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Linha Direta INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO

Crédito versus inadimplência Especialista em recuperação e análise de créditos fala sobre as expectativas econômicas para este ano

PROJETO SOCIAL Em busca da paz

EDIÇÃO 178 ANO 16 - JANEIRO 2013

EVOLUÇÃO CULTURAL Do fim ao começo: a crise e os dias atuais

AMBIENTE COMPETITIVO 2013... O ano que já começou

GESTÃO Construção de escolas capacitadoras

FAMÍLIA Contribuição no desenvolvimento da escrita

Rui Cesar Rezende

Patricia Brun


editorial

Sucesso em 2013

Éxitos en 2013

Mais um ano se inicia e, com ele, a expectativa da realização de novos projetos. Esse é o momento de refletir sobre o ano que passou comemorando acertos, corrigindo erros, alterando rotas e definindo novas metas. Para que tudo transcorra bem, são necessários planejamento e uma boa dose de dedicação. Nesta primeira edição do ano, a equipe da Linha Direta preparou uma entrevista com o advogado José Augusto de Rezende Júnior, diretor operacional da J.A.Rezende Assessoria. O assunto é uma das grandes preocupações dos gestores educacionais: a inadimplência nas instituições de ensino. Outros temas de igual importância, que permeiam a educação e tiram o sono dos gestores, também estão sendo tratados, aqui, por especialistas e educadores respeitados nacional e internacionalmente. Assim, esperamos poder contribuir com o planejamento anual de nossos parceiros, apresentando ideias, fornecendo subsídios e trocando experiências. A todos nós, muito mais sucesso em 2013!

Un año más que se inicia y, con él, la expectativa de la realización de nuevos proyectos. Este es el momento de reflexionar sobre el año que pasó conmemorando aciertos, corrigiendo errores, alterando rutas y definiendo nuevas metas. Para que todo transcurra bien, son necesarios planeamiento y una buena dosis de dedicación. En esta primera edición del año, el equipo de Linha Direta preparó una entrevista con el abogado José Augusto de Rezende Júnior, director operacional de J.A.Rezende Assessoria. El asunto es una de las grandes preocupaciones de los gestores educacionales: el incumplimiento de pago en las instituciones de enseñanza. Otros temas de igual importancia, que permeabilizan la educación e incomodan el sueño de los gestores, también están siendo tratados, aquí, por especialistas y educadores respetados nacional e internacionalmente. De esta manera, esperamos poder contribuir con el planeamiento anual de nuestros compartes, presentando ideas, proveyendo subsidios e intercambiando experiencias. Para todos nosotros, muchos más éxitos en 2013!

Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta

Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta

Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, Fundação L’Hermitage e Sieeesp

Presidente Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Editora Valéria Araújo – MG 16.143 JP Designer Gráfico Rafael Rosa Atendimento Flávia Alves Passos Estagiário de Jornalismo Renan Costa Coelho Preparadora de Texto/Revisora Cibele Silva Tradutor/Revisor de Espanhol Gustavo Costa Fuentes - RFT1410 Consultor Editorial Ryon Braga Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas Consultora para o Ensino Superior Maria Carmem T. Christóvam

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Revista Revista Linha Linha Direta Direta

Conselho Consultivo Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sinepe/CE Amábile Pacios Presidente da Fenep Antônio Lúcio dos Santos Presidente do Sinepe/RO Átila Rodrigues Presidente do Sinepe/Triângulo Mineiro Benjamin Ribeiro da Silva Presidente do Sieeesp Cláudia Regina de Souza Costa Presidente do Sinepe/RJ Dalton Luís de Moraes Leal Presidente do Sinepe/PI Emiro Barbini Presidente do Sinep/MG Fátima de Mello Franco Presidente do Sinepe/DF Fátima Turano Presidente do Sinepe/NMG Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Gelson Menegatti Filho Presidente do Sinepe/MT Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp

Ivana de Siqueira Diretora da OEI em Brasília Ivo Calado Asepepe Jacir J. Venturi Presidente do Sinepe/PR – Curitiba Jorge de Jesus Bernardo Presidente da Abrafi e do Semesg José Carlos Barbieri Presidente do Sinepe/NOPR José Carlos Rassier Secretário Nacional da ABM Krishnaaor Ávila Stréglio Presidente do Sinepe/GO Manoel Alves Presidente da Fundação Universa Marco Antônio de Souza Presidente do Sinepe/NPR Marcos Antônio Simi Presidente do Sinepe/Sul de Minas Maria da Gloria Paim Barcellos Presidente do Sinepe/MS Maria Nilene Badeca da Costa Presidente do Consed Miguel Luiz Detsi Neto Presidente do Sinepe/Sudeste/MG

Natálio Dantas Presidente do Sinepe/BA Odésio de Souza Medeiros Presidente do Sinepe/PB Osvino Toillier Presidente do Sinepe/RS Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Paulo Sérgio Machado Ribeiro Presidente do Sinepe/AM Pe. João Batista Lima Presidente do Sinepe/ES Suely Melo de Castro Menezes Vice-presidente do Sinepe/PA Thiers Theófilo do Bom Conselho Neto Presidente da Fenen Victor Maurício Nótrica Presidente do Sinepe/Rio Pré-Impressão e Impressão Rona Editora – 31 3303-9999 Tiragem: 20.000 exemplares As ideias expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.

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conexão linha direta

©tlorna/PhotoXpress

Dirceu Moreira*

O ESPINHO educacional e organizacional N

um certo condado corporativo educacional havia um líder que era consultor de relacionamentos e tinha como hábito fazer suas caminhadas matinais de pés descalços, ao longo de um caminho arenoso próximo à sua ala residencial. Essa atividade, quase que diária, o ajudava a aliviar o estresse. Certo dia, porém, inadvertidamente pisou num espinho. Deu uma parada rápida, passou a mão no pé e sentiu apenas uma leve dor local, mas continuou sua caminhada sem dar a devida atenção àquela dorzinha. À medida que o tempo ia passando, os sintomas foram piorando, e só então ele Revista Linha Direta

resolveu procurar ajuda médica. Acabou com três diagnósticos nas mãos. O primeiro médico examinou seu pé, olhou atentamente para o vermelhão e disse: “Meu jovem, você tem um belo espinho espetado bem no meio do pé. Está inflamado, você precisa de cuidados.” O segundo especialista, também após examinar o local, disse: “Seu pé está muito inflamado, trata-se de um espinho que penetrou obliquamente no meio dele, provocando uma lesão em um dos nervos, que já apresenta formação de pus; se isso não for removido


