Lona - Edição nº 510

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RIO Á I D do

Curitiba, quarta-feira, 2 de setembro de 2009 - Ano XI - Número 510 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Paraná em Ação oferece feira de serviços gratuitos aos curitibanos

BRASI

L

jornalismo@up.edu.br

Clássico

Argentina X Brasil Em jogo decisivo nas Eliminatórias da Copa do Mundo, Maradona leva jogo para Rosário para reviver a “batalha”. Os treinadores, Dunga e Dieguito, terão um duelo à parte na partida deste sábado.

Página 6 Programa “Paraná em Ação”, realizado pelo governo do Estado, começa dia 4 de setembro no Centro Cívico, e traz à população benefícios como emissão de documentos, esclarecimentos em áreas jurídicas e exames de saúde. A coordenação do programa espera receber até o dia 8, último dia de atividades do Paraná em Ação, cerca de 50 mil pessoas e realizar 150 mil atendimentos nas diversas áreas do programa.

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Opinião

Política A história dos embates entre a conservadora direita e a revolucionária esquerda. E, no Brasil, a febre dos “partidos da moda”, que faz com que, no final das contas, esquerda e direita sejam todas “farinha do mesmo saco”.

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Nova tecnologia liga o mundo digital ao mundo real

Ensaio

O QR Code é uma tecnologia interativa que pode ser aplicada em diversas áreas. Frequentemente tem sido visto em informes publicitários, anexando em seu link conteúdos extras para os consumidores. Para o jornalismo, o QR Code permite a convergência entre os diferentes tipos de mídia, revelando o conceito de jornalismo móvel.

Lapa: a cidade histórica em detalhes

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Curitiba, quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Opinião Política

Tecnologia

O vício da diversão Naiane Rossini “Nada em demasia”, já dizia Sócrates a seus pupilos na Grécia do século III a.C. Mas muitos jogadores de videogame não seguem as recomendações do grande filósofo heleno e abusam da jogatina. Cada vez mais cedo os jovens entram para o “mundo virtual”, usando e abusando dos games como formas de entretenimento. Porém, por incrível que pareça, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revela que a maior parte dos jogadores tem em média 35 anos. Além disso, os homens continuam sendo a maioria no “esporte”. Os pesquisadores também constataram que parte está acima do peso e usa mais a internet do que os outros homens. Já as mulheres que jogam videogame têm maior grau de depressão e sua saúde é pior do que a das nãojogadoras. O psicólogo alemão Klaus Woelfling revelou que pessoas que jogam demais podem ter de lidar com os mesmos efeitos físicos e psicológicos da abstinência, caso decidam desligar seus computadores ou consoles por um tempo. Esses são apenas dois exemplos de pesquisas que comprovam que o uso excessivo do videogame pode prejudicar a vida da pessoa. O

que parece apenas uma brincadeira pode acabar ficando sério. Cerca de um em cada dez jogadores de videogame mostram sinais de vício, que podem ter efeito negativo sobre a família, amigos e desempenho escolar. Com o número de viciados crescendo, já se encontra clínicas de reabilitação em todo o mundo. Claro que não é porque uma pessoa joga videogame que vai se tornar um viciado. Não há problemas se houver controle, evitando-se ficar horas na frente dos games, que na maioria das vezes são extremamente violentos e que não acrescentam em nada na formação dos jovens. Tanta coisa pode ser feita em vez de ficar jogando excessivamente. O tempo nunca volta, e para que desperdiçá-lo com coisas que não vão trazer nenhum retorno? As crianças têm que brincar com outras crianças, e não com máquinas, que acabam as deixando agressivas, mal-humoradas e sem amigos de verdade. Os adultos também precisam rever seus conceitos. Tudo bem aderir ao videogame de vez em quando como forma de lazer, mas para tudo existem limites. A maioria dos "viciados" em videogame podem ser os adultos, mas o ideal é se cortar o mau pela raiz, e evitar que os jovens fiquem muito tempo em frente à telinha.

Cerca de um em cada dez jogadores de videogame mostram sinais de vício, que podem ter efeito negativo sobre a família, amigos e desempenho escolar.

