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Linha Direta INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO

EDUCAÇÃO EM NANOCIÊNCIA E NANOTECNOLOGIA

Programa apresenta aos alunos conceitos e inovações que irão prepará-los para uma nova dimensão

VIRTUAL Objetos 3D criam ambientes mais reais

PLANEJAMENTO Ensino profissional alicerçado numa sólida educação geral

EBEP Educação básica articulada com educação profissional

INOVAÇÃO Valorizando a ciência e a tecnologia desde a educação básica

FORMAÇÃO Educação para o mundo do trabalho

MEC Democratização do ensino para o crescimento do País

Paulo Skaf

Rafael Lucchesi

José Henrique Paim

EDIÇÃO 184 ANO 16 - JULHO 2013


editorial

Educação e Inovação

Educación e Innovación

Estas talvez sejam as palavras que mais deveriam estar presentes no dia a dia da nossa sociedade e na agenda dos formuladores de nossas políticas públicas: educação e inovação. Antes mesmo das intensas manifestações que tomaram conta das ruas de diversas cidades brasileiras e que pediam, dentre outras coisas, uma educação de qualidade para todos, o tema já vinha sendo debatido com mais profundidade não apenas por especialistas no assunto, mas pela sociedade em geral. Isso porque, apesar dos avanços sociais que vêm transformando a sociedade brasileira e gerando, por consequência, uma maior percepção da importância de se investir em educação, estamos longe de ser um País justo e inclusivo quando mensuramos qualidade.

Estas tal vez sean las palabras que más deberían estar presentes en el día a día de nuestra sociedad y en la agenda de los formuladores de nuestras políticas públicas: educación e innovación. Antes mismo de las intensas manifestaciones que tomaron las calles de diversas ciudades brasileñas y que pedían, entre otras cosas, una educación de calidad para todos, el tema ya venía siendo debatido con más profundidad no apenas por especialistas en el asunto, sino que por la sociedad en general. Esto porque, a pesar de los avances sociales que vienen transformando la sociedad brasileña y generando, por consecuencia, una mayor percepción de la importancia de invertir en educación, estamos lejos de ser un País justo e inclusivo cuando mensuramos calidad.

Apesar do significativo avanço quantitativo das matrículas na educação básica e no ensino superior, convivemos, ainda, com um cenário qualitativo que precisa urgentemente alcançar níveis compatíveis com o nosso projeto de nos tornarmos uma nação desenvolvida. Nesse sentido, é essencial que sejamos capazes de renovar nossas esperanças e também nossas práticas educativas. Se é verdade que o capital humano é o principal patrimônio de uma nação, devemos, incansavelmente, investir em tornar esse patrimônio cada vez maior e melhor, através de uma formação profissional que leve em consideração os desafios impostos pela competitividade global e os princípios éticos que, cada vez mais, serão decisivos para o sucesso das instituições e governos.

A pesar del significativo avance cuantitativo de las matrículas en la educación básica y en la enseñanza superior, convivimos, aún, con un escenario cualitativo que precisa urgentemente alcanzar niveles compatibles con nuestro proyecto de tornarnos una nación desarrollada. En este sentido, es fundamental que seamos capaces de renovar nuestras esperanzas y también nuestras prácticas educativas. Si es verdad que el capital humano es el principal patrimonio de una nación, debemos, incansablemente, invertir en tornar ese patrimonio cada vez mayor y mejor, a través de una formación profesional que tenga en consideración los desafíos impuestos por la competitividad global y los principios éticos que, cada vez más, serán decisivos para el suceso de las instituciones y gobiernos.

Assim sendo, é fato que a palavra inovação também deverá estar na pauta de nossas instituições de ensino e permear toda a estrutura curricular, já que os processos, produtos e serviços inovadores estarão cada vez mais impactando a vida das pessoas, dentro e fora da escola. Para debater sobre esse tema, apresentamos na matéria de capa desta edição uma reportagem sobre educação em nanociência e nanotecnologia, que nos mostra uma visão de futuro sobre como e por que a inovação deve estar presente no dia a dia dos nossos alunos desde as séries iniciais do ensino fundamental. Boa Leitura!

Siendo así, es un hecho que la palabra innovación también deberá estar en la pauta de nuestras instituciones de enseñanza y permeabilizar toda la estructura curricular, ya que los procesos, productos y servicios innovadores estarán cada vez más impactando la vida de las personas, dentro y fuera de la escuela. Para debatir sobre este tema, presentamos en la materia de tapa de esta edición un reportaje sobre educación en nanociencia y nanotecnología, que nos muestra una visión de futuro sobre cómo y por qué la innovación debe estar presente en el día a día de nuestros alumnos desde los niveles primeros de la enseñanza fundamental. ¡Buena Lectura!

Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta

Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta

Revista Linha Direta


contexto

Das telas para a sala de aula Objetos de aprendizagem em 3D criam ambientes mais originais e próximos da realidade

A

Divulgação

s Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) têm utilizado recursos gráficos para criar animações que podem ser vistas no cinema, na televisão e agora também na escola. Umas das principais diferenças entre o desenho tradicional e a animação digital é que, nesta, as imagens são apresentadas em três dimensões (3D), ou seja, quando se utilizam técnicas de 3D ficam muito perceptíveis as ideias de profundidade, de perspectiva e de um ambiente mais original e próximo da realidade. Esse tipo de ambiente se torna extremamente atrativo para alunos da geração digital, que convivem com as intervenções tecnológicas a todo momento. Diante desse novo cenário, a XD Education surge para oferecer a instituições de ensino Objetos de Aprendizagem em 3D que impulsionam o processo ensino-aprendizagem. Em entrevista à Linha Direta, Luís Carlos de Carvalho, diretor de relacionamento e negócios da XD Education, fala sobre os benefícios que a tecnologia pode trazer para a educação, além de apontar os diferenciais que a empresa traz para o mercado. Confira! Revista Linha Direta

Luís Carlos de Carvalho, diretor de relacionamento e negócios da XD Education


O que o conteúdo oferecido em 3D agrega ao processo de ensino, tanto para alunos quanto para professores? Somos seres visuais! Vários estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa mostram que o cérebro processa informação visual 60 mil vezes mais rápido do que texto e que 90% das informações que chegam ao cérebro são visuais. Portanto, nada mais lógico que utilizar esse maravilhoso recurso que temos de uma forma que leve melhoria ao processo de ensino-aprendizagem. Quais as expectativas em relação à melhoria na qualidade da educação? As vantagens do uso do 3D em sala de aula não são questionáveis! As instituições de ensino que já utilizam a tecnologia no Brasil confirmam suas expectativas. É uma tecnologia implantada recentemente no País (apesar de já termos mais de 200 instituições de ensino privado utilizando os Objetos de Aprendizagem 3D), e a XD ­Education deve realizar, ainda em 2013, através de institutos de pesquisas renomados, uma pesquisa quantitativa e qualitativa para mostrar em números os ganhos efetivos na educação de nossas crianças e jovens. O entusiasmo de professores e alunos no uso da tecnologia já nos dá uma boa indicação. Que inovações a XD Education oferece para o mercado educacional? A XD Education oferece às instituições de ensino públicas e privadas o que há de mais avançado na integração dos mundos da tecnologia e da educação. Nossa proposta é transformar a sala de aula em um ambiente agradável, divertido, desafiador e instigante. Para isso, oferecemos conteúdos digi-

