Linha Direta INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO
Educar para INOVAR
O papel da escola é fomentar a criatividade
CRIANÇA ESPERANÇA Atendimento direto
EDIÇÃO 168 ANO 15 - MARÇO 2012
APRENDIZAJE // APRENDIZAGEM Educación inclusiva // Educação inclusiva
PARCERIA Tecnologia na área de educação
FUTURO Formação para o progresso do País
GESTÃO Boas práticas de governança
Emerson Santos
Manoel Alves
editorial
Criar e inovar
Crear e innovar
Nessa nova sociedade, cada vez mais multimidiática, em que é preciso responder com agilidade e eficiência à demanda de novos produtos e modelos do mercado atual, a criatividade é uma matéria-prima preciosa. Hoje, profissionais que buscam uma colocação bem remunerada em uma empresa bem-sucedida precisam ser, antes de tudo, criativos. Por isso, é necessária uma educação que favoreça o desenvolvimento de mentes questionadoras, curiosas e flexíveis. Indivíduos criativos enxergam as coisas de forma diferente dos padrões, formulam novas hipóteses e estabelecem novas relações. É disso que precisamos para que o mundo continue em pleno desenvolvimento. Sem criatividade não há inovação, afirmam os especialistas entrevistados para a reportagem de capa desta edição da Linha Direta, que traz uma profunda reflexão sobre o assunto e apresenta casos de sucesso. Boa leitura a todos!
En esta nueva sociedad, cada vez más multimediática, en que es preciso responder con agilidad y eficiencia a la demanda de nuevos productos y modelos del mercado actual, la creatividad es una materia prima preciosa. Hoy, profesionales que buscan una colocación bien remunerada en una empresa bien sucedida precisan ser, antes que todo, creativos. Por eso, es necesaria una educación que favorezca el desarrollo de mentes cuestionadoras, curiosas y flexibles. Individuos creativos consiguen ver las cosas de forma diferente a los patrones, formulan nuevas hipótesis y establecen nuevas relaciones. Es de esto que precisamos para que el mundo continúe en pleno desarrollo. Sin creatividad no hay innovación, afirman los especialistas entrevistados para el reportaje de tapa de esta edición de Linha Direta, que trae una profunda reflexión sobre el asunto y presenta casos de suceso. ¡Buena lectura a todos!
Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta
Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta
Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, Fundação Universa e Sieeesp
Presidente Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Editora Valéria Araújo – MG 16.143 JP Designer Gráfico Rafael Rosa Gerente Administrativo-financeiro Sandra Ferreira Atendimento Flávia Alves Passos Reportagens e Entrevistas Jeane Mesquita, Lucas Ávila e Valéria Araújo Preparadora de Texto/Revisora Cibele Silva Tradutor/Revisor de Espanhol Gustavo Costa Fuentes - RFT1410 Consultor Editorial Ryon Braga Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas Consultora para o Ensino Superior Maria Carmem T. Christóvam
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Revista Linha Direta
Conselho Consultivo Ademar B. Pereira Presidente do Sinepe/PR – Curitiba Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sinepe/CE Amábile Pacios Presidente da Fenep e do Sinepe/DF Antônio Eugênio Cunha Presidente do Sinepe/ES Antônio Lúcio dos Santos Presidente do Sinepe/RO Átila Rodrigues Presidente do Sinepe/Triângulo Mineiro Benjamin Ribeiro da Silva Presidente do Sieeesp Cláudia Regina de Souza Costa Presidente do Sinepe/RJ Dalton Luís de Moraes Leal Presidente do Sinepe/PI Emiro Barbini Presidente do Sinep/MG Fátima Turano Presidente do Sinepe/NMG Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Gelson Menegatti Filho Presidente do Sinepe/MT Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp Ivana de Siqueira Diretora da OEI em Brasília
Ivo Calado Asepepe Jorge de Jesus Bernardo Presidente da Abrafi e do Semesg José Carlos Barbieri Presidente do Sinepe/NOPR José Carlos Rassier Secretário Nacional da ABM Krishnaaor Ávila Stréglio Presidente do Sinepe/GO Manoel Alves Presidente da Fundação Universa Marco Antônio de Souza Presidente do Sinepe/NPR Marcos Antônio Simi Presidente do Sinepe/Sul de Minas Maria da Gloria Paim Barcellos Presidente do Sinepe/MS Maria Nilene Badeca da Costa Presidente do Consed Miguel Luiz Detsi Neto Presidente do Sinepe/Sudeste/MG Natálio Dantas Presidente do Sinepe/BA Nelly Falcão de Souza Presidente do Sinepe/AM Odésio de Souza Medeiros Presidente do Sinepe/PB Osvino Toillier Presidente do Sinepe/RS
Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Suely Melo de Castro Menezes Vice-presidente do Sinepe/PA Thiers Theófilo do Bom Conselho Neto Presidente da Fenen Victor Maurício Nótrica Presidente do Sinepe/Rio Pré-Impressão e Impressão Rona Editora – 31 3303-9999 Tiragem: 20.000 exemplares
A Linha Direta, consciente das questões sociais e ambientais, utiliza, na impressão desse material, papéis certificados FSC (Forest Stewardship Council). A certificação FSC é uma garantia de que a matéria-prima advém de uma floresta manejada de forma ecologicamente correta, socialmente adequada e economicamente viável. Impresso na RONA EDITORA Ltda. – Certificada na Cadeia de Custódia – FSC. As ideias expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.
