Análise de Erros em Falantes Nativos e Não Nativos
ENSINO E APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS PARA FALANTES DE OUTRAS LÍNGUAS
José Manuel Cristiano
Direcção
Maria José Grosso
Análise de Erros em Falantes Nativos e Não Nativos
José Manuel Cristiano Direcção
Maria José Grosso
LISBOA — PORTO e-mail: lidel@lidel.pt http://www.lidel.pt (Lidel on-line) (site seguro certificado pela Thawte)
E DIÇÃO
E
D ISTRIBUIÇÃO
ESCRITÓRIO Sede Internet Revenda Formação/Marketing Ensino Línguas/Exportação Fax Linha de Autores Fax
Rua D. Estefânia, 183, r/c Dto., 1049-057 Lisboa 21 354 14 18 — livrarialx@lidel.pt 21 351 14 43 — revenda@lidel.pt 21 351 14 48 — formacao@lidel.pt/marketing@lidel.pt 21 351 14 42 — depinternacional@lidel.pt 21 357 78 27/21 352 26 84 21 351 14 49 — edicoesple@lidel.pt 21 352 26 84
LIVRARIAS a
Lisboa
Av. Praia da Vitória, 14, 1000-247 livrarialx@lidel.pt Tel.: 21 351 14 18 Fax: 21 317 32 59
Porto
Rua Damião de Góis, 452, 4050-224 delporto@lidel.pt Tel.: 22 557 35 10 Fax: 22 550 11 19
Copyright © Julho 2010 / Lidel — Edições Técnicas, Lda. Pré-impressão: Milarte Atelier Gráfico, lda. Impressão e acabamento: Rolo & Filhos II, S.A. — Indústrias Gráficas Dep. Legal: n.º 311379/10 Capa: José Manuel Reis ISBN: 978-972-757-612-8
Este pictograma merece uma explicação. O seu propósito é alertar o leitor para a ameaça que representa para o futuro da escrita, nomeadamente na área da edição técnica e universitária, o desenvolvimento massivo da fotocópia. O Código do Direito de Autor estabelece que é crime punido por lei, a fotocópia sem autorização dos propriétarios do copyright. No entanto, esta prática generalizou-se sobretudo no ensino superior, provocando uma queda substancial na compra de livros técnicos. Assim, num país em que a literatura técnica é tão escassa, os autores não sentem motivação para criar obras inéditas e fazê-las publicar, ficando os leitores impossibilitados de ter bibliografia em português Lembramos portanto, que é expressamente proibida a reprodução, no todo ou em parte, da presente obra sem autorização da editora.
Índice Índice de Figuras
5
Abreviaturas utilizadas
6
Nota Prévia
7
Prefácio
9
Introdução
11
Capítulo 1 Objecto de Estudo e Metodologia 1. Objecto de Estudo 2. Metodologia 2.1 Orientação Geral 2.2 O Corpus 2.3 Contextualização da Análise dos Dados 2.4 Tratamento Informático 2.5 Caracterização dos Informantes Não Nativos 2.6 Caracterização dos Informantes Nativos 2.7 Classificação dos Erros
14 15 15 16 17 18 18 22 23
Capítulo 2 Pressupostos Teóricos 1. Introdução 2. A Análise Contrastiva 3. A Análise de Erros 4. A Interlíngua 5. O Conceito de Erro 6. Causas dos Erros 7. A Gravidade dos Erros e a sua Correcção 8. Competência Linguística e Competência Comunicativa
30 34 36 38 41 42 45 46
Capítulo 3 Apresentação e Análise dos Resultados 1. Introdução 2. Análise do Corpus PLE 2.1 Erros Lexicais 2.2 Erros Gramaticais 2.3 Erros Discursivos
3. Análise do Corpus PLM 3.1 Erros Lexicais 3.2 Erros Gramaticais 3.3 Erros Discursivos
50 50 51 56 70 74 75 75 77
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
3
Índice
Conclusões
79
Bibliografia
83
Anexos Anexo I Teste
88
Anexo II Corpus PLE
90
Anexo III Corpus PLM
4
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
98
Índice de Figuras Figura 1 Grupos de língua materna dos informantes não nativos Figura 2 Nacionalidade dos informantes não nativos Figura 3 Escalão etário dos informantes não nativos Figura 4 Nível de escolaridade dos informantes não nativos Figura 5 Motivos para fazer o exame Figura 6 Escalão etário dos informantes nativos Figura 7 Nível de escolaridade dos informantes nativos Figura 8 Causas dos erros Figura 9 Distribuição dos erros Figura 10 Distribuição dos erros lexicais por GLM Figura 11 Erros gramaticais totais Figura 12 Erros de concordância Figura 13 Erros sobre os artigos Figura 14 Erros sobre pronomes Figura 15 Erros sobre verbos Figura 16 Erros sobre preposições Figura 17 Erros na estrutura da oração Figura 18 Erros de coordenação Figura 19 Erros de subordinação Figura 20 Erros discursivos Figura 21 Distribuição dos erros
