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Imagem 15. Planta do Armazém da Pólvora

o governador Manuel Rolim de Moura criticava a cidade por não ter um local adequado para guardar a pólvora, além de umas casas sem nenhuma estrutura e segurança. Reclamava que as munições estragavam pela umidade. Em 1703, mandara construir a obra para o armazenamento do material de guerra. Consta que a construção foi realizada fora da cidade “meio quarto de légua da cidade”, edificando-se “as paredes da casa interior de taipa de pilão e as do exterior metade de pedra e cal para maior segurança”.444

Pela descrição e notação do documento foi possível encontrar a planta do armazém que trata o documento, embora como é o caso de muitos desenhos, não há referência de autoria. Todavia, é uma planta do período de atuação de Velho de Azevedo. Dos dados presentes na planta lê-se a seguinte legenda A: casa principal da pólvora; B: corredores que a defendem e servem para o que for necessário; C: estâncias para as guardas e sentinelas; D: portas; e E: janelas, conforme se verifica na planta a seguir.

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Imagem 15. Planta do Armazém da Pólvora.445

444 Carta do governador ao rei. Belém do Pará, 8 de julho de 1703. AHU, Avulsos do Pará, Cx. 5; D. 391. 445 “Planta do armazém para pólvora”. Coleção Cartográfica e Iconográfica Manuscrita do Arquivo

Histórico Ultramarino. (17?). D.0816/0817.

Em 1716, por outra patente, José Velho de Azevedo passou a ocupar o posto de capitão-mor do Pará até 11 de janeiro de 1722.446 Embora tenha ocupado um novo posto não deixou de atuar em obras de fortificação na capitania, como bem lembra Fabiano Vilaça, já que “acudiu às fortificações do Cabo do Norte, assoladas pelos franceses de Caiena, e as do Gurupá”. Além da sua contribuição à defesa de São Luís.447 A experiência parece ter mostrado os caminhos de ascensão pela prestação de serviços ao rei. Ainda em 1712, solicitava hábito de Cristo e Tença efetiva de duzentos mil réis, como explica Vilaça “fundamentado em seu rol de serviços”448, e recebeu sesmarias.449

Ao que parece, essa transição de engenheiro para capitão-mor teve implicações nas obras. Em 1724, em carta, o governador João da Maia da Gama se queixa da falta de um sargento-mor engenheiro no Estado, por ser provido José Velho de Azevedo ao posto de capitão-mor do Pará e ter findado o seu tempo de exercício no posto de engenheiro. Assim, o governador tinha ficado sem ter alguém que fizesse os desenhos, tendo que solicitá-los no reino com o risco de se confundirem as plantas umas com as outras. Foi o que ocorreu com o Coronel engenheiro do reino José da Silva Paes, em que se embaraçou com as distâncias entre a fortaleza do Cabo do Norte e o fortim da Ilha fronteira à Fortaleza da Barra de Belém.450

Isso tudo porque, conforme explicava o governador, se lhe “mandou o mapa da costa e Cabo do Norte feito por um piloto ignorante que não o remeti mais do que para demonstração das contas, obras, e rios e sem a descrição por escrito dos rumos”. A fortaleza a que se referia era da Barra de Belém e o fortim fronteiro à cidade, e “não do cabo do Norte que fica distante sessenta ou oitenta léguas com baías e ilhas com várias entradas”. Plantas que, na

446 Requerimento de José Velho de Azevedo para o rei, solicitando seu provimento ao posto de coronel-engenheiro do Pará, como o mesmo soldo de tenente-general de Artilharia. AHU, Avulsos do Pará, Cx. 7, D. 637. Em anexo desde documento há os pareceres dos serviços prestados da câmara de Belém, dos governadores Bernardo Pereira de Berredo, Cristóvão da Costa Freire, do

Capitão mor do Pará Manoel da Madureira Lobo, e a uma Carta Patente. 447 SANTOS, Fabiano Vilaça dos. “Os capitães-mores do Pará (1707-1737): trajetórias, governo e dinâmica administrativa no Estado do Maranhão”, p. 670. 448 Idem, p.662. O requerimento de Jose Velho de Azevedo ao Rei solicitando concessão de hábito de Cristo é 18 de agosto 1712, e encontra-se em: AHU, Cx. 6; D. 491. 449 ANTT, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, liv. 13, f. 285. 450 Carta do governador João da Maia da Gama ao Rei. AHU, cx.8, D. 726. As plantas não estão em anexo do documento escrito. Todavia encontram-se em: AHU, CART-013, D.794.

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