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contexto
Educação para o futuro
Executivo da Editora Positivo fala das contribuições da formação para o progresso do País
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capacitação de docentes, juntamente com mais participação familiar no processo de ensino-aprendizagem, além de ambientes educacionais atrativos, são alguns dos caminhos que devem ser percorridos pela educação, em contribuição a um futuro promissor para o Brasil. Essas discussões foram promovidas pelo diretor-geral da Editora Positivo, Emerson Santos, em entrevista exclusiva à Linha Direta. “É fundamental formarmos cidadãos com maior capacidade de conviver com a diversidade, com a limitação dos recursos naturais e aptos a entender o coletivo”, disse Emerson Santos, ao ser questionado sobre a contribuição da formação nessa caminhada rumo a um País melhor. Confira a seguir a entrevista completa com o diretor-geral da Editora Positivo, que fala, ainda, da produção de conteúdos para as gerações digitais e os desafios enfrentados pela organização nesses últimos oito anos de edição do Dicionário Aurélio. Quais os caminhos para a construção do futuro do País por meio da educação? Considero como fatores indispensáveis: a formação do professor, a integração da família ao processo educacional e a criação de um ambiente educativo que atraia o aluno. Qual a importância da formação de cidadãos “mais humanos” nessa caminhada rumo a um futuro melhor? Se a minha interpretação de “mais humano” estiver correta, é fundamental formarmos cidadãos com maior capacidade de conviver com a diversidade, com a limitação dos recursos naturais e aptos a entender o coletivo. Revista Linha Direta
Daniel Derevecki
Como levar conteúdos para uma geração de crianças que já nasce “eletrônica”?
Emerson Santos, diretor-geral da Editora Positivo
Eu, particularmente, considero nossas crianças como multiplataformas, ou seja, cada vez mais capazes de absorver novidades. Com isso, a tecnologia ganha um espaço tremendo no cotidiano delas. Sendo assim, buscamos estudar nosso mercado, entender os estudantes que utilizam nossa metodologia de ensino para podermos atender às suas necessidades. Colocamos como prioridade, ainda, os professores. Eles são agentes importantes na formação do conhecimento dessa geração. Precisamos oferecer capacitação constante para os docentes também em função do compromisso que temos de que eles consigam utilizar seus conhecimentos e as novas tecnologias nas vivências em sala de aula e no processo de ensino-aprendizagem de seus alunos. Quais os maiores desafios no processo de aprendizagem ao se substituir impressos por plataformas digitais? Entender as vocações das mídias e as aplicabilidades dentro do contexto educacional é o maior desafio. Levar essa sistematização do uso das mídias para a sala de aula, de modo que a dinâmica da metodologia de ensino seja ampliada com a inserção da tecnologia. O uso das mídias eletrônicas e digitais deve estar no planejamento da aula. É necessário estruturar a aula para, depois, pensar na mídia que será utilizada. Enfim, é a vocação da mídia que vai colaborar com o processo de ensino e aprendizagem, e não o contrário. Quais as inovações que a Editora Positivo levou ao Dicionário Aurélio a partir do momento em que começou a editá-lo?
Falar em dicionário em tempos de tecnologia e conteúdo aberto na internet não é tarefa fácil. De qualquer modo, a língua sempre será um meio de transmissão de conhecimento importante para qualquer sociedade. Sendo assim, compreendê-la e criar instrumentos que auxiliem seus usuários a utilizá-la de maneira eficiente tem sido a nossa busca incansável nesses últimos oito anos de edição do Dicionário Aurélio. Ampliamos a família de dicionários para atender desde o processo de alfabetização das crianças, como o Aurelinho e o Aurélio Ilustrado, até o robusto Aurélio, que certamente está presente na mesa ou no computador de grandes juristas brasileiros. A definição do que deve ser incluído ou excluído do dicionário é fruto de constantes discussões acerca da composição de sua estrutura. E, por fim, a composição do software que acompanha a versão eletrônica tem sido uma forma de ampliarmos o acesso em diversas mídias. Mas ainda temos estudado possibilidades de ampliarmos para mais mídias, como telefones celulares, tablets, dentre outros. Qual o diferencial da Editora Positivo em relação ao seu plano editorial, definição de conteúdos e metodologia de ensino? Na base da produção intelectual está um dos principais diferenciais da Editora Positivo: um centro de pesquisas pedagógicas, onde trabalham mais de 200 profissionais, entre pesquisadores, editores, autores e professores de diferentes áreas de conhecimento, que elaboram, desenvolvem e analisam todas as obras. Além disso, a Editora Positivo conta com o know-how da maior corporação educacional do Brasil, o Grupo Positivo, com 40 anos de experiência no segmento. Revista Linha Direta
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Educar para INOVAR A
lgumas pessoas confundem, mas inovação não necessariamente é sinônimo de criatividade. Inovação é um processo que se inicia com uma ideia, que deve ser desenvolvida, testada e implementada para, posteriormente, ser consumida, enquanto criatividade é inerente a qualquer ser humano que pense e imagine. Para a coordenadora do curso de Inovação Estratégica Pós-MBA da HSM Educação, Solange Mata Machado, é necessário ter criatividade para inovar, mas não precisa de inovação para ser criativo. “Quando falamos de inovação, estamos sempre falando de criação de VALOR, de aplicação do potencial criativo para criar VALORES”, afirma Solange. Existe um paralelismo entre luta por sobrevivência e inovação. O mundo globalizado, e em constantes mudanças, gera cada vez mais concorrência, e a velocidade das transformações tem obrigado a repensar continuamente produtos, serviços e processos, além do modelo de ne-
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É importante ser criativo para inovar, e o papel da escola é fomentar a criatividade
gócio, que mudou com a entrada de tecnologias que facilitam o acesso, diminuem a necessidade de habilidades especiais, reduzem os custos e trazem conveniências. Se as instituições não estiverem atentas às mudanças, podem perder mercado muito facilmente, pois o acesso à informação permite que o consumidor faça suas escolhas mais rapidamente, e com foco em produtos e serviços que melhor satisfaçam suas necessidades. “Por esse motivo, a sobrevivência empresarial está cada vez mais ligada à inovação”, afirma Solange, ressaltando a importância de se estar continuamente acompanhando e antecipando mudanças para não perder, ou sair do mercado, pelo surgimento de inovações que permitirão novos modelos de negócios mais convenientes e que atendam melhor às necessidades do consumidor. Atualmente, é possível criar uma cultura de criatividade em ambien-
tes empresariais. “A cultura para inovação precisa ser aberta, flexível e se permitir o erro, dentro de limites”, explica a coordenadora. “As pessoas precisam ser motivadas a contribuir com o seu potencial criativo sem medo e, para isso, precisam estar motivadas com o projeto e com os valores da empresa”, enfatiza Solange, ressaltando que o clima precisa ser construído em ambientes que facilitem a informalidade, a colaboração e o risco. A melhor maneira de se criar esse clima favorável é através da educação, mola propulsora de qualquer sociedade em crescimento.
imagens © FikMik / Photoxpress
Valéria Araújo*
das e novas tecnologias que não chegam a sair do papel”, critica a coordenadora, dizendo que o País ainda não explora devidamente a parceria universidade-empresa-governo.
