Lona - Edição nº 379

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Curitiba, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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IO R Á DI do

L BRASI

Curitiba, quarta-feira, 14 de maio de 2008 | Ano IX | nº 379 | jornalismo@up.edu.br | Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Indicadores do governo apontam nível mais alto de inflação em 2008

Cães de rua encontram novos lares em feira de animais Gustavo Alberge/ LONA

O consumidor já pôde, nos primeiros meses do ano, sentir no bolso o aumento do preço de diversos produtos. O Banco Central, por meio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgou que a previsão de inflação de 2008 passou de 4,86% para 4,96%, com risco de subir ainda mais ao longo do ano. Pelos dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica vendida em abril teve um aumento de 21,78% em relação ao mesmo mês do ano passado. Página 3 Arquivo LONA

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Mostra latino-americana de movimentos sociais começa hoje segunda edição Página 3

Pesquisa do LONA mostra que jovens não têm interesse por museus Preços dos alimentos puxaram a alta da inflação nos primeiros meses de 2008

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Curitiba, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Jovens e museus Elisa Cordeiro

Os números indicam que 48% do público geral do Museu Oscar Niemeyer é de jovens de 12 a 18 anos, um ótimo dado. Se você ficar durante um período de duas horas, não menos, observando o público de visitantes de um museu, verificará realmente que há bastante jovens, mas eles sempre estão acompanhados de colegas de escola ou até mesmo dos pais. A vontade própria não existe, não há incentivo por parte das instituições de educação para que os alunos andem com as próprias pernas. Tudo que é dado já está mastigado e pronto para ser engolido. Não há como gostar de algo se não o conhece, não há como gostar de museu se não se sabe a história envolvida em uma determinada obra. Segundo a professora de História da Arte Aura Maria de Paula Soares, a arte só tem um grande valor se vinculada com a história do período na qual foi produzida. Só conhecendo história é possível fazer a devida apreciação estética. A questão é de educação e incentivo. A Europa é um exemplo disso: todos os museus sempre estão cheios de

crianças e adolescentes. As pessoas fazem filas para entrar. Os incentivos são dos mais variados. O Museu do Prado, na Espanha, não cobra entrada de jovens até 18 anos. O museu Anne Frank, na Holanda, é inteirinho interativo: cada ambiente contém uma televisão que conta o que aconteceu no local, já que a casa é onde a jovem se escondeu na Segunda Guerra Mundial. No mesmo museu, o jovem estudante paga menos da metade da entrada. O mais interessante é que não são somente os turistas visitam os museus e galerias. Podem-se observar grupos de meninos e meninas que vão aos museus sem a escola ou sem os pais. Muitas vezes o que acontece no Brasil é apenas turismo por um museu ou uma galeria, o que é muito diferente de preparar o aluno para ver obras já estudas, com análises prévias. Tanto escolas públicas quanto particulares deveriam criar projetos para incentivar o interesse pela arte e pelos museus. Vale a pena: conhecendo a história conseguimos compreender o que nós somos hoje; apreciando a arte com esse conhecimento tudo faz mais sentido.

Expediente

O país das maravilhas Rosangela Gerber

Imagine sua rotina diária. Você acorda cedo, vai para o trabalho, suporta pressões, enfrenta problemas de diversas naturezas, tem metas e prazos para cumprir. Na maioria das vezes, suas conquistas não são lembradas, mas os seus fracassos... Você agüenta, afinal, é dali que sai o seu ganha-pão, e esse é o preço para ter aquele “dinheirinho sagrado” no final do mês. Mas ainda não terminou. Ao final do dia, exausto, você recebe o valor correspondente ao seu dia de trabalho e lembra o quanto ele lhe custou. Então, com o dinheiro em mãos, você é obrigado entregá-lo a alguém, sem que essa pessoa tenha que lhe prestar contas, ficando apenas a promessa de que será usado em seu favor. O que você sente ao imaginar esta situação é o mesmo que milhões de brasileiros ao receberem sua folha de pagamento e constatarem o desconto compulsório anual equivalente a um dia de trabalho como contribuição sindical. Única no mundo, a fixação da contribuição financeira obrigatória de todos os trabalhadores ou empregadores em favor da entidade que os repre-

Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Elza Oliveira e Marcelo Lima; Editores-chefes: Erich Zolnier e Karollyna Krambeck

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.

da o que vai fazer com seu dinheiro? Assim como filiar-se ou não a um sindicato ou entidade de classe é uma opção, contribuir ou não com um dia de salário anualmente para a causa sindical também deve ser opcional. Para os defensores da contribuição, não é justo que apenas os 20% dos sindicalizados no país arquem com as despesas órgãos criados para o benefício e defesa dos trabalhadores, já que, no caso de decisões em acordos como as convenções coletivas, todos são beneficiados. Ora, o Brasil é considerado um dos países com maior carga tributária do mundo, então, por que não destinar uma parcela dessa quantia para cobrir as despesas dos sindicatos? Além do mais, a quantidade de trabalhadores a autorizar a contribuição também serviria como termômetro para medir a satisfação com a atuação dos sindicatos. Quem se negaria a contribuir, ao ver as entidades lutando com empenho em favor da causa trabalhista? O desinteresse em filiar-se e contribuir com os sindicatos apenas reflete a maneira como o trabalhador vê a importância dessas entidades: para a maioria, não faz a mínima diferença.

