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Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, Fundação Universa e Sieeesp

Projetos educacionais Investir em educação é acreditar no futuro do Brasil

Metas Educativas 2021

Trabalho e educação // Trabajo y educación

Ciência

Conhecimento, reflexão e ação

Manutenção

Nova tecnologia reduz custos

EDIÇÃO 161 ANO 14 - AGOSTO 2011

Administração

Inovação

Conselho de Gestão

Ultrapassando fronteiras

José Antonio Karam

Walter Braga


editorial

Lições de responsabilidade social

Lecciones de responsabilidad social

Vivemos um momento em que o conhecimento é considerado a principal ferramenta propulsora das sociedades que buscam o desenvolvimento sustentável. Paralelamente a isso, surge uma nova postura empresarial: empresas descobrem as vantagens de investir em projetos sociais, voltados para a comunidade. Essas atitudes já são consideradas como um tipo de vantagem competitiva por fazer com que as empresas, agindo assim, sejam consideradas mais atrativas pelos investidores, permitindo reforçar seus valores, ampliar sua credibilidade e se destacar em suas relações. Nesta edição da Linha Direta, apresentamos um caso de sucesso protagonizado pela Microsoft: o Programa Parceiros na Aprendizagem. Boa leitura!

Vivimos un momento en que el conocimiento es considerado la principal herramienta propulsora de las sociedades que buscan un desarrollo sostenible. Paralelamente a esto, surge una nueva postura empresarial: las empresas descubren las ventajas de invertir en proyectos sociales, direccionados para la comunidad. Estas actitudes ya son consideradas como un tipo de ventaja competitiva por hacer con que las empresas, actuando así, sean consideradas más atractivas por los inversionistas, permitiendo reforzar sus valores, ampliar su credibilidad y destacarse en sus relaciones. En esta edición de Linha Direta, presentamos un caso de éxito protagonizado por la Microsoft: el “Programa Parceiros na Aprendizagem”. ¡Buena lectura!

Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta

Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta

Presidente Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Jornalista Valéria Araújo – MG 16.143 JP Designer Gráfico Rafael Rosa Preparadora de Texto/Revisora Cibele Silva Tradutor/Revisor de Espanhol Gustavo Costa Fuentes - RFT1410 Consultor Editorial Ryon Braga Consultor de Responsabilidade Socioambiental Marcus Ferreira Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas Consultora para o Ensino Superior Maria Carmem T. Christóvam

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Revista Linha Direta

Conselho Consultivo Ademar B. Pereira Presidente do Sinepe/PR – Curitiba Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sinepe/CE Amábile Pacios Presidente do Sinepe/DF Antônio Eugênio Cunha Presidente do Sinepe/ES Antônio Lúcio dos Santos Presidente do Sinepe/RO Átila Rodrigues Presidente do Sinepe/Triângulo Mineiro Benjamin Ribeiro da Silva Presidente do Sieeesp Cláudia Regina de Souza Costa Presidente do Sinepe/RJ Emiro Barbini Presidente do Sinep/MG Fátima Turano Presidente do Sinepe/NMG Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Gelson Menegatti Filho Presidente do Sinepe/MT Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp Ivana de Siqueira Diretora da OEI em Brasília

Ivo Calado Asepepe Jorge de Jesus Bernardo Presidente da Abrafi e do Semesg José Augusto de Mattos Lourenço Presidente da Fenep José Carlos Barbieri Presidente do Sinepe/NOPR José Carlos Rassier Secretário Nacional da ABM José Nunes de Souza Presidente do Sinepe/PI Krishnaaor Ávila Stréglio Presidente do Sinepe/GO Manoel Alves Presidente da Fundação Universa Marco Antônio de Souza Presidente do Sinepe/NPR Marcos Antônio Simi Presidente do Sinepe/Sul de Minas Maria da Gloria Paim Barcellos Presidente do Sinepe/MS Maria Nilene Badeca da Costa Presidente do Consed Miguel Luiz Detsi Neto Presidente do Sinepe/Sudeste/MG Natálio Dantas Presidente do Sinepe/BA

Nelly Falcão de Souza Presidente do Sinepe/AM Odésio de Souza Medeiros Presidente do Sinepe/PB Osvino Toillier Presidente do Sinepe/RS Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Suely Melo de Castro Menezes Vice-presidente do Sinepe/PA Thiers Theófilo do Bom Conselho Neto Presidente da Fenen Victor Maurício Nótrica Presidente do Sinepe/Rio Pré-Impressão e Impressão Rona Editora – 31 3303-9999 Tiragem: 20.000 exemplares As ideias expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.

(31) 3281-1537 www.linhadireta.com.br


contexto

Conselho de Gestão

Grupo Educacional Opet profissionaliza sua administração

Divulgação

José Antonio Karam, presidente do Conselho de Gestão do Grupo Educacional Opet

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D

ando sequência ao processo de reestruturação organizacional iniciado em 2008, e com o objetivo de atender à evolução e ao crescimento da empresa, o Grupo Educacional Opet redefiniu sua administração superior com a instituição do Conselho de Gestão e da Diretoria Executiva. Por ser uma instituição de ensino que há 38 anos investe na educação brasileira, o Grupo Opet é, hoje, responsável por uma completa estrutura organizacional que inclui Pós-graduação, Faculdades, Educação a Distância, Instituto de Educação e Cidadania e Editora – Sistema de Ensino. Acompanhe a entrevista concedida pelo professor José Antonio Karam, presidente do Conselho de Gestão do Grupo Educacional Opet. Que ações são importantes para o crescimento das instituições de ensino e como se tornar referência de qualidade para alunos, clientes e colaboradores? Não há receita mágica. Uma instituição de ensino deve, essencialmente, cumprir sua visão e missão, superando as expectativas de seus stakeholders, inovando sempre, oferecendo produtos e serviços de qualidade perceptível e preço justo. E, no nosso caso, metodologia focada no conhecimento, valores, cidadania, empreendedorismo e mercado de trabalho. Para isso, deve contar com capital humano de ponta e manter ativos o espírito inovador e a coragem para mudar, experimentar e ousar.

Neste ano de 2011, foi realizada no Grupo Opet uma redefinição do papel dos órgãos de administração superior e executiva. Qual o papel de cada um deles?

ço para a atuação competitiva e rentável de um grupo educacional que soube preservar sua imagem e marca, crescendo e consolidando-se ao longo de quatro décadas.

Ao Conselho de Gestão cabe promover a expansão do Grupo; definir a visão de negócio e de futuro da organização; aprovar e monitorar a implantação do planejamento estratégico e seus desdobramentos, bem como auditar os indicadores, contas e resultados. À Direção Executiva cabe coordenar a gestão da empresa, visando ao alcance dos resultados definidos pelo Conselho de Gestão; garantir a implantação do planejamento estratégico e das estratégias aprovadas; executar as políticas e diretrizes do Grupo; promover um ambiente motivador e desafiador, que assegure o desenvolvimento profissional dos colaboradores. Aleksandro Mroczek, um profissional experiente no mercado educacional, assumiu a Direção Executiva.

Em que momento da história da Opet o senhor julgou necessário profissionalizar ainda mais a administração de todas as áreas?

