Tessa Bailey - Fix her up

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Capítulo Um Capítulo Dois Capítulo Três Capítulo Quatro Capítulo Cinco Capítulo Seis Capítulo Sete Capítulo Oito Capítulo Nove Capítulo Dez Capítulo Onze Capítulo Doze Capítulo Treze Capítulo Quatorze Capítulo Quinze Capítulo Dezesseis Capítulo Dezessete Capítulo Dezoito Capítulo Dezenove Capítulo Vinte Capítulo Vinte e Um Capítulo Vinte e Dois Capítulo Vinte e Três Capítulo Vinte e Quatro Capítulo Vinte e Cinco Capítulo Vinte e Seis Capítulo Vinte e Sete Capítulo Vinte e Oito Capítulo Vinte e Nove

Tabela de Conteú dos



Capítul o Um

De

jeito

nenhum. Georgette Castle colocou a chave roubada em seu bolso, estremecendo com o rangido enquanto abria a porta do apartamento. Latas de cerveja vazias rolavam pelo chã o enquanto ela empurrava a porta, ao mesmo tempo em que o fedor de homem sem banho a alcançava e a sufocava. Seu irmã o mais velho tentou avisá -la. Ela deu ouvidos? Nã o. Alguma vez ela já deu ouvidos? De initivament

e nã o. Desta vez, poré m, Georgie tinha certeza de que Stephen estava enganado. Nã o parecia possı́vel que o fenô meno de beisebol da cidade pudesse decair tã o rá pido. Há menos de dois anos ela assistiu Travis Ford bater um grand slam1 da World Series ao vivo, junto com todos da cidade, reunidos sob a nova televisã o de tela plana do Grumpy Tom.


Nunca houve dú vida de que Travis se tornaria pro issional apó s sua excelente carreira universitá ria em Northwestern. Ningué m imaginava que uma lesã o aconteceria. Especialmente Travis. Depois de um ano de isioterapia e sendo passado entre times como uma batata quente, Travis voltou para casa, em Port Jefferson. Georgie ainda se lembrava do desgosto em seus olhos durante a curta conferê ncia de imprensa que anunciou sua aposentadoria aos 28 anos. Claro, ele estava sorrindo. Brincando sobre ter a chance de melhorar suas habilidades no golfe. Mas Georgie era apaixonada por Travis Ford desde que atingiu a puberdade, e o conhecia muito bem. Cada uma das expressõ es dele estava gravada em sua memó ria, o nome dele rabiscado em todas as pá ginas de seu diá rio, que nunca seria descoberto sob as tá buas do chã o de seu quarto. Daqui a cinquenta anos, quando ela recordasse de sua juventude, se lembraria de Travis em pé na base do campo de beisebol da escola, levantando o capacete para ajustá -lo, permitindo apenas um vislumbre de cabelos ruivos escuros balançando com o vento, antes de cobri-los de volta. Heró ico, lindo, cheio de personalidade e arrogante como o pecado. O Travis Ford de antes. Como estaria o de depois? — Olá ? — Georgie chamou na escuridã o da sala — Algué m em casa? Ela chutou para o lado um saco plá stico cheio de embalagens de delivery e fechou a porta atrá s dela, entrando no apartamento. Stephen de initivamente esteve aqui para ver seu amigo de infâ ncia. Os shakes saudá veis intocados e a lâ mpada solar UV tornaram isso ó bvio. Pelo menos ele tentou falar com Travis. Membros da igreja, antigos treinadores de beisebol e candidatos a autó grafos també m tentaram. Em vez de ser persuadido a voltar para a luz, ele continuou se afundando. Georgie tinha um plano melhor. — Ei, idiota! — agora na sala, ela se abaixou e pegou uma caneca de sorvete derretido, os lá bios curvando-se em um sorriso. Muniçã o perfeita. Veja bem, Georgie pode até ter atingido a idade avançada de 23 anos durante a ausê ncia de Travis, mas ela sempre seria a irmã zinha chata. Esse nã o era um ró tulo que ela havia dado a si mesma. Mas tinha escutado isso mais de mil vezes enquanto crescia e nã o desaparecia. O que uma garota deveria fazer alé m de ceder e aceitar? Simpatia nã o havia funcionado com Travis. Agora ela tentaria seu pró prio mé todo para tentar chegar até ele. Uma tá bua rangeu sob o seu pé quando ela entrou no quarto, encontrando Travis de bruços e nu em cima das cobertas, com aquele caracterı́stico cabelo ruivo escuro e bagunçado. Ela quase perdeu a coragem naquele momento, baixando a caneca de sorvete de baunilha


derretido. Era ridı́culo que seu coraçã o dispare e sua boca ique seca imediatamente. Era apenas uma bunda. Você pode entrar na internet e ver bundas no... bundas online. Pensando bem sobre isso, Deus abençoe a internet. Que invençã o. Mesmo assim. Levando em consideraçã o a altura considerá vel de Travis e o corpo naturalmente atlé tico, cheio de mú sculos marcados e pelos escuros e viris... bem, talvez seu bumbum se destacasse em relaçã o a outros bumbuns. Todo ser humano na cidade, com preferê ncia por homens, concordaria. Travis Ford era extraordiná rio. Mas nã o hoje. E nã o durante o ú ltimo mê s, desde sua volta prematura para casa. Georgie levantou a caneca de sorvete e levou um momento para contemplar a tarefa à sua frente. Isso nã o seria fá cil. No fundo, ela só queria abraçar Travis e dizer a ele que tudo icaria bem. Ele pode nã o ter mais a chance de ser uma estrela no campo de beisebol, mas nunca deixaria de ser um heró i. O homem que deixou esta cidade e realizou sonhos que a maioria abandona quando criança. Infelizmente, ele nunca deixaria de ser o homem cujo rosto ela imaginara enquanto beijava seu travesseiro no ensino mé dio. Como uma mulher, agora ela o imaginava durante atividades muito menos inocentes, que geralmente exigiam um aparelhinho carregado e vinte minutos sozinha. Mas ela estava divagando. Era impossı́vel nã o notar sua paixã o por Travis. Até os irmã os dela tinham ciê ncia dela, mas eles consideraram como uma paixonite boba de sua irmã zinha chata. Entã o, que seja. Ela seria a melhor peste deste lado de Long Island. Uma e icaz, també m. Esperançosamente. — Ei! — Georgie recuou e jogou a embalagem cheia de sobremesa derretida nas costas nuas de Travis, observando fascinada enquanto se espalhava como uma pintura de Rorschach em seus ombros. E cabelo. E cabeceira. Foi quase lindo. — Levanta logo! Travis deve ter ido para a cama bê bado, porque levou cinco segundos para ele registrar a bagunça escorrendo por sua pele e nos lençó is. Ele levantou a cabeça, passando o pulso direito pelo sorvete derretido na testa. — Que porra é essa? Seu tom á spero fez Georgie pensar em marcas de dentes e ó leo de massagem – sé rio, Deus abençoe a internet – mas ela ignorou isso. — Eu disse para levantar. Você está nojento. — ela se abaixou e pegou um par de boxers, balançando na ponta do dedo indicador — Temos apenas duas possibilidades aqui: seu rosto vai ser comido por ratos ou este lugar vai ser condenado pelos bombeiros. — Georgie? — Mais uma vez de bruços, Travis se virou um pouco para con irmar quem era. Lá estava. Uma expressã o que era direcionada a ela desde o nascimento. A combinaçã o perfeita de


irritaçã o e desdé m. Ela gritava: Vá embora, você é irrelevante! sem nada ser dito. Georgie odiava essa expressã o, mas, em algum momento, com o passar do tempo, nã o teve escolha senã o aceitar e incorporar. Se você nã o pode vencê -los, junte-se a eles, certo? — Estou surpresa que você tenha reconhecido outro ser humano atravé s de sua pró pria autopiedade. — Georgie suspirou e se sentou na beirada da cama, aproveitando a oportunidade para memorizar suas ná degas irmes — Vi uma embalagem de yakisoba no caminho para cá . Acho que eu vou jogar ela també m. Vai combinar muito bem com baunilha. Provavelmente. Eu nã o sou uma chef. — Saia daqui, Georgie. Que porra é essa? Eu nem estou vestido. — Eu já vi homens nus. Muitos deles. — na internet, Deus a abençoe — Você costumava ser um 9.5, mas está lentamente caindo para um 7. — Sé rio? Porque eu posso sentir você encarando a minha bunda. — Opa. Eu pensei que esse era seu rosto. Legal. Boa. Cinco minutos perto deste homem e você voltou a ter dez anos. O bufar de Travis fez Georgie voltar para a sala de estar. Ela abriu um saco de comida chinesa, con irmando que nã o haviam vermes antes de retirar o yakisoba. Um passo para dentro do quarto e ela lançou a caixa no ar, macarrã o e galinha estragados caindo no amigo mais antigo de seu irmã o. — Pode precisar de uma pitada de sal para combinar tudo. — Eu nã o acredito que você fez isso — Travis rugiu, sentando-se na cama, com as pernas para fora. A raiva irradiava de cada centı́metro do seu corpo de jogador de beisebol, veias salientes dos lados do pescoço, bı́ceps de inidos. Ela nunca o tinha visto com barba antes, mas a bagunça dizia a Georgie que os pelos faciais eram de initivamente produto da preguiça, em vez de uma mudança de estilo. — Saia! — ele gritou, deixando a cabeça cair nas mã os. — Nã o me faça te expulsar. Ela se recusou a reconhecer a dor aguda no peito. — Eu nã o vou a lugar nenhum. — Eu vou ligar para o seu irmã o. — Ligue. Travis icou de pé , se virando em uma tempestade de raiva na direçã o dela. O macarrã o em seu cabelo teria sido cô mico em qualquer outro caso, menos nesse. Lembrando-se claramente de seu estado nu, ele pegou uma camiseta de uma cadeira pró xima e a segurou sobre seu colo. — O que você quer? Agora, essa era uma pergunta complexa, que poderia ser respondida em duas partes. Ela queria que uma pessoa em sua vida a visse como mais do que uma pessoa irritante. Desde que ela conseguia se lembrar, ela sempre quis que fosse Travis a prestar atençã o nela. Que a dissesse


que ela era especial. No momento, nenhuma dessas esperanças e sonhos seria ú til. Provavelmente nunca seriam. — Eu quero que você pare de ser um idiota egoı́sta. Todo mundo está preocupado com você . Meu irmã o, meus pais, as fã s loucas. Quebrando a cabeça, tentando descobrir como animá -lo. Talvez você goste de ser o centro das atençõ es, seja de forma negativa ou positiva. Seus braços se abriram, tirando a camiseta do caminho. Pênis. Lá estava. Longo, grosso e coroado como um rei. Eles nã o o chamavam de Dois Tacos por nada. Desde que foi fotografado por paparazzis em uma posiçã o comprometedora com uma princesa do pop sueca durante seu ano de estreia, a mı́dia icou fascinada com Travis, acompanhando suas interminá veis noitadas e conquistas notá veis. “It Wasn't Me” de Shaggy tocava nos alto-falantes do está dio quando ele se levantava para rebater. As mulheres gritavam. Enquanto isso, Georgie assistia sentada de pernas cruzadas na frente da televisã o em Long Island. O Jogador dos Jogadores. O Outro Rei dos Home Runs2. O Atleta do Banco de Reserva. Lindo mesmo completamente desalinhado, o charme arrogante havia desaparecido neste exato momento. — Você acha que eu gosto disso? — Sim — ela atirou de volta. — Eu acho que você quer icar aqui para sempre, porque isso signi ica que você nã o precisa tentar outra vez. — Saindo do quarto com um balançar arrogante de seus quadris, ela disse por cima do ombro. — Eu acho que você é um bunda mole. Eu acho que você está sentado aqui chorando pelos seus melhores momentos, se perguntando onde tudo deu errado. Que triste clichê . Vou conversar com meu irmã o sobre encontrar um amigo mais legal. — Mas que porra? — rugiu Travis, seguindo-a para fora do quarto, apenas um atleta comum, maravilhosamente rabugento, que já foi candidato ao prê mio de Estreante do Ano. — Você está agindo como se eu tivesse sido demitido de um emprego qualquer. Eu era um jogador pro issional de beisebol, Georgie. Minha vida inteira girava ao redor disso. Nã o tem para onde ir a partir daı́, somente me afundar. Entã o aqui estou. A surpresa a fez recuar um passo. Travis Ford era inseguro o su iciente para se considerar um fracasso? Ela nunca imaginou que ele fosse qualquer coisa, senã o extremamente con iante – até em suas falhas. Sua hesitaçã o o levou a voltar lentamente para o quarto, entã o ela sacudiu a simpatia e seguiu em frente. — Fique no fundo do poço entã o. Vire o paté tico que conta a mesma histó ria chata sobre lesã o toda vez que toma mais de duas cervejas — ela apontou para o apartamento — Você está quase lá . Nã o desista agora. — Faz só um mê s — Travis fervilhava.


— Um mê s que você poderia ter usado para fazer um novo plano, se você nã o fosse um bunda mole — ela levantou uma sobrancelha — Como eu disse. — Você é uma criança. Você nã o entende. Ah, aquilo era quase um soco no estô mago, aquelas palavras tã o familiares atingindo o ponto mais sensı́vel de Georgie. Se ela nã o tivesse crescido com Travis, poderia ter saı́do e ido lamber suas feridas. Mas este homem se sentou em frente a ela na mesa da cozinha mil vezes. Bagunçou seus cabelos, compartilhou com ela a tigela de pipoca durante os ilmes e a defendeu de valentõ es. A inal, Travis e Stephen poderiam torturá -la, mas quando se tratava de outras pessoas fazendo isso? Sem chance. Se ela nã o tivesse passado a vida inteira apaixonada por Travis Ford, o consideraria um irmã o. Entã o ela sabia que um homem forte e seguro de si estava sob a superfı́cie dessa aberraçã o barbuda. E ele precisava de algué m para bater e socar até que ele estivesse livre. — Acabei de comprar uma casa. Minha pró pria casa. Nã o sou mais criança, mas mesmo se fosse? Eu teria mais controle das minhas merdas do que você . E eu me visto de palhaça em aniversá rios de crianças – pense nisso — Georgie parou para respirar — Neste momento, todos na cidade se sentem mal por você . Eles entendem a sua perda. — ela o cutucou no peito, por cima da tatuagem vermelha e preta de beisebol em forma de diamante — Mas em seis meses? Um ano? As pessoas vã o balançar a cabeça e rir enquanto você caminha pela rua. “Olhe para ele. Ele nunca se recuperou. Que desperdício.” Quando Georgie terminou, o peito de Travis subia e descia, sua mandı́bula travada. — Por que você veio aqui? Por que se importa? — Eu nã o me importo — ela mentiu — Só vim ver com meus pró prios olhos, porque nã o pude acreditar. O cara que todos nó s admiramos é um bê bado preguiçoso. Agora eu sei. — Saia — Travis rosnou, dando um passo mais perto — Eu nã o vou dizer de novo. — Tudo bem. Eu provavelmente preciso agendar uma injeçã o antitetâ nica de qualquer maneira. — Georgie deu meia-volta e contornou uma caixa de pizza a caminho da porta — Te vejo por aı́, Travis. Provavelmente no ú ltimo banquinho do bar do Grumpy Tom resmungando sobre seus dias de gló ria. — Isso é ... Seu novo tom, mais irregular, parou Georgie no meio do caminho. Ela olhou por cima do ombro bem a tempo de pegá -lo bebendo uma garrafa de uı́sque meio vazia. — Ser pro issional era minha ú nica maneira de ser melhor que ele, beleza? Nã o tenho como ser melhor que ele agora. Eu nã o sou nada. Eu sou ele.


— Isso é bobagem, Travis Ford — ela respirou, incapaz de falar mais alto do que em um sussurro. — Você conseguiu. Conseguiu o que se propô s a fazer. As circunstâ ncias ferram com todo mundo uma vez – e elas te ferraram um pouco mais. Mas você só será ele se deitar aı́ e bancar a vı́tima. — ela se virou antes que ele pudesse ver as lá grimas em seus olhos — Você é melhor que isso. Georgie deixou Travis parado na imundı́cie, parecendo ter sido atingido por um raio. E essa nã o seria a ú ltima vez que ele a veria.


Capítulo Dois

Travis olhou o sol atravé s de seu para-brisa dianteiro e desejou que

estivesse chovendo. Talvez se o sol nã o estivesse batendo em seu rosto como se estivesse feliz em vê -lo, ele poderia ter dado uma desculpa para icar dentro de casa mais um dia. Em vez de sua rotina habitual de acordar, pedir o café da manhã por delivery na lanchonete, pegar um fardo de cerveja para ajudar a empurrar a comida e depois voltar a dormir, ele se viu vestindo calças limpas e saindo à luz do dia. Sua sú bita motivaçã o nã o teve nada a ver com a visita de Georgie ontem – nada. Ele simplesmente nã o aguentava mais encarar as mesmas quatro paredes e precisava de uma mudança de ares. Essa era a mudança certa? Um trabalho na á rea de construçã o civil? Ele nã o precisava de dinheiro. Se ele quisesse passar a dé cada seguinte vivendo como um vampiro antissocial que bebe cerveja ao invé s de sangue, ele tinha reserva inanceira o su iciente para fazer isso confortavelmente. Francamente, isso parecia bastante atraente no momento. Eu acho que você quer icar aqui para sempre, porque isso signi ica que você não precisa tentar novamente. Travis saiu da caminhonete com um grunhido irritado. Quando foi que a pequena Georgie Castle icou tã o durona? A ú ltima vez que a viu, ela ainda estava no ensino mé dio. Ela falava apenas quando era necessá rio, para que nã o tivesse que mostrar seus dentes com aparelho. Muito melhor do que o furacã o que invadiu seu apartamento ontem, travando uma guerra de comida unilateral. Algumas coisas sobre Georgie nã o haviam mudado, como seus jeans rasgados e moletons grandes, mas ela de initivamente encontrou sua voz. Ele só queria que ela a tivesse direcionado para outro lugar. Travis puxou a gola da camisa, fazendo uma careta pela umidade. Agosto em Port Jefferson. Ele estava fora do ar condicionado de sua picape apenas por cinco segundos e suas roupas já estavam grudadas nele. Por ele, ele seguiria pela rua, descendo pela pequena ladeira e pela curva da Main Street, se apressando para chegar ao seu pró ximo destino, mais fresco. Ao longo da avenida principal da cidade, a á gua se espalhava ampla e azul, barcos subindo e descendo com a correnteza. Banners estendiam-se pela estrada, anunciando festivais da igreja e votaçã o para o orçamento da prefeitura. Quer ele quisesse voltar para casa ou nã o, o tempo e a distâ ncia haviam aberto sua mente o su iciente para admitir que Port Jeff nã o era um lugar terrı́vel. Só seria mais quente que o inferno até o outono chegar. Travis parou na calçada, olhando atravé s da janela gigante da Brick & Morty. Atravé s das letras douradas que nã o mudaram desde a juventude, ele podia ver seu amigo Stephen Castle ao telefone,


provavelmente berrando ordens a um pobre coitado. O melhor amigo de Travis foi preparado para assumir o negó cio da famı́lia desde o colegial e ele entrou no ritmo, herdando a instituiçã o de seu pai, Morty. Logo apó s a ascensã o de Travis à liga principal, seus telefonemas para Stephen tinham sido a ú nica coisa que o mantinha com os pé s no chã o. Quando todo o alarde do prê mio de Novato do Ano ameaçou subir a sua cabeça, Stephen nã o teve nenhum problema em lembrar Travis de que ele era o mesmo idiota que quebrou o braço aos nove anos tentando andar de skate pela calçada do Castle. No inal de sua carreira, ele nã o precisava que Stephen desin lasse seu ego. O destino lidou com isso muito bem por conta pró pria. Sua amizade fá cil com Stephen seria a mesma agora que a identidade de Travis havia sido arrancada? A morte de sua carreira parecia lançar uma sombra sobre todas as suas interaçõ es sociais desde entã o. Ele sempre foi um jogador de beisebol. O jogo corria em suas veias. Sempre foi a primeira coisa sobre a qual as pessoas falavam com ele. “Como está o ombro?” Melhor do que nunca. “Como está o time para a pró xima temporada?” Estamos focados e prontos para ganhar jogos. “Acerte uma para fora do campo por mim.” Eu vou acertar duas. Nas poucas vezes em que saiu do apartamento desde que retornou a Port Jefferson, o assunto do beisebol fora habilmente evitado em qualquer lugar que ele fosse. Se algué m lhe perguntasse sobre o tempo ou elogiasse seu novo nã o-corte de cabelo mais uma vez, sua cabeça explodiria. Essa seria a vida dele agora? Fingir que os cinco anos de sua carreira no beisebol nunca aconteceram? Em alguns dias, era o que ele queria. Ele queria se fazer de bobo em relaçã o à s lembranças de sua lesã o e seu subsequente declı́nio. Sendo compartilhado pelos times da liga como um cigarro aceso. E, inalmente, o telefonema do té cnico da equipe que equivalia a atirar em um cavalo manco. Em outros dias, no entanto... ingir que sua carreira nunca aconteceu o assustava muito. Qual era o sentido de todo esse trabalho duro quando ele acabou voltando a Port Jefferson, procurando por um emprego com seu amigo, assim como seu pai sempre previu que ele faria? Esse era um lembrete que ele poderia ter passado o dia sem. Sabendo que precisava de um minuto antes de ter que conversar com um ser humano real, Travis suspirou e se afastou da janela, encostado na parede de concreto do pré dio. Talvez ele devesse adiar isso até amanhã . Nã o seria exatamente um reencontro, já que Stephen esteve em sua casa há uma ou duas semanas. Difı́cil de lembrar, pois ele estava ocupado com uma garrafa de Jack Daniel's na ocasiã o. Ter uma conversa só bria, cara a cara, com a pessoa mais direta que ele conhecia podia nã o ser a melhor opçã o para seu estado de espı́rito de merda.


— Travis Ford? Ele se virou para encontrar uma loira bonita que nã o reconheceu se aproximando dele na calçada. Quando tudo o que ele conseguiu fazer foi acenar com a cabeça, ela riu. — Você nã o se lembra de mim, lembra? — Nã o posso dizer que sim — ele respondeu, sem corresponder ao sorriso dela. — Eu deveria? Sua compostura vacilou, junto com seu passo, mas ela se recuperou rapidamente. — Bem... Nó s estudamos juntos no ensino mé dio. Tracy Gallagher. Eu sentava atrá s de você na sala de aula durante o ú ltimo ano. — Ah, sim — disse ele sem emoçã o — Claro. Port Jefferson era uma pequena bolha. O que acontecia no mundo só tinha importâ ncia se afetasse diretamente os moradores da cidade. Mas a mistura familiar de interesse e censura no rosto de Tracy deixou algo bem ó bvio: sua reputaçã o de mulherengo convicto penetrou a bolha. Ela icou lá esperando ele elaborar suas respostas monossilá bicas, talvez até dar em cima dela, mas ela estava prestes a icar muito decepcionada. — Hum — ela continuou, aparentemente imperturbá vel. — Você está de volta à cidade há um mê s e eu nã o te vi por aqui. Você esteve... — com as bochechas icando vermelhas, ela deu de ombros. — Você quer ajuda para voltar a se familiarizar com a cidade? — Por que eu precisaria? Nada aqui mudou. Deus, ele estava sendo um babaca. Apenas seis meses atrá s eles já estariam voltando para a casa dele. O bom e velho Dois Tacos, sempre pronto para uma foda. Até que ele nã o valia mais nada. Todo mundo queria um pouco dele até as coisas icarem difı́ceis, nã o é mesmo? Depois que as transferê ncias começaram e seu passe desvalorizou, seu telefone parou de tocar. E ali estava uma mulher mostrando interesse nele. Porra, ela parecia ser boa o su iciente. Talvez suas intençõ es até fossem boas. Mas depois da vida de ilusõ es que ele tinha levado nos ú ltimos cinco anos, ele nã o conseguia mais reunir um pingo de emoçã o. Nada disso sequer signi icava qualquer coisa. — Olha, estou indo me encontrar com um amigo– — Tracy. Eu trabalho na boutique. — ela apontou para o sul — Do outro lado da Main Street. Glitter Threads. Ele forçou um sorriso tenso. — Se algum dia eu precisar do vestido perfeito, eu falo com você . Ela riu como se ele tivesse feito a piada do sé culo, em vez de um comentá rio sarcá stico. — Por que esperar para sairmos? Há um novo parque perto da á gua, na verdade. Se você quiser dar uma olhada, eu poderia fazer um piquenique, ou... Ele deu uma risada sem nenhuma graça.


— Um piquenique. Finalmente percebendo que ele nã o estava interessado, Tracy fez uma pausa e sua expressã o icou sé ria. Irritada. Parte dele se sentia mal por ser indelicado, mas a outra metade? Era bom não ser o cara charmoso que nã o levava nada a sé rio alé m de sua mé dia de rebatidas. — Você sabe– — Ei, Travis — chamou algué m de trá s dele. A voz o lembrou de picolé s derretendo e joelhos ralados, mas havia mudado um pouco. Ficou mais rouca, perdeu a ligeira lı́ngua presa. Georgie apareceu, um boné puxado para baixo na testa, o cabelo escapando em todas as direçõ es. — Você está pronto? Ele deu um olhar sem graça para a irmã zinha de Stephen. — Para quê ? — An. A consulta com seu médico, bobo. — Georgie cutucou-o nas costelas — Vamos. Vamos nos atrasar. Georgie estava intervindo para salvá -lo de Tracy? E. Parecia que sim. E de cavalo dado, nã o se olha os dentes. A ideia de fazer um piquenique com algué m – especialmente com essa mulher que provavelmente esperava que ele a deslumbrasse com histó rias sobre celebridades que ele havia conhecido – parecia tortura. — Verdade. A consulta com meu mé dico. Georgie encolheu os ombros e falou com Tracy: — Quando descrevi os sintomas ao mé dico dele, eles me pediram para trazer suas fezes para serem examinadas imediatamente. O que quer que ele tenha, eles nã o viam desde os anos noventa. Jesus Cristo. Tracy levantou uma sobrancelha cé tica. — Ele parece bem. — E assim que começa. Um segundo você está se sentindo bem... e depois... — Georgie fez um som de explosã o, batendo as palmas das mã os juntas. — Pus para todo lado. Você nã o acreditaria na quantidade de pus. Você nem consegue limpar com limpador normal. — Você foi longe demais — murmurou Travis para Georgie. — Muito longe. — Eu sou nova nisso — ela retrucou, pelo lado da boca. Obviamente percebendo a estraté gia improvisada, Tracy ajeitou a bolsa em seu ombro. — Posso perceber uma indireta, Travis Ford. E, a propó sito, você nã o é tã o gostoso pessoalmente. — Ah, dê um tempo para ele. Ele teve um mê s difı́cil. Esse comentá rio rendeu a Georgie uma encarada. — Nunca venha na boutique, Georgie Castle. Suas pernas sã o muito curtas – mesmo para os tamanhos pequenos. A con iança de Georgie diminuiu, mas ela ergueu o queixo para compensar.


— Eles nã o me tratam assim na Gap Kids – você podia aprender um pouco com eles. Travis percebeu que estava franzindo a testa para Georgie. O topo da cabeça dela batia apenas em seu ombro. Pequena, mas feroz. Mais uma vez ele se maravilhou com a garota quieta que mal era capaz de contato visual antigamente, e que se tornou uma defensora ferrenha... dele. Por que caralhos ela sequer se dava ao trabalho? Travis nã o sabia, mas se sentiu obrigado a retribuir o favor de alguma maneira. Provavelmente porque ela era a irmã mais nova de Stephen. — Suas pernas tem um tamanho normal. Ela o olhou rapidamente, como se ele tivesse lhe dado um elogio muito melhor. Mas, tã o rá pido quanto, ela revirou os olhos. — Ah, cala boca. Tracy deu a volta e disparou pela calçada. — Quer saber? Eu espero que você pegue alguma doença dos anos noventa, Travis Ford — ela disse por cima do ombro. — Nã o sei por que todas as mulheres da cidade estã o loucas por uma chance com você . Você nã o vale nem uma raspada de perna no meio da semana. — Pontos pela originalidade. — Travis e Georgie observaram a loira até ela icar fora do alcance da voz — Mas, eu realmente ouvi ela te chamar para um piquenique? Ele suspirou. — Pois é , você ouviu. — Ela teria aparecido com uma cesta de palha do Yogi Bear? Ela teria embalado um presunto gigante como o de um desenho animado? Estou decepcionada por você nã o ter dito sim, pelo menos para satisfazer minha curiosidade. Travis sabia que deveria agradecer, mas nã o queria que Georgie tivesse a impressã o de que ele queria ou precisava de mais das intervençõ es dela. Deus o livre de icar devendo alguma coisa a ela. Ningué m contava com Travis para mais nada e ele nã o contava com ningué m. Os compromissos eram temporá rios e, portanto, ele nã o se incomodava mais em assumi-los. Quando ele chegou à liga pro issional, ele se permitiu con iar em colegas de equipe, treinadores, coordenadores, apesar da liçã o que aprendeu desde cedo. Ele nã o cometeria esse erro uma terceira vez. A ú nica exceçã o à regra estava esperando por ele dentro do escritó rio, e até mesmo Stephen era mantido a uma distâ ncia confortá vel. — Vou me encontrar com seu irmã o, Georgie. — Ele se virou e abriu a porta, o ar condicionado saindo do Brick & Morty para cumprimentá lo. — Pode ir agora. Georgie o seguiu para dentro. — O que te trouxe para fora neste belo dia de verã o? Nã o teria nada a ver comigo– — Nã o.


— Você tem certeza, porque... Travis girou nos calcanhares e a aba do boné de Georgie bateu em seu peito, tendo sido arrancado da cabeça dela com o impacto. Ele abriu a boca para dizer a ela que nã o, nada do que ela disse ou fez era a razã o para ele deixar sua caverna para se encontrar com Stephen. Tinha sido pura coincidê ncia. Mas o boné caı́do havia permitido que seus cabelos castanhos se espalhassem. Sobre seus ombros, pelas costas, cobrindo parte do rosto. Um de seus olhos verdes espreitou atravé s das ondas de cabelo e ele se distraiu de seu discurso. Sim, de initivamente ela... mudou. Georgie quebrou o olhar entre eles, curvando-se para pegar o boné e colocá -lo sobre a cabeça, puxando seus cabelos pela abertura traseira. — Sobre o que você veio falar com Stephen? O tom rouco da voz dela o perturbou ainda mais, embora ele nã o pudesse dizer o porquê . — Você pode ir brincar lá fora enquanto os adultos conversam? Ela parecia entediada, mas Travis teve a impressã o de que era uma atuaçã o. — Nã o é a minha rodada no jogo. O som de um telefone batendo no suporte ricocheteou no escritó rio. — Georgie — Stephen chamou atrá s de Travis. — Já chega. Conversamos depois. — Certo — ela murmurou, seu sorriso tenso. — Eu també m posso perceber uma indireta. Uma sensaçã o desconfortá vel se instalou no peito de Travis quando Georgie foi para a porta. Quando ele estava sendo condescendente com ela como um idiota, nã o soava tã o ruim quanto quando Stephen fazia a mesma coisa, nã o é ? Pois é . Provavelmente. Mas que seja. Fazer essa garota se sentir acolhida nã o era o trabalho dele, principalmente se o seu pró prio irmã o nã o visse um motivo para isso. — Ah! — Georgie parou e girou, mantendo uma mã o na maçaneta da porta — Stephen, vou começar uma nova tradiçã o neste im de semana. Brunch de sá bado na minha casa. Você pode vir? Travis virou-se para encontrar o amigo rabiscando em um bloco de anotaçõ es, mal dando atençã o à irmã . — Claro, claro. Eu falo com Kristin. — Otimo. — Ela pareceu se preparar para alguma coisa — Travis, você també m está convidado. — Nã o conte comigo. Ela lhe enviou uma piscadela exagerada. — E a casa azul no inal da Whittier. Grande carvalho no quintal. Eu te vejo lá . — Você nã o vai me ver lá . — Mas acho que vou — disse ela em um sussurro prolongado, afundando na luz do sol.


Travis assistiu exasperado quando Georgie passou na frente da janela, enquanto ingia estar em uma escada rolante. — Ela é sempre assim? — Quem? Mais uma vez, aquele desconforto estranho tentou passar por ele, mas ele o afastou. — Sua irmã . — Ah, Georgie? Quase sempre. — a voz de Stephen veio logo de trá s de Travis, levando-o a virar e apertar a mã o do outro homem — Você ainda parece uma merda, mas está um nı́vel melhor do que um cadá ver. — E mesmo? Eu vou me recuperar. — ele forçou um sorriso — Já você vai parecer uma merda para sempre. Com os lá bios cerrados e rosto sombrio, Stephen nã o era um homem que ria. Seu bufar era o indı́cio mais pró ximo de diversã o. Levantando o queixo, ele caminhou de volta para sua mesa e tomou um longo gole do que parecia ser um smoothie de frutas. — Vi você conversando com uma garota lá fora. — seu olhar era sombrio — Ela conseguiu o cobiçado primeiro encontro? Travis se jogou na cadeira em frente à mesa de Stephen. — Como é que é ? — Kristin me disse que há uma espé cie de competiçã o velada em Port Jeff. Agora que você inalmente saiu da sua toca, acho que o jogo começou. Uma veia começou a pulsar atrá s dos olhos de Travis. — Deixa eu ver se entendi. Há uma competiçã o e o objetivo é namorar comigo? — Basicamente. — O que faço é o oposto de namorar. Eu nã o namoro. — Eu també m nã o, até que conheci Kristin. — Ele balançou a cabeça, obviamente se preparando para contar a Travis a mesma histó ria que ele contara vá rias vezes por telefone e provavelmente contaria outras novecentas vezes ao longo de sua vida. Cristo, seu melhor amigo já era pai. Travis nã o se comprometia nem mesmo com uma mesma marca de pasta de dente. — Ela saiu da Georgia e estava de fé rias em Nova York. A vi atravessar um cruzamento em Manhattan. Eu parei, chamei ela para almoçar comigo e ela nunca mais foi para casa. — Eu já te disse antes, mano. Isso soa mais como sequestro. Stephen nã o fez mais nenhum comentá rio. — O que posso fazer por você , Travis? Suponho que você nã o veio aqui à procura de emprego. Travis sentiu uma pontada no peito com a perspectiva de aderir a uma rotina diá ria. Ter compromissos. Isso signi icava que ele tinha que se dedicar. Teria pessoas contando com ele. Estaria em uma equipe. Quando um homem deixava de ser ú til, Travis sabia muito bem o que


acontecia. Mas ele nã o tinha escolha. Apodrecer sozinho em um quarto nã o era uma opçã o, nã o importava o quanto ele quisesse. — Na verdade, sim. Vim aqui para procurar um emprego. Seu amigo mais antigo se ajeitou em sua cadeira. — Eu sei quantos zeros tinham nos contratos que você assinou, cara. Você nã o precisa trabalhar. — Precisar? Nã o. — A voz de Georgie o pegou desprevenido pela dé cima vez naquele dia. “O cara que todos nós admirávamos é um bêbado preguiçoso.” — Eu só preciso de algo para me manter ocupado até descobrir o que vou fazer com minha vida — ele disse rapidamente, tentando dissipar as palavras em sua cabeça. — Nã o faz muito tempo que eu costumava usar um martelo para ganhar um dinheiro extra durante as fé rias. Seu pai nos ensinou a carpintaria ao mesmo tempo. Qualquer coisa que eu tenha esquecido, posso reaprender rapidamente. — Eu contrato apenas candidatos sé rios. — Stephen juntou os dedos — Homens que queiram crescer com a empresa e participar dela a longo prazo. — Eu nã o ofereço nada a longo prazo a ningué m. Um mú sculo se contraiu na bochecha de Stephen enquanto eles se encaravam. Por im, ele pegou uma caneta e escreveu algo, deslizando o pedaço de papel sobre a mesa em direçã o a Travis. — Esse é o endereço da nossa obra atual. E aqui que você pode começar a trabalhar. Travis levantou o papel, dando a ele um olhar super icial. E, entã o, ele leu outra vez, sentindo um peso no estô mago. — Isso é do outro lado da rua do... O arrependimento escureceu os olhos de Stephen. — Eu sei. E uma coincidê ncia fodida — ele disse — Isso é um problema? — Nã o. Aguas passadas. — Ele en iou o papel no bolso e se levantou. — Vejo você lá . Ele sabia que se ele se virasse, a expressã o de Stephen diria que ele estava falando merda, entã o ele continuou andando, fazendo o possı́vel para ignorar o mau pressentimento.


Capítulo Três

Georgie deu uma ú ltima mexida na compota de mirtilo e se afastou

do balcã o, limpando as mã os pegajosas no avental. O bacon estava aquecendo no forno ao lado dos waf les belgas. Ela havia icado acordada até tarde, batendo chantilly com sua nova batedeira e passou o dedo nele só sete vezes desde que acordou hoje de manhã – mas quem estava contando? Em uma reviravolta emocionante, ela cronometrou tudo certo pela primeira vez cozinhando para mais do que só uma – dolorosamente solteira – pessoa. Era a primeira vez que ela receberia visitas em sua nova casa, ponto inal. Georgie ainda nã o podia acreditar. Ela tinha uma casa agora. E verdade que os negó cios da famı́lia Castle prosperavam com a arte de farejar acordos imobiliá rios, entã o ela comprou a casa de dois quartos em um rancho por uma pechincha e ainda precisava de muitos ajustes. Mas era dela. Nada mal para uma animadora de festa de aniversá rio. Falando nisso, ela tinha uma dú zia de telefonemas para retornar assim que esse brunch terminasse. Port Jefferson tinha exatamente uma palhaça e havia alta demanda. Foi assim que ela conseguiu pagar pela casa. Infelizmente, metade das ligaçõ es eram de novos clientes que queriam uma má quina de algodã o doce, passeios de pô nei, má gicos, princesas. E ela teria que recusar esses trabalhos. Um leve pâ nico familiar se alojou em sua garganta. Seu novo negó cio de palhaço, junto com certa ajuda de seus pais, formou ela na faculdade, mas nã o parecia mais tã o sustentá vel. Ela fazia o possı́vel para se manter atualizada e inovadora, atendendo à s novas tendê ncias, mas as festas de aniversá rio das crianças eram um negó cio competitivo. Os pais que queriam se sobressair uns aos outros, começaram a procurar fora de Port Jeff por novas opçõ es de entretenimento. O que Georgie ia fazer sobre isso? Com uma hipoteca a pagar, o futuro de seu show em carreira solo começou a pesar cada vez mais em sua mente. Não se preocupe com isso agora. Não quando há geleia a ser consumida, pais e irmãos para impressionar e mimosas para beber. E Travis. Como se ela pudesse esquecer Travis e a grande, bela e inquietante presença que só ele tinha. Ele viria? Nã o. Claro que ele nã o viria. Ele mal dava atençã o a ela quando ela era criança. O que a fez pensar que aquele cara que já tomou vinho, jantou e foi convidado para a Casa Branca estaria interessado em tomar brunch com uma garota que jogava comida estragada na cabeça dele? Mesmo assim. Nã o fazia mal imaginar ele atravessando a porta girató ria


da cozinha com aquela incrı́vel graça selvagem, a lı́ngua pressionada no lá bio inferior como se ele tivesse que usá -la o tempo todo. Huh. Pressionando a mã o em seu coraçã o acelerado, Georgie veri icou o reló gio no forno. Ela descobriria se ele viria em breve. Faltavam apenas dez minutos para que todos começassem a chegar. Acalmando seus nervos, Georgie pegou a jarra de mimosas na geladeira, arrumando-a em um â ngulo artı́stico sobre a mesa da cozinha. Ela nã o pô de deixar de pegar o celular e tirar algumas fotos no modo retrato. — Ah tá — ela murmurou baixinho — Eu sou uma dessas pessoas presunçosas com comida agora. Antes que ela pudesse postar a foto no Instagram, o telefone tocou com uma mensagem de texto recebida. Era da irmã dela, Bethany. B: Não vou poder ir. Aquele imbecil do diretor de teatro comunitário terminou comigo durante os aperitivos ontem à noite e eu me auto mediquei com Cuervo. Vamos remarcar para a próxima semana? Georgie caiu em uma cadeira da cozinha, com os dedos prontos para responder. Ela digitou uma mensagem implorando para que sua irmã viesse, depois a excluiu e enviou um sinal de positivo. Nada demais. Stephen e Kristin estavam chegando, nã o estavam? Seu irmã o podia comer o su iciente para alimentar uma pequena aldeia – um convidado de brunch muito melhor do que Bethany, que está numa dieta eterna. Quinze minutos depois, o jarro de mimosas começou a suar. Uma olhada nos waf les no forno con irmou que eles estavam começando a secar. Ela andou pela cozinha com o celular na mã o por mais cinco minutos antes de enviar uma mensagem para Kristin. G: Vocês vão vir para o brunch? Dez segundos depois, o telefone tocou. K: Que brunch, querida? Os olhos de Georgie se fecharam lentamente, o telefone caindo ao seu lado. O convite para o brunch tinha sido tã o sem importâ ncia para o irmã o, que ele nem se lembrou de dizer à esposa. Deus, agora, se seus pais aparecessem, seu pai icaria batendo o pé no chã o como se estivesse entediado. Sem Stephen por perto para conversar sobre a Brick & Morty, sua inquietaçã o seria ó bvia, mesmo que tentasse ingir o contrá rio. Sua mã e cutucaria o marido e lhe mandaria olhares a iados até ele relaxar, mas Georgie queria incomodá -los? Rapidamente, ela enviou um texto para sua mã e. G: Mãe, vamos mudar o brunch para o próximo im de semana. Eu perdi a hora. Ela colocou um emoji confuso para melhorar o tom. O telefone dela vibrou. M: Você tem certeza, querida? Estamos no meio do caminho. Eu posso ajudar a preparar algo. Georgie hesitou.


G: Eu tenho certeza. Em vez disso, dividam suas panquecas favoritas no Waterfront ;) Era isso. Todo esse trabalho e ningué m viria. Ela apertou seus olhos fechados com os dedõ es e suspirou. Ela estava esperando que a compra da casa izesse com que todos a reconhecessem como uma adulta, mas talvez isso fosse impossı́vel no im das contas. Seus pais a amavam, mas estavam exaustos quando a terceira criança nasceu. Enquanto seus irmã os receberam uma atençã o cuidadosa e tiveram seus caminhos esculpidos nos negó cios da famı́lia, Georgie sobrou para descobrir as coisas por conta pró pria. Já que sempre pensaram nela como a palhaça da famı́lia, ela abraçou o papel. Amando ou nã o seu trabalho, talvez sua escolha de carreira con irmasse sua aparente falta de estima. Sua cozinha vazia parecia concordar. Sem se incomodar em engolir o nó na garganta, Georgie foi até a geleia e se preparou para jogá -la no lixo, com tigela barata e tudo. Mas entã o a campainha tocou antes que ela pudesse fazê -lo. Quem...? De jeito nenhum. Nã o poderia ser Travis. O olhar de Georgie percorreu a cozinha procurando um lugar para se esconder. Deixar o Deus do beisebol local entrar e testemunhar sua humilhaçã o com certeza nã o era uma opçã o. Ela andou até a janela da cozinha e espiou pela cortina de renda– Ele estava olhando diretamente para ela. Certo, tudo bem. Nã o tinha como evitar isso. A linguagem corporal dele nã o podia deixar mais claro que ele preferiria estar a um milhã o de anos-luz de distâ ncia, entã o Georgie simplesmente o mandaria para casa com alguns potes de comida e depois passaria o resto da tarde comendo bacon e se arrependendo. Ela foi até a porta da frente enquanto respirava profundamente, os dedos torcendo o avental. Ai meu Deus. Travis Ford estava parado do lado de fora da porta dela. Um metro e meio de distâ ncia. Talvez menos. Ela provavelmente deveria tomar um momento para saborear isso, já que sonhava com isso desde a puberdade, mas nã o podia mais enrolar. Com um gemido interno, ela abriu a porta e apoiou o quadril casualmente no arco. A imagem da complacê ncia. Era o que ela esperava. — Oi. Sinto muito. O brunch foi cancelado. — Ela passou o polegar por cima do ombro e estremeceu. — O forno me deixou na mã o ontem à noite. Eu nã o tinha seu nú mero ou teria te mandado uma mensagem. Quero dizer, eu nã o abusaria do privilé gio de ter seu nú mero ou algo assim. — sua risada soou dolorosamente forçada — Mas eu teria enviado uma mensagem por cortesia.


Os olhos dele estavam escondidos atrá s dos ó culos de sol de aro dourado, mas ela podia senti-lo a analisando. — Se o forno nã o funcionou ontem à noite, por que você está vestindo um avental coberto de frutas e massa crua? — Você reparou, né ? — Mantendo seu rosto calmo apó s ter seu blefe descoberto, ela apertou os lá bios. Nã o havia outra opçã o a nã o ser cavar a sua cova mais funda. — Eu nã o lavo ele há um tempo? — Eu posso sentir o cheiro do que está acontecendo aı́ dentro. — Ele pressionou a lı́ngua na bochecha. — Ningué m veio, nã o é ? Oh, nã o era a hora para o nó em sua garganta começar a crescer. De jeito nenhum. Mas ele se formou com força total, empurrando para todos os lados. Os olhos dela começaram a arder – e isso era um desastre. Seus irmã os a abandonaram, seus pais mal protestaram quando ela cancelou... e todos eles con irmaram o que ela já sabia. Que eles nã o a levavam a sé rio. Ela ia chorar na frente de seu heró i de infâ ncia que virou seu mega-crush e objeto de todas suas fantasias sexuais. Sé rio, Travis era a razã o pela qual ela nã o conseguia ouvir a mú sica “Take Me Out To The Ball Game” sem icar com tesã o. Entretanto, se ela chorasse agora, ele provavelmente perderia sua animaçã o na pró xima vez que sentisse cheiro de mirtilo. E claro que, enquanto todos esses pensamentos passavam por sua cabeça, ela nã o disse absolutamente nada, simplesmente olhou para o ex-interbase do Hurricanes enquanto seus olhos doı́am. — Mais comida para mim — disse Travis inalmente, ultrapassando a soleira. — Saia da frente. — O que? — Ela nã o conseguia esconder a melancolia em seu tom. — Você vai icar? — Estou comendo delivery há um mê s — ele se virou e apontou para ela, deixando que ela raciocinasse — Essa é a ú nica razã o pela qual estou aqui. Estamos claros? Ela correu para acompanhá -lo. — Para se alimentar. Sim. — Está com um cheiro bastante razoá vel, també m. — Eu estava prestes a jogar tudo no lixo — ela respirou, limpando um olho com a manga da blusa. Ele viu o movimento enquanto eles entravam na cozinha e fez uma careta. — Você precisa de um minuto ou algo assim? — Por quê ? Porque nã o tem choro por... — Jesus. — Vou te ajudar. E beisebol — Georgie foi até o forno e pegou os pratos de bacon e waf les. — Isso se chama deixa. Estou sendo uma boa an itriã , trazendo à tona tó picos de interesse mú tuo. Você ama beisebol. Eu amo Tom Hanks. Se nos encontrarmos no meio, teremos Uma Equipe Muito Especial.


Ele se sentou em uma cadeira e esticou as longas pernas na sua frente, como um prı́ncipe se preparando para ser entretido. — Eu só quero comer bacon. Georgie empilhou um prato cheio de waf les, chantilly, geleia e bacon e o colocou na frente de Travis. — Ok, tudo bem. Nã o vamos falar sobre o quã o subestimada Geena Davis é . — Graças a Deus — ele pegou um pedaço de bacon, fazendo uma pausa no meio do caminho. — Porque Lori Petty foi o destaque. — Nã o — Ela balançou a cabeça lentamente. — Nã o na minha cozinha. Travis bufou e jogou toda a tira de bacon na boca, antes de pegar o garfo, cortar um pedaço gigante de waf le, passar pela combinaçã o de geleia/chantilly e en iá -lo na boca. — Porra. Isso é bom. Enquanto ele falava com a enorme quantidade de comida, Georgie nã o percebeu que estava olhando para a boca dele como uma cobra encantada olha para um reló gio de bolso pendurado. Ela se afastou da mesa e começou a encher seu pró prio prato, o prazer a inundou por seu elogio, por mais á spero que fosse. — Obrigada. Mimosa? Ele pareceu pensar um pouco sobre isso. — Nã o, eu estou bem assim. — Nã o está mais procurando a resposta no fundo de uma garrafa? — Viu, eu sabia que você estava aı́ em algum lugar. — Como assim? O mú sculo de sua garganta trabalhou quando ele engolia uma porçã o de comida. — A garota que jogou yakisoba em mim enquanto eu estava pelado nã o é a mesma que atendeu a porta. Ela sentou em seu lugar à mesa, esfaqueando o coraçã o do seu waf le com um garfo. — Meu irmã o e minha irmã me abandonaram e meus pais provavelmente estã o aliviados por eu ter dado a eles uma saı́da. Me desculpe por ter um momento de fraqueza. — Eu sei algumas coisas sobre ser abandonado — como se ele tivesse pegado até ele mesmo desprevenido, dizendo-lhe algo tã o pessoal, Travis levantou um dos ombros. — Você se acostuma. O coraçã o de Georgie pulou. — Eu nã o quero. Você també m nã o deveria estar acostumado. — Assim como na manhã em que ela confrontou Travis no apartamento dele, Georgie icou impressionada com a possibilidade de ele nã o ser o gigante invencı́vel e impecá vel que seu eu mais jovem havia pensado. Ele sabia sobre abandono? Como? Ele deve estar se referindo à s equipes pro issionais que o trocaram repetidamente antes do corte


inal. — Os Hurricanes foram estú pidos por trocar você pelo Beckman. Ele nã o conseguiria acertar a bola nem se estivesse rebatendo com três tacos. A mã o dele parou no meio do caminho para pegar um guardanapo, mas ela pensou ter captado uma centelha de interesse antes que ele o escondesse com um encolher de ombros. — Que nada, ele é decente. — Diga isso à sua mé dia de rebatidas — levou alguns instantes para notar o divertimento de Travis. — O que? — Nada — ele descansou o garfo — Poucas pessoas falam sobre as trocas na minha cara. — Ah — o calor formigava na base do seu pescoço — Eu nã o quis... — Eu nã o disse que me incomodava — Travis interrompeu suavemente — Há quanto tempo você está nesta casa? — Quatro meses. — Aliviada por ele nã o ter se ofendido com o seu falató rio, Georgie colocou um mirtilo na boca e recostou-se, lançando um olhar pela cozinha. — Há tanta coisa que quero fazer, mas ainda nã o cheguei nesse ponto. Ele fez um trabalho rá pido ao engolir um segundo pedaço de bacon. — Você sabe que sua famı́lia é dona de uma empresa de reforma, certo? Lembrando da mensagem da esposa de Stephen, ela dispensou o comentá rio dele. — Eles sã o ocupados. Quando o silê ncio se prolongou, ela olhou para cima e encontrou Travis a observando. Pensativo. Ele já havia feito isso alguma vez? — Qual seria o seu primeiro projeto, se você pudesse escolher qualquer coisa? — A lareira — ela riu, um pouco surpresa — Eu nem sabia qual era a minha primeira escolha até dizer em voz alta. Mas de initivamente a lareira. Ela é feita destes tijolos velhos e desbotados... — Me mostre. — Mas você está comendo... — Todos os restos de comida haviam desaparecido do seu prato. — Oh. Travis se afastou da mesa e, sem esperar por ela, saiu da cozinha. Ela o encontrou na sala, passando a mã o grande e de dedos longos sobre a prateleira antiga da lareira. — Você está querendo fazer algo com acabamento em pedras, colocar uma prateleira suspensa? Ela nã o conseguiu esconder sua surpresa. — E exatamente o que estou pensando — ela murmurou, as sobrancelhas se unindo — Por que você está perguntando? Você nã o vai fazer isso pra mim, vai? — Nã o, mas eu posso falar com seu irmã o sobre colocar no cronograma — um sorriso sardô nico apareceu em sua boca — Estou na


folha de pagamento. Por enquanto. E eu posso reclamar a vontade com ele sem ser demitido. Se ele me demitir, direi a todos que ele chorava com as reprises de Designing Women. — Você está trabalhando na Brick & Morty? — Ela deu uma risada — Por que a sú bita necessidade de trabalhar? E por causa da minha ida ao seu apartamento e– — Nã o. Continue sonhando. — E por isso — disse ela, esperançosa por dentro — Eu sei que é . — Nã o é . — Concordo em discordar. Você quer ver o resto da casa? Sua expressã o disse que nã o, mas ele fez um gesto para ela mostrar o caminho. Meio corada e muito orgulhosa, Georgie pegou seu pulso – caramba, tão grosso – e o puxou pela sala de estar. — O quintal é por aqui — disse ela, mostrando a porta de vidro deslizante e o quintal alé m dela com um amplo movimento do braço. — Vou adotar um cachorro grande e trapalhã o algum dia e é aqui que vou jogar bola para ele. Era sua imaginaçã o ou isso o fez sorrir um pouco? — Você pode querer ajustar suas aspiraçõ es para um cachorro mé dio ou pequeno. — Ele a varreu com um olhar. — Um cachorro grande iria te levar pra caminhar, nã o o contrá rio. — Desculpe, já me decidi por um Beethoven. Ela esperou, desejando que ele se lembrasse de assistir aquele ilme vá rias vezes juntos no sofá de seus pais vá rios anos atrá s, as crianças do bairro esparramadas no chã o mastigando pipoca. Quando o reconhecimento vagou atravé s de sua expressã o, o coraçã o de Georgie disparou. — “Qualquer coisa estranha que acontecer, Beethoven vai embora” — ele falou, citando o ilme. — “Estranha? Com o que eu devo icar atento, querida? Ele aparecer usando minhas roupas pela casa?”. — Clá ssico. — Ele fez um gesto impaciente para que ela continuasse se movendo, mas ela notou os lá bios dele se contorcendo. — Me mostre o resto. Eu nã o tenho o dia todo. — Ok. — Ela teve que se forçar a nã o pular o inal do corredor, mas seus passos vacilaram quando chegaram mais perto do seu quarto. Travis Ford ia olhar o quarto dela. Ver. Estar perto dele. As fantasias que ela tinha continuamente sobre ele seriam visı́veis, como videiras penduradas no teto? — Hum. Este é meu quarto. — Ah, uh... — ele assentiu, mal olhando pela porta — Otimo. — Seguindo em frente — disse ela muito rapidamente, direcionando sua atençã o para a pequena sala do tamanho de um armá rio do outro lado do corredor — Esta é a minha zona má gica. — Má gica como?


— Eu mantenho meu equipamento de performance aı́ dentro. — o interesse nos seus olhos estreitos fez có cegas em seu pulso — Normalmente eu cobro por um show, mas, já que você enfrentou minha culiná ria, devo a você pelo menos um truque de má gica. Ele apoiou um ombro na parede do corredor e cruzou os braços. — Manda brasa. Mas esteja avisada, sou cé tico. Georgie engasgou de surpresa. — Você? Um cé tico? — Com os lá bios franzidos, ela abriu a porta devagar, como se ela guardasse os segredos do universo. Mantendo o contato visual, ela entrou na sala e se moveu atrá s da porta pouco a pouco até desaparecer de vista. — Estou construindo o drama — disse ela, se abaixando para pegar alguns itens — Você está intrigado? — Estou roendo as unhas de ansiedade. Georgie voltou para o corredor e fechou a porta, segurando um lenço azul na mã o. Como ela esperava, Travis olhou a seda com suspeita. Ela jogou no ar, deixou-o lutuar e o pegou. — Apenas um lenço normal, comum e do dia-a-dia, que roubei da minha irmã . — Ok. O que você vai fazer com ele? Ela inclinou a cabeça e franziu a testa. — Você ouve o tamborilar da chuva? Eu acho que está chovendo lá fora. Mesmo sendo condescendente, Travis era o homem mais sexy do planeta. Ela podia jurar que seus olhos brilhavam quando aqueles lá bios sensuais se inclinaram em um sorriso. — Eu nã o ouço nada. Verdade? Nem meu coração? — Só por precauçã o, você deve pegar um guarda-chuva. — Com um giro de pulso e um giro de mã o, um guarda-chuva cor de arco-ı́ris loresceu sob o lenço, fazendo ele lutuar até o chã o. Ah, ele lutou para nã o icar confuso, mas falhou, fazendo ela se sentir realizada. — Eu sei o que você está pensando. Se vou me apresentar na sua festa de aniversá rio? Normalmente, só faço eventos infantis, mas vou fazer essa exceçã o. Ele balançou a cabeça, estudando-a por um momento. — Você nem sempre foi assim, foi? — Encantadora? — Claro. — Ele a presenteou com um sorriso muito breve, depois desencostou da parede, movendo-se em passos largos de volta para a sala de estar. — Vamos chamá -la de 'encantadora' em vez de 'estranha'. Georgie o alcançou em frente à lareira, bem a tempo de ver sua mã o correr sobre o tijolo. — Você nã o, er, ouviu nada sobre uma competiçã o na cidade... — A competiçã o para ir a um encontro com você ? Sua cabeça caiu para trá s com um gemido.


— Ai meu Deus, é real. — E você nã o está animado com isso? — Georgie revisou mentalmente as conversas que ouvira pela cidade a semana toda. Na padaria, em uma festa de aniversá rio, simplesmente andando pela Main Street. — Quero dizer, mesmo que você nã o esteja animado, pelo menos está acostumado a esse tipo de atençã o das mulheres, certo? Uma sombra passou por seu rosto. — Sim. Tipo isso. Ciú mes tentou borbulhar no seu peito, mas ela o parou antes de se espalhar. O Monstro Verde era inú til no que dizia respeito a Travis Ford e sempre seria. Em vez disso, ela se concentrou no que a linguagem corporal dele estava lhe dizendo. A rigidez em seus ombros, a mandı́bula apertada. — Você não está animado com isso. Ele encarou a lareira em sua frente. — Nã o. — Por quê ? Ele levou um momento para responder. — Acho que nã o quero mais ser uma novidade. Uma diversã o. Algo fá cil, para nã o ser levado a sé rio. — ele passou a mã o pelos cabelos escuros e ruivos — Nã o é culpa de ningué m, só minha. Eu iz de mim a conclusã o de uma piada suja ruim, nã o é ? — Eu nã o vejo você dessa maneira. Você nunca poderia ser uma piada — ela sussurrou, surpresa — Me desculpe se as coisas ruins que eu disse no seu apartamento izeram você se sentir assim. — Nã o. O que você fez foi diferente. Eu precisava ouvir aquilo — ele estendeu a mã o e apertou o nariz dela — Pronto. Você inalmente conseguiu que eu admitisse que jogar comida e me jogar minha merda no ventilador é a razã o pela qual estou de volta entre os vivos. Se ele nã o tivesse acabado de apertar seu nariz como se ela tivesse cinco anos, Georgie poderia ter beijado ele naquele momento por pura alegria. Mas ele apertou. Entã o ela nã o beijou. — De nada — ela enrolou os dedos nas bordas do avental — Ignorar a competiçã o só vai aumentar as apostas, você sabe. As mulheres de Long Island levam as apostas a sé rio. — Deixe que eu me preocupe com isso — como se ele tivesse tomado consciê ncia do tempo e do lugar, Travis pigarreou com força e se dirigiu para a porta — Vou conversar com Stephen sobre a lareira, certo? Obrigado pelo café da manhã . — Travis? Ele parou com a mã o na maçaneta, mas virou apenas metade do corpo em atençã o. — Obrigada por icar. A porta se fechou em resposta.


Capítulo Quatro

T

— ira a camisa! Ignorando a sugestã o gritada por algué m, Travis apertou os dentes em volta do lá pis na boca e se concentrou no nivelador a laser na mã o, à s vezes abaixando-o para fazer anotaçõ es. A principal desvantagem da reforma de uma casa era de initivamente a falta de janelas – nã o havia nada para abafar o ruı́do externo. Uma multidã o de cerca de uma dú zia de mulheres e alguns homens haviam se reunido no meio- io em frente a curva da rua, tirando fotos de Travis com seus celulares – e se a cafeteira portá til Dunkin' Donuts era um indicativo, eles estavam pensando em icar por ali. Sim, com certeza a competiçã o Namore Travis Ford estava em pleno andamento. Pelo canto do olho, Travis observou uma ruiva pequena sair da multidã o e aproximar-se com um ar casual de Stephen, que estava segurando uma prancheta. — Entã o... Eu estava pensando em fazer algo na minha cozinha neste outono. — O sorriso dela se alargou — Você acha que eu poderia fazer algumas perguntas a Travis? Estou tentando decidir entre vinil e telha cerâ mica. Felizmente, sem noçã o de que ele estava sendo manipulado, Stephen bateu a prancheta contra sua coxa. — Nã o precisa. Eu poderia falar sobre piso por horas. O sorriso da ruiva se transformou em um sorriso falso quando Stephen se lançou em uma apresentaçã o, cheia de gestos com as mã os e com o rolo da câ mera do seu iPhone. — Ei, Ford — disse um dos trabalhadores freelancers, limpando o gesso da frente da camiseta. — Há tantas pessoas querendo vê -lo nu por aı́ que você poderia surfar sobre a multidã o. Pessoalmente, estou ofendido pela sua atitude entediada. — E eu aqui pensando que estava sendo educado por nã o te exibir. — Por favor, me exiba! — Ele apontou para a crescente multidã o. — Você está fazendo pouco caso de um presente do pró prio Senhor Deus. Bufando, Travis voltou a fazer suas mediçõ es. Um tempo atrá s, ele estaria no meio de tudo, absorvendo a atençã o. Gozando de tudo isso. Assim que ele foi dispensado de seu ú ltimo time, ele aprendeu muito rá pido que esse tipo de admiraçã o super icial era barata e fugaz. As mulheres que uma vez o cercaram, passaram para a pró xima grande novidade do momento, assim como seu treinador, os gerentes da equipe e os fã s. Nada havia sido real – e nã o era real agora. Havia uma vantagem em ter um pú blico lá fora. Ou ele os ignorava, ou os encorajava – e o inferno congelaria antes que ele os encorajasse. Fingir que nã o via o bando de admiradores o impedia de olhar para


fora. Para o outro lado da rua, para a velha casa em ruı́nas de sua infâ ncia. Na verdade, ele nã o precisava olhar. Ele podia imaginar cada centı́metro quadrado do lugar. Se ele levantasse a cabeça e olhasse pela janela, seus fã s barulhentos teriam como fundo o teto caı́do. A grama alta, queimada pelo sol. Que ironia, nã o é ? Atrá s deles havia um lembrete de como o mundo realmente funcionava. No caso de seus pais, o amor gerou um ressentimento que acabou por destruı́-lo. Para Travis, o carinho só era dado com base em seu sucesso. Sem isso, ele foi deixado de lado. Outra vez. Nem sua fama tinha mudado as regras. Horas depois, Stephen tinha conseguido dispersar a multidã o atravé s de palestras sobre isolamento, permitindo que Travis escapulisse sem ter que se recusar a ir em um encontro. Sair de um SUV com motorista particular para pegar carona em uma minivan era um soco no estô mago. Travis resistiu ao desejo de esconder o rosto enquanto Stephen fazia uma curva à direita, dirigindo pela Main Street durante o happy hour3. Os moradores de Port Jefferson estavam pegando o jantar ou indo para um dos bares para uma versã o lı́quida. Depois de passar os ú ltimos dias trabalhando em frente à sua casa de infâ ncia, alguns goles de uı́sque cairiam bem, mas ou Travis beberia na privacidade de sua pró pria casa ou nã o beberia. Ele podia ter saı́do incó lume do desconfortá vel interesse pú blico hoje, mas ter todas aquelas pessoas ao redor o esgotara mentalmente. — Se importa de me dizer por que você tem uma Dodge Grand Caravan? Stephen aumentou ainda mais o ar-condicionado que já estava alto. — Eu tenho um caminhã o que uso para transportar materiais de construçã o. — Por que nã o estamos nele? — Você sempre foi tã o reclamã o? — Travis decidiu que isso nã o precisava de resposta e Stephen nã o estava esperando por uma de qualquer maneira. — Estou tentando convencer Kristin a... considerar com carinho termos crianças. Eu pensei que isso poderia encorajá -la. Travis franziu a testa quando uma mulher esperando para atravessar a rua mandou um beijo para ele. — Essa conversa vai alé m das funçõ es para as quais fui contratado — ele podia sentir que Stephen queria dizer mais e suspirou — Ela não está pensando em ter ilhos? Nã o é a primeira coisa em que uma mulher casada que vive em Long Island pensa? — Kristin é complicada — ele explicou pacientemente. — Ela quer que eu me esforce por isso. — Jesus. Ela quer que você se esforce por algo que nã o vai ser nada além de esforço? — Travis riu — Quantos obstá culos você teve que atravessar para conseguir um sim quando a pediu em casamento? Stephen rosnou.


— Você nã o quer saber. — Você está certo, eu nã o quero. Estarei aqui agradecendo a Deus que nã o sou eu. — Famosas ú ltimas palavras — Stephen murmurou, balançando a cabeça para um grupo de mulheres que acenavam na calçada — Você poderia estar olhando para sua futura noiva agora. — ele riu quando Travis estremeceu — Isso vai acontecer. Contanto que nã o seja nenhuma das mulheres da minha vida, estaremos bem. A ideia de ele sossegar era tã o absurda que Travis nem se deu ao trabalho de responder. No entanto, a mençã o à s mulheres da vida de Stephen trouxe um certo rosto à mente dele. Georgie, para ser exato. Nos ú ltimos dias, ela apareceu em sua mente nos momentos mais estranhos. O nariz vermelho e os olhos ú midos quando ela abriu a porta da frente. Aquele avental amarelo-ensolarado do qual ela tinha esquecido de remover a etiqueta de preço. Nã o parecia certo que sua famı́lia nã o tivesse demonstrado mais entusiasmo por seus waf les estú pidos quando até mesmo Travis conseguiu levantar a bunda da cama para estar lá . Ele disse a si mesmo que nã o cabia a ele falar sobre isso com Stephen, mas já era quarta-feira e era ó bvio que Georgie nã o iria falar a merda que seu irmã o deveria ouvir. Ele achava que ela poderia estar… magoada demais. Ou algo igualmente desconfortá vel. Quã o irritante era que ele se preocupasse com isso no im das contas. Ele só queria colocar a cabeça no lugar, superar a depressã o na qual havia entrado depois de ser cortado da liga e seguir em frente sem olhar para os lados. Ele nã o deveria se preocupar com os sentimentos feridos da irmã mais nova de seu amigo. Eles já estavam quase no apartamento dele. Se ele pudesse passar mais um dia sem mencionar o brunch, acabaria esquecendo toda aquela comida que ela provavelmente passou horas fazendo para ningué m. — Falando das mulheres da sua vida, você esqueceu o brunch de Georgie no sá bado. Cristo. Ele realmente disse isso em voz alta? — Que brunch? Um pequeno formigamento surgiu em sua pele. — Eu estava lá quando ela te convidou, cara. Nó s está vamos no seu escritó rio... — Certo — uma linha se formou entre as sobrancelhas de Stephen — E foi no sá bado passado? Travis bufou. — Esqueça. — Você foi? Ele tossiu em seu punho. — Sim. — Você estava sozinho com minha irmã zinha?


Travis nã o conseguia revirar os olhos com força su iciente. — Nã o precisa botar um ovo. Nã o fui lá sabendo que icaria sozinho com ela. Saı́ depois de meia hora — ele olhou para o amigo — Me dê algum cré dito. Nã o estou atrá s de mulher, muito menos atrá s da garota que costumava nos espiar por binó culos da á rvore no seu quintal. A virtude abençoada de sua irmã estava segura o tempo todo. Stephen apertou a mandı́bula. — Eu con io em você . Travis soltou o ar que nã o sabia que estava prendendo. Uma coisa era ser a prostituta do mundo dos esportes e outra era ter seu melhor amigo descon iando dele por causa dessa imagem merecida. Seria demais esperar que uma pessoa achasse que ele pudesse se redimir? Mais uma vez, ele nã o conseguiu impedir que pensamentos sobre Georgie aparecessem. Você nunca seria uma piada. — Você pode se desculpar com Georgie consertando a sua lareira. Ela quer trocar os tijolos. Os cá lculos que Stephen estava realizando em sua cabeça eram quase audı́veis. — Eu quero, mas estamos com uma agenda apertada, com trê s reformas ao mesmo tempo. Dois dos meus melhores rapazes nã o voltarã o até o verã o acabar, por isso temos poucos funcioná rios, mesmo que você esteja nos agraciando com sua presença sombria. Isso vai ter que esperar. Travis assentiu. Pronto. Ele cumpriu seu trabalho ao perguntar. Feito. Eles saı́ram da Main Street, passando por uma das ruas laterais até uma casa dividida em trê s apartamentos, na qual Travis estava alugando o ú ltimo andar. Os proprietá rios idosos que moravam no primeiro andar o deixavam em paz, e o apartamento do meio, abaixo do dele, estava vazio. Muito diferente dos arranha-cé us luxuosos nos quais ele inha morado por aı́, mas agora o silê ncio era exatamente o que ele queria. — Encontro você no trabalho amanhã — disse Travis enquanto estacionavam ao longo da calçada — Eu nã o posso andar nessa armadilha de estrogê nio por mais um dia e manter meu respeito pró prio. Stephen encolheu os ombros. — Você quem sabe. Nã o se atrase — ele esfregou as mã os — Amanhã é dia de demonstraçã o. — Eu nã o vou pregar o olho — Travis resmungou, fechando a porta do passageiro atrá s dele — Obrigado. Stephen buzinou ao sair, fazendo Travis balançar a cabeça. Ele entrou no primeiro andar, subiu as escadas até o topo e destrancou a porta de seu apartamento. Ele só tinha tido tempo de tirar as botas de trabalho, a camisa empoeirada e abrir uma cerveja quando uma batida


soou na porta. Quem poderia ser? Ele pagou o aluguel com alguns meses de antecedê ncia, entã o nã o poderiam ser os proprietá rios. A menos que talvez houvesse um vazamento vindo de seu apartamento? Travis passou a mã o pelos cabelos, destrancou a porta do apartamento e encontrou Georgie olhando para ele com os braços cheios de compras. Um boné diferente escondia seus olhos dessa vez, seu rabo de cavalo de sempre preso para trá s. Ela usava um macacã o com uma camiseta folgada por baixo. Ele quase fechou a porta na sua cara quando viu a escrita na frente. TURMA DE 2012 COMANDA! Essa autê ntica garotinha estava tentando nã o olhar para o seu peito nu e falhando miseravelmente. A combinaçã o de recordaçõ es do ensino mé dio com as sardas espalhadas pelo nariz dela fez com que ele se sentisse um pouco devasso por deixar que ela o olhasse, fosse intencional ou nã o. Pelo amor de Deus. Ele nã o tinha tempo para isso. Ele nã o podia simplesmente beber sua cerveja em paz e esquecer que ele voltou para sua cidade natal para trabalhar em uma empresa de construçã o? Se levantar de manhã e calçar botas de trabalho era esforço o su iciente quando seu coraçã o ainda se lembrava de estar no banco e doendo por estar pendurando as chuteiras. No momento, nã o havia energia sobrando. — Por quê você está aqui? — Hum. — Ela passou por ele e entrou no apartamento antes que ele pudesse detê -la. — Primeiro de tudo, oi. Segundo, nã o sei se você sabe, mas é muito difı́cil cozinhar para uma pessoa só . Eles vendem coisas em dois tamanhos de porçã o: banquete para a famı́lia, e o su iciente para dois. Entã o eu sempre acabo com sobras. — Ela lançou um olhar nervoso para ele por cima do ombro e começou a desembalar a primeira sacola, colocando pratos cobertos com papel alumı́nio no balcã o. — Você só pode comer uma certa quantidade de comida chinesa, certo? O comentá rio trouxe de volta a lembrança dela jogando uma caixa na cabeça dele. O maldito apartamento nã o estava em um estado muito melhor do que a ú ltima vez que Georgie esteve lá . Sua roupa suja ainda estava derramando do cesto na porta do quarto, cartas fechadas e anú ncios lustrosos espalhados por todas as superfı́cies, ané is pegajosos de bebidas, poeira e lixo. Era nojento. — Você vai fechar a porta, Travis? — Nã o — ele apontou o queixo em direçã o ao corredor — Porque você nã o vai icar. Ela se virou e apoiou o quadril no balcã o. — Com medo que eu jogue mais algumas verdades em você ? — Nã o. — Porque precisamos conversar sobre a infestaçã o de ratos. Seu pescoço formigou.