traz benefícios, como a certeza de emprego nos generosos ministérios e departamentos do governo. Dificilmente informações sobre a possibilidade de um terceiro mandato estariam sendo divulgadas na sociedade sem o conhecimento de Lula. Pode ser uma estratégia para começar a ganhar o apoio da população e, desta forma, possibilitar uma justificativa para a alteração da Constituição, ato necessário para que fosse novamente reeleito. Na realidade, o grande medo do PT é não ter sucessor com a mesma popularidade do Lula, assim os integrantes do partido tentam continuar no poder do mais alto cargo do país, não sendo necessário entregar para a oposição o lugar de manda-chuva do Brasil. Ao manter o presidente por mais quatro anos, veremos uma

repetição de CPIs, corrupção interna do governo, escândalos, denúncias, demissões e que, no final, não chegam a resultado algum. Inclusive quando o nome do presidente está envolvido, ele sempre se manifesta afirmando não saber de nada, mesmo quando seus assessores e políticos mais próximos encontram-se envolvidos nas acusações. A renovação é necessária para dar novos ares ao nosso já viciado sistema político, com a introdução de novas idéias e pensamentos, uma verdadeira democracia, em que todos têm acesso ao poder. Segundo a filósofa Marilena Chaui, a democracia está na rotatividade do poder. E a permanência por mais um mandato, totalizando 12 anos, seria um ato contra a própria democracia brasileira.

Sem sucessor Sabrina Hayashi

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: José Pio Martins;; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de PósGraduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton; Pró-

senta tem a função de bancar os custos das atividades sindicais nos diversos níveis de representações de classe, como federações e confederações, centrais sindicais e sindicatos. O governo também tem sua fatia nesse bolo, abocanhado 20% do valor arrecadado, destinado a seus programas sociais (como se já não houvesse fundos específicos para essa finalidade). Neste ano, estima-se que R$ 450 milhões serão arrecadados sem nenhuma fiscalização por parte do Tribunal de Contas da União (TCU). Ora, em qualquer país que se intitula “democrático”, que se gaba por ter processos eleitorais abertos, com prestações de contas de gastos públicos transparentes, esta situação é, no mínimo, incoerente. Mas o que tem revoltado os 80% restantes de trabalhadores não sindicalizados não é a necessidade da contribuição, mas, sim, sua obrigatoriedade. É certo que vivemos em um país onde impostos e taxas são criados regularmente sem que a população seja questionada, mas quando o assunto é o salário conquistado pelo trabalhador a situação é outra. Se o funcionário dedica seu tempo e esforço em prol da quantia que irá receber no final do mês, não é natural que seja ele quem deci-

Há um bom tempo vem sendo discutida a possibilidade do terceiro mandato para o presidente Lula. Partidários afirmam que o povo deseja que o presidente fique mais tempo no poder, pois foi o único que fez reformas no sistema social e econômico do país e que, se tiver mais tempo, poderá realizar muito mais pela sociedade brasileira. O presidente, quando se manifesta sobre este assunto, diz que não existe a menor possibilidade para um novo mandato, como ele mesmo afirmou várias vezes. Mas, como ele é uma metamorfose ambulante, diz algo agora e pode mudar depois. Para os dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), a permanência de Lula no cargo


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Economia

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Cesta básica registra aumento de 21% em um ano na Capital, mostra Dieese

Projeções do governo apontam que inflação será maior em 2008 Gustavo Munhoz Alberge

ro”, disse Salete. “O pão também está muito caro. Além do preço do quilo, ele agora está com muito mais massa para pesar mais na balança e acaba, também, pesando no bolso”, completa.