O mercado educacional brasileiro vem apresentando um movimento de fusões, aquisições e aberturas de capital. A necessidade de competir em igualdade de condições foi o que levou à redefinição do papel da administração superior do Grupo? Essa iniciativa vem reforçar a ­filosofia empresarial do Grupo Opet de manter-se, permanentemente, competitivo e à frente da curva de mudanças. Mesmo em cenários com o perfil e as movimentações apontadas, há espa-

Quando olhamos nossa trajetória, podemos encontrar lá atrás, no DNA da Opet, características que permaneceram e se fortaleceram com o tempo. Algumas delas são a formulação e oferta de ensino pautado por valores, cidadania e preparação para o mercado de trabalho. Há também a profissionalização da gestão, um processo iniciado quando isso ainda era tabu nas instituições de ensino, em sua maioria administradas com foco familiar. Aonde o Grupo Opet pretende chegar com essas mudanças? Sustentabilidade é a palavra de ordem, ancorada em expansão consciente e saudável, coragem e determinação para inovar e sair sempre na frente. A Opet é referência em cursos técnicos, graduação e pós-graduação. Lidera regionalmente o segmento superior de cursos de tecnologia e tem posição nacional destacada em Sistema de Ensino. Os colégios têm projetos pedagógicos avançados, com destaque para a Cidade Mirim. E na EaD – Educação a Distância –, operamos com polos em todo o Brasil. Estamos prontos para avançar ainda mais.  Revista Linha Direta

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contexto

Ultrapassando

fronteiras A

LeYa integra 17 editoras nos mercados de Portugal, Angola e Moçambique. No segundo semestre de 2009, a empresa veio para o Brasil com o objetivo de se tornar um grupo editorial de referência no espaço de língua portuguesa. Começou, ainda naquele ano, a atuar na área de cultura. No ano seguinte, iniciou as atividades na área de educação, tendo como desafio articular conteúdos em uma plataforma de soluções e serviços que integra os tradicionais formatos, com iniciativas inovadoras. Confira a entrevista realizada pela Linha Direta com Walter Braga, diretor da LeYa. Qual o papel que a LeYa desempenha, hoje, no mundo de língua portuguesa? A LeYa é um espaço dedicado à difusão de obras em língua portuguesa, uma referência no mercado de educação e cultura. Com esse compromisso, seus livros já figuram nas listas dos mais vendidos aqui no Brasil. Hoje, suas atividades abrangem obras literárias, livros escolares e soluções educacionais integradas, levando mais educação, conhecimento, cultura, diversão e emoção aos brasileiros.

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Com a liderança no mercado editorial português, angolano e moçambicano, a LeYa chegou ao Brasil trazendo inovações

A LeYa chega ao Brasil com o desafio de articular conteúdos através de uma plataforma de soluções adequada à realidade brasileira. Como é essa inovação? O compromisso da LeYa é com a melhoria da qualidade da educação no Brasil. A LeYa diferencia-se por sua competência em articular conteúdos e serviços, oferecendo soluções específicas e integradas para realizar o potencial das escolas, dos seus educadores e dos seus alunos. A atuação da LeYa nas escolas e nos sistemas educacionais é baseada em três pilares: 1. A Coleção de Livros Didáticos: a LeYa desenvolve livros de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio que mudam o dia a dia nas salas de aula das escolas brasileiras. São coleções de qualidade incontestável, projetos gráficos primorosos, conteúdos consistentes, autores consagrados e abordagem inovadora para a construção dos saberes. 2. A Plataforma 10Aula Digital: a 10Aula Digital é um recurso inovador e único no mercado brasileiro. Não é um portal, mas um espaço que articula o conteúdo didático – livros digitais – com a preparação de aulas, recursos multimídia, testes e avaliações interativas, trabalhos em rede envolvendo pais, alunos e professores. O professor pode ter participação ativa, editando e gravando suas próprias aulas e atividades e muito mais. É um instrumento que melhora a qualidade das aulas e a relação das escolas com alunos e famílias. 3. A Solução Integrada LeYa: a Solução LeYa inova ao oferecer às escolas e sistemas educacionais, de maneira completamente articulada, o conjunto de material didático, os serviços de aperfeiço-


Walter Braga, diretor da LeYa

amento profissional e para a melhoria da gestão, a avaliação do desempenho educacional e a 10Aula Digital. As escolas e sistemas que utilizam a Solução LeYa têm todos os materiais didáticos, instrumentos e serviços para implementar um processo sustentável de melhoria da qualidade educacional e da gestão. Quais as estratégias da LeYa para acompanhar a constante evolução do mundo? A LeYa possui um centro de inovação com mais de 80 profissionais focados na pesquisa e desenvolvimento de novos recursos e tecnologias. São gestores de inovação e desenvolvimento, programadores, designers multimídia, coordenadores pedagógicos, técnicos e profissionais da área de conteúdo

dedicados a entender as necessidades do mercado de educação e a oferecer inovações que atendam a essa constante evolução. O que a LeYa oferece em especial aos educadores? Um conjunto articulado e inovador, composto de material didático, tecnologia e serviços que, conjugados com a ação dos educadores, é capaz de sustentar um processo de melhoria contínua na forma de ensinar e no modo de aprender. Qual o diferencial da LeYa para o mercado educacional? A forma de educar os jovens mudou rapidamente, assim como a forma de gerenciar as escolas. As informações chegam com muita agilidade, em pouco tempo e de diversas formas, e para acompanhar essa evolução é preciso estar preparado. A visão sistêmica do processo educacional – pessoas, processos, metodologias e tecnologias – está na base do desenvolvimento de todos os produtos e serviços da LeYa. A LeYa, com essa visão, conjuga os esforços dos educadores com seus produtos e serviços para vencer os desafios contemporâneos e lança um novo olhar sobre a forma de ensinar e o modo de aprender.  Revista Linha Direta

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capa

PROJETOS EDUCACIONAIS Investir em educação é acreditar no futuro do Brasil

N

além e afirma que o caminho para o progresso de uma nação não só passa pela educação, como também depende dela. “Hoje, as escolas estão educando as crianças para a preservação do meio ambiente e, consequentemente, para a sustentabilidade de modo geral”, afirma Maria Cecília. Porém, a diretora faz uma ressalva, lembrando que sustentabilidade não é apenas produzir resultados maquiados, pois estes não se sustentam em médio prazo. “Daí a importância da ação de todos os profissionais que usam a sustentabilidade aliada a esse novo patamar indispensável ao mundo de hoje”, completa.

ão existem mais dúvidas sobre a relação entre educação e desenvolvimento. Se um país deseja crescer de modo sustentável, o caminho é conjugar maior acesso à escola com educação de qualidade. E essa relação entre educação e desenvolvimento explica, em grande parte, a ênfase mais recente que os empresários estão dando à questão. A educação no Brasil está se transformando em prioridade para boa parcela do empresariado, fazendo com que uma nova consciência social se torne estratégia para um novo projeto de país. A sociedade está cobrando uma nova atuação dos empresários, uma postura mais cidadã, que mostre que eles estão preocupados em desenvolver projetos através da chamada responsabilidade social empresarial.

