Cooperar na Sala de Aula para o Sucesso

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Cabeças Numeradas Juntas Os alunos trabalham juntos para elaborar respostas comuns para problemas ou exercícios. Todos são responsáveis pelas respostas partilhadas. Folha Giratória Em grupo, os alunos produzem ideias, elaborando um trabalho que apresentam à turma.

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Pensar – Formar Pares – Partilhar Individualmente, os alunos formulam ideias sobre uma questão (Pensar), partilham-nas com um colega (Formar Pares) e chegam a uma resposta comum que partilham na turma (Partilhar). Roleta Os alunos resolvem problemas em grupo de acordo com as 4 etapas da roleta: leitura do problema, reformulação do problema, proposta de uma ou mais soluções, e validação da solução sugerida.

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Tutoria entre Pares Os alunos trabalham em pares para ajudar colegas com dificuldades em compreender a matéria, desempenhando papéis de tutores e tutorados. STAD: Divisão dos Alunos por Equipas para o Sucesso Em grupos, os alunos realizam fichas com exercícios sobre a matéria dada pelo professor, como preparação para os minitestes. Jigsaw ou Método dos Puzzles Os alunos trabalham em dois tipos de grupos: de base e de peritos. Tornam-se peritos na parte da matéria que têm de ensinar aos outros colegas do seu grupo de base.

Cooperar é poder trabalhar com uma ou mais pessoas. No contexto educativo, a cooperação está implícita na Aprendizagem Cooperativa, entendida como um método de ensino ativo e motivador, em que os alunos, ao trabalharem em pares ou em pequenos grupos heterogéneos, têm a possibilidade de maximizar as suas aprendizagens cognitivas e não cognitivas, dando especial enfoque ao desenvolvimento das competências de relacionamento interpessoal, fundamentais nos dias de hoje no exercício de uma plena cidadania. 86 testemunhos de alunos, encarregados de educação Assim sendo, não é de estranhar que e professores envolvidos também haja um maior número de profesno projeto COOPERA, sores que, devido à falta de motivação e que comprovam o sucesso ao desinteresse de alguns alunos pela dos resultados! escola, ou à necessidade de renovar as suas práticas pedagógicas, procure na Aprendizagem Cooperativa uma alternativa às práticas tradicionais de ensino. É o caso dos professores envolvidos no projeto COOPERA, do qual resulta o presente manual. Organizado em duas partes, este livro apresenta na primeira a fundamentação teórica da Aprendizagem Cooperativa e na segunda a descrição dos 9 métodos e os materiais utilizados por esses educadores de infância e professores na sala de aula. Trata-se, sem dúvida, de um excelente instrumento de trabalho para professores do ensino pré-escolar, do 1.º, 2.º e 3.º ciclos dos ensinos básico e secundário e de educação e formação de adultos (EFA), bem como para estudantes dos cursos do ensino superior que habilitem para a docência.

Helena Santos Silva / José Pinto Lopes / Sónia Moreira

Verificação em Pares Os alunos trabalham alternadamente em pares e em grupos para resolver problemas ou exercícios.

Cooperar na Sala de Aula para o Sucesso

Prefácios de: José L. C. Verdasca (Universidade de Évora) Miguel A. S. Rego e Mar L. Moledo (Universidade de Santiago de Compostela)

Material audiovisual em www.pactor.pt, até o livro se esgotar ou ser publicada nova edição atualizada ou com alterações.

ISBN 978-989-693-078-3

9 789896 930783

www.pactor.pt

Mesa Redonda Os alunos trabalham juntos, escrevendo cada um na sua vez os contributos individuais para dar resposta a uma questão ou problema.

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Os 9 métodos de Aprendizagem Cooperativa apresentados neste livro:

Helena Santos Silva Professora Associada no Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde desenvolve a sua atividade profissional no âmbito da formação inicial, contínua e pós-graduada de professores. É coautora de livros de Educação, nomeadamente das obras A Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula, O Professor Faz a Diferença, 50 Técnicas de Avaliação Formativa e Eu, Professor, Pergunto (Vols. 1 e 2), publicadas pela Lidel e Pactor.

José Pinto Lopes Professor Associado no Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde é responsável pela formação inicial, contínua e pós-graduada de professores e de psicólogos. É autor de vários livros nas áreas da Psicologia e da Educação, com destaque para as obras A Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula, O Professor Faz a Diferença, 50 Técnicas de Avaliação Formativa e Eu, Professor, Pergunto (Vols.1 e 2), publicadas pela Lidel e Pactor.

Sónia Moreira Professora do Quadro do Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá de Vila Nova de Gaia, leciona no Ensino Básico (1.º Ciclo) e é Coordenadora do Departamento de 1.º Ciclo. Autora e Coordenadora também do Projeto COOPERA desde outubro de 2016, em implementação durante o biénio 2016/2017 – 2017/2018, como uma das medidas do Plano de Ação Estratégica do Agrupamento ao qual pertence. Formadora de professores desde 2010, em diferentes áreas e domínios, e colaboradora em projetos de manuais escolares.


Autores e Editora agradecem às seguintes entidades o apoio dado à edição desta obra:

Câmara Municipal de Gaia

Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá

EDIÇÃO PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 511 448 pactor@pactor.pt www.pactor.pt DISTRIBUIÇÃO Lidel – Edições Técnicas, Lda. R. D. Estefânia, 183, R/C Dto. – 1049-057 LISBOA Tel: +351 213 511 448 lidel@lidel.pt www.lidel.pt

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Índice Prefácios Introdução

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Aprendizagem Cooperativa: fundamentação teórica 1

1. O projeto Coopera: Aprendizagem Cooperativa e otimização da intervenção pedagógica na educação pré-escolar e no ensino básico Testemunhos sobre o projeto COOPERA 2. A Aprendizagem Cooperativa Testemunhos sobre a Aprendizagem Cooperativa 2

IX

3 7 15 53

Aprendizagem Cooperativa: implementação prática na sala de aula 59

3. Mesa Redonda Testemunhos sobre a Mesa Redonda 4. Cabeças Numeradas Juntas Testemunhos sobre as Cabeças Numeradas Juntas 5. Folha Giratória Testemunhos sobre a Folha Giratória 6. Pensar – Formar Pares – Partilhar Testemunhos sobre o Pensar – Formar Pares – Partilhar

61 67 71 78 81 91 93 103

7. Roleta 107 Testemunhos sobre a Roleta 8. Verificação em Pares Testemunhos sobre a Verificação em Pares 9. Tutoria entre Pares Testemunhos sobre a Tutoria entre Pares

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10. STAD: Divisão dos Alunos por Equipas para o Sucesso Testemunhos sobre o STAD

119 121 131 133 147 149 173

VII


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

11. Jigsaw ou Método dos Puzzles 175 Testemunhos sobre o Jigsaw

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Bibliografia 193

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Índice remissivo 197

VIII


Introdução O ser humano tem uma necessidade inata de interação social. O cérebro gosta quando colaboramos. A dopamina, um neurotransmissor libertado pelo cérebro e que é responsável pela atenção, pelo armazenamento da informação na memória e pela compreensão bem como pelo funcionamento executivo, aumenta quando trabalhamos em grupos cooperativos. Há cada vez um maior número de investigações que confirmam a eficácia da Aprendizagem Cooperativa nos vários níveis de ensino. Recomendações de organismos internacionais como a OCDE (The Future of Education and Skills, projeto Education 2030, da OCDE, 2016), a União Europeia e o Conselho da Europa (Quadro de Referência Europeu para as Competências Essenciais para a Aprendizagem ao Longo da Vida – Recomendação n.º 2006/962/CE), o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia (2014), o projeto Assessment and Teaching of 21st Century Skills, desenvolvido entre 2009 e 2012), o World Economic Forum (New Vision for Education: Fostering Social and Emotional Learning through Technology, 2016), o Conselho da Europa (Competencies for Democratic Culture: Living Together as Equals in Culturally Diverse Democratic Societies, 2016) e a UNESCO (Education 2030 Framework for Action, 2016) apontam as competências de cooperação (competências de relacionamento interpessoal) como uma das competências básicas que crianças e jovens devem adquirir como ferramentas indispensáveis para o exercício de uma cidadania plena, ativa e criativa na sociedade da informação e do conhecimento como a do século XXI. Os sistemas educativos de diferentes países têm acolhido estas recomendações no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, como é o caso do sistema educativo português. Isto constitui um desafio para que os professores utilizem metodologias que possibilitem o desenvolvimento destas competências, nomeadamente no que concerne às competências de relacionamento interpessoal. As competências de relacionamento interpessoal implicam que os alunos sejam capazes de: adequar comportamentos em contextos de cooperação, partilha, colaboração e competição; trabalhar em equipa e usar diferentes meios para comunicar presencialmente e em rede; interagir com tolerância, empatia e responsabilidade e argumentar, negociar e aceitar diferentes pontos de vista, desenvolvendo novas formas de estar, olhar e participar na sociedade (Ministério da Educação, 2017). A Aprendizagem Cooperativa possibilita o desenvolvimento destas competências. Apesar das recomendações dos diversos organismos internacionais e das evidências