Aos desesperados, que aguardam ansiosamente uma queda na inflação, a péssima notícia é que os preços tendem a subir ainda mais em 2008 Farinha do que no ano anterior. O Banco Central divulgou Proprietária de uma panique a expectativa para o Índi- ficadora, Suzana Galvan de ce de Preços ao Consumidor Souza se explica em relação as Amplo (IPCA) – esse índice é variações de preço de um dos tido como base no estabeleci- alimentos mais presentes na mento da inflação oficial – su- vida dos brasileiros, o pão. biu de 4,86% para 4,96%. Segundo ela, o valor do saco No mercado atacadista a de 25 quilos da farinha que é perspecitva do Índice Geral de utilizada em seu estabeleciPreços aumentou 0,91%, de mento passou a custar R$ 50 6,28% para 7,19%. O Índice nos últimos meses. Essa quanGeral de Preços do Mercado tidade é suficiente para se fapassou de 6,59% para 7,67%, zer 600 pães. Por sua vez, a o que acrescentou 1,08% no panificadora, que cobrava ano. Em relação ao setor de R$3,20 o quilo até o mês de jaserviços administrados por neiro, repassa ao consumidor contratos – por R$4,80 o água, energia quilo do pão. elétrica, linhas “O pão também Levando em t e l e f ô n i c a s , está muito caro. consideração transporte coque cada pãoziletivo – a ex- Além do preço do nho pesa 50 pectativa pas- quilo, ele agora gramas, a unisou de 3,70% dade está por está com muito para 3,65%. volta de A constante mais massa para R$0,24, regisevolução dos trando um salaumentos da pesar mais na to de 50%. inflação é refle- balança e acaba, “Esse aumento tida no bolso do faz cair todo o consumidor. O também, pesando movimento, preço da cesta mas é até eles no bolso” básica, em Cu(clientes) se ritiba, vendida SALETE DE FÁTIMA FLORIANI, acostumarem em abril, teve SERVIDORA PÚBLICA com o preço”, um aumento conta a emprede 21,78% em relação ao mes- sária. mo mês do ano passado, seO economista José Guigundo Departamento Intersin- lherme Vieira confirma as prodical de Estatística e Estudos jeções: “Os alimentos ainda Socioeconômicos (Dieese). não subiram tudo e o aumenA servidora pública Salete to no preço dos transportes de Fátima Floriani comprova ainda está para vir”. todos os dias o avanço nos preVieira aponta a subida na ços e não acredita em uma pos- demanda de matéria-prima da sível melhora. importação chinesa, por exem“A tendência é aumentar. plo, a soja, como um dos poAntes eu comprava quatro pa- tenciais fatores responsáveis cotes de feijão, agora só com- pela inflação. “Uma maneira pro dois com o mesmo dinhei-

de parar o crescimento da inflação é frear a produção interna do Brasil”, aponta o economista. O problema é que essa medida resultaria em mais desempregados, restando ao governo soluções a longo e médio prazo. “Estimular a produção de alimentos é outra saída, só que aí teremos de esperar até a próxima safra”, explica Vieira. Luiz Werner também é economista e sugere outro modo de combater a inflação: diminuindo a exportação ou cobrando maiores impostos na hora de exportar. “E se encontrar produtos com preços favoráveis, importar esses produtos para que não falte no mercado interno”. Ao consumidor só resta esperar os prováveis reajustes de valores de todos os setores da economia.

Amanda Ribas / LONA

O “pãozinho”, que custava R$3,20 o quilo em janeiro, passou a custar R$4,80 o quilo em quatro meses

MST e Via Campesia promovem mostra de 14 à 18 de maio Karollyna Krambeck

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST) e a Via Campesia, em parceria com o governo do Estado e o Teatro Guaíra, realizarão de hoje até o dia 18 de maio a Mostra Cultural de Integração dos Povos Latino-Americanos. O evento contará com conferências, apresentações artísticas, culturais, espetáculos musicais e uma feira de produtos da Reforma Agrária e pretende gerar reflexões sobre questões relacionadas à preservação da diversidade étnico-cultural, fortalecendo os laços de integração e solidariedade e valorizando a cultura latino-americana como instrumentos na construção de um projeto popular e soberano dos povos da América. Segundo a assessoria de comunicação do MST, o objetivo da mostra é aumentar a visi-

bilidade dos movimentos populares de esquerda e a construção de uma nova imagem para a população e para a mídia. As palestras e espetáculos contarão com a participação de intelectuais do Brasil e da América Latina, além de cantores e bandas que apóiam a Reforma Agrária. Programação A programação contará com conferências em todos os dias da Mostra nos períodos da manhã e tarde. E com shows e apresentações à noite no Teatro Guaíra. As conferências são gratuitas e as apresentações custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia entrada). A feira de produtos da Reforma Agrária estará instalada na Praça do Relógio das Flores até o dia 17 de maio, diariamente das 9h às 20h. 14 de maio (Abertura): Manhã e tarde: Centro de Convenções de Curitiba - Rua Barão do Rio Branco, 370 - Centro

15 de maio: Manhã e tarde: Colégio Estadual do Paraná - Av. João Gualberto, 250 – Alto da Glória Noite (20h30) Local: Teatro Guaíra Rua XV de Novembro, 971 – Centro 16 Maio: Noite (20h30) Local: Teatro Guaira “Show Chico César e banda” 17 de Maio: Noite (20h30) Local: Teatro Guaíra 18 de maio (Encerramento) Manhã (10e30h às 12h) Local: Teatro Guaíra. Para obter mais iinformações e programação completa, o telefone da Assessoria de Comunicação do MST é 33247000.


