Paixão pelo Poker
Paixão pelo Poker
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DO POVO!”
EDIÇÃO: 3 . ANO: 1 . No: 3 - JULHO 2011
“FESTA andré AKKARI
R$12,50
tatento d Brasil talen talento do Brasil talen Feito por quem mais entende do assunto.
O ROX Poker aposta no talento do BRASIL TEAMPRO
do Brasil ta nto do Bra do Brasil do nto do Bra
WSOP em 2005 e 2006 BSOP em 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 CPH em 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 LAPT em 2010 e 2011 Full Tilt 750K em 2010 PCA Bahamas em 2011 Tower Torneos em 2011 ARSOP em 2011 BPT em 2011 Nem o Brasil chegou em tantas finais de campeonato assim.
Tenha em casa o mesmo baralho utilizado nos maiores torneios de P么quer do mundo. Dispon铆vel nos Naipes Grande e Peek.
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Carta do Editor
Paixão pelo Poker
Nunca duvidei do desafio que seria editar uma revista de poker no Brasil. Apesar de ser um mercado no qual temos duas empresas já atuando, com bastante sucesso, e de não sermos novatos no meio, sabia que encontraríamos dificuldades nesse percurso. Black Friday à parte, a introdução foi na verdade o começo de minhas desculpas para vocês, leitores, assinantes, parceiros e todos os que acreditaram no projeto da Bluff Brasil. Estamos agora lançando a terceira edição da revista que deveria ser mensal e, no entanto, saiu de forma bimestral por conta de vários fatores que fugiram do nosso controle durante esses meses. Mas estamos de volta aos trilhos e não custa lembrar que a revista é, sim, mensal, e assim será para todo o sempre. Além disso, todos os assinantes receberão as doze ou quinze edições a que têm direito. Mas esta é uma edição comemorativa, então vamos deixar de choro para celebrar a bela vitória do nosso querido André Akkari na WSOP. A importância da conquista é tão grande para o poker brasileiro que foi difícil expressá-la em palavras na bela matéria escrita pelo Guilherme Kalil que vocês encontram nesta edição. Não só pela figura maravilhosa que o Akkari é, mas pela repercussão positiva que sua exposição na mídia tradicional pode trazer para o poker em nosso país. E temos muito mais, como a coluna do Assassinato que o maluco que vos fala vendeu na última capa e não entregou, uma aventura com poker e pesca que o Marcelo Lanza viveu no Pantanal e uma matéria com o fenômeno Erik Seidel.
MEA
CULPA
Que vocês curtam a revista e mês que vem (eu prometo) tem mais. Boa leitura a todos. Um grande abraço, Eduardo “roseraplo” Oliveira Editor-chefe - Revista Bluff Brasil @roseraplo
CONSELHO EDITORIAL
Eduardo Oliveira Guilherme Kalil Marcelo Lanza Paixão pelo PokerAmúlio Murta Sérgio Prado
EDITOR-CHEFE Eduardo Oliveira
JORNALISTA RESPONSÁVEL Amúlio Murta
ARTE E DIAGRAMAÇÃO Aurelízia Lemos
TRADUÇÃO E REVISÃO
Felipe de Paulo www.headsuponline.com.br
BLUFF.COM.BR Bluff Brasil
DIRETOR OPERACIONAL MESA FINAL EDITORA Marcelo Lanza
DIRETOR COMERCIAL MESA FINAL EDITORA Guilherme Kalil
COLABORADORES Caio Pimenta Felipe Mojave Sérgio Prado Vitor Marques
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Guilherme Kalil guilherme@revistabluffbrasil.com
ASSINATURAS
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SAC
sac@bluff.com.br
PLANEJAMENTO DE CIRCULAÇÃO
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IMPRESSÃO
Editora Parma – Serviços Gráficos Mesa Final Editora Ltda. Av. Francisco Sales, 1.045 Santa Efigênia Belo Horizonte - MG CEP 30150-221 A logomarca e o material traduzido da Bluff Magazine são de propriedade da Bluff Media LLC e licenciados por esta para a Mesa Final Editora Ltda. para uso exclusivo em território brasileiro.
*Para aquisição de mídia kit, solicite-o pelo e-mail guilherme@revistabluffbrasil.com
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na bluff JULHO 2011 • ANO 1 • NO 3 10 – FRASES: Famosas ou nem tanto 12 – CURTAS: As maiores histórias do mês passado 15 – JOSÉ IRINEU: 24 horas do poker 18 – O BRASIL NO ONLINE: Como os jogadores brasileiros se saíram nas maiores series online do planeta 22 – ESCOLHAS VALIOSAS: Por Phil Laak 24 – É TUDO NOSSO!: Tudo sobre a vitória de andré Akkari na WSOP 30 – ARMADILHAS DO HOLD’EM: Por Mike Caro 33 – O JOGO MENTAL: Por Alec Torelli
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34 – CULTO À PERSONALIDADE: Por Adam slutsky 36 – ERIK SEIDEL: Por Lance Bradley 42 – FELIPE MOJAVE: Stud H/L 46 – POKERCONS 2011: O Zynga está trazendo mais jogadores para um novo jogo 49 – SPEED RACENER: O Segundo Colocado no Main Event de 2010 quer colocar sua vida de volta nos trilhos 54 – AMÚLIO MURTA: Viva Las Vegas!
é tudo nosso!
49 O SegundO COlOCadO nO Main event de 2010 quer COlOCar Sua vida de vOlta nOS trilhOS
POR GuilheRme kalil
POR Dave BehR Fotografia por Rob Gracie
Amúlio Murta
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VIRTUAL FELT... xxxxxxxxxxxx
ViVa Las Vegas!
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O qUe pOdemOs espeRAR dOs bRAsileiROs NA cApitAl mUNdiAl dO eNtReteNimeNtO AdUltO NA tempORAdA 2011. poR AmúLIo mURTA
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Após um fantástico primeiro semestre para nossos jogadores, com incríveis resultados e conquistas que vão desde as maiores séries online até o nosso primeiro LAPT, chega o momento em que nós, brasileiros amantes do poker, voltamos nossos olhos para Las Vegas. Nos próximos meses, a Sin City fica ainda mais iluminada. A World Series of Poker e as grandes séries de torneios que pipocam pelos cassinos da cidade trazem muita emoção e prêmios milionários para jogadores de todas as partes do planeta. Principal evento do poker mundial, a 42ª edição da WSOP será realizada em meio ao furacão que assola a indústria do jogo online nos Estados Unidos e, para este ponto, existem duas teorias prováveis. Uns apostam na possibilidade de “esvaziamento” do field, em função da proibição dos gigantes do online de atuarem no mercado americano e a eventual queda das entradas por satélites vindas daquele país. Porém, a grande maioria aposta exatamente no contrário. Esperam uma série mundial
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lotada, com quebra de marcas e fields gigantescos. Os partidários desta teoria apostam que a impossibilidade de praticar o jogo online faça com que os americanos procurem a “forra” nos eventos live. Indiferentes a tudo isso, para nós brasileiros a expectativa só aumenta sobre o comportamento de nossos jogadores na série mundial. Se analisarmos nosso desempenho nos últimos cinco anos, um fator é preponderante: o país tem melhorado a sua performance a cada ano. Os números mostram que, embora não tenhamos aumentado o número de conquistas de braceletes, conseguimos um aumento na presença brasileira em final tables e também nos ITMs. Além, é claro, de um evidente crescimento na presença brasileira no field das disputas. No ano passado, conseguimos nossos melhores resultados da história. Somente nos eventos paralelos da World Series, conseguimos 33 ITMs e duas mesas finais. No Main Event, colocamos 14 jogadores entre os que entraram na zona de premiação. Outro importante resultado brasileiro foi conquistado pelo jogador Eduardo Parra, que alcançou a 32ª posição no ME do ano passado e ultrapassou a marca do mineiro Rafael Caiaffa*, que já durava dois anos. Parra estabeleceu a melhor posição brasileira da história no maior torneio de poker do mundo. Uma marca que deve perdurar por algum tempo. É muito difícil fazer qualquer prognóstico ou prever como será nosso desempenho neste ano. Eu me lembro bem de outras ocasiões, quando todos os indícios apontavam para um ótimo desempenho brasileiro em séries internacionais e o resultado não foi bem o esperado. Um exemplo recente aconteceu no PCA 2010, quando levamos um imenso número de jogadores para o Caribe e obtivemos uma pífia participação, com apenas 4 ITMs no Main Event e nenhum resultado expressivo nos eventos paralelos. Porém, não existe motivo para não manter a confiança. Se no ano passado estima-se que 250 brasileiros tenham apostado suas fichas na série mundial, neste ano espera-se um número igual ou até maior que este. Uma boa razão para manter o otimismo. E quando o assunto
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é otimismo, André Akkari é hors concours. O paulista já está na capital do jogo e com uma grade cheia de eventos programados para todo o período. Muitos outros irão se juntar a ele. Além de uma série de nomes importantes do nosso feltro que já estão preparando as malas, este ano o time brasileiro recebe ainda um reforço de peso. O fenômeno Caio Pimenta finalmente fará sua estreia em Vegas. Depois de assombrar o poker nacional com o buy-in milionário no Super High Roller do PCA 2011 e de colocar o poderoso Isildur1 pra dançar na recémencerrada SCOOP, o mineiro desembarca na cidade do pecado com apetite para jogo, prometendo “apimentar” ainda mais as disputas. Alexandre Gomes é outro que está em um bom momento. A mesa final no WPT foi outro excelente resultado de nosso campeão, que possui uma galeria de resultados que falam por si só e sempre credenciam seu nome como candidato ao título, em qualquer disputa que apareça. Hugo Adametes, João Bauer e Ariel Bahia são outros nomes que estão brilhando e, se continuarem assim, podem fazer bonito em Vegas. Além deles, Mojave, Decano, Goffi, Brasa, C.K. e Marcos Sketch são sempre boas apostas. Além de vários nomes que não estão sendo citados aqui, mas que podem representar muito bem nosso país nas disputas. Se não bastasse tudo isso, como a história do poker está recheada de anônimos que surgem para conquistas fantásticas, sempre existirão os resultados vindos de jogadores que ainda não apareceram com tanto destaque sob os holofotes. Não devemos descartar esta possibilidade. Embora a presença brasileira ainda seja “pequena” se comparada ao imenso field e à tradição de outros países, nossos resultados provam que o poker está em franca evolução no Brasil e, em se tratando de poker, eu não ousaria apostar contra a possibilidade de um brasileiro entre os November 9, embora essa seja a mais otimista das previsões. Enfim, a expectativa é muito boa para que façamos uma temporada incrível em Las Vegas. Espero que possamos aumentar nossos ITMs no Main Event e, quem sabe, até beliscar algum bracelete nos eventos paralelos. A torcida será grande. See you soon!
*55ª posição/ME - WSOP 2008.
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Guilherme Kalil
xxxxxxxxxxxx A explosão do poker em todo o mundo ainda é muito recente quando comparada a esportes como futebol e basquete e, por isso, as regras do jogo vêm sofrendo diversas adaptações e mudanças nos últimos anos. Apesar de todos os esforços da Tournament Directors Association para que sejam estabelecidas regras comuns para todos os torneios, ainda é possível vermos diferenças significativas entre torneios e até interpretações diferentes entre dois diretores de um mesmo torneio. Uma regra que me chamou a atenção recentemente foi aplicada no Rio Poker Tour, torneio que cobri e joguei no final de março na Barra da Tijuca. Neste torneio, o supervisor técnico Rodrigo Bud estabeleceu que o showdown não poderia ser solicitado por nenhum jogador a não ser que ele tivesse motivos para suspeitar de conluio entre os jogadores envolvidos na mão. É fato que nos torneios brasileiros os jogadores abusam da regra de showdown e é comum vê-los solicitarem a abertura das cartas em mãos consecutivas apenas para a obtenção de informações sobre os adversários. Se, por um lado, na internet o jogador pode sempre olhar as cartas dos adversários ao final de uma mão que foi ao showdown, é consenso entre a comunidade de poker internacional que pedir para vê-las é uma atitude deselegante e que só deve ser tomada em caso de suspeita de conluio entre os jogadores envolvidos na mão, o que é raríssimo. Diante desta realidade temos duas linhas de procedimento no país. Uma é a linha do RPT, que proibiu os jogadores de solicitarem o showdown, e a outra é a do BSOP, torneio que estabeleceu o parâmetro de regras de torneios para o país com base nas regras internacionais, principalmente por ser dirigido pelos dois mais importantes diretores do país, DC e Robigol. No BSOP os
RegRas
do jogo
uM pouCo sobRe As RegRAs de pokeR pelo pAís PoR guilheRme kalil
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1º Trans fish poker
jogadores são autorizados a pedir para ver as cartas dos adversários nas mãos que chegam ao final, e num torneio deste porte a direção não consegue segurar o abuso deste direito. Eu já estive em mesas nas quais o showdown era solicitado por jogadores na grande maioria das mãos e, no BSOP de Salvador em 2010, discuti com um jogador que pediu para ver minhas cartas por três vezes consecutivas. No caso da regra de showdown eu acredito que o ideal seria encontrar um meio termo para que a direção do torneio conseguisse permitir que um jogador a solicite sem abusos. Como a troca dos dealers na mesa é constante e eles não conseguem saber quem vem abusando deste direito, acredito que a melhor forma seria dar ao jogador que não quer mostrar suas cartas o direito de contestar o pedido e solicitar a presença do diretor (ou do assistente dele) a partir do segundo pedido partindo de um mesmo jogador. aÇÃo aNTes da hoRa:
Nas minhas recentes viagens relacionadas a poker tive o prazer de conversar algumas vezes com o empresário Pedro Brites no clube Zahle, um dos maiores do país. Em diversas conversas nós discutimos regras de poker, os motivos pelas quais elas existem e de que forma podem ser melhoradas. No Zahle há uma regra que só é aplicada lá e que visa manter a idoneidade do jogo. Quando um jogador adianta a ação falando antes de sua vez, ao invés de ser obrigado a manter a ação caso ela permaneça inalterada até a sua vez de agir, o jogador tem a sua ação ditada pelo principal prejudicado, ou seja, o jogador que estava com a ação quando ele se adiantou. Para dar um exemplo, suponha que o jogador B faça uma aposta de 3.000 fichas quando a ação estava com o jogador A. O jogador A neste caso passa a ditar a ação do jogador B e este não pode subir mais as apostas depois da ação do A, podendo apenas pagar ou dar fold em suas cartas, a não ser que seja autorizado pelo jogador A a dar raise. Sendo assim, se o jogador A apostar 500 fichas e solicitar que a ação seja paralisada neste valor, o jogador B não poderá reaumentar a aposta. Ele poderá apenas desistir da mão ou pagar as 500 fichas para continuar no jogo. Se o jogador C, que fala entre os dois jogadores, aumentar a aposta do jogador A, a ação estará reaberta para o B, podendo ele agir como quiser, mas, caso a ação seja mantida, as opções dele estarão limitadas às citadas acima. A regra existe porque independentemente de a ação ter sido intencional ou apenas errada, não se deve prejudicar o jogador que estava com a ação no momento, e é fato que este é realmente o maior prejudicado pelo ocorrido. Eu concordo com a justificativa e acho que esta regra segue o princípio básico para a criação de toda a regulamentação do poker, que é manter a integridade do jogo em todos os seus aspectos. De qualquer forma, vale lembrar que antes de jogar qualquer torneio ou cash game é importante que o jogador leia as regras da organização ou do clube para que esteja a par de suas particularidades, comuns até nos Estados Unidos, onde o poker está fincado há muito mais tempo do que aqui. Guilherme Kalil (@guikalil) é apresentador do Pokercast da Bluff Brasil. www.pokercast.com.br.
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UM cAMpeonAto de poker coM pescAriA, oU UM cAMpeonAto de pescAriA coM poker... por Marcelo lanza
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Papo de Homem
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POr GustaVO Gitti
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na bluff w.ww.bluff.com.br
56 – TRANSFISHPOKER: Um campeonato de poker com pescaria, ou um campeonato de pescaria com poker... 64 – GUILHERME KALIL: Regras do jogo 66 – DESENVOLVENDO UM DIÁLOGO INTERNO: Por Dani Stern 68 – POKER COMO UM ESPORTE: Parte III 70 – TRABALHE SUA MENTE PARA O POKER: Por Alex Fitzgerald 72 – SÉRGIO PRADO: Ética no poker 74 – PAPO DE HOMEM: Entre a poker face e o sorriso aberto 79 – TABLOIDE: o maior jornal de poker do mundo 80 – GLOSSÁRIO 82 – RETRATO: O MUNDO DO POKER SEM MIL PALAVRAS
EntrE a
POKEr FaCE EO
sOrrisO abErtO “sei também, desde agora, a mentira que já vais me contar em resposta, e sei que ela será anunciada com o mesmo orgulho que tento velar. Vejamos, enganadores, nós não estamos sós.” – Fábio rodrigues Em uma reunião decisiva, no jantar com aquela mulher ou em qualquer outro jogo, tendemos a cair nos extremos de apego, aversão e indiferença. Agarramos, controlamos, sustentamos experiências nas quais nos sentimos vencedores; evitamos, reprimimos, fugimos de qualquer derrota; ou simplesmente ignoramos, como se o fenômeno não fizesse parte do nosso mundo. A tentativa mental de manipular a vida se expressa em um corpo tenso e um rosto encenado, mesmo quando nos achamos naturais, espontâneos. Já que quase nunca revelamos nossa estratégia (“Eu quero ter sucesso nesse jogo!”), é como se estivéssemos o tempo todo blefando. Ao pedir uma mulher em casamento, por exemplo, prometemos fazê-la feliz, mas não temos as cartas para garantir. Quanto maior o romantismo em um pedido de casamento,
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maior o blefe. E qual o melhor jeito de blefar ou receber um blefe na vida? Reconhecê-lo, iluminá-lo, explicitá-lo, pegá-lo nas mãos, não deixar que ele nos mova ou condicione outros por trás. Podemos sorrir enquanto blefamos, como se revelássemos: “Estou blefando, blefe também”. Ou, do outro lado: “Sei que está blefando e, por isso, o que você fala fica ainda mais interessante”. Aliás, não há método melhor para seduzir uma mulher do que não usar manipulação alguma e não tentar esconder suas estratégias espontâneas de envolvê-la. Reconhecer as dinâmicas da vida como brincadeiras, ver o jogo como jogo sem deixar de jogar, é muito mais interessante do que apenas brincar e correr o risco de se perder na seriedade, sofrer com a solidez dos fatos, ficar preso dentro dos limites de cada mundo construído. Ao sorrir, você não se opõe, não se filia, não luta contra, não cede, não se perturba, não acredita, não é fisgado. Com tal liberdade, somos menos reféns de reações condicionadas por orgulho, preguiça, ansiedade, dispersão, carência, e podemos nos envolver, nos deliciar, realmente nos comunicar autenticamente com tudo que encontrarmos pela frente. Não há nada a defender, sustentar,
esconder, manipular. Não há receio de que alguém nos perceba diretamente. O sorriso vê o jogo de dentro e de fora. O sorriso blefa e mostra que blefa. Não precisamos de uma poker face adicional. Para se relacionar sem artificialidades com o outro, é preciso que nós mesmos nos descubramos artificiais, atores e personagens de nós mesmos. Para não manipulá-lo, deixemo-nos ser manipulados. Para não jogar, entremos no jogo, entendamos as dinâmicas por dentro. Para não mentir, sejamos inteiros mentira. Para não errar, sejamos erro. Quanto ao sorriso comum, esse de abrir a boca, curiosamente ele também é um dos melhores jeitos de lidar com muitas situações. Conhecer alguém chato, fracassar, não saber o que dizer ou fazer, despedir-se, brochar... O sorriso é um dos maiores curingas porque ele é a expressão mais evidente – e difícil de ser simulada – de nossa abertura, de nossa capacidade de ficar em casa em qualquer condição. Nós sorrimos pouco. Soltamos risadas, gargalhamos, mas é raro um sorriso aberto, calmo, parado sobre as coisas, às vezes encontrando o mesmo sorriso em outros olhos. É por isso que desafio os leitores da Bluff a experimentarem afrouxar a poker face e sorrir abertamente, com nossa cara de blefe original, na melhor ou na pior situação, para testar se a qualidade do jogo melhora. Gustavo Gitti é diretor de conteúdo do PapodeHomem (www.papodehomem.com.br).
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W. C. FIELDS
- MAE WEST: O POKER É UM JOGO DE AZAR? - W. C. FIELDS: NÃO DA FORMA COMO EU JOGO. No livro My Little Chickadee. - UM HOMEM QUE NÃO É CAPAZ DE PARTICIPAR DE UM JOGO DE POKER DE PRIMEIRA CLASSE NÃO SERVE PARA SER PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS.
Um dos professores de Eisenhower no Whittier College
- VAMOS COLOCAR NOSSAS FICHAS NO PANO E VER COMO A GENTE SE SAI.
OBAMA
Barack Obama
- EU NUNCA ENTRO DE LIMP NO BOTÃO, NEM DO CUT-OFF, NEM EM TORNEIOS COM ANTES REPRESENTATIVOS, NEM COM CARTAS ALTAS, NEM NO MEU ANIVERSÁRIO, NEM QUANDO ESTOU BÊBADO, E POR AÍ VAI. ENFIM, EU NÃO SOU MUITO FÃ DE ENTRAR DE LIMP. Gus Hansen, Every Hand Revealed
HANSEN
- CONFIE EM TODO MUNDO, MAS SEMPRE CORTE O BARALHO. Benny Binion
FRASES DO
POKER FAMOSAS OU NEM TANTO...
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- SEXO É BOM, MAS POKER DURA MAIS.
Ditado citado no livro The Biggest Game in Town.
Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas maiores de 18 anos.
O Brasil POker TOur cOmeça nO dia 21 de JulhO Finalmente. O BPT chegou e vai impressionar. Se você quiser fazer parte dele, classifique-se já para a primeira etapa no Hotel Transamérica em São Paulo, de graça.
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Curtas do Poker xxxxxxxxxxxx
Curtas Notícias
Bluff Brasil
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ALÊ GOMES DEIXA O POKERSTARS Alexandre Gomes, um dos mais importantes jogadores profissionais de poker no Brasil,
anunciou este mês que não faz mais parte do time do PokerStars. Após três anos de contrato, o jogador anunciou o fim da parceria em seu blog e twitter. “Com um misto de alegria e tristeza, trago pra vocês a noticia de que a partir dessa semana não faço mais parte do time do PokerStars. (...) Infelizmente, muitas coisas mudaram ao longo desse tempo e dada a mudança radical do cenário do poker mundial (Black Friday em especial e etc.), as condições hoje oferecidas em termos de contrato profissional não trazem mais, ao menos pra mim, interesse que justifique me manter atrelado a esse tipo de contrato.” Para tomar esta decisão, ele afirma que levou em consideração a complicada agenda de compromissos contratuais e viagens de torneios que, além de cansativa, conflita também com a chegada de seu primeiro filho: “O ritmo que mantive ao longo dos últimos anos não foi brincadeira, não... chegou ao ponto de me saturar de aeroporto e hotel, sem exagero algum. E como ainda a partir do próximo ano terei o nascimento do meu primeiro filho, não posso deixar de considerar essa mudança como positiva analisando a maior tranquilidade e até mesmo melhor qualidade de vida como um todo.”
NOVEMBER NINE:
Esta formada a mesa final do Main Event da WSOP. A final mais internacional da história do evento será disputada em novembro e conta com os seguintes jogadores:
Martin Staszko (República Tcheca) – 40.175.000 Eoghan O’Dea (Irlanda) – 33.925.000 Matt Giannetti (Estados Unidos) – 24.750.000 Phil Collins (Estados Unidos) – 23.875.000 Ben Lamb (Estados Unidos) – 20.875.000 Badih Bounahra (Belize) – 19.700.000 Pius Heinz (Alemanha) – 16.425.000 Anton Makievskyi (Ucrânia) – 13.825.000 Samuel Holden (Reino Unido) – 12.375.000
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A premiação dos jogadores na mesa final será a seguinte:
1. US$ 8.711.956 2. US$ 5.430.928 3. US$ 4.019.635 4. US$ 3.011.661 5. US$ 2.268.909 6. US$ 1.720.396 7. US$ 1.313.851 8. US$ 1.009.910 9. US$ 782.115
Curtas do Poker
FULL TILT POKER PERDE SUA LICENÇA.
Depois de toda a confusão da Black Friday, um dos gigantes do poker online mundial parece não conseguir sair bem desse imbróglio. Depois de gerar dúvidas sobre o pagamento dos jogadores americanos, mantendo-se calado por um longo período apos os acontecimentos de 15 de abril, o Full Tilt perdeu sua licença para operar jogos online. A Alderney Gambling Comission (AGCC), uma das agências que fiscalizam sites de jogos online, com sede nas ilhas britânicas, revogou a licença de operação da room fazendo com que os servidores do Full Tilt Poker saíssem do ar. A AGCC declarou que “a decisão de suspender esta licença segue uma investigação especial solicitada pela Procuradoria Geral do Distrito Sul dos EUA no dia 15 de abril de 2011, na qual foram encontradas razões para acreditar que estes licenciados e seus associados operavam de maneira contrária à legislação de Alderney”. Por outro lado, uma matéria publicada no Los Angeles Times garante que a Pocket Kings, empresa proprietária da marca, já tem um acordo de venda da maioria de suas ações para um grupo de investidores europeus. A venda da empresa traz esperança para todos os jogadores com dinheiro preso no site por facilitar a renovação da licença, o que faria o site voltar a operar normalmente e garantiria dinheiro novo para os acertos pendentes nos EUA. A audiência para a renovação da licença com a AGCG será realizada no dia 26 de julho.
