box único e pego meu telefone. Se isso não é um sinal de que o que estou fazendo é errado, não sei o que é. O contato de Maren é um dos primeiros que aparecem, e começo a digitar uma mensagem de texto explicando que não podemos mais fazer isso. Que este fim de semana foi um erro. Que sinto muito. Mas então me lembro da expressão em seu rosto na casa do lago, quando ela pensou que fui eu quem convidou Holly. A expressão em seu rosto naquela noite quando ela pensou que eu a estava rejeitando. Esse é o tipo de notícia que a arrasará, especialmente depois do que acabamos de fazer. Que tipo de homem eu seria se não contasse isso cara a cara? Apago o texto e coloco meu telefone de volta no bolso. Meu coração dói, só de pensar no que sei que tenho que fazer. Mas também, pela primeira vez, sei que o que estou fazendo é certo. Que terminar as coisas com Maren é a única maneira de todos voltarmos ao normal e seguir em frente com a consciência limpa. Então, por que me sinto tão deprimido?


Capítulo 14 Maren Quando Scarlett insistiu que celebrássemos o sucesso da arrecadação de fundos com bebidas, só havia um restaurante adequado para tal ocasião. The Signature Room. O restaurante fica no nonagésimo quinto andar do Edifício Hancock, com vista para o centro de Chicago, as luzes brilhantes do horizonte contrastam com a extensão negra do Lago Michigan à noite. O serviço é bem avaliado, e a comida e os coquetéis são de outro mundo, de acordo com todas as avaliações. Nas palavras de Scarlett, é chique como o inferno. Uma confusão de textos se seguiu, trocando fotos de opções de roupas e chegando à logística. Em pouco tempo, o plano foi finalizado. Esta noite, Scarlett, Penelope e eu chegaríamos às oito horas com nossos melhores looks semiformais. Nós dividiríamos o custo de um serviço de transporte compartilhado para que todas pudéssemos beber à vontade — nenhum motorista designado necessário. Quando

saímos

do

elevador,

nossos

saltos

batem

agradavelmente contra o piso de madeira. Scarlett usa um macacão preto largo que ajusta a cintura, com escarpins vermelhos e batom para combinar. Penelope está exibindo sua bela figura num slip dress coral que cai até o joelho, ostentando um adorável par de saltos gatinho nude. Enquanto isso, estou usando minha


roupa favorita — um vestido cinza sem alças com saltos pretos de tiras. A anfitriã levanta os olhos de sua prancheta e dá um sorriso de boas-vindas antes de nos direcionar para o bar de coquetéis no loft acima. Subindo a escada em caracol, aprecio a vista. O restaurante é ainda mais elegante do que as fotos online. Encontramos uma pequena mesa ao lado da parede de janelas, compartilhando risos animados.

Examinando

o

cardápio

de

coquetéis,

fico

agradavelmente surpresa ao ver como os preços são razoáveis. Scarlett pede um dirty Martini com azeitonas extras, Penelope mostra orgulhosa sua identidade e pede uma vodca com refrigerante, e eu opto por uma taça de vinho branco. Enquanto saboreamos nossas bebidas, a conversa vem facilmente. — É honestamente um desperdício também. — Penelope suspira. — Estávamos tendo boas conversas. Mas não tenho notícias dele há mais de uma semana. Eu posso dar uma sugestão. Ela sorri sem entusiasmo e meu coração dói por ela. Felizmente, suas experiências com aplicativos de namoro são menos coloridas do que as de Scarlett, mas ainda não são ótimas. — Eu odeio essa merda — Scarlett resmunga por cima de sua taça de martini. — Apenas seja honesta, sabe? Como mulheres, devemos ser nós evitando-os. Os homens não aceitam bem a rejeição. Eu admito, fugi de alguns malucos ao longo dos anos. Mas normalmente, se eu simplesmente não estou sentindo, digo a ele diretamente. Não entendo por que os homens não podem retribuir a cortesia.


— Exatamente. — Penelope estende as mãos sobre a mesa enquanto se inclina para sussurrar: — Eu sei que tivemos uma conexão. Então, o mínimo que ele poderia ter feito era respeitar meus sentimentos e me dizer que não queria um relacionamento romântico comigo. É uma merda, sim, mas pelo menos há transparência. — Eu juro que vocês duas são indestrutíveis — eu digo, grata por uma abertura para me intrometer. — Nunca tive sorte com aplicativos de namoro. Um esquisito e eu excluí todas as minhas contas. — Eu não sei sobre indestrutível. — Scarlett ri, mexendo as azeitonas em sua bebida. Penelope toma um longo gole de seu refrigerante e vodca antes de dizer: — Sim, falando por mim, não sou indestrutível, apenas solitária. — Garota, você nos pegou. Mulheres solteiras são as pioneiras do futuro — diz Scarlett, erguendo o copo. Penelope ri, e vejo seus copos se tocarem com um leve tilintar, sem saber se devo participar ou não. Estou solteira agora? Ou Hayes e eu somos uma coisa? A pergunta desperta um formigamento familiar em meu interior. Antes que eu perceba, as duas estão olhando para mim. Uma das sobrancelhas de Scarlett está agudamente angulada em ceticismo, enquanto Penelope observa com interesse inocente. — A menos que alguma vadia aqui não seja mais solteira... — Maren, você está saindo com alguém?


Minha boca fica seca, então eu bebo meu vinho e organizo meus pensamentos. Antes que eu possa responder — o que posso dizer? — Scarlett engasga. — Oh meu Deus. Por favor, me diga que não é Hayes. Eu congelo e parece que meu sangue está correndo para trás. — Hum, não. Não Hayes. — Eu zombo, olhando para minha taça de vinho, odiando ter que mentir. Quando Scarlett suspira de alívio, fico com um pouco de nojo de mim mesma. — Oh! Graças a Deus. Eu diria, que Wolfie o mataria. Ele mataria vocês dois. Penelope ri nervosamente enquanto procuro freneticamente pelo garçom. Meu copo está quase vazio e estou tentada a pedir a ele que me deixe a garrafa inteira. — Desculpe garota. — Scarlett ri, acenando com a mão como se para espantar o pensamento. — Eu nem sei por que pensei isso. Não há universo em que Hayes se comprometa, nem mesmo com uma captura como você. Ele é apenas míope assim, eu acho. Um idiota adorável, estou certa? — Totalmente. — Eu sufoco a palavra, minha garganta apertada de emoção. Deixe que Scarlett brilhe a luz da realidade sobre minhas fantasias estúpidas e distorcidas. Penelope deve ser muito perceptiva, porque ela pula, salvandome e o momento. — Então, se não é Hayes, quem você está vendo, Maren? — Oh — eu digo, tentando manter minha voz trêmula firme. — Só um cara que conheci por meio de um amigo do trabalho.


Pegamos café algumas vezes, mas tenho certeza de que ele não está interessado em mim porque desligou o telefone. Uau, quem sabia que eu era uma vigarista? A mentira resolve, no entanto, porque Scarlett bate sua bebida com outro gemido. — Eu odeio essa merda também. Tipo, me dê a maldita hora do dia, cara. Largue a bunda dele, Mare. Você merece alguém que somente te priorize. Eu sorrio, levantando meu copo, meu punho enrolado com força sob a mesa. — A caras que se importam. — Onde quer que estejam! — Scarlett diz com uma risada. Nossos copos erguidos em solidariedade, todos concordamos sem palavras em engolir o resto de nossas bebidas. Para minha surpresa, quando o garçom volta nem um minuto depois e pergunta se gostaríamos de pedir mais, é Penelope quem responde. — Outro para nós, por favor! — Ela diz, apertando a mão de Scarlett. Quando seus olhos encontram os meus, eles são suaves e compreensivos. — E o resto da garrafa para minha linda amiga aqui? Acontece que a irmã mais nova de Connor é uma leitora de mentes.

A viagem de carro para casa é cheia de conversas animadas. Em algum ponto, estamos todas rindo alto sobre algumas insinuações sexuais que Scarlett fez sobre — o banco de trás — e em algum lugar no meu cérebro de vinho, faço uma nota mental para dar uma gorjeta generosa ao nosso motorista sem reclamar.


Penelope é deixada em seu apartamento em Lakeview primeiro, soprando beijos para nós da varanda da frente de seu prédio. Eu sou a próxima, ao norte, na parte alta da cidade. Quando abro a porta do carro para sair para o ar fresco da noite, Scarlett salta comigo, pedindo ao motorista para esperar por — um segundo. Ela envolve seus braços em volta de mim com força. — Você sabe que pode me dizer qualquer coisa, certo? Eu nunca, jamais julgarei você. Você é minha melhor amiga. Meus olhos estão se enchendo de lágrimas antes que eu possa processar totalmente qualquer coisa além do abraço de urso. — Eu sei, Pinky — sussurro, usando o apelido que dei a ela na faculdade. — Eu te amo. — Eu também te amo. Agora vá para dentro — ela diz, me girando e batendo na minha bunda. Eu corro obedientemente para dentro do meu apartamento, parando para acenar da porta aberta antes que o carro a leve ainda mais para o norte. Meu telefone apita assim que estou dentro do prédio, notificando-me que meu compartilhamento de viagem foi concluído. Dou uma gorjeta de trinta por cento ao motorista, o vinho me deixando tão generosa quanto tonta. Depois de tropeçar escada acima, passo o que parecem cinco minutos tentando destrancar a porta com a chave errada. Quando encontro a certa, abro a porta triunfante, dançando para dentro. Todos aqueles anos de festas na faculdade e bebedeira de menores me ensinaram uma regra crucial acima de tudo: beba seu peso em água antes de ir para a cama. Tirando meus saltos e meu vestido no corredor da frente, me arrasto pelo chão de calcinha, grata novamente por ganhar


dinheiro suficiente para viver sozinha. Encho minha maior garrafa de água no filtro e bebo metade do conteúdo antes de encher de volta o resto do caminho. Posso estar bêbada, mas de ressaca? Não, obrigada. Só quando estou escovando os dentes e olhando para o meu próprio reflexo é que me lembro das palavras chocantes de Scarlett no início desta noite. Elas vibram dentro de mim com cada pulso da minha escova de dentes elétrica. Não há universo em que Hayes se comprometa, nem mesmo com uma captura como você. Quantas vezes eu fiquei aqui, imaginando a fantasia doméstica de Hayes e eu escovando os dentes antes de dormir? Quantas vezes já imaginei dividir o mesmo espaço, a mesma vida com o melhor amigo do meu irmão? Algo em meu estômago se agita violentamente. Eu rapidamente cuspo minha pasta de dente, esperando a onda inevitável de enjoo. Mas não vem nada. É apenas meu próprio estresse, causando estragos em meu corpo. Tudo num cara. Uma vozinha na minha cabeça grita: — Ele não é qualquer cara! Hayes é o único cara que fez você se sentir assim. Silencio a voz da menina romântica dentro de mim que deveria ter morrido quando tive meu coração partido na faculdade. Olhando para mim mesma no espelho, meu rímel escorrendo, pasta

de

dente

espalhada

na

minha

bochecha,

pareço

completamente perdida. Não tenho certeza de quando comecei a chorar... mas não há como parar agora. De alguma forma, consigo lavar meu rosto, tirar meu sutiã e vestir uma camiseta de algodão grande demais. Aconchegando-me


sob as cobertas, imagino uma versão de mim mesma do outro lado de todo esse drama. É a única coisa que me faz dormir.


Capítulo 15 Hayes Nada poderia ter me preparado para este momento. Quando mandei uma mensagem a Maren para me encontrar para um café no domingo à tarde, sabia o que tinha que fazer. Eu sabia porque precisava vê-la. Mas sentar aqui em frente a ela, observando-a puxar as mangas do suéter sobre as palmas das mãos, observá-la correr os dedos pelos longos cabelos castanhos — isso é outra história. Não sei se posso fazer o que vim fazer aqui. Ela é muito doce, muito inocente. O que estou prestes a fazer a quebrará. Mas é exatamente por isso que tenho que fazer isto. Porque quanto mais isso durar, mais difícil será terminar, e encerrá-lo é a coisa certa para nós dois. Então, por que é tão difícil pronunciar as palavras? Tamborilo meus dedos na mesa e observo as ondulações no meu café preto. Maren sorri fracamente do outro lado das ripas de madeira, as mãos enroladas com força em torno de sua caneca de café com leite. O cheiro de pãezinhos de canela quentes sopra, recém saído do forno, e uma música lenta e emocionante toca suavemente nos alto-falantes. Escolhi este lugar por um motivo. É quente, reconfortante. Qualquer coisa para suavizar o golpe. — Nunca estive aqui antes — diz Maren, meio para si mesma, seu olhar percorrendo o mosaico atrás de mim. — É legal.


— Segredo mais bem guardado da cidade. — Tento parecer casual e alegre, mas sai forçado e enlatado. Maren sorri em resposta, mas este não encontra seus olhos. Ela sabe. Não consigo evitar que o pensamento salte na minha cabeça enquanto o pânico se espalha da boca do meu estômago até os dedos dos pés. Se não fizer isso logo, tenho medo de perder a coragem. — Então, uh, Maren, eu queria falar com você sobre uma coisa. Ela estremece ao som de seu nome. Não sou o único que percebeu que não a chamei de “pomba”. Ela acena para que eu continue, sua boca achatada numa linha tensa. — Eu queria falar com você sobre o que aconteceu entre nós. Isso foi um erro. Um que não podemos repetir. — Eu digo as palavras rapidamente, minha voz plana e sem emoção. É como se todo o ar tivesse sido sugado para fora da sala. Como se eu fosse o único que sugou tudo. Maren olha para seu café com leite, as mãos ainda enroladas com força em torno da caneca. Tão apertado que as pontas dos seus dedos estão começando a ficar brancas. — Ok — diz ela sem olhar para cima. — Desculpe. Ela se levanta abruptamente, as pernas da cadeira raspando no chão. — Eu tenho que ir. Antes que eu possa impedi-la, ela se vira, sai correndo pela porta e vira à esquerda, indo direto para o trem. Eu suspiro e esfrego minhas mãos rudemente no meu rosto. Os clientes ao meu redor estão murmurando, mas não consigo me


importar. Sinto como se tivesse levado um taco de beisebol no estômago, mas também como se fosse eu quem balançava o bastão. Muito bem, Hayes. Você machucou Maren. De volta à minha casa, encontro Rosie sentada à mesa da cozinha com um livro nas mãos. Ela sorri e olha por cima dos óculos de leitura quando me vê, os cantos dos olhos se enrugando suavemente. — Você está uma merda — ela diz. Nunca fomos o tipo de família que mede as palavras um com o outro. Sento-me à mesa dela e não digo nada. Ela me encara, as sobrancelhas finas erguidas na testa enrugada. — Estou com vontade de comer pizza. Posso levar você para comer uma pizza? — pergunto. Sentar me deixou impaciente. Imediatamente quero me levantar, sair deste apartamento. Preciso me mover, fazer algo para me impedir de pensar sobre o que acabou de acontecer. Duvido que pudesse comer, mas Rosie é sempre uma companhia fácil. — Adoraria comer uma fatia do Pauly’s. — O sorriso no rosto de Rosie é casual o suficiente, mas posso dizer em seus olhos que ela sabe que algo está acontecendo. Para minha sorte, ela não fez mais perguntas. Nós dirigimos em silêncio quase completo, nada além do rádio tocando entre nós. Posso sentir Rosie examinando meu rosto, mas ignoro e mantenho meus olhos na estrada. Não estou pronto para falar com ela sobre o que aconteceu. É muito fresco. Muito cru. Inferno, eu mal sei o que diria sobre isso.


