Top 20: AS FIGURAS MAIS PODEROSAS do poker p.29
Paixão pelo Poker
-JOgador
do ano da bluff
-poker como
Paixão pelo Poker esporte
-
a dinâmica dos mixed games por felipe mojave
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ISSN 2179-9245
9 772 179 92400 5
EDIÇÃO: 1 . ANO: 1 . No: 1 - MARÇO 2011
R$12,50
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VOCÊ PERGUNTA, CAIO PIMENTA RESPONDE
2011
vai bombar
As grandes séries de 2011 que estarão no Brasil
WSOP em 2005 e 2006 BSOP em 2007, 2008, 2009 e 2010 CPH em 2007, 2008, 2009 e 2010 LAPT em 2010 e 2011 Full Tilt 750K em 2010 PCA Bahamas em 2011 Tower Torneos em 2011 ARSOP em 2011 BPT em 2011 Nem o Brasil chegou em tantas finais de campeonato assim.
Tenha em casa o mesmo baralho utilizado nos maiores torneios de P么quer do mundo. Dispon铆vel nos Naipes Grande e Peek.
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Carta do Editor
Paixão pelo Poker
Conselho Editorial
Eduardo Oliveira Guilherme Kalil Marcelo Lanza Amúlio Murta Paixão pelo Poker Sérgio Prado
Editor-Chefe Eduardo Oliveira
Jornalista Responsável Amúlio Murta
Arte e diagramação Aurelízia Lemos
Tradução e Revisão
Felipe de Paulo www.headsuponline.com.br
BLUFF.COM.br Tiago Carpanese
Diretor Operacional Mesa Final Editora Marcelo Lanza
Diretor Comercial Mesa Final Editora Guilherme Kalil
Queridos amigos, Fomos pegos de surpresa, assim como todo mundo, pela Black Friday no último dia 15. Com a revista pronta para ir para a gráfica, não tivemos opção a não ser atrasá-la para poder esclarecer um pouco toda essa confusão que aconteceu nos Estados Unidos. E o resultado vocês conferem na bela matéria escrita pelo Kalil nesta edição. Com isso resolvemos “pular” a edição de abril da revista e temos agora a Bluff número 2, de maio, em mãos. Isso na verdade acabou sendo benéfico para todos. Os leitores terão a revista no começo do mês (lembrando a todos que a revista é mensal), os assinantes receberão as 12 edições, ou 15 se for um felizardo ganhador da promoção de assinatura, referentes à assinatura anual e nós aqui da redação não precisamos correr todo mês para adiantar a revista como era o plano inicial. Além de tudo isso, perdemos algumas matérias que já estavam prontas por conta do acontecimento nos EUA. Tínhamos para esta edição um guia completo de programas de poker na TV brasileira que não poderá sair até que a coisa se normalize. Mas temos muito mais para vocês. A discussão criada pelas colunas do Sérgio Prado e do Guilherme Kalil promete. A cultura do deal no poker é debatida com inteligência e com pontos interessantes tanto a favor como contra essa prática tão comum no nosso meio. E temos um campeão, que foi ao Chile quebrar o que talvez pudesse ser considerada a maior pedra no sapato do poker nacional. O título do catarinense Murilo Figueiredo no LAPT foi um grande feito para todos nós e você confere todos os detalhes na nossa matéria de capa. Isso tudo junto com Mojave, Assassinato, Caro, Murta e muito mais.
black friday e a
bluff
Boa leitura a todos. Um grande abraço, Eduardo “roseraplo” Oliveira Editor-chefe - Revista Bluff Brasil @roseraplo
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BLUFF • MAIO 2011
Colaboradores Caio Pimenta Felipe Mojave Mariel Macedo Sérgio Prado Vitor Marques
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Guilherme Kalil guilherme@revistabluffbrasil.com
Assinaturas
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Distribuidor exclusivo para todo o Brasil em bancas de jornal e revista, livraria e similares FERNANDO CHINAGLIA COMERCIAL E DISTRIBUIDORA S/A
Impressão
Editora Parma – Serviços Gráficos Mesa Final Editora Ltda. Av. Francisco Sales, 1.045 Santa Efigênia Belo Horizonte - MG CEP 30150-221 A logomarca e o material traduzido da Bluff Magazine são de propriedade da Bluff Media LLC e licenciados por esta para a Mesa Final Editora Ltda. para uso exclusivo em território brasileiro.
*Para aquisição de mídia kit, solicite-o pelo e-mail guilherme@revistabluffbrasil.com
nabluff março 2011 • ANO 1 • No 1 10 – FRASES: FAMOSAS OU NEM TANTO... 12 – CURTAS: As maiores histórias do mês passado 14 – caio responde: você pergunta 19 – PCA: Grandes Tiros, Grandes Riscos e Grandes Resultados 30 – OS DEMÔNIOS DENTRO DE MIM: quando o jogo prende você, bom... o phil curte o momento 32 – o discurso de elevador do poker: pregando para os que não creem...
35 – Top: os 20 mais poderosos 41 – sérgio prado: as últimas do mundo do poker 44 – 2011 vai bombar: As grandes séries de 2011 que estarão no brasil 52 – mike caro - the mad genius of poker: entrando em potes no hold’em 54 – daniel negreanu: not a kid anymore 62 – felipe mojave: a dinâmica dos mixed games
SUPER HIGH ROLL
V
Você mal se curou da ressaca do Ano-Novo. Vai ao closet e pega as roupas de verão. Joga seus chinelos, roupas de banho, agasalho, fones e algumas roupas em sua mala e se dirige para o aeroporto. Você já deixou separados os US$ 150.000 de buy-ins que serão necessários esta semana. Mesmo se decidir pegar um pouco mais leve, esta viagem ainda deve custar pelo menos US$ 25.000. Você pousa, joga suas malas no quarto, confere a vista e sai logo depois, buscando ação. No caminho, você passa em frente ao Nobu e faz uma nota mental de voltar para o jantar. De repente, você vira a esquina, somente há uns 100 metros de distância dos cash games, e dá de cara com uma foto de três metros de altura do ElkY, gritando. Sim. Você está no PokerStars Caribbean Adventure. E isso é demais. A experiência do PCA não é a mesma para todos, porém não importa se você está hospedado num quarto comum ou no luxuoso Cove Resort, Nassau é o lugar para se estar em janeiro. Antes considerada uma viagem de lazer, ou de feriado prolongado se preferir, agora o PCA inaugura o ano do poker com um estrondo maior que qualquer outra série de torneios, tirando o World Series of Poker. Por dez dias, todo o mundo do poker vai para o Atlantis Resort na Paradise Island com esperança de vitória no Main Event ou, no mínimo, de uma viagem em que saia no zero a zero. Uns saem como milionários. Outros saem
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BLUFF • MARÇO 2011
V KATCHALO
com perdas de seis dígitos, perguntando se 2011 simplesmente não será seu ano. E, ainda, outros terminam suas aventuras no Caribe em algum lugar no meio do caminho – com algum dinheiro ganho, algum dinheiro deixado nas mesas e algumas memórias valiosas de dentro e de fora da sala de poker. A cada ano parece mais difícil para o PokerStars fazer seu evento live inaugural crescer e se expandir, mas todo ano eles conseguem se superar tanto no comparecimento no Main Event quanto na ação dos eventos paralelos. Este ano, o festival de poker foi maior e mais ambicioso do que nunca, com 48 eventos, incluindo o torneio principal de US$ 10.000, que mais uma vez teve um field recorde, com 1.560 jogadores. Juntamente aos eventos-padrão do PCA, a equipe de torneios adicionou uma grande quantidade de novos eventos, incluindo desde uma série de eventos Championship de US$ 5.000 de buy-in, até os raramente oferecidos mixed games, além de, é claro, o Super High Roller.
O Grande Buy-In Para 38 jogadores, o evento Super High Roller de US$ 100.000 de buy-in era exatamente como eles pretendiam começar seu ano no poker. Alguns sabiam que iriam jogar desde os primeiros momentos após o torneio ser anunciado,
enquanto outros ficaram em dúvida se podiam ou não investir uma quantia tão alta em um único evento. Nick Schulman sabia logo no início que iria participar. “Sou um louco desgraçado”, ele ironicamente admite. Para ele, a aposta de buy-in alto era muito boa para se deixar passar. Então, como muitos outros, ele procurou apoio, vendeu 50% de sua ação e sentou em um field que incluiu nomes como Daniel Negreanu, Daniel “jungleman12” Cates, o atual BLUFF Player of the Year Sorel Mizzi, David Benyamine, Antonio Esfandiari, Phil Laak e o atual campeão do WSOP Main Event, Jonathan Duhamel. Um jogador que estava em dúvida se iria ou não dar o tiro no Super High Roller até o último minuto era Eugene Katchalov. O profissional está acostumado com cash games high stakes e torneios de grandes buy-ins, mas a ideia de gastar US$ 100.000 em um único evento levou algum tempo para atraí-lo. Entretanto, seu gosto por acomodações de alto padrão o fez tomar a decisão que levou a um dos momentos marcantes de sua carreira no poker. “Estava pensando que seria um bom torneio, por ser do PokerStars. Pensei que teria um bom field e estava considerando jogá-lo. Chegando perto do torneio, quis ver como me saía em alguns torneios live e como estava me saindo no geral para saber qual era minha situação financeira”,
admitiu Katchalov. “A coisa mais engraçada é que, toda vez que venho para as Bahamas, sempre fico no Cove. Ouvi dizer que o Cove estava lotado, mas também ouvi dizer que se você pagar o buy-in do torneio (Super High Roller), você ganha quatro noites de graça no Cove, e isso ajudou a tirar minha dúvida.” Para Katchalov, o luxuoso quarto fez a diferença. Para outros, foi a promessa de cobertura na televisão. Para praticamente todos, o maior sedutor, fora o dinheiro, era a chance de dizer que derrotou um dos fields mais difíceis do ano. Porém, nem todos que participaram do torneio eram profissionais. O fundador do Cirque du Soleil, Guy Laliberte, chocou os observadores por aparecer para o torneio, depois de uma longa ausência do poker live. Outros, como William Perkins e o antigo Time Man of the Year Sandor Demjan, tomaram seus lugares entre os profissionais sabendo que provavelmente estariam em desvantagem no quesito habilidade, porém apreciando, com os melhores dos melhores, a emoção que vem com o poker high stakes. E para iniciar com o pé direito o seu ano de estreia em Vegas nosso colunista e profissional Caio Pimenta foi o único entre os brasileiros
PCA 2011
Grandes Tiros, Grandes Riscos e Grandes Resultados no PokerStars Caribbean Adventure
BLUFF • MARÇO 2011
/ Neil Stodda
V / Neil Stoddart EANU E KATCHALO
rt
presentes no PCA a se ariscar no torneio. E apesar de não ter ido longe impressionou com sua coragem e principalmente com o conforto com que sentou entre 38 dos maiores jogadores do mundo. A WSOP promete muito em 2011. Pela atmosfera encontrada na área do torneio, você dificilmente notaria que quase US$ 4 milhões estavam em jogo. O quieto canto da PCA Poker Room era só sorrisos e piadas durante os
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POR JESSICA WELMAN*
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ER HEADS UP. NEGR
primeiros dois dias, com muitas apostas entre os profissionais. Laak propôs negócios paralelos com Jason Mercier, oferecendo US$ 1.000 ao jovem jogador pelo privilégio de saber seu patrimônio líquido a qualquer momento para o resto de sua vida. À medida que o field diminuía, o humor se acalmou e, uma vez que a bolha da mesa final televisionada chegou, as tensões estavam altas, mesmo com a bolha para o dinheiro estando ainda a algumas posições. A eliminação simultânea dos profissionais do online James Obst e Cates significava que a mesa televisionada iria começar um pouco mais leve, com sete jogadores, cinco dos quais entrariam na premiação. A mesa final incluiu a presença dos Team PokerStars Pros Negreanu e Humberto Brenes, os fenômenos do online Andrew Lichtenberger e Bryn Kenney, o amador Demjan, assim como Schulman e Katchalov, que tiveram que lidar com mais do que somente poker na mesa. Como se sabe, Katchalov e Schulman são melhores amigos. Eles viajam juntos, comem juntos no intervalo para o jantar e falam de poker – falam muito de poker. Você percebe onde os problemas podem aparecer? Como Katchalov explica, ele fala de poker com Schulman mais do BLUFF • MARÇO 2011
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nabluff w.ww.bluff.com.br 65 – A Linha do Tempo do Poker Nacional por amúlio murta 66 – Jogador do ano da bluff em 2010: sorel mizzi 70 – bastidores de torneios por guilherme kalil 73 – papo de homem: lifestyle pela galera do pdh 74 – poker como um esporte: parte 1 75 – jogando limites mais altos: estamos realmente prontos? por maridu mayrinck
75 Q
Quando a Bluff me convidou para escrever um artigo para eles, eu fui um pouco relutante. Estou longe de ser uma expert ou uma autoridade em alguma coisa. Tenho noção de minhas deficiências (e de minhas poucas qualidades) e ainda estou aprendendo várias coisas todos os dias, não somente sobre poker, mas também sobre mim mesma. Metade das vezes em que eu penso estar perto de dominar um conceito, na realidade estou simplesmente arranhando a superfície deste complexo jogo, e é isso o que faz o poker ser tão fascinante e ao mesmo tempo tão humilhante. É um processo crescente que ocorre entre você e seu jogo, e é o que deve ser observado atentamente e honestamente para se chegar a algum lugar... saber onde se quer chegar também é importante. Entretanto, quando a Bluff me disse que o artigo era para discutir o move up, eu
JOGANDO LIMITES MAIS ALTOS:
ESTAMOS REALMENTE PRONTOS? BY MARIDU MAYRINCK
percebi que eu tinha algo a oferecer. Minha jornada como jogadora profissional de poker tem sido turbulenta nos melhores momentos e tumultuada nos piores. Através de muita tentativa, erro, e muito esforço, eu mudei de uma apostadora indisciplinada para uma profissional focada capaz de gerenciar um bankroll e reconhecer não somente minhas forças e fraquezas, mas também as de meus oponentes. Penso que dividindo um pouco da minha história e algumas coisas que aprendi ao longo destes anos, quem sabe, talvez você possa extrair uma ou duas coisas que o ajudem a melhorar seu gerenciamento de bankroll e seleção de jogo/limite de forma a se tornar mais lucrativo em sua jornada no poker. Afinal, não estamos completamente prontos ainda. Pelo menos eu não. A razão pela qual me sinto confortável falando sobre move up é o fato de minha história ter sido o completo oposto das histórias de Cinderela que ouvimos frequentemente. Você as conhece, as quais acredito serem mitos urbanos, assim como a mula-sem-cabeça, “Eu depositei 5 dólares e nunca olhei para trás e hoje tenho um bilhão de dólares e uso sapatos de ouro” ou “Eu ganhei um freeroll e aqui estou, rei do mundo, prazer em te conhecer, espero que você adivinhe
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77 – poker viagens: viajando pelo mundo do poker 78 – Escolhendo seu estilo: AGRESSÃO PÓS-FLOP EM RELAÇÃO AO ESTILO DE JOGO PRÉ-FLOP 80 – tablóide do poker: o maior jornal de poker do mundo 81 – Glossário 82 – Retrato: o mundo do poker sem mil palavras
P
Para a maioria das pessoas, em momentos bem preliminares do estudo de No Limit Texas Hold’em, é muito evidente a existência de diversos estilos diferentes de jogo pré-flop que podem ser aplicados com sucesso pelo jogador. Os melhores jogadores normalmente são capazes defazem manipular a porcentagem das parabéns!” mãos que jogam pré-flop baseando-se na meu nome”; histórias que você dizer, “Wow, enquanto dinâmica geral da mesa e facilmente determinam o melhor estilo de jogo pré-flop a ser por dentro vocêutilizado pensaem “Deus, eu mesa. te odeio!”. Minha história não tem nada qualquer que acomo maioriaesta dos jogadores profissionais bom jogo pré-flop é algo disso. Eu comeceiUm totalmente errado, assim frase. Um amigo é capaz de falhas; onde muitos destes profissionais normalmente pecam, entretanto, meu do gamãoexecutar (que eusem jogava competitivamente) veio me visitar depois é em ajustar seu jogo pós-flop com base na porcentagem de mãos que eles decidem jogar. que fiz uma cirurgia no joelho sobre um site online noemqual Parece intuitivo queeseme vocêfalou está fazendo mudanças drásticas seu plano de jogo préflop, você também deveria ajustar seu dinheiro estilo de jogo porém mesmo a maioria dos você joga poker, assim como gamão, valendo depós-flop, verdade. Uma melhores jogadores faz poucos ou nenhum ajuste pós-flop. Pelo contrário, a maioria tende vez que teria que de um cama por pelodemenos duasindependentemente semanas, a terficar somente plano básico pós-flopmais e o utilizam de seus ajustes pré-flop. Para simplificar, vez vamos analisar estilos básicos eu decidi tentar. Assim, a primeira que abri odois PokerStars emdiferentes uma de jogo pré-flop que a maioria das pessoas usam, tight aggressive galáxia muito, muito distante chamada 2003, também conhecida e loose aggressive, e comparar os ajustes que como era Moneymaker, fiz meu primeiro depósito dedeveriam US$ 1.000, o que ser feitos pós-flop baseado nestes podemos concordar que é uma das maiores burricesestilos. que um iniciante
ESCOLHENDO
SEU ESTILO
pode fazer. Mas não a coisa MAIS burra, que ainda está por vir. Jogando Tight Aggressive estilo de jogoetight Sem ter a mínima ideia de como o jogo funcionava, Um a velocidade a aggressive pré-flop é utilizado por muitos profissionais como seu dinâmica de se jogar online, ou mesmo que foldar 6-6 pré-flop era uma estilo “padrão”. Basicamente, é o que o nome opção, eu rapidamente olhei para o lobby e vi uma mesa “5-10 já diz,de nada sexy,NLH” simplesmente jogar boas ou ótimas mãos, que têm grande valor absoluto e pensei “Beleza!” (obviamente o pensamento de fazer dinheiro com ser as melhores no showdown AGRESSÃO e tendem poker não tinha entrado em minha cabeça ainda, e não iriaparte pordas pelo grande vezes. PÓS-FLOP EMe em 30Masminutos o que isso(sendo significa para o jogo pósmenos mais três meses). Então, sentei na mesa flop? Na verdade, é bem simples: quando se e sem generosa) tinha perdido cada centavo. Eu estava RELAÇÃO AOCHOCADA está jogando extremamente tight pré-flop, palavras (uma vez na vida!). Como aquilo podia ter acontecido você deve sercomigo, praticamente um maníaco ESTILO DE JOGO pós-flop. Por quê? e tão rápido? É claro que imediatamente fiz a coisa mais óbvia quePorque você normalmente tem a melhor mão! Se você entrou na mão PRÉ-FLOP uma pessoa nesta situação poderia fazer (sarcasmo),com eu um depositei mais par alto ou um Ás alto, na maioria você tudo. terá uma mão muito forte até POR AMIT MAKHIJA 1K. Desta vez, levou aproximadamente 24 horas paradaseuvezes perder o river. Indignada, liguei para meu amigo para reclamar. Quer dizer, certamente Seus oponentes mais atentos sabem disso era culpa de alguém, e obviamente não eraparte minha! Eu discursei sobre o todas as vezes. Um e lhe darão muito crédito na maior das vezes, provavelmente quase extrairde umdinheiro, grande lucro quando você joga umsacaneando, range de mãos tight, quanto isso eramodo umadeperda que ele estava me e que incluem em sua maioria mãos com valor, é atirar uma continuation bet em uma porcentagem grande das “Por que você me mostrou essemúltiplos poker online? Agora só penso quanto com o nisso. topo do seu range de mãos. vezes e atirar barris tanto com o fundoeu porque você não muitas mãos pré-flop, não significa Você arruinou Só minha vida!” Eleestá viujogando que eu precisava de ajuda, veio atéque você está jogando com medo! Existem muitos jogadores de highstakes extremamente bem-sucedidos que as sobreacham gestão desãobankroll, sit and gos, mesas limites mim e explicoupessoas que “ultraconservadores”, mas que, nade verdade, conseguem escapar com mais baixos, e blefes até me explicou sobre o as Limit Hold’em (há, até parece!). enormes depois do flop, pessoas só não sabem disso! razãobando pela qual pessoas que jogam estilo tightepré-flop Aquilo soou comoA um deasbesteira, mas eu num decidi ouvir seguirgeralmente ganham uma má reputação no mundo do poker é que normalmente elas estão simplesmente jogando seus conselhos.errado. Se você vai jogar tight, você tem que estar disposto a jogar de forma extremamente agressiva e atirarAqui alguns grandes blefes; é impressionante quantas fichas você é capaz Foi, obviamente, terrível. estava eu, certa de que deveria de ganhar sem mostrar uma única mão. Jogar tight no pré-flop pode ser simples, efetivo e começar jogando nos limites mais se altos onde eudejogava gamão), extremamente lucrativo você(afinal, tem umaéboa noção como jogar bem esse range de mãos depoisestava do flop.esperando sit and gos de 5 dólares encherem mas ao invés disso para talvez ganhar o quê, 15 dólares? Por que alguém faria aquilo? Me Jogando Loose Aggressive parecia pura tortura. que oele mesexy explicou sobre sobre certamente estilo de jogo nos diasvolume, de hoje. Todos amam um bom jogador Este éClaro aggressive, eles divertidos de se assistir, ousados, imaginativos e +EV, stacks de loose push/fold, jogo nasãobolha, equidade, ICM,corajosos, e um bando criativos. É incrível ver o Tom Dwan abrir com 52s no UTG, encontrar um modo de colocar todosavocês ouviram de outras coisas chatas tenho certeza para dentroque US$ eu 200K e fazer tudo issoque funcionar seu favor. Também é fascinante quando Ivey falar e conhecePhil mm uitfaz o mmanobras elhor docom qucartas e eu. que Masa maioria acima não de tacharia udo eladequadas e me nem para serem usadas como papel higiênico. O fato é que a maioria das pessoas que tentam praticar estes explicou que eu não deveria jogar pelo dinheiro no começo, mas muito estilos podem também estar queimando seu dinheiro. Esta estratégia pré-flop requer muita mais pelo meuhabilidade nível (péssimo) e o quanto eu em poderia memuito forçar depois do de flop,jogo por colocar jogadores situações marginais pós-flop, que geralmente requerem muito de games leitura depara mãostentar combinados a um controle nestes limites baixos de sit and gos eníveis mesas dealtos cash criativo dos tamanhos de apostas para se achar uma linha lucrativa. juntar o maior número de mesas, ao mesmo tempo, que eu conseguisse, para atingir um ponto realmente me sentisse confortável. 74no qual BLUFFeu • MARÇO 2011 Confortável não somente com o jogo de outras pessoas, mas acima de tudo, com meu jogo e com a quantidade de dinheiro entrando/saindo, e que esta quantia NUNCA (repita *NUNCA* 30 vezes) deveria ser superior a 10% do bankroll que iríamos estabelecer pra mim no começo, e esta seria a coisa que eu mais teria que respeitar. “Esqueça que você tem um cartão de crédito quando se trata de poker, finja que isto é tudo que você tem no mundo e trabalhe com o que você tem.” É assustador, mas funcionou. A verdade é que o único modo de se fazer um move up e se tornar um jogador melhor e mais lucrativo é se mover devagar enquanto trabalha com muita disciplina e estudo, tendo um infinito respeito por seu bankroll e seu jogo, sabendo onde você está, e também, onde você quer chegar. Uma vez que você começar a se sentir confortável com o limite atual (não importa qual seja), você pode começar a virar os olhos para cima, e para cima não necessariamente significa jogar limites maiores; pode ser jogar mais mesas, pode ser adicionando diferentes jogadas ao seu jogo normalmente sólido, pode ser enfrentando oponentes que você considera superiores e muito bons, realmente qualquer coisa que se mostre um desafio que você sente que será capaz de sobrepor e do qual sairá mais forte uma vez que tiver atravessado para o outro lado.
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BLUFF • MARÇO 2011
BLUFF • MARÇO 2011
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- Limit poker é uma ciência, mas no-limit poker é uma arte. No limit você está acertando um alvo. No no-limit o alvo ganha vida e atira de volta. Crandell Addington, membro do Hall da Fama do Poker e um dos criadores do WSOP.
- Eu já estive rico e já estive pobre. Prefiro rico. Benny Binnion, proprietário do Cassino Binnion’s Horseshoe - O que o faz tão importante? Eu tenho 100 milhões de dólares no banco!
Banqueiro texano reclamando que o Australiano Kerry Packer estava recebendo tratamento melhor que o dele em um cassino.
- Impressionante. Quer flipar isto na moeda? Kerry Packer, magnata australiano das comunicações e bilionário.
Frases do
poker FAMOSAS OU NEM TANTO...
- Excelência, ponha na minha conta. Jack Strauss, campeão do Main Event do WSOP em 1982, aguardando julgamento por uma dívida de 3 milhões em impostos, impaciente enquanto um homem clamava perdão ao juiz por uma dívida de 35 mil.
- Eu não, doutor. Eu não tenho coração.
Johnny Moss, três vezes campeão do Main Event do WSOP, respondendo a seu médico ao ser informado que ele teria problema no coração quando ficasse mais velho.
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BLUFF • MARÇO MARCH 2011
Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos.
Agora no PokerStars você pode criar seu próprio clube de poker online exclusivo para você e seus amigos. Ao criar o seu clube, você vai ter acesso ao lobby do seu próprio clube onde poderá configurar jogos privados sempre que quiser. Além disso, você poderá consultar tabela de líderes, estatísticas e classificação dos jogadores. São os chamados “Home Games”. Esta nova iniciativa é grátis e estará disponivel apenas no maior site de poker gratuito do mundo. Vá até ao PokerStars.net/homegames e descubra ainda hoje como criar seu próprio clube privado de poker online.
Novo No
Curtas do Poker
Curtas Notícias
Março 2011
TheDecano
Bluff Brasil
O brasileiro Thiago “TheDecano” Nishijima brilhou no UBOC 6, a série de grandes eventos do Ultimate Bet. Ele cravou o Main Event e ganhou mais de US$ 230.000 pelo resultado. Além do resultado no evento principal da série, Decano fez ainda duas mesas finais e conseguiu cinco ITMs.
Um bracelete a mais e novos formatos são os destaques da temporada da WSOP 2011. O cronograma da série acaba de ser divulgado pelo Caesars Entertainment. Este ano serão distribuídos 58 braceletes, um a mais que em 2010. O evento de abertura será um torneio de buy-in de US$ 25.000 no formato heads-up. Em 2010 a entrada neste evento havia sido de US$ 10.000, e o novo valor será a garantia de que o field terá os melhores do mundo. O diretor de torneios Jack Effel descreveu o calendário 2011 da seguinte forma: “Há torneios para todos. É incrível pensar que só no ano passado a WSOP recebeu 9 dos 17 maiores torneios da história do poker. Tivemos 44 eventos com premiação superior a US$ 1.000.000, então mal posso esperar pra ver tudo começando de novo e para voltarmos a oferecer aos jogadores o melhor poker do planeta!” A série também vai agradar aos jogadores amadores com 25 torneios de US$ 1.500 dólares ou menos.
A Bluff nas mídias sociais.
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Além do nosso portal (www.bluff.com.br), nós estaremos presentes nas mídias sociais para podermos levar sempre a melhor e mais rápida informação sobre o mundo do poker para vocês, nossos leitores. Siga-nos no twitter (@bluffbrasil) e fique fã da nossa página no facebook (www.facebook.com/bluffbrasil) para ter sempre a melhor informação, além de participar de promoções exclusivas. Nos vemos na rede! BLUFF • MARÇO 2011
Curtas do Poker
xxxxxxxxxxxx No dia 28 de fevereiro, o jogador norte-americano Andrew “azntracker” Li atingiu o status máximo do PokerStars ao conquistar 1.000.000 de VIP Player Points a partir do primeiro dia do ano. Os player points são programas de fidelidade dos sites de poker parecidos com os programas de milhagem oferecidos pelas companhias aéreas. Em geral, os poucos jogadores que conseguem atingir esta pontuação gastam a maior parte do ano para fazê-lo, mas Andrew se resumiu a dizer que estava sentindo uma “euforia moderada” pela conquista. A data em que o status foi alcançado representa um novo recorde histórico, batendo em quase três semanas o anterior, que ocorreu em 18 de março de 2008.
Viktor
Hugo Adametes
O jogador Viktor “Isildur1” Blom tem agitado os nosebleeds no PokerStars. O jogador sueco tem feito sessões frequentes com ganhos e perdas superiores a meio milhão de dólares, jogando heads-up contra vários outros grandes nomes do poker online mundial. Até janeiro de 2011 a identidade do jogador era desconhecida e havia grande dúvida sobre quem seria o jogador que enfrentava monstros como Tom Dwan, Phil Ivey e Patrick Antonius em jogos com blinds que chegavam a $ 500/$ 1.000.