Direita, esquerda e a guilhotina Divulgação

Camila Rodrigues As lutas emblemáticas dos partidos de esquerda e direita não são tão recentes como se pensa. Opostas como ímãs da mesma polaridade, dividem homens e mulheres por meio de diferenças político-ideológicas. A origem desses termos retoma à tão conhecida, quanto velha, Revolução Francesa. As reuniões acaloradas entre revolucionários e conservadores, em que os membros do Terceiro Estado sentavam-se à esquerda do rei — e do lado direito, os nobres e participantes do clero —, resultaram na criação de novos adjetivos ao vocabulário e aos seus simpatizantes. À esquerda cabia todo radicalismo e oposição; à direita, as opiniões favoráveis a Sua Majestade. Essas noções de separação política ainda surtem muito efeito em nossa sociedade. Quem nunca teve aquele colega de sala, com o Che estampado na camisa, gritando aos quatro ventos, a liberdade dos ideais, contra a oposição sangrenta do liberalismo? O que algumas linhas de pensadores afirmam é que, de forma alguma, em terras tupiniquins um dia existiu alguma diferença entre esquerda e direita. Esses conflitos não passam de alusões ao passado, mistificadas pelo ideal utópico adolescente. Olhando o cenário político nacional, essa visão, um tanto quanto pessimista, não deixa de

Lendas populares dizem que o doutor Joseph Ignace Guillotin, inventor da guilhotina, foi morto pela própria invenção ter razão. São tantas alianças e reconciliações que não se pode mais imaginar. Em um dia o político que joga a “pedra’’ em seu rival partidário monta um castelo para a candidatura da então oposição. Ou até mesmo alia-se ao partido difamado, mesmo que seus ideais sejam completamente diferentes. O problema é que no Brasil o incrível fenômeno do “partido na situação” transforma os políticos no que muita gente chama de farinha do mesmo saco. Um álibi conhecido e recente foi a troca de ofensas entre os senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e Pedro Simon (PMDB-RS). O motivo do embate foi um

lembrete ao ex-presidente, que defende a permanência de Sarney na Presidência do Senado. Simon, que é a favor do afastamento de Sarney, afirma que Collor o convidou para ser vice-presidente de sua chapa. A resposta de Fernando Collor de Mello não poderia ser mais cáustica: “São palavras que não aceito sobre mim e minhas relações políticas. São palavras que eu quero que o senhor as engula e as digira como achar conveniente”. Isso me lembra outra história francesa: a criação da guilhotina. O doutor Joseph Ignace Guillotin, que imaginou e projetou a máquina para sua infelicidade, acabou perdendo sua cabeça, literalmente.

Expediente Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; PróReitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira e Marcelo Lima; Editoras-chefes: Aline Reis, Camila Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues.

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP, Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000


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Geral Ação Social

Vida pública

Programa estadual oferece serviços gratuitos à população Segundo a coordenadora do “Paraná em Ação”, serão efetuados cerca de 150 mil atendimentos em cinco dias de atividades Luma Bendini Acontece pela quinta vez em Curitiba o programa do governo estadual “Paraná em Ação”, que será realizado entre os 4 e 8 de setembro, em frente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. O “Paraná em Ação” vai oferecer serviços gratuitos para a promoção da cidadania e inclusão social da população. A emissão de documentos como carteira de identidade, carteira de trabalho, CPF e título de eleitor - serviço muito procurado nos anos anteriores - será um dos benefícios oferecidos aos visitantes. Na área da saúde serão feitos testes de glicemia e urina, orientações sobre saúde bucal, avaliação física e testes de prevenção ao câncer de colo e útero e mama, além de ações de educação e prevenção ao meio ambiente e oficinas de artesanato para geração de renda. Uma parceria com o Poder Judiciário também disponibiliza serviços judiciais e extrajudiciais como a guarda e responsabilidade de menores, reconhecimento de paternidade e maternidade, divórcios e inscrição para casamento coletivo. A coordenadora do programa, Cleci Amadore, diz que em função da gripe “A” as expectativas para este ano são um pouco menores. Ainda assim, o programa espera receber mais de 50 mil pessoas, com cerca de 150 mil atendimentos. Segundo Cleci, a soma de esforços de várias instâncias do poder público é que permite uma ação como essa, em que o foco principal é fazer dos moradores da cidade verdadeiros cidadãos. A Secretaria Especial de Relações com a Comunidade (SERC) tem divulgado o evento em reuniões com associação de moradores, distribuição de folhetos nas escolas, conversas com assistentes sociais e propagandas na televisão.