Quando chegamos ao Pauly, acabei de fazer nosso pedido e coloquei Rosie numa mesa quando meu telefone começou a zumbir no bolso. Eu o puxo para encontrar o nome de Wolfie na tela. — Olá? Rosie franze a testa. Eu murmuro o nome de Wolfie para ela, e ela balança a cabeça e acena com a mão em compreensão. — Diga a ele que eu disse oi — ela sussurra. Eu aceno e tento me concentrar no que diabos Wolfie quer. — Maren não está atendendo ao telefone. Eu preciso que você vá ver como ela está. Olá para você também, Wolfie. — Por que você não pode? — pergunto. Rosie acena com a mão na frente do meu rosto. — É Maren de novo? Desde quando Rosie é tão perceptível? — Porque estou num encontro — Wolfie diz rispidamente. Wolfie? Um encontro? O que diabos está acontecendo agora? — Claro que daremos uma olhada em Maren. Não se preocupe, Wolfie — Rosie diz em voz alta, inclinando-se para falar no meu telefone. Porra. Não consigo nem ficar com raiva de Rosie. Ela não tem ideia de que acabei de quebrar o coração de Maren. Mas isso não muda a situação. — Obrigado, Rosie. E obrigado, Hayes. Você é um bom amigo — diz Wolfie. — Wolfie diz obrigado — repito para minha avó, e ela acena com a cabeça e estende a mão para dar um tapinha no meu joelho. Mas por dentro me sinto oco e entorpecido.


Wolfie não deveria estar me agradecendo; ele deveria estar me batendo. Mas, em vez disso, continuo correndo brincando de cavaleiro de armadura brilhante. E desta vez, estou levando minha avó comigo. Yay. Nada de estranho nisso. Levamos nossa pizza para a casa de Maren. Rosie espera no carro enquanto caminho até a porta. Meu coração bate a cada passo que dou. Eu bato, mas ninguém responde. Eu bato novamente. Nada ainda. Quando volto para o carro, Rosie me lança um olhar confuso. — Sem resposta? — Ela pergunta. Eu agarro o volante e vejo meus dedos ficarem brancos. — Eu sei onde ela está. Eu nos levo para o leste. Maren sempre teve os mesmos lugares que ela vai quando as coisas ficam difíceis. O mesmo lugar para onde ela se retirou quando algum idiota a machucou, quando ela precisa de um lugar para ficar sozinha. Eu nunca teria pensado que seria eu a mandá-la para lá. Passamos por uma placa que diz MONTROSE BEACH, estaciono e digo a Rosie para esperar no carro. Ela coloca sua mão suave e quente sobre a minha e me dá um pequeno sorriso. — Vá buscar sua garota. Eu sorrio de volta para ela fracamente. Se ela soubesse o que essas palavras realmente significam. Uma brisa fresca me cumprimenta enquanto caminho para a praia. As ondas batem suavemente ao longe, e não demoro muito até que vejo Maren amontoada numa pequena bola a alguns metros de distância na areia.


Quando chego mais perto, ela me ouve chegando e lança um olhar curioso por cima do ombro. Seus olhos estão inchados de tanto chorar, e ela me lança um olhar vazio quando me aproximo. Ai. Eu mereço isso. — Não tenho nada a dizer a você — ela diz, envolvendo os joelhos com mais força e encarando as ondas novamente. — Wolfie está preocupado. Ele me pediu para verificar você. Ela zomba. — É por isso que você está aqui? Cai fora, Hayes. Não temos nada para conversar. Ligue para meu irmão e diga que estou bem. Ela se levanta e começa a tirar a areia da calça, pronta para ir embora, quando nós dois ouvimos o som de outro conjunto de passos se aproximando atrás de mim. — É meu neto a razão de você estar chateada? — É Rosie, enrolada em seu cardigã de malha de cor creme, a brisa levantando seus finos cabelos grisalhos. Maren olha para mim com surpresa, depois para Rosie. — Sinto muito, Rosie. Eu não sabia que você estava aqui. Rosie estala a língua e desliza o braço em volta dos ombros de Maren. — Entre no carro, pequena. Podemos resolver isso sem que todos peguem um resfriado. — Ela está certa — eu digo. — Acho que está começando a chover. — A brisa aumentou e eu definitivamente senti algumas gotas caindo. Maren olha entre nós e Rosie dá a ela um olhar tranquilizador. — Eu tenho um pouco de massa de biscoito pronta para ser assada na geladeira, e prepararei um bule de chá quente para nós assim que entrarmos por aquela porta.


Maren acena com a cabeça e deixa Rosie guiá-la até o carro. Durante todo o caminho de volta para casa, não posso deixar de me sentir inquieto. O que devo dizer a Maren? E como Rosie viu através de mim? Não consigo evitar que meu olhar vá para o espelho retrovisor para dar uma olhada em Maren no banco de trás, mas ela apenas olha diretamente para fora da janela, olhando para qualquer lugar, menos diretamente para mim, ao que parece. Quando voltamos para minha casa, Rosie cumpre sua promessa. Em dez minutos, nós três estamos sentados na minha cozinha, o cheiro de biscoitos flutuando no ar. Rosie serve uma xícara de chá para cada um de nós, seguido rapidamente por uma boa dose de uísque. — Não pode machucar — diz ela com uma piscadela. Maren sorri e agradece, mas não posso deixar de notar que seu sorriso não alcança seus olhos. Eu abaixo minha caneca num gole. O calor e o uísque queimam minha garganta. É exatamente o que preciso. Dentro de mim está todo tipo de turbulência. Metade de mim quer consertar as coisas entre Maren e eu, e a outra metade jura permanecer forte. Rosie tira os biscoitos do forno. Enquanto ela os arruma num prato, ela me instrui a pegar algo seco para Maren vestir. Vou para o meu armário e pego um par de calças de moletom e uma camiseta, e Maren os leva para o banheiro para se trocar. Rosie me serve outra xícara de chá e adiciono mais uísque desta vez. Ela arqueia uma sobrancelha fina e rala para mim, mas não diz nada. Meu estômago não parou de se agitar a noite toda, e


espero que um pouco mais de bebida ajude a abafar um pouco do barulho. Maren retorna, e meu coração sai do meu peito. Não é justo. Ela não pode ficar tão bonita na minha camiseta e moletom. Principalmente depois de eu ter dito a ela que não podemos mais ficar juntos. — Está ficando tarde — Rosie diz, olhando entre nós — ou pelo menos, é tarde para mim. Deixarei vocês jovens sozinhos. Boa noite, vocês dois. Não comam todos os biscoitos. Ela beija minha testa e dá um tapinha no ombro de Maren antes de entrar em seu quarto e fechar a porta. O silêncio cai entre nós. O uísque me deixou um pouco tonto, e posso dizer que Maren também. Suas bochechas estão vermelhas e, quando ela olha para mim, suas pálpebras pesam sobre os olhos castanhos. — Por favor, pomba, podemos conversar? Tenho muito que lhe dizer. — Minha voz está calma, mas por dentro, estou vacilando. Dói meu coração vê-la assim. — Ok — diz ela em voz baixa, os braços cruzados sobre o peito. — Estou ouvindo. Eu toco seu ombro para guiá-la para o sofá. É um gesto inocente, mas no segundo em que nos tocamos, sinto um choque em algo. É agridoce, e eu inalo e tento me recompor enquanto Maren se senta. Sento-me ao seu lado e lentamente libero a respiração. Ela me observa, quieta. — Eu nunca senti por você o que deveria — eu digo lentamente, encontrando seus olhos. — Meus sentimentos eram... longe de ser


fraternos. Sempre houve uma atração lá, uma que lutei muito para desligar. Mas nunca deveria ter agido sobre isso. Eu sei disso agora. Eu só estava tentando proteger você. — De que? — Ela pisca. — De mim. Maren balança a cabeça levemente. — Eu sou uma garota crescida, Hayes. Eu não preciso de proteção. Ela está certa, eu percebo. Ela é adulta. Nós dois somos. Podemos tomar nossas próprias decisões. De repente, a tensão que vinha crescendo entre nós a noite toda se rompe. Todo o resto desaparece e é como se estivéssemos de volta à casa do lago. Tudo o que importa somos nós dois. E há muito espaço entre nós. Eu me inclino mais perto e ela cai em meus braços, suas mãos agarrando meu peito enquanto nossas bocas colidem, todo calor e desespero. Isso é o que eu queria desde o momento em que a vi naquela praia. Isso é o que eu queria desde o momento em que a deixei ir. Eu a guio para o meu colo e me perco no momento. Minhas mãos em seus cabelos, suas mãos em meu peito, nossos corpos se entrelaçando. Tudo está exatamente como deveria ser, como sempre deveria ter sido. E então me ocorre. Rosie. — Não aqui, pomba. Eu pego Maren em meus braços, ela grita e enterra o rosto no meu pescoço. Esse é o tipo de som que quero ouvir com mais frequência. Tenho algumas ideias sobre isso. Eu a carrego para o


meu quarto, certificando-me de fechar a porta suavemente atrás de nós, e a deito na cama. Nada mais importa agora. Nem Wolfie. Nem minha avó. Nem mesmo o que eu pensei que estava certo ou errado esta manhã. Nada que pareça tão bom, tão perfeito, pode estar errado, pode? Eu tiro minha camisa, e ela faz o mesmo. Nossos olhos estão travados enquanto observamos um ao outro se despir, eu de pé ao pé da cama, Maren estendida diante de mim. Ela joga minha calça de moletom no canto e um pequeno sorriso se forma em seus lábios. Meu corpo responde instantaneamente quando meu pau salta livre da minha cueca, pressionando contra meu abdômen. — Você é tão linda — murmuro. Ela se apoia nos cotovelos para me ver chegar mais perto. Meu pau estremece em antecipação, e desta vez, ela definitivamente percebe. Seu sorriso se alarga, e seus olhos ficam famintos enquanto eu me deito ao lado dela na cama. Nós nos beijamos de novo, mais profundo e intensamente do que antes. Eu alcanço entre suas pernas e esfrego levemente seu centro. Ela estremece, sorrindo em minha boca, e responde dando um aperto suave em minhas bolas. — Cuidado, pomba — eu rosno. Ela me beija com mais força e pega meu pau na mão. O prazer se espalha por todo o meu corpo com seu toque. Quando a afasto, ela olha para mim com confusão em seus olhos. — Você primeiro — eu digo, colocando minha mão entre suas pernas. Maren geme e eu desenho círculos sobre seu ponto sensível, observando prazer balançar por seu corpo. Quando sei que ela está


pronta, entro nela e fazemos o tipo de amor do qual só ouvi falar em músicas. O tipo de amor tão bom, tão sincronizado, que é difícil imaginar fazendo-o com outra pessoa. Depois que terminamos, ela se limpa no banheiro e fica na porta, parecendo mais quente do que o inferno numa das minhas camisetas. Segurando uma mecha de cabelo entre os dedos, ela diz: — Então, eu deveria... — Fique — digo antes que ela possa terminar de perguntar. — Por favor. Eu quero que você fique. Ela sobe na minha cama e se enrola ao meu lado. No momento em que estamos acomodados, posso me sentir caindo no sono, contente por saber que ela estará lá pela manhã quando eu acordar.

— Oh, Maren! Eu não sabia que você ainda estava aqui. Nada me faz sentir mais como se tivesse dezesseis anos de novo do que surpreender minha avó com uma garota pela manhã. Mas esta não é qualquer garota. Essa é a Maren. E o fato de que ela ainda está aqui agora, escapulindo do meu quarto? Bem, isso é basicamente nossa prova irrefutável. Rosie nos dá um sorriso divertido e Maren cora tanto que todo o seu peito fica vermelho. — Bom dia, Rosie — diz ela humildemente, pegando uma caneca de café e sentando-se à mesa.


Rosie ri e dá um tapinha no braço dela. — Não precisa ficar envergonhada perto de mim, querida. Eu também fui jovem, você sabe. Eu lanço um olhar para ela, e ela atira de volta para mim. Eu moro aqui também, os olhos de Rosie estão me dizendo, e não pense que não sei o que está acontecendo aqui. — Então, uh, Rosie, algum grande plano para o dia? — Maren pergunta, claramente desesperada por uma mudança de assunto. — Provavelmente mais um dia de novelas e seus livros favoritos, certo, vovó? — pergunto. Rosie encolhe os ombros. — Eu sou tão previsível? — Você deveria vir para Riverside — diz Maren, meio para si mesma. — Oh não, eu não gostaria de impor — diz Rosie. — Não, você não seria uma imposição. Convidados são sempre bem-vindos no centro comunitário. Hoje é dia de bingo, se você estiver disposta a tentar a sorte. — Maren sorri amplamente para ela, e não posso deixar de sorrir ao observá-la. — Bem, eu amo bingo — diz Rosie. — Então você vem? — Maren está quase caindo da cadeira. — Tudo bem, eu vou. Maren grita e puxa Rosie para um abraço. É bom vê-las assim. — Deixarei vocês duas — digo. — Bem, eu preciso do meu carro — Maren me lembra. — Ok, então deixarei vocês duas em sua casa para que possam dirigir, e depois buscarei Rosie quando o bingo terminar. — Ok. — Maren dá um sorriso para Rosie. — O bingo será às onze. E não se preocupe, Rosie, cuidaremos muito bem de você em


Riverside. Temos café, bolos, frutas. O que você quiser, há uma boa chance de fazermos acontecer. Rosie sorri e olha entre nós. — Oh, não se preocupe, querida. Não estou nem um pouco preocupada. Na verdade, tenho um pressentimento muito bom sobre tudo isso.


Capítulo 16 Maren — Eu sempre disse que Hayes deveria se estabelecer com uma garota legal como você. Rosie me olha através de seus óculos de gatinho, colocando outra bala hortelã do pote na minha mesa em sua boca. Ela gentilmente concordou em me deixar passar no meu escritório e enviar alguns e-mails antes de deixá-la no bingo. Mas agora, confortavelmente sentada na cadeira em frente à minha mesa, ela parece estar totalmente desinteressada em me dar algum tempo de silêncio para me concentrar. — Rosie — digo, lamentando o vestido de mangas compridas que coloquei depois de Hayes nos deixar em meu apartamento. De repente, está muito quente aqui. — Eu não sei se... — Ele é um verdadeiro amor, meu neto. E um cavalheiro, quando se esforça. Eu sempre disse a ele que se ele apenas tratasse uma jovem como trata sua avó, já estaria casado. Embora eu não me importe com a atenção — diz ela com uma risadinha, uma das mãos apoiada no coração. Um sorriso desliza pelas minhas defesas. Há algo tão desarmante em Rosie... você não pode deixar de contar a ela todos os seus segredos. A verdade é que gosto de onde Hayes e eu estamos agora, neste tipo de cenário de amigos com benefícios, eles-vão-eles-não-vão.


