Lona - Edição nº 416

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RIO Á I D do

L BRASI

Curitiba, quinta-feira, 14 de agosto de 2008 | Ano IX | nº 416 | jornalismo@up.edu.br| Jornal-Laboratório do de Jornalismo da Universidade Positivo Curso

Temporais trazem prejuízos a municípios da capital e do interior do Paraná Nova Trento: segunda maior estância religiosa do país Renata Penka/LONA

A previsão é de que a chuva pare na sexta-feira, porém, a calmaria ainda não chegou para muitos que perderam suas casas. Os que mais sofreram com as tempestades foram os moradores da região metropolitana. Enquanto as prefeituras somam os

prejuízos, os relatórios e toda a burocracia torna-se o fator principal no filme que a cada ano se repete: agricultores que perdem ferramentas de trabalho e pessoas que vêem o trabalho de uma vida literalmente indo por água abaixo.

Permacultura busca equilíbrio produtivo

Começa a feira de profissões da UFPR

O planejamento em Permacultura é desenvolvido através da cuidadosa observação dos padrões naturais e das características particulares de cada lugar.

O principal propósito da feira é mostrar aos participantes todos os cursos e atividades oferecidos pela instituição e orientar a futura escolha profissional dos estudantes.

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Estudo aponta poluição no reservatório Passaúna A sustentabilidade ganha espaço nos debates sobre meio ambiente. Cada vez mais levantamse questões essenciais para a manutenção do planeta. Muito mais próximo do que se pensa, a poluição pode estar onde não se vê. É o que revela o trabalho recém-concluído do professor Jorge Mattar Neto.

Conheça os detalhes da cidade no ensaio fotográfico do LONA - pág. 8

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Luciano Sarote/LONA


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A marca das Olimpíadas Danielly Ortiz

O mundo pára. Os olhares e pensamentos se voltam para apenas um lugar. Os corações patriotas batem ansiosos em busca de algo que os deixem mais perto dos heróis que defendem seus países. Uma alternativa encontrada é associar seus produtos ao grande evento mundial, como forma de alavancar suas vendas. O instituto Brasileiro de Marketing Esportivo, o IBME, diz que os Jogos Olímpicos fortalecem as marcas e incentivam milhares de pessoas a consumir aquilo que está relacionado a eles. Estima-se que o marketing esportivo acabe movimentando cerca de R$ 31 bilhões por ano, o que equivale a 3,3% do PIB do país. Associar seu nome a um evento de tamanha grandeza e apelo emocional faz com que as pessoas comprem não apenas o produto, mas, também, o sentimento de união e nacionalidade que são, imediatamente, ligados às marcas. A rede Mc Donald’s é uma das marcas que apostam nos Jogos Olímpicos para aumentar a quantidade de produtos vendidos. Investindo cerca de R$ 30 milhões, a rede de fast food lançou re-

centemente o China Menu, que nada mais é do que novas opções no cardápio inspiradas nas iguarias chinesas. O gerente nacional de marketing da rede no Brasil, Roberto Gnypek, diz que a expectativa é que a venda aumente em 25%, ou seja, no período de dois meses devem ser vendidos mais de dois milhões de unidades do novo sanduíche, só aqui no Brasil. A Visa é o cartão exclusivo da Vila Olímpica e um dos patrocinadores mundiais do evento. Aproveitando a divulgação constante de sua marca, a empresa criou um concurso cultural que levará os clientes que mais usarem o cartão para uma viagem à China. Preciso dizer que a estratégia aumentou, e muito, o uso do cartão? Hipocrisia ou não, a verdade é que os brasileiros escolhem a melhor época para “ser brasileiro”. Em dias e anos não tão importantes, o país volta a ser aquele poço de erros, criticado todos os dias nas ruas, os políticos voltam a ser corruptos e o técnico da seleção continua sendo “burro”. O amor à pátria, o coração verde-amarelo e o hino cantado todos os dias não passam de uma desculpa para consumir e explorar aqueles que, de alguma forma, pensam estar ajudando o país.

Expediente Reitor: Oriovisto Guimarães. V i c e - R e i t o r : José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; PróReitor de Graduação: Renato Casagrande;; PróReitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; PróReitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton; Pró-Rei-

tor de Planejamento e Av a l i a ç ã o Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Marcelo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski e Karollyna Krambeck.

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.

Campanha eleitoral? Já começou? Gabriel Hamilko

Quais são os candidatos à Prefeitura de Curitiba? Essa é a pergunta da população neste início de campanha. Em julho, numa exibição até então morna, já houve vários acontecimentos. Denúncias, multas, debates e pesquisas. Aliás, pesquisa que provou que o eleitorado curitibano conhece o prefeito e nada mais. Não tem nenhum outro grande nome que seja capaz de roubar votos de Beto Richa e equilibrar a disputa. Em campanhas passadas, o petista Ângelo Vanhoni era o peso da balança. Sua substituta nesse ano, Gleisi Hoffmann, é um nome desconhecido da população mais periférica. Moreira tenta associar seu nome ao do governador Requião, mas o índice requianista não anda “bem das pernas” na capital. O “intruso” nessa disputa, que surpreende em meio à monotonia, é Fábio Camargo, que tem uma grande ligação com os bairros

