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Linha Direta INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO

Congresso educacional inédito reunirá as principais lideranças do setor nos dias 4 e 5 de outubro, em Belo Horizonte/MG

INFORMAÇÃO Ruídos na comunicação FACILITADOR Resolvendo situações-problema ENEM Sugestões ao Inep

EDIÇÃO 174

ANO 16 - SETEMBRO 2012

FUTURO Conteúdo será commodity

CRM Proximidade com alunos

Mekler Nunes

Débora Guerra


editorial

Linha Direta 16 anos: conexão com o futuro

Linha Direta 16 años: conexión con el futuro

No mês em que celebrará 16 anos de sua fundação, a Linha Direta realizará a 1ª edição do Conexão Linha Direta: I Fórum Internacional de Lideranças Educacionais. O evento, que será realizado nos dias 4 e 5 de outubro, em Belo Horizonte (confira a programação completa na matéria de capa desta edição, nas páginas 14 a 19), é uma realização da Linha Direta, em parceria com a Conexa Eventos, e contará com a promoção do Sinepe/MG (Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais), Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares) e Fenen/MG (Federação das Escolas Particulares de Minas Gerais). Ao longo de sua trajetória, a Linha Direta sempre esteve atenta em identificar as demandas do mercado educacional, visando a construir projetos, produtos e serviços capazes de beneficiar as instituições de ensino, fortalecer as entidades que as representam, bem como proporcionar às empresas parceiras oportunidades para que elas se apresentem de forma diferenciada ao nosso público-alvo (Instituições de Ensino e Secretarias de Educação). É nesse sentido que estamos viabilizando um evento único, totalmente direcionado a mantenedores, diretores e secretários de educação. O nosso objetivo é criar um espaço exclusivo para que as lideranças educacionais possam debater os principais desafios enfrentados pelas instituições de ensino, através de uma programação direcionada aos gestores que atuam no segmento. Dessa forma, foram convidados conferencistas de reconhecida competência e credibilidade, como Carlos Sardenberg (jornalista econômico, âncora da CBN e responsável pelo noticiário econômico do Jornal da Globo) e Alexandre Ventura (ex-vice-ministro da Educação de Portugal), dentre outros. Pelo ineditismo da iniciativa e união de forças para a realização do evento, trabalharemos para viabilizar o Conexão Linha Direta em outros Estados, em parceria com os Sindicatos de Estabelecimentos de Ensino e demais entidades representativas que integram a Linha Direta. Confira na reportagem de capa desta edição todos os detalhes e condições especiais de participação, e não se esqueça de que as vagas são limitadas. Garanta já a sua inscrição através do site oficial do evento: www. conexaold.com.br. Até lá!

En el mes en que celebrará 16 años de su fundación, Linha Direta realizará la 1ª edición del Conexão Linha Direta: I Fórum Internacional de Lideranças Educacionais. El evento, que será realizado entre los días 4 y 5 de octubre, en Belo Horizonte (vea la programación completa en la materia de tapa de esta edición, en las páginas 14 a 19), es una realización de Linha Direta, en conjunto con Conexa Eventos, y contará con la promoción del Sinepe/MG (Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais), Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares) y Fenen/ MG (Federação das Escolas Particulares de Minas Gerais). A lo largo de su trayectoria, Linha Direta siempre estuvo atenta para identificar las demandas del mercado educacional, buscando construir proyectos, productos y servicios capaces de beneficiar a las instituciones de enseñanza, fortalecer las entidades que las representan, así como proporcionar a las empresas asociadas oportunidades para que ellas se presenten de forma diferenciada para nuestro público objetivo (Instituciones de Enseñanza y Secretarías de Educación). Es en este sentido que estamos viabilizando un evento único, totalmente enfocado para mantenedores, directores y secretarios de educación. Nuestro objetivo es crear un espacio exclusivo para que los liderazgos educacionales puedan debatir los principales desafíos enfrentados por las instituciones de enseñanza, a través de una programación direccionada a los gestores que actúan en el segmento. De esta forma, fueron invitados ponentes de reconocida competencia y credibilidad, como Carlos Sardenberg (periodista económico, presentador de la CBN y responsable por el noticiario económico del Jornal da Globo) y Alexandre Ventura (ex viceministro de Educación de Portugal), entre otros. Por lo inédito de la iniciativa y unión de fuerzas para la realización del evento, trabajaremos para viabilizar el Conexão Linha Direta en otros Estados, en conjunto con los Sindicatos de Establecimientos de Enseñanza y demás entidades representativas que integran Linha Direta. Vea en el reportaje de tapa de esta edición todos los detalles y condiciones especiales de participación, y no se olvide de que los lugares son limitados. Obtenga ya su inscripción a través del site oficial del evento: www.conexaold.com.br. ¡Hasta luego!

Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta

Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta

Revista Linha Direta


contexto

Conteúdo transformado em commodity E

m um futuro próximo, os alunos terão postura mais proativa em sala de aula, as turmas serão heterogêneas e o conteúdo vai se tornar uma commodity – termo utilizado para denominar bens primários, produzidos em grande escala. Em entrevista concedida durante o GEduc 2012, o diretor superintendente de Educação Básica da Pearson Brasil, Mekler Nunes, explicou que será necessário massificar as capacitações básicas, como ler e escrever. “Este é o desafio: o conteúdo como commodity e a competência como diferencial”, afirmou. O mercado das instituições de ensino será o cenário de diversas mudanças no modo como a pedagogia e a gestão da educação acontecem no País.

