Kay Rala Xanana Gusmão José Ramos-Horta
Fotografia de Raquel Belli e José Ramos-Horta Poemas de Kay Rala Xanana Gusmão
Presidência de Timor-Leste 2014/2016
K ay R ala X anana Gusmão José R amos-Horta
Aqui, onde o Sol, logo em nascendo, vê primeiro Iha ne’e, ne’ebé bainhir a loro sa’e, haree uluk The land, the sun, on rising, sees first Fotografia de /Fotografia husi/Photograph by R aquel Belli e José R amos-Horta Poemas de /Poema sira husi/Poems by K ay R ala X anana Gusmão
Presidência de Timor-Leste 2014/2016
EDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
SEDE Rua D. Estefânia, 183, r/c Dto. – 1049-057 Lisboa Tel: +351 213 511 448 * Fax: +351 213 522 684 Revenda: revenda@lidel.pt Exportação: depinternational@lidel.pt Venda online: livraria@lidel.pt Marketing: marketing@lidel.pt Projetos de Edição: edicoesple@lidel.pt LIVRARIA Av. Praia da Vitória, 14 – 1000-247 Lisboa livraria@lidel.pt Copyright © julho 2014 Lidel – Edições Técnicas, Lda. ISBN: 978-989-752-099-0 Conceção de layout e paginação: Margarida Araújo Impressão e acabamento: Times Printers Pte. Lda., Singapura Depósito Legal: 376352/14 Capa: Emília Calçada (www.bookscoverdesign.com) Poemas de Kay Rala Xanana Gusmão traduzidos para inglês por: Kristy Sword e Ana Luísa Amaral Textos de José Ramos-Horta e Raquel Belli traduzidos para inglês por: Maggi Donnelly Textos de José Ramos-Horta e Raquel Belli traduzidos para tétum por: Célia de Moreira Gusmão Outros textos traduzidos para tétum por: Célia de Moreira Gusmão Outros textos traduzidos para inglês por: Maggi Donnelly Fotografia de Kay Rala Xanana Gusmão (página 6): Eugénio Pereira Fotografia de José Ramos-Horta (página 8): © Peter Badge/Typos1 in coop. with the Found. Lind. Nobelprizewinners Meetings at L.C. Fotografias integradas no texto de José Ramos-Horta são da autoria do próprio (páginas 8, 12, 15 e 20) Fotografia de Raquel Belli (página 22): Pedro Azevedo e Silva
Todos os nossos livros passam por um rigoroso controlo de qualidade, no entanto aconselhamos a consulta periódica do nosso site (www.lidel.pt) para fazer o download de eventuais correções.
Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.
© Lidel – Edições Técnicas, Lda.
Introdução | Introdusaun | Introduction
4
Natal | Natál | Christmas
24
Carnaval | Karnavál | Carnival
74
Páscoa | Paskua | Easter
94
3.
INTRODUÇÃO
INTRODUSAUN
INTRODUCTION
4.
5.
© Lidel – Edições Técnicas, Lda.
Por
Husi
By
Timor-Leste é um lugar mágico, com uma história e uma cultura únicas, substanciadas em várias lendas e crenças que incorporam um imaginário coletivo rico e muito próprio.
Timor-Leste fatin ida ne’ebé májiku ka furak tebetebes, ho istória no kulturas ne’ebé únikas ka la hanesan ho fatin seluk, bele haree husi ai-knanoik no lisan-fiar oioin ne’ebé halo parte koletivu imajináriu ida ne’ebé riku no ninian rasik.
Timor-Leste is a magical place, with its unique history and culture which are based on several legends and beliefs that form a rich and one of a kind collective tapestry.
Kay Rala Xanana Gusmão
Como em tantos outros países que absorveram uma religião pela experiência do colonialismo, estas crenças, de carácter animista, vieram a conviver pacificamente com o legado católico que em Timor-Leste nos chegou pelas mãos dos portugueses, num encontro que iremos celebrar em 2015, com os 500 anos da chegada destes ao Oécussi.
6.
Kay Rala Xanana Gusmão
Hanesan mos paízes sira-seluk ne’ebé simu relijiaun seluk tanba experiênsia husi kolonializmu, krensas ka lisan-fiar hirak ne’e, ne’ebé ho karakter animista bele moris hamutuk no hakmatek ho legadu katóliku ne’ebé iha Timor-Leste mai to’o ne’e liuhusi malae portugezes sira-nia liman, iha sorumutu dahuluk ne’ebé ita sei selebra iha 2015, halo ona tinan 500 sira to’o iha rai Oecussi.
Desde então, o catolicismo e as suas práticas quotidianas foram entrando, a par com a língua portuguesa, no dia a dia dos Timorenses, enriquecendo ainda mais uma cultura mística como era já a nossa. Nos dias de hoje, essa herança é parte fundamental da “coluna vertebral” do nosso Povo, mesmo que num espírito de tolerância relativamente a outras religiões.
Hahú husi ne’e, katolisizmu ho nia prátikas loroloron nian tama mai daudaun, hamutuk ho lian portugêz, iha moris loroloron Timoroan hotu nian, hodi hariku liután kultura místika ida hanesan Timor nian ne’e. Ohin-loron eransa ida ne’e hanesan parte fundamental husi koluna vertebral ka ruin-boot Povu ne’e nian, maski ho espíritu tolerânisa kona-ba relijiaun sira-seluk.
Ainda durante os anos de ocupação indonésia, os grandes momentos da vivência cristã eram celebrados em Timor-Leste.
Durante tempu okupasaun Indonézia mos, momentus ka loron boot tuir moris nu’udar ema sarani nian, selebra nafatin iha Timor-
Kay Rala Xanana Gusmão
Like in many other countries that absorbed a religion during colonial times, animistic beliefs came to live peacefully within the Catholic legacy left by the Portuguese. In 2015 we will celebrate the 500th anniversary of the Portuguese landing in Oecusse. Since that landing, Catholicism and its daily practises has entered the lives of the Timorese, together with Portuguese language, making our mystical culture even richer. Today, this particular heritage forms a vital part of our People’s backbone, alongside a spirit of tolerance for other religions. Even during the years of the Indonesian occupation, key moments of the Christian calendar were celebrated in Timor-Leste each year. The Catholic faith fed our people’s dream of an independent country and the Church was, in turn, fed by this same dream.
A fé católica alimentava e era alimentada então pelo sonho de um país independente.
-Leste. Fé katólika maka fó kbiit hodi haburas no hametin mehi paíz independente ida ne’e nian.
O papel da Igreja é sobejamente conhecido durante o período da resistência timorense. A Igreja não só confortou as nossas almas, como alimentou e protegeu os nossos corpos e projetou internacionalmente as vozes silenciadas de um Povo sofredor.
Papel Igreja nian ema hotu hatene ona oinsá durante períodu rezistênsia timornian. Igreja aleinde fó domin no ksolok ba klamar, fó mos hán no proteje isin hodi haklaken ba mundu tomak Povu terus-na’in ida ne’e nia lian.
Hoje, na nossa Nação livre, como antes, a religião é lugar de encontro para os Timorenses. É na Igreja que a comunidade se reúne e é nela que se celebram os grandes ritos ao longo da vida.
Ohin-loron, nu’udar Nasaun livre, hanesan mos tempu uluk, relijiaun hanesan fatin sorumutu ba Timoroan sira. Iha Igreja mak komunidade halibur-malu no iha ne’ebá mak selebra ritus boot durante moris tomak.
Este livro mostra um colorido de celebração que atravessa o país numa manifestação de vida comunitária enraizada. De Díli aos pequenos Sucos em todo o país, o Natal vê Timor-Leste encher-se de presépios e de luz. As comunidades reúnem-se em volta da construção destes pequenos monumentos, por vezes totalmente improvisados, onde o convívio e o espírito de solidariedade são partes importantes da verdadeira vivência do Natal. Há cerca de quatro anos, o Governo reintroduziu os desfiles de Carnaval em Timor-Leste. O Carnaval, a mais pagã e animada de todas as festas, com cores e música, simboliza também a liberdade, e se os nossos festejos populares não são dos mais famosos do mundo, são, no entanto, marcantes no cenário do sudeste asiático.
© Lidel – Edições Técnicas, Lda.
A Páscoa das peregrinações, num ambiente mais solene, cumpre em Timor-Leste todas as celebrações sagradas e tradicionais. Com o início da Quaresma, os timorenses iniciam o seu período de reflexão, penitência e abstinência. Este é o tempo dos rituais sagrados, não totalmente descontextualizados das práticas também animistas, onde os ovos e as amêndoas da Páscoa ainda não alcançaram um lugar de destaque. Ontem, como hoje, as igrejas são local privilegiado para a educação dos nossos jovens, assim como espaço de convívio onde podem desenvolver a sua criatividade e os valores de socialização. É por estas razões que o Governo tem prestado um apoio continuado ao longo dos anos à Igreja e a outras confissões religiosas, nomeadamente através de fundos especiais para a sociedade civil. Na celebração do Natal, da Páscoa ou do Carnaval, Timor-Leste é plural nas suas expressões, mas único na sua essência.
