© Lidel – Edições Técnicas
Índice O Autor “em Pessoa”.................................................................................................................... Prólogo..........................................................................................................................................
IX XI
Parte 1 – Saber olhar, para poder ver e sentir
1
Capítulo 1 – A sensibilidade à luz .............................................................................................. Luminotecnia: a essência do ver e do sentir........................................................................ Evolução conceptual ......................................................................................................... O sentir da luz.................................................................................................................... Luz e emotividade.................................................................................................................. Luz e escuridão.................................................................................................................. Luz e visão.......................................................................................................................... Luz é vida............................................................................................................................ Luz e iluminação................................................................................................................ O processo de visão................................................................................................................ Como iluminar................................................................................................................... Componentes do processo de visão.................................................................................. Características de cada componente................................................................................ A luz solar...................................................................................................................... O objeto.......................................................................................................................... O olho............................................................................................................................. Iluminação saudável.......................................................................................................... Objetivos da iluminação museológica................................................................................... Harmonia entre a luz e a pintura....................................................................................... Parâmetros de conceção...................................................................................................
3 3 3 5 6 6 6 6 7 7 7 8 9 9 10 10 13 14 15 16
Capítulo 2 – Bases da luminotecnia .......................................................................................... Luz e cor................................................................................................................................. Estímulos de visão............................................................................................................. Recetores visuais............................................................................................................... Recetores não visuais........................................................................................................ Teoria da cor....................................................................................................................... Definição de cor............................................................................................................. Colorimetria.................................................................................................................. Avaliação da cor............................................................................................................. Noções básicas....................................................................................................................... Luz visível........................................................................................................................... Temperatura de cor............................................................................................................ Fidelidade cromática.......................................................................................................... Diagramas espectrais........................................................................................................ Metamerismo..................................................................................................................... Grandezas luminotécnicas.................................................................................................... Terminologia mais frequente................................................................................................ Elementos de visibilidade..................................................................................................
19 19 19 20 22 23 24 24 25 27 28 29 31 33 33 36 37 37 V
Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte Elementos de eficiência..................................................................................................... Elementos condicionantes.................................................................................................
39 40
Parte 2 – Da teoria à prática
43
Capítulo 3 – A iluminação museológica..................................................................................... Ambiência emocional............................................................................................................. Desenho de luz....................................................................................................................... Fatores determinantes....................................................................................................... Diretrizes gerais................................................................................................................. Diretrizes técnicas............................................................................................................. Conceção do design........................................................................................................... A luz............................................................................................................................... A rede elétrica............................................................................................................... O projeto........................................................................................................................ A montagem luminotécnica............................................................................................... Iluminar e preservar.............................................................................................................. Efeitos da incidência de luz................................................................................................ Danos em pinturas........................................................................................................ Absorção seletiva da radiação IR.................................................................................. Efeito de estufa.............................................................................................................. Transferência de energia............................................................................................... Temperatura e humidade.............................................................................................. Radiações UV...................................................................................................................... Valoração das radiações UV.......................................................................................... Controlo de danos.............................................................................................................. Regime expositivo.......................................................................................................... Especificações para iluminação museológica...................................................................... Qualidade visual e ambiental................................................................................................ Perceção visual.................................................................................................................. Visão e cor..................................................................................................................... Visão e reflexão............................................................................................................. Caracterização da cor................................................................................................... Potenciais fontes de luz................................................................................................ Erros na avaliação da cor.............................................................................................. Aspetos qualitativos da luz................................................................................................ Necessidades humanas................................................................................................ Integração luz e arquitetura.......................................................................................... Integração luz, economia e ambiente........................................................................... Luz e ambiência................................................................................................................. Luz difusa...................................................................................................................... Luz dirigida.................................................................................................................... Luz difusa + luz dirigida................................................................................................ Desenhar com luz.............................................................................................................. Criar luz ambiente......................................................................................................... Domínios da luz de realce............................................................................................. Contraste e luz penetrante............................................................................................ Cálculos luminotécnicos........................................................................................................ Método ponto por ponto..................................................................................................... Iluminação num ponto de um plano horizontal............................................................ Iluminação num ponto de um plano vertical................................................................ Iluminação num ponto de um plano vertical oblíquo................................................... Método zonal......................................................................................................................
