Programação de CNC para Torno e Fresadora

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EDIÇÃO FCA – Editora de Informática, Lda. Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 Lisboa Tel: +351 213 511 448 fca@fca.pt www.fca.pt DISTRIBUIÇÃO Lidel – Edições Técnicas, Lda. Rua D. Estefânia, 183, R/C Dto. – 1049-057 Lisboa Tel: +351 213 511 448 lidel@lidel.pt www.lidel.pt LIVRARIA Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 Lisboa Tel: +351 213 511 448 * Fax: +351 213 522 684 livraria@lidel.pt Copyright © 2016, FCA – Editora de Informática, Lda. ISBN edição impressa: 978-972-722-843-0 1.ª edição impressa: novembro 2016 Paginação: Alice Simões Impressão e acabamento: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda. – Venda do Pinheiro Depósito Legal n.º 416915/16 Capa: José M. Ferrão – Look-Ahead

Marcas Registadas de FCA – Editora de Informática, Lda. –

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Todos os nossos livros passam por um rigoroso controlo de qualidade, no entanto aconselhamos a consulta periódica do nosso site (www.fca.pt) para fazer o download de eventuais correções. Não nos responsabilizamos por desatualizações das hiperligações presentes nesta obra, que foram verificadas à data de publicação da mesma. Os nomes comerciais referenciados neste livro têm patente registada. Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.

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ÍNDICE

Prefácio ..................................................................................................................................... V Sobre o Livro ........................................................................................................................... VII Agradecimentos ........................................................................................................................ X 1. CNC .......................................................................................................................................1 1.1. Introdução .......................................................................................................................1 1.2. Sistemas de Eixos...........................................................................................................3 1.2.1. Sistema de Eixos do Torno ...................................................................................3 1.2.2. Sistema de Eixos da Fresadora ............................................................................4 1.3. Pontos de Referência da Máquina CNC .........................................................................6 1.4. Parâmetros de Corte .......................................................................................................7 1.4.1. Velocidade de Corte ሺ‫܋܄‬ሻ......................................................................................8 1.4.2. Parâmetros de Corte na Fresagem .......................................................................9 1.4.3. Parâmetros de Corte no Torneamento................................................................16 1.5. Ângulos Caraterísticos das Ferramentas ......................................................................24 1.6. Fichas de Fabrico..........................................................................................................26 2. Torneamento CNC ..............................................................................................................29 2.1. Generalidades ...............................................................................................................29 2.2. Ferramentas mais Utilizadas no Torneamento .............................................................34 2.3. Classificação das Ferramentas de Torneamento ..........................................................39 2.4. Operações de Corte Frequentes no Torneamento CNC ...............................................40 ® 2.5. Manual de Programação de Torneamento CNC – FANUC .........................................44

2.5.1. Tipos de Coordenadas ........................................................................................47 2.5.2. Funções Preparatórias ........................................................................................49 2.5.3. Funções Auxiliares ..............................................................................................68 2.5.4. T – Tool ...............................................................................................................72 Exercícios Resolvidos de Torneamento ...............................................................................76

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3. Fresagem CNC ......................................................................................................................... 195 3.1. Generalidades ..................................................................................................................... 195 3.2. Ferramentas mais Utilizadas na Fresagem......................................................................... 204 3.3. Classificação das Fresas .................................................................................................... 210 3.4. Operações de Corte mais Frequentes na Fresagem CNC ................................................... 212 ® 3.5. Manual de Programação de Fresagem CNC – HEIDENHAIN .......................................... 217

3.5.1. Tipos de Coordenadas .............................................................................................. 221 3.5.2. Funções Preparatórias .............................................................................................. 223 3.5.3. Funções Auxiliares.................................................................................................... 249 3.5.4. Sub-Rotina e Subprograma ...................................................................................... 252 3.5.5. TOOL CALL ..............................................................................................................253 Exercícios Resolvidos de Fresagem .......................................................................................... 255 Exercícios Propostos ..................................................................................................................... 347 Índice Remissivo ............................................................................................................................ 355