dentro de três dias, as coisas podem se complicar.” O terceiro diagnosticou inchaço, inflamação, pus, febre e ainda identificou o espinho, que era de laranjeira, portanto muito perigoso, e terminou a consulta com um sermão, recomendando-lhe que procurasse andar e fazer suas caminhadas de tênis ou qualquer outro calçado para não acontecer mais esse tipo de incidente, afinal ele não era mais nenhuma criança que desconhecesse tais perigos. No dia seguinte, um de seus grandes amigos, ao vê-lo mancando, perguntou: – O que aconteceu? – Um maldito espinho! – Se o seu problema é espinho, eu conheço um especialista que vai resolver. – Por favor, não me venha com mais um desses pseudogurus! – Não, pode ficar tranquilo, aqui está o nome e o endereço do senhor Pinho. No dia seguinte, o consultor de relacionamentos chegou ao endereço indicado mancando, com o pé inchado, dolorido, inflamado e com febre, mal podendo pisar no chão. O especialista o examinou rapidamente e constatou, como os anteriores, que se tratava de um espinho. Pegou uma pinça e puxou o espinho de uma só vez. O homem não gritou, ele uivou de tanta dor, e proferiu palavrões. Mas a partir daquele momento a dor diminuiu, logo depois os outros sintomas foram amenizando, e em pouco tempo o sujeito estava curado e de volta à sua vida normal. Intrigado, ele voltou ao senhor Pinho para tirar uma dúvida:

– Senhor Pinho, um dos especialistas me deu um sermão, praticamente me chamou de irresponsável. O que o senhor acha? – Eu não acho nada, eu só resolvo uma parte do problema; a outra é com você! – Mas o senhor não é um guru nesses assuntos? – Esse é o problema de querer respostas e soluções prontas para tudo, como se tudo na vida fosse um receituário. Os verdadeiros gurus não trazem o bolo pronto, no máximo poderão lhe trazer os ingredientes. Por vezes nem os trazem, porque o outro já os tem dentro de si, eles apenas facilitam para que os encontre. Assim fazem os verdadeiros líderes, professores, políticos, religiosos etc. – Mas não é esse o seu papel?, interrogou o consultor. – Não. Eu apenas retiro espinhos. Eu não os faço e nem os coloco nos caminhos das pessoas. Em determinadas situações, eu apenas facilito a retirada deles, porque os espinhos nos estimulam a buscar soluções para os problemas. Que espécie de coach é você? Como vai ajudar pessoas a resolverem problemas se fica o tempo todo procurando respostas prontas? Um coach de primeira viagem precisa saber que os pés e os espinhos têm muitas coisas em comum. Um representa a busca, as metas, os objetivos; o outro, os obstáculos. Qualquer um que for eliminado atrapalha a caminhada. Continue caminhando, porque os espinhos mais difíceis de retirar precisam de um bisturi psicológico, visto que estão tão profundamente internalizados nas pessoas que irão exigir bastante competência. Para se

tornar um verdadeiro coach, ou líder, é preciso transformarse, superar seus obstáculos e transcender seus objetivos, ir do ter para o ser. Pense nisso: os espinhos das árvores doem no corpo, mas os espinhos do ser humano doem na alma. Eles são mais comuns do que se possa imaginar e se disfarçam facilmente, mas a dor é a mesma. Eles estão nos medos, ressentimentos, nas crenças negativas, frustrações, baixa autoestima e nos sete pecados capitais; permeiam os pântanos das relações humanas nas escolas e nas empresas. Não queira liderar pessoas quando não lidera a si mesmo. Não comande se não consegue obedecer a si mesmo. Humildade! Só assim estará aberto à doutrina do coração e pensará com ele. Abra-se à doutrina da mente e aprenderá a sentir com ela. Seja flexível. Para concluir, cito uma frase do professor Henrique José de Souza: “O verdadeiro homem é aquele que não fica radicado nas mesmas ideias.” Não tente jamais evitar a mudança, porque, na pior das hipóteses, infalivelmente ela o tornará uma estátua de sal. O universo é pleno de mudanças. O verdadeiro líder, aquele tirador de espinhos, muda na própria mudança. Educadores retiram espinhos todos os dias.  *Psicólogo, psicoterapeuta, pedagogo. Doutor honoris causa em Psicologia das Relações Humanas, consultor em Potenciais Humanos na Educação e RH, autor de 13 livros e palestrante do Conexão Linha Direta www.dirceumoreira.com.br Revista Linha Direta


capa

Crédito versus inadimplência Especialista em recuperação e análise de créditos fala sobre as expectativas econômicas para este ano

Revista Linha Direta


Divulgação

O

cenário econômico no ano de 2012 ficou marcado pela crise europeia que ultrapassou fronteiras e se espalhou pelo mundo. No Brasil, para estimular o consumo e minimizar os efeitos da desaceleração econômica, o governo adotou algumas medidas, como, por exemplo, a redução da Taxa Básica de Juros. O cenário faz com que os bancos aumentem o crédito para seus clientes, o que tem gerado um preocupante quadro de inadimplência, que afeta diversos segmentos da economia, inclusive o setor privado de educação. Gestores educacionais veem com preocupação o panorama atual, que pode fazer o planejamento das instituições ir por água abaixo. A boa notícia para os gestores é que 2013 promete ser, do ponto de vista econômico, um ano mais tranquilo para o País. É o que afirma o advogado José Augusto de Rezende Júnior, diretor operacional da J.A.Rezende Assessoria. Para ele, a crise financeira deve desacelerar no ano que se inicia. Em entrevista à Linha Direta, José Augusto fala de suas expectativas para a economia neste ano e sobre as influências desse cenário no setor privado de educação. Ele ainda mostra como as instituições devem agir em casos de inadimplência e ensina como preveni-los.

José Augusto de Rezende Júnior, diretor operacional da J.A.Rezende Assessoria

Como especialista em recuperação e análise de créditos, como o senhor vê o cenário econômico brasileiro para este ano que se inicia? Durante o ano de 2012, principalmente no primeiro semestre, o mercado de crédito brasileiro sofreu com o aumento dos índices de inadimplência, levando os bancos privados a restringir a oferta de crédito e a endurecer sua concessão. Como não poderia deixar de ser, o setor educacional sofreu diretamente as consequências. Para 2013, esperamos um cenário mais estável e de melhora dos índices econômicos, com consequente queda da inadimplência. Precisamos estar cientes de que, mesmo com essa melhora, ficaremos aquém de 2010 e do

início de 2011. Dessa forma, o mercado de ensino precisa se preparar para recuperar o residual da inadimplência de 2012 e controlar a inadimplência corrente, oferecendo aos alunos opções de negociação e financiamento. A oferta de crédito dos últimos meses no País pode gerar, em sua opinião, mais inadimplência? E no setor educacional, em especial? A população está extremamente endividada, resultado da expansão do crédito e da concessão desmedida, muitas vezes sem critérios. A oferta de crédito em 2012 foi protagonizada pelos bancos públicos, que passaram a deter, sozinhos, mais de 40% do volume de crédito no Revista Linha Direta