Livru ida ne’e hatudu kona-ba selebrasaun oioin ne’ebé hala’o iha paíz ne’e hodi hatudu kona-ba moris komunidade nian ne’ebé metin los ona. Husi Díli bá to’o Sukus ki’ik sira iha paíz tomak, iha tempu Natal bele haree rai Timor nakonu ho prezépius no ahi-lakan-nabilan. Komunidade sira halibur-malu hodi harii rasik monumentus hanesan ne’e, dala ruma la ho preparasaun di’ak, maibé moris hamaluk-malu ho espíritu solidariedade mak sai hanesan parte ne’ebé importante liu durante experiênsia tempu Natal nian. Besik ona tinan haat mak Governu hala’o hikas fali desfiles Karnaval iha Timor-Leste. Karnaval – festa jentiu nian maibé animada ka rame liu festa sira-seluk – ho kor no múzika oioin, simboliza mos liberdade, no maski rai ne’e nia festejus populares la’ós ne’ebé famozus liu iha mundu, iha sudeste aziátiku bele halo diferensa. Páskoa ho peregrinasoens, iha ambiente ne’ebé solene liu, ita bele hetan iha Timor-Leste selebrasoens sagradas ka lulik no tradisionais hotu-hotu. Tempu hahú Kuarezma, timoroan sira komesa sira-nia períodu reflesaun, penitênsia no abstinensia. Ne’e mak tempu rituais sagradus nian, maibé la sees mos husi prátikas animistas, ne’ebé manu-tolun ho amendoas Paskoa nian seidauk iha importansia. Horisehik hanesan mos ohin, Igrejas sira hanesan fatin di’ak liu ba Edukasaun jovens sira-nian,no hanesan mos fatin moris hamutuk no hamaluk-malu hodi dezenvolve sira-nia kriatividade ho valores sosializasaun nian. Tanba razaun hirak ne’e mak Governu fó nafatin tulun iha tinan hirak ne’e laran ba Igreja no ba Konfisoens Relijiozas sira-seluk, hanesan liuhusi fundus espesiais ba sosiedade siviil.
The role of the Church during the period of the Timorese resistance is known by all. In addition to comforting our souls, it fed and protected our bodies and conveyed the muted voices of a suffering People to the entire world. Today, in our Nation that is once again free, religion is a meeting point for every Timorese citizen. It is in the church that the community comes together to celebrate the key rituals throughout life. This book shows the colourful celebrations that encompass the entire country, as evidence of community life. From Dili to the Sucos and small villages throughout the country, on Christmas we see Timor-Leste coming to life with nativity scenes and light. Communities come together around the construction of these small monuments, which are often completely improvised. Indeed, these gatherings and displays of solidarity are important parts of the true spirit of Christmas. Around four years ago, the Government reintroduced Carnival parades in Timor-Leste. With its colour and music, Carnival – the most pagan and lively of celebrations – also symbolises freedom. It may be that our celebrations are not famous throughout the world, but they are surely noticeable in Southeast Asia. Easter pilgrimages, under a more solemn atmosphere, have all their sacred and traditional celebrations in Timor-Leste. With the start of Lent, Timorese begin their period of reflection, penance and abstinence. Easter is the time of sacred rituals which are not totally separated from animistic practices, however foreign traditions such as Easter Eggs remain uncommon. Today, as before, Churches are a privileged place for raising our young people, providing them with opportunities to get together and to develop their creativity and social values. This is why the Government has provided ongoing support throughout the years to the Catholic Church and to other Churches, namely through special funds for civil society. When celebrating Christmas, Easter or Carnival, Timor-Leste is plural in its expressions, and unique in its essence.
Iha selebrasaun Natal, Páskoa ou Karnaval nian, Timor-Leste bele plural iha nia expresoens maibé úniku ka la hanesan ho rai seluk iha nia esênsia.
7.
8.
Por
Husi
By
Não haverá certamente lugar no mundo onde o Natal seja mais celebrado do que na Ilha do Avô Lafaek. Tendo festejado mais de 20 Natais em muitas cidades do mundo durante os intermináveis anos de diáspora (1975-1998), posso testemunhar que, realmente, não deve haver país algum onde mais alegre e folcloricamente se celebra esta grande Festa de Família.
Loos tebes katak laiha fatin ida iha mundu ne’ebé mak selebra liu Natál hanesan iha Illa Avó Lafaek. Ha’u festeja tiha ona Natál sira hamutuk 20 liu iha sidade barabarak iha mundu durante tinan barak ha’u moris iha rai-li’ur (1975-1998), ha’u bele fó testemuña katak, loos dunik, labele iha país ka rain balun ne’ebé selebra liu Festa boot Família nian ida-ne’e ho alegria no folklorikamente.
Nowhere in the world is Christmas more celebrated than on the island of Avô Lafaek. Having spent more than 20 Christmases in many cities of the world during the endless years of diaspora (1975-1998), I can attest that there really should not be any other country where this grand Family Holiday is celebrated in a more joyous and folkloric fashion.
Mas talvez deva explicar para os Irmãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) a lenda sobre a origem da ilha de Timor (obviamente não só a parte Leste, nossa parte da ilha); claro que a lenda tem pouco a ver com a versão mais científica do surgimento da ilha, choque de duas placas tectónicas, a placa australiana e a placa asiática há muitos milhões de anos!
Maibé karik tenke esplika ba Maun-Alin sira husi Komunidade País sira ho Lian Portugés (CPLP) lenda kona-ba orijen Illa Timor nian (loos dunik katak la’ós de’it parte Lorosa’e, ita-nia parte husi Illa); loos dunik katak lenda ne’e iha relasaun uitoan de’it ho versaun ne’ebé sientífika liu husi illa ne’e ninia mosu, ne’ebé dehan, xoke husi plaka tektónika rua, plaka australiana no plaka aziátika iha tinan tokon ba tokon liubá.
But perhaps I should explain to the Brothers of the Community of Portuguese-Speaking Countries (CPLP), the legend of the origin of the island of Timor (obviously not just the East part, our part of the island); of course the legend has little to do with the more scientific version of the origin of the island, a collision of two tectonic plates, the Australian plate and the Asian plate, millions of years ago!
Ita-nia versaun dehan katak Illa Timor “hahoris” husi Lafaek ida, animál implakável no han na’an ka karnívora husi tempu Dinosauru sira no ne’ebé konsidera hanesan “Avó” timoroan sira-nian, nune’e mak nia sagradu.
Our version says that the Island of Timor was born of a Crocodile, a ruthless and carnivorous animal from the Dinosaurs’ age and considered the “Grandfather” of the Timorese, therefore sacred.
José Ramos-Horta
A nossa versão diz que a Ilha de Timor foi “parida” por um Crocodilo, animal implacável e carnívoro da era dos Dinossauros e considerado “Avô” dos timorenses, logo sagrado.
© Lidel – Edições Técnicas, Lda.
A lenda diz-nos que uma vez, um jovem crocodilo, curioso como todos os jovens, aventurou-se mata adentro e perdeu-se, desorientado; o sol ia alto e o pequeno animal desesperava desnorteado. Um rapazinho que o seguia, também curioso, logo se ofereceu para o encaminhar de volta ao mar. Salvo e grato, o crocodilo disse ao jovem: “Salvaste-me. Agora salta para as minhas costas e vamos viajar por esses mares!” O rapaz, também curioso, não hesitou e ambos puseram-se em viagem por esse mundo. Não se sabe bem ao certo quantos anos ou décadas durou a viagem, pois a lenda não refere esse facto. Mas a dada altura, o crocodilo, já com uma idade avançada, cansado, em voz de agonia e despedida disse ao seu companheiro de viagem, então já um homem: “Estou velho... por aqui fico. Sobre mim vai nascer uma nova Terra e tu, meu amigo, serás o seu primeiro habitante”.
José Ramos-Horta
Lenda ne’e hateten mai ita katak iha loron ida, lafaek joven oan ida, ne’ebé kuriozu hanesan joven hotu-hotu, la’o hale’u ai-laran tuan no lakon nia dalan, dezorientadu (la hatene atu ba ne’ebé), loron sa’e aas ona no animál ki’ik ne’e la hatene atu halo loos saida no atu ba loos ne’ebé. Labarik-mane oan ne’ebé tuir nia, mós kuriozu, nune’e fó aan kedas hodi bele hatudu dalan ba nia (lafaek) atu filafali ba tasi. Lafaek ne’e sente iha ona salvasaun no sente agradesidu, hodi dehan ba joven oan ne’e nune’e: “O soi ka salva ona ha’u-nia moris. Agora sa’e ba ha’u-nia kotuk-laran no mai ita halo viajen ba hale’u tasi sira ne’e!” Labarik-mane oan ne’e, mós kuriozu, la ta’uk no sira na’in-rua hala’o viajen iha mundu ida-ne’e. La hatene loloos viajen ida ne’e hala’o dura tinan ka dékada hira, tanba lenda ne’e mós la refere kona-ba faktu
José Ramos-Horta
The legend says that once upon a time, a young crocodile, curious as all young beings are, ventured into the woods and became lost; the sun was high and the little animal was desperately disoriented. A young boy who was following him, also curious, immediately offered to show him the way back to the sea. Safe and grateful, the crocodile said to the young boy: “You saved me. Now jump on my back and let’s travel the seas!” The boy, also eager for adventure, did not hesitate and both set out on a journey around the world. It is not known for sure how many years or decades the trip lasted, because the legend does not clarify this aspect. But then, the crocodile, already quite old and tired, said to his travel companion, by then a young man, in a voice of agony and parting: “I am old… this is as far as I go. A new Land will be born over me, and you, my friend will be its first inhabitant.”
9.
Bom, a lenda não explica por que razão o crocodilo envelheceu e o rapaz, aparentemente, não. Também não explica como o rapaz sem companhia feminina poderia procriar. Enfim, são mistérios da Fé! Mas porquê fazer perguntas embaraçosas? Só as pessoas maldosas o fazem porque querem estragar uma história simples!
ida-ne’e. Maibé to’o iha tempu ida, lafaek ne’e, ho otas ne’ebé avansada, kole, ho lian iha agonia no despedida hateten ba ninia maluk viajen ne’e, ne’ebé sai ona mane adultu ida: “Ha’u katuas ona...ha’u to’o ka hela de’it ona iha ne’e. Husi ha’u ka iha ha’u-nia leten sei moris mai Rai foun ida no ó, ha’u-nia amigu, mak sei sai abitante dahuluk”.