e se torna mais uma ameaça para Gleisi do que para Richa. De resto, sobram os partidos nanicos que sempre agem como coadjuvantes. Sem a campanha na mídia, a sensação é de que ainda não começou. O corpo a corpo atinge apenas uma minoria da população, e os mais despercebidos confundem alguns candidatos com vereadores. O horário eleitoral na televisão e rádio entra em cena no próximo dia 19, mas as perspectivas de mudanças param por aí. É só olhar para o tempo de exposição dos políticos e seus respectivos partidos. Richa conta com aproximadamente o dobro de tempo de seus adversários. Equação proporcional à sua popularidade. No alto de seus 72% da última pesquisa, o tucano observa a soma de todos os outros candidatos chegarem aos míseros 18%. Mas uma coisa é certa. Esse é o teto do atual “manda-chuva”. A tendência é que, com a campanha em si, comece a aparecer o desgaste e seu índice despenque. Quanto pode despencar? Só

esperando para ver. Atacar ou não atacar? Eis a questão dos adversários. Existe uma lenda de que o fato de atacar a administração atual pode soar mal aos ouvidos do habitante da capital paranaense, pois isso poderia levar as críticas à própria cidade, não associando somente ao gestor dela. Se os marqueteiros pensaram nisso, estão observando que essa tática pode levar a lugar nenhum e ser preciso adotar uma postura de ataques e suposições. Até o primeiro debate realizado por um canal de televisão, tudo era paz. Porém, na semana passada, surgiram notas que a campanha petista soltou, relatando que estaria acontecendo uma “intimidação”, incluindo assaltos aos escritórios e ao apartamento de Gleisi. O “adversário” não foi citado diretamente. Enfim, isso é campanha. Se alguém quiser realmente disputar um segundo turno, precisa arregaçar as mangas e sujar um pouco as mãos.

Amnésia política Marisa Rodrigues

Uma letra de música não muito conhecida ressalta que “o esforço para lembrar é a vontade de esquecer”. Bem menos poético, mas muito mais impactante, o surto de “amnésia política” que nós, eleitores, sofremos parece, muitas vezes, ser mais por pura vontade de esquecer, do que falta de conhecimento ou despolitização. Somos bombardeados diariamente com notícias sobre licitações fraudulentas, desvio de verbas, obras superfaturadas. Manchetes que mostram não só a corrupção, mas o passado político de candidatos que, na maioria das vezes, pretendem uma reeleição. Obviamente, alguns veículos se aproveitam do poder de influência da mídia para incidir sobre aquele ou outro candidato, conforme seus interesses particulares ou ideológicos, mas nem assim a informação perde sua validade.

Em Londrina, por exemplo, o Ministério Público pediu a impugnação de quatro candidatos ao cargo de prefeito e de doze candidatos a vereador porque eles respondem a ações na Justiça. Infelizmente, algumas brechas na legislação permitiram que esses políticos continuassem na disputa eleitoral. O MP, provavelmente, vai assistir de mãos atadas à eleição de muito candidato com extensa ficha criminal e suspeito de corrupção. A revolta popular contra representante corrupto é uma coisa bem comum. O povo reclama, esbraveja, grita, sai pelas ruas exigindo que o corrupto seja punido, que o dinheiro roubado seja devolvido para os cofres públicos. “Lalaus” e “Renans” estão presentes não só no cenário, mas no imaginário político do povo brasileiro. Mas quem elege esse tipo de político? A ineficiência punitiva dos órgãos públicos ou nosso voto? Recentemente assisti a uma propaganda sobre as eleições deste ano. Ela dizia que o eleitor

demorava apenas um minuto dentro da cabine de votação para eleger um representante que tem um mandato de quatro anos. Fiquei curiosa para saber quanto tempo leva para o eleitor escolher o dono desse seu voto de um minuto. Já presenciei gente escolhendo seu candidato no dia da votação, em frente ao local no qual estava instalada a urna, sorteando ao acaso uma figura entre as inúmeras no mar de santinhos espalhados pelo chão. Já escutei eleitor assumindo que votou no candidato mais bonito. Pessoas assim perdem a razão de protestar e ajudam a sustentar as maracutaias que já viraram hábito. Nosso voto tem passado, rosto e história que não podemos esquecer nunca. Pesquisar o que nosso candidato fez, se ele esteve ou não envolvido em algum caso de corrupção ou quantas vezes trocou de partido durante sua vida política é um excelente remédio para nossa falta de memória política.


