Lona - Edição nº 498

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RIO DIÁ do

Curitiba, terça-feira, 2 de junho de 2009 - Ano XI - Número 498 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

UP conquista oito prêmios na Expocom Sul 2009

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jornalismo@up.edu.br Gustavo Krelling/LONA

Vanessa Dasko/LONA

O telefone celular e a internet foram algumas das ferramentas de comunicação citadas durante os debates do Intercom Sul 2009. No evento, que reuniu cerca de 1500 pessoas em Blumenau, discutiu sobre as novas possibilidades que os meios de comunicação da era digital possibilitam. O debate aconteceu no último fim de semana, e durante o congresso uma exposição exibiu trabalhos de estudantes e profissionais da comunicação dos três Estados da Região Sul. O Curso de Jornalismo da Universidade Positivo teve 21 trabalhos classificados e foi premiado em oito. Em setembro acontece a etapa nacional do Intercom em Curitiba. A UP será a sede do evento. Os organizadores esperam que cinco mil pessoas de todo o país participem das discussões. Páginas 4 e 5

BRASI

Ensaio mostra figurinos da Ópera de Viena - Página 8

Entrevista

Futebol

Editora da revista Cult diz acreditar no uso da cultura contra a barbárie

Curitiba deve receber pelo menos três jogos da Copa do Mundo em 2014

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Opinião

Fotos: divulgação

Política

Televisão

Cantinho da

disciplina Primeiro passo

Cássio Bida de Araújo E Sílvio Santos perdeu a batalha na justiça. O Ministério Público proibiu a participação da menina Maísa Silva no programa do “homem do baú”. De tanto provocar, foi Sílvio, e não a pequenina, que saiu no prejuízo. Para resgatar a memória dos leitores, na quarta-feira, dia 27 de maio, publiquei nesta página um texto que relatava o caso. Para resumir a história: nos dias 10 e 17 de maio durante o quadro “Pergunte à Maísa”, Sílvio Santos expôs a menina a duas situações constrangedoras. Primeiro assustou a pequena ao colocar um menino maquiado de “monstro” no palco. Na semana seguinte, deu uma bronca na criança dizendo que ela chorava sem motivo e puxou o coro de “medrosa” junto com o auditório. Maísa saiu chorando do palco e bateu com a cabeça na câmera. Estas ações levaram o Ministério Público a pedir o material do programa para análise. O resultado final: a proibição da participação da apresen-

tadora de sete anos de idade no Programa Sílvio Santos. A alegação do órgão foi que a menina era exposta a situações vexatórias, o que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente. Além de perder o quadro, o SBT teve de pagar uma multa de um R$ 1 milhão, valor que será revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A emissora acatou a decisão judicial e já avisou que não vai entrar com recurso. A decisão de tirar do ar algo exibido pelo SBT não é inédita. Em 2003, após exibir cenas em que supostos traficantes do PCC teriam ameaçado sequestrar celebridades, o programa Domingo Legal foi tirado do ar por uma semana. Mais recentemente, o programa de luta livre “WWE – Luta livre na TV” também saiu do ar por ser exibido fora do horário destinado à classificação etária, que seria de 14 anos. O fato de o quadro de Maísa ser tirado do ar é mais uma vitória em nome de uma televisão mais limpa, justa e com um mínimo de respeito ao telespectador. Para Sílvio Santos, só restou ficar no “cantinho da disciplina” e pensar muito na besteira que fez.

Milena Santos De acordo com uma matéria publicada na Gazeta do Povo de domingo (31), o Paraná é o estado líder na coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular que pretende barrar os candidatos a cargos eletivos acusados de crimes. Pela proposta, os políticos condenados na justiça ou que renunciaram ao mandato para não serem cassados não vão mais poder ser elei-

tos. Para o projeto começar a tramitar no Congresso, são necessárias outras 600 mil assinaturas. Acredito que essa medida seja um bom começo para acabar com a festa dos famosos “fichas-suja”. O povo já anda meio desacreditado em medidas como essas, mas alguém tem que começar a fazer alguma coisa, afinal o conformismo só tende a piorar a situação. Um projeto de iniciativa popular como este, mostra que nem

