Aline Bordalo e Alexandre Araujo
Onde a Coruja e outras histórias Ilustrações de Mauro Britto
dorme
A EDITORA
A Livros Ilimitados é uma editora carioca voltada para o mundo. Nascida em 2009 como uma alternativa ágil no mercado editorial e com a missão de publicar novos autores dentro dos mais diversos gêneros literários. Sem distinção de temática, praça ou público alvo, os editores ilimitados acreditam que tudo e qualquer assunto pode virar um excelente e empolgante livro, com leitores leais esperando para lê-lo. Presente nas livrarias e em pontos de venda selecionados, tem atuação marcante online e off-line. Sempre antenada com as novidades tecnológicas e comportamentais, a Livros Ilimitados une o que há de mais moderno ao tradicional no mercado editorial. Copyright do texto © 2016 by Aline Bordalo e Alexandre Araujo Copyright das ilustrações © 2016 by Mauro Britto Copyright desta edição © 2016 by Livros Ilimitados Conselho Editorial: Bernardo Costa John Lee Murray ISBN: 978-85-66464-931 Projeto gráfico e diagramação: Mauro Britto e John Lee Murray Direitos desta edição reservados à Livros Ilimitados Editora e Assessoria LTDA. Rua República do Líbano n.º 61, sala 902 – Centro Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20061-030 contato@livrosilimitados.com.br www.livrosilimitados.com.br Impresso no Brasil / Printed in Brazil Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios.
Aos nossos filhos Patrick e Rafaela. A.B. e A.A. Para Érica, Matheus, Cirene e minhas afilhadas. Um agradecimento especial, para meu filho Miguel pelas inestimåveis dicas. M.B.
gol é a glória, a tática o caminho, a categoria o diferencial, a regra a justiça, mas o drible é a graça. O drible é a vitória da inteligência, a poesia da técnica, a risada diante do infortúnio, a brincadeira no lugar sério. O drible é a liberdade da invenção, a dança, a música do corpo. Para que serve o drible? Para a celebração da vida como festa. Os pequenos contos de Aline Bordalo e Alexandre Araujo são dribles. A criatividade popular cunhou expressões lindas e engraçadas que são de domínio público para quem ama futebol. E quando a gente ama, brinca. Aline Bordalo e Alexandre Araujo brincam com as palavras, as transformam e nos devolvem como presentes. São pequenas histórias amorosas para os pequenos. O futebol é encantador, também pelas palavras de Aline e Alexandre. Vamos jogar, torcer e ler. Moacyr Góes
ONDE A CORUJA DORME
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e longe apenas se ouvia um pio. Opa! Alguém ainda está acordado, olhando pro céu estrelado. A noite já havia chegado, mas ainda não era hora de dormir, pelo menos para Branca, a vistosa coruja que teimava em fazer seu ninho num campo de futebol.
Na verdade, como não gostava de dividir seu espaço com os quero-queros e os pernas-de-pau, Branca resolveu criar seus filhotes no alto da trave, bem na pontinha. Branca era uma corujinha muito atenciosa, sempre preocupada em defender seus filhotes das bolas perdidas e dos chutes mal dados. Frequentemente era incomodada. Quando os atacantes miravam a bola em sua direção, a coruja piava mais alto, abria as asas, tentando desviar a atenção dos atacantes. Não adiantava... “Por que cismam em colocar a bola bem onde minhas pequenas corujas dormem?”, pensava Branca. Mal sabia ela que muitos jogadores sonhavam em colocar a bola justamente onde ela botava seus ovos. Ora bolas! Às vezes, a coruja era atingida em cheio, atirada pra longe, acordando-a do seu sono profundo.
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FA
! A A T LL A A
O FRANGO QUE QUERIA SER GOLEIRO
R
ick era o frango mais tagarela da granja. Forte, vaidoso e muito esperto, costumava ganhar todas as galinhas no bico. Era o rei do galinheiro. Nasceu piando mais do que todos, anunciando sua chegada triunfal. O tempo passou e Rick não se calou. Pelo contrário, nosso amigo virou o centro das atenções. Até os galos mais velhos paravam para ouvir suas aventuras. Só uma coisa deixava Rick quieto, sem dar um pio... uma partida de futebol.