—Nã o tem ratos aqui. — Ainda nã o — ela voltou a descarregar comida — Tã o perto da á gua, no entanto? Você terá companheiros de quarto dentro de uma semana. Eles serã o ainda mais irritantes do que eu. Por alguma razã o, Georgie chamando a si mesma de irritante o fez fechar a porta. A aba do boné de Georgie nã o escondeu seu sorriso. — Ok, entã o tem ravió li de carne... — Pode ser — ele resmungou. — Ou bolo de carne com chipotle. Sua cerveja parou no caminho para a boca. — Que merda é essa? Nã o importa, eu vou comer. — Os dois? Ele apontou para a pequena igura com sua garrafa de cerveja. — O tamanho de uma porçã o para você nã o é o mesmo tamanho de uma porçã o para mim, bonequinha — O apelido rolou por sua lı́ngua como manteiga, e Georgie quase deixou cair um dos pratos que estava tirando da sacola. Por que diabos ele a chamou assim? Apelidos carinhosos nã o eram incomuns para Travis, embora ele nunca tivesse chamado algué m assim antes. Ainda assim, Georgie nã o era uma das mulheres que tinham ido e vindo de sua vida na velocidade dos arremessos de bolas. Ela nem deveria estar aqui. E ele com certeza nã o deveria estar chamando a atençã o para a diferença de tamanho entre eles ou fazendo referê ncias ao tipo de corpo dela. Nã o que ele pudesse distinguir uma ú nica curva com aquele monte de roupa folgada ao redor dela, da cabeça aos pé s. Ele nã o achou nada decepcionante. — Olha, obrigado por passar aqui com a comida. Mas nã o acho que seu irmã o ia gostar da gente passando um tempo juntos. O nariz dela enrugou. — Por quê ? Travis passou a mã o pelo rosto. — Fala sé rio. Você tem que saber que eu tenho uma espé cie de... reputaçã o em relaçã o ao sexo oposto — ele esperou até que Georgie olhasse para ele — Vamos apenas dizer que é merecido. — Sim, Dois Tacos. Estou ciente. — Ela encolheu os ombros como se nã o tivesse acabado de comentar sobre o tamanho do seu pau. — Mas nã o é como se nós fossemos... — Nã o, de initivamente nã o. — Quero dizer... — Ela piscou para ele — Eu acho que estou segura. — Você está mil por cento segura. — Ok, você nã o precisa ser tã o incisivo. Eu tenho um pouquinho de vaidade e gostaria de mantê -la. Travis riu. Uma risada real que atingiu seu estô mago. Há quanto tempo isso nã o acontecia? Meses. Geralmente ele nã o achava engraçado algué m invadir seu espaço pessoal, mas ter Georgie em seu


apartamento era... surpreendentemente fá cil. Ele nem precisava ser legal com ela, e ela icava por perto de qualquer maneira. Se ele fosse obrigado a entreter ou agradar algué m, essa pessoa icaria muito decepcionada, mas ela nã o parecia esperar isso. Talvez ele a deixasse icar por mais alguns minutos. Dez no má ximo. — Ok, nã o ique estranho, mas eu encontrei este DVD... — Como se estivesse revelando o novo iPhone, ela pegou uma có pia de Uma Equipe Muito Especial com um loreio — Podemos deixar passando enquanto limpamos esse buraco de rato. Travis bateu sua garrafa de cerveja vazia no balcã o. — Você é louca se acha que vou fazer faxina esta noite. Passei oito horas construindo o segundo andar de uma casa... — Ele se afastou — Nã o me olhe assim, Georgie. Eu estou cansado pra caralho. — Nã o há choro na construçã o4. — Isso nã o é engraçado. — Você está certo, essa foi muito fraca. Estou cansada també m. — Virando de per il, ela apertou alguns botõ es no forno, abriu a porta e depois deslizou dois dos pratos na prateleira central. — Entã o, eu me apresentei em uma festa de aniversá rio esta semana. O ilho mais novo dos Miller? Travis foi à geladeira pegar outra cerveja. — Nã o faço ideia de quem seja. — Sé rio? Os pais se formaram no seu ano, eu acho. Ele é ruivo. Ela fuma mentol e sempre insiste que vai parar no dia seguinte. Uma vaga lembrança do ensino mé dio apareceu – um grupo de formandos do lado de fora do local do baile passando de um para o outro uma sacola marrom com uma garrafa de bebida. Ele quase podia sentir o cheiro da fumaça do cigarro, o gosto de hortelã descendo pela garganta quando respirava a fumaça do ar. O canto da boca de Travis se esticou para cima. — Isso realmente me lembra algo. — Eu os ouvi conversando na festa. O Pai Ruivo é o diretor da escola agora, e eles estã o esperando que você vá fazer uma demonstraçã o para a equipe. Você sabe, para inspiraçã o. Um peso caiu no estô mago de Travis. — Ah é ? — Ele pressionou a lı́ngua na parte interna da bochecha até doer — Um monte de crianças? Esse nã o é exatamente o meu tipo de coisa. — Engraçado — ela murmurou — Esse é exatamente o meu tipo de coisa. — Claro — ele massageou os olhos — As festas de aniversá rio. — Nã o apenas festas de aniversá rio — Georgie deu de ombros — Eu amo crianças. Sã o basicamente bolinhas má gicas de otimismo que te amam incondicionalmente. Mal posso esperar pela minha. — Como se


percebesse que estava falando alto, Georgie largou a colher à s pressas — Hum. As crianças nã o precisam ser do seu interesse para falar sobre beisebol. Ainda um pouco preso ao anú ncio de Georgie de que queria ilhos, Travis perguntou: — Você nã o é um pouco jovem para querer tanto ter ilhos? — Algumas pessoas sonham em jogar nas principais ligas, outras sonham com pinturas de dedos secando na pia da cozinha. — Ela fez uma pausa. — Eu també m quero uma carreira, mas... Sim, quero uma famı́lia grande, barulhenta e feliz. Você nunca quis isso? — Nã o — disse Travis sem hesitar, se perguntando por que a palavra caiu como uma bigorna entre eles. Francamente, a ideia de ser responsá vel por uma criança o deixava nervoso. Ele já estava aqui, em Port Jeff. Sua carreira pro issional no beisebol era coisa do passado. Ele nã o ia chegar a lugar nenhum. As semelhanças com seu pai eram muitas para pensar que ele també m nã o seria um merda em relaçã o à paternidade. Ele tentou focar novamente no assunto em questã o, mas foi preciso um esforço. Falar sobre beisebol para as crianças? Droga. Ele icou surpreso com o quanto ele não queria pegar em um taco. Jesus, ele mal conseguia se imaginar tentando praticar o esporte que costumava ser sua vida. Pra que fazer esse esforço quando ele já estava tã o longe de sequer parecer até mesmo com uma sombra do seu eu anterior? — Seu irmã o acabou de falar que agora é a é poca mais ocupada — sentindo os olhos perscrutadores de Georgie, ele andou pela sala, agarrando meias sujas enquanto passava — Todo mundo está querendo reformar antes que as temperaturas caiam, e ele tem pouca mã o de obra. Nã o posso deixá -lo na mã o. — Você poderia ensiná -los mais em uma hora do que eles aprenderiam em meses com outra pessoa. També m nã o teria que ser imediato. Há muito tempo antes do inı́cio da temporada. — Ela sorriu para ele por cima do ombro. — Eles te amam. Seria como um sonho se tornando realidade. — Nã o insista, Georgie. Má goa dançou atravé s de suas feiçõ es antes que ela pudesse se virar e esconder, e ela continuou a encher a geladeira dele com comida su iciente para as pró ximas noites. Travis se xingou mentalmente. Ele nã o queria que as pessoas conversassem com ele sobre beisebol e parassem de pisar em ovos ao seu redor? Essa garota havia feito isso duas vezes sem aviso pré vio. O que ele ganhava surtando com ela por cutucar um ponto dolorido que ele nem sabia que tinha? Eles poderiam ser amigos, ele e Georgie. Isso era o que estava errado. Ele nã o queria um amigo, especialmente nã o ela. Ela era muito jovem, muito positiva e muito relacionada ao seu melhor amigo. Por alguma razã o, ele nã o conseguia deixar de agradecer a ela, à sua


maneira. Por pensar que ele valia suas tentativas de afastar a escuridã o à sua volta. — Ouça... — Ela olhou esperançosa para ele e ele franziu o cenho. — Escolha um dia na pró xima semana e eu irei fazer algumas mediçõ es na sua lareira. As mã os dela voaram para o peito, achatando-se ali. — Você vai reformar minha lareira? — Se você nã o me izer limpar a casa — disse Travis, cruzando os braços. Georgie abriu o armá rio embaixo da pia da cozinha e começou a vasculhar qualquer material de limpeza que o ú ltimo inquilino tivesse deixado para trá s, já que ele com certeza nã o havia comprado nada. — Eu vou limpar esse lugar todo de cima a baixo, se isso me der uma lareira em troca. Terça-feira está bom para você ? — Terça-feira, tudo bem. Mas você entende o chute na bunda que eu estou implorando ao seu irmã o ao ter você cozinhando e limpando para mim? Isso nã o vai acontecer. Ela se endireitou, examinando uma garrafa de limpa-vidros. — Você está muito enganado se pensa que meu irmã o se importa com o que faço do meu tempo. Ele só me quer fora do caminho. Nã o era da conta dele. Nã o era. — Ele se importa com você . Sua boca se abriu em um pequeno O, e Travis se viu encarando-a por mais tempo do que deveria. Aparentemente, isso era o que acontecia quando ele nã o transava por meses. A mulher mais pró xima começou a parecer uma boa ideia. Essa era a ú nica razã o pela qual seus dedos estavam formigando para desabotoar o macacã o de Georgie e dar uma boa olhada nela. Aliviado por esta ser a ú nica – ou quase – razã o para estes pensamentos, Travis se virou. — Tudo bem, vamos os dois limpar essa porra de lugar. Essa é a ú nica maneira de nã o dar merda pra mim depois. Georgie inclinou a cabeça. — Você quer dizer ratos. E a ú nica maneira de nã o dar ratos depois... — Cala a boca, Georgie. — Feito. Ela começou a en iar lixo e recipientes de comida dentro de um saco de lixo preto enquanto Travis comia mais um pouco de sua comida incrı́vel, sem se preocupar em esconder sua exasperaçã o quando ela colocou Uma Equipe Muito Especial em seu aparelho de DVD. Algumas vezes, quando ela o pegou assistindo a tela e ergueu o queixo em reprovaçã o sarcá stica, Travis sentiu vontade de fazer có cegas nela. Ou bagunçar o cabelo dela. Coisas que ele nunca hesitaria em fazer quando eram mais novos. Algo o fez manter as mã os para si desta vez, no entanto. A intuiçã o dizia que um toque inocente poderia levar a um


caminho claramente não inocente – e ele nã o questionaria esse instinto nem o exploraria mais. — Você conseguiu evitar a competiçã o de namoro? — Georgie perguntou enquanto colocava revistas velhas em um saco de lixo. — Mais ou menos — ele murmurou, as cantadas do canteiro de obras ecoando em sua cabeça — Agora que parei para pensar nisso, como eu sei que você nã o é uma espiã ? Ou pior, uma concorrente? — quando ela começou a balbuciar, Travis piscou para que ela soubesse que ele estava brincando — E a sua vida amorosa? Antes que ele pudesse se repreender por perguntar a Georgie sobre algo que nã o era da sua conta, ela riu. — Em uma palavra? Horrı́vel. A maioria dos homens com quem entro em contato sã o pais fora do mercado. Nã o há muitos jovens solteiros saindo pra se divertir em festas de princesas. — Ela pegou uma meia petri icada e bateu na parede, erguendo uma sobrancelha para ele. Ele encolheu os ombros. — Talvez você deva deixar as concorrentes da competiçã o de namoro fazerem um tour pelo seu apartamento. Problema resolvido. — Se você está sugerindo que paremos de limpar, eu estou dentro. — Vai sonhando — disse ela, largando a meia no saco de lixo. — Nó s vamos avante, soldado. Especialmente agora que você chamou a atençã o para a minha falta de encontros. Eu tenho que me manter ocupada agora ou mergulhar em pena. — Para — Travis limpou uma substâ ncia desconhecida da mesa de café — Eu diria que o problema é que todos na cidade conhecem seu irmã o e nã o querem irritá -lo. — Mais uma vez, garanto que meu irmã o nem notaria se eu começasse a namorar. Travis a observou trabalhar por um momento, lembrando nã o apenas do brunch, mas da conversa com Stephen na minivan. — E tã o ruim assim, Georgie? Ela se endireitou, parecendo tã o jovem e vulnerá vel que ele se perguntou o que havia de errado com ele, passando um tempo sozinho com ela. Percebendo coisas sobre ela. — O que é tã o ruim assim? Por que diabos ele estava se envolvendo nisso? Travis nã o sabia, mas ele parecia nã o conseguir se conter. — Você , uh... parece ser deixada muito de lado. Ou nã o é levada em consideraçã o tanto quanto você deveria ser — ele voltou a limpar a mesa — Estou começando a pensar que você nã o estava exagerando. Quando Georgie icou em silê ncio por alguns instantes, ele olhou para cima para encontrá -la olhando para o espaço. — Lembra quando você estava na minha casa no outro dia e você disse que nã o é culpa de ningué m, que você fez de você mesmo uma piada?


— Sim — ele murmurou. — E um pouco assim para mim també m. A famı́lia já estava formada quando eu tinha idade su iciente para fazer parte da conversa. Como todas as crianças, me silenciavam demais, entã o tive que ser persistente e irritante para ser ouvida. Uma peste — ela encolheu os ombros — Agora estou mais velha, mas a dinâ mica é a mesma. Eu acho que é mais fá cil deixar pra lá do que tentar mudá -los. Porque e se eu falhar? Ou se eu realmente for uma peste? Travis queria dizer a ela que ela nã o era uma peste, apesar da forma como ele mesmo a tratava. As palavras estavam ali na ponta da lı́ngua, mas e se isso a deixasse confortá vel com ele? A izesse con iar nele ou vê -lo como amigo? Ele nã o queria um amigo agora, nã o é ? Nã o queria ninguém muito perto. — Famı́lias sã o complicadas — disse ele, apesar de nã o ter soado bom o su iciente. Nã o era tranquilizador do jeito que as palavras dela tinham sido para ele. — Eles provavelmente nem sabem que estã o machucando seus sentimentos, bonequinha. Ela suspirou. — Nã o, acho que você está certo sobre isso. — Eu estive em times em que uma voz sempre parecia ser ignorada. Quando joguei nos Hurricanes, eles trouxeram um cara das ligas secundá rias. Um veterano. Quer dizer, esse cara estava na casa dos quarenta e ainda estava resistindo. Ele foi rejeitado por todos os novos talentos, inclusive por mim, por ser um homem velho. Um cara que levou dé cadas para ser relevante. — Ele revirou os ombros. — Logo apó s a lesã o, sentei-me ao lado dele no banco por vá rios jogos e percebi... esse cara sabia mais sobre o jogo do que todos nó s juntos. Apontou coisas que eu nunca teria visto sozinho. — Georgie observou-o silenciosamente do outro lado da sala — Você nã o deve desistir ou parar de exigir ser ouvida — disse ele, precisando fazer ela se sentir melhor, sem ter ideia do porquê . — Talvez você só precise de uma maneira diferente de fazê -los ouvir. Georgie piscou lentamente. — Obrigada por isso. Recusando-se a reconhecer seu alı́vio por ter aparentemente dito algo certo, Travis resmungou e voltou a arrumar. Algumas horas depois, os cré ditos rolaram no ilme ao som da voz de Madonna, e Travis percebeu que ele estava parado no meio de sua sala de estar, com a vassoura esquecida na mã o, nos ú ltimos vinte minutos. O apartamento estava bem perto de icar impecá vel. Onde estava Georgie? Ele a encontrou deitada de bruços no pé da sua cama. Dormindo profundamente. Travis esperava que isso o irritasse. Em vez disso, ele icou parado, notando seu pé faltando uma meia, como se ela tivesse chutado durante o sono. Sem esmalte nas unhas. O rosto dela estava pressionado contra


a colcha e virado para o lado, fazendo um beicinho. Se ele tivesse um coraçã o, ele poderia ter achado a cena adorá vel. Como ele nã o tinha, ele realmente precisava descobrir como fazê -la sair dali. Eles já haviam passado muito tempo juntos. Deixá -la passar a noite na casa dele cruzava uma linha – e ningué m nesse Mundo de Deus acreditaria que Dois Tacos nã o izera nada mais com Georgie do que faxina. — Ei — Engolindo uma onda de culpa, Travis cutucou seu ombro. — Georgie. Acorde. — Você viu Dale? — Georgie murmurou enquanto dormia, claramente longe de acordar. — Eu preciso do Dale. — Quem é Dale? Os olhos de Georgie se abriram. Suas pernas se mexeram, mas ela estava muito perto da beira da cama, entã o seu joelho nã o encontrou nenhum apoio. Ela caiu no chã o antes que Travis pudesse soltar a vassoura e pegá -la. — Ai. Tudo certo. Pode ser que ainda tivesse um pedaço de coraçã o do tamanho de uma moeda de dez centavos que se agitou dentro dele, porque a visã o de uma Georgie sonolenta e desorientada, com metade do rabo de cavalo solto, o fez se ajoelhar antes que ele pudesse pensar melhor, uma das mã os levantadas para passar sobre os cabelos dela. — Você está bem, bonequinha? Ela bocejou tã o forte que ele pô de ver suas amı́gdalas. — Terminamos de limpar? Pela segunda vez naquela noite, ele sentiu vontade de rir. — Terminamos. — Eu deveria ir. Ele engoliu em seco. — E o melhor. Travis ajudou Georgie a se levantar, nã o tendo escolha a nã o ser segurar a cintura quando ela cambaleou. Não estou especulando sobre o que está por baixo do macacão. Não senhor, não estou. Ele estava pronto para insistir em levá -la para casa, mas ela se reanimou quando chegaram à porta da frente, como se nunca tivesse dormido. Era meio estranho, na verdade. Antes que ela pudesse sair, ela se virou e lhe lançou um sorriso. — Eu vi você assistindo o ilme. — Nã o, você nã o viu. — Boa noite — ela disse, descendo as escadas — Os ratos devem te deixar em paz agora. Ele suspirou. — Obrigado, Georgie. — Eu e minha lareira te vemos na terça-feira. Quando Travis fechou a porta, ele pô de sentir o sorriso relutante tentando se formar seu rosto.


Expulsando-o com um palavrã o, ele foi para a cama. Quem diabos era Dale?


Capítulo Cinco

Georgie circulou um cabideiro, navegando pelos cabides de roupas

velhas. Quando ela pegou uma camiseta cinza com o logotipo da Escola de Port Jefferson, ela a tirou da ileira abarrotada e a ergueu para encarar a mulher atrá s do caixa. — Ei, acho que isso costumava ser meu! Ela recebeu um joinha em resposta, antes que a proprietá ria da loja, Zelda, voltasse a ler seu romance. Assim era a dinâ mica delas. As vezes Georgie se perguntava se Zelda preferiria ter uma loja completamente vazia do que ter que lidar com um cliente interrompendo sua leitura. Em alguns minutos, a mulher mais velha terminaria o capı́tulo, dobraria a orelha da pá gina e estaria pronta para conversar. Essa era apenas a maneira como ela funcionava. Georgie estava bem acostumada, considerando que a Segunda Chance da Zelda era onde ela vinha comprando suas roupas há anos. Ser a caçula da famı́lia Castle signi icava que o guarda-roupa de Georgie consistia em roupas usadas, de Bethany e Stephen. Ela ia pra escola usando jeans remendados, blusas desbotadas e tê nis de cinco temporadas atrá s. Nã o que seus pais nã o tivessem condiçõ es de comprá -la roupas novas, mas Morty Castle veio de origens humildes e nã o acreditava em consertar algo que nã o estava quebrado. Seu lema foi o que o tornou tã o bem-sucedido no negó cio de reformar casas. Fazer apenas as mudanças necessá rias, se concentrar na restriçã o de recursos e aprimorar os recursos existentes, funcionou bem para ele. Essa ló gica deu certo para Georgie? Seus colegas de classe haviam zombado de suas roupas enormes ou fora de moda mais de uma vez, mas, como na maioria das cidades pequenas, a popularidade passada de seus irmã os havia ajudado a conter o bullying. Ajudou que o fenô meno local Travis Ford fosse um amigo ı́ntimo da famı́lia. E, inalmente, um dia, Georgie chegou a um ponto onde nã o haviam mais roupas usadas. Todas elas foram literalmente doadas. Quase cinco anos se passaram desde que ela sentou no banco da frente da caminhonete de sua mã e a caminho de Zelda pela primeira vez. A parte de trá s da carreta estava carregada com dé cadas de roupas infantis dos Castle, prontas para serem doadas. Elas planejaram se aventurar no shopping depois, para inalmente deixar Georgie comprar algumas roupas de sua pró pria escolha, mas ela nã o foi alé m das prateleiras lotadas de Zelda. Era tarde demais. Roupas de segunda mã o se tornaram sua zona de conforto. Camisetas velhas e macias de acampamentos, jaquetas de lanela e jeans fora de linha. O que poderia ser melhor? Ultimamente, ela começou a se perguntar exatamente isso. O que poderia ser melhor?


Georgie tinha dois uniformes: uma fantasia de palhaço e roupas de brechó . Isso era parte da razã o pela qual sua famı́lia nã o a levava a sé rio? Porque ela ainda se vestia da mesma maneira que no ensino fundamental? Ela passou o dedo pela prega de uma saia longa, deixando o dedo cair. Depois de morder o lá bio por um minuto, ela tirou o celular do bolso da calça jeans e acessou os contatos, passando o polegar sobre o nome de Bethany. Pedir conselhos de moda para a sua irmã que era chique sem fazer nenhum esforço, nã o estava no topo de sua lista de afazeres, mas ela nã o tinha mais ningué m para quem ligar. Depois de se formar no ensino mé dio em Port Jefferson, as pessoas tinham duas opçõ es: icar pela á rea e se casar com algué m local ou sair para a faculdade, fazer a cabeça do seu companheiro e arrastá -lo de volta. Se você nasceu em Port Jeff, sempre voltava à s origens. Infelizmente, as duas amigas de infâ ncia mais pró ximas de Georgie ainda nã o haviam conseguido isgar um cavalheiro inocente e ainda viviam solteiras em có digos postais muito diferentes. Por outro lado, Bethany trabalhava como stager5/decoradora da Brick & Morty, o que signi ica que só recebia o bat-sinal quando a obra na casa fosse concluı́da. Ela passava a maior parte do tempo comprando materiais online ou caçando peças ú nicas em shoppings de antiguidades em Long Island. Havia uma boa chance de ela estar por perto. Georgie engoliu o sapo e digitou o nome de Bethany. G: Ei, você pode me encontrar? Eu preciso de ajuda. B: Com o que? G: Roupas. Para… Os polegares de Georgie pararam na tela. Ela deveria ter uma estraté gia melhor. Sua razã o para querer roupas novas tinha mais camadas do que um x-tudo completo. Mais importante ainda, seu negó cio como palhaça estava diminuindo. Aquelas ligaçõ es que ela retornou no ú ltimo sá bado? Ela havia agendado apenas dois trabalhos. As festas de aniversá rio dela eram de primeira, os oito “nã os” a tinham garantido, mas eles estavam procurando por algo... maior. Georgie sabia que seria necessá rio muito trabalho para transformar seu inexperiente show individual em algo respeitá vel. Uma empresa real que anunciava e fazia propostas. Por enquanto, ela contava com referê ncias de boca-a-boca e clientes repetidos que a conheciam, conheciam sua reputaçã o e, na maioria dos casos, eram amigos da famı́lia Castle. A famı́lia Castle. Eles nã o a levaram a sé rio. Como ela poderia esperar que mais algué m levaria?


Ela olhou para os seus jeans desbotados que provavelmente pertenceram a um lenhador morto. Suas botas gastas espreitavam sob as bainhas des iadas, provocando-a. O que as pessoas veem quando a olham? Nã o uma empresá ria. També m nã o é uma mulher sexualmente desejá vel. E talvez, apenas talvez, quando Travis fosse medir sua lareira na terça-feira, ela queria que ele visse uma. Algué m por quem valia a pena trabalhar melhor a imagem. Georgie lançou um olhar cauteloso para Zelda, como se esse pensamento inadequado tivesse sido dito em voz alta. Ela vinha dizendo muitas coisas em voz alta ultimamente. Você viu o Dale? Eu preciso de Dale. Ela realmente pediu por seu vibrador na frente de Travis Ford? Ela enterrou o rosto em uma jaqueta forrada de lã . Oh Deus, essa tinha sido ao mesmo tempo a melhor e a pior noite de sua vida. Suas intençõ es eram puras. Ela só queria deixar alguma comida para o homem que nã o tinha famı́lia na cidade e que acabara de assistir sua carreira virar pó . Mesmo que ela nã o estivesse apaixonada por ele por muito, muito tempo, ela teria feito isso. Em vez de fazer a coisa certa e ir embora, ela passou duas horas assistindo um Travis Ford sem camisa se inclinar para pegar o lixo e se esticar para tirar o pó de superfı́cies altas. Nã o havia movimento que ele pudesse fazer onde algo nã o se lexionasse. Era praticamente uma lexão constante. Ela pretendia deitar-se por apenas alguns segundos depois de trocar os lençó is, porque quem pode resistir a lençó is recé m lavados? Acontece que assistir a todos aqueles mú sculos atlé ticos havia acelerado seu subconsciente, porque ela havia caı́do em um sonho sexual. Como em todas as suas fantasias mais sujas desde o inı́cio dos tempos, a estrela era Travis Ford. No entanto, como a maioria de suas fantasias envolvia o uso de Dale – e não a coisa real – ela chamou o nome de Day-Glo – seu amigo laranja – no lugar. Houve uma fraçã o de segundo quando ela acordou quando jurou que Travis estava olhando para ela com algo parecido com... ternura. Uma invençã o de sua imaginaçã o, obviamente, mas ela continuou a voltar, repetindo o calor que a fazia sentir. O quã o quente Travis a fazia se sentir em geral. Mas nã o só com a coisa sexual. Ele baixou a guarda por acidente algumas vezes quando estavam sozinhos e mostrou a ela algué m diferente da infalı́vel estrela de seus sonhos. Ele era tã o completamente humano. Devia deixar ela preocupada que isso nã o diminuı́sse sua admiraçã o por ele. Nã o, apenas parecia aumentar. Por quê ? O telefone de Georgie tocou novamente. B: Você precisa de ajuda com o que? Você foi sequestrada? G: Não. Deixa pra lá. Só estou precisando de conselhos sobre moda. B: Eu deixaria você pegar emprestado alguma coisa, mas todos os meus trajes de palhaço estão na lavanderia.


É isso. Não deveria nem ter tentado. Georgie colocou o telefone de volta no bolso com uma careta. As mensagens desdenhosas de seus irmã os nã o eram novidade. Mas esse desejo de provar a eles que ela era uma adulta capaz só se fortaleceu. E talvez, apenas talvez, tivesse algo a ver com fazer Travis olhar para ela como mais do que a irritante irmã zinha do melhor amigo. — Te vejo depois, Zelda — disse Georgie a caminho da porta. Zelda simplesmente virou a pá gina em resposta. Travis sentou-se nos degraus da varanda da casa em obra, batendo seus jeans para tirar a poeira de demoliçã o deles. Tentando ao má ximo ignorar a casa do outro lado da rua, ele abriu um Ginger Ale6 e bebeu um longo gole. Quando Stephen lhe disse o endereço dessa reforma, por que ele nã o recusou? Dentre todas as pessoas em Port Jefferson, Stephen seria o que teria entendido. Mas seria admitir uma fraqueza, e Travis já tinha muitas delas agora, nã o tinha? Ainda assim, morar nesta cidade signi icava estar cercado por seu passado. Ele nã o precisava ter ele esfregado em sua cara o dia todo. Nã o. Ele com certeza nã o precisava disso. O pai de Travis nã o morava mais na casa Colonial desmoronada do outro lado da rua, mas como nunca havia sido vendida, todos os sinais de negligê ncia ainda estavam lá . Os beirais caı́am como tristes sobrancelhas inclinadas sobre janelas cobertas de sujeira. Um dia as á rvores ao redor da casa foram altas e orgulhosas. Mas tinha tanto tempo que elas nã o eram podadas que formaram uma espé cie de barreira verde frondosa ao redor da casa. Uma bençã o, pois bloqueava parcialmente a visã o que todos tinham da casa. Uma brisa passou soprando uma persiana na janela de seu antigo quarto, como costumava acontecer quando ele dormia lá dentro, o assustando no meio da noite. Se fechasse os olhos, conseguia lembrar de sua mã e estacionando do lado de fora da casa em seu velho Ford Explorer branco, o deixando lá para o im de semana. Ela suspirava e hesitava. Ele rezava para que ela o levasse para casa e nã o o forçasse a suportar a vez de seu pai, e que se dane o acordo de custó dia. Mas ela nunca cedeu, dizendo a Travis para sair e esperar na varanda até que seu pai voltasse para casa. As vezes, ele icava sentado até o meio da noite, esperando. Uma lata se abriu atrá s de Travis e ele se virou para encontrar Stephen encostado no trilho de ferro forjado, tomando seu pró prio Ginger Ale, a bebida preferida no trabalho, pois eles nã o podiam tomar cerveja. Nã o na frente de Stephen. — Ainda falta uma hora aqui antes de irmos. — Ele sacudiu a poeira do cabelo. — Quero abrir essa parede na sala de jantar e ver com que tipo de suporte estrutural estamos lidando. Poderia ferrar com o


conceito aberto, a menos que a gente queira derrubar e colocar uma viga de suporte. — Ai. A viga vai custar para você . — Sempre custa algo. — Stephen tomou um gole longo, que demorou a engolir — Está sendo estranho trabalhar tã o perto da sua casa antiga? — Pra dizer o mı́nimo. — Travis se levantou e entrou na casa — Vamos voltar ao trabalho. — Você nã o é o dono dela agora? Por que nã o a derruba? – Stephen disse, seguindo Travis na reforma, onde o terceiro membro da equipe, Dominic Vega, estava reformando uma parede de tijolos expostos, seus movimentos eram lentos e metó dicos. Focado. — Pode ser libertador. Ou poderia fazer os demônios icarem loucos. — Nossa de iniçã o de 'libertador' é bem diferente — murmurou Travis. — Você está se referindo a sexo? — Perguntou Stephen — Eu dirijo uma minivan em parte do tempo, entã o preciso que as piadas sujas sejam explicadas para mim agora. — Se eu estiver falando sobre sexo, você saberá . Dominic pousou a espá tula e cruzou os braços e as pernas em uma postura militar que signi icava negó cios. — Do que estamos falando? — Nada — respondeu Travis, ignorando o impulso de olhar pela janela para o santuá rio a sua infâ ncia do outro lado da rua — O chefe nã o consegue cuidar da sua pró pria vida. Stephen suspirou. — Ter todas as respostas é um fardo, mas eu o carrego. Dom tossiu em seu punho, as tatuagens azuis nos nó s dos dedos cobertas de sujeira e manchas de argamassa. — Por que nã o vender o lugar? Tornar ele o problema de outra pessoa? — Talvez tomar alguma atitude em relaçã o a casa prove que ele ainda dá a mı́nima para alguma coisa — disse Stephen, pontuando sua a irmaçã o com um ar superior — Deus o livre. Travis nã o se importava com o vazio de sua pró pria risada. Nã o havia chance de ele contar a Stephen e Dominic que, embora ele fosse o dono da casa, o nome de seu pai ainda estava no registro. E a ú ltima coisa que ele precisava era trazer aquele velho ilho da puta de volta à sua vida. Ele manteria isso para si mesmo, no entanto, porque para algué m de fora poderia parecer que Travis estava com medo de confrontar seu pai. Nã o era esse o caso. Nã o era assim tã o fá cil. A ú ltima vez que viu o pai, ele tinha vencido as probabilidades e sido escalado pelo Northwestern. Ele só queria evitar ouvir o “eu avisei” a todo custo, agora que ele tinha falhado.


— Eu nã o dou a mı́nima para nada. Você s dois deviam tentar algum dia. — Travis inalmente respondeu. Por alguma razã o, o rosto de Georgie surgiu em sua mente. O momento estranho o levou a pegar uma marreta e enterrá -la na parede da sala de jantar. — Entre meninos. A á gua está boa. — Nã o, obrigado. — Stephen inspecionou a parede atravé s do buraco — Gosto da á gua quente na qual Kristin está me fervendo vivo. Me manté m jovem. — Manté m você à beira de um AVC, você quer dizer. — Talvez. — Stephen quase sorriu, mas o que ele viu na parede o fez franzir a testa — Vamos precisar trazer uma viga de apoio. Dom apareceu atrá s deles. — Merda. — Sim. — Stephen massageou a ponte do nariz. — Mas se eu colocar um problema no meio do conceito aberto de Bethany, ela terá que mudar todo o design. — E você terá que substituir as suas bolas, que ela arrancará — murmurou Dom. — Se ela nã o mudou desde o ensino mé dio, isso parece preciso. — Travis largou a marreta e começou a juntar suas ferramentas, sabendo que seria inú til seguir em frente até que eles trouxessem uma equipe para reforçar a estrutura. — Você s topam uma cerveja? — Estou dentro — disse Dom, tirando as luvas de trabalho e en iando-as no bolso de trá s. — Rosie está fazendo uma aula de giná stica hoje à noite, entã o eu estou por conta pró pria. Outra vez. Um vinco profundo se formou entre as sobrancelhas de Dom. Enquanto cresciam, Travis se lembrava dos dois como um casal só lido, que parecia falar sua pró pria lı́ngua, parecendo nã o haver mais ningué m na sala quando estavam juntos. Eles davam suporte um ao outro, escolheram nomes para seus futuros ilhos e foram eleitos como os Mais Prová veis a Se Casarem. Apó s a formatura, Dom transformou em realidade a previsã o do anuá rio e pediu Rosie em casamento, bem no centro do campo de futebol, ambos de capelo e beca. Meses depois, tendo colocado um anel no dedo de Rosie, ele se juntou aos fuzileiros navais e passou algum tempo no exterior – mas voltou mais silencioso. Mais sé rio. Travis nã o pretendia analisar Dom do jeito que Stephen poderia, mas de initivamente parecia haver problemas no paraı́so de Dom e Rosie. Nem Travis, que pensava que o casamento era uma instituiçã o irrealista, queria ver o casal se separar. Naquela é poca, todo mundo tinha certeza que seria o ú nico casal a vencer as probabilidades. Se Dom e Rosie iriam se separar, Travis só poderia agradecer por nã o terem ilhos. Ele sabia muito bem como o divó rcio poderia transformar uma criança em um peã o em um jogo feio de xadrez. A inal,


ele estava do outro lado da rua do inferno que seus pró prios pais haviam criado para ele. Sim, de initivamente é hora da cerveja. Cada um deles levou seu pró prio caminhã o para a cidade, parando no estacionamento atrá s do Grumpy Tom's e entrando pela porta dos fundos, reservada aos frequentadores. Port Jefferson era uma cidade pequena, mas havia se tornado um destino cada vez mais popular ao longo dos anos. A maioria dos turistas icava perto da á gua onde a balsa descia ou fazia compras na Main Street. De vez em quando, alguns deles passeavam pelo Grumpy Tom's, mas a maioria dos clientes do bar era local. Um colarinho azul, outro colarinho branco e todos com um objetivo: assistir ao futebol e relaxar. Esta noite, em particular, era exatamente o que Travis precisava. Antes que eles pudessem pedir bebidas, um homem deslizou ao lado deles no bar, batendo com o punho na madeira e chamando a atençã o com uma risada estrondosa. — Ali está ele. Eu sabia que o Dois Tacos voltaria à espreita se apenas desse tempo a ele. — O homem examinou o bar. — Pickins magros hoje à noite, mas quando as mulheres ouvirem que você está por perto, icará apenas em pé . Todos nó s nos bene iciamos. Ter seu passado só rdido glori icado nã o parecia certo. No ú ltimo ano, ele foi negociado para Chicago, San Diego e Miami. Durante as noites fora, ou mesmo em ambientes pro issionais, os homens se aproximavam dele e pediam detalhes de suas façanhas. Travis geralmente satisfazia a curiosidade deles sem transmitir informaçõ es reais. A velha rotina de nunca beijo e conto. Mas até isso parecia errado agora. Ele nã o estava disposto, nã o mais. E o lembrete de sua reputaçã o o estava incomodando mais do que o habitual hoje à noite, tendo Stephen ao alcance da voz - o homem cuja irmã zinha havia adormecido em sua cama na semana passada. Travis deu um sorriso vago para o consumidor, esperando que ele entendesse a dica e se fodesse. — Tudo bem, cara. — Os meninos estavam dizendo que você nã o pegou uma saia desde que voltou para casa, e eu disse. . . — Ele parou para beber sua cerveja. — Eu disse que você provavelmente estava indo a Manhattan pela alta qualidade de pu... — Ok, amigo. Eu vou parar você — Travis escorregou do banquinho, evitando os olhos de Stephen. — Me peça uma cerveja. Vou fazer uma ligaçã o. Stephen estava olhando para o idiota com nojo. — Certo. Travis realmente nã o tinha um telefonema para fazer; ele só precisava de um pouco de ar. Sal e umidade encheram seus pulmõ es quando ele saiu pela porta dos fundos do bar. O vento veio da á gua


distante, soprando seus cabelos. Felizmente, o beco que corria atrá s do Grumpy Tom's estava vazio para que ele pudesse ter um minuto para si mesmo. Ele tirou o celular do bolso de trá s da calça jeans para veri icar a hora, surpreso ao encontrar uma ligaçã o perdida de seu agente. Esperança endireitou sua coluna antes que ele pudesse deter. Era possı́vel que uma posiçã o de parada tivesse se aberto e ele estivesse sendo chamado para se vestir? Eles haviam esgotado todas as opçõ es semanas atrá s, seu agente dizendo que jogar bola pro issional novamente era inú til. E se algo tivesse mudado? Talvez uma opçã o no exterior? Ele apertou o botã o de retorno de chamada, segurando o telefone no ouvido enquanto passeava em cı́rculo. O agente dele atendeu no segundo toque. Ford. Meu homem. — Donny. — Ele tentou afastar a esperança e falhou. — E aı́? — Antes de tudo, nã o é o que você pensa. Desculpe. Nada mudou. — Donny divagou sobre a densa desaceleraçã o do pulso de Travis. — Mas eu tenho uma linha sobre algo melhor. Travis pressionou a palma da mã o na ponta do nariz. — Melhor do que jogar bola? — Foda-se sim. Preciso lembrá -lo sobre banhos de gelo, fadiga na estrada e tiros de vitamina B12 na bunda? Eu sei, eu sei. Você vai me dizer que soa como o cé u. Mas e se eu lhe dissesse, Ford, você poderia sentar em uma caixa com ar condicionado no está dio de terno e comentar? A ideia estava tã o fora do campo esquerdo que Travis só pô de sacudir a cabeça. — O que? — Os bombardeiros de Nova York estã o procurando uma nova voz. Fresco, jovem, fá cil para os olhos. Eles tê m uma pequena lista de candidatos e você está nisso. — Ele podia ouvir seu agente digitando as teclas do computador ao fundo. — Recompensa os dois lados e você só precisa trabalhar em casa. Televisã o nacional. Quem sabe aonde isso poderia levar? Olha cara. E a pró xima melhor coisa para estar em campo. Você estará em campo, falando sobre o jogo que ama. O que você diz? Travis se viu pensando no antigo colonial com persianas caı́das. Os ecos das vozes do passado na cozinha, a sensaçã o da varanda de madeira grossa sob ele. O homem que disse a ele que voltaria rastejando como uma decepçã o. Travis pode ter falhado em alcançar o tipo de carreira que ele sonhava, mas isso? Esta poderia ser uma maneira de salvá -lo. Comentar nunca lhe ocorreu. Agora era essa coisa brilhante que tornava a chance de se provar acessı́vel novamente. — Você disse que eu estou em uma lista. Como chego ao topo? Donny suspirou.


— Você sabe como é . Sempre há um problema, meu homem. — Seu agente parou de digitar, provavelmente adotando a sua familiar pose de me deixe ser direto com você. — Isso é uma rede de televisã o. Eles querem algo ı́ntegro. Eles querem algué m que nã o apareça de ressaca com calcinha pendurada no bolso. — Isso aconteceu uma vez. — Em um evento de caridade para um hospital infantil. Uma pontada de arrependimento fez Travis fechar os olhos. Apenas uma das muitas vezes que ele viveu até o hype do Dois Tacos. — Eu nã o sou mais esse cara. — No momento você nã o está – você está em um precipı́cio. Mas um leopardo nã o muda de lugar. — Uma batida calculada passou. — Só precisamos fazê -los pensar no que você fez. Travis balançou a cabeça. — Como eu devo fazer isso? — Estou trabalhando para convidar você para jantar com o chefe da rede. Pode demorar algumas semanas. Descanse até lá . Ou melhor, acalme-se e arranje uma criança ou duas. — Nem mesmo se os Bombardeiros me oferecerem um contrato de dez anos, Donny. Seu agente bufou uma risada. — Vale a pena experimentar. Agora sé rio, encontre uma maneira de provar alguma estabilidade e nó s somos escolhidos. Você é ó timo na câ mera. Reconhecı́vel. — Outro telefone tocou no fundo. — Eu tenho que atender isso. Vou mantê -lo informado sobre o convite para o jantar. — Sim. Tchau. Sentindo-se um pouco como um sonâ mbulo, Travis voltou ao bar. Era muito cedo para contar a Stephen e Dominic sobre o potencial trabalho de comentarista. Ele nã o queria se divertir, entã o deslizou de volta para o banquinho e pegou a cerveja, feliz por ver que o hó spede indesejado havia retornado ao seu lado do bar. A mente de Travis deveria ter sido preenchida com as possibilidades de conseguir um emprego envolvendo beisebol - algo que ele havia parado de pensar em uma opçã o há mais de um mê s. Em vez disso, algo mais estava incomodando seu subconsciente. Como se ele tivesse aparecido para um jogo sem sua luva favorita. — Ei, que dia é hoje? — Terça — respondeu Dominic. Porra. Os poucos goles de cerveja no estô mago de Travis azedaram. Ele havia esquecido o compromisso da lareira. Disposto a pedir a Stephen o nú mero de Georgie para que ele pudesse ligar e reagendar, Travis tirou o telefone do bolso... e parou. Vamos recapitular. Você está se preparando para pedir ao seu melhor amigo o número de telefone da irmãzinha. Você está louco?


Sim. Ele era. Eles nunca deveriam ter passado algum tempo juntos em primeiro lugar. Isso foi exatamente o que ele precisava - uma ligaçã o para despertar. Se Stephen soubesse que eles estavam saindo, ele o mataria. Travis també m merecia. Ele iria pedir desculpas por perder o compromisso na pró xima vez que ela aparecesse para incomodá -lo. Entã o ele mandaria Georgie tomar o seu caminho. Para sempre desta vez. Ainda assim, quando ele colocou o telefone de volta no bolso, a culpa e o desconforto se recusaram a desaparecer.


Capítulo Seis

Georgie apertou os cordõ es do seu capuz enquanto entrava no

palá cio tortura, també m conhecido como Fun 'n' Glamour Fitness. Ela já esteve neste lugar uma vez antes para uma aula introdutó ria de ioga e nesse tempo també m foi culpa de sua cunhada. Kristin parecia nã o conseguir parar de querer certi icado das coisas. Ioga. Zumba. Coaching. Sé rio, escolha um caminho. Na busca contı́nua de Stephen em manter Kristin tã o feliz quanto um coelho brincando, ele havia exigido que suas irmã s aparecessem na primeira noite o icial de Kristin como instrutora de Zumba. O momento nã o poderia ser melhor. Ela entrou na recepçã o e passou pelo corredor, desejando ter tido sorte e contraı́do malá ria. Uma doença infecciosa era a ú nica maneira de Stephen deixá -la fora do gancho, embora ele provavelmente ainda icaria chateado por ela ter cancelado. A famı́lia Castle operava por um conjunto estrito de regras tá citas que nunca devem ser testadas. Primeiro, sua mã e era santa e deve ser tratada assim e obedecida em todas as coisas, para que o cé u nã o caia. Segundo, quando a mã e nã o estava por perto, Stephen era o pró ximo na linha de sucessã o ao trono. Era assim desde que Georgie era criança, e mesmo que pensasse que era besteira, seguir as diretrizes dele era tã o profundamente arraigado quanto a mú sica tema de Bob's Burgers. Georgie parou em frente à escura e vazia sala de aeró bica, se perguntando se ela havia errado o dia. Nã o, nã o. De initivamente era terça-feira. O dia em que Travis deveria aparecer e ajudá -la a realizar seus sonhos de gló ria da lareira. A pressã o em seu peito estava icando mais forte desde aquela tarde. A essa altura, parecia que um alicate estava cavando seu coraçã o. Deus, eu sou tão idiota. Ela usava o cabelo solto e tudo. Fez um prato de queijo. Tudo limpo. Só de pensar nisso a fez querer morrer. Em uma explosã o de muito necessá rio movimento, Georgie acendeu a luz da sala de aeró bica, jogou a mochila perto dos tapetes empilhados e sentou de pernas cruzadas no centro do chã o. Talvez Zumba fosse bom para ela. Ela poderia suar um pouco da vergonha fora. Ela virou a cabeça e viu seu re lexo na parede espelhada, sacudindo quando viu a garota com as bochechas manchadas de lá grimas. Uma garota que chorou por uma hora por causa de um homem que a considerava uma irmã zinha idiota, como todo mundo. Georgie en iou o diploma de negó cios em uma gaveta e se tornou palhaça por um motivo. Fazer as pessoas rirem e espalhar alegria a faz feliz. Especialmente quando se tratava de crianças. Talvez seu status de irmã mais nova a izesse se relacionar mais com crianças pequenas. Eles foram criticados e ditados por sua ingenuidade de olhos


arregalados, como ela. Seja qual for o motivo de sua carreira incomum, Georgie adorava criança e sonhava em ter o seu pró prio um dia. Se apresentar em festas de aniversá rio e bat mitzvahs nunca deixou de ser o destaque de sua semana. Ela adorava ser uma palhaça. Ela nã o gostava de ser feita como uma, mas parecia estar acontecendo cada vez mais ultimamente. A dor em seu peito se intensi icou, bem a tempo de Bethany entrar na sala, jogando uma mecha de cabelos loiros e um clarã o de deslumbrantes dentes brancos. — Inferno? Festa para dois? — Ela deixou cair sua bolsa Chanel preta em uma pilha com a mochila antiga de Georgie, sentando perfeitamente ao lado de sua irmã mais nova no chã o. Sem esforço glamouroso. Essa é Bethany. — O que há de errado? — Nada. — Você tem certeza? Você parece ainda mais deprimida do que essa situaçã o justi ica. — Eu disse que nã o é nada. — Georgie abriu as pernas em um V e se arrastou para frente, apreciando o puxã o cruel em seus tendõ es. — O instrutor nã o deveria estar aqui primeiro? — Mudando de assunto. Entendi. — Bethany a cutucou do lado. — Você está menstruada? — Nã o. — Nem eu. — Por que comentar isso? Bethany deu de ombros. — Apenas conversando até você me dizer o que há de errado. Você secou o cabelo, eu sei que nã o foi para esse show de merda — Bethany se inclinou para a linha de visã o de Georgie. — Me fale. — Travis nã o apareceu para olhar minha lareira hoje! — Georgie explodiu, pressionando os dedos contra a dor no peito — Nã o é como se estivesse gravado em pedra. Mas ele se lembrou do brunch quando ningué m mais o fez. Eu pensei... — Espera. Wow, Wow. Volta um pouco. Travis quem? Ford? — Bethany fez um olhar exagerado. — O que há de errado com sua chaminé e o que tem a ver com esse mulherengo idiota? — E minha lareira, nã o minha chaminé - e nã o o chame assim. — Por que nã o? Você nã o estudou com ele, Georgie. Ele pegou metade da classe. Antes da metade do período. O que aconteceu apó s a formatura está bem documentado. Ele mais que viveu para receber o tı́tulo de mulherengo — A relaçã o de amor e ó dio de Bethany com os homens mostrou-se evidente na maioria dos casos, mas aparentemente o ó dio estava superando o amor em seu estado de espı́rito pó sseparaçã o. — Ele é aquele que os idiotas admiram. Eu sei, porque eu namorei todos os seus aspirantes. Vai icar ainda pior agora que ele voltou à cidade — Visivelmente se acalmando, Bethany inclinou a


cabeça para Georgie. — Mas eu discordo. Por favor, me diga por que você está confraternizando com Travis Ford. Georgie pode se arrepender de desabafar em frente da corajosa Bethany pela manhã . Agora, poré m, a humilhaçã o nã o estaria contida. — Eu sou apaixonada por ele desde que me lembro. Obviamente, nã o há chance dele se interessar por mim assim. Nã o estou iludida, mas ele parecia precisar de um amigo e eu també m. Nó s saı́mos algumas vezes. Nada aconteceu, entã o por favor nã o conte a Stephen nada disso. — Ugh. Eu sabia que você ia dizer isso — Bethany bateu os dedos nos joelhos. — Verdade, embora ele nã o deveria estar farejando você em nenhum momento. Stephen iria se cagar se descobrisse. — Todo mundo parece pensar assim. — E aqui a... aula de Zumba? — perguntou uma voz suave e hesitante da porta. Lá estava Rosie, a esposa de Dominic, selando assim o constrangimento total de Georgie. Especialmente diante da beleza tranquila, mas deslumbrante de Rosie. Sob essa luz extravagante, Georgie era um monstro colante, enquanto a perfumista da loja de departamentos brilhava em marrom dourado. Ela nem precisou usar sutiã esportivo, apenas uma daquelas blusinhas de alcinha que Georgie sempre fora muito consciente para experimentar. Rosie ajeitou sua roupa com facilidade, mas como sempre, ela parecia um pouco desconfortá vel na companhia delas. Possivelmente porque o marido era funcioná rio nos negó cios da famı́lia. No piquenique anual da Brick & Morty, Georgie havia conversado um pouco com ela - e Deus sabe, os rumores de seu casamento estar arruinado havia chegado a todo mundo - mas elas nunca tiveram uma conversa profunda. Ela sempre se arrependeu disso. Especialmente porque Rosie parecia que precisava de algué m de con iança, assim como ela. — Eu poderia apenas... — Rosie colocou o cabelo preto solto atrá s da orelha e voltou para o corredor, os ombros curvados. — Nã o tem problema. Eu posso esperar aqui fora. — Nã o — Georgie chamou, tentando desesperadamente secar os olhos com as mangas do capuz. — Entre, Rosie. Quanto você ouviu? Desconfortá vel, Rosie entrou e empoleirou-se lentamente na pilha de tapetes. — Oh. Um pouco. — Tudo isso, hein? Georgie, distraı́da pela recé m-chegada, teve um momento para perceber que Bethany icou em silê ncio. Ela voltou sua atençã o para a irmã e encontrou Bethany franzindo a testa. — E por isso que você queria ajuda para escolher roupas? Parece que você pode estar esperando um pouco mais do que amizade. — Bethany mudou. — Você deveria ter me dito a verdade. — Eu nã o nos chamaria exatamente de con identes.


Em um milhã o de anos, Georgie nunca esperava que sua irmã parecesse tã o arrasada. Bethany varreu a vida sem um cabelo fora do lugar. Seu papel na Brick & Morty era encenar casas, e o produto inal nunca deixava de suscitar suspiros de potenciais compradores. Livros empilhados de acordo com a cor. Iluminaçã o pendente de bom gosto. Uma tigela de croissants com manteiga e um vaso de lores frescas sobre a mesa para fazer as pessoas se sentirem em casa. A irmã de Georgie nunca perdeu uma batida, exceto quando se tratava de escolher homens. No momento, poré m, sob o brilho infernal da iluminaçã o da sala, Bethany parecia ter sido golpeada. — Você faz piada de tudo, Georgie. As vezes, é difı́cil dizer se você está realmente chateada ou sendo sarcá stica. Mas eu sou sua irmã mais velha — Sua voz era apenas um toque irregular. — Você deveria vir até mim com essa merda, especialmente - mas nã o limitado a - amor nã o correspondido. Georgie sentiu um golpe no estô mago. — Eu sinto muito. Mas també m nã o é como se você me falasse sobre seus iascos relacionados a homens. Eu tenho que ouvir isso da mamã e. Bethany icou olhando. — Estou envergonhada por eles. Todo homem que namoro trai ou nã o pode se comprometer. Ou já está muito comprometido com sua mã e. Ou PlayStation. Eu posso terminar com eles, mas ainda estou sendo rejeitada. Nã o é exatamente algo que eu quero falar. — Eu adoraria ouvir sobre o seu constrangimento. — Ela acenou com a mã o quando Bethany arqueou uma sobrancelha. — Você sabe o que eu quero dizer. A irmã mais velha mordeu o lá bio, parecendo pensativa. Ela colocou a mã o no braço de Georgie, inclinou-se para o lado e acenou com a cabeça para Rosie. — Se você terminou de tentar se afundar nos colchonetes, pode se juntar a nó s, Rosie. Georgie só morde se você comer a ú ltima tira de bacon. — Eu tinha quatro anos — reclamou Georgie. — Deixe para lá . Rosie se moveu tã o silenciosamente que Georgie nã o sabia que tinha decidido se aproximar até cair graciosamente de pernas cruzadas, colocando as mulheres em um triâ ngulo uma de frente para a outra. — Parece um momento privado... — Rosie se protegeu. Bethany acenou para ela. — Oh, pare. Nó s trê s temos problemas com homens. Nã o é segredo. O rico marrom da pele de Rosie se aprofundou em vermelho. — Nã o é ? — Nã o — murmurou Georgie, lançando um olhar à irmã . — Nã o, nã o é , mas ningué m vai forçar você a admitir isso. Viemos fazer Zumba, nã o terapia de grupo.


— E verdade. — Rosie manteve sua atençã o no chã o, mas seus dedos estavam tremendo onde os mantinha atados em seu colo. — Sou casada com um homem que nem conheço mais. Dormimos na mesma cama - quando ele nã o dorme no sofá - e ele é um completo estranho. Bethany e Georgie trocaram um olhar de surpresa. Rosie geralmente se mantinha separada quando eles estavam em um grupo juntos. Para ser justo, os Castle nunca calam a boca por tempo su iciente para algué m novo falar. Mas essa con issã o de Rosie era incomum, para dizer o mı́nimo. — Sinto muito por você estar lidando com isso — disse Bethany. — Você s brigam? Rosie soltou uma risada e depois passou a mã o sobre a boca para prender o som. — Ele mal falou comigo desde que voltou do Afeganistã o — Rosie murmurou, deixando cair a mã o. — E difı́cil encontrar coisas para discutir em todo esse silê ncio. Nó s nos evitamos. E mais fá cil. — Mais fá cil do que o quê ? — Perguntou Georgie. — Descobrir que acabou, eu acho. — Como se tivesse consciê ncia do que estava ao redor, Rosie se mexeu no chã o. — Eu nã o pretendia tornar isso para mim. — E sobre todas nó s — disse Bethany lentamente. Durante as admissõ es de Rosie, Georgie havia sentido sua irmã icando cada vez mais inquieta. Agora ela parecia ansiosa o su iciente para dançar break. — Olhe para nó s, meninas. — Bethany icou de pé , apontando um dedo para Rosie e Georgie. — Trê s mulheres inteligentes e trabalhadoras, deprimidas no chã o pela mesma razã o. Homens. Eles falharam conosco. Mas estou disposta a apostar que estamos assumindo toda a culpa. Deus conhece Travis e Dominic e minha coleçã o de merdas nã o ica por aı́, imaginando onde eles deram errado. Nã o, eles estã o bebendo cerveja e se consolando com o YouPorn. Georgie levantou a mã o. — Para ser justo, esse també m é o meu mé todo preferido de consolaçã o. Rosie riu em seu pulso. — Qual é o seu ponto, sá bia anciã ? — O meu ponto é ... — Bethany caiu de joelhos, pegando cada uma pelos ombros. — Porra. Eles. Deverı́amos estar bebendo cerveja e ignorando seus sentimentos. Devemos ser as ú nicas a decidir o que queremos em nossos relacionamentos, amizade ou nã o. Nã o esperando que esses idiotas se superem e vejam o que está na frente deles. Quando Bethany começou esse discurso apaixonado, Georgie estava preparada para rir. Mas ela nã o podia negar uma sensaçã o de ardor no peito agora, no entanto. Como se tivesse corrido longe e rá pido e aterrissado naquele andar. O sorriso irô nico no rosto dela fugiu. Bethany estava certa. Enquanto Georgie chorava com chá de ervas e


furiosamente escolhendo a maquiagem de palhaço no inı́cio da noite, Travis nã o estava pensando nela. Qual foi o ponto enlouquecedor de toda essa tristeza? Isso nã o mudou o curso da histó ria nem afetou o cé rebro masculino de Travis. Nã o tinha sentido. Travis nã o lhe devia nada. No fundo, ela sabia disso. Mas adiar o encontro foi apenas mais uma decepçã o em uma longa ila deles que ela aprendeu a conviver. Da famı́lia dela. Suas amigas que se mudaram e começaram a ligar cada vez menos. A queda nos negó cios. Ela permitiu que tudo acontecesse porque tinha medo de provar que ela nã o era nada alé m da ú ltima inconsequente na ila do trono. — Vamos terminar isso agora — continuou Bethany. — Aqui e agora. Vamos nos libertar. Nã o apenas da Zumba mandatada pelo irmã o, mas també m dos caras que nos derrubam. Vamos começar a tomar decisõ es que nã o nos levam a esse estado de luto. — Ela balançou as sobrancelhas atravé s de uma pausa dramá tica. — Está na hora de nos arrumarmos. Porque olhe em volta, estamos sozinhas aqui. Mais sozinhas com eles em nossas vidas do que realmente estar sozinhas. — E já que estamos sozinhas de qualquer maneira, podemos estar sozinhas e seguir em frente. Fazendo-nos felizes. — Georgie assentiu. — Ningué m mais vai fazer isso. — Sim. — Bethany soltou um suspiro lento e apertou o braço de Georgie, alcançando o de Rosie també m. — Um clube. Estou propondo um clube para mulheres, do qual somos os membros fundadores. Todos nó s queremos coisas. Vamos juntá -los. — Eu nã o posso... — Rosie deixou escapar, balançando a cabeça. — Eu concordo com tudo o que você está dizendo, mas nã o estou na mesma posiçã o. Ele é meu marido. — Você está certa. Você tem uma situaçã o diferente. — Bethany entrou na linha de visã o de Rosie e sorriu. — Mas você ainda pode estar no maldito clube. Deve haver algo que você queira, Ro. Rosie levou um momento para responder, mas seu peito começou a subir e descer mais rá pido. — Eu queria meu pró prio restaurante. Argentino. Pelo lado da minha mã e. — Ela deu uma risada. — Eu nunca contei a ningué m alé m de Dominic e nã o falamos sobre isso há anos. E como se ele tivesse esquecido. — Mas você nã o esqueceu — disse Georgie. — Nã o. Nã o, penso nisso todos os dias. Amigas ı́ntimas ou nã o, Georgie nã o conseguiu deixar de estender a mã o e pegar a mã o de Rosie, aliviada quando a outra mulher nã o hesitou em se agarrar. Ela nã o sabia muito sobre o passado de Rosie, mas lembrou-se da pequena mulher argentina que Rosie costumava andar pela cidade, junto com seu pai - um homem afro-americano chamado Maurice, dono de uma o icina de automó veis local. Ele já havia


ido també m. Bethany pegou a mã o livre de Rosie, ligando as trê s mulheres onde estavam sentadas no chã o. — E você , Bethany?— Rosie perguntou. — O que você quer? — Eu? Estou desistindo de homens. Ponto inal. Fui enganada pela ú ltima vez. — Ela mexeu as sobrancelhas loiras. — Eu quero balançar uma marreta. Isso chocou Georgie. — O que? Bethany suspirou. — Estou cansada de deixar as coisas bonitas. Estou cansada disso há um tempo, na verdade, mas nosso irmã o nã o me deixa pô r os pé s em um projeto até que esteja pronto para ser encenado. — Ela estalou os dentes para um Stephen invisı́vel. — Nó s assumimos o negó cio do papai juntos. Eu tenho feito isso há tanto tempo. Eu quero meus pró prios projetos. Se Stephen nã o os der para mim... Vou descobrir outra maneira de obtê -los. Georgie balançou a cabeça. — Eu nã o fazia ideia. Eu pensei que você amava encenar. — Há muitas coisas que nã o sabemos sobre a outra, vamos consertar isso - Bethany disse suavemente. — Pode me perdoar por ter a cabeça no cu? — Sim — Georgie conseguiu, a esperança lutuando em seu peito. — Se eu posso perdoá -la pelas roupas usadas, posso perdoar qualquer coisa. Bethany riu. — Boa. — Elas trocaram um sorriso. — E eu amo decorar. Mas eu quero mais. Eu quero olhar para uma casa e conhecer seus tijolos. Se eu vou fazer isso, tenho que construı́-las eu mesmo. — Ela cutucou Georgie com o joelho. — E você , irmã zinha? Qual é o seu grande sonho? Momento da verdade. — Eu gosto de ser um palhaço. — Georgie deu de ombros, permitindo que suas ideias se transformassem em palavras reais. Possibilidades. Algo que ela nunca havia feito antes, exceto rabiscos e desenhos em um caderno espiral, para nunca ser dublada em voz alta, caso algué m dissesse que ela era jovem demais ou ingê nua demais. Ou apenas a ignorou completamente. — Mas eu recusei metade dos meus negó cios. Eu já estou ocupada ou eles querem um fabricante de balõ es també m. Passeios de pô nei. Se eu quero permanecer viá vel... ou trabalhar em qualquer lugar fora de Port Jeff... Eu tenho que expandir. Transformar meu programa de uma mulher em uma empresa de entretenimento em tempo integral. Bethany apertou a mã o dela. — O que está te parando? Ninguém me leva a sério. Eu estava com medo que todos rissem.


— Acho que nada — disse Georgie, já tendo feito mais progressos hoje à noite do que julgava possı́vel. — Entã o, quando é a nossa primeira reuniã o? — Nã o vamos perder impulso. — Bethany parecia folhear um calendá rio em sua cabeça. — Que tal sexta-feira à noite? Sete horas na minha casa. Vou ter tequila na mã o e vamos criar um nome, só para torná -lo o icial. Mas o mais importante, descobriremos uma maneira de alcançar nossos objetivos. Juntas sozinhas. — Juntas sozinhas — Georgie e Rosie ecoaram em um sussurro. Eles soltam suas mã os unidas, empilhando-as como panquecas no centro do triâ ngulo. — Eu poderia guardar isso até sexta à noite, mas sou muito inteligente e já pensei em um nome — disse Georgie, sorrindo para as outras duas mulheres. — Liga Just Us7 em trê s. E esperemos que a DC Comics nã o venha atrá s de nó s por violaçã o de direitos autorais. Rosie e Bethany riram e levantaram as mã os. — Liga Just Us. — Me desculpe, estou atrasada — Kristin gritou, correndo para a sala. A cunhada de Georgie e Bethany lutuava como uma princesa da Disney, cantarolando para si mesma e capturando a luz com seus brincos de diamante. Ela era uma bola de luz do sol e gentileza do sul. Até que você a irrite ou ela nã o consiga algo. Desde que Georgie estivesse participando de sua aula de Zumba, mesmo que gostaria de estar sentada na frente da televisã o com um belo prato de queijo, se Georgie pulasse a aula, Stephen sofreria as consequê ncias, e era apenas uma questã o de tempo até que elas chegassem. Certa vez, Georgie recusou um bolinho recé m-assado de Kristin porque tinha raspas de limã o. O que foi nojento. Kristin colocou aquelas cascas verdes em tudo por seis meses. — Seu irmã o é muito prá tico depois de algumas cervejas — disse Kristin. — Eu nã o passei pela cozinha antes... Georgie gemeu. — Nó s nã o precisamos saber. — Muito bem — disse Kristin, conectando o iPod a um adaptador. Ela passou pela tela e uma batida latina entrou na sala. — Quem está pronta para Zumba? As trê s se levantaram como zumbis irritados, mas conseguiram passar a hora sem dar um pulo veloz pela janela para escapar. Georgie nã o pô de deixar de se sentir... energizada apó s o té rmino da aula, poré m, nã o tinha nada a ver com movimentos sugestivos de quadril. A partir de amanhã , as coisas iriam mudar. Primeira ordem do dia? Conserte sua maldita lareira. E talvez faça um novo corte de cabelo em nome do simbolismo.


Capítulo Sete

TRAVIS olhou em sua geladeira vazia e ouviu seu estô mago roncar.

Ele comeria a porra de uma bota lamacenta agora, mas nenhum dos menus de entrega na sua gaveta o atraı́a. Doeu admitir, mas o que ele queria eram mais das sobras de Georgie. O bolo de carne com chipotle8 acabou sendo o seu favorito, porque Georgie havia escondido ervilhas debaixo do purê de batatas, entã o as bolinhas verdes acabavam aparecendo em cada mordida, mesmo que ele nã o pudesse vê -las. Como uma maneira sorrateira de fazê -lo comer legumes. Travis fechou a geladeira com uma carranca e recostou-se nela. Já se passaram dois dias desde que ele tinha faltado ao seu compromisso e ela nã o tinha aparecido desde entã o. Ele meio que esperava que ela invadisse o apartamento a essa altura e lançasse mais coisas na cabeça dele. Na verdade, a cada dia que passava, ele meio que queria que ela chegasse zangada e jogasse macarrã o nele. Era pior imaginar se ele havia machucado seus sentimentos. E Jesus, era por isso que ele queria que ela o deixasse sozinho em primeiro lugar. Agora ele estava encarando a parede em branco em sua maldita cozinha, preocupandose com algué m com que nem deveria estar se associando. Uma imagem dela abrindo a porta com um avental bagunçado, tentando nã o se emocionar porque ningué m havia aparecido para um brunch, bombardeou o cé rebro de Travis. Ele se enquadrava nessa categoria agora, nã o é ? Seu estô mago deu uma reviravolta desconfortá vel. A cozinha parecia muito pequena e escura de repente. — Merda. — Ele murmurou, passando a mã o pelo cabelo. O mais surpreendente de tudo? Ele meio que queria contar a Georgie sobre o possı́vel trabalho de comentarista. Mais do que ele queria contar a Stephen ou Dominic. Como diabos isso aconteceu? Ela diria a verdade sem nenhuma besteira. Foi isso que aconteceu. Ele receberia sua reaçã o honesta ou entã o nã o receberia nada. Agora, quando nada em sua vida fazia sentido, essa veracidade era valiosa. Ele tinha tido gerentes da equipe sorrindo para sua cara enquanto se preparavam para cegá -lo com um negó cio. Tinha tido companheiros de equipe dando um tapinha no seu ombro e dizendo a ele que outra oportunidade viria, quando todos sabiam muito bem que nã o. Saber com 100% de certeza que Georgie falaria diretamente com ele… isso o fez sentir vontade de tê -la na frente dele. Só por um tempinho. Se ele tivesse o nú mero de telefone dela, ele teria telefonado para reagendar o compromisso. Mas ele nã o tinha. E ele nã o estava disposto a pedir a Stephen que deslizasse para ele os dı́gitos da sua irmã zinha. Travis nã o tinha dú vidas de que Stephen interpretaria errado. Travis nã o tinha nenhum interesse em Georgie alé m de refazer a lareira para a


qual ningué m mais parecia ter tempo... e talvez con iar nela sobre coisas que ele nã o planejava contar a outra alma. Nã o é grande coisa. — Cristo. Você precisa examinar sua cabeça. — Ele se virou e abriu um armá rio acima, procurando algo que se parecesse com comida. Ele nã o era totalmente inú til na cozinha. Quando criança, ele passava muitos dias e noites cuidando de si mesmo. Quando seu pai estava deprimido e bê bado demais para cozinhar, Travis preparou seus pró prios ovos e lanches escolares. Fritou seus pró prios hambú rgueres. Suas escolhas de refeiçã o haviam sido feitas aleatoriamente até ele ler um artigo na Sports Illustrated que descrevia a ingestã o diá ria de proteı́nas de Sammy Sosa. Bifes, legumes, peixe, arroz integral. Todas as coisas que ele estava perdendo. Convencido de que nunca chegaria aos pro issionais sem a dieta adequada, Travis começou a entregar jornal, apenas para poder comprar as comidas certas. Sua rota foi feita a pé , já que seus pais nã o podiam comprar uma bicicleta, mas ele se levantou mais cedo do que as outras crianças que també m entregavam e fez funcionar. Depois da escola, ele mesmo ia à loja e caminhava 800 metros para casa, com os braços em volta de dois sacos de papel. Travis ainda podia sentir o pai zombando dele da arcada da cozinha enquanto testava a temperatura do seu primeiro bife. “Algum dia você perceberá que tudo foi uma perda de tempo.” Engolindo o punho em sua garganta, Travis circulou a mesa da cozinha. Sim. Nã o era que ele nã o pudesse fazer suas pró prias refeiçõ es. Apesar do mê s perdido depois de ter sido cortado do seu ú ltimo time quando ele entrou em um ciclo de pedir-comida-e-cair-na-bebedeira ele tinha sido bastante ú til na cozinha. Ele nã o necessariamente precisava de Georgie para encher sua geladeira com uma bondade saborosa. Mas tinha sido muito bom abrir a geladeira e saber que algué m se importava. Travis nunca teve isso em sua vida. Claro, quando ele se tornou amigo de Stephen, os Castle o convidaram para jantar pelo menos duas vezes por semana. Aquelas noites haviam sido uma dá diva de Deus quando o dinheiro da entrega de jornal acabou, mas nos ú ltimos anos, Vivian começou a dividir seus deveres com a mã e de Dominic. Quem vai alimentar o garoto Ford hoje à noite? Apesar de suas melhores intençõ es, inadvertidamente izeram dele um caso de caridade. Nada era permanente. Para aquelas poucas noites em que ele tinha sobras na geladeira para voltar para casa, no entanto… pela primeira vez, algo parecia constante. Tangı́vel. Travis nã o percebeu que havia se mudado para o quarto até começar a vestir uma calça de moletom. Ele vestiu uma camisa cinza dos campeõ es da World Series, deixando-a aberta e en iou os pé s nas botas de trabalho. Tentando sacudir a sensaçã o inconveniente de pavor,


Travis pegou suas ferramentas e um bloco de anotaçõ es de onde os havia deixado perto da porta e se dirigiu para o caminhã o. Levaria apenas dez minutos para medir a lareira de Georgie e ele poderia voltar a aproveitar a noite sozinho. Travis virou a esquina para o quarteirã o de Georgie e viu a pequena casa de tijolos no inal do beco sem saı́da. O sol estava se pondo, delineando-a em um brilho rosa. Ele nã o sabia quanto dinheiro Georgie recebia pelos seus bicos de palhaço, mas a in luê ncia dos Castle provavelmente a levou a roubar a casa. Nã o era a casa mais bonita do quarteirã o, mas era a mais colorida. Flores vermelhas, brancas e amarelas foram plantadas ao longo da passagem. Em vez de um irrigador, ela tinha um sapo gigante girató rio jogado no centro do gramado. Os chinelos estavam esquecidos na varanda, iluminados pelo brilho da luz da varanda. Aconchegante. Cheio de personalidade como a dona. Algum dia, um bando de crianças estariam brincando no quintal. Provavelmente nã o aconteceria por mais uma dé cada, no entanto. Pelo menos, certo? Uma buzina sacudiu Travis e se viu parado no meio da rua. Tentando descobrir por que ele passou de faminto à sem apetite, ele se adiantou e deixou o vizinho passar e estacionar na sua entrada. Quando ele pensou em estacionar paralelamente no meio- io em frente à casa de Georgie, como izera no brunch, Travis icou surpreso ao encontrar outro caminhã o estacionado na frente. Um igual ao dele. A quem pertencia? Um homem? Dale? O pulso de Travis começou a chutar na base do pescoço, mas ele nã o sabia o porquê . Georgie tinha que ter amigos. Garotas com quem ela estudara e que ainda moravam na cidade. O caminhã o provavelmente pertencia apenas a uma delas. Caixa de ferramentas na mã o, ele passou atrá s do caminhã o e viu um adesivo “EU PREFIRO CARRETAR POR BAIXO”9 no para-choque e fez uma pausa. Ok, provavelmente nã o é uma garota. Georgie nã o tinha namorado - ela lamentou esse fato na cara dele. Ela conheceu algué m desde entã o? Um cara novo nã o deveria ter que passar por algum tipo de processo de veri icaçã o? Quando Travis chegou à porta, ele riu quando percebeu que estava se preparando, ombros elevados. Para quê ? Por que diabos ele se importava se Georgie estava lá escondendo ervilhas sob purê de batatas para outra pessoa? Ele culpou a umidade pelo suor aparecendo em sua linha do cabelo. Georgie atendeu a porta… só que ela parecia um pouco diferente. Como em nã o mais a mesma. Como em o nó aleató rio preso na parte de trá s de um boné de beisebol se foi. Ondas de chocolate pararam logo alé m dos ombros dela. Solto. O cabelo dela estava solto. E mais curto, talvez? Um grande pedaço foi cortado bem na frente. Franja. Eles eram chamados de franja e nã o escondiam seus olhos verdes, como o chapé u


costumava fazer. Nã o, aqueles olhos estavam lá em campo aberto, grandes e questionadores. Havia algo mais, no entanto. Seu ambiente era suave, a luz brilhante a cobrindo da cabeça aos pé s. Ela estava descalça com uma caneca de chá na mã o. Com franja. E shorts jeans desgastados, com os bolsos saindo por baixo da bainha. Essa nã o era a pirralha que usava calça larga ou a confusa cozinheira da manhã de sá bado com farinha no cabelo. Ela era uma mulher relaxada e — poderia encarar isso — sexy, de pé no batente da porta de sua pró pria casa. — Hum. Travis? — Ela acenou com a mã o na frente do rosto dele. — Você recebeu algum golpe na cabeça hoje? Devo ligar para um mé dico? O que está havendo com você? Ele se sacudiu. — Estou aqui para olhar a lareira. Ela tomou um longo gole de chá . — Isso nã o é necessá rio. Droga. Ela estava realmente chateada. — Eu esqueci. Eu sou humano. De quem é esse caminhã o? — Ele rolou o ombro. — E Dale? Era imaginaçã o dele ou o sangue acabou de drenar do rosto dela? — Nã o, Dale está ... de fé rias. Pertence a Pete. Meu cara da lareira. Agora realmente parecia que ele havia recebido um golpe na cabeça. Por alguns segundos, Travis até parou de respirar. Certamente ele a ouviu errado. — Você está brincando comigo? — Nã o. — Ela voltou para casa, como se estivesse se preparando para fechar a porta. — Você está liberado. E eu preciso voltar… Travis surpreendeu-se en iando a bota na abertura. — Eu disse que seria o ú nico a fazê -lo. — E eu disse que nã o preciso de você agora. Travis nã o conseguia explicar por que era tã o imprescindı́vel que ele consertasse a lareira de Georgie, mas era. Maldito imperativo. Um pescador chamado Pete nã o estava tocando aquela monstruosidade de tijolos quando ele era perfeitamente capaz de fazer o trabalho. A ideia de decepcioná -la o deixa enjoado — e ele o fez. Bem. Ok. Ele podia admitir que essa garota havia feito o impossı́vel, tirando-o da cama e jogando-o para o mundo novamente. Ela realmente o fez rir. Encheu sua geladeira. Agora, se ela nã o deixasse que ele mostrasse sua gratidã o, ele icaria bem e chateado. Admitir a si mesmo que Georgie era responsá vel por ele estar na terra dos vivos novamente girou algo desesperado em seu estô mago. Sem parar para reconhecer a má ideia, Travis puxou Georgie para um abraço, franzindo a testa quando ela nem se deu ao trabalho de envolver o braço livre em torno dele. Franzindo a testa quando ela se encaixou contra ele perfeitamente. Muitas carrancas em geral.