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PREFÁCIO

O CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, hoje reconhecido parceiro no âmbito da Formação Profissional para os colaboradores e empresas do setor, tem-se empenhado em deixar um legado que se reflete nos mais de 225 mil técnicos qualificados durante os 30 anos da sua existência, celebrados em 2015. Esse é o nosso legado imaterial relativo ao conhecimento e competência dos Recursos Humanos do setor. Porque a Formação ao Longo da Vida faz parte da nossa génese, entendemos alargar o nosso contributo agora orientado para o legado material, fruto de uma acumulação de saberes e know-how que constituem já o nosso espólio, que queremos deste modo partilhar. Esta nova coleção, que adota a sigla MeM (Metalurgia e Metalomecânica) pretende fazer parte desse contributo, não só para os profissionais do setor, como também para o sistema de Educação e Formação, que é um dos pilares da sustentabilidade da Indústria, e porque não dizê-lo de um país. Não nos esquecemos da potencialidade da sua utilização em todos os países de língua oficial portuguesa, cuja carência de documentação técnica é também reconhecida. A todos os leitores, o nosso obrigado por confiarem neste novo projeto, só possível com o empenho e contributo dos nossos Técnicos de Formação e Formadores, a quem fica, desde já também, o nosso reconhecido agradecimento. Manuel Grilo Diretor do CENFIM

A coleção MeM procura ser uma referência no meio editorial português com a produção de conteúdos técnicos direcionados para a formação do setor Metalomecânico. Este setor da indústria tem sido um dos mais estimulados pela revolução tecnológica e, por isso, cada vez mais ávido de mão de obra fortemente qualificada. Nos últimos anos, a eletrónica e a informática transformaram completamente um setor que vivia num ritmo lento. Atualmente, qualquer profissional qualificado sabe seguramente mais do que saberia há duas décadas. Nesta vertiginosa mudança, é fundamental saber cada vez mais e absorver esses conhecimentos de uma forma cada vez mais célere.

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Então, como resolver este problema de dotar os nossos formandos com mais conhecimento em menos tempo? Recorrendo ao próprio formando, incutindo-lhe o gosto pela autoaprendizagem e a vontade de ir sempre mais além, procurando o seu ritmo, pois cada indivíduo tem um lugar central no seu processo formativo. Para isso, precisamos de dotar o nosso sistema de formação profissional de recursos técnico-pedagógicos que facilitem e promovam um modelo de autoformação. Os métodos de ensino aplicados na formação profissional, e no ensino em geral, baseiam-se, comummente, numa perspetiva muito homogénea e pouco individualizada. Não denotam particular atenção às dificuldades ou necessidades específicas de cada formando ou ao incremento de um desenvolvimento mais célere daqueles que evidenciam maior autonomia. A dinâmica da nossa formação está muito orientada para uma vertente expositiva e centrada no formador. Aos professores e formadores reserva-se o anseio de que os livros sirvam de inspiração para que desenvolvam outros recursos técnico-pedagógicos, orientados para um modelo de autoformação alicerçado na autoaprendizagem. Assim, os recursos devem ser o mais completos possível, para que o formando os possa seguir com a máxima autonomia. Américo Costa Especialista na área de CAD/CAM do CENFIM

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SOBRE O LIVRO

A presente obra, profusamente ilustrada, é dirigida principalmente a leitores com poucos ou mesmo sem conhecimentos de CNC (Controlo Numérico Computorizado) e de operação e maquinação, sendo que se encontra dividida em três capítulos: no capítulo 1, é feita uma abordagem geral a todos os fatores que influenciam diretamente a maquinação, quer no torneamento, quer na fresagem; no capítulo 2, que diz respeito ao torneamento, além do manual de programação com as principais funções, são apresentados quatro exercícios resolvidos passo a passo, através dos quais o leitor estabelecerá contacto com todos os fatores necessários para uma correta programação; e no capítulo 3, dedicado à fresagem, além do manual de programação, são apresentados quatro exercícios, também resolvidos passo a passo, onde o leitor encontrará todos os elementos que devem ser considerados na programação. No final, encontra-se ainda um conjunto de exercícios propostos que permitirão ao leitor consolidar os conhecimentos adquiridos ao longo do livro.

