Linha Direta INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO
Livro didático, professores e Uma interação alunos necessária
ENSINO Afinal, por que nossos alunos não aprendem?
EDIÇÃO 182 ANO 16 - MAIO 2013
ENCONTRO Reunião da Fenep no Paraná
REFLEXÃO Educação para a vida
PRAVALER Programa de crédito universitário
APRENDIZAGEM Professores e alunos conectados
Carlos Furlan
Alessandro Marques
editorial
Sempre um bom aliado Siempre un buen aliado A discussão que mais se apresenta atualmente em relação a materiais didáticos diz respeito à utilização de dispositivos móveis eletrônicos, não é mesmo? Na contramão dessa tendência, apresentamos um artigo bem interessante sobre a importância do livro, principalmente para os anos iniciais do ensino fundamental. De acordo com ele, o livro didático permite que o professor seja tanto orientador quanto mediador da aprendizagem das crianças, já que ele é responsável por fazer a correlação entre o programa das diversas disciplinas e a metodologia aplicada, dando significado aos conteúdos para que a informação se transforme em conhecimento. Veja mais na matéria de capa deste mês. Esta edição traz, também, além de entrevistas com dois novos parceiros da Linha Direta – Carlos Furlan, diretor executivo da Ideal Invest, e Alessandro Marques, diretor executivo da Ediouro Educação –, assuntos como liderança, docência e o Plano Nacional de Educação, abordados com propriedade por especialistas do setor. Boa leitura!
La discusión que más se presenta actualmente en relación a materiales didácticos es en referencia a la utilización de dispositivos móviles electrónicos, ¿no es verdad? En contramano de esta tendencia, presentamos un artículo muy interesante sobre la importancia del libro, principalmente para los años primeros de la enseñanza fundamental. De acuerdo con éste, el libro didáctico permite que el profesor sea tan orientador como mediador del aprendizaje de los niños, ya que él es responsable por hacer la correlación entre el programa de las diversas disciplinas y la metodología aplicada, dando significado a los contenidos para que la información se transforme en conocimiento. Vea más en la materia de tapa de este mes. Esta edición trae, también, además de entrevistas con dos nuevos socios de Linha Direta – Carlos Furlan, director ejecutivo de Ideal Invest, y Alessandro Marques, director ejecutivo de Ediouro Educação –, asuntos como liderazgo, docencia y el Plan Nacional de Educación, abordados con propriedad por especialistas del sector. ¡Buena lectura!
Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta
Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta
Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, Fundação L’Hermitage e Sieeesp
Presidente Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Editora Valéria Araújo – MG 16.143 JP Designer Gráfico Rafael Rosa Atendimento Flávia Alves Passos Estagiário de Jornalismo Renan Costa Coelho Preparadora de Texto/Revisora Cibele Silva Tradutor/Revisor de Espanhol Gustavo Costa Fuentes - RFT1410 Consultor Editorial Ryon Braga Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas Consultora para o Ensino Superior Maria Carmem T. Christóvam
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Revista Revista Linha Linha Direta Direta
Conselho Consultivo Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sinepe/CE Amábile Pacios Presidente da Fenep Antônio Lúcio dos Santos Presidente do Sinepe/RO Átila Rodrigues Presidente do Sinepe/Triângulo Mineiro Benjamin Ribeiro da Silva Presidente do Sieeesp Cláudia Regina de Souza Costa Presidente do Sinepe/RJ Dalton Luís de Moraes Leal Presidente do Sinepe/PI Emiro Barbini Presidente do Sinep/MG Fátima de Mello Franco Presidente do Sinepe/DF Fátima Turano Presidente do Sinepe/NMG Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Gelson Menegatti Filho Presidente do Sinepe/MT Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp
Ignez Vieira Cabral Presidente da Fenen Ivana de Siqueira Diretora da OEI em Brasília Ivo Calado Asepepe Jacir J. Venturi Presidente do Sinepe/PR – Curitiba Jorge de Jesus Bernardo Presidente da Abrafi e do Semesg José Carlos Barbieri Presidente do Sinepe/NOPR José Carlos Rassier Secretário Nacional da ABM Krishnaaor Ávila Stréglio Presidente do Sinepe/GO Manoel Alves Presidente da Fundação Universa Marco Antônio de Souza Presidente do Sinepe/NPR Marcos Antônio Simi Presidente do Sinepe/Sul de Minas Maria da Gloria Paim Barcellos Presidente do Sinepe/MS Maria Nilene Badeca da Costa Presidente do Consed
Miguel Luiz Detsi Neto Presidente do Sinepe/Sudeste/MG Natálio Dantas Presidente do Sinepe/BA Odésio de Souza Medeiros Presidente do Sinepe/PB Osvino Toillier Presidente do Sinepe/RS Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Paulo Sérgio Machado Ribeiro Presidente do Sinepe/AM Pe. João Batista Lima Presidente do Sinepe/ES Suely Melo de Castro Menezes Vice-presidente do Sinepe/PA Victor Maurício Nótrica Presidente do Sinepe/Rio Pré-Impressão e Impressão Rona Editora – 31 3303-9999 Tiragem: 20.000 exemplares As ideias expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.
