Lona - Edição nº 417

Page 1

IO R Á DI do

BRASI

L

Curitiba, sexta-feira, 15 de agosto de 2008 | Ano IX | nº 417 | jornalismo@up.edu.br| Jornal-Laboratório do Jornalismo da Universidade Positivo Curso de

Sindicato dos Bancários lança Campanha Nacional Salarial Marisa Rodrigues/LONA

A Campanha Nacional Salarial dos empregados do sistema financeiro deste ano levanta questões como o fim de metas abusivas, a criação de planos de cargos e salários, implementação de previdência complementar e melhoria no ambiente dos bancos. Além disso, os bancários pretendem aliar a defesa do reajuste salarial ao auxílio à população sobre os direitos enquanto clientes dos bancos. Segundo informações do Dieese, nos últimos quatro anos, os salários acompanharam os índices de inflação, ou até os superaram.

Página 3

Paraná consome meio milhão de embalagens longa vida por ano Hoje acontece o “Longa vida ao meio ambiente”. O evento mostra aos participantes os danos causados pelas embalagens ao meio ambiente.

Página 3

Projeto Oficinarte ajuda e ressocializa detentos em Pinhais Aulas sobre arte no presídio estimulam a criatividade, a responsabilidade, além de funcionar como estimulo à reflexão.

Páginas 4 e 5

Parques podem ser opção para o final de semana curitibano

Ioga funciona como opção de exercícios para as grávidas

O ensaio fotográfico do Lona (foto ao lado) traz algumas das alternativas para os passeios de final de semana na capital paranaense.

Estudo publicado recentemente aponta que a prática de ioga na gestação favorece o aumento de peso do bebê e diminui os partos prematuros.

Página 8

Página 7


Curitiba, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

2

Multa em 50 segundos Rafaela Barros

O ritmo e a quantidade de multas de trânsito em Curitiba são as mais absurdas possíveis. Semana passada, o jornal Gazeta do Povo publicou uma matéria mostrando que a cada hora 71 motoristas são multados na capital paranaense. Fazendo os cálculos, uma multa é registrada a cada 50 segundos. De acordo ainda com o jornal, cerca de 55% das infrações são lavradas por agentes de trânsito e o restante é proveniente de radares e lombadas eletrônicas. Muitas pessoas argumentam que os radares são as principais armadilhas para a Prefeitura arrecadar mais dinheiro aos cofres públicos. Como motorista, acho que pensaria a mesma coisa, mas também devemos assumir os erros. Argumentamos todos os dias que as leis não funcionam no Brasil, mas não conseguimos cumprir o Código de Trânsito, cujos benefícios são refletidos em toda sociedade. De acordo com a matéria, o número de infrações registradas em Curitiba é superior ao de outras capitais do Sul. Se pararmos para pensar, isso é reflexo das coisas que achamos “simples”, como

avançar o sinal (ninguém estava vindo), passar da velocidade permitida (era 60 Km, só andei a 70 Km), não respeitar o contorno correto da rotatória, entre outras coisas “banais”. Aí é que mora o perigo, e não me refiro apenas ao dinheiro, que é uma perda generosa, mas sim ao estrago feito na vida de muitas pessoas, pois esse “achismo” simplório pode levar a acidentes de trânsito fatais. Não estou aqui para defender as multas; isso pode ser sim uma estratégia para ganhar dinheiro. É estranho que nenhum motorista consiga dirigir durante segundos sem cometer infração, porém sei que não somos santinhos, principalmente que a cada ano o trânsito de Curitiba se torna insuportável. Devemos ainda considerar que existem as infrações que não são flagradas e não entram para essa contabilidade. Apesar dos dados parecerem absurdos, segundo o Detran, o volume de multas deste ano caiu 5% em relação ao mesmo período de 2007. Vamos supor que realmente a culpa de todas essas multas seja apenas do motorista. Será que não está na hora de rever alguns conceitos para a retirada da carteira de habilitação?

Expediente

Sujeira nas prefeituras Leônidas Vinício

Na semana passada,o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a candidatura dos políticos com problemas judiciais, que ficaram conhecidos como “fichas sujas”. A liberação aconteceu depois da votação de oito dos onze ministros da Corte, contra uma ação movida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Os tais “fichas sujas” são candidatos a vagas do executivo e legislativos municipais. Há contra eles diversos tipos de ações referentes às suas más administrações públicas. Todos os nomes foram condenados em primeira instância, mas recorreram como uma forma de ganhar tempo. A decisão do Supremo levou em consideração o fato de que ninguém pode ser condenado se ainda cabe recurso. Como os magistrados trabalham de forma independente, um político considerado culpado em um primeiro julgamento pode ser inocentado na seqüência.

Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Elza Aparecida e Marcelo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski e Karollyna Krambeck

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.

