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Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, Fundação Universa e Sieeesp

Ensino Superior: perspectivas para 2011 Possibilidades de crescimento. Oportunidades de negócios. Necessidade de financiamento

Entrevista

Ricardo Ehrlich, ministro de Educación de Uruguay Ricardo Ehrlich, ministro da Educação do Uruguai

Softwares open source

Desenvolvimento compartilhado

EDIÇÃO 155

ANO 14 - FEVEREIRO 2011

Desafio

Sala de aula

A profissionalização do professor

Contribuições de um olhar docente

Daniel Leite

Luana Sant’Ana


editorial

Uma chance ao Ensino Superior

Una oportunidad para la Enseñanza Superior

O Ensino Superior particular brasileiro atende, hoje, 75% dos alunos matriculados no 3º grau. Desses, uma grande maioria pertence às classes C e D e só pode viabilizar o acesso e/ou permanência nos cursos através do financiamento estudantil. Em muitos países, esse é um mecanismo bastante utilizado. Nos Estados Unidos, por exemplo, 72% dos alunos estudam com algum tipo de crédito educativo. No Brasil, apesar dos esforços, esse índice chega a apenas 17%. A conse­ quência disso é que, mesmo com a grande demanda, a taxa de crescimento do setor não tem passado de 5% ao ano nos últimos três anos. A educação superior privada tem 1,5 milhão de vagas ociosas e, para resolver esse problema, o caminho indicado pelo consultor Ryon Braga é o financiamento público do setor privado. Na reportagem de capa deste mês, o consultor faz uma análise detalhada do setor. Também nesta edição, apresentamos uma entrevista exclusiva com o ministro da Educação do Uruguai, Ricardo Ehrlich, e com o educador espanhol Francisco Bellón, os quais analisam a educação em seus respectivos países e no mundo. Boa leitura a todos!

La Enseñanza Superior particular brasileña atiende, hoy, 75% de los alumnos matriculados a nivel terciario. De estos, una gran mayoría pertenece a las clases C y D y sólo puede viabilizar el acceso y/o permanencia en los cursos a través del financiamiento estudantil. En muchos países, ese es un mecanismo bastante utilizado. En los Estados Unidos, por ejemplo, 72% de los alumnos estudian con algún tipo de crédito educativo. En Brasil, a pesar de los esfuerzos, ese índice sólo llega a 17%. Como consecuencia, aun con la gran demanda, la taza de crecimiento del sector no ha pasado de 5% al año en los últimos tres años. La educación superior privada tiene 1,5 millón de lugares disponibles en estado de ocio y, para resolver ese problema, el camino indicado por el consultor Ryon Braga es el financiamiento público del sector privado. En el reportaje de tapa de este mes, el consultor hace un análisis detallado del sector. También en esta edición, presentamos una entrevista exclusiva con el ministro de Educación de Uruguay, Ricardo Ehrlich, y con el educador español Francisco Bellón, los cuales analizan la educación en sus respectivos países y en el mundo. ¡Buena lectura para todos!

Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta

Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta

Presidente Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Editora Jeane Mesquita – MG 09098 JP Designer gráfico Rafael Rosa Revisão Liza Ayub Tradução/Revisão espanhol Gustavo Costa Fuentes - RFT1410 Consultor Editorial Ryon Braga Consultor de Responsabilidade Socioambiental Marcus Ferreira Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas Consultora para o Ensino Superior Maria Carmem T. Christóvam

6

Conselho consultivo Ademar B. Pereira Presidente do Sinepe/PR – Curitiba Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sinepe/CE Amábile Pacios Presidente do Sinepe/DF Antônio Eugênio Cunha Presidente do Sinepe/ES Antônio Lúcio dos Santos Presidente do Sinepe/RO Átila Rodrigues Presidente do Sinepe/Triângulo Mineiro Benjamim Ribeiro da Silva Presidente do Sieeesp Cláudia Regina de Souza Costa Presidente do Sinepe/RJ Eliziário Pereira de Rezende Presidente do Sinepe/NMG Emiro Barbini Presidente do Sinep/MG Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Gelson Menegatti Filho Presidente do Sinepe/MT Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp Ivana de Siqueira Diretora da OEI em Brasília Ivo Calado Asepepe

Jorge de Jesus Bernardo Presidente da Abrafi e do Semesg José Augusto de Mattos Lourenço Presidente da Fenep José Carlos Barbieri Presidente do Sinepe/NOPR José Carlos Rassier Secretário nacional da ABM José Nunes de Souza Presidente do Sinepe/PI Krishnaaor Ávila Stréglio Presidente do Sinepe/GO Manoel Alves Presidente da Fundação Universa Marco Antônio de Souza Presidente do Sinepe/NPR Marcos Antônio Simi Presidente do Sinepe/Sul de Minas Maria Auxiliadora Seabra Rezende Presidente do Consed Maria da Gloria Paim Barcellos Presidente do Sinepe/MS Miguel Luiz Detsi Neto Presidente do Sinepe/Sudeste/MG Natálio Dantas Presidente do Sinepe/BA Nelly Falcão de Souza Presidente do Sinepe/AM Odésio de Souza Medeiros Presidente do Sinepe/PB

