9cm
16,7 x 24cm
1,47cm
Bases Neurais das Emoções Emoções Positivas Teoria da Ampliação e da Construção das Emoções Positivas Complexidade e Evolução do Self Mecanismos Cerebrais da Autoconsciência Emocional
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Ciência dos Relacionamentos Humanos Programas de Educação em Inteligência Emocional Educação da Inteligência Emocional com base nos Três Focos
Estes avanços permitiram compreender melhor os mecanismos cerebrais das emoções e da inteligência emocional, como o processo de autoconsciência emocional, as bases neurais do self, o autocontrolo emocional, os relacionamentos humanos e a sua relação com o cérebro. O presente livro apresenta, de forma clara, simples e estruturada, uma compreensão de como as Neurociências ajudaram no entendimento dos mecanismos neurais de todas as emoções e de todos os mecanismos cerebrais associados à inteligência emocional e pretende, também, ter uma forte componente prática ao demonstrar a aplicação das Neurociências em dois contextos relevantes: na Educação e nas Organizações.
Liderança com Inteligência Emocional e Social
No primeiro, apresentam-se os programas de educação em inteligência emocional para crianças e adolescentes e os três níveis de análise da inteligência emocional do ponto de vista prático – o “self”, os “outros” e o “sistema” –, fornecendo no final um conjunto de exercícios práticos de inteligência emocional para crianças, adolescentes e educadores.
UM LIVRO COM:
No segundo, apresenta-se o modelo de liderança com inteligência emocional e social proposto por Daniel Goleman (validado cientificamente pelo Professor Richard Boyatzis), explicando detalhadamente cada competência do modelo e os estilos de liderança, fornecendo ao leitor um conjunto de exercícios práticos num ambiente organizacional.
Explicações detalhadas
Exercícios de aplicação
ISBN 978-989-693-112-4
w w w.pac tor.pt
9 789896 931124
JOÃO ASCENSO
Imagens ilustrativas
Uma leitura imprescindível para Psicólogos, Neurocientistas, Líderes, Gestores, Professores, Educadores e todos os demais interessados na procura da obtenção do sucesso pessoal e profissional.
www.pactor.pt
C
Autocontrolo Emocional
As Neurociências assistiram a uma evolução científica enorme nos últimos 20 anos graças aos estudos que utilizam o método de ressonância magnética funcional e que permitem estudar conceitos clássicos da Psicologia com base cerebral, particularmente as emoções e a inteligência emocional.
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
TEMAS:
16,7 x 24cm
9cm
Prefácio de
RICHARD BOYATZIS
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICAÇÃO À EDUCAÇÃO E ÀS ORGANIZAÇÕES
JOÃO ASCENSO
João Ascenso Licenciado em Psicologia Social e das Organizações pelo Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, possui ampla experiência em Consultoria e Educação para Executivos em Portugal, Inglaterra, Estados Unidos da América, Brasil, Angola e Cabo Verde. Foi Professor Associado da Fundação Dom Cabral de 2011 a 2018, considerada pelo Financial Times a melhor escola de negócios da América do Sul e a 10.ª melhor escola de negócios do mundo na Educação Customizada para Executivos. Trabalha desde 2006 na Educação para Executivos em particular na Liderança com Inteligência Emocional, tendo sido um dos primeiros formadores a introduzir esta área de formação no mercado português. Atua também como freelancer na Formação para Executivos de Topo nos mercados português, brasileiro e americano e presentemente trabalha para universidades americanas.
EDIÇÃO PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 511 448 pactor@pactor.pt www.pactor.pt
DISTRIBUIÇÃO Lidel – Edições Técnicas, Lda. R. D. Estefânia, 183, R/C Dto. – 1049-057 LISBOA Tel: +351 213 511 448 lidel@lidel.pt www.lidel.pt
LIVRARIA Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 541 418 livraria@lidel.pt Copyright © 2021, PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação ® Marca registada da FCA PACTOR Editores, Lda. ISBN edição impressa: 978-989-693-112-4 1.ª edição impressa: março de 2022 Paginação: magnetic Impressão e acabamento: Tipografia Lousanense, Lda. – Lousã Depósito Legal n.º 497027/22 Capa: José Manuel Reis Todos os nossos livros passam por um rigoroso controlo de qualidade, no entanto, aconselhamos a consulta periódica do nosso site (www.pactor.pt) para fazer o download de eventuais correções. Não nos responsabilizamos por desatualizações das hiperligações presentes nesta obra, que foram verificadas à data de publicação da mesma. Os nomes comerciais referenciados neste livro têm patente registada. Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.
ÍNDICE GERAL Introdução................................................................................................................................ IX Prefácio..................................................................................................................................... XI
@ PACTOR
PARTE I – O QUE A NEUROCIÊNCIA TEM PARA NOS ENSINAR SOBRE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL......................................................................... 1
1. As bases neurais das emoções.............................................................................. 3 1.1. Emoções básicas........................................................................................................... 3 1.1.1. Medo.................................................................................................................... 4 1.1.1.1. As bases neurais do medo............................................................... 6 1.1.2. Raiva.................................................................................................................... 6 1.1.2.1. As bases neurais da raiva................................................................. 8 1.1.3. Tristeza................................................................................................................ 9 1.1.3.1. As bases neurais da tristeza........................................................... 11 1.1.4. Nojo................................................................................................................... 12 1.1.4.1. As bases neurais do nojo................................................................ 12 1.1.5. Surpresa............................................................................................................ 13 1.1.5.1. As bases neurais da surpresa......................................................... 14 1.1.6. Felicidade (Alegria)........................................................................................ 14 1.1.6.1. As bases neurais da felicidade (alegria)...................................... 16 1.1.6.2. Mecanismos neurais de recompensa.......................................... 17 1.2. Emoções morais......................................................................................................... 19 1.2.1. As emoções morais diante do sofrimento dos outros............................ 20 1.2.1.1. Compaixão........................................................................................ 20 1.2.2. As emoções morais que elevam os outros................................................ 22 1.2.2.1. Gratidão............................................................................................. 22 1.2.2.2. Elevação moral................................................................................. 26 1.2.2.3. Admiração......................................................................................... 28 1.2.3. As emoções morais que condenam os outros......................................... 29 1.2.3.1. Raiva/Indignação moral................................................................. 29 1.2.3.2. Nojo moral........................................................................................ 30 1.2.3.3. Desprezo............................................................................................ 32 V
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
1.2.4. As emoções morais autoconscientes......................................................... 1.2.4.1. Culpa................................................................................................... 1.2.4.2. Vergonha............................................................................................ 1.2.4.3. Embaraço........................................................................................... 1.2.5. Outras emoções morais................................................................................ 1.2.5.1. Schadenfreude................................................................................... 1.2.5.2. Inveja...................................................................................................
33 33 34 35 37 37 38
2. As emoções positivas........................................................................................... 2.1. Alegria........................................................................................................................... 2.1.1. As bases neurais da alegria........................................................................... 2.2. Gratidão........................................................................................................................ 2.3. Serenidade.................................................................................................................... 2.4. Interesse....................................................................................................................... 2.5. Esperança..................................................................................................................... 2.5.1. As bases neurais da esperança..................................................................... 2.6. Orgulho........................................................................................................................ 2.6.1. As bases neurais do orgulho........................................................................ 2.7. Divertimento............................................................................................................... 2.8. Inspiração..................................................................................................................... 2.9. Admiração................................................................................................................... 2.10. Amor...........................................................................................................................
41 41 43 43 43 43 44 44 45 47 48 49 49 50
3. A teoria da ampliação e da construção das emoções positivas...................... 51 3.1. Hipótese da ampliação.............................................................................................. 54 3.2. Hipótese da construção............................................................................................ 56 4. A complexidade, evolução e bases neurais do self........................................... 65 4.1. A evolução do self e o conceito de complexidade............................................... 65 4.2. Bases neurais do self.................................................................................................. 69 5. Os mecanismos cerebrais da autoconsciência emocional.............................. 5.1. O papel da ínsula anterior na autoconsciência emocional............................... 5.2. O papel do córtex orbitofrontal medial como porta de entrada para a autoconsciência.............................................................................................. 5.3. O papel do córtex cingulado anterior na autoconsciência emocional.......... 5.4. O papel do córtex pré-frontal dorsomedial na autorreflexão sobre as emoções........................................................................................................ 5.5. A importância da evolução e da ampliação da consciência.............................
71 72 74 74 76 77
6. As bases neurais do autocontrolo emocional................................................... 79 6.1. Tipos de regulação emocional................................................................................ 80
VI
Índice geral
6.1.1. Regulação emocional supressiva................................................................. 6.1.2. Estratégia cognitiva ....................................................................................... 6.1.3. A reavaliação cognitiva.................................................................................. 6.1.3.1. O papel do córtex pré-frontal dorsolateral no autocontrolo emocional e na reavaliação cognitiva.......................................... 6.1.3.2. O papel do córtex cingulado anterior ventral no autocontrolo emocional................................................................. 7. A ciência dos relacionamentos humanos e a sua relação com as neurociências................................................................................................... 7.1. Os sistemas relacionais ............................................................................................ 7.1.1. Sistema de relação simbiótica...................................................................... 7.1.2. Sistema de maturidade psicológica............................................................ 7.2. N eurociências, biologia e relacionamentos humanos....................................... 7.2.1. A relação da ocitocina com as emoções e os relacionamentos sociais................................................................................................................ 7.3. O significado do amor nos relacionamentos....................................................... 7.4. A diferença entre os conceitos de sentimento e emoção no contexto dos relacionamentos .................................................................................................