O BRASIL NA WSOP
Com um bracelete e 57 ITMs, o Brasil alcançou nesta WSOP a melhor colocação da história do país em 42 anos de World Series of Poker. O sétimo lugar geral por países, 3 posições acima da colocação do ano passado, e uma premiação total de US$ 1.303.612 mostram uma evolução do poker em nosso país. Confira abaixo todos os ITMs brasileiros na mais importante série de torneios do cenário mundial:
Evento 12 - US$ 1.500 No-Limit Hold’em Triple Chance 127. Ariel “Bahia” Celestino - US$ 2.822. Evento 15 - US$ 1.500 Pot-Limit Omaha 14. Ariel “Bahia” Celestino - US$ 10.864.16:30 ET Evento 17 - US$ 1.500 H.O.R.S.E. 45. André Akkari - US$ 4.771. Evento 28 - US$ 1.500 No-Limit Hold’em 23. Marcelo Horta - US$ 17.145. 75. Roberto Watanabe - US$ 5.703. 151. Luiz “mestrefilipe” de Andrade - US$ 3.375. 197. Rafael Cohen - US$ 3.037. 277. Tiago Laude - US$ 2.733. Evento 30 – US$ 1.000 Seniors No-Limit Hold’em Championship 224. Hilary Samy Reicher - US$ 2.329. Evento 31 - US$ 3.000 Pot-Limit Omaha 56. Ricardo Furuguem - US$ 6.077. Evento 32 - US$ 1.500 No-Limit Hold’em 7. Rodrigo Garrido - US$ 85.556. 78. Guilherme Garcia - US$ 6.337. 270. Ricardo Nakamura - US$ 2.786. Evento 33 - US$ 10.000 Seven Card Stud Hi-Low Split-8 or Better Championship 10. Felipe “Mojave” Ramos - US$ 43.317. Evento 34 - US$ 1.000 No-Limit Hold’em 47. Gualter Salles - US$ 7.611. 265. Daniel Duarte - US$ 2.093. 266. Igor Ferreira - US$ 2.093. 293. Rafael Campos - US$ 1.895. Evento 36 - US$ 2.500 No-Limit Hold’em 59. Bruno GT - US$ 11.045. 93. Cláudio Baptista - US$ 6.824. Evento 38 - US$ 1.500 No-Limit Hold’em 148. Rodrigo Nascimento - US$ 3.314. Evento 42 - US$ 10.000 Pot-Limit Omaha Championship 14. Felipe “Mojave” Ramos - US$ 41.637. Evento 43 - US$ 1.500 No-Limit Hold’em 1. André Akkari - US$ 675.117. Evento 45 - US$ 1.000 No-Limit Hold’em 148. Bruno Foster - US$ 2.548.
Evento 48 - US$ 1.500 No-Limit Hold’em 29. Marcos Palermo - US$ 15.089. 103. Adolfo Pereira de Souza - US$ 4.102. 129. Vagner Casatti - US$ 4.102. Evento 50 - US$ 5.000 No-Limit Hold’em Triple Chance 18. Christian Kruel - US$ 31.679. 38. Gualter Salles - US$ 17.817. Evento 51 - US$ 1.500 Pot-Limit Omaha Hi-low Split-8 or Better 6. Marco Oliveira - US$ 43.830. 17. Igor “Federal” Trafane - US$ 10.229. 87. Alexandre Gomes - US$ 2.873. Evento 52 - US$ 2.500 Mixed Hold’em (Limit/No-Limit) 53. Rafael Matte - US$ 5.106. Evento 54 - US$ 1.000 No-Limit Hold’em 60. Hugo Adametes França - US$ 8.772. 63. Luís Campelo - US$ 8.772. 152. Marcio Segalin - US$ 3.624. 199. Luís Osório Campelo - US$ 3.088. 263. Túlio Coelho - US$ 2.676. 265. Rodrigo Félix de Sousa - US$ 2.676. 307. Marcelo Mauad - US$ 2.347. 404. Norson Saho - US$ 2.059. Evento 56 - US$ 1.500 No-Limit Hold’em 20. Cassimiro Lima - US$ 22.784. 25. Antônio Rodrigues - US$ 22.784 135. Igor Pereira - US$ 4.575. 153. Félix Hiroito - US$ 4.026. 252. João Darella - US$ 3.202. 288. Thiago “Decano” Nishijima - US$ 3.202. 291. Roberto Lifschitz - US$ 2.882. Evento 57 – US$ 5.000 Pot-Limit Omaha Hi-low Split-8 or Better 19. Marcelo Costa - US$ 12.623. Evento 58 – Main Event - US$ 10.000 No-Limit Hold’em Championship 36. Hilton Laborda – US$ 242.636. 42. Fabio Sousa - US$ 196.174. 159. Paulo Cesar “PC” Ribeiro - US$ 54.851. 181. Fernando Brito - US$ 47.107. 236. Nelson Dantas - US$ 40.654. 542. Adriano Mauá - US$ 23.876. 631. Marco Petrelluzzi - US$ 19.359. 650. Christian Kruel - US$ 19.359. 676. Denilson Menezes - US$ 19.359.
ERRATA
Diferentemente do que anunciava nossa última capa, o artigo escrito por Alex “assassinato” Fitzgerald, Trabalhe sua mente para o Poker, não saiu na edição passada, mas pode ser encontrado nesta edição na página X. Pedimos desculpas pelo erro.
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José Irineu
BY DARIO MINIERI
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24 HORAS DO POKER POR JOSÉ IRINEU
24 horas é uma das minhas séries favoritas. Pra quem não a conhece, a série trata sobre um dia na vida de Jack Bauer, cada temporada tem 24 episódios e cada episódio dura uma hora. Essa série se relaciona com o poker sob um ponto de vista, ter balls (peito) pra tomar uma decisão. Ao longo das 8 temporadas, todos os principais personagens se viram diante de situações impossíveis, nas quais a decisão era basicamente escolher entre o ruim e o pior, e eles tomavam a decisão com elegância. No poker, um jogador profissional de cash game online chega a tomar 800 decisões por hora. Embora uma grande parte dessas decisões já esteja automatizada, sobra um parcela considerável de decisões que determinam o quão bom esse jogador é. Em torneios de poker não temos essa pressão de quantidade de decisões por minuto, mas temos a pressão de tomar a decisão muitas vezes, quando decidir entre call, push ou fold determina o sucesso ou insucesso de horas ou, no caso de torneios ao vivo, dias de jogo. E o que faz tanto os personagens de 24 horas como os jogadores profissionais de poker terem sucesso nas suas decisões? Preparo. Jogadores profissionais são extremamente preparados. Usando a mim mesmo como exemplo, enquanto preparo este texto, estou com um vídeo de um site de treinamento de fundo e terminando aqui
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vou fazer um review das minhas últimas mãos. Leio todo dia sobre poker, procuro artigos, discuto mãos e penso em poker durante uma grande parte do dia, para que, quando vier aquela decisão difícil, eu tenha recursos suficientes na minha cabeça para tomar a decisão com uma chance pequena de erro. Na ficção não é diferente, todos os personagens são altamente capacitados e têm o que é necessário para tomar decisões rápidas e precisas, uma vasta biblioteca de informações na cabeça, construída ao longo de anos de estudo e experiência prática. Esses dias eu vi uma cena que elucida bem o processo de tomada de decisão. Jack e a CTU têm 3 apartamentos com movimento pelo infravermelho depois de disparado o alarme de incêndio. Chloe lhe dá a informação de que no segundo andar tem uma senhora que não anda. O quarto e o sexto andares são ocupados por homens solteiros, mas o quarto tem um cara com passagem por tráfico. Jack imediatamente presume que o vilão não se associaria a alguém com passagem por tráfico e decide ir direto ao sexto andar. Eu imagino que qualquer pessoa sem experiência nesse ponto escolheria invadir o apartamento do quarto andar e obviamente erraria feio. Nesse caso Jack não só tomou a decisão correta, como o fez com segurança e rapidez, o que era essencial naquela cena fictícia. Voltando ao poker, recordo-me de uma mão na mesa semifinal em um torneio
mid stakes online. A mão chega em fold até mim no small blind, eu tenho J6. Decido aumentar 3 vezes o blind, que está em mil, na tentativa simples de roubar as fichas na mesa. O vilão, com 28 mil fichas, me dá uma 3-bet pra 8.800, deixando exatas 20 mil pra trás e na hora eu decido ir all-in com minhas 69 mil que sobraram depois do raise. Esta não é uma decisão simples, embora eu tenha quase o triplo de fichas do vilão, J6 é uma mão que joga muito mal contra o range de cartas com as quais o vilão vai me pagar. Mas minha biblioteca de informações me faz concluir que o vilão vai desistir da mão uma quantidade de vezes muito superior à que eu precisaria pra essa jogada ser lucrativa. Toda essa ação leva mais ou menos uns 30 segundos. No poker online o time tell é uma ferramenta importante e se eu demoro muito pra decidir ir all-in, posso encorajar meu adversário a pagar com uma carta que ele não pagaria, o que seria péssimo, pois meu J6 nunca vai aparecer ganhando. Tomar decisões é uma arte, seja no poker, no trabalho ou na balada, quando você decide tentar a sorte com aquela gata. Prepare-se antes, simule situações na sua cabeça, estude o assunto e crie a biblioteca de informações que lhe permita tomar a decisão correta na maioria das vezes. Além disso, não tenha medo de errar, pois nem Jack Bauer, nem jogadores profissionais de poker acertam 100% das vezes.
eventos
O BRASIL NO ONLINE
COMO OS JOGADORES BRASILEIROS SE SAÍRAM NAS MAIORES SERIES ONLINE DO PLANETA
A
Após o encerramento das últimas edições do SCOOP e do FTOPS, o Brasil fez bonito nas duas tradicionais séries online. No SCOOP - Spring Championship of Online Poker, ainda nos primeiros dias de disputa ficou claro que os brasileiros não estavam para brincadeira. No Evento #3 No-Limit Hold’em 6-Max com rebuys, brilhou o jogador Ivan Santana, mais conhecido como “RoyalSalute”, que ficou com a terceira posição em uma disputa que teve buy-in de $500+30 e 372 inscritos. Como premiação, levou mais de $40 mil e colocou seu nome na quarta posição no ranking dos brasileiros que tiveram os melhores “cashes” na disputa. No Evento #20, obtivemos dois importantes resultados. Na versão “Medium”, que teve buy-in de $200+15 e 6.449 inscritos, o jogador “vonBaranow” conquistou nosso melhor resultado na série, com a primeira colocação. Mesmo fazendo um acordo quando restavam somente três jogadores na disputa, “vonBaranow” levou cerca de $176 mil pela vitória e conquistou, com folga, a primeira posição no ranking brasileiro de maiores “cashes” na temporada 2011 do SCOOP. Já na versão “High” do mesmo
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POR AMÚLIO MURTA evento, que teve buy-in $2.000+100, o jogador “RAKUTE” alcançou a sexta posição, entre os 673 competidores inscritos. Com isso, recebeu uma premiação de mais de $50 mil e ficou com a terceira posição no ranking brazuca. A segunda posição no ranking brasileiro ficou com Fabiano Kovalski. O jogador da Poker Villa ficou com o vice-campeonato no Evento #5. O torneio, que teve buy-in de $100+9 com rebuys, contou com 1.700 inscritos. Com o resultado, Fabiano recebeu uma premiação de mais de $62 mil, o que ajudou a colocar o seu nome na segunda posição no ranking brasileiro do ano no SCOOP. Ao longo dos 114 torneios disputados no SCOOP 2011, os jogadores brasileiros conseguiram entrar 2.009 vezes na zona de premiação. Com isso, geraram um total de $1.453.830,72 em premiação recebida e colocaram o país na 9ª colocação geral da competição, que teve a Alemanha como país mais vitorioso. No ranking organizado pelo PokerStars, e que premia o desempenho ao longo de toda a série, o brasileiro que alcançou a maior pontuação foi o mineiro Caio
Pimenta. Caio somou 200 pontos, entrando 12 vezes na zona de premiação e conquistando cerca de $39 mil em premiação. Com isso ficou na 40ª colocação no ranking geral e na 7ª posição no ranking dos cashes brasileiros na disputa. Além dos jogadores citados acima, outros nomes conhecidos brilharam no SCOOP 2011, como Thiago Decano, Bruno GT, Fellipe Nunes, Rodrigo Caprioli e Hugo Adametes que, por sinal, apareceu também no FTOPS, do Full Tilt Poker. Ao todo, o país esteve em 31 mesas finais da série. Falando ainda do SCOOP, Adametes reservou uma das maiores emoções brasileiras na disputa, quando iniciou o dia 2 do Main Event “High” da série na sétima posição entre os 22 jogadores que ainda estavam na disputa. Infelizmente, no segundo dia do torneio, que teve buy-in $10.000+300, Adametes acabou eliminado na 14ª posição, após perder uma série de coin flips e mãos em que entrou como favorito. Pela 14ª posição Hugo recebeu mais de $40 mil e colocou seu nome na 5ª colocação no ranking Brasileiro na disputa. Confira abaixo quem forma a lista dos 31 melhores brasileiros no SCOOP 2011:
Maiores Cashes Brasileiros na SCOOP 2011 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
vonBaranow Kovalski1 RAKUTE RoyalSalute Adametes hneves182 caio_pimenta Marco_arruda FellipeNunes theNERDguy BrazilianDog Caprioli LiroLa urubu111 XTheDecanoX MarcelezaBH Tcarinhato PADANG-PRO vgreen22 tom6969222 Zekasurf Bruno GT Andredos Seijistar Guiguibos sketch1967 binhoeiji MESQUEUBR GuitosBR GM_VALTER insfran
$176,000.00 $69,833.68 $57,205.00 $48,647.77 $47,500.00 $40,071.56 UM CAMPEONATO $39,180.94 $37,710.27 $36,954.99 $29,155.49 FTOPS Full Tilt Online Poker Series $28,245.40 A 20ª edição da tradicional série de torneios $27,868.67 online do Full Tilt Poker foi composta de 45 eventos e teve um prize pool total garantido $24,911.08 de $38 milhões. O Brasil teve boa participação $22,800.00 na série, com vários bons resultados e quinze mesas finais, nas quais se destacaram nomes $18,045.36 conhecidos como Thiago Decano, Caio Pessagno, $17,000.40 Matheus Pimenta e João Simão, entre outros. Os pontos altos da participação brasileira $16,768.60 no FTOPS XX ficaram por conta dos jogadores $16,762.50 Ariel Bahia e Hugo Adametes. O melhor deles obtido pelo jogador Ariel Bahia, que conseguiu $15,750.58 conquistar nada mais nada menos que o maior resultado da história do poker online nacional, $15,692.80 cravando o Main Event da série. $14,268.00 Para sagrar-se campeão do ME do FTOPS, Ariel teve que superar 4.665 jogadores, em $13,884.83 cerca de quinze horas de disputa. O torneio $13,877.83 teve buy-in de $600+40 e gerou um prize pool de quase $2,8 milhões. Graças a um acordo $13,834.05 feito quando o jogo ainda estava com quatro $13,123.93 jogadores, Bahia garantiu uma premiação de $336,6 mil, a maior já conquistada por um $12,499.50 brasileiro em um torneio de poker online. Além $12,038.38 deste fantástico resultado, Ariel ainda apareceu na mesa final de outro torneio da mesma série. $11,771.79 No Evento #32, disputado na modalidade No-Limit Hold’em Rush, Bahia alcançou a 4ª $11,064.54 colocação e pelo resultado somou mais $17 mil $10,280.98 conquistados na série. Se na última edição do FTOPS (19ª edição) $10,184.94 Hugo Adametes bateu na trave, ficando com a segunda colocação no Evento #4, na 20ª edição da série online ele não teve do que reclamar. No evento #23, No-Limit Hold’em, buy-in de $150+13 e rebuys, ele não deu chance para os
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adversários e ficou com a primeira colocação. Graças ao resultado, no torneio que contou com um field de 642 inscritos, Hugo recebeu cerca de $60 mil e confirmou seu nome como um dos maiores do online brasileiro na atualidade. Confira logo abaixo o ranking com os maiores cashes de brasileiros na 20ª edição do FTOPS:
F T O XX Maiores Cashes Brasileiros na no FTOPS PS 1 ArielBahia $381,188.99 2 cassiopak $61,250.00 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
adametes TheHebrewPeople joaosimaobh Renanr0x n00ki5 GM_VALTER Pessagno pimenta7 xYuriDzix andreosa InterneTT93o DecanoBR
$56,935.71 $29,876.00 $29,450.80 $9,685.00 $8,620.00 $8,557.20 $7,253.35 $5,568.00 $5,250.00 $3,750.00 $2,025.00 $1,486.80
Mini-FTOPS O poker de Luto
No dia 15 de maio, o jogador Joel Marostica enfrentou mais de trinta mil jogadores em uma disputa que ultrapassou as 13 horas de duração. A vitória no Evento #22 NL Hold’em Knockout, com multientradas e buy-in de $12 + 1, rendeu ao catarinense mais de $30 mil e foi sua primeira grande conquista no poker. A vitória foi muito comemorada por toda a comunidade do poker e virou notícia em vários sites especializados. Poucos dias após comemorar a vitória, a comunidade do poker nacional sofreu um abalo com a notícia de que o vencedor da disputa havia falecido, vítima de um acidente automobilístico no interior de Santa Catarina. Muitos jogadores manifestaram a sua tristeza nas redes sociais. A jogadora Camila Kons postou em seu mural no Facebook: Camila Kons - “Acordo hoje e recebo a pior notícia que eu poderia imaginar. Amigo e parceiro de grind, Joel Marostica faleceu em um acidente de carro. Como pode isso?? Piá tava em um momento mega feliz da vida dele, tinha vencido um torneio grande e tava programando viagem a Vegas. Inacreditável!!! Estou realmente muito triste =(” André Akkari foi outro que também se manifestou através de seu Twitter: “Poxa, só fiquei sabendo hj, que notícia triste sobre o Joel Marostica, sentimentos à família e amigos! O poker está de luto!” A BLUFF deixa aqui a sua homenagem ao jogador Joel Marostica que tão cedo deixou as mesas.
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BLUFF • JUNHO 2011 Luziânia-GO
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E
UMA HOMENAGEM AOS GRANDES AMIGOS E ÀS
ESCOLHAS VALIOSAS
Eu tinha acabado de sair da faculdade quando meu amigo Gary e eu costumávamos jogar gamão. Nós jogávamos muito. E quando eu digo muito, é muito mesmo. Deixe-me mostrar como era uma semana típica da vida desses dois amigos degenerados. Naquele tempo eu era engenheiro e ele era bancário. Durante várias semanas consecutivas, os eventos a seguir ocorreram. A sexta-feira ia embora, nossa jornada de trabalho havia acabado e, em vez de sair e curtir nossas vidas, nós jantávamos, abríamos o tabuleiro e nos desconectávamos do mundo lá fora enquanto jogávamos uma partida atrás da outra. (Nota: Nós jogávamos por meros 25 centavos por ponto! A ideia era provar quem era o melhor, sem se importar com o dinheiro envolvido.) A noite da sexta ia para a tarde do sábado, e daí para a noite outra vez, e antes que nos déssemos conta, ainda estávamos jogando no domingo. Nós sempre nos controlamos para terminar no domingo à noite. Afinal, nós tínhamos que trabalhar na segunda-feira de manhã. Sessões de cinquenta horas. A gente não via a hora passar. Era insano! Nós sempre começávamos com boas intenções. “Vamos jogar só umas quatro ou cinco horas e depois vamos dormir. Assim ainda temos o fim de semana livre pra fazermos o que quisermos. Todo o sábado e todo o domingo!” Mas não era assim que acontecia. Nunca foi. Apesar de nos sentirmos mal durante a semana, nós nunca aprendemos. Nós sempre nos arrependíamos daquelas sessões enormes. Como podíamos ser tão estúpidos a ponto de gastar o fim de semana inteiro jogando gamão? Eu nunca vou me esquecer do dia em que o Gary disse, “Ei, Phil, este jogo está acabando com as nossas vidas. Nós nunca vamos chegar a lugar algum se mantivermos esta rotina. Talvez seja melhor a gente parar. O que você acha?” Foi bom ele ter tido a ideia de falar isso. Eu duvido que um dia o faria. Felizmente, entretanto, eu era esperto o bastante para ver que fazia sentido. E foi o que fizemos. Nós paramos com o jogo. Mas parar não era o bastante. Nós precisávamos de mais do que isso.
MUDAR DURANTE OS BONS TEMPOS PODE NOS LEVAR A UM LUGAR AINDA MELHOR POR PHIL LAAK
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Nós pegamos o tabuleiro e o jogamos no lixo. E não foi em um lixo dentro de casa! Nós o jogamos lá fora, assim não teria como voltar atrás. Foi um dia bacana. Um dia muito bom, de verdade! Nós tínhamos nossos fins de semana de volta. Saíamos de casa nos fins de semana. Encontrávamos outras pessoas. Fazíamos planos. Fazíamos coisas. Foi muito bom termos nos livrado daquele tabuleiro. Muito bom mesmo. Nós cuidávamos das nossas vidas e, apesar de eu ter sido feliz com aquelas sessões gigantes, eu era mais feliz por tê-las agora somente na memória. De qualquer forma, cinco anos se passaram sem sequer falar de gamão, até que eu vi um folheto de um torneio de gamão de uma faculdade local. Uma tempestade de memórias caiu sobre mim de uma vez. Uau! Gamão, eu adorava este jogo. Eu parei pra pensar se eu poderia ir e ver como era. Parei pra pensar se seria forte o bastante para não gastar o fim de semana inteiro jogando. E também parei pra pensar em como era um torneio de gamão. “Hmmm”, eu pensei. “Talvez eu deva ver como é. Digo, por que não? Eu estou sem emprego agora, então não vai me atrapalhar em nada.” O dia em que vi aquele folheto foi um dos maiores dias de sorte da minha vida. Antes deste dia, eu pensava que gamão era somente algo que você jogava com um amigo de vez em quando. Eu não fazia ideia de que as pessoas jogavam isso por dinheiro, não 25 centavos por ponto, mas dinheiro de verdade.
Eu nunca mais tive um emprego de verdade. Nunca mais precisei. As pessoas jogam valendo dinheiro, e isso mudou TUDO! Obrigado a quem quer que seja que distribuiu aquele folheto. Você mudou minha vida para sempre.
Eu não era um gênio, mas naquela primeira noite percebi que eu era melhor do que alguns dos que jogavam a dinheiro naquele lugar. Eu joguei com eles e isso foi bom. O mesmo jogo, mas com um significado completamente diferente. Eu deixei os fins de semana gastos em batalhas de ego para jogar por dinheiro, e era bastante grana rolando. Era mais do que o dinheiro do aluguel. Uau. Foi uma baita sorte eu ter visto aquele folheto. Eu nunca mais tive um emprego de verdade. Nunca mais precisei. As pessoas jogam valendo dinheiro, e isso mudou TUDO! Obrigado a quem quer que seja que distribuiu aquele folheto. Você mudou minha vida para sempre. Assim, uma coisa me levou à outra, e em um determinado momento o gamão me levou ao poker, o poker me levou a praticamente tudo de bom que tenho em minha vida e, bem, é isso. Eu não poderia ser mais feliz. É engraçado pensar sobre quão certo foi jogar fora o tabuleiro naquele determinado dia e como, cinco anos depois, foi certo começar novamente. O jogo era o mesmo, mas o que eu ganhava com ele era completamente diferente. Sócrates acertou quando disse, “Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida.” Mas o que ele se esqueceu de dizer é que nós devemos também (de tempos em tempos) analisar novamente as coisas que já decidimos. As coisas mudam, você sabe como é! BLUFF • JULHO 2011
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É TUDO NOSSO! POR GUILHERME KALIL
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Na que
primeira
vez
em
o jogador André Akkari foi entrevistado pelo Pokercast, eu o apresentei com as seguintes palavras: Akkari é unanimidade absoluta no poker brasileiro, jogador profissional do PokerStars, pai de família, um dos grandes talentos e uma das grandes personalidades do poker brasileiro. Desde a entrevista, André deixou de ser uma das personalidades mais importantes do nosso esporte e se transformou na maior personalidade deste. Patrocinado pelo maior site de poker do mundo, André há muito tempo deixou de ser apenas jogador e passou a ser empresário, sendo hoje sócio da TV Poker Pro, a mais importante Web TV de poker do país, mas, muito mais do que isso, ele virou uma espécie de porta-voz do poker brasileiro por diversos motivos. A função que hoje ele cumpre muito bem se deve a algumas de suas características que são muito pessoais: André é um jogador fenomenal, simpático, carismático, inteligente, muito bem humorado e defende como poucos a bandeira verde e amarela. Além disso, ele não perde a oportunidade de dizer que é Corinthiano e tem orgulho de ser nascido e criado no bairro do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, onde fica a sede de sua empresa. Em 2011 Akkari saiu do país confiante em mais uma viagem para jogar a WSOP em Las Vegas, onde morou em 2009 com a esposa e as duas filhas. Na bagagem ele levou a experiência de um jogador que, segundo o site Pocket Fives, tem, só no PokerStars, quase dois milhões de dólares ganhos em torneios, incluindo uma primeira colocação no Sunday 500, cuja entrada custa 500 dólares, e um heads-up na maior série de torneios virtuais do mundo, o WCOOP, que teve buy-in de $10.300 e rendeu a ele a premiação de $200.000. Este torneio foi jogado na modalidade HORSE, na qual são jogados cinco formatos de poker, e tem tradicionalmente um dos fields mais difíceis de serem enfrentados no poker mundial.
