NINGUÉM TEVE UM 2011 MELHOR DO QUE EUGENE KATCHALOV. JOGADOR DO ANO BLUFF
Paixão pelo Poker
TABLOIDE DO POKER
POR CHAPAZAPATA
POKER COMO UM ESPORTE
POR TRAVIS STEFFEN
Paixão pelo Poker
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E mais: “ASSASSINATO”, MASTERMINDS, RPT, BSOP.
ISSN 2179-9245
9 772179 924005
FINAIS DE TEMPORADA DO LAPT E DO BPT TRAZEM AO BRASIL GRANDES NOMES DO POKER MUNDIAL
EDIÇÃO: 5 . ANO: 2 . No: 5 - ABRIL/MAIO 2012
GRAND FINALS CARNIVAL POKER FESTIVAL
Carta do Editor
A MELHOR REVISTA SEMESTRAL
DE POKER DO MUNDO.
E
Paixão pelo Poker
CONSELHO EDITORIAL Eduardo Oliveira Guilherme Kalil Marcelo Lanza
Paixão pelo Poker
EDITOR-CHEFE Eduardo Oliveira
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Eu tenho um grande amigo que faz questão de me lembrar semanalmente, em nosso home game, que eu sou editor da: -“ Melhor revista semestral de poker do mundo”. Brincadeiras a parte com ele eu consigo sentar e explicar tudo o que acontece ou deixa de acontecer em nossa luta para fazer a Bluff sair com a regularidade que a gostaríamos. Com nossos outros leitores eu não consigo fazer o mesmo. Mas tenho esse espaço “uma vez por semestre” para poder me desculpar pelo atraso e prometer que em 2012 será diferente e me colocar a disposição para maiores explicações. Neste momento em que “comemoramos” um ano de Black Friday, talvez a maior culpada de nossa inconstância, leio em sites e fóruns especializados sobre a desistência do grupo francês GBT na compra do FTP, dada como certa, e a boataria que se instalou sobre a possível entrada do PokerStars na negociação. Acho que empresarialmente toda a argumentação que está sendo apresentada faz o maior sentido. É mais lucrativo para o PokerStars investir, e colher os frutos, no renascimento do Fulltilt, facilitado inclusive pela credibilidade do próprio Stars, do que enfrentar um concorrente que, dependendo
do tamanho do investimento, pode voltar a fazer sombra no gigante do online. Independente da forma como aconteça a volta do Fulltilt é muito importante para todos nós. O retorno do dinheiro bloqueado com o fechamento do site é peça chave para o desenvolvimento de toda a indústria do poker no mundo e pode significar mudanças importantes para o futuro. Para nós, mídia especializada, a volta pelas mãos do PS não é boa. Toda mídia especializada é mantida pela indústria. A revista de avião e financiada pela Airbus/Boeing a de carro pela VW/Fiat/Chevrolet/Ford, a nossa pelos sites. E, para a nossa saúde, a concorrência entre dois ou mais gigantes sempre nos permitirá ser melhores e menos dependentes, podendo assim desenvolver o nosso trabalho sempre visando o bem da comunidade que, no fim das contas, representamos. Torço com todas as minhas forças para a volta do FTP mas gostaria de vê-lo voltar como segunda força em nosso universo. Boa leitura a todos. Eduardo “roseraplo” Oliveira Editor-Chefe Revista Bluff Brasil @roseraplo
Amúlio Murta
ARTE E DIAGRAMAÇÃO Aurelízia Lemos
TRADUÇÃO E REVISÃO
Felipe de Paulo www.headsuponline.com.br
BLUFF.COM.BR Bluff Brasil
DIRETOR OPERACIONAL MESA FINAL EDITORA Marcelo Lanza
DIRETOR COMERCIAL MESA FINAL EDITORA Guilherme Kalil
COLABORADORES Felipe Mojave Vitor Marques
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Guilherme Kalil guilherme@revistabluffbrasil.com
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D’ARTHY Editora e Gráfica Ltda. Mesa Final Editora Ltda. Av. Francisco Sales, 1.045 Santa Efigênia Belo Horizonte - MG CEP 30150-221 A logomarca e o material traduzido da Bluff Magazine são de propriedade da Bluff Media LLC e licenciados por esta para a Mesa Final Editora Ltda. para uso exclusivo em território brasileiro.
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BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
AS MAIORES BATALHAS DO POKER ACONTECEM NAS MELHORES MESAS.
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na ABRIL/MAIO 2012 • ANO 2 • NO 5
LAPT + BPT
no maior
show da
terra!
POR GUILHERME KALIL FOTOS: CARLOS MONTI/ PokerStars
O PokerStars faz o encerramento das temporadas do LAPT e do BPT em pleno carnaval brasileiro e cria o maior evento de poker já realizado no país.
P
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Pensar diferente sempre foi uma característica dos vencedores, dos revolucionários. E foi exatamente isso que vimos com o lançamento pela AW8 do Masterminds. O projeto foi concebido para ser inovador e, com a chancela de esporte da mente, uma série de palestras e debates e o foco em agradar tanto o público expectador quanto os jogadores participantes, ele com certeza alcançou seu objetivo.
a presença deste que vos escreve, e a presença da mulher no poker. Das palestras as de nomes renomados como André Akkari, Marcos Sketch e Felipe Mojave atraíram os mais experientes no jogo enquanto Vini Marques e Vitor Rangel desenvolveram temas que agradaram aos que estão começando. O main event esteve recheado de grandes nomes do Poker no mundo como os profissionais do Poker Stars André Akkari e Humberto Brenes, membros o Facebook e a escolha do de vários times como o 4 Bet, Akkari Team, Garage “defensor” do carro 0km Team e Steal e dos maiores profissionais do país . Muito antes das cartas correrem pelos feltros Tivemos a presença também de figuras de outras e fichas serem apostadas o evento mobilizou toda praias como o apresentador do Globo Esporte Bruno a comunidade de poker brasileira pelo facebook Laurence, que além de jogar abriu o torneio com para escolher quem defenderia, contra o campeão um belo discurso sobre o poker como esporte em do main event, o carro 0KM que fez parte da franco crescimento no Brasil e do jogador de vôlei, premiação. 5 “Mentes Brilhantes” do poker em campeão olímpico e mundial Rodrigão que mostrou nosso país: Caio Pessagno, João Bauer, Caio competência passando para o segundo dia do evento. A estrutura, muito elogiada por todos os participantes, contou com novidades como BLUFF • MARÇO/ABRIL 2012 de um nivel de blinds ainda a repetição em late e a formação da mesa final a ser disputada por 8 participantes no final de semana seguinte ao evento fazendo com que a habilidade prevalecesse como não poderia Pimenta, Felipe Mojave e Caio Brites tiveram deixar de ser em um evento que celebrava o poker por guilherme kalil seus nomes colocados para eleição e, com uma como esporte da mente. vitória apertada, que teve direito até a promoção Durante todos os intervalos dos torneios atrações valendo prêmios para os votantes, o paulista Caio circenses e musicais animaram jogadores e plateia Pessagno foi o eleito ficando para João Bauer o fazendo com que o espetáculo imaginado pela segundo lugar e a obrigação de disputar uma moto organização se fizesse completo para todos os 0km com o vencedor do Big Shoot, evento paralelo presentes no Espaço 400, local de realização do que teve como campeão o jogador Admir Da Gelon. Masterminds, tudo isto animado por duas lindas cigarrete ladies Natalia Dell’Evedove e Andréia Conhecimento + poker + Diversão Gontijo que dançaram e desfilaram a caráter durante A união de palestras e debates com um evento os quatro dias iniciais de festa esbanjando simpatia. de poker de alto nível além de momentos de A mesa final foi formada com os jogadores Bob entretenimento nos intervalos dos torneios criou Fraga (Rio de Janeiro – RJ), Fernando Araújo (Vitória um ambiente de vitalidade ao Masterminds poucas – ES), Alex Santalucia (São Paulo – SP), Diogo vezes vista em torneios no Brasil. Queríamos criar “Diogo37” Vieira (Osasco – SP), Rodrigo Garrido algo novo, algo que unisse um belo espetáculo com o (Santos – SP), João “Paraná” (Curitiba – PR), Leonardo prazer que temos em participar de um torneio e ainda Cioffi (Poços de Caldas – MG), Felipe Salgado (Entre gerar conhecimento tanto para os aficionados como Rios – MG) e apos 7 horas de intensa disputa o jogador para os novatos no nosso mundo nos contou Enio Alex Santalucia se tornou o primeiro campeão do Bozzano, um dos sócios da AW8 e diretor do torneio. Masterminds derrotando o seu adversário Fernando Houveram palestras para todos os níveis de Araújo em um breve Heads Up e levando para casa o jogadores além de debates sobre temas importante premio de R$ 60.000,00 além da chance de disputar como o jornalismo especializado de poker, este com com Caio Pessagno um carro zero.
um bom mojave Felipe Mojave, grande profissional brasileiro e colunista de mixed games aqui na Bluff Brasil, anunciou ao entrar no torneio turbo de domingo que caso entrasse em ITM doaria sua premiação para a AMEO – Associação da Medula Óssea (http://www.ameo.org.br) e fez bonito no torneio. Ficando em segundo lugar faturou quase 3 mil reais brutos para a instituição. Parabéns pela iniciativa.
a transmissão pelo Terra e o grande barulho pelas redes sociais Graças a parceria desenvolvida pela TVPokerpro com o portal Terra pela primeira vez no pais tivemos um torneio de poker transmitido dentro de um grande portal da internet brasileira. Com a competência de sempre o editor do Tabloide do Poker aqui na Bluff Victor ”Chapazapata” Marques foi o responsável por comandar as transmissões que tiveram repercussão em toda a web alcançando os TT (trending topics) no Twitter por duas vezes durante o evento. Interessante também notar que a presença de personalidades off-poker como Rodrigão e o próprio Bruno Lawrence fizeram grandes esportistas brasileiros como Murilo @murilovolei8 (capitão da seleção brasileira de vôlei e eleito o melhor jogador de vôlei do mundo em 2010) e sua esposa Jaqueline @jaquelinevolei (ponteira da seleção brasileira campeã olímpica) se manifestarem através do micro blog desejando sucesso ao evento e torcendo pelos amigos. No fim de tudo já temos uma votação no Facebook sobre qual poderia ser o próximo destino do Mastermind. Esperamos que tudo o que vimos de bom nesta surpreendente estreia se repita nas outras etapas e que o Masterminds possa se tornar mais uma grande serie de torneios no Brasil e que continue inovando e trazendo para o mundo do poker diferenciais que gerem crescimento para o nosso jogo.
maSTermiNDS 18
Muito Mais Do quE uM toRnEio
BLUFF • MARÇO/ABRIL 2012
Durante o domingo o jogador eduardo Sequela, conhecido por propor as prop bets mais insanas chamou André Akkari para um heads up no qual a premiação seria a obrigatoriedade do perdedor jogar um evento da WSOP vestido de Superhomem. A aposta evidentimente é ruim para Akkari, já que Sequela faria isto sem esforço apenas pela piada, mas o desafio foi aceito e vencido pelo profissional do Pokerstars. Sequela agora ficou responsável por providenciar sua fantasia e ir “voando” dar vexame no salão do Rio.
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BLUFF • MaRÇo/aBRiL 2012 BLUFF • DECEMBER 2011
BLUFF • MaRÇo/aBRiL 2012
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18 – No maior show da Terra! 10 – Frases: Famosas ou nem tanto. 12 – Curtas do poker 8
BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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Rio Poker Tour
RIO POKER TOUR POR GUILHERME KALIL
ExpEctativas para a sEgunda tEmporada dE um mEgatornEio
O
O Rio Poker Tour estreou no ano de 2011 com grande expectativa em torno de um torneio que a Bluff chamou de “regional com cara de nacional”. Toda esta expectativa era baseada no trabalho da Fullen Events, que através de seus diretores fez uma divulgação impecável antes do primeiro evento, e o que se viu foi a série virar um “nacional que acontecia sempre na mesma cidade”. O torneio, que começou com apoio principalmente dos jogadores locais, foi vendo o número de estrelas crescer a cada etapa, tendo terminado seu primeiro ano com a presença de jogadores do porte de André Akkari, Vini Marques, Stetson Fraiha e Guilherme Chenaud, e mais – diversos jogadores de outras partes do Brasil viraram regulares da série, que atraiu em todas as suas etapas muitos jogadores principalmente das cidades de São Paulo e Belo Horizonte, que se encontram mais próximas da capital fluminense. Para a segunda temporada, as principais mudança são o buy-in, que passa de 800 para 1.250 reais, e o garantido que sobe de 120 para 150 mil reais. A primeira etapa acontecerá no Hotel Royal Tulip, onde aconteceu a etapa final de 2011. Por tudo isto, fica fácil concordar com a propaganda do evento, que diz ser esta a série mais charmosa do Brasil, e, prova disto, são os relatos que faço a seguir de momentos que vivi cobrindo e jogando o torneio.
As 10
melhores
a aposta com o aKKari:
os dEaLErs do rpt:
Andando pela praia do Pepê começou uma discussão sobre quanto seria necessário para convencer alguém a pular no mar com roupa e tudo às 10 horas da noite num dia frio. A malandragem do Akkari Team começou a inflacionar a brincadeira, e eu, que não faço retas milionárias no domingo, me dispus a pular por 500 reais. O dono do mais recente bracelete brasileiro da WSOP ainda com os dólares frescos na carteira não pensou duas vezes e sacou 3 notas de 100 dólares novinhas e eu não pensei duas vezes. Mergulhei no mar gelado, recolhi minha grana, atravessei a rua e voltei de banho tomado com a sensação que tinha ganho o dinheiro mais fácil da minha vida. Quando eu voltei o Akkari me disse: - Você pulou barato demais. Eu teria pago 1.000 reais por isto. E eu respondi: - Você que pagou caro demais. Eu teria pulado por 300 reais tranquilamente... (risos) O que eu não imaginava é que o vídeo do pulo se espalharia pela internet rapidamente, gerando falinhas em todo o país.
A equipe de dealers do RPT é muito unida e bem treinada para servir os jogadores, o que obviamente não os impede de se divertirem horrores na sala exclusiva dos dealers. Nas minhas “invasões” para filar o café, pude presenciar torneios de xadrez entre eles, animados jogos de dominó de baralho, que mesmo sendo muitas vezes baratos eram jogados a sério e recheados de falinhas entre eles. Outro grande prazer que tive foi o de dar cartas no torneio exclusivo dos dealers, valendo um relógio ainda na primeira etapa. O formato que fazia o campeão levar o único prêmio gerou um torneio altamente disputado, e nós, que distribuímos as cartas, fomos corrigidos por eles constantemente, a cada erro. Foi a verdadeira e justa forra que eles tiraram naquele momento, por tudo que passam ao exercer a profissão.
na bluff
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histórias de 2011 por JessicA WelmAn
BLUFF • MARÇO/ABRIL 2012
BLUFF • MARÇO/ABRIL 2012
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w.ww.bluff.com.br
Para muitos, o ano passado pode ser resumido em duas palavras: Black Friday. Sim, o ataque do Departamento de Justiça norte-americano ao poker online foi o centro das atenções, mas houve muitas outras ótimas histórias em 2011, o que nos leva a crer que há esperança para o mundo do poker, mesmo nas atuais circunstâncias. Vamos dar uma olhada nas maiores histórias do ano passado – as boas, as ruins e, claro, o dia que mudou tudo. BLUFF • MARÇO/ABRIL 2012
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xxxxxxxxxxxx 26. – Guilherme Kalil: A reunião da CBTH e o incidente no BH
Guilherme Kalil
Hold’em
28. – BSOP 2012: O campeonato brasileiro entra em nova temporada 31. – As 10 melhores histórias de 2011 - Jessica Welman 37. – Pius Heinz em números - Jessica Welman 38. – Pius Heinz, campeão do Main Event - Tim Fiorvanti 44. – Felipe Mojave: Limit 2-7 triple draw 48. – Eduardo Oliveira: A regulamentação do poker no Brasil 50. – Rio Poker Tour: Expectativas para a segunda temporada de um megatorneio 56. – Jogadas Ideais - Matt Doran 58. – Ninguém teve um 2011 melhor do que Eugene Katchalov - Tim Fiorvanti 64. – Masterminds: Muito mais que um torneio 67. – São Paulo Poker Fest - Guilherme Kalil 68. – Scott Clements não é tão sério 72. – Papo de Homem: Meu amigo Biff Tannen 74. – O velho truque da 3-bet fora de posição - Alex Fitzgerald 76. – Poker como um esporte: Parte V 79. – Tabloide: O maior jornal de poker do mundo 80. – Glossário e Clubes 82. – Retrato: O mundo do poker sem mil palavras
como patrocínios de empresas de fora do poker, e maior reconhecimento social.
3- Na apresentação de contas foi mostrado onde foi investido todo o dinheiro arrecadado pela CBTH através de doações e taxas em buy-ins. O principal investimento feito pela CBTH, ainda não citado neste texto, foi com a assessoria jurídica da instituição, que conseguiu embasar juridicamente a tese do poker como esporte da mente. Tal embasamento é o principal responsável pelo índice gigantesco de decisões judiciais e administrativas autorizando a realização de torneios e funcionamento de clubes pelo país. 4- Por fim, ficou decidido, ainda, a destinação do valor de 25.000 (vinte e cinco mil) dólares, relativos a 50% (cinquenta por cento) da premiação conquistada pela seleção brasileira na Copa do Mundo de Poker organizada pela IFP, em Londres, conforme promessa realizada pelo presidente da CBTH através do live stream em que anunciou a escalação da seleção. Será realizado um torneio interestadual por equipes, cujos detalhes serão oportunamente divulgados pela CBTH.
A reunião dA
ConfederAção BrAsileirA de TexAs Hold’em
N
e o inCidente no BH Hold’eM Por GuilHerme KAlil
Num país onde a grande maioria das federações e confederações esportivas são um antro de corrupção e desrespeito aos interesses do esporte que deveriam defender, foi gratificante ver os dois homens fortes da Confederação Brasileira de Texas Hold’em, Igor Federal e Alberoni Castro, convocar a imprensa especializada e alguns órgãos da grande imprensa não só para mostrar o que foi feito no ano de 2011 e o planejamento para este ano, mas também para abrir as contas da confederação, mostrando tudo o que foi arrecadado e gasto pela CBTH no curso do ano passado. Na reunião estavam presentes as lideranças das federações estaduais, membros das três revistas de poker do país, representantes das duas web TVs especializadas, além dos diretores das empresas PokerStars, da Overbet Eventos, que produz o LAPT e o BPT, e da AW8, que logo vai estrear neste mercado com o evento MasterMinds. Além da abertura total de contas, na qual foram colocados à disposição todas as notas fiscais e recibos comprobatórios dos gastos da confederação, alguns outros pontos da reunião valem a pena ser ressaltados: 1- O Ministério dos Esportes reconheceu a Confederação Brasileira de Texas Hold’em como sua afiliada, passo importantíssimo para o reconhecimento final do poker como esporte. Desde já a CBTH se encontra listada no site do Ministério entre as confederações afiliadas, na aba de esportes de alto rendimento. 2- A CBTH contratou recentemente a empresa de assessoria esportiva Brunoro Sports Business que, em sua trajetória, apresenta diversos cases de sucesso. Ambas trabalham agora em conjunto para que se consiga levar o poker a mercados que nosso esporte normalmente não atingiria, buscando seu fortalecimento e crescimento, o que pode trazer vantagens econômicas,
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Aproveito os parágrafos finais deste texto para parabenizar a Federação Mineira de Texas Hold’em e o BH Hold’em, que após receber um mandado de fechamento do clube e apreensão de materiais, emitido em investigação patrocinada pelo Ministério Público Estadual, investigação esta que se destinava a coibir atividades relacionadas “à prática de jogo de azar”, logrou, em menos de 24 (vinte e quatro) horas, sucesso no recurso apresentado. A juíza que conduz o inquérito, ao avaliar o recurso, reconheceu que a apreensão se tratava de um engano já que, segundo consta de sua decisão, “...o poker não pode ser considerado jogo de azar na exata definição do artigo 50, LCP”. Cita ainda, a I. Magistrada que “... jogos de cartas dependem e muito da habilidade do jogador”. O que ocorreu em Belo Horizonte foi reflexo do atraso da cidade que, somente agora, tem seu primeiro clube de poker funcionando regularmente, com portas abertas e alvará de localização e funcionamento. Outras cidades do país já haviam passado por tal experiência, quando foram abertos seus primeiros clubes, e já tinham a questão esclarecida e solucionada sempre em prol da liberação da prática do poker. Na verdade, a discussão sobre a prática do poker resta encerrada no Brasil, tanto na esfera administrativa quanto na judicial. Cabe agora a mudança do foco e da atenção da comunidade do poker nacional para a questão tributária que, em que pese seja essencial o recolhimento dos impostos, como qualquer atividade produtiva lícita, devemos buscar a melhor regulamentação fiscal possível para o crescimento do poker por aqui.
BLUFF • MARÇo/ABRil 201227
BLUFF • MARÇo/ABRil 2012
BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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BLUFF • MARCH 2011
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FAMOSAS OU NEM TANTO...
FRASES DO POKER
FRASES DO POKER
“TRIPLE DRAW É UM FAMOSAS OU JOGO PARA IDIOTAS!”NEM TANTO...
FAMOSAS OU NEM TANTO...
FRASES DO POKER
MIKE MATUSSOW, no microfone central da WSOP 2004
“SE VOCÊ É UM EXCELENTE JOGADOR DE POKER, AS PESSOAS VÃO TE DAR MAIS BAD BEATS DO QUE VOCÊ VAI OU DAR NELAS, PORQUE FAMOSAS ELAS VÃO TER UMA PIOR QUE A SUA MUITO NEMMÃO TANTO... MAIS VEZES DO QUE O CONTRÁRIO.” BOBBY BALDWIN
“FOI UM PRAZER, MAS NÃO VOU MAIS VOLTAR.”
ANDY BEAL, anunciando a David Grey que estava se aposentando dos high stakes
“UMA PENA OUVIR ISTO, ANDY. TE VEJO EM DUAS SEMANAS .”
JOHNNY MOSS, ao reaparecer no cassino no mesmo dia que teve que ser levado para o hospital durante uma sessão de vários dias direto contra Doyle Brunson
Road gambler
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BLUFF • MARCH 2011
“FOI APENAS UM LEVE ATAQUE CARDÍACO.”
GREY, descrente, ironizando a aposentadoria!
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FAMOSAS OU NEM TANTO...
“OS GAROTOS DE HOJE NÃO SABEM COMO É FÁCIL TER UM LUGAR ONDE SE PODE SENTAR E JOGAR.” DEWEY TOMKO,
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BLUFF • APRIL 2011
Curtas do Poker
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Curtas Notícias
Bluff Brasil
Lançado o
ZOOM POKER em versão
Abril/Maio 2012
Foi lançado pelo PokerStars o Zoom Poker, conceito já utilizado pelo finado FTP no Rush Poker, mas ainda em versão beta. No Zoom você tem a opção de dar fold assim que recebe as cartas, entrando em uma nova mão imediatamente após o fold, com novos adversários. As modalidades oferecidas são Hold’em (NL, FL), Omaha (HI, Hi/ LO) e Five Card Draw.
Curtas
Em aniversário da Black Friday,
diretores do FTP enfrentam novo processo nos EUA
Chegam a trinta os inscritos no “Big One for One Drop”
A primeira tentativa foi em julho do ano passado, quando 4 jogadores americanos tentaram, sem sucesso, processar o Full Tilt Poker por formação de quadrilha e fracassaram. Agora, no aniversário de 1 ano da Black Friday, os mesmos quatro, Steve Segal, Nick Hammer, Robin Hougdahl e Todd Terry, voltam a atacar. Visando os antigos diretores e “caras” do site, Howard Lederer e Chris Ferguson, os jogadores mudaram a estratégia e os acusam de enriquecimento ilícito. Baseado em números assustadores de retiradas e a acusação de que o site movimentava dinheiro dos jogadores com o conhecimento da diretoria, o grupo volta aos tribunais para pedir uma indenização de US$ 150 milhões.
Trinta participantes foram confirmados no torneio mais caro da história do poker mundial. Criado pelo fundador do Cirque du Soleil, Guy Laliberté, a marca já garante a maior premiação da história para o primeiro colocado, com impressionantes US$ 12.266.668,00. Entre os inscritos se destacam profissionais como Patrik Antonius, Gus Hansen, Daniel Negreanu, Johnny Chan, Tom Dwan, entre outros, e empresários que preferem ter os seus nomes omitidos. O evento, que acontecerá entre os dias 1 e 3 de julho e fará parte da WSOP 2012, foi idealizado por Laliberté para arrecadar fundos para sua ONG (One Drop Foundation), que luta para dar acesso à água para a população mundial.