“A educação no mundo ocidental ainda é muito limitada e inibidora da criatividade, pois não estimula a exploração criativa e nem o questionamento”, diz Solange. Para ela, deveríamos ter uma educação que explorasse mais novos conceitos, a experimentação, o questionamento, a conexão com outros campos de conhecimento e que não limitasse a pesquisa a padrões rígidos de formato e apresentação. “O pesquisador brasileiro é estimulado a publicar e não a buscar maior aplicabilidade de sua pesquisa no mundo empresarial. Por isso vemos as universidades repletas de pesquisas arquiva-
Para alavancar novas ideias e manter os resultados, são necessários processos bem estruturados de inovação, que estejam ligados com a estratégia da instituição. “A geração de ideias é uma parte do processo que envolve mapear, gerar, desenvolver e implementar. Os resultados são consequências desse processo”, afirma Solange, para quem, antes de gerar ideias, é preciso definir claramente qual é a arquitetura de inovação da instituição – ligada à estratégia –, entendendo quais são os pilares de crescimento em que ela irá focar. “Só depois desse entendimento claro é que a contribuição criativa das pessoas deve ser estimulada, para que não se desperdice um esforço criativo sem um foco específico”, orienta.
A educação inovadora A sociedade brasileira está em busca de uma escola eficaz e inovadora para seus filhos. Mas, para que as instituições de ensino consigam atender a essa demanda, primeiramente é necessário que se defina o que é uma educação eficiente e em constante inovação. Segundo o especialista em inovação e tecnologia aplicadas à educação, Thiago Chaer, existem escolas que definem seu objetivo como formar alunos apenas para figurar entre as primeiras (ou melhores) posições no ranking do vestibular de instituições de ensino específicas. Outras definem sua missão como a de formar integralmente seus alunos. “Portanto, para afirmarmos se uma escola é ou não eficaz, precisaríaRevista Linha Direta
mos definir o que seria uma educação eficaz”, explica Chaer. “É aquela que forma profissionais ou aquela que forma seres humanos? A que fomenta um mercado capitalista ou a que cria espaços e meios de facilitação para o desenvolvimento integral do ser humano?”, questiona o especialista, alegando que tudo isso é um paradoxo. Apesar do consenso – se é que podemos dizer que há um, na opinião de Chaer – de que a escola precisa se recriar, há também valores e crenças coletivas e individuais que impedem uma definição de escola eficaz. “Aceitando o fato de que somos seres multidimensionais, singulares e complexos e que vivemos um momento de integração e de globalização (alguns até usam o termo planetário), precisamos desenvolver a capacidade de dialogar, nos relacionar e aprender com todas as diferenças, sejam culturais, sociais, políticas ou religiosas”, afirma o especialista, completando que é preciso aprender a usar essas diferenças para gerar inovações, e o ambiente onde isso ainda não acontece é a escola. “É justamente na escola que o ser humano deveria aprender a se relacionar com
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o mundo e a responder a ele, ao invés de reagir. A escola é o lugar onde deveriam nascer as inovações sociais, políticas, culturais e até educacionais”, ressalta.
qual tem por objetivo identificar e superar padrões limitantes. Segundo ele, o diálogo entre as gerações, especificamente, deve ser uma das pautas do milênio.
Os gestores das instituições de ensino sabem que o espaço escolar precisa ser reformulado, e isso está acontecendo. Thiago Chaer conta que já existem alguns exemplos de iniciativas de reformulação do espaço educacional, como a escola Vittra Telefonplan, em Estocolmo, na Suécia, chamada de escola sem paredes, na qual foram criados vários espaços coletivos que privilegiam a interação com o outro e os múltiplos sentidos.
Historicamente, o Brasil não se destaca como inovador. Essa cultura é recente no País, pois somente por volta de 1930 começaram a ser desenvolvidos centros de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento. “Nos últimos 12 anos é que se começou a falar e investir em inovação abertamente”, comenta Chaer. “Uma aprendizagem inovadora deve ser sensível e valorizar as capacidades e talentos individuais, trabalhar o pensamento sistêmico, incentivar o pensamento crítico sobre as coisas e fazer uso da transdisciplinaridade para construir significados coerentes, além de não ser generalista”, explica o especialista, dizendo que o conceito de inovação compreende a adaptação quase instantânea às mudanças culturais, econômicas, políticas e tecnológicas.
O que pode promover e acelerar esse processo, segundo Chaer, é a abertura de um canal de comunicação dialógico entre escola e sociedade. “Um modo de facilitar a abertura desse canal é a corresponsabilização da sociedade pela criação desse novo espaço para a comunicação – seja virtual ou físico –, com incentivo ao diálogo aberto sobre educação”, explica o especialista, acrescentando que qualquer mudança deve acontecer através do diálogo qualificado, o
Existem atributos de inovação que são essenciais para a evolução do ensino. Para Thiago Chaer, o primeiro deles é o RESPEITO, na acep-
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1. A Khan Academy é uma organização sem fins lucrativos, criada e sustentada por Salman Khan. Com a missão de “fornecer educação de alta qualidade para qualquer um, em qualquer lugar”, oferece uma coleção grátis de mais de 2.800 vídeos de matemática, ciências, ciências humanas, economia, física, entre outras matérias. (Veja mais na página 38) 2. Para dar suporte escolar às crianças de algumas comunidades pelo mundo, um grupo de pessoas criou centros de acompanhamento. São espaços de natureza extremamente lúdica, divididos basicamente em duas áreas. Uma loja de fachada, em que são vendidos produtos dos mais inimagináveis, voltados para piratas, super-heróis, monstros etc. E um segundo espaço, no fundo da loja, onde, de fato, há o acompanhamento escolar, realizado por voluntários.