Para qualquer operação, negócio ou serviço a ser prestado nessa dimensão, é necessário desenvolver uma lógica de gestão otimizada. Ler, escrever e conhecer noções básicas de matemática são habilidades consideradas comuns, nas quais todos precisam estar capacitados. Se existe uma técnica para otimizar a massificação dessas competências, não há razão para não torná-las uma commodity, de maneira que todos possam utilizálas em larga escala, a partir de métodos desenvolvidos por educadores ou por instituições que adequaram a pedagogia à realidade brasileira de modo eficaz.

Qual será o futuro da educação, quando tudo de que precisarmos for commodity?

Com a articulação dos gestores das instituições de ensino. Hoje, a educação envolve vários negócios: empresas de tecnologia, bancos com linhas de crédito para educação e provedores de soluções, como a Pearson Brasil, que provê avaliações e tecnologias educacionais, qualificações internacionais, conteúdos e plataformas digitais, livros customizados e sistemas de ensino. Então podemos dizer que matéria-prima, ingredientes e vonta-

É uma questão de adaptação. Quando pensamos no Brasil, devemos considerar quase 200 milhões de pessoas, sendo que cerca de 7 milhões de jovens estão na universidade, e a maioria das crianças e adolescentes está estudando. Estamos falando de operações em larga escala, para milhões de pessoas. Revista Linha Direta

E de que modo podemos nos preparar para isso?

Diretor superintendente da Pearson Brasil garante que competência é o diferencial

de já existem. Essa preparação exige que deixemos de agir exclusivamente como concorrentes. Em todo mercado maduro, os competidores também são cooperadores. Eles têm negócios em que competem e negócios em que são parceiros. A Pearson Brasil, por exemplo, tem como característica ser parceira de toda instituição de ensino, ou de negócio ligado à educação. Sempre temos uma solução que contribuirá com a operação de uma instituição de ensino. A articulação seria o primeiro movimento necessário para se preparar para esse futuro. Como podemos esperar que seja a aula do futuro? Temos de pensar em educação continuada. Há adultos que estão voltando a estudar, a terceira idade está buscando diferentes oportunidades, e jovens que pararam de estudar deverão reingressar porque agora trabalham e vivem outra realidade. Trata-se da classe C, que está crescendo economicamente e, com certeza, será seguida pela classe D. A aula do futuro terá de ser completamente adaptável, pois haverá um público bastante heterogêneo. Haverá uma transição da aula ministrada para uma


Andreia Naomi

isso em uma pedagogia simplificada. O professor do futuro terá de ser tão aprendiz quanto o aluno que ele se propõe a ensinar, porque, em muitos assuntos, os alunos saberão mais do que o próprio professor. Se você entregar um celular avançado para um professor e para um aluno, em 15 minutos chegará a uma conclusão sobre quem, de fato, é o professor nesse assunto. Outra característica é que, como o conhecimento está se tornando muito acessível e gratuito, o papel do professor irá migrar para o de um gestor do ensino e, principalmente, da aprendizagem. O aluno precisará de um professor norteador, e não de um transmissor de conteúdo. E esse professor precisa estar preparado, pois não nasceu assim, não foi ensinado assim; terá de ser um bom aprendiz para aprender a ser um bom professor.

Mekler Nunes, diretor superintendente de Educação Básica da Pearson Brasil

gestão do conhecimento, e precisaremos descobrir a competência que determinado grupo de estudantes ainda não tem e qual será a melhor maneira de oferecê-la para eles. Desse modo, a aula tende a ser altamente customizada, personalizada, para conseguir atender a essas múltiplas realidades. Que paradigmas a educação a distância precisa vencer para assumir um papel maior? A disciplina e a autonomia precisam ser muito mais intensas do que a exigência presencial do estudante. Na educação a distância existe grande facilidade para começar o curso, mas não para concluí-lo. Outro paradigma é que a educação a distância era destinada a regiões do interior e periferias – o que é verdade, mas ela também atende aos grandes centros, em que o trânsito,

Por falar em conteúdo, no que ele deve mudar? muitas vezes, impede que as aulas presenciais sejam acompanhadas por completo. A grande barreira da EaD não é geográfica, é comportamental. Há ainda o paradigma do valor de investimento. Educação a distância não é barata, mas tem um custo menor em alguns aspectos, o que não significa que se trata de uma educação de menor qualidade. Nos Estados Unidos, a educação a distância e a presencial têm o mesmo preço, pois a entrega das duas é igual. São modalidades de ensino e aprendizagem que podem ser mais bem aproveitadas, de acordo com o perfil de cada estudante. E como será o professor do futuro? O professor do passado era um consumidor muito voraz de conhecimento, processava-o internamente através de uma capacidade intelectual diferenciada e materializava