SCOOP 2012
Foi anunciado o calendário de eventos e a premiação garantida do SCOOP (Spring Championship of Online Poker) 2012. A série do PS, caracterizada pela separação do buy-in em low, medium e high em todos os eventos, possibilitando a participação uma gama muito maior de jogadores, vai pagar este ano no mínimo 30 milhões de dólares. Agora é só se planejar e cair no feltro virtual. >>> >
BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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BLUFF • APRIL 2011
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Curtas do Poker
Quarta, 9 de maio 11:00 ET SCOOP-09-L: $27 NL Hold’em (SuperKnockout) SCOOP-09-M: $215 NL Hold’em (SuperKnockout) SCOOP-09-H: $2,100 NL Hold’em (SuperKnockout) 14:00 ET SCOOP-10-L: $27 Stud SCOOP-10-M: $215 Stud SCOOP-10-H: $2,100 Stud
Calendário PokerStars SCOOP 2012 Domingo, 06 de maio
11:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-01-L: $27 NL Hold’em (6-Max) SCOOP-01-M: $215 NL Hold’em (6-Max) SCOOP-01-H: $2,100 NL Hold’em (6-Max) 14:30 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-02-L: $27 NL Hold’em SCOOP-02-M: $215 NL Hold’em SCOOP-02-H: $2,100 NL Hold’em
17:00 ET SCOOP-11-L: $7.50 PL Omaha Hi/Lo (6-Max) SCOOP-11-M: $82 PL Omaha Hi/Lo (6-Max) SCOOP-11-H: $700 PL Omaha Hi/Lo (6-Max)
UM CAMPEONATO Quinta, 10 de maio 3 NÍVEIS DE 8 A 22 DE MAIO DE 2011
11:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-12-L: $27 PL Omaha (Heads-Up) SCOOP-12-M: $215 PL Omaha (Heads-Up) SCOOP-12-H: $2,100 PL Omaha (Heads-Up)
14:00 ET (Evento de 2 Dias) O SCOOP está de volta. Com níveis altos, médios SCOOP-13-L: $27 NL Hold’em (Knockout) e baixos em cada um dos 38 eventos e $ 45.000.000 SCOOP-13-M: $265 NL Hold’em (Knockout) garantidos. SCOOP-13-H: $2,600 NL Hold’em (Knockout)
Segunda, 07 de maio
Sexta, 11 de maio
14:00 ET SCOOP-04-L: $27 FL Badugi SCOOP-04-M: $215 FL Badugi SCOOP-04-H: $2,100 FL Badugi
14:00 ET SCOOP-15-L: $27 FL Omaha Hi/Lo SCOOP-15-M: $215 FL Omaha Hi/Lo SCOOP-15-H: $2,100 FL Omaha Hi/Lo
17:00 ET SCOOP-05-L: $11 NL Hold’em (Rebuys, Turbo) SCOOP-05-M: $109 NL Hold’em (Rebuys, Turbo) SCOOP-05-H: $1,050 NL Hold’em (Rebuys, Turbo)
17:00 ET SCOOP-16-L: $27 NL Hold’em (2x Chance, Turbo) SCOOP-16-M: $215 NL Hold’em (2x Chance, Turbo) SCOOP-16-H: $2,100 NL Hold’em (2x Chance, Turbo)
Terça, 8 de maio
Sábado, 12 de maio
11:00 ET SCOOP-06-L: $11 NL Draw SCOOP-06-M: $109 NL Draw SCOOP-06-H: $1,050 NL Draw
11:00 ET SCOOP-17-L: $27 NL Hold’em (10-Max, Shootout) SCOOP-17-M: $215 NL Hold’em (10-Max, Shootout) SCOOP-17-H: $2,100 NL Hold’em (10-Max, Shootout)
14:00 ET SCOOP-07-L: $7.50 NL Hold’em (Heads-Up) SCOOP-07-M: $82 NL Hold’em (Heads-Up) SCOOP-07-H: $700 NL Hold’em (Heads-Up)
14:00 ET SCOOP-18-L: $11 PL Omaha (6-Max, Rebuys) SCOOP-18-M: $109 PL Omaha (6-Max, Rebuys) SCOOP-18-H: $1,050 PL Omaha (6-Max, Rebuys)
17:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-08-L: $11 NL Hold’em SCOOP-08-M: $109 NL Hold’em SCOOP-08-H: $1,050 NL Hold’em
17:00 ET SCOOP-19-L: $27 Triple Stud SCOOP-19-M: $215 Triple Stud SCOOP-19-H: $2,100 Triple Stud
Uma competição sem piedade com três níveis. A batalha começa. Freerolls disponíveis apenas no maior site de poker gratuito do mundo. 11:00 ET (Evento de 2 Dias) 11:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-14-L: $7.50 NL Hold’em (Ante Up) SCOOP-03-L: $5.50 NL Hold’em (6-Max, Action Hour, Rebuys) SCOOP-14-M: $82 NL Hold’em (Ante Up) SCOOP-03-M: $55 NL Hold’em (6-Max, Action Hour, Rebuys) SCOOP-14-H: $700 NL Hold’em (Ante Up) SCOOP-03-H: $530 NL Hold’em (6-Max, Action Hour, Rebuys)
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BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
Domingo, 13 de maio 11:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-20-L: $27 NL Hold’em SCOOP-20-M: $215 NL Hold’em SCOOP-20-H: $2,100 NL Hold’em
Quinta, 17 de maio
14:30 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-21-L: $27 NL Hold’em SCOOP-21-M: $215 NL Hold’em SCOOP-21-H: $2,100 NL Hold’em
11:00 ET SCOOP-31-L: $27 8-Game SCOOP-31-M: $215 8-Game SCOOP-31-H: $2,100 8-Game
Segunda, 14 de maio
14:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-32-L: $27 PL Omaha Hi/Lo SCOOP-32-M: $215 PL Omaha Hi/Lo SCOOP-32-H: $2,100 PL Omaha Hi/Lo
11:00 ET SCOOP-22-L: $11 Mixed NLHE/PLO SCOOP-22-M: $109 Mixed NLHE/PLO SCOOP-22-H: $1,050 Mixed NLHE/PLO
Sexta, 18 de maio
14:00 ET SCOOP-23-L: $27 NL Hold’em (4-Max) SCOOP-23-M: $215 NL Hold’em (4-Max) SCOOP-23-H: $2,100 NL Hold’em (4-Max)
11:00 ET SCOOP-33-L: $27 NL Hold’em (1R1A) SCOOP-33-M: $215 NL Hold’em (1R1A) SCOOP-33-H: $2,100 NL Hold’em (1R1A)
17:00 ET SCOOP-24-L: $11 PL Omaha (1R1A, Turbo) SCOOP-24-M: $109 PL Omaha (1R1A, Turbo) SCOOP-24-H: $1,050 PL Omaha (1R1A, Turbo)
14:00 ET SCOOP-34-L: $55 FL Hold’em (6-Max) SCOOP-34-M: $530 FL Hold’em (6-Max) SCOOP-34-H: $5,200 FL Hold’em (6-Max)
Terça, 15 de maio
17:00 ET SCOOP-35-L: $27 NL Omaha Hi/Lo SCOOP-35-M: $215 NL Omaha Hi/Lo SCOOP-35-H: $2,100 NL Omaha Hi/Lo
11:00 ET SCOOP-25-L: $11 Triple Draw 2-7 SCOOP-25-M: $109 Triple Draw 2-7 SCOOP-25-H: $1,050 Triple Draw 2-7
Sábado, 19 de maio
14:00 ET SCOOP-26-L: $27 Stud Hi/Lo SCOOP-26-M: $215 Stud Hi/Lo SCOOP-26-H: $2,100 Stud Hi/Lo
11:00 ET SCOOP-36-L: $55 PL Omaha (6-Max) SCOOP-36-M: $530 PL Omaha (6-Max) SCOOP-36-H: $5,200 PL Omaha (6-Max)
17:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-27-L: $11 NL Hold’em SCOOP-27-M: $109 NL Hold’em SCOOP-27-H: $1,050 NL Hold’em
12:30 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-37-L: $215 NL Hold’em (Heads-Up, High-Roller) SCOOP-37-M: $2,100 NL Hold’em (Heads-Up, High-Roller) SCOOP-37-H: $21,000 NL Hold’em (Heads-Up, High-Roller)
Quarta, 16 de maio
14:00 ET SCOOP-38-L: $27 HORSE SCOOP-38-M: $215 HORSE SCOOP-38-H: $2,100 HORSE
11:00 ET SCOOP-28-L: $27 Razz, SCOOP-28-M: $215 Razz SCOOP-28-H: $2,100 Razz
Domingo, 20 de maio
14:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-29-L: $11 NL Hold’em (Big Antes, Rebuys) SCOOP-29-M: $109 NL Hold’em (Big Antes, Rebuys) SCOOP-29-H: $1,050 NL Hold’em (Big Antes, Rebuys)
11:00 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-39-L: $27 NL Hold’em (6-Max) SCOOP-39-M: $215 NL Hold’em (6-Max) SCOOP-39-H: $2,100 NL Hold’em (6-Max)
17:00 ET SCOOP-30-L: $27 NL Hold’em (SuperKnockout, 6-Max, Turbo) SCOOP-30-M: $215 NL Hold’em (SuperKnockout, 6-Max, Turbo) SCOOP-30-H: $2,100 NL Hold’em (SuperKnockout, 6-Max, Turbo)
14:30 ET (Evento de 2 Dias) SCOOP-40-L: $109 Main Event - L SCOOP-40-M: $1,050 Main Event - M SCOOP-40-H: $10,300 Main Event - H, $2.5M Gtd
BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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BLUFF • MARÇO/ABRIL 2012
LAPT + BPT
NO MAIOR
SHOW DA
TERRA!
POR GUILHERME KALIL FOTOS:CARLOSMONTI/PokerStars
O PokerStars faz o encerramento das temporadas do LAPT e do BPT em pleno carnaval brasileiro e cria o maior evento de poker já realizado no país.
BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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A
Aconteceu entre os dias 17 e 25 de fevereiro, ou seja, no maior feriado do ano para nós brasileiros, o Grand Finals Carnival Poker Festival, evento que reuniu os finais de temporada do Latin American Poker Tour (LAPT) e do Brasil Poker Tour (BPT) no WTC Sheraton, em São Paulo. Não sabemos se foi somente pela oportunidade de conhecer a nossa maior festa, mas o número de profissionais internacionais presentes no torneio nunca tinha sido visto por estes lados antes. Nomes com Daniel Negreanu, Eugene Katchalov (JdA da Bluff, como você pode conferir na página 58), Mathias De Meulder, Juan Manuel Pastor e Fátima Moreira de Melo se uniram a profissionais latino-americanos, como o nosso André Akkari e o costarriquenho Humberto Brenes, para disputar mais de R$ 1.000.000,00 em prêmios que o LAPT distribuiu em seu Main Event. A mesa final foi formada com apenas um brasileiro, Vitor “Vitão” Torres, que era o shortstack, e com a impressionante presença de Daniel “Kid Poker” Negreanu, que se tornou assim o primeiro jogador na história do poker a fazer mesa final de EPT, NAPT e LAPT, as três maiores séries de seu patrocinador. No final, o resultado foi o seguinte: 1. Daniele Nestola (Alemanha) - R$ 289.300,00 2. Gasperino Nicolas (Venezuela) - R$ 250.000,00 3. Carlos Ibarra (Chile) - R$ 148.840,00 4. Felipe Morbiducci (Chile) - R$ 89.570,00 5. Jonathan Markovits (Equador) - R$ 64.540,00 6. Daniel Negreanu (Canadá)- R$ 48.730,00 7. Vitor Torres (Brasil) - R$ 35.560,00 8. Juan Gonzalez (Argentina) - R$ 26.340,00 O BPT começou em seguida e, no “Grand Final” de sua primeira temporada, a série, criada especialmente para o Brasil, se provou um sucesso. Com o recorde de participantes estrangeiros, o evento contou com a presença de 288 jogadores, reservando pouco mais de R$ 140.000,00 para o grande campeão. Com a mesa final formada, vimos nomes de destaque no cenário nacional, como Flávio Reis, Alexandre Rivero e Ariel Celestino, começarem a briga pelo título que acabou na mão de Ariel “Bahia” com todos os méritos. (confira o perfil do campeão na página 25). O resultado do torneio foi: 1. Ariel Bahia - R$ 140.330,00 2. Flávio Reis - R$ 91.630,00 3. Alexandre Rivero - R$ 63.690,00 4. Jurandir Marinho - R$ 38.550,00 5. David Diaz - R$ 27.940,00 6. Carlos Munera - R$ 21.230,00 7. Marcos Ignácio - R$ 15.640,00 8. Alex Komaromi - R$ 11.730,00 Depois de 9 dias de evento, 665 inscrições apenas nos main events, 17 torneios realizados e a distribuição de R$ 3.170.000,00 em premiação, só nos resta esperar a próxima temporada ansiosos por todas as novidades que 2012 poderá nos proporcionar.
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BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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BLUFF • DECEMBER 2011
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ENTREVISTA COM OS
TEAM PROS
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Durante o Grand Finals Carnival Poker Festival a Bluff teve a oportunidade de conversar com grandes profissionais que estiveram no evento. Abaixo, um pouco do que eles falaram.
BLUFF: O que você fazia antes de começar a jogar poker?
Dá pra se concentrar durante o carnaval aqui?
Mathias De Meulder: Eu apresentava um programa de TV quando eu tinha 10 anos de idade. Eu e meu irmão entrevistávamos belgas famosos e fazíamos perguntas esquisitas que os adultos não podiam perguntar, mas que, como éramos crianças, tínhamos “licença poética para fazê-las”. Nós passávamos o dia com eles e fazíamos as perguntas mais esquisitas. Se eles tivessem dentes tortos, ou eram barrigudos ou tinham um queixo enorme, perguntávamos sobre isto e eles respondiam. Durante aquele tempo, meu irmão e eu éramos as crianças mais famosas do país (risos). Quando virei profissional de poker, as pessoas se lembravam de mim e todos os jornais falaram disto, o que foi uma bela exposição para o poker.
Mathias: Eu tenho uma namorada e tenho sido um bom garoto. Eu fui ver o carnaval e foi espetacular, e tinha uma mesa de poker lá. Nós bebemos e acordei com dor de cabeça, mas estava no Brasil e tinha que ver isto!
Juan: É engraçado. Sou formado em jornalismo e em engenharia, passei 31 anos estudando na Espanha e tinha uma boa posição nas empresas onde trabalhei, mas joguei cartas a vida toda. Com o boom do poker, comecei a jogar depois de ver poker na TV, aí comecei a jogar profissionalmente e larguei meus empregos. Eu continuo não acreditando que vivo disto. Eu era um alto executivo e pra mim continua complicado. Mas na faculdade eu já ganhava dinheiro com baralho pra aproveitar os fins de semana. Eu sempre matei muitas aulas pra ganhar dinheiro com baralho. Desculpe, papai (risos).
Juan: Sim, claro. Na hora que sento na mesa eu me concentro sem problemas. Quanto mais cansado estou, melhor eu jogo. Mas estou no Brasil no carnaval, e foi ótimo. Vocês são loucos. Foi muito divertido e perfeito.
Fátima: Eu jogava hockey de grama, mas estudei direito e odiei, apesar de ter terminado o curso. Apresentei programas de TV, cantei, fiz um monte de coisas... ex-esportistas têm necessidade de competir e o poker me deu a oportunidade de continuar com isto. Além disso, esportistas adoram aprender o tempo todo.
Fátima: Como esportista, a habilidade de se concentrar tem que ser desenvolvida ao máximo. Eu treinei isto a vida inteira. Eu me diverti muito e amo estar em SP, mas estou aqui pra jogar poker. Quando ia à Argentina, eu ia pra jogar hockey e não pra fazer compras. Se eu pudesse, eu venceria o torneio e, se perdesse o carnaval, tudo bem. Esta sou eu. De qualquer forma, é ótimo ter mais o que fazer quando se cai do torneio. Eu fui comprar nos Jardins, almocei, fui pro carnaval, mas isto é secundário.
Eugene Katchalov: Eu joguei por 8 anos, mas exclusivamente por apenas 2. Antes disto eu fazia trading e depois comecei minha empresa. Aí escolhi o poker porque não podia fazer os dois e eu adorava o poker.
Eugene: É difícil. Nós saímos, com o PokerStars, tínhamos um camarote no carnaval... Eu estou acostumado com isto!
BLUFF • DECEMBER 2011
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O que você achou do field brasileiro?
Como está o cenário político do poker no seu país?
Quais jogadores brasileiros que você conhece e admira?
Mathias: Aqui as coisas são diferentes da Europa. Eu acho que as pessoas aqui têm um ego muito grande, não querem ser blefadas. E elas comemoram, gritam, coisas que poderiam ser consideradas pouco éticas, mas que aqui se tornam divertidas. Eu me divirto de assistir e não ligo, mas em geral eu achei que o field é mais tranquilo que lá e os torneios aqui têm um EV muito positivo. Lá tem bons torneios na França e na Espanha, por exemplo, mas eu adorei jogar aqui.
Mathias (Bélgica): O impacto da Black Friday foi muito tranquilo lá. O PokerStars agiu muito bem e as pessoas continuam jogando normalmente e passaram a confiar ainda mais no site.
Mathias: O que conheço melhor é o André Akkari. Ele é muito bom de verdade, eu dei um bad beat enorme nele em Barcelona e foi triste para ele, mas eu fiquei bem feliz (risos). Tem outros que conheço, como o Manzano (Manzano é do Chile) e o Caio Pimenta, que é um pouco maluco (risos). Conheço também o Diego Brunelli, com quem joguei em Madrid e ele é bem sólido. O André é mais maluco e ele é mais sólido.
Juan: Eu achei que os jogadores têm um bom nível, melhor que o dos espanhóis. Mas se me perguntar sobre o continente... (faz uma careta). O nível na América do Sul não é o mesmo do EPT, por exemplo. É como 6 anos atrás na Europa. A Argentina e o México têm bons jogadores, mas no resto não.
Juan (Espanha): O Brasil é um exemplo a ser seguido, onde o poker é um esporte. O país é muito grande. A Espanha é um país pequeno e, antes do Franco, jogar era proibido. Hoje é legal, mas lá o poker é considerado gamble. Há uma nova legislação lá, mas a Espanha pertence à União Europeia e você tem que respeitar as regras em tudo, exceto no jogo. Na Espanha, os jogadores estão se mudando pra diversos países, inclusive para o Brasil. A médio prazo a Espanha tem que decidir o que fazer.
Juan: André Akkari é um bom jogador. Joguei várias mesas com o Alexandre Gomes e ele é um pouco maluco, mas é um bom jogador também. Caio Pimenta também é excelente.
Fátima: Eu tomo muito cuidado com generalizações, mas normalmente os latinos têm um ego maior que o dos americanos, por exemplo, ou tendem a fazer mais barulho. As pessoas aqui comemoram mais, às vezes fazem um slowroll, mas é normal aqui. Você tem que se preparar pra não tiltar com isto. É importante focar na diversidade e tentar ver quem joga como.
Fátima (Holanda): Eu converso com os lobistas e a coisa parece estar complicada lá. Estão fazendo progresso e o ministro da justiça é a favor da legalização, mas ele ainda tem que passar pelas pessoas da esquerda que não querem. Não está nada definido.
Fátima: Tudo que me lembro é do meu full house perdendo pro royal flush do Alexandre Gomes em Barcelona e isto foi foda. (risos). Eu sei que o Akkari é um bom jogador e um bom cara e isto é muito importante porque ele é o embaixador do poker no país. Ele é assim, e tem que ser assim, porque estas coisas têm que vir de dentro, não pode ser um teatro porque as pessoas não aguentam atuar por tanto tempo. Joguei com o Gualter no PCA há 3 anos e jogamos o evento de 1k. Teve um alerta de tsunami e eu me lembro dele ligando pra sua esposa, eles estavam na praia e todos estávamos preocupados na mesa. De repente estávamos jogando uns contra os outros e tínhamos criado uma conexão entre os que estavam na mesa (risos). Depois eu o vi no PCA e ele não tinha levado a esposa. Acho que ela não quis ir mais (risos).
Eugene: Eu fiquei impressionado, o poker está crescendo e as pessoas jogam em nível relativamente alto. Eu vi bom potencial aqui e espero ver torneios cada vez melhores e maiores aqui.
Eugene (Ucrânia): É complicado. Pelo que que sei, há chance de ser totalmente legal e lá já existem torneios e pode-se jogar online, mas espero que ainda este ano a coisa esteja totalmente regulamentada.
Eugene: Eu conheço o Akkari, ele me levou pra passear e me explicou o que é o carnaval. Achei interessante o fato dele participar da festa.
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ENTREVISTA:
DANIEL NEGREANU
Daniel, quando você deixará de ser o Kid Poker?
Daniel Negreanu: O Kid Rock tem uns 50 anos de idade e continua a ser chamado de Kid Rock. Eu vou continuar sendo chamado de Kid Poker a não ser que mudem meu nome para Dan The Man. Mas a idade é um estado de espírito e eu me sinto com 24 anos de idade, e assim vou continuar.
O que você achou do field brasileiro?
Daniel: Há bons e maus jogadores. O Brasil é um mercado emergente e alguns caras evoluem mais rápido. É claro que às vezes olhamos e falamos: - O que diabos você estava pensando quando fez isto? (risos) Dá pra se concentrar durante o carnaval aqui?
Daniel (*Eu comento que ele parece cansado): Eu achei que estava super sexy e você me diz que eu pareço cansado?! Obrigado! Eu vou passar apenas uma semana aqui e pensei “Eu posso ir pro carnaval, não vou beber tanto. Bebi cerveja ao invés de vodka e acho que fui bem, fiz mesa final e me diverti muito. Eu tentei me divertir ao máximo”. Como está o cenário político do poker no seu país?
Daniel (Canadá): O governo está começando a organizar isto. Eles regulamentaram em British Columbia de forma preventiva em dez províncias e dois territórios. Ontario e Quebec devem fazer a mesma coisa. Eles estão no caminho certo e o governo tem sites além do PokerStars. Quais jogadores brasileiros que você conhece e admira?
Daniel: André Akkari é um cara que eu conheço há anos e tenho orgulho da forma com que ele representa o poker aqui e no mundo. O que você achou do jogo do Caio Pimenta, com quem você jogou por muito tempo?
Daniel: O Nacho e o Akkari me disseram que ele é muito bom e que ele é tipo o ídolo local. Eu acho que ele faz muitas coisas muito bem, mas acho que se você perguntar a ele, ele vai lhe dizer que cometeu alguns erros que são fáceis de corrigir. Eu fiquei muito feliz quando ele foi eliminado porque sem ele eu sentia que minha vida se tornaria mais fácil. Ele é um talento cru que faz as coisas bem por instinto e, quando melhorar alguns fundamentos, vai ser um superstar. Ele, por exemplo, estava dando calls muito light. Em uma mão ele tinha A8 e deu call, mas tinha gente atrás e ele não precisava dar este call. O que ele vai aprender é que ele é melhor que todos na mesa, então ele não precisa correr certos riscos, e quando fizer isto ele vai se dar ainda melhor.
PERFIL:
ARIEL BAHIA
BLUFF • DECEMBER 2011
xxxxxxxxxxxx Em um esporte no qual os torneios têm centenas, às vezes milhares de pessoas, a criação de ídolos leva tempo, pois é necessário um prazo muito longo para que os jogadores se provem. Mesmo assim, no poker às vezes surgem jogadores diferenciados, que logo ao aparecer no cenário já ganham respeito dos adversários mais duros e conseguem resultados sólidos devido ao talento extraordinário. Foi assim com o mineiro Caio Pimenta e está sendo assim com Ariel Celestino, conhecido e temido nas mesas virtuais com o nick Ariel Bahia. Ariel era pouco conhecido do grande público até cravar o que é, até hoje, o maior resultado brasileiro online em um único torneio. Há pouco menos de um ano o jogador venceu o evento principal do FTOPS XX, ganhando o impressionante prêmio de 346.696 dólares. Não que ele não possuísse resultados relevantes até então. Em 2010 ele já havia conquistado uma premiação superior a 100.000 dólares no mesmo Full Tilt e uma superior a 55.000 dólares no PokerStars. Porém a transição do online para o live, que costuma ser um entrave para a maioria dos gênios do computador, parece não ter sido problema para ele. Em 2011 Ariel fez mesa semifinal do evento 15 da WSOP, ficando em 14º de 765 jogadores. Depois disso, na última etapa do BSOP do mesmo ano sagrou-se campeão brasileiro de Pot-Limit Omaha em uma mesa final em que sua superioridade técnica ficou evidente pelo domínio que possuía sobre os adversários. No dia seguinte ele ainda ficou ITM no evento principal, que contou com mais de mil competidores. Se ainda faltava algo para o baiano provar, não falta mais. No Brasil Poker Tour Ariel chegou à mesa final com o maior stack dos oito jogadores que ainda disputavam o título. Enfrentou uma mesa que contava com a presença , entre outros, do campeão brasileiro de 2011 Flávio Reis e do carioca Alexandre Rivero, jogador que vem despontando no cenário live brasileiro com expressivos resultados recentes. Mesmo assim ele conseguiu comprovar seu favoritismo, amplamente alardeado pela transmissão da TV Poker Pro, e cravou o evento principal depois de um longo heads-up com Flávio Reis. No meio do ano Ariel vai a Vegas, onde pretende jogar um total de 45.000 dólares em buyins na WSOP. O momento é o melhor possível para o jogador, que já conquistou mais de 1,5 milhão de dólares online, voltar com mais um bracelete para o Brasil. Estaremos no rail gritando Vammmmmooooo!!!!!