Não posso saber com certeza se durará mais do que um de seus casos típicos de verão. Tento muito não pensar além da nossa próxima conexão. Eu prefiro pensar sobre o sexo alucinante que estamos tendo, o abandono completo em que entrego meu corpo à sua boca e mãos famintas. Memórias de seu comprimento grosso, batendo-me no esquecimento, despertam uma tensão familiar no fundo da minha barriga, aterrando-me de volta no presente, onde a senhora inocente à minha frente não tem noção dos meus pensamentos sujos. Um pouco relutantemente, fecho meu laptop, dando a Rosie toda a minha atenção. — A verdade é que gosto muito do Hayes. Muito. Rosie ri. — Eu posso dizer. Juro que a temperatura desta sala subiu dez graus desde que chegamos aqui, há apenas quinze minutos. — Acho que Hayes também gosta de mim. Bem... — Eu paro, pensando. — Ele está pelo menos atraído por mim. — Duvido que haja uma diferença na cabeça de Hayes — Rosie diz com conhecimento de causa, e sinto meu coração apertar. Ela não sabe que pode estar me preparando para a decepção de uma vida? — Verdade — concordo, coçando minha têmpora. Rosie se inclina para mais perto e, inconscientemente, eu também. — É que ele nunca foi realmente o tipo de compromisso. Sempre houve algo o segurando.


Ela está assentindo antes que as palavras saiam totalmente da minha boca. — Houve. Mas, uma vez que ele estiver com a garota certa, nada disso importará mais. Acredite em mim, eu sei. Com um suspiro lento, eu me inclino para trás. Por mais sábia que ela seja, não tenho ideia se Rosie está certa sobre isso. Eu limpo minha garganta. — Bem, chega de conversa sobre tudo isso. Pronta para ganhar algumas rodadas de bingo de apostas altas? Rosie inclina uma única sobrancelha fina, mas não diz mais nada. Em vez disso, pega sua bolsa e faz um gesto para que eu mostre o caminho. Minha convidada parece gostar de Riverside ainda mais do que eu. O bingo não é antes das dez, e Rosie não é do tipo que fica esperando, então insiste que eu a mostre as instalações. Ela está fascinada com cada canto e recanto enquanto a levo por cada corredor de residentes, através da enfermaria médica, passando pelo pátio e de volta ao corredor principal, finalmente parando no centro de mídia. Mas quando entramos pelas portas duplas da sala de jogos, vejo um punhado de ajudantes reorganizando os assentos e lembro que um coro do acampamento de verão está se juntando a nós esta manhã. Certificando-me de que Rosie está confortável perto da pequena cozinha, preparando um pouco de chá para si mesma, ajudo a acomodar os residentes que vagam por dentro, um por um. Alguns estão confusos, outros mal-humorados, mas a maioria está ansiosa para que outro evento emocionante aconteça. O grupo de


cerca de trinta crianças é um sucesso total entre nossos residentes, visitantes de um acampamento de verão infantil local pela segunda vez nesta semana. Para nossa sorte, nossa arrecadação de fundos concedeu à Riverside muito mais do que apenas dinheiro. Com a cobertura da imprensa e o envolvimento corporativo, a atenção em nossa pequena operação rejuvenesceu tanto nossa situação financeira quanto nossa programação. Até o gabinete do vereador está envolvido agora. Há um fluxo consistente de mensagens em minha caixa

de

entrada,

proprietários

de

pequenas

empresas

e

departamentos de RH perguntando como sua empresa pode contribuir. Se o coral infantil local não estiver visitando, os vendedores estão passando para doar frutas frescas, vegetais, geleias e queijos de um mercado de fazendeiro, lembrando aos nossos residentes preocupados com a memória como é comprar mantimentos. Um dos coletivos de arte do bairro até visitou na semana passada, fornecendo todas as tintas, pincéis, batas e telas para fazer uma confusão gloriosa de peças de arte abstrata agora penduradas ao longo das paredes do corredor principal. Estou muito animada com o programa — Reading Buddy — depois das aulas, que ofereceremos no final de agosto, onde crianças em idade escolar lerão para nossos residentes e vice-versa. Em pouco tempo, algumas dezenas de residentes estão amontoados na sala, cadeiras de rodas e sofás reorganizados para servir como assentos de audiência. Às nove e meia, as crianças entram em fila, usando polos verdes e shorts cáqui combinando.


Examinando a sala, encontro Rosie parada onde a deixei, mas ela não está mais sozinha. Don, um encantador de classe mundial que é, se inclina sobre sua própria xícara de chá e murmura alguma piada que faz Rosie cair na gargalhada. — Uh-oh, isso não pode ser bom. — Eu rio, me aproximando deles com meus braços cruzados sobre o peito e uma severidade brincalhona na minha voz. — Vejo que você conheceu Don, Rosie. Não acredite em nada do que ele diz, especialmente se for sobre o bolo de carne. — Não tínhamos chegado tão longe — exclama Don, fingindo seriedade, virando-se para Rosie para perguntar: — Você já viu o filme Soylent Green de 1973? Não entendo a referência, mas Rosie ri ruidosamente. Meu coração se enche de alegria. É raro ver uma amizade florescer entre duas pessoas bem diante de seus olhos. Acho que nunca vi Don tão carismático ou Rosie tão despreocupada. — Onde você escondeu este tesouro, Maren? — Ela pergunta, enxugando os olhos com um guardanapo. — Ele é absolutamente engraçado. Somos os únicos que ainda conversamos quando a diretora do coro se adianta, pigarreando propositalmente no microfone antes de apresentar as crianças. Rindo como pré-adolescentes que acabam de ser repreendidos, nos esgueiramos para a última fileira e nos esprememos num sofá. A música é adorável, mesmo quando as crianças esquecem a letra de uma versão abreviada de — Let It Be — dos Beatles. Quando começam sua terceira e última música, tenho que cutucar Don gentilmente com meu cotovelo para impedi-lo de interromper o


canto com outra piada para Rosie. Ele me lança um olhar de leve desdém. Eu sorrio e dou uma piscadela para ele antes de acenar com a cabeça em direção a Rosie. — Mais uma música, ok? Então você pode voltar a flertar. — Quem, eu? — Ele pergunta, mas o sorriso em seus lábios é impossível de perder. A versão dos alunos de — Ave Maria — é um pouco exagerada, mas nenhum dos residentes parece se importar minimamente. Eu ouço uma fungada à minha direita e me viro para encontrar Rosie rasgando as notas finais. Quando os aplausos começam, ela pula do sofá, uivando e gritando por um bis. Enquanto um punhado de nossos residentes mais reservados parece abalado pela explosão, a empolgação se espalha pelas fileiras até que quase toda a sala está gritando por mais. A pobre diretora do coral parece perturbada, remexendo em sua pasta de música. — Sinto muito — ela deixa escapar no microfone. — Essa é toda a música que preparamos. — Você conhece ‘Brilha, brilha, estrelinha’? — Don grita. As crianças acenam com a cabeça enfaticamente e uma delas grita: — Dãã! — Sim! — Rosie chora, colocando as mãos sobre o coração. — Por favor, cantem para nós, estrelinhas. Estou muito pasma, mas tenho que admitir que esses dois parecem ervilhas numa vagem. Quando a diretora do coral lidera uma versão trêmula, na melhor das hipóteses, do clássico das canções de ninar, Don e Rosie compartilham um sorriso triunfante. Pela primeira vez na minha vida, tenho a honra de ser uma vela.


Nem Rosie nem Don estão tão interessados em bingo quanto um no outro, então eu os deixei vagar pelo pátio juntos, conversando como uma tempestade. Quando meu telefone toca quinze para as onze, meu coração pula uma batida com o nome iluminando minha tela. Hayes. — Ei — eu digo, passando a mão pelo meu cabelo. — Ei, pomba. — Sua voz baixa soa gostosa ao telefone, como mel quente derretido. — Estou saindo para pegar Rosie, mas ela não está atendendo ao celular. Está tudo bem? Eu rio, espiando pela janela para ver Don rindo de um dos comentários sarcásticos de Rosie. — Está tudo bem. Ela está apenas distraída. — Jogo de bingo bastante acirrado, hein? — Na verdade, ela realmente se deu bem com um dos residentes. Eles estão dando um passeio no pátio agora e estarão almoçando juntos no refeitório em breve. — Oh Deus. — Hayes suspira. — Não deixe Rosie aborrecer sua amiga com contos de suas aventuras de estofados. — Pelo que parece, Don está prestando atenção em cada palavra. — Há uma longa pausa do outro lado. — Hayes, você ainda está aí? — Sim. Sim. Isso é Dawn, como em AWN — ou Don, como em ON. — DON. Ele é meu residente favorito. É muito fofo, eles se tornaram amigos rapidamente. Outra pausa. — Hã. — A voz de Hayes parece estrangulada.


O que poderia estar incomodando-o? Não é típico de Hayes ser tão rude comigo. — O que é isso? — pergunto. — Rosie não tem um encontro há cerca de sessenta anos, Mare. Eu rio, aliviada por ele estar apenas estranho com a situação e não chateado comigo por deixar sua avó fora da coleira. — Então talvez seja hora dela voltar para a sela. — Oh Deus, nenhuma menção sobre selas — ele diz com um gemido. — Minha avó não montará nada nem ninguém. Eu rio e murmuro um pedido de desculpas. — Má analogia. Foi mal. Hayes resmunga algo baixinho. Eu não posso dizer se ele está realmente agitado com o encontro de Rosie com Don, ou apenas desconcertado com a notícia. — Bem, há uma primeira vez para tudo — eu digo com um sorriso. — Eu acho — ele murmura. Depois de outro silêncio constrangedor, ele acrescenta: — Passarei por ai, então. Isso funciona para você e D-O-N Don? Oh meu Deus, ele está realmente irritado com isso! Eu tenho que morder o interior da minha bochecha para não cutucar mais diversão. — Claro. Te vejo em breve. — Sim — Hayes resmunga. Eu coloco meu telefone no bolso, sorrindo de orelha a orelha. Do lado de fora, no pátio, Don e Rosie estão sentados juntos num banco numa conversa profunda, com expressões sérias em seus


rostos. Rosie coloca uma das mãos na de Don, um gesto de compaixão. Isso será incrível.

Quando Hayes chega, o encontro na porta da frente e o acompanho até o refeitório, onde Don e Rosie estão amontoados numa pequena mesa, muito próximos. Hayes congela com a visão, então dou um tapinha em seu ombro antes de puxar duas cadeiras para me juntar a eles. — Olá, Don. Sou neto de Rosie. Prazer em conhecê-lo — diz Hayes rigidamente, oferecendo a mão a Don como um robô faria. Don aceita o aperto de mão, sua expressão estoica exceto pelo brilho característico de seus olhos azuis tempestuosos. — Não são necessárias formalidades, Hayes. Sua avó falou de você e apenas de você nas últimas três horas, então sinto que já te conheço. Rosie ri, dando um tapa no braço de Don. — Oh pare com isso. Como se você não tivesse me mostrado um álbum de fotos inteiro com as fotos da formatura de seus alunos. — Só porque você perguntou — ele diz com uma piscadela. Pela maneira como ela derrete, posso dizer que Rosie está absolutamente apaixonada. — Estou impressionada — digo. — Don é um homem misterioso. Por muito tempo, eu nem sabia se ele falava. — Você é nova aqui, garota — ele murmura com um sorriso, um leve rubor se espalhando por suas bochechas enrugadas.


Eu não posso deixar de segurar uma de suas mãos quentes entre as minhas e dar um aperto suave. — É assim que ele diz que me ama — digo, esclarecendo para o grupo. — Eu vejo. Ele está preso? — Rosie pergunta, humor brilhando em seus olhos. — Nem um pouco, Rosie. — Eu suspiro com decepção fingida. — Don me rejeitou anos atrás. Enquanto nós três rimos, Hayes se mexe desconfortavelmente em sua cadeira. Acho que devo tentar trazê-lo para a conversa. Mas antes que eu tenha a chance de pensar numa estratégia, ele finalmente abre a boca. — O que você faz, Don? — Oh, um pouco disso e daquilo. Palavras cruzadas e cochilos à tarde, principalmente. — Ha — Hayes diz com uma risada falsa. — Eu quis dizer antes de Riverside. O que você fazia para viver? — Eu era um professor universitário na Universidade de Michigan, ensinando os clássicos. História romana e grega, literatura etc. Para minha sorte, sua avó é uma grande fã de mitologia. Hayes não diz nada em resposta, olhando para ele como se estivesse decidindo se é moralmente repreensível bater num velho. Eu chego embaixo da mesa para esfregar seu joelho confortavelmente. Relaxe. — O

que

interessado. Opa.

você faz? —

Don pergunta,

genuinamente


— Eu tenho uma loja de brinquedos sexuais aqui no lado norte. — A voz de Hayes é alta, orgulhosa e cheia de petulância. Ele

provavelmente

pensa

que

mencionar

qualquer

coisa

abertamente sexual assustará Don. Claramente, ele não conhece o homem. — Fantástico — Don diz em voz baixa, batendo palmas suavemente. — Tenho cerca de uma dúzia de pôsteres eróticos para você ver — representações de afrescos da Roma Antiga. Não tenho permissão para colocá-los aqui. Você gostaria de colocar alguns deles em sua loja? Hayes está atordoado e em silêncio, sua boca se contraindo. Enquanto

isso,

Rosie

e

eu

compartilhamos

um

olhar

agradavelmente surpreso. — Isso seria perfeito para a loja — digo, entrando na conversa. — Eles poderiam fazer uma colagem na parede posterior. A

conversa

continua

facilmente

a

partir

daí,

Hayes

contribuindo de vez em quando na tentativa de recuperar seu orgulho. Eu sei que tudo o que ele quer é ter certeza de que as intenções de Don são puras, mas ainda há tempo para isso. No final de nossa visita, Rosie e Don se despedem com a promessa de ter outro encontro no sábado. — Devíamos ter um encontro duplo — Rosie exclama com uma expressão confiante que se gaba de seu superpoder na resolução de problemas. Ela e Hayes são realmente parentes de sangue, não são? — Isso parece divertido — eu digo com um sorriso. E realmente acho. Num encontro duplo, posso conseguir observar o casal, e Hayes pode monitorar a progressão do


relacionamento deles. Sem mencionar que estou ansiosa para passar mais tempo com Hayes, dentro e fora da cama. Don se despede nas portas dianteiras enquanto Hayes ajuda sua avó a se sentar no banco da frente do carro. Estou prestes a me virar e voltar para dentro quando sua mão alcança a minha, me girando de volta. Seus dedos brincam levemente com os botões do meu vestido, causando arrepios na minha pele. — Ei — ele rosna baixinho, com o pequeno sorriso sexy que ele reserva apenas para mim. — Ei. — Eu ri de volta, um pouco sem fôlego. — Posso sair com você esta noite? Sem encontro duplo. Apenas nós dois. — Sua língua aparece para molhar seu lábio inferior. Eu corro um dedo entre seus peitorais, para baixo de sua camiseta de algodão, apreciando a sensação de seu torso esculpido. — Eu gostaria disso — murmuro, a contração em meu núcleo impossível de ignorar. — Bom — ele sussurra, inclinando-se para pressionar seus lábios carnudos contra os meus num beijo quente e ansioso que termina cedo demais. Depois que me solta, volta para o carro e liga o motor. Eu vejo enquanto ele e Rosie vão embora. Ainda estou cimentada no local onde ele me deixou quando ouço Don se aproximando de mim por trás. — Parece um punhado, aquele — diz ele com um grunhido, batendo no meu ombro. Não tenho certeza se ele se refere a Rosie ou Hayes, mas de qualquer forma, minha resposta é a mesma. — Você não tem ideia.