Hugo Adametes, atual entrevistado do Pokercast da Bluff, ficou em segundo lugar no evento #14 do FTOPS, série de torneios online do Full Tilt Poker. O torneio teve um field de 1.246 jogadores, e por sua colocação Hugo puxou mais de US$ 177.000. A entrevista de Hugo ao Pokercast foi gravada pouco mais de uma hora após o fim do torneio, e era visível a alegria do jogador pelo resultado. Hugo jogou o torneio em Balneário Camboriú e é de Brasília.
Fabricamos as melhores mesas e com o menor preço. Entregamos para todo Brasil.
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@bluffbrasil /bluffbrasil
PCA 2011
Grandes Tiros, Grandes Riscos e Grandes Resultados no PokerStars Caribbean Adventure Por Jessica Welman*
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Você mal se curou da ressaca do Ano-Novo. Vai ao closet e pega as roupas de verão. Joga seus chinelos, roupas de banho, agasalho, fones e algumas roupas em sua mala e se dirige para o aeroporto. Você já deixou separados os US$ 150.000 de buy-ins que serão necessários para esta semana. Mesmo se decidir pegar um pouco mais leve, esta viagem ainda deve custar pelo menos US$ 25.000. Você pousa, joga suas malas no quarto, confere a vista e sai logo depois, buscando ação. No caminho, você passa em frente ao Nobu e faz uma nota mental de voltar para o jantar. De repente, você vira a esquina, somente a uns 100 metros de distância dos cash games, e dá de cara com uma foto de três metros de altura do ElkY, gritando. Sim. Você está no PokerStars Caribbean Adventure. E isso é demais. A experiência do PCA não é a mesma para todos, porém não importa se você está hospedado num quarto comum ou no luxuoso Cove Resort, Nassau é o lugar para se estar em janeiro. Antes considerada uma viagem de lazer, ou de feriado prolongado se preferir, agora o PCA inaugura o ano do poker com um estrondo maior que qualquer outra série de torneios, tirando o World Series of Poker. Por dez dias, todo o mundo do poker vai para o Atlantis Resort na Paradise Island com esperança de vitória no Main Event ou, no mínimo, de uma viagem em que saia no zero a zero. Uns saem como milionários. Outros saem com perdas de seis dígitos, perguntando se 2011 simplesmente não será seu ano. E, ainda, outros terminam suas
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aventuras no Caribe em algum lugar no meio do caminho – com algum dinheiro ganho, algum dinheiro deixado nas mesas e algumas memórias valiosas de dentro e de fora da sala de poker. A cada ano parece mais difícil para o PokerStars fazer seu evento live inaugural crescer e se expandir, mas todo ano eles conseguem se superar tanto no comparecimento no Main Event quanto na ação dos eventos paralelos. Este ano, o festival de poker foi maior e mais ambicioso do que nunca, com 48 eventos, incluindo o torneio principal de US$ 10.000, que mais uma vez teve um field recorde, com 1.560 jogadores. Juntamente aos eventos-padrão do PCA, a equipe de torneios adicionou uma grande quantidade de novos eventos, incluindo desde uma série de eventos Championship de US$ 5.000 de buy-in, até os raramente oferecidos mixed games, além de, é claro, o Super High Roller.
O Grande Buy-In Para 38 jogadores, o evento Super High Roller de US$ 100.000 de buy-in era exatamente como eles pretendiam começar seu ano no poker. Alguns sabiam que iriam jogar assim que o torneio foi anunciado, enquanto outros ficaram em dúvida se podiam ou não investir uma quantia tão alta em um único evento. Nick Schulman sabia logo no início que iria participar. “Sou um louco desgraçado”, ele ironicamente admite. Para ele, o torneio de
buy-in alto era muito bom para se deixar passar. Então, como muitos outros, ele procurou apoio, vendeu 50% de sua ação e sentou em um field que incluiu nomes como Daniel Negreanu, Daniel “jungleman12” Cates, o atual BLUFF Player of the Year Sorel Mizzi, David Benyamine, Antonio Esfandiari, Phil Laak e o atual campeão do WSOP Main Event, Jonathan Duhamel. Um jogador que estava em dúvida se iria ou não dar o tiro no Super High Roller até o último minuto era Eugene Katchalov. O profissional está acostumado com cash games high stakes e torneios de grandes buy-ins, mas a ideia de gastar US$ 100.000 em um único evento levou algum tempo para atraí-lo. Entretanto, seu gosto por acomodações de alto padrão o fez tomar a decisão que levou a um dos momentos marcantes de sua carreira no poker. “Estava pensando que seria um bom torneio por ser do PokerStars. Pensei que teria um bom field e estava considerando jogá-lo. Chegando perto do torneio, quis ver como me saía em alguns torneios live e como estava me saindo no geral para saber qual era minha situação financeira”, admitiu Katchalov. “A coisa mais engraçada é que, toda vez que venho para as Bahamas, sempre fico no Cove. Ouvi dizer que o Cove estava lotado, mas também ouvi dizer que se você pagar o buy-in do torneio (Super High Roller), você ganha quatro noites de graça no Cove, e isso ajudou a tirar minha dúvida.”
Super High Rolle
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Para Katchalov, o luxuoso quarto fez a diferença. Para outros, foi a promessa de cobertura na televisão. Para praticamente todos, a maior tentação, fora o dinheiro, era a chance de dizer que derrotou um dos fields mais difíceis do ano. Porém, nem todos que participaram do torneio eram profissionais. O fundador do Cirque du Soleil, Guy Laliberte, chocou os observadores por aparecer para o torneio, depois de uma longa ausência do poker live. Outros, como William Perkins e o antigo Time Man of the Year Sandor Demjan, tomaram seus lugares entre os profissionais sabendo que provavelmente estariam em desvantagem no quesito habilidade, porém apreciando, com os melhores dos melhores, a emoção que vem com o poker high stakes. E para iniciar com o pé direito o seu ano de estreia em Vegas, nosso colunista e profissional Caio Pimenta foi o único entre os brasileiros presentes no PCA a se arriscar no torneio. E, apesar de não ter ido longe, impressionou com sua coragem e principalmente com o conforto com que sentou entre 38 dos maiores jogadores do mundo. O WSOP promete muito este ano. Pela atmosfera encontrada na área do torneio, você dificilmente notaria que quase US$ 4
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milhões estavam em jogo. O quieto canto da PCA Poker Room era só sorrisos e piadas durante os primeiros dois dias, com muitas apostas entre os profissionais. Laak propôs negócios paralelos com Jason Mercier, oferecendo US$ 1.000 ao jovem jogador pelo privilégio de saber seu patrimônio líquido a qualquer momento para o resto de sua vida. À medida que o field diminuía, o humor se
acalmou e, uma vez que a bolha da mesa final televisionada chegou, as tensões estavam altas, mesmo com a bolha para o dinheiro estando ainda a algumas posições. A eliminação simultânea dos profissionais do online James Obst e Cates significava que a mesa televisionada iria começar um pouco mais leve, com sete jogadores, cinco dos quais entrariam na premiação. A mesa final incluiu a presença dos Team PokerStars Pros Daniel Negreanu e Humberto Brenes, os fenômenos do online Andrew Lichtenberger e Bryn Kenney, o amador Demjan, assim como Schulman e Katchalov, que tiveram que lidar com mais do que somente poker na mesa. Como se sabe, Katchalov e Schulman são melhores amigos. Eles viajam juntos, comem juntos no intervalo para o jantar e falam de poker – falam muito de poker. Você percebe onde os problemas podem aparecer? Como Katchalov explica, ele fala de poker com Schulman mais do que com qualquer um o meio, mas isso não significa que eles iriam pegar leve um com o outro na mesa final. “Quando estou em uma mão com ele, é difícil me concentrar, pois quero rir porque aparecem situações as quais podemos ter discutido. É uma dinâmica estranha, mas concordamos desde o começo que, se estivéssemos na mesma mesa, BLUFF • MARÇO 2011
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iríamos jogar um contra o outro, pois realmente não há mais nada que possamos fazer”, disse Katchalov. Schulman concorda. “Certamente ele sabe mais do que ninguém sobre meu jogo e vice-versa, então temos que fazer ajustes. Estamos torcendo um pelo outro, mas temos que competir.” Os dois amigos não eram os únicos com estresse decorrente de situações de fora da mesa do torneio. Negreanu estava sentindo a pressão de acertar um grande resultado. Negreanu, que é um jogador orientado por objetivos, é bem aberto com relação a seu desejo de ser o nome do topo da lista dos maiores ganhos de todos os tempos. Ele manteve esse lugar por um tempo, porém a segunda colocação de Phil Ivey no 2010 Aussie Millions $100K o fez passar Negreanu no ano passado. Com a primeira ou a segunda colocação, Negreanu poderia retomar o topo, sem mencionar o ganho de sete dígitos em si. Ele estava em boa forma para fazer exatamente isso, chegando à mesa final como segundo em fichas, atrás somente de Schulman. Schulman e Negreanu mantiveram seus stacks enquanto Lichtenberger saía em sétimo, Demjan estourava a bolha do dinheiro em sexto e Brenes caía em quinto. Porém, quando restavam apenas quatro jogadores, as fichas começaram a se misturar. Negreanu continuou a crescer, assim como Katchalov, enquanto o stack de Schulman desmoronou. Um blefe que falhou contra o Kid Poker mandou Schulman para a lona em quarto, mas ele se infiltrou na plateia para ver como Katchalov iria terminar. Kenney saiu em terceiro, deixando Katchalov e Negreanu batalharem no heads-up com praticamente os mesmos stacks. A multidão deu uma salva de palmas para Negreanu por ter retomado o topo da lista de maiores ganhos de todos os tempos, e até mesmo Ivey, educadamente, aplaudiu seu amigo de seu assento no PCA Main Event. O recorde de Negreanu seria o ponto alto do evento para ele, pois foi Katchalov quem prevaleceu para ganhar o prestigioso evento depois de uma dura batalha no heads-up, na qual Negreanu se recusou a desistir, dando folds de primeira classe em situações difíceis. Para Katchalov, a vitória marca sua primeira grande vitória desde o WPT Five Diamond World Poker Classic em 2007. Isto não se deve à falta de tentativas. Katchalov teve vários resultados entre os 27 melhores nos últimos dois anos e seus amigos são rápidos em citá-lo como um dos melhores no jogo. Apesar de sua reputação entre amigos, Katchalov praticamente não recebeu elogios
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públicos por seu sucesso no circuito. “Provavelmente sou um pouco menos conhecido, então gosto de pensar que sou um pouco subestimado”, admite Katchalov, com um genuíno senso de humildade. Porém, isto deve terminar até o final deste ano. Katchalov continuou lucrando com um segundo lugar no evento US$ 10.000 Turbo no PCA, ganhando sólidos US$ 130.000, e seu sucesso só o deixa mais faminto por novos resultados. “Agora estou motivado a jogar mais. Ver quão bom pode ser meu ano.”
O Grande Show O Super High Roller foi uma abertura memorável para o PCA 2011, mas o grande show e o que todos aguardam no feriado é o Main Event. Ano passado, Harrison Gimbel ganhou US$ 2,2 milhões por sua vitória e este ano o primeiro lugar foi um pouco mais lucrativo, com US$ 2,3 milhões. No final do torneio, quatro jogadores se tornariam instantaneamente milionários, oito fariam parte de uma experiência televisiva inovadora, 232 iriam para casa com algum dinheiro e a maioria iria ver seu Main Event terminar cedo, sobrando tempo para ir ao parque aquático ou nadar com os golfinhos. Phil Ivey pode ter deixado o Super High Roller passar, mas ele era um dentre muitos grandes nomes que chamaram a atenção das câmeras da ESPN. O golfista Sergio Garcia, o tenista profissional brasileiro Gustavo Kuerten, os Team PokerStars Pros Vanessa Selbst, Negreanu e Duhamel, e Katchalov também fizeram parte da ação do Main Event, com Katchalov conseguindo mais um ótimo resultando, o 74º lugar. Juntamente aos profissionais, havia também muitos classificados online, incluindo alguns que conseguiram a vaga por satélites, gastando a partir de dez Frequent Player Points. Entre os brasileiros presentes no evento, destaque para os Team PokerStars Pros André Akkari, Alexandre Gomes, Gualter Sales e Maridu Mayrinck, além de nomes conhecidos do poker nacional como Felipe Mojave, Marcos Sketch, Hugo Adametes, João Paulo Simão, Paulo Rink, Adilson Cotrim, P. C. Figueiredo, Marco Cheida e Eduardo Parra, entre muitos outros. Todo ano, jogadores vislumbrados, fazendo sua estreia no PCA, vêm para o evento com aspirações grandiosas de se tornarem a próxima grande estrela do poker. O ganhador do ano passado, Harrison Gimbel, veio para o
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último Main Event totalmente convencido de que iria ganhar, antes mesmo que o torneio tivesse começado. Este ano, Gimbel sobreviveu ao Dia 1, mas saiu sem muitas cerimônias no Dia 2, deixando o caminho livre para um novo nome se sobressair no PCA. Parecia que este jogador seria Chris Oliver. Mais conhecido por seu apelido online, Getting Daize, Oliver disputou o BLUFF Online Player of the Year em 2010 e começou 2011 com um grande desempenho no poker live, o que marcou seu primeiro grande resultado no circuito de torneios de altos buy-ins. Oliver escalou para o topo da contagem de fichas no Dia 3 após vencer um 6-bet all in com 7-10 contra o AK de Seth Fischer. O estilo volátil e agressivo de Oliver foi traduzido em seu stack gigante e mais de um confronto similar a seu showdown com Fischer. Oliver não tinha medo de colocar fichas no pano, fosse com par de ases ou com 5-7. “Eu só sei que as pessoas com quem estou jogando são muito boas e estão fazendo várias coisas, então só quero ser o último a colocar o dinheiro pra dentro e torcer pelo melhor”, explicou Oliver. Enquanto Oliver estava devorando a competição em direção aos oito melhores, o resultado para o resto da multidão que participava do torneio era muito mais sombrio. O Team PokerStars Pro e campeão do Main Event do WSOP Chris Moneymaker foi um dos jogadores com muitas chances de alcançar a mesa final, chegando ao penúltimo dia de jogo após segurar a liderança de fichas por uma boa parte da fase final do torneio. Parecia apropriado que Moneymaker fizesse uma aparição nesta mesa final, o que se enquadraria nessa experiência de poker televisionado, voltado a extrair as reações e a emoção que apareceram quando Moneymaker ganhou o Main Event em 2003. Pela primeira vez na história do PCA, a mesa final do Main Event não só iria ser transmitida ao vivo, com os telespectadores vendo todas as mãos, como também mostraria as cartas dos jogadores. Este experimento necessitou de uma hora de delay na transmissão da ESPN3 e ESPN2 e
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extensivas medidas de segurança, sem mencionar o grande número de horas de jogo até a definição. Questões foram levantadas quanto a se os comentários ao vivo do host do EPT Live James Hartigan e de Negreanu conseguiriam manter uma longa mesa final interessante para um fã casual de poker. Um nome como Moneymaker entre os jogadores da mesa final seria o sonho de um produtor de televisão se tornando realidade. Mas não era pra ser, com Moneymaker caindo na 11ª colocação, apenas algumas posições antes de se formar a mesa da TV. Quem também ficou de fora dessa mesa foi Ana Marquez, a última mulher no jogo, que foi a chip leader quando faltavam 24 jogadores, mas caiu no 10º lugar. Não havia nenhum grande nome da era Moneymaker e nem uma linda jovem, mas sim alguns nomes muito talentosos e experientes na mesa final. Apesar de ainda terem seus vinte e poucos anos, Sam Stein e Mike Sowers eram os mais experientes da mesa. Sowers estava voltando ao poker depois de alguns meses afastado do feltro, e Stein estava buscando redenção após chegar perto em outro evento NAPT, a parada no Venetian no ano passado, na qual ele “explodiu” no heads-up com Tom Marchese. Se juntando à lista de jogadores na mesa final estavam Oliver, Bolive Palacios, Philippe Plouffe, Max Weinberg, Anton Ionel e o jogador de 24 anos Galen Hall. Hall chegou à mesa final no meio do bando e tiveram momentos nos quais você dificilmente percebia que ele estava lá. O jogador profissional do online de San Francisco ficou sentado enquanto Oliver tirou oponente
depois de oponente e travou com Stein uma batalha bastante agressiva. A estratégia de camuflagem de Hall fez com que ele jogasse heads-up com um jogador muito familiar para ele das mesas de poker online. Hall joga online como “TurkMalloy” e “GasparLeMarc” (apelidos em tributo a seu filme favorito, “Doze Homens e Outro Segredo”) e trava batalhas com Oliver semanalmente. Quando começou o heads-up, Oliver tinha a vantagem de fichas e toda a situação estava a seu favor, mas Hall não desistiria facilmente. Afinal, ele sabia que iria ganhar dois dias antes da mesa final. Como Hall conta, um suckout do destino logo depois do estouro da bolha cimentou sua crença de que este era o torneio que ele ganharia. Depois de vários dias sem entrar em all-in com uma mão inferior à de seu adversário, Hall foi all-in com J-8 para achar um jogador, que não havia visto seu anúncio de raise, anunciando raise. “Ele disse, ‘Meu Deus, eu nunca daria call aqui. Eu nunca, nunca, nunca daria call nesta mão’. Um dos diretores do torneio vem à mesa e o cara tenta dizer, ‘Pegue os 17K, mas não me faça dar mini raise’”, Hall se lembra. “Ele estava implorando e implorando e eu estava falando para o diretor que estava tudo bem, mas o diretor disse, ‘Me desculpe, quando você diz raise você tem que dar raise’. O garoto fica cabisbaixo e coloca o mini raise. Ele mostra A-8 de espadas e eu estou completamente dominado.” Isto é, até um valete da sorte vir no river para poupar Hall da eliminação. “Eu não tive reação. Somente olhei pra mesa e falei, ‘Fim de jogo. Acabou. Vou ganhar este torneio e não há nada que você possa fazer a respeito disso.’ Eu nunca dei suckout em alguém desta forma em uma situação grande dessas
'sem valete, sem valete' antes de ganhar seu primeiro High Roller no PCA após 3 tentativas. antes. Combinado a quão absurda foi a situação, eu simplesmente pensei ‘Meu Deus, é meu destino.’” E foi exatamente o que Hall fez. Depois de algumas horas de calmaria, ganhando fichas lentamente, Hall dobrou em cima de Oliver para tomar a liderança de fichas. No meio do caminho, ele também largou uma mão que causou choque em quem assistia pela televisão, que viu com todas as cartas Hall acertar uma sequência no river e Oliver acertar um full house num board com 5-3-2-2-A. Um check raise all-in no river de Oliver levou Hall a pensar por alguns minutos antes de largar a mão para continuar vivo. A partida continuou com Hall mantendo um pequeno progresso até que, de repente, a situação virou. Hall dobrou em cima do chip leader com par de reis contra o A-9 de Oliver. Logo depois, estavam all-in novamente, desta vez com Oliver segurando A-8 contra o par de damas de Hall. As damas seguraram para Hall e ele foi coroado o novo campeão do Main Event do PCA. Depois, ele ficou sentado lá. Com o delay de uma hora, Hall teve de esperar um pouco até que os espectadores descobrissem que a partida havia terminado. Porém, Hall não ligou. “É um pequeno preço a se pagar. Eu acabei de ganhar uma porrada de grana.”
A Grande Cena O que dizer sobre a transmissão ao vivo? As críticas dos fervorosos fãs de poker foram positivas, mas o futuro de mais mesas ao vivo com cartas à mostra permanece incerto. Hall acredita que seja uma ferramenta incrível de aprendizado para aqueles que procuram evoluir seu jogo. “Acho que poker ao vivo com as cartas à mostra vai ser muito legal. Você sabe, algumas pessoas vão ficar entediadas com isso, pois eles querem ação, ação, ação. Muitas pessoas que vão acabar se tornando bons jogadores de poker vão se sentir intrigados pela nuance. Eles irão ver coisas.” Seja pela mesa final ao vivo, as sessões de treinamento online ou a introdução a novos jogos, o PCA serviu como uma experiência de aprendizado para muitas pessoas. A disposição do PokerStars para tentar novos jogos como Binglaha e Fiple Draw resultou em alguns divertidos e envolventes torneios e tutoriais para jogadores curiosos. Uma rápida pesquisa sobre o field do Binglaha revelou que um terço dos jogadores não tinham ideia de onde estavam entrando. O jogo é uma variação de Omaha no qual o botão joga um dado depois do flop pra determinar se o resto da mão será jogada como Omaha Hi ou Omaha Hi-Lo. É claro que não iremos ver, no curto prazo, Binglaha como um evento de bracelete, mas a viagem de poker para Bahamas deu exposição para um jogo crescente, da mesma forma que
a série dá exposição para jogadores que estão entrando no cenário, seja no Main Event ou em eventos paralelos. Para Will Molson, o evento High Roller do PCA foi uma experiência marcante para sua carreira, mas que apresentou dois lados bem diferentes. Em 2009, Molson terminou em segundo lugar para Bertrand Grospellier. Em 2010, ele pasmou a comunidade com outro segundo lugar, desta vez para William Reynolds. Os resultados foram certamente impressionantes, mas foi difícil para Molson engolir que chegou tão perto da vitória duas vezes seguidas. O evento High Roller de US$ 25.000 deste ano deu a Molson outra chance de redenção, enquanto navegava através de um field record de 151 jogadores para fazer sua terceira mesa final consecutiva – algo sem precedentes. À medida que o field se reduzia, com jogadores como Jason Mercier (8º), David “Bakes” Baker (6º) e Erik Seidel (4º) caindo pelo caminho, Molson continuava ganhando fichas. Quando chegou ao heads-up entre Molson e o Team PokerStars Pro Leo Fernandez, os observadores assistiram à batalha entre os dois. Molson tinha a liderança de fichas, mas Fernandez conseguiu dois suckouts para dobrar e tomar a frente, deixando Molson com o sentimento de pavor de que aquilo iria lhe acontecer pela terceira vez. Ele retomou suas forças, de repente, e dobrou, assumindo a liderança de fichas. Na mão final do jogo, Molson tinha A-5 contra um J-2 de Fernandez. Molson murmurou quietinho “sem valete, sem valete” e os deuses do poker ouviram suas preces enquanto a mão segurava pra lhe dar a vitória tão esperada. “Eu coloquei pressão em mim mesmo, pois não queria ser taxado de segundo colocado”, disse Molson. A espera valeu certamente a pena, dando a ele o maior prêmio do High Roller do PCA até hoje, US$ 1.072.085. Todo ano, o PCA cria alguns milionários e produz mais de uma história curiosa como a de Will Molson. O evento também prepara o cenário para o resto do ano, aumentando a expectativa do que os jogadores podem esperar de um torneio. Seja um evento de buy-in alto, uma cobertura de televisão revolucionária ou um pouco de Binglaha, a aventura no Caribe é mais do que um pouco de poker e diversão ao sol. Ela é o benchmark que dá o tom para o ano no mundo do poker, gerando novas estrelas, colocando grinders antigos sob os holofotes e oferecendo um dos maiores shows fora do WSOP para os fãs de poker. Molson / Joe Giron
*colaboração: Eduardo Oliveira BLUFF • MARÇO 2011
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Diário de viagem
PCA 2011 POR Sérgio prado
Este ano resolvi escrever um diário de viagem durante o PokerStars Caribbean Adventure. Todos os dias, antes de dormir, fazia minhas anotações no bloco de notas do iPhone. Aqui está o resultado...
5 de janeiro
Começo agitado. Presenciei uma das maiores chuvas da história de São Paulo e, no trajeto de seis metros da porta da minha casa até o táxi, fiquei completamente ensopado. O check-in acabou sendo rápido e tranquilo, assim como o embarque. Mas houve um grande problema: o atraso de cinquenta minutos na decolagem, que vai me deixar com apenas uma hora para tentar pegar a conexão para Nassau. Agora não adianta eu me estressar, o jeito é dormir e pensar nisso quando chegar em Miami.
6 de janeiro
Corri como um maluco no aeroporto, com as malas na mão, à procura do guichê da Bahamasair. Achei uma fila imensa quando faltavam 40 minutos para o embarque, mas uma atendente me tranquilizou, dizendo que o voo só sairia assim que todos fizessem o check-in. Foi aí que dois moleques da Suécia chegaram na mesma correria que eu. Um deles eu conhecia, era Viktor Blom, o cara que seria apresentado como “Isildur1” durante o evento principal do PokerStars Caribbean Adventure. Dei a boa notícia para eles, que ficaram tranquilos em saber que não perderiam a conexão. E batemos um belo papo sobre o torneio, sobre as Bahamas... Mas sem tocar no assunto proibido: sua
7 de janeiro
“identidade secreta”! Viagem tranquila, com o avião lotado de dealers e jogadores. Cheguei no começo da tarde no Atlantis e dei sorte de encontrar dois parceiros para o almoço. Fui com o Marcelo Dabus e o Edu Parra no Johnny Rockets, uma das lanchonetes da marina do hotel. E durante cinquenta minutos o assunto foi um só: uma das mãos que o Parra disputou no Main Event do WSOP. Coisa de maluco por poker... Passei no Grand Ballroom para ver o começo do Super High Roller. 38 inscritos, impressionante! Fiquei feliz em ver o Caio Pimenta jogando com as feras, acho que ele foi bem esperto por fazer esse investimento
Depois de uma volta pelo centrinho comercial que fica fora do hotel, fui acompanhar o segundo dia do Super High Roller. Pimenta caiu, uma mão meio esquisita contra o Vivek Rajkumar... Na sequência, decidi participar da sessão de Tweetcam que o Akkari estava fazendo no quarto dele. Demos muita risada com a galera, foi bem divertido, os caras ficam loucos com o André. Combinei de jantar na lanchonete do cassino com os bloggers, e depois da comida, mais cerveja. Noite maluca, com meu amigo
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na imagem. Saindo do salão, fui para as piscinas acompanhar o Akkari e a Maridu na gravação de um vídeo para o PokerNews, nos tobogãs do Atlantis. Na volta para o quarto, dei de cara com o Gustavo Kuerten na porta da Marina Pizzaria. Será que ele veio para jogar? Jantar honesto com todo o staff do PokerStars. Tem muita gente trabalhando aqui, e é sempre bom matar a saudade dos amigos que moram longe. Depois acabei indo tomar cerveja com os bloggers no Coral Lobby Bar, o “reduto boêmio” do Atlantis. E dividi a mesa com o Lee Jones, um mito do início da história do poker online. Quem fez parte dos primórdios do online sabe quem ele é!
Alex V. aceitando várias “prop bets” nas quais ele tinha que comer coisas estranhas, como bitucas de cigarro, potes de pimenta e flores de plástico!!! Desviei do caminho para o quarto e fui até o Grand Ballroom. No canto esquerdo, um cash game dos mais insanos com Barry Greenstein, Phil Laak, Jennifer Tilly, Antonio Esfandiari, Andrew Robl e Jonathan Duhamel... Coisa de gente grande. Assisti a uns dez minutos e vim dormir, razoavelmente alcoolizado...
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8 de janeiro
Meu crachá de identificação tem uma foto minha, a palavra “STAFF” em letras garrafais e meu nome escrito embaixo. E não é que um dos jogadores brasileiros que não me conhecia usou a tática de conferir o nome no crachá e passou o dia inteiro me chamando de “Staff”? Outra história divertida: em um dos intervalos da mesa final do Super High Roller, um casal pediu para tirar fotos com o Daniel Negreanu. Os dois pareciam ter saído de um filme de Bollywood, nos moldes de “Quem quer ser um Milionário?”... Depois da pose, a mulher virou para o Negreanu e disse em um
inglês com sotaque forte: “Você é do Canadá, certo?” E o jogador do Team PokerStars Pro respondeu de imediato: “Sim, e vocês são da China, né?” Os dois indianos demoraram alguns segundos até darem risada da piada... Na sequência, um momento histórico - vi a menos de três metros de distância uma cena fantástica: Negreanu tirando sarro da cara do Phil Ivey por ter ultrapassado o amigo na lista de maiores vencedores em torneio na história do poker. Acho que foi a primeira vez que eu vi o Ivey dar risada! Alvoroço no meio do salão... Todos reunidos para confirmar a notícia: Viktor
9 de janeiro Antes de chegar no salão, já me confirmaram a notícia: “O Guga vai jogar!!!” Acabei passando muito tempo ao lado da mesa dele, que atraiu a atenção de muitos fãs (brasileiros ou não) e de toda a mídia. Justo: o cara é muito carismático. E eu me diverti dando algumas dicas de como jogar torneios para o nosso campeão. Ele só me dizia: “Calma, Sérgio, no começo eu vou ficar com bracinho de camarão”, uma alusão ao seu jogo mais do que sólido. À noite, mais um jantar divertido, dessa vez com os bloggers no restaurante Chop Stix, que serve comida oriental. E depois, óbvio, mais risadas e algumas cervejas no Coral Lobby... Não é fácil tentar acompanhar o ritmo dos ingleses e de dois americanos que tiveram vida acadêmica nas faculdades dos Estados Unidos.
Blom é “Isildur1”. Foi muito engraçado ver a cara dele durante a confusão. Apesar de ser extremamente corajoso nas mesas, o sueco é muito tímido fora delas. E parecia completamente perdido com todo aquele alvoroço. À noite, uma reunião especial: eu e o Marcelo Dabus ficamos uns quarenta minutos com o Guga, tentando convencer um dos maiores nomes do esporte brasileiro a disputar o Main Event. Apesar da empolgação de todos, não vai ser fácil convencer o ídolo, pois existe uma burocracia grande na jogada. Mas estou torcendo muito para dar certo.