— Ei. — Ele deu um beijo no topo da cabeça dela. — Desculpe, está bem? Eu deveria ter chegado mais cedo. Georgie permaneceu em silê ncio, entã o ele a apertou com mais força, notando que ela tinha uma espé cie de perfume de pê ssego. Era assim que ela sempre cheirava ou era novo també m? Ele hesitou por um segundo antes de colocar alguns ios de cabelo atrá s da orelha esquerda... e tentou ignorar o inchaço que aconteceu no andar de baixo. Cristo. Seu pau icou duro para Georgie? Irmãzinha do Stephen, Georgie? Relaxa. Ele passou meses sem sexo. Essa é a ú nica razã o pela qual Georgie puxada contra ele estava causando efeito. Em qualquer outro momento, esse tipo de contato seria totalmente platô nico. Travis engoliu em seco. — Eu, uh… gosto do seu novo corte de cabelo. — Obrigada — Georgie saiu do seu abraço, as bochechas vermelhas. — Você precisa ir. Eu tenho isso resolvido. Algo semelhante ao pâ nico começou a surgir. — Você está realmente falando sé rio, nã o está ? Você nã o vai me perdoar por perder o maldito compromisso. — Eu te perdoo, mas nã o vou aceitar um cheque de vento.10 — Ela voltou para casa. — Se você está determinado a icar, ique à vontade. Mas nã o estou cancelando. Com isso, ela girou nos calcanhares e desapareceu na casa. Travis seguiu, sentindo-se estupefato sobre como essa situaçã o se tornara tã o importante para ele. E escapou completamente de seu controle. Na entrada, a primeira coisa que notou foi uma colagem na parede ao lado do cabideiro. Georgie sentada em sua á rvore no quintal dos Castle, pernas pá lidas balançando, como uma captura de sua memó ria. A famı́lia Castle se amontoava em torno de um peru de Açã o de Graças. Georgie dando um pulo no ar, segurando as chaves de sua nova casa. Ele começou a se afastar quando algo chamou sua atençã o. Uma foto dele? Sim. Lá estava ele, de uniforme de beisebol, sentado no topo das arquibancadas do ensino mé dio. Stephen estava sentado ao lado dele, mas ele nem estava olhando para a câ mera, deixando Travis como o foco principal. Ele entrou na sala com algo alojado na garganta. Que se alojou ainda mais quando viu Pete. Ele esperava um velhote de Long Island, em vez disso, era um cara da sua idade, apoiando-se ombro a ombro com Georgie para que eles pudessem olhar um livro de amostra. Careca por escolha. Uma barba. — Posso ver sua licença de empreiteiro, por favor? Georgie bateu o pé . — Travis. — A famı́lia dela é dona de uma empresa de reformas. Ela conhece pelo menos quatro homens que poderiam fazer esse trabalho. — Ele


apontou o queixo para Georgie. — Este foi apenas um pequeno ato de rebeliã o, mas ela está superando isso agora. A indignaçã o percorreu as feiçõ es de Georgie. — Eu nã o trabalho para a Brick & Morty. Sou cidadã particular da minha casa e sei como encontrar meu pró prio empreiteiro - cuja licença eu já veri iquei, a propó sito. — Ele nã o gostou do forte aumento de cor no pescoço dela. — Você nem saberia que eu havia contratado algué m se nã o tivesse assumido a responsabilidade de aparecer. Eu sou uma adulta, Travis. Eu nã o me rebelo por atençã o. — Tudo certo. Eu escuto você . — Ele gritou de volta. Gritou? Sim. Havia algo em jogo aqui e ele nã o conseguia descobrir o que. Tudo o que sabia era que considerava essa garota uma praga há uma semana e agora nã o gostava da ideia dela nã o aparecer mais. Ele també m nã o gostou da ideia de deixá -la com esse cara. Nem um pouco. — Você deveria icar sozinha com um homem estranho na casa? — Ele nã o é um homem estranho. Eu me apresentei na festa de aniversá rio da ilha dele. — Oh — Travis pigarreou. — Você é casado. Pete balançou a cabeça e levantou um dedo vazio, como se dissesse: Desculpe, otário. — Pai solteiro. — Ele apoiou a prancheta no quadril. — E se fosse minha ilha, eu icaria mais preocupado em deixá -la sozinha com o Dois Tacos. Acido quente borbulhou no estô mago de Travis. — Você tem certeza que quer ir por aı́, amigo? Pete deu um passo em sua direçã o, mas Georgie o parou com uma mã o no braço. Como Travis podia escrever um guia de sexo em cinco volumes, ele reconheceu facilmente o interesse reacendido nos olhos de Pete Careca quando Georgie o tocou. — Você poderia nos dar licença, Travis? Ele cruzou os braços. — Eu estou bem aqui. O cá lculo dançou em seu rosto um segundo antes de marchar até Travis, entortando o dedo como se tivesse um segredo. Mantendo sua atençã o ixada em Pete, Travis se inclinou para que ela pudesse sussurrar em seu ouvido. — Dale é o meu vibrador. Travis engasgou. Ele ouviu isso certo? Seu sorriso presunçoso disse que ele tinha. A memó ria inocente de Georgie deitada na sua cama e resmungando que ela precisava de Dale assumiu um signi icado totalmente novo. Antes que ele pudesse se conter, sua mente doentia conjurou aqueles shorts desgastados sendo puxados pelas pernas dela, a mã o direita guiando um dispositivo trê mulo entre as coxas. Sua cabeça balançando para trá s, a boca formando um O. Um pequeno


choramingo saiu da boca da Georgie Imaginá ria… e sua pró pria mã o assumiu o controle do brinquedo trê mulo. — Eu estarei lá fora. Ela caiu sobre os calcanhares. — Foi o que eu pensei. Ele saiu da casa atordoado. Desde quando uma mulher falando sobre sexo de alguma forma o tirava do jogo? Nada o pegou de surpresa quando se tratava dos prazeres da carne. Ele viu, fez e ouviu tudo. Nã o quando se tratava de Georgie, no entanto. Ela icou paralisada no tempo em sua mente como uma pré -adolescente desonesta. Isso nã o era ela agora, obviamente. E aquela imagem que ele mantinha dela por tanto tempo estava começando a derreter. Rapidamente. Ela era uma mulher agora que… se masturba. Uma mulher que nã o esperava por qualquer pedaço de atençã o que seu irmã o e seu melhor amigo decidiram jogá -la. Essa mensagem veio alta e clara hoje à noite. Um minuto depois, Travis entrou em sua caminhonete e observou Georgie e Pete pela janela da frente de sua casa. Observou-a lentamente se aquecer apó s a briga e começar a icar animada com o design, assentindo e sorrindo enquanto Pete gesticulava para a velha lareira de tijolos. Travis conhecia a linguagem corporal de um homem quando convidava uma mulher para sair. Pete estava com ela. Em resposta, ela en iou as mã os nos bolsos, provavelmente gaguejando por uma resposta. Droga. Isso nã o era da conta dele. Ela nã o o queria aqui. Por que ele nã o podia girar a chave na igniçã o e dirigir para casa? Em vez de fazer a coisa ló gica, ele esperou Pete sair de casa, compartilhando contato visual prolongado com o homem pelo pá rabrisa. Georgie disse que sim ao encontro deles? O homem nã o traiu nada com sua expressã o vazia, exceto por surpresa que Travis ainda estava de pé — ou sentado, melhor dizendo — de guarda do lado de fora da casa. Junte-se ao clube.


Capítulo Oito

Como prova de suas escolhas incomuns na vida, nem Bethany

nem Rosie piscaram quando Georgie entrou no primeiro encontro da Liga Just Us com maquiagem de palhaço. Nã o houve tempo para mudar ou lavar o rosto depois da festa de aniversá rio da criança de sete anos. Lenços para bebê s poderiam ser a soluçã o, mas, francamente, ela nã o se importava de se esconder atrá s da má scara hoje. Isso é o de menos dos acontecimentos ruins seguidos. A festa de aniversá rio começou bem. Caos estridente selvagem, com certeza, mas isso era o par para o curso. No meio das festividades, no entanto, ela começou a se sentir como uma das crianças. A certa altura, a an itriã deu um tapinha na cabeça dela e entregou o seu suco em um copo Dixie. Georgie compreendeu totalmente que estava sendo contratada para entreter as crianças, mas ultimamente ela se tornara muito mais consciente da divisã o entre ela e os outros adultos. Enquanto todos icavam de um lado tomando sangria e trocando recomendaçõ es de faz-tudo, ela icou relegada a comer meias fatias de pizza na mesa das crianças. Os pais nã o quiseram causar nenhum dano — eles eram pessoas adorá veis. Eles apenas olharam para ela e viram um palhaço. Apenas um palhaço. Nã o uma empresá ria. Ou até mesmo uma adulta. Logo depois de Travis invadir seu compromisso da lareira e agulhar seu ponto mais sensı́vel, até o riso das crianças nã o tinha acalmado sua alma perturbada. Este foi apenas um pequeno ato de rebelião, mas ela está superando isso agora. Com os dentes rangendo, Georgie pulou em um banquinho ao lado de Rosie. Ela nã o tinha certeza se alguma vez se sentiu tã o impotente quanto Travis a fez se sentir — e isso dizia algo. Ela tinha sido uma idiota por pensar que ele poderia vê -la como uma amiga. Uma igual. Ainda bem que ela revelou a verdadeira identidade de Dale e se deu uma desculpa para evitar Travis até o dia em que ela morrer. Oh meu Deus. Ela realmente fez isso? Sabendo que Travis preferiria nã o ver a irmã zinha de seu melhor amigo como um objeto sexual, ela jogou isso na cara dele, apostando no constrangimento o faria correr. Pensando bem, talvez ela tivesse revelado o segredo para que ele fosse forçado a tratá -la como uma adulta. Algué m que programa seu pró prio trabalho na lareira, caramba. Pena que ela nã o tinha desmascarado Dale antes que ele a izesse se sentir do tamanho de um dedal. — Você parece muito deprimida para algué m vestido como um palhaço —, comentou Bethany, encostada na ilha da cozinha. — A mã e


da festa deu Super Soakers11 e ixou um alvo nas suas costas novamente? — Nã o. E nã o falamos sobre o Grande Encharcamento de 2017. — Certo — Bethany falou lentamente, afastando-se da ilha da cozinha. Ela foi ao freezer e pegou uma garrafa gelada de tequila e trê s copinhos gelados, colocando-os no granito polido com um loreio. — Eu ia propor que torná ssemos tradiçã o abrir todas as reuniõ es da Liga Just Us com um shot de Patró n12, mas nã o sabia que seria tã o necessá rio. Você s duas se parecem com a solteirona que nã o recebeu a rosa.13 Georgie lançou um olhar na direçã o de Rosie, notando que a outra mulher parecia de fato… congelada. Por mais graciosa que fosse, os braços de Rosie estavam cruzados frouxamente no seu peito, os ombros atipicamente curvados. A ú nica das trê s mulheres que parecia animada era Bethany. Nada de novo sobre isso, no entanto. Bethany incorporou o termo "otimista", seja discutindo uma vitó ria de quinhentos dó lares ou um ex-namorado traidor. Positiva ou negativa, sua postura nunca escorregou, especialmente em seu elemento. E sua elegante e so isticada cozinha toda branca era de initivamente o elemento de Bethany. — Eu apoio essa proposta de tequila — Georgie murmurou. — Despeje generosamente. — Mas é claro — disse Bethany, destampando a garrafa e deslizando o lı́quido dourado nos copos gelados. — Virem os copos, senhoras da liga. Temos muito o que discutir. Rosie, Bethany e Georgie tilintaram seus copos, cada uma tendo vá rias reaçõ es à picada de lı́quido que descia. Bethany sorriu, Georgie fez uma careta e Rosie deu uma tosse rouca. — Entã o — Rosie resmungou. — Que outras tradiçõ es você tinha em mente, Beth? Um sorriso fez có cegas na borda da boca de Georgie. — Você já planejou tudo, nã o é ? — Apenas uma estrutura solta. — Bethany levantou a garrafa mais uma vez e as duas mulheres deslizaram silenciosamente os copos em sua direçã o. — Vamos começar compartilhando uma coisa boa — e uma coisa ruim — que aconteceu conosco nesta semana. Vou começar, já que é a minha ideia brilhante. — Ela sacudiu os cabelos loiros. — Coisa boa: eu inalmente disse a Stephen que quero liderar minha pró pria reforma. Rosie alcançou a ilha e deu um tapinha na mã o de Bethany. — Bom para você . — Coisa ruim: ele me disse que nã o. Georgie fez um triste barulho de game show. — Aposto que ele nem lhe deu um motivo. — Ela baixou a voz vá rias oitavas. — As razõ es estã o embaixo de Stephen Castle.


— Nem uma porra de razã o. A menos que você conte grunhidos de homens das cavernas. — Eu sinto muito. — Rosie torceu o copo na ilha. — E agora? Bethany tomou sua segunda bebida. — Agora eu considero… perseguir meu objetivo fora da dobra Brick & Morty. A mandı́bula de Rosie caiu, imitando a de Georgie. — Competindo contra os negó cios da famı́lia? — Ela soltou um suspiro. — Todo mundo na cidade sabe que Brick & Morty governa o cená rio imobiliá rio de Port Jeff. Você é uma mulher corajosa. — Acho que você está louca — disse Georgie. — Beth. Você está realmente pronta para olhar papai nos olhos e ver o choque da traiçã o? O negó cio é tudo para ele. Para toda a famı́lia. Parar ou seguir outra linha de trabalho é uma coisa, competir é outra. — Sim, bem. — Bethany deu de ombros. — Talvez quando eles me descartaram tã o facilmente, me senti traı́da. — Ela se mexeu nos calcanhares. — Sabe? — Sim — Georgie correu para dizer, algo quente torcendo em seu peito. — Na verdade eu sei exatamente o que você quer dizer. Fui dispensada mais vezes do que um lembrete de atualizaçã o de software. Bethany nã o disse nada por um momento. — Você está certa. Eu sinto muito. Georgie estava com medo de se aprofundar nesse pedido de desculpas e irromper em lá grimas, entã o ela guardou o momento para mais tarde. — Eu te protejo com o papai. Juntas, suportaremos a força da decepçã o paterna. Quero dizer, sou a porra de um palhaço, entã o estou basicamente imune à decepçã o neste momento. Os trê s riram e Bethany derramou outra dose. Georgie estava apenas brincando pela decepçã o do pai. Mas o fato era… ningué m nunca pediu a Georgie para fazer parte da Brick & Morty. Se ela quisesse uma posiçã o, eles encontrariam. Nã o há dú vida acerca disso. Mas todas as posiçõ es vitais pareciam estar cobertas. A ú ltima coisa que ela queria era que eles izessem piada dela, inventando um papel de secretá ria glori icado. A mã e deles fazia a contabilidade, o pai dava orientaçõ es mesmo na aposentadoria, Stephen administrava as renovaçõ es, Bethany decorava. Se eles precisavam de um palhaço para fazer malabarismos no meio- io para atrair compradores em potencial, Georgie era a garota deles. Por enquanto, poré m, ela era a estranha. A irmã mais nova que sempre deixava o trabalho pesado para adultos e crianças grandes… e aos olhos deles sempre seria. — Rosie — Georgie usou o joelho para cutucar a ú nica mulher casada entre eles. — Sua vez, senhora. — Já ? — O gemido de Rosie se transformou em uma risada. — Eu pareço um disco quebrado. Nada mudou. Nada muda na minha vida.


Nada de bom ou ruim se destacou esta semana. — Tente — disse Bethany, afastando os copos vazios para inclinarse pela ilha. — Tem que haver algo. — Mmm — Rosie fechou os olhos e respirou fundo. — Ruim: espirrei perfume no olho de um cliente durante o turno inicial. Ele se abaixou na hora errada e… Wham… Eu tenho sorte que eles me reconheceram da igreja ou eu poderia ter sido demitida. Bethany e Georgie trocaram uma careta. — E a boa… — Rosie parou por alguns segundos, as mã os juntando a saia. — Comprei um jornal e circulei anú ncios para espaços de restaurantes vagos. — Isso é incrı́vel! — Georgie sacudiu Rosie gentilmente. — Existem bons na cidade? — Sim, mas… — Rosie revirou os olhos. — A quantidade de trabalho que eu teria para fazer o que imagino é esmagadora. E cara. — Que tal um contrato de aluguel? — Bethany perguntou. — Nã o — Rosie mostrou um raro lampejo de determinaçã o. — Quando inalmente izer isso, quero que o lugar seja meu. — As pá lpebras dela tremulavam para baixo, protegendo os olhos. — Temos dinheiro economizado, Dominic e eu. Ele nã o tocou no dinheiro que ganhou enquanto servia. E Brick & Morty paga tã o bem — Ela alisou a manga. — Meus pais també m me deixaram uma quantia. Considerando que eu escondi o jornal debaixo do colchã o para que Dominic nã o o visse, estou muito longe de pedir para usar o que economizamos. Georgie fez uma careta. — Como ele reagiria? Rosie começou a responder, depois fechou a boca. — Eu nã o tenho mais ideia. Acho que tenho medo de dizer a ele que quero algo. Qualquer coisa. Ou todas as outras coisas que eu quero… que estã o faltando… virã o derramando e eu nã o serei capaz de retirá las. — Como se estivesse alarmada por ter revelado demais, Rosie olhou para Georgie com um apelo silencioso. — Sua vez. Seus problemas pareciam empalidecer em comparaçã o com os de Rosie. Mas, como sempre, o impulso de Georgie foi aliviar o clima da maneira que pudesse. — Bom: fui convidada para um encontro. Bethany bateu as duas mã os na ilha. — O que? — Obrigada por agir como se eu tivesse acabado de anunciar que vou me juntar ao PGA Tour.14 — Cale-se. E só que você nã o teve um encontro desde... Você já esteve em um encontro? Quer saber? Estou cavando um buraco. Deixa pra lá . — Sua irmã arrastou os copos de volta para a frente e começou a servir. — Dê -nos os detalhes.


Quando ela tentou invocar o homem que a convidou para sair, ela só conseguiu ver o rosto de Travis. Ignore-o. E mais fá cil falar do que fazer. Ela o imaginava em conjunto com todos os seus impulsos româ nticos aparentemente para sempre. — Hum. O nome dele é Pete. Na casa dos trinta, talvez? Pai solteiro. Ele veio me dar uma estimativa para consertar minha lareira. Bethany fez um assobio baixo. — E você que fala sobre trair os negó cios da famı́lia. — Se eu contratasse a Brick & Morty para fazer o trabalho, eles o veriam como um favor. Eu nã o quero favores. E eu nã o quero o que Stephen e Dom e Travis acham que é melhor, o que é exatamente o que aconteceria. Todas as trê s mulheres tomaram outro shot. — De qualquer forma. — Georgie bateu na boca com a parte de trá s do pulso, lembrando tarde demais que ela ainda estava usando maquiagem de palhaço. Bethany jogou um guardanapo para Georgie e ela limpou o resı́duo branco e vermelho na manga da roupa, enquanto continuava a histó ria. — Nã o disse sim ou nã o ao encontro, mas prometi ligar com uma resposta. Entã o eu tenho que dizer nã o, certo? Eu meio que pensei que o objetivo deste clube era evitar os homens. — Nã o evitar. Somente… separar as coisas — Bethany apertou os lá bios. — O objetivo deste clube é apoiar e incentivar umas à s outras. Sim, també m estamos assumindo uma posiçã o irme contra os homens de nossas vidas sendo idiotas e deixando-os para trá s, se necessá rio, mas temos que dar aos novos homens a chance de serem idiotas antes de evitá -los. Georgie deu um aplauso sarcá stico. — De alguma forma, isso faz todo o sentido. — Vá no seu encontro, Georgie, mas mantenha tudo nos seus termos. — Sua irmã espetou a ilha com uma unha de ponta quadrada. — Talvez obter uma amostra do que está lá fora ajude a superar o seu complexo de Travis. Parece que já está esperando há muito tempo. — Sim. E verdade. — Georgie torceu os lá bios. — Falando em Travis... Rosie virou-se no banquinho. — Ooh. — Ruim: Travis apareceu com suas ferramentas enquanto Pete estava lá , exigindo que eu deixasse que ele cumprisse sua palavra e consertasse a lareira. Foi uma festa de ferramentas gigantes em mais de um sentido da palavra. — Oh meu Deus — Bethany jogou a cabeça para trá s e riu. — Este é um presente tã o inestimá vel. — Estou feliz que você esteja gostando. — Ver as outras mulheres reagirem com choque de boca aberta fez com que a realidade do que Georgie tinha feito a alcançasse. — Eu o expulsei.


Sua irmã mais velha deu uma volta girató ria na cozinha. — Eles discutiram? — Rosie perguntou, sua voz suave com preocupaçã o. — Sim. Eles izeram totalmente a dança alfa masculina de construçã o. Eu vou consertar a lareira. Você vai para casa. Veja. Um martelo — Georgie suspirou. — Travis icou estranho por eu estar sozinha com Pete. Bethany se dobrou sobre a ilha, queixo nos punhos. — Oh, jura? — Nã o foi desse jeito — Georgie bufou. — Con ie em mim, Travis Ford nã o se importaria se eu fosse a um encontro. Por alguma razã o, ele decidiu aparecer e me fazer sentir como uma criança incompetente — Georgie engoliu em seco. — E estou realmente cansada das pessoas fazerem eu me sentir assim. O triunfo de sua irmã caiu. — També m sou culpada, Georgie. E difı́cil pensar em você como qualquer coisa, menos minha irmã zinha à s vezes. — Ela assentiu. — Eu vou me esforçar mais, ok? Georgie nã o sabia como verbalizar o que signi icava para ela, apenas tendo essas inseguranças reconhecidas, entã o icou quieta. Até Bethany aparecer ao seu lado e dar uma pancada no quadril, quase a derrubando do banquinho. — Envie uma mensagem para Pete. Faça isso agora na nossa frente, para que você nã o se desespere. Bethany levantou uma sobrancelha elegante. Rosie també m se inclinou quando Georgie pegou o telefone e digitou uma breve mensagem de texto. O telefone tocou quase imediatamente com uma resposta. — Feito. — Ela respirou. — Nó s vamos sair para almoçar. — Fabuloso! Agora me diga novamente como você expulsou Travis. Fale devagar. Nã o deixe nada de fora — Bethany riu quando as duas mulheres lhe deram olhares decepcionados. — Ok, tudo bem. Vou ter que imaginar isso. E eu vou. Enquanto isso, vamos falar sobre o negó cio de entretenimento de Georgie e o restaurante de Rosie...


Capítulo Nove

Georgie nunca tinha posto os pé s dentro da boutique feminina

local. Mas ela podia dizer do lado de fora que estava muito longe do Segunda Chance de Zelda. Sim, ela estava prestes a escurecer a porta do Fios de Glitter pela primeira vez — o que realmente nã o deveria ter sido tã o assustador. A maioria das roupas de Georgie veio na forma de jeans usado e sué ters indesejados, mas roupas eram roupas, certo? Ainda assim, ela hesitou. Hora de jogar uma rodada de “O Que Bethany Faria?'' A irmã de Georgie entraria e iria direto ao vestiá rio, fazendo suas mediçõ es sem levantar os olhos do telefone. Roupas seriam levadas a ela para aprovaçã o. Nã o há prateleiras interessantes para Bethany Castle. Ah nã o. Ela nã o compra roupas. As roupas precisam ser vendidas para ela. Para ser justa, Georgie poderia fazer coisas que Bethany nã o era capaz. Ela podia fazer malabarismos com cinco laranjas, fazer lenços nos ouvidos das pessoas e ter a capacidade de parar as lá grimas de uma criança em menos de cinco segundos. Suas outras habilidades nã o relacionadas ao palhaço incluı́am fazer suas pró prias bombas de banho, jardinagem e recitar diá logos do clá ssico ilme de Tom Hanks, Splash. Nada disso deu a ela o empurrã o que ela precisava para entrar na loja. Isso deveria ser fá cil. Ela até veio trazendo presentes. Georgie olhou para o mocha de caramelo com sal marinho na mã o direita, esperando que a Tracy da boutique nã o fosse intolerante à lactose. Isso realmente prejudicaria seu pedido de desculpas. E Georgie de initivamente lhe devia uma. A reuniã o da Liga Just Us a deixou com um sentimento tã o bom. O apoio de duas mulheres realmente a arrastou para fora de sua melancolia. Agora, ali estava ela, do lado de fora desse ambiente hiperfeminino e intimidador, pronta para ir adiante. — Vou contar até trê s. — Ela sussurrou. — Nã o haverá quatro. Assim que a contagem regressiva terminou, Georgie entrou na loja, parando quando percebeu que Tracy da boutique a observava do outro lado da vitrine o tempo todo. — Bem. — Georgie estendeu o café . — Este é um ó timo começo. Tracy olhou para a xı́cara de café , como se contivesse lesmas. — Posso ajudar? — Eu só vim pedir desculpas. — Ela se virou em cı́rculo, procurando um lugar para pousar o café , decidindo sobre uma prateleira bonita cheia de bandanas, cachecó is e uma pilha espalhada da mais nova ediçã o da revista Cosmopolitan, com tema sexual. — Você nã o precisa aceitar. Mas o que eu iz foi realmente malvado. Eu nã o deveria ter


mentido e te colocado em uma situaçã o embaraçosa. E sinto muito por isso. Nada de Tracy. Nem a menor contraçã o. — Ok, bem… isso é um mocha de caramelo com sal marinho e é muito bom. Vou tomar um gole se quiser ter certeza de que nã o está envenenado. — Nã o há necessidade. O silê ncio caiu novamente. — Entendi. Vou embora. Georgie mal chegou à porta quando Tracy agarrou seu cotovelo. — Espera. — A outra mulher se mexeu. — Eu nã o quis dizer o que eu disse sobre você ter pernas curtas — ela fungou. — Mas você usa calças realmente pouco lisonjeiras. Eu posso ajudá -la com isso, no entanto. Desde que você me trouxe minha bebida favorita. — E tã o boa, certo? — Georgie sussurrou. — Pecaminosamente. E assim, Georgie estava sendo arrastada para o provador e en iada lá dentro. Este nã o era apenas o seu camarim comum, com dois ganchos e um banco. Uma cadeira antiga estava encostada no canto, ao lado de um espelho muito lisonjeiro. Os pé s dela afundaram em carpetes felpudos. E a iluminaçã o. Meu Deus. Este camarim era um iltro do Instagram onde uma garota poderia viver dentro. O cheiro de loresta emanava de todos os lados, mas nã o importava quantas vezes Georgie se virasse, ela nã o conseguia descobrir de onde vinha. No geral, foi bom. Muito legal. Só de pé na sala a fez se sentir importante. — Tudo bem, vadia — Tracy atravessou a pesada cortina de veludo com uma braçada de blusas, vestidos, saias e aquelas coisas de bandana/cachecol. — Por que você ainda está vestindo roupas? O pâ nico diminuiu pela metade a excitaçã o de Georgie. — Eu nã o sabia que você teria que me ver nua. Estou usando a pior calcinha que você já viu. Tracy suspirou. — Jessica! Calcinhas! Assim, a transformaçã o começou. Ao longo da hora seguinte, Georgie foi despojada de todas as peças de roupa de sua pessoa, incluindo suas calcinhas bá sicas de algodã o, sutiã esportivo, tê nis antigos, jeans e capuz. Deixada para trá s em seu lugar, ela estava equipada com um sutiã e calcinha de seda roxa combinando, uma saia lá pis preta, uma blusa azul brilhante sem mangas e sapatilhas prateadas brilhantes. Toda vez que uma nova peça do conjunto era adicionada, ela icava um pouco mais reta. Nã o poderia ser tã o fá cil, poderia? Eles deixam qualquer um se vestir tã o elegante? Ela parecia… legal. Muito legal.


— Isso vai me custar muito, nã o é ? — Georgie disse, olhando para a garota irreconhecı́vel no espelho. Tracy pegou um iapo no ombro de Georgie. — Nã o pense nos nú meros. Pense em como você se sente. — Fá cil para você dizer, pessoa que trabalha em comissã o. — Embora Georgie nã o pudesse deixar de admitir… Uau. Suas pernas nã o pareciam nem um pouco curtas agora. Seu corpo sempre teve essa forma ou o espelho possuı́a qualidades má gicas e transformadoras? A saia arredondava nos quadris, apertando a cintura. Ela també m tinha peitos decentes! Quem diria? Ela de initivamente nã o se sentaria à mesa das crianças com essa roupa. Ainda assim, ela nã o podia se vestir dessa maneira em festas de aniversá rio infantil. — Onde eu usaria isso? Tracy gemeu. — Por que as mulheres acreditam que precisam de uma ocasiã o para se vestir? Vista-se para a vida, caramba! — Terminada com seu drama, Tracy olhou Georgie no espelho. — Algum encontro chegando, talvez? — Sim, na verdade. — Era bom poder dizer isso, mesmo que ela nã o estivesse totalmente investida no Pete. — Bem. Aı́ está — ela circulou em torno de Georgie, dobrando e suavizando. — E combinado com um blazer, você pode usá -lo para entrevistas de emprego, reuniõ es de negó cios… ou apenas para deixar algué m ciumento. — Como quem? O desdé m indiferente de Tracy nã o era convincente. — Você ajudou o homem a ingir uma consulta mé dica imaginá ria. Eu apenas pensei que poderia haver algo lá . — Ah, nã o — Georgie correu para corrigi-la, as pontas de suas orelhas esquentando. — Nã o. Ele é apenas amigo do meu irmã o. O encontro é com outra pessoa. Um sorriso lento e sinuoso iluminou o rosto de Tracy. — Sé rio? Por que todo mundo parecia estar dentro de grande segredo, exceto Georgie? — Sim. — Georgie virou-se para o lado, um pouco alarmada com o material apertado que apresentava sua bunda como assados em uma vitrine, mas ela poderia concordar. — Acho que nã o me vesti com roupas bonitas… nunca. Eu nunca iz isso. — Ela colocou o punho dramaticamente na testa. — Diga-me o dano e vamos acabar logo com isso. — Ainda nã o — Tracy abriu a saia de Georgie. — Temos muito mais a experimentar. — Ah, merda. Quando Georgie saiu do Fios de Glitter, seu cartã o de cré dito estava pingando. Uma sacola cheia de roupas luxuosas, nada parecidas com a


de Georgie, pesava em cada braço enquanto ela saı́a para a Main Street com sua roupa original de saia lá pis. Era impressã o ou as pessoas estavam olhando? Nã o. De initivamente apenas impressã o. Certo? Garantida, ela conhecia quase todo mundo na cidade e eles nunca a tinham visto em nada alé m de sué teres grandes e jeans com desconto. Mas quando um cliente recorrente de Georgie passou por ela na calçada sem dizer olá , ela foi forçada a se perguntar se ela se tornara irreconhecı́vel. Se sim, nã o era apenas um pouco emocionante? Nã o que as pessoas tivessem que se enfeitar com roupas caras e calcinhas com babados para serem importantes. Ou até para se sentir bem. Mas ela passou toda a sua vida enterrada sob maquiagem de palhaço e tesouros de venda de garagem, entã o, apresentar uma nova versã o mais exposta de si mesma fez a veia em seus pulsos bater mais rá pido, formigamentos subirem e descerem pelas costas. Pela primeira vez em talvez desde sempre… Georgie se sentiu bonita. Na procura de se defender de Travis, ela nã o pô de deixar de sentir como se uma nova fase tivesse se aberto. Começando com o encontro do almoço de hoje. Ao se virar para o estacionamento municipal, poré m, sua excitaçã o diminuiu um pouco. Pete parecia um cara legal. Um homem dedicado o su iciente a ilha para contratar um palhaço para a festa de aniversá rio dela e registrar o caso de trê s horas inteiro em sua GoPro. Mas toda vez que ela imaginava sentar em frente a algué m em sua nova roupa, um mulherengo arrogante e de olhos azuis a encarava. Droga. Com a semelhança de Travis lutuando na cabeça de Georgie, demorou um minuto para perceber que o homem em questã o estava realmente vindo em sua direçã o a cinquenta metros de distâ ncia, ladeado por duas mulheres. O celular pressionado no ouvido, ele estava em sete de dez no medidor de aborrecimento, mas elas continuaram conversando com ele de qualquer maneira. Ou para ele, na verdade. Ela testemunhou essa cena muitas vezes em sua juventude. Travis sendo bajulado enviou um rá pido chute no estô mago, mais a iado e mais feio do que costumava ser. E sim. Puta merda. Ela deve estar irreconhecı́vel, porque, enquanto se aproximava de Travis ao lado de seu carro estacionado, ele a viu e olhou para longe, antes que seu olhar voltasse rapidamente. A mã o segurando o telefone caiu ao seu lado. — Georgie? Sentindo-se como uma impostora em suas roupas novas, enquanto as mulheres ao redor de Travis faziam suas escolhas de moda parecerem tã o fá ceis, ela se moveu para destrancar o carro. Ela nã o queria vê -lo ser bajulado. Ela só queria dar o fora dali. — Ei. — Ei?


Travis bloqueou o caminho até o porta-malas e ergueu o seu queixo com um dedo, estreitando seu universo até aquele ú nico toque. A barba por fazer em seu rosto e loçã o pó s-barba crocante. Maldito seja. — Quem é você e o que você fez com a Georgie Castle? — Ela está aqui em algum lugar. — Georgie se afastou com um engolir, mas o calor do dedo dele permaneceu impresso em sua pele. Com Travis parado na frente dela, era impossı́vel ingir que estava empolgada por seu encontro com Pete. — Decidi enviar meu macacã o de volta aos anos noventa. Atrá s dele, as mulheres meio que pararam por um momento, depois fugiram em uma confusã o de sussurros irritados. Ele nã o pareceu notar ou se importar, parecendo meio atordoado. — Por que você está vestida tã o… tã o... As tiras das sacolas pesadas estavam começando a deixar marcas nos seus braços, entã o ela as colocou na calçada. — Tã o o quê ? — Tã o bonita — Ele murmurou. Oh. Era por isso que as mulheres carregavam vibradores de viagem. Uma palavra esfumaçada saiu da boca de Travis e suas coxas tremeram. A umidade se acumulou em sua calcinha novinha em folha — Jesus, não pense em palmadas. Clap. Muito tarde. As mã os de Travis eram tã o grandes. De initivamente deixariam uma marca. Muito precipitada? Ela nã o tinha nem icado nua com um homem, muito menos deixado um dar uma palmada nela. Ela pode nem gostar. Mas ela certamente estava pensando sobre isso. Seria possı́vel que as roupas extravagantes a deixassem mais excitada que o normal? Essa nã o é a questã o. A questã o era que Travis Ford acabara de se referir a ela como bonita e ele parecia estar escondendo mais. Essa era a vida real? — Obrigada. Acontece que eles fazem roupas que realmente se encaixam no corpo de uma pessoa. Você aprende algo novo a cada dia. — Por que ela estava conversando com Travis sobre seu corpo? Ele ia pensar que ela estava chamando sua atençã o de propó sito. Como um lerte. Ela nã o tinha negó cios em lertar com um homem que provavelmente testemunhou e participou dos melhores lertes na terra verde de Deus. — Eu tenho que ir. — Ela apertou um botã o no chaveiro e abriu o porta-malas, mas Travis a venceu ao pegar as sacolas de compras. — Você pode simplesmente jogá -las dentro... O que quer que ele tenha visto na bolsa fez sua testa franzir. Georgie apostaria cem dó lares que era pela calcinha com o padrã o de rose dourada, porque essa era a vida. Honestamente, ele já sabia sobre Dale, entã o o que era um pouco mais de humilhaçã o neste momento? Em vez da calcinha, ele pegou uma có pia da revista Cosmopolitan, que ela não se lembrava de concordar em comprar. A Tracy da boutique ataca novamente. Travis virou a revista brilhante, com as palavras “Faça Sexo Como Uma Estrela Pornô ” estampadas no topo em rosa neon brilhante.


— Está estudando um pouco? — Ele nã o lhe deu a chance de responder, uma consciê ncia indesejada parecendo rastejar sobre ele. — Por que você está vestida assim? Qual é a ocasiã o? — Por que a vida nã o pode ser a ocasiã o? — Ela rapidamente acenou com a mã o. — Desculpe. Estava em um palá cio feminino com cheiro de pé talas há uma hora. Estou chapada de feromô nios. Travis, silencioso e franzindo a testa para as suas pernas, claramente ainda estava esperando uma resposta. Ela certamente nã o lhe devia uma, mas nã o faria mal ir embora em termos amigá veis. — Eu entrei na Fios de Glitter para me desculpar com a Tracy da boutique, e ela me vestiu em troca de um mocha de caramelo com sal marinho, ok? E... Eu gosto disso. Ela me disse que minhas pernas nã o sã o curtas, o que me envergonha admitir que estava meio obcecada sobre isso. — Eu nã o te disse que suas pernas eram– — Normais. Você disse que elas eram normais — Ela se afastou da carranca mais profunda e fechou o porta-malas com suas compras. — Estou atrasada para um encontro. Vejo você por aı́, Travis. Quando ela se moveu para abrir a porta do lado do motorista, a mã o de Travis apareceu acima da sua cabeça e bateu para mantê -la fechada. — Espere aı́, bonequinha. Nó s nã o terminamos. Georgie virou-se para Travis, surpresa ao encontrá -lo tã o perto. — Hum. Por-por quê ? — Veja. Sobre a outra noite em sua casa. Eu agi como um idiota. — A sinceridade em seus olhos a manteve imó vel. Parada e tentando nã o desmaiar na sarjeta, onde ela acabaria sendo levada para o oceano. — Me desculpe, ok? Você pode parar de me punir por isso agora. A confusã o surgiu. — Como estou te punindo? Travis empurrou para fora do carro e cruzou os braços. — Por um tempo eu nã o conseguia andar a dois pé s sem tropeçar em você . Agora nada — Uma veia se destacou em sua tê mpora. — O que é isso sobre um encontro? Georgie nã o sabia no que focar. Travis realmente se desculpou com ela, ou ele percebeu sua ausê ncia e parecia nã o gostar. Ou sua atitude de urso crescido. Ele se importar o su iciente para questioná -la parecia surreal. — Você nã o parecia me querer por perto. — Era assim que parecia? — Sua bochecha tremeu. Duas vezes. — Hã . O alarme no celular começou a tocar na bolsa, sinalizando que ela tinha apenas quinze minutos antes do almoço com Pete. Sinceramente, ela estava agradecida pela fuga. A vida nã o estava fazendo sentido agora. Ela tinha que estar lendo as desculpas de Travis da maneira errada. Ele nã o sentiu falta dela. Pare de sonhar, Georgie. Havia um


cavalheiro perfeitamente agradá vel esperando por ela. Algué m que nunca a tratou como uma criança rebelde ou a decepcionou. Sim, ela precisava apagar a crescente chama de excitaçã o sobre Travis inalmente estar parecendo dar a mı́nima para ela e escapar. Antes que ela tivesse alguma ideia sobre comemorar. — Estou atrasada. — Foi preciso um esforço para se afastar do olhar examinador de Travis, mas ela conseguiu se virar e abrir a porta do lado do motorista. Infelizmente, Travis se aproximou de Georgie naquele exato momento e a porta bateu com força em seu ombro. Ele sibilou. Seu coraçã o parou de bater. Ela virou-se e encontrou Travis segurando o seu ombro direito. O ombro. O que ele havia sofrido a lesã o do manguito rotador15, seguido por vá rias cirurgias e, eventualmente, sendo cortado dos Hurricanes. — Oh meu Deus. — Ela acabara de machucá -lo inadvertidamente de novo? — Oh… Oh meu Deus. Está tudo bem? — As mã os dela tremiam quando ela alcançou o ombro dele. — Sinto muito, eu- eu... Travis balançou a cabeça, mas nã o afastou as mã os dela. — Está tudo bem. Apenas uma pontada — Ele olhou para cima, parecendo perceber o quã o chateada ela estava. — Essa coisa está presa e aparafusada em tantos lugares que uma bola de demoliçã o nã o pode quebrá -la. Só precisa de um pouco de gelo. — Você deveria colocar gelo em uma lesã o imediatamente. — Ela olhou em volta. — Onde está o seu caminhã o? — Eu vim andando. — Vamos — ela pegou o cotovelo dele e o guiou para o lado do passageiro, abrindo a porta. — Foi minha culpa. Eu vou te levar. — Nã o, nã o foi… — Ele parou quando o alarme do telefone tocou novamente, um vinco se formando entre suas sobrancelhas. — Você cancelará o encontro? — Obviamente. — Impaciente para consertar o mal que ela havia causado, Georgie cutucou Travis até que ele cedeu e dobrou seu grande corpo no banco do passageiro. — Eu nunca vou conseguir a tempo. — Ela pegou seu telefone e pediu desculpas rapidamente a Pete. — Vamos. Travis esticou as pernas compridas e apertou o cinto de segurança com um clique. Se Georgie nã o soubesse melhor, ela pensaria que a lesã o o havia relaxado. Ele dissipou essa noçã o com um suspiro sofrido. — Se você insiste, Georgie.


Capítulo Dez

Sob o pretexto de assistir a paisagem, Travis nã o podia deixar de

roubar olhares para o re lexo das pernas de Georgie. Jesus Cristo. A merda de initivamente deu uma guinada. Ele pensou que Georgie fazendo seu pau duro na outra noite tinha sido um acaso. Nã o mais. Essa atraçã o fora dos limites era incrivelmente real e, estranhamente, havia piorado durante a separaçã o. Que diabos de sentido isso fazia? Fora da vista deveria signi icar fora da mente. No entanto, na outra noite, ele estava cozinhando um bife no fogã o e se pegou encarando o espaço, lembrando a franja de seu short jeans. Ok, mais para a pele que ele viu a franja tocar. Travis virou-se para estudar o per il de Georgie sob o pretexto de ajustar o ar condicionado. Seu lá bio superior sempre esteve tã o cheio? Pense nela como uma criança estranha. Pense nela como uma criança estranha. Travis respirou fundo pelo nariz e fechou os olhos, procurando no banco de memó ria por algo que o lembrasse de nã o pensar na irmã zinha de Stephen como um ser sexual. Imediatamente, uma imagem de Georgie aos treze anos veio à mente, acenando para ele da arquibancada, a luz pegando seu aparelho, com nachos equilibrados em seu colo. Tudo certo. Aparelho e nachos de initivamente nã o eram sexy. Mas a memó ria nã o gerou nada alé m de… carinho. Conforto. Nunca lhe ocorreu antes que ela tivesse participado de quase todos os seus jogos. Em casa e fora. Seus pró prios pais nem tinham ido aos jogos. Naquela é poca, ela tinha um compromisso com ele, mas ele nunca devolveu o favor. Ele nunca retornou um compromisso com ninguém. Inferno, ele nã o teve a primeira pista de como fazer isso. Seu exemplo foram dois adultos amargos que nã o se deram ao trabalho de protegê -lo da feiura do divó rcio. Com o que ele estava brincando, permitindo que Georgie se sentisse culpada o su iciente para levá -lo para casa? — Devo ligar para Stephen e dizer a ele que você nã o voltará ao trabalho? A pergunta de Georgie impediu Travis de se aventurar mais no passado. — Sem trabalho. E um dia de inspeçã o. — Oh, tudo bem. — Ela fez uma pausa, os dedos tamborilando no volante. — Entã o parecia que você tinha um fã -clube lá atrá s. Levou um momento para perceber quem ela queria dizer. Certo. As duas mulheres que pediram autó grafos e se recusaram a seguir suas pistas para terminar a conversa. Quando ele desistiu e começou a se afastar, elas pareciam mais do que felizes em se juntar a ele, mesmo depois que ele respondeu rudemente a um telefonema de Donny. Seu agente telefonou para informar que um nome na lista curta para o


cargo de comentarista foi anulado, graças a um discurso intoxicado do lado de fora de um clube que se tornou viral. Isso deixou apenas Travis e dois outros candidatos. E diabos, era bom nã o ter uma indiscriçã o pú blica pela primeira vez. — Me pediram para assinar suas bolas – elas acharam isso muito engraçado – Ele murmurou. — Nã o estava ajudando minha causa a tê las me seguindo assim. — Que causa? O chute de antecipaçã o em seus ossos nã o foi perdido por Travis. Ele mantinha as notı́cias sobre a posiçã o no ar para si mesmo por dias. Mas nã o havia como negar que ele queria contar a Georgie. Fazê -la entender. Ele nã o queria isso de mais ningué m. Combinado com sua percepçã o de initiva de seus atributos fı́sicos, ele estava entrando em territó rio perigoso. — Meu agente tem uma linha em um trabalho de comentarista dos Bombers. Para mim. O carro desviou e Travis nã o pensou, ele apenas jogou um braço na frente de Georgie para protegê -la. Ela chiou. Com o ruı́do dos pneus, eles desviaram para o ombro, e lá estava ele. Com as mã os nos peitos da irmã zinha. — Cristo, Georgie. — Ele a soltou como se tivesse pegado fogo, mas nã o antes de registrar a plenitude de seu seio, o modo como ele se en iava na palma de sua mã o como um doce pê ssego, o mamilo apertando em contato. — O que você está fazendo? — Eu iquei animada. — Com um rosto rosa brilhante, ela olhou diretamente para o para-brisa. — Está tudo bem. Eu sei que foi um acidente. Seu pê nis nã o se importava em categorizar o toque. Ele só queria reagir à forma e tamanho do que Georgie mantinha dentro do sutiã , o sangue correndo para encher o ó rgã o até icar duro no seu jeans. De um pequeno toque? Quem era ele? — Você está certa, foi um acidente. Sua garganta trabalhou com uma andorinha. — E muito cedo depois que eu te contei sobre Dale. Travis deixou cair a cabeça nas mã os. — Jesus, nã o traga isso à tona agora. — Imaginei que poderia ser melhor. Você sabe. Dirigir-se ao vibrador de quinhentas libras na sala. — Sua voz caiu para um sussurro. ― Nã o foi. Nã o foi melhor. — Apenas dirija, Georgie. — Boa ideia. O motor do carro acelerou suavemente e eles pararam na estrada felizmente vazia. Ele nã o pô de deixar de notar que ela continuava inquieta em seu assento. Por que ela nã o podia simplesmente icar parada? Aquela saia estava travando uma batalha perdida para cobrir


suas coxas. Travis teve que segurar o assento para evitar estender a mã o e puxar a bainha até os joelhos. Nesse ritmo, ele nã o seria capaz de sair do carro na posiçã o vertical. — Travis, isso é enorme. Não brinca, Georgie. — Os Bombers. Quero dizer, Garland está tendo a temporada da vida dele agora. Nunez já jogou dois no-hitter16. Todo mundo está assistindo aos jogos. Você está me dizendo seriamente que faria o play-by-play17? — E uma possibilidade. — Travis nã o conseguiu esconder seu sorriso divertido. — Eu nã o percebi que você prestava muita atençã o à s estatı́sticas. — Adquiri o há bito de memorizar os nú meros quando você jogava nos Hurricanes. — Disse ela em tom improvisado, antes de fechar a boca. — Quero dizer, você nã o poderia ir a qualquer lugar da cidade sem ver os jogos. Eles estavam em todas as telas. — Sim? — Pensar em como ele tinha dado esse apoio como garantido causou um puxã o desconfortá vel no peito, mas ele tossiu. Honestamente, ele poderia ter passado horas conversando beisebol com Georgie, gostando do jeito que ela veio em sua defesa e nã o segurou seus insultos aos outros jogadores. Parecia normal. Ela o fez se sentir normal. Mas ele nã o sabia quanto tempo eles tinham juntos, especialmente se ele conseguisse o emprego. Mas esse ainda era um grande "se". — Nó s dois sabemos que eu estava naquelas telas de televisã o por vá rias razõ es diferentes. Isso é o que pode me impedir de conseguir o emprego. Ele podia sentir o olhar conhecedor de Georgie do outro lado do carro. — Mas você nã o está mais interessado em ser assim, certo? Ser.. Dois Tacos. A menos que você se sinta diferente agora... — Eu nã o. — Eles seguraram o olhar um do outro por uma batida pesada. — De qualquer forma, eles nã o querem que sua rede esteja associada ao cara que costumava convidar repó rteres para sair durante as entrevistas à imprensa — Ele balançou a cabeça com a lembrança digna de arrepiar. — Rede familiar, imagem familiar. — Entendo. — Georgie parou ao longo da calçada em frente à sua casa. — Como você vai gerenciar isso? Ele soltou um suspiro. — Inferno, se eu soubesse. Talvez eu consiga um gato. — Um gato de initivamente ajudaria com seu problema de rato. — Eu nã o… — Travis se interrompeu e empurrou a porta do passageiro. — Deixa pra lá . Veja por si mesma. O que ele estava fazendo? Ele nã o precisava convidá -la para subir. Ele era perfeitamente capaz de chegar em casa sozinho – o ombro mal doı́a mais. Mas quando ele deveria ter agradecido a ela pelo passeio e insistido para que ela saı́sse, Travis guiou Georgie para dentro do


p q g g p pré dio. Tudo certo. Ele simplesmente provaria que mantinha o apartamento imaculado e a mandaria embora. Eles icariam por vinte, talvez trinta minutos no má ximo. Apenas tempo su iciente para que ela nã o pudesse sair com Pete. Você é um bastardo. Um bastardo que nã o tinha como manipular a vida social de Georgie. Deus, no entanto. Havia algo nela em um encontro que nã o parecia certo. Ele nã o conseguiu explicar. Ah, nã o? A reaçã o do corpo dele à bunda de Georgie naquela saia enquanto ela subia as escadas era uma explicaçã o bastante e icaz, nã o era? Nã o fazia sentido ingir que ele nã o estava esperando e rezando para que a costura no meio de sua bunda rasgasse. Tudo bem. Georgie Castle era gostosa. Com um lado fofo. Uma bunda construı́da para curvar contra seu colo… e sardas. Se essa combinaçã o nã o era fudida, ele nã o sabia o que era. Onde ela aprendeu a andar assim? Ou ela estava andando da mesma maneira que de costume e ele estava apenas percebendo cada tique-taque de seus quadris, cada curva de suas coxas e panturrilhas? Quando chegaram ao topo da escada, Travis retirou as chaves da casa do bolso e procurou uma maneira de tirar o pensamento da bunda de Georgie. — Entã o. Um mocha de caramelo com sal marinho é a versã o feminina de um quebra-gelo? — Rosie, Beth e eu normalmente começamos as coisas com tequila, mas um mocha serve muito bem. Travis en iou a chave na porta e a abriu, gesticulando para Georgie entrar antes dele. — Comece do inı́cio. Tipo, o que? — Oh, estamos trabalhando como vigilantes agora. — Você está ? — Travis seguiu atrá s dela, tentando ver o apartamento atravé s dos olhos dela. Ele nã o estava mentindo quando disse que o mantinha limpo e organizado, quase nervoso que ela aparecesse e icasse decepcionada. Agora, ela se virou e deu um polegar para cima, fazendo uma onda de satisfaçã o passar por ele. Porra, gostava de vê -la feliz com ele, especialmente depois do show de merda da lareira. Ele só conseguiu grunhir em resposta, no entanto. — Espero que você nã o tenha lutado contra o crime à noite com sua fantasia de palhaço, porque isso é assustador. — Você diz 'assustador', eu digo 'e icaz'. Ela foi até o freezer e começou a embrulhar gelo em um pano de prato. Cuidando dele de uma maneira que sempre teve que fazer sozinho. De uma maneira que ele sempre quis fazer por si mesmo, detestando o pensamento de depender de outra pessoa. Por que nã o se importava quando Georgie fazia essas coisas? — De qualquer forma, palhaços nã o sã o assustadores. Vivemos para fazer as pessoas rirem.


— Você está certa — disse ele com voz rouca. — Você nunca poderia ser assustadora. — Como você sabe? — Ela torceu a toalha cheia de gelo, aproximouse dele e cuidadosamente a colocou no seu ombro, causando que algo grudasse na sua garganta. — Você nunca me viu me apresentar. — Eu nã o preciso assistir seu ato para saber que você nã o pode assustar. Você nã o é nada, se nã o um doce. A respiraçã o de Georgie engatou com suas palavras nã o planejadas. — Você está esquecendo do meu rá pido arremesso? — Ela murmurou. — Eu nã o sou doce. Ignorando um aviso mental para parar de lertar com Georgie – agora – Travis inclinou a cabeça em direçã o ao bloco de gelo improvisado. — Certeza sobre isso? Ela soltou a bolsa de gelo como se a tivesse mordido, forçando Travis a pegá -la com o braço bom. — Ok, estou indo embora. — Ela deu um passo para trá s com um sorriso nã o convincente, mas Travis ainda podia perceber a preocupaçã o em seus olhos enquanto examinava seu ombro. — Certi ique-se de colocar gelo e... O pâ nico o pegou desprevenido. Sobre ela partir? Há uma semana, ele nã o conseguia se livrar dela; agora ela ia colocar marcas de queimadura no chã o fugindo. — Espera. Eu quero ouvir mais sobre este clube. — Você quer? — Visivelmente reunindo suas palavras, Georgie esfregou as mã os nas laterais da saia. — E… um clube de luta — ela disse. — Tenta novamente. — Estamos iniciando nossa pró pria linha de desinfetante orgâ nico para as mã os. — Nã o. — Operadoras de sexo por telefone? — Isso nã o é engraçado. — Seu peito estava lotado pela vontade de rir pela primeira vez em dias. Parecia ser seu estado permanente em torno dessa garota. — Conte-me. Ou vou visitar sua mã e e pedir que ela arranque a verdade de você . Seu rosto se transformou em indignaçã o feminina. — Isso é baixo. Você sabe que nã o podemos mentir para ela. — E ela nunca poderia dizer nã o para mim. Georgie balançou a cabeça. — O velho sorriso de queixo quadrado. E um golpe duplo. — Com um olhar revirado, ela girou nos calcanhares e saiu pelo corredor. — Onde você guarda seu Advil? — Mesinha de cabeceira. Quarto. — Travis seguiu Georgie nessa direçã o, atingindo uma parede invisı́vel na porta de seu quarto.


Inclinando-se para frente da mesa de cabeceira, a forma de Georgie assumiu um signi icado totalmente novo quando aproximada ao lado de sua cama. Uma onda de seu cabelo caiu do seu ombro, fazendo seus lá bios se destacarem contra o fundo escuro. A ú ltima vez que ela estava neste quarto, ele ainda a considerava uma espé cie de praga. A irmã zinha sonolenta de Stephen. Agora? Ela se tornou a tentaçã o sexy em seu quarto a um ritmo alarmante. A curva de sua bunda pressionou o zı́per da saia, nã o deixando nada para a imaginaçã o. Ele queria arrastar o zı́per para baixo e descobrir como era a bunda dela em suas mã os. Contra a sua lı́ngua. Queria aprender os segredos de seu corpo e conquistar com prazer mais segredos pessoais para fora de sua boca. E isso de initivamente marcou a primeira vez na histó ria que ele estava ansioso para entrar na cabeça de uma mulher. — Aqui. — Ela se endireitou e ofereceu dois Advil. — Tome estes. Prometa que vai ligar para o mé dico se ainda doer de manhã . Ele pegou os comprimidos e os engoliu a seco. — Você nã o vai escapar de ter que me contar. Georgie gemeu para o teto. — A Liga Just Us, ok? Nó s começamos um clube. Travis absorveu isso. — Você criou o nome, nã o é ? Esperto. — Certo? — Ela sorriu para ele. — Eu pensei que fosse. — Sé rio — ele murmurou, uma pı́lula obviamente tendo icado presa na garganta. Certo? Essa tinha que ser a razã o pela qual ele soou como uma chave raspando no concreto. — Eu amei. Eles sorriram um para o outro por alguns segundos antes de Georgie se sacudir. — Todos nó s temos objetivos, sabia? — Rosado espalhou em suas bochechas. — Estamos apenas nos ajudando a alcançá -los. — Qual é o seu objetivo? — Por quê ? — Talvez eu possa ajudar. Ela revirou os lá bios para dentro, deixando-os duas vezes mais cheios quando os libertou. Porra. — Quero expandir meus negó cios de uma operaçã o de uma mulher para uma empresa de entretenimento completa. Mas primeiro – ela se apressou a acrescentar, antes que ele pudesse responder – antes que qualquer uma dessas coisas seja realidade, preciso que as pessoas parem de me tratar como uma criança. Se minha pró pria famı́lia – esta cidade – nã o pode me levar a sé rio, nã o posso esperar… Nã o posso... Travis esperou que Georgie continuasse quando ela parou, mas ela parecia estar hipnotizada por algo por cima do ombro dele. Ele levantou uma sobrancelha. — Você está aı́, bonequinha?


— Eu tenho uma ideia maluca — ela sussurrou. — ‘Talvez você só precise de uma maneira diferente de fazê -los ouvir.’ Nã o foi isso que você me disse? Sim. Ele se lembrou da histó ria que havia contado a ela durante a sessã o de limpeza do apartamento. Ele de initivamente disse isso. Aparentemente, ela levou isso a sé rio. Ele nã o sabia se deveria se sentir tocado ou arrependido. — Você precisa que a rede de televisã o acredite que se tornou adequado para famı́lias. Travis, sou eu. Eu sou tã o repugnantemente nã o ameaçadora que recebo cascudos no corredor de absorventes. Eu sei que é muita informaçã o, mas me ouça... — Georgie… — Cautela subiu pelas costas dele. — Onde quer que isso vá , parece um nã o. — Se você ingir namorar comigo... — Não. Ela bateu a mã o na boca dele. — Apenas tempo su iciente para a rede pensar que você está se acalmando e de initivamente nã o vai sair do quarto de hotel de Britney – de novo. O que seria? Algumas semanas? No má ximo? — A excitaçã o fez seus olhos icarem verde-claro e ele nã o conseguia desviar o olhar. — Nó s estarı́amos matando dois coelhos com uma cajadada só . Você recebe o show de comentarista. Minha famı́lia – toda a cidade – deixaria de pensar em mim como a irritante criança caçula dos Castle. Travis agarrou o pulso dela, puxando a palma da mã o para longe da boca dele, surpreso ao encontrar o pulso acelerado, a respiraçã o instá vel. — Absolutamente nã o. — Por quê ? — Porque sim, Georgie — ele deixou escapar. — Sua estraté gia irá longe demais na direçã o oposta. Você nã o será levada a sé rio. Você será rotulada como mais uma das conquistas de Travis Ford. As pessoas icarã o decepcionadas, pensando que você icou maluca, mais do que já é agora. — Ele apontou um dedo para ela. — Você quer parecer uma adulta? Você irá . Uma que toma má s decisõ es. — Uau — ela sussurrou. — Você tem uma opiniã o muito baixa de si mesmo, nã o é ? Você só está preocupado que as pessoas achem que eu tomei uma decisã o errada?... ou você acredita nisso? — Tudo o que ela viu no rosto dele fez seus olhos icarem macios. Um pouco tristes. — E eu aqui pensando que você era arrogante. Ele aproximou os seus rostos, ouvindo Georgie respirar fundo. — Você nã o sabe muitas coisas. — Eu poderia. — Uma batida passou. — Você poderia me dizer. Com um esforço concentrado, Travis se afastou, passando uma mã o frustrada ao longo da nuca. Quando essa conversa se afastou dele? De repente, essa garota pensou que poderia criticá -lo? Tentar examiná -lo?


Nã o. Foda-se isso. Ele nem tinha a coragem de se examinar. Resumindo, esse ardil que ela propusera nã o estava acontecendo. Sem chance. — Nó s realmente nã o estarı́amos… você sabe. — Ela se mexeu. — Fazendo isso. Obviamente. Travis zombou. — Você seria a primeira a querer namorar Travis Ford sem as vantagens. Suas pá lpebras caı́ram. — Nã o pareceu que você estava à s oferecendo. Ele se mudou para o espaço pessoal dela, sua voz emergindo á spera. — Eu nã o estou. — Tudo bem — disse ela, tã o baixo que ele quase nã o ouviu. — Eu nã o saberia tirar o má ximo proveito delas de qualquer maneira. Virgem. Os alarmes tocaram, mas ele icou exatamente onde estava, ouvindo suas respiraçõ es rá pidas. Lembrar-se de que ela era a irmã mais nova de seu melhor amigo nã o ajudou quando ela estava tã o perto, perto o su iciente para tocar. Provar. Ele nã o poderia se afastar da aproximaçã o dos lá bios de Georgie mais do que poderia enfrentar um exé rcito de mil homens. Se ele nã o a beijasse, algué m reivindicaria aquele primeiro beijo. Nã o. Nã o, ele nã o queria isso. Foda-se. Suas bocas se encontraram. Se separaram por duas batidas surpresas. E se fundiram novamente.


Capítulo Onze

Oh. Uau.

Claramente Georgie tinha sido drogada pela Tracy da boutique e isso era uma alucinaçã o. Ela tinha sido boba ao pensar que Tracy a perdoaria tã o facilmente. Seus ó rgã os provavelmente estavam sendo colhidos enquanto ela sonhava que beijava Travis no quarto dele. Ok, mas como explicar a textura da boca dele? A textura nunca foi um fator em suas fantasias, a menos que contasse as poucas vezes em que ela praticou na sua pró pria mã o. Mas ela nã o fazia isso desde os treze anos. Bem. Dezesseis. Tanto faz. No passado, ela os assistia se beijarem quase que por uma terceira pessoa, como se fosse exibido em uma tela de cinema. Isso? Agora mesmo? Foi uma mudança drá stica. Estou beijando Travis Ford. Ele provou Georgie do jeito que algué m come seu primeiro tiramisu em um restaurante. Um bocado lento e saboroso, seguido por um gemido á spero e apreciativo. Ele inclinou a cabeça para o lado, estreitando os olhos com suspeita, como se talvez o beijo fosse um truque e ela colheria os seus ó rgã os se ele cedesse e gostasse. Mas ele cedeu de qualquer maneira, seus olhos piscando com fome. Surpresa. Ele deslizou os dedos nos cabelos dela e assumiu o controle de sua cabeça, dobrando-a para si mesmo. Suas coxas pressionavam juntas… e ele lambeu, parando no meio para mexer suas lı́nguas juntas… antes de varrer a dele pela boca dela como uma força sensualmente destrutiva. E de initivamente teve esse efeito. Com certeza. Suas pernas se transformaram na consistê ncia da á gua; uma onda de calor teceu em toda a sua pele. Deus, ele era muito mais alto que ela. Ela sempre soube disso, mas nã o considerou como isso se aplicava à mecâ nica do beijo. Agora Georgie sabia que o cabelo dele caı́a para a frente e se misturava à franja dela, uma intrusã o suave em um contraste surpreendente com a boca dele, que começara a se mover… Rapidamente. Oh Deus. Pare de pensar e continue. Pare de pensar no que o arrepio no peito dele signi icava. Ou como ele se moveu para ela, até que ela teve que se equilibrar na ponta dos pé s para manter o beijo, a cabeça inclinada totalmente para trá s, expondo a garganta, tornando-a tã o vulnerá vel. Vulnerá vel à mã o que deixou os cabelos e seguiu pelo pescoço exposto, um polegar á spero circulando na cavidade... Deus. Aquele pequeno movimento do polegar dele disparou fogos de artifı́cio abaixo da cintura dela. E ele també m sabia, porque ele fez um ruı́do encorajador na garganta. Um que disse, deixe acontecer, bonequinha. E ela estava. Ela estava se permitindo beijar Travis. Como ela chegou aqui? Ele a estava beijando porque gostava dela? Ou porque


ela era a ú nica disponı́vel? Tantas perguntas e todas estavam sendo engolidas pelas sensaçõ es que disparavam pelo seu sangue, causadas pelos lá bios de Travis e como sua lı́ngua parecia saber exatamente onde a dela estaria, para que ele pudesse esfregá -las. Travis quebrou o beijo, suas calças duras deixando condensaçã o na boca dela. — Vamos devagar, bonequinha. Nó s nã o… Porra. — Ele afundou os dentes no lá bio inferior e olhou para a boca dela, balançando a cabeça. — Acho que deveria haver mais desenvolvimento para o que acabamos de fazer. — Você acha? — Doce Senhor, seu calor corporal era como estar envolta em caxemira aquecida diante de um fogo crepitante. — Você deveria ser o especialista. Ele deu uma risada sem humor. — Nã o em beijar. Em outras palavras, seus talentos residem nas artes sexuais mais sé rias. — Oh. — O ciú me se instalou na barriga de Georgie, surpreendendo-a. Ela nunca fora masoquista o su iciente para icar com ciú mes de Travis Ford. Qual era o sentido de viver sua vida em constante luxo de ciú mes? Esse golpe desagradá vel era novo, mas agudo. Real. Talvez tivesse algo a ver com a forma como ele olhava para ela, a testa franzida, um mú sculo pulsante na garganta. As linhas de seu relacionamento tinham acabado de ser irrevogavelmente borradas, mas Georgie odiava o pensamento dele olhando para outra pessoa assim agora que ela estava no lado receptor. Nã o havia razã o para ter ciú mes de um homem que era basicamente uma estrela de cinema intocá vel para ela. Este homem, no entanto… ele era apenas a estrela dela por enquanto. De mais ningué m. Adicionando o golpe de inveja ao aumento de con iança desta manhã … e Georgie estava ansiosa para deixar uma marca. Ela poderia acordar desse sonho a qualquer momento. Ou, convenhamos, Travis poderia perder o interesse, rejeitar sua proposta de namoro falso e perseguir algué m mais como Tracy. Resumir o beijo a uma insanidade momentâ nea. Por que ela nã o deveria estender a mã o agora e aproveitar essa chance de alcançar uma fantasia que estava realizando mentalmente desde que atingiu a puberdade? — Me mostre no que você é especialista. Travis parou de respirar, as mã os caindo nos cotovelos dela. Segurando com força, mas nã o a afastando. — Georgie. — Ele expulsou o nome dela, mas ela viu algo primitivo surgir nos olhos dele. — Eu vou te comer viva. Não. — Você nã o vai. — Ela puxou os braços para fora do aperto dele e – fazendo uma oraçã o para qualquer santo que conceda coragem – recuou e abriu o zı́per da saia. — Oh. — Ela fez uma careta. — Na minha cabeça, a saia ia cair e eu ia armar um quadril sedutor.


Os lá bios dele se separaram. — Como você faz isso? Me deixa excitado e me fazer querer rir ao mesmo tempo. — Veja, eu estou lhe ensinando algo novo. — Ela estava dolorosamente consciente da vulnerabilidade escrita em todos os seus traços. — Sua vez. A hesitaçã o lutava contra a necessidade na expressã o dele, e era tã o intoxicante de perto que os joelhos de Georgie tremiam. — Poré m, uma vez que descobrimos como isso será … — Suas mã os icaram no ar ao lado dos quadris dela, hesitando, apertando e soltando, antes de inalmente se ixar neles. — Nã o seremos capazes de esquecer. — Você está preocupado que eu nunca esqueça o quã o ruim você foi. Compreendo. Sua sobrancelha direita subiu ao cé u. — Você está tentando psicologia reversa para me levar para cama? Estou impressionado. Georgie encolheu os ombros. — Nada mal para uma virgem. — Aı́ está . — Ele abaixou a cabeça para frente. — Cristo. Tive a sensaçã o de que você era virgem. Mas nã o tinha certeza. — Que bom que eu pude esclarecer. Nã o precisamos... — Nó s não vamos. — Legal. Mas nó s vamos...? — Apenas amassos-por-cima-das-roupas. — Calcinha conta como roupa? — Eu nã o sei. Sim. — Legal. — Antes que ela pudesse perder a coragem, Georgie balançou a saia pelos quadris e a empurrou para o lado, sentindo o rosto icar rosado, mas ignorando irmemente. — Estou pronta. O mundo girou quando Travis a pegou pela cintura, jogando-a no centro da cama como se ela pesasse menos do que uma pena. Ele subiu lentamente pelo corpo dela. — Nã o. Você nã o está . — Eu menti corretamente — ela respirou. — Pare de ser fofa. — Sem quebrar o contato visual, ele desabotoou a blusa dela. A coisa toda em segundos, com reviravoltas rá pidas no pulso. — Seu sutiã també m conta como roupa. Ela deu um aceno brusco. — Você faz as regras. — Isso mesmo. — Ele avançou e rosnou contra os lá bios dela. — Eu nã o sou mais o entretenimento de ningué m. Você quer jogar? Eu decido como. Essas palavras cortam as ondas de luxú ria que atravessam Georgie. Essa a irmaçã o estava tã o em desacordo com o Travis de sua memó ria. O arrogante jogador de beisebol que se dirigiu à caixa de batedores, tirando o chapé u para a multidã o. Recebendo pedidos em qual parte do


campo ele deveria mirar. Ela queria explorar a mudança que ele lhe tinha mostrado agora mais de uma vez. Sua boca dominou a dela, liderando a dança, sem dar tré gua. Quase como se ele quisesse assustá -la. Seu corpo disse que ele precisava dela, no entanto. Para Georgie, inexperiente ou nã o, Travis tinha todos os sinais clá ssicos de um homem excitado. E Georgie era uma especialista agora, porque examinara a revista da Cosmo hoje entre os acessó rios da boutique. Pupilas dilatadas. Respiraçã o severa. Mais importante ainda, uma protuberâ ncia crescente atrá s do zı́per. Oh meu Deus. Travis está em cima de mim com um pênis duro. Está acontecendo. — Droga, Georgie. Nã o se distraia. — Eu nã o vou. Estou focada. Totalmente. A testa dele caiu na curva do pescoço dela. A sensaçã o era tã o agradá vel que suas coxas pareciam se levantar automaticamente para envolver seus quadris. Travis gostou disso. Ele deu um gemido de boca fechada e se mexeu entre as pernas dela. — Eu nã o tenho o direito de icar entre essas pernas. — Você tem. Eu dei a você . — Essa ú ltima palavra terminou em um suspiro quando os dentes de Travis roçaram seu ombro, sua cintura rolando no berço de seus quadris no mesmo momento exato. — Oh uau. — Tente parecer um pouco menos inocente enquanto eu te liberto. — Ele murmurou ao lado de sua orelha, pegando seu ló bulo com os dentes. — Que tal isso? — Sim, Travis. Esse nome que ela disse milhares de vezes em sua vida soava completamente diferente em uma voz tensa, com o interior de seus joelhos descansando contra a caixa torá cica dele. Da cabeça aos pé s, ela tremeu, excitada pela abrasã o especializada dele, a barriga esvaziandose em um longo estremecimento, os dedos dos pé s curvando-se, os mamilos arrepiados. Deus a ajudasse, havia algo meio quente na raiva auto-dirigida de Travis. Esse homem tinha vontade de aço e o foco de uma atleta de classe mundial, mas aparentemente ele havia perdido uma batalha consigo mesma por ela. Ela. Ela nã o conseguia desligar a emoçã o, por mais que tentasse. — Sim, Travis — ele ecoou, movendo os quadris lentamente. Fazendo-a se contorcer. — Por que você nã o foi agradá vel assim todas essas vezes que eu disse para você ir para casa? — Eu sou seletivamente agradá vel. Esse comentá rio espertinho lhe valeu uma metida á spera em seus quadris. — Olhe onde isso nos levou. Você tinha que icar me lembrando o quã o bem você cresceu. Agora estamos a meio caminho de foder. Oh, meu Deus. A cabeça dela girou, o rosto de Travis se desfez em dois, depois se fundiu novamente. Ela realmente deveria ter uma


conversa enquanto este homem lindo, vomitando putaria, balançava entre suas coxas? — Eu també m disse para você ir para casa uma vez — disse ela à s pressas. — Eu deixei você sozinho. Isso nã o é tudo culpa minha. Ela pensou que os beijos duros que Travis estava lhe dando eram alucinantes, mas o lento que ele lhe deu naquele momento a fez ver estrelas. — O silê ncio icou muito alto quando você veio e se foi – outro beijo longo que a deixou ofegante. — Como você ousa. Antes que ela pudesse resolver isso, ele inverteu suas posiçõ es. Seu equilı́brio passou alguns segundos fora de controle, seu corpo ansiando por ser pressionado. Duramente. E ela poderia ter dito algo nesse sentido em voz alta, porque Travis amaldiçoou e fechou os olhos, as mã os lexionando seus quadris. —Se mexa um pouco, bonequinha. Bonequinha. Ela adorou quando ele a chamou assim. Provavelmente porque ele estremeceu todas as vezes, como se nã o pudesse controlar o afeto. Seus joelhos se levantaram na cama e ela se acomodou novamente no colo de Travis… — Oh. — Ela caiu para frente, agarrando-se nos ombros dele. — Isisso é ... — Mmm. — Ele a levantou com os quadris, balançando-a uma vez. — Sente meu pau, Georgie? Sim. O apê ndice gigante que fez Georgie sentir como se estivesse sentada em um rolo cheio de papel alumı́nio? — Sim, eu sinto isso. Suas grandes mã os suavizaram as bochechas de sua bunda, enviando uma onda louca e intensa pelo meio, culminando em seu sexo. — Feche os olhos e faça o que quiser com ele. Um gemido arrancou-se de sua garganta. — Nã o sei o que quero fazer com ele. — Sim, você sabe. — O braço dele subiu rá pido, a mã o envolvendo a nuca dela para puxar Georgie para um beijo lento e ú mido. — Virgem ou nã o, você pensou em montar nesse pau ou nã o teria deixado sua saia cair para mim. Diga-me que estou certo. Oh, ela pensara nisso apenas quatrocentas mil vezes. — V-você está certo. Ele deu um gemido de boca aberta. — Entã o monte, para que eu esqueça que tocar em você me faz um bastardo. — As mã os de Travis encontraram seu traseiro novamente, os dedos deslizando sob a borda de sua nova calcinha para controlar melhor sua carne. — Talvez você precise de uma ajudinha. — Respirando rá pido, ele começou a balançá -la para frente e para trá s. E Senhor. Senhor. Ela se consolou por anos que seu vibrador era tã o bom quanto qualquer homem, mas ela estava errada. Nã o havia substituto


para a sensaçã o da excitaçã o de um homem contra sua calcinha ina e molhada. Ou ouvi-lo gritar uma maldiçã o quando ela se inclinou para trá s e pressionou o clitó ris contra a braguilha da calça jeans, esfregando descaradamente, como estava fazendo agora. Ela queria ver mais dele, entã o ela arrastou a camiseta dele até o pescoço e expô s seu abdô men. Os peitorais agrupados, decorados com mamilos castanhos lisos. Por que ingir nã o apreciar a visã o quando era ó bvio, pelos seus quadris bombeados, que ela apreciava muito o fı́sico dele? Travis sabia como seu corpo a afetava també m. Estava lá nos olhos vidrados que ele trancou nela. Ele passou a lı́ngua pelo lá bio inferior e lexionou o estô mago para ela, fazendo seus peitos saltarem. Santo. Doce. Jesus. Sim, ainda havia um pouco do homem arrogante deixado para trá s e ele estava muito gostoso. Todo o corpo dela estava febril e vivo, observando os cumes dos mú sculos dele dançarem apenas para ela. Mas mesmo quando ela agarrou seus ombros enormes e se esforçou em sua braguilha, o orgasmo continuou a pairar ao longe. Apenas fora de alcance. — Vamos, bonequinha — Travis gritava. — Estamos no mesmo time. Nó s dois queremos nos livrar de nossas dores. Preciso cuidar de você primeiro, mas esses seus quadris me deixaram bem perto. Oh Deus. Oh uau. Essa admissã o quase conseguiu. Quase a balançou sobre a borda. Ela estava fazendo Travis ter um orgasmo. E, apesar de sua inexperiê ncia, ela tinha visto o su iciente na internet para saber que os homens nã o costumam chegar ao clı́max usando calças. Isso tinha que ser bom. Suas coxas tremiam violentamente e a carne entre as pernas apertava, apertava, mas nã o deu o espasmo todo-poderoso inal. Por quê ? Por quê ? Ela nã o pô de deixar de fechar os olhos e imaginar Travis acima dela, pressionando-a. Exigindo controle da situaçã o. Dela. — Eu vejo você — ele murmurou. — Droga, Georgie. Você tinha que ser exatamente o que eu precisava, nã o é ? Em uma fraçã o de segundo, ela estava de costas, com um homem grande e excitado ocupando todo o seu mundo. Preenchendo cada centı́metro disponı́vel de sua visã o. Enjaulando-a. Ele puxou as taças do sutiã e chupou o mamilo esquerdo em sua boca. Georgie gritou. Uma bola pegajosa e destrutiva de energia perversa se juntou na barriga de Georgie, apertando, apertando. Ela nã o conseguia respirar ou pensar. Essa era ela gemendo o nome de Travis? — Você gosta de mim por cima, nã o gosta, bonequinha? — Os quadris de Travis bateram no berço de suas coxas, sua ereçã o encontrando e pressionando exatamente onde ela precisava, enquanto esse homem lançava um luxo imperdoá vel e surpreendente de putaria ao lado de sua orelha. — Gemendo e tremendo em cima de mim, me mostrando o quã o quente você seria para foder, mas a bonequinha nã o consegue fechar o negó cio sozinha. Você consegue? Precisa ser


pressionada e mandada gozar enquanto eu estiver sarrando sua linda calcinha, nã o é ? Bem, continue. Travis trabalhou os quadris em uma á spera igura de oito, voltando para pousar na á rea mais sensı́vel de Georgie. Com os olhos fechados, o suor pontilhando sua testa, Travis passou por uma rá pida sequê ncia de movimentos, os movimentos tã o pró ximos e á speros que os dentes de Georgie bateram juntos. — Me dizendo que você nã o sabe o que fazer com o meu pau. Talvez você nã o saiba. Talvez você precise que seja usado em você . — Use ele em mim. — Ela empurrou atravé s dos lá bios entorpecidos e trê mulos. — Preciso dele. O gemido de Travis pairou no ar quando ele se lançou para o pescoço dela, arrastando a lı́ngua para o lado, pressionando os dentes sob a orelha dela. Seus pulsos foram puxados por cima da cabeça, presos, e aconteceu. Um terremoto. Seu orgasmo a aniquilou, torcendo seus lombos como um pretzel e apertando enquanto suas pernas lutavam por comprar contra a natureza avassaladora dele. — Cristo, Georgie. Olhar para você . Sentir você . — A boca de Travis empurrou seus cabelos, sua parte inferior do corpo continuando sua lenta e insistente sarrada contra a dela. — Vendo você gozar tã o doce na minha cama. Que porra eu vou fazer agora, hein? Com a carne presa e pulsando no clı́max mais intenso de sua vida, ela foi incapaz de responder, mas uma linha de pensamento surgiu como um apito agudo. Faça ele gozar. Faça ele gozar. — Travis — ela conseguiu dizer, deixando as pernas abertas e circulando os quadris. — Você precisa de mim. Dor sexual cortou seu rosto, seu corpo icando rı́gido. — Bonequinha. Eu meto contra essa boceta mais uma vez e nã o vou a lugar nenhum, a nã o ser até o fundo das minhas bolas. Essa calcinha é histó ria. Você me escuta? Você vê como estou fodido? — Sim… — Isso era normal? Seu controle sempre acabava eventualmente? Era demais esperar que isso só aconteceu com ela, mas ela podia ingir. Ela podia ingir que era a ú nica coisa entre Travis e insanidade. — Encontre uma maneira. — Ela respirou. Se Georgie tirasse uma coisa do seu primeiro encontro sexual, seria que ela apenas arranhou a superfı́cie de si mesma. Sim, suas fantasias sempre foram duras por natureza e ela nunca foi capaz de alcançar um orgasmo sem imaginar aquela liberaçã o gradual de controle, mas quando Travis se sentou de joelhos e a jogou de bruços, a sensaçã o de se entregar a Travis roubou-lhe o bom senso. Seu orgasmo diminuiu, mas esse desejo de agradá -lo parecia quase… mental. Como se ela pudesse ouvir e responder seus pensamentos e necessidades com seu corpo. Georgie observou atravé s da visã o perifé rica enquanto Travis se inclinava sobre suas costas e removia algo da mesa de cabeceira. Ela


nunca o viu assim. Mandı́bula cerrada, mú sculos contraı́dos. Tenso. Tã o tenso. Sua ereçã o empurrou contra a calça jeans, parecendo dolorosa. Ele tirou completamente a camisa e um leve brilho de suor cobriu seus ombros e estô mago, excitando-a novamente. Meu Deus, ele é quase sexy demais. Esse foi seu ú ltimo pensamento coerente antes de Travis se mover atrá s dela novamente. Um tique-taque do reló gio passou. Dois. E entã o seus dedos deslizaram sob a parte traseira da sua calcinha de seda de corte alto, juntando o material entre as bochechas. Puxando. Alguns podem chamar de puxada de calcinha, mas ela teve sua cota justa disso e isso… não era como uma dessas. Apenas o conhecimento de que Travis estava tocando sua calcinha fez Georgie icar ú mida novamente. Uma vez que a seda roxa estava reunida no centro de suas costas, aquelas mã os á speras se moveram para sua carne, moldando-a com um grunhido. — Cristo Todo-Poderoso. Onde você estava escondendo essa bunda? Ela nã o teve a chance de responder. Houve um estalo atrá s dela, como uma abertura de garrafa, seguida por um som lı́quido. Com o coraçã o enlouquecido na garganta, Georgie esperou, ofegando no edredom, quando uma espessa camada de umidade foi suavizada sobre o fundo por mã os habilidosas, algumas das gotas caindo no material reunido no meio. — O que é isso? — Georgie sussurrou, seu corpo se movendo no piloto automá tico, quadris se inclinando para se oferecer a ele mais completamente. — Você me disse para encontrar uma maneira. — A voz de Travis raspou baixo em sua orelha, seu corpo pousando em cima dela, suas coxas grossas e lexı́veis em ambos os lados de seus quadris. — Nã o posso continuar trabalhando sobre essa boceta sem descobrir o quã o apertada ela realmente é . E a calcinha tem que icar... — Essa regra é sua, nã o minha. Ele bateu a mã o na boca dela, soltando uma maldiçã o baixa quando a fez choramingar, sua parte inferior do corpo se movendo animadamente na cama. — Eu deveria te mandar para casa com seu novo e brilhante orgasmo, mas nã o sou esse tipo de homem, Georgie. — A mã o direita dele liberou sua boca e deslizou sob seus quadris, massageando sua carne sensı́vel atravé s da calcinha molhada. — Eu sou do tipo que está prestes a usar sua bunda para ter um orgasmo e gozar nas suas costas. Estou com muito tesã o para dar a mı́nima por você ser a irmã mais nova do meu amigo agora. E isso deve incomodá -lo. — Cale a boca — ela sussurrou, luxú ria tecendo sua espinha, transformando-a de garota estranha em mulher desejá vel. Sua bunda se levantou por vontade pró pria, contorcendo-se contra a cordilheira


jeans dura. — Quero tudo o que você disse. Eu estou dizendo sim. Por favor, nã o pare. O corpo dele achatou o dela. Com força. A respiraçã o saiu dos pulmõ es. Era difı́cil ouvir o zı́per de Travis sendo puxado sobre o barulho de seu pulso, mas ela entendeu o barulho e saboreou o que realmente havia conseguido fazer com um homem. Um homem sexualmente experiente. Travis. Quando a carne dele bateu entre as bochechas dela, a boca de Georgie se abriu, as mã os torcendo no edredom. O ar quente soprava da boca dele para o berço de seu pescoço, seguido de um longo gemido quando seus quadris começaram a rolar. Os movimentos começaram explorató rios, testando caminhos, mas nã o permaneceram assim por muito tempo. Logo, as mã os de Travis afundaram nas roupas de cama ao lado das dela, sua ereçã o subindo e voltando atravé s da fenda de sua bunda em trituraçã o á spera. Cada movimento de seus quadris era acompanhado por um som gutural que se tornou o motivo de Georgie para viver no momento. Ela abriu as coxas o má ximo que pô de e se ofereceu como um sacrifı́cio. E Travis aceitou. Sem desculpas. Eles nã o estavam fazendo sexo, mas seus corpos imitavam o ato da maneira mais desesperada, suor se acumulando em sua pele, suas respiraçõ es pesadas enchendo a sala. Deus, como seria tê -lo bombeando e rosnando para ela assim, enquanto sua carne realmente a enchia? Ela sobreviveria a isso? Seus lombos estavam começando a se apertar novamente, apenas pela fricçã o escorregadia de seus membros inferiores, auxiliada pelo lı́quido que ele tinha aplicado, os mú sculos do peito e do estô mago de Travis percorrendo suas costas, seu ritmo aumentando, subindo, subindo… até que ela teve que se segurar para salvar sua vida doce ou ser jogada para fora da cama. — E assim que você gosta, bonequinha? Me mostrando essa bunda e me deixando com fome? — Sim — ela choramingou, inclinando os quadris o mais longe que eles poderiam ir… e oh Deus. Travis ajustou sua masculinidade e avançou novamente, deixando que a excitaçã o espessa se arrastasse pela frente de sua calcinha, murmurando para ela levantar a bunda. Levante. Quando ela obedeceu, ele se aconchegou entre as coxas e em frente ao clitó ris. — Oh, por favor, oh, por favor. A mã o dele envolveu o material amontoado entre as bochechas da sua bunda, usando-a como alavanca para mantê -la quieta enquanto ele resistia, as molas do colchã o rangendo debaixo deles. — Pode ser virgem, mas você sonha em foder por um tempo, nã o é ? — Seus quadris caı́ram em cima do corpo duro de Georgie, sua mã o dobrando de volta para esfregar seu clitó ris com cı́rculos á speros, sua parte inferior do corpo nunca cessando em seus impulsos poderosos. — E isso,


bonequinha. Baixo e sujo como malditos animais. Gozando como podemos. E tudo o que sei fazer. — Nã o — ela conseguiu dizer, o ataque de sensaçõ es fazendo sua voz parecer distante. — V-você pode fazer qualquer coisa. Travis deu um gemido rouco em seu pescoço e apertou seu clitó ris com dois dedos rı́gidos, seus quadris começando a se mover em padrõ es desarticulados. — Continue. Encharque a calcinha mais uma vez. Quero que você ique muito bagunçada para voltar em pú blico. Direto para casa nessa saia, bonequinha. Foi o comando que a desencadeou? Ou o toque dele? Georgie nã o sabia ou se importava, só podia gritar dentro do colchã o enquanto sua carne puxava repetidamente em ondas rı́tmicas. Um luido quente caiu nas costas dela um momento depois, o som do rosnado quebrado de Travis ecoando nas paredes. O orgasmo dela aumentou de intensidade com a prova de sua satisfaçã o, a pé lvis dela contra o colchã o, nenhuma gota de vergonha em qualquer lugar. — Olhe para você — disse Travis, a voz nã o natural. A mã o dele se abaixou e deu uma palmada retumbante na bunda de Georgie, iniciando um zumbido na sua cabeça, enviando uma satisfaçã o profunda até ela. — Como você ousa me fazer gozar tã o duro com sua porra de calcinha? — Ele apertou a carne espancada e deu um tapa inal mais leve. — Como eu vou olhar para você novamente, sem saber o quanto você precisa disso? Percebendo que haviam terminado, Georgie esperou que Travis limpasse as suas costas com a camiseta descartada, depois jogou o corpo desossado na cama e rolou. Ele estava ajoelhado, en iando sua carne ainda impressionante nos jeans antes de fechar. Expirando. As trincheiras em sua testa a deixaram nervosa. Quando ele a olharia? Ela precisava ler suas expressõ es depois do que eles haviam feito. Travis era uma notó ria porta-bandeira anti-compromisso, entã o ela de initivamente nã o estava esperando uma declaraçã o de… tipo… Ela nã o esperava nada, nã o é ? Sua expressã o cautelosa lhe disse para manter o clima leve. Se isso nunca acontecesse novamente, havia uma pequena possibilidade de que eles pudessem voltar a como as coisas eram antes. Pelo menos para Travis. Quanto à sua proposta de relacionamento falso, havia uma boa chance de ela ter tornado isso impossı́vel. O plano era manter as coisas platô nicas. Nenhuma das vantagens. Mas eles apenas se entusiasmaram. — Entã o eu pensei que o sexo com estrelas pornô tinha muito mais â ngulos de câ meras — ela conseguiu dizer, soprando um pouco de cabelo para fora do rosto. — Eu nem consegui ver a ejaculaçã o. Isso surpreendeu uma risada baixa dele.