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WSOP 2011
O evento #43 foi o décimo quarto torneio jogado por André na temporada em Vegas e teve a participação de 2.857 jogadores. A premiação total do evento foi de $3.856.950 e o buy-in do torneio foi de $1.500. O torneio durou 4 dias e André chegou a ficar shortstack, tendo sido quase eliminado quando faltavam pouco mais de 40 jogadores, mas ele conseguiu se recuperar e entrou na mesa final na terceira colocação em fichas. Após a queda do terceiro colocado, foi formado o heads-up entre André e o norteamericano Nachman Berlin. Ao término do dia, Akkari tinha 3,4 milhões de fichas, e o americano tinha quase 9,5 milhões. No heads-up ele se aproveitou muito bem de sua superioridade técnica sobre o adversário e do apoio da torcida brasileira, consciente de que se ele dobrasse apenas uma vez, empataria com Berlin. Ainda assim André jogou com uma mistura de agressividade e calma, evitando coin flips em all ins pré-flop, ganhando as fichas do adversário aos poucos até tomar a frente e finalmente vencer o combate. O jogador mostrou no duelo por que é um dos melhores do mundo. Enquanto seu adversário em alguns momentos demonstrou impaciência e nervosismo, inclusive jogando suas cartas sobre a mesa com força, André só se alterava na hora de vibrar pelos potes puxados. Pelo resultado, André Akkari ganhou $675.117 e o prêmio mais importante na carreira de um jogador profissional de poker: um bracelete da WSOP!
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TORCIDA
Em seu site oficial, a WSOP parafraseou o filme “This is Spinal Tap” dizendo que se a escala de volume vai de 1 a 10, a torcida brasileira estava gritando no 11, e eu não poderia ter escolhido uma definição melhor. O que se viu nas arquibancadas do Rio foi desde Olas até gritos de torcidas organizadas, empurrando o brasileiro para a vitória durante toda a mesa final e eventualmente cantando músicas que zombavam e davam apelidos aos adversários, tudo em português, claro, para que ninguém entendesse. Em entrevista ao jornalista Ari Aguiar da ESPN, Akkari disse que em certo momento, durante o heads-up decisivo, seu oponente afirmou ser tão azarado que seu adversário na reta final do torneio mais importante de sua vida foi um brasileiro, que tinha consigo aquela torcida ensandecida. Torcida que, diga-se de passagem, contou com diversos dos maiores nomes do poker brasileiro, como Felipe Mojave, Alexandre Gomes, Maridu, João Bauer, o presidente da
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Confederação Brasileira Igor Federal e mais algumas dezenas de jogadores que estavam em Vegas e pararam suas atividades e torneios para torcer pelo André. O sempre sorridente Victor Marques, apresentador da Tv Poker Pro e colunista da Bluff, chegou a ser retirado do salão pelos seguranças do evento no penúltimo dia. No dia final, Vitão estava de volta ao salão, onde pôde comemorar o incrível título de André estourando uma champagne! A medida mais comum para se avaliar jogares internacionalmente é o número de braceletes. O jogador Phil Hellmuth, por exemplo, não se cansa de dizer que é o maior jogador de poker do mundo pelo fato de ter conquistado 11 braceletes da WSOP ao longo de sua carreira. Outras lendas vivas do poker, como Doyle Brunson e Phil Ivey, têm, respectivamente, 10 e 7 braceletes conquistados. O bracelete de Akkari foi o segundo conquistado por um jogador brasileiro. O primeiro foi vencido por Alexandre
Gomes em 2008, no evento #48 daquele ano. Alê enfrentou um field de 2.317 jogadores e recebeu pouco mais de $770.000 pela conquista. Se o pequeno número de braceletes brasileiros parece impressionar negativamente, é necessário levar em consideração que o poker como esporte é muito recente no Brasil, e que o Phil Hellmuth, por exemplo, conquistou seu primeiro bracelete há 22 anos, quando Akkari e Gomes eram crianças. Além disso os jogadores dos EUA, onde o poker é extremamente popular há décadas, constituem um percentual enorme do field dos torneios. Não exagero em falar que a conquista do bracelete por André Akkari se equivaleria em importância para o poker em nosso país a uma conquista do Main Event da WSOP por Phil Ivey, caso este tivesse vencido o November 9 ano passado, tamanha a força e a grandeza da figura de Akkari e o carinho de toda a comunidade de poker por ele.
NAS MÃOS CERTAS
O fato do bracelete ter chegado ao Brasil pelas mãos de Akkari tem um grande valor agregado. Por todas as características positivas do jogador, por seu carisma, pelo fato de ser o embaixador do poker no país e, por fim, devido ao fato de ser o jogador mais conhecido do PokerStars, que investe com muita força na visibilidade de sua marca, o título terá muita visibilidade, o que, guardadas as devidas proporções, pode gerar um Efeito Moneymaker no país. O jogador recentemente teve seu twitter eleito como o terceiro mais influente do mundo do poker, atrás apenas de Daniel Negreanu e Dan Fleyshman, do site Victory Poker, e à frente de nomes como Doyle Brunson, Phil Ivey e Phil Hellmuth. O site que o listou nesta posição foi o Klout, que leva em consideração o alcance dos tweets, a reação às mensagens postadas, e o quão influentes são as pessoas que retwittam, seguem e listam o usuário. André tem em sua conta mais de 13.000 seguidores. Além disto ele é comentarista da ESPN e tem seu blog hospedado na UOL, o que deixa sua imagem com mais evidência do que a de qualquer outro jogador brasileiro. Ele também foi eleito um dos homens do ano de 2010 no esporte pela revista Alpha, da Editora Abril, ao lado personalidades como Eike Batista, Lula, Wagner Moura e Vik Muniz. Diversos grandes portais de notícias, redes de televisão e emissoras de rádio falaram da conquista do brasileiro, sempre mostrando imagens que remetem ao trabalho dos que defendem o poker no país, entre eles André Akkari. É sempre positivo ver o poker ser mostrado despido de preconceitos antigos, e praticado dentro de um cassino que funciona como uma arena esportiva, que é o que o poker moderno é. A principal diferença entre o bracelete conquistado por ele e o bracelete de Alexandre Gomes é que, ao ganhar seu bracelete, Gomes era um jogador relativamente desconhecido, apesar de, depois da vitória, ter mostrado que está no nível dos maiores jogadores do mundo, já que conquistou um título de WPT e tem em seu currículo mesas finais de LAPT, EPT e do que muitos consideram o torneio mais importante depois do Main Event da WSOP, o PCA de Bahamas.
TRANSMISSÕES
Uma das mais representativas mudanças que a WSOP fez em 2011 foi a transmissão aberta para todos os que quiserem assistir às mesas finais pela internet. A transmissão é feita via HD, com câmera fixa, mas permite aos torcedores assistirem a toda a ação com apenas 5 minutos de delay, o faz com que torcer por alguém seja bem mais confortável do que as coberturas apenas escritas de anos anteriores e a fraca transmissão ao vivo da WSOP 2010, cuja transmissão era limitada a quem se registrava e tornava quase impossível para jogadores de fora dos Estados Unidos assistirem. Durante os dois últimos dias do evento o #VamoAkkari esteve entre os top trending topics do twitter nacional, que lista as palavras mais citadas no microblog. Além disso, o jogador e empresário brasileiro Caio Brites fez a transmissão via twitcam direto da arquibancada, onde ele narrava os acontecimentos e mostrava tudo o que estava acontecendo no Rio Casino em tempo real. A transmissão teve a participação de diversos grandes nomes nacionais, como Maridu, Victor Marques e Eduardo Sequela.
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ARMADILHAS
DO HOLD’EM
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QUER VENCER UM JOGADOR MUITO AGRESSIVO? APRENDA A DAR CHECK E CALL
Jogar poker contra oponentes inteligentes e muito agressivos pode ser traumático e assustador. Não para mim, entretanto. E não para você, tampouco, depois que terminarmos nossa conversa de hoje. Chegue perto, assim posso falar baixinho. Esses jogadores que você instintivamente teme são, na verdade, alguns dos mais fáceis de se combater. Você pode argumentar que esses jogadores estão tomando conta do jogo forçando em suas apostas e raises e acumulando montanhas de fichas. É claro que não é fácil batê-los, ou eles não seriam vencedores. Este é um pensamento interessante. Então aí vai o que eu penso a respeito disso. Sim, eles jogam um poker de grande nível. Sim, eles são vencedores. Sim, às vezes você deve jogar como eles. Sim, sim, sim! Sim, porque ser muito agressivo funciona para eles. Bom trabalho, guerreiros do poker. Vocês são jogadores valiosos, todos vocês. Suas mães, pais, irmãs, irmãos e amigos estão orgulhosos de vocês. Vocês são ferozes e destemidos, cruéis e vencedores. Ainda assim, Mike Caro considera vocês apenas gatinhos. Miau! Bem, eu conheço o Mike melhor do que qualquer um, e ele está certo a respeito disso. Vamos analisar. A VERDADE SOBRE A AGRESSIVIDADE NO POKER A melhor forma de se vencer no poker, se você não é extremamente habilidoso, é sentar e esperar. Você precisa jogar de forma
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POR MIKE CARO, ‘THE MAD GENIUS OF POKER’ extremamente tight. Na maioria dos jogos, este estilo simples pode ser rentável, mas não muito. A razão pela qual esse estilo funciona é que seus oponentes mais fracos jogam mãos demais e pagam apostas demais. Isso significa que se você só joga com as melhores cartas, vai enfrentar diversas mãos mais fracas e vencerá na maioria das vezes. As mãos não tão fortes com as quais você está dando fold por ser muito seletivo são aquelas que não dão um retorno tão grande. Mas, quando você junta todas elas, tem uma boa perspectiva de ganhos. É por isso que jogar de maneira muito tight não é o caminho certo para se tornar uma estrela do poker. Certo. Então qual é a trilha para se obter grandes ganhos? O conselho que você sempre ouviu – “jogue tight, mas de forma agressiva” – é lucrativo. Mas quão agressivo? As grandes estrelas não são agressivas demais? É claro que são. Mas a maioria de seus adversários se intimidam e não tiram vantagem disso. Na verdade, é por isso que tal agressividade funciona. A SOLUÇÃO É bem simples. Eu sempre descrevo esses jogadores ultra-agressivos como valentões do poker. Você também deve agir assim, se os seus adversários permitirem. Mas você não pode permitir que os outros façam isso, e a solução é simplesmente dar call mais vezes e raise menos vezes. Desta forma, você fará os valentões se enforcarem. Como você pode ver, eles estão cometendo
um erro básico, apostar e dar raise com muita frequência. Olhando pelo lado científico do poker, percebemos que há um balanceamento perfeito entre as vezes em que você deve apostar e as vezes em que você deve dar raise, de acordo com as mãos que você tiver nas mais diversas situações. Quando você supõe que seus adversários estão jogando perfeitamente também, mantendo o balanceamento ideal, você não perderá dinheiro (exceto o rake). Se você aposta ou dá raise com uma frequência menor do que deveria, você está perdendo dinheiro por não tirar vantagem de suas qualidades. Se você aposta ou dá raise com uma frequência maior do que deveria, você está perdendo dinheiro por dar aos seus adversários boas oportunidades de lhe dar call por valor. E é por isso que você deve derrotar os valentões do poker dando check com mais frequência, em vez de apostar. Isso dá a eles a oportunidade de cometer erros. É claro que você pode apostar pequenas quantias para induzir os valentões a dar raise. A escolha é sua – são estilos que você precisa praticar. Mas se você der check e ele apostar, ou se você apostar e tomar um raise, deve dar call com mais frequência. Se você fizer isso, não há um contra-ataque conhecido que os valentões possam usar. Ou eles voltam a jogar de forma sensata, lamentando e choramingando, ou serão orgulhosos e continuarão a atacar excessivamente enquanto você toma o dinheiro deles.
ARMADILHAS Eu uso uma série de armadilhas contra jogadores agressivos demais. Em No-Limit Hold’em, este exemplo é um dos meus favoritos. Nós temos Q♥ Q♠. O valentão em MP aumenta para $300, sendo o big blind $100. Nós somos os próximos a agir, no assento ao lado. Normalmente aumentaríamos a aposta porque nosso par de damas está em perigo se virar um Ás ou rei no flop, e não queremos correr riscos contra mãos como A-Q, K-Q ou A-9 do mesmo naipe. Mas, contra este jogador agressivo, não queremos aumentar muito. Vamos induzi-lo a dar raise novamente. Considerando que nós dois temos grandes stacks, o ideal é fazermos tudo $700, um raise de $400. É a medida perfeita. Nós poderíamos fazer tudo $600, mas um miniraise – igual à aposta anterior – parece muito fraco e o adversário pode suspeitar. Assim, o que mais queremos é terminar a ação jogando somente contra este oponente. Fica a critério dele. Muitas vezes vai dar certo e você vai tomar um grande re-raise, mas desta vez vamos considerar que ele apenas pague a aposta. Que pena. Agora o flop vem Q♦ 7♣ 2♠. Não dá pra ficar muito melhor do que isso, certo? O pote tem $1.550 - $700 de cada um de nós, $100 do big blind e $50 do small blind. Nosso amigo valentão aposta $1.600. Ótimo, ele acabou de arrumar um grande problema com sua aposta, o que ilustra
bem o erro que ele comete frequentemente. TIRE VANTAGEM Vamos tirar vantagem da situação. Nós aumentamos mais ou menos… Espere! Nós não “aumentamos mais ou menos” nada. Nós pensamos por seis segundos e damos call. Ficar muito tempo pensando pode parecer suspeito, assim como um call muito rápido. Por que não aumentar? Porque nós queremos manter o valentão no controle da ação. Ele normalmente vai achar que está tudo indo como o planejado e vai apostar novamente no turn. No turn vem um 3♥, deixando o board com Q♦ 7♣ 2♠ 3♥. Nós esperamos que o valentão tenha alguma mão forte, como A-Q, ou talvez 7-7, mas é pouco provável. Ele deve estar atrás de alguma coisa ou apenas blefando. Vamos ver quanto ele aposta no turn. Com certeza o três de copas não vai fazê-lo desistir, pois é difícil ele imaginar que nós temos um três. Ops! Ele deu check. Isso é incomum. Talvez ele esteja tentando montar uma armadilha para nós. Ou talvez ele tenha apenas desistido da mão. Hmm. Então vamos dar check também. O quê? É isso mesmo que você leu. Nós damos check. Nós faremos com que ele se sinta completamente seguro agora, além de acabar com a ideia que talvez ele tenha de montar uma armadilha para nós. Agora ele sabe que nós não devemos apostar. Se ele está blefando, vai parecer mais seguro fazê-lo no river
– dependendo da carta que vier, claro. E se ele tiver alguma mão com valor, ele sabe que terá de apostar, pois nós não apostaremos. Além disso, se nós tivéssemos apostado no turn, teríamos forçado ele a dar fold, e todo o lucro que está prestes a aparecer seria varrido da jogada. RIVER Aí vem o river. É um 7♦, e o board fica Q♦ 7♣ 2♠ 3♥ 7♦. Nós temos uma ligeira preocupação com a possibilidade de ele ter 7-7 e ter feito uma quadra, mas é pouco provável e, afinal, isso aqui é poker. No poker, você vai pro jogo. Não podemos nos esconder embaixo da cama com nosso ursinho de pelúcia quando o vento faz um barulho assustador na janela. OK, talvez sua infância tenha sido diferente da minha, mas você entendeu a ideia. Ele vê que o pote tem $4.750 e aposta $3.000. Não é hora de dar all-in. Nós aumentamos $3.500 – outra vez uma aposta pra chamar o adversário. Então ele vai all-in. Uh-oh – realmente pode ser uma quadra de setes. Mas nós pagamos. Não, ele tinha A-J. Ahn? Um blefe puro. Somente mais uma mão na vida desse valentão ultra-agressivo, eu acho. Vamos juntar essas fichas. A lição é que você nunca deve ficar com medo dos jogadores ultra-agressivos. Eles estão cometendo o erro de atacar demais. Tire vantagem disso dando check e call. É muito divertido ganhar deles. – MC
Mike Caro, “The Mad Genius Of Poker”, é a maior autoridade em estratégia de poker, psicologia e estatísticas da atualidade. Um dos melhores jogadores do mundo, ele é o fundador da Caro University of Poker, Gaming, and Life Strategy (MCU – com campi online na Poker1.com). Sua pesquisa e seu talento foram mencionados em mais de 100 livros de poker além dos de sua autoria. E-mail: mike@caro.com. Jogue poker com The Mad Genius em DoylesRoom.com.
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Qual é a diferença entre o melhor e os outros? Quando se trata de um jogo intrigante como o poker, há muitos fatores envolvidos. Entretanto, há um fato com o qual todos os especialistas concordam. Vencer nos níveis mais altos requer muito foco e disciplina dentro e fora das mesas, além de jogar seu A-game de forma constante. Depois de assistir ao documentário de Li Dong, intitulado “A Kid’s Game”, percebemos que não tem segredo para alguns fenômenos, como Trex313, Urindanger, Isaac Haxton e Andrew Robl, serem capazes de lidar com as bruscas variações e batalhas que fazem parte da vida do jogador de poker profissional. Sua compostura permite que eles se recuperem mais rápido de suas perdas, evitem o tilt e pensem de maneira mais lógica, em um nível superior ao dos outros jogadores. Então como fazer para aprimorar este aspecto crucial em nosso jogo? Pense comigo. Se você quisesse ficar com o corpo em forma, contrataria um personal trainer. Se tivesse o intuito de se tornar um bom cozinheiro, faria aulas de culinária. Se quisesse aprender a dançar, faria aulas de dança. Pode me chamar de louco, mas se você quisesse aprender mais sobre como sua mente funciona e como aprimorar seu jogo mental e seu foco, não seria a única forma POR ALEC TORELLI contratar algum tipo consultor da mente? Eu resolvi este enigma há seis meses e meu único arrependimento é não ter feito isso antes. Eu comecei a ir a um psicólogo com o intuito de aprimorar meu foco e minha disciplina em relação ao poker. De um ponto de vista mental, o poker se equipara a outros esportes competitivos, como o tênis e o golfe. Nestes esportes, é muito comum os atletas terem algum tipo de treinamento para a mente, e, em muitos casos, eles não precisam do mesmo poder mental que o poker requer. Quando você perde no poker, você não está perdendo apenas seu ego, mas também o seu dinheiro. Quais outros atletas podem dizer que sabem como é perder seis dígitos em um dia ou ir pra cama mais pobre do que quando acordaram? Como devemos nos recuperar mentalmente depois de perder metade do nosso bankroll? Como devemos lidar com o fato de nunca sermos premiados com a vitória em um torneio de poker quando jogamos de forma muito superior à de nossos adversários? Como devemos encontrar motivação para continuar evoluindo quando todos os nossos esforços parecem ser em vão? Em um jogo extremamente volátil, no qual o controle emocional é fundamental para o sucesso, é importante seguir as orientações de um profissional.
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JOGO MENTAL UMA PERSPECTIVA EXTERNA PODE SER O QUE VOCÊ PRECISA
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Visando melhorar em qualquer aspecto das nossas vidas, nós devemos primeiramente admitir que há o que ser melhorado. Isso significa superar obstáculos, tais como a ideia de que ter consultas com um psicólogo só serve para pessoas com problemas. Nós temos que ter em mente que as pessoas próximas podem nos julgar. Nós temos que nos sentir confortáveis o bastante para contar a um estranho tudo sobre nós mesmos, para confiar a esta pessoa coisas que não contaríamos ao nosso melhor amigo, aos nossos pais ou cônjuge. Eu aproveito pra citar o provérbio: “Você nunca saberá até tentar”. Eu acredito que todos nós concordamos que não há nada pior do que sair com uma mulher que diz “eu odeio sushi”, mas aí descobrimos que ela nunca experimentou. Na hora de experimentar alguma coisa, eu sempre pergunto a mim mesmo “qual é a pior coisa que pode acontecer?” Perder algum dinheiro. Por outro lado, você vai evoluir ao aprender mais sobre si mesmo. Com certeza, é preciso humildade para isso. Uma coisa é assumir que não sabemos tocar guitarra, mas outra completamente diferente é manter um preconceito de que nossas vidas não terão benefícios com uma orientação. Nós temos nosso ego em jogo e, se não tomarmos cuidado, ele pode nos cegar. Mas não seria presunçoso demais dizer que somos alheios aos sentimentos ou à falta de confiança depois de uma downswing, brigas no relacionamento, problemas de disciplina, ou a nos desviarmos no caminho de nossas vidas? Todos nós conhecemos esses problemas. Isto chama-se vida. Eu também tenho minhas dúvidas. Entretanto, percebi que minhas sessões melhoraram muito ao passo que meu psicólogo aprende mais sobre mim e pode me proporcionar um melhor discernimento. Eu acho reconfortante ter alguém em quem confiar, que me mantém responsável e não me julga. A melhor coisa a respeito de um psicólogo é que eles são, talvez, as únicas pessoas no mundo que podem lhe dar um conselho completamente sem interesses, somente com o propósito de fazer você crescer e se sentir melhor. Rene Descartes, conhecido como o pai da filosofia moderna, é lembrado por suas profundas palavras “Penso, logo existo”. Em outras palavras, nós sabemos que existimos simplesmente porque pensamos. Todos concordamos que pensamos mais do que realizamos qualquer outra atividade (exceto piscar e respirar, talvez), então não deveríamos gastar algum tempo, esforço e dinheiro para garantir que façamos o melhor com a nossa habilidade? Para mais textos, histórias e artigos, visite www.alectorelli.com. Você também pode seguir o Alec no twitter em www.twitter.com/alectorelli. Para compartilhar seus pensamentos, envie um e-mail diretamente a ele: alectorelli@gmail.com
CULTO À
PERSONALIDADE CARTAS E DINHEIRO NÃO SÃO O QUE FAZ O POKER SER INTERESSANTE
U POR ADAM SLUTSKY
Uma estrela pornô, um caçador profissional e um escritor freelancer entram Poker me fez conhecer Chris Heifner, um antigo traficante de drogas que em uma sala de poker. Não, não é o começo de uma piada suja. É simplesmente se tornou um informante de confiança do combate ao narcotráfico. Pouco uma prova bastante positiva de que as salas de poker do mundo todo são tempo depois, Heifner, agora um palestrante motivacional de sucesso grandes pontos de mistura de personalidades, fazendo com que as mesas de que em pouco tempo terá seu material publicado, e eu viajamos para o poker se pareçam muito com o centro da cidade de Nova York. sul, além da fronteira, para jogar com um chefe do cartel de Juarez e seus Para alguns, no poker só importa o dinheiro, um meio de ganhar a vida compadres menos de seis meses antes dos gringos se tornarem a nova ou complementar seus ganhos – isto é, se eles ganharem. Para outros, moeda escolhida para o sequestro e esquemas de resgate. Foi por um fio! é meramente um hobby, uma fuga da rotina e/ou dos rigores do dia a Melhor que isso, minha amizade com Heifner rendeu uma reunião com o dia. Para muitos, é uma combinação de ambos, o melhor de ambos os escritor/diretor Nick Cassavetes, o ator/rapper Curtis “50 Cent” Jackson mundos que pode ser visto como o cenário perfeito de trabalho/diversão. e o notável produtor Randall Emmett sobre um projeto muito legal de um Mas, independentemente de suas razões para jogar poker e os níveis/ filme, algo nos moldes de “Traffic” com “Donnie Brasco”. E tudo aconteceu limites que você joga, o fato é que o poker é um jogo social, mesmo se você porque um par de Áses acabou derrotado por um par de damas. escolher não tratá-lo como tal. Um jogo caseiro em Scottsdale, Arizona, resultou em uma das minhas Talvez você seja o tipo de jogador que usa um iPod e fones extravagantes mais memoráveis, sem mencionar assustadora, experiências pós-poker: um na mesa, optando por se esquivar de todo e qualquer barulho ao seu redor, genuíno safári de espaçonaves com um habitante do deserto que dizia ter minimizando potenciais distrações – irreverentes conversas com os outros sido abduzido por alienígenas. Essa aventura que durou a noite inteira me jogadores, especialmente aqueles sentados ao seu lado – e concentrando-se fez pensar duas vezes quanto a voar para o – e para fora do – aeroporto Sky em suas músicas e seu jogo. Conheço jogadores que nem ao menos escutam Harbor de Phoenix, e me fez ter certeza de que o Estado do Grand Canyon música, mas ainda assim usam fones simplesmente porque não querem ser lidera o ranking nacional de aparição de OVNIs com uma larga vantagem. abordados para uma conversa. A realidade é que eles estão perdendo, tanto Um torneio pequeno no Hollywood Park Casino – a única sala de taticamente quanto, na maioria das vezes, socialmente. carteado no planeta que literalmente cheira como um De um ponto de vista tático, o que os jogadores de poker mictório muito sujo (para o meu nariz, pelo menos) – No começo, eu me levou a ser um juiz convidado de uma competição dizem – ou não dizem – vai aos poucos lhe mostrando sobre eles não acreditei em surpreendentemente bem organizada de degustação e seus jogos. Conseguimos facilmente pescar essas informações com uma pequena quantidade de perguntas e suas respectivas uma palavra do de maconha plantada em casa, um negócio/hobby respostas (ou falta de respostas), todas elas sem nenhuma relação sobre o qual eu sabia muito pouco (mas estava mais que ele disse, do que disposto a aprender). E um jogo veloz e furioso com o poker. E, assim como qualquer detetive experiente do FBI mas, depois de de $5/$10 NL no Caesars Palace Las Vegas, onde um irá lhe dizer, geralmente não é o que uma pessoa fala, mas, sim, como ela fala que irá lhe dizer o que você tem que saber. um dia em sua dos jogadores, uma MILF recém-divorciada muito Hoje em dia, com a quantidade de poker que vemos na TV, sexy que usava um pepino como protetor de cartas, piscina rodeado rendeu um, vamos dizer, interessante fim de semana é possível ver esta tática em ação muitas vezes. Alguns dos por mais talentos e dois artigos sobre brinquedos eróticos. melhores profissionais do jogo ganham suas fortunas não por calcular as porcentagens e fazer as decisões matemáticas Finalmente, voltando para a minha frase de de bundas corretas, mas por basear suas ações nos comentários de seus abertura, uma viagem recente ao Commerce Casino e peitos da de Los Angeles, a Valhalla do poker, resultou em duas oponentes e em seus modos, grande porção dos quais é incitada indústria pornô conversas fantásticas. A primeira foi com um antigo por coisas que eles dizem. Por incrível que pareça, alguns torneios, incluindo a World Series of Poker, adotaram novas que meu coração homem de poder da Dot.com que, depois de uma regras para limitar a, pela falta de um termo melhor, guerra robusta saída, levou suas habilidades de marketing e de 41 anos podia vendas verbal psicológica que pode ser empregada pelos jogadores da para a indústria dos filmes para adultos e se aguentar, eu tornou um produtor, diretor e ator bem-sucedido. No mesa. Em minha opinião, estes chamados salva-vidas depreciam o jogo de poker e o combate mental que ele sempre buscou sabia que suas começo, eu não acreditei em uma palavra do que ele ser, assim como a regra que restringe o carrinho no futebol. mas, depois de um dia em sua piscina rodeado histórias eram disse, Jogadores deveriam poder jogar, simples assim. por mais talentos de bundas e peitos da indústria verdade. pornô que meu coração de 41 anos podia aguentar, eu Mas, por um momento, vamos deixar o elemento estratégico do poker fora da mesa. Brincadeiras na mesa podem ser sabia que suas histórias eram verdade. interpretadas de inúmeras formas e eu não sou a melhor pessoa A segunda conversa fantástica foi com o único para fazer esta ressalva. Ao invés disso, vamos olhar o poker pelo jogo social caçador profissional nascido e criado nos Estados Unidos que atualmente que ele é – o jogo social que tem sido – e a educação que ele provê. se encontra fazendo seus negócios na África, uma sessão de perguntas No decorrer da minha carreira como escritor freelancer, eu encontrei e respostas que o velho Peter Hathaway Capstick teria gostado. Nossa muitas pessoas de todas as esferas da vida, pessoas que ocupam todos os discussão terminou com um convite para conhecer seu acampamento campos sociais possíveis. Assim, eu posso dizer com certeza que encontrei safári (www.BulletSafaris.com) na África, o que eu realmente espero mais pessoas interessantes, e de certa forma incomuns, em uma sessão de poder aceitar neste verão. poker do que eu normalmente encontro em dúzias de projetos literais. E, vale Então o que isso tudo significa? Simplemente, na próxima vez que você ressaltar, eu digo “incomuns” com o máximo respeito. Esses encontros por visitar sua sala de poker favorita, tire um momento para soltar o “ser social” acaso e as relações que eu desenvolvi posteriormente, tanto pessoais quanto que existe dentro de você e veja aonde ele o leva. Eu apostaria que, mesmo profissionais, abriram portas extraordinárias para mim, sem mencionar que que você esteja rodeado de caras conhecidas, você está sujeito a descobrir abriram meus olhos para as inúmeras diferentes filosofias e pontos de vista novas informações – informações que, com certeza, irão acrescentar novas que eu nunca iria ter considerado de outra forma, enriquecendo minha vida de e interessantes dimensões à sua vida. E você também poderá descobrir formas muito maiores do que as monetárias. algumas informações que farão você ganhar mais dinheiro no jogo, o que Por exemplo, um jogo de poker no Bellagio durante a World Series of é melhor ainda.