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contexto
D CRÉDITO UNIVERSITÁRIO Diretor executivo da Ideal Invest explica mais sobre o programa PRAVALER
esde a sua criação, em 2006, o crédito universitário PRAVALER já beneficiou mais de 35 mil estudantes. Atualmente, o programa está disponível em 300 instituições, espalhadas por 23 Estados mais o Distrito Federal. No total, são aproximadamente 15 mil cursos oferecidos. Responsável por esse programa, a Ideal Invest tem uma forte concentração de beneficiados no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. “Acreditamos que isso está relacionado ao fato de terem sido regiões pioneiras no financiamento estudantil, além de serem grandes mercados do ensino superior como um todo”, explica Carlos Furlan, diretor executivo da empresa, em entrevista exclusiva para a Linha Direta. Confira! A demanda por financiamento estudantil no Brasil está crescendo ou ainda existe algum receio por parte dos estudantes em adotar estratégias desse tipo? Não há dúvidas de que o mercado está, sim, em crescimento. O governo federal pretende, até 2020, ter 10 milhões de brasileiros na graduação. Se formos levar em conta que hoje temos quase 7 milhões, há um déficit de 3 milhões. Acredito que o financiamento será o grande catalisador desse crescimento, como já temos observado recentemente. Nesse cenário, tanto a iniciativa privada quanto a pública têm uma missão importante. Ambas deverão caminhar em sintonia porque há demanda para as duas.
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Qual o perfil do estudante que adota o crédito educacional atualmente no País?
Carlos Furlan, diretor executivo da Ideal Invest
Revista Linha Direta
Em relação ao crédito universitário privado, fizemos uma pesquisa recente e conseguimos traçar um perfil de quem contrata o PRAVALER. Aproximadamente 65% deles trabalham, 61% são mulheres e 65% são os primeiros da família a fazer um curso superior. Além disso, eles se matriculam no curso em que realmente sonharam, mesmo que ele
seja mais caro do que a média ou um pouco mais longe da casa ou do trabalho. Em geral, pagam uma mensalidade de cerca de R$ 800, enquanto a média no Brasil é de pouco mais de R$ 500. Isso mostra, entre outras coisas, que esses estudantes são mais conscientes e determinados do que a maioria. Qual a importância de iniciativas como o crédito educacional para a democratização da educação? Tendo em vista a meta do governo de colocar mais brasileiros na graduação, acredito que o mercado de crédito universitário, tanto privado quanto público, têm muito para contribuir. Na educação superior, hoje temos, no Brasil, 88,3% de instituições privadas, 4,5% estaduais, 4,2% federais e 3% municipais. Sendo assim, é natural que a demanda continue alta nas instituições privadas, e é preciso oferecer condições de acesso a elas, assim como se faz com financiamentos de casa própria, carros e eletrodomésticos. A receita é a mesma e funciona para todos os casos.
Menos juros atraem mais alunos Ao adotar programa de subsídio para estudantes, universidades e faculdades de todo o País registram aumento no número de ingressantes Criar uma alternativa de crédito universitário mais acessível e atrativa para alunos e instituições de ensino de todo o País foi um dos desafios da Ideal Invest ao desenvolver o PRAVALER Juro Zero. Após pesquisas e análises de mercado, a companhia acabou projetando uma fórmula própria que hoje agrada ambas as partes. Em Estados como Rio Grande do Sul e São Paulo, a iniciativa de juros subsidiados, pensada há cerca de dois anos, já responde por uma parcela significativa de novos alunos. “No mais recente vestibular, o Grupo Anima registrou, na Unimonte, em Santos/SP, mais estudantes entrando com o PRAVALER Juro Zero do que com o Fies. Comparando, foram 20% da iniciativa privada contra 10% do governo federal. Isso nos estimula a estender a oferta para todas as unidades”, revela Luiz Gonzaga, diretor de marketing do Grupo Anima. Na opinião de Carlos Furlan, diretor executivo da Ideal Invest, os juros subsidiados pelas instituições contribuem ainda para a diminuição da taxa de evasão e inadimplência. “Não existe segredo. Os juros são subsidiados pela própria faculdade. Com isso, o programa fica mais interessante, sobretudo quando o aluno em questão quiser entrar na universidade de seus sonhos, e não simplesmente naquela que é mais perto de sua casa. Sem dúvida, isso irá pesar, caso ele cogite o abandono dos estudos.”