Responsabilidade social

A diretora do Instituto MC Educação Social, Maria Cecília de Medeiros de Faria Kother, vai

Diante da impossibilidade de as empresas darem conta do equilíbrio da economia e de o

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Estado assumir todos os compromissos sociais que lhe compete, nasce o terceiro setor, composto por instituições do setor da economia que dão apoio ao governo para, juntos, buscar soluções para os déficits nas áreas sociais. “E o tema da responsabilidade social emerge junto com o terceiro setor”, explica Juliana Santana, diretora de Projetos Sociais da Fundação Bunge. Segundo Cynthia Ribeiro, jornalista do portal Responsabilidadesocial.com, esse movimento foi tramado nos anos 1960 e sugere que empresas adotem, de forma voluntária, ações em prol da sociedade e que transcendam a simples busca do lucro. “No Brasil, a ideia ganha corpo a partir dos anos 1980, com o fortalecimento do setor privado como indutor da economia brasileira e com o agravamento das tensões e desigualdades sociais que reforçaram o argumento de que


© thanh lam / Photoxpress

gamento de impostos, a partir da geração de empregos, não é mais suficiente. A tendência é a sociedade cobrar cada vez mais das empresas um engajamento maior em causas que vão além do negócio em si”, afirma Juliana Santana, acreditando que todas as empresas consideram o tema importante e desenvolvem ações sociais de alguma maneira. empresas poderiam ajudar a suprir lacunas do Estado”, explica a jornalista. Juliana Santana reitera esse pensamento afirmando que “a responsabilidade social surge exatamente neste contexto: empresas se utilizando de recursos privados em benefício de causas públicas”. Para Cynthia Ribeiro, as organizações do mundo, incluindo as brasileiras, não têm necessariamente em suas agendas o tema responsabilidade social. “Mas o Brasil ainda é uma re-

ferência mundial no assunto e um dos precursores na área, seja pelo engajamento do setor privado brasileiro em assuntos sociais, seja pela criatividade natural do nosso povo”, comenta a jornalista. E ela completa que, de qualquer maneira, a tendência é que essa agenda seja incorporada gradativamente ao dia a dia das empresas por mecanismos de incentivo do próprio Estado e da sociedade (isenções fiscais, retorno de imagem etc.). “Porém, só gerar resultados a partir do pa-

Para comprovar que o grande desafio é o investimento em educação, Juliana cita o economista Carlos Langoni, em seu livro Distribuição da renda e desenvolvimento econômico do Brasil. Segundo Langoni, a desigualdade social começou a crescer de forma exorbitante no início da década de 1960 devido à baixa oferta de mão de obra qualificada, atrelada ao aumento do crescimento econômico da época. As empresas precisavam se mobilizar e contratar pessoas. Um pequeno grupo de proRevista Linha Direta

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fissionais qualificados começou a ganhar salários altos, enquanto a maioria, que não tinha qualificação, ficava com os menores salários. Desde então, segundo o economista, a tendência é aumentar ainda mais a desigualdade social, se não houver um projeto sério de investimento na área da educação.

lidarem com o impacto gerado a partir do seu negócio. A instituição tem responsabilidade sobre o impacto que gera a partir da sua atuação. Já investimento social é uma ação que é, em primeiro lugar, voluntária. Não existe obrigatoriedade de as empresas fazerem investimento social”, afirma.

A educação no Brasil está se transformando em prioridade para boa parcela do empresariado, fazendo com que uma nova consciência social se torne estratégia para um novo projeto de país. Com base nisso, especialistas concordam que o caminho para o desenvolvimento sustentável passa, fundamentalmente, pela educação. “A educação é a base de tudo. É um dos fatores mais importantes para a mobilidade social. Sem educação de qualidade, poucas são as chances de percorrer a hierarquia do desenvolvimento”, finaliza a diretora da Fundação Bunge.

Investimento social Andre Desenszajn, gerente de programas do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) – uma rede sem fins lucrativos que reúne organizações de origem empresarial que investem em projetos com finalidade pública –, adverte que é importante diferenciar o que é investimento social e o que é responsabilidade social. “Quando falamos em responsabilidade social, estamos falando da possibilidade de as empresas

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A principal área de investimento dos associados do Gife é a educação. “Dos associados Gife, 82% investem em educação. Esse dado foi obtido a partir do censo realizado pelo Gife em 2009”, diz o diretor, que afirma que quase todos os associados, de alguma maneira, trabalham com esse tema. Ele acredita que, cada vez mais, e de uma forma crescente, as empresas têm pensado sobre o papel que devem desempenhar no desenvolvimento social do país. “A sociedade, de uma forma geral, tem valorizado mais isso, o que acaba se tornando um ativo das empresas”, analisa Desenszajn. A área da educação também recebe esforços de algumas coalizões, como o Todos pela Educação, por exemplo, que é uma tentativa de reunir empresas em torno do objetivo comum de melhorar a qualidade da educação no país. “De modo geral, houve um progresso mui-

to grande na universalização do acesso. Hoje, no Brasil, o acesso é quase universal: 98% das crianças em idade escolar estão na escola”, comenta o diretor do Gife. Para ele, outro desafio que se coloca é a qualidade da educação. “Estudos indicam que existe uma relação direta entre a qualificação dos professores e o desempenho e aprendizado dos alunos, e isso induz a uma concentração de investimento da rede Gife na formação de professores”, diz. Sobre os investimentos privados no mercado educacional brasileiro, o professor Manoel Alves, presidente das Fundações Universa e L´Hermitage e da Rede Católica de Educação, garante que não se dão de forma linear nem uniforme. “Os investimentos são crescentes, com maior ênfase nas últimas décadas, quando se configurou um boom demográfico que acentuou a demanda”, explica o professor. “Além da variável oriunda do crescimento populacional, outra de impacto consiste no crescimento econômico e na distribuição de renda no Brasil”, completa. O elevado grau de atratividade para o capital está suscitando aumento dos investimentos no mercado educacional. “O forte afluxo de capital oriundo de investidores dos mais variados setores configura-se fenômeno importante para o desenvolvimento econômico e social do país quando o investimento produz crescimento quantitativo e qualitativo no âmbito educacional”, conclui Alves.


Somar para multiplicar

A Microsoft Corporation, líder mundial em softwares, serviços e soluções tecnológicas, é um caso de sucesso em investimento social. Fundada em 1975, nasceu do sonho de um jovem chamado Bill Gates de ajudar pessoas e empresas a atingirem seu potencial pleno. Ele acreditava que a força da tecnologia e a capacidade de inovar poderiam mudar indivíduos e sociedade. O lema da organização é que nenhuma empresa sobrevive apenas de produtos e serviços, e que é preciso somar para multiplicar. Por esses e por outros motivos, a Microsoft é uma instituição admirada e lembrada mundialmente pela contribuição que dá econômica e socialmente.