Osvino Toillier Presidente do Sinepe/RS Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Suely Melo de Castro Menezes Vice-presidente do Sinepe/PA Thiers Theófilo do Bom Conselho Neto Presidente da Fenen Victor Maurício Nótrica Presidente do Sinepe/Rio Pré-Impressão e Impressão Rona Editora – 31 3303-9999 Tiragem: 20.000 exemplares

A Linha Direta, consciente das questões sociais e ambientais, utiliza, na impressão desse material, papéis certificados FSC (Forest Stewardship Council). A certificação FSC é uma garantia de que a matéria-prima advém de uma floresta manejada de forma ecologicamente correta, socialmente adequada e economicamente viável. Impresso na RONA EDITORA Ltda – Certificada na Cadeia de Custódia – FSC.

As ideias expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.

(31) 3281-1537 www.linhadireta.com.br Revista Linha Direta


capa

ENSINO SUPERIOR: Ryon Braga*

Sem financiamento, o Ensino Superior brasileiro não cresce mais

O

Ensino Superior brasileiro já chegou à casa dos seis milhões de alunos em 2009 (mais exatamente, 5.954.021). São 5,1 milhões nos cursos presenciais e 830 mil nos cursos a distância (EAD). O número de matrículas mais do que dobrou em uma década. No entanto, a taxa de escolaridade líquida, de 15%, ainda é uma das mais baixas do mundo. São mais de sete milhões de jovens sem oportunidade de cursar o Ensino Superior.

Evolução das Matrículas na Graduação Presencial do Brasil (1997-2009)

0

Revista Linha Direta

Matrículas Total

Matrículas Privado

5.115.896 1.351.168

1.273.965

1.240.968

1.209.304

3.764.728

5.080.056 3.806.091

4.880.381 3.639.413

4.676.646 1.192.189

1.178.328

1.137.119

3.467.342

4.453.156 3.260.967

4.163.733 2.985.405

3.887.771 1.051.655

2.750.652

3.479.913 2.428.258 939.225

3.030.754 2.091.529

2.694.245 1.807.219 887.026

Fonte: MEC/INEP 2009

Matrículas Público


perspectivas para 2011 Taxa de Crescimento das Matrículas no Ensino Superior Presencial Privado no Brasil

15,7%

1.807.219

1.537.923

1.321.229

1.186.433

2.750.652

2.428.258

13,3%

8,5%

3.764.728

3.806.091

3.639.413

8,0%

6,3%

4,6%

5,0%

3,0%

-1,1% -2,0%

Matrículas Privado

Taxa de Crescimento das Matrículas no Ensino Superior a Distância Privado no Brasil - EAD

Taxa de Crescimento

198,0%

Fonte: MEC/INEP 2009

665.429

178,0%

174,7% 154,5% 448.973 62,9%

275.557

66,9%

165.145

60.127

58,1% 23.622

158,0% 138,0% 118,0%

133,7%

10.107

18,0%

13,0%

9,2%

0

6.392

3.467.342

2.985.405

16,1%

3.260.967

17,5% 16,4%

11,4%

0

23,0%

Fonte: MEC/INEP 2009

2.091.529

No setor privado, o número de alunos matriculados teve uma queda de -1,1% na modalidade presencial e um crescimento de 48% na modalidade a distância (EAD). Apesar disso, o número de matriculados total cresceu apenas 3%.

98,0% 78,0%

48,2%

58,0% 38,0% 18,0% -2,0%

Matrículas Privado

Taxa de Crescimento

Revista Linha Direta


O Censo de 2009 mostrou o que todos já sabiam, mas assustou muita gente. O ano foi marcado pelo pico das consequências da crise econômica mundial, e a “marolinha” que chegou ao Brasil também afetou o Ensino Superior privado. De 2008 para 2009, o crescimento foi negativo, ou seja, o número de ingressantes (novos alunos) foi -3,5% (três e meio por cento menor do que em 2008) no ensino presencial e 8,5% maior no ensino a distância.