tudo está perdido. O assessor jurídico da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Marino Galvão, falou que, apesar dos esforços para coletar assinaturas para o projeto, é pouco provável que ele seja aprovado no Congresso a tempo de começar a valer para a eleição de 2010. Apesar da demora, é importante que o brasileiro cumpra o seu papel de cidadão. Hoje temos a liberdade para expressarmos a nossa opinião e o poder de escolhermos quem pode ou não estar à frente de nosso país. A partir do momento que tomamos uma atitude como esta, impedimos que subam ao poder os que apenas desejam um cargo. O que queremos é que o povo continue consciente e faça o que está em suas mãos e que o senado, desta vez, não deixe a desejar.

Expediente Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Marcelo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski, Camila Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues. O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP, Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000


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Geral Futebol

Manifestação

Curitiba será sede da Copa do Mundo

Vereador lidera movimento para a reabertura da Pedreira Paulo Leminski

Melhorias na infraestrutura da cidade, como a construção do metrô e o aumento no número de leitos hospitalares, são alguns dos objetivos para 2014

Músicos deixam de se apresentar na cidade alegando falta de estrutura adequada para shows

Daniel Piva Festa na Arena da Baixada. Apesar da derrota do Atlético para o Flamengo, no Campeonato Brasileiro, os torcedores comemoraram a confirmação de Curitiba e do estádio rubronegro como subsede da Copa do Mundo de 2014. O anúncio oficial aconteceu nas Bahamas, pelo presidente da FIFA, Joseph Blatter. O objetivo da capital paranaense é de receber a seleção do Brasil ou da Itália e a estimativa é de que os investimentos ultrapassem os US$ 4 bilhões. As outras 11 subsedes são as seguintes cidades: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Esta será a segunda vez que Curitiba irá sediar jogos de Copa do Mundo. Em 1950, única vez que o Brasil foi o país sede, duas partidas aconteceram na Vila Capanema. Para 2014, a expectativa é de que Curitiba receba ao menos três jogos. Dois deverão ocorrer nas partidas da fase de grupos e uma, possivelmente nas oitavas ou quartas de finais.

Quais jogos? O prefeito Beto Richa garantiu, em entrevista coletiva, que o objetivo é trazer o próprio Brasil para jogar na cidade. Porém, caso não consiga, tem outras opções. “Nós gostaríamos

de ter o Brasil, mas se não conseguirmos, a cidade se sentiria bem atendida com a Itália”, declarou o prefeito. Para Beto Richa, o contingente de descendentes de italianos no Paraná pode pesar na decisão do país europeu. E esse ponto pode abrir leques também para outras seleções se hospedarem na capital paranaense. “Temos aqui povos franceses, ucranianos, além disso, Argentina, Uruguai e Paraguai são próximos de Curitiba”. Na esfera esportiva, a capital paranaense vai oferecer para as seleções que aqui se hospedarem quatro estádios: Arena, Couto Pereira, Vila Capanema e Eco-estádio. Além de quatro centros de treinamento - Caju, do Atlético; Graciosa, do Coritiba; Ninho da Gralha, do Paraná e o do Trieste. Para o estádio atleticano, que tem que estar pronto até o final de 2012, a expectativa é de que sejam investidos R$ 127 milhões. A Arena da Baixada terá que se adequar aos padrões exigidos pela FIFA e será ampliada para 41.293 lugares. A obra será dividida em nove etapas: conclusão das arquibancadas; retirada do fosso; revitalização e ampliação da frente comercial já existente na Buenos Aires; adequação das esquinas da Buenos Aires e da Coronel Dulcídio; reforma

dos camarotes; revitalização do edifício em frente ao estádio e nova cobertura para todos os assentos - com a eliminação das torres 3 e 4 e fim dos pontos cegos.