10 de janeiro Durante um dos breaks do Main Event, eu estava tomando um refrigerante na área da lanchonete quando o Viktor “Isildur1” chegou puxando papo. Ele estava junto com o Harry Kaczka, um dos jovens prodígios do cash game online. De repente, Liv Boeree se juntou à roda. Nisso, o Viktor falou para o Harry: “Cara, ela me tribeta todas as mãos”. A inglesa deu risada e falou, mostrando seu típico senso de humor britânico: “Eu podia não saber quem você era até anteontem, mas conheço bem a reputação do senhor!” Todo mundo, claro, caiu na gargalhada... Depois que a bolha estourou no evento principal, Gustavo Kuerten ficou maluco! Abandonou o jogo tight com seu short stack e partiu para os all-ins. “Agora, é braço de polvo, Sérgião.” E acabou caindo pouco depois, todo feliz com o resultado alcançado. BLUFF • MARÇO 2011
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torneio
cheio
11 deMaisjaneiro correria durante o Main Event, mais um jantar no Atlas (a lanchonete do cassino, único “restaurante” que fica aberto depois das dez da noite), cerveja no Coral Lobby... Já estou me sentindo como o Bill Murray no filme “Feitiço do Tempo”. Sem nenhuma novidade, não estou com vontade de escrever hoje.
12 de janeiro sa la de
imprens
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Depois da eliminação dos brasileiros, fiquei dando uma força para o Paulo Rink. Ele achava que dava para ter ido mais longe no torneio e ficamos debatendo as mãos e sua análise das jogadas no “Players Lounge”. A seriedade acabou quando alguns brasileiros chegaram e começaram uma série insana de partidas heads-up de “Lig 4”, o antigo jogo no qual o objetivo é colocar quatro de suas peças na vertical, horizontal ou diagonal. Demais ver os geniozinhos do poker, como Marcos Sketch e Hugo Adametes, raciocinando em outro tipo de competição. De lá, jantar com os brasileiros no Sea Fire Steakhouse. Eu, Paulo Rink, Raquel, Alê Gomes, Priscila, Hugo Adametes, P.C. Ribeiro, Marcelo Dabus, Felipe Mojave, Cinthia Escobar, Luis Noal, Marcos Sketch, Edu Parra... Depois mais risadas no Coral Lobby e, agora, cama!
13 de janeiro
Depois de fazer algumas perguntas para o Bertrand “ElkY” Grospellier a pedido de um site brasileiro, fiquei esperando a Liv Boeree em um dos escritórios montados para a equipe do PokerStars, para fazer mais uma entrevista. Enquanto aguardava, fiquei ajudando o francês a fazer um helicóptero de radiocontrole levantar voo. Ele achou que estava tudo bem e pediu para que eu soltasse o helicóptero. O brinquedo deu umas balançadas, mas parecia equilibrado,
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subindo devagar... Achei que estava tudo tranquilo, mas de repente o “ElkY” começou a falar sem parar: “Oh shit! Oh shit!” Ele não tinha mais controle sobre o brinquedo, que se espatifou no teto, dando um belo susto em umas quinze pessoas do staff do PokerStars que estavam trabalhando na sala. Os estilhaços voaram para todos os lados, e o “ElkY” ficou segurando o controle com um sorrisinho amarelo, igual ao de uma criança que fez travessura... Essa noite tomei uma decisão: “Chega de
14 de janeiro
Todos os bloggers trabalhando no canto do salão, quando de repente alguém chega com a notícia: “O troféu do ‘Ladies Event’ sumiu!” Sem pensar muito, o Joe Giron (fotógrafo do PokerStars) disparou: “Aposto que foi o Shaun Deeb!!!” O troféu foi encontrado algumas horas depois. O dia de trabalho acabou por volta das sete da noite, e apesar de não ter descansado muito na véspera, voltei à vida boêmia acompanhado dos brasileiros. Dia de festa do PokerStars, não dava para perder. Este ano a comemoração foi nas piscinas, e mais uma vez tudo estava perfeito: comida, bebida, música. Pena que essas festas duram pouco. Acabei indo (adivinhem) para o Coral Lobby junto com os bloggers. Mas por volta da uma da manhã acabei me juntando a uma mesa onde estavam o David Carrion (presidente do LAPT) e o Igor Federal, entre outros. Não deu meia hora e todos foram dormir, com exceção do presidente da CBTH. E eu e ele ficamos mais umas duas horas conversando, lembrando do passado, analisando o presente e discutindo o futuro. Adoro conversar com o Federal e fazia tempo que isso não acontecia.
15 de janeiro
Segundo dia do High Roller, que ainda tinha a presença de alguns brasileiros. Por volta das quatro da tarde eles já haviam sido eliminados e meu trabalho estava finalizado, mesmo com a mesa final do Main Event prestes a começar. Esse ano, um esquema de segurança impressionante foi montado para que as informações da transmissão da TV não vazassem. E poucos tiveram acesso ao salão fechado onde os oito finalistas estavam. Então, por mais maluco que isso possa parecer, decidi ir para o quarto, assistir à mesa final pelo computador. Coloquei o notebook em uma cadeira, enchi a banheira e acompanhei pela internet um torneio que estava sendo disputado a menos de duzentos metros do meu quarto... O meu último jantar nas Bahamas foi especial: eu, Akkari, Paula, Federal e Isa. E conseguimos ficar por duas horas sem falar sobre poker! Conversamos sobre séries de TV, assuntos de família e, claro, sobre comida! Na volta do restaurante, que fica no canto mais distante do Atlantis, ainda encontramos muitos brasileiros no lobby do Coral e ficamos até tarde dando risada, para fechar a viagem com chave de ouro.
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cerveja e de ir dormir tarde. Vou descansar!” Entrei no quarto às onze da noite e tudo parecia tranquilo, até que acordei à uma da manhã, com o barulho de uma festa. Eram umas dez vozes diferentes, e todos pareciam bem embriagados. O ataque ao frigobar deve ter durado umas duas horas, e eu perdi a conta de quantas vezes pensei em tirar o pijama, colocar a roupa e me juntar aos meus vizinhos de quarto, no espírito do ditado “Se não pode vencê-los, junte-se a eles”. Só agora vou conseguir dormir, e já são mais de três e meia da manhã...
16 de janeiro
Arrumei a mala em dez minutos, fiz o check-out em cinco e peguei o táxi para o aeroporto. Mais um atraso na decolagem, o que transformou minha passagem pelo aeroporto de Miami em outra prova de velocidade. Depois de muita correria, consegui embarcar. Mesmo cansado e com sono, não consegui dormir mais do que umas duas horas... Merda...
17 de janeiro
Dei azar no desembarque... Minha mala foi a primeira a chegar, mas não tinha nenhum jogador degenerado para apostar comigo dessa vez no “Jogo da Bagagem”. Pelo menos estou encarando a Marginal Tietê vazia, o que é quase um milagre em São Paulo, mesmo às seis da manhã. Agora só quero chegar em casa, matar as saudades da família e dormir por umas vinte horas.
Q Os
Quando eu estava na faculdade, meu amigo Russ tocava violão e era muito bom, e é claro que as garotas simplesmente o amavam. E ele amava as garotas. Eu pensava que talvez ele tocasse violão para as garotas, mas ele rapidamente me corrigia: “Eu toco violão por causa dos demônios dentro de mim. Não tem nada a ver com as garotas.” E eu tenho que dizer, os demônios dentro de mim são muito fortes. Eu tenho que jogar cartas. Eu simplesmente tenho. Algumas vezes batalho contra meus demônios, mas eles sempre vencem, e para mim está tudo bem. Acontece que eu amo jogar. Esta semana os demônios estão tentando me fazer desistir de escrever meu artigo para a Bluff porque a ação no Commerce está insana agora. Algumas semanas atrás todos estavam no PCA (o evento do Stars no Atlantis, nas Bahamas). Cash games enormes. Ótima ação. Drinks com guarda-chuvas. Basicamente, muita diversão. Eu acho que vou fazer daquele um evento imperdível para nós no futuro. Eu perdi os últimos anos e foi realmente bom estar lá novamente. É certamente um evento incrível! Eu caí do evento 100K high roller no Dia 2, mas os demônios ainda estavam felizes, pois fui capaz de recuperar as perdas nos jogos paralelos. Fiquei surpreso com a quantidade de ação que encontrei. Entretanto, chegando ao fim da viagem, ficou cada vez mais difícil arranjar um lugar nestes jogos. Tinha muitas pessoas lutando por poucos lugares. Arghgh. De repente, os demônios meio que deram um tempo e, com a febre que tomava conta da ilha, Jennifer e eu decidimos terminar a viagem e voltar para LA. Mas não levou muito tempo para os demônios acordarem. E eles não podiam ter uma hora melhor: Commerce Casino – LAPC. Vamos lá conferir, pensei. Não criei grandes expectativas, pois era a primeira semana, mas não iria doer nada ir até lá pelo menos conferir. Último lugar disponível num jogo de 100 PLO, já correndo bem. Eu sento com o buy in mínimo de US$ 5.000, corre tudo muito, muito bem, e duas horas depois vejo que tenho US$ 29.000 na minha frente! A próxima mão é 2♠ 5♠ 6♦ 10♦ e o flop vem 3♥ 4♥ 10♣. Bem conectado, sem flush draw. O dinheiro começa a entrar e logo estou comprometido em um pote monstro com all-in de quatro pessoas. Decidimos que as cartas fossem por Phil Laak distribuídas duas vezes. Ganhei ambas. US$ 69.400! Transformei US$ 5.000 em US$ 69.400 em três horas de poker. Me senti imbatível. E os demônios não podiam estar mais felizes. Esta foi a mão 1; a mão 2 ocorreu no dia seguinte, que no tempo real foi ontem à noite, e, no seu mundo, de quem está lendo isto agora, aconteceu há aproximadamente um mês. US$ 5.000 de buy in? Nah… esta noite vou fazer um buy in legal e cobrir todos da mesa. Então, com aproximadamente US$ 50.000 em minha frente, a próxima mão se desenvolveu: J♣ J♦ 8♣ 2♦ e o flop vem J♥ 4♠ 7♠. Bingo! Este pote era absurdamente grande e mais uma vez foi um all-in de quatro pessoas. Eu queria que as cartas fossem distribuídas duas ou três vezes, mas o cara que estava em todos os potes paralelos comigo recusou. O degenerado (e os demônios) dentro de mim, ambos amaram a coisa do “enorme pote sendo distribuído de uma vez”, mas o jogador cuidadoso dentro de mim odiou a ideia. A única coisa a se fazer era segurar firme e aproveitar o momento! Um 6 de naipe diferente escorrega para fora do baralho e fico enojado pela sequência que acabou de se formar, mas o 7♣ me salvou no river e eu puxei um pote gigante. US$ 103.000 para ser exato. Wow! Eu tinha acabado de ganhar US$ 55.000 em dinheiro estranho. (Dinheiro estranho não é o tamanho do pote, mas o tamanho do pote menos o seu dinheiro dentro dele. Um termo legal que, na prática, você não escuta muito.) E deixe-me contar a você, eu nunca comecei um ano tão forte. Eu puxei ambos os potes! Foram os maiores potes que eu joguei a semana inteira e eu puxei os dois. Algumas vezes, quando chove, cai um dilúvio. E nesse caso eu digo: peguem os baldes e vamos pegar essa chuva! Commerce Casino, PCA e PLO, amo todos vocês. Obrigado por existirem. E para os demônios dentro de mim, agradeço a vocês também, sem vocês eu talvez tivesse uma vida completamente diferente.
demônios
dentro de mim Quando o jogo prende você, bom… o Phil curte o momento.
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PRO-SPECTIVE... xxxxxxxxxxxx
O Discurso
de Elevador do
Poker
Pregando para os que não crEem… aqui vão algumas dicas
A POR Lee Jones
A maioria das pessoas no mundo dos negócios está familiarizada com o “discurso de elevador”. Em sua forma mais interessante, a ideia é que você é o dono de um pequeno negócio e está participando de um encontro de sua indústria em um grande centro de conferência de um hotel (visualize o Mandalay Bay ou o Venetian). Você está no elevador voltando para o seu quarto e mirabile dictu, lá, parada a seu lado, está uma das pessoas mais poderosas de toda a indústria, alguém que pode fazer e desfazer empresas. Ela olha para o crachá que apresenta seu nome. “Então, Mike – me fale um pouco sobre sua empresa.” Você tem 90 segundos para deixar esta mulher interessada em sua empresa. Comece a falar. Pessoas de marketing e vendas estudam cientificamente esses discursos, pois elas nunca sabem quando terão os mágicos 90 segundos para fazer um anúncio digno de “Vendedor do Ano”. Aqueles que amam o poker e querem vê-lo crescer e se tornar 100% aceito precisam ter seu próprio discurso de elevador preparado. Pode ser que aconteça no elevador, em um coquetel ou em um encontro de família com seu tio advogado. Seja onde e quando for, você terá um curto período de tempo para apresentar seus argumentos. Como serviço público para a comunidade, eu ofereço aqui os pontos-chaves para seu discurso. Você simplesmente os empurra como frases inteiras (evitando pausas como “tipo” ou “você sabe”) e ganha mais um adepto ao incrível jogo de poker.
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BLUFF BLUFF• JANUARY • JANUARY2011 2011
>>> 1. Diga que “No poker, diferentemente de jogos de cassino, pode-se ganhar. Isto se deve ao fato de jogarmos contra outros jogadores, não contra a casa.” Dependendo das suas restrições de tempo e o interesse aparente do ouvinte, você pode rapidamente explicar o conceito de “rake”, somente para que a pessoa entenda como a casa faz seu dinheiro (se não o estiver ganhando de você). >>> 2. Aponte o fato de que mais de 60% das mãos jogadas no poker online terminam pelo fold de todos os jogadores menos o ganhador. Esta é uma distinção crucial que muitas pessoas, envolvidas em blackjack e outros jogos de cassino, não entendem. Eles estão acostumados a ver as cartas decidirem o ganhador. Na maior parte do tempo em nosso jogo, as cartas não determinam o ganhador, as apostas e os folds o fazem. É um pequeno e óbvio passo para se ver por que o poker é um jogo de habilidade, diferente de craps, blackjack (em sua maioria) e Caribbean Stud. >>> 3. Admita que o poker certamente contém sorte, mas que a longo prazo os melhores jogadores irão ganhar. Tive uma conversa interessante com um conhecido profissional muito inteligente que teve um interesse passageiro no poker. Ele me perguntou, “se não é só sorte, então como pode só haver grinders na mesa final do WSOP?” Isso me confundiu um pouco; Eu pensei que nem “grinder” ele sabia o que era. Então eu entendi: O que ele realmente disse foi, “se não é só sorte, então como pode só o (Michael) “The Grinder” (Mizrachi) chegar (um nome conhecido) na mesa final do WSOP?” Este é, na verdade, um ponto importante para se ter em mente. Quando se tem um pequeno número de jogadores bem conhecidos, pode ser confuso para quem vê de fora entender por que eles não os vêem na mesa final todas as vezes. Eles estão acostumados a ver os mesmos melhores jogadores ganharem os torneios de golfe e eventos da NASCAR – por que não no poker? A melhor analogia que se pode usar é o clássico clichê do baseball: “Em uma série de sete jogos, qualquer time pode ganhar.” Os torneios aceleram dramaticamente as coisas, e com essa velocidade o equilíbrio habilidade/sorte se desloca mais para a sorte. O Main Event do WSOP certamente provê muitas oportunidades para se usar boas habilidades de poker, mas é obvio, por assistir a qualquer replay do WSOP, que a Sra. Sorte está presente ao longo do processo. O item 4 do artigo do Lee Jones trata da legislação norte-americana, por isso a Bluff Brasil acrescenta este parágrafo que trata de legislação brasileira para ajudar na sua argumentação: >>> 4. O poker não é ilegal no Brasil. A lei brasileira é clara ao definir que jogo de azar é “o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte”. A Confederação Brasileira de Texas Hold´em possui e disponibiliza em seu site diversos documentos que mostram que o poker é um jogo de habilidade, como o Muito longo, não leu? estudo feito pela Universidade de Tel Aviv de Israel, o laudo Aqui estão os pontos feito pelo professor Ricardo Molina da Secretaria de Segurança principais: Pública do Estado de São Paulo e o comunicado oficial da • No poker, diferentemente de International Federation of Poker, que trabalhou com a CBTH jogos de cassino, pode-se ganhar, pelo reconhecimento mundial do poker como esporte da mente pois você está jogando contra outros junto à International Mind Sports Association. Recentemente a jogadores, não contra a casa. Confederação obteve o parecer do ex-Ministro da Justiça Miguel • 60% das mãos de poker não Reale Júnior que conclui que “(...) o jogo de poker na modalidade chegam ao showdown. Em resumo, as Texas Hold´em, seja na forma de torneio (...), seja na forma de cartas são só uma forma secundária cash games (...) o sistema do jogo é o mesmo e em ambas as de determinar o ganhador. A formas prevalece a habilidade e não a sorte”. >>> 5. E, finalmente, não, poker online não é, em geral, habilidade é a forma primária de ilegal. O governo gostaria de lhe dizer que é, porém (com exceção determinar o ganhador no poker. de alguns Estados dos Estados Unidos que você não precisa • Sim, existe sorte no poker, mencionar) a jurisprudência não atende a essa reivindicação. Se especialmente a curto prazo (p. ex.: esta discussão aparecer, a mensagem importante é a respeito um torneio). Mas, a longo prazo, de liberdade civil. Como cidadãos responsáveis, temos a escolha os jogadores habilidosos ganham o de fazer coisas que são ou podem ser ruins para nós, como o dinheiro. consumo de álcool, tabaco, cheeseburgers, comprar pela TV, day • O poker não é ilegal. Ele é um trading na bolsa, comprar tíquetes de loteria, e muitas outras. jogo de habilidade. Você pode citar George Will, que sarcasticamente apontou que a tentativa do governo de banir o poker online deve ser, “... porque a Proibição [] deu muito certo para se livrar do gin”. Você pode também apontar as estimativas de dezenas a centenas de bilhões de dólares em receita com impostos para a próxima década (dependendo das estimativas de quem você acreditar) que o governo está deixando de lado.
Tenha tudo isso em mente para a próxima vez que pisar em um elevador.
Lee Jones é o gerente da card room do Cake Poker e é autor de Winning Low Limit Hold’em, que ainda é impresso após 15 anos de sua publicação inicial. BLUFF • MARÇO 2011
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Torneios Às Terças e Quintas a partir das 21h e aos sábados Às 16h
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O clube mais moderno de São Paulo
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MAIS PODEROSOS
Nos últimos seis anos a equipe da Revista BLUFF procurou especialistas da indústria do poker para ajudar a compilar uma lista anual de quem são as pessoas mais poderosas do meio. Os 20 Mais Poderosos da BLUFF se tornou um ranking, muito discutido, e até muito debatido, das pessoas mais influentes do poker. Para este fim, a BLUFF enviou cédulas para 101 eleitores este ano, que consistem em operadores online, operadores em terra, agentes e mídia, e pediu a estes para elencarem os mais poderosos do poker de 1 a 20. Tomando todas estas cédulas em consideração, um número impressionante de 195 pessoas receberam votos. Após tabular os resultados, utilizando como base a posição em que cada pessoa foi listada, estes são Os 20 Mais Poderosos da BLUFF de 2011.
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♠ Eric “sheets” Haber e Cliff “johnnybax” Josephy Financiadores
Dependendo do boato em que você quiser acreditar, Cliff Josephy e Eric Haber, os dois homens conhecidos no poker online como “Bax and Sheets”, chegam a fazer cerca de US$ 1.000.000 por mês financiando jogadores em torneios online e ao vivo. O número parece um pouco alto e o tamanho de seu estábulo é também aberto a suposições. Pessoas do meio sugerem que o número real esteja próximo de 70, talvez 75 jogadores no programa “Sheets and Bax”. Seu maior resultado vem do ganhador do Main Event do WSOP de 2009, Joe Cada, que faturou US$ 8,5 milhões. Eles são conhecidos por gerenciar seus jogadores como outros CEOs gerenciam funcionários. Eles monitoram seus jogadores e, para aqueles que jogam eventos ao vivo, fazem com que os jogadores liguem periodicamente com atualizações da contagem de fichas durante cada intervalo. Considerando que os dois caras originalmente fizeram seu dinheiro de fundos de hedge e ações, serem conhecidos como o “Rei dos Financiadores” não é nada anormal. Com tanto dinheiro em jogo, não é de se espantar que praticamente nada aconteça no mundo do poker online sem esses dois ficarem sabendo.
sheets
♣ Jim Ryan CEO, PartyGaming
O PartyPoker deixou o mercado americano em 2006 e perdeu seu lugar como a maior sala de poker online do mundo, mas dizer que eles sofreram com isso seria ilusório. O Party ocupa atualmente a terceira posição em termos de jogadores de dinheiro real e tráfego graças a, em sua maior parte, fortes esforços de marketing na Europa e uma fusão em julho de 2010 com a marca bwin.com, ambas supervisionadas pelo CEO Jim Ryan. Quando a fusão foi anunciada, as ações do PartyGaming subiram 20%, algo que certamente faria Ryan merecer o reconhecimento dos acionistas. Outra peça fundamental da máquina do PartyGaming é o World Poker Tour. Adquirido pelo PartyGaming em novembro de 2009, o WPT dá à plataforma meios de promover e distribuir sua marca mundialmente para cativar audiências televisivas. Se algum dia a legislação americana permitir o retorno ao mercado americano, Party e Ryan estão muito bem posicionados para serem um competidor dominante desde o início.
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♦ Steve “Chops” Preiss Cérebro por trás do Wicked Chops Poker
2010 foi o ano do “cara”. Steve “Chops” Preiss, juntamente com Brian e Colin Cooley, lançaram os bem-sucedidos This Week in Poker e Wicked Chops Podcast – e ganharam seu segundo BLUFF Readers Choice Award for Favorite Blog seguido (enquanto obtinham um ano recorde de tráfego no site). Preiss lançou a divisão de Novas Mídias da Poker Royalty e se tornou seu vice-presidente-executivo, enquanto os irmãos Cooley expandiram sua base de clientes com sua bemsucedida agência Wicked+. De suas respostas sobre o escândalo do UltimateBet a comentários em tópicos de negócios e transmissão, eles se estabeleceram como as principais pessoas de dentro da indústria e, consequentemente, líderes. Preiss se tornou a figura central neste papel, se posicionando como o Worldwide William Wesley do poker – um preeminente elo de informações e negociador dos bastidores. E, em algum lugar em seu tempo livre, eles ainda acham tempo para tirar fotos das Girls on the Rail. E, por isto, nós os agradecemos.
♥ Lance Bradley Editor-chefe, Revista BLUFF
Trabalhando juntamente com os co-presidentes da BLUFF Media, Eddy Kleid e Eric Morris, e a Gerente de Edição da Revista BLUFF, Jessica Welman, o Editor-chefe Lance Bradley trabalhou arduamente para levar o produto tanto online quanto impresso a novas alturas e os resultados falam por si só. Com matérias bastante abrangentes sobre os melhores jogadores, notícias de torneios de poker ao redor do mundo e uma combinação sólida de estratégia e conhecimento da indústria, a Revista BLUFF se tornou, como outro membro dos 20 Mais Poderosos colocou, “de longe a melhor revista de poker”. Bradley é também um dos mais respeitados jornalistas do jogo. Quando Prahlad Friedman assinou com a UB no final de 2010, foi Bradley quem conseguiu a entrevista exclusiva e fez as perguntas que a indústria do poker estava ansiosa para saber as respostas. Bradley também foi instrumento na melhoria da fórmula do Melhor Jogador do Ano da BLUFF de forma a refletir melhor o que o prêmio busca reconhecer, algo que os melhores jogadores concordaram ter sido um passo à frente e bom para o jogo.
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Chops
16 15 14 13 ♥ Phil Hellmuth O Agente Livre Mais Valioso do Poker
Hellmuth
Logo após o Natal, o mundo do poker recebeu a confirmação do que havia se tornado o pior segredo mantido no meio do jogo. Phil Hellmuth e seu patrocinador de longa data UB seguiriam caminhos diferentes. Muitos se perguntaram onde Hellmuth poderia se estabelecer em sequência, mas ele e seu agente, Brian Balsbaugh, estavam excitados com a oportunidade de ter em mãos um dos (se não O) jogadores mais conhecidos do planeta. Você pode dizer isso tudo sobre Hellmuth, ele trabalha arduamente para se promover e isso só pode ser música nos ouvidos de potenciais patrocinadores. Seja em entradas triunfais no Main Event do WSOP, as explosões durante eventos televisionados de poker ou sua propensão a citar todas as celebridades que ele já conheceu, Hellmuth sabe como chamar atenção de uma multidão e fazer barulho. Isso leva os produtores de TV a convidarem Hellmuth para ser parte de seus shows e isto também fará com que qualquer que seja seu próximo patrocinador fique muito, muito feliz.
Savage
♦ Ray Bitar Diretor, Pocket Kings LTD
Pocket Kings LTD, a empresa instalada em Dublin, Irlanda, que provê consultoria de marketing e software para o Full Tilt Poker, é liderada por Ray Bitar. O ex-negociador de ações esteve na empresa desde o começo e teve grande responsabilidade no processo do Full Tilt Poker se tornar a segunda maior sala de poker do mundo, atrás somente do PokerStars. Juntamente com o lado de marketing e software, a Pocket Kings LTD também lida com a divulgação da marca do produto Full Tilt Poker através de programas de televisão como Poker After Dark, The Poker Lounge e The Doubles Poker Championship, e Bitar é quem bate o martelo para a aprovação de vários destes projetos. Ele também ajuda a gerenciar o incrível time de jogadores profissionais que constituem o Team Full Tilt, incluindo Phil Ivey, Tom Dwan, Howard Lederer, Erik Seidel assim como os mais de 150 Full Tilt Pros.
♣ Matt Savage Diretor-executivo, World Poker Tour
Tony G
Talvez a maior contratação individual do ano passado no mundo do poker tenha sido feita em junho, quando o World Poker Tour nomeou Matt Savage como seu Diretor-executivo. Tendo sido Diretor de Torneio do WPT Bay 101 Shooting Stars e do LA Poker Classic em anos anteriores, Savage não era um estranho pro WPT. Seu novo cargo o tornou responsável por melhorar coisas que o WPT identificava como potenciais fraquezas: comunicação com jogadores, coesão geral da tour e crescimento dos eventos. Savage criou uma estrutura-padrão mais amigável para os jogadores que ele espera que todos os eventos WPT sigam. Ele também foi ao Twitter para medir a temperatura da comunidade de jogadores de poker em relação às novas ideias. Ele também é um inovador. Savage criou o torneio com múltiplas entradas em 2009 e desde então outros torneios e séries ao redor do mundo, assim como o Full Tilt Poker, copiaram a ideia.
♠ Tony G Dono, PokerNews
Tony G, cujo nome real é Antanas Guoga, é conhecido por suas palhaçadas malucas na mesa, mas fora do feltro ele é o homem que toma as decisões de negócios no PokerNews.com. O site está disponível em 30 idiomas e provê atualizações ao vivo, assim como contagem de fichas e cobertura em vídeo para o World Series of Poker, European Poker Tour, North American Poker Tour, Asia Pacific Poker Tour, Aussie Millions e o WSOP Circuit. Este tipo de cobertura garante a Tony G e à PokerNews alcance global. Guoga transformou essa audiência em grandes associações com as maiores salas de poker online. Enquanto G toca o lado de negócios das coisas, a PokerNews cresceu e desenvolveu todo seu produto editorial durante o ano que se passou sob os olhos atentos de Matthew Parvis, Editor-chefe. Também incluído no império da PokerNews está o PokerWorks.com, NeverWinPoker.com e ChipMeUp.com. BLUFF • MARÇO 2011
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12 11 10 ♠ Tom Dwan Sensação dos Cash Games High Stakes
Onde eles estão agora?
Dwan
Tom “durrrr” Dwan é facilmente a pessoa mais nova nessa lista e ainda assim sua influência não pode ser subestimada. Desde que apareceu na cena como um prodígio do poker online, o mundo do poker está em transe com sua habilidade em ser um dos melhores jogadores no planeta com tão pouca idade. Dwan continua a jogar os limites mais altos tanto no online quando ao vivo e ele também é regular no circuito de torneios e shows televisionados, como o Poker After Dark, onde sua mera presença aumenta a audiência. Ele também tem o respeito da comunidade do poker por seu talento e vontade de apostar. Quando ele terminou em segundo num evento do WSOP, a comunidade de poker high stakes suspirou de alívio, pois todos tinham apostas paralelas de quantias obscenas de dinheiro contra Dwan ganhar um bracelete.
