Metodologia de Investigação e Comunicação do Conhecimento Científico
Margarida Pocinho
Índice Índice de Quadros e Figuras...........................................................................
XI
Prefácio por José Martins Nunes............................................................................ XIII Prefácio por Jorge Conde..........................................................................................
XV
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Introdução................................................................................................................... XVII PARTE I – Etapas de uma Investigação..................................................
1
1. Primeira Etapa Pergunta de Partida ou Problema de Investigação............................
3
Localização (Afiliação) do Problema Científico........................................... Formulação do Problema Científico................................................................
6 7
2. Segunda Etapa A Exploração...........................................................................................................
11
3. Terceira Etapa A Problemática......................................................................................................
19
Resolubilidade dos Problemas Científicos.................................................... Problema e Problemática....................................................................................
22 22
4. Quarta Etapa A Construção do Modelo de Análise..........................................................
25
Hipóteses e Variáveis............................................................................................. Variáveis Dependentes e Independentes............................................... Variáveis Primárias, Derivadas ou Secundárias e Complementares............................................................................................. Variáveis e Respetivos Tipos de Escalas de Medida........................... Níveis de Mensuração das Variáveis................................................. Escala Nominal................................................................................... Escala Ordinal..................................................................................... Escalas Intervalar e Proporcional ou de Razão...................... Formulação de Hipóteses............................................................................. Características da Hipótese Científica..................................................... Destino das Hipóteses após Verificação................................................. Génese das Hipóteses................................................................................... Hipótese por Analogia...........................................................................
V
31 32 37 39 39 40 40 41 41 42 43 44 44
Metodologia de Investigação e Comunicação do Conhecimento Científico Hipótese por Indução............................................................................. Hipótese por Dedução........................................................................... Hipótese por Construção...................................................................... Hipótese por Intuição............................................................................. Construção de Um Modelo de Análise.......................................................... Estudo Piloto............................................................................................................
46 46 47 47 48 51
5. Quinta Etapa A Observação.........................................................................................................
53
Projeto de Investigação........................................................................................ As Três Operações da Observação................................................................... Conceber o Instrumento de Observação............................................... Planificação e Construção de um Questionário/Teste...................... Psicometria e Clinimetria....................................................................... Construção e Padronização de Instrumentos de Medida... Técnicas Clinimétricas............................................................................. Método do Impacto Clínico (MIC).............................................. Técnicas Psicométricas........................................................................... Qualidade dos Instrumentos .............................................................. A Administração................................................................................ Testar o Instrumento de Observação........................................ Fidedignidade ................................................................................... Validade de um Teste.............................................................................. A Recolha dos Dados..................................................................................... O Inquérito por Questionário..................................................................... A Entrevista........................................................................................................ A Observação Direta...................................................................................... Recolha de Dados Preexistentes: Dados Secundários e Dados Documentais..................................................................................................... O Método Clínico..................................................................................... História Clínica e Exame Físico..................................................... Exames Auxiliares de Diagnóstico.............................................. Triangulação dos Dados Clínicos e dos Exames Auxiliares de Diagnóstico.............................................................. Processo de Elaboração dos Dados................................................................ Prática Baseada em Evidência....................................................................