Capítulo 17 Hayes Eu não estive tão nervoso para um encontro — bem, nunca. Comer e beber sempre foi fácil para mim. Esse é o meu ponto forte. Mas fazendo isso com Maren? Quando as apostas são muito maiores do que antes? É um jogo totalmente novo. Eu quero que esta noite seja diferente. Especial. Quero que Maren se sinta adorada como nunca antes, como nenhum homem a fez sentir. É por isso que esta noite, tenho mais de um truque na manga. — Então, para onde vamos? — A testa de Maren franze levemente, fazendo um leve vinco entre as sobrancelhas. Ela está sentada no banco do passageiro, usando um vestido verde-esmeralda decotado que me faz querer encostar e puxá-la para o meu colo. Mas, por enquanto, coloco esses pensamentos de lado e continuo focado em nos navegar no trânsito da hora do rush. — Sair — eu digo, entrelaçando meus dedos nos dela sobre o console central. Ela sorri e estala a língua. — Você será evasivo e misterioso a noite toda? — Bem, isso depende. Está funcionando para você? Ela cora, e posso sentir o calor de sua palma. Eu sei o que corar faz com ela. Seu peito ficará rosa e sua respiração ficará mais rápida. Adoraria investigar o que está acontecendo entre suas


pernas, mas esta noite é tudo menos gratificação instantânea. É sobre nos controlarmos e nos deleitarmos. Hoje à noite, tomaremos o nosso tempo. Algo mudou entre nós recentemente. Talvez seja o quão perto ela está crescendo com Rosie, ou talvez seja porque a vi em seu elemento em Riverside. Agora que a vi em seu ambiente, não consigo imaginar esse lugar existindo sem ela. Maren deu vida aos antigos corredores de azulejos. Ela trouxe esperança, positividade e alegria. Ela é especial de tantas maneiras diferentes que eu nunca conheci. Perto de pessoas velhas? Eu sou estranho. Pessoas que estão doentes e com dor? Inferno, eu sou um inútil. Nunca sei a coisa certa a dizer. Mas Maren brilha como se tivesse nascido para fazer isso, para ajudá-los a reviver suas melhores memórias, para ajudálos na transição para um novo capítulo com graça. Ela é reconfortante, engraçada e tão natural, não tenho ideia de como faz isso. Estou muito orgulhoso dela. Chegamos ao restaurante e eu paro no manobrista. Os olhos de Maren se arregalam e ela me encara com horror, ignorando o homem esperando para abrir a porta e ajudá-la a sair do carro. — Hayes, isso é demais. Este lugar é tão chique! É como, onde meus avós foram para o seu quinquagésimo aniversário de casamento. Eu aceno e dou a ela um sorriso tranquilizador. — E é aqui que você e eu jantaremos esta noite. — Você tem certeza? — Eles têm um crème brûlée que tenho quase certeza de que será sua nova sobremesa favorita.


Ela faz uma pausa, mastigando o interior da bochecha. — OK tudo bem. Mas eu realmente gostaria que você tivesse me dito que estávamos indo para um lugar tão bom. Eu teria usado sapatos melhores. — Pomba, você poderia estar usando um saco de lixo e ainda ser a garota mais bonita de toda a cidade. Esses idiotas têm sorte de ter você dentro de seu estabelecimento. Ela cora novamente, e desta vez tenho a sorte de ver o rubor se espalhar por ela. Deus, ela é linda pra caralho. Calma, garoto. O ritmo será mais difícil do que eu pensava. Somos escoltados para dentro do prédio luxuoso pelo porteiro e, uma vez lá dentro, nos deparamos com uma movimentada sala de jantar cheia de toalhas de mesa brancas e uma vista da cidade que eu não via há algum tempo. Luzes cintilantes dos edifícios à distância e, além, a água escura do lago. Maren solta um suspiro suave e eu coloco minha mão na parte inferior de suas costas enquanto uma recepcionista nos leva para a nossa mesa ao lado das janelas do chão ao teto, assim como eu pedi. Pedimos uma garrafa de vinho para a mesa e o garçom acena com a cabeça antes de colocar uma cesta de pão fatiado entre nós. Quando ele sai, Maren olha para mim, seus olhos ainda arregalados e ligeiramente vidrados, um pequeno sorriso satisfeito se formando em seus lábios. — Isto é.... requintado — ela diz suavemente, olhando melancolicamente da cesta de pão para a vista ao seu lado. — Bem, não fale tão cedo. Ainda temos que ver se eles acertam os bifes. — Eu sorrio.


— Não, Hayes — ela diz, pegando minha mão sobre a mesa. — Eu — eu quero te agradecer. Faz muito, muito tempo que não tenho uma noite como esta. Então, obrigada. Mesmo. Eu aperto seus dedos suavemente. — De nada. Mesmo. Nós nos inclinamos e nos beijamos sobre a mesa, e eu posso simplesmente sentir o doce aroma de baunilha de seu perfume. Eu não sabia que estar aqui significaria tanto para Maren, e isso torna esta noite ainda mais importante. — Bem, nesse caso, por favor, me diga que você está com fome. Ela sorri e arqueia uma sobrancelha desafiadora. — Morrendo de fome. Temos o que provavelmente é o melhor jantar de bife que já tive em anos, completo com todos os acompanhamentos clássicos. Peço o crème brûlée para a sobremesa, como prometido, e, como previ, é imediatamente a nova sobremesa favorita de Maren. Ela geme ao redor da colher e seus olhos se fecham. Tudo está indo exatamente como eu esperava. Felizmente para mim, nossa noite está apenas começando. Eu nos levo de volta para minha casa para uma bebida antes de dormir. Um sorriso suave aparece nos lábios de Maren no caminho para casa, enquanto minha mão repousa em seu joelho, meus dedos vagando preguiçosamente sobre sua coxa. Quando estacionamos, leva tudo em mim para não arrastá-la para o meu colo e beijá-la até a luz do dia. Paciência, Hayes. Tenho que lembrar o que planejei para nós. Uma vez lá dentro, Maren me olha com expectativa. Ela olha ao redor da cozinha, sussurrando: — Rosie...


— Ela está dormindo — sussurro de volta. — Eu te encontro no meu quarto. Posso pegar alguma coisa para você? Água? Vinho? Uísque? Ela balança a cabeça e me puxa pelas lapelas. Nós nos beijamos, e ela esfrega a mão ao longo da protuberância crescente na frente da minha calça. — Não demore muito. Não precisa me dizer duas vezes. Ela foge para o meu quarto, desamarrando as alças do vestido antes de escapar para trás da porta fechada. Uma pequena provocação. Sirvo-me de um copo d'água e, antes de entrar no quarto, vou até

o

armário

perto

do

banheiro.

Lá,

atrás

de

pilhas

cuidadosamente dobradas de toalhas e lençóis, encontro o que procuro — uma caixa preta elegante, do tamanho do meu antebraço. Puxo-a da prateleira e levo para o quarto comigo. Quando fecho a porta do quarto atrás de mim, encontro Maren esparramada na cama com nada além de uma calcinha rendada verde-clara. Meu pau fica instantaneamente duro como uma rocha e entro numa luta com minhas calças para chegar até ela. Soltei um assobio baixo entre os dentes. — Porra, pomba. Você causará um ataque cardíaco num homem. Um sorriso tímido se forma em seus lábios. — Eu queria fazer uma surpresa para você. E muito obrigada. Eu coloco o copo de água na mesa no canto e seguro a caixa preta nas minhas costas. — Eu tenho uma surpresa para você também, pombinha. — Oh? — Ela se apoia nos cotovelos, seus seios empinados me provocando.


Sento-me na beira da cama aos seus pés. Maren me observa atentamente enquanto coloco a caixa na cama na frente dela. — O que é isso? — pergunta. — Abra. Ela pega a caixa em suas mãos e levanta a tampa, suas sobrancelhas levantando enquanto avalia seu conteúdo. — Oh — ela diz enquanto puxa um longo cilindro curvo para fora da caixa e o segura em suas mãos. O silicone carmesim profundo está batendo contra sua pele pálida, e uma pulsação de excitação percorre meu corpo ao ver o brinquedo em sua mão. A compreensão envolve seu rosto. — Oh. — É um dos nossos modelos mais novos — digo. — Quando vi, imediatamente pensei em você. Ela acena com a cabeça, ainda olhando para o brinquedo em suas mãos. Minha boca está seca de repente, e tenho que engolir para que minhas cordas vocais voltem a funcionar. — Quer que eu mostre como funciona? Maren levanta o queixo, e quando seus olhos encontram os meus, eles estão pesados com luxúria. Ela acena com a cabeça novamente e entrega para mim. Eu a instruo a se deitar, e ela o faz, separando os joelhos, oferecendo-se a mim. Minha boca enche de água com a visão de sua boceta, totalmente raspada. Soltei um silvo baixo. — Parece que está faltando alguma coisa nessa calcinha, pomba. Algo muito importante — murmuro, desafivelando meu cinto.


Ela acena com a cabeça novamente e abre mais as pernas. Essa garota será a minha morte. — Você esteve usando isso a noite toda? — Tiro minha camisa e jogo no chão. — Responda. — Sim. — Ela suspira e passa as mãos ao longo do corpo. Observá-la se contorcendo em cima dos meus lençóis, observando-a se excitar — é quase o suficiente para me matar. Puxo Maren para perto, de modo que seus quadris fiquem na beira da cama e ligo o brinquedo. O zumbido baixo de sua vibração traz um sorriso alegre aos lábios, e começo pressionando-o na parte interna de sua coxa. Ela geme baixinho e movo o brinquedo sobre seu corpo, em todos os lugares, exceto onde sei que ela quer. Suas pernas, sua barriga, seu peito. Eu até círculo seus mamilos até que eles se transformem em pedrinhas duras, e ela está me implorando para tocar seu ponto mais sensível. Eu movo o brinquedo para seu clitóris com uma das mãos e agarro seu quadril com a outra. Ela está tão molhada, tão pronta, tão deliciosamente excitada, e não posso esperar mais. Eu seguro o brinquedo contra ela enquanto me movo, então estou segurandoa por trás. Ela está tão molhada agora que eu facilmente coloco meu pau inchado em seu calor. Maren engasga com a invasão e agarra minha bunda. Nós balançamos num ritmo até que ela esteja selvagem e suando, seu corpo se contorcendo sob meu toque. Seu corpo aperta ao meu redor, e ela puxa o brinquedo da minha mão e assume o controle de seu próprio prazer, montando em mim e no brinquedo


em igual medida. Ela é tão sexy assim, toda confiante e assumindo o controle, e posso sentir minhas bolas apertando. — Pomba, estou perto. Ela move com mais força em mim e outra onda a atinge. O prazer arranca um grito de sua garganta e a sinto se contrair em torno de mim. Porra, isso é bom. Ela joga o brinquedo na cama ao lado dela quando termino, segurando seus quadris com força quando gozo. Caímos na cama, gotas de suor cobrindo minha testa e peito. Maren desliza minha camisa em volta dos ombros e vai ao banheiro para se limpar, e quando ela retorna, ela se aninha calorosamente ao meu lado. — Isso foi incrível — ela sussurra. — Obrigada. Por tudo. — Não, agradeça, pomba. Eu que agradeço.

— Não, sério, Hayes, como você fez isso? — Connor aperta os olhos para mim com descrença. É o dia seguinte, e em vez de passar na cama com Maren, estou no trabalho, cercado por um bando de babacas com a maturidade de 12 anos. Mas o que eu esperava? Começamos uma empresa de brinquedos sexuais juntos. Falar sobre nossas vidas sexuais é literalmente parte dos negócios um do outro. Exceto quando você está transando com a irmã mais nova do seu parceiro de negócios. — Não se preocupe com isso, certo? Eu fiz isso. Isso é tudo que você precisa saber. — Eu mal levanto os olhos do meu laptop


enquanto respondo, mas Connor e Caleb não estão comprando. Eles zombam e se olham sem acreditar, bem a tempo de Wolfie se juntar a nós no escritório. Ótimo. Exatamente o que eu precisava, porra. — Do que vocês dois idiotas estão rindo? — Wolfie pergunta, sua voz um pouco menos rouca do que o normal. — Hayes fez alguns testes de produto no fim de semana — diz Connor. — Então? — Então — Caleb diz — ele rejeitou as mulheres. Então, como ele está testando o produto? Wolfie deixa cair a caixa que está carregando numa prateleira com um baque forte. — Bem, alguns de nossos brinquedos são otimizados para uso individual. — A menos que Hayes de repente esteja muito interessado em anal — Connor diz, suas sobrancelhas se mexendo, e eu o interrompo. — Foda-se, cara. Wolfie ri. — O que quer que faça seu barco flutuar. Eu solto um suspiro. — O produto é sólido. Desde quando nos interrogamos sobre os detalhes? Caleb levanta as sobrancelhas e cruza os braços. — Cara, a única mulher em sua vida é sua avó, então, a menos que você queira que eu vomite meu shake de proteína, por favor, expliquese. Connor e Wolfie riem, mas eu apenas balanço minha cabeça e continuo processando números.


— Fodam-se todos vocês — murmuro. Mas neste ponto, entre essa opção e a verdade, honestamente não tenho certeza de qual é a pior.