O interessante é que uma pessoa comum tem a prisão preventiva decretada quando é suspeita de ter cometido um crime, ou oferece risco à investigação, mesmo que o acusado ainda não tenha sido condenado em nenhuma instância. Agora, pergunto: será que um prefeito reeleito pode de alguma forma prejudicar as investigações dentro da prefeitura na qual trabalha? O Supremo entendeu que eles são criminosos que merecem não só a liberdade, mas também o direito de administrar - em alguns casos readministrar - as prefeituras. Uma segunda chance, para limpar sua ficha ou de sujar ainda mais. A Constituição Federal define que os ocupantes de cargos

públicos devem ter uma postura moral e eticamente correta, portanto os candidatos com “ficha suja” seriam contrários a esse princípio constitucional. Mas o STF entendeu diferente! O que não dá para compreender é que para preencher uma vaga disponibilizada em concurso público o cidadão deve passar por uma pesquisa social rigorosa, e por que para ocupar um cargo político – que não deixa de ser público - é diferente? A decisão do STF pode ser questionada, mas não cabe nenhum tipo de recurso. A resposta pode vir do eleitor, cabe a ele decidir se quer a prefeitura e câmara municipal limpa ou suja. É a população quem vota, que decide se eles continuam imunes gozando dos benefícios de serem administradores públicos eleitos como defensores do interesse do povo. Agora, se os “fichas sujas” forem eleitos, ficará claro que o povo tem memória muito curta, é mal informado ou não sabe votar mesmo. Sendo assim fica fácil concluir que o povo realmente tem o governo que merece. Sujo ou não!

Sem compromisso Renata Penka

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande;; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton;

A resposta pode vir do eleitor, cabe a ele decidir se quer a prefeitura ou câmara municipal limpa ou suja

Algumas pessoas afirmam que existem dois tipos de solteiros: os por opção e os que acabaram um relacionamento sério há pouco tempo. No dia 15 de agosto é comemorado o Dia do Solteiro. Essa parte da população vem crescendo bastante no Brasil nos últimos dez anos, aumento que chega a 70%. Segundo uma reportagem publicada no jornal Gazeta do Povo, não existe uma classificação de pessoas desimpedidas, elas variam de profissionais no começo de carreira, que procuram estabilidade em suas vidas antes de sair da casa dos pais, até pessoas que se

separaram recentemente e buscam o “tempo perdido”. De acordo com o censo do IBGE, quase 53 milhões de pessoas com mais de 18 anos estão solteiras, o que equivale a 30% da população brasileira. Tal dado é 70% maior do que na década de 90. Outra pesquisa do Instituto Ipsos/ Marplan/EGM, realizada em nove cidades, durante o período compreendido entre abril de 2007 a junho deste ano, aponta Salvador como a capital brasileira dos solteiros. Em segundo lugar está Brasília, seguida por Belo Horizonte. Ao contrário do que já foi motivo de vergonha, hoje a maioria das pessoas não tem pressa em “juntar as escovas de dente”. Pois, com o mercado de trabalho mais do que

concorrido, muitos não pretendem ter obrigações e compromissos tão cedo. O dia do solteiro é uma data para as pessoas aproveitarem com os seus amigos, ou até, quem sabe, deixar de fazer parte dessas pesquisas e censos. Ainda de acordo com levantamento do Instituto Ipsos, o que os solteiros brasileiros mais gostam de fazer é passear no shopping center, freqüentar danceterias, casas noturnas, assistir jogos de futebol, filmes, cozinhar nos fins de semana e cuidar dos seus animais de estimação. Independentemente do seu estado civil, o que todas as pessoas buscam é a felicidade. Já diz o ditado: “Muita saúde, o resto a gente corre atrás”.


Curitiba,

sexta-feira,

Geral

15

de

agosto

de

2008

3

Reivindicação por maiores salários também tem preocupação com a sociedade

Sindicato dos Bancários quer reajuste A minuta foi a mais completa já aprovada pela categoria Beatriz Boz bancária. Esse documento também pretende trazer perspectivas de crescimento para os joAconteceu ontem, no Sinvens bancários. dicato dos Bancários de CuriRoberto Von Der Osten, tiba e Região, uma coletiva de presidente da Federação dos imprensa para iniciar a CamTrabalhadores de Empresas panha Nacional Salarial de de Crédito (Fetec), disse que 2008. Segundo Otávio Dias, a campanha reunirá todos os presidente do sindicato, a misindicatos dos Bancários do nuta (proposta inicial) deste Brasil e terá uma negociação ano traz o fim de metas abuunificada com a Fenaban. Von sivas, planos de cargos e saDer Osten cita também como lários, previdência complemeta o Ganho Real, um reamentar e a melhoria na quajuste em que, além da inflalidade do ambiente de trabação, seja incluso um percenlho nos bancos. tual a mais nos salários dos O presidente explica que a trabalhadocampanha também res. terá divulgação geA campanha Fabiano ral porque vai aborCamargo, dar os direitos do con- também terá técnico do sumidor, trazendo Departaesclarecimentos so- divulgação geral bre filas, segurança porque vai abordar mento Intersindical e tarifas. De acordo de Estatíscom Dias, este será os direitos do ticas e Esum trabalho de consumidor tudos Sóciconscientização vios Econôsando melhorias na micos (Dieese), afirmou que qualidade do ambiente de trao reajuste salarial da catebalho dos bancários e no atengoria não estava acompadimento à população. nhando a inflação. Somente O sindicato enviou anteonnos últimos quatro anos ele tem um documento para a Fepassou a acompanhar, equideração Nacional dos Bancos valer, e ser até superior à in(Fenaban) com as reivindicaflação. ções.