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investigativas sobre a eficácia da utilização dos diferentes métodos de Aprendizagem Cooperativa quer na aquisição de competências cognitivas, quer na aquisição de competências de relacionamento interpessoal, esta metodologia é ainda pouco utilizada ou confundida com o trabalho de grupo. XIII


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Contudo, há cada vez um maior número de professores que, desiludidos com a falta de motivação e o desinteresse dos alunos pela escola, e/ou porque sentem necessidade de ver as suas práticas pedagógicas renovadas, procura na Aprendizagem Cooperativa uma alternativa a práticas tradicionais de ensino. É o caso dos professores envolvidos no projeto COOPERA – Aprendizagem Cooperativa e Otimização da Intervenção Pedagógica na Educação Pré-Escolar e no Ensino Básico do Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá, de Vila Nova de Gaia. Deste projeto resulta este livro que está organizado em duas partes. A primeira parte consiste na fundamentação teórica da Aprendizagem Cooperativa, imprescindível à sua implementação na prática e que reflete a necessidade de desenvolvimento profissional em comunidade de aprendizagem sentida pelos educadores de infância e pelos professores que integram o projeto. A segunda parte integra a descrição dos métodos de Aprendizagem Cooperativa usados por estes educadores de infância e professores na sala de aula, bem como os diferentes materiais produzidos. Os educadores de infância, os professores e os alunos envolvidos no projeto, assim como os encarregados de educação deram testemunhos sobre a experiência, os quais integram este livro.

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Como usar as Aprendizagem práticas de Cooperativa: atenção plena

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fundamentação teórica e o relaxamento na sala de aula? Introdução A planificação ocupa um lugar essencial no ensino dado que permite ao professor esta-

I PARTE

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belecer a relaçã

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COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

A Aprendizagem Cooperativa

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O projeto COOPERA


O projeto COOPERA:

Aprendizagem Cooperativa e otimização da intervenção pedagógica na educação pré-escolar e no ensino básico1

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O projeto COOPERA alicerça-se na aplicação da Aprendizagem Cooperativa como uma metodologia educativa inovadora, com o potencial necessário para mudar as práticas pedagógicas nas escolas da educação pré-escolar e do ensino básico. Consistiu na implementação de um programa de intervenção durante o biénio 2016/2017 – 2017/2018, que visa a promoção da qualidade da aprendizagem e do sucesso educativo, apostando numa mudança de paradigma no contexto de sala de aula, em alternativa ao ensino tradicional, através da utilização de métodos ativos de ensino-aprendizagem.

Objetivos Este projeto tem como objetivos melhorar o clima da sala de aula, as habilidades sociais, a crença de autoeficácia, a motivação e o rendimento escolar dos alunos, pretendendo assim alcançar objetivos educacionais que vão para além da aprendizagem académica, nomeadamente o investimento nas competências sociais e de grupo, e no comportamento cooperativo. Em 2015, uma equipa multidisciplinar de professores do 2.º e 3.º ciclos do mesmo agrupamento de escolas procedeu a um levantamento de necessidades, no sentido de construir uma resposta que alterasse o quotidiano da escola. Foi identificada a necessidade de formação de professores dos vários níveis de ensino, nomeadamente na área da didática, procurando-se abordagens diferenciadas em contexto de sala de aula, de forma a dar uma resposta inovadora e eficaz, capaz de responder aos desafios da escola de hoje, que muitas vezes passa pela indisciplina, culminando no insucesso das atividades de ensino. © PACTOR

Esta iniciativa nasceu da participação na conferência “Promoção do Sucesso”, promovida pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, onde intervieram os Professores Doutores José 1 Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá, Vila Nova de Gaia.

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Pinto Lopes e Helena Santos Silva, da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), tendo apresentado o projeto Comunidade de Aprendizagem (CA). Estes professores estiveram posteriormente no Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá, onde realizaram um workshop sobre o trabalho cooperativo e um conjunto de ações educativas voltadas para a transformação educacional e social, tendo em vista uma educação de sucesso para todas as crianças e jovens, que simultaneamente consiga eficiência, equidade e coesão social. Este processo culminou com a assinatura de um protocolo/parceria entre o Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá e a Escola de Ciências Humanas e Sociais do Departamento de Educação e Psicologia da UTAD. Desta parceria resultou a criação de uma comunidade de aprendizagem – “Linhasdesalinhas” – que integrou 15 professores do ensino básico (1.º, 2.º e 3.º ciclos). Os professores desta CA, além de terem o apoio de consultoria dos dois Professores Doutores da UTAD, Helena Santos Silva e José Pinto Lopes, puderam recorrer à plataforma http:// uadfp.utad.pt, com inúmeros materiais sobre comunidades de aprendizagem. Este grupo de docentes passou assim a integrar um novo espaço de envolvimento e trabalho em equipas, para investigar novas formas de melhorar o seu ensino e a aprendizagem dos seus alunos. Nesta sequência, o coordenador de projetos do Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá e a responsável pela formação (RPF) contactaram a Professora Doutora Sónia Moreira (investigadora responsável do projeto COOPERA2), lançando-lhe o desafio de liderar a CA “Linhasdesalinhas”, que veio a tomar a forma de encontros ou debates quinzenais onde passaram a ser partilhadas e discutidas inúmeras preocupações pedagógicas dos diferentes professores. Para dar resposta às preocupações dos professores da CA, em termos de desenvolvimento profissional, a Professora Doutora Sónia Moreira, enquanto formadora acreditada na área de prática e investigação pedagógica e didática, construiu uma oficina de formação para professores que decorreu entre os meses de novembro de 2015 e junho de 2016, denominada “Comunidades Cooperativas de Aprendizagem Profissional” (com o registo de acreditação CCPFC/ACC-85109/15). Participaram nesta formação os 15 professores de 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico referidos anteriormente. Concluída a formação, todos os docentes implicados na CA “Linhasdesalinhas” manifestaram uma enorme vontade de poder dar continuidade a esta formação contínua em contexto, uma vez que se sentiram auxiliados quer na resolução dos problemas escolares inerentes à sua prática pedagógica, quer no acompanhamento que foi realizado numa configuração mais informada e sustentada, dando continuidade de forma efetiva ao seu desenvolvimento e percurso profissional. Para além destes professores, outros expressaram o desejo de integrar também a CA, resultando deste conjunto de interesses e necessidades didáticas o projeto COOPERA. Pretendeu-se assim dar continuidade ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, envolvendo um número mais alargado de professores deste agrupamento de escolas. 2 Ver na página deste livro, em www.pactor.pt, o vídeo de apresentação do projeto.