tais em três dimensões, que falam a linguagem dos alunos do século XXI, e para as disciplinas não tão populares entre eles – matemática, química, física e biologia. Um dos nossos principais objetivos é despertar a atenção de crianças e jovens para assuntos de difícil entendimento nessas disciplinas, e nada mais eficaz que trazer, para nós, que somos seres visuais, conteúdos de altíssima qualidade, que compreendem aplicativos em 3D, como vídeos, laboratórios virtuais, simulações e jogos interativos atrelados a tarefas mais cotidianas em sala de aula, como banco de questões, links de internet para pesquisa, imagens e glossário, numa plataforma única – chamada de Objetos de Aprendizagem 3D. Trazemos inovações a todo momento para o mercado, como o recém-lançado XDS – Unidade Móvel 3D, que permite ao professor levar a Tecnologia 3D Estereoscópica (a mesma do cinema 3D) para toda e qualquer sala de aula. Não temos concorrentes no mercado nacional (nem no internacional) para esse tipo de tecnologia, com a qualidade e quantidade de tópicos que oferecemos em versão bilíngue – são mais de 2 mil títulos para as disciplinas. A empresa aposta nessas inovações para fazer frente a outras empresas do ramo? O desenvolvimento de conteúdo digital, em especial em 3D, não é algo fácil e rápido de ser feito. Envolve mão de obra extremamente qualificada e muito tempo para o desenvolvimento de produtos de alta qualidade. Portanto, não são muitas as empresas que oferecem o tipo de conteúdo que oferecemos. As empresas com mais tradição no mercado educacional preferem fazer parcerias comerciais que proporcionem aos seus

clientes valor agregado, ao invés de investir tempo e dinheiro no desenvolvimento desse tipo de conteúdo. Nosso relacionamento com os maiores players do mercado reflete essa realidade. Quais as principais características dos Objetos de Aprendizagem 3D da XD Education? Uma das principais características dos Objetos de Aprendizagem 3D – Eureka.in, do ponto de vista dos educadores, é a facilidade de uso. Das mais de 200 instituições de ensino que já utilizam os Objetos, apenas uma nos solicitou uma capacitação formal do produto para seus professores. Ele é muito fácil de ser usado em sala de aula. Nós usamos a tecnologia como meio para levar assuntos de difícil compreensão para a sala de aula, não como objetivo-fim. Professores que têm um pouco mais de dificuldade em assimilar tecnologia no dia a dia vão se sentir extremamente confortáveis com o uso de nossos Objetos de Aprendizagem 3D – Eureka.in. Quem são os profissionais responsáveis pela gestão e produção de conteúdos dos Objetos de Aprendizagem 3D? A produção dos Objetos de Aprendizagem 3D é realizada por nosso parceiro comercial na Índia, chamado Designmate, que tem mais de 24 anos de experiência no desenvolvimento de conteúdo digital para sala de aula e é considerado líder mundial no desenvolvimento e comercialização de conteúdo em 3D para esse mercado, com mais de 10 mil instituições de ensino usuárias do Eureka.in. A gestão da versão em Português/ Inglês é feita pela XD Education no Brasil, em cooperação com a própria Designmate.  Revista Linha Direta


capa

EDUCAÇÃO EM NANOCIÊNCIA E NANOTECNOLOGIA Programa apresenta aos alunos conceitos e inovações que irão prepará-los para uma nova dimensão

IRIDESCÊNCIA Asa da borboleta A superfície da asa de uma borboleta é uma estrutura de partículas sem pigmento. Enxerga-se a cor devido a um padrão de reflexão e refração nas diversas camadas nanométricas das partículas.

Revista Linha Direta

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enômenos que acontecem no dia a dia, como a facilidade das lagartixas em subir paredes e andar no teto, a variedade de cores das borboletas e a capacidade da flor de lótus de não absorver líquidos, podem ser explicados através da nanociência e da nanotecnologia. Esses conceitos, desconhecidos até há pouco tempo, aparecem como o suprassumo da evolução tecnológica atualmente, estando cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. Nano é um prefixo que vem do grego nannós e significa excessiva pequenez. Um único nanômetro (nm) corresponde a 10-9 metros, ou seja, a bilionésima parte do metro. Então, a nanociência é o mundo do muito pequeno, do que acontece entre os átomos e as moléculas. Ela se refere especificamente ao estudo de objetos que estão na gama de 10 a centenas de nanômetros. Já a nanotecnologia é a manipulação real,

a aplicação e o uso de objetos de tamanho nanométrico. Pensado pela primeira vez em meados da década de 1970, o desenvolvimento da nanotecnologia se deu de maneira lenta nas duas décadas seguintes, vindo a se intensificar no início dos anos 2000 e fazendo com que, hoje, a expressão “pensar pequeno” não possua o mesmo sentido de outras épocas. Áreas como medicina, química e engenharia já contam com importantes contribuições dessas inovações. O setor industrial é outro que possui grande campo de atuação nanotecnológico, apresentando, ainda, grande potencial de crescimento para as próximas décadas. Programa educacional Pensando nesse horizonte de possibilidades que se abre diante do “nano mundo”, o Serviço So-


HIDROFOBIA Efeito lótus A superfície nanoestruturada da flor de lótus permite que ela não apodreça na água porque a água não molha a superfície da flor. O mesmo se dá com a asa da borboleta, que continua a voar na chuva, ou com o inseto que parece andar sobre a água. cial da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do Estado de São Paulo desenvolveram o Programa de Educação em Nanociência e Nanotecnologia, voltado para alunos dos ensinos fundamental e médio do SESI e dos cursos técnicos e tecnológicos do SENAI. O Programa tem como objetivo apresentar essas inovações aos estudantes e, consequentemente, prepará-los para trabalhar com uma nova dimensão.

ADERÊNCIA MOLECULAR Pata da lagartixa Cada pata da lagartixa possui cerca de 500 mil pelos de queratina com terminações pontiagudas menores que 100nm de diâmetro. Essas nanoestruturas promovem a adesão do animal em qualquer superfície, devido à força de atração intermolecular.

Se nanociência e nanotecnologia são conceitos novos, a aplicabilidade deles está apenas engatinhando. Responsável pelo Programa, o diretor técnico do SENAI/ SP, Ricardo Terra, explica que existe uma gama de possibilidades de aplicação em diferentes campos industriais e comerciais e lembra que, no passado, tínhamos a tabela periódica, e as combinações dos elementos resultavam em novas moléculas. “Hoje, é possível criar moléculas não existentes, e isso traz inúmeras e novas possibilidades para a ciência”, argumenta. Segundo Terra, a compreensão desses conceitos dentro do universo educacional é permitida porque não demanda muito aparato tecnológico. Porém, o diretor ressalta que, se existir um ambiente com esse aparato, permitindo que o aluno faça descobertas e vivencie experiências, a aprendizagem será muito mais valiosa. “Existe

um provérbio oriental interessante que diz que saber e não fazer ainda não é saber.” Nessa direção, a ideia do Programa de Educação em Nanociência e Nanotecnologia do SESI/SENAI de São Paulo surgiu, há dois anos. Desde então, ele vem sendo pensado e desenvolvido, tendo começado suas atividades no início de 2013. “Esse projeto nasceu com a visão, compartilhada por todos os envolvidos, que prega a necessidade de trabalharmos a ciência e a tecnologia em todos os níveis da educação, incluindo os ensinos fundamental e médio, e não apenas a educação profissional”, explica Terra, lembrando que o projeto se inspirou em experiências de outros países, através de prospecções realizadas pelo SENAI em feiras internacionais. “Vimos experiências nos Estados Unidos, na Alemanha, Suíça e França, e a partir daí criamos a nossa estratégia.” Teoria e prática Ricardo Terra ressalta que o Programa desenvolvido pelo SESI/SENAI se inicia no ensino fundamental e tem diferentes estratégias para cada ano. “Começamos com o nano esclarecimento e depois acompanhamos toda a evolução das ciências no currículo, sempre contemplando a visão da escala de 10-9, que é o primeiro conceito que precisa ser trabalhado.” O diretor explica ainda que o homem Revista Linha Direta