A Universidade Feevale, com sede em Novo Hamburgo/RS, ao adotar o programa com juro zero, superou em mais de 20% o volume projetado de Qual a diferença do crédito educa- matrículas. “Essa concepção de juro zero acaba impactando muito positicional oferecido pela Ideal Invest vamente os interessados. Isso porque eles percebem que, de fato, não há em relação ao Fies, programa do incidência de juros”, revela Alexandre Zeni, pró-reitor de planejamento e governo que possui o mesmo fim? administração da Feevale. Em relação ao Fies, quando comparamos com o PRAVALER, podemos notar algumas diferenças importantes. Com o PRAVALER, o aluno começa a pagar assim que começa a estudar, enquanto que, no público, a dívida fica toda para após a formatura. Dessa forma, no PRAVALER, o aluno se forma com uma dívida menor, que será paga em menos tempo, liberando orçamento para novos financiamentos no futuro (como carro ou casa). Temos ainda menos burocracia e um atendimento mais próximo ao aluno, por meio de diferentes canais
de atendimento. Além disso, em alguns casos, temos parcerias com instituições de ensino superior (IES) que subsidiam parte ou até mesmo todos os juros que o aluno pagaria, tornando o financiamento ainda mais acessível aos estudantes. Em relação ao futuro do PRAVALER, quais são as expectativas da companhia? Nos próximos cinco anos, a companhia espera beneficiar mais de 100 mil novos estudantes, totalizando cerca de R$ 3 bilhões em cursos fi-
nanciados. Nesse cenário, uma de nossas metas é popularizar a versão do PRAVALER em que as faculdades subsidiam os juros para os alunos. Essa modalidade vem apresentando bastante aceitação, como vimos no caso do Grupo Anima e da Universidade Feevale. Outro ponto a destacar em relação ao futuro do PRAVALER é que, em breve, teremos novidades para alunos e IES. Através de uma atuação mais abrangente, o PRAVALER passará a oferecer outras soluções financeiras que irão viabilizar um acesso ainda maior à educação. Revista Linha Direta
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Foco no aprendizado do Variedade de plataformas online permite que professores e educandos vivenciem, juntos, a aprendizagem
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eguindo a tendência atual de união entre grandes marcas, surge o Sistema Ediouro Mackenzie, resultado de uma parceria que soma a tradição qualificada do Mackenzie na produção e aplicação de conteúdo educacional dirigido à formação integral dos alunos e ao atendimento e aprimoramento sistemático de agentes de educação (professores e familiares) a um grande acervo de literatura e de obras de referência em língua portuguesa, integrado à competência das Empresas Ediouro Publicações no desenvolvimento e na renovação de conteúdos em diversas mídias, tais como revistas, jogos, audiolivros, e-books e sites interativos. Em entrevista exclusiva à Linha Direta, Alessandro Marques, diretor executivo da Ediouro Educação, fala sobre esse processo e sobre o que podemos esperar dessa união. Além disso, ele expõe um pouco da sua visão do mercado e revela quais são as tendências educacionais, em sua opinião. Confira! Revista Linha Direta
A produção de conteúdos para plataformas online é importante para a democratização do conhecimento? Vivemos em um mundo em que a única certeza que temos é a da mudança. A educação também precisa se adequar a esse novo contexto, ao mundo conectado, aos alunos conectados. Dessa forma, é fundamental ampliar a difusão dos conteúdos, em todos os níveis, para democratizar ainda mais o conhecimento, que hoje já está disponível e acessível a um clique para qualquer pessoa, a qualquer momento. O livro digital pode fazer com que as obras impressas um dia desapareçam? Essa talvez seja a grande discussão do momento no mercado editorial. Ainda existem várias suposições em relação a esse novo modelo de livros. Entendo que o livro digital, como arquivo digitalizado do modelo impresso, não terá vida longa. O que faz o mundo digital ser atraente é a interatividade, a possibilidade de autoria, de escolha, de construção. O livro digital será realmente um instrumento eficaz de aprendizagem quando conseguir ser interativo, fazer com que os alunos o utilizem da forma como usam os PCs, os tablets ou os celulares. Uma versão estática não oferece tantas possibilidades de aprendizagem e pode não ser suficiente
para atrair os alunos. Mudamos somente a forma, mas a aula continua sendo dada do mesmo jeito. Para que a mudança aconteça, é necessária a formação continuada dos professores. E isso demanda tempo, dinheiro e, acima de tudo, vontade do profissional para abandonar velhos conceitos e se aprimorar. Hoje estamos um pouco distantes dessa situação, e acredito que conviveremos com os dois modelos por um bom período, uma vez que a maioria das escolas brasileiras não tem uma sala de informática, não possui acesso à internet de banda larga. Isso é fundamental para a tecnologia e, consequentemente, para o livro digital se democratizar. Quais as principais diferenças que as novas obras digitalizadas trazem em relação às antigas, impressas em papel? Hoje, a maioria das obras digitais não traz grande diferença. É somente uma cópia digital do livro impresso. Mas, avançando no modelo digital, a grande diferença é que o aluno será uma parte importante do processo de ensino e aprendizagem. O livro digital permitirá autoria por parte do aluno e do professor, terá links diretos para sites, áudios e objetos educacionais, vídeos. Isso fará toda a diferença no aprendizado do aluno. É na transformação do livro estático impresso em um livro dinâmico digital que temos de pensar nesse momento.