Obras No setor público, o principal investimento será o metrô. Com custo estimado em R$ 2,68 milhões para estudos e projetos de engenharia e R$ 2 bilhões para a linha de 22 quilômetros entre os terminais do Santa Cândida e CIC Sul. O sistema deve transportar 650 mil passageiros por dia e ter quatro estações próximas à Arena. Além de um moderno estádio e de melhorias significativas na infraestrutura da cidade, Curitiba também irá reformar sua rede hoteleira e hospitalar. De acordo com o projeto enviado à FIFA, a capital conta hoje com 91 hospitais, com um total de 6.691 leitos. Desses, quatro possuem atendimento de larga escala e ficam próximos à Arena da Baixada, assim como outros oito centros hospitalares. Para 2014, a projeção é de que este número seja ampliado para 95 hospitais com 7.340 leitos. As obras serão parcialmente financiadas pela Agência Francesa de Desenvolvimento, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fonplata, o que totaliza mais de R$ 600 milhões.

André Rosas Nas últimas semanas um assunto tem tomado conta das páginas reservadas à cultura nos principais veículos do Paraná. É o abaixo-assinado “A Pedreira é Nossa”, que tem como objetivo reabrir a Pedreira Paulo Leminski, fechada por um juiz no ano passado após receber uma lista de 134 moradores da região, solicitando o fim dos eventos no local. A Pedreira Paulo Leminski foi oficialmente inaugurada em 1990, e já recebeu grandes shows, como Paul McCartney, Avril Lavigne e, recentemente, The Black Eyed Peas, além de inúmeros eventos de diferentes portes. O vereador Jonny Stica assina o projeto juntamente com grandes produtoras locais, e quando questionado sobre o projeto, não hesita em responder. “É muito importante todo esse trabalho que estamos desenvolvendo, a cidade está perdendo em todos os sentidos – turismo, gastronomia, comércio – e sem falar que hoje vemos muitos artistas passando por Curitiba, mas apenas de avião,” brinca Stica. Apenas ano passado, bandas como a Paramore afirmaram que a cidade não possui estrutura adequada e por isso não puderam agendar datas. Este ano, o mesmo acontece com os ingleses do McFly,

que apesar de estarem voltando ao país com a mesma série de shows que realizaram em 2008, não vão passar novamente por Curitiba, pela falta de estrutura. “Coletamos até agora seis mil assinaturas; estamos trabalhando juntamente com todos os órgãos públicos e conscientizando as pessoas do quanto é importante colaborar. Queremos atingir a meta de 10 mil assinaturas, e mostrar para os 134 descontentes que é possível realizar um acordo”, explica o vereador. O acordo ao qual Stica se refere é o TAC - Termo de Ajustamento de Conduta – em que produtores serão cadastrados e seus horários irão ser supervisionados, o produtor que acabar extrapolando os limites irá ser penalizado e não poderá realizar shows na Pedreira durante dois anos.A Fundação Cultural de Curitiba está apoiando a ideia e o trabalho não para. Assim que atingirem a meta, o abaixo-assinado seguirá para o juiz que realizou o decreto e a discussão irá começar novamente.

Para ajudar Os interessados podem acessar o site: www.apedreira enossa.com.br, e assinar a lista.


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Curitiba, terça-feira, 2 de junho de 2009

Especial Comunicação

Era digital é tema de debate no Intercom Sul Vanessa Dasko O despertador do celular toca. É hora de levantar e se preparar para as atividades do dia. Heitor Ricardo Maito da Luz, de apenas 11 anos, acorda com o som programado no celular. Além dessa função, Heitor usa o aparelho para enviar e receber mensagens da maioria dos amigos. O computador também faz parte do dia-a-dia de Heitor. O adolescente admite que não conseguiria viver sem ele. “Com o computador é tudo mais fácil. Se não fosse ele, teria que fazer trabalhos manuscritos e pesquisas da escola só em livros. Ia demorar muito”. Além do celular e do computador

com acesso a internet, Heitor costuma ver televisão a cabo e ouvir rádio. “Gosto de saber novidades de desenhos, filmes e fazer pesquisas para a escola”, disse. O adolescente é apenas uma das pessoas que vivem o período de transição e construção de novas mídias, por meio de tecnologias inovadoras, denominado “Era Digital”. O assunto foi tema do X Intercom Sul, que aconteceu nos dias 28, 29 e 30 de maio, na Universidade Regional de Blumenau (Furb), em Santa Catarina. O evento reuniu cerca de 1.500 participantes, entre professores, pesquisadores e acadêmicos das áreas de Jornalismo, Publicidade e Propa-