80 81 82 83 85 87 87 87 89 92 93 95 98
PARTE II – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA À EDUCAÇÃO....................... 101
@ PACTOR
8. Programas de educação em inteligência emocional..................................... 103 8.1. O programa CASEL de educação da inteligência emocional....................... 103 8.1.1. Autoconsciência........................................................................................... 104 8.1.2. Autogestão..................................................................................................... 105 8.1.3. Consciência social....................................................................................... 106 8.1.4. Gestão das relações..................................................................................... 107 8.1.5. Tomada de decisão responsável............................................................... 108 8.2. O programa RULER da Universidade de Yale de educação de inteligência emocional.................................................................................................................. 110 9. Os três focos: O self, os outros e os sistemas.................................................. 9.1. Relação com o self................................................................................................... 9.1.1. 1.ª descoberta: A construção do self ideal.............................................. 9.1.2. 2.ª descoberta: A construção do self real................................................ 9.1.3. 3.ª descoberta: A construção de um projeto de autoaprendizagem.... 9.1.4. 4.ª descoberta: Experimentação prática de novos comportamentos ......................................................................................... 9.1.5. 5.ª descoberta: Os ambientes sociais de atuação do projeto de autoaprendizagem .................................................................................
VII
113 113 115 121 122 123 123
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
9.1.6. 6 .ª descoberta: Identificação dos mentores de confiança que ajudarão a criança e o adolescente a concretizar cada parte do projeto de autoaprendizagem............................................................. 125 9.2 A relação entre a empatia e a compaixão e benevolência............................... 127 10. Exercícios.......................................................................................................... 129 PARTE III – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA ÀS ORGANIZAÇÕES........... 155
11. A liderança com inteligência emocional e social......................................... 11.1. O modelo de liderança com inteligência emocional e social...................... 11.1.1. Autoconsciência emocional e autocontrolo emocional................... 11.1.2. Adaptabilidade .......................................................................................... 11.1.3. Orientação para a realização.................................................................. 11.1.4. Otimismo.................................................................................................... 11.1.5. Empatia........................................................................................................ 11.1.6. Consciência organizacional.................................................................... 11.1.7. Influência..................................................................................................... 11.1.7.1. Prova social ................................................................................. 11.1.7.2. Agradabilidade ........................................................................... 11.1.7.3. Autoridade................................................................................... 11.1.7.4. Reciprocidade ............................................................................. 11.1.7.5. Escassez/Raridade ..................................................................... 11.1.7.6. Consistência................................................................................. 11.2 Coaching/Mentoring.............................................................................................. 11.3. Gestão de conflitos............................................................................................... 11.4. Trabalho em equipa.............................................................................................. 11.5 Liderança inspiradora........................................................................................... 11.6. E stilos de liderança com inteligência emocional e social............................ 11.6.1. Estilo coercivo............................................................................................ 11.6.2. Estilo visionário.......................................................................................... 11.6.3. Estilo afiliativo............................................................................................ 11.6.4. Estilo democrático ou participativo...................................................... 11.6.5. Estilo agressivo para o alto desempenho............................................. 11.6.6. Estilo conselheiro (coach/mentor).........................................................
157 158 160 163 166 166 167 168 168 169 169 169 170 170 170 170 172 173 173 173 174 175 175 176 176 177
12. Exercícios.......................................................................................................... 179 Sugestões de respostas dos exercícios............................................................... 186 Considerações finais............................................................................................................ 199 Referências bibliográficas................................................................................................... 203 Índice remissivo.................................................................................................................... 231 VIII
PREFÁCIO A nossa capacidade para trabalhar e nos relacionarmos com os outros foi o resultado da adaptação bem sucedida da nossa espécie desde a descoberta do fogo e do facto de nos reunirmos para nos aquecermos ou para nos alimentarmos em conjunto, e provavelmente até antes disso. Ao analisarmos livros populares, filmes ou séries de televisão, podemos ficar perplexos e confusos acerca do assunto dos relacionamentos humanos. A prevalência de livros sobre liderança, trabalho em equipa, relacionamentos e inúmeros livros de autoajuda são o resultado da profunda necessidade de todo o ser humano de possuir um propósito na vida, assim como o desejo de estar e se relacionar de forma bem-sucedida com outras pessoas. Apesar de serem descritas como capacidades críticas desde Aristóteles e Confúcio, foi apenas há 30 anos que a ciência reconheceu estas capacidades e as designou como inteligência emocional.
@ PACTOR
A capacidade de gerir as próprias emoções (i.e., inteligência emocional), assim como trabalhar com as emoções dos outros de forma a construir melhores relacionamentos (i.e., inteligência social) são fundamentais para a eficácia no trabalho, para uma família unida e harmónica, e para uma contribuição construtiva para a sociedade. E os académicos ainda discutem sobre as definições, as formas de as medir e a sua relevância na vida e no trabalho. Porquê? A essência que está na base para tal confusão encontra-se nas redes neurais e no funcionamento profundamente inconsciente do nosso cérebro. É apenas a partir daí que emerge como o nosso comportamento. Inteligência Emocional e Social (IES) existe em cada indivíduo em múltiplos níveis. Cada um de nós possui algum grau de predisposições individuais, como a habilidade de desempenho ou traços de IES, com exceção para os que possuem um transtorno de espetro autista. Nós também temos alguns aspetos relacionados com a nossa autoimagem que incluem a IES. O nível mais evidente de IES emerge no nosso comportamento e como os outros experienciam o relacionamento connosco. Este nível comportamental da IES é o que se encontra mais relacionado com a eficácia do trabalho e com o darmo-nos bem com a nossa família e os nossos amigos. XI
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Alguma confusão nesta área de investigação é causada por alguns académicos que discutem sobre teorias ou medidas, quando, de facto, todos estão corretos, embora com implicações distintas. A IES disposicional (i.e., traço ou habilidade) normalmente está relacionada estatisticamente com a inteligência analítica (i.e., habilidade mental geral tradicional). Outras medidas de traços, tais como a autoperceção, ou as medidas de autoavaliação estão normalmente relacionadas estatisticamente com os traços de personalidade. A ciência descobriu que as medidas comportamentais possuem um poder estatisticamente significativo para prever a eficácia, o engajamento, a cidadania organizacional e a inovação, controlando a habilidade mental geral e a personalidade. Quando descrevemos alguém como demonstrando mais IES, normalmente estamos a falar do seu comportamento, tais como nós ou outros o observaram. Porque algumas pessoas em áreas ou profissões semelhantes, sejam executivos, profissionais, médicos, enfermeiros, professores ou dentistas, demonstram de forma consistente mais IES do que os outros? Dado que a IES está fortemente relacionada com a eficácia na gestão e nas profissões, parece confuso compreender porque muitas pessoas continuam a agir como se nem soubessem soletrar IES. As diferenças tornam-se mais claras quando examinamos processos psicofisiológicos, especialmente através da neuroimagem ou de estudos hormonais. Nos últimos 25 anos, a neurociência superou as noções simplistas da orientação sobre o hemisfério esquerdo ou direito, ou as afirmaçõoes de treinar as pessoas através da programação neurolinguística (i.e., PNL) ou outros modismos da psicologia popular. Por exemplo, sabemos hoje que, entre outras redes neurais importantes, temos duas redes neurais que se suprimem uma à outra. Como o Professor Anthony Jack da Case Western Reserve University tem demonstrado repetidamente, a Rede Analítica (RA), tecnicamente chamada de rede de tarefa positiva, é ativada em oposição à Rede Empática (RE), tecnicamente chamada de rede neural de modo padrão. A RA ajuda a resolver problemas, a tomar decisões, a focar-se nas tarefas e a realizar qualquer tarefa analítica, que vai desde a filosofia à análise financeira. Por outro lado, a RE permite estar aberto a novas ideias, analisar o ambiente para tendências e mudanças, a estar sensível às outras pessoas e emoções. Novamente, estas duas redes neurais suprimem-se uma à outra! Não admira que os executivos preocupados e focados no desempenho financeiro tenham dificuldade em motivar e envolver a sua equipa. Ao que parece estas redes neurais podem ser desenvolvidas e ampliadas com a prática e o treino, e nós temos a esperança de que os avanços na neurociência possam ajudar os gestores que queiram promover o desenvolvimento dos outros, os professores e aqueles que desempenham as profissões de ajuda possam ajudar os outros a desenvolver a ativação fácil de ambas as redes neurais quando necessário. XII
INTRODUÇÃO Esta introdução visa dar a entender ao leitor a noção de que foi a contribuição científica do Professor António Damásio que despertou o eclodir de muitos laboratórios experimentais de psicologia, por um lado, e de neurociências, por outro, ao criar linhas inteiras de investigação científica dedicadas ao estudo das emoções e às suas relações com processos mentais e comportamentos sociais específicos. De particular interesse para este livro, o Professor António Damásio foi um dos mais renomeados cientistas que contribuiu para a criação do conceito de “inteligência emocional”. Quando Damásio iniciou os experimentos em pacientes com lesões cerebrais a fim de compreender a relação das emoções com o pensamento e com o comportamento social e moral, não havia sido criado ainda o conceito de “inteligência emocional”, do ponto de vista científico. Este conceito foi criado apenas em 1990 pelos investigadores Peter Salovey e John Mayer, 5 anos após a publicação do seu artigo na revista Neurology (Eslinger & Damásio, 1985; Salovey & Mayer, 1990). Os seus primeiros trabalhos científicos com pacientes portadores de lesões cerebrais vieram chamar a atenção do mundo para o facto de quão fundamental são as emoções não só na nossa vida social, mas também no nosso mundo intrapessoal, bem como nos processos de decisão.