Evolução da Demanda de Ingressantes (novos alunos) no Ensino Superior Privado do Brasil

792.069

664.474

20,0%

1.157.057

1.198.506

1.183.464

1.151.102

1.015.868

995.873

16,5%

16,7% 924.649

19,2%

1.108.600

Fonte: MEC/INEP 2009

15,0%

10,0%

9,1% 5,0%

7,7%

2,8% 3,8%

1,3%

0,0%

2,0% -3,5%

0

Ingressantes Privado

-5,0%

Taxa de Crescimento

Taxa de Crescimento das Matrículas no Ensino Superior a Distância Privado no Brasil - EAD

Fonte: MEC/INEP 2009

448,0%

224.994

247.021

424,4%

268.056

398,0% 348,0% 298,0% 248,0%

179.619

198,0% 148,0%

0

Revista Linha Direta

50,9%

74,4%

96.162

18.338

10.517

6.969

98,0% 48,0%

86,8% 25,3%

9,8%

8,5%

Matrículas Privado

-2,0%

Taxa de Crescimento


Evidentemente, esse baixo desempenho do setor privado não foi apenas reflexo da crise. Os outros vilões da história são: (a) o processo demográfico, com diminuição de jovens de 18 a 24 anos; (b) o Ministério da Educação (MEC), que tem se empenhado em restringir o crescimento do setor privado, principalmente no EAD. A oferta de vagas nas universidades públicas, apesar de todo o esforço do governo nos últimos anos, continua insignificante para atender às necessidades do país – são 394 mil vagas por ano para mais de 2,2 milhões de concluintes do Ensino Médio (ensino regular + Educação de Jovens e Adultos - EJA). O setor privado faz o que pode para ajudar na inclusão social, atendendo a mais de 75% de todo o alunado do Ensino Superior. Quase todos os estudantes pertencentes às classes C e D que conseguiram chegar ao 3º grau estudam em instituições particulares. Mesmo com toda a demanda ainda existente, a taxa de crescimento do Ensino Superior não tem passado de 5% ao ano nos últimos três anos – um aparente paradoxo, que só pode ser explicado pela incapacidade de pagamento de todos esses milhões de jovens que ainda não conseguiram entrar numa faculdade. Muitos países resolvem a questão da escolaridade superior com forte investimento em financiamento

estudantil público e privado. Nos EUA, por exemplo, são mais de 72% dos alunos estudando com algum tipo de crédito estudantil, em sua maioria, financiado pelo governo. No Brasil, em que pese o esforço do atual governo em ampliar as modalidades de crédito estudantil, criando o ProUni e melhorando o FIES, somente 17% dos estudantes utilizam algum tipo de financiamento. O crédito estudantil oferecido por bancos privados e financeiras vem crescendo ano a ano, mas atende a menos de 200 mil alunos. ProUni e FIES, juntos, atendem a pouco mais de 600 mil alunos. Ainda faltam, por baixo, oferta de crédito e/ou bolsa para mais de um milhão de jovens. Como o setor privado tem, atualmente, mais de 1,5 milhão de vagas ociosas, e o seu custo por aluno é cinco vezes menor do que o das universidades públicas, a saída para o Brasil é o financiamento público do setor privado, obedecendo a rígidos controles de qualidade. O governo brasileiro precisa copiar os países desenvolvidos e oferecer uma espécie de voucher ao aluno sem condições financeiras para que ele possa escolher a instituição privada em que deseja estudar. Este voucher deve ser oferecido na proporção do desempenho de cada instituição, criando, assim, um eficiente mecanismo de melhoria da qualidade do Ensino Superior brasileiro.

Negócios no setor de educação privada 2011 promete ser um ano de muitos negócios no setor de educação privada no Brasil. Essa expectativa apresenta fortes evidências. Primeiro, a questão macroeconômica: há muito otimismo em relação à recuperação da economia mundial e de um crescimento maior do Brasil neste cenário. Segundo, as questões setoriais: o movimento de consolidação na educação privada ainda tem muito espaço para crescer (os 12 consolidado-

res possuem 30% do mercado, mas podem e querem chegar a 50%), e dinheiro para isso não falta. Anhanguera, Estácio e Kroton (três das quatro empresas educacionais listadas na bolsa) possuem, juntas, mais de um bilhão de reais para investir em aquisições. Os demais grupos consolidadores, juntos, possuem também quase um bilhão de reais. Os fundos de private equity interessados em educação

têm capacidade de investimento no setor na ordem de 1,2 bilhão de reais. Os grupos internacionais que tentam entrar no Brasil anunciam fôlego para investimentos na ordem de dois bilhões de reais. Com tudo isso, fica fácil concluir que há mais dinheiro do que boas oportunidades de negócios. As grandes e tradicionais universidades brasileiras trazem consigo um conjunto enorme de probleRevista Linha Direta


mas de gestão, de passivos e contingências tributárias e trabalhistas, sem falar no endividamento (presente em boa parte delas). Na maioria dos casos, o custo/benefício de adquirir uma instituição assim não é vantajoso. O tempo necessário para recuperá-la é de quatro a seis anos. O que os investidores financeiros não conseguiram ainda enxergar é que educação, ainda que possa ser um negócio muito lucrativo, não é como os demais setores da economia em que você investe (aporta