Well, the legend does not explain why the crocodile grew old and the boy, apparently, did not. It also does not explain how the boy without a female companion, could reproduce. Alas, these are mysteries of Faith! But why ask embarrassing questions? Only ill-intentioned people do because they want to ruin a simple story!
------
Di’ak, lenda ne’e la esplika tanba razaun saida mak lafaek ne’e katuas ona no labarik-mane ne’e, la’e. No mós la esplika oinsá labarik ida ne’ebé katuas ona no laiha kompañia feto ida bele iha oan. Enfín, sira-ne’e mak mistériu Fiar nain! Maibé tanbasá mak tenke halo pergunta difísil sira? Ema aat de’it mak hakarak halo ida ne’e tanba hakarak estraga istória simples ida!
------
Comecei então a disparar a câmara digital durante algumas noites de dezembro de 2011 em Díli e no percurso Díli-Baucau e Díli-Maubisse, mas rapidamente me cansei, tantos eram os presépios. Era necessária muita paciência, o que nunca foi uma das minhas virtudes. E teria que percorrer se não toda a ilha, pelo menos uma parte representativa e durante um período relativamente curto.
-----Ideia halo livru fotográfiku ne’ebé ilustra ka hatudu oinsá timoroan sira halo festa Natál ne’e mosu iha tinan balu liubá bainhira apresia foin-sa’e timoroan sira nia improvizasaun kriativa hodi harii prezépiu sira Natál nian.
So, in December 2011, I started shooting my digital camera, some nights in Díli and on the Díli-Baucau and Díli-Maubisse routes, but I quickly got tired: there were too many scenes. It required a lot of patience, and that was never one of my virtues. And it meant covering if not the entire island, at least a considerable part of it, in a relatively short time.
Num domingo solarengo em Díli, participando numa “luta de galos” (clandestinamente organizada por um sobrinho) em recinto restrito de família, conheci uma jovem fotógrafa Portuguesa/Italiana que estava ali a fotografar a cena. Tinha ar e destreza de fotógrafa profissional. Também lá estava o então Vice-Primeiro-Ministro, o venerado Eng.º Mário Carrascalão, Patriarca desta numerosa família.
Entaun ha’u hahú buti kámara dijitál durante kalan balu iha fulan-dezembru tinan 2011 iha Dili no iha dalan Dili-Maubisse, maibé lailais de’it ha’u kole ona, prezépiu sira mak barak tebes. Presiza tebes mak tenke iha pasiénsia, buat ne’ebé uluk nunka sai hanesan ida husi ha’u-nia virtude sira. No ha’u tenke la’o hale’u karik la illa ne’e tomak, pelumenus parte reprezentativa ida no durante periúdu ne’ebé badak.
One sunny Sunday in Díli, while taking part in a “cock fight” (clandestinely organized by a nephew) on private family grounds, I met a young Portuguese/Italian photographer who was there photographing the scene. She looked and acted like an accomplished professional photographer. Also present was the then Vice Prime Minister, the revered Mário Carrascalão, Patriarch of this large family.
Iha Domingu loro-kraik ida iha Díli, ha’u ba hola parte iha “jogu futu manu sira” (ne’ebé organiza klandestinamente husi subriñu ida) iha kintál família nian, ha’u koñese feto foin-sa’e Portugueza/Italiana fotógrafa ida ne’ebé mak hasai hela foto ba sena ne’e iha ne’ebá. Nia iha aparénsia no jeitu hanesan fotógrafa profisionál. Iha mós ne’ebá, veneradu Eng.º Mário Carrascalão, ne’ebé iha momentu ne’ebá nu’udar Vise-Primeiru-Ministru, Patriarka husi família boot ne’e.
That is how I met Raquel Belli, who had arrived in Timor-Leste just a few weeks earlier with her equally young husband, Pedro, an architect. I proposed that she should do the photographic narrative not only of Christmas but also of Carnival and Easter, to which Raquel agreed.
A ideia de um livro fotográfico ilustrando como os timorenses festejam o Natal surgiu-me há alguns anos ao apreciar a improvisação criativa dos jovens timorenses na construção de presépios de Natal.
Foi assim que conheci Raquel Belli, chegada a Timor-Leste há apenas algumas semanas com o seu marido, Pedro, jovem como ela, arquiteto de profissão. Propus-lhe que fizesse a narrativa fotográfica não só do Natal como também do Carnaval e da Páscoa, ao que a Raquel acedeu. Fui investindo algum dinheiro pessoal; emprestei-lhes o meu Volkswagen Beetle (carocha) restaurado e, assim, o projeto começou. Fui cobrindo as despesas de combustível, emprestei-lhes outra viatura para as suas deslocações aos distritos, etc. Mais tarde, consegui sensibilizar o Maun Bot Xanana a apoiar este projeto através do Fundo da Sociedade Civil. -----Assim surge esta pequena lembrança – oferenda para os Irmãos da CPLP – por ocasião em que Timor-Leste assume a presidência desta nossa instituição pluricontinental com os quais partilhamos uma história comum, resultado da colonização e evangelização cristã, as duas sempre de mãos dadas ao longo de séculos. Aqui rendo homenagem aos Irmãos da Família CPLP que tão generosamente contribuíram para restaurar a liberdade ao povo
10.
Husi ne’e mak ha’u koñese Raquel Belli, ne’ebé to’o iha Timor-Leste iha semana hirak de’it ho ninia kaben, Pedro, foin-sa’e hanesan mós nia, ho profisaun arkitetu. Ha’u hato’o ba nia atu halo narativa fotográfiku ida la’ós de’it kona-ba Natál maibé ho mós Karnavál no Páskua, ne’ebé mak Raquel konkorda ona. Ha’u investe ha’u-nia osan balu; ha’u empresta ba sira ha’u-nia Volkswagen Beetle (karoxa) ne’ebé hadi’ak ona no, nune’e, projetu ne’e hahú la’o. Ha’u mak selu despeza sira mina nian, ha’u empresta ba sira kareta seluk ba sira-nia deslokasaun ba distritu sira, nst. Ikus mai, ha’u konsege sensibiliza Maun Bot Xanana atu bele tulun projetu ida-ne’e liuhusi Fundu Sosiedade Sivíl. ------
The idea of a photographic book showing how the Timorese celebrate Christmas came to me some years ago when I was impressed by the creative improvisation of young Timorese in making Nativity scenes.
I invested some of my own money; loaned them my restored Volkswagen Beetle and so the project began. I covered the fuel expenses, loaned them another vehicle to travel to the districts, etc. Later I was able to convince Maun Bot Xanana to support this project through the Civil Society Fund. -----Thus this small souvenir came into being – a gift to the Brothers of CPLP – for the occasion when Timor-Leste takes over the presidency of our multi-continental institution with whom we share a common history, as a result of colonization and Christian evangelization, both hand in hand for centuries. Here I pay tribute to the Brothers of the CPLP Family who have made such generous contributions to restore freedom to the
sofrido de Timor-Leste, esquecido, abandonado e traído por muitos durante os anos mais difíceis da nossa luta pela emancipação. Lembro os Chefes de Estado que mais advogaram a causa Maubere desde a primeira hora, desde 1974: . Samora Moisés Machel (assassinado pelo regime minoritário do Apartheid e cujo assassinato continua encoberto sem que os autores desse terrorismo de Estado tivessem sido julgados); . Joaquim Alberto Chissano, grande diplomata e conciliador que trouxe a Paz a Moçambique depois de mais de 10 anos de uma guerra brutal fomentada pelo regime do Apartheid; . Agostinho Neto, Médico, Poeta e Fundador de Angola; . José Eduardo dos Santos, sucessor de Neto, que dirigiu a segunda guerra de libertação de Angola contra inimigos internos e externos – e a todos derrotou; . Aristides Pereira, Pedro Pires, Luís Cabral, sucessores de Amílcar Cabral; e . Pinto da Costa, primeiro Presidente das ilhas-postal de São Tomé e Príncipe. Quero também expressar a nossa profunda gratidão para com os Presidentes e Primeiros-Ministros de Portugal, daquele período (1975-1999) – António Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio, Francisco Pinto Balsemão, Aníbal Cavaco Silva, António Guterres e José Manuel Durão Barroso – que em circunstâncias extremamente difíceis, orientaram a diplomacia portuguesa pela defesa inteligente e intransigente da causa Maubere, colocando-a no topo da sua agenda internacional. Fizeram da nossa causa a sua causa prioritária e nobre.
© Lidel – Edições Técnicas, Lda.