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aluno Qual o principal desafio da Ediouro Educação diante dessa nova realidade digital? Levando em consideração que o aluno está conectado, inserido no mundo tecnológico, o principal desafio hoje é criar um produto que tenha como foco principal o aprendizado desse aluno, é criar produtos que permitam que professores e educandos vivenciem juntos toda a realidade virtual que existe atualmente, para que tenhamos um processo de ensino e aprendizagem realmente eficaz, em que o aluno realmente aprenda. Qual a importância da diversidade de plataformas utilizadas pela Ediouro? O Sistema de Ensino Ediouro Mackenzie é resultado de uma parceria entre duas grandes empresas: a Ediouro Publicações, com mais de 70 anos de história no mercado editorial e mais de 7 mil obras em seu catálogo, sendo várias delas referências no mercado educacional, e o Instituto Mackenzie, que possui mais de um século de tradição em educação. O nosso sistema oferece, então, conteú do didático com a referência Mackenzie, além de uma diversidade de obras de literatura e de referência que poucos sistemas têm. Tudo isso em diversas plataformas. Essa união nos faz crer que temos um portfólio de
Alessandro Marques, diretor executivo da Ediouro Educação
primeira linha, e isso será fundamental para crescermos no mercado de Sistemas de Ensino e, acima de tudo, fidelizarmos nossos clientes no longo prazo. É a tradição de dois grupos que se conectam para o futuro. Quais os próximos passos em relação à continuidade desse processo de modernização de seus conteúdos? Precisamos cada vez mais estar conectados à tecnologia, às tendências do mercado. O
que buscaremos agora é criar conteúdos educacionais que realmente permitam a melhoria da aprendizagem dos nossos alunos. É nisso que acreditamos. A tecnologia deve ser um meio eficaz de aprimorarmos o aprendizado dos educandos, não um fim. Tecnologia sem foco no aprendizado é somente uma boa ferramenta de marketing que não durará muito tempo. E nós, do Sistema Ediouro Mackenzie, queremos fazer a diferença na formação dos nossos alunos. Revista Linha Direta
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Livro didático, professores e alunos Uma interação necessária
Revista Linha Direta
Luiza Almendra* Daniel Felipe Martins** Maria Guadalupe Feijó** Rosilene Bertholino** Solange Oliveira** Vivian Zampa** Gabrielle Cherfên**
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omo professores, com prática em sala de aula no primeiro segmento do ensino fundamental, durante muitos anos, percebemos que as crianças desse nível de ensino, em especial, têm uma curiosidade ainda mais aguçada diante do leque que se abre com inúmeras possibilidades de descobertas. É a fase em que estão encantadas com a leitura e com a escrita que são capazes de produzir; mostram-se estimuladas para aprender mais e mais, imaginando, a cada aula, o novo a ser descoberto, o que irão aprender, o que irão fazer. Esse momento privilegiado pode ser considerado o ponto de partida do ensino-aprendizagem formalizado. É hora de os professores traçarem as estratégias de ensino, percebendo o campo fértil que há em suas mãos. Precisamos aproveitar cada instante pensando em tudo o que pode auxiliar os professores nessa empreitada. É hora de planejar, de aproveitar os recursos disponíveis para, sem medir esforços,
atingir as metas da construção de uma base acadêmica sólida. A aprendizagem deve ter relevância, e a inclusão de atividades de interação constante com os alunos e com os recursos didáticos disponíveis é extremamente importante. Sem dúvida alguma, é necessário utilizar instrumentos norteadores do trabalho docente. É hora de pensarmos em um grande aliado: o livro didático. Da nossa inquietação quanto ao cuidado necessário com a forma de disseminação de estratégias, à seriedade na aplicação dos conceitos científicos clássicos e ao desenvolvimento das diversas atividades pedagógicas de introdução e fixação de conteúdos surgiu o projeto para a criação de um livro didático que permitisse ao professor ser o orientador e o mediador da aprendizagem. Acreditamos no livro didático que se propõe a apresentar e mostrar caminhos para o professor e para o aluno. Caminhos que, essencialmente, permitam que o tra-
balho do professor apareça e se sobressaia, pois é ele o responsável, insubstituível, por fazer uma correlação entre o programa das diversas disciplinas e a metodologia aplicada, dando significado aos conteúdos para que a informação se transforme em conhecimento. A metodologia utilizada pelo professor deve estar ancorada na realidade concreta, respeitando, incondicionalmente, os estágios do desenvolvimento cognitivo da criança. Como autores e supervisores de livros didáticos, apresentamos a nossa visão específica relacionada a cada disciplina constante da coleção elaborada para o primeiro segmento do ensino fundamental. Língua portuguesa A prática de ensino-aprendizagem da língua portuguesa está articulada ao acesso multidisciplinar de conhecimentos através da contextualização e à finalidade de definir um modelo de Revista Linha Direta