Jeffrey Pollack
♣ John Pappas Diretor-executivo, Poker Players Alliance
A luta para legalizar e regularizar o poker online nos Estados Unidos tem inúmeras vozes, mas nenhuma é mais importante que a de John Pappas e da Poker Players Alliance. Como Diretor-executivo da organização, um componente-chave do trabalho de Pappas é dar voz para milhares de jogadores de poker americanos que querem continuar jogando o jogo que amam, tanto online quanto ao vivo. Desde 2005, quando a UIGEA virou lei, a PPA tem liderado o esforço em nome dos jogadores de poker americanos para que o governo federal legalize, regule e licencie o poker online. A PPA também está ativa em nível estadual e esteve envolvida no movimento para que o poker online fosse regularizado dentro dos Estados. As tarefas diárias de Pappas incluem supervisionar o gerenciamento geral da PPA, assim como todos os esforços de recrutamento, e falar em nome da PPA quando mídias de grande vinculação como FOX News, CNN e MSNBC os procuram.
♦ Doyle Brunson O Padrinho do Poker
Doyle Brunson é a união de um jogador de poker lendário, uma marca e um homem de negócios em uma só pessoa. Com 10 braceletes do WSOP, ele mostrou ser um dos melhores de todos os tempos e ao invés de colocar o logo de qualquer sala de poker online em seu peito, Brunson criou a DoylesRoom e continua fortemente envolvido com as decisões do dia a dia da empresa. Ele não tem postado os resultados de torneios recentemente, mas até ele provavelmente admite não estar mais tão focado nisso. Ele é um jogador regular no Poker After Dark, High Stakes Poker e The PokerStars.net Big Game porque ama a ação e os produtores estão mais do que felizes em ter uma das mais inconfundíveis e respeitadas figuras do jogo em seus programas. Quando a DoylesRoom mudou para a Merge Gaming Network no começo de 2011, Brunson não foi somente o orador ligado à empresa, ele foi parte do processo. Ele também continua a ser um dos mais ativos jogadores de poker no Twitter, onde mais de 300.000 seguidores lêem cada uma de suas palavras.
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♥ Mori Eskandani CEO, Poker PROductions
Você pode não se dar conta, mas, se lê regularmente a BLUFF, provavelmente é um grande fã do trabalho de Mori Eskandani. Como CEO da Poker PROductions, Eskandani, juntamente com seu sócio e consultor Eric Drache, é responsável pela produção do High Stakes Poker, Poker After Dark, The PokerStars.net Big Game e o NBC National Heads-Up Poker Championship. Ele também é uma das poucas pessoas que descobriram uma forma bem-sucedida de fazer negócios com a produção de programas de poker. Juntamente com a produção dos programas, Eskandani também é uma figura central na formação do elenco e na criação de um formato que funcione para a televisão. A escolha de qual profissional do poker você vai ver em cada episódio vem de Eskandani e seus olhos afiados para o que faz o bom poker de televisão. Boatos no final de 2010 colocaram a empresa de Eskandani como cotada para tomar a transmissão da ESPN da 441 Productions no World Series of Poker.
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BLUFF • MARÇO 2011
Pollack
Eskandani
Foi um dia triste para a comunidade do poker quando Jeffrey Pollack anunciou através do Twitter, em 13 de novembro de 2009, que estava se afastando do cargo de Comissário do WSOP. Pollack, que foi contratado pelo WSOP em 2005, como Vice-presidente de Marketing e foi promovido a Comissário em 2006, era um executivo que constantemente envolvia a comunidade. Ele foi acolhido por jogadores e fãs na luta para melhorar todos os aspectos da experiência WSOP, confrontando críticas diretas e não tendo medo de assumir seus raros erros. Poucos esperavam que Pollack, um ex-executivo da NBA e NASCAR, ficasse parado por muito tempo, mas ninguém podia imaginar onde ele ia acabar parando. Em maio de 2010, Pollack foi eleito para o Comitê de Diretores da Professional Bull Riders, Inc. como Chairman. Sua intenção é usar sua filosofia baseada em três aspectos principais, honestidade, transparência e integridade, para trazer o esporte de montaria de touros profissional para uma nova fase de crescimento de competição global, de marca e de negócios. Pollack relacionou repetidas vezes os desafios que a PBR enfrenta àqueles com os quais ele lidou com sucesso como Comissário do WSOP e na NASCAR. “Eu era totalmente desconhecido para a indústria do poker, mas entendia conceitualmente o que precisava ser feito com o negócio”, disse Pollack recentemente. “Não foi muito diferente da minha experiência com a NASCAR, onde eu não cresci próximo ao esporte, mas certamente entendia como eles queriam crescer seu negócio.” Embora os fãs não devam esperar ver Pollack, que sempre se veste de forma impecável, montando um touro, o antigo Comissário do WSOP com certeza está comprometido a ficar por um bom tempo na PBR. “A mudança que pretendo trazer para a PBR não acontecerá da noite pro dia. É um esforço de anos que estamos abraçando.”
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♥ Mitch Garber CEO, Caesars Interactive Entertainment
Negreanu
Ivey
Nos Estados Unidos e no Canadá, fãs de poker veem a maior parte das notícias sobre os vários eventos WSOP ao redor do mundo no WSOP.com, com um componente de Jogos de Mídia Social interno que permite às pessoas jogarem poker no Facebook. Em outros mercados, entretanto, o site está sendo monetizado como um site de poker online com dinheiro real, e o homem por trás disto é Mitch Garber. Antigo CEO do PartyGaming, Garber agora supervisiona todos os aspectos de jogo para a marca WSOP incluindo SMG (Jogos de Mídia Social) e jogos com dinheiro real. Em 2010, Garber trabalhou com a Microgame para licenciar a marca WSOP no mercado italiano, onde o poker online é fortemente regulado e as licenças são limitadas. O acordo garante que a Microgame será a única a oferecer satélites para o WSOP para jogadores italianos. Combinar a marca mais forte do poker com jogos online de dinheiro real tem sido um sonho do Caesars por algum tempo e que Garber está tornando realidade. Se o governo dos EUA algum dia aprovar a legalização, Garber poderia ser o responsável pelo mais movimentado site de poker online, de novo.
♦ Daniel Negreanu Jogador, Team PokerStars Pro
Como o jogador com mais ganhos de dinheiro em torneios de todos os tempos, Daniel Negreanu poderia relaxar e deixar que suas conquistas do passado falassem por si só, mas ele não o faz. Como o rosto principal do marketing do PokerStars, Negreanu poderia simplesmente deixar o dinheiro entrar, mas ele não o faz. Negreanu está empurrando o poker e o PokerStars para a frente, usando seu status no jogo como um embaixador em benefício de todos nesta lista. A grande surpresa do ano passado, que acabou se mostrando muito bem-sucedida, The PokerStars.net Big Game, foi fortemente influenciada por Negreanu. Ele foi a pessoa que lutou por Joe Stapleton como co-host e teve grande voz na decisão dos outros profissionais que estariam na mesa. Negreanu parece mostrar que entende do lado de marketing e televisão do jogo melhor do que quase todos os outros profissionais de ponta. Seu blog em FullContactPoker.com é um dos blogs de poker mais lidos que existem. Ele extrapola os limites ocasionalmente, como no verão passado, quando chamou Annie Duke de um nome indelicado, mas ele assume seus erros ao longo do caminho e não tenta se esconder de críticas. Ele sabe que não pode criticar abertamente os outros sem assumir isso.
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♣ Phil Ivey O Melhor Jogador de Poker do Mundo
Parece haver pouca discussão sobre Phil Ivey. Ele simplesmente é o melhor jogador de poker no planeta há um bom tempo. Não existe jogo grande ou difícil o suficiente para amedrontá-lo. Como membro fundador do Team Full Tilt, ele também é um dos mais divulgados jogadores do mundo e de alguma forma consegue manter um certo nível de mistério, algo que outros jogadores de ponta não conseguem. Este mistério ou sua personalidade faz de Ivey um grande elemento para o aumento de audiência em qualquer programa de TV em que ele estiver. Quando a audiência do WSOP caiu em 2010 em relação a 2009, especialistas discutiram por que ela caiu tão drasticamente. Uma parte da queda simplesmente foi devido ao fato de Ivey não estar na mesa final como no ano anterior. Ele também mostra uma vontade quase doentia de entrar em apostas paralelas por braceletes do WSOP, o que ele faz com qualquer um que quiser apostar contra ele. No último WSOP ele ganhou seu oitavo bracelete, o terceiro em dois anos, e está em segundo na lista de maiores ganhos de dinheiro em torneios de todos os tempos.
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Um homem a ser observado... Daqui a um ano, pode haver um nome nesta lista que não recebeu nenhum voto este ano. Lo Toney é o homem responsável pela maior sala de poker online do mundo. Mas ele não trabalha para o PokerStars, Full Tilt ou Party Poker. Ele é o Gerente-geral do Zynga Poker, a empresa por trás da aplicação de poker imensamente popular no Facebook. Toney Com 37 milhões de jogadores todos os meses, e 7,6 milhões de jogadores todos os dias, o Zynga colocou o antigo executivo da Nike e Ebay de 44 anos como responsável pelas operações de negócios de uma sala de poker online que tem três vezes o número de jogadores do PokerStars. Se o Zynga decidir se envolver com jogos envolvendo dinheiro real em breve, o que os boatos colocam como uma possibilidade real, Toney poderia aparecer subitamente entre os dez primeiros dos 20 Mais Poderosos.
♠ Brian Balsbaugh Fundador, Poker Royalty
Sullivan
Desde que o Superagente do Poker Brian Balsbaugh fundou a primeira empresa de gerenciamento de jogadores de poker, a Poker Royalty, em 2003, ele a transformou na preeminente líder no ramo. A lista de jogadores representados pela Poker Royalty inclui outros quatro membros dos 20 Mais Poderosos, Daniel Negreanu (#7), Doyle Brunson (#10), Tom Dwan (#12) e Phil Hellmuth (#16). No final de 2010, a empresa lançou uma divisão de mídia e nomeou Steve “Chops” Preiss (#18), como Vice-presidente-executivo, para ser o responsável por ela. Outros grandes nomes representados por Balsbaugh e pelo presidente da empresa James Sullivan incluem Patrick Antonius, Johnny Chan, David Williams, Scotty Nguyen, Erick Lindgren e Gus Hansen. Enquanto assinar contratos de patrocínio com sites de poker online é a parte mais visível de seu negócio, quando a Corporate America vem à procura de jogadores de poker para trabalhar com eles, a primeira ligação normalmente é para a Poker Royalty.
Balsbaugh
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4 3 ♠ Harry Reid Senador, Nevada (D)
Reid
Líder da Maioria do Senado, Harry Reid passou a maior parte de dezembro tentando arduamente conseguir que o poker online fosse regularizado nos últimos dias das sessões do congresso. Se o poker online for regularizado pelo governo federal em breve, terá sido por conta do democrata de Nevada e seus esforços. Sua primeira tentativa de conseguir a regulação não foi aprovada, porém os operadores de Nevada, que apoiaram sua reeleição em novembro, esperam que o senador democrata continue sua marcha pela causa durante este mandato. Por tentar anexar sua situação a outra parte maior da legislação, Reid mostrou que não está com medo de manipular o sistema – assim como Bill Frist fez quando passou a UIGEA em 2004. Se Reid tivesse sido bem-sucedido em seus esforços, os maiores ganhadores acabariam sendo os jogadores em si. Alguns estimam que em um mercado com regulação federal o número de jogadores de poker online nos Estados Unidos dobraria para aproximadamente 20.000.000.
♣ Ty Stewart Vice-presidente, Caesars Interactive Entertainment Diretor-executivo, World Series of Poker
O homem responsável pela marca e evento com mais prestígio no poker, o World Series of Poker, Ty Stewart usou o ano passado para se tornar mais e mais visível. Tanto que também incluiu outro título a seu cartão de negócios: Diretor-executivo, World Series of Poker. Desde que assumiu o mais alto cargo do WSOP do antigo Comissário Jeffrey Pollack (veja a coluna ao lado), Stewart adicionou fortes patrocínios corporativos e estratégicos e trouxe o WSOP Circuit de volta dos mortos. O field médio dos eventos do Circuit este ano subiu para quase 400% acima do ano passado e um novo contrato de TV com a VERSUS irá continuar a empurrar o número mais e mais para cima. Durante seus seis anos com o WSOP, o trivial para Stewart foi trabalhar com Madison Avenue. Ele firmou acordos com Milwaukee’s Best Light, Jack’s Link Beef Jerky, CORUM, Hershey’s e Planters. Mais recentemente, trouxe a Red Bull, AMP Energy Drink e a Klipsch Headphones a bordo como patrocinadores e convenceu a Miller Brewing Company a colocar uma marca melhor, Miller Lite, como patrocinadora do WSOP no lugar da Milwaukee’s Best Light, outra propriedade da Miller.
2 ♦ Isai Scheinberg Fundador, PokerStars
Em 2000, quando Isai Scheinberg fundou a empresa de software que viria a se tornar o PokerStars, ele provavelmente não imaginava que ela se tornaria tão grande quanto é. Agora, como a maior sala de poker online do mundo, o PokerStars possui mais de 50.000 jogadores de dinheiro real nas horas de pico e se tornou A força na arena online, e, através de eventos ao vivo em cinco continentes, o maior organizador individual de torneios ao vivo do mundo. Scheinberg mantém-se intencionalmente longe da mídia, optando por deixar o time de marketing do PokerStars usar os eventos ao vivo e os mais de 70 membros do Team PokerStars Pro para promover seu produto mundialmente. O time inclui Daniel Negreanu, Chris Moneymaker, o atual Campeão Mundial Jonathan Duhamel e o ex-Jogador do Ano da Revista BLUFF Jason Mercier, só para nomear alguns. Combine o arsenal que o time de marketing tem com um time de desenvolvimento de software que busca melhorar o produto final constantemente e você terá a receita para o sucesso que esteve à frente da explosão do poker desde quando Moneymaker virou Campeão Mundial em 2003.
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♥ Howard Lederer Consultor, Pocket Kings Limited
Lederer Stewart
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Howard Lederer é conhecido entre o público que acompanha o poker como “O Professor”, o jogador profissional de poker que faz aparições em programas televisionados de poker, mas na realidade ele significa muito mais para a indústria que somente um jogador com um apelido. Em resumo, ele é um homem muito ocupado trabalhando duro para globalizar o poker. Lederer é um jogador profissional com um currículo que muitos matariam para ter, membro fundador do Team Full Tilt, membro do conselho do Poker Players Alliance e, provavelmente o mais importante de todos, consultor da Pocket Kings LTD, a empresa que provê os serviços de marketing e tecnologia ao Full Tilt Poker. O Full Tilt Poker é a segunda maior sala de poker online do mundo e, quando você combina isso às outras formas como Lederer impulsiona o jogo adiante, é fácil entender por que ele recebeu o maior número de votos na eleição deste ano.
Q
Quando fizemos a reunião de pauta na ESPN, no longínquo ano de 2005, para definir quem seria o produtor encarregado pelo poker no Brasil, eu fui o único que manifestou interesse. E desde então tenho o meu nome associado ao jogo que nós tanto gostamos. Graças ao trabalho como produtor e comentarista na emissora, pude me tornar um cronista respeitado no meio, escrevendo para todas as publicações de poker que já existiram no país. E só eu posso dizer isso, já que a finada revista “Poker Player” (que teve apenas uma edição lançada em dezembro de 2006) tinha um texto meu como único material original não traduzido do inglês. E uma coisa sempre afirmei, meus antigos editores são prova disso. Na minha opinião, a melhor revista de poker do mundo sempre foi a Bluff. Então é com muito orgulho que passo a fazer parte do time brasileiro da publicação desde o número 1, escrevendo esta coluna mensalmente e também assinando matérias especiais, como o “Diário de Viagem” que escrevi durante o PCA 2011, um dos destaques desta edição inicial. Desejo muito sucesso à Bluff Brasil, que tem tudo para se tornar tão influente e inovadora quanto sua irmã americana. Espero também ser a pessoa certa para esse novo desafio. E mais uma vez fico feliz por estar (novamente) no lugar certo, na hora certa!
Acho que era a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa… por Sérgio prado
Sérgio Prado (@seprado) é o blogger do PokerStars no Brasil, comentarista dos canais ESPN e apresentador do programa “MetaGame” na TV Poker Pro
Eu gosto de jogar poker. E não só o jogo de cartas! Gosto daquele poker do dia a dia também... Aquele que a gente joga com a namorada quando quer sair com os amigos para tomar cerveja, ou joga com o patrão quando precisa pedir aumento. Até mesmo com os filhos, quando eles querem dormir mais tarde.
O lado psicológico do poker sempre foi o que mais me atraiu. Não me entenda errado, adoro a matemática do jogo, o estudo das probabilidades. Mas prefiro a análise do oponente, o “metagame” envolvido na disputa. Gosto de saber que posso dominar o adversário mesmo sem cartas. E também sei admitir quando perco para alguém que entendeu o meu raciocínio na mesa. Por isso fico preocupado quando vejo alguém se entregando de maneira tão intensa ao “grind” diário. Claro, reconheço a habilidade envolvida quando se abre 20 telas simultâneas e sei que, para ter sucesso, muitos jogadores optam por ficar várias horas semanais à frente do computador. Entendo que na maioria dos casos isso seja extremamente necessário, faz parte da profissão. Mas acho que o jogo fica totalmente mecânico. Meu conselho? Volte a se apaixonar pelo poker! Sei que a maioria tomou gosto pelo jogo vendo os ídolos na televisão, lendo sobre os grandes torneios em uma revista... Faça isso novamente! Tenha prazer em saber quem ganhou o último grande torneio, quem foi notícia nos últimos dias. E nunca se esqueça de reservar sempre um tempo para jogar com seus amigos de longa data, aquelas pessoas que agora tomaram gosto pelo poker, que não sabem o que quer dizer “5-bet” ou “float”, mas querem entrar em todos os potes para poder acertar o flop ou blefar com uma mão bem marginal. Procure observar a forma como os amadores pensam, e veja se você pode vencer em seu jogo caseiro se adaptando ao estilo de jogo deles, sem se preocupar com fórmulas, números e estatísticas utilizadas em suas sessões de trabalho. Enfim, dê risada, divirta-se, volte a se apaixonar pelo lado romântico do jogo... E lembre-se sempre: além de ser sua profissão, o poker pode ser também o seu hobby. BLUFF • MARÇO 2011
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As Grandes Séries de
2011
POR AMÚLIO MURTA
Conheça os melhores e os maiores torneios de poker do Brasil
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Retrato vivo do crescimento do esporte no país, as séries estão cada vez maiores e mais organizadas. Atualmente, é possível encontrar um bom torneio em praticamente todas as capitais brasileiras. A cada dia, eles estão mais concorridos, com boas premiações garantidas e eventos paralelos atrativos. Isso sem falar em localizações com belezas turísticas e culturais, fazendo das viagens uma diversão, não só para os jogadores, mas também para toda a família. Não por acaso, atualmente os torneios são sinônimo de casa cheia e de premiações milionárias. Neste texto, procuramos fazer uma seleção das melhores opções para quem quer se divertir e também faturar uma boa nota.
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BSOP – O Brasileirão do Poker O BSOP – Brazilian Series of Poker é o primeiro nome que vem à cabeça quando falamos em uma grande série organizada no país. Criada, em 2006, pelos idealizadores do CPH – Circuito Paulista de Hold’em, a série, que começou como torneio deep stack disputado nas principais capitais brasileiras, ganhou, ao longo dos anos, novos eventos e consolidou-se como a mais importante do país. Organizado pela Nutzz Eventos, o BSOP deu o grande salto de sua história em 2009, quando passou a ser patrocinado pelo Full Tilt Poker. Naquele ano, a série iniciou uma sequência de quebra de recordes de participantes e de premiação, que culminaram na apoteótica etapa de encerramento da temporada 2010. No BSOP 1.000, pela primeira vez no país, um torneio de poker reuniu mil jogadores em uma única disputa, fazendo do BSOP o maior torneio de poker da América Latina, em número de jogadores. Tradicional, na série é possível encontrar uma grande quantidade de rostos conhecidos do cenário nacional. Uma imensa lista de nomes célebres já passaram pela experiência de lutar por um título no BSOP. Mas poucos conseguiram tal façanha. Em sua seleta lista de campeões ilustres, nomes como Christian Kruel, Felipe Mojave Ramos, Gabriel Almeida e Stetson Fraiha, entre outros. Neste ano, o Campeonato Brasileiro de Poker sofreu algumas mudanças significativas em relação aos anos anteriores. As principais alterações incluíram um novo critério de pontuação no ranking geral, o aumento do valor do buy-in, que passou para R$ 1.800 e a redução do número de etapas, que baixou de dez para oito. As mudanças não abalaram a hegemonia da série, que mostrou força em sua etapa inaugural, realizada na cidade do Rio de Janeiro. Mesmo com um buy-in mais caro, 539 jogadores estiveram na disputa, resultando em uma premiação total de R$ 820 mil, a segunda maior da história da série. O calendário 2011 já possui 6 Estados fechados para a sexta temporada. Uma etapa encontra-se em aberto no site oficial da série. Segundo Devanir “D.C.” Campos – Diretor-geral do evento: “uma das principais dificuldades de se fazer um evento itinerante, do tamanho do BSOP, é conseguir fechar todo o calendário no início da temporada. As negociações com hotéis são longas e demoradas, mas em breve pretendemos ter essa etapa definida.” A próxima etapa do BSOP será em Curitiba. Todas as informações sobre a série podem ser acessadas no site oficial, no endereço www.bsop.com.br. LAPT – Latin American Poker Tour O LAPT chegou ao país no ano de 2008 sob a chancela do maior site de poker do mundo, o PokerStars. Primeiro evento a trazer campeões mundiais e estrelas internacionais do poker ao país, o LAPT impôs respeito e fez história ainda em sua primeira edição. Se o BSOP é o maior torneio de poker da América Latina, em número de jogadores, o LAPT é o maior torneio do país no critério premiação distribuída. Em seu evento inaugural, realizado na cidade do Rio de Janeiro, o LAPT foi o primeiro torneio no Brasil a distribuir uma premiação superior a um milhão de reais. Após ficar de fora da 2ª temporada, no ano passado o país voltou a receber uma etapa do LAPT e um novo recorde foi estabelecido. Desta feita o prize ultrapassou a casa do milhão e meio de reais na etapa disputada em Santa Catarina. Desde então, o circuito é um dos torneios mais requisitados pelos jogadores nacionais. Graças ao grande número de satélites classificatórios online no PokerStars, o field do LAPT é formado por jogadores de todas as partes do planeta. No Brasil, na primeira etapa da quarta temporada, o Main Event teve o buy-in de R$ 4.600 + 400, porém este valor não é fixo. Cada etapa possui o seu valor individual. Foi também na primeira etapa brasileira do ano, realizada em São Paulo, que o LAPT consolidou-se como a maior premiação
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paga no país por um torneio de poker, ultrapassando a barreira dos dois milhões de reais (R$ 2.391.630,00), desses, mais de seiscentos mil foram somente para o campeão, o chileno Alex Manzano. Além do Brasil, em sua quarta temporada, o LAPT passará ainda por outros cinco países: Argentina, Peru, Chile, Colômbia e já teve uma parada no PCA – PokerStars Caribbean Adventure 2011, nas Bahamas. O circuito é o reduto dos grandes craques do time de profissionais do PokerStars e, entre eles, quem reina soberano é o argentino José Ignácio Barbero, que possui três mesas finais e dois títulos consecutivos, conquistados no ano passado. No calendário do LAPT, uma parada encontra-se em aberto para 2011. A etapa de encerramento, chamada de Grand Final, que ainda não possui datas e nem local definidos. Uma novidade é que, se antes da etapa de São Paulo existiam fortes rumores de que o Grand Final seria realizado no país, após os recordes de participantes da etapa paulista, o Brasil parece um destino inevitável para o encerramento da quarta temporada do circuito. “Há uma grande chance da Grand Final ser aqui no Brasil. Há uma chance real, muito alta, da final ser realizada no Brasil.” Confirmou o Presidente do LAPT, David Carrión, ao site MaisEV, em entrevista concedida ao jornalista Danilo Teles, durante a realização do LAPT São Paulo. Para nós brasileiros, o LAPT reserva ainda uma particularidade. Mesmo em sua quarta temporada, ainda não sentimos o sabor de conquistar uma única etapa do circuito latino. Um tabu que persiste. Sabendo que nada é para sempre, a Bluff pergunta: Quem será o primeiro brasileiro a conquistar o circuito latino? Se você deseja se aventurar, nossa próxima oportunidade será na simpática Viña del Mar, no Chile, nos dias 17 a 20 de março. O site oficial do LAPT é o www.lapt.com/br/. Tower Cruise Assim como o BSOP, o Tower Cruise é um torneio de grande tradição no poker nacional. Organizado pelo site Tower Torneos, o primeiro Tower Cruise ganhou os mares em 2006. O “torneio do navio”, como ficou conhecido, rapidamente fez fama e colocou os brasileiros para jogar poker em alto-mar, no primeiro cruzeiro da modalidade no país. O sucesso foi tamanho que pouco tempo depois vieram novas edições e o Cruise não parou mais. Em 2011 ele completa sua quinta edição ininterrupta. Pioneiro no país no conceito turismo, diversão e poker, o Tower já realizou vários eventos nas mais variadas localizações da América Latina. Além disso, em 2008, o site marcou seu nome na história do poker nacional quando realizou o Rio Poker Fest – primeiro evento no país a ultrapassar a barreira dos 500 jogadores. O Tower é um site com boa penetração no mercado latinoamericano e possui um field com presença de jogadores de vários países desta região. Além disso, o site aposta em uma proposta mais pessoal, que ficou conhecida como “Família Tower”. Um ambiente de intimidade e de descontração, onde a maioria dos jogadores se conhecem e procuram levar suas famílias. O clima é o de uma grande festa familiar, com direito a um torneio charmoso, com boa estrutura e premiação. A quinta edição do Tower Cruise está marcada para os dias 6 a 9 de abril, a bordo do MSC Orchestra. Ao todo serão 220 jogadores e, se você se interessou (mesmo que você tenha se interessado), infelizmente não será desta vez que poderá jogar um torneio em alto-mar. Todos os 220 pacotes já estão preenchidos desde janeiro. Com um detalhe, todas as vagas foram obtidas através de satélites disputados no Tower Torneos. Esta é a única forma de se conseguir um pacote para o Tower Cruise V. Outras informações sobre o Tower Cruise podem ser vistas no site www.clubdotower.com.
Fotos: Amúlio Murta
Fotos: Jorge Maluf
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RPT – Rio Poker Tour Uma série que promete agitar o Estado do Rio de Janeiro é o RPT. Idealizado pela Fullen Eventos, o circuito será constituído por 6 etapas, sendo que cada uma delas terá duração de 3 dias consecutivos. Criado por jogadores para jogadores, o Rio Poker Tour contará com uma premiação garantida de 120K e possui o buy-in de R$ 850. A estrutura é deep stack, semelhante à dos grandes eventos internacionais. Arthur Stephen, um dos organizadores do evento, falou sobre o conceito por trás do Rio Poker Tour: “Queremos elevar o nível de competitividade do esporte no Rio de Janeiro, além de resgatar o charme e o glamour dos torneios cariocas.” Para isso, a organização optou por realizar a primeira etapa em um ponto nobre do Rio de Janeiro, o Royalty Barra Hotel, localizado na Praia da Barra da Tijuca. A primeira etapa será entre os dias 25, 26 e 27 de março. Todo o calendário da série já se encontra fechado para a temporada 2011. O site oficial do Rio Poker Tour é o www.riopokertour.esp.br. BPT – Brasil Poker Tour Há cerca de dois anos, circula no meio do poker o rumor de que o PokerStars estaria interessado em lançar um circuito nacional pelo país. Com o passar do tempo, esses rumores ganharam força, assim como aumentou a especulação a respeito do assunto. Para 2011, existem grandes indícios apontando para o lançamento oficial da série. Conseguimos levantar que os executivos do site estudam para o país algo na linha da recém-criada PPS – Portugal Poker Series. A série portuguesa terá três eventos com buy-in de € 770 e três dias de duração. No Brasil, o numero esperado é de três a cinco eventos, porém, três é uma boa aposta. O buy-in deve girar em torno de R$ 1.500 a R$ 2.000. Agora é torcer para que tudo dê certo e que em breve o país tenha mais uma série de eventos.
