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Curitiba, segunda-feira,13 de outubro de 2008 | Ano IX | nº 456| jornalismo@up.edu.br| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |
Indústria brasileira pode sofrer com a crise, dizem economistas João Nei
Pesquisa divulgada pelo IBGE na sexta-feira mostra que o número de empregos na indústria diminuiu o ritmo de crescimento. A variação do mês de agosto ficou praticamente estável, mas representa alerta, considerando que neste período a indústria deveria empregar mais. Os economistas alertam para o início da repercussão da crise econômica no Brasil. No ano que vem a empregabilidade deve sofrer queda ainda maior, e as pessoas que ocupam os cargos de produção serão as primeiras a sentirem na pele as conseqüências da economia globalizada, conforme especialistas.
Página 3 Paulo Strano fez curso de eletrônica a distância e é exemplo da popularização da prática nos últimos tempos - Pág 7
Ensaio fotográfico
Tecnologia no turismo O Lona na feira
O Lona continua com a série de imagens que pretendem fazer uma releitura fotográfica da obra “Alice no país das maravilhas”.
No segundo dia do SIT, os palestrantes mostraram como é possível promover inclusão social por meio da internet
Na Feira do Largo da Ordem várias pessoas vendem produtos inusitados. Antonio Tomas, por exemplo, vende moedas há 35 anos.
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Um show estranho Vamos falar de um filme que é considerado cult e um clássico do cinema, mas que muitas pessoas no Brasil não conhecem. A trama gera controvérsias, fazendo com que na África do Sul o filme fosse censurado após seu lançamento e no Reino Unido ficasse em cartaz por quatro anos seguidos. “The Rocky Horror Picture Show” foi lançado em 1975 e conta a história de um casal recém-casado que, devido a um problema no carro, vai pedir ajuda aos moradores de um castelo. No entanto, podemos dizer que aquelas pessoas não são muito normais, ou mesmo terráqueas. O roteiro não é um dos melhores, e dos efeitos especiais é melhor nem se falar. Mas então por que escrever sobre algo que não é bom? Simplesmente porque é bom (talvez um tipo diferente de bom). Algumas pessoas consideram o filme como uma “experiência”, e é por isso que nos EUA há exibições em que o público canta e dança como na atração (não tinha citado
que era um terror/comédia/ musical?). Vale lembrar que até tem um episódio do seriado “Cold Case” (no Brasil conhecido como “Arquivo Morto”) em que o caso é sobre um rapaz que foi morto depois de ter ido a uma das sessões interativas do filme. A trilha sonora do episódio conta com todas as músicas cantadas no longa. Diferente da trama e dos efeitos, o elenco é muito bom. Tim Curry (As Panteras) é o grande nome do filme. Ele interpreta o cientista Dr. FrankN-Furter, que está criando um homem (sim, uma menção ao Dr. Frankenstein. O filme todo satiriza filmes de ficção científica e faz referência a obras de arte). Não muito conhecida na época, Susan Sarandon (Doidas Demais) também faz parte da película. Dirigido por Jim Sharman, é um filme colorido, original, bizarro e, no mínimo, divertido. Num desses dias chuvosos, li na internet que há boatos de que uma refilmagem está sendo cogitada. Torço com todas as minhas forças para que seja mentira. (Camila Picheth)
Expediente Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande;; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton;
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O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000
Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.
Artista - Rush Álbum - Signals Lançamento - 1982 “Power trio” é uma expressão no mundo musical usada para designar uma reunião de três músicos talentosos. Podemos citar o The Police e o Cream, de Eric Clapton, como exemplos. O Rush está nessa categoria. Geddy Lee baixo, sintetizadores e vocais, Alex Lifeson guitarras e o espantoso Neil Peart na bateria e percussão, um dos mais respeitados músicos do mundo, deram uma guinada na carreira a partir de Signals, passando a utilizar muito mais o teclado, que em vez de poucas intervenções no fundo das músicas, começou a ter mais espaço, com arranjos bem tramados. Um exemplo disso é a músi-
ca que abre o álbum, Subdivisions, o teclado faz a introdução com peso, notas graves, antecedendo a bateria que leva a música a crescer aos poucos, até o vocal de Lee. Countdown foi escrita em homenagem ao ônibus espacial Columbia, depois de terem assistido ao seu primeiro lançamento em cabo Kennedy. Chemistry, Digital Man e The Weapon também são fantásticas. As letras do Rush têm muita inspiração em ficção científica, paixão de Lee e Peart. Falar do virtuosismo dos integrantes é chover no molhado, mas em alguns momentos é impossível não se impressionar, como no solo de Subdivisions.
Em 2002, o Rush gravou o DVD Rush in Rio, no estádio do Maracanã lotado. Registro fantástico diante de mais de 40.000 pessoas. Virtuosismo nem sempre é bem-vindo, pois o músico tende a querer mostrar suas qualidades extraordinárias de compasso em compasso, cansando o ouvinte. No caso do Rush, ele é muito bem utilizado, sem exageros.