61 66 66 67 68 68 70 70 72 75 75 76 78 86 92 94 97 99 101 102 103 103 104 104 105
6. Sexta ETAPA A Análise das Informações.............................................................................. 107 Estratégias Estatísticas de Análise de Dados............................................... 110
VI
Índice 7. Sétima ETAPA Discussão e Conclusão....................................................................................... 115 PARTE II – A Comunicação da Investigação...................................... 119 Introdução................................................................................................................. 121
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8. Estrutura de um Trabalho Científico.......................................................... 123 O que É e para que Serve um Projeto de Investigação?......................... Fora do Contexto Académico, Qual É o Interesse Real de um Projeto?............................................................................................................... O que Deve Conter um Projeto de Investigação?.............................. Qual é a Estrutura de um Projeto de Investigação?........................... Os Relatórios de Projeto............................................................................... O que Devo Ler para Realizar a Investigação a que me Proponho?... Como Selecionar a Informação e Estabelecer uma Bibliografia de Trabalho?...................................................................................................... Web of Science........................................................................................... Como Aceder e Consultar os Catálogos Bibliográficos Online?. Como Aceder aos Artigos Científicos?............................................ Posso Usar Qualquer Motor de Busca na Internet?.................... Antes de Começar…......................................................................... O Google..................................................................................................... Anexos e Apêndices............................................................................................... Artigos......................................................................................................................... Quantas Partes Têm?...................................................................................... O Resumo.................................................................................................... A Introdução.............................................................................................. O Método.................................................................................................... Os Resultados............................................................................................ A Discussão................................................................................................. Quais os Tipos de Artigos Científicos?.................................................... Estrutura de um Artigo Científico............................................................. Estrutura de um Artigo de Investigação Secundária.................. Quality of Reporting of Meta-analysis............................................... Regras de Elaboração de Trabalhos Académicos....................................... Elaboração de um Artigo Científico................................................................ Estrutura.............................................................................................................. Título ............................................................................................................ Autor(es)......................................................................................................
VII
125 125 126 127 129 130 130 131 132 133 134 135 135 136 137 137 138 138 138 138 138 139 140 140 141 141 154 154 154 154
Metodologia de Investigação e Comunicação do Conhecimento Científico Resumo e Abstract................................................................................... Palavras-chave........................................................................................... Introdução................................................................................................... Desenvolvimento...................................................................................... Material e Métodos.......................................................................... Resultados .......................................................................................... Discussão.............................................................................................. Conclusão.................................................................................................... Referências Bibliográficas..................................................................... Linguagem do Artigo..................................................................................... Apresentação Gráfica do Artigo................................................................ Papel, Formato e Impressão ............................................................... Margens....................................................................................................... Paginação.................................................................................................... Espaçamento.............................................................................................. Divisão do Texto....................................................................................... Ilustrações e Tabelas............................................................................... Notas de Rodapé...................................................................................... Apresentação de Referências Bibliográficas e Bibliografia............. Sistema Continental................................................................................ Sistema Anglo-saxónico........................................................................ Normas de Vancouver............................................................................ Norma Portuguesa (NP 405) e ISO 690........................................... Referências no Texto (ISO 690).................................................... Forma e Estrutura das Referências (ISO 690, NP 405)........ Normas APA............................................................................................... Referências ao Longo do Texto................................................... Referências Bibliográficas.............................................................. Material Eletrónico........................................................................... Outras Situações............................................................................... Modelo para Redação e Apresentação de um Artigo Científico......... Agradecimentos............................................................................................... Resumo................................................................................................................ Abstract................................................................................................................ Introdução.......................................................................................................... Resultados e Discussão................................................................................. Conclusões......................................................................................................... Referências Bibliográficas............................................................................. Anexos ............................................................................................................... Checklist para Revisão Final do Artigo...........................................................
VIII
155 155 155 156 156 156 156 157 157 157 159 159 160 160 160 160 161 163 164 164 164 165 165 165 165 166 166 166 167 167 169 169 169 169 169 171 171 171 172 172
Índice Resenhas.................................................................................................................... Fazer uma Resenha Académica (Crítica, Temática ou Descritiva)... Os Oito Passos da Resenha Académica Crítica............................. Resenha Académica Descritiva............................................................ Resenha Temática.....................................................................................
173 173 173 174 174
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9. Apresentação Oral............................................................................................... 177 Apresentações de Artigos em Colóquios, Jornadas, Conferências, etc.. Conferência........................................................................................................ Palestra................................................................................................................ Colóquio.............................................................................................................. Videoconferência............................................................................................. Workshop............................................................................................................ Seminário............................................................................................................ Simpósio............................................................................................................. Congresso........................................................................................................... Encontro.............................................................................................................. Semana Académica......................................................................................... Debate................................................................................................................. Mesa-redonda.................................................................................................. Painel.................................................................................................................... Fórum................................................................................................................... Curso.................................................................................................................... Check-list............................................................................................................. O local.................................................................................................................. Decoração e Outros Preparativos...................................................... Regras para uma Boa Apresentação Oral...................................................... Estrutura de uma Apresentação Científica............................................ De Quantos Slides Preciso?.......................................................................... Erros Frequentes.............................................................................................. Texto: Tipo de Letra e Estilo de Apresentação..................................... Durante a Apresentação............................................................................... Período de Discussão..................................................................................... O que É um Poster?................................................................................................ Como Fazer um Poster?.................................................................................