capital), conserta (reestrutura a empresa) e vende com lucro dois ou três anos depois. Para “consertar” uma universidade em situação difícil, leva, pelo menos, quatro a cinco anos. A Estácio é um bom exemplo disso. O GP (atual sócio-gestor da empresa), considerado um investidor com altíssima expertise em gestão, levou três anos para “arrumar” a casa e levará outros três para colher os frutos disso. A lógica de negócios dos investidores financeiros versus a situ-

ação atual das grandes instituições de ensino no Brasil é uma combinação que dificulta muito o fechamento de bons negócios. Há perspectiva e possibilidade de mais de 150 negócios de fusões e aquisições no setor educacional em 2011 e 2012, mas, se a lógica de investimento não for revista, talvez não se concretize nem um terço. Quem não tem visão de longo prazo, de sustentabilidade e perenidade de uma empresa, não deve investir em educação.

Empresas do setor financeiro comandam a educação privada no Brasil Dos cinco maiores grupos educacionais brasileiros, que, juntos, possuem 800 mil alunos, quatro deles são comandados por empresas do setor financeiro. Entre as 15 maiores empresas educacionais do país, nove possuem um fundo ou banco de investimentos na sua estrutura de gestão e governança – 60% do total. Entre os cinco maiores grupos: Estácio, UNIP, Anhanguera, Kroton e Laureate, somente a UNIP não tem a presença do setor financeiro na sua administração. A Estácio é administrada pelo fundo GP; a Anhanguera, pelo banco Pátria; a Kroton, pela ­Advent International; e a Laureate, pelo fundo americano KKR. Além desses, vários outros fundos de investimentos estão presentes na educação brasileira, tais como: Cartesian Group, na Faculdade Maurício de Nassau; o Capital Group, no Grupo IBMEC; o banco americano Best Associates (Texas), no Centro Universitário Jorge Amado, entre outros. A entrada do setor financeiro na educação teve início em 2006, com a venda da Universidade Anhembi ­Morumbi para a americana Laureate International, mas se intensificou somente em 2007, com a abertura de capital das empresas Anhanguera, Estácio, Revista Linha Direta

Kroton e SEB SA. E deverá atingir seu pico máximo nos próximos 24 meses, com a entrada de mais cinco a seis investidores financeiros no setor. Diferentemente do pensamento de alguns, a entrada de capital e a participação de empresas do setor financeiro na educação trouxe inúmeros benefícios para o segmento, entre eles: melhorou o nível de gestão das faculdades e universidades; profissionalizou e qualificou a equipe de gestores; motivou as pessoas a buscarem soluções inteligentes e inovadoras para antigos problemas do setor; criou novos e detalhados indicadores de qualidade educacional e de gestão. Os benefícios que o setor financeiro trouxe para a educação foram muitos e continuarão sendo importantes, mas há que se ter um cuidado especial. O segmento de educação é muito diferente dos demais setores da economia. Ações de curto prazo, que funcionam no varejo, no turismo e em outros setores, são destrutivas para o segmento educacional. ¢ *Presidente da Hoper Educação SA www.hoper.com.br


espaço ibero-americano espacio iberoamericano

La educación en Uruguay

Presidência do Uruguai

Acompañe la entrevista con el ministro de Educación de Uruguay, Ricardo Ehrlich

A educação no Uruguai Acompanhe a entrevista com o ministro da Educação do Uruguai, Ricardo Ehrlich

U

ma educação pública forte, com pequena, mas significativa participação de instituições privadas. É iminente a necessidade de descentralizar o sistema educacional, com a participação dos vários atores sociais, de reduzir as taxas de evasão escolar e promover mais ações para a educação ao longo da vida. Isso é o que aponta o ministro da Educação do Uruguai, Ricardo Ehrlich, em entrevista à Linha Direta. Conte-nos um pouco sobre a educação em seu país.

Ricardo Ehrlich

Revista Linha Direta

Temos uma grande instituição de administração pública, que compreende desde a educação inicial até a média e, de modo geral, a educação técnica e a formação de professores. Também temos a Universidade da República, que é a única instituição pública de Ensino Superior e universitário. Ao mesmo tempo, há propostas do setor privado para os ensinos primário, médio e universitário. Existe um Ministério da Educação e Cultura que se articula com as instituições de ensino e tem um plano de governo nacional. Essa é a organização do sistema educacional.