Everton Amaro

conseguiu chegar a essa escala graças à evolução da ciência, da microscopia e da manufatura e que, daqui para a frente, ela estará cada vez mais presente em nossas vidas, principalmente através de produtos. Para os mais novos, o primeiro passo é aprender os conceitos da nanociência, importantes para que eles entendam os fenômenos que acontecem no dia a dia e despertem o interesse por esses estudos. O conteúdo do Programa para o ensino fundamental está distribuído nas aulas de ciências e procura desenvolver os conceitos de forma prática, chamando a atenção dos alunos para questões científicas. “A estratégia é trabalhar o conteúdo através de exemplos. Explicar para a garotada o porquê de a lagartixa ficar grudada no teto é importante para que eles entendam o fenôRevista Linha Direta

meno e tudo o que está associado ao processo. Assim, fica mais fácil compreender os efeitos da ciência em sua vida”, diz Terra. Além disso, com a estrutura que foi montada pelo Programa, o entendimento se torna ainda mais fácil. “Quando o professor for falar, por exemplo, da flor de lótus e da questão da hidrofobia, ele terá todo um aparato tecnológico que permitirá exemplificar o fenômeno existente”, completa.

te uma cor através de um processo chamado iridescência. Hoje, a indústria de cosméticos se apropria desse fenômeno para criar produtos de beleza para o rosto”, explica o diretor do SENAI.

Vários exemplos são apontados pelo Programa e mostram como a indústria se apropria da nanociência presente na natureza para produzir novos produtos e serviços. “Os alunos começam a entender, por exemplo, que a asa da borboleta não tem cor. Que nessa asa ocorre um fenômeno de reflexão e refração de luz, em função de sua estrutura molecular, que faz com que ela apresen-

No ensino médio, o tema principal é a nanotecnologia, que é a aplicação da ciência do 10-9 na vida das pessoas, seja em produtos, processos etc. “Os jovens do ensino médio do SESI já estão articulados com o ensino técnico do SENAI. Então, construímos para eles um itinerário formativo inicial, que é um curso de 20 horas de imersão na nanotecnologia, com várias atividades, in-

Ainda para o trabalho com o ensino fundamental, foi desenvolvido, em parceria com uma universidade de Taiwan, um DVD com desenhos animados explicativos para os alunos.


Dc Studio Produções Dc Studio Produções

O SENAI não atua apenas no campo da educação, mas também com a prestação de serviços para empresas. Ricardo Terra acredita que essa experiência facilita o desenvolvimento de conceitos, já que existe uma vivência do mundo real. “Isso nos dá o know-how para trabalhar nos ensinos fundamental e médio, passando para os alunos todo esse conhecimento.”

Sala de aula móvel O Programa de Educação em Nanociência e Nanotecnologia do SESI/SENAI conta com duas vertentes, sendo a primeira delas a da construção de 12 laboratórios em três unidades de ensino do SENAI. Esses laboratórios serão utilizados pelos alunos da entidade dos cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação. Já a segunda vertente do projeto prevê a construção de cinco escolas móveis, montadas em carretas, que percorrerão as várias regiões de São Paulo, atendendo aos alunos das unidades do SENAI e do SESI do interior do Estado. As unidades móveis são salas de aula equipadas com o que há de mais moderno em microscópios eletrônicos e equipamentos de alta tecnologia, em que o visitante pode assistir a demonstrações e experiências

Dc Studio Produções

clusive práticas”, conta o diretor. Após esse curso inicial, as disciplinas do SENAI passam a ser desenvolvidas de forma articulada com as disciplinas técnicas da nanotecnologia, aplicando seus conceitos na prática. “Na área de mecânica, por exemplo, existem lubrificantes que usam conceitos nanotecnológicos. Na área de polímeros existe a inclusão de nanoparticulados, que acabam criando outras funcionalidades para o composto”, explica Terra.

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Sala de aula no interior da Escola Móvel

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de aplicações práticas de nanociência e nanotecnologia. A preparação dos professores responsáveis por ministrar as aulas foi feita a partir da criação de um grupo de trabalho que envolveu profissionais do SESI e do SENAI. O processo contou ainda com a contratação de cinco pesquisadores que foram responsáveis pela qualificação dos docentes. Visita in loco A concepção da Escola Móvel, como ela está configurada, é única. Inclusive o SESI/SENAI de São Paulo foi escolhido por um de seus fornecedores como uma experiência bem-sucedida, segundo contou Ricardo Terra, durante a visita que a equipe da Revista Linha Direta

Linha Direta fez a uma das carretas. “Usamos essa estrutura também em feiras. Temos uma palestra de cerca de 20 minutos, pela qual prestamos um nano esclarecimento para a comunidade. Na última bienal do livro, por exemplo, atendemos a cerca de 2 mil pessoas por dia.” A bioquímica Nathália Moreira, instrutora do SENAI, foi uma das capacitadas para o Programa. Ela fala da importância de projetos como esse diante da necessidade de preparar os alunos para o cenário que se desenha no futuro. Nathália prestou um nano esclarecimento à equipe da Linha Direta durante a visita. Ela contou sobre o trabalho realizado, dando exemplos das áreas em que o curso visa a trabalhar e evidenciando

a presença da nanotecnologia nos diversos setores. “Na área têxtil, encontramos algumas camisetas nanotecnológicas, como uma que é antibactericida, que tem em sua composição algo que não permite que as bactérias cresçam e, por isso, não retêm odor”, explica Nathália. A bioquímica fala, também, da indústria de alimentos, que desenvolveu um shake de Ômega 3 com nanocápsulas que estouram no intestino, permitindo que todos os nutrientes sejam absorvidos. “Saber dessas questões é muito importante para o jovem, pois ele começa a perceber, através dessas aplicações, a presença da ciência em sua vida. Assim, estamos cumprindo o objetivo principal do projeto: a aplicação da ciência no cotidiano”, finaliza.


Barbara Pereira, aluna do 3º ano do ensino médio Foi interessante, pois eram coisas desconhecidas para mim. Ainda estou na dúvida em relação à minha profissão, mas se eu seguir gastronomia, que é uma das minhas opções, percebi que poderei utilizar muito conhecimento relacionado à nanotecnologia.

Lucas Ribeiro, aluno do 2º ano do ensino médio Foi uma experiência legal e diferente, pois uma coisa é saber que existem coisas pequenas por aí, e outra coisa é ver, de fato, essas pequenas coisas.