179 179 179 180 181 181 182 183 183 184 185 186 186 187 188 189 189 190 190 192 193 194 194 195 195 195 196 196
NOTA FINAL....................................................................................................................... 199 Referências Bibliográficas.............................................................................. 201 Índice remissivo........................................................................................................ 205
IX
Prefácio por José Martins Nunes Médico Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Bento de Jesus Caraça dizia que a Ciência aparece como um organismo vivo impregnado de condição humana, com as suas forças e fraquezas e subordinado às grandes necessidades do Homem na sua luta pelo entendimento e pela libertação. A Ciência, no seu processo de desenvolvimento, depara-se continuamente com dúvidas e contradições que exigem reflexão e exame aprofundados, cuja superação conduz a novas questões. A criação científica pode ter duas abordagens. Uma enquanto atividade, processo de investigação que leva o investigador a produzir a obra científica, outra como estrutura da qual fazem parte o sujeito, o objeto e os meios. Em qualquer dos casos, é fundamental o domínio de um conjunto de utensílios conceptuais que apoie a construção de uma visão estruturante, caracterizadora e identificadora da área científica de estudo, no contexto das Ciências Sociais e Humanas, reconhecendo e aceitando o seu caráter multirreferencial e transdisciplinar. A credibilização, o avanço e a autocorreção da Ciência exigem dos investigadores os seguintes princípios:
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●● A exposição à comprovação independente e replicação por outros cientistas das ideias e dos resultados obtidos, bem como a troca de dados e procedimentos; ●● A modificação ou negação de conclusões aceites quando confrontados com evidência experimental mais completa ou de confiança. A Ciência, enquanto empreendimento sistemático organizado que recolhe o conhecimento acerca do mundo e condensa o conhecimento em leis e princípios testáveis, tem como características fundamentais a repetibilidade, a mensuração, a heurística e consiliência. XIII
Metodologia de Investigação e Comunicação do Conhecimento Científico As Metodologias de Investigação e a comunicação do conhecimento científico exigem uma reflexão sobre o lugar e o caráter da investigação a empreender no quadro do pensamento contemporâneo em torno da natureza da produção e comunicação científica, em geral, e das Ciências Sociais e Humanas, em particular. Também é indispensável o conhecimento e a aplicação das regras e técnicas que conduzem à elaboração de trabalhos científicos e à sua melhor comunicação. Este livro, dedicado às etapas da investigação numa primeira fase, e, ulteriormente, à sua comunicação, propõe ao aprendiz para a investigação, produção e comunicação de conhecimento um “itinerário” conducente ao empreendimento dum processo de investigação, percorrendo as suas etapas fundamentais e a utilização de instrumentos de análise e interpretação, e meios e métodos para divulgar os resultados produzidos. Este é um livro que disponibiliza conhecimento e, sobretudo, ensina como comunicar conhecimento. Uma obra muito importante e muito útil.
XIV
Prefácio por Jorge Conde Presidente da ESTeSC (Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra)
A investigação científica foi desde sempre motor do desenvolvimento do mundo civilizado. Na sua base está a observação, o registo e a medição de atos e factos que podem alterar a nossa perceção do valor do que fazemos no dia a dia e da importância que lhe damos. Porque investigamos, mudamos a nossa forma de estar e de atuar, na procura de melhor eficiência e eficácia na ação ou simplesmente na evicção dos erros cometidos.