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Testemunhos

sobre o projeto COOPERA

Dos professores 1

“Começámos a desenvolver no nosso agrupamento o projeto COOPERA, situado no âmbito do plano de ação estratégica e como surgiu? Surgiu através de um convite que foi feito ao nosso agrupamento para implementarmos este projeto por parte do diretor do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar. Nós, como sempre estamos habituados a fazê-lo, estamos recetivos a trabalhar em projetos novos, e neste presente ano letivo (2016/2017) decidimos então começar a implementar o projeto que vai ter continuidade no próximo ano letivo (2017/2018) e possivelmente vamos continuar nos próximos anos letivos. E qual é o objetivo principal deste projeto? É romper com a forma de ensino dentro das escolas. Não é nesta, mas em todas as escolas. Romper com o ensino tradicional. Portanto, nós vamos trabalhar com a Aprendizagem Cooperativa que segue um conjunto de metodologias inovadoras, e para isso nós temos de ter professores com formação, temos de ter professores disponíveis, e alunos disponíveis e o que tivemos neste presente ano letivo foi uma resposta positiva a todas estas solicitações. Ou seja, nós temos neste momento professores e alunos disponíveis e temos know-how também no nosso agrupamento. Tal deve-se também ao trabalho desenvolvido anteriormente por uma docente do nosso agrupamento, a professora, Sónia Moreira, e com a parceria do nosso Centro de Formação de Associação de Escolas Gaia Nascente promoveu-se a formação de vários professores. Neste momento temos a desenvolver o projeto por volta de cerca de 50% dos professores e é aplicado em turmas que vão desde o pré-escolar até ao 9.º ano. Há, pois, muitos alunos envolvidos neste projeto. A implementação deste projeto, como referido, vai romper com situações que se viviam nas escolas do ensino tradicional. Isto é uma inovação e é com ela que estamos a trabalhar no presente ano letivo e vamos trabalhar nos anos seguintes, porque tenho reparado que ao nível dos nossos docentes tem havido entusiasmo na aplicação destas metodologias, e tenho a certeza de que estão entusiasmados para dar continuidade nos anos seguintes. Os alunos que estão a ser abrangidos

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pela implementação deste projeto vão, como disse, desde o pré-escolar até ao 9.º ano e o projeto abrange todas as escolas do nosso agrupamento. É preciso no final do ano fazermos o ponto da situação, fazermos uma avaliação, mas este também está previsto. Vão ser concretizadas, no próximo dia 18 de julho, as primeiras Jornadas Pedagógicas, 7


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aqui no nosso agrupamento. E quando isso acontecer muitos dos professores que não estão envolvidos no projeto vão com certeza aderir também. Muitas das escolas que foram convidadas, vão ter vontade de aderir também ao projeto porque o COOPERA é inovador ao nível nacional, portanto não tenho dúvidas de que vai ter sucesso e quando se alcança esse sucesso promove a qualidade das aprendizagens dos alunos e do sucesso também do nosso agrupamento.” António Grangeia Ex-Diretor do Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá, Vila Nova de Gaia 2

“O plano de ação estratégica foi aprovado no Conselho Geral, que é o órgão de ação estratégica do agrupamento. Desde o início que apadrinhámos a implementação do projeto COOPERA, sendo o enfoque principal das aprendizagens e das competências sociais. Digamos que permite uma formação integral do aluno, parte académica e parte da cidadania. Foi um projeto que nós fomos acompanhando ao longo do ano. Verificámos o entusiasmo dos colegas que estavam em formação, dos alunos, e, portanto, é um projeto que tenho a certeza de que nos próximos anos irá ter mais professores e alunos envolvidos. Pensamos nós que o perfil do aluno no final da escolaridade obrigatória indica claramente esse caminho, isto é, o caminho de aprendizagens significativas em contextos de aprendizagem diferentes do habitual, e o projeto COOPERA responde em pleno a essa necessidade de a escola se adaptar a novos caminhos. Hoje a escola do século XXI tem de preparar necessariamente os nossos alunos para o século XXI. As competências hoje estão bem identificadas, em termos de projeto curricular de escola ou de agrupamento e projeto educativo, todos os documentos estão bem desenhados. Face a essa situação é só colocar as pessoas a trabalhar em contexto de coformação. Os professores são o órgão principal da mudança e a formação de professores tem de responder a essa mudança. As comunidades cooperativas de aprendizagem profissional surgem neste agrupamento como resposta aos novos desafios, permitindo o desenvolvimento da escola como espaço de reflexão, de convivência, de interação e de aquisição de competências. Focar a aprendizagem no aluno implica recentrar o papel do professor como facilitador de ambientes de aprendizagens, surgindo novas formas de ação em sala de aula e espaços educativos extraescolares. Na Aprendizagem Cooperativa, os alunos trabalham em pequenos grupos para alcançar uma meta comum. Com diferentes papéis, os membros do grupo dependem uns dos outros para ter sucesso. Para que a Aprendizagem Cooperativa tenha êxito, obriga a uma planificação cuidada, o que exige uma especial planificação por parte do professor. Este livro ajuda-nos a criar um movimento de mudança no quotidiano escolar, apresentando atividades que permitem uma aprendizagem baseada numa comunidade (community based learning). É uma forma de criar uma escola que aprende, um sistema vivo, tendo em conta todos os intervenientes no processo educativo. A direção escolar desempenha um papel relevante na escola quando, em lugar de limitar-se à gestão, se centra em fazer da escola uma organização assente numa ação coletiva de modo a proporcionar a melhor educação para todos. A inovação pedagógica, que se pode comprovar nas propostas do livro que está nas vossas mãos, é também um desafio para uma liderança que assenta num(a): Processo para exercer uma influência em torno de uma visão comum, centrada na melhoria das Dinâmica coletiva de trabalho; Intercâmbio de conhecimentos e capacidades; Efetiva transformação de atitudes, motivações e comportamentos.

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aprendizagens, assumida pela comunidade escolar;


A Aprendizagem Cooperativa

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O que é a Aprendizagem Cooperativa? Cooperar é trabalhar com outra ou outras pessoas. No contexto educativo, a cooperação é entendida como um método de ensino em que os alunos trabalham aos pares ou em grupos mais numerosos, mais comummente compostos por 3 a 4 elementos, em alternativa a aprender isoladamente, para atingirem objetivos comuns de aprendizagem. A Aprendizagem Cooperativa envolve a utilização de grupos pequenos heterogéneos, onde os alunos trabalham juntos com dois objetivos fundamentais: cooperar para maximizar a sua aprendizagem e a aprendizagem dos restantes elementos do grupo, e cooperar para aprenderem a trabalhar em grupo e a ser solidários. Ou seja, para aprenderem juntos a cooperar para aprender e para aprenderem a cooperar, ajudando-se mutuamente durante o desenvolvimento das atividades de aprendizagem (Johnson, Johnson & Holubec, 1998; Kagan, 1999; Smith, 1996). Para isso, as atividades de Aprendizagem Cooperativa são estruturadas de forma a assegurar que todos os membros do grupo tenham as mesmas oportunidades de participar e para que seja potenciada ao máximo a interação entre todos. Não se trata de que os alunos de uma turma façam de vez em quando algum trabalho em grupo, mas que sejam organizados, de forma mais permanente e estável, em grupos, pondo em prática o que a investigação sobre os processos cognitivos envolvidos na aprendizagem defende desde há várias décadas, mais concretamente no que diz respeito à importância de os alunos participarem ativamente na construção da sua aprendizagem e na importância que a interação entre pares tem nesse processo. A Aprendizagem Cooperativa surgiu principalmente em alternativa à tendência excessiva para a competição, que caracteriza a aprendizagem tradicional de cariz competitivo, e constitui-se atualmente como uma alternativa, apoiada em inúmeros resultados da investigação (Hattie, 2009), quer à Aprendizagem Competitiva quer à Aprendizagem Individualista. Na Aprendizagem Competitiva, os alunos rivalizam para serem os primeiros a acabar as tarefas ou serem os que melhor sabem os conteúdos que o professor ensina. Há a tendência para que ocultem informação, guardem zelosamente a resposta correta a uma questão, as soluções de um problema ou a forma de o resolver. É uma lógica de ganhadores e perdedores: se há um “primeiro da turma”, tem de haver “um último”. Quando os alunos são convidados a competir com outros para obter uma nota, eles trabalham uns contra os outros 15


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

para atingir um objetivo que só um ou poucos podem alcançar (Deutsch, 1962; Johnson & Johnson, 1989). Na Aprendizagem Individualista, cada aluno conta consigo, prescindindo dos demais. Tem o seu próprio conjunto de materiais e trabalha ao seu próprio ritmo ignorando os outros membros da turma (Deutsch, 1962; Johnson & Johnson, 1989). A Aprendizagem Cooperativa permite também potenciar, comparativamente aos dois tipos de aprendizagem referidos, a interação entre os alunos. A Aprendizagem Cooperativa implica assumir que o professor não é o único que “ensina”, mas que, quando se trata de aprender, os alunos em pequenos grupos cooperativos são capazes de “ensinar-se” mutuamente e, desta forma, potenciar os benefícios que são atribuídos à interação entre pares na aprendizagem. Os alunos estimulam o sucesso uns dos outros. Discutem as matérias, explicam como executar as atividades, escutam as explicações uns dos outros, estimulam-se e esforçam-se proporcionando ajuda mútua. A interação entre os alunos ocorre tanto dentro de cada grupo como entre os diferentes grupos na sala de aula. Os alunos não só têm de aprender juntos, o que implica que cada um seja responsável por aprender e ajudar a aprender os restantes colegas de grupo, como também têm de aprender competências sociais ou cooperativas que os habilitam a trabalhar juntos com eficácia. Em síntese, a Aprendizagem Cooperativa deve ser entendida como um conjunto de métodos que permite organizar e conduzir o ensino e a aprendizagem na sala de aula, para que os alunos assumam diferentes papéis e aprendam a partilhar entre si o conhecimento e as tarefas que conduzem à aprendizagem (Johnson, Johnson & Stanne, 2000). Aprender de forma cooperativa implica aprender com recurso ao trabalho em grupo, embora nem toda a aprendizagem realizada em grupo possa ser considerada trabalho cooperativo.