© Microsoft

Nenhuma empresa sobrevive apenas de produtos e serviços, segundo lema da Microsoft

A Microsoft Brasil, presente no país desde 1989, é uma das 109 subsidiárias da Microsoft Corporation. Possui 13 escritórios regionais em todo o país e gera, localmente, oportunidades diretas na área de tecnologia para mais de 18 mil empresas e 495 mil profissionais. Nos últimos seis anos, a empresa investiu mais de R$ 114 milhões em projetos sociais, levando tecnologia a escolas, universidades, ONGs e comunidades carentes. Segundo Emilio Munaro, diretor de Educação da Microsoft Brasil,

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pela visão holística da empresa, entende-se que educação é a combinação de toda uma política de capacitação, de como mobilizar o mercado no que tange à educação mais as soluções que a Microsoft tem para esse segmento. Confira a entrevista do diretor, concedida à Linha Direta. Por que uma empresa de tecnologia optou por investir no mercado educacional? A Microsoft tem 22 anos de Brasil e um compromisso de longo prazo com esse país, pois está de fato preocupada com o desenvolvimento sustentável da nação. Queremos efetivamente nos colocar à disposição para que a educação como ferramenta de transformação possa ser levada em conta. Ou seja, queremos contribuir para o crescimento sustentável do Brasil e entendemos que não há como ter um país competitivo, desenvolvido e sustentável se a vertente da educação não estiver presente. O trabalho da Diretoria de Educação da Microsoft é composto por dois grandes pilares. O primeiro é o do engajamento, da capacitação. Nesse pilar, temos a iniciativa Parceiros na Aprendizagem, no qual focamos os três “E”: Escola, Educador e Estudante. O outro pilar é o de soluções para o mercado, composto por produtos e soluções voltados

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para o segmento educacional. São essas duas as nossas responsabilidades. Quais são as soluções da Microsoft para a educação? Essas soluções estão estruturadas em cinco grandes vertentes que se combinam e se complementam. Em primeiro lugar, não há como se falar em tecnologia sem a disponibilização de equipamentos. Então, a solução PC ao Alcance de Todos nada mais faz do que disponibilizar tecnologia para que todos possam ter acesso e, a partir daí, ela promove uma diferença. Também não há como ter o PC sem softwares adequados e financeiramente viáveis. Para isso, temos o segundo programa, o Software Fácil, que permite que as escolas adquiram softwares da Microsoft a preços subsidiados. Hoje, a nossa lista acadêmica de preços sofre um subsídio de até 80%, dependendo do produto, em relação ao preço comercial. Mas não adianta ter computadores com ­softwares sem uma plataforma de colaboração, porque o processo de ensino-aprendizagem ocorre pela comunicação entre o professor e o alunado, entre os professores e entre os alunos. Essa solução, chamada Colaboração e Comunicação para Todos, disponibiliza, gratuitamente, para qualquer instituição de

ensino, a plataforma Live@edu, através da qual atribuímos a todos os alunos e professores não somente uma conta de e-mail, mas também um ambiente de colaboração para que eles possam interagir uns com os outros. Aí vem a quarta solução, que é a Formação Educacional. Agora que as instituições já têm os computadores com os softwares, já têm a colaboração a seu favor, entra a formação educacional de docentes e discentes. Tudo isso leva à Profissionalização em TI, que é a quinta solução. No final das contas, o grande objetivo da Microsoft é impactar esse nosso país no desenvolvimento sustentável, através de novas oportunidades de trabalho. Segundo a Brascom, existem mais de 100 mil vagas na área de TI abertas no mercado. São vagas para profissionais capacitados, e esses profissionais hoje não estão disponíveis no mercado. Então, cabe à Microsoft, como empresa socialmente responsável, colaborar, através da educação, para que pessoas se capacitem e possam ter acesso ao mercado de trabalho. Aí a gente cumpre esse ciclo de PC ao Alcance de Todos, Software Fácil, Colaboração e Comunicação e Formação Educacional, levando à Profissionalização em TI. Como funciona o Programa Parceiros na Aprendizagem?


Ele está presente em mais de 19 mil escolas públicas de todo o Brasil, nos 26 Estados da Federação, mais o Distrito Federal. Já capacitamos mais de 385 mil estudantes e 455 mil professores. A partir do ano de 2011, a grande inovação foi fazer com que o programa deixasse de ser limitado às Secretarias de Educação, às escolas do setor público, e atendesse também ao setor privado. Lançamos o primeiro acordo de cooperação assinado com uma instituição de ensino privado no país. Em maio de 2011, o Colégio Visconde de Porto Seguro, com mais de 12 mil alunos e um quadro de educadores bastante considerável, foi a primeira instituição privada do Brasil a assinar um acordo de cooperação com a Microsoft, através do qual eles se utilizam dos nossos programas de capacitação para qualificação de seus professores e educadores. Com esse acordo, toda a equipe docente do Visconde de Porto Seguro será capacitada em tecnologias voltadas às salas de aula. Isso ultrapassa o que tínhamos como objetivo, que era, em primeiro lugar, atender ao ente público no nosso país, que, em um primeiro momento, era o que necessitava de mais ajuda, para mostrarmos além das nossas capacidades, que seria, obviamente, também, entender a necessidade do ente privado. No final das contas, educação é

uma coisa só. Não dá para tratar a educação de um país discriminando educação pública e privada. A educação precisa ser melhorada em todos os aspectos, porque é somente a combinação delas que vai fazer nosso país diferente. Então, depois de oito anos de esforços, cumprimos nosso objetivo. Cabe-nos agora não só manter o foco no ensino público, como sempre fizemos, mas também expandir isso ao ensino privado. E o Prêmio Educadores Inovadores? O Prêmio Educadores Inovadores é uma iniciativa dentro do Programa Parceiros na Aprendizagem. Não adianta só capacitar o educador, é preciso mantê-lo motivado. Essa motivação se faz através desse Prêmio, que está na sua sexta edição, pelo qual a Microsoft reconhece o trabalho de educadores de todo o Brasil na utilização da tecnologia na sala de aula, com o objetivo de melhorar o processo de ensino-aprendizagem. São várias categorias e a que premia o Educador Inovador é a mais importante delas. Foram 1.402 projetos inscritos e analisados por comitês de avaliação. No dia 3 de agosto os três finalistas de cada uma das categorias defenderam o seu “peixe” presencialmente. No final do dia, após os juízes terem escolhido, foram anunciados os

Educadores Inovadores de 2011. Esse Prêmio não para aqui. Ele tem também as etapas regionais e a mundial. Ano passado, a etapa local aconteceu em São Paulo, a regional, no Panamá – aqui, estamos falando da América Latina toda, desde o México até a Argentina –, e a etapa mundial aconteceu na Cidade do Cabo, na África do Sul. Este ano, a etapa local será aqui no Brasil, como sempre, a regional acontecerá em Santiago, no Chile, e a mundial, em Washington, EUA. No ano passado, o Brasil levou três projetos para concorrer no mundial. Mundialmente, a Microsoft recebeu 220 mil projetos. Destes, 75 foram finalistas, e o Brasil entrou com três. Nós ganhamos o segundo lugar no mundo com o melhor projeto de Inovação em Conteúdo, da professora Adriana Silva, da Escola Estadual Ávila Jr., de Cachoeiro do Itapemirim/ES. Essa professora tem uma história de vida fabulosa. Ela é professora de língua portuguesa, negra, nascida em uma favela carioca e que hoje mora no ES. Depois do nosso Prêmio, ela decidiu fazer mestrado e teve sua vida transformada por seu projeto, através do qual a escola inteira utilizou a tecnologia da informação como forma de ganho substancial em seus processos internos. É por isso que a gente apoia esse tipo de iniciativa. 