Nós, timorenses, nunca devemos esquecer o que Portugal fez por nós, do que os portugueses se privaram, o que os Portugueses tiraram das suas mesas, para colocar nas nossas. Em termos relativos, e em relação ao seu PIB, a ajuda portuguesa a Timor-Leste coloca Portugal entre os quatro maiores parceiros de Timor-Leste, lado a lado com a Austrália, o Japão e a restante União Europeia, nos anos 1999 e seguintes. Em 1999 o Brasil aderiu ao movimento de solidariedade internacional por Timor-Leste e contribuiu de forma substancial e decisiva, com participação na força internacional, autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU. Desde então, o Brasil, durante os mandatos do nosso amigo Presidente Luís Inácio Lula da Silva e sua sucessora Dilma Rousseff, tem sido um parceiro constante na estabilização e desenvolvimento de Timor-Leste. Cidadãos dos países da nossa Comunidade, cidadãos anónimos, gente simples, estudantes, académicos, artistas, trabalhadores,
Nune’e mosu lembransa ki’ikoan ida-ne’e – oferta ba Maun-alin sira husi KPLP – ba biban iha ne’ebé mak Timor-Leste asume prezidénsia husi ita-nia instituisaun plurikontinentál ho sira-ne’ebé ita partilla ka fahe ba malu istória ida komún, rezultadu husi kolonizasaun no evanjelizasaun kristan, sira na’in-rua sempre kaer liman hamutuk durante sekulú ba sékulu. Iha ne’e ha’u fó omenajen ba Maun-alin sira husi Família KPLP ne’ebé kontribui ho jenerozu hodi restaura liberdade ba povo Timor-Leste ne’ebé mak terus tebes, ema haluhan, ema abandona no hetan traisaun husi ema barak durante tinan difísil nia laran iha ami nia luta ba emansipasaun. Ha’u hanoin Xefe Estadu sira ne’ebé mak tulun ka advoga ba kauza Maubere hahú husi oras dahuluk, dezde tinan 1974: . Samora Moisés Machel (ne’ebé hetan oho husi rejime minoritáriu Apartheid no ne’ebé mak ninia asasinatu ne’e kontinua taka hela sein julga autór sira husi terrorizmu Estadu ida-ne’e); . Joaquim Alberto Chissano, diplomata boot no konsiliadór ne’ebé lori Paz ba Mosambike hafoin funu brutál tinan 10 resin ne’ebé fomenta ka apoiu husi rejime Apartheid; . Agostinho Neto, Médiku, Poeta no Angola nia Fundadór; . José Eduardo dos Santos, susesór ka ne’ebé troka Neto, ne’ebé mak dirije funu daruak ba libertasaun Angola nian hasoru inimigu husi li’ur no laran sira – no halakon sira hotu; . Aristides Pereira, Pedro Pires, Luís Cabral, susesór sira Amílcar Cabral nian; no . Pinto da Costa, Prezidente dahuluk ba illa-postál Saun Tome no Prínsipe nian. No mós espresaun gratidaun husi ami-nia fuan laran tomak ba Prezidente no Primeiru Ministru sira husi Portugál, iha períodu ne’ebá (1975-1999) – António Ramalho Eanes, Mário Soares no Jorge Sampaio, Francisco Pinto Balsemão, Aníbal Cavaco Silva, António Guterres no José Manuel Durão Barroso – ne’ebé iha situasaun sira difísil tebes, orienta diplomasia portugeza ba defeza intelijente no intranzijente ba kauza Maubere, tau kauza Maubere iha topu husi ninia ajenda internasionál. Sira halo ita-nia kauza ne’e nu’udar sira-nia kauza prioritária no nobre. Ita, timoroan sira, nunka bele haluha saida mak Portugál halo tiha ona mai ita, ba saida mak portugés sira husik atu hetan tanba ita, saida mak portugés sira hasai husi sira-nia meza sira, hodi tau iha ita-nia meza sira. Iha termu relativu sira, no iha relasaun ba iha ninia PIB, ajuda portugueza ba Timor-Leste ne’e tau Portugál entre parseiru boot tolu Timor-Leste nian, sorin-sorin ho Austrália, Japaun no restante Uniaun Europeia, iha tinan 1999 no tinan tuirmai sira.
tormented people of Timor-Leste, forgotten, abandoned and betrayed by many during the most difficult years of our struggle for emancipation. I recall the Heads of State who advocated the most for the Maubere cause since the very beginning, from 1974: . Samora Moisés Machel (assassinated by the minority Apartheid regime and whose assassination continues to be covered up without prosecution of the perpetrators of this act of State terrorism); . Joaquim Alberto Chissano, great diplomat and peacemaker who brought Peace to Mozambique after more than 10 years of a brutal war instigated by the Apartheid regime. . Agostinho Neto, Doctor, Poet and Founder of Angola; . José Eduardo dos Santos, Neto’s successor, who led the second war of liberation of Angola against internal and external enemies – and defeated them all; . Aristides Pereira, Pedro Pires, Luís Cabral, Amílcar Cabral’s successors; and . Pinto da Costa, first President of the picturesque islands of São Tomé e Príncipe. I also want to express our deep gratitude to the Presidents and Prime Ministers of Portugal, from that period (1975-1999) – António Ramalho Eanes, Mário Soares and Jorge Sampaio, Francisco Pinto Balsemão, Aníbal Cavaco Silva, António Guterres and José Manuel Durão Barroso – who under very difficult circumstances, directed Portuguese diplomacy for the intelligent and intransigent defense of the Maubere cause, placing it at the top of their international agenda. They made our cause their priority and noble cause. We, as Timorese, should never forget what Portugal did for us, what the Portuguese deprived themselves of, what the Portuguese took from their tables to put on ours. In relative terms, and in relation to its GDP, Portuguese aid to Timor-Leste placed Portugal among the four largest partners, side by side with Australia, Japan and the rest of the European Union, from 1999 onwards. In 1999 Brazil joined the international solidarity movement for Timor-Leste and contributed substantially and decisively, with participation in the international force authorized by the United Nations Security Council. Since then, Brazil during the mandates of our friend President Luís Inácio Lula da Silva and his successor Dilma Rousseff, has been a constant partner in the stabilization and development of Timor-Leste. Citizens from the countries of our Community, anonymous citizens, humble people, students, academics, artists, workers,
11.
religiosos, gente de todas as idades e todas as camadas sociais, deram comoventes exemplos de solidariedade. A solidariedade por Timor-Leste não conheceu fronteiras nem religiões. E foi esta rede social ativista de todos os continentes que em 1999 acordou a consciência adormecida dos EUA, Europa, Austrália e provocou a viragem, contribuindo decisivamente para o fim da ocupação. Assim, curvo-me em eterna gratidão a esta grande comunidade que vai da ilha parida por um crocodilo, esta Terra de Deus – que O Sol, Logo em Nascendo, Vê Primeiro, como disse o génio literário Luís Vaz de Camões no seu grande épico Os Lusíadas – até ao Brasil do Amazonas e do Iguaçu, multicultural, passando por Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde, para chegarmos à foz do Tejo, onde a aventura marítima da gesta lusa começou. Curvo-me perante a rede social de ativistas da causa Maubere de todos os Continentes que me ensinaram lições de verdadeira abnegação e solidariedade. -----Timor-Leste, com cerca de 1.500.000 habitantes não começou cristão. Até ao século XIX, a crença animista milenar prevalecia em toda a “Ilha do Crocodilo” e assim continuou nas décadas seguintes até aos nossos dias, ainda enraizada numa grande parte da ilha, sobretudo nas cordilheiras centrais, entre o povo Mambai. Este, sempre astuto, achou por bem, como uma “apólice de seguro” extra, absorver o ritual cristão, mas conservando a sua crença e rituais animistas milenares.
12.
Iha tinan 1999 Brazíl tama ba movimentu solidariedade internasionál tanba Timor-Leste no kontribui ho forma substansiál no desizivu, ho partisipasaun iha forsa internasionál, ne’ebé autoriza husi Konsellu Seguransa ONU nian. Husi ne’ebá, Brazíl, durante ita-nia amigu Prezidente Luís Inácio Lula da Silva no ninia susesora Dilma Rousseff sira-nia mandatu sira, mak sai ona hanesan parseiru konstante iha estabilizasaun no dezenvolvimentu Timor-Leste nian. Sidadaun sira husi país sira husi ita-nia Komunidade, sidadaun anónimu sira, ema simples sira, estudante sira, akadémiku sira, artista sira, traballadór sira, relijiozu sira, ema husi idade hotu-hotu no kamada sosiál sira hotu, fó ona sira nia ezemplu komovente ka emosionante sira husi solidariedade. Solidariedade ba Timor-Leste ne’e la koñese fronteira nein relijiaun sira. No rede sosiál ativista husi kontinente hotu-hotu ida-ne’e mak iha tinan 1999 fanun konsiénsia EUA no Europa nian ne’ebé toba hela durante ne’e no provoka virajen no kontribui ho desizivu ba fin ka rohan husi okupasaun ne’e. Nune’e, ha’u hakru’uk ho gratidaun rohan-laek ba komunidade boot ida-ne’e ne’ebé bá husi illa ne’ebé hahoris husi lafaek ida, Rai Maromak nian ne’e – ne’ebé mak O Sol, Logo em Nascendo, Vê Primeiro, hanesan matenek-na’in literáriu Luis Vaz de Camões dehan iha ninia épiku boot Os Lusíadas – to’o Brazíl husi Amozonas no Iguaçu, multikulturál, liubá Mosambike, Angola, Saun Tomé no Prínsipe, Giné-Bisau no Kabuverde, hodi ita to’o iha Tejo nia rohan, iha ne’ebé hahú tiha aventura marítima jesta ka istória luza nian. Ha’u hakru’uk ba rede sosiál ativista sira nian husi Kontinente hotu-hotu ba kauza Maubere ne’ebé mak hanorin ha’u lisaun sira husi abnegasaun loloos no solidariedade. ------
religious people, people of all ages and from all levels of society have given moving examples of solidarity. Solidarity for Timor-Leste knew no boundaries and religions. And it was this activist social network from all continents that in 1999 woke up the dormant conscience of the USA, Europe, Australia and brought about the turning point, contributing decisively to the end of the occupation. Therefore, I bow in eternal gratitude to this large community which goes from the island born of a crocodile, this Land of God – which The Sun, as it Rises, Sees First, as the literary genius Luís Vaz de Camões wrote in his great epic Os Lusíadas – to multicultural Brazil of the Amazon and the Iguaçu, through Mozambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau and Cabo Verde, to the mouth of the Tagus, where the Lusitanian maritime adventure began. I bow before the social network of activists of the Maubere cause from all Continents who taught me lessons of true self-sacrifice and solidarity. -----Timor-Leste, with about 1.500.000 inhabitants did not start Christian. Up until the XIX century, the animistic millenary belief prevailed all over the “Crocodile island” and so it remained in the following decades until today, still deep-rooted in a large part of the island, especially in the central mountain range, among the Mambai people. These very wise people thought it a good idea, as an extra “insurance policy” to assimilate the Christian ritual, while preserving their millenary animistic beliefs and rituals.