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produção de material que seja adequado aos objetivos educacionais, de acordo com a faixa etária do público-alvo. O acompanhamento da aprendizagem se faz em cinco momentos distintos – Lendo o mundo, Conhecendo a nossa língua, Explorando o mundo das ideias, Praticando e Ortografia –, que estimulam o pensamento, associando o saber ao que está ligado à realidade do estudante por meio de marcas e pistas linguísticas pelas quais o professor pode verificar o desenvolvimento das quatro habilidades linguísticas: a expressão oral e escrita e a compreensão oral e escrita. As análises de materiais já adotados indicaram a presença de conteúdos inadequados ao momento cognitivo da série à qual são propostos. Nossa preocupação principal, ao criar a coleção, foi permitir que o estudante descobrisse e construísse a língua materna sem a necessidade de, futuramente, encontrar definições e conceitos distantes dos já apreendidos, com uma concepção de linguagem linguístico-pedagógico-estrutural permanente. Revista Linha Direta
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Os meios “convencionais” não devem e não podem ser ignorados, mas aprimorados quanto ao uso e ao momento propício a ser oferecido ao educando e, também, agregados a novos recursos. Matemática Acreditamos que o aluno deve sentir a matemática de maneira mais natural, com ênfase nas atividades do cotidiano, sempre que for possível e necessário. O material procura ampliar a visão de mundo do aluno e acompanha, significativamente, as etapas do desenvolvimento cognitivo da criança. A consequência dessa didática centrada na produção ativa e constante do aluno, tendo o professor como mediador, proporciona uma melhor compreensão do mundo que cerca a criança e a construção natural de redes e conexões com diferentes ramos das matemáticas. O progresso do raciocínio lógico, o estímulo a questionamentos, a análise de situações-problema e a aplicação das diferentes soluções descobertas pelos alunos tornam-se rotina do professor na utilização do material.
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Entender o significado do termo matemáticas, no lugar de matemática, significa compreender as relações existentes entre a aritmética, a teoria dos números, a álgebra, a geometria, a análise, a estatística, a combinatória e a história da matemática, presentes no conteúdo programático do ensino fundamental I. Por fim, compreender que matemáticas é uma forma de linguagem e manipulação lógica de verdades previamente concebidas é um dos objetivos a serem alcançados. Mas, para que tal grau de abstração seja atingido, deve-se trabalhar concretamente, explorando os diferentes pensamentos matemáticos infantis – algébrico e geométrico. História e geografia Muitos são os desafios enfrentados no ensino de história e geografia na atualidade. Se, no passado, seu papel se resumia a apresentar uma série de conteúdos, reproduzindo procedimentos e conhecimentos inquestionáveis, hoje seus objetivos vão muito além dessa transmissão, pautando-se, acima de tudo, na formação de cidadãos
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críticos, capazes de reconhecer, pensar e modificar a realidade em que vivem. O início desse processo encontra-se no primeiro segmento do ensino fundamental, em que as referidas disciplinas cumprem o papel de situar o aluno no tempo e no espaço. Em relação à história, nosso material didático tem como finalidade permitir a introdução dos alunos na compreensão das diversas formas de relações sociais, em diferentes períodos, a partir da perspectiva de que as histórias individuais se integram e fazem parte de uma sequência de fatos, o que se denomina História nacional e de outros lugares. Assim, buscamos trabalhar os conteúdos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a partir do cotidiano da criança, o que permite estabelecer identidades e diferenças com outros indivíduos, grupos e práticas sociais. Quanto à geografia, partimos da concepção de que essa disciplina deve ser analisada como uma ciência do presente, com o intuito de compreender o mundo atual e