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Erik Seidel
Rei do dinheiro de todos os tempos; Rei da comédia de todos os tempos
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POR LANCE BRADLEY Fotos por Paul Thatcher and Stephanie Moore
Olhe ao redor do mundo do poker de hoje em dia e você verá que o tema do momento é a juventude. O atual campeão do Main Event da World Series of Poker, Jonathan Duhamel, não fez 24 ainda, e o maior ganhador dos cash games high stakes online de 2010, Daniel Cates, acabou de fazer 21. Uma geração de jogadores que cresceu jogando videogames o dia inteiro tomou o controle do mundo do poker. Mas não se apresse. Existe um cara quebrando a tendência, e ele vem ganhando no poker desde muito antes do Super Mario e seu Nintendo estarem disponíveis nos Estados Unidos. Se você esquecer os
sortudos que chegaram à mesa final do Main Event da WSOP, Erik Seidel já ganhou mais dinheiro em 2011 que qualquer um ganhou em qualquer ano inteiro desde 2004. E o ano não está nem perto da metade. Nos primeiros três meses do ano, Seidel ganhou US$ 4.340.000, atingiu a premiação sete vezes em torneios e seu pior resultado foi um quinto lugar no torneio de US$ 5.000 Heads-up no L.A. Poker Classic. São números para se entrar no Hall da Fama. Há um problema, entretanto – Seidel já está no Hall da Fama do Poker. >>>
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Seidel foi consagrado junto com seu amigo de Mayfair Club, Dan Harrington, em novembro de 2010, enquanto Duhamel batalhava por sua vitória no Main Event da WSOP e, naquela época, Seidel percebeu que era hora de virar as costas para o mundo do poker. Em qualquer esporte, quando um jogador entra para o Hall da Fama, normalmente sua carreira já terminou, e Seidel pensou que isto seria uma verdade para ele também. “Eu estava perfeitamente disposto a aceitar isso. Estava meio que preparado para me aposentar ano passado,” admitiu Seidel. “Eu realmente não sei o que aconteceu.” Aposentar-se? Pode parecer um pouco exagerado que ele desista completamente de jogar poker, mas, com a entrada no Hall da Fama, ele olhou para a mesa final do Main Event, que incluía somente um jogador com mais de 30 anos, e pensou em limitar o número de torneios que iria jogar. “Eu estava pensando que o ambiente havia ficado muito mais difícil, é tudo tão mais competitivo hoje em dia. Esses garotos são tão bons e eu me perguntava quanto valor ainda havia em jogar,” disse Seidel, com 51 anos. “Por mais que eu goste de jogar, e sempre gostei de jogar, é mais divertido jogar quando você sente que tem uma grande expectativa positiva, e se você está jogando e não tem isso, é um pouco diferente.” Ele não iria se aposentar somente para se ver novamente nas mesas quando a atração do poker o chamasse de volta. Ele simplesmente não pensava que iria continuar com o ritmo de ficar de cidade
“Eu não estava pensando muito em, ‘Ok, vou parar com o poker,’” disse Seidel. “Mas eu estava pensando que está mais difícil e acredito que provavelmente vou reduzir minha programação, e agora, é claro, o contrário aconteceu, e este ano sinto que eu quero jogar o ano todo, quero ver quão bem eu posso ir e, se tudo der certo, dar um tempo ano que vem.”
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em cidade, caçando os torneios de altos buy-ins como quando ele era um garoto de 25 anos. “Eu não estava pensando muito em, ‘Ok, vou parar com o poker,’” disse Seidel. “Mas eu estava pensando que está mais difícil e acredito que provavelmente vou reduzir minha programação, e agora, é claro, o contrário aconteceu, e este ano sinto que eu quero jogar o ano todo, quero ver quão bem eu posso ir e, se tudo der certo, dar um tempo ano que vem.” *** É justo, considerando que ele quase não teve tempo para respirar este ano. Como a maioria dos jogadores de poker, ele começou o ano nas Bahamas, no PokerStars Caribbean Adventure. Lá, ele chegou à mesa final do evento de US$ 5.000 Pot Limit Omaha e terminou em terceiro. Três dias depois, ele fez outra mesa final, desta vez no evento de US$ 25.000 High Roller, em que terminou em quarto. Ele saiu do PCA com US$ 340.000 em ganhos e transbordando confiança. Ele levou essa confiança para Melbourne, Austrália, para o Aussie Millions 2011 e se deparou com uma programação que incluía um dos pontos altos do Aussie Millions, o evento de US$ 100.000 de buy-in. Seidel pagou seus US$ 100.000 e assistiu ao field crescer para 38 jogadores. O field maior não desacelerou Seidel. Ele terminou em terceiro e só preparou o terreno para algo ainda maior. Durante o evento de US$ 100.000 de buy-in, a equipe do Crown Casino, em Melbourne, anunciou uma adição à programação: um torneio de buy-in de US$ 250.000. Com outros US$ 625.000 em ganhos do evento de US$ 100.000, Seidel olhou para os US$ 250.000 e resolveu tentar. Seidel venceu os outros 19 jogadores no field e embolsou US$ 2,5 milhões – a primeira premiação de sete dígitos de sua carreira. “Isto é muito dinheiro, e, você sabe, não são só os US$ 2,5 milhões, mas também o fato de não perder US$ 250.000, então foi uma ótima sequência. Foram quase US$ 3 milhões nessa sequência e, é claro, foi um field muito difícil. Foi um torneio realmente divertido, o que definitivamente supera as outras coisas,” disse Seidel. *** Seidel saiu de Melbourne com seu primeiro título do ano – e o primeiro desde o Aussie Millions de 2010, quando ele ganhou o evento paralelo de US$ 10.000 Pot Limit Omaha – e teve certa dificuldade para passar pela alfândega. Depois se dirigiu para Los Angeles e garantiu um quinto lugar no evento de US$ 5.000 Heads-up do LAPC antes de colocar US$ 25.000 para jogar o evento High Roller do LAPC. Seidel venceu e somou outro título e mais US$ 144.570 para sua carreira. Mas, novamente, esse desempenho estava só preparando o terreno para algo ainda maior. No NBC National Heads-Up Poker Championship de 2010, Seidel caiu faltando uma vitória para o título. Ele percorreu todo o caminho até a final para perder para sua grande amiga Annie Duke. No entanto, a versão de 2011 de Seidel não perde, e, portanto, não foi surpresa para muitos quando ele passou pelos primeiros cinco rounds e chegou à final novamente. Desta vez, era Chris Moneymaker quem o aguardava para as finais.
Ele eliminou o campeão do Main Event da WSOP de 2003 em segundo lugar, ganhando a final na melhor de três e adicionando mais US$ 750.000 em ganhos para sua carreira. Seidel olha para tudo o que aconteceu com um sentimento de perplexidade. “Foi tudo realmente muito estranho. Toda vez que eu ganho uma dessas coisas, eu me sinto como, ‘Não posso acreditar que isto está acontecendo de novo’”, disse Seidel. “Eu fiquei feliz em janeiro, quando estava quase um milhão no positivo, antes do US$ 250K, e fiquei pensando, ‘Estou tendo um ótimo ano’. Então, sim, ficou tudo fantástico.”
Isto não quer dizer que ele não seja grato por seu lugar na lista. Depois do grande resultado em Melbourne, Seidel foi para a terceira colocação nesta lista, passando o campeão do Main Event da WSOP 2006, Jamie Gold. “Esse era um dos objetivos que eu tinha. Eu queria passar o Jamie porque eu tive uma carreira inteira, e me parecia que eu deveria estar na frente dele, pois não é certo que um cara jogue um só torneio...” Seidel brincou, e isso revela outro lado dele que muitos no mundo do poker só estão conhecendo agora. ***
*** Jogadores de poker muitas vezes descrevem a sequência que Seidel está vivendo como uma “good run”. Ele teve pelo menos uma premiação de seis dígitos em cada um dos três primeiros meses do ano, mas Seidel, um grande fã de tênis, encontra um paralelo mais adequado com seu esporte favorito. “Eu me senti como se estivesse vendo a bola perfeitamente, mas, você sabe...”, admitiu Seidel. “Uma das coisas mais difíceis no poker é que, quando está indo mal, você não sabe se é porque está jogando mal e tomando decisões ruins ou se é só variância. A mesma coisa acontece aqui. Eu não sei, obviamente muito disso é variância, pois eu não costumo ganhar US$ 4 milhões a cada quatro meses.” *** Seidel está dominando os eventos high roller em uma época em que eles se tornaram mais comuns. Em 2010, o único evento de US$ 100.000 acontecia no Aussie Millions. Seidel já jogou três eventos com um buy-in deste tamanho ou maior este ano, e é uma tendência que ele quer que continue, e não só porque ele quer continuar ganhando US$ 4 milhões a cada quatro meses. “Eu espero que isso continue, pois me dá a oportunidade de pular muitos outros eventos, uma vez que sei que terei algo grande para jogar com mais frequência. Os de US$ 10K são divertidos, eu gosto deles. Gosto dos WPTs. Seria muito legal ganhar outro, mas você chega a um ponto, ou eu cheguei a um ponto, em que eu quero... eu gosto de ter tempo livre. Sou um grande defensor de se ter muita paz e silêncio, então acredito que seja muito mais divertido ter uma programação mais leve,” disse Seidel.
“Eu me senti como se estivesse vendo a bola perfeitamente, mas, você sabe...” admitiu Seidel. “Uma das coisas mais difíceis no poker é que, quando está indo mal, você não sabe se é porque está jogando mal e fazendo decisões ruins ou se é só variância. A mesma coisa acontece aqui. Eu não sei, obviamente muito disso é variância, pois eu não costumo ganhar US$ 4 milhões a cada quatro meses.”
Tão impressionantes quanto Seidel na mesa de poker são suas piadas fora dela. Ao invés de afogar seus 22.000 seguidores do Twitter com histórias de bad beats, históricos de mãos ou atualizações de seu bankroll, Seidel levou para o jogo da mídia social um ataque perspicaz ao lado engraçado das pessoas. “Eu sou o quarto cara mais engraçado da minha família,” brincou Seidel. “Eu tenho dois irmãos que são muito mais engraçados que eu, e meu pai também é muito mais engraçado do que eu. Então, eu não sei, mas estou feliz que as pessoas gostem disso. Eu gostaria de ter mais coisas engraçadas para dizer para manter as pessoas entretidas.” No entanto, a comédia não está limitada a somente 140 caracteres ou menos. Seidel, um grande fã do criador de Seinfeld, Larry David, pagou US$ 20.000 em um leilão de caridade para quem sofre com Alzheimer em troca de um lugar no “Curb Your Enthusiasm” da HBO. Seidel não tinha nenhuma fala, mas para ele estava bom, ele estava feliz em participar do programa. “Eu sou um fã louco pelo programa, eu sei tudo sobre o programa. Além do fato de que era para a caridade, que minha avó teve Alzheimer e é terrível de ver, então fiquei feliz em participar,” disse Seidel. “Foi uma combinação de estar empolgado do tipo, ‘Oh meu Deus, eu posso participar desse programa fantástico’. É claro que a realidade daquilo não é tão empolgante porque na verdade você só está sentado lá fingindo conversar com as pessoas. Você é um extra. A ideia foi mais empolgante do que realmente passar por aquilo tudo.” Ele também foi o primeiro grande nome do poker a fazer uma aparição como convidado em um episódio do “The Micros”, a série animada sobre três grinders do poker online. Não foi surpresa alguma que sua vaga no episódio tenha aparecido graças ao Twitter. Um amigo dele mandou o link do episódio piloto e Seidel gostou do que viu. “Era muito, muito engraçado e muito inteligente; eu gostei muito. Então postei algo no Twitter – eu acho que foi sobre um link dele – e depois falaram, ‘Ei, você quer participar do próximo episódio?’ Eu fiquei muito feliz em fazê-lo, porque eu adorei o programa; achei muito engraçado, e meus filhos também gostaram,” disse Seidel.
*** *** A sequência fantástica de Seidel o colocou no topo da lista dos maiores ganhadores de torneios de todos os tempos, ultrapassando Daniel Negreanu com o resultado no NBC National Heads-up Championship, mas não é algo que ele esteja prestando muita atenção atualmente. “Eu diria que me importo cada vez menos com isso. Nunca foi uma grande coisa para mim, e eu sinto que quanto menos me preocupo com isso, melhor eu sou como ser humano. Eu não acho que seja saudável se prender muito nisso,” disse Seidel. “Mas eu percebo, e eu realmente vi – eu chequei no final do mês para saber como as coisas estavam indo e tal, mas eu não acho que é um bom sinal sobre mim como pessoa. Eu preferiria ignorar isto completamente e só jogar.”
A era de Seidel no topo do poker mundial não parece ter fim. Ele já está dominando a cena dos torneios high roller, é amplamente reconhecido como o jogador de poker mais engraçado do Twitter e tem estas aparições em programas de TV para dar a ele mais crédito na praça. O que mais falta? *Não bastassem todos os resultados de Erik Seidel citados acima pela reportagem da BLUFF americana, ele ainda cravou o Super High Roller de US$ 100.000 de buy-in no 9th Annual Five Star World Poker Classic no final de maio e recebeu pelo feito US$ 1.092.780. BLUFF • JULHO 2011
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CONHEÇA SUAS FEDERAÇÕES Federação Paranaense de Texas Hold’em Apesar de ter realizado o Campeonato Paranaense em 2009 e 2010, até o ano passado o principal foco da Federação Paranaense de Texas Holdem (FPTH) estava na formalização de sua documentação e no desenvolvimento de sua estrutura física, o que serviu de base para que outros tipos de serviços passassem a ser oferecidos aos afiliados. O resultado deste trabalho inicial veio logo no início deste ano. Uma das grandes conquistas da FPTH em 2011 foi o reconhecimento formal da Secretaria Especial de Esportes do Paraná e da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Curitiba. Ambas as Secretarias deram total e irrestrito apoio à realização do BSOP Curitiba, em março. Ainda para 2011, a FPTH está programando uma série de cursos para dealers e diretores de torneio, visto que a falta de profissionais qualificados é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos clubes. Além disso, a FPTH está negociando um contrato de assessoria jurídica aos clubes. Outra novidade em 2011 serão os cursos para jogadores. O primeiro deles foi realizado no último mês de maio, com o profissional Leo Bello. Mesmo com os novos serviços, a FPTH também se preocupou em melhorar o Campeonato Paranaense e realizou uma assembléia geral em dezembro de 2010 com todos os clubes que recebem a competição. Com isso, o Paranaense 2011 teve um salto de qualidade, tanto na parte técnica quanto na estrutura dos clubes-sedes. Neste ano, o torneio regional ganhou o patrocínio
do ROX Poker, que está distribuindo premiações adicionadas em todas as etapas, premiações para o Ranking “live” e para o Ranking do Campeonato Paranaense “online”, realizado no próprio ROX. Realizada no dia 12 de fevereiro no Clube K9 em Guarapuava, a 1ª etapa reuniu 112 jogadores, enquanto a 2ª contou com 128 inscritos na Associação Londrinense de Poker, em Londrina. A expectativa é que o campeonato continue crescendo nas próximas nove etapas da temporada. Uma das principais atrações do Campeonato Paranaense 2011 será a realização da Etapa Final no Eco Resort Capivarí, com garantia de R$20 mil e buy-in de R$600.
Federação Goiana de Poker Para a temporada 2011, a Federação Goiana de Poker (FGP) se concentrou na evolução do Campeonato Goiano. Por causa do aumento do número de jogadores, o evento passou a ser disputado nos maiores hotéis da cidade. Além disso, a FGP vai providenciar uma nova casa, e promete ser uma das mais estruturadas do país. O Campeonato Goiano também teve alterações técnicas. Antes disputado no formato freezeout (R$ 250 – 15 mil fichas), o torneio passou a ter buy-in de R$200 (10 mil fichas) com Double Chance de R$100 (10 mil fichas) e add-on de R$100 (10 mil fichas).
ĂŞ c o v e u q a r a p e o d d a n d i a l i h u q n a r Trabal t m o c r e k o p e u q i prat R
G.B R O . H T B WWW.C
Felipe Mojave
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Amigos da BLUFF Brasil, Em nossa coluna de estréia trouxemos um breve histórico sobre os Mixed Games no Brasil e mostramos como seria a estruturação dos nossos artigos subsequentes.
A DINÂMICA DOS MIXED GAMES
SEVEN CARD STUD H/L POR FELIPE MOJAVE
Este é o nosso cronograma: 0) INTRODUÇÃO AOS MIXED GAMES 1) LIMIT HOLD’EM 2) STUD H/L 3) POT-LIMIT OMAHA 4) LIMIT 2-7 TRIPLE DRAW 5) RAZZ 6) NO-LIMIT HOLD’EM 7) OMAHA H/L 8) STUD HI 9) NO-LIMIT 2-7 SINGLE DRAW 10) BADUGI Na edição do mês passado, falamos sobre o item 1) Limit Hold’em. Neste artigo, vamos abordar a modalidade que se chama Stud Hi-Lo, nosso item número 2. O Stud é uma das modalidades de poker mais antigas. No Brasil, existe um jogo bem parecido, chamado Stick, que também já foi muito praticado pela velha guarda do poker e hoje quase não é mais jogado (porém no Stick só existia o jogo High). Os jogos de Stud H/L no Brasil são muito raros, já que a modalidade não foi difundida ainda, mas não é difícil encontrar ação na Internet, inclusive com alguns brasileiros praticando. Esta modalidade é muito praticada dentro dos Mixed Games (rotation games). Já fora do país, eu tive a felicidade de ter o melhor resultado para o Brasil até hoje, durante a WSOP de 2010, quando terminei na 24a colocação num torneio exclusivamente de Stud H/L. Também sou pioneiro na Internet jogando Stud H/L apenas ou Mixed Games nos quais este jogo está presente. Bom, vamos ao que interessa. Vou mostrar pra vocês como se joga o Stud H/L e seus princípios. Confesso que este jogo é um dos meus favoritos.
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O 7-Card Stud H/L, como também é chamado, é um jogo bastante técnico e extremamente dinâmico, porém não há a presença de Flop, como no No-Limit Hold’em. Assim como as demais modalidades Hi-Lo [ou H/L ou Eight (8) or Better], o pote disputado é dividido em dois, ou seja, metade do pote vai para a mão Hi e a outra metade para a Low. Numa mão de Stud H/L são distribuídas 7 cartas para cada jogador, entretanto o raciocínio é o mesmo do Hold’em, no qual o jogo é formado apenas com a combinação das 5 melhores cartas, para o Hi e para o Low, lembrando que a mesma combinação, inclusive, pode ser usada para ambos os casos. Vocês já conhecem o conceito de uma High Hand, que vem do poker tradicional, então vamos falar da Low Hand. Esta é composta/ disputada com o racional de “Eight-Or-Better”, ou seja, 8 ou melhor, o que significa que para uma mão ser classificada/elegível como Low (ou Lowball) é necessário que o jogador tenha obrigatoriamente 5 cartas abaixo ou iguais a 8 e que sejam diferentes (não vale par). Caso a mão vá para showdown (após a 7a street) e determinado jogador não tiver 5 cartas abaixo de 8, ele concorrerá somente à metade do pote referente ao High. Caso nenhum jogador seja elegível, 100% do pote será direcionado apenas para o High, não havendo divisão de pote (exceto se empatarem na High Hand, claro). O sistema utilizado no Hi/Lo se chama Califórnia. Pode ser chamado também de “A-5” (Ace-To-Five). Nem straights e nem flushes vão contar para a mão Low e vale lembrar que os Áses (A) são considerados como cartas baixas, sendo as mais baixas do baralho, mas ao mesmo tempo as cartas mais altas (no caso do High). Agora que vocês já entenderam que para concorrer à metade do pote Low é necessário ter 5 cartas menores ou iguais a 8, vou explicar que sua disputa de desempate é dada de cima para baixo. Deste modo, 8-7-4-3-A perderia para 8-6-4-3-A, já que 8-7 é maior que 8-6 e quem tiver a menor combinação, ou seja, mais próxima do Ás (A), vence o Low. Aqui abaixo segue um breve quadro de mãos
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Low, da mais fraca para a mais forte: 8, 7, 6, 5, 4 8, 7, 6, 5, 3 8, 6, 4, 2, A 8, 4, 3, 2, A 7, 6, 5, 4, 2 7, 6, 5, 2, A 7, 5, 4, 3, 2 6, 5, 4, 3, 2 6, 4, 3, 2, A 5, 4, 3, 2, A O desempate é sempre feito de cima pra baixo e assim as mãos são classificadas. Exemplo: Qual é a classificação da mão número 5? A resposta correta seria “7-Low” (Seven-Low). Na linguagem popular do live game, eu, que tenho bastante experiência jogando a modalidade, posso dizer que na prática essa mão seria descrita como “7-6-Low” (Seven-Six-Low). Isso se dá porque frequentemente ocorre empate na última carta do Low, assim já temos como prática falar as duas maiores cartas do Low, agilizando o jogo. No caso de empate, assim veríamos qual jogador teria a menor 3a carta (sempre de cima pra baixo) e assim consecutivamente (se necessário) até o desempate. De acordo com esta explicação, um “7-4-Low” ganharia de um “7-6Low”, certo? Isso mesmo. É fácil e requer apenas prática. Vamos supor que você fechou um “8-6-Low” e todas as suas cartas são do mesmo naipe ou você tem uma sequência. Nada vai mudar para o Low, já que, como eu disse acima, isso não influenciará em nada. Acontece que mãos como esta são fortíssimas, pois, além de um Low, você também acabou completando uma High Hand, ou seja, um flush ou uma sequência, e isso lhe dará forças para concorrer às 2 metades do pote (o pote inteiro). No caso de uma vitória em ambas as metades, existe um termo aplicado a este acontecimento, que é chamado de “Scoop”.