Quais são as características que asseguram que um grupo de aprendizagem seja um grupo cooperativo? De uma perspetiva operacional estruturar de forma cooperativa as situações de aprendizagem corresponde a organizar as atividades que os alunos têm de fazer quando realizam uma tarefa, de modo a assegurar que trabalhem de acordo com as cinco características que autores de referência (por exemplo, Smith, 1996; Johnson, Johnson & Smith, 1998; Johnson & Johnson, 1994; 2002; Kagan, 1999) consideram essenciais para assegurar que os grupos formados sejam verdadeiros grupos cooperativos e que são (Figura 2.1): A interdependência positiva; A interação estimuladora preferencialmente face a face; A responsabilidade individual e de grupo; As competências interpessoais e de pequeno grupo; © PACTOR

A avaliação grupal ou reflexão sobre o trabalho realizado pelo grupo.

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Testemunhos

sobre a Aprendizagem Cooperativa

Dos estudiosos e investigadores 1

“Os seres humanos, ao que parece, são bem sucedidos não por terem uma inteligência geral elevada que aborda todos os desafios, mas porque nasceram para serem especialistas em competências da área do relacionamento interpessoal. Cooperando através da comunicação e da leitura da intenção, os grupos conseguem obter muito mais do que o esforço de qualquer pessoa solitária.” Wilson (2012, pp. 263-265)

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“A educação tradicional nas sociedades ocidentais desenvolvidas tem valorizado o sucesso do indivíduo em vez do sucesso do grupo. É estimulada a competição entre os alunos. Se houver um «primeiro da turma», tem que haver um «último»: é uma lógica de vencedores e perdedores, uma selva dentro da escola. Os resultados deste tipo de educação são limitados, porque os alunos não adquirem uma boa competência social. Os problemas sociais são complexos e exigem a colaboração de todos para os resolver.

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Nos últimos anos, as empresas começaram a exigir aos trabalhadores que saibam como cooperar e trabalhar em equipa. Que se esforcem para alcançar ambientes de trabalho efetivos, não rígidos e apresentem aspetos informais para melhorar a motivação e a coesão da equipa: atividades de lazer, ambiente de trabalho amigável, formas de se relacionar, etc. É necessário terem conhecimentos, 53


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

mas também têm de saber comunicá-los e desenvolver grupos inteligentes para que maximizem os recursos e as competências de cada trabalhador (agora são designados colaboradores pelos gestores das empresas) e assim conseguirem a melhor solução possível para os problemas”. Marina & Bernabeu (2007, p. 77) 3

“As competências na área de relacionamento interpessoal dizem respeito à interação com os outros, que ocorre em diferentes contextos sociais e emocionais. Permitem reconhecer, expressar e gerir emoções, construir relações, estabelecer objetivos e dar resposta a necessidades pessoais e sociais. As competências associadas ao relacionamento interpessoal implicam que os alunos sejam capazes de: Adequar comportamentos em contextos de cooperação, partilha, colaboração e competição; Trabalhar em equipa e usar diferentes meios para comunicar e trabalhar presencialmente e em rede; Interagir com tolerância, empatia e responsabilidade e argumentar, negociar e aceitar diferentes pontos de vista, desenvolvendo novas formas de estar, olhar e participar na sociedade. Descritores operativos – Os alunos juntam esforços para atingir objetivos, valorizando a diversidade de perspetivas sobre as questões em causa, tanto lado a lado como através de meios digitais. Desenvolvem e mantêm relações diversas e positivas entre si e com os outros (comunidade, escola e família) em contextos de colaboração, cooperação e interajuda. Os alunos envolvem-se em conversas, trabalhos e experiências formais e informais: debatem, negoceiam, acordam, colaboram. Aprendem a considerar diversas perspetivas e a construir consensos. Relacionam-se em grupos lúdicos, desportivos, musicais, artísticos, literários, políticos e outros, em espaços de discussão e partilha, presenciais ou à distância. Os alunos resolvem problemas de natureza relacional de forma pacífica, com empatia e com sentido crítico.” Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (2017, p. 25)

Dos professores 1

“A implementação da Aprendizagem Cooperativa na sala de aula contribuiu para rever toda a problemática referente ao trabalho de grupo. Não se trata de agrupar meramente os alunos para trabalhar conteúdos, mas vai mais além. Proporciona oportunidades para refletir sobre a melhor maneira de ensinar, pois implica adotar práticas educativas que vão de encontro às competências dos alunos. Selecionar um método, planificar atividades, incrementar competências interpessoais constitui um desafio cada vez mais premente. Com a Aprendizagem Cooperativa os alunos interagem, melhoram a compreensão de conteúdos, são responsáveis, não só por si mesmos, mas pelo grupo a fim de maximizar as aprendizagens. Nos grupos, os alunos assumem diferentes papéis, cooperam, compartilham o que sabem e ajudam-se uns aos outros porque anseiam o sucesso.”

António Fernandes de Sá, Vila Nova de Gaia, no âmbito do projeto COOPERA 54

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Elvira Ribeiro Professora do 1.º ciclo (Grupo 110) da Escola do Outeiro, do Agrupamento de Escolas Escultor


Aprendizagem Cooperativa:

implementação prática na sala de aula

PARTE

II


Jigsaw ou Método dos Puzzles

STAD: Divisão dos Alunos por Equipas para o Sucesso

10

Tutoria entre Pares

9

Roleta

7

8 Verificação em Pares

Pensar – Formar Pares – Partilhar

6

5 Mesa Redonda

3

4 Cabeças Numeradas Juntas

Folha Giratória

11


Mesa Redonda

3

© PACTOR

Tabela 3.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula

É um método em que os alunos

rabalham juntos, escrevendo cada uma na sua vez, os contriT butos individuais para dar resposta a uma questão ou problema.

É particularmente útil para

Verificar conhecimentos anteriores; Partilhar conhecimentos; Consolidar conhecimentos; Fazer revisões da matéria; Desenvolver a criatividade; Desenvolver a escrita criativa (por ex., uma história original1); Implementar o turbilhão de ideias (brainstorming); Desenvolver o pensamento; Criar interdependência positiva; Incentivar a participação igual de todos os elementos do grupo; Incentivar os alunos mais tímidos a partilhar as suas ideias quer no seu grupo, quer na turma; Permitir o contacto com diferentes pontos de vista e ideias; Desenvolver a responsabilidade individual.

Antes da aula, o professor tem de

screver no cabeçalho de uma folha A4 (folha com a tarefa) uma E questão simples a que os alunos possam responder com uma ou duas frases; Preparar uma folha para cada grupo.

Autor(es)

Kagan (1994).

Aplicação

Todas as áreas de conteúdo da educação pré-escolar; Todas as disciplinas e anos de escolaridade dos ensinos básico e secundário; Ensino superior.

Características

amanho do grupo: 3 a 5 elementos (grupos heterogéneos forT mados pelo professor); Tempo de trabalho: 10-20 minutos; Duração dos grupos: Uma ou mais aulas.

