Apresentações Que Falam Por Si

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Edgar Bragança – Gestor experiente, “faro” apurado para as oportunidades, amigo, do amigo trabalhador e sério, telefonou-me um dia e disse: “Lembras-te de me teres dito que querias escrever um livro? Temos uma reunião com a Lidel!”. Se está a ler estas linhas, um dos principais responsáveis é o Edgar. Obrigado! Vítor Pereira – Desde 1990 que trabalho em projetos com o Vítor. Passámos centenas de horas a discutir formação, gestão e apresentações. Detentor de uma visão de longo alcance, repetiu dezenas de vezes: “Escreve, João.” Escrevi! Obrigado. Mas a sua ambição, associada a uma extrema resiliência e um assinalável pragmatismo, não o deixa estar quieto e agora já diz: “Publica o livro noutras línguas, João.” Quem sabe, Vítor! Professor António Caetano – Ter aceite analisar o livro deixou-me algo apreensivo. Ter escrito o prefácio deixou-me contente e, até, orgulhoso. Obrigado! Estendo, ainda, o meu agradecimento, através do Professor Caetano, aos docentes que me fizeram crescer e aprender no mestrado realizado no ISCTE-IUL, sem o qual este livro não poderia ser o mesmo. Lidel – Percebi, logo na primeira reunião, que o Eng.º Frederico Annes confiava no projeto. Desde esse momento, toda a equipa da Lidel com quem lido se tem revelado de um grande profissionalismo. Realço a inesgotável disponibilidade, o envolvimento, o respeito pelas ideias do autor e a indelével vontade de oferecer ao leitor um produto útil e de qualidade. Obrigado! IEFP – Em concreto, ao Centro Nacional de Qualificação de Formadores, pelo envio de um inquérito à sua bolsa de formadores. As 6845(!) respostas obtidas permitiram conhecer melhor a realidade das “apresentações em público” em Portugal. Ao Dr. Félix Esménio e ao Dr. Jorge Amaro, em particular, o meu sincero agradecimento. Contributos – Os testemunhos que solicitei e recebi enriquecem o livro e dão-lhe uma dimensão humana. Apesar do rebuliço que caracteriza a maior parte das nossas vidas, encontrei sempre disponibilidade, interesse e entusiasmo em cada uma das pessoas que contactei. Obrigado! Um agradecimento, também, a todos os que responderam ao questionário, pois permitiram transportar a referida dimensão humana que o livro ganhou para a realidade do país! Raquel e Rita – Compreensão, apoio, entusiasmo e amor! Ingredientes fundamentais que me permitiram trabalhar concentrado e motivado. Obrigado! Duplamente!! No mínimo...


Prefácio

Se é certo que hoje em dia a transmissão de ideias está extremamente facilitada pela disponibilidade de ferramentas tecnológicas que têm vindo a vulgarizar-se a um ritmo acelerado nos últimos anos, não é menos certo que a eficácia dessa comunicação tem evoluído a um ritmo bastante mais lento do que se poderia esperar. Em termos pragmáticos, a comunicação apenas será eficaz quando gera algum tipo de mudanças na audiência, isto é, quando afeta o seu juízo ou quando desencadeia novos comportamentos.

Os contextos pedagógicos ou formativos constituem autênticos laboratórios em que a eficácia comunicacional está constantemente a ser desafiada e testada e onde temos assistido a uma penetração generalizada dos meios tecnológicos. Todavia, os resultados tardam a evidenciar a sua superioridade em termos de eficácia. Naturalmente que o problema pode residir no próprio conteúdo das ideias ou mesmo na sua ausência. Mas, admitindo a relevância do conteúdo das ideias a transmitir, um fator importante que pode afetar o seu efeito na audiência diz respeito à qualidade da sua apresentação.