45 46 48 48 49 50 51 51 52 52 55 55 55 57 58 59 59 59 60 60 61 62 63 65 66 66 66 67 68 70 71 71 73 73 74 75 77 78 79 79 80 84 85 86 87 87 88 90
VI
© Lidel – Edições Técnicas
Índice
Cálculo expedito ponto por ponto...................................................................................... Equipamentos de medida...................................................................................................... Luxímetro........................................................................................................................... Luminancímetro................................................................................................................. Medidor de uv‑a................................................................................................................ Espectrómetro....................................................................................................................
92 95 95 96 97 97
Capítulo 4 – Sistemas de iluminação.......................................................................................... Fontes de luz.......................................................................................................................... Luz diurna.......................................................................................................................... Reflexões das superfícies............................................................................................. Adaptação visual............................................................................................................ Filtragem da luz solar................................................................................................... Luz elétrica......................................................................................................................... Fontes de luz elétrica.................................................................................................... Retirada de lâmpadas................................................................................................... Aparelhos e componentes..................................................................................................... Luminárias......................................................................................................................... Emissões luminosas típicas.......................................................................................... Seleção de luminárias................................................................................................... Calhas eletrificadas........................................................................................................... Calhas eletrificadas (230 V)........................................................................................... Calhas eletrificadas (12 V) ............................................................................................ Fibras óticas....................................................................................................................... Comando e controlo da luz.................................................................................................... Comando seletivo da iluminação.......................................................................................
99 100 100 101 102 102 103 104 119 120 121 122 124 131 131 133 134 136 136
Parte 3 – Como fazer
139
Capítulo 5 – Construção do ambiente luminoso........................................................................ Exteriores............................................................................................................................... Fachadas............................................................................................................................ Pendões e telas.................................................................................................................. Acessos interiores................................................................................................................. Entrada e receção.............................................................................................................. Esquemas de luz........................................................................................................... Principais requisitos...................................................................................................... Como concretizar.......................................................................................................... Cuidados particulares................................................................................................... Áreas de circulação ........................................................................................................... Esquemas de luz........................................................................................................... Principais requisitos...................................................................................................... Como executar............................................................................................................... Cuidados particulares................................................................................................... Espaços expositivos............................................................................................................... Luz ambiente...................................................................................................................... Principais requisitos...................................................................................................... Luz difusa geral............................................................................................................. Luz de encenação espacial........................................................................................... Cuidados particulares................................................................................................... Luz de realce...................................................................................................................... Conceitos do design...................................................................................................... Exigências qualitativas..................................................................................................
141 142 142 144 144 144 144 145 146 153 154 154 155 155 156 156 157 158 159 166 173 177 177 178 VII
Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte Imposições da luz de realce.......................................................................................... 180 Os equipamentos........................................................................................................... 183 Critérios para execução e cuidados particulares......................................................... 190 Capítulo 6 – Estratégias para poder ver.................................................................................... I. Execução da iluminação museológica.................................................................................. Elementos básicos para conceção........................................................................................ A montagem luminotécnica................................................................................................... Iluminação em planos verticais............................................................................................ Quadros com pinturas........................................................................................................ Tapeçarias.......................................................................................................................... Painéis de azulejos............................................................................................................. Baixos e altos-relevos........................................................................................................ Objetos tridimensionais......................................................................................................... Estratégias......................................................................................................................... Composições de luz........................................................................................................... Estratégias na iluminação de esculturas.......................................................................... Realçar com sombras........................................................................................................ Efeito de contraluz............................................................................................................. Encenações museográficas................................................................................................... Núcleos expositivos............................................................................................................... Vitrinas............................................................................................................................... Vitrinas circundantes com campânula.......................................................................... Vitrinas circundantes com tejadilho.............................................................................. Vitrinas embutidas........................................................................................................ Grandes expositores...................................................................................................... Armários............................................................................................................................. Mesas expositoras............................................................................................................. Mesas para iluminação exterior................................................................................... Mesas com iluminação integrada................................................................................. Caixas de luz...................................................................................................................... Caixas com emissão de luz direta................................................................................. Caixas com emissão de luz indireta.............................................................................. Nichos................................................................................................................................ Painéis informativos, textos e legendas............................................................................ Exposições temporárias itinerantes..................................................................................... II. Luz complementar em edifícios............................................................................................ Luz de serviço......................................................................................................................... Luz de vigilância e alarme..................................................................................................... Luz de segurança................................................................................................................... Iluminação de circulação................................................................................................... Iluminação antipânico........................................................................................................ Operacionalidade das instalações........................................................................................ Exploração.......................................................................................................................... Comandos de atuação manual...................................................................................... Comandos automáticos de ação simples..................................................................... Comandos automáticos de ação múltipla..................................................................... Manutenção........................................................................................................................