Você nunca terá feito um “Scoop” se não tiver uma Low Hand na jogada, isso significa que necessariamente, para usar este termo, você precisa ganhar o High e o Low, beleza? Vamos em frente. Suas regras: Vamos supor que os limites serão $30/$60. Vocês lembram da coluna de Limit Hold’em da edição anterior? Pois é, o Stud também é um jogo Limit e vai respeitar o mesmo padrão de apostas, porém não é um Flop Game. Sendo assim, o jogo não tem Flop, Turn ou River e suas cartas são individuais ao invés de serem comunitárias. Estas são distribuídas em “Streets” (Third, Fourth, Fifth, Sixth e Seventh). Antes da rodada começar, é obrigatório o pagamento de “Ante”. O ante será normalmente 1/6 do Small Blind, neste caso $5. Todos que postam o ante estão aptos a receber cartas e, assim, 2 cartas são distribuídas fechadas para cada jogador, assim como no Hold’em, porém teremos uma terceira carta sendo dada a cada jogador, a chamada “Third Street” (3a rua, ao pé da letra). Esta carta é distribuída “Face-Up”, ou seja, aberta para todos jogadores visualizarem. E está aí a grande dinâmica do Stud H/L, identificar ranges, combatê-los ou contra-combatê-los (essa é a minha concepção do jogo). Já que o jogo não tem blinds, ao contrário do Hold’em, que possui Small e Big Blinds, o jogador que tiver a menor carta distribuída na “Third Street” é obrigado a pagar o “Bring-In”, ou seja, postar o blind, e assim a ação do jogo começa a partir do “Bring-In”, como se ele fosse o Big Blind. No caso das mesmas cartas serem distribuídas para mais de um jogador, como, por exemplo, se um 4 for distribuído para dois jogadores, o desempate para termos o “pagador do blind” se dará pelos naipes. Tão simples quanto isso, o desempate é feito por ordem alfabética, em inglês, e assim temos em ordem crescente Paus, Ouros, Copas e Espadas, já que na língua inglesa temos Clubs, Diamonds, Hearts e Spades (observem a escala alfabética das iniciais dos naipes, em negrito). Então se um jogador tem um 4h (quatro de
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copas) e outro tem um 4d (quatro de ouros) e estas são as menores cartas distribuídas na 3a street, o jogador que postará o “Bring-In” será o que tiver o 4 de ouros, já que Ouros em inglês se dá por Diamonds e vem antes de Copas, que se dá por Hearts. O tamanho do Bring-In, assim como do Ante, depende do limite do jogo. Neste caso, como estamos supostamente jogando com blinds $30/$60, normalmente o Bring-In será de $10 (muitas vezes o Bring-In será do mesmo valor que o Ante, principalmente em torneios). Depois da rodada de apostas dentro do padrão do Limit Game, ou seja, aumento máximo de $30 e “cap” (limite de aumentos) de três (3) repiques (atingindo assim a 4-bet, exemplo: Bet/3-Bet/4-Bet). Imagine que aqui estamos no Flop se estivéssemos jogando Hold’em. O jogador que quiser continuar na mão deve pagar o Bring-In ou aplicar um aumento, que é chamado de “Complete”. O Dealer/Button tem sempre uma posição fixa durante o jogo de Stud H/L. No caso do jogo estar inserido num regime de rotation, ou seja, se o Stud H/L vier depois do Limit Hold’em durante um torneio/cash game de Mixed Games, o botão fica armazenado (fixo) com o jogador que estará na posição de Dealer quando os jogos de Flop voltarem à ativa. Quando as apostas terminarem/forem igualadas (sempre no sentido horário), assim atingimos a “Fourth Street”, que é a quarta carta (no total de 7) que será distribuída. Cada jogador recebeu outra carta exposta, desta vez a 4a street. Agora imagine que estamos no Turn se estivéssemos no Limit Hold’em, no qual as apostas são dobradas, dentro do mesmo padrão de apostas dos Limit Games ($60). E, após esta rodada, temos a 5a street e, consequentemente, a 6a street. A cada street, a partir da 4a, já que não temos Dealer/Button, a maior mão, ou seja, a High Hand, é o jogador que estará “fora de posição” e terá que atuar primeiro. Exemplo: Se um jogador possui uma Q à mostra na quarta street e seu oponente tem um 8, o que possui a Q, por ser de maior valor, é o primeiro agir e decidir se dá fold, call ou aumenta. Cada “street” tem a sua rodada de apostas. Nas demais streets, a dinâmica é a mesma, mas, além das high cards, por exemplo, podemos ter pares, etc., e sempre a maior mão vai agir na frente, ou seja, quem tiver a melhor mão de poker, resumidamente. A ação começa na 7a street no mesmo jogador que começou a 6a street, já que esta carta vem fechada. Assim completamos as 7 cartas, sendo as primeiras duas (2) fechadas, as outras quatro (4) abertas e a última (1) fechada, a 7a street, que também pode ser chamada de River. É importante ressaltar que as cartas que estão abertas têm que ser mantidas de forma organizada à frente do jogador, como se cada um tivesse o seu próprio bordo e que todos os jogadores possam identificar qual carta foi distribuída em qual street. Depois de mais uma rodada de apostas, agora vamos definir quem vencerá a mão, o famoso “Showdown”. O último jogador a aumentar ou apostar mostrará as cartas primeiro. Já no caso de check/mesa, ou seja, não haver aposta, o jogador que estiver no primeiro lugar é quem mostra antes. Lembrem-se de que lugares são os assentos! Portanto não se confundam, já que não existe a figura do “Dealer/ Button” no jogo, sendo assim o jogador à esquerda do Dealer a posição 1 e assim segue, no sentido horário. O jogador que apresentar a melhor composição de 5 cartas para High (Hi ou H) vence metade do pote, assim como o jogador que tiver a melhor mão para Low (Lo ou L). Se não houver classificação para Low, as mãos High vão concorrer exclusivamente ao pote, lembrando que o requisito para haver uma mão Low é existir uma combinação de 5 diferentes cartas entre as 7 da mão do jogador que sejam menores ou iguais a 8. Assim que o pote for dividido, uma nova mão começará, respeitando os níveis de blinds, seu tempo e estrutura. Importante: Já que há divisão de pote, em 2, entre High e Low, é bom observar que muitas vezes essa divisão pode ser maior ainda. Exemplo: Imagine que dois jogadores vão para showdown e os mesmos tem a mesma mão Low, porém um dos jogadores tem um flush para a mão High. Deste
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modo, o jogador que ganhou o High leva 100% de 1/2 pote e 50% de 1/2 pote, que é o segundo pote, o pote da mão Low. Assim este jogador acaba levando 3/4 de 100% do pote, e o jogador que empatou na Low Hand leva apenas 1/4 de 100% do pote. É, isso parece confuso, mas basta vocês se habituarem aos termos e praticarem algumas mãos de Stud H/L para entender que isso é um tanto quanto simples. Agora que vocês conhecem a dinâmica e as regras do jogo, vamos falar um pouco de estratégia. Como um jogo normal de poker, você pode desistir, pagar ou aumentar a qualquer momento ou street, desde que você seja o dono da ação. Já que o objetivo do jogo é ganhar a maior quantidade de fichas possível, é muito importante que você tenha a consciência de que uma boa mão de Stud H/L é aquela que vai lhe dar a oportunidade de concorrer aos dois potes, o High e o Low. Existem situações específicas, nas quais vamos jogar apenas para o High, claro, principalmente aquelas em que o nosso oponente, que está claramente correndo para Low Cards (precisa de cartas baixas pra fechar o Low) acaba comprando cartas altas nas Quarta e Quinta Streets, e assim fica comprometida a sua capacidade de formar uma mão Low. Assim a mão High irá concorrer a 100% do pote. Exemplos de starting hands: Fortes: a) AA-2 b) A2-3 (suited/do mesmo naipe) c) A4-5 (pelo menos 2 cartas do mesmo naipe) Médias: a) A4-7 (suited/ do mesmo naipe) b) 36-8 (quaisquer cartas do mesmo naipe até 8) c) 44-4 (trincas, ou “Rolled Up”, expressão usada para trincas) d) AK-7 (pelo menos 2 cartas do mesmo naipe) Fracas: a) AQ-5 (off-suit ou de naipes diferentes ou “Rainbow”) b) AK-J (até as do mesmo naipe) c) 33-7 (depende de compras específicas na 4a street) d) KK-Q (depende de compras específicas de seus oponentes nas 4a e 5a streets) Vale observar que inclusive as mãos consideradas fracas são completamente jogáveis, pois o que vai ditar o jogo é a dinâmica e distribuição das cartas na 3a street, principalmente, e as 4a e 5a streets também, complementando (aqui está embutida a leitura de jogo no Stud H/L). Apesar de minha vasta literatura no poker (me refiro aos materiais que eu já li e à experiência que tenho), grande parte do que vocês estão vendo neste artigo vem da minha concepção frente ao jogo de Stud Hi-Lo. Por exemplo, em todos os livros que eu li, no quadro de Starting Hands “Médias”, a opção “C” é uma mão considerada como premium, ou seja, muito forte. Eu já discordo fortemente e acredito que para uma mão de Stud H/L ser forte ou considerada como “Grupo 1”, ela obrigatoriamente tem que ser forte para High e Low e deve de antemão ter maior capacidade Low do que High. Uma mão vai ser forte ou fraca de acordo com a dinâmica e distribuição. Inclusive, este quadro de Starting Hands fui eu que criei, já que os autores antigos as dividiam diferentemente disso. Importantes dicas de estratégia: a) Sempre tente ganhar o pote todo (“Scoop”), seja fazendo os seus oponentes darem Fold, abrindo mãos com potencial de High e Low ou mesmo fazendo uma forte mão High. b) Ir para uma mão apenas Low também é uma estratégia lucrativa, já que no meio do caminho, com uma forte mão Low garantida, você pode acertar pares, straights e flushes. c) Saiba desistir. Pare de comprar cartas para Low se você não acertar a 4a e a 5a street. Lembre-se de que a aposta já é dobrada,
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portanto custa mais, e que seu oponente com uma mão apenas High já é favorito para ganhar 100% do pote. d) Sempre aumente as apostas quando você estiver convencido de que seus oponentes estão correndo para o mesmo pote (divisão de pote), ou seja, se aparentemente só você tem um Low Draw, isso indica que todos eles possivelmente estão investindo fichas para dividir entre eles uma metade, sendo a outra metade toda sua. O mesmo racional serve para o High, quando muitos estiverem correndo para as Low cards. e) Nas duas últimas streets, se você desconfiar que seu oponente está num draw e não o completou, sempre aumente o que puder. É grande a chance de que eles possam (ou tenham que) desistir, mesmo com pot-odds absurdamente altos, já que se eles não conseguirem ter/ completar uma mão que tenha valor de showdown, não há como pagar sua aposta. Muitas vezes você mostrará uma composição de mão já forte o suficiente para que eles notem isso com facilidade (nas cartas
que estão abertas). O Stud H/L é um jogo fascinante e muitíssimo dinâmico. Fica muito complicado expor regras junto com estratégias, técnicas e trazer tudo isso para a realidade de vários níveis diferentes de jogadores. Garanto que vocês vão gostar muito de jogar Stud H/L, como amantes do nosso esporte. Perdão por não abordar aqui algum conteúdo específico e relevante para o Stud H/L e fico à disposição para dirimir eventuais dúvidas de vocês, nossos assinantes, através do meu twitter (@ FelipeMojave) e acompanhando minhas partidas de Mixed Games online no Full Tilt Poker. Muito obrigado por acompanharem meus artigos e nossa querida Bluff Brasil.
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Felipe Mojave Ramos @FelipeMojave 45 BLUFF • JULHO 2011 BLUFF • MARCH 2011
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Imagine se amanhã de manhã você acorda e descobre que o PokerStars, o Full Tilt Poker e o UB se fundiram e tornaram-se uma única empresa. Você iria pensar que esta monstruosidade é a maior sala de poker online que existe, não iria? Bem, você estaria errado. O Zynga Poker, a empresa por trás do imensamente popular Facebook Texas Hold’em, tem 38.000.000 de usuários mensais. Sim, você leu corretamente. Trinta e oito. Milhões. Certamente, os jogadores não estão jogando por dinheiro real, mas isto não muda o fato de que, em termos de dimensão, o Zynga está no topo. Quando o Zynga anunciou que iria sediar a primeira PokerCon em Las Vegas, em março, ele chamou a atenção de muita gente. Agora você deve estar se perguntando, “O que é uma PokerCon”? O evento de dois dias no Palms Casino em Vegas apresentou a Zynga University com lições de Annie Duke, uma sessão de autógrafos com Doyle Brunson e uma sessão de perguntas e respostas com o apresentador do World Poker Tour, Mike Sexton. A coisa toda era fruto da mente de Lo Toney, gerente-geral do Zynga Poker. Quando ele assumiu o emprego, em junho do ano passado, ele queria se aprofundar no mundo do poker e a primeira coisa em sua lista de coisas a fazer era ir a uma conferência de poker. “Procurei bastante e descobri que não existe conferência de poker. Então eu pensei, ‘Quer saber, por que não fazemos algo onde podemos ter um evento, trazer alguns de nossos jogadores e realmente dar algo em troca para eles’”, disse Toney. “Eles fizeram tanto por nós; por que não fazemos este grande evento para homenagear os jogadores, só para dar a eles muito amor, reuni-los; eles podem conhecer as pessoas que são responsáveis pelo Zynga Poker, mas será que também conhecem uns aos outros?” Agora você deve estar se perguntando, se não é um site de poker com jogos a dinheiro real, como o Zynga ganha dinheiro? O Zynga, na realidade, tem diversos jogos em sites de mídias sociais, principalmente no Facebook, que permitem aos jogadores comprar itens virtuais para melhorar sua posição no jogo. No Farmville, os jogadores podem usar dinheiro real para comprar equipamentos rurais melhores, e, no Mafia Wars, os jogadores podem dar a seus capangas melhores armas ou carros. Para o Zynga Poker, é muito similar ao mundo real. “No caso do Zynga Poker, [os jogadores] pagam para comprar fichas adicionais. Com uma quantidade maior delas em seu poder, eles se tornam mais competitivos,” disse Toney, que também já trabalhou para a Nike e para o eBay em cargos de desenvolvimento de e-commerce. “Se, digamos, seu stack é maior POR LANCE BRADLEY que o meu, isso permite que você vá para mesas que têm OS RESULTADOS limites maiores, então você pode jogar em mesas de limites maiores. Algumas dessas 1. Aaron Alanen - US$15.200 estão até mesmo trancadas e você não pode entrar a não ser 2. Dave Bille - US$ 10.000 que tenha uma determinada quantidade de fichas. Comprar 3. Alfredo Calimbas - US$10.000 4. Casey Conner - US$10.000 fichas permite que os jogadores sejam capazes de fazer 5. Charles Milham - US$10.000 coisas como contar vantagem, competir e também jogar em 6. Robb Jones - US$10.000 diferentes mesas.” 7. Robert Homes - US$2.850 O jogador de poker mais obstinado pode ter um problema 8. Howard Lee - US$2.100 com a relação risco/recompensa, que é bastante diferente
POKERCON
2011 O ZYNGA ESTÁ TRAZENDO MAIS JOGADORES PARA UM NOVO JOGO
9. Shirley Richards - US$1.500 10. Hugh Davies - US$1.200
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nos jogos do Zynga, mas Toney acredita que eles buscam um tipo diferente de jogadores e ainda encontram formas de dar a estes jogadores recompensas e prêmios tangíveis. “O que percebemos é que nossos jogadores procuram uma experiência realmente social quando jogam. Quando você joga no Zynga Poker, tem acesso a uma atmosfera social mais aberta e acolhedora. O que decidimos fazer é, permanecendo na esfera virtual que é nosso foco, dar às pessoas a chance de jogar onde a ênfase é mais na interação e nos aspectos sociais,” disse Toney. Os jogadores também podem trabalhar para evoluir e jogar torneios Shootout especiais, que dão prêmios como XBOX 360 ou iPads para os ganhadores. Para este fim, a PokerCon, que custou US$ 125 para os jogadores, também apresentou um torneio freeroll de US$ 100.000. Ela marcou a primeira vez que os jogadores do Zynga estavam competindo por dinheiro de verdade ao invés de apenas prêmios virtuais ou mais fichas do Zynga. A mesa final consistia em três jogadores de cada rodada de 250 pessoas e outros quatro jogadores que ganharam suas vagas online. O torneio levou somente um dia para terminar e, no final, foi o jogador de 43 anos Aaron Alanen quem levou para casa o prêmio máximo. Os seis finalistas haviam combinado de dividir a premiação em US$ 10.000 para cada. O ganhador levava o título e mais US$ 5.200. Assim, com uma base de jogadores tão grande, e o que parecia ser a eventual regulamentação do poker online nos Estados Unidos, você poderia pensar que o Zynga iria correr para entrar e competir com sites como o PokerStars e o Full Tilt Poker. Não tão rápido. “Estamos muito felizes com nosso modelo atual de negócios e isso não é algo que estamos tentando fazer. Queremos nos manter focados, mais uma vez, no Zynga como um jogo social; temos um negócio de valores virtuais que nos permitiu ser extremamente bem-sucedidos. Não existe razão para nos desviarmos disso,” disse Toney, que admitiu que a PokerCon foi como uma festa de inauguração do Zynga, uma forma de apresentá-los para o resto da indústria do poker. “Acredito que esta seja uma ótima maneira de caracterizar a empresa, nossa festa de inauguração. Queríamos garantir que podíamos não só atingir nossos jogadores e proporcionar uma ótima experiência para eles, mas também que ela nos permita ser capazes de atingir o resto da indústria do poker, e permitir que as pessoas saibam que estamos interessados em nos tornar parte da indústria. Estamos sendo humildes, somente tentando dar um passo de cada vez para construir nossa credibilidade e nos legitimar neste mundo.” Trazer grandes nomes como Brunson, Sexton e Duke para participar da PokerCon também foi, em grande parte, para ganhar esta credibilidade. Toney descreveu Duke, que é encarregada pela liga de poker profissional Federated Sports + Gaming, como a pessoa perfeita para lecionar na Zynga University. “Ela tem sido fenomenal. Recebemos muitos feedbacks excelentes e eu acredito que uma vez que começamos a anunciar o tipo de profissionais que estariam aqui, assim que dissemos às pessoas que Annie Duke iria lecionar na universidade do poker, quero dizer, nós não pensamos que iríamos ter todos os que compraram tickets querendo ir, mas foi o que ocorreu,” disse Toney sobre as duas sessões de coaching dadas por Duke para as 500 pessoas que esgotaram os ingressos disponíveis. O fato de os ingressos terem esgotado, além do que parecia ser o desejo do Zynga de aumentar sua aceitação e se tornar mais compreendido na indústra do poker, provavelmente significa que você verá outra PokerCon num futuro próximo. Enquanto os organizadores do evento não confirmam planos para futuros eventos, eles deram uma dica de que o próximo pode não ser em Las Vegas.
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MUDOU TUDO DE NOVO...
OS DOIS DONKEYS CONTINUAM. Guilherme Kalil e Marcelo Lanza voltam com o Pokercast da Bluff Brasil, agora de 15 em 15 dias. O melhor do mundo do poker para vocĂŞ.
O SEGUNDO COLOCADO NO MAIN EVENT DE 2010 QUER COLOCAR SUA VIDA DE VOLTA NOS TRILHOS POR DAVE BEHR Fotografia por Rob Gracie
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A segunda colocação de John Racener no Main Event da World Series of Poker 2010 fez dele um multimilionário e um nome conhecido da noite pro dia. Sua vida ganhou um ritmo acelerado. Entretanto, um mês após o fim do Main Event, Racener bateu de frente com o duro muro da realidade. Ele foi preso em Tampa, Flórida, por se recusar a fazer um teste do bafômetro após ser parado no trânsito depois de uma noite se divertindo com os amigos. Foi a terceira prisão deste tipo em cinco anos e fez com que muitos na comunidade do poker, incluindo o próprio Racener, revissem o que achavam que sabiam sobre o jovem profissional. A primeira vez que falei com Racener, ele estava parado na frente de sua nova casa de 450 metros quadrados em Tampa. A casa, localizada há cerca de um quilômetro das águas de Tampa Bay, custou a Racener US$ 750.000. Enquanto os jatos do aeroporto próximo ao local roncavam sobre nossas cabeças, Racener mostrava todo o orgulho de ter sua primeira casa própria. Ele falou sobre a sala de jogos, a piscina, a sala onde joga poker online e as 13 televisões que ele tem na casa. “Chegar tão longe assim no Main Event e jogar todos esses torneios que eu joguei nos últimos cinco anos – isto é o que eu sonhei atingir. Ser dono de uma grande casa e poder
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curtir isso, saca?” Ao conversar com Racener fica claro que ele curte tudo o que Tampa tem a oferecer para um milionário. Ele tem raízes fortes na cidade e um dedicado círculo de amigos e familiares. Seu manager, Jeff Gigante, mora perto da casa dele. Sua mãe, Janeen, uma funcionária aposentada dos correios, morou a vida toda em Tampa; sua irmã mais nova recentemente se formou no Fashion Institute of Technology em Nova York e sempre volta a Tampa para visitá-los. A família Racener foi sempre muito unida, ainda mais depois que o pai de Racener faleceu, há dois anos, por complicações com o mal de Alzheimer. Racener falou todo sorridente sobre sua mãe ao longo da conversa. Ela voou para Las Vegas em março, junto com a irmã de Racener, para apoiá-lo no NBC National Heads-Up Poker Championship. Ela é uma das principais razões pelas quais ele escolheu permanecer em Tampa depois de seu segundo lugar no Main Event, ao invés de se mudar para Las Vegas, como muitos dos jovens profissionais fazem. “Eu venho ajudando minha família desde que comecei a me dar bem no poker,” disse Racener. “Quando eu era mais novo, foi o que minha mãe fez por mim. Eu sempre tive tudo que quis. Ela fazia tudo que eu precisava. Ela trabalhava o dia todo e todos os dias, algumas vezes em dois
empregos, só para garantir que eu e minha irmã tivéssemos condições de participar de tudo o que quiséssemos, sendo nos esportes ou em excursões da escola. Estou feliz por ter a possibilidade de devolver um pouco disso para ela e para minha irmã, sendo capaz de ajudálas no que precisam e comprar para elas o que elas querem.” A família de Racener ajuda a segurá-lo. É só tocar no assunto de festas e bebida que rapidamente se torna evidente o quão importante é essa âncora em sua vida. “Não acredito que eu seria capaz de sobreviver em Vegas,” disse ele, quando eu perguntei se ele tinha considerado se mudar para lá depois do Main Event. “Tem muita coisa acontecendo. O poker, todas as apostas que acontecem lá e a vida noturna é muita coisa. Eu não acho que seria capaz de me manter focado.” Dado o histórico de Racener, manter-se focado poderia ter sido o menor de seus problemas se ele tivesse se mudado para Las Vegas. Em 11 de dezembro de 2010, apenas um mês depois da conclusão do Main Event, o carro que Racener estava dirigindo foi parado pela polícia de Tampa. Racener se recusou a fazer o teste do bafômetro e foi preso e fichado por suspeita de dirigir alcoolizado. Foi a terceira vez desde 2005 que Racener foi preso por dirigir alcoolizado.
O orgulho e o amor que envolviam a voz de Racener quando estava falando de sua família sumiram na hora em que foi mencionada aquela noite de dezembro. Tudo isso foi substituído por um intervalo de reflexão de um homem se examinando de fora pra dentro. “Você sabe o que é mais chocante?” Ele começou. “Eu nem bebia no colegial. Até o final do último ano, eu devo ter bebido casualmente uma ou duas vezes por mês. E então, quando cheguei na faculdade, eu comecei a beber mais nas festas e coisas desse tipo.” Esse clima de festa, na visão de Racener, levou a vários fins de semana por mês nos quais ele sairia com amigos “para ficar meio louco.” Também o levou à primeira de suas três prisões por dirigir alcoolizado, em 16 de novembro de 2005. Naquela noite, Racener, aos 19 anos, causou três problemas: ele era menor de idade, seu teste do bafômetro deu 0,085% (frente ao limite da Flórida de ,08%) e ele foi pego com álcool em seu carro. Ele foi julgado culpado de imprudência no trânsito, pagou uma multa e ficou em liberdade condicional por seis meses. Essa prematura ocorrência com a justiça não serviu para endireitar Racener aos 19 anos. Dois anos mais tarde, ele foi preso sob a suspeita de dirigir alcoolizado pela segunda vez. Mais uma vez, ele foi considerado culpado de imprudência
no trânsito e pagou uma multa. Em 2009, ele foi preso novamente por brigar em um incidente no Seminole Hard Rock Casino, em Tampa. Racener se disse inocente neste incidente e as acusações foram retiradas posteriormente. Quaisquer lições que estes incidentes deveriam ter ensinando a Racener foram deixadas de lado pelo rapaz de 20 e poucos anos. Quando os policiais de Tampa o acusaram por dirigir alcoolizado pela terceira vez em dezembro passado, Racener finalmente se abalou. Ele percebeu que seu estilo de vida de festas e bebida não mais afetava somente a ele. Também afetou sua relação com seu patrocinador, o Full Tilt Poker, (“Esta foi uma das primeiras coisas que passou pela minha cabeça”, ele admitiu depois da prisão em dezembro.) e, mais importante, com sua família. “[Minha irmã] ficou chateada quando eu liguei para minha mãe para contar”, disse Racener. “Minha mãe contou para minha irmã. Ela disse que minha irmã caiu no choro. Ela estava com o coração partido, dizendo o quão desapontada ela estava comigo. Só de escutar esse tipo de coisa fico mal, eu não quero fazer isso com a minha família.” Racener admitiu que sua mãe estava há
muito tempo preocupada com o fato de que seu filho beber demais iria lhe trazer consequências de forma que mudaria sua vida. “Eu acredito que ela acha que eu me sinto invencível quando bebo”, ele disse. “Nas noites em que eu saio, ela não dorme. Ela tem que ficar acordada, pois fica preocupada comigo.” Algumas noites após a prisão, Racener encontrou sua mãe e seu manager. Enquanto assistia à sua mãe chorar na sua frente e Gigante ficar com os olhos cheios d’água, Racener tomou a decisão de lutar seriamente contra seu problema com a bebida. “Eu pensei, ‘OK, chega disto. Vou ser homem e fazer alguma coisa para mudar isto.’ Estou num ponto da minha vida em que tenho 25 anos. Posso fazer algo para me ajudar agora e parar com toda esta bobagem. Se eu continuar esperando, então só vou ser igual a qualquer outra dessas pessoas que têm este tipo de problema em suas vidas. Eu vou acabar sem nada.” A alternativa foi entrar no Turning Point de Tampa, um respeitado centro de reabilitação não BLUFF • JULHO 2011
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muito longe da casa de Racener. O Turning Point é especializado em prover “programas de alta qualidade, baseados em 12 passos, que são mais acessíveis e eficazes.” Racener era um candidato ideal para o programa de pacientes não residentes do Turning Point, que requer sessões de três horas, três noites por semana, por oito semanas. Embora os pacientes não residentes do Turning Point normalmente não estejam permitidos a perder quaisquer sessões, Racener e Gigante persuadiram os administradores do Turning Point a usar uma abordagem flexível com Racener devido à sua programação de viagens para torneios. “No Dia 1, eu entrei lá com o Gigante. Ele logo disse, ‘Ele viaja muito, mas sinto que agora ele realmente quer fazer isto. Eu espero que vocês estejam dispostos a ajudá-lo com sua programação.’ Eles levaram alguns dias para decidir. Tive que fazer algumas análises. Quando eles ouviram como eu respondi as perguntas e quão motivado eu estava para melhorar esta parte da minha vida, eles resolveram me ajudar.” Quando Racener descreveu suas experiências no Turning Point, sua voz tinha toda a convicção de um novo convertido. “É impressionante. Eu diria que uma hora de cada aula é gasta com as pessoas chorando, dividindo suas histórias ou qualquer outra coisa assim. O que aconteceu com eles. O que eles viram acontecer. O que aconteceu com alguém próximo deles. Tudo o que eu tinha que fazer era ouvir a história do primeiro cara e ver ele começar a chorar, e ...” Racener parou por um momento, procurando as palavras certas. “Você podia ouvir uma agulha caindo na sala ao lado. Mas é difícil. Todos engasgam. Todos os que têm um coração engasgariam, sabe? É tudo realmente muito intenso e eu sabia desde quando entrei lá na primeira noite que era provavelmente o melhor passo que já havia dado em minha vida.” Fora todos os comentários de admiração de Racener sobre o programa do Turning Point e as mudanças que ele acredita que esteja fazendo para sua vida, ele não está totalmente disposto a assumir seu passado. Ele se esquivou de perguntas sobre suas duas primeiras prisões por dirigir alcoolizado dizendo, “Meus primeiros dois incidentes foram imprudência no trânsito”. O que é somente meia verdade: as acusações de 2005 e 2007 contra Racener foram reduzidas para imprudência no trânsito em troca de sua confissão. Quando pressionado sobre o porquê estes incidentes por dirigir alcoolizado seguiram se repetindo, Racener tinha pouco a dizer. O máximo que ele podia falar é que ele acredita que, “Qualquer pessoa que tem dinheiro simplesmente sente que pode sair e ser mais do que os outros lá fora e invencível”. Ele também minimizou sua culpa na prisão de
dezembro, dizendo que ele foi para os clubes de Tampa naquela noite e pretendia voltar para casa. “Tudo de mal que aconteceu, aconteceu depois, quando eu não estava pensando,” disse ele. Foi como se ele tivesse se recusado a assumir suas ações devido ao estado de intoxicação.