Henrique Bonacin/LONA

Henrique Bonacin

Roberto V. Der Osten, presidente da Federação dos Trabalhadores de Empresas de Crédito

Circuito mostra importância da reciclagem de embalagens longa vida Karla Dudas

Acontece hoje, no pátio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), o evento “Longa vida ao meio ambiente”, onde o visitante terá a oportunidade de percorrer um circuito explicativo sobre as embalagens longa vida – caixinha de leite e sucos. Cada etapa do percurso vai contar com a explicação de monitores. A comercialização deste tipo de embalagem começou em 1952 na Suécia e chegou ao Brasil cinco anos depois. Apesar da qualidade de con-

servação dos produtos, o material tem o uso questionado quando o assunto é a sua relação com o meio ambiente. Isso porque uma única embalagem de leite, por exemplo, é formada por três tipos diferentes de resíduos: papel, plástico e alumínio. No ano passado, no Paraná, o governo do Estado, em conjunto com o Ministério Público, cobrou esclarecimentos da empresa Tetra Pak – empresa fabricante - sobre o volume consumido e reciclado no Paraná. De acordo com a empresa, o consumo mensal do estado é de 500

milhões de embalagens. Deste total, apenas 32% (cerca de 160 milhões) eram recicladas. Com o objetivo de aumentar o número de embalagens levadas para o reaproveitamento, a Tetra Pak, em parceria com o governo estadual, montou um plano de ação com a meta de multiplicar os pontos de coleta da embalagem – que desde o ano passado passou de 55 para 155 – incentivar o trabalho das cooperativas de catadores e estruturar novas empresas recicladoras. “Após o diagnóstico nos municípios, montamos uma agenda de ações para incentivar os

trabalhos das cooperativas e o número de embalagens recicladas aumentou em 8%”, explicou o presidente da Tetra Pak, Paulo Nigro. O circuito montado na Sema, além de receber a visita de cerca de 2 mil alunos da rede pública de ensino, é aberto a toda comunidade e conta com apresentações de teatro, entrega de material educativo e sacolas oxibiodegradáveis.

Reciclagem Uma dica simples e de grande ajuda na hora de colocar o lixo para fora é lavar os recipi-

entes longa vida (para evitar o odor) e compactá-los (dobrar), para diminuir o volume do saco plástico. De acordo com a Tetra Pak, cada tonelada de embalagem encaminhada para reciclagem pode ser transformada em 650 kg de papel, além de significar a economia de 20 árvores.

Ser viço A Secretaria de Meio Ambiente fica na rua Desembargador Motta, 3384, próximo à praça 29 de Março. O evento acontece das 9h às 17 horas. Mais informações: 3304-7712.


Curitiba, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

4 Especial

Estudantes de jornalismo visitam presídio e contam a experiência

A arte que abre a cela para o mundo Katna Baran Louise Possobon Fotos: Arquivo Oficinarte

Não era o que nós imaginávamos. Foi essa a conclusão a que chegamos depois da visita ao Complexo Médico-Penal do Paraná. Após quase uma hora de viagem, entre idas e vindas perguntando para os moradores de Pinhais onde ficava a penitenciária, deparamos com um cenário silencioso e rodeado pela natureza, talvez pelo fato de ficar próximo a um dos campos agrícolas da Universidade Federal do Paraná. O clima era favorável, o sol forte despistava o vento gelado do início do inverno paranaense, mas sentíamos um frio na barriga decorrente da expectativa de visitar pela primeira vez a uma prisão. Depois de uma breve conversa e da apresentação dos documentos que nos identificavam, os agentes penitenciários da portaria nos encaminharam à sala do vice-diretor. No trajeto, observamos um grupo de homens que caminhava tranqüilamente em direção ao portão. Em um primeiro momento, a impressão era boa, apesar da aparência estranha de um homem que estava vestido todo de branco. Depois descobrimos que se tratavam de detentos com problemas psicológicos que estavam indo para o banho de sol. Mesa de fundo, pouca luminosidade, apenas uma cadeia para os visitantes, um sofá antigo e alguns quadros na pa-

rede era o que nos esperava na observadas pelos detentos que sala de Gilmar Afonso Ka- estavam em outros cômodos minski. Ele nos atendeu cal- tendo aula de alfabetização, ou mamente, mas deixava trans- nos consultórios da psicóloga parecer um ar apreensivo, em e da assistente social. alguns momentos um pouco disléxico, diferente do compor- As entrevistas tamento ríspido, seco e até frio Na porta, uma bela placa que imaginávamos encontrar de madeira indicava a sala de em um funcionário de alto es- artes. Lá dentro nos deparacalão de um presídio. Questio- mos com um espaço minúscunado sobre a entrevista que lo dividido por cinco detentos e daria para nós, ele se esquivou. uma professora, todos aperta“Entrevistem o pessoal lá den- dos tentando produzir suas tro e, se precisar, eu falo de- obras. As paredes coloridas já pois”. Nem chegamos a ficar não tinham mais espaço vago muito tempo na pequena sala para pendurar quadros e doe outro agente nos levou até o braduras de papel. Tudo o que corredor que dava acesso aos se podia enxergar era confecdetentos. cionado pelos presos. Mas, a No caminho, essa altura, o só pensávamos medo não dei“Há um velho na inspeção que xava que presfora exigida no tássemos atenditado que diz: momento em ção na arte. Cabeça vazia, que pedimos a Estar ali, com autorização pessoas que fooficina do diabo para ir ao presíram condenadio fazer a madas à prisão, téria. As mãos suavam, os mi- provocava uma sensação de nutos não passavam, éramos tensão e, ao mesmo tempo, a constantemente observadas e vontade de fugir. isso incomodava muito. No A professora Odília Vallim portão de entrada ao corredor nos atendeu e começou a condeparamos, pela primeira vez, tar a história do projeto Oficicom uma característica típica narte. “Nós temos um espaço da prisão: as grades de ferro. pequeno, mas muita vontade Um agente, que era encarre- de trabalhar. Cada um deles gado de abrir e fechar a porta, escolhe o que quer fazer, então questionou apenas sobre o por- é uma atividade produtiva e te de celulares, aliviando nos- não imposta”. Enquanto ela fasa tensão sobre a revista. lava, não sabíamos o que faO corredor parecia mais trá- zer: se montávamos o equipagico do lado de fora, talvez pelo mento para começar a filmar, efeito das grades. A cor branca se conversávamos com os predas paredes saltava aos olhos, sos ou se ficávamos ali, sem as janelas eram pequenas e fazer nada. inalcançáveis, as portas das saResolvemos então tirar a las estavam entreabertas. Já no final do caminho, uma música animada parecia dar vida ao corredor ocupado apenas por agentes. A sala que procurávamos era uma das últimas, assim pudemos observar e sermos