ganda e Relações Públicas. Além de apresentar trabalhos no Intercom Júnior e no Expocom, os participantes puderam assistir a painéis sobre cultura, comunicação e educação na era digital, analisando as novas mídias instauradas por meio da tecnologia. O telefone celular e a internet facilitam o acesso à comunicação e são considerados grandes disseminadores da informação. Além dessas tecnologias, a televisão e a rádio digital, que devem chegar em breve ao Brasil, prometem inovar e revolucionar o processo comunicacional. “A importância desse tema em um congresso como o Intercom Sul é debater como nós, os profissioDiego Henrique/LONA

Desde a abertura o Intercom trouxe aos participantes debates sobre a comunicação na era digital

“Os meios de comunicação estarão interligados, interagindo um com o outro. As novas mídias, principalmente o celular, irão se transformar em meio de comunicação coletiva. As transformações surpreendem a cada dia” JOSÉ MARQUES DE MELO, FUNDADOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DISCIPLINARES DE COMUNICAÇÃO nais da área de comunicação, professores e acadêmicos poderemos nos adaptar e produzir para essas novas mídias e entendê-la com um espaço de divulgação da informação”, destacou Maria José Baldessar, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo Maria, a era digital vem para acrescentar e não para revolucionar. “Como já aconteceu com outras mídias: a televisão em relação ao rádio, o rádio em relação ao impresso, nunca nenhuma mídia desapareceu em função do aparecimento de outra”, informou. Maria comentou ainda que a ascensão da internet é positiva, pois o meio permite agregar e integrar todas as outras mídias. “Na mídia sobreposta você pode ler o jornal, ver televisão ou ouvir rádio ou ainda ter tudo isso condensado no espaço multimídia. Diferente do que temos até agora, a nova mídia nos trará maiores possibilidades de integração da comunicação”, comemorou. Segundo o professor José Marques de Melo, fundador

da Sociedade Brasileira de Estudos Disciplinares de Comunicação (Intercom), ainda não podemos prever o que vai acontecer com a comunicação, pois a internet é apenas o inicio da era digital. “O que vem por ai é muito mais forte”, complementa. Segundo ele, é provável que, dentro de 10 anos, a maioria das residências já estejam digitalizadas por meio das novas tecnologias. “Os meios de comunicação estarão interligados, interagindo um com o outro. As novas mídias, principalmente o celular, irão se transformar em meio de comunicação coletiva. As transformações me surpreendem a cada dia”, disse. Melo destacou ainda que o Brasil ainda é um país repleto de “arquipélagos analógicos” com alguns com bolsões digitais. Segundo ele, o setor de educação é muito conservador e aceita poucas mudanças. “Nós precisamos fazer uma revolução radical na área da educação. As crianças e os jovens estão sendo educados com essas novas potencialidades, Precisaríamos incorporar mais a educação à distância, para facilitar a disseminação


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Curitiba, terça-feira , 2 de junho de 2009

Especial Comunicação

Comunicação Robertson Luz/LONA

Alunos da UP são premiados na Expocom Sul Vanessa Dasko/LONA

do conhecimento junto às populações”, complementou. Mesmo com a facilidade de acesso as novas mídias, a democratização da comunicação ainda está longe de ser concretizada. “A democratização independe da mídia digital. Ela pode ajudar, divulgando informações, disseminando o conhecimento. Mas a democratização é um processo de natureza política, depende da von-

tade política do cidadão e das lideranças. Não podemos ter a ilusão de que só pelo fato de termos a mídia digital disseminada, teremos também a democracia.”, informou Melo. Para a professora Maria, a era digital pode apenas facilitar o processo de democratização. “As novas mídias ajudam a tornar a comunicação espacialmente mais igual. Se um lado tem informação de quali-

dade, o outro também terá.” Maria destacou ainda a necessidade de popularização da banda larga, programas de inclusão digital e barateamento das novas tecnologias. “A tecnologia não se expande de maneira igual em todo o mundo e depende de recursos de região para região. Mas é natural que e algum momento ela esteja consolidada e expandida”, comemorou.