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Uma vez por semana, ele cumpria o mesmo ritual. Quando a noite caía e a granja ficava às escuras, Rick fugia até a casa do fazendeiro. Em silêncio, para não chamar a atenção dos lobos e não acordar os pintinhos mais novos, ele parava em frente à janela da casa. Ajeitava os galhos que serviam de poltrona para enxergar melhor a TV da sala e por ali ficava até o apito final. Ele amava futebol. Não tinha time, torcia para todos, vibrava com cada lance. Às vezes, arrancava as próprias penas de tão nervoso que ficava. O avô de Rick, o velho Mattos, sempre falava de um atacante apelidado de Galinho. Rick gostava de ouvir as memórias, mas nunca se interessou tanto pelos goleadores dos times; ele gostava mesmo dos goleiros. O frango vibrava com cada defesa e ficava impressionado ao ver como eles se jogavam sem medo de se machucar! Voavam feito aves para agarrar a bola lá no alto. Quando o jogo terminava, Rick voltava para o seu cantinho, sonhando fazer tudo igual. 18
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P E ÃO! M A C , É
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O DRIBLE DA VACA 28
T
oda noite, antes de dormir, Madalena olhava as estrelas e lembrava de seu saudoso marido, o touro Juan. Dois anos antes, ele havia morrido numa tourada em Madri, capital da Espanha. Madalena, felizmente, não assistiu ao triste fim de Juan, golpeado friamente com uma espada diante de milhares de pessoas. No entanto, a vaca nunca mais esqueceu o rosto do toureiro, estampado nas primeiras páginas dos jornais. Lembranças... José Lopez foi tratado como herói. Nas touradas é assim. O toureiro que consegue sair sem um arranhão do “espetáculo” e matar o touro no fim é carregado nos braços do povo. Esporte cruel! Seu Nonato, o dono da fazenda, leu a notícia em frente a Madalena, e sem querer deixou a página com a foto do toureiro voar. Ela foi parar justamente no lugar onde Madalena pastava. Seu Nonato se sentia culpado por ter vendido seu melhor touro a um velho amigo espanhol. Ele não imaginava que Juan participaria de uma tourada. 29
A fazenda onde Madalena viveu anos com o marido era enorme. Tinha até um campo de futebol, meio castigado, é verdade. Do curral, a vaca assistia às partidas realizadas ali pelo prefeito da cidade. Era um passatempo bem interessante, Madalena já até sabia as regras do jogo, e sempre escolhia um time para torcer. Era “pata quente”, geralmente seu time vencia. Mas o futebol também trazia lembranças de Juan. O touro sonhava em ser zagueiro. Tinha força e não temia os adversários. Era uma verdadeira muralha. As outras vacas não gostavam muito de futebol, preferiam a monotonia de uma caminhada. Madalena não tinha com quem conversar sobre esquema tático, fazer apostas e dividir seu entusiasmo pelo esporte. Certo dia, apareceu um ônibus diferente na fazenda. Não era como os dos outros times, tinha o retrato de um touro e a bandeira da Espanha pintados nas laterais. Um por um, os jogadores foram saltando do ônibus. De repente, a vaca reconheceu um deles. 30
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O QUERO-QUERO ARTILHEIRO
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ra uma vez um pássaro quero-quero chamado Garrinchinha. Ele tinha as pernas tortas e morava no gramado do estádio do Maracanã. Em dia de jogo, era um Deus-nos acuda. Garrinchinha tinha muito medo dos jogadores chutarem seus amigos e seus ovinhos, que ficavam espalhados dentro das quatro linhas. Numa tarde de domingo estava para acontecer a final do Campeonato Carioca. Fla X Flu. As arquibancadas estavam lotadas, uma gritaria danada. À medida em que os torcedores chegavam, Garrinchinha ficava mais assustado. Como ele poderia proteger sua família e seus amigos, alguns ainda nem nascidos?