4 Especial

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O Dia Internacional dos Museus é comemorado em 18 de maio

Público jovem freqüenta pouco museus e galerias de arte Augusto Klein/LONA

Augusto Klein e Elisa Cordeiro

Qualquer visita a uma exposição, ou uma rápida olhada nas galerias, é capaz de diagnosticar que os jovens raramente freqüentam museus. E se estão lá, há sempre uma companhia: dos pais ou com os colegas da escola. Carolina Machado, de 20 anos, afirma: “Os museus hoje são muito arcaicos, tediosos. A maioria das pessoas nem sabe o que está vendo. Acho que é uma perda de tempo para nós, jovens.” Carolina defende que o conceito de arte é muito amplo e hoje, num mundo tão moderno e interativo, ela ainda se pergunta por que a maioria dos museus apenas tem placas explicativas “que não chegam a lugar nenhum. E você lê e fica sem entender do mesmo jeito”. Para Carolina, a arte pode O Museu Oscar Niemeyer possui programas para visitas escolares gratuitas ser muito bem representada numa peça de teatro, pois vale do Paraná na Federação Nacio- ra, a arte de Cláudio Pastro está há mais de 40 anos e mora na muito mais a pena ver algo que nal das Escolas Particulares estampada em azulejos na en- escola. Seus alunos a respeitam tenha uma troca de informa- (Fenep), todos os jovens têm in- trada do Colégio Nossa Senho- e têm certo receio de falar com ções, não apenas o olhar para teresse pela arte, mas o incenti- ra de Sion. São desenhos que ela, talvez pela sua postura obras. A jovem espera que no vo dado pelos pais e professores representam a religiosidade, imponente e expressão fechada. futuro os museus sejam mais é pequeno ou nulo. com muitos símbolos: a estrela É uma freira que dedica seu estimulantes e excitantes. A professora ainda afirma de David, a Bíblia e a pomba trabalho não apenas a Deus, Pesquisa feita pelo LONA que são poucas as escolas que da paz. mas à educação e a seus alucom 170 jovens, de 14 a 18 anos, valorizam a arte. Muitas vezes Os desenhos e pinturas não nos. indicou que o que aconte- param por aí. No primeiro corSoeur Cristina, como é cha60 foram ao ce é apenas redor do colégio há uma espé- mada pelos estudantes, defenmuseu por uma visita cie de outdoor com uma men- de que a educação pela arte des“Podem passar iniciativa por um mu- sagem reflexiva e um desenho perta a sensibilidade das crianpôsteres e cartazes, seu ou uma chamativo: um boneco com bra- ças, não só para o belo ou para própria. E se não houvesse galeria, o que ços e pernas abertas, em pé e à a arte em si, mas também para mas eu não vou ao o apoio dos é muito dife- sua volta existe uma moldura que elas se relacionem melhor museu, não gosto.” pais ou da esrente de pre- em forma de casa. com os outros. “A arte é uma cola, 110 nunparar o aluno A obra se chama “A Casa” e das coisas essenciais e primorCAROLINA MACHADO ca teriam enpara ver a mensagem: “Façamos o ho- diais na educação do nosso cotrado em obras já estu- mem à nossa imagem e seme- légio”, afirma. uma galeria de arte. A pesqui- dadas, com análises prévias. lhança”, vinda do Gênesis. Logo Aura Maria de Paula Soasa foi realizada no dia 28 de Para ela, tanto escolas públicas no primeiro andar, a sala que res Valente é professora do comarço, na rua XV, sem identi- quanto particulares deveriam chama atenção é a da diretora légio e leciona a disciplina de ficação dos nomes dos partici- implementar um processo de in- Marta Marques: grande, com história da arte, além de dar pantes. Apenas a idade foi men- teresse pela arte. quadros, uma estante cheia de aula da mesma matéria para cionada. livros e um relógio que toca faculdade de pedagogia que funPara a professora Maria Um incentivo artístico badaladas de um sino de meia ciona no mesmo local, durante Luiza Xavier, formada em hisCom um muro de cinco me- em meia-hora. a noite. tória e diretora representante tros de altura por dez de larguMarta é diretora do colégio Sua sala é coberta por tra-

balhos dos alunos, que vão desde desenhos simples a ilustrações coloridas e bem trabalhadas. Com o sorriso no rosto, responde perguntas sobre a arte e sobre os jovens. Diz que uma das maiores satisfações dela foi receber uma lembrança de suas alunas que foram a um museu da Europa, que hoje em dia estão cursando a faculdade. Para ela, a arte tem um grande valor se vinculada à história. Se os alunos apenas trabalharem com técnicas artísticas, a professora acredita que não haverá sentido, pois não conseguirão fazer uma apreciação estética, não tomarão o gosto por este estudo. Tudo acabará em uma mera atividade, resultando no desinteresse por parte dos jovens em relação a visitas a museus. Assim como a diretora, para ela a principal função da arte é trabalhar a sensibilidade para o outro, para o que está acontecendo no mundo. “O jovem que é educado com a disciplina de arte vai se tornar uma pessoa mais sensível para outro, mais humanizado. Eu tenho a impressão que os meus alunos saem do colégio com arte dentro deles”, diz Aura. A professora ainda destaca mais um ponto de vista do por quê o jovem deve se interessar pela arte: “É preciso saber ler as imagens, hoje em dia o mundo é basicamente visual, e se todas as pessoas tivessem um contexto de história da arte, conseguiriam decodificar melhor as mensagens do universo global”. Aura cita como importante o trabalho educativo de alguns museus de Curitiba: eles oferecem oficinas para os jovens que, logo depois de visitar uma exposição, fazem um trabalho artístico sobre o que viram. Ela afirma que o Brasil está num caminho certo: “É a educação pela arte e para a arte”.