O conteúdo está se tornando um bem gratuito, mas também tem o perfil de uma commodity, que começa a ganhar valor quando oferece algum tipo de benefício, quando é articulado, combinado, para ser usado na prática. Nós estamos migrando de uma lógica de conteúdo para uma lógica de competências. As pessoas competentes usam o conteúdo ou o acessam, descobremno ou o articulam para realizar, gerir ou sanar uma ação. Exemplo disso são as pessoas que concluem a faculdade e seguem para as empresas sem as competências necessárias para articular um conteúdo que foi adquirido durante 16 anos de estudo, desde o ensino fundamental até a faculdade. O conteúdo será o objeto não sujeito da educação, que tende a visar mais à lógica das competências. Este é o desafio: o conteúdo como commodity e a competência como diferencial.  Revista Linha Direta








espaço ibero-americano

espacio iberoamericano

Educación, UN DERECHO E

s responsabilidad de la sociedad civil participar más activamente de las políticas de educación, en la perspectiva de derechos, y el papel del Estado es disponer medios accesibles, con contenidos adecuados y en buenas condiciones para que todos puedan adentrar en la escuela. Es exactamente para incidir esta participación que trabaja el colombiano Orlando Pulido, coordinador general del Foro Latinoamericano de Políticas Educativas (Flape). En entrevista a Linha Direta, él explicó cómo Flape funciona y qué está siendo hecho, especialmente en Colombia, para poder alcanzar las Metas Educativas 2021. ¡Vea! ¿Qué es el Foro Latinoamericano de Políticas Educativas (Flape)? El Flape es un organismo de sociedad civil constituido al final del año 2003, en México, integrado por distintos tipos de organizaciones. Lo que hacemos es básicamente hacer incidencia para mejor desarrollar actividades y fortalecer la capacidad de incidencia de la sociedad civil en políticas, en la perspectiva de derechos. Tenemos varias publicaciones, porque cada país hace estudios, a cada año, y los publica en libros. Además, tenemos un boletín informativo de referencias, que es el único en el seguimiento de las políticas educativas en Colombia y en los países que integran el Flape. Normalmente, tenemos también un seminario de pronunciamiento en el cual presentemos los resultados de los estudios nacionales. Con ellos, hacemos una síntesis para mapear los estados de los sistemas de educación. ¿De qué manera el Flape contribuye para desarrollar la educación? Creemos que percibir la educación significa que el Estado tiene que garantizar todos los recursos necesarios para que la gente tenga plenamente los derechos de infra-estructura: accesibilidad, que significa que todos puedan acceder a la escuela; adaptabili-

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En Latinoamérica, la educación es concebida como un servicio, no como un derecho

Orlando Pulido, coordinador general de Flape // Orlando Pulido, coordenador-geral do Flape


Educação, UM DIREITO É

Na América Latina, a educação é concebida como um serviço, não como um direito Valéria Araújo

responsabilidade da sociedade civil participar mais ativamente das políticas de educação, na perspectiva de direitos, e o papel do Estado é dispor meios acessíveis, com conteúdos adequados e em boas condições para que todos possam entrar para a escola. É exatamente para garantir esta participação que trabalha o coordenador-geral do Fórum Latino-americano de Políticas Educativas (Flape), o colombiano Orlando Pulido. Em entrevista à Linha Direta, ele explicou como o Flape funciona e o que está sendo feito, especialmente na Colômbia, para se alcançarem as Metas Educativas 2021. Veja! O que é o Fórum Latino-americano de Políticas Educativas (Flape)? O Flape é um organismo da sociedade civil constituído no final do ano de 2003, no México, integrado por vários tipos de organizações. O que fazemos é basicamente defender o desenvolvimento de atividades e fortalecer a capacidade de engajamento da sociedade civil em políticas, na perspectiva de direitos. Temos várias publicações, porque cada país produz estudos, a cada ano, que são publicados em livros. Além disso, temos um boletim informativo de referências, que é o único no segmento de políticas educacionais na Colômbia e nos países que integram o Flape. Normalmente, temos também um seminário de pronunciamento no qual apresentamos os resultados dos estudos nacionais. Com eles, fazemos uma síntese para mapear o estado dos sistemas de educação. De que maneira o Flape contribui para desenvolver a educação? Acreditamos que o olhar para a educação significa que o Estado tem de garantir todos os recursos necessários para que as pessoas tenham pleno direito a infraestrutura: acessibilidade, o que significa que qualquer um pode entrar para a escola; adapta-

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dad, que es como los contenidos educativos tienen que ser pertinentes y adecuados a las condiciones de elaboración; y aceptabilidad, que tiene que hacer referencia a algún sector de calidad de educación. Pero eso, así formulado, tiene que ser desarrollado, porque todo el sistema de análisis en la educación viene del modelo neoliberal. El Flape está comprometido en contribuir a desarrollar, y vemos la educación no como un servicio que el Estado presta, sino como un derecho. Para esto, hacemos alianzas y entramos en relación con otras organizaciones de la sociedad civil. En los últimos años, hemos fortalecido nuestra relación con la Campaña Latinoamericana por el Derecho de Educación (Clade), que está constituida por coaliciones y foros nacionales. Más precisamente ahora, estamos teniendo también relación con la campaña mundial, ya que la coordinadora de Clade está también en la presidencia de la campaña mundial. Esto nos ha servido para fortalecer la presencia de las organizaciones, nuestra capacidad de pronunciamiento y de incidencia, y para llevar estas discusiones a escenarios más amplios. Además, formamos parte del Consejo Asesor de las Metas Educativas 2021. ¿Los encuentros de la OEI pueden incrementar la cooperación internacional entre los países íberoamericanos en la educación? Las Metas Educativas 2021 de la OEI ayudan cuando instituyen las agendas nacionales y pueden contribuir a fortalecer el enfoque de derechos. Lo que hemos encontrado en este escenario, en Consejo Asesor, es una apertura por parte de la OEI a que los sectores de la sociedad civil puedan expresar sus puntos de vista y, por parte de la perspectiva de derechos, la consolidación de las Metas. Entonces, en este sentido, tenemos una buena expectativa de que todo lo que hacemos puede contribuir a fortalecer estos lazos de cooperación, además de hacer que cada país pueda avanzar en la compresión de sus propias agendas educativas. ¿Cómo piensas que los países deben perseguir las Metas? Falta una mayor clareza en torno de la ruta que hay que seguir. Me parece que nos hemos venido moviendo mucho en función de las cumbres de ministros. Creo que las Metas tienen una dinámica propia – que están más allá de las cumbres de los ministros –, que es fijar sus objetivos a largo plazo y generar planes de trabajo en relación a esto. Cada país tiene la obligación de adecuar las Metas a sus propias