Capítulo 18 Maren Eu me preparo para nossa noite na cidade, Rosie e eu passamos a tarde fazendo compras em minha loja de consignação favorita. O verão em Chicago é implacável, então o vestido que escolhemos para ela é azul marinho leve com um decote em gola V, mangas curtas e um padrão ousado de flores amarelas. Enquanto isso, estou em busca de algo especial. Quando vejo, sei sem dúvida que é exatamente o que preciso para manter Hayes bem e ocupado. De verão e divertido, o macacão vermelho rubi mostra minhas longas pernas de uma forma que definitivamente o deixará cambaleando. Adicione um par de sandálias pretas de tiras e um rabo de cavalo glamour... e ele será um caso perdido. Mal posso esperar. — Você causará ao meu pobre neto uma doença cardíaca. — Rosie ri para si mesma enquanto pagamos. O sorriso em meus lábios se recusa a desaparecer quando terminamos na loja. De volta ao apartamento, Rosie timidamente pergunta se a ajudarei a se preparar. O convite aquece meu coração, então obedientemente a sigo pelo corredor até seu quarto. O zíper desliza facilmente

pelo meio de

suas costas

ligeiramente curvadas, um fecho prendendo-o na base do pescoço. A saia pregueada até o tornozelo roça a meia-calça que ela insiste


em usar, o conjunto inteiro reunido por um par de Mary Janes azul fosco de seu armário. Espreito por cima do ombro, olhando no espelho de corpo inteiro para confirmar o que já sei. Ela está linda. — Minha nossa. — Rosie ri, puxando o tecido inquieta. — Você tem certeza de que isso não é muito moderno para uma velha antiquada como eu? Eu sorrio com o uso do termo antiquada. Não posso dizer que ouvi isso há muito tempo. — Sim — digo para assegurá-la, apertando suavemente seus ombros. — Você está perfeita. Tem aquela classe Jackie Kennedy com um pouco de chique moderno. — Obrigada. — Ela ri, seus lábios pintados de amora esticando-se num sorriso tímido enquanto ela se vira para encontrar meus olhos. — Obrigada querida. Esta noite é... bem, direi apenas que não me arrumo para um encontro há décadas. Eu a envolvo num abraço, com cuidado para não borrar sua maquiagem meticulosamente aplicada. — Pode apostar. Há uma batida atrás de nós e a voz de Hayes atravessa a porta, cheio de aborrecimento e impaciência. — Ei, faremos isso ou o quê? Eu reviro meus olhos. — Ainda não é hora, Hayes. Estaremos fora em cinco minutos. Rosie me deu uma piscadela de conhecimento. Ela vê sua atitude tão claramente quanto eu. Ele tem sido um chato desde que conheceu Don em Riverside. Eu daria a Hayes um pedaço do que penso sobre isso, mas sei que ele está apenas desconfortável. Nos últimos anos, ele tem sido o zelador, confidente e companheiro número um de Rosie. Deve ser


difícil imaginar outra pessoa se aproximando de sua avó, especialmente um estranho. Enquanto isso, estou feliz pelos dois, Don especialmente. Ele tem estado consideravelmente menos irritado desde que conheceu Rosie. Nos últimos dias, ele saiu de seu caminho para, casualmente,

me

encontrar

nos

corredores

de

Riverside,

resultando em conversas apaixonadas sobre as flores favoritas de Rosie, os filmes favoritos de Rosie, as comidas favoritas de Rosie. É fofo. Depois de passar os detalhes por mim, Don decidiu por uma noite cheia de atividades, que inclui uma viagem ao histórico cinema local, uma parada na sorveteria vizinha e uma caminhada até a beira do lago para assistir ao pôr do sol. Eu estaria mentindo se dissesse que não estou nem um pouco impressionada. Quem diria que ele era tão romântico? Hayes e eu vamos acompanhá-los, com base no fato de ser um encontro duplo. Mas todos nós sabemos que a rotação de encontro duplo é uma fachada total para a logística fundamental. Hayes não quer Rosie dirigindo à noite, e Don não tem um carro há pelo menos uma década. Além disso, a logística é apenas uma desculpa para Hayes espionar Don, o vigarista, que parece estar armado com nada mais do que algumas piadas e um ouvido atento. Independentemente de como Hayes gasta suas energias esta tarde, estou optando por ver isso como um encontro duplo. Um encontro duplo em que posso passar mais tempo com o cara mais gostoso que conheço. Quando Rosie e eu terminamos, saímos de seu quarto para encontrar Hayes esperando no sofá, seu joelho balançando


nervosamente enquanto ele rola através de seu telefone. Quando seus olhos encontram os meus, eles imediatamente vagam por todo o comprimento do meu corpo, observando meu rabo de cavalo alto, ombros e clavículas expostos, cintura apertada e, finalmente, minhas pernas longas e bronzeadas. Seu joelho fica imóvel, seu telefone esquecido em sua mão enquanto ele olha para o meu look de verão fofo e sexy. Seus lábios se abrem e se transformam num meio sorriso fofo. Hayes também não parece nada mal, vestindo uma bermuda de algodão verde-exército confortável e uma camisa de botões branca de mangas curtas. Compartilhamos um olhar que diz: Você está bem. Tipo, muito bem. Eu saborearia o momento por mais um pouco, mas estamos num cronograma. Além disso, tenho certeza de que Rosie não gostaria que eu fodesse seu neto com os olhos bem na frente dela. Entrando no Lexus com Rosie confortavelmente no banco de trás, dirigimos até Riverside para pegar Don. Quando entramos na garagem circular, ele está esperando na porta da frente. Seu cabelo alisado para trás, ele usa um suéter azul claro com calça marrom e uma gravata borboleta amarelo-ouro. Um buquê de margaridas está em suas mãos — o favorito de Rosie, naturalmente. Meu coração incha com a fofura de tudo isso. Don é a imagem de um cavalheiro elegante, apenas abandonando o ato para espantar um CNA pairando. Saio do carro para deixá-lo sair à noite, em seguida, ajudo-o a sentar-se num dos bancos traseiros, dando-lhe uma piscadela de congratulação enquanto Rosie murmura sobre as flores. Estou surpresa por


termos chegado ao cinema com a maneira como Hayes está segurando o volante. Por alguma mudança brilhante do destino, ou alguma previsão excelente da parte de Don, Soylent Green é o filme antigo da semana. Nossos adoráveis pupilos estão ansiosos para encontrar os assentos perfeitos, então pego Hayes pela mão e o puxo em direção a lanchonete. — Tudo bem, Sr. Acompanhante, é hora de soltar a coleira das crianças — eu digo, provocando-o batendo com meu quadril. Seu braço envolve minha cintura, sua mão deslizando no bolso do meu macacão para descansar os dedos na protuberância sensível do osso do meu quadril. Um arrepio me inunda com o contato, meu corpo vibrando com a memória daqueles dedos hábeis

operando

aquele

brinquedo

sexual.

Desde

aquela

experiência, tenho me sentido imprudente... e um pouco selvagem. — Sem crianças aqui — ele diz, me dando um sorriso que é mais como uma careta. — Pelo que eu posso dizer, é um cara muito velho olhando para a bunda da minha avó. Eu rio com a implicação, porque Don preferia morrer do que ser pego olhando para o traseiro de uma mulher, como bom cavalheiro que ele é. — Você tem razão, eles são adultos. Mais uma razão para confiar que eles cuidarão de si mesmos, hein? — Pergunto, esfregando suas costas confortavelmente. — Eu não disse que não confio em Rosie — resmunga Hayes, examinando o menu superior. — Só não acho que ela sempre saiba o que é melhor para ela. Tudo bem, a Operação Garantia exigirá um pouco mais de esforço do que eu pensava.


Hayes compra quatro saquinhos de pipoca, recusando minha sugestão com um olhar pontudo para que cada casal compartilhe um grande. Entramos sorrateiramente no cinema quando as luzes diminuem e o filme ganha vida na tela de projeção. Rosie e Don já estão absortos na experiência quando os encontramos. É uma exibição especial, então não há trailers para lidar. Sentando-me nas duas poltronas atrás do casal, estou preparada para chutar as costas da poltrona de Don toda vez que ele cochilar. Milagrosamente, ele nunca o faz, muito ocupado sussurrando no ouvido de Rosie, que sufoca sua risada incontrolável com a boca cheia de pipoca. Eles são muito fofos. O joelho de Hayes salta incessantemente durante a primeira metade do filme. Quando eu finalmente tive o suficiente, estendo a mão e coloco a mão em seu joelho, esfregando suavemente os músculos tensos que encontro lá. Ao meu toque, ele lentamente começa a relaxar, cedendo à massagem. Hayes se recosta em seu assento com um suspiro suave, sutilmente verificando nossos companheiros. Quando o filme termina, nosso pequeno grupo sai do cinema e caminha alguns quarteirões até a sorveteria. Don e Rosie caminham alguns passos à nossa frente, envolvidos em sua própria conversa sobre o enredo do filme. Eles estão claramente interessados um pelo outro e, pela minha experiência em trabalhar com pessoas da idade deles, isso não é muito comum. Normalmente, a desconfiança e a bagagem anterior podem constituir barreiras de comunicação entre os idosos. Isso não é verdade no caso de Don e Rosie, no entanto. Sua excitação e carinho um pelo outro enchem minhas entranhas com


um calor meloso, ameaçando escorrer pelos meus poros. Encontrar o amor é sempre uma coisa incrível. Conseguir um segundo sopro de vida na idade deles é raro e muito especial. Enquanto isso, Hayes está um pouco menos rígido do que antes. À medida que caminhamos, sua mão vagueia da minha cintura até a curva arredondada da minha bunda, traçando linhas leves e preguiçosas logo abaixo da bainha do meu macacão para brincar com a ponta da minha calcinha. É o suficiente para me deixar totalmente louca de desejo. O sol de verão já está se pondo sobre os picos e vales dos telhados e campanários do bairro quando chegamos à sorveteria. Don insiste em pagar, comprando duas bolas de chocolate para si, uma de chocolate com menta para Rosie e uma de expresso de chocolate para mim. Hayes desiste, provavelmente ressentido pela bondade de Don. Quando o casal mais velho vagueia em direção à praia para ver o pôr do sol, prometendo retornar numa hora, Hayes sussurra em meu ouvido. — Por que comer um sorvete de casquinha quando posso apenas observar você? Nós nos acomodamos numa pequena mesa na parte de trás da sala, nossas pernas enrolando juntas debaixo da mesa. De costas para o balcão e todos os outros clientes, faço um show completo disso. Hayes me observa com olhos escurecidos enquanto eu lambo e chupo o redemoinho macio com um vigor que só posso atribuir a estar muito excitada. Deixo um pouco de creme escorrer pelo meu lábio inferior, encontrando seus olhos enquanto corro minha língua preguiçosamente sobre um dedo pegajoso. É tudo o que ele


aguenta. Ele envolve a mão em volta do meu pescoço e puxa minha boca bagunçada para a sua num beijo faminto. Só então, o filho de alguém deixa cair sua casquinha de sorvete com um grito — a distração perfeita. Pego a mão de Hayes, puxando-o da mesa e pelo corredor até o banheiro felizmente vazio (e limpo), onde praticamente o empurro para dentro e fecho a porta atrás de nós. Ele está em cima de mim quase antes que eu possa trancar a porta, suas mãos agarrando minha bunda e seus lábios devorando os meus enquanto procuro a fechadura. Uma vez que se encaixou no lugar, o empurro contra a parede, caindo de joelhos para acariciar o tecido tenso de seu short. Ele geme alto dessa vez, cravando os dedos no meu penteado e arruinando meu trabalho duro da melhor maneira possível. Em momentos, ele está desabotoado e aberto, seu comprimento grosso livre de suas calças. Beijo uma trilha quente e úmida ao longo de sua carne sensível e Hayes faz um som estrangulado. — Porra, pomba... Droga, — ele diz sem fôlego, sua voz baixa estalando como carvão em brasa. O seu som desesperado, a sensação quente e dura dele em minhas mãos, é o suficiente para me deixar louca. Mas sei que receberei minha recompensa mais tarde, então concentro meus esforços em fazer Hayes enlouquecer. E ele enlouquece.... rapidamente. — Eu vou gozar. — Seus dedos afrouxam seu aperto, me dando uma saída se eu precisar. Eu não recuo e engulo ainda mais fundo. Quando ele finalmente recupera o fôlego, estou olhando para ele.


— Santo inferno —, diz ele com uma risada. Ajudando-me a ficar de pé, Hayes me envolve em seus braços, o calor irradiando dele como uma fogueira. Ele murmura contra meu pescoço: — Eu baguncei seu cabelo. — Tudo bem. — Eu sorrio, aninhando-me contra ele. Tenho tanto carinho por este homem que poderia explodir. — Eu precisava disso. — Ele suspira, inclinando-se para trás para encontrar meu olhar. — Obrigado. — A qualquer hora — eu digo com um sorriso, pressionando um leve beijo em seus lábios sorridentes. — Posso retribuir o favor esta noite? Eu aceno uma vez, minha frequência cardíaca acelerando com a ideia de Hayes de joelhos diante de mim, me tratando com um prazer incandescente. — Claro. Seu sorriso se alarga e seus olhos dançam maliciosamente nos meus. Depois de nos recompor e reparar meu cabelo, escapamos do banheiro e voltamos pela movimentada sorveteria. O caixa está ocupado demais limpando a bagunça daquela criança para se preocupar conosco. Saímos e está quase escuro quando o casal do ano retorna, apenas separando as mãos unidas para acenar quando nos avistam na beira da praia. Hayes e eu acenamos de volta, e Rosie inclina a cabeça em resposta ao seu sorriso preguiçoso. — Você realmente tem jeito com meu neto — ela diz quando eles se aproximam. — Ele está tão relaxado depois de um pouco de tempo sozinho com você.


Ela estende a mão para dar um tapinha no ombro de Hayes, que mal consegue manter sua cara de jogo. Enquanto isso, estou vermelha como um sinal de pare. Ela não sabe nem a metade. A viagem de volta a Riverside é estranhamente agradável. Hayes convida Don para se sentar no banco da frente com ele, e eu fico feliz com Rosie no banco de trás. Os homens compartilham uma conversa estranha, mas doce, sobre as melhores coisas para fazer em Chicago, enquanto Rosie e eu compartilhamos um olhar estranho, mas doce, de apreciação. Ele está tentando. Quando chegamos, Rosie insiste em levar Don de volta para dentro. Arrasto-me até o banco da frente, um emaranhado de joelhos e cotovelos que faz Hayes mergulhar para se proteger. — Por que você simplesmente não saiu e voltou para dentro? — Ele ri, tirando um pouco da sujeira do ombro do meu sapato. Eu rio, encolhendo os ombros. — Você se importa? — Não — ele diz, um sorrisinho sexy se espalhando em seu rosto. Ele estende a mão, seus dedos traçando meu queixo antes de pressionar o polegar suavemente contra meu queixo. É um gesto simples e casto, mas envia uma onda calorosa de prazer através de mim. Quando Hayes olha pela janela novamente, seu sorriso desaparece como um saco de tijolos. Eu sigo seu olhar para ver Don e Rosie compartilhando um beijo de boa noite, e meu coração explode. — Oh meu Deus — eu sussurro, saltando na minha cadeira. — Isso é tão fofo.