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Circuitos Regionais Se você não possui bankroll para encarar as viagens e os altos buy-ins dos grandes torneios nacionais, existem os torneios locais, uma opção mais barata, mas com bom custobenefício. Confira algumas boas opções:
São Paulo
Circuito Paulista de Hold’em Maior torneio regional do Brasil, o Circuito Paulista de Hold’em é o estadual que está atraindo mais jogadores de outros Estados. Ao todo, serão onze etapas em 2011. A média é de mais de 300 participantes por etapa e o buy-in é de R$ 600, com direito a um rebuy. A primeira etapa deste ano contou 389 inscritos, nesta que foi a maior etapa da história do CPH. Ao todo, 74 jogadores usaram a reentrada no torneio, formando o prizepool recorde de R$ 231.000. • www.circuitoholdem.com.br
Paraná Nascida há 4 anos, a Liga Curitibana organiza torneios diários na Churrascaria Tobias Grill, na capital paranaense. No ano passado, a liga promoveu 673 torneios. Ao todo R$ 1.750.000 reais em premiação foram distribuídos e 1.762 jogadores diferentes participaram dos torneios. Berço de jogadores como Alexandre Gomes, Leandro “Amarula” e Paulo Santiga, a Liga Curitibana já possui todo o calendário 2011 fechado. Com torneios com buy-in variando entre R$ 35 e R$ 750, a liga possui uma imensa grade de torneios, que agrada a todos os gostos. • www.ligacuritibana.com.br
Santa Catarina A Federação Catarinense de Texas Hold’em organiza o Circuito Catarinense de Hold’em. A temporada 2011 contempla onze etapas ao longo do ano. O torneio é realizado em um dia e possui o buy-in de R$ 480, se antecipado, ou R$ 500, no dia da disputa. Além da premiação em dinheiro, os três melhores ranqueados no ano, ao final da temporada, recebem três pacotes para Las Vegas. • www.fctexas.com.br Floripa Open de Poker O Floripa Open nasceu no ano de 2007 como maior evento realizado até então no Estado de Santa Catarina. Organizado pela Overbet eventos, empresa que realiza junto com o PokerStars o LAPT, o Floripa Open segue a tendência dos grandes eventos nacionais que começaram como um único torneio e hoje já possuem, além de seu evento principal, eventos paralelos. Ao longo de suas doze edições, já foram distribuídos mais de R$ 1.170.000,00. Com três etapas anuais, as datas da temporada 2011 do Floripa Open ainda não foram definidas. • www.floripaopendepoker.com
Rio Grande do Sul A etapa inaugural do CGTH 2011 ocorrerá na capital gaúcha, no Hotel Holiday Inn, no dia 12 de março. O field esperado é de pelo menos 100 atletas. O Campeonato Gaúcho de Texas Hold’em terá quatro etapas ao longo de 2011, prometendo ser um dos mais disputados do país. Os torneios possuem buy-in: R$ 360,00 com direito a um add-on: R$ 40,00 e a possibilidade de efetuar dois rebuys. Este ano o campeão do primeiro semestre do CGTH
leva um pacote para o WSOP 2011 – World Series of Poker em Las Vegas. • www.fgth.net.br
Alagoas Minas Gerais Em nova fase, a Federação Mineira de Texas Hold’em associou-se ao Minas Series of Poker – MSOP, no fim do ano passado. O MSOP é uma série de torneios que contempla várias cidades de Minas, desde a capital até o interior. Cada torneio possui seu buy-in e calendário individuais, porém o ranking e o regulamento são únicos para todas as cidades. O MSOP inaugura uma nova era no poker mineiro, uma vez que inova ao realizar uma disputa estadual que contempla várias cidades do Estado. Ao contrário da maioria dos campeonatos estaduais, que mantêm os seus torneios principalmente nas capitais, o MSOP, além de descentralizar o poker, contribui para a sua divulgação e disseminação por toda (em todo o Estado de) Minas Gerais. As cidades-sede da temporada 2011, além da capital, Belo Horizonte, são: Campo Belo, Pedro Leopoldo, Pouso Alegre e Varginha e Divinópolis. Mais informações sobre os torneios e as cidadessede no site oficial da série. • www.pokerminas.com.br
Amazonas Uma das principais casas de poker do Norte do país, a Amazon Poker, de Manaus, é a responsável pelos torneios que mais movimentam os amantes do poker na região. Desde o ano passado, a casa promove eventos com boa premiação garantida e, para este ano, pretende realizar um torneio de 100K garantidos, provavelmente em dezembro. O roteiro de grandes torneios começou há um ano, quando, para comemorar seu primeiro aniversário, a casa promoveu um torneio de 30K garantidos, batizado de Circuito Amazon Poker, que foi um grande sucesso e superou a premiação garantida. No final de 2010, foi a vez da casa realizar o 50K garantidos, uma espécie de torneio de confraternização de fim de ano, que tinha buy-in de R$ 500 e rebuys ilimitados por seis níveis. O field de 70 pessoas gerou uma premiação final de R$ 70 mil, R$ 20 mil a mais do que a premiação inicial. Em março deste ano, a casa realiza a segunda edição do Circuito Amazon Poker, com 70K garantidos. A procura é tão intensa que jogadores do Pará e de Roraima, Estados vizinhos a Amazonas, garantiram presença no evento, o maior já realizado em toda a região Norte do país. Além disso, a Amazon Poker realiza o Manaus Open de Poker, uma série com sete etapas e buy-in variando entre R$ 50 e R$ 150, com rebuys. A grade de torneios da Amazon Poker é composta por toda a gama de torneios, desde os mais baratos e acessíveis até torneios de valores maiores. Os torneios regulares são realizados todas as segundas, quartas, sextas e sábados. Aos sábados, a casa abre às 12h e o torneio se inicia às 15h. • www.amazonpoker.com.br
A Federação Alagoana de Texas Hold’em – Fath completou um ano no dia 24 de fevereiro e vem desenvolvendo um trabalho sério e profissional que já começa a dar frutos. Com o apoio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, foi lançada a marca Play Poker Alagoas - PPA que já realizou, com grande sucesso e repercussão, dois PPAs, reunindo em média 170 jogadores por evento, com boa presença de jogadores de outros Estados, principalmente do Nordeste. Até o meio ano de 2011, a primeira temporada deverá ser concluída e o Estado conhecerá o seu primeiro campeão regional. A terceira edição do Play Poker Alagoas será no dia 2 de abril, contando com premiação garantida e 210 vagas disponíveis. Todas as informações sobre o evento podem ser encontradas no site oficial da Federação Alagoana. • www.fath.org.br
Bahia A Federação Baiana de Texas Hold’em foi fundada praticamente de forma simultânea à CBTH – Confederação Brasileira de Texas Hold’em, no ano de 2007. Neste período, foi criado o Circuito Baiano, que já consagrou dois campeões estaduais. Para 2011 estão programadas 12 etapas e um torneio final com os 20 melhores do ranking. O buy-in do Circuito Baiano é de R$ 260 e a próxima etapa será realizada no dia 26 de março. As etapas já possuem um calendário estabelecido disponível no site oficial. • www.pokerbahia.com.br
Goiás A Federação Goiana de Poker realiza o campeonato estadual desde 2006. Para a temporada 2011 estão reservadas 12 etapas com buy-in de R$ 200, double chance de R$ 100 e add-on R$ 100. A Federação oferece ainda um sistema de fichas bônus, sendo de 1K para inscrições antecipadas e 2K por R$ 20 (revertidos para a caixinha dos dealers). A 1ª etapa do estadual contou com a presença de 140 jogadores. A próxima etapa será no dia 27 de março. A Federação irá inaugurar em breve sua nova sede, proporcionando mais conforto para seus jogadores. • www.fgpoker.com.br Além dos torneios citados nesta matéria, outros Estados realizam regularmente bons torneios. É o caso do Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Pará, Roraima, Rondônia, Maranhão, Rio Grande do Norte e Brasília. Acesse o portal da Bluff Brasil para saber mais sobre estes e outros regionais.
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RECOMEÇO GRANDIOSO
Tradição e modernidade. Tradição e modernidade. Seguindo estes dois fundamentos, a temporada de 2011 do Brazilian Series of Poker recomeçou em grande estilo no hotel Windsor, na Barra da Tijuca, que já havia sido parada da série no Rio de Janeiro em duas outras oportunidades. Estreando um novo formato de pontuação no ranking, nova grade de satélites online no Full Tilt Poker e com novo valor de buy-in, que passa a ser de R$ 1.800, a etapa teve 539 participantes e um prize pool superior a R$ 800 mil. O EVENTO PRINCIPAL O Main Event do BSOP contou com diversos nomes conhecidos nacionalmente, como Felipe Mojave, Stetson Fraiha, Tito Feltrim, Christian Kruel, Gabriel Otranto e o casal Sérgio e Alê Braga em seu field, e era de se esperar que em um evento deste porte grandes nomes fossem longe. A mesa final foi formada ao final do dia 2 com duas estrelas de primeira linha do poker nacional, Leandro Brasa, primeiro mesa-finalista brasileiro de WSOP do país, e Eduardo “Sequela” Fernandes, proprietário do MeBeliska. com e fundador do estilo que ele mesmo batizou de poker de rua (veja quadro ao lado). As estrelas acabaram caindo em nono e oitavo colocados, ambos eliminados pelo jogador que acabaria ficando com o título do evento. Marcelo Jensen, o argentino que mora há muito tempo no Brasil, ganhou R$ 179.000 ao se sagrar campeão da primeira etapa do BSOP 2011 após derrotar o carioca Miller Rocha no heads up. O terceiro colocado no torneio foi o catarinense Carlos Stüp. CARIDADE Nem parecia um torneio de R$ 100. No domingo, a Confederação Brasileira de Texas Hold’em se juntou à Nutzz, organizadora do BSOP, e fez um torneio de caridade de estrutura acelerada para ajudar as vítimas das chuvas no Estado do Rio e o que se viu foi um torneio cujo field parecia uma constelação, com vários nomes do poker
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nacional jogando. Do buy-in do torneio, 50% era destinado à doação e o restante seria disputado no formato winner takes all, ou seja, o vencedor ficaria com o restante arrecadado. O grande campeão do evento foi o presidente da própria confederação, Igor Federal, que enfrentou uma mesa final cheia de grandes nomes, como Gabriel Goffi, Felipe Mojave, Leo Bello e o apresentador do pokercast da Bluff Marcelo Lanza. Igor doou toda sua premiação para a compra de água para os desabrigados, dobrando assim o valor arrecadado. CELEBRIDADES Além de conviver com os jogadores do Flamengo no lobby do hotel que serve de concentração para o time, o evento contou ainda com a presença do ator global Rodrigo Lombardi, o Raj da novela Caminho da Índias, que jogou o second chance, do ex-jogador de futebol Fábio Luciano, que já vestiu as camisas do Corinthians e do Flamengo. Fábio jogou o torneio High Roller.
POR Guilherme Kalil
A melhor mão que joguei: restavam uns 16 jogadores e apostei 75K com QT de naipes diferentes no cut off. O big blind dá call e o flop vem AK6 de naipes diferentes. O BB aposta 80K e eu paguei pelo implied broca (se bater, eu tomo tudo!). No turn abriu um valete e eu vi que ele se sentiu bem com a mão dele. Ele aposta pouco mais de 200K, e eu, nuts!, pego as cartas como se fosse dar fold, teatro típico de poker de rua, e acabo pagando fazendo careta. No river bate um abacaxi qualquer, ele olha pro telão e eu sinto que vem tudo. O pote está gigante e ele dá o all-in instantâneo. Eu, claro, dou instacall. Ele passa minutos olhando o bordo tentando entender o que ocorreu na mesa e diz: - Ele me pagou na broca. Neste momento, o jogador PC vem correndo e gritando: - Broca boa é broca cara, Grão-Mestre! E assim mais um adversário aprendeu como funciona o poker de rua...
A
A primeira impressão que tive ao entrar no salão do WTC Sheraton em São Paulo, onde em alguns instantes se iniciaria a 2a Etapa do LAPT 2011, foi de que eu não estava no Brasil. Várias línguas sendo faladas pelos corredores, figuras de vários tipos não habituais circulando apressados e uma estrutura grandiosa me esperavam no primeiro torneio de poker que eu acompanharia pela Bluff Brasil. A não obrigação de cobrir o torneio em tempo real, já que nosso portal ainda estava em desenvolvimento, me deu a oportunidade de apreciar o torneio de forma diferente. Sem a necessidade de ser o primeiro dos companheiros de imprensa (que, aliás, fizeram da Press Room um dos locais mais animados do evento) a twittar uma eliminação ou postar uma mão relevante, pude curtir o evento com calma e entender a grandiosidade de um torneio do porte do LAPT. E aqui entra o IMPECÁVEL do título desta matéria. Foi impressionante a organização e a estrutura montada pelo PokerStars e pela Overbet Eventos para acolher os 536 participantes do Main Event e os outros tantos que participaram dos 11 eventos paralelos que rechearam de bom poker os salões do hotel na capital paulista. Recordes e mais recordes. A segunda etapa do LAPT deste ano foi marcada por recordes.
LIGA DE TORNEIOS PokerCast, Copacabana e Poker Viagens Olá pessoal.
Com a palavra, o Secretário. Durante a entrevista coletiva de abertura do evento, o Secretário de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo Walter Feldman deu um discurso que emocionou todos os que lutam pelo reconhecimento do esporte no país. Em sua fala, o Secretário citou a carta com a qual o Prefeito Gilberto Kassab convidou o PokerStars a sediar seu evento na cidade de São Paulo, afirmou que não tinha dúvida quanto à licitude do evento e que seria hipocrisia criar qualquer tipo de dificuldade quanto à realização deste. Feldman disse ainda que acredita que o jogo poderia ser incluído no currículo escolar.
Em nome do Pokercast da Revista Bluff gostaríamos de convidar a todos a participar da liga do programa que vai ocorrer no Copacabana Poker (Torneios Agendados – Special) às segundas-feiras a cada 15 dias. As etapas terão buy-in de $5+$0,50 para permitir que todos os ouvintes possam jogar e quem derrubar os apresentadores do PokerCast receberá o valor da entrada de volta. O jogador que somar mais pontos nas primeiras oito etapas (Fase 1) vai ganhar uma viagem com acompanhante para Foz do Iguaçu (aéreo + hospedagem) e o jogador que somar mais pontos nas oito etapas seguintes (Fase 2) leva uma viagem para um cruzeiro marítimo com acompanhante; pacotes oferecidos pela Poker Viagens. Também distribuiremos assinaturas da Bluff aos melhores colocados e baralhos da Bluff aos campeões de cada etapa. Tudo isto, e mais o festival de falinhas, por menos de seis dólares por etapa? Insta Call! Nos vemos nas mesas! Mais informações, pontuação, premiação e regras completas da liga podem ser encontradas no site do Copacabana Poker e no do PokerCast da Bluff. O ranking da liga será divulgado mensalmente na revista.
IMPECÁVEL...
POR Eduardo Oliveira
A maior premiação da história do Brasil, com um prize pool de mais de 2 milhões de reais, juntamente com o maior field da série, com 536 participantes no Main Event, fizeram da etapa de São Paulo a maior da história da série. Jogando em casa, os brasileiros, em maior número no torneio, fizeram bonito nos eventos paralelos, dominando as mesas finais e conseguindo vários títulos, inclusive o de R$ 10.000 de buy-in, mas nossa espera pelo primeiro campeão do Main Event ainda vai continuar. A mesa final foi formada com a presença de 5 brasileiros, entre eles nomes conhecidos do circuito nacional como Bruno Foster, Marcio “Kamikaze” Motta e João Bauer. João Bauer, que em certo momento chegou a ter 70% das fichas em disputa no torneio, entrou no heads up contra o chileno Alex Manzano em desvantagem e acabou ficando com a segunda colocação.
Guilherme Kalil Apresentador PokerCast - Revista Bluff.
FASE 2
FASE 1 Etapa 1 2 3 4 5 6 7 8
Data 04/04/11 18/04/11 02/05/11 16/05/11 06/06/11 20/06/11 04/07/11 18/07/11
Etapa 1 2 3 4 5 6 7 8
Data 03/08/11 17/08/11 07/09/11 21/09/11 05/10/11 19/10/11 02/11/11 16/11/11
Horário: 21:00
powered by BetMotion www.copacabanapoker.com
Q
Quer saber? Diga, “o quê”?
Meu Guia Definitivo para
OK, aí vai. Dando uma olhada em minhas colunas sobre poker, vejo conselhos sobre tells, sobre blefes, sobre manobras táticas, sobre o uso da psicologia para dominar seus oponentes no poker, sobre construção de banca, e muito mais. O que eu não vejo é um guia simples para jogadores de Hold’em, definindo quais mãos são boas para se jogar. Vamos dar um jeito nisso. Na verdade, por enquanto só daremos um jeito nisso parcialmente, pois esses guias somente apontam o que fazer quando ninguém colocou dinheiro no pote, exceto os blinds. Eles não dizem o que fazer se já houve call ou raise no pote quando a ação chegou a você. Tampouco se você deve dar call ou raise ou quanto você deve apostar. E também não diz o que fazer se você está nos blinds. O conselho se resume a jogar ou não jogar. O que vou passar a você é um conjunto de padrões. Eles podem ser modificados para incluir mais mãos se o jogo é mais loose ou se você está dominando seus oponentes. Há inúmeros motivos pelos quais você pode querer fazer algo diferente deste guia, sempre com a expectativa de gerar ainda mais lucro. Mas, se você optar por não sair da linha, pode ter certeza de que está no caminho certo para o lucro. Isso serve tanto para jogos limit quanto para no-limit, pois eu arquitetei um sistema misto, para todos os propósitos, especialmente para você.
Entrar em Potes no hold’em
Seja um melhor apostador By Mike Caro ‘The Mad Genius of Poker’
A tabela É hora de conferir… Guia de mãos iniciais de Hold’em (quando mais ninguém entrou no pote)
Pares
Sem par, do mesmo naipe
9
A-A , K-K , Q-Q
A-K , A-Q
8 (acrescente...)
J-J
A-J
7 (acrescente...)
10-10
A-10
6 (acrescente...)
9-9
K-Q
5 (acrescente...)
8-8
4 (acrescente...)
7-7
3 (acrescente...)
6-6
2 (acrescente...)
5-5. 4-4
Jogadores restantes para falar
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A-K A-Q A-J
K-J, Q-J, J-10, 10-9 , A-9, A-8, A-7, A-6, A-5, A-4 A-3, A-2 , J-9 K-10, K-9, K-8, Q-10, Q-9
A-10, K-Q A-9, K-J
A-8, A-7, A-6, K-10, K-9, Q-J, Q-10 K-8, K-2, A-5, A-4, A-3, A-2, K-7, K-6, K-5, K-4, K-3, Q-9, Q-8, J-10, K-6, K-7, J-7, J-8, , Q-5 Q-8, Q-7, Q-6, J-9, 10-9 10-8, 10-7, 9-8, 9-7, 8-7
Recorte e use. Sé rio... Faça
52
Sem par, de naipes diferentes
isso.
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Quantidade de mãos que você pode jogar 2.9% (1 em 34.9) 3.6% (1 em 27.6) 5.2% (1 em 18.9) 6.9% (1 em 14.4) 10.4% (1 em 9.6) 15.1% (1 em 6.63) 23.7% (1 em 4.22) 40.6% (1 em 2.46)
Uma garantia Eu não gosto de dar garantias, mas aqui vai uma: eu garanto que, se você seguir minha tabela, raramente estará longe da decisão correta contra a maioria dos adversários em jogos normais. Meu objetivo ao criar esta tabela era tornar menos BLUFF • FEBRUARY 2011
Mike Caro, “The Mad Genius Of Poker”, é a maior autoridade em estratégia de poker, psicologia e estatísticas da atualidade. Um dos melhores jogadores do mundo, ele é o fundador da Caro University of Poker, Gaming, and Life Strategy (MCU – com campi online na Poker1.com). Sua pesquisa e seu talento foram mencionados em mais de 100 livros de poker além dos de sua autoria. E-mail:mike@caro.com. Jogue poker com The Mad Genius em DoylesRoom.com.
complicado lembrar-se das informações, deixando de lado um pouco de sofisticação. Perceba que eu não disse “fácil de se lembrar”, apenas “menos complicado”. Você precisará gastar um bom tempo sozinho, memorizando a tabela. Algumas das mãos que eu agrupei em combinações lógicas podem ser movidas para posições anteriores ou posteriores, mas a diferença seria trivial e a tabela ficaria confusa. Por exemplo, A-3 suited pode, em algumas situações, ser jogado de uma posição anterior a que se jogaria A-6 suited por ter uma chance maior de se formar um straight. E daí? Na hora do jogo, isso não vale o bastante para complicar a tabela. Temos também os pares menores que, quando jogados, geralmente são mais lucrativos das posições iniciais, pois você se antecipa aos outros jogadores e tem melhores pot odds para acertar sua trinca. No entanto, a triste verdade é que a maioria dos pares menores jogados de posições iniciais trazem prejuízo, exceto quando jogados por experts em determinadas situações. Ainda assim, a média de lucro é pequena. Por esse motivo, eu decidi estruturar as jogadas com pares de forma decrescente de acordo com a posição. De qualquer forma, isso é provavelmente correto para a maioria das situações pelas quais você passará. Outro equívoco que você deve cometer é que suited connectors, como 8♥ 7♥ são jogados com frequência das posições iniciais com a esperança de se ter vários jogadores competindo nessas mãos especulativas. Infelizmente, a maioria dessas mãos não são lucrativas. É por isso que coloquei alguns suited connectors na última linha, sendo usados para atacar os blinds com chances de formar alguma mão se você tomar call. Se você tiver habilidade e um bom controle psicológico, pode jogar essas mãos de posições anteriores. Do contrário, não. Rankings precisos O que você vê agora é baseado na minha pesquisa de mais ou menos 1980 que resultou em meus rankings precisos para todas as 169 mãos iniciais de Hold’em, conforme publicado em 1994 em meu informativo Pro Poker. Para cada mão foi dado um valor, ajustado para o número de jogadores envolvidos no pote. Algumas mãos funcionam melhor contra menos oponentes, outras contra mais. Olhe para a primeira linha da tabela, com 9 jogadores para falar depois de você. Bom, isso não é completamente ridículo? Diz que você só vai jogar uma a cada 35 mãos! Como assim? Repare que você joga mais e mais mãos conforme chega às posições finais. Suas escolhas não se aceleram muito, de posição para posição, nos assentos iniciais. Isso ocorre porque esses lugares são mais vulneráveis, o que comprova o poder da posição no hold’em. Com 8 jogadores para falar, você só jogará uma a cada 28 mãos ainda. Mas se ninguém entrou no pote e só faltam dois jogadores para falar (os blinds), aí você poderá jogar mais ou menos duas a cada cinco mãos, ou seja, mais de 40%. Mais potes Eu admito que jogadores mais talentosos entrem em mais potes do que os indicados nas posições iniciais. E, certamente, conforme você avança no poker e entende seus adversários, você pode jogar mais mãos nas posições iniciais sem se prejudicar. Mas a verdade está aqui: As mãos listadas são as únicas que tendem a render dinheiro. Aquelas que você acrescentar serão para “pedalar” em busca de uma imagem mais ativa. E, apesar de eu ser um defensor de uma imagem mais ativa, a tabela é tudo o que você precisa para ficar do lado seguro. Você não irá se sacrificar muito, quase nada, por aderir aos padrões mais tight nas posições iniciais. OK, eu disse o que vim aqui para dizer. Agora é com você. - MC
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Not a Kid 54
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Any More Depois de um ano difícil, Daniel Negreanu está trabalhando para voltar ao trilhos
S
POR Lance Bradley
Fotografia por By Rob
Seja em um programa de poker na TV ou nos cash games do Bellagio, Daniel Negreanu sempre adorou jogar fazendo o papel do falador, um jogador feliz que gosta de falar como meio de entreter a mesa inteira enquanto entra em suas cabeças e absorve pequenas informações de alguns dos jogadores com quem joga. É fácil ser visto como o cara das fichas quando se está numa boa fase nas mesas e na vida. Depois de conseguir seu quarto bracelete em 2008, Negreanu parecia preparado para conquistar mais um grande título em 2009. Ele terminou em quinto no NBC National Heads-Up Poker Championship em março e depois se instalou no Rio para o WSOP de 2009, onde ele entrou 8 vezes na faixa de premiação e fez duas mesas finais, incluindo o segundo lugar no evento $ 2.500 Six-handed No Limit Hold’em. BLUFF • MARÇO 2011
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mudou tudo de novo...
os dois donkeys continuam. Guilherme Kalil e Marcelo Lanza voltam com o Pokercast da Bluff Brasil, agora de 15 em 15 dias. O melhor do mundo do poker para vocĂŞ.
O “KidPoker” estava dificultando para quem o odeia poder, bem, odiá-lo. Mas eles mesmo assim o faziam. Usuários de fóruns e bloggers sempre encontraram alguma coisa da qual não gostavam sobre seu jogo ou seu comportamento na mesa ou seu visual ou, bem, qualquer coisa. Seus oito cashes no WSOP lhe deram um empate na segunda posição do maior número de cashes naquele ano. Porém ele não parou por aí. Ele foi para Londres para o WSOP Europe, onde chegou à mesa final do Main Event. Entrando na mesa final, Negreanu era o short stack e disputava com jogadores com os quais não poderia fazer graça. Chris Bjorin, Matt Hawrilenko, Jason Mercier, Praz Bansi, os membros do November Nine de 2009 Antoine Saout e James Akenhead e Barry Shulman, todos tinham mais fichas que Negreanu. Então algo aconteceu no caminho do que deveria ter sido uma nona colocação. KidPoker começou a jogar. Ele ganhou fichas e, de repente, não era mais o short stack. No decorrer das próximas 11 horas, Negreanu jogou um poker quase prefeito para chegar ao heads-up com Barry
Shulman. Na verdade, ele chegou lá com quase o dobro da quantidade de fichas de Shulman. Outro bracelete parecia inevitável. Então, algo aconteceu no caminho do que deveria ter sido a festa da vitória. KidPoker entrou numa maré de azar absurda e Shulman retomou para ganhar o torneio. Aqueles que odeiam o Negreanu adoraram vê-lo “perder”, mas Negreanu não ligou. Sua carreira estava indo bem e ele estava entrando na faixa de premiação de grandes eventos, fazendo aparições na TV vez ou outra
um grande choque para o Daniel. Sua mãe era bem conhecida na comunidade de poker. Ela havia aparecido na cobertura da ESPN do WSOP e, quando Negreanu estava despontando, ela cozinhou para ele, Phil Ivey e Allen Cunningham em Las Vegas. “Você pensa ‘Ok, ela não está sofrendo mais’”, disse Negreanu. “Mas depois de um mês ou dois começa a cair a ficha e ‘Meu Deus, se eu quiser ligar para ela, eu não posso’”. As coisas das quais ele mais sentia falta eram aquelas que a maior parte de nós sempre tivemos. As conversas telefônicas,
“Você pensa ‘Ok, ela não está sofrendo mais’”, disse Negreanu. “Mas depois de um mês ou dois começa a cair a ficha e ‘Meu Deus, se eu quiser ligar para ela eu não posso.’” e certamente tinha seu nome na discussão de quem era o melhor jogador do mundo naquela época. Mas novembro de 2009 mudou tudo para Negreanu, e ocorreu o que pode ser descrito como o começo de um período de desafios para o afável jogador de 36 anos. Em 23 de novembro de 2009, a mãe de Negreanu, Annie, morreu. Ela estava doente desde o começo de fevereiro e a morte não foi
a comida caseira que a mamãe preparava de tempos em tempos e a chance de contar para ela sobre seus sucessos: poker, negócios, amor. “Ela sempre foi como uma pedra, sempre estava lá, sempre para cima, então tem sido uma angústia não tê-la por perto para conversar”, disse Negreanu. “Mas todos passam por isso, a maioria das pessoas pelo menos.” O alívio que Negreanu sentiu depois que sua mãe faleceu é BLUFF • MARÇO 2011
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bem comum para aqueles que perdem pais ou avós. Encontrar conforto em saber que um ente querido não está mais sofrendo é um mecanismo importante para a recuperação, mas este processo muda a pessoa. Dizer que o ano que passou foi simplesmente um ano diferente para Negreanu seria subestimar a situação. Ele entrou na premiação de um torneio uma vez em fevereiro e depois não mais até o WSOP, em junho. Entrou no dinheiro quatro vezes em eventos abertos e depois terminou em sexto no Torneio dos Campeões, para o qual foi convidado. Mesmo assim, sem aparições nas mesas finais do WSOP, não pareceu o Daniel de antigamente, e seu nome acabou saindo das discussões sobre o melhor jogador do mundo. Sua aparência externa não indicava nada de errado, mas, olhando para trás, agora Negreanu vê que ele não estava confrontando algumas das emoções decorrentes da morte de sua mãe. “É algo que pego do poker, a habilidade de mascarar minha emoção e deixá-la lá. Mas, a qualquer hora, ela vai explodir em algum lugar, não é?”, disse Negreanu. “Você está frustrado e com raiva e talvez fique ainda mais nervoso ou frustrado ou talvez não, sei lá. Você acaba ficando com raiva de coisas que normalmente não fariam você se zangar, entende?”. ““Sua raiva é liberada de diferentes maneiras”, disse Negreanu. E foi exatamente o que aconteceu. Em uma entrevista para uma revista de poker britânica, alguns comentários que Daniel achou que não seriam publicados acabaram chegando à impressão. Ele havia sido perguntado sobre o que sentia a respeito dos homens que haviam jogado o Ladies Event do WSOP e terminou entrando em uma longa discussão sobre Annie Duke. “O que me aborreceu é o fato desta mulher ter a audácia em seu website de se chamar de ‘a melhor mulher jogadora de poker do mundo’. Então de um lado da moeda ela está lutando por ‘Oh, somos iguais, não deveria ter diferença de sexos’, mas quando é conveniente ela decide se chamar de a melhor mulher jogadora de poker no mundo. Então eu penso ‘Quão ofensiva é você, sua maldita vadia? Você quer falar em nome das mulheres, porém você se proclama superior a todas elas.’” Negreanu não se arrepende de ter dito aquelas palavras, porém na hora ele acreditou que ele e o repórter – alguém que ele conhecia há algum tempo – não estavam sendo gravados. “Eu disse ‘ooops’ quando ouvi que aquilo foi realmente impresso e fiquei chocado”, disse Negreanu. “Eu não sabia que no Reino Unido aquele termo era muito comum. Eles o usam muito e ele (o repórter) usou, então eu nunca imaginei nem em um milhão de anos que aquilo iria realmente ser impresso.” “Então quando eu vi aquilo eu pensei, ‘Oh meu deus, isso obviamente não é bom’”, disse Negreanu. A notícia se espalhou rápido. Graças ao
“É algo que pego do poker, a habilidade de mascarar minha emoção e deixá-la lá. Mas, a qualquer hora, ela vai explodir em algum lugar, não é?”