câmera da bolsa. A dificuldade para montar o tripé naquela saleta foi enorme e, depois de muito esforço, estava tudo pronto para a entrevista com a professora. “Louise, cadê o branco para eu bater?”. Imediatamente, um dos detentos que até então não tinha nem se mexido na cadeira, virou o rosto e nos alcançou um pedaço de papelão branco. “Taí o branco”, disse ele. Nos entreolhamos com caras de espanto. Pouca gente conhece o “branco” na linguagem jornalística que é feito antes da filmagem para adaptar a câmera à luz do ambiente. Não questionamos a atitude do preso, mas ficamos felizes com a quebra do silêncio que amedrontava. Odília falou muito bem para a câmera. Um sotaque paulistano chamava atenção, mas não chegou a atrapalhar suas reflexões interessantes sobre a arte. “Todos nós temos uma ‘caixinha preta’ e quando a gente abre e expõe o que está dentro dela, aparece tudo que é de belo e o que é de ruim morre”, declarou a professora, surpreendendo com sua frase de impacto. A presença de agentes sempre nos acompanhando não afastava o medo de estar naquele lugar e, ao mesmo tempo, atrapalhava o trabalho jornalístico. Nós queríamos explorar o presídio, ir atrás das fontes e das informações, mas eles nos acuavam. Fizeram questão de trazer cada um dos profissionais que seriam entrevistados para a sala, descartando nossa idéia de fazer imagens diferentes, fora daquele local. Veio ao nosso encontro, primeiramente, a assistente social do presídio, Irene Batista. Uma senhora de cabelos curtos, castanho claro, vestia uma roupa simples, uma ja-

queta quente, talvez devido ao frio que fazia lá dentro. Enquanto falava sobre a importância do projeto na ressocialização dos presos, uma atitude incomodava e chegava a atrapalhar a entrevista: ela não parava de gesticular com uma caneta na mão. A assistente falou principalmente dos benefícios estimulados pela concentração que os trabalhos manuais exigem: “Se observa que quando a pessoa faz um produto, se manifesta através da arte, equilibra suas emoções, suas contrariedades e consegue se perceber melhor”. Ela explicou ainda que o trabalho ajuda a aumentar a autoestima, pois o detento é percebido pela sociedade e transforma a frustração de estar preso em motivação, por se considerar capaz. “É o maior ganho, independente do produto que ele faz”, reafirmou Irene.

A voz da prisão Depois de ouvir a mulher, percebemos que um dos presos, o que nos alcançou o papelão branco, estava arrumando suas coisas porque já tinha terminado a aula. Logo que levantou, não perdemos a oportunidade de convidá-lo para dar uma entrevista. Ele, meio assustado, olhou para o agente e depois para a professora, procurando um sinal de aprovação. Nenhum dos dois correspondeu, mas, mesmo assim, ele sentou novamente, esperando a hora de falar ao microfone. Ao lado dele, outro detento virou a cadeira em direção à câmera e Odília explicou que


Curitiba,

sexta-feira,

ele também tinha se preparado para falar. Nossa tensão diminuiu naquele momento, a boa vontade dos presos em conceder a entrevista nos animou de tal maneira que, por alguns instantes, esquecemos onde estávamos. Nas duas semanas em que tentamos conseguir a visita ao presídio, quando tivemos que passar pela aprovação de várias pessoas e entidades como do Departamento Penitenciário do Paraná, já tínhamos em mente que as entrevistas com os presos teriam como regra a não identificação dos mesmos, principalmente pelo fato de ser um trabalho para a televisão. Na hora da filmagem, porém, eles fizeram questão de falar de frente para as câmeras, sem esconder o rosto. Não tivemos alternativa senão conduzir as entrevistas normalmente. Como se estivéssemos em uma roda de amigos, D. e S. (os nomes não podem ser revelados) sentaram lado a lado. Eles transpareciam a expectativa de nos contar um pouco sobre suas vidas, o que deixaram para trás e como vivem hoje. Intimidados pela câmera? De maneira nenhuma. Ficaram, inclusive, mais à vontade que nós. Porém, ao mínimo movimento das cadeiras dos presos, que estavam próximas à da repórter, os agentes penitenciários, que agora já se aglomeravam em uns cinco, ficavam de olhos atentos. Um deles chegou até a se posicionar atrás da câmera, para impedir qualquer imprevisto. Mas logo na primeira pergunta, as coisas foram se acalmando, e percebemos que estar ali não era nenhum bicho de sete cabeças (nem parecido com o filme). Sem movimentos bruscos, D. , o “garoto do branco”, começou a falar. Era o depoimento de um jovem, com no máximo 22 anos, cabelos escuros e pele bem clara, de corpo franzino e roupas que apresentavam algumas manchas e rasgos. Para ele, estar participando do projeto é muito bom, ocupa a cabeça, distrai do mundo. O que ele mais gosta é fazer