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Guilherme Kalil
A REUNIÃO DA
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE TEXAS HOLD’EM
N
E O INCIDENTE NO BH HOLD’EM POR GUILHERME KALIL
Num país onde a grande maioria das federações e confederações esportivas são um antro de corrupção e desrespeito aos interesses do esporte que deveriam defender, foi gratificante ver os dois homens fortes da Confederação Brasileira de Texas Hold’em, Igor Federal e Alberoni Castro, convocarem a imprensa especializada e alguns órgãos da grande imprensa não só para mostrar o que foi feito no ano de 2011 e o planejamento para este ano, mas também para abrir as contas da confederação, mostrando tudo o que foi arrecadado e gasto pela CBTH no curso do ano passado. Na reunião estavam presentes as lideranças das federações estaduais, membros das três revistas de poker do país, representantes das duas web TVs especializadas, além dos diretores das empresas PokerStars, da Overbet Eventos, que produz o LAPT e o BPT, e da AW8, que logo vai estrear neste mercado com o evento MasterMinds. Além da abertura total de contas, na qual foram colocados à disposição todas as notas fiscais e recibos comprobatórios dos gastos da confederação, alguns outros pontos da reunião valem a pena ser ressaltados: 1- O Ministério dos Esportes reconheceu a Confederação Brasileira de Texas Hold’em como sua afiliada, passo importantíssimo para o reconhecimento final do poker como esporte. Desde já a CBTH se encontra listada no site do Ministério entre as confederações afiliadas, na aba de esportes de alto rendimento. 2- A CBTH contratou recentemente a empresa de assessoria esportiva Brunoro Sports Business que, em sua trajetória, apresenta diversos cases de sucesso. Ambas trabalham agora em conjunto para que se consiga levar o poker a mercados que nosso esporte normalmente não atingiria, buscando seu fortalecimento e crescimento, o que pode trazer vantagens econômicas,
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BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
como patrocínios de empresas de fora do poker, e maior reconhecimento social.
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3- Na apresentação de contas foi mostrado onde foi investido todo o dinheiro arrecadado pela CBTH através de doações e taxas em buy-ins. O principal investimento feito pela CBTH, ainda não citado neste texto, foi com a assessoria jurídica da instituição, que conseguiu embasar juridicamente a tese do poker como esporte da mente. Tal embasamento é o principal responsável pelo índice gigantesco de decisões judiciais e administrativas autorizando a realização de torneios e funcionamento de clubes pelo país. 4- Por fim, ficou decidido, ainda, a destinação do valor de 25.000 (vinte e cinco mil) dólares, relativos a 50% (cinquenta por cento) da premiação conquistada pela seleção brasileira na Copa do Mundo de Poker organizada pela IFP, em Londres, conforme promessa realizada pelo presidente da CBTH através do live stream em que anunciou a escalação da seleção. Será realizado um torneio interestadual por equipes, cujos detalhes serão oportunamente divulgados pela CBTH. Aproveito os parágrafos finais deste texto para parabenizar a Federação Mineira de Texas Hold’em e o BH Hold’em, que após receber um mandado de fechamento do clube e apreensão de materiais, emitido em investigação patrocinada pelo Ministério Público Estadual, investigação esta que se destinava a coibir atividades relacionadas “à prática de jogo de azar”, logrou, em menos de 24 (vinte e quatro) horas, sucesso no recurso apresentado. A juíza que conduz o inquérito, ao avaliar o recurso, reconheceu que a apreensão se tratava de um engano já que, segundo consta de sua decisão, “...o poker não pode ser considerado jogo de azar na exata definição do artigo 50, LCP”. Cita ainda, a I. Magistrada que “... jogos de cartas dependem e muito da habilidade do jogador”. O que ocorreu em Belo Horizonte foi reflexo do atraso da cidade que, somente agora, tem seu primeiro clube de poker funcionando regularmente, com portas abertas e alvará de localização e funcionamento. Outras cidades do país já haviam passado por tal experiência, quando foram abertos seus primeiros clubes, e já tinham a questão esclarecida e solucionada sempre em prol da liberação da prática do poker. Na verdade, a discussão sobre a prática do poker resta encerrada no Brasil, tanto na esfera administrativa quanto na judicial. Cabe agora a mudança do foco e da atenção da comunidade do poker nacional para a questão tributária que, em que pese seja essencial o recolhimento dos impostos, como qualquer atividade produtiva lícita, devemos buscar a melhor regulamentação fiscal possível para o crescimento do poker por aqui.
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BSOP
BSOP 2012
O CAMPEONATO BRASILEIRO ENTRA EM NOVA TEMPORADA
DEPOIS DE FECHAR O ANO PASSADO DE MANEIRA MAJESTOSA COM O BSOP MILLION, O CAMPEONATO BRASILEIRO DE POKER VOLTA CHEIO DE NOVIDADES
O
POR GUILHERME KALIL
Em um comunicado oficial, a Nutzz Eventos trouxe à tona as novidades da nova temporada. A inclusão de dois novos níveis de blinds e o stack inicial em 25.000 fichas trouxeram para o evento uma estrutura invejável. O novo ranking, com a inclusão de todos os eventos paralelos na somatória de pontos, além da premiação que inclui um carro 0 km, tornou ainda mais atrativa a disputa pelo título de campeão brasileiro em 2012. Outra novidade interessante é a divulgação da volta do torneio para Belo Horizonte. A capital mineira, celeiro de grandes nomes do poker no Brasil, vai receber, após 3 anos ausente do calendário, a quarta etapa, em junho. O ano de 2011 foi de evolução para o poker live no Brasil. Novos torneios surgiram, séries foram criadas e antigas competições se reciclaram para acompanhar as novidades. As mudanças deram um encerramento digno de alimentar as esperanças sobre o futuro com o BSOP Million. Realizado em novembro último, em São Paulo, o encerramento da temporada da mais antiga série de torneios do país quebrou todos os recordes para competições realizadas na América do Sul e teve uma premiação total de mais de R$ 2.000.000,00 somente no seu Main Event. E com a incrível presença de 4 ganhadores de braceletes de WSOP no field (Michael “The Grinder” Mizrachi, Tristan “Cre8ive” Wade, André Akkari e Alexandre Gomes), o torneio coroou o paraibano Flávio Reis como o campeão de 2011. Ele atendeu carinhosamente à Bluff para responder sobre o título e seus reflexos:
♠ BLUFF: O que você fez com a grana? Flávio: Eu comprei um apartamento pra minha mãe, uma parte eu investi em imóveis e guardei um pouco pra viajar, porque não é
FLÁVIO REIS
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BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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RESULTADOS DOS MAIN EVENTS 1A ETAPA BSOP SÃO PAULO 26 A 30 JANEIRO MAIN EVENT
1° - Jhon Rua - Colômbia - R$185.800 2° - Vítor Torres - Campinas/SP - R$114.500 3° - Rodrigo “Alemão” Basso - São Paulo/SP - R$81.000 4° - Odaly dos Santos - Manaus/AM - R$59.700 5° - Rafael Caiaffa - Belo Horizonte/MG - R$45.000 6° - Larissa Metran Nascente - Goiânia/ GO - R$32.700 7° - Paulo Novaes - Santos/SP - R$24.550 8° - Victor Dermendjian - São Paulo/ SP - R$19.450 9° - Alex Kim - São Paulo/SP - R$14.700
JHON RUA
MARCELO DABUS
2A ETAPA BSOP RIO 1 A 5 DE MARÇO MAIN EVENT
1° - Marcelo Dabus - Rio de Janeiro/RJ - R$116.000 2° - Nicolau Vila Lobos - Rio de Janeiro/ RJ - R$73.900 3° - Adriano Monster - São Paulo/SP - R$53.000 4° - Léo Costa - Belo Horizonte/BH - R$42.100 5° - Carlos Porto - Fortaleza/CE - R$31.200 6° - Lucas Nepomuceno - Rio de Janeiro/ RJ - R$21.000 7° - Marcelo Mesqueu - Rio de Janeiro/ RJ - R$16.100 8° - Antonio Terceiro - Brasília/DF - R$11.700 9° - Sergio Luiz Felipe - Rio de Janeiro/ RJ - R$8.550
A APOSTA DO FEDERAL:
Aproveitando o novo ranking do torneio de Omaha do BSOP o Presidente da CBTH Igor “Federal” Trafane movimentou a primeira etapa do BSOP 2012 com o que os especialistas chamaram de “aposta motivacional”. Com o intuito de motivar a sua participação nos torneios desta modalidade, que é sua especialidade, Federal abriu apostas que ficaria entre os 3 primeiros do ranking no ano sendo que, se terminar o ano em primeiro recebe a aposta dobrada e se terminar abaixo da oitava colocação paga em dobro. Vários personagens do poker brasileiro já fizeram a sua fezinha e esperaremos o final da temporada para saber quem se deu bem nessa “barbada”.
IGOR “FEDERAL”
barato sair da Paraíba pra jogar ao vivo, pagando hotéis. Com isto eu jogo tranquilo.
♠ Qual a perspectiva de novos torneios? Pretendo passar entre 15 e 30 dias em Vegas e, se tiver com a mesma confiança, vou fazer uma boa reta lá. Vou ainda jogar a maioria das etapas do BSOP porque quero defender meu título. Eu continuo jogando o Paraibano e jogo cash live também. Também estou fazendo retas boas no domingo e espero acertar algo grande logo! BLUFF • ABRIL/MAIO 2012 BLUFF • DECEMBER 2011
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As 10
melhores
histórias de 2011 POR JESSICA WELMAN
Para muitos, o ano passado pode ser resumido em duas palavras: Black Friday. Sim, o ataque do Departamento de Justiça norte-americano ao poker online foi o centro das atenções, mas houve muitas outras ótimas histórias em 2011, o que nos leva a crer que há esperança para o mundo do poker, mesmo nas atuais circunstâncias. Vamos dar uma olhada nas maiores histórias do ano passado – as boas, as ruins e, claro, o dia que mudou tudo. BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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10. Jake Cody e Bertrand Grospellier entram para o clube da Tríplice Coroa Antes desta temporada, somente dois jogadores haviam conquistado um título do WPT, um do EPT e um bracelete da WSOP. Agora os vencedores da Tríplice Coroa Roland de Wolfe e Gavin Griffin ganharam dois novos parceiros graças à WSOP deste ano. Nesta temporada vários grandes jogadores conquistaram seus primeiros braceletes. Primeiro, o jovem Jake Cody começou arrebentando ao derrotar Yevgeniy Timoshenko e conquistar o bracelete no torneio US$ 25.000 Heads-Up No-Limit Hold’em, levando US$ 850.000 e tornando-se o terceiro e mais jovem a conquistar a Tríplice Coroa na história do poker. O garoto de 22 anos não só tornou-se o mais jovem a realizar tal façanha como também o fez em tempo recorde, com um intervalo inferior a 18 meses entre os títulos do EPT Deauville, do WPT London e da WSOP. Bertrand “ElkY” Grospellier levou um pouco mais de tempo para conquistar a Tríplice Coroa, mas ele chegou ao título ao vencer o US$ 10.000 Seven-Card Stud Championship. A conquista do bracelete foi somente um dos grandes resultados do francês, que fez duas mesas finais na WSOP, sem contar uma terceira mesa final na WSOPE.
9. Uau! A WSOP Europe Entra para o Livro dos Recordes Quando o Caesars Entertainment revelou que a World Series of Poker Europe (WSOPE) se mudaria de Londres para a Riviera Francesa, muitos jogadores e fãs se mostraram céticos. Cannes é uma cidade de alto custo, e muitos estavam preocupados com o fato de esses custos poderem assustar os jogadores. Mas não foi o que de fato aconteceu, pois o evento bateu recordes, principalmente o Main Event, que teve 592 jogadores. Com apenas 362 participantes em 2010, esta marca representa um aumento de 71% no número de jogadores. Os
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grandes eventos também trouxeram grandes notícias, inclusive o segundo bracelete de Michael Mizrachi, no primeiro Mixed Max Hold’em Championship, o segundo bracelete de Steve Billirakis, e um dos títulos de Jogador do Ano da WSOP mais disputados da história. Com os resultados da WSOPE valendo pela primeira vez, a mesa final do Main Event foi complicada para Ben Lamb, pois tanto Shawn Buchanan quanto o segundo colocado, Chris Moorman, lutaram para tomar o título dele. Foi uma WSOPE para entrar para o livro dos recordes e para a história, e, com certeza, ir para a França foi um passo dado na direção certa.
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8. O Poker Online Tenta, mas Não Consegue, Voltar aos Estados Unidos
Quando a Black Friday devastou, sem avisos, o poker online nos Estados Unidos, houve um período de negação no qual os fãs de poker acreditavam que de alguma forma os onipresentes logotipos do Departamento de Justiça norteamericano (DOJ) desapareceriam de seus sites favoritos e a ordem seria restaurada. Conforme o tempo foi passando, alguns grupos foram se manifestando para terem seus jogos de volta. O republicano Joe Barton (R-TX) apresentou uma lei para o poker online que, juntamente com a lei já existente de Barney Frank, que há muito apoia o poker, esteve presente em duas audiências. A primeira delas mostrou que os políticos finalmente estavam abertos a considerar a regulamentação do poker, mas a segunda se mostrou menos produtiva. Conforme as esperanças de um sistema de regulamentação nacional se esgotaram, uma nova solução apareceu: o licenciamento poderia ser estadual. Licenciamento estadual. Nevada começou a aceitar propostas para licenças de jogos online antes da regulamentação, e, no fim do ano, a Nevada Gaming Comission aprovou uma iniciativa em favor do poker online.
7. Acontece a Copa do Mundo de Poker A organização em torno de uma instituição central e a associação a entidades de confirmada competência e que se fazem reconhecer perante organizações governamentais e organizações que regulam a prática esportiva no mundo são grandes passos para o futuro do poker. Desde seu reconhecimento como esporte da mente pela IMSA, a Copa do Mundo de Poker talvez tenha sido a maior realização da IFP – Federação Internacional de Poker (sigla em inglês). Isso porque realizar campeonatos que deem visibilidade ao poker fora dos ambientes tradicionais, limitar a presença da sorte através de formatos de disputa (no caso o duplicate poker) e criar uma torcida nacional em um jogo que foi criado individual são formas seguras de acabar com o apelo negativo e irreal que o poker possui pelos não praticantes. A Copa foi realizada em Londres no mês de novembro e teve como primeira campeã a seleção da Alemanha, tendo o Brasil conquistado o segundo lugar. Vamos esperar pelas próximas disputas e continuar torcendo. 6. O Ano do Super High Roller A economia ainda pode não estar muito bem. Afinal, era previsto que a economia do poker passasse por problemas após a Black Friday. Mas o poker já havia sobrevivido a
crises antes, então por que 2011 seria diferente? De fato, 2011 se tornou um ano de excessos aos olhos de muita gente, com a proliferação de eventos High Roller, Super High Roller e até mesmo Super Duper High Roller enchendo o calendário. Tudo começou nas Bahamas, quando o PokerStars Caribbean Adventure incluiu um evento de US$ 100.000, um buy-in que anteriormente só era encontrado uma vez ao ano, no Aussie Millions. O Jogador do Ano da Bluff, Eugene Katchalov, foi quem levou o título, que deu o que falar. Dias depois, o Aussie Millions anunciou que superaria o torneio do PokerStars, promovendo um torneio de US$ 250.000 de buy-in paralelamente ao torneio de US$ 100.000. Sam Trickett foi o nome do evento ao terminar em primeiro lugar no torneio de US$ 100K e ficar em segundo, perdendo para Erik Seidel, no evento de US$ 250K. Em seguida veio o anúncio da finada Onyx Cup, um série inteira de torneios de seis dígitos de buy-in. A Onyx Cup não rolou, mas isso não impediu o Bellagio de promover dois eventos de US$ 100.000, os primeiros de um cassino americano. A WSOP, entretanto, pretende afundar todos esses torneios. Nesta temporada, a WSOP anunciou seus planos de promover um torneio com buy-in de US$ 1 milhão, que dará um bracelete de platina e levantará fundos para a One Drop Organization.
5. Ben Lamb Arruma uma Nota na WSOP
Ben Lamb conseguiu algo que a maioria dos jogadores nunca terá – uma segunda chance de alcançar a glória no Main Event da WSOP. Neste ano Lamb teve mais do que uma simples chance de melhorar sua 14a colocação no Main Event de 2009 da WSOP. No intervalo de mais ou menos um mês, Lamb deixou de ser um nome um pouco conhecido no circuito para se tornar um dos maiores nomes do jogo, sem mencionar seu título de Jogador do Ano da WSOP. O fervor em torno de um jogador chamado de “Benba” por seus amigos começou quando ele ficou em segundo lugar, perdendo para Sam Stein, no evento de US$ 3.000 Pot-Limit Omaha. Lamb perdeu o bracelete nesta oportunidade, mas levou apenas uma semana para que ele conquistasse um bracelete ainda mais importante no evento US$ 10.000 Pot-Limit Omaha Championship. Considerado um grande jogador de PLO, Lamb provou sua versatilidade ao chegar longe no US$ 10.000 SixHanded No-Limit Hold’em Championship, e, depois, ao fazer mesa final no requintado US$ 50.000 Poker Players Championship. Em meio a tudo isso, Lamb se manteve tranquilo, aproveitando cada minuto de sua excelente fase. Não havia nada que ele não pudesse vencer e nenhum grande evento que ele não pudesse conquistar, então era tão espantoso, mas não surpreendente, ver qualquer outro que não Benba com a maior pilha de fichas no fim do Dia 1B do Main Event. A cada dia, Lamb foi acumulando uma grande quantidade de fichas, até que sobraram apenas 9 jogadores. Lamb terminou a temporada chegando à mesa final que ele perdeu por pouco em 2009 e então voltou alguns meses depois para terminar o serviço. Ele deixou de ganhar o bracelete e o título mais desejado no poker pela segunda vez, mas sua terceira colocação deu a ele uma premiação no ano de mais de US$ 5,3 milhões e o colocou na lista dos melhores jogadores do mundo.
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4. Phil Hellmuth Bate na Trave
Nesta temporada, a corrida de Jogador do Ano da WSOP foi como um duelo entre o imbatível Ben Lamb e um dos melhores jogadores da WSOP de todos os tempos, Phil Hellmuth. Quando a corrida acabou, Hellmuth estava em uma posição na qual ele não gostaria de estar habituado a ela, a de segundo colocado. Um cara que tem sua imagem vinculada ao impressionante número de títulos que conquistou poderia resumir sua WSOP esse ano em um número: dois. Quando Hellmuth ficou em segundo, perdendo para John Juanda, no US$ 10.000 Deuce-to-Seven Lowball Championship, depois de uma dura batalha, foi frustrante para o Poker Brat, mas não completamente se considerarmos o nível de seu adversário. Quando Hellmuth perdeu para Idema no US$ 10.000 Limit Hold’em Championship, foi meio engraçado. Fãs do poker que adoram cornetar o Hellmuth fizeram piadas com a repetição da sua segunda colocação. O que os fãs e céticos não poderia deixar de notar é que Hellmuth, que tem 11 braceletes exclusivamente em No-Limit Hold’em, de repente começou a se dar bem em outros jogos. Hellmuth até chegou à mesa final do US$ 50.000 Poker Player’s Championship, um evento que testou as habilidades dos jogadores em oito tipos de jogos diferentes, inclusive NLHE. Pela terceira vez na temporada, Hellmuth chegou muito perto, perdendo para o único jogador que levou dois braceletes na temporada, Brian Rast. Desta vez foi não foi uma infelicidade. Também não foi divertido. Foi épico, ao melhor estilo de uma tragédia grega. Em um evento que valia um bracelete que faz frente ao Main Event em termos de prestígio, com a chance de obter um bracelete em uma modalidade que não Hold’em, Hellmuth bateu na trave outra vez. Mesmo com os três segundos lugares e perdendo a chance de ganhar o título de Jogador do Ano da WSOP, Hellmuth ainda pode ser considerado um vencedor. Foi uma temporada para redefinir sua imagem, e enquanto essa imagem não envolver as confusões que se tornaram uma constante na carreira de Phil Hellmuth, o mundo vai se lembrar de quão talentoso é este jogador.
3. Phil Ivey Sai de Cena Hellmuth não foi o único Phil a deixar seu legado na WSOP 2011. Phil Ivey não pisou no Rio durante toda a temporada, e sua ausência chamou mais atenção do que a presença de qualquer outro jogador na WSOP. Ivey havia sumido depois do Bay 101 Shooting Star, em março, mas os fãs de poker acreditavam que não havia chance de ele perder a WSOP. Com um histórico de apostas altas em relação a conquistas de braceletes, nem mesmo a Black Friday poderia deixá-lo de fora dessa, certo? O mundo do poker teve a resposta no primeiro dia de torneio. Enquanto outros jogadores, incluindo diversos membros do Team Full Tilt, ocupavam seus assentos no evento US$ 25.000 Heads-Up No-Limit Hold’em Championship, Ivey estava ocupado escrevendo. Mais tarde, naquele dia, ele publicou uma declaração na sua página no Facebook. “Estou muito triste e envergonhado pelo fato de os jogadores do Full
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Tilt não terem recebido o dinheiro a que têm direito”, leia o texto. “Também estou envergonhado porque, devido a esse fato, muitos jogadores não poderão disputar os torneios e sofreram prejuízos financeiros. Eu não vou jogar a World Series of Poker, pois eu acredito que não é justo eu competir enquanto outros não podem fazê-lo.” Esta declaração veio seguida de um processo contra o Full Tilt, respostas da Tiltware, e uma série de declarações que fariam o programa do Ratinho parecer civilizado. Ivey eventualmente deixou tudo isso de lado, mas seu nome não foi deixado de lado nas principais notícias. Sua ausência na WSOP fez o “Sports Center” da ESPN e toda a mídia do poker ficarem de olho no enigmático Ivey. Quando ele foi a Macau para o APPT, sua mera presença virou notícia. Quando detalhes sobre seu divórcio vieram à tona, as pessoas quiseram saber mais sobre suas finanças, incluindo as declarações
de sua ex-esposa, que dizia que ele recebia mais de US$ 900.000 por mês do Full Tilt. A parte mais bizarra sobre a ausência de Ivey foi que isso relevou muito mais sobre a personalidade e a mentalidade do melhor jogador do mundo do que sua presença em algum torneio jamais fez. 2. Erik Seidel – Homem ou “Seiborgue”? Nós aprendemos a respeitar os mais velhos, então quando falamos sobre os membros do Hall da Fama do Poker, quase sempre fazemos uma reverência. É raro temermos os membros deste clube, mas no fim de 2011 todo mundo estava com medo de se sentar com Erik Seidel. Você não estaria? O sucesso de Seidel ano passado foi tão grande que as pessoas começaram a chamá-lo de “Seiborgue”. Seus resultados eram sobrenaturais, principalmente se considerarmos que os eventos que ele venceu foram aqueles com os fields mais duros do ano. Nós já dissemos que 2011 foi o ano dos Super High
Seidel é o rei dos Super High Rollers. Ele teve aproximadamente 20 premiações em 2011, sendo que metade delas veio em eventos com buy-in de mais de US$ 10.000. Rollers. Seidel é o rei dos Super High Rollers. Ele teve aproximadamente 20 premiações em 2011, sendo que metade delas veio em eventos com buyin de mais de US$ 10.000. Sua ótima fase começou modestamente nas Bahamas, quando chegou à mesa final do evento de US$ 25.000 High Roller. A semana seguinte foi quando Seidel começou a publicar resultados realmente impressionantes. Primeiramente, ele ficou em terceiro no Aussie Millions High Roller, com buy-in de US$ 100.000. Este resultado, somado aos seus dois resultados no PCA, já o levaram a mais de US$ 1 milhão em ganhos nas três primeiras semanas do ano. Ele mais do que triplicaria isso uma semana depois, quando venceu o torneio com o maior buy-in do ano, o US$ 250.000 Aussie Millions. Ganhar o L.A. Poker Classic High Roller e levar mais ou menos US$ 145.000 foi um peixe pequeno depois do que ele fez na Austrália. Entretanto, ninguém esperava sua próxima vitória. Depois de terminar em segundo, perdendo para Annie Duke, no 2010 NBC National Heads-Up Poker Championship, Seidel chegou mais uma vez à final, desta vez vencendo Chris Moneymaker e conquistando sua terceira vitória, além de mais US$ 750.000, levando Seidel a ultrapassar a marca de US$ 4 milhões em ganhos. Em março, os resultados de Seidel se comparavam às melhores fases de Daniel Negreanu, Bertrand Grospellier e Michael Mizrachi. A diferença? Estes três tiveram esses resultados num período de 12 a 18 meses. Seidel o fez em 12 semanas. E ele ainda não havia acabado. Ele chegou à mesa final do WPT em Indiana, mas foi no WPT Championship no Bellagio que Seidel realmente brilhou, vencendo o primeiro torneio de US$ 100.000 de buy-in em solo BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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americano, isso sem falar em mais um milhão de dólares na conta. Acrescente um quinteto de premiações na WSOP, dois resultados na WSOPE, e mesa final nos dois primeiros Epic Poker Main Events e você terá US$ 6,5 milhões em um ano, os maiores ganhos de todos os tempos, o que coloca um ponto na questão de quem é o melhor jogador de todos os tempos. 1. Sexta-feira, 15 de Abril de 2011 Um dia amaldiçoado? Pode parecer dramático, mas não é se você pensar em quantas vidas mudaram em um intervalo de poucas horas. Primeiro, parecia um vírus, um hack que tenha substituído os maiores sites de poker online pelo logo do Departamento de Justiça americano (DOJ). Mas não era uma piada. Isso fazia parte do indiciamento do DOJ que abrangia os nomes dos domínios dos três maiores sites dos Estados Unidos, sem dizer os mandatos de prisão para 11 operadores de poker online e processadores de pagamento. Este indiciamento foi expandido posteriormente para confiscar as contas bancárias de algumas personalidades, como Rafe Furst, Howard Lederer e Chris Ferguson. No momento em que o DOJ estava caçando Isai Scheinberg e Ray Bitar, os jogadores estavam em busca de seu dinheiro apreendido. Enquanto o PokerStars rapidamente devolvia o dinheiro, o Full Tilt e os dois sites da rede Cereus saíram de cena, sem praticamente nenhum tipo de aviso aos jogadores em relação a que eles poderiam esperar. O que já não era um comportamento esperado para a rede Cereus, que sempre teve problemas, foi completamente surpreendente para o Full Tilt. Nos próximos oito meses, os fãs de poker aprenderam que o segundo maior site de poker do mundo era uma organização sem fundos e mal organizada, chamada por alguns até mesmo de criminosa e por outros, como o membro do DOJ Preet Bechara, de “o esquema Ponzi global”. O problema americano se tornou uma epidemia mundial quando a Alderney Gambling Control Commission (AGCC) suspendeu e, posteriormente, revogou a licença do site, uma vez que entenderam que a companhia mentiu sobre sua situação financeira para a Comissão. Problemas jurídicos e suspensão de licenças à parte, este site ainda procura um acordo com o DOJ para poder ser vendido e voltar à ativa em 2012. Com opções limitadas nos Estados Unidos, os jogadores de poker profissionais tiveram de lidar com decisões complicadas. Alguns jogadores, como Blair Hinkle, tinham valores que alcançavam sete dígitos presos no Full Tilt. Os recursos limitados fizeram com que os jogadores escolhessem entre jogar ao vivo no Estados Unidos ou jogar nos sites menores que ainda operavam em território americano, se mudar do país para voltar a jogar online ou, em alguns casos, deixar de lado o sonho do poker e arrumar “um emprego de verdade”. Depois da WSOP houve um grande êxodo de jogadores americanos indo para Malta, Toronto, Vancouver, Costa Rica e México para tentar fazer a vida no jogo que eles tanto amam. Esperamos que em alguns anos olhemos a Black Friday como o catalisador da regulamentação do poker nos Estados Unidos. Se a regulamentação não vier, nós iremos, pelo menos, nos lembrar disso como o fim de uma era. Tenha uma coisa em mente: quando a Unlawful Internet Gambling Enforcement Act (UIGEA) foi aprovada, em 2006, nós também acreditamos que o poker online tinha chegado ao fim. Daqui pra frente as coisas não vão voltar a ser como era, tampouco. Mas em um ano nós já aprendemos que a comunidade do poker é perseverante, e que eles vão dar um jeito de continuar jogando, faça chuva ou faça sol.