Apresentações que “Falam por Si” focaliza-se precisamente na qualidade da comunicação e nas condições, procedimentos e meios que podem torná-la excelente. Certamente, a excelência requer um pouco mais do que técnica e tecnologia. Mas, a partir da publicação deste livro, deixa de haver “razões” para apresentações tecnicamente medíocres, enfadonhas e ineficazes. Apresentações que “Falam por Si” é um livro que aborda exaustivamente os múltiplos aspetos que é necessário ter em consideração quando se pretende ser eficaz, isto é, provocar efeitos na audiência. Da conceção à concretização da apresentação, o autor escalpeliza todos os passos que é conveniente ter em conta se se quiser ser excelente. Aponta os erros frequentíssimos em que qualquer um se poderá reconhecer, o que terá sido, certamente, a parte mais fácil da obra, e apresenta um conjunto de sugestões e “dicas práticas” sobre o que fazer e como fazer. E fá-lo com base não só numa revisão exaustiva da literatura sobre o assunto e das fontes acessíveis na web, mas também com base na sua vasta experiência como formador e apresentador. O livro já cumpriria a sua missão se tivesse ficado por aí, mas a paixão pela excelência terá levado o autor a percorrer ainda um outro caminho: procura associar os procedimentos e técnicas que sugere ao conhecimento © Lidel – Edições Técnicas, Lda.


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científico que tem vindo a ser produzido em diversas áreas da psicologia e das ciências cognitivas. Este esforço de divulgação científica valoriza sobremaneira a obra. Tratando-se de um livro que ensina a fazer, cabe a cada leitor extrair dele aquilo que mais lhe permita melhorar a qualidade das suas apresentações. Dada a sua longa experiência, o autor tem o cuidado de chamar a atenção para o facto de as suas sugestões deverem ser moderadas pelo contexto e propósitos das apresentações. Ou seja, o facto de a maior parte das sugestões darem o resultado que se pretende não dispensa que o leitor pondere a sua aplicabilidade nas apresentações que vier a fazer. O autor aponta o destinatário desta obra como “qualquer pessoa que pretenda melhorar as suas apresentações e que procure a excelência”. Contudo, para além deste destinatário geral cujo número tanto pode ser elevado como mínimo, permito-me designar alguns milhares de destinatários que me parece poderem beneficiar grandemente das suas orientações, como sejam, a nível educativo, os docentes de qualquer grau de ensino, os formadores, os alunos, sobretudo de licenciatura, mestrado e doutoramento, bem como os investigadores, e, ao nível organizacional, todos os que ocupam cargos de chefia e gestão, bem como os profissionais de vendas, negociação e marketing. Este é um livro que se lê facilmente e com gosto e ao qual convém voltar sempre que se tenha de preparar uma apresentação em que é importante criar uma boa impressão e, sobretudo, quando se tenha como objetivo levar a audiência a ruminar o seu conteúdo. Numa área em que existem tantas publicações internacionais que tornam difícil a originalidade, o autor consegue fazer uma sistematização pessoal e experiencial, discorrendo fluentemente sobre os vários temas, num estilo elegante, direto, amigável e com algum humor mas sem perder o rigor e a focalização no essencial. Saliente-se ainda que o autor conseguiu aplicar com eficácia no próprio livro uma boa parte das recomendações que faz, o que não é de todo despiciendo em obras desta natureza.

António Caetano

Professor Catedrático do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa

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Algumas Palavras

Tudo começou há mais de 20 anos com o surgimento do PowerPoint e, com ele, a multiplicação de utilizadores deste recurso didático, dos meios académicos à formação profissional, das comunicações de resultados de negócios à apresentação de produtos comerciais. De então para cá, muitas e incontáveis horas tem o autor dedicado à transmissão destas técnicas, quer no âmbito do ensino escolar quer sobretudo em cursos de formação profissional. Aqui, e no acompanhamento individual que presta, tem cruzado experiências com profissionais das mais variadas áreas de atividade, da medicina à arquitetura, da publicidade ao ensino. Pode, por isso, falar com profundo conhecimento do estado da arte no que às apresentações de sucesso diz respeito. É o que faz neste interessante e muito útil livro. Durante muito tempo assistimos juntos a apresentações em congressos, conferências, aulas na universidade ou sessões de formação. Alguns dos comunicadores eram verdadeiros expoentes nas suas áreas. Porém, amiúde constatávamos que a competência dos conteúdos era secundarizada pela errada opção das técnicas de apresentação e pela horrível utilização dos recursos didáticos. “É muito difícil fazer uma apresentação eficaz!”, concluímos nós repetidas vezes. Mas, afinal, onde se aprende a fazer apresentações de sucesso? Ou seja, apresentações que sirvam os interesses para as quais foram efetivamente concebidas? É assim que surge este livro. Livro único porque vem colmatar uma lacuna neste setor. Único porque é muito mais do que o ensino das técnicas de utilização de PowerPoint com slides bem concebidos e tecnicamente adequados ao espaço, tempo e modo. Único porque considera a plateia, ou os formandos, os verdadeiros titulares do esforço do apresentador. Único por relembrar a importância e necessidade do estabelecimento da empatia entre o apresentador e a sua audiência. Único porque partilha uma imensidão de evidências científicas que nesta área têm sido recolhidas e que nos fazem verdadeiramente meditar e... mudar a forma de pensar. Único porque nos apresenta estudos recentes através da utilização de um instrumento designado de eye track que nos arregala os olhos de espanto perante as reações do nosso olhar. É, portanto, mais do que tudo isto, porque é isto tudo. Obrigatório!