— Con ie em mim, era de qualidade pro issional — Ele balançou a cabeça enquanto a olhava. — Venha aqui. Seu coraçã o disparou até 160 quilô metros por hora. — Por quê ? — Nã o precisamos nos levantar imediatamente… — Ele se interrompeu com um ruı́do impaciente. — Pare de fazer perguntas e venha aqui. Nã o havia ajuda para seu entusiasmo. Com a perspectiva de ser segurada por Travis – os dois seminus – a emoçã o surgiu dentro dela como um gê iser. Ela se sentou e jogou os braços em volta dele, derrubando-os de lado nos travesseiros. Obviamente, ela o pegou desprevenido, mas ele se recuperou com um suspiro exasperado que bagunçou seus cabelos. Parecendo estar em desacordo consigo mesmo, ele inalmente passou um braço ao redor das costas de Georgie, puxando-a para o calor do seu peito. — Alguns minutos nã o vã o doer — ele murmurou, aparentemente para si mesmo. Ela se aninhou nos cabelos de seu peito para esconder seu sorriso. Pelo menos dez minutos se passaram enquanto eles estavam lá . Um reló gio bateu à distâ ncia, combinando o tambor do coraçã o de Travis contra seu ouvido. Toda vez que ele se movia, ela pensava que o carinho acabaria – e parecia que Travis també m. Que ele icou surpreso ao encontrar as pontas dos dedos subindo e descendo pelas costas dela, o queixo caindo no topo da cabeça dela. Ela pensou em se aquecer nos braços fortes de Travis milhõ es de vezes, mas a realidade fez essas fantasias parecem bobas em comparaçã o. Este era um homem da vida real com complicaçõ es. Um passado. Um futuro tomando forma. Não sou mais o entretenimento de ninguém. Foi assim que ele foi tratado? Era assim que ela pensava nele antes que ele voltasse para casa? Agindo por impulso, ela deu um beijo no centro do peito e sentiu o batimento cardı́aco dele vacilar. — As vezes, quando faço festas, tento iniciar uma conversa com um dos pais, mas posso dizer que eles só querem que eu vá entreter as crianças. Com esse sorriso realmente rı́gido, assentindo com a cabeça, um sinal para eu voltar ao trabalho. Para fazer o que eu sou boa. — Por que você está me contando isso? — Você acha que eu sou mais que um palhaço? — Ela engoliu em seco. — Pro issionalmente e... igurativamente. Ele passou a mã o pelos cabelos dela. — Claro que sim, Georgie. Um alı́vio frio deslizou sob sua pele. — Viu? As pessoas podem estar erradas. Eles podem tratá -lo de uma maneira quando você merece outra, mas a culpa é deles. Nã o é sua. — Seu corpo estava começando a endurecer contra ela, entã o ela


correu para terminar. — Sinto muito se você foi tratado como menos do que você é . Por vá rias batidas pesadas, ele nã o se mexeu ou respirou. — Tudo bem — ele disse inalmente, tirando os braços de Georgie e rolando de costas. — E o bastante. Georgie baniu a pitada de má goa. — Nã o seja tã o româ ntico. Ele colocou as mã os atrá s da cabeça. — Você tem o homem errado para isso. — Eu sei. — Ela sentou-se, empoleirada na beira do colchã o com as pernas cruzadas. — Eu sei que você nã o é um cara româ ntico. Nã o espero nada. — Ela olhou para ele por cima do ombro. — E por isso que nosso acordo será perfeito. — Você está louca, Georgie? — Uma risada á spera e sem humor saiu de sua boca. — Depois do que aconteceu, você acha que é realmente uma opçã o? Nã o. Jesus, estou tentando descobrir como vou olhar seu irmã o nos olhos novamente. Irritaçã o rasgou Georgie. Onde antes ela havia sido uma lagoa tranquila, uma pedra havia sido lançada bem no centro dela. — Oh, você sabe o que? Esqueça. — Ela pulou da cama e vestiu as roupas, procurando os sapatos no chã o do quarto dele. — Acabei de ter a experiê ncia mais adulta da minha vida e ainda sou apenas a irmã zinha de algué m, nã o é ? Volte a ser um palhaço, Georgie. Que se foda. — Agora, espere apenas um minuto. Travis desceu da cama e Georgie voltou para a porta do quarto, por pura autopreservaçã o. Vestindo nada alé m de jeans e cabelo bagunçado, ele era uma autoridade sexual magné tica. Se ele pedisse que ela voltasse para a cama, ela esqueceria sua raiva e o faria em um segundo. Nã o há como negar. — Existem regras para esse tipo de coisa e elas se aplicariam mesmo se você tivesse quarenta anos, bonequinha. Nã o se atreva a icar chateada comigo. — Muito tarde. — Ela saiu do quarto, determinada a sair pela porta da frente antes que Travis pudesse segui-la. Isso acabou sendo uma ilusã o, já que ele a alcançou dois passos depois. A mã o dele enrolou em seu cotovelo, girando-a. Isso foi um lash de pâ nico que ela viu nos olhos dele antes de ele esconder? — Você quer ingir um namoro para que todos parem de pensar em você como uma criança... — E você pode conseguir seu emprego. — Bem. Vamos fazer isso. — Com a expressã o sé ria, ele apontou de volta para o quarto. — Mas isso nã o pode acontecer novamente. Nã o vamos confundir o que isso é . Se izermos sexo, algué m icará confuso. — Apenas admita. Você está falando de mim.


— Sim, tudo bem. Eu estou falando de você . — Ele se aproximou o su iciente para que ela pudesse sentir seu suor leve, o almı́scar do que eles haviam feito. Junto com a proximidade dele, o cheiro era como uma carı́cia entre as pernas dela. E que irritante que ele pudesse excitá -la, mesmo sendo condescendente. — Nã o tenho nenhum problema em me afastar de algumas conexõ es e nunca olhar para trá s. Você ainda nã o sabe se é capaz disso. — Os olhos dele se fecharam. — Cristo, eu nem deveria estar considerando. Talvez ele estivesse certo. Georgie tentou imaginar como seria namorar Travis em pú blico e passar um tempo em sua cama. Quando ele conseguisse o emprego e tudo terminasse, machucaria se – quando – ele a largasse. E se o verdadeiro Travis de quem ela apenas começou a arranhar a superfı́cie... acabar sendo tã o incrı́vel quanto Travis, o superstar dos seus sonhos? Era difı́cil admitir, mas talvez ele estivesse certo. Ela poderia se machucar se eles dormissem juntos. Seriamente. Mas nã o valia a pena ter respeito pelo resto de sua vida? Sim. Um pouco de dor agora pesava contra dé cadas de sua famı́lia, amigos e clientes a tratando como uma adulta. Nã o tinha competiçã o. E ela era uma adulta. No mı́nimo, ela sabia disso. Ela poderia entrar nesse acordo com os olhos bem abertos e emergir praticamente ilesa, nã o podia? — Tudo bem. Namoro. Sem sexo. Nã o gostarı́amos que o meu cé rebro feminino se confundisse com um orgasmo. Um vestido de noiva pode magicamente se costurar em mim. — Travis olhou para ela com uma expressã o sinistra. — Viu? Ridı́culo. Você está dentro ou nã o? Ele arrastou a mã o pelo rosto, deixando a boca coberta por um momento. Considerando. — A ú nica maneira de te namorar me ajudar a conseguir esse emprego seria a imprensa nos informando. — Com a mã o caindo, seus lá bios se moveram em uma linha sombria. — Eu nã o gosto da ideia de câ meras te seguindo. — Eu dou conta disso. Sua mandı́bula tremeu. — Você percebe que se queremos ser realistas para essas câ meras, teremos que chegar bem perto. Nã o vai ser real. — O tom de sua voz caiu. — Nã o será real quando eu te beijar, Georgie. E nã o podemos ir mais longe. Você vai se lembrar disso? Um buraco foi perfurado em seu estô mago, mas ela ganhou um pouco de coragem e se aproximou de Travis de qualquer maneira. — Você vai? Ele levou um momento para responder, sua atençã o se desviando para a boca dela. — Sim. — Entã o temos um acordo — ela respirou, estendendo a mã o.


— Espere. Precisamos ler as letras miú das. — Travis cruzou os braços — Meu agente está trabalhando para preparar um jantar com o chefe da rede em algumas semanas. Quando acabar, vou saber se tenho ou nã o o emprego. Nã o haverá razã o para... — Continuar. Compreendo. — Georgie molhou os lá bios. — Isso deve ser tempo mais que su iciente para que todos reavaliem sua opiniã o de que eu nã o sou nada alé m de uma palhaça boba. — Ela arregalou os olhos e o levou novamente a apertar sua mã o. — Depois do jantar, terminamos, sem confusã o, sem discussã o. Depois de alguns instantes, sua mã o quente deslizou contra a dela e a agarrou, embora sua expressã o continuasse cautelosa. — Combinado.


Capítulo Doze

Eu tenho namorada. Uma namorada falsa.

Travis saltou da serra da mesa e deu um passo para trá s, colocando os ó culos de segurança na cabeça. Ele realmente nã o deveria estar operando má quinas pesadas, sendo tã o epicamente predisposto a icar de pau duro. Pode ocorrer uma tragé dia sé ria. Ele teria um novo apelido: Um Taco. Essa possibilidade assustadora deveria ter sido su iciente para aliviar a pressã o espessa no pau de Travis, mas como ele aprendeu ontem à noite apó s sua terceira rodada de punheta, nã o houve alı́vio. Toda vez que ele deixava sua mente vagar, voltava a bunda apertada de Georgie. O drible de lubri icante nessas curvas suaves, o lı́quido escorrendo pelo centro para ser absorvido por sua calcinha de seda. Ele nã o teve nenhuma delicadeza ontem. Nenhuma jogada. Depois que ela se ofereceu, ele foi incapaz de fazer uma pausa. Ou recuperar o fô lego. Ou fazer qualquer coisa, exceto chegar lá, chegar lá. O que mais o assustou foi que ele ter chegado tã o longe por beijá -la. Assim que suas lı́nguas se tocaram, havia tanta urgê ncia se aglomerando nele. Para tomar o má ximo que ele podia. Provar cada polegada dela e esperar que a boca dele nã o esqueça. Algué m já o beijou com tanta con iança? Nã o. Ningué m beijou ou se expô s como ela, honesta e irrestrita. Ningué m nunca o puxou tã o profundamente. Ele havia esquecido o trabalho, as responsabilidades e a vaidade. Cristo, ele nem se importava em abraçá -la quando tudo acabasse. Oh, você não se importou? Certo. Ele estava cheio de contradiçõ es ultimamente, nã o estava? Ficar com Georgie de novo? Nã o. Pé ssima ideia. Mas ele nã o queria que mais ningué m colocasse um dedo nela. Inferno, ele nã o estava tã o emocionado sabendo sobre o vibrador dela, Dale. Fazia exatamente zero sentido para Travis. Esse relacionamento era falso, entã o de onde vinha esse traço possessivo? Era quase como se ele estivesse… com ciú mes. Georgie era adorá vel, engraçada e digna de um encontro antes daquela inconveniente mudança de visual. Agora ela estava andando por Port Jefferson parecendo que a garota da porta ao lado havia decidido realizar a fantasia de bibliotecá ria impertinente de todos os homens. Pelo menos é assim que ela estava ontem. Ele tinha visto dentro das sacolas, no entanto. Havia todo tipo de merda de garota lá . Pelo que ele sabia, ela estava na praça da cidade, vestida com cores pasté is e um tutu, enquanto ele aspirava serragem. Afaste-se, cara. Escute a si mesmo. Travis tirou os ó culos da cabeça e os jogou na bancada. Massageando a ponta do nariz, ele tentou se concentrar como


costumava fazer no vestiá rio antes de um grande jogo. Pense. Libere a negatividade. Abrace o foco. Ele foi atraı́do por Georgie. Atraı́do do tipo nã o-podia-manter-seupau-para-baixo. Mas ele superaria essa parte. Eles nã o haviam de fato transado, entã o ele provavelmente só tinha uma forma extrema de bolas azuis. Se isso signi icasse torcer seu maldito pulso, ele resolveria o problema mais cedo ou mais tarde. Nã o seria resolvido, no entanto, tocando-a novamente. O que ele disse ontem nã o foi conversa arrogante – era simplesmente mais comum que as mulheres se apegassem quando o sexo fazia parte da equaçã o. Ciê ncia bá sica, certo? A ideia de magoar Georgie fez com que ele sentisse que o zumbido estava girando em seu estô mago, para que ele nã o fosse lá . Associar-se a ela poderia ajudar bastante a conseguir o cargo de comentarista. Sua famı́lia era proeminente em Port Jefferson. Ela era o epı́tome do ı́ntegra. Até que ele a pegou de costas, aparentemente. Nada de ı́ntegro sobre como ela gozou. Seu pau empurrou contra a frente de sua braguilha e ele xingou. Ele estava namorando Georgie para ajudar a garantir o emprego. Essa precisava ser a única razã o para esse arranjo. Quando criança, o está dio era o ú nico lugar em que ele se sentia verdadeiramente em casa. Em paz. Que o abraçou quando ningué m dentro das quatro paredes de sua casa se incomodou. Hesitante, deixou-se cheirar a grama recé m-cortada, sujeira, suor, cerveja derramada e tabaco. Aquela familiaridade fora retirada do seu alcance e ainda doı́a. Se ele ainda nã o podia ser o melhor, por que se preocupar? Esse esporte que ele amava havia se tornado uma ferramenta de decepçã o para si mesmo. Mas de certa forma, comentar era o caminho de volta para o campo, sem ter que chegar muito perto e sentir esse fracasso novamente. Ele precisava disso. Ele precisava disso para salvá -lo de ter falhado aos 28 anos, da maneira que seu pai tinha assumido que ele faria. O namoro falso com Georgie nã o poderia ter nada a ver com colocar suas curvas sexy debaixo dele novamente. E certamente nã o podia ter nada a ver com querer simplesmente estar perto dela. Ou com o fato de que baixar a guarda ao redor dela lhe dava a mesma sensaçã o de paz que o está dio. Temporá rio. Seria sempre só temporá rio. O beisebol era para sempre. Ao som de trituraçã o de cascalho, Travis se virou e olhou pela janela para encontrar Stephen chegando em sua minivan horrı́vel. Seu amigo cé rebro-de-bebê pulou da van com uma bandeja de café , parando para conversar com Dominic. A energia se instalou nos ombros de Travis do jeito que nã o fazia há meses. Aquele impulso que estava faltando tinha voltado, respirando oxigê nio em seu corpo, que parecia raso e lento desde que foi cortado da liga. O catalisador da mudança tinha que ser a possibilidade de um novo emprego. Um novo propó sito. É aı́ que ele


precisava colocar seu foco. Colocando o nome dele no topo da pequena lista. Um caminho tinha sido oferecido a ele. Tomá -lo com toda a certeza nã o seria fá cil. Um momento depois, Travis saiu da nova varanda, suas botas de trabalho pousando em uma mistura de sujeira e detritos de construçã o. Stephen assentiu em cumprimento, um sorriso atravessando seu rosto. Travis só podia fazer uma careta quando se juntou aos homens, a culpa deslizando como uma serpente em sua barriga. Ontem havia muita verdade na queixa de Georgie. Ela era mais do que a irmã mais nova de algué m. Muito mais. Isso nã o mudou o fato de Travis ter ultrapassado uma linha claramente traçada. Haveria consequê ncias. — Trouxe um para você — disse Stephen. — Puro, certo? — Sim. Obrigado. Seu melhor amigo puxou a gola da camisa. — Eu estava apenas dizendo a Dominic minha teoria... Travis levantou uma sobrancelha. — Que teoria? — Houve uma mudança no universo. — Stephen balançou a cabeça. — Kristin está mantendo um segredo. Fofocando com minha mã e no telefone. — Ele baixou a voz para um sussurro dramá tico. — Há algo com a mulherada. Dominic icou com um olhar distante no rosto. — Rosie está en iando jornais debaixo do colchã o. Isso reforça sua teoria? —Talvez. — Stephen franziu a testa. — Por que ela está fazendo isso? A resposta de Dominic foi encolher os ombros e acender um cigarro, soprando fumaça na né voa da tarde. Claro, Travis sabia do que se tratava. A Liga Just Us. Em qualquer outro momento, ele teria mantido a inteligê ncia para si, mas hoje nã o era o dia de mentir para Stephen. Nã o quando ele já tinha tanta merda na cabeça. — Elas fundaram um clube. Até onde eu sei, sã o apenas Rosie e suas irmã s. Eu nã o acho que foi formado para foder com suas cabeças, rapazes. Mais como… uma irmandade adulta. — Minha esposa está em um clube — Dominic murmurou, sua mandı́bula lexionando. — Apenas mulheres, você disse? Travis assentiu e Dominic relaxou. Stephen, no entanto, estava tenso e encarava Travis, provavelmente se perguntando como Travis sabia sobre o clube. Sabendo que a con issã o nã o podia mais ser adiada, Travis se dirigiu a Dominic sem olhar para ele. — Você poderia nos dar licença por um minuto, cara? Ele sentiu Dominic desviar um olhar entre eles.


— Certo. — Você pode querer levar o café quente. Isso deu a ambos os homens uma pausa, mas Stephen pareceu se livrar de qualquer suspeita que ele tivesse acumulado. — O que está acontecendo com você ? — Ele perguntou, colocando a bandeja de café no teto de sua minivan em vez de entregá -la a Dominic. — Você nã o parecia tã o nervoso desde que quebrou meu eixo de bicicleta tentando pular aquela trincheira na sé tima sé rie. — Eu consegui, eventualmente. — Travis esperou até Dominic se afastar, mas percebeu que nã o parecia inclinado a ir longe demais. Homem inteligente. — Stephen, algo aconteceu com Georgie. O rosto do amigo icou branco. — O que você quer dizer? Ela está bem? — Sim — Travis se apressou a dizer, percebendo que havia formulado essa a irmaçã o da pior maneira possı́vel. — Cristo. Sim, ela está bem. — Seu pró prio coraçã o estava na garganta no cená rio imaginá rio em que Georgie estava machucada ou pior. Tanto que demorou um minuto para continuar. Mesmo assim, seu pulso continuou a martelar de preocupaçã o. — Pelo menos, ela estava bem quando saiu da minha casa ontem. — O que? — Stephen perguntou calmamente, sua voz assumindo uma qualidade perigosa. — E melhor você estar brincando. — Eu nã o estou brincando. Ela me deu uma carona da cidade para casa e… — Ele passou a mã o pelo rosto para nã o ver a traiçã o gravada nas feiçõ es de Stephen. — Nã o foi tã o longe quanto poderia, mas isso nã o é desculpa. Eu assumo total responsabilidade. Quando ele abriu os olhos novamente, Stephen estava andando de um lado para o outro, em cı́rculo. — Que porra é essa, Travis? Por quê ? E temporada aberta para você nesta cidade e você escolhe Georgie? Você poderia ter qualquer uma. — Ela nã o é como qualquer uma. Stephen levantou as mã os. — Uau. Travis balançou a cabeça. — Eu nã o quis dizer isso como soou. — Ele nã o tinha, certo? — Isso saiu errado. Eu só queria dizer que nã o estou interessado em ningué m. Especialmente as mulheres que me caçam por esporte. Georgie e eu… nó s nos tornamos amigos. E con ie em mim, estou tã o fodidamente surpreso com isso quanto você . — A lembrança de Georgie entrando em seu apartamento com compras e um sorriso forçou Travis a fazer uma pausa. — Uma coisa levou à outra. Nã o previ isso. Ele estava falando sobre a amizade deles ou a conexã o? Ou algo completamente diferente? — Droga, Travis.


— Eu sei. — Sacudindo o pensamento rebelde, ele ergueu os ombros. — Dê um bom golpe, apenas nã o no meu rosto. Estou na ila para um trabalho de comentar em uma rede de televisã o ı́ntegra e eles nunca vã o me deixar ilmar se acham que eu vou aparecer com os olhos arrebentados. Seu amigo mostrou uma faı́sca de interesse relutante. — Trabalho de comentarista? Travis assentiu, agradecido pelo cara ainda estar falando com ele. — Voz dos Bombers. Eu tenho alguns caras para vencer. Eu estou trabalhando nisso. Bem aqui, agora, ele poderia con iar tudo a Stephen. Talvez até resolver o problema de Georgie de uma só vez. Você não a trata como uma mulher adulta e independente. Ninguém o faz. Isso a pouparia de ter que passar pelo ardil de sair com ele. Contar para Stephen as razõ es de Georgie para propor o acordo parecia uma traiçã o à sua con iança. Ele nã o podia isicamente fazer isso. Nã o. A famı́lia de Georgie era seu principal problema. Se Travis implorasse a Stephen para começar a tratar Georgie com mais respeito, isso poderia sair pela culatra. Talvez até fazê -la ganhar mais da famosa ridicularizaçã o dos Castle. Ele nã o seria responsá vel por isso. De fato, a pró pria perspectiva de alguém fazê -la passar por essa merda fez seu sangue subir vá rios graus. A ú nica maneira de manter a con iança de Georgie era deixar sua famı́lia acreditar no ardil també m. Nã o tinha outro jeito. També m nã o havia como aliviar a culpa de mentir para seu melhor amigo. — Estamos nos vendo. E casual. — Ele olhou para Stephen. — Ela entende que nã o estou procurando nada sé rio. A boca de Stephen se abriu. — Travis, você é realmente tã o estú pido? Minha irmã zinha está apaixonada por você desde que chegou ao ensino mé dio. A luz atravessou sua visã o. Ele foi jogado no vá cuo sem som, como se tivesse caı́do em um lago. Mas ele chutou para a superfı́cie o mais rá pido possı́vel, porque certamente tinha ouvido mal. — Nã o, ela nã o é . — Sua voz soou engraçada. Rouca. — Georgie? Você está cheio de merda. — Ela roubou meu anuá rio tantas vezes para garantir seu amor eterno à sua foto sê nior, que inalmente deixei que ela tivesse a maldita coisa. — Ele pegou um café do teto de sua van e bebeu metade dele. — Tinha seu pô ster de ano de estreia no teto dela e tudo mais. E nã o me faça falar nos dias de jogo. Se algué m falasse enquanto você estava para rebater, ela morderia a cabeça deles. A imagem de Georgie sentada na arquibancada com nachos no colo voltou atravé s de um iltro totalmente diferente, acompanhado de uma compreensã o crescente. Oh sim. Ela teve uma queda por ele naquela é poca. Nenhuma dú vida sobre isso. Como ele poderia nã o ter notado?


Ou talvez ele estivesse tã o acostumado a ser o centro das atençõ es naquela é poca, que reconheceu isso como o esperado e continuou se movendo. Ele quase queria cancelar todo o acordo naquele momento. De jeito nenhum ele seria o namorado dessa garota, falso ou nã o, se ela estivesse apaixonada por ele. Mas Georgie nã o estava apaixonada por ele. A noçã o era ridı́cula. Ela tinha uma queda pela estrela, uma paixã o infantil. Ele nã o era mais aquela estrela. Longe disso. E ela nã o era mais uma estudante do ensino mé dio com membros desajeitados. Se ele tratava Georgie como se ela ainda fosse aquela jovem garota de aparelho, ele nã o era melhor do que todo mundo que ela queria provar estar errado. Ambos eram adultos. Pessoas diferentes de quem eles eram quando ela olhou para aquele pô ster. Inferno, ele tinha caı́do muito longe para merecer esse tipo de adoraçã o heroica de algué m, ainda mais de Georgie. Ela provavelmente ria daquela velha tocha que costumava carregar. Antes que ela o encontrasse deitado de cabeça para baixo, de ressaca e provocando a populaçã o de ratos. Ele escolheu ignorar o espinho na garganta ao pensar em Georgie rindo da paixã o passada. — Escute, eu nã o entro em um relacionamento sé rio. E eu fui honesto com sua irmã sobre isso. Se ela optar por ignorar o aviso, é com ela. Mas acho que você nã o está dando cré dito su iciente a ela. Ela tem idade su iciente para ouvir. — E se ela nã o ouvir? Inquieto e agitado, Travis o interrompeu. — Você vai me bater ou nã o? Stephen parecia que queria dizer mais, mas deu de ombros e pousou o café no teto da van. — Eu acho que você sabe que preciso. — Ele levantou os punhos, rolou o pescoço. — Isso vai me machucar mais do que vai machucar você . — Puta que pariu. Apenas faça. Seu amigo olhou para ele por tanto tempo, que Travis se perguntou o que diabos ele estava vendo. Finalmente, Stephen deixou cair as mã os. — Nã o, eu vou passar. Eu acho que você está caminhando para algo ainda mais doloroso. Travis icou parado ao lado da minivan, sentindo como se tivesse levado um soco de qualquer maneira.


Capítulo Treze

Georgie rolou de costas na grama, rindo enquanto meia dú zia de

crianças de cinco anos estavam empilhadas em cima dela. O impacto das crianças arrancou sua peruca vermelha, espalhando cabelo em todas as direçõ es, cobrindo metade do rosto e quase desalojando o nariz esponjoso e vermelho. Um cachorro se juntou à festa, lambendo o seu rosto e enviando ilhos e pais igualmente em acessos de diversã o. Essa era a parte que ela mais amava nas festas de aniversá rio. A energia. Quando as crianças icam totalmente loucas e deixam de ser tı́midas. Sim, a segunda metade de uma festa sempre era a melhor. Foi també m a parte do show em que uma lesã o fı́sica se tornou uma possibilidade real, mas isso é pormenor. Falando em pormenor, fazia quarenta e seis horas desde que tinha visto Travis. Eles izeram um acordo para estar em um relacionamento falso e apertaram as mã os, mas parecia que estavam esperando o outro dar o primeiro passo. Se eles continuassem ié is a isso, Georgie seria a pessoa a aparecer e impor sua presença sobre ele. Fazer isso nunca a fez pausar antes. Era tã o ruim que ela queria que ele desse o primeiro passo falso dessa vez? O que dizia sobre sua personalidade que ela tinha que criar distraçõ es para nã o se interessar por ele? Que ela era proativa? Felizmente, essas distraçõ es foram super produtivas. Nos ú ltimos dias, ela contatou um designer sobre um novo site para a sua empresa e publicou um anú ncio para funcioná rios freelancers. Ela nã o tinha dinheiro para trazer ningué m em tempo integral ainda, mas chegaria lá . Ter um plano a encheu de con iança e uma sensaçã o de realizaçã o. Um sentimento semelhante de pluma na pele fez có cegas na parte de trá s do pescoço de Georgie e ela olhou em volta, assumindo que um dos pais estava tentando chamar sua atençã o. Mas nã o. Eles estavam todos reunidos em volta da mesa de lanches, fofocando. Entã o, por que a pele dela continuava formigando? Georgie olhou para o portã o e encontrou Travis observando-a sobre os postes pintados de branco, com um sorriso no rosto rude e bonito. Cada centı́metro de seu corpo começou a zumbir, sua boca icou seca. Puta merda. Ela o imaginou tanto que virou realidade. Travis estava dando o primeiro passo. — E assim que seu futuro se parece, Georgette Castle — uma das mã es chamou enquanto passava pela pilha de cachorros-palhaço na grama, uma caixa de pizza nos braços. — Siga-me, festeiros. O sorriso de Travis desapareceu rapidamente. Ele levantou a mã o para tirar os ó culos escuros e lá estava seus olhos. Tã o intensos. Eles sorriram para ela como se ela fosse um quebra-cabeça de mil peças, provocando o caos dentro de sua caixa torá cica.


— Travis? — Georgie murmurou, sentando-se para ajustar a peruca quando as crianças a abandonaram para seguir o cheiro de pizza. — O que você está fazendo aqui? — Eu vi o seu carro — disse ele, parecendo á spero. Quando ele nã o deu mais detalhes, ela notou o desconforto crescente em seu corpo e riu para dividir a tensã o. — Você parece até que acabou de ver um parto transmitido ao vivo no feed do seu Facebook. A piada nã o fez nada para relaxar seus ombros. Nã o que ela estivesse se sentindo casual també m. Pelo menos nã o internamente. Seu coraçã o estava batendo como um peixe prestes a morrer. A ú ltima vez que ela viu Travis, eles estavam seminus e dando orgasmos um ao outro, entã o alguns nervos poderiam ser esperados, certo? Deus, ele parecia delicioso. Sua camiseta mescla-acinzentada moldava seu estô mago musculoso, seu rosto ostentando a barba crescendo e os olhos cansados. Ele parecia tã o deslocado no cená rio suburbano – como um daqueles comerciais de caridade em que um atleta famoso visita um fã à sua porta. Ombros largos e antebraços com cordõ es. Esse era Travis Ford. Um solteirã o lindo e talentoso destinado a uma vida maior e mais chamativa, mas enviado para viver com mortais normais ao invé s disso. E ela estava deitada de bunda em uma roupa de palhaço. O amasso suado deles deve ter sido um sonho. Mas ela sonhara o su iciente com Travis para poder separar fantasia e realidade. A realidade era muito mais prá tica. E també m nã o com as suas pró prias mã os, como de costume. De initivamente era o Travis real se elevando acima dela agora, porque Travis fantasioso nunca tinha olhos cansados ou parecia inseguro. Este homem o fazia, no entanto. E era essa versã o dele que ela estava perdendo. Ela sentia falta do seu namorado falso. Ela estava louca em embarcar nessa missã o? Nunca houve medo do Travis fantasioso machucá -la. Ela poderia apenas invocar outro sonho, nã o podia? Um sonho melhor que terminou com ele beijando-a sob a chuva de ita durante um des ile de campeõ es da World Series. Mas quanto mais ela conhecia o Travis real, mais o Travis fantasioso começava a desaparecer, deixando esse homem real, vivo e complicado em seu lugar. Ele a atraia ainda mais. Muito mais. Travis parecia estar dobrando seu corpo para bloquear algo atrá s dele, fazendo Georgie franzir os lá bios. — O que está acontecendo? Mais candidatos a autó grafos? — Tem um fotó grafo me seguindo. — Ele levantou uma sobrancelha para o queixo caı́do dela. — E agora ou nunca, bonequinha.


Deus, ele só tinha que chamá -la assim. Graças a Deus ela estava usando seu traje de palhaço, porque o apelido provocou arrepios em seus braços. — Um fotó grafo? Como um paparazzi? Isso foi rá pido. — Sim. — Ele limpou a garganta, nã o olhando mais para ela. — A rede anunciou sua pequena lista de candidatos à nova voz dos Bombers na noite passada. — Sua expressã o era meio perplexa. — Eu… ainda estou nela. — Travis, isso é incrı́vel! — Georgie se levantou, a alegria a fez querer abrir o portã o e abraçá -lo. Quando ela viu a câ mera levantada, ela chiou e se escondeu atrá s da forma impressionante de Travis. — Uau. Eles nem perguntam. — Nã o, nó s somos jogo limpo. — Seus olhos azuis voltaram para a boca dela e pareceu escurecer, sua mã o direita levantando para embalar sua mandı́bula sobre o portã o. — Mas em campo aberto podemos decidir o que eles vê em. — Oh — ela sussurrou, inalando seu perfume masculino. — Isso é bom. — Bom? Talvez. — Sua lı́ngua arrastou tentadoramente por todo o lá bio inferior. — Sabemos que posso ser um pouco cruel. — Georgie estava certa de que ele estava prestes a beijá -la, mas sua testa se franziu. — Entã o, todo mundo na cidade sabe que você quer um monte de ilhos? O que isso tinha a ver com beijá -la? — Nem todo mundo — ela respondeu honestamente, olhando para cima com olhos ilegı́veis. — Apenas todo mundo que me vê ao redor de crianças. O que acontece muito, porque, olá , palhaço. — Sim — ele disse calmamente. — Você meio que ganha vida ao redor deles, nã o é ? Ainda mais que o normal. — Ela queria se deliciar com o elogio, mas algo o estava incomodando. Isso era ó bvio. — Associar-se a mim pode atrapalhar isso para você , Georgie. Pode ser difı́cil encontrar um cara legal depois de estar comigo. Mesmo que seja apenas para as câ meras. Apenas para as câ meras. Está certo. Por que era tã o difı́cil lembrar disso quando ele estava tã o perto, olhando para ela com algo semelhante à ternura? Sua preocupaçã o visı́vel tornou quase impossı́vel de engolir. — Se um homem usasse algo assim contra mim, ele nã o seria um cara legal. De initivamente nã o algué m com quem eu teria… — Uma famı́lia — disse ele calmamente. — Certo. Eles continuaram a se examinar sobre o portã o, aproximando-se cada vez mais sutilmente. Por causa do fotó grafo? Ou porque ela isicamente nã o conseguia parar de gravitar em sua direçã o?


— Travis Ford? — O feitiço que ele envolveu sem esforço ao seu redor foi quebrado quando o pai do aniversariante passou por ela com uma mã o estendida, estendendo-o a Travis. — Ningué m me disse que a lenda local foi convidada. — Eu nã o fui — respondeu Travis, apertando a mã o do homem, mas ainda olhando para Georgie. — Minha namorada aqui é o entretenimento e eu nunca tive a chance de vê -la se apresentar. Se importa se eu...? — Claro. — O pai abriu o portã o. — Entre. Vou pegar uma cerveja para a gente. Travis lhe deu uma piscadela. — Perfeito. Obrigado. Georgie assistiu com a boca aberta, pronta para pegar moscas, enquanto Travis entrava em uma festa de aniversá rio infantil, separando a multidã o de pais como uma estrela pop em uma arena lotada. Assim como quando Travis caminhou pela cidade, a reaçã o à sua presença foi mista. Os homens o cumprimentavam com vibraçõ es apaixonadas pelo homem – exagerando no aperto de mã o e ampliando sua postura, como se estivessem se preparando para brigar por alguma conversa de beisebol – ou se aproximavam de suas esposas e tentavam nã o parecer inseguros. Algumas mulheres ingiram que ele nã o existia, provavelmente nã o querendo dar a Travis a satisfaçã o de saber que ele poderia vender um milhã o de có pias do Body Issue da ESPN The Magazine18. E ainda outra contingê ncia de mulheres sorria e inclinava a cabeça para impressioná -lo. E depois havia Georgie, de pé no meio do quintal com a boca aberta, vendo Travis se sentir em casa. Ela foi levada de volta à realidade quando uma garotinha puxou sua manga de polié ster. — Podemos fazer a festa de bolha agora? — Sim! Um trio de crianças atrá s dela começou a aplaudir. — Todos preparem suas melhores mã os para pegar bolhas! Eu vou apenas esquentar minha chique fá brica de bolhas... Cinco minutos depois, Georgie estava correndo de um extremo ao outro do quintal, um fabricante de bolhas erguido acima da cabeça e deixando um rastro de bolhas translú cidas atrá s dela. Dez crianças de cinco anos riram e a seguiram, embora um deles tenha saı́do para dançar a mú sica do Kidz Bop que ecoava na rá dio. Sempre havia um. — Ok — Georgie ofegou, colocando as mã os nos joelhos. — Quem quer pintar o rosto? Eu posso fazer dragõ es ou sapatilhas de balé ... — Minha mã e diz que a tinta vai me dar alergia e eu nã o posso fazer! Uma garotinha com cabelos ruivos cacheados esticou o lá bio inferior. — Eu nã o quero ter alergia. — Eu també m nã o — disse um garoto, afastando-se do bando.


Bem acostumada com o efeito dominó , Georgie sorriu e se ajoelhou, descendo ao nı́vel deles. — Que tal eu testar a tinta em suas mã os, para que você s possam ver que nã o vai lhe dar uma alergia. — Teste na minha mã e! — Nã o teste na minha mã e. Meu pai diz que ela é sensı́vel demais! Georgie lançou um olhar divertido para os pais observadores, prendendo a respiraçã o quando notou Travis observando-a com uma expressã o ilegı́vel, os braços cruzados sobre o seu peito. — Hum. Que tal eu pintar o rosto inteiro de um dos adultos? Isso faria você s se sentirem menos assustados? Como ela sabia que seria, todas as crianças estavam em acordo unâ nime. — Sim! Antes que pudesse pensar melhor, Georgie acenou para Travis. — Senhor Ford adoraria ser nosso voluntá rio. Todo mundo diga olá ao Sr. Ford. Um coro de saudaçõ es encheu o quintal, misturando-se à risada baixa de Travis. Ele largou a cerveja e caminhou até a grama. Antes, Georgie havia montado uma estaçã o de pintura de rosto completa, com mesa de jogo e banquinho. Travis olhou para o banco do tamanho infantil com um olhar duvidoso. — Você nã o espera que eu me sente nisso, nã o é ? Georgie piscou. — Mas você deve. E o banquinho de pintura de rosto. — Certo. — Ele coçou a mandı́bula e a barriga de Georgie sacudiu com o som á spero, sabendo exatamente como era ter aquela barba roçando no pescoço dela. Travis chamou sua atençã o quando ele se sentou, os lá bios torcendo como se pudesse ler seus pensamentos. — Você me trouxe onde me queria. — Como ele se atreve a parecer legal em um banquinho infantil? — Posso escolher meu design? Ela apontou para o grupo de crianças fascinadas. — Deverı́amos realmente deixar o aniversariante escolher. A boca de Travis se contraiu. — Parece perigoso. Nunca em sua vida ela fez uma festa em que os pais pararam de conversar e prestaram muita atençã o. Você podia ouvir um al inete cair no quintal. Convidar Travis para pintar o rosto era uma má ideia. Terrı́vel. Ela podia sentir todas as suas açõ es sendo examinadas. Por que Travis teve que escolher agora para revelar seu lado divertido? Tentando disfarçar os nervos, Georgie virou-se para o aniversariante. — Carter? O que você acha? Devemos dar-lhe uma borboleta? Ou talvez um Minion...


— Um cachorro! Travis suspirou. — Eu fui derrotado. Georgie conteve uma risada. — Entã o um cachorro será . Tentando ao má ximo ignorar os olhos de Travis, que pareciam estar presos a todos os seus movimentos, Georgie mergulhou o pincel na tinta preta, com a intençã o de começar com o nariz. O pincel pairou por longos segundos, recusando-se a se mover, apesar do seu cé rebro ordenar que ele o izesse. Provavelmente por causa do há lito quente no pulso dela. E a maneira como o joelho dele descansava contra o dela, aquelas grandes mã os de jogador de beisebol prontas. Como se elas fossem puxá -la para o colo dele, se recebessem o menor incentivo. Ou ela estava imaginando isso? Era totalmente possı́vel que Travis estivesse sofrendo com a situaçã o enquanto ela sofria um colapso hormonal total. — Eu tenho um cachorro! O nome dela é Lola. — O cachorro do meu primo mordeu algué m. Obrigado, pequeninos. Com as vozes a fazendo voltar aos trilhos, Georgie alisou o pincel ao longo do nariz de Travis em um triâ ngulo de cabeça para baixo. — Senhor Ford é mais um mordiscador. — Ela fechou a boca. — Eu quero dizer... Travis jogou a cabeça para trá s e riu, junto com vá rios pais. — Cale a boca — ela sussurrou, o rosto em chamas. — Me ajude a sair dessa. O olhar dele caiu no pescoço dela. — Devo contar a eles como você descobriu? Senhor. Isso nã o estava acontecendo. Ela era um palhaço excitado. Seus mamilos haviam se transformado em pequenos e terrı́veis espinhos e o som da voz sexual de Travis encheu sua mente. Virgem ou não, você pensou em montar esse pau ou não teria deixado cair sua saia para mim. Diga-me que estou certo. Uma gota de suor deslizou por sua espinha, absorvida pelos shorts de bicicleta que ela usava sob o traje. Era o que acontecia quando uma garota permanece virgem até a idade adulta, experimenta Travis e volta a se privar. Ela explode. Eles nã o precisavam de uma piñ ata nesta festa – eles poderiam apenas coletar pequenos pedaços dela do chã o. Por im, Travis pareceu perceber sua situaçã o, porque o sorriso dele desapareceu lentamente. — Ei. — Ele lambeu os lá bios, os olhos um pouco desfocados. — Pense no tempo que você passou uma hora fazendo a amarelinha perfeita antes de Stephen e eu borrifa-la com a mangueira. Quando esse lembrete nã o fez nada para acalmar sua luxú ria, Georgie sabia que estava com um grande problema, mas fez o possı́vel


para ingir que o mé todo dele funcionou como um encanto. — Você está certo. Estou fazendo de você um cachorro muito feio — ela murmurou. — Com um problema de gases. — Esse é o espı́rito. Embora eu nã o tenha certeza de como você pode traduzir isso na tela. — Onde há vontade... Acabou que a vontade de Georgie era bastante forte, porque ela fez Travis feio como pecado pela primeira vez em sua vida. Atravé s da magia da arte, ela fez as bochechas dele parecerem uma mandı́bula pesada, o nariz atarracado. Sua vacilada quando ele se olhou no espelho enviou pais e ilhos a uma multidã o de risadas, proporcionando-lhe uma pequena satisfaçã o. Mas nada impediu a atraçã o fı́sica e crua que a puxava em direçã o a Travis. Nem mesmo a cara do cachorro. Ela sempre o achava o homem mais atraente do planeta, mas agora sabia que ele agia. Sabia que ele poderia satisfazer a fome dentro dela, que ela nem sabia que tinha. Mesmo que fosse contra a sua ú nica regra, seu corpo queria fazer outra rodada. Seu corpo nã o era sua maior preocupaçã o, no entanto. Era o seu coraçã o. Ela era uma garota inteligente capaz de objetividade, certo? Agora, se ela pudesse manter essa objetividade enquanto Travis a encarava como uma refeiçã o, ela seria premiada. Ele era o ú nico homem vivo que poderia chegar até ela assim? Observando-o enquanto eles empacotavam seus equipamentos de festa em silê ncio, ela nã o conseguia nem conjurar uma lembrança decente do rosto de Pete. Embora Pete nã o seria mais uma opçã o assim que a notı́cia que ela estava vendo Travis se espalhasse, seria? Ela esperou o arrependimento, mas nunca veio. — Ei — disse Travis, colocando a maleta no ombro e andando ao seu lado quando saı́ram do quintal. — Estou feliz por ter aparecido na festa. Eu sabia que você era boa, mas nã o sabia que você dirigia a apresentaçã o inteira assim. E muito trabalho. — Obrigada. — Asas de prazer inesperado batiam em seu peito. — Nem sempre foi tã o organizada. Meu primeiro ano de palhaçada foi mais como uma sé rie de motins. Eu ainda estou com cicatrizes. — Crianças nã o sã o brincadeiras. — Uma batida passou. — Este trabalho nã o a impediu de querer ter as suas pró prias? — De jeito nenhum — disse ela sem hesitar, um sorriso curvando seus lá bios. — Isso me faz as querer mais. Aquele olhar em seus rostos quando o bolo sai e todo mundo canta parabé ns. E como se você pudesse ver uma memó ria se formando na cabeça deles. E má gico. Ela podia sentir Travis observando-a de perto. Por que o interesse repentino? — Sua mã e me fez um bolo para o meu dé cimo terceiro aniversá rio — disse ele. — O ú nico que eu já tive.


Georgie parou de andar, um punho segurando sua garganta. — Ela fez isso? — Ela mal controlou o desejo de enterrar o rosto no peito dele e soluçar. — De que cor era a cobertura? Ele riu sem humor e desviou o olhar. — Amarelo. Com escrita branca. A linguagem corporal de Travis lhe disse para nã o se aprofundar mais. Que ele já havia lhe dado mais do que o su iciente por enquanto. Mas Deus, ela queria. Ela queria reviver todas as suas primeiras lembranças de Travis, mas saber o que ele estava pensando dessa vez. — Viu só ? Memó rias má gicas. — Sim. — Com uma engolida que levantou o seu pomo de Adã o, ele colocou a maleta atrá s da mala do carro. — Como faço para tirar essa tinta do meu rosto? — Você nã o o faz. Eu mudei para laquê permanente quando você virou as costas. Boa sorte trabalhando com cara de cachorro. — Muito engraçado. — Eu tenho perguntas sobre o nosso plano. — Uau, você realmente mergulhou de cabeça.— Ele se aproximou. — Manda brasa. Georgie pressionou a mã o no estô mago palpitante. — Nó s vamos fazer muitas coisas, por assim dizer, pelas câ meras — disse ela calmamente, em deferê ncia ao homem que tirava fotos nã o tã o discretamente ao lado de seu Honda azul a cerca de quarenta metros de distâ ncia. — Digamos que você me leve para casa e algué m está nos seguindo. Eles esperam que você entre. E... e se o s e x o simplesmente acontecer... — Nã o acredito que você acabou de soletrar a palavra 'sexo'. — Desculpe, ainda estou no modo de festa de aniversá rio. — Ela endireitou a coluna. — Se o sexo acontecer... Um pai pigarreou atrá s dela. Com o rosto vermelho, Georgie se virou. — Está vamos apenas querendo um cartã o de visita — disse um homem com um boné do Giants que nã o encontrou seus olhos. — Você sabe, uh… para o futuro. — Sim, é claro — Georgie resmungou, entregando-lhe um do bolso. — Temos promoçõ es no Natal. Estou ansiosa para sua chamada. — Um momento depois, ela estava sozinha novamente com Travis, que de initivamente estava lutando contra uma risada atrá s de seu punho. — Nã o é engraçado. — Por favor, pare. Você sabe que é engraçado. — Estou tentando ter uma conversa sé ria com você . — Você está vestida como um palhaço e meu rosto está pintado como um cachorro, bonequinha. Isso nã o está acontecendo. — Travis pegou as chaves do carro da mã o dela, abriu o porta-malas e guardou o


equipamento. Uma vez guardado, ele contornou o carro com a caixa de lenços umedecidos que ela guardava no porta-malas. — Venha aqui. — Eu posso... — Limpar meu próprio rosto. Mas é claro, ela nã o falaria isso, porque era incrı́vel demais ver Travis inclinar o queixo e alisar os lenços umedecidos sobre a sua boca, se livrando do sorriso largo de palhaço vermelho. Entã o para as bochechas dela e sobre a zona T, com cuidado enquanto ele limpava ao redor dos olhos dela. No im das contas, provavelmente levou um minuto, mas durou para sempre, porque o cé rebro dela se moveu em câ mera lenta, contando os seus cı́lios e se perguntando se ele havia nascido com a sarda sob o olho direito ou se havia aparecido no verã o quando criança… e nenhum desses pensamentos foi produtivo. Tampouco a eletricidade que estalava e zumbia entre eles, ganhando energia das linhas telefô nicas e das casas pró ximas, crescendo e crescendo até Georgie ter que afastar Travis ou correr o risco de indecê ncia pú blica. — Tudo bem, eu posso tirar o resto. Por que ele estava olhando para a boca dela de repente? Como um lobo que viu um cordeiro. Ele tinha sido tã o afetado pelo que eles izeram como ela? Nã o parecia possı́vel quando ele esteve com tantas mulheres. Mulheres que realmente sabiam o que estavam fazendo. O som sutil de um estalo de câ mera lembrou a Georgie que era tudo para a mı́dia. Travis queria um emprego em uma rede familiar e ela queria a respeitabilidade de adultos. Ela precisava se lembrar disso. Travis pigarreou. — Você está limpa. — Ele pegou alguns lenços e devolveu a caixa ao porta-malas dela. Enquanto ele usava seu re lexo no para-brisa traseiro para ajudá -lo a limpar seu pró prio rosto, ele lançou um olhar na direçã o dela. — Você estava dizendo? — Oh. Certo. — Sua coragem para ter essa conversa foi levada para uma gô ndola luxuriante, mas ela implorou que voltasse. — Hum. Ok, entã o você ouviu o que eu disse antes. — Sobre nó s fazermos sexo.— Sua mandı́bula estalou. — Sim. Eu ouvi. — Bem, você nã o poderá ver mais ningué m de verdade. Enquanto isso estiver acontecendo. — Oh, Deus, o que ela estava fazendo? Pare. Nã o. Ela continuou. — Você nã o vai precisar de algum tipo de… açã o? — Sim, Georgie. Minha pró pria sobrevivê ncia depende disso. — Você está tirando sarro de mim? — Sim. Ela mal resistiu em apontar a lı́ngua para ele. — Só estou apontando que somos bastante compatı́veis nas artes adultas e você provavelmente poderia me ensinar muito. Sobre a arte. Enquanto estamos matando o tempo. — Cristo. Tanta coisa para arrumar nessa frase — Rindo sem humor, ele passou a mã o pelo rosto. — Minha opiniã o nã o mudou. Isso nã o está


acontecendo novamente. Assim, mantemos as coisas preto no branco — Sua mandı́bula se contraiu quando a olhou. — Nã o importa se há algo de uma... atraçã o aqui. Estamos mantendo isso platô nico. Isso vai funcionar para você ? Ela icou aliviada e decepcionada ao mesmo tempo. Sem a magia do toque dele, ela tinha uma chance muito melhor de manter o coraçã o intacto. Por que ela pressionou a questã o em primeiro lugar? Provavelmente porque ele olhou para ela como se ela fosse a ú ltima mulher na terra naquela tarde em sua cama — e ela nã o conseguia parar de pensar nisso. Ok, tudo bem. Manter as coisas platô nicas era necessá rio para sua autopreservaçã o. Nos momentos seguintes, ela era a namorada falsa de Travis Ford. De faz de conta. Desde que se lembrasse disso, ela se afastaria desse acordo com a reputaçã o de uma mulher do mundo. Seu coraçã o també m nã o seria uma bagunça desintegrada. Contanto que ela segurasse essa parte de si mesma. — Por que você parece aliviada com a coisa de ‘sem sexo’? — Ele massageou o centro da testa. — Jesus Cristo, Georgie, você é confusa. — Como você quer que eu reaja? — Eu nã o tenho a menor ideia — ele murmurou, quase para si mesmo. — Vamos tomar uma bebida. — O que? Agora? — Sim. — Apó s a menor hesitaçã o, ele se inclinou e beijou sua testa, sua engolida audı́vel ecoando a dela. — Temos uma câ mera nos seguindo. Nã o há tempo melhor que o presente. — Oh, certo. — Ela forçou um sorriso paquerador, mas nunca o sentiu alcançar seus olhos. — Pronto. Estou apaixonada. — Otimo — ele disse secamente. — Encontro você no Waterfront. — Ooh. — Ela torceu de um lado para o outro. — Chique, chique... — Exagerado. Ela fez uma careta para ele. A boca dele se contraiu. — Insu iciente. — Oh, saia daqui — ela resmungou, empurrando-o para longe. — Perfeito. — Travis disse a caminho de sua caminhonete, jogando um sorriso por cima do ombro que quase a derreteu na calçada. — Dirija com segurança, bonequinha.


Capítulo Quatorze

Travis teve um motivo oculto para pedir a Georgie que tomassem

uma bebida enquanto ela ainda estava usando sua roupa de palhaço: seria muito mais fá cil para manter as mã os longe dela em uma tenda. Infelizmente, ela mandou uma mensagem para ele avisando que tinha ido para casa para se trocar, entã o ele estava esperando no estacionamento do restaurante por vinte minutos com uma sensaçã o crescente de desgraça, imaginando se ela apareceria usando a saia novamente. A que ela tinha balançado para baixo em seu quarto antes que ele a jogasse de bruço e a roçasse em um orgasmo. Ele estava pensando em deslizar as mã os por baixo dessa saia com muita frequê ncia ultimamente. Incluindo agora. A câ mera tinha lhe dado uma desculpa para se aproximar um pouco mais de Georgie do que deveria? Provavelmente. Sem essa rede de segurança a cinquenta metros de distâ ncia, ele provavelmente nã o se arriscaria a inclinar o queixo para que ele pudesse limpar a maquiagem do rosto dela. Nã o beijá -la tinha sido uma batalha, com câ mera ou nã o. Ele se viu querendo se inclinar e exigir saber o que havia dentro de sua cabeça. Ela superou a paixã o? Sim. A resposta foi obviamente sim. Ele tinha estado perto de muitas mulheres com uma a inidade por ele e nenhuma delas jogava suas besteiras na sua cara como Georgie. Nenhuma delas o desa iou ou o motivou. Quando uma mulher queria um homem, ela lertava, certo? Havia uma dança envolvida. Ela com certeza nã o veio à tona e propô s que ele a ensinasse sobre artes adultas. Isso nã o implica que ela usaria essas liçõ es… em outro lugar em algum momento? Travis percebeu que suas mã os estavam estrangulando o volante e se forçou a soltar. Sim. Nã o havia com o que se preocupar em termos da paixã o superada de Georgie. Ele nã o era o garoto que ela assistiu das arquibancadas. Ou o homem que ela assistiu bater home runs19 do chã o da sala. Ele era um idiota tridimensional e completamente errado para ela – uma garota que aspirava começar uma famı́lia e fazer memó rias má gicas. Ele era completamente errado para qualquer uma. Travis inclinou a cabeça para trá s, apoiando-a no banco do motorista. Ele estava andando por uma linha perigosa ingindo namorar Georgie. Eles precisavam ser convincentes em pú blico, mas não em particular. Ele nã o podia se comprometer com isso, por mais que estivesse tentado a fazer o contrá rio. E foda-se, ele foi tentado. Podia muito bem admitir. Ela poderia transformá -lo em um maldito


traje de palhaço. Como se isso nã o fosse su iciente para assustá -lo, desde que foi reintroduzido a Georgie, a adulta, ele correu a sé rie de se sentir protetor, possessivo e depois direto para sentir falta dela. Mas havia um plano de jogo. Ele só precisava cumpri-lo. Mais importante: nã o dormir com ela se eles acabarem sozinhos. Na verdade, ele precisava evitar icar sozinho com ela a todo custo. Nã o há razã o para tentar a pró pria tentaçã o. Se ele pudesse manter as calças fechadas por algumas semanas – no má ximo – ele seria o Sr. Integro e conseguiria a posiçã o de comentarista. E ele poderia ir embora sem se preocupar que Georgie tivesse se apegado. Feito. Travis engoliu um nó na garganta e veri icou o espelho. O repó rter em seu Honda azul aguardava a alguns lugares do estacionamento, provavelmente folheando as fotos que ele já havia capturado de Travis e Georgie. Eles estavam nessa agora. Sem volta. Se eles já nã o tivessem mexido todas as lı́nguas na cidade depois da festa de aniversá rio, eles o fariam assim que entrassem juntos no restaurante. Ele havia escolhido intencionalmente o Waterfront, porque era o ponto mais movimentado de Port Jefferson desde a juventude. Com um restaurante nas costas e um bar movimentado na frente, servia a jovens e idosos. Com o pô r do sol na noite de sá bado, todo mundo se encontrava no Waterfront para um jantar rá pido e alguns drinques, antes de ir a uma ressaca de domingo – uma tradiçã o em Long Island. Faró is ricochetearam no interior da caminhonete de Travis. O carro de Georgie. Travis abriu a porta do lado do motorista e saiu, virando-se para encostar-se contra ela. Pela terceira tentativa de Georgie de estacionar dentro da vaga, Travis estava balançando a cabeça. Ele estava preparado para questionar por que ela simplesmente nã o puxou a parte dianteira primeiro, mas as palavras morreram nos lá bios de Travis quando Georgie apareceu. Sem saia desta vez, mas ele sentiu a baixa agitaçã o em sua barriga, independentemente. Talvez ainda mais forte desta vez. Ela trocou o traje de palhaço por um vestido de verã o solto e sandá lias que cruzavam as pernas e amarravam abaixo do joelho. Os cabelos que ela havia escondido antes de uma peruca laranja estavam em uma trança que icava sobre um ombro. Quando ela se aproximou, ele notou um brilho leve em seus lá bios que o fez pensar em mordidas tiradas de frutas frescas. Cada centı́metro da doce menina que mora ao lado… até que ele se deu conta de seus peitos. Me mate agora. Eles foram empurrados para cima, separados e expostos no decote V do vestido dela. Por que ele nã o podia olhar para o corpo dela e permanecer objetivo? Ele nunca teve esse problema antes. Boa parte de sua vida foi passada cruzando caminhos com mulheres lindas, mas essa fez com que ele sentisse que suas roupas estavam erradas.


Um rapaz passando por ela no estacionamento deu uma olhada dupla. Depois de puxar um fone de ouvido, ele disse olá . Como em o-lá. — Oi — ela disse de volta, parando lentamente e olhando para o homem com uma expressã o inconsciente. — Você precisa de algo? Claramente chocado que seu olá esquisito lhe rendeu uma resposta positiva, o cara recuou como um cachorro que tinha visto um animal vadio. — Agora que você perguntou… — Nã o, ele nã o precisa de nada. Cristo. — Travis se colocou entre Georgie e o idiota, puxando-a contra o lado dele. Sua irritaçã o despencou quando viu que Georgie estava genuinamente confusa. — Ele acha que você é atraente, Georgie. Ele fez um trabalho de merda em deixar você saber. — Ohhh. — Travis assistiu Georgie observar o repó rter estacionado alguns pontos abaixo. ― E... — Ela lhe deu uma cutucada conspirató ria. — Qual seria o jeito certo? Eles ainda nem estavam dentro do restaurante e a linha de perigo já estava embaçada. Era o su iciente entrar no estabelecimento segurando a mã o de Georgie. Comprar as bebidas dela. Colocar um braço em volta dos seus ombros. As pessoas lá dentro ou qualquer pessoa que visse as fotos resultantes captariam a mensagem. Ele nã o precisava se inclinar como estava fazendo agora, a palma da mã o deslizando pelo braço nu dela para entrelaçar os seus dedos. Ele nã o precisava traçar aqueles dedos na sua boca e beijá -los. Duas vezes. Lentamente. — Você está linda para caralho. — Você está certo — ela respirou, encarando as mã os que ele ainda estava segurando. — Esse é de initivamente o jeito certo. Com o gosto dela nos lá bios, provocando-o por sua falta de controle, Travis se virou e a arrastou em direçã o ao restaurante. — Agora você sabe. — Espera. — Ela ainda parecia sem fô lego. — Nã o deverı́amos, tipo… fazer um reconhecimento? Ele parou e a encarou. — O que? — Fazer um reconhecimento. Você sabe… — Ela falou em silê ncio pelo lado da boca. — Inspecionar. Ver quem está lá . Formar um plano de jogo. — Eu tenho um plano de jogo. Ela arregalou os olhos para ele. — Se importa em compartilhar? Sou metade desse time. Um lash disparou por cima do ombro de Georgie. — Parece que estamos discutindo. — Problemas no paraı́so. Hoje na TMZ. — Ela cruzou os olhos para Travis e ele se viu lutando contra um sorriso. — Nó s estaremos


discutindo se você nã o me incluir. Eu nunca tive um namorado de verdade, muito menos um falso. — Você nã o precisava me lembrar. — Cruel. Travis perdeu o sorriso. — Nã o queria que isso soasse duro, Georgie. Só que estou ciente de quanto mais experiê ncia tenho do que você . Ela deu um puxã o delicado no ló bulo da orelha. — E você teve uma namorada o icial? Sabendo que fora superado, ele estreitou os olhos para ela. — Ponto entendido. Mas ainda sei convencer quem está assistindo que você é minha. Ele a imaginou estremecer? — Como? A resposta de seu corpo a essa ú nica palavra foi quı́mica. Essa mulher cujo corpo o chamava em um nı́vel insano queria saber, em termos explı́citos, como ele planejava reivindicá -la. Como ele levaria todos a acreditar que eles estavam regularmente suando os lençó is. Era curiosidade da parte de Georgie, mas seu sangue nã o pô de evitar o aquecimento diante do desa io percebido. Nã o poderia deixar de aquecê -la. Os olhos curiosos e o sorriso secreto que, caramba, o faziam sentir como se eles realmente fossem um time. Os peitos dela. Deus, sim, os peitos dela. O brilho dos postes dos dois lados da entrada os fazia parecer macios e palpá veis. Nã o ajudou em saber que ela nunca teve seus mamilos chupados antes dele e ela se ofegou e se contorceu na primeira vez que isso aconteceu. Talvez ele nã o pudesse ser quem iria sugá -los da pró xima vez, mas deixar todos pensarem que sim teria que bastar. — Venha aqui. Desta vez, ela de initivamente estremeceu em reaçã o à mudança de tom dele. Ela deu um passo à frente, tocando a ponta da trança, e Travis icou exatamente onde ele estava, a cabeça inclinada, esperando até que um pedaço de papel nã o coubesse entre seus corpos. O calor dela rolou em sua barriga e viajou mais baixo, despertando a fome que ele precisava ter vergonha de sentir, mas nã o conseguia se parar quando estavam cara a cara. O braço dele se moveu sozinho, serpenteando pelas costas dela e a puxando com força contra seu corpo. — Você quer saber como eu vou deixar todos saberem que você é minha, hein? Georgie empurrou contra o peito dele e recuou. — Nã o. Negaçã o apertou em cheio sua barriga. — Nã o? Ela deu a ele um olhar signi icativo.


— Você já esqueceu a posiçã o que deseja é um uma rede familiar? — As pá lpebras dela tremeram. — Você nã o deveria estar olhando para mim assim. Porra. Como ele continua a perder o bom senso em torno dessa garota? Por que ele nã o podia olhar para Georgie e ver todas as razõ es ló gicas de que estar em um relacionamento fı́sico com ela seria ruim? Sem mencionar que ela estava certa. Ser pego beijando mais uma mulher diante das câ meras era uma boa maneira de obter seu nome riscado da pequena lista. Mais uma mulher. Ele nã o queria admitir para si mesmo que Georgie era tudo, menos isso. Travis assentiu com irmeza e a levou para o Waterfront, com os lashes da câ mera disparando. Alé m da mú sica tocando no alto-falante na á rea do bar, a sala lentamente icou em silê ncio. Ningué m falou ou se mexeu enquanto Travis guiou Georgie até os bancos mais pró ximos. Ele podia sentir os olhos neles – sabia que ela també m devia – mas ela nã o desviou sua atençã o dele uma vez. Isso colocou o ó rgã o em seu peito bater forte e, quando ele a empurrou de lado no banquinho, a conversa que eles estavam tendo o iludiu completamente. — Uh. — Ele engoliu em seco. — O que você bebe? — Estou enferrujada em pedir bebidas. Na maioria das festas, sou convidada a servir apenas sucos de frutas — Ela lambeu os lá bios em câ mera lenta. Pelo menos foi assim que aconteceu em sua cabeça. — Meu ingresso na faculdade foi vodka e refrigerante. — Que fofa. — Nã o me chame de fofa quando estou usando minhas sandá lias de gladiador. — Ela lançou-lhe um olhar solene. — Estou lutando contra um leã o hoje à noite – você deveria ir ver. O calor invadiu seu peito. — Ele nã o tem chance. Ele desviou os olhos do sorriso satisfeito dela e deu a ordem ao barman. Foi aı́ que Georgie inalmente pareceu notar que todos os olhos do lugar estavam focados neles. Ela respirou fundo e ele se aproximou por re lexo, curvando a palma da mã o em seu ombro. — Você é realmente bom nisso — ela sussurrou. — O que? — Ele olhou para baixo e se viu amontoando-a, seus dedos brincando com a ponta da trança dela. — Oh. Sim, muita prá tica — ele mentiu suavemente, ciente de que nunca fora tã o carinhoso em sua vida. Amaldiçoando-se pela forma como os olhos dela escureceram em resposta, Travis correu para tornar-se melhor. — Conte-me mais sobre o seu clube. — O barman pousou as bebidas e Travis entregou a Georgie a dela. — A Liga Just Us. Você s já tem um lema? — Todas por uma. E uma para Paul. Paul é o stripper que contratamos para as reuniõ es. Travis parou no meio de uma risada.


