Livro - Guia Prático de Interpretação dos Gêneros Textuais

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Eliak Henrique Caetano Jerley Pereira da Silva Luís Fernando Ferreira de Araújo

Guia Prático de Interpretação dos Gêneros Textuais

1ª Edição

São Paulo

Paulo´s Comunicação e Artes Gráficas Ltda.

2014



A língua é minha Pátria eu não tenho Pátria: tenho mátria (Caetano Veloso)



Guia Prático de Interpretação dos Gêneros Textuais


© Copyright, Eliak Henrique Caetano, 2014 Guia prático de interpretação dos gêneros textuais Proibida a reprodução ou distribuição, mesmo parcial, sem autorização escrita do detentor de direitos autorais. 1ª Edição 2014 ISBN 978-85-88246-23-2

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Caetano, Eliak Henrique Guia prático de interpretação dos gêneros textuais / Eliak Henrique Caetano, Jerley Pereira da Silva, Luís Fernando Ferreira de Araújo. -- 1. ed. -- São Paulo : Paulo`s Comunicação e Artes Gráficas, 2014. Bibliografia. 3. Textos I. Silva, Jerley Pereira da. II. Araújo, Luís Fernando Ferreira de. III. Título. 14-06221

CDD-418

Índices para catálogo sistemático: 1. Gêneros textuais : Linguística aplicada 418


APRESENTAÇÃO Você acaba de adquirir um guia prático sobre gêneros textuais, ele foi desenvolvido especialmente para você que está em busca do seu potencial para compartilhar o bom, o belo e o verdadeiro. Com ele, você compreenderá tudo sobre Gêneros Textuais, Técnicas de Redação, Gêneros Literários, Gêneros Narrativos, Elementos da Narrativa e da Narração, Espécies do Gênero Narrativo: Conto, Telenovela, Novela, Romance, Crônica, Teatro, Gênero Lírico, Escolas Literárias: Quinhentismo, Barroco (Seiscentismo),Arcadismo (Setecentismo), Romantismo, Realismo/Naturalismo, Simbolismo, Pré-Modernismo e Modernismo. Aprofundar-se em gêneros textuais é como mergulhar na sua própria essência, submergir nas profundezas do desconhecido e descobrir o inimaginável do que estava oculto, porém, as cortinas já se abrem para um novo alvorecer. A partir desses novos horizontes neste guia, serão possibilitadas leituras mais agradáveis e iluminadas, suas novas descobertas terão um novo sabor e cada entrelinha exprimirá o mais completo sentido de cada palavra. Lembre-se de que você tem a mais perfeita essência, como origem a sabedoria, a perfeição e a plenitude, sendo assim, tudo é possível e o melhor caminho é a busca pelo autoconhecimento, portanto, faça uma introspecção e perceba o seu potencial. Tenha sempre como embasamento o altruísmo, a benevolência e o verdadeiro compartilhar, que patamares inimagináveis sempre serão alcançados. Tenha em sua consciência propósitos verdadeiros, que você será capaz de desbravar este pedacinho de chão e ir além do horizonte.

Eliak Henrique Caetano Administrador e Estudioso dos Gêneros Textuais


SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – GÊNEROS TEXTUAIS ..........................................

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CAPÍTULO 2 – ESPÉCIES DO GÊNERO NARRATIVO ..................... 17 CAPÍTULO 3 – GÊNERO LÍRICO ................................................ 29 CAPÍTULO 4 – ESCOLAS LITERÁRIAS ........................................ 33 REFERÊNCIAS ......................................................................... 41


Guia Prático de Interpretação dos Gêneros Textuais

CAPÍTULO 1

GÊNEROS TEXTUAIS

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Gênero é um tipo de texto literário, definido de acordo com a sua estrutura.

Gêneros Literários • Épico – é o gênero narrativo ou de ficção que se estrutura sobre uma história. • Lírico – é o gênero ao qual pertence a poesia lírica. • Dramático – é o gênero teatral, isto é, aquele que engloba o texto de teatro.

Gênero Narrativo As narrativas em prosa são: o romance, a novela, o conto e a crônica. Narrativa: é a mudança de situação provocada pela ação de um personagem. Ação dentro da narrativa é aquela em que os personagens passam por transformações dentro da história por meio de uma intriga.