O timorense convertia-se para se proteger das autoridades coloniais portuguesas, para não levar a chicotada e a palmatória, de modo a assegurar o acesso à escola e ao emprego. Mais tarde, com a administração indonésia, a conversão foi mais rápida do que durante os 100 anos anteriores. Mais uma vez o timorense convertia-se mais por razões pragmáticas do que espirituais. Hoje, mais de 95% da população professa aderência à Igreja Apostólica Romana, cerca de 50 mil almas serão aderentes da Igreja Evangélica, os restantes aderiram à fé muçulmana. No entanto, as três religiões coexistem e convivem harmoniosamente. Houve, na nossa história recente, violência de motivação política, violência de rua ou provocada por disputas de terras, mas nunca houve em Timor-Leste violência de base religiosa. A violência que sacudiu Díli em 2006 foi descrita por muitos “brilhantes” jornalistas simplórios como sendo um conflito regional ou tribal entre os povos de Loro Monu (oeste) e de Loro Sae (leste), mas, na realidade o conflito resultou sobretudo de disputas de terras e propriedades em Díli. Mas desde a restauração da independência, em 2002, algumas seitas religiosas começaram a “desembarcar” em Timor-Leste, primeiro oferecendo cursos de Inglês e informática e algum tempo depois, a escola de formação torna-se uma igreja; a máscara cai e surge a Igreja Visão Cristã e outras seitas. A vantagem das novas Igrejas Evangélicas que proliferam no Brasil e nos EUA (que também já estão infiltradas em Angola, Moçambique e Portugal) é que, aparentemente, fazem milagres on the spot, instantaneamente. O Vaticano até tem uma equipa de cientistas só para analisar qualquer reivindicação de milagre, um processo muito moroso que pode arrastar-se durante décadas. Os nossos irmãos Evangelistas são muito mais céleres: produzem milagres no momento, perante as câmaras de TV e milhares de seguidores, em grandes comícios realizados em estádios de futebol, a maioria com muito pouca educação, com problemas emocionais, muito mais suscetíveis de “engolirem” os estratagemas dos milagres. Nunca compreendi porque é que tendo Timor-Leste aderido em 100% a uma ou outra crença, animismo e/ou cristianismo, os novos “missionários” que só descobriram Timor-Leste depois de 24 anos de amargura, não oferecem os seus préstimos para outros povos mais necessitados, como, por exemplo, o povo da Coreia do Norte? Ou porque é que não tentam roubar clientela aos extremistas Talibãs no Afeganistão em vez de virem chatear os nossos sacrificados Bispos Católicos?
14.
Timor-Leste, ho abitante besik 1.500.000 la hahú kristaun. To’o iha sékulu XIX, fiar animista milenár prevalese ka domina iha “Illa Lafaek” tomak, no nune’e mak kontinua iha dékada sira tuirmai to’o iha ita-nia tempu ohin loron, sei metin hela iha parte boot balu illa nian, liuliu iha foho sentrál sira, entre povu Mambai sira. Ida ne’e, sempre astutu, ha’u hanoin ne’e di’ak, hanesan “apólise husi seguru” estra, absorve ka asimila rituál kristaun, maibé konserva ka hametin nafatin ninia fiar no rituál animista milenár sira. Timoroan sira uluk konverte tiha atu proteje an husi autoridade koloniál portugés sira, hodi labele simu ka hetan baku ho xikote no palmatória, nune’e bele asegura asesu ba eskola no empregu. Ikus mai, ho administrasaun indonézia, konversaun ne’e lais liu duké durante tinan 100 liubá. Dala ida tan timoroan konverte an liután tanba razaun pragmátiku sira duké espirituál sira. Ohin loron, populasaun liu husi porsentu 95 tama ba Igreja Apostólika Romana; klamar besik rihun 50 mak sei tama ba Igreja Evanjélika; sira restu tama ba fiar musulmana. Maibé, relijiaun tolu ne’e koeziste no konvive ho armonia. Iha, ita-nia istória resente, violénsia ho motivasaun polítika, violénsia iha dalan ka ne’ebé provoka husi hadau malu rai sira, maibé iha Timor-Leste nunka iha violénsia ho baze ba relijioza. Violénsia ne’ebé mak doko Dili iha tinan 2006 ne’ebé mak hakerek husi jornalista simplóriu ka simples “brillante” barak hanesan konflitu rejionál ka tribál ida entre povu sira husi Loro Monu (oeste) no husi Loro Sae (leste), maibé, iha realidade konflitu ne’e rezulta liuliu husi hadau malu rai sira no propriedade sira iha Dili. Maibé dezde restaurasaun independénsia, iha tinan 2002, seita relijioza sira balu hahú ona “tama mai ka to’o mai” iha Timor-Leste, dahuluk oferese kursu sira hanesan Inglés no informátika no hafoin tempu balu, eskola formasaun ne’e sai fali igreja ida; máskara monu sai no mosu Igreja Vizaun Kristan no seita sira seluk. Vantajen husi Igreja Evanjélika foun sira ne’ebé prolifera ka espalla iha Brazíl no iha EUA (ne’ebé mak infiltra ka tama ona to’o iha Angola, Mosambike no Portugál) ne’ebé mak, aparentemente, halo milagre sira on the spot, instantaneamente. Vatikanu iha ekipa ida husi sientista sira atu analiza de’it kualkér reivindikasaun husi milagre, prosesu ida ne’e kleur tebes ne’ebé bele demora durante tinan barak ka dékada sira. Ita-nia maun-alin Evanjelista sira mak lailais liu: halo milagre iha kedas momentu ne’e, iha kámara TV nian oin no ema ne’ebé tuir rihun ba rihun, iha komísiu boot sira ne’ebé hala’o iha estádiu futeból sira, barak liu ho edukasaun ki’ik ka mínima, ho problema emosionál sira, fasil liu atu simu ka “tolan” estratejia sira milagre nian.
The Timorese converted to protect themselves from the Portuguese colonial authorities, to avoid being whipped or paddled, and to secure access to schools and jobs. Later, under the Indonesian administration, the conversion was faster than during the previous 100 years. Once again the Timorese converted for reasons more practical than spiritual. Today more than 95% of the population professes adherence to the Roman Catholic Church; about 50 thousand souls belong to the Evangelical church; the remainder belong to the Muslim faith. However, the three religions coexist in harmony. In our recent history, there has been politically motivated violence, street violence or violence brought about by land disputes, but there has never been religious violence in Timor-Leste. Many “brilliant” simple-minded journalists described the violence that shook Díli in 2006, as being a regional or tribal conflict between the peoples of Loro Monu (east) and Loro Sae (west), but in reality the conflict was due mainly to disputes over land and properties in Díli. But since the restoration of independence in 2002, some religious sects started “disembarking” in Timor-Leste, first offering courses in English and IT and then some time later, the training school becomes a church; the mask drops and the Church of Christian Vision and other sects emerge. The advantage of the new Evangelical churches that proliferate in Brazil and in the USA (which also infiltrated Angola, Mozambique and Portugal) is that they apparently do on the spot miracles, instantly. The Vatican even has a team of scientists just to analyze any claim of a miracle, a very slow process that can drag on for decades. Our Evangelist brothers are much faster; they produce miracles on the spot, live on TV, in huge rallies held in soccer stadiums, witnessed by millions of followers, most of whom have very little education and are emotionally troubled, much more susceptible to “swallow” the miracle schemes. Bearing in mind that 100% of Timorese have adhered to a belief, animism and/or Christianity, I have a hard time understanding why the new “missionaries” who only discovered Timor-Leste after a 24-year long ordeal do not offer their services to other more needy people like, for example, the people of North Korea? Or why they do not try to steal clients from Taliban extremists in Afghanistan, instead of coming to irritate our suffering Catholic Bishops.
15.
© Lidel – Edições Técnicas, Lda.
Os nossos veneráveis Bispos são muito tolerantes, mas já não estão a gostar muito do que se pode considerar de concorrência desleal ou de maldade orquestrada por essas seitas. -----Fui rebuscar num site um pouco da história da origem do Natal e dos presépios. O que segue foi extraído do site “História do Natal”1 . Há inúmeras fontes e explicações muito controversas sobre a origem do Natal. Escolhi a menos controversa, mais ou menos fiel à versão “oficial” que sempre ouvimos desde a nossa meninice. Na antiguidade, o Natal era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste facto com a oficialização da comemoração do Natal.
1
16.
www.suapesquisa.com/historiadonatal.htm
Ha’u nunka komprende tanbasá mak Timor-Leste tenke adere 100% ba fiar ida ka seluk, animizmu no/ka kristianizmu, “misionáriu” foun sira ne’ebé mak deskobre de’it Timor-Leste hafoin terus tinan 24, la oferese sira-nia préstimu ka serbisu sira ba povu sira seluk mak nesesita liu, hanesan, porezemplu, povu husi Koreia Norte? Ka tanbasá mak sira la tenta atu na’ok kliente husi estremista Taliban sira iha Afeganistaun envezde mai fali xateia ita-nia Bispu Katóliku sakrifikadu sira? Ita-nia veneravel Bispu sira mak tolerante tebetebes, maibé agora daudaun sira la gosta tebes dunik ona saida mak bele konsidera konkorrénsia dezleál ka maldade ne’ebé mak halo husi seita sira-ne’e. -----Ha’u ba buka filafali istória uitoan ida iha site ruma kona-ba orijen husi Natál no prezépiu sira. Ida ne’ebé tuirmai ha’u hasai husi site “História do Natal”1 Iha fonte barak tebes no esplikasaun ne’ebé kontroversa tebes kona-ba Natál nia orijen. Ha’u hili ida ne’ebé
Our revered Bishops are very tolerant, but they are no longer happy with what could be considered unfair competition or as wickedness orchestrated by these sects. -----I searched a website for a little of the history on the origin of Christmas and the nativity scenes. What follows was taken from the website “History of Christmas” 1. There are numerous sources and very controversial explanations about the origin of Christmas. I chose the least controversial, more or less faithful to the “official” version we have always heard since our childhood. In old times, Christmas was celebrated on various different dates, because the exact date of the birth of Jesus was not known. It was only in the IV century that the 25th of December was established as the official date of celebration. In Ancient Rome, the 25th of December was the date on which the Romans celebrated the beginning of winter. Therefore, it is believed that there is a
As antigas comemorações de Natal costumavam durar até 12 dias, pois este foi o tempo que os três Reis Magos demoraram a chegar até à cidade de Belém e a entregar os presentes (ouro, mirra e incenso) ao menino Jesus. Atualmente, as pessoas costumam montar as árvores e outras decorações natalícias no começo de dezembro e desmontá-las até 12 dias após o Natal. Em quase todos os países do mundo, as pessoas montam árvores de Natal para decorar casas e outros ambientes. Em conjunto com as decorações natalícias, as árvores proporcionam um clima especial neste período. Acredita-se que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvores em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta. Esta tradição foi trazida para o continente americano por alguns alemães, que vieram viver para a América durante o período colonial. O presépio também representa uma importante decoração natalícia, pois mostra o cenário do nascimento de Jesus, ou seja, uma manjedoura, os animais, os Reis Magos e os pais do menino. Esta tradição de montar presépios teve início com São Francisco de Assis, no século XIII. As músicas de Natal também fazem parte desta linda festa. ------
menus kontroversa, maizumenus fiel ba versaun “ofisiál” ne’ebé mak ita sempre rona dezde ita sei ki’ikoan kedas.