Everton Amaro

Grabriella Mayumi, aluna do 3º ano do ensino médio Vi coisas que eu nem imaginava que existiam. Acredito que esse conhecimento pode me ajudar no futuro, pois estou fazendo o curso de automação industrial no SENAI, e esse conteúdo dado aqui é de mil e uma utilidades para a minha área.

Fernanda Martins, aluna do 2º ano do ensino médio Durante o curso, aprendemos a utilizar os materiais, o que despertou nossa curiosidade para essas manipulações. Para mim, o curso foi importante, pois quero fazer engenharia metalúrgica e ele me deu uma noção dos processos utilizados.

Amanda Oliveira, aluna do 2º ano do ensino médio O que aprendemos na teoria pôde ser visto na prática e isso vai me ajudar futuramente, pois quero fazer o curso superior de química e já estou pensando em fazer uma pós-graduação em nanotecnologia. Percebemos que muitas coisas podem ser feitas a partir da utilização da nanotecnologia. Pensamos em um guarda-chuva impermeável, que não absorve a água e que pode ser guardado logo após o uso. Tem muita coisa que pode ser pensada e se tornar viável com a nanotecnologia.

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Cultura da inovação Presidente da FIESP, do SESI/SP e do SENAI/SP fala sobre a importância da temática

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iência e Tecnologia sempre foram o carro-chefe do SESI/SENAI de São Paulo. Nessa direção, incentivar crianças, preparandoas para uma nova dimensão é um dos objetivos do Programa de Educação em Nanociência e Nanotecnologia da instituição, segundo o presidente da FIESP, do SESI/SP e do SENAI/SP, Paulo Skaf. Segundo ele, espera-se, com esse projeto, despertar o interesse das crianças, desde o ensino fundamental, pela descoberta científica e, assim, promover a valorização da ­ciência. Confira a entrevista exclusiva à Linha Direta. Qual a importância de projetos como o da nanociência e da nanotecnologia, que não só trazem para os jovens o conhecimento sobre o tema como também os prepara para o mercado futuro? Quando anunciamos que iría­ mos incluir os princípios de

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nanotecnologia no ensino fundamental de todas as escolas do SESI/SP, nosso objetivo era colaborar para criar no País uma cultura de inovação. Queremos incentivar as crianças, fazê-las ter contato com esse mundo, porque hoje elas só conhecem as dimensões visíveis – o centímetro, o milímetro. Com as escolas móveis de nanotecnologia do SENAI/SP, é possível abrir a cabeça das crianças para uma nova dimensão. Os professores de biologia, por exemplo, já vão começar a associar as escalas da célula às escalas da nanotecnologia. Assim, poderemos despertar o interesse das crianças, desde o ensino fundamental, pela descoberta científica, e promover a valorização da ciência. Qual o valor do projeto, do ponto de vista da produção de conhecimento, para o País? A nanotecnologia é uma tecnologia emergente, responsável pela


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Em que projetos dessa natureza contribuem para a competitividade internacional do País?

Paulo Skaf, presidente da FIESP, do SESI/SP e do SENAI/SP

ruptura com modelos e processos tradicionais, o que é fundamental para o desenvolvimento e a competitividade das indústrias e nações. Para se ter uma ideia de sua expansão, o mercado de produtos que incorporam nanotecnologias era de US$ 135 bilhões em 2007 e deverá alcançar US$ 263 bilhões ainda este ano. Sua aplicação inclui o desenvolvimento de produtos têxteis com novas propriedades antibactericidas e repelentes a insetos, o desenvolvimento de novos materiais, mais leves e resistentes, de medicamentos mais eficientes, de alimentos funcionais, além de aplicações na indústria automotiva, aeroespacial e em muitas outras.

O senhor acredita que a nanotecnologia será fundamental para o desenvolvimento e a competitividade das indústrias e nações daqui para a frente? Em nanotecnologia, não se pode pensar pequeno. O mercado mundial desse setor estima que deverá movimentar US$ 3,1 trilhões anuais a partir de 2015. Nosso País, entretanto, está muito atrasado nesse campo. Hoje, sequer integramos o grupo dos 35 países líderes no segmento. Nem mesmo no contexto dos BRICS estamos bem posicionados. Em termos de investimentos em pesquisa e desenvolvimento nessa área, estamos atrás da Rússia, China e Índia. Precisamos recuperar o tempo perdido.

Graças à nanotecnologia, será possível, muito em breve, produzir equipamentos mais eficientes, medicamentos mais eficazes, materiais mais resistentes, computadores com maior capacidade de armazenamento, além de proporcionar inúmeros benefícios socioambientais. Um bom exemplo de utilização prática é a tecnologia a ser utilizada na indústria automobilística, com pinturas especiais autolimpantes e que não riscam. O senhor acredita que a nanotecnologia proporcionará uma nova revolução industrial? Sem dúvida. A indústria vivenciará uma verdadeira revolução com a nanotecnologia, que terá grande impacto transformador em muitos processos tradicionais, principalmente nos setores farmacêutico, químico, de energia, petróleo, mineração, metal-mecânico, têxtil e gráfico. Haverá ganhos de produtividade, redução de custos e surgimento de novos produtos.  Revista Linha Direta


educação para o trabalho

Educação para o mundo do trabalho Divulgação

Para o superintendente nacional do SESI e diretor-geral do SENAI, a educação profissional exerce papel importante para o desenvolvimento do País

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reforma educacional tem o importante papel de ajudar a tornar o sistema educativo brasileiro mais comprometido com o projeto de desenvolvimento econômico do País, que privilegia, além de outras coisas, uma maior distribuição de renda. Nesse contexto, segundo o superintendente nacional do SESI e diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, a educação profissional tem papel importante na sustentação desse novo ciclo. Para isso, o Brasil precisa ampliar a demanda por esse tipo de formação, através de programas bem-estruturados como, por exemplo, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (­Pronatec), que é uma iniciativa do governo federal que objetiva ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. Em entrevista exclusiva à Linha Direta, Lucchesi fala também da necessidade de reestruturar o currículo do ensino médio para abrigar maior carga horária das disciplinas principais, como português e matemática. “É a lógica do sistema de

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Rafael Lucchesi, superintendente nacional do SESI e diretor-geral do SENAI

educação dual fortemente implementado no SESI e no SENAI”, diz. Confira a entrevista! Qual é o cenário do ensino profissional no Brasil? O governo federal expandiu, nos últimos anos, as redes dos institutos federais de tecnologia e criou, em 2011, o Pronatec, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de

educação profissional e tecnológica. Além disso, vários governos estaduais têm expandido sua rede de escolas públicas para a educação profissional. Mas ainda é insuficiente. O contingente de jovens que fazem educação profissional no Brasil ainda é menor do que nos países desenvolvidos e nos emergentes mais bem-posicionados. Dos jovens brasileiros entre 15 e 19 anos, apenas 6,6% fazem educação profis-