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Twitter o artigo se espalhou como fogo selvagem e Duke usou seu blog para comentar o fato, enquanto Howard Lederer usou o Twitter para chegar a Negreanu e perguntar se ele tinha usado a palavra. O tópico gerou tanta discussão e crítica de todos os lados sobre Negreanu que o PokerStars teve que se pronunciar e publicamente castigar sua maior estrela. “O PokerStars não apoia o uso de linguagem depreciativa ou ofensiva direcionada a qualquer outro jogador. Enquanto isto foi um problema pessoal entre dois jogadores, esperávamos que um melhor julgamento tivesse sido utilizado na escolha das palavras.” Ao invés de abaixar a cabeça e negar ter usado a palavra, Negreanu assumiu o fato – ele ainda gostaria que a conversa privada tivesse ficado desta forma. Ele lembra de outro momento supostamente privado em que um jogador tinha algo degradante para dizer sobre outro jogador via e-mail. “O Howard Lederer uma vez chamou Jimmy Fricke, em uma conversa privada de e-mail que não deveria ter sido publicada, de ‘ maluco e um cara realmente esquisito’, certo? Agora aquilo foi um acidente, não era para ter se tornado público, mas coisas assim acontecem.” Depois que o incidente passou, Negreanu decidiu focar em coisas que importavam mais para ele – poker e um relacionamento recente. Leitores ávidos do blog do Negreanu sabem que ele é normalmente bem aberto em relação a discussões de sua vida particular. Sua primeira esposa, Lori, era personagem recorrente de seu blog, e a abertura de Negreanu normalmente o fazia discutir tudo sobre sua vida, mas este novo relacionamento era diferente. “Eu sou um livro razoavelmente aberto, não ligo para o que sabem sobre mim. As únicas coisas que protejo são as coisas que outras pessoas querem que sejam protegidas”, disse Negreanu. “Por exemplo, eu não falaria de coisas que faço com Phil Ivey porque ele não gosta disso.” Enquanto fóruns e blogs estavam fervendo com a especulação sobre a identidade da nova garota, Negreanu ficou na sua e evitou que isso se tornasse público. “Quando você começa a ler os fóruns ou qualquer outra coisa e vê pessoas falando da sua vida pessoal, sobre com quem você está saindo e o que está fazendo, você sabe, elas falam coisas desagradáveis”, disse Negreanu. “Muitas vezes são somente crianças de 14 anos dizendo coisas, mas eu quero dizer, eu sou casca grossa e não deixo que isso me machuque, mas outras pessoas talvez nem tanto. Elas não querem ler coisas assim sobre si mesmas.” “É mais por respeito do que qualquer outra coisa que eu não torno o assunto público. Acho que a verdade é que isso tudo não é do interesse de ninguém, mas é somente por respeito a ela”, disse Negreanu. Seu outro ponto de foco tem sido seu jogo. Reconhecendo que o jogo está mudando, Negreanu se dedicou a melhorar seu jogo para se equiparar aos novos jovens prodígios do mundo do poker. “O poker ficou muito mais difícil, então decidi que iria realmente focar de novo em me tornar um jogador melhor e a verdade é que você pode chegar ao ponto de ser um dos melhores do mundo, mas, se você não melhorar, não ficará por lá, pois a cada seis meses estes jovens ficam ainda melhores”, disse
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Negreanu. Em paralelo ao seu novo relacionamento e à sua dedicação novamente ao poker, estava um novo projeto no qual ele estava incumbido de ter grande participação no desenvolvimento: o Big Game do PokerStars.net. Colocar um cash game na TV não é um novo conceito, mas ao adicionar um amador que está ganhando o bankroll, com um incentivo extra para jogar, o programa adquire uma dinâmica única.“Eu acho que com o Big Game marcamos um gol de placa. Acho que nas primeiras semanas todos estavam pensando ‘O que é isso?’, mas agora ele se tornou um sucesso”, disse Negreanu. “Acredito que mais e mais pessoas consideram-no seu programa favorito de poker e eu posso ver o porquê. Eu acho que ele tem todos os elementos que criam o programa perfeito de poker para verdadeiros jogadores de poker.” Porém o programa não veio sem controvérsias para Negreanu. Em outubro, um episódio foi ao ar no qual Tony G e Negreanu afrontaram o jovem profissional Andrew Robl durante algumas mãos. Em uma delas, entre Negreanu e Robl, Tony G pediu tempo para Robl depois de uma aposta de Negreanu blefando no river. Robl foldou a mão e G e Negreanu ficaram histéricos, com o KidPoker cumprimentando G pela assistência. Antes do incidente na televisão, Negreanu falou sobre uma discussão entre ele mesmo e um jogador mais jovem que não estava buscando tanta ação quanto o resto da mesa. “Minha grande implicância é que estes caras
vêm aqui para ficar extremamente passivos no The Big Game, jogam muito tight, não dão ação para ninguém, não dizem nada, e só entram lá para fazer dinheiro”, disse Negreanu, que recentemente falou com Robl e pediu desculpas pelo modo como a mão aconteceu na mesa. “Suponha que você é tachado como jogador nit. Quem quer assistir a um bando de nits em um programa? Não estou dizendo nits como jogadores tight, mas nit em termos de oferecer muito pouco.” Não entenda isso como um conflito entre gerações de poker, em que um se recusa a respeitar o outro. Negreanu é um grande fã de alguns dos jogadores mais jovens que estão aparecendo no jogo, mas ele gostaria que eles encontrassem uma forma de ser mais apresentáveis e tivessem mais personalidade em um programa de TV. “A parte mais engraçada é que eu fiquei realmente desapontado para ser honesto. Eu tenho 36 anos e desde que embarquei nesta eu me desaponto com o fato de que caras mais jovens, em média, têm menos carisma em frente às câmeras, pelo menos é o que me parece”, disse Negreanu. Existem alguns jovens jogadores, porém, que Negreanu acredita que entendem disso. William Reynolds e Lex Veldhuis são dois que ele vê como futuras grandes estrelas. “Existem poucos deles que eu realmente adoro assistir jogando. Luke Schwartz é um
cara que é divertido de se assistir, porque ele é maluco. Lex Veldhuis é um que eu acho que realmente entende o que acontece e é realmente bom. Mas ‘o cara’ é William Reynold, ele tem só 21 anos e realmente se destaca para mim, que já passei algum tempo com ele e peguei um pouco de sua vibração”, disse Negreanu. Ainda assim, nenhum jovem jogador irá substituir Negreanu como KidPoker e ele parece estar retornando à forma. Em outubro, no evento de Viena do European Poker Tour, Negreanu passeou até a mesa final com a liderança de fichas antes de terminar com a quarta colocação. Este resultado é mais uma prova de que Negreanu está saindo de um momento de desafios na sua vida com o foco renovado para se tornar um dos melhores novamente. Não ter alcançado esta vitória lhe custou a chance de agarrar as Três Coroas do poker, um bracelete do WSOP, um título do World Poker Tour e um título do EPT. A confiança recém-encontrada é evidente e, ao retornar para Las Vegas de sua viagem à Europa, ele escreveu em seu blog, “Eu sinto que as coisas tendem a melhorar e meu poker está muito bom, e os resultados finalmente estão começando a chegar. Espero fazer mais algumas boas performances entrando em 2011 e voltar para o círculo dos vencedores.” “É algo que pego do poker, a habilidade de mascarar minha emoção e deixá-la lá. Mas, a qualquer hora, ela vai explodir em algum lugar, não é?” BLUFF • MARÇO 2011
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A Dinâmica
doS MIXED GAMES POR FELIPE MOJAVE
É
É com muito prazer que venho escrever pra galera da nova revista Bluff Brasil! E a gente vem com novidades para vocês, trazendo um conteúdo especial e nunca antes publicado em revistas de poker deste modo: vamos ensiná-los a jogar os Mixed Games, modalidade por modalidade. Mês a mês, uma modalidade diferente será trazida aqui em nossa querida Bluff Brasil. Obviamente, vamos nos concentrar mais pra frente nas modalidades mais populares e principalmente nas mais complexas, como o PLO. Nesta coluna, vou explicar como serão organizados nossos artigos e também um pouco da dinâmica dos Mixed Games, sua história e como comecei jogando e me especializando nesta modalidade.
Vou seguir religiosamente o seguinte cronograma, a cada edição, aqui na Bluff Brasil: 1) Limit Hold’em 2) Stud H/L 3) Pot-Limit Omaha 4) Limit 2-7 Triple Draw 5) Razz 6) No-Limit Hold’em 7) Omaha Hi-Lo 8) Stud Hi 9) No-Limit 2-7 Single Draw 10) Badugi 62
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Após o décimo artigo, possivelmente vamos mundo falam. falar de PLO, Omaha H/L e outras modalidades Phil Ivey, um dos maiores jogadores da mais complexas de acordo com o interesse atualidade (e da história), em seus últimos anos geral, já que esta coluna é feita especialmente disputando o WSOP ganhou todos seus braceletes para vocês. É fato que em PLO, por exemplo, as nos Mixed Games, assim como outros grandes estratégias são inúmeras, sem contar as ações jogadores. pré-flop, flop, etc., o que levaria muito tempo Sim! Eu sabia que os Mixed Games vinham e espaço para escrever numa coluna só. Vale sendo jogados na Bobby’s Room no Bellagio por lembrar que abordaremos as regras e estratégias anos nos limites $4,000/$8,000, dentro do jogo básicas dos jogos, pois a intenção aqui é ensinar 7-game Limit Rotation. Quem não quer chegar lá? os Mixed Games para vocês e assim aumentar Dada a importância do volume financeiro em a nossa comunidade de românticos e técnicos torneio e cash games hoje em dia dentro dos de todas as modalidades jogadas de poker! Mixed Games (e que na minha opinião tende a Podemos até falar de outras modalidades menos aumentar cada vez mais), como é que um jogador difundidas, como o Chinese Poker, que é bastante de poker que almeja sucesso em sua carreira jogado hoje em dia, pode ficar de fora? eu, jogando mixed games na wsop principalmente É fato também que em side games e os Mixed Games private cash games. são um excelente passatempo e Vou falar m pouco divertimento, da importância hoje saindo da rotina do em dia dos Mixed Games, sua história No-Limit Hold’em no Brasil e como eu e descansando um comecei a jogá-los. pouco a mente. Quando eu Sim, com certeza vai levar um tempo comecei, havia pra assimilar o pouquíssimas ritmo dos jogos e pessoas no Brasil muito mais tempo jogando estas para dominá-los. modalidades e Para você que vai uma das pessoas começar a jogar que me ajudou os Mixed Games muito foi o Juliano agora, uma coisa Maesano, inclusive, créditos: pokernews.com que posso lhe reverências sejam prometer é que seu feitas nesse raciocínio vai ficar momento, o Juju foi mais rápido e isso vai ajudar muito na análise de primeiro brasileiro a aparecer com um resultado situações, inclusive quando você estiver jogando fantástico nos Mixed Games com a 10a colocação apenas Hold’em. Vá por mim. no evento de SHOE no WSOP 2007, sendo este Eu comecei a jogar os Mixed Games em 2007, até hoje o melhor resultado de um brasileiro em quando li uma matéria de Daniel Negreanu torneios ao vivo de Mixed Games. Tivemos outros dizendo que estes seriam os jogos do futuro e grandes ilustres praticantes destas modalidades que iriam movimentar muito o mundo do poker. durante nossas tentativas de realizar o Circuito Sim, ele estava certo. Ainda bem que eu resolvi Brasileiro de HORSE, incluindo Robinson “Robigol” seguir seu conselho naquela época e acabei sendo Quiroga, Igor Federal, Daniel Tevez Cantera, premiado por ser bastante estudioso e atencioso Fabio “Deu Zebra” Monteiro e muitos outros ao que os principais jogadores e talentos do amigos como Gamarra, Kleber, Edu Bugão, Rafa BLUFF • MARÇO 2011
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Vieira, Otranto, Mifune, etc. Conseguimos trazer pros Mixed Games grandes jogadores de No-Limit Hold’em e personalidades do nosso esporte, como Sérgio Braga, Leandro Brasa, Geraldo Campelo, Marco Salsicha, Fabio Colonese, entre outros amigos. E que mais uma justiça seja feita e que esta coluna seja um marco para os Mixed Games no Brasil, Flávia Bedran foi a primeira mulher a praticar com excelência todas as molidades do HORSE, live e online. E por falar em online, André Akkari foi o cara que em 2009 ficou em 2o lugar no evento de HORSE do WCOOP, sendo este até hoje o melhor resultado na internet de um brasileiro. Ao que me parece, ninguém teve tanta paixão e vontade de aprender e jogar os Mixed Games como eu (ou continuar jogando), por diversos motivos particulares, de gosto, opção ou aptidão. Eu venho disputando os cash games de Mixed Games ao vivo nos cassinos de Las Vegas e os grandes torneios pelo mundo afora também, tendo sido o primeiro brasileiro na história a participar de um evento de US$ 10 mil de buy-in. Meus melhores resultados foram em Pot-Limit Omaha, com título do WSOP-C na África e o 5o e 6o lugar no WSOP e WSOP-E em eventos de US$ 5 mil e £ 5 mil de buy-in respectivamente. Fui também o único mesa-finalista, campeão e recordista em resultados Extra-No-LimitHold’em para o Brasil. Ano passado fiquei na 22a colocação no evento de Stud H/L do WSOP, pertinho da mesa final, que nenhum brasileiro infelizmente conseguiu chegar até hoje, contando também com um 64o lugar no torneio de HORSE e 18o lugar no evento de Omaha Hi-Lo no Venetian Deepstack. No que se refere a técnica e matemática, eu duvido que existam mais que 10 jogadores no mundo hoje em dia que tenham mais conteúdo do que eu. Não, calma gente, isso não quer dizer nada, é só um fato curioso e muito verdadeiro, um fato. Só quero dizer que venho me preparando muito para dominar todos os Mixed Games e lutar por bons resultados carregando a bandeira do Brasil pelo mundo afora. No WSOP do ano passado, entre os eventos de 1,5k e 10k, a esmagadora maioria dos jogadores não conhece a matemática do jogo! Exemplificando e comparando com NLH, não sabem que as chances de você acertar o seu flush draw no flop são de aproximadamente 3 para 1. Você sabe qual é a chance de acertar uma carta de copas e low para scoop entre a 6a e a 7a street no Stud Hi-Lo? Eu sei e é disso que eu estou falando. Isso vem a confirmar que a febre dos Mixed Games está só pra começar! Os jogadores finalmente estão notando que precisam se engajar dentro dessas modalidades e a boa notícia é que a maioria aprende a jogar o jogo e cai direto no pano. Vi isso acontecer inúmeras vezes e inclusive já ajudei várias pessoas a entender como algumas modalidades funcionam minutos antes do torneio começar. Taí o meu ponto: existe um grande edge (uma grande vantagem) dentro dos Mixed Games para os bons jogadores e esse é um grande motivo para você começar a jogá-los, se não bastasse desenvolver o seu poder de raciocínio. Nesse World Series of Poker de 2011, dos 58 eventos que serão disputados, 29 deles serão em uma ou mais modalidades envolvidas nos Mixed Games (os demais são No-Limit Hold’em, obviamente). Fora isso, a abundância dos cash games online e o aumento na quantidade de torneios é grande e ainda não encontrou o seu ponto de equilíbrio.
Você está pronto pra se render aos Mixed Games? Acompanhe a Bluff Brasil, aprenda e desenvolva todas as modalidades de poker para se tornar um jogador completo.
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Felipe Mojave Ramos @FelipeMojave
A Linha do Tempo
do Poker Nacional
A
POR Amúlio Murta
Após um período de amadurecimento, busca pela legitimidade e evolução técnica, não é difícil perceber que o poker nacional respira novos ares. Graças a muito trabalho, dentro e fora das mesas, conseguimos mostrar a nossa cara, enfrentamos a ignorância e vencemos o preconceito. Quebramos barreiras e chegamos à grande mídia. Fomos capas de revistas, programas de TV e matérias de jornais. Passamos por um período de reconhecimento e de aceitação social. E se antes a 1ª reação das pessoas, ao saber sobre nosso trabalho, era: - Poker não é proibido? Hoje ouvimos: - Você trabalha com poker?! Que legal! Além de revelar grandes jogadores, organizamos grandes séries e movimentamos a economia em um mercado milionário. Graças ao trabalho da CBTH junto à IFP, fomos reconhecidos como um esporte mental. Autoridades e governantes começaram a enxergar o nosso esporte de uma nova maneira. E embora exista ainda um longo caminho para se percorrer, o cenário atual já é bem diferente do de anos atrás. No momento em que me sentei para pensar em um tema
especial para abrir esta coluna, me lembrei de uma entrevista que concedi recentemente ao jornalista Pedro Nogueira, da Revista Alfa. Durante a conversa, ele me pediu para traçar uma linha do tempo, contando tudo o que aconteceu de relevante no poker nacional, desde o início de sua fase de profissionalização até o seu atual momento. Se na resposta eu fosse falar realmente tudo, gastaria horas respondendo somente a esta pergunta. Desta forma, procurei simplificar a resposta. Mas fiquei com esta ideia na cabeça. Sendo assim, acho justo inaugurar este espaço falando um pouco sobre a linha do tempo do poker nacional. Uma forma de contar para os que estão chegando agora e também de reverenciar todos os que participaram desta história. Nossa história começa no início da primeira década deste século, período em que os dois amigos, Christian Kruel e Raul Oliveira, passaram a dividir um apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro, e, depois de descobrir o poker através do filme Rounders, passaram a praticar de forma pioneira a atividade no país.
2005 No ano seguinte, 2006, é realizada a 1ª etapa do BSOP, no célebre clube Paradise, em SP. A série, em seu primeiro ano, contou com uma média de 60 jogadores por etapa. Surge um aumento no número de jogadores em algumas praças nacionais, em especial na capital e nas cidades próximas a São Paulo. Igor Federal se torna o melhor brasileiro no Main Event da WSOP e são criados novos circuitos regionais, como o Mineiro, o Carioca e o Goiano. Alguns nomes brasileiros começam a ganhar projeção no Brasil e no mundo. No ano de 2007 já existe uma mudança significativa no cenário nacional. O André Akkari é contratado pelo maior site de poker do mundo. Leandro Brasa é o primeiro brasileiro a chegar a uma final table de um evento da WSOP e Fabio “DeuZebra” Monteiro é o primeiro brasileiro a conquistar um FTOPS – Full Tilt Online Poker Series, uma das mais importantes séries online do planeta. Ainda em 2007, no campo político, o mineiro Osvaldo Naves inicia os primeiros contatos com as lideranças nacionais, naquilo que seria o embrião da futura CBTH – Confederação Brasileira de Texas Hold’em. Existe um significativo aumento no número de jogadores brasileiros com bons resultados nos sites de poker e surgem as primeiras revistas especializadas em poker no país. Em Campos do Jordão, interior de São Paulo, o Brasil Poker Fest é o primeiro torneio a agregar mais de 450 participantes no país. O escritor Leo bello lança o seu primeiro livro “Aprendendo a jogar Poker”. Se 2008 foi um ano maravilhoso para o poker do Brasil, para 2009 a expectativa não era baixa. E o ano já começa bem com o nosso campeão fazendo mais uma final table no PCA 2009 (4° colocado) e Felipe Mojave Ramos conquistando seu 5° ITM em EPTs. Foi também em 2009 que o Full Tilt Poker entrou como patrocinador oficial do BSOP, e a série deu um passo fundamental rumo à sua consolidação como a maior série de torneios de poker do país. Em Las Vegas, Mojave faz história ao se tornar o primeiro brasileiro mesa-finalista de um torneio de Omaha na série mundial, e Alexandre Gomes, um ano após a conquista do seu primeiro bracelete, vence o WPT Bellagio Cup, torneio com o field reconhecidamente mais difícil do mundo, e entra de forma definitiva para a história do poker nacional com duas conquistas incríveis. Além do excepcional resultado de Felipe Mojave (6ª colocação), o Brasil tem boa participação na série mundial que conta com presença recorde de participações tupiniquins. Em abril de 2009, Maria Mayrinck, ou simplesmente Maridu, é confirmada como mais uma brazuca no time de profissionais do PokerStars. Após realizar o Zahle 150K e o Zahle 300K, no ano anterior, a Stack Eventos fecha o que ficou conhecido como a Stack Series com um evento de 500K garantidos e outro de 750K, um no início e outro no final de 2009, em São Paulo. Em setembro, a etapa carioca do BSOP ultrapassa os 641 jogadores, recorde nacional. No poker online, Caio Pimenta conquista o Sunday Million, maior e mais tradicional torneio do mundo, e fecha o ano como líder do ranking nacional, pelo segundo ano consecutivo, e Thiago “The Decano” conquista o primeiro bracelete da WCOOP do PokerStars – World Cup of Online Poker.
Com uma história tão crescente e gradual, é natural esperar um ano muito bom para o poker em 2011 e nos anos vindouros. O reconhecimento da sociedade parece ser um caminho sem volta. Os resultados tendem a crescer e isso continuará sendo escrito por todos nós, que fazemos parte desta história. See you soon!!!
Cerca de quatro anos mais tarde, já vivendo exclusivamente do poker, C.K. alcança o primeiro resultado expressivo de um brasileiro no circuito mundial, fazendo a final table do PCA 2005. Também neste mesmo ano, em julho, Eric Mifune se torna o primeiro brasileiro a entrar ITM no Main Event da World Series of Poker. Em Campinas, Leandro Brasa Pimentel, Leo Bello e outros pioneiros do poker de São Paulo realizam a primeira etapa do Circuito Paulista de Hold’em – O CPH, primeiro circuito regional do país.
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2007
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Um ano histórico foi o de 2008, que já começou com três grandes eventos acontecendo de forma sucessiva na cidade do Rio de Janeiro: o primeiro Torneio da Confederação Brasileira, o Rio Poker Fest e a 1ª etapa do LAPT, todos com casa cheia e boa premiação garantida. O primeiro Torneio da Confederação deu o pontapé inicial na CBTH, O Rio Poker Fest foi o primeiro a colocar um número superior a 500 jogadores na disputa e o LAPT foi o primeiro a ultrapassar um milhão de reais em premiação distribuída e a trazer astros internacionais do feltro ao país. Antes de chegar ao meio do ano, num indício de que teríamos muitos resultados expressivos no ano, Felipe Mojave Ramos conquistou dois ITMs consecutivos em EPTs (San Remo e Monte Carlo) e Thiago “TheDecano” Nishijima foi o terceiro colocado na etapa de Barcelona do World Poker Tour. Já na World Series of Poker, sentimos pela primeira vez o gosto de possuir um título mundial, com o curitibano Alexandre Gomes, que conquistou nosso primeiro bracelete na mais prestigiada série de torneios do mundo. Pouco tempo após a conquista, Alê é confirmado no time de profissionais do PS. Além disso, o mineiro Rafael Caiaffa se tornou o melhor brasileiro no Main Event da WSOP, terminando na 55ª posição. Pouco tempo após o encerramento da WSOP, o Full Tilt Poker contratou os profissionais Christian Kruel, Leandro Brasa e Raul Oliveira para o seu time de Red Pros e começou a atuar de forma mais contundente no mercado brasileiro. Para encerrar com chave de ouro, um ano histórico para o poker nacional, o país revela uma safra de novos talentos, com nomes como Bruno GT, Mestre Filipe, e o mineiro Caio Pimenta, que fecha em primeiro lugar os rankings mais importantes do país e surge como o maior nome do online nacional. Igor federal assume a presidência da CBTH e dá um novo rumo para a maior entidade do poker no país. O último ano iniciou-se com a contratação de Caio Pimenta pelo Full Tilt Poker e a confirmação de Gualter Salles como profissional do PokerStars. O BSOP tem uma temporada incrível, que começa com um recorde na etapa do WTC Sheraton (com 788 jogadores) e termina com outro no “BSOP 1.000” – maior evento de poker da América latina em número de jogadores. Além de sucessivas quebras de recordes, a etapa do Rio de Janeiro fica marcada pela vitória de Christian Kruel, pioneiro do poker nacional. No meio do ano, o poker é reconhecido como um esporte mental e é divulgado, pela CBTH, um parecer do ex-Ministro da Justiça, Dr. Miguel Reale Jr., atestando a legalidade do poker em território nacional. O LAPT volta ao país, após ficarmos de fora de seu calendário na temporada anterior. Felipe Mojave conquista o anel na WSOP Circuit Africa e é o primeiro brasileiro mesa-finalista de um evento da WSOP Europe. Ainda em 2010 ele passa para o time do Full Tilt Poker. A Stack Eventos realiza no Brasil a primeira série de longa duração no país, com nove eventos em onze dias. Na maior World Series of Poker de todos os tempos, em Las Vegas, o Brasil conseguiu ótimos resultados, entre eles duas final tables, com Daniel Wjuniski e Thiago “The Decano” Nishijima. Além disso, Eduardo Parra ultrapassa a marca de Rafael Caiaffa, no ME da WSOP 2008, e se torna o melhor brasileiro na história da série mundial, terminando na 32ª posição. No poker online o destaque vai para as duas conquistas brasileiras na WCOOP, uma com o mineiro João Simão, no evento #12, e outra com o goiano João Bauer, no evento #03 da WCOOP 2010, maior premiação da história do poker online nacional.
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Sorel Sorel Jogador do Ano da Bluff em 2010
Mizzi O Bom, o Mau e o Feio Por Lance Bradley / Fotografia por Paul Thatcher
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Ganhar o título de Jogador do Ano é algo com que muitos jogadores de torneios sonham e lutam para atingir. Afinal, é o reconhecimento de mais do que apenas um ano. Chegar a ser o melhor em alguma coisa – qualquer coisa – requer anos de trabalho árduo e dedicação. Para Sorel Mizzi, o tempo que ele gastou jogando online desde que tinha 19 anos foi recompensado em grande estilo em 2010. O profissional de poker canadense viajou ao redor do mundo, ficou ITM em torneios em três continentes diferentes e ganhou aproximadamente US$ 2.000.000 enquanto zombava dos recordes anteriores do Jogador do Ano. Apesar de parecer impressionante, 2010 foi tudo menos um ano fácil para Mizzi. Foi Bom, Mau e Feio.
Bom
Sorel Mizzi já tinha concluído a corrida pelo título de Jogador do Ano da Bluff em junho. É isso mesmo, antes mesmo que o World Series of Poker tivesse ao menos começado seu Main Event, Mizzi tinha pontos o suficiente para ganhar o JdA sem jogar nenhum outro torneio pelo resto do ano. É claro que ele continuou a jogar e acabou batendo todos os recordes associados ao prêmio da Bluff. Mizzi terminou o ano com 1.777,77 pontos de Jogador do Ano, esmagando o recorde do ganhador de 2009, Jason Mercier, de 1.427,98 pontos. Sua diferença de pontos para Tom Marchese foi de 513,87 pontos. Ele entrou ITM 26 vezes e chegou a espetaculares 19 mesas finais. Todos esses são recordes que ele agora detém. Ele empatou com Mercier em mais vitórias, com cinco, e ganhou US$ 1.873.575 no ano. “Foi um ano ótimo e eu trabalhei duro. Desde que cheguei em terceiro no Main Event do Aussie Millions, minha
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meta era ser o Jogador do Ano. Fiz uma tonelada de pontos e decidi que este seria o ano em que eu realmente buscaria o prêmio”, disse Mizzi. “Eu estou, obviamente, muito feliz com a forma como as coisas se desenvolveram.” A busca por tais números significou que Mizzi passou em aeroportos, aviões e hotéis quase o mesmo tempo que passou no cassino jogando – talvez até mais. Mizzi estima que ele viajou pouco menos de 100.000 milhas ao longo do ano. Ele ficou ITM nas Bahamas, Austrália, Áustria, Monte Carlo, França, Estônia, Inglaterra e República Tcheca, assim como nos Estados Unidos. Mizzi credita o ritmo para atingir recordes em seu título de JdA ao fato de estar centrado. Sem qualquer treinador da mente, o jogador de 24 anos sente como se ele tivesse atingido um ponto onde tudo faz sentido para ele. “Sabe quando você está aprendendo novos esportes ou quando está jogando um esporte regularmente e você é razoável naquilo, mas então, um dia, as coisas simplesmente estalam e tudo fica mais claro e começa a funcionar perfeitamente e você sente que chegou ao próximo nível? É meio que a mesma coisa que aconteceu comigo no poker e isso foi no começo deste ano”, disse Mizzi. Ele também encontrou sucesso online. Em maio, ele ganhou o evento US$ 5.000 Limit Hold’em Six Max do PokerStars Spring Championship of Online Poker. Depois, em outubro, ganhou o Sunday Warm-Up no PokerStars, recebendo US$ 149.773, e quase repetiu o feito em dezembro, terminando em terceiro. Apesar de os eventos online não contarem para a pontuação total do Jogador do Ano, ainda assim rendem uma bela nota. Agora segurando o título em suas mãos, Mizzi olha pra trás e sabe que ganhar este prêmio foi importante para ele – mesmo o “para trás” sendo somente janeiro e fevereiro. “Eu diria que foi muito importante para mim. Estava acompanhando os rankings. Sou uma pessoa muito competitiva por natureza, gosto de ser o no 1 em alguma coisa. Eu me lembro quando eu estava
começando no poker online e meu objetivo naquela época era ser o no 1 do PocketFives. com. Eu alcancei esta meta em 2007”, disse Mizzi. “Esta era outra área na qual gostaria de me desafiar. Queria provar pra mim mesmo que podia fazer. É definitivamente uma grande realização pessoal e estou realmente feliz. Isto certamente solidifica e me tranquiliza em relação às minhas habilidades e estou realmente muito feliz.”