Vítor Pereira

Gestor de Recursos Humanos e Professor no Instituto Superior de Gestão

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Capítulo Pontos Prévios

A leitura deste capítulo permite-lhe perceber a forma como imaginei e estruturei este livro. Ficará a saber que é um livro que se destina a quem quer ter sucesso nas apresentações que realiza, que não é sobre PowerPoint mas que também fala de PowerPoint por ser o programa mais frequentemente utilizado em apresentações, que é importante saber fazer uma boa apresentação e, surpresa, que o conteúdo do livro não foi escrito por um extraterrestre que ficou esquecido na Terra!

1.1. Destinatários e Filosofia 1.1.1. Quem Deve Ler Este Livro? Qualquer pessoa que pretenda melhorar as suas apresentações e que procure a excelência. Costumo perguntar se alguma vez, em alguma apresentação, aconteceu ter sido assobiado pelos participantes, terem-lhe arremessado tomates (ou sapatos!) ou se todos se levantaram ostensivamente e saíram da sala por não conseguirem assistir mais à sua apresentação? Certamente que a resposta é não, o que indicará um relativo sucesso. No entanto, se de facto quer atingir a excelência, efetuando uma apresentação de qualidade que perdure na mente de quem o ouve, ou melhor, de quem interage consigo, há aspetos que devem ser tidos verdadeiramente em conta. É por isso que este livro merece a sua atenção!

1.1.2. Este Livro É sobre PowerPoint? Não! Se é isso que procura, este livro não é o indicado. Procure na secção de informática... Este livro é dedicado às apresentações de sucesso onde se pode, ou não, utilizar o PowerPoint enquanto meio de apoio à exposição. No Capítulo 6 – “Diapositivos que Falam por Si” dedicaremos a nossa atenção às apresentações eletrónicas, apresentações essas que poderão ser construídas em vários programas. Numa ou noutra situação, aparecem exemplos relativos ao PowerPoint porque, goste-se ou não, é o programa mais utilizado em todo o Mundo. © Lidel – Edições Técnicas, Lda.


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Também em Portugal, num questionário online respondido por formadores da bolsa de formadores do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), num total de 4953 respostas à questão: “Indique o programa que mais utilizou nas comunicações orais que realizou”, constatou-se que 96,2% responderam PowerPoint, 0,7% Flash, 0,6% Keynote, 0,2% Prezi e 2,2% Outros, nomeadamente o Impress do OpenOffice.

1.1.3. Uma Apresentação é uma Apresentação! Este ponto é particularmente importante para se entender a filosofia deste livro. Sabemos que o PowerPoint é um programa da Microsoft cuja principal funcionalidade é a construção de apresentações, sejam automáticas ou dinamizadas por um apresentador. Mas porquê dizer esta banalidade? Porque a experiência diz-me que muitos apresentadores acabam por utilizar o PowerPoint como teleponto, ou como suporte escrito que entregam aos participantes. No limite, diria que não há qualquer problema em fazer manuais neste programa, apesar de sabermos que há outros mais indicados para o efeito. Passa a constituir um problema quando estes documentos são projetados como meio de Note que suporte à exposição. ■■

A preparação de um documento que vai ser projetado como facilitador de uma apresentação tem uma lógica de construção diferente da de um documento que vai ser lido pelo utilizador, seja em papel, seja numa apresentação eletrónica. © Lidel – Edições Técnicas, Lda.

Quando sou confrontado com a afirmação “Mas se coloco apenas os tópicos, depois em casa não se lembram do que disse!”, costumo retorquir, dizendo: “Vai mostrar o manual ou fazer uma apresentação? É que o manual serve para recuperar a infor-


Pontos Prévios

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mação após a sessão, enquanto a apresentação tem, como sabe, outros objetivos.” Conhecer e diferenciar os suportes a utilizar constitui um aspeto basilar para o sucesso da intervenção de qualquer apresentador. Defina bem o seu objetivo! ou produzir um manual?