191 191 192 193 194 194 200 201 202 203 203 208 209 212 214 214 216 216 217 219 235 240 244 244 246 249 251 251 253 255 257 258 260 261 261 262 262 263 264 265 265 266 268 269
Epílogo.......................................................................................................................................... 271 Bibliografia................................................................................................................................... 273
VIII
O Autor “em pessoa”* Vítor Vajão Engenheiro conselheiro eletrotécnico, especialista em luminotecnia (Ordem dos Engenheiros – OE); membro da Illuminating Engineering Society of North America (IESNA); fundador e ex-presidente do Centro Português da Iluminação (CPI), vogal da Comissão Executiva de Luminotecnia na OE. Projetista de iluminação desde 1970, o autor exerce atividade na firma Vitor Vajão – Atelier de Iluminação e Eletrotecnia, Lda. Além da atividade de projeto, tem exercido ações de formação no CPI, na Ordem dos Arquitetos e na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa (FAUL). Coorientador e arguente de mestrados e doutoramentos em teses luminotécnicas na FAUL e na Universidade Lusófona.
© Lidel – Edições Técnicas
Ao longo da sua atividade profissional, tem publicado artigos em revistas técnicas e, entre outros, é coautor do Manual de Iluminação Sustentável do CPI.
* O quadro de Almada Negreiros representando Fernando Pessoa está em depósito do Museu de Lisboa na Casa Fernando Pessoa. IX
Vítor Vajão Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte
Prólogo
“Se tens conhecimentos, deixa os outros acenderem as suas velas com eles” Margaret Fulher
© Lidel – Edições Técnicas
A essência do livro é a explanação para memória futura dos conhecimentos que o autor foi adquirindo ao longo de 45 anos dedicados à luminotecnia, muito particularmente ao trabalhar com ambiências de grande exigência qualitativa, como são as do património artístico, seja cultural, religioso ou arquitetural. Os conceitos do desenho de luz, desenvolvidos a partir dessas abordagens em ambiências rigorosas, têm total cabimento noutros locais em que os padrões qualitativos possam ser aligeirados, como seja na iluminação doméstica, na comercial, na turística ou até na de lazer. Em qualquer caso, o objetivo será sempre incrementar a capacidade visual, criando a ambiência mais adequada ao bem-estar do ser humano, à custa de menores recursos energéticos. A obra distribui-se por três partes: na primeira, focam-se os objetivos de ambiência visual desejáveis, à luz do conhecimento atual; na segunda, citam-se os principais meios disponíveis para atingir aquele desiderato, focando potenciais vantagens e cuidados a ter; na terceira, mostra-se COMO FAZER, resultado da experiência acumulada pelo autor, afinal o fundamental objetivo do livro, para que quem o fizer depois, o faça melhor.