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… el Estado tiene que garantizar (…) plenamente los derechos de infra-estructura... // ... o Estado tem de garantir (...) pleno direito a infraestrutura... características. Las perseguimos en Colombia, aún así, el tema de las Metas no ha sido completamente apropiado. El gobierno colombiano y las asociaciones de la sociedad civil han asumido como un reto las Metas. Parte de lo que nos correspondería hacer, de ahora en adelante, es volver a hacer esa articulación y hacer que las Metas tengan más sentido político en la agenda educativa en Colombia. Como tenemos la responsabilidad de coordinar el Foro, la idea es hacer que estas consideraciones sean válidas también para todos los países que integran Flape. ¿Cómo es la situación de la educación en Colombia? En general, la gran preocupación que nosotros tenemos ahora es que la política actual, es de fortalecimiento del enfoque neoliberal. Nos preocupa mucho esa tendencia de la privatización y la mercantilización de la educación y, sobretodo, nos preocupa mucho el enfoque de una educación concebida solo en función del desarrollo macroeconómico. La educación tiene un sentido distinto. Evidentemente no puede desvincularse de su contribución al desarrollo, pero el elemento central de la educación es la dignidad y formación humana. Así pues, la tendencia es a fortalecer más al hombre como instrumento de trabajo, que como persona. Entonces, ahí tenemos una diferencia importante: la educación como un servicio, no como un derecho. ¿Qué fuerza tienen los países iberoamericanos para cambiar esta realidad? América es la región en el mundo que está generando movimientos de oposición a las tendencias privatizadoras y mercantiles con más fuerza. Bolivia, Ecuador y Venezuela son ejemplos en donde los pueblos indígenas han hecho reivindicaciones muy importantes sobre su propia cultura y la posibilidad de construir su propia historia. Los procesos nacionales son muy distintos, enfrentan dificultades muy fuertes, y hay una distancia muy grande entre lo que se dice y lo que se hace, pero hay otras maneras de se construir una educación con base en el derecho. 


bilidade, que é o cuidado para que os conteúdos educacionais sejam pertinentes e adequados às condições de elaboração; e aceitabilidade, que é a referência a algum setor de qualidade de educação. Porém essa fórmula deve ser desenvolvida, porque todo o sistema de análise na educação vem do modelo neoliberal. O Flape está comprometido em contribuir com o desenvolvimento, e vemos a educação não como um serviço que o Estado presta, mas como um direito. Para isso, fazemos alianças e nos relacionamos com outras organizações da sociedade civil. Nos últimos anos, temos fortalecido nossa relação com a Campanha Latino-americana pelo Direito à Educação (Clade), que é constituída por coalizões e fóruns nacionais. Mais precisamente agora, estamos nos relacionando também com a campanha mundial, uma vez que a coordenadora da Clade é também a atual presidente da campanha mundial. Isso serviu para fortalecer a presença das organizações, nossa capacidade de pronunciamento e de incidência, e para trazer essas discussões para cenários mais amplos. Além do mais, fazemos parte do Conselho Assessor das Metas Educativas 2021. Os encontros da OEI podem incrementar a cooperação internacional entre os países ibero-americanos na educação? As Metas Educativas 2021 da OEI ajudam quando instituem as agendas nacionais e podem contribuir para fortalecer o enfoque de direitos. O que encontramos nesse cenário, no Conselho Assessor, é uma abertura por parte da OEI para que os setores da sociedade civil possam expressar seus pontos de vista e, por parte da perspectiva de direitos, a consolidação das Metas. Então, nesse sentido, temos uma boa expectativa de que tudo que fizemos pode contribuir para fortalecer esses laços de cooperação e para que cada país possa avançar na compreensão de suas próprias agendas educacionais. Como você pensa que os países devem perseguir as Metas? Falta uma maior clareza em torno da rota que deve ser seguida. Penso que temos nos movido muito em função das cúpulas ministeriais. Acredito que as Metas têm uma dinâmica própria – que está além das cúpulas dos ministros –, que é definir seus objetivos de longo prazo e gerar planos de trabalho em relação a isso. Cada país tem a obrigação de adequar as Metas às suas próprias características. Na Colômbia, o tema das Metas

tem sido perseguido, porém ainda não foi completamente adaptado. O governo colombiano e as associações da sociedade civil assumiram as Metas como um desafio. Parte do nosso trabalho, de agora em diante, seria voltar a fazer essa articulação e fazer com que as Metas tenham mais sentido político na agenda educacional na Colômbia. Como temos a responsabilidade de coordenar o Fórum, a ideia é fazer com que essas considerações sejam válidas também para todos os países que integram o Flape.