Os recursos limitados fizeram com que os jogadores escolhessem entre jogar ao vivo no Estados Unidos ou jogar nos sites menores que ainda operavam em território americano, se mudar do país para voltar a jogar online ou, em alguns casos, deixar de lado o sonho do poker e arrumar “um emprego de verdade”.
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PIUS HEINZ EM NÚMEROS
O
POR JESSICA WELMAN
O mundo do poker é cheio de fatos, personagens, estatísticas e recordes. Com tantos números sendo disparados a todo instante, às vezes é difícil mensurar o que eles acrescentam. É por isso que a Bluff traz a você alguns dos números mais importantes relacionados aos grandes torneios, grandes resultados e grandes personalidades do mundo do poker. Alguns são fatos, outros divertidos e muitos deles são um pouquinho de cada. Nesta edição trazemos tudo sobre o campeão do Main Event da WSOP, Pius Heinz, em números:
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Número de alemães que já participaram da mesa final do Main Event da WSOP. Pius Heinz é o primeiro alemão a vencer o Main Event, mas Henry Nowakowski foi o primeiro alemão a estar entre os nove melhores. Ele terminou em sétimo em 2001. Nowakowski é o 37th na lista dos alemães que mais ganharam, com US$ 624.262 em ganhos. Heinz é o primeiro da lista, com uma margem de US$ 5 milhões.
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A posição de Heinz na lista dos que mais ganharam dinheiro em todos os tempos. Seu prêmio de US$ 8.715.368 foi o quarto maior da história do Main Event da WSOP, atrás dos prêmios de Jamie Gold, Peter Eastgate e Jonathan Duhamel.
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Idade de Heinz quando ganhou o Main Event. Heinz é o segundo
mais jovem a vencer o Main Event da WSOP na história. O único jogador a conquistar este título mais jovem que Heinz foi Joe Cada, em 2009, quando tinha 21 anos. O campeão de 2008, Peter Eastgate, também tinha 22 anos quando conquistou seu bracelete, mas estava a menos de um mês de seu 23o aniversário, enquanto Heinz tinha apenas 22 anos e 5 meses quando venceu.
171 Número de mãos
na mesa final durante as quais Heinz foi chip leader. Ele e o segundo colocado, Martin Staszko, foram os únicos jogadores na mesa final que tiveram por algum momento a liderança em fichas. Heinz a manteve por 56,8% do tempo na mesa final. A maior sequência foi de 136 mãos, da mão no 43 até a segunda mão no momento em que restavam apenas três jogadores.
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Valor em dólares do agasalho Hugo Boss
Sporty Zip Up Hoodie, de acordo com o site oficial da Hugo Boss. Infelizmente, para aqueles que querem imitar o visual característico de Pius Heinz, o agasalho está esgotado em todos os tamanhos.
3,691
Dólares rendeu o pagamento de mais de US$ 8 milhões de Pius Heinz durante os quase quatro meses entre a pausa no torneio, em julho, e a mesa final, em novembro.
31,433
Valor em dólares que Heinz ganhou desde que chegou a mesa final do Main Event. Heinz ganhou um evento paralelo de €1,000 no EPT Barcelona e levou mais de €17,000. Recentemente, ele ficou em 23o em um evento paralelo de €2,000 no EPT Praga.
83,286
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Dólares
foi o que Heinz levou por sua sétima colocação em um evento de $1.500 No Limit Hold’em. Athanasios Polychronopoulos ganhou o evento, levando US$ 650.223, mas Heinz conseguiu cobrir a diferença no Main Event.
675,000 Número aproximado em dólares que Heinz ganhou jogando online com o nickname “MastaP89”. 12,075,000
Foi o mínimo de fichas que Heinz teve durante a mesa final. Depois de começar sendo o sétimo em fichas, Heinz caiu para último apenas 13 mãos depois do início da mesa final, em um período no qual ele não ganhou um pote sequer. Heinz então levou a mão de número 14, e a partir daí foram necessárias menos de quatro órbitas para ele se tornar o chip leader.
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PIUS
HEINZ CAMPEÃO DO MAIN EVENT POR TIM FIORVANTI FOTOS POR JONATHAN BONCEK - POKERNEWS
Pelo quarto ano consecutivo, um jovem em torno de 20 anos está no topo da lista do mundo do poker, sendo o campeão do Main Event da WSOP. Com apenas 22 anos, Pius Heinz mantém a marca de jogadores que passaram sua prática e conhecimento dos feltros virtuais para o mundo real no maior palco do planeta. >>>
N
Neste período, tivemos como campeão um dinamarquês, um americano, um canadense, e agora, pela primeira vez, um alemão. Apesar de terem em comum o poker online, cada um cresceu em um lugar do mundo. Foi na WSOP 2011 a primeira aparição de Heinz no poker ao vivo, e, por isso, o mundo ainda não havia tido a oportunidade de saber mais sobre o novo campeão mundial. “Antes de começar a jogar poker, minha vida era bem normal”, disse Heinz. “Eu costumava ser um cara normal, na verdade ainda sou. Eu fazia o que as crianças fazem, sabe, eu não fiz nada de especial nesse tempo todo. Eu fui para o colegial e então comecei a estudar. Em algum momento, comecei a levar o poker a sério. Agora estou aqui.” O poker se tornou uma parte importante da sua vida, mas não começou desse jeito. Depois de se formar no colegial, Heinz foi para a faculdade em Colonha para estudar Psicologia de Negócios, mas conforme seus estudos iam avançando, o poker foi, devagar, fazendo cada vez mais parte da sua vida. “Eu jogava na escola nos intervalos, só pra passar o tempo”, disse Heinz. Às vezes nas aulas também. Eu não era chegado especificamente em jogos de carta, eu gostava de jogos em geral. Eu também gostava de jogos de computador. Mas eu não era tão ligado a jogos de carta antes de começar a jogar poker.” Assim como aconteceu com muitos dos jogadores que estão aparecendo nos Estados Unidos, foram as transmissões de poker pela televisão o que chamou a atenção de Heinz. “Acho que foi o Main Event o primeiro que vi na TV”, disse Heinz. “E eu achei que poderia ser divertido. Alguns amigos também começaram a assistir nessa época. Foi um período em que as pessoas na Alemanha começaram a se dar conta de que o poker existia. As pessoas estavam curiosas e a gente dizia ‘Ei, vamos jogar’. Aí nos encontrávamos no porão da casa de um amigo, mais pra tirar onda mesmo, tomar umas cervejas e nos divertir. Jogávamos por $0,05 ou $0,10, algo assim. É, foi assim que tudo começou.” Esses home games só eram bacanas até certo ponto, por isso ele começou a jogar poker online. Seu jogo começou a evoluir conforme ele foi subindo nos rankings de torneios online. Depois de obter certo sucesso, o poker deixou de ser uma atividade recreacional para se tornar algo mais sério. “Eu sempre tive a ideia de que se você é bom no poker, é capaz de fazer dinheiro com isso”, afirmou Heinz. “Eu não tinha um hobby pra ocupar meu tempo, então o poker ocupava este espaço, aí fui jogando e jogando, discutindo técnicas de jogo com meus amigos e tudo foi melhorando. Em um determinado ponto, comecei a me dar conta, ou pelo menos imaginei, que o nível de habilidade do jogador tem um papel crucial no poker, e pensei ‘Isso é algo que eu
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realmente curto’. Poker [é algo] que eu curti muito, então disse ‘Sim, vou tentar melhorar nesse jogo, jogar mais, gastar mais tempo e mais esforço com isso.’” Heinz obteve sucesso online, com um currículo de mais de US$ 600.000 em ganhos, sem jamais ter alcançado uma premiação de seis dígitos. Não houve um momento específico no qual Heinz se declarou jogador professional, foi simplesmente um caso de muito sucesso para ignorar o óbvio. “Para ser bem sincero, eu não me lembro”, disse Heinz. “Isso aconteceu em algum momento, mas eu sinceramente não me lembro. Eu acho que foi uma good run durante algumas semanas nas quais eu tive alguns bons resultados, mas nada grande, de seis dígitos. Muitos de quatro dígitos, alguns poucos de cinco, que vieram se acumulando num curto período.” Esta boa fase deu a ele a confiança necessária para jogar a WSOP pela primeira vez. Conforme a temporada foi se aproximando, entretanto, as coisas ficaram ruins para Heinz, e ele entrou numa downswing. Ficou tão ruim que começou a afetar seu jogo, fazendo com que ele parasse para pensar se ainda queria mesmo ser um jogador profissional. “Eu só estava esperando pra ver como ia na World Series”, disse Heinz. “Mas quando eu cheguei, eu não tinha confiança alguma. Na verdade, eu quase não viajei, pois estava meio chateado com o jogo. Se as coisas tivessem dado errado na World Series, eu acredito que iria focar nos meus estudos e deixaria o poker de lado. Jogaria ocasionalmente aos domingos e um dia na semana, mas, sabe, nada de ficar jogando quatro dias por semana. Eu teria que deixar o poker de lado e priorizar os estudos.” Antes do Main Event, Heinz já tinha condições de juntar isso tudo. Ele foi muito bem em um torneio de US$ 1,500 No Limit Hold’em e fez mesa final, marcando sua primeira premiação em torneios ao vivo. Foi uma mesa final muito complicada, incluindo alguns grandes jogadores online, como Jason Somerville. Heinz terminou em sétimo, mas adquiriu várias informações importantes, além de muita confiança, com essa experiência. “Eu nem sei o que aconteceu com o meu jogo”, disse Heinz. “Eu estava retomando minha confiança depois da fase ruim no poker online. E sinto que estou jogando muito, mas muito bem os torneios. Eu acredito que sou um adversário muito duro de se enfrentar, principalmente em torneios grandes, nos quais sua vida no torneio significa muito, e o dinheiro em jogo é alto. É isso aí, eu realmente me sinto o mais confiante possível em relação ao meu jogo e não tenho medo de ninguém.” Apesar do quão bem ele se sente e de quão bem ele está jogando, não espere vê-lo jogando nenhum dos grandes torneios que estão por vir nos
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››› “Eu realmente não sei o que vou fazer com todo este dinheiro.”
Estados Unidos. Heinz pretende jogar alguns EPTs e, talvez, alguns outros torneios na Europa, pois sua intenção é ficar perto de casa por um tempo. “No momento eu não tenho planos de jogar nos Estados Unidos porque, na verdade, eu odeio viajar para outros continentes”, disse Heinz. “Eu sinto que toda vez que faço isso [viajo], eu perco três anos da minha vida; é muito estressante. Se eu não pretendo ficar no destino pelo menos três semanas ou um mês, eu não viajo porque odeio viajar. Com certeza, eu virei para a próxima temporada [WSOP] e jogarei tudo o que puder. Eu vou me aprimorar em mixed games e jogarei muitos torneios deles, os eventos de eight-game e ten-game, e mal posso esperar por isso. Acho que vai ser muito divertido.” Independentemente do quanto ele joga, agora ele tem muito dinheiro no bolso. Enquanto muitos jovens de 22 anos ficariam felizes em comprar vários carros e uma mansão enquanto se aventuram nos maiores jogos do mundo, Heinz parece ter adquirido um grande senso de responsabilidade juntamente com todo esse dinheiro, e agora ele procura evitar as armadilhas que derrubaram alguns dos jovens jogadores que de repente ficaram ricos. “Eu realmente não sei o que vou fazer com todo esse dinheiro”, disse Heinz. “Honestamente, não sou um cara que curte grandes carros. Certamente farei algumas das vontades da minha família, fazer algo bacana por eles, pois eles sempre me deram todo o suporte necessário e merecem que eu faça isso. Para mim, ainda não sei, estou feliz assim. Eu não preciso de nada. Eu vou tentar ser inteligente com o dinheiro, não desperdiçá-lo. Ouvi a respeito de pessoas que tinham muito dinheiro e acabaram com tudo em um ano, isso é exatamente o que eu não quero fazer. Eu vou tentar investir e fazer o dinheiro trabalhar para mim.” Heinz se inspirou muito em sua família e amigos, e deu certo. Assim que a última carta do torneio virou no feltro, ele foi absorvido por uma onda de camisas brancas, um visual que ele utilizou desde o começo do Main Event. “Foi um enxame de braços”, disse Heinz. “Acho que não dava mais pra me ver lá no meio. Tinha tanta gente me abraçando, foi um momento incrível. Eles me abraçavam tão forte que eu mal conseguia respirar. Eu curti demais e, se eles não estivessem lá, minha família, meus amigos, eu não acho que teria conseguido. Eu me sinto muito feliz por todos eles
estarem lá e compartilharem este momento comigo.” Esta comemoração foi só o começo do que seria uma longa noite para Heinz. Enquanto alguns campeões dos anos anteriores foram direto festejar e se desestressar, passando horas, às vezes dias na farra, Heinz começou a lidar com algumas das responsabilidades que acompanham o campeão do Main Event da WSOP. “Acho que terminamos mais ou menos à 1 da manhã”, disse Heinz. “Aí eu tive todos os tipos de trabalho de mídia para fazer. Dei autógrafos e parecia que havia milhões de pessoas querendo tirar uma foto comigo. Tentei fazer todo mundo feliz e tirei fotos com todos eles. Quando eu finalmente terminei, era mais ou menos 3:15. Já estava bem tarde, então fui até a suíte plaza onde meus amigos estavam, aí ficamos lá, tomamos uns drinks e comemoramos. Foi uma noite divertida.” Levou certo tempo para a adrenalina do heads-up começar a baixar, e o cansaço acumulado durante semanas bateu em Heinz. “Sinceramente, as últimas semanas foram muito desgastantes”, disse Heinz. “Eu capotei na cama. Não conseguia nem pensar mais; eu precisava dormir. Fui pra cama umas 7 da manhã.” Após algumas semanas de recuperação, Heinz vai assumir um papel extraoficial de embaixador do poker. Por ter aparecido em redes de televisão ao redor do mundo, de repente ele se tornou um rosto conhecido pelos fãs de poker em todo lugar, uma mudança que será interessante para um jogador que parece curtir um pouco o anonimato. “É, digo, é algo com que eu vou ter que me acostumar, sabe?”, disse Heinz. “Claro que é um pouco estranho, mas, ao mesmo tempo, é legal. Digo, eu não me considero uma estrela nem nada do tipo agora. Eu acredito que sou a mesma pessoa de antes. A diferença é que sou um campeão do mundo agora. Várias pessoas demonstram mais interesse em mim e tal, mas eu acho, em termos gerais, que não mudei, e não acho que vou mudar.” A família e os amigos de Heinz ajudaram a mantê-lo fechado durante este tempo todo. Jogando poker online e se envolvendo com outras pessoas inteligentes da comunidade, ele cultivou amizades que o ajudaram tanto no poker quanto na vida. “Em primeiro lugar eu estava com a minha família, que eu obviamente conheço desde sempre” disse Heinz. “Depois vieram meus amigos da ‘vida real’, lá da Alemanha. Agora há um monte de gente dos Estados Unidos que conheço do poker online, e esses caras eu conheço há uns 3 anos já. Todas essas pessoas tornaram-se verdadeiros amigos meus. Eu fiquei numa casa com a maioria deles por mais ou menos 6 semanas nessa temporada. Com esses caras, vai realmente além do poker.”
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Seguindo o trâmite padrão das associações, a primeira parte da reunião aconteceu a portas fechadas, com a presença das federações estaduais e de empresários do setor. Nesse momento da Assembleia ocorreram decisões de diretoria, votações e debates sobre os temas relevantes para o poker em cada estado e no país como um todo.
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portivo Nacional, que contém a relação das entidades cadastradas. Dentre estas, estava a Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), relacionadas entre as entidades oficialmente reconhecidas pelo Ministério.
Na segunda parte, aberta aos interessados, Igor Trafane fez uma rápida introdução sobre o ano da CBTH e passou a palavra aos executivos da Brunoro Sports Business (BSB). A renomada agência vem trabalhando ao lado da CBTH há cerca de um ano, com o objetivo de alçar o poker a um lugar de destaque na sociedade brasileira. A BSB apresentou um balanço do trabalho e um plano de ação junto ao governo e a órgãos desportivos, como o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Após longa salva de palmas, teve início a prestação das contas das CBTH, relativas aos exercícios 2010 e 2011 da entidade. Foram explicadas todas as receitas, como doações, rendimentos bancários do dinheiro aplicado, patrocínios de empresas e taxas de torneios, perfazendo um valor aproximado de R$ 800 mil. Em seguida, o presidente da entidade passou a elencar as despesas de 2010. De acordo com os demonstrativos, aproximadamente 500 mil reais, cerca de 80% dos gastos totais, foram destinados aos serviços jurídicos prestados pelo escritório do Dr. Miguel Reale Júnior.
Em seguida, o ponto alto da reunião. Em um telão, Igor Trafane acessou a página do Ministério dos Esportes na internet, na área de Alto Rendimento e Calendário Es-
Após isso, teve início a prestação das contas de 2011, na qual receita se aproximou dos R$ 700 mil, com despesas em torno de R$ 775 mil. As pastas com toda a comprovação
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documental de receitas e despesas foram disponibilizadas para averiguação dos interessados. Dando seguimento aos trabalhos, o Diretor Executivo da entidade, Alberoni Castro, acessou a conta bancária da CBTH via internet e a exibiu no telão, visando à comprovação dos valores apresentados de forma transparente. O saldo constante da conta da entidade foi positivo.
Ao final, os presentes foram convidados decidir sobre a destinação do prêmio obtido no Mundial da International Federation of Poker, realizado em Londres, no ano passado. Ficou definido que a verba de 25 mil dólares será aplicada na realização de um evento nacional por equipes, com a participação de todas as federações filiadas à CBTH.