os processos de apropriação dos lugares realizados pelos homens. A organização do espaço dá sentido aos arranjos econômicos e aos valores sociais e culturais. Dessa forma, as noções de espaço, em suas diversas escalas, configurações e organizações, são pensadas, em nossos livros, de forma lúdica e com imagens e textos cuidadosamente elaborados. Acreditamos que os conceitos trabalhados nas duas disciplinas são fundamentais para a vida em sociedade e para uma maior consciência de limites e responsabilidades da ação individual e coletiva em relação ao espaço e às diferentes situações de ordem econômica, política e cultural que se apresentam. Ciências Crianças são cientistas naturais, sempre com alguma questão em mente. São seres em permanente relação com o ambiente que as cerca. O estar em conexão com o meio é a base de qualquer processo de aprendizagem. Pautado nesse enfoque, o ensino de ciências deve oferecer oportunidades para o desenvolvimento de atitudes e
habilidades necessárias para essas crianças agirem produtivamente, como solucionadoras de problemas em um tempo cada vez mais científico e tecnológico, apoiando-se na noção de que, quando se aprende ciências, aprende-se a explorar o mundo, a conhecê-lo melhor, a valorizá-lo e, principalmente, a respeitá-lo. Vivemos imersos nesse mundo de fatos científicos, mas o conhecimento real só acontece quando ligado às ideias significativas e quando vivenciado por meio da observação, do questionamento, da exploração, da experimentação e consequente análise crítica do objeto de estudo. Todo o conteúdo de ciências foi desenvolvido visando a proporcionar às crianças e professores a chance de se conectarem com a disciplina de uma forma mais instigante e mais desafiadora, possibilitando a alunos e professores a oportunidade de apreciar diferentes facetas do maravilhoso planeta que compartilham. Inglês Entendemos que o contato com a língua inglesa no ensino fundamental I toma os alunos como Revista Linha Direta
ponto de partida, levando em conta seus estilos de aprendizagem, a maneira como interagem, suas necessidades e seus interesses. O aluno é preparado linguística, psicológica e culturalmente para seus estudos futuros, com atenção especial ao seu desenvolvimento cognitivo geral. Assim, traçamos como objetivo principal do material didático de inglês a motivação do aluno para o aprendizado dessa língua estrangeira, a partir do domínio básico da comunicação, identificando-a no universo que o cerca. É necessário conscientizar o aluno de que esse aprendizado existe em igual importância ao de outros universos linguísticos e cumpre a mesma função comunicativa de sua língua materna, instigando-o a descobrir as variedades culturais existentes e ampliando sua visão de mundo. Procuramos garantir ao aluno uma experiência singular de constru-
ção de significado pelo domínio da base discursiva, que poderá ser ampliada quando se fizer necessário em sua vida futura ou quando as condições existentes nas escolas o permitirem. Como fazer? Primeiramente, priorizamos a produção e a compreensão oral, introduzindo a leitura gradativamente, buscando propiciar ao aluno o contato inicial com a representação gráfica de vocábulos que não se apresentam de forma isolada e, sim, contextualizados, com foco na oralidade. A aquisição consolida-se como um processo gratificante para a criança. Há considerações gerais que norteiam a obra, à medida que lhe revelam possibilidades de ação sobre seu mundo social. Dessa forma, o ensino de língua inglesa, desenvolvido paralelamente a essa aquisição, deve expressar objetivos comunicativos claros, que permitam o entendimento de que a exposição a outro fenômeno linguístico se constitui, igualmen-
te, em uma atividade interativa e que, por intermédio dela, podemos estabelecer relações interpessoais de comunicação. A coleção Pensamos em uma coleção em que as experiências fossem vivenciadas, projetos fossem criados e temas interessantes fossem investigados. Os alunos reconhecem e assumem os conteúdos apresentados de forma criativa e gradativa, por meio de várias perspectivas, e os conteúdos pedagógicos devem propiciar-lhes a apropriação do seu próprio processo de aprendizagem, através do desenvolvimento de um trabalho de produção para as novas formas de ensinar e de aprender. À luz desses preceitos, concretizamos a idealização dos livros didáticos do Sistema Bahiense de Ensino, cuidadosamente elaborados para crianças, expondo conteúdos programáticos de forma clara e harmoniosa, que viabiliza a ação transformadora do trabalho docente, com eficácia comprovada. No universo dos sistemas de ensino, os que buscam ampliar o conhecimento e a conclusão de conceitos interagindo e vivenciando práticas que estimulam o pensamento crítico irão, deliberadamente, agregar valores na formação dessa geração de nativos digitais que, com certeza, participarão positivamente da construção de um mundo sustentável, infinitamente melhor. *Diretora acadêmica do ensino fundamental I **Autores/colaboradores do Sistema Bahiense de Ensino www.sistemabahiense.com.br
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Afinal, por que nossos alunos não aprendem?