Brasil. Pessoas endividadas recorreram a taxas baixas praticadas pelos bancos públicos para “trocar” de dívida. Segundo levantamento que realizamos, a maioria dos alunos inadimplentes com a mensalidade escolar possui entre duas e três dívidas no mercado financeiro e no comércio, algo que não acontecia antes. As instituições de ensino devem considerar essa nova realidade na sua relação com o inadimplente. A oferta de crédito com juros menores facilita as renegociações de débitos? A oferta de crédito com juros menores poderá refletir positivamente nas renegociações de débitos, pois reduz o valor das parcelas, adequando-se à renda do aluno. No caso do setor educacional, caberá à instituição se posicionar como facilitadora do acesso do aluno ao crédito barato. Hoje, o trabalho de recuperação de créditos e de redução da inadimplência passa pelo crédito educacional governamental, o Fies, e pelo Prouni. Que fatores econômicos podem contribuir para que a inadimplência diminua? Os principais fatores interligados são a retomada do crescimento econômico do País, o aumento da renda e a manutenção dos índices de empregabilidade. É possível atuar de forma preventiva para reduzir a inadimplência? Sim. Existem ações de caráter preventivo no controle da inadimplência. Nas instituições que assessoramos, procedemos à cobrança cerca de 20 dias Revista Linha Direta

após o vencimento da mensalidade. Procuramos identificar o perfil socioeconômico do aluno, a fim de propor-lhe uma solução realista, que pode ser o pagamento à vista, parcelado ou mesmo seu enquadramento no Fies, evitando sua evasão ao final do semestre.

rante o semestre ou ano mesmo inadimplentes; as medidas administrativas ou judiciais são permitidas somente após 90 dias do atraso da parcela, e só na rematrícula a instituição tem a faculdade de recusar que os inadimplentes cursem o próximo período letivo.

As instituições de ensino estão preparadas para agir em casos de inadimplência?

As empresas especializadas em recuperação e análise de créditos fazem a gestão da inadimplência educacional. O que está envolvido nessa gestão?

Nos últimos 10 anos, presenciamos um grande avanço em muitas instituições, mas ainda existem aquelas que não se estruturaram ou procuraram ajuda externa para desenvolver uma política de crédito e cobrança adequada. O que fazer para desvincular a gestão financeira da acadêmica? É fato que uma instituição de ensino precisa de recursos para funcionar adequadamente, provendo estrutura e ensino de qualidade. Para que a gestão acadêmica cumpra seu papel na educação, tem se tornado fundamental o fortalecimento da gestão financeira, sobretudo com sua profissionalização. Anos atrás, quem ditava os rumos da instituição era a área acadêmica; hoje, é a gestão financeira que diz o que tem ou não condições de ser feito, através de um planejamento estratégico e de um orçamento. O que é importante ressaltar sobre a legislação brasileira em relação à recuperação de créditos educacionais? Na legislação, não ocorreram grandes mudanças concernentes à inadimplência. Os alunos continuam podendo estudar du-

O trabalho de controle da inadimplência, como já disse aqui, consiste em uma série de ações planejadas envolvendo atualização cadastral e localização, cobrança e negociação com o aluno. Faz parte ainda dessas ações a análise do perfil socioeconômico do aluno, a fim de oferecer-lhe a melhor solução no pagamento das mensalidades, seja negociando ou o auxiliando na busca pelo Fies ou Prouni. O senhor mencionou o Fies e o Prouni como instrumentos de redução da inadimplência. As instituições de ensino têm aderido a esses programas? Poucas instituições têm aproveitado esses programas com todo o seu potencial. Para tanto, elas precisam ter um plano estratégico adequado e estrutura física própria ou terceirizada. Procuramos implantar essa cultura e promover a captação de alunos que se enquadrem nos programas de financiamento ou bolsa, reduzindo a evasão escolar, a inadimplência e aumentando a base de alunos da instituição. O segredo não é apenas cobrar, mas encontrar uma solução que seja boa para o aluno e para a instituição. 


ações de cidadania

Em busca da paz Instituto gaúcho realiza ações de prevenção à violência

O

que motiva a realização de boas ações? O desejo de ajudar a quem precisa, o anseio de oferecer uma palavra de carinho em um momento delicado, ou, ainda, o puro e simples prazer de realizar boas ações em prol da felicidade alheia? Uma coisa é certa: a dor do outro motiva a vontade de se fazer necessário. E foi pela dor de uma família que uma comunidade resolveu se unir para dar às crianças e jovens do lugar melhores condições de vida. O ano era 2006. O local, uma vila localizada na região oeste de São Leopoldo/RS, uma região com altos índices de violência relacionada a criminalidade, venda e uso de drogas e pequenos furtos. Na época, muitos adolescentes da região estavam envolvidos nesses movimentos. A família de Lenon tinha um pequeno mercado na região. Ele participava do time de futebol da vila. No dia 18 de setembro, aconteceu um assalto no mercado. Revista Linha Direta

Dois jovens conhecidos da família entraram no estabelecimento e fizeram a mãe de Lenon refém. Eles invadiram a casa da família, que ficava na parte de cima. O rapaz estava em casa e, ao ver os assaltantes com uma arma apontada para sua mãe, se assustou, levantou-se rapidamente do sofá e acabou assustando o assaltante, que lhe deu um tiro na cabeça. Com a morte do jovem Lenon Joel Backes, de 18 anos, a família decidiu deixar a cidade como forma de amenizar a dor. A comunidade, já cansada dos casos de violência e tráfico de drogas recorrentes na época, resolveu se unir para tentar dar fim a esses problemas e organizou, então, uma passeata, que reuniu cerca de 4 mil pessoas. O movimento tinha também a intenção de convencer Noli Claudemir Backes, pai do jovem Lenon, a permanecer na cidade, já que, na época, ele era um importante líder comunitário.

A iniciativa deu certo, e Noli não só resolveu ficar em São Leopoldo, como também decidiu criar, com o apoio dos moradores, um espaço para que a questão da violência na cidade fosse discutida. As reuniões começaram a acontecer e ficou claro que era preciso trabalhar na prevenção desses casos de violência, dando aos jovens da comunidade condições de buscar uma vida mais digna, longe da criminalidade. Assim nasceu o Instituto Lenon Joel Pela Paz.