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A DINÂMICA DOS MIXED GAMES
LIMIT 2-7 TRIPLE DRAW POR FELIPE MOJAVE
E aí, pessoal da Bluff Brasil, Estamos trazendo em todas as nossas edições um guia sobre os Mixed Games e seguimos rigorosamente o cronograma abaixo: 0) INTRODUÇÃO AOS MIXED GAMES - CONSULTAR EDIÇÃO 1 1) LIMIT HOLD’EM - CONSULTAR EDIÇÃO 2 2) STUD H/L - CONSULTAR EDIÇÃO 3 3) POT-LIMIT OMAHA - CONSULTAR EDIÇÃO 4 4) LIMIT 2-7 TRIPLE DRAW - EDIÇÃO ATUAL 5) RAZZ 6) NO-LIMIT HOLD’EM 7) OMAHA H/L 8) STUD HI 9) NO-LIMIT 2-7 SINGLE DRAW 10) BADUGI
Nesta edição vamos apresentar a modalidade Limit 2-7 Triple Draw, da família Lowball Draw Poker. Há também a modalidade A-5 Triple Draw, porém esta é menos jogada (hoje em dia é muito raro encontrar), mas foi com ela que o Lowball entrou na WSOP. Isso ocorreu um tanto quanto recentemente, no ano de 2002, no qual o primeiro torneio de Lowball foi jogado no WSOP e teve como campeão um jogador conhecido do circuito mundial chamado John Juanda. São poucos os jogadores que
realmente masterizam o jogo e, inclusive, a maioria dos praticantes não são grandes jogadores de Lowball. E foi em 2004 que o 2-7 Triple Draw fez a sua estreia no WSOP efetivamente, mas logo depois ficou 2 anos fora da grade. Em 2007 ele voltou e está na grade de torneios da WSOP até hoje, na qual, inclusive, esta modalidade foi inserida nos Mixed Games, como o 8-Game e o 10-Game. Ninguém sabe ao certo como é que o 2-7 TD nasceu. O que se sabe é que nos anos 90 ele foi incluído dentro da rotação dos Mixed
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Games de High Stakes entre os profissionais de poker e de lá nunca saiu, sendo frequentemente jogado nos cash games. David Sklansky mencionou que um cassino extinto de Las Vegas, que se chamava Vegas World, teve esse jogo durante os anos 80, porém na modalidade Double Draw, o qual eu nunca joguei e nunca teria ouvido falar se não tivesse acompanhado o material de David Sklansky. Já outro grande jogador da velha guarda do poker chamado Amarillo Slim uma vez criou uma série de torneios
que foram jogados em Reno e Lake Tahoe, regiões coladas a Las Vegas, onde a competição se chamava Super Bowl do Poker. Nesse jogo havia uma variante de Triple Draw com 10 cartas, jogado pela primeira vez no ano de 1979 e por 5 anos consecutivos. Outros jogadores da velha guarda, como Doc Jennings, espalharam o jogo (já com 5 cartas) pelos EUA, começando por Fort Smith no final dos anos 80, e quando as operações de cassino foram aprovadas, em 1991, no estado de Mississipi, o mesmo Jennings levou o jogo para o Hollywood Casino, em Tunica. Dizem que o jogo realmente começou por lá, apesar de Berry Johnston ter dito já ter jogado Triple Draw em Oklahoma na década de 70. Como podem ver, o TD é uma modalidade não tão antiga e das formas de poker eu acredito que seja uma das mais recentes realmente. Além do A-5 e o 2-7, existem outras modalidades conhecidas de Triple Draw por aí, assim como o Badugi e o Baduci, que na minha opinião estão entre as modalidades de Triple Draw mais jogadas e frequentam a rotação de cash games dentro dos Mixed Games assiduamente. Já joguei uma rotação de cash game no Aria Casino, em Las Vegas, na qual, das 6 modalidades, 5 eram de Triple Draw, sendo A-5, 2-7, Badugi, Baduci e Badacey/Badeucy, e está cada vez mais comum estes jogos durante os high stakes cash games. É justamente por isso que acho muito interessante aprender e dominar esta variante do poker. O Brasil ainda não tem grandes entusiastas desta modalidade, sendo que eu deva ser realmente o jogador que mais a pratica e que tenha maior experiência (tanto que este deve ser o primeiro artigo na história de 2-7 Triple Draw em português sendo publicado). Como destaque, esta modalidade é a preferida do meu amigo, jornalista e apresentador Sérgio Prado (que entende do negócio). Vamos ao que interessa então: falar das regras do jogo. Vou distribuir de um modo inovador, e vocês nunca viram nada parecido em livros. Acho que dessa forma fica mais fácil o entendimento, pelo menos eu gostaria de ter sido ensinado dessa maneira! (risos). - 2-7 Triple Draw é uma modalidade em que o jogador com a melhor mão baixa
para baixo, assim como já vimos na nossa leva o pote. edição número 3 quando estudamos o - Cada jogador recebe 5 cartas, uma Stud H/L. Portanto, 9-6-5-4-2 é uma de cada vez, assim como no Omaha, por mão melhor que T-9-4-3-2, e J-9-7-5-4 é exemplo. uma mão melhor que J-T-4-3-2 (em que o - Cada jogador pote optar por desempate foi dado pela segunda maior trocar qualquer número de cartas, carta, e pularia para a terceira caso a descartando-as e substituindo-as (compra) por novas cartas durante a rodada de troca. segunda carta também fosse idêntica). Não existe distinção entre naipes e, se - Há 3 rodadas de trocas, portanto, são permitidas 3 rodadas de trocas, sendo que todas as cartas forem iguais, os jogadores dividirão o pote. é meramente opcional ao jogador efetuar Sendo assim, a tabela de starting hands a troca ou não dar cartas, podendo este é muito simples: optar por passar (mesa ou check) e partir 2-3-4-5-7 para a nova rodada de apostas, pulando 2-3-5-6-7 assim a rodada de troca. 2-4-5-6-7 - Há 4 rodadas de apostas. A primeira 2-3-4-5-8 ocorre assim que cada jogador receber as E por aí vai. Claro que, quanto melhor cartas (como se fosse pré-flop) e após cada for a sua starting hand, maior é a sua umas das 3 rodadas de troca (havendo ou chance de ganhar. Diferentemente do Texas não troca de carta) vai existir uma rodada Hold’em, as starting hands aqui têm uma de apostas. relevância muito maior, principalmente - A estrutura de apostas é idêntica ao pelo fato do jogo ser no formato Limit e pelo Texas Hold’em, na qual existe um Small Blind, Big Blind e a rotação do Dealer Button. GRANDE fato de você expor a sua mão no caso da necessidade de fazer mais uma - Levando em consideração que todos compra para melhorá-la, tendo que assim vocês leram a nossa coluna de número “quebrar” sua mão para fazer o descarte e dois, na qual falei aqui sobre Limit compra, demonstrando ao seu adversário Hold’em, creio que todos conheçam a que você precisa de ajuda. Grande parte do estrutura de um jogo Limit. Sim, o 2-7 metagame deste jogo vai estar envolvido Triple Draw tem estrutura Limit. nisso. Para os que não conhecem as regras Dependendo da mão que seu adversário do jogo Limit, vocês poderão consultar tiver, ele vai saber a matemática perfeita essa coluna na edição número 2 da Bluff para aplicar a melhor jogada dentro de um Brasil. Existe outra modalidade de 2-7 repertório específico frente à esta situação. que permite apenas uma rodada de troca E é aí que está a grande vantagem e aí o jogo é No-Limit. Vamos falar dessa modalidade mais pra frente, que tem dos grandes estudiosos e praticantes diferenças muito grandes frente a esta e desta modalidade frente aos jogadores recreativos ou que jogam apenas durante que se chama No-Limit 2-7 Single Draw a WSOP. (edição 9). Boas mãos vão seguir um range, assim Antes mesmo de falar de starting hands e como no Hold’em. Mãos muito boas vão estratégias, é importante que vocês tenham em mente as seguintes regras básicas: jogar em qualquer posição, já outras mãos vão depender muito da ação. E como saber - Pares, Trincas, Sequências e Flushes tornam a sua mão inválida. quando é bom aplicar um raise/aumento? - Os Ases são cartas altas, em que, Vocês podem usar esta tabelinha de diferente do Omaha/Stud Hi-lo, por exemplo, starting hands aqui. servem tanto para alta como baixa. Não existe realmente uma tabela A melhor mão possível do 2-7 TD é fixa para explicar o quão boa uma mão 23457. Por quê? Simplesmente pelo fato é comparada a outra, podendo haver de ser a mão mais baixa possível (já que uma divisão entre vários subgrupos e os Ases são cartas altas) sem sequência e dependendo da situação, conforme dito sem ter flush também. Esta mão também acima e ressaltado novamente. Sendo é chamada de Wheel ou Nuts. assim, eu vou criar a minha própria Sendo assim, já verificamos que o tabela, ou seja, de acordo com a minha desempate entre as mãos é feito de cima concepção sobre o jogo. BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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Felipe Mojave It Works for Them. Pay Attention... INSIDE: XXXXX...XX ♠ XXXXXX...XX ♠ XXXXXX...XX ♠ XXXXXXX...XX
SUPER-PREMIUM HANDS Abre-se raise e reraise de qualquer posição. São aquelas que você não precisa comprar/trocar cartas e sua carta mais alta vai ser um 7 ou 8. 2-3-4-5-7 2-3-5-6-7 2-4-5-6-7 2-3-4-5-8 2-3-5-6-8 2-4-5-6-8 3-4-5-6-8 2-3-5-7-8 2-4-5-7-8 3-4-5-7-8 2-3-6-7-8 2-4-6-7-8 3-4-6-7-8 2-5-6-7-8 3-5-6-7-8
PREMIUM HANDS Abre-se raise e reraise de qualquer posição. São aquelas que você não precisa trocar nenhuma carta ainda e que terminam com 9. Muito cuidado com as mãos feitas com 9-alto, ou seja, 7-8-9 e 6-8-9, pois um oponente que estiver com uma mão premium de 1-Card Draw pode ter uma boa equidade para bater a sua mão tendo duas ou três compras pela frente.
1-CARD DRAWS Abre-se raise de qualquer posição e reraise em posição. São mãos que vêm acompanhadas de uma carta alta que terá que ser trocada, sendo normalmente qualquer carta a partir de T. Algumas mãos/situações com um 9-Low de saída vão requerer a quebra da mão, ou seja, se tornando uma mão de 1-Card Draw ao invés de uma Mão Premium. Posso dizer que um 8 nunca se quebra de cara, a não ser em situações muito específicas em que você tem informações suficientes para acreditar que o seu oponente completou uma mão 7-Low, então você fica reduzido entre 4-8 outs, ou se até mesmo antes disso 2 ou mais oponentes se envolverem em raises e reraises antes da troca. Considere dar fold nessas mãos muitas vezes para reduzir perdas e buscar situações/spots mais seguros. 2-3-5-7-X 2-3-6-7-X 2-3-4-8-X 2-3-5-8-X 2-4-5-8-X 2-3-6-8-X 2-4-6-8-X 2-5-6-8-X 2-3-7-8-X 2-4-7-8-X 2-5-7-8-X 2-6-7-8-X 3-4-5-8-X 3-4-6-8-X 3-5-6-8-X 3-4-7-8-X
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3-5-7-8-X 3-6-7-8-X 2-4-5-6-X Claro que você pode receber, por exemplo, 4567. Deixei para comentar esse tipo de mão aqui pelo grau de risco. Neste caso, note que, se você comprar um 8 vai completar uma sequência e a sua mão não será válida, assim como um 3, perdendo preciosos outs. Deste modo, as duas melhores cartas que podem te ajudar aqui são o 2 ou 9, sendo a segunda carta muita vezes bem perigosa frente às mãos de 1-Card Draw. Frente a um aumento, esta mão deve ser jogada fora (fold). Já no caso de 2-3-5-7 e 2-3-6-7, essas mãos são bastante fortes e devem ser jogadas agressivamente na primeira rodada de apostas, já que têm potencial de formar o nuts, sendo que o 8 e o 9 muitas vezes vão servir, tornando-se uma mão de 12-16 outs. Já uma mão como 2-4-5-6 é mais complicada, pois perde quatro outs do 3 que completaria uma sequência, jogando com 8 outs bons (7 e 8, apenas). Quando comparada com 3-6-7-8, por exemplo, ainda é uma mão inferior, pois essa mão tem 12 outs para completar um 8, mas note que quando a mão 2-4-5-6 compra um 7 ou 8, a mão comparada 3-6-7-8 não tem mais chances de ganhar a rodada (drawing dead). Por isso, 2-7 TD é um jogo fascinante que requer muita técnica e experiência para analisar a melhor jogada, se a mão deve ser quebrada, mantida, aumentada, etc.
2-CARD DRAWS Abre-se raise em posição e defende-se blinds. São mãos que requerem a troca de 2 cartas. 2-3-4-X-X 2-3-7-X-X 2-3-5-X-X 2-4-5-X-X 2-4-7-X-X 2-5-7-X-X 3-5-7-X-X 3-6-7-X-X 3-4-7-X-X 4-5-7-X-X 3-5-8-X-X 3-4-8-X-X
3-CARD DRAWS Abre-se raise do small blind e dDefende-se raise do button agressivo e small blind quando no big blind. 2-3-X-X-X 2-4-X-X-X 2-5-X-X-X 2-7-X-X-X
Assim como nos outros jogos de poker, seu range de mãos vai depender muito de como seus oponentes jogam. Em uma mesa muito agressiva, talvez seja bom aplicar 3-bets com mãos feitas com T-low e 2-Card Draws, assim como pode ser possível se dar fold antes da primeira troca em Premium Hands e 1-Card Draws. Lembrem-se da estrutura: há uma rodada de apostas e depois 3 trocas e 3 rodadas de apostas. O grande segredo do 2-7 TD está na leitura dos oponentes e seus padrões, a capacidade de grandes laydowns e a aplicação com eficácia do thin-value. Existem muitas situações e detalhes que envolvem este jogo num grau bastante complexo, mas, ainda assim, é um jogo simples e fácil de se praticar,
entender e cometer poucos erros. Para melhor desempenho, pratiquem muito e assim conhecerão as diversas condições do jogo. Pelo fato de ser uma coluna de regras e técnicas básicas, busquem também mais informações sobre a modalidade que não podem ser trazidas aqui por motivos óbvios (do contrário, tornaríamos a revista em um livro). Claro que o meu contato via site oficial (www. felipemojave.com) e twitter (@ FelipeMojave) ficam disponíveis para vocês a qualquer momento. Um grande abraço a todos os amigos da Bluff Brasil, Felipe Mojave
www.facebook.com/revistabluff
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Eduardo Oliveira
A regulamentação
do poker no Brasil SOBRE OS IMPOSTOS E AS NOSSAS EXPECTATIVAS POR EDUARDO OLIVEIRA
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Estava preparando minha coluna para esta edição e, a pedido do meu querido Guilherme Kalil, iria escrever sobre os impostos no poker, questão essa que parece ser assunto dominante quando se fala de poker e legislação hoje em dia, com debates acalorados nas redes sociais e opiniões para todos os gostos e bolsos.
Um advogado ou um engenheiro que ganhe um salário acima de X reais por mês vai pagar X% de imposto de renda na fonte. Um jogador que ganhar X reais de prêmio em um torneio vai pagar X% de imposto. Simples assim. Uma casa de jogo vai se registrar junto à receita federal, vai ser enquadrada em um regime de tributação e vai pagar os tributos devidos, assim como um bar, uma loja de roupas ou um boliche. Não se faz necessária nenhuma cruzada sobre a regulamentação do poker como eu e, pelo que ouço falar, grande parte da comunidade do poker brasileiro imaginava que seria o próximo passo para garantir o nosso direito. Isso está resolvido e já temos o nosso direito assegurado. Só temos agora é que cumprir com nossos deveres. ouço É sobre isso que temos que discutir Muito bem, procurei um grande pessoas agora. amigo, curitibano, roqueiro, atleticano falando Ouço pessoas falando que não vão de 4 costados e grande advogado tributarista e imaginei que de um que não vão ao torneio X ou Y por conta do imposto. Como assim? Como você quer exercer bom papo com ele sairiam todas as ao torneio uma atividade lícita no país sem pagar informações que eu precisaria para x ou Y por imposto? Todo mundo paga; o advogado tecer opiniões sobre o tema em minha conta do paulistano que tem que ir ao Acre 3 coluna. E, para minha surpresa, meu imposto. vezes por mês paga sobre o que ele amigo, após me escutar pacientemente, Como recebe pela atividade desenvolvida – já que ele não é do meio, tive que explicar tudo o que sabemos sobre assim? Como no Acre, sem o direito a nenhum tipo de dedução, assim como o tenista legalidade, jogo de azar, etc. – no fim você quer profissional que roda o circuito no da minha entusiasmada “a história exercer Brasil também é tributado em sua da legalidade do poker no Brasil”, uma premiação, também sem direito a simplesmente virou e disse: – Não atividade dedução de nenhuma espécie. entendi sua dúvida. Não existe profissional no Brasil que lícita no Mas como assim? O maior desafio do possa deduzir qualquer tipo de gasto poker no momento é tributário; temos país sem relativo ao exercício de sua profissão no que achar uma maneira de cobrar os pagar imposto de renda, então por que nós, impostos e fazer com que toda a cadeia imposto? jogadores de poker, achamos que temos produtiva ligada ao poker pague o que este direito? é devido ao governo para podermos Vivemos, há pouco tempo, um regulamentar o poker no Brasil, período no qual navegávamos por áreas cinzentas da blablablá. lei com relação à legalidade do poker no Brasil. Isso Nada disso. Descobri tristemente que isso é uma acabou graças ao trabalho impecável da CBTH e de bobagem no fim das contas. todos os pioneiros do jogo no país, que conseguiram Vamos aos fatos. Desde que provamos por A + B que colocar o poker no lugar que ele ocupa hoje, com o o poker não é um jogo de azar, questão sacramentada reconhecimento inclusive governamental. Agora, a até por decisões de segunda instância da Justiça do legalidade tem um custo e esse custo é o imposto que se país, a prática do poker se tornou legal. Isto porque, por deve pagar como qualquer outro profissional no país. princípio de direito, explicou-me o amigo, o que não é Acho que temos que discutir muito sobre essa nova proibido é permitido, portanto, se a prática do poker fase do poker, mas tenho a impressão de que o problema não é ilegal, ela não prescinde de uma lei específica a real é a nossa percepção de justiça na cobrança de permitindo. impostos e não empecilhos da legislação brasileira. E, sendo legal, ela já é regulamentada pelas leis gerais Tomemos cuidado para não desperdiçarmos nossos do Brasil em qualquer questão relativa à sua prática. esforços, tanto de tempo como de dinheiro, em uma Traduzindo, o jogador de poker vai pagar imposto igual batalha que não pode ser ganha. a qualquer profissional do país.
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Rio Poker Tour
RIO POKER TOUR POR GUILHERME KALIL FOTOS POR MAURO ZANIBONI
EXPECTATIVAS PARA A SEGUNDA TEMPORADA DE UM MEGATORNEIO
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O Rio Poker Tour estreou no ano de 2011 com grande expectativa em torno de um torneio que a Bluff chamou de “regional com cara de nacional”. Toda esta expectativa era baseada no trabalho da Fullen Events, que através de seus diretores fez uma divulgação impecável antes do primeiro evento, e o que se viu foi a série virar um “nacional que acontecia sempre na mesma cidade”. O torneio, que começou com apoio principalmente dos jogadores locais, foi vendo o número de estrelas crescer a cada etapa, tendo terminado seu primeiro ano com a presença de jogadores do porte de André Akkari, Vini Marques, Stetson Fraiha e Guilherme Chenaud, e mais – diversos jogadores de outras partes do Brasil viraram regulares da série, que atraiu em todas as suas etapas muitos jogadores principalmente das cidades de São Paulo e Belo Horizonte, que se encontram mais próximas da capital fluminense. Para a segunda temporada, as principais mudança são o buy-in, que passa de 800 para 1.250 reais, e o garantido que sobe de 120 para 150 mil reais. A primeira etapa acontecerá no Hotel Royal Tulip, onde aconteceu a etapa final de 2011. Por tudo isto, fica fácil concordar com a propaganda do evento, que diz ser esta a série mais charmosa do Brasil, e, prova disto, são os relatos que faço a seguir de momentos que vivi cobrindo e jogando o torneio.
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A APOSTA COM O AKKARI:
OS DEALERS DO RPT:
Andando pela praia do Pepê começou uma discussão sobre quanto seria necessário para convencer alguém a pular no mar com roupa e tudo às 10 horas da noite num dia frio. A malandragem do Akkari Team começou a inflacionar a brincadeira, e eu, que não faço retas milionárias no domingo, me dispus a pular por 500 reais. O dono do mais recente bracelete brasileiro da WSOP ainda com os dólares frescos na carteira não pensou duas vezes e sacou 3 notas de 100 dólares novinhas e eu não pensei duas vezes. Mergulhei no mar gelado, recolhi minha grana, atravessei a rua e voltei de banho tomado com a sensação que tinha ganho o dinheiro mais fácil da minha vida. Quando eu voltei o Akkari me disse: - Você pulou barato demais. Eu teria pago 1.000 reais por isto. E eu respondi: - Você que pagou caro demais. Eu teria pulado por 300 reais tranquilamente... (risos) O que eu não imaginava é que o vídeo do pulo se espalharia pela internet rapidamente, gerando falinhas em todo o país.
A equipe de dealers do RPT é muito unida e bem treinada para servir os jogadores, o que obviamente não os impede de se divertirem horrores na sala exclusiva dos dealers. Nas minhas “invasões” para filar o café, pude presenciar torneios de xadrez entre eles, animados jogos de dominó de baralho, que mesmo sendo muitas vezes baratos eram jogados a sério e recheados de falinhas entre eles. Outro grande prazer que tive foi o de dar cartas no torneio exclusivo dos dealers, valendo um relógio ainda na primeira etapa. O formato que fazia o campeão levar o único prêmio gerou um torneio altamente disputado, e nós, que distribuímos as cartas, fomos corrigidos por eles constantemente, a cada erro. Foi a verdadeira e justa forra que eles tiraram naquele momento, por tudo que passam ao exercer a profissão. BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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Rio Poker Tour
OS CAMPEÕES DO ANO: Os campeões das 6 etapas foram:
1ª ETAPA: Danilo Souza 2ª ETAPA: Joakim Anderson 3ª ETAPA: Fábio Lomelino 4ª ETAPA: André Perlingeiro 5ª ETAPA: Helio Veloso A etapa final foi vencida por Vini Marques, que, por ter levado o troféu, não pôde narrar junto com seu irmão Victor Marques a mesa final. O grande campeão do ano foi o carioca Alexandre Rivero, que ainda em 2011 foi campeão do High Roller do BSOP e, fevereiro de em 2012, terceiro colocado do BPT, mas que continua se definindo em seu twitter como: Aprendendo a jogar poker. O proprietário do clube 7-2 Off na capital carioca tem mostrado resultados constantes e poderia tranquilamente trocar sua definição por “ensinando a jogar poker”. Ele teve ainda expressivos resultados no PCA de Bahamas e no Aria Casino, em Las Vegas.
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O PRIMEIRO RDT, O RIO DOMINÓ TOUR: Em uma das primeiras etapas, estávamos eu e o Eduardo Sequela jogando dominó no hall do hotel quando surgiu a ideia de fazermos o primeiro torneio de dominó do país. Chamamos alguns jogadores e logo havia mais de uma dezena de malandros dispostos a engatar no jogo, entre eles o maior nome da modalidade no país, Stetson Fraiha, além de Emerson Baroni e alguns regulares de RPT, como o gaúcho Diego Antunes e Leonardo “Kalashnikov” Pires. Todos esperavam um show do Stetson, mas o título acabou ficando com o jogador Heber Nogueira, sócio da Fullen Eventos, que depois de ver o jogo voltar (e dobrar) três mãos seguidas pela presença de four de reis e de dois, saiu com uma ótima mão e dobrou pela quarta vez disparando na liderança e impossibilitando Stetson e Emerson Baroni, seus adversários na mesa final, de alcançá-lo.
O CUIDADO COM OS JOGADORES:
O cuidado com os jogadores é mostrado em todos os detalhes do torneio. Desde a hora da inscrição até a entrada do salão, quando toda a equipe do RPT recebe os jogadores com aplausos. Ao término do torneio é comum ver o proprietário da Fullen, Arthur Stephen, ouvindo pacientemente histórias de bad beats dos jogadores, que se tornaram amigos da equipe. Eu mesmo não perco uma oportunidade de contar pra ele uma historinha triste quando sou eliminado. Falando de histórias tristes, sempre me lembro do jogador André Bahiense, que um dia, ao me ver saindo eliminado e cabisbaixo do Main Event, chegou pra mim e disse: - Kalil, não fique triste. Você tinha futebol pra ter caído bem mais cedo!
Por estas e outras histórias espetaculares eu pretendo estar de novo em todas as etapas, ainda mais agora que eu já vi que minha aposentadoria em torneios, anunciada no Pokercast, nunca vai acontecer...
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JOGADAS
IDEAIS
NÃO CAIA NA ARMADILHA DO HUD
O
POR MATT DORAN
Muitas vezes, durante longas sessões de jogo online, desenvolvemos leituras de nossos adversários apenas com base em suas estatísticas no HUD, mas, se prestarmos atenção, também conseguiremos informações valiosas que não aparecem em nenhuma estatística em nossa tela. Prestar atenção nessas informações e fazer ajustes no jogo em tempo real pode ser o que vai fazer a diferença entre ser um jogador que faz o be-a-bá e um vencedor regular. As mãos a seguir ocorreram entre um fish e eu em uma única sessão, e eu acredito que elas mostram alguns dos ajustes que podem nos ajudar a tomar decisões melhores.