Serviço Programa "Paraná em Ação" acontece de 4 a 8 de setembro, das 9 às 17 horas, na Praça Nossa Senhora de Salete (Em frente ao Palácio Iguaçu).

Congresso

Em ritmo de Intercom, monitores recebem treinamento Aline Reis O 32º Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) está se aproximando, e na reta final da preparação para o evento, foi a vez dos monitores receberem o treinamento. Duas palestras com as instruções de procedimento para os estudantes aconteceram anteontem, de manhã e à noite, no auditório do bloco bege da Universidade Positivo. Professores dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Turismo estiveram na banca que orientou os alunos du-

rante a palestra. Houve uma ressalva sobre o comportamento dos “alunos-monitores” ante os visitantes, bem como os trajes que os alunos devem usar durante a monitoria (foi recomendado o uso de calça jeans e tênis de cor escura). Outro ponto abordado durante o treinamento foi o conforto e a segurança que os participantes da Intercom terão no campus da Universidade Positivo. “Conversamos com a Urbs e conseguimos mais horários de transporte para Universidade, teremos ônibus disponíveis a cada vinte minutos”, frisou a professora do curso de Jornalis-

mo Elza Aparecida de Oliveira. Além disso, haverá monitores que falam outros idiomas e um setor de logística situado no centro do campus para que as pessoas que não conhecem a cidade possam sentir-se situadas dentro da Universidade. A professora Zaclis Veiga, também do curso de Jornalismo, pediu empenho e dedicação aos monitores para que o congresso “seja memorável”. “Queremos que esse Intercom seja o melhor de todos os tempos. Que quando acontecerem as próximas edições, as pessoas se lembrem do Intercom de Curitiba”, disse enfaticamente.

Pista do Gaúcho está temporariamente interditada para reforma Além da pista, praça irá receber câmeras de segurança e melhorias na iluminação Thiago Maceno Matheus Dumsch A Praça do Redentor, mais conhecida como “Pista do Gaúcho”, é uma referência no skate nacional, e desde 1978, ano de sua inauguração, nunca havia passado por uma revitalização. Na última quarta-feira, o local começou a receber as primeiras obras. A pista foi totalmente fechada e só será reaberta daqui a dois meses, quando a reforma estiver concluída. O mestre da obra, Sebastião Silva, conta que a pista irá receber inúmeras melhorias na parte estrutural. Uma delas é a construção de uma pequena arquibancada para eventos e uma mini-ramp - pista em formato de “U”. “O chão vai ser todo trocado por um novo chamado granilite, que além de ser mais liso é mais resistente, é ideal para a prática do skate”. Além da pista, toda a Praça do Redentor irá receber melhorias, como a implantação de câ-

meras de segurança, novos bancos e iluminação mais potente. “Acredito que essa medida de colocar câmeras vai deixar a pista muito mais segura para nós, até mesmo fazendo as famílias voltarem a frequentar mais a praça, que sofria muito com o tráfico e consumo de drogas”, conta o comerciante Luiz Carlos. A reforma da pista, que está sendo coordenada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e pelo Departamento de Parques e Praças de Curitiba, está deixando os frequentadores animados e cheios de expectativa. Para muitos o “Gaúcho” já sofria com o desgaste do tempo. “A intenção da reforma é muito boa, deixando a praça com uma nova cara, voltando a ser a referência que sempre foi no skate de Curitiba”, conta Ronaldo Miranda, skatista que frequenta a pista desde a sua inauguração e um dos responsáveis pelo projeto da revitalização. Ricardo Almeida - SMCS

Com a reforma. a pista do Gaúcho vai voltar a ser referência para o skate curitibano


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Especial Desafio

O que motiva o ser humano a

Desde 1995, curitibano busca o recorde mundial de flexões abdominais; seu trabalho motivou outros atletas a lutarem contra seus próp