Quer elaborar uma apresentação

1.1.4. Terei de Saber Fazer uma Apresentação Oral? Não e Sim! Esta resposta parece uma não-resposta, não é? Mas, como veremos, não há outra. Reportando-me à minha experiência escolar, que será igual, estou certo, à de muitos outros, recordo que ninguém me explicou como fazer a minha primeira apresentação (nem as seguintes). Ter-me-ão indicado o tema e, suponho, o tempo que tinha para o fazer. Ter-me-ão dito, ainda, para ser criativo e... pronto. Atendendo às minhas características pessoais e ao que aprendi com professores, lá fiz a minha apresentação, que foi sendo aperfeiçoada com o auxílio da minha intuição e do meu bom senso. No entanto, produzir uma apresentação de qualidade requer competências em áreas tão diversas como oratória, psicologia da aprendizagem, emoções, design, técnicas de apresentação, storytelling, etc. Será que todas as pessoas que fazem apresentações têm de conhecer/ /dominar estas áreas de conhecimento? Claro que não. Prova disso é que, nos Estados Unidos, por exemplo, grande parte das universidades requer ou recomenda a disciplina de “Falar em Público” enquanto requisito de formação de base (Morreale, Hugenberg e Worley, 2006). Fazer uma apresentação de qualidade não é tarefa simples,

pois obriga o comunicador a possuir diversas competências específicas que não são do domínio comum.

No entanto, muitos autores defendem que falar em público é uma competência cada vez mais necessária, pelo que se torna essencial saber fazer uma apresentação, preferencialmente que seja memorável para quem assiste!

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Pontos Prévios

393 engenheiros (agrónomos, civis, eletrotécnicos, informáticos, entre outros); ■■ 322 psicólogos clínicos e organizacionais; ■■ 242 técnicos superiores (higiene e segurança no trabalho, serviço social, recursos humanos, entre outros); ■■ 231 enfermeiros de diferentes especialidades; ■■ 224 consultores (gestão, recursos humanos, marketing, entre outros); ■■ 219 gestores (marketing, formação, qualidade, sistemas de informação, entre outros); ■■ 127 diretores (gerais, marketing, financeiros, qualidade, entre outros); ■■ 109 advogados e juristas. ■■

Note-se, ainda, que obtivemos 103 respostas de estudantes e 204 de desempregados. Como nota final, recordo um amigo que fala com frequência na diferença entre o “tret” how (conversa da treta) e o know how (conhecimento). Assim, não encontrará neste livro um único aspeto que eu considere “tret” how. Pelo contrário, procuro2 ser um apresentador praticante do que apregoo neste livro. Pontos a Reter As suas apresentações já são boas mas podem ser melhores! Este não é um livro sobre PowerPoint mas ajudá-lo-á a fazer melhores apresentações eletrónicas. n A sua audiência não necessita que lhe leia os diapositivos. n Saber comunicar em público é uma competência necessária (e exigida) nos dias de hoje. n Fazer uma apresentação de qualidade exige-nos diversas competências. n Raramente se contabiliza o custo de uma apresentação. Mais raramente ainda se contabiliza o custo de uma má apresentação. n Só escrevi neste livro o que acredito e o que procuro aplicar nas apresentações que realizo. n O tratamento das 6845 respostas a um inquérito sobre “comunicações orais” permite conhecer em algumas matérias a realidade do nosso país. n n

Digo “procuro” porque há contingências (falta de tempo, por exemplo) que, por vezes, nos impedem de implementar tudo aquilo que pensamos ser importante para atingir a excelência numa apresentação.

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Apresentações que “Falam por Si”

Elisabete Nunes Engenheira Mecânica

Estive stressada a semana inteira porque a apresentação de 6.ª-feira não podia correr mal...