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Observar, só por si, não gera obrigatoriamente investigação científica, pois para que esta aconteça é importante que se sigam caminhos estandardizados, aceites como processualmente corretos e entendíveis pela generalidade dos investigadores como reproduzíveis. A isto chamamos método ou metodologia da investigação, e este é o caminho para se fazerem as coisas certas, da forma certa, garantindo que outros investigadores que queiram procurar o mesmo, ou simplesmente seguir o caminho, saibam o que fizemos, como fizemos e, logo, por onde podem confirmar ou infirmar as nossas observações. Para garantir que falamos a mesma linguagem metodológica, de forma a tornar os resultados comparáveis, é obrigatório criar conhecimento também no método e expor os caminhos e as ferramentas disponíveis para o fazer. É importante que quem investiga conheça as etapas do processo, sabendo o necessário para, perante o ponto de partida (problema), poder estabelecer as etapas seguintes de forma científica, evitando enviesamentos e garantindo a pureza dos resultados obtidos. É por isto que importa explanar sobre a metodologia, fornecendo os elementos necessários a uma estandardização das análises e, logo, a uma comparabilidade de resultados. Se a metodologia é importante, a forma como comunicamos os resultados é também da maior importância e relevância. Nem sempre um bom investigador é um bom comunicador (e vice-versa) e ainda que tal aconteça, importa saber como se escreve ou apresenta um estudo XV
Metodologia de Investigação e Comunicação do Conhecimento Científico e aquilo que quem lê ou ouve perceciona. A quantidade de normas e formas como tal pode ser feito implica escolhas e estas são mais ou menos legíveis face ao objeto de estudo. Esta obra é um compêndio que apresenta opções sobre como se deve fazer e quais os melhores caminhos para cada tipo de observação e de tratamento de dados, leia-se para cada investigação. O facto de integrar toda a metodologia desde o problema até à escrita e à apresentação do problema torna-a uma obra de grande valor para quem precisa de sistematizar trabalho e para quem quer ser rigoroso no processo. Mas é também um manual de estudo simples e objetivo para o estudante que está a aprender a investigar, ajudando-o a escolher o caminho e questionando-o sobre as suas opções. É uma obra importante para todos os que querem “fazer”. E a obra nasce, pela mão da autora, Margarida Pocinho, professora do tema do livro, com larga experiência no ensino das Metodologias de Investigação e também com larga experiência como investigadora, o que é garante da qualidade das opções tomadas. Esta é, pois, uma obra onde o que se escreve é muito fruto do estudo e da sua aplicação em investigação. Esta é uma obra de quem sabe fazer e ensinar a fazer. Também por isso se constitui como uma mais-valia para quem a lê ou consulta.
XVI
Introdução As disciplinas que versam sobre as metodologias de investigação científica visam capacitar o aprendiz para a investigação e produção de conhecimento nas áreas específicas da sua formação, mediante o domínio da coerência científica dos caminhos heurísticos da investigação em curso. Aceitando que a investigação é, necessariamente, multidimensional, deverão também ser valorizados os paradigmas, quantitativo, qualitativo epidemiológico e meta-analítico, e a própria a investigação/ação. Um trabalho de investigação científica deverá estar em consonância com os objetivos a que se propõe, mobilizando, integralmente, o vigor e a criatividade dos aprendizes do processo, colaboradores e investigadores, num esforço individual e cooperativo com real interesse e significado no contexto educativo/profissional em que se encontram inseridos.