15

de

agosto

de

2008

arte com pequenos pedaços de papel dobrado. Sonha em continuar o trabalho artesanal quando sair da prisão. Sem ser perguntado por que estava lá, D. contou com naturalidade seus crimes. “Às vezes a gente se perde lá fora. Eu estava envolvido com drogas e passei muito tempo perdido, mesmo trabalhando”. O clima ficou mais ameno. Sentimos que ele confiava em nós a ponto de nos contar o que fez e mostrar que agora deseja outro futuro para si. Não foi um depoimento triste nem desolador. “Hoje em dia eu me coloco em outra postura na sociedade, já é de outra forma a minha interação com ela”. Ele procurava as palavras corretas enquanto conversava, demonstrando boa educação e até um conhecimento profissional comprovado depois da entrevista, quando revelou que trabalhou na TV Educativa como auxiliar na montagem dos equipamentos. Assim, ele esclareceu nossa dúvida de como tinha conhecimento do “branco” da câmera. “Com licença, posso ir agora? Quero aproveitar um tempinho do banho de sol”, disse D., ao levantar da cadeira. A outra conversa era com Sardinha, que pediu para ser identificado na tela apenas como S. Senhor de cabelos grisalhos, com um bigode que chamava atenção, ele vestia a camiseta do projeto que revelou ter colocado para ficar mais bonito para a câmera. Nem bem o encaixamos no vídeo e preparamos o microfone, ele desatou a falar: “Boa tarde...” Apesar de uma entrevista para TV não ter esse perfil de depoimento, resolvemos não interromper o discurso. Ele falou da importância do projeto para sua vida, com frases feitas que demonstravam uma preparação anterior. Mas percebemos que esse ensaio tornou as falas

5 muito artificiais e resolvemos sa vontade, concordamos com explorá-lo melhor com algu- a imposição da professora e conmas perguntas mais pessoais. tinuamos na captura de ima“O que você vê para o seu futu- gens. ro?”, “O que eu vejo para o fuOs quadros e obras eram de turo, é isso que você está per- uma criatividade sem igual. guntando?”, “Sim”. Depois de Um deles era confeccionado recuar um pouco com a surpre- apenas com recortes de envesa do questionamento, ele res- lopes de cartas onde dava para pondeu: “Eu vejo outra reali- ver o carimbo “censurado” e dade, afinal, há um velho dita- também com frases retiradas do que diz: cabeça vazia é ofici- de revistas, como a “Caras”, na do maligno”. que eles recebem de doações. Explorando o ambiente “Nós produzimos um pedaço do Terminadas as duas entre- tapete de Corpus Christi na vistas, a psicóloga Julieta Nar- Lapa. Ele (apontando para S.) elaborou esse delli Borges já esplendor com nos aguarda“Às vezes a gente uma pomba va no corredobradura dor, ao lado se perde lá fora. Eu de que foi ofertados agentes estava envolvido da depois da penitenciáriprocissão. os. Era uma com drogas e Outras pessomulher baixipassei muito as também nha, com boa gostaram e aí aparência, tempo perdido” surgiram as que vestia um encomendas”, sobretudo vermelho muito elegante. Com contou Odília, enquanto mosolhar tranqüilo e andar sereno, trava um magnífico trabalho ela nem se incomodou de nos de papel confeccionado por atrapalharmos com o tripé e Sardinha. Ao contrário do que sentíaajeitar novamente a câmera. Pelo contrário, teve paciência e mos no começo da visita, a voncalma, algo que na sua função tade era de ficar ali o máximo deve ser primordial. Ela nos re- de tempo possível, filmando e latou que o projeto Oficinarte é admirando todos aqueles tramuito importante na medida balhos. Mas tínhamos que exem que “mexe com a criativi- plorar outras áreas do presídade, com a responsabilidade, dio. Depois de guardar a câmera e o tripé, deparamos com além de estimular a reflexão”. Julieta falava pausadamen- D. na porta da sala. Rapidate, sem esboçar praticamente mente, ele abriu uma sacola nenhum gesto ou mudança na de onde retirou um vaso feito expressão facial. Essa caracte- de dobradura, assim como a rística atrapalhou muito na pomba que tínhamos adorado, hora de editar o vídeo, pois as com várias flores dentro. “É pausas entre uma fala e outra para vocês!”, disse, meio eneram muito grandes. Porém, vergonhado. A professora tamassim como a assistente soci- bém lembrou que, no dia anterior, outros detentos pintaal, ela falou bem. Estávamos satisfeitas com ram latas de “Nescau” para leos depoimentos colhidos, então varmos. Ficamos admiradas resolvemos fazer imagens da com a receptividade e muito saleta. Foi quando Odília soli- satisfeitas com os presentes. Ainda na área dos presos, citou uma conversa reservada. “Vocês não podem usar a ima- filmamos os quadros que decogem dos presos, tudo bem?”. Foi um balde de água fria no nosso trabalho porque não tínhamos outra alternativa senão desfocar os rostos dos entrevistados, o que manchava a imagem na TV. Contra a nos-

ravam o caminho, o portão com as grades e visitamos a rádio comunitária do presídio. Estava esclarecido de onde vinha o som que ouvimos no corredor. Todos os nossos passos eram monitorados pelos agentes. Gravamos a passagem da repórter em uma cela que é utilizada apenas para revistar os presos na hora da chegada e voltamos para a sala do Gilmar. Ainda queríamos o depoimento dele, mas logo entendemos o porquê da recusa. “Eu tenho complexo contra essa câmera, não gosto de aparecer no vídeo”. Depois de muita insistência, ele aprovou a entrevista e contou como funciona o Complexo. “Ele é habitado por cerca de 400 presos, homens e mulheres, provisórios, condenados por medida de segurança e/ou que necessitam de tratamento psiquiátrico e ambulatorial”. O vice-diretor ainda falou dos benefícios da Oficinarte na vida dos detentos e da receptividade da sociedade com as obras.

