WSOP em 2005 e 2006 BSOP em 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 CPH em 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 LAPT em 2010 e 2011 Full Tilt 750K em 2010 PCA Bahamas em 2011 Tower Torneos em 2011 ARSOP em 2011 BPT em 2011 Nem o Brasil chegou em tantas finais de campeonato assim.
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Carta do Editor
Paixão pelo Poker
Acho que vou repetir uma frase que já usei em alguma matéria desta edição, mas vamos lá. Este ano não foi fácil para o mundo do poker e, principalmente, para quem tentou lançar um produto novo relacionado a este meio como nós fizemos. Black Friday à parte, tivemos que passar o ano em suspense por não termos a certeza de como tudo ia se desenrolar e como as coisas iam se ajeitar. Bem, se ajeitaram. O Full Tilt fechou, mas já temos mais esperanças em seu retorno com acordos sendo feitos, e a possibilidade do pagamento de todos os que têm dinheiro lá é mais provável agora do que pouco tempo atrás. O PokerStars fazendo 10 anos com grandes promoções e com muito sucesso e solidez mesmo depois de toda a confusão. No poker live temos um fim de ano repleto de grandes torneios pelo Brasil, demonstrando que esta grande paixão só cresce em nossa terra, além de grandes passos que estão sendo dados para a regularização do poker como esporte da mente, como o primeiro Campeonato Mundial de Poker que aconteceu em Londres há poucas semanas. Aqui na Bluff temos uma certeza. Se conseguimos, mesmo que de forma não muito regular, fazer nossa revista chegar até vocês com todas as dificuldades que passamos em 2011, 2012 vai ser uma moleza. Esta é a última edição da Bluff este ano. Nos vemos em janeiro na certeza de um ano de 2012 com grandes frutos para o poker e com mais tranquilidade para nós.
um ano de
muita luta e esperanças
Grande abraço,
Conselho Editorial Eduardo Oliveira Guilherme Kalil Marcelo Lanza
Paixão pelo Poker
Editor-Chefe Eduardo Oliveira
Jornalista Responsável Amúlio Murta
Arte e diagramação Aurelízia Lemos
Tradução e Revisão
Felipe de Paulo www.headsuponline.com.br
BLUFF.COM.br Bluff Brasil
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Diretor Comercial Mesa Final Editora Guilherme Kalil
Colaboradores Felipe Mojave Vitor Marques
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Editora Parma – Serviços Gráficos Mesa Final Editora Ltda. Av. Francisco Sales, 1.045 Santa Efigênia Belo Horizonte - MG CEP 30150-221 A logomarca e o material traduzido da Bluff Magazine são de propriedade da Bluff Media LLC e licenciados por esta para a Mesa Final Editora Ltda. para uso exclusivo em território brasileiro.
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Eduardo “roseraplo” Oliveira Editor-chefe - Revista Bluff Brasil @roseraplo
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BLUFF • NOVEMBRO 2011
pelo e-mail guilherme@revistabluffbrasil.com
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na bluff novembro 2011 • ANO 1 • No 4 10 – FRASES: Famosas ou nem tanto 12 – CURTAS: Especial PokerStars 15 – wsop em números: Por Jessica Welman 18 – As 10 melhores histórias da wsop 2011 24 – eduardo oliveira: A quebra do Full Tilt e nossa responsabilidade online 27 – Viktor blom: A ascensão e queda do misterioso Isidur1 31 – papo de homem: Malandro que é malandro não se apresenta 32 – minhas 3 dicas de poker favoritas: Por Mike Caro 34 – guilherme kalil: A força da crença e das superstições 36 – BPT: Gigante pela própria natureza 44 – FELIPE MOJAVE: Pot-Limit Omaha 48 – Minha primeira wsop: Por Lee Jones 50 – segundo momento: Por Dave Behr
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Eduardo Oliveira
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PRÓPRIAA
QUEBRA DO FULL TILT NATUREZA GiGante pela
E NOSSA RESPONSABILIDADE ONLINE.
Criado com o intuito de ser um dos maiores torneios do país a serie com a chancela do PokerStars veio para ficar.
POR EDUARDO OLIVEIRA
Por Eduardo olivEira
2011 não foi um ano fácil para o poker no mundo. Black Friday, quebras de gigantes da indústria e suposições mil sobre erros e acertos do poker online fizeram deste ano único na nossa curta historia. Mas uma marca saiu ilesa de tudo isso. O PokerStars enfrentou tudo isso de cabeça erguida e saiu de toda a balburdia com credibilidade inabalada perante toda a comunidade do poker mundial. Não bastasse isso ainda lançou este ano o BPT – Brasilian Poker Tour, serie de torneios ao vivo que entra forte no mercado brasileiro. 36
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Segundo Momento Durante a WSOP de 2011 Phil Hellmuth deu um tempo. Não do seu ótimo jogo, mas daquela fama de pirralho nas mesas que ele cultivou durante toda sua carreira. Com mais de US$ 1 milhão em ganhos durante a Série e sem chiliques infantis, será o fim do “Poker Brat” como o conhecemos? Por Dave Behr
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“Havia traders de todos os bancos de investimentos. O vencedor levaria uma viagem para o Main Event [da World Series of Poker] e o segundo colocado uma TV de plasma”, lembra Frankenberger. “Eu tinha acabado de sair do meu emprego no JP Morgan e entrado em um novo banco. Meu chefe era um grande jogador de poker e eu queria impressioná-lo.” O objetivo de Frankenberger era chegar à mesa final, mas acabou vencendo e ganhou a vaga para o Main Event da WSOP de 2008. A princípio, Frankenberger não estava certo de que queria ir. Ele chegou até mesmo a pensar em perguntar ao segundo colocado se ele gostaria de trocar a premiação, assim Frankenberger pegaria uma TV nova. Mas, outra vez, a vontade de impressionar o chefe falou mais alto. “Meu chefe dizia ‘Isso é muito bom, eu sempre quis jogar o Main Event’, então pensei que deveria ir.” Frankenberger foi para Vegas e acabou se divertindo muito. Ele até chegou a ir bem no torneio, caindo perto da premiação no Dia 3. Ainda assim, não tinha tanta pretensão. Ele até usou uma camisa azul bem clara durante o torneio por achar que a única chance de conseguir ver a si mesmo na ESPN era se visse sua camisa na tomada aérea do Amazon Room. Um ano depois, Frankenberger tinha uma decisão a tomar. Depois de 14 anos na Wall Street, ele estava pronto pra dar um tempo. “Eu acabei saindo do meu emprego em 2009, pois eu já vinha fazendo a mesma coisa há muito tempo e, apesar de eu gostar muito do que fazia, estava na hora de tentar algo novo. Eu viajei bastante. Estudei fotografia e piano. Quando eu saí do emprego, não queria ter um plano imediato sobre o que iria fazer. Jogar poker era parte disso.” O sucesso de Frankenberger no poker começou com um prêmio de seis dígitos em um torneio Deep Stack do Venetian. Algumas semanas depois, Frankenberger jogou o segundo WPT em sua vida no Legends of Poker do Bicycle Casino. O amador bateu um field de 462 jogadores e levou US$ 750.000, além de se colocar como um candidato ao título JdA do WPT. Frankenberger começou a pensar “É tão fácil quanto parece?” Aparentemente sim, pois ele continou a acumular premiações e mesas finais. Sua segunda mesa final no WPT veio no Bellagio Festa al Lago, dois meses depois, e ele quase chegou a uma terceira no Five Diamond Main Event em dezembro. Com todas essas premiações, ele deu um grande salto na liderança para o JdA, mas jogou todos os eventos seguintes para mantê-la. Ele arrumou tempo para jogar até mesmo outros eventos, chegando à mesa final da WSOP Circuit Regional Championship, em Atlantic City, em dezembro. Conforme percorria o circuito, Frankenberger foi fazendo amigos durante sua jornada. Ele cita Phil Laak como um dos seus melhores amigos do mundo do poker. Frankenberger também fez amizade com Todd Terry. “Todd é um cara com quem tenho muito em comum. Ele é de Nova York e abandonou sua carreira de advogado, e eu sou de Nova York e abandonei minha carreira na Wall Street.” A rotina de um jogador de torneios em tempo integral pode ser pesada para muita gente, mas Frankenberger realmente curte esse estilo de vida.
“eu diria que, quando comecei, eu era um amador, mas no final eu estava focado. Quando decido fazer alguma coisa, eu mergulho de cabeça e realmente me envolvo. eu acho bacana ter conquistado tudo isso no meu primeiro ano. estou orgulhoso disso. larguei a Wall street e as pessoas me perguntam, ‘o que você fez neste ano?’ Bem, eu joguei poker e ganhei o título de Jogador do ano do WpT.”
Um ano memorável para
Andy
Frankenberger por Jessica Welman
E
Enquanto muitos jogadores de poker passam a adorar o jogo devido ao fato de libertarem-se de uma rotina de trabalho em horário comercial, a entrada de Andy Frankenberger no mundo do poker aconteceu justamente como uma tentativa de impressionar seu chefe. Agora, apenas dois anos depois, Frankenberger nem trabalha mais para seu antigo chefe, mas deve ser grato a ele por tê-lo colocado no caminho que o levou a ganhar o título de Jogador do Ano da Temporada IX do World Poker Tour.
Frankenberger ainda não tinha parado pra pensar sobre poker até que ele e alguns de seus amigos traders da Wall Street foram convidados para um torneio de poker por um de seus brokers. >>>
A FrequênciA
dA energiA
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BLUFF • JULY 2011
“Eu adoro viver em hotéis. É ótimo ter alguém que arrume a cama para mim”, brinca. Apesar de o estilo de vida de um jogador de poker parecer muito distante para alguém que trabalhava em um escritório, Frankenberger está acostumado a viver nas estradas, pois seu trabalho no banco exigia que ele viajasse por todo o mundo, inclusive para Moscou. Conforme Frankenberger foi conhecendo novos lugares e fazendo amigos, ele também aprendeu a adaptar seu jogo. Enquanto começou a temporada com a vantagem do anonimato, com o passar do tempo ele teve de descobrir quem o conhecia e quem não o conhecia. Mesmo com três mesas finais televisionadas, Frankenberger ainda conseguia se manter de certa forma desconhecido. “Muitas pessoas sabem quem eu sou e muitas não sabem”, Frankenberger admite. “Elas podem ter ouvido meu nome, mas não me reconhecem. Mas aqueles que me conhecem jogam contra mim de forma muito diferente daqueles que não me conhecem. Eu acho que minha imagem para uma pessoa que nunca jogou contra mim e vê que eu levo mais tempo do que o normal para tomar uma decisão é de que eu não sei o que estou fazendo.” Frankenberger não gosta de ser classificado como o único amador a receber as badaladas honras do WPT. Como ele mesmo aponta, depois de nove meses na estrada, ele não é mais um amador. Ainda assim, há um certo orgulho em possuir tal distinção. “Eu diria que, quando comecei, eu era um amador, mas no final eu estava focado. Quando decido fazer alguma coisa, eu mergulho de cabeça e realmente me envolvo. Eu acho bacana ter conquistado tudo isso no meu primeiro ano. Estou orgulhoso disso. Larguei a Wall Street e as pessoas me perguntam, ‘O que você fez neste ano?’ Bem, eu joguei poker e ganhei o título de Jogador do Ano do WPT.”Ainda não está claro se o ano de Frankenberger longe da Wall Street irá durar apenas um ano, visto que ele ainda tem alguns objetivos no poker. Mesmo com todo o sucesso, entretanto, os pensamentos de Frankenberger sempre se voltam para a Wall Street. “O mais divertido é que, quando deixei meu emprego, eu não tinha uma ideia imediata do que queria fazer, eu só queria ter um tempo livre e pensar sobre o próximo passo. Quando eu estava trabalhando, eu nunca tinha vontade de falar sobre a bolsa de valores.” Depois de alguns meses, Frankenberger descobriu que acompanhar as ações era legal, e em meio à rotina desenfreada de torneios, ele ainda encontrou tempo para fazer alguns negócios. Com o seu “ano de folga” acabando, Frankenberger continua seguindo seu plano de não ter um plano, mas se tivesse que arriscar, seu futuro está entre uma carreira de jogador de poker em tempo integral e de investidor na Wall Street. Levantar uma grana para investir em ações é uma opção, mas não parece provável que Frankenberger dará adeus ao poker tão cedo. Se uma coisa parece clara, no entanto, é .
Ela podE sEr positiva ou nEgativa. dEpEndE dE você.
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por SAm chAuhAn
T
Todos somos feitos de energia. As pessoas e fatos que cruzam nosso caminho na jornada da vida afetam sua energia e podem afetar a energia que você projeta para o mundo. Tudo possui uma energia que pode ser mensurada e calibrada. Estes últimos meses têm sido ótimos. Meus clientes têm apresentado excelentes resultados. As pessoas não entendem que eu medito mandando energia para os meus clientes e crio uma frequência poderosa por meio de fortes mantras. Então eu foco em criar um propósito para aquela pessoa em particular alcançar os resultados que deseja. Eu criei uma fórmula que vem funcionando de forma consistente com a maioria dos meus clientes. Seu cérebro funciona como a Internet. Quando você vai ao Google e procura por uma frase em específico, você verá todas as possibilidades de combinações para os termos que você procurou. Todas as outras páginas irrelevantes são deixadas de lado. A ferramenta de busca traduz seu pedido e apresenta as soluções possíveis com base no que você perguntou. O seu mundo assume a forma pela qual você o reconhece somente depois de passar por seus filtros de percepção. É importante perceber qual informação é processada, assim como qual informação é perdida, dependendo totalmente da pessoa. A única coisa que determina seu conceito de realidade e seus resultados na vida é em
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que você presta a atenção. Seu foco cria o que é real para você em seu mundo. Mudando seu foco, você pode mudar sua realidade e seus resultados. Suas intenções irão criar tanto energia positiva, que se ajusta em uma escala muito alta, ou energia negativa, que se ajusta em uma escala muito baixa. As pessoas sempre me perguntam, “O que você fez para gerar resultados tão bons para os seus clientes?” Eu sempre digo a elas que todos os meus clientes têm um talento incrível. Eu somente crio uma energia melhor em torno deles usando diferentes métodos que ensino. Quando você muda a energia em torno de alguma pessoa, você muda o padrão de vida dela. Isso a leva a excelentes resultados na vida. Você já esteve perto de alguém que o fazia sentir-se mal ou triste? O que criou isso? Isso é a energia que você sentiu vinda daquela pessoa. Você também pode estar perto de alguém que é muito positivo e que fará com que você se sinta bem. A diferença é a energia. Eu recebi uma ligação interessante de um psicólogo que queria receber meu treinamento. Ele me disse que seus métodos não estavam funcionando com seus clientes e ele queria tentar algo fora do padrão. Eu não sou graduado em psicologia, mas dou treinamento para alguns alunos que têm doutorado em psicologia. Eu ensino algumas das áreas da psicologia que são muito controversas. Eu sempre fico imaginando por que as pessoas
enfrentam desafios para aplicar técnicas que funcionam. Os alunos que chegam até mim estão tentando encontrar métodos diferentes que possam ajudar seus clientes a tornarem-se o melhor que puderem ser. Eu adoro isto em meus alunos que são psicólogos. Eles precisam ter a mente aberta para aprender diferentes formas de se fazer mudanças. Nós gastamos nossa energia focando no passado ou no futuro e nos esquecemos de viver no presente. A energia está no momento e o restante não existe. Muitas pessoas enfrentam um desafio em se desligar do passado porque seu ego ou orgulho não permite que elas o façam. O ego e o orgulho mantêm as energias em um nível muito baixo. O ego e o orgulho lhe darão uma rajada de autoestima, que então se transformará em vergonha, pois é apenas uma ideia que você criou em sua mente. Eu sempre digo às pessoas que a vida seria vivida em um nível muito mais alto se as decisões não fossem tomadas com base no ego e no orgulho. “Você também aprendeu o segredo do rio - que essa coisa chamada de tempo não existe? O rio está em toda parte ao mesmo tempo. Está na fonte e na foz.
Na cascata, no barco que faz a travessia e na corrente em movimento. Em todos os lugares. Só o presente existe para ele, e não a sombra do passado nem a sombra do futuro. A vida também é um rio. A criança, o adulto e o velho não estão separados... Nada foi, nada será, tudo tem realidade e presença.” Hermann Hesse Siddhartha
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Tenha um dia poderoso! Sam Chauhan
BLUFF • MaY 2011
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na bluff w.ww.bluff.com.br
DEADLIEST KATCH
EugEnE Katchalov: um homEm pErigoso
Por Dave Behr / Fotos por Neil Stoddart
Durante o dia 4 do World Poker Tour World Championship 2011 no Bellagio, em maio, Scott Seiver começou a mostrar sua marca registrada ao tagarelar na mesa na mesa. O assunto era um homem de 30 anos chamado Eugene Katchalov. “Eu não faço ideia de por que ele é tão bom”, disse Seiver a respeito de Katchalov. “Ele simplesmente é. Se eu soubesse o que ele fez para se tornar tão bom, eu estaria fazendo agora mesmo.” Vindo do homem que venceu aquele que é geralmente reconhecido como um dos torneios mais difíceis do ano, fica a pergunta: Se alguém como Seiver pensa que Katchalov é tão bom, será que alguém tem chance contra ele?
BLUFF • JulY 2011
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56 – Pura ilusão: Por Jennifer Tilly 58 – WCOOP: Por Eduardo Oliveira 60 – o doador: Por Lance Bradley 62 – um final de ano de arrepiar: O final de ano promete, com vários grandes torneios espalhados pelo país 67 – deadliest katch: Eugene Katchalov: Um homem perigoso 72 – A frequência da energia: Por Sam Chauhan 74 – um ano memorável para andy Frankenberger: Por Jessica Welman 76 – Poker como um esporte: Parte IV 79 – tabloide: O maior jornal de poker do mundo 80 – glossário 82 – Retrato: O mundo do poker sem mil palavras
BLUFF • NOVEMBRO 2011
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FAMOSAS OU NEM TANTO...
“Espero que você tenha a pior diarreia da sua vida.”
David Grey, depois de apostar e perder US$ 10K que Howard Lederer, vegetariano convicto, comeria um hambúrguer
“Este cara é muito bom. Só de ver a foto dele eu perco dinheiro.”
Stetson Fraiha, sobre Erik Seidel
“Eu vou me aposentar do poker quando parar de ganhar.”
Doyle brunson que continua jogando (e ganhando!)
“Você pode tosar uma ovelha incontáveis vezes; mata-lá, uma vez só.”
Ditado de poker
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BLUFF • NOVEMBRO 2011 BLUFF • MARCH 2011
“O que você acha de não nos enfrentarmos em mais nenhuma mão até a mesa final?”
Robert Varkonyi falando para Mike Laing no Main Event da WSOP
... “ESTA é sua mesa final, trouxa. Você apenas não descobriu isto.”
Mike Laing, respondendo. Mike eliminou Varkonyi mais tarde
Curtas do Poker xxxxxxxxxxxx
Curtas Notícias
Bluff Brasil
Novembro 2011
Curtas do Poker
PokerStars em
Dezembro/2002: Os jogos de No-Limit Omaha Hi/Lo iniciaram online.
O PokerStars está completando 10 anos e o nosso Curtas deste mês é em homenagem a essa importante marca do maior site de poker do mundo. Parabéns, PS! Que muitos outros anos de sucesso venham pela frente.
Maio/2003: Chris Moneymaker transforma uma vaga conseguida em um satélite do PokerStars em US$ 2,5 milhões e um bracelete da WSOP, fato que revolucionaria o poker nos anos seguintes. Junho/2003: O PokerStars recebia cerca de 8 mil novos jogadores por dia após a vitória de Moneymaker.
números
Agosto/2003: A premiação total do WCOOP sobe para US$ 2,7 milhões.
Setembro/2001: Os jogos a dinheiro fictício começaram no PokerStars.
Novembro/2003: O PokerStars atinge a marca de 10 mil jogadores simultâneos.
Dezembro/2001: O primeiro jogo a dinheiro real foi online em 12 de dezembro. Dezembro/2001: Torneios com dinheiro real de Limit Hold’em, Stud e Limit Omaha Hi/Lo começaram em 13 de dezembro.
O número de jogadores classificados para a WSOP pelo PokerStars aumentou vertiginosamente. Em 2003 Moneymaker foi um dos 38 classificados. Em 2004 o número subiu para 300 e em 2005 ultrapassou a marca de mil jogadores. De 2003 em diante, seis classificados do PokerStars foram campeões do Main Event da WSOP.
Dezembro/2001: Stud Hi/Lo começou em 15 de dezembro. Dezembro/2001: Pot-Limit Hold’em e Omaha Hi/Lo começaram na semana seguinte. Dezembro/2001: Pot-Limit Omaha começou em 25 de dezembro. Ainda durante a fase de testes, uma jogadora do PokerStars, Joan Hardley, ganhou US$ 150 em dinheiro real. O suporte técnico enviou um e-mail falando sobre o engano, mas deu à jogadora a opção de sacar o dinheiro. Satisfeita com a honestidade, Hartley resolveu deixar o dinheiro em sua conta. Algum tempo depois, passou a fazer parte da equipe PokerStars. Janeiro/2002: Pela primeira vez, o PokerStars tinha 100 jogadores simultâneos. Julho/2002: Acontece o primeiro WCOOP, com nove eventos. O primeiro deles, um $109 Limit Hold’em, conta com 565 jogadores e US$ 15 mil de prêmio para o campeão. O primeiro Main Event contou com 239 jogadores e premiou o campeão com US$ 65.450. Desde então o WCOOP já distribuiu mais de US$ 266 milhões em prêmios.
Janeiro/2004: O PokerStars organiza o primeiro PokerStars Caribbean Adventures a bordo do cruzeiro Voyager of The Seas, reunindo 221 jogadores e com premiação de mais de US$ 1,6 milhão. Com o passar dos anos o PCA torna-se o maior festival de poker do mundo, fora de Las Vegas. Gus Hansen é o campeão do Main Event. Agosto/2004: Mais de 10 mil jogadores de todos os estados americanos e de 40 países disputam o WCOOP. Setembro/2004: Nasce o European Poker Tour. Atualmente na oitava temporada, o festival já distribuiu mais de US$ 350 milhões em prêmios. Dezembro/2004: É distribuída a mão número 1 bilhão, vencida pelo brasileiro “r3vbr”, que leva um prêmio de US$ 50 mil. 2004: O PokerStars faz a primeira e última mudança radical em seu logotipo. Muda a grafia de seu nome de duas palavras separadas para uma só palavra e troca o símbolo de espadas dourado por um vermelho. Janeiro/2005: O PCA muda-se para o Atlantis Casino, nas Bahamas
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BLUFF • NOVEMBRO 2011
Fevereiro/2005: Pela primeira vez um torneio semanal, o $215 No-Limit Hold’em de domingo, distribui mais de US$ 500 mil em prêmios. Março/2005: O primeiro EPT Grand Final Monte Carlo estabelece a maior premiação em torneios de poker disputados na Europa, € 2.110.000. Agosto/2005: O PokerStars realiza seu torneio número 10 milhões. Setembro/2005: O WCOOP atinge US$ 12 milhões em premiação, mais que o dobro do ano anterior. 2005: O PokerStars e seus jogadores levantam US$ 400 mil para ajudar as vítimas do tsunami asiático. Desde então já ajudaram em diversos momentos, como o do furacão Katrina e de terremotos na China e Haiti, ou na pesquisa pela cura da AIDS ou contra a fome na África. Janeiro/2006: O PokerStars lança o VIP Club e ElkY torna-se o primeiro VIP Supernova. Fevereiro/2006: O PokerStars atinge a marca de 100 mil jogadores simultâneos. Março/2006: O torneio $215 No-Limit Hold’em de domingo transforma-se no Sunday Million, primeiro torneio semanal com premiação garantida de US$ 1 milhão. Maio/2006: O PokerStars distribui a mão número 5 bilhões para a alemã “MaraJade”, que recebe US$ 57.500 em prêmio. Janeiro/2007: O PokerStars cria um novo nível no VIP Club, o Supernova Elite. Março/2007: O Sunday Million recebe 10.508 jogadores e torna-se o maior torneio da história. Maio/2007: O PokerStars distribui a mão 10 bilhões. Junho/2007: Daniel Negreanu entra para o Team PokerStars Pro. Agosto/2007: É lançado o Asia Pacific Poker Tour, em Manila, nas Filipinas. Setembro/2007: Mais de 40 mil jogadores disputam os mais de US$ 24 milhões do WCOOP.