METODOLOGIA Estimular a autoaprendizagem e a independência do formando na utilização dos sistemas CNC não é tarefa fácil, muito menos desenvolver recursos técnico-pedagógicos que o conduzam à total autonomia. É recomendável que o utilizador desta obra tenha conhecimentos de modelação CAD (Desenho Assistido por Computador), programação CNC, maquinação em torneamento e fresagem, ferramentas de corte, sistemas de aperto e controlo dimensional. No entanto, e como poderá ser possível que não detenha estes conhecimentos, serão abordados os principais temas que estão diretamente relacionados com a operação e programação CNC. Inicialmente, e como se trata de temas comuns à fresagem e ao torneamento, será feita uma abordagem aos sistemas de eixos, aos parâmetros de corte e à importância da aplicação correta durante a maquinação, aos conceitos de zero-peça e zero-máquina, folhas de fabrico e a sua importância e vantagens no ciclo produtivo, e também a algumas das principais caraterísticas das ferramentas de corte que influenciam a maquinação.

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Posteriormente, além dos manuais com as principais funções de programação das linguagens CNC mais vulgares em torneamento e fresagem, FANUC® e HEIDENHAIN®, serão apresentados exercícios resolvidos passo a passo, onde serão utilizadas as operações de corte mais frequentes, aplicando as principais estratégias de maquinação, permitindo ao utilizador sem experiência resolvê-los. Durante os exercícios, serão apresentadas as principais ferramentas de corte a aplicar e as suas caraterísticas, posicionamentos e apertos da matéria-prima, bem como outros assuntos relevantes e relacionados com cada operação.

NOTA DO AUTOR Atualmente, existe uma grande variedade de linguagens CNC. Além disso, em cada uma destas linguagens, podem encontrar-se diversas versões de software. Por esta razão, a seguir, são listadas algumas notas e regras que foram adotadas nos exercícios resolvidos, mas alerta-se para o facto de que estas poderão não ser iguais numa outra versão de software das linguagens de CNC aqui apresentadas:  Como todas as linguagens CNC utilizam o ponto como separador decimal, o autor adotou esta regra e aplicou-a em todos os programas CNC e cálculos auxiliares;  Geralmente, numa coordenada sem casas decimais (por exemplo, X32), não se aplica o separador decimal. Nos controladores CNC com linguagem FANUC®, o uso do separador decimal é opcional e configurável nos parâmetros internos do controlador. Se na configuração ativar o uso do ponto, tal significa que, independentemente de a coordenada ter ou não casas decimais, deve colocá-lo sempre (por exemplo, X32.), caso contrário, se o omitir, o controlador não assumirá a coordenada em mm, mas em µm (mícrones). 1 mícron = 1 milésima = 10

m = 10

mm

Se na configuração interna não ativar a opção do uso do ponto decimal, deve programar de forma normal, isto é, se a coordenada não tem casas decimais, não aplica o ponto (por exemplo, X32), se a coordenada tiver casas decimais, deve colocar o ponto (por exemplo, X32.56). A maioria dos programadores que utiliza a linguagem FANUC® programa com o uso obrigatório do ponto, por isso, nos exemplos e nos exercícios resolvidos, o autor optou pela utilização do ponto como separador decimal, independentemente de as coordenadas terem ou não casas decimais;  Embora nalgumas linguagens uma linha do programa CNC com diversas coordenadas apresente uma ordem lógica e sequencial, nas linguagens utilizadas nesta obra, a ordem é aleatória;