connection with this fact and the formalization of the celebration of Christmas.
Iha tempu uluk, ema komemora Natál iha data oioin lahanesan, tanba la hatene loloos data moris Jesus nian. Iha sékulu IV de’it mak estabelese loron 25 fulan-dezembru hanesan data ofisiál ba komemorasaun. Iha Roma Antiga, loron 25 fulan-dezembru ne’e data ne’ebé mak romanu sira uluk komemora ínisiu invernu nian. Tan nune’e, fiar katak iha relasaun ho faktu ida-ne’e ho ofisializasaun ba komemorasaun Natál nian.
The ancient Christmas celebrations used to last up to 12 days, since this was the time it took the Three Wise Men to reach the town of Bethlehem and give their presents (gold, myrrh and frankincense) to baby Jesus. Nowadays, people usually set up the trees and other Christmas decorations at the beginning of December and take them down 12 days after Christmas.
Komemorasaun antiga sira Natál nian kostuma demora to’o loron 12, tanba ida ne’e tempu ne’ebé mak Liurai Magos na’in-tolu demora atu to’o ba sidade Belém no entrega prezente sira (osan-mean, mirra no insensu) ba meninu Jesus. Ohin loron, ema sira kostuma monta ai sira no dekorasaun sira seluk Natál ninia iha ínisiu dezembru nian no sobu filafali sira iha loron 12 hafoin Natál. Kuaze iha país sira hotu iha mundu, ema sira monta ai sira Natál nian atu dekora uma sira no ambiente sira seluk. Hamutuk ho dekorasaun sira Natál ninia, ai sira ne’e proporsiona ka fó klima espesiál ida iha períodu ne’e. Fiar katak tradisaun ida-ne’e hahú tiha ona iha tinan 1530, iha Alemaña, ho Martinho Lutero. Iha kalan ida, bainhira nia la’o hela iha ai-laran, Lutero hakfodak tebes ho ai-kakeu ka piñeiru sira nia furak ne’ebé taka husi ka nakonu ho neve. Fitun sira iha lalehan tulun forma imajen ne’ebé Lutero halo ona ho ai-sanak sira iha ninia uma. Aleinde fitun sira, algudaun no enfeita sira seluk, nia mós uza lilin lakan atu hatudu ba ninia família sira sena furak ne’ebé mak nia haree tiha ona iha ai-laran. Tradisaun ida-ne’e lori mai to’o kontinente amerikanu husi alemaun balu ne’ebé mak mai hela iha Amérika durante períodu koloniál.
In almost all countries in the world, people set up Christmas trees to decorate houses and other places. Together with other Christmas decorations, the trees provide a special ambience to this period. It is thought that this tradition began in 1530, in Germany, with Martin Luther. One night, while walking in the forest, Luther was impressed by the beauty of the pine trees covered with snow. The stars in heaven helped to compose the picture, which Luther reproduced with tree branches in his house. As well as the stars, cotton wool and other decorations, he used lit candles to show his family the beautiful scene he had seen in the forest. Germans, who went to live in America during the colonial period, brought this tradition to the American continent. The nativity scene also represents an important Christmas decoration, because it shows the scenery of the birth of Jesus, that is, a manger, the animals, the Three Wise Men and the parents of the baby boy. This tradition of putting up nativity scenes began with Saint Francis of Assisi, in the XIII century. Christmas music also plays a part in this lovely festivity. ------
© Lidel – Edições Técnicas, Lda.
Na minha meninice, a chamada “Missa do Galo” era ocasião de muita excitação, começando cerca das 20 horas e terminando entre as 23 e 24 horas, dependendo sobretudo da afluência à sagrada comunhão. Em Soibada, as missas eram intermináveis e muitos de nós não resistíamos ao sono e dormitávamos uns minutos; mas quem dormia arriscava-se a levar um valente estalo. De vez em quando, a solenidade da noite era interrompida por um estalo que ecoava nas paredes cavernosas da nossa capela, uma bofetada bem dada pelos fervorosos mestres (assim chamávamos os nossos muito zelosos professores de escola primária) e acordávamos, estremunhados, embaraçados.
Prezépiu mós reprezenta dekorasaun importante ida Natál ninia, tanba hatudu senáriu husi Jesus nia moris, ka mak, manjedoura ida, animál sira, Liurai Magos sira no meninu nia inan-aman. Tradisaun hodi monta prezépiu sira ne’e hahú ho Saun Francisco de Assis, iha sékulu XIII. Múzika sira Natál nian mós halo parte iha festa furak ida-ne’e. -----Iha ha’u-nia tempu ki’ikoan, “Missa de Galo” mak okaziaun ida la hakmatek, hahú husi besik oras 20 no hotu entre oras 23 no oras 24, depende mós ba kuantidade husi ema ne’ebé mak ba simu sagrada komuñaun.
In my childhood, the so-called “Midnight Mass” was an occasion of much excitement, beginning around 20.00 and ending between 23.00 and 24.00, depending mainly on the crowd receiving Holy Communion. In Soibada, the masses were endless and many of us could not keep our eyes open and fell asleep for a few minutes; but whoever slept was at risk of getting a resounding slap. Occasionally, the solemnity of the night was interrupted by a slap that echoed through the cavernous walls of our chapel, a slap administered by our fervent masters (as we called our very zealous primary school teachers) and we woke up, startled, embarrassed.
17.
Felizmente, hoje, os Bispos mobilizam muitos sacerdotes e freiras para ajudar na distribuição da comunhão, tarefa que no passado não era confiada às delicadas mãos femininas das Irmãs Canossianas. Com 100 anos de devotada missão em Timor-Leste, as Canossianas são a Ordem Religiosa mais antiga nas nossas paragens do fim do Mundo. Em Soibada, as Irmãs Canossianas eram muito respeitadas e temidas pela sua devoção e disciplina. Assim, a “Missa do Galo” pode terminar relativamente cedo e o jantar de família e a troca de prendas fica a horas mais razoáveis. Nunca percebi, mesmo em criança de mente inquisitiva, porque é que uma religiosa não podia distribuir a hóstia sagrada se veneramos uma Mulher, Maria, Mãe de Cristo, sendo este Filho de Deus? E, além disso, há tantas mulheres beatificadas e santificadas que me fazia confusão porque é que na Terra as mulheres não podiam distribuir a hóstia sagrada, celebrar a Santa Missa e casamentos, quando uma mulher humilde era mãe de Cristo? Uma ocasião, tinha eu uns 10 anos ou pouco mais, depois de muito matutar, decidi perguntar ao bom Pe. Carlos Rocha Pereira, o porquê da Sra. Madre Superiora não poder distribuir as hóstias e celebrar a missa quando uma mulher humilde era mãe de Cristo? O Pe. Carlos olhou-me como se tivesse ouvido uma blasfémia, deu-me dois valentes estalos, fez sinal de cruz e balbuciou uma torrente de palavrões em Latim como que a afugentar o Belzebu em mim. Chorei desalmadamente não tanto da dor física dos estalos mas sim do terrível medo que tive de ter proferido o que, obviamente, era uma blasfémia. O bom Pe. Carlos, originário dos Açores, faleceu em Timor-Leste em 1994, depois de toda uma vida de evangelização e de salvar almas. Figura franzina, muito magricelas, mas duro como carvalho, percorria Timor-Leste a pé. Ele era, geralmente, muito nervoso, irrequieto e andava sempre de mau humor. Não o vi sorrir uma única vez. E não hesitava em dar dois tabefes, mesmo a senhoras de bem que viessem receber a sagrada comunhão com um decote mais sugestivo que, aparentemente, perturbava o bom padre. Sempre gostei de ir à Igreja pelo Natal (e também durante o Domingo de Ramos e a Semana Santa da Páscoa), por devoção genuína, mas também para apreciar a atmosfera muito solene e religiosa, mas também folclórica e alegre, em que os fiéis orgulhosamente vestem a sua melhor indumentária, exibindo-a com muita vaidade. As crianças, muito felizes e orgulhosas da sua nova vestimenta – vestidos imaculadamente brancos, tal como os sapatos, meias e também com o véu a condizer.
18.