Setembro/2009: É quebrado novamente o recorde de jogadores simultâneos, com 307.016 pessoas em 42.814 mesas. Setembro/2009: O WCOOP tem 45 eventos, com jogadores de 140 países e premiação de mais de US$ 50 milhões. Novembro/2009: 4 milhões de espectadores sintonizam no Million Dollar Challenge, transmitido pela Fox nos EUA, quebrando o recorde de audiência da mesa final da WSOP daquele ano. Dezembro/2009: Mais um recorde de jogadores em um torneio é quebrado, com 149 mil jogadores disputando um torneio. Fevereiro/2010: O PokerStars distribuiu a mão 40 bilhões. Fevereiro/2010: É disputado o maior Sunday Million de todos os tempos, com US$ 4 milhões garantidos em prêmios. O pool total foi de mais de US$ 7 milhões e mais de US$ 1 milhão para o campeão “RichieRichZH”. Setembro/2010: O WCOOP distribui US$ 63 milhões em 63 eventos. Dezembro/2010: Viktor “Isildur1” Blom entra para o Team PokerStars Pro.
Dezembro/2007: O PokerStars lança seu cliente para MacOS.
Janeiro/2011: O PokerStars lança o Home Games. Até setembro, mais de 500 mil clubes foram criados.
Dezembro/2007: O PokerStars atinge a marca de 150 mil jogadores simultâneos.
Fevereiro/2011: O PokerStars registra mais de 500 mil jogadores simultâneos.
Maio/2008: É lançado o Latin American Poker Tour, com a primeira etapa sendo disputada no Rio de Janeiro.
Março/2011: No Sunday Million de cinco anos, 59 mil jogadores disputam uma premiação de quase US$ 12 milhões.
Junho/2008: Entra no ar o PokerStars.tv.
Julho/2011: O Team PokerStars Pro André Akkari torna-se o segundo brasileiro a sagrar-se campeão mundial.
Dezembro/2008: Um torneio com 35 mil jogadores registrados torna-se o maior da história. No mesmo dia, é estabelecido o recorde de mais de 250 mil jogadores simultâneos. Fevereiro/2009: O PokerStars distribui a mão 25 bilhões.
Julho/2011: É lançado o Brasil Poker Tour. Novembro/2011: O PokerStars distribui a mão 70 bilhões logo no início das comemorações de seus 10 anos.
Abril/2009: O PokerStars lança o SCOOP, Spring Championship of Online Poker. Julho/2009: O PokerStars quebra novamente o recorde de maior torneio, com 65 mil jogadores.
13 BLUFF • NOVEMBRO 2011 BLUFF • MAY 2011
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WSOP
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Em Números por Jessica Welman
A World Series of Poker de 2011 foi cheia de fatos, estatísticas e recordes. Com tantos números sendo disparados a cada dia, às vezes era difícil ver onde todos eles se encaixavam. Quando tudo terminou, os números nos deram uma certa noção das grandes histórias e resultados do Rio no meio do ano. Pegamos então alguns dos números mais interessantes da WSOP deste ano para vocês apreciarem. Alguns são fatos, outros divertidos, outros ainda são as duas coisas. Aqui está a WSOP em números:
2 Posição do hit de Phil Collins “In The Air Tonight” na US Billboard Singles Charts em 1981. A música ressurgiu neste Main Event, pois um outro Phil Collins faz um belo torneio, o que o levou à mesa final. A torcida de Collins se juntou para apoiá-lo quando havia mais ou menos 200 jogadores na disputa, e toda vez em que o jovem Collins ganhava um grande pote, sua torcida começava a cantar, mudando a letra de “Hold on” para “Go Phil”.
540.020 Valor em dólares recebido por Maria Ho por sua segunda colocação contra Allen Bari no Evento US$ 5.000 No Limit Hold’em. Apesar de nenhuma mulher ter conquistado um bracelete, exceto a vencedora do Ladies Event, Marsha Wolack, muitas mulheres chegaram longe, inclusive Ho, que teve uma premiação que só perde para a da vitória de Annette Obrestad no Main Event da WSOPE em 2007 na lista das maiores premiações femininas em eventos da WSOP com braceletes.
4.119.000
7
Valor em dólares tirado em rake do Main Event da WSOP – mais dinheiro do que o terceiro colocado no torneio irá levar.
1.952.443
Dólares ganhou Brian Rast nesta edição da WSOP. Rast foi o único jogador a ganhar dois braceletes este ano, um deles no prestigiado US$ 50.000 Poker Players Championship. Neste momento, Rast é o jogador que mais lucrou na WSOP, mas assim que Ben Lamb cair ou cravar o Main Event, ele o ultrapassará, pois já garantiu mais de US$ 2 milhões em ganhos na WSOP 2011.
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Número de jogadores profissionais que ganharam braceletes nesta temporada. Este ano tivemos um número de profissionais maior do que o usual na lista dos vencedores, ainda que a maioria deles estivesse levando seu primeiro bracelete. Dos 44, apenas John Juanda, Jason Mercier, Matt Matros e Rep Porter já haviam ganhado um bracelete nos anos anteriores.
É a média de idade entre os jogadores que participam do November Nine 2011. Anton Makiievskyi é o mais jovem, sete jogadores estão na casa dos 20, Martin Staszko tem 35 e Badih Bounahra é mais velho na mesa, com 49 anos de idade.
191.999.010
Valor total em dólares da premiação na WSOP 2011. Durante os 58 eventos, quase US$ 200 milhões foram distribuídos, o que bate o recorde do ano anterior em quase US$ 4 milhões. Dito isso, houve 75.672 participantes nesta edição da WSOP, tornando-o o maior nos 42 anos de história do evento.
646.000
Número de países com representantes na mesa final do Main Event deste ano. Esta mesa final se equivale à de 2007 com o maior número de jogadores não americanos entre os nove, e apenas três americanos. Os três ianques também são os três mais conhecidos da mesa final, Matt Giannetti, Phil Collins e o principal candidato a Jogador do Ano da WSOP, Ben Lamb.
55
Número de câmeras usadas pela ESPN para pegar toda a ação do Main Event da WSOP.
Número de telespectadores que assistiram à transmissão ao vivo do Main Event da WSOP, de acordo com a Nielsen. A transição para uma cobertura quase ao vivo se mostrou positiva, pois a audiência da rede ESPN apresentou um quadro de aumento.
15 BLUFF • NOVEMBRO 2011 BLUFF • SEPTEMBER 2011
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As 10 melhores
histรณrias da
WSOP
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BLUFF โ ข NOVEMBRO 2011
A WSOP 2011 está quase acabando. Ainda há um pequeno detalhe chamado de November Nine para ser resolvido, mas outros 57 braceletes já foram distribuídos nesta temporada durante sete semanas em Las Vegas. O período mais insano no calendário anual do poker teve alguns grandes momentos no feltro, alguns momentos insanos e algumas performances inacreditáveis. Vamos recapitular as 10 melhores histórias agora… BLUFF • NOVEMBRO 2011
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No. 10 Team Mercier #whenwillitend Desde que apareceu na cena, Jason Mercier vem destruindo nos torneios ao vivo. O antigo Jogador do Ano da Bluff repassou essa boa fase aos amigos durante a WSOP 2011. O grupo que ficou conhecido como Team Mercier era formado por Mercier, Dan O’Brien, Allen Bari, Brent Hanks, Matt Berkey e Phil Collins. Bari ganhou o primeiro bracelete do Team Mercier quando cravou o evento US$ 5.000 No-Limit Hold’em na primeira semana. Mercier então ganhou um bracelete na metade da série. Esses foram os únicos dois braceletes conquistados pelo Team Mercier, mas o sucesso deles foi evidente. Jason Mercier O grupo totalizou 24 premiações, 7 mesas finais e US$ 2,1 milhões em prêmios, sem contar a mesa final de Collins no Main Event, que pode dar a eles mais um bracelete e mais US$ 8,7 milhões. As performances consistentes combinadas com as postagens no Twitter de todos os jogadores levou a hashtag #whenwillitend (quando vai terminar) a ser adotada pelo grupo. Mercier foi quem começou ao fazer graça por todo o seu sucesso. “Quebrei no plo8. Acho que vou ter que me contentar com um bracelete nesta temporada :( #whenwillitend.”
No. 9 Mais caras novas do que primeiro ano de faculdade Dê uma olhada no histórico da WSOP e você verá rostos conhecidos entre os campeões muitas vezes. Nesta temporada, entretanto, um número gigante de braceletes foram conquistados por jogadores que nunca haviam ganhado antes. Dos 57 braceletes deste ano, 52 foram para jogadores que estavam levando o seu primeiro prêmio na WSOP, e dos cinco que já haviam vencido, um deles foi para Brian Rast, que havia conquistado seu primeiro bracelete semanas antes. Os vencedores novatos dominaram as primeiras semanas de torneio. Foi somente no Evento 16 que um jogador que já havia vencido anteriormente conseguiu conquistar seu bracelete. John Juanda foi quem quebrou a série, mas aí outros 18 novatos levaram um bracelete até que Jason Mercier interrompeu a série novamente. Rep Stephanie Nguyen Porter e Matt Matros também levaram o segundo bracelete de suas carreiras. Brian Rast, que levou seu primeiro
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bracelete no Evento US$ 1.500 Pot-Limit Hold`em, ganhou o seu segundo no US$ 50.000 Poker Player’s Championship apenas um mês depois da primeira conquista. Para efeitos de comparação, em 2010, 11 braceletes foram levados por jogadores que já haviam vencido outras edições.
No. 8 Um mulher quase levou um Evento Aberto, enquanto um homem quase levou o Ladies Event Já se passaram três anos desde que uma mulher levou um bracelete num evento aberto. Vanessa Selbst foi a última jogadora a alcançar tal feito. Desde então, no entanto, tem sido um período de seca para elas. Isso quase mudou nesta temporada, pois quatro mulheres fizeram mesas finais, e duas delas chegaram a ponto de sentir o gostinho da vitória. Tudo começou quando Maria Ho terminou em segundo no Evento US$ 5.000 No-Limit Hold’em que foi conquistado por Allen Bari. Ho levou US$ 540.020 pela sua colocação, a melhor premiação de todos os tempos de uma mulher na WSOP. Duas semanas depois, Stephanie Nguyen terminou em segundo no Evento US$ 2.500 6-max Limit Hold’em. Um jogador que tinha muito interesse nos resultados dessas jogadoras era Brandom Adams. Antes do início da série, Adams apostou US$ 15.000 (talvez mais) no fato de uma mulher vencer um evento aberto nesta temporada. O único evento que não valia para a aposta era o Ladies Championship, que por sinal quase não foi vencido por uma mulher. Devido às leis de Nevada que proíbem os organizadores da WSOP de restringirem as entradas em um torneio com base no sexo do jogador, vários homens disputaram o Ladies Championship. E um deles chegou bem perto da vitória. Jonathan Epstein, o irmão mais novo da antiga apresentadora do programa “Inside Deal” da ESPN, Laura Lane, chegou ao dia final do evento. Conforme ia se aproximando da mesa final, ele era vaiado por quem estava assistindo ao torneio sempre que jogava uma mão, apostando ou dando fold. Epstein chegou à mesa final e foi mais uma vez vaiado durante a apresentação dos jogadores. Ele caiu em nono lugar, mas ainda assim se tornou o primeiro homem a chegar à mesa final da WSOP Ladies Championship.
No. 7 Mais jogadores, menos patches Assim que passou o choque da Black Friday, muitas pessoas começaram a pensar no impacto que tudo isso teria na WSOP e em seu público. Muitos previam um ano difícil para a WSOP, e a maioria previa um Main Event com menos de 5.000 jogadores. As previsões estavam erradas. Se você não soubesse nada sobre a Black Friday e então visse o número de recordes quebrados na WSOP 2011, você presumiria que nada mudou. Os 58 eventos tiveram um total de 75.672 jogadores e uma premiação total de US$ 191.999.010, batendo por pouco a premiação de 2010. No ano passado, 72.966 jogadores competiram por US$ 187.109.850 em premiação. O que fez a diferença, na verdade, foi o Main Event. Em vez dos 5.000 jogadores que a maioria esperava, foram 6.865 jogadores que pagaram US$ 10.000 cada para fazer parte do segundo maior Main Event da história da WSOP, atrás apenas da série de 2006. Desta vez a maioria dos jogadores apareceram sem patches. Antigamente, empresas como PokerStars, Full Tilt Poker e UB gastavam milhares de dólares com seus jogadores patrocinados e com aqueles que conseguiram vagas online para ter seus patches nas roupas dos jogadores na mesa final ou na mesa da TV; isso simplesmente não ocorreu este ano. Os profissionais do Full Tilt, que normalmente usavam bonés e patches do Full Tilt na camiseta, foram vistos sem os acessórios. Alguns continuaram Jake Cody a usá-los durante a série, mas com a chegada do Main Event, aquele conhecido triângulo vermelho foi completamente extinto. Alguns poucos jogadores do Team PokerStars que vivem nos Estados Unidos usaram seus patches durante toda a série.
No. 6 O clube da tríplice coroa dobra seu tamanho Jake Cody e Bertrand “ElkY” Grospellier usaram a WSOP para entrar naquele que talvez seja o clube mais privado do poker. Cody e Grospellier conquistaram seus primeiros braceletes da WSOP e se incluíram na lista de jogadores que venceram a Tríplice Coroa no poker: um título no WPT, um título no EPT e um bracelete na WSOP. Cody, o profissional britânico de 22 anos, venceu o US$ 25.000 Heads-up Championship para levar US$ 851.192 e se tornar o mais jovem na história a vencer a Tríplice Coroa. Apesar do feito histórico, foi mais importante para Cody ter todos os seus amigos no rail do que qualquer outra coisa.
“Estar com toda a galera aqui foi muito especial para mim”, disse Cody depois da vitória. Grospellier venceu o Evento US$ 10.000 Seven-card Stud Championship para ganhar sua entrada no clube da Tríplice Coroa, o que é impressionante se considerarmos que ele nunca havia jogado esta modalidade em um torneio antes. Grospellier entrou no evento por recomendação de um amigo que disse que ele se sairia bem no torneio. “Eu joguei tantos eventos na WSOP e nunca cheguei muito perto de um bracelete. O mais próximo disso foi em 2007, quando cheguei à mesa final. Tenho esperado por este momento há quatro ou cinco anos”, disse Grospellier. “Eu estou muito, muito orgulhoso, principalmente por ter alcançado esta conquista em Stud. Foi a primeira vez que joguei Stud ao vivo (em torneios). É uma sensação incrível.”
No. 5 Vive la France Nas 41 WSOPs entre 1970 e 2010, somente 5 jogadores da França ganharam braceletes da WSOP. David Benyamine, Gilbert Gross, Patrick Bruel, Claude Cohen e a campeã do Ladies Championship 2010, Vanessa Hellebuyck, foram os únicos franceses a ganhar o prêmio mais importante do poker uma média de um bracelete a cada oito anos. Durante a WSOP de 2011, os franceses ganharam, em média, um bracelete a cada 12 dias. Grospellier foi quem começou a festa em 15 de junho com sua vitória no US$ 10.000 Seven-card Stud Championship. Apenas 24 horas depois, Elie Payan dobrou o sucesso francês ao vencer o Evento US$ 1.500 Pot-Limit Omaha. Fabrice Soulier aumentou a contagem para três braceletes em nove dias ao vencer o US$ 10.000 HORSE Championship dia 24 de junho. O último deles veio no dia 2 de julho, quando Antonin Teisseire conquistou o bracelete no US$ 5.000 Triple Chance No-Limit Hold`em. Os quatro braceletes foram um resultado impressionante para um país que vai hospedar a WSOP Europe este ano. O ponto alto das conquistas, entretanto, foi a de Soulier. Considerado por muitos o melhor jogador francês, Soulier acredita que o sucesso de 2011 seja apenas o começo de algo muito maior. “Nós temos uma série de bons jogadores agora, e mais estão vindo, além de alguns garotos que nem conhecemos ainda, e que são muito, muito bons. Eu acredito que seja o início de uma nova nação no poker. Eu espero. Estamos crescendo rápido e temos uma série de bons jogadores chegando.”
No. 4 Brian Rast em dobro Provavelmente não houve uma história mais insana na WSOP 2011 do
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que a que se passou nesta temporada para Brian Rast. O profissional dos cash games de 29 anos deixou de lado as duas primeiras semanas da WSOP para curtir no Brasil com sua noiva. Ela não tinha visto para entrar nos Estados Unidos, então Rast teve de sacrificar alguns torneios para poder passar um tempo com ela. Dia 9 de junho ele voltou para casa e estava indo para seu apartamento quando se encontrou com seu amigo Antonio Esfandiari no hall. Esfandiari perguntou se Rast iria jogar o Evento US$ 1.500 Pot-Limit Hold’em daquele dia. Quando Rast disse que estava muito cansado devido à longa viagem, Esfandiari insistiu e se ofereceu para inscrevê-lo no torneio. Rast venceu o evento, levou seu primeiro bracelete e US$ 227.232. E a história não acaba por aí. Poucas semanas depois, Rast entrou no US$ 50.000 Poker Player’s Championship e chegou ao heads-up contra Phil Helmuth na disputa pelo bracelete. Apesar de ter muito menos fichas do que o Poker Brat, Rast conseguiu virar e chegou ao seu segundo bracelete. Ele foi o único jogador a conquistar dois braceletes nesta temporada, em feito que o coloca na disputa pelas honras de Jogador do Ano da WSOP. Isso até ele fazer algo que parece não ter precedentes. Ele não jogou o Main Event. Com duas vitórias na bagagem, Rast voltou ao Brasil para honrar um compromisso que ele havia firmado antes do início da Série. Rast estava tentando conseguir um visto para que sua noiva pudesse ir aos Estados Unidos morar com ele. O compromisso estava marcado para aquele que seria o dia 2b do Main Event. Melhor do que jogar o Dia 1 e ter de enfrentar uma situação Brian Rast complicada se sobrevivesse, Rast manteve sua palavra e embarcou para o Brasil. Uma vez aqui, Rast teve uma péssima notícia. A entrevista foi adiada por algumas semanas, o que significa que rast poderia ter jogado o Main Event sem problemas. No fim das contas, Rast conquistou dois braceletes, quase US$ 2 milhões em premiações e assim termina seu conto de fadas. No começo de agosto, o visto de sua noiva foi aprovado.
No. 3 Três vezes quase lá: Phil Hellmuth Phil Hellmuth fez quase tudo o que podia para calar a boca daqueles que o odeiam durante as sete semanas da WSOP 2011. Quase. Hellmuth, que é detentor de quase todos os recordes importantes da WSOP, chegou três vezes em segundo lugar e alcançou cinco vezes a faixa de premiação, incluindo a primeira premiação de sete dígitos em sua carreira. Seus críticos apontarão o fato de que todos os seus 11 braceletes são de Hold’em, um sinal de que ele não é capaz de jogar outros jogos. Ele acabou com essa teoria, mostrando o quão
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impressionante é o seu jogo em outras modalidades. Hellmuth começou sua jornada ficando em segundo lugar para John Juanda no Evento US$ 10.000 No-Limit Deuce-to-Seven Draw. Aproximadamente 10 dias depois, ele chegou à mesa final do US$ 10.000 Seven-card Stud Hi-Lo Championship. Ele chegou ao heads-up outra vez, mas se viu frente a frente com um especialista na modalidade, Eric Rodawig. O Poker Brat teve de se contentar com outra segunda colocação, mas logo se viu na competição pelo título de Jogador do Ano da WSOP. Depois disso ele conquistou duas premiações em Eventos de Hold’em no decorrer da série. O Poker Player’s Championship, com US$ 50.000 de buy-in no formato mixed games extravaganza, era o próximo desafio de Hellmuth. Jogando um torneio com as variantes Hold’em, Omaha, Razz, Seven-card Stud e Triple Draw, Hellmuth mais uma vez chegou à mesa final, na qual, por motivos de TV, jogou-se somente No-limit Hold’em. Hellmuth deixou para trás Ben Lamb, Scott Seiver, Matt Glantz e Minh Ly para chegar novamente ao heads-up, desta vez contra Brian Rast. Hellmuth parecia ter o torneio nas mãos com 85% das fichas em jogo num determinado momento. Rast correu atrás e Hellmuth acabou sucubindo e terminando em segundo lugar pela terceira vez no ano. O prêmio de US$ 1.063.034 foi o primeiro de sete dígitos que ele conquistou em sua carreira. Hellmuth fechou a WSOP 2011 com US$ 1.591.004 em ganhos, o que foi a segunda maior premiação da série antes do fim do Main Event.
No. 2 Phil Ivey - Quem faltou no grande show Às 5 da tarde do Dia 1 da WSOP, quase todos os jogadores da elite do poker estavam na Amazon Room para o US$ 25.000 Heads-up Championship. Enquanto as partidas do primeiro round apareciam nas telas ao redor do salão, ficou evidente que um jogador - incontestavelmente o melhor deles - estava faltando. Phil Ivey não foi ao evento. Não havia uma explicação real até algumas horas antes, e quando a razão veio à tona, ela tornou-se uma das maiores histórias do ano na hora. Ivey, membro do Team Full Tilt desde sua criação, estava processando a Tiltware, a companhia que presta serviços de software e marketing para o Full Tilt Poker, pela inabilidade da empresa em pagar os jogadores que ficaram com dinheiro preso no site depois da Black Friday. Ivey lançou um comunicado em seu Facebook e posteriormente em seu website.
“Estou muito desapontado e envergonhado com o fato de jogadores do Full Tilt não terem sido pagos. Também me sinto muito envergonhado porque, com isso, muitos jogadores não podem competir em torneios, além de terem sofrido com problemas financeiros. Eu não vou jogar a World Series of Poker, pois não acredito que seja justo eu competir enquanto outros não podem. Eu estou fazendo tudo o que posso para encontrar uma solução para o problema o mais rápido possível”, disse. Enquanto as primeiras partidas iam se arrastando durante a primeira noite, a única coisa sobre o que os jogadores, fãs e a mídia falavam era Phil Ivey.
No. 1 É o mundo de Ben Lamb - E nós estamos vivendo nele
Ben Lamb
SSe a WSOP 2011 teve uma estrela que despontou, ele, sem dúvidas, foi Ben Lamb O jogador de 26 anos teve uma atuação que muitos jogadores de poker sonham ter. Ele teve um total de cinco premiações e ganhos de pelo menos US$ 2.113.947. Por que pelo menos esta quantia? Bem, como sabemos, ele fechou sua brilhante performance na WSOP participando do November Nine. Mas antes vamos falar de outras coisas. Lamb começou sem ganhos nos cinco primeiros eventos que disputou. Daí em diante, ficou fácil. Lamb ficou em segundo lugar no Evento US$ 3.000 Pot-Limit Omaha e levou US$ 259.918. O próximo evento que ele jogou, o US$ 10.000 Pot-Limit Omaha Championship, ele venceu. Isso o fez colocar o primeiro bracelete em seu pulso e US$ 814.436 em seu bolso. Alguns dias depois, ele terminou em 12o no Evento US$ 10.000 6-max No-Limit Hold’em. Aí vieram os dois maiores torneios no calendário. Primeiro, Lamb continuou com seu jogo consistente no US$ 50.000 Poker Player’s Championship. Depois de entrar na mesa final como chip leader, Lamb terminou em 8o e levou US$ 201.338. Esta performance deu a ele temporariamente o título de Jogador do Ano da WSOP. No Main Event a boa fase de Lamb não mudou em nada. Em cada evento no qual ele entrou na premiação, Lamb terminou pelo menos um dia como chip leader. O Dia 1b do Main Event deu continuidade a esta maratona inacreditável. Ele também terminou o Dia 2b como chip leader. Ao longo de sua jornada, Lamb sabia que o que estava fazendo era especial, e agradecia pela boa sorte. Ele não queria agourar nada.