Tratava-se do primeiro modelo de apresentação técnica a ser partilhado pelo mundo segundo as novas regras da empresa-mãe, sediada no Japão. Problema: A apresentação, além de ser difícil de elaborar, tinha de ser em língua inglesa e os destinatários seriam, além dos meus colegas, os superiores japoneses e italianos. Podiam ter pedido para fazer esse trabalho em português, em francês... mas em inglês, não. Tenho vergonha do sotaque “afrancesado”. De qualquer forma essa etapa tinha de ser ultrapassada. Quanto mais depressa melhor. Na 5.ª-feira, revi a apresentação e falei para um público imaginário – autoconversação. Foi um desastre. Entrei em pânico porque isso não poderia acontecer no dia seguinte! Resolvi experimentar a tal técnica... não tinha nada a perder. Pelo contrário! Imaginei a sala e o êxito nessa sala. Até imaginei o meu superior a dar-me uma palmadinha nas costas!! Inspirei e expirei, sete vezes como manda a tradição, e sempre que expirava, aparecia uma pessoa a congratular-me pelo trabalho realizado. Não me parece muito difícil de fazer, pensei eu. Por isso, na 6.ª de manhã, acho que repeti esse ritual umas duas vezes para ter a certeza que funcionaria, pois à terceira teria de ser de vez e... na sala!! Sentei-me no meu gabinete, antes de entrar na sala, e com as mãos na barriga inspirei e, de seguida, deitei o ar fora com a imagem do meu superior máximo a cumprimentar-me. Voltei de novo a inspirar e a expirar sempre com essa imagem: era bom sinal se isso acontecesse! Quando terminei a sétima respiração, visionei imagens de sucessos anteriores, nas empresas por onde passei. Até foi agradável relembrar esses momentos de sucesso e entrega, poucos mas bons, e muito intensos. Senti-me serena, e não elétrica, como estava anteriormente. Eu, que já tinha passado por situações bem piores, tremia que nem uma vara só por causa duma apresentação. A autoconfiança é mesmo tudo para alcançar o sucesso! Visionei, então, a sala, com as pessoas sentadas, e coloquei-me no estado emocional sereno, calmo, a falar com as pessoas num inglês muito british. Andei só uns minutinhos a navegar nesse estado emocional e, por fim, voltei à terra, isto é, à cadeira onde estava sentada. Já me sentia um pouco mais preparada... mas antes repeti tudo na casa de banho... só para reforçar! Entrei na sala, preparei o projetor e a videoconferência. Antes da hora, as pessoas começaram a entrar. Fiz de conta que estava só. Chegaram os superiores. Surpresa... a minha pulsação acelerou, mas não foi nada do outro mundo. Comecei a apresentar. © Lidel – Edições Técnicas, Lda.


Pilares do Sucesso

órgãos dos sentidos é organizada e processada. Na fase da consolidação, o material passa para estruturas de armazenamento permanente, originando e dependendo de mudanças a vários níveis na estrutura celular. A recuperação é o processo de evocação consciente do material ou competências aprendidas, que pode ser feito espontaneamente, com ajudas e dicas, ou então por reconhecimento depois de confrontação com o alvo de recuperação”. Evidências da Ciência

• “Aquilo a que normalmente nos referimos como sendo a memória de um ob-

jeto é a memória composta das atividades sensoriais e motoras relacionadas com a interação entre o organismo e o objeto durante um certo período de tempo.” (Damásio, 2010) • “O facto de apreendermos por interatividade, e não por recetividade passiva, é o segredo do “efeito proustiano” na memória, a razão pela qual muitas vezes recordamos contextos e não apenas coisas isoladas.” (Damásio, 2010) • “A nossa memória das coisas, das propriedades das coisas, de pessoas e locais, de acontecimentos e relações, de competências, e de processos de gestão vital – em resumo, toda a nossa memória, herdada da evolução e disponível à nascença ou adquirida através de uma aprendizagem ulterior – existe gravada no nosso cérebro mas de uma forma disposicional, à espera de se tornar em imagem ou ação explícita. O nosso conhecimento-base é implícito, velado e inconsciente.” (Damásio, 2010) • O cérebro humano só consegue recordar cerca de sete pedaços de informação por menos de 30 segundos. Se pretende aumentar estes 30 segundos para alguns minutos ou, até, para uma hora ou duas, tem que estar exposto consistentemente à informação. As memórias são tão voláteis que há que repetir para recordar. (Medina, 2008)

2.2.2. Estilos de Aprendizagem Definir estilos de aprendizagem pode revelar-se, mais uma vez, um sério problema. Há diferentes autores com diferentes abordagens. Para se compreender a complexidade da temática, atenda-se à definição de estilos de aprendizagem proposta por García Cué (2006): “São os recursos cognitivos, afetivos, fisiológicos, de preferências pela utilização dos sentidos, ambiente, cultura, psicologia, conforto, desenvolvimento e personalidade que servem como indicadores relativamente estáveis, de como as pessoas percebem, interrelacionam e respondem aos seus ambientes de aprendizagem e aos seus próprios métodos ou estratégias na sua forma de aprender”. © Lidel – Edições Técnicas, Lda.