— Não é bonito, Mare. É estranho. E corajoso, mas não no bom sentido. Eu não conheço esse cara. Pelo que sei, ele está apenas tentando roubar os cheques da previdência social de Rosie. Eu ângulo uma sobrancelha para ele. — Rosie tem uma pensão considerável ou algo assim? Ele suspira, passando a mão pelo cabelo em frustração antes de murmurar — Não. — Hmm. — Eu me inclino, batendo suavemente em sua coxa. — Você pode não conhecer Don, mas eu conheço. Portanto, você não precisa confiar nele. Você pode apenas confiar em mim. OK? Hayes luta com isso por um momento. Sinceramente, minha paciência está se esgotando. — Diga-me o que realmente está preocupando você. Ele suspira suavemente. — Estou preocupado com o que todo homem fica preocupado quando sua avó se apaixona por um homem de 90 anos. Meus olhos se estreitam nos dele. — Ele morrer? Hayes zomba. — Ele partir o coração dela. — Relaxe, babe — eu murmuro, desejando que pudéssemos pular para a parte onde todos são íntimos. — Babe? — Ele pergunta, virando-se para mim com um olhar divertido que supera o desconforto que ameaçava estabelecer uma base para sempre. Opa... Acho que é uma maneira de fazê-lo se sentir melhor. — Tudo bem? — pergunto com cautela. Talvez eu tenha ido longe demais. — Não, é ótimo. — Ele me dá um grande sorriso. — Simplesmente inesperado.


— Diz o cara que sempre me chama de pomba — respondo com um sorriso malicioso, subindo meus dedos em seu peito. Com um sorriso malicioso, ele pega minha mão, levando meus dedos à boca para mordê-los suavemente entre os dentes. Eu suspiro, puxando-os de volta e segurando aquele queixo esculpido com o qual passei décadas sonhando acordada. Seus olhos brilham ao luar, ficando mais escuros conforme ele se inclina. Quando ele fala, sua voz está envolta em veludo. — Achei que você tivesse gostado. — Quem disse que não? Nossos lábios estão um pouco separados quando a porta de trás se abre e Rosie entra com um suspiro de satisfação. Nós nos separamos com relutância, Hayes limpando a garganta enquanto abro a janela para um pouco mais de fluxo de ar. — Oh, não parem por minha causa. Nós não paramos por vocês — Rosie diz com naturalidade, humor em sua expressão inocente. Hayes

estremece,

balançando

a

cabeça

pesarosamente

enquanto liga o carro. Tenho que morder o lábio para não rir. Ou cumprimentar Rosie. Ou beijar Hayes.

Para minha sorte, há muito beijo quando Rosie vai para a cama. Pressionada contra a porta de seu quarto, o deixei fazer o que queria comigo, beijando-me profundamente, com urgência. Eu me sinto tonta, embriagada com seu cheiro e gosto. Quando suas mãos


vagam da minha cintura até minha bunda, me levantando contra sua tenda na bermuda, deixo escapar um pequeno grito de surpresa. Hayes sorri deliciosamente contra meus lábios. — Não precisa ficar quieta. — Ele se inclina para morder meu pescoço e eu suspiro, minhas costas arqueando e os seios pressionando contra seu peito. — Estamos sozinhos deste lado do apartamento. Além disso, Rosie tira seus aparelhos auditivos todas as noites. — Não é perigoso? — Eu digo baixinho, tentando me concentrar, apesar do calor derretido no meu núcleo, pressionado contra sua ereção dura como pedra. — Foi o que eu disse. E se o alarme de incêndio disparar? — Ele suspira, seus dedos deslizando sob a barra do meu macacão para brincar com minha calcinha de algodão, que já está úmida. — Não importa para ela. Ela diz que não pode dormir com eles. Meus olhos se arregalam. — Vamos parar de falar sobre Rosie. — Com isso, ele me gira e me deposita na cama com um baque suave. Minha frequência cardíaca acelera enquanto o vejo desabotoar a camisa e olhar para mim com olhos famintos. — Aposto que você tem isso como uma ciência — digo, piscando para ele. — O quê? — Ele pergunta, puxando o laço do meu macacão lentamente desfeito. — Fazendo sexo... aqui. Ele faz uma pausa, seus olhos cintilando nos meus. — Nunca trouxe mais ninguém aqui. — Mesmo? — pergunto, em partes iguais chocada e tocada. Isso não parece possível.


— Não — ele murmura, abaixando-se sobre mim para salpicar beijos suaves ao longo da minha clavícula. — Você realmente nunca trouxe uma conexão aqui antes? Uma namorada? Hayes suspira, sentando-se sobre os calcanhares e passando a mão pelo cabelo despenteado. — Ninguém além de você... e você não é uma conexão, pomba. Eu me puxo para cima até que estou no nível dele, envolvendo meus braços em volta de seu pescoço para beijá-lo com força na boca. Ele geme contra meus lábios, suas mãos se acomodando firmemente em volta da minha cintura enquanto esfrega contra mim. Quando nos separamos, ficamos ambos sem fôlego. — Você está me matando, querida — ele murmura. Ele estende a mão ao meu redor para puxar meu rabo de cavalo para baixo, permitindo que meu cabelo caia sobre meus ombros. Com seus dedos emaranhados em meu cabelo, seu beijo é mais suave agora, mais doce, como se eu fosse realmente preciosa para ele. Puxando meu macacão, ele sussurra contra meus lábios: — Agora, vamos tirar você dessa maldita coisa. Minha frequência cardíaca dispara. Meu selvagem está de volta. Nós nos beijamos e nos esfregamos no centro da cama até que eu esteja tão pronta e excitada que mal consigo respirar. — Eu sei que você tem um estoque de brinquedos em algum lugar — murmuro entre beijos. Ele encontra meus olhos com um olhar aquecido. — O que te faz dizer isso?


— Aquele brinquedo que você usou em mim... Ele sorri. — Eu só trouxe isso para casa para testar. Isso pode ser verdade, mas não desanimo: — Vamos lá, você tem uma loja para adultos. Apenas me diga. Eu encontrarei. — Eu sorrio para ele, dando-lhe um olhar atrevido. — Ali, segunda gaveta de baixo. — Ele inclina o queixo em direção à mesa de cabeceira. Apoiando-me num cotovelo, inclino-me para o lado da cama para abrir a gaveta. Há apenas duas coisas dentro — uma garrafa de lubrificante e um par de algemas forradas de feltro que parecem mais uma piada do que qualquer coisa. A etiqueta da loja ainda está colada, o que me diz que eles nunca foram colocados em uso. Pego a garrafa que está meio cheia e a seguro. — Lubrificante? Hmm. Você usa isso quando você se masturba? Ele levanta uma sobrancelha para mim. — Sim. Meu coração dá um pulo. Por alguma razão, o pensamento de Hayes com o punho em volta do pênis, acariciando-se em estocadas molhadas e espasmódicas, é um visual tão quente. Abro a tampa e despejo um pouco do óleo sem perfume na palma da mão. Quando eu o envolvo em meu punho, seu peito largo gagueja e expira. — Foda-se, Maren. — Ele é tão sexy assim, deitado ao meu lado, completamente à minha mercê. Sua voz é profunda, pouco mais que um rosnado, quando ele diz: — Mais firme. Aperto minha mão e o trabalho até que ele esteja ofegante e gemendo em sons profundos e deliciosos. Suas mãos exploram meu corpo enquanto eu continuo minha tortura pecaminosa, lentamente levando-o à beira do abismo e de volta ao limite.


Quando Hayes não aguenta mais minha doce tortura, ele se move para cima de mim. Cobrindo meu corpo com o seu, ele empurra para frente, me enchendo com um golpe poderoso. Agarrando-o com força, faço uma prece silenciosa para que nunca acabe a sorte que encontrei para conquistá-lo. Estou caindo duro e rápido, e não consigo me imaginar voltando a ser apenas amiga deste homem incrível.


Capítulo 19 Hayes As

coisas

têm

estado

bem

ultimamente.

Muito

bem,

praticamente. Isso está me deixando desconfiado. Agitado. Como se a qualquer momento, tudo poderia desmoronar, simplesmente assim. Talvez seja por isso que estou tão nervoso atualmente. Sempre me vejo estremecendo quando alguém abre uma porta muito rápido ou quando Wolfie chama meu nome do outro lado da sala. Mesmo quando não estou com Maren, não consigo relaxar. Está realmente começando a bagunçar minha cabeça. Não me entenda mal — Maren é incrível. Minha pombinha é tão potente quanto nunca. Sou eu que não consigo parar de agir como uma criança que tem medo de ir para a cama sem as luzes acesas. É por isso que decidi fugir, apenas por esta noite. Arrumei uma mala para a noite esta manhã e avisei Rosie que estava indo verificar a cabana. Ao pôr do sol, serei eu, um pacote de seis e uma fogueira à beira do lago na cabana. Espero que algum tempo sozinho ajude a limpar minha cabeça. A jornada de trabalho passa como qualquer outra. Ever e Caleb conversam com alguns clientes enquanto Wolfie e eu examinamos a nova linha de produtos na parte de trás. Ele finalmente abandonou todo o ato de — como você testou a nova merda —


graças a Deus. Não sei por quanto tempo mais eu poderia insistir que não estava transando com minha avó, sem ficar fisicamente doente. Você pensaria que eu poderia ter inventado algum tipo de mentira branca ou algo para encobrir meus rastros, mas na minha experiência, qualquer tipo de engano, mesmo algo que pareça pequeno, voltará para morder sua bunda no final. E já estou em apuros com a situação de Maren e Wolfie, não quero complicar ainda mais as coisas colocando uma conexão falsa e imaginária na mistura. — Ei, cara, você está bem? — Wolfie pergunta quando me pega olhando o relógio pela décima segunda vez hoje. — O quê, eu? Sim, não, estou bem, tudo bem aqui, mano — gaguejo de volta. Suave. Wolfie me lança um olhar de desaprovação, mas dá de ombros e não pressiona mais. Ainda assim, tenho que dizer algo. Eu não posso simplesmente deixar tudo ficar estranho assim. — Quer dizer, só estou ansioso para sair daqui hoje, sabe? Não que eu não ame esse trabalho. Realmente ansioso por algum tempo, você me entende? Wolfie balança a cabeça e ri secamente. — Um tempo. Claro, cara, o que quer que faça seu barco flutuar. Lembre-se de que você já colheu as amostras de seus produtos para este trimestre. Nós rastreamos essa merda, você sabe. Foda-se. Agora Wolfie pensa que sou um pervertido de grau A. Tanto faz. Melhor do que saber a verdade, eu acho. — Há, ha. Muito engraçado.


— Não, mas sério, cara, se você precisa de uma pausa, você deveria ter dito algo. Por que você não sai mais cedo? Eu fico olhando para ele sem acreditar. É este o Wolfie que começou esta empresa comigo? O mesmo Wolfie que criou a programação que me dá cerca de três dias de folga por ano? Então eu olho para o relógio. Quatro e quarenta e cinco. Tudo bem, isso faz mais sentido. Eu bato a mão em suas costas. — Obrigado, cara. Agradeço a sua compreensão. Ele balança a cabeça e continua digitando, apenas registrando pela metade minha gratidão. Mas por mim tudo bem. De qualquer maneira, estou um passo mais perto da hora do lago e da fogueira. Passei o trajeto até a casa do lago repassando todos os cenários possíveis do que poderia acontecer com Maren na minha cabeça. Historicamente, não sou o tipo de cara com o melhor histórico. As coisas simplesmente não funcionam bem para mim. Inferno, foi por isso que rejeitei as mulheres em primeiro lugar. E não posso deixar de me preocupar que a mesma coisa aconteça com Maren, não importa o quão bom e certo as coisas pareçam agora. Esse rompimento épico com Samantha jogando minhas merdas pela janela não é um cenário que quero repetir, e eu não poderia viver comigo mesmo se Maren um dia me odiasse. Porque não é como se os relacionamentos nunca começassem obviamente ruins. Ok, talvez eu tenha alguns começando assim. Mas na maior parte, eu salto para as coisas porque elas parecem perfeitas na superfície. Só quando começamos a nadar mais fundo é que noto toda a escuridão e rochas afiadas esperando lá embaixo.


Mas Maren tem que ser diferente, certo? Ela não é apenas uma garota que conheci num bar, ou inferno, até mesmo uma garota que peguei direto de algum aplicativo. Ela é Maren. Irmã de Wolfie. Nós nos conhecemos desde sempre. Isso tem que significar alguma coisa. O que não sei dizer é se isso significa algo bom ou algo muito, muito ruim. De qualquer forma, tenho medo do fracasso e preciso colocar minha cabeça no lugar. No momento em que paro na longa estrada de cascalho, eu me peguei numa enorme bola de ansiedade. Perfeito. O exato oposto do que eu precisava. Pego minha bolsa e o pacote de seis unidades do porta-malas e, quando acendo as luzes no saguão, todas as memórias da última vez que estive aqui voltam à minha mente. Maren e eu estávamos apenas começando. Mãos se escovando, olhos se encontrando. A tensão sexual era tão densa entre nós, você poderia ter dado uma mordida nela. Não que nada disso tenha mudado nas últimas semanas. A primeira cerveja desce mais rápido e mais fácil do que eu esperava, e a segunda está logo atrás. Faço uma pequena fogueira na cova perto do lago enquanto o sol começa a se pôr no horizonte. Seu calor e luz bastam para atravessar a brisa fresca da noite. A água bate na costa, e estou prestes a pegar a cerveja número três em meu refrigerador quando ouço o som de pneus no cascalho. Que diabos? Eu não disse a ninguém para me encontrar aqui. E, a menos que um dos rapazes também decida dar uma escapadela de última hora, algo me diz que estou prestes a ter uma companhia indesejável.


— Olá? — Eu me levanto e grito. O carro estaciona atrás do meu e apaga as luzes. Depois de alguns momentos, a porta do lado do motorista se abre e um par de pernas longas e bronzeadas salta para fora. — Achei que você gostaria de um pouco de companhia. É Maren, vestida com um short jeans cortado e um top rendado, parecendo mais doce do que qualquer fantasia que eu poderia ter sonhado. — Jesus, pomba — respiro, meio aliviado e meio excitado. — Algum aviso seria bom. Ela estica o lábio inferior num beicinho. — Você não está feliz em me ver? A puxo para perto, então o doce perfume de sua pele se mistura com o calor esfumaçado da fogueira. Não percebi que estava sozinho até o momento em que ela chegou. Ela está certa. É bom ter companhia. Especialmente quando essa companhia é minha pessoa favorita no momento. Com minhas mãos em sua cintura, me inclino e a beijo. Toda aquela preocupação, todo aquele medo se transforma em urgência entre nós. Ela envolve seus braços em volta do meu pescoço e o vento levanta as pontas de seus cabelos. Estou perdido nela, perdido neste momento, e quando nos separamos, não poderia dizer por que estava tão preocupado antes. Ela descansa sua testa contra a minha e eu solto um suspiro. — Ei, você está bem? — Ela pergunta, colocando a palma da mão suavemente na minha bochecha. O gesto é tão suave, tão terno, que me leva de volta àquela noite na casa do lago na minha cama. Quando ela me pegou de surpresa ao me beijar.


