2 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA
Curitiba, 9 de agosto de 2006
EDITORIAL
O mal da reeleição
Polícia e bandido as, é famosa pelos arrombamentos. Muitas vezes as vítiDepois de quatro dias de mas estacionam seus carros e, quando voltam, seus apareinvestigação, o Paraná TV, telhos de CDs já foram furtados. lejornal da Rede Paranaense Desesperadas, elas pedem de Comunicação (RPC), flagrou policiais militares do Pa- socorro à autoridade local, no raná, na região do Largo da caso a Polícia Militar, com a Ordem, furtando um aparelho esperança de que os guardas de som de um carro estacio- possam resolver o caso. Doce nado no Centro Histórico de ilusão. De fato, a Curitiba. frase “acariciA reportagem, que foi Quando não se pode ando o lobo na ao ar na noite confiar nem naquele pele de cordeiro” se aplica de segundaneste feira, foi capa que é obrigado a zelar bem caso. Quando pela segurança dos jornais Gazeta do pública, a situação não se pode confiar nem Povo, Tribuna torna-se crítica naquele que é do Paraná e obrigado a zedestaque no lar pela seguJornal da Globo. A matéria mostra dois po- rança pública, a situação torliciais, da viatura 6333 do Po- na-se realmente crítica. Quem poderá nos salvar? liciamento Ostensivo Volante (Povo), furtando o aparelho de Nessas horas ninguém surge som de um veículo. Enquanto em nosso socorro; ou, se apaum deles “vigiava”, o outro rece, na verdade são policiais desqualificados que trabalham arrombava a porta do carro. Em nota oficial, a Secre- na corporação. O que fazer taria de Estado da Segurança neste caso? Será que uma farPública (SESP) anunciou a pri- da pode representar realmensão imediata dos dois polici- te a segurança pública? De fato, esse não é o priais – cujos nomes não foram identificados na reportagem. meiro caso de injustiça ocorrido no Brasil. Sabe-se de váJá o delegado Rubens Recalcati, da Delegacia de Fur- rias histórias envolvendo abutos e Roubos, informou à Ga- so de policiais. Mas a repetizeta do Povo que, naquela ção coloca em dúvida a credimesma noite, a polícia já ha- bilidade da polícia em manter via feito uma ação para coi- a ordem pública e cumprir a lei estipulada de acordo com bir os furtos na região. A rua onde ocorreu o furto a legislação brasileira. dos policiais, Duque de Caxi-
Sonner M.C.
Vinicius Boreki
Arquivo/ LONA
Na última semana, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) mandou que o candidato à reeleição estadual pelo PMDB, Roberto Requião, retirasse notícias consideradas como veiculação de propaganda eleitoral do site oficial do Estado. O governador ainda foi obrigado a tirar cartazes e faixas do Aeroporto Afonso Pena. Há menos de um mês, o TRE considerou notícias veiculadas na Agência Estadual como propaganda. As reclamações foram enviadas pela coligação comandada pelo candidato do PPS, Rubens Bueno. Em época eleitoral, a disputa faz com que se reclame a divulgação de propagandas em meio às notícias nos meios de comunicação. Porém, durante três dos quatro anos de mandato, muitos políticos se utilizam do poder para fazer campanha. É o caso de Requião. Desde que assumiu o controle do Estado, em 2002, Roberto Requião divide o cargo de governador e de candidato à reeleição. A TV Educativa se tornou um dos melhores palanques. Todas as terças-feiras, o canal transmite a “Escolinha do Governo”. Muitas das palestras veiculadas são interessantes, porém, na maioria das vezes, Requião discursa e critica algum adversário político ou a atitude de determinado parlamentar. Esse é um r eles exem plo:
Bandeira do Palácio Iguaçu grande parte das declarações de Requião desde 2002 tem algum cunho eleitoral. Se o atual governador conseguir mais quatro anos de poder, continuará em campanha. Desta vez, para tentar a presidência do país em 2010. A postura adotada por Requião e as várias CPIs e escândalos envolvendo parlamentares fortalecem uma possível candidatura. A solução para que os parlamentares parem de fazer campanhas durante os mandatos é a extinção da reeleição. De acordo com o presidente Lula, um dos pilares da sua campanha é o projeto que proíbe a
continuação de um mandato do executivo (presidente, governadores, prefeitos). E o Senado já aprovou uma proposta que acaba com a reeleição a partir de 2010. Porém, para entrar em vigor, o texto ainda precisa ser aprovado no plenário do Senado e na Câmara dos Deputados. Enquanto isso não ocorre, a população continua convivendo com políticos que estão mais preocupados em se promover do que trabalhar durante o mandato. Apesar dos projetos que visam o fim da reeleição, cabe ao eleitor avaliar se o político, em suas atitudes, está se promovendo ou trabalhando.
O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo –
UnicenP
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mo: Carlos Alexandre Gruber de Castro, Professor-orientador: Marcelo Lima. EQUIPE (ALUNOS) Editor-chefe: Renan Colombo. Fechamento: Renan Colombo, Guilherme Guinski, Felipe Glück. Alunos do 2.º ano matutino: Amanda de Jesus Rodrigues de Lara, Anaisa A. Lejambre Rodrigues, Barbara Goulart de Freitas Pombo, Bianca dos Santos Pelegrini Neves, Brenda de Oliveira Linhares, Bruna Fernanda Carvalho Okamoto, Cecilia
Joana Oliani, Daiane Cristine de Souza, Denise Paciornick, Diego José Onzi Ramos, Eloisa Parachen, Evelise Cristina Toporoski, Felipe Ribeiro dos Santos Glück, Fernanda Cristina de Andros Petrini, Flavio Sieg Martinz, Guylherme Custódio, Iane Mariah Machado Miquelanti, Jianara Machado, Julia Luiza Scholze Mariotto, Juliana Galliano Vieira, Juliane da Silva, Karina Draczynski, Luis Henrique M. Bittencourt Budolla, Luiz Fernando Coraiola Filho, Luiz Guilherme Machado, Marcio Men-
des Bruggemann, Marion da Rocha Ceschini, Maureen Luiza Bertol, Mirella Pasqual, Natasha Penha Schiebel, Phillipe Halley Martins Pereira, Rebeka Ribeiro da Luz, Rikardo Santana da Silva, Rodrigo Cantarim, Sonner Machado Cerqueira e Silva, Talita Garcia Batista, Vanessa Luchetta de Ramos, Vanessa Priscila Santana Ramos, Veronica Barcelos Medeiros Tomasoni, Victor Granemann Vieira Paulin, William Petkowicz Vesely.
Curitiba, 9 de agosto de 2006
LABORATÓRIO DA NOTÍCIA - 3
Os conflitos iniciados em 12 de julho já registram ao todo mais de 1000 mortos
Manifestação pede fim do conflito no Líbano Grande parte da comunidade árabe em Curitiba tem parentes no sul do Líbano, região Na última sexta-feira, a code intenso confronto. É o caso munidade árabe, parentes, amide Fátima Qhalil, natural de gos e entidades estudantis reaBeirute, que mora no Brasil com lizaram mais um protesto cono marido há seis anos. tra os atentados cometidos pelo “É muito triste o que está Estado de Israel no sul do Líbaacontecendo; todos os meus pano. A manifestação partiu da rentes estão lá, estamos com praça Santos Andrade em marmuito medo“, cha até a Boca explica a libaneMaldita. sa. Fátima, Os particiOs participantes além de converpantes exibiam exibiam faixas sar com seus fafaixas pedindo o pedindo o fim dos miliares por tefim dos conflitos lefone todos os que já deixaram conflitos que já dias, acompamais de 700 lideixaram mais de 700 nha TV árabe baneses morlibaneses mortos, para se manter tos, entre eles cerca de 350 crientre eles cerca de i n f o r m a d a . “Aqui no Brasil anças. Desde o 350 crianças ninguém mostra início dos conflia verdade. Eles tos, em 12 de colocam títulos de terrorista e julho, já foram registradas ao todo mundo acredita”, lamentodo pelo menos 1.000 mortes ta. – somando israelenses e libaneO representante da comunises. A maioria das mortes — 900 dade Cristã Ortodoxa em Curidelas — ocorreram no Líbano. tiba, Mouthih Ibrahim, defende Durante a manifestação, que o Hezbolah e classifica os atacomeçou às 14 horas, os gritos ques israelenses como covardia. de protesto iam desde: “Fora “O Hezbollah está dando uma Bush, terrorista e fascista!”, lição de dignidade ao mundo”, até: “Hezbollah Hezbollah, reexplica. Segundo ele, um povo sistência popular!”. A represenque tem o território invadido tante do Movimento Estudantil tem direito de se defender. “É Popular Revolucionário, Viviane o maior exemplo de resitência Bastos, critica a atuação da Orde um povo, se Deus quiser vaganização das Nações Unidas mos vencer”. (ONU) e dos países que pertenUm dos organizadores da cem ao Conselho de Segurança manifestação, Adinah Sayd, diz da Organização. que o terrorista não é o Hezbo“A ONU não tira posição nellah, mas sim o Estado de Isranhuma sobre a guerra, porque el, que mata civis e acredita que na verdade é um balcão de neé o povo escolhido por Deus. gócios que atente aos interes“Eles são fascistas e ignoranses econômicos das potências tes, porque acreditam que vão imperialistas”, critica. prevalecer sobre os demais, mas estão perdendo para a reSem cessar-fogo sistência legítima do povo paNa última semana, os conllestino e libanês”, afirma. fitos entre Israel e Líbano se agravaram depois que o Estado Entenda o conflito de Israel negou o cessar-fogo Os conflitos entre Líbano e proposto pelo Líbano. O país Israel existem há mais de 50 árabe exige a retirada dos 10 anos. Ao término da Segunda mil soldados israelenses que inGuerra Mundial, depois do masvadiram o sul do país durante sacre que o Nazismo comandou uma ofensiva. Segundo o Estacontra os judeus, o mundo se do de Israel, a retida dos soldaviu em dívida com esse povo. dos não estava no acordo proUma resolução da ONU criou posto pela ONU. Por isso os conentão o Estado de Israel, em flitos devem continuar.
Juliana Motta
Arquivo/ LONA
Mesquita em Curitiba: cidade tem grande comunidade árabe com parentes no Líbano 1948. Para a criação do novo as foram assassinadas e vários Estado, parte da Palestina é ce- acordos envolvendo principaldida aos israemente intereslenses. Como ses econômicos resultado, granforam feitos. O Hezbollah é o de parte da poEm 12 de jupulação da Pa- principal movimento lho deste ano, lestina é expulde combate a Israel sob pretexto de sa pelos judeus que dois soldade seu territó- no Líbano. Além disso, dos Israelenses, rio. A maioria desenvolveu vários seqüestrados, desse povo se estão em poder serviços sociais estabeleceu no do Hezbollah, as no país Líbano. Hoje 15 forças armadas % da população de Israel atado Líbano é palestina. Desde cam novamente o Líbano, reique se fixou na Palestina, o Esniciando a guerra. tado de Israel apresenta um política expansionista, o que gera Hezbollah muito conflito. Já anexou a O Hezbollah (partido de Cisjordânia, a Faixa de Gaza, Deus, em árabe), ao contrário Jerusalém Oriental e as colinas do que se imagina, não é um de Golã. grupo terrorista. É um partido Desde então, muitas pessopolítico legalizado no Líbano e
em territórios árabes. A maioria da população apóia a atuação do Hezbollah. O grupo nasceu como uma milícia islâmica após a invasão israelense no Líbano em 1982. O Hezbollah é o principal movimento de combate a Israel no Líbano. Além disso, desenvolveu vários serviços sociais no país. Esses serviços se dividem em cinco áreas: ajuda a familiares de mártires, saúde, educação, reconstrução e agricultura. O Hezbollah conta com cinco hospitais, 43 clínicas e duas escolas de enfermagem. Segundo a ONU, ao menos 220 mil pessoas em 130 cidades libanesas se tratam nesses locais. Na área de educação o Hezbollah possui 12 escolas com 7 mil alunos e 700 professores.
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Curitiba, 9 de agosto de 2006
Trabalho desenvolvido pelo curso de Educação Física envolve oito modalidades
Projeto visa formação esportiva da comunidade Phillipe Halley Um trabalho que começou há quatro anos como preparação para alunos do curso de Educação Física transformou-se num projeto voltado para a comunidade. O Projeto de Formação e Iniciação Esportiva é realizado pelo Centro Esportivo do Centro Universitário Positivo (UnicenP). A iniciativa conta com oito modalidades esportivas: atletismo, vôlei, capoeira, ginástica olímpica, atividades aquáticas, futebol de salão, jiu-jitsu e basquete. Podem participar crianças de 7 a 13 anos que, de preferência, freqüentem escola pública. O auxílio às atividades desportivas é feito por professores do curso de Educação Física e estagiários do 4º ano do curso. As crianças pagam uma taxa mensal de R$ 5 por modalidade para a manutenção dos materiais utilizados na prática esportiva. O coordenador do projeto professor Paulo César Pereira acredita que iniciativas como as do UnicenP são fundamentais para afastar as crianças da criminalidade. “O nosso projeto não é feito exclusivamente para
formar atletas profissionais, jogadores de futebol, nadadores, ginastas. Esse projeto visa sim construir seres humanos conscientes, de bom caráter e cidadãos preparados para serem os futuros líderes e transformadores da própria história e do nosso país”, diz o professor. Opção Para o aluno da escolinha de futebol do Centro Esportivo Marcelo Henrique, de 11 anos, que mora próximo do campus do UnicenP, o projeto é “muito legal”. “Antes de participar da escolinha, eu ficava em casa sem fazer nada ou na rua brincando com meus amigos. Agora venho sempre jogar com eles aqui no Unicenp. Quero ser jogador de futebol e a escolinha é uma chance de poder ser jogador. Não quero que ela acabe nunca”, diz o garoto. As inscrições para o projeto de iniciação esportiva e para outros projetos voltados para o esporte podem ser feitas pelo telefone 3317-3000 ou o interessado ir diretamente ao Centro Esportivo no UnicenP, que funciona de segunda a sextafeira das 8h às 18h.
Murilo Ribas/ LONA
Campo de futebol do centro universitário, onde são realizadas algumas aulas do projeto
OPINIÃO
Até onde? Diego Onzi Ramos O futebol brasileiro vem presenciando neste ano cenas lamentáveis oferecidas pelas torcidas de futebol. As torcidas de Corinthians e Grêmio, por exemplo, abusaram e foram além da palavra torcer. No dia 4 de maio, o Corinthians enfrentou o River Plate da Argentina, pelas oitavas de final da Taça Libertadores da América, e foi eliminado, perdendo o jogo por 3 a 1. Porém o que marcou a partida não foi o resultado, e sim a atitude da torcida corintiana, que queria invadir o campo para “tirar satisfações” com os jo-
gadores. Graças aos cerca de 10 policiais que impediram a multidão enfurecida não aconteceu uma tragédia maior ainda. Estes mesmos policiais foram condecorados com medalhas de honra. O jogo acabou minutos antes do tempo oficial por falta de segurança. O Corinthians recebeu a punição de ficar um ano sem poder jogar no Estádio Pacaembu, palco da confusão, em torneios sul-americanos. Até que ponto iremos chegar? No domingo 31 de julho, no Estádio Beira Rio, campo do Internacional de Porto Alegre, o Brasil inteiro presenciou a cena de vandalismo no clássico regi-
onal Internacional e Grêmio, o Grenal. A torcida do Grêmio começou a atirar produtos químicos, retirados dos banheiros, para dentro do campo; ainda não contentes com a situação, os torcedores atearam fogo, levantando uma forte fumaça preta com alto teor tóxico. Vândalos entraram em conflito com a Brigada Militar, chegando a bater nos policiais. A partida foi interditada por 15 minutos. Enquanto os bombeiros tentavam apagar o fogo, os torcedores do Grêmio continuavam a arremessar pedras na direção dos bombeiros. No caso da torcida do Grê-
mio eram pouco mais de 30 torcedores — se é que podemos chamá-los assim — que causaram a desordem. O Internacional informou prejuízo de R$ 167 mil. Até que ponto iremos chegar? O terror em que vivemos no Brasil e a impunidade talvez possam explicar atitudes como estas. Quando vemos na TV ataques como os do PCC, escândalos como o mensalão ou a máfia das sanguessugas — e com tudo isso a impunidade —, como servir de exemplo? Na Europa ocorriam casos semelhantes, porém com uma única diferença: os clubes e as pessoas envolvidas recebiam
uma severa punição. Os clubes chegavam a ser punidos, ficando cinco anos sem participar de campeonatos internacionais. Hoje a torcida européia, em questão de educação, é um exemplo a ser seguido. No Brasil temos uma grade e valas com dois metros de profundidade que separam a arquibancada do gramado; na Europa o que separa o gramado da arquibancada é apenas um muro de, em média, um metro de altura, que é feito somente para proteger o torcedor das “boladas”. Faltam punições mais severas em nosso país, não só no futebol, mas em todas as áreas.
6 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA
Curitiba, 9 de agosto de 2006
População prefere votar em deputado honesto, mostra projeto RPC Cidadania
Pesquisa mostra perfil ideal de candidato Márcio Brüggemann
da foi “é honesto”, com 35%; em seguida vem “é trabalhaO projeto RPC Cidadania, dor”, com 22%; “defende a rerealizado numa parceria entre gião” tem 13%; com 12% está a a RPC e o curso de jornalismo opção “não contrata parentes”; do UnicenP, chega à sua última “não é assistencialista” tem 10% — e por último está a opsemana. Depois de ter passado por várias partes de Curitiba, ção “não muda de partido”, com 8% dos votos. na oitava semana a urna volta As opções mais votadas foao centro da cidade, na Rua XV, ram as escolhidas também pelo na Boca Maldita. aposentado Adão Rolim de OliA pesquisa tem o objetivo de veira, de 52 anos, que se mossaber o que a população paratrou a favor de naense mais candidato honesvaloriza no seu Na opinião do to e trabalhador. candidato a de“Eu escolhi essas putado na hora representante opções porque no de votar. Na urna existem comercial Dilair Rocio meu modo de pensar é o mais três perguntas. Bernatzki, de 29 correto, e hoje A primeira é: anos, não se deve está muito difícil “Eu voto em deputado que”, votar em candidatos de escolher um candidato, pois com as resposassistencialistas não há opção. tas: é honesto, Olhe todos esses é trabalhador, problemas, são casos de desadefende a região, não muda de partido, não contrata parentes, nimar qualquer eleitor”, relata. Já na segunda pergunta, a não é assistencialista (troca voto por dinheiro, cadeira de opção mais votada foi “é desonesto”, com 32%; e na seqüênrodas etc). cia vem a opção “é assistenciA segunda pergunta é: “Eu não voto em deputado que”. alista”, com 20%; “contrata parentes”, com 14%; com 13% está Com as respostas: é desonesto, é preguiçoso, não defende a opção “preguiçoso”, e por úla região, muda muito de parti- timo estão as opções “não dedo, contrata parentes, troca fende a região” e “troca muito voto por dinheiro, cadeira de de partido”, cada uma com 10% dos votos. rodas etc. Na opinião do representanCom a terceira pergunta a te comercial Dilair Rocio Bernatpesquisa quer saber se as pessoas lembram em quem vota- zki, de 29 anos, não se deve ram para deputado federal e votar em candidatos assistencialistas. “Eles pegam um pesestadual. O coordenador de núcleo da soal de baixa renda, sem nenhum tipo de informação, e com RPC Adailton Bittencourt expliuma cadeira de rodas tentam ca que a pesquisa está sendo feita em relação aos deputados conseguir mais números de voporque foram eles que mais es- tos, porque ninguém compreentavam envolvidos nos últimos de nada. Depois que ele é eleiproblemas de corrupção. “Acre- to e não faz nada, ninguém cobra o que prometeu porque a ditamos que, levando o eleitor pessoa ganhou um presentia pensar na qualidade dos candidatos, provocaremos nele uma nho”, critica. reflexão que acabe defendendo Memória política até a hora de votar”, diz. A última pergunta mostra que a maioria das pessoas se Resultados parciais lembra em quem votou na últiDepois de 9990 pessoas terem participado do projeto em ma eleição. Para deputado feCuritiba, desde sexta-feira a deral, 51% dos eleitores lembram em quem votaram; 49% pesquisa mostra que na primeira pergunta a opção mais vota- não lembram. Quando o voto é
Márcio Brüggemann/ LONA
Nesta semana, última do projeto, a urna estará na Boca Maldita para deputado estadual, 53% lembram e 47% não lembram. “Acho importante as pessoas lembrarem em quem votaram, para depois poder cobrar o que os candidatos prometeram. Eu sempre gravo o nome deles, ainda bem que meu candidato não estava no meio de nenhum problema, então vou votar nele de novo”, comenta o motorista Sérgio Ribas de Souza, de 37 anos. A pesquisa já foi realizada em Ponta Grossa, Pato Branco, Cascavel, Umuarama, Paranavaí, Maringá e, na semana passada, em Londrina, que foi a última cidade do interior a receber a urna. Em Curitiba, o projeto já passou pela Rua XV, pelo Pilarzinho, Fazendinha, Boqueirão, Hauer, Guadalupe, Rua da Cidadania Matriz e termina na Boca Maldita, que ficará até sábado, das 7h30 às 19h.
Simpósio discute terceiro setor Mariana Tindó O I Simpósio de Direito do Terceiro Setor acontece de 28 a 30 de agosto no Centro Universitário Positivo. Os temas serão debatidos por professores das principais instituições do ensino superior de Curitiba. O primeiro dia do evento contará com a presença de conferencistas como Romeu Felipe Bacellar Filho (UFPR e PUC); Tarso Cabral Violin (UnicenP e Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar). No segundo dia haverá conversa com Ligia Maria Silva Melo de Casimiro (UnicenP e Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar), Emerson Gabardo (coordenador de Direito da UniBrasil) e Gustavo Henrique
Justino de Oliveira (UniBrasil e Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar). No último dia de simpósio, será abordado o tema das OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) e a tributação do terceiro setor e terá palestra de Lucimara Oldani Taborda Coimbra (Tuiuti), além de Fernando Borges Manica, autor do livro “Terceiro Setor e Imunidade Tributária”, e Leandro Marins de Souza, autor do livro “Tributação do terceiro setor no Brasil” como palestrantes. O evento terá início às 18h45 no dia 28; nos dias 29 e 30, às 19h. As inscrições estarão abertas até 25 de agosto. Informações no telefone (41) 33173035.
LABORATÓRIO DA NOTÍCIA - 7
Curitiba, 9 de agosto de 2006
“Pergunte ao Pó”, romance do americano John Fante, chega às telas curitibanas
Crônica de uma vida de cachorro na América Isadora Rupp Para o escritor norte-americano Charles Bukowski, “Pergunte ao Pó”, romance de John Fante lançado na década de 30, foi a sua “primeira descoberta mágica”. A história foi adaptada para o cinema, com direção de Robert Towne, e está em cartaz nas telas de Curitiba, estrelado por Colin Farrel (Arturo Bandini) e Salma Hayek (Camilla). O filme, narrado em primeira pessoa, conta a história do aspirante a escritor Arturo Bandini, que vai para a Los Angeles dos anos 30 tentar alcançar o seu grande sonho. Trancado num quarto barato de hotel, sem dinheiro e com crises de criatividade diante de sua máquina de escrever, a rotina de Bandini é narrada de uma forma romântica. Mostra um escritor instável, perdido e sem inspiração para sua história, que, para ele, renderia milhões e faria sucesso no mundo todo. No filme, Arturo Bandini nutre admiração pelo maior editor de revistas de Los Angeles e resolve mandar algumas páginas que, depois de muitas noites em claro, resolveu escrever. Ele responde o escritor com um cheque e o encoraja a transformar o conto em romance. Entre as tentativas, ele conhece Camilla, uma garçonete mexicana que trabalha num café próximo de seu hotel. Por mais que se sentisse atraído pela garçonete, Arturo ia ao café somente para humilhar a moça frente aos clientes do café. Mesmo sem dinheiro, gastava seus últimos níqueis apenas para provocar a moça com atitudes nada gentis, como jogar todo o café no chão. Como toda a história de amor, com o passar do tempo os dois se apaixonam e vivem uma complicada relação amorosa. É interessante a maneira como a cidade é retratada, em plena depressão americana — com imigrantes tentando ficar ricos e americanos preconceitu-
osos (assim como hoje). Inseguro e com dúvidas, Bandini sempre quis escrever sobre a vida e o amor, mesmo com pouca experiência nos dois. Tudo começa a mudar a partir do romance com a garçonete: o escritor retrata nas páginas a sua própria história. Depois de brigas homéricas, idas e vindas, Bandini leva Camilla para uma casa de praia, onde finalmente alavanca a produção do seu livro. Quando o romance dos dois parece finalmente ter acertado, a moça começa a ficar doente, acometida por tuberculose.Eles separam-se e ela vai para uma pequena casa no deserto, para curar-se da doença. Depois de um bom tempo separados, Arturo resolve visitar a moça. Muito doente, ela consegue apenas se despedir do escritor e morre nos braços do seu amado. Mais clichê, impossível. Fotografia O que torna “Pergunte ao Pó” interessante são as locações e a fotografia. O diretor consegue mostrar Los Angeles sempre quente e empoeirada, com pessoas de vários cantos tentando ser alguém. A narração em primeira pessoa também deixa a história menos cansativa e o roteiro é bem construído e consegue prender o espectador. O próprio Arturo enterra o corpo de Camilla e marca o local com uma cruz. Depois de o livro ter sido publicado, ele volta ao local e joga o romance para a terra — uma homenagem para a amada. O roteiro de “Pergunte ao Pó” começou a ser desenvolvido por Robert Towne desde a década de 70. Porém, nunca havia começado o filme por não ter conseguido apoio comercial. As filmagens começaram em 2004. Serviço “Pergunte ao Pó” está em cartaz no Unibanco Arteplex do Shopping Crystal, com sessões às 14h00 e 19h00, todos os dias.
Divulgação/ “Ask the Dust”
Os atores Colin Farrel (Arturo Bandini) e Salma Hayek (Camilla) em cena do filme
CRÍTICA
Apenas mais um romance Sara Araújo Não há como negar que na maioria das vezes as adaptações de obras literárias para o cinema ficam muito aquém das expectativas. Ainda assim, no caso de “Pergunte ao Pó”, as esperanças eram ainda maiores que o normal. O que pensar de um filme baseado nesta obra mundialmente aclamada de John Fante? Após se tornar ícone do igualmente gigante Chalés Bukowski, Fante jamais foi esquecido por suas confissões duras e maravilhosamente joviais que regurgitavam através de seu alter-ego Arturo Bandini. Outro motivo para esperar um grande filme
foi o fato de o livro ter sido adaptado por Robert Towne, roteirista de “Chinatown”, obraprima do cinema noir estrelado Jack Nicholson e Faye Dunaway. Os primeiros 30 minutos não são decepcionantes. Colin Farrell consegue ser convincente no papel de Bandini e Salma Hayek até remete à simplicidade de Camilla, exceto no fato de ser exageradamente bonita. O problema é quando começa o romance. Towne conseguiu matar toda a infelicidade de não ser amado que o jovem Bandini exprimia por todo a história. As ruas ensolaradas da Los Angeles dos anos 30 são fielmente retratadas, mas aquele rapaz que andava entre becos e
almas penadas, que ansiava em descobrir o sentido da vida nas teclas de sua modesta máquina de escrever não estava mais ali. A história caiu no senso comum e se tornou apenas mais um romance. Existem ótimos filmes que não teriam a mesma qualidade literária. Assim como há livros maravilhosos que jamais poderiam ser transpostos na tela. “Pergunte ao Pó” é um deles. Towne fez uma aposta arriscada e errou. Como já disse Bukowski, John Fante era alguém que não tinha medo das emoções. Quem assistir ao filme sem ter lido o livro pensará exatamente o contrário.