19
20
20
21
21 22
23
44 51 52
56 58 60 62 64 65 66 68 69 70 74
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
5
Abreviaturas utilizadas LM (língua materna) L1 (língua primeira) L2 (língua segunda) LE (língua estrangeira) IL (interlíngua) GLM (grupo de língua materna) AC (análise contrastiva) AE (análise de erros) PE (português europeu) PB (português do Brasil)
6
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
Nota Prévia A obra, Análise de Erros em Falantes Nativos e Não Nativos, de José Manuel Cristiano, inserida na colecção, Ensino e Aprendizagem do Português para Falantes de outras Línguas, centra-se na análise comparativa dos desvios produzidos, na expressão escrita, por falantes nativos e não nativos; pretende verificar em que medida a proficiência dos falantes não-nativos se aproxima ou desvia das produções de falantes nativos do Português, língua materna. Sendo os erros vistos como elemento inevitável e integrante do processo de aprendizagem, este estudo, e seguindo as palavras do autor, corrobora a orientação defendida pelos estudos da interlíngua em relação à forma de perspectivar os erros, considerados no seu contexto e procurando avaliar o grau de importância no processo comunicativo. Numa perspectiva construtiva e integrado nos trabalhos que seguem o Quadro Europeu Comum de Referência, o volume, Análise de Erros em Falantes Nativos e Não Nativos, salienta o papel didáctico do erro no ensino e na aprendizagem da língua portuguesa (a falantes de língua não materna versus língua materna), contribuindo para se identificarem as áreas mais problemáticas na aprendizagem do português como língua estrangeira, salientando, em particular, a sua importância no desenvolvimento da competência comunicativa e, consequentemente na interacção com os outros, direccionando o ensino/aprendizagem para uma programação e intervenção didáctica adequada.
Maria José Grosso Directora da Colecção Janeiro de 2010
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
7
Prefácio O trabalho que agora vem a lume resulta da investigação desenvolvida por José Manuel Cristiano, constituindo, deste modo, uma versão revista da sua Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Trata-se de um estudo rigoroso que articula, de forma bem conseguida, princípios teóricos e respectiva aplicação prática, constituído por três capítulos. No capítulo I, o Autor delimita o objecto de estudo e indica a metodologia a seguir, focalizando-se na caracterização dos informantes nativos e não nativos, bem como na tipologia de erros e sua exemplificação. Os pressupostos teóricos, designadamente, o próprio conceito de erro e as causas do mesmo, são desenvolvidos no segundo capítulo do estudo. José Manuel Cristiano, no capítulo III, faz a análise dos corpora, discutindo, de forma esclarecedora, os resultados. Ressalto a importância atribuída, entre outros aspectos, aos erros lexicais, erros gramaticais, paradigmas, concordâncias e erros discursivos. O presente livro pretende, assim, compreender como se desenvolve o processo do erro em português língua estrangeira ou segunda, por forma a identificar os problemas que se colocam aos alunos. Todavia, como afirma o Autor «revelou-se fundamental tentar perceber, por exemplo, qual a relação que aquelas [dificuldades] poderão estabelecer com a língua materna dos aprendentes e quais as mais susceptíveis de causar variação na sua interlíngua (IL)». Para além deste aspecto, o Autor tentou, igualmente, verificar de que modo essas dificuldades também estão presentes em falantes nativos do português. De grande utilidade para todos aqueles que trabalham em línguas, esta investigação passará, a partir de agora, a constituir um ponto de referência no âmbito dos estudos de Didáctica de PLE e PL2, cabendo, naturalmente, ao leitor, um olhar atento e crítico.