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espaço ibero-americano

espacio iberoamericano

Trabalho e Educação

© lunamarina / Photoxpress

O documento Metas Educativas 2021 estabelece como uma de suas metas a conexão entre a educação e o emprego por meio da educação técnica profissional

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ara a professora e pesquisadora Lucília Machado, coordenadora do Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA, existem diferentes formas de se pensar a conexão entre a educação e o mundo do trabalho. O tema pode ser abordado pelo ângulo do currículo, da formação de professores, da relação da escola com a sociedade, das políticas públicas, especialmente das políticas educacionais e de trabalho, emprego e renda. Para a especialista, são dois mundos separados e com dificuldades para se encontrarem: o da educação e o do trabalho. Confira a entrevista completa. Como o documento Metas Educativas 2021 trata a conexão entre a educação técnica profissional e o mercado de trabalho? O documento estabeleceu duas formas de se buscar essa conexão. A primeira diz respeito ao desenho da educação técnica profissional em diálogo com as demandas de trabalho. Portanto, uma questão de ordem curricular ou organizativa dessa oferta educacional. A segunda, à criação de mecanismos que promovam a inserção dos jovens egressos do ensino técnico-profissional no mercado de trabalho. Os jovens enfrentam um problema muito sério, que é conseguir seu primeiro emprego e permanecer no mercado de trabalho formal. Qual o conceito de mercado de trabalho? O mercado de trabalho é concebido como um lugar de encontro da oferta e da demanda de forças de trabalho. Sob a influência da economia neoclássica, oferta e demanda são vistas como realidades independentes, cujo equilíbrio se encontraria, espontaneamente, no próprio mercado. Este teria mecanismos reguladores para estabelecer um nível ótimo de emprego e da taxa salarial. O documento Metas Educativas 2021 nos convida a mudar essa maneira de pensar. Se o próprio mercado cuida desse equilíbrio espontaneamente, o campo educacional não teria muito pouco a fazer, a não ser se adaptar a ele, fazer pesquisas e buscar responder às suas demandas? Esta é a tendência que vem sendo constituída. Contudo, se olharmos para o passado e para as tentativas nessa direção, percebe-se pouco sucesso. Os dois mundos, o do trabalho e o da educação, conti-

Trabajo y Educación El documento Metas Educativas 2021 establece como una de sus metas la conexión entre la educación y el empleo por medio de la educación técnica profesional

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ara la profesora y pesquisadora Lucília Machado, coordinadora del Maestría en Gestión Social, Educación y Desarrollo Local del Centro Universitario UNA, existen diferentes formas de pensar la conexión entre la educación y el mundo del trabajo. El tema puede ser abordado por el ángulo del currículo, de la formación de profesores, de la relación de la escuela con la sociedad, de las políticas públicas, especialmente de las políticas educacionales y de trabajo, empleo y renta. Para la especialista, son dos mundos separados y con dificultades para encontrarse: el de la educación y el del trabajo. Vea la la entrevista completa. ¿Cómo el documento Metas Educativas 2021 trata la conexión entre la educación técnica profesional y el mercado de trabajo? El documento estableció dos formas de buscar esa conexión. La primera habla al respecto del diseño de la educación técnica profesional en diálogo con las demandas de trabajo. Por lo tanto, una cuestión de orden curricular u organizativa de esa oferta educacional. La segunda, la creación de mecanismos que promuevan la inserción de los jóvenes egresos de la enseñanza técnica-profesional en el mercado de trabajo. Los jóvenes enfrentan un problema muy serio, que es conseguir su primer empleo y permanecer en el mercado de trabajo formal. ¿Cuál es el concepto de mercado de trabajo? El mercado de trabajo es concebido como un lugar de encuentro de la oferta y de la demanda de fuerzas de trabajo. Bajo la influencia de la economía neocláRevista Linha Direta

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nuam muito separados, e as instituições escolares e seus professores, pouco ativos e propositivos sobre o que fazer. Não se trata de dar as costas ao mundo do trabalho, achar que não é um problema que nos cabe discutir, pois as relações sociais do mercado de trabalho são construções sociais. Nós temos compromissos com nossos estudantes. Temos compromissos na perspectiva do que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) preconiza: criar empregos decentes, seguros e dignos e que possibilitem, portanto, uma vida de realizações para as novas gerações. Essa discussão sobre o que é um emprego decente, de qualidade, digno é um problema que desafia não só os países em desenvolvimento... A criação de empregos com essas características pressupõe uma participação maior da sociedade e do Estado, e as instituições educacionais precisam se envolver nesse compromisso. O desafio está na mudança da noção sobre o funcionamento do mercado de trabalho, que passa pelo pressuposto de que nós podemos intervir e buscar outra lógica de regulação desse mercado. E como regular? Criando representações, conceitos, regras, normas, pautas de comportamento que orientem as pessoas e o debate social e educacional, as relações de trabalho. Nós podemos influir estabelecendo alguns parâmetros do que seja trabalho decente, seguro, digno, de qualidade, para que as pessoas, por meio de suas organizações, movimentos da sociedade civil, das diversas instituições interessadas, das políticas públicas, possam discutir o problema e intervir sobre ele. Então, por um lado, temos uma concepção tradicional de regulação do mercado de trabalho pela dinâmica dos preços: se a batata está cara, o consumidor não compra, o produto sobra e os preços tendem a baixar. Mas não é possível pensar assim quando se trata de seres humanos. Então, outra perspectiva é pensar a construção da relação entre trabalho e educação sob a lógica do social. Isso é possível? É difícil, mas é uma questão que se coloca quando discutimos a perspectiva do desenvolvimento humano e das sociedades. Quando fazemos isso, estamos estabelecendo algumas metas a atingir, como o faz o próprio documento Metas Educativas 2021, da OEI. Para essa ação social de regulação ter consequên­

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sica, oferta y demanda son vistas como realidades independientes, cuyo equilibrio se encontraría, espontáneamente, en el propio mercado. Éste tendría mecanismos reguladores para establecer un nivel óptimo de empleo y de la taza salarial. El documento Metas Educativas 2021 nos convida a mudar esa manera de pensar. ¿Si el propio mercado cuida de ese equilibrio espontáneamente, el campo educacional no tendría muy poco para hacer, a no ser adaptarse a él, hacer pesquisas y buscar responder las demandas? Ésta es la tendencia que viene siendo constituida. A pesar de esto, si observamos para el pasado y para las tentativas en esa dirección, se percibe poco éxito. Los dos mundos, el del trabajo y el de la educación, continúan muy separados, y las instituciones escolares y sus profesores, poco activos y propositivos sobre qué hacer. No se trata de dar la espalda al mundo del trabajo, pensar que no es un problema que nos cabe discutir, pues las relaciones sociales del mercado de trabajo son construcciones sociales. Nosotros tenemos compromisos con nuestros estudiantes. Tenemos compromisos en la perspectiva de lo que la Organización Internacional del Trabajo (OIT) prioriza: crear empleos decentes, seguros y dignos y que posibiliten, por lo tanto, una vida de realizaciones para las nuevas generaciones. Esta discusión sobre lo qué es un empleo decente, de calidad, digno es un problema que desafía no sólo a los países en desarrollo... La creación de empleos con estas características presupone una participación mayor de la sociedad y del Estado, y las instituciones educacionales precisan envolverse en este compromiso. El desafío está en el cambio de la noción sobre el funcionamiento del mercado de trabajo, que pasa por el presupuesto de que nosotros podemos intervenir y buscar otra lógica de regulación de este mercado. ¿Y cómo regular? Creando representaciones, conceptos, reglas, normas, pautas de comportamiento que orienten a las personas y el debate social y educacional, las relaciones de trabajo. Nosotros podemos influir estableciendo algunos parámetros de lo que sea trabajo decente, seguro, digno, de calidad, para que las personas, por medio de sus organizaciones, movimientos de la sociedad civil, de las diversas instituciones


cia, é preciso que haja clareza sobre aonde chegar. Isso significa construir um projeto de desenvolvimento com sustentabilidade – social, econômica, ambiental –, que atenda às necessidades sociais, baseado em valores humanos e que pressuponha uma construção coletiva. Um projeto construído com a perspectiva de desenvolver integralmente a sociedade, não somente do ponto de vista econômico.

