vembro PlantĂĄmos a nossa independĂŞncia no chĂŁo duro de Santa Cruz trora: camente jovens, a vida e do amor,
juventude timorense,
Plantámos a nossa independência no chão duro de Santa Cruz Escritos da Nossa Resistência e Identidade
Autor
Crisódio Marcos Tilman Freitas de Araújo
A edição desta obra só foi possível graças ao patrocínio do Ministério da Educação de Timor-Leste e ao apoio da Comissão de Homenagem aos Veteranos, Supervisão de Registos e Recursos.
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Copyright © fevereiro 2014 Lidel – Edições Técnicas, Lda. ISBN: 978-989-752-051-8 Pré-Impressão: Carlos Mendes Impressão e acabamento: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda. – Venda do Pinheiro Depósito Legal: 367346/13 Capa: José Manuel Reis Imagem da capa: Marcos Diogo Fotografias: Flávio Miranda, Marcos Diogo e Francisco Brito Tradução “The Hard Ground of our Independence”: Milena Pires, Teresa Coelho e Rita Correia Alves Livro segundo o novo Acordo Ortográfico exceto originais do autor Todos os nossos livros passam por um rigoroso controlo de qualidade, no entanto aconselhamos a consulta periódica do nosso site (www.lidel.pt) para fazer o download de eventuais correções. Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.
Eterna gratidão à minha prima Eulália e a todos os jovens mártires de Santa Cruz, em especial às 3 turmas inteiras do Externato de S. José! Em memória de todos os mártires da Pátria, desde Tutuala até Suai, como Nicolau, Vicente, Guido, Alex, Kónis, Pe. Hilário e tantos outros! Lembrança especial aos sacrificados de Aileu, como o meu pai Fernando de Araújo e o meu tio José Castilho... À minha mãe, símbolo da dor e separação. A todos os sobreviventes do Massacre, aos guerreiros e aos libertadores da Pátria ainda vivos e que os revejo agora no Rosto de um Povo, no Rosto de Xanana Gusmão! Uma menção especial aos companheiros Mari, Roque, Gregório e Olímpio, representantes, na época, da estrutura externa e sólida da Frente, sempre colaborantes na procura de melhores soluções mesmo e ainda no exílio! Aos meus amigos Amílcar e Pascoela Barreto, Anselmo, Takas, Lita, Tó, Nita, Adai, Carmem... Ao Max Sthall e aos Prémios Nobel, D. Ximenes e Dr. Horta, que ajudaram a abrir as portas para que o mundo tivesse entrado no nosso sofrimento... Um obrigado grande aos meus dois filhos, herdeiros da Alma e Identidade Timorenses, à minha mulher e aos meus irmãos/brothers de sempre! O meu reconhecimento a todos os companheiros de jornada, amigos especiais como o D.B., colegas e benfeitores de Évora e Braga! Grato ao Vice ME e Presidente da Comissão de Homenagem aos Veteranos, Virgílio Simith que, ainda Secretário de Estado da Cultura, mostrou interesse em apoiar com a franqueza de um patriota a publicação deste livro! Não posso esquecer o Kaibauk, onde escrevi a maior parte destes poemas, e toda a sua equipa, Tuxa, Massa, Zaca, Cornélio, JP, Xana, Paula, Ito, Talik, Zeca Filipe, Chico Nicolau, Barreto, António Ramos, Noité, Flávia, Felícia, Noémia, Srs. Mestre Cruz, João Carrascalão, Alves Aldeia, Valente Pires, Simeão, Domingos Oliveira, Beto Barbosa, Américo Simões, Cipriano, Kaotai Sarmento e Mateus Bianco... E tantos e tantos colaboradores, correspondentes, leitores e Amigos de kaibauk... alguns já falecidos... mas todos juntos naquela época de intensa esperança e fé na independência irreversível!!!