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Sobre o Livro

 Nas coordenadas com valores positivos, não é necessário colocar o sinal + antes do valor;  O operador matemático para a multiplicação é o x, no entanto, como nas linguagens CNC este operador é representado pelo *, em todas as expressões matemáticas utilizadas dentro de um programa CNC, o operador adotado para a multiplicação foi o *;  Ainda que esteja normalizado que as funções M03 e M04 definem o sentido de rotação da árvore nos sentidos horário e anti-horário, respetivamente, no caso do torneamento pode não ser verdade. Caso o leitor venha a colocar em prática alguns dos exercícios resolvidos ou propostos do torneamento, deve, antes de qualquer maquinação, testar os sentidos corretos da rotação da árvore. Por vezes, ao fazer a ligação elétrica, caso se troque a ligação de uma das fases, é o suficiente para que as funções de programação não correspondam aos sentidos corretos de rotação;  Nos capítulos 2 e 3, existem dois quadros com o resumo das principais funções de programação das linguagens CNC adotadas nesta obra. À maioria dessas funções, corresponde uma secção do livro com a respetiva explicação pormenorizada, contudo, como o autor não colocou as funções por ordem numérica, logo, as secções também não estão listadas pela mesma ordem. Nos quadros referidos, existem algumas funções sem secção, pois a própria descrição da função é suficientemente esclarecedora.

DESTINATÁRIOS Este livro foi escrito tendo como principal objetivo e desafio primordial a formação, nomeadamente os formandos e todos os autodidatas. Porém, devido à sua vertente prática, é também indicado para estudantes e professores, bem como para os profissionais das áreas de CNC e de CAM. PARA OS CURSOS DE: Técnico de Maquinação e Programação CNC | Operador de Máquina-Ferramenta CNC | Técnico de CAD/CAM | Técnico de Desenho de Construções Mecânicas | Técnico de Desenho de Moldes | Tecnologia Mecatrónica | Tecnologia Mecânica.

COMPLEMENTOS NA WEB As soluções dos exercícios propostos, bem como outros materiais complementares, encontram-se disponíveis na página do livro em www.fca.pt.

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O AUTOR

JOAQUIM ROCHA Licenciado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). Especialista na área de CAD/CAM do CENFIM, com vários anos de experiência de formação para profissionais nas áreas do Desenho Assistido por Computador (CAD), Controlo Numérico Computorizado (CNC) e Fabrico Assistido por Computador (CAM). Autor do livro Programação CAD/CAM em Mastercam, editado pela FCA.

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1 CNC Este capítulo tem como objetivo apresentar uma visão geral dos principais conceitos associados à programação e maquinação CNC, quer no torneamento, quer na fresagem. Como se trata de temas de extrema importância e comuns às duas áreas de programação abordadas nesta obra, estes conceitos devem ser explanados antes de qualquer exercício.

1.1. INTRODUÇÃO Atualmente nos diversos setores de atividade em que a maquinação tem um papel relevante no ciclo produtivo de um produto, as tecnologias CAD (Computer Aided Design), CAM (Computer Aided Manufacturing) e CNC (Computer Numerical Control) estão cada vez mais presentes nas diferentes indústrias, tornando-se assim ferramentas vulgares e muito uteis. CNC é um sistema que permite o controlo automático de diferentes tipos de máquinas, por exemplo, tornos, fresadoras, mandriladoras, eletroerosão, laser, etc. Com este sistema é possível o controlo em simultâneo de vários eixos a partir de informações numéricas ou alfanuméricas (códigos G) definidas sequencialmente num programa. CAD é um sistema computacional utilizado na criação, modificação, análise e otimização de desenhos técnicos. Além da boa qualidade dos desenhos e de facilitar e aumentar a produtividade do utilizador, pode gerar de forma automática outros tipos de informações, por exemplo, lista de materiais e outros conjuntos de instruções para as atividades de produção, tais como, bases de dados gráficas de componentes, desenhos, simulação gráfica interativa, armazenamento e acesso a documentos, edição de documentos técnicos, etc.