Universidade Positivo será sede do Intercom Nacional Vanessa Dasko Cerca de 5 mil participantes estão sendo esperados para o XXXII Intercom Nacional, que será realizado na Universidade Positivo, entre os dias 4 e 7 de setembro. O evento, que promete grandes inovações, está sendo preparado desde o ano passado. Um dos destaques da programação é a revisão da obra de importantes autores brasileiros, que em muito colaboraram para os estudos de comunicação no país. “Neste ano

teremos especialmente um seminário temático sobre a obra do professor José Marques de Melo”, informou o presidente do Intercom, Professor Antônio Carlos Hohlfeldt. Outro destaque é a formação de uma mesa redonda para tratar do Relatório da Nova Ordem Mundial da Comunicação (MacBride) elaborado há 26 anos. O debate será em torno das possíveis mudanças nos fluxos de comunicação internacionais, centralizados atualmente a partir da Europa e dos Estados Unidos. Para a professora do curso

de jornalismo da UP, Elza Aparecida de Oliveira Filha, que faz parte da comissão organizadora do Intercom, as expectativas para o evento são as melhores possíveis. “Estamos esperando um grande número de participantes e de trabalhos inscritos”, informou. Além do curso de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, estarão envolvidos na organização do evento o curso de Turismo e de Desenho Industrial para auxilio nas áreas turísticas e sinalização do campus. O site do congresso é: intercom2009.up.edu.br

Vanessa Dasko Dos 21 trabalhos inscritos pelos alunos os cursos de Jornalismo e Publicidade Propaganda da Universidade Positivo, oito foram premiados na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom). O prêmio faz parte da programação do Intercom e é destinado “aos melhores trabalhos experimentais exclusivamente produzidos por alunos de graduação no âmbito dos cursos de Comunicação Social e suas habilitações”. Os alunos de Jornalismo premiados no Expocom Sul e as respectivas categorias foram: Felipe Waltrick, categoria Fotografia Artística; Robertson Luz, categoria Fotografia Jornalística; Renan Colombo, categoria Livro-Reportagem; Gustavo Krelling, categoria Revista Customizada, e Gabrielle Chamiço, categoria Jornal-Mural. Os alunos de Publicidade e Propaganda premiados foram: Tatiane Monteiro da Silva, categoria Campanha Promocional, e Felipe Pinheiro, categoria Filme e Fotografia Promocional. “Ao apresentarmos trabalhos no Expocom, podemos trocar experiências e comparar nossas produções com a produção de outros alunos, de outras universidades”, informou Gustavo Kreeling, aluno do 3º ano de Jornalismo da UP, premiado no Expocom. Para ele, a junção de jornalismo e arte foram fundamentais para a elaboração do trabalho “Retrospectiva Artística”, que venceu o Expocom na categoria Revista Customizada. O aluno destacou ainda que criatividade e inovação foram duas marcas do evento. Para o vencedor da categoria Fotografia Jornalística do Expocom e aluno do 4º ano de Jornalismo da UP, Robertson Luz, a premiação é muito importante, pois faz parte do maior evento de comunicação da América Latina. “Ser premiado em um evento como o Intercom é poder contar com grande reconhecimento e vitrine profissional”. Para ele, a organização e a interação cultural foram destaques no evento. Segundo o Presidente do Intercom, professor Antônio Carlos Hohlfeldt, o envio de trabalhos é uma excelente oportunidade para mostrar o que está sendo produzido e ter uma avaliação dos colegas e companheiros da área de comunicação.