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Também é claro que Racener pensa que ele é melhor que outros pacientes não residentes do programa do Turning Point. Quando questionado sobre o quão difícil foi começar o programa, Racener respondeu, “Não estou dizendo por mim, mas só por estar lá e ouvir o que as pessoas têm a dizer e quão perturbadas elas são mesmo estando no programa. É muito difícil para este tipo de pessoa. Quero dizer, óbvio que eu estou recebendo o máximo do programa e tenho minha cabeça mais controlada do que qualquer um lá.” Dada esta atitude, é difícil julgar quão eficiente o programa tem sido para Racener. Ainda assim, Racener reconheceu que ele acredita que precisa do programa e parece ser verdadeiro seu desejo de mudar seus abusos com a bebida. Outro fator que também ajuda é ele ter o apoio de um grande grupo de pessoas. “Recebi boas mensagens de amigos íntimos, da minha namorada e, é claro, de familiares. Todo esse suporte dizendo que eles estavam comigo e que me amavam incondicionalmente e coisas assim. Foi um bom sentimento e eu não queria deixar todas essas pessoas na mão. E não pretendo fazê-lo.” Quem sabe onde Racener estaria agora se ele não tivesse se tornado o assunto da comunidade do poker ano passado? Ele reconhece que as coisas poderiam ser bem diferentes, que ele poderia não estar indo por este caminho se ele não tivesse ido tão longe no Main Event. “Eu não sei se eu estaria dando estes passos que estou dando, para ser honesto,” disse ele quando questionado quanto ao impacto do sucesso no Main Event em sua vida. “Eu simplesmente não queria que as pessoas se decepcionassem comigo ou pensassem coisas negativas sobre mim. Tem muitas pessoas que me admiram e respeitam meu jogo. Muitas pessoas jogando online, assistindo às notícias em tempo real sobre mim na internet, todos os dias. Eu não quero que eles se decepcionem comigo agora.” Agora Racener tem que descobrir como se desvincular deste incidente que prejudicou sua reputação. Ele está tentando fazer isso e se lembra das lições do dia 11 de dezembro de 2010. “Eu relembro daquilo pensando que graças a Deus ninguém se machucou,” disse ele. “Foi algo que realmente abriu meus olhos. Finalmente. Agora eu posso fazer os ajustes e mudanças necessários para que nunca mais aconteça. E eu não tenho que me colocar nesta situação em que qualquer um pode sair ferido.” Como os esforços de Racener em reabilitar sua personalidade festeira são vistos por sua família, amigos e toda a comunidade do poker será tanto uma função de seu sucesso em completar o programa do Turning Point quanto como ele irá lidar com as tentações constantes do circuito do poker. Jogadores de poker gostam de apostar. Eles gostam de festejar. E gostam de beber. Racener terá de descobrir uma forma de gerenciar estas situações sem ceder à pressão de ninguém. Ele acredita estar preparado para o desafio. “Eu sei que vou passar por muitas situações no futuro nas quais eu vou estar viajando, terei bons resultados e vou querer sair e celebrar,” admitiu ele. “Todos os meus amigos do poker vão dizer, ‘Vamos sair hoje à noite’. Tudo bem. Vou ter que deixar muitas dessas noites passarem, mas eu ainda vou sair com eles. Você só não irá me ver bebendo.” Depois de conversar com Racener por uma hora, é difícil não querer acreditar nele. Ele parece entender que tem muito mais em jogo do que somente chegar inteiro em casa quando pega o volante depois de uma noite de bebedeira. Ainda assim, Racener já passou por esse caminho antes, em 2005 e depois em 2007. O ditado já dizia que uma vez acontece, duas é coincidência e três vezes é um problema. O tempo dirá se Racener é seu pior inimigo ou se ele se mantém sóbrio e livre da direção quando estiver alcoolizado para o resto de sua vida. Racener, o sempre perspicaz jogador de poker, vê pelo menos um lado prático de seu novo compromisso de se manter sóbrio. “Na manhã seguinte irei estar deitado em minha cama sorrindo e dizendo, ‘Wow, me sinto bem hoje.’ E vou ter uma vantagem sobre os outros caras que estavam bebendo. Ao invés de desafiar meu organismo, aparecendo no dia seguinte me sentindo como um lixo, agora não vou mais. E já me dei tão bem em minha carreira naquelas circunstâncias, sinto que agora as coisas só podem melhorar para mim.”
Amúlio Murta
VIVA LAS VEGAS! O QUE PODEMOS ESPERAR DOS BRASILEIROS NA CAPITAL MUNDIAL DO ENTRETENIMENTO ADULTO NA TEMPORADA 2011. POR AMÚLIO MURTA Após um fantástico primeiro semestre para nossos jogadores, com incríveis resultados e conquistas que vão desde as maiores séries online até o nosso primeiro LAPT, chega o momento em que nós, brasileiros amantes do poker, voltamos nossos olhos para Las Vegas. Nos próximos meses, a Sin City fica ainda mais iluminada. A World Series of Poker e as grandes séries de torneios que pipocam pelos cassinos da cidade trazem muita emoção e prêmios milionários para jogadores de todas as partes do planeta. Principal evento do poker mundial, a 42ª edição da WSOP será realizada em meio ao furacão que assola a indústria do jogo online nos Estados Unidos e, para este ponto, existem duas teorias prováveis. Uns apostam na possibilidade de “esvaziamento” do field, em função da proibição dos gigantes do online de atuarem no mercado americano e a eventual queda das entradas por satélites vindas daquele país. Porém, a grande maioria aposta exatamente no contrário. Esperam uma série mundial
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VIRTUAL FELT... xxxxxxxxxxxx
lotada, com quebra de marcas e fields gigantescos. Os partidários desta teoria apostam que a impossibilidade de praticar o jogo online faça com que os americanos procurem a “forra” nos eventos live. Indiferentes a tudo isso, para nós brasileiros a expectativa só aumenta sobre o comportamento de nossos jogadores na série mundial. Se analisarmos nosso desempenho nos últimos cinco anos, um fator é preponderante: o país tem melhorado a sua performance a cada ano. Os números mostram que, embora não tenhamos aumentado o número de conquistas de braceletes, conseguimos um aumento na presença brasileira em final tables e também nos ITMs. Além, é claro, de um evidente crescimento na presença brasileira no field das disputas. No ano passado, conseguimos nossos melhores resultados da história. Somente nos eventos paralelos da World Series, conseguimos 33 ITMs e duas mesas finais. No Main Event, colocamos 14 jogadores entre os que entraram na zona de premiação. Outro importante resultado brasileiro foi conquistado pelo jogador Eduardo Parra, que alcançou a 32ª posição no ME do ano passado e ultrapassou a marca do mineiro Rafael Caiaffa*, que já durava dois anos. Parra estabeleceu a melhor posição brasileira da história no maior torneio de poker do mundo. Uma marca que deve perdurar por algum tempo. É muito difícil fazer qualquer prognóstico ou prever como será nosso desempenho neste ano. Eu me lembro bem de outras ocasiões, quando todos os indícios apontavam para um ótimo desempenho brasileiro em séries internacionais e o resultado não foi bem o esperado. Um exemplo recente aconteceu no PCA 2010, quando levamos um imenso número de jogadores para o Caribe e obtivemos uma pífia participação, com apenas 4 ITMs no Main Event e nenhum resultado expressivo nos eventos paralelos. Porém, não existe motivo para não manter a confiança. Se no ano passado estima-se que 250 brasileiros tenham apostado suas fichas na série mundial, neste ano espera-se um número igual ou até maior que este. Uma boa razão para manter o otimismo. E quando o assunto
é otimismo, André Akkari é hors concours. O paulista já está na capital do jogo e com uma grade cheia de eventos programados para todo o período. Muitos outros irão se juntar a ele. Além de uma série de nomes importantes do nosso feltro que já estão preparando as malas, este ano o time brasileiro recebe ainda um reforço de peso. O fenômeno Caio Pimenta finalmente fará sua estreia em Vegas. Depois de assombrar o poker nacional com o buy-in milionário no Super High Roller do PCA 2011 e de colocar o poderoso Isildur1 pra dançar na recémencerrada SCOOP, o mineiro desembarca na cidade do pecado com apetite para jogo, prometendo “apimentar” ainda mais as disputas. Alexandre Gomes é outro que está em um bom momento. A mesa final no WPT foi outro excelente resultado de nosso campeão, que possui uma galeria de resultados que falam por si só e sempre credenciam seu nome como candidato ao título, em qualquer disputa que apareça. Hugo Adametes, João Bauer e Ariel Bahia são outros nomes que estão brilhando e, se continuarem assim, podem fazer bonito em Vegas. Além deles, Mojave, Decano, Goffi, Brasa, C.K. e Marcos Sketch são sempre boas apostas. Além de vários nomes que não estão sendo citados aqui, mas que podem representar muito bem nosso país nas disputas. Se não bastasse tudo isso, como a história do poker está recheada de anônimos que surgem para conquistas fantásticas, sempre existirão os resultados vindos de jogadores que ainda não apareceram com tanto destaque sob os holofotes. Não devemos descartar esta possibilidade. Embora a presença brasileira ainda seja “pequena” se comparada ao imenso field e à tradição de outros países, nossos resultados provam que o poker está em franca evolução no Brasil e, em se tratando de poker, eu não ousaria apostar contra a possibilidade de um brasileiro entre os November 9, embora essa seja a mais otimista das previsões. Enfim, a expectativa é muito boa para que façamos uma temporada incrível em Las Vegas. Espero que possamos aumentar nossos ITMs no Main Event e, quem sabe, até beliscar algum bracelete nos eventos paralelos. A torcida será grande. See you soon!
*55ª posição/ME - WSOP 2008.
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1º TRANS FISH POKER
UM CAMPEONATO DE POKER COM PESCARIA, OU UM CAMPEONATO DE PESCARIA COM POKER... POR MARCELO LANZA
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A essa conclusão ainda não consegui chegar e, mesmo pensando muito a respeito, confesso que tenho muitas dúvidas. O 1º Transfish Poker começou para mim quando recebi uma ligação do Guilherme Kalil me dizendo o seguinte: “Lanza, o Max Dutra (mineiro de Belo Horizonte, que morava em Uberlândia, e há pouco mudou-se para Cuiabá, além de ser um jogador muito conhecido por quem frequenta os grandes torneios do Brasil) me ligou oferecendo à Bluff a cobertura de um torneio animal! Vai ser um torneio no Pantanal, e estarei em São Paulo, dá pra você ir lá cobrir?”. E eu respondi: “Bom, já que vai ser uma coisa diferente, vou conversar com a Daniela (minha esposa) e ligo pra ele pra combinar.” Alvará concedido, ligo pro Max e acerto que embarcaria para lá em dois dias, na quarta-feira. O que eu não sabia era que eu iria participar de um dos melhores eventos a que pude ir na minha vida. Dessas coisas que você para pra refletir quando acaba e fala: “Meu Deus, que coisa bacana, que negócio foi esse que aconteceu?” Espero que no final desta matéria eu possa ter transmitido essa mesma alegria e satisfação para todos vocês. Na terça-feira recebo uma mensagem do Max mandando levar molinete e anzóis porque as varas de pescar ele arrumava por lá. Logo pensei: “aonde é que eu estou indo, eu nunca pesquei na vida, apesar de vir de uma família que vai 2 vezes por ano pescar.” Não sabia nem como arrumar isso e, enquanto estava divagando sobre como fazer, no BH Hold’em Clube, comentando com o pessoal
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que lá estava, vem a minha salvação. O Sr. Wagner, Waguinho para os amigos, estava lá e, me ouvindo falar, perguntou: “Vai pescar, Lanza?” Ao ouvir a resposta de que eu não tinha nada e nem sabia o que fazer, mandou que eu esperasse um pouco, saiu da mesa e, meia hora depois, voltou com o material completo de pescaria, varas personalizadas, carretilhas, molinetes, chumbadas e anzóis e diz: “Olha, tome cuidado e não se preocupe que lá eles te ensinam tudo!” Eu disse que tudo bem, e a partir daquele momento estava pronto pra embarcar para Cuiabá, meio desconfiado do que estava por vir, mas equipado como pescador profissional. Chegando em Cuiabá, na madrugada de quarta pra quinta-feira, o Max me esperava no aeroporto, e de lá fomos direto para OX Club Cuiabá, dos amigos Alex Jorge, Nilo Ponce, Lucas Reiners, que estavam organizando o Transfish Poker. O clube é muito bem organizado, em uma casa deslumbrante, com direito a chef de cozinha , André Souto, e estava rolando um animado 25/50, que além do pessoal de lá, estavam engatados os filhos do Max, Ivan e Yuri, e Rafael Caiaffa, do Rox Team Pro. Eu recusei o convite de me juntar a eles, e preferi ficar tomando uma ao lado da mesa somente vendo a action. Lá pelas 5 da manhã fomos embora, combinando de nos encontrarmos novamente no clube às 8h30 para seguirmos viagem. Na quinta-feira de manhã chegamos no clube, onde estava sendo servido um farto café da manhã. Lá fui apresentado aos outros companheiros de viagem e tive mais detalhes
de como seria o evento. Pra minha surpresa, recebo a minha carteirinha de pesca amadora, documento que fui orientado a não me separar dele de maneira nenhuma. Preparamos tudo e fiquei conhecendo uma das maiores figuras dessa viagem, um cara muito bacana que se chamava Cleber, um dos maiores piscicultores do Estado do Mato Grosso, que, junto com o Max, me guiou e me ensinou muita coisa por toda a viagem. Junto a nós 3 veio também o Caiaffa na camionete do Cleber e pegamos a estrada rumo ao Pantanal. Andamos por cerca de 120 km em estrada asfaltada até Poconé. E aí começou a aventura. Na placa que dizia “Transpantaneira, aqui começa o Pantanal do Mato Grosso” começava uma estrada de terra castigada pelas chuvas, com muitas ondulações e atoleiros, porém com uma paisagem inigualável. Nesse momento, já com os celulares sem sinal, é possível ver as belezas do Brasil como só vemos no Globo Repórter, como famílias de capivaras ao longo dos aproximadamente 170 km de estrada de terra e de mais de 130 pontes de madeira, o que faz dela a estrada com a maior quantidade de pontes do mundo! Além disso, vê-se ao longo da estrada a população ribeirinha, banhando-se nos afluentes do Rio Cuiabá, com uma alegria imensa e simplicidade de dar inveja. Não podemos nos esquecer dos jacarés, figurinhas fáceis de serem encontradas à margem da estrada, além de inúmeros pássaros e outros animais. Seguimos por algumas horas na
Transpantaneira até que chegamos ao Porto Jofre, um hotel muito arrumado, no final da estrada, com hospedagem na casa do R$ 900 por pessoa, incluindo a pescaria, onde estava ancorada a lancha do Cleber e a chalana que iria ser nossa casa pelos próximos 3 dias, com um nome bem sugestivo: Anaconda. A Anaconda é uma bela chalana, com 3 andares, sendo embaixo quartos com 2 beliches cada, ar-condicionado e banheiros individuais, além de salão de jantar, com sofás, mesas, televisão e som e um 3o andar com churrasqueira e chuveiro. Nos acomodamos no barco e, após ele dar a partida, ficou marcardo que em 1 hora era para todos estarem no salão para os avisos do comandante da embarcação e início do torneio de poker. O 1º Transfish Poker tinha o stack inicial de 15 mil fichas, blinds de 30 minutos, buy-in de R$ 1.250 + 250, double chance nos 3 primeiros níveis de blind e 25k garantidos. Ele teve sua capacidade máxima atingida, pois a chalana só comportava 27 pessoas, e o torneio, por falta de espaço físico, somente 20 jogadores. A organização foi impecável, até uma televisão de LCD foi levada a bordo para que pudéssemos acompanhar os blinds. Até aí era apenas um torneio de poker, mas foi nesse momento que descobri que o Transfish Poker era mais que um evento, era vários. Após as informações dadas pelo comandante da embarcação, foi anunciada a agenda de eventos pela organização: Campeonato de Poker, Campeonato de Cash Game (quem ganhasse mais dinheiro até o fim da viagem), Maior peixe de escamas, Maior peixe de Couro e Maior quantidade de peixes na medida. Nesse momento as pessoas foram separadas em grupos, e o meu foi composto por Max e Cleber e eu, no barco do Cleber. O pacote do Transfish Poker custava R$ 3.000,00 com direito a tudo isso, além de comida e bebida à vontade na embarcação, mais isca e piloteiro (ribeirinhos que conhecem tudo do Rio Cuiabá, que além de pilotar os barcos menores rio acima, organizam seu material de pesca e a isca). Não estavam inclusas as passagens aéreas nem o double chance. A Bluff recebeu um pacote desses, com a passagem aérea para cobrir o evento. Informação anotada, ficha no pano, comecei o torneio disposto a não fazer o double chance, querendo conhecer um pouco mais dos jogadores que ali estavam. Eu estava um pouco cansado, mas muito empolgado, afinal, enquanto o torneio acontecia, a chalana navegava rio acima, numa das paisagens mais deslumbrantes que vi em toda a minha vida. Não havia transcorrido 30 minutos de torneio quando vejo na outra mesa o primeiro double chance. Caiaffa entra de all-in com flush nuts, quando o Dr. Saad paga com dois pares e vê seu full house completar no river. E após mais 3 double chances feitos por outros jogadores, Caiaffa foi o primeiro a ser eliminado, após entrar de all-in pré-flop com AA, contra par de dez e ver outro dez aparecer no turn. Maré de azar essa que seguiu Rafael até no domingo de manhã, perdendo incríveis seis 80/20 em all-in pré-flop nos cash games, porém, como disse, e mais tarde eu conto, no domingo de manhã ventou pro forte jogador Caiaffa e ele ainda conseguiu sair pra frente na viagem. O primeiro dia de torneio termina às 2 da manhã. Eu ocupava a sexta colocação mesmo depois de perder um pote para o líder em fichas com KK pra JJ, mas tranquilo por ter apresentado um bom poker. Eliminei Max, adversário duríssimo, que estava à minha esquerda, após ele squeezar um 10 e 6 naipado e me pegar com KK, o que me deu ainda mais tranquilidade para jogar. Passamos 14 e fomos dormir, sendo avisados que o café seria servido às 5h30 e depois sairíamos para pescar. Vida nada fácil, dormimos um pouco a mais que o combinado, mas às 7 já estávamos entrando no barco para o torneio de pesca. Avisado por Cleber, apesar do sol, vou de calça e blusa de manga comprida, e nessa hora vejo toda a minha habilidade de pescador à prova. Subimos o Rio Cuiabá por aproximadamente 30 minutos, e após aportarmos a lancha num barranco, começo a me preparar para a pesca. O pirangueiro ou piloteiro arruma minha vara e Cleber e Max me dão as dicas de como lançar e como fisgar os peixes. Nessa hora vejo
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que já esqueci alguns acessórios muito importantes: óculos escuros, protetor solar, repelente e chapéu (estava apenas de boné), coisas essas que no fim do dia pagava qualquer valor pra ter. O sol estava muito quente, mas tínhamos bastante cerveja gelada a bordo, e eu estava me saindo muito bem nos lançamentos de isca, porém um fracasso nas fisgadas. Já Max, fraseado por ele próprio, nascido e criado no Rio, não perdia uma fisgada, porém, com um azar incrível,
só pegava a tão temida piranha do rio. Cleber, além de algumas piranhas, pegou várias piraputangas, peixe considerado nobre (que vale para o torneio), porém muitas vezes fora de medida. E nessa hora tenho que elogiar a consciência dos moradores de lá. Peixe que não entra na medida não embarca. Pra quem não sabe, atrás da carteirinha de pesca que recebemos, existe medida para todos os peixes que se pode pegar, além da quantidade que se pode levar embora. Medida criada pelo SEMA (Secretaria de Estado Do Meio Ambiente), para combater a pesca predatória, e seguida à risca pelos participantes do Transfish Poker. Após umas 2 horas e alguns ajustes feitos, consigo pegar meu primeiro peixe, pequeno, mas fotografado e muito comemorado por mim, Max e Cleber. Lá pelas 11h30, voltamos ao barco para o almoço, onde encontramos os participantes. Contamos histórias de pescador, almoçamos, bebemos mais um bocado e fomos tirar um cochilo. Lá pelas 15h saímos de novo pra pescar e, apesar de abastecer todo o Rio Cuiabá
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de isca (incrível como perdia fisgada), comecei a melhorar e passei a pegar algumas piranhas. Depois consegui finalmente pegar uma piraputanga na medida, 30 cm, passada pela régua que tinha no barco e peixe embarcado. Mas às 18h, quando anoiteceu, foi que vi a falta que o repelente me faria, pois uma infinidade de borrachudos e pernilongos vieram pra cima dos barcos, tornando impossível de conversarmos. Após pedir um pouco de repelente, resolvemos voltar ao barco, jantamos e estávamos prontos para a grande final. O dia começou tranquilo, e eu estava administrando 30BB quando a mesa final foi formada. Paralelamente, a mesa de cash também começou e achei uma mão que mudou meus rumos no torneio. Estava no big blind, quando no blind 500/1k, ante de 50, um jogador faz 2.800, toma um call de outro no meio da mesa e dou re-raise all-in de JJ. Após pensar muito, o jogador Lucas, acreditando que iria flipar comigo, paga de 99. O bordo não assusta e fui pra 75BB, disposto a colocar mais ação na mesa, com um stack de absoluto conforto. Administrei e cresci meu stack até ver a bolha da premiação estourar, e quando fomos pro heads-up, estava com ligeira vantagem contra Caio Freitas. Fizemos um acordo que deu aproximadamente 9k para cada e concordamos em jogar por quase 1k. Não demorou muito e cravei o torneio, tornando-me aquele famoso convidado ingrato. Meus anfitriões mesmo falaram, “o mineirinho foi lá e comeu tudo!” Fui dormir enquanto o cash rolava, certo de que minha sorte mudaria na pescaria, afinal quem não sonhou em pescar aqueles peixes que vemos na televisão? Saindo pra pesca no sábado, depois de o Cleber abrir uma garrafa do delicioso Swing, às 7 da matina, resolvi engatar nesse golpe tranquilo com qualquer coisa que viria por ali. Lá pelas 10 da manhã, meu maior susto. Uma fisgada do que parecia ser um belo Pacu me fez literalmente suar. Depois de 10 minutos de briga, com os conselhos atentos de Max e Cleber, além da gozação por causa da minha suadeira, vejo que tudo não passou de uma grande arraia! Linha cortada, mas feliz pela canseira, daquele momento em diante sabia que não pegaria mais nada, e com o dia caindo, percebi que tinha arrumado um sócio. Um belo jacaré estava encostado no barco, como quem não queria nada, e ao sinal de uma fisgada minha (mais uma piranha), quando fui tirá-la da água, ele veio com uma incrível velocidade e pegou o peixe no ar. Fim de pesca pra mim, decidimos ir embora, e como no dia seguinte íamos pra casa, desisti de sair no domingo. À noite, o cash começou animado, com o pessoal contando as fichas pra ver quem levava o troféu, e após eles tentarem um bocado, conseguiram me fazer sentar na mesa do que era, até o momento, 5/10. Assim que sentei virou 25/50 e pedi a compra mínima, e ainda
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disse: “Vocês estão doidos pra pegar o mineirinho, né?” Mas não conseguiram. Desviei das balas e saí um bocado positivo na parada. Fui pra cacheta de 50 e lá pelas 5 resolvi ir dormir. Às 9 o Max me chamou falando que o pessoal já tava era doido, que tava todo mundo virado e que começaram a jogar cacheta de 1k. Foi aí que a sorte do Caiaffa mudou. Ele recuperou todo o ferro do fim de semana e saiu pra frente, após a tentativa de me tomarem 1k e me colocarem na mesa (9 ao todo engataram), ganhei 2k e o Caiaffa 5k. Depois foi anunciada a premiação dos cash games, que ficou com o jogador Omar. Na premiação de pescaria não teve pra ninguém. O barco com Dr. Saad e Nilson Teixeira, ficou com todos os títulos, e, após um brinde, nosso barco aportou novamente em Porto Jofre e seguimos o caminho de volta. À noite, fui jantar com o Max e sua família e deu pra conhecer um pouco mais da bela cidade de Cuiabá. Fiquei realmente muito impressionado com tudo o que vi nessa viagem. Primeiro a ideia genial de um torneio unindo poker e pescaria. Aposto que isso pega muita gente ao longo desse nosso Brasil. Em segundo lugar, a oportunidade de contato tão próximo com a natureza selvagem. Fiquei admirado com a responsabilidade e consciência dos moradores de lá. Em terceiro lugar porque não se vê em todo lugar o tipo de mesa agressiva de 25/50 que vi lá, com pessoas jovens “rasgando” o jogo. E por último porque fiquei muito impressionado com toda a estrutura da cidade, que conhecia muito pouco. É por essas e outras que recomendo Cuiabá como destino para quem gosta de poker, pesca e lazer. A cidade, além de tudo isso, tem um povo muito acolhedor. Obrigado a toda a direção do OX Club pela oportunidade, em especial ao amigo Max Dutra pelo convite. Espero retornar em breve. Mês que vem conto sobre meu próximo destino, Caldas Novas, Pousada do Rio Quente, um dos lugares mais gostosos em que já disputei um torneio na vida, que receberá o BSOP novamente em 2011. Abraços e até lá!