Mau
Se juntar a figuras como Phil Ivey, Jason Mercier e John Phan como ganhadores do Jogador do Ano é mais uma razão para a felicidade de Mizzi, mas fazendo uma retrospectiva de seu ano você percebe que algo está faltando: um grande título. Mercier ganhou um bracelete do WSOP em seu caminho para o JdA em 2009, Phan ganhou dois braceletes do WSOP e um título do World Poker Tour em sua vitória no JdA em 2008 e Bill Edler ganhou um bracelete do WSOP em 2007, antes de ganhar o JdA. Mizzi teve cinco vitórias, mas todas em eventos paralelos. Analisando seu ano, Mizzi reconhece que ele teve a chance de ter uma grande vitória e foi logo no começo do ano. “O Aussie Millions foi, com certeza, o grande torneio que eu senti que deveria ter ganhado. Cheguei à mesa final com cerca de 45% das fichas em jogo e tudo estava indo bem para mim desde o começo”, disse Mizzi. “Tudo estava acontecendo tão bem até a mesa final e depois eu não sei, é incrível o quão mais difícil pode ficar na mesa final em comparação ao resto do torneio. A maior parte dos jogadores da mesa final tinham uma ideia muito boa do que estavam fazendo.” A mesa final incluiu Peter Jetten, Annette Obrestad, Steve Friedlander, Frederik Jensen e o campeão Tyron Krost. Mizzi terminou em terceiro, ganhando US$ 638.004. “Foi realmente desapontador, mas às vezes o pão cai com a manteiga para baixo.” Os críticos olham para o ano de Mizzi e apontam a falta de uma grande vitória como a razão pela qual ele não deveria ser o Jogador do Ano, mais em acusação ao sistema de pontos
do que qualquer outra coisa. Ele fez 371 pontos em eventos com buy-ins altos que atraíram fields muito pequenos – como 25 e 26 jogadores. Até Mizzi pensa que as críticas ao sistema são justificáveis neste quesito. “Acho que a principal falha do prêmio de Jogador do Ano da Bluff é o fato dele creditar pontos para torneios com fields realmente pequenos e que nenhuma ênfase é dada na vitória”, admite Mizzi. “Me lembro de ter olhado para uma das estatísticas, pois ganhei 180 pontos por chegar em terceiro no Aussie Millions e era um buy-in de US$ 10.000 com mais de 700 jogadores. Scott Clements ganhou um torneio de US$ 1.000 com nove pessoas e ganhou 100 pontos. Mas é claro que é difícil desenvolver um sistema perfeito.” A crítica à fórmula do prêmio Jogador do Ano convenceu a gerência da BLUFF a rever o sistema e solicitar a opinião dos jogadores. O resultado foi um sistema amplamente melhorado que não mais recompensa jogadores por volume e inclui um tamanho mínimo de field baseado no buy-in de cada evento. Mais eventos contam pontos agora também. Cinco vitórias em torneios em um mesmo ano é um feito impressionante e Mizzi certamente está orgulhoso de cada vitória, mesmo assim, ele ainda olha para trás, para a mesa final em Melbourne, e se pergunta se ele poderia ter feito algo melhor ou diferente para apagar quaisquer dúvidas. “Embora chegar em terceiro no Aussie Millions tenha sido uma realização maior pra mim somente devido ao tamanho do field, ao buy-in e ao fato de ser um torneio tão grande, ainda fica algo faltando disso tudo. Tudo o que tinha que fazer era ganhar de mais duas pessoas e eu teria todas as fichas. Ainda assim é bacana chegar perto em uma final tão forte”, disse Mizzi. “Eu acho que estou orgulhoso das pequenas vitórias que tive naqueles eventos paralelos, mas nada se compara a ganhar. Cheguei tão perto tantas vezes, mas eu sei que quando realmente ganhar um grande título vai ser mais emocionante do que qualquer vez em que cheguei longe.”
Feio
Mizzi entrou ITM pelo menos uma vez em 11 dos 12 meses. O único mês que ele não anotou um resultado foi agosto. A programação de torneios pós-WSOP é bem menor, mas naquele mês o nome de Mizzi apareceu em uma grande polêmica. Desde que apareceu na cena do poker online, em 2006, Mizzi teve participação em escândalos. Acusações de contas múltiplas e a compra admitida de contas que tinham ótimos resultados nos grandes torneios são todas parte do passado de Mizzi. Em
agosto, então, seu passado mostrou seu lado feio novamente e Mizzi foi forçado a encará-lo de frente. Um tópico no TwoPlusTwo.com incluiu Mizzi e alguns outros em uma tentativa de colocar múltiplas contas em torneios online. O post original continha o que parecia ser uma transcrição de chat entre Mizzi e Steve “thorladen” Weinstein, outro grinder do MTT online. Mizzi sugeriu a utilização de ferramentas de acesso remoto como PCNow para acessar computadores em diferentes localidades e driblar o rastreamento de IP usado pelas salas de poker online, podendo, desta forma, jogar com múltiplas contas em um torneio. Programas como PCNow permitem que usuários gerenciem um computador de qualquer lugar no mundo como se estivessem na mesma sala. Irritado com o tópico, Mizzi respondeu que a conversa postada foi, na verdade, um recorte de várias conversas que ele e Weinstein tiveram ao longo de um ano e afirmou que ele foi contatado pelo dono do tópico, que tentou extorquir dinheiro dele. Ele não estava pedindo desculpas e escreveu que sentia que “não devia explicações a ninguém de lá sobre nada que fazia.” É uma resposta da qual Mizzi não sente muito orgulho. “Minha resposta inicial, que foi horrível, era basicamente como eu estava me sentindo. Eu estava muito emotivo e estressado com relação àquilo. É horrível ter este estigma e não ter qualquer credibilidade quando é minha palavra contra a de outra pessoa e ela está claramente inventando uma história”, disse Mizzi, que admitiu que aquilo dificultou para ele aproveitar o ano que estava tendo no poker live, pois estava estressado com relação à sua reputação. Quando as alegações apareceram pela primeira vez, alguns da comunidade de poker pediram seu banimento dos torneios ao vivo, enquanto outros foram longe o suficiente para sugerir que a Bluff o desqualificasse da corrida pelo título de Jogador do Ano. Mizzi não concorda com esta lógica. “Eu acho que isso é um absurdo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. É como dizer que, se você for pego roubando de uma loja, você deveria ser banido de todas as lojas. Eu não sei, é muito irracional, eu acho.” Mizzi então controlou suas emoções e admitiu ter cometido erros. “Eu passei por fases em que pensava ‘Que se dane todo mundo e eu não ligo para o que os outros pensam’. E tive fases em que me sentia mal comigo mesmo e depois por fases em que pensava ‘Tudo bem, vamos fazer a melhor decisão visando às relações públicas’. Estava simplesmente uma
bagunça”, admitiu Mizzi. “Para ser honesto, eu meio que já superei. Eu simplesmente tenho que aceitar que vão ter pessoas que me odeiam, e que vão tentar me derrubar, e que tenho que tentar seguir em frente e fazer o melhor que puder, tomando decisões em minha vida com as quais possa conviver, e é isso que tenho feito.” Mizzi realmente tem quem o odeie e não são somente pessoas anônimas em fóruns de poker. Em um evento paralelo no Bellagio no fim do ano, Matt Stout, que um dia se considerou amigo de Mizzi, falou mal dele na mesa. “Eu o chamei de trapaceiro na mesa em um evento de US$ 1.000 com rebuy do Bellagio e ele nem tentou discutir comigo sobre ele ser um trapaceiro ou qualquer coisa… ele simplesmente me desafiou para uma briga”, disse Stout. Tendo visto Mizzi ter sido pego em flagrante no passado e ter dado desculpas, Stout acha difícil levar qualquer coisa que Mizzi diz a sério. “Toda vez que ele dá uma desculpa você pode dizer que é uma grande mentira. Os incidentes ocorridos mais de uma vez são mais um padrão e um tipo de pessoa do que um erro isolado.” “Eu sinto que tem muita coisa que já descobrimos sobre o garoto e ainda tem muita coisa que não sabemos. Tenho certeza disso.”
“Minha resposta inicial, que foi horrível, era basicamente como eu estava me sentindo. Eu estava muito emotivo e estressado com relação àquilo. É horrível ter este estigma e não ter qualquer credibilidade quando é minha palavra contra a de outra pessoa e ela está claramente inventando uma história.”
O Futuro
Dado o agitado cronograma que ele adotou em 2010, Mizzi está ansioso para tirar mais tempo para si mesmo em 2011. Ele ainda irá jogar, mas também espera ser capaz de respirar um pouco mais e ficar perto de casa com mais frequência. “Eu provavelmente vou dar um tempo do poker. Vou jogar o Aussie Millions e depois provavelmente darei uma pausa até o World Series, jogando muito pouco”, disse Mizzi. “Eu devo jogar online um pouco, mas vou explorar diferentes áreas e tentar ter um estilo de vida mais balanceado.” “Definitivamente, não tenho mais a mesma alegria ao jogar poker que eu costumava ter. Quero explorar coisas diferentes, dar um tempo e ver como estarei me sentindo após esta pausa. Depois disso vou decidir qual será meu próximo desafio.” BLUFF • MARÇO 2011
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Olá, leitores da Bluff! Sejam muito bem-vindos à minha coluna inaugural na edição brasileira da Bluff. Vários de vocês já me conhecem devido ao meu trabalho com a mídia de poker, do Pokercast que agora passa a ser da Bluff, de vários artigos escritos em revistas, blogs e fóruns e como ex-jogador do time de torneios live do 4Bet. A revista Bluff tem mais de uma dezena de colunistas nacionais e estrangeiros que tratam do aspecto técnico do jogo, portanto neste espaço pretendo tratar de assuntos mais sociais, além de trazer ao leitor várias histórias que tive o prazer de vivenciar durante meus anos como jogador do circuito nacional. Além disso, escreverei aqui textos sobre pessoas que trouxeram grande contribuição para o jogo e têm menos reconhecimento do que deveriam, como pude aprender nas dezenas de livros que li (os 200 citados na Carta do Editor na página seis foram um pequeno exagero. Na verdade, até o momento eu li um pouco menos de 60 livros de poker). Nesta primeira coluna vou tratar dos bastidores dos torneios de poker. Toda vez que um jogador vai encarar um BSOP em Caldas Novas, a 168 km de Goiânia, ele sai de casa para ganhar. Ponto. Ele sai para cravar o torneio e levar o belo troféu verde e amarelo para a casa. O fato é que desconsideradas as diferenças técnicas entre os participantes, a chance de o jogador mediano cravar o torneio é inferior
a meio por cento e a chance dele chegar ao dia final do evento é menor que trinta por cento, o que nos leva ao segundo motivo pelo qual qualquer jogador sai de casa para jogar um evento de grande porte: a convivência. Os jogadores de poker em geral são pessoas interessantes, engraçadas, rápidas e muito divertidas, qualidades proporcionadas pela necessidade de se tomar decisões em segundos e pelo fato de trabalharem sem horários e sem chefe. No exemplo acima eu utilizei a etapa de Caldas Novas por acreditar que campeonatos em cidades menores permitem maior interação entre os jogadores após a eliminação no torneio, proporcionando momentos inesquecíveis e muito engraçados. Em geral, o que ocorre nestes torneios à medida que as eliminações vão ocorrendo é a formação de mesas gigantescas nos bares e hotéis locais, aonde os jogadores vão beber sem se preocupar em acordar bem para jogar no dia seguinte. Eles vão rir de suas próprias desventuras e erros no torneio e também jogar os jogos paralelos, muitas vezes inventados na hora com os recursos disponíveis no momento, sejam eles baralhos, dados ou cartões de crédito. A brincadeira mais tradicional nestes casos é a roleta de cartões de crédito. A brincadeira foi criada pelos jogadores americanos e consiste em colocar os cartões de
todos os jogadores em um boné e ir sorteando um por um até que fique o último, que passa a ser o responsável pela conta de todos. Claro que acordos são sempre possíveis quando restam apenas três ou quatro cartões no boné e os jogadores se veem em risco de pagar uma conta monstruosa. Outra brincadeira criada no BSOP do Rio no Hotel Windsor em 2010 é o Dado Low. Neste jogo todos os jogadores contribuem com uma quantia e jogam dois dados, e o jogador que tira a maior soma vai sendo eliminado até que sobrem dois jogadores, que disputam o heads up no formato melhor de três para decidir quem fica com o pote. Geralmente o dinheiro ganho é utilizado para pagar a conta do bar, mas o jogo é altamente disputado e muito divertido. Naturalmente, com mentes tão férteis como as dos jogadores, a cada evento são incluídos novos jogos na lista, como Dominó de baralho, Duvido, Omaha com dados e até campeonatos de par ou ímpar, única modalidade que o fenômeno dos jogos paralelos Stetson Fraiha se recusa a disputar. Enfim, sempre que for a um evento de poker, vá com o coração aberto e uns trocados a mais, porque o que se paga para aprender as novas modalidades é muito pouco em relação à diversão proporcionada. E você não acha que vai ganhar da malandragem na modalidade que acabou de aprender, acha?
bastidores de torneios por Guilherme Kalil
Guilherme Kalil (@guikalil) é apresentador do Pokercast da Bluff Brasil. www.pokercast.com.br 70
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Kirk Douglas,
poker e a boa vida Sou entusiasta convicto da boa vida.
A
por Guilherme Valadares
A filosofia do poker se alinha com o que tenho a dizer, chamado PapodeHomem. Uma revista online formada acredito. Começo com uma pequena história. por um grupo de caras espalhados pelo mundo, com gosto pela boa vida, por descobertas, aventuras, ideias, No Oscar deste ano, tivemos uma bela aula com Kirk obstáculos, projetos e conquistas, sem frescuras. Uma Douglas. Esse velho safado de 94 anos roubou a cena. O ex-astro de Hollywood, filho de imigrantes, que já passou Lifestyle Magazine para homens que não se contentam fome, lutou na Segunda Guerra e foi pra cama com todas com pouco. as musas de nossos pais ainda transborda testosterona. Estar sentando sozinho numa sexta-feira de Carnaval Com dificuldade para falar em virtude do derrame finalizando este texto para a Bluff, ao lado de meu copo sofrido na década passada, flertou com Anne Hathaway, de whisky cowboy, sem desejar estar em qualquer outro fez piadas com Hugh Jackman, Colin Firth, consigo lugar, é um mesmo e finalizou dando um belíssimo “encoxa” na pequeno ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, após exercício ele mesmo entregar o prêmio. dessa boa vida. Douglas foi indicado por três vezes ao longo de sua vida, mas nunca levou a estatueta. E não parecia dar a Esta menor importância ao fato. coluna terá, Tal presença masculina me orgulha. Porém, algo não a cada mês, cheira bem no reino da Dinamarca nos dias de hoje. a presença de nossos A quantidade de homens mais perdidos do que pinguins em tiroteios, sem direcionamento, incapazes melhores de assumir suas escolhas na vida, é assombrosa. E autores. No PdH, por sua neste ponto, creio, minha filosofia se aproxima à do poker. vez, vocês O poker, enquanto esporte, é feito de uma capacidade vão encontrar analítica capaz de se converter em decisões precisas que a coluna nos levem rumo a um objetivo claro. Seja ele levar o pote Poker & Life assinada pela Bluff. O artigo de estreia de R$ 50 na mesa dos amigos ou de US$ 500.000 no foi um belíssimo texto de Guilherme Kalil sobre tells, Bellagio – me corrijam caso eu esteja errado, sou amador expressões corporais e táticas para o carteado eficiente. nesse território. Nossos leitores serão apresentados ao incrível mundo do Repare na beleza da coisa. Você recebe as cartas, poker. Com vocês, temos a compartilhar o gosto por boas analisa o contexto, opta por um caminho, age e avança. histórias. Um brinde! Lida com ótimas mãos e com outras pavorosas. Ponto. Guilherme Nascimento Valadares é o criador do Papo de Homem. Jogadores medrosos são cortados por Darwin. Valoriza os bons amigos, boas cervejas e o trabalho. Baixa tolerância a Agora amarro as pontas. papo furado e idiotas. Há quatro anos fundei e tenho escrito em um local
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Poker COMO um
esporte Parte 1
U POR Travis Steffen
Um esporte? Fala sério. Poker é um jogo, simples assim. Esta é uma das respostas mais comuns que tenho recebido de jogadores que escutam meu conceito de “Poker como um esporte”, descrito em meu livro, Peak Performance Poker. Na verdade, não importa se você vê ou não o poker como um esporte. Poker é o que é – independentemente de como você o chama. Dito isso, lidar com o poker de forma mais abrangente, com foco e determinação, como um atleta profissional encara seu esporte, é uma das abordagens mais fortes que se pode ter. Isto, é claro, se você quiser melhorar seu jogo e obter uma vantagem sobre seus oponentes. Como em qualquer jornada, a caminhada para mudar sua relação com o poker começa no começo. Gaste um minuto para perguntar a si mesmo estas duas perguntas: Quero me tornar o melhor jogador de poker possível? Estou realmente fazendo tudo que é necessário para me tornar o melhor jogador de poker possível? Para a maior parte das pessoas, a resposta para a primeira pergunta é normalmente um sim bastante seguro. Entretanto, na maior parte das vezes, a resposta para a segunda pergunta é um pouco mais incerta. Eu lhe pouparei o trabalho de pensar sobre a resposta para a segunda questão dizendo que existem pouquíssimos jogadores no mundo que podem sinceramente responder sim. De certa forma, você acabou de dar um grande passo em direção a se tornar um jogador melhor de poker ao reconhecer que você tem um longo caminho a seguir. Então, o que vem agora? Resumidamente, devemos analisar onde suas fraquezas se encontram. É provável que existam algumas que você nem esteja ciente de que podem ser corrigidas imediatamente. Pegue um pedaço de papel agora mesmo e escreva TUDO que poderia afetar seu jogo – tanto no curto quanto no longo prazo. Pegou? Ótimo! Agora dê uma olhada na minha lista:
OK! Você pode fazer dinheiro no poker e ainda assim deixar de lado alguns destes aspectos, mas você nunca será o melhor jogador possível se não der a devida atenção a uma ou mais destas áreas.
Jogar na mesa Estudar o jogo Estudar os oponentes Selecionar jogos Gerenciamento de banca Dieta Exercícios Descansar Vida social Balancear atividades dentro e fora do poker Gerenciamento de estresse Comprometimento e motivação Barreiras psicológicas Técnicas psicológicas Metas para o futuro Gerenciamento de tempo Gerenciamento de riqueza Controle fisiológico, psicológico e emocional
Como ficou sua lista comparada à minha? É provável que os primeiros cinco itens tenham sido parecidos, mas provavelmente você se esqueceu
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Travis Steffen é um jogador de poker, treinador, empreendedor e consultor mental. Seu livro mais recente, Peak Performance Poker – Revolutionizing the Way You View the Game, já está à venda. Você pode entrar em contato com Travis através de seu site: http://www.workoutbox.com/.
de uma porção considerável do resto. Não se preocupe – nós acabamos de identificar uma de suas fraquezas! Não se conscientizar de quantas coisas podem afetar seu poker é, em minha opinião, um dos maiores problemas que você pode ter em seu jogo. Não importa se você o vê como jogo ou esporte, o poker na verdade engloba tudo. Não entenda errado, você pode fazer dinheiro no poker e ainda assim deixar de lado alguns destes aspectos, mas você nunca será o melhor jogador possível se não der a devida atenção a uma ou mais destas áreas. Em meu próximo texto, irei começar a ensinar como você pode otimizar seu jogo corrigindo erros que possa estar cometendo fora da mesa. Depois de cada um deles, você deve estar um passo mais perto de atingir uma performance com seu próprio nível de ponta no poker.
No dia 29 de maio de 2010, o poker foi reconhecido pela International Mind Sports Association (IMSA) como um esporte da mente. Esta importante conquista foi alcançada graças a um grande esforço da International Federation of Poker, presidida por Antony Holden, que trabalhou lado a lado com as federações brasileira, russa, dinamarquesa, francesa, holandesa, ucraniana e do Reino Unido. Com o reconhecimento, o poker se torna parte das Olimpíadas de Esportes da Mente da IMSA, que ocorrerá paralelamente aos jogos olímpicos de 2012, em Londres.
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WISDOM... xxxxxxxxxxxx
Quando a Bluff me convidou para escrever um artigo para eles, eu fui um pouco relutante. Estou longe de ser uma expert ou uma autoridade em alguma coisa. Tenho noção de minhas deficiências (e de minhas poucas qualidades) e ainda estou aprendendo várias coisas todos os dias, não somente sobre poker, mas também sobre mim mesma. Metade das vezes em que eu penso estar perto de dominar um conceito, na realidade estou simplesmente arranhando a superfície deste complexo jogo, e é isso o que faz o poker ser tão fascinante e ao mesmo tempo tão humilhante. É um processo crescente que ocorre entre você e seu jogo, e é o que deve ser observado atentamente e honestamente para se chegar a algum lugar... saber onde se quer chegar também é importante. Entretanto, quando a Bluff me disse que o artigo era para discutir o move up, eu percebi que eu tinha algo a oferecer. Minha jornada como jogadora profissional de poker tem
gamão (que eu jogava competitivamente) veio me visitar depois que fiz uma cirurgia no joelho e me falou sobre um site online no qual você joga poker, assim como gamão, valendo dinheiro de verdade. Uma vez que teria que ficar de cama por pelo menos mais duas semanas, eu decidi tentar. Assim, a primeira vez que abri o PokerStars em uma galáxia muito, muito distante chamada 2003, também conhecida como era Moneymaker, fiz meu primeiro depósito de US$ 1.000, o que podemos concordar que é uma das maiores burrices que um iniciante pode fazer. Mas não a coisa MAIS burra, que ainda está por vir. Sem ter a mínima ideia de como o jogo funcionava, a velocidade e a dinâmica de se jogar online, ou mesmo que foldar 6-6 pré-flop era uma opção, eu rapidamente olhei para o lobby e vi uma mesa de “5-10 NLH” e pensei “Beleza!” (obviamente o pensamento de fazer dinheiro com poker não tinha entrado em minha cabeça ainda, e não iria por pelo menos mais três meses). Então, sentei na mesa e em 30 minutos (sendo generosa) tinha perdido cada centavo. Eu estava CHOCADA e sem palavras (uma vez na vida!). Como aquilo podia ter acontecido comigo, e tão rápido? É claro que imediatamente fiz a coisa mais óbvia que uma pessoa nesta situação poderia fazer (sarcasmo), eu depositei mais 1K. Desta vez, levou aproximadamente 24 horas para eu perder tudo. Indignada, liguei para meu amigo para reclamar. Quer dizer, certamente era culpa de alguém, e obviamente não era minha! Eu discursei sobre o quanto isso era uma perda de dinheiro, que ele estava me sacaneando, e “Por que você me mostrou esse poker online? Agora eu só penso nisso. Você arruinou minha vida!” Ele viu que eu precisava de ajuda, veio até mim e explicou sobre gestão de bankroll, sit and gos, mesas de limites mais baixos, e até me explicou sobre o Limit Hold’em (há, até parece!). Aquilo soou como um bando de besteira, mas eu POR Maridu Mayrinck decidi ouvir e seguir seus conselhos. Foi, obviamente, terrível. Aqui estava eu, certa de que deveria sido turbulenta nos melhores começar jogando nos limites mais altos (afinal, é onde eu jogava gamão), momentos e tumultuada mas ao invés disso estava esperando sit and gos de 5 dólares encherem para nos piores. Através de muita talvez ganhar o quê, 15 dólares? Por que alguém faria aquilo? Me parecia tentativa, erro, e muito esforço, pura tortura. Claro que ele me explicou sobre volume, sobre +EV, stacks de push/fold, jogo na bolha, equidade, ICM, e um bando de outras coisas chatas eu mudei de uma apostadora que eu tenho certeza que todos vocês ouviram falar e conhecem muito indisciplinada para uma melhor do que eu. Mas acima de tudo ele me explicou que eu não deveria profissional focada capaz jogar pelo dinheiro no começo, mas muito mais pelo meu nível (péssimo) de gerenciar um bankroll de jogo e o quanto eu poderia me forçar nestes limites baixos de sit and e reconhecer não somente minhas forças e fraquezas, mas gos e mesas de cash games para tentar juntar o maior número de mesas, também as de meus oponentes. ao mesmo tempo, que eu conseguisse, para atingir um ponto no qual eu realmente me sentisse confortável. Confortável não somente com o jogo de Penso que dividindo um pouco outras pessoas, mas acima de tudo, com meu jogo e com a quantidade de da minha história e algumas dinheiro entrando/saindo, e que esta quantia NUNCA (repita *NUNCA* coisas que aprendi ao longo 30 vezes) deveria ser superior a 10% do bankroll que iríamos estabelecer destes anos, quem sabe, talvez pra mim no começo, e esta seria a coisa que eu mais teria que respeitar. você possa extrair uma ou “Esqueça que você tem um cartão de crédito quando se trata de poker, finja duas coisas que o ajudem a que isto é tudo que você tem no mundo e trabalhe com o que você tem.” É melhorar seu gerenciamento assustador, mas funcionou. de bankroll e seleção de jogo/ A verdade é que o único modo de se fazer um move up e se tornar um limite de forma a se tornar jogador melhor e mais lucrativo é se mover devagar enquanto trabalha com mais lucrativo em sua jornada muita disciplina e estudo, tendo um infinito respeito por seu bankroll e seu no poker. Afinal, não estamos completamente prontos ainda. jogo, sabendo onde você está, e também, onde você quer chegar. Uma vez Pelo menos eu não. que você começar a se sentir confortável com o limite atual (não importa A razão pela qual me sinto qual seja), você pode começar a virar os olhos para cima, e para cima não confortável falando sobre move up é o fato de minha história ter sido o necessariamente significa jogar limites maiores; pode ser jogar mais mesas, completo oposto das histórias de Cinderela que ouvimos frequentemente. pode ser adicionando diferentes jogadas ao seu jogo normalmente sólido, Você as conhece, as quais acredito serem mitos urbanos, assim como a pode ser enfrentando oponentes que você considera superiores e muito bons, mula-sem-cabeça, “Eu depositei 5 dólares e nunca olhei para trás e hoje realmente qualquer coisa que se mostre um desafio que você sente que será tenho um bilhão de dólares e uso sapatos de ouro” ou “Eu ganhei um freeroll capaz de sobrepor e do qual sairá mais forte uma vez que tiver atravessado e aqui estou, rei do mundo, prazer em te conhecer, espero que você adivinhe para o outro lado. Você sabia que antes de Picasso ir para o cubismo ele meu nome”; histórias que fazem você dizer, “Wow, parabéns!” enquanto por pintou as mesmas pinturas clássicas mais de 7.000 vezes? É o mesmo com dentro você pensa “Deus, eu te odeio!”. Minha história não tem nada disso. o poker. Você deve se familiarizar com a situação a ponto de quando ela Eu comecei totalmente errado, assim como esta frase. Um amigo meu do se apresentar para você pela 7.000ª vez, a resposta seja tão natural quanto
Jogando Limites Mais Altos:
Estamos Realmente Prontos?