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CAM significa fabrico assistido por computador e consiste num sistema que agrega um conjunto de tarefas relacionadas com a maquinação, permitindo gerar automaticamente programas CNC a partir de modelos desenhados em CAD. Embora estas tecnologias se encontrem bastante desenvolvidas nos dias de hoje, na maioria das indústrias estas ferramentas são utilizadas de forma tradicional, isto é, ainda existem as figuras do desenhador e do programador. Provavelmente a tendência futura será o desaparecimento destes utilizadores e passaremos a ter um só que reunirá bons conhecimentos de CAD, CAM e CNC, e desta forma o mesmo utilizador desenvolverá todo o processo produtivo de um determinado produto. Certamente será um desafio para este futuro técnico e que lhe exigirá muitos mais conhecimentos nas diferentes áreas, mas para a maioria das indústrias só introduzirá vantagens, por exemplo: tendo em conta que as funções do projeto do produto e a engenharia da produção devem estar inteiramente integradas com o fabrico e com a maquinação, será possível desenvolver o produto em função destas, evitando assim os constrangimentos provocados por projetos realizados por desenhadores que não têm noção de como o produto será maquinado, e fornecer informações mais detalhadas ao operador sobre a maquinação. São diversos os fatores que favorecem a implementação de um sistema CNC, por exemplo, maior exigência na precisão da maquinação, desenhos cada vez mais evoluídos e complexos, a diversidade de produtos obrigando a ter estruturas de produção mais flexíveis e dinâmicas, a necessidade de reduzir erros de produção para não encarecer o produto, prazos de entrega cada vez mais exigentes obrigando assim a ter níveis de produção o mais altos possível, a redução dos preços destes equipamentos favorecendo a sua aquisição, etc. Por estas razões a utilização de sistemas CNC no processo de maquinação apresenta diversas vantagens: melhor precisão e qualidade dos produtos, aumento da produtividade, maior uniformização da produção, a possibilidade de várias máquinas serem operadas por um só operador, a maquinação de produtos com geometrias complexas, a mudança de produção em intervalos curtos, a possibilidade de realizar encomendas urgentes, a redução da fadiga do operador, o aumento dos níveis de segurança no posto de trabalho, a diminuição de tempos com a máquina parada, a possibilidade de simular as maquinações antes da maquinação final, evitando assim peças defeituosas, etc. Contudo, estes tipos de equipamento também apresentam as suas desvantagens, por exemplo, o elevado custo dos acessórios, máquinas e ferramentas, a necessidade de cálculos, programação e preparação correta para um funcionamento eficiente, custos de manutenção mais elevados, a necessidade de um maior volume de encomendas para uma melhor amortização do sistema, a necessidade de técnicos especializados com diversos conhecimentos, etc. O rápido desenvolvimento das tecnologias associadas ao fabrico, a evolução do design dos modelos, originando geometrias cada vez mais complexas, associados ao aumento da produtividade e à necessidade de se produzir mais rápido e com melhor qualidade, fazem com que os sistemas CNC sejam cada vez mais vulgares nos diversos setores industriais, não só na metalurgia e metalomecânica, como nas madeiras, cerâmica, próteses, etc. A aplicação de metodologias e técnicas avançadas de produção através da

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2 TORNEAMENTO CNC Neste capítulo, dedicado ao torneamento CNC, além do manual de programação em linguagem FANUC®, são resolvidos quatro exercícios passo a passo. Ao longo da resolução destes exercícios, o leitor terá de passar por todas as etapas necessárias e abordar todos os conceitos associados à programação CNC para conseguir realizar com sucesso a maquinação dos exercícios apresentados.

2.1. GENERALIDADES A operação de tornear ou modelar peças de revolução consiste num processo de fabrico muito comum na nossa indústria. O torno mecânico CNC é uma máquina-ferramenta que permite maquinar peças em forma de sólidos de revolução. Esta máquina opera fazendo girar a peça a maquinar, que é fixada recorrendo a vários dispositivos: bucha de três, quatro ou seis grampos, sistemas de pinças, prato liso ou fixada entre pontos, enquanto uma ou diversas ferramentas de corte são pressionadas num movimento regulável de avanço contra a superfície da peça, removendo material de acordo com os parâmetros de corte adequados. As peças obtidas por este processo de fabrico possuem secções transversais de forma circular e constituem componentes importantes de máquinas, dispositivos, mecanismos e aparelhos, quer seja como cavilhas, quer como veios, fusos, árvores, tambores, casquilhos, mangas, etc. (figura 2.1). Com a evolução deste tipo de máquinas, nos dias de hoje também é possível obter formas prismáticas, contudo, e como não se trata de uma fresadora, as maquinações não devem estar sujeitas a elevados esforços de corte e devem ser aplicadas em situações em que seja mais rentável a maquinação no torno do que na