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prender é um processo sem fim. Por toda a vida, viveremos a oportunidade da aprendizagem na família, na escola, na vida. Pessoas incríveis, com 70, 80, 100 anos, estão nos ensinando a aprender. Aprendemos pelos modelos, por necessidade, por admiração, por um sonho, por amor. Muitas vezes, aprender dói. Exige mudanças, saída da zona de conforto. Impõe rigor e disciplina. Mas aprender liberta, expande horizontes e, com eles, os sonhos. Tornamo-nos maiores do que éramos. Levamos muitos anos aprendendo coisas que nunca soubemos para que servem. Reprovamos alunos por eles não aprenderem coisas que, se soubessem, não serviriam para nada em suas vidas. Há pessoas que aprenderam que nascemos para sofrer e que isso elevará seus espíritos; elas se sentem orgulhosas do sofrimento que ostentam. Alguns professores até se sentem gratificados quando dizem: “Professor sofre!” Aprenderam que vida de professor é assim mesmo. Outros acreditam que os alunos não aprendem simplesmente porque não querem... Aprendemos que o mundo mudou e que é normal que os alunos não respeitem a entrada do professor em sala de aula, conversem o tempo todo, não prestem atenção nem façam os deveres de casa. Aprendemos que isso é culpa das famílias que não educam, que aprenderam que é culpa das escolas, que não ensinam, que aprenderam que é culpa dos professores que não se esforçam... Precisamos mesmo desaprender muitas coisas que não nos levam a nada. O que fazemos ou sabemos de inútil é a ponte que nos leva a lugar nenhum. Precisamos desaprender que aprender é difícil. Não, difícil é ensinar. É preciso que fique claro que todos podem aprender. As pessoas com necessidades especiais têm demonstrado extraordinária capacidade de aprendizagem, consideradas eventuais limitações, desde que os temas sejam abordados de forma adequada. Em boa parte das vezes, a falta de motivação, a baixa autoestima, as crenças limitantes e a indisciplina são as vilãs das dificuldades de aprendizagem. A maior dificuldade, portanto, não é aprender, e sim ensinar.
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Serrano Freire Professor, escritor e palestrante, com dez livros publicados www.serranofreire.com.br
pró-texto Mariana Nunes*
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Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) representa 75% das instituições particulares de ensino do Brasil, incluindo desde creches e pré-escolas até institutos de pós-graduação. A entidade é a voz da classe patronal da educação privada nas mais diversas esferas, inclusive governamental. A fim de debater os temas que envolvem o setor, a presidente da Fenep, Amábile Pacios, reuniu-se em março, na sede do Sinepe/PR, em Curitiba/PR, com representantes dos Sindicatos das Escolas Particulares de 19 Estados brasileiros. As reuniões da Fenep acontecem mensalmente, sempre na sede dos Sindicatos Estaduais. Na pauta de março, os seguintes temas estiveram em debate: a desoneração da folha para as escolas, a Lei da Copa, o Pronatec e o novo ensino médio. Confira um resumo da reunião: Desoneração da folha para o setor da educação A convite da presidente da Fenep e do presidente do Sinepe/PR, Jacir J. Venturi, participou da reunião o deputado federal Alex Canziani (PTB/PR), relator/revisor da medida provisória que trata da desoneração da folha para as escolas. “Essa desoneração resulta em maior disponibilidade financei-
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Fotos: Patrícia Lion
Reunião da Fenep no Paraná
A desoneração da folha para as escolas e as intervenções do governo na iniciativa privada
ra para as escolas que investirem em melhorias de salários dos professores, bem como em sua capacitação”, aponta o deputado, que se comprometeu a dedicar todo o seu esforço ao tema. Para Amábile, essa conquista irá se reverter em melhorias para as instituições de ensino, pois “permite novos investimentos no setor e uma melhora na estrutura dos colégios.” Além disso, caso as instituições particulares sejam incluídas na emenda que trata da desoneração da folha de pagamentos, a mensalidade pode cair até 45%, segundo informações da Fenep. Essa discussão teve início com a
Medida Provisória (MP) 582/12, que permite a alguns setores da economia substituir a tradicional contribuição previdenciária, equivalente a 20% da folha salarial, por uma contribuição baseada em alíquotas de 1% a 2% da receita bruta, de 2013 a 2017. “O governo é capaz de estimular o consumo com a desoneração, por que não fazer o mesmo com a educação? Os valores podem ser revertidos em bolsas de estudo, em aumento de salários, ou mesmo em redução da mensalidade dos alunos”, afirma a presidente da Federação, que conta que as escolas têm cerca de 70% do seu custo operacional em folha.