XI
Vítor Vajão Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte
Parte 1 Capítulo 1
Saber Olhar, para Poder ver e sentir
a sensibilidade à luz Luminotecnia: A essência do ver e do sentir Luz e emotividade O processo de visão objetivos da iluminação museológica
Capítulo 2
Bases da luminotecnia Luz e cor Noções básicas grandezas luminotécnicas terminologia mais frequente
Capela Mor da SĂŠ do Funchal
Vítor Vajão Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte
Capítulo 1
A sensibilidade à luz “Olhos que não choram, olhos que não vêem” – Arq. Fernando Távora
A arte de trabalhar e perceber a influência da luz no ser humano não pára de evoluir, fruto dos conhecimentos adquiridos pelo desenvolvimento científico, nomeadamente nos campos da biologia e da visão. Iluminar é muito mais do que criar luz; é manipular as emoções, é estimular sensações de bem‑estar e de beleza, criar condições para desenvolvimento eficaz da atividade visual mas, também é saber não iluminar. São os silêncios da luz, sem os quais, tal como na música, a harmonia não existe. Com a luz, vê‑se e sente‑se mas é preciso aprender a olhar para poder ver. Na natureza, se soubermos olhar convenientemente, encontramos muitas respostas à maneira como devemos construir ambientes de luz à medida e sabor do ser humano.
LUMINOTECNIA: A ESSÊNCIA DO VER E DO SENTIR
© Lidel – Edições Técnicas
Evolução Conceptual O desenvolvimento da ciência luminotécnica e a disponibilidade de novas opções para criar ambiências humanizadas têm evoluído extraordinariamente ao longo das últimas décadas. Recuando aos primórdios da iluminação, vemos que o homem para poder ver começou a uti‑ lizar o fogo, depois óleos combustíveis, o gás e, finalmente, a energia elétrica. A partir daqui, com as potencialidades desta fonte de luz, dá‑se uma autêntica revolução e evolução nos con‑ ceitos de ver com luz artificial, nascendo a luminotecnia. 3
Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte
Na Tabela 2.1 faz‑se a comparação para as principais fontes de luz aplicáveis em locais expositivos e na iluminação do património, entre a fidelidade de reprodução cromática, a tem‑ peratura de cor, a eficácia luminosa e a vida útil. No caso das refletoras, como se destinam a criar luz de realce, interessa também comparar os valores da intensidade luminosa por watt consumido, considerando idêntica abertura de feixe, com base nas informações técnicas de um mesmo fabricante. A eficácia luminosa dos leds não foi indicada, embora estes sejam uma opção cada vez mais válida, face à evolução tecnológica e volatilidade dos seus dados técnicos. Todavia, recorrendo a projetores de luz de realce de elevada qualidade, já hoje é possível utilizar potências três vezes inferiores às das lâmpadas de halogéneo refletoras, para se obter o mesmo nível de iluminação, com duração de funcionamento da ordem das 50.000 horas. O preço de custo desses projetores com leds de qualidade adequada é ainda elevado, impedindo uma apli‑ cação mais generalizada mas, sem dúvida, são o futuro a muito breve prazo. Tabela 2.1 – Comparação qualitativa e quantitativa das principais fontes de luz. Fontes de luz
Cor
Cápsulas
Incandescência halogéneo
3000 a 4100
Dicroicas
Lineares
Fluorescentes
Tonalidade Ta (K)
827
2700
830
3000
840
4000
865
6500
930
3000
940
4000
950
5000
965
6500
Fidelidade IRC (Ra)
Eficácia Im/W
Vida útil (h)
23 a 28
≈4000
100
1)
5000 a 15.000 3)
Luz de realce
>80
73 a 111 17.000 a 66.000 3)
Luz ambiente (difusa)
10.000 a 45.000 3)
Luz ambiente (difusa)
>90
53 a 79
>80
58 a 70
827
2700
830
3000
840
4000
865
6500
830
3000
>80
942
4200
>90
90 a 110
Sódio branco
825
2500
>80
46 a 50
≈10.000
Leds com refletor
827 a 840
≈2700 a ≈4000
>80
2)
Até 25.000
Compactas
Mercúrio Compactas - cerâmica
Notas: 1) A intensidade luminosa por Watt ≈112 cd/W, nas lâmpadas profissionais mais evoluídas 2) Valores em evolução e muito variáveis 3) Versão de longa duração
32
Aplicação
≈12.000
Luz de realce Luz ambiente
Luz de realce
Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte
A
B
C
Figura 2.12 – Diagramas espectrais descontínuos. A. Luz fluorescente; B. Luz de mercúrio com iodetos metálicos; C. Luz de leds.