“Eu sei o quão sortudo fui. Eu não sou uma dessas pessoas que acham que de repente são 10 vezes melhores do que eram ano passado. Eu tenho noção de quão abençoado fui nesta temporada”, disse Lamb. “Todas as mãos que venci e todos os coolers que dei, foi ótimo. Eu não tenho do que reclamar.” Assim que Hellmuth caiu do Main Event, Lamb alcançou seus objetivos ao retomar à liderança rumo ao JdA da WSOP. Quando restavam apenas 138 jogadores no torneio, Lamb estava de volta à liderança. Entretanto, ele não parou por aí. Lamb percorreu o restante da jornada e se viu muito perto da liderança em fichas quando restavam 14 jogadores. Lamb fechou sua incrível campanha ao chegar ao November Nine. Ele é o quinto colocado em fichas e tem uma chance de se juntar a Rast com dois braceletes nesta temporada se vencer o Main Event, além de embolsar US$ 8,7 milhões. Uma vitória pode adiantar o título de JdA da WSOP, dependendo do que acontecer na Europa, mas se Lamb jogar a WSOP Europe tão bem quanto jogou em Las Vegas, ele pode garantir o título com muita antecedência.
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Eduardo Oliveira
A quebra do Full Tilt e nossa responsabilidade online. POR Eduardo Oliveira
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Estava pensando muito sobre o que escrever na estreia desta coluna aqui na Bluff, e uma discussão no MaisEV (www.maisev.com) acabou me dando fundamentos para algo que já queria escrever há algum tempo. Sem citar nomes (isso aqui não é lugar de fofocas), vamos ao tópico. Um usuário do fórum postou uma dúvida sobre a possibilidade de um site de poker criar dinheiro, mais ou menos como fazem os bancos, e isso ser, no mínimo, estranho. Existe uma diferença na comparação. Bancos não criam dinheiro. Eles movimentam dinheiro que não pertence a eles e geram lucro a partir desta movimentação. Explicando: o banco X possui R$ 1KK em depósitos em suas contas, ele repassa R$ X,XX para o Banco Central e com o resto do dinheiro faz empréstimos a juros Y que geram lucros para a instituição. Além de taxas e
vendas de produtos como seguros, capitalização etc. A questão aí é que essa é a função do banco. Toda a sociedade sabe que é isso o que é feito em uma instituição financeira e que é desta forma que o lucro do negócio banco é constituído. Falemos sobre sites de poker. A função de um site de poker é promover jogos. Com a promoção de jogos de poker, o site cobra um percentual do valor jogado (rake) como forma de gerar lucro sobre sua operação. É assim que deveria funcionar a geração de lucro de um site de poker. Mas é assim mesmo que funciona? A questão levantada pelo usuário do fórum foi a da possibilidade de se criar dinheiro online que não existe no mundo real. Como? Simples. O site opera o software de poker e, com um simples apertar de um botão, pode muito bem colocar a quantidade de dinheiro que quiser na conta que quiser dentro do seu próprio software. Eles fazem
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isso? Acredito que não. Eles podem fazer isso? Sim, podem. Sem teorias conspiratórias muito elaboradas, vamos pensar na possibilidade como verdadeira. O que o site ganha criando dinheiro? Bem, duas coisas. Em primeiro lugar, se o dinheiro for criado em uma conta de um jogador comprovadamente vencedor nos limites em que ele joga, muito possivelmente no longo prazo ele será positivo, além de gerar rake em cima de um dinheiro que não existe. Se ele estiver em parceria com o site saindo de US$ 0,00, eles criaram US$ X,XX que seria dividido entre os dois. Em segundo, quanto maior a quantidade de dinheiro dentro de um site, maior o volume de jogo e, por consequência, maior o rake (lucro) do próprio site. Nesse momento os caros leitores me perguntam: e se o cara do dinheiro fictício quebrar? Bem, enquanto houver fluxo de caixa no site, isso não vai representar um problema, pois a operação é lucrativa a longo prazo e as eventuais perdas serão repostas com os ganhos (aí nem tanto eventuais) que a operação gera. Se não acontecer um evento que interrompa o fluxo de caixa do site, a operação se paga e gera lucro em um ciclo eterno. Mas espera aí? Não foi a interrupção de fluxo de caixa que quebrou o Full Tilt Poker? Sim. Quer dizer que eles faziam isso? Não necessariamente. Mas se pensarmos um pouco e concluirmos que esse tipo de operação é factível, quem pode falar que isso não acontecia no site? Em um mundo pouco tangível como o nosso, acho que a discussão é pertinente e nos alerta para as nossas responsabilidades sobre a fiscalização do que acontece ou não em um negócio no qual todos temos dinheiro nele.
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mudou tudo de novo...
os dois donkeys continuam. Guilherme Kalil e Marcelo Lanza voltam com o Pokercast da Bluff Brasil, agora de 15 em 15 dias. O melhor do mundo do poker para vocĂŞ.
ViktorBlom —AascensãoeaquedadomisteriosoIsildur1
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Chegando ao fim de outubro de 2009, uma força misteriosa, conhecida como Isildur1, armou uma emboscada nas mesas de high stakes do Full Tilt, fazendo os regs tremerem. Seu alvo parecia ser Tom “durrrr” Dwan, a quem ele esmagou em questão de dias, levando US$ 5 milhões daquele que até então era o rei do NLHE heads-up e deixando a comunidade do poker em choque. O estilo de Isildur1 era hiperagressivo.
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Empurrando e dando overbets de forma implacável, com um equilíbrio perfeito entre blefes e apostas por valor, ele parecia estar redesenhando o poker conforme ia avançando. Parecia impossível pará-lo, mas sua queda foi tão trágica quanto sua ascensão foi meteórica. Uma combinação de excesso de confiança, tilt e PLO uma hora acabaram com a boa fase de Isildur1, e isso nos deixou loucos, pois ainda não sabíamos quem era ele. Agora, usando seu próprio nome e tendo se tornado um importante jogador do Team PokerStars, Viktor Blom, pela primeira vez em uma revista de língua portuguesa, fala sobre a ascensão e a queda de Isildur1.
Como você descobriu o poker, Viktor? Como você deixou de ser somente um jogador de poker online para se tornar o melhor do mundo? 28
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Através dos meus amigos, e somente jogando e sempre tentando melhorar. Nada de livros, fóruns ou discussões. Eu sempre achei que era bom e sempre quis melhorar, então me apeguei a isso o tempo todo.
Você começou como Blom90 na rede iPoker. Conte-nos a história do bankroll do Blom90. Quais limites você jogava? Quanto tempo você levou até poder dar um tiro nos nosebleeds do Full Tilt? Eu depositei US$ 2K. Isso era realmente tudo o que eu tinha. Se eu perdesse, teria que procurar outra coisa pra fazer. Depois de pegar o dinheiro e depositar, eu fui pra um lugar tranquilo, me sentei por um tempo e fiquei pensando no que eu teria que fazer, quais limites, e por aí vai. Eu escolhi jogar várias mesas de NLHU. Eu joguei contra todos os regulares que me davam ação em
várias mesas. Depois de duas ou três semanas, eu destruí todos os níveis, tinha um bankroll de US$ 2M e estava jogando $100/$200 diariamente. Um dia comum naquela época podia ser de 15 horas sem fazer mais nada além de jogar. Eu estava num momento perfeito. Quando eu estou nessa fase eu gosto de jogar muito, e quando não estou jogando gosto de relaxar e fazer outras coisas que eu curto. Certo tempo depois, eu fui o maior vencedor em quatro sites europeus diferentes naquele ano.
Você se lembra de algum momento em que pensou “Eu posso ser o melhor do mundo nesse jogo”? Naquela época, eu estava cansado e sentado esperando por ação, então depositei muito no FTP, onde eu acreditava que acharia um pouco mais de ação e alguns regulares
precisando ser quebrados. Foi aí que tive certeza de que eu era o melhor jogador de NLHU neste planeta. $200/$400 eram meus maiores limites até então, aí achei legal jogar $300/$600 e $500/$1.000. Eu tinha noção de que eram valores realmente altos, e eu nunca tinha jogado nada assim antes, mas ainda assim foi bom e eu joguei mais focado, além do que a maioria dos regs eram muito nits, então era fácil empurrar. Eu sentia que levava vantagem sobre qualquer adversário em NLHU.
Conte-nos o que você se lembra da primeira sessão pesada com o durrr. Você ganhou US$ 3M em três dias. Quais as recordações daquela sessão? Por quanto tempo jogaram, etc.? É, nós fizemos algumas sessões que foram umas maratonas bem intensivas. Eu me lembro de uma que durou 18 horas, então dormi um
pouco e continuamos. Era um campo de batalha. Eu sentia que ele tinha qualidade e que havia jogado toneladas de mãos, mas ele era muito passivo às vezes e provavelmente pensava que era algum tipo de deus quando dava call em uma 4-bet minha com 10-5 suited! Mas eu admiro seu jogo, e esta foi uma das sessões mais duras que já joguei.
É óbvio que não se trata do dinheiro. Você não precisava jogar contra o Tom Dwan e o Phil Ivey. Você poderia ter arrumado muito dinheiro jogando limites mais baixos contra jogadores mais fracos. A ideia é somente provar que você é o melhor? Eu sempre quero jogar contra os adversários mais fortes. Eu sempre quero aprimorar meu jogo e eu gosto da emoção e do desafio de um jogo mais duro.
A montanha-russa de Isildur1
Blom ganhou e perdeu uma fortuna em um intervalo de 13 meses entre 2009 e 2010. Abaixo está um gráfico com suas variações insanas neste período. Out. 09: US$-989.48K Nov. 09: US$1.32M US$-2.22M Dec. 09: Jan. 10: US$0 Fev. 10: US$199.82K Mar. 10: US$225.17K Abr. 10: US$156.52K Mai. 10: US$-42.63K Jun. 10: US$-249.1K Jul-Ago. 10: US$0 Set. 10: US$-214.1K Out. 10: US$-414.05K Total: US$-2,227,850 *Fonte: highstakesdb.com
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Por que você resolveu enfrentar Ivey, Dwan e Antonius ao mesmo tempo? Com certeza isso não é +EV… Porque eu sabia que era melhor em NLHU e eu estava em um grande momento. Eu pensei que talvez fosse mais rentável enfrentar um de cada vez, mas ainda assim lucrativo enfrentálos todos de uma vez, além de eu ter curtido o desafio. Devido ao fato de Ivey e Antonius não jogarem tantas mesas quanto o durrrr e eu não saber quanto o durrrr tinha online, tomei a decisão de que este seria o melhor jogo.
Você ficou surpreso com toda a especulação a respeito da sua identidade? Você gostou disso? Não fiquei. Eu era jovem e sentia que não precisava disso. Eu odiava a mídia.
Por que você optou por se manter anônimo por tanto tempo? E por que você decidiu “aparecer” e entrar para o Team PokerStars? Minha vida era boa. Eu tinha um flat de 1 milhão de dólares que era incrível, e eu podia sair com meus amigos de infância e minha namorada. A vida era boa naquela época e eu não podia esperar nada mais dela. Mas eu decidi entrar para o Team PokerStars porque eu senti que precisava de um novo desafio. Eu queria melhorar meu jogo ao vivo. As coisas haviam mudado e as pessoas não procuravam mais jogar tanto NLHU na Internet quanto antigamente. Eu senti que estava fazendo a coisa certa; além disso, sempre foi um sonho para mim assinar com o Team PokerStars. Eles são de longe o melhor site.
Como você se sentiu ao perder US$ 5 milhões? Não foi bom da forma como ocorreu, mas ainda assim não me senti mal e consegui fazer outras coisas que eu curtia; depois de um tempo não pensei muito mais sobre isso.
Descreva sua relação com o dinheiro. Você dá valor ao dinheiro? Eu dou, mas todo bom jogador deve arriscar seu bankroll, entretanto, para evoluir.
Sendo um cara que permaneceu nas sombras por tanto tempo, como você se sente em relação a ter se tornado uma celebridade e à sua notoriedade? Você se sente intimidado? Há algo que você curta nisso tudo? A maioria das pessoas me reconhecem nos torneios de poker, e eu não tenho jogado muitos deles, então é tranquilo, mas eu sou uma pessoa fechada, então não é sempre que quero conversar com estranhos. Em Londres, onde eu moro atualmente, as pessoas não me reconhecem e eu gosto muito disso.
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Papo de Homem
WISDOM... xxxxxxxxxxxx POR Gustavo Gitti
malandro
quenãoése apresenta. malandro Por Jader Pires
Duas coisas ainda me são bem fortes na cabeça: Uma delas é a candeia, que iluminava oscilante e manchava tudo com seu tom dourado. Era um amarelo forte tomando conta das mesas e enobrecendo o samba tocado pelos bambas das redondezas. Miudezas que realmente importam. A outra coisa é a movimentação singela e poética da fumaça. O frio não atrapalhava a alegria, mas deixava a fumaça mais densa e, assim, a danada passeava com pompas pelo ar gelado. As pessoas iam e vinham deformando as massas esbranquiçadas que bailavam elegantemente, ignorando tais transeuntes. E essa era a mistura de cores que mais se via correr naquela festa. A cerveja, dourada e protegida por uma fina capa branca de espuma passeava livremente, sedutora e cheia do dom de acalentar os corações mais ansiosos. É, o amor se manifesta das mais diversas formas e, naquelas mesas, tinha amor pra se dar e amor pra se vender. Amor pela gelada que deveria sempre completar a metade vazia do copo, o amor pela mulata de vestido bordado de flor ou por todas as mulatas que no mundo havia, amor pela música feita pelos que ainda haveriam de ser a velha guarda e amor pelo estilo de vida, pela maneira de se levá-la devagarzinho como se mandava a cartilha do malandro. Mentira. Não havia cartilha. Não havia regras e, se olhasse bem, não havia nem malandro porque “malandro que é malandro não se apresenta”. Mas que o reduto era dos madraços, ah, isso era. E que mal havia nisso? Todo mundo ali, aproveitando uma noite com a cabeça tranquila, sabendo de cor e salteado que a vida bate, e bate sim, mas que ela também assopra e assim se leva. A cachaça e o ânimo já esquentavam a mesa quando se trocaram as duplas e começaram mais uma rodada de truco, o jogo que tinha apelido por aí de “jogo de ladrão”, numa época em que o violão era também coisa de vagabundo. É claro que tudo isso fazia risada BLUFF • NOVEMBER 2010
na rodinha da mesa porque, diziam eles, “é até bom que se vê como jogo de gatuno, viu, assim só vem jogar quem tem colhão memo. Eu é que não preciso duma mocinha pra parceiro, né não”. No truco é onde o malandro exercita seu dom; é onde ele deposita toda a prática do estudo do cotidiano. “No truco não tem blefe, tem malandragem, rapá.” O dourado ganha intensidades bem interessantes quando cai em cheio no rosto infalível do “pé”, aquele que dá as cartas e confere destemido sua obra. Carta vai e carta vem, e os olhos conferem com todos os escudos as táticas acertadas e os movimentos calculados erroneamente. A fumaça também passa despercebida pelas narinas aguçadas atrás da hesitação, da manilha escondida. É momento descontraído, mas de atenção máxima às nuances mais sutis. Mas é truco, e no truco nada é feito seriamente. “Se fecha a fuça, amigo, aí tem.” Então o truco é jogado na atenção e na malemolência. É do gingado que surge a gritaria. Todo malandro sabe as regras e todo malandro sabe como quebrá-las. - Truco! - Cai dentro, marreco! E os sons se misturam numa discussão infinita e com ares de ser algo pesado, mas tudo faz parte do ritual de se coletar mais e mais tentos. Em meio aos argumentos, surgem risadas incríveis provando a tranquilidade daquela balbúrdia. Mais uma rodada emocionante. “Como que foi a rodada, meu chapa? E acha mesmo que isso importa? Ganhar no truco é ganhar no grito, mermão! Aprende a gritar que o tento vem!” E com essa resposta mais uma vez a malandragem se vestiu de dourado e saiu por aí, dona de si e de tudo mais que importa. Jader Pires é editor do Papo de Homem. Publicitário por opção, jornalista por apego e escritor por maldição.
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Minhas
dicas de
Poker favoritas
Pelo menos por enquanto…
E
By Mike Caro ‘The MAd Genius of Poker’
Essas provavelmente não são as minhas três melhores dicas de poker. Não existe isso. É como perguntar aos seus amigos quais são suas três melhores memórias em toda a vida. Há tantas opções que aquelas que vierem à mente primeiro serão as escolhidas. Compartilhar é o que importa. O mesmo acontece com as dicas de hoje. Vou dar a vocês três dos meus melhores conselhos, mas se você pedir para que eu faça isso novamente mês que vem, a lista será completamente diferente. Ainda assim, estas dicas estão entre minhas favoritas. Eu realmente gosto delas. E agora que estamos esclarecidos, vamos começar a contagem.
Dica de poker favorita No. 3 Você não jogou errado só porque você perdeu. Está de saco cheio de ser criticado? Você deu um raise do tamanho do pote blefando e tomou call. Então você ouve os outros dizerem “Eu nunca tentaria um blefe desses”, ou “Você deveria ter apostado mais, e ela teria largado”. Ou você aposta no flop sendo o último a falar com broca e flush draw e um dos caras na mesa fala “Você deveria ter pego a free card” quando não bate o seu draw. Deixe-me explicar gentilmente algo para as pessoas que fazem estes comentários. Normalmente não há jeito certo ou errado de se jogar uma mão. Ahn? Preciso repetir? Não há nada certo ou errado em uma decisão no poker. Não é assim que se joga. Você pode cometer erros por apostar ou dar raise com muita frequência, por jogar muitas mãos marginais, por pagar muitas apostas ou mesmo por dar fold muito facilmente. Você pode ter prejuízo se não pegar tells, se tiver a imagem errada na mesa, se deixar suas emoções interferirem em suas estratégias, e de muitas outras formas. Mas normalmente não há uma resposta precisa em relação a qual decisão tomar em um determinado momento. O que você precisa entender é que deve variar seu jogo contra adversários mais atentos – ou mesmo contra aqueles não tão atentos. Se você tem uma mão vencedora e é o primeiro a agir, você deve apostar em 4 de 5 vezes em que isso acontecer. Na outra vez, você deve dar check. E se, ao der check, você ouvir alguém dizer
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“Você deveria ter apostado” pode ser irritante. Tenha em mente que é o seu equilíbrio o que o mantém no caminho para o lucro. Se você faz algo com muita frequência – exceto as decisões mais óbvias – você vai pender muito para um só lado e vai perder o equilíbrio. Então não se preocupe quando outras pessoas disserem que teriam jogado diferente. Normalmente, você vai ouvir esses comentários quando sua decisão der errado. Se a mesma decisão der certo, você é brilhante. Sem comentários. Você não deve se frustar com outras pessoas o criticando e também não deve se criticar. Simplesmente tome uma decisão, varie e conviva com os resultados. Se o seu equilíbrio for bom, você vai vencer. Se você estiver jogando de forma sensata, não há certo ou errado no momento em que você decide. Depois disso, você pode desejar ter jogado de outra forma, mas não havia como saber. Você não jogou errado, você simplesmente perdeu. Perder mãos faz parte do poker. Dica favorita de poker No. 2 Não dê raise em um jogador que costuma blefar quando você tiver uma mão muito forte e houver outros jogadores para falar. Aqui está um erro que eu vejo muitas vezes, mesmo entre os profissionais. O que você deve fazer quando você provavelmente tem a melhor mão e tem sua ação logo depois de um jogador que costuma blefar? Suponhamos que haja dois oponentes para falar depois de você. Dar raise geralmente é um erro neste caso. Você deve dar raise uma vez ou outra pra variar seu jogo, mas na maioria dos casos você deve simplesmente dar call. Ao dar call, você
traz os outros jogadores para o pote, o que é sua intenção quando tem uma mão vencedora. Se der raise, vai expulsá-los da jogada. Normalmente é uma decisão complicada escolher entre dar raise no agressor e tentar tomar call dele ou deixar os jogadores remanescentes entrarem no pote por um valor menor. Mas quando o agressor é um jogador que costuma blefar, a decisão fica mais fácil. Neste caso, a chance de se ganhar mais dando raise diminui, porque se o jogador que costuma blefar (e todos os outros) derem fold, você não ganha mais nada com o seu raise. Então, por via de regra, você raramente dará raise em um jogador quando tiver uma mão premium e houver outros jogadores para falar depois de você. Dica de poker favorita No. 1 Domine a cena. Minha imagem favorita na mesa é a de jogador agressivo e imprevisível. Eu tento confundir meus adversários. Às vezes eu faço algumas coisas que são obviamente idiotas somente com o propósito de aparecer. Minha intenção é que meus adversários me dêem call mais facilmente no futuro, quando eu realmente tiver mãos fortes. Lembre-se, o maior erro que a maioria dos seus adversários cometem no poker é que eles dão call com muita frequência. Em No Limit Hold’em, eles também pagam apostas grandes demais. A maioria dos seus adversários vêm para a mesa querendo ação. Eles não foram até o clube esperando que não precisassem jogar nenhuma mão. Isso significa que os jogadores de poker típicos têm uma predisposição a dar call. Por isso, eu desenvolvi uma imagem que os encoraja a cometer o erro de dar call ainda mais vezes. Quando minha imagem é confusa, eu estou rompendo o fluxo normal do jogo, deixando os jogadores desorientados e fazendo com que joguem
Normalmente não há jeito certo ou errado de se jogar uma mão. Ahn? Preciso repetir? Não há nada certo ou errado em uma decisão no poker. Não é assim que se joga.
de forma ainda pior do que o normal. Ótimo. Mas uma coisa coisa que eu sempre tento evitar é fazer meus adversários se sentirem desconfortáveis. Eu quero confundi-los, mas de maneira cordial. Assim, eles não se sentirão seu ego afetado quando perderem algum pote para mim. E perder para mim irá afetar o emocional deles muito menos do que perder para outros jogadores mais sérios. Isso faz com que eles se sintam motivados a me dar seu dinheiro, ou seja, eles irão jogar contra mim suas piores mãos. Parece mágica. Sério. Mas aqui vai uma dica. Quando algum outro jogador está quebrando a mesa, jogando de forma bizarra, seja apostando ou dando muito raise, ou falando demais enquanto joga de forma bem solta, ele está roubando a cena. Isso significa que minha imagem agressiva não terá tanto valor, pois terei que brigar pelo público. Um dos jeitos de se perder no poker com certeza é competir por atenção. Seu jogo já está sendo quebrado pela campanha de outro jogador. Você vai se beneficiar disso porque os outros vão se confudir e cometer erros. Apenas relaxe e tire vantagem disso. Você não precisa ser criativo nem investir em jogadas mais fracas. A vantagem já está lá. Se algum outro jogador quiser o público, deixe-o tê-lo. — MC
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Guilherme Kalil
A força superstições da crença e das
Regras
POR Guilherme Kalil
do jogo
um pouco sobre as regras de poker pelo país POR Guilherme kalil
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Antes de tudo vou afirmar: não tenho crença religiosa. E não é só isto, eu não acredito em energia, aura, vida após a morte... nada disto. Eu fui um cara muito supersticioso na minha adolescência, cheguei a só frequentar jogos de futebol com a mesma camisa que acreditava dar sorte, e em 1997 assisti aos jogos apenas na geral porque acreditava que aquilo ajudava o meu glorioso clube. Depois vivi uma fase em que tinha dúvidas quanto à existência de um Deus, e elas foram diminuindo com o passar dos anos até que, há alguns anos, concluí que não acredito em poderes mágicos, superstições ou em Ser Superior. Dito isto vou fazer uma segunda afirmação: jogadores de poker que acreditam em energia costumam se dar bem. E muito. Recentemente eu ganhei de um grande amigo (e cliente) um livro que explicava como havia uma massa amorfa no universo que conspira para que as coisas se materializem. O livro teoricamente ensina ao leitor como ficar rico. Além das explicações “esotéricas”, o livro ensinava ao leitor o que fazer para atrair o sucesso. Basicamente os passos eram: 1. Traça-se um objetivo. 2. Tenha certeza de que o objetivo é palpável. 3. Pense no seu plano finalizado o tempo inteiro. 4. Não deixe que os pensamentos negativos te afetem. 5. A massa amorfa vai conspirar para que tudo aconteça. Eu acredito que o segredo do sucesso em qualquer campo da vida inclui acreditar e realizar os quatro primeiros itens desta lista. Além disto, acredito que o quinto item, apesar de desprezá-lo, nunca vai fazer mal a quem acreditar nele. Na realidade ele pode ser a força que falta para que a pessoa consiga manter-se focada nos quatro primeiros sem esmorecer quando levar os tombos que certamente virão em
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qualquer caminhada. Acredito também que se a pessoa achar que ela tem que entrar num torneio de poker, numa mesa de cash game, em um novo negócio ou em uma investida amorosa visando o objetivo e acreditando que vai tudo dar certo, ela terá a motivação necessária e o foco para tomar as decisões mais corretas, e isto naturalmente vai refletir em bons resultados em médio prazo. Caso o jogador acredite em uma “força” que o protege, isto vai ajudá-lo também a manter o foco depois de perder um pote gigante ou depois de ter sido mudado de uma mesa que estava dominando. O jogador também vai ter mais facilidade de entrar em ritmo de jogo depois de uma noite de break. QUANDO A SUPERSTIÇÃO FUNCIONA CONTRA O JOGADOR.