Lei da Copa A Lei Geral da Copa, n. 12.663 de 5/6/2012, que determina em seu artigo 64 o período de “férias escolares” de 12 de junho a 13 de julho de 2014, devido à Copa do Mundo, gerou muita polêmica entre professores, pais e alunos. A Fenep foi uma das protagonistas da mudança dessa lei, fazendo gestões junto às autoridades. Um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizou as instituições públicas e privadas de todo o País a manterem suas atividades escolares durante o perío do. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, homologou esse parecer e devolveu a autonomia às escolas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), no dia 19 de março. Para o MEC, a Lei Geral da Copa não pode se sobrepor à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que estabelece que o calendário escolar seja adequado às peculiaridades locais e que devem ser cumpridos, no mínimo, 200 dias letivos. Para o presidente do Sinepe/PR, prevaleceu o bom senso, pois essa lei poderia acarretar enormes transtornos para as famílias e para as escolas. “Não faria sentido interrompermos as aulas durante um mês. Muitos são os pais que, no horário dessas partidas, estarão em atividade laboral e têm a escola como melhor alternativa para deixar o filho”, disse Jacir J. Venturi. Pronatec O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que busca ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica, está com novas portarias que envolvem a educação particular. Neste ano, o Ministério da Educação (MEC) publicou a Portaria n. 160, que dispõe Revista Linha Direta
O presidente do Sinepe/PR, Jacir Venturi, a presidente da Fenep, Amábile Pacios, o presidente da FEPEsul, Ademar Batista Pereira, e o vice-presidente do Sinepe/PR, José Manoel de Macedo Caron Jr.
sobre a habilitação de instituições particulares ao Programa, e a de n. 161, que regulamenta o uso de créditos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) nessa modalidade de ensino. Para o presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul (FEPEsul), Ademar Batista Pereira, “o governo está percebendo que não poderá dar conta, sozinho, dos grandes desafios da educação brasileira e vem, aos poucos, reconhecendo a importância da escola particular. Acredito que estamos avançando em relação ao Pronatec, mas seria razoável que se estendesse esse tipo de parceria para toda a educação básica, inclusive a educação infantil. Se for chamada, a escola particular poderá ajudar a resolver o problema da qualidade da educação no nosso País.” Novo ensino médio De acordo com o Censo da Educação Básica de 2011, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mais de 8,4 milhões de estudantes estão matriculados no ensino médio público ou privado. O novo en-
sino médio propõe a reformulação do currículo, maior ênfase na formação técnica e a oferta de ensino médio integral. Para a presidente da Fenep, o ensino médio no Brasil precisa de uma mudança radical, tanto na escola pública quanto na particular, e essa transformação envolve um aprendizado aberto, com integração dos conteúdos expostos e intermediação das tecnologias e novas mídias. “A preocupação deve ser com uma maior integração com os conteúdos digitais. As tecnologias mudam a função dos professores. O aluno está com o conhecimento nas mãos, sem barreiras. E, na internet, as disciplinas são integradas. É muito importante darmos uma função para o ensino médio, e não vê-lo apenas como um rito de passagem para a universidade, até porque alguns estudantes não têm o desejo de fazer um curso superior. Precisamos ajudá-los a construir sua vida”, explica Amábile. *Jornalista www.sinepepr.org.br
reflexão
Educação para a vida N
a educação contemporânea, a expressão “educar para a vida” tornou-se muito comum. Em um mundo competitivo, com as economias globais em xeque, essa expressão surge como sinônimo do desenvolvimento de competências para o mundo do trabalho, bem como da preparação de jovens para o enfrentamento dos desafios de cenários marcados pela imprevisibilidade e pela transformação. É verdade. A empregabilidade e a concorrência acirrada nos apon-
Fabrício Vieira*
tam um novo desafio da escola, que é preparar gerações para a sociedade da informação. Contudo, se essa é uma leitura possível de uma “educação para a vida”, também é igualmente parcial e incompleta.
vimento pleno da vida. Temos alguns exemplos concretos, tirados de notícias tristes que nos chegam pelos jornais: incêndios, violência, corrupção, preconceito. Há tanto a mudar, não é? Educar para a vida real, no caso brasileiro, é formar jovens capazes de construir mais rapidamente um País justo, que respeite as leis e abandone traços culturais da informalidade (que frequentemente se transformam em ilegalidade), e uma sociedade mais solidária e consciente da extensão de seus atos e de suas omissões.
Formar indivíduos para enfrentar os imperativos do mundo real é muito mais complexo, e temos – como educadores ou como pais – de buscar, cotidianamente, desenvolver todas as condições interdependentes de desenvol©Varina Patel/PhotoXpress
Mais polícia, mais fiscalização, mais presídios não tornarão o País melhor. É necessário mais educação, mais jovens conscientes do poder do voto, dos direitos que devem reivindicar, da recusa em conviver com o improviso e com o descaso. Por trás das notícias ruins, há especialmente um País que carece de uma educação cada vez melhor, mais constante, mais democrática, mais completa. Ou seja, tudo isso tem a ver conosco, educadores, em nossas escolas, todos os dias. *Coordenador pedagógico da Divisão de Sistemas de Ensino da Editora Saraiva www.sejaetico.com.br
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