ção de merecer um segundo olhar. Ele explica que a palavra respeito, em latim, respectus, particípio passado de respicere, significa olhar outra vez. “A ideia é que tudo merece um segundo olhar e, então, merece respeito”, argumenta Chaer, dizendo também serem atributos essenciais comprometimento integral, sensibilidade, criatividade, flexibilidade, coerência, resiliência e capacidade de lidar com frustrações e críticas. Mas existem barreiras para as iniciativas inovadoras, e a principal delas, não só nas escolas, mas em todas as áreas, é o medo do desconhecido e de errar, segundo Thiago Chaer. Edgar Morin, em Os sete saberes necessários à educação do futuro, diz que o conhecimento permite o risco do erro e da ilusão. “A educação do futuro deve enfrentar o problema da dupla face do erro e Revista Linha Direta
da ilusão. O maior erro seria subestimar o problema do erro; a maior ilusão seria subestimar o problema da ilusão”, relata Morin. Para o escritor, a educação deve apontar que não há conhecimento que não esteja, de alguma forma, ameaçado pelo erro e pela ilusão. “A teoria da informação mostra que existe o risco do erro sob o efeito de perturbações aleatórias ou de ruídos em qualquer transmissão de informação, ou em qualquer comunicação de mensagem. A consciência do caráter incerto do ato cognitivo constitui a oportunidade de chegar ao conhecimento pertinente, o que pede exames, verificações e convergência dos indícios”, afirma Morin. Thiago Chaer relata que existem iniciativas inovadoras acontecendo também fora das escolas. “Já temos a Khan Academy1, o 826 Valencia2 e centenas de sistemas de e-learning, onde se pode ganhar dinheiro ensinando”, comemora Chaer, lembrando também a proposta da desescolarização e do home schooling – tema em discussão no Brasil. “Tudo isto acontecendo em paralelo ao sistema tradicional”, afirma o especialista.
O sociólogo Domenico de Masi afirmou que, quando três inovações diferentes coincidem – novas fontes energéticas, novas divisões do trabalho e novas divisões do poder –, acontece uma mudança de época. Para Chaer, esse é o momento atual do mundo. “Precisamos de mais pessoas que assumam o compromisso da educação, que não esperem e que façam acontecer uma nova educação, independente de políticas públicas”, enfatiza Chaer. Ele conta, ainda, sobre uma ação que considera como “algo fantástico”: o recente surgimento do financiamento colaborativo ou coletivo – o crowdfunding. Nele, o interessado apresenta um projeto e pode conseguir ser financiado por centenas de pessoas, que serão recompensadas se esse projeto atingir a meta. Ou seja: todos ganham. Este é o momento da ação, afirma Chaer. “Precisamos, portanto, de projetos inovadores, que visem à formação de educadores e à criação de espaços coletivos, os quais privilegiem a interação e contribuam para diálogos entre sociedade e escola”, conclui o especialista. *Jornalista, pós-graduanda MBA em Gestão de Projetos. Editora da Revista Linha Direta
açþes de cidadania
Atendimento direto ECE-SP recebe a comunidade com equipe qualificada e atividades orientadas
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Valéria Araújo
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uando crianças, adolescentes, jovens e familiares do distrito da Brasilândia cruzam os portões do Centro Esportivo Educacional Oswaldo Brandão, clube municipal em que está inserido o Espaço Criança Esperança de São Paulo (ECE-SP), são atendidos por uma equipe técnica qualificada, que promove atividades orientadas de esporte e cultura. A reportagem da Linha Direta esteve no Espaço, conforme publicado na edição de fevereiro, e conheceu de perto todo o trabalho desenvolvido, tanto em relação à articulação e mobilização comunitária, projeto apresentado naquela edição, quanto em relação ao atendimento direto, tema da matéria deste mês. Segundo Beatriz Miranda, coordenadora do Espaço Criança Esperança de São Paulo, existe um tema que pauta as atividades do Projeto anualmente. “Em 2011, foi desenvolvida a temática Diálogo não violento. Este ano, o tema será Construindo as nossas identidades por meio dos princípios da cultura de paz, em que iremos trabalhar a diversidade”, explica Beatriz. Todo ano, são pensadas estratégias para desenvolver os temas por meio das atividades programadas do ECE-SP. “Não trabalhamos apenas os fundamentos das atividades. Os educandos que participam da oficina de futebol, por exemplo, aprendem a jogar bola, e desenvolvem cada vez mais essa capacidade, só que a bola também é um instrumento para que trabalhemos autoestima, autorreconhecimento, reconhecimento no grupo, convivência social e comunitária, aprendizado, construção de outros referenciais etc.”, conta a coordenadora. Todas as oficinas do Espaço se iniciam com uma roda expositiva, em que os educadores explicam as atividades do dia, e se encerram com uma roda avaliativa. “Nesses momentos, os educandos podem sugerir ações, o que possibilita a construção de formas de Revista Linha Direta
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participação, de expressão, de respeito, de concretização e avaliação de ideias”, comenta Beatriz. Ou seja, as atividades do atendimento direto se propõem a ir além da mera execução dos fundamentos.
1 - Maytê Saad, assistente de atendimento direto da infância e adolescência 2,3 e 4 - Atividades culturais e esportivas 5 - Estúdio de audiovisual do ECE-SP
Atendimento às famílias O Espaço Criança Esperança de São Paulo conta com um assistente social que se dedica ao atendimento direto às famílias dos educandos. “Quando necessário, realizamos visitas domiciliares e procuramos dar o melhor encaminhamento possível para as demandas familiares na rede social de proteção”, afirma Beatriz, dizendo, ainda, que os educandos geralmente não vão sozinhos realizar as atividades no Espaço: eles levam consigo os problemas que possuem e que precisam ser resolvidos. “Por isso a importância da rede articulada de parceiros [Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI), apresentado na revista de fevereiro]”, conclui a coordenadora. Espaço físico Para as atividades esportivas, o Centro Esportivo Educacional Oswaldo Brandão possui um ginásio e duas quadras, além de uma tenda para as rodas de capoeira. Segundo Maytê Saad, assistente de atendimento direto da infância e adolescência, o ECE-SP conta com educadores de esportes contratados pelo Instituto Sou da Paz, que faz a gestão do Espaço, e com duas técnicas da prefeitura. “Organizamos uma grade de horários para os educadores se revezarem nos espaços esportivos, dependendo da atividade que cada um vai oferecer”, explica a assistente. As oficinas esportivas são divididas por educadores. Cristiane Teixeira Leão, técnica da prefeitura, coordena as atividades de futsal masculino, handebol, futevôlei e, mais atualmente, tchoukball, esporte coRevista Linha Direta
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letivo sem contato físico; e Vera Lúcia, outra técnica da prefeitura, desenvolve atividades com idosos, tais como ginástica, futsal masculino, vôlei adaptado. Já o educador Adiel Pereira é responsável pelo futebol de campo e pelo futsal feminino, e o estagiário Danilo Francisco desenvolve as oficinas de basquete e vôlei. Além das atividades esportivas, o ECE-SP oferece também espaços culturais montados dentro do Complexo Educativo 2, tais como biblioteca, sala de jogos e centro comunitário de informática, com computadores e acesso à internet. “Em 2011, esses três espaços foram os de maior apropriação pela comunidade, tornandose espaços de referência”, afirma Maytê.