U

na educación pública fuerte, con pequeña, pero significativa, participación de instituciones privadas. Urge la necesidad de descentralizar el sistema educativo, con la participación de los varios actores sociales, de disminuir la deserción escolar y promover más acciones para la educación a lo largo de la vida. Esto es lo que apunta el ministro de Educación de Uruguay, Ricardo Ehrlich, en entrevista a Linha Direta. ¿Cuéntenos un poco sobre cómo es la educación en su país? Tenemos una gran institución de administración pública que cubre desde la educación inicial y escolar hasta la educación media, como componente general, la educación técnica y la formación docente. También tenemos la Universidad de la República, que es la única institución pública de enseñanza superior y universitaria. Al mismo tiempo, hay propuestas a nivel privado para los componentes iniciales primario, medio y universitario. Existe un Ministerio de Educación y Cultura que articula con las instituciones educativas y tiene un plan de gobierno nacional. Esta es la organización del sistema educativo. En un periodo pasado se aprobó una nueva ley de educación que permite construir al sistema educativo a partir de un conjunto de actores, lo que llamamos de Comisión Coordinadora del Sistema Nacional de Educación Pública. Esta ley que estamos llevando a la práctica implica profundas transformaciones del sistema educativo. Es un gran desafío en el que estamos actualmente. ¿Qué transformaciones son esas? Hay cambios institucionales, como la creación de dos nuevas instituciones del sistema terciario superior, un instituto técnico superior, para formar técnicos y tecnólogos, y un instituto universitario de educación, para formar maestros y profesores de enseñanza media. La Universidad de la República está creando centros universitarios en tres polos del país, en lo que esperamos que el conjunto de la propuesta terciaria superior sea navegable. Tenemos serios problemas compartidos con América Latina de inequidades, tanto del pun-

Em um período recente, foi aprovada uma nova lei de educação que permite construir o sistema educacional a partir de um conjunto de atores, o que chamamos de Comissão Coordenadora do Sistema Nacional de Educação Pública. Esta lei que estamos colocando em prática implica profundas transformações no sistema educacional e é o grande desafio que temos atualmente. Que transformações são essas? Há mudanças institucionais, como a criação de duas novas instituições do sistema de Ensino Superior, um instituto técnico superior para formar técnicos e tecnólogos e um instituto universitário de educação para formar professores de Ensino Médio. A Universidade da República está criando centros universitários em três polos do país, através dos quais esperamos que toda a proposta do sistema de Ensino Superior seja interligada. Temos sérios problemas de desigualdades na América Latina, tanto do ponto de vista social quanto regional. Um dos desafios neste momento não é apenas descentralizar propostas educacionais como a superior, mas conceber um sistema educacional para um projeto de país diferente, que visa ao desenvolvimento do conjunto dos seus territórios. Temos sérios problemas no ensino secundário, tanto técnicos como gerais, com a evasão. Falase muito no abandono do sistema educacional, mas o que temos observado por meio de experiências de sucesso é que nós abandonamos os estudantes. Estamos criando uma proposta para poder trabalhar com este grupo de jovens que o sistema educacional perdeu no caminho, um compromisso que inclui bolsas de estudo, orientação e acompanhamento das famílias e dos educadores. Essa é uma das mudanças em que estamos trabalhando. O que é necessário para realizar essas ­mudanças? É absolutamente importante que a sociedade junte-se a nós, que assuma sua responsabilidade. Esse é o caminho para a mudança que estamos buscando na educação. Revista Linha Direta


to de vista social como territorial. Uno de los desafíos en este momento es no solo descentralizar propuestas educativas como es la propuesta terciaria superior, sino concebir un sistema educativo para un proyecto de país diferente, que mira el desarrollo del conjunto de sus ­territorios.

Qual é a participação de instituições privadas na educação?

Tenemos serios problemas en la educación media, tanto técnica como general, con la desvinculación. Se habla mucho de deserción del sistema educativo o abandono. Pero, lo que hemos podido ver por experiencias exitosas es que no son desertores, nosotros los abandonamos. Estamos generando una propuesta para poder trabajar con este grupo de jóvenes que el sistema educativo pierde en el camino, un compromiso educativo que incluye becas, tutorías y compromisos especiales de las familias y de los educadores en una convocatoria que es el conjunto de la juventud. Este es uno de los cambios para lo cual estamos trabajando.

... el rendimiento escolar y la desvinculación están muy vinculados al contexto social. // ... o rendimento escolar e a evasão estão intimamente ligados ao contexto social.

¿Qué es necesario para lograr esos cambios? Es absolutamente importante que la sociedad nos acompañe, que asuma su responsabilidad. Este es el camino para el cambio que estamos buscando para la educación.

A educação universitária privada representa 20% do total, e o ensino primário e secundário, cerca de 25%.

E qual é o número de jovens sem acesso à educação? No nível primário, a porcentagem de acesso até a conclusão dos estudos é superior a 98%, o que é muito importante. Mas temos problemas sérios no Ensino Médio ou secundário, em que o rendimento escolar e a evasão estão intimamente ligados ao contexto social. Se avançamos no sistema educacional, os resultados já não são tão bons, e o abandono aumenta. Temos também muitos desafios para a melhoria da qualidade, tanto no nível primário como no secundário. En-

¿Cuál es la participación de las instituciones privadas en la educación? La educación universitaria privada representa un 20% del total, y la enseñanza primaria y media, alrededor de un 25%.