Iha Soibada, uluk misa sira ne’e la iha rohan no barak husi ami mak la tahan ho matan dukur no ami toba iha minutu balu; maibé sé mak toba nia iha risku atu hetan baku ruma. Dala ruma, solenidade kalan nian ne’e rasik interrompe fali husi tarutu baku nian ne’ebé mak halo eko iha parede kavernoza sira iha ami-nia kapela. Felizmente, ohin loron, Bispu sira mobiliza saserdote no madre sira barak atu tulun sira iha fahe komuñaun, knaar ne’ebé mak iha tempu uluk la fó konfiansa ba liman feminina delikada sira husi Irman Kanosiana sira. Ho tinan 100 husi misaun ne’ebé dedika ona iha Timor-Leste, Kanosiana sira mak Orden Relijioza antiga liu iha ita-nia parajen sira husi Mundu nia rohan. Iha Soibada, Irman Kanosiana sira ema respeita no hamta’uk tebetebes ba sira-nia devosaun no dixiplina. Nune’e, “Missa do Galo” ne’e bele hotu relativamente sedu no han-kalan ho família no troka prenda sira iha oras ne’ebé razoavel ka di’ak liu. Ha’u nunka persebe, mezmu iha hanoin inkizidora (hakarak-hatene) labarik nian, tanba saida mak relijioza ida labele fahe óstia sagrada (lulik) karik ita venera ka adora Feto ida, Maria, Kristu nia inan, ne’ebé mak ida-ne’e Maromak nia Oan-mane? No, aleinde ne’e, iha feto beatifikada no santifikada barabarak ne’ebé mak halo ha’u konfuzaun tanba saida mak iha Rai feto sira labele fahe óstia sagrada (lulik), halo ka selebra Santa Misa no kazamentu sira, se feto umilde ida ne’e Kristu nia inan? Okaziaun ida, ha’u iha tinan 10 ka liu uitoan, hafoin hanoin ho didi’ak tiha, ha’u deside atu husu pergunta ba amlulik di’ak ida Pe. Carloos Rocha Pereira, tanba saida mak Sra. Madre Superiór labele fahe óstia sira no halo misa se feto umilde ida mak Kristu nia inan? Pe. Carloos hateke mai ha’u hanesan nia rona fali blasfémia ida, nia fó basa maka’as dala rua mai ha’u, halo sinál kruz no murmura liafuan ladi’ak ka tolok balu iha Latin hanesan hasai Belzebu iha ha’u. Ha’u tanis hanesan klamar laiha isin-lolon la’ós tanba moras fízika husi basa ne’e maibé loos tanba ta’uk boot husi buat ne’ebé mak ha’u ko’alia tiha ona, loos dunik, ne’e mak blasfémia ida. Pe. Carloos di’ak ne’e, mai husi Asores, mate iha Timor-Leste iha tinan 1994, depoizde nia vida tomak ba evanjelizasaun no salva klamar sira. Figura franzina ka fraka, krekas tebes, maibé toos hanesan ai-karvallu, la’o ain hale’u Timor-Leste. Amu ne’e ema ida, jeralmente, nervozu lailais, la hakmatek no sempre la’o ho umór ladi’ak ka oin-siak hela de’it. Ha’u la haree nia hamnasa ba dala ida. No nia la ta’uk atu fó basa dala rua, mezmu ba señora di’ak sira ne’ebé mak mai simu sagrada komuñaun ho hatais roupa ne’ebé hatudu liu hirus-matan ne’ebé estimula no bele perturba padre di’ak ne’e.
Fortunately, today, the Bishops enlist the help of many priests and nuns in distributing communion, a job that in the past was not entrusted to the delicate hands of the Canossian Sisters. With 100 years of devoted mission in Timor-Leste, the Canossian’s are the oldest religious order present in our remote shores on the edge of the world. In Soibada, the Canossian Sisters were very respected and feared due to their devotion and discipline. This way, “Midnight Mass” can end relatively early, leaving a more reasonable time for the family dinner and exchange of presents. I never understood, even as a child with an inquisitive mind, why a nun could not give out the sacred host if we worship a Woman, Mary, Mother of Christ, the Son of God? Furthermore, there are so many women who have been beatified and sanctified that it confused me why women on Earth could not give out the sacred host, celebrate Holy Mass and weddings, when a humble woman was the mother of Christ? Once, when I was 10 years old or a little older, after much contemplation, I decided to ask the good Father Carlos Rocha Pereira, why the Mother Superior could not give out the hosts and celebrate mass when a humble woman was the mother of Christ? Father Carlos looked at me as if he had heard blasphemy, gave me two tremendous slaps, made the sign of the cross and mumbled a stream of citations in Latin as if to drive away the Beelzebub in me. I cried bitterly not so much from the pain of the slaps but from the terrible fear that I had obviously committed blasphemy. Good Father Carlos, originally from Azores, died in Timor-Leste in 1994, after a lifetime of preaching and saving souls. A slim figure, very skinny, but tough as nails, he travelled all over Timor-Leste on foot. He was for the most part, very nervous, fidgety and was always in a bad mood. I didn’t see him smile once. And he did not hesitate to box ears, even to respectable ladies who came to receive Holy Communion wearing a more suggestive cleavage, which apparently disturbed the Good Father. I always liked to go to Church for Christmas (and also Palm Sunday and the Holy Week of Easter), for genuine devotion, but also to enjoy the solemn and religious atmosphere, as well as the folkloric and happy traditions, when the faithful proudly wear their best clothes, showing them off with vanity. The children, very happy and proud of their new clothing – dresses in immaculate white, as well as shoes, socks and a veil to match. As Head of State (2007-2012), I was led from the entrance door of the Cathedral by one of those faithful sacristans and I stayed
Como Chefe de Estado (2007-2012), eu era conduzido desde a porta de entrada da Catedral por um daqueles fiéis sacristãos e ficava ali isolado, sozinho, numa cadeira especial, à frente de todos, como se estivesse a dirigir toda a congregação. E apesar de quase toda a minha meninice ter sido passada no Colégio Nuno Álvares Pereira de Soibada, um internato dirigido por padres muito tradicionalistas, quando eu recitava de olhos fechados todas as orações, hoje já não me lembro muito bem das orações mais elementares e de quando tenho que me ajoelhar, quando tenho que ficar de pé e quando me posso sentar. Tenho que estar sempre atento, a olhar pelo canto do olho para o que os outros estão a fazer e seguir na onda. A hora da comunhão é a parte do ritual que acho mais interessante. Sou dos primeiros a receber a comunhão e logo a seguir sento-me a observar a cena, ao mesmo tempo, comovedora e folclórica, e as centenas de fiéis a desfilar, indo e vindo da sagrada comunhão, com ares muito solenes, piedosos. Enquanto na Europa a maioria dos frequentadores das igrejas são os nossos bisavós em cadeiras de rodas, em Timor-Leste há de todas as idades, mas a maioria são jovens adolescentes e crianças. Pisco o olho a provocar as crianças que passam ao pé de mim e elas sorriem embaraçadas. Olho para os seus pés e vejo algumas crianças com os sapatos muito maiores que os seus pezinhos delicados a arrastar os pés para que os sapatos não fiquem para trás. Dado os inúmeros afazeres que tenho, entre os discursos que faço ao longo do ano sobre questões de atualidade internacional, artigos de opinião e relatórios, resta-me pouco tempo para investigar sobre a origem da comercialização do Natal, pois de comercialização se trata e acredito ser o maior sucesso de marketing da história da Humanidade.
© Lidel – Edições Técnicas, Lda.
O Vaticano, além de ser muito eficaz na comunicação sublime com Deus, não é menos eficaz na comunicação publicitária comercial, rivalizando com as maiores agências publicitárias do mundo para vender o seu produto. Quando e como a comercialização do Natal começou ou quando ganhou maior cariz mercantil global, só teria sido possível nos últimos 50 anos, assumindo frenesim com o apogeu da globalização e consumismo. Claro que o Vaticano e as suas “sucursais” pelo mundo fora, sempre habilidosos em produzir produtos para venda, arrecadam muito dinheiro durante este período.
Ha’u sempre gosta ba Igreja iha Natál ( no mós durante Domingu Ramos no Semana Santa Páskua) tuir devosaun jenuina, maibé mós atu apresia atmosfera ne’ebé solene no relijiozu liu, maibé mós folklórika no alegre, iha ne’ebé mak fiar-na’in sira ho orgullu hatais sira-nia roupa ne’ebé di’ak liu, hatudu sira-nia roupa ho vaidade tebes. Labarik sira, ho kontente tebes no orgullu ho sira-nia roupa foun – vestidu mutin moos sira, hanesan ho sira-nia sapatu sira, meias sira, no mós kondíz ka kombina ho sira-nia veu. Hanesan Xefe Estadu (tinan 2007-2012), hahú husi odamatan entrada Katedrál nian fiar-na’in sakristaun ida akompaña kedas ha’u hodi ba tuur izoladu iha ne’ebá, mesak, iha kadeira espesiál ida, iha hotu-hotu nia oin, hanesan fali ha’u mak atu dirije kongregasaun tomak ka hotu-hotu. No apezarde ha’u-nia ki’ikoan ka infánsia tomak ha’u pasa ka hela iha Koléjiu Nuno Álvares Pereira iha Soibada, internatu ida ne’ebé dirije husi padre sira tradisionalista liu, bainhira ha’u reza orasaun sira hotu ho taka matan, ohin loron ha’u la hanoin hetan ona ho di’ak orasaun bázika sira no bainhira mak ha’u tenke hakne’ak, bainhira mak ha’u tenke hamriik no bainhira mak ha’u bele tuur. Ha’u tenke atentu hela de’it, haree husi ha’u nia matan ikun ba saida mak sira seluk halo hela no tuir iha onda. Oras komuñaun nian mak parte husi rituál ida ne’ebé mak ha’u hanoin interesante liu. Ha’u mak ema ida husi ema dahuluk sira atu ba simu komuñaun no tuirmai ha’u tuur hodi observa sena ne’e, iha tempu ne’ebé hanesan, emosionante no folklórika, no fiar-na’in atus ba atus mak desfila ka forma, bá no mai husi sagrada komuñaun, ho ár sira solene tebes, piedozu. Enkuantu iha Europa frekuentadór husi igreja sira barakliu mak ita-nia bizavón sira iha kadeira roda sira, iha Timor-Leste iha husi idade hotu-hotu, maibé maioria ka barakliu mak joven ka foin-sa’e adolexente sira no labarik sira. Ha’u piska ka baku matan atu provoka labarik sira ne’ebé mak liu ka pasa besik ha’u maibé sira hamnasa ho moe. Ha’u hateke ba sira-nia ain sira no haree labarik balu ho sapatu boot liu fali sira-nia ain ki’ikoan delikadu sira ne’e mak dada ain sira atu sapatu sira labele hela iha kotuk. Haree ba númeru traballu ne’ebé mak ha’u iha, entre diskursu sira ne’ebé mak ha’u halo iha tinan tomak nia laran kona-ba kestaun sira husi atualidade internasionál, artigu sira opiniaun nian no relatóriu sira, hela ba ha’u tempu uitoan de’it atu investiga kona-ba hun ka orijen husi komersializasaun Natál nian, tanba husi komersializasaun mak ko’alia ka trata no ha’u fiar katak komersializasaun mak susesu boot ba marketing iha istória Umanidade nian.