@ PACTOR
Aproveito também para expressar nesta “Introdução” a minha gratidão ao Professor Richard Boyatzis, cujo pioneiro contributo na investigação científica das competências nas organizações e na validação científica do modelo de competências de inteligência emocional moldou toda a minha carreira de formador em Liderança com Inteligência Emocional desde 2005 e deu dignidade científica à inteligência emocional aplicada às organizações. As suas ideias e aplicação às organizações transformaram a minha carreira na área da educação para executivos desde o início. Agradeço também a gentileza e a honra de ter aceitado escrever o “Prefácio” deste livro. Este livro foi estruturado em três partes. Vejamos. Na Parte I – “O Que a Neurociência Tem para nos Ensinar sobre Inteligência Emocional”, o foco é transmitir ao leitor os dados das neurociências que contribuem para uma melhor compreensão dos mecanismos complexos da inteligência emocional e a sua relação com o cérebro. IX
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Iniciamos com uma definição de todas as emoções básicas e morais e das suas bases cerebrais, com o objetivo de ajudar o leitor a aumentar a sua autoconsciência emocional em algumas das emoções mencionadas através da sua descrição científica. Depois apresentamos uma enumeração de todas as emoções positivas estudadas cientificamente, bem como a importante teoria da ampliação e construção das emoções positivas e a sua aplicação na vida diária. A seguir damos uma noção das bases neurais do self e uma noção do objetivo de vida de cada indivíduo, que é a evolução. Nesta parte explicamos em que consiste o processo de evolução do self. Outros aspetos mencionados são, entre outros, os mecanismos cerebrais da autoconsciência e do autocontrolo emocionais, e a relação da ciência dos relacionamentos humanos com a neurociência. Na Parte II – “Inteligência Emocional Aplicada à Educação” o propósito é apresentar os programas de educação em inteligência emocional para crianças e adolescentes e os três níveis de análise da inteligência emocional do ponto de vista prático: o “self”, os “outros” e o “sistema”, e finalmente fornecer exercícios práticos de inteligência emocional para as crianças e adolescentes, e ainda para educadores. Na Parte III – “Inteligência Emocional Aplicada às Organizações”, o principal intuito é dar a conhecer a aplicação da inteligência emocional às organizações através do modelo de liderança com inteligência emocional e social proposto por Daniel Goleman e validado cientificamente pelo Professor Richard Boyatzis, bem como a explicação detalhada de cada competência do modelo, a sua evolução e os estilos de liderança associados ao modelo. Pretendemos ainda nesta parte proporcionar ao leitor um conjunto de exercícios práticos de liderança, com o objetivo de ajudá-lo a praticar as competências de liderança com inteligência emocional e social e os seus respetivos estilos de liderança num ambiente organizacional prático. Espero sinceramente que este livro seja útil de alguma forma ao leitor, especialmente na sua vida prática, pessoal, relacional ou profissional.
X
PARTE I
O QUE A
NEUROCIÊNCIA TEM PARA NOS ENSINAR SOBRE
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
1
AS BASES NEURAIS DAS EMOÇÕES
Antes de apresentarmos as bases neurais das emoções, é importante conhecer as principais emoções existentes nos seres humanos, quais as que partilhamos com outros animais, quais são as exclusivas dos seres humanos, a sua definição científica, os seus mecanismos característicos, as suas tendências comportamentais específicas e a especificidade das suas funções do ponto de vista evolutivo. Do ponto de vista científico, as emoções dividem-se em emoções básicas (Ekman, 1993) e emoções morais (Haidt, 2003a). As emoções básicas são aquelas que se manifestam de forma universal, enquanto as emoções morais possuem diferenças culturais na sua forma de expressão (Haidt, 2003a). Além das emoções básicas e morais, iremos também descrever em detalhe as principais emoções positivas estudadas cientificamente nos últimos 30 anos e as suas bases neurais, apesar de ainda existirem muitas emoções positivas que não foram estudadas pelas neurociências, pelo simples facto de esta ser uma área de investigação que está a despontar. Durante muitas décadas houve um excesso de estudo das emoções negativas e um défice de estudo das emoções positivas. Felizmente, no decorrer desse tempo, ocorreu um aumento significativo de estudos científicos sobre as emoções positivas (Fredrickson, 2013a).
@ PACTOR
1.1. EMOÇÕES BÁSICAS Existem duas características fundamentais que permitem designar uma emoção de básica. A primeira é o facto de as emoções básicas serem discretas, ou seja, podem distinguir-se fundamentalmente umas das outras (Ekman & Cordaro, 2011). Os dados científicos provenientes das emoções discretas incluem uma expressão fisiológica universal única e invariável de cultura para cultura, nomeadamente as fisiologias facial e vocal, uma fisiologia autonómica única, e um estudo dos eventos que precedem a emoção (Ekman & Davidson, 1994). 3
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
A segunda característica é o facto de as emoções básicas evoluírem através da adaptação aos ambientes circundantes a que os seres humanos estão submetidos (Ekman & Cordaro, 2011). Assim, as emoções básicas representam mecanismos biológicos que possibilitam ao ser humano reagir a tarefas fundamentais da vida, tais como a sobrevivência, as perdas, os sucessos e as alegrias. Cada emoção básica estimula o ser humano a tendências específicas para a ação, e estas ações contribuem de forma decisiva para a nossa sobrevivência e evolução, constituindo do ponto de vista evolutivo soluções práticas muito mais eficazes quando comparadas com outras soluções, a fim de alcançar os seus objetivos. Para além disso, as emoções básicas são aquelas que compartilhamos com os outros animais (Darwin, 1965). Outro aspeto importante é que as emoções podem ser expressas de forma construtiva ou destrutiva (Lama & Ekman, 2008). E é isto que constitui a essência da inteligência emocional: lidar com as emoções através da inteligência, de modo a utilizar as emoções de maneira construtiva, tanto na relação consigo mesmo, quanto na relação com os outros. Há consenso entre os principais cientistas das emoções quanto à existência de, pelo menos, sete emoções básicas: medo, raiva, tristeza, nojo, surpresa, desprezo e felicidade – ou alegria (Ekman & Cordaro, 2011). Apesar do desprezo ser considerado uma emoção básica, irá ser descrito conjuntamente com as emoções morais (Haidt, 2003a). 1.1.1. MEDO O medo é uma resposta emocional à ameaça de dano, seja este f ísico ou psicológico. O medo ativa impulsos comportamentais para paralisar ou fugir. Normalmente, o medo tende a desencadear a raiva (Ekman & Cordaro, 2011). As emoções básicas são sistemas biológicos que conduzem os animais e os seres humanos a repertórios de ações com o objetivo de sobrevivência (Darwin, 1965). A emoção de medo é uma das emoções básicas mais importantes pelo facto de o seu principal objetivo ser a autopreservação e a luta pela sobrevivência. O medo é a emoção mais estudada cientificamente quer por psicólogos, quer por neurocientistas. A primeira referência sobre as manifestações f ísicas do medo pode ser encontrada no livro Principles of Psychology, de Herbert Spencer (Spencer, 1855). “O medo, quando sentido de forma intensa, expressa-se em gritos, em esforços para se esconder ou escapar, em palpitações e tremores; e essas são apenas as manifestações que acompanhariam uma experiência real do mal temido” (Spencer, 1855, pp. 356-357). 1 1
Tradução livre do Autor. 4
2
AS EMOÇÕES
POSITIVAS
As principais emoções positivas estudadas cientificamente são a alegria, a gratidão, a serenidade, o interesse, a esperança, o orgulho, o divertimento, a inspiração, a admiração e o amor (Fredrickson, 2013a). Esta lista de emoções positivas está organizada por ordem de frequência em que ocorrem nos seres humanos, com exceção do amor, que será a última emoção a apresentar, apesar de ser uma emoção positiva reportada como muito frequente (Fredrickson, 2013a). Após a explicação de cada uma destas dez emoções, serão apresentados os efeitos das emoções positivas sobre as emoções negativas, assim como uma teoria que explica os mecanismos das emoções positivas e a sua diferença relativamente às emoções negativas.