Figura 2.13 – Distribuição de potência espectral comparativa da luz do dia (azul), incandescente (vermelho) e sódio de alta pressão (verde). 34
Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte
Figura 3.3 – Implantação de projetores em calha e vitrinas com indicação das suas características.
54
Parte 2 I Capítulo 3 A iuminação museológica
ANOTAÇÃO 3.1 FATORES QUE AFETAM AS PINTURAS Ao fim de um certo tempo, a deterioração em pinturas é causada principalmente pela luz visí‑ vel, nomeadamente por ultravioletas (UV) e infravermelhos (IR), incidente na obra, humidade relativa, temperatura e composição química da atmosfera. Todos os materiais da própria pintura são afetados: os pigmentos e os aglutinantes usados para produzir as cores, os meios em que as cores são suspensas e os materiais que as supor‑ tam (telas, papel ou madeira). As aguarelas são particularmente alteráveis porque os materiais são transparentes à luz. Estudos sobre o efeito da exposição à luz e da composição espectral da fonte de luz na deterio‑ ração dos pigmentos mostram que a quantidade de luz, o tempo de exposição e a composição espectral produzem mudanças em materiais alteráveis. O dano causado pela luz na pintura é diretamente proporcional ao produto do nível de ilumina‑ ção (E) pelo tempo de exposição (t). Contudo, o grau de deterioração dos materiais alteráveis diminui com o tempo, até atingir um patamar estável em que o “E” e o “t” deixam de afetar mas, em certas circunstâncias, nessa altura já não existe nada dos materiais originais.
Os níveis de dano são muito variáveis: algumas superfícies podem alterar‑se notoriamente ao fim de poucos meses de exposição à luz, enquanto outras conduzem a processos mais lentos de degradação, não tão evidentes mas podendo conduzir a fins desastrosos. A quantidade de luz incidente e o tempo de exposição são parâmetros diretamente rela‑ cionados com o nível de dano. Podemos dizer que será idêntico para um nível de iluminação duplo se durar metade do tempo. A luz é quase sempre acompanhada por algumas quantidades de ultravioletas (UV) e de in‑ fravermelhos (IR). O dano em materiais sensíveis, embora não possa ser integralmente evitado, poderá ser muito atenuado, se tivermos presentes três regras fundamentais: Eliminar ou restringir as radiações não visíveis de UV e IR, que contribuam para o dano mas não para a visão, selecionando fontes de luz adequadas; n Reduzir os níveis de iluminação ao essencial, privilegiando a criação de contrastes, para visão com acuidade e conforto; n Reduzir ao essencial o tempo de incidência de luz (a vida dos pigmentos históricos é muito afetada pelas condições de exposição; por exemplo um óxido de ferro vermelhão se estiver sujeito à luz durante 3000 horas por ano, até que se notem as primeiras alterações de cor decorrerão 10 anos se o nível for de 10.000 lx: 100 anos sob 1000 lx, 300 anos sob 300 lx e 2000 anos se o nível for de 2 a 50 lx).
© Lidel – Edições Técnicas
n
Danos em pinturas A iluminação de pinturas está condicionada por duas barreiras conflituais: por um lado, a exigência de luz para que sejam bem visualizadas pelos visitantes e, por outro, os desejos dos curadores de boa preservação dos trabalhos de arte. 57
Parte 2 I Capítulo 3 A iuminação museológica
Quando o ângulo de incidência não é perpendicular ao plano de superfície, o nível de ilu‑ minação deriva da aplicação da Lei do Cosseno: Ep =
Icosa d2
Onde a – ângulo entre a linha que une a fonte de luz ao ponto P na superfície e a normal à su‑ perfície; d – distância entre o ponto de luz e o ponto P (em metros). Com esta fórmula, pode‑se calcular a contribuição de uma fonte de luz na iluminação de um dado ponto. O cálculo deverá repetir‑se para todos os pontos desejados, adicionando a contribuição individual das várias fontes de luz, para obter o valor total em cada ponto. Esta fórmula pode ser convertida noutras de aplicação mais prática, recorrendo a conversões geométricas.