sional junto com educação regular de forma concomitante. A média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é acima de 40%, sendo que, na Alemanha, esse número passa de 53%, ou seja, o sistema de educação profissional alemão atinge mais da metade dos jovens. Mais: o contingente de jovens alemães que cursa universidades é duas vezes e meia maior do que o do Brasil, que hoje é de 17,6%. Que medidas são importantes para se reverter esse quadro? Uma agenda importante para o Brasil seria ampliar a educação profissional, através de programas bem-estruturados como o ­Pronatec, para criar mais oportunidades para que a juventude ingressasse no mercado de trabalho. É preciso, também, avançar na reforma educacional, revendo questões como a própria estrutura curricular do ensino médio, que hoje conta com 19 disciplinas. Dados do Compromisso Todos pela Educação revelam que 90% dos que concluem o ensino médio não aprenderam o adequado em matemática, e 75% não aprenderam o adequado em português. Isso leva à reflexão de que a reestruturação deve concentrar a carga horária nas disciplinas principais, como acontece nos países que possuem os melhores índices de educação do mundo. Precisamos melhorar também a gestão da escola. Hoje, no Brasil, aproximadamente 50% das aulas que constam na carga horária não são dadas. Quais os maiores desafios da educação para o mundo do trabalho? Há um mito no Brasil de que a mobilidade social está presa exclusivamente à formação universitária. Esse é o padrão cultural do milagre brasileiro: elevado arrocho

salarial para a classe trabalhadora e rendas diferenciadas para a classe média. Não é mais a realidade social do Brasil. Hoje, as 21 profissões técnicas mais demandadas pela indústria têm um salário inicial acima de R$ 2 mil. Para quem tem 10 anos de profissão, o salário é, em média, de R$ 5,7 mil. Existem situações em que o salário é ainda maior, o que dá uma enorme atratividade ao mercado. Muitas dessas profissões estão com o salário médio acima do salário de profissões de formação universitária. O importante é que, com a educação profissional, o jovem vai poder ingressar cedo no mercado de trabalho e terá algumas vantagens: inserção profissional em uma carreira bem remunerada, estável, que dará condições de ele prosseguir com seu projeto de vida, com seus estudos, tendo uma orientação profissional melhor.

cação Profissional (Ebep), que é a articulação entre o SESI e o SENAI. É a lógica do sistema de educação dual fortemente implementado nessas instituições. Com a evolução tecnológica, a colaboração escola/indústria pode permitir a superação dos desafios? Temos um problema secular: uma escola do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI, que não estão dispostos a entrar numa sala de aula do século XIX. Então, temos que avançar na utilização de ferramentas de alta tecnologia e em uma forma mais eficiente de aprendizado, no aprender-fazendo. Isso vai, certamente, estabelecer uma escola mais eficiente, mais interessante e com melhores resultados.

Qual o modelo de formação profissional seguido pelo SESI/SENAI?

Como o SESI e o SENAI contribuem para a criação de uma cultura voltada para a educação para o trabalho?

O SESI fez parte da última Prova Brasil e ficou bem colocado. O 5º ano alcançou 7,1 pontos, muito acima das outras redes, inclusive as federais e privadas. No 9º ano também ficamos acima. Uma das características do modelo educacional do SESI, que possibilita essa colocação, é trabalhar mais o processo interativo. É comprovado pelas mais modernas teorias pedagógicas que, quando se associa teo­ria à prática, o processo de aprendizado é mais eficiente e muda a atitude do jovem com relação a empreender, a liderar, a uma série de aspectos que são competências decisivas para o sucesso dele. Por isso, nossos alunos do SESI, dos 2º e 3º anos do ensino médio, passam a frequentar a educação profissional do SENAI no contraturno. Para isso, contamos com o Programa de Educação Básica Articulada com a Edu-

No SESI, avançando na estruturação de um sistema educacional focado no ethos do fazer, utilizando mais laboratórios, experiências e práticas, maior criticidade sobre o processo de aprendizado, liderança, empreendedorismo. Tudo isso está no pacote do sistema educacional do SESI. Além disso, procuramos novas ferramentas de gestão educacional. A nossa já é excelente, mas pode sempre melhorar, tanto na capacidade de incorporação de novas tecnologias como na parte de gestão. No SENAI, estamos avançando na melhoria daquilo em que ele já é excelente: a educação profissional, a formação para o trabalho. Além disso, estamos alargando a oferta de vagas de 2 para 4 milhões e atingindo um número cada vez maior de jovens brasileiros que vão buscar a educação para o mundo do trabalho.  Revista Linha Direta


educação para o trabalho

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra E

m 13 de maio de 1888, a Lei Áurea aboliu oficialmente o trabalho escravo no Brasil. Porém, valores e costumes não são modificados por decretos ou leis. É um processo de mudança que se estende por um bom tempo, maior ou menor, na dependência de políticas públicas e das demandas da sociedade e dos setores econômicos. Assim, o preconceito em relação ao trabalho manual, característico da escravidão, permaneceu. E a preparação para ocupações manuais continuou a ser vista como destinada aos filhos dos outros. Nesse sentido, o decreto de 1909, que criou Escolas de Aprendizes Artífices, considerou necessário “não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e intelectual, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo, que os afastarão da ociosidade ignorante, escola do vício e do crime.” Mas, em especial na década de 1940, a indústria precisou produzir o que outros países não po-

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Walter Vicioni*

diam mais vender para o Brasil, em consequência da guerra. A pressão dessa indústria para contar com trabalhadores qualificados fez com que o poder público oficializasse, em 1942, a criação do SENAI e tomasse ainda outras medidas para a expansão do ensino industrial.

ção de mais uma ONG ao preparo de aprendizes e ao lançamento de programas para a criação de milhares de vagas de qualificação profissional. Ainda, tem-se conhecimento de uma avalanche de novas normas do Ministério da Educação para regulamentar e controlar o ensino técnico.

Durante as décadas seguintes, o ensino profissional industrial manteve-se à margem do sistema educacional brasileiro, como um “patinho feio” tolerado e aceito como uma estrutura paralela. Os ginásios industriais públicos minguaram e praticamente desapareceram. O SENAI cresceu e foi um dos esteios para a ampliação, diversificação e modernização da indústria.

Do relativo abandono, assiste-se agora à supervalorização do ensino profissional. Isso é ruim? Não, desde que se tome uma série de cuidados.

Recentemente, assiste-se a uma valorização do ensino profissional e, em especial, do técnico, que passa a fazer parte de todos os discursos políticos, como solução para problemas do País. A matrícula cresce e, a cada dia, assistese à inauguração de uma nova escola técnica pública, à dedica-

Primeiramente, é preciso ter claro que a clientela não pode se limitar à população de baixa renda. Além disso, os objetivos do ensino profissional não podem se restringir a aumentar a autoestima dos jovens ou a retirá-los da rua. Não podemos voltar ao ensino para os pobres e desamparados, que pretende afastar o jovem da “ociosidade ignorante, escola do vício e do crime.” Ainda, não podemos aumentar indiscriminadamente as vagas sem levar em conta a demanda.


A falta de planejamento pode resultar em uma frustração dos formados, que não encontram oportunidades de inserção no mundo do trabalho; das empresas, que não conseguem admitir trabalhadores com o perfil necessário; e da sociedade em geral, que não tem sucesso em seus planos de desenvolvimento socioeconômico.

Também é importante considerar que a educação profissional precisa conservar certo grau de flexibilidade para poder adaptarse às constantes mudanças nas tecnologias e nas formas de organização dos sistemas produtivos. O excesso de regulamentação, como são exemplos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível

Técnico e a necessidade de inclusão em um catálogo nacional para a implantação de um novo curso técnico, vem engessando e inviabilizando a contínua adequação ao mercado de trabalho.