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Temporais de ontem atingiram cidades da Região Metropolitana de Curitiba

Previsão aponta melhora no tempo; municípios contabilizam prejuízos Eli Antonelli

Depois da destruição causada pelas insistentes chuvas no Paraná, finalmente há previsão de melhora no tempo para sexta-feira. Os moradores da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foram os mais afetados. O tenente da Defesa Civil Eduardo Gomes Pinheiro afirmou, no final da tarde de ontem, que a situação já estava normalizada e todos os atendimentos já haviam sido realizados. “As prefeituras agora são responsáveis por elaborar os documentos necessários para verificação precisa dos danos.” O principal documento é a Avaliação de Danos, que deverá ser feito pela coordenação civil municipal e o corpo de bombeiros de cada município. Segundo a moradora de Fazenda Rio Grande Edilia Correia Amaral, nos 33 anos que residiu na cidade, nunca havia presenciado uma chuva tão forte: “O vento forte e a chuva com o granizo atingiu as casas, destelhou muitas delas, a ventania avançou arrancando árvores e machucou muita gente que estava na rua”. De acordo com a assessoria de imprensa da Copel, no final do dia de ontem as equipes ainda se revezavam para os atendimentos. Em Curitiba houve oito bairros com transtornos: Bom Retiro, Mercês, Santa Amélia, São Francisco, Tarumã, Cidade Industrial, Fazendinha e Bairro Alto com 16.400 domicílios afetados. A Copel, mesmo trabalhando mais, irá demorar um pouco mais para resolver a situação devido a gravidade da ocorrência. É previsto que as famílias ainda permaneçam por mais um dia sem luz.

No interior do Paraná Há menos de uma semana a cidade de Laranjeiras do Sul foi vítima de um forte temporal que destruiu grande parte da cidade. Segundo o corpo de bombeiros, mais de 800 residências tiveram prejuízos. O Tenente Pinheiro, da Defesa Civil, esteve pessoalmente na cidade para verificar a situação. Segundo ele, a prefeitura ainda avalia os estragos, podendo concluir a gravidade da situação. Um caso excepcional ocorrido em Laranjeiras do Sul foi relatado pela vizinha de um produtor rural Veronica Tanioso. Devido à tempestade houve a perda do rebanho de um produtor rural. Foram 13 vacas, que devido a uma queda de um fio elétrico, morreram eletrocutadas. Segundo a assessoria de imprensa da Copel, a família pode entrar com solicitação de perdas e danos devido ao acidente. A Copel irá analisar. Se o resultado for negativa, a família ainda pode entrar com recurso na Agência Nacional de Energia Elétrica. Em Cascavel houve um princípio de alarde devido à sequência de chuvas no Estado. Segundo o empregado público Odilon da Costa, na noite de 12 de agosto houve um boato de que voltaria a ocorrer uma tempestade na cidade, semelhante às que ocorreram havia quatro dias. As faculdades, escolas e igrejas dispensaram alunos e fiéis mais cedo. “Na semana passada choveu bastante uns dois três dias com duas chuva de granizo no intervalo de mais ou menos uma hora.” Em Foz do Iguaçu o temporal provocou alagamento. A chuva forte provocou danos como queda de árvores e interdições de ruas. Há depoimento de um morador, Gimar Gladen, que viu o investimento em reforma da residência da filha e da neta, de apenas sete dias, ser danificado devido a queda de uma árvore sobre o prédio.

Começa amanhã a 6ª Feira UFPR Cursos e Profissões Marisa Rodrigues

A Universidade Federal do Paraná promove, a partir de amanhã, a sexta edição do Cursos e Profissões. Com o slogan “Uma Feira de Idéias para o seu Futuro”, os organizadores esperam receber cerca de 40 mil visitantes nos três dias de evento, que será realizado no campus Jardim Botânico, das 8h às 18 horas. O principal propósito da feira é mostrar aos participantes todos os cursos e atividades oferecidos pela instituição e orientar, de forma mais sensata, a escolha profissional dos estudantes. Para avaliar a influência do evento entre os vestibulandos, a UFPR realizou uma pesquisa com os visitantes do ano passado. Desses entrevistados, 27% declararam ter mudado a opção do curso depois da visita. Os organizadores acreditam que o número é reflexo da dúvida e da pressão que muitos jovens sofrem em relação ao futuro profissional. A feira vai manter estandes com todos os cursos ofertados pela universidade. Professores, coordenadores e acadêmicos irão mostrar o que é oferecido durante o período da graduação, a situação do mercado de trabalho, as vantagens e as dificuldades sentidas pelos alunos nas profissões. Projetos feitos por alunos da UFPR, experiências e laboratórios também ficarão expostos para ajudar na ilustração do que os estudantes encontrarão ao ingressar na UFPR. Além disso, os participantes que tiverem interesse em conhecer os campi da UFPR em Curitiba contarão com o Tour Guiado - projeto desen-

volvido em parceria com o curso de Turismo, para levar os visitantes a 16 roteiros diferentes. Os passeios serão feitos com os ônibus da UFPR, com saídas sempre às 9h e às 14h, nos três dias de feira. Os interessados no Tour Guiado devem fazer a inscrição no estande de Informações e a viagem não terá nenhum custo. Outro projeto em parceria será a Orientação Profissional. As atividades serão realizadas por acadêmicos do curso de Psicologia, com início sempre às 15h30min e com um número limitado de 40 vagas para cada um dos três dias. Os participantes também poderão contar com praça de alimentação e 120 palestras

ministradas por professores e profissionais convidados. Thamiris dos Anjos, estudante do terceiro ano do ensino médio, deseja prestar o vestibular para o curso de Direito. Ela freqüentou a feira no ano passado e, além das visitas aos estandes, recebeu a orientação vocacional oferecida pela UFPR. A estudante acredita que as atividades foram fundamentais em sua decisão. Este ano, Thamiris pretende assistir à palestra sobre a profissão que escolheu seguir. “Mesmo com certeza do que quero cursar, acredito que, quanto mais informação eu tiver sobre o curso, maior será a minha segurança”. Todas as palestras da programação voltadas aos participantes podem ser conferidas no site da UFPR. Marisa Rodrigues/LONA