... el elemento central de la educación es la dignidad y formación humana. // ... o elemento central da educação é a dignidade e a formação humana. Como é a situação da educação na Colômbia? Em geral, a grande preocupação que temos agora é com a política atual, que é de fortalecimento do enfoque neoliberal. Temos uma grande preocupação com essa tendência de privatização e mercantilização da educação e, sobretudo, nos preocupa o enfoque de uma educação concebida apenas em função do desenvolvimento macroeconômico. A educação tem um sentido diferente. É evidente que não se pode desconsiderar sua contribuição para o desenvolvimento, mas o elemento central da educação é a dignidade e a formação humana. A tendência maior, no entanto, é de fortalecer o homem como instrumento de trabalho, não como pessoa. Temos, portanto, uma forte diferença: a educação como um serviço, não como um direito. Que força os países ibero-americanos têm para mudar essa realidade? A América é a região do mundo que está gerando, com maior força, movimentos de oposição às tendências de privatização e mercantilização. Bolívia, Equador e Venezuela são exemplos de lugares onde a população indígena tem feito reivindicações muito importantes sobre sua própria cultura e a possibilidade de construir sua própria história. Os processos nacionais são muito distintos, enfrentam fortes dificuldades, e há uma grande distância entre o que se fala e o que se faz, mas há outras maneiras de se construir uma educação com base no direito. 

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conhecimento

Raquel Bahiense*

Ruídos na comunicação

©Bruno Passigatti/PhotoXpress

A

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comunicação, neste século XXI, norteia a filosofia de toda e qualquer empresa, seja educacional ou não. Nunca houve tanta informação simultânea e de tão fácil acesso. O que era determinante, positivo e até mesmo pseudotalentoso, há alguns anos, atualmente é ultrapassado. Um bom exemplo é a capacidade de ser prolixo. Quanto mais indireto, quanto mais volteios, quanto mais palavras tidas como difíceis e de complicado entendimento, mais respeitado era o dono daquele texto ou daquela fala. Não cabe mais, entretanto, neste mundo da velocidade e da informação rápida, ser prolixo. O primeiro passo para uma boa comunicação é ser objetivo, conciso. Essa transformação pode até ser o reflexo da mudança do mundo. Havia tão mais tempo, e agora cada momento é curto para todos. São tantas as tarefas, obrigações e atualizações que nos resta pouco. Daí a premência da objetividade na comunicação. O que se ouve mais atualmente é: “Meu dia deveria ter 36 horas ou mais.”


Mas esse problema é recente? Não é. A partir de Freud, quando o mundo tomou conhecimento de que, se houver dissonância entre o corpo e a fala, o ruído se instala na comunicação, todos começaram a tomar mais cuidado. Se alguém te olha com receio, quase com medo e, simultaneamente, abre um sorriso franco, a dualidade está ali. Cabe ao outro percebê-la e trabalhá-la a seu favor. Quando, ao conversar com alguém, o telefone celular toca e se pede que seu ouvinte aguarde um pouco, há algo de estranho nessa comunicação. O ausente não pode ser preponderante. Se lhe é oferecido um café, por exemplo, e sua resposta é simplesmente um obrigada, você acaba de provocar, sem perceber, um ruído: é “obrigada, sim” ou “obrigada, não”? – o outro pode pensar. Como se vê, ruídos são provocados diariamente, a toda hora, por todos, até pelos mais atentos.

Algumas regras são fáceis de serem assimiladas e certamente farão com que você seja compreendido rapidamente, ou que os outros o sejam, e assim, num efeito dominó, a comunicação se faz presente, de forma clara e concisa. A comunicação verbal tem de ser coerente com a não verbal. Parece tão óbvio, não? Mas nem todos conhecem essa lição tão simples. Se você transmite uma informação, e o corpo, outra, o registro para o seu interlocutor é a mensagem do corpo. Você solicita explicações a um médico, por exemplo, sobre uma pessoa de sua família. Enquanto ele fala, não olha nos seus olhos e sim para o relógio, diversas vezes. A todo instante esfrega as mãos. Que imagem fica? O médico está com pressa – olhando para o relógio – e angustiado – esfregando as mãos continuamente. O fato de não olhar nos olhos pode parecer insegurança. Péssima imagem, não?

Não cabe mais, entretanto, neste mundo da velocidade e da informação rápida, ser prolixo. O primeiro passo para uma boa comunicação é ser objetivo... E nesse corre-corre, nem sempre é possível atualizar-se, recorrer a algum treinamento de técnicas de redação, por exemplo, ou mesmo ler um bom livro. Na comunicação, alguns erros são imperdoáveis. E para que você não os cometa, seguem algumas sugestões: inicialmente, observe seu interlocutor, perceba-o, escute-o se for o caso, atente para os gestos – os seus e os do outro – e, caso seja uma comunicação escrita, lembre-se de que palavras têm peso. Leia, releia, burile antes de enviá-la. Revista Linha Direta