Conheço alguns jogadores supersticiosos ao extremo. O problema é que eles têm várias crenças que não conseguem manter por questões práticas, e isto acaba trabalhando contra eles. Alguns não gostam de trocar fichas menores por maiores, outros querem sempre jogar na mesma cadeira e na mesma posição que estavam jogando quando estavam ganhando e outros ainda não gostam que o dealer que deu boas cartas a eles seja trocado. Em um torneio de poker é absolutamente necessário que um jogador troque as fichas menores por fichas maiores quando ele está com a maioria das fichas pequenas da mesa. Além disso, a mudança de lugar é inerente ao formato de torneios e os dealers têm que descansar de tempos em tempos. O que passa a ocorrer neste caso é que, em vez de usarem suas crenças para ganhar força nos momentos difíceis, eles passam a “quebrar o encanto” em seus bons momentos, quando estão ganhando muito e por um acaso do destino têm que trocar de mesa. Aí, em vez de terem uma crença positiva para se apoiarem, eles passam a ter uma desculpa para justificar suas derrotas e jogadas fracas, e isto é exatamente o que este tipo de jogador vai acabar fazendo. O PENSAMENTO NEGATIVO:
Todos os torcedores de futebol já usaram a famosa frase “tem coisa que só acontece com o meu time”. Quando você está pensando sobre o seu time, isto vai fazer pouca diferença, pois no futebol não é você quem entra em campo para enfrentar o adversário. No poker seu time é você. Se você acredita mesmo que há coisas ruins que só acontecem com você, pode ter certeza de que elas vão acontecer, e não é porque a energia em volta da mesa vai ficar pesada. Mas, sim, porque seu poder de decisão vai ficar abalado, você vai abaixar a cabeça e, no primeiro contratempo, vai pensar: já está acontecendo de novo... E aí, meu caro, é ladeira abaixo! E EU COM ISSO?
Acho até que num primeiro momento minha vida poderia parecer mais fácil se eu conseguisse acreditar em algo para me apoiar nos momentos difíceis, mas considero que meu desapego seja uma qualidade e tento manter todos os aspectos que citei acima em mente para sempre, aconteça o que acontecer, manter minha cabeça erguida e ir em frente para que independentemente do que ocorreu há um minuto eu tenha a serenidade de tomar a melhor decisão no presente! Guilherme Kalil (@guikalil) é apresentador do Pokercast da Bluff Brasil. www.pokercast.com.br.
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Gigante pela
PRÓPRIA
NATUREZA Criado para ser uma das maiores séries de torneios do país, o BPT - com a chancela do PS -, veio para ficar. por Eduardo Oliveira
2011 não foi um ano fácil para o poker no mundo. Black Friday, quebras de gigantes da indústria e suposições mil sobre erros e acertos do poker online fizeram deste ano único na nossa curta história. Mas uma marca saiu ilesa de tudo isso. O PokerStars enfrentou a situação de cabeça erguida e saiu de toda a balbúrdia com sua credibilidade inabalada perante toda a comunidade do poker mundial. Não bastasse isso tudo, ainda lançou este ano o BPT – Brazilian Poker Tour, série de torneios ao vivo que entra forte no mercado brasileiro. BLUFF • NOVEMBRO 2011
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Já tivemos duas etapas em 2011 e temos um encerramento programado, mas ainda não confirmado, onde pudemos ver que, de fato, a série se diferencia por características próprias dos torneios chancelados pelo PokerStars, como o LAPT. Estrutura diferenciada, espaços bem montados e organização impecável fazem parte do que já pode ser visto da série que teve sua primeira etapa no hotel Transamérica, em São Paulo, e a segunda na bela Florianópolis. Na primeira etapa, para não perdermos a maldição, quem ganhou foi um estrangeiro. O dinamarquês Rolf Andersen bateu o mineiro Sanyo “MoneyEvil” Capobiango no heads-up para ficar com o prêmio de R$ 170.500,00. Já na segunda etapa um famoso brasileiro levantou a taça. Jorge Breda venceu uma difícil mesa final que contava com nomes conhecidos, como Fabio Eiji e Eduardo Saito, para levar para o Espírito Santo o prêmio de R$ 115.024,54.
“Queremos de fato trazer algo novo para o cenário brasileiro e isso inclui a perspectiva de fazer a coisa mais certa com relação à cobrança de imposto, mas não somente isso.
EnTrEviSTa com david Carrion E odilon MaChuCa BPT São Paulo Tivemos o prazer de conversar com os dois homens responsáveis pelo BPT: David Carrion é o presidente da série e Odilon Machuca o responsável pela Overbet Eventos, organizadora do torneio. Você confere esta conversa abaixo:
Bluff: Tivemos o fechamento das inscrições para o BPT São Paulo com um total de 328 inscritos para o Main Event. Isso atendeu às expectativas da série e do PokerStars? David: Sim, nos satisfez porque estamos começando algo novo e não se cria uma série do dia para a noite. As coisas precisam de tempo para se consolidar. Estamos apostando em ofertar algo diferente do que existe no mercado atualmente e o lançamento do BPT ocorreu em um momento em que acabou de terminar a WSOP, onde estavam vários brasileiros, além de estarmos ainda vivendo as consequências da Black Friday. Mas, como estamos trabalhando desde setembro do ano passado no projeto do BPT, acreditamos que o lançamos na hora certa. Existe uma série de torneios no Brasil que possuem fields maiores, no entanto possuem algumas particularidades que os ajudam, desde o buy-in que é mais acessível, o que já facilita as coisas, até o seu tempo de existência, que o torna uma referência e também facilita o seu crescimento. Para nós, o BPT é um projeto de longo prazo e o nosso objetivo é ir trabalhando pouco a pouco, sempre pensando no que é melhor para o jogador e escutando o que eles querem para ir melhorando cada vez mais. O objetivo final desta primeira etapa é fazer com que tudo funcione da melhor maneira possível. Que as inscrições sejam rápidas, que a área de jogo seja confortável, que a estrutura seja boa, que a direção do torneio seja de qualidade e isso eu acredito que a gente vá alcançar aqui. E partir disso temos que pensar em como desenvolver a série para que ela possa crescer e achar o número ideal de jogadores por etapa sem perder essa excelência que estamos tentando imprimir à série desde sua estreia. Por isso estou muito feliz com a estreia do BPT.
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Bluff: Existe uma polêmica sobre a cobrança de imposto direto na premiação do jogador (toda premiação tem 27% de imposto retido retirando-se o buy-in). Conversando com a CBTH, descobrimos que a questão de reter ou passar a responsabilidade de recolhimento do imposto para o jogador é um entendimento jurídico. Como foi tomada essa decisão por parte do BPT? David: Entendemos que as duas maneiras estão corretas, mas achamos que a que escolhemos está “mais” certa. Mais certa porque da nossa maneira o jogador vem, joga, ganha, tem seu imposto recolhido e não se preocupa com isso nunca mais. Está resolvido para todos, para a empresa promotora, para o jogador e para o governo. De nenhuma maneira o jogador será contestado por órgãos federais sobre o imposto devido ou qualquer coisa parecida. Passando a responsabilidade para o jogador, maneira que também entendemos legítima, podemos criar um problema futuro para o próprio jogador. E isso como já foi falado anteriormente, é exatamente o contrário do que estamos tentando fazer com o BPT. Isso se dá porque o Brasil não possui uma legislação que trate do poker. Ele entra
como evento esportivo e isso causa esse tipo de controvérsia, pois na lei está escrito que deve-se reter na fonte o prêmio do evento esportivo. Nós fazemos dessa forma porque aqui o objetivo é que o jogador venha, desfrute do torneio e não tenha nenhum problema nunca. É como diz o ditado: da morte e dos impostos não se escapa nunca. Odilon: Só completando a fala do David, isso tudo foi discutido à exaustão entre Overbet e PokerStars. Queremos de fato trazer algo novo para o cenário brasileiro e isso inclui a perspectiva de fazer a coisa mais certa com relação à cobrança de imposto, mas não somente isso. Temos um torneio que começa na quinta e termina na segunda. Eu sou jogador, gosto de jogar. E a maior reclamação que ouço nas mesas de poker é sobre a velocidade do torneio. Esse torneio é turbo etc. Então temos que implementar uma nova cultura, pois, para que você tenha um torneio melhor, você tem que ter mais dias para jogar. Não existe outra forma. Mas essa cultura tem que ser criada. Nós não viemos aqui para copiar ninguém, nós viemos para criar um torneio que seja agradável para o jogador. A gente quer que o
jogador tenha prazer em jogar e curtir o local onde o torneio está sendo realizado. No BPT o jogador vem, joga 8 horas e vai embora. Não queremos dias de 13, 14 horas de jogo, que matam o cara e ele só conhece o lobby do hotel do evento e nada mais. Isso não quer dizer que nosso modelo seja certo e os outros errados, mas estamos criando uma opção que ainda não existia no Brasil. Bluff: Vamos falar um pouco sobre a regulamentação do poker no Brasil. David, com sua experiência como presidente do LAPT, como se dá a regulamentação em outros países da América Latina e como isso pode servir de base para a regulamentação brasileira? David: O Brasil neste caso é único, pois é o único país da América Latina que não possui cassinos. A regulamentação do resto do continente latino-americano passa obrigatoriamente pela regulamentação do cassino, onde conseguimos colocar o poker dentro de todas as outras modalidades de jogo existentes dentro do mesmo. Isso não necessariamente é bom, pois na maioria das vezes a regulamentação é simplória perante a complexidade de um torneio de poker ao vivo. Temos formas diferentes em cada país, com BLUFF • NOVEMBRO 2011
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“Para nós, o BPT é um projeto de longo prazo e o nosso objetivo é ir trabalhando pouco a pouco, sempre pensando no que é melhor para o jogador e escutando o que eles querem para ir melhorando cada vez mais.” alguns cobrando impostos somente para pessoas do próprio país, outros cobrando apenas de estrangeiros e com taxas que variam muito. No Brasil temos um longo caminho a percorrer para chegarmos a uma regulamentação que atenda às necessidades de todos os envolvidos. Temos que ter um trabalho de lobby junto a políticos, temos que ter advogados pensando em soluções legais e temos que ter o trabalho da CBTH cada vez mais forte junto a todos os órgãos competentes do governo federal para que a melhor solução seja encontrada. Além disso, temos que trabalhar o poker como o jogo de habilidade que ele de fato é e tirar a pecha de jogo de azar que o persegue. Esse é um trabalho que só precisa ser feito no Brasil, pois é o único país da América Latina que possui uma regulamentação específica contra o jogo de azar. O crescimento do poker no Brasil é muito grande e com um potencial que acredito não existir em outro país do mundo, por isso creio que muito em breve teremos uma regulamentação específica para o poker no Brasil, favorecendo assim a todos os envolvidos e, principalmente, aos jogadores. Bluff: Das regulamentações existentes na América Latina, existe alguma em que possamos nos espelhar para criar a nossa? David: Acredito que não. Todas as regulamentações existentes hoje têm suas falhas. Aquela que passa ao jogador a responsabilidade de pagar o imposto cria para este uma complicação muito grande. Pois são vários gastos que tem que ser ordenados e apresentados ao governo que só o jogador com capacidade de contratar um contador especialmente para isso seria capaz de fazê-lo com competência. Eu pessoalmente gosto da fórmula do desconto sobre a premiação, não acho a correta, mas me parece a mais fácil para todos. Pois assim a gente isenta o jogador do trabalho e com o mínimo de organização o jogador vai ao final
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do ano receber uma devolução do imposto retido através da comprovação das despesas com torneios ao vivo durante todo o ano. Mas nunca pagar a mais e essa é uma grande vantagem para o jogador. Esse é o modelo usado pela WSOP, dependendo do acordo com cada país. Mas acho que a questão tributária faz parte da evolução do poker e temos ainda muito a discutir para chegarmos a um modelo que se entenda perfeito ou ao menos ideal para o momento. Odilon: Acho que temos que pegar o que existe de melhor em cada uma e adaptar essa coisa boa à legislação brasileira. No âmbito legal, o poker evoluiu muito no país de 2 anos para cá. Era muito fácil fechar um torneio de poker no Brasil há pouco tempo. Hoje até pode-se conseguir fechar um torneio, mas a justificativa para a ação é muito mais difícil. Temos decisões judiciais de segunda instância aprovando a realização de torneios, então isso só já é uma evolução muito grande. Bluff: O Brasil é o maior e mais importante país da América Latina. E também o único que possui uma série regional pelo PokerStars. Por essas características, corremos o risco do BPT se tornar maior que o LAPT? Odilon: Eu posso falar em nome da Overbet e o David pode falar em nome do PokerStars apesar de já saber que os pensamentos são muito parecidos. Eu acredito que o potencial do Brasil para torneios ao vivo é muito grande. E neste caso temos que parar de pensar no Brasil como sendo Rio de Janeiro para baixo e só. O Brasil é um país continental cercado de países que possuem uma grande quantidade de jogadores de poker. Se depender da Overbet, o BPT vai ser o maior torneio de poker do mundo, mas essa coisa de maior que o LAPT eu acho que são coisas diferentes. David: São duas coisas que não podem se separar. O BPT certamente se tornará um dos maiores torneios regionais do mundo.
O PokerStars tem esse exemplo com o UKIPT (UK Ireland Poker Tour), que é um torneio que possui um field médio de 800 a 1.000 jogadores, com um buy-in de 500 libras, mas cada mercado é diferente. No Brasil as despesas de viagem são muito caras e o buy-in que temos que colocar para compensar os custos das viagens não nos permite fazer certas coisas que poderíamos fazer em outros mercados. A concepção de sucesso ou de grandeza é muito relativa. Se imaginarmos um torneio como o BPT com 1.000 jogadores por etapa, temos um torneio de sucesso. Assim como se pensarmos em um LAPT com o buy-in de US$ 5.000 com 500 jogadores, também temos um torneio de sucesso. Mas o BPT sempre será um torneio regional, feito para o Brasil e pensando nos jogadores brasileiros. Isso não quer dizer que com o tempo, e estamos trabalhando para isso, jogadores de todo o mundo não venham jogar o BPT. Sempre que tivermos premiações interessantes despertaremos o desejo de jogadores de todo o mundo pelo BPT, mas não podemos perder o foco de que ele é um torneio regional. O LAPT é um torneio internacional, que sempre terá buyins mais altos e uma produção para o torneio mais cara do que o BPT. Resumindo, se o BPT cresce, o LAPT cresce, sempre. A ideia é que o BPT funcione durante todo o ano e forme uma base de jogadores que poderão participar da festa internacional que é o LAPT. Bluff: Existe no Brasil uma série consolidada que é o BSOP. Vocês acham que cabem duas grandes séries de alcance nacional no mercado brasileiro de hoje? David: Essa é uma boa pergunta. E provavelmente a melhor resposta é que quando a oferta se expande, a demanda tende a seguir o mesmo caminho. Acredito que o crescimento do mercado brasileiro não pode alcançar sua total capacidade baseado em apenas uma grande série. A
falta de variedade não é boa para ninguém. Se formos comparar com outros países, todos têm pelo menos duas grandes séries regionais e isso sempre contribuiu para o crescimento do poker regionalmente. Estou certo de que é benéfico que hajam duas grandes séries no país, mas sei também que não será fácil. É tudo uma questão de tempo e de acreditar que estamos fazendo o melhor para o poker no Brasil. Sem olhar para os lados ou para baixo ou para cima, mas, sim, sempre para a frente. O BPT nasce com uma visão de um torneio para jogadores mais profissionais. Isso por conta do buy-in, dos dias de jogo etc. Temos uma ideia de preparar os jogadores brasileiros para jogar qualquer torneio do mundo, pois a estrutura que temos aqui, incluindo a estrutura do próprio torneio, é semelhante a qualquer grande torneio internacional. E posso afirmar que se não existe espaço no Brasil para duas grandes séries de poker, não existe espaço em nenhum outro país do mundo. Odilon: Acho muito importante a questão falada pelo David de preparação dos jogadores para grandes torneios internacionais. O Brasil é uma fábrica de talentos de poker. É impressionante a quantidade de bons jogadores que temos aqui. No entanto, se você for olhar os grandes resultados internacionais, temos três pessoas, o Alê Gomes, o Akkari e o Mojave. E não por coincidência são os três que mais jogam fora do país. O BPT vem trazer uma estrutura que permite ao jogador brasileiro se preparar para qualquer grande torneio do mundo. Bluff: Já temos duas etapas do BPT concluídas. Podemos falar algo sobre a terceira etapa? David: Ainda não. Estamos estudando diferentes possibilidades em diferentes cidades e tentando unir com o planejamento do ano que vem, por isso não podemos anunciar nada, pois só criaria uma expectativa que não sabemos se poderemos cumprir. Bluff: E o planejamento do BPT para o ano que vem. Podemos imaginar algo? David: Caímos na mesma questão da pergunta anterior. Estamos planejando e adiantar algo pode criar expectativas que seriam ruins para a série. Mas uma coisa eu garanto: ano que vem terá poker para todos.
Uma lição de vida - Por Guilherme Kalil Eu já conhecia o Bruno Panda pelo chat da TV Poker Pro, onde ele é, na linguagem do poker, um Reg. Sempre simpático, carismático e com comentários apropriados, ele se mostrava um grande conhecedor da cultura do poker. Quando entrei no salão do BPT, ele imediatamente me reconheceu e se apresentou pra mim. O que eu não imaginava no momento é que eu conheceria uma das histórias mais impressionantes que ouvi em minha vida! Bruno Panda é um advogado que conheceu o poker no momento mais complicado de sua vida e se apropriou do jogo como um remédio. Há 4 anos ele descobriu que tinha câncer no testículo, tratou a doença mas ela se espalhou para os ossos. Ele já jogava xadrez e era conhecido nas rodas de gamão pelo país, e incorporou o videogame em sua rotina de tratamento, mas acabou se apaixonando pelo poker e, mais especificamente, pelo PokerStars. E foi jogando no site que ele ganhou uma vaga para jogar o Poker das Estrelas, que passava na Rede Bandeirantes e era apresentado pelo Otávio Mesquita. Depois disso ele virou “telespectador celebridade” da TV Poker Pro, participando de vários programas. Panda jogou também o torneio de poker da FEBRAGOLFE ao lado do piloto Rubens Barrichelo. Neste ano Panda estava em tratamento em Los Angeles durante a WSOP e solicitou ao seu médico a autorização para jogar um torneio paralelo na Série. O doutor deu a autorização, desde que ele “não fizesse muita bagunça”. Panda voou para Vegas, jogou o evento e realizou o sonho da grande maioria dos jogadores de poker, que é participar da série. Quando consegue escapar para a cidade do pecado, Panda joga no Hard Rock Cassino e no Aria. Como ele só joga no PokerStars, Bruno sente muita falta de poker online quando está nos EUA. Devido à dura rotina de tratamentos a que é submetido, Panda não joga todos os dias, apenas quando está se sentindo bem. Ele joga torneios de Mid e Low Stakes online apoiado por seu oncologista brasileiro, que apesar de não jogar entende a importância do poker no bem-estar dele. Panda disse na entrevista que o jogo o mantém num esporte competitivo que só o ajuda a manter a mente saudável – “Quem olha para mim acha que eu não tenho nada! Os torneios tornam o tratamento mais fácil!” No evento paralelo que jogou no BPT (NL Hold’em Turbo) Panda caiu em sexto lugar depois de tomar um bad beat e lucrou 400 reais. Apesar de jogar torneios de stakes baixos, por causa de seu carisma e simpatia Panda é amigo de diversas celebridades do poker nacional e internacional. Na sua lista de amigos estão a jogadora Maridu, as belas apresentadoras do Pokernews, e até Team Pros internacionais do PokerStars, além de toda a equipe da TV Poker Pro. Sobre tantas amizades no mundo do poker, Panda conclui: “eu não sei como as coisas acontecem, mas elas sempre acontecem para mim. Não adianta ter tudo e não ter nada! Eu dou muito valor a tudo isso. Eu não pergunto o porquê de tanta coisa difícil acontecer comigo, mas hoje, para mim, o que para outros são pequenas coisas, eu não sei mensurar. Isto significa muito para mim. Isto me ensinou a dar valor às coisas corretas.” E finaliza: “O que me salva a vida hoje é o poker. Isso não tem preço.” BLUFF • NOVEMBRO 2011
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CBTH NEWS MAIS ALGUMA DÚVIDA?
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poker brasileiro, através da Confederação Brasileira de Texas Holdem (CBTH) e da Federação de Texas Holdem do Estado de São Paulo (FTHESP), conseguiu mais uma vitória na luta em busca de sua legitimação. Em recente ocorrência policial, foi solicitado pelo Delegado do 27º Distrito Policial de São Paulo um laudo sobre poker ao Instituto de Criminalística, da Secretaria de Segurança Pública (SSP) paulista. Nele, o perito Adriano Yonamine conclui, mais uma vez, que o poker é um jogo de habilidade. É a segunda vez que a SSP/SP chega à esta conclusão - a primeira foi em 2006, também num laudo do Instituto de Criminalística, em circunstâncias parecidas. Dessa vez, no entanto, o laudo é mais completo, abordando questões como a mecânica do jogo, terminologia e questões técnicas. Além disso, dessa vez a CBTH não agiu sozinha, pois contou com o apoio da recém-constituída FTHESP. Delegado do 27º distrito policial de São Paulo, Armando Bellio foi o requerente do laudo, exigido pela autoridade afim de “determinar as características do jogo de cartas denominado Texas Holdem”. Para atender à requisição pericial, o perito relator, Adriano Yonamine, embasou seus trabalhos através de diligência em clubes de poker; leituras bibliográficas, artigos, estudos e sites específicos; fotografias e desenhos
esquemáticos; coleta e análise de depoimentos. “Considerando que a requisição pericial exarada pela Autoridade Policial se deu para determinar as características do jogo de cartas denominado Texas Holdem, e que nos estudos matemáticos e pesquisas comportamentais relacionadas a esta modalidade de jogo carteado contida em diversos manuais e pesquisas bibliográficas foram encontradas as características abaixo especificadas, infere o perito relator que o jogo de cartas Texas Holdem tem como requisito preponderante e indispensável a habilidade”, diz o laudo 01/020/21432/2011.