O desafio está na mudança da noção sobre o funcionamento do mercado de trabalho... // El desafío está en el cambio de la noción sobre el funcionamiento del mercado de trabajo... Mas, para fazer isso, temos como referência todo um espaço nacional e até internacional. Não é difícil atuar e organizar em espaços tão abrangentes? Sim. Por isso, o território é uma base social importante de ser resgatada quando se pensa em uma atuação desse tipo. O conceito de território é diferente do conceito de região. O conceito de região é muito geográfico e espacial. Já o conceito de território é mais do que isso, pois envolve a vida social local, as comunidades, a dimensão cultural, as redes de conhecimento, de colaboração e de solidariedade. O território também tem dimensões simbólicas importantes, como as relações de vizinhança e de amizade. São relações que permitem pensar na perspectiva de construção de redes, o que é fundamental para identificar modos de se resolverem problemas, como os de geração de trabalho e de renda, e de possibilitar criar alternativas para a sobrevivência das pessoas. Isso pressupõe considerar que a dimensão territorial ganhou um espaço muito importante com as mudanças que ocorreram a partir da globalização capitalista. Com a globalização capitalista, o que aconteceu? Por incrível que pareça, aconteceu uma valorização da dimensão local. Vários teóricos têm chamado a atenção para isso. Hoje, com a globalização – o rompimento de fronteiras, o envolvimento de todos na dinâmica global – e com as novas tecnologias de informação e comunicação, mesmo pessoas que moram em locais distantes dos centros urbanos estão conectadas, implicadas no processo dessa dinâ-

interesadas, de las políticas públicas, puedan discutir el problema e intervenir sobre él. Entonces, por un lado, tenemos una concepción tradicional de regulación del mercado de trabajo por la dinámica de los precios: si la patata está cara, el consumidor no compra, el producto sobra y los precios tienden a bajar. Pero no es posible pensar así cuando se trata de seres humanos. Entonces, otra perspectiva es pensar en la construcción de la relación entre trabajo y educación bajo la lógica social. ¿Esto es posible? Es difícil, pero es una cuestión que se coloca cuando discutimos la perspectiva del desarrollo humano y de las sociedades. Cuando hacemos esto, estamos estableciendo algunas metas para alcanzar, como lo hace el propio documento Metas Educativas 2021, de la OEI. Para que esta acción social de regulación tenga consecuencias, es preciso que haya claridad sobre adónde llegar. Esto significa construir un proyecto de desarrollo con sostenibilidad – social, económica, ambiental –, que atienda a las necesidades sociales, basado en valores humanos y que presuponga una construcción colectiva. Un proyecto construido con la perspectiva de desarrollar ver integralmente la sociedad, no solamente desde el punto de vista económico. Pero, para hacer esto, tenemos como referencia todo un espacio nacional y hasta internacional. ¿No es difícil actuar y organizar en espacios tan amplios? Sí. Por eso, el territorio es una base social importante de ser rescatada cuando se piensa en una actuación de ese tipo. El concepto de territorio es diferente del concepto de región. El concepto de región es muy geográfico y espacial. Ahora el concepto de territorio es más que eso, pues envuelve la vida social local, las comunidades, la dimensión cultural, las redes de conocimiento, de colaboración y de solidaridad. El territorio también tiene dimensiones simbólicas importantes, como las relaciones entre vecinos y de amistad. Son relaciones que permiten pensar en la perspectiva de construcción de redes, lo que es fundamental para identificar modos de resolver problemas, como los de generación de trabajo y de renta, y de posibilitar crear alternativas para la sobrevivencia de las personas. Esto presupone considerar que la dimensión territorial obtuvo un espacio muy importante con los cambios que ocurrieron a partir de la globalización capitalista. Revista Linha Direta

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mica global, vendendo, comprando, estabelecendo contatos etc. Com isso, a dinâmica dessas relações passa a se interessar pelo que acontece no nível territorial. Muitas vezes, a especificidade da cultura local e do produto que é produzido ali tem uma singularidade tão peculiar que passa a ser de interesse global. Com isso, temos a valorização das culturas, dos produtos e das pessoas locais.

Se pensarmos no mercado de trabalho dentro dessa perspectiva de mobilização social e de uma nova lógica de distribuição das mercadorias, isso pressupõe, sim, a construção de um conceito de mercado de trabalho local. Só que essa palavra – local – precisa ser considerada de uma maneira muito peculiar. Não é o local geográfico. Existem análises de mercado de trabalho local pela via da segmentação e da diferenciação espacial, mas, dentro deste paradigma que eu estou propondo, é a perspectiva da construção social das relações, significada pela identidade territorial e cultural. É a construção de uma especificidade, de uma singularidade, de um mercado de trabalho construído socialmente, dentro de um contexto de relações, em interação com a própria perspectiva da globalização. Mudando um pouco de assunto, qual a sua opinião sobre a definição de currículos por competências e suas implicações na conexão entre a educação técnica profissional e o mercado de trabalho? Acredita-se que uma das possibilidades para fazer a conexão entre a educação técnica profissional e o mercado de trabalho seja pela via do desenvolvimento de competências. Isso significa fazer desenhos curriculares por competências, definir o que se quer desenvolver nos alunos e estabelecer uma política de avaliação por competências, visando a adaptá-los ao mercado de trabalho. Porém, eu vejo nessa formulação alguns problemas. O primeiro deles: é uma abordagem muito tecnicista. É como se fôssemos capazes de definir com precisão o ato humano e como ele deve ser praticado. É uma visão que remonta a uma pedagogia que já tivemos no passado, a pedagogia por objetivos: definem-se os objetivos educacionais e esses são orientadores da sua ação pedagógica. Só que a ação humana é muito mais complexa do que isso, e não temos condições de prever e predizer o comportamento humano nesse nível de objetivação. O segundo pro-

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Então poderíamos pensar em um conceito de mercado de trabalho local?