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Curitiba, terça-feira, 2 de junho de 2009

Coluna

Fotos: divulgação

Meio ambiente

Projeto visa proteger florestas

Suellen Cristiane Ferreira A população mundial e a renda per capita cresceram. Com isso, aumentou também o consumo de madeira, o que virou um problema, pois é muito difícil atender a grande demanda sem destruir as florestas em busca de matéria-prima. O Brasil é o país com uma das maiores florestas nativas do mundo, em torno de 5,1 milhões de metros quadrados, além dos vários climas e os inúmeros biomas, entre eles, a Amazônia. Com isso, o país detém cerca de 20% das espécies do mundo. Se tudo isso fosse explorado de forma adequada, poderia gerar trilhões de dólares com o agronegócio, que diz respeito à borracha natural, celulose, papel e móveis, o que representa 5% do PIB brasileiro e 8% das exportações. Porém, ao agronegócio é atribuída grande parte da degradação ambiental, devido ao mau uso, principalmente na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Por causa desse grande problema, surgiu o Programa Nacional de Florestas para tentar solucio-

nar as questões que envolvem a destruição do meio ambiente por causa dos produtos madeireiros. No Brasil, diversas empresas privadas, instituições de pesquisa e Universidades Federais participam desse projeto. Uma das soluções encontradas é o plantio de espécies florestais que gera rendimentos ao agronegócio e não degrada tanto o meio ambiente. Porém, o Programa Nacional de Florestas não é o único plano que busca cuidar do meio ambiente. Na Amazônia há um trabalho que cuida do uso e da conservação da floresta amazônica. É o Projeto Dendrogene (nome difícil, mas que significa genética da árvore), que busca avaliar os impactos da exploração florestal sobre a biodiversidade, tendo em vista a sustentabilidade a longo prazo. Trata-se dos impactos sobre a capacidade da floresta de se regenerar, ou seja, de garantir, por meio dos processos de reprodução, a continuidade das diferentes espécies. Apesar de a Amazônia ser um dos mais ricos biossistemas do mundo, o uso e a exploração preocupa governos, ONGs e a socie-

dade em geral. O Projeto Dendrogene busca novas ferramentas que promovam um manejo de uso junto com conservação florestal, garantindo assim qualidade de vida para a população. O projeto possui informações e cadastro das diversas espécies florestais existentes na Amazônia, com as características específicas de cada uma, que ficam arquivadas em um banco de dados. O trabalho existe há oito anos, com caráter inovador, em busca princípios para acabar com os danos causados pelo desmatamento e trazer benefício e melhorar a qualidade de vida das futuras gerações. Entretanto, não adianta só os planos do governo e de ONGs ficarem preocupados com a conservação de nossas florestas. A população, em geral, precisa tomar consciência que destruir o meio ambiente causa prejuízo a ela mesma, ou seja, quanto mais desmatamento e degradação, mais acidentes ambientais, como enchentes ou secas, irão acontecer. Portanto, cuide do que é seu. Proteja as florestas e o meio ambiente. Isso garante qualidade de vida às próximas gerações.

Televisão

Caminho das Índias: a apoteose

William Bressan A novela das oito é o assunto preferido do brasileiro. Desde a década de 70, com “Irmãos Coragem”, quando as novelas de Janete Clair e Dias Gomes começaram a chamar o público masculino para frente da TV – um ambiente antes restrito às mulheres – todos começaram a ter seu “pitaco” para dar. Seja para criticar a vilã, para dizer que “novela é tudo igual, a gente já sabe como começa e termina”, mas mesmo assim não há como a largá-la enquanto não se passarem os oito meses na trégua do bem contra o mal, às vezes, até jurar sentir saudades deste ou daquele personagem, ou que nunca mais irá acompanhar outra, até que a próxima começa e você já está envolvido novamente... Para substituir as disputas de Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Cláudia Raia) de “A Favorita”, a qual, apesar de ser um sucesso de crítica, vinha obtendo um Ibope considerado baixo, a Globo escalou Glória Perez com seu “Caminho das Índias” para guiar o horário de volta aos tempos de outrora. A fórmula? Simples. Uma história com ares de “O Clone”, o maior sucesso da autora, lembrada até hoje por diversos telespectadores. Um amor impossível, separado por culturas distintas, tradições milenares, países diferentes, condenado pela maioria, permeado por expressões típicas e rodas de gafieiras, bem como problemas sociais atuais. Passados quatro meses desde a estreia, não podemos dizer que a estratégia deu certo. O Ibope é considerado regular, e a trama tem falhas. Mas é claro