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Ainda no Complexo Educativo 2, a comunidade encontra um estúdio de audiovisual aberto para a gravação gratuita de discos, edição de vídeos e desenvolvimento de atividades como aulas de rádio jovem, por exemplo. Outra oficina bastante procurada é a de graffiti e desenho, ministrada pelo educador Bonga, um profissional de referência no mundo do hip-hop, em São Paulo. Além dessas, também são oferecidas as oficinas de dança e percussão, completando as atividades culturais do ECE-SP. As atividades de capoeira ficam sob a responsabilidade do educador Renato Ferreira, mais conhecido como Nenê. A equipe Para desenvolver todas essas atividades, apresentadas nesta e na última edição da Linha Direta, o ECE-SP conta com uma equipe formada por 18 profissionais do Sou da Paz. “Anualmente, o Instituto promove encontros de formação com todos os colaboradores da ONG, com o objetivo de alinhar metodologias, conhecer projetos, proporcionar momentos de trocas de experiências e discussão de princípios e temas”, finaliza Maytê. Revista Linha Direta
Depoimentos de educandos do ECE-SP Luana Viegas, 18 anos Estou no ECE-SP desde 2009. Conheci o projeto na minha escola, onde foram fazer um Círculo de Histórias. Depois me convidaram para conhecer as atividades e me interessei em fazer oficina de rádio. Aprendi como editar programas, algumas técnicas de locução e foi muito legal, pois ajudamos na criação da Rádio-poste do ECE Oswaldo Brandão. Em 2011, me chamaram para estagiar na área de comunicação do Espaço, onde estou até hoje, pois realmente gosto do que faço. O projeto é importante para mim, abriu uma porta para o meu futuro em uma área que realmente quero seguir, mas, além disso, é importante, pois ensina valores. Aprendi muito aqui e sempre estou aprendendo mais. Everton Chagas de Almeida, 10 anos Acho que as aulas do Espaço são bem legais. Venho aqui todos os dias para treinar. Isso ajuda para que eu não fique nas ruas, sabe? Ordep (rapper), 17 anos Participo das atividades do ECE-SP há dois anos. O primeiro projeto que desenvolvi foi no II Encontro da Juventude, quando ajudei a montar o áudio. Sempre me chamam para participar na construção, para montar o áudio e ajudar a produzir eventos de hip-hop. A primeira vez que frequentei o Espaço foi com o objetivo de utilizar o estúdio de som. Um amigo me contou que no ECE-SP tinha um estúdio de gravação que podia ser utilizado gratuitamente, e eu aproveitei a oportunidade porque estava sem condições de pagar para gravar meu disco. Eu participo dos projetos e, geralmente, estou envolvido nos eventos, nas festas, como colaborador. A minha participação no ECE-SP me deu uma visibilidade maior na área em que atuo hoje, o rap, que não é apenas um hobby, como era antes. O ECE-SP foi uma plataforma de conhecimento no meio do rap, e isso favoreceu muito minha carreira. Sem contar a experiência montando som. Revista Linha Direta
Larissa Domingues, 17 anos Frequento o Espaço há quase três anos. Comecei participando da oficina de capoeira, que eu adorava. Mas, depois de um tempo, não pude mais treinar. Fiquei, então, quase um ano parada. Aí surgiu a oportunidade de participar da ONG Viração, que é parceira do ECE-SP.Eu e outra ex-educanda do Espaço fomos convidadas a fazer o curso de Educomunicação nessa ONG, onde temos de cumprir uma carga horária de 20 horas semanais. Então, toda quarta-feira frequentamos o curso na Viração, durante 4 horas, e nas outras 16 horas fazemos estágio no ECE-SP. Cada semana participamos de uma oficina com temáticas diferentes. Já fizemos oficinas, por exemplo, sobre Causos do ECA, Cobertura jornalística, Fotografia, Meio ambiente, Racismo e outros. Muita coisa do que aprendemos nesses encontros colocamos em prática no ECE-SP. Começamos em março de 2011. A nossa primeira cobertura foi durante o IV Encontro de Juventude, quando produzimos textos e fotografamos. A equipe do ECE-SP nos ajudou muito, tanto na questão da produção dos textos quanto nas orientações de como tirar uma boa foto, identificando as fotos que podem ajudar nos textos, como montar o texto para que ele fique bem explicado. Fazemos matérias para o blog e para um boletim externo que vai para o pessoal do Sou da Paz e para todos os parceiros, por isso tem de ficar bem explicado. Pela Viração também fazemos algumas coberturas na cidade, como, por exemplo, a Feira Preta, que acontece todo ano. Estamos nos preparando para fazer a cobertura do Rio +20, que vai acontecer no Rio de Janeiro. Alan Barbosa de Almeida, 13 anos Ao participar das atividades esportivas do projeto, consigo ir melhor nas aulas de educação física da escola. Gosto de tudo que faço no Espaço, as aulas de futevôlei, futebol, handebol e circo. É tudo muito bom! Os educadores são ótimos e sempre nos ajudam a superar as dificuldades.