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a sequência, apresenta as diversas características do jogo que levaram o perito a tal conclusão, como “conhecimento de regras específicas; posicionamento do participante na mesa de jogo; circunstâncias de suas cartas nas mãos; circunstâncias das cartas abertas no centro da mesa; capacidade cognitiva, psicológica e sensibilidade visual e comportamental apresentada pelos demais participantes de jogo; conhecimento de regras de estatísticas e aptidão matemática para analisar as possíveis combinações diferentes nas diversas fases da partida; possuir autocontrole emocional e físico para poder dissimular ou impingir aos demais participantes uma idéia errônea sobre suas combinações no decorrer da partida”, entre outras. “Considero esta a maior conquista do poker brasileiro em 2011. Através da CBTH, todos os clubes de poker do Brasil terão acesso a este documento e poderão pendurá-lo em suas portas”, disse Igor Trafane, presidente da CBTH. Com apoio da CBTH e suas federações, reconhecimento de autoridades nacionais internacionais, mobilização dos adeptos do jogo e divulgação do mesmo como prática esportiva e saudável, o poker caminha a passos largos rumo à legitimação. Grandes barreiras já foram superadas e precedentes favoráveis estão por todas as partes. A “guerra” ainda continua, mas mais uma batalha terminou com vitória do poker.
WWW.CBTH.ORG.BR
Felipe Mojave
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A Dinâmica dos mixed games
PotLimit Omaha
Fala galera Bluff Brasil, Estamos trazendo em todas as nossas edições um guia sobre os Mixed Games e seguimos rigorosamente o cronograma abaixo. Este é o nosso cronograma: 0) Introdução aos Mixed Games 1) Limit Hold’em 2) Stud H/L 3) Pot-Limit Omaha 4) Limit 2-7 Triple Draw 5) Razz 6) No-Limit Hold’em 7) Omaha H/L 8) Stud Hi 9) No-Limit 2-7 Single Draw 10) Badugi
POr Felipe mojave
Nesta edição vamos apresentar a modalidade Pot-Limit Omaha. Esta é com certeza a modalidade de poker mais praticada depois do Texas Hold’em e tem uma legião de jogadores no mundo inteiro. No Brasil, o Pot-Limit Omaha já se tornou tão popular que hoje é difícil encontrar uma mesa de Cash Game que não seja de PLO. Já na World Series of Poker, somente NLH possui mais torneios na série que PLO. Como explicar isso? Fácil. Omaha é um jogo de muita ação, portanto vai ganhar muitos fãs realmente. Fora isso, é um jogo de alta variância, no qual a margem entre as mãos é muito pequena, o que permite grandes swings. Mas, em contrapartida, um bom jogador de Pot-Limit Omaha vai ter na maioria das vezes uma vantagem maior (edge) contra seus adversários do que em No-Limit Hold’em. Isso se deve ao fato dos jogadores mergulharem no Omaha sem preparação nenhuma e acreditando que o PLO é um jogo similar ao NLH. Definitivamente não é. De onde vem o PLO? Realmente não temos uma informação muito precisa sobre isso. Eu posso confirmar que já que li 100% da literatura disponível. O que chega mais perto da real definição deste fato na minha opinião está no livro “Omaha Hold’em Poker” do autor do Bob Ciaffone. Segundo ele, o Omaha foi criado nos Estados Unidos, no Estado de Nevada (onde fica Las Vegas), o que vai ao contrário do que muitos pensam, já que existe uma cidade nos EUA chamada “Omaha” e a grande maioria associa o jogo à cidade, o que então não deve passar de mera coincidência. Segundo Ciaffone, era jogada uma variante do Texas Hold’em (já muito praticada nos anos 70) em que obrigatoriamente o jogador tinha que apresentar as 2 cartas para concorrer ao pote, ao contrário do Texas Hold’em comum, em que o jogador pode jogar com todas as cartas do bordo (cartas que estão na mesa ou comunitárias) ou até mesmo uma delas, se aquele for o melhor jogo a ser apresentado, ou seja, formando a melhor combinação de 5 dentre as 7 cartas. Logo depois, mais duas cartas foram incluídas nesse jogo e assim se caracterizou de vez a modalidade que é conhecida hoje em dia. Como o Estado de Nevada sempre foi reconhecido por ser o “Estado do Jogo” e normalmente ditar os padrões, o nome foi adotado pelos demais praticantes afora. Já Ted Perry, também jogador e autor da obra “Texas Hold’em: An In-Depth Study” acredita que o jogo foi originado em Seattle (Washington), onde um grupo de jogadores de poker muito apaixonados estava procurando por uma variante do jogo com muito mais ação. Um cara que fez muita pesquisa sobre todas as variantes do poker chamado Alan Bostick também confirma essa história como original. Segundo ambos, este grupo viajou a Las Vegas durante a WSOP de 82 e, durante uma sessão de cash game, perguntou ao dealer se poderiam praticar aquela modalidade que apelidaram de 4-Card Hold’em. Este respondeu que, se todos na mesa estivessem de acordo com o jogo e suas regras, qualquer jogo poderia ser jogado. E foi assim que a modalidade começou a ser difundida. Apesar de nenhum desses relatos serem confirmados, o que a história nos conta é isso. O Brasil já tem sim grandes jogadores desta modalidade, como Leandro Brasa, Rodrigo Caprioli, Gabriel Goffi, Sérgio Braga, Igor Federal, entre outros. Este querido colunista que vos escreve começou a estudar Omaha sozinho e praticar online (junto com o Texas Hold’em). Assim que o Circuito Paulista de Omaha foi criado por Robinson “Robigol” Quiroga, começamos a jogar mais ao
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vivo aqui no Brasil (no ano de 2007) e tive grande destaque. Já como profissional, fui o primeiro brasileiro a fazer uma mesa final na WSOP nesta modalidade, mas não parei por aí, também cheguei na mesa final da WSOPE e ganhei o anel de ouro da WSOPC, tudo em Omaha. Além do grande destaque nos torneios ao vivo, também consegui destaque online e nos cash games. Vamos ao que interessa: falar do jogo na prática! Regras O jogo tem a mesma estrutura que o Texas Hold’em, com 3 diferenças básicas em sua regra: a) Cada jogador recebe 4 cartas. b) É obrigatório apresentar 2 das 4 cartas da mão para formar um jogo das melhores 5 cartas em combinação com 3 das 5 cartas do bordo. c) A estrutura de apostas é Pot-Limit (o valor máximo da aposta é o tamanho do pote). Starting Hands Como em NLH, uma boa mão precisa estar combinada, como AK, 99, por exemplo. Como temos 4 cartas no Omaha, esse fator combinação precisa ser mantido e ter uma exigibilidade ainda maior para que as cartas trabalhem em conjunto e com algumas peculiaridades, as quais vou comentar logo depois dessa tabelinha de starting hands que criei, sendo divididas em 4 grupos: Top Range - Jogar em qualquer posição aumentando e reaumentando Combinações de KK e QQ com figuras KKQQ KKAQ KKAJ KKAT KKQJ KKQT KKJT QQAK QQAJ QQAT QQKJ QQKT QQJT QQT9
Combinações de AA com figuras AAJT AAKQ AAQJ AAKT AAKJ AAKK AAQQ AAJJ Grande observação: Qualquer mão dentro do Top Range é uma mão AATT jogável de qualquer posição e muito forte, mas mãos double-suited (com AA99 possibilidade de fazer 2 flushes) apresentam um valor muito mais apurado que mãos single-suited que, por sua vez, são mais valiosas que off-suited. A combinação de naipes é extremamente importante em PLO e eu recomendo altamente que a grande maioria das mãos em que você entre na disputa tenham esse potencial. Esta recomendação serve também para o Middle Range que vem a seguir.
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Felipe Mojave
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Middle Range - Jogar em qualquer posição aumentando e pagando aumento Combinações de figuras em sequência (wrap) e figuras com par de JJ, TT ou 99 AKJJ AKTT AQJJ AQTT AJTT ATJJ KQJJ KQTT KJTT QJTT QJ99 QJT9 AKQJ AKQT AKJT AQJT AJT9 etc.
Combinações de quaisquer cartas em sequência (wrap) JT98 T987 9876 8765 7654 Bottom Range - Jogar 6543 somente entrando 5432 de limp e pagando A234 (somente limp) Observação: Aqui na seção Bottom Range, a combinação de naipes é obrigatória, com exceção de pouquíssimas mãos, como as 2 primeiras apresentadas: AhJsTd8c JhJd8s7h QdJc9d7c Kh9h6s5s 9d9h8d8h Ts8h8s7h Ah7d6c5h 9s8d6s5d
Unplayable Hands - Mãos não-jogáveis QsJs6h5h - Duas mãos boas de Hold’em não compõem uma mão boa de Omaha As2h3d4c - Essa seria uma boa mão de Omaha Hi-Lo, mas não de Hi 4d4c3s3h - Trincas baixas são sempre muito perigosas em PLO 7s7c4c2h - Trinca média, flush baixo e straight-draws sem potencial de alavancagem também são mãos muito ruins KhQd7s6c - 4 cartas de naipes diferentes e totalmente desconectadas são um desastre *Evite jogar danglers. Dangler é aquela carta que não conecta com nada. Exemplo: KT83. Neste exemplo o 3 é o dangler.
Algumas diferenças estratégicas - PLO é um jogo Pot-Limit, portanto existe um preço certo para se “ver o flop” e fica mais difícil se “expulsar” jogadores da mão. - Também é explicado pela equidade de mãos em PLO ser muito mais próxima, praticamente dando odds para muitas mãos verem o flop lucrativamente. - Estamos falando de um jogo de flop, diferente do NLH, no qual as coisas podem ser mais facilmente resolvidas em muitos casos antes dele. Mãos como 6788 dificilmente irão de all in pré-flop em PLO por ser incorreto, já 88 em NLH é muito mais comum e muitas vezes correto.
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Erros Comuns - Não respeitar as apostas: Normalmente, quando um jogador aumenta a aposta no Flop, ou ele tem uma mão feita, ou tem uma mão com grandes chances de ganhar (combo-draw). Sendo assim, os blefes em grandes apostas são muito mais incomuns. - Valorizar demais os pares altos (AA, KK e QQ): Muitas vezes o flop vai fazer o seu par alto estar morto, ou seja, mãos que conectaram com o flop vão bater seu par alto com grande frequência, ao contrário de NLH, em que AA ainda é uma mão muito forte, por exemplo, no bordo 8d 6d 3h. - Slowplay: Tire essa jogada do seu repertório comum e aplique apenas em situações específicas. Quando você acertar sua trinca no flop, aposte e tente tirar o seu adversário da mão, já que as chances de uma sequência ou flush aparecem são muito grandes, principalmente contra mãos bem conectadas. Com mais experiência você vai aprendendo a lidar com esta linha tênue em PLO.
www.facebook.com/bluffbrasil
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Como vocês podem perceber, o Omaha é uma modalidade muito complexa, muito mais que o Texas Hold’em. Esta coluna tem o intuito de introduzir o jogo para vocês, mostrar sua riqueza e um pouco da minha experiência. Logo mais vocês poderão consultar um material mais completo sobre Omaha em português que estou preparando. Para os mais interessados, vocês podem abrir uma conta grátis na www. pokerstrategy.com e assistir a meus vídeos de PLO, bem como um guia para iniciantes. Espero que vocês tenham curtido este material. Fico à disposição para contato via Twitter (@FelipeMojave) e Facebook (Felipe Mojave Ramos). Valeu galera. Felipe Mojave
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Foi como se o Natal tivesse chegado em abril. Roy, Ken e eu estávamos realmente indo para a World Series of Poker. Repare que eu disse abril, não junho. Antes de a WSOP se mudar do Binion’s para o Rio, o evento costumava acontecer mais cedo, com o Main Event caindo perto do Dia das Mães. Eu me lembro bem disso porque nossos amigos que tinham filhos ficavam nos olhando como se fôssemos de outro planeta: “Vocês acham que a gente vai poder viajar para Las Vegas no Dia das Mães?” E lá estávamos no fim de abril de 1993, no voo 777 da Southwest Airlines, de San Jose para Las Vegas. E não, eu não estou inventando o número do voo. Durante o percurso, uma das comissárias resolveu organizar um sorteio no avião. Se quisesse participar, você tinha que escrever o número do seu assento em uma nota de um dólar e passar adiante. Ela então colocou todas as notas em uma sacola da Southwest, misturou e pegou uma aleatoriamente. O dono da nota sorteada levou a sacola com todos os dólares. Não, eu não ganhei. Quando chegamos ao Binion’s, nos impressionamos com a estrutura. By Lee Jones Muitas coisas para ver. Primeiro, tínhamos que pegar as fotos que tiramos com US$ 1 milhão em dinheiro. Então fomos à poker room, que, durante a WSOP, representava metade do Binion’s Horseshoe. A poker room convencional foi convertida em área de satélites para a WSOP, que era coordenada por Becky, um bela mulher de meia-idade que gerenciava tudo com uma prancheta e um inesgotável senso de humor. Ela chamava tudo mundo de “honey”, e não importava se você era o Johnny Chan ou um novato que estava jogando pela primeira vez um satélite para a WSOP (como era o meu caso), você se sentia importante. De algum jeito, consegui chegar ao heads-up no segundo satélite que joguei, o que foi bom, pois meu bankroll começou com mais ou menos US$ 800 apenas. Gastando US$ 220 por tiro, eu precisava acertar alguma coisa rápido. O outro jogador restante e eu decidimos dividir a premiação e deixar US$ 10 de cada para o dealer. Naquele instante,
MINHA PRIMEIRA
WSOP
A primeira de muitas
não tinha sequer um jogador de poker mais feliz do que eu no Binion’s Horseshoe. Eu tinha acabado de marcar minha primeira “vitória” na WSOP e aumentei meu bankroll em mais de 100%. Eu chamei o Ken e fomos à lanchonete comer um sanduíche de pastrami comemorativo - por minha conta. De volta à área de satélites, vi um outro amigo, Phil, de San Jose, indo bem no satélite de uma mesa de US$ 330. Chegaram a quatro, depois a três jogadores. É desnecessário dizer que a essa altura a relação entre os blinds e os stacks deixava os jogadores short e meu amigo ficou feliz ao ver um par de seis (eu não conseguia vê-los por trás dele) e deu all-in. Ele tomou call de um adversário com A-Q e nós suamos frio a cada uma das cinco cartas viradas. Nenhuma das cartas do adversário bateu e o Phil derrubou o outro cara, que tinha quase o mesmo tanto de fichas que ele. Naquele momento, reconheci o adversário restante do Phil. Imponente, tanto fisicamente quanto estrategicamente, estava Erik Seidel. Eu não disse nada, esperando que talvez Phil não tivesse noção do nível do adversário que ele estava enfrentando. Se ele visse um Ás e desse all-in, não faria diferença. Nem mesmo Erik Seidel pode manipular um jogador que colocou todas as suas fichas no pano. Mas, aparentemente, o Phil já tinha descoberto há bastante tempo quem era aquele cara alto. Apesar de isso tudo ter acontecido bem antes do “Cartas na Mesa” e antes mesmo de Erik adquirir o status de estrela como parte do Team Full Tilt, ele já era reconhecido. Depois de algumas mãos com folds e raise/fold, Erik disse “Você quer dividir?”. O Phil olhou para o stack do Erik, aproximadamente um terço das fichas em jogo, e disse “Claro”. Eu respirei aliviado, sabendo que teria tomado a mesma decisão em um segundo. É claro que jogar um dos eventos estava fora de cogitação. Os eventos mais baratos custavam US$ 1.500 e eu não investiria meu bankroll inteiro em um torneio longo de um jogo que eu mal sabia jogar. A compulsão mundial por No-Limit Hold’em ainda estava 10 anos no futuro e os torneios mais baratos eram jogados nas mais diversas modalidades. Jack Keller (que venceu o Main Event de 1984) ganhou o evento de US$ 1.500 Limit Omaha naquele ano. Digo, apenas Limit Omaha High. Chau Giang, que posteriormente se tornou famoso por participar do “big game” do Doyle Brunson, venceu o Ace-to-Five Lowball Draw. Com um curinga. Céus, o Ladies Event era de Sevencard Stud. Nós passamos bastante tempo no rail assistindo a Ted Forrest e Phil Hellmuth. 1993 foi o ano deles, e cada um levou três braceletes. Nós podíamos nos levantar e chegar perto das mesas, mesmo quando estavam na mesa final.
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Não havia um exército de blogueiros e fotógrafos, nada de mesa final com luzes e câmeras de TV - somente havia um bocado de apaixonados por poker (como nós) assistindo a duas jovens estrelas levando 30% dos braceletes para casa. Eu me recordo de me virar e dar de cara com Stu Ungar, discutindo furiosamente a respeito do valor de um acordo com um homem mais velho. As abreviações deles eram tantas que eu não consegui entender o que estava acontecendo. Tampouco percebi que estava assistindo a uma parte da trágica, mas inevitável queda de uma das pessoas mais fascinantes do Álbum do ano: “I Will Always Love You” ... Whitney Houston poker. Eu só sabia que Estava-Ao-Lado-De-Stu-Ungar. Melhor quadro: “Schindler’s List” O fim de semana acabou antes que nos déssemos conta. Prêmio Nobel da Paz: O prêmio foi entregue a Nelson Mandela, da África Nós empacotamos nossas roupas em sacos plásticos para da Sul que a fumaça dos cigarros não se espalhasse na mala e então Notícias: fomos para o aeroporto McCarran. Conseguimos ter um • Terroristas atacam o World Trade Center em fevereiro pouco de lucro, mesmo levando em conta as despesas com • Confronto em Waco, Texas, dia 19 de abril hotel e comida, e eu tive uma experiência para a vida inteira, • Policiais encontram um “Inocente” do ataque de Rodney King dando de ombros com lendas e futuras lendas do poker. • Jim Bechtel vence a WSOP de 1992 e leva pra casa US$ 1.000.000 No nosso voo de volta a San Jose, só falamos a respeito da nossa próxima viagem para a WSOP.
...aconteceu em 1993
Lee Jones é o gerente dos Home Games no PokerStars e está no mercado do poker online desde 2003. Ele também é o autor de “Winning Low Limit Hold’em”, que ainda está sendo publicado, mais de 15 anos depois de sua primeira publicação.
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Segundo Momento
Durante a WSOP de 2011 Phil Hellmuth deu um tempo. Não do seu ótimo jogo, mas daquela fama de pirralho nas mesas que ele cultivou durante toda sua carreira. Com mais de US$ 1 milhão em ganhos durante a Série e sem chiliques infantis, será o fim do “Poker Brat” como o conhecemos? Por Dave Behr
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Um mês após o fim da WSOP, Phil Hellmuth reflete sobre suas segundas colocações. Desde Chris Moneymaker e a exibição das cartas na época de ouro do poker televisionado, Phil Hellmuth tem sido presença constante nos lares americanos. Seu inegável sucesso, sua chatisse e sua habilidade em ter surtos emocionais em frente às câmeras o tornaram uma figura bem conhecida. Não importa se você sabe ou não soletrar “poker” – ou você adora o Poker Brat ou você adora odiá-lo. Ainda na World Series of Poker 2011, o mundo do poker passou a conhecer um Hellmuth diferente. Mesmo tendo terminado na segunda colocação em três eventos, ele não reclamou da falta de sorte. Ele também não minimizou seus adversários, como já fez algumas vezes no passado. E o Monte São Hellmuth não entrou em erupção. Tudo o que ele fez foi cumprimentar seus adversários pela vitória e aceitar silenciosamente a dor de cair tão perto da conquista do seu 12o bracelete por três vezes. E pela primeira vez em sua carreira, Hellmuth se tornou uma figura simpática. “Eu senti que 99% do mundo estava torcendo por mim [para vencer o US$ 50.000 Poker Player’s Championship]”, disse Hellmuth algumas semanas após o fim da WSOP 2011. “Mesmo se você me odiasse, me ver terminar em segundo duas vezes e saber da dor e da angústia que isso me causava seria o suficiente para dizer ‘Espero que você leve esta’. É claro que talvez não tivesse como sentir pena. Foi como Greg Norman perdendo o título do Masters para Nick Faldo [em 1996]. Todo mundo passou a amar o Norman depois disso, certo?”