@ PACTOR
2.1. ALEGRIA A alegria é uma emoção que emerge quando ocorre algum evento positivo na nossa vida (Watkins et al., 2018). Mas também é possível gerar alegria de forma intencional independentemente das circunstâncias exteriores (Mathewes, 2015). Os estudos científicos sugerem que aqueles que possuem maiores níveis de gratidão na vida diária tendem a gerar mais alegria (Watkins et al., 2018). Muitas abordagens científicas enfatizaram a experiência da alegria após a ocorrência de algo positivo que o indivíduo esperava ou que tinha esperança que ocorresse há muito tempo (Lewis, 1955; Vaillant, 2008). Da mesma maneira, a alegria acontece quando recebemos, intencionalmente, algo de bom e sentimos que é mais do que aquilo que merecemos (Volf, 2015). Igualmente, quando somos presenteados com algo mais positivo do que aquilo que esperávamos, tendemos a sentir a emoção de alegria (Frijda, 2007). Esta emoção também pode ocorrer em resultado de uma motivação intrínseca que satisfaça as necessidades humanas de autonomia, competência e afiliação, transformadas em ação, e que está tão presente nas crianças e nos adultos motivados intrinsecamente ou nos portadores de valores intrínsecos mais sólidos que os valores extrínsecos (Deci & Ryan, 1985; Ryan & Deci, 2000). 41
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
As crianças geram alegria com facilidade porque se encontram numa fase de rápido desenvolvimento das suas competências cognitivas, motoras e emocionais (satisfação da necessidade de competência), porque quando brincam e fantasiam durante as brincadeiras exercitam a autonomia (satisfação da necessidade de autonomia), e isso ocorre de forma mais saudável quando os pais estimulam um tipo de afiliação segura e calorosa (satisfação da necessidade de afiliação). Estes componentes motivacionais, combinados com o ato de brincar, estimulam a maior frequência da emoção de alegria, comparativamente com os adultos. É por isso que as empresas mais inovadoras de Silicon Valley, em Palo Alto, na Califórnia, promovem diversas brincadeiras como forma de estimular o aumento da frequência de emoções positivas nos seus colaboradores, e, consequentemente, os níveis de inovação. Para mais detalhes sobre os efeitos das emoções positivas, consulte-se o capítulo sobre a teoria das emoções positivas (Capítulo 3 – “ A Teoria da Ampliação e da Construção das Emoções Positivas”). Um dos efeitos mais comuns da emoção de alegria é a natural tendência comportamental para brincar, seja a nível individual seja no relacionamento com os outros. Esta tendência está presente quer nos animais quer nos seres humanos (Fredrickson, 2013a), e gera uma sensação de liberdade, resultante do aumento de vitalidade psicológica. Um extraordinário estudo científico demonstrou que a alegria e o entusiasmo dos professores enquanto ensinam os seus alunos tendem a gerar nestes um aumento da motivação intrínseca e da vitalidade psicológica para aprender (Patrick et al., 2000). Assim, a alegria é uma emoção que proporciona o enriquecimento não só da qualidade das amizades, dos relacionamentos amorosos e até entre colegas de trabalho, mas também ao nível cognitivo e mental, como será apresentado na teoria das emoções positivas. Até muito recentemente, no mundo do trabalho, havia uma tendência para acreditar que as pessoas profissionais deveriam ser mais sérias, influenciado pelas culturas de trabalho alemã e francesa. Na década de 90 do século passado, uma antiga colega de curso, que estudou em Paris, foi advertida pelos professores por causa da sua alegria, que era inimiga da seriedade e do profissionalismo! Felizmente, na Europa, esta ideia preconcebida está a mudar, embora mais lentamente em comparação com os Estados Unidos da América: a este respeito, veja-se o comentário de Albert Einstein na sua autobiografia (Einstein, 1954). A alegria também é consequência de verificar o progresso no alcance dos objetivos pessoais e profissionais (Amabile & Kramer, 2011). Até porque, atualmente, a alegria é considerada, com bases científicas, um recurso importante para o trabalho criativo, com o objetivo de inovar (Fredrickson, 2013a). Finalmente, a alegria também é uma emoção que resulta da perceção de que o propósito de vida do indivíduo está a ser alcançado (Volf, 2015).
42
3
A TEORIA DA AMPLIAÇÃO E DA CONSTRUÇÃO DAS
EMOÇÕES POSITIVAS Até finais da década de 90 do século XX, a maioria esmagadora dos estudos científicos incidia apenas sobre as emoções negativas. A causa disso era o facto de que a psicologia tinha o objetivo de ajudar a resolver os problemas psicológicos dos indivíduos, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000).
@ PACTOR
Os cientistas pensavam que todas as emoções tinham a característica de desencadear tendências específicas para a ação (Frijda et al., 1989). Isso é verdadeiro para as emoções negativas. Por exemplo: o medo gera a tendência comportamental para fugir ou paralisar; a raiva gera a tendência comportamental para agredir; o nojo gera a tendência para se afastar do objeto do nojo; e assim sucessivamente (Frijda et al., 1989). Por isso, do ponto de vista evolutivo, as emoções negativas desencadearam tendências específicas para a ação, sobretudo como garantia de sobrevivência (Darwin, 1965). Desta forma, o medo representa uma emoção crucial que estimula a presa para uma fuga rápida; a raiva é importante no sentido de o predador empreender o máximo esforço para apanhar e lutar com a sua presa ou para dominar o território face a outros machos, como no caso dos chimpanzés; o nojo desencadeia a ação de evitar ingerir ou de estar em contacto com algo que possa provocar doenças (Darwin, 1965). Outra ideia importante são as alterações fisiológicas geradas pelas emoções negativas que conduzem a repertórios específicos de comportamento. Assim, a ação vem acompanhada de um conjunto de mudanças fisiológicas compatíveis com a sua função. Por exemplo, o medo ativa todo o stresse corporal num sistema cerebral chamado “fugir ou lutar”. E o mesmo acontece com a raiva, o nojo e a tristeza. O problema é que essas ações desencadeadas pelas emoções não se aplicam às emoções positivas. Por exemplo, a alegria não desencadeia nenhuma predisposição para uma ação. Pelo contrário, a alegria gera apenas a propensão para explorar coisas novas (Fredrickson, 2013a). 51
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
A professora Barbara Fredrickson foi a primeira investigadora a demonstrar cientificamente que certas emoções não possuem tendências específicas para a ação (Fredrickson & Levenson, 1998). Existe uma outra característica fundamental que as difere das emoções negativas. As emoções positivas tendem a atenuar os efeitos nefastos provenientes das emoções negativas (Fredrickson & Levenson, 1998). Um estudo provou que o estímulo às emoções positivas tendia a diminuir o tempo de recuperação de uma sequela causada por emoções negativas, em comparação com o estímulo à emoção de tristeza e a um estímulo neutro (Fredrickson & Levenson, 1998). Foi uma descoberta científica incrível, porque abriu caminho para uma função diferente das emoções positivas em relação às emoções negativas. Por exemplo, um estudo demonstrou que a presença das emoções positivas tende a acelerar a recuperação cardiovascular gerada pelas emoções negativas, ou seja, uma pessoa que tenha emoções positivas como recurso tende a estar recuperado mais rapidamente dos efeitos f ísicos das emoções negativas em comparação com quem não gera emoções positivas (Fredrickson & Levenson, 1998). Este é um dos aspetos científicos que têm uma implicação e aplicação fundamental na regulação das emoções, pois, além das pessoas disporem de meios para regular as emoções negativas, as emoções positivas podem ser um instrumento no sentido de ajudar a diminuir as emoções negativas e a transformá-las em emoções positivas. Um estudo neurocientífico revelou a relação entre a variabilidade nos batimentos cardíacos face a estímulos de várias emoções e a ativação do córtex pré-frontal medial (Lane et al., 2009). Um outro estudo demonstrou que a ativação do córtex pré-frontal ventromedial durante uma situação stressante previu uma recuperação mais rápida do stresse, bem como uma menor presença de emoções negativas e a presença de emoções positivas no decorrer da situação stressante (Yang et al., 2018) – Figura 3.1. Córtex pré-frontal ventromedial
FIGURA 3.1. Representação do córtex pré-frontal ventromedial, na intersecção da reta horizontal com a reta vertical
52
4
A COMPLEXIDADE, EVOLUÇÃO E BASES NEURAIS DO SELF Conhece a ti mesmo — Oráculo de Delfos (Parke & Wormell, 1956)
4.1. A EVOLUÇÃO DO SELF E O CONCEITO DE COMPLEXIDADE Normalmente, as pessoas tendem a achar que algo é complexo quando se apresenta “complicado”. Na verdade, em biologia, um organismo pode ser chamado de complexo quando possui duas características fundamentais: diferenciação e integração (Csikszentmihalyi, 1993).