there isolated, alone, on a special chair, in front of everyone, as if I were leading the entire congregation. Even though I spent most of my childhood in Nuno Álvares Pereira College in Soibada, a boarding school run by very traditional priests, where I used to recite all the prayers with my eyes closed, today I don’t remember the most elementary prayers very well, or when I have to kneel, when to stand and when I can sit down. I always have to pay attention, to look out from the corner of my eye at what others are doing and follow suit. Communion is the part of the ritual I think is the most interesting. I am one of the first to receive communion and immediately after I sit and watch the scene, at the same time touching and folkloric, hundreds of the faithful lining up, coming and going from Sacred Communion, looking very solemn, pious. Whilst in Europe the majority of churchgoers are our great-grandparents in wheelchairs, in Timor-Leste there are those of all ages, but the majority are young adolescents and children. I wink at the children who pass by me to provoke them and they smile embarrassed. I look at their feet and see some wearing shoes much bigger than their delicate feet, dragging their feet so as not to loose the shoes. Given my numerous duties, with speeches I deliver throughout the year on current international affairs, opinion pieces and reports I write, I have very little time left to investigate the origin of the commercialization of Christmas, for commercialization it is, and I believe it to be the single biggest marketing success in the history of Mankind. The Vatican as well as being very effective in sublime communication with God, is no less effective in commercial marketing, rivaling the largest advertising agencies in the world to sell their product. Only in the last 50 years, could the commercialization of Christmas have started, or gained the global commercial nature, taking on a frenzy with the apogee of globalization and consumerism. Of course the Vatican and its “branch offices” throughout the world, always skilled in making products for sale, make a lot of money during this period. But probably, and very ironically, those who rub hands with content during the Christmas season are not so much the devout marketing experts at Peter’s Church in Rome. They must be the atheist Chinese manufacturers that flood the market with all sorts of knick-knacks during the season.
19.
Mas provavelmente e muito ironicamente quem mais deve esfregar as mãos de contentamento durante o período natalício não serão os devotos especialistas de marketing da Igreja de Pedro em Roma. Serão sim os ateus fabricantes chineses que inundam o mercado com toda a bugiganga possível durante esse período. Vemos em Díli crianças arregimentadas às dezenas para venderem todo o tipo de produtos pela noite dentro, verdadeira exploração de mão de obra infantil. E tenho a certeza que aquelas pobres crianças que não conseguem realizar uma venda razoável devem levar uns açoites dos pais. E não estou ainda a falar das trocas de prendas de Natal da classe média, dos filhos para os pais, entre os irmãos, das irmãs de caridade para os órfãos e pobrezinhos; as festas de cada Ministério, da Polícia, das Forças Armadas, das Prisões, dos Hospitais, etc. O Governo do Maun Bot Xanana, encorajado por mim, também entrou no frenesim do Natal, fazendo construir a maior árvore de Natal de todo o país e, provavelmente, uma das maiores do Mundo. Concordo em absoluto, pois havendo alguma folga financeira, o Governo faz muito bem em contribuir para a distração e alegria nesta grande quadra festiva. Bairros rivalizam em fazer presépios, sendo alguns altamente criativos, abrilhantados com potentes sistemas sonoros, com música rock, e vemos jovens a conviver e a dançar ao pé do seu presépio. Haverá, em Díli, centenas de presépios e o mesmo acontece nos distritos e aldeias mais distantes. Estimados leitores: aqui fica esta parte da história de Timor-Leste. Em vez de um livro de discursos oficiais, oferecemos algo que será único no mundo, de como os Cristãos neste Fim do Mundo ou deste Começo do Mundo celebram a Grande Festa de Família, uma faceta ou dimensão da identidade histórica e cultural timorense.
Vatikanu, aleinde efikás tebes iha komunikasaun sublime ho Maromak, la menus efikás mós iha komunikasaun publisitária komersiál, kompete ho ajénsia publisitária boot sira iha mundu hodi fa’an sira-nia produtu.
In Dili we see children lined up in large groups to sell all types of products, all night long, a real case of child labor. I am sure that those poor children, who cannot sell enough, will be slapped by their parents.
Bainhira no oinsá mak komersializasaun Natál nian hahú ka horibainhira mak manán ona karís merkantíl globál boot liu, só bele posivel de’it iha tinan 50 ikus ne’e, ne’ebé asume entuziazmu ho grau ida aas liu iha globalizasaun no konsumizmu.
And I am not even talking about the exchange of Christmas presents by the middle class, from children to parents, between siblings, from the Sisters of Charity to the orphans and the poor; the parties at each Government Office, the Police, the Armed Forces, the Prisons, the Hospitals etc.
Loos katak Vatikanu no ninia “sukursál sira” iha mundu ne’e, sempre iha kapasidade ka abilidade boot tebes atu prodús produtu sira ba fa’an, simu ka halibur osan barak tebes durante períodu ne’e. Maibé provavelmente no irónika tebes sé mak sei kose ka basa liman sira ho kontente durante períodu Natál nian ne’e mak espesialista devotu ka relijiozu sira husi marketing Igreja Pedro nian iha Roma. Loos tebes ateu fabrikante xinés sira ne’ebé mak halo nakonu merkadu ho sasán sira ne’ebé ladún iha valór durante períodu ne’e. Ami haree iha Dili labarik sira ne’ebé agrupa iha dezena sira hodi fa’an tipu produtu hotu-hotu iha kalan, esplorasaun loloos husi maundobra infantíl (labarik ki’ik sira nain). No ha’u iha serteza katak labarik kiak sira ne’ebé la konsege realiza fa’an ho di’ak bele hetan kastigu ruma husi sira-nia inan-aman. No ha’u seidauk ko’alia kona-ba troka prenda sira Natál nian husi klase média, husi oan sira ba inan-aman sira, entre maun-alin sira, husi irman sira karidade nian ba oan-kiak no ema kiak sira; festa husi Ministériu ida-idak, husi Polísia, husi Forsa Armada sira, husi Prizaun ka Kadeia sira, husi Ospitál sira, nst. Governu husi Maun Bot Xanana, ne’ebé mak ha’u enkoraja, tama mós iha entuziazmu Natál nian, hodi halo ai Natál nian boot liu hotu iha rain ne’e nia laran no, bele mós, ida husi sira ne’ebé boot liu iha Mundu. Ha’u konkorda tebes, tanba iha folga finanseira balu, Governu halo di’ak tebes hodi kontribui ba distrasaun no alegria iha kuadra ka époka festiva boot ida-ne’e. Bairru sira kompete hodi halo prezépiu sira, ne’ebé mak balu kriativu tebetebes, enfeita ho sistema sonora potente sira, ho múzika rock, no ami haree joven sira halo konviviu hamutuk no dansa rock besik sira-nia prezépiu. Iha Dili, sei iha prezépiu atus no akontese hanesan mós iha distritu no aldeia sira ne’ebé mak dook liu. Estimadu leitór (lee-na’in) sira: hela to’o iha ne’e parte ida husi istória Timor-Leste nian. Envezde livru ida husi diskursu ofisiál sira, ami oferese buat ruma ne’ebé mak sei úniku iha mundu, husi oinsá Kristaun sira iha Rohan Mundu ida-ne’e ka husi Mundu ida-ne’e nia Hahú selebra Festa Boot Família nian, aspetu ka dimensaun ida husi identidade istórika no kulturál timoroan nian.
20.
The government of Maun Bot Xanana, encouraged by me, also joined the Christmas frenzy, putting up the tallest Christmas tree in all the country and, probably one of the tallest in the World. I completely agree, because if there is room in the budget, the Government should contribute to the distraction and happiness during this large festive period. Neighborhoods rival each other to make nativity scenes, some of which are very creative, brightened up with powerful sound systems, with rock music, and we see young people socializing and dancing next to the crib. In Dili alone there must be hundreds of scenes and the same happens in the remote districts and villages. Dear Readers: this is a part of the history of Timor-Leste. Instead of an official speeches book, we are offering something that will be unique in the world, of how the Christians in this End of the World or in this Beginning of the World celebrate the Great Family Holiday, a side or dimension of the Timorese historical and cultural identity.
Timor-Leste é um lugar mágico, com uma história e uma cultura únicas, substanciadas em várias lendas e crenças que incorporam um imaginário coletivo rico e muito próprio. Kay Rala Xanana Gusmão
Não haverá certamente lugar no mundo onde o Natal seja mais celebrado do que na Ilha do Avô Lafaek.
Presidência de Timor-Leste 2014/2016
www.lidel.pt
José Ramos-Horta
ISBN 978-989-752-099-0