Elementos da Narrativa: • Personagem Plana: única característica dentro da trama. • Personagem Redonda: várias características dentro da trama. • Espaço Físico: lugares dentro da trama e Espaço Psicológico: espaço de recordações dos personagens. • Tempo Cronológico: aqui e agora dentro da trama e Tempo Psicológico: tempo de recordações dos personagens. • Enredo é o conjunto encadeado de fatos.

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• Conflito: é o momento de tensão máxima da história, o momento decisivo. • Narrador Personagem: além de narrar, participa da história em primeira pessoa e Narrador Onisciente: é aquele que sabe de toda a história, narra na terceira pessoa. • Discurso Direto: o personagem fala dentro da história - Ex: Antônia Joelma disse: - Estou cansada. • Discurso Indireto: o narrador fala pelo personagem - Ex: Antônia Joelma disse que estava cansada. • Discurso Indireto Livre: é a fala ou pensamento do personagem. Consiste na mistura do discurso direto e indireto - Ex: Antônia Joelma disse. Estava cansada. Exemplo de narrativa: “... Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas. As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã”. (MACHADO DE ASSIS, 1992)

ATIVIDADE 1 Redija uma narrativa sobre o tema abaixo: No Parque Ibirapuera, um menino sentado em um banco chorando. 14


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Narração Narração é um relato, um acontecimento. O texto abaixo foi usado como exemplo para que possamos ter uma noção do que é narração. Os elementos são: o quê, quem, quando, onde, como, por quê. “Por não querer atingir algumas pessoas, domingo em São Paulo, o motorista jogou seu caminhão contra o poste. Por essa razão não pôde chegar ao seu destino”. (AUTOR DESCONHECIDO)

ATIVIDADE 2 Redija uma narração sobre a imagem abaixo:

Fonte: (Jornal Folha de São Paulo/2010)

Gênero Dissertativo • Designa a exposição, explanação e argumentação de ideias. • Tema: é o assunto. • Título: é o nome que se dá ao assunto. 15


Estrutura do Texto Dissertativo INTRODUÇÃO Apresentação da ideia. DESENVOLVIMENTO Argumentar a ideia. CONCLUSÃO Ponto de vista sobre a ideia principal. Características da Dissertação: 1- Evitar períodos longos. 2- Evitar repetições de palavras. 3- Denotação. 4- Usar linguagem acessível para o leitor. 5- 3ª pessoa. 6- Ser direto e objetivo. ► Método Indutivo: da conclusão para a ideia. ► Método Dedutivo: da ideia para a conclusão. Os Processos Básicos do Racicínio Dedução: Argumento condicional: traz uma condição. Nesse argumento, usa-se a conjunção se. Argumento de causa e consequência: traz motivo e efeito nas ideias. Indução: Argumento enumeração: enumera as ideias ou fatos. Argumento de autoridade: traz uma autoridade falando sobre o tema. Argumento de comparação: faz comparações entre duas ou mais ideias. 16


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PROBLEMA E SOLUÇÃO Um fator importante no sucesso de qualquer tratamento nas clínicas de dependência química, até alguns anos, era o isolamento do paciente. Não apenas ele só tinha direito a visitas nos fins de semana como seu acesso ao telefone era regulado - havia um único aparelho comum, e cada interno só podia usá-lo dez minutos por semana. A ideia era a de que o sujeito estava ali para se tratar, não para fazer vida social, e uma clínica para esse tipo de tratamento não é um spa, resort ou salão de cabeleireiro. Supunha-se que, para suportar a dureza da súbita abstinência e, aos poucos, adquirir alguma lucidez para absorver as palestras e terapias, o paciente não devia ficar exposto a solicitações externas como saber que o filho tirou zero em matemática, o cunhado sofreu sequestro-relâmpago ou a namorada fugiu com o entregador de pizza. Por mais graves, esses problemas só podiam ser enfrentados depois que o paciente aprendesse a lidar com o seu inimigo maior, o álcool, a droga ou ambos. Mas isso, naturalmente, foi antes de celular, internet, Twitter, Orkut, Facebook e outras “ferramentas” que tornaram impossível qualquer privacidade. Como fazer com que o fulano se concentre no tratamento se o mundo não o deixa em paz, nem ele o mundo? As clínicas mais responsáveis têm aplicado ao celular a medida que já adotavam em relação a outras coisas na entrada do paciente, como dinheiro, desodorante líquido, loção pós-barba, remédios para dormir, moderadores de apetite e vários tipos de medicamento: o confisco. Não se pode correr o risco de o camarada, na agonia da abstinência, beber Aqua Velva ou cheirar Melhoral. Da mesma forma, antes de quebrar a corrente que o prende a certas substâncias, o indivíduo precisa esquecer temporariamente que o mundo existe. Por incrível que pareça isso é possível. (CASTRO, Ruy. Problema e solução. São Paulo, Jornal Folha de São Paulo, Caderno Opinião, junho/11)