@ PACTOR
O melhor exemplo para explicar o conceito de complexidade é através da análise do corpo humano e dos seus sistemas: o cardiovascular, o circulatório, o digestivo, o endócrino, etc. Cada sistema do corpo humano possui funções com um alto nível de especialização. O ser humano pode ser considerado mais complexo em comparação com uma ameba, por exemplo, pelo facto de o número de sistemas com funções e capacidades ser maior do que o da ameba, que possui sistemas com pouca diferenciação ou especialização funcional. Para além de um alto nível de diferenciação, composto por sistemas com um alto nível de especialização, quando o organismo humano se encontra saudável, estes diferentes sistemas regulam-se entre si em harmonia, ou seja, funcionam de forma integrada, sendo este o conceito de integração. Um organismo é integrado quando os seus diferentes elementos – diferenciação – funcionam de forma integrada, isto é, em harmonia – integração (Csikszentmihalyi, 1993). Por isso, é que o conceito de evolução está associado ao conceito de complexidade. Um organismo é complexo quando é diferenciado e integrado simultaneamente, isto é, além de possuir muitas diferenciações funcionais, trabalha em harmonia, ou seja, de forma integrada. Assim, harmonia nada mais é do que a integração dos diferentes elementos de diferenciação de um organismo. 65
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Transportemos agora este conceito para a dimensão social. Pensemos num génio. Até pode ser alguém bastante diferenciado, com uma notável capacidade intelectual e uma ampla erudição, mas ser alguém bastante negativo do ponto de vista mental e emocional, e dif ícil no relacionamento interpessoal, com uma moralidade duvidosa. Pode dizer-se que esta pessoa é altamente diferenciada, mas não é integrada. É diferenciada, mas não se encontra em harmonia, pois não a produz nem para si próprio nem para os outros. Apesar de esta pessoa ser diferenciada, não se pode afirmar que seja complexa ou mais evoluída. Segundo este exemplo, o que promoverá complexidade e evolução a esta pessoa é a capacidade de aprender estratégias práticas de integração, que irão promover quer a harmonia intrapessoal quer a interpessoal. Neste caso específico, a fim de alcançar complexidade na ótica da evolução, a pessoa deverá desenvolver mecanismos de integração pessoal e social. Agora tomemos um outro exemplo. Imaginemos alguém que viva numa zona rural muito pobre. Apesar da pobreza, ou seja, de ser portador de poucos bens materiais, vive feliz consigo mesmo, numa vida simples e harmónica. Esta pessoa é portadora de virtudes morais adquiridas pela experiência prática da vida, e cria relações muito positivas e construtivas com todos, vivendo em equilíbrio mental e emocional. Pode dizer-se que possui um alto nível de integração, mas não de diferenciação. Assim, para se tornar complexa, precisa de novos elementos de diferenciação: experiências diferentes, situações diferentes, aprendizagens diferentes para a aquisição de novas competências e virtudes diferenciadas. Irá precisar de novas experiências, a fim de não cair na falta de complexidade e não travar a sua evolução. Apesar de possuir harmonia, para evoluir, precisa de desenvolver novos aspetos de diferenciação. Enquanto no primeiro exemplo o indivíduo tem de aprender elementos de integração e harmonia, no segundo, o indivíduo precisa de novas aprendizagens diferenciadoras. Cada ser humano precisa de desenvolver elementos de diferenciação e de integração, e cada caso deve ser analisado individualmente, com o objetivo da evolução do self. Uma sociedade composta por organizações educacionais dedicadas a ajudar todas as pessoas a desenvolver o self, tanto na relação consigo próprias (intrapessoal) quanto na relação com os outros (interpessoal), presta um grande contributo para a evolução. Porém, qual é a utilidade de se conhecer a si mesmo? Não é possível a evolução do self sem conhecermos profundamente o nosso self real. Mas antes de nos conhecermos, precisamos de motivação e de direção para este self. Não basta conhecermo-nos bem sem sabermos em que direção queremos seguir o curso da nossa evolução. O fim ou objetivo da evolução é dado pelo ideal 66
5
OS MECANISMOS CEREBRAIS DA AUTOCONSCIÊNCIA
EMOCIONAL
Antes de se descreverem as bases cerebrais da autoconsciência emocional, é importante compreender o melhor possível o seu conceito e a sua importância para a inteligência emocional. A autoconsciência emocional é a capacidade de reconhecer com rigor a emoção ou as emoções sentidas num determinado momento, a sua intensidade, e como essa emoção afeta os próprios pensamentos e comportamentos, assim como a capacidade de compreender como os pensamentos, valores e motivações afetam as emoções (Mayer & Salovey, 1997). Além disso, pode considerar-se que a reflexão mental sobre um impulso emocional, acerca das suas causas e consequências, e o planeamento de respostas adequadas num certo contexto também são capacidades que podem ser englobadas na autoconsciência emocional, e que precedem o autocontrolo emocional.
@ PACTOR
A autoconsciência emocional é a capacidade mais crítica da inteligência emocional, pois, sem isso, jamais seria possível o seu desenvolvimento. Afinal, como podemos aprender a gerir uma emoção se não tivermos autoconsciência de qual emoção estamos a sentir? E, para, tal, uma grande parte da inteligência emocional envolve pensar de forma inteligente sobre os impulsos emocionais, as suas causas e consequências, e acerca da resposta emocional adequada numa situação específica. Este conjunto de capacidades pode ser englobado na autoconsciência emocional. A inteligência emocional parte do princípio, como o nome indica, de que a inteligência (isto é, a mente, a razão e a cognição) tem a capacidade de regular as emoções. Se este princípio não existisse, não poderia haver o conceito de inteligência emocional. Desta forma, a autoconsciência emocional deve ser o primeiro treino prático para a aprendizagem da inteligência emocional. E como não fomos educados a olharmos para dentro de nós e a tomarmos consciência das emoções que estamos a sentir, é normal que, no início, constatemos que a autoconsciência emocional, à primeira 71
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
vista, é um exercício mais complexo do que parece. A autoconsciência emocional requer um treino sistemático de autoobservação e de reflexão sobre as próprias emoções, e de como estas afetam os nossos pensamentos e comportamentos, ou de como os nossos pensamentos afetam as nossas emoções. Outro aspeto importante da inteligência emocional é o facto de que, sem a autoconsciência emocional, não há possibilidade de autocontrolo emocional. Só podemos desenvolver estratégias de autocontrolo das emoções identificadas através da autoconsciência emocional. Por isso é que as pessoas sentem tantas dificuldades em desenvolver o autocontrolo emocional: requer a autoconsciência emocional como uma capacidade que precede o autocontrolo emocional.
5.1. O PAPEL DA ÍNSULA ANTERIOR NA AUTOCONSCIÊNCIA EMOCIONAL O córtex insular anterior, ou simplesmente ínsula anterior, contém representações dos estados viscerais do corpo, que lhe proporcionam a base para todas as suas emoções subjetivas, e, possivelmente, da autoconsciência emocional, em concordância com a teoria das emoções de James-Lange e da hipótese do marcador somático do professor António Damásio (Damásio, 1994; Craig, 2002). Recorrendo-se da técnica de diagnóstico PET ( Positron Emission Tomography – tomografia por emissão de positrões), um estudo demonstrou que as temperaturas frias objetivas sentidas pelo corpo estão representadas na ínsula posterior, enquanto as avaliações subjetivas destes estímulos se relacionam com a ativação da ínsula medial e bem mais marcadamente no córtex insular anterior, sugerindo uma passagem da ínsula posterior para a medial e desta para a ínsula anterior à medida que o estímulo integra um número mais complexo de informações interoceptivas (sensações viscerais) e informações subjetivas e abstratas (Craig et al., 2003). Um outro estudo com base em ressonância magnética funcional (RMF) demonstrou que a autoconsciência do batimento cardíaco está correlacionada com a ativação da ínsula anterior (Critchley et al., 2004). Sabe-se, de acordo com outro estudo, que a autoconsciência do batimento cardíaco é uma medida interocetiva que estabelece relações com a autoconsciência emocional subjetiva individual (Barret et al., 2004), o que constitui mais uma confirmação para a hipótese da passagem da ativação da ínsula posterior até à ínsula anterior à medida que a autoconsciência incorpora informações mais complexas e subjetivas sobre um estímulo. Já foi demonstrado cientificamente por um estudo que a ínsula anterior está muito relacionada tanto com as perceções viscerais do corpo (interoceção) quanto com as experiências emocionais (Zaki & Ochsner, 2012). Sugere-se ainda que a ínsula anterior, 72
6
AS BASES NEURAIS DO AUTOCONTROLO
EMOCIONAL
Antes de se descreverem os mecanismos cerebrais subjacentes ao autocontrolo emocional, é importante explicar detalhadamente quais os tipos de regulação emocional já estudados cientificamente. A capacidade de controlar as emoções é talvez o resultado mais esperado de alguém com inteligência emocional. A autoconsciência emocional constitui a base de preparação para todas as outras competências e capacidades da inteligência emocional, mas, do ponto de vista intrapessoal, o autocontrolo emocional é talvez a competência mais importante, perdendo apenas em termos de importância para a autoconsciência emocional. É uma competência crítica, porque é fundamental para a gestão da vida intrapessoal dos seres humanos, mas também é crucial para a gestão de qualquer relacionamento humano. Sem autocontrolo emocional, somos como um cavalo sem freio num mundo complexo e desafiante como é o da sociedade e dos seus relacionamentos humanos.
@ PACTOR
Grande parte dos problemas que enfrentamos deve-se à dificuldade de regular as emoções, promovendo, ao nível intrapessoal, uma maior incidência de depressão, ansiedade, transtornos de humor, bem como uma série de outras psicopatologias, e, ao nível interpessoal, fomentando o aumento de divórcios, de conflitos nos relacionamentos de trabalho e nas mais variadas esferas da vida social. Ajudar cada ser humano a desenvolver eficazes estratégias de controlo das próprias emoções constitui uma necessidade de todas as organizações formativas, sejam estas a escola básica, secundária ou de nível superior, sejam empresas de formação em desenvolvimento pessoal ou de competências organizacionais. Existem três grandes linhas históricas de investigação científica acerca da regulação das emoções. A pioneira foi a psicanalítica, que estudou os mecanismos de defesa do ego e o estudo da repressão (mais recentemente designada como supressão emocional), iniciada por 79
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Freud e continuado pela sua filha Anne Freud, bem como por vários outros psicanalistas (Erdelyi, 1974). A segunda linha de investigação é a do estudo dos mecanismos de enfrentamento (em inglês coping) e de gestão do stresse, que surgiu durante a abordagem psicodinâmica na década de 60 do século XX. Esta linha de investigação tinha como foco a gestão de situações que excedem os recursos pessoais dos indivíduos, e gerou o primeiro estudo científico clássico de reavaliação cognitiva, no qual se demonstrou que as respostas subjetivas e fisiológicas tendiam a diminuir quando um filme potencialmente gerador de emoções negativas de um procedimento cirúrgico era analisado pelos participantes de forma analítica e objetiva (Lazarus & Alfert, 1964). A terceira linha de investigação é a do estudo científico da autorregulação das crianças ao longo do seu processo de desenvolvimento. Esta linha ficou classicamente conhecida como o estudo do adiamento da recompensa, que será descrito em detalhe na Parte II deste livro referente à educação da inteligência emocional das crianças e adolescentes (Mischel et al., 1989). Basicamente, nesta linha de investigação, a capacidade de adiar uma recompensa imediata, a fim de receber uma recompensa maior a longo prazo, está associada a uma série de benef ícios para os seres humanos e constitui uma forma fundamental de autorregulação ao longo da vida.