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fresadora. As maquinações tipo fresagem mais frequentes realizáveis num torno CNC são: abertura de escatéis, furação e roscagem quer radial quer axial (descentrada da árvore), pequenas facetas, etc. Estas peças são fabricadas nos mais diferentes materiais de acordo com a finalidade da sua aplicação. A resistência ao desgaste, a dureza ou tenacidade pretendidas podem determinar o tipo de material a usar para o componente a maquinar. As peças podem ainda ser fabricadas com diferentes qualidades de estado de acabamento de superfície.

Figura 2.1 – Exemplos de peças obtidas num torno CNC

A operação de tornear, ou torneamento, é uma operação de corte com levantamento de apara em que a peça é animada de um movimento de rotação contra uma ferramenta (movimento principal ou de corte – V) de forma a permitir o arranque do material. A ferramenta, por sua vez, terá de assumir dois tipos de movimentos, um paralelamente ao eixo da peça (movimento de avanço – A) de modo a colocar-se em frente do novo material a cortar, o outro, perpendicular ao eixo (movimento de penetramento – P) para que possa arrancar sucessivas camadas de material. Os movimentos de corte e de avanço realizam-se simultaneamente, de modo que dessa combinação resulta um movimento helicoidal, em que a ferramenta arranca uma apara contínua. O torneamento, como em todos os trabalhos executados com máquinas-ferramentas, acontece mediante a retirada progressiva de apara da peça a ser trabalhada. Em resumo, para executar o torneamento, são necessários três movimentos relativos (figura 2.2) entre a peça e a ferramenta:  Movimento de corte (V) – É o movimento principal que permite cortar o material. O movimento é rotativo e realizado pela peça;

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3 FRESAGEM CNC Neste capítulo, dedicado à fresagem CNC, além do manual de programação em linguagem HEIDENHAIN®, são resolvidos quatro exercícios passo a passo. Ao longo da resolução destes exercícios, o leitor terá de passar por todas as etapas necessárias e abordar todos os conceitos associados à programação CNC para conseguir realizar com sucesso a maquinação dos exercícios apresentados.

3.1. GENERALIDADES A operação de fresagem consiste num processo de fabrico muito comum na nossa indústria, por isso, a máquina-ferramenta utilizada no processo, denominada fresadora, é uma das máquinas mais vulgares nos diversos setores de atividades, essencialmente na indústria metalúrgica, metalomecânica e eletromecânica. Uma fresadora CNC é uma máquina muito semelhante a uma convencional, o que a distingue é fundamentalmente estar dotada de um controlador CNC e a troca automática de ferramentas, embora existam muitas fresadoras que não fazem essa troca automática. As fresadoras são máquinas de grandes recursos e são, juntamente com os tornos mecânicos, máquinas indispensáveis à realização de quase todos os trabalhos da indústria metalomecânica. A operação de fresagem é uma operação caraterizada por o arranque da apara ser realizado por ação de uma ferramenta animada de um movimento de rotação contínuo. A remoção do material é obtido por conjugação do movimento de rotação da ferramenta com o movimento de translação (avanço) da mesa onde está fixada a peça ou com o movimento de translação da própria ferramenta. Os movimentos de translação variam muito em função da tipologia da máquina, no entanto, e de uma

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forma geral, em máquinas de pequeno e médio porte, é o movimento da mesa que permite levar a peça até à ferramenta, já em máquinas de grande porte, a ferramenta, para além do movimento de rotação, faz todos os movimentos de translação. A fresagem é um processo de fabrico realizado por meio de uma ferramenta rotativa, de secção circular, munida de dentes com arestas cortantes repartidas uniformemente sobre a sua periferia. Esta ferramenta designa-se por fresa. Através deste processo de fabrico obtêm-se peças de formas prismáticas nos mais diversos materiais, por exemplo, aço, ferro fundido, metais não ferrosos e materiais sintéticos, com superfícies planas ou curvas, com entalhes, com ranhuras, com sistemas de dentado, etc. Embora a principal operação de corte que se realiza numa fresadora seja a fresagem, outras podem ser executadas na mesma máquina, por exemplo, furar, roscar com macho, mandrilar, roscar com buril através de interpolação helicoidal, broquear, etc. (figura 3.1).