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Especial

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Diversas instituições têm programação especial nesta semana, com entrada livre

A arte que está por todos os cantos “A arte é para todos”. Ape- ais em diversas cidades, como sar de a máxima representar Paris e Nova Iorque. Quem lucra com essa varialgo que deveria ser onipresente, ela infelizmente não con- edade de opções oferecidas é a diz com a realidade. Não no própria população. Pena que que diz respeito à arte concei- isso não ocorre no mundo todo. No Brasil, por exemplo, as tual, pelo menos, àquela observada em museus ou cen- pessoas não possuem uma forte ligação com a arte apresentros artísticos. Nem todas as pessoas têm tada nos museus, pois não há acesso a ela, e poucos dos que preocupação com a inclusão têm lhe dão o devido valor. Ven- dos jovens. Poucos estabelecimentos cer o desinteresse da população pela arte pode se mostrar utilizam novos recursos como um grande desafio, e é na bus- os áudio- visuais no museu ca dessa conquista que diver- Anne Frank, que acaba sendo sos museus estão inovando na mais estimulante. E com relação ao incentivo dado ao conforma de atrair o público. As alternativas são diver- tato com a cultura, a diferença entre os pasas: desde íses sul-ameripasseios incanos e alguterativos Nem todas as mas nações eucom os visipessoas têm acesso ropéias é evitantes, até entradas à arte, e poucos dos dente. “Na Bélgigratuitas. que têm lhe dão o ca, em época de O Muférias escolares, seu do Pradevido valor encontrei um do, na Espagrupo de trinta nha, é um exemplo disso. Como forma de crianças alemãs que foram videsenvolver o contato dos jo- sitar o museu mesmo não esvens com a arte, a instituição tando no período letivo”. A frase da professora de edunão cobra a entrada de estudantes que tenham até 18 cação artística Aura Maria de Paula Soares Valente dificilanos. Já o Museu Anne Frank, mente se encaixaria no contexna Holanda, optou por uma to brasileiro. “Aqui, infelizmenrelação de interatividade en- te, os alunos só vão ao museu tre os visitantes e o estabele- com a escola. São poucos os que realmente têm interesse em facimento. zer as visitas”, lamenta. Felizmente, a falta de vonAber tura O centro artístico funciona tade dos jovens em relação à na casa onde a jovem viveu arte está levando algumas insdurante a Segunda Gurra tituições a repensar sua forMundial, e as pessoas conhe- ma de ensinar o conteúdo. O Colégio Nossa Senhora cem mais sobre sua vida por meio de vídeos apresentados de Sion criou uma “escola de artes”, onde os alunos desendo local. Mais conhecido, mas não volvem obras de artes plástimenos inovador, é o Museu cas, cerâmica, pintura em Madame Tussauds, com sede tela, teatro, ballet e sapateana Inglaterra. No que diz res- do. Segundo Aura, o contato peito a forma de atrair visitantes, o estabelecimento é úni- das pessoas com a arte tende co: recria, com perfeição, o cor- a melhorar, pois as instituipo e as feições de grandes ce- ções culturais estão começando a se conscientizar, desenlebridades. Entretanto, o verdadeiro volvendo projetos atrativos destaque das obras está no ma- para a população. Mas essa mudança deve leterial com o qual elas são produzidas: a cera. A iniciativa var tempo para acontecer. “Ainestá sendo tão bem sucedida, da falta muito incentivo das esque o museu já conta com fili- colas e do governo”, diz.

Elisa Cordeiro/LONA

Museu do Prado, na Espanha, com sua vasta gama de turistas

As opções em Curitiba Curitiba oferece uma ampla variedade de museus, que expõem atrativos para todas as idades. O primeiro museu do Estado do Paraná foi fundado em 1876, na Praça Zacarias, e foi intitulado Museu Paranaense. O estabelecimento, que foi o terceiro inaugurado no país e hoje está localizado no Alto do São Francisco, conta com 300 mil peças e documentos da época do Brasil Colônia, incluindo mapas e artefatos indígenas. Os museus de arte são os mais numerosos em Curitiba. Além do conceituado Museu Oscar Niemeyer, a capital ainda conta com o Museu Alfredo Andersen, o Museu de Arte Sacra e o Museu de Arte Contemporânea. Abrangendo um tema diferente dos outros, o Museu de História Natural é uma das instituições mais interessantes da cidade. Localizado junto ao Bosque do Capão da Imbuia, o es-

tabelecimento está integrado a uma área verde de 39 mil metros quadrados e conta com um acervo que atrai especialmente crianças. Um dos destaques é o do Caminho das Araucárias, uma trilha ao ar livre onde os visitantes podem observar diversos elementos da fauna e flora brasileiras. Outro exemplo que foge à regra é a Ordem Rosacruz, uma organização regrada por misticismos, que possui um museu egípcio em suas dependências. Curitiba também possui museus que fazem um resgate histórico do desenvolvimento maquinário do país. No Museu do Automóvel, por exemplo, podem ser encontrados dezenas de modelos de veículos antigos, inclusive um Ford T do início do século XX. O local ainda conta com uma biblioteca especializada em automóveis. Outro exemplo desse tipo de centro histórico é o Museu Ferroviário de Curitiba, que, por