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Índice Prefácio.................................................................................................................................................................................................................................................. 7 Chão Duro da Nossa Independência........................................................................................................................................................................................................ 9 Rai Kmanek, Klosan Barani, Ukun Duni An.............................................................................................................................................................................................. 10 The Hard Ground of our Independence.................................................................................................................................................................................................... 12 Herança Timorense................................................................................................................................................................................................................................. 13 Não Há Silêncio, Manos!......................................................................................................................................................................................................................... 14 Bem Vindo ao Teu Povo!!!........................................................................................................................................................................................................................ 15 Oiçam Novamente!!!............................................................................................................................................................................................................................... 18 Poema Ancestral..................................................................................................................................................................................................................................... 19 Hori Uluk Liu... Bei-Ala Sira..................................................................................................................................................................................................................... 21 Sementes da nossa Pátria!..................................................................................................................................................................................................................... 22 Díli 2008................................................................................................................................................................................................................................................. 24 Leba Susar, Leba Moris........................................................................................................................................................................................................................... 26 Carregador de Desgraças e de Esperanças............................................................................................................................................................................................. 28 Casamento Timorense............................................................................................................................................................................................................................ 29 Areia Branca........................................................................................................................................................................................................................................... 30 Lembranças propositadas de um Natal distante...................................................................................................................................................................................... 32 ‘Requiem’ por Quem?............................................................................................................................................................................................................................. 33 © Lidel – Edições Técnicas
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Plantámos a nossa independência no chão duro de Santa Cruz
Prefácio Na altura em que se inicia um novo ciclo de governação, sob o signo da estabilidade, apraz-me registar a liberdade que acompanha todos os Timorenses num quotidiano que todos gostaríamos que fosse sempre de dias felizes. 2012 assinalou uma década da nossa independência e ainda os 100 Anos da Revolta de Manu Fahi, reconhecida por todos nós como o marco do protesto ao lado mais indigno da colonização. Já passou a festa mas podemos continuar a preservar o calor do nosso sentimento patriótico através da memória. É propósito deste Ministério apoiar os registos que fazem parte da nossa lembrança coletiva e incentivar ainda todos os Timorenses a participarem neste longo processo de consolidação da nossa identidade nacional. Assim, enquanto Ministro da Educação do V Governo Constitucional proponho-me apoiar a edição de um livro de poemas de um colaborador desta casa, também como forma de sinalizar a capacidade de produção dos timorenses. Este livro de poemas e textos poéticos regista pedaços da nossa história e identidade, começados a ser vividos no exílio, quando ultimávamos a construção da nossa Nação, até à libertação total da Pátria. Contém ainda poemas em tétum, traduções e um original, como forma de consolidar a nossa outra língua oficial e promover o que é justamente nacional. As línguas nacional e de identidade juntam-se assim, harmoniosamente, para transmitir aos jovens do presente, herdeiros de um dos mais belos sacrifícios da história da humanidade, uma realidade que é parte indestrutível da nossa história e soberania. Confesso-me feliz em participar na epopeia do nosso povo e sentir-me também responsável por parte do seu destino, pela condução da política da educação pelo período de cinco anos. Em nome da fé que tenho no presente e em nome da esperança num futuro melhor para os vindouros, enquanto titular de um cargo público e pela cidadania, apoiarei sempre as iniciativas de caráter intelectual para ajudar a preservar a memória e a alma do nosso Povo!
Bendito Freitas Ministro da Educação do V Governo Constitucional
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Plantámos a nossa independência no chão duro de Santa Cruz
Chão Duro da Nossa Independência Retomo à terra do chão duro, Terra de gente com dor e memória ainda, Do povo bom e obstinado, Das crianças com sorriso aberto ao futuro E dos jovens com alma e bravura. Relembro Novembro, terno e imorredoiro... Como as memórias que ecoarão para além do vento Ou como as lembranças que voarão muito acima do céu... Recordo Novembro, tristemente doce, Agora sem lágrimas Porque fluíram já com as primeiras chuvas E fecundam, agora e para sempre, a terra de Timor... Chego agora, num instante e com encanto, Ao centro das minhas raízes E serenamente contemplo o amanhã Escondido na penumbra das incertezas. Mesmo assim consigo ainda vislumbrar Dias terrivelmente belos atrás da porta da esperança... Caminho agora ao lado da minha gente Que sempre soube andar mesmo que sozinhos, Mesmo que tristes... Mesmo que abandonados... Olho mais uma vez para a Cruz Que este povo também transportou E levando com ela a dor de todos.