Júlia Moraes

Finalmente, é essencial considerar que o ensino técnico não pode substituir uma educação básica de excelência. Não pode também prescindir dela. Pelo contrário, é fundamental que o ensino profissional seja alicerçado numa sólida educação geral, já que precisa formar profissionais capazes de realizar operações cada vez mais complexas e variadas, dominando conhecimentos tecnológicos de sua área de atuação. Além disso, deve promover o desenvolvimento de atitudes pessoais, no sentido de incentivar a iniciativa, a capacidade de julgamento para planejar e para avaliar o próprio trabalho e a disposição para trabalhar em equipe, bem como a criatividade para enfrentar novas situações e solucionar problemas. Assim, é alvissareiro que o ensino profissional seja valorizado. Mas é preciso considerar que não é uma missão para amadores. Para ser eficaz, deve ser fruto de planejamento e de constantes avaliações. Portanto, não se trata de tirá-lo do limbo para tratá-lo como uma panaceia que resolverá todos os problemas da educação nacional. Como já ensinava Ovídio, em Metamorfoses, o meio-termo é em tudo mais seguro.  *Membro titular do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, diretor regional do SENAI/SP e superintendente do SESI/SP www.sesisp.org.br www.sp.senai.br Revista Linha Direta


educação para o trabalho

Educação articulada O

ferecer ao jovem conhecimentos, competências e habilidades para que ele possa se desenvolver como cidadão, como agente de transformação e de produção e contribuir de forma significativa para que a indústria brasileira responda com sucesso à logica da produtividade e competitividade, dentro do contexto de inovação. Esse é o objetivo da educação básica articulada com educação profissional. A melhoria da qualidade da educação não se constrói em um dia, muito menos com ações isoladas. Ela se traduz no trabalho conjunto daqueles que acreditam na educação como processo contínuo de desenvolvimento pessoal e profissional dos indivíduos a partir de ações transformadoras. Os altos níveis de desemprego entre os jovens e a escassez de profissionais com habilidades críticas para o trabalho nos colocam diante de um paradoxo. A estimativa da Organização InterRevista Linha Direta

nacional do Trabalho é de que há 75 milhões de jovens desempregados no mundo, e esse quadro pode ser muito maior se considerarmos o número de jovens em subempregos. Esses são apenas alguns dos dados alarmantes apresentados no estudo realizado pela McKinsey & Company, intitulado Educação para o trabalho: desenhando um sistema que funcione, que revela o drama do desemprego juvenil e da falta de competências necessárias para a inserção dos jovens no mundo do trabalho. O estudo, que envolveu nove paí­ ses, entre os quais Brasil, Alemanha, Índia, México, Marrocos, Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos, destaca que apenas 43% dos empregadores pesquisados confirmaram ser possível encontrar um número suficiente de profissionais qualificados em início de carreira, e estima-se que, até 2020, ocorrerá um deficit mundial de 85 milhões de trabalhadores de alta e média qualificação.

Instituições de ensino, empregadores e jovens vivem em universos paralelos, apresentando visões diferentes sobre a mesma situação, de acordo com o estudo. As instituições formadoras acreditam que 72% dos profissionais recém-formados contratados possuem formação adequada para exercer suas atividades profissionais. Entretanto, na avaliação dos empregadores, esse percentual corresponde a 42% e, para os jovens, apresenta-se em torno de 45%. As taxas de desemprego no mundo, de uma forma geral, estão altas, mas ao mesmo tempo há uma escassez de profissionais com habilidades e competências para atuar na indústria. O estudo aponta que, no Brasil, 48% das vagas para iniciantes não são preenchidas em função dessa carência. O documento também sugere a adoção de parcerias para integrar o sistema de educação às empresas, visando a melhorias para a educação e à formação de profissionais competentes.


Wivienny Melo Lemos*

©AKS/PhotoXpress

destinava-se aos filhos das classes mais abastadas. Essa construção social gerou a separação entre o trabalho intelectual e o trabalho manual, que sucumbiu à desvalorização do trabalho pela sociedade, chegando até nossos dias.

Revisitando a história, do ponto de vista social, a educação profissional é marcada pelo preconceito e pela falta de prestígio, pois as atividades manuais eram atribuídas a pessoas de classes sociais menos favorecidas, e o ensino acadêmico

Após sucessivas reformas no sistema educacional em função da economia, da reestruturação produtiva e das grandes transformações pelas quais o mundo passou nas últimas décadas, com o advento da globalização, a educação profissional ganha um novo relevo e passa a ser definida como etapa complementar à educação básica, podendo ser realizada também de forma articulada e concomitante com o ensino médio e desenvolvida em diferentes níveis para jovens e adultos. Nesse sentido, é preciso superar a visão de que a educação instrumental não avança na cidadania, pois ela nada tem a ver com o momento atual, no

qual o profissional qualificado de que a empresa necessita é aquele que não apenas possui uma boa formação geral e técnica, mas que sabe se posicionar criticamente, tem habilidades interpessoais para trabalhar em equipe e continua investindo em sua formação. Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta alguns problemas educacionais que têm sua origem na alfabetização e se estendem até o ensino superior. O ensino médio, especificamente, constitui um grande desafio que precisa ser superado, principalmente a questão curricular com uma visão enciclopédica do conhecimento, que perde de vista a importância de reforçar os conteúdos básicos da formação geral, do domínio da língua, da matemática, das ciências básicas e da língua estrangeira, indispensáveis para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para o profissional atuar no mercado de trabalho. Revista Linha Direta


©AKS/PhotoXpress

De acordo com os dados do Mapa do Trabalho Industrial (Departamento Nacional do ­SENAI), a demanda anual por técnicos, em áreas industriais, é de 42 mil, e o ­SENAI/MG possui a meta de formar 44.566 alunos em cursos técnicos em 2013. O contingente de jovens que não estudam e não trabalham chega a 5,3 milhões, e apenas 18% dos profissionais atuantes na indústria possuem formação técnica. Muitos jovens que não chegam ao pós-médio desejam fazê-lo, mas não têm condições financeiras para arcar com os altos custos. A formação profissional poderia facilitar sua inserção no mercado de trabalho, bem como possibilitar seu acesso ao ensino superior e prosseguimento dos seus estudos. Revista Linha Direta