Ser viço UFPR Cursos e Profissões – Uma feira de Idéias para o seu Futuro Dias 15, 16 e 17 de agosto, das 8h às 18 h. Campus Jardim Botânico. Av. Prefeito Lothário Meissner, 632. Informações www.ufpr.br/cursoseprofissoes


Curitiba, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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“A permacultura mudou tudo na minha vida”, afirma Jopa, que há quatro anos é permacultor

Viver diferente: viver bem! Márcio Brüggemann Patrick Belem

Já pensou em morar no campo, num sítio ou numa chácara e tendo tudo o que precisa por perto? Não! Não são lanchonetes, shoppings ou de produtos de alta tecnologia que estamos falando, mas sim da permacultura. Permacultura é um conceito prático que pode ser aplicado tanto na cidade como no campo e em áreas de vida silvestre. Seus princípios estimulam a criação de ambientes equilibradamente produtivos, ricos em alimentos, energia, abrigos e outras necessidades materiais e não materiais, o que inclui infra-estrutura social e econômica. O termo Permacultura originou-se da fusão de dois conceitos “agricultura e permanente”. Inicialmente foi dedicada a esforços no planejamento de ecossistemas agrícolas produtivos no sentido de permitir estabilidade, diversidade e flexibilidade, à semelhança dos ecossistemas naturais. Pouco a pouco o conceito foi

sendo ampliado e aplicado a todos os ramos da atividade humana, bem como à construção de uma sociedade planetária alternativa. O planejamento em Permacultura é desenvolvido através da cuidadosa observação dos padrões naturais e das características de cada lugar em particular, o que permite uma gradual implementação de métodos para integrar instalações humanas com os sistemas naturais de produção de energia como florestas, plantas comestíveis, aqüicultura (criação peixes, moluscos, crustáceos, rãs e algas), animais silvestres e domésticos, entre outros. A Permacultura promove o aproveitamento de todos os recursos relacionados à energia utilizando a maior quantidade possível de funções em cada uma dos elementos de uma dada paisagem, com seus múltiplos usos no tempo e no espaço. O excesso ou descarte produzido por plantas, animais e atividades humanas são utilizados para beneficiarem outros elementos do sistema. As plantações (roçado, jardim, pomar, floresta) são cultivadas de modo que haja um per-

Banheiro-seco Divulgação/ LONA

É “seco” porque não utiliza ou desperdiça água. É “compostável”, pois se auxilia de um processo bioquímico que, por meio da ação de bactérias e microorganismos, converte os dejetos em composto

orgânico fértil e isento de patogênicos. E, principalmente, é “ecológico” por se aproveitar dos ciclos biológicos naturais não tendo como produto o esgoto e, portanto, não contaminando a água.

Patrick Belém/ LONA

Casa em construção misturando todas as técnicas da permacultura feito aproveitamento da água e do sol. São utilizadas associações particulares de árvores, perenes e não-perenes, arbustos e ervas rasteiras que se nutrem e se protegem mutuamente. São construídas pequenas lagoas e outros elementos para melhor aproveitamento da grande diversidade de atividade biológica em interação nos ecossistemas. O desenvolvimento do planejamento requer flexibilidade e uma seqüência apropriada para que possam introduzir mudanças à medida que a experiência e a observação o indicarem. Criar um ambiente apropriado à permacultura é um processo longo e gradual, mas também podem ser utilizadas técnicas de aceleração. A Permacultura adota técnicas e princípios da ecologia, tecnologias apropriadas, agricultura sustentável associadas à sabedoria de pessoas mais velhas, indígenas e populações tradicionais, mas está baseada principalmente na observação direta da natureza do lugar.

O permacultor Como a permacultura é bem diferente do estilo de vida que as pessoas levam nas ci-

dades, o permacultor e estudante de arquitetura João Paulo Santana, 27 anos, também conhecido com Jopa, leva a vida das duas formas, reunindo os conhecimentos de sociedades tradicionais com técnicas esquecidas. Os repórteres do LONA entrevistaram o permacultor: LONA — Por que essas técnicas são esquecidas? João Paulo - Elas são técnicas que na verdade não foram esquecidas, elas saíram do foco dos veículos de mídia e de comunicação, da comercialização em si, justamente porque o planeta hoje está sendo direcionado para uma globalização, para um mercado global. E o mercado tem um objetivo, que é o lucro. Então a gente vivendo numa sociedade com acúmulo de capital, essas técnicas antigas, que hoje são chamadas de inovadoras, elas são baseadas em baixo custo, em materiais catados do lixo, em coisas retiradas do próprio local, que são de fácil acesso e as pessoas estão descartando hoje de suas vidas sem perceber. Então por não ter nenhuma pessoa tirando lucro sobre isso, essas técnicas acabaram sendo colocadas