Penso nos sobreviventes do Massacre E nas suas histórias de coragem e lealdade Mergulhadas em epopeias de sangue e dor! São memórias intensas que ninguém deverá apagar!!! Penso nos mortos de Novembro E voltam as certezas de outrora: Sobre aqueles corpos tragicamente jovens, Interrompidos no fulgor da vida e do amor, Cantei o meu sonho de liberdade!!! E sobre o chão duro e fértil de Santa Cruz, Símbolo indestrutível da juventude timorense, Plantei para sempre A independência de Timor Loro Sa’e!!! setembro de 2008
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Plantámos a nossa independência no chão duro de Santa Cruz
Rai Kmanek, Klosan Barani, Ukun Duni An Fila fali mai hau nia rain kmanek, Rain ema terus nian, ema kasian nian, Rain ho ema diak, ho povu mós barani, Ho labarik sira laran ksolok hein hela loron aban, Ho klosan asua´in sira buka damen! Hau hanoin-hikas Novembru, murak no naruk, Hanesan hanoin ida halai liu anin Hanesan mós hameno ida semo aas liu lalehan... Hau hanoin-hikas Novembru, Midar no terus, no mataben maran, Maibé udan foun fase tiha ona Atu bele haburas, ohin no aban, ita rain Timor. Fila fali mai hau nian lisan, Laran sei kanek hela husi terus, haree ba kotuk, Laran metin mós ba dalan oin Subar hela iha labarik sira nian hamnasa... Foin la´o fali ho hau nian ema, Ema ne´ebé uluk la´o mesak, Ema ne´ebé uluk laran moras, Ema ne´ebé uluk liu hotu-hotu haluha... Hau fiar dala ida tan iha Ai Krús ida ne´e, Krús ne´ebé reinu mós lalin tuir Hodi tanen ita hotu nian todan. Hau hanoin ema ne´ebé la’mate iha Masakre, Tahan to´o ohin sira nia barani, Tula to´o ohin sira nia terus, sira nia susar...
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Hau hanoin ida ne´e hanesan todan ida Atu fahe mai ita hotu ema Timor oan moris, Atu labele haluha raan-fakar ho domin!!! Hau hanoin klosan sira mate iha Novembru, Hodi ne´e hau harii fali fiar uluk hirak ne´e: Iha mate isin foin sa´e sira nian Hau harii ita nia libertasaun nudar Povu!!! Iha rate Santa Krús, Fatin lulik klosan Timor oan sira nian, Hau haburas ukun aan rain Timor Loro Sa’e nian!!!
Penso nos mortos de Novembro E voltam as certezas de outrora: Sobre aqueles corpos tragicamente jovens, Interrompidos no fulgor da vida e do amor,
Penso nos mortos de Nov E voltam as certezas de ou Sobre aqueles corpos tragi Interrompidos no fulgor d Penso nos mortos de Novembro E voltam as certezas de outrora: Sobre aqueles corpos tragicamente jovens, Interrompidos no fulgor da vida e do amor, Cantei o meu sonho de liberdade!!! E sobre o chão duro e fértil de Santa Cruz, Símbolo indestrutível da juventude timorense, Plantei para sempre A independência de Timor Loro Sa’e!!!
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Com o Patrocínio:
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Hau hanoin klosan sira mate iha Novembru, Hodi ne´e hau harii fali fiar uluk hirak ne´e: Iha mate isin foin sa´e sira nian Hau harii ita nia libertasaun nudar Povu!!! Iha rate Santa Krús, Fatin lulik klosan Timor oan sira nian, Hau haburas ukun aan rain Timor Loro Sa’e nian!!!
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