No Brasil, há oportunidades de emprego, e os salários estão melhores. Em função disso, as empresas estão demandando profissionais mais qualificados, mas, paradoxalmente, faltam profissionais qualificados, com uma formação sólida, que atendam plenamente à indústria. Para minimizar as deficiências da formação dos profissionais, alguns empregadores estão adotando ações de capacitação nos níveis básicos da educação para os profissionais contratados. Diante desse contexto, é preciso pensar em estratégias e alternativas que visem à melhoria da educação básica e da articulação da formação geral com a formação técnica, com ações e intervenções imediatas no sistema educacional, para que se possa oferecer um conjunto de respostas para a indústria em um curto período de tempo. O progresso da educação no Brasil está acontecendo paulatinamente, mas a dimensão do problema educacional é grande e requer a elaboração conjunta de ações para integrar a demanda e a oferta de profissionais qualificados em termos concretos. O ensino técnico profissional, considerado como modelo de sucesso, tem estreita parceria entre o sistema de ensino e o sistema produtivo. Por mais que a escola faça um esforço, há uma dimensão da qualificação que se dá na escola e outra que se dá na empresa e pela empresa, por isso é fundamental um esforço de articulação entre instituições formadoras e empregadores. Tais ações como base para mudanças na educação e no patamar de produtividade e compe-

titividade do País devem contar com a parceria dos diversos setores públicos de ensino, dos setores produtivos, das instituições formadoras e dos diferentes organismos da sociedade civil para que, juntos, se mobilizem em favor da qualidade da educação, bem como para atrair os jovens para os programas de formação que permitam a sua inserção no mercado de trabalho. É nessa direção que o SESI e o SENAI de Minas Gerais desenvolvem suas ações para o Programa Ebep – Educação Básica Articulada com a Educação Profissional. A parceria entre as duas instituições oferece aos alunos a possibilidade de realizar o ensino médio articulado com a educação profissional, de forma concomitante, compreendendo que são formações complementares e essenciais para o pleno desenvolvimento pessoal e profissional. A consolidação desse Programa visa a atender às reais necessidades do mundo do trabalho, oferecendo formação e qualificação sólidas aos alunos para sua inserção no mercado de trabalho e prosseguimento dos estudos no ensino superior. A questão da melhoria da educação é uma responsabilidade que compete à sociedade em geral, um desafio para superar os deficits na formação dos jovens, de forma que possam atuar de maneira competente diante das demandas profissionais e pessoais.  *Analista de Projetos Educacionais. Pedagoga e psicóloga www.fiemg.com.br/sesi


pró-texto

Confira as principais discussões da abertura do encontro

D

iante das mudanças pelas quais passam as práticas educacionais não só no Brasil, mas em todo o mundo, nada melhor do que promover um encontro entre gestores e líderes educacionais para debater os rumos a serem seguidos pelas instituições daqui para a frente. Pensando nisso, a Linha Direta e o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular realizaram o VI Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular. Com o tema Ensino superior no Brasil: construindo caminhos para o amanhã, o evento procurou debater, entre outros assuntos, a democratização do ensino e a implantação das novas tecnologias da informação no processo educacional. O encontro foi realizado entre os dias 6 e 8 de junho, na cidade de Foz do Iguaçu/PR. Revista Linha Direta

O responsável por dar início aos trabalhos foi o secretário executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, professor Gabriel Mario Rodrigues, que falou durante a abertura do evento. Em seu discurso, ele ressaltou a importância de encontros dessa natureza para a evolução do ensino no Brasil, lembrando ainda o atual momento econômico pelo qual passa o País, baseado na abertura de seus mercados e na globalização de suas relações, fatos que explicam muitas das mudanças que vêm sendo implantadas e a evolução que se observa atual­mente no setor educacional do País. Professor Gabriel lembrou que o casamento entre o desenvolvimento das políticas públicas

e a evolução da educação serão os fatores responsáveis pela consolidação do Brasil como uma nação plenamente rica. “A perspectiva de análise para os desafios que o futuro reserva para a educação brasileira volta-se para alguns aspectos, entre os quais podemos citar a qualidade da leitura e a contribuição para o desenvolvimento dos programas sociais no País, visando a oferecer melhores condições de vida aos habitantes e a sobrepujar as barreiras para se transformar em uma nação desenvolvida”, comentou. Lembrando mais uma vez a proposta do Congresso de discutir o cenário do futuro no que diz respeito à educação brasileira, o secretário executivo do Fórum destacou algumas das caracte-


Fotos: Wilson Ruanis

rísticas que, entre outras, irão compor o panorama educacional daqui para a frente, baseado, principalmente, nas inovações que a tecnologia trará. Para ele, não haverá mais endereços geográficos, e sim endereços eletrônicos. O mundo perderá fronteiras, e a construção da educação se dará de forma global. Gabriel Rodrigues disse acreditar também que o papel do professor sofrerá alterações, e que uma equipe interdisciplinar será responsável por coordenar o processo educacional. Ainda segundo ele, a escola do futuro precisa se ver livre de dogmas religiosos e da educação baseada em tempos determinados para avaliação dos alunos, ressaltando a aquisição do conhecimento sem prazo, no que ele chamou de “universidade para toda a vida”. Propostas governamentais A conferência magna de abertura do VI Congresso foi proferida pelo secretário executivo do Ministério da Educação (MEC), José Henrique Paim, que representou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Paim iniciou sua fala lembrando a importância de os governantes realizarem políticas públicas que visem a melhorar as condições da educação infantil no País, já que esse período de aprendizado é de extrema importância para o crescimento daqueles que serão futuros universitários. O secretário citou a importância da democratização do ensino para o crescimento do País, avaliando como fundamental o fato de esse processo não se limitar ao ensino superior, mas abranger também as fases iniciais do aprendizado desses estudantes. Revista Linha Direta


“Existe uma desigualdade muito grande em relação à educação infantil. Percebemos que crianças mais pobres frequentam menos as escolas nesse período da vida, e nosso objetivo é avançar no acesso dessas crianças às escolas, pois sabemos que a educação infantil influi para que tenhamos sucesso na formação dos jovens no Brasil. Essa questão passou a ser uma prioridade do Ministério da Educação.” O secretário citou uma série de ações que o governo já vem desenvolvendo para tornar possíveis essas transformações, dentre as quais se destaca o Brasil Carinhoso, programa lançado no ano passado e que, segundo Paim, tem como uma de suas principais medidas a antecipação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Outra medida citada pelo secretário foi o aumento de 66,7% do valor destinado à alimentação para creches e pré-escolas. Ao falar sobre os pontos importantes a serem desenvolvidos pelo País na busca por melhorias na educação, José Henrique Paim lembrou a importância que o ensino em tempo integral ganhou nos últimos tempos e fundamentou seu pensamento ressaltando que nenhum país do mundo conseguiu se desenvolver, do ponto de vista educacional, sem implantar a educação integral. Ele também lembrou os passos que o Brasil vem galgando na busca pela implantação do sistema. “Nós conseguimos, ao longo desses anos, avançar em uma estratégia: o programa Mais Educação, que proporciona aos estudantes um regime diferenciado de ações, Revista Linha Direta

que oferece atividades complementares aos alunos no contraturno escolar. Temos uma meta de colocar 60 mil escolas dentro desse programa, e esse ano já chegaremos a 45 mil instituições participantes. Nossa grande intenção é avançar e trabalhar o programa, o que exigirá a contratação de mais professores e a ampliação da infraestrutura.” Ao falar sobre o que está sendo feito pelo Brasil em relação às adequações que o ensino do futuro demanda, o secretário ressaltou a importância de oferecer aos estudantes a educação digital, para que eles possam ser inseridos nesse processo de mudança. “O MEC tem progredido em relação a isso. É um avanço importante, que precisa ser feito com cautela. Estamos começando esse processo com os professores do ensino médio, aos quais estão sendo entregues tablets, para que possamos avançar em relação a essas novidades.” Por fim, José Henrique Paim lembrou a necessidade e a importância que a captação de recursos possui para tornar todo esse processo de transformação possível. “Sabemos que, para cumprir todas essas demandas, precisamos de recursos, e existe a vontade de garantirmos, a partir da votação do Plano Nacional de Educação (PNE), que nós tenhamos os royalties do petróleo para a educação. Isso vem sendo defendido pela presidente Dilma e é algo que queremos, que nos permitirá avançar ainda mais na melhoria da educação no Brasil. Sabemos o que precisamos fazer para tornar essa melhoria possível, e precisamos muito de vocês, do ensino privado, para aperfeiçoarmos nossas políticas e fazermos com que o País avan-