A nivel primario, tenemos cifras importantes de acceso para completar los estudios primarios, que están por encima de 98%, lo cual es muy importante. Pero tenemos serios problemas en la enseñanza media, donde el rendimiento escolar y la desvinculación están muy vinculados al contexto social. Si avanza el sistema educativo los resultados son cada vez menos buenos y la desvinculación aumenta. Tenemos también muchos desafíos en la mejora de la calidad, tanto en el nivel primario como en secundario. En una Revista Linha Direta

Stephen Orsillo

¿Y cuál es la cifra de jóvenes sin acceso a la educación?


población de jóvenes de 15 a 24 años, un 20% no están estudiando ni trabajando y no se preocupa con la carrera, una situación muy general de América Latina y que está muy vinculada a los temas de cohesión social e inclusión y generación de convivencia.

tre os jovens de 15 a 24 anos, 20% não estão estudando ou trabalhando e não se preocupam com a carreira, uma situação muito comum na América Latina que está vinculada às questões de coesão e inclusão social e promoção do convívio na sociedade.

¿Qué se puede hacer para promover la inclusión?

O que fazer para promover a inclusão?

A principio se requiere trabajar la educación junto con todos los otros proyectos y programas sociales y, particularmente, estamos diseñando uno que prevé becas, un compromiso del sistema educativo, de la familia y, sobretodo, un acompañamiento de los estudiantes por parte de tutores referentes, que son estudiantes más avanzados. Esperamos llegar a un número muy importante de jóvenes a través de este programa que, por un lado, es un apoyo a jóvenes que están en situación vulnerable y, por otro, es una convocatoria en conjunto de la juventud para una respuesta solidaria. Este es el camino que estamos recorriendo.

Em princípio, é preciso trabalhar a educação em conjunto com todos os outros projetos e programas sociais. Particularmente, estamos trabalhando em um projeto que prevê bolsas de estudo, o compromisso do sistema educacional e da família e, sobretudo, um acompanhamento dos estudantes por intermédio de monitores, ou seja, estudantes mais avançados. Esperamos alcançar um número muito importante da população por meio deste programa, que, por um lado, é um apoio aos jovens que estão em situação vulnerável e, por outro, é uma convocação juntamente com a juventude para uma resposta solidária. Esse é o caminho que estamos percorrendo.

¿Qué están haciendo por la educación de jóvenes y adultos? Nos preocupa mucho todo lo que tiene que ver con la educación para toda la vida, pero hay distintas propuestas en curso. Los cambios han sido muy profundos en estos últimos años. Son cambios civilizatorios que requieren poder apoyar a los adultos para desarrollar nuevas capacidades y las propuestas del sistema educativo formal, cuya formación requiere cada vez más años y no se puede rechazar la entrada en la vida activa por lo cual la concepción de la educación durante toda la vida es imprescindible, tanto por los cambios que van ocurriendo en la realidad como por problemas sociales que también tenemos que resolver como nuevos desafíos a nivel educativo. ¢

... trabajar la educación junto con todos los otros proyectos y programas sociales... //... trabalhar a educação em conjunto com todos os outros projetos e programas sociais. O que estão fazendo para a educação de jovens e adultos? Preocupa-nos muito tudo o que tem a ver com a educação para toda a vida, mas há distintas propostas em curso. As mudanças têm sido muito profundas nestes últimos anos. São mudanças culturais que visam apoiar os adultos no desenvolvimento de novas capacidades e as propostas do sistema educacional formal, cuja formação exige cada vez mais anos. Tudo isso sem se desconsiderar a entrada na vida ativa para a qual a concepção de educação durante toda a vida é imprescindível, tanto pelas mudanças que estão de fato ocorrendo quanto pelos problemas sociais que também temos que enfrentar como novos desafios para a educação. ¢ Revista Linha Direta


intratexto

A profissionalização do professor m novo ano se inicia e, com ele, trazemos as “velhas novas” promessas de mudanças de comportamento e atitudes. É sempre a mesma coisa, sabemos de tudo que precisamos fazer para ter um ano melhor, mas, invariavelmente, deixamos todas as promessas guardadas no fundo da gaveta, e não nos faltam argumentos para o não cumprimento delas no balanço final de cada ano. Neste artigo, proponho um novo desafio para o ano de 2011, destinado aos educadores e, fundamentalmente, aos professores da educação básica. Nos meus anos de vivência na educação (que começou quando entrei na escola, ainda no Infantil, ou seja, há mais de 30 anos), outra história se repete: a desvalorização da profissão do professor e as reclamações de melhores salários e maior reconhecimento. Tenho plena consciência da complexidade do problema, e não tenho a pretensão de propor fórmulas mágicas para a mudança deste quadro, porém considero que uma das causas dessa situação é de responsabilidade de cada um de nós, docentes. Falta-nos profissionalismo, investimento na carreira e responsabilidade pelo crescimento profissional. O desafio, então, Revista Linha Direta

é estabelecer metas de investimentos pessoais e profissionais que permitam que o ano novo seja realmente novo de perspectivas e conquistas. Apresento algumas sugestões que podem contribuir com a profissionalização do professor. Sugiro que, a partir delas, cada um estabeleça seu plano de ação e comece a transformar seu destino profissional.