Iluminação num ponto de um plano horizontal Convertendo a distância “d” na altura “h”, teremos: Eh =
Icos3a h2
Onde Eh – nível de iluminação horizontal no ponto P (em lux); h – dcosa (em metros).
Iluminação num ponto de um plano vertical
© Lidel – Edições Técnicas
Caso típico da avaliação do nível de iluminação numa obra de arte aplicada numa parede. Novamente, por reconversão geométrica: Ev =
Isenacos2a h2
Onde Ev – nível de iluminação vertical no ponto P (em lux).
87
Parte 2 I Capítulo 3 A iuminação museológica
ANOTAÇÃO 3.3 Diagramas Polares O diagrama representa as curvas de repartição das intensidades luminosas de uma fonte de luz ou de uma luminária, em candelas por 1000 lúmens. Essa representação faz‑se segundo dois planos ortogonais passando pelo centro ótico da lu‑ minária: n O plano vertical C0‑C180, passando pelo eixo transversal; n O plano vertical C90‑C270, segundo o eixo longitudinal. Para as luminárias de emissão de revolução, as intensidades luminosas são representadas num único plano, porque são idênticas em todos os planos verticais. O valor da intensidade luminosa em cada direção será obtido multiplicando o valor do diagrama em cd/1000 lm (por cada 1000 lm de fluxo da lâmpada aplicada). Estes diagramas proporcionam uma clara impressão visual da distribuição da luz, constituindo a base de seleção das luminárias mais adequadas para cada funcionalidade. A análise do valor de intensidade luminosa máxima (Imax) e das aberturas angulares das curvas é determinante.
ANOTAÇÃO 3.4
© Lidel – Edições Técnicas
Curvas Isolux Representam a distribuição dos níveis de iluminação (“E”, em lux) num plano paralelo, a produzir por uma luminária à distância “H”, figurados por curvas que unem pontos de igual valor de “E”. Trata‑se de valores iniciais, portanto, sem afetação de fatores de manutenção.
89
Parte 2 I Capítulo 4 sistemas de iluminação
Figura 4.13 – Exemplos de projeções de luz.
Na iluminação de interiores, os aparelhos (de montagem à superfície ou embutida em tetos) podem disponibilizar vários objetivos de emissão luminosa: Luz ambiente geral (Figura 4.14A) – Normalmente obtida com projeções de luz dire‑ ta, indireta ou mista, mais ou menos amplas ou intensas, simétricas ou assimétricas. Os apliques, quando de luz indireta, devem possuir refletor assimétrico para dirigirem o pico da intensidade luminosa para zonas do teto mais afastadas e não na prumada do local de aplicação, caso em que provocariam manchas de luz na parede. Daquela forma, a super‑ fície do teto permanecerá iluminada mais uniformemente e a reflexão será mais eficaz. Idênticas exigências se colocarão no caso dos apliques de emissão dupla (direta e indireta). A distância mínima recomendada do aplique à superfície do teto deve rondar os 0,80 m; n Luz de realce (Figura 4.14B) – De incidência direta, obtida com pontos de luz dirigida de maior ou menor amplitude e intensidade, para suscitar efeitos de hierarquização visu‑ al, de modelação e de contraste. A abertura do feixe luminoso deve ser a adequada para abranger parte ou a totalidade do objeto a iluminar, destacando‑o espacialmente. O po‑ sicionamento relativo entre o objeto e o ponto de luz é determinante na sua visualização, perceção de pormenores e de texturas e nos efeitos de modelação e de tridimensionalida‑ de. O ângulo de incidência vai condicionar as reflexões produzidas e, consequentemente, a capacidade de perceção. A luz de realce diz‑se concentrante para aberturas de feixe até 10º, semiconcentrante de 10º a 20º, de feixe médio entre 20º a 45º e de feixe dispersivo ou amplo para aberturas superiores a 45º; n Luz de varrimento vertical (Figura 4.14C) – Através de projeção assimétrica para ilu‑ minação homogénea de superfícies verticais a partir da cota do teto, podendo alongar ‑se até ao piso. Permite modificar a perceção de um espaço, conferindo‑lhe amplitude e atratividade, por em evidência texturas e criar luz ambiente por reflexão. Em geral, é
© Lidel – Edições Técnicas
n
123
Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte
Figura 5.8 – Biblioteca. Museu Nacional de Arte Antiga – Lisboa.