Estamos em uma mesa de 6-max $50 NLHE. Na nossa primeira mão, estou no cutoff e meu adversário (Questior) em MP. Ele estava jogando 39/13 nesta sessão, e até então ele vinha apresentando uma propensão a entrar de limp em muitos pots, dar call em raises, e a ser extremamente agressivo quando seus adversários mostravam fraqueza. Enquanto eu me sentei com 100 BBs, meu adversário tem um stack de $31,25, ou seja, aproximadamente 65 BBs. A ação chega em fold até ele, que dá limp, e eu dou raise para isolar com Q♥-J♥. Todos dão fold até o BB, que dá call. O BB nesta mão é outro fish
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(MrLittleBluff), que está sentado com $23,48 (46 BBs). Três jogadores para o flop, que vem K♦-4♥-T♣. O BB dá check e nosso alvo em MP sai apostando metade do pote ($3,50). Esta é a primeira decisão que temos que tomar nesta mão. Com certeza, não iremos dar fold, então precisamos comparar os benefícios entre dar call e dar raise. Eu não gosto de dar raise aqui por dois motivos. Primeiro, se dermos raise, nós vamos nos comprometer com o pote se qualquer um dos adversários for all in, o que significa que teremos que entrar nessa parada com mais ou menos 30% de equidade. Nós não queremos fazer isso se apenas uma pequena parte do nosso stack está comprometida até agora. Em segundo lugar, se dermos call, chamamos o fish no BB para o jogo também, o que melhora nosso valor para o draw. Quando temos um draw para o nuts, nunca vamos nos incomodar com o tanto de pessoas que estão no jogo. Então dou call e o BB também dá call. No turn vem um 6♥. Nós ganhamos mais nove outs para aquela que deve ser a melhor
mão. Nisso o fish no BB sai disparando all in de $17,73, uma aposta mais ou menos do tamanho do pote. Nosso alvo em MP dá call com $7,77 para trás e agora é nossa vez de agir. Neste momento, eu acredito que a decisão seja completamente matemática. Nós sabemos que nossa equidade (13 a 15 outs, aproximadamente 26 a 30% de equidade), então sabemos que é lucrativo dar call, pois temos pot odds de 3 pra 1. Considerando que temos basicamente 25% de pot odds e uma equidade de aproximadamente 30%, o call é sempre lucrativo. Nós damos o call e no river vem um belo 9♣, e nosso alvo nos dá suas fichas restantes quando vai all in. O vilão no BB apresenta 6♠-6♣, uma trinca de 6 no turn, e nosso alvo em MP apresenta A♣-T♠, apenas o segundo par. Vamos adiantar o tempo em mais ou menos meia hora. Nosso alvo fez recompra e levou seu stack a $107,27 (215 BBs), mas nós tínhamos mais fichas do que ele. Nosso adversário dá limp no UTG e nós estamos em MP com K♣-J♦. Nós damos raise para isolar mais uma vez, mas agora a ação volta em fold até Quesitor, que dá call. Estamos em heads-up e o flop apresenta Q♦-3♥-T♥. Desta vez, nosso adversário sai apostando o valor do pot. Pelo que vimos na mão anterior, ele é capaz de apostar com mãos medianas, mas não costuma dar fold quando toma raise. Por isso, acredito que a melhor decisão no flop seja dar call, pois não acredito que tenhamos muita fold equity se dermos raise. Eu dou call. No turn aparece, mais uma vez, um magnífico 9♣, o que nos dá um nut straight. Nosso adversário dá check. É hora de apostar por valor. Temos que apostar alto aqui porque temos muitas fichas e porque vimos que nosso adversário irá dar call com mãos especulativas. Eu acredito que qualquer coisa abaixo de 2/3 do pote é pouco, e provavelmente não temos por que nos preocupar com uma overbet. Na hora, optei por apostar $11,33, mais ou menos 85% do pote. Ele deu call rapidamente. O river é um K♥. Agora só temos uma carta no straight e, pior ainda, se nosso adversário estava pagando com um flush draw, agora estamos perdidos. Para finalizar, ele sai apostando o valor do pote ($35,77). É aqui que temos que pensar na mão inteira e ver se ele poderia ter um flush ou quais outras mãos ele estaria jogando. O que me vem à mente
é que ele, um jogador agressivo, apostaria também no turn com um flush draw ao invés de dar check-call. Além disso, acredito que seja possível que ele tenha algumas mãos piores no seu range (dois pares, por exemplo) que ele esteja apostando por valor, sem nos esquecermos da grande possibilidade de ele não ter absolutamente nada. Eu decido dar o call baseado neste grande range. Ele apresenta 8♣-T♣, e eu puxo o pote de $107,31. Nossa terceira e última mão ocorre logo depois. Nosso adversário tem um stack de $69,37 (139 BBs) e eu tenho mais fichas que ele, com um stack de $144,53. Questior entra de limp outra vez em MP, e mais uma vez isolamos com 6♦-6♣. Desta vez eu tomo call tanto do TAG no botão quanto do TAG no SB (ambos com stacks de 100 BBs) antes de a ação voltar a Questior, que, obviamente, dá call também. Quatro jogadores para o flop, que apresenta 4♥-2♠-K♥. Nós temos o segundo par em um pote multiway. A ação chega em check até nós, e temos que tomar uma decisão. Damos check e esperamos uma free card? Ou será que devemos injetar fichas nesse bordo relativamente seco? Eu opto por fazer uma continuation bet. Aposto $5,16 em um pote com $7,74. Eu decido apostar porque acredito que este não seja um flop tão ruim. Acredito que por ser um pote multiway, os jogadores TAGs não irão dar float em minha c-bet. Acho até que um deles pode dar fold com um par maior do que o meu. Eu também penso que neste flop em particular não haja muitas mãos no range de call deles pré-flop que irão continuar no jogo depois de uma boa c-bet. Eu não acredito que eles tenham alguma
É hora de apostar por valor. Temos que apostar alto aqui porque temos muitas fichas e porque vimos que nosso adversário irá dar call com mãos especulativas.
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combinação com rei, e a menos que eles tenham acertado uma trinca no flop, acho que posso tirá-los da jogada. Eu estava certo, ambos os TAGs dão fold, mas, é claro, nosso fish em MP dá call. O turn é um 8♣. Ele dá check. Eu decido apostar novamente, uma aposta menor desta vez, porque acredito que ele é o adversário na mesa que ainda pode ter uma mão pior do que a minha, então posso apostar por valor. Como vimos nas mãos anteriores, ele não estava dando fold com muitas mãos. Eu não quero dar check aqui porque isso abre um precedente para ele sair apostando forte no river, o que me força a tomar uma decisão difícil. Eu aposto um pouco menos do que meio pote ($8,53), e ele dá call. No river vem um K♦. Infelizmente, ele não dá check como eu esperava que ele fizesse. Ele aposta o valor do pote ($35,12). Com apenas o terceiro par, eu tenho uma decisão complicada a tomar. Será que ele poderia ter alguma combinação com rei? É possível, mas improvável, pois ele não atirou na gente como nas mãos anteriores. Será alguma outra mão com valor? Nada faz sentido, na minha opinião. O flush draw e o straight draw que não bateram e agora ele está apostando o valor do pote numa carta neutra. Por ter visto ele apostar o pote blefando anteriormente no river, eu acredito que tenho informação o bastante para dar um call light. Eu dou call e ele apresenta 3♣-5♣, um straight draw que não bateu, e eu levo o pote. Às vezes pode ser muito fácil cair em uma armadilha quando jogamos online se acreditarmos somente no HUD para tomarmos nossas decisões, não prestando atenção na forma como seus adversários estão jogando. Assim, podemos jogar muito melhor se usarmos toda a informação disponível para tomarmos nossas decisões.
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NINGUÉM TEVE
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MELHOR DO QUE
EUGENE
KATCHALOV
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POR TIM FIORVANTI Você começou 2011 com uma excelente performance no PCA (vencendo o Super High Roller, e sendo o segundo no US$ 10.000 Six-Max). Quanto isso ajudou para que seu jogo se encaixasse tão bem? Com certeza ajudou muito. Minha viagem para o PCA em 2011 foi muito melhor do que eu poderia imaginar. Foi um sonho tornando-se realidade. Certamente me deu muito mais confiança para seguir em frente, e meus resultados foram bons o ano todo. Confiança é sempre algo importante. Quando você está indo bem nos torneios, meio que carrega isso para os próximos torneios. 2011 foi seu ano mais bem-sucedido desde 2007. A que você atribui todo este sucesso? Em primeiro lugar, este foi apenas o segundo ano em que estive apenas jogando poker, nada mais. Enquanto, mesmo em 2007, eu jogava poker e fazia trading ao mesmo tempo, e não jogava tanto quanto jogo hoje. Com certeza posso atribuir tudo isso ao fato de eu estar pensando muito sobre o jogo, trabalhando pesado, cuidando de mim, fazendo exercícios, o que me dá energia suficiente para disputar esses torneios, e curtindo o jogo, amando o jogo e sempre tentando melhorar. >>> Você ganhou seu primeiro bracelete da WSOP este ano depois de chegar perto em diversas ocasiões. Como foi essa
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V Entre o evento de US$ 100.000 No-Limit Hold’em em janeiro e o torneio de US$ 1.500 Seven-Card Stud na WSOP, como você consegue fazer a transição entre dois torneios tão diferentes? Obviamente, são dois extremos. US$ 1.500 é provavelmente o buy-in mais barato que vou jogar, enquanto US$ 100.000 está entre os maiores, e eu os trato de forma um tanto diferente. Para os torneios de US$ 100.000, eu provavelmente terei metade da ação, pois acredito que US$ 100.000 seja muito para se arriscar. O field é menor, então a abordagem é outra. Eu tento ver como está minha confiança. Eu sei que vou enfrentar alguns dos melhores jogadores do mundo. Em um torneio como o evento de US$ 1.500 de stud, eu sei que vou enfrentar muitos amadores, e que terá alguns profissionais, mas a maioria será de amadores, então normalmente o field é mais fácil, no entanto, também é maior. Ganhar um bracelete não é uma questão de dinheiro.
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experiência? Toda vez que vou para a WSOP, estou sempre tentando, assim como todo mundo, levar um bracelete. Eu já tinha feito algumas mesas finais até este ano, então sempre senti que era questão de tempo até eu ganhar um bracelete. Foi ótimo fazer outra mesa final no evento de [SevenCard] Stud, e então chegar lá e vencer foi algo surreal. Eu não conseguia acreditar até que eu venci. Cheguei perto muitas vezes, e fracassei muitas vezes, só consegui sentir a vitória quando de fato ela ocorreu. Foi uma ótima sensação, um momento memorável, e é algo que vai ficar em mim para sempre.
A Disputa do JdA A corrida pelo título de Jogador do Ano de 2011 da Revista Bluff foi a mais disputada em toda a sua história. Eugene Katchalov assumiu a liderança no começo do ano e, apesar de tê-la
JdA, diversos jogadores que apresentaram resultados impressionantes em janeiro. Galen Hall tomou a liderança poucos dias depois de Katchalov marcar seu grande resultado. Hall atingiu seu melhor resultado no ano e em sua carreira ao vencer o Main Event do PCA. Foi a primeira vez, mas não a última, em que Hall tomaria a
em terceiro no $100.000 High Roller, resultado seguido pela vitória no $250.000 High Roller. Sam Trickett também faturou nos eventos de buy-in mais alto no Aussie Millions, vencendo o $100.000 e ficando em segundo no Super High Roller. Outro europeu Marvin Rettenmaier teve uma boa combinação de resultados
Eu não conseguia acreditar até que eu venci. Cheguei perto muitas vezes, e fracassei muitas vezes, só consegui sentir a vitória quando de fato ela ocorreu. Foi uma ótima sensação, um momento memorável, e é algo que vai ficar em mim para sempre.
Em que momento você realmente começou a mirar a corrida de Jogador do Ano? Depois do PCA, eu não estava prestando muita atenção nisso porque ainda tinha o ano todo pela frente. Eu fiquei em segundo no Mohegan Sun Bounty Shootout e fui bem em alguns outros torneios. Assim que venci um bracelete na WSOP e fiz outra mesa final na WSOP, notei que meus pontos continuaram aumentando e então me dei conta de que “Wow, eu realmente estou na disputa.” Eu
perdido em diversas ocasiões, ele deu a volta e a partir do meio do ano manteve sua liderança contra diversos grandes jogadores que buscavam o título. Logo no começo do ano houve algumas importantes séries de torneios. O PokerStars Caribbean Adventure, o Aussie Millions e o EPT Deauville já chegaram oferecendo muitos pontos aos participantes. Esquentando a disputa pelo
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liderança de Katchalov. Katchalov venceu o $100.000 Super High Roller e ficou em terceiro no Six-Max High Roller do PCA, mas não foi o jogador que mais venceu em eventos High Roller em 2011. Começando pelo $25.000 High Roller, Erik Seidel dominou os torneios mais caros em janeiro e durante todo o ano. Logo depois partir do PCA, Seidel foi para o Aussie Millions e ficou
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no PCA e no EPT Deauville, atingindo o top 20. Sam Stein, que deu uma acelerada no fim do ano, se aproximou do top 20 com uma quarta colocação no Main Event do PCA. No fim de fevereiro, os dois jogadores no topo da lista, Hall e Katchalov, permaneceram os mesmos, mas tivemos algumas alterações nos outros setores do ranking. Randy Dorfman alcançou o top 5 depois de uma
Seu terceiro lugar no EPT Barcelona acabou sendo crucial para sua vitória no JdA. Foi um dos grandes resultados na Europa em 2011. Você se preparou para jogar mais torneios na Europa? Eu queria jogar mais EPTs porque ainda não tenho um título do EPT. Teria sido muito legal ganhar um título do EPT porque isso me daria a Tríplice Coroa. Eu quero muito isso. Os eventos do EPT vêm crescendo muito nos últimos anos; são excelentes oportunidades de jogar e eu não quero perdê-los. Houve uma competição saudável entre você e seu amigo PokerStars Pro Bertrand “ElkY” Grospellier conforme o ano foi passando? ElkY e eu nos tornamos amigos nos últimos meses. Viajamos bastante juntos e vamos ao mesmos lugares, então curtimos juntos e fazemos as mesmas coisas. Nós conversamos sobre isso. É meio estranho porque somos amigos e torcemos um pelo outro, mas ao mesmo tempo tem esse lance de competição, pois ambos estamos jogando poker. Nós dois estivemos muito próximos de vencer, então competíamos um contra o outro, e ambos queriam muito ser o campeão. É uma dinâmica um pouco estranha, mas, ao mesmo tempo, nos demos conta de que isso faz parte do nosso trabalho e que vamos ter que competir um contra o outro. No final, o ano foi bom pois ambos estivemos tão próximos de ganhar que fomos o primeiro e o segundo colocados. Isso significa que as coisas estão indo bem para nós. Você jogou algum torneio somente para acumular pontos? A corrida de Jogador de Ano, desde o meio do ano, fez com o que eu quisesse ainda mais jogar o máximo possível. Certamente fez com que eu jogasse mais eventos paralelos do que o que jogo normalmente. Meu plano era jogar mais
ótima performance no LA Poker Classic. O campeão da WSOP 2010, Jonathan Duhamel apareceu no top 20 depois de fazer mesa final em um evento High Roller em Deauville, e Shannon Shorr e Alessio Isaia também apareceram na lista pela primeira vez. Stein e Rettenmaier deixaram a lista por um tempo. Foi uma fase ruim para Rettenmaier, mas março foi um mês excelente para ele. A vitória no French Poker Series o fez ultrapassar todo mundo e deu a ele a liderança, mesmo que por pouco tempo. Uma boa performance de Hall no WPT Bay 101 Shooting Stars o colocou de volta no topo no fim do mês. Vivek Rajkumar chegou à mesa final neste evento, além de fazer um segundo lugar no Main Event
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acho que foi em algum momento no meio do ano quando comecei realmente a prestar atenção nisso e correr para a vitória. Eu pensei em quão bom seria, e decidi que viajaria bastante até o fim do ano e jogaria tudo o que pudesse. Depois de ir bem em Barcelona, minhas chances se tornaram concretas.
do LAPC, o que o levou ao top 10. Isaia alcançou esta marca do outro lado do Atlântico, fazendo sua segunda mesa final consecutiva do WPT e pulando para o top 5. Março foi um ótimo mês para Victor Ramdin também. Ele venceu o Big Event em Los Angeles e fez mesa final no Bounty Shootout no fim do mês, chegando em terceiro lugar. Abril foi um bom mês para Tim West, Ali Eslami, e Taylor Von Kriegenberg. West e Eslami tiveram performances impressionantes em eventos de US$ 10.000 e chegaram ao top 10. Seidel ficou em segundo lugar no WPT Hollywood, em Indiana, e voltou ao top 10, enquanto Eslami fez mesa final neste mesmo evento e subiu para o top 5. Von
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Kriegenberg, que ganhou seu primeiro evento do WPT na Flórida, juntou pontos o bastante para se tornar o segundo colocado. No fim do mês, um rosto familiar voltou a aparecer na liderança pela primeira vez desde o começo de janeiro. Katchalov, devido ao seu segundo lugar no NAPT Mohegan Sun Bounty Shootout, pulou da quinta posição, sua pior colocação até o momento, de volta para a liderança, mas de forma bem acirrada. Max Lykov, que foi presença constante na lista durante o ano, apareceu no top 20 pela primeira vez. Bertrand “ElkY” Grospellier, que provou ser um dos adversários mais fortes de Katchalov durante o ano, entrou pela primeira vez no top 20 pouco antes do início da WSOP. Com dois excelentes resultados nos High Rollers em Madri, Grospellier deu início ao que seria um de seus melhores anos no circuito live. A última série de torneios antes da WSOP foi o WPT Five Diamond World Poker Classic, e teve um efeito dramático na corrida para o Jogador do Ano. Seidel venceu outro evento High Roller, um torneio de US$ 100.000, que o levou à liderança. A liderança de Seidel durou instantes, pois naquele mesmo dia, no Bellagio, Hall ficou em terceiro no US$ 25.000 Main Event e retomou a liderança pela última vez em 2011. Hall e Seidel entraram na WSOP como os números um e dois no ranking, mas não duraram muito tempo por lá. Logo na primeira semana da WSOP, Katchalov pulou para a liderança, e de lá não saiu até o fim do ano. Ele levou seu primeiro bracelete da WSOP no evento $1.500 Seven-Card Stud, derrotando Isaia no heads-up e passando à frente de Hall e Seidel, sendo que nenhum destes chegou perto de Katchalov durante todo o restante do ano. Allen Bari alcançou o top 5 pela primeira vez no ano depois de ganhar seu primeiro bracelete. Matthew Waxman, que viria a correr atrás do título de JdA mais para o fim do ano, continuou devagar sua escalada no ranking depois de fazer uma mesa final. Conforme o primeiro mês da WSOP chegava ao fim, vários grandes nomes escalavam seu próprio caminho para o título de Jogador do Ano. O sempre perigoso Jason Mercier ganhou seu segundo bracelete, e juntando à sua vitória no NAPT Mohegan Sun Bounty Shootout, juntou pontos o suficiente para alcançar o top 10. Grospellier ganhou o primeiro bracelete de sua carreira conforme ia se aproximando do que parecia ser um fim de ano épico na disputa; depois disso, ainda fez mais uma mesa final, ficando em segundo lugar no US$ 10.000 Six-Handed Championship. Eslami fez duas mesas finais para chegar ao top 5, mas um dos maiores saltos na classificação foi o de Stein. Meses depois de aparecer na mesa final do PCA, Stein conquistou seu primeiro bracelete e fez outra mesa final num intervalo de duas semanas para chegar ao terceiro lugar conforme junho chegava ao fim. O objetivo de Phil Hellmuth’s no começo da WSOP era conseguir seu bracelete de número 12, e 2011 foi um dos melhores anos de sua carreira. Ele chegou ao heads-up em três ocasiões na WSOP,
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É muito difícil quando você olha para os 20 melhores e conhece cada nome na lista, pois você já jogou contra eles e sabe quão forte é o nome deles, além de saber que todo estão competindo pelo título.
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mas sucumbiu nas três. Nenhum destes eventos era de Hold’em, modalidade na qual ele possui 11 braceletes. Apesar da frustração, Hellmuth ganhou a maior premiação de sua carreira quando ficou em segundo lugar, perdendo para Brian Rast no US$ 50.000 Poker Player’s Championship e, assim, terminou o ano no top 20 da corrida para o JdA. Para resumir o máximo possível, é impossível que você tenha tido um mês melhor que o de Ben Lamb. Depois de terminar em segundo, perdendo para Stein, no evento US$ 3.000 Pot-Limit Omaha, Lamb ganhou seu primeiro bracelete da WSOP no US$ 10.000 Pot-Limit Omaha, terminou em 12o no US$ 10.000 Six-Handed Championship, fez mesa final no US$ 50.000 Poker Player’s Championship e finalizou com chave de ouro ao conquistar uma vaga no November Nine. Com os pontos acumulados, além do que ele poderia conquistar conforme fosse avançando na mesa final do Main Event, em novembro, Lamb ficou na sombra dos outros líderes da competição até a continuação do Main Event. Confome a WSOP ia chegando ao fim, Katchalov tinha uma pequena vantagem sobre Grospellier, com Lykov, Rettenmaier, Lamb e Stein um pouco mais distantes. O restante de julho e agosto trouxe poucas mudanças no top 20, mas Mercier deu uma boa escalada e chegou ao top 10. A primeira semana de setembro foi uma das mais importantes para se determinar o Jogador do Ano de 2011. Grospellier estava muito perto da liderança, mas Katchalov colocou uma boa diferença entre eles ao terminar em terceiro no Main Event do EPT Barcelona. Seria necessário que algum jogador do top 10 conquistasse uma grande vitória para alcançá-lo. Steve O’Dwyer teve um rendimento impressionante no final, com um título em um evento paralelo no Bellagio Cup. Depois de diversas mesas finais em eventos menores e vários ITMs em Main Events, O’Dwyer finalmente chegou em top 20 no começo de setembro. Waxman também conseguiu sua maior vitória em setembro, levando o WPT Grand Prix de Paris para sair de fora do top 20 direto para o terceiro lugar. No fim de setembro, entretanto, Rettenmaier mais uma vez provou ser um jogador consistente, tomando a segunda posição de Grospellier. A World Series of Poker Europe fez muita diferença na corrida, pois seu calendário foi alterado para outubro. Elio Fox, que apareceu de repente quando cravou o Main Event do Bellagio Cup, fez de um ano impressionante algo incrível. Ele ganhou o Main Event da WSOPE e, apesar de ter apenas quatro premiações contabilizadas, alcançou o top 5. Com pequenas premiações durante o mês de outubro, tanto Waxman quanto Grospellier ultrapassaram Rettenmaier, conquistando a segunda e a terceira colocações, respectivamente. Waxman aumentou sua carga de torneios visando conquistar o prêmio de Jogador do Ano, mas já era tarde e ele acabou o ano na quarta colocação. Chris Moorman também deu um grande salto neste período, pois sua segunda colocação foi o suficiente para colocá-lo no top 10. Quando outubro ia chegando ao fim, a liderança de Katchalov continuava um pouco acima dos 100 pontos. Apesar de muitos competidores estarem indo bem, o maior desafio de Katchalov para conquistar a coroa de Jogador do Ano veio de alguém fora do top 20. Se tivesse terminado em primeiro ou segundo, Lamb teria feito uma das melhores performances de todos os tempos na WSOP, com o título de Jogador do
Ano da WSOP e o título de Jogador do Ano da Bluff. torneios de qualquer forma, Matt Giannetti também poderia ter ido muito bem na principalmente porque entrei para corrida da Bluff, depois de vencer o WPT Malta durante o PokerStars, então joguei mais o intervalo para o November Nine, mas nada disso eventos [na Europa]. aconteceu. Lamb eliminou Gianetti na quarta colocação do Main Considerando o excelente ano de Event da WSOP, acabando com as intenções deste. Lamb muitos dos que disputavam este caiu em terceiro, e, apesar de não chegar à liderança do concurso, como você se sente concurso de Jogador do Ano da Bluff, ele passou quase sendo o Jogador do Ano? todo mundo e chegou à segunda colocação, dependendo É uma sensação incrível; é apenas de um grande resultado para derrubar o muito difícil para mim descrever. Katchalov. Isso foi o mais próximo que Lamb chegou, O sentimento de ser o Jogador do entretanto, e ele terminou o ano na terceira colocação. Ano é diferente de vencer qualquer Outro jogador do November Nine também entrou para torneio, pois qualquer pessoa o top 5. Trickett chegou à mesa pode vencer um final do Main Event do Partouche torneio. É algo Poker Tour como chip leader, e usou completamente Resultados do esta vantagem para levar o título e diferente ganhar título de Jogador conquistar pontos o bastante para o título de Jogador do Ano de 2011 da chegar ao top 5. Os cash games em do Ano, pois você Revista Bluff: Macau, além de outros interesses, precisa vencer e parecem ter tomado bastante tempo ser consistente 1. Eugene Katchalov – 1.089.28 de Trickett, pois ele não aumentou o durante o ano 2. Bertrand Grospellier – 1.071.67 ritmo no final, terminando 2011 em todo. 3. Ben Lamb – 988.10 sexto lugar. É muito difícil 4. Matthew Waxman – 968.20 Grospellier ainda tinha mais um quando se está 5. Steve O’Dwyer – 964.9 truque na manga. Ele fez mesa final jogando contra 6. Sam Trickett – 938.32 no Main Event do WPT Marrakech e tantos jogadores poderia ter assumido a liderança se bons. É muito 7. Marvin Rettenmaier – 935.09 tivesse ido um pouco melhor. Sua difícil quando 8. Chris Moorman – 925.88 oitava colocação, no entanto, não foi você olha para 9. Elio Fox – 920.45 suficiente para alcançar a liderança. os 20 melhores 10. Pius Heinz – 892.75 Esta mesa final o colocou apenas e conhece cada 11. Erik Seidel – 833.29 na segunda posição do ranking, há nome na lista, 12. Sam Stein – 822.57 somente 8 pontos de Katchalov. pois você já jogou 13. Maxim Lykov – 820.56 Havia muitas oportunidades para contra eles e 14. Jason Mercier – 811.61 todos os jogadores que estavam sabe quão forte 15. Philipp Gruissem – 784.38 disputando ao redor do mundo, mas é o nome deles, 16. Galen Hall – 762.45 aquele que conseguiu o primeiro além de saber 17. Ali Eslami – 758.39 resultado foi ninguém menos que o que todos estão 18. Phil Hellmuth – 731.65 próprio Katchalov. Uma premiação competindo pelo no Main Event do WPT Prague deu 19. David Sands – 715.55 título. É muito, a Katchalov a chance de respirar muito duro, 20. Oleksii Kovalchuk – 708.47 um pouco na liderança no começo mas aumenta a de dezembro. competitividade Dois jogadores continuaram em mim e torna subindo no ranking no mês final. A premiação de tudo mais divertido, apesar de Moorman no EPT Prague foi o suficiente para consolidá-lo mais estressante ao mesmo tempo. na oitava colocação, enquanto O’Dwyer e Rettenmaier fizeram mesa final no WPT Venice. Rettenmaier terminou Como você vem para 2012? em oitavo no torneio e em sétimo na corrida para o Pretendo jogar muitos torneios Jogador do Ano, enquanto O’Dwyer teve um resultado este ano; obviamente, eu gostaria impressionante, chegando à segunda colocação em de ser o Jogador do Ano outra Veneza e em quinto na corrida para o JdA. vez, mas sei que é muito difícil. Nenhum deles, no final, conseguiu se aproximar de Minhas metas ainda não estão Katchalov. Depois de muitos sustos no decorrer do ano, totalmente definidas, mas eu o jogador que carregou a liderança durante a maior parte adoraria ir bem no PCA, e pode do ano foi quem levou o concurso de Jogador do Ano da ter certeza de que vou correr atrás Bluff 2011, patrocinado pelo Aria Hotel e Resort. disso. Independentemente de Com mais de US$ 2,5 milhões em ganhos em diversos qualquer coisa, vou jogar muitos torneios, muitos buy-ins e modalidades diferentes, torneios e alcançar o melhor Katchalov levou o título em um ano no qual alguns dos resultado que puder. melhores jogadores fizeram excelentes performances. Sua consistência e habilidade trouxeram um novo Eugene Katchalov é um membro patamar de qualidade para todos os jogadores de poker e do Team PokerStars Pro. uma grande expectativa para todos os que vão competir Você pode segui-lo no Twitter pelo título em 2012. @eugenekatchalov.