meio da decoração do estabelecimento, busca recriar o ambiente da antiga estação de trem da capital. Comemorções A 6º Semana Ncional dos Museus está sendo comemorada em Curitiba em diferentes espaços e com programação variada. Confira algumas opções: - Museu do Expedicionário: exposição sobre religiosidade brasileira na Segunda Guerra Mundial; - Museu de Arte Contemporânea: de 13 a 18 de maio às 20 horas, palestra “Arte Cotemporânea como Agente de Mudança Social e Desenvolvimento”; - Museu Alfredo Andersesn: dias 14 e 15, exposição de alunos do Centro Juvenil de Artes Plásticas; - MuseuParanaense: dia 15(18h) Seminário “Vadios, heréticos e bruxas: degradados inquisitoriais na América Portuguesa”, com Geraldo Pieroni.


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Apaixonados por animais organizam feira para adoção de cachorros de rua

Vira-latas ganham novos lares Gustavo Alberge e Paula S. Werner

A 5ª edição da Feira de Cães Usados aconteceu no último sábado, dia 10, na clínica veterinária e pet shop “Estheticão”, no bairro Ahú, em Curitiba. Durante as edições anteriores já foram adotados cerca de 150 animais no total, sendo que em cada feira estão expostos 60 cachorros e uma média de 35 são adotados ao final do dia.

Feira Maeve Winkler é a organizadora da feira desde a primeira edição, realizada em julho de 2007. Ela se emociona ao falar do trabalho para ajudar os animais. “É cansativo, desgastante, mas é satisfatório você ver aquele cãozinho que era couro e osso e agora já está bem”, diz a organizadora. Maeve conta que tem cerca de 30 animais em sua residência – todos eles são retirados das ruas. Os adultos são castrados e vacinados e os filhotes, devido

“É satisfatório você ver que aquele cãozinho que era couro e osso agora já está bem” MAEVE WINKLER, ORGANIZADORA

ao elevado número e falta de dinheiro, recebem apenas o remédio contra vermes. Yunes critica a falta de apoio dos órgãos públicos: “O apoio devia ser de cima para baixo”. Ele ainda comenta que é importante as pessoas não pensarem apenas em buscar filhotes: “O cão adulto não rói tudo. Quem adota já sabe que tamanho ele vai ficar. É muito legal o ato de adotar um cão adulto”. A feira ainda conta com a contribuição de empresas do ramo alimentício e de medicamentos para caninos. Ambas dão informações para quem acabou de adotar um cão sobre como tratar de forma adequada o seu novo bicho de estima-

ção. Brindes contendo ração, toalhas e brinquedos são sorteados ao longo do dia. A jornalista Rosiane Freitas passou para dar apenas uma olhada nos cachorros e acabou adotando um deles para dar de presente ao seu pai. “Ter um cachorro em casa é tudo de bom, eu já tenho o meu”, conta Rosiane. “Os vira-latas são os melhores”, completa.

Responsabilidade Todos que adotaram tiveram que preencher um cadastro com informações pessoais. O cão que não se adaptar ao novo lar pode ser devolvido ao antigo responsável. Esse último, por sua vez, poderá ligar pedindo informações sobre o canino para saber se ele está sendo cuidado. Aqueles que não foram à feira e tem interesse podem adotar cães ou gatos por meio de dois blogs administrados pela organizadora do evento, Maeve Winkler – www.adocao. nafoto.net ou www.adogato. nafoto.net.

A jornalista Rosiane Freitas, que adotou um cão na feira

As opções do investidor no mercado financeiro Ana Letícia Pie

Aplicar seu dinheiro e tornar-se um pequeno investidor requer cuidado e conhecimento na área. Existem algumas maneiras de investir dinheiro em negócios rentáveis, no do mercado financeiro, como a bolsa de valores, bancos e outras. Mas antes é preciso entender o perfil de um pequeno investidor, que, inicialmente precisa ter uma vida financeira estável. Segundo o gerente financeiro e aplicador da bolsa Edenílson Dalbosco, existem tipos diferentes de investidor: o conservador, o moderado e o arrojado. O conservador possui aversão a riscos; prefere usar seu dinheiro da maneira mais segura possível, por meio dos bancos. Ele investe em pou-

pança bancária, que rende aproximadamente 6% ao ano. Também utiliza o CDB (Certificado de Depósito Bancário) e os fundos de renda fixa. O investidor moderado costuma aplicar em fundos de renda fixa e em fundos de investimentos formados por títulos de crédito imobiliário e, até mesmo, ações de risco baixo ou moderado. Já o investidor arrojado, disposto a correr riscos mais altos e, conseqüentemente, a obter maior rentabilidade e lucro em suas aplicações, tem outras opções. As opções de investimento mais rentáveis são normalmente as menos seguras. No Brasil, elas estão na Bovespa (Bolsa de Valores do Estado de São Paulo) e na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuro). A Bovespa possui mais de 400 empresas em seu portfólio.