à parte e com o passar das gerações o mercado acabou voltando para outras coisas, com a produção de tijolo, de concreto, ao comercio predador, que é chamado, e não a economia solidária, como é trabalhada na permacultura. Enfim, são esses motivos, na minha opinião, que são técnicas consideradas esquecidas, mas que na verdade estão sendo resgatadas hoje por uma necessidade de que a gente consiga manter o equilíbrio no planeta. E quando eu falo de vida, não é só vida humana, é a vida como um todo, que faz parte de uma equação matemática, na qual estamos inseridos. E para você como permacultor,, o que é a permamacultor cultura na sua vida? A permacultura mudou tudo na minha vida. Eu descobri a permacultura há pouco tempo, aproximadamente há quatro anos. Eu sou estudante de arquitetura, e foi pesquisando sobre arquitetura alternativa que eu cheguei nessa coisa maravilhosa que é a permacultura, bioconstrução, economia solidária etc. Então eu acabei me voltando totalmente para isso há quatro anos atrás, e hoje, isso acabou caindo na moda, pois as


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pessoas viram a necessidade da gente tomar atitudes no nosso dia-a-dia que minimize o impacto sobre a vida no planeta. Você tem uma casa no campo e na cidade, qual é a diferença de vida? A diferença é 100%. Essa casa que eu tenho no campo é um sitio da minha família que nós temos há bastante tempo. Só que agora que eu comecei a ganhar idade, me tornar mais responsável, e foi aí que eu comecei a ver a permacultura, arquitetura, a bioconstrução, a economia solidária, e resolver transformar o meu sitio em um superlaboratório. Então eu acabo passando alguns finais de semana lá. Eu passo a semana na cidade porque eu estou fazendo arquitetura, mas quando eu vou para lá, parece que eu estou em outro mundo. Eu esqueço o que acontece na cidade, só penso no meu laboratório e pôr em prática as técnicas e vou levando outro estilo de vida. Existem vários projetos na permacultura, quais você já fez no seu sítio? A permacultura trabalha em qualquer tipo de área. Você pode trabalhar em um prédio, uma fazenda, uma cidade, uma vila, um bairro e, no caso, tenho disponível um sítio. A permacultura engloba tanto agricultura, quanto arquitetura, como produção de alimentos,

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produção de energia, moradia, abrigo, conforto e interação social. Mas o que eu já fiz lá? A primeira coisa que eu fiz foi falar com os dois caseiros que trabalham e moram em parceria no meu sítio e tentar mostrar as vantagens da agricultura orgânica, tanto para a saúde, economia familiar deles e para a benfeitoria que isso traz para o meio ambiente, para a terra e para o meio social, que incentiva a agricultura familiar e não incentiva o êxodo rural. Essa foi uma das primeiras coisas, que foi tratar com o material humano que eu tenho lá disponível. Segunda coisa a gente fez plantio. Nós entramos em contato com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e começamos a participar de um programa, que é o de recuperação de mata auxiliar. Eles nos enviaram sete mil mudas nativas e a gente fez esse plantio, só que foi em forma de consórcio com outras plantas. É o que a gente chama de agrofloresta, porque você produz alimentos, recupera a mata nativa que foi devastada, pois quando a gente adquiriu essa área ela estava totalmente destruída. A gente tem desde tratamento de esgoto com raiz de planta, telhadoverde, forninho pra fazer pizza feita com barro retirado do rio e com material de demolição, enfim, são várias coisas que a gente vai colocando em práti-

5 ca com mutirões e cursos. E para passar essas idéias para as pessoas, como é uma maneira fácil delas aceitarem essa inovação? É na prática. Em minha opinião, a pessoa tem que vivenciar, fazer uma vivência nessas técnicas, na permacultura, bioconstrução, na agricultura solidária. Não adianta querer chegar a uma pessoa que vive na cidade e que cresceu usando um banheiro que usa descarga, que você desperdiça oito litros de água para mandar as fezes para o esgoto ou para uma estação de tratamento para que depois seja devolvido para a água. Não adianta e falar: “Olha, isso aqui é um banheiro seco - que é uma outra técnica alternativa da permacultura - e ela não usa descarga, não usa água, o material das fezes vai ser compostado com serragem ou com palha”. Então é difícil você falar para alguém que isso funciona, pois ele vai falar que vem mau cheiro, que aquilo é feio. Mas você pode mostrar numa vivencia que é possível ter um conforto e é igual, só que você não tem a descarga, não tem água. Você usa energia do sol, usa o processo chamado compostagem para renovar essas fezes e depois poder usar na sua horta, você pode usar ela numa plantação, você pode usar para várias coisas e não acabar jogando no rio que, em minha opinião, Divulgação/ LONA

Telhado verde Divulgação/ LONA

Capta água da chuva. É uma medida para conter o problema da falta de água. As plantas e a terra do telhado verde funcionam como um filtro natural da água, que pode ser armazenada ainda mais limpa, para depois ser usada

na irrigação do jardim, nas bacias sanitárias, no chuveiro e em regiões mais áridas, até para cozinhar e beber. Sem falar que um telhado em forma de jardim deixa a casa mais bonita, convidativa e gostosa de ver.