¿Qué sucedió con la globalización capitalista? Por increible que parezca, aconteció una valorización de la dimensión local. Varios teóricos han llamado la atención para esto. Hoy, con la globalización – el rompimiento de fronteras, el envolvimiento de todos en la dinámica global – y con las nuevas tecnologías de información y comunicación, hasta personas que viven en locales distantes de los centros urbanos están conectadas, implicadas en el proceso de esta dinámica global, vendiendo, comprando, estableciendo contactos etc. Con esto, la dinámica de estas relaciones pasa a interesarse por lo que sucede a nivel territorial. Muchas veces, la especificidad de la cultura local y del producto que es producido allí tiene una singularidad tan peculiar que pasa a ser de interés global. Con esto, tenemos la valorización de las culturas, de los productos y de las personas locales. ¿Entonces podríamos pensar en un concepto de mercado de trabajo local? Si pensamos en el mercado de trabajo dentro de esta perspectiva de movilización social y de una nueva lógica de distribución de las mercaderías, eso presupone, si, la construcción de un concepto de mercado de trabajo local. Sólo que esta palabra – local – precisa ser considerada de una manera muy peculiar. No es el local geográfico. Existen análisis de mercado de trabajo local por la vía de la segmentación y de la diferenciación espacial, pero, dentro de este paradigma que yo estoy proponiendo, es la perspectiva de la construcción social de las relaciones, significada por la identidad territorial y cultural. Es la construcción de una especificidad, de una singularidad, de un mercado de trabajo construido socialmente, dentro de un contexto de relaciones, en interacción con la propia perspectiva de la globalización. Cambiando un poco de asunto, cuál es su opinión sobre la definición de currículos por competencias y sus implicaciones en la conexión entre la educación técnico/ profesional y el mercado de trabajo? Se piensa que una de las posibilidades para hacer la conexión entre la educación técnico/profesional y el mercado de trabajo sea por la vía del desarrollo de competencias. Esto significa hacer diseños curriculares por competencias, definir lo que se quiere desarrollar en los alumnos y establecer una política de evaluación por competencias, buscando adaptarlos al mercado de trabajo. Pero, yo veo en esa formulación algunos problemas. El primero de ellos: Revista Linha Direta

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blema é que pessoas que recebem a mesma educação podem responder a um desafio com entendimentos diferentes do que seja eficácia, ou de como ser eficaz. Competências humanas são fatos inegáveis. Porém, eu as comparo a uma caixa preta, de difícil acesso, pois as pessoas possuem diferentes estratégias de aprendizagem e de aplicação do que aprenderam, variam suas interpretações sobre os conceitos, a percepção, os sentidos, a maneira de ver o mundo, os valores. É muito diversificado o modo como cada um mistura tudo isso e reage em diferentes situações. Isso é sempre um mistério, até para a própria pessoa. Considero a competência humana como algo pouco tangível. Daí o terceiro problema dessa maneira de entender a conexão entre educação e trabalho, que é essa questão de prescrever currículos e avaliações com base em tais e tais competências para se fazer algo. No meu entendimento, isso é uma lógica taylorizada de pensar a educação.

... as pessoas possuem diferentes estratégias de aprendizagem e de aplicação do que aprenderam... // ... las personas poseen diferentes estrategias de aprendizaje y de aplicación de lo que aprendieron...

es un abordaje muy tecnicista. Es como si fuésemos capaces de definir con precisión el acto humano y como él debe ser practicado. Es una visión que remonta a una pedagogía que ya tuvimos en el pasado, la pedagogía por objetivos: se definen los objetivos educacionales y estos son orientadores de su acción pedagógica. Sólo que la acción humana es mucho más compleja que esto, y no tenemos condiciones de prever y predecir el comportamiento humano en este nivel de objetivación. El segundo problema es que personas que reciben la misma educación pueden responder a un desafío con entendimientos diferentes al de eficacia, o de cómo ser eficaz. Competencias humanas son factos innegables. Pero, yo las comparo a una caja negra, de difícil acceso, pues las personas poseen diferentes estrategias de aprendizaje y de aplicación de lo que aprendieron, varían sus interpretaciones sobre los conceptos, la percepción, los sentidos, la manera de ver el mundo, los valores. Es muy diversificado el modo como cada uno mezcla todo eso y reacciona en diferentes situaciones. Esto es siempre un misterio, hasta para la propia persona. Considero la competencia humana como algo poco concreto. Nace de ahí el tercer problema de esta manera de entender la conexión entre educación y trabajo, que es esta cuestión de prescribir currículos y evaluaciones con base en tales competencias para hacer algo. Bajo mi entendimiento, esto es una lógica taylorizada de pensar la educación.

Como assim?

¿Cómo “taylorizada”?

Taylorismo é um método de gestão do trabalho, desenvolvido por Taylor, que estabeleceu formas de aumentar a produtividade do trabalho humano por meio do seu parcelamento e do controle de seus movimentos e tempos. Eu vejo na pedagogia das competências a inspiração da prescrição taylorista. Ora, se hoje nós vivemos num contexto de produção flexível, se queremos pessoas capazes de responder a incertezas, situações incontroláveis, eventos não previstos, como podemos prescrever por antecipação a resolução e a forma de se comportar diante de problemas inusitados? Então, acredito, é uma pretensão muito grande querer estabelecer um rol de competências a serem ensinadas, controladas, monitoradas, avaliadas, para definir comportamentos desejáveis de pessoas. Acredito, inclusive, que isso beira uma forma pouco democrática de se pensar o processo de desenvolvimento humano, porque engessamos um modelo de ação humana quando definimos um padrão de comportamento a partir do modelo de competências. 

Taylorismo es un método de gestión del trabajo, desarrollado por Taylor, que estableció formas de aumentar la productividad del trabajo humano por medio de su división y del control de sus movimientos y tiempos. Yo veo en la pedagogía de las competencias la inspiración de la prescripción taylorista. Si hoy vivimos en un contexto de producción flexible, si queremos personas capaces de responder las incertidumbre, situaciones incontrolables, eventos no previstos, ¿cómo podemos prescribir por anticipación la resolución y la forma de comportarse delante de problemas inusitados? Entonces, pienso, es una pretensión muy grande querer establecer un rol de competencias a ser enseñadas, controladas, monitoradas, evaluadas, para definir comportamientos deseables de personas. Creo, inclusive, que esto limita con una forma poco democrática de pensar el proceso de desarrollo humano, porque moldeamos un modelo de acción humana cuando definimos un patrón de comportamiento a partir del modelo de competencias. 

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intratexto

Mônica Massahud*

Ciência:

conhecimento, reflexão e ação N

ove de julho, celebração do Dia Nacional da Ciência, estabelecido pelo Congresso Nacional para incentivar a atividade científica no país. É impossível fechar os olhos diante dos fenômenos da natureza e, em função dessa observação, desde os tempos mais remotos, estudar e compreender tais fenômenos tem sido a tônica do ser humano. Essa atividade, baseada na utilização de um método definido, por meio do qual se produzem, testam e comprovam conhecimentos, é designada como ciência (do latim scientia, traduzido por conhecimento).