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Educación inclusiva / E
l desafío más importante para los países de Iberoamérica es disminuir las desigualdades en el aprendizaje, es lo que afirma la especialista en educación inclusiva, Rosa Blanco. Hay muchos niños que están incluidos en las escuelas, pero excluidos del aprendizaje, explica la especialista chilena, con exclusividad para Linha Direta. Abajo la entrevista completa. ¿Qué falta para que Iberoamérica tenga una educación inclusiva? La educación inclusiva es un proceso que orienta la transformación de los sistemas educativos y de las escuelas, para que se pueda garantizar el pleno acceso, la permanencia, la participación y el aprendizaje de todos los estudiantes, reduciendo o eliminando las barreras de la exclusión. Muchos países de América Latina ya han iniciado un proceso de transformación y puede ser que esto reduzca ciertas prácticas discriminatorias, pero otras surgirán. Hay que estar siempre atento, reflexionando sobre las culturas y las prácticas de las escuelas que, a lo mejor, acogen niños con discapacidad, pero simultáneamente, están expulsando alumnos que tienen bajo rendimiento, por los llamados problemas de conducta. Ellas no están siendo capaces de acoger a todos, retenerlos y lograr que todos aprendan. Tenemos muchos desafíos, y el desafío más importante, en América Latina, es reducir las desigualdades en el aprendizaje, porque sí, hay muchos niños que están incluidos en las escuelas, pero también están excluidos del aprendizaje. Aunque se han conseguido muchos avances en el campo educacional, especialmente en la educación primaria, ellos no han logrado que todos concluyan sus estudios, ni se ha conseguido traducir los objetivos propuestos en resultados. ¿Por dónde comenzar? Cada país tiene que ver, según su realidad y sus posibilidades, cuáles son los primeros cambios que tiene que introducir. Un cambio importante es un cambio curricular. Los currículos y las situaciones de aprendizaje se tienen que unificar, considerando que la diversidad es lo normal, no algo anómalo, o que hay Revista Linha Direta
Rosa Blanco, especialista en educación inclusiva // Rosa Blanco, especialista em educação inclusiva
/ Educação inclusiva O
maior desafio dos países ibero-americanos é diminuir as desigualdades na aprendizagem, afirma a especialista em educação inclusiva, Rosa Blanco. Existem muitas crianças que estão dentro das escolas, mas excluídas da aprendizagem, explica a especialista chilena, com exclusividade para a Linha Direta. A seguir, confira a entrevista completa. O que falta para que a Ibero-América tenha uma educação inclusiva?
© Valéria Araújo
A educação inclusiva é um processo que orienta a transformação dos sistemas educativos e das escolas, com o objetivo de garantir a todos os estudantes pleno acesso, permanência, participação e aprendizagem, reduzindo ou eliminando as barreiras da exclusão. Muitos países da América Latina já iniciaram um processo de transformação e pode ser que isso reduza certas práticas discriminatórias, mas outras surgirão. É necessário, então, estar sempre atento, refletindo sobre as culturas e as práticas das escolas que talvez até acolham crianças especiais, mas, simultaneamente, expulsam alunos com baixo rendimento, pelos chamados problemas de conduta. Essas escolas não estão sendo capazes de acolher a todos, retê-los e fazer com que todos aprendam. Temos muitos desafios, e o mais importante deles, na América Latina, é reduzir as desigualdades na aprendizagem, porque muitas crianças que estão nas escolas estão excluídas da aprendizagem. Embora os países tenham conseguido muitos avanços no campo educacional, especialmente na educação primária, eles ainda não conseguiram fazer com que todos concluam seus estudos, nem conseguiram traduzir os objetivos propostos em resultados. Por onde começar? Cada país tem de ver, segundo sua realidade e suas possibilidades, quais são as primeiras mudanças que devem introduzir. Uma mudança importante é a curricular. Os currículos e as situações de aprendizagem precisam se unificar, considerando que a diversidade é normal, não algo anômalo, ou que deve ser evitado. A diversidade, às vezes, está mal interpretada. As crianças são vistas como portadoras de outras culturas, ou como crianças especiais. Existem diferenças Revista Linha Direta
que evitar. La diversidad, a veces, está mal interpretada. Los niños son vistos como portadores de otras culturas, o con discapacidad. Existen diferencias por grupos y también individuales, ningún niño es igual a otro, cada uno tiene una historia de vida distinta, capacidades e intereses diferentes etc. Otro cambio importante sería el desarrollo de currículos para una mayoría, considerando el nivel socioeconómico y cultural de todos. ¿Cómo sería el desarrollo de los currículos? La idea es que el currículo sea único para todos y que tenga un enfoque intercultural, que considere al bilingüismo, el aprendizaje de la cultura mundial, las múltiples inteligencias, la actividad de género, aprendizajes diversos y la valorización de la diversidad. Hay un punto crucial en referencia a los currículos: la transformación de las clases prácticas. América Latina ha tenido muchos avances en el discurso pero, el desafío que tenemos es hacer con que ese discurso se haga realidad, y esto está relacionado con los docentes. Ellos no son capacitados para trabajar con niños diversos, al contrario: son instruidos por enfoques muy homogenizadores, que no son válidos para la inclusión. Si queremos transformar las prácticas, tenemos que hacer una transformación profunda en la formación inicial de los docentes. Las propias instituciones que forman a los docentes deberían ser inclusivas, desarrollando profesores representativos de la diversidad que existe en la sociedad, representativos de las diferentes etnias, que hablen la misma lengua y que tengan una visión universal de la cultura. ¿Hay algún país en América Latina que está más avanzado en esta cuestión? Brasil y México han ido haciendo avances importantes, y todos los países están intentando avanzar, en la medida de sus posibilidades, prosiguiendo el camino de la inclusión. Lo que es muy complicado en América Latina es que nuestras sociedades son altamente desiguales y altamente segmentadas. Lo que precisamos tener cada vez más claro es que solo con políticas educativas no podremos lograr la inclusión. Necesitamos políticas intersectoriales, de salud, de bien estar social y de justicia de diferentes sectores que aborden las causas que generan desigualdad y exclusión en los sistemas educativos. Por lo tanto, tenemos un desafío: sabemos que necesitamos de políticas intersectoriales, pero en realidad es muy complicado, porque cada sector tiene sus prioridades, sus Revista Linha Direta
burocracias, sus propias concepciones del desarrollo humano. No es tan fácil que éstos se pongan a trabajar juntos. ¿Usted cree que hasta 2021 vamos a lograr estos objetivos? Ahora es importante saber para dónde vamos y también saber qué es lo que tenemos que cambiar, pero uno no puede esperar para tener todas las condiciones para que el sistema sea inclusivo, porque los niños no pueden esperar. Lo que hay que ir viendo es qué pasos vamos a dar, teniendo claro que esos cambios sean como una hoja de ruta para orientarnos en ese proceso en que las propias condiciones que favorecen a la inclusión son parte del sistema. Estamos en un camino en donde viene habiendo cambios culturales profundos y es importante tener la clareza de saber cómo vamos a avanzar y cuáles son las condiciones para esto. No son cambios que podremos alcanzar en 10 ó 20 años, como aún no hemos conquistado muchas otras cosas, pero es preciso comenzar. Pensar en inclusión es pensar grande, caminando sin pausa.