A maioria das falhas de comunicação decorre do desconhecimento sobre a realidade do receptor: seu nível de conhecimento, sua realidade cultural, seu código de linguagem. Se você recebe um novo cliente ou vai até ele, quanto mais informação tiver a seu respeito, melhor. E lembre-se: o outro não necessariamente domina o assunto como você. Em uma escola, por exemplo, palavras tais como ciclo, série, ano, conteúdo programático, bimensais, bimestrais, recuperação parale-

la e afins são de uso específico do campo da educação. Seu cliente também faz parte desse mundo? Um terceiro ponto faz-se necessário: como avaliar a si mesmo? Será que cometo tantos ruídos na comunicação? Seu questionamento deve basear-se na seguinte constatação: o uso exagerado de termos técnicos e de palavras em língua estrangeira no lugar das de língua portuguesa e modismos são o que há de pior na comunicação. Provocam não só ruídos, como até arrepios no pobre ouvinte! Portanto, primeiramente, seja o seu melhor crítico e observe a sua fala e o seu texto. Depois, essa crítica naturalmente parte para aqueles ao seu redor. Transmita credibilidade e firmeza por meio de suas palavras. Parece complicado? Com o treino, depois de um tempo, você vai até ousar brincar! Portanto, cuide-se. Pense no que e com quem vai falar, qual a melhor abordagem, observe seu público-alvo e lembrese de que a responsabilidade é do emissor. Logo, se alguém não compreender algo dito por você, lamento informar: a falha foi sua. Faça o possível para não ser ludibriado por palavras de difícil compreensão e pela prolixidade e falta de clareza. Os ruídos aí estão. Cabe a nós não cair nessa armadilha.  *Professora de redação do Colégio Bahiense, revisora do Sistema Bahiense de Ensino e autora dos livros Comunicação escrita e Falar bem para atender melhor www.sistemabahiense.com.br


extratexto

ENEM:

sugestões ao Inep Jacir J. Venturi*

N

o dia 7 de agosto, na companhia da presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, fui recebido em Brasília por Luiz Cláudio Costa, que desde 2009 preside o Inep – órgão do MEC responsável por toda a logística do Enem. Foi uma reunião de interlocução altamente técnica, que concluímos enlevados de júbilo e esperança. Toda a sociedade anseia por um Enem sem problemas, após as trapalhadas de 2009, 2010 e 2011, por motivos torpes, desonestidade de fraudadores e, até onde a vista alcança, por incúria de uma parte dos gestores. Coordenamos uma equipe multidisciplinar de 11 professores, cuja premissa básica é serem educadores – sem qualquer interesse subjacente que não fosse o de contribuir

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por uma boa causa. Educadores caldeados na frágua da intensa convivência com alunos de escolas públicas e privadas, vários dos quais são mestres, doutores e autores de material didático. O documento apresentado ao Inep possui 38 páginas, e seu conteúdo completo e a relação dos nomes da equipe multidisciplinar estão no site do Sinepe/PR.

2. As 180 questões objetivas das quatro áreas do conhecimento valem apenas 50%. Na outra metade, reina absoluta a redação, de 30 linhas. Até hoje, nenhuma explicação para essa obesidade, ou seja, para esse peso excessivo. A sugestão da equipe multidisciplinar é de que as quatro provas valham 20% cada uma e também à redação se atribua esse valor.

Quanto às sugestões apresentadas ao Inep, ei-las, concisamente:

3. O conteúdo programático está genérico demais, merece ser mais bem especificado e não tão abrangente. A grade curricular deve ser reduzida em 20% a 30%. Nenhum educador sério pretende fazer com que o aluno do ensino médio estude menos, mas, sim, que empregue honestamente o seu tempo, preparando-se bem para as elevadas exigências futuras.

1. Há excesso de contextualização, o que alonga o enunciado e deixa a sensação de um exame extenso. Na área de Ciências Exatas, em especial, há contextualizações forçadas e demasia de contas, tangenciando apenas conteúdos mais profundos e de raciocínio lógico.


Divulgação

Agnaldo Menezes Dantas, assessor parlamentar da Fenep, Amábile Pacios, presidente da Fenep, Luiz Cláudio Costa, presidente do Inep e Jacir Venturi, vice-presidente do Sinepe/PR

4. Tem-se como premissa que o tempo é insuficiente: 3 minutos, em média, para a resolução de cada questão. Julgamos que o número de 180 questões está adequado, pois diminuílo compromete a abrangência, e aumentar o tempo da prova levará o candidato à exaustão. A solução é reduzir parte dos enunciados desnecessariamente longos, e que o MEC assuma e divulgue amplamente que a administração do tempo é uma das habilidades exigidas. 5. Somos favoráveis à consolidação do Enem e à adoção de um currículo unificado para

o ingresso nas universidades. Para esse mister, que se contemplem doutores e mestres de nossas universidades, mas também professores do ensino médio, que diariamente honram o tablado de nossas salas de aula. Ao término da reunião, o presidente do Inep anuiu que é necessário levar mais informações e capacitar melhor os professores das escolas, quando dei o meu depoimento – ao palestrar para oito escolas públicas da periferia de Curitiba, nas quais os alunos estão minimamente instruídos sobre o Enem, Prouni, Fies, cotas, Sisu etc.

Os erros do passado significaram um doloroso aprendizado. Uma boa expectativa invade a todos nós, participantes desse encontro, que, por ser o primeiro em toda a existência do Inep, já diz muito. A sensação é de que o Inep está caminhando na direção certa. Há 5,8 milhões de candidatos inscritos para o Enem/2012, que empunham a chama esplendorosa da esperança num futuro melhor, mas também carregam o fardo da incerteza e da insegurança.  *Vice-presidente do Sinepe/PR jacirventuri@hotmail.com Revista Linha Direta


©Yuri Arcurs/PhotoXpress

tecido

Jefferson Feitosa*

Alexandre Luquete**

Resolvendo situações-problema C

omo criar um ambiente favorável ao desenvolvimento de habilidades e competências e, ao mesmo tempo, ser facilitador de uma aprendizagem valiosa, dinâmica, interativa e prazerosa? Esse é o desafio de muitos professores que trabalham arduamente em prol de uma educação diferente, criativa e eficaz. No passado, esse processo de ensino-aprendizagem baseava-se apenas na transmissão de conhecimento do professor para o aluno, e este era simplesmente uma figura passiva e absorvedora, em um ambiente monótono e controlado por uma figura de au-