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Pensar diferente sempre foi uma característica dos vencedores, dos revolucionários. Foi exatamente isso o que vimos com o lançamento pela AW8 do Masterminds. O projeto foi concebido para ser inovador, com a chancela de esporte da mente, composto de uma série de palestras, debates e ações que tinham como foco agradar tanto o público expectador quanto jogadores, e, com certeza, alcançou seu objetivo. O Facebook e a escolha do “defensor” do carro 0km Muito antes das cartas correrem pelos feltros e fichas serem apostadas, o evento mobilizou toda a comunidade de poker brasileira pelo Facebook para escolher quem defenderia, contra o campeão do Main Event, o carro 0 km que fez parte da premiação. Cinco “Mentes Brilhantes” do poker em nosso país:
jornalismo especializado de poker (que contou com a presença deste que vos escreve) e a presença das mulheres no poker. Palestras de nomes renomados, como André Akkari, Marcos Sketch e Felipe Mojave, atraíram os mais experientes no jogo, enquanto Vini Marques e Vitor Rangel desenvolveram temas que agradaram aos que estão começando. O Main Event esteve recheado de grandes nomes do poker no mundo, como os profissionais do PokerStars André Akkari e Humberto Brenes, membros de vários times como o 4 Bet, Akkari Team, Garage Team e Steal Team. Tivemos a presença também de figuras de outras praias, como o apresentador do Globo Esporte Bruno Laurence, que, além de jogar, abriu o torneio com um belo discurso sobre o poker como esporte em franco crescimento no Brasil e do jogador de vôlei, campeão olímpico e mundial Rodrigão, que mostrou competência passando para o segundo dia do evento. A estrutura, muito elogiada por todos os participantes, contou com novidades, como a repetição de um nível de blinds ainda em late e a formação da mesa final a ser disputada por 8 participantes no fim de semana seguinte ao evento, fazendo com que a habilidade prevalecesse, como não poderia deixar de ser em um evento que celebrava o poker como esporte da mente. Durante todos os intervalos dos torneios, atrações circenses e musicais animaram jogadores e plateia, fazendo com que o espetáculo imaginado pela organização se fizesse completo para todos os presentes no Espaço Quatrocentos. Tudo isto animado por duas lindas cigarette ladies, Natalia Dell’Evedove e Andréia Gontijo, que dançaram e desfilaram a caráter durante os quatro dias iniciais de festa esbanjando simpatia. A mesa final foi formada com os jogadores Bob Fraga (Rio de Janeiro – RJ), Fernando Araújo (Vitória – ES), Alex Santalucia (São Paulo – SP), Diogo “Diogo37” Vieira (Osasco – SP), Rodrigo Garrido (Santos – SP), João “Paraná” (Curitiba – PR), Leonardo Cioffi (Poços de Caldas – MG), Felipe Salgado (Entre Rios – MG) e, após sete horas de intensa disputa, o jogador Alex Santalucia se tornou o primeiro campeão do Masterminds derrotando o seu adversário Fernando Araújo em um breve heads-up e levando para casa o prêmio de R$ 60.000,00, além da chance de disputar com Caio Pessagno um carro zero.
MASTERMINDS MUITO MAIS DO QUE UM TORNEIO
POR GUILHERME KALIL E EDUARDO OLIVEIRA Caio Pessagno, João Bauer, Caio Pimenta, Felipe Mojave e Caio Brites tiveram seus nomes colocados para eleição, A vitória de Caio Pessagno foi apertada e contou com uma grande campanha, que sorteou prêmios aos votantes. O segundo lugar ficou com João Bauer, que tinha a obrigação de disputar uma moto 0 km com o vencedor do Big Shoot, evento paralelo, que teve como campeão Admir da Gelon. Conhecimento + Poker + Diversão A união de palestras e debates com um evento de poker de alto nível, além de momentos de entretenimento nos intervalos dos torneios, criou um ambiente de vitalidade ao Masterminds, poucas vezes visto em torneios no Brasil. “Queríamos criar algo novo, algo que unisse um belo espetáculo com o prazer que temos em participar de um torneio e ainda gerar conhecimento tanto para os aficionados como para os novatos no nosso mundo”, nos contou Enio Bozzano, um dos sócios da AW8 e diretor do torneio. Houve palestras para todos os níveis de jogadores e, também, debates sobre temas importantes, como o
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Um bom Mojave Felipe Mojave, grande profissional brasileiro e colunista de mixed games aqui na Bluff Brasil, anunciou ao entrar no torneio turbo de domingo que, caso entrasse em ITM, doaria sua premiação para a AMEO – Associação da Medula Óssea (http://www.ameo.org.br), e fez bonito no torneio. Ficando em segundo lugar, faturou quase 3 mil reais brutos para a instituição. Parabéns pela iniciativa.
A transmissão pelo Terra e o grande barulho pelas redes sociais Graças à parceria desenvolvida pela TV PokerPro com o portal Terra, pela primeira vez no país tivemos um torneio de poker transmitido dentro de um grande portal da internet brasileira. Com a competência de sempre, o editor do Tabloide do Poker aqui na Bluff, Victor ”Chapazapata” Marques, foi o responsável por comandar as transmissões, que tiveram repercussão em toda a web alcançando os TT (trending topics) no Twitter por duas vezes durante o evento. Interessante também notar que a presença de personalidades off-poker, como o Rodrigão e o próprio Bruno Laurence, chamaram a atenção de grandes esportistas brasileiros, como o Murilo Endres @murilovolei8 (ponteiro da seleção masculina de vôlei, eleito o melhor jogador do mundo em 2010) e sua esposa Jaqueline Carvalho @jaquelinevolei (ponteira da seleção brasileira campeã olímpica) se manifestarem através do microblog desejando sucesso aos amigos no evento. No fim de tudo, já temos uma votação no Facebook sobre qual poderia ser o próximo destino do Masterminds. Esperamos que tudo o que vimos de bom nesta surpreendente estreia se repita nas outras etapas e o Masterminds possa se tornar mais uma grande série de torneios no Brasil, inovando e trazendo para o mundo do poker diferenciais que gerem crescimento para o nosso jogo.
Durante o domingo o jogador Eduardo Sequela, conhecido por propor as propbets mais insanas, chamou André Akkari para um heads-up no qual a premiação seria a obrigatoriedade do perdedor jogar um evento da WSOP vestido de SuperHomem. A aposta evidentemente é ruim para Akkari, já que Sequela faria isto sem esforço apenas pela piada, mas o desafio foi aceito e vencido pelo profissional do PokerStars. Sequela agora ficou responsável por providenciar sua fantasia e ir “voando” dar vexame no salão do Rio.
BLUFF • ABRIL/MAIO 2012 BLUFF • DECEMBER 2011
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São Paulo Poker Fest
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BLUFF: Munir, quando o Nacho Barbero cravou dois LAPTs, o jornalista Sérgio Prado contou que os jornalistas europeus falaram com inveja que desejavam que isto acontecesse lá fora e acabou acontecendo antes na América Latina. Agora você consegue esta façanha em um field difícil como o do SPF. Qual é a sensação de levantar dois troféus em tão pouco tempo? Munir: Primeiro, é uma satisfação dar uma entrevista para meu amigo Kalil. O poker é um esporte que eu amo e ter resultados no que amamos é uma coisa maravilhosa. Além disto, antes da primeira cravada eu fiquei em segundo na etapa logo anterior a ela. Mas o torneio tem uma estrutura muito boa, por isto acho que meu poker está evoluindo. O Kima me ajudou muito, o Leo Bello também, e eu sempre tento ouvir aos macacos velhos.
QUE VENHA A NOVA
TEMPORADA
POR GUILHERME KALIL
Chegou ao fim a temporada 2011 do São Paulo Poker Fest. Em janeiro, a Odds Eventos e o Vegas Hold’em Club encerraram a temporada da série com uma etapa especial e premiação garantida de 150 mil reais, 30 a mais que as etapas anteriores. A etapa final, que manteve a impressionante estrutura dos eventos anteriores, que permite aos mesafinalistas chegarem à mesa final com média sempre superior a 30 big blinds, teve cobertura da TV Mebeliska e teve um bicampeão, fato raríssimo entre séries de torneios brasileiros. Em uma mesa com estrelas como Danilo Molina, Kima e Dani Zapiello, o jogador Munir Berno atropelou os adversários para levantar pela segunda vez o troféu de campeão da série, e a Bluff estava lá para conversar com ele sobre o título:
Quando o André Doblas cravou o campeonato brasileiro, uma coisa que me chamou atenção é o fato de ele ter uma imagem de atleta em um jogo que consideramos esporte, e este é o seu caso também. Você é personal trainner. Como isto o ajuda na mesa? Eu acredito muito na frase “corpo são, mente sã”. Eu cuido muito do meu corpo e me sinto bem com ele, e isto me ajuda a ter uma cabeça boa, me dá confiança e eu acho que o bem traz o bem. Eu tento fazer o bem, ter uma energia positiva e acho que cuidar do corpo é parte disto, e isto acaba refletindo nos resultados.
Munir, você fez uma matéria com o Christian Pior (no YouTube, Champagne com Christian Pior – Monir Berno personal trainner). O vídeo é sensacional. Como aconteceu aquilo? O Evandro, ator que representa o Christian, é um grande amigo meu e ficamos amigos na academia. O programa é o Virgula, onde ele tem um quadro. Foi muito bacana participar do quadro!
E Munir, todos os seus protetores de carta são tubarões. Qual a fixação que você tem por eles?
Cara, esta pergunta é muito boa e muito importante! O Evandro que me deu o Tutubarão, e a Daniela Pinheiro e o Raul, na época do Mebeliska, me apelidaram de BombShark. Na primeira edição do 120k, quando peguei a segunda colocação, eu passei com 6 big blinds para o segundo dia, em quadragésimo de quarenta jogadores, e precisava de alguma coisa pra dar sorte, aí usei o Tutubarão como amuleto. Como ele era muito grande, acabei pegando um tubarão menor e tenho jogado com os dois!
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Scott Clements não é tão sério Durante seus sete anos de carreira no poker, Scott Clements ganhou quase US$ 5 milhões em torneios live, além de milhões em torneios online. No percurso, dois braceletes da WSOP e, oficialmente, um título do World Poker Tour, mas o jogador de 30 anos diz que na verdade tem dois destes. A Bluff visitou Clements para falar sobre poker, sua paternidade e como ele partiu de um home game de US$ 5 para se tornar um dos mais temidos jogadores de torneio da atualidade. 68
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BLUFF: Você tem sido um modelo de consistência nos últimos 5 anos. Como você faz isso? Scott: Bem, eu tento trabalhar pesado em todos os eventos. Na verdade, eu estou meio desapontado com alguns dos meus resultados nos últimos anos, mas só porque a World Series está azedando. Eu acho que se trata de continuar tentando dar o melhor em cada evento, garantindo que eu jogue os eventos preliminares em vez de chegar só para os eventos principais. Digo, eu tento ficar perto de casa e trabalhar o máximo sempre, em vez de ficar viajando e jogando algum evento grande por aí. Eu acho que em parte é isso, então vim trabalhando muito no meu jogo nos últimos anos porque eu senti que precisava – acho que fiquei preguiçoso depois de ganhar nas Cataratas do Niágara e ter uma grande temporada em 2006/2007. Eu não acho que meus resultados mostram o quanto eu melhorei, mas sinto que estou prestes a ter outra grande temporada. Como é esse trabalho que você vem fazendo no seu jogo? Eu tenho falado com outros profissionais. Tenho falado com o Jason (Mercier), ele é meu amigo. Eu sempre pego seus conselhos e converso bastante com ele e com alguns de seus cavalos. Mas também venho prestando atenção no meu jogo. Eu estou no Canadá agora e uma coisa que percebi é que estava tomando muita 3-bet online, então pensava “Pô, esses caras são muito agressivos, por que eles aplicam tanta 3-bet em mim?” E aí me veio à mente “Eles provavelmente têm aqueles softwares que mostram que eu dou fold para 3-bet muitas vezes”. Com isso, me dei conta de que “Este é um dos ajustes que preciso fazer, eu preciso encarar o jogo mais vezes ou deixar de abrir tantas vezes”. Este foi apenas um exemplo, mas é importante prestar atenção em tudo o que as pessoas estão fazendo em vez de apenas deixar acontecer. Eu quero me certificar de que vou jogar da melhor forma em todos os momentos. E é muito mais fácil fazer isso no poker ao vivo porque eu sinto que é possível encontrar – há spots em que você diz que é cooler e tal, mas há spots nos quais você sabe que o jogador tem de par de Áses ou de reis, então você pode dar fold com par de damas porque sabe que esse jogador é um nit e nunca vai blefar pra cima de você. Acredito que só o fato de prestar atenção e pensar em tudo, em vez de ser preguiçoso, é o que faz com que eu me sinta bem em relação ao ano que vem por aí.
Você não está viajando muito, pois está focado em Vegas e quer ficar perto de casa, certo? Sim, acabamos de ter um filho e eu sempre gostei da Costa Oeste. Então pra mim é melhor >>> SCOTT CLEMENTS EM NÚMEROS fazer viagens mais curtas em vez de ficar muito tempo fora. Em geral, vou pra Vegas, Califórnia, ANO PREMIAÇÕES MESAS FINAIS VITÓRIAS G ANHOS às vezes Reno, fico nessa área a maior parte do tempo, a menos que algum torneio seja muito, 2005 4 1 1 US$ 60,626 mas muito bom, e eu queira ir um pouco mais 2006 9 3 2 US$ 554,317 longe. Algo que tenha PLO, por exemplo. 2007 13 6 3 US$ 2,257,355 2008 11 7 2 US$ 407,690 Sua esposa viaja com você hoje em 2009 16 11 1 US$ 588,366 dia? Eu sei que ele viajava, mas imagino 2010 20 13 6 US$ 631,238 que tenha se tornado mais complicado 2011 16 10 2 US$ 390,685 com um filho. Ela viaja comigo na maioria das vezes. Nós Na carreira 89 51 17 US$ 4,890,277 temos uma casa em Vegas, então eles vêm quase sempre comigo, mas quando vou para longe, muitas vezes é só uma viagem rápida de bate e volta. Saio na manhã do torneio e volto assim que termina. É uma viagem muito mais rápida, então ela não precisa trazer o bebê e todas as coisas dele, além de não termos tudo o que estamos acostumados a ter em nossa casa ou em Vegas. Como o fato de tornar-se pai mudou sua perspectiva em termos de carreira e das coisas que você está fazendo? Ter um filho mudou as coisas para você? BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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Sabe, eu sempre gostei de ficar perto de casa, em vez de viajar bastante como muita gente faz, então não muda muito. Digo, eu fico olhando fotos do bebê no celular enquanto estou num torneio o dia todo. Eu sinto muita falta deles e eu detesto ficar longe. Isso me faz focar em só viajar para lugares em que a viagem seja rápida ou que eles possam ir comigo. Isso muda muito minha perspectiva. Eu perdi muitos torneios durante a gravidez e assim que o bebê nasceu, mas venho retomando desde os acontecimentos de abril no poker online.
Você citou Jason Mercier, há mais alguém no circuito que seja próximo de você? Ah, eu converso com alguns de seus cavalos. Como ele está sempre com Dan (O’Brien), Allen (Bari) e Brent (Hanks), eu falo bastante com eles. Eu não sou tão próximo de muitas pessoas no circuito porque se eu não estou no torneio, eu vou pra casa ficar com a minha família, então eu não sou tão próximo da comunidade quanto outros jogadores são, mas, quando estou lá, eu me divirto e passo o tempo com vários jogadores. Por exemplo, eu adoro jogar com Bryan Devonshire e Justin Young, só pra mencionar alguns. Há muitos caras com os quais gosto de jogar, mas eu não sou de sair tanto quanto a maioria dos jogadores.
organizei o home game semanalmente e tínhamos entre 40 e 50 jogadores. Apesar disso, o buy-in era de apenas US$ 10. Eu estava curtindo tudo isso, tínhamos um ranking e eu trabalhei pesado nele, foi aí que comecei. Jogar um torneio de US$ 10, depois de US$ 20 e foi subindo. Assim eu comecei, eu curti muito jogar e fui trilhando o caminho. Há algum outro jogador conhecido que veio desse home game? É engraçado, pois meu melhor amigo de infância, Jeffrey Anderson, também é jogador profissional. Ele se mudou para o Canadá e está jogando online, mas ele não estudou comigo na faculdade e nunca participou daquele jogo. Talvez ele tenha jogado uma vez no Natal, mas não foi o que o levou a jogar profissionalmente. Ele pegou um caminho completamente diferente, mas o fim foi o mesmo.
Como você saiu de um home game para o mundo do poker online? Um dos meus amigos disse “Existe poker online e você deveria jogar”. Eu estava indo muito bem nos home games e achei que fosse bom. Então ele dizia “Você tem que jogar online”. Eu disse “Ok. Vou depositar US$ 100. Se eu perder, já era”. Era 2004 e eu não tinha certeza de que poderia confiar no poker online. Eu depositei US$ 100 e cheguei a US$ 19 em um determinado momento, com um péssimo gerenciamento de bankroll, mas acabei retomando e fechando o dia com US$ 243. Eu nem sei como depositar dinheiro nos sites porque esta foi a única vez que o fiz. Todas as outras vezes foi através do Neteller. Eu costumava transferir dinheiro entre os sites, mas desde então ou tinha dinheiro no site ou trocava com jogadores no site.
Como você evita isso? Há uns 10 caras com a mesma idade que você, que possuem um bracelete, várias mesas finais e bastante dinheiro no bolso, mas estão quebrados e gastam Eu ainda estou mais tempo torrando dinheiro do que esperando, fazendo dinheiro. Como você evita tudo isso, sendo que convive nesse meio? assim como Eu detesto perder. Eu nunca vou gostar de todo mundo. jogos de casino porque eu sinto que sempre vou perder no final, e eu odeio perder. Eu seria Eu espero frustrado para o resto da vida se fizesse isso. Os que consigam pontos altos nem chegariam perto dos baixos se resolver tudo eu vivesse ganhando e perdendo. É assim que me mantenho longe de jogos de casino e não isso, mas me interesso nem um pouco por eles. Eu gosto nunca se sabe. de fazer algumas apostas pequenas com meus amigos, nada sério, só para tirar um barato da Se já foi, cara de quem perder. já foi, e não É mais por diversão, não pelo dinheiro, sabe, apostamos no futebol ou na carta que tem nada que irá aparecer, ou qualquer outra coisa. Mas eu possamos fazer acho, se você quis dizer a respeito das baladas a respeito. ou esse tipo de coisa, que eu nunca curti. Eu fui pra balada algumas vezes, mas é muito É isso aí, a barulhento. Você não consegue conversar com maior parte as pessoas e sinto que isso não é pra mim.
Você ganhou um evento do FTOPS não muito antes da Black Friday. Você conseguiu sacar aquele dinheiro ou ainda está esperando por uma solução? Eu ainda estou esperando, assim como todo mundo. Eu espero que consigam resolver tudo isso, mas nunca se sabe. Se já foi, já foi, e não tem nada que possamos fazer a respeito. É isso aí, a maior parte do dinheiro ficou presa.
Você tem um bracelete da WSOP e um título do WPT. Você busca vencer um título do EPT para conquistar a tríplice coroa? Seria muito bom fazer parte deste grupo. Mas eu nunca joguei um EPT e nem pretendo fazê-lo. Eu não gosto de viajar, por isso nunca fui à Europa. Eu acredito que se algum dia fosse para lá, seria apenas para jogar a World Series of Poker Europe. Eu acho que este seria o único motivo para eu ir para lá e, se eu tivesse uma chance de jogar na Europa, é o que eu jogaria. do dinheiro Vamos falar sobre como você começou Mas eu acho que estou no grupo dos que ficou presa. no poker, há algo bacana sobre o home venceram dois WPTs, pois, como todos sabem, game do seu irmão ou algum outro fico muito chateado com essa história – o torneio? World Poker Tour marcou ambos os eventos nas Cataratas do É, meu irmão não organizava um jogo, mas ele e uns cinco Niágara em 2006 como WPTs, inclusive foram televisionados ou seis amigos jogavam toda semana e eu não sei onde era com câmeras do WPT, tanto no meu troféu quanto no meu o jogo, mas naquela semana eles não tinham onde jogar. bracelete está escrito WPT Champion. Mas agora eles Eu tinha uma casa e eles vieram me pedir para jogar lá. Eu não marcam o evento de US$ 2.500 como WPT e eles não aceitei. Era um jogo de US$ 5, mas eu joguei e provavelmente contabilizam esta vitória. Foi um evento de US$ 2.500, mas joguei mal, mas dei sorte e nas duas primeiras vezes acabei eles haviam marcado como um dos WPTs. ficando em primeiro e em segundo lugar. Eu curti muito competir, e vencer. Eu comecei a estudar e Última pergunta, só pra descontrair, o Wicked Chops BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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Papo de Homem
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O MEU AMIGO
BIFF TANNEN POR FRED FAGUNDES
Caso esse nome seja apenas “não estranho” para você, tudo bem, vou refrescar sua memória. Biff Tannen é o personagem de Thomas F. Wilson na trilogia De Volta Para o Futuro. Ele é a verdadeira pedra no sapato dos McFly e responsável por atrocidades durante décadas de perseguição à família de Marty. Além disso, Biff é o legítimo cara insuportável. Aquele tipo que 9 em 10 pré-adolescentes convivem na época do ensino fundamental. Um cidadão tão grotesco, idiota, estúpido e arrogante quanto… inesquecível! Sim, todo mundo lembra do seu amigo Biff.
O meu amigo Biff chamava-se Agnaldo. Era o tipo clássico do sujeito escroto. Andava descalço, chutava os cachorros e furava as bolas de futebol. Por ser mais velho que todo mundo do seu círculo de “amizade”, Agnaldo tinha o insaciável prazer de praticar o mal. Os níveis de raiva eram distintos. Podia ser uma coisa singela, como roubar o biquinho do pneu da bicicleta, ou algo com requinte de crueldade, tipo traficar drogas e riscar carros. Não importa, tudo naquela época, naquele bairro, passava pelo toque perverso de Agnaldo. O clássico de seu estigma nazista foi no Natal de 1998. Lembro-me como se fosse há 11 anos. Observávamos um garoto feliz, animado, divertindo-se com o presente que acabara de ganhar. Era um daqueles “carrinhos grandes”, mas não os automáticos. Um modelo com dois
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pedais abaixo de um frágil volante, saca? Então. O jovem possivelmente estreava o brinquedo. Mal sabia ele que seu sorridente destino seria interrompido poucos milésimos de segundos depois de virar a esquina. Agnaldo surgiu do absoluto nada. Tirou o menino do brinquedo aos tapas e risadas maléficas. Sobrava ao garoto trêmulo, no chão e de olhos marejados, observar. Agnaldo descia a avenida de pé sobre o frágil carrinho, como se fosse um skate improvisado. Não contente, ainda determinou o fim do brinquedo com um chute que desmontou o leve veículo. A última imagem que tive do garoto foi marcante. Ele caminhou até o brinquedo, catou os pedaços amassados e quebrados e, em silêncio e notória decepção, virou a esquina, provavelmente em direção à sua casa. Completamente envergonhado.
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Naquele momento sugeri uma ação. Qualquer coisa que pudesse ser feita para impedirmos que tais atos de crueldade continuassem. Alguns queriam dar o troco na mesma moeda, agir com violência. Outros comentavam sobre ações da polícia, pois aquilo já havia passado dos limites da delinquência. Foi então que, do nada, uma sábia voz disse:
“Nem todas as pessoas são boas.”