I.

Invista na sua formação cultural: a frequência a cinemas, teatros, exposições e demais eventos culturais é essencial para ampliação de nosso espectro cultural.

II.

Estude didática e pedagogia: ficamos mergulhados em nossa prática e, presos ao tempo escasso devido ao grande número de aulas, exercemos a repetição sistematicamente. Estude: forme grupos de estudos na escola, participe de outros na internet, assine revistas especializadas.

III.

Informatize-se: já vivemos a era da informação há bastante tempo, e ainda encontramos docentes que estufam o peito para dizer que “odeiam”

Jeancliclac

U

Daniel Leite*


Dinostock

computadores. Isso é uma enorme contradição, pois, se o profissional da sala de aula não estiver minimamente conectado com as formas de comunicação de seus alunos, viverá como um alienígena, não será educador. Use as redes sociais para ensinar, aprenda com seus alunos como interagir nesse mundo, que, para nós, é virtual e, para eles, é mais do que real.

IV.

Continue sua forma­ ção: não perca a oportunidade de cursar uma pós-graduação. Hoje só não estuda quem não quer. As ofertas de cursos a distância ou semipresenciais são inúmeras e muitos de boa qualidade. É importante saber escolher e ter muita disciplina para ter sucesso. Revista Linha Direta

O mercado é exigente e necessita de profissionais bem formados.

V.

Compre livros, leia livros: separe uma parte do seu orçamento para comprar livros, invista em temas variados, não se restrinja a sua especialidade. Compartilhe com seus colegas e alunos suas experiências literárias, forme uma teia de leitores, troque os livros que já leram e debata as ideias. Esses são alguns dos desafios que proponho, com a certeza de que podem fazer a diferença no seu dia a dia. Para isso acontecer, é essencial algo que cobramos muito de nossos alunos: a disciplina. Estudos comprovam que os grandes líderes mundiais têm, acima de tudo, muita disciplina.

Acompanhados, é claro, de muito estudo, suor e o essencial ao bom profissional: o amor pelo que se propõe a fazer. Encerro, reforçando que a escolha pela profissão de professor é pessoal e intransferível. Assim como a responsabilidade de ser um grande profissional é de cada um de nós. Convido-os a colocar a mão na massa da educação e construir um ano de conquistas e mudanças, para que, no final, a comemoração seja ainda maior, com nossos alunos aprendendo mais e melhor. ¢ *Professor de História, pós-graduado em Administração de Recursos Humanos. Atualmente, é coordenador de Relacionamento da Rede Pitágoras www.redepitagoras.com.br


tecido

Contribuições de um olhar docente D

esde 2006, ministro aulas de Oficina de Criatividade no Programa Objetivo de Incentivo ao Talento (POIT). Trata-se de um espaço de apoio ao desenvolvimento global das crianças matriculadas no Colégio Objetivo. Uma oportunidade de experimentação, autoconhecimento, partilha, cooperação, convivência e expansão de potenciais. O projeto extracurricular é oferecido a crianças de Ensino Fundamental e Médio e tem duração de um ano, com aulas semanais de uma hora e quarenta minutos de duração. Em minha primeira aula, por ser fotógrafa, além de psicóloga, levei minha máquina fotográfica na intenção de registrar o rosto de cada aluno para que a imagem pudesse me auxiliar na memorização da associação entre os nomes das crianças e suas fisionomias. Passei a perceber, porém, que, além dessa função, a máquina tornava-se um poderoso instrumento de registro da memória dos grupos na medida em que guardava sorrisos espontâneos, obras que futuramente seriam desmanchadas, momentos únicos de autopercepção, de interação entre as crianças, etc. Auxiliava-me, também, na redação dos relatórios semanais enviados à coordenação do programa, já que, ao revisitar as aulas por meio das imagens capturadas, rememorava as atividades e os fatos ocorridos. Revista Linha Direta