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toridade. Temos aqui aquilo que Paulo Freire chamou de educação bancária. A educação passou por profundas mudanças; entretanto, uma grande questão ainda persiste: como os alunos podem assumir um papel ativo no processo de ensino-aprendizagem? O simples fato de decorar conceitos e fórmulas parece não ser mais suficiente para a resolução de problemas complexos da vida. Nesse novo contexto, o professor tem um papel de extrema importância em sala de aula: ele é um mediador, ou seja, é aquele que cria as melhores estratégias para

que os alunos construam seu conhecimento por meio de trocas, debates, trabalhos em equipe, estimulando, assim, a criação de diferentes ações para a resolução de problemas e criando um ambiente propício para o desenvolvimento de um sujeito ético e autônomo. A proposta pedagógica da ZOOM é fundamentada nos quatro pilares da educação da UNESCO e, dentro dessa proposta, os alunos são convidados a trabalhar em equipes para resolver diferentes situações-problema, que vão exigir que eles enfrentem diversos obstáculos. Ao formular hipóteses, os estudantes terão condições de investigar, questionar e


desenvolver novas ideias. Estudos de Jean Piaget apontam que situações desafiadoras levam o sujeito a buscar novas informações ou a reorganizar seus conhecimentos anteriores para ultrapassálos, motivando-o a pesquisar e a trocar ideias sobre esses conhecimentos. Segundo Philippe Perrenoud, no livro Dez novas competências para ensinar, o professor deve, todo o tempo, “agir na urgência” e “decidir na incerteza”, uma vez que seu domínio sobre as situações de ensino propostas é determinante para o sucesso das aprendizagens. Perrenoud, no mesmo livro citado anteriormente, apresenta dez características de uma situação-problema, expostas a seguir de forma resumida: 1. Constituir um obstáculo para a turma. 2. Estudar uma situação concreta. 3. Ser um verdadeiro enigma a ser resolvido. 4. Gerar a necessidade de usar instrumentos com vistas à resolução. 5. Oferecer resistência suficiente. 6. Situar-se na zona de desenvolvimento proximal. 7. Confirmar que a antecipação dos resultados precede a busca. 8. Produzir debate científico dentro da classe. 9. Validar a solução em conjunto. 10. Levar ao reexame coletivo do caminho percorrido rumo à consolidação dos procedimentos para projetos futuros. Revista Linha Direta

O simples fato de decorar conceitos e fórmulas parece não ser mais suficiente para a resolução de problemas complexos da vida. A situação-problema está contemplada de forma especial na proposta pedagógica da ZOOM. Nela, as aulas são divididas em quatro momentos: no primeiro – contextualização –, são buscados os conhecimentos prévios dos alunos. No segundo momento – construção –, são feitas montagens com os kits de tecnologia da LEGO® Education, partindo dos temas propostos no primeiro momento. A construção trará à mente questões como o funcionamento das coisas, pois as montagens são simulações do que existe no mundo real. Posteriormente, tem-se a fase de análise. Nesse momento, o professor, em seu papel de mediador, deve fazer perguntas objetivas sobre o funcionamento da construção. Nessa fase, o pensamento crítico é colocado como ferramenta fundamental, pois estimula a aplicação prática de conhecimentos adquiridos e a pesquisa para aquisição de novas informações. Por fim, a fase de continuação. Os conhecimentos devem ser aprofundados, e o projeto construído, modificado, a fim de atender a uma nova demanda. Nessa etapa, não há respostas prontas ou corretas. Há o estímulo ao pensamento e à criatividade livre. Durante todo o processo, são simuladas situações reais que proporcionam a criação de am-

bientes de reflexão e de ação, em que o aluno pode arriscar-se, formulando hipóteses, testando e refazendo. É como diz Lino de Macedo: “Trata-se, portanto, de uma alteração criadora de um contexto que problematiza, perturba, desequilibra.” A situação-problema, nas aulas dos Programas da ZOOM, tem por objetivo levar o aluno a entender sua responsabilidade diante de problemas, catástrofes e acontecimentos do mundo. Conhecendo o funcionamento de máquinas, robôs e sistemas, e realizando modificações para superar os desafios propostos nas situações-problema, os alunos poderão compreender que a tecnologia não existe por si só – ela é resultado do trabalho do homem e traz consigo consequências que podem ser boas ou ruins. Assim, cabe ao mediador formular situações em que sejam necessárias respostas concretas, para um mundo que parece viver autonomamente, levando o aluno a entender que somos dependentes uns dos outros.  *Licenciado em Computação, pós-graduado em Conflitos Interpessoais na Escola e a Construção da Autonomia Moral e coordenador técnico-pedagógico da ZOOM **Graduado em Pedagogia, pós-graduado em Psicopedagogia e orientador educacional da ZOOM www.legozoom.com


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Foco nos alunos O Divulgação

investimento na comunicação mais próxima de clientes é uma máxima do Customer Relationship Management (CRM), uma maneira de gerenciar o relacionamento entre uma empresa e seu público-alvo, considerando a opinião deste no processo de tomada de decisões. É uma prática que tem sido usada também em instituições de ensino e que dá resultados, como explica Débora Guerra, diretora-geral da Faculdade Presidente Antônio Carlos (Unipac) de Bom Despacho/MG. Segundo ela, ações como essa, além da valorização de clientes que ainda não podem ser considerados lucrativos, como alunos do ensino médio, implicam economia de gastos com publicidade e aproximam a instituição da comunidade em que se insere. Leia a seguir a entrevista exclusiva concedida por ela à Linha Direta.