“Achei o Congresso extremamente relevante para o desenvolvimento do ensino superior no Brasil, especialmente neste momento em que o PRAVALER amplia sua atuação para viabilizar o acesso ao ensino superior a muito mais jovens. A presença das principais lideranças do mercado, a organização e o ambiente permitiram a constante troca de experiências e ideias entre os participantes.” Carlos Furlan, diretor executivo da Ideal Invest

“A Totvs sente muito orgulho da parceria com o Fórum. Patrocinando o Congresso, conseguimos atingir nossos objetivos. O evento foi muito produtivo e rico nas apresentações, assim como na escolha do local e na infraestrutura utilizada. Todos estão de parabéns.” Monica Restrepo, gestora estratégica do segmento educacional da Totvs


ce. Por isso, para nós, a educação deve ser valorizada da creche à pós-graduação.” Considerações finais Para encerrar a abertura do Congresso, o secretário executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, Gabriel Mario Rodrigues, voltou a falar e ressaltou que a presença de representantes do MEC no encontro denotava o quão importante o evento era para a educação nacional. Ele também falou mais uma vez sobre a democratização do ensino superior no País, enfatizando a importância que os programas de financiamento estudantil ganharam diante da grande demanda de estudantes que procuram as Instituições de Ensino Superior (IES) atualmente. “É preciso reconhecer que os programas de financiamento estudantil, especialmente o Fies, estão permitindo o ingresso, sobretudo de estudantes da classe média emergente, em instituições de ensino.” Por fim, ele ressaltou que somente com encontros da natureza do Congresso, as instituições poderão crescer e se adaptar aos desafios que a educação do futuro demandará. “O ensino particular, aqui representado pelo Fórum, está consciente de suas responsabilidades e dos desafios que precisará vencer para oferecer um ensino de qualidade à população brasileira. É com este propósito que aqui estamos: para fazer deste Congresso, mediante suas discussões, apresentações e conclusões, um acontecimento marcante para o desenvolvimento da educação superior brasileira”, finalizou. Revista Linha Direta


CARTA DE FOZ DO IGUAÇU O VI Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, promovido pelo Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular e realizado nos dias 6, 7 e 8 de junho de 2013 em Foz do Iguaçu/PR, foi uma oportunidade ímpar para debates e profundas reflexões sobre alguns dos principais temas da vida moderna – geração, gestão e transmissão do conhecimento, aliados à tecnologia da informação; impactos nas engenharias e na biomedicina; novos meios de comunicação; desenvolvimento sustentável; igualdade social; empregabilidade; sustentabilidade econômica e financeira, entre outros –, em relação aos quais o ensino superior tem que estar preparado, no futuro próximo, para responder ao que dele a sociedade espera. Este Congresso trouxe novas alternativas sobre caminhos para a expansão do ensino superior com qualidade, sobre instrumentos para sobrepujar dificuldades e uma profunda convicção do relevante papel que o segmento particular de educação tem para apoiar nosso País na busca de desenvolvimento com inclusão social. Revista Linha Direta

A elevada qualidade das palestras apresentadas, reflexo­ da enorme competência e experiên­cia dos palestrantes e debatedores presentes, possibilitou aos participantes um momento ímpar de congraçamento profissional e interação pessoal e institucional. Fica a certeza de que todos os presentes se apropriaram ao máximo do conhecimento compartilhado e se beneficiaram dessa importante oportunidade que o contexto possibilitou.

paz profissionalmente e crítico socialmente, meta maior das atividades que são desenvolvidas.

No entanto, não se deve permanecer inerte nos louros dos resultados alcançados. Pelo contrário. Há que se caminhar na direção do futuro, buscando alcançar a excelência na geração e transmissão do conhecimento, de forma a ampliar o conceito de cidadania e trazer mais satisfação à sociedade brasileira.

• Seguir atuando fortemente para que a Lei do Sinaes prevaleça como instrumento básico do sistema de avaliação das Instituições de Ensino Superior (IES);

Nessa direção, o comprometimento de todos na busca de propósitos comuns é fundamental. Professores, colaboradores, reitores e mantenedores unidos devem representar um elo inquebrantável no esforço necessário para apoiar a formação de um estudante ca-

Dentro desse contexto, o VI Congresso encerrou-se com a decisão de transformar seus resultados na denominada Carta de Foz do Iguaçu. Os participantes deste Congresso, considerando as reflexões, debates e conclusões nele realizados, expressam os seguintes compromissos e expectativas:

• Insistir com a Seres/MEC para que não haja punição às IES com base apenas no resultado do CPC e do IGC, mas que aguarde a finalização do ciclo avaliativo, com a visita in loco; • Reiterar a cobrança do cumprimento de prazos por parte do Ministério da Educação na tramitação dos processos na Seres/MEC;


• Requerer que o MEC amplie o comprometimento do aluno com o resultado do Enade, por meio da inclusão da nota obtida em seu histórico escolar, como componente curricular; • Diligenciar para que as IES possam ser consideradas pelo poder público, para os diferentes fins, de acordo com sua diversidade, especificidade e seu papel estratégico para o desenvolvimento regional; • Firmar posição junto ao governo, visando à flexibilização das regras de acesso ao Fies e Pro­ Uni, instrumentos fundamentais para a expansão do ensino superior e para a inclusão social; • Reiterar junto ao Ministério da Educação o pedido de liberação do Fies para o Ensino a Distância (bem como para os cursos de pós-graduação), visando à expansão das matrículas no ensino superior, de modo a alcançar as metas estabelecidas no PNE 2011-2020; • Apoiar a criação de novos programas e instrumentos de inclusão social no ensino superior;

• Atuar junto ao MEC para obter a flexibilização curricular dos cursos, de forma a atender às novas demandas do mercado e da sociedade, por meio da atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN); • Estimular a utilização de novas ferramentas tecnológicas que impactam no processo de ensino-aprendizagem; • Propor ao MEC que sejam ampliados os percentuais de EaD nos cursos presenciais para 30, 40 ou 50%, em função dos conceitos CC dos cursos ou CI da instituição; • Solicitar ao MEC a eliminação do reconhecimento ou renovação de reconhecimento de cursos no endereço inicial de sua autorização, facilitando sua mobilidade; • Pleitear que o Ministério da Educação observe e respeite as diferenças regionais brasileiras quanto ao bioma, à cultura e à economia, por meio de um Enem regionalizado; • Por fim, o Fórum assume o compromisso de incentivar a implantação do projeto Tutor

Universitário como reforço aos estudantes do ensino médio, transformando-o na grande bandeira social do ensino superior particular. E, para que esses compromissos possam ter êxito, todos os esforços serão desenvolvidos pelo Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular junto aos seus mantenedores e respectivos associados e à sociedade brasileira em geral. Foz do Iguaçu/PR, em 8 de junho de 2013. Antonio Veronezi Representante da Anup Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp José Janguiê Bezerra Diniz Presidente da Abrafi Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Amábile Pacios Presidente da Fenep  Revista Linha Direta


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