Alguns Segundos Atrasado As perdas de Hellmuth em 2011 começaram alguns meses antes da WSOP. Depois de anunciar sua saída do UB para este ano, Hellmuth era o jogador não patrocinado mais falado no mundo do poker. Havia fortes rumores sobre para onde ele iria, sendo o Full Tilt Poker e o Bodog os principais candidatos. Mas quando o poker online parou nos Estados Unidos por causa da Black Friday, Hellmuth ainda não tinha fechado um acordo. “Nossa ideia é de que iria acontecer em mais ou menos uma semana depois da Black Friday”, disse Hellmuth suspirando. “Eu estava prestes a assinar um acordo enorme com um dos maiores sites de poker do mundo e isso seria muito bom para mim. Teria me dado mais liberdade para que eu não tivesse que me preocupar com a minha gestão financeira.” Em vez disso, o acordo do Hellmuth – havia rumores de que valia mais de 1 milhão de dólares por ano – acabou indo para o buraco junto com o restante da economia de poker americana. Pela primeira vez desde 2003, um dos maiores nomes do poker foi para a WSOP “Nossa ideia é de que iria acontecer em mais ou menos uma semana depois sem um patrocinador. Hellmuth ainda era da Black Friday”, disse Hellmuth suspirando. “Eu estava prestes a assinar incrivelmente influente, mas muito de sua se foi em investimentos sem liquidez. um acordo enorme com um dos maiores sites de poker do mundo e isso Oriqueza dinheiro forçou Hellmuth a deixar de jogar seria muito bom para mim. Teria me dado mais liberdade para que eu não vários torneios de WSOP que de outra forma tivesse que me preocupar com a minha gestão financeira.” ele teria jogado, como o Evento US$ 25.000 Heads-up NLHE, e a focar completamente na Série por sete semanas. “Ir para a WSOP este ano, sem um patrocínio de um site, me afetou demais. Quando você para de trabalhar para um site, e o dinheiro para de entrar, não importa o que você vale hoje em dia como pessoa. Você ainda gasta muito por mês, mas não siginifica que tem dinheiro caindo do céu.” O Segundo Segundo em Deuce O primeiro torneio em que Hellmuth foi longe na WSOP 2011 veio depois de uma viagem de três dias a Palo Alto para a formatura de seu filho no colégio. Ele enfrentou três dias de jogo no Evento 16, o US$ 10.000 No-Limit Deuce-to-Seven Lowball Championship, e chegou ao heads-up para a disputa do bracelete contra John Juanda. Foi a segunda vez em sua vida que Hellmuth chegou ao heads-up para a conquista de um bracelete em Deuce-toSeven. Em 1993 ele perdeu para Billy Baxter, a lenda do Lowball. Hellmuth e Juanda duelaram por horas, com Juanda correndo inesgotavelmente atrás de uma diferença de 3,5 para 1 em fichas. Ele eventualmente tomou a liderança em fichas de Hellmuth e matou o jogo quando Hellmuth optou por não trocar com um jogo com dama high, enquanto Juanda trocou e acertou um valete. Apesar da dor por não derrotar Juanda, Hellmuth não podia deixar de mencionar a proeza de Juanda no Deuce-to-Seven. “O Juanda é fantástico em Deuce-to-Seven”, disse Hellmuth. “Ele é ainda melhor quando estamos em três jogadores ou heads-up. Quando chegamos ao heads-up, ele jogou de forma excepcional. Não havia dúvidas quanto a isso. Mas eu estava arrasado. Eu cumprimentei Juanda e sabia que tinha de sorrir. Eu sabia que era um grande momento e que eu cheguei muito perto. Mas por dentro eu estava destruído. E se eu tivesse jogado esta mão de outra forma? E se eu
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Hellmuth cumprimenta John Juanda depois de perder o US$ 10.000 No-Limit Deuce-to-Seven Lowball Championship tivesse jogado aquela mão de outra forma?” Hellmuth não conseguia parar de pensar em uma mão em particular na qual ele tinha par de quatros e Juanda aplicou um blefe com um par de 8. Hellmuth sentiu que Juanda tinha um par, mas não teve coragem para dar o call e ver se estava certo. “É o mesmo arrependimento que tenho contra Billy Baxter”, disse Hellmuth. “Eu tinha um par de quatros e Billy Baxter apostou a maior parte de suas fichas. Eu o estudei por quatro minutos e meio com um par de quatros. E não dei o call. Billy disse ‘Wow!’ e mostrou um par de dez. Eu fiquei pasmo, ‘Meu Deus’.” “Agora, contra o Juanda, eu dei fold rápido demais. Logo depois de dar fold, eu disse “Wow, o que você tem aí?’ Ele não vai apostar dois ou três porque [baseado na ação] ele sabe que eu vou dar call com qualquer dama, qualquer rei. Ele precisa ter um par acima de quatro ou uma grande mão para apostar daquele jeito. Mas meus instintos disseram que ele não tinha.” Os instintos do Hellmuth estavam certos. Juanda mostrou seu pair de oitos, um blefe que o ajudou a seguir rumo à vitória do torneio. A segunda colocação foi um banho de água fria para Hellmuth. Apesar de não beber muito, Hellmuth resolveu afogar as mágoas numa garrafa de scotch de 25 anos, pensando em quão perto ele chegou do tão almejado bracelete de
Deuce-to-Seven. Ele passou a noite sem dormir e deixou de lado todos os torneios durante os próximos dias. Por Meio Segundo HA segunda tentativa de Hellmuth em busca do seu 12o bracelete veio mais ou menos uma semana depois, no Evento 33, o US$ 10.000 Stud Hi-Lo Championship. Desta vez, Hellmuth era quem tinha menos fichas quando o heads-up começou. “O que passa pela sua mente é ‘Certo, eu tinha um grande stack da última vez, agora eu sou o short stack. Vai dar certo.’ Aconteceu algumas vezes na minha vida de eu perder um torneio e logo em seguida ganhar outro, inclusive em 2006”, ele recorda. Era mais uma tarefa difícil para Hellmuth. Ele começou o heads-up com apenas seis big bets e meia e estava jogando contra Eric Rodawig, um jovem especialista em Stud que dá aulas na CardRunners.com. Perder um pote sequer seria o bastante para colocar Hellmuth na zona de perigo. Os dois trocaram pequenos potes por aproximadamente 40 minutos até que Hellmuth perdeu um showdown no qual Rodawig tinha trinca de três e nenhum deles tinha o low. Vinte minutos depois, Rodawig venceu. Hellmuth agradeceu pelo fato de ter tido
sorte de chegar ao heads-up. Ele foi obrigado a dar all in diversas vezes na mesa final, quando estavam em sete jogadores, e poderia ter perdido em qualquer uma dessas mãos. “Depois do ano passado, eu me lembro de pensar ‘Este é um torneio no qual vou me sair muito bem. Eu vou ganhar braceletes em Stud Eight or Better com certeza”, relembra Hellmuth. “Então quando chegou o US$ 10K Stud Eight or Better, eu fiquei entusiasmado. Você começa com muitas fichas. Eu perdi por pouco o dinheiro ano passado. Sinto que vou longe. Mas terminar em segundo neste torneio não dá a mesma sensação de terminar em segundo no Deuce.” O fato de sobreviver a várias situações de all in quando estavam em sete jogadores ajudou Hellmuth a não sentir tanto por deixar de ganhar seu 12o bracelete pela segunda vez. “Não doeu tanto quanto [o outro torneio em que terminou em segundo]”, ele disse. Chegando ao Último Segundo Quando estava pra começar o Evento 55, o US$ 50.000 Poker Player’s Championship, Hellmuth dizia a seus amigos para apostarem tudo o que pudessem em sua vitória no torneio. Ele sentia que estava “no momento ideal”. “As pessoas que realmente estão em forma tendem a se dar bem nos torneios que exigem mais habilidade”, ele disse. Para dar BLUFF • NOVEMBRO 2011
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fundamento à sua afirmação, ele apurou que outros quatro jogadores na mesa final do Evento 55 – Scott Seiver, Bem Lamb, Owais Ahmed e Brian Rast – estavam em momentos parecidos com o dele. Pela terceira vez, Hellmuth quase chegou lá, perdendo para Rast de forma impressionante. Seus stacks eram equivalentes quando começou o heads-up. Depois de mais ou menos uma hora, Hellmuth estava massacrando Rast e construiu uma vantagem de 5,5-1 em fichas. Foi aí que Hellmuth tentou a sorte com 3 flush draws em um intervalo de 7 mãos. Ele perdeu todos, o que permitiu a Rast levar o bracelete. “Este foi o mais dolorido”, admitiu Hellmuth. “Este é o bracelete que poderia ter coroado minha carreira.” Ele fez uma pausa e complementou, “Eu não vou a lugar algum. Jogarei poker por mais 30 anos. Então não sei se coroar minha carreira é a frase certa. Mas, com certeza, seria uma das maiores conquistas que poderia ter.” Hellmuth ficou um pouco irritado quando perguntamos se ele estava arrependido por causa daqueles três flush draws. Ele foi rápido ao dizer que, não importa o que pensem sobre como ele jogou essas mãos, ele teve a chance de vencer por três vezes. “Um ponto importante sobre os torneios de Deuce-to Seven e Stud Eight or Better é que eu não tive uma só chance de vencer”, disse Hellmuth. “Eu não joguei uma só mão em que meu adversário estivesse em all in.” Por outro lado, no Evento 55, Rast esteve em all in (ou perto disso, na última mão) três vezes, dando a ele 80% de chances de vencer o torneio se ganhasse qualquer uma dessas mãos. Foi praticamente o mesmo cenário do duelo no evento inaugural de US$ 50.000 HORSE de 2006, no qual Andy Bloch colocou Chip Reese em all in por quatro vezes. Assim como Reese, Rast escapou todas as vezes. “Os outros jogadores sabem que eu quero muito vencer. Quando eu dei all in [na última mão] com 2-8 de ouros, Rast me disse ‘Sinto muito, Phil. Eu flopei “Sabe, se olharmos para trás, nuts. Tenho que dar call’. Digo, foi isso o há algumas semanas, eu que ele disse antes de colocar as fichas acho que seria injusto dizer no pano. Eu nunca tinha visto ninguém fazer isso antes.”
Mas ainda há sete braceletes em disputa na World Series of Poker Europe 2011, em outubro. Incluir estes eventos na disputa de Jogador do Ano era algo sobre o qual Hellmuth era contra quando foi anunciado, mas que agora ele admite que é um ponto a seu favor. “Durante a Série, eu não estava focado no título de Jogador do Ano”, ele disse. “Entretanto, agora eu estou na disputa por este título, tive de ir à ESPN e falar ao vivo sobre mim, sobre como Ben Lamb está me ultrapassando. É impossível não parar pra pensar no que está à sua frente.” O que está à frente dele é a chance de ultrapassar Lamb no título de Jogador do Ano e ganhar mais alguns braceletes. Mesmo tentando fazer isso, no entanto, Hellmuth reitera que tudo o que realmente importa é ganhar braceletes. Ele acredita que pode ganhar 24 antes de parar de jogar poker, um feito que marcaria sua carreira. “Ninguém vai me julgar como Jogador do Ano”, ele disse.
O Segundo não Vale? A grande pergunta é se um homem que admite ser guiado pelo desejo de vencer braceletes considera uma temporada sem um bracelete um sucesso. “Sabe, se olharmos para trás, há algumas semanas, eu acho que seria injusto dizer que não foi um sucesso”, ele disse depois de um momento refletindo. “É injusto dizer que eu não estava feliz. Naquele momento, eu não estava feliz porque não ganhei o bracelete. Mas olhando para trás agora, eu tenho que dizer que sim, que foi um sucesso. Ser o segundo dói muito, mas veja bem, eu ganhei muito dinheiro.” Para ser exato, Hellmuth ganhou US$ 1.443.004 depois de subtrairmos todos os buy-ins de sua premiação. É mais do que ele lucrou nos anos de 2010 e 2009 juntos, e aconteceu em um ano no qual sua maior renda fora do poker – suporte ao poker online – se esgotou. Mas ainda assim há críticos por aí que dizem que a WSOP 2011 provou mais uma vez que Hellmuth não é capaz de vencer os grandes jogadores, não consegue ganhar torneios com altos valores de buy-in e não vence torneios que não sejam de Hold’em. Por todo seu sucesso este ano e durante toda a sua carreira, Hellmuth fica de saco cheio dessas pessoas. Ele disse que dá muita atenção “àqueles que o odeiam”. “Phil Jackson, o que ele disse em sua entrevista de despedida?”, perguntou Hellmuth. “O melhor técnico de todos os tempos disse ‘Vocês não terão mais a mim para criticar’. Nove porcento de todo o mundo não consegue lidar com isso. Tipo, do que ele está falando? Ele é melhor técnico de todos os tempos. Mas ele dá atenção aos seus críticos. Eu dou atenção aos meus críticos.” Dar atenção àqueles que o criticam pode ter contribuído para uma mudança perceptível no jogo de Hellmuth nesta temporada. que não foi um sucesso”, ele Pela primeira vez ele não teve nenhum surto emocional. Aquele Jogador do Ano: Segundo Lugar Phil Hellmuth chato da televisão não apareceu, dando lugar a um disse depois de um momento Parte de ser um jogador de sucesso nos Phil Hellmuth bem mais humilde. refletindo. “É injusto dizer que níveis mais altos é saber sintetizar toda “As coisas mudam na vida das pessoas”, foi o que ele disse eu não estava feliz. Naquele a informação disponível a cada decisão quando perguntamos sobre isso. “Você vai ficando mais velho em uma mão e então fazer a tomar e percebe, sabe, que pode parar sendo o melhor. E pode parar momento, eu não estava feita não sendo o melhor. Pode ser que seja o melhor agora. Pode ser a melhor decisão possível baseado nesta feliz porque não ganhei o informação. Se há um assunto a ser falado que não. Mas não é algo que você possa julgar, sabe? Deixe que bracelete. Mas olhando para com Hellmuth sobre suas decisões nesta a história julgue. Apenas procure ter bons resultados e tente temporada, é sobre ele pensar que tomou manter sua mente no jogo. Não é preciso ser um idiota.” trás agora, eu tenho que dizer uma Apesar de Hellmuth ter mudado seu comportamento decisão muito rapidamente na maioexterno, internamente ele ainda luta contra a dor de não ter que sim, que foi um sucesso. ria das mãos que ele perdeu. Pensando bem, apesar de tudo vencido. Depois de falar com ele por uma hora, ficou claro que Ser o segundo dói muito, – tendo perdido por pouco três brace- os três calls que ele deu na WSOP 2011 vão ficar em sua mente mas veja bem, eu ganhei letes – Hellmuth se vê competindo pela por um bom tempo. muito dinheiro.” segunda vez em sua carreira pelo título “Eu ainda me lembro do segundo lugar [em 2006] e como de Jogador do Ano. Em 2006 ele ficou seria se eu tivesse dado um call…” a voz de Hellmuth sumiu. em segundo, perdendo para Jeff Madsen. “Essas coisas o perseguem. Eu não me preocupo com uma série Este ano, ele está em segundo lugar, perdendo para Ben Lamb de coisas. Mas eu ainda penso em uma mão de 1993 de vez em pelo número de pontos que Lamb já garantiu por participar do quando enquanto tomo banho. É assim que funciona. É isso o November Nine. que nos guia.”
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BLUFF • NOVEMBRO 2011
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Há um tempo atrás, minha irmã Meg e eu saímos para jantar com minha amiga Susan e seu novo namorado. “Ele parece bacana”, eu disse ao sair do restaurante. “Eu acho que ele bate nela”, argumentou Meg. “Meu Deus, Meg”, exclamei, “quanto drama!” Tá certo que ele não se ofereceu para dividir a conta, e eles chegaram atrasados, e a Susan estava com o braço machucado, mas se liga…!
Depois de um tempo, descobri que Meg tinha razão, e que eles realmente tiveram uma briga antes de chegar. As pessoas vêem o que elas querem ver. Eu quis acreditar que a Susan finalmente tinha encontrado um cara bacana porque ela tinha passado por muita coisa. Meg, por outro lado, não tinha nenhum envolvimento emocional, então ela conseguia ver as coisas de forma mais racional. Esta mesma dinâmica também se aplica no poker. Você já teve aquela sensação, em meio a uma jogada, na qual você olha ao redor da mesa e percebe que todo mundo sabe o que o outro cara tem menos você? Isso acontece porque você está muito próximo à situação. Você vê o que você quer ver. As outras pessoas vêem um cara com uma mão muito forte. Você vê um garoto da Internet dando 5-bet com air.
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BLUFF • NOVEMBRO 2011
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Recentemente, eu caí do L.A. Poker Tournament com um par de 2. Um limper em early position. Eu completo no small blind com Q-2 de naipes diferentes. O garoto no big blind bate na mesa. “Vamos ver o flop, dealer!”, ele diz descontraído. 5-5-2, duas de paus. Meu dois com certeza é a melhor mão. Eu saio apostando, o garoto (que vem me atacando a noite toda) dá raise. O limper em early position dá call. A maioria das pessoas presume que estão enfrentando pares mais altos ou trincas. Eu não! Eu vejo um flush draw e duas cartas altas. Eu dou re-raise. O rapaz em early position sai da parada. O garoto dá all in. Esta é a terceria vez que ele me dá uma 5-bet all in. Nas outras duas vezes, eu dei fold. Eu sinto meu corpo esquentando. Como pode ele ter sempre a melhor mão? Ele acha que pode me tirar da jogada. Ele está
blefando sem nada! Eu quero que ele não tenha nada porque a maior parte das minhas fichas já estão no pote. Estou emocionalmente ligada à ideia de ele não ter nada. Se ele realmente tiver uma boa mão, meu sonho de derrubar minha nêmesis do torneio já era. Se ele tiver o que ele está representando, em vez de uma baita caçadora de armadilhas, sou uma baita idiota que deu check-raise all in com o par mais baixo da mesa. Ele não pode ter sempre a melhor mão, pode? Além disso, ele tem um grande stack. Ele sabe que eu não quero ir embora. Bem, ele está errado! Eu quero muito ir embora! Dou call e realizo meu desejo. É claro que ele tem o cinco. Eles sempre têm quando você resolve pagar para ver. Todo mundo me olha em silêncio enquanto me levanto e saio. Eles não conseguem acreditar que eu perdi todo o meu stack com uma mão tão fraca. Meu amigo Kirk “The Heiress” disse que
Eu sinto meu corpo esquentando. Como pode ele ter sempre a melhor mão? Ele acha que pode me tirar da jogada. Ele está blefando sem nada!
sua avó costumava passar a maior parte do seu tempo livre no cassino. Ela jogava todo tipo de jogos: roleta, craps, blackjack… Às vezes ela vencia, às vezes perdia, mas ela tinha uma técnica para vencer o cassino. Ela sempre procurava empatar. A família cedia aos seus hábitos, pois isso a fazia feliz, e era mais barato do que um asilo. Quando ela teve um infarto na mesa de craps, o gerente chamou uma ambulância e seguiu com ela para o hospital para se certificar de que ninguém roubasse sua bolsa. Depois que ela morreu, a família descobriu que ela vinha mentindo para si mesma, e além disso, para eles. Ela havia perdido milhões de dólares da fortuna da família. Os garotos do online adoram dizer de forma cínica “Mas quanto ele perdeu?” quando alguém bate um grande resultado. É uma pergunta irritante, mas relevante. As pessoas costumam se lembrar das vitórias e minimizar as derrotas. Seu bankroll vai crescer se você não se apoiar em um pensamento mágico das coisas. Há mais ou menos um ano, comecei a escrever todas as minhas vitórias e derrotas em um livrinho. É importante ser honesto consigo mesmo. De qualquer forma, tenha coragem. Mas primeiro certifique-se de que sua coragem não está enganando você.
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é do brésil! Com dois braceletes em torneios de Omaha, o francês radicado no Brasil Quentin “MiPwnYa” Laé é o destaque do WCOOP
POR Eduardo oliveira 58
BLUFF • NOVEMBRO JULHO 2011 2011
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Quentin “MiPwnYa” Laé é o responsável pelos dois braceletes do “Brasil” neste WCOOP e bateu um papo com a Bluff Brasil: Bluff: O que significa o seu nick? Quentin: MiPwnYa é tipo I Own You, mais ou menos Eu Te Domino em português. B: Sendo você um jogador de cash games, como foi parar no WCOOP? Q: Nunca jogo MTT. Eu só joguei o WCOOP porque ganhei os tickets com o pacote Supernova Elite. E deu certo. B: Fale sobre os torneios. Q: O primeiro bracelete (Evento 25 (US$ 215 PotLimit Omaha – Turbo/1R1A)) eu tenho que admitir que foi muita sorte. É impossível ganhar um evento de PLO Turbo sem muita sorte. O segundo (Evento 58 (US$ 530 Pot-Limit Omaha Heads-Up)) eu já acho que teve mais merecimento. Um pouco de sorte também, mas muito menos do que no primeiro. B: É verdade que você vendeu parte da sua action? Q: Sim, vendi metade da action no liquidpoker.net. B: Por que escolheu o Brasil para morar? Q: Tem vários motivos que me fizeram escolher o Brasil, mas o principal é provavelmente a sua população. O povo brasileiro esbanja uma simpatia e alegria de viver que corresponde bastante com o meu modo de vida. Eu estou generalizando, é claro, mas acho que deu para entender a ideia. Eu também fiz amizades fortes aqui e conheci a minha mulher. Ou seja, me sinto em casa aqui. B: Como foi a história do Main Event do WCOOP 2011? Q: Bem, eu me registrei no evento e esqueci de dar unregister, então joguei sem querer. O que foi péssimo, pois, além de não gostar de torneios, já esqueci quase tudo de Texas Hold’em (risos).
Desde a Black Friday as grandes séries de torneios do mundo online se limitaram a um único local na Internet. E mês passado vivemos a maior delas. O WCOOP (World Championship of Online Poker) tomou conta do PokerStars e trouxe números impressionantes para uma série de torneios sem a presença americana no field. Com quase 120.000 inscrições e uma premiação total de mais de 47 milhões de dólares, os 62 eventos da série trouxeram torneios para todos os gostos e bolsos. De disputas começando às 7 horas da manhã a buy-ins de US$ 10.300, o WCOOP 2011 se mostrou um sucesso em sua primeira edição sem a presença americana e coroou o dinamarquês Thomas ‘Kallllle’ Pedersen como grande campeão de seu Main Event, levando a incrível premiação de US$ 1.260.018,50.
O Brasil:
Com mais de US$ 1.000.000 em premiações e 12 mesas finais, nosso país não fez feio na série. Destaque para os desempenhos de David “davidmoreira” Moreira no Evento 42, no qual, com a sexta colocação, garantiu um prêmio de US$ 77.245; e de João “JoãoMathias” Mathias, que conquistou US$ 50.972 com a quarta colocação no Evento 32. Mas, diferentemente do WCOOP 2010, este ano tivemos que importar os dois braceletes creditados para o Brasil na série.
O Francês:
Ele nasceu em Rouen, uma cidade francesa que fica 100 km ao oeste de Paris, tem 24 anos e é figura fácil na mesas de cash games de Omaha do PokerStars. Quentin começou no poker em 2006 jogando NL2 e se profissionalizou logo em seguida. Quando teve uma grana sobrando, resolveu que viajar era uma boa opção e veio conhecer alguns países da América Latina. No Rio conheceu sua atual namorada, se encantou e estão juntos desde então. Depois de algumas voltas pelo mundo afora, se estabeleceram na capital carioca.