Liberdade pela ar te Antes de ir embora, conversamos um pouco com os agentes penitenciários por consideração à atenção que nos prestaram. Um deles, porém, fazia questão de marginalizar os detentos. “Aposto que um deles não contou a vocês que ele matou uma velhinha de 60 anos”. Não demos muita atenção, já que falar dos crimes não era nosso objetivo. Porta afora, já não estávamos acompanhadas, e isso nos trouxe até um estranhamento. Sem saber muito o que dizer uma para a outra, simplesmente saímos sem muitas palavras. Mesmo com a sensação de alívio que sentíamos ao atravessar o pátio, partimos dali com o sentimento do dever cumprido, com novos conceitos da prisão e das pessoas que “vivem” ali. Ficou claro para nós que, apesar dos crimes, os detentos não deixam de ser “pessoas”, humanas, com sentimentos. Se a arte pode construir novos sonhos, por que não novos conceitos?


Curitiba, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

6

“Pode ser que eu seja uma cinéfila mesmo, já que sou fã de carteirinha, e não perco uma”

Perfil

Sessão dupla Ana Pellegrini Costa Elusa Costa

“É terrível entrar em contato de novo com a realidade. O sol queimando a sua cara, pessoas caminhando apressadamente, o barulho ensurdecedor do trânsito”. Essa é a sensação assustadora que acomete B. D.* todas as vezes que ela sai do cinema. Sua primeira experiência desse porte se deu aos dois anos. O filme era “Meu Primeiro Amor”, com o queridinho da América Macaulay Culkin (lembra?). Ao ver as pessoas se mexendo em uma tela imóvel, a menina levantou-se e caminhou em direção à tela, querendo pegar nos personagens. Sua mãe, devidamente embaraçada, correu ao alcance da filha, agarrando-a pela gola da blusa. Depois disso, nunca mais foram juntas ao cinema. O que não a impediu de continuar freqüentando a sala escura. Fosse com amigos, fosse com primos, ou fosse mesmo sozinha, ela estava lá a cada lançamento. A palavra cinema é a abreviação de cinematógrafo, do francês cinématographe, composto dos elementos gregos movimento e escrever. Sua técnica consiste em projetar fotogramas de forma rápida e sucessiva, para criar a impressão de movimento. A cinefilia é o gosto pelo cinema e o interesse demonstrado por tudo aquilo que se relaciona com a sétima arte. Aquele que se interessa pelo cinema é considerado cinéfilo. “Ah, pode ser que eu seja uma cinéfila mesmo, já que sou fã de carteirinha, e não perco uma”. Sim, ela se considera uma amante do cinema. Mas com ressalvas. Diz que ainda tem muito que aprender e, definitivamente, muitos filmes para assistir. “Sei que nunca vou poder assistir todos, mas faço o possível para ver a maioria”.

Um porém atrasou sua vida na sétima arte. Por mais incrível que isso possa parecer para alguns leitores, ela ganhou seu primeiro aparelho de DVD no ano passado. E a máquina já começa a dar problemas. Ao que parece, ela já viu muitos filmes no aparelho e, portanto, ele começa a mostrar sinais de cansaço. “Olha, foram mais de duzentos”, conta a menina. De acordo com o historiador Paulo Antônio Scarpa, o cinema se tornou possível graças à invenção do cinematógrafo pelos Irmãos Lumière, no fim do século XIX. Foi em 28 de dezembro de 1895, no subterrâneo do Grand Café, em Paris, que aconteceu a primeira exibição pública do cinema: as imagens consistiam em uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos. Os filmes mais conhecidos dessa primeira sessão chamavam-se “A Saída dos Operários da Fábrica Lumière” e “A Chegada do Trem à Estação Ciotat”. “Apesar de existirem registros de projeções um pouco anteriores por outros inventores, a sessão dos Lumière é aceita pela maioria como o marco inicial de uma nova arte”, conta Scarpa. Tudo começou no dia 15 de maio de 2007, 102 anos depois da invenção dos Lumière. De onde surgiu a idéia ela não sabe: “Talvez seja uma característica minha, essa mania de organização, perfeição, controle”. E essa é a idéia do caderno. Anotar a todos os filmes que assiste. Ficha técnica, sinopse, elenco, tempo. Hoje o número está em 250. O primeiro da lista foi “Transamérica” e o último “Veludo Azul”. Depois de algum tempo anotando, ela se deu ao luxo de avaliar os filmes que via. “Qual o critério levado em conta eu não sei mesmo, sinceramente, mas eu não sou tão crítica assim”. Nas duas primeiras décadas do século XX, os olhares recaem sobre um diretor ame-