Eu aceno e respiro fundo. — Como você sabia que eu estava aqui? — Rosie me contou. Passei na sua casa depois do trabalho para dizer oi e fiquei surpresa ao encontrá-la sozinha. — Sim. Eu precisava de algum tempo... longe. — De mim? — Maren pergunta, sua voz baixa e tímida. — Não, pomba. De tudo mais. Da cidade. De seu irmão. Os caras do trabalho. Tudo está começando a parecer demais. Ela olha para os nossos pés. — Você está dizendo que isso é demais? Somos demais? Seguro suas mãos nas minhas e procuro seus olhos. Parte meu coração ouvi-la dizer essas palavras. — Pomba, quero você tão desesperadamente que mal posso conter isso. É a situação que está começando a me deixar louco. Você me observou todos esses anos, então você sabe — eu não sou bom nisso. As coisas simplesmente não funcionam para mim. Eu errei, machuquei pessoas e a última coisa que quero fazer é machucar você. Não sei se conseguiria viver comigo mesmo. — Eu te disse, eu sou uma garota crescida. Eu posso cuidar de mim mesma. — Eu sei disso. Mas não consigo afastar o sentimento ruim de que isso não acabará bem. — Você nunca foi um mau namorado, Hayes — diz ela, pensativa. — O que você quer dizer? Seus olhos encontram os meus com um olhar sincero. — Você simplesmente não estava com a pessoa certa.


Eu deixo suas palavras afundarem, e levo um minuto para perceber que ela está certa. Talvez Maren seja a pessoa com quem devo estar. Ninguém mais. Essa é a razão pela qual não pude fazer um relacionamento durar. O grande peso que se instalou dentro do meu peito diminui um pouco com essa percepção. Maren embala meu rosto em sua mão, sua testa pressionando a minha. Ela não responde, mas posso sentir a preocupação traçando linhas em sua pele. Nós nos abraçamos assim por um tempo antes de apagar o fogo e entrar. Não sei para onde iremos a partir daqui, mas sei de uma coisa, por esta noite, estou feliz por estarmos juntos.


Capítulo 20 Maren A boate está vibrando com vida, cheia de parede a parede com corpos cobertos de purpurina, batidas de graves pulsantes e luzes estroboscópicas. O cheiro de suor paira no ar e estou começando a questionar por que concordei em vir esta noite. Scarlett não solta minha mão enquanto me arrasta por cada cômodo, cumprindo sua promessa de não me deixar sozinha aqui. Não é a primeira vez que vou a uma boate, mas definitivamente não é o tipo de cena que frequento com tanta frequência como ela. Scarlett move-se sem problemas através da multidão de dançarinos de vinte e poucos anos, apenas parando para tocar o cotovelo de uma mulher usando o mesmo vestido de lantejoulas e cumprimentando-a. Meu visual mal dá para uma roupa de clube adequada — um vestido preto na altura do joelho com bordas rendadas. Ainda bem que Scarlett deu uma olhada no meu tênis cinza e ordenou que eu voltasse para dentro do meu apartamento para encontrar qualquer coisa “com um pouco mais de sexo”. As botas de plataforma preto e branco foram uma compra por impulso depois de uma semana particularmente difícil no trabalho, mas agora estou feliz por ter a chance de usá-las. Depois de passarmos pelo que parece ser a vigésima sala nebulosa e suada, vejo Hayes e os outros caras parados numa


mesa alta com bebidas nas mãos. Scarlett grita acima da música, e todas as cabeças se viram para nos ver nos aproximando. Ela me abandona por apenas um momento para pegar algumas doses no bar, tendo me entregado com sucesso ao nosso grupo de amigos. Bem, grupo de amigos, mais aquele que eu não tenho certeza de como categorizar. Hayes parece muito quente em seus jeans escuros e uma camiseta preta simples, mas quando ele não fica incrível? Ladeado por Caleb, Connor e meu irmão, Wolfie, Hayes não pode fazer muito mais do que me lançar um olhar lascivo, apreciando minha roupa com seus olhos. Estou debatendo em caminhar até ele e beijá-lo bem na frente de todos, segredos que se dane, quando sou atacada pelo lado. — Desculpa! Não queria te assustar! — Penelope ri em meu ouvido. Estou um pouco chocada, mas então me lembro que ela se formou na faculdade e voltou para Chicago para sempre. Ela está obviamente aproveitando ao máximo, duas cerveja presas entre o polegar e o indicador, e um pouco de bebida misturada espumante apertada em sua outra mão. — Eu não sabia que você estava vindo. — Wolfie me convidou. Wolfie fez o que agora? — Você está ótima — eu disse, e ela realmente está. O cabelo de Penelope está preso num topete bonito, e seu adorável vestido rosa deslizante está abraçando seu corpo de todas as maneiras certas. Ela abre a boca para retribuir o elogio, mas Scarlett esbarra entre nós.


— Pegue uma dose — minha amiga pede, empurrando um pouco de álcool desconhecido em meus lábios. Tomando a rápida decisão de que esta será minha terceira e última dose esta noite, eu jogo de volta, encolhendo-me com o sabor. Claro que é tequila. Que nojo. — Linda garota! — ela grita. — Vamos dançar! Scarlett me puxa para a pista de dança, mandando um beijo para Penelope, que promete que nos alcançará. Ela entrega as cervejas para Connor e Caleb, que imediatamente começam a beber, sua veia competitiva ainda forte. Eu só consigo ter um breve vislumbre de Penelope, aninhando-se muito perto do meu irmão estoico como sempre, antes que minha visão seja bloqueada completamente. Scarlett me gira, ajudando-me a encontrar o ritmo com as mãos apoiadas levemente em meus ombros. Juntas, balançamos nossos quadris com a batida, perdendo-nos com a música que bombeia nos alto-falantes. Scarlett dança com total abandono, beirando a tolice, o que eu sei que ela só faz para me deixar mais confortável. Você não precisa ser bom em dançar para se divertir no clube. E Deus sabe que não sou muito dançarina... a última vez que pus os pés numa pista de dança foi com Hayes, e não era exatamente o tipo de música que você tocava e gritava. Com Hayes em minha mente, olho para trás e vejo Caleb e Connor conversando com algumas garotas bonitas que eu não reconheço, e Wolfie e Penelope absortos numa conversa profunda. Hayes está sozinho, apoiando os cotovelos na mesa enquanto toma um gole lento de sua bebida, que eu aposto cem dólares que é


Bourbon com gelo. Mesmo com a multidão, seus olhos estão treinados em mim — em meus quadris — enquanto eu danço. A música muda para algo mais lento, mais intenso, e o álcool na minha corrente sanguínea me torna mais corajosa. Balançando de um lado para o outro, eu corro minhas mãos sobre minhas coxas e cintura provocativamente. Gosto de dançar para Hayes e ele certamente aprecia o show. Ele sorri, projetando o queixo em direção à parede oposta, onde vejo um sinal de néon brilhante para os banheiros. Outra rapidinha secreta? Concordo. Eu me viro para encontrar Scarlett dançando com um círculo de estranhos, a pintura corporal neon dando a eles um brilho etéreo. Inclino-me, gritando por cima da música: — Já volto. — Aonde você vai? — O banheiro. — Ok, eu vou com você. Ugh, eu não pensei sobre o código do clube. Sempre leve um amigo com você ao banheiro. — Tudo bem — eu digo, sabendo que meu protesto cairá em ouvidos surdos. — Vamos lá. — Ela acena para seus novos amigos, porque quem sabe se eles se cruzarão novamente depois desta noite. Relutantemente, a sigo pela pista de dança e em direção aos banheiros. Quando posso me ouvir pensando novamente, agarro sua mão e puxo-a suavemente em direção à parede. Seus olhos estão confusos, mas ela espera que eu fale.


— Eu não preciso usar o banheiro — digo, nervosamente cruzando os braços sobre o peito. Agora é a hora certa para contar a ela? Eu nem sei se Hayes e eu somos... bem, algo ainda. — E aí? Você não quer mais dançar? — Ela esfrega meu braço protetoramente, a preocupação se espalhando por suas feições. Scarlett é realmente uma boa amiga. Ela não merece uma mentira, mesmo que não aprove os hábitos de namoro de Hayes. — Não exatamente — digo, tomando uma respiração instável. — Ia encontrar Hayes. — Hayes? — ela pergunta, franzindo a testa. De repente, a compreensão surge em seu rosto. — Oh merda, você e Hayes são uma coisa? Eu aceno, meus olhos ardendo de emoção. E se ela estiver magoada porque menti? E se eu apenas estraguei a noite? Eu limpo uma única lágrima da minha bochecha, amaldiçoando a tequila por sempre me deixar tão emocional. Mas Scarlett não parece magoada ou zangada. Em vez disso, ela alisa meu cabelo e me envolve em seus braços, me apertando com força. — Amanhã, quando fizermos o brunch de ressaca, você terá muito o que explicar. Por enquanto, vá se divertir. Eu te amo! Ela pontua suas palavras com um beijo forte na minha bochecha, e toda a tensão que eu carregava desaparece como uma armadura que eu não preciso mais. — Obrigada. Eu também te amo. — Oops, tenho batom em você. — Ela ri, lambendo o polegar e esfregando-o. — Vá buscá-lo, garota. Encontrarei Penelope e realmente a levarei para a pista de dança comigo desta vez. — Com isso, Scarlett gira sobre os saltos e volta para a mesa, onde tenho


certeza que ela dará uma bronca em Wolfie por monopolizar nossa nova amiga favorita. Eu aliso minhas rugas no vestido e passo pelas mesas dos frequentadores do clube bêbados, todo o caminho até os fundos, onde encontro Hayes, encostado na parede com uma expressão interrogativa no rosto. Quando estou perto, ele estende a mão para mim, colocando uma mecha de cabelo solta atrás da minha orelha, sua mão demorando em segurar minha bochecha. — Você está bem? Achei que você tivesse se perdido. — Eu estou bem. — Mesmo? — Mesmo. — Bom — diz ele, inclinando-se para me beijar com firmeza nos lábios. Ele tem gosto de Bourbon. Cem dólares imaginários para mim. O beijo se torna ardente quando eu abro minha boca, deixando sua língua explorar a minha com a mesma curiosidade da primeira vez que nos beijamos. Sua mão se aventura do lado do meu rosto até a minha orelha, sensualmente traçando a sua forma antes de deslizar para trás do meu pescoço, aprofundando o beijo. Eu me pressiono intimamente contra ele, sentindo-o vibrar ao meu toque, seu outro braço envolvendo firmemente minhas costas. Meus pés estão quase pairando no chão quando ele interrompe o beijo para perguntar: — Você quer sair daqui? — Definitivamente? — Não se você quiser voltar.


— Ok — sussurro, capturando sua boca perfeita em outro beijo ardente. Eu beijaria este homem 24 horas por dia, 7 dias por semana, se pudesse. Eventualmente, nós nos separamos um do outro o tempo suficiente para encontrar a saída para o beco, caminhando de mãos dadas em direção à rua mais silenciosa e cruzando a rua cheia árvores, cafés e lojas de bebidas. Eu me encosto na parede de tijolos, convidando Hayes a se juntar a mim com um sorriso tímido e um dedo acenando. Ficamos enredados em momentos, uma confusão de bocas famintas e mãos gananciosas, empurrando e puxando com a familiaridade de amantes de longa data. Quando meus dedos pressionam sobre a protuberância firme na frente de sua calça jeans, ele pega minha mão na sua, uma risada ofegante aquecendo meu pescoço, onde seus beijos pararam. — O que há de errado? — pergunto, levantando uma perna para envolver a dele, puxando seus quadris para mais perto. Ele solta minha mão, apoiando-se no tijolo frio, e encosta sua testa na minha. — Não aqui, pomba. — Por que não? — Pergunto, movendo contra ele com um sorriso. — Vamos, Mare... — Não, me diga por que — exijo, puxando meus quadris para trás. — Eu sei que você se divertiu com outras garotas em lugares como este, então não é uma coisa de princípios. O que é isso? — Talvez eu não esteja mais tentando preencher algum vazio dentro de mim.


Eu zombo, mais confusa do que chateada. — O que isso significa? Ele suspira, sua voz baixa e dolorida. — Eu só estava com aquelas outras garotas porque sabia que nunca poderia ter você, Maren. Mas nunca funcionou, porque elas não eram você. E agora... bem, as coisas estão mudando para mim. Para nós. Nunca me senti assim antes. O ar entre nós é frágil, como se pudesse pegar fogo ou estilhaçar como vidro a qualquer segundo. Eu gentilmente pressiono minhas mãos contra seu peito até que possamos nos olhar nos olhos. Com o coração na garganta, faço a pergunta que está pairando no ar entre nós desde aquela noite na casa do lago. — Você sente algo por mim, Hayes? Seus olhos estão tempestuosos sob a luz da rua, sua luminosidade normal escurecida com a agitação interna. Ele não desvia o olhar, entretanto, ou aperta seus dentes, ou recorre a qualquer uma de suas outras técnicas de evasão. Ele apenas olha para mim. Por muito tempo. — Hayes? — Tenho medo de que se eu disser, seu irmão me matará. — Scarlett sabe, e ela não se importa. Wolfie também não. — Você não sabe disso. — Sim, eu sei — eu digo, agarrando seu ombro com força. Suas mãos caem da parede, seus braços pendurados frouxamente ao lado do corpo, em vez de ao meu redor, onde deveriam estar. — Basta dizer.


Hayes baixa o olhar para o cimento e eu sei de repente que o forcei demais. Agora ele me deixará de fora de novo, fechar a porta definitivamente para essa coisa linda que descobrimos. Mas mesmo que isso me esmague, preciso ouvir a verdade. Com o coração entorpecido, o liberto, dando um passo cambaleante para longe. Antes que eu possa dar outro passo, porém, sou puxada de volta, girada e capturada entre dois braços fortes. Hayes enterra o rosto no meu pescoço e sussurra: — Eu te amo. Meu coração acende como um foguete. O beijo com força, segurando seu cabelo entre meus dedos como se fosse minha única corda no chão, ou então eu voaria para o céu. Quando olho em seus olhos desta vez, não vejo uma tempestade. Eu só vejo o futuro. — Eu também te amo, Hayes Ellison.


Capítulo 21 Hayes Meu telefone toca, interrompendo a música que eu estava tocando no meio do refrão. O nome de Wolfie pisca na tela. Ele provavelmente quer falar sobre a programação da loja ou a nova linha de produtos. Eu pressiono ACEITAR e coloco o telefone entre minha orelha e meu ombro. — Wolf, o que foi, cara? — Ei — ele grunhe, e então há silêncio na linha. Deixei Wolfie me ligar e não dizer imediatamente por que está ligando. Eu solto uma respiração lenta e procuro paciência. — Você ainda está aí? Largo os pratos que estou enxugando e ouço os sons. A linha estala e ouço Wolfie limpar a garganta. — Então, você e Maren, hein? Porra. Porra, porra. Um grande peso afunda na boca do meu estômago. Não é assim que eu queria que essa conversa fosse. — Ela falou com você? Ele grunhe. Eu acho que isso significa que sim. — Escute, Wolfie, pedi a ela que não fizesse isso. Não é assim que eu queria que você descobrisse. Eu queria ser o único a te contar. — Que porra é essa, Hayes? Achei que pudesse confiar em você.