— Isso é uma piada, certo? — Claro. Um stripper chamado Paul nunca seria contratado. Ele teria que se chamar papai Goza20. — Ela rompeu uma risada. — Seu rosto agora. — E o rosto de quem ouve o termo 'papai Goza'. — Desculpe. — Ela sorriu em volta do canudo quando tomou seu primeiro gole. — Eu realmente nã o deveria estar lhe contando informaçõ es secretas do clube. Podemos manter tudo entre nó s? Lá estava novamente. Esse mesmo sentimento de equipe. Ele… gostava de tê -lo com ela. — Eu sou um cofre, bonequinha. Ela fez um som insolente. — Nã o me sinto muito mal discutindo com minha irmã , já que ela costumava roubar meus doces de Halloween, mas a situaçã o de Rosie é uma histó ria diferente. — Isso tem a ver com os jornais que Dom continua achando en iados debaixo do colchã o? — Ele sabe sobre eles e nã o disse nada? — Ela pegou essas informaçõ es e se atualizou com um esforço visı́vel. — Em outras notı́cias, você sabia que Bethany quer executar seu pró prio projeto? Travis levantou uma sobrancelha. — Realmente? Eu pensei que ela gostasse de montar a decoraçã o. — Ela gosta, mas quer tomar decisõ es sobre o layout e també m quer usar uma marreta. Inferno, ele poderia se relacionar com isso. O dia da demoliçã o foi como o paraı́so na terra para uma equipe de construçã o. Soltar-se em uma parede ou romper o concreto era uma droga terapê utica. Nã o poderia ser tã o diferente para uma mulher que queria aliviar a pressã o. — Ela falou com Stephen? O nariz dela enrugou. — Ele recusou a ideia. — Stephen nã o querendo quebrar a tradiçã o? — Travis bufou. — Eu nã o acredito em você . — Nã o? Ele já comprou a famı́lia de bonecos para janela da minivan. — Alguns segundos se passaram. — Tradicionalista ou nã o, ele deve dar uma chance à Bettany. — E se ele nã o quiser? — Ela vai levar a proposta para outro lugar. E nó s vamos ajudá -la. — Ela circulou a borda do copo com um dedo. — Esse é o objetivo do clube. — E Paul. — Sempre Paul. Eles compartilharam um sorriso. E entã o ele desapareceu e eles continuaram olhando um para o outro. Por muito tempo. Até o alarme começar a aumentar no estô mago de Travis. Nada disso parecia nem


remotamente falso. No lado positivo, eles de initivamente conseguiram ser marcados como um casal. As mã os dele nã o pareciam icar longe dela. Sem um comando formal de seu cé rebro, o polegar de Travis continuou a roçar no pescoço dela, sua coxa pressionando seu joelho. Suas cabeças estavam inclinadas para que pudessem se ouvir falar sobre a mú sica, mas ele estava tã o perto que podia ouvir um sussurro. Porra, ela cheirava incrivelmente. — E você , Georgie? Você progrediu no planejamento da empresa de entretenimento? Todo o rosto dela se iluminou, a poucos centı́metros do dele, dandolhe uma visã o de perto de suas sardas cambiantes, o alongamento da boca dela. — Eu tive sorte, na verdade. Coloquei um anú ncio em um site de emprego e encontrei alguns artistas freelancers. O proprietá rio da antiga empresa se mudou para Las Vegas e estã o procurando um novo lar. Vou me encontrar com eles na pró xima semana — Os ombros dela saltaram. — Se nos entrosarmos e eles forem tã o bons quanto suas referê ncias dizem, posso começar a reservar o dobro do nú mero de festas. — Isso é incrı́vel — ele murmurou. — Bom trabalho. Olhando para a mã o dele no joelho dela, ela parecia perder a linha de pensamento. — Sim. Hum… e estou trabalhando com um designer em um novo site… e estou participando de um seminá rio online sobre publicidade. Entã o, basicamente, eu sou Michael Douglas de Wall Street agora. Era assim que ela podia ser fofa nos encontros. Qualquer homem com o gene de compromisso e meio cé rebro iria propor casamento antes da sobremesa. E era muito ruim o quanto ele queria beijá -la, graças ao ciú me que esse pensamento gerou. — Michael Douglas nã o pareceria tã o sexy nesse vestido — disse ele, com a parte superior do cé rebro claramente nã o no comando. — Eu teria que tirá -lo para que ele pudesse experimentar — ela sussurrou, parecendo retardar a açã o do bar ao redor deles. — Só para ter certeza. Um pulso faminto começou em suas bolas. — Eu deveria estar preocupado que eu esteja icando excitado enquanto você está falando sobre Michael Douglas de vestido? — Nã o. — Ele a ouviu engolir. — Porque você está pensando em mim nua, nã o no Sr. Zeta-Jones. Eu de initivamente estou agora, bonequinha. Pensando nela naquela pequena calcinha dourada que vira em uma de suas sacolas de compras, como icaria entre as bochechas da bunda dela. Como ela estava indo para um encontro com outro homem com aquelas sacolas de compras. O ciú me escorreu em seu intestino novamente – uma


emoçã o à qual ele nã o estava acostumado nem adepto em lidar. Nem de longe. O fato de ele ter ciú mes dessa garota era uma má notı́cia. Com um aviso ecoando em sua cabeça, Travis se afastou de Georgie e tomou um longo gole de cerveja, forçando-se a parar de encará -la e prestar atençã o no bar. Como ele esperava, o fotó grafo os seguiu para dentro e agora estava tirando fotos – discretas – do celular do outro lado da sala. Vá rios clientes o observavam, alguns que ele até reconheceu do passado ou desde que retornara a Port Jeff. Houve alguns olhares de desaprovaçã o acontecendo, mas principalmente curiosidade alegre. — Dois Tacos. — Uma mã o bateu no seu ombro, virando-o para encontrar um homem da sua idade que ele nã o reconheceu. Ele estava acompanhado por uma mulher de rosto vermelho que tentava se esconder atrá s de sua bebida, um mapa turı́stico aberto à sua frente no bar. — Eu sou Mike, essa é Cheryl. — Ele passou a mã o pelo rosto. — Falei a ela que nã o diria nada, mas você sempre foi o passe livre da minha esposa. Um buraco se abriu no estô mago de Travis. Por que ele nã o levou essa possibilidade em consideraçã o? De sua persona o alcançando em pú blico? O fato de Georgie testemunhar tornou tudo muito pior do que nunca. — Entã o é isso? — Ele forçou um sorriso tenso. — Estou honrado. Rindo, o homem virou-se para encarar Travis completamente, e ele imediatamente se arrependeu de nã o ter encerrado a interaçã o mais duramente. O cinegra ista já havia cheirado o sangue e estava se aproximando, ao alcance da conversa. — Você pode encaixá -la em sua agenda lotada, nã o pode? — Mike apontou o polegar por cima do ombro. — Eu inalmente teria uma noite de paz e sossego. Travis assentiu rigidamente, a vergonha borbulhando na superfı́cie. Ele queria jogar Georgie por cima do ombro e sair. — A programaçã o está cheia esta noite, amigo — ele murmurou, pedindo desculpas a Georgie com os olhos. Mike claramente nã o estava pronto para deixar cair a piada. — Amanhã entã o. Você já deveria estar pronto para algué m novo, certo? Esse é o estilo do Dois Tacos. Meta nela e desista dela... A raiva de Travis explodiu. Apenas explodiu como o monte St. Helens21 no fundo de seu intestino. A piada que estava sendo feita à s suas custas o deixou enjoado, mas assim que o homem sugeriu que ele transasse e abandonasse Georgie, um interruptor foi acionado e ele viu vermelho. Isto é o que as pessoas pensam de mim. Seu punho bateu no bar e ele se virou, cercando Mike. — Você quer me desrespeitar? Fique à vontade. Mas você nunca – nunca – fala sobre ela assim, ilho da puta — ele disse apenas pelos


ouvidos do homem. — Ou a ú nica coisa que eu vou encaixar na minha agenda é o seu traseiro em tempo integral. Você está me ouvindo? As mã os de Mike se renderam, mas Georgie icou entre elas. Travis nã o conseguia ver seu rosto, mas a tensã o em seu corpo dizia que ela estava furiosa. Em defesa dele? — Como você ousa falar com ele assim? Como se ele existisse para o seu entretenimento. Você nã o o conhece. Ele nã o é assim. Nã o mais — disse Georgie, recuando contra o peito de Travis quando a câ mera explodiu em uma sé rie de disparos. O braço dele automaticamente passou pela cintura dela protetoramente, a necessidade de tirá -la do restaurante comendo-o vivo. — Bonequinha, vamos lá ... — Peça desculpas... para o meu namorado. Agora, por favor. — Sim — Mike murmurou, o queixo dobrado em seu peito. — Desculpe, eu passei dos limites. — Obrigada — Georgie bufou. Com o maldito coraçã o na boca, Travis viu a irmã zinha de seu melhor amigo virar uma mulher que nã o aceita nenhuma merda drenar sua bebida e bater o copo de volta no bar, virando-se para ele com uma expressã o atordoada. — Quer ir? — Sim — ele murmurou, jogando algum dinheiro no bar e guiandoa ao redor de Mike e Cheryl até a saı́da. Ele se moveu em transe, mal ciente do operador de câ mera que os seguia, embora o homem estivesse agora em seu celular, falando em um tom baixo e apressado. O que diabos tinha acontecido? Um minuto ele estava afundando em uma lama de vergonha; agora ele podia muito bem estar assistindo um campeonato de tê nis. Mesmo depois de concordar com essa farsa com Georgie, ele nunca esperava perder sua imagem de mulherengo. Qual era o sentido de tentar mudar a opiniã o do pú blico quando ele já estava marcado? Ele estava se vendendo barato? Georgie o defenderia com tanta convicçã o, caso contrá rio? Eles chegaram ao estacionamento e se moveram em concordâ ncia implı́cita em direçã o ao carro de Georgie. — Bem — ela respirou. — Esta noite nã o foi um argumento muito convincente para você parar de pedir comida para viagem todas as noites, hein? — Georgie — Travis rosnou, puxando-a para uma parada no lado do motorista. A cabeça dela caiu para trá s, chamando a atençã o para os ios de cabelo que haviam se soltado da trança, a luz da rua capturando o brilho de sua boca. Linda. Indignada també m. Tudo por ele. — Obrigado. — Ele nã o conseguia esconder a descrença de sua voz. — Ningué m nunca fez isso por mim.


— Fez o que? Ele segurou a parte de trá s da cabeça dela, permitindo que seus dedos passassem pelo seu cabelo. Porra, tocá -la era incrı́vel. Especialmente quando ela suspirou um pouco e se apoiou na palma da mã o dele. — Me defender. Ela o examinou por alguns instantes. — Há quanto tempo as pessoas estã o falando com você assim? — Um tempo — ele sussurrou, um pulso quente batendo em suas tê mporas. — Eles nã o deveriam. Você merece melhor — ela sussurrou de volta, subindo na ponta dos pé s e dando um beijo suave nos lá bios dele - assim que uma rajada de lashes disparou, fazendo seus olhos girarem. - Ela balançou sobre os calcanhares, deslocando a mã o dele. — Eu… essa coisa entre nó s… vai fazer parar, nã o vai? Essa coisa. Essa coisa. O acordo, que terminaria quando ambos estivessem satisfeitos com os resultados. É por isso que você está aqui. — Sim — ele conseguiu, precisando prendê -la no carro e fodê -la com a lı́ngua em um estupor, a personalidade familiar que ele estava tentando alcançar era condenada. Deus o ajude, ele nã o conseguiu impedir o pescoço de respirar, respirando uma vez, duas vezes, contra a boca dela. — E disso que se trata, certo? — Ele disse isso principalmente para se lembrar de que o relacionamento deles nã o era real. Mas quando Georgie pegou a dica e se afastou, entrando no carro dela e dirigindo para fora do estacionamento, ele nã o conseguiu conter o arrependimento. Passando pelo alegre fotó grafo até sua caminhonete, Travis só podia esperar que esta noite tivesse feito o truque. Porque esse relacionamento falso o mataria antes que ele conseguisse o emprego… ou começaria a parecer real demais antes de terminar.


Capítulo Quinze

Georgie acordou de um cochilo com trinta e uma mensagens de

texto e quatorze chamadas nã o atendidas. Havia també m uma barra de granola pela metade presa na testa, mas isso nã o era o caso. Ela se levantou na posiçã o vertical e pegou um pedaço de chocolate de onde estava encaixado acima da sobrancelha, dando de ombros e colocando-o na boca. Ela teve uma festa de aniversá rio no meio da manhã para uma criança de um ano, o que deveria ter sido fá cil, mas as duas irmã s da organizadora icaram resfriadas, nã o deixando ningué m para ajudar a decorar e servir a comida, entã o Georgie puxou trabalho em dobro. També m deu uma boa gorjeta da coisa toda, apesar de ter sido desnecessá rio. Ela icou muito mais agradecida pela sinceridade da mulher, enquanto preparavam fatias de maçã e rodava a casa toda em busca de fó sforos para acender as velas de aniversá rio. Elas estavam naquilo juntas, ao invé s de serem empregadora e empregada. Quase parecia que seu experimento de namoro com Travis já estava funcionando, mas isso nã o podia estar certo. Mal havia passado tempo su iciente para as pessoas descobrirem. Totalmente consciente agora, ela pegou seu telefone novamente. Oh, era isso. O Travis foi revelado. Deixando o lugar para as amigas que nã o se incomodavam em pegar um telefone há meses para mandar mensagens para ela. Cada uma delas mandou mensagem cinco vezes. Você está namorando Travis Ford? Você já ... você sabe... conheceu o segundo taco? Você estava escondendo de nó s! Georgie franziu o cenho para o telefone. Esse tipo de pergunta nã o era incomum entre ela e suas amigas. Mas lê -las a fez se sentir vazia. Nã o havia entusiasmo em enviar mensagens de texto de volta e compartilhar, como costumavam fazer com os namorados antes que o tempo e a distâ ncia causasse tensã o. Era tudo uma farsa, entã o obviamente nã o havia aquela vontade feminina tı́pica de gritar para suas amigas. Era mais do que isso, no entanto. Lendo as mensagens, ela só conseguia pensar no casal no bar na noite passada. Como eles trataram Travis como uma piada e como ele permitiu que isso acontecesse – até certo ponto – como se fosse seu dever. Com a irritaçã o renovada, Georgie levantou-se da cama, continuou a percorrer sua in inidade de mensagens e chamadas perdidas. A maioria delas era de sua mã e e ela estaria seguindo o caminho dos covardes. Por enquanto. Vivian Castle


nã o gostava de icar no escuro, entã o haveria uma onda de agressã o passiva na direçã o de Georgie. Ela atravessaria essa ponte quando chegasse a ela. Bethany ligou vá rias vezes. Nada de Stephen. Hã . Ela nã o conseguia decidir se estava surpresa ou nã o com isso. Por um lado, Stephen nunca se incomodou com sua vida social. Por outro lado, Georgie estava namorando seu melhor amigo. Pelo menos é assim que parecia. Travis disse a Stephen que eles estavam se vendo? Por alguma razã o, a possibilidade de Travis tomar essa iniciativa deu borboletas a Georgie. Grandes, enormes, gigantes. O que foi estú pido. Embora, talvez ele tenha dito a Stephen que era falso. Aquelas asas de borboleta pararam de bater. Talvez seja por isso que Stephen nã o estava ligando. Ele estava apenas balançando a cabeça em particular pelas ú ltimas travessuras de Georgie. Nã o havia tempo para pensar nisso agora. Esta noite era a reuniã o da Liga Just Us e nã o havia tempo como o presente para enfrentar o pelotã o de fuzilamento, també m conhecido como sua irmã . Ela prometeu ser mais sincera com Bethany, mas seria tã o ruim manter esse segredo para si por enquanto? Deixar todo mundo realmente acreditar que ela e Travis eram um casal? Resolvendo tomar a decisã o na estrada, Georgie acelerou no chuveiro, vestiu um de seus novos pares de leggings e uma blusa com decote V solto. Ela en iou os pé s em um par de sapatilhas no caminho para a porta e chegou à Bethany em tempo recorde. Antes de atravessar a porta da frente, respirou fundo e se preparou para uma enxurrada de perguntas. Em vez disso, ela recebeu uma fungada de sua irmã e um olhar ‘uh-oh’ de Rosie. — Uh, ei. Isso desencadeou Bethany. Sua irmã beliscou a ponta do nariz e andou por toda a cozinha. — Uh, ei? Uma foto de você beijando Travis Ford no estacionamento do Waterfront viraliza e você só para de atender o telefone? Na neblina da soneca e na pressa de sair de casa, ela havia se esquecido completamente de pesquisar como todos haviam descoberto sobre ela e Travis. — Qual foto é essa? — Faça sua escolha! Há , tipo... — Bethany pegou um iPad da bancada de má rmore e passou pela tela com um dedo furioso. — Onze. Doze... Ah não. Isso é maior do que eu pensava que seria. O estô mago de Georgie se agitou quando ela atravessou a sala. — Deixe-me ver. — Um olhar para a tela e ela estava revirando os olhos. — Isso nã o viralizou. Este é o Port Times Record. — E viralizar para Port Jefferson — rebateu Bethany. — E a imagem em que você está discutindo com aquele homem no bar saiu no


SportsCenter, entã o nã o icou contido só nas notı́cias locais. Foi na Jogadas da Semana, Georgie. Mamã e disse que papai quase engasgou com um osso de galinha. Georgie pulou em um banquinho da cozinha, maravilhada com o rosto olhando de volta para ela na tela de vidro. Aquela era ela tã o ferozmente apaixonada? Sim, era. E ela nã o conseguia se arrepender de defender Travis. Nem por um segundo. Sua barriga nã o pô de deixar de revirar com a imagem do beijo, mesmo sabendo que o sentimento por trá s dele era arti icial. O carinho deles era todo para a câ mera. No entanto, seu coraçã o começou a bater forte quando ela pousou na imagem inal. Travis olhando para ela no estacionamento com uma expressã o que ela nunca tinha visto em seu lindo rosto antes. Talvez tenha sido o â ngulo da câ mera. Travis nunca seria melancó lico por ela. Nã o nesta vida. — Hum — ela murmurou. — Entã o papai engasgou com um osso de galinha? Bethany bateu as mã os no balcã o. — O que está acontecendo? — Nó s fomos a um encontro. — Procurando um aliado, Georgie virou-se para Rosie, que ingiu fascı́nio com um copo de tequila intocado. — Decidimos que isso era permitido. — E é . Mas ele, Georgie? Travis? — Sim. Travis. — A indignaçã o cresceu nela rá pida e furiosa. Nã o era apenas o casal no bar. Era todo mundo, nã o era? O mundo inteiro pensava nele como um sı́mbolo sexual sem cé rebro. Tanto que ele teve que namorar o palhaço da festa de aniversá rio da cidade para que as pessoas pudessem… levá -lo a sé rio. Ambos queriam exatamente a mesma coisa, nã o queriam? Isso resolveu o dilema. Ela nã o diria a uma ú nica alma que seu relacionamento nã o era real. Ela icaria orgulhosa de seu namorado falso. — Você nã o passou um tempo com ele desde que ele voltou. Ele está farto de ser considerado um mulherengo. — Sim, mas ele está farto de ser um?— Bethany deu um longo suspiro. Georgie percebeu que ela estava morrendo de vontade de dizer a sua opiniã o, mas conseguiu se abster. — Suponho que você ainda nã o falou com nossa mã e. Ela tem preferê ncia por receber esse tipo de informaçã o primeiro e a ESPN a superou. Você vai receber a Cara de Culpa no jantar de domingo no pró ximo im de semana. Georgie começou. A famı́lia deles era pró xima, mas com todos tã o ocupados, os jantares eram mais espontâ neos. Georgie aparecia para almoçar ou Stephen trazia bagels e preenchia a necessidade do pai de conversar sobre negó cios. Jantares formais com todos os presentes ocorrem apenas quando algué m organiza uma reuniã o. — Jantar de domingo? Quem pediu? — Eu. Estou dando a notı́cia a todos que estou trabalhando por conta pró pria. — Bethany olhou para Georgie com desaprovaçã o. — Se


você tivesse chegado aqui a tempo, saberia disso. — Desculpe. Eu estarei lá . Solidariedade e tudo isso. Eba, eba. — Você vai trazer Travis? A pele dela icou vermelha. Trazer Travis para um jantar em famı́lia? Por que nã o se enforcar em um museu para que todos pudessem passar por ali e arrancar um pedaços? — Vou perguntar a ele. Rosie esfregou um cı́rculo em suas costas. — Você foi ao seu encontro com o cara da lareira? — Nã o. Algo aconteceu — ela disse. E olhando para Rosie e sua expressã o suave e encorajadora, Georgie encontrou um rá pido chute de culpa. — Rosie, eu tenho que te dizer uma coisa. Realmente nã o tenho desculpa para nã o ligar mais cedo… Eu apenas iquei tã o distraı́da. Mas você pode me dar um soco no estô mago depois, se precisar. Rosie afastou a mã o lentamente. — O que foi? — Dominic sabe dos jornais debaixo do colchã o. Ele mencionou isso a Travis. — Ela deu à amiga um olhar de desculpas. — Você precisa encontrar um novo esconderijo. Duas manchas coloridas apareceram nas bochechas de Rosie. — Oh. — Eu sinto muito. — Por que você deveria se desculpar? — Rosie apontou para a garrafa de tequila com o sı́mbolo internacional de ‘sirva’. — Quero dizer, você nã o é o marmanjo que ignora a esposa, em vez de apenas fazer perguntas e ter uma conversa normal. Isso seria pedir demais. Babaca… estú pido. Rosie bateu a mã o na boca. Depois de servir uma rodada de shots, Bethany pegou uma caneta e arranhou algumas notas em um bloco de anotaçõ es nas proximidades. — Vamos ter que nos encontrar duas vezes esta semana. De maneira alguma podemos cobrir conversas sobre homens e conseguir fazer coisas importantes... — Bethany? — Disse Georgie. — O que? — Esqueça a agenda. Sua irmã mais velha deixou de lado o bloco de trabalho. — Posso sugerir, Rosie, que, em vez de esconder jornais debaixo do colchã o, amanhã você deixe um rato morto no lugar deles? — Eu estava pensando mais no meu vibrador. E capaz de ter mais carinho do que de Dominic ultimamente. — Rosie abriu um olhar entre elas. — Tequila me faz falar demais. — Estamos aqui para falar mesmo. E encorajador, na verdade. — Georgie murmurou, simpatia pelos ó bvios problemas de relacionamento de Rosie nadando em seu estô mago. — Você já encontrou um espaço comercial para o restaurante?


— Há um. — Rosie sussurrou. — Há um que eu gosto. Mas nã o estou pronta para… — Ela balançou a cabeça. — Eu nã o estou pronta ainda. Por enquanto, estou bem com meus jornais. A porta da frente da casa de Bethany se abriu, Kristin entrando com uma cesta cheia de bolinhos. — Olá , senhoras — ela vibrou com seu sotaque da Geó rgia. — Ouvi dizer que você s estavam tendo uma reuniã o hoje à noite e vim para me juntar ao clube. Bethany estreitou os olhos para a cunhada, que estava se ocupando no bar da cozinha, colocando bolinhos em pratos. — Como você soube do clube? — Stephen descobriu pela sua mã e. — Merda — Bethany murmurou. — Por que dizemos a essa mulher qualquer coisa? Ela é como uma peneira e, no entanto, continuamos a derramar informaçõ es. — Entã o, trata-se de reclamar dos homens, certo? — Kristin vibrou animadamente, deslizando em um banquinho na ilha em um movimento gracioso enquanto equilibrava trê s pratos de bolinhos. — Se for assim, conte comigo. Estou abandonando seu irmã o. Ele realmente passou da linha desta vez. Georgie mordeu o lá bio inferior para nã o rir. — O que Stephen fez? Kristin bufou. — Eu iz o almoço para ele levar para o trabalho hoje de manhã . Frango com nozes, pã es frescos e salada de pepino. Você sabia que ele deixou na geladeira? — Ela pousou os pratos com um ruı́do, fechou os punhos e os empoleirou de joelhos. — Eu o teria perdoado, só que ele voltou para casa do trabalho hoje à noite e nã o disse nada sobre isso. Nada sobre como ele sofreu sem o meu frango ou o quã o terrı́vel foi o seu almoço de substituiçã o com fast-food. Nã o disse uma maldita coisa. Entã o eu esperei até ele entrar no chuveiro e saı́. Nã o serei subestimada. — Kristin — Rosie começou. — Talvez ele só tivesse aquele cé rebro cansado de trabalho. Ele provavelmente teria aberto a geladeira mais cedo ou mais tarde e lembrado de que se esqueceu de levar seu frango. — Alé m disso — Bethany falou com falsa sinceridade, — estamos literalmente falando de frango aqui, entã o... — Frango com nozes — Georgie cortou suavemente, dando um tapinha no braço de Kristin e tentando nã o mostrar o quã o ridı́cula ela achou a sua queixa. — Um dos favoritos dele, certo, Kristin? — Eu nã o sei. — Ela olhou para o teto. — Eu simplesmente nã o sei mais. Do outro lado do cı́rculo, Bethany fez uma contagem regressiva silenciosa. Três, dois...


Do lado de fora da casa, um veı́culo parou, seguido por uma porta batendo e passos de botas furiosos invadindo a calçada. A porta da casa de Bethany se abriu sem rodeios e seu irmã o, em calças de pijama de lanela e um moletom, com os cabelos ainda molhados do chuveiro, invadiu. — Entre no caminhã o, Kristin. Sua esposa incou os pé s no chã o, sentada, recusando-se a olhá -lo. — Você causou isso — ela chamou dramaticamente. — Aproveite sua vida com batatas fritas e carne falsa. Stephen apontou para Bethany. — Isto é culpa sua. Colocando ideias em sua cabeça. — Você foi quem esqueceu o frango com nozes! — Bethany explodiu. — Essa merda é importante... — Oh, agora ela pensa assim. — Georgie falou lentamente, pegando a tequila. — Olha quem fala, Georgie. Esse – ele acenou com a mã o zangada – clube das meninas tirou seu bom senso. Georgie ignorou a pontada de dor no peito, mantendo as feiçõ es educadas enquanto enchia os copos. — Acho que você viu as fotos. — Nã o me lembre. Eu as vi no caminho para cá e ainda quero cegar meus olhos. Esperança substituiu o desconforto no seu peito, lutuando como uma dú zia de balõ es. — Você as viu vindo para cá ? Como? — Travis me disse que você s estavam se vendo há alguns dias atrá s. — Ele continuou como se nã o tivesse feito sua irmã ser capaz de lutuar até a lua. — Foi apenas uma questã o de tempo até que todos se interessassem. Você nã o é exatamente o par mais prová vel. Por uma boa razã o. Bethany se endireitou ao seu lado, lançando um olhar na direçã o de Stephen. — Nã o desenvolva essa linha de pensamento. Ela ouviu o su iciente por esta noite. Um lampejo de nervos – talvez até simpatia – passou pelo rosto de seu irmã o. — Ele vai te mastigar e te cuspir, Georgie. — Isso é problema meu, Stephen. Nã o seu — respondeu Georgie, sua voz vibrando. E caramba, era bom nã o apenas enfrentar seu irmã o, mas tê -lo reavaliando-a com um olhar. Isso mesmo. Eu não sou apenas sua irmãzinha boba. — Tudo bem. — Stephen inalmente resmungou. — Eu tenho meus pró prios problemas para lidar agora. Kristin levantou. — Oh, eu sou um problema agora?


— Nã o. Nã o querida, eu… — Stephen passou a mã o pelo cabelo molhado. — Podemos conversar sobre isso em casa? A esposa dele cruzou os braços e esperou. O irmã o delas mudou de posiçã o. — Senti muita falta do seu frango, Kristin. Eu ia contar tudo sobre como deixá -lo para trá s arruinou o meu dia, mas depois comecei a olhar o calendá rio. Você sabe, aquele que diz quando você ... — Ele limpou a garganta alto. — Diz quando você está ovulando. Entã o, eu estava tentando limpar a sujeira do dia o mais rá pido que pude, para que pudé ssemos… uh. Eu queria... — Acho que estamos bem aqui — disse Georgie, levantando a mã o. — Está bem claro o que aconteceu e nã o preciso de mais detalhes. Quem está comigo? A mã o de todo mundo se levantou, exceto a de Kristin e Stephen. — Você pode me levar para casa agora, Stephen Castle — disse Kristin, erguendo o queixo. — Meninas, você s podem icar com os muf ins. Ela mal terminou sua frase antes de Stephen pegar sua esposa e sair por onde ele veio, chutando a porta e deixando a sala inundada em silê ncio. O pulso de Georgie ainda estava batendo milhares de quilô metros por hora em seus ouvidos. Travis nã o tinha dito nada a Stephen sobre o plano deles. Seu irmã o nã o podia mentir nem se sua vida dependesse disso, entã o isso era ó bvio. Ele manteve o segredo deles. Ele respeitou seus sentimentos sem que ela tivesse que perguntar. Georgie icou ainda mais determinada a agitar sua parte da barganha. Para validar as esperanças de Travis do jeito que ele estava fazendo por ela. Estar no time dele. Para fazer isso, ela precisava saber mais sobre ele. As coisas que ela perdeu atravé s das lentes da juventude. — Você s estavam na sé rie de Travis, entã o se lembram do que aconteceu com os pais dele. Eu era mais jovem, entã o os detalhes sã o um pouco embaçados. — Ela riu sem humor quando algo lhe ocorreu. — Na verdade, pode ser a ú nica coisa sobre a qual nã o falamos. Bethany estremeceu. — Foi um divó rcio bastante desagradá vel. Lembro-me de ouvir mamã e e papai conversando sobre isso. — Desagradá vel como? — Houve uma batalha de custó dia. Nenhum dos pais estava feliz com a decisã o, entã o eles meio que o usaram para irritar um ao outro. — Bethany franziu a testa. — Ugh, isso está fazendo eu me sentir mal por ser má com ele. Mudança de assunto em breve, ok? — Eu estava tã o envolvida com Dominic naquela é poca, todo o resto é um borrã o — disse Rosie. — Mas eu me lembro dele sempre precisando de carona para a escola. Ele aparecia a pé alguns dias, no


ô nibus em outros. As vezes a mã e de você s o levava. Raramente seus pró prios pais. — Ele foi muito criticado — acrescentou Bethany. — Nã o havia… estabilidade. — Passado de mã o em mã o — Georgie ecoou baixinho, seu pulso diminuindo com o tempo, batendo em um padrã o sombrio. — Isso é horrı́vel. Você sempre foi o passe livre da minha esposa. Aquelas palavras lembradas da noite anterior trouxeram de volta uma sé rie de lembranças. Travis era fotografado com mulheres diferentes todos os dias da semana nos jornais, durante o começo da sua carreira. Até que ele simplesmente nã o estava mais. Na mesma é poca, ele começou a passar entre equipes mais rá pido do que provavelmente poderia decorar seu armá rio. Passado de mã o em mã o. Não sou mais o entretenimento de ninguém. Travis já teve um relacionamento está vel em sua vida? Ele sabia como era? Algué m já o fez se sentir digno de algo duradouro? Ela sempre manteve a verdade de que Travis era sua alma gê mea. Isso foi antes que ela o conhecesse. Essas crenças foram baseadas em uma paixã o da infâ ncia. O que ela começou a sentir por Travis desde que ele voltou para casa? Isso nã o estava na mesma liga. Isso tinha profundidade e... medos anexados. Georgie nã o tinha nenhuma ilusã o de que pudesse ser a ú nica para Travis. Mas ela nã o podia negar um senso estranho de responsabilidade de provar a Travis que ele era digno de encontrar e manter a que fosse. Mesmo que nã o fosse ela. Quando ningué m mais tinha a tarefa de remover Travis à força de sua espiral descendente, ela jogou macarrã o na cabeça dele. Ela tinha coragem de dar mais um passo? Eles podem estar em um relacionamento falso. E se ela pudesse fazê -lo parecer real? Real o su iciente para que Travis percebesse do que era capaz. — Georgie, você está bem? — Sim. — Georgie bateu no lá bio. — Hum… o que vem a seguir em sua infame agenda? Mas, quando Bethany se animou e começou a ler sua lista, Georgie estava formando uma pró pria.


Capítulo Dezesseis

Georgie passou cola no corte

inal para o seu mural temá tico de festa de aniversá rio zumbi, colocando a receita de gosma verde logo abaixo de um cená rio envolvendo gelo seco e luz estroboscó pica. Olá , festa de aniversá rio de pró ximo nı́vel. Ela podia ver agora. Crianças envoltas em gazes mé dicas e tripas falsas andando em câ mera lenta pelo quintal, tentando concluir a caça ao apocalipse antes do tempo acabar. Até agora, ela estava entretendo a faixa de cinco anos para baixo, mas ocorreu a Georgie que ela estava perdendo as crianças mais velhas. Eles nã o se assustariam tã o facilmente, e os zumbis nunca saem de moda. Ela mal podia esperar para colocar essa opçã o no site. A campainha tocou e Georgie saltou de sua posiçã o no chã o da sala para uma posiçã o de batalha, um grito alojado em sua garganta. Tanto para os menores de cinco anos serem os gatos medrosos. Reunindo a compostura, Georgie foi até a porta e a abriu. Nã o havia ningué m do outro lado, mas quem tocou a campainha deixou algo para trá s. Mesmo depois que ela se abaixou para pegar o objeto, levou um minuto para perceber o que era. Um trofé u havia sido deixado na varanda da frente. Era barato e extravagante, com uma pequena placa no fundo que dizia vencedora, CONCURSO DE ENCONTRO COM TRAVIS FORD. Com o lá bio superior enrolado de nojo, ela procurou em seu beco sem saı́da por quem quer que havia deixado o objeto indesejado e nã o viu ningué m. Com uma fungada de indignaçã o, ela bateu a porta da frente da casa, entrou na cozinha e en iou o trofé u o mais fundo possı́vel no lixo, enterrando-o embaixo de grã os de café e cascas de ovos. Quando terminou, Georgie andou de um lado para o outro na cozinha. O trofé u a deixou ainda mais determinada a mostrar a Travis o valor dele – e ela precisava agir. Agora. Desligando o telefone do carregador, ela entrou na sala de estar, sentando-se de pernas cruzadas no chã o. Georgie havia mandado uma mensagem para meninos antes – ela nã o era uma novata total. Tendo sempre sido colocada na friendzone, ela nunca tinha lertado por mensagem, no entanto. Mas, se ela pretendia indicar a Travis o seu pró prio potencial, ela pensou que era melhor mergulhar em um dedo digital, em vez de mergulhar de cabeça direto no fundo do poço. Georgie esfregou o telefone nos lá bios, tentando conjurar a perfeita e fá cil mensagem de texto. Ela nã o podia deixar ó bvios seus motivos ocultos, mas queria que ele falasse com ela como… um namorado. Um namorado real. O segredo seria que ela se lembrasse que o relacionamento deles era apenas para exibiçã o e nada mais. Ela franziu a testa quando largou o telefone no colo, os dedos se movendo sobre a tela.


G: Eiii você êê. Excluı́do. G: Ei, você me ligou? Desculpe, eu perdi a chamada… Enquanto já estou aqui… quer falar sobre lubri icante com sabor? Nã o. G: Eu ouvi que mochas de caramelo com sal marinho colocam as pessoas de bom humor. Se você estiver livre, eu vou deixar você me colocar. — Cara, isso é muito bom — ela murmurou, o dedo pairando sobre o botã o enviar. — Me atrevo a enviar esta mensagem de texto perfeitamente elaborada, ou nã o? Ela inclinou o rosto para o teto e respirou profundamente pelo nariz, deixando o polegar cair no ı́cone azul. Enviado. Pronto, foi feito. Ela convidou Travis para um café da tarde e ele poderia muito bem dizer nã o. O telefone de Georgie vibrou e ela o pegou do chã o. T: O que foi isso? G: O que foi o que? T: Um tom muito paquerador, Srta. Castle. Nã o pense que eu nã o percebi. G: Você vai me deixar de bom humor? Ou eu tenho que fazer isso sozinha? Espera. Isso era provocante ou sexual? Provocante. Provavelmente. Nã o, de initivamente provocante. Assim que ela enviou a mensagem, Georgie caiu de volta ao tapete e gritou de boca fechada. Oh meu Deus. Era por isso que suas amigas na faculdade andavam em meio a uma né voa hormonal. Havia algo emocionante em se tornar vulnerá vel ao sexo oposto. E a antecipaçã o de sua reaçã o? Foi como uma queda livre. Uma pequena voz no fundo da mente de Georgie disse a ela que nã o seria assim com mais ningué m, mas ela ignorou e levantou o telefone enquanto ele tocava novamente. T: Seu bom humor é melhor quando sou eu que estou dando a você . Grinders em 20 minutos. — Vinte minutos? — Georgie levantou do chã o como um tiro, tropeçando no caminho para o quarto e pegou a primeira roupa que espionou ao abrir a gaveta da cô moda. Uma saia jeans e uma blusa azul. Ela tirou a calça de ioga e a camiseta, en iando o corpo nas roupas novas, arrancando as etiquetas quando abriu o armá rio em busca de sapatos. Um momento depois, ela correu pelo corredor, suas sandá lias batendo no chã o de madeira – e para fora de casa que ela foi. Só quando ela estacionou no Grinders ela se lembrou do sutiã . Ou se lembrou de que ela tinha esquecido de usar um.


Se não

houvesse uma câ mera na cauda de Travis novamente hoje, ele nã o teria concordado com o encontro na cafeteria. Pelo menos é o que ele continuou dizendo a si mesmo enquanto estacionava do lado de fora do Grinders e observava o Cadillac branco atravessar o meio- io do outro lado da rua. Ele nã o estava aqui simplesmente para conseguir sua dose de Georgie. Ou porque ela tinha lhe dado uma ereçã o via texto. Isso era sobre negó cios. Seu agente estava empolgado com as chances de conseguir o emprego. Inferno, ele estava ligando mais agora do que quando Travis estava na liga. Ele estava na posiçã o de ser a melhor escolha deles. Mas ele precisava dela para que isso acontecesse. Ele examinou a rua à procura de Georgie. Apesar de seu desejo de pô r os olhos nela, ele nutriu uma dose de culpa. Esse plano deles parecia que o estava bene iciando muito mais do que ela. Claro, todo mundo na cidade – e alé m – estava zumbindo sobre como ela o defendeu em Waterfront na outra noite. A maioria das manchetes eram do tipo “Nã o mexa com a nova namorada do Dois Tacos”. Muitos homens podem ter achado que sua masculinidade estava sendo desa iada ao ter uma mulher a seu socorro, mas, porra, Travis sentiu exatamente o oposto. Esse brilho quente nã o se dissiparia, nã o importa quanto tempo passasse. Ele precisava retribuir algo a Georgie, fazer com que o namoro falso valesse a pena. Sua famı́lia foi a principal razã o pela qual ela chegou a um acordo, nã o foi? Quando ele conseguiria retribuir o favor que ela havia feito por ele na outra noite? Simplesmente levá -la para tomar uma bebida ou tomar um café nã o parecia adequado. Os dedos que ele estava batendo em sua coxa pararam quando viu Georgie atravessando a rua. Cristo Todo-Poderoso, ela parecia sexy como o inferno para um encontro de café no meio da semana. Aquela saia era puro pecado enrolada nos quadris e na bunda – mas por que ela estava usando um cachecol? Travis saiu do caminhã o com uma sobrancelha levantada. — Você percebe que é verã o, certo? — Sim — ela respondeu rapidamente, parando do outro lado da porta do veı́culo, que estava aberta entre eles. — Estou com frio. A preocupaçã o surgiu. — Você está icando doente? Ela visivelmente se agarrou a isso. — Provavelmente. Provavelmente é isso. Mais uma vez, a necessidade de fazer mais por ela provocou Travis. Sua regra sobre evitar icar sozinho com ela foi direto pela janela, em face dela precisar de ajuda. Precisando dele. — Deixe-me levá -la para casa, entã o. Eu tenho uma receita de vitamina que ajudará a evitar o resfriado. Costumava fazê -los antes dos


jogos, quando me sentia enjoado da viagem. — Antes que pudesse se conter, ele estendeu a mã o por cima da porta e torceu um pedaço do cabelo dela ao redor do dedo. — Parece bom, bonequinha? Georgie balançou um pouco, mas pareceu se segurar. — Há um fotó grafo? — Um o quê ? — Levou um momento para o signi icado da palavra penetrar. — Oh. Sim. Cadillac branco. Ele imaginou a centelha escurecendo em seus olhos? A cabeça dela caiu antes que Travis pudesse avaliar, Georgie dando a volta pela porta aberta do caminhã o e passando os braços em volta da cintura dele. A fusã o perfeita de suas curvas com os planos dele quase tirou o ar dele. Tudo o que ele podia fazer era se concentrar em manter a respiraçã o, mesmo quando ele abaixou a boca para deixar um beijo no topo da cabeça dela. Ela se aconchegou mais perto – nã o, ele a puxou para mais perto. Quando ele começou a abraçá -la com tanta força? — Eu menti sobre estar doente — disse ela, suas palavras abafadas pelo peito dele. Aliviado e confuso ao mesmo tempo, Travis colocou a bochecha no topo da cabeça dela, dizendo a si mesmo que era tudo pelas fotos. — Por quê ? Georgie recuou alguns centı́metros, lançando um olhar por cima do ombro para o fotó grafo. — Estou usando cachecol porque esqueci de colocar um sutiã . Antes que ele pudesse adivinhar suas intençõ es, ela desatou o cachecol e o abriu. Travis gemeu baixo e pesado, com o pau inchado no jeans. Mais alto do que Georgie, ele podia ver muito mais do que o inchaço dos seios dela. Muito mais do que o contorno de seus mamilos apertados, onde eles se esforçavam contra o algodã o azul claro de sua blusa. Ele podia ver direto no meio do decote dela até a barriga lisa embaixo. — Jesus, coloque o cachecol de volta. Você podia muito bem estar nua. Vermelho manchou suas bochechas quando ela se cobriu novamente. — Você deveria dar a uma mulher mais de vinte minutos para se arrumar. Travis deixou sua exasperaçã o aparecer. — Você que me mandou uma mensagem, Georgie. — Eu nã o esperava que você quisesse me deixar de bom humor no mesmo momento. — Pare de me dizer para deixá -la de bom humor — ele rosnou, apoiando-a contra a porta ainda aberta. — Ou eu vou fazer isso. — Rede familiar — ela respirou, empurrando seu ombro. Prazer em conhecê-la, bolas azuis. Travis deu um passo atrá s e passou a mã o pelo rosto.


— Vamos entrar. — Boa ideia. Ele viu Georgie colocar um sorriso no rosto com esforço visı́vel, saindo do caminho para poder fechar a porta. Depois que ele a trancou, ela estendeu a mã o para a dele, inclinando-se para o ombro dele quando ele a pegou, toda a dinâ mica o namorado-namorada parecendo real até demais. Ele segurou a porta enquanto ela entrava no Grinders, que estava quase vazio no pó s-almoço, a terra de ningué m. Sem ningué m lá para testemunhá -los juntos, a realidade deles o atingiu ainda mais forte, mas ele se viu distraı́do dessa preocupaçã o pelos lá bios franzidos de Georgie enquanto ela lia o cardá pio. A maneira como ela se mexeu e lambeu os lá bios, esperando a garçonete anotar os pedidos, com uma aparê ncia tã o pura e doce que ele nã o pô de deixar de especular sobre o gosto do pescoço dela. Ou a parte interna do pulso. Alguns minutos depois, eles estavam sentados um em frente ao outro em uma mesa. — Você quer ver meus seios de novo? Travis quase cuspiu o primeiro gole de sua mocha de caramelo com sal marinho. — O que? Ela riu com seu pró prio gole. — Estou apenas brincando. Você parece muito tenso. — Eu nã o estou. — Ok — ela retornou, imitando sua voz profunda. — Você realmente me levaria para casa e cuidaria de mim até de volta à saú de? — Eu teria feito uma vitamina para você — ele a corrigiu. — Isso é cuidar. Você teria cuidado de mim. Ele foi pego entre rir e balançar a cabeça. — Eu nã o tenho ideia de como é ser cuidado de volta à saú de. A menos que inclua isioterapia ou banho de gelo. Aqui estava ele novamente, dizendo a Georgie coisas que ele nunca esperava ouvir fora de sua pró pria mente. Ela nã o o fez se arrepender, no entanto. Ela apenas olhou para ele de maneira solene, como se estivesse absorvendo. Absorvendo ele. Estar no momento juntos, sem expectativas ou decepçõ es que ele nã o era o famoso atleta que ela tinha visto na televisã o. — Você falou com seus pais desde que voltou para Port Jeff? — Nã o. — Recostando-se na cadeira, ele cruzou os braços sobre o peito, como se quisesse esconder o sú bito chocalho que acontecia na sua caixa torá cica. — Na verdade, eu nã o falo com eles desde que saı́ para a faculdade. — Quase uma dé cada? — ela sussurrou, parecendo magoada. — Eu era mais jovem e meio distraı́da durante e depois do divó rcio. Sinto muito que as coisas nunca melhoraram entre eles e você . — Eu nã o sinto.


Agora que ele deixou o papo desconfortá vel, ele esperou que ela abandonasse o assunto, mas ela nã o o fez. — Você já se perguntou no meio de um jogo se eles estavam assistindo? Travis mastigou a parte interna da bochecha. — Sim — ele inalmente se ouviu admitir. Em voz alta. També m nã o tinha sido apenas uma vez. — Todo jogo. Ele ouviu Georgie engolir do outro lado da mesa. — Eles deveriam ter. Eles deveriam estar assistindo como pais orgulhosos. Eles devem estar orgulhosos de você agora, Travis. Nã o é fá cil recomeçar. Era ali que ele deveria agradecê -la ou encontrar alguma outra coisa para conversar, mas ele tinha vontade de con iar nela. Queria entregar a ela um pedaço de si mesmo, porque ele sabia que ela cuidaria dele. — E ele, principalmente. Meu pai. — Ele pressionou a lı́ngua na parte interna da bochecha. — Minha mã e era jovem. Ela icou presa em um casamento ruim e nã o sabia como lidar. Se ele jogou com ela os mesmos jogos mentais que jogou comigo, nã o a culpo por querer estar em outro lugar. Georgie queria discutir, mas ele piscou para que ela soubesse que ele estava bem, e ela relaxou. — E o meu pai que me pega — disse ele depois de um momento. — Quem.. chega até mim. Ele se certi icou de que eu ouviria sua voz na minha cabeça muito alé m do ponto que eu deveria. — O que a voz diz? Ele exalou. — Que eu nã o sou tã o bom quanto penso que sou. Que sou uma farsa. Ela apertou os lá bios até icarem brancos, depois os deixou encher de rosa novamente. — Nã o havia nada de falso na maneira como você entrou em campo e tirou a bola da luva de Ted Church para vencer o segundo jogo da Sé rie. Você faz parte da histó ria. Algumas pessoas simplesmente nã o suportam saber que nem sã o nem uma nota de rodapé . Calor se espalhou em seu estô mago. Como ela sabia exatamente o que ele precisava ouvir? Nã o uma banalidade, mas uma coisa real e tangı́vel que ele conseguia recordar em sua memó ria e reinterpretar atravé s dos olhos dela. — Obrigado. — Você acha que sou boba e egoı́sta por querer mais da minha famı́lia incrı́vel e semi funcional quando você nã o tem nada da sua? — Nã o. — Ele estendeu a mã o sobre a mesa e entrelaçou os seus dedos sem pensar. — Nã o, bonequinha. Eu nã o acho. Você tem que lutar pelo que você merece. O que você quer nã o é mais ou menos importante do que o que os outros querem.


Georgie o estudou por um momento. — Quando eu entrei no seu apartamento no primeiro dia, você me disse que voltaria aqui como um suposto fracasso que fazia você igual ao seu pai. — Ela balançou a cabeça. — Você nã o apenas me diz, mas me faz sentir importante… Como você pode pensar que nã o tem potencial para ser um heró i, dentro ou fora do campo? Dessa vez, Travis mudou de assunto. Ele ouvira muitas expressõ es vazias ao longo de sua carreira no esporte. O tipo de motivaçã o que acaba em um pô ster em um vestiá rio do ensino mé dio. O que ela disse, no entanto, o fez pensar. Ele poderia ter deixado seu apartamento e se juntado à sociedade, mas parte dele havia permanecido no escuro. Entretanto, cada momento passado com Georgie o levava um pouco mais dentro da luz. Eles conversaram muito depois que seus café s acabaram, Georgie lhe contando os planos para uma nova campanha publicitá ria para seus negó cios e um novo tema de festa de aniversá rio de zumbi que ela estava considerando. Por sua vez, Travis contou a ela sobre o tempo na faculdade que o ô nibus de sua equipe havia quebrado no caminho para um jogo e eles tiveram seu motor consertado por membros de um culto. Era bom fazê -la rir. Era bom rir com ela. Quando a acompanhou até a saı́da, uma hora tinha passado e ele estava atrasado para o trabalho. Na luz do sol, ela sorriu para ele de uma maneira ofegante, uma mã o inquieta em sua garganta. E pela primeira vez desde que Stephen disse a Travis que Georgie estava apaixonada por ele, ele realmente se perguntou se isso poderia ser verdade. Georgie o amava? Nesse caso, ele não deveria passar esse tipo de tempo com ela. Ele a machucaria quando os dois conseguissem o que queriam – e machucar essa garota o mataria. Travis abriu a boca, com a intençã o de contar a Georgie o que Stephen havia dito, rezando para que ela negasse. Certo? Ele nã o a queria apaixonada por ele. Em absoluto. — Eu pareço apaixonada o su iciente? — Georgie disse com uma sobrancelha levantada, antes que ele pudesse falar. — Nosso amigo está saindo do outro lado da rua. — Oh. Sim. — Idiota. Claro que ela nã o estava apaixonada por ele. Era só para a câ mera, igual tinha sido desde que o arranjo começou. — Eu, uh… nã o tinha certeza se ele esperaria. Uma batida passou. — Você vai me beijar? Ele queria. Sua boca parecia madura e incrı́vel, e ela teria gosto de caramelo e Georgie. Por que de repente parecia errado beijá -la para que fosse imortalizado em uma foto? — Sim — ele murmurou, inclinando-se e parando a menor distâ ncia acima dos lá bios dela. — Sim.


A testa de Georgie se enrugou em confusã o, lançando um olhar de soslaio pela rua. — Travis? Finalmente, ele deixou cair a boca na dela e inalou, puxando profundamente a boca dela, mal conseguindo parar de lhe dar a lı́ngua. Reivindicando-a. Com um sé rio esforço, ele recuou, mantendo Georgie em pé . — Quando eu vou te ver de novo? — Hum… — Ela piscou. — Você vem ao jantar de famı́lia no domingo? Lembrando-se do voto que fez a si mesmo de fazer mais para ajudar Georgie, Travis assentiu. — Eu estarei lá . Ela sorriu para ele e ele mordeu a lı́ngua para nã o beijá -la novamente. — E você ? Mais algum progresso na rede? Era a prova de que seu relacionamento com Georgie estava beirando a perigoso que ele havia esquecido completamente de contar a ela sobre a ú ltima ligaçã o de seu agente. Ele tinha perdido totalmente de vista porque eles eram namorados falsos em primeiro lugar. — O chefe da rede, Kelvin, nos convidou para jantar em sua casa. Semana que vem, em Old Westbury. — Ele observou o rosto dela se transformar com excitaçã o cautelosa. — Isso provavelmente signi ica que eu sou o principal candidato. — Oh meu Deus, Travis. E este pode ser o teste inal. — Seus olhos arregalados icaram ilegı́veis. — As coisas já estã o mudando para mim. Para melhor. Se você conseguir o emprego… nã o precisaremos mais fazer isso. — Precisar. — Seu aceno de cabeça era espasmó dico. — Sim. — Cristo, ele precisava ajeitar a cabeça. Esse pavor agitado em seu estô mago nã o era um bom sinal. — Eu vou deixar você saber os detalhes sobre o jantar — disse ele, dando um selinho inal em sua bochecha e se afastando. — Tchau, Georgie. — Tchau, Travis — ela chamou por cima do ombro enquanto atravessava a rua, o lenço preso ao peito. — Você conseguiu, a propó sito! — ela disse – um pouco animada demais? – dando-lhe um ú ltimo olhar antes de se virar para sair. — Estou de ó timo humor! Pelo menos um deles estava.


Capítulo Dezessete

Bem, isso era estranho pra caralho.

Stephen franziu a testa para Travis do outro lado da sala de estar da famı́lia Castle, com uma garrafa de cerveja nas mã os, o punho branco. Eles trabalharam juntos vá rias vezes desde que as revistas começaram a espalhar fotos dele e Georgie em suas pá ginas, mas evitavam conversas que nã o envolviam materiais de construçã o ou plantas. Grunhidos, apontadas e pigarros viris se tornaram seu mé todo de comunicaçã o preferido. Que funcionava em um canteiro de obras barulhento, mas nã o tã o bem em uma tranquila sala de estar. Inquieto, Travis começou a andar em frente à lareira. Onde ela estava? A porta da frente se abriu e os mú sculos de Travis se apertaram, mas Bethany entrou na casa em vez da irmã . Travis nã o via Bethany desde o colegial, embora se lembrasse bem dela. E ele nã o foi enganado por um segundo pelo seu sorriso brilhante. Ela odiava as tripas dele. Se ele se lembrava corretamente, ela escreveu: Você vai ter o que merece, escória de playboy no anuá rio dele. — Que bom ver você , Travis — Bethany disse entusiasmada. — Obrigada por fazer uma pausa em sua agenda lotada de arruinar a vida das mulheres para estar aqui. — Que é isso. — Ignorando o vazio no estô mago, Travis saudou sua cerveja. — E o mı́nimo que posso fazer. Ela apertou as mã os sob o queixo. — Altruı́sta como sempre. Kristin saltou para fora da cozinha e parou na frente de Stephen, colocando um canapé na sua boca. Mastigando, ele resmungou: — Se algué m deveria estar atirando nele, deveria ser eu. — O trabalho em equipe é fundamental nesta famı́lia. — Bethany pousou a bolsa e espanou os braços da blusa. — Enquanto nó s tivermos você para nó s mesmos, devo dizer que estou completamente bem com você namorando Georgie. Travis levantou uma sobrancelha cé tica. — Oh, eu posso dizer. — Ela é esperta. Engraçada. Altruı́sta — Bethany assinalou os mé ritos de Georgie nos dedos. — E ela tomou o controle de sua sexualidade. Stephen interrompeu em um suspiro alto. — Nojento. — Assim que todo esse negó cio terminar, ela estará nadando atravé s de opçõ es. — Outra limpada na sua manga. — Estou ansioso para isso.


O estô mago de Travis se agitou. Na cozinha, panelas e frigideiras batiam juntas alto, misturando-se à discussã o dos Castles. Imagens e sons de sua juventude, e ele estava agradecido por eles agora, porque o distraı́am de seu enjô o. Georgie namorando outros homens. Reconhecendo a melhor coisa que já lhes aconteceu, eles a trancariam em um piscar de olhos. Travis nã o passaria de um trampolim. No passado. Antes que Bethany pudesse dar outro golpe, a porta da frente se abriu novamente. Na fraçã o de segundo antes de ver Georgie, ele foi atingido com antecipaçã o e… alegria. Sim, alegria. Tudo icaria bem agora. Ela estava aqui com sua inteligê ncia e expressõ es faciais engraçadas e aquele jeito que ela olhava para ele. Como se ela entendesse todos os seus pensamentos sem que ele abrisse a boca. Isso foi antes de ele a ver. Puta merda, Georgie, você está tentando me matar? Ela parecia tã o bem que doı́a. No pau dele. Doı́a. Por quê ? O vestido de mangas compridas nem era revelador. O decote em V mostrava o inchaço dos seios dela, mas os botõ es subiam alto o su iciente para que você nã o pudesse classi icar o que estava mostrando como decote. Nã o, foi a bainha alta no fundo que lhe deu á gua na boca. O vestido amarelo estava solto ao redor de suas coxas, mas mostrava tanto delas que ele queria chorar. Ele estava com medo dela se virar. Nem queria saber onde aquela bainha batia em sua bunda. Suas pernas sempre eram tã o brilhantes? Espere um minuto. Espere um minuto. Elas foram depiladas com cera. Eram pernas à beira da piscina em um resort em Las Vegas. O que o levou a uma pergunta seriamente desconcertante. O que mais ela tinha depilado? — Georgie — disse Kristin, batendo palmas. — Olhe para você . Bethany colocou dois dedos na boca e assobiou. — Esconda seus ilhos, Port Jefferson — ela falou, dando a Travis uma piscadela. — Uma entrada elegantemente atrasada e tudo. A aluna se tornou a mestre. — Mais pra eu iquei presa conversando com a sra. Casey sobre uma festa para seus trigê meos. — Georgie pousou a garrafa de vinho que trazia, os olhos pousando brevemente em Travis. Um rubor vermelho tomou conta de seu rosto e, maldita, essa reaçã o nã o calculada aumentou sua fome em dez vezes. Essa garota podia fazer um homem rastejar e nã o fazia ideia. — Ela quer um tema subaquá tico, entã o, aparentemente, eu vou usar um tanque de oxigê nio e nadadeiras. — Eles fazem roupas de banho de palhaço? — Bethany disse rindo. — Nã o — Travis rosnou. — Eles nã o o fazem. Todo mundo olhou para ele, incluindo Georgie. Ele gostava de ter sua atençã o total. Colocar-se nessa situaçã o embaraçosa valeu a pena apenas que ela olhasse para ele, o castigasse, lhe mostrasse aquela


qualidade rara e honesta que ele nã o conseguia encontrar em nenhum outro lugar. Sim, ele estava olhando també m, entã o icou agradecido quando Vivian e Morty saı́ram da cozinha com mais um prato de queijo. — Eu vou carregá -lo — disse Vivian com o canto da boca. — Dessa forma, você vai parar de comer as azeitonas antes que todos tenham a chance de ver minha obra-prima. — E comida — apontou Morty, batendo no bolso em busca dos ó culos. — A comida deve ser consumida, nã o decorada. Vivian parou e empurrou o prato de queijo para o marido. — Georgie! Isso é um vestido? Você está usando um vestido? — E isso o que é ? — Georgie olhou para baixo. — Devo ter colocado por engano. — Nã o! Sem engano. — Vivian circulou em volta das costas da ilha. — Oh, com licença. Algué m tem um par de al inetes. E nã o do tipo que vai no seu cabelo. O que você acha, Travis? — Nã o responda a isso. — Stephen chamou, drenando sua cerveja. — Mã e — Georgie gemeu. — Você está garantindo que eu nunca mais vista outro vestido nessa casa. — Meus lá bios estã o fechados. — Vivian afagou seus cabelos e pegou o prato de queijo de Morty, bem a tempo de impedir seu roubo de azeitona. — Eu apenas acho legal Georgie trazer um encontro para o jantar de domingo. Eu nã o me importo com o curto prazo. Sobre a con iguraçã o extra do local ou o relacionamento real. Eu descubro coisas quando as descubro, eu acho. Isso é muito da vida de uma mã e. Travis quase riu quando os trê s irmã os trocaram um estremecimento. — O jantar está quase pronto — disse Vivian alegremente. — Todo mundo toma uma taça de vinho e relaxa, ok? Isso é tã o legal. Todos os nossos ilhos em um só lugar. Os Castles desapareceram de volta para a cozinha. — Stephen — disse Kristin, puxando o braço do marido. — Eu tenho alguns cupcakes no carro. Você pode me ajudar a carregá -los? Fiz o su iciente para alimentar dois exé rcitos. Stephen olhou para Travis e Georgie, obviamente duvidoso em deixá -los sozinhos. — Claro, querida. — Nã o, eu nã o vou icar de vela. Vou fazer uma ligaçã o. — Bethany murmurou, deslizando a porta de vidro e mergulhando no quintal. E foi assim que Travis e Georgie terminaram sozinhos em questã o de minutos. A virada dos eventos fez seu pulso disparar, fez seu sangue esquentar. Nã o ajudou. Nada poderia resultar disso. Nã o haveria alı́vio. O objetivo deles era convencer o mundo exterior que estavam namorando, nã o se satisfazerem com toques. Ou com beijos. Havia uma atraçã o aqui, mas ele nã o agiria sobre isso. Nã o quando seguir em frente era inevitá vel.


No entanto, Travis nã o conseguiu falar sobre nenhum desses avisos em voz alta, Georgie atravessava a sala em sua direçã o, suas pernas dando um pequeno e sexy lexionamento sob a bainha esvoaçante. Será que ele já se referiu à s pernas dela como normal? Eu era um idiota. Elas eram pequenas e lexı́veis e da cor da areia quente. Ele queria... Georgie parou na frente dele, roubando seus pensamentos. Bonita. Tã o bonita com os lá bios mordidos e o nariz beijado pelo sol. Ela pegou sol? Talvez tenha sido a forma como ela só lhe atingiu o ombro que fez com que a proteçã o surgisse na jugular, enquanto de alguma forma – ao mesmo tempo – ele queria procurar refú gio nela. Nada mais fazia sentido. Georgie sussurrou algo para si mesma que Travis nã o podia ouvir e se virou de um lado para o outro. Antes que ele pudesse pedir para repetir, ela o tocou. Georgie o tocou e nã o havia uma ú nica câ mera por perto. Ela colocou as palmas das mã os achatadas sobre o peitoral dele e… seus lá bios se separando em uma respiraçã o nervosa... ela as deslizou para cima e ao redor do pescoço dele, deixando seus corpos corados. — O que você está fazendo? — Travis disse com voz rouca, o impacto do toque inesperado dela o deixou instá vel. — Georgie... Ela subiu na ponta dos pé s para abraçar o pescoço dele. Quando ela cambaleou um pouco, Travis nã o pô de fazer nada alé m de envolver um braço protetor em volta das suas costas. O outro seguiu, puxando-a com força contra ele. A boca dele encontrou seu caminho em seus cabelos, exalando, cada centı́metro dele reagindo a ter seu corpo moldado aos seus planos duros com tanta segurança. O caos que vinha agitando dentro dele a semana toda se acalmou, enquanto um tipo diferente de comoçã o tomou forma. Ela separou os lá bios contra o pescoço dele e a virilha dele apertou ao ponto da dor. Oh meu Deus. — O que é isso? — Estamos nos abraçando — Georgie sussurrou, seus lá bios roçando a pele dele novamente. — Isso é tudo. — Nã o faça isso. Nã o fale comigo com aquela voz inocente. Nã o quando todas as suas partes mais doces estã o pressionadas contra mim nesse vestido provocador. — Tentando e falhando em manter a consciê ncia do ambiente ao redor, Travis dobrou os quadris e ouviu a respiraçã o dela gaguejar. — Você está me excitando e está muito ciente disso. — Estou? — Georgie se inclinou para trá s apenas o su iciente para estudar sua boca por uma batida, duas. — Estou tentando ser autê ntica. Nã o é assim que uma namorada cumprimenta o namorado? Um baque baixo começou e se espalhou por Travis. Em seu coraçã o, nos testı́culos. Inferno, em ambos. Simultaneamente. Os dois doı́am


como um ilho da puta, entã o tudo o que Travis conseguia dizer era um rude. — Como eu saberia? Georgie passou as mã os pelos ombros dele, segurando as laterais do rosto dele. — Estou feliz por você estar aqui. Gosto de ter você por perto. Com essas palavras pairando no ar, Georgie saiu do seu abraço e saiu da sala, entrando na sala de jantar como uma sedutora certi icada. O pulso nos ouvidos de Travis martelava nove vezes para cada um de seus passos, suas mã os destituı́das sem o privilé gio de tocá -la. O que diabos acabara de acontecer? Ele estava preparado para um jantar desagradá vel, considerando que os irmã os dela queriam cortar a cabeça dele com um machado. Em vez disso, ela entrou aqui e o deixou completamente desequilibrado. Como se estivesse em transe, Travis se juntou a Georgie na sala de jantar. Quando jovem, ele sempre se sentou entre Stephen e Morty, mas o assento ao lado de Georgie foi deixado aberto desta vez. Eles trocaram um olhar quando ele se sentou, mais daquele doce rubor escurecendo sua pele e fazendo sua lı́ngua parecer pesada. Eles deveriam conversar, nã o deveriam? Infelizmente, eles nã o icaram sozinhos por mais de alguns segundos. Morty e Vivian icaram lado a lado, batendo um no outro como planetas amarrados, ambos tentando carregar o prato segurando um assado. Bethany entrou e se sentou em frente a Georgie – mas Travis estava concentrado em Georgie e, portanto, viu apenas o olhar de preocupaçã o que ela enviou à irmã mais velha, seguida por um sorriso encorajador. Algo estava acontecendo. — Tudo certo. — Stephen entrou na sala de jantar e sentou-se à direita de Morty, Kristin lutuando para a cadeira ao lado do marido e empoleirando-se com um sorriso radiante. — Bethany, você pediu esse jantar. Qual é a sua queixa? — Quem disse que tem que haver uma queixa? — Vivian protestou da cabeceira oposta da mesa, com um copo de vinho no ar. — Nã o podemos trocar gentilezas primeiro? Sua irmã usa um vestido, Stephen. Diga a ela que ela está bonita. Georgie escondeu o rosto atrá s de um guardanapo. — Por Deus, mã e. Stephen suspirou. — Você está bonita, Georgie. Amarelo combina com você . — Bem, nã o é um traje de palhaço... — Morty começou, rindo de seu pró prio sarcasmo. O brilho rosado desapareceu das bochechas de Georgie e Travis franziu a testa. Antes que ele pudesse dizer algo em sua defesa – o que, ele nã o sabia – Stephen falou novamente. — E esse clube feminino que faz você se vestir assim? Ou ele?


— Nã o é um clube feminino. — Bethany deu uma olhada no irmã o. — Nó s nã o nos encontramos para nos maquiar, seu idiota. Nã o temos doze anos. — Só estou dizendo, Georgie, você estava bem de jardineira e… — Stephen balançou os dedos acima da cabeça, fazendo referê ncia ao coque bagunçado que faltava em Georgie. — Parece que algué m deveria gostar de você , e nã o da sua aparê ncia. Travis olhou para Stephen. — Gostei dela de jardineira també m. Vá rias batidas passaram. — Por que nã o estou neste clube? — Vivian disse brilhantemente, quebrando a tensã o. — Eu sou velha demais? Morty cortou o assado com gosto, cortando lascas de carne. — Você nã o é velha demais. Você é feliz demais. Bethany se centrou com um longo suspiro. — Nã o estamos fazendo maquiagem e nã o estamos jogando dardos em fotos de ó rgã os genitais masculinos... Vivian riu. — Bethany Castle. — Na verdade, acabei de inscrever a mim, Rosie e Georgie para um Tough Mudder. — Ooh, o que é isso? — a voz de Kristin apareceu. — Eu quero ir. Stephen resmungou e começou a passar os acompanhamentos. — Explique. Bethany sentou-se mais ereta. — E uma corrida de oito quilô metros, incluindo uma pista de obstá culos. Um exercı́cio de formaçã o de equipe. Na lama. Georgie empalideceu. — Nó s mal conseguimos sobreviver a Zumba, sua luná tica. — E, nó s icaremos bem. — Bethany levantou o copo de vinho. — Na pró xima sexta-feira em Bethpage. Você s sã o todos bem-vindos a irem e torcerem por nó s. — Eu estarei lá — disse Travis automaticamente. Se Georgie fosse correr 8 quilô metros e pular paredes no calor do verã o, ela poderia se machucar. Ou icar desidratada. Pensar nisso quase transformou seu apetite. Quando ergueu os olhos, colocando as batatas no prato, encontrou Stephen e Morty olhando-o com raiva. — O que? Ela poderia torcer um tornozelo ou... — A sala icou em silê ncio, facas e garfos cessando de bater contra pratos. Jesus. Recomponha-se, cara. Ele passou a tigela na mã o e cavou a enorme montanha de batatas que aparentemente ele estava empilhando por um minuto inteiro. — Você nunca sabe que tipo de organizaçã o mé dica eles tê m nessas coisas — ele terminou bruscamente. — Você nã o vai fazer isso. — Stephen resmungou para Kristin, antes de suavizar seu tom. — Por favor.


Kristin irmou o queixo. — Veremos. — Discó rdia — Morty zombiu. — Bethany, seu clube está criando discó rdia. — Nã o é apenas o clube dela — disse Georgie. — Começamos-o juntas. — Você vai seguir o que seus irmã os mais velhos fazem, no entanto. Cabe a eles dar um bom exemplo para os mais jovens. — Ela tem 23 anos — apontou Bethany. — Se essa fosse a Inglaterra vitoriana, ela seria classi icada como uma dama idosa. A risada de Georgie nã o tinha o brilho habitual. — Você poderia ter deixado essa parte de fora. Travis foi pego entre mordidas, ouvindo a conversa se desenrolar ao seu redor. Fazia anos desde que ele esteve no meio das brincadeiras dos Castle, mas a atitude de desprezo deles por Georgie era mais signi icativa para ele agora que ele sabia como isso a afetava. Ela mudou. Cresceu. Por que diabos eles nã o notaram? Franzindo a testa, Travis colocou o garfo de volta nas batatas. — Agora que todas as iguarias foram passadas e banhadas… — Bethany pigarreou. — Vamos falar sobre o motivo de estarmos todos aqui. Quero prefaciar isso dizendo que ningué m vai gostar. Apenas se preparem, nó s passaremos por isso. Georgie pousou o garfo e cruzou as pernas, chamando a atençã o de Travis. A bainha amarela do vestido subiu quase até o quadril, os mú sculos da coxa lexionando… e sua boca icou seca. Mas sua linguagem corporal dizia que ela estava se preparando para a batalha em nome de sua irmã e a realizaçã o liberou uma corrente de produtos quı́micos em sua corrente sanguı́nea. Georgie se preparando para uma discussã o o colocou em alerta, porque eles se tornaram companheiros de equipe. Nã o tinham? — Trata-se de dirigir sua pró pria construçã o? — Stephen falou demoradamente. — Sim. — O que? — Morty inclinou a cabeça. — Deus me dê força. — Pedi a Stephen vá rias vezes a chance de executar minha pró pria reforma, do começo ao im, e ele recusou. Entã o eu decidi comprar minha pró pria propriedade e prosseguir fora dos limites da Brick & Morty. A traiçã o total no rosto de Morty era difı́cil de testemunhar. Ele largou o garfo lentamente e recostou-se na cadeira, cruzando as mã os sobre a mesa. — Você é decoradora, Bethany. — Vivian disse suavemente. — Você escolheu esse papel. — Eu sei que sim, mas agora quero tentar mais.


— Talvez tenha sido um erro deixar os negó cios para meus ilhos — disse Morty. — E isso que você está dizendo? Só me aposentei há alguns anos e você já está desmantelando a empresa. — Bethany quer um papel mais ativo. E o contrá rio de desmontar, pai. Isso é ... Morty levantou a mã o. — Deixe os adultos falarem, Georgie. O punho de Travis bateu na mesa tã o rá pido que todo mundo pulou. Ele nã o tinha planejado. Mas a raiva passou por ele tã o rá pido que sua mã o se moveu sozinha. Essa ú nica açã o també m nã o tirou o ar de sua ira. Nem um pontinho. — Eu tenho muito respeito por você , Sr. Castle. Mais respeito do que do meu pró prio pai. Mas nã o posso sentar aqui e ouvir você tratar Georgie como se a voz dela nã o valesse nada. Você é melhor que isso. E ela é muito importante para ser cortada ou tratada como uma criança. Todo mundo teve uma reaçã o diferente à sua explosã o. Stephen olhou para ele, surpreso e pensativo. Bethany parecia pronta para aplaudir, Morty devidamente castigado. Mas Travis nã o conseguia tirar os olhos de Georgie por tempo su iciente para reconhecer muito disso. Ele icou ainda mais irritado, na verdade, porque essa garota que o forçou a sair de seu buraco todas aquelas semanas atrá s parecia tã o agradecida quando ela deveria esperar que algué m viesse em sua defesa. Ela merecia isso e muito mais. — Travis está certo — disse Morty, sua expressã o contrita. — Georgie, peço desculpas. Por favor, termine o que você ia dizer. Georgie e Travis se entreolharam desde o Grande Incidente. Cristo, ele gostava de estar do lado dela. Gostava da ideia de ela contar com ele até demais. Ele també m gostava daqueles lá bios bem abertos. A lembrança de como eles se sentiam contra os dele enviou o sangue correndo para seu pê nis. Lá estava ele, com uma ereçã o pela ilha caçula no jantar da famı́lia Castle. Nã o há ajuda para isso. O vestido dela estava tã o alto na perna – o su iciente para ver a sombra entre as coxas. Alguns centı́metros acima, isso seria sua calcinha. Sua boceta molhada. Eu sei que você está molhada, bonequinha. — Eu hum... — Georgie limpou a ferrugem de sua voz. — Eu ia dizer, pai, isso, uh… — Bethany riu dentro do guardanapo e Georgie lançou-lhe um olhar. — Bethany adora Brick & Morty e ela é uma das principais razõ es pelas quais é tã o bem-sucedido. Ela quer ajudar a expandir. Se Stephen reservar um tempo para orientá -la, eles poderã o dobrar o nú mero de projetos que a empresa assume. Ela nunca falhou em nada, apesar dos relacionamentos... — Obrigada, mana. — Beth merece uma chance. — Georgie voltou sua atençã o para Stephen. — Você odeia mudanças e precisa de controle. Todos nó s entendemos. Mas isso nã o é como o balanço de corda no lago quando


é ramos crianças – e sim, ainda estou irritada que você nos fez passar por uma folha de inscriçã o para dar uma volta. Era um balanço de corda, cara. Mas agora somos adultos e nã o devemos nos segurar em nome da tradiçã o. Chegue a um meio-termo, Stephen. — Vou pensar sobre isso — disse o irmã o depois de um momento, voltando a comer. — Isso terá que ser bom o su iciente por enquanto. — Tudo bem — Bethany respondeu com um breve aceno de cabeça. — Tudo bem — ecoou todos na mesa, exceto Travis. Alguns tiques de silê ncio se passaram. — Onde está Coco? — Vivian disse, olhando ao redor da sala. — Trouxemos a cachorra do quintal, Morty? — Ela nã o esperou por uma resposta. — Georgie, você se importaria de sair e procurar Coco? Deus nã o permita que ela tenha comido aqueles cogumelos.. — Claro, mã e. Georgie já estava de pé , indo na direçã o da sala de estar. Incapaz de parar de seguir seu progresso, Travis, no entanto, captou o olhar de Vivian. Ela piscou para ele. Preso entre o riso e o choque, Travis jogou o guardanapo sobre a mesa. — Eu vou ajudá -la.


Capítulo Dezoito

Oh meu Deus.