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ATIVIDADE 3 Identifique no Texto: - Dedução ou indução. - Tipos de argumento. - Introdução, desenvolvimento e conclusão.

Leitura Complementar: GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. 2. ed. São Paulo: Ática, 1999. A obra é um guia para estudo de análise do texto ficcional. A autora nos ensina como trabalhar os elementos da narrativa em textos literários ou não literários.

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CAPÍTULO 2

ESPÉCIES DO

GÊNERO NARRATIVO

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CONTO É uma narrativa curta e breve.

Características do Conto: • • • • • • •

Número reduzido de personagens. Uma unidade de ação. Discurso direto e indireto. Narrador personagem e onisciente. A trama é linear e objetiva. Unidade de tempo e espaço. Um só conflito.

Tipos de conto: Conto de ação: é aquele que predomina a aventura. Exemplo: As mil e uma noites. Conto de personagem: é aquele que a ação se centraliza no personagem. Exemplo: Feliz Aniversário de Clarice Lispector. Conto de cenário: é aquele que se organiza em torno do cenário. Exemplo: Assombramento de Afonso Arinos.

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Uma Vela para Dario Dalton Trevisan Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque. Ele reclinouse mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca. Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata. Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las. Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo 22


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e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso. Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papeis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade. Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes. O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão. A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto. Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto, e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos. Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.

ATIVIDADE 4 Redija um conto sobre o tema: A menina e o pavão.

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TELENOVELA A telenovela desenrola-se em uma pluralidade dramática, isto é, várias células dramáticas, ligadas entre si. Cada célula tem seu próprio conflito, que, no decorrer da história, o autor vai resolvendo, dentro de uma sucessividade de ações. A linguagem da telenovela é simples, possibilitando ao telespectador acompanhá-la sem maior esforço de entendimento. O ritmo é acelerado, baseia-se na ação, por isso é uma narrativa ágil. Em decorrência da pluralidade dramática, a telenovela tem um número ilimitado de personagens. Na telenovela, a narrativa gira em torno das ações dos personagens. As ações executadas pelos personagens para atingir seus objetivos constituem a parte essencial da narrativa. Podemos dizer o que move a narrativa é o desejo do personagem em conseguir seus objetivos. Dentro da estrutura da telenovela, o importante é a composição dos capítulos. O capítulo é seu elemento chave e serve para dar movimento à história, por intermédio dos personagens.

ATIVIDADE 5 Analisar um capítulo de uma telenovela em relação à estrutura da narrativa.

NOVELA Uma narrativa longa.

Ação: • • • •

Várias ações. Linear. Cada unidade tem fim. Uma fieira de contos encadeados. 24


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Tempo: Cronológico. Espaço: Num único lugar. Narrador: Onisciente – 3ª. Pessoa. Tipos: • Cavalaria – aventura – o homem ultrapassando as limitações de sua própria condição. • Picaresca – vida irregular, vadia. A ação se desenrola a espera de novos acontecimentos. • Policial – existência de um crime.

ATIVIDADE 6 Analisar as características de uma novela dentro da obra A morte de Quincas Berro D’água de Jorge Amado.

ROMANCE Uma narrativa longa.

Ação: • Pluralidade dramática. • Menor número de unidades dramáticas e todas estão interligadas simultaneamente.

Espaço: • Pluralidade geográfica. • Físico e psicológico. 25


Tempo: • Cronológico. • Psicológico.

Personagem: • • • •

Plano e redondo. Protagonista. Antagonista. Secundário.

Narrador: • Onisciente. • Personagem.

Diálogo: • Direto / Indireto. • Indireto – Livre.

ATIVIDADE 7 Analisar as características do romance Dom Casmurro de Machado de Assis.