que não entraremos no mérito de a obra ser ambientada no Brasil e na Índia ao mesmo tempo, em que as pessoas de lá falam o nosso idioma, afinal, culpemos a dramaturgia, em que o impossível se torna possível. “Caminho das Índias” tem pontos favoráveis. Tirando o melodrama principal, as paralelas são muito interessantes. A começar pelo merchandising social, em que realidade e ficção se cruzam no mesmo plano, na história de Tarso (Bruno Gagliasso). Oprimido pela família, ele começa a dar sinais de esquizofrenia, mas a mãe Melissa, vivida por Christiane Torloni, um show de interpretação, finge que nada acontece e tenta de todo jeito abafar a doença de seu filho. O assunto é tratado com seriedade e os atores do núcleo (Stenio Garcia, Totia Meirelles e Aninha Lima) convencem como profissionais. Não poderia deixar de citar as empregadas domésticas hilárias que arrancam boas risadas dos telespectadores. A principal delas é Ondina (Luci Pereira) que vive em pé de guerra com Seu Cadore (Elias Gleizer). A outra é Sheila (Priscila Marinho), a empregada subjugada pela patroa, e que sempre tem uma opinião (nem sempre pertinente) a dar sobre os problemas familiares dos Cadore. Faltam quatro meses para a palavra “fim” aparecer na tela. Até lá, ainda ouviremos muito as expressões “shalou”, “hare baba”, e outras. Aí estará na hora de darmos adeus à apoteose da fantasia, criada por Glória Perez, e boas vindas às cenas de elevador, café da manhã, e os diálogos atuais de Manoel Carlos, que vem aí com mais uma Helena, em “Viver a vida”.


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Curitiba, terça-feira , 2 de junho de 2009

Entrevista Imprensa

Jornalismo cultural é tema de

Suellen Sava/LONA

debate

Dayse Bregantini defende que a sociedade vive uma barbárie moral e que a “salvação” está na elevação do nível cultural das pessoas Suellen Sava Os cinco dias do I Congresso Brasileiro de Jornalismo Cultural trouxeram 55 palestrantes abordando os mais variados temas, do cinema às artes plásticas. Durante todos esses dias, uma mulher morena de estatura baixa e fôlego de gigante caminhava elétrica em meio à imprensa e aspirantes de jornalismo. Era a organizadora do evento, Dayse Bregantini, editora-chefe da Revista Cult, que comenta sobre seu otimismo em relação a essa editoria, que considera ainda pouco discutida pelos profissionais. O fato de que a cultura pode nos salvar da barbárie tem sido constante nas palestras. Em que barbárie vivemos hoje? Nós vivemos em uma barbá-

rie moral, um desrespeito muito grande à humanidade. Eu acho que não tem mais limite, independentemente de guerras, em termos de séculos. Mas acho que essa barbárie, essa desumanização que a gente vive, à medida que você se eleva e lê, humaniza-se mais. Uma cultura no sentido de humanização pode salvar da barbárie, sim. Quando surgiu a ideia de realizar o I Congresso de Jornalismo Cultural? Há cinco anos a gente faz no Espaço Cult, na sede onde tem dois auditórios pequenos, vários cursos de jornalismo cultural, e os alunos falavam: “Ah, por que não fazem uma coisa profunda, uma reflexão maior com artes plásticas, teatro e cinema?”. E não dá para fazer em um sábado. Para cumprir essa grade, tinha que ser um curso

“Nós vivemos em uma barbárie moral, um desrespeito muito grande à humanidade. Eu acho que não tem mais limite, independentemente de guerras, em termos de séculos”

longo. E para fazer um curso grande vira congresso. Então surgiu dos próprios alunos. Muita gente de Curitiba mandou e-mail. É a prova de que se viu aqui, veio gente do Acre, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife e Fortaleza. É porque precisava de um congresso assim. Você acha que o congresso abriu os olhos dos jornalistas? Tem dez coordenadores de jornalismo discutindo isso, acho que abriu os olhos de todo mundo. É uma forma de gerar trabalho. O que eu aconselho para os jovens é ter espírito empreendedor. Não esperar que, neste momento, o emprego aconteça. Talvez seja uma boa ideia criar um site cultural, um jornal eletrônico, porque o jornal impresso é muito caro no Brasil. Isso eu não aconselho, porque é uma aventura que exige muito fôlego de lazer. Mas tem campo para isso, leitor para isso. Como esse congresso está repercutindo na mídia? Está tendo uma cobertura muito boa. Não fui ainda para a editora, estou ansiosa aqui. Mas não me importa, esse congresso não depende da mídia para nada. A construção dele é outra, é direto para as facul-

dades. A nossa educação é juntar os alunos. Nosso apoio, nessa educação é trabalhar na base e com as faculdades. Se você for olhar todo mundo aqui, são estudantes de jornalismo e jornalistas. Então o nosso público é muito dirigido, não foi como a virada cultural que teve um público de todos os tipos. Esse congresso não é para qualquer um, é para quem é do ramo. A crise é tema recorrente das palestras. Por que você usa a palavra crise? Ah, mas está uma crise, né? Eu não quero muito falar sobre isso porque os palestrantes já falaram. É uma crise moral, uma crise ética. Credo!, está horrível, né? Está escancarado, senão ia parecer que a gente vive no planeta da lua. Claro que tem uma crise. Na sua concepção, onde é preciso mudar para que o jornalismo cultural engrene? Nas universidades. Essa é a base de tudo. Quem informa é a faculdade. Então é assim: “Ah!, por que a experiência, por que a vida, por que o repertório que se forma?”, mas a base tem que vir da universidade, da escola. Vai desde o colégio, então vamos falar da educação. Então

espera aí, acho que nós devemos discutir o ensino como um todo. A forma em que é feito o jornalismo nos veículos (imediatismo) influencia em alguma coisa no jeito que estamos aprendendo a fazer jornalismo? Não, é outra coisa. Acho que é um problema mesmo das faculdades. Tem faculdade muito ruim de jornalismo, que rouba dinheiro do pai. Faculdades que não ensinam nada. Eu recebo currículos e nos próprios currículos existem erros clássicos de português. Eu fico com dó do aluno porque ele foi enganado pela faculdade que ele pagou, com o maior sacrifício, e escreve exceção com ”s”. Então isso é um crime. Você também é otimista quanto aos rumos do jornalismo cultural. Como alguns palestrantes mostraram ser? Sou superotimista, porque é um mercado que vai crescer mais, se especializar mais, é o que vai gerar muito emprego. Eu sou muito otimista. E é para logo. Acho que daqui três, quatro anos, vai ser o maior mercado de emprego para jornalistas, vai ser a cultura. Eu tenho certeza.


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Curitiba, terça-feira, 2 de junho de 2009

Ensaio

Os figurinos da Ópera de Viena

Texto e fotos: Gustavo Krelling Que lugar! O ano tem 12 meses, a Ópera de Viena tem a maior temporada de óperas da Europa, 9 meses ininterruptos e todo dia uma ópera diferente. Logo no início da temporada quase todos os ingressos são vendidos, mas é possível chegar duas horas antes do espetáculo e conseguir um lugar em pé por 2 euros, vale a pena! Para os apreciadores de ópera é fundamental uma visita ao Museu da Ópera. Lá, está uma bela coleção de figurinos que foram trajados pelos artistas ao longo da história da ópera. A beleza da indumentária vermelha e altamente bordada para a ópera Boris Godunov, de Modest Mussorgsky, chama a atenção. Mas o destaque fica para as roupas feitas por Picasso para o espetáculo de dança Der Dreispitz, os traços do pintor são evidentes. Além disso, esboços de figurinos estão presentes em todos os lugares, como os croquis para a Ópera Don Giovanni, de Mozart. Vale ressaltar que os funcionários do museu são extremamente gentis, assim como todos os vienenses que encontram um turista em busca de cultura e arte. O lema da cidade é arte pela a arte.


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