Fotos: Divulgação

Atividades do Instituto Lenon Joel Pela Paz

Criança Esperança O belo trabalho realizado pela instituição foi reconhecido em 2011 pelo Criança Esperança, projeto realizado pela Rede Globo em parceria com a UNESCO. A coordenadora de projetos do Instituto, Fernanda Appelt ­Fiúza, diz que o apoio do programa Criança Esperança contribuiu para solucionar um problema que a instituição enfrentava até então. “Vínhamos

percebendo que, mesmo que todos soubessem da nossa proposta de afastá-los do tráfico de drogas ou da prostituição, eles, ainda assim, precisavam ganhar algum dinheiro para sobreviver, então recorriam a esses meios. Dessa forma, resolvemos oferecer aos alunos cursos profissionalizantes,­ como um complemento das atividades. O Criança Esperança apostou nessa ideia e possibilitou ao Instituto a compra de todo o material necessário para a realização

dos cursos, além do pagamento dos ­professores.” A iniciativa deu certo e, este ano, o projeto deverá se estender. “Atualmente, oferecemos cursos em duas áreas: embelezamento, que inclui pedicure, manicure e maquiagem, e o de manutenção de computadores. Em 2013, vamos criar dois espaços fixos de atendimento para o curso de embelezamento, para que as alunas possam trabalhar no salão Revista Linha Direta


dentro do Instituto e ganhar seu dinheiro, porque muitas vezes elas aprendem com o curso, mas não conseguem exercer o ofício porque são tímidas e não sabem correr atrás”, conta Fernanda. O Criança Esperança possibilitou ainda a compra de todo o material didático para as atividades dos alunos mais jovens, e também de jogos educativos que auxiliam no desenvolvimento dessas crianças. Para Fernanda, a ajuda do Criança Esperança é de fundamental importância. “Os resultados dessa parceria são totalmente positivos, tanto naquilo que se refere ao acolhimento dos educandos quanto no encaminhamento para o mundo, porque os alunos chegam aqui ainda crianças, e poder oferecer a eles a oportunidade de se relacionar, e de brincar, e depois dar a eles um curso que Revista Linha Direta

vá lhes oferecer chances profissionais nos dá a sensação de que estamos cumprindo com nossa tarefa. E ter o Criança Esperança envolvido nesse projeto faz toda a diferença, porque sem o programa a instituição não conseguiria pensar e manter uma proposta como essa”, assinala a coordenadora. Atividades Fernanda fala, ainda, das atividades que os alunos desempenham no Instituto, e como cada uma delas é desenvolvida. “Hoje, a ONG atende a 230 crianças e adolescentes da cidade. Elas chegam aqui aos 6 anos de idade e podem ficar até os 17 anos. Temos as oficinas de Hora aula, que são oficinas de música, teatro, dança, informática, artesanato e esporte, abertas para crianças com uma estrutura familiar mínima, ou seja, que

possuem mãe, pai, frequentam regularmente a escola e procuram algo a que se dedicar no período em que não estão em sala de aula”, explica. Por sua vez, as crianças mais carentes passam por um período de adaptação antes de realizarem as atividades coletivas. Segundo Fernanda, os professores desenvolvem atividades específicas com essas crianças, trabalhando o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, já que elas muitas vezes não possuem pai ou mãe e moram em casas sem as mínimas condições de vida, ou seja, sem higiene e até mesmo sem comida. Ela diz que são realizadas também atividades de inclusão recreativas e lúdicas, para trabalhar a sociabilidade dessas crianças. Assim, na medida em que vão se socializando e começam a se perceber como sujeito de um grupo,


Crianças atendidas pelo projeto

elas passam a ser inseridas nas oficinas. Além disso, são realizados grandes eventos durante o ano, com o objetivo de gerar nos atendidos um engajamento com as causas de cunho social, cultural e ambiental. Fernanda diz que os eventos também são importantes para que a comunidade, e principalmente os pais dos participantes, possam conhecer o trabalho do Instituto. “O Passeio ciclístico acontece em novembro, e é um evento em que tentamos realizar alguma ação voltada para o universo ecológico. Ano passado, por exemplo, plantamos árvores na frente de uma escola da região. Já o Sarau cultural acontece sempre no fim do ano, porque é quando as crianças podem levar para a família os resultados do trabalho realizado. Então elas trazem os pais e irmãos

para conhecerem nosso trabalho. Esse também é o intuito do Encontro leopoldense pela paz, que tem como objetivo trazer a comunidade para dentro da instituição. Geralmente, ele tem atrações musicais e ocorre em um dia em que prestamos alguns serviços para a comunidade”, diz Fernanda. “Temos também um jantar-baile, que fazemos anualmente. Vendemos convites para esse jantar, e toda a renda do evento é revertida para o projeto. Além disso, promovemos um brechó que ajuda na obtenção de recursos. Criamos a marca Lenon, recentemente, que entra no mercado agora, vendendo produtos para que possamos gerar renda de forma sustentável. A marca Lenon tem a intenção de vender produtos para ajudar a instituição e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas contribuam com esse trabalho social”, explica.

Além do Criança Esperança, a ONG conta ainda com outros parceiros, que reconheceram a importância do projeto para a cidade e para o futuro dos jovens assistidos. Os governos estadual e municipal, por exemplo, são parceiros da iniciativa, e realizam, com suas próprias forças, ações de obtenção de renda para a instituição. Premiações Não demorou muito para que o trabalho ali realizado fosse reconhecido. O Instituto acumula prêmios que explicitam a importância do trabalho para a comunidade de São Leopoldo. O projeto recebeu, por exemplo, em 2008, o Prêmio Paulo Freire, que reconhece atividades sociais e escolares importantes. O Instituto foi premiado ainda na categoria especial do Festival de Cinema de Gramado, com o vídeo institucional que conta a sua história.  Revista Linha Direta


espaço ibero-americano

espacio iberoamericano

Arte-educação, culturas e identidades

A

arte é uma área de conhecimento complexa, pois trabalha com cognição e emoção em todas as suas atividades. Considerando que a arte-educação é um campo integrado e político, é necessário estarmos atentos aos saberes culturais diversos, ao modo como esses saberes se integram a diversas formas de expressão e como eles são ensinados e aprendidos nos diversos espaços onde a arte-educação está presente. A construção da identidade pessoal está diretamente ligada à construção da identidade cultural, não sendo apenas parte dela, mas elementos que se influenciam mutuamente. Propiciar espaços de construção que respeitem a cultura e o sujeito como indivíduo é tarefa desafiadora para os arte-educadores.

©olly/PhotoXpress

A arte é um conhecimento sensível que exige coordenação de ações e emoções. Como área de conhecimento, é passível de ensinamento e aprendizagem; e como toda área de conhecimento, está intrinsecamente ligada ao social. Essa aprendizagem se dá, portanto, numa rede de espaços formais e não formais de educação e de ensino.