é uma das piores idéias que foram criadas, que foi misturar as fezes com água.

nheiro, o trabalho, a concorrência, e sim a ajuda mútua. Nós, quando percebendo pessoas que estão necessitando de ajuda, a vida em si, tanto para alimento, os animais, isso tudo está pedindo uma urgência, um socorro... Só que o planeta vai sobreviver, o que a gente não sabe se vai sobreviver é a vida humana sobre a Terra. A gente fala: “Temos que salvar o planeta!”, mas não, a gente não fala isso! A gente fala que tem que salvar a vida humana sobre a Terra, porque o planeta vai agüentar o tempo que for.

O que você acha que está acontecendo com o mundo? O mundo está está vivendo uma crise existencial. Ele não sabe se vira totalmente predador tecnológico ou se começa a resgatar essas técnicas antigas. Porque a gente está percebendo e as pessoas estão se perguntando: “O que vai acontecer?”. Percebemos então que os verdadeiros valores não são o di-

Por um futuro reciclável

Eco-Vila de Finger Lakes-EUA.

Uma alternativa bastante crescente em todo o mundo, que ainda não é muito repercutida nos grandes meios urbanos do país, e que definitivamente fará parte do futuro, são as Ecovilas. Formadas por habitações auto-sustentáveis, em que o alimento consumido é produzido, a energia consumida é mínima e tudo utilizado é reciclado, desde a água até os dejetos. As Ecovilas têm o propósito tanto de reflorestamento como de reserva ambiental. São comunidades que aplicam a permacultura de forma íntegra, vivendo a favor do meio ambiente. Condomínios onde o impacto ambiental ge-

rado é o menor possível, visando oferecer conforto, saúde e educação de formas alternativas. Tudo é construído coletivamente, aproveitando ao máximo as culturas locais. As casas geralmente de barro, pau-a-pique ou adobe que adaptam-se perfeitamente com o meio, acabam por fazer uma grande mandala em meio ao terreno. As vilas necessitam de ampla organização dos participantes, onde torna-se crucial a comunicação e os trabalhos coletivos. A evolução da Eco-vila é constante, posto que sempre haverão cultivos a fazer, convivências a melhorar e técnicas novas a serem adotadas.


Curitiba, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

6 Perfil

Esperança: a luta contra as dificuldades e a escolha pela vida

“ Minha Guerra Fria” alto, gaúcho do mesmo lugar, Danielly Ortiz Paulo é um sonhador. Enquanto ele sonha, Denise é a realisO carro nem estacionou e ta. Completam-se, “ou melhor, ela já está parada na porta nos se somam”. Desligado, ele nunesperando. Isso acontece porque ca volta do mercado com as como porteiro já avisou que, mais pras certas. “Pai, você trouxe uma vez, chegará visita em sua geléia de damasco!” Ele olha casa movimentada. Não sabe para mim sorrindo amistosaser diferente. Apesar de certas mente e fala baixo: “Vi o deselimitações que o tempo lhe im- nho da embalagem e achei que pôs, a filha de gaúchos, nasci- era pêssego”. E todos na mesa da no “Rio Grande amado”, gos- caem na risada. A cumplicidata de ter pessoas em volta. Pre- de é tamanha que mesmo quando se trata de sua falta de cisa delas. Talvez seja pela sua infân- atenção a mulher releva. Denicia, que nunca foi fácil. Nasci- se confidencia: ela queria reda em Erexim, filha de uma fa- queijão, ele trouxe light, “não mília que não teve privilégios vou comentar, ele vai ficar chanem regalias, por mais clichê teado”. A casa é bonita, tem sempre que isso possa parecer, ela aprendeu. Aprendeu que as coi- arrumando um pouco ali, aqui, para torná-la sas mais immais agradáportantes da “Não custa nada vel. Isso porvida estão nos que a bagunça ser recebido com detalhes e nas e a desorganipessoas, e não um sorriso ou zação estão nos bens matepresentes. É riais que posmenos grosseria. roupa que Pausam consePuxa!, quem tem lo vende jogada guir. A relação para todos os com os pais câncer sou eu e lados. E vem não foi totalquem reclama da pedido de desmente alegre e culpa todas as amigável, teve vida são as vezes que alproblemas enfermeiras” guém entra com a mãe e pela porta: sofreu por isso. O que hoje influencia mui- “Não repare a bagunça...” Horário de lanche são os to no modo como cria os seus filhos. “Pelos problemas que eu momentos em que, todos juntive com a minha família, re- tos, conversam sobre as fofocas solvi seguir o meu instinto, ou do condomínio onde moram, as seja, totalmente ao contrário da relações amorosas do filho mais velho, a pré-adolescência da minha mãe”. Quando pergunto quais são mais nova, as trapalhadas da os problemas, o olhar vai lon- semana e a doença. Nada é tão ge, acredito que perto da sua sério que não possa ser comencasa em Erexim, onde ela pas- tado ou discutido. Sempre com sou pelos melhores e piores mo- uma maneira diferente de aconmentos de sua vida. “Não que selhar, ela não mede palavras ela tenha sido uma péssima nem se preocupa com o impacmãe, ou não tenha me dado to que o comentário pode cauatenção. Eu sempre quis sair sar. Depois de tudo que passou dali, eu queria voar, e ela me teve que fazer escolhas: escolheu segurava. Acho que por isso viver. Cabelos curtos e loiros, olhos quando encontrei o Paulo nos identificamos, nos juntamos e azuis, é pequena. E por ser baixinha o ditado não nega: é enfefomos embora”. É uma relação adorável. O zada. Descobriu há oito anos um carinho que existe entre esses câncer de mama. Como não po“não casados” mostra que a deria ser diferente, a notícia união faz a força por ali. Loiro, abalou a família, mas eles lu-