1 Para escrever uma história original usando o método Mesa Redonda, proceda da seguinte forma: apresente a cada grupo uma pergunta diferente; dê a cada pessoa 2 minutos para escrever uma parte da história (isto é feito silenciosa e simultaneamente). Peça que passem a folha, no sentido dos ponteiros do relógio, de poucos em poucos minutos. Depois de ter lido aquilo que foi escrito antes, o aluno seguinte adiciona silenciosamente detalhes à história que recebeu. Os grupos têm 16 minutos para escreverem as suas histórias. Esta atividade resulta em histórias maravilhosas que os alunos gostam de ler repetidamente no livro da turma.

61


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Etapas de implementação do método na sala de aula O professor Organiza grupos heterogéneos de 3 ou 4 elementos; Distribui apenas um lápis e uma folha da tarefa por cada um dos grupos; Estipula o tempo para a realização da atividade e um tempo para cada aluno escrever uma resposta ou alguma ideia sobre o assunto (por ex., 1 minuto); Indica que elemento do grupo começa a escrever a sua resposta ou permite que sejam os alunos a decidir; Indica quem é o porta-voz de cada grupo ou permite que sejam os alunos a decidir; Informa que a folha da tarefa deve circular no grupo no sentido dos ponteiros do relógio. Este procedimento é repetido até que se esgote o tempo estipulado para a tarefa; Dá por finda a atividade quando o tempo estipulado terminar.

Os alunos Escrevem na folha da tarefa a sua resposta e passam o lápis e a folha da tarefa ao colega seguinte; Elegem um porta-voz de cada grupo que tem de partilhar o trabalho final do seu grupo com toda a turma.

Conselhos

© PACTOR

Estabelecer um tempo limite para a participação de cada elemento do grupo; Se notar que um aluno no grupo não consegue contribuir com nenhuma ideia, é melhor passar a outro colega do que interromper o processo. Provavelmente, tendo mais tempo para pensar, poderá contribuir na próxima ronda; Supervisionar os grupos para se assegurar que cada elemento do grupo desempenha bem a tarefa; Para promover a escuta ativa durante a fase de apresentação das ideias pelos grupos, peça a alguns alunos, de forma aleatória, que resumam o que o colega acabou de dizer.

62


Cabeças Numeradas Juntas

4

Tabela 4.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula

É particularmente útil para

Processar informação; Desenvolver o pensamento; Rever a matéria para exames ou provas; Verificar conhecimentos anteriores; Desenvolver a escuta ativa; Falar num tom de voz baixo; Criar interdependência positiva; Desenvolver a responsabilidade individual; Aumentar o espírito e a satisfação da equipa; Dar apoio a todos os alunos na análise de questões ou problemas desafiadores.

Antes da aula, o professor tem de

reparar uma folha com os enunciados dos problemas ou exerP cícios para cada um dos grupos; Assegurar-se de que o número de questões seja múltiplo do número dos elementos do grupo (por ex., se o grupo tiver 4 elementos, deverá haver 4, 8, 12, etc., questões).

Autor(es)

Kagan (1994).

Aplicação

odas as disciplinas e anos de escolaridade dos ensinos básico T e secundário; Ensino superior.

Características

amanho do grupo: 4 elementos (grupos heterogéneos formaT dos pelo professor); Tempo de trabalho: 10-15 minutos; Duração dos grupos: Uma ou mais aulas.

© PACTOR

É um método em que os alunos

rabalham juntos para elaborar respostas comuns para os proT blemas ou exercícios e todos são responsáveis pelas respostas partilhadas na turma; O mote é: “Ponham as vossas cabeças a pensar em conjunto.”

71


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Etapas de implementação do método na sala de aula O professor Organiza grupos heterogéneos de quatro alunos; Atribui um número a cada um dos alunos, de 1 a 4. Se um grupo é mais pequeno que outro, o n.º 3 é também o n.º 4. Podem ser os alunos a atribuir os números a eles próprios; Coloca uma ou mais questões de resposta curta, verdadeira ou falsa, escolha múltipla ou de completamento; Pede a cada um dos grupos que, entre todos, encontrem uma resposta para a questão ou questões colocadas.

Os alunos Trabalham durante o tempo disponibilizado pelo professor. Quando terminam a tarefa, o professor indica um número de 1 a 4, podendo usar um dado ou uma roleta. O aluno indicado pelo professor, por exemplo, o número 3 de cada grupo, dá a resposta, de uma das seguintes formas: Oralmente; Escrevendo numa folha; Colocando o polegar para cima ou para baixo, numa questão de resposta verdadeira ou falsa; Mostrando uma carta de resposta (A, B, C ou D), se a questão é de escolha múltipla. Se acertam, os colegas do grupo saúdam-se (celebram o sucesso, por exemplo, dando palmadinhas nas costas, levantando os polegares ou batendo com as palmas das mãos).

Conselhos

© PACTOR

Estabelecer um tempo limite. Contudo, se notar que os alunos estão muito envolvidos na discussão, dê mais 1 ou 2 minutos; Supervisionar os grupos para se assegurar de que: Todos os elementos do grupo contribuem para a resolução dos exercícios; As respostas revelam as razões que foram pensadas e discutidas para a sua obtenção.

72


Folha Giratória

5

Tabela 5.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula

É particularmente útil para

Encorajar a partilha de informação; Diagnosticar os conhecimentos anteriores; Promover a escuta ativa; Manter os alunos envolvidos nas tarefas; Discutir ideias; Desenvolver a capacidade de síntese; Promover a responsabilidade individual; Promover o pensamento divergente; Desenvolver a criatividade; Desenvolver o pensamento crítico; Aumentar o interesse pelos colegas e pela escola.

Antes da aula, o professor tem de

scolher um ou vários tópicos para serem trabalhados pelos E grupos; Preparar para cada grupo uma folha de cartolina dividida em quatro secções; Escrever o assunto ou tópico no centro das folhas.

Autor(es)

Kagan (1994).

Aplicação

rea de Expressão e Comunicação: Domínio da Educação ArtísÁ tica da educação pré-escolar; Todas as disciplinas e anos de escolaridade dos ensinos básico e secundário; Ensino superior.

Características

amanho do grupo: 4 elementos (grupos heterogéneos formaT dos pela educadora ou pelo professor); Tempo de trabalho: 20-30 minutos; Duração dos grupos: Uma ou mais aulas.

© PACTOR

É um método em que os alunos

m grupos produzem livremente muitas ideias ou soluções E sobre uma questão ou assunto para elaborar um trabalho que integra todas as ideias ou soluções que depois apresentam à turma.

81


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Etapas de implementação do método na sala de aula O professor ou o educador Constitui grupos heterogéneos de quatro alunos; Nomeia ou solicita aos alunos que elejam um porta-voz por grupo; Distribui por cada grupo uma folha de cartolina dividida em quatro secções, com um assunto ou tópico escrito no centro, podendo este ser o mesmo ou diferente para todos os grupos. (por ex., meios para tornar o trabalho da equipa mais cooperativo, ideias para a festa de Natal, descrever diferentes formas de conservar a energia, de proteger o meio ambiente, de economizar eletricidade, de proteger os nossos rios, etc.); Pede aos alunos para, durante 3 ou 4 minutos, explorarem o assunto (anotando as suas questões, dando a sua opinião, anotando o que sabem sobre o assunto ou o que gostariam de saber, etc.); Bate palmas ou usa outro sinal para que os membros de cada equipa rodem a sua folha um quarto de volta, no sentido dos ponteiros do relógio, para conhecerem as ideias que foram registadas pelos seus colegas; Dá tempo aos alunos para analisarem as ideias registadas; Quando o processo termina, pede ao porta-voz de cada equipa para apresentar à turma as ideias mais importantes do grupo (por ex., a ideia mais convincente, o meio mais eficaz, a solução mais útil, o problema mais urgente a resolver, etc.).

Os alunos Devem colocar a folha de cartolina no centro da mesa, de maneira a que cada elemento do grupo possa facilmente registar as suas ideias no espaço da folha que está à sua frente; Quando a folha roda ao sinal do professor, podem acrescentar ideias ou escrever as iniciais do seu nome ao lado das ideias que partilham; Repetem o procedimento até que a folha de cartolina volte ao ponto de partida.