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Lucia G. Pimentel*


Arte-educación, culturas e identidades

E

l arte es un área de conocimiento compleja, pues trabaja con cognición y emoción en todas sus actividades. Considerando que el arte-educación es un campo integrado y político, es necesario que estemos atentos a las sabidurías culturales diversas, al modo en que esas sabidurías se integran a diversas formas de expresión y cómo ellas son enseñadas y aprendidas en los diversos espacios donde el arte-educación está presente. La construcción de la identidad personal está directamente conectada a la construcción de la identidad cultural, no siendo apenas parte de ella, sino elementos que se influencian mutuamente. Propiciar espacios de construcción que respeten la cultura y al sujeto como individuo es tarea desafiadora para los arte-educadores. El arte es un conocimiento sensible que exige coordinación de acciones y emociones. Como área de conocimiento, es pasible de enseñamiento y aprendizaje; y como toda área de conocimiento, está intrínsecamente conectada a lo social. Ese aprendizaje se da, por lo tanto, en una red de espacios formales y no formales de educación y de enseñanza.

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Considero espaço formal o que tem intenção educativa ou de aprendizagem, seja acadêmico ou não. Assim, podemos ter espaços formais em escolas, museus, comunidades etc., onde a formalidade se dá não pelo diploma ou certificado, mas pela intencionalidade de promover processos educativos. Nesse sentido, os espaços de arte-educação têm grande responsabilidade quanto à formação de sujeitos humanos em toda a sua potencialidade. Se a escola tem a responsabilidade de trabalhar com o raciocínio artístico a partir das informações que o aluno ali recebe e das que traz de fora da escola – a maioria, nos dias de hoje –, os demais espaços formais de arte-educação devem propiciar conexões possíveis para além dos muros da escola, ampliando as capacidades de pensamento artístico em todas as suas vertentes, seja no fazer, no fruir ou no contextualizar. Nas atividades artísticas, é necessário dar atenção ao cotidiano social, cultural e individual dos educandos. Pressupõe-se que as pessoas que coordenam e ministram atividades de arte-educação ou de ensino de arte tenham formação contínua na área e experiências em exposições, concertos, museus, seminários, encontros, palestras etc. Essa é uma condição de princípio para que estejam atualizadas tanto em relação à produção artística contemporânea quanto ao que se pesquisa e se estuda na área.

... é necessário estarmos atentos aos saberes culturais diversos... // ... es necesario que estemos atentos a las sabidurías culturales diversas... A arte, como forma de vida, tem componentes sociais, culturais e políticos que lhe são intrínsecos. Somos sujeitos sociais porque é no contexto social que forjamos nossas identidades, tanto como indivíduos quanto como grupos; somos sujeitos culturais porque é na cultura que reconhecemos e exploramos nossas potencialidades de sujeitos coletivos, que têm uma herança a ser respeitada e dinamizada nas ações atuais,­ no que vivemos hoje; e somos sujeitos políticos porque nossas escolhas pessoais e grupais direcionam reformulações conceituais de comportamento, de modos de explorar e influenciar o mundo e a imaginação, de participar da história com nossas ações ou nossas omissões. Revista Linha Direta

A identidade, então, é definida historicamente (e não biologicamente). Ela se forma e se transforma continuamente em relação aos sistemas culturais que nos rodeiam. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos. Isso se dá, em grande parte, porque as sociedades atualmente estão em mudança constante, rápida e, por vezes, conflitante. Sendo as sociedades mutantes, com dinâmicas cada vez mais aceleradas, são também caracterizadas pela diferença, produzem diferentes identidades. As sociedades sobrevivem não porque são unificadas, mas porque podem articular-se a partir das diferentes identidades, mantendo uma estrutura de identidade permanente. Elas desarticulam as identidades estáveis do passado, mas também abrem a possibilidade de criação de novas identidades e de produção de novos sujeitos. Assim, a identidade é algo formado, ao longo do tempo, através de processos. Existe sempre algo “imaginário” ou fantasiado sobre sua unidade. Ela permanece sempre incompleta, está sempre em processo, sempre sendo formada. As histórias e as literaturas nacionais, a mídia e a cultura popular fornecem uma série de histórias, imagens, panoramas, cenários, eventos históricos,


©Elena Schweitzer/PhotoXpress

Considero espacio formal al que tiene intención educativa o de aprendizaje, sea académico o no. Así, podemos tener espacios formales en escuelas, museos, comunidades etc., donde la formalidad se da no por el diploma o certificado, sino que por la intencionalidad de promover procesos educativos. En ese sentido, los espacios de arte-educación tienen gran responsabilidad en referencia a la formación de sujetos humanos en toda su potencialidad. Si la escuela tiene la responsabilidad de trabajar con el raciocinio artístico a partir de las informaciones que el alumno allí recibe y de las que trae de fuera de la escuela – la mayoría, en los días de hoy –, los demás espacios formales de arte-educación deben propiciar conexiones posibles para más allá de los muros de la escuela, ampliando las capacidades de pensamiento artístico en todas sus vertientes, sea en el hacer, en el disfrutar o en el contextualizar. En las actividades artísticas, es necesario prestar atención al cotidiano social, cultural e individual de los alumnos. Se presupone que las personas que coordinan y administran actividades de arte-educación o de enseñanza de arte tengan formación continuada en el área y experiencias en exposiciones, conciertos, museos, seminarios, encuentros, ponencias etc. Esa es una

condición de principio para que estén actualizados tanto en relación a la producción artística contemporánea como a lo que se pesquisa y se estudia en el área. El arte, como forma de vida, tiene componentes sociales, culturales y políticos que le son intrínsecos. Somos sujetos sociales porque es en el contexto social que forjamos nuestras identidades, tanto como individuos o como grupos; somos sujetos culturales porque es en la cultura que reconocemos y exploramos nuestras potencialidades de sujetos colectivos, que tienen una herencia a ser respetada y dinamizada en las acciones actuales, en lo que vivimos hoy; y somos sujetos políticos porque nuestras decisiones personales y grupales direccionan reformulaciones conceptuales de comportamiento, de modos de explorar e influenciar al mundo y la imaginación, de participar de la historia con nuestras acciones o con nuestras omisiones.

A arte é um conhecimento sensível... // El arte es un conocimiento sensible...