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166 Apresentações que “Falam por Si”

Checklist

Tem a certeza de que a sua apresentação é necessária? Tem a certeza de que não vai ler a sua apresentação? ■■ Os diapositivos têm uma hierarquia bem definida? ■■ Caso existam, os títulos dos diapositivos são inquestionavelmente claros? ■■ Escolheu o tipo e o tamanho de letra adequados? ■■ O fundo do diapositivo acrescenta valor e permite um perfeito contraste entre os restantes elementos? ■■ Escolheu as cores que gosta ou as que sabe que resultam? Ambas? Ótimo! ■■ Os seus diapositivos têm texto ou tópicos? Simplificou o suficiente? ■■ As imagens, os vídeos e o som têm qualidade? Estão devidamente guardados? Testou? ■■ Esquemas e gráficos são MESMO lisíveis? ■■ Os diversos elementos do diapositivo estão alinhados segundo uma grelha? ■■ Tem animações? Se sim, são necessárias? Acrescentam VALOR? Se não tem animações, não deveria incluí-las? ■■ Há emoção na sua apresentação? ■■ Diversifica as estratégias de intervenção? ■■ Está à vontade com os recursos que vai utilizar? ■■ Tem cópias de segurança da sua apresentação? ■■ Tem um “plano E”? ■■ ■■

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Plano de Ação Agora que chegou ao fim do livro o que está a pensar fazer? Devolvê-lo? Emprestá-lo ao seu melhor amigo? Comprar outro para garantir que tem sempre um à mão? Arrumá-lo na prateleira? Escrever um comentário no blogue do autor? Refletir sobre o que leu e aplicar algo na próxima apresentação? Seja como for, deixe-me sugerir-lhe 7 ações que podem ajudálo a ser um ainda melhor apresentador. 1. Defina a sua Missão. 2. Liste os seus Pontos Fortes e fundamente-os. 3. Liste os seus Pontos a Desenvolver e fundamente-os. Para o auxiliar nesta reflexão, proponho que faça uma análise de necessidades de desenvolvimento, utilizando os temas apresentados na tabela seguinte. Preencha as grelhas atribuindo as pontuações: 1 = nada importante/nada urgente e 5 = muito importante/ /muito urgente. Multiplique os dois valores e preencha a coluna “Total”. Quanto maior for o valor obtido, mais deverá preocupar-se com esse ponto. Do ponto de vista teórico devo procurar saber mais sobre...

Grau de Grau de importância urgência

Total

Inteligência Emocional Inteligências Múltiplas Programação Neurolinguística Neuromarketing Hemisférios Esquerdo e Direito Eye Tracking Modelos de Memória Estilos de Aprendizagem Preferências de Aprendizagem Emoção, Cognição e Aprendizagem Atenção Motivação Design Tipografia (Acrescente +) (Acrescente +) (Acrescente +)

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262 Apresentações que “Falam por Si” Necessidade detetada: O quê em concreto? Como? Quando? Onde? Como saber que está cumprido? Realista? Porquê? Desafiador? Porquê? Prazo de concretização Data de avaliação intermédia? Quem o pode ajudar? Que castigo se não cumprir? Que recompensa quando atingir?

É importante que tenha sempre presente os objetivos que definiu e que os partilhe com outras pessoas. Sabe-se que é uma ótima forma de estabelecer compromissos! Saber +

Conheça os atuais objetivos do autor em: • http://www.aragaopina.com 5. Identifique Oportunidades. Liste as áreas que domina e que entende que o podem diferenciar positivamente. 6. Faça algo com as oportunidades que identificou. Ofereça ao Mercado “Apresentações que Falam por Si”. 7. Seja criativo, audaz e resiliente. Um abraço! Obrigado.

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Anexo a Cores

Percurso e tempos de fixação visual gerados pelo eye tracking na observação de um diapositivo (página 23).

Mapa térmico gerado pelo eye tracking na observação de um diapositivo (página 23). © Lidel – Edições Técnicas, Lda.


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