6.1. TIPOS DE REGULAÇÃO EMOCIONAL Identificaram-se fundamentalmente dois grandes grupos de estratégias de regulação das emoções: uma comportamental e outra cognitiva (Gross, 2002). Na estratégia comportamental, o objetivo é suprimir a expressão da resposta emocional, também chamada de regulação emocional supressiva (Jackson et al., 2000). A limitação desta estratégia é que, apesar de reprimir uma resposta emocional desadequada, não elimina a negatividade da experiência emocional, diminuindo a capacidade da memória e aumentando a ativação do sistema nervoso simpático (Gross, 2002; Jackson et al., 2000). A outra estratégia é a cognitiva, que se divide em dois grupos: uma que gera uma resposta emocional ou uma que modifica uma resposta emocional já ativada (Ochsner & Gross, 2005). 6.1.1. REGULAÇÃO EMOCIONAL SUPRESSIVA A regulação emocional supressiva envolve a tentativa de ignorar, evitar e esconder as emoções negativas pelo facto de serem avaliadas como ameaçadoras. É aquilo que 80
7
A CIÊNCIA DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS E A SUA RELAÇÃO COM AS
NEUROCIÊNCIAS
Todo o relacionamento humano deve ser analisado como um sistema único. A relação de um pai com um filho constitui um sistema e a relação deste mesmo pai com a sua esposa forma um outro sistema completamente distinto. Assim, é importante analisar os elementos que constituem padrões de comportamentos, pensamentos e emoções que influenciam os relacionamentos de forma saudável, e aos quais a ausência pode gerar muitos conflitos, dificuldades e disfunções nos relacionamentos.
7.1. OS SISTEMAS RELACIONAIS Propõe-se, neste livro, a existência de dois possíveis sistemas de relações com os outros: um sistema de relação simbiótica e outro de relação que promove a maturidade psicológica. O primeiro é disfuncional, e o segundo é funcional, e tende a promover a evolução do self de ambas as partes.
@ PACTOR
7.1.1. SISTEMA DE RELAÇÃO SIMBIÓTICA É todo o tipo de relacionamento que cria dependência e não tem em conta o desenvolvimento do outro nem o desenvolvimento do self real de cada uma das partes. Quando se parte para um relacionamento baseando-se nas fantasias, as pessoas não tendem a desenvolver amor pelo outro, mas procuram apenas satisfazer os seus caprichos pessoais e as suas ilusões. Logo, estão mais centradas em si próprias do que no outro. O resultado é simples: quanto mais centrada uma pessoa estiver nas suas próprias fantasias e ilusões pessoais (falsas necessidades), mais simbiótico tenderá a ser o relacionamento, e menos crescimento psicológico e felicidade a longo prazo será obtido por ambas as partes.
87
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
O relacionamento simbiótico baseia-se numa perspetiva egoísta dos relacionamentos, pois as pessoas não pensam em ambas as partes, mas apenas nas suas ilusões e nos seus caprichos. E quando as pessoas satisfazem as suas fantasias, tendem a achar de forma totalmente equivocada que “amam” aquela pessoa. Pura ilusão. Isto ocorre quer nos relacionamentos amorosos quer entre amigos, pais e filhos, e em outros tipos de relacionamentos. Esta avaliação errónea ocorre porque as pessoas não refletem profundamente sobre si próprias, com um alto nível de autoconconsciência emocional e de evolução do self, nem procuram conhecer o outro de modo profundo e real. Isso representa falta de profundidade do self e, consequentemente, conduz as pessoas a uma análise superficial dos relacionamentos humanos. Assim, enquanto a ilusão perdurar, as pessoas sentem-se “felizes” e “cheias de amor”. O risco que as pessoas correm em se relacionar com alguém que não procuram conhecer de modo profundo, é aprender tardiamente que essa pessoa não traz algo de bom para si. Aí vem a desilusão. Mas só se desilude quem antes se iludiu. Procurar conhecer-se a si próprio tal como é, revela-se tão importante quanto conhecer os outros tal como são. É simples. Porém, parece tão complicado na vida real porque as pessoas tendem a preferir viver imensas fantasias que a nossa cultura nos incutiu desde crianças, do que procurar conhecer o próprio self real e conhecer o self real dos outros. Esta é uma espécie de apólice de seguros para qualquer casamento. Claro que, muitas vezes, as pessoas nunca demonstram quem realmente são. Mas cabe-nos a nós, seres humanos, em qualquer relacionamento, aprendermos a conhecer os outros com mais profundidade. E o primeiro passo é eliminar as próprias fantasias. Isto serve para qualquer relacionamento humano. Com os nossos pais, irmãos, familiares, amigos, parceiros amorosos, filhos, enfim, com todos. No que toca a qualquer relacionamento, todos os seres humanos devem primeiramente perguntar-se: Porque me relaciono com esta pessoa? O que me motiva nesta relação? Será o meu desenvolvimento e o desenvolvimento do outro? Será apenas uma troca superficial de sensações sexuais e fantasias afetivas shakespearianas, ou a partilha mais profunda do self real com o self do outro? O que é que a pessoa realmente procura? Se os seres humanos procurarem relacionamentos com base em motivações e valores fantasiosos, certamente que a consequência será uma enorme frequência de ilusões, de desilusões, e sentir-se-ão marcados por muita instabilidade emocional. E estas certamente não são decisões emocionalmente inteligentes. A vivência da fantasia, do ponto de vista emocional, tende a gerar emoções de prazer muito intensos (orgulho e vaidade), misturados com euforia e mania, e o fim da fantasia tende a gerar depressão. Tudo ilusão. Ao procurarem um processo saudável de amadurecimento psicológico, os seres humanos chegarão à conclusão de que não precisam das ilusões para serem autenticamente felizes, porque basearão a felicidade no seu self real e no self real dos outros. 88
PARTE II
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA À
EDUCAÇÃO
8
PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO EM INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
Alguns estudos científicos demonstraram que o ensino da inteligência emocional nas escolas originou vários efeitos positivos e promissores na vida das crianças e dos adolescentes, nomeadamente uma maior taxa de inserção no ensino superior, melhores empregos, melhor saúde mental e emocional, e uma redução da criminalidade e do uso de drogas (Jones et al., 2015; Taylor et al., 2017). O primeiro grande estudo sobre os efeitos da educação da inteligência emocional em crianças e adolescentes envolveu o impressionante número de 270 mil participantes, evidenciando um aumento significativo no sucesso académico (um aumento de 11 pontos percentuais nos testes académicos estandardizados norte-americanos em comparação com os alunos que não tiveram educação em inteligência emocional), bem como uma maior capacidade das crianças e dos adolescentes em gerir o stresse e a depressão (Durlak et al., 2011).