La identidad, entonces, es definida históricamente (y no biológicamente). Ella se forma y se transforma continuamente en relación a los sistemas culturales que nos rodean. El sujeto asume identidades distintas en diferentes momentos. Esto se da, en gran parte, porque las sociedades actualmente están en cambio constante, rápido y, en ocasiones, conflictivo. Siendo las sociedades mutantes, con dinámicas cada vez más aceleradas, son también caracterizadas por la diferencia, producen diferentes identidades. Las sociedades sobreviven no porque son unificadas, sino porque pueden articularse a partir de las diferentes identidades, manteniendo una estructura de identidad permanente. Ellas desarticulan las identidades estables del pasado, pero también abren la posibilidad de creación de nuevas identidades y de producción de nuevos sujetos. Así, la identidad es algo formado, a lo largo del tiempo, a través de procesos. Existe siempre algo “imaginario” o fantástico sobre su unidad. Ella permanece siempre incompleta, está siempre en proceso, siempre siendo formada. Revista Linha Direta


símbolos e rituais nacionais que simbolizam ou representam as experiências partilhadas, as perdas, os triunfos e os desastres que dão sentido à nação. Pensar as culturas nacionais como unificadas acaba sendo um equívoco, pois o melhor seria pensálas como constituintes de um dispositivo discursivo que representa a diferença como unidade ou identidade. Elas são atravessadas por profundas divisões e diferenças internas, sendo “unificadas” apenas através do exercício de diferentes formas de poder cultural. É fato que há um impacto da globalização sobre a identidade, mas há a possibilidade de que a globalização possa levar a um fortalecimento de identidades locais ou à produção de novas identidades. A globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar as identidades centradas e “fechadas” de uma cultura nacional. Ela tem um efeito pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas, e menos fixas, unificadas ou trans-históricas.

A identidade (...) é definida historicamente... // La identidad (...) es definida históricamente...

Entretanto, seu efeito geral permanece contraditório. Algumas culturas tentam recuperar sua pureza anterior e recobrir as unidades e certezas que são sentidas como se tivessem sido perdidas. Outras aceitam que as identidades estão sujeitas ao plano da história, da política, da representação e da diferença e, assim, é improvável que elas sejam outra vez unitárias ou “puras”. Arte como conhecimento A arte é um conhecimento sensível, um modo de pensar, de chegar a criações inusitadas e estéticas, de propor novas formas de ver o mundo e de apresentá-lo com registros diferenciados. É uma construção humana que envolve relações com os contextos cultural, socioeconômico, histórico e político. Revista Linha Direta

Criar, ensinar e aprender arte é ação progressiva que supõe movimento externo e interno, transversalidade, trabalho com experiências individuais e coletivas, reflexões sobre o que se ensina e o que se aprende. A escola oferece informação e fomenta experiências significativas que crianças e jovens podem desenvolver, buscando seu potencial artístico como produtores e/ou como fruidores de arte. Se não se questiona se vamos formar matemáticos, historiadores ou geógrafos para ensinar matemática, história ou geografia na escola, por que declarar que não vamos formar artistas? Nossa responsabilidade frente a nossas opções não está restrita a um processo educacional localizado somente na sala de aula, no contato escolar ou em um espaço educativo. Ela refletirá nossas próprias concepções como indivíduos sociais, culturais e, portanto, políticos. Pelo ensino-aprendizagem de arte,


Las historias y las literaturas nacionales, los medios de comunicación y la cultura popular proveen una serie de historias, imágenes, panoramas, escenarios, eventos históricos, símbolos y rituales nacionales que simbolizan o representan las experiencias compartidas, las pérdidas, los triunfos y los desastres que dan sentido a la nación. Pensar las culturas nacionales como unificadas acaba siendo una equivocación, pues lo mejor sería pensarlas como constituyentes de un dispositivo discursivo que representa la diferencia como unidad o identidad. Ellas son atravesadas por profundas divisiones y diferencias internas, siendo “unificadas” apenas a través del ejercicio de diferentes formas de poder cultural. Es un hecho que hay un impacto de la globalización sobre la identidad, pero existe la posibilidad de que la globalización pueda llevar a un fortalecimiento de identidades locales o a la producción de nuevas identidades.

La globalización tiene, sí, el efecto de contestar y dislocar las identidades centradas y “cerradas” de una cultura nacional. Ella tiene un efecto pluralizado sobre las identidades, produciendo una variedad de posibilidades y nuevas posiciones de identificación y tornando las identidades más posicionales, más políticas, más plurales y diversas, y menos fijas, unificadas o etnohistóricas. Entretanto, su efecto general permanece contradictorio. Algunas culturas intentan recuperar su pureza anterior y recubrir las unidades y certidumbres que son sentidas como si hubiesen sido perdidas. Otras aceptan que las identidades están sujetas al plano de la historia, de la política, de la representación y de la diferencia y, así, es improbable que ellas sean otra vez unitarias o “puras”. Arte como conocimiento El arte es un conocimiento sensible, un modo de pensar, de llegar a creaciones inusitadas y estéticas, de proponer nuevas formas de ver el mundo y de presentarlo con registros diferenciados. Es una construcción humana que involucra relaciones con los contextos cultural, socioeconómico, histórico y político. Crear, enseñar y aprender arte es acción progresiva que supone movimiento externo e interno, transversalización, trabajo con experiencias individuales y colectivas, reflexiones sobre lo que se enseña y lo que se aprende. La escuela ofrece información y fomenta experiencias significativas que niños y jóvenes pueden desarrollar, buscando su potencial artístico como productores y/o como poseedores de arte. Si no se cuestiona si vamos a formar matemáticos, historiadores o geógrafos para enseñar matemática, historia o geografía en la escuela, ¿por qué declarar que no vamos a formar artistas?

©Alex_Mac/PhotoXpress

Nuestra responsabilidad frente a nuestras opciones no está restricta a un proceso educacional localizado solamente en la sala de clase, en el contacto escolar o en un espacio educativo. Ella reflejará nuestras propias concepciones como individuos sociales, culturales y, por lo tanto, políticos. Por la enseñanza-aprendizaje de arte, debemos garantizar una práctica pedagógica-artística coherente, respetable y responsable. Es importante que se promuevan la construcción del conocimiento específico en arte y el desarrollo de la percepción Revista Linha Direta