Georgie lutuou no quintal, chamando o nome de Coco em um coaxar. Os joelhos dela tinham consistê ncia de vapor; seu coraçã o bateu alto na caixa torá cica. Se sua mã e nã o a tivesse enviado para fora, ela teria explodido em chamas. A necessidade se concentrou entre suas pernas, pulsando e puxando e implacá vel. Como ela iria lidar com o resto do jantar, Travis sentado tã o perto, agindo como um heró i? — Coco? — ela chamou, puxando seu decote para longe de sua pele e soprando ar frio para baixo dele. Oh, legal. Olhe para isso – seus mamilos eram pedras. — Venha aqui, garota. Nada. Nenhum toque da coleira da cachorra. Ela caminhou mais para o quintal, dobrando à esquerda e descendo a pequena ladeira em direçã o à piscina. Passar pelo alto carvalho que ela costumava escalar na juventude trouxe de volta tantas lembranças. As ú nicas que ela poderia conjurar naquele momento envolviam Travis. Como ela teve o inı́cio de um despertar sexual empoleirada naquela á rvore como uma pré -adolescente, desejando melancolicamente que ela tivesse seios. O ponto culminante de seus devaneios febris se desviou em um territó rio mais adulto uma tarde, quando Georgie havia sido chamada para limpar o só tã o dos pais. Ela encontrou uma caixa de itas VHS antigas, entre elas uma ita chamada MEDO. Desde que seus pais se foram durante o dia, ela ligou o videocassete antigo no porã o, que Morty e Vivian nunca usavam, mas ainda nã o tinham jogado fora. Stephen nã o era o ú nico membro da famı́lia que odiava mudanças. Ela icou agradavelmente surpresa ao descobrir o ilme estrelado por Mark Wahlberg e Reese Witherspoon e decidiu que a ita provavelmente pertencia a Bethany – mas por volta da marca de uma hora, a cena aconteceu. Aquele na montanha russa quando Mark usa o dedo em Reese. Até aquele momento na cova dos pais, Georgie nem sabia o signi icado da palavra “excitada”. E, oh Senhor, a culpa. Wahlberg interpretou o pior tipo de sociopata abusivo no ilme, mas Georgie icou tã o excitada que repetiu a cena nove vezes. Ela inalmente fechou os olhos, caiu de costas e imaginou Travis encenando a cena com ela. Em seu uniforme do Hurricanes. Com as mã os no jeans, ela teve o primeiro orgasmo de sua vida no chã o do porã o dos pais com uma ita VHS, enquanto uma internet cheia de pornogra ia gratuita estava a poucos metros de distâ ncia. Por que ela nunca poderia fazer as coisas da maneira mais fá cil? Em vez de fugir longe e rá pido de um homem indisponı́vel, ela decidiu mostrar a ele que estar disponı́vel nã o era tã o ruim. Entre


convidá -lo para tomar um café e levá -lo para jantar hoje à noite, ela pretendia provar a Travis que ele nã o tinha que passar a vida passando de mã o em mã o. Mas ela estava esperando reter pelo menos uma pequena parte de si mesma no processo. Para diminuir o golpe quando ele inalmente fosse embora. Ou encontrasse outra pessoa. Ou percebesse de initivamente que os relacionamentos nã o eram sua praia, com inseguranças ou nã o. Mas se conter do cara que quase quebrou a boa porcelana enquanto a defendia? Nã o vai ser tã o fá cil. Toda vez que ela estava com Travis, ele revelava algo mais. Um pedaço do passado, uma esperança para o futuro, um lado terno. Esta noite ele provou que se importava. Ele apareceu para ela. Ela se achava apaixonada pelo fenô meno arrogante do beisebol, mas estava perigosamente perto de se apaixonar por esse homem mais novo e mais complicado. Mais profundo do que jamais poderia ter sido com seu ideal juvenil de Travis. Atrá s dela, Georgie ouviu a porta deslizante de vidro abrir e fechar. Ela parou e girou, seu pulso disparando para outra estratosfera quando Travis desceu a encosta atrá s dela. A fome em seu rosto fez Georgie dar um passo para trá s. Oh. Aparentemente, ela tinha essa coisa de seduçã o na bolsa. Já estava preso. Vai, time. Assim que Travis alcançou Georgie, ele se abaixou e a jogou por cima do ombro. — Onde? Ela tentou e falhou em ignorar a nova visã o de sua bunda. — Onde está a cachorra? — A cachorra está trancada no quarto dos fundos — ele respondeu em um tom paciente, mas conciso. — Ela nã o está no quintal. — Entã o por que minha mã e me enviou aqui? Travis nã o disse nada. — Oh. — Georgie chamou a palavra. — Senhoras e senhores, minha mã e, a ajudante. — Casa da piscina ou garagem, Georgie? Nã o havia dú vida de por que Travis estava procurando um local privado, e isso fez seu sangue queimar mais quente. Embora, desde que ela estava de cabeça para baixo, muito desse sangue quente correu para sua cabeça e a deixou tonta. Que assim seja. Ela havia acabado de expressar sua opiniã o em uma reuniã o de famı́lia e agora Travis queria beijá -la. Se isso nã o era motivo para uma corrida de cabeça, ela nã o sabia o que era. — Eu, hum… casa de piscina, eu acho? Atravessaram o limiar da pequena cabana em mudança alguns segundos depois. A porta se fechou atrá s deles e eles foram fechados na escuridã o. E siga em frente, Mark e Reese, porque ela nunca esteve tã o preparada para queimar em sua vida. Travis estava respirando


pesadamente quando ele puxou Georgie do ombro, as pernas dela apertando a cintura dele no caminho para baixo. A carne macia se assentou contra a carne dura com um gemido. Uma roçada lenta dessas partes, seguida por um arquejo. Rosnando. Ele investiu e a jogou contra a parede, e suas bocas travaram em uma batalha febril. A mente de Georgie mal podia funcionar em torno da paixã o. A intensidade. Seus sentidos se transformaram em ardó sias em branco que nã o sabiam nada de toque e gosto. Eles esperaram ansiosamente que Travis os ensinasse novos caminhos – e ele o fez. Sua boca se moveu com intençã o sensual, dando-lhe qualidade, nã o quantidade. Ele arrastou-se para fora e apreciou cada dança de suas lı́nguas, cada deslizamento re-angular de seus lá bios. Cada respiraçã o que eles separavam para tomar. Saboreando, juntando suas testas, bebendo sua boca, sua respiraçã o gaguejando, garganta trabalhando. Fazendo-a sentir-se como a primeira e ú ltima mulher a ser beijada em toda a histó ria. E o tempo todo, as mã os á speras dele subiram pelas coxas dela, contornando ansiosamente os quadris dela para agarrar sua bunda. Moldando-a na forma de seus dedos e palmas. — Abra os olhos e olhe para mim, Georgette Castle. — A voz de Travis raspou para ela na escuridã o pró xima, nã o deixando espaço para bobagens. Ela nunca o viu assim, concentrado e determinado. Sé rio. Talvez um pouco nervoso. — Olhe para mim. — Estou olhando — ela sussurrou, imaginando se ele estava ciente de que sua ereçã o estava pressionando com força a seda de sua calcinha – e se ele també m percebeu que nã o era realmente um momento oportuno para uma conversa. — Estou aqui. Estou olhando — ela respirou de qualquer maneira. — Bom. — Ele a beijou uma vez – com força – depois voltou a ter uma cara sé ria. — Eu nã o posso fazer isso. Nã o consigo parar de tomá la. — Ele gemeu contra a boca dela, usando seu aperto no traseiro dela para arrastá -la mais alto em seu colo. — Eu preciso tanto estar dentro de você . Faı́scas dispararam em seu cé rebro, como se algué m tivesse jogado café no painel de controle que a mantinha enraizada na realidade. — Você precisa? Travis empurrou com força entre suas coxas, trancando-a contra a parede com os quadris. — Nã o me pergunte isso novamente quando eu claramente quero te foder até o pró ximo Natal. — Me fode — ela ofegou. — Oh meu Deus. — Eu vou. Quando eu puder levar o meu tempo. — Ele levantou uma sobrancelha e deu-lhe um olhar signi icativo. — Virgem. — Certo. Eu esqueci. — Eu nã o. — Ele rolou os quadris em um cı́rculo lento, roçando seus corpos inferiores juntos. — Estou pensando nisso quase que


exclusivamente. As coxas de Georgie começaram a tremer, junto com o interior. — Isso é .. Hmm. Bom? — Bom. — Sua boca levantou em um sorriso arrogante. — Claro, bonequinha. Em outras palavras, assim que Travis tivesse a oportunidade, ele a transformaria em uma poça murmurante de membros e ó rgã os. Anotado. — O que eu devo fazer até entã o? Travis afrouxou os quadris para trá s, permitindo que as pernas dela caı́ssem, mas manteve as costas contra a parede. — Você precisa de algo? — As pontas dos dedos percorreram a parte interna da coxa dela. — Vou esfregar meus dedos no lugar certo enquanto descobrimos algumas coisas. — Como… — Ela respirou fundo quando os dedos dele invadiram sua calcinha, a do meio deslizando para a parte molhada de seu sexo. — Como o quê ? Ele cantarolou contra a orelha dela. — Você . Me provocando a ceder e te foder. As coxas de Georgie deram uma festa de espasmos. — Sim. — Considere isso feito. Eu vou ceder como um ilho da puta. Eu tenho que ceder. — Ele ofegou por alguns instantes. — Mas nosso acordo original… ainda tem que icar de pé . — Uma linha se formou entre suas sobrancelhas. — Georgie, eu quero que você entenda, mesmo que isso só dure até o jantar da rede, será o mais longe que eu já estive com algué m assim. — Como o quê ? — Vai ser mais do que uma aventura. — Ela o ouviu engolir. — Nosso futuro parece diferente, Georgie. Eu nã o tenho o gene familiar e você ... essa tradiçã o corre em seu sangue. Nã o posso ser isso para você , mas eu serei amaldiçoado antes que você se arrependa disso. Nó s. Me deixando subir em sua cama. Enquanto isso durar, diga-me o que você precisa para se sentir… importante. Você. Só você. Cada parte. — Estar do meu lado durante uma discussã o em famı́lia — ela sussurrou. — Foi realmente um bom começo. Um som desdenhoso saiu de sua garganta. — Nã o me dê cré dito por isso, Georgie. Isso precisava ser feito. O quê mais? A ponta do dedo mé dio cutucou sua entrada, deslizando a umidade até o clitó ris e polindo-a em cı́rculos fá ceis. — Uhhhh. — Um raio torceu profundamente na barriga de Georgie e seu pescoço começou a perder força. — Uh. Eu nã o sei. Gestos româ nticos? Isso é uma coisa?


— Sim. — Ele nã o parecia 100% certo. — Flores e outros enfeites, certo? Georgie riu. — O cego guiando outro cego. A boca de Travis cortou sua risada. Ele abriu os lá bios, deixando-os lá por vá rias respiraçõ es, antes de passar a lı́ngua juntos. Só uma vez. Uma repreensã o. Uma promessa. Sem o corpo dele apoiando-a na parede, ela teria caı́do da sexualidade pura e sem cortes dele. — Tenho mais duas perguntas. E uma demanda egoı́sta. Está pronta? — Sim. — Seu dedo mé dio acelerou o clitó ris, dando profundo e longo amor a todos os lados, no meio, ocasionalmente dando um beliscã o suave. Honesto a Deus, Travis parecia tã o focado no que saı́a de sua boca que ela nã o conseguia descobrir como ele era tã o e icaz em multitarefas. Deus do sexo. Seu namorado falso realmente era um Deus do sexo. — Realmente sim. — Pergunta um. Você depilou essa boceta para mim? Ela olhou para ele atravé s dos cı́lios. — Uh-huh. Ele soltou um suspiro trê mulo. — Resposta correta. — Seu dedo indicador avançou dentro dela em um deslizamento lento e longo, um rosnado aceso em sua garganta. — Vou idolatrar isso na pró xima vez que estivermos juntos. — Viu? Gestos româ nticos — ela respirou. — Você já é um pro issional. A risada de Travis foi ofegante. — Eu sou um novato em virgens e foda-se, enquanto falamos sobre o assunto, você fechou meu dedo com tanta força que provavelmente nunca mais voltarei a olhar seu pai nos olhos. — Ele exalou com força. — Como você tem... imaginado sua primeira vez? A ansiedade no tom de Travis causou uma pontada no peito de Georgie. Como algué m poderia ignorar esse homem? Se eles estavam ou nã o em um relacionamento real e comprometido, ele queria fazer a primeira vez dela contar. Ela nã o podia exatamente dizer a verdade, no entanto. Que ela estava imaginando sua primeira vez com ele desde que atingiu a puberdade. Embora o momento exigisse certa medida da verdade, ela fez o possı́vel. — Nã o ria, mas eu sempre imaginei isso acontecendo no sofá . Tipo, duas pessoas que nã o conseguem se controlar e tocar icam fora de controle… — Você quer Net lix na sua primeira vez. — Nã o me julgue. — Eu nã o estou. — Sua boca levantou em uma extremidade quando ele se inclinou lentamente para beijá -la, trabalhando os lá bios juntos em uma dança profunda e girató ria. — Eu só quero dar à milenar o que ela quer. Até que ela esteja uma bagunça nua debaixo de mim.


— Oh. — A carne de Georgie se apertou ao redor de seu dedo, a pulsaçã o baixa e insistente icando cada vez mais pesada, até que se tornou necessá rio aproximar suas coxas. Ela conhecia bem os sinais de alerta de um orgasmo, mas nunca fora obrigada a falar atravé s de um. Ou teve outro ser humano mantendo-a empoleirada no limite, como se o objetivo fosse diversã o, em vez de chegar lá o mais rá pido possı́vel. — E-e sua demanda egoı́sta? A lı́ngua dele viajou ao longo da curva do lá bio inferior dela. — Estou lhe pedindo muito gentilmente para me deixar consertar sua lareira, Georgie — disse ele. — Cancele o pai solteiro. O coraçã o de Travis bateu violentamente em seu peito, enviando vibraçõ es ao corpo dela. Isso era tã o importante para ele? Verdade? — Sim. Eu irei — ela sussurrou, sua curiosidade se aprofundando quando ele deu uma exalada aliviada. — Hum. Ok, minha vez — ela murmurou. — Eu nã o, hum… Quero dizer, enquanto isso está acontecendo. Se você pudesse... e nã o estou com ciúmes... — O que? — Olhos azuis intensos perfurados nos dela. — Apenas diga. Reúna um pouco de coragem, garota. — Pode ser só eu, para você , por agora? Travis estreitou o olhar para Georgie, aquele rap-rap-rap ecoando mais alto, carregando de seu corpo para o dela. — Ningué m coloca a porra da mã o em nenhum de nó s até que decidamos diferente. — Ele deslizou um segundo dedo dentro dela e a bombeou irmemente – segurando – arrancando um suspiro da boca dela. — Isso funciona para você ? — Sim — Georgie conseguiu dizer, seus quadris começando a se mover para cima e para trá s, buscando atrito. — E-é tã o bom. Travis. Ele colocou a boca em cima da dela, o polegar grosso começando a roçar para frente e para trá s em seu clitó ris sensı́vel. — Molhe minha mã o. — Oh… sim. — Seu estô mago icou vazio, os lombos torcendo. — Sim, está bem. — Você é tã o malditamente apertada, bonequinha — Travis gemeu, inclinando as pontas dos dedos para roçar um ponto glorioso dentro dela. Um que transformou todas as cé lulas do corpo em um hidrante destravado no verã o, abrindo as comportas para novas sensaçõ es. — E melhor você escolher um ilme chato, porque nã o vai assistir nem um minuto. Assim que entrarmos naquele sofá amanhã , eu vou te fuder até os cré ditos. — Certo. — Ela tentou agarrar um grama de concentraçã o e falhou. — Cold Mountain está gratuito na Net lix. Isso deve funcionar. Sua ú ltima palavra surgiu engasgada. Um olhar trê mulo se moveu sobre sua cabeça, emocionante e assustador ao mesmo tempo. Travis pareceu sentir Georgie atingindo seu auge, porque ele beliscou sua


mandı́bula, entã o deixou sua boca aberta percorrer seu pescoço, enquanto seus dedos continuavam um impulso lento em seu calor, seu polegar atormentando seu clitó ris. — Deixe acontecer, bonequinha. — Ele raspou os dentes ao longo da base do pescoço dela – bem no topo do pulso dela. — Quando voltarmos para dentro, saberei que você está sentada na mesa de jantar dos seus pais, ainda pingando um pouco na sua calcinha de seda. Travis afundou suavemente os dentes nela. A carne de Georgie se contraiu com tanta intensidade, lá grimas surgiram em seus olhos, o poder de icar de pé evaporando. Travis a segurou com um braço forte em volta da cintura, enquanto a onda de ê xtase a envolvia como uma força da natureza. Como na ú ltima vez, havia um instinto inato nela para agradar a Travis, entã o ela procurou cegamente por sua ereçã o, franzindo a testa quando ele agarrou seu pulso, puxando-o para longe. — Nã o, nã o — ele provocou ao lado de sua orelha. — Você nã o vai se safar de me masturbar. Quero tudo da pró xima vez. Quero de costas e me levando fundo. Se ela tivesse sido coerente, poderia até ter icado envergonhada com o quã o molhada deixou a mã o massageadora e os dedos de Travis, mas ele parecia almejá -la. A prova estava em cada lamber de sua lı́ngua dentro de sua boca, cada expiraçã o apressada em seus cabelos. — Oh meu Deus. Eu-você ... Fiz isso… Uau. Ele estalou os dentes no ló bulo da orelha dela. — Cancele o pai solteiro. — Feito — ela choramingou. — Nenhum pai solteiro é permitido. — Boa garota. Momentos longos e tontos depois, Travis ajeitou a calcinha, usando uma toalha de uma prateleira pró xima para secar o interior das coxas. Ele até passou os polegares pelo rosto de Georgie para arrumar a maquiagem. Penteou os cabelos com os dedos. E ele a levou de volta para casa, com uma mã o pousada possessivamente em sua bunda. Seu sorriso era tã o seguro e reconfortante que ela deve ter imaginado o leve tremor nas pontas dos seus dedos.


Capítulo Dezenove

Uma nova dú vida surgia toda vez que os saltos altos da corretora

de imó veis batiam no piso de madeira. Ela nã o podia fazer isso. Pagar aluguel por um espaço de escritó rio seria muita pressã o. Ela era um palhaço, pelo amor de tudo que é santo. Palhaços nã o tinham escritó rios. Mas os proprietá rios bem-sucedidos de empresas de entretenimento tinham. Era isso que ela queria, nã o era? Proporcionar a seus eventuais funcioná rios em perı́odo integral um local respeitá vel, onde eles pudessem se apresentar para o serviço, fazer reuniõ es, armazenar equipamentos. Um lugar onde ela poderia receber clientes e analisar opçõ es para a festa de aniversá rio de seus ilhos – e alé m. A partir da sé rie de entrevistas desta manhã , ela agora tinha um malabarista, um má gico e duas imitadoras de princesas da Disney trabalhando em regime de pré -pagamento. Nã o havia uma regra que dizia que eles precisavam parar nas festas de aniversá rio. As possibilidades eram in initas. Ainda assim, nã o havia nem um pedaço de mobı́lia no espaço de dois quartos acima da loja de bagels. Ela juntaria mó veis da Ikea22 até ser luente em sueco. Seria muita pressã o. Se ela tivesse um mê s lento, sacrifı́cios precisariam ser feitos. Se um funcioná rio nã o conseguisse aguentar o im do contrato, demiti-lo cairia sobre seus ombros. Esse era o grande momento. Georgie percebeu que a corretora a observava do outro lado da sala iluminada pelo sol, a Main Street se espalhava atrá s dela nas duas janelas idê nticas. — Hum. — Georgie se virou em um cı́rculo. — Quantos metros quadrados você disse? — Mil e cem. — A corretora de imó veis apertou alguns botõ es em seu telefone. — Meio aconchegante, mas você icará grata por isso no inverno. — Certo. Deus, ela se sentiu fora de seu elemento. Ela usava um vestido solto de verã o e penteou o cabelo, esperando que uma aparê ncia combinada lhe desse um impulso de con iança, mas ainda se sentia um pouco intimidada pela corretora de imó veis polido. A mulher nem estava fazendo contato visual com Georgie. Estava na ponta da lı́ngua para agradecer à corretora de imó veis pelo seu tempo e prometer ligar com uma decisã o mais tarde, mas era uma desculpa para fugir. Para evitar tomar uma decisã o. Este lugar era perfeito para suas necessidades; ela só precisava dar o salto. Georgie andou até a janela e olhou para a cidade que conhecia tã o bem. O vidro icou turvo até que ela pudesse ver apenas seu re lexo


nela. Quanto ela mudou do lado de fora. Ela havia mudado por dentro també m? Ela respirou fundo e fechou os olhos, procurando por algo – qualquer coisa – que pudesse levá -la a acreditar que ela era capaz de alugar esse espaço e transformar sua pequena empresa em uma pró spera. Em sua mente, o punho de Travis pousou na mesa de jantar da famı́lia. Ela é muito importante para ser cortada ou falada como uma criança. Um arrepio percorreu as costas de Georgie. Os olhos azuis de Travis olhavam para ela como se ela fosse importante, nã o é ? Como se ele nã o estivesse interessado apenas nos pensamentos dela, mas… precisava conhecê -los. Ela partiu em uma missã o sorrateira para fazer Travis acreditar em si mesmo, mas ele estava lentamente fazendo o mesmo por ela. Eles estavam fazendo isso um pelo outro, nã o estavam? Ela se virou da janela, ainda nã o tendo certeza se poderia puxar o gatilho. A corretora de imó veis ergueu os olhos com uma expressã o curiosa, e Georgie começou a entrar em pâ nico, mas foi educada quando ouviu saltos altos batendo na escada do pré dio. Alguns segundos depois, sua irmã entrou no escritó rio. — Ei, Georgie. — Ela piscou os dentes para a corretora de imó veis. — Olá . A outra mulher se levantou mais ereta. — Você marcou um compromisso? — Ela é minha irmã — respondeu Georgie, abaixando a voz apenas para os ouvidos de Bethany. — O que você está fazendo aqui? — Apenas na vizinhança. — Bethany fez um show para remover seus ó culos escuros grandes, ocupando todo o espaço do escritó rio em um giro de seus calcanhares. — Quanto estã o pedindo de aluguel? Georgie nomeou a quantia e Bethany apertou os lá bios, passando um braço em volta dos ombros de Georgie e afastando-as da corretora de imó veis. — E um preço decente, mas podemos fazer melhor. — Nã o na cidade, nã o podemos. — Nã o. Você está pagando para estar na Main Street. Entendi. — Ela bateu os quadris juntos. — Você realmente nã o se envolveu no aspecto de renovaçõ es da Brick & Morty, mas ningué m concorda com o preço inicial. Nem mesmo quando eu a decorei para parecer a capa da Casa e Jardim. Georgie olhou para cima. — Mas este é um aluguel. — Regras foram feitas para serem dobradas. Bethany já teve tempo para lhe ensinar algo sem uma ordem direta de sua mã e? Georgie achou que nã o. Isso nã o foi forçado, no entanto. Elas eram apenas duas mulheres conversando, trabalhando em direçã o


a um objetivo comum. Bethany apareceu para ajudá -la porque queria, e isso por si só fez Georgie se sentir digna. Validada. Como se ela tivesse todo o direito de estar lá , tomando a decisã o de alugar um espaço comercial e entrar em territó rio desconhecido. O aumento da con iança deu a Georgie uma ideia. De pé mais alta do que antes, ela se virou para a corretora de imó veis. — Brick & Morty é a nossa empresa familiar. Se você conseguir convencer os proprietá rios deste edifı́cio a reduzir em dez por cento o preço do aluguel, conversarei com meu irmã o Stephen sobre lhe oferecer uma listagem futura. Os lá bios da corretora de imó veis se separaram. — Você é a Georgie Castle. Eu… — Ela já estava discando o telefone. — Eu nã o percebi. Deixe-me ver o que posso fazer. Bethany deu um assobio baixo. — Droga, garota. Eu sugeriria um desconto de cinco por cento ao oferecer para pagar em dinheiro. — Ela apertou Georgie. — Você me deixa orgulhosa. Georgie piscou de volta a umidade em seus olhos. — Obrigada.

Gestos româ nticos.

Certo. Travis sabia tanto sobre gestos româ nticos quanto sobre as tendê ncias da moda primavera. Mas ele desistiu da batalha impossı́vel de tirar as mã os de Georgie. Era isso que ela alegava precisar para fazer parecer certo. Entã o aqui estava ele. Na casa dela. Arrombando e entrando. Ele girou o chaveiro em torno do dedo indicador e contemplou a alegre porta da frente vermelha. Namorados falsos eram autorizados a aparecer sem aviso pré vio, nã o eram? Ela nã o se importaria. Provavelmente. E nã o era como se ele viesse aqui para se enrolar em seus lençó is ou roubar sua calcinha enquanto ela nã o estava em casa. Ele tinha uma missã o. O conteú do de sua caminhonete era prova su iciente disso. Ele acordou brilhante e cedo esta manhã e bateu na porta da frente dos Castle, aliviado quando Vivian atendeu – ele nã o estava mentindo para Georgie sobre precisar de um tempo antes de olhar seu pai nos olhos. Por outro lado, talvez fazer isso sempre fosse um pouco difı́cil, pois ele planejava fazer todo tipo de coisa ı́mpia com Georgie. Começando quando ela chegasse em casa da festa de aniversá rio em que estava trabalhando. Mas ele queria fazer algum progresso antes disso.


Travis en iou a chave na fechadura e girou, entrando na casa. Ele caminhou pelo interior silencioso, sorrindo enquanto passava por cima de um par de sapatos de palhaço e continuava pela entrada dos fundos do quintal. Depois de abrir o portã o lateral, ele começou a transportar materiais de seu caminhã o, montando sua serra de mesa e lixadeira de cinta no gramado dos fundos. Carregar o item inal por conta pró pria era uma tarefa, porque era difı́cil fazer curvas com um galho de á rvore no seu ombro, mas ele conseguiu. Horas depois, ele cortou o galho da á rvore em pedaços iguais de madeira e iniciou o processo de lixar o grã o duro, tornando-o suave ao toque. Ele fez uma pausa para beber á gua, apenas para perceber que nã o tinha á gua. Nã o havia escolha a nã o ser deixar um rastro de um pouco de serragem e sujeira na cozinha de Georgie para recuperar uma garrafa de refresco fresco. Enquanto ele estava na pequena cozinha com utensı́lios antigos e uma placa sobre o fogã o que dizia PELO AMOR DO GARFO, Travis teve uma ideia. Depois de telefonar para um restaurante local, ele voltou e começou a lixar novamente. Gestos româ nticos. Isso tinha que ser um, certo? Ele nã o tinha testemunhado muitos deles em sua vida. Certa vez, durante sua primeira temporada com os Hurricanes, um companheiro de equipe havia proposto casamento a sua namorada antes de entrar no ô nibus. Ele se ajoelhou, bem na frente dos amigos que começaram a provocá -lo sem piedade durante todo o trajeto até o aeroporto. O proponente nã o deu a mı́nima, no entanto. Ele icou feliz em receber um sim, foda-se a consequê ncia. Na é poca, Travis nã o podia acreditar que qualquer homem se amarraria voluntariamente. Ele pensou que o cara era um otá rio. Ele ainda pensava. Mas ele podia admitir para si mesmo que nã o se importaria de ver Georgie tã o feliz. Na verdade, ele ansiava. E isso o assustou. Travis desligou a lixadeira e tomou um gole de á gua, passando o pulso da luva de trabalho pela testa. Uma prancha grande e grossa estava deitada de lado na grama, nó s e argolas visı́veis em cada centı́metro deslumbrante – essa peça serviria como manto. Um dia, Georgie colocaria fotos emolduradas de seus ilhos. Ela acenderia o fogo no inverno, passaria os dedos pela textura brilhante. Ela pensaria nele? Ele tinha tirado a camisa em deferê ncia ao calor, mas o frio repentino o fez desejar estar vestido. Ele andou para longe das má quinas, batendo com a garrafa de á gua na coxa. Nã o via mais o quintal manchado de sombra ao redor dele. Há muito tempo, o pai de Travis provavelmente tinha feito investidas româ nticas com sua mã e. Provavelmente trouxe suas lores e a escoltou para encontros. Entã o Travis apareceu e pô s im a tudo isso, nã o foi? Nã o apenas cessou qualquer aparê ncia de romance, uma guerra total havia começado. Uma lembrança ressurgiu, nã o tã o diferente de inú meras


outras que estavam na sua cabeça. Apó s a separaçã o inicial, sua mã e e pai queriam sair com os amigos na mesma noite. — Você o leva. — Não essa noite. Eu preciso disso. — Eu preciso fugir também. Eu o tive por quatro noites seguidas! — Oh, uau, quatro noites inteiras. Isso se chama paternidade! — Você está me dando um sermão? Que tipo de mãe não quer cuidar de seu ilho? — Talvez uma mãe que queira sua vida de volta. Que tal isso? Uma mã o familiar pousou no ombro de Travis e ele se virou, respirando como se tivesse acabado de subir a encosta de uma montanha. Georgie olhou para ele, a mã o ainda pronta no ar. Travis engoliu em seco, lutando contra a vontade de pegá -la e enterrar o rosto em qualquer parte dela que estivesse mais pró xima. Ela tinha aquele olhar recé m fresco, como se tivesse acabado de limpar a maquiagem de palhaço. Os pequenos pelos desgrenhados em volta do rosto estavam ú midos, cı́lios em tufos, lá bios rosados e separados. A luz fraca do sol a iluminou e encharcou as pernas expostas, destacando a preocupaçã o em seus olhos. — Ei — ela murmurou. — Você está aqui. Travis pigarreou, mas nã o se livrou da ferrugem. — Sim. — Ela o observava com curiosidade, vendo demais, e ele nã o tinha estô mago para explicar o que o havia abalado. Entã o ele forçou um sorriso antes que ela pudesse perguntar. — Estou aqui. A atençã o dela percorreu seu peito e barriga, a cor subindo em suas bochechas. — Você está aqui. — Você já disse isso. Ela fechou os olhos com força. — Eu… estava apenas con irmando. Foi inacreditá vel. Um minuto em volta de Georgie e o calor voltou ao seu sangue, fazendo-o sentir normal. Equilibrado. — Você nã o vai perguntar sobre a construçã o que está ocorrendo no seu quintal? — O que? — Ela sacudiu, vendo claramente as má quinas e madeira pela primeira vez. — Oh! Você está ? Nã o. E na minha lareira que você está trabalhando? Travis assentiu uma vez. — Reconhece a madeira? O olhar dela foi para o colo dele. — Espera... o que? — A madeira para a lareira, bonequinha. — Uma risada escapou. — Cristo, é melhor darmos um soco nessa carta V23 antes que você tenha um colapso nervoso. Ela levantou as mã os.


— Bem, eu nã o posso evitar! Você transformou meu quintal perfeitamente inocente em pornogra ia de trabalhadores de construçã o. Tudo o que precisamos é de um pouco de jazz leve. — Caramba. Que tipo de pornogra ia você está assistindo? — O tipo de mulher respeitá vel. — Mentirosa. Georgie jogou um cabelo exageradamente. — Nã o, eu nã o reconheço a madeira. Onde você conseguiu? Travis deu um passo em sua direçã o, muito consciente do fato de que eles nã o haviam se tocado o su iciente para o seu gosto. Distraı́do por exatamente o quanto ele precisava da sua pele pressionada na dele, ele nã o guardou suas palavras. — Eu tenho pensado em você constantemente. — Obrigada — ela sussurrou, balançando para a direita. — Eu estive pensando em você també m. Ele pegou Georgie, mantendo-a na posiçã o vertical. — Lembra daqueles verõ es que você passou naquela á rvore no quintal de seus pais? Você icou sentada lá , pernas balançando, lendo aqueles livros… Que livros eram eles? — Foram revistas Seventeen que roubei de Bethany e escondi dentro de livros. Fiz os testes de personalidade vá rias vezes até obter a resposta que queria. Pego de surpresa, ele riu. — Você nã o descia da á rvore até Vivian ameaçar dar o seu jantar a cachorra. Uma linha se formou entre as sobrancelhas de Georgie, seu olhar se movendo para a lareira que ele estava lixando. — Travis Ford. — Ela apertou a mã o entre os seios. — O que você fez? — Convencer Vivian a me deixar serrar o galho levou algum esforço, mas eu apontei que ela tem cerca de quinze á rvores no quintal, entã o ela cedeu. O rosto de Georgie pousou entre o peito suado dele, os braços imó veis ao lado do corpo. — Ah nã o. Eu odeio chorar. — A expiraçã o dela desceu pela barriga dele. — Oh Deus, está chegando. Eu nã o consigo parar. O alı́vio se apoderou de Travis e ele a puxou para perto, porque se ela nã o se importava com o cheiro de trabalho manual dele, ele també m nã o. — Você amou? — Eu amei. Eu adorei. Obrigada. A umidade de suas lá grimas escorria pela pele dele e o tempo parecia diminuir. Tã o lento que ele podia ouvir cada batida de seu pulso, podia contar todos os ios de cabelo em sua coroa. — Você me perdoa por perder o compromisso?


Suas palavras foram abafadas. — Eu já te perdoei. — Sim, mas você realmente é sincera agora. Nã o é de má vontade. — Você faz parecer que eu estava de mau humor. Ele tentou se impedir de beijar sua testa. Era um gesto muito ı́ntimo, e ele estava muito consciente da falta de câ meras presentes. Eram apenas os dois. Mas ele nã o teve chance contra seus impulsos quando ela parecia tã o suave. Seus lá bios pressionaram o ponto abaixo da linha do cabelo dela e permaneceram, seus braços a juntando mais perto. — Você estava fazendo um pouco de beicinho. Georgie cutucou-o nas costelas. — Você está apenas tentando me fazer parar de chorar. — Culpado. Travis inclinou a cabeça de Georgie para trá s e juntou suas bocas, lambendo o sal dos lá bios. Roubando-a da lı́ngua. Jesus, ele nã o conseguia fechar os olhos, porque a expressã o feliz e manchada de lá grimas dela era revigorante demais. Ele fez isso? Eles icaram por longos minutos no quintal escuro, com restos de madeira a seus pé s, Georgie deixando que ele a dominasse com o tipo de beijo que ele nunca havia participado antes. Ele a beijou como se estivesse… cuidando dela. Acalmando-a. Deixando-a saber que ele icaria de guarda enquanto ela chorava. E a responsabilidade fez com que ele se sentisse mais homem do que jamais se sentiu em sua vida. Seu pê nis endureceu como um ilho da puta, mas quando ele teria empurrado seus quadris em nome da fricçã o, Travis deixou-se doer. Deixe sua carne implorar e preencher seu jeans, enquanto ele se concentrava na garota na frente dele. A garota oferecendo sua boca de uma maneira que o fez sentir… digno. Ele estava quase tonto demais com a sensaçã o para perceber que Georgie se afastou. — Travis? — Os polegares dela traçaram o queixo dele. — O que você estava pensando quando cheguei em casa? Contar a Georgie sobre os monstros que espreitavam nos cantos mais profundos de sua mente nã o o assustava. Nã o mais. Mas ele nã o queria a simpatia dela hoje à noite. Esta noite era sobre ela. Entã o ele beijou sua boca macia novamente, levando o contato mais fundo até que ela ofegou em sua boca. — Eu vou tomar um banho, ok? — Ele passou os dedos pela curva do ombro dela, pressionando um polegar na lateral do pescoço dela e massageando. — Vou alimentá -la antes de apresentá -la a Deus.


Capítulo Vinte

Qual era o negó cio com as calcinhas?

Uma garota compra uma porrada de roupas ı́ntimas e, dentro de uma semana, metade das pequenas sedas foram sequestradas por alienı́genas ou sugados para algum purgató rio de uma má quina de lavar. Onde foram todas? Georgie vasculhou sua gaveta de meias, esperando que uma calcinha muito cara tivesse sido colocada no lugar errado, mas sem sorte. Estavam todas no fundo do cesto de roupa suja, onde de initivamente nã o iam ajudá -la a transar. Você não precisa de ajuda para transar. É um acordo feito. — Certo. Ainda assim. Em vez de usá -las todas imediatamente, ela poderia salvá -las para ocasiõ es especiais. Nã o havia necessidade de limpar sua casa em uma calcinha de organza, embora ela se sentisse bastante elegante enquanto esfregava o vaso sanitá rio. Georgie respirou fundo pelo nariz e foi para o armá rio, tentando nã o espiar pela fresta da porta do banheiro. Travis estava nu do outro lado, esfregando o sabã o para cima e para baixo em seu corpo repugnantemente quente, preparandose para fazer sexo com ela. Nã o é grande coisa, certo? Ela abriu a porta do armá rio e examinou o conteú do. Um vestido estaria se esforçando demais por uma noite no sofá . Jeans seria muito difı́cil de tirar – e como ela nã o tinha calcinha para vestir, eles a esfregariam da maneira errada. Literalmente. Em suas fantasias de Net lix, ela era legal e casual em um sué ter largo, caı́do nos ombros, e legging. Fá cil e sem esforço. Ela nã o possuı́a nada disso. Droga, Tracy da boutique. O chuveiro parou. Georgie tirou uma camiseta grande de um cabide em pâ nico – manobrando seus peitos até o má ximo dentro dos limites de seu sutiã de renda – e largou a camisa sobre a cabeça. Perfeito, certo? O ombro dela espreitou. Assim como em seus sonhos febris... Hurricanes. Era a camisa dos Hurricanes com o nome e o nú mero de Travis nas costas. Ah, nã o. Nã o, vestir as roupas dele també m seria demais. Se ele visse o carinho que ela dedicava a passar e pendurar a camisa em seu armá rio, provavelmente deduziria que ela passara a adolescê ncia e os vinte e poucos anos apaixonados por ele, o que absolutamente nã o poderia acontecer. Ela podia ver o rosto dele agora – apenas puro horror, seus olhos procurando a saı́da mais pró xima. Ela nunca seria capaz de olhá -lo no rosto novamente, muito menos ser sua casual- icante-temporá ria.


Quem ela estava querendo enganar? Esse relacionamento era a coisa mais distante do casual. Para ela. Travis devolvendo seus novos sentimentos decididamente adultos era uma esperança gigante e irreal que precisava ser esmagada cedo. Ele nã o poderia estar di icultando mais o cumprimento desse aviso. Modelando sua fogueira de sua á rvore favorita na infâ ncia. Beijando-a com tanta… paixã o. Sim, paixã o. Foi uma coisa real, a inal. Sua intençã o era mostrar a Travis que ele valia um compromisso. Que ele era digno, ponto inal. Até onde ela estava disposta a ir, quando cada segundo juntos aprofundava o amor que sempre sentiu? Georgie quase tirou a camisa quando o chã o rangeu logo depois da porta do banheiro. Ela puxou o algodã o azul de volta, seu coraçã o voando na garganta. Pega. Ela foi totalmente pega. Isso diminuiria no momento em que Travis corresse para as colinas. A porta se abriu. Georgie virou-se. — Entã o. Histó ria engraçada… — Vapor ondulava ao redor de Travis e sua cabeça molhada. Cabelo molhado e ondulado no peito. Apenas molhado. Em todos os lugares. A toalha em volta da cintura dele era tã o baixa que ela quase podia ver para onde a trilha feliz levava. A loresta feliz, é onde levava. Um sorriso divertido transformou seu rosto quando ele saiu do vapor. — Essa é a minha camisa? Georgie se sacudiu. — Eu, hum… só comprei porque nã o tinha a do Nunez. Ele parou na frente de Georgie, erguendo o queixo dela com o dedo indicador. Porque ela de initivamente estava focada na impressã o de pê nis virado para um lado na frente da toalha dele. — Mentirosa. — Os dedos dele desceram até o ombro dela, percorrendo a costura da camisa. — Você usa com frequê ncia? — Nã o — ela disse muito rapidamente. Uma linha se formou entre as sobrancelhas de Travis. Algo que ela nã o podia nomear passou por trá s dos olhos dele, como consciê ncia. Ou culpa? Mas isso nã o poderia estar certo. — Eu gosto de ver você nela. — Ele se inclinou e envolveu sua boca em um beijo lento e eró tico que foi direto para os dedos dos pé s, pingando todas as zonas eró genas no caminho. — Só nã o hoje à noite. Sua cabeça mergulhou para outro beijo, a intençã o sombria fazendo suas ı́ris parecerem pretas. Suas bocas se encontraram e as mã os dele encontraram a bainha da blusa dela – dele? – puxando-a para cima. A campainha tocou. A testa de Travis caiu na dela, sua risada sem humor batendo em sua boca com calor. — Jesus Cristo. Isso é karma, nã o é ? Está querendo me pegar. Ela atravessou a luxú ria que nublava seu cé rebro. — Quem é ?


Ele virou a cabeça para veri icar o reló gio da mesa de cabeceira. — Foi o jantar que pedi, com toda a minha in inita sabedoria. — Lo mein24? Travis riu e puxou-a para perto, virando-os noventa graus e guiando-a para fora do quarto, beijando Georgie enquanto a empurrava para trá s, seus passos combinando. — Se eu nã o te foder logo, Georgie, vou precisar de uma camisa de força. O calor manchou suas bochechas. — Eu pre iro você em uma toalha. — Sim, eu meio que notei, sua pervertida. Eles chegaram à porta da frente e Travis a prendeu contra ela, ignorando completamente o entregador delineado no vidro. Ele a beijou com força, dobrando os quadris contra os dela, fazendo-a ofegar com o que sentia ali. — Conversar. Nó s temos que conversar. Isto é uma coisa boa. — O polegar dele encontrou seu lá bio inferior, traçando-o, antes de deslizar em sua boca. — Comida primeiro — ele murmurou. — Cara, eu odeio comida agora. A campainha tocou novamente. — Você nã o pode atender a porta assim — Georgie sussurrou. Uma das sobrancelhas de Travis se levantou. — Eu pedi frango à parmegiana do Marciano's. O pulso dela gaguejou. — Como você conheceu o meu favorito? Ele encolheu os ombros. — Vivian pode ter mencionado. Nã o, ele perguntou. Ela poderia dizer pela maneira como ele tentou jogar. Oh, ela estava com problemas se essa fosse a versã o casual de Travis. — Por que você nã o abriu a porta ainda? Travis beijou sua testa com lá bios sorridentes e passou por ela para abrir a porta, usando-a para bloquear a visã o dela. Georgie nã o resistiu a se virar para assistir atravé s do vidro, no entanto, enquanto o entregador olhava para o ex-jogador de beisebol da liga principal em uma toalha do tamanho feminino. — Uh. Entrega para Ford. — Ele se mexeu, limpando a garganta. — Travis Ford, certo? Pensei que você morasse naquele apartamento de trê s andares na Avenida Caroline. — Eu moro. — Travis pegou a bolsa e entregou a Georgie com uma piscadela. — Essa é … a casa da namorada. Saber que ele a chamou com seu tı́tulo para as câ meras nã o impediu Georgie de levitar. — Certo. Namorada. — O cara riu como se estivesse contando uma piada, mas icou sé rio quando Travis o encarou em um silê ncio


pedregoso. — Escute, eu estava esperando que você ligasse para uma entrega em algum momento. Eu jogo para o ensino mé dio, e nó s morrerı́amos loucamente se você viesse dirigir uma aula ou algo assim. Talvez apenas repassar alguns de seus truques, sabe? — Nã o desta vez. — O sorriso de Travis era apertado, e Georgie percebeu que ele nã o queria decepcionar o garoto. — Talvez quando meu horá rio de trabalho relaxar. Embora Georgie nã o pudesse ver claramente o rosto do entregador, sua decepçã o foi palpá vel. — Sim. Ei, você acha que eu poderia tirar uma foto? — Estou de toalha, garoto. — Sim, ningué m vai acreditar nisso. Georgie estava rindo em seu pulso quando Travis lançou-lhe um olhar pensativo. — Claro, tire uma foto. — O garoto se virou e levantou o telefone para tirar uma sel ie. Travis ergueu o bı́ceps direito e lexionou. — Certi ique-se de obter o endereço na imagem. — Claro, Sr. Ford. Um momento depois, Travis fechou a porta. Obviamente, decidindo ignorar o olhar descon iado no rosto de Georgie, ele se abaixou e a jogou por cima do ombro. — O que? — O que? — Georgie se atrapalhou para manter o sagrado frango à parmegiana em pé . — Eu pensei que deverı́amos estar cortejando a multidã o familiar. Nã o há nada familiar sobre o seu... — Meu o quê ? Georgie sentiu o rosto esquentar. — A toalha nã o esconde nada. Seu mundo se endireitou quando Travis a colocou no balcã o frio, entrando entre suas pernas com um sorriso malicioso. — Estamos falando do meu pau? — O primeiro e ú nico. — Deus, ele estava tã o perto com aquele sorriso de paquera e cheirava ao sabonete dela. Esse homem realmente estava em sua cozinha, planejando alimentá -la e de lorá -la? Tudo na mesma noite? — Eu.. quero dizer, você nã o pode esconder exatamente. — Nã o. — Ele en iou a lı́ngua na bochecha. — Nã o esconde bem. Oh mamãe. — Certo. Mas acho que, desde que a rede pense que eu sou a ú nica a vê -lo, você estará bem. Uma sombra cruzou seus olhos. — Está certo. Georgie desejou nã o ter lembrado apenas que o relacionamento deles era baseado em alcançar um objetivo. Querendo trazê -los de volta ao lugar confortá vel em que estavam, ela ergueu as mã os para colocá las no peito dele, mas icou com os pé s frios e as deixou suspensas.


— O que é isso? — Travis franziu o cenho para as mã os dela. — Você parece hesitante em me tocar. Como se você nã o tem certeza de que eu quero. Estou sonhando em tocar em você há tanto tempo, ter a oportunidade parece surreal. — Nã o, eu... — Aquele abraço que você me deu ontem na sala de estar dos seus pais? — As palmas das mã os dele roçaram suas coxas, provocando um puxã o baixo em sua barriga. — Eu tenho me masturbado pensando nisso. Me masturbado, Georgie. Suas mã os precisam se apresentar para o serviço. Ela lentamente colocou as palmas das mã os nos peitorais dele, as pontas dos dedos peneirando os cabelos agora secos. — Sim, Travis. Uma onda percorreu seu peito e estô mago musculosos. — Mantenha-os lá . — Dando-lhe um olhar sombrio, ele estendeu a mã o para o lado e abriu a sacola para viagem, removendo o conteú do com movimentos bruscos. Ela ouviu o barulho de garfos e facas de plá stico, mas nã o conseguiu desviar o olhar dos trı́ceps lexı́veis de Travis por tempo su iciente para deduzir o que ele estava fazendo. Até que ele levou uma mordida de frango picante e com queijo à boca dela. — Coma. Estou no im da minha paciê ncia. Georgie aceitou a mordida, cantarolando enquanto engolia. — Eu tenho que te dizer uma coisa. — Sim? — Assinei um contrato de locaçã o hoje. — Seus movimentos pararam, o orgulho iluminando seus olhos. Foi de tirar o fô lego. Ela queria abraçar essa reaçã o ao peito e nunca deixar passar. Isso a fez querer ter o mesmo orgulho dele. Devolver. — Droga. Parabé ns, bonequinha. Ela lutou com um sorriso. — A corretora de imó veis foi realmente sé ria e teve toda aquela coisa de ar indiferente, sabe? Quando eu estava tentando ter coragem de dizer a ela que queria o espaço, pensei em você me defendendo no jantar. Ele procurou o rosto dela. — Você pensou? — Sim. Isso me deu um empurrã o. — Ela se rendeu ao impulso de abraçar o pescoço de Travis, estremecendo quando uma mordida de frango foi esmagada entre eles. Mas quando ela tentou se afastar, Travis deixou cair o garfo de plá stico e passou os braços em volta dela. — Entã o, eu estou retornando o favor agora — ela sussurrou. — Apenas um lembrete rá pido de que você é mais do que apenas beisebol. Ainda pode ser algo que você ama. Algo que você joga e curte. E entã o você pode voltar para você . Você é o su iciente sem isso.


A respiraçã o dele soprou em seu pescoço. — Eu sou? — Você comprou meu jantar favorito e transformou minha á rvore favorita em uma lareira. — Ela acariciou os dedos sobre os cabelos enrolados no pescoço dele. — Você está batendo mil no departamento de gestos, Ford. Travis levantou a cabeça, sua expressã o sé ria lentamente se transformando em diversã o. — Isso foi uma referê ncia intencional ao beisebol? — Eu estava tentando permanecer no tema. Georgie gritou quando Travis a arrastou para fora do balcã o, pressionando as coxas ao redor dos quadris dele. O pescoço dela perdeu força e a lı́ngua dele imediatamente se aproveitou, encontrando e explorando sua pele sensı́vel. Carregando-a na sala, os lá bios de Travis se curvaram em seus cabelos. — Estamos quase acabando de ser fofos hoje à noite, Georgie, entã o espero que você tenha tirado isso do seu sistema. — Nó s vamos? — Sim. — Seus olhos icaram sé rios quando ele a abaixou no sofá , sua boca pairando apenas uma polegada acima da dela. — Nó s vamos. Ela nã o podia apertar as pernas juntas com os quadris de Travis no caminho, mas, Deus, ela precisava. Precisava pressionar a dor que ele trouxe à vida. O homem charmoso com vulnerabilidades de sobra estava desaparecendo, deixando um ser sexual faminto em seu lugar, lambendo os lá bios e olhando-a de cima para baixo. — O que vamos ser em vez disso? — Maus. — Ele pegou a camisinha que en iou na cintura da toalha e a tirou, deixando cair o pano branco ao lado do sofá . — Bem maus, bonequinha.


Capítulo Vinte e Um

Enquanto Travis apertava Georgie debaixo dele no sofá , o peso de

centenas de encontros de uma noite só pressionava para baixo em suas costas, pegando-o desprevenido. Eles entraram para assombrá -lo, porque nada – ninguém – jamais se sentiu como ela. E com o gosto da boca dela o transformando em um animal faminto, ele se perguntou o que sequer estava perseguindo quando estava lá fora. Jesus, suas mã os estavam tremendo. Sim, obviamente, ele estava com tesã o, já que ele cobiçava Georgie desde… quando? Realmente tinha sido apenas uma questã o de semanas? O momento parecia impossı́vel quando o corpo dele correspondia à sua forma como um punho pressionando o barro. Só … Ahh. Estou aqui. Eu iz isso. Eu não quero ir buscar ar. Ou poderia se sentir tã o confortá vel se seu pê nis nã o estivesse xingando como um marinheiro, exigindo saber por que ele quase transou com Georgie, depois parou. Isso não é a gente, cara! parecia gritar dentro da mente de Travis, doendo e icando mais cheio a cada segundo. Especialmente quando ele acomodou aquele sofrimento em sua vagina e deixou seus quadris afundarem, pegando seu suspiro trê mulo com a boca como recompensa. O pau dele estava certo. Ele nã o estava acostumado a esperar. Mas graças a Deus ele tinha. Se ele a tivesse devorado em uma mordida, ele teria perdido a chance de saborear – algo que ele nunca se importou antes. Agora? Seus sentidos pareciam acordar e implorar. Pelo cheiro limpo de sua pele, as pinceladas hesitantes da sua lı́ngua, as pontas dos dedos dela deslizando pelos braços dele. Suas respiraçõ es eram altas na sala silenciosa, junto com os sons de seus corpos mudando em couro macio, o sofá suspirando. — Net lix — ele murmurou, quebrando o beijo, e imediatamente mergulhando em seu pescoço para provar. — Nó s deverı́amos assistir, uh… Montanha Fria? — Nã o. — Ela se contorcia embaixo dele, o interior dos joelhos suavizando ao longo dos quadris dele. — Apenas, hum… de initivamente esqueça o ilme. Ele balançou contra sua boceta, fazendo os dois gemerem. — Quero fazer isso direito, Georgie. Exatamente como você queria que fosse. — Se isso acontecesse de acordo com o plano, eu usaria um collant tomara que caia e serviria um coquetel exclusivo… com a á gua do banho, ok? Somente esse ser humano poderia fazê -lo rir quando suas bolas estavam à beira do motim. Um segundo, risos in lamados em sua garganta, e no pró ximo, era apertado. Apenas apertado. Porque corada


e olhando para ele com seus olhos verdes brilhantes, Georgette Castle era a coisa mais linda do planeta. Ele queria lhe dar prazer. Queria protegê -la. E foda-se as consequê ncias, ele queria se transformar no vı́cio dela. Da pró xima vez que ele entrar pela porta da frente da casa, ela nã o seria capaz de tirar as mã os dele. Ou sua boca sexy. Sem mais hesitaçõ es. — Collant tomara que caia, hein? — Travis murmurou, dando um beijo, mas se desviando pelo centro de seu corpo, antes que eles pudessem se conectar. Enquanto deslizava mais baixo no sofá , ele arrastou a boca aberta pela frente da camiseta dela e puxou a bainha. — Talvez na pró xima vez. Agora, quero você nua. O estô mago de Georgie estremeceu sob seu olhar. — Oh, eu estou bem perto de... — Onde está sua calcinha? — A ú ltima palavra da pergunta de Travis saiu como um grunhido, graças à suave e deliciosa buceta agora ao nı́vel de sua boca. Quando ele colocou os quadris entre as coxas de Georgie, havia uma camada de camiseta entre eles, entã o ele nã o sabia que ela estava indo para o comando. Nã o há como superar isso agora, no entanto. Ou o tom distinto de rosa ao longo do vinco central – um vinco que sua lı́ngua queria deslizar em uma longa lambida. — Esquece que eu perguntei. Você nunca deve manter isso coberto quando somos apenas você e eu. Me pergunte por quê . Ela deu um gole audı́vel. — Por quê ? Travis abaixou a boca, plantando um beijo irme na divisã o de seu sexo. — Porque se eu nã o estiver lambendo, vou descobrir uma maneira de espalhar suas coxas para que eu possa. — Ele usou os dedos para separar a carne dela, depois cumprimentou o que havia descoberto, esfregando-a com a lı́ngua. Porra, tã o doce. Tã o fodidamente doce. — O molhado me diz que é exatamente isso que você quer, Georgie. — Por favor. — Ela parecia quase envergonhada com a elevaçã o dos quadris, como se quisesse relaxar, mas seu corpo nã o permitiria. — Por favor. — Gosto da palavra 'por favor'. — Ele torceu o dedo do meio na abertura dela, a cabeça caindo para a frente com uma maldiçã o ao lembrar que ela estava tã o apertada. — 'Mais.' 'Mais forte.' 'Mais rá pido.' 'Mais fundo.' També m funcionam. Os olhos de Georgie reviraram em sua cabeça, suas coxas se abrindo alguns centı́metros. Tã o con iante para uma virgem. Por que ela con iava nele? Sim, ele achou que sim. Precisava disso mais do que era sá bio. Travis colocou o dedo mé dio dentro e fora da abertura de Georgie, observando seu trabalho de perto. A maneira como suas coxas tremiam, sua barriga oca. A maneira como seu clitó ris se tornou mais


proeminente, como se estivesse pedindo sua lı́ngua. Tentador. Faminto pela experiê ncia completa de seu perfume, sua textura, seu gosto, Travis nã o teve escolha a nã o ser abaixar a boca, colocando uma lı́ngua ao lado do dedo em sua entrada, ouvindo sua respiraçã o icar super icial, antes de retirá -la. Deslizando mais alto. Com o dedo dele entrando e saindo – mais rá pido agora – preparando-a, os sons sensuais de sua crescente suavidade fazendo sua boca trabalhar mais, sua lı́ngua se curvando em torno de seu clitó ris. Absorvendo seu arrepio. — Travis. — Diga-me se você vai... — Como eu sei? Isso nã o é como quando eu... Ele empurrou o dedo profundamente e o balançou contra seu ponto G, dando um sorriso doı́do quando ela gritou, seus quadris tremendo no sofá . — Você saberá . As costas de Georgie arquearam. — Oh… Eu acho que? — As unhas dela arranhavam seus ombros. — Talvez agora. Sim. Agora. Contra a relutâ ncia, Travis afastou a lı́ngua e encontrou a camisinha que havia deixado ao lado do sofá . Ele rapidamente se cobriu de lá tex esticado e rondou o corpo dela, acalmando seus pedidos de se apressar com um beijo duro. — Da pró xima vez, eu vou deixar você gozar na minha boca, bonequinha — disse ele, palavras abafadas por seus lá bios. — Eu vou te lamber como sorvete. Mas desta primeira vez você vai gozar enquanto estou afundado tã o profundamente nessa buceta que nunca esquecerá quem a invadiu. Ele nã o quis dar um primeiro impulso tã o cruel, mas nã o havia ajuda para isso. Nenhuma opçã o para ir devagar quando a posiçã o dominante sobre Georgie a deixou corada e ofegante. Uma parte correspondente de Travis reconheceu o que ela queria – precisava – e seu corpo o deu em termos inequı́vocos. Aquele primeiro impulso de seu pê nis provocou um grito em sua garganta, mas nã o foi totalmente feito de dor. Foi de alı́vio. Ele realmente podia sentir seu alı́vio por estar sendo preenchida. Saber que Georgie tinha vivido com uma necessidade nã o atendida o deixou louco para preenchê -la. Para tirar essas expectativas da á gua. — De novo — ela sussurrou em seu ombro, os olhos desfocados. — Nã o pare. Travis recuou e resistiu, o traço possessivo que ela trouxe para sua vida zumbindo e estalando para fugir. — Olhe para mim enquanto eu estou te ensinando a foder. — Sim — ela soluçou, passando por baixo dele, fazendo-o trincar os dentes. — Por favor.


Eu quero possuí-la. Fazê -la dizer o nome dele daquele jeito sem fô lego até que ele a ouça enquanto dorme. Foi um desejo que ondulou atravé s dos mú sculos de Travis, repleto de fome tã o espessa que ele nã o podia ver atravé s dela. Ele acabara de tirar a virgindade dela, e a responsabilidade disso o fez querer mais. Mais. Ela se sentiu melhor do que qualquer coisa que ele pudesse imaginar por conta pró pria. Quente, apertado e carente, mas seus olhos olhavam para ele… e o conhecia. Nada havia nada melhor na porra do mundo. Deus, nã o havia nada que se comparasse. Quando Georgie fez um som sufocado, Travis percebeu que seus quadris estavam caindo duro, circulando, roçando em sua vagina. Deixando sua marca. Os olhos dela deixaram os dele, marcando para onde os corpos deles se juntaram, e ela mordeu o lá bio, um pouco da febre desaparecendo de sua expressã o. Ali estava a prova de que Georgie havia penetrado sob sua pele – em sua cabeça – porque ele podia sentir os pensamentos dela mudando de direçã o. — Ei. — Ele caiu para frente e capturou sua boca em um beijo em busca. — Fale. Ela balançou a cabeça, suas palavras emergindo agitadas. — Nã o, é tã o bom... Outro beijo. Outro mais longo com a lı́ngua. — E? Travis inverteu o cı́rculo de seus quadris e um arrepio passou por ela. — Eu acho… Estou preocupada se isso també m está gostoso para você . Essa garota que apareceu e gritou com ele de volta à existê ncia, jogou nele sobras de comida e bravamente cutucou suas feridas? Ele tinha o nú mero dela. Ela era uma doadora em todas as coisas. Agora, ele tinha que convencê -la a aceitar. Ele precisava ser o doador. Para ela. Somente… dela. — Eu nunca pensei nisso antes, Georgie. Normalmente estou a um milhã o de milhas de distâ ncia. — Coraçã o batendo contra as costelas, ele deslizou os lá bios abertos sobre o tê mpora dela. — Eu estou bem aqui. Posso sentir cada maldito aperto de sua boceta e respiraçã o da sua boca. Parece tã o bom, já estou tentando descobrir como voltar para dentro de você novamente. Você está preocupada que nã o se sinta bem? Estou tentando nã o gozar muito cedo como um idiota. Se os olhos pudessem realmente tomar a forma de coraçõ es, provavelmente os de Georgie teriam naquele momento. As palmas das mã os dela seguraram o rosto dele e ele se inclinou para ela, deixando o suspiro dela tomar conta do rosto dele. — Realmente? — Sim. Cristo, as coisas que vou fazer com você … — Ele pressionou o rosto na curva do pescoço dela e apertou os quadris com mais força,


gemendo sobre a perfeita oferta de carne macia e ú mida entre as coxas de Georgie. — Nã o precisa mais se preocupar comigo. Quando eu izer algo que você ama, me diga. Suas unhas roçaram suas costas levemente no caminho até a bunda dele, que ela segurou hesitante, depois com mais con iança. — Adoro quando você me ensina. Travis prendeu a respiraçã o quando o calor ameaçou sair de suas bolas. Porra. Porra. Ele nã o tinha se masturbado o su iciente pensando em Georgie ultimamente para durar até meia hora? Lute de volta. Faça perfeito para ela. — Nã o está doendo? Um suspiro no pescoço dele. Dois. — Eu nã o me importo. Eu acho que eu… gosto disso. Os quadris de Travis estavam rolando cada vez mais por vontade pró pria nesse momento, sua fome se fortalecendo com cada palpitaçã o de carne, cada gemido de Georgie. Jesus, ela era doce entre as pernas, tã o confortá vel e quente. Ele nunca quis tanto. Nunca se sentiu tã o querido. Um aperto começou na parte de trá s do pescoço e continuou na espinha, se curvando na base. Leve-a para lá. — Você quer que eu te ensine como gozar com meu pau? Suas pá lpebras tremeram, os mú sculos de sua vagina se contraindo. — Sim. Ele mordeu a boca dela. — Use seus dedos. Vá encontrar aquele pequeno clitó ris que eu lambi tã o bem. — Com a respiraçã o acelerada, Georgie fez o que ele pediu, com os dedos entre os quadris, cada vez mais longe até que ela ofegou. — Boa menina. Use os dedos para evitar que se esconda. Queremos que meu pau esfregue tudo, nã o é ? O aceno de Georgie era vigoroso, as pernas inquietas dos dois lados do corpo dele. — Sim, por favor. Esfregue. Travis deslizou o antebraço sob o pescoço de Georgie para se ancorar, travando frouxamente os lá bios. — Diga-me quando eu estiver acertando bem, bonequinha — ele murmurou, sacudindo suas lı́nguas juntas. — Você quer aprender, abra suas coxas e deixe seu homem roçar. Deixe-me inchar muito bem esse clitó ris. Usando os dedos para orientaçã o, Travis subiu o caminho escorregadio da vagina de Georgie, pressionando com facilidade o clitó ris, torcendo os quadris – e depois recomeçando. Nas primeiras vezes em que ele realizou o movimento, os olhos de Georgie icaram cegos, a respiraçã o presa em sua garganta, mas saiu em uma corrida soluçando agora, pedindo a Travis para ir mais rá pido, torcer mais forte, cada movimento dele trazendo a base de seu pê nis para dentro. Contato quente, ú mido e desesperado com seu clitó ris.


— Porra, Georgie — ele rosnou. — Abra mais suas coxas. Você está recebendo mais. As costas de Georgie se arquearam, o joelho direito se estendeu para fora do sofá , dando-lhe espaço extra para se abaixar, para inclinar seus quadris, e eles desceram para o que parecia loucura. Georgie gemeu e ergueu os quadris para encontrar os impulsos dele, suas paredes internas começando uma ordenha lenta e apertada de seu pê nis. Travis quase nã o conseguia nem olhar para ela, preocupado com a sexualidade desencadeada que se libertasse embaixo dele poderia estragar tudo, poderia fazê -lo vir diante dela. No inal, poré m, manter os olhos longe dela, manter a pele longe da dela, provou ser impossı́vel. Ele estava gozando. Em breve. Agora. Isso estava acontecendo. A elegâ ncia saiu pela janela e Travis caiu sobre Georgie, grunhindo, sugando trê mulos goles de oxigê nio, empurrando as coxas abertas enquanto ele empurrava, empurrava, escutando os gritos de seu nome, valorizando a admiraçã o rouca deles em seus ouvidos. Tudo ao seu redor. As bocas deles se encontraram e se contorceram, as mã os de Georgie batendo em sua bunda para puxá -lo mais fundo, pressionandoo mais rá pido, e ele nã o precisava pensar, nã o tinha outra opçã o a nã o ser mergulhar de cabeça. Mergulhar sua boca ofegante sobre seus seios saltando. Cair de boca ao redor de seu mamilo direito com um gemido quando ele abre um caminho até seu pau latejante, enchendo Georgie enquanto ele continua a bombear como um demô nio. — Merda. Cedo demais. Não nã o… amor... Seu corpo icou imó vel, antes de tremer violentamente embaixo dele no clı́max – graças a Deus – sua boceta apertando tã o forte que ele gritou sua vitó ria na dobra do pescoço dela, puxando as pernas para cima e fodendo na tempestade por tudo o que valia a pena. Seu interior estava arrasado, a mente explodiu, mas todas as cé lulas de seu corpo continuaram gravitando em direçã o a Georgie até serem enroladas no sofá , braços e pernas entrelaçados, bocas amassadas, quadris diminuindo pouco a pouco. Oh meu Deus. Melhor que tudo na sua vida. Nada chegou perto. Mas seu peito doı́a. Muito. Sua boca estava seca, as mã os acariciando e memorizando sua pele. Depois do sexo vinha alı́vio, certo? O que diabos havia de errado com ele? Quando o sexo terminava, geralmente – sempre – signi icava se separar depois que o suor esfriava. Ele sempre esteve tã o bem com esse resultado, porque mal conhecia as mulheres para começar. O pâ nico o incomodava agora, recusando-se a desistir. Se Georgie tentasse sair ou fazê -lo ir embora agora, ele nã o iria gostar. Nã o, ele odiaria isso. Ela nã o o deixaria, deixaria? — Uau — ela sussurrou em seu ouvido, passando os dedos pelos cabelos dele. — Pornô é uma merda.


Seu medo diminuiu, um sorriso acenando nos cantos da boca. Havia alguma insegurança na expressã o de Georgie, provavelmente graças ao seu silencioso ataque de pâ nico. Entã o ele emoldurou seu lindo rosto em suas mã os e a beijou na boca. — Nã o. Nó s somos tã o bons assim. — Ele deixou cair a testa na dela. — Como você está se sentindo? Seu bocejo felino fez sua garganta doer. — Assim. — Ela sorriu timidamente. — Mas també m me sinto mimada porque foi melhor do que… Uau. Do que eu esperava. E presunçosa porque você parece mimado també m. Você .. está ? Você sabe, mimado? — Eu mal posso sentir a porra das minhas pernas. O sorriso dela loresceu, espalhando-se pelas bochechas, olhos. Linda. — Nó s fodemos. Ela podia ouvir o coraçã o dele batendo forte? — Pode crer que sim. — Ele conseguiu atravessar o entalhe na garganta. — Vamos lá , vamos levá -la para a cama. — Eu? — Ela apertou os lá bios. — Você está visivelmente desgastado. Travis levantou-se com um gemido e pegou Georgie em seus braços. — Uma vez e você já é arrogante, hein? Ela deitou a cabeça no ombro dele. — A aluna se tornou a professora. — Vamos ver sobre isso — ele bocejou e ingiu cambalear. — Amanhã . Eles riram baixinho, suas bocas se encontrando para um beijo completo. Quando ele se afastou, ela o observava atravé s dos cı́lios. — Você vai icar? A tensã o apareceu em seus ombros, mas ele nã o sabia mais de onde ela vinha. A preocupaçã o de que ela possa ter uma ideia errada e esperar um compromisso? Ou com o fato de o compromisso nã o parecer uma ideia tã o ridı́cula quando isso signi icava levar essa garota para a cama regularmente? — Por um tempo. Travis levou Georgie para o quarto dela e deitou-se ao seu lado, seus corpos moldando frente e atrá s como colheres, aterrando-o no momento. Seus pensamentos confusos foram quase esquecidos no calor de sua pele, na uniformidade de sua respiraçã o. Ele nã o a estava mantendo. Ele nã o conseguiria. Mas e se ele estivesse errado e essa garota que possuı́a sua camisa e con iava nele... nutria sentimentos reais e duradouros por ele? Entã o ele estava enganando a si mesmo que ela nã o se machucaria. Ele era um bastardo egoı́sta, puro e simples.


Eu preciso contar a ela o que Stephen me disse. Dê a ela uma chance de confessar ou dizer a ele que seu irmã o estava errado. Qual deles Travis queria ouvir mais? Isso nã o importava. Ele lhe devia total honestidade, mesmo que isso signi icasse que todo o seu arranjo desmoronasse no chã o. Mas quando ela se virou nos braços dele e en iou a cabeça embaixo do seu queixo, as palavras nã o vieram.


Capítulo Vinte e Dois

Travis tinha passado a noite. Na casa dela. Na cama dela.

Provavelmente, de initivamente por acidente, mas o fato permaneceu. Ele perdeu a consciê ncia com os braços em volta dela e ele ainda estava lá. Eles podem nã o ter comido muito do frango, mas foi uma refeiçã o pesada. Essa tinha que ser a explicaçã o para ele desmaiar em volta dela tã o protetoramente. Tã o grande e bonito e masculino... Um suspiro saiu da boca de Georgie, mas ela o devorou. Ela nã o ia perder de vista a realidade aqui. Tanto quanto Travis sabia, ela nã o passava de uma adulta consentida que se envolvia em um relacionamento sexual temporá rio com algué m com a mesma mente. Nã o se encontram sentimentos nem pensamentos pegajosos de cercas brancas. Ela estava tã o con iante em sua capacidade de permanecer realista. Conhecer essa situaçã o iria seguir seu curso. Mas ela nã o tinha contado com ele subindo para a ocasiã o tã o rá pido. E espetacularmente. Georgie fechou a boca com força ao redor da escova de dentes, tentando impedir que o barulho de esfregar o acordasse. Porra, o homem podia dormir. Ele estava de bruços, pernas e braços estendidos em quatro direçõ es, sua bunda nua e tensa, uma visã o de olhos doloridos entre os lençó is. Esta vista. Ela poderia cobrar admissã o. Havia um coala felpudo dando cambalhotas no estô mago, fazendo có cegas nas costelas e pressionando as partes nã o mencioná veis. Embora Travis certamente as tivesse mencionado ontem à noite no sofá . Tantas vezes. Cada vez melhor que o anterior. Quem sabia que ela era tã o sacana por uma boca suja? Quem sabia que você era tão sacana, ponto inal? Ela estava começando a sentir que havia se preparado para uma queda é pica. E se ela conseguisse fazê -lo acreditar que ele era digno de um relacionamento saudá vel... e ele fosse e encontrasse um diferente? Com algué m que queria um futuro cheio de menos ratos no tapete? A inal, ele tinha sido o ú nico a insistir que seu plano de namoro falso permanecesse em movimento, mesmo enquanto eles dormiam juntos. Depois de estar com ela assim, ele poderia realmente prever terminar com ela tã o facilmente? O que ela faria entã o? Incapaz de abalar a escuridã o, Georgie voltou ao banheiro para lavar a boca, guardando a escova de dentes no armá rio de remé dios. Ela já havia colocado uma escova extra na pia para Travis quando ele inalmente acordasse. Esperava que isso nã o o assuste, tendo sua pró pria escova de dentes. Talvez ela devesse guardá -la e sugerir que ele escovasse com o dedo. Isso é o que uma garota legal e casual faria,


certo? Nã o apresente seu contrabando Costco25 depois da primeira noite. Houve um gemido baixo do quarto, seguido pelo rangido das colchas. O sexo de Georgie apertou, causando uma pontada de minı́ma dor. Ela esperava que sua primeira vez fosse mais dolorosa – especialmente depois de ver o pê nis ereto de Travis. Mas ela estava tã o excitada e… ú mida… só havia urgê ncia. Para ser empurrada para baixo e preenchida. De agradar. Para ter prazer. Missã o cumprida. Georgie virou-se para ixar o rabo de cavalo no espelho e encontrou o rosto vermelho brilhante. Ela abanou as bochechas, ordenando a si mesma para nã o ser estranho. Entã o ele passou a noite. Nã o mudou nada. Houve uma batida na porta do banheiro. — Georgie? Seus mamilos se tornaram pontudos ao som da voz rouca, á spera e sonolenta de Travis. — Sim? O tom de Travis caiu. — Você se importa de voltar para a cama? Oh uau. Ela estava preocupada que ele acordasse como um homem encurralado, percebendo que havia passado a noite. Acabou que ela estava enganada. Com uma respiraçã o calma, ela abriu a porta do banheiro, icando cara a cara com uma maravilha masculina completamente nua. — Bom dia. — Nervos balançando em seus membros, ela ocupou os dedos en iando um cabelo solto em seu rabo de cavalo. — Eu iria perguntar como você está , mas posso ver por mim mesma. Completamente despreocupado com a sua ereçã o entre eles, ele a apoiou no banheiro. — Por que você está vestida? Quando alcançou a pia, lembrou-se da escova de dentes empacotada e, tã o casualmente, en iou-a na cesta de lixo. — Prometi a mim mesma que começaria a treinar para o Tough Mudder hoje. Nã o quero desonrar o sobrenome. Sem perder o ritmo, Travis passou por ela e pegou a escova de dentes fora do lixo. Ele a abriu, deslizando o objeto vermelho em suas mã os, jogando-a de uma para a outra. — Eu tenho tê nis no meu caminhã o. Me dê alguns minutos. Eu irei com você . — Claro, claro. Travis colocou a pasta de dente na escova, passou sob a á gua e a colocou na boca. — Você está fazendo aquilo de novo de nã o me tocar. O que é mais engraçado do que o habitual, visto que passamos a noite inteira colados juntos.


— Nó s passamos? — Sim. — Ele esfregou os dentes e cuspiu. Como um maldito jogador de beisebol. — E por isso que você está agindo de forma estranha? Porque eu esqueci de ir embora? — Estou agindo de forma estranha? Ele deu a ela um olhar de pura exasperaçã o masculina. — Você tem até eu terminar de escovar os dentes pra parar de me assustar. Se nã o.. — Pausa dramá tica. — Vamos descer para a cidade da cosquinha. Um formigamento de alarme percorreu sua espinha. — Você nã o faria isso. — Eu gostaria. — Escovando, escovando. — Parte inferior dos pé s, certo? — Somos adultos agora. — Tentando ser discreta, ela deu um passo em direçã o à porta do banheiro. — Você nã o pode usar uma fraqueza contra mim que aprendeu quando eu era criança. Isso é antié tico. Ele enxaguou e cuspiu, guardando a escova de dentes ao lado da dela no armá rio. Seu coraçã o batia descompassado, esperando que ele respondesse. — Eu dei à irmã do meu melhor amigo a sua primeira vez no sofá ontem à noite. També m nã o foi fá cil com ela. — A atençã o caiu no á pice de suas coxas, sua mandı́bula lexionando. — Con ie em mim, eu nã o pensei em é tica uma vez. — Bom — disse ela em um sussurro trê mulo. — Eu sou mais do que a irmã mais nova dos Castle. — Você que manda. Oh Deus. Os joelhos dela queriam desabar. — Tudo isso é irrelevante, porque nã o estou mais enlouquecendo. Nã o há necessidade de fazer có cegas. Ele caminhou em sua direçã o como um cowboy magro com quadril largo. Com uma ereçã o. — Por que você jogou a escova de dentes fora? Sua risada era histé rica. — Acho que o tribunal vai concordar que foi um acidente. Travis parou e cruzou os braços. Seus braços grandes e lustrosos, com cortes sombreados e vales de dar á gua na boca. Rapaz, este banheiro tinha uma iluminaçã o muito boa. — Você ainda nã o me tocou. Estou começando a icar irritado. — Você pode icar excitado e irritado ao mesmo tempo? — Ela se mexeu na ponta dos pé s, preparando-se para correr. — E para se colocar no currı́culo, certo? Suas palavras ainda estavam pairando no ar quando Travis se lançou e a jogou por cima do ombro dele. Desorientada, de alguma maneira conseguiu deduzir para onde estavam indo – a cama – e gritou no caminho, caindo de costas.


— Nã o faça isso! — Você teve sua chance. — Travis balançou a cabeça, colocando a mã o no peito dela e segurando-a facilmente enquanto ele tirava um tê nis de corrida. — Eu nã o queria visitar a cidade das cosquinhas, mas você nã o me deixou escolha. — Pare de chamar assim. — Georgie meio riu, meio gritou, tentando e deixando de torcer a barriga. — Oh meu Deus. Um homem nu está me fazendo có cegas à força. Nunca mais quero ouvir sobre palhaços serem assustadores. Ela olhou para cima e encontrou os dedos dele acima do arco do pé direito. — Isso me machuca mais do que você . — Travis, por favor. O idiota lindo teve a coragem de piscar. — Aı́ está aquela palavra que eu amo tanto de novo. Sua pele estava em alerta má ximo, esperando a sensaçã o temida. — A antecipaçã o é a pior parte — ela lamentou. — Apenas faça ou nã o. — Só há um jeito de escapar. A esperança a levou a dar uma guinada, mas Travis a empurrou de volta para baixo. — Qual? — Quero receber um bom dia apropriado de você , e nem tenho certeza de como isso seria. Só sei que eu queria que você estivesse na cama quando abri meus olhos. — Sua boca estava em um sorriso, mas seus olhos estavam mortalmente sé rios. Sombrio. As coxas dela icaram aquosas em resposta. — Quero suas mã os em cima de mim. Sua boca na minha. E da pró xima vez que você sair da cama sem me dar as duas coisas, eu vou te encontrar, abaixar suas calças e dar um tapa nessa pequena bunda que você aninhou no meu colo a noite toda. Estamos entendidos? A pulsaçã o de Georgie trovejou em seus ouvidos, seus mú sculos ı́ntimos procurando a sua contraparte, querendo repressã o. Querendo atrito. — Sim. Travis observou-a por baixo das pá lpebras caı́das por mais um segundo, depois soltou o seu pé . Ele afundou na cama em uma posiçã o ajoelhada e esperou enquanto Georgie se levantava. A intuiçã o disse a ela que uma ú nica hesitaçã o lhe valeria uma passagem só de ida para a cidade das cosquinhas, entã o ela nã o esperou. Ela o escalou. Ela trancou as coxas na cintura de Travis e passou as mã os pelos ombros dele, parando quando estavam emoldurando seu rosto. E eles caı́ram em um beijo, gemendo, o pau dele levantando e cutucando a costura de suas calças de ioga. As mã os dele deslizaram sob a blusa dela, segurando a cintura de cada lado, chamando a atençã o para a diferença de tamanho.


Hortelã e homem assaltaram seus sentidos, enviando uma onda de umidade entre as suas pernas. Ela deslizou no colo de Travis e ele quebrou o beijo para observá -la atentamente enquanto ela se contorcia em sua ereçã o. Quando ela se moveu, ele agarrou a sua nuca e olhou para baixo, observando-a. Observando seus corpos inferiores deslizarem e roçarem juntos. — Eu digo para pularmos a corrida — ela ofegou, enquanto Travis capturava seu ló bulo da orelha com os dentes. — Estamos indo. — Ele deslizou a mã o até a bunda dela e apertou, empurrando seus quadris contra ela ao mesmo tempo. — Agora você tem um incentivo. A negaçã o entrou. — Mas... Travis a interrompeu com um beijo drogado, mas estava misturado com outra coisa. Sim, havia luxú ria, mas ela conhecia esse homem. E ela estava começando a pensar que tinha machucado seus sentimentos. Ou o fez se preocupar. — Eu nã o estou acostumado a acordar com outras pessoas, Georgie. — Eu sei. Ele procurou os olhos dela. — Se for demais, nã o farei da pró xima vez. Naquele momento, ela nã o conseguia pensar em nada alé m de expulsar as inseguranças que ela causou. — Nã o conte aos meus irmã os ou eu mato você , mas… Eu sempre procuro debaixo da cama por assassinos em sé rie antes de apagar a luz e dormir. Nem me ocorreu de veri icar o fantasma de Ted Bundy na noite passada. — Ela inclinou a cabeça. — Eu nã o me preocupei em nada com você roncando na minha cara. Uma risada ecoou nele. — Que maneira de acabar com o clima. — Ele a estudou. — Você realmente se sentiu mais segura comigo aqui? — Segura como um abrigo. Ele pareceu satisfeito quando ele afastou a franja dela. — Gostei de saber disso. O coraçã o de Georgie estava nos olhos dela. Ela podia sentir isso. Quanto ela mostrou a ele naquele momento. Dez anos cuidando de uma paixã o que consumia tudo o que ela assumiu ser amor, quando nã o tinha ideia de que era assim que o amor era. Isso. Era isso. Tã o pesado à s vezes que nã o podia ser levantado, tã o leve à s outras que a tornava capaz de lutuar. Proteja-se, uma voz sussurrou na parte de trá s da cabeça dela. Ele não te ama de volta. Nem antes e nem agora. Com um sorriso tenso, Georgie estava fora de seu colo. Ela caiu no chã o correndo, sua voz nã o natural quando ela chamou por cima do ombro. — Partimos em cinco minutos. Acha que pode acompanhar?