Quentin BLUFF • NOVEMBER 2010
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Doador
Brad Garrett estรก usando o poker para ajudar a quem precisa Por Lance Bradley / Fotos por Paul Thatcher
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É provável que você já esteja cansado de ouvir sobre os pesados dia a dia e ainda se preocupar com uma doença que limita o tempo home games de Hollywood. Quatro ou cinco astros do cinema, um de vida. agente ou outro, um produtor e às vezes até mesmo um escritor se A fundação trabalha especificamente com famílias que têm uma sentam para jogar por um valor maior do que o que você declarou no necessidade financeira imediata para as coisas com as quais elas Imposto de Renda. normalmente não teriam que lidar. Quando uma criança entra em Tudo isso já virou um clichê. estado terminal, o mais comum é um dos pais sair do trabalho para É por isso que o jogo organizado por Brad Garrett, juntamente cuidar da criança, o que prejudica muito as finanças da família. com seu velho amigo Ray Romano, é tão diferente. Eles estão “Tenham eles seguro ou não, se uma criança está em estado jogando por valores comuns para você, e tem até mesmo um projeto terminal, você pode ajudá-la. Essas pessoas perdem suas casas, de caridade envolvido. um dos pais precisa sair do trabalho para cuidar da criança. Isso “Nós jogamos uma vez por mês porque sempre estamos muito representa uma grande queda financeiramente e nós não temos os ocupados; é bem divertido, tem comida boa. É um jogo entre amigos, recursos da Make-A-Wish ou de uma grande fundação com esta”, não tem nada de insano”, diz Garrett, que comanda seu clube de disse Garrett. “Nós descobrimos que o que essas famílias precisam stand up comedy no Tropicana, em Las Vegas. “Não tem nada desses é de ajuda no dia a dia, precisam que a gente dê uma mão para elas. Além da necessidade de comida, eles estão com dois meses atrasados jogos malucos de Hollywood, com muita grana na mesa. A ideia é nos divertirmos, um lance social. Nós temos alguns ótimos jogadores.” de aluguel, e há famílias que estão até com a luz prestes a ser cortada, mesmo tendo uma criança vivendo com ajuda de aparelhos. Entre os jogadores regulares estão Cheryl Hines, Jason Alexander e Terri Hatcher, além de Romano, antigo parceiro de Garrett no O pagamento do carro, o seguro, a lavadora e a secadora – isso põe a seriado “Everybody Loves Raymond”. Os dois são grandes amigos e família numa queda terrível.” Garrett e alguns de seus amigos jogam o Main Event se revezam na organização do jogo. “É uma ótima “Ray é um jogador muito sólido. Mas ele é muito da World Series of Poker todo ano e procuram uma azarado”, diz Garrett em meio a risadas. “Ele fica forma de ajudar seus respectivos projetos de caridade. oportunidade bravo porque eu sempre ganho dele no river. No Mantendo o espírito de amizade do home game, Garrett e para os entanto, assim como em todas as outras coisas, ele Romano apostam em qual dos dois chega mais longe para interessados, e é melhor do que eu.” Garrett admite que não tem a ajudar em seus projetos. ambição de se tornar um grande jogador de poker; “No Main Event da WSOP, Ray e eu sempre apostamos eles vêm jogar, ele se sente feliz por jogar, e, principalmente, se que aquele que for derrubado primeiro dá US$ 100.000 é divertido, é consegue encontrar um jeito de não ser o maior para o projeto de caridade do outro”, disse Garrett, que sempre muito doador na mesa. acredita gostar mais do que quase todo mundo de jogar “Duas ou três vezes por ano, o Ray e eu o maior evento de poker do mundo. “Nós fazemos mais tranquilo. Se oferecemos um leilão para o meu projeto de barulho, e eu provavelmente sou mais irritante do que alguém não caridade ou para o dele. Recentemente, fizemos a maioria lá porque eu realmente me divirto. No fim do sabe jogar, nós dia, eu não preciso voltar para um trabalho horrível se eu isso para o Memory Alive charity, que ajuda a Alzheimer’s Foundation e a Larry Ruvo Clinic, perder. Acredito que isso tira grande parte da pressão e o ajudamos; se em Las Vegas”, disse Garrett. “Ray e eu atuamos, está deslocado, deixa tudo muito mais divertido.” e fechamos leiloando dois lugares no nosso home O Main Event não é o único torneio que o Garrett game por US$ 100.000, e todo o dinheiro vai para a nós o ajudamos usa para levantar fundos para a Maximum Hope. Em fundação. É excelente. Eles vêm, têm dois lugares, setembro, ele será o padrinho do segundo evento anual a se enturmar. podem trazer seus parceiros, podem trazer um In for All Good, no Tropicana, e todos os jogadores All A ideia é nos amigo, a comida é ótima.” regulares do seu home game estarão lá prestigiando O jogo não muda muito mesmo com dois estranhos divertirmos. E a causa. Além de um torneio de US$ 500 de buy-in, nossos jogos participando. Os jogadores regulares fazem de uma dessas vagas no home game será leiloada. Apenas tudo para que os novos jogadores se sintam o mais lembre-se de que o jogo não é tão sério. regulares são confortável possível. “A gente gosta de tirar onda na mesa, mas quase assim também. nunca é a respeito do jogo. Falamos sobre a camiseta “É uma ótima oportunidade para os interessados, Nos divertimos que alguém está vestindo, ou o Ray diz que sou o único e eles vêm jogar, é divertido, é sempre muito na mesa sem uma carreira. É uma bagunça com cartas”, tranquilo. Se alguém não sabe jogar, nós o ajudamos; muito.” se está deslocado, nós o ajudamos a se enturmar. disse Garrett em meio a risadas. A ideia é nos divertirmos. E nossos jogos regulares são assim também. Nos divertimos muito”, disse Garrett. “Nós Para mais informações sobre a Maximum Hope Foundation ou o torneio All oferecemos esses lugares há seis, sete anos. Rola de tudo. As pessoas In for All Good, visite www.maximumhopefoundation.org são sempre simpáticas e muito bacanas, além disso, US$ 100.000 por dois lugares, com certeza não vai aparecer nenhum grosseirão. Encontramos caras legais. A ideia é a caridade. Nos sentimos felizes por fazer isso. O Ray tem os seus projetos de caridade, e o meu eu comecei há 10 anos e agora está realmente começando a crescer.” Assim como o Garrett adora jogar poker, ele gosta ainda mais do seu projeto de caridade. A Maximum Hope Foundation, que é chamada assim por causa de seus dois filhos, Max e Hope, ajuda famílias que têm filhos com doenças que limitam o tempo de vida da criança. “Eu tive sorte e fui abençoado com duas crianças saudáveis. Mas pessoas muito próximas a mim não tiveram tanta sorte, e quando você se torna pai, uma das coisas mais aterrorizantes é, Deus me livre, ter um filho que não seja saudável”, disse Garrett. “É uma pequena organização que começou do zero e ajuda, por ano, entre 50 e 75 famílias que têm de enfrentar os desafios incomensuráveis do BLUFF • NOVEMBRO 2011
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um final de
ano de arrepiar!
O final de ano promete, com vários grandes torneios espalhados pelo país
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POR Guilherme Kalil
Chegamos ao final do ano, e ainda bem, haja bankroll! As principais séries de torneios do país estão preparando grandes surpresas para os jogadores e teremos torneios incríveis nas principais capitais do país. Aqui fizemos um resumo do que vai rolar para que o jogador possa se programar e ir economizando para, faço votos, forrar uma nota! >>>
♣ BSOP MILLION DATA: 24 a 28 de novembro Buy-in: R$ 1.800,00 (Main Event) Local: Holliday Inn Parque Anhembi – São Paulo A maior série de torneios do país chega ao final do ano com a expectativa de bater o recorde do maior field já registrado no Brasil, em novembro de 2010, com 1.000 jogadores. Para 2011 a série preparou uma etapa com capacidade para 1.500 jogadores só no Main Event, com blinds de uma hora, dias 1A, 1B e 1C e, como o nome diz, R$ 1.000.000,00 garantidos. A etapa contará também com o tradicional torneio de PLO, desta vez com blinds de 45 minutos e R$ 75.000,00 garantidos, um torneio exclusivo para mulheres e um torneio de 6-max. A etapa tem tudo para ser histórica e para ter sua capacidade máxima batida, portanto vale a pena fazer a inscrição antecipada para não correr o risco de ficar de for a, como aconteceu no ano passado com os jogadores que deixaram para se inscrever na última hora. ♣ RIO POKER TOUR GRAND FINALE DATA: 15 a 19 de dezembro Buy-in: R$ 1.150,00 (Main Event) Local: Hotel Royal Tulip (antigo Intercontinental) – Rio de Janeiro Nascida ainda este ano pelas mãos dos empresários Arthur Stephen e Heber Nogueira da Fullen Eventos o Rio Poker Tour mostrou a que veio e teve em seu Field algumas das maiores estrelas do poker nacional. O main event da etapa do torneio contará com um substancial aumento da premiação garantida, que vai sobe de R$ 120.000,00 para R$ 200.000,00. Evento terá também os tradicionais second e last chance, um torneio com rebuys e o Heads Up com R$1500 de buy-in. ♣ SÃO PAULO POKER FEST – SPF Data: 11 a 15 de novembro
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BLUFF • NOVEMBRO JULHO 2011 2011
Buy-in: R$ 800,00 (Main Event) Local: Vegas Club – São Paulo Promovido pela Odds Eventos, o SPF foi reestruturado em outubro e trouxe aos jogadores uma grande novidade. Caso o jogador perca todas as suas fichas, ele pode fazer outra inscrição para jogar os dias 1B e/ou 1C, o que permite que ele tenha uma nova chance de se classificar para o dia 2 do torneio. O SPF continua acontecendo no Vegas, que junto com a Odds oferece aos jogadores um verdadeiro banquete e tem uma estrutura diferenciada dos torneios de buy-in de três dígitos, com 45 minutos de blinds e 25.000 fichas. O torneio ainda conta com dois eventos paralelos, o second chance e o 5k turbo, que acontecem no sábado e no domingo. ♣ SUNDAY MILLION ESPECIAL DE 10 ANOS DO POKERSTARS Data:18 de dezembro Buy-in: US$ 215,00 Local: PokerStars (online) Comemorando seu décimo aniversário, o maior site de poker online do mundo promove um “Super Sunday Million” que, além de US$ 10.000.000 garantidos, pagará um mínimo de US$ 2.000.000 ao campeão. O buy-in do evento será de 215 dólares, mas o site promoverá satélites de diversos valores, incluindo formas de disputar vagas gratuitas a este que promete ser o maior torneio online de todos os tempos. ♣ FINAL DO BPT Até o fechamento da edição não temos informações sobre a etapa final do BPT, mas ela deve ficar para o início de 2012. Organizada pela Overbet Eventos, a série tem tudo para se tornar mais um circuito gigantesco no país! Bem, é isto. Preparem seus óculos escuros, gorros e bankrolls que ainda dá pra forrar pesado antes do Natal. A gente se vê no field!
A maior revolução na história do poker brasileiro, desde que o deserto de Vegas
deixou de ser apenas um
lugar árido. Felipe Mojave, membro da Seleção Brasileira de Poker e colunista da Bluff Brasil.
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AS MAIORES BATALHAS DO POKER ACONTECEM NAS MELHORES MESAS.
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DEADLIEST KATCH
Eugene Katchalov: Um homem perigoso
Por Dave Behr / Fotos por Neil Stoddart
Durante o dia 4 do World Poker Tour World Championship 2011 no Bellagio, em maio, Scott Seiver começou a mostrar sua marca registrada ao tagarelar na mesa na mesa. O assunto era um homem de 30 anos chamado Eugene Katchalov. “Eu não faço ideia de por que ele é tão bom”, disse Seiver a respeito de Katchalov. “Ele simplesmente é. Se eu soubesse o que ele fez para se tornar tão bom, eu estaria fazendo agora mesmo.” Vindo do homem que venceu aquele que é geralmente reconhecido como um dos torneios mais difíceis do ano, fica a pergunta: Se alguém como Seiver pensa que Katchalov é tão bom, será que alguém tem chance contra ele? BLUFF • NOVEMBRO 2011
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E “Eu não sabia as regras. Eu não sabia nada”, ele admitiu. “Nós fomos a uma loja de 1,99, compramos algumas fichas e então fomos à casa de um amigo que sabia as regras. Ele nos ensinou e comeÇamos a jogar. Esta foi minha primeira experiência.” 68
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“Eu não sei o que faço”, disse Katchalov quando falei com ele em meio a uma maratona de 30 horas de sessões de cash games em Las Vegas. “Eu não creio que seja algum tipo de segredo jamais revelado. Não existe isso.” Talvez não, mas com certeza Katchalov tem algo a mais. Em seis anos ele conquistou mais de US$ 6 milhões em ganhos em torneios ao vivo, e vai muito além disso, pois ele joga alguns dos cash games mais caros de Las Vegas. Ele tem um título do WPT e em janeiro passado ganhou o evento de US$ 100.000 Super High Roller no PokerStars Caribbean Adventure nas Bahamas. Katchalov credita seu sucesso no poker a seu pai, Alexander, que em 1991 se mudou com sua família de Kyiv, Ucrânia, para Borough Park, uma vizinhança judaica no Brooklyn, em Nova York. Assim como diversos outros imigrantes recém-chegados, os Katchalovs eram pobres e não tinham uma boa educação. A mãe de Eugene fazia faxina; seu pai entregava pizzas e depois passou a vender carros. Eles passaram um sufoco, mas se acertaram no final. Com o passar do tempo, Alexander Katchalov guardou dinheiro o bastante para abrir uma pequena empresa no Brooklyn. E deu certo. Depois veio a segunda empresa e então uma outra na Ucrânia. Com perseverança, trabalho pesado e um pouco de sorte, a família Katchalov ascendeu a uma confortável vida de classe média. Alexander Katchalov passou a sabedoria que adquiriu em sua vida para seu filho. “Meus pais sempre me apoiaram em minha carreira no poker, mas especialmente meu pai”, disse Eugene. “Ele me deu forças desde o primeiro dia. No passado, na Ucrânia, ele também era jogador. Ele me passou lições muito importantes que não se relacionam somente ao poker, mas aos jogos em geral: gestão financeira, como lidar consigo mesmo emocionalmente quando certas coisas acontecem. Ele realmente me ensinou muita coisa e é meu maior fã.” Apesar de Alexander Katchalov ter passado essas lições de vida ao seu filho, Eugene aprendeu a jogar poker sozinho. Alguns amigos e ele começaram a jogar para acabar com um momento de “puro saco cheio”, como ele mesmo descreve, depois de ser graduado em Finanças na New York University’s Stern Undergraduate College, em 2003, aos 22 anos. “Eu não sabia as regras. Eu não sabia nada”, ele admitiu. “Nós fomos a uma loja de 1,99, compramos algumas fichas e então fomos à casa de um amigo que sabia as regras. Ele nos ensinou e começamos a jogar. Esta foi minha primeira experiência.” Depois de jogar em home games semanais valendo pouco dinheiro, Katchalov descobriu o poker online. Ele aprimorou rapidamente suas habilidades naturais jogando mais ou menos 10 torneios Sit&Go de US$ 5 e US$ 10 por dia. Os lucros médios de US$ 20 a US$ 30 não parecem muita coisa em uma cidade na qual o metrô custa US$ 2, mas isso fez Katchalov perceber que ele poderia fazer um dinheiro extra com o poker. Seu trabalho – aventurar-se na bolsa de valores como day trader – não estava sendo muito satisfatório. Assim como seu pai no passado, Katchalov estava passando por dificuldades. “Eu estava fazendo day trading para algumas empresas, um começo que poderia levar a algo maior. Eu não estava ganhando muito dinheito, pois é bem difícil no começo. Nunca tinha passado pela minha cabeça jogar profissionalmente até aquela época”, ele disse. “Então eu fui começando devagar a jogar em alguns clubes privados em Nova York e vários jogos fechados de $1/$2 No Limit. Foi aí que começou.” E daí foi para uma viagem ao Bellagio com Ilya Trincher em dezembro de 2004, durante o Five Diamond World Poker Classic. Foi a primeira viagem de Katchalov para Las Vegas. A princípio, ele ficou jogando os cash games de $2/$5 No Limit, o jogo mais barato oferecido pelo Bellagio na época. Depois de alguns dias, Katchalov tinha uns US$ 1.500 de lucro. Trincher então falou sobre um evento paralelo de US$ 3.000 do Five Diamond. “Ilya disse ‘Por que você não joga?’, e eu respondia ‘Sem chance’”, relembra Katchalov. “Meu bankroll inteiro naquela época era de alguns mil dólares. Então ele me disse ‘Por que você não joga e eu invisto em metade do seu buy-in? Você só vai arriscar o que ganhou até agora.’” Katchalov concordou com a proposta de Trincher. Apesar de ele ter jogado
alguns torneios online e alguns torneios de valores mais baixos em Nova York, Katchalov nunca tinha jogado um torneio tão grande, ou com um field tão forte, quanto o do Five Diamond. Entre 420 jogadores, Katchalov chegou à mesa final e terminou na quinta colocação, com um prêmio de quase US$ 48.000. Katchalov e Trincher ainda estavam no Bellagio alguns dias depois, quando o US$ 15.000 World Poker Tour World Championship estava prestes a começar. Trincher mais uma vez sugeriu a Katchalov que desse um tiro. “Ele disse ‘Por que você não joga? Você está numa fase boa. E com certeza está jogando bem.’ Eu não tinha a menor intenção de arriscar US$ 15.000, então acabei comprando apenas 1/3 da minha participação.” A intuição de Trincher estava certa. Katchalov passou por um field com 376 dos melhores jogadores de poker do mundo e terminou com 35o, com uma premiação de US$ 27.000. Depois de pagar a parte de Trincher, a viagem de Katchalov para Las Vegas para jogar cash games de $2/$5 No Limit rendeu a ele US$ 33.000. “Naquela época, era muito dinheiro para mim, e eu estava espantado. Era uma mudança de vida àquela altura. Isso também alavancou minha confiança. Fez com que eu realmente me esforçasse para ser melhor no poker, para voltar lá e possivelmente ser o primeiro.” Apesar de os ganhos de Katchalov terem aumentado sua confiança, eles não atingiram o bankroll necessário para ele desistir de sua carreria como trader. Ele parou com o day trading e entrou em uma grande empresa de investimentos da Wall Street. Durante todo o ano de 2005 ele continuou dando
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alguns tiros em torneios de poker, tanto live quanto online. Conforme o dinheiro que ele foi ganhando tanto com os negócios quanto com o poker foi se tornando uma quantia substancial, ele começou a falar com um amigo sobre eles abrirem seu próprio fundo de investimento, assim teriam menos restrições em suas negociações. Foi mais ou menos nessa época que Katchalov se tornou amigo de Nick Schulman, depois de eles se conhecerem em um clube de poker em Nova York. “O Nick jogava muito melhor do que eu naquela época”, disse Katchalov. “Quando nos tornamos amigos, crescemos juntos. Ele é praticamente a única pessoa com que eu falo abertamente sobre todas as minhas estratégias de poker.” A amizade de Katchalov com Schulman, juntamente com seu trabalho pesado, rendeu. Os resultados no poker eram maiores e apareciam com mais frequência, mas ainda não era o suficiente para viver disso. Um espaço de seis semanas em 2007 mudou a vida de Katchalov. Em 4 de novembro de 2007, Katchalov ganhou seu primeiro Sunday Major no Full Tilt, levando US$ 133.000. Ele decidiu usar esse dinheiro para abrir seu próprio fundo de investimento, a Femto Capital. Um amigo e ele abriram um escritório e começaram a trabalhar. “No inverno, naquele mesmo ano, foi quando ganhei meu torneio no Bellagio”, disse Katchalov. Por “seu torneio no Bellagio”, Katchalov quis dizer o US$ 15.000 WPT Doyle Brunson Classic no Bellagio em meados de dezembro de 2007. O torneio teve uma premiação de US$ 2,4 milhões para o primeiro colocado,
o maior valor já pago a um vencedor do WPT fora do WPT Championship. Foi esse o dinheiro que mudou a vida de Katchalov. “Depois disso eu era capaz de entrar em todos os torneios e cash games e também de me concentrar nos fundos de cobertura e basicamente fazer o que eu quisesse”, ele disse. “Era ótimo, mas o fundo consumia muito tempo. Eu tinha que acordar às 7 da manhã, ir para o escritório, ficar lá até as 5 mais ou menos e depois ir para casa. Aí talvez eu fosse jogar poker à noite e viajava quando possível.” Só levou um ano e meio para que rotina de tentar jogar profissionalmente enquanto administrava um fundo desgatar Katchalov completamente. Apesar de estar indo bem em ambos, ele estava sofrendo pelo fato de não poder dar total atenção ambos. Um dos trabalhos teria de ser sacrificado. Quando ele levou em consideração as viagens, o estilo de vida e a liberdade que o poker proporcionavam para ele, a escolha ficou fácil. “Às vezes sinto falto do trading”, reconhece Katchalov. “Quando eu olho para o mercado e para algumas ações, de vez em quando sinto vontade de voltar a negociar. Mas, ao mesmo tempo, eu gosto tanto de poker que não quero voltar atrás em minha decisão. E mesmo agora eu penso que talvez, daqui a 5 ou 10 anos na estrada, eu volte para o trading.” Por enquanto, pelo menos, o foco de Katchalov está completamente no poker. Desde sua vitória histórica em 2007, Katchalov já ganhou mais US$ 3 milhões em torneios. Ele venceu Daniel Negreanu no heads-up para cravar o US$ 100.000 Super High Roller Event no PCA 2011, um acontecimento para ele tão importante quanto sua vitória no WPT. Ele saiu dos jogos mais
Daniel Negreanu e Katchalov no heads-up do evento Super High-Roller do Aussie Millions 2011.
“A ideia do poker é que você não está jogando contra máquinas, mas sim contra pessoas que são, por natureza, emotivas”, disse Katchalov. “Você precisa aprender a como reagir a cada situação. Você precisa entender que o seu jogo muda o jogo deles.
baratos do cassino e foi para os jogos mais caros, além dos $400/$800 mixed games na Ivey’s Room no Aria. Em março de 2011 ele assinou um contrato de patrocínio com o PokerStars. Nada mal para um garoto imigrante do Brooklyn. Assim como em qualquer estilo de vida, há suas dificuldades. Katchalov é muito próximo de sua família e de seus amigos em Nova York. O tempo de estrada no poker o deixa longe dessas pessoas mais tempo do que ele gostaria. É um desafio conseguir sair com alguém. “Eu acredito que não seja saudável deixar de ter uma vida social fora do poker”, disse Katchalov. “Acho que você precisa se distanciar do poker às vezes. Já aconteceu muitas, diversas vezes de eu ficar desgastado demais com o poker e precisar de uma folga, seja de alguns dias, algumas semanas ou até de alguns meses. Eu espero até o momento certo, sempre há um momento certo, quando começo a sentir falta do jogo.” Katchalov também teve de aprender a se adaptar às fases ruins, assim como qualquer outro grande jogador de poker. Depois de vencer o WPT Five Diamond em 2007, Katchalov ficou de fora por um ano, em 2008. Seu único resultado relevante foi um 6o lugar
no US$ 10.000 Omaha Hi-Lo na World Series of Poker. Katchalov não teme essas fases ruins. Quando ele atinge o que chama de “limiar da dor”, ele tira uma folga. Em um determinado período de 2010, depois de uma queda brutal, ele tirou um mês e meio de folga para ficar com sua família e amigos. Ele também não liga para a rotina cansativa que faz parte da vida no poker. Ele pratica exercícios com um personal trainer várias vezes por semana, evita as festas e o álcool em excesso e monitora cuidadosamente o que come. Tudo isso faz parte de um plano para manter o máximo de energia e foco enquanto está nas mesas. Se há algo que Katchalov teme é correr riscos demais. Mesmo agora, com um bankroll aparentemente infinito, Katchalov vende parte de suas participações em torneios para um seleto grupo de amigos mais próximos. “Ouvi dizer que muitos dos jogadores que já venceram grandes torneios por alguma razão quebram ou quase quebram logo depois”, percebeu Katchalov. “Eu sempre tive medo disso. Eu sempre tive medo de ter excesso de confiança e arriscar muito
dinheiro em um só lugar. Eu quis diversificar e espalhar meu dinheiro em vez de só jogar poker. E sem nunca arriscar muito. “O que eu faria agora se tivesse uma queda seria ficar de fora um tempo, fazer uma autoanálise, ver quão confiante estou e se eu ainda quero jogar os high stakes, eu venderia uma parte dos meus torneios ou faria um move down e jogaria torneios mais baratos por um tempo, até recuperar minha confiança. Quando você está jogando os high stakes, mesmo se for um grande jogador, se não tiver confiança, será muito, mas muito difícil ser um vencedor.” No fim do dia, tudo o que importa são os amigos e a família para Katchalov. Ele fala com seu pai todos os dias. Quando está em Nova York, os dois se encontram várias vezes por semana. Ele dá a maioria dos seus troféus e prêmios para o seu pai, incluindo o bracelete do WCOOP do PokerStars que ele ganhou em 2009. “Nós somos como melhores amigos”, ele disse. “Por isso ele gosta de mostrar meus troféus. Eu os dou a ele, e ele os guarda em sua casa.” “A ideia do poker é que você não está jogando contra máquinas, mas sim contra pessoas que são, por natureza, emotivas”, disse Katchalov. “Você precisa aprender a como reagir a cada situação. Você precisa entender que o seu jogo muda o jogo deles. “O poker continua crescendo e continua se modificando. Um jogador intermediário continua evoluindo. Para se manter no topo e continuar em alto nível, é preciso melhorar sempre. Você nunca pode pensar que sabe tudo e parar de aprender.” Se Katchalov se tornar ainda melhor, o restante da comunidade do poker vai ter muita dor de cabeça. BLUFF • NOVEMBRO 2011
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A Frequência
da energia Ela pode ser positiva ou negativa. Depende de você.
por Sam Chauhan
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Todos somos feitos de energia. As pessoas e fatos que cruzam nosso caminho na jornada da vida afetam sua energia e podem afetar a energia que você projeta para o mundo. Tudo possui uma energia que pode ser mensurada e calibrada. Estes últimos meses têm sido ótimos. Meus clientes têm apresentado excelentes resultados. As pessoas não entendem que eu medito mandando energia para os meus clientes e crio uma frequência poderosa por meio de fortes mantras. Então eu foco em criar um propósito para aquela pessoa em particular alcançar os resultados que deseja. Eu criei uma fórmula que vem funcionando de forma consistente com a maioria dos meus clientes. Seu cérebro funciona como a Internet. Quando você vai ao Google e procura por uma frase em específico, você verá todas as possibilidades de combinações para os termos que você procurou. Todas as outras páginas irrelevantes são deixadas de lado. A ferramenta de busca traduz seu pedido e apresenta as soluções possíveis com base no que você perguntou. O seu mundo assume a forma pela qual você o reconhece somente depois de passar por seus filtros de percepção. É importante perceber qual informação é processada, assim como qual informação é perdida, dependendo totalmente da pessoa. A única coisa que determina seu conceito de realidade e seus resultados na vida é em
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que você presta a atenção. Seu foco cria o que é real para você em seu mundo. Mudando seu foco, você pode mudar sua realidade e seus resultados. Suas intenções irão criar tanto energia positiva, que se ajusta em uma escala muito alta, ou energia negativa, que se ajusta em uma escala muito baixa. As pessoas sempre me perguntam, “O que você fez para gerar resultados tão bons para os seus clientes?” Eu sempre digo a elas que todos os meus clientes têm um talento incrível. Eu somente crio uma energia melhor em torno deles usando diferentes métodos que ensino. Quando você muda a energia em torno de alguma pessoa, você muda o padrão de vida dela. Isso a leva a excelentes resultados na vida. Você já esteve perto de alguém que o fazia sentir-se mal ou triste? O que criou isso? Isso é a energia que você sentiu vinda daquela pessoa. Você também pode estar perto de alguém que é muito positivo e que fará com que você se sinta bem. A diferença é a energia. Eu recebi uma ligação interessante de um psicólogo que queria receber meu treinamento. Ele me disse que seus métodos não estavam funcionando com seus clientes e ele queria tentar algo fora do padrão. Eu não sou graduado em psicologia, mas dou treinamento para alguns alunos que têm doutorado em psicologia. Eu ensino algumas das áreas da psicologia que são muito controversas. Eu sempre fico imaginando por que as pessoas
enfrentam desafios para aplicar técnicas que funcionam. Os alunos que chegam até mim estão tentando encontrar métodos diferentes que possam ajudar seus clientes a tornarem-se o melhor que puderem ser. Eu adoro isto em meus alunos que são psicólogos. Eles precisam ter a mente aberta para aprender diferentes formas de se fazer mudanças. Nós gastamos nossa energia focando no passado ou no futuro e nos esquecemos de viver no presente. A energia está no momento e o restante não existe. Muitas pessoas enfrentam um desafio em se desligar do passado porque seu ego ou orgulho não permite que elas o façam. O ego e o orgulho mantêm as energias em um nível muito baixo. O ego e o orgulho lhe darão uma rajada de autoestima, que então se transformará em vergonha, pois é apenas uma ideia que você criou em sua mente. Eu sempre digo às pessoas que a vida seria vivida em um nível muito mais alto se as decisões não fossem tomadas com base no ego e no orgulho. “Você também aprendeu o segredo do rio - que essa coisa chamada de tempo não existe? O rio está em toda parte ao mesmo tempo. Está na fonte e na foz.