Artista - Secos e Molhados Álbum - Secos e Molhados Lançamento - 1973 Existem grupos que passam e deixam uma marca, um estilo, algo a ser seguido. Nos anos 70, a repressão da ditadura era ferrenha, mas ao mesmo tempo a criatividade dos artistas era fantástica. Alguns dos melhores discos da música brasileira foram resultado desse período obscuro. Secos e molhados, de 1973, é perfeito artistica e musicalmente. Ney Matogrosso não era, e não é, apenas um cantor que empresta sua voz a uma música qualquer. Ele interpreta, incorpora a atmosfera das letras como talvez ninguém consiga fazer. Gerson Conrad e
João Ricardo acompanhavam a genialidade de Ney, tanto em vocalizações como na parte instrumental das músicas. A banda pintava os rostos, usava roupas extravagantes, chamava a atenção pela criação artística que envolvia suas apresentações e assustava o moralismo da sociedade brasileira naquela época. A capa do álbum já é um espetáculo, todos os integrantes da banda com suas cabeças expostas em bandejas sobre uma mesa. Ela foi eleita a melhor capa de disco brasileira em uma pesquisa encomendada pelo jornal Folha de S. Paulo em 2001.
A coluna “Álbuns Clássicos” é escrita pelo estudante de jornalismo e músico Marcos Paulo de Assis. Marcos tem 34 anos, toca na noite curitibana desde 1998 em bares de MPB. Atualmente é integrante da banda de Heavy/ Doom “A Tribute to the Plague”. Alguns vídeos dos álbuns resenhados estarão sempre disponíveis no endereço http://br.youtube.com/user/anubisctba. Email para contato e sugestões anubisctba@bol.com.br
Sangue Latino, O Vira, Rosa de Hiroshima, Fala, são todos clássicos belíssimos. A banda fez uma apresentação histórica em 1974 no Maracanãzinho, lotado com filmagem da Rede Globo e a presença mídia em geral acompanhando, em uma época em que não existia nenhuma histeria no Brasil com bandas de rock. Uma lenda diz que o Secos e Molhados teria sido o primeiro grupo a pintar os rostos, e não o Kiss. Gene Simmons, baixista do Kiss, teria visto uma apresentação da banda brasileira e copiado as máscaras. Verdade ou não, o fato é que mais de 30 anos depois de sua separação o Secos e Molhados continua atual e genial em suas criações.
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Geral
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Especialistas dizem que esse já é um sinal da crise mundial na economia brasileira
Empregos na indústria diminuem Antonio Senkovski Luiz Fellipe Deon
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última sexta-feira pesquisa que aponta diminuição no ritmo de crescimento do número de empregos na indústria em agosto. O levantamento aponta queda de 0,1%. Não parece muito, mas no mesmo mês de 2007 o índice havia crescido 2,5%. No Paraná, o índice ainda não foi fechado pela Federação das Indústrias (FIEP), mas, segundo a instituição, não haverá grandes diferenças entre seu estudo e os números constatados pelo IBGE. Apesar do recuo, o crescimento acumulado do ano ficou em 2,8%. Entretanto, para os economistas, esta ascensão da indústria deve acompanhar a economia mundial e diminuir nos próximos meses. Para o economista Hugo Eduardo Meza, a estabilidade do mês de agosto na empregabilidade da indústria já é reflexo da crise. “Essa é uma mostra da retração da economia como um todo. As empresas param de produzir porque não há mais liquidez no mercado.” A queda no setor é inesperada, considerando que a maioria das encomendas do mercado varejista é feita nos meses de julho a setembro. Para o economista Vanberto Santana, “é normal que esses números diminuam somente no último trimestre, já que em outubro e novembro a maior concentração de trabalho fica para a parte de logística”. Na pesquisa do IBGE, os setores que mais apresentaram diminuição nos empregos industriais foram o vestuário, calçados e artigos de couro. Porém, segundo Meza, os brasileiros que forem comprar roupas para presentear alguém no Natal e encontrarem preços mais altos não poderão culpar somente a indústria nacional. “A maioria é importada. Se for considerar o dólar mais alto, o
custo vai subir. E então, de qualquer forma quando se tem preços elevados, a oferta sobra”. Por outro lado, os itens que seguraram o crescimento da indústria foram os produtos químicos, os alimentos e as bebidas. “Na realidade são setores que crescem quando o consumo cresce. O PIB cresceu bastante, o que se reflete também no número de financiamentos. O que ninguém esperava era a crise”, analisa Meza. O abalo na estrutura da economia mundial deve fazer com que a situação piore ainda mais no ano que vem. Santana diz que, no Brasil, os primeiros a sofrerem serão o setor automobilístico e o da construção civil, ramos que têm apresentado bom desempenho nos últimos meses. “As pessoas devem