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CRÔNICA • • • • • •

Registrar o circunstancial. Narrativa curta. Existe a liberdade do cronista. Surge primeiro no jornal – efêmero e morre 24 horas. Os acontecimentos são rápidos e o cronista precisa ser ágil. O cronista fica na superfície de seus comentários, sem ter sequer a preocupação de colocar-se na pele de um narrador. • Narrada em 1ª e 3ª pessoas. • Assunto – busca do pitoresco do cotidiano de cada um. • Narrador – repórter – que se coloca na posição de quem está a serviço da vida.

O Pavão Rubem Braga Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico. Rio, novembro, 1955 27


ATIVIDADE 8 Redija uma crônica sobre um fato do dia-a-dia.

TEATRO • Reunião de espectadores. • Teatro escrito – leitura representada. • Ator é o fator essencial da encenação.

Estrutura: Ação compreende: • Personagem – projeta o plano de ação. • Situação – fato dramático. • Personagem vive a situação a ser representada. • Unidade dramática.

Cena: • Entrada e saída dos personagens. • Unidade dramática no teatro.

Personagem: • Não precisa do narrador. • Precisa do intérprete para existir e definir-se. • Protagonista / Antagonista / Secundário.

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Espaço: • Desenvolve em um só lugar.

Tempo: • Representação – duas ou três horas da existência da peça. • Ação – tempo que atua. • Intriga – sucessão dos acontecimentos.

Cenário: • Ambiente visual onde vai desenvolver a ação. • Vestuário, iluminação, música, ruídos, etc.

As Falas dos Personagens: • Diálogo – conversa entre as personagens ao longo da trama. • Monólogo – discurso de apenas uma personagem sem a intenção de obter respostas com o público. • Cria uma cumplicidade com o público.

Os Gêneros Teatrais • • • • • •

Comédia – procura provocar o riso por meio de diálogo. Tragédia – por meio de um conflito - Shakespeare. Drama – visa emocionar o público – Nelson Rodrigues. Autorrepresentação dramática sobre tema religioso. Farsa – representação cômica sobre assunto geral ou religioso. Engajado – busca denunciar as mazelas e misérias humanas, os preconceitos, etc. Ex.: Eles não usam Black-tie de Guarnieri. 29


ATIVIDADE 9 Analisar a estrutura de uma peça de teatro.

Leitura Complementar: STALLONI, Yves. Os gêneros literários. 2. ed. São Paulo: Difel, 2003. O autor procura mostrar a noção de gênero e ao mesmo tempo fazer o leitor reconhecer os gêneros literários dentro de cada texto e classificá-los dentro da literatura.

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CAPÍTULO 3

GÊNERO LÍRICO

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Gênero Lírico – trata-se de uma revelação subjetiva de uma exposição dos sentimentos humanos, como a alegria, a tristeza, o amor, a inquietação, a fatalidade, etc.

Características: • • • •

Subjetividade. O autor registra seu mundo interior. Não há narrador. A voz que fala no poema é chamada de eu-lírico. Eu-lírico: define-se como um eu que se autoexpressa para se conhecer, para se comunicar ao leitor. • Linguagem verbal. Poesia lírica é aquela que essencialmente expressa sentimentos. Exemplo:

Ontem Carlos Drummond de Andrade Até hoje perplexo ante o que murchou e não eram pétalas. De como este banco não reteve forma, cor ou lembrança. Nem esta árvore balança o galho que balançava. 33


Tudo foi breve e definitivo. Eis está gravado não no ar, em mim, que por minha vez escrevo, dissipo.

ATIVIDADE 10 Faça uma análise interpretativa do texto abaixo em relação ao gênero lírico: “Cruzando Raios Estrelas vão fugindo Entre os faróis e o mar O nosso amor sumindo Entre partir, ficar. Entre o norte, o sul. Cruzando sobre os raios Antenas de TV Porque você me olha se você não me vê Sobre os oceanos Em doces guerras frias Não deixa anoitecer Não deixa escurecer O nosso dia”. (Orlando Morais)

Leitura Complementar: PAIXÃO, Fernando. O que é poesia. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1982. A obra é fácil e completa para iniciantes na análise de poesia, pois o autor conceitua noções básicas sobre o gênero lírico e oferece um roteiro para análise de interpretação de poema e poesia. 34


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CAPÍTULO 4

ESCOLAS LITERÁRIAS

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As obras literárias são divididas em escolas literárias, a saber:

Quinhentismo • Século XVI – conjunto de textos sobre o Brasil, que evidenciam a condição brasileira de terra nova a ser conquistada; • Literatura informativa – com os olhos voltados à conquista material (ouro, prata, ferro, madeira, etc.); • Pero Lopes de Sousa – Diário de navegação; • Pero de Magalhães Gandavo – Tratado da Terra do Brasil; • Literatura dos Jesuítas – voltada à catequese; • José de Anchieta – Cartas, informações, Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil; • Manuel da Nóbrega - Cartas do Brasil.