Paulo Osório (Professor Auxiliar com Agregação da Universidade da Beira Interior)
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
9
Introdução O propósito de facultar aos aprendentes de línguas estrangeiras a possibilidade de adquirirem um grau de proficiência elevado tem sido perseguido desde longa data por parte de ensinantes e investigadores. Nesse sentido se tem vindo sucessivamente a tentar encontrar metodologias que proporcionem a sua aprendizagem de forma eficaz. Independentemente dos critérios subjacentes a essas metodologias, o erro e as suas implicações têm estado sempre mais ou menos presentes no espírito daqueles que têm por missão ensinar uma língua não materna. Contudo, a sua percepção tem sido variável ao longo dos tempos. Considerado até há relativamente pouco tempo como algo fortemente nocivo, como marca de insucesso na aprendizagem da língua-alvo, o seu conceito tem evoluído até se pensar como um elemento positivo e mesmo relevante para todos os intervenientes implicados no processo de ensino/aprendizagem1. Esta alteração de paradigma na forma de concepção dos erros está intimamente ligada ao desenvolvimento das investigações no âmbito da didáctica das línguas, as quais têm proporcionado importantes contributos para a compreensão dos mecanismos que conduzem à sua aprendizagem e das etapas por que passam os aprendentes. O presente estudo surgiu precisamente da necessidade de melhor compreender como se desenrola esse processo no caso particular do português, considerado como língua estrangeira ou segunda, de forma a identificar os problemas que se colocam aos aprendentes durante o seu percurso e quais as áreas que apresentam maiores dificuldades2. Para isso revelou-se fundamental tentar perceber, por exemplo, qual a relação que aquelas poderão estabelecer com a língua materna3 dos aprendentes e quais as mais susceptíveis de causar variação na sua interlíngua (IL)4. Pretendeu-se também verificar em que medida essas dificuldades se reflectem nas produções de falantes nativos, quer através dos erros5 produzidos quer através de eventuais estratégias de evitação6 a estruturas de maior dificuldade. Nesse sentido, procurou-se identificar e definir os erros no seu contexto, explicá-los e avaliar o seu grau de importância no processo comunicativo. O trabalho desenvolvido na área do ensino do português como língua estrangeira e língua segunda tem vindo a mostrar-nos que são múltiplas as causas dos erros 1
Os termos aquisição e aprendizagem são considerados sob o mesmo conceito, não se recorrendo à distinção preconizada por Krashen (1982: 83). Sobre esta questão, cf. Besse e Porquier (1984). Este trabalho teve origem na Dissertação de Mestrado do autor (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa). 3 Ao longo do presente estudo consideraremos como sinónimos, por um lado, língua materna e língua primeira (L1) e por outro língua estrangeira e língua segunda (L2), ainda que tratemos de discutir algumas questões terminológicas no que diz respeito à sua definição. 4 Interlanguage ou interlíngua é o termo introduzido por Selinker (1972) para referir a gramática que os aprendentes de uma determinada língua estrangeira vão desenvolvendo ao longo do processo de aquisição/aprendizagem dessa mesma língua. 5 Recorreremos à utilização do termo erro para nos referirmos aos desvios em relação à norma do PE, ressalvando, no entanto, a relatividade dos próprios conceitos envolvidos, quer de erro quer de norma, numa perspectiva da didáctica das línguas. 6 A evitação ocorre quando os aprendentes optam por não usar estruturas que normalmente lhes apresentam dificuldades e expressam as suas ideias de forma mais simples, correndo menos riscos de cometer um erro. Para uma visão mais aprofundada sobre as estratégias de evitação, cf. Schachter (1974). 2
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