Figura 3.1 – Exemplos de peças obtidas numa fresadora CNC

A operação de fresar é uma operação de corte com levantamento de apara em que a ferramenta é animada de um movimento de rotação contra uma peça. Este movimento de rotação da ferramenta constitui o movimento principal de corte – C. Por outro lado, o

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Exercício 2 

Desenho técnico Toleranciamento geral ISO 2768-fK

Figura 3.102 – Desenho de fabrico

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Fresagem CNC

Material

O material escolhido para este exercício é uma liga de alumínio AA 5083 [AlMg4.5Mn0.7]. As ligas de Al-Mg (série 5XXX) constituem um importante grupo de ligas de alumínio não tratáveis termicamente. A presença do magnésio (tabela 3.4), além do endurecimento, permite que as ligas mantenham um elevado nível de ductilidade, assim como uma excelente resistência à corrosão e uma boa soldabilidade. Além destas caraterísticas, estas ligas formam aparas longas, necessitam de baixas forças de corte e podem ser maquinadas com ferramentas sem revestimento. A pressão específica de corte varia entre 350 e 750 N/mm2. Elemento %

Al 92.4‒95.6

Mg

Si

4‒4.9

Máx. 0.4

Cr 0.05‒0.25

Mn

Ti

Cu

Zn

Fe

Outros

0.4‒1

Máx. 0.15

Máx. 0.1

Máx. 0.25

Máx. 0.4

Máx. 0.15

Tabela 3.4 ‒ Composição química da liga 5083, de acordo com a norma EN573-3:2003

Este exemplo (figura 3.102) será maquinado em dois apertos e o material em bruto terá as dimensões 85x75x40 mm (figura 3.103). O material em bruto tem uma espessura de 40 mm e, como a peça final só tem 38 mm, o material em excesso será removido em duas passagens de facejamento de 1 mm cada em cada um dos apertos. O 1.º aperto será no lado que não tem os furos mandrilados e será feito por uma espessura de 15 mm, deixando assim para maquinar fora da prensa uma espessura de 25 mm. Como neste 1.º aperto será realizado o facejamento com uma profundidade de 1 mm e a profundidade de maquinação por fora da peça será de 20 mm, ficam 4 mm de margem de segurança entre a maquinação e os mordentes da prensa. O 2.º aperto será feito na zona do sextavado por uma altura de 8 mm.

Figura 3.103 – Montagem do material em bruto na prensa

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Fresagem CNC

EXERCÍCIOS PROPOSTOS Ao longo desta obra, foram apresentadas e aplicadas as principais funções de programação utilizadas no torneamento e na fresagem com as linguagens FANUC® e HEIDENHAIN®, respetivamente. Além disso, os exercícios utilizados nos exemplos foram desenvolvidos de forma a permitir ao leitor sem experiência ter contacto com as principais operações de maquinação executadas neste tipo de máquinas. Assim, é chegada a hora de consolidar os conhecimentos adquiridos por parte do leitor, seguindo-se alguns exercícios propostos, semelhantes aos utilizados nos exemplos do livro. Cabe ao leitor tentar programar estes exercícios seguindo as mesmas estratégias, e utilizando como referência as mesmas ferramentas e respetivos parâmetros de corte aplicados nos exemplos anteriores.

Exercício 1 – Material: C45E Para este exercício pode utilizar as mesmas ferramentas e parâmetros de corte do exercício 1 de torneamento.

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Nova coleção que serve os referenciais dos cursos de educação e formação profissional da indústria metalomecânica. Com livros profusamente ilustrados, escrita simples e exercícios para autoaprendizagem

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