aproveitar o 13º de agora para comprar bens de até R$1500, já que elas devem pensar que no ano que vem podem estar desempregadas”. Neste ponto, Meza alerta que se as pessoas deixarem de comprar agora, como aconselham alguns analistas, a crise só vai se agravar. “As pessoas acabam criando a crise. Não porque naturalmente aconteceria, mas sim sobre expectativas de que as coisas aconteçam”. Sobre isso, Vanberto Santana diz que a expectativa do ano que vem vai depender do que os governos fizerem. Posição que não vale para Meza: “O mercado tem que esperar a crise acabar aos poucos. O governo tem pouca ação para evitar a crise. Ele pode proteger al-
SIT discute tecnologias no turismo Danielly Ortiz Cássia Morghett
No segundo dia do Seminário Internacional de Turismo, aconteceu um debate com profissionais da América Latina sobre as novas tecnologias que podem ajudar no ramo turístico. Ana Lucia Serrano, do Equador, disse que a tecnologia é o novo canal de distribuição para o turismo. No país foi criado um site que atua como uma plataforma para comercializar produtos turísticos para o mundo. Os palestrantes falaram sobre como a internet pode promover a inclusão social, pois com a onda de crédito a classe menos favorecida pode adquirir um computador e se conectar ao mundo. Marcas da web já se tornaram as mais valorizadas, o Google vale hoje 64 bilhões e está na frente da Coca-Cola. O professor José Roberto Andrade, do Ceará, também concorda que a internet é a ferramenta fundamental para que o turismo cresça, pois além de divulgar, ela também promove o conhecimento para
o cliente interessado. O professor explica que a tecnologia vem como instrumento de gestão dos mercados de turismo e ele também aposta na web para criar um ambiente mais interativo com seus clientes. José Roberto só discorda em uma coisa com Ana Lucia; para ele os países da America Latina ainda não estão avançando no ramo turístico. “O movimento de turismo é baixo comparado com outros lugares, um exemplo é o Brasil, em que apenas um terço da população viaja, mas se o mercado crescer e a competitividade aumentar, os estados vão ter mais ferramentas para atender o perfil dos clientes”, completa o professor. Foi discutido também, principalmente na palestra do professor Gustavo da Cruz, a utilização de websites na formação de uma estrutura de turismo. Trazendo histórias que simulam e comparam a realidade de uma pessoa nos anos 80 e essa mesma pessoa atualmente, Gustavo da Cruz conseguiu mostrar a evolução do turismo por meio da tecnologia. Principalmente com a utilização da internet.
Divulgação/ Renault
O setor automobilístico poderá sofre com a crise guns setores favoráveis tentando controlar a inflação, o que é
importante, mas não tem como fazer muito mais do que isso”.
Paraná e Caribe unidos contra uma catástrofe Carolina Adam Helm Os furacões Gustav e Ike atingiram Cuba, República Dominicana, Jamaica e Haiti há um mês. Muitas pessoas ainda estão desabrigadas e a situação é desesperadora, pois 80% das casas foram danificadas. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Infância, o Unicef, o furacão passou a 215 quilômetros por hora, provocando mais de 600 mortes no Haiti e 250 mil pessoas necessitam de assistência. Em Cuba, o furacão Ike passou a cerca de 200 quilômetros por hora perto da cidade de Havana. O país foi devastado em sua infra-estrutura econômica, social e habitacional, como nunca visto antes. A Casa LatinoAmericana (Casla) é uma ong que trabalha com os direitos humanos e frente a esse desastre, faz parte da campanha de solidariedade mundial para ajudar os povos do Caribe. Gladis de Souza Floriane, presidente da Casla, informa alguns dados: “O povo caribenho está em uma situação dramática. Mais de 10 milhões de pessoas estão sem casas, em situações deploráveis. O Haiti é um dos mais atingidos, por ter problemas internos, por ser um país pobre. Com esse desastre a si-
tuação é ainda mais complicada”. O governo do Paraná está participando de uma campanha para ajudar as vítimas, com participação de entidades e movimentos sociais. O slogan da campanha é “Cuba, República Dominicana, Jamaica e Haiti Precisam de Ti!” Estão sendo arrecadados alimentos não perecíveis, produtos de higiene e limpeza, materiais de construção e roupas. “Todas as entidades, cooperativas, pastorais sociais estão engajadas nessa luta. A meta é arrecadar 1.500 toneladas de alimentos e se isso for possível o Governo Federal fornecerá o meio de transporte”, afirma Gladis. No dia 16 de outubro, o navio sairá do Porto de Paranaguá para levar as doações até a população caribenha. Mesmo com essa partida, as doações e arrecadações continuam até o final do ano. “Vai ser muito positivo, a solidariedade une os povos. Não será só para o bem material daqueles que perderam tudo e sim uma alegria a todos que colaborarem”, completa a presidente do Casla. As doações podem ser feitas em qualquer unidade do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar e nas entidades participantes. O Sindicato dos Jornalistas é uma das entidades que participa da campanha de solidariedade.