A luminância das áreas luminosas destes aparelhos dever ser reduzida para melhor conforto visual: um teto com pontos de luz brilhantes torna-se no principal foco de atração visual, podendo encandear e afetar a visão por excesso de contraste. Nas luminárias de luz fluorescente, os refletores e as grelhas parabólicas devem ser os preferidos, enquanto os difusores opalinos serão os menos aconselhados. No caso de se utilizarem aparelhos com lâmpadas de halogéneo de iodetos cerâmicos ou leds, serão mais vantajosos os que: Tenham a lâmpada recolhida em relação à face visível, para que não provoquem deslumbramento (os chamados aros devem ser preteridos) (Figura 5.9A); n Possuam dispositivos antiencandeamento (refletores parabólicos, anéis antirreflexo ou aros com abertura reduzida), como os da Figura 5.9B; n Sejam orientáveis no plano vertical (Figura 5.9C) no mínimo de 30º. n
A – Aro com lâmpada à face
B – Luminária com refletor parabólico, anel antiencandeamento e de abertura reduzida
C – Luminária orientável na vertical
Figura 5.9 – Aparelhos típicos para lâmpada de halogéneo, leds ou de iodetos cerâmicos. 152
Parte 3 I Capítulo 5 construção do ambiente luminoso
A – Com teto falso translúcido
D – Teto falso translúcido e condução de luz para as paredes
B – Condução de luz para as paredes
E – Teto falso translúcido e condução de luz para as paredes
C – Condução de luz para as paredes
F – Sequência de tetos falsos translúcidos e opacos, com emissão central e periférica
© Lidel – Edições Técnicas
Figura 5.17 – Exemplos de associação de luz natural com luz elétrica.
modelação na iluminação do património artístico evidencia que, quanto mais contida for a componente de luz difusa, menor será a potência da luz de realce para se conseguirem as diferenças de luminâncias necessárias à correta visualização. A harmonia da associação entre a luz natural e a elétrica requer cuidados particulares de implementação (Anotação 5.3). A componente elétrica da luz ambiente difusa pode ser utilizada também como luz de serviço, atuando em períodos sem acesso de visitantes, de montagem expositiva ou de manutenção. Os circuitos de alimentação elétrica da luz ambiente difusa (geral ou de encenação) devem ser 165
Parte 3 I Capítulo 5 construção do ambiente luminoso
Figura 5.21 – Ampliar visão espacial. Exposição “FMR. A Coleção Franco Maria Ricci”/Museu Nacional de Arte Antiga – Lisboa.
Figura 5.22 – Hierarquizar obras de arte. Exposição Museu Nacional de Arte Antiga – Lisboa.
Figura 5.23 – Ampliar espaços. Exposição “Gandarinha” – Centro Cultural de Cascais.
© Lidel – Edições Técnicas
Opções para luz de encenação espacial O aproveitamento da luz diurna através de janelas e frestas estrategicamente posicionadas e dimensionadas influenciará positivamente a ambiência, sem prejudicar a adaptação visual, com as vantagens já focadas. Nem sempre os espaços destinados a exposições integram elementos de controlo efetivo das entradas de luz, sejam estes passivos (palas, grelhagens ou obturadores integrados na edificação) ou ativos com comando elétrico automático (de preferência, porque as de atuação manual são, muitas vezes, esquecidos) de persianas ou estores. Nesses casos, terão de existir correções com elementos limitadores de quantidade de luz e dos efeitos nocivos (incidência direta dos raios solares, excesso de luminância nas superfícies vidradas e penetração de radiações UV). 169
Parte 3 I Capítulo 5 construção do ambiente luminoso
Recorrendo a luminárias de encaminhamento por luz rasante, dirigindo luz para o pavimento (Figura 5.26), preferivelmente com refletor parabólico espelhado de baixa luminância (no exemplo figurado pelo facto de o refletor ser plano, a sua luminância fica mais nítida, o que deve ser evitado); n Luz indireta, oculta, dirigida para as zonas de passagem (Figura 5.27); n
Figura 5.26 – Luz de circulação com luminárias de luz rasante. Museu de São Roque – Lisboa.