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novos fatos são observados e as explicações são eventualmente modificadas e refeitas. “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Essa é a lei de Lavoisier (17431794, considerado o pai da química moderna), enunciada de forma simplificada e amplamente divulgada e compreendida. Nesse contexto, há que se lembrar que 2011 é o Ano Internacional da Química. Ciência da matéria,

© saiva_l / Photoxpress

Galileu Galilei (1564-1642), astrônomo e físico italiano, é considerado o fundador da ciência experimental moderna. Suas conclusões eram baseadas mais em observações e em resultados

de experimentos do que em dedução lógica. À medida que nos aprofundamos no estudo da ciência, averiguamos a importância dos conhecimentos científicos. A ciência é intrínseca à vida: do simples ao mais complexo, do micro ao macro, do imaginário ao real. Todos os seres interagem na dinâmica dessa grandiosa obra, a natureza. E o homem, como ser curioso, está sempre em busca de respostas, que nem sempre são definitivas, visto que


© PaulPaladin/ Photoxpress

a Química utiliza-se de símbolos, fórmulas, equações, modelos, postulados, aplicações orientadas em práticas de laboratório para seu estudo e compreensão de fenômenos associados às transformações da matéria. Trabalho operacional e intelectual proporcionando o entendimento da Química, tantas vezes estigmatizada. “Odeio Química”, “Não como nada que contenha química”, “Tintura para cabelo sem química” são exemplos de afirmações que somente a ciência pode elucidar. A própria fisiologia do organismo humano é um laboratório químico magnífico! Interessante ressaltar que, depois da teoria da relatividade, publicada por Einstein em 1905, uma verdadeira revolução foi deflagrada no campo científico. Inúmeras convicções passaram a ser analisadas e revistas. Essa é mais uma característica, ou mesmo um encanto das ciências. Claro, das ciências, uma vez que o estudo dos fenômenos naturais é realizado por diversificadas áreas de conhecimento e cam-

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pos de pesquisas, nos quais se incluem a Biologia, a Química, a Física, a Matemática, a Geografia, a Astronomia, a Bioquímica e, dentre inúmeras outras, a Neurociência. Esta última representa um grande salto para a formulação racional das explicações sobre o comportamento humano. Há uma tendência global à integração das ciências naturais e humanas – o ser científico e filosófico, com capacidade de analisar diferentes ações humanas, do ponto de vista econômico, social e tecnológico e sua interferência nos fenômenos e ciclos naturais (ciclos geobioquímicos, ciclo da água, ciclo do carbono e o efeito estufa, radiação solar etc.), bem como de refletir sobre a participação individual na formação de uma rede que envolve hábitos e costumes de nossa sociedade. Desse modo, será possível maior consciência das possibilidades de interferência e modificação dessa realidade. “A ciência, como um todo, não é nada mais do que um refina-

mento do pensar diário.” (Albert Einsten) E a nossa prática no ambiente convencional da sala de aula no ensino das ciências? É desafiadora, mas o princípio está na magia de despertar no aluno o gosto pela ciência, incrementar o conhecimento de como a realidade funciona, facilitar a propagação da informação científica e despertar nele a vontade de fazer. Tudo isso com muita disciplina, entusiasmo, empenho e afeto. Essa combinação é capaz de estender o conhecimento científico às atividades do cotidiano, qualificando nossa existência e transformando nossa vida. “A maioria das ideias fundamentais da ciência são essencialmente sensíveis e, regra geral, podem ser expressas em linguagem compreensível a todos.” (Albert Einsten)  *Professora de Ciências da Escola Sesi Alvimar Carneiro de Rezende www.sesi.org.br


© Amy Walters / Photoxpress

tecido

Micros equipados com nova tecnologia de recuperação baixam drasticamente os custos de manutenção

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Lauro Vianna*


O

Centro Universitário Fundação Santo André, instalado na cidade de Santo André/SP, que reúne em seu campus três faculdades – a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas (Faeco), a Faculdade de Engenharia (Faeng) e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Fafil) – e conta com mais de 9 mil alunos, sofria com um problema recorrente: a manutenção dos equipamentos nos laboratórios de informática. A área de tecnologia da Fundação encarava o sério desafio de zerar as alterações feitas por alunos de cursos de tecnologia, ou mesmo por alunos em geral, que baixavam arquivos de forma indevida, instalavam softwares não autorizados ou, ainda, alteravam o sistema das máquinas, gerando problemas de funcionamento e atrapalhando o uso por outras pessoas, já que o processo de manutenção podia durar horas, dependendo do tipo de problema. A questão foi resolvida quando a Fundação renovou seu parque instalado, com 333 computadores Itautec, adquiridos num contrato avaliado em R$ 1,1 milhão. Todos os equipamentos trazem a placa ReBorn Card, solução tecnológica incorporada aos computadores Itautec para mitigar os gastos com recuperação de sistemas na área estudantil. Esse componente separa um espaço do disco rígido do computador para que novas instalações ou alterações no sistema sejam salvas, resguardando o drive onde estão instalados o sistema operacional e os programas definidos. Essas alterações são apagadas quando o PC é reiniciado, preservando assim sua configuração original. Com esse recurso, restaurações de sistemas que podiam consumir até três dias de trabalho passaram a

consumir entre 30 e 40 minutos, com ganhos adicionais, como a automação de tarefas e o gerenciamento remoto.

a disciplina ou a faculdade em questão.

Segundo Dejalcir Lourencetti, gerente do Centro de Informação da Fundação Santo André, a equipe responsável pela manutenção, composta por 18 profissionais, obteve um ganho de tempo de 90%; agora, livre de uma tarefa trabalhosa e que consumia tempo, pode se dedicar a novos projetos dentro da Fundação. De acordo com ele, a adoção dessa tecnologia trouxe meios de controlar as alterações feitas pelos estudantes, melhorando a disponibilidade das máquinas e criando uma percepção mais positiva por parte de professores e alunos quanto ao uso dos micros.

A placa ReBorn Card reserva um espaço do disco rígido do computador para que as novas instalações ou alterações no sistema sejam salvas separadamente do drive onde o sistema operacional e os programas definidos estão instalados. Ao reiniciar o PC, automaticamente as alterações são apagadas, fazendo com que o computador retorne à configuração original. Se algum problema acontecer, basta reiniciar o computador que ele será resolvido.

Outra funcionalidade envolve o controle remoto: tanto o professor pode usar a função para visualizar a tela do estudante e, eventualmente, prover alguma orientação pedagógica, conforme a atividade, como a equipe de tecnologia pode, por exemplo, desabilitar a conexão de internet em uma aula e sala específicas. Isso permite, por exemplo, que os professores desabilitem o acesso quando querem que os alunos se concentrem totalmente na aula. A equipe da Fundação também desdobrou o uso da placa ReBorn ao explorar suas outras funcionalidades. Ela viabiliza, por exemplo, fazer a clonagem de disco (copiar versões inteiras de sistemas operacionais e softwares aplicativos) nas máquinas com maior eficiência, substituindo um software antes usado para o mesmo fim. Esse recurso permite que a equipe de tecnologia implemente com agilidade imagens diferentes de sistema, conforme

Sobre a ReBorn Card

Manter o bom desempenho de computadores compartilhados é um grande desafio para os administradores e técnicos de laboratórios de informática e lan houses, já que o controle sobre aplicativos que estão sendo instalados nos computadores por cada usuário é uma tarefa que consome tempo e grande esforço técnico. A maioria dos problemas de lentidão e falhas nos sistemas é causada por vírus e programas instalados de forma indevida e, para solucionar isso, é preciso fazer backup de arquivos e reinstalar o sistema operacional, o que gera demandas constantes de reparos nas organizações. Ao dispor de uma oferta de PCs com essa tecnologia, a Itautec reafirma sua capacidade de entregar produtos customizados para as necessidades de mercados verticais, como é o caso de empresas e organizações que atuem nas áreas de educação e treinamento.  *Diretor comercial de Computação Corporativa da Itautec www.itautec.com.br Revista Linha Direta

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