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respirar, algo que você não deve pensar a respeito, simplesmente acontece. Mas antes de realmente jogar nos limites mais altos, você deve gastar uma quantidade considerável de tempo observando os jogos em que gostaria de jogar. Os jogadores são mais agressivos? Mais tight? Mais loose? Existem, em média, mais regulares nas mesas? Quantas mesas eles estão jogando ao mesmo tempo? Por quanto tempo eles geralmente jogam uma sessão? Você deve observar bons jogadores e ver como eles jogam em posição e fora de posição. Eu sei que isso tudo é meio maçante, mas é importante para sua própria confiança na hora de fazer um move up. Eu realmente apliquei tudo isso ao meu jogo e depois de uns bons seis meses perdendo, mas com estudo sério e dedicação (eu li todos os livros, assisti a todos os sites de treinamento, tive um coach, meu empenho era inquestionável, e está tudo no trabalho que você faz quando ninguém está assistindo), eu realmente comecei a ficar break even e isto por si só era uma grande conquista. Meus arquivos Excel eram impecáveis e a perspectiva de ficar break even me deu forças para um dia (quem sabe, uma garota pode sonhar) me tornar lucrativa! Eu me tornei praticamente uma grinder de sit and go, e estava jogando em média 60 a 70 sngs por dia. Devagar, mas certamente comecei a ver os números aparecerem, em volume, em lucro, em horas; aquilo me fez trabalhar ainda mais seriamente, e eu vagarosamente comecei a escalar os limites, subi para os sit and gos de 10 dólares, depois para os de 20, e assim por diante até que, um dia, eu havia atingido a meta que coloquei para mim mesma para aquele ano e me senti exultante, realmente inspirada, e é algo para o qual olho para trás com muito orgulho e sempre tento repetir. Claro que isso tomou muito tempo (estou falando de tempo de internet, que todos sabem que é igual a anos de cachorro comparados ao tempo da vida real), mais de dois anos, para finalmente me tornar lucrativa e me sentir confortável o suficiente para saber onde eu precisava trabalhar, e como eu poderia começar a fazer move ups para finalmente atingir os maiores limites, e o mais importante, o lucro que eu estava realmente almejando. Quero dizer, podemos ficar filosofando e discutindo o que é ou não é, mas no final poker não diz respeito a seu ego, não é sobre medidas, não é sobre brilho ou nada que possa desviar seu foco – poker se resume ao lucro, e é isso o que todos deveriam estar procurando. Todas as outras coisas são consequências do seu lucro (e quão grande ele é, se você realmente quiser “medir as coisas”). É inegável que uma das melhores formas de aumentar seu lucro é a seleção de jogos, ou o processo de identificar jogos nos quais você terá uma expectativa positiva. Grande parte disso é ser realmente observador, analisando suas jogadas e sendo honesto consigo mesmo sobre onde você está, e observando seus oponentes, buscando falhas, e desenvolvendo estratégias para atacar estes erros. Se você jogar com o mesmo grupo de jogadores por um tempo e não puder rapidamente listar alguns erros que eles cometem (ou que você comete) e as ações que você está fazendo se aproveitar dos erros deles, deve ser a hora de encontrar um jogo melhor. Não necessariamente tem que ser um limite diferente, mas estas são coisas que você deveria ser capaz de listar de forma a ser tornar lucrativo em qualquer jogo. Se você for capaz de remover o ego e sempre jogar em bons jogos, você verá que sua taxa de vitória irá aumentar drasticamente se estiver realmente observando seus oponentes e a si mesmo. Não me entenda mal, jogar contra oponentes
habilidosos é uma ótima forma de melhorar e afiar suas habilidades. Entretanto, você deve dedicar tempo para isso quando estiver realmente focado e jogando menos mesas que a quantidade usual, pois estas sessões com jogadores melhores terão seu preço. Quando finalmente se sentir pronto para experimentar, lembre-se de que você estará saindo de sua zona de conforto, devendo, então, preparar tudo que está sob seu controle para que se sinta mais confortável. Feche todas as mesas ou cancele o registro em todos os jogos exceto o que apresenta o limite superior. Defina uma quantidade de perdas máxima e garanta que seja uma quantia confortável que não afetará seu emocional se você perder. Defina também um tempo. Eu trabalho bem com cronogramas e eu sei que, quando começo a me sentir cansada, isso se reflete no meu jogo. Acredito que disciplina é liberdade, então quando decido que vou jogar 8 horas, eu realmente termino depois de 8 horas (salvas as exceções quando o jogo está excessivamente leve ou bom), mas geralmente eu tento respeitar meus próprios limites e os objetivos que defini. Esta também é uma forma de adicionar disciplina e um cronograma à vida de um jogador de poker, a qual pode ficar bem bagunçada no quesito gerenciamento de tempo (quero dizer, trabalhamos quando queremos), então este tipo de comprometimento programado, com metas e limites, irá ajudá-lo a manter o foco e suas sessões à risca. Você não quer terminar uma sessão e se sentir irritado, triste ou culpado depois de ter feito boas decisões em um bom jogo, não importando os lucros ou perdas desta. E, também, não se sentir orgulhoso demais para admitir quando seu jogo está um pouco enferrujado (todos passamos por isso, estou passando por isso agora mesmo!) e precisa ser trabalhado, ou talvez até mesmo descer para limites inferiores até que você se sinta preparado novamente. Este número é diferente para todos, alguns têm aversão a diminuir os limites depois de ter atingido um nível em particular. Não se torne esta pessoa! Quanto mais disposto você estiver para grindar os limites inferiores, nos quais você é comprovadamente ganhador, menor será a probabilidade de você quebrar ou terminar uma sessão querendo brigar com qualquer um que passar do seu lado. Gostaria que existisse uma fórmula mágica que eu pudesse dar a você (sesmo que eu não fizesse isto, pois eu provavelmente venderia para tirar algum lucro), mas a verdade é que não existe. Qualquer coisa que você deseja fazer bem na vida, seja o poker ou qualquer que seja seu objetivo no momento,
Quanto mais disposto você estiver a grindar os limites inferiores, nos quais você é comprovadamente ganhador, menor será a probabilidade de você quebrar ou terminar uma sessão querendo brigar com qualquer um que passar do seu lado.
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virá de trabalho pesado, disciplina, foco, metas e equilíbrio. Esqueça as histórias de Cinderela ou estradas de tijolos amarelos, pois se era com isso que você estava contando para melhorar seu jogo, ficar mais lucrativo, e fazer os move ups, esqueça, é mais fácil darmos de cara com a mula-semcabeça do que com a Fada Madrinha. Definitivamente não estamos prontos ainda. Boa sorte a todos. Maridu (Team PokerStars Pro - Brazil) * Texto publicado originalmente na revista Bluff norte-americana.
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O brasileiro nunca viajou tanto quanto nos últimos anos. Tudo começou lá atrás, com o Plano Real, que a partir de 1995 promoveu a estabilidade da moeda e facilitou a vida de quem sonhava em viajar para o exterior, mas se via impedido pela altíssima cotação do dólar. Quem pegou o período do real valendo mais que o dólar sabe do que estou falando e lembra como era bom viajar, principalmente para os Estados Unidos. O nosso “complexo vira-lata”, como cunhou Nelson Rodrigues, se esvaía diante da quantidade de coisas que podíamos comprar. De lá pra cá, com o real se mantendo forte perante o dólar e o euro, salvo uma crise aqui ou acolá, uma parcela maior da população passa a ter acesso ao turismo nacional, enquanto a classe média considera Paris, Orlando e Las Vegas as bolas da vez. Nunca se expediu tanto passaporte nem se deu tanto visto na embaixada
Mariel Macedo, é empresário na área do turismo, colunista da revista Bluff Brasil e parceiro comercial dos principais torneios do Brasil. mariel@revistabluffbrasil.com @pokerviagens
UM
Novo
tempo por Mariel Macedo
americana. Hoje é comum ouvir uma pessoa na rua dizer que passou o fim de semana em Buenos Aires e que para o réveillon está em dúvida entre Nova York e Londres. E com o jogador de poker não poderia ser diferente. Devido ao crescimento do nosso esporte, o turismo direcionado para jogadores também obteve um crescimento espetacular. Até 2008 o número de brasileiros que iam para Vegas não chegava à metade dos que foram no ano passado. A expectativa para este ano passa da casa de 300 jogadores de todas as partes do país que irão para lá disputar os principais torneios no mês de junho (WSOP, Deep Stack, Wynn Classic, entre outros). O turismo nacional no segmento de poker está em franco crescimento, com novos jogadores viajando todos os dias para disputar não só os campeonatos regionais, mas os nacionais e latino-americanos, motivados principalmente por torneios com estruturas cada vez melhores e constantes quebras de recordes em número de participantes. Para se ter uma ideia, no BSOP (Brazilian Series of Poker) em 2010, mais de 65% dos jogadores eram vindos de outras cidades. Levando em consideração que a média foi de 600 participantes por etapa, estamos falando de um público de aproximadamente 400 jogadores que utilizavam os serviços de turismo e que, muitas vezes, levavam esposa e filhos, sem contar a equipe de staff, dealers, etc. Vendo isto, as companhias aéreas estão se movimentando para atender
a esta nova demanda. A Pluna Linhas Aéreas Uruguaias, por exemplo, está desenvolvendo um projeto para dar benefícios para os jogadores de poker; a World Plus Seguro Viagem também já se adiantou e está preparando um seguro especial para eles. A movimentação do mercado de turismo em um torneio de poker vai muito além de passagem aérea e hospedagem. Os torneios de poker movimentam também restaurantes próximos ao evento, o comércio local e as empresas de traslado, que transportam os jogadores do aeroporto até o local do evento ou de sua hospedagem. É comum vermos hotéis com vagas esgotadas no entorno dos eventos dias antes de seu início. A temporada 2011 está apenas começando, teremos ainda grandes torneios em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Viña del Mar, Punta del Este, WSOP em Las Vegas, entre outros, sem contar os torneios europeus, que atraem a cada dia mais brasileiros para países como França, Espanha, Alemanha, Inglaterra, etc. Para você que planeja viajar este ano, esta coluna terá um cardápio variado de destinos, destacando as principais dicas e a melhor forma de adquirir seu pacote de viagens para os torneios e também para sua viagem de lazer com sua família. Iremos mostrar que às vezes o barato pode sair caro, falaremos sobre como uma agência de viagens especializada pode facilitar sua viagem, sobre os principais roteiros de poker no Brasil e muito mais. BLUFF • MARÇO 2011
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Para a maioria das pessoas, em momentos bem preliminares do estudo de No Limit Texas Hold’em, é muito evidente a existência de diversos estilos diferentes de jogo pré-flop que podem ser aplicados com sucesso pelo jogador. Os melhores jogadores normalmente são capazes de manipular a porcentagem das mãos que jogam pré-flop baseando-se na dinâmica geral da mesa e facilmente determinam o melhor estilo de jogo pré-flop a ser utilizado em qualquer mesa. Um bom jogo pré-flop é algo que a maioria dos jogadores profissionais é capaz de executar sem falhas; onde muitos destes profissionais normalmente pecam, entretanto, é em ajustar seu jogo pós-flop com base na porcentagem de mãos que eles decidem jogar. Parece intuitivo que se você está fazendo mudanças drásticas em seu plano de jogo pré-flop, você também deveria ajustar seu estilo de jogo pós-flop, porém mesmo a maioria dos melhores jogadores faz poucos ou nenhum ajuste pós-flop. Pelo contrário, a maioria tende a ter somente um plano básico de pósflop e o utilizam independentemente de seus ajustes pré-flop. Para simplificar, vamos analisar dois estilos básicos diferentes de jogo pré-flop que a maioria das pessoas usam, tight aggressive e loose aggressive, e comparar os ajustes que deveriam ser feitos pós-flop baseado nestes estilos. Jogando Tight Aggressive Um estilo de jogo tight aggressive pré-flop é utilizado por muitos profissionais como seu estilo “padrão”. Basicamente, é o que o nome já diz, nada sexy, simplesmente jogar boas ou ótimas mãos, que têm grande valor absoluto e tendem ser as melhores no showdown grande parte das vezes. Mas o que isso significa para o jogo pós-flop? Na verdade, é bem simples: quando se está jogando extremamente tight pré-flop, você deve ser praticamente um maníaco pós-flop. Por quê? Porque você normalmente tem a melhor mão! Se você entrou na mão com um par alto ou um Ás alto, na maioria das vezes você terá uma mão muito forte até o river. Seus oponentes mais atentos sabem disso e lhe darão muito crédito na maior parte das vezes, provavelmente quase todas as vezes. Um modo de extrair um grande lucro quando você joga um range de mãos tight, que incluem em sua maioria mãos com valor, é atirar uma continuation bet em uma porcentagem grande das vezes e atirar barris múltiplos tanto com o fundo quanto com o topo do seu range de mãos. Só porque você não está jogando muitas mãos pré-flop, não POR Amit Makhija significa que você está jogando com medo! Existem muitos jogadores de highstakes extremamente bem-sucedidos que as pessoas acham que são “ultraconservadores”, mas que, na verdade, conseguem escapar com blefes enormes depois do flop, as pessoas só não sabem disso! A razão pela qual as pessoas que jogam num estilo tight pré-flop geralmente ganham uma má reputação no mundo do poker é que normalmente elas estão simplesmente jogando errado. Se você vai jogar tight, você tem que estar disposto a jogar de forma extremamente agressiva e atirar alguns grandes blefes; é impressionante quantas fichas você é capaz de ganhar sem mostrar uma única mão. Jogar tight no pré-flop pode ser simples, efetivo e extremamente lucrativo se você tem uma boa noção de como jogar bem esse range de mãos depois do flop.
Escolhendo
seu estilo Agressão pós-flop em relação ao estilo de jogo pré-flop
Jogando Loose Aggressive Este é certamente o estilo sexy de jogo nos dias de hoje. Todos amam um bom jogador loose aggressive, eles são divertidos de se assistir, corajosos, ousados, imaginativos e criativos. É incrível ver o Tom Dwan abrir com 52s no UTG, encontrar um modo de colocar para dentro US$ 200K e fazer tudo isso funcionar a seu favor. Também é fascinante quando Phil Ivey faz manobras com cartas que a maioria não acharia adequadas nem para serem usadas como papel higiênico. O fato é que a maioria das pessoas que tentam praticar estes estilos podem também estar queimando seu dinheiro. Esta estratégia pré-flop requer muita habilidade depois do flop, por colocar jogadores em situações muito marginais pós-flop, que geralmente requerem níveis muito altos de leitura de mãos combinados a um controle criativo dos tamanhos de apostas para se achar uma linha lucrativa. Dito isso, existem alguns ajustes que irão ajudar as pessoas a aplicar o estilo loose aggressive de forma lucrativa. Um ajuste que funciona bem para jogadores que estão tentando esta estratégia é dar check behind em muitos flops. Se você assistir ao High Stakes Poker, verá Tom Dwan dando check em muito mais flops e continuation bets muito menos vezes que seus oponentes mais tight. Isso é importante pelo simples fato de que você irá errar completamente a maioria dos os flops se você estiver jogando quaisquer duas cartas do mesmo naipe e várias mãos especulativas aleatórias. Quando se está jogando contra jogadores atentos, eles sabem
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Blefar é, definitivamente, a chave para ser um jogador loose aggressive bemsucedido. É óbvio que você não ganha potes no showdown com muita frequência quando está jogando algumas das mãos mais feias do baralho regularmente.
disso e não irão dar folds conservadores contra você, e você também irá achar pessoas dando call em você com mãos tão ruins quanto um Ás de carta alta. Ou pior, as pessoas que perceberem que você está envolvido em toda mão, e dando continuation bet frequentemente, irão notar essa inconsistência e procurar dar raise blefando no flop com quaisquer duas cartas! Para balancear este estilo, você precisará dar check no flop com algumas boas, mas não ótimas, mãos que você daria check pra controle de pote, algumas de suas piores mãos e alguns de seus monstros. É difícil jogar contra um bom jogador loose aggressive que entende sua imagem e permanece bem balanceado. Dar muitas continuation bets é uma grande falha de jogadores loose aggressive amadores por serem facilmente explorados e ser muito difícil comandar a quantidade suficiente de respeito para tornar a jogada lucrativa quando você já mostrou mãos marginais muitas vezes. Outro ajuste que é importante ser feito é aplicar o máximo de pressão nas situações em que você tem boas mãos e nas que você decide blefar. Quando você acertou mãos de valor, é importante tentar maximizar seu valor. Você não deve fazer controle de pote com tanta frequência quanto seus oponentes tight, pois as pessoas irão simplesmente dar call muito mais light em você. Você também deve tornar suas apostas maiores, pois normalmente terá mãos fracas, sendo ruim para seu range de mãos dar a seus oponentes pot odds favoráveis muitas vezes. É importante não jogar com muito medo; você se verá apostando por valor com a pior mão algumas vezes, mas no longo prazo sua imagem irá funcionar a seu favor e as pessoas o pagarão muito light. Blefar é, definitivamente, a chave para ser um jogador loose aggressive bem-sucedido. É óbvio que você não ganha potes no showdown com muita frequência quando está jogando algumas das mãos mais feias do baralho regularmente. Quando se está blefando é importante que você jogue suas mãos da mesma forma que joga por valor. Em situações nas quais o range de seus oponentes é mais fraco que a média e você sente que eles estão tentando chegar ao showdown com uma mão decente, mas não ótima, você deve ser sempre criativo para convencê-los a dar fold. Isso pode precisar de manobras bem complicadas, incluindo desde dar um overbet no pote no river até aplicar um extravagante checkraise no river (você deve fazê-los por valor algumas vezes, assim como por blefe), pois geralmente simplesmente atirar três barris será jogar fichas fora com essa imagem loose. A maioria das pessoas que tentam jogar um estilo loose aggressive pré-flop não fazem os ajustes pósflop necessários para que tal estratégia funcione. Estes ajustes discutidos devem tirar algumas falhas do jogador loose aggressive mediano, mas a beleza deste jogo está em você poder escrever livros inteiros nos meandros deste estilo e nem chegar perto de cobrir tudo.
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Tabloide do Poker Fundado em 1958 dentro de um barco por dois lokes e um traíra Editor-Chefe: Chapazapata
Mineiro Chileno crava o LAPT!
DENTRO DO BURACO, CHILE - O mineiro chileno
Alex Manzano cravou o LAPT São Paulo. De forma impressionante, bateu 538 jogadores, a torcida do Brasil e o alto preço da cerveja e dos alimentos praticado no local do evento. Perguntado sobre o título, ele disse: - Foi fácil! – Vocês não sabem o que é ficar preso na mina com um bando de macho, muitas vezes com crises de flatulência ou mesmo cantarolando músicas de Malu Magallanes para distrair. Alex ainda confidenciaria que na mina não sentiu falta de minas porque afinal de contas as chilenas não são as mulheres mais lindas do mundo, tirando aquela uma que se deitou com o extraficante de armas argentino Carlitos “Costeleta” Menem. Alex afirmou que não vai pagar a promessa de atravessar o deserto do Atacama de joelhos, já que ao encontrar o apresentador Amaury Júnior na balada do hotel já teria sofrido o bastante. O Tablóide do Poker felicita Alex, mas felicita mais você que se preparou para jogar o LAPT, juntou dinheirinho, jogou todos os eventos e viu sua mulher ir bem no Ladies Event e lhe dizer que você precisa estudar mais...
Manzano celebrando: Agora sim saí do buraco!
Sérgio Penha é Pai de Gus Hansen
ITU, Dinamarca - Em novembro de 2010 a presença
de Gus Hansen no Brasil causou furor entre os góticos. O frio jogador dinamarquês, entre o BSOP e alguns velórios em que marcou presença, confessou que veio ao Brasil em busca do seu pai, Sérgio Penha, conhecidíssimo grinder da Terra Brasilis e também apelidado de Zumbi. Gus confessou estar muito feliz em poder conhecer seu irmão, o grande jogador baiano Cláudio Já Morreu Ramos. Conta-se que os três estiveram numa pouco animada confraternização na funerária de um primo! O Tablóide não é programa do Gugu, nem Linha Direta, mas faz essas bobagens também!
Quem é mais xingado: Mãe de Árbitro de Futebol ou Mãe de Dealer?
Mulher vence Contadores de o Ladies Event Paradas exigem do LAPT mais respeito
CAMPINAS - Na nossa Topstória de hoje, uma verdade que incomoda a todos os supostos machões do poker: A vitória de uma mulher no Ladies Event do LAPT. Edinanci Silva, Maria Gadu, Ana Carolina e Sua Sogra não se conformam e irão à justiça contestar o resultado. No mais, parabéns às envolvidas!
Momento Poker Depressão: Na cadeia não existe um só culpado, pois tente achar um cara que se diga perdedor e/ou que jogou mal uma parada que perdeu no poker... siga @pokerdepressao 80
BLUFF • MARÇO 2011
H2OOOO - O jogador Landinho Bad Beat, representante máximo dos Grandes Contadores de Paradas, exige mais respeito com os jogadores que adoram parar o que estão fazendo para parar infelizes seres humanos que por sua vez param o que estão fazendo para ouvir um monte de groselha sobre uma mão mal jogada. Landinho disse: “Esse negócio de cobrar para ouvir bad beats e #nochoro é muito errado. Passamos horas inventando mãos absurdas para ver a cara de tristeza de vocês e ainda querem tomar nosso dinheiro”. Bad Beat ainda complementaria: “Não basta perdermos todo nosso dinheiro jogando e nosso tempo criando teorias, ainda querem nos desrespeitar!” O Tablóide recomenda aos Forrest Gump do pano verde a comunidade GRANDES CONTADORES DE PARADAS no Orkut.
Cada vez que um alguém diz que prefere enfrentar bons jogadores porque eles foldam as paradas ao invés dos Tio de Cash Game que pagam até acertar, Sônia Abrão ganha um ano de vida!
Glossário
A B
ALL-IN: Ato de colocar todas as suas fichas disponíveis em jogo durante uma mão. ANTE: Valor obrigatório que deve ser colocado por todos os jogadores antes de receberem as cartas em alguns jogos de poker.
BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes do recebimento das cartas, cujo valor é definido pela posição na mesa e estrutura do jogo. BIG BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes de se receber as cartas em alguns formatos de poker. BORDO: Cartas abertas na mesa que podem ser utilizadas pelos jogadores envolvidos na mão nos jogos de Hold’em e Omaha. BOTÃO: Jogador na posição de dealer, que em geral é o último a agir na mão. BUY-IN: Valor mínimo necessário para se entrar num jogo ou valor de entrada num torneio.
C D F H K M P R S
CARTAS COMUNITÁRIAS: O mesmo que bordo. CRAVAR: Ficar em primeiro lugar em um torneio de poker. CHECK: O mesmo que dar mesa. CHECK-RAISE: Abrir mão do direito de apostar em uma mão, e efetuar um aumento quando o oponente apostar.
DAR MESA: Abrir mão do direito de apostar em uma mão. DRAW: Jogos cuja estrutura permite que o jogador troque suas cartas. Em jogos Single Draw a troca só pode ser feita uma vez. Em jogos Triple Draw pode-se trocar as cartas 3 vezes.
FLOP: Em Hold´em ou Omaha são as três primeiras cartas comunitárias que serão abertas na mesa. FLUSH: Mão de poker que consiste em cinco cartas do mesmo naipe. FOLD: Desistir da mão e abrir mão do pote. FREEROLL: Torneio gratuito. FULL HOUSE: Mão de poker que consiste em uma trinca e um par. HEADS UP: Jogo ou jogada com apenas dois jogadores envolvidos.
KICKER: A carta mais alta não pareada que define o desempate de uma mão de 5 cartas.
Muck: A pilha de descartes ou o ato de descartar uma mão.
I L N
ITM (In the Money): Zona de premiação de um torneio de poker.
LIMIT: Jogo estruturado de forma que o valor das apostas em cada momento é predeterminado. Exemplo: Limit Hold’em. NO-LIMIT: Estrutura de apostas em que o jogador pode apostar todas as fichas que colocou em jogo em uma aposta. NOSEBLEEDS: Jogos no formato cash game de valores altíssimos.
posição: Relação entre o lugar onde o jogador está sentado e o botão. POTE PARALELO: O pote separado que é formado quando um dos jogadores está de all-in.
RAISE: Aumentar uma aposta anterior durante uma mão. RAKE: Valor cobrado pela casa. Em torneios, este valor normalmente é apresentado separadamente do valor do prêmio. Ex.: 300 + 50, sendo 300 reais de premiação e 50 reais de rake. RERAISE: Aumentar o aumento de um jogador. RIVER: Última carta comunitária nos jogos de Hold’em e Omaha. SHOWDOWN: O ato final que determina o vencedor da mão através da exposição de cartas ao término das apostas. SMALL BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes de se receber as cartas em alguns formatos de poker. STACK: Quantidade de fichas que um jogador tem em jogo. SEQUÊNCIA: Mão formada por 5 cartas consecutivas. TURN: Quarta carta comunitária nos jogos de Hold’em e STRAIGHT: O mesmo que sequência. Omaha. STRAIGHT FLUSH: Mão formada por 5 cartas consecutivas do mesmo naipe.
Clubes
T
H2 Club Rua Iguatemi, 236 . Itaim Bibi . São Paulo SP . Telefone 3078-5884 - 3074-0090 Pirata Vilas Texas Rua Prof. Maria José Barone Fernandes, 483/489 . Vila Maria . São Paulo SP . Telefone 7732-0864 K1 Clube Rua Cantagalo, 1.223 (antigo All-In Club) . Tatuapé . São Paulo SP Telefone 7874-7694 – id 24563#165 BLUFF • MARÇO 2011
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Retrato
jogador em momento de reflexão no LAPT São Paulo. Foto: Jorge Maluf www.hynd.com.br
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BLUFF • MARÇO 2011
Caio Pimenta: Red Pro do Full Tilt Poker e colunista da revista Bluff Brasil
A maior revolução na história do poker brasileiro, desde a venda de uma coleção do Harry Potter.
www.bluff.com.br
Copacabana/Poker Viagens Team Nesse mês de Fevereiro o Copacabana Poker, junto com a Poker Viagens, anunciou seu time de profissionais para a temporada de 2011. Foram escolhidos três jogadores de elite do cenário nacional, para integrar nosso time em todas as etapas do BSOP (Brazilian Series of Poker) e em alguns dos maiores torneios da nossa rede (incluindo o €500K Garantidos). Se você ainda não os conhece, conheça agora um pouco mais do nosso time de profissionais:
Andrei Mosman (Porco Espinho)
Idade: 30 anos. Quando começou a jogar: pouco mais de 3 anos. Como conheceu o poker: Na festa de final de ano da empresa dos amigos Furlan, Yakko e Serginho. Maiores Ídolos no Esporte: Akkari Melhores Resultados: (são poucos online e live, passei maior parte do meu tempo nos sits). No live, tive alguns bons resultados: mesa final e semi-final no CPH, mesa final no US$ 80K do Casino Amambay de Ciudad Del Este, mesa semi-final no Madero Cup US$ 1K+R, segundo lugar no Second Chance do BSOP de Caldas Novas. Maior Sonho no poker: Nunca tinha parado pra pensar nisso, tenho mais "micro-sonhos" do que grandes sonhos. Se eu listá-los a galera vai achar alguns clichês e outros um tanto quanto bobos. Pra resumir, eu tenho uma mega lista de micro sonhos / metas. A sua opinião sobre a entrada no Copacabana: A entrada no Copacabana / Poker Viagens Team Pro é a consolidação de um trabalho bem feito. Fico muito feliz por ter sido escolhido como um dos profissionais de uma sala tão séria e competente.
Idade: 20 anos Quando começou a jogar: Comecei a jogar poker há 2 anos Como conheceu o poker: Conheci o poker basicamente pelo ESPN Maiores ídolos no esporte: André Akkari, Ale Gomes, CK, Maridu Melhores resultados (live e online): além de ter tido bons resultados em sng mtt, tive bons resultados em mtt’s. 1º em um regular de $11, 3º buyin in de $55, 1º no 5,5+R e 1º no turbo $8,80. No ano passado joguei o BSOP, de Ctba e a última em SP chegando ITM nas duas ocasiões. Há pouco o 4º lugar do “Ladies Event” do LAPT de São Paulo. Maior sonho no poker: Colocar cada vez mais volume de jogos live e online e continuar evoluindo com estudos (discussões em sessões privadas, fóruns e livros) para me firmar no cenário brasileiro/mundial de poker como profissional bem sucedida. A sua opinião sobre a entrada no Copacabana: Significa realizar um sonho de poder correr o circuito brasileiro de poker sem me preocupar com BR, tendo por trás um forte patrocinador Camila Kons (Camis) que com certeza terá grande participação na realização nos meus sonhos como profissional de poker.
José Irineu (Zé Irineu)
Idade: 31 anos Quando começou a jogar: 2006 Como conheceu o poker: Televisão e posteriormente a famosa matéria da VIP Maiores ídolos no esporte: Michael Jordan, Ayrton Senna e Rogério Ceni, no poker: CK e Igor Federal. Melhores resultados (live e online): Por ser jogador de cash live durante muito tempo, joguei poucos torneios, começando a jogar mesmo ano passado. Da pra destacar o sétimo lugar no CPH e um 17º em um Sunday Majors, além de algumas cravadas em torneios de $11 Maior sonho no poker: Jogar High Stakes HU A sua opinião sobre a entrada no Copacabana: Um casamento perfeito, entrar nesse projeto com duas pessoas que eu convivo diariamente não tem preço. A recepção do Copacabana foi a melhor possível, nos deixou muito a vontade desde o início e a expectativa é grande pra um ano de excelente resultados.
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O Copacabana Poker dá as boas vindas a esse time de elite e deseja muito boa sorte durante o ano de 2011.