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4 Especial
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica informa que a média é de 500 mil operações por ano
Cirurgia plástica: as duas faces da moder como costuma brincar. Carolina Helm Quem a conheceu antes das plásticas, nem acredita na Daniela Piva mudança. Não apenas em relação ao exterior, mas no comPablo Picasso disse certa portamento. "A Marina ficou vez: a arte é uma mentira muito mais segura. Antigaque nos ensina a compreen- mente, quando a gente marder a verdade. No século da cava de sair, ela sempre ficasimetria perfeita, nada de va horas escolhendo roupas e desproporções e antagonis- fazendo maquiagem. Hoje em mos. Desarmonia que agra- dia ela sai de cara lavada e de os olhos, só nas obras de moletom, se for preciso. A atiarte do movimento cubista. tude em relação à vida muAlguns gramas a menos, sei- dou muito. Ela sabe que é boo s m a i o r e s , n a r i z m e n o r nita, e isso transparece até na para "combinar" com o resto postura. Ficou mais 'ereta'", d o r o s t o . . . A u m e n t a r u m diz Fabíola Amaral, amiga há pouquinho aqui, esticar ali... cinco anos. Sua postura realmente muQuem nunca pensou em cirurgia plástica, dê a primei- dou. Passou a ter mais autora pincelada em uma tela estima e autoconfiança. Trocou vazia. Exageros à parte, cedo de emprego, de namorado e asou tarde, quase ninguém sumiu o controle da sua vida. está livre da busca pelo cor- Não permite mais que as pessoas a julguem ou a deprecipo ideal. 1m60 de altura, cabelos em. "Quando você acha que castanhos que fazem uma tem um defeitinho, parece que moldura perfeita para o ros- todos o notam também", diz to e contrastam com a pele Marina. Segundo a Sociedade Brapálida. Olhos de ressaca, como diria Machado de As- sileira de Cirurgia Plástica sis. A publicitária Marina (SBCP), 40% dos pacientes que Piloni, de 22 anos, detesta recorrem às cirurgias plástierros de português e adora cas procuram pela lipoaspiraelogios. Não dispensa perfu- ção. A publicitária confessa me importado, tampouco um que não era imprescindível se convite para uma churras- submeter aos procedimentos. caria. Adora sushi, e prome- "Talvez a lipoaspiração não te começar uma dieta toda fosse tão necessária e algumas segunda-feira. Gosta de sua horas na academia juntamente com uma aparência, dieta podemas não foi riam resolsempre asNada tinha de tão ver. Porém, sim. "Resolexagerado, mas não há o que vi fazer cirurgia poreram algumas coisas fazer quando não se que não esque poderiam ser tem seios ou tava satisquando o seu feita com o diferentes e me nariz não é meu corpo e fariam mais feliz proporcional não tinha ao seu rosto. alternativa MARINA PILONI Nada tinha senão recorde tão exagerer a uma rado, mas eram algumas coisas plástica," diz. Marina ficou mais de dez que poderiam ser diferentes e horas na sala de operação. Fez me fariam mais feliz", pondera. E realmente foi o que três cirurgias de uma só vez. "Fiz uma lipoaspiração do om- aconteceu. Marina se sente bro até o joelho, rinoplastia mais bonita e mais feliz tam(plástica no nariz) e prótese de bém. É claro que as mudansilicone nos seios", explica. ças externas não mudam o inSaiu "toda recauchutada", terior, mas neste caso as al-
terações no físico resultaram em atitude e perspectiva diferentes. "É óbvio que não adianta 'se esculpir' inteira e não cuidar do intelecto. Desta parte eu nunca descuidei, mas acho importante também sentir-se bem consigo mesmo. Até porque quando você se sente bem, parece que as dificuldades do dia-a-dia somem e tudo conspira a seu favor", reflete. Dalton Benik, estudante de 20 anos, fez há cerca de um mês uma rinoplastia e já sente diferenças. "Acredito que minha auto-estima tenha melhorado. Não foi uma transformação tão grande a ponto de mudar minha vida, mas com certeza me deixou mais seguro para realizar determinadas tarefas", relata.
Plástica na auto-estima Um aspecto bastante importante em relação à cirurgia plástica é a auto-estima. Ela é formada na infância a partir de como as outras pessoas são tratadas. É a consciência de seu valor próprio, ser "seguro de si", "confiar em si mesmo". Segundo a psicóloga Giovanna Libretti, a auto-estima é um importante meio para curar ou amenizar as dificuldades e sofrimentos, bem como para sanar as demais doenças de origem emocional. "A autoestima pode enfraquecer à medida que a pessoa passa por frustrações, em situações de perda, ou ainda quando não é reconhecida por nada que faz. Isso faz com que o indivíduo se sinta inadequado, inseguro, cheio de dúvidas, incerteza de quem realmente é, ou seja, um sentimento de não ser capaz de nada", explica. Quando a auto-estima está baixa, pode afetar nos relacionamentos interpessoais. Como a própria pessoa não se ama, acaba se sujeitando a ter qualquer tipo de relação para manter alguém ao seu lado, tornando-se dependente de relações destrutivas. "Vale ressaltar que esse comportamento acontece inconscientemente, o sujeito não tem consciência de que está agindo assim, apenas
está sofrendo", afirma. De acordo com Giovanna, a auto-estima é importante existir de maneira adequada na estrutura subjetiva, pois ela é resultado de tudo que acredita ser, por isso o autoconhecimento é fundamental para aumentá-la. "Este é um processo gradativo que exige trabalho e conscientização, o que leva muitas pessoas optarem pela cirurgia plástica, criando uma forte expectativa e acreditando que esta é um meio mais imediato de sentir-se bem consigo mesmo e perante as outras pessoas", expõe.