Supervisionar os grupos para se assegurar de que todos os elementos contribuem com ideias para a resolução da tarefa. Uma forma de o verificar é pedir aos alunos para escreverem, com um marcador de cor diferente, todas as ideias que lhes surjam sobre o assunto; Sugerir aos alunos que façam um diagrama de Venn para agruparem as suas ideias, analisando as semelhanças, diferenças e relações que existem entre elas. 82

© PACTOR

Conselhos


Pensar – Formar Pares – Partilhar

6

Tabela 6.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula

É um método em que os alunos

Individualmente formulam ideias sobre uma questão (PENSAR), partilham-nas com outro colega (FORMAR PARES) e chegam a uma resposta comum que partilham na turma (PARTILHAR).

É particularmente útil para

Encorajar a partilha de informação; Diagnosticar os conhecimentos anteriores; Promover a escuta ativa; Manter os alunos envolvidos nas tarefas; Melhorar a qualidade das respostas; Discutir ideias; Aprofundar os conhecimentos; Desenvolver a criatividade; Desenvolver o pensamento crítico; Promover a autoestima; Aumentar o interesse pelos colegas e pela escola.

Antes da aula, o professor tem de

Elaborar questões ou problemas para discussão que tenham várias respostas possíveis.

Autor(es)

Lyman (1987).

Aplicação

Todas as disciplinas e anos de escolaridade dos ensinos básico e secundário; Ensino superior.

Características

Tamanho do grupo: 4 elementos (grupos heterogéneos formados pelo professor); Tempo de trabalho: 10-15 minutos; Duração dos grupos: Uma ou mais aulas.

Etapas de implementação do método na sala de aula O professor Constitui grupos heterogéneos de 4 elementos e numera-os de 1 a 4; © PACTOR

Enuncia um assunto para discutir ou um problema para resolver (por ex., “O que devemos fazer para ter uma vida saudável?”); Dá aos alunos “tempo para pensar” na resposta (pelo menos 10 segundos); 93


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Usa os números atribuídos aos alunos para anunciar a constituição dos pares. Por exemplo, o aluno 1 e o aluno 2 vão formar um par; o aluno 3 e o aluno 4 formam outro par; Pede aos alunos para discutirem o assunto ou resolverem o problema com os colegas; Estabelece um tempo limite para a discussão. Se notar que os alunos estão muito envolvidos na discussão, dá mais 1 ou 2 minutos; Terminado o tempo para a discussão, chama ao acaso alguns alunos para PARTILHAREM as suas ideias com a turma.

Os alunos Pensam individualmente na resposta (pelo menos 10 segundos) e depois partilham-na e discutem-na com o colega (os pares: aluno 1 e aluno 2; aluno 3 e aluno 4); Partilham as respostas com o outro par para chegar a uma resposta comum; Por indicação do professor, alguns alunos partilham a resposta comum com toda a turma.

Conselhos Supervisionar os grupos para se assegurar de que: Todos os elementos contribuem com ideias para a resolução da tarefa; Quando os alunos partilham informações em pares, nenhum aluno domina o outro. Se isto acontecer, estabelecer limites de tempo para a resposta de cada aluno; Durante a etapa de partilha das respostas com a turma, solicite, de forma aleatória, a alguns alunos que resumam o que foi dito pelo colega para que seja promovida a escuta ativa; As respostas revelam as razões que foram pensadas e discutidas para a sua obten-

© PACTOR

ção.

94


Roleta

7

Tabela 7.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula Resolvem problemas em grupo de acordo com as etapas da roleta (Anexo 1).

É particularmente útil para

Rotinizar técnicas e adquirir estratégias de resolução de problemas; Desenvolver o pensamento divergente; Desenvolver a responsabilidade individual.

Antes da aula, o professor tem de

Preparar uma roleta, dividida num número de partes igual ao número de alunos e ao número de etapas – estas etapas têm de estar numeradas de acordo com a ordem de execução do processo ou da técnica a dominar pelos alunos (ver Anexo 1); Elaborar uma folha com os enunciados dos problemas para cada um dos grupos.

Autor(es)

Kagan (1994).

Aplicação

Todas as áreas de conteúdo da educação pré-escolar; Todas as disciplinas e anos de escolaridade dos ensinos básico e secundário; Ensino superior.

Características

Tamanho do grupo: 4 elementos, podendo variar de acordo com o número de etapas (grupos heterogéneos formados pelo professor); Tempo de trabalho: 30-45 minutos; Duração dos grupos: Uma ou mais aulas.

© PACTOR

É um método em que os alunos

107


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Etapas de implementação do método na sala de aula O professor Constitui grupos heterogéneos com o número de elementos igual ao número de etapas da técnica a aprender; Distribui por cada grupo uma roleta e uma folha de exercícios.

Os alunos Rodam à vez a roleta. O aluno que fica colocado diante da etapa 1 começa a tarefa, depois é a vez do que está em frente à etapa 2 e assim sucessivamente; Voltam a rodar a roleta quando tiverem terminado o primeiro problema ou exercício e o procedimento recomeça; Repetem o processo até que todos os problemas estejam resolvidos.

Conselhos

© PACTOR

Estabelecer um tempo limite. Contudo, se notar que os alunos estão muito envolvidos na discussão, dê mais 1 ou 2 minutos; Supervisionar os grupos para se assegurar que cada elemento do grupo desempenha bem a tarefa indicada pela roleta; No final da resolução dos problemas, crie condições para que os grupos comuniquem não só os resultados, mas sobretudo as estratégias usadas na resolução dos problemas; Para promover a escuta ativa durante a fase de apresentação das ideias pelos grupos, peça a alguns alunos, de forma aleatória, que resumam o que o colega acabou de dizer.

108


Verificação em Pares

8

Tabela 8.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula Trabalham alternadamente em pares e em grupos para resolver problemas ou exercícios.

É particularmente útil para

Resolver problemas ou exercícios; Consolidar conhecimentos; Incentivar a ajuda mútua; Construir o espírito de grupo; Fazer revisões da matéria; Partilhar conhecimentos; Desenvolver as competências de comunicação; Permitir o contacto com diferentes estratégias de resolução de problemas; Aprender a desempenhar diferentes papéis (solucionador e incentivador); Criar interdependência positiva através do desempenho de papéis; Incentivar a participação igual de todos os elementos do grupo; Desenvolver a responsabilidade individual.

Antes da aula, o professor tem de

Elaborar uma folha de problemas e uma folha para verificação em pares para cada grupo; Elaborar folhas de problemas suplementares.

Autor(es)

Kagan (1994).

Aplicação

Todas as áreas de conteúdo da educação pré-escolar; Todas as disciplinas e anos de escolaridade dos ensinos básico e secundário; Ensino superior.

Características

Tamanho do grupo: 4 elementos, agrupados em pares; Tempo de trabalho: 15-20 minutos; Duração dos grupos: Uma ou mais aulas.

© PACTOR

É um método em que os alunos

121


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Etapas de implementação do método na sala de aula O professor Constitui grupos heterogéneos de quatro alunos e divide cada grupo em dois pares; Em cada par, designa um aluno por A e o outro por B; Distribui a cada par uma folha de problemas e uma folha para verificação em pares.

Os alunos Em cada par, o aluno A resolve o primeiro problema, enquanto o aluno B ensina e elogia; Os pares trocam de papéis para resolverem o segundo problema. O aluno B resolve o problema, enquanto o aluno A ensina e elogia; Os dois pares trabalham em simultâneo o mesmo problema. Quando terminam de resolver os dois problemas, comparam e discutem as respostas; A seguir, celebram as respostas corretas (por ex., dando um aperto de mão, batendo com as palmas das mãos uns dos outros, levantando os polegares, etc.) ou resolvem as diferenças; Colocam um sinal de visto no quadrado ao lado dos problemas que foram resolvidos; Repetem os passos anteriores até resolverem todos os problemas da folha de problemas.