Outro soco no estômago. Isso está pior do que eu pensava. — Eu sei. Sinto muito, cara. Eu deveria ter falado com você sobre isso antes. — Não me diga. Que porra é essa? Você precisa começar a falar e precisa começar a falar agora. O que diabos está acontecendo bem debaixo do meu nariz? Eu suspiro e passo minhas mãos rudemente pelo meu rosto. Ótimo. Se Wolfie quer a verdade, então é a verdade que ele obterá. — Tudo bem, certo. Honestamente? Eu sou um maldito kamikaze, cara. — Você é o quê? — Um kamikaze. Um homem-bomba suicida. Todos aqueles relacionamentos em que entrei e destruí no passado? Eu sabotei cada um deles. Ele faz uma pausa. — OK... — Porque elas não eram Maren. Estou apaixonado por ela há anos. Eu estava com muito medo e muito cego para fazer qualquer coisa a respeito. Eu amo sua irmã, cara. E ela me ama também. Espero que você possa aceitar isso. Silêncio novamente. Quase posso ouvir meu coração batendo forte no peito. Finalmente, Wolfie ri. — Então você deveria estar com ela. Trate-a como uma rainha. O alívio inunda meu corpo. Cada medo, cada preocupação, cada estresse ao qual estive segurando nas últimas semanas se foi num piscar de olhos. Temos a bênção de Wolfie. Podemos ficar juntos, de verdade, o tempo todo agora. — Eu prometo que vou. Obrigado, Wolfie.


Ele desliga com um clique e eu deixo o telefone cair no balcão. Só resta uma coisa em minha mente. Eu tenho que ir contar a Maren.

No final da tarde, estou sentado num café, minha mão entrelaçada com a de Maren, a outra descansando em seu joelho. Estamos do outro lado da mesa com Rosie e Don, que está começando a crescer em mim — mesmo que ainda faça minha pele arrepiar ver seu braço em volta dos ombros da minha avó. Rosie não parou de sorrir desde que contamos a novidade. Honestamente, nem nós. Ter a bênção de Wolfie significa que podemos parar de nos esgueirar e ser um casal ao ar livre, algo que acho que não percebi que minha avó estava torcendo tanto. Inferno, acho que ela estava prestes a contar a Wolfie ela mesma se um de nós não fizesse isso logo. — Bem, nós quatro não somos uma bela visão — Rosie diz, um largo sorriso enrugando os cantos de seus olhos. Don esfrega seu ombro e lhe dá um beijo na bochecha. Se eu não estivesse tão feliz com a bênção de Wolfie, esse é exatamente o tipo de coisa que teria me incomodado. Maren passa o polegar pelos meus dedos e me dá um olhar tranquilizador. Ela me conhece tão bem. Muito bem, quase. Isso é o que nos torna uma grande equipe.


— Sabe, Rosie, não estaríamos aqui sem você — diz Maren, balançando a cabeça com gratidão. — Mesmo. Obrigada por acreditar em nós, mesmo quando não acreditávamos. — Essa é minha Rosie — Don diz, sorrindo para minha avó. — Ela é uma luz. Maren aperta meus dedos. Eu sei o que ela está tentando me dizer. Nem pense nisso. Eles são adoráveis. Deixe Rosie ser feliz. — Eu sabia que vocês descobririam — Rosie diz com um aceno. — Sua intromissão diz o contrário — eu digo, meio baixinho, e Maren dá um tapa no meu braço. Rosie ri. — Vocês dois só precisavam de um pouco de encorajamento, só isso. A conexão entre vocês era fácil de ver. Para o olho treinado, claro. Maren e eu trocamos um olhar. Ela sorri e meu coração aperta. Deus, eu amo essa garota. — Isso aí, esse olhar entre vocês. É precioso. Segurem-se nisso — diz Don. Rosie concorda. — Vocês precisarão. Junto com gentileza e respeito. Sem eles o relacionamento sofrerá. Maren sorri. — Algum outro conselho de sua experiência? Rosie franze a boca numa linha tensa por um momento enquanto pensa. Em seguida, ele se desdobra num sorriso suave quando ela coloca a mão no joelho de Don. — Todas aquelas coisas sobre como você nunca deveria ir para a cama com raiva? Besteira. Às vezes, não há problema em dormir e tentar novamente pela manhã. Meus ouvidos se animam. Eu esperava um chavão genérico. Isso é genuíno, vindo de alguém que realmente deseja nos ajudar.


Maren e eu voltamos nossa atenção para Don, que atualmente está olhando para Rosie com a maior admiração que já vi uma pessoa dar a outra. — Sempre coloque as necessidades da outra pessoa em primeiro lugar — diz ele, olhando seriamente nos olhos de Rosie. — Mesmo quando é difícil. Mesmo quando é desconfortável. Mesmo quando

você

acha

que

suas

necessidades

são

realmente

importantes. Amor é sacrifício, e suas ações devem refletir isso. Uau. Uma resposta realmente impressionante de Don. Acho que preciso dar a esse cara mais chance do que pensei. Rosie se inclina e dá um pequeno beijo em sua bochecha, e Maren descansa a cabeça em meu ombro. Este não é o tipo de unidade familiar que eu já imaginei para mim, apenas eu, minha namorada, minha avó e o namorado da minha avó. Mas agora, neste momento, nós quatro nos sentimos como uma família. Claro, minha família é mais do que isso. Também são os caras com quem trabalho — Wolfie, Caleb, Connor e Ever. Eles são minha família escolhida, as pessoas que escolho ter por perto. E Maren, bem, ela é a garota que escolhi há muito tempo. Não consigo acreditar como sou sortudo por tê-la agora. E de jeito nenhum a deixarei ir.


Epílogo Maren — Eu precisarei de uma pausa depois disso — Caleb resmunga. Uma penteadeira muito velha e muito pesada é içada ao acaso sobre seu ombro enquanto ele segue o exemplo de Wolfie escada acima. Tento ficar fora do caminho, apenas saltando para ter certeza de não causar nenhum dano à antiguidade, ou ao papel de parede de Riverside no caminho para o novo apartamento de Rosie. Rosie organizou tudo muito bem em preparação para a mudança, até se oferecendo para contratar uma equipe. Mas, para sua sorte, já temos alguns jovens corpulentos à nossa disposição, os donos da Frisky Business ansiosos para tirar um dia de folga da loja para fazer um pouco de trabalho manual. Bem, o mais provável foi o suborno de pizza quente e cerveja gelada no final de um longo dia que os seduziu. Enquanto Wolfie e Caleb descarregam a penteadeira e recuperam o fôlego, coloco as minhas cervejas na geladeira vazia e desço as escadas em direção ao caminhão. Scarlett está no quarto, passando as caixas para Penelope enquanto Connor joga uma sacola atrás da outra por cima do ombro. O

apartamento

está

totalmente

mobiliado,

então

foi

relativamente fácil arrumar a vida de Rosie em questão de dias, colocando uma miscelânea de itens restantes à venda online. Don


também insistiu que ela não precisava trazer nenhum utensílio de cozinha, garantindo-nos que ele tinha o suficiente para os dois. Isso mesmo — Rosie está prestes a morar com o namorado. Hayes está fazendo a transição muito bem, tendo percorrido um longo caminho desde sua primeira apresentação a Don. Há apenas alguns meses Rosie nos sentou para outra conversa na hora do chá com infusão de uísque e nos contou suas notícias emocionantes. — Don e eu gostaríamos de dar o próximo passo em nosso relacionamento, como vocês, crianças, gostam de dizer. Você cuidou da sua avó o tempo todo, meu querido. Estou muito grata a você. — Ela então se esticou sobre a mesa para pegar nossas mãos nas dela, apertando-as suavemente. — Vocês dois. — Você não acha que isso é um pouco rápido? — Hayes perguntou, preocupação genuína em sua voz. — Você só conhece Don pelo quê? Nem mesmo um ano? — A vida é curta. — Rosie suspirou, mas sua expressão era alegre. — Não quero perder mais tempo me preocupando com a maneira correta de fazer isso ou aquilo. Don e eu nos amamos muito. Nós merecemos ser felizes. Desde então, Hayes tem se esforçado ativamente para passar mais tempo com Don, liberando-o da casa de repouso para levá-lo a jogos de beisebol e levá-lo à loja. Estou orgulhosa dele e, honestamente, com um pouco de ciúme de sua amizade. Rosie, eu poderia lidar. Mas lutar contra Don pela atenção de Hayes? Isso me trouxe uma onda inesperada de desconforto. Mas eu sabia que essa seria uma boa jogada... Para todos nós.


A risada profunda de Rosie me traz de volta ao presente, e me viro para encontrar os três se aproximando, finalmente terminando de assinar a papelada restante. Parece-me que Rosie e Don estão de mãos dadas desde o momento em que se conheceram. O resto do dia passa rapidamente, uma enxurrada de reorganizações de móveis e pedidos de pizza. Depois de encerrarmos a noite, me afasto da conversa agitada e vou para a varanda do apartamento para ligar para nosso pedido. Lá, encontro Hayes encostado na grade, seus olhos focados na tapeçaria laranja e roxa do sol poente. — Ei — eu digo suavemente, inclinando minha cabeça em seu ombro. — Ei. — Ele envolve um braço em volta de mim, puxando-me contra seu calor. Não há nada melhor do que aconchegar-se ao lado de sua pessoa favorita após um longo dia como hoje. — Como vai você? — Pergunto, olhando para ele através dos meus cílios. Eu não consigo ler sua expressão. Para ser honesta, é diferente

de

tudo

que

vi.

Pensativo,

definitivamente.

Esperançoso também? — Estou bem — ele murmura, seus olhos marcantes deixando o pôr do sol para encontrar os meus, de alguma forma carregando aquele calor residual com eles. — Sim? — Sim. — Alguma coisa em sua mente? — pergunto, sabendo que Hayes sempre precisa de um empurrãozinho, aquele gesto extra de permissão para avisá-lo, você pode me dizer qualquer coisa.


— Bem... — Ele suspira, pressionando seus lábios na minha testa. — Achei que teria mais tempo com ela. Não sei se me sinto pior por mantê-la trancada no apartamento por tanto tempo, ou por não passar muito tempo juntos, só nós dois. — Hayes, você é o melhor neto que alguém poderia pedir. Rosie te ama muito. — Quando ele não responde, eu continuo. — Não é como se ela estivesse longe. Podemos visitá-la a qualquer hora. — Você está certa. Eu sei disso. — Ele ri, acariciando meu cabelo com o nariz, e eu me aninho nele, saboreando seu perfume masculino. — Está tudo acontecendo muito rápido, hein? — Diz o cara que vai morar com minha irmã. Nós nos viramos, surpresos ao encontrar Wolfie encostado no batente da porta, com os braços cruzados sobre o peito. Nós dois o conhecemos bem o suficiente para reconhecer quando sua carranca é do tipo — te darei uma surra — ou do tipo estou apenas dando uma bronca em você. Felizmente, desta vez é o último. — Você já pediu aquela pizza? — Ele pergunta, acenando com a cabeça em direção ao celular esquecido na minha mão. Eu respiro fundo entre os dentes, percebendo que abandonei completamente minha missão. Estar perto de Hayes faz isso comigo. Sempre foi e sempre será. — Desculpe — murmuro, saindo dos braços de Hayes para terminar o que comecei. — Não se preocupe. Eu cuido disso — Wolfie diz, pegando seu próprio telefone. — Você não precisa...


Mas o telefone já está pressionado em seu ouvido enquanto ele caminha de volta para se juntar aos outros. É menos frieza e mais uma decisão de nos deixar viver nossas vidas em paz. Eu olho para Hayes com uma expressão desesperada, e ele simplesmente sorri para mim. — Quer sair depois da pizza? — Ele pergunta, puxando minhas mãos geladas entre as suas e soprando seu hálito quente sobre elas. — Ir para casa? Casa. Meu coração canta. — E desempacotar mais caixas? Eu não sei — digo com um suspiro. Sim, Hayes e eu já moramos juntos, nem faz um ano desde que trocamos eu te amo. Não, não estou preocupada. —

Eu

conheço

uma

caixa

específica

que

podemos

desempacotar — ele murmura, uma sobrancelha levantando sugestivamente. Eu sei exatamente a qual caixa ele está se referindo. A pequena coleção

indecente

de

prazeres

carregados

de

bateria

que

acumulamos no ano passado. Não tivemos a chance de jogar desde que os embalamos e os transportamos de um apartamento para outro. Um arrepio percorre minha espinha, mas não de frio... oh, eu estou muito quente agora. Nossos lábios se tocam, tão suaves e ternos que fico tentada a pegar sua mão e levá-lo de volta ao carro, onde podemos fazer mais do que apenas falar sobre sexo. — Oh sim? Essa caixa? Hayes me puxa um pouco mais perto. — Mmm. Eu estava pensando em guardá-la na mesa de cabeceira. Fácil acesso.


— Provavelmente deveríamos deixar um ou dois na cozinha. E na sala de estar. E o banheiro. E o carro. Ambos os carros. Você sabe, apenas no caso. — Dou a ele uma piscadela sedutora. Uma risada rica e contente ressoa de dentro dele, envolvendome no amor. — O que você quiser, pomba. O que você quiser. E eu sei que ele fala sério. Hayes me daria tudo o que eu quisesse — o mundo inteiro, se pudesse. É um sentimento reconfortante e pelo qual sou incrivelmente grata.

Fim


Próximo livro My Brother's Roommate

Existem algumas coisas que você deve saber sobre o colega de quarto do meu irmão. Wolfie Cox é... complicado. Extremamente sexy e, mais importante, ele tem uma vara impressionante alojada tão profundamente

em

sua

bunda

que

está

tão

disponível

emocionalmente quanto uma chinchila. Na verdade, isso pode ser um insulto à comunidade chinchila. Então, naturalmente, quero andar com ele como uma bicicleta. Ele acha que eu o odeio. Principalmente porque eu o fiz acreditar nisso. É mais fácil do que admitir a alternativa. E enquanto Wolfie é tão macio e fofinho quanto um garfo, eu sou o oposto. Uma boa menina. De confiança. Consciente. Ah, e completamente em pânico com a próxima conferência de trabalho. Wolfie geralmente é alérgico ao altruísmo, então, quando meu irmão diz para ele me ajudar, me acompanhando até a referida conferência, onde todos terão um acompanhante... Eu digo obrigado, mas não, obrigado. Surpreendentemente, Wolfie é


inflexível sobre isso. E essa é a história de como fiquei preso em um hotel com o colega de quarto quente (rabugento) do meu irmão. Obrigado por ter vindo para minha palestra TED. Com toda a seriedade, isso não é um jogo para mim, e hormônios à parte, preciso impressionar meu chefe esta semana para que a promoção pela qual trabalhei duro não seja entregue a seu sobrinho covarde. Mas com Wolfie e eu dividindo uma cama de hotel, as coisas ficam confusas rapidamente.



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