O

caminho que ela seguiu fez com que passassem pela escola. Honestamente, Georgie nã o planejou. Mas depois disso, parecia natural atravessar o campo de beisebol. Como a temporada nã o começaria por meses, o verde extenso estava deserto sob um cé u cinzento e nublado da manhã , irrigadores automá ticos marcando e pulverizando à distâ ncia. Sem olhar para Travis, ela podia sentir a tensã o rastejando em seu corpo – sua relutâ ncia em ir em direçã o ao diamante. Ele começou a conversar mais com ela sobre beisebol, especialmente desde que começou a lutar pelo trabalho de comentarista dos Bombers. Mas a ideia de praticar o esporte novamente parecia incomodá -lo. Como se ele nã o se permitisse desfrutar plenamente do beisebol, a menos que pudesse ser o melhor. A tristeza se apoderou dela. A perda se espalhou em sua barriga. Ela podia pestanejar e vê -lo em seu uniforme cinza engomado de Port Jefferson, parado no home plate26 e batendo no bastã o de metal de suas chuteiras. Provocando o apanhador. Absorvendo o amor e a emoçã o da multidã o – especialmente dela. Ele obviamente era o melhor, ningué m jamais questionou sua superioridade. Eles comemoravam. Acrescente a isso o fato de que Travis Ford praticamente brilhava enquanto segurava um bastã o, e Georgie nã o pô de evitar sentir saudade de vê -lo jogar. O esporte fazia parte dele. Movimentando-se ao lado dele pelo campo e lembrando-se dos gritos ensurdecedores da multidã o, o instinto de Georgie disse a ela para nã o parar de pressioná -lo. Poderia ser algo que ele amava, mesmo que nã o pudesse ganhar milhõ es de dó lares jogando. Mais importante, como ela disse ontem à noite, ele nã o precisava ser o melhor jogador de beisebol para ser o melhor Travis. Com esses pensamentos dançando na cabeça de Georgie, nã o poderia ter sido uma coincidê ncia que a luz cinza cintilava em um bastã o que algué m deveria ter deixado apoiado na arquibancada. Nã o. Coincidê ncias perfeitas nã o existiam. Ela virou-se para a direita, rezando para que estivesse fazendo a coisa certa. — Onde você está … — Travis parou de segui-la por volta da segunda base. — Georgie. Ela nã o deixou seu tom de aviso detê -la. — Eu só vou pegar esse bastã o. Vou deixá -lo com os achados e perdidos mais tarde. — Algué m provavelmente estará de volta para procurá -lo antes disso. — Deus, ele parecia tã o desconfortá vel, revirando os ombros daquela maneira estressada que só fazia quando estava verdadeiramente fora de sua zona de conforto. — Você deveria deixá -lo aı́.


Georgie cantarolou. — Ok. — Ela começou a devolver o bastã o à sua posiçã o original, mas o colocou no ombro, dobrando os joelhos em uma posiçã o lamentá vel. — Pena que nã o temos uma bola. — Você nã o tem nenhuma chance de acertar uma bola assim. — Ele fez um gesto ausente que nã o estava realmente ausente. Os olhos dele estavam ixos nela. — Levante o bastã o, Georgie. Se você balançar assim, vai acabar se nocauteando. — Foi assim que Stephen me ensinou — ela respondeu com uma careta. — Stephen sempre foi melhor no hó quei. — Travis deu alguns passos no diamante e suspirou. — Dobre os joelhos, peso na perna de trá s. Ela trancou os joelhos e se inclinou para frente. Travis gemeu no cé u. — Você está me matando, bonequinha. Quando ele pisou em sua direçã o, cruzando o monte do arremessador e parecendo a capa da Sports Illustrated, Georgie respirou fundo. Mas ela nã o podia fazer nada para impedir a onda de excitaçã o que se acumulava em seu estô mago. — O que? — Eu sei o que você está fazendo. — Ele se inclinou e rosnou em seu pescoço. — Mesmo assim, venha aqui. Você está zombando dos deuses do beisebol. A frente dele se curvou para as costas dela de uma maneira tã o deliciosa que Georgie teve que fechar os olhos. Seus braços fortes e capazes a sustentavam, o cheiro de suor masculino e pasta de dentes de menta, nã o lhe dando escolha a nã o ser balançar. — Hum. Quem sã o os deuses do beisebol? — Ruth, DiMaggio e Gehrig. Sem dú vida. Georgie baixou a voz para um sussurro. — Eles estã o nos observando agora? — Eles estã o muito ocupados se revirando em seus tú mulos. Deslize as mã os para cima, segure com força – e tente nã o fazer disso uma insinuaçã o sexual. Ela riu como uma garota do ensino mé dio honesta a Deus, mas de alguma forma conseguiu seguir o ditado, mesmo com os feromô nios tendo um delı́rio em sua corrente sanguı́nea. — Assim? — Boa menina — disse ele com voz rouca contra a orelha dela, trazendo suas coxas lexionadas contra as dela, prendendo suas costas irmemente em seu colo. — Agora solte essa linda bunda um pouco. Peso na perna de trá s. — Ele gemeu quando ela obedeceu, graças ao seu traseiro arrastando direto sobre o aumento de sua masculinidade. — Deus sim, assim mesmo.


Ah, caramba. Era seguro dizer que a situaçã o estava saindo do controle de Georgie. Ela por acaso pegou o bastã o na tentativa de atrair Travis de volta ao seu lugar feliz. Mas quanto mais isso acontecesse, maior a chance de eles terminarem em um local totalmente diferente de felicidade. Ela nã o podia deixar passar essa oportunidade, no entanto. Quem sabe quando ela teria outra chance como essa? Quando a mã o dele viajou sob a frente da blusa para massagear o peito dela, seus lá bios deixando um beijo de boca aberta no pescoço, era agora ou nunca. — Acho que entendi — disse ela com uma voz trê mula. — Mas você poderia me mostrar, só para ter certeza? A respiraçã o de Travis suspirou em seu pescoço. Acima deles, o cé u escureceu ainda mais, obscurecendo suas sombras no chã o, liberando uma pitada de sal no ar. — Acho que izemos o su iciente por um dia. Sabendo que estava jogando sujo, Georgie deu a Travis um olhar inocente, mas suplicante, por cima do ombro. — Por favor? Um mú sculo se contraiu em sua mandı́bula. — Por que isso é importante para você ? Era tã o difı́cil manter o amor escondido. Esta manhã na cama. Agora. Toda vez que chegavam a esse ponto em que seu coraçã o doı́a para icar limpo, ela recuava, com medo de que ele pudesse entender. Agora, poré m, com algo tã o vital em jogo, ela empurrou os nervos. — Eu costumava sentar na arquibancada e assistir seus jogos. — Ela se virou e se afastou, lançando um olhar para a á rea de estar em questã o. — Quando terminavam, eu tinha pequenas marcas de unhas em forma de lua nas palmas das mã os... e elas nã o desapareciam por horas. Você era tã o emocionante de assistir assim. — Ela enrolou os lá bios. — Nã o por causa da sua mé dia de rebatidas. E sim porque você fez todos quererem amar beisebol tanto quanto você amava. Sentir o que você sentiu. Travis parecia congelado. Ou talvez os dois estivessem, porque ela nã o podia tentar o movimento até que ele desse algum tipo de reaçã o. Finalmente, o peito dele se ergueu e caiu com um forte calafrio. — Quando eu jogava, sempre guardava bolas nos beirais da arquibancada. Provavelmente há uma bola ou duas. — Ele fungou e pegou o bastã o de Georgie, pesando-o nas mã os. — Melhor acertar algumas antes que o cé u caia. Ela já havia se virado e estava caminhando rapidamente para a arquibancada, uma alegria subindo em sua mente. Isso estava acontecendo. Ela fez isso. Seu pé derrapou em alguma sujeira solta quando ela dobrou a esquina nos degraus, abrindo um suspiro de alı́vio quando viu a ileira de bolas. Usando sua camiseta como um dispositivo


de transporte, ela juntou o má ximo de bolas que pô de e voltou, provavelmente parecendo um pato atormentado. — O que devo fazer? Travis deu um giro, rolando a tensã o dos ombros e Georgie teve um momento de pâ nico. E se pressioná -lo saı́sse pela culatra? Em vez de responder, ele levantou a mã o. Georgie jogou a primeira bola para ele. Ele a pegou com facilidade, encarando-a por um momento. Seu olhar estreito inalmente se desviou para as cercas, sua estrutura robusta em expansã o. Se preparando. — Afaste-se, bonequinha. Ela olhou para baixo e se viu a poucos centı́metros da aré a de rebatida. — Oh. — Rapidamente, ela se afastou. — Certo. Prendendo a respiraçã o, ela assistiu Travis jogar a bola no ar. Fazia meses desde que ele balançou um bastã o, mas seu corpo caiu direto no movimento familiar. A perna estabilizadora dobrada, os braços carregando o taco de volta, a lı́ngua en iada na bochecha. Memó ria muscular. E, aı́ meu Deus. Pernas torcendo, braços e tronco lexionando, ele era magnı́ ico. A bola partiu do taco e disparou, subindo em direçã o à s nuvens ociosamente escuras e caı́ram no campo externo, ricocheteando na cerca com um ping. Georgie nã o pô de mais parar seu grito alto de pura alegria do que pô de parar a chuva que começou a cair em gotas suaves ao redor deles. Travis virou-se para ela com otimismo atordoado, e ela nã o hesitou em jogá -lo a pró xima bola. E a pró xima. Uma por uma, elas caı́ram no campo externo ou rugiam para baixo na terceira linha de base, a cada paulada do metal encontrando a bola fazendo o coraçã o de Georgie cantar mais alto. A chuva icou mais pesada, encharcando suas roupas e cabelos, mas eles nã o pararam até que todas as bolas tivessem saı́do de sua camiseta. Se ela tivesse um milhã o a mais, teria icado lá jogando bolas para Travis até o sol se pô r, observando-o icar mais con iante a cada movimento, mas nã o poderia ter sido mais vitoriosa quando ele largou o bastã o. Lá grimas borravam seus olhos quando ele caminhou em sua direçã o, erguendo-a em um abraço de urso. Ela riu sem restriçã o quando ele a girou em um cı́rculo em torno do prato domé stico, os braços agarrados ao pescoço dele. — Exibido — ela respirou em seu ouvido. — Como foi? — Bom. — Ele balançou sua cabeça. — Nã o. Otimo. Ela o segurou mais apertado, sentindo-os caminhando, mas indiferente de onde eles terminaram, desde que ele a mantivesse envolvida em seus braços. Lembrando-se da conversa matinal sobre querer seu toque, uma represa dentro de Georgie se dividiu no meio e se abriu. Ela lambeu uma corrente de chuva do pescoço dele. Suas coxas coçavam para subir mais alto nos quadris de Travis, entã o ela as deixou


e depois torceu os dedos na gola da camisa dele para mantê -lo no lugar para um beijo. — Porra, Georgie. — O que? — Obrigado. — Os olhos dele corriam sobre o rosto dela, os dedos acariciando o lado. — Como você faz isso? Você … me aceita. Exatamente como eu sou. Mas você ainda me muda para melhor. Eu te amo. É por isso. Ela nã o podia dizer isso em voz alta, entã o se inclinou para um beijo. Quando suas bocas se uniram, nã o foi apenas um beijo. Foi gratidã o e adrenalina. Emoçã o, apoio e amor. E era uma gló ria frené tica e encharcada de chuva. Georgie afundou tanto no beijo que nã o percebeu que estavam na arquibancada até Travis cair no banco, as pernas ainda em volta da cintura dele, os rostos a apenas um centı́metro de distâ ncia. Respirando pesado. A mudança de posiçã o trouxe seu dolorido centro para a ereçã o de Travis, catapultando-a para um profundo abismo de luxú ria. Ela agarrou-se aos ombros largos dele e trabalhou-se de um lado para o outro na carne rı́gida, incentivada por sua maldiçã o cortante. — Por favor. Por favor, bonequinha. Nã o roça essa coisinha em mim, a menos que você esteja sem suas calças — ele rosnou contra a boca dela. — Eu preciso estar dentro dessa boceta. — Você pode ter o que quiser — ela sussurrou, entrando naquele espaço mental que a tornava mais quente. Deixar Travis exibir suas necessidades para que ela pudesse cuidar delas. E depois da noite passada, ela sabia que dar o controle a Travis o faria adorá -la em troca. Dar até que seu corpo nã o pudesse mais. A promessa disso a deixava ainda mais ansiosa para corresponder à sua fome agora. — Me diga o que você quer. A energia de Travis mudou e ele a levantou do colo com uma palavrã o severo, puxando as calças de ioga e a prá tica calcinha de biquı́ni branco. Revelando seu sexo corado. Com um gemido, ele abaixou a cintura da frente do short, tirando sua excitaçã o grossa, acariciando-o uma vez na mã o grande – nunca tirando os olhos dela. — Fique de joelhos e chupa esse pau. Georgie mergulhou, suas pernas perdendo a capacidade de mantê -la na posiçã o vertical. Ela se encontrou entre duas poderosas coxas cobertas de cabelo, com o rosto nivelado no colo de Travis. Seu perfume era terroso e masculino, almiscarado por causa da corrida deles – e porra, isso a excitava ainda mais. A safadeza disso. Com os joelhos nus na terra, a transpiraçã o ainda esfriava a pele deles, enquanto uma cortina de chuva os selava na escuridã o. Era errado e proibido, e ela ansiava. Travis estendeu a mã o, passando o polegar pelo sulco dos lá bios dela.


— Dê -me um lugar doce para colocar isso. Ela imaginou esse cená rio tantas vezes. Conduzindo Travis ao ponto de dor com a boca, depois o aliviando. Tal poder de estar de joelhos. Sua posiçã o se alargou na terra, seus quadris inclinando-se com a necessidade de desenhar os olhos dele. Depois de respirar por coragem, ela colocou as mã os em torno da base avermelhada de sua ereçã o, sua boca se fechando sobre a cabeça em um puxã o prolongado, seu aperto girando como um mecanismo de travamento, como ela viu mulheres fazerem em vı́deos. — Oh. Caralho. — Travis grunhiu, as coxas tremendo, os pé s levantando e aterrissando de volta na terra. — Vá com calma, Georgie, querida. Jesus. Você tem uma sugada do caralho. Vá com calma? Mais fá cil falar do que fazer. O gosto dele, salgado e cru, atingiu o fundo de sua garganta e ela nã o conseguiu o su iciente. O cabelo dele fazia có cegas em seus pulsos e bochechas quando ela procurou outra chupada forte, a mã o direita bombeando atarefada. Um jato de lı́quido caiu em sua lı́ngua e ela gemeu, levando-o mais fundo, procurando mais. — Boquinha quente e molhada. Você está me matando com isso. — Travis se levantou com um grito, uma mã o na parte de trá s da cabeça dela, a outra enrolada em uma viga. As coxas dele se aglomeravam em ambos os lados do rosto dela, metade do volume liso enterrado em sua boca. Ele rolou os quadris para trá s, tirando tudo, exceto a ponta de sua excitaçã o, da boca dela, antes de bombear lentamente, profundamente, os lá bios dela se esticando ao redor de sua carne. — Esse é o seu limite, bonequinha? Georgie viu a preocupaçã o subjacente no olhar de Travis e assentiu, acariciando sua bochecha no cabelo das coxas dele. Encorajando-o a empurrar em sua boca novamente – e Senhor, ele fez. Com um som gutural, ele apertou os cabelos na parte de trá s da cabeça dela e deu uma empurrada suave, nunca ultrapassando a linha que haviam traçado, mas tirando um proveito imundo de tudo que levava a esse ponto. Seus quadris perfuraram, enchendo sua boca de sexo, e cada centı́metro de Georgie – por dentro e por fora – reagiu à perfeiçã o. Com a cabeça inclinada para trá s, os joelhos na terra, um homem usando a sua boca, ela nunca se sentiu mais como uma mulher. Quanto mais o punho dele se apertava em seus cabelos, mais ela o tomava, deixando-o invadir sua garganta. Ouvindo-o latir palavras sujas, a força deles ecoando no abrigo. Necessidade – era uma palavra lamentá vel para o estado em que ela entrou e icou imersa, as coxas tremendo, a barriga oca. — Levante — gritou Travis, levantando Georgie. Ele arrancou a blusa dela por cima da sua cabeça, mã os desesperadas empurrando o sutiã esportivo até o pescoço. Suas bocas ofegantes se encontraram e se moldaram quando ele caiu no banco, arrancando uma camisinha do


bolso caı́do e rolando-a pela excitaçã o. Ele agarrou o traseiro de Georgie e a levou a seu colo, disparando para frente e levando um de seus mamilos à boca. — Me foda. Me monte. — A mã o direita dele desceu e deu um tapa na bunda dela. — Faça isso agora. A mã o dele se moveu entre eles, e Georgie chorou quando a cabeça grossa da ereçã o de Travis encontrou sua entrada, entrando. Ela estava um pouco inchada com a intensidade da primeira noite da noite anterior, mas trabalhou os quadris e tomou o comprimento total de Travis, afundando cada vez mais até que suas costas atingissem suas coxas. — Oh Deus. Tã o grande. — Está certo. Eu iquei grande… — Olhos vidrados, ele lambeu a boca dela. — E você icou apertada. E por isso que você vai passar muito tempo com a calcinha pendurada no tornozelo. Por necessidade, Georgie mudou para encontrar uma posiçã o confortá vel, ofegante com o toque de fricçã o em seu clitó ris. Ela esfregou-se contra sua carne dura novamente, com a boca aberta e gemendo no ombro de Travis. O movimento naturalmente a levou de cima a baixo na ereçã o pulsante de Travis, e seu prazer estava em plena exibiçã o, a cabeça inclinada para trá s, os olhos cegos. Algo nã o permitiu que Georgie aparecesse no momento. Assim como aquela hora no quarto de Travis, ela doı́a pela emoçã o de ser presa. — Nã o sei se posso... — Ela parou de choramingar quando Travis começou a amassar seu traseiro, persuadindo-a a um ritmo eró tico e liso, seu sexo subindo e descendo o comprimento dele. Deus, era tã o bom dar e receber carne encharcada, suas respiraçõ es rasas se misturando com a chuva forte, os pelos do peito dele estimulando seus mamilos. Mas sua mente nã o se desligava como era quando Travis estava no topo. Ela queria que ele segurasse as ré deas. — Eu acho que nã o posso... com isso. — O caralho que você nã o pode. — Travis se endireitou, puxando seus quadris para mais perto. Ele pegou o rosto dela em suas mã os, respirando pesadamente contra a boca dela. — Você pode estar no topo, mas eu ainda estou no comando, nã o estou? — Ele a beijou longa e duramente, enquanto aquelas palavras afundavam. — Se eu quisesse te virar de costas neste banco e acabar com você , nã o pediria permissã o. Enquanto ele falava, os quadris de Georgie começaram a se mover por vontade pró pria. Por pura necessidade. Suas coxas lexionaram, levantando-a, o corpo rolando, as orelhas morrendo de vontade de ouvir mais. Porque ele estava certo. Ela nã o estava dirigindo o show. Estando por cima ou nã o, seu prazer era o de Travis. — Ei. — Ele segurou o queixo dela com uma mã o irme, inclinou os quadris com um gemido, uma intençã o perversa no queixo, na


curvatura dos lá bios. — Meu pau está doendo muito. Faça parar. Nã o houve hesitaçã o depois disso. Apenas luxú ria profunda e selvagem. Esse era o papel que ela precisava desesperadamente desempenhar. A personi icaçã o do alı́vio. A ú nica que poderia fazê -lo entrar em erupçã o. Georgie fechou os olhos, usando os dedos indicador e mé dio para brincar com os mamilos, o tempo todo levantando e torcendo a espessura de Travis. Seus sons sufocados, o atrito de suas mã os famintas e calejadas nas coxas e na parte inferior, tudo transformou seu desejo no mais alto decibel. Ele cresceu dentro dela com cada golpe de seus corpos unidos, seus gemidos se transformando em pontuados grunhidos – e ela já sabia que isso indicava o im de seu limite. E foi isso que a quebrou, junto com o atrito alucinante, a pressã o em seus mamilos e clitó ris – Travis cedendo ao inevitá vel. Nã o ser capaz de suportar o prazer. Seus braços voaram largos para agarrar o banco, os dentes apertando com força o lá bio inferior. — Nã o aguento mais. Nã o aguento mais. Porra, você está trabalhando no meu pau tã o bem, bonequinha. Me mimando. Georgie pressionou os seios nus no peito pesado de Travis, deixando sua boca icar um pouco longe da dele. Lambendo ele uma vez. — Eu quero fazer você gozar tã o forte. — Puta que pariu. — O aperto de Travis voltou para a bunda dela, sustentando-a quando ele se levantou – e ele começou a jogá -la como uma marionete sem amarras em sua excitaçã o rı́gida. O suor escorregou para um lado do rosto dele, os membros inferiores batendo juntos enquanto a chuva martelava em cima da arquibancada. — Você me deixa tã o louco. Eu nã o aguento. Meu Deus. Aquelas palavras á speras lançaram Georgie para o lado do precipı́cio, seu sexo aproveitando com intensidade su iciente para fazê la gritar, o som engolido pela boca febril de Travis. Ele a mordeu e explorou sua lı́ngua enquanto seus nó s se desamarravam, a tensã o escorrendo dela em graus duros e trê mulos, suas coxas tremendo ao redor dos quadris de Travis. — Travis, Travis, Travis. — Gozando — ele raspou no meio do beijo, seu gemido enchendo sua boca aberta. Nesta posiçã o, nã o havia como escapar das consequê ncias trê mulas do que ela havia feito com ele. Ele tropeçou para a direita, o queixo caı́do, sua masculinidade tremendo dentro dela, deixando uma inundaçã o de umidade para trá s. A visã o e os sons se uniram à memó ria dela, onde iriam permanecer o tempo todo. A silhueta de Travis no abrigo de concreto, a chuva caindo em sua periferia, seu rosnado masculino de prazer enchendo o ar. E, inalmente, seu beijo reconfortante e calmante, o toque de suas mã os reverentes quando ele se sentou, segurando-a contra seu peito. — Doce menina. Tã o bonita.


Ela havia se despedaçado no auge, mas essas peças se juntaram agora, mais fortes do que antes, brilhando de contentamento. — Doce homem — ela sussurrou, bochecha descansando em seu ombro. — Tã o forte. O pulso de Travis já estava galopando, mas gaguejou com as palavras dela, os braços dele envolvendo-a em um abraço inquebrá vel. — Você me faz acreditar nisso. Georgie levantou a cabeça para encontrar Travis a observando com uma expressã o pensativa, e algo passou entre eles. Algo que ela nã o sabia o su iciente para nomear e estava com muito medo de explorar. O contentamento se espalhou como gelé ia no pã o em sua barriga, o que a tornou duas vezes mais frustrante quando seu telefone começou a tocar, enredado em suas calças de ioga em algum lugar no chã o da arquibancada. — Eu deveria atender isso. Apenas no caso de algo estar errado. Ele lhe deu um beijo inal e assentiu, deixando-a icar de pé e mantendo sua atençã o nela enquanto ela respondia. — Olá ? — Georgie. Preciso de você na minha casa para ontem. Ela olhou para seu corpo nu no banco. — Eu estou meio ocupada.. — Travis resmungou concordando, puxando-a para mais perto para mordiscar seu quadril. — Que barulho é esse? — Oh, você notou? — O sarcasmo de Bethany perfurou o brilho de Georgie. — Nossa cunhada contou a toda a cidade sobre a Liga Just Us. E agora todas as mulheres em Port Jefferson estã o na minha cozinha, exigindo participar. — Nem fodendo. — Só … me ajude. Georgie lançou a Travis um olhar arrependido. — Eu estou indo. Travis pairava em sua visã o perifé rica enquanto os dois se vestiam. — O jantar com o executivo da rede é amanhã à noite. O contentamento que ela estava sentindo despencou. — Certo. — Junto com a lembrança do im da linha, veio a necessidade de se proteger o má ximo possı́vel, quando estava apaixonada pelo homem que estava a um metro e meio de distâ ncia. — Na verdade, eu estava pensando em ir para Westbury cedo. Há uma loja de mó veis por atacado na cidade que eu quero dar uma olhada. Para o novo escritó rio. — Ela lançou um sorriso para ele. — Te encontro lá ? Sua mandı́bula tremeu. — Você quer chegar separadamente a este jantar quando devemos convencer a rede de que estamos juntos? — Esquece — ela sussurrou. — Eu nã o sei o que estava pensando.


O olhar pedregoso de Travis disse a Georgie que ele sabia exatamente o que ela estava tentando fazer. Se distanciar, mesmo que ela quisesse mergulhar nele de cabeça. Ela colocou alguns ios de cabelo aleató rios em seu rabo de cavalo e recuou em direçã o à escada, agradecida pela chuva. — O jantar é à s sete, certo? Estarei pronta para ir à s seis. — O sorriso dela estava rı́gido. — Vejo você entã o? — Minha caminhonete está na sua casa, Georgie. Estamos voltando juntos. — Oh. E. Depois do que pareceu uma disputa de encarar interminá vel, eles voltaram em silê ncio.


Capítulo Vinte e Três

Georgie

icou boquiaberta quando ela saiu de seu carro. O caos reinava dentro da casa de Bethany. As mulheres saı́am pela porta da frente para a varanda, protegendo a cabeça da chuva com guarda-chuvas e jornais. Um entregador com uma pilha de pizzas passou pela multidã o, segurando a nota como uma bandeira branca de rendiçã o. Entre as mulheres, Georgie reconheceu sua professora de fı́sica da nona sé rie, Tracy da boutique e vá rios outros rostos familiares de Port Jefferson. Incluindo sua mã e. — Mã e? — Georgie. — Vivian parou no meio da conversa para acenar que ela se aproximasse. — Você vai pagar por essas pizzas? Nã o tenho dinheiro. Certo. Era sabido que Vivian carregava tudo o que possuı́a em seu bolso, mas nã o conseguia tirar dinheiro ou cartõ es de cré dito, graças à s unhas de acrı́lico. — Quem as pediu? — Georgie chamou, folheando a carteira quando chegou ao jardim da frente. — Onde está Bethany? — Lá dentro, falando sobre coisas. — Sua mã e espantou algumas mulheres para que Georgie pudesse entrar. — Vamos, mexa-se. Abra caminho para a fundadora. — Eu nã o sou a... — Georgie balançou a cabeça. — Só inventei o nome. — Fundadora! Fundadora! — Vivian cantou. Ningué m mais. — Por que você demorou tanto para chegar aqui? Você nã o estava em casa em um dia da semana? De repente, todos na varanda pareciam interessados em sua conversa. — Eu estava correndo com Travis — disse ela, com as bochechas queimando. — Eu tive que tomar banho e me trocar. — Deve ter tomado um banho e tanto — comentou Vivian, fazendo malabarismos com as sobrancelhas. — Sim. — Georgie pigarreou. — Hum. Entã o todo mundo está aqui para se juntar à Liga Just Us? Um grito de alegria surgiu ao seu redor, seguido por um ú nico grito de "Foda-se todos eles!" Depois que as palmas e assobios pararam, Georgie disse secamente: — Vamos ver o que podemos fazer sobre isso — entregando uma nota de vinte ao entregador de pizza e parando no limiar da casa para ver a cena. Estavam todas paradas de pé na sala de estar e falando ao mesmo tempo. Bethany estava empoleirada na lareira e parecia empenhada em levar ordem a uma conversa, e assim ela nã o notou a chegada de


Georgie. Na cozinha, Rosie disparou como uma linda bola de pinguepongue entre o forno e a ilha de má rmore, jogando o que parecia empanadas em bandejas de servir. Garrafas de champanhe e suco de laranja estavam por toda parte. Era uma mistura de brunch e manicô mio. — Onde devo colocar essas pizzas? Sem palavras, Georgie pegou a pilha de tortas da pizza do homem e caminhou em direçã o à cozinha. — Rosie, você precisa de ajuda? — Georgie chamou por cima do barulho. — Onde está Kristin? — Estou aqui! — cantou a cunhada ao descer as escadas, com um sorriso brilhante no rosto. — Isso nã o é fabuloso? — Disso eu ainda nã o sei. — Estou bem aqui — Rosie inalmente respondeu, deslizando a bandeja de empanadas em sua direçã o. — Apenas… você vai provar um? Quando o estô mago de Georgie rugiu, ela percebeu que estava morrendo de fome. Embora ela achasse muito difı́cil se arrepender de pular cereais em favor do sexo orgá stico com Travis. Sim. Esse era de initivamente seu mé todo preferido de sustento, apesar de suas reservas se amontoarem depois. O que isso dizia sobre Georgie, que ela estava começando a precisar do toque de Travis, fosse emocionalmente saudá vel para ela ou nã o? Incapaz de pensar em sua situaçã o atual, Georgie enxotou a nuvem de chuva acima de sua cabeça. — Claro. — Ela pegou uma massa cheia de carne da bandeja e deu uma pequena mordida, soprando no vapor antes de tomar outra. O sabor explodiu em sua boca. Foi a melhor coisa que ela já provou. Na vida dela. Havia riqueza, tempero e textura, todos cercados por uma massa perfeitamente crocante. — Oh meu Deus, Rosie. Você fez isso? Do inı́cio? — Sim. — A outra mulher sorriu em seu pulso. — Bethany disse que havia uma multidã o e ela nã o tinha comida em casa, entã o eu iz uma parada rá pida na loja. — Eu poderia viver disso. Eu quero viver disso. — Talvez tenha sido a clareza que veio do melhor sono de sua vida, seguido pelo melhor sexo da vida de qualquer pessoa, mas Georgie foi tomada por uma sú bita ideia de empurrar o sonho de sua amiga para um pouco mais perto da realidade. — Rosie, você pode preparar um pouco mais? Ela moveu alguns sacos de plá stico no balcã o. — Eu tenho ingredientes su icientes para fazer mais trê s lotes. — Faça. — Georgie virou-se para a cunhada. — Kristin. Você é responsá vel por essa bagunça. Você pode se redimir, certi icando-se de que todas nesta sala ponham uma dessas empanadas na boca.


Kristin engasgou um pouco, depois cedeu com um levantamento do queixo. — Certo. Rosie chamou a atençã o pela ilha. — O que você está pensando? — Estou pensando que uma vez que todas gostem do que você pode fazer… podem querer mais? — Georgie encolheu um ombro. — Talvez possamos reunir recursos su icientes para abrir o restaurante. Uma mã o bateu no ombro de Georgie, forçando-a a desviar o olhar da expressã o atordoada e esperançosa de Rosie. — Onde diabos você estava? — Bethany choramingou, sacudindo-a. — Nossa diretora de coral da igreja acabou de mostrar a bunda para o entregador de pizza pela janela da sala. Meus vizinhos vã o ligar para a polı́cia. — Desculpe, eu estava tomando banho. Vou colocar todas sob controle. — Apenas tomando banho? — Bethany estreitou o olhar. — Porra nenhuma. A mã e delas estava entre elas. — Meninas. Trata-se de nos unir, nã o é ? — Ela estalou a lı́ngua. — A briga envia a mensagem errada. — Mã e, nossas reuniõ es sã o noventa por cento brigas. — E como nos comunicamos — concordou Bethany. Vivian balançou a cabeça. — Triste. Mais mulheres vieram da varanda, esmagando todas para mais perto. Acima de suas cabeças, Georgie podia ver a bandeja branca voltando vazia. Kristin apareceu um momento depois, parecendo sem fô lego. — Bem, essas foram como uma casa em chamas, senhorita Rosie! Elas estã o ansiosas por mais. — Um brilho de aço cintilou em seus olhos. — Enquanto isso, ningué m sequer tocou meus bolinhos de milho. Bethany passou a mã o pelo amontoado. — Olha, ico feliz que tantas mulheres estejam interessadas em ingressar no clube, mas temos que resumir o pacote. Nã o podemos acomodar tantas pessoas efetivamente. — Deixa comigo — disse Georgie, subindo em um banquinho e assobiando com dois dedos. Quando todas as cabeças giravam em sua direçã o, a autoconsciê ncia tentou cutucá -la de volta. Algumas semanas atrá s, ela teria icado aterrorizada em icar na frente de todas essas mulheres. Mas entã o ela pensou em todo o progresso que havia feito com sua empresa de entretenimento. Pensou em como ela havia falado no jantar em famı́lia e fez sua opiniã o importante. Por im, ela pensou em Travis e em como eles formavam uma equipe. Pode nã o ser para sempre, mas agora ela podia sentir a presença dele nas suas costas.


— Antes de tudo, obrigada a todas pelo interesse em ingressar na Liga Just Us. — Foda-se todos eles! — algué m gritou do fundo da sala. Georgie fez um gesto para a mã e para fazê -la uma mimosa. — Será difı́cil ouvir isso, mas preciso que todas sejam honestas. — Ela fez uma pausa. — Eu nã o tenho certeza de como Kristin as atraiu aqui. Mas se você está aqui para a comida grá tis, pegue uma fatia de pizza ou uma empanada e continue o seu dia. Sem enrolaçã o. Metade da sala seguiu para a porta, com fatias na mã o. — Obrigada por sua honestidade. Sua irmã deu um suspiro de alı́vio, dando uma volta preguiçosa no espaço recé m-desocupado ao seu redor. Vivian pareceu enojada enquanto entregava a Georgie uma taça de champanhe e suco de laranja. — A Liga Just Just foi formada por Rosie, Bethany e eu porque querı́amos realizar algo. Individualmente e juntas. Temos objetivos. Se você puder se relacionar… se você precisar de ajuda para fazer o mesmo – e estiver disposta a apoiar ativamente outros membros do clube – adorarı́amos que você icasse. — Eu pensei que isso era sobre dizer sayonara27 para os homens! Georgie tinha certeza de que a mulher que gritava essa a irmaçã o era a mesma que gritava foda-se todos eles. — Nã o é só isso... — Cuidado… — Vivian murmurou pelo lado da boca. — Quero dizer, certamente, se houver uma in luê ncia negativa em sua vida, você deveria, hum — Georgie tomou um longo gole de sua mimosa — examinar isso. Uma mã o se levantou na sala de estar. Ela parecia familiar para Georgie, mas nã o conseguia identi icá -la. Ainda assim, ela sorriu, incentivando-a a prosseguir. — Kristin nos disse que este clube é para se capacitar. Mas ela també m con irmou o boato de que você está namorando Travis Ford. Ele estava presente no jantar familiar e tudo mais. — Ela cruzou os braços. — Nã o é segredo que Travis passa por mulheres como a á gua. Como devemos ouvir seus conselhos quando você nã o pode segui-los? Um murmú rio subiu pela sala. Bethany tomou uma posiçã o na frente de Georgie. — E falta de educaçã o questioná -la assim na frente de... — Nã o — disse Georgie, dando um tapinha no ombro da irmã . — Está tudo bem. Ela está certa. Mas, falando sé rio, Kristin, você está a dois segundos de ser expulsa. Kristin caiu contra a parede da cozinha e en iou uma empanada na boca. — Oh — ela fungou. — Estes sã o muito melhores do que meus bolinhos de milho.


Assim que Kristin deu sua segunda mordida na empanada, Stephen entrou na casa – mais uma vez com os cabelos molhados. Ele nã o disse nada enquanto apressava a esposa para fora da porta. E sua carranca garantiu que ningué m tentasse detê -lo. Com a interrupçã o terminada, Georgie encarou a sala novamente. Sim, o plano era convencer a cidade, sua famı́lia e a imprensa de que ela estava namorando Travis. Ela havia se envolvido em engano com os olhos abertos. Mas em pé na frente da sala de mulheres que estavam olhando para ela por orientaçã o? Ela nã o conseguia mais mentir. Entã o ela disse a verdade. — Ele cortou um galho da á rvore que eu costumava escalar quando criança. E quando cheguei em casa ontem, ele estava no meu quintal serrando e lixando. Transformando-o em uma nova lareira para mim. Suspiros subiram pela sala. — Eu sei, certo? Entã o… pessoas cometem erros. Como organizar uma competiçã o de namoro quando o prê mio nã o tem interesse em ser ganhado — disse ela, dando a algumas das agressoras um olhar aguçado. — As vezes, quando você nã o conhece uma pessoa, é difı́cil entender por que ela faz as coisas, certo? — As batidas começaram em seu peito. — Nã o estou pedindo para você mudar de opiniã o sobre Travis, mas estou pedindo para nã o deixar algué m fazer isso por você . Esse é o objetivo deste clube. Nã o queremos tirar pessoas de nossas vidas. Estamos prestes a nos recusar a aceitar algo menos do que merecemos. Sobre perceber que somos todas importantes aqui, apesar dos erros, relacionamentos ruins ou carreiras sem brilho. Mesmo algué m com o apelido de Dois Tacos. Ninguém me pergunta se é um apelido exato. — Ela se concentrou naquela mulher na multidã o. — Para responder à sua pergunta original, nã o estou pedindo a ningué m que siga meus conselhos. Estamos todas aqui para aprender e crescer. Começando agora. Quem está conosco? Georgie quase caiu do banquinho quando todos começaram a bater palmas. Elas estavam com ela, Georgie Castle. Poderia signi icar que elas a viam nã o apenas como uma igual, mas como uma voz madura da razã o? Ela namorava Travis de forma falsa, a im de forçar todo mundo a vê -la atravé s de uma lente diferente, mas acabou fazendo isso sozinha, sem nem perceber, nã o é ? Ela encontrou uma nova maneira de fazer as pessoas ouvirem. Ela desceu do banquinho, apenas para ser envolvida em um abraço de urso por Bethany. — Tudo bem — sua irmã gritou por cima da cabeça. — Quem está pronto para chutar bundas e anotar nomes? Todos convergiram para elas, taças de champanhe levantadas em uma saudaçã o. — Se você é sé ria sobre ser uma membra — Bethany continua — Todas você s podem começar se inscrevendo no Tough Mudder na sexta-


feira. Outra dú zia de mulheres explodiu pela porta da frente.

Travis encarou do outro lado da rua sua casa de infâ ncia.

A chuva havia cessado, mas ainda batia no telhado da garagem isolada e enferrujada, provavelmente devido a um vazamento. Latas de cerveja estavam espalhadas pelo quintal, cortesia de crianças locais. Uma raiz de á rvore subiu pela passarela, rachando o concreto ao meio. Ele nã o tinha certeza de como chegou lá . Só que ele icou inquieto assim que Georgie o deixou esta manhã . Entã o ele entrou no caminhã o e dirigiu até lá . Para a cena de seus pesadelos. Ao parar, seu primeiro pensamento foi um desejo de que ele esperasse e trouxesse Georgie junto. Seu estô mago ainda estaria amarrado, mas eles nã o seriam tã o apertados. Ela diria exatamente a coisa certa. Leria seu humor e saberia quando empurrar, puxar, nã o fazer nada. Com um grunhido de irritaçã o, atravessou a rua e entrou no quintal pela primeira vez desde que partiu para o noroeste. Desde que ele saiu com uma mala cheia do essencial e nunca olhou para trá s. Suas botas chutaram o cascalho, a chuva caindo em seus ombros. Mais uma vez, ele desejou a presença de Georgie. Mas no geral, nã o foi tã o ruim. Naquelas noites, ele icava do lado de fora esperando o pai chegar em casa – ou a mã e o buscar – o quintal parecia tã o grande e escuro. Agora? Agora tudo parecia menor do que nas suas memó rias. Como o cená rio de uma peça ruim. Mesmo que seu nome estivesse na escritura, ele nã o tinha uma chave. Abrir a porta nã o era problema, pois as dobradiças estavam se desintegrando com ferrugem. Um chute de sua bota e a coisa se abriu. Um gato saiu correndo pelas pernas dele, emitindo um uivo alto. Travis levou alguns segundos para se concentrar e entrou. O layout da casa nunca fez sentido para ele – e ainda nã o fazia. Nã o havia entrada ou corredor. A casa simplesmente começava com a cozinha. Todos os mó veis haviam sumido, mas o terrı́vel papel de parede loral verde resistiu ao teste do tempo, e o chã o estava amarelo com a idade. A casa permaneceu em silê ncio, exceto pelo tamborilar da chuva no telhado, e Travis esperava ouvir a gargalhada minú scula de uma platé ia de estú dio de televisã o vindo do quarto de seu pai no corredor. E onde o velho sempre icava, deixando Travis por conta pró pria. Ocasionalmente, eles se cruzavam no caminho para o banheiro, e ele jurava que as linhas de expressã o do rosto de seu pai se aprofundavam cada vez mais, o amargo caindo em cascata sobre ele em ondas. — Eu poderia fazer melhor do que isso?


Uma imagem mental de seu apartamento miserá vel antes de Georgie ajudá -lo a limpar deixou Travis em dú vida. Algo o estava cutucando. Uma necessidade que ele nunca sentiu antes de criar raı́zes, sem o rosto de sua juventude o assombrando e dizendo que nã o era possı́vel. Por que agora? Por que de repente ele estava ansioso para abandonar essa parte inal de seu passado para poder começar a construir algo novo? O sorriso de Georgie dançou em sua cabeça, mas ele riu. Nã o, um compromisso duradouro com outra pessoa era o pró ximo nı́vel. Nã o era? Por enquanto, bastava que ele queria estabilidade. Para ganhar esse trabalho na rede e construir uma vida que ele poderia se orgulhar. Um nó se formou em sua garganta enquanto ele continuava pensando em Georgie. Como ele se sentiu com ela nos braços dele esta manhã . Quã o natural e… perfeito parecia começar o dia com ela. E era impossı́vel ingir que ele estava em sua casa de infâ ncia por qualquer outro motivo, alé m de progredir dentro de si. Ser melhor para ela. Para que im, ele ainda nã o sabia… mas com o prazo do acordo se aproximando rapidamente, a ideia de deixá -la ir ameaçava sua sanidade. Forçando-se a se concentrar na tarefa em questã o, Travis pegou o telefone celular do bolso, digitando o nú mero que ele havia programado em seus favoritos anos atrá s. Ele nã o obteve resposta, mas a alegre gravaçã o disse-lhe para deixar uma mensagem. — Oi. Sim, meu nome é Travis Ford. Quero falar com algué m sobre uma avaliaçã o de propriedade.


Capítulo Vinte e Quatro

Ele decidiu pegar Georgie em uma limusine no ú ltimo segundo.

Nã o foi um jogo de poder ou uma demonstraçã o de in luê ncia. Nã o, se ele fosse honesto consigo mesmo, a ligaçã o da dé cima primeira hora que ele izera para a empresa de limusines decorreu de sua necessidade de absorver o má ximo de Georgie possı́vel. Nã o há mais como mentir para si mesmo. Como ele nã o seria capaz de ler as expressõ es dela – e, foda-se, tocá -la – com as duas mã os no volante, ele apenas parou na frente da casa dela em um trecho preto. Metade do bairro estava em seus gramados quando ele subiu o caminho. Esta noite tinha muitos dos mesmos mé ritos que a noite do baile. Travis estava de smoking, ele estava pegando seu encontro na porta, e esta noite de initivamente deveria sinalizar o im de algo. Esse lembrete fez com que uma bola de beisebol icasse presa na sua garganta. Travis nã o estava pronto para essa coisa com Georgie terminar. De fato, chamar isso de – coisa – estava começando a dar nos nervos. Ele estava mais perto de Georgie do que qualquer outra pessoa em sua vida. Ontem, houve um momento no campo de beisebol da escola, quando Travis deixou de lado todas as pretensõ es e deixou que ela visse tudo dentro dele. Seu amor no beisebol, sua tristeza por perder a capacidade de jogar. Ele havia esquecido de mascarar aquelas inseguranças sempre presentes e as havia descoberto... e ele ainda estava de pé . Melhor do que ainda de pé , na verdade. Ele se sentiu aliviado. Mais forte. Como uma versã o melhor de si mesmo. Tudo por causa dessa garota. Agora ele deveria des ilar Georgie na frente de alguns idiotas corporativos e dizer adeus a ela no inal da noite? Um adeus permanente? O pâ nico fez o braço de Travis pesado demais para levantar e bater. Por que ele decidiu colocar um limite de tempo nessa… caramba, nessa coisa com Georgie? Estar sozinho havia funcionado muito bem para ele no passado. Respondendo a ningué m, mantendo todos os relacionamentos de curta duraçã o em seus pró prios termos. O que ele tinha com Georgie sentia fora de seu controle, no entanto. Uma chama que se alimentava – e ele nã o tinha extintor de incê ndio. A porta da frente da casa se abriu e a mandı́bula de Travis quase bateu na varanda. Nã o era a garota que o acordara de seu coma mental autoinduzido todas aquelas semanas atrá s. Exceto nos olhos. Sim, ela pode estar vestida para induzir fantasias, mas essa autenticidade clá ssica de Georgie brilhou para ele com um par de olhos verdes. Inacreditá vel que seus olhos exigissem seu foco quando ela parecia incrivelmente quente. Seus ombros estavam completamente nus no


vestido, uma saia queimando em torno de suas coxas. Coxas que pareciam se esticar para sempre graças aos saltos altos. Ela era sexy e inocente e nã o havia ningué m como ela. — Oh, uau — ela respirou. — Você , hum... parece muito bonito. Nesse smoking. A parte inferior do corpo de Travis respondeu tã o intensamente à qualidade rouca de sua voz, a prova de que ela era atraı́da por ele, que ele só podia icar ali e respirar atravé s dela. — Você nã o gostou do vestido — disse ela, passando as mã os na frente do vestido. — Eu sei que devo ser a garota inocente de uma cidade pequena que salvou você de uma vida de devassidã o, mas elas nã o fazem vestidos bons o su iciente para isso. — Georgie. — Eu tentei um com um decote mais alto, mas eu nã o tinha o sutiã certo, entã o as tiras continuavam espreitando pelos lados e... — Você parece fodidamente perfeita. Você é perfeita. A preocupaçã o em seus olhos se dissipou. — Obrigada, Travis. — A boca dela se abriu. — Isso é uma limusine? — Sim. — Travis passou pelo limiar e apoiou Georgie na casa, chutando a porta atrá s de si. Ele nã o parou de andar até a bunda dela bater na mesa de entrada, sacudindo bugigangas e fazendo-a ofegar. — Ouça — ele murmurou contra a boca dela. — Você ica comigo a noite toda. Os dedos dela se enrolaram na jaqueta dele, como se nã o pudessem evitar, e ele desejou que ela o arrancasse e o escalasse, e foda-se a festa. — O que há de errado? — Ela deu um beijo hesitante no queixo dele. — Você está nervoso? — Nã o. — Travis virou a cabeça e pegou sua boca com um beijo. Era para ser breve, mas a cabeça dela caiu e ele mergulhou, pressionando os lá bios e esfregando as lı́nguas. — Nã o, só nã o tenho certeza do que estava pensando. Este plano. Este… mostrando você para conseguir um emprego. — Seus polegares acariciaram as cavidades de suas maçã s do rosto. — Eu nã o gosto disso. Eu nã o pensei tã o longe à frente. Ela estava respirando com os olhos fechados. — As pessoas fazem esse tipo de coisa o tempo todo. — Acredite em mim, eu sei. E por isso que parece errado com você . Aqueles olhos verdes abriram. — Eu nã o entendo. Travis procurou as palavras certas. Aqueles que nã o iriam revelar a luta que ele estava tendo com esta noite sendo o im. A boca de Georgie o distraiu, no entanto, e tudo o que sairia era a verdade. — Eu nã o quero você em exibiçã o. Eu nã o quero… nó s em exibiçã o. O pulso em seu pescoço saltou visivelmente.


— Nó s? Do outro lado da porta, o motorista da limusine buzinou. Apenas um leve toque, destinado a informá -lo se eles nã o saı́ssem agora, eles nã o chegariam a tempo. E graças a Deus por essa buzina, certo? Ele estava prestes a dizer a Georgie que queria que o relacionamento deles durasse alé m da noite. Que ele queria que fosse real. Queria o direito de beijá -la, levá -la para sair, sentar-se ao lado dela em jantares em famı́lia. Transar com ela para a pró xima estratosfera, levá -la para correr, aparecer quando ela se apresentar em festas de aniversá rio e, o mais importante, dizer a outros homens para icarem longe. Queria o direito de fazê -lo a qualquer hora, em qualquer dia da semana. Ridı́culo. Ele nã o sabia a primeira coisa sobre ser namorado de algué m. Jesus, no entanto. “Namorado” parecia muito mais preciso do que “coisa”. Com o corpo doce dela pressionado contra ele, a possessividade luindo em seu sangue, eles estavam tã o alé m de qualquer coisa que ele quase riu. Quase. Ele estava muito nervoso com o ultimato que estava se aproximando. Ele nã o podia ser apenas sua conexã o inde inida – ela merecia mais do que isso. A perspectiva de deixá -la ir o fez se sentir subfundido na areia movediça, mas ela merecia algué m que tivesse uma perspectiva saudá vel de comprometimento. Casamento. Ele nã o era aquele homem. Ele nunca seria aquele homem. Diga adeus hoje à noite ou peça mais a Georgie. Essas eram suas ú nicas duas opçõ es. — Travis? Cheirando pela ú ltima vez o cabelo dela, ele se afastou. — Nó s devemos ir. Georgie o examinou por um momento e assentiu, deixando-o abrir a porta para que pudessem entrar na varanda, antes que ela se virasse e trancasse. Apesar de se lembrar de que ele e Georgie nã o podiam icar juntos, ele se viu segurando a mã o dela na caminhada até a limusine, catalogando seu rubor, seu silencioso “Oh Deus, oh Deus” quando ela percebeu que os vizinhos estavam olhando. Uma rajada de vento de verã o soprou uma mecha de cabelo em sua boca e ele quase tropeçou na calçada onde terminava. Deus, ela era linda. Apesar da incapacidade de Travis de parar de encará -la, havia uma tensã o de inida entre eles na viagem para Old Westbury. Ele continuou segurando a mã o dela, no entanto, como se deixá -la ir faria o tempo passar mais rá pido. Eles permaneceram em silê ncio, olhando para a frente no banco traseiro, zumbindo na Northern State Parkway por meia hora antes que Travis nã o pudesse mais se afastar e arrastasse Georgie de lado em seu colo. Ela icou sem protestar, en iando a cabeça embaixo do queixo com um estremecimento. O peso dela em seu colo fez suas pá lpebras caı́rem.


— O que foi isso? — Eu iz lexõ es esta manhã . Uma volta inteira pela pista do ensino mé dio. — Mais treinamento para Tough Mudder? Ela assentiu, esbarrando no queixo dele. — Temos trinta e um novos membros e elas parecem ter me tornado sua lı́der nã o o icial. Eu nã o tenho ideia do porquê . Mas agora me sinto obrigada a dar o exemplo. A mã o de Travis deslizou por baixo da saia e passou o polegar pela parte externa da coxa direita. Ele decidiu nã o se ofender que a reaçã o dela fosse mais arrebatadora do que durante os orgasmos. — Primeiro de tudo, trinta e um novos membros? — Sim — ela gemeu, mudando no colo dele para dar a ele melhor acesso aos mú sculos doloridos. — Minha cunhada as levou a acreditar que está vamos começando uma utopia sem homem. Você s todos deveriam estar seriamente alarmados com quantas mulheres apareceram. Ele aplicou mais pressã o no local logo acima do joelho dela, rindo baixinho quando ela icou desossada, gemendo sem vergonha. — Sim? E melhor eu lançar um memorando de homem. Os olhos dela brilharam para ele. Eles eram quase o su iciente para fazê -lo esquecer a protuberâ ncia crescente entre as pernas. Quase. — Um memorando de homem? Isso é apenas desenhos de cavernas em um guardanapo? — E um có digo infalı́vel. Você nunca quebrará isso. — Ele deslizou a barra do vestido mais alto e começou a massagear a parte interna da coxa. — Retiro o que eu disse. Você é muito boa em me fazer quebrar có digos, nã o é ? — Suponho que você esteja falando sobre o có digo da irmã do melhor amigo — disse ela, ofegante. — Esse mesmo — ele murmurou, arrastando uma junta no centro de sua calcinha preta. — Você se arrepende? A garganta de Travis estava apertada. Tudo nele estava. — Nã o. Ele nunca esteve nessa posiçã o. Dividido entre sedento para foder e precisar conversar. Para somente… segurá -la. Fazer todas essas coisas ao mesmo tempo parecia demais. Como se o rasgassem. Entã o ele continuou passando as mã os sobre ela bruscamente e respirando. Memorizando a suavidade de suas coxas, o mergulho de sua barriga, a curva de seu quadril. Ele nã o sabia quanto tempo durou o toque, mas eventualmente Georgie se endireitou e acalmou as mã os com as dela. Ela juntou as bocas para um beijo longo e tortuoso. Lento. Seu pê nis icou grosso e pressionado contra suas costas, mas nenhum deles parecia inclinado a ceder à fome. Travis precisava prolongar a noite,


manter o tempo à distâ ncia – e o beijo conseguiu fazer isso. Foi molhado e sem im e deixou os dois tremendo quando chegaram à mansã o ao estilo Tudor. Georgie se afastou primeiro, respirando pesadamente contra os lá bios. — Eu… eu pretendia revisar tudo com você . Quem exatamente eu estou encontrando.... qualquer coisa que eu deva falar... — Estamos jantando com Kelvin Fisher. Seu pai costumava administrar a rede antes de se aposentar, e Kelvin entrou em cena e começou a fazer alteraçõ es. Eu nunca o conheci. Meu agente está nos encontrando aqui e aquele matraca nunca fecha a boca, mas ele é um bom amortecedor. — A mã o dele se moveu sozinha, acariciando seus cabelos, sua bochecha. — Nã o há nada para icar nervosa. Seja você mesma. — Nada poderia impedi-lo de se inclinar novamente e lhe dar um pouco de lı́ngua, aprofundando o beijo até a bunda dela começar a lexionar em seu colo. — Obrigado por estar aqui comigo, Georgie. Ela assentiu, sua expressã o atordoada quando Travis a levantou do colo. Os dois assistiram quando ele ajustou seu pau duro e respirou fundo. — Isso nã o é muito familiar. — Nã o, nã o é — Travis murmurou. — Nã o pareça tã o orgulhosa de si mesmo. O motorista da limusine abriu a porta e estendeu a mã o para Georgie a pegar. — Oh, mas eu estou — ela jogou por cima do ombro com uma piscadela. — Nã o tenha pressa. Travis balançou a cabeça e saiu atrá s de Georgie. Na entrada da ampla residê ncia, um homem esperava com as mã os cruzadas atrá s das costas para guiá -los para dentro. Travis esteve em alguns lares incrı́veis nos ú ltimos anos, alguns pertencentes a treinadores e colegas de equipe, mas ele podia dizer sem reservas que este levou o bolo. Nã o era chamativo ou enfeitado com peixes e telas planas. Era dinheiro antigo. Discreto e de bom gosto. Chã o de má rmore polido brilhava na entrada, que se espalhava para um vestı́bulo de um lado e uma adega do outro. Havia uma escada logo depois, curvando-se para o segundo andar escondido. Era enorme, arejado e iluminado por arandelas. A mú sica baixa chegou, misturandose ao som de um acessó rio de á gua invisı́vel. — Sr. Fisher está apenas mostrando ao seu agente o jardim — disse o mordomo. — Por favor, espere aqui e eu vou deixar eles saberem que você chegou. O homem saiu da sala, deixando Georgie e Travis sozinhos. — Whoa — Georgie sussurrou. — E como se tivé ssemos entrado em uma praça italiana ou algo assim. Provavelmente. Eu nunca estive na Itá lia.


— Você quer ir para a Itá lia? — Claro que quero. — Ela se virou em um cı́rculo aterrorizado, os saltos clicando no chã o, os lá bios entreabertos. — Quem nã o quer viajar? Travis deu um passo mais perto de Georgie, sem saber se ele iria beijá -la novamente ou exigir saber tudo o que ela sempre quis em sua vida. Para que im, ele nã o sabia. Mas ela era linda à luz suave e deslumbrada por esta mansã o. Isso o deixou muito consciente do fato de que eles saı́ram apenas em algumas datas improvisadas. Era disso que ela se lembraria do tempo que passaram juntos? — Georgie... — Bem-vindos. — Kelvin Fisher entrou na sala da maneira que um rei faria, mas menos distante. Seu sorriso era sincero e genuı́no quando ele apertou a mã o de Travis. O chefe da rede era mais jovem do que Travis pensava, no meio dos trinta e irradiando energia. — Travis Ford — disse Kelvin. — Eu sou um grande fã . Travis assentiu. — Obrigado. — Ele levantou um braço e Georgie deslizou por baixo dele como se ela pertencesse lá . Porra. Parecia que ela o fazia. — Essa é Georgie Castle. — Travis parou de chamá -la de namorada e desejou como o inferno que ele tivesse apostado nessa a irmaçã o quando Kelvin beijou sua mã o, sorrindo por ela enquanto ela corava. — Eu te vi nos jornais. Devo dizer que todos gostamos de ler a conta do repó rter sobre você se aproximar para acabar com aquele homem no bar. Bem feito. — Ele inclinou a cabeça. — Nã o tenho certeza se já conheci um palhaço pro issional. Você tem algum truque na manga para hoje à noite? Georgie encolheu os ombros como uma dama, retirando a mã o para poder fazer aparecer uma moeda por trá s da orelha de Kelvin. — Nã o é o meu melhor trabalho, mas você me pegou em uma noite de folga. A risada de Kelvin ecoou nas muitas superfı́cies de má rmore na entrada. Georgie sorriu de volta. Travis desejou que ele a tivesse beijado mais uma vez na limusine. — Deixe-me adivinhar. Donny está em algum lugar fazendo uma ligaçã o importante. — Agentes esportivos — disse Kelvin, inalmente conseguindo desviar sua atençã o de Georgie. — Nã o posso viver com eles… — Nã o pode assinar um acordo que valha a pena sem eles — disse Donny, entrando no quarto de terno creme. — Vamos ver se podemos lidar com isso hoje à noite, hein, meninos? Travis foi forçado a deixar Georgie dar um abraço em Donny, mas ele realmente nã o queria. Assim que acabou, ele pediu que ela voltasse contra o lado dele, enquanto seguiam Kelvin pela sala até o terraço.


— Vamos jantar ao ar livre hoje à noite. Espero que esteja tudo bem — disse Kelvin, acenando para duas mulheres de avental que desapareceram imediatamente de vista. — Passei o verã o passado na costa de Amal i e agora estou sujeitando todos na minha vida à cultura italiana. — De initivamente, existem coisas piores — disse Georgie, mais uma vez com os olhos estrelados sobre o ambiente. E sim, mais uma vez, Travis teve que admitir que a atmosfera era incrı́vel. A noite estava desaparecendo do cé u e velas acendiam e piscavam em todas as superfı́cies disponı́veis. Um lustre baixo pairava sobre uma mesa antiga ornamentada, decorada com lores brancas e amarelas. — Georgie — Kelvin disse suavemente, sinalizando mais um membro de sua equipe. — Posso oferecer-lhe uma taça de vinho? — Claro, eu... Uma criança pequena do sexo feminino entrou pela porta dos fundos no pá tio, se jogando nas pernas de Kelvin. — Papa! Eu nã o estou cansada. Obviamente, nã o esperando a intrusã o, Kelvin torceu sem jeito, tentando ver a garota envolvida em suas pernas. — Você tem que estar cansada. Andamos de bicicleta. Construı́mos um forte. Tudo o que izemos hoje foi projetado para cansá -la. — Ele deu uma risada estranha. — Nó s conversamos sobre isso. Eu tenho uma reuniã o hoje à noite. Amanhã de manhã , sou todo seu. — Está frio no meu quarto. — Nó s podemos ajustar a temperatura. Ela espiou por entre as pernas dele. — Quem sã o eles? Em vez de responder, Kelvin virou-se para a mulher servindo vinho e comunicou “Me ajude” com os olhos. A mulher parou o que estava fazendo e correu, passando um braço no meio da menina e tentando levantá -la. O que, é claro, fez a criança gritar. Kelvin massageou o centro da testa e ofereceu um sorriso de desculpas. — Nã o era para ser a minha semana, mas algo surgiu para a minha ex. — Seu sorriso caiu quando sua ilha começou a chorar sé rio. — A hora de dormir é sempre uma aventura. Georgie se afastou de Travis, passando pelo ornamentado mesa para ajoelhar na frente da criança. — Oi. Eu sou Georgie. Qual o seu nome? A garota esfregou os olhos com um punho gordinho. — Madison. — Você quer ver algo legal? Sem hesitaçã o. — Sim. Travis observou encantado quando Georgie pegou trê s limõ es da peça central e começou a manipulá -los.


— Ok, Madison. Você tem que me ajudar. Bata palmas para que eu nã o os derrube. A garota saiu de trá s do pai lentamente, as lá grimas começando a secar. — Nã o posso continuar… meus braços estã o icando fracos... Kelvin agachou-se ao lado de Madison e bateu palmas, inalmente dando à garota o impulso de que precisava para participar. Em segundos, a garotinha estava rindo, os olhos arregalados quando Georgie ganhou velocidade. Cristo. Travis nã o sabia o que fazer com a sensaçã o de fogo em seu peito. Nã o foi preciso um grande salto de imaginaçã o para pintar Georgie, Kelvin e a criança em famı́lia. Uma que se amava tanto, eles nã o podiam deixar de entrar em atos espontâ neos de fofura onde quer que fossem. A maneira estupefata que o outro homem estava olhando para Georgie fez Travis querer bater nele, mesmo que ele entendesse completamente. Quem nã o iria olhar para ela como se ela fosse um maldito anjo? Era exatamente o que ela era naquele momento. Todo momento. Um ser enviado diretamente das nuvens. Deus, ele estava com frio. Se sentiu como um mendigo assistindo uma famı́lia comer jantar de Açã o de Graças atravé s de uma janela panorâ mica. Foi tudo tã o saudá vel. Exatamente o que Georgie merecia. Exatamente o que ela queria. Exatamente o que ele nunca poderia dar a ela. Algué m mais faria isso, no entanto. Travis estava tã o concentrado no caos em seu estô mago que nã o notou Kelvin se levantar e seguir em frente. — Georgie é magnı́ ica. Você é um homem de sorte. — Obrigado — Travis conseguiu, um pouco de honestidade escapando sem a permissã o dele. — Eu nã o sei o que diabos ela está fazendo comigo. Kelvin riu, mas sua expressã o era pensativa. — Nã o acreditei na minha equipe quando sugeriram que você mudou, mas parte do meu sucesso vem de ser um bom juiz de cará ter. Nã o acho que uma mulher como ela possa estar errada sobre algué m. — Ele fez uma pausa. — Ainda assim, nã o posso fazer apenas uma avaliaçã o. Por que você quer esse emprego, Travis? As ú ltimas duas semanas voltaram para ele com uma onda de cores e sons. Georgie estava na frente e no centro de todas as lembranças. Jogando comida na cabeça, jogando bolas de beisebol no meio de uma tempestade, sentando no balcã o da cozinha e dizendo que ele era mais do que o esporte. Em algum momento, ele começou a acreditar nela, nã o? — Se você tivesse me perguntado isso há um mê s, nã o tenho certeza do que teria dito a você . A verdade seria que eu queria o emprego para nã o ser um fracasso. Eu cresci cercado de dú vidas e nã o queria cumpri-


las. Quando a liga me derrubou, pensei que tinha ganhado essa dú vida. Me tornado algué m que mereceu. — Ele trocou olhares com Georgie e a presença dela o invadiu, o sacudiu cheio de con iança. — Agora é diferente. Quero o emprego porque amo beisebol e trabalharia muito. Eu nunca aproveitaria a oportunidade como garantida. Mas, se você achar adequado me fazer a voz dos Bombers ou nã o, nã o sou um fracasso. Eu també m nã o falharia com você . Os homens icaram em silê ncio por um longo momento antes de Kelvin inalmente falar. — Eu nã o acho que você vai. — Eles apertaram as mã os. — Bemvindo aos Bombers, Travis Ford.


Capítulo Vinte e Cinco

Travis passou os braços em volta dela e eles tropeçaram para dentro da limousine, caindo em um emaranhado de pernas no banco traseiro de couro macio. — Você conseguiu o emprego, Travis. — Georgie gritou, beijando o rosto dele. — Você conseguiu. — Nã o — ele disse, tomando sua boca em um beijo que tinha gosto maravilhoso de luxú ria. — Nós conseguimos. Georgie se afastou para estudá -lo, passando os dedos pelos cabelos dele, pelas bochechas, completamente incapaz de esconder o amor em seus olhos. Estando tã o empolgada por Travis ganhar o contrato, ela nã o queria pensar sobre o inal ainda. O pâ nico a invadiu, a realidade caindo sobre sua cabeça. De certa forma, ela havia encontrado o lugar que queria entre sua famı́lia e colegas. Travis era a nova voz dos Bombers agora e nã o havia nada que os impedisse de voltar à realidade. Uma necessidade incontrolá vel de atrasar o inevitá vel a atingiu. — Eu quero você — ela sussurrou, passando as mã os pelo estô mago dele, seus dedos se enrolando na cintura de Travis. Suas expiraçõ es caı́ram e colidiram. A mã o de Travis, envolta na parte de trá s do seu pescoço, apertando na quantidade exata. Estando tã o perto, ela estava cercada pelo perfume pelo qual ansiava. A loçã o pó s-barba de Travis viajou em sua direçã o junto com o ar condicionado frio e pousou em sua lı́ngua. — Eu preciso de você . Com um gemido, Travis desabotoou o cinto e deixou a ivela cair, sabendo, sem olhar para baixo, que seu pê nis duro estava à vista, enchendo o elá stico da cueca. — E isso que você quer? Georgie estremeceu. — Sim. — Com frio, bonequinha? Mesmo no escuro da limusine, era impossı́vel nã o notar a preocupaçã o nos olhos dele. Nã o apenas pelo conforto dela, mas… por algo mais. Seria demais torcer para que a preocupaçã o em seu rosto fosse sobre esta noite ser o im de tudo? — Tire esse vestido. Vou manter você aquecida. — Ele afrouxou a gravata e a jogou no chã o. Desabotoando a camisa, sua expressã o estava se tornando faminta. Um pouco selvagem. — Eu disse para tirar. Georgie permaneceu congelada pela intensidade vinda dele. Pela sú bita urgê ncia. E sua necessidade icou selvagem para combinar com a de Travis quando ele a puxou para o chã o, a virando para encarar o couro do banco traseiro de joelhos. — Você quer icar com ele? Beleza. Incline-se para mim — ele murmurou no topo da cabeça dela — agora.


Calor tomou sua barriga, amolecendo seus membros, a eletricidade subindo preguiçosamente atravé s de sua coluna até sua cabeça. Georgie apoiou as mã os no assento largo, ofegando quando Travis separou os joelhos dela com um som gutural. Ela o sentiu se afastar e examiná -la, fazendo o pescoço de Georgie esquentar, umidade se acumulando na junçã o de suas coxas. A saia de seu vestido foi levantada centı́metro por centı́metro, de forma lenta e cuidadosa, até onde icou em volta da cintura dela. Ai meu Deus. Ah sim, isso era… diferente. A antecipaçã o a atingiu. Mais estava por vir. Mais do que o normal. Sem precisar falar sobre isso, ela sabia que eles queriam fazer a ú ltima vez entre eles icar marcada. Não pense no im disso tudo. — Bonequinha, você usou este vestido justo para mim. — Ele grunhiu, um ú nico dedo deslizando na parte de trá s da calcinha para puxá -la cada vez mais para baixo, até que ela icasse presa em seus joelhos. Deixando sua bunda nua exposta. — O que vamos fazer com essa sua linda bunda, hein? Viemos o caminho todo até aqui com ela tã o doce e irme no meu colo. — Sem aviso, seus quadris foram puxados contra as coxas de Travis, sua ereçã o enorme provocando a fenda de sua bunda. — Olha o que ela fez. — Ele puxou os quadris de Georgie ainda mais contra seu colo, lambendo o ló bulo da orelha dela. — Olha o que você fez. Você nã o está nem um pouco arrependida, nã o é ? Se estiver, isso nã o está impedindo você de se empurrar e pressionar o pau que você torturou. Esfregando-se nele como um gatinho faminto. — Desculpa — Georgie respirou, parando os movimentos que ela nem sabia que estava fazendo. O pedido de desculpas ainda nem tinha saı́do completamente quando Travis enrolou o cabelo dela habilidosamente em seu punho, puxando a cabeça dela para trá s. Inclinando-a até que seus olhos se encontraram. — Eu nã o disse para parar. Rebolar os quadris nessa posiçã o – arqueada para trá s, o rosto inclinado em direçã o ao teto – foi estranho no começo, mas o leve movimento fez suas coxas se esfregarem de uma maneira diferente, impulsionou seus seios para frente e colocou sua feminilidade em um â ngulo que puta merda! Dez segundos movendo sua bunda nua contra o colo de Travis a transformaram em uma bagunça necessitada. Olhos sé rios a observavam de cima, icando mais embaçados a cada movimento de sua bunda. — Está certo. Se desculpe por provocar meu pau o provocando ainda mais. — A sensaçã o de você contra mim é tã o boa — Georgie choramingou — eu nã o consigo parar. O punho enrolado no cabelo de Georgie inclinou a cabeça dela para o lado, a lı́ngua de Travis percorrendo um caminho quente e ú mido até a lateral do pescoço.


— Que bom. Nã o pare nunca. — Ele chegou mais perto – tã o perto – seu corpo nivelado com as costas dela, os dedos ocupados com o zı́per lateral do vestido. O ar frio beijou sua pele quando ele puxou a roupa sobre a cabeça dela e em seguida colocou a bunda dela em seu colo mais uma vez, abrindo mais os joelhos de Georgie e empurrando-se contra o corpo dela. Nudez suave em um homem forte e vestido. O contraste era tã o devastadoramente quente que ela gemeu alta e longamente. — Me provoque quando quiser, porque nó s dois sabemos o seu segredinho sujo. Você nã o sabe me provocar sem se entregar. Você quer meu pau e o quer fundo. Era possı́vel ter um orgasmo apenas com as palavras? Porque, Deus! Ela estava perto. Seu clitó ris estava inchado e sensı́vel por causa de suas pernas se esfregando. Sua garganta doı́a de puxar o ar de forma rasa e á spera. Quente, eu estou tão, tão quente. Georgie estava tã o impressionada que só a ú nica coisa que podia fazer era pressionar a lateral do rosto no assento de couro, Travis a prendendo lá com uma mã o irme. Ela só podia ouvir o tilintar e bater de seu cinto atingindo o chã o ao longe, sua bunda se levantando em um movimento involuntá rio. Apenas me pegue. Me possua. — Nunca te fodi assim, nã o é ? — Travis grunhiu, batendo levemente em suas ná degas com sua ereçã o. Do jeito que ela tinha visto homens fazerem na Internet – e por que isso parecia tã o quente e animalesco para Georgie? Um misté rio. Travis batendo nela com sua excitaçã o foi su iciente para deixá -la desesperada, seus dedos se transformando em garras no assento. Ela ouviu uma embalagem de preservativo ser rasgada e, inalmente, a cabeça do pê nis dele cutucou a sua entrada. Georgie prendeu a respiraçã o, choramingando quando ele mordiscou seu pescoço. — Você sabe por que eu nã o meti meu pau dentro de você por trá s ainda? Ela soltou um suspiro trê mulo contra o couro, o coraçã o batendo forte. — Por quê ? Travis se en iou por completo e o grito de Georgie encheu a limusine. — Porque eu nã o tinha certeza de que seria capaz de me controlar depois de ter você de quatro. Com sua bunda batendo na minha barriga, eu tinha medo de cruzar uma linha e ser desrespeitoso – e ainda tinha uma parte de mim que pensava em você como a irmã mais nova do meu amigo. — Ele emitiu um som sufocado, caindo em cima dela, se en iando com um gemido. — Nã o mais. Você é toda minha agora. Eu vou te pegar como eu quiser. Com esse pronunciamento, os dentes dele roçaram seu ombro, o su iciente para fazê -la estremecer com o prazer e a dor. Os quadris dele


nunca pararam de empurrar, os gomos de seu abdô men percorrendo a curva de suas costas, a pele deles se esfregando. E entã o esses dentes deixaram seu ombro, encontrando a nuca dela, se arrastando para cima e para baixo, provocando uma onda selvagem de satisfaçã o em Georgie. Suas costas arquearam, as coxas se afastaram ainda mais, se tornando um objeto de prazer para este homem. Com a boca aberta pressionada no assento, ela só conseguia choramingar o nome dele em uma ladainha, sentido a gló ria de ter a carne dura entrando e saindo de seu corpo repetidamente. Travis estava grunhindo e xingando entre mordidas em seu pescoço, ombros e costas. — Minha — ele murmurou. Depois, mais insistente: — Minha. A mente febril de Georgie havia acabado de perceber a mudança no tom de Travis quando seus braços fortes a envolveram, segurando-a apertado. Muito apertado. Seus quadris continuaram a bater nela por trá s, mas sua respiraçã o icou irregular. Completamente anormal, mesmo em para o estado excitado em que ele estava. Com o rosto dele enterrado na curva do pescoço de Georgie, ela só teve que virar a cabeça para procurar o rosto de Travis – e encontrou os olhos dele apertados, o nome dela nos lá bios. — Travis — ela resmungou, beijando os antebraços presos ao seu redor — olhe para mim. Olhos azuis torturados a encontraram e um alarme acendeu no peito de Georgie. Ela girou no cı́rculo dos braços de Travis, nã o lhe dando escolha a nã o ser sair de dentro dela. Ele se jogou em Georgie, envolvendo-a em um abraço de urso, os dois de lado no assento. — Porra. — O que está acontecendo de errado? — Ela passou a mã o pela nuca dele. — Fale comigo. Um mú sculo deslizou para cima e para baixo em sua garganta. — Georgie, eu nã o posso fazer isso. A dor chamuscou os pulmõ es dela. — Você está ... terminando essa coisa entre nó s agora? Eu sei que deveria durar só até hoje à noite– Travis plantou a mã o na boca dela, sua respiraçã o dura. — Primeiro de tudo, vamos parar de chamar isso de coisa. — Ok — ela murmurou lentamente contra a palma da mã o dele. — O que você fez por mim, bonequinha... me tirando do escuro? E um milagre. Nã o é uma coisa. Você é um milagre. Ele fechou os olhos, sem ver o temor que atravessava o rosto dela. — Você me faz melhor, e eu desejo – eu desejo pra caralho poder fazer o mesmo por você , mas tudo o que posso oferecer sou eu. Outros homens podem oferecer as coisas que você quer. Famı́lia. Crianças. Nã o sei como te dar isso. — Os braços dele a apertaram. — Mas acho que també m nã o posso deixar você ir. Georgie sentiu como se estivesse respirando atravé s de um canudo.