Entre elas, encontram-se as chamadas blueships, empresas sólidas e grandes como a Petrobras e a Vale do Rio Doce. Uma referência é o rendimento que alcançaram no ano passado, em torno de 82%. A BM&F proporciona maior retorno financeiro, embora traga muitos riscos para o investidor. No entanto, é a preferência de empresas de agronegócio, que a usam para captar recursos e obter garantia de preço para sua mercadoria no futuro. O pequeno investidor, para aplicar na BM&F, deve ter uma situação financeira controlada, pois os valores investidos são altos. Já na Bovespa, compra-se uma ação a partir de R$ 100, o que a torna mais acessível do que a BM&F. Para efetivar aplicações na bolsa de valores, a pessoa necessita associar-se a uma cor-

retora. Ali obtém suporte para aprender a lidar com ações. Também pode ocorrer por meio da utilização de um software chamado home broker. Esse sistema permite ao investidor fazer aplicações no seu computador pessoal. Além disso, é fundamental entender como funciona a bolsa, no caso a Bovespa. Devem-se fazer dois tipos de análise. A fundamentalista: escolher o tipo de mercado no qual o investimento será feito. E a análise técnica: através de gráficos, que opta pelo melhor momento de compra e venda das ações. De acordo com Dalbosco, não entender de análise técnica “é apostar no escuro”. Dalbosco também diz que o mercado de ações é muito volátil, quando se trata de riscos e benefícios. Um dos motivos pelo qual o mercado de ações é inconstante

é a interconexão entre as bolsas de valores do mundo. Se na China a bolsa cai, no resto do mundo as bolsas sofrem influência direta.

Riscos Outro mecanismo orientador dos investimentos é o risco-país, indicador que determina a instabilidade econômica do país. No caso do Brasil, hoje, está baixo, o que é relativamente bom. Somase a isto a elevada taxa de juros que rege a economia, uma das mais altas do mundo, ocorre um intenso fluxo de dólar no país, e derruba sua cotação. Evidência de que é bom investir aqui. O problema é quando a economia está instável, então os investidores estrangeiros retiram o dólar do Brasil, fato que proporciona o aumento da moeda no país.


Curitiba, quarta-feira, 14 de maio de 2008

Cultura

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Exposição de obras reflete o desperdício e o acúmulo de lixo da sociedade atual

Limpar o lixo para as obras de arte Bárbara Pombo

Reciclar a arte, a partir da matéria-prima utilizada. Não era a meta, mas acabou sendo a conseqüência do trabalho de oito anos do Grupo Reciclarte. É na comunidade de Maracanã, em Colombo, que os artistas Rogério Aquino, Lóris Guto e Orlando Souza saem de bicicleta para desbravar matas e latas de lixo a procura de material 100% reciclável. Esculturas e outros objetos, expostos na Sala do Artista Popular (SAP) até o dia 23, obtêm forma a partir das garrafas Pet encontradas, móveis velhos, janelas e lençóis. Materiais inusitados também aparecem. As esculturas de dinossauro de Guto, por exemplo, nasceram de ossos de cachorros mortos. “Em um ano e meio após a morte, os cachorros já estão decompostos e a carcaça seca. Assim, fica fácil pegar os ossos, que passam por um processo de higienização antes de serem pintados com tinta acrílica”, explica Guto.

Abaixo ao desperdício Rogério Aquino conta que, por falta de dinheiro, teve que substituir a tinta a óleo por recicláveis. “Hoje encontro 80% do meu material na rua. Andar de bicicleta pela cidade rende muita matéria-prima”, brinca. Outra forma de conseguir material, segundo Orlando Souza, é a partir da ajuda dos vizinhos. “Muitas pessoas da comunidade me entregam objetos e peças que jogariam fora. Os carroceiros são também importantes nesse processo, pois sabem que podem vender para nós o que encontram”. Segundo Guto, a colaboração da comunidade mostra como a idéia da reciclagem se espalha fácil. “O intuito do grupo é passar a mensagem de conservação do

Para os artistas, o consumismo atual é claramente observado nas obras, a partir do material novo e ainda útil usado na criação meio-ambiente e do desperdício de forma lúdica. E nós temos tido sucesso, pois quando as pessoas vêem que fazemos arte com o lixo, acabam nos trazendo o que não querem mais, ao invés de jogar na rua ou nos rios”. Para os artistas, o consumismo atual é claramente observado nas obras, a partir do material novo e ainda útil usado na criação. “Quem tem contato direto com o lixo, depois de jogado fora, percebe o quanto o consumo é intenso, pois achamos objetos que sem motivo viram lixo”, afirma

Bárbara Pombo/ LONA

Guto. A falta de informação é apontada pelos artistas como causadoras dos problemas ambientais. “Na nossa comunidade, há muitos rios que transbordam com fortes chuvas, há lixo nas ruas e matas. Então se pegamos o lixo e fazemos arte, estamos dizendo aos mal informados que aquele entulho está no lugar errado,”, diz Souza. As crianças, para ele, são as principais portas para a conscientização efetiva. “Percebemos que para educar ambientalmente, devemos atingir as crianças, talvez por estarem sem vícios e abertas ao mundo. E em casa, ela vai ensinar os mais velhos a reciclarem certas idéias.”