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A primeira coisa a considerar é o porquê de os cientistas realizarem determinadas experiências. A resposta é simples: uns querem desenvolver e testar teorias acerca do comportamento e da experiência humanos; outros descobrir as causas que levam ao sofrimento, quer físico, quer mental; outros pretendem reverter o processo maligno que determinada ação causou. A verdade é que o fim último é sempre o mesmo, a melhoria da qualidade de vida do ser humano. Este livro está, estruturalmente, dividido em duas partes. Uma refere-se às etapas de investigação e a segunda à comunicacão da investigação. O princípio da construção e da apresentação deste livro de investigação insere-se num continuum, podendo ser situado em correntes de pensamento que o influenciam. Embora a nomenclatura das etapas de uma investigação seja algo variada, consoante o recurso bibliográfico utilizado, apresentamos uma tipologia que, com algumas adaptações, vai “beber” a sua essência, quer à obra de Quivy e Campenhoudt[1], quer à de Balnaves[2]. A opção por estas duas obras deve-se ao facto de querermos apresentar uma metodologia que se possa aplicar, quer nos estudos de natureza qualitativa, quer de natureza quantitativa. XVII
1.ª etapa • Pergunta de partida • Formulação de um problema
2.ª etapa • Exploração – Literatura científica – Métodos de recolha da informação
3.ª etapa • Problemática
4.ª etapa • Modelo de análise
5.ª etapa • Observação
6.ª etapa • Análise das informações • Análise dos dados
7.ª etapa • Discussão • Conclusão
Segunda Etapa: A Exploração Cumprida a primeira etapa, é chegado o momento das leituras. A leitura da literatura deve ser acompaA exploração passa por seis etanhada, de imediato, pela redação de nopas práticas: tas. Do trabalho realizado nas bibliote1. Identificar as fontes de incas (clássicas e eletrónicas), resulta uma formação relevantes para o massa de informação armazenada pelo tema; investigador, em formato de papel e fi2. Inventariar os documentos cheiros informáticos. Regra geral, devem pertinentes, anotando as re-. estar redigidos sob a forma de fichas ou ferências e as característigrelhas, pois estas podem ser facilmente cas; 3. Recolher diferentes perspemanipuladas e reordenadas, assim como tivas; classificada. Tal já não acontece com 4. Ler e tirar notas; apontamentos feitos em cadernos, ou 5. Confrontar documentos, ideias mesmo resumos em ficheiros de texto, e pontos de vista; muitas vezes dispersos e difíceis de lo6. Trocar ideias com diferencalizar quando deles necessitamos. Entre tes interlocutores. as primeiras grelhas a elaborar destacamos as fichas bibliográficas, de pequeno formato, contendo apenas a informação necessária para identificar e localizar a fonte, sob a forma de referência bibliográfica (Quadro 2). Quadro 2: Grelha de Localização de Fontes Autor (ano)
Título
Local de publicação, Editor, Data, Volume, Páginas, Série ou Coleção
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Pocinho, M. Lições de ESTeSC et al. (2007) MIC
Localização Estante, dossiê ou arquivo informático.
Além destas, devem, igualmente, utilizar-se fichas de leitura, de maiores dimensões, onde, além da referência, se anota o que for relevante para o nosso trabalho. A estrutura e a forma de classificar a ficha de leitura depende do objetivo em vista. Tomar notas durante a leitura de uma obra pode não só melhorar a forma como a mesma é lida, mas também fornecer um importante núcleo de texto no momento da redação. 13
Metodologia de Investigação e Comunicação do Conhecimento Científico A pesquisa das fontes primárias (autores originais) deve ser realizada quando o trabalho de consulta da literatura crítica já vai num estado muito avançado, porque: Ao elaborar a ficha de leitura está-se a realizar um tratamento da informação que se revela de grande utilidade no momento de escrever o trabalho final. Se isso não for feito no momento da leitura, pode ter de ser feito na fase final. Este é o momento em que a visão do problema é melhor, mas não é certamente aquele em que se está com mais paciência e disponibilidade. As fichas de leitura não são apenas uma fonte para a redação do texto e das suas notas, mas também um instrumento para organizar a investigação, as ideias e o texto final.
●● Parte importante das fontes primárias pode ser identificada a partir da literatura crítica. O trabalho de heurística sobre as fontes primárias, impressas e manuscritas, deve assentar num conhecimento, tanto quanto possível, exato das que já foram anteriormente estudadas; ●● Iniciar cedo demais a pesquisa das fontes primárias pode ocasionar a repetição inútil de trabalho feito por outros (esforço desnecessário para localizar fontes já estudadas ou, pelo menos, conhecidas; transcrição de manuscritos já publicados). Da mesma forma, também se deve começar pela consulta das publicações eletrónicas e só depois as impressas e manuscritas.
A pesquisa das fontes primárias assenta em três eixos de conhecimento: a literatura crítica; o conteúdo dos núcleos documentais das bibliotecas e arquivos; e o funcionamento das instituições que deram origem a esses núcleos de documentação. Exercite Se a leitura de uma obra for acompanhada da realização de um registo, está no bom caminho. Pode utilizar um programa informático gratuito, como o Mendeley Desktop (http://www.mendeley.com), onde pode armazenar todos os artigos científicos que tem e marcar um artigo como lido ou não. Existem versões para Windows, Linus e Mac, além de iPhone e iPad. Ao mesmo tempo, pode utilizar um processador de texto, onde coloca o resumo do que leu.