Guilherme Kalil
REGRAS
DO JOGO
UM POUCO SOBRE AS REGRAS DE POKER PELO PAÍS POR GUILHERME KALIL
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xxxxxxxxxxxx A explosão do poker em todo o mundo ainda é muito recente quando comparada a esportes como futebol e basquete e, por isso, as regras do jogo vêm sofrendo diversas adaptações e mudanças nos últimos anos. Apesar de todos os esforços da Tournament Directors Association para que sejam estabelecidas regras comuns para todos os torneios, ainda é possível vermos diferenças significativas entre torneios e até interpretações diferentes entre dois diretores de um mesmo torneio. Uma regra que me chamou a atenção recentemente foi aplicada no Rio Poker Tour, torneio que cobri e joguei no final de março na Barra da Tijuca. Neste torneio, o supervisor técnico Rodrigo Bud estabeleceu que o showdown não poderia ser solicitado por nenhum jogador a não ser que ele tivesse motivos para suspeitar de conluio entre os jogadores envolvidos na mão. É fato que nos torneios brasileiros os jogadores abusam da regra de showdown e é comum vê-los solicitarem a abertura das cartas em mãos consecutivas apenas para a obtenção de informações sobre os adversários. Se, por um lado, na internet o jogador pode sempre olhar as cartas dos adversários ao final de uma mão que foi ao showdown, é consenso entre a comunidade de poker internacional que pedir para vê-las é uma atitude deselegante e que só deve ser tomada em caso de suspeita de conluio entre os jogadores envolvidos na mão, o que é raríssimo. Diante desta realidade temos duas linhas de procedimento no país. Uma é a linha do RPT, que proibiu os jogadores de solicitarem o showdown, e a outra é a do BSOP, torneio que estabeleceu o parâmetro de regras de torneios para o país com base nas regras internacionais, principalmente por ser dirigido pelos dois mais importantes diretores do país, DC e Robigol. No BSOP os
jogadores são autorizados a pedir para ver as cartas dos adversários nas mãos que chegam ao final, e num torneio deste porte a direção não consegue segurar o abuso deste direito. Eu já estive em mesas nas quais o showdown era solicitado por jogadores na grande maioria das mãos e, no BSOP de Salvador em 2010, discuti com um jogador que pediu para ver minhas cartas por três vezes consecutivas. No caso da regra de showdown eu acredito que o ideal seria encontrar um meio termo para que a direção do torneio conseguisse permitir que um jogador a solicite sem abusos. Como a troca dos dealers na mesa é constante e eles não conseguem saber quem vem abusando deste direito, acredito que a melhor forma seria dar ao jogador que não quer mostrar suas cartas o direito de contestar o pedido e solicitar a presença do diretor (ou do assistente dele) a partir do segundo pedido partindo de um mesmo jogador. AÇÃO ANTES DA HORA:
Nas minhas recentes viagens relacionadas a poker tive o prazer de conversar algumas vezes com o empresário Pedro Brites no clube Zahle, um dos maiores do país. Em diversas conversas nós discutimos regras de poker, os motivos pelas quais elas existem e de que forma podem ser melhoradas. No Zahle há uma regra que só é aplicada lá e que visa manter a idoneidade do jogo. Quando um jogador adianta a ação falando antes de sua vez, ao invés de ser obrigado a manter a ação caso ela permaneça inalterada até a sua vez de agir, o jogador tem a sua ação ditada pelo principal prejudicado, ou seja, o jogador que estava com a ação quando ele se adiantou. Para dar um exemplo, suponha que o jogador B faça uma aposta de 3.000 fichas quando a ação estava com o jogador A. O jogador A neste caso passa a ditar a ação do jogador B e este não pode subir mais as apostas depois da ação do A, podendo apenas pagar ou dar fold em suas cartas, a não ser que seja autorizado pelo jogador A a dar raise. Sendo assim, se o jogador A apostar 500 fichas e solicitar que a ação seja paralisada neste valor, o jogador B não poderá reaumentar a aposta. Ele poderá apenas desistir da mão ou pagar as 500 fichas para continuar no jogo. Se o jogador C, que fala entre os dois jogadores, aumentar a aposta do jogador A, a ação estará reaberta para o B, podendo ele agir como quiser, mas, caso a ação seja mantida, as opções dele estarão limitadas às citadas acima. A regra existe porque independentemente de a ação ter sido intencional ou apenas errada, não se deve prejudicar o jogador que estava com a ação no momento, e é fato que este é realmente o maior prejudicado pelo ocorrido. Eu concordo com a justificativa e acho que esta regra segue o princípio básico para a criação de toda a regulamentação do poker, que é manter a integridade do jogo em todos os seus aspectos. De qualquer forma, vale lembrar que antes de jogar qualquer torneio ou cash game é importante que o jogador leia as regras da organização ou do clube para que esteja a par de suas particularidades, comuns até nos Estados Unidos, onde o poker está fincado há muito mais tempo do que aqui. Guilherme Kalil (@guikalil) é apresentador do Pokercast da Bluff Brasil. www.pokercast.com.br.
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M U O D N E V DESENVOL
O N R E T N I O G O DIÁL PE N S E
PARAD O E R P A J E T O E ES A RES PE IT
RUNSON 10 B E IM T O D N AN I STE R
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Hoje, enquanto estava jogando, me veio à cabeça que se alguém conseguisse ouvir meus pensamentos, acharia que eu sou esquizofrênico. Meus pensamentos podem estar em todo o lugar e são instáveis às vezes. Eu fico paranoico, perguntando a mim mesmo o que o meu oponente sabe a meu respeito, o que ele pensa de mim, o que ele acha que eu penso dele – todos os pensamentos que acredito serem necessários quando vou tomar uma decisão.
Hoje eu estava jogando heads-up em quatro mesas de No Limit $10/$20 contra um oponente muito duro. Em uma mão, eu paguei um re-raise com K-9 suited. O flop veio K-4-6 com um flush draw que eu não tinha, meu oponente apostou e eu paguei. O turn trouxe o flush com um 8. Ele deu check, eu apostei e ele pagou, deixando mais ou menos 75% do que já tinha no pote para trás no river, que foi um 5 de outro naipe. Ele deu check. Eu não fazia ideia se deveria fazer uma pequena aposta por valor ou dar check. Enquanto jogamos quatro mesas, temos que nos concentrar em várias decisões de uma só vez, e eu espero conseguir passar uma noção do que eu estava pensando durante os 15 segundos que levei para tomar esta decisão. “Tem quatro cartas para formar um straight, além do flush draw, quais as chances de ele ter apenas um par menor? Quais as chances de ele ter um par melhor ou dois pares? Em alguma situação ele dá check-call com uma mão melhor do que um par no turn? Ele é capaz disso? Ele é capaz de dar fold em alguma mão como K-2 suited no river? Ele imagina que eu estou pensando no que ele é capaz de fazer? Ele sabe o que eu acredito que ele seja capaz de fazer? Em alguma situação ele daria um hero call com uma mão ainda pior? O que ele pensa que
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eu tenho; ele deve saber que eu não posso blefar nunca nesse river, certo? Ele espera que eu transforme um par mais baixo em blefe? Eu acho que ele pode ter muita coisa como J-J com uma carta do flush draw, mas com certeza ele dá fold nesse caso, certo? Eu acho que ele pode ter dois pares quaisquer, uma sequência ou até mesmo estar fazendo slowplay com uma grande mão. É melhor eu dar check.” Então eu dei check e ele tinha T-8, com o que eu presumo que ele teria dado fold, mas nunca saberemos. Enquanto isso, estou tentando jogar também minhas outras mãos o mais rápido possível para me concentrar no maior pote. Mas eu não queria ser negligente com as outras mãos, então eu tentei desacelerar tudo o máximo possível. Pense em tudo o que você precisar pensar, e use o tempo que você precisar, desde que não acabe seu time bank. Eu acredito que seja importante, depois que você toma uma decisão, certa ou errada, tentar identificar no que estava pensando no momento da decisão. Eu sei que nem sempre penso a respeito do que deveria estar pensando, pois consigo me lembrar claramente de quando disse a mim mesmo, “Se eu estiver errado aqui, eu estarei MUITO ferrado”. Esta é uma forma absurdamente prejudicial e não lucrativa de se pensar sobre o jogo. Você precisa pensar sobre as coisas importantes, como leitura, equidade, histórico, teoria do jogo e metagame. Se você não for capaz de identificar no que exatamente estava pensando quando tomou uma decisão, então significa que você não estava pensando de forma lógica ou que fizesse algum sentido. E isso provavelmente aconteceu porque você estava pensando em algo do tipo, “Será que esse cara está blefando nessa mão? Ah, cara, eu quero pegá-lo, eu quero muito acabar com ele! Será que posso pagar aqui, então? É nessa mão que eu finalmente vou acabar com as fichas desse idiota? Pô, vamos lá, eu pago!” Como em qualquer processo analítico, a tomada de decisões no poker tem de ser um processo de um ponto A para um ponto B, daí para um ponto C, e assim por diante. Você não pode dar um call ou um fold sem pensar em por que isso é o correto, ou pelo menos por que você acreditou que essa era a decisão correta. Se você estiver jogando online e, principalmente, num ritmo acelerado, você precisa ser muito eficiente no seu processo de análise. Não pense em coisas desnecessárias, como na influência do resultado desta mão em suas finanças. Pense sobre o que você precisa fazer para tomar as melhores decisões. Normalmente, isto
significa tudo ou boa parte do que vem a seguir: “O que meu oponente espera que eu tenha? Do que ele acredita que eu sou capaz? Ele se lembra da última mão que jogamos? O que ele pode ter? O que ele acredita que eu penso que ele é capaz de fazer? Será que ele chega a pensar nisso tudo? Estas são somente as perguntas psicológicas. Você também deve fazer a si mesmo as perguntas técnicas, principalmente em um jogo como PLO, no qual suas decisões serão ainda mais baseadas na matemática. Descubra o quanto de equidade você precisa ter para dar um call, encontre a porcentagem de vezes que seu oponente precisa estar blefando para o seu call ser lucrativo, e veja se você precisa ganhar de mais do que somente de um blefe do seu oponente para o call ser correto. Tente não se martirizar quando estiver em uma situação complicada, ou em uma mão na qual você gostaria de não estar. Se você está apostando nas três streets com a maior trinca possível e seu adversário empurra tudo no river, quando bate a carta que completa o flush draw, por mais que você queira gritar e ter um ataque, não faça isso. Não sinta pena de si mesmo nem reclame de má sorte. Nem mesmo pense nisso. Concentre-se em como tomar a melhor decisão a partir de tal ponto. As cartas não podem ser controladas, então mantenha o foco nas coisas que você pode controlar, como a sua linha de raciocínio. Se você estiver pensando incontrolavelmente em coisas que não devia quando precisa tomar uma decisão, faça um esforço para parar. É mais fácil do que você imagina treinar sua mente para ter calma em uma mesa de poker. Você precisa convencer a si mesmo de que é errado entrar em tilt, é errado ser afobado quando estiver em uma decisão difícil e é errado se irritar com algo que você não pode controlar. Quanto mais você jogar poker, mais fáceis esses diálogos internos se tornarão porque você vai começar a descobrir as questões realmente importantes em cada situação. Você também ficará menos transtornado e nervoso quando tiver que lidar com uma decisão complicada porque você já passou por ela cinquenta vezes antes. No papel, pode ser fácil pensar no que você faria em determinada situação, mas ser capaz de pensar quando a situação está ocorrendo de verdade é bem mais difícil. A melhor solução para isso é estar preparado.
Eu acredito que seja importante, depois que você toma uma decisão, certa ou errada, tentar identificar no que estava pensando no momento da decisão.
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POKER COMO UM ESPORTE ... PARTE 3 AUMENTANDO SEU STACK SEM AUMENTAR SEU COLESTEROL
POR TRAVIS STEFFEN, MA, CSCS
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Você chegou ao intervalo para o jantar em seu torneio favorito com aproximadamente a média de fichas. Apesar de estar em uma boa situação, você está em uma mesa difícil. Irá precisar continuar a todo vapor para garantir que tenha as melhores chances possíveis de se sair bem. Entrando nos cafés do cassino, você se lembra de ter lido um artigo recente da BLUFF (veja “Poker como um esporte – Parte 2”) que o deixou alarmado quanto ao fato de que o que você come pode ter um efeito profundo em seu processo cognitivo, nível energético, foco e atenção – tudo o que você vai precisar nas próximas horas.
Levar sua comida é sempre uma boa opção
Você quer dar a seu corpo o que ele precisa para ter um bom desempenho, então decide fazer uma refeição mais saudável. Mas você logo percebe que se encontra olhando para o cardápio e se sente confuso. Quão ruim é aquele sanduíche? Será que devo só pegar uma salada? Eu gostaria muito de saber como eles estão preparando estes... Você está certo em se preocupar com a forma como um restaurante prepara sua comida. É por isso que recomendo que toda vez que meus clientes forem jogar poker ao vivo, eles preparem e levem suas próprias refeições. Isso garante que eles serão capazes de comer no intervalo que eles acharem melhor, independentemente do tempo de break, e fazendo com que tudo o que eles comam trabalhe para eles ao invés de contra eles. Está ótimo, mas ainda não sei o que vai em uma refeição boa para o cérebro. Não entre em pânico! Existe um grande número de recursos que podem ajudá-lo neste departamento, mas também muitos que são ruins. Uma vez que você tiver um conhecimento nutricional básico com o qual trabalhar, você pode: • Ter uma ideia melhor do que vai em uma refeição saudável e boa para o cérebro • Escolher as melhores opções de um cardápio quando você não tiver uma refeição preparada disponível • Avaliar certos recursos com um pouco mais de confiança para que você não se pegue seguindo uma dieta maluca
Os 3 macronutrientes Isto pode parecer meio óbvio para muitos de vocês no começo, mas saiba que é um fundamento necessário para que você construa o conhecimento. As três principais categorias nas quais cai toda caloria que você ingere são: Proteínas Carboidratos Gorduras Quase todos estão familiarizados com estes termos, mas a maioria não entende exatamente o que cada nutriente faz para o corpo. Todos são importantes, mas cada um tem suas funções. Irei cobrir cada um deles, começando com...
1. Proteínas A proteína é considerada por muitos como o nutriente definitivo quando se trata de saúde, boa condição física e desempenho. Apesar de ser importante, ela com certeza não é a pílula mágica que alguns acreditam que seja. A proteína é responsável (em sua maioria) pelo reparo,
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manutenção e crescimento de tecidos. Quando você se exercita, você desmantela o tecido muscular. A ideia é que depois que seu corpo repará-lo, ele ficará mais forte e/ou maior que antes, de forma a se adaptar ao estresse adicional que você está impondo sobre ele. Eu recomendo que 25% do consumo total de calorias seja de proteínas magras. Exemplos de ótimas fontes de proteínas magras são carnes magras, laticínios e ovos (entre outras coisas). Ok, eu acho que entendi por que preciso de proteína. Mas eu também sei que meu corpo precisa de energia. A proteína provê energia? Apesar de representar grande parte de sua dieta, as proteínas fornecem somente 5-15% da energia que seu corpo precisa para um desempenho de alto nível. Dito isso, sem o nível correto de proteínas na sua dieta, o corpo e o cérebro não irão funcionar em sua melhor forma – o que você irá precisar quando se sentar e colocar as fichas em jogo. Para energia, seu corpo irá precisar mais de...
2. Carboidratos Os carboidratos estão com uma imagem ruim na mídia atualmente. Isto é realmente uma pena, pois são uma das fontes de energia preferidas do corpo, especialmente durante uma atividade. Além disso, ter a quantidade recomendada de carboidratos em sua dieta em intervalos regulares é comprovadamente uma forma de aumentar o processo cognitivo, as habilidades de pensamento de alto nível e a memória. 55-60% de todo o seu consumo calórico deve ser de carboidratos ricos em nutrientes, incluindo frutas frescas e vegetais, grãos inteiros, aveia, certos tipos de arroz e farelo de cereais. Quanto à seleção dos melhores carboidratos, eu sugiro que seja feita uma pesquisa no Índice Glicêmico (um valor dado a cada alimento em relação à velocidade com a qual os carboidratos são absorvidos pela corrente sanguínea). Seu objetivo é que os carboidratos que está comendo tenham um valor de Índice Glicêmico de menos de 55. Para mais informações sobre o que é exatamente o Índice Glicêmico, vá para a página 37 do Peak Performance Poker. Certo – então carboidratos são importantes. Entendi. Mas você disse que eles são UMA das fontes preferidas de energia do corpo. Existe alguma outra? Com certeza existe outra, e é um dos nutrientes mais incompreendidos de todos...
3. Gorduras A gordura tem uma reputação bem ruim. Isto, na verdade, pode ser uma coisa boa na visão de um treinador. Por quê? Porque fez com que as pessoas olhassem para os rótulos dos alimentos. As pessoas tornarem-se mais conscientes daquilo que estão dando a seus corpos é sempre uma coisa boa. Dito isso, as gorduras não são necessariamente o inimigo. Existem, definitivamente, tipos de gorduras que você vai querer evitar, mas existem tipos de todos os nutrientes que você deve evitar. Gorduras trans são ruins. Evite opções gordurosas, fritas e processadas – especialmente antes de você se sentar
para jogar. Mas certas gorduras – como os ácidos graxos Ômega 3 e Ômega 6 – na verdade são ótimas para você, e podem melhorar o funcionamento do cérebro. Você pode encontrar os ácidos graxos essenciais, como Ômega 3 e Ômega 6, de uma forma extremamente fácil – em forma de comprimidos (normalmente feitos de óleos de peixes ou linhaça). Eu recomendo este tipo de suplemento em particular, por ser conveniente, barato e muito fácil de encontrar. Ômega 3 também é muito comum na maioria dos peixes, uma das razões pelas quais eu recomendo salada de salmão do Alaska fresco como uma das melhores refeições pré-jogo para um jogador de poker. 15-20% de todo seu consumo deve ser de gorduras. Seu corpo adora queimar gordura para tirar energia, principalmente em descanso e durante atividades bem leves. Então 55-60% de Três refeições carboidratos, 25% de proteínas e 15-20% de não é a melhor gorduras. Mais alguma coisa opção. Para que eu deveria saber? Sempre! Aqui vão as evitar ficar dicas finais: com fome Mantenha-se hidratado durante todo o dia. Você durante o jogo sabe da orientação de “8 e eliminar a copos de água por dia”? Ela possibilidade de é muito boa. Três refeições não é falta de energia, a melhor opção. Para divida suas evitar ficar com fome durante o jogo e eliminar calorias entre a possibilidade de falta de 5 a 6 pequenas energia, divida suas calorias entre 5 a 6 pequenas refeições ao refeições ao longo do dia. longo do dia. Usar certos suplementos nutricionais pode ajudar a tornar as coisas convenientes, mas não devem substituir boas fontes de alimentos integrais. Fique longe de substâncias que podem alterar sua mente durante o jogo, como álcool e drogas. O capítulo 4 do meu livro, Peak Performance Poker, cobre tudo isto com muito mais detalhes, e muito mais. Para mais informações sobre como melhorar seus hábitos nutricionais para o poker, eu sugiro que procurem lá primeiro. Até o nosso próximo encontro! Tente manter uma dieta saudável até lá! Travis Steffen é um jogador de poker, treinador, consultor mental e instrutor em DeucesCracked. com. Seu novo livro, Peak Performance Poker – Revolutionizing the Way You View the Game, já está disponível. Para saber mais sobre como Travis pode ajudar seu jogo, você pode contatá-lo através do DeucesCracked.com ou de seu website: http://www.workoutbox.com/.
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TRABALHE SUA MENTE
PARA O POKER EXERCITE-SE
V POR ALEX FITZGERALD
Você sabe que está magro demais quando as pessoas começam a chamá-lo de “lombriga”. Infelizmente, por não estar mais fazendo academia há seis meses, já recebi este apelido algumas vezes. Recentemente, entretanto, tenho obtido alguns excelentes resultados e, com isso, me recuperei do buraco que as cavaladas em torneios causaram ao meu bankroll. Para me recompensar, comecei a ir à academia várias vezes por semana.
Hoje, enquanto eu estava na academia, fiquei pensando em algumas ideias para este artigo. Comecei a pensar sobre um pôster que meu treinador de wrestling do colegial colocou em nossa academia que dizia, “O que vale não são quantas horas você treina, mas o quanto você treina a cada hora”. Eu olhei ao meu redor. Todo mundo na academia estava produzindo e mostrando resultados. Eu fui a três academias regularmente em toda a minha vida, mas esta aqui em San Jose parece ser a que proporciona a seus clientes o melhor custo-benefício. Quando eu vi o trabalho de um dos treinadores, entendi na hora o porquê. Primeiro, ele pega no pé do aluno para que determine um horário para ir à academia, depois faz com que o aluno realmente pratique exercícios. Isso me fez pensar o que o mundo do poker poderia aprender sobre prática e disciplina somente assistindo a uma aula na academia. Eu joguei milhões de mãos em minha vida. Entretanto, eu tive uma performance medíocre por um bom tempo. Por quê? Eu sentava, jogava, fumava um cigarro atrás do outro, ficava com a TV ligada ao fundo, ouvia as músicas do Viro the Virus, não usava estatísticas, e tudo isso jogando 16 mesas. Eu jogava para ganhar dinheiro para encher a cara e para pagar meu aluguel. Lá atrás, em 2007, até que funcionava bem, pois todo mundo jogava poker muito mal. Alguns anos depois, entretanto, tornou-se cada vez mais importante aprender a se adaptar. Não podemos mais ser apenas bons jogadores de poker. Para lucrar o suficiente para viver hoje em dia é necessário ser um excelente jogador. Chegar a este nível requer milhões de mãos, mas também requer foco. Quando você vai à academia, você não levanta o primeiro peso que estiver disponível. Você pega o peso certo para você, escolhe uma série de exercícios e trabalha diferentes músculos seguindo um roteiro. Neste artigo, vou sugerir alguns exercícios para a sua mente enquanto jogador de poker. Faça-me um favor, exercite-se. Aqui vai tudo o que eu gostaria que alguém tivesse me dito há alguns anos. Primeiro, pegue o peso certo para você. Da mesma forma que você não chega a uma academia pela primeira vez e tenta levantar 180 kg, você não deve jogar o limite que bem entender logo de cara. Mantenha um número suficiente de buy-ins em seu bankroll para se sentir confortável jogando. Se você tem outro trabalho e pode reabastecer seu bankroll sem dificuldades, você pode se arriscar mais. Mas se esta é sua única profissão, ou se vai ser difícil recompor seu bankroll, é necessário manter um número maior de buy-ins armazenados em seu arsenal.