Serviço Exposição Reciclarte. Permance até 23/05. Endereço: Sala do Artista Popular (R. Saldanha Marinho, s/nº), em Colombo. Horário de visitação: de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.

As peças são feitas de material reciclado

Programa leva atividades para os bairros de Curitiba Silvia Henz

O programa “Arte por onde você anda” leva à população a arte nas suas mais diversas formas, com exposições, teatro, música, cinema e mostras espalhadas nos 75 bairros da cidade. O objetivo é “democratizar a cultura”, segundo afirmou o prefeito Beto Richa no discurso de lançamento do programa. A prefeitura tem investido também na reestruturação de antigos espaços culturais, como a reforma do teatro Paiol, do espaço Novelas Curitibanas e recentemente da Cinemateca de Curitiba. Em 29 meses, a prefeitura investiu cerca de R$ 10 milhões para recuperar os principais espaços culturais da cidade.

Com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, o “Arte por onde você anda” tem transformado o cenário cultural da cidade. Toda semana, leva apresentações gratuitas, ou a preços populares, aos bairros da cidade, além das apresentações de peças teatrais para escolas públicas. As expectativas dos artistas em relação ao retorno do projeto são boas. O diretor artístico da “Armadilha Cia. de teatro”, Diego Fortes, participou do projeto da prefeitura e aprova a iniciativa: “Não que eu ache que haverá uma grande mudança na sociedade. É só um começo, mas um começo bem direcionado. É uma semente, que faz começar a brotar na cabeça das pessoas a vontade de ter contato com a arte”. A atriz Sol Faganello, que atuou na peça “Café Andaluz”,

espera que o projeto contribua para a formação de público: “Nós vamos até o bairro, apresentamos para as pessoas, com o objetivo de levá-las ao teatro e criar uma consciência de que existe teatro na cidade. Queremos incentivar as pessoas além de ir ao teatro, a fazer teatro também.”. A sugestão de Sol para melhorar o retorno do projeto é que haja uma preparação com professores e alunos sobre a temática tratada pela peça ou concerto, para que haja uma discussão prévia. A professora Leni Silva assistiu a peças de teatro inclusas no programa, e diz que ele necessita de um método de abordagem mais eficiente. Ela acredita que não se pode tentar impor a cultura sem que se desenvolva antes uma curiosidade,

uma expectativa positiva. “Doze anos atrás, existia um programa parecido com este. O programa tinha uma agenda cultural grande a preços populares. Certa vez, a prefeitura encaminhou um grupo enorme de jovens para a Ópera de Arame, mas houve um engano: eles acreditavam que iriam assistir a um show de rock, e era na verdade um show de bossa nova. Leila Pinheiro e Rafael Rabelo foram vaiados no palco”, lembra Leni. Para Fortes, o mais difícil do projeto é lidar com um público diferente: “É fácil apresentar em um auditório fechado, para um público que já tem idéia do que vai ver. O difícil é fazer com que esse público (não acostumado a freqüentar teatro) entenda o que a peça está dizendo, se aproxime de você.”


Curitiba, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Batalha de alviverdes

Fotos: Cibele Lara e Bruna Chrispim Texto: Cibele Lara

O duelo de campeões estaduais, valido pela 1ª rodada do campeonato brasileiro, foi marcado por muitas iniciativas, troca de faixas de campeões, faltas, quero-quero atacado pela bola, e poucas finalizações. O Verdão do PR, jogando em casa, conseguiu voltar bem à elite do campeonato e mostrou futebol de primeira divisão. O Coritiba venceu o Porco por 2x0, que foi saudado anteriormente como um dos “favoritos” ao título. Duas carimbadas na faixa de campeão do Palmeiras de Michael aos 9 e Hugo aos 38 do 2º tempo. Michael na sua primeira partida pelo Coxa já ganhou a confiança da torcida. A torcida do Coritiba mostrou de novo quem é o 12º jogador do time, deu um show nas arquibancadas e empurrou o time para cima do Porco. Apesar de Keirrison sair aos 42 do 1º tempo por sentir uma forte distensão muscular e de Carlinhos Paraíba ter sido expulso aos 24 do 2º tempo, o time ficou mais determinado do que nunca. Antes da partida, o clima festivo das duas diretorias permitiu que houvesse troca de faixas dos campeões estaduais. Além de faixas, o Coritiba entrou em campo com uma camisa prata em comemoração à conquista da Segundona do ano de 2007. Na próxima rodada, o Coxa enfrenta o Figueirense em Florianópolis. Já o Palmeiras tenta a recuperação em casa, diante do Internacional.


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