© charles taylor / Photoxpress
As próprias instituições que os formam deveriam ser inclusivas, formando professores representativos da diversidade que existe na sociedade, representativos das diferentes etnias, que falem a mesma língua e que tenham uma visão universal da cultura. Há algum país na América Latina que esteja mais avançado nesta questão? Brasil e México tiveram avanços importantes, e todos os países estão tentando avançar, na medida de suas possibilidades, prosseguindo no caminho da inclusão. O que é muito complicado na América Latina é que nossas sociedades são altamente desiguais e altamente segmentadas. Precisamos ter muita clareza de que somente por meio de políticas educativas não poderemos conseguir a inclusão. Necessitamos de políticas intersetoriais, de saúde, de bem-estar social e de justiça em diferentes setores que abordam as causas da desigualdade e da exclusão em nossos sistemas educativos. Portanto, temos um desafio: sabemos que necessitamos de políticas intersetoriais, mas isso, na prática, é muito complicado, porque cada setor tem suas prioridades, suas burocracias, suas próprias concepções de desenvolvimento humano. Não é tão fácil que eles se ponham a trabalhar juntos.
por grupos e também individuais, já que nenhuma criança é igual a outra, cada uma tem uma história de vida, capacidades e interesses diferentes, entre outros. Outra mudança importante seria o desenvolvimento de currículos para uma maioria, considerando o nível socioeconômico e cultural de todos.
... la diversidad es lo normal, no algo anómalo, o que hay que evitar. //... a diversidade é normal, não algo anômalo, ou que deve ser evitado.
Como seria esse desenvolvimento de currículos?
Até 2021 vamos atingir esses objetivos?
A ideia é que o currículo seja único para todos e que tenha um enfoque intercultural, que considere o bilinguismo, a aprendizagem da cultura mundial, as múltiplas inteligências, a atividade de gênero, aprendizagens diversas e a valorização da diversidade. Há um ponto crucial na questão dos currículos: a transformação das aulas práticas. A América Latina tem avançado muito no discurso, mas o nosso desafio é fazer com que esse discurso se faça real, e isto está relacionado com os docentes. Eles não são formados para trabalhar com crianças diversas, ao contrário: são formados por enfoques muito homogeneizadores, que não são válidos para a inclusão. Se desejamos transformar as práticas, temos de fazer uma mudança profunda na formação inicial dos docentes.
É importante saber para onde vamos e também o que temos de mudar, mas não podemos esperar ter todas as condições necessárias para que o sistema seja inclusivo, porque as crianças não podem esperar. Temos de observar quais são os passos que vamos dar, tendo claro que essas mudanças devem ser como um roteiro para nos orientar nesse processo em que as próprias condições que favorecem a inclusão fazem parte do sistema. Estamos em um caminho onde há uma mudança cultural profunda e devemos ter claro como vamos avançar e quais são as condições para isso. Não são mudanças que podemos alcançar em 10 ou 20 anos, como ainda não conquistamos muitas outras coisas, mas é preciso começar. Pensar em inclusão é pensar grande, caminhando sem pausa. Revista Linha Direta
gestão
Conceitos de GOVERNANÇA em educação
Revista Linha Direta
Manoel Alves*
A
s boas práticas de governança, em se fazendo presentes na gestão escolar, criam condições estruturais e operacionais que contribuem sobremaneira para que os objetivos educacionais sejam alcançados e se produza a eficácia social atribuída à escola, pública ou privada. Em virtude dessa perspectiva, tem-se, cada vez de forma mais acentuada, discutido e experimentado conceitos e práticas de governança em educação – processo que considero irreversível.