taram, passaram juntos pelas dores, ansiedades, médicos, quimioterapias, pelo medo. “A gente sempre acha que está imune dessas coisas terríveis que estão soltas pelo mundo. Eu descobri que não é bem assim”. Passou. Depois de uma visita ao médico, Denise descobriu que o câncer de mama estava superado. Mais uma vitória em suas vidas. Infelizmente, esse não seria o maior obstáculo pelo qual passariam. “As dores voltavam, mas era diferente, sabe? Eu sabia que algo não estava bem, mas tinha medo de encontrar as repostas para as minhas dúvidas”, diz ela. Câncer nos ossos. Esse foi o prognóstico dado pelo oncologista. De novo o medo, desespero, desilusão. Depois de tanto tempo lutando aquilo tudo voltaria e de forma mais intensa. Foi combinado, entre amigos e família, que o nome dessa doença não seria pronunciado naquela casa. Tudo de ruim e sentimentos pessimistas deveriam ser deixados do lado de fora, feito isso, todos seriam, como sempre, convidados a entrar. Começou naquele momento uma longa jornada contra todas as incertezas e inseguranças que essa doença pode trazer. Viagens para Barretos, no melhor hospital de câncer do país, viraram rotina. E lá se vai o cabelo, e lá se vão as veias. O tratamento é intenso, o ambiente desagradável. “Eu não suporto aquele lugar. É depressivo. Uma reunião de pessoas com o mesmo problema, ou até piores, querendo atenção, querendo a cura, que não existe”. Denise reclama do atendimento e das falhas do hospital. “Não custa nada ser recebido com um sorriso ou menos grosseria, puxa, quem tem câncer sou eu e quem reclama da vida são as enfermeiras”. Já está em tratamento há tanto tempo que não tem mais veias para receber o remédio. Pega minha mão e leva de encontro ao seu peito. “Sente isso? É o cateter que eles colocaram aqui dentro para injetar os remédios. Incomoda um pouco,

Danielly Ortiz/ LONA

Denise sentada na poltrona apelidada de “10 minutos” mas é necessário, não é?” Ela veis e garante que, se contasse, senta na poltrona apelidada de ninguém acreditaria. “É uma “dez minutos”. Pergunto o mo- questão de fé, isso me ajuda, tivo e seu filho mais velho, em vou continuar fazendo”. meio a risos, responde: “Porque Não se entregou diante das é dez minutos sentada ali e ela inúmeras dificuldades que a já dorme”. Enfim, descansa. vida lhe impôs. Garante não ter Ama os filhos incondicional- medo. Tem o apoio da família e mente, apesar das brigas e dos amigos e espera, angustiabroncas. Faz damente, o o tipo durona: desfecho dessa “Descobri que a “Nem vem história. com seus beiEm uma morte me respeita jos e abraços. reunião da tanto quanto eu a Ai, que meni“constelação” no carente”, aconteceu algo respeito” inusitado, que reclama ela mudou sua vido excesso de carinhos e beijos que o primo- são sobre a doença. No dia em gênito dá. Mas aos poucos vai que Denise foi escolhida, o espícedendo, a realidade é triste e rita que comandava o encontro “a gente nunca sabe o dia de indicou uma única pessoa e colocou-a em sua frente. “Você amanhã”. Visitou várias religiões e se sabe quem é essa pessoa? Ela apegou ao mais importante: disse que te respeita e tem medo Deus. Freqüenta centros espí- de você.” Denise perguntou se ritas e reuniões da chamada era sua mãe e diante da negati“constelação”, uma vertente es- va do espírita perguntou curiopírita onde encontrou respostas sa quem era. “É a morte”. Ela conclui: “Descobri que a e ajuda. “É preciso acreditar em algo. Eu preciso de respostas ”. morte me respeita tanto quanPassou por experiências incrí- to eu a respeito”.


Curitiba,

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Pesquisa desenvolvida na UP aponta potencial poluidor em um dos rios que abastece Curitiba