Figura 5.27 – Luz de circulação oculta. Museu do Cartaxo.
Luz periférica, embutida no piso, com luminárias de muito baixa luminância ou ocultas (Figura 5.28); n Sancas de luz fluorescente contínua e superfícies verticais com luz dirigida tangencial, criando simultaneamente alargamento visual do espaço e adaptação de luminâncias entre o interior e o exterior (Figura 5.29);
© Lidel – Edições Técnicas
n
Figura 5.28 – Luz de circulação periférica embutida no piso. Museu Islâmico – Mértola.
Figura 5.29 – Luz de circulação, alargamento do espaço e transição de luminânicas entre o interior e o exterior. Museu de São Roque – Lisboa. 171
Parte 3 I Capítulo 6 estratégias para poder ver
Conter a luminosidade nos limites da obra de arte, para aumentar o contraste com a envolvente e trabalhar as sombras (Figura 6.12); n Conferir imponência dimensional e atratividade a peças assentes em bases, criando gra‑ diente de luminâncias decrescente, a partir de pontos de luz de fraca intensidade ocultos na base (Figura 6.13), completada com luz dirigida para a obra; n
Figura 6.12 – Delimitação das projeções de luz, com várias origens. Museu Nacional de Arte Antiga – Lisboa.
Figura 6.13 – Imponência e atratividade de peças assentes em bases. Museu Nacional de Arte Antiga – Lisboa.
Em agrupamentos de peças próximas umas das outras, com fundo a pequena distância, a projeção de luz deve ser mais vertical, utilizando um ponto de luz para cada peça, para evitar a aparência de sombras projetadas (Figura 6.14); paredes de fundo mais escuras ocultam melhor as sombras;
© Lidel – Edições Técnicas
n
Figura 6.14 – Atenuação de sombras na parede de fundo. Museu Nacional de Arte Antiga – Lisboa. 205
Parte 3 I Capítulo 6 estratégias para poder ver
Figura 6.23 – Sombras de cestos de arame projetados em parede. Museu de Portimão.
© Lidel – Edições Técnicas
O desenho da iluminação das sombras é um trabalho de rigor. Com ele, podem‑se induzir efeitos cénicos complementares, preenchendo composições artísticas e criando encenações ape‑ lativas. Na Figura 6.24, é evidente a relatividade entre o posicionamento dos pontos de luz, das obras de arte com luz incidente e das suas sombras, projetadas em espaços vazios da parede de fundo, compondo a aparência desse painel.
Figura 6.24 – Composição de luz direta e de sombras. Exposição “Gandarinha” – Centro Cultural de Cascais. 213
Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte VISÃO POR 1 LADO CALHA COM PROJETORES
VISÃO POR 2 LADOS CALHA COM PROJETORES
APARELHOS EMBUTIDOS ORIENTÁVEIS
Figura 6.44 – Sistemas de iluminação em vitrinas pouco profundas.
Como princípio, deverão evitar‑se projeções de luz ortogonais às peças a iluminar, para evitar reflexos nocivos, brilhos indiretos, estimular a visualização de pequenos detalhes e tex‑ turas e criar efeitos de modelação. O sentido das projeções de luz será o mesmo do da cir‑ culação dos visitantes. Na Figura 6.45, a pequena vitrina frontal é um exemplo típico da iluminação sugerida. 236
Manual de Práticas de Iluminação Arte a iluminar a arte Esquema de montagem
Figura 6.64 – Iluminação em painéis de exposição temporária ou itinerante. Pátio da Galé/Museu do Fado – Lisboa.
II. Luz Complementar em Edifícios A racional e regulamentar exploração de um espaço museológico impõe a implementação de outros sistemas de iluminação, com características distintas, para satisfazer finalidades e exigências específicas, a comandar de forma independente, como sejam a: Luz de serviço; Luz de vigilância e alarme; n Luz de segurança. n n
260