O contexto A globalização não é historicamente um fenômeno novo, seja do ponto de vista econômico ou cultural. Os teóricos e pesquisadores em educação tratam seguidamente da globalização, inclusive enfatizando sua vertente neoliberal como elemento que promove aspectos negativos, indesejáveis ou perversos com os quais convivemos, hoje, na nossa sociedade contemporânea. É, no entanto, importante ressaltar que, embora a globalização não seja um fenômeno novo, se encontra e se manifesta em um contexto novo. Esse contexto, emergente nas últimas décadas, denominouse sociedade do conhecimento, no qual o conjunto de relações que traduz a globalização assume características completamente distintas dos contextos anteriores. Portanto, o que, no meu ponto de vista, deve orientar e iluminar a análise das questões educacionais, mais do que a globalização como internacionalização das relações
em todos os níveis, é esse aspecto de novidade manifesto na sociedade do conhecimento, na medida em que o contexto emergente nos introduz em um novo ciclo do processo civilizatório, com características realmente novas e impactantes em todas as esferas da vida humana e que vão estar cada vez mais nos desafiando. A educação escolar não passa incólume a tudo isso, muito pelo contrário. A sociedade contemporânea brasileira supera, definitivamente, como padrão, todas as relações características das sociedades agropastoril e industrial e encontra-se já mergulhada em um conjunto de relações sociais, políticas e econômicas impactadas por esse novo ciclo civilizatório, com quatro grandes características: velocidade, conectividade, intangibilidade e inovação. Independentemente de qualquer pessoa, grupo ou organização, Estado ou nação, essas características estão presentes, são crescentes, determinantes, e eu entendo que o que deve nos
mover enquanto educadores e/ou pesquisadores, interessados e comprometidos com a educação é compreender cada vez mais como tudo isso age sobre a educação escolar e quais as novas estruturas de gestão adequadas para responder a essa realidade. O eixo central desse novo ciclo é o conhecimento, e o conhecimento em uma relação direta, essencial, central, com a questão da educação. Isso explica por que hoje, mais do que jamais, a educação tem sido tão relevante e objeto de tanto interesse pelos organismos internacionais, pelos Estados e pelos diversos grupos da sociedade civil. Então, é a partir desse contexto que vamos compreender o surgimento – e o desenvolvimento teórico e operativo – da governança nas organizações, públicas e privadas, da mesma forma que sua vinculação com o conhecimento. Em síntese, a governança é uma expressão, um fenômeno, uma manifestação que emerge nesse novo ciclo do processo civilizatório que se convencionou denominar era da informação, ou sociedade do conhecimento. O conceito Governança é um conceito seguidamente sujeito a ser mal aplicado. Os diversos dicionários de língua inglesa, bem como o nosso Aurélio, associam governança a governabilidade, e assim descaracterizam o conceito no âmbito da gestão das organizações. Daí a necessidade de atenção, porque o uso do termo governança tem se revelado polissêmico e desprovido da acuidade conceitual devida e necessária. Revista Linha Direta
O conceito de governance surge, com maior ênfase, voltado para a gestão pública e pela voz do Banco Mundial. Governança nasce na e para a esfera pública. O termo aparece pela primeira vez em documento oficial em 1992, num relatório do Banco Mundial intitulado Governance and Development, e define governança como a maneira pela qual o poder é exercido na gestão dos recursos sociais e econômicos de um país, visando ao seu desenvolvimento. Desde os anos 1980, no universo anglófono, antes mesmo de se cunhar a palavra governança para o âmbito da educação, as ações de governança no sistema educacional já estavam presentes na agenda das políticas públicas. O conceito emerge e afirma-se nos últimos anos, mas seu conteúdo é secular e transversal a distintos campos do conhecimento, como à psicologia social e organizacional, à antropologia, à sociologia, à economia, à administração, à contabilidade, ao direito e a outras áreas do conhecimento. No Brasil, o conceito de governança tem se desenvolvido principalmente no âmbito corporativo privado, o que o levou a ser inicialmente difundido na educação privada e muito pouco ainda nos sistemas educacionais públicos, seja na gestão, seja na formulação de políticas. Hoje, o conceito segue sendo amplamente difundido, discutido, experimentado; está cada vez mais disseminado na literatura, quando se refere ao exercício do poder, ao processo decisório, às relações internas e externas e à gestão nas organizações. Revista Linha Direta
A teoria A governança no âmbito das organizações em geral objetiva, a partir dos novos contextos econômicos e comerciais, propor processos e estruturas para uma convivência mais harmônica e eficaz entre capital, gestão, exercício do poder, organização e sociedade. Governança significa administrar, gerir, dirigir, comandar, reger, controlar um sistema e/ou uma organização. Atualmente, a governança amplia seu espaço nas pesquisas e nas publicações em ciências gerenciais, mas ainda muito pouco no âmbito das ciências da educação. O tema da governança educacional continua sendo pouco discutido e pesquisado. Segundo o Código do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, governança é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre suas estruturas/instâncias administrativas. As boas práticas de governança têm a finalidade de aumentar o valor agregado da organização, de facilitar acesso ao capital, inclusive no âmbito do orçamento e das políticas públicas, à captação de recursos e ao financiamento de organismos internacionais. Quanto mais desenvolvidas as práticas de governança, mais fácil o acesso ao capital. Melhorar o desempenho das organizações contribui para o seu desenvolvimento e perenidade. A literatura considera quatro os princípios básicos da governança: a transparência (disclosure), a equidade, a prestação de contas (accountability) e a responsabilidade sócio-organizacional.
... a governança (...) emerge nesse novo ciclo do processo civilizatório que se convencionou denominar era da informação, ou sociedade do conhecimento. • Transparência (disclosure) – franquia à informação, informações econômicas, financeiras e de outras dimensões; comunicação interna e externa; clima de confiança interna e nas relações com terceiros. • Equidade – tratamento justo e equitativo entre os diversos atores dos sistemas e das organizações (usuários, servidores públicos, funcionários, clientes, políticos, fornecedores, gestores públicos, credores, comunidade em geral etc.). • Accountability (Prestação de contas) – a obrigação dos dirigentes e dos órgãos de administração, tanto dos entes públicos quanto privados, de prestar contas de sua atuação e de responder legalmente pelos seus atos. • Responsabilidade sócio-organizacional – o necessário zelo
pela perenidade das organizações, portanto uma visão de sustentabilidade no longo prazo, que deve necessariamente incorporar questões sociais e ambientais, questões básicas em governança; contempla os relacionamentos com as comunidades onde a organização está inserida e atua com a sociedade civil organizada em todas as suas esferas. A governança tem sua origem e seu foco no conjunto das relações de uma organização: relações interpessoais, relações de poder, processo de comunicação e processo decisório. A governança cria as condições para que a racionalidade, a objetividade e as ciências gerenciais, portanto as boas práticas de gestão, imperem sobre as expectativas pessoais, tanto no âmbito dos sistemas quanto das organizações. A governança constitui-se por conquistas
e renúncias individuais e do grupo, que se integram e interagem, considerando que os perigos e as oportunidades andam sempre juntas nas tomadas de decisão. Na esfera pública, a governança contribui para expressar de modo pleno o exercício da democracia. Na próxima edição da Linha Direta, falaremos sobre a relação entre governança em educação e gestão escolar. *Doutor em Ciência da Educação pela Universidade de Paris. MBA em Gestão de Negócios e Novas Tecnologias. Professor adjunto do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Brasília. Presidente da Rede Católica de Educação, das Fundações L´Hermitage e Universa e consultor educacional www.lhermitage.org.br
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