Débora Guerra, diretora-geral da Unipac Revista Linha Direta

O CRM (Customer Relationship Management) tem um papel muito importante nas empresas. Que ações de CRM a sua empresa tem empreendido, e qual tem sido a efetividade dessas ações na fidelização de clientes? É importante frisar que a visão que tenho do CRM é de gestora, não de profissional de marketing. A partir do momento em que entendi que, para a faculdade que dirijo, o relacionamento com o cliente é fundamental para o seu crescimento, destaque no mercado e, principalmente, para a sustentabilidade, a utilização do CRM passou a ser imprescindível, pois é um sistema que visa a gerir todas as relações entre empresa e cliente, e dá dados fidedignos para tomar decisões. Temos, hoje, um Call Center dentro do setor de Marketing, com profissionais capacitados para conversar com o aluno, ouvir suas reclamações e críticas e até perguntar-lhe, antes de lançar um produto novo, o que ele acha do conteúdo, do horário para a atividade etc. Queremos saber dos alunos, dos egressos ou dos prospects, que serão ou já foram nossos clientes, o que eles acharam de alterações que foram feitas no site, por exemplo, ou como foi o evento promovido pela faculdade. Estamos o tempo todo monitorando as redes sociais. O mais importante para nós, nesse momento, é fazer com que o próprio aluno indique o nosso curso e/ou a fa-


culdade. Isso nos dá muito mais credibilidade. Todas essas ações são monitoradas diariamente e, a partir dos relatórios gerados, definimos as melhores estratégias para atingirmos o nosso objetivo. Descobri com o CRM que investir na comunicação baseada no diálogo diminui consideravelmente os custos com publicidade e, principalmente, faz com que estejamos mais próximos dos nossos clientes e entendamos suas reais necessidades, tornandonos muito mais eficientes. Estamos tendo muito sucesso nessas ações, mas queremos, em busca incessante, melhorar esse nosso relacionamento todos os dias do nosso trabalho. A sua empresa pretende aumentar a participação de mercado no próximo ano e, para isso, você precisa traçar um plano de marketing. Como um sistema de informações pode ajudar? Através da coleta de dados, dos relatórios gerados pelo CRM, cabe à Diretoria de Marketing, juntamente com a Diretoria-geral, verificar o grau de importância, como usá-los e como transformá-los em informações úteis para o planejamento previamente traçado, com objetivos, metas e ações bem definidos. Fazemos isso em todas as nossas redes de relacionamento com o cliente, desde a venda em vestibular, por exemplo. É inadmissível, na faculdade que dirijo, tomar qualquer decisão por intuição. Algumas vezes, alguém

sugere abrirmos um novo curso de pós-graduação, e normalmente dizem que tem público, que o produto está sendo necessário no mercado. Buscamos todas as informações e, só depois de termos certeza, baseados nas pesquisas, é que lançamos o produto. Anos atrás não era assim, e o que vimos com nossa profissionalização foi uma diminuição considerável de erros com, consequentemente, redução de custos e, principalmente, eficácia nas nossas ações. A chance de dar errado é muito pequena. “Todos os clientes são importantes, mas alguns são mais importantes do que outros.” Essa frase é muitas vezes utilizada para ilustrar a diferença no retorno financeiro gerado pelos distintos clientes de uma empresa. Um método mais aprimorado de fazer análise da lucratividade é o Custeio Baseado em Atividades (Custeio ABC – Activity Based Costing), que considera a receita trazida pelo cliente e os respectivos custos de suas transações. Nesse raciocínio, de que forma um cliente momentaneamente não lucrativo pode ser transformado em lucrativo? Posso usar como exemplo ações que realizamos nas escolas do ensino médio. Naquele momento, o aluno do ensino médio é não lucrativo. Ou seja, temos um custo nas ações realizadas para já fidelizar esse prospect. Realizamos eventos com as pro-

fessoras desse estudante, e assim nos aproximamos; a chance da indicação por elas, totalmente relevante para o aluno, se torna alta. Depois ele pode conhecer as nossas instalações agendando uma visita. Todas essas ações fazem com que ele se torne, em pouquíssimo tempo, um cliente lucrativo. Mais um exemplo que gosto de citar é a parceria com órgãos como a Polícia Militar, na utilização dos nossos espaços, como auditórios para realização de palestras, por exemplo. É um momento em que temos a chance de nos aproximar e oferecer, posteriormente, convênios para cursos de graduação e pós-graduação. Enfim, novamente falamos do real relacionamento para o fortalecimento da nossa marca no mercado em que estamos inseridos. Qual é a principal dificuldade para se implementar sistemas empresariais em instituições de ensino, atendendo às demandas atuais da sociedade? Para mim, a principal dificuldade é quebrar paradigmas e mudar a cultura dentro de um ambiente acadêmico. O mundo está em processo de transformação de conceitos do que as pessoas querem consumir e como querem fazê-lo, e nós, gestores de instituições de ensino, temos de participar ativamente dessas mudanças, adequando-nos ao novo cliente e às suas necessidades.  Revista Linha Direta


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