Na cascata, no barco que faz a travessia e na corrente em movimento. Em todos os lugares. Só o presente existe para ele, e não a sombra do passado nem a sombra do futuro. A vida também é um rio. A criança, o adulto e o velho não estão separados... Nada foi, nada será, tudo tem realidade e presença.” Hermann Hesse Siddhartha Tenha um dia poderoso! Sam Chauhan
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Um ano memorável para
Andy
Frankenberger por Jessica Welman
E
Enquanto muitos jogadores de poker passam a adorar o jogo devido ao fato de libertarem-se de uma rotina de trabalho em horário comercial, a entrada de Andy Frankenberger no mundo do poker aconteceu justamente como uma tentativa de impressionar seu chefe. Agora, apenas dois anos depois, Frankenberger nem trabalha mais para seu antigo chefe, mas deve ser grato a ele por tê-lo colocado no caminho que o levou a ganhar o título de Jogador do Ano da Temporada IX do World Poker Tour.
Frankenberger ainda não tinha parado pra pensar sobre poker até que ele e alguns de seus amigos traders da Wall Street foram convidados para um torneio de poker por um de seus brokers. >>>
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“Havia traders de todos os bancos de investimentos. O vencedor levaria uma viagem para o Main Event [da World Series of Poker] e o segundo colocado uma TV de plasma”, lembra Frankenberger. “Eu tinha acabado de sair do meu emprego no JP Morgan e entrado em um novo banco. Meu chefe era um grande jogador de poker e eu queria impressioná-lo.” O objetivo de Frankenberger era chegar à mesa final, mas acabou vencendo e ganhou a vaga para o Main Event da WSOP de 2008. A princípio, Frankenberger não estava certo de que queria ir. Ele chegou até mesmo a pensar em perguntar ao segundo colocado se ele gostaria de trocar a premiação, assim Frankenberger pegaria uma TV nova. Mas, outra vez, a vontade de impressionar o chefe falou mais alto. “Meu chefe dizia ‘Isso é muito bom, eu sempre quis jogar o Main Event’, então pensei que deveria ir.” Frankenberger foi para Vegas e acabou se divertindo muito. Ele até chegou a ir bem no torneio, caindo perto da premiação no Dia 3. Ainda assim, não tinha tanta pretensão. Ele até usou uma camisa azul bem clara durante o torneio por achar que a única chance de conseguir ver a si mesmo na ESPN era se visse sua camisa na tomada aérea do Amazon Room. Um ano depois, Frankenberger tinha uma decisão a tomar. Depois de 14 anos na Wall Street, ele estava pronto pra dar um tempo. “Eu acabei saindo do meu emprego em 2009, pois eu já vinha fazendo a mesma coisa há muito tempo e, apesar de eu gostar muito do que fazia, estava na hora de tentar algo novo. Eu viajei bastante. Estudei fotografia e piano. Quando eu saí do emprego, não queria ter um plano imediato sobre o que iria fazer. Jogar poker era parte disso.” O sucesso de Frankenberger no poker começou com um prêmio de seis dígitos em um torneio Deep Stack do Venetian. Algumas semanas depois, Frankenberger jogou o segundo WPT em sua vida no Legends of Poker do Bicycle Casino. O amador bateu um field de 462 jogadores e levou US$ 750.000, além de se colocar como um candidato ao título JdA do WPT. Frankenberger começou a pensar “É tão fácil quanto parece?” Aparentemente sim, pois ele continou a acumular premiações e mesas finais. Sua segunda mesa final no WPT veio no Bellagio Festa al Lago, dois meses depois, e ele quase chegou a uma terceira no Five Diamond Main Event em dezembro. Com todas essas premiações, ele deu um grande salto na liderança para o JdA, mas jogou todos os eventos seguintes para mantê-la. Ele arrumou tempo para jogar até mesmo outros eventos, chegando à mesa final da WSOP Circuit Regional Championship, em Atlantic City, em dezembro. Conforme percorria o circuito, Frankenberger foi fazendo amigos durante sua jornada. Ele cita Phil Laak como um dos seus melhores amigos do mundo do poker. Frankenberger também fez amizade com Todd Terry. “Todd é um cara com quem tenho muito em comum. Ele é de Nova York e abandonou sua carreira de advogado, e eu sou de Nova York e abandonei minha carreira na Wall Street.” A rotina de um jogador de torneios em tempo integral pode ser pesada para muita gente, mas Frankenberger realmente curte esse estilo de vida.
“Eu adoro viver em hotéis. É ótimo ter alguém que arrume a cama para mim”, brinca. Apesar de o estilo de vida de um jogador de poker parecer muito distante para alguém que trabalhava em um escritório, Frankenberger está acostumado a viver nas estradas, pois seu trabalho no banco exigia que ele viajasse por todo o mundo, inclusive para Moscou. Conforme Frankenberger foi conhecendo novos lugares e fazendo amigos, ele também aprendeu a adaptar seu jogo. Enquanto começou a temporada com a vantagem do anonimato, com o passar do tempo ele teve de descobrir quem o conhecia e quem não o conhecia. Mesmo com três mesas finais televisionadas, Frankenberger ainda conseguia se manter de certa forma desconhecido. “Muitas pessoas sabem quem eu sou e muitas não sabem”, Frankenberger admite. “Elas podem ter ouvido meu nome, mas não me reconhecem. Mas aqueles que me conhecem jogam contra mim de forma muito diferente daqueles que não me conhecem. Eu acho que minha imagem para uma pessoa que nunca jogou contra mim e vê que eu levo mais tempo do que o normal para tomar uma decisão é de que eu não sei o que estou fazendo.” Frankenberger não gosta de ser classificado como o único amador a receber as badaladas honras do WPT. Como ele mesmo aponta, depois de nove meses na estrada, ele não é mais um amador. Ainda assim, há um certo orgulho em possuir tal distinção. “Eu diria que, quando comecei, eu era um amador, mas no final eu estava focado. Quando decido fazer alguma coisa, eu mergulho de cabeça e realmente me envolvo. Eu acho bacana ter conquistado tudo isso no meu primeiro ano. Estou orgulhoso disso. Larguei a Wall Street e as pessoas me perguntam, ‘O que você fez neste ano?’ Bem, eu joguei poker e ganhei o título de Jogador do Ano do WPT.”Ainda não está claro se o ano de Frankenberger longe da Wall Street irá durar apenas um ano, visto que ele ainda tem alguns objetivos no poker. Mesmo com todo o sucesso, entretanto, os pensamentos de Frankenberger sempre se voltam para a Wall Street. “O mais divertido é que, quando deixei meu emprego, eu não tinha uma ideia imediata do que queria fazer, eu só queria ter um tempo livre e pensar sobre o próximo passo. Quando eu estava trabalhando, eu nunca tinha vontade de falar sobre a bolsa de valores.” Depois de alguns meses, Frankenberger descobriu que acompanhar as ações era legal, e em meio à rotina desenfreada de torneios, ele ainda encontrou tempo para fazer alguns negócios. Com o seu “ano de folga” acabando, Frankenberger continua seguindo seu plano de não ter um plano, mas se tivesse que arriscar, seu futuro está entre uma carreira de jogador de poker em tempo integral e de investidor na Wall Street. Levantar uma grana para investir em ações é uma opção, mas não parece provável que Frankenberger dará adeus ao poker tão cedo. Se uma coisa parece clara, no entanto, é .
“Eu diria que, quando comecei, eu era um amador, mas no final eu estava focado. Quando decido fazer alguma coisa, eu mergulho de cabeça e realmente me envolvo. Eu acho bacana ter conquistado tudo isso no meu primeiro ano. Estou orgulhoso disso. Larguei a Wall Street e as pessoas me perguntam, ‘O que você fez neste ano?’ Bem, eu joguei poker e ganhei o título de Jogador do Ano do WPT.”
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poker como um
rte 4 a P esporte Treinando especificamente para o poker
V Por travis steffen
Você jogou bem o dia todo e conseguiu chegar à mesa final. Olhando ao seu redor você vê algumas caras novas, alguns jogadores que você já conhece e, à sua esquerda, o jogador com a maior pilha de fichas da mesa. Ele é agressivo e você está certo de que ele é vencedor a longo prazo. Agora é a hora. As coisas vão bem por um tempo até que o inimaginável acontece… você toma uma bad beat. Em um minuto seu jeito calmo, tranquilo, é desafiado pela sensação de frustração que tenta dominar sua mente. Você sente seu rosto esquentar e solta fogo pelas ventas. Você sabe não pode se basear em resultados – principalmente depois de tomar boas decisões – mas eventualmente os altos e baixos da competição podem testar se até mesmo os melhores jogadores são capazes de não se alterar na mesa.
Ugh. Minhas costas estão me matando. Então você se dá conta de que seu pescoço está duro, suas costas doem e suas mãos estão geladas. Como você espera ter uma boa performance se todas essas coisas ficam tirando sua atenção do jogo? Pode ser complicado não estar no ponto certo quando competimos. Entretanto, se você tirar um tempo para preparar seu corpo para a competição, você irá não somente maximizar a performance do seu corpo e do seu cérebro, mas também irá reduzir a dor e aumentar a estamina, além de dar uma turbinada na sua energia e na atenção. Alguns métodos de treinamento podem até proporcionar algumas ferramentas úteis para ajudá-lo a controlar as respostas físicas e emocionais do seu corpo.
Treinamento Específico Os instrutores têm um termo útil que direciona o caminho para se criar um programa para um determinado atleta chamado de treinamento específico. Em resumo, isso significa que você quer oferecer aos atletas exercícios que os ajudem a simular movimentos feitos durante a competição.
Eu não entendi… Eu só fico lá sentado. Como isso se aplica a mim como um jogador de poker? Você tem razão – não são feitos muitos movimentos numa mesa de poker. Dito isso, o corpo ainda assim está trabalhando, e certamente os processos corporais ainda determinam o quão eficiente você será enquanto joga. O corpo e o cérebro ainda passam por experiências de estímulo e estresse, e preparar-se para esses fatores de estresse pode ser de grande ajuda “na hora do vamos ver”.
Ah, saquei como pode funcionar. Mas eu ainda não entendi como eu posso treinar para me preparar para o poker. Ficar sentado por longos períodos não é fácil. Bem, isso não é COMPLETAMENTE uma verdade. Mas ficar sentado por longos períodos enquanto mantém sua mente afiada, focada e atenta não
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WISDOM... xxxxxxxxxxxx
yoga que lhe proporcionam um treinamento que simula os “movimentos” que você faz na mesa. Há várias academias de yoga em todo lugar, mas você pode praticar yoga no conforto do seu lar seguindo as instruções Yoga Esta é uma das melhores formas de de um DVD. Um dos meus favoritos é a série melhorar sua performance numa mesa de Kate Potter’s Namaste Yoga. É um método de treinamento no qual poker. Yoga pode ser você pode fazer algumas posições uma ferramenta muito Há tambem durante os intervalos – ou mesmo útil, tanto mental quanto entre uma mão e outra – visando fisicamente. Yoga pode diversas manter seu corpo bem e alerta a ser muito difícil, mas é posições todo instante. extremamente agradável. é fácil. Você precisa de um nível maior de força nos músculos das costas e abdômen, além de estamina.
sentadas na
Além disso, é também yoga que lhe O Lado Mental da Yoga umas das ferramentas Enquanto muitos dos mais úteis que você proporcionam benefícios da yoga são físicos, há um treinamento pode ter como jogador também vários benefícios com os de poker. Os benefícios que simula os quais você pode tirar vantagem incluem aumento de força “movimentos” da mesa sem que ninguém nem nas costas e abdômen, de que você faz na mesmo perceba o que você está estamina, e um grande fazendo. Praticantes de yoga aumento na flexibilidade mesa. aderem à “respiração Ujjayi”. do seu corpo, o que pode Esta é, basicamente, uma forma de respirar reduzir o risco de lesões que muitas vezes causam dores crônicas que podem arruinar na qual seu foco está somente na respiração, deixando de lado qualquer estímulo externo seu foco na mesa. Há também diversas posições sentadas na presente, no qual você estaria focado. BLUFF • NOVEMBER 2010
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Vamos tentar. Enquanto eu aconselho um programa de treinamento completo e variado quando se treina para competir, o que inclui treinamentos cardiovasculares e de resistência, a yoga é um complemento fantástico, que pode oferecer alguns benefícios realmente valiosos, além de diversas ferramentas anti-tilt para um jogador de poker. De fato, acredito que a yoga seja tão útil que falo sobre isso nos capítulos 5, 6 e 8 do meu livro, Peak Performance Poker. Entretanto, se quiser mais informações, assim como dicas, sobre como treinar seu corpo especificamente para o poker, procure no capítulo 5. Até a próxima! Travis Steffen é um jogador de poker, treinador, consultor mental e instrutor em DeucesCracked. com. Seu novo livro, Peak Performance Poker – Revolutionizing the Way You View the Game, já está à venda. Para saber mais sobre como Travis pode ajudar seu jogo, você pode contatá-lo através da DeucesCracked.
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Tabloide do Poker Fundado em 1958 dentro de um barco por dois lokes e um traíra Editor-Chefe: Chapazapata
Fatos do Estudos Jurídicos Apontam: Jogar o WCOOP pode ser BSOP considerado Evasão de Divisas Da Redação - Especialistas na lei aka ADEVOGADOS QUE QUEBRARAM NO GAME, apontaram que você pode sim ser acusado de mandar dinheiro para o Exterior ao jogar todos os eventos do WCOOP no Poker Stars e fazer o bom e velho NENHUM ITM. Especialistas da Psicologia também apontaram que você tem problemas sérios quando fala que esse WCOOP está um sonho e não foi visto em nenhum evento, satélite ou mesmo railbird.
Roque Santeiro compra Full Tilt
Chatoville - Toda vez que alguém fala: “Essa foi a FT de melhor nível” é marcada uma “Luta do Século” no Boxe. Dadá City - Ao ver tweets na terceira pessoa do tipo: “ENGATAREMOS NO BSOP” “Forramos em Caldas Novas” “Quebramos no dia 1A” - Não perca a esportiva, apenas ofenda gratuitamente.
Chino Rheem abre Financeira
São Gonçalo - O jogador/devedor Chino Rheem aproveitou-se de sua habilidade para tomar empréstimos e não pagar, e passou para o outro Greenville, Atlântida - Depois de se juntar lado do negócio. Agora ele com Willy Wonka, Capitão Gancho e Tio Patinhas, o dá os créditos. Revolução do grande empresário que foi sem nunca ter sido Roque Poker? - Será que ele também Santeiro adquiriu as ações do Full Tilt e prometeu que incorrerá no mesmo erro em um futuro próximo o site voltará com força total. A Me Engana Que Eu Gosto Poker Series, será o primeiro de uns e outros e falar: Não evento notável. O único problema para os novos controladores será designar um Jesus e um Professor que empresto dólares, sim fichas, sejam mais gente boa com o seu dinheiro. você paga e eu não entrego.
Momento Poker Depressão?
Ao ver Jennifer Lopez jogando Poker poderíamos deduzir que é necessário Rabo para se ter sucesso no nosso esporte? Estudos comprovam: Até o Garçom do clube sabe que você se mexe todo na cadeira e desliga o Ipod quando tem A-A. Você, insiste em dizer que é reverse tell, mesmo sem saber o que diabos isso significa.
Curtinhas Tabloideanas:
* Você você você você você sabia que: Pode economizar milhares de dólares ao chegar da balada e evitar jogar bêbado indo dormir. * Você você você você você sabia que: Ao acordar depois dessa noite bêbado, você economizará mais milhares ainda se assistir ao futebol e vídeocassetadas. * Um blog de poker que nasce prometendo a Revolução e é abandonado, é como aquele pote de feijão que você queria que fosse sorvete. * Cavale sempre. Nunca quem fala “QUER ME ACAVALAR?” BLUFF • NOVEMBRO 2011
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Glossário
A B
ALL-IN: Ato de colocar todas as suas fichas disponíveis em jogo durante uma mão. ANTE: Valor obrigatório que deve ser colocado por todos os jogadores antes de receberem as cartas em alguns jogos de poker.
BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes do recebimento das cartas, cujo valor é definido pela posição na mesa e estrutura do jogo. BIG BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes de se receber as cartas em alguns formatos de poker. BORDO: Cartas abertas na mesa que podem ser utilizadas pelos jogadores envolvidos na mão nos jogos de Hold’em e Omaha. BOTÃO: Jogador na posição de dealer, que em geral é o último a agir na mão. BUY-IN: Valor mínimo necessário para se entrar num jogo ou valor de entrada num torneio. Blockers: São as cartas de um jogador que impedem que outro jogador complete a sua mão. Ex.: Se um jogador tem um Ás de espadas na mão e há 3 cartas comunitárias de espadas, o dono deste Ás sabe que o adversário não pode ter um flush em Ás, pois ele tem o blocker.
C D F
CARTAS COMUNITÁRIAS: O mesmo que bordo. CRAVAR: Ficar em primeiro lugar em um torneio de poker. CHECK: O mesmo que dar mesa. CHECK-RAISE: Abrir mão do direito de apostar em uma mão, e efetuar um aumento quando o oponente apostar.
DAR MESA: Abrir mão do direito de apostar em uma mão. DRAW: Jogos cuja estrutura permite que o jogador troque suas cartas. Em jogos Single Draw a troca só pode ser feita uma vez. Em jogos Triple Draw pode-se trocar as cartas 3 vezes.
FLOP: Em Hold´em ou Omaha são as três primeiras cartas comunitárias que serão abertas na mesa. FLUSH: Mão de poker que consiste em cinco cartas do mesmo naipe. FOLD: Desistir da mão e abrir mão do pote. FREEROLL: Torneio gratuito. FULL HOUSE: Mão de poker que consiste em uma trinca e um par. Fold Equity: Equidade de fold, ou seja, a chance do adversário desistir de sua mão, que deve ser considerada ao se fazer uma aposta.
H I K M
HUD: Heads Up Display é um programa que mostra as estatísticas do jogador e dos seus adversários no poker online. HEADS UP: Jogo ou jogada com apenas dois jogadores envolvidos.
ITM (In the Money): Zona de premiação de um torneio de poker.
KICKER: A carta mais alta não pareada que define o desempate de uma mão de 5 cartas.
Muck: A pilha de descartes ou o ato de descartar uma mão.
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BLUFF • NOVEMBRO 2011
L
LIMIT: Jogo estruturado de forma que o valor das apostas em cada momento é predeterminado. Exemplo: Limit Hold’em.
N O P
NO-LIMIT: Estrutura de apostas em que o jogador pode apostar todas as fichas que colocou em jogo em uma aposta. NOSEBLEEDS: Jogos no formato cash game de valores altíssimos.
Outs: Cartas que completam a sua mão ou que a tornam melhor que a do adversário. Ex.: Como um baralho tem 13 cartas de cada naipe, um jogador com 4 cartas de espadas tem 9 outs para completar um flush.
posição: Relação entre o lugar onde o jogador está sentado e o botão. POTE PARALELO: O pote separado que é formado quando um dos jogadores está de all-in.
Pot Odds: Razão entre o tamanho do pote e a quantidade necessária de fichas para pagar uma aposta. PLO: Pot Limit Omaha. Jogo com estrutura parecida com a do Texas Hold’em em que o jogador recebe 4 cartas e tem que usar duas cartas da mão e 3 cartas comunitárias para formar seu jogo.
R
RAISE: Aumentar uma aposta anterior durante uma mão. RAKE: Valor cobrado pela casa. Em torneios, este valor normalmente é apresentado separadamente do valor do prêmio. Ex.: 300 + 50, sendo 300 reais de premiação e 50 reais de rake. RE-RAISE: Aumentar o aumento de um jogador. RIVER: Última carta comunitária nos jogos de Hold’em e Omaha.
S
SHOWDOWN: O ato final que determina o vencedor da mão através da exposição de cartas ao término das apostas. SMALL BLIND: Aposta obrigatória que deve ser feita antes de se receber as cartas em alguns formatos de poker. STACK: Quantidade de fichas que um jogador tem em jogo. SEQUÊNCIA: Mão formada por 5 cartas consecutivas. STRAIGHT: O mesmo que sequência. STRAIGHT FLUSH: Mão formada por 5 cartas consecutivas do mesmo naipe. Suckout: Quando a mão com pior chance de vencer bate uma mão melhor. Slowroll: Demorar para mostrar a mão vencedora ao final da jogada. É considerada uma atitude desrespeitosa com o adversário. Street: Cada rodada de apostas em um jogo. Ex.: Apostar nas 3 streets significa apostar no flop, no turn e no river.
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TURN: Quarta carta comunitária nos jogos de Hold’em e Omaha.
Clubes H2 Club Rua Iguatemi, 236 . Itaim Bibi . São Paulo SP . Telefone (11) 3078-5884 - 3074-0090 Vegas Hold’em Club Rua Bento de Andrade, 312 . Jardim Paulista . São Paulo SP . Telefone (11) 3439-0104 - 7827-1099 K1 Clube Rua Cantagalo, 1.223 (antigo All-In Club) . Tatuapé . São Paulo SP . Telefone (11) 4119-5992 Espaço Zahle Rua Osório Duque Estrada, 40 . Jardins . São Paulo SP . Telefone (11) 3057-3831 BLUFF • NOVEMBRO 2011
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Retrato
Pius Heinz: campeão mundial de poker de 2011
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BLUFF • NOVEMBRO 2011
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Caio Pimenta, o maior jogador de torneios online do país e colunista da Bluff Brasil.
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