Conselhos Estabelecer um tempo limite para a resolução dos problemas; Supervisionar os grupos para se assegurar de que cada elemento desempenha bem os diferentes papéis; Encorajar os alunos a falar em voz alta à medida que resolvem os problemas. Por exemplo, “Três mais nove é doze. Baixo os dois e vai um”. À medida que falam, os colegas deverão prestar atenção aos passos que estão a ser seguidos para dar ajuda, se necessário; Ter disponíveis folhas de problemas suplementares para os grupos que acabam mais cedo; Ensinar os alunos a esperar pacientemente de uma forma que não perturbe os outros, Alterar a constituição dos grupos se um dos pares termina o trabalho sempre antes do outro par. 122

© PACTOR

se um dos pares resolve os problemas antes do outro par;


Tutoria entre Pares

9

Tabela 9.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula

É um método em que os alunos

Trabalham aos pares para ajudar colegas que estão a ter dificuldades em compreender a matéria ou em realizar determinada tarefa, desempenhando os papéis de tutores e tutorados.

É particularmente útil para

Encorajar a cooperação entre os alunos; Colmatar dificuldades de aprendizagem; Melhorar o relacionamento, criando um clima mais atencioso e empático na sala de aula; Facilitar o diálogo entre os alunos; Facilitar a inclusão e a aprendizagem de alunos com NEE; Facilitar o ensino e a aprendizagem de pares; Aumentar a autoestima e a resiliência; Promover um melhor comportamento, envolvendo os alunos na sua própria aprendizagem e obtendo o seu apoio na gestão da sala de aula; Incentivar a responsabilidade pessoal, o trabalho em equipa e a interdependência positiva.

Antes da aula, o professor tem de

Fazer os guiões de conduta dos tutores e dos tutorados; Escolher os tutores, alunos que dominam bem a matéria e os tutorados, alunos que estão ainda com dificuldades; Constituir os diferentes pares: tutor e tutorado; Organizar o material de trabalho.

Autor(es)

Fuchs, Fuchs & Burish (2000); Lopes & Silva (2010); Topping (1988).

Aplicação

Pode utilizar-se com alunos a partir dos 5-6 anos.

Características

Tamanho do grupo: Grupos de pares formados pelo professor; Tempo de trabalho: 10-30 minutos; Duração dos grupos: Uma ou várias aulas.

© PACTOR

Etapas de implementação do método na sala de aula Este método desenvolve-se em três etapas: 1 Explicação aos alunos dos objetivos da tutoria entre pares. 2 Formação dos grupos de pares e distribuição dos materiais. 3 Monitorização do trabalho dos pares. 133


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

1.ª etapa: Explicação aos alunos dos objetivos da tutoria entre pares O professor Pergunta aos alunos se sabem o que quer dizer tutor e tutorado e porque é importante ser tutor de um colega; Pede para os alunos darem exemplos de matérias que podem ensinar como tutores; Distribui os guiões de conduta dos tutores e dos tutorados; Analisa-os com os alunos, demonstrando e modelando os diferentes comportamentos associados ao desempenho dos papéis: tutor e tutorado (Lopes & Silva, 2010, p. 237).

Os alunos Analisam os guiões e treinam os comportamentos associados ao desempenho dos papéis.

2.ª etapa: Formação dos grupos de pares e distribuição dos materiais O professor Organiza a sala de aula de forma a facilitar o trabalho de pares; Agrupa os alunos aos pares: tutor e tutorado; Distribui por cada grupo os materiais de trabalho e os guiões de conduta; Informa os alunos do tempo destinado à realização das tarefas.

Os alunos Realizam as tarefas desempenhando os papéis de tutor e tutorado.

3.ª etapa: Monitorização do trabalho dos pares

Circula pela sala e observa o comportamento dos alunos no desempenho dos papéis e controla o desenvolvimento das tarefas, dando feedback quando necessário. 134

© PACTOR

O professor


STAD: Divisão dos Alunos por Equipas para o Sucesso

10

© PACTOR

Tabela 10.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula

É um método em que os alunos

Em grupos realizam fichas com exercícios sobre a matéria lecionada pelo professor para se prepararem para os minitestes individuais sobre essa matéria.

É particularmente útil para

Preparar para exames orais ou escritos; Esclarecer dúvidas; Comparar respostas; Consolidar a aprendizagem das matérias; Promover o trabalho autónomo e a autorregulação; Interiorizar competências, procedimentos e rotinas; Promover o apoio e a ajuda mútuos; Responder a perguntas, exercícios e problemas; Encorajar a partilha de informação; Manter os alunos envolvidos nas tarefas; Discutir ideias; Desenvolver a capacidade de síntese; Promover a responsabilidade individual; Promover a autoestima e a aceitação das diferenças.

Antes da aula, o professor tem de

Preparar a aula de acordo com os princípios do método Instrução Direta1; Constituir grupos heterogéneos de 4 elementos tendo como critério as notas de base2; Preparar duas fichas de exercícios por grupo; Preparar duas folhas de respostas por grupo; Elaborar os minitestes com perguntas semelhantes às da ficha de exercícios; Elaborar a folha de cálculo das pontuações de superação; Estabelecer as recompensas dos grupos (por ex., diplomas de reconhecimento).

Autor(es)

Slavin (1991).

u

1 Consultar Capítulo 17 do livro O professor faz a diferença, de José Lopes & Helena Santos Silva (2010), Lidel – Edições Técnicas, Lda. 2 As notas de base são calculadas achando a média das notas dos testes feitos anteriormente (por exemplo, o aluno A fez dois testes de português no 1.º período, em que teve 45 e 65 pontos, respetivamente. A média, isto é, a classificação ou nota de base, é 55 pontos). Se se pretende utilizar o STAD, logo no início do ano, para calcular as classificações de base dos alunos, pode recorrer-se às classificações dos testes do 2.º ou 3.º períodos do ano anterior.

149


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Aplicação

A partir do 3.º ano de escolaridade, em todas as disciplinas e anos dos ensinos básico e secundário; Ensino superior.

Características

Tamanho do grupo: 4 elementos (grupos heterogéneos formados pelo professor de acordo com as notas de base); Tempo de trabalho: 45-90 minutos; Duração dos grupos: Várias aulas.

Etapas de implementação do método na sala de aula Este método desenvolve-se em cinco etapas: 1

Apresentação do conteúdo à turma pelo professor.

2

Trabalho de grupo.

3

Avaliação individual.

4

Verificação do progresso dos alunos com base nas avaliações individuais.

5

Reconhecimento ou recompensa dos grupos.

1.ª etapa: Apresentação do conteúdo à turma O professor Faz a apresentação do conteúdo da lição, utilizando o método Instrução Direta ou através de uma explicação ou discussão guiada, com ou sem apoios audiovisuais. Começa por informar os alunos sobre as aprendizagens que vão realizar e porque são importantes. Deve focar-se na explicação dos conceitos fundamentais, os quais os alunos vão consolidar no trabalho de grupo a realizar na 2.ª etapa.

2.ª etapa: Trabalho de grupo O professor No final da apresentação da lição (1.ª etapa), que não deve demorar mais de 15-20 minutos, organiza os alunos para o trabalho de grupo. Na primeira vez que os grupos se reúnem, disponibiliza cerca de 10 minutos para que os alunos deem um nome ao grupo (não podem usar nomes ofensivos). Se não o fazem, fá-lo o professor; Entrega a cada grupo apenas duas fichas de exercícios e duas folhas de respostas. pendência positiva. Se há alunos que querem ter as suas próprias fichas, o professor fornece-lhas após a realização da atividade. Durante o tempo de trabalho ou estudo 150

© PACTOR

Isto obriga os alunos a trabalhar juntos partilhando recursos, o que possibilita a interde-


Jigsaw ou Método dos Puzzles

11

Tabela 11.1 – Descrição do método e sua utilidade na sala de aula

É particularmente útil para

Encorajar a cooperação entre os alunos; Aprender a matéria de forma mais profunda; Melhorar o relacionamento, criando um clima mais atencioso e empático na sala de aula; Facilitar o diálogo entre os alunos; Desenvolver competências de leitura e compreensão; Facilitar o ensino e a aprendizagem de pares; Aumentar a autoestima e a resiliência; Promover um melhor comportamento, envolvendo os alunos na sua própria aprendizagem e obtendo o seu apoio na gestão da sala de aula; Incentivar a responsabilidade pessoal, o trabalho em equipa e a interdependência positiva.