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O juiz apitou, o jogo começou. Chuteiras para lá e para cá e Garrinchinha não sabia para onde correr. Encontrou um cantinho perto de uma bandeira. Mal sabia ele que aquele era o lugar do escanteio. Quando a bola saiu pela linha de fundo, o jogador do Fluminense veio em direção a Garrinchinha. Por muito pouco ele não foi confundido com a bola. No intervalo do jogo, ele pôde respirar e descansar um pouco. Mas depois de quinze minutos, todos voltaram ao campo e o desespero de Garrinchinha recomeçou.
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DEU ZEBRA!
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ichos de todas as partes vieram prestigiar a partida. Os leões indomáveis, os cangurus australianos, os canários belgas, uma animada turma de pastores alemães e até os tigres siberianos lotaram as arquibancadas para a decisão. O jogo estava quase no final, clima de tensão em campo. As hienas, sérias, bombardeavam a zaga das zebras. Àquela altura, o empate não era um resultado tão ruim para as listradas. Mas, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, o juiz marcou escanteio para as hienas. Empurra-empurra dentro da área, a bola viajou pelo ar e encontrou a cabeça da zebra Olívia... Suspense!
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A “redonda” entrou de mansinho no canto do goleiro. Gol... contra. Olívia desabou no chão. O árbitro, o elefante Jorjão, que, diga-se de passagem, estava um pouco fora de forma, encerrou o jogo. Vitoriosas, as hienas caíram na gargalhada. Um desastre na história da nossa zagueira.
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Aliás, a vida de Olívia nunca foi muito colorida; afinal de contas, é uma zebra. Com ela era preto no branco, ou branco no preto, nunca soube responder. Brincadeiras à parte, Olívia sempre foi muito educada, alegre e estudiosa. Passava dias e dias debruçada sobre os velhos livros da mãe. Sonhava um dia ser uma grande escritora, viajar pelo mundo em busca de novas culturas. Dona de um conhecimento invejável, se destacava das outras zebrinhas, embora, na maioria das vezes, ficasse de fora das brincadeiras. Se sobrava talento para a literatura, faltavam algumas habilidades à pequena Olívia. Desengonçada e atrapalhada, era sempre a última a ser escolhida para as animadas partidas de futebol do zoológico. Era trocada até pelo bicho-preguiça!
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MAURO BRITTO ILUSTRADOR
Designer gráfico, ilustrador, carioca e tricolor, formado na UFRJ em 1996. Já ilustrou para Fundação Biblioteca Nacional, Petrobrás, NET, Booking.com, Shell, Prefeitura do Rio, AmBev, entre outros. Aos 44 anos, ilustra seu segundo livro infantil e já pensa no próximo.
Foto de Diego Mendes.
ALINE BORDALO e ALEXANDRE ARAUJO AUTORES
Aline Bordalo e Alexandre Araujo são rivais nas arquibancadas, mas foram unidos pelo futebol. O mando de campo era dele, jogava em casa e o estúdio da rádio estava lotado. Ela era a visitante, mas não se deixou intimidar pelo adversário. Repórter esportiva, apaixonada pelo esporte, dava olé quando o assunto era futebol. Ele pressionava de outro lado, tentava arriscar um lance mais ousado. Ela se defendia com muita firmeza e o jogo terminou empatado em 0 a 0. Quando as luzes do campo se apagaram, decidiram que a partir dali jogariam no mesmo time. Era o pontapé inicial de uma dupla de sucesso, dentro e fora do campo. Decidiram escrever histórias juntos, casaram no Maracanã, marcaram um gol de placa. Nesses divertidos contos, Aline e Alexandre mostram entrosamento, batem uma bola redonda e comemoram juntos mais uma vitória na carreira.
Onde a coruja dorme e outras histórias é o novo livro de Aline Bordalo e Alexandre Araujo. A dupla brinca e reinventa estereótipos populares do futebol brasileiro. O casal de autores mostra muito entrosamento e um excelente padrão de jogo para trazer aos leitores um livro único, repleto de diversão. Com o apoio no meio de campo do ilustrador Mauro Britto, o time sai para o jogo em busca da vitória. Sem retranca, Onde a coruja dorme e outras histórias é uma goleada de diversão.
ISBN: 978-85-66464-931
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