@ PACTOR
8.1. O PROGRAMA CASEL DE EDUCAÇÃO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL A CASEL – Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning (em português, Colaboração para a Aprendizagem Académica, Social e Emocional) – da Universidade de Illinois, em Chicago, liderada pelo investigador Ross Weissberg, foi uma das primeiras iniciativas dedicadas à educação da inteligência emocional de crianças e adolescentes. A mais recente meta-análise, uma análise estatística dos resultados de vários estudos científicos sobre o impacto da educação da inteligência emocional a vários níveis, demonstra resultados muito positivos (Taylor et al., 2017). Avaliaram-se mais de 97 mil crianças e adolescentes, desde o jardim de infância até ao ensino secundário. As intervenções em aprendizagem social e emocional (em inglês Social and Emotional Learning – SEL), nas quais se ensinaram competências de inteligência 103
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
emocional, revelaram uma clara melhoria nas atitudes das crianças e dos adolescentes face ao self, aos outros e à escola, bem como a produção de comportamentos positivos em ambiente escolar, um melhor rendimento letivo, menos problemas de comportamento negativo e problemas emocionais, e menor abuso de drogas entre as crianças e adolescentes (Taylor et al., 2017). Segundo a CASEL, a aprendizagem social e emocional engloba cinco grupos de competências de inteligência emocional: a autoconsciência, a autogestão, a consciência social, a gestão das relações e a tomada de decisão responsável (CASEL, 2020). 8.1.1. AUTOCONSCIÊNCIA A autoconsciência, segundo o modelo da CASEL, é um grupo de competências cujo objetivo é reconhecer em si próprio e de forma precisa as emoções, os pensamentos e os valores, e de como influenciam o comportamento. Também engloba a capacidade de identificar e avaliar com rigor os pontos fortes e as limitações, num sentido de confiança e de otimismo, e numa ótica de crescimento pessoal. A autoconsciência engloba as seguintes competências: • Identificação da emoção – reconhecer qual a emoção que se está a sentir, sejam as emoções básicas ou as emoções morais. Ser-se capaz de identificar a emoção de forma correta e precisa permite um aumento de autoconsciência dos padrões de emoções geradas diante dos mais variados cenários; • Autoconsciência emocional de forma precisa e objetiva – discernir qual a emoção que a pessoa está a sentir durante a própria situação. Quanto mais precisa e objetiva for esta aptidão de discernimento emocional, melhor será a capacidade de crianças, adolescentes e adultos conhecerem os seus próprios padrões de reações emocionais face às situações, e esta competência aumenta a possibilidade de autocontrolo emocional; • Reconhecimento dos próprios pontos fortes e limitações – refletir de forma realista sobre os talentos, virtudes, competências e aptidões, bem como sobre os defeitos, dificuldades e pontos fracos nas mais diversas situações; • Autoconfiança – confiar no próprio self, de estar centrado nas virtudes e habilidades próprias, de forma a permitir um progresso pessoal centrado no self. É importante distinguir entre confiar no self e confiar no “ego”. A confiança no self advém de uma motivação intrínseca, centrada no progresso pessoal, e promove a persistência e a resiliência, enquanto a confiança no ego apenas gera uma atitude narcisista;
104
9TRÊS FOCOS OS
:
O SELF, OS OUTROS E OS SISTEMAS
Daniel Goleman, o maior divulgador do conceito de inteligência emocional, escreveu, em conjunto com Peter Senge, um professor de gestão do Massachussets Institute of Techonology (MIT), um livro intitulado Triplo Foco (The Triple Focus), em que defende uma nova abordagem para a educação da inteligência emocional nas escolas (Goleman & Senge, 2014). Este livro aponta para três grandes focos: (1) aprendizagem emocional da criança e do adolescente na relação com o seu self; (2) aprendizagem emocional na relação com os outros; (3) aprendizagem de uma visão sistémica da inteligência emocional (Goleman & Senge, 2014). Por exiguidade de espaço e por não ser o foco desta obra, não abordaremos a aprendizagem de uma visão sistémica, porque ela requereria todo um enquadramento sobre a ciência do pensamento sistémico desenvolvido no MIT. Para o leitor interessado em conhecer melhor esta área, consultar a referência de Goleman e Senge (2014).
@ PACTOR
9.1. RELAÇÃO COM O SELF A educação da inteligência emocional ensina as crianças e os adolescentes a lidarem com o seu self, com as suas emoções, os seus valores, as suas motivações e os seus pensamentos interiores, ajuda à construção das suas identidades pessoais. É semelhante ao conceito de inteligência intrapessoal (Gardner, 2011). Uma das primeiras aprendizagens da inteligência emocional é a chamada literacia emocional, que é a capacidade de as crianças e de os adolescentes nomearem a emoção que estão a sentir num determinado momento (Cohen, 2001). Por exemplo, algumas intervenções demonstraram que muitas crianças tendiam, quando estavam tristes, a comer em excesso, e não conseguiam identificar a relação entre o facto de se sentirem tristes e de terem o impulso para comer em demasia. O primeiro passo da educação em inteligência emocional é ajudá-las a serem capazes de identificar qual a emoção que estavam a sentir num determinado momento (autoconsciência emocional) e de terem autoconsciência de que o impulso para comer em excesso (ação) está relacionado 113
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
com o que estavam a sentir (emoção). Após ser capaz de identificar a emoção em si própria num determinado momento, a criança deverá ser estimulada a aprender estratégias práticas para regular esta emoção (autocontrolo emocional), antes de se entregar ao impulso de comer em excesso. Assim, realizam-se vários exercícios em sala de aula com o objetivo de estimular as crianças a refletirem sobre as situações e as emoções que aquelas lhes provocam, e a desenvolver estratégias práticas nas várias situações para regular adequadamente estas emoções. Estes exercícios servem de estímulo para a prática da autoconsciência emocional ao longo do dia. As crianças também aprendem a conhecer os tipos de emoções básicas e como estas se manifestam no corpo, nomeadamente nas expressões faciais e na linguagem corporal, e aprendem a regulá-la, de acordo com a sua natureza. O filme de animação Divertida-Mente (em inglês, Inside Out), produzido pela Pixar Animation Studios e lançado pela Walt Disney Pictures em 2015, permite ilustrar às crianças as emoções básicas e a forma como estas se manifestam, os seus efeitos comportamentais e como influenciam os pensamentos. Através destes exercícios, as crianças são estimuladas a uma maior autoconsciência dos seus pensamentos e de como estes influenciam as emoções, e de como estas influenciam, por seu turno, pensamentos e comportamentos através do hábito de pensar e refletir sobre os próprios padrões de emoções e pensamentos e de identificar os estímulos internos e externos que os geram. Outro aspeto importante da relação com o self é a capacidade de refletirem sobre quais são os valores mais importantes das suas vidas. O estímulo à reflexão sistemática sobre esses valores que são mais centrais para o seu self ajuda-as na construção da sua identidade, das suas motivações e dos seus valores intrínsecos. Quanto maior o número de exercícios práticos neste domínio, mais terão clarificado dentro do seu self os valores, motivações, identidade pessoal e desenvolverão a capacidade de se diferenciar da identidade dos outros, e isso terá, como consequência, uma fonte segura de equilíbrio emocional. Conhecer-se a si próprio, com os seus pontos fortes e limitações, valores e preferências, ajudá-los-á a definirem as suas identidades, e a ficarem menos suscetíveis às influências externas que possam provocar confusão interior no seu self e a gerar desequilíbrios emocionais, mentais e comportamentais. O modelo de autoaprendizagem baseado na inteligência emocional (Boyatzis, 2002) é utilizado como uma metodologia para auxiliar na construção do self, numa ótica de constante desenvolvimento pessoal e de uma mentalidade de crescimento (growth mindset) ao longo da vida (Dweck, 2012). Inicialmente proposto para adultos em contexto organizacional (Boyatzis, 2002), sugere-se neste livro a adaptação deste modelo ao ensino de inteligência emocional para crianças e adolescentes. 114
10 EXERCÍCIOS Nesta secção apresentam-se alguns exercícios de aplicação de inteligência emocional para crianças e adolescentes.
@ PACTOR
Exercício 1 Exercício de autoaprendizagem do professor Richard Boyatzis 1.ª Descoberta Meu Self Ideal – Quem Eu Quero Ser? _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________
129
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
2.ª Descoberta Meu Self Real – Quem Eu Realmente Sou? Quais as minhas qualidades? _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________
130
PARTE III
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA ÀS
ORGANIZAÇÕES
11
A LIDERANÇA COM INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL E SOCIAL Qualquer profissional relativamente experiente já viveu a situação de ter tido um chefe explosivo e desequilibrado do ponto de vista emocional. Situações de falta de autocontrolo emocional da chefia, de abuso de poder e de intimidação na relação com os seus subordinados e com a sua equipa são comuns, e podem ser extremamente desgastantes para os profissionais (Kellerman, 2004). Muitas vezes, o desgaste nem advém do trabalho em si, mas do desgaste emocional de ter de lidar com um chefe autoritário, que frequentemente se descontrola emocionalmente ou que não sabe controlar as suas emoções nas mais diversas situações. E, pelo facto de o chefe possuir maior poder formal, a relação de autenticidade entre este e os seus subordinados fica comprometida. Devido ao medo de represálias, o subordinado receia ser punido por dizer a verdade, e, por isso, finge que está tudo bem. Por outro lado, pelo facto de o chefe não receber um feedback autêntico da sua má liderança, não ocorrem mudanças no decorrer do tempo, e, normalmente, um mau líder assim permanece por muitos anos ou por toda uma vida profissional (Kellerman, 2004).
@ PACTOR
Isto significa que a qualidade da relação real entre líderes e subordinados tende a não evoluir ao longo do tempo, porque o líder continua a manter os seus repertórios comportamentais inadequados (Kellerman, 2004), e os seus subordinados, por outro lado, mantêm uma postura defensiva de “sobrevivência” e “continuidade” dentro da organização. Este comportamento apresenta vários custos, sobretudo o da desmotivação e da ausência de uma motivação intrínseca para o trabalho por parte dos subordinados. Estas são questões tácitas e presentes no dia a dia de quase todas as organizações. Apesar da expansão da formação profissional em liderança pelo mundo, e a indústria dos programas de formação em liderança rondarem os 20 mil milhões de dólares só nos Estados Unidos da América, segundo a Associação Americana para a Formação e Desenvolvimento, nas organizações, os problemas relacionados com comportamentos de maus líderes são mais frequentes do que os comportamentos positivos 157
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
(Kellerman, 2018; Pfeffer, 2015). Uma das formas de tentar ajudar as organizações a lidarem melhor com estas situações é proporcionar-lhes formação profissional em liderança com inteligência emocional e social para os profissionais que ocupam posições de chefia. Os chefes que frequentam este tipo de formação passam pelo processo de uma avaliação 360 graus das suas competências de liderança com inteligência emocional e social, ou seja, realizam uma autoavaliação, uma avaliação da sua chefia, dos seus pares, dos seus subordinados e dos seus clientes internos e externos. Esta ferramenta, quando bem utilizada, é poderosa para proporcionar ao chefe uma maior autoconsciência emocional do seu nível de competências de liderança com inteligência emocional e social. Com base no relatório deste teste 360 graus de liderança com inteligência emocional e social (Boyatzis et al., 2017), existem elementos objetivos suficientes para, com a ajuda de um mentor ou formador especialista em liderança com inteligência emocional e social, ajudar as chefias a construir um plano de desenvolvimento pessoal das competências de liderança com inteligência emocional e social. Este plano permite, de forma detalhada e orientada a planos de ação on the job, a aquisição das competências de liderança com inteligência emocional e social.