©picsfive/PhotoXpress

devemos garantir uma prática pedagógica-artística coerente, respeitável e responsável. É importante que se promovam a construção do conhecimento específico em arte e o desenvolvimento da percepção e do pensamento artísticos. Para que as crianças e jovens tenham recreação, é preciso contratar animadores culturais; e se os alunos estão precisando de um tempo para relaxar, é preciso contratar um psicólogo para tratar dos professores das outras disciplinas “sérias”, que estão traumatizando esses alunos. Um bom professor de arte conhece bastante arte e faz dela seu mote de vida. Promove vivências significativas que estimulam o pensamento artístico e trata a arte como área de conhecimento que constrói conhecimentos sociais e culturais. Nesse sentido, há dois pontos a se considerar: a) a subjetividade coletiva; e b) a importância do ensino de arte em todos os níveis da educação. A subjetividade coletiva diz respeito ao reconhecimento e à valorização das diferentes identidades que compõem um grupo cultural. A importância do ensino de arte em todos os níveis da educação diz respeito à responsabilidade do poder público em garantir uma educação de qualidade para a formação integral dos sujeitos individuais e coletivos. O conhecimento da produção humana do passado deve ser considerado na produção de uma educação contemporânea, que leve em consideração também as manifestações de arte que estamos vivendo e a vida cotidiana social/cultural/individual que ensina/ aprende. A arte-educação envolve transformação, provocação, reflexão e investigação. É parte do trabalho de arte-educação conhecer o legado cultural e tratá-lo como parte de nossas vidas – não como algo congelado, mas como algo dinâmico. Nós, arte-educadores, somos responsáveis em grande parte por esse legado e pela formação de identidades que façam a diferença na dinâmica dessa área de conhecimento. 

y del pensamiento artísticos. Para que los niños y jóvenes tengan recreación, es preciso contratar animadores culturales; y si los alumnos están precisando de un tiempo para relajar, es preciso contratar un psicólogo para tratar de los profesores de las otras disciplinas “serias”, que están traumatizando esos alumnos. Un buen profesor de arte conoce bastante arte y hace de ella su forma de vida. Promueve vivencias significativas que estimulan el pensamiento artístico y trata al arte como área de conocimiento que construye conocimientos sociales y culturales. En este sentido, hay dos puntos a ser considerados: a) la subjetividad colectiva; y b) la importancia de la enseñanza de arte en todos los niveles de la educación. La subjetividad colectiva habla respecto al reconocimiento y a la valorización de las diferentes identidades que componen un grupo cultural. La importancia de la enseñanza de arte en todos los niveles de la educación habla al respecto de la responsabilidad del poder público en garantizar una educación de calidad para la formación integral de los sujetos individuales y colectivos. El conocimiento de la producción humana del pasado debe ser considerado en la producción de una educación contemporánea, que lleve en consideración también las manifestaciones de arte que estamos viviendo y la vida cotidiana social/cultural/individual que enseña/aprende. El arte-educación comprende transformación, provocación, reflexión e investigación. Es parte del trabajo del arte-educación conocer el legado cultural y tratarlo como parte de nuestras vidas – no como algo congelado, sino como algo dinámico. Nosotros, arteeducadores, somos responsables en gran medida por este legado y por la formación de identidades que hagan la diferencia en la dinámica de esta área del conocimiento. 

*Bacharel e licenciada em Artes Visuais, mestre em Educação e doutora em Artes. Membro do grupo de especialistas em Arte-Educação, Cultura e Cidadania da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI)

*Bachillerato y Licenciatura en Artes Visuales, con maestría en Educación y doctorado en Artes. Miembro del grupo de especialistas en Arte-Educación, Cultura y Ciudadanía de la Organización de los Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI)

www.oei.org.br

www.oei.org.br

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inovação

2013... O ano que O

ano já começou, e muita gente ainda está na ressaca de 2012. Férias escolares, ajustes nas escolas, captação dos alunos ainda indecisos e as jornadas pedagógicas de todo início de caminhada. Mas, apesar da rotina escolar, o mundo lá fora não é o mesmo. Pelo contrário, as coisas estão acontecendo muito rapidamente, e é preciso dar uma atenção especial às manobras no ambiente competitivo. Para ajudar nessa tarefa, reproduzo, a seguir, as dez principais tendências de consumo apontadas por especialistas do trend watching (saiba mais em http://www.trendwatching.com/pt/ trends/10trends2013/). Após cada tendência, aproveito para fazer uma provocação aos gestores... Confira e tente responder aos questionamentos.

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já começou Presumers & custowners – Conforme consumidores passam a abraçar novas maneiras de participar do financiamento, lançamento e crescimento de (novos) produtos e marcas que amam, as expectativas de pré-venda, crowdfunding e compras de ações serão competência árdua para o consumo tradicional em 2013. Pergunto: Seus clientes amam a escola? Como participam do lançamento de novos serviços ofer-

Marcelo Freitas*

Pergunto: Sua escola ou rede de ensino está preparada para a concorrência de redes de ensino chinesas, indianas ou mesmo latinas?

tados por ela (se é que sua escola lança algum)? Se não lança, não estaria na hora de pensar nisso? Emerging – Se, nas últimas duas décadas, foi comum ver mercados desenvolvidos atuando em economias emergentes e emergentes atuando em mercados desenvolvidos, este é um momento de mudança, quando vamos presenciar uma explosão de produtos e serviços vindos de mercados emergentes para mercados emergentes.

Mobile moments – Para quem se pergunta qual o próximo passo do mobile, um só insight sobre comportamento deve responder: em 2013, consumidores verão seus smartphones como maximizadores de todos os momentos do seu dia a dia (multi-senão-hiper-tasking), de suas experiências, compras e ­comunicações. Pergunto: Está lembrado de que seus alunos utilizam essa tecnologia? Como sua rede de educação ou o projeto pedagógico da sua escola aproveitam o potencial dessa ferramenta? E no relacionamento com as famílias e clientes em potencial, ela está sendo utilizada?

©Yuri Arcurs/PhotoXpress

New life inside – Uma tendência que será um sinal dos tempos em 2013: o fenômeno de produtos e serviços que contêm, literalmente, new life inside. Ao invés de serem descartados ou até reciclados (por outras pessoas), esses produtos podem ser devolvidos à natureza para gerar algo novo, o que proporciona eco-status e eco-histórias para contar... Revista Linha Direta


gestão

O papel do gestor na construção de uma escola amplamente capacitadora

E

m um mundo cada vez mais mutante, imprevisível e cheio de oportunidades, a escola, como espaço de formação, tem enfrentado inúmeros desafios à sua sobrevivência, ao seu posicionamento diante de sua clientela e ao seu crescimento institucional. Espaço por excelência da disseminação da informação e da cultura, mas, acima de tudo, da produção de aprendizagens e de conhecimentos, a escola precisa assumir o desafio, a partir do cenário apresentado, de refletir sobre seu papel, se adaptar e se reinventar continuamente. Agregar novos conhecimentos e competências, aprimorar seus processos e serviços, incentivar e Revista Linha Direta

promover a formação permanente de seus profissionais passarão a ser desafios fundamentais à sobrevivência e à perenidade da escola. Ao mesmo tempo, esses conhecimentos e competências se tornam forças propulsoras à melhoria da qualidade dos serviços da escola e à sua contribuição ao melhoramento de sua comunidade educativa (alunos e suas famílias, seus professores e funcionários) e da comunidade geográfica (bairros circunvizinhos, cidade e Estado em que está localizada), que, direta ou indiretamente, recebem sua influência. Nessa trajetória, a figura do gestor da escola – seu diretor, mas também seu coordenador/supervisor – assume papel fundamen-

Rui Cesar Rezende*

tal e estratégico: ser o “professor de professores”, como defendia o educador americano Robert Lamp, citado no livro Lições aprendidas, de Evando Neiva. Esse novo gestor dessa nova escola formadora, mais do que nunca, precisará estar na liderança do processo de capacitação continuada de sua equipe. Ele deverá incentivar e gerenciar um ambiente de trabalho em que a aprendizagem coletiva e compartilhada e o exercício das competências necessárias ao desenvolvimento de novos projetos de ensino-aprendizagem passam a ser instrumentos estratégicos para a superação dos múltiplos desafios e para o melhoramento permanente de seus produtos e serviços.