Sabendo disso, os pais das crianças passaram a pedir cópia dos registros, como uma forma de acompanhar as atividades e vivências de seus filhos. As fotos tornaram-se, então, uma ponte entre as aulas e as famílias, que recebiam um DVD, ao final do ano, contendo todas as imagens capturadas. Quando participava de congressos nas áreas de psicologia e educação, podia, por intermédio de imagens, além de palavras, comentar sobre os processos vividos pelos grupos, mostrando suas produções e o caminho percorrido durante o ano em que estivemos juntos. Como se tudo isso não bastasse, os registros me convidavam a repensar minha prática profissional, olhando de forma crítica e reflexiva. Tendo, portanto, percebido essa rica oportunidade de crescimento pessoal e profissional e essa importante ferramenta de apoio às crianças, passei a adotar a documentação pedagógica como rotina. A fim de ilustrar esse processo, trago um recorte da atividade denominada tela coletiva, realizada com cinco grupos de crianças em 2009. Tratarei, neste artigo, de um dos grupos, formado por oito crianças de seis a oito anos, matriculadas no 1º e no 2º anos do Ensino Fundamental do Colégio Objetivo. Sugeri que cada uma pegasse sua tela branca e a colocasse sobre

Luana Sant’Ana*

uma bancada, perto das demais, formando um conjunto. A proposta era a de que este conjunto virasse uma “grande tela” e que nela fosse pintado um cenário, uma paisagem. As crianças resolveram fazer o céu. Escolheram o tom do azul, e cada uma pintou sua própria tela. Decidiram, então, que gostariam de um sol, mas perceberam que quatro crianças poderiam ficar com uma parte do sol e sortearam quem seriam os contemplados. Enquanto estas pintavam o sol, as outras ficaram um pouco paralisadas (foto 1). Logo, começaram a conversar sobre o que seria feito no restante das telas. Passaram a pintar pingos de chuva e nuvens (foto 2). Pareciam dois projetos independentes: o grupo do sol e o grupo da chuva com nuvens. Alertei as crianças sobre esta divisão, dizendo que, de alguma forma, uma ideia precisava dialogar com a outra. Elas fizeram pingos de chuva e nuvens invadindo as telas de sol, e uma criança sugeriu um arco­-íris, que, prontamente, foi aceito pelo grupo (foto 3). As crianças que estavam tristes por não terem ficado com parte do sol ficaram radiantes de felicidade por terem parte do arco-íris (que cabia nas outras quatro telas). Porém, uma menina que tinha sua tela posicionada na extrema esquerda da tela coletiva e que,


foto 1

foto 2

foto 3

em um primeiro momento, contou vantagem por ter sido sorteada para ter o sol, agora estava invejosa por não ter o arco-íris. Então, num impulso individualista, fez um pequeno arco colorido dentro da sua tela. Essa atitude foi criticada por seus colegas. Disseram-lhe que isso prejudicara o grupo, já que, num céu, não costuma haver dois arco-íris. Disseram que ele existia porque tinha sol e chuva e que, se na tela dela não havia chuva, como poderia ter arco-íris? Conversamos sobre como foi produzir essa tela coletiva, e as crianças disseram que gostaram muito, mas não concordaram com o fato de a colega ter descumprido um acordo feito pelo grupo; que, se as crianças da direita ficaram sem o sol, seria natural ela ficar sem o arco-íris. Em um grupo, você não pode ter tudo. O processo foi repleto de debates, aprendizados, vivências emocionantes para os que dele participaram, e o produto retrata toda esta história.

O consenso em grupo não exclui eventuais frustrações individuais, e o indivíduo que se frustrou está sendo convidado a abrir mão de algo seu a favor do coletivo e a empolgar-se com a arte de produzir uma obra original que apenas em grupo tem sua riqueza inusitada. A consideração de limites em função do coletivo é necessária e fundamental para se viver em sociedade, seja num relacionamento conjugal, na relação familiar ou em qualquer outra relação que envolva a convivência de um humano com outro. Pude perceber, nessa atividade (desenvolvida com cinco grupos), que quanto menor o grupo, mais fáceis são as negociações sobre o conjunto final da obra. Também foi interessante observar como cada criança se relacionava com o seu próprio espaço (a sua tela) e com o espaço coletivo (o conjunto de telas). Percebo que esta atividade permitiu a socialização, uma maior compreensão das interrelações e das diferentes formas de relacionamento.

As imagens capturadas no desenrolar da atividade me auxiliam a rememorar as etapas da construção e as dinâmicas ocorridas entre as crianças, bem como na reflexão acerca dos benefícios dessa atividade. Também me permitem compartilhá-la com os coordenadores do programa, os participantes de congressos e os leitores deste artigo. Em última instância, me ajudam a estabelecer um diálogo com os profissionais que não estavam naquela sala de aula, naquele dia, e que, porventura, tenham algo a acrescentar à minha prática, convidando-me a novas reflexões e colocando-me, assim, em constante movimento. ¢ *Psicóloga, arteterapeuta, comunicóloga, mestranda do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da Educação e professora do Programa Objetivo de Incentivo ao Talento (POIT) apoiopedagogico@objetivo.br Revista Linha Direta


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