E foi aí que, durante cerca de três minutos, todos paramos de falar e ficamos no mais completo silêncio. Ninguém comentou, mas era implícito que todos, naquele momento, pensavam sobre a nossa curta experiência de vida. Agnaldo era a primeira pessoa absolutamente ruim com quem convivíamos. Depois da traumática fase de nunca mais chamar a professora de “tia”, esse era o maior choque que havíamos tomado. Encontraríamos outros Agnaldos na vida. Pessoas ruins, que sentem um estranho gosto doce no amargo do choro. Que pouco se importam com o que você pensa, gosta ou deseja. Que jamais dá ouvidos para sua opinião, pois a dele é sempre a melhor. Resumindo, pessoas que não têm a felicidade como uma de suas prioridades. Todos aqueles anos de medo e respeito ao
Agnaldo teriam servido de alguma coisa: aprendizado. Até hoje eu lembro do Agnaldo, assim como todos meus amigos. Deixamos de confiar em todo mundo e no mundo. Começamos a procurar entender melhor uma pessoa antes de depositarmos confiança nela. E isso, meu caro, faz toda a diferença. Ontem assisti, de novo, a Little Miss Sunshine (2006). Acho esse filme espetacular. E uma passagem me chama muito, sempre, a atenção. É quando o personagem de Steve Carrell, o suicida gay, está conversando com seu sobrinho. Ela fala algo sobre tempos ruins. E diz algo tipo: “Os melhores anos da minha vida foram os que sofri. Passei anos comuns e não aprendi nada. Já os ruins, os que apanhei, em todos esses eu levei algo para o ano seguinte. Tipo… uma lição.” Portanto, a partir de hoje, recorde-se de forma distinta do seu amigo Biff. Não com carinho ou saudade, mas com indiferença. O Agnaldo, por exemplo, será eternamente lembrado por nós como o primeiro contato com o mundo sujo. Coisa que, se não fosse ele, talvez teríamos aprendido de maneira ainda pior. Sem mais, deixo somente minhas palavras de agradecimento. E o desejo de que todos encontrem, um dia, seu amigo Biff. Obrigado, Agnaldo. Obrigado, seu filho da puta.
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Vários leitores me pediram para escrever um artigo sobre o tamanho de 3-bet. Infelizmente, eu me esqueci completamente de que este deveria ser o próximo artigo, então escrevi sobre uma mão na qual dei fold com trinca de áses. Mas desta vez falaremos sobre isso. Na verdade, como 3-bet é um assunto muito extenso, precisamos ser mais diretos. Este mês, vamos falar sobre 3-bet fora de posição. Isso é algo que, por um bom tempo, eu não fazia direito. Eu não sei quando descobri, mas em algum momento em meus estudos, percebi que, teoricamente, estava fazendo algumas coisas erradas quando dava 3-bet fora de posição. O maior erro da maioria das pessoas ao aplicar uma 3-bet é a falta de habilidade em variar o tamanho da aposta. Muitos jovens profissionais aplicam 3-bets muito pequenas em situações nas quais uma 3-bet maior poderia funcionar melhor. O profissional jovem dura mais em torneios quando lida com o jogo deepstack, que ele domina ao aplicar re-raises menores. Isso funciona muito bem em posição, mas pode acabar com você fora de posição. Jogar fora de posição é complicado, todos sabemos disso. Ainda assim, sempre verei um bom profissional aplicar uma 3-bet pequena, digamos 2,4x o raise do seu adversário, quando estiver fora de posição e deepstack. O agressor, em posição, vai ter um ótimo custo-benefício e uma excelente posição para tirá-lo da jogada em muitas situações no flop. Este é um erro que você nunca vai ver nem mesmo em um jogador comum de cash $50 No Limit, pois, nesses jogos, aquele jogador tomará apenas call e será explorado. Entretanto, jogadores de torneio podem lidar com isso durante anos, pois muitos dos seus adversários se envolvem em 3-bet/4-bet/5-bet muito facilmente, então eles não consideram dar apenas call em posição tanto quanto deveriam. A maioria dos jogadores regulares de torneios vêm dos Sit & Gos, nos quais eles fazem dinheiro com shoves +EV, então não precisam ver muitos flops. Apesar disso, quando os stacks POR ALEX FITZGERALD estão menores, este tipo de 3-bet é bom. Quando um jogador de torneios está se tornando regular, ele joga diversos torneios mais baratos, que tendem a ter uma estrutura de blinds mais acelerada. Nesses torneios, depois de alguns níveis de blinds, o jogador dificilmente tem mais de 30 ou 35 BBs, então qualquer tipo de 3-bet já o deixa comprometido em relação ao pote. Quando os stacks estão curtos, o agressor não irá extrair o máximo de retorno dando apenas call em posição. Ele dá um call de 5x mais ou menos para tentar ganhar mais 23x. É muito mais difícil tirar o adversário da jogada depois do flop quando qualquer continuation bet que ele faça irá comprometer seu stack. Então ele tem implied de 4 ou 4,5-1 para dar o call, o que não é suficiente para dar call com um par baixo, mas é com suited connectors, considerando que um open-ended straight draw seja suficiente para continuarmos. Quando consideramos que na maioria das vezes não vamos conquistar todas as fichas do adversário, torna-se ainda menos lucrativo ver o flop. Frente a estas situações, eles dão fold com pares pequenos e suited connectors pré-flop (uma boa parte do seu range) e vão all in com mãos fortes, aí o 3-bet de 2,4x torna-se eficaz. O problema aparece quando esses jogadores passam a jogar os torneios mais caros, que tendem a ter um stack maior. É aí que vejo tais jogadores aplicarem o mesmo tamanho de 3-bet quando eles têm 50BBs para trás, e agora um bom jogador em posição tem que dar call em 5x para ganhar 43x. Ele tem quase 9-1 em implied odds, às vezes mais, e
O VELHO TRUQUE
DA 3-BET FORA DE POSIÇÃO
ÀS VEZES DÁ TRABALHO LEVAR O POTE
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Além disso, uma máquina de all in em torneios vai achar que não é um bom valor para se pagar, mas ele não quer dar fold, então ele vai all in. Se nós induzirmos pequenos pares a darem all in, provocaremos um erro maior do que se eles apenas pagarem sem ter um bom custo-benefício para isso.
tem posição. Agora ele pode dar call com pares menores e suited connectors e esperar um retorno maior. Se você aplicar uma 3-bet um pouco maior, será menos lucrativo para os pares menores darem call, então quando eles dão call em posição, nós automaticamente ganhamos mais dinheiro. Além disso, uma máquina de all in em torneios vai achar que não é um bom valor para se pagar, mas ele não quer dar fold, então ele vai all in. Se nós induzirmos pequenos pares a darem all in, provocaremos um erro maior do que se eles apenas pagarem sem ter um bom custo-benefício para isso. E mais, se você aplicar uma 3-bet maior, as pessoas não irão lhe dar tantos calls com suited connectors. Esta é uma grande conquista porque as pessoas não percebem o valor de um call com suited connectors em posição. Uma mão com 7-8 do mesmo naipe irá acertar duas pontas para straight ou algo melhor em 25% das vezes. Um suited connector com um gapper, como 9-7, irá acertar duas pontas para straight ou algo melhor em 23% das vezes. Se você está aplicando a 3-bet com um range mais amplo, isso significa que seu adversário pode colocar pressão em você quando acertar essas mãos. Mesmo quando não é +EV em um primeiro momento, eles podem aplicar semiblefes efetivos, pois muitas vezes você vai errar o flop ou haverá uma carta maior do que o seu par, etc. Por algum motivo, quando você aplica 3-bet num valor mais alto, as pessoas levam mais a sério, principalmente se você apostar 3,5x o tamanho do raise inicial. É o mesmo que acontece quando alguém abre 3x ou 4x o valor do blind estando deep em um torneio, sendo que todo mundo está dando raise de 2,5x. É uma jogada que os novatos fazem com mãos fortes, então há um estigma atrelado a ela. Se você parar para pensar, na maioria das vezes não há problema algum com uma 3-bet maior. Se você está blefando, o valor a mais investido será compensado com o tanto de vezes a mais que seu adversário dará fold. Se você tiver um par maior, então induzimos nossos adversários a darem call com pares pequenos pagando um preço mais alto, ou então a darem all in para cima do nosso par maior, pensando que não podem apenas pagar. Quando um jogador tem um suited connector em posição e os stacks estão deep, eles têm um bom custo-benefício para dar call em posição mais vezes do que a maioria das pessoas imagina. Ainda assim, não consigo me lembrar da última vez em que vi alguém dar call em posição com 5-7 suited quando a 3-bet era maior do que 3x a aposta inicial. Eles se sentem mal em pagar um grande re-raise com uma mão mediana. Mesmo assim, eles vão acertar o flop aproximadamente 1/4 das vezes e têm uma equidade real nessa mão, e você não pode evitar que apareçam cartas mais altas ou que você não acerte o flop. Ah, e você está fora de posição, e se você é do tipo que nunca vai apostar o segundo barril se errar o flop, eles podem lhe dar call e esperar a sua ação no turn se acertarem um par e uma broca ou um backdoor flush draw no flop. Dar call em posição com suited connectors é uma ótima oportunidade que as pessoas deixam passar quando a 3-bet é alta. Eles dão all in ou fold quando poderiam ver mais três cartas por mais 6x e encontrar alternativas para fazê-lo dar fold com uma mão melhor. Agora, quando eles dão muitas vezes all in pré-flop porque estupidamente não acham que podem dar call, não importa se o board vem com duas cartas mais altas. O dinheiro já está lá e eles entrarão por baixo, então você já ganhou com isso. Você eliminou a desvantagem em relação à posição. Uma 3-bet maior também funciona contra combinações altas com Ás. Se você tem A-K, e aplica uma 3-bet maior, A-Q e A-J irão colocar tudo no pano pré-flop porque eles não se sentem confortáveis dando call. Quando eles dão call e ambos acertam o Ás, é mais provável que você leve todas as fichas deles, porque aí eles não vão dar apenas call em três barris com um par. Você poderá tranquilamente dar all in no turn, e eles ainda assim irão acreditar que você tem um draw. Se nenhum de vocês acertar, eles estarão mais comprometidos se derem raise na sua continuation bet ou se tentarem aplicar um float em você, então é menos provável que façam isso. Se o pote for pequeno, no entanto, por causa do seu pequeno re-raise de 2,3x pré-flop, eles podem dar raise no flop e saírem impunes. Não vai lhes custar muito e você é quem tem que decidir se vai dar call fora de posição. Acerte eles. Elimine a vantagem de posição que eles têm e faça com que qualquer raise ou float coloque em risco uma boa parte de seus stacks. Não deixe que eles deem call em posição e tenham vantagem em cima de você. Confira esta coluna mês que vem para mais informações sobre 3-bet quando você está em posição e que tipo de 3-bets executar contra alguns tipos de jogadores e quando você tem determinados tipos de mãos.
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PART 5
POKER COMO UM
ESPORTE ANÁLISE EM VÍDEO POR TRAVIS STEFFEN
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Se eu lhe perguntasse qual você acha que é a habilidade menos valorizada de um atleta profissional, o que você diria? Velocidade? Força? Resistência? Reflexo? Apesar de estas serem excelentes qualidades para se ter em determinados esportes, não acredito que nenhuma delas chegue a ser “subestimada”. Estas qualidades estão muito evidentes para o espectador, e são, portanto, o que o público em geral acredita serem as habilidades mais importantes para um competidor de elite. Eles podem estar errados. Então qual é a resposta? Preparação. Eu realmente acredito que a habilidade menos valorizada de qualquer competidor é seu método de preparação. Apesar de haver algumas exceções, os atletas mais bem-sucedidos no mundo são aqueles que utilizam o tempo e o esforço necessários para preparar seus corpos e mentes para competir em alto nível.
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Isso pode não ser novidade para você. Talvez você até pense que isso faz parte do senso comum. Dito isso, a maioria de vocês que pensa isso não está fazendo o necessário para melhorar e se preparar para competir. Como em tudo na vida, há uma grande diferença entre saber o que fazer, e fazer o que você sabe. O conhecimento que você possui não o ajuda em nada se você não o puser em prática. Você é uma dessas pessoas que acreditam que os jogos são ganhos ou perdidos no campo/quadro/feltro? Se for, vai se interessar em ler onde esses jogos são realmente ganhos ou perdidos.
Análise em vídeo A habilidade de analisar efetivamente o jogo como um filme é uma forma de arte. Uma das formas mais eficazes de preparação, a “film room”, ou seja, a análise em vídeo, é onde acontece a criação de planos detalhados que levam à melhoria e ao domínio de adversários específicos ou de certos tipos de adversários. Como jogador de poker, você pode pensar que não tem um vídeo para analisar ou qualquer tipo de filme do jogo. Entretanto, se parar para pensar sobre isso, verá que tem uma grande variedade de recursos que funcionam exatamente da mesma forma. Como você acha que funcionam todos esses sites de treinamento? O que você acha do seu software (HUD) ou dos registros que você tem do jogo live? Você conversa sobre mãos com outros jogadores? Você monta alguma estratégia antes de jogar? Tudo isso funciona como um tipo de análise em vídeo do poker. Para que você entenda o que quero dizer, vou falar resumidamente sobre três benefícios da “film room”:
1o passo: Analisando Campeões
“A vontade de vencer não significa nada sem a vontade de se preparar.” Juma Ikangaa
Uma das formas de utilizar a "análise em vídeo" sendo um jogador de poker é para estudar o jogo de outros grandes jogadores. No passado, você talvez não fosse capaz de fazer isso de forma tão eficaz quanto você é hoje, com o advento dos sites de treinamento de poker baseados em vídeos. Desvendar o jogo daqueles que são melhores do que você lhe dá uma noção valiosa do que realmente faz um grande um jogador. Buscando conhecê-los e trabalhando para decifrar o que há em suas cabeças pode ajudá-lo a descobrir o verdadeiro perfil de um campeão. Como você provavelmente já sabe, a maioria desses sites de treinamento de poker (assim como o que estou pessoalmente envolvido – DeucesCracked.com) apresentam vídeos de jogadores profissionais de alto nível em ação. Uma vantagem que você, como jogador, tem sobre outros atletas é que esses profissionais realmente dissecam seu jogo para você e o encorajam a aprender o que se BLUFF• •ABRIL/MAIO DECEMBER 2012 2010 BLUFF
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passa na cabeça deles. PRO-SPECTIVE... xxxxxxxxxxxx
2o passo: Analisando a si mesmo Outro uso da "análise em vídeo" é para avaliar seu próprio jogo. Se você é um jogador online, muitos softwares de rastreamento de mãos (como o Hold’em Manager ou o Poker Tracker) existem para ajudá-lo exatamente nisso. Depois de uma sessão, você pode analisar completamente a ação para saber se realmente fez a melhor jogada de acordo com as informações que você possuía. Hoje em dia há diversos aplicativos surgindo para smartphones que tornam tudo isso possível também para jogadores live. Sempre é possível usar papel e caneta, mas isso pode tomar um pouco mais de tempo e tirar sua atenção da mesa. Eu realmente acredito que você seja um idiota se não utiliza todos os recursos à sua disposição. Se você não está usando um software de rastreamento de mãos, saiba que você está abrindo mão de um edge muito grande em relação ao seu adversário, seja quem for.
3o passo: Analisando Adversários A terceira função da "análise em vídeo" é estudar o jogo do seu adversário, e montar uma estratégia para se obter a melhor resposta para suas ações mais prováveis em determinados spots. Visando garantir que você tome as decisões corretas caso a caso, sugiro focar nos dois primeiros passos pelo menos até você ter uma base sólida dos conhecimentos fundamentais. A menos que você esteja jogando os limites mais altos ou faça parte de um jogo regular e veja os mesmos adversários com frequência, pode ser difícil desvendar o jogo de um adversário específico. Por isso, recomendo que você se familiarize com as melhores formas de jogar contra alguns tipos específicos de jogadores. Há toneladas de artigos sobre como identificar jogadores, então vou deixar este tópico de lado, pois ele merece um artigo inteiro só para falar disso. Em resumo, embora não seja tão evidente, a "análise em vídeo" é tão importante para um jogador de poker quanto para qualquer outro atleta. Os atletas mais bem-sucedidos gastam muito mais tempo desvendando o vídeo e tomando outras providências para melhorar seu rendimento do que gastam competindo. Se você quer atingir o seu máximo, o mesmo deve valer para você. Se você está em busca de mais formas de melhorar sua performance nas mesas, confira meu livro, Peak Performance Poker. Até a próxima! Travis Steffen é um jogador de poker, treinador, consultor mental e instrutor em DeucesCracked. com. Seu novo livro, Peak Performance Poker – Revolutionizing the Way You View the Game, já está à venda. Para saber mais sobre como Travis pode ajudar seu jogo, você pode contatá-lo através da DeucesCracked ou através de seu website, http://www.workoutbox.com.
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Tabloide do Poker it
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FUNDADO EM 1958, DENTRO DE UM BARCO, POR DOIS LOKES E UM TRAÍRA.
Após advento do Imposto, políticos ficam ITM no Poker.
BRASÍLIA 19:00 - Tributação traz emoção no DF. Depois da vitória de Celestino Bahia, o Ariel, no BPT, houve comoção na capital do nosso país, políticos e membros da Receita Federal agora não precisam jogar para ficar ITM nos torneios. Um deles nos disse: “Rasguei todos os livros de poker que tinha, agora ganho sempre!” – E sem bad beat...
Daniel Negreanu
não curte
mulheres Brasileiras
CANADÁ DO SUL, INFERNO - O jogador Canadense, Vegetariano e bom pra caralho Daniel Negreanu passou por São Paulo e além de ser blefado por todos os jogadores, de ter sido chamado para 198786 fotos, ter cantado Rap na TvPokerPro e muito educadamente falar: “É Negreanu e não Minuano”, ele não se fez de rogada, digo rogado, e falou sobre as mulheres Brasileiras: “Só 7% são gostosas” e sobre Caipirinha “É forte demais!” – Esquisito esse cara aí... Nota do Editor: O Tabloide, muito ciente de sua responsabilidade social, está ajudando um fundo internacional que busca encontrar o produto Mulheres Gostosas no Canadá. As buscas ainda não tiveram sucesso.
PCA é o Diabo Veste Prada dos torneios do Calendário Mundial.
BAHAMAS, SÃO PAULO (AI, QUE SAUDADE!) - Depois de estar em Bahamas, no meio de 298 campeões mundiais, cheguei à conclusão de que o PCA é charmoso. O mais charmoso torneio, desde o domingo da Pizza no Paradise em São Paulo. No salão do Hotel Atrantis, muitos Ipads, roupas de marca, recusas a entrevistas, comentários geniais de jogada, mas no fundo a gente sabe que o que mais tinha era caçador de broca. O título ficou com um deles. John Dibella.
Pedintes do Poker pedem legalização da sua atividade
APARECIDA, PARIS - Representantes da PdP (Pedintes do Poker) se reuniram em um semáforo fechado essa semana para brigar pela legalização da sua atividade. A reivindicação máxima é o CISP – Capilé Institucionalizado Sem Pedir – Que consiste em os grandes ganhadores do Poker quando ganharem, enviem automaticamente dinheiro aos cabeças da entidade, sem que os mesmos tenham que pedir. Gente que pede RT, um “up” no Twitter, Brindes, Sorteios e abraços na TV, e eu que pedi menção na capa de BLUFF, foram representantes que participaram do encontro.
@pokerdepressao *Tem cara que não sabe o que é big blind e fala que foi pro float na parada. É mole? * Para que Holdem Manager se você fala sempre: “Tô perdendo mas vou pagar”? * Um dia sua vó falou: “Joga Nada” para vc quando te blefou. Vc com fone Beats, card guard do WSOP, cagando regra e pensando em viver do game. BLUFF • ABRIL/MAIO 2012
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Glossário
A B
ALL-IN: Ato de colocar todas as suas fichas disponíveis em jogo durante uma mão. ANTE: Valor obrigatório que deve ser colocado por todos os jogadores antes de receberem as cartas em alguns jogos de poker.
BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes do recebimento das cartas, cujo valor é definido pela posição na mesa e estrutura do jogo. BIG BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes de se receber as cartas em alguns formatos de poker. BORDO: Cartas abertas na mesa que podem ser utilizadas pelos jogadores envolvidos na mão nos jogos de Hold’em e Omaha. BOTÃO: Jogador na posição de dealer, que em geral é o último a agir na mão. BUY-IN: Valor mínimo necessário para se entrar num jogo ou valor de entrada num torneio. BLOCKERS: São as cartas de um jogador que impedem que outro jogador complete a sua mão. Ex.: Se um jogador tem um Ás de espadas na mão e há 3 cartas comunitárias de espadas, o dono deste Ás sabe que o adversário não pode ter um flush em Ás, pois ele tem o blocker.
C D F
CARTAS COMUNITÁRIAS: O mesmo que bordo. CRAVAR: Ficar em primeiro lugar em um torneio de poker. CHECK: O mesmo que dar mesa. CHECK-RAISE: Abrir mão do direito de apostar em uma mão, e efetuar um aumento quando o oponente apostar.
DAR MESA: Abrir mão do direito de apostar em uma mão. DRAW: Jogos cuja estrutura permite que o jogador troque suas cartas. Em jogos Single Draw a troca só pode ser feita uma vez. Em jogos Triple Draw pode-se trocar as cartas 3 vezes.
FLOP: Em Hold´em ou Omaha são as três primeiras cartas comunitárias que serão abertas na mesa. FLUSH: Mão de poker que consiste em cinco cartas do mesmo naipe. FOLD: Desistir da mão e abrir mão do pote. FREEROLL: Torneio gratuito. FULL HOUSE: Mão de poker que consiste em uma trinca e um par. FOLD EQUITY: Equidade de fold, ou seja, a chance do adversário desistir de sua mão, que deve ser considerada ao se fazer uma aposta.
H I K M
HUD: Heads Up Display é um programa que mostra as estatísticas do jogador e dos seus adversários no poker online. HEADS UP: Jogo ou jogada com apenas dois jogadores envolvidos.
ITM (In the Money): Zona de premiação de um torneio de poker.
KICKER: A carta mais alta não pareada que define o desempate de uma mão de 5 cartas.
L
MUCK: A pilha de descartes ou o ato de descartar uma mão.
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LIMIT: Jogo estruturado de forma que o valor das apostas em cada momento é predeterminado. Exemplo: Limit Hold’em.
N O P
NO-LIMIT: Estrutura de apostas em que o jogador pode apostar todas as fichas que colocou em jogo em uma aposta. NOSEBLEEDS: Jogos no formato cash game de valores altíssimos.
OUTS: Cartas que completam a sua mão ou que a tornam melhor que a do adversário. Ex.: Como um baralho tem 13 cartas de cada naipe, um jogador com 4 cartas de espadas tem 9 outs para completar um flush.
POSIÇÃO: Relação entre o lugar onde o jogador está sentado e o botão. POTE PARALELO: O pote separado que é formado quando um dos jogadores está de all-in. POT ODDS: Razão entre o tamanho do pote e a quantidade necessária de fichas para pagar uma aposta. PLO: Pot Limit Omaha. Jogo com estrutura parecida com a do Texas Hold’em em que o jogador recebe 4 cartas e tem que usar duas cartas da mão e 3 cartas comunitárias para formar seu jogo.
R
RAISE: Aumentar uma aposta anterior durante uma mão. RAKE: Valor cobrado pela casa. Em torneios, este valor normalmente é apresentado separadamente do valor do prêmio. Ex.: 300 + 50, sendo 300 reais de premiação e 50 reais de rake. RE-RAISE: Aumentar o aumento de um jogador. RIVER: Última carta comunitária nos jogos de Hold’em e Omaha.
S
SHOWDOWN: O ato final que determina o vencedor da mão através da exposição de cartas ao término das apostas. SMALL BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes de se receber as cartas em alguns formatos de poker. STACK: Quantidade de fichas que um jogador tem em jogo. SEQUÊNCIA: Mão formada por 5 cartas consecutivas. STRAIGHT: O mesmo que sequência. STRAIGHT FLUSH: Mão formada por 5 cartas consecutivas do mesmo naipe. SUCKOUT: Quando a mão com pior chance de vencer bate uma mão melhor. SLOWROLL: Demorar para mostrar a mão vencedora ao final da jogada. É considerada uma atitude desrespeitosa com o adversário. STREET: Cada rodada de apostas em um jogo. Ex.: Apostar nas 3 streets significa apostar no flop, no turn e no river.
T
TURN: Quarta carta comunitária nos jogos de Hold’em e Omaha.
Clubes H2 Club Rua Iguatemi, 236 . Itaim Bibi . São Paulo SP . Telefone (11) 3078-5884 - 3074-0090 Vegas Hold’em Club Rua Bento de Andrade, 312 . Jardim Paulista . São Paulo SP . Telefone (11) 3439-0104 - 7827-1099 K1 Clube Rua Cantagalo, 1.223 (antigo All-In Club) . Tatuapé . São Paulo SP . Telefone (11) 4119-5992 Espaço Zahle Rua Osório Duque Estrada, 40 . Jardins . São Paulo SP . Telefone (11) 3057-3831
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Retrato
DANIEL NEGREANU CURTINDO O CARNAVAL BRASILEIRO DE CAMAROTE
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