Antes da aula, o professor tem de

Constituir grupos heterogéneos tendo como critério as notas de base para formar os grupos de base; Escolher o conteúdo e subdividi-lo em tantas partes quantos os elementos de cada grupo de base; Organizar fichas de trabalho com as diferentes subpartes do conteúdo; Elaborar os minitestes sobre o conteúdo; Construir a folha de cálculo das pontuações de superação; Estabelecer as recompensas dos grupos (por ex., diplomas de reconhecimento).

Autor(es)

Aronson et al. (1978); Slavin (1995).

Aplicação

Pode utilizar-se com alunos a partir dos 5-6 anos.

Características

Tamanho do grupo: 4 elementos (grupos heterogéneos formados pelo professor); Tempo de trabalho: 45-90 minutos; Duração dos grupos: Várias aulas.

© PACTOR

É um método em que os alunos

Trabalham em dois tipos de grupos: grupos de base e grupos de peritos; Se tornam peritos na parte da matéria que têm de ensinar aos outros colegas do seu grupo de base.

175


COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Etapas de implementação do método na sala de aula Este método desenvolve-se em seis etapas: 1 Formação dos grupos de base. 2 Formação dos grupos de peritos. 3 Regresso aos grupos de base. 4 Avaliação individual. 5 Verificação do progresso dos alunos com base nas avaliações individuais. 6 Reconhecimento ou recompensa aos grupos.

1.ª etapa: Formação dos grupos de base O professor

1 As notas de base são calculadas achando a média das notas dos testes feitos anteriormente (por exemplo, o aluno A fez dois testes de Português no 1.º período, em que teve 45 e 65 pontos, respetivamente. A média, isto é, a classificação ou nota de base, é 55 pontos. Se se pretende utilizar o Jigsaw, logo no início do ano, para calcular as classificações de base dos alunos, pode recorrer-se às classificações dos testes do 2.º ou 3.º períodos do ano anterior

176

© PACTOR

Organiza os alunos em grupos heterogéneos tendo como critério o rendimento escolar – notas de base1; Na primeira vez que os grupos se reúnem, disponibiliza cerca de 10 minutos para que os alunos deem um nome ao grupo (não podem usar nomes ofensivos). Se não o fazem, fá-lo o professor; A primeira vez que utiliza o Jigsaw, explica aos alunos o que significa trabalhar em grupo cooperativo e, em conjunto com os alunos, estabelece as regras do trabalho em grupo cooperativo. Pode escrevê-las no quadro, num post-it que entrega a cada grupo ou os alunos escrevem-nas no caderno. Exemplos de regras: Os alunos são responsáveis pela aprendizagem dos colegas; O estudo não termina até que todos no grupo saibam a matéria; Pedir ajuda aos colegas da equipa antes de recorrer ao professor (“Pergunta a três antes de me perguntar.”); Falar em voz baixa. Distribui as fichas de trabalho pelos diferentes elementos de cada grupo. Cada um dos alunos nos diferentes grupos tem uma ficha diferente, isto é, uma das subpartes em que o professor dividiu a matéria, para que cada grupo tenha a totalidade do conteúdo a aprender. Por exemplo, se o conteúdo for dividido em quatro partes A, B, C e D, os grupos têm de ser constituídos por 4 elementos e, a cada um dos alunos, o professor distribui uma das subpartes: A, B, C, ou D. É importante que na ficha de trabalho haja indicações sobre os aspetos em que os alunos se devem concentrar quando estão a aprender a matéria uns com os outros nos grupos de peritos.


14,7mm

Cabeças Numeradas Juntas Os alunos trabalham juntos para elaborar respostas comuns para problemas ou exercícios. Todos são responsáveis pelas respostas partilhadas. Folha Giratória Em grupo, os alunos produzem ideias, elaborando um trabalho que apresentam à turma.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

Pensar – Formar Pares – Partilhar Individualmente, os alunos formulam ideias sobre uma questão (Pensar), partilham-nas com um colega (Formar Pares) e chegam a uma resposta comum que partilham na turma (Partilhar). Roleta Os alunos resolvem problemas em grupo de acordo com as 4 etapas da roleta: leitura do problema, reformulação do problema, proposta de uma ou mais soluções, e validação da solução sugerida.

K

Tutoria entre Pares Os alunos trabalham em pares para ajudar colegas com dificuldades em compreender a matéria, desempenhando papéis de tutores e tutorados. STAD: Divisão dos Alunos por Equipas para o Sucesso Em grupos, os alunos realizam fichas com exercícios sobre a matéria dada pelo professor, como preparação para os minitestes. Jigsaw ou Método dos Puzzles Os alunos trabalham em dois tipos de grupos: de base e de peritos. Tornam-se peritos na parte da matéria que têm de ensinar aos outros colegas do seu grupo de base.

Cooperar é poder trabalhar com uma ou mais pessoas. No contexto educativo, a cooperação está implícita na Aprendizagem Cooperativa, entendida como um método de ensino ativo e motivador, em que os alunos, ao trabalharem em pares ou em pequenos grupos heterogéneos, têm a possibilidade de maximizar as suas aprendizagens cognitivas e não cognitivas, dando especial enfoque ao desenvolvimento das competências de relacionamento interpessoal, fundamentais nos dias de hoje no exercício de uma plena cidadania. 86 testemunhos de alunos, encarregados de educação Assim sendo, não é de estranhar que e professores envolvidos também haja um maior número de profesno projeto COOPERA, sores que, devido à falta de motivação e que comprovam o sucesso ao desinteresse de alguns alunos pela dos resultados! escola, ou à necessidade de renovar as suas práticas pedagógicas, procure na Aprendizagem Cooperativa uma alternativa às práticas tradicionais de ensino. É o caso dos professores envolvidos no projeto COOPERA, do qual resulta o presente manual. Organizado em duas partes, este livro apresenta na primeira a fundamentação teórica da Aprendizagem Cooperativa e na segunda a descrição dos 9 métodos e os materiais utilizados por esses educadores de infância e professores na sala de aula. Trata-se, sem dúvida, de um excelente instrumento de trabalho para professores do ensino pré-escolar, do 1.º, 2.º e 3.º ciclos dos ensinos básico e secundário e de educação e formação de adultos (EFA), bem como para estudantes dos cursos do ensino superior que habilitem para a docência.

Helena Santos Silva / José Pinto Lopes / Sónia Moreira

Verificação em Pares Os alunos trabalham alternadamente em pares e em grupos para resolver problemas ou exercícios.

Cooperar na Sala de Aula para o Sucesso

Prefácios de: José L. C. Verdasca (Universidade de Évora) Miguel A. S. Rego e Mar L. Moledo (Universidade de Santiago de Compostela)

Material audiovisual em www.pactor.pt, até o livro se esgotar ou ser publicada nova edição atualizada ou com alterações.

ISBN 978-989-693-078-3

9 789896 930783

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Mesa Redonda Os alunos trabalham juntos, escrevendo cada um na sua vez os contributos individuais para dar resposta a uma questão ou problema.

COOPERAR NA SALA DE AULA PARA O SUCESSO

Os 9 métodos de Aprendizagem Cooperativa apresentados neste livro:

Helena Santos Silva Professora Associada no Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde desenvolve a sua atividade profissional no âmbito da formação inicial, contínua e pós-graduada de professores. É coautora de livros de Educação, nomeadamente das obras A Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula, O Professor Faz a Diferença, 50 Técnicas de Avaliação Formativa e Eu, Professor, Pergunto (Vols. 1 e 2), publicadas pela Lidel e Pactor.

José Pinto Lopes Professor Associado no Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde é responsável pela formação inicial, contínua e pós-graduada de professores e de psicólogos. É autor de vários livros nas áreas da Psicologia e da Educação, com destaque para as obras A Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula, O Professor Faz a Diferença, 50 Técnicas de Avaliação Formativa e Eu, Professor, Pergunto (Vols.1 e 2), publicadas pela Lidel e Pactor.

Sónia Moreira Professora do Quadro do Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá de Vila Nova de Gaia, leciona no Ensino Básico (1.º Ciclo) e é Coordenadora do Departamento de 1.º Ciclo. Autora e Coordenadora também do Projeto COOPERA desde outubro de 2016, em implementação durante o biénio 2016/2017 – 2017/2018, como uma das medidas do Plano de Ação Estratégica do Agrupamento ao qual pertence. Formadora de professores desde 2010, em diferentes áreas e domínios, e colaboradora em projetos de manuais escolares.


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