Preservação do rio Passaúna na pauta dos pesquisadores Amanda Ribas

O crescimento desordenado das grandes cidades tem afetado de forma intensa o meioambiente. Não é à toa que a sustentabilidade é um dos principais temas dos debates atuais. Segundo ambientalistas, o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental é a chave para que o progresso possa acontecer de forma viável e o ecossistema não seja vítima do crescimento. Por meio do Mestrado em Gestão Ambiental, a Universidade Positivo tem contribuído para potencializar esses estudos. Uma das dissertações mais recentes e de grande importância para a análise do ecossistema de Curitiba foi concluída ano passado pelo professor Jorge Mattar Neto. Ele fez um estudo sobre a produção de novos indicadores ambientais, tendo como foco o reservatório do Rio Passaúna. Indicadores ambientais são mecanismos usados para mensurar o potencial poluidor de uma área. A partir deles, são formulados índices, que matematicamente revelam o grau de comprometimento da região estudada. Em seu estudo, Mattar formulou uma nova metodologia que simplifica o cálculo desses índices ambientais, tornando-os mais palpáveis. “Existem várias metodologias que envolvem o cálculo de indicadores e de índices ambientais, porém eram muito complicadas. Por isso, pensei em uma forma mais simples que fosse de compreensão de todos”, explica. O reservatório Passaúna foi o tema da dissertação por não ser o foco principal quando se trata de poluição. Apesar de não apresentar focos poluidores visíveis, o local apresenta fatores de risco, como foi comprovado por Mat-

tar. Por estar localizada na região de Almirante Tamandaré, Araucária, Campo Largo e Campo Magro, a bacia do Passaúna é de importância vital para Curitiba e Região Metropolitana (RMC), pois é fonte de abastecimento para esses municípios, além de fornecer água potável para, aproximadamente, ¼ da população da capital. Desde 1991, o Passaúna faz parte de uma Área de Preservação Ambiental (APA), porém nem todos sabem disso. A falta de conhecimento leva a ações negativas da população sobre a área. Os problemas têm evoluído aos poucos, com o aumento de resíduos sólidos, como embalagens plásticas, restos de comida e papéis e o escoamento de agrotóxicos na água. A decomposição da matéria orgânica presente no lixo jogado nos rios e dos resíduos da agricultura geram contaminação, não só da água, mas também dos mananciais, do solo e dos lençóis freáticos, matando fauna e flora da região, além de ser prejudicial à saúde das pessoas que moram nas regiões ribeirinhas. Os indicadores finais do trabalho de Mattar concluíram que o rio tem fortes índices de comprometimento ambiental, devido, principalmente, à presença humana no local. Por isso, a solução para que o rio não sofra com a poluição é a conscientização da população. “A dissertação do Jorge contribui como um grande diagnóstico sobre os problemas ambientais do Rio Passaúna. Ele conseguiu reunir vários dados e sintetizá-los na pesquisa. Porém, devemos encarar o resultado como preliminar, já que os dados foram colhidos em diferentes datas. Por isso o trabalho necessita de uma continuidade, para que o resultado não seja apenas indicativo”, salienta o coordenador do Mestrado, Maurício Dziezic.

Luciano Sarote/ LONA

O lago formado pelo rio Passaúna fornece 25% da água consumida na Capital

Começa campanha de vacinação contra rubéola Dayane Machado

No último sábado, teve início a Campanha Nacional de Vacinação contra a Rubéola, que vai se estender até o dia 13 de setembro e é destinada às pessoas de 20 a 39 anos. Segundo o Ministério da Saúde, até ontem, foram imunizadas 10,2 milhões de pessoas, o que representa 14,56% da população alvo. Em Campo Largo, o objetivo é vacinar 95% das 38.414 pessoas enquadradas

na faixa etária da campanha. A vacinação contra a rubéola pode ser realizada mesmo que a pessoa já tenha sido vacinada anteriormente ou contraído a doença. A eficácia da vacina Dupla Viral, contra sarampo e rubéola, é de 95%. A rubéola é uma doença transmitida por um vírus, e a contaminação ocorre de pessoa a pessoa por via respiratória. A doença é mais perigosa em grávidas, pois o bebê pode nascer prematuro, ter baixo peso ou pode até causar o

aborto. Junto ao início da Campanha de Vacinação contra a Rubéola começa a segunda fase da Campanha de Vacinação contra a Poliomielite em crianças de 0 a 5 anos de idade. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Largo, as crianças vacinadas na primeira fase devem tomar a segunda dose e as que não receberam a vacina na fase anterior também precisam ser imunizadas.


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Curitiba, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Os apelos da fé Texto e fotos: Renata Penka

Considerada a segunda maior estância turística religiosa do Brasil, Nova Trento possui dois santuários: o Santa Paulina, que foi a inspiração para as fotos deste ensaio, e o Santuário Nossa Senhora do Bom Socorro. A cidade foi fundada em 8 de agosto de 1892 e o dia da Santa Paulina é 9 de julho. A principal atividade econômica de Nova Trento é a agricultura, com o cultivo de fumo, milho, feijão e uva. A fabricação e comercialização do vinho colonial é o que leva muitos turistas para a cidade. A população é de aproximadamente dez mil habitantes. Foi a canonização de Santa Paulina que tornou a cidade

mundialmente conhecida, pois foi a primeira Santa do Brasil e a primeira de sua cidade de origem, Vígolo Vattaro, na Itália. Todos os meses, mais de trinta mil visitantes dirigem-se a Nova Trento. O que os turistas procuram conhecer é a réplica da casa onde Santa Paulina morou, o museu da colonização, e, principalmente, o Santuário de Nossa Senhora do Bom Socorro, antigamente cuidado pela Santa. Além disso, a cidade conta com mais de 40 oratórios de capelinhas. Outras informações podem ser encontradas nos telefones da Prefeitura Municipal: (48) 3267-0193. E na Secretaria de Turismo: (48) 3267-1209.


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