Barroco (Seiscentismo) • Denomina as várias manifestações artísticas que marcaram o Século XVII e início do século XVIII; • Tensão entre teocentrismo e antropocentrismo; • Utilização de frases interrogativas; • Fugacidade da vida e das coisas; • Morte, expressão máxima da efemeridade das coisas; • Arrependimento; • Narração de cenas trágicas; • Apelo à religião; • Antítese - é a figura mais comum do Barroco; • Contrarreforma – reação da igreja católica; • Literatura baseada em antíteses, hipérboles; • Expressam a angústia existencial;

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• Cultismo (Jogo de palavras visando a valorização da forma do texto, corresponde ao detalhismo) e Conceptismo (plano das ideias, a organização da frase com uma lógica que visa a convencer e a ensinar); • Autores: - Padre Antônio Vieira – Sermão da Sexagésima; - Gregório de Matos – Poesia lírica.

Arcadismo (Setecentismo) • Iluminismo, aliança entre os reis e a burguesia, formação da ideologia burguesa; • Palavra que deriva de Arcádia, região da Grécia. A Arcádia simbolizava o ideal de vida; • Uso de pseudônimos pastoris (falam e agem no poema); • Objetividade; • Predomínio da razão; • A natureza como cenário; • Fugir da cidade; • Fundação de Arcádia, Academias literárias, Setecentismo; • Quanto à forma: construir períodos curtos, vocabulário mais fácil, verso sem rima; • Oposição ao Barroco; • Autores: - Cláudio Manuel da Costa – obras poéticas; - Basílio da Gama – O Uruguai; - Santa Rita Durão – Caramuru; - Tomás Antonio Gonzaga – Marília de Dirceu; - Alvarenga Peixoto – Enéias no Lácio.

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Romantismo • A literatura procura a libertação das formas; • Volta ao passado para fugir dos conflitos do mundo atual; • O indivíduo passa a ser o centro das atenções, carregado de imaginação e sentimentos; • Subjetivismo; • Escapismo; • Valorização do eu, gerando o egocentrismo; • A natureza passa a ser o tema poético para o romântico; • Fuga à realidade para um mundo imaginário, criado a partir de sonhos e emoções; • Primeira Geração: Marcado pela exaltação da natureza, criação do herói nacional, o índio – Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães; • Segunda Geração: Impregnada de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão. Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire; • Terceira Geração: - Caracterizada pela poesia social e libertária – Castro Alves e Sousândrade; - Castro Alves – Espumas flutuantes, Navio Negreiros, Os escravos, Vozes da África. • Prosa: - Bernardo Guimarães – A escrava Isaura, O garimpeiro, seminarista; - Joaquim Manuel de Macedo – A moreninha; - José de Alencar – Iracema, O Sertanejo, Senhora, Lucíola, O guarani; - Manuel Antônio de Almeida – Memórias de um sargento de milícias; - Franklin Távora – O cabeleira. 39


Realismo/Naturalismo Naturalismo: Baseia-se numa concepção predominantemente materialista do homem e da sociedade. Autores: - Aluísio de Azevedo - O cortiço. - Raul Pompeia - O Ateneu. Realismo: • Texto objetivo; • Designa uma maneira de agir, de interpretar a realidade; • Intenção crítica – o autor mostra em sua obra uma crítica da realidade; • Deformações de caráter; • Comportamento humano é determinado por fatores sociais; • Avanço industrial; • Circulação de livros e jornais; • Segunda Revolução Industrial – inicia-se em 1850, com a industrialização da França, da Alemanha, da Itália, dos Estados Unidos e do Japão; • Valorização dos temas quotidianos tais como: vida familiar (educação e adultério), vida econômica (ambição, opressão) e vida cultural e social (política, jornalismo); • Ficção e realidade – hibridismo; • Machado de Assis – Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, etc.