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Segunda Etapa: A Exploração Exemplo: ✓✓ C rie uma tabela com sete colunas (grelha de registo) e preencha de acordo com o cabeçalho apresentado.
Referências bibliográficas
Palavras-chave
Resumo teórico
Bourbonnais et al. Job Strain, Psychological Distress, and Burnout in Nurses. American Journal of Industrial Medicine. (Am J In Med) 1998 Jul;34(1):20-8.
Burnout, exaustão emocional, stress, exigências laborais e suporte social.
Burnout, na perspetiva da psicossociologia das organizações.
Métodos Inquérito The Psychiatric Symptom Index (ansiedade, agressividade e depressão). Maslach Burnout Inventory (exaustão emocional, despersonalização, realização pessoal). Job Content Questionnaire (exigências laborais, nível de decisão no trabalho). Friedman and Rosenman Scale (comportamento tipo A).
Amostra
Objetivos
1891 Enfermeiros, com idades entre os 23 e os 65 anos, trabalha dores em seis hospitais centrais do Canadá.
Determinar se os enfermeiros que experienciam tensão no trabalho e baixo suporte social têm maior prevalência de stress e exaustão emocional do que os enfermeiros que não são sujeitos a estes fatores.
Resultados 28,3% dos enfermeiros apresentam altos níveis de stress. Forte associação entre tensão no trabalho e stress/exaustão emocional nos enfermeiros. Esta associação aparece relacionada com as elevadas exigências laborais e baixo poder de decisão. A falta de suporte social foi igualmente associada a fatores de stress.
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Exercite Chegou a altura de selecionar os textos que constituirão a sua primeira leva de leituras. Para o conseguir, proceda do seguinte modo: 1. Comece pela sua pergunta de partida; 2. Identifique em conformidade os temas de leitura que lhe parecem mais relacionados com a pergunta de partida; (continua)
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Metodologia de Investigação e Comunicação do Conhecimento Científico Quando confrontado com a necessidade de realizar ou apresentar um trabalho científico, muitas são as dúvidas que surgem ao leitor, seja ele estudante ou profissional, para cuja carreira estas tarefas assumem hoje em dia um papel fundamental. Repleto de exemplos reais, exercícios práticos e caixas de destaque, este guia começa por apresentar as 7 etapas de um processo de investigação: a pergunta de partida/problema de investigação; a exploração; a problemática; a construção do modelo de análise; a observação; a análise das informações; e a discussão/ /conclusão. Os conceitos teóricos são abordados de forma concisa, sendo dado ênfase à exemplificação para melhor transmitir as ideias-chave. Na segunda parte do livro são analisados detalhadamente os inúmeros aspetos a ter em conta para se conseguir uma redação exímia e uma comunicação oral perfeita de um trabalho científico, sendo dadas ao leitor dicas úteis para maximizar o seu sucesso.
. Apresentação dos conceitos principais em caixas de destaque;
. Exemplificação prática para uma melhor transmissão das ideias-chave;
. Exploração de diversos instrumentos de medida;
. Distinção de conceitos: projeto/relatório de projeto; anexo/apêndice; resenhas académicas;
. Diferenças entre eventos: conferência, colóquio, palestra, seminário, simpósio, congresso, etc.;
. Notas para uma boa apresentação: número de slides ideal, cores e tipos de letra, duração da apresentação, tom de voz, como agir durante a fase de discussão...
E porque a apresentação oral é cada vez mais uma peça fundamental, este livro finaliza com o processo de análise do local/evento onde esta é inserida e com inúmeros conselhos para a apresentação pessoal e a elaboração de slides.
Material complementar disponível na página do livro em www.lidel.pt até ao livro se esgotar ou ser publicada nova edição
www.lidel.pt
O leitor encontrará ainda informação complementar no site da editora sobre alguns conceitos, como “Estatística” ou “Como ler um artigo científico”.
ISBN 978-972-757-916-7
9 789727 579167