— Você está dizendo que quer icar comigo? — Que eu quero? Nã o. — Travis roçou a boca contra a dela, deixando as pontas da lı́ngua tocarem. — Estou dizendo que preciso de você . Estou dizendo que nã o podemos terminar isso esta noite. Eu fui um idiota por pensar que isso era possı́vel. Georgie icou abalada. Ele realmente acabou de dizer essas coisas bonitas? Ela estava sonhando? Nã o. Nã o, o corpo quente e má sculo pressionado contra o dela era real, assim como a emoçã o presente em cada uma de suas palavras. Eu preciso de você. Será que ele tinha alguma ideia do quanto ela precisava dele també m? Este homem que tinha detonado a percepçã o anterior que ela tinha dele e a substituiu por algué m real, carinhoso e magné tico. Graças a Deus. Graças a Deus isso nã o terminaria em algumas horas. Isso quase iludiu Georgie a ponto de acreditar que tinha conseguido curar Travis da sua fobia de relacionamentos. Ela icou tã o aliviada por esse homem querer mais. Os dois queriam. Georgie passou os dedos pelos cabelos dele, suas coxas se ergueram para circular a cintura dele. Entre eles, sua ereçã o grossa continuava pulsando, e seu corpo estava agora chorando por seu quase orgasmo. — Nã o sei por onde eu começo. — Georgie disse calmamente, passando as unhas ao longo do couro cabeludo de Travis e vendo seus olhos brilharem. — Travis, eu– Não é o momento, Georgie. Eles tinham acabado de decidir parar de chamar o relacionamento deles de “coisa”. Declaraçõ es de amor iam muito alé m. Talvez eles nunca sequer chegassem lá . Ou seja, ela precisava ir aos poucos. Mesmo que seu peito parecesse que poderia explodir com a sobrecarga de sentimentos. Uma linha se formou entre as sobrancelhas de Travis. — O que você ia dizer? Georgie passou as unhas levemente pela nuca dele. — Eu ia dizer que tenho 23 anos, Travis. Eu nã o quero ilhos agora. Ou um marido. Tenho todo o tempo do mundo. — As palavras soaram vazias para seus pró prios ouvidos e Travis ainda estava franzindo a testa, mas ela continuou, chegando à parte que era nada mais do que a verdade. — Agora, eu só quero– — Um namorado? — O peito dele subiu e desceu. — Se isso é su iciente por enquanto, me deixa ser o seu. Por enquanto. Isso colocou eles em uma relaçã o temporá ria mais uma vez? Talvez. Mas a perspectiva de estar com Travis sem um inal iminente se mostrou muito tentadora. — Onde eu assino? Travis ainda parecia preocupado com a alegaçã o de que o futuro poderia esperar, mas depois de uma pequena hesitaçã o, sua boca estava contra a dela outra vez. E seus lá bios se movendo juntos reacenderam o calor entre eles como duas partes de uma pederneira28. Georgie


separou suas pernas, olhando para o homem mais sexy vivo atravé s de seus cı́lios. E Travis mordeu a isca como um homem faminto. Ele se abaixou com as mã os trê mulas e guiou seu pau de volta entre as pernas dela, se enterrando profundamente com um gemido. —Eu preciso tanto entrar dentro de você , Bonequinha. Fundo. — Ele a deitou no chã o da limusine. — Eu quero icar dentro de você a porra da noite toda. Ela o deixou prender seus pulsos acima da cabeça, um zumbido no sangue. Tã o cheia de amor, ela se perguntou se seu peito poderia explodir. — Dá isso pra mim. Era rá pido e á spero, a testa de Travis pressionada contra a dela, olhos ixos um no outro enquanto ele estocava contra seu corpo. Ele se moveu em um ritmo impiedoso, batendo os quadris, dentes à mostra toda vez que ela o apertava com suas paredes internas. Eles gemeram palavras que faziam sentido apenas para seus ouvidos, chamavam o nome um do outro e se beijavam como se estivessem desesperados para memorizar o gosto, a textura, o movimento, os padrõ es da respiraçã o. Travis soltou os pulsos de Georgie para que pudesse empurrar os joelhos dela, o ritmo dos quadris se tornando cada vez mais duro, mas, como sempre, consciente de onde ela precisava ser tocada, a base de seu eixo atingindo o lugar certo e transformando Georgie em uma criatura que arranhava e se contorcia, as unhas enterradas na bunda do namorado. Instando-o a ir mais rá pido, a usar, a dominar. E ele fez isso. Ele fez tudo isso até as lá grimas escorrerem pelas tê mporas dela, os orgasmos mú ltiplos borrando sua mente, limitando seu universo ao ponto em que seus corpos se encontravam. — Droga — ele murmurou em seu pescoço, a voz soando dolorida. — Eu preciso tanto gozar, mas você é linda demais quando chega ao á pice. Deixe vir. — Quem, eu? — Georgie disse sem fô lego, usando de inocê ncia falsa – sua arma favorita – porque ela nã o suportava saber que Travis estava com dor, e essa por acaso era a kriptonita dele també m. Ela abriu a frente do sutiã tomara que caia, curvando as costas para exibir os seios nus a Travis. — Filha da puta — ele respirou fundo, seus quadris estalando contra a pele dela em um ritmo rá pido, empurrando contra seus seios. — Nã o. Nã o nã o nã o... Eu quero assistir você mais uma vez. Ela brincou com os pró prios mamilos, beliscando e rolando entre o dedo mé dio e o polegar. — Mas é tã o bom quando você me preenche. — Georgie. — Goze. — Ela ofegou quando Travis travou os dentes no queixo dela, rosnando. — Você pode ir mais forte, nã o pode? Você nã o precisa se segurar só porque eu sou tã o apertada.


Ele gozou com um rugido que durou por longos momentos, pairando no ar. A bombada inal de sua rigidez dizendo a ela tudo sobre o desespero dele. E a expressã o de ê xtase masculino em seu rosto lindo junto com a moagem pegajosa e ú mida da parte inferior de seus corpos, empurrou Georgie para um clı́max inal lento e abrangente que a fez tremer violentamente. Isso fez com que a cabeça de Travis se levantasse, seus olhos se derretendo ao testemunhar. — Linda — ele disse — Você é linda pra caralho. Eles desmoronaram em um emaranhado de braços e pernas. Travis encaixou a cabeça de Georgie sob o queixo, um aperto inquebrá vel ao redor dela. Nã o havia nenhum outro lugar no mundo no qual ela preferiria estar alé m de ouvindo o coraçã o de Travis bater com força contra sua caixa torá cica, a garganta tremendo enquanto puxava oxigê nio. Enquanto percorriam a estrada, ela deixou o motor e os batimentos cardı́acos de Travis a embalarem, recusando-se a icar triste com as trê s palavras que permaneciam presas em sua garganta.


Capítulo Vinte e Seis

Travis virou para cima seu colarinho para se proteger contra o vento em sua caminhada pelo estacionamento. O outono já havia começado, trazendo uma brisa fresca da á gua. Em breve as folhas começariam a mudar e todos tirariam seus sué teres dos armá rios. Nã o demoraria muito para que ele estivesse se esquivando das crianças com fantasias de Halloween, enquanto elas brincavam na Main Street. Pela primeira vez ele estava realmente ansioso por outubro por uma razã o diferente da World Series. Ele estava ansioso por tudo agora. Ele tinha comprado os materiais que ele precisava para dar os retoques inais na lareira de Georgie e já podia vê -la deitada na frente dela. Ontem à noite, depois que a limusine os deixou na casa dela, nã o havia dú vida de que ele passaria a noite lá . Era isso que namorados faziam, nã o era? E, por acaso, a namorada dele dormia com esses minú sculos shorts de lanela que se en iavam na bunda dela – ele tinha encontrado eles na parte de trá s da gaveta de meias enquanto procurava algo para manter os pé s dela aquecidos. Ele a convenceu a vestir um para ver e agora estava beirando a obsessã o. Quando ele imaginava Georgie em frente à lareira que ele estava construindo, ela nã o vestia nada alé m daqueles shorts abraçando sua bunda e um sorriso, sua pele iluminada pelas chamas. Você não precisa se segurar só porque eu sou tão apertada. — Cristo — ele murmurou, precisando diminuir o passo. Nã o seria uma boa ideia entrar no Grumpy Tom's com uma ereçã o, considerando especialmente que ele estava indo se encontrar com Stephen para tomar uma cerveja. Lamentavelmente, foi assim que ele passou a maior parte do dia. Duro – ou prestes a icar duro – graças a Georgie. Ele sempre gostou de sexo? Claro. Todo homem gosta. Mas ele havia tido uma versã o vaga e diluı́da disso durante toda sua vida. Mas ao estar dentro de Georgie? Seu corpo icava é brio, assim como sua mente. Seus corpos se movendo juntos o fazia entrar em sintonia com cinquenta coisas ao mesmo tempo: sua pulsaçã o, o inchaço de seu clitó ris, os picos de seus mamilos, a impaciê ncia de sua boceta, o foco minguante em seus olhos, suas palavras, sua respiraçã o, a suavidade de sua pele, a aspereza de suas unhas. O carinho que ela irradiava para ele. Estar ciente de todas essas coisas incrı́veis ao mesmo tempo, cuidar delas, enquanto é completamente absorvido por um sentimento caloroso e ı́ntimo de pertencimento. Droga. Ele nã o tinha previsto Georgie entrando em sua vida. Era uma grande ironia que a pessoa mais altruı́sta do mundo o estivesse inspirando a ser egoı́sta. Era exatamente isso que ele estava sendo. Ele cobiçava essa garota. Queria ela só para si, mesmo que sua bondade fosse feita para brilhar em outros lugares. Enquanto observava ela dormir esta manhã , ele nã o foi capaz de impedir que sua mente a


projetasse em um momento e lugar diferentes, onde as crianças entrariam no quarto e pulariam sobre seu corpo adormecido. Por quanto tempo Travis poderia mantê -la para si mesmo, sabendo que seu sonho era ter uma famı́lia? O intestino de Travis deu um nó quando ele empurrou a porta e entrou no bar, o som da má quina de jogos e o rock clá ssico entrando em seus ouvidos. Nã o importa o que aconteceria no futuro, ele precisava ser honesto com Stephen agora. Sobre seu relacionamento falso com Georgie e porque tudo começou em primeiro lugar. Sobre o quã o incrivelmente reais eram seus sentimentos por ela agora. Travis nunca se sentiu bem por mentir para Stephen, e o cara estava obviamente preocupado com a irmã . Ele precisava saber que Travis faria tudo ao seu alcance para fazê la feliz. Enquanto ela deixasse. Foi por isso que ligou para o irmã o de Georgie esta tarde e pediu para encontrar com ele para tomar uma cerveja à s sete. Amanhã de manhã , as meninas participariam do Tough Mudder. Os irmã os dela estariam lá e ele nã o queria mais nenhuma farsa. Ele queria que eles vissem a irmã com um homem que morreria para fazê -la feliz, sem perguntas – e, dessa vez, nã o seria um show. Apesar de, ao olhar ao redor no bar, Travis nã o ter encontrado Stephen ainda– Um rosto familiar no bar fez seu sangue gelar. O pai dele? O pai dele estava aqui em Port Jefferson? Travis assistiu horrorizado enquanto Mark Ford oscilava para a esquerda em seu banquinho. Era uma cena saı́da dos pesadelos de Travis. E memó rias. Aquelas visõ es em sua mente se atualizavam agora, acrescentando novos detalhes, como o peso extra ao redor da cintura de seu pai, a linha do cabelo que havia retrocedido e icado tê nue. Quantas vezes, quando criança, ele esgueirou-se pela porta dos fundos deste bar, tentando afastar o pai de uma garrafa? A sensaçã o de fome e vergonha tomou conta de Travis agora, como se mais de uma dé cada nã o tivesse passado. — Olha só ! — Mark bateu no balcã o do bar com a mã o aberta, girando o banquinho. — Aı́ está meu ilho. Sabia que apareceria aqui mais cedo ou mais tarde. Sempre aparece. Muito consciente da atençã o focada neles, Travis limpou sua garganta e eliminou a distâ ncia entre eles. — Que merda você está fazendo de volta aqui? Mark riu, as linhas se espalhando pelos cantos dos olhos. — Isso nã o é uma maneira muito gentil de dar as boas vindas. — Você nã o é bem vindo. — Declarou Travis. — Nã o há nada para você aqui. — Nã o é verdade. — Mark tomou um gole desleixado de sua bebida. Uma cerveja. Mas vá rios copos vazios estavam à sua frente,


como pequenos e brilhantes emblemas de honra. — Recebi uma ligaçã o do corretor de imó veis me avisando que você estava vendendo a casa. Travis sentiu um tapa invisı́vel em sua cara. Obvio. O registro do imó vel estava no nome dos dois. O agente imobiliá rio provavelmente nã o tinha escolha a nã o ser alertá -lo sobre a avaliaçã o. O objetivo de Travis era começar a enterrar o passado, mas, ao invé s disso, ele o arrastou de volta para a luz. Arrastou um amargo, sufocante lembrete de volta ao presente. — Dei uma passada pela casa esta tarde — continuou Mark falando alto. Alto de propó sito. Mais uma das maneiras como costumava humilhar Travis quando ele era criança. Al inetando ele em pú blico sobre um jogo ruim, seus há bitos alimentares, sua mã e, e rindo enquanto todos assistiam em um silê ncio desconfortá vel. — Você realmente deixou o lugar virar uma merda. Nã o que isso te abale de alguma forma, nã o é ? Você sempre andou por aı́ como se merecesse um fodido palá cio. Ele cuspiu a ú ltima palavra e Travis fechou os olhos, rezando por paciê ncia. Por uma maneira de tornar isso mais rá pido. De initivo. Ele ainda nã o conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. — Você quer a sua parte da venda? Sem problemas. Você nã o precisava vir até Port Jeff para recebê -la. Mark deu um impulso em seu banco, um sorriso de escá rnio moldando sua boca. — Nã o fale comigo como se eu fosse algum tipo de pedinte, garoto. Eu tenho interesse aqui e vim para cuidar disso. Eu tenho todo o direito. O barman se aproximou da visã o perifé rica de Travis. — Está tudo bem, senhores? Travis acenou para o homem sem tirar os olhos do pai. — Sim, senhor. Eu estou cuidando disso. — Seu pai começou com outra explosã o de raiva, mas Travis o interrompeu. — Vou te dar um cheque de metade do valor da avaliaçã o. Nã o há necessidade de icar por aqui e lidar com toda a papelada irritante, certo? Mark soltou um longo suspiro pelo nariz. — Você ganhou dinheiro su iciente, sem fazer nada, para me enfrentar? E isso? — Isso mesmo. Mais do que su iciente. Seu pai pegou um canudo de coquetel no bar e o colocou na boca, mastigando o plá stico vermelho. — Foi de uma hora pra outra, nã o é ? Por que você está vendendo a casa agora? — Mark apontou o canudo para Travis. — E por causa de uma mulher, nã o é ? O volume da voz de seu pai aumentou a ponto de poder ser ouvido por todos, mesmo com a mú sica e a má quina de jogos. O inferno iria congelar antes que Travis dissesse voluntariamente o nome de Georgie


para esse homem que envenenou tudo o que tocou. Entã o, ele permaneceu em silê ncio. — Eu nã o vou me fazer de bobo. Vi nos jornais que você está namorando aquela garota dos Castle — disse o pai, fazendo com que uma bomba de á cido atinja o estô mago de Travis. — Aposto que você se encaixa perfeitamente em uma famı́lia que acha que a merda deles nã o fede. A raiva bateu forte nele. — Cale a porra da boca, velho — Travis rebateu, os dedos esticando e curvando nas palmas das mã os. — Eles foram melhores para mim do que minha pró pria famı́lia. Uma centelha de arrependimento iluminou os olhos de Mark, mas desapareceu tã o rá pido quanto apareceu. — E você vai retribuir manchando a reputaçã o de uma de suas ilhas? — Mark riu e foi um som feio. — Sim, todo mundo sabe como você age. Você é como uma prostituta, como sua mã e. Quando Travis entrou no bar, ele era Travis Ford, o homem. O homem que teve alguns momentos de azar em uma carreira que amava, mas conseguiu passar por isso com alguma perspectiva de futuro. Ele tinha trabalhado honestamente, tinha bons amigos. Ele estava prestes a embarcar em uma nova carreira que o assustava um pouco, mas ele teve a con iança necessá ria para dar tudo de si. Mais importante, ele conquistou uma garota que o fazia tã o feliz que o cegava. Mas, de uma só vez, ele se transformou de volta no garoto que icava sentado tremendo na varanda até o meio da noite, sentindo-se indigno de qualquer sentimento alé m de dú vida. E aquele garoto lentamente se tornou um homem que foi jogado como uma bola de pingue-pongue entre times até parar de gravar os nomes de seus companheiros de equipe, porque, qual era o sentido quando ele desapareceria antes mesmo que a tinta secasse em seu contrato? Travis só conseguia ouvir entorpecido enquanto o pai continuava. — Você deveria fazer um favor a essa garota e liberá -la antes que ela tenha esperanças de que você seja realmente uma pessoa decente. — Você acha mesmo que eu mudaria por uma garota? Assim que as palavras saı́ram da boca de Travis, ele odiou a si mesmo. Acido ferveu em estô mago até voltar para sua lı́ngua. Mas ele nã o queria que aquele homem que envenenou tudo em sua vida se concentrasse em Georgie por nem mais um caralho de segundo. Sua namorada era a melhor coisa em sua vida, e ele lutaria para manter a pior longe dela. Travis nã o deixaria seu pai perceber que havia uma maneira de machucá -los, ao saber o quã o importante Georgie era para ele. Era assim que Mark Ford fazia. — Ela é uma criança, com paixonite de uma criança. — Disse Travis, as mentiras ardendo em sua garganta. — Tudo o que iz foi tirar vantagem dela. Você está olhando para a nova voz dos Bombers.


— Eu sabia. Um leopardo nã o muda suas marcas. Vamos torcer para que você ique melhor atrá s de um microfone do que fez atrá s do Plate. — Mark riu com o copo de bebida na boca. — Vou deixar meu endereço com o corretor de imó veis. Estou ansioso por esse cheque legal. — Aproveite — Travis murmurou. — E a ú ltima coisa que você conseguirá de mim. Desgostoso por trair Georgie, Travis virou-se para sair... E deu de cara com Stephen. Com uma cerveja destampada na frente dele no bar, ele claramente estava lá por tempo o su iciente para ouvir tudo. Travis nã o conseguia se mexer. Nã o conseguia sequer respirar enquanto o irmã o de Georgie lhe lançava um olhar de pura repulsa, os olhos de cima a baixo em Travis, antes que ele desaparecesse do bar.


Capítulo Vinte e Sete

— Dá para acreditar nele, Georgie? — Bethany choramingou, parando em um sinal vermelho. — Meu pró prio irmã o. Ameaçando os corretores de imó veis da cidade para nã o me venderem um imó vel. Você sabe o que eu acho? Acho que ele tem medo de eu ser melhor em fazer negó cios do que ele. Pensando bem, ir para o Tough Mudder com Bethany pode ter sido um erro. Sua irmã estava empolgada, e nã o de um jeito bom. E, honestamente, sua irmã tinha todo o direito de icar chateada. Mas a cabeça de Georgie – e o estô mago – simplesmente nã o estavam no modo vadia hoje. Travis nã o tinha aparecido na noite anterior. Ele tinha mandado uma mensagem para ela por volta das oito horas para dizer que nã o conseguiria ir. Sem desculpas ou razã o. Só “Não consigo ir hoje, bonequinha”. Ela icou meio tentada a dirigir até o apartamento dele com algumas embalagens de yakisoba, mas se segurou. Ela era de initivamente nova nessa coisa de casal, mas eles nã o eram obrigados a icar juntos o tempo todo. Talvez ele apenas sentisse vontade de assistir beisebol e icar coçando lugares que nã o poderia coçar na companhia dela. Nã o é grande coisa, né ? Só que ela nã o conseguia se livrar da sensaçã o de que algo estava errado. Será que ele tinha mudado de ideia sobre eles? Talvez aquelas declaraçõ es que ele tinha feito na limusine fossem simplesmente do calor do momento. A luz do dia, era possı́vel que Travis percebesse que ele tinha se precipitado e cometido um erro. Ele sequer apareceria hoje? — Espera, calma aı́. — Georgie abaixou o quebra-sol e abriu o espelho, para poder prender o cabelo em um rabo de cavalo. — Você fez uma oferta por uma propriedade na cidade, mas eles nã o te venderam, por que Stephen os disse para nã o fazer isso? — Eu nã o consigo sequer marcar uma reuniã o! — Bethany atravessou o cruzamento. — Você realmente nã o escuta nada do que eu digo. Se você nã o fosse minha irmã , eu provavelmente te namoraria. — Você realmente foi alé m nessa — Georgie murmurou, prendendo o cabelo no topo da cabeça. — Entã o eles admitiram isso para você ? Esse tipo de comportamento parece ilegal. — Georgie fechou o quebrasol. — Talvez seja um mal-entendido. Stephen vai vir? Bethany bufou. — Você acha que Kristin perderia a chance de fazer ele ter um ataque cardı́aco? Ela vai participar do Tough Mudder conosco. — Fala sé rio! — Georgie deu a primeira risada do dia. — Bem, talvez você tenha sorte e ele tenha um colapso. Você pode icar com todas as casas se isso acontecer.


— Dedos cruzados — Bethany murmurou, saindo da avenida e entrando em uma estrada irregular, com á rvores de galhos baixos de ambos os lados. — Isso é sinistro. Elas chacoalharam pela estrada por alguns minutos, com sinalizadores laranja brilhantes as guiando, antes de inalmente chegarem à clareira. Vá rias tendas foram montadas com anú ncios espalhados no topo. A mú sica saı́a dos alto-falantes. Uma linha de partida se elevava à distâ ncia. O nervosismo começou a se formar na barriga de Georgie enquanto elas estacionavam o carro e seguiam para o check-in. Ela tinha comprado tê nis de corrida novos para a ocasiã o e passou a semana toda os amaciando, e mesmo que eles fossem icar destruı́dos com a lama, ela icou agradecida por ter feito isso ao ver os outros participantes todos equipados. As pessoas levavam essa merda a sé rio. Tentando nã o ser ó bvia, Georgie girou em um cı́rculo enquanto esperava na ila do check-in, examinando as arquibancadas em busca de Travis. Ele nã o está lá . Ela já sabia que ele nã o estava lá , porque seus sentidos nã o estavam formigando, como sempre faziam na presença dele. Não entre em pânico. Ele vai vir. — Lá está Rosie — disse Bethany, cutucando as costelas de Georgie. — Ah meu Deus, ela está tã o fofa. Ela nunca deveria usar outra cor que nã o fosse lavanda. — Ela colocou as mã os em volta da boca. — Ei, rainha! Rosie fechou a porta do passageiro da caminhonete de Dominic e acenou. Mas ela nã o se juntou a elas imediatamente. Ela icou parada ao lado da porta enquanto Dominic, vestido com jeans e uma camisa branca justa que mostrava sua pele cheia de tatuagens, dava a volta pela dianteira da caminhonete... e uau. Uau. A animosidade preencheu o ar entre marido e mulher, mas havia muito mais do que irritaçã o lá . Dominic olhou Rosie de cima para baixo, mordendo o lá bio inferior. Ela sacudiu os cabelos um pouco, como se nã o estivesse incomodada com a aná lise, mas mesmo à distâ ncia Georgie podia ver o brilho do vermelho profundo em sua pele marrom. Dominic avançou para o espaço pessoal de sua esposa e fez o queixo dela se erguer ao levantar o seu pró prio, como se tivessem uma corda invisı́vel conectando os movimentos dos dois. Ele se inclinou para um beijo – mas seus lá bios nã o se encontraram completamente, e os dois se moveram uma vez, duas vezes, antes de Rosie girar e deixar Dominic sozinho. O punho dele bateu no capô do caminhã o. — Jesus — Bethany respirou fundo. — Eu preciso transar depois disso. Georgie assentiu. — Eu també m. E eu estou transando agora regularmente.


— Fanfarrona — sua irmã repreendeu. — A propó sito, quando é que você vai me dar os detalhes sexuais só rdidos? — Nã o sei se isso deveria acontecer. — Desculpe, é uma nova regra do clube. Todas as façanhas sexuais devem ser discutidas com grandes detalhes. Foi adicionado à agenda esta manhã . — Você está fora de controle. Rosie chegou até elas, o rubor ainda tingindo suas bochechas e pescoço. — Bom dia. — Ela olhou para todos os lugares, menos para os rostos delas. — Eu realmente preciso disso hoje. — Você precisa de uma coisa — Bethany murmurou. Georgie cutucou sua irmã no quadril. — Bethany. — O que? Eu deveria ingir que nã o acabei de testemunhar a porra da tensã o sexual pairando entre eles? — Senhora — chamou uma voz exasperada à direita delas. — Se você s forem se inscrever, preciso ver um documento de identi icaçã o. Com o rosto vermelho, Bethany abriu o zı́per do bolso de sua calça de corrida e entregou sua carteira de motorista. Rosie e Georgie seguiram o exemplo, tentando nã o morrer de morti icaçã o no processo. Quando as trê s izeram o check-in e receberam seus crachá s o iciais, elas se afastaram para esperar que o resto dos membros da Liga Just Us izessem o mesmo. — Desculpa por antes, Rosie — disse Bethany, usando os al inetes de segurança para prender o nú mero na frente da blusa. — Eu tenho problemas com limites. — Nã o, nã o peça desculpas. — Rosie balançou a cabeça. — Há muito tempo que sei que algo está errado comigo e com Dominic. Tipo, realmente errado. Mas, vendo as reaçõ es de você s, isso apenas se con irmou. — Ela estreitou o olhar para algo por cima do ombro de Georgie. Georgie virou para trá s e encontrou Dominic observando sua esposa da extremidade da multidã o, com um cigarro en iado entre os dedos. A fome em sua expressã o nã o era nada menos que feroz. — Se você s querem saber a verdade... Bethany e Georgie esperaram. — A verdade é que nó s nã o conversamos. Nó s nos evitamos. Ele está zangado. Estou icando com mais raiva a cada dia. Mas a atraçã o... é monstruosa. As vezes, ela vai se acumulando durante semanas até inalmente cedermos. Estamos quase lá agora. — Rosie soltou um sopro trê mulo de ar. — Obviamente. — Com um encolher de ombros, ela quebrou o contato visual com o marido. — E entã o o ciclo vicioso começa novamente. — Ei. — Georgie apertou a mã o de Rosie. — Você tem uma longa histó ria com Dominic e ningué m conhece seu relacionamento melhor


que você . Mas estamos aqui se você quiser ajuda. Ou apenas para conversar. — Eu sei. Obrigada. — Rosie fez uma corrida no lugar, a vermelhidã o começando a desaparecer de sua pele. — Sem a sua ajuda, eu nunca teria lançado o meu Kickstarter ontem à noite. “Ajude a inanciar a Fá brica de Empanadas da Rosie”. Eu já ultrapassei a marca dos mil dó lares hoje de manhã . — Ela estava praticamente tremendo de emoçã o. — Se você nã o tivesse colocado minhas empanadas em uma bandeja na reuniã o, Georgie, eu provavelmente nã o teria tido peito pra isso. Sem acreditar, Georgie soltou um suspiro, sentindo a mã o de Bethany esfregar em cı́rculos por suas costas. — Quem precisa ter peito quando você tem massa crocante cheia de carne? — De fato. — Os lá bios de Rosie se abriram em um sorriso, o mais otimista que Georgie já tinha visto. — Agora, eu só quero esculachar esse pessoal na competiçã o. Bethany jogou a cabeça para trá s e gritou. — Nó s vamos arrasar! No terceiro quilô metro, elas queriam se enterrar sob a lama e deixar a terra reivindicar seus corpos como adubo. — Oh meu Deus — Georgie chiou, enquanto trotava por mais um monte. Tantos montes. Ela nã o havia treinado para montes. — De quem foi essa ideia? Bethany fez um som estrangulado. — Foi uma coletiva– — Nã o. Nã o, foi você . — Georgie pisou em uma poça de lama, que espirrou para todo lado. — Você me deve tê nis novos e duas horas da minha vida de volta. — Nã o é tã o ruim. — Rosie ofegou, passando pelas irmã s em um surto de impulso, e imediatamente diminuiu a velocidade. — Ok, é muito ruim sim. Mas vamos atingir nosso segundo á pice de adrenalina logo. Eu li sobre isso. Todas pararam bruscamente quando uma bola de luz loira passou por elas. — Ei, queridas. Desculpe, estou atrasada! — Kristin se virou para elas e continuou correndo de costas, de alguma forma cruzando o terreno desigual sem olhar. — Nã o está um dia lindo? Tortas de morango na linha de chegada! — Eu vou matá -la — rosnou Georgie. — Quem vai me ajudar? As duas mulheres levantaram as mã os e depois se dobraram com o esforço fı́sico.


— E isso. Essa é a nossa motivaçã o para terminar a corrida. — Georgie pegou os braços de Bethany e Rosie e as puxou. — Nó s vamos matar minha cunhada. Continuem repetindo isso para si mesmas como um mantra. De alguma forma, Bethany, Georgie e Rosie conseguiram percorrer cinco quilô metros de corrida. Ah, mas depois veio a pista de obstá culos. Vá rios dos membros da Liga Just Us já tinham alcançado as trê s à quela altura. A vontade de ajudar cada uma das mulheres a atravessar a parede de escalada e pelo rastejar estilo exé rcito distraiu Georgie da dor do esforço. Ela já esperava um sentimento de realizaçã o. Satisfaçã o. Mas montar sua professora de fı́sica do ensino mé dio e depois arrastá la atravé s de uma poça de lama enquanto as duas riam? Criou uma conexã o entre elas. Atravessar as barras de macaco, depois correr de volta para ajudar Bethany a sustentar Rosie enquanto ela fazia o mesmo? Ela nã o era apenas parte de uma equipe, estava liderando. Georgie nã o soube bem o que a fez se virar e olhar para a ileira de espectadores que ladeavam a cerca improvisada. Talvez tenha sido o formigamento na parte de trá s do pescoço dela. Mas quando ela olhou para cima, Travis estava lá , com um boné de beisebol, seu rosto amado suavizado com um sorriso. E foi demais. A explosã o de camaradagem entre as mulheres. O apoio do namorado dela. O amor que ela manteve trancado dentro de si mesma por tanto tempo. A cola que a mantinha unida começou a evaporar. Eu vou falar para ele. Eu tenho que contar tudo a ele. Não vai icar preso dentro de mim. — Você veio. Uma carranca marcou sua testa. — Claro que eu vim. — Mas algo estava errado. Ela podia ver. Cı́rculos escuros contornavam os olhos dele, a tensã o subindo por seus ombros. — Você está indo muito bem, bonequinha. Estarei esperando na linha de chegada. Georgie assentiu, aliviada por ter uma motivaçã o melhor do que assassinar Kristin. Dando mais um olhada preocupada para o rosto de Travis, ela se virou e se juntou novamente à s mulheres, fazendo o possı́vel para focar completamente nelas. Elas mereciam. Depois de completar todos os dez obstá culos, todos cruzaram a linha de chegada juntas e receberam imediatamente... Cerveja? Bethany, Rosie e Georgie deram de ombros e brindaram com seus copos de plá stico. — Parece que acabamos de sair de um pâ ntano — disse Rosie, rindo. Bethany engoliu metade da cerveja. — Nó s saı́mos. — Mas nó s conseguimos. — A risada de Georgie se transformou em um soluço, o aumento de emoçõ es que sentiu mais cedo apertando sua garganta novamente. — Gente, já volto. Eu tenho que fazer uma coisa.


Elas deram um abraço coberto de lama e se despediram de Georgie. Procurando no meio da multidã o que comemorava, a magnitude do que ela estava prestes a fazer atingiu. Como Travis reagiria? Ele entraria em pâ nico? Ficaria feliz? De qualquer maneira, ela nã o podia mais olhar no rosto dele e esconder seus sentimentos. Toda vez que ela enterrava as palavras dentro de si, doı́a. E tinha uma coisa bem fundo em Georgie dizendo que Travis nã o gostaria que ela se machucasse. A multidã o se dividiu e lá estava ele. Deus, ele estava tã o absurdamente bonito em jeans e um moletom azul marinho enrolado nos cotovelos. Ele estava procurando por ela també m e, quando a encontrou, o alı́vio transpareceu em todas as linhas de seu corpo forte. Georgie nã o se importava por estar parecendo o Monstro do Pâ ntano; ela só conseguia gravitar em direçã o a Travis, e, quando ele abriu os braços, ela correu e pulou neles como se fossem os portõ es do cé u. Para ela, eles eram. — Você foi incrı́vel lá — disse ele em seu pescoço. — Elas se cansaram e você as motivou. Você era a lı́der. Seu coraçã o deu um salto. — Eu prometi a elas que elas poderiam me ajudar a matar Kristin. — A risada de Travis foi tã o genuı́na que ela se perguntou se era coisa da cabeça dela o quã o cansado ele parecia. — Você vai me beijar mesmo que eu esteja coberta de lama de origem questioná vel? Sua boca encontrou a dela, a provocando. — Eu nunca te vi mais bonita — ele murmurou. — A forma como você sorriu lá na pista. Como você está sorrindo agora... A decisã o de ser sincera, de se livrar daquele fardo, tinha que estar estampada no rosto dela. — Travis, eu tenho que falar com você . — Eu tenho que falar com você també m, Georgie. — A preocupaçã o estava de volta aos olhos dele, fazendo seu estô mago apertar, mas sua boca continuou a provar a dela com beijos perturbadores. — Podemos ir a algum lugar– — Travis — a voz de Stephen rompeu o nevoeiro ao redor deles. — Que tal você colocar minha irmã no chã o? A mandı́bula de Travis se apertou. — Agora nã o. Por favor, nã o faça isso agora. — Você nã o me deixou escolha. — Eu posso esclarecer isso — disse ele, olhando para o irmã o de Georgie. — Apenas deixe-me falar com ela primeiro. — Travis a encarou mais uma vez, pressionando sua testa na dela. — Ah, bonequinha. Eu fodi com tudo. A coisa vai icar feia. Apenas prometa que me dará uma chance de explicar. A respiraçã o de Georgie começou a icar mais rá pida, chiando em seus ouvidos. Isso parecia ruim. Precisando se distanciar da sensaçã o


reconfortante dele para poder ser objetiva, Georgie colocou os pé s no chã o, se afastando de Travis enquanto ele tentava puxá -la de volta para o aperto de seu corpo. — Explicar o quê ? — Mantendo o queixo erguido, ela voltou sua atençã o para um Stephen zangado. — O que está acontecendo? Stephen se mostrou nervoso – e foi aı́ que Georgie começou a icar verdadeiramente aterrorizada. Ela raramente via seu irmã o parecer alé m de seguro de si, especialmente desde que eles se tornaram adultos. — Quando Travis te apoiou no jantar, ele estava certo. Você merece mais do que lhe demos. Percebi que nã o estava tratando você do jeito que deveria e eu sinto muito. E eu só quero fazer o certo por você agora. Eu gostaria que isso nã o signi icasse machucá -la. — Stephen terminou com uma voz rouca. — Eu pensei que... quando ele me procurou para falar sobre o relacionamento de você s, eu pensei ter visto uma mudança nele. Bethany saltou ao lado de Georgie. — Sobre o que é essa reuniã o de rostos sé rios? Presa ao chã o, Georgie ignorou a irmã . — Continue. Seu irmã o deu um suspiro profundo. — Foi tudo uma farsa para ele. Ele estava namorando com você para conseguir o emprego de comentarista. Nada disso era real. O alı́vio caiu na cabeça de Georgie como um bloco de cimento. — Ah meu Deus. Ok Stephen. Temos muito o que conversar. Agora nã o é a hora, mas Travis e eu tı́nhamos nossas razõ es para namorar. No inı́cio. — Ela apertou a mã o de Travis. — E super complicado, mas con ie em mim quando digo que isso é real. A carranca de Stephen nã o cedeu. — Eu sei o que ouvi, Georgie. Ele te chamou de criança ontem à noite. Disse que ele está usando você para vantagem pró pria. Estou tã o surpreso quanto você . — Georgie, olhe para mim — implorou Travis. — Eu nã o estava falando sé rio quando disse isso. Georgie nã o conseguia tirar os olhos do irmã o. Tinham mais coisas vindo. O pressentimento fez suas mã os e pé s parecerem que estavam dormentes e seus lá bios icarem entorpecidos. — Quando Travis me disse que você s estavam namorando, eu disse para ele se afastar para que você nã o se machucasse — disse Stephen, esfregando o rosto. — Eu pensei que ele te deixaria em paz se eu dissesse a ele que você é apaixonada por ele desde que você era criança. Mas ele nã o deixou. Ele... Nã o posso nem acreditar nisso, mas ele se aproveitou disso. Ele disse que você é uma criança, com uma paixonite de criança. O sangue foi drenado dela. Ela nã o conseguia respirar.


— Que porra é essa, Stephen? — Bethany murmurou. Por alguma razã o, Travis chamá -la de criança foi o golpe mais difı́cil. Quantas vezes ele demonstrou o contrá rio atravé s de suas palavras e açõ es? Algo na revelaçã o nã o parecia exatamente certo, mas ela estava muito aterrada em sua morti icaçã o para observar o que era. — Uma criança com uma paixonite. Entã o você sabia como eu me sentia o tempo todo? — Georgie sussurrou. — Pobrezinha da Georgie. Deus, você deve ter se sentido tã o mal por mim. Sua mente estava cheia de imagens das ú ltimas duas semanas. Travis sobre ela, a boca aberta em um gemido. Travis abrindo uma embalagem de comida enrolado em uma toalha, piscando para ela do outro lado da cozinha. A manhã no campo de beisebol, quando ele voltou a pegar em um taco. Alguma dessas coisas era real? Seu estô mago palpitou, pontadas a iadas de dor penetrando seu peito. Encontrando seu alvo. — Nã o. Nã o. Eu nã o me senti mal por você . Eu sabia... — Travis moveu seu peso para os calcanhares, uma mã o en iada nos cabelos. — O tipo de amor sobre o qual Stephen me falou nã o era real. Era só ... — O que? — A paixonite de uma menina — ele respondeu calmamente, sua mandı́bula se lexionando. — Adoraçã o de um heró i. O oxigê nio saiu de seus pulmõ es. — Você fez esse julgamento sem sequer me perguntar, nã o é ? — Um soco de misé ria a atingiu no estô mago. — Você tem alguma ideia de como estou me sentindo estú pida? Sabendo que você estava ciente de como eu me sentia o tempo todo? Palhaça boba com sua paixonite boba e sem sentido. Acho que você nunca nem mesmo me levou a sé rio. Nem eu, nem nossa amizade — ela conseguiu dizer, a umidade se acumulando em seus olhos. — O amor nã o passou, Travis. Só se tornou muito mais. Eu ainda amava o cara que fez os home runs e se exibiu para a multidã o. E eu també m amei o homem imperfeito. — Nã o diga “amei”. Diga “amo”. — Travis soltou um som á spero. — E, Jesus, nã o chore. Por favor, nã o chore. — Ele tentou se aproximar dela, mas Stephen agarrou seu braço, o segurando. — Me solta. Minha namorada está chorando. — Ela nã o é sua namorada. Georgie nem podia ter certeza de quem disse essas palavras. Os pensamentos giravam muito rá pido dentro da cabeça dela para conseguir acompanhar. Ela só sabia que era verdade. Ele a considerava uma criança estú pida, nã o a levava a sé rio, assim como todo mundo. Ele sabia dos sentimentos dela e os descartou como se nã o fossem reais. Mas eles eram. Tã o reais que seu coraçã o estava batendo com uma pressã o a ponto de fazer ele se romper. — Georgie, eu sinto muito. Sinto muito.


Dominic se juntou a Stephen para puxar para mais longe um Travis que lutava. Era uma batalha perdida até que a segurança se juntou a eles, conduzindo um Travis beligerante em direçã o ao estacionamento. — Me solta. Porra. Apenas me deixem falar com ela. Apesar de toda a dú vida paralisando Georgie, seu coraçã o gritou para ela correr para Travis, o que a fez chorar ainda mais. Mas, no inal, ela deixou a irmã e as amigas se aproximarem dela, protegendo-a da multidã o enquanto absorvia a realidade. Protegendo-a do homem que quebrou seu coraçã o.


Capítulo Vinte e Oito

Travis icou deitado no sofá , na escuridã o, de frente para a porta, encarando as dobradiças e maçaneta, desejando que elas se mexessem. Mas elas nã o iriam. Elas nã o se mexeriam. Como ele já tinha feito vá rias vezes nos ú ltimos dias, ele se virou de bruços e procurou o cheiro dela no travesseiro que tinha trazido da cama. També m já tinha ido embora. Travis sugou ele todo no primeiro dia. Absorveu para sua corrente sanguı́nea, junto com inú meros goles de uı́sque e nenhuma comida. Sua primeira noite ao vivo na televisã o seria em questã o de dias, mas as roupas lamacentas que ele tinha usado no Tough Mudder ainda estavam grudadas na pele suja, uma barba eriçada tomava suas bochechas. Se levantar para tomar um banho ou fazer um sanduı́che parecia mais difı́cil do que treinar para ser um maldito astronauta. Nada poderia tirá -lo do sofá quando ele doı́a da cabeça aos pé s. Dentro e fora. Mesmo assim ele manteve o rosto enterrado na suavidade do travesseiro, imaginando se poderia morrer de envenenamento por dió xido de carbono dessa maneira. Valia a pena tentar. Do nada, a lembrança de Georgie chorando atingiu sua consciê ncia novamente e ele soltou um berro no travesseiro, se forçando a lembrar de todos os detalhes como penitê ncia. Como ela se encolheu, passando de con iante para insegura bem na frente dos olhos dele. Como ela tremia e segurava os cotovelos. Quase imediatamente, a tortura mental se tornou demais para suportar, entã o sua mã o foi ao chã o, procurando uma garrafa de uı́sque que ainda tivesse algo dentro. — Vamos. — Ele mal reconheceu a voz vazia que saia de sua pró pria boca. — Vamos. A mã o de Travis se fechou no gargalo de uma garrafa e ele se sentou, estremecendo quando seu cé rebro deu um salto mortal. Por favor, Deus, deixe haver uísque su iciente nesta garrafa para entorpecer a memória de magoar Georgie. Porque, porra, ele a machucou tanto. Travis destampou a garrafa, mas quando a inclinou para os lá bios, olhou para o conteú do dourado. A que ponto ele tinha chegado? Bebendo até o estupor por ter perdido uma mulher? Era exatamente o que o pai dele tinha feito. Ou o que ele tinha usado como desculpa para beber até os esquecimento, de qualquer maneira. Talvez ele e Mark Ford nã o fossem tã o diferentes, a inal. Travis começou a levantar a garrafa novamente e parou. Uma voz soou na escuridã o. Uma que ele conhecia tã o bem quanto a sua pró pria. Era Georgie. Palavras que ela tinha dito da ú ltima vez que ele esteve nesse estado. “Você só será ele se deitar aí e bancar a vítima. Você é melhor que isso.”


— Eu nã o sou melhor. Eu te perdi. — ele murmurou na sala silenciosa. “Homem doce. Homem forte.” Sua cabeça tombou para trá s com um gemido infeliz. O á lcool em sua mã o estava tã o perto, mas ele nã o conseguiu beber com a voz de Georgie em sua cabeça. Em seu coraçã o. — Cristo, eu amo você , Georgette Castle. — Ele largou a garrafa, enchendo as mã os com a cabeça latejante ao invé s disso. — Eu estou apaixonado por você . Sem resposta. Claro. Ela nã o estava realmente lá para ouvi-lo perceber, tarde demais, que ele começou a se apaixonar por ela no dia em que invadiu seu apartamento jogando comida. Nã o, ela nã o estava lá . Pelo menos nã o isicamente. Mas de todas as outras maneiras que importavam, ela ocupava todos os cantos e superfı́cies da casa dele. Uma Equipe Muito Especial estava no suporte de televisã o de Travis. O Tupperware dela ainda estava escondido em seus armá rios. Sua voz ecoava nas paredes. Exatamente como deveria ser. As coisas deles deveriam estar na mesma casa. Suas vidas foram feitas para serem enroladas e entrelaçadas para sempre. Por muito tempo, comprometer-se para sempre tinha sido irreal. Um caminho infalı́vel para amargura e fracasso. Bem, ele estava errado. Isso. Isso era fracassar. Ter exatamente a ú nica coisa que ele precisava mais do que respirar e desperdiçar. Georgie tinha sido a ú nica pessoa em sua vida que se manteve comprometida com ele para bem ou para mal, mesmo quando ele era jovem e inconsciente demais para perceber isso. Ela tinha amado Travis o tempo todo. Agora que ele queria – precisava – do para sempre com Georgie, essa nã o era uma opçã o. “Você só será ele se deitar aí e bancar a vítima.” — Eu te ouvi, bonequinha — ele resmungou. — Mas você me odeia agora. E você deveria. O homem que Georgie merecia nã o se afundaria em autopiedade, nã o é ? Nã o. Ele se levantaria e encontraria uma maneira de fazê -la entender. Uma maneira de fazer ela o perdoar. Ele era aquele homem? Porque se ele ganhasse Georgie de volta, seria com a intençã o de lhe dar tudo o que ela queria nesta vida. Uma casa, um futuro. Crianças. Travis fechou os olhos, imaginando-se como pai pela primeira vez em sua vida. Ele voltou à noite do jantar em Old Westbury e substituiu Kelvin por si mesmo. Agachado ao lado de uma garotinha com os olhos e o sorriso de Georgie, batendo palmas enquanto Georgie fazia malabarismos. Ele pensou em pinturas a dedo secando sobre a pia, bem como Georgie havia descrito semanas atrá s, mas agora era uma visã o do cé u em vez do inferno. Porque ele podia se ver lá . Com ela. Com as vidas que eles criaram. Ele era um bom homem, capaz de mais do que


jamais pensou. Georgie acreditava que sim e, maldiçã o, ele acreditaria nela. Uma onda de satisfaçã o – e responsabilidade – tã o grande colidiu com o peito de Travis que ele teve que lutar por oxigê nio por vá rias respiraçõ es. E de repente ele estava fora do sofá , tropeçando em direçã o ao banheiro, lutando com suas roupas e girando a torneira do chuveiro. Enquanto ele se limpava o mais rá pido possı́vel tendo uma ressaca monstruosa, a sua perspectiva do futuro icou mais forte. Um dia ele juraria a Georgie que tinha visto o futuro naquele chuveiro. Ela diria a ele que ele ainda estava bê bado, mas iria sorrir e icar com os olhos ú midos. Nã o, esqueça essa parte. Sua Georgie nunca mais choraria outra vez. Nã o lá grimas de tristeza, pelo menos. Ela choraria quando ele terminasse a lareira. No dia do casamento deles. Quando suas crianças nascessem. Quando essas mesmas crianças se formassem na faculdade. Lá grimas de felicidade. Ele daria lá grimas de felicidade a ela pelo resto da vida. Ele era capaz disso. Ele era esse homem – nã o um homem qualquer que tinha vindo antes. Se ela tinha acreditado nele uma vez, poderia acreditar novamente. Desta vez seria diferente, porque ele acreditava em si mesmo. Acreditava que ele poderia fazê -la feliz. Para sempre. Primeiro ele teria que reconquistá -la. Mas nã o seria fá cil. Travis era claramente a ú ltima pessoa que Bethany esperava encontrar em sua porta. — Você só pode estar brincando comigo. — Ela apoiou um ombro no batente da porta e tomou um longo gole de vinho branco. — Minha irmã nã o está aqui. Mesmo se ela estivesse, eu preferiria fazer esfoliaçã o com lixa do que deixar você vê -la por um segundo. Se mantenha irme. Se. Mantenha. Firme. Não implore para saber onde Georgie está. O que ela está fazendo. Se ela está bem. Esse nã o era o propó sito dele lá . E ele nã o tinha o direito de saber ainda. Em vez de palavras, ele tirou uma chave do bolso, estendendo-a para que Bethany pudesse pegá -la. — O que é isso? — E a chave da minha casa. Aquela na qual eu cresci. Com a voz enferrujada pelo desuso, ele nã o se incomodou em tentar soar normal. Foi necessá rio todo o seu esforço para icar parado lá e nã o pedir notı́cias sobre Georgie. Alguma coisa. Qualquer coisa. — Faça a reforma e o negó cio que quiser. Fique com o lucro. E sua. Livre e desimpedida. Bethany se endireitou lentamente.


— Você está me dando a casa? Por quê ? — E importante para ela. Que você tenha sucesso. Que todos você s tenham sucesso. Ela é boa desse jeito. Ela é boa pra caralho, sabe? — A melhor. Travis pausou por um momento necessá rio para respirar. — E eu preciso dela – preciso que ela saiba – que o passado acabou. Que eu nã o vou mais viver no passado. — Nã o querendo dar a ela espaço para recusar, ele colocou a chave na mã o livre de Bethany, fechando os dedos em torno dela. — Mas vou pedir algo em troca. Porque eu estou fodidamente desesperado. — Você tem que estar mesmo para vir me pedir ajuda. Eu só estou dando a você alguns minutos do meu tempo por quê ... — Um pequeno indı́cio de simpatia apareceu em sua expressã o. — Você realmente parece pé ssimo. — Ela resmungou em seu copo de vinho. — Por que é que eu nã o estou gostando disso tanto quanto deveria? — Você sabe que estou apaixonado por ela. E por isso. — Dizer em voz alta parecia tornar isso muito mais real. Expressar a verdade escrita em sua alma era tã o incrı́vel que ele mal podia esperar para repeti-la pelo resto de sua vida. Para Georgie. Para quem quisesse ouvir. A menos, é claro, que Georgie nã o o aceitasse de volta. Nesse caso, ele estaria dizendo isso na fronha de um travesseiro pelos pró ximos tempos. — Eu amo essa garota de todas as formas que é possı́vel amar algué m. E talvez de algumas formas que nem sequer tê m um nome. Só estou pedindo para você me ajudar a provar isso a ela. Bethany piscou para afastar a umidade em seus olhos. — Você a machucou. A dor que o atravessou era tã o intensa que Travis teve que colocar uma mã o na casa para se apoiar. — Se ela decidir que icará mais feliz sem mim, que assim seja. — Ele engoliu em seco, sentindo a garganta arranhar. — Talvez seja verdade. Mas nã o vou perdê -la sem fazer nada. Ele podia sentir a irmã de Georgie estudando-o. Mas nã o conseguiu levantar a cabeça para con irmar. — O que eu tenho que fazer? A esperança o despertou para a vida. Apenas o su iciente para fazer seu pescoço funcionar, para que ele pudesse olhar para Bethany. — Por favor. Tenho coisas que preciso dizer para Georgie. Apenas faça ela ouvir. — Me diga o seu plano, e eu vou pensar sobre isso. Quando Travis terminou, ela girou o vinho no copo e respondeu. — Tá bom. Eu ajudo. Mas depois disso, a decisã o dela é a inal. Você tem que respeitar. — Pouco antes de fechar a porta, ela jogou a chave pro alto e a pegou de volta. — Obrigada pela casa.


Travis desceu a varanda, nã o havia alegria em seu andar. Nã o. Era cedo demais para isso. Mas pelo menos agora ele tinha um plano. A promessa disso seria su iciente para que ele pudesse sobreviver a mais um dia, no qual ele lutaria por sua maldita vida. A vida deles juntos.


Capítulo Vinte e Nove Do pescoço para baixo, Georgie estava um arraso. Tudo acima disso? Nem tanto. Ela estava guardando o vestidinho preto para uma ocasiã o especial. O aniversá rio de uma semana da separaçã o mais traumá tica do mundo parecia especial o su iciente, certo? E verdade que ningué m alé m das mulheres da Liga Just Us a veria com ele, mas a seda bem ajustada a fazia se sentir melhor. Por, tipo, cinco segundos inteiros. O maior tempo até agora! Ai, Deus. Ela fechou o aplicativo da câ mera que estava usando como espelho e largou o celular no colo. Pelo para-brisa, ela assistiu Bethany e Rosie passarem de um lado para o outro na frente da janela da sala, preparando a casa para a reuniã o. Georgie deveria estar lá ajudando as duas, mas sua irmã e Rosie dariam uma olhada em suas bochechas magras e olhos fundos e saberiam que ela estava passando as noites em claro, chorando de soluçar, apesar das mensagens de texto tranquilizadoras que diziam o contrá rio. Alé m disso, seria preciso muita energia para sair do carro e caminhar até a porta da frente. Ela teria que encher tigelas e desarolhar vinhos... Georgie deixou cair a cabeça no assento e gemeu. Era inacreditá vel o quanto ela sentia falta de Travis, mesmo depois de tudo. Por pura força de vontade, ela saı́a da cama todas as manhã s, retornava telefonemas de clientes e agendava um nú mero empolgante de festas, tanto para ela, quanto para os novos artistas. Ela poderia ter atingido o ponto mais baixo do desespero, mas a nova e melhorada Georgie nã o afundaria. As pessoas estavam contando com ela. E, sim, o orgulho també m era um grande motivador. Ela se levantou na frente dessas mulheres e defendeu Travis, mas esse zelo havia sido depositado na pessoa errada – um erro que ela entraria e assumiria. Se ela nã o assumisse isso agora, ela se esconderia para sempre. Poré m a tentaçã o de fazer exatamente isso era muito forte. Deus. Que completa idiota ela tinha sido. Ela estava cega, nã o fazia ideia de que seus segredos nã o eram segredos. Que a pessoa que a estava encorajando nã o a achava inteligente o su iciente para conhecer seu pró prio coraçã o. Como ele poderia segurá -la em seus braços com tanta força durante a noite, sabendo que os sentimentos dela eram muito maiores do que os


dele? Como ele se atreveu? Como ele se atreveu a lhe dar uma ilusã o que ele nunca pretendeu cumprir? Apesar de tudo isso, ela precisava dele. Metade de sua alma parecia que tinha sido arrancada. Pelo que parecia a milioné sima vez, ela fechou os olhos com força e se lembrou dos beijos, abraços, risadas, de jogar beisebol na chuva. Os sentimentos dela por Travis estiveram ali o tempo todo, claros como o dia. Georgie pode até ter tentado ingir naturalidade, mas era uma parte inerente dela. Em cada momento do tempo que eles passaram juntos, ela estava expressando aquele amor. Deixando as sobras de comida, o encorajando, jogando comida em sua cabeça. Seu coraçã o tinha criado uma câ mara extra para amar Travis Ford. O fato de ele ter testemunhado isso e continuar a duvidar fez esses sentimentos parecerem invá lidos. O corpo de Georgie se moveu com uma terrı́vel letargia quando ela saiu do carro, tomando cuidado para nã o tropeçar nos pró prios pé s no caminho de tijolos. Saltos altos nã o tinham sido a melhor ideia, considerando que suas pernas nã o estavam funcionando bem. Assim como o resto de Georgie, seus membros se moviam em um ritmo lento. Sua mã o girou a maçaneta da porta como se ela estivesse submersa em um pote de Vaselina. A porta se abriu antes que ela estivesse na metade do processo, e Georgie perdeu o equilı́brio, tropeçando para frente. Bethany e Rosie a seguraram, o simples contato humano enviando uma onda de tristeza atravé s dela. — Eu nã o estou bem. — Eu sei, querida — disse Bethany, ajudando Georgie a se endireitar e a puxando de volta para um abraço. Mas nã o antes que ela desse uma boa olhada no rosto de Georgie. — Ah Merda. Sem problema. Eu tenho um corretivo lá em cima que pode esconder as manchas até na porra de uma vaca. Rosie esfregou um cı́rculo nas costas. — Que tal uma bebida? — Nã o, obrigada. Isso só vai piorar as coisas. — Ela se afastou da irmã . — Talvez só , tipo, um meio copo de literalmente qualquer coisa? — Vou pegar alguns copos e uma garrafa e encontro você s lá em cima — disse Bethany, dando um ú ltimo aperto no ombro dela. —


Temos tempo mais do que su iciente antes que todas cheguem. Georgie e Rosie subiram as escadas, indo direto para o banheiro da suı́te de Bethany. Georgie se sentou na beira da banheira, instantaneamente confortada pelo luxuoso papel de parede listrado em tom creme e toalhas felpudas combinando. Os pequenos entalhes na parede onde as velas tremeluziam emitiam um brilho e o cheiro de pê ras e fré sia. Enquanto crescia, Bethany sempre lamentava por compartilhar o banheiro com seus irmã os, e prometeu a si mesma que teria seu pró prio palá cio de banho privado um dia. Missã o cumprida. Coloque um frigobar e daria para morar nele. — Eu sei que sua mente está uma confusã o agora — Rosie disse com uma voz suave, se encostando em uma elegante inclinaçã o contra a parede. — Mas... Georgie, eu nã o posso agradecer o su iciente. Atingimos a meta de doaçã o esta manhã . Para o restaurante. — O que? — Georgie ofegou, as nuvens de tempestade ao redor dela se espalhando. — Nã o pode ser! Ai meu Deus, Rosie. Isso é fantá stico. — Ela pulou para fora da banheira, jogando os dois braços em volta da amiga. — E claro que você atingiu a meta quando o boca a boca começou. — Eu nã o consigo acreditar. — Rosie sussurrou. — Nã o acredito que tanta gente queira vir ao meu restaurante. Queiram tanto a ponto de realmente investir nele. — Eu posso acreditar — disse Georgie, se afastando. — Terá muito trabalho pela frente. Rosie soltou um suspiro. — Sim. — Nó s vamos te ajudar. — Disse Bethany com um sorriso radiante enquanto entrava no banheiro, equilibrando uma bandeja de champanhe e trê s copos. — Isso me fará sentir menos culpada quando eu colocar capacetes de segurança para o dia de demonstraçã o. — Com um movimento do pulso, ela abriu a rolha. — Eu consegui uma casa para mim. Georgie virou-se para a irmã . — Você – Como? — Com tantas emoçõ es para processar em um dia, sua risada era fraca, mas seu prazer era genuı́no. — Stephen cedeu? — Nã o. — Bethany empurrou Georgie de volta para a beira da banheira e lhe entregou uma taça de champanhe. — Travis Ford me


entregou a chave da sua casa de infâ ncia. Me deu permissã o para reformar e vender, livre e desimpedida. Ouvir o nome dele em voz alta foi como um soco forte em seu peito. Tudo o que ela pô de fazer foi icar sentada e inspirar, expirar, inspirar e expirar. Ele fez o quê? — Eu nã o entendo — ela inalmente sussurrou — por que ele faria isso? Bethany revirou os olhos. — Ele disse que era importante para você que eu conseguisse. Ou alguma coisa assim. Eu nã o estava prestando muita atençã o. — Ela largou a taça de champanhe e puxou uma bolsa de grife com maquiagem. — Vamos trabalhar nessas olheiras, deverı́amos– — Espere um segundo. — Georgie nã o conseguia nem sentir o copo entre os dedos. — Ele só veio aqui e... Ele estava... Ele... A irmã de Georgie colocou um pouco de base bege nas costas da mã o e passou um pincel com ponta prata, aplicando o lı́quido frio no rosto de Georgie. — Como eu disse, eu meio que estava prestando atençã o. Ele chegou no meio do Drag Race, o que é um pecado capital na minha casa. — Ela inclinou a cabeça, passando o pincel de forma elegante entre as sobrancelhas de Georgie. — Espero que algué m esteja passando corretivo nele, porque ele parecia uma M-E-R-D-A. — Georgie queria se inclinar para trá s na banheira vazia e se enroscar como uma bola ao ouvir isso. — Honestamente, foi tudo tã o piegas. Georgie isso, Georgie aquilo. Georgie é tã o boa. Eu nã o vou mais viver no passado. Et cetera. — Et cetera? — Sim. Et cetera. — Tendo acabado com o pincel, Bethany o guardou de volta na bolsa de maquiagem e puxou um palito cinza para o qual Georgie nã o conhecia a funçã o. Mas ela icou parada, boquiaberta, enquanto Bethany o passava por baixo das maçã s de seu rosto e começava a esfregar. — Quando puxei a certidã o do registro do imó vel, percebi que o nome do pai dele també m estava listado. Acontece que Mark Ford esteve de volta à cidade por alguns dias para garantir que ele conseguisse uma parte. Eles tiveram uma discussã o no Grumpy Tom's. — O pai de Travis voltou? — Georgie cuspiu. — Por que ningué m me contou?


Essa era a parte da equaçã o que estava faltando? Ela estava tã o afundada pela dor em seu coraçã o que nã o parou para pensar no porquê Travis a chamaria de criança com uma paixonite. Talvez houvesse uma explicaçã o razoá vel. Ainda tinha o fato de que ele escondeu dela o que Stephen disse a ele, mas ela nã o deveria ter dado a Travis uma chance de se explicar? Com o pai na cidade, ele devia estar em colapso. E ele tinha mesmo cancelado o encontro deles na vé spera do Tough Mudder... — Tipo, nã o tem nenhuma importâ ncia a essa altura, nã o é ?— Bethany disse alegremente. — Ele estragou feio as coisas. Acabou. Georgie lançou a Rosie um olhar que dizia: me ajude. — Hum — Rosie acenou para ela no sinal universal, para estou com você. — O que mais ele disse? E totalmente comum querer detalhes quando um cara fala sobre você . Tem que ter mais. — Nã o. Foi isso. Ele parecia um lixo e me deu uma casa. — Ela aplicou um pouco de rı́mel nos cı́lios de Georgie. — Ah, e Georgie isso, Georgie aquilo. — Seja mais especı́ ica! — Georgie gritou. — Estava passando Drag Race. — disse Bethany defensivamente. — Ok, olhe no espelho. Com a intençã o de ignorar a ordem e estrangular a irmã em vez disso, Georgie viu seu re lexo de relance e entã o olhou mais uma vez. — Ah, está – uau. — Nada mal, nã o é ? — Como você – — Contorno. Georgie, conheça suas maçã s do rosto. — Oi, maçã s do rosto. — Ela murmurou, depois voltou à realidade. — Bethany– No andar de baixo, a campainha tocou. Mesmo pela janela do banheiro, Georgie conseguia ouvir as vozes excitadas das mulheres do lado de fora. Sua irmã encolheu os ombros e pulou para fora do banheiro, deixando as velas tremeluzirem em seu rastro. — Acredita nisso? — Georgie perguntou a Rosie com uma voz aguda. — Eu supostamente deveria me contentar com “isso e aquilo”? Antes que Rosie pudesse responder, vozes elevadas do andar de baixo capturaram sua atençã o. O som de uma multidã o aplaudindo chegou ao segundo andar, mas soava como se fossem milhares de


pessoas e certamente nã o vinha das convidadas que chegavam. Georgie pensou ter notado um sorriso de canto de boca de Rosie, mas desapareceu tã o rá pido que ela deve ter se enganado. — O que é isso? Rosie lançou-lhe um olhar sem graça. — Vá descobrir. Momentos depois, Georgie desceu as escadas para a sala de estar que estava se enchendo rapidamente, encontrando todas reunidas em volta da televisã o, també m conhecida como a fonte dos aplausos. Capaz de reconhecer os sons de um jogo de beisebol até enquanto dorme, Georgie parou. Como ela pô de ter esquecido? Hoje era dia de jogo em casa para os Bombers – e a estreia o icial de Travis como a nova voz deles. Seu pulso disparou, enquanto ela avançava pela multidã o de mulheres, cada uma delas observando-a fazer seu caminho para um assento na primeira ila. Lá estava ele. O ex-namorado falso dela. Seu rosto pecaminosamente bonito encheu a tela com uma expressã o mais sombria do que o normal. Pelo menos mais sombrio do que ele tinha sido durante o relacionamento falso deles. Ou era apenas um desejo dela que ele tivesse sido feliz? Nã o. Nã o, nã o era. Mas agora uma tensã o envolvia seus olhos e os cantos da boca, mesmo enquanto ele respondia à s perguntas da an itriã que dava as boas vindas a ele. — Falo em nome de toda organizaçã o dos Bombers quando digo que sentimos falta de ver seu rosto na televisã o e que estamos ansiosos para ver muito mais. — Obrigado — disse Travis, limpando a garganta. — Estou honrado por estar aqui. — Me parece que você trouxe algué m junto com você hoje. — E, eu trouxe. — A câ mera se abriu para revelar uma dú zia de adolescentes em uniformes com rostos assustados, um deles Georgie reconheceu como o garoto que entregou a parmegiana de frango para eles. — Fazer a narraçã o para os Bombers nã o é meu ú nico trabalho. Este é o time de beisebol da Port Jefferson High School, e vou trabalhar com eles entre as temporadas. Eu acho que eles nã o se importariam de assistir o jogo da cabine hoje. Murmú rios de concordâ ncia soaram dos estudantes, fazendo a coan itriã rir.


— Algo me diz que você está certo. — Ele se mexeu na cadeira, mudando visivelmente o rumo das coisas com um sorriso brincalhã o. — Agora, nem sempre Travis Ford pô de ser considerado um bom mentor para a geraçã o mais jovem. — Travis deu um sorriso irô nico, mas nã o respondeu. — O que mudou? Travis lançou um olhar intenso para a câ mera. — Eu conheci Georgie Castle. Um suspiro soou na sala, mã os se estendendo para segurá -la de todas as direçõ es. — Eu a conheci duas vezes na minha vida. Desta vez, fui inteligente o su iciente para me apaixonar por ela. — Ele tirou o ponto de seu ouvido e passou a mã o pelo cabelo. — Ela me ensinou mais sobre mim mesmo do que jamais aprendi com um taco nas mã os. Ela é a razã o de eu estar sentado aqui agora. — Respirando fundo, ele olhou para a câ mera. Bem para Georgie. — Eu nã o achava que algué m pudesse amar algué m tã o quebrado como eu já fui. Por isso eu nã o acreditei que você realmente me amasse. Eu acredito agora. Você me fez acreditar que sou digno disso. E se eu puder ser digno de você , consideraria essa como a maior conquista da minha vida. — Ele fez uma pausa. — Estou apaixonado por você , bonequinha. Quero você como minha esposa. Você acha que eu vou me contentar só em construir uma lareira para você ? Eu vou trabalhar todos os dias para construir para minha garota a vida que ela merece. Se você me der uma chance. Case comigo, Georgie. Georgie foi arremessada para frente, o ar a deixando. Tonta, ela se lagrou diante da estante com a televisã o. Ao seu redor, a Liga Just Us estava icando louca, bebendo drinks antes mesmo que pudessem ser totalmente servidos e repetindo as palavras de Travis em completa sı́ncope. Isso realmente estava acontecendo? Ela beliscou o antebraço e gritou de dor, as mã os voando para a boca. Ah meu Deus. Travis a amava. E nã o o Travis Ford que a olhava de um pô ster brilhante no teto. O homem por trá s do uniforme. O homem mais incrı́vel do planeta. Lá grimas encheram sua visã o e ela girou em cı́rculos, prestes a explodir pela pressã o do amor que enchia seu peito. — O que eu faço agora? — Você o ama també m? — E claro que eu amo! Bethany deu um passo à frente.


— Ainda está no terceiro tempo. — Com um sorriso malicioso, ela jogou a bolsa para Georgie. — Tchau, vadia. Georgie se engasgou com um soluço e virou em direçã o a porta, apenas para ser surpreendida por Stephen. Ele estava à beira da multidã o. Com base em sua expressã o aliviada e arrependida, ele tinha ouvido a declaraçã o de amor de Travis, ao vivo na televisã o. — Eu tenho estado muito errado ultimamente — disse o irmã o, apontando o queixo na direçã o da porta. — Vamos. Eu vou te levar. Travis sentou-se à frente do ô nibus, dobrado na cintura, cabeça entre as mã os. Atrá s dele, o time de beisebol de Port Jeff repetia os câ nticos dos Bombers, extasiados pelo status VIP que tiveram no jogo. Eles tentaram fazer Travis participar, mas ele estava congelado no tempo. Durante todo o tempo que passou planejando seu pedido de casamento para Georgie, como um idiota, ele nã o levou em consideraçã o quanto tempo seria obrigado a esperar por uma resposta. Será que Bethany havia cumprido sua parte da barganha e convencido Georgie a assistir sua estreia na cabine de narraçã o? Se sim, por que Georgie nã o ligou para ele? Com certeza seria mais emocionante aceitar sua proposta pessoalmente. Por outro lado, talvez ela nã o quisesse rejeitá -lo enquanto ele estava no ar. Basicamente, seu destino estava pendurado na balança enquanto o ô nibus que ele havia alugado passava pela Northern State Parkway. E quando diminuiu a velocidade, bloqueado pelo congestionamento, Travis nã o aguentou mais. Ele tirou o celular do bolso, preparando-se para digitar o nú mero de Georgie. O nome dela e uma foto dela vestida com sua camisa do Hurricanes apareceram na tela. Espera. Ela estava ligando para ele? — Georgie? — Travis respondeu, levantando-se em seu assento, o teto baixo o mantendo curvado. — Diga alguma coisa, bonequinha. Por favor. Estou com saudade da sua voz. — També m estou com saudade da sua — ela sussurrou, enviando alı́vio em cascata pelo meio dele. — Eu pensei que poderia chegar ao está dio a tempo, mas está tudo congestionado. A risada dele nã o tinha sequer um traço de humor.


— Estou a caminho de Port Jeff. Você consegue fazer um retorno? — Ele se jogou de volta no banco, cobrindo os olhos com a mã o. — Eu preciso que você esteja lá quando eu descer desse ô nibus. Se eu tiver que passar mais uma hora sem te ver, eu vou morrer. — Ele se preparou. — Você assistiu o jogo? Você ouviu o que eu disse? — Sim. Travis, eu– Uma buzina soou na estrada, abafando o que ela disse. Mas o sinal sonoro veio de dois lugares. Da estrada... e o outro lado da linha. — Georgie, onde você está ? — Na Northern State Parkway. Perto da saı́da da Brush Hollow Road. Um som incré dulo caiu da boca de Travis. Ele se virou no banco e analisou as pistas do outro do divisor. Nenhum dos lados da via expressa estava se movendo, uma ocorrê ncia nã o muito incomum tã o perto de Manhattan. Travis levou alguns segundos em sua busca frené tica, mas ele inalmente viu um carro que nunca pensou que icaria feliz em ver. A porra da minivan de Stephen. — Nã o se mexa, bonequinha. Eu estou indo te encontrar. Ele desligou e guardou o telefone no bolso, apesar dos chamados de Georgie do outro lado da linha. Sim, tudo bem. Era muito louco sair do ô nibus no meio da via expressa. E provavelmente ilegal. Mas Travis de initivamente nã o se importava. Quando ele disse a si mesmo que acabaria morrendo se nã o visse Georgie, seu coraçã o concordou, doendo como um ilho da puta enquanto ele pulava o divisor e corria para a minivan, a necessidade e a determinaçã o aumentando a cada passo. Ela nã o viu Travis chegando até que ele estivesse a poucos passos de distâ ncia, com os olhos selvagens e arregalados do outro lado da janela do passageiro. A porta dela se abriu, seus pé s atingiram o asfalto e ela se jogou nos braços dele, fazendo-o tropeçar um passo para trá s. — Você é louco! — Ela respirou em seu pescoço. — Você é louco e eu amo você . O chã o se moveu sob seus pé s. — No presente, né ? Ama, nã o amava. — Amava e amo. Ambos. — Ela olhou nos olhos dele. — Eu amei e amo você de todas as maneiras.


Agradecendo ao Homem lá de cima com uma oraçã o sussurrada, Travis recuou apenas o su iciente para pegar o rosto dela entre suas. — Eu disse aquelas coisas ao meu pai porque ele envenena tudo que toco. Ele pode envenenar o que quiser, exceto você . Eu nã o aguentei ouvir seu nome na boca dele. Eu nã o podia deixá -lo se concentrar em você por um segundo, entã o eu disse algo horrı́vel que nã o quis dizer. Eu sinto pra caralho. — Eu sei. Eu entendo. — Ela colocou os braços em volta do pescoço dele, permitindo que ele a levantasse do chã o. — Me desculpe por você ter tido que enfrentar ele sozinho. — Eu sou mais forte quando você está por perto, mas eu vou melhorar em usar essa força, mesmo quando você nã o estiver ao meu lado. — Ele depositou o primeiro de muitos beijos nos lá bios dela, quase se afogando na perfeiçã o de seu gosto. — Se algum dia eu começar a perder força novamente, vou pensar em como me senti ao perder a garota que me amava, mesmo quando eu nã o conseguia me amar. — E se você disser sim e se casar comigo... — Ele teve que parar para respirar. — Se você disser sim, Georgie, vamos viver as pró ximas cinco, seis dé cadas juntos. Nó s vamos brigar e fazer as pazes mil vezes. E nó s vamos ter bebê s. Quero mais do que tudo ter bebê s com você , porque você me fez acreditar que posso. Ser pai. Ser um bom marido para você . — Ele deixou o rosto cair na base do pescoço dela e se acalmou ouvindo o ritmo caó tico do pulso dela. — Diga sim. — Ele sussurrou. — Por favor, bonequinha. Seja minha esposa. Lá grimas encheram os olhos dela. — Sim, Travis Ford. Nã o há uma ú nica outra pessoa neste planeta com quem eu possa imaginar essas coisas. Eu vou casar com você — ela respirou — pelo menos por tempo su iciente para você terminar minha lareira– A risada dele ecoou pela via expressa. Travis a abraçou e levantou do chã o. — Você disse sim! Obrigada meu Deus. — Ele cambaleou um pouco. — Eu pensei que estava fodido. Ao redor deles, buzinas começaram a soar. Um de cada vez, até se tornar uma cacofonia de barulho. Palmas e assobios chegaram até eles atravé s de janelas abertas. Poré m o alı́vio e alegria de Travis


transformaram tudo em um borrã o, e ele prontamente se esqueceu dos arredores, apesar do barulho alto em volta deles. Ele levou a mã o dela até a boca, beijando os nó s dos dedos e a palma da mã o, antes de colocar nela o anel que ele manteve no bolso da camisa, enquanto gritos e buzinas ainda mais altos irromperam ao redor deles. Travis se inclinou, a boca aberta contra o pescoço dela enquanto ele respirava, as mã os dele correndo perigosamente baixas nas costas dela. — Espera só até eu te levar para casa, bonequinha. — Ele a puxou para a ponta dos pé s, roçando em seu pescoço com um levı́ssimo arranhar dos dentes. — Eu vou te colocar contra uma parede e– — Tudo bem. Acho que captamos a ideia — disse uma voz seca e masculina. Travis virou a cabeça para encontrar Stephen ao volante da minivan, o outro homem claramente lutando contra um sorriso. — Tá bom, eu vou ser seu padrinho. Você nã o precisa implorar. Travis engoliu em seco e afastou o cabelo do rosto de Georgie. — Obrigado, cara. — Ele olhou para Stephen. — Vou garantir que ela saiba todos os dias que ela é o ar que respiro. Isso é uma promessa. Com os olhos suspeitosamente marejados, o irmã o de Georgie deu um aceno rá pido com a cabeça e fechou a janela. Deixando Travis e Georgie se beijando no acostamento, mesmo muito tempo depois de o trâ nsito ter sido liberado. O FIM


Notas [←1] No beisebol, ocorre quando o atleta rebate a bola para fora do campo quando as três bases estão ocupadas por seus companheiros, marcando 4 pontos de uma só vez.


[←2] Referência ao jogo Home Run King.


[←3] Comemoração informal, feita geralmente por colegas de estudo e trabalho, após a execução de alguma tarefa ou ao fim de um expediente.


[←4] “There’s no crying in construc on”, referência ao filme Uma Equipe Muito Especial.


[←5] responsável pela preparação de uma propriedade para venda.


[←6] Ginger Ale: um po de refrigerante feito à base de gengibre.


[←7] Just Us League = Liga Só Nós. Faz referência à Liga da Jus ça da DC Comics.


[←8] Pimenta muito popular na culinária mexicana


[←9] É uma expressão de duplo sen do, indicando tanto o carretel, rolo da vara de pesca, quanto para o lado sexual, como posições sexuais.


[←10] Uma expressão famosa no mundo do beisebol americano, que significa remarcar algo para outro dia, sem promessa de cumprimento.


[←11] Lançadores de água.


[←12] Marca de tequila.


[←13] Fazendo referência aos programas americanos de namoro, onde no final o par cipante decide sua namorada entre duas ou três mulheres, entregando uma rosa a escolhida.


[←14] Organização que reúne os jogadores profissionais de golpe nos Estados Unidos.


[←15] Ruptura nos tecidos que ligam o músculo ao osso (tendões) em torno da ar culação do ombro.


[←16] No beisebol, um “no-hi er” é um jogo em que uma equipe não é capaz de rebater ao menos uma vez.


[←17] Comentários nos jogos de esporte onde se descreve cada parte do jogo em grande detalhe.


[←18] Uma edição editorial focada no corpo de atletas.


[←19] No beisebol, “home run” é uma reba da na qual o rebatedor é capaz de circular todas as bases, terminando na casa base e anotando uma corrida.


[←20] Em inglês é “Manroot”, um sinônimo para pênis, já que “manroot” é uma planta que quando extraída, resulta em uma grande porção de creme hidratante, uma metáfora para goza.


[←21] Vulcão a vo localizado no condado de Skamania, Washington, nos Estados Unidos.


[←22] Empresa de móveis e decoração sueca.


[←23] Gíria para virgindade.


[←24] Prato chinês com macarrão de ovo.


[←25] Costco é a maior loja atacadista dos Estados Unidos.


[←26] Home plate é uma laje de borracha branca de cinco lados que é colocada no nível do campo.


[←27] Adeus em japônes.


[←28] Pederneira: pedra de grande dureza, capaz de produzir faísca quando percu da com metal, usada em isqueiros e, an gamente, peças de ar lharia.


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