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Para termos uma referência, eu sempre mantenho normalmente não jogaria durante uma sessão. 100 buy-ins em meu bankroll, tanto para cash games Selecione essas mãos. Revise-as com um quanto para Sit & Gos. Para torneios, preciso de 300 treinador ou com seu grupo de estudos. Analise buy-ins para me sentir confortável. Você pode jogar se você investiu apenas o valor inicial ou se fez com 200 buy-ins, talvez até 100 se você tem habilidade alguma jogada -EV depois disso. Calcule se o seu e está jogando torneios multi-table mais fáceis. Você raise inicial foi lucrativo. Os jogadores depois pode jogar com 30 buy-ins para cash games e 60 para de você eram tight o bastante? Quais eram SNGs e, ainda assim, estar protegido. Entretanto, para suas estatísticas? Qual era a porcentagem de mim, para jogar da forma psicótica como jogo, prefiro 3-bet deles? ter um grande travesseiro para segurar minhas quedas. Você não entende as estatísticas? Como Você vai aprender muito mais se não sentir a pressão você quer aumentar seus músculos de do dinheiro. análise estatística se você não sabe qual peso Em seguida, como você vai levantar o peso certo levantar? Como jogadores profissionais, sem machucar nenhum músculo? Você precisa de nos aproveitamos de toda a vantagem que um treinador para ensiná-lo como fazer. Isso pode temos, sempre. Eu escrevi alguns artigos ser feito de diversas formas, a começar pelo óbvio, sobre estatísticas e joguei muito da minha que é contratar um treinador de poker. A maioria equidade fora ensinando as pessoas tudo dos instrutores na Poker Pwnage, incluindo a isso, então, por favor, use-os. Contrate um mim, oferece aulas individuais a preços acessíveis. coach para ajudá-lo com isso ou assista Você também pode juntar um grupo de amigos a vídeos de treinamento que discutem o que queiram aprender. É recomendável que você assunto. chame alguém com mais conhecimento ou com um Em outra sessão, tente alguns movimentos estilo completamente diferente do seu. Vídeos de de 3-bet all-in que você não faria treinamento também são extremamente úteis. Postar normalmente. Marque-os para revisão e mãos em fóruns na internet também é uma excelente verifique se foram movimentos lucrativos ou forma de se obter diferentes não. Procure pelo que pontos de vista. precisar no quesito Deixe de lado as Se você está ganhando dinheiro matemático em fóruns. mãos que você se com poker, o outro treinador de Lembre-se: se fazer que você precisa é um contador. sente confortável o trabalho pesado for É um tanto complicado saber frustrante para você, jogando. Se você joga lidar com os impostos sozinho, não fazê-lo tornará seu as mesmas mãos, nas jogo frustrante. Você e ter problemas com a Receita será muito prejudicial para o seu deve seguir em frente mesmas posições, desenvolvimento como jogador. quando um cara normal independentemente da desistiria. Agora trabalhe alguns músculos do poker diferentes. Você pode fazer todo mesa, parabéns!, você Para analisar as jogadas, adquira tipo de desafios. Veja ainda está em 2007. um programa de estatísticas, se você consegue atirar como o Hold’em Manager. Uma nas três streets por valor vez comprado, procure as instruções para aprender com mais frequência. Dê 3-bet lights que você a selecionar mãos para revisão enquanto você normalmente não daria. Pague algumas mãos está jogando. Se for muito trabalhoso fazer isso, em posição que você não pagaria e tente tirar o simplesmente copie e cole os históricos de mãos outro jogar da mão depois do flop. Tente dar dois em um arquivo do Word para rever depois. tiros mais vezes. Com todos esses desafios, salve Para se exercitar, pratique abrir raise mais light. as mãos e reveja com seu treinador, seja um Roubar blinds é um dos primeiros conceitos de coach, um fórum ou um grupo de discussão. torneio que nos são apresentados quando estamos Exercite-se. Toda vez que você for jogar poker, aprendendo a jogar, ainda assim é um conceito que tenha em mente a habilidade que você quer muitas pessoas não praticam o suficiente. Deixe de trabalhar. Não fique apenas jogando sem pensar. lado as mãos que você se sente confortável jogando. Reveja e certifique-se de que você está fazendo Se você joga as mesmas mãos, nas mesmas posições, seus exercícios mentais corretamente. Aumente independentemente da mesa, parabéns!, você ainda suas habilidades da forma mais eficiente e está em 2007. Você pode pensar, “Esse não sou eu. Eu competente possível. Boa sorte a todos. Alexander “assassinato” Fitzgerald é jogador me ajusto.” Mas muitos jogadores que dizem isso dão profissional de poker desde seus 18 anos. fold automaticamente em algumas mãos. Sendo um grande vencedor em cash games, Por exemplo, eu não abro 9-2 de naipes diferentes SNGs, e torneios, Alex já ganhou mais de US$ no botão na maioria das vezes, mas se meu raise só 1.000.000 em torneios, com premiações na Ásia, precisa funcionar 50% das vezes para ser lucrativo América Latina, Europa e América do Norte (como é o caso se você aumentar mais ou menos 2x antes mesmo dos 21 anos. Alex é instrutor no com blinds e antes) e os blinds derem fold 70% das site de treinamento Pokerpwnage.com e escritor vezes, então eu vou abrir com quaisquer cartas. Ainda freelancer. Atualmente, vive com sua namorada assim, muitos jogadores não fazem esta jogada porque em sua casa de frente para o mar na Costa Rica, eles nunca jogam determinadas mãos. onde está trabalhando em seu primeiro livro. Portanto, tente abrir com 10 mãos que você BLUFF • JULHO 2011
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Sérgio Prado
ÉTICA NO POKER POR SÉRGIO PRADO
O
O poker, assim como os outros esportes, possui um conjunto de regras que regulamenta as partidas e campeonatos. Mas só isso não basta... Existe um código de ética, nunca colocado no papel, que tenta orientar o comportamento dos jogadores e organizadores, empresários e cronistas. É esse posicionamento, baseado no senso comum, que busca aproximar o jogo do “fair play” e da total honestidade. E não devemos confundir ética com “lei” ou com “moral”. O comportamento ético procura o melhor modo de viver e conviver, uma conduta que não prejudique o próximo.
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Nosso jogo sempre teve uma característica peculiar: o blefe sempre esteve presente. Para ganhar, os jogadores precisam dissimular o valor de sua mão, disfarçando sua força ou tentando representar uma combinação mais poderosa. Talvez por essa diferença o poker precisa valorizar ainda mais o comportamento ético, seja dentro ou fora das mesas. Por ter uma imagem associada à dissimulação, os jogadores devem sempre tentar respeitar o código de conduta aceito pelos companheiros, buscando um convívio harmonioso. Um comportamento exemplar é fundamental nessa fase em que vivemos, na qual o poker está lutando para deixar para trás
de uma vez por todas a imagem de jogo ilícito e marginal. Se você deu uma bad beat enorme no seu adversário, isso faz parte do jogo e está dentro das regras. Mas exagerar na comemoração nesse momento fere o código de conduta aceito pela maioria dos praticantes. No começo da história do poker profissional no Brasil, era comum ouvir gritos exagerados no salão, com jogadores fazendo um verdadeiro escândalo depois de uma mão favorável. Hoje esse comportamento é cada vez mais raro, sinal de mudanças positivas. A evolução do poker pode ajudar muito na formação da conduta ética
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dos jogadores. Campeonatos bem organizados, federações idôneas e bem administradas, mídia séria e bem informada... Todos esses fatores colaboram para formar jogadores éticos e responsáveis, que entendem que não basta apenas seguir as regras do jogo para ser respeitado pelos adversários. Mas um dos grandes inimigos desse processo de formação é a própria essência do poker. Em um jogo que envolve quantias substanciais de dinheiro e uma disputa psicológica ferrenha, os desvios de conduta têm boa chance de aparecer. E sua obrigação é sempre analisar seu próprio comportamento, para saber se
sua postura é íntegra e correta. Aquele jogador falastrão à sua esquerda deve receber uma punição? Você já se perguntou o que faria se, durante o heads-up decisivo de um torneio online, acabasse a energia na casa de seu adversário? Xingar ou desrespeitar oponentes no chat é correto? O que faria se fosse jogar um torneio no exterior e sentasse na mesa junto com outro jogador brasileiro? Acha certo culpar o dealer quando uma mão não foi favorável? Se um jogador sentado à sua direita sem querer deixa você observar suas cartas, o que você faz? No poker, vale tudo para ganhar?
Na próxima vez que você sentar com seus amigos para discutir mãos e analisar jogadas, reserve um tempo também para propor questões éticas. As respostas podem ser surpreendentes e muitas vezes você pode até ficar decepcionado com elas. Mas essas discussões são fundamentais para a evolução do jogo e para a melhoria da imagem dos jogadores de poker. Portanto, faça sua parte! Sérgio Prado é o blogger do PokerStars no Brasil, comentarista dos canais ESPN e apresentador do programa “Metagame” na TV Poker Pro. E está sempre na batalha para deixar o poker ainda mais ético e responsável.
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Papo de Homem POR GUSTAVO GITTI
ENTRE A
POKER FACE
E O
SORRISO ABERTO
“Sei também, desde agora, a mentira que já vais me contar em resposta, e sei que ela será anunciada com o mesmo orgulho que tento velar. Vejamos, enganadores, nós não estamos sós.” – Fábio Rodrigues Em uma reunião decisiva, no jantar com aquela mulher ou em qualquer outro jogo, tendemos a cair nos extremos de apego, aversão e indiferença. Agarramos, controlamos, sustentamos experiências nas quais nos sentimos vencedores; evitamos, reprimimos, fugimos de qualquer derrota; ou simplesmente ignoramos, como se o fenômeno não fizesse parte do nosso mundo. A tentativa mental de manipular a vida se expressa em um corpo tenso e um rosto encenado, mesmo quando nos achamos naturais, espontâneos. Já que quase nunca revelamos nossa estratégia (“Eu quero ter sucesso nesse jogo!”), é como se estivéssemos o tempo todo blefando. Ao pedir uma mulher em casamento, por exemplo, prometemos fazê-la feliz, mas não temos as cartas para garantir. Quanto maior o romantismo em um pedido de casamento,
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maior o blefe. E qual o melhor jeito de blefar ou receber um blefe na vida? Reconhecê-lo, iluminá-lo, explicitá-lo, pegá-lo nas mãos, não deixar que ele nos mova ou condicione outros por trás. Podemos sorrir enquanto blefamos, como se revelássemos: “Estou blefando, blefe também”. Ou, do outro lado: “Sei que está blefando e, por isso, o que você fala fica ainda mais interessante”. Aliás, não há método melhor para seduzir uma mulher do que não usar manipulação alguma e não tentar esconder suas estratégias espontâneas de envolvê-la. Reconhecer as dinâmicas da vida como brincadeiras, ver o jogo como jogo sem deixar de jogar, é muito mais interessante do que apenas brincar e correr o risco de se perder na seriedade, sofrer com a solidez dos fatos, ficar preso dentro dos limites de cada mundo construído. Ao sorrir, você não se opõe, não se filia, não luta contra, não cede, não se perturba, não acredita, não é fisgado. Com tal liberdade, somos menos reféns de reações condicionadas por orgulho, preguiça, ansiedade, dispersão, carência, e podemos nos envolver, nos deliciar, realmente nos comunicar autenticamente com tudo que encontrarmos pela frente. Não há nada a defender, sustentar,
esconder, manipular. Não há receio de que alguém nos perceba diretamente. O sorriso vê o jogo de dentro e de fora. O sorriso blefa e mostra que blefa. Não precisamos de uma poker face adicional. Para se relacionar sem artificialidades com o outro, é preciso que nós mesmos nos descubramos artificiais, atores e personagens de nós mesmos. Para não manipulá-lo, deixemo-nos ser manipulados. Para não jogar, entremos no jogo, entendamos as dinâmicas por dentro. Para não mentir, sejamos inteiros mentira. Para não errar, sejamos erro. Quanto ao sorriso comum, esse de abrir a boca, curiosamente ele também é um dos melhores jeitos de lidar com muitas situações. Conhecer alguém chato, fracassar, não saber o que dizer ou fazer, despedir-se, brochar... O sorriso é um dos maiores curingas porque ele é a expressão mais evidente – e difícil de ser simulada – de nossa abertura, de nossa capacidade de ficar em casa em qualquer condição. Nós sorrimos pouco. Soltamos risadas, gargalhamos, mas é raro um sorriso aberto, calmo, parado sobre as coisas, às vezes encontrando o mesmo sorriso em outros olhos. É por isso que desafio os leitores da Bluff a experimentarem afrouxar a poker face e sorrir abertamente, com nossa cara de blefe original, na melhor ou na pior situação, para testar se a qualidade do jogo melhora. Gustavo Gitti é diretor de conteúdo do PapodeHomem (www.papodehomem.com.br).
CHEGA DE
“NÃO BATA NO VIDRO”
VAMOS TENTAR FAZER O FISH SE SENTIR BEM-VINDO POR LEE JONES Acredito que se passaram quase 20 anos desde que Phil Gordon pronunciou pela primeira vez uma frase de suma importância: “Não bata no vidro”. A mensagem era clara e, como é de costume para o Phil, afiadíssima. Você não quer perturbar o fish no jogo; é por causa dele que você ganha no poker. Então seja educado, faça com que ele se sinta bemvindo e não o repreenda quando der uma bad beat em você. É difícil estimar o valor que esta frase de apenas quatro palavras >>>
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teve no mundo do poker. Durante anos, profissionais do poker em Las Vegas e em qualquer outro lugar trataram abertamente os “turistas” como suas ovelhas que estavam lá simplesmente para serem tosquiadas. Infelizmente, uma parte da nova geração de profissionais que usam iPod e capuz, além daqueles que apenas se acham profissionais, tratou o “fish” com o mesmo desdenho. Mas para cada um que faz isso, eu quero acreditar que há outro que absorveu a mensagem do Phil e se manteve tranquilo quando o “donkey” atingiu seus dois outs. Então qual é o meu problema com a mensagem “Não bata no vidro”? Bem, acredito que temos que levar nossa atitude e a cultura dentro da comunidade a um nível completamente diferente. Isto é: Nós não devemos nem ao menos falar mais sobre fish e donkeys. Se você prestou atenção nos últimos anos, terá percebido duas tendências incrivelmente importantes: O cano que movimenta o dinheiro para dentro e para fora do poker online tem ficado cada vez mais entupido. Os processadores de pagamentos vêm e vão, os cartões de crédito são rejeitados (não por falhas dos sites), e assim vai. Quando o jogador quebra seu bankroll em um site, é mais difícil do que nunca para ele voltar para o jogo. O público do poker online está mudando. Um estudo feito um ano atrás pela Pop Cap Games mostra que o jogador “médio” não é um homem de 18 a 34 anos, mas – olha só – uma mulher de 43 anos com filhos em casa. Adivinhe qual é o jogo preferido dela (depois de Bejeweled, Farmville e Mafia Wars)? Sim, Texas Hold’em. Amigos, os EUA e o Reino Unido estão cheios de mães novas ou de meia idade atacando e dando snap call com Áses quando alguém dá 3-bet all-in sobre o raise do UTG delas. Coloque estas duas tendências juntas e o que você tem? Uma população totalmente nova de jogadores de poker que não descobriram o jogo com dinheiro real, mas que poderiam prover a infusão de sangue novo de que necessitamos desesperadamente em nosso jogo. Você está ouvindo? Note que em lugar algum eu disse “dinheiro fácil”, “fish” ou qualquer termo desse tipo. Que tal “adições para a comunidade do poker” ou “novos membros para a família”? Esta mulher não é mais jovem e já aproveitou muito a vida. Ela se virou para o poker (assim como para outros jogos online) para fugir do trabalho de casa, para se conectar com amigos e para curtir a emoção de tirar as fichas de seu vizinho que nem suspeitava que ela tinha um set no flop. Ela quer relaxar e aproveitar e não vai aguentar palhaçadas à la Hellmuth ou Matusow; ela já aguenta o suficiente de seus filhos adolescentes, obrigado. Veja bem, não temos que a persuadir de que o poker é um grande jogo; ela já sabe. Não temos que ensiná-la o que são os blinds ou que um flush ganha de um straight (ela já esteve em ambos os lados dessa disputa muitas vezes). Nós só temos que fazer duas coisas: Contar para ela que existem lugares onde você pode jogar poker com dinheiro real, incluindo limites muito baixos, que não fazem diferença financeiramente. Fazer com que ela se sinta bem-vinda. Não temos que falar para ela sobre notícias/pontos de vista/fofocas ou High Stakes Poker. Ela não precisa desse tipo de coisa, ela não quer fazer do poker sua vida (ou mesmo uma porção significativa dela). Veja, ela tem uma hora antes de ir buscar a filha no treino de basquete; ela quer 60 minutos de diversão. Puxe uma cadeira, Helen. Estamos felizes em vê-la. Agora, o que você pode fazer? Você provavelmente conhece alguém que está jogando Hold’em no Facebook. Não levará muito tempo até que você a escute mencionar isto. Ela é a mulher que corta seu cabelo, a recepcionista da sua escola. Meu Deus, pode ser até sua mãe. Daqui em diante é fácil: mostre para ela como fazer o download do software de poker online que você usa, ajude-a a fazer uma conta, mande US$ 10 para ela e apresente um Sit & Go de US$ 1. Não mostre a ela os The Micros. É engraçado para você (é engraçado pra mim também), mas ela não irá entender. Ela irá entender os SNGs de US$ 1. E agora o metagame: mude seu paradigma por completo. Não existe “nós” (os jovens bacanas que podem nomear cada participante do The Big Game) e “eles” (os n00bs sem noção). Existe somente uma grande família de jogadores de poker que festejam as vitórias e sofrem com as bad beats. Abrace aquele que nos conecta e rejeite aquele que nos divide. Como Benjamin Franklin citou ao assinar a Declaração de Independência. “Temos que permanecer unidos ou, com certeza, seremos enforcados separadamente.” Nossa situação não é obviamente de vida ou morte. Mas a sobrevivência do poker online como o conhecemos pode muito bem depender de nossa habilidade em atrair e reter populações inteiras que ignoramos até agora. Faça com que essas novas aquisições se sintam bem-vindas em nossa comunidade.
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Não temos que falar para ela sobre notícias/ pontos de vista/ fofocas ou High Stakes Poker. Ela não precisa desse tipo de coisa, ela não quer fazer do poker sua vida (ou mesmo uma porção significativa dela). Veja, ela tem uma hora antes de ir buscar a filha no treino de basquete; ela quer 60 minutos de diversão. Puxe uma cadeira, Helen. Estamos felizes em vê-la.
Lee Jones está no mercado do poker online desde 2003 e é envolvido com poker profissional há mais de 25 anos. Ele é também o autor de Winning Low Limit Hold’em, que ainda está sendo publicado mais de 15 anos depois de sua primeira impressão.
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Tabloide do Poker Fundado em 1958 dentro de um barco por dois lokes e um traíra Editor-Chefe: Chapazapata
Depois de entrar na lista dos Bilionários do Mundo pela revista Forbes, Robigol desabafa:
BEVERLY HILLS (SP) - “Chapinha nunca mais! - Nem o vinho e nem no cabelo!” - Ao ser questionado pelo repórter do TABLOIDE sobre o porquê de tal decisão, Robi foi enfático: “Nunca mais alisarei o cabelo, isso eu deixo para gente pobre feito o Vitão, ou o Norson.” Quanto ao vinho, ele complementou: “Só faltava eu comprar vinho no supermercado, né, senhores?” - “Me respeita, né!” Palavra do Editor: Claro que respeitamos. Mas adianta algum pra mim. TÔ COM UNS PROJETOS AÍ!
ACIDENTE: Greg Raymer cai em si e fratura todos os ossos do corpo.
OHIO QUE PARTA, IUESSEI - Notícia triste no TABLOIDE: Depois de sair do Poker Stars, pois sufocava outros profissionais, agora Greg Raymer sofre novo revés. O HOMEMLAGARTIXA (PQ ESSE APELIDO?) teve múltiplas fraturas e escoriações quando estava em sua casa e Caiu em Si. Nossos votos de longa recuperação, Gregório.
Especial:
Guga Kuerten, BLACK FRIDAY novo jogador de PINOCCHIOLAND - Depois da Black Friday e Poker, promete de muitos engenheiros de obra pronta falarem que já sabiam, vem a verdade: Jogadores bons estão fazer uãã toda vez forrando, os ruins continuam inventando que o field tá um sooooooooooonho, mas todo mundo que for abrir raise sabe que o preju tem sido igual.
FLORIPA, CALIFÓRNIA - Depois da brilhante participação no PCA e
mais recentemente no BSOP de Balneário Camboriú, o ex-tenista e ex-pegador Aberta nova casa de gostosas Guga Kuerten revelou suas estratégias para os próximos eventos. O catarinense nos disse em primeira mão que trará do Tênis o clássico urro de grinders de dava ao sacar ou devolver uma bola. O famoso uãããã que ele fazia (fiquei poker LGBT, a Poker que tentando fazer o som aqui na lan house e quase fui em cana) nas quadras agora será visto nas mesas do poker sempre que essa grande figura abrir raise ou Village People. tentar um re-steal. GÊNIO! 7 BEESHAS vão Enquete: O que é mais chato no Poker? imitar a versão hétero da casa a) mesa redonda depois de cada mão
SÃO FRANCISCO, PONTA GROSSA - O empresário Baio Crites não para! - Agora lutando contra o preconceito e apostando em novos talentos purpurinados, ele inaugurou em Ponta Grossa o seu novo empreendimento. O diferencial, segundo Baio, é a falta de Tilt, já que as monas não terão qualquer problema em entrar no FERRO! - UUUUUUUI!
b) vc estar fumando cigarro e vir o cara falar: “OLHA KI PARADA...” c) ver os caras tirarem a camisa para fazer massagem DURANTE os torneios
Momento Poker Depressão - SICK NO ÚLTIMO É... Estar arrumando uma nota em um cash que obviamente você é o pior jogador, querer arredondar o lucro ganhando mais 3 dólares e no fim acabar quebrado... BLUFF • JULHO 2011
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Glossário
A B
ALL-IN: Ato de colocar todas as suas fichas disponíveis em jogo durante uma mão. ANTE: Valor obrigatório que deve ser colocado por todos os jogadores antes de receberem as cartas em alguns jogos de poker.
BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes do recebimento das cartas, cujo valor é definido pela posição na mesa e estrutura do jogo. BIG BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes de se receber as cartas em alguns formatos de poker. BORDO: Cartas abertas na mesa que podem ser utilizadas pelos jogadores envolvidos na mão nos jogos de Hold’em e Omaha. BOTÃO: Jogador na posição de dealer, que em geral é o último a agir na mão. BUY-IN: Valor mínimo necessário para se entrar num jogo ou valor de entrada num torneio. BLOCKERS: São as cartas de um jogador que impedem que outro jogador complete a sua mão. Ex.: Se um jogador tem um Ás de espadas na mão e há 3 cartas comunitárias de espadas, o dono deste Ás sabe que o adversário não pode ter um flush em Ás, pois ele tem o blocker.
C D F
CARTAS COMUNITÁRIAS: O mesmo que bordo. CRAVAR: Ficar em primeiro lugar em um torneio de poker. CHECK: O mesmo que dar mesa. CHECK-RAISE: Abrir mão do direito de apostar em uma mão, e efetuar um aumento quando o oponente apostar.
DAR MESA: Abrir mão do direito de apostar em uma mão. DRAW: Jogos cuja estrutura permite que o jogador troque suas cartas. Em jogos Single Draw a troca só pode ser feita uma vez. Em jogos Triple Draw pode-se trocar as cartas 3 vezes.
FLOP: Em Hold´em ou Omaha são as três primeiras cartas comunitárias que serão abertas na mesa. FLUSH: Mão de poker que consiste em cinco cartas do mesmo naipe. FOLD: Desistir da mão e abrir mão do pote. FREEROLL: Torneio gratuito. FULL HOUSE: Mão de poker que consiste em uma trinca e um par. FOLD EQUITY: Equidade de fold, ou seja, a chance do adversário desistir de sua mão, que deve ser considerada ao se fazer uma aposta.
H I K M
HUD: Heads Up Display é um programa que mostra as estatísticas do jogador e dos seus adversários no poker online. HEADS UP: Jogo ou jogada com apenas dois jogadores envolvidos.
ITM (In the Money): Zona de premiação de um torneio de poker.
KICKER: A carta mais alta não pareada que define o desempate de uma mão de 5 cartas.
MUCK: A pilha de descartes ou o ato de descartar uma mão.
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L
LIMIT: Jogo estruturado de forma que o valor das apostas em cada momento é predeterminado. Exemplo: Limit Hold’em.
N O P
NO-LIMIT: Estrutura de apostas em que o jogador pode apostar todas as fichas que colocou em jogo em uma aposta. NOSEBLEEDS: Jogos no formato cash game de valores altíssimos.
OUTS: Cartas que completam a sua mão ou que a tornam melhor que a do adversário. Ex.: Como um baralho tem 13 cartas de cada naipe, um jogador com 4 cartas de espadas tem 9 outs para completar um flush.
POSIÇÃO: Relação entre o lugar onde o jogador está sentado e o botão. POTE PARALELO: O pote separado que é formado quando um dos jogadores está de all-in. POT ODDS: Razão entre o tamanho do pote e a quantidade necessária de fichas para pagar uma aposta. PLO: Pot Limit Omaha. Jogo com estrutura parecida com a do Texas Hold’em em que o jogador recebe 4 cartas e tem que usar duas cartas da mão e 3 cartas comunitárias para formar seu jogo.
R
RAISE: Aumentar uma aposta anterior durante uma mão. RAKE: Valor cobrado pela casa. Em torneios, este valor normalmente é apresentado separadamente do valor do prêmio. Ex.: 300 + 50, sendo 300 reais de premiação e 50 reais de rake. RE-RAISE: Aumentar o aumento de um jogador. RIVER: Última carta comunitária nos jogos de Hold’em e Omaha.
S
SHOWDOWN: O ato final que determina o vencedor da mão através da exposição de cartas ao término das apostas. SMALL BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes de se receber as cartas em alguns formatos de poker. STACK: Quantidade de fichas que um jogador tem em jogo. SEQUÊNCIA: Mão formada por 5 cartas consecutivas. STRAIGHT: O mesmo que sequência. STRAIGHT FLUSH: Mão formada por 5 cartas consecutivas do mesmo naipe. SUCKOUT: Quando a mão com pior chance de vencer bate uma mão melhor. SLOWROLL: Demorar para mostrar a mão vencedora ao final da jogada. É considerada uma atitude desrespeitosa com o adversário. STREET: Cada rodada de apostas em um jogo. Ex.: Apostar nas 3 streets significa apostar no flop, no turn e no river.
T
TURN: Quarta carta comunitária nos jogos de Hold’em e Omaha.
Clubes H2 Club Rua Iguatemi, 236 . Itaim Bibi . São Paulo SP . Telefone (11) 3078-5884 - 3074-0090 Vegas Hold’em Club Rua Bento de Andrade, 312 . Jardim Paulista . São Paulo SP . Telefone (11) 3439-0104 - 7827-1099 K1 Clube Rua Cantagalo, 1.223 (antigo All-In Club) . Tatuapé . São Paulo SP . Telefone (11) 4119-5992
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Retrato
TORCIDA BRASILEIRA EM VEGAS: IMPAGÁVEL!
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Classifique-se grĂĄtis para o torneio mais importante do paĂs!
Caio Pimenta: Red Pro do Full Tilt Poker e colunista da revista Bluff Brasil
A maior revolução na história do poker brasileiro, desde a venda de uma coleção do
Harry Potter.
Caio Pimenta, o maior jogador de torneios online do país e colunista da Bluff Brasil.
Paixão pelo Poker