ricano chamado David W. Griffith. “A importância dele está em ser um dos responsáveis pelo desenvolvimento e consolidação da linguagem do cinema como arte independente. Griffith foi o primeiro a criar filmes em que a montagem e os movimentos de câmera eram empregados com maestria. Isso fez com que fossem estabelecidos os parâmetros do fazer cinematográfico dali em diante”, relata Paulo. Sua companhia mais freqüente nas idas ao cinema é o pai, também um cinéfilo. Para eles, é gostoso assistir a um filme e, depois da sessão, sentar para tomar um café e comentar as melhores partes. O que mais gostaram, ou aquilo que não os agradou tanto. “É até meio estranho quando nos vemos no fim de semana e não vamos ao cinema. Parece que fica faltando alguma coisa”, conta o pai da menina. Após a Primeira Guerra Mundial, Hollywood começa a ganhar destaque no mundo do cinema. Isso porque alguns produtores independentes encontraram condições ideais para rodar seus filmes: dias ensolarados durante quase todo o ano, diferentes paisagens que serviam de locações. É nessa época também que Charles Chaplin associa-se com Griffith, com Douglas Fairbanks e Mary Pickford, para criar a United Artists. “É engraçada essa nossa relação com o cinema não? Para mim, ele é um refúgio”, conta B.D. Esse desabafo talvez justifique a frase citada no início deste texto. Como é excitante e ao mesmo tempo estranho reunir-se com pessoas desconhecidas em uma sala escura para dividir uma experiência, no mínimo, silenciosa. E como, de acordo com a menina, nos esquecemos do mundo lá de fora e ficamos absortos em um mundo surreal por duas horas. Nesse mundo não estão presentes nossos problemas, nossas frustrações, ou mesmo nossas alegri-

as. Sentamos e vemos a vida dos outros passarem em frente aos nossos olhos. Durante algumas horas nos damos o gostinho de viver uma outra vida, seja ela aventureira, romântica, dramática. O gosto fica a cargo de cada um. “Talvez essa seja a magia do cinema”. O historiador Scarpa, o outro personagem dessa singela matéria, faz questão de lembrar que: “a história do cinema não é apenas Hollywood”. Por isso, nessa parte daremos destaques ao outros cinemas. Entre 1919 e 1929 surge na França um estilo chamado Cinema Impressionista Francês, ou cinema de vanguarda. Destaque para Abel Gance e seu filme “J’Accuse” (idem) e Jean Epstein e seu “La Chute de La Maison Usher” (A Queda da Casa de Usher). Ainda no continente europeu, é na década de 1920 que aparece na Alemanha as idéias que permeariam o Expressionismo Alemão, donde se destaca “Das Kabinett des Doktor Caligari” (O Gabinete do Doutor Caligari), de Robert Wiene. A Espanha vê nascer o cinema surrealista, com o diretor Luis Buñel e seu “Un Perro Andaluz” (Um Cão Andaluz). E na extinta URSS, Sergei Eisenstein cria suas teorias sobre a montagem intelectual, que podem ser vistas no filme “Bronenosets Potiomkin” (O Encouraçado Potemkin). Quando perguntada sobre seu filme preferido, ela pára, olha para um lado, olha pra o outro, e não responde. E então? “Bom, são tantos. Acho até meio chato escolher só um”, explica. Quando era pequena, seu filme preferido era Forrest Gump. Um que a emocionou muito, e ainda a emociona, foi Central do Brasil. Porém, nenhum desses dois figuram em sua lista de preferência. Após muito insistir, ela assume que o filme que mais gosta é Bonequinha de Luxo. Simples assim. Por último, e não menos

* - Preferimos não identificar nossa personagem para que assim todos possam se identificar com B.D.

importante, vale a pena citar a inclusão do sistema sonoro na história do cinema. O primeiro filme falado foi lançado pela Warner em 1927 e se chamava “The Jazz Singer” (O Cantor de Jazz), um musical que pela primeira vez na história possuía alguns diálogos. Dois anos depois, no fatídico ano de 1929, Hollywood produzia um cinema quase totalmente falado. Paulo Scarpa explica que a transição do mudo para o falado no resto do mundo foi mais lenta por razões econômicas. É em 1929 que Alfred Hitchcock lança “Blackmail”, o primeiro filme inglês falado.

Programe-se: Vai aí uma dica para os estudantes de jornalismo: durante o mês de agosto acontece na Cinevídeo exibições de filmes com o tema “jornalismo”, sucedidas por uma debate com o jornalista e professor Hélio Freitas Puglielli. Confira a programação:

Montanha dos Sete Abutres : (de 11/08 a 15/08 – sessões às 15h e 19h) – Debate: 16/08 às 16h; O Jornal: (de 18/08 a 22/ 08 – sessões às 15h e 19h) – Debate: 23/08 às 16h; Cidadão Kane: (de 25/08 a 29/08 – sessões às 15h e 19h)Debate: 30/08 às 19h; Local: Espaço Cultural Cinevídeo (Rua Padre Anchieta, 458 – Mercês) TEL: 41 3223 4343


Curitiba,

Saúde

sexta-feira,

15

de

agosto

de

2008

7

Exercícios proporcionam correção de postura, fortalecimento muscular e relaxamento