11
Análise de Erros em Falantes Nativos e Não Nativos
verificados nas produções dos aprendentes. Foi no decorrer desse trabalho que concluímos que o recurso à língua materna, frequentemente apontado como origem quase exclusiva desses erros, se mostrava insuficiente para explicar quer os sucessos quer os fracassos na aproximação à língua-alvo, por parte dos aprendentes dos variados grupos de língua materna que se dedicavam ao estudo do português como língua estrangeira. Essa conclusão decorria precisamente do facto de esses grupos de língua materna, não obstante a sua diversidade, registarem com alguma frequência erros muito semelhantes em algumas áreas específicas. Sem dúvida que um dos objectivos deste estudo passa pela análise dos vários factores que poderão conduzir a desvios da língua-alvo. Contudo, mais do que tentar fazer um elenco desses factores e das estratégias utilizadas pelos aprendentes, pretendemos criar um espaço de reflexão sobre as implicações didácticas que daí possam resultar. A metodologia adoptada recorre à análise de erros como instrumento de trabalho, considerando sempre a produção global dos aprendentes. Ou seja, não trata de fazer um mero inventário dos erros mas sim de os enquadrar no conjunto das produções consideradas, procedendo a uma criteriosa análise do seu conteúdo. Para isso 7 recorreu-se a um conjunto de textos produzidos por aprendentes de PLE e por informantes cuja língua materna é o português. Importa referir a propósito da análise dos corpora seleccionados o facto de a mesma ter incidido sobre um universo de informantes relativamente restrito, o que limita de alguma forma a segurança das conclusões obtidas. Um número mais vasto de informantes, proporcionaria certamente uma maior representatividade em termos de grupos de língua materna (GLM), o que teria contribuído para uma análise mais abrangente. Torna-se, assim, mais difícil avaliar a variação na interlíngua e determinar até que ponto aquela é inerente a um GLM, uma vez que, dada a escassez de informantes de alguns GLM, não será possível estabelecer de forma inequívoca se essa variação não será meramente resultante de particularidades de determinados aprendentes. No entanto, o propósito de recorrer a um corpus real, condicionou a presente selecção.
7
12
O corpus de PLE foi cedido pelo CAPLE – Centro de Avaliação do Português Língua Estrangeira.
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
CAPÍTULO 1
OBJECTO DE ESTUDO E METODOLOGIA
Análise de Erros em Falantes Nativos e Não Nativos
A análise de erros assume hoje especial relevância, em virtude da alteração de paradigma que se tem vindo a verificar no âmbito da didáctica das línguas. A perspectiva actual, alicerçada numa concepção positiva dos erros, reforça a ideia do seu potencial contributo para o processo de ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira ou segunda. A partir de um conjunto de textos produzidos por, primeiro, um universo de aprendentes com diversas línguas maternas e por, segundo, igual número de falantes nativos, analisam-se os erros e avalia-se a sua importância no processo comunicativo, estabelecendo-se, em simultâneo, uma comparação entre ambos os grupos. Espaço de reflexão para todos aqueles que se dedicam ao ensino e/ou à investigação na área do ensino do português como língua não materna, esta obra fornece uma perspectiva global sobre algumas das dificuldades que se levantam aos aprendentes durante o seu percurso de aproximação à língua-alvo.
www.lidel.pt
José Manuel Cristiano dedica-se ao ensino de português como língua estrangeira e segunda desde 2003. É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Inglês e Português e mestre em Língua e Cultura Portuguesa, na área de especialização em Metodologia do Ensino de Português – LE/L2.
ISBN 978-972-757-612-8
9 789727 576128