©Arjun/PhotoXpress

também dos seus professores, técnicos e funcionários. Em matéria publicada na revista Nova Escola (jan./fev. 2011), Luis Carlos de Menezes cita Anísio Teixeira: “Temos de construir nossa escola não como preparação para um futuro conhecido, mas para um futuro rigorosamente imprevisível.”

Na obra Lições aprendidas, lê-se que “o diretor deve ser suficientemente forte, para ser fraco o suficiente, para que os professores sejam fortes.” Ou seja, o gestor e as demais lideranças da escola precisam ter a coragem de ampliar sua atuação e influência sobre a equipe escolar, incentivando-a a assumir novas ações e papéis, instalando professores e funcionários na liderança de processos e na construção coletiva de conhecimentos e competências, a serem colocados a serviço da sua instituição e da sua comunidade educativa. Para o incremento dessa cultura de aprendizagem compartilhada, haverá espaço para a circulação de textos e propostas (que po-

dem ser desenvolvidos pela equipe escolar ou não), para reuniões e encontros de estudos, para a criação de meios e mídias destinados à divulgação de ideias – que vão desde os murais do conhecimento (os antigos quadros de avisos), passando por informativos/ jornais/revistas/documentários/ filmes, até a criação de bibliotecas, virtuais ou não, com acesso preferencial para professores e funcionários da escola. Nessa conjuntura, esse novo líder estará permanentemente incentivando sua equipe a construir e difundir ideias, a inventar e se reinventar – em nome do crescimento da instituição, da qualidade dos seus serviços e do desenvolvimento dos seus alunos, mas

Como conhecimento e competência são atributos em constante mutação, o desafio do gestor escolar nesse novo milênio será muito mais que oferecer aos seus profissionais um ou outro curso ou ciclo de formação; será preciso incentivar e construir na sua escola uma cultura de capacitação continuada, em que todos os profissionais – e não apenas a equipe docente – possam se aprimorar dia após dia, em um ambiente de aprendizado contínuo e compartilhado, que venha a contribuir para o melhoramento da instituição escolar e, em um desafio mais amplo e possível, para o melhoramento da sua comunidade educativa. De acordo com Hannah Arendt, em A condição humana, “o fato de que o homem é capaz de agir significa que se pode esperar dele o inesperado, que ele é capaz de realizar o infinitamente improvável.” Em outras palavras, nesse novo processo, é preciso reconhecer que, mais do que dar o primeiro passo, para fazer uma longa caminhada será necessário caminhar sempre.  *Presidente da Fundação Pitágoras, diretor de Redes Corporativas da Educação Básica do Grupo Kroton e diretor de Relações Institucionais da Fundação Amae www.redepitagoras.com.br Revista Linha Direta


intratexto

Contribuição dos pais no desenvolvimento da escrita

O

utro dia, estava na padaria com meu filho, e ele começou a ler todas as informações das prateleiras, descobrindose enquanto leitor. Uma cliente que estava na fila comentou: “Quando as crianças despertam esse interesse pela leitura, gostam de ler tudo que veem pela frente.” Concordei com ela imediatamente, é isso mesmo que acontece. Já fui professora alfabetizadora e convivi diariamente com esse despertar dos alunos, oportunidade que pude aproveitar para incentivar cada vez mais a leitura e a escrita deles, alfabetizando-os e inserindo-os nesse mundo letrado. Esse momento torna-se crucial para todo o desenvolvimento da lectoescrita pelas crianças, não devendo ser desperdiçado pelo professor. A curiosidade do aluno permitirá ao professor relacionála a muitos outros aprendizados, se aproveitada de maneira correta. Hoje, mesmo não estando em sala de aula, continuo incentivando e

trazendo funcionalidades da escrita para o cotidiano, junto a meu filho Gabriel e a filhos de amigos que se encontram nessa fase de desenvolvimento. Recentemente, aproveitando o contexto do Natal, convidei Gabriel para escrever uma carta ao Papai Noel. Ele prontamente pegou um papel e uma caneta e começou a usar de seus conhecimentos sobre as características do gênero carta. Entre uma e outra sentença, eu o ajudava a alinhar seus pensamentos. Ele escreveu algumas palavras de forma alfabética, mas, por não ter se apropriado ainda das regras ortográficas da nossa língua, não se utilizou delas, o que o fez grafar palavras como fasso, axar e mereso. E o que fazer nessas circunstâncias, enquanto mãe, pai ou responsável? Corrigir, apagar, ignorar ou pesquisar? Em primeiro lugar, nenhuma opção seria 100% correta ou 100% errada. Não se trata de ensinar formalmente a leitura e a escrita, pois cabe à escola dar esse direcionamento; porém os pais podem

©matka_Wariatka/PhotoXpress

Revista Linha Direta

Patricia Brun*

ajudá-la nesse processo, para que ela se sinta cada vez mais segura. O importante é que a criança, independentemente da intervenção, tome consciência do seu aprendizado, tornando-o significativo. E como facilitar esse processo no ambiente familiar? • Incentivando sempre a leitura de livros. Quanto mais se lê, mais se aprendem as regras da nossa língua e mais palavras são estabilizadas, servindo de referência para outras a serem escritas mais adiante. • Deixando o ambiente de casa mais alfabetizador, oferecendo situações reais de uso dessa escrita para as crianças: escrever um convite de aniversário, ajudar na lista de supermercado, fazer uma lista de convidados, entre outras. • Compartilhando com elas textos interessantes. • Comprando livros adequados à faixa etária e aos interesses delas. • Tirando as dúvidas, quando forem questionados. Mais do que alfabetizar, os pais têm o importante papel de ajudar a estimular as crianças nessa fase de descobertas, para que elas desejem ser participantes deste mundo letrado.  *Pedagoga, especialista em Alfabetização. Gerente de Ensino do Sistema Ari de Sá patriciabrun@aridesa.com.br


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