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Simbolismo • • • • • •

Subjetivismo; Poesia deve aproximar-se da música; A realidade deve expressar-se de maneira vaga e imprecisa; Sinestesia na poesia; Linguagem repleta de símbolos; Valoriza a musicalidade das palavras, a imaginação e a fantasia do autor; • Busca da essência do ser humano; • Cruz e Souza – Broqueis, Missal; • Alphonsus de Guimarães – Salmos da noite.

Pré-Modernismo • • • • •

É uma fase de transição; Permanência de características realista-naturalistas, na prosa; Narrativa quase documental; Os problemas da fixação dos imigrantes em terras brasileiras; A decadência econômica dos vilarejos e da população cabloca do Vale do Paraíba; • Autores: Monteiro Lobato, Euclides da Cunha, Lima Barreto.

Modernismo • Liberdade de criação; • Semana da Arte Moderna realizada em São Paulo em 1922, estabelecendo os limites entre o velho e o novo; • Desprezo pela rima e pela métrica; • Abandono da linguagem tradicional;

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• • • •

Primeira Fase – rompimento com todas as estruturas do passado; Mario de Andrade; Oswald de Andrade – liderou o movimento modernista no Brasil; Segunda Fase – questionamento da realidade nas obras: - Carlos D. Andrade; - Cecília Meireles; - Vinicius de Andrade; - Murilo Mendes.

ATIVIDADE 11 Analisar o romance “Amar, Verbo Intransitivo” de Mario de Andrade em relação às escolas literárias.

Leitura Complementar: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1988. Trata-se de uma obra completa sobre as escolas literárias com análise de textos literários de acordo com a época de todas as escolas literárias.

ATIVIDADE 12 1. O que é conto? 2. Qual a diferença entre novela e romance? 3. Explique as características do teatro. 4. Explique as características da novela. 5. Como você define a ação dentro do conto? 6. Como você define a ação dentro do teatro. 7. Qual a diferença entre telenovela e novela?

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REFERÊNCIAS

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Guia Prático de Interpretação dos Gêneros Textuais

ARAUJO, Luís Fernando. A telenovela na intersecção do conto. São Paulo: Paulo’s, 2012. ASSIS, Machado. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1992. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1988. FARACO, Carlos Emílio e MOURA, Francisco Marto. Língua e literatura. 2. ed. São Paulo: Ática, 1997. MOISÉS, Massaud. História da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1984. _______________ A criação literária. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1979. MUNIZ, Paula. Redação e interpretação de texto. São Paulo: Rideel, 2011.

Jornal: CASTRO, Ruy. Problema e solução. São Paulo, Jornal Folha de São Paulo, Caderno Opinião, junho/11.

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ORGANIZADORES Eliak Henrique Caetano Formado em Administração de Empresa. Especialista em Gêneros Textuais.

Jerley Pereira da Silva Mestre em Educação: Currículo - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Pós-Graduado em Gestão de Pessoas para Negócios e Consultoria Empresarial. Bacharel em Administração Universidade Ibirapuera - UNIB. Licenciado em Pedagogia - Centro Universitário Ítalo Brasileiro - Uniítalo. Gestor Educacional dos Cursos de Pós-Graduação nas Áreas de Negócios, Saúde e Educação. É pesquisador do GEPI (Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade - PUC/SP) e do INTERESPE (Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação - PUC/SP). Gestor de Projetos Educacionais e Empresarial. Diretor Executivo da Empresa APPROVATUS Consultoria Educacional e Empresarial. E-mail: jerley@approvatus.com.br.

Luís Fernando Ferreira de Araújo Doutor em Educação, Arte e História da Cultura. Formado em Letras e Comunicação Social. Especialista em Teoria da Comunicação e Gramática da Língua Portuguesa. Mestre em Ciências da Comunicação e Educação, Arte e História da Cultura. Publicou quatro livros sobre telenovela. Professor do Centro Universitário Ítalo Brasileiro e Faculdades Metropolitanas Unidas.

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Este guia é de iniciação na análise de texto. Examina os gêneros textuais, literários e também as escolas literárias. Os organizadores procuram de uma maneira didática como trabalhar com os gêneros textuais em sala de aula. Este guia auxilia iniciantes, professores e estudantes de todas as áreas na análise de interpretação de textos.

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