Ioga mantém bem-estar de gestantes Através da prática de concentração, exercícios respiratórios e posturais, relaxamento e Que exercício físico é reco- meditação, a grávida fortalece mendado para qualquer pes- a coluna vertebral evitando as soa, em qualquer idade, todo dores nas costas e previne promundo já sabe, e sabe também blemas na pélvis, mais conheque deve ser praticado sem exa- cida como bacia, ganha mais geros. Mas ainda há pessoas autocontrole devido ao equilíque acham que quando se está brio emocional, e principalmengrávida é nete proporciona cessário parar mais segurança e não fazer Um estudo aponta no momento do quase mais que a prática do parto. nada, mas isso “Durante as não é necessá- ioga na gestação conversas que terio: as grávi- favorece o aumento mos na aula eu fidas devem sim quei mais confiprocurar se de peso do bebê e ante para fazer exercitar e diminui os partos parto normal. existem exerAntes eu tinha cícios especi- prematuros medo, achava ais para que as que ia sofrer gestantes posmais, mas na verdade é muito sam tem uma gravidez e um melhor o natural, para mim e parto mais tranqüilos, como o para o bebê”, conta Fernanda ioga. da Silva Pinto, pedagoga e gráO ioga integra o corpo, a vida de seis meses. mente e as emoções para que a pessoas seja capaz de agir de Resultados acordo com seus pensamentos Um estudo publicado recene com o que sente. Induz a um temente aponta que a prática profundo relaxamento, tran- do ioga na gestação favorece o qüilidade mental, concentra- aumento de peso do bebê e dição, clareza de pensamento e minui o número de partos prepercepção interior além do for- maturos, além de prevenir a má talecimento do corpo e a flexi- posição do feto para o nascimenbilidade. to. Outros benefícios são: favoA vida hoje faz que todos es- recimento da circulação sanguítejam correndo, cheio de coisas nea amenizando inchaços, ampara fazer, mas por mais que pliação da respiração materna gravidez não seja doença e pos- oxigenando também melhor o sa continuar as tarefas do dia- bebê, recuperação mais rápida a-dia é importante a mulher tomar um pouco mais de cuidado de si, e “o momento do ioga é aquele em que a mulher pode parar, relaxar e ter um pouco mais de contato com o seu filho”, explica Cassiane de MoraFabíola Menegusso es Domingues, professora de Marina Gabriela Celinski ioga. Ela acrescenta: “Com a prática do ioga, a gestante aceiA hidroterapia pode proporta melhor as mudanças no corcionar ao paciente melhoras po e tem mais equilíbro emocisignificativas no tratamento onal e corporal”. corporal. O número de clíniAs mulheres que já praticacas e profissional de fisioteravam ioga antes de engravidar pia que vem atuando nesse podem continuar os exercícios, ramo aumenta diariamente e tomando alguns cuidados espea aceitação dos clientes está ciais. As que querem começar sendo alta. devem esperar o terceiro mês, Esse tipo de tratamento e não há limites para parar: contribui para a reabilitação podem praticar até o final da física e psicossocial do paciengestação.

Camila da Luz/ LONA

Camila da Luz

Alunas durante a sessão de ioga: benefícios múltiplos para o corpo depois do parto, redução da ansiedade. A cada exercício e principal-

mente durante as conversas da professora com a gestante a confiança e a interação com o bebê

vão aumentando fazendo que esse período tão especial para a mulher se torne melhor ainda.

Hidroterapia melhora vida dos pacientes te com problemas neurológicos, ortopédicos, reumatológicos, traumatológicos, entre outros. Éderson Grunhagen sofreu um acidente de moto há 2 anos e há quatro meses faz tratamento hidroterápico. Ele já recuperou grande parte dos movimentos dos braços e das pernas e com a hidroterapia está voltando aos poucos ao convívio social. A dona de casa Clementina Grunhagen, mãe de Éderson, diz que ele está muito feliz. “Está mais contente, gosta de

freqüentar as aulas e tem mais vontade de fazer as coisas”. A fisioterapeuta Mylena diz que a hidroterapia é indicada, pois melhora a autoconfiança do paciente, dá maior liberdade de movimento, reduz a dor (pois é feito, geralmente, em água aquecida), beneficiando as grávidas e pessoas com excesso de peso. Para a fisioterapeuta, o caso do Éderson é muito comum em vários pacientes que sofrem acidentes, “geralmente, eles ficam medrosos com movimentos bruscos, pois não têm a mesma

sensibilidade, na hidroterapia, eles conseguem fazer os movimentos sem medo e com um sorriso no rosto”. A hidroterapia traz benefícios inclusive do ponto de vista psicológico, pelo efeito da água e exercícios específicos para pessoas com doenças mentais. Para Mylena, que trabalha com a hidroterapia há mais de quatro anos, os efeitos são mais rápidos do que a terapia fisioterápica comum e tem muito mais aceitação do paciente.


8

Curitiba, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Ao ar livre Texto e fotos: Marisa Rodrigues

Curitiba possui mais de trinta shoppings espalhados pela cidade. Para quem precisa fazer compras é um conforto. Variedade de lojas, praça de alimentação e estacionamento. Mas basta uma passadinha rápida no fim de semana para perceber que entre os milhares de visitantes muitos não são consumidores e estão ali apenas por não encontrar uma boa alternativa de diversão. Para quem não tolera fila e aglomeração, passar o tempo no “templo” do consumo pode se tornar um programa insuportável. Uma alternativa aos prédios de concreto e ferro são os par-

ques (ao todo são 26) e praças da cidade. Dos mais tradicionais, como o Parque Barigüi, onde cachorro e criança são sempre bemvindos, aos mais pacatos, como as pequenas pracinhas de bairro, com direito a gangorra e trepa-trepa. Aos sábados, o calçadão da Rua XV tem chope gelado, artesanato e desfile de uma série de figuras curiosas. Já nos domingos, têm blues ao ar livre no Bosque do Papa. O show, sempre com uma banda diferente, começa sempre às 16h e só acaba quando o céu escurece. Fuja dos shoppings e vá para a rua.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.