11.1. O MODELO DE LIDERANÇA COM INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SOCIAL O modelo de liderança com inteligência emocional e social foi proposto no livro Os Novos Líderes, de Daniel Goleman, Richard Boyatzis e Annie McKee (Goleman et al., 2019), composto por 18 competências quando publicado em 2002, e reduzido para 12 em 2017 (Boyatzis et al., 2017) após revisão do professor Richard Boyatzis e da sua equipa, com o objetivo de aumentar a validade preditiva das competências nos vários níveis de desempenho nas organizações, como volume de vendas, qualidade de serviço ao cliente, clima organizacional, entre outros (Druskat et al., 2013; Boyatzis et al., 2012; Boyatzis et al., 2017; O’Boyle Jr. et al., 2011). O modelo de liderança com inteligência emocional e social baseia-se em dois grandes níveis de análise: a dimensão do self e a dimensão dos outros. Na primeira, os grupos de competências são a autoconsciência e a autogestão. No cluster da autoconsciência, a competência crítica é a autoconsciência emocional. No cluster da autogestão, as competências são o autocontrolo emocional, a adaptabilidade, a orientação para os resultados e o otimismo aprendido. Na dimensão dos outros, os clusters de competências são a consciência social e a gestão das relações. No cluster da consciência social, as competências são a empatia e a consciência organizacional, e no cluster gestão das relações as competências são a influência, o coaching/mentoring, a gestão 158
12 EXERCÍCIOS Nesta secção apresentam-se alguns exercícios de aplicação dos estilos de liderança com inteligência emocional e social nas mais diversas situações e diante dos mais variados níveis de maturidade dos subordinados.
@ PACTOR
Exercício 1 Caso: Tem um subordinado que possui níveis de competências técnicas e comportamentais baixos, e apresenta ainda um baixo nível de autoconsciência e de aceitação disso, além de um nível de accountability baixo, ou seja, tem dificuldades em assumir a responsabilidade pelos seus erros e de os corrigir. Como liderar um subordinado com este perfil comportamental? Qual o melhor estilo de liderança a adotar? Quais as competências de liderança com inteligência emocional e social mais importantes para esta situação? _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________
179
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Exercício 2 Caso: A sua equipa precisa de um pouco mais de noção da realidade organizacional em que se encontra e da envolvente do mercado, e também de adquirir rapidamente um conjunto de competências técnicas essenciais para que os resultados organizacionais da empresa sejam atingidos. Como liderar uma equipa com este perfil? Qual o melhor estilo de liderança a adotar? Quais as competências de liderança com inteligência emocional e social mais importantes para esta situação? _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________
Exercício 3 Caso: O seu estilo de liderança tem sido muito exigente do ponto de vista técnico e o nível de rendimento técnico exigido à sua equipa tem sido muito duro, e é visível que a equipa está esgotada física e emocionalmente. Os membros da equipa começam a demonstrar sinais físicos e emocionais de burnout e você não sabe como agir. Como liderar uma equipa neste contexto e nesta situação? Qual o melhor estilo de liderança a adotar? Quais as competências de liderança com inteligência emocional e social mais importantes para esta situação? _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________
180
CONSIDERAÇÕES FINAIS A neurociência tem hoje e terá cada vez mais um papel revolucionário no estudo não só da inteligência emocional, mas também de todas as áreas da psicologia. Qualquer departamento de psicologia do mundo que não tiver como método científico de estudo as técnicas das neurociências – a ressonância magnética funcional, a estimulação magnética transcraniana e o eletroencefalograma –, ficarão para trás nas descobertas científicas não só do cérebro, mas também da psicologia, como aconteceu com aqueles departamentos da década de 60 do século passado que insistiram em manter a psicanálise e não migraram para a psicologia experimental. Assim, numa frase, poderemos afirmar que as neurociências são o futuro e o potencial das suas aplicações é extraordinário. Neste livro procurámos demonstrar como a compreensão dos mecanismos cerebrais das emoções e da inteligência emocional podem modificar o entendimento do fenómeno da inteligência emocional e dos seus mecanismos, como a autoconsciência emocional e o autocontrolo emocional.
@ PACTOR
Mas a revolução que as neurociências irão provocar na psicologia ainda está por vir. Existem duas descobertas científicas nas neurociências com um enorme potencial de aplicação: a “leitura da mente” por ressonância magnética funcional e o feedback com ressonância magnética funcional em tempo real. A “leitura da mente” foi o resultado de um trabalho científico pioneiro desenvolvido pelo laboratório do neurocientista Marcel Just, da Universidade Carnegie Mellon nos Estados Unidos da América (EUA). De forma simples, a técnica de leitura da mente é feita em duas fases: a primeira constitui um treino prévio de leitura de uma série de palavras por parte de um participante, dentro da ressonância magnética funcional; após o treino, numa segunda fase, pede-se ao mesmo participante (no interior da ressonância magnética funcional) que pense numa das palavras que ele leu na fase inicial. A ressonância magnética funcional consegue predizer qual será a palavra em que o indivíduo está a pensar, através da predição da ativação neural associada à palavra, cujos dados foram recolhidos na primeira fase de leitura do participante (Mitchell et al., 2008). 199
9cm
16,7 x 24cm
1,47cm
Bases Neurais das Emoções Emoções Positivas Teoria da Ampliação e da Construção das Emoções Positivas Complexidade e Evolução do Self Mecanismos Cerebrais da Autoconsciência Emocional
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Ciência dos Relacionamentos Humanos Programas de Educação em Inteligência Emocional Educação da Inteligência Emocional com base nos Três Focos
Estes avanços permitiram compreender melhor os mecanismos cerebrais das emoções e da inteligência emocional, como o processo de autoconsciência emocional, as bases neurais do self, o autocontrolo emocional, os relacionamentos humanos e a sua relação com o cérebro. O presente livro apresenta, de forma clara, simples e estruturada, uma compreensão de como as Neurociências ajudaram no entendimento dos mecanismos neurais de todas as emoções e de todos os mecanismos cerebrais associados à inteligência emocional e pretende, também, ter uma forte componente prática ao demonstrar a aplicação das Neurociências em dois contextos relevantes: na Educação e nas Organizações.
Liderança com Inteligência Emocional e Social
No primeiro, apresentam-se os programas de educação em inteligência emocional para crianças e adolescentes e os três níveis de análise da inteligência emocional do ponto de vista prático – o “self”, os “outros” e o “sistema” –, fornecendo no final um conjunto de exercícios práticos de inteligência emocional para crianças, adolescentes e educadores.
UM LIVRO COM:
No segundo, apresenta-se o modelo de liderança com inteligência emocional e social proposto por Daniel Goleman (validado cientificamente pelo Professor Richard Boyatzis), explicando detalhadamente cada competência do modelo e os estilos de liderança, fornecendo ao leitor um conjunto de exercícios práticos num ambiente organizacional.
Explicações detalhadas
Exercícios de aplicação
ISBN 978-989-693-112-4
w w w.pac tor.pt
9 789896 931124
JOÃO ASCENSO
Imagens ilustrativas
Uma leitura imprescindível para Psicólogos, Neurocientistas, Líderes, Gestores, Professores, Educadores e todos os demais interessados na procura da obtenção do sucesso pessoal e profissional.
www.pactor.pt
C
Autocontrolo Emocional
As Neurociências assistiram a uma evolução científica enorme nos últimos 20 anos graças aos estudos que utilizam o método de ressonância magnética funcional e que permitem estudar conceitos clássicos da Psicologia com base cerebral, particularmente as emoções e a inteligência emocional.
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
TEMAS:
16,7 x 24cm
9cm
Prefácio de
RICHARD BOYATZIS
NEUROCIÊNCIAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICAÇÃO À EDUCAÇÃO E ÀS ORGANIZAÇÕES
JOÃO ASCENSO
João Ascenso Licenciado em Psicologia Social e das Organizações pelo Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, possui ampla experiência em Consultoria e Educação para Executivos em Portugal, Inglaterra, Estados Unidos da América, Brasil, Angola e Cabo Verde. Foi Professor Associado da Fundação Dom Cabral de 2011 a 2018, considerada pelo Financial Times a melhor escola de negócios da América do Sul e a 10.ª melhor escola de negócios do mundo na Educação Customizada para Executivos. Trabalha desde 2006 na Educação para Executivos em particular na Liderança com Inteligência Emocional, tendo sido um dos primeiros formadores a introduzir esta área de formação no mercado português. Atua também como freelancer na Formação para Executivos de Topo nos mercados português, brasileiro e americano e presentemente trabalha para universidades americanas.