Aline de Oliveira O que motivaria você a ficar 58 horas fazendo atividades físicas sem interrupção, pedalar oito horas em uma bicicleta com uma roda só ou fazer sem parar 200 mil abdominais. Dinheiro? Vaidade? Fama? Ou, simplesmente, superação pessoal? Edmar Freitas, 33 anos, é considerado o rei dos abdominais. Desde 1995 ele vem tentando quebrar novos recordes de flexões. O último foi em dezembro de 2008. Ele fez 200 mil abdominais seguidos, durante 48 horas ininterruptas. Com es-

ses números, o professor de educação física entrou, pela segunda vez, no Guinness Book, o livro dos recordes, superando sua própria marca de 30 horas, em 2005. Freitas conta que a ideia de ser recordista surgiu porque ele teve uma decepção com o futebol e percebeu que tinha facilidade em fazer abdominal. Começou então a se preparar. “Foi muito difícil porque eu não tive incentivo, nem ajuda. Hoje sou treinador para dar o apoio a outros atletas, coisa que não tive.” O recordista explica que nas primeiras quatro horas a dor é pior. “Na minha opinião,

a dor das flexões deve ser pior que a de um parto”, brinca. “Depois disso, o corpo amortece, então começa a vontade de ir ao banheiro, o cansaço e a fome. Muitas pessoas dizem que minha motivação para quebrar recorde é o marketing pessoal. Mas não é: quero que o esporte seja valorizado aqui no Brasil como é lá fora”, explica. “Também tem o lado da superação pessoal: quem não quer diariamente se superar no trabalho?”. Milena Ribeiro, 23 anos, incentivada e treinada por Edmar, inaugurou o recorde feminino de abdominais. Seu último re-

Ultrapassar os próprios limites para os recordistas é um ganho que supera nossa imaginação

“Muitas pessoas dizem que minha motivação para quebrar recorde é o marketing pessoal. Mas não é, quero que o esporte seja valorizado aqui no Brasil como é lá fora” EDMAR FREITAS, RECORDISTA MUNDIAL EM FLEXÕES ABDOMINAIS corde foi durante a comemoração dos 316 anos de Curitiba. A atleta executou 30.316 abdominais em seis horas seguidas, sob a fiscalização da Federação Paranaense de Musculação Atlética (NABBA-Paraná). Neste período, Milena superou a dor, a vontade de ir ao banheiro e a fome. Com 23 mil abdominais completados, ela quase desmaiou, mas não desistiu até completar as 30 mil flexões. A determinação do atleta e a parte psicológica são importantes nessa hora. “Há dois meses não conseguia fazer nem 30 abdominais. Eu era uma mulher que malhava uma hora na academia e hoje sou uma atleta”, conta orgulhosa. Segundo Milena, ela não ganha nada financeiramente com a tentativa de quebrar recordes. “Eu só quero reconhecimento. Faço tudo isso para mostrar que eu consigo. E para incentivar outras mulheres a provarem que conseguem se superar”, explica. Mesmo depois de passar por tanta dor, Milena pretende quebrar mais recordes. “Algumas pessoas dizem que sou louca”, conta rindo. Segundo a psicóloga Adelice Porfírio, faz parte do ser humano tentar superar seus próprios limites, seja para atingir uma meta pessoal ou por recursos financeiros. “O instinto dos seres humanos é analisado des-

de a antiguidade e fica evidente que ultrapassar seus próprios limites é um ganho intrínseco”, explica. Cada recordista tem uma motivação diferente, dependendo essencialmente do que ela quer perante o meio em que está inserido. O esporte é uma forma de espetáculo, principalmente quando se fala em olimpíadas, pois são considerados milésimos de segundos para se ter uma diferença entre os seres humanos ou até mesmo de superação própria. O gostinho de tentar se superar permanece em Edmar e Milena. Eles falam com orgulho de suas realizações. “Eu fico muito dolorida, mas nada supera a felicidade da conquista”, conta Milena. Depois do recorde, Edmar explica que os músculos demoram para relaxar. “No outro dia a dor é intensa. Apesar de só conseguir ficar deitado, não conseguimos dormir por pelo menos dois dias”. Segundo Edmar, treinador de Milena, por enquanto ela não vai tentar quebrar mais recordes. “Não adianta ela ficar quebrando seu próprio recorde, vamos esperar e torcer para que outras atletas tentem quebrar o recorde de Milena”. Eles gostam de disputa; para eles, não tem graça quando não há desafio. Edmar e o americano Bill Evans, desde 1995 disputam quem lidera o recorde mundial. Por enquanto, Edmar é o recor-


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Especial

Fotos: arquivo pessoal

Desafio

bater recordes?

prios limites

dista. Para a psicóloga, mesmo que outras pessoas da sociedade achem irrelevante o esforço feito, o ser humano vai tentar se superar para mostrar que consegue. “Para provar para si próprio que é capaz de fazer algo, além do que ele mesmo ou outra pessoa possa fazer. Assim a pessoa comprovará que é melhor ou mais do que os outros possam ser ou fazer”, conta. Mas alerta que a tentativa de superação só é natural até que a pessoa não seja prejudicada física ou psicologicamente.

Edmar Freitas e Milena Ribeiro, recordistas mundiais de abdominais do Guinness Book, são curitibanos

Dicas para um bom abdominal Ao executar: Mantenha a coluna bem apoiada no chão. Quando começar o movimento, solte o ar durante toda a flexão da coluna até o ponto em que somente a parte lombar fique encostada no chão. Segure por dois segundos e volte lentamente à posição inicial.

Silêncio e concentração: Evite ficar conversando ou se distraindo durante o exercício. Quanto mais o conhecimento sobre o seu corpo e a localização dos músculos abdominais, maior a capacidade de concentração e a eficácia da contração muscular.

Iniciantes: Os iniciantes devem utilizar apenas o peso do próprio corpo. Pessoas com os músculos abdominais muito fracos podem colocar os braços ao lado do corpo, isso ajuda a diminuir a intensidade do exercício e facilita o movimento.

Mas, cuidado. Nunca exagere ou extrapole seus limites físicos. Os resultados não irão aparecer de um dia para o outro. Paciência e determinação são fundamentais para um bom resultado.


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Colunas

Fotos: divulgação

Futebol

Literatura

Argentina X Brasil na Província de Santa Fé

Domínio da história militar na obra euclidiana Eli Antonelli

Danilo Georgete “Dizem que o primeiro Brasil e Argentina é inesquecível”. Foi a frase do volante Renato, após a final que o Brasil ganhou da Argentina, nos pênaltis, na Copa América de 2004, quando a seleção canarinho esteve duas vezes atrás do placar, marcando o gol de empate com o Imperador Adriano no último minuto do jogo. No próximo sábado, esse jogo magnífico chega à partida de número 93 e entre esses jogos inesquecíveis existem quatro que foram disputados em Copas do Mundo. Um dos prélios jogados contra nossos “hermanos” em mundiais é a “Batalha de Rosário”, uma espécie de semi-final da Copa de 1978 que tinha como sede a Argentina; quem ganhase aquela partida daria um passo gigantesto para a disputa da final da Copa. Porém, o Gigante de Arroyto era todo platino, foi um prélio tenso e nervoso, como todo Brasil e Argentina, esse ninguém queria perder. O embate acabou zerado e determinaria o ganhador do grupo B da segunda fase do Mundial a rodada derradeira. Exige a ética que, num caso desses, as duas partidas aconteçam simultaneamente. Porém, a Ente Autárquico Mundial designou o jogo do Brasil para tarde, e a da Argentina para a noite, caso ambos vencessem seus duelos, o finalista para o confronto com a

Holanda seria decidido pelo saldo de gols. A seleção comandada por Claudio Coutinho ganhou fácil da Polonia por 3 x 1. Desse modo os argentinos teriam que ganhar de quatro gols de diferença do Peru. Mancha vergonhosamente a história do futebol platino, a facilidade com que se desvincilhou do Peru por 6 x 0, ganhando por três gols a vaga para a final da Copa. Anos mais tarde o arqueiro peruano Ramón Quiroga admitiu a falcatrua, o suborno, a vergonha. Quiroga era argentino de nascimento, dessa forma Cláudio Coutinho proclamou-se “Campeão Moral” da Copa marcada pela ditadura. Na Copa de 1982 – antes do trágico jogo com a azurra - a seleção liderada por Zico, Falcão e companhia deu um show nos argentinos, fazendo “Dom” Dieguito se enfurecer e ser expulso no embate, triste sina a da seleção, o garoto de 82 seria o maestro da queda brasileira em 90. No Estádio Delle Alpi, em Turim, aconteceu um dos melhores jogos da Copa da Itália. Nesse prélio vimos um Maradona “machucado” acabar com o jogo. Um dos mais acusados de ser o culpado pela derrota de 90 foi o então volante Dunga, hoje técnico da seleção verde e amarela. Aliás, nesse jogo tem a lenda da “água batizada”, que Marodona contou aos risos anos atrás em seu programa. Ô catimba e falta de ética platina!

Mas aquela Copa de 78 é difícil engolir... Mas a seleção de Dunga, o jogador que fora tão criticado após a derrota de 90, pode se vingar... não só do resultado daquelas Copas, mas se vingar de todos os resultados em que nossos vizinhos ganharam usando de artimanhas deploráveis. Maradona e Dunga não estavam presentes no certame de 78, mas foram os protagonistas da pugna de 90 e vão ser os coadjuvantes do prélio deste sábado, que vai ser realizado no mesmo Estádio da partida da Copa na Argentina. Pela situação dos platinos nas eliminatórias, podendo terminar a rodada fora do grupo dos qualificados para o Mundial do próximo ano, teremos a Batalha de Rosário parte 2, os comandados de Dunga vão fazer de tudo para conseguir uma vitória, e os de Dieguito vão fazer o mesmo. A verdade é que esse jogo vai ter gosto de uma final de Copa, e como nos últimos confrontos, principalmente nas finais, nos jogos decisivos, nossos queridos hermanos perderam, essa pode ser mais uma vitória para a lista brasileira. A emoção vai estar à flor da pele nos jogadores, nos técnicos e na torcida... O Brasil não seria Brasil sem a Argentina, e a recíproca é verdadeira. Sem o “clássico dos clássicos” o futebol não seria tão instigante.

O mês de agosto marcou o centenário da morte de Euclides da Cunha. Sua obra máxima foi sem dúvida “Os sertões”, que descreve o conflito no sertão da Bahia da campanha das forças republicanas contra o arraial de Antonio Conselheiro. A experiência como jornalista e escritor não teria, certamente, a mesma força se não fosse incorporado o seu conhecimento militar. Bom aluno, mas costumeiramente indisciplinado e muitas vezes mal humorado, cresceu na carreira militar, mas houve constantes trocas de unidades, deixando claro sua inquietação no exercício das funções militares. O escritor Umberto Peregrino em “Euclides da Cunha e outros estudos” destaca que Euclides compôs a história militar de “Os Sertões” não apenas como uma simples crônica, ou com apresentação de documentos ou ainda com uma simples discussão de combates e batalhas - ele formulou sua narrativa a partir de todos os elementos que compõem a guerra. Euclides consegue analisar os fatos a partir das relações de ordem econômica, social, antropológica e geográfica. Sua obra é composta de críticas às estratégias militares estabelecidas no combate e precisamente aos comandantes, cujos perfis são descritos por Euclides sem a preocupação da exultação costumeiras dos quartéis. Mas não chegou a ser injusto, pois sabia reconhecer as qualidades quando estas realmente existiam. Sua visão militar reconhece que a dificuldade da campanha de Canudos se deu por diversos motivos. Entre eles, a terra árida e penosa e a força do jagunço. Descrita da seguinte forma por Euclides: “O jagunço é uma tradução do iluminado da Idade Média. O mesmo desprendimento pela vida e mesma indiferença pela morte dão-lhe o mesmo heroísmo mórbido e inconsciente do hipnotizado e impulsivo”. Até o fim do período militar a forma de retratar e resgatar as memórias do escritor não eram muito aprofundadas na questão dos fatos pessoais que o envolveram. A descrição de Euclides nas obras na época da ditadura era mostrada com enfoque a sua experiência militar e a sua obra, como apresentada por Umberto Peregrino, em 1968. Há uma pequena passagem que descreve Euclides como um sofredor, Umberto cita Gilberto Freyre que coloca a importância que a falta de uma mulher que o compreendesse e o amasse resultou na vida do escritor “Euclides nunca se completou como adulto e feliz. Faltava-lhe uma mulher que o conduzisse às zonas de sensibilidade de compreensão e de simpatia humana, que o homem sozinho não consegue, apenas percorre angustiado, ou não percorre nunca”. Faltou na vida de Euclides uma mulher amiga, inteligente para integrá-lo a alegria de viver. Os intelectuais constantemente se desligam da realidade imediata e necessitam de alguém por perto que os compreenda integralmente. As citações são breves, o autor afirma que havia necessidade de estímulo de amor para Euclides, mas logo reinicia seu discurso da importância da obra, da genialidade do nacionalista férvido. Fala da importância da carreira militar, não deixa de citar problemas como sua doença, que o acompanhou durante toda a sua vida, talvez motivo do constante mau humor, fala de suas inquietudes, mas não cita fatos que venham a manchar sua honra, como questões envolvendo a traição de sua esposa que culminou com seu assassinato em 15 de agosto de 1909.


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Curitiba, quarta-feira , 2 de setembro de 2009

Geral

Fotos: divulgação

Tecnologia

Muito além de um código de barras Nova tecnologia inova os códigos anteriormente usados somente pelo comércio Camila Scheffer Franklin Em 26 de junho de 1974 nasceu o código de barras utilizado pela primeira vez para identificar o preço de um pacote de gomas de mascar Juicy Fruit. Atualmente com 35 anos, parece que em breve será substituído pela Quick Response Code, ou Código de Resposta Rápida, definido pela abreviação QR Code. Diferente do código de barras tradicional, utilizado principalmente pelo comércio, a nova tecnologia pode ser aplicada em diversas áreas e permite a interatividade com o usuário final. O QR Code é uma tecnologia em ascensão que foi criada no Japão em 1994 pela empresa japonesa Denso-Wave. No ano 2000, o padrão japonês para o código QR foi aprovado como padrão internacional ISO/IEC 18004. Ele é de livre uso, pois sua patente não é praticada e consiste em uma imagem quadrada, como uma matriz ou código de barras bidimensional. Ele possui o

mesmo princípio de um código de barras tradicional e pode ser interpretado por aparelhos celulares que possuem câmera a partir de um software que interpreta os links presentes dos códigos fotografados, exibindo conteúdos diversos na tela do aparelho. O QR Code é considerado a ponte entre o mundo real e virtual e está virando mania no mundo todo.

Interação Sua utilização tem inúmeras possibilidades. Ele tem sido visto com frequência em revistas e propagandas que direcionam o usuário para conteúdos extras. Até uma famosa banda inglesa aproveitou a onda do QR Code. O Pet Shop Boys utilizou a novidade no clipe da sua música “Integral”. Quando os telespectadores fotografavam os códigos eram direcionados a sites da internet com assuntos referentes à temática da música, tratando da questão da privacidade no mundo contemporâneo.

No mais, várias empresas estão desenvolvendo produtos que incorporam os QR Code pela interação que eles permitem entre os meios físico e digital e pela facilidade de contato das marcas com seus consumidores. Em dezembro de 2007, a loja Fast Shop fez o primeiro anúncio publicitário por QR Code do Brasil. Seu exemplo foi seguido pela cervejaria Nova Schin em junho de 2008. No final do mesmo ano, em novembro, a operadora de telefonia Claro fez sua campanha utilizando a tecnologia. Um bom exemplo de uso da nova tecnologia é o que vem fazendo a marca Louis Vitton. Ela utiliza os QR Code na padronagem das suas bolsas. Assim, quando o consumidor quiser pode acessar o link do código e conhecer as novas coleções e promoções da marca.

Uso pessoal Profissionais liberais e executivos têm aproveitado o novo código em seus cartões de visita. Eles carregam links

Desfrute Se você possui um celular com câmera, você pode desfrutar os QR Code fotografados pelo seu aparelho. O site I-nigma (www.inigma.com) oferece o programa gratuitamente para vários modelos de celulares. O site também oferece aos seus usuários a possibilidade de criar seus próprios códigos para uso em sites, documentos e até camisetas que não tenham fins comerciais. Depois gem em seu computador e usá-la como quiser.

com informações detalhadas do profissional e até mesmo currículos. Gisele Pinna, professora de arquitetura e design da Universidade Positivo, utiliza o QR Code em seu cartão de visita para divulgar o seu blog. “Com tantos recursos de mídia existentes atualmente, é difícil criar algo que chame atenção. Procurei sintetizar no cartão aquilo que eu espero com o meu blog: que as pessoas entendam que ele fala de mídia, tecnologia e arquitetura”, completa. Gisele conseguiu despertar a curiosidade das pessoas que recebem seu cartão e os acessos ao seu blog cresceram.

Segurança

dessa nova tecnologia. Basta instalar um programa que decifra

de preencher um formulário e criar o QR Code, é só salvar a ima-

“O QR Code é uma tecnologia em ascensão que foi criada no Japão em 1994 pela empresa japonesa DensoWave. Ele é de livre uso, pois sua patente não é praticada e consiste em uma imagem quadrada, como uma matriz ou código de barras bidimensional. O QR Code é considerado a ponte entre o mundo real e virtual e está virando mania no mundo todo”

Fotografe o QR Code do Lona e acesse o conteúdo

O QR Code pode trazer mais segurança para as indústrias farmacêuticas brasileiras. Elas pretendem utilizar o novo código para evitar a falsificação de medicamentos. O projeto que pode ser aprovado em breve prevê que as farmácias tenham leitores do QR Code em seus estabelecimentos para que os consumidores possam

escanear os remédios que necessitam e ter informações como nome de fabricante, data de fabricação, data de expedição da fábrica e nome do distribuidor de destino do medicamento, dificultando a venda de pílulas de farinha e remédios contrabandeados.

Aplicado ao jornalismo O Jornal “A Tarde”, de Salvador, Bahia, foi o primeiro a utilizar o QR Code em suas edições, implantando-o desde dezembro de 2008. Ao usar da tecnologia em suas páginas, o jornal impresso permite a integração e convergência entre as mídias do grupo, levando o seu leitor do papel ao dispositivo móvel. É o conceito de jornalismo móvel. Ao consultar o código, o leitor tem acesso às informações complementares, como textos, áudios, vídeos e/ou fotografias. “Se antes os jornalistas tinham de descrever com detalhes, por exemplo, um gol de uma partida de futebol, agora com os QR Codes os leitores podem ver a jogada lance a lance”, diz Gisele.


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Curitiba, quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ensaio História Texto e fotos: Diego Henrique Na estante se espremem os livros empoeirados, cheios de história pra contar. As páginas intocáveis fazem parte do acervo da Casa da Memória, ou simplesmente “Casa dos Cavalinhos” como também é conhecida, um dos museus do município da Lapa (PR). A casa foi construída há 121 anos (em 1888) e atualmente resguarda, entre outras coisas, documentos sobre o nascimento do município e livros da Associação Literária Lapenana, criada no século XIX. Em 1992, a Casa da Memória recebeu obras de restauração e foi adquirida pela Prefeitura da Cidade. Em 2003 foi restaurada novamente e funciona até hoje. O acervo do museu possui diversos objetos que foram doados por famílias locais e outros que pertenciam à Prefeitura. Utensílios domésticos, mobiliários, máquinas registradoras e de escrever, fotografias, jornais e documentos históricos são alguns dos exemplos de peças que podem ser encontrados lá. As ruas, as praças e a arquitetura da Lapa constituem forte elemento que nos remete

Detalhes da Lapa ao período colonial. Do madeirado da porta aos ladrilhos da rua, tudo foi testemunha de grandes acontecimentos do passado. Depois da Revolução Farroupilha e da Guerra do Paraguai, o município foi palco de um conflito armado entre maragatos e as forças

republicanas, um ato que ficou conhecido como o “Cerco da Lapa”. Os canhões expostos com orgulho nas praças do centro da cidade mostram que o período de guerra já passou e essas antigas armas já podem descansar em paz.


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