Pós-operatório O período pósoperatório é tão importante para o resultado quanto a própria cirurgia plástica. É necessário seguir as recomendações médicas, especialmente quando se faz lipoaspiração. É preciso usar cinta elástica modeladora, fazer sessões de drenagem linfática para a redução do edema, tomar os medicamentos prescritos na hora certa e outras. Mas também é indispensável ter paciência, pois os resultados totais não podem ser vistos logo após a operação. Marina já se sentiu satisfeita imediatamente, mas não é comum. "Quando me olhei no espelho no dia seguinte já pude notar uma diferença. Aos poucos, na medida em que iam desaparecendo as manchas roxas e eu ia desinchando, pude notar mudanças drásticas no meu corpo. Era como se eu tivesse sido 'esculpida' num centro cirúrgico", relata. Benik ainda está na fase pós-operatória, mas relata que o resultado da plástica foi melhor que o esperado. "Na verdade ainda falta um pouco de tempo para ter o resultado
Head (After Picasso) by Andy Warhol
completo. Algo em torno de quatro a seis meses. Mas já se percebe uma grande mudança", diz. Arrependimentos? "Só por ter feito todas as operações juntas, porque o pós-operatório foi dolorido, mas nunca por ter feito. O resultado é incrível e se preciso for, não hesitarei em fazer outras", finaliza Marina. Benik gostou tanto do resultado que recomenda. "Tudo que sirva para se acrescentar algo de bom na sua vida deve ser feito. Claro, seguindo normas e o bom senso. Procure médicos especializados, clínicas de qualidade e tome as devidas precauções, já que uma cirurgia plástica não é tão simples quanto as pessoas imaginam", conclui.
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rnidade
Histórico O Brasil é um dos líderes mundiais da indústria de cosméticos e ocupa o segundo lugar no ranking da cirurgia plástica, perdendo apenas para os Estados Unidos. Muitas vezes, o recurso a remédios, tratamentos e cirurgias é encarado como uma solução mágica para problemas emocionais ligados à auto-estima, que se manifestam na insatisfação com o próprio corpo e levam ao desejo de transformá-lo. Assim, mesmo que um tratamento estético ou um procedimento cirúrgico seja bem-sucedido do ponto de vista médico, pode não trazer a satisfação esperada pelo paciente e resultar na negação do corpo. Até os anos 1980, a cirur-
gia plástica para a área das não foi bem feita e eu fiquei com foi prometido pelo cirurgião. A psicóloga Giovanna Limamas se restringia aos ca- nódulos horríveis na barriga, e sos de redução do volume. Já não foi por falta de drenagem bretti explica que através da na década de 1990, as mulhe- ou massagem”, diz. Ainda com- cirurgia mal sucedida, o senres investiram pesado nas pró- pleta: “Fiquei com vergonha de timento de frustração vem à teses de silicone, para valori- expor minha barriga, coisa que tona. “O ideal é que a pessoa zar a região nunca tive”. que for fazer essa cirurgia esdo colo. Casos como o teja ciente de todas as conseNo Brada veteriná- qüências e efeitos que podem A “lipo” não foi sil o índice ria de 25 anos ocorrer, a fim de esclarecer as de plástica acontecem di- dúvidas e desfazer as fantasibem feita e eu chega a r i a m e n t e , as que porventura possam fiquei com nódulos amas 15% quanpoucos se ainda existir no imaginário do do a faixa importam. A indivíduo”. Os problemas horríveis na etária oscivontade de emocionais como a depressão, barriga la entre 14 e ser “cúmplice” trauma e sentimento de arreM.C. 18 anos. Os da beleza fala pendimento só aumentam, últimos damais alto e acarretando mais dificuldados da Societorna cada des, como auto-estima baixa, dade Brasileivez mais difí- uma insatisfação consigo mesmo. ra de Cirurgia Plástica cil convencê-las do contrário. “Por isso também é impor(SBCP) mostram que na décaA insatisfação com o próda de 90 esse universo mal prio corpo tem levado mulhe- tante que a pessoa tenha um chegava aos 5%. res a expor a saúde a riscos acompanhamento psicológidesnecessários. A expectativa co, se possível, para estar criada é elevada e o resulta- mais estruturalmente prepaDiferenças A cirurgia plástica divide- do negativo afeta o psicológi- rada para todas as situações se em estética e reparadora. A co e o emocional. A busca por que possam ocorrer, conseestética visa o aperfeiçoamen- um padrão de beleza, muitas guindo lidar melhor com o to externo para a melhora de vezes irreal, ditado pelos con- resultado caso não tenha suuma parte do corpo. Já na re- ceitos da moda e massificado prido as expectativas esperaparadora, pode haver uma me- pela sociedade, empurra ho- das,” argumenta Giovanna. Apontar estes ou aqueles lhora estética, mas o objetivo mens e mulheres para as meprincipal é a resolução de pro- sas de cirurgias. A plástica é motivos responsáveis para a blemas de natureza médica. e l e t i v a , e s c o l h e - s e c o m o , difusão de uma padronização No caso de algum aci- quando e com quem fazer, da beleza e do corpo seria indente, essa cirurgia mas a decisão do paciente coerente considerando a reaajuda a reparar sempre leva em conta o que lidade. O aumento da procura qualquer dano. Em geral, estes Você sabia? procedimentos dispoPara ser especialista em cirurgia plástica é necessánibilizam recursos para melhorio cursar os seis anos de medicina, fazer residência para rar aparência de homens e ser cirurgião geral, especializar-se em cirurgia plástica, mulheres. Mas nem tudo é tão e depois disso tudo, passar na prova do SBCP? São aprobom quanto parece. As cirurximadamente 11 anos de estudos, e ainda existe a prova gias são feitas para obter uma da especialidade. Só então, recebe-se o título de Especiamelhora e muitas vezes isso lista em Cirurgia Plástica. não acontece. O corpo humano possui características diferentes, e de acordo com o organismo de cada pessoa, o tratamento difere e isso pode acarretar imprevistos e insuOs preços variam de acordo com o procecessos. dimento e sexo dos pacientes. Preços médios: Insatisfação Mulheres Homens O mundo moderno exige cada vez mais corpos harmôniImplante Capilar: R$ 4 a 7 mil Rinoplastia: R$ 2,5 a 6 mil cos. Mas uma imagem vale Rinoplastia: R$ 2,5 a 6 mil Mama: R$ 4 a 8 mil mais do que mil palavras? No Lipoaspiração: R$ 1,5 a 5 mil Abdome: R$ 4 a 8 mil caso de M.C., mil palavras vaRedução de mamas: R$ Barriga/culote: R$ 1,5 a 5 leriam muito mais do que uma 2,5 a 3,5 mil mil imagem. Fez lipoaspiração e Fonte: www.querosaude.net não gostou do resultado. “A ‘lipo’
por plásticas é reflexo da excessiva valorização da padronização da beleza e da aparência pela mídia, que acaba excluindo quem está fora desses parâmetros. As operações hoje são vendidas a prazo e encaradas como um procedimento simples, como se não existisse a recuperação demorada e a possibilidade de ocorrerem complicações médicas. Antes de fazer a cirurgia só para o bem-estar, é melhor refletir. “Pensar muito bem, pois pode dar errado como deu a minha. Depois não temos como voltar atrás. Acho muito mais saudável um regime, uma academia, do que expor o corpo a uma ‘lipo’, que na maioria dos casos não fica como o esperado,” desabafa M.C.
Quem não pode fazer cirurgia plástica: - Diabéticos; - Hipertensos descontrolados; - Pessoas que têm problemas pulmonares ou neurológicos; - Pacientes que apresentem outras patologias em estágio elevado. Ranking de cirurgias plásticas mais realizadas no País: Lipoaspiração (redução da gordura): 54% Mama, em geral (aplicação de prótese, redução ou correção da flacidez): 32% Face, em geral: 27% Abdominoplastia (remodelação do abdome; retira excesso de pele e gordura): 23% Pálpebras: 16% Pescoço: 12% Rinoplastia (cirurgia do nariz; harmoniza a face e pode melhorar a respiração): 11%.
Fonte: SBCP
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6 Comportamento
Visite a feira do Largo da Ordem e descubra uma outra opção de lazer
Mude o seu domingo Davy Nigro Felipe Waltrick
Andar por toda a extensão da famosa Feira do Largo da Ordem, que muitos preferem chamar Feirinha de Domingo, é como entrar em um labirinto de barracas com um mar de personalidades que na maioria das vezes vivem tranqüilos no anonimato da cidade, famosos apenas no momento de sua arte. Quando acaba a feira, os mágicos dos artesanatos, os malabaristas das antiguidades, os trapezistas da culinária e tantos outros componentes deste “circo” aguardam o público mais diversificado para o próximo espetáculo no domingo seguinte. Provar que na feirinha tem artista por todas as partes não é uma tarefa complicada. Entrevistar um personagem também é possível - um personagem mesmo, não aquele que faz parte de uma peça de teatro ou que seja famoso na cidade. Sua aparência era um tanto quanto estranha, porém muito divertida. Falava com uma seriedade um pouco cômica na maioria das vezes e em outras exagerava como uma criança querendo contar vantagem. Foi nessa mescla de estilos, e na frente de diversas pinturas de outros artistas, que apareceu Alan Junior, um professor de piano e xadrez, importador de alimentos congelados, músico e cineasta.
Amizade “Essa feira é tudo o que eu sempre sonhei para mim. Aqui eu me sinto livre, falo com as pessoas, faço amizade, faço um lanche, entro em contato com o mundo das artes. Tem obras do mundo inteiro aqui, grandes artistas que muitas vezes não são reconhecidos e que depois que não estão mais aqui vão ficar famosos”, conta Junior. Vale lembrar que aos domingos livres ele vai até a feira do Largo da Ordem também para
alegrar as crianças e os adultos com seu bom humor e suas esculturas em bexigas. “A vida é assim, feliz de quem é feliz e alegre pra quem contagia alegria”, acrescenta Junior, que apesar de não transparecer, tem quase meio século de idade, 48 anos, além de já ser avô. Por ser um dos pontos com maior número de turistas, a feira cresce cada vez mais, variando na forma e no conteúdo das barracas. Do pastel argentino ao caldo-de-cana, do artesanato em madeira ao de lã, da coleção de moedas ou de relógios - as opções são das mais variadas tanto para as crianças quanto para jovens, adultos e idosos. Antonio Tomas, numismata, começou a vender e trocar as suas moedas na feira em 1973 quando o local de numismática ainda era embaixo da Praça Coronel Enéias, no que ele considera como “o verdadeiro Largo da Ordem”. Ao longo dos 35 anos trabalhando no domingo, Tomas tem boas histórias para contar sobre a feira. Há uns 10 anos, quando estava aguardando algum interessado em suas notas dos mais variados países, como do Iraque com o Saddam Hussein estampado ou de Cuba com o Che Guevara, uma senhora trocou de marido na sua frente. Após o casal olhar seus objetos, o marido saiu sem a esposa perceber e se dirigiu ao lado direito do numismata. Nesse pequeno espaço de tempo outro rapaz entrou no lugar do marido, e descuidadamente a senhora se enganchou no braço dele e saiu atravessando a rua. “No outro lado da rua quando a mulher percebeu o equívoco deu uma bronca no rapaz gritando que ele não era seu marido. Foi um negócio hilário”, se diverte Tomas, um dos integrantes mais antigos da feirinha. “Aqui ganha-se nada mas a diversão é muita”. O perfil do colecionador numismático é de um sujeito que tem muita paciência e interessado em estudar principal-
Felipe Waltrick/LONA
O numismata Antonio Tomas confere o seu acervo mente história e geografia, que traz o conhecimento necessário para avaliar o valor histórico e cultural da moeda que está em suas mãos. Com o passar dos anos o número de freqüentadores aumentou significativamente, mas encontrar pessoas com o perfil de um colecionador numismata está cada vez mais difícil, o que realmente traz lucro para o expositor são os artesanatos, roupas e culinária.
Bem longe de casa Juana Benito Vega, 48, viveu e criou seus filhos no Peru e nunca imaginou que iria vender roupas em uma feira no Brasil. Formada em turism, decidiu mudar para Curitiba em busca de um mestrado em sua área de graduação, mas algumas dificuldades, principalmente a diferença da língua, causaram uma reviravolta em sua vida. “Como eu sabia costurar foi uma forma mais rápida de ganhar dinheiro. No Peru estava acostumada a fazer camisas típicas da região”, explica. Já faz 12 anos que a artesã está morando no Brasil, e cinco
que freqüenta a feira. “Lutei quase nove anos para conseguir um ponto aqui, é muita burocracia e a documentação pelo fato de eu ser estrangeira dificultou ainda mais”, desabafa. Ao perguntar para os feirantes como foi conseguir o ponto, a maioria responde que além da burocracia a fila de espera é muito grande, pois o lucro é quase garantido.
Diversidade A mistura e a diversidade de produtos, além de ser um ótimo ponto de encontro com os amigos, é que faz a cantora Iria Braga, 25 anos, ir todos os domingos à feira. “ Acho bacana o comércio que acontece aqui, tem muitas pessoas que ganham a vida assim, é uma possibilidade efetiva de não precisar das grandes marcas para comercializar coisas dessa forma. Acho bem interessante”, enaltece Iria. Com o filho do namorado no colo, ela percorre o labirinto de barracas obrigada, todo instante, a parar para cumprimentar algum conhecido. “Tomo meu caldo de cana, encontro muitos amigos, que às vezes fico um tempão sem ver.
Prefiro vir um pouco mais de manhã do que perto da hora do meio dia porque sempre tem uma super lotação nesse horário. Mas faz parte”. A lotação é inevitável, pois de acordo com a Prefeitura Municipal de Curitiba, aproximadamente 1.200 barracas comercializam seus produtos na Feira do Largo. O sorridente talhador Francisco Agner, 42 anos, comemora o desenvolvimento da feira, que faz parte do seu dia-a-dia há 15 anos. “Durante todo o tempo que trabalho aqui o público aumentou muito, graças a Deus”. Lucro com a feira parece ser algo ocasional, mas fica evidente o carinho e a amizade dos feirantes com seus companheiros e com seu público. “Aqui o círculo de amizades é muito forte, não só com os clientes, mas também com os feirantes, então se não apareço sinto muita falta. Todo domingo faça chuva,faça sol estou aqui”, diz Agner. Realmente, faça chuva ou faça sol, o “circo” sem discriminação da arte contagia quem trabalha e quem passeia pela Feira de Domingo.
Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Geral
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Setor apresentou crescimento de 25% entre os anos de 2006 e 2007
Educação a distância populariza ensino João Nei Guilherme Sell
Uma pacata rua do bairro Rebouças: em uma pequena porta de garagem, sem placas nem anúncios, atrás de um balcão, que também tem a função de bancada de testes, em meio a televisões, monitores de computador, videocassetes, aparelhos de DVD, está Paulo Sérgio Strano, que definiu sua profissão por meio de um anúncio de revista. Isso foi em 1982, quando tinha apenas 15 anos. Apaixonado por eletrônica, não conseguiu esperar pelos três anos, que deveria cursar no Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná para começar com as aulas práticas no curso de Eletrônica. Então seu pai patrocinou um curso de Eletrônica de Rádio e Televisão a distância. Recebia o material didático pelo correio e realizava avaliações mensalmente. Pelo correio também vinham ferramentas e kits com peças para montar.
Rádio Após um ano de curso na Occidental School (instituição que existe até hoje e como muitas, está adaptada à internet), teve que montar um aparelho de rádio. Paulo guarda com carinho este aparelho em sua oficina. Com os bons resultados obtidos no sistema de ensino a distância, Strano animou-se e fez matrícula no curso de Mecânica de Automóveis, agora no Instituto Universal Brasileiro (outra referência no sistema de ensino a distância). Posteriormente, o estudante fez curso de graduação em Administração de Empresas no sistema presencial, nunca deixando de consertar aparelhos eletrônicos. Chegou a trabalhar na nova profissão, mas não se adaptou e voltou para os transistores, transformadores, leds, e placas de circuito impressos. “É o que eu gosto de fazer”, sentencia. O ensino a distância surgiu
como solução para a necessidade de preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários motivos, não podiam freqüentar as escolas regulares. A primeira barreira ao acesso direto do aluno à escola, em países de grandes extensões territoriais, como o Brasil, está nas distâncias geográficas, pois nem todos dispõem de escola perto de suas casas. O tempo é outro problema, pois é difícil combinar o período de trabalho com o horário fixo das escolas convencionais.
Crescimento Para superar todos esses obstáculos, e levar diretamente o conhecimento até o aluno, na sua própria casa, nasce o ensino a distância, que utilizando o correio - e agora com o apoio da internet - inaugura uma nova era na forma de ensinar. Aliada às novas tecnologias e às necessidades do mercado, a educação a distância apresentou um crescimento significativo neste começo de século XXI. Em 2007 o aumento das matrículas em cursos de educação a distância (EAD) foi de 25% em relação a 2006. Em 2005 as matrículas já haviam crescido 65%.E esta tendência deve aumentar, confirmam alguns especialistas. Para se obter um maior rendimento dos alunos é necessário que haja uma convergência com as aulas presenciais. O nível de descrença no método tem caído com o passar dos anos. Os benefícios são muitos no ensino a distância, “principalmente para os alunos que não se sentem confortáveis em uma sala de aula, nem inspirados e motivados naquela hora do dia”, explica Fernanda Roxy, psicóloga. O método supre a necessidade individual de diminuir as distâncias do conhecimento. Limitações como a falta de estrutura são superadas com o desenvolvimento do sistema. Outro benefício é o aumento do grau de concentração e produtividade, quando o aluno desenvolve um trabalho individual e em
ambiente particular. Cada aluno responde de forma diferente ao método proposto, mesmo com tantas facilidades há aqueles que não se adéquam ao sistema. São muitas as causas que levam a alta taxa de desistência entre estudantes no ensino a distância como o mau gerenciamento do tempo e a pouca importância ao conteúdo. Para as instituições que contêm o mínimo de estrutura há muitas maneiras de facilitar o suporte ao aluno. Os professores podem utilizar a internet para acompanhar o desenvolvimento dos estudantes. Teleconferências e áudiosvisuais ou conversas interativas com professores ou outros alunos são algumas alternativas. A qualificação dos professores também é muito importante. Para os alunos que pretendem uma formação a distância existem algumas habilidades a serem desenvolvidas como a concentração e autodisciplina, os alunos que obtêm bom desempenho costumam ter um perfil diferenciado: são mais autônomos e disciplinados.A maturidade é um aliado importante para o sucesso, como diz a fonoaudióloga Gleidis Roberta Guerra, que faz Pedagogia a distância pela Universidade Metodista, é preciso estar mais maduro para se dedicar a essa modalidade. "O aluno precisa ser mais responsável pelo seu estudo", avalia. Para a analista de recursos humanos Andrea Ferraz, que faz pós-graduação a distância em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica, "é necessário ter metodologia de estudo e traçar um objetivo, senão fica difícil acompanhar o curso".
Ensinonas empresas De olho nos baixos custos, empresas investem em treinamento a distância para a qualificação dos funcionários. Esta atividade está em plena ascensão, desde 2006 os gastos com o sistema estão quatro vezes maiores.“É mais barato o inves-
João Nei/ LONA
Paulo optou pela profissão de técnico em eletrônica timento no ensino a distância do que no presencial”, explica Fábio Sanchez, coordenador do AnuárioBrasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância. O mesmo estudo aponta para um aumento na intenção das empresas em intensificar em mais de 50% o investimento em treinamento a distância para 2008 com relação ao que foi investido em 2007. O ensino presencial não receberá mais que 20% neste ano. Segundo informações obtidas através do portal E-Learning Brasil, desde 1999, o investimento em treinamento a distância nas empresas está acumulado em um bilhão de reais. O retorno em benefícios para estas empresas nesse período está na casa dos 2,5 bilhões de reais. Entre janeiro e abril deste ano, o número de
horas de treinamento a distância de funcionários no banco Itaú, por exemplo, foi 17% maior do que o de treinamento presencial. A gerente organizacional da empresa, Maria Carolina Gomes, que já fez diversos cursos pelo sistema on-line — de ética a sustentabilidade —, qualifica a flexibilidade do método como principal vantagem. "Posso administrar meus estudos, quando é possível, estudo no trabalho, mas dá para eu estudar em casa também", diz a funcionária. Com os meios de comunicação cada vez mais eficientes a tendência é que o ensino a distância fique mais confiável e prático. Pessoas e empresas apostam no sistema que no Brasil completa mais de 60 anos e que agora desfruta das vantagens da virtualidade na democratização do ensino.
Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008
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Texto e fotos: Caroline Campos
Desde o nascimento, quando entramos na toca do coelho e temos contato com esse estranho mundo, estamos à procura do adorável jardim, a perfeição jamais encontrada. Descobrir-se a si mesmo, relacionar-se com outras pessoas, valores éticos e morais, tudo é aprendido na observação e vivência nesta maravilhosa